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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Manifestações da Luz de Cristo

As manifestações da Luz de Cristo, toda vibrante, linda e cheia de mistério, são tão numerosas que seria impossível apresentar mais que um resumo deste vasto assunto em um simples artigo.

À medida que oramos, dia após dia, as Luzes de Cristo, vibrando em cada um de nós, juntam-se e irradiam um raio luminoso que forma uma deslumbrante luz dentro e em volta de todo o local onde estamos orando. Pela mesma, razão, as Luzes de Cristo emanam do Templo de Cura de um Centro Rosacruz, mas num grau muito maior. Se analisarmos um pouco o assunto, verificamos que a maioria das coisas verdadeiramente belas da vida são criadas por intermédio da Luz de Cristo. Por outro lado, a Luz de Cristo é acionada pelo amor que manifestamos — amor por toda a Criação, que é uma manifestação de Deus.

A Luz de Cristo pertence a todo indivíduo — a todos, tanto às pessoas livres como aos escravos. É difícil, para nós que somos livres, conceber que há neste mundo homens e mulheres que são escravos. Esses seres não são donos de seus corpos físicos, mas possuem a centelha da Luz de Cristo dentro de seus corações.

É essa centelha que eventualmente os libertará de toda escravidão. Os Raios de Cristo constituem o princípio ativo da nutrição e do crescimento em todas as obras da Natureza. O lavrador experiente leva em consideração esses Raios quando são refletidos pela Lua, na ocasião do plantio. O ser humano que faz curas leva em conta os Raios de Cristo que vêm diretamente do Sol.

Cristo é a concretização do Princípio da Sabedoria, e à medida que Cristo se forma dentro de nós, alcançamos o perfeito estado de saúde. A cura espiritual deriva do emprego das diversas categorias de vibrações dos Raios de Cristo. A força curativa empregada por Jesus Cristo sempre esteve ao alcance da humanidade, de acordo com o preparo do ser humano para tornar-se um canal receptor e transmissor da força curativa.

Na medida em que damos, assim também recebemos. Por isso, se quisermos receber essa grande força curativa, precisamos, por nossa vez, distribuí-la à humanidade sofredora, tornando-nos, assim, um canal adequado para a passagem dessa força.

Antes da vinda de Cristo o caminho da Iniciação não estava franqueado a todos, mas somente aos poucos escolhidos. Os Discípulos que estivessem preparados para a Iniciação elevavam-se a um estado de exaltação no qual eles transcendiam as condições físicas. Para a sua visão espiritual, a Terra sólida se tornava transparente e eles viam o Sol da meia-noite: “a Estrela”, a Estrela Crística, a Estrela de Cristo. Essa é a Estrela que brilhou para o Místico na escuridão da noite. A Estrela fulgurante está sempre presente para ajudá-lo, e sua alma ouve o cântico profético: “Paz e Boa Vontade a todos”. Isso se aplica a todos, sem exceção. Não há lugar para um único inimigo ou rejeitado! É de admirar que seja difícil educar a humanidade para conceber um nível tão elevado? Existe melhor caminho para demonstrar a beleza e a necessidade da paz e da boa vontade e do amor do que se contrastando com o estado atual de guerras, egoísmo e ódio?

Diz-se que a Estrela de Belém surgiu na ocasião do nascimento de Jesus e guiou os três Reis Magos (que representam o povo da Terra) até o Salvador. A natureza da Estrela tem sido motivo de muita especulação. A maioria dos cientistas materialistas consideram-na um mito, mas todo Místico conhece a Estrela bem como a Cruz — não somente como símbolos ligados à vida de Jesus e de Jesus Cristo, como nas suas próprias experiências da vida.

No momento em que o Grande Espírito do Cristo Solar se livrou do veículo físico de Jesus na Crucificação, uma enorme onda de luz espiritual inundou a Terra. Naquele momento o Caminho da Iniciação foi franqueado a todos que o buscassem.

Essa onda de luz espiritual tinha um brilho tão ofuscante que as massas disseram que o Sol se tinha obscurecido. O Sol não se obscureceu. Foram as fortíssimas vibrações causadas pela luz excessiva que cegaram o povo. Esse foi o espetáculo mais vibrante dos Raios de Cristo até hoje registrado.

Os raios do Sol Espiritual e invisível possibilitam o crescimento anímico sobre diferentes partes da Terra sucessivamente, assim como os raios do Sol físico possibilitam o crescimento da forma. Esse impulso espiritual também se dirige na mesma direção que o Sol físico — do Leste para o Oeste. Isso explica a onda de espiritualidade que se disseminou sobre a Terra, dirigindo-se do Oriente para o Ocidente compreendendo numerosas Religiões até que finalmente vem atingir o Mundo Ocidental, onde assume a forma elevada da Religião Cristã. E assim como o brilho do Sol ultrapassa a estrela mais brilhante dos céus, assim também num futuro muito remoto a verdadeira Religião de Cristo substituirá e obscurecerá todas as outras Religiões.

Todas as Religiões foram fornecidas à humanidade pelos Anjos do Destino, que conhecem as necessidades espirituais de cada classe, nação e povo, mas agora essas Religiões já serviram ao fim a que se destinavam, qual seja, servir de ponto de partida para a compreensão do Cristianismo Esotérico que ainda não foi ensinado publicamente nem o será enquanto a humanidade não atravessar a fase materialista e estiver preparada para recebê-la. No decorrer da Sexta Época vindoura, ou Nova Galileia, a Luz de Cristo unificadora, sob a forma de Religião Cristã, abrirá os corações dos seres humanos, assim como seu entendimento espiritual está aumentando agora.

O Cristianismo, como conhecemos, teve início há mais 2.000 anos, mas o verdadeiro Cristianismo sempre existiu e sempre existirá, simplesmente porque há um só Filho de Deus, o Cristo Cósmico. Todas as outras Religiões, encerrando somente uma parte daquilo que o Cristianismo possui em proporções maiores, têm apenas conduzido a humanidade para a Religião Cristã. Quando Cristo apareceu em estado físico e uniu-Se à esta Terra, a verdadeira Religião já em existência recebeu o nome de Cristã. Somente por intermédio da percepção consciente do Cristo interior pode a verdadeira compreensão espiritual do Cristianismo raiar sobre o mundo.

Toda a humanidade se está tornando sensível a mais uma oitava de visão, porque o Éter que circunda a Terra está ficando mais denso e o ar mais rarefeito. Isso é verdade especialmente em certas partes do mundo, no Sul da Califórnia entre outras, e a nossa Sede mundial é particularmente favorecida nesse aspecto. A esse respeito, é digno de nota o fato de que a magnificência da Aurora Boreal do Norte congelado está se tornando mais frequente e mais potente nos seus efeitos sobre a Terra. Nos dias primordiais da Era Cristã esse fenômeno era desconhecido, mas com o decorrer do tempo, à medida que a Onda de Cristo, que penetra na Terra durante parte do ano, transmite uma quantidade cada vez maior de sua própria vida à massa terrestre inerte, os Raios Etéricos Vitais tornam-se visíveis de intervalos a intervalos. Depois tornam-se cada vez mais numerosos, e agora estão começando a perturbar as nossas atividades elétricas, cujas funções são, às vezes, completamente alteradas pela irradiação desses raios.

As correntes relativamente fracas e invisíveis produzidas pelos Espíritos-Grupo das plantas, e os fortíssimos raios de força produzidos pelo Espírito de Cristo, ora visíveis sob a forma da Aurora Boreal, tiveram até agora mais ou menos a mesma natureza que a eletricidade estática, ao passo que as correntes produzidas pelos Espíritos-Grupo dos animais e que circundam a Terra, podem ser comparadas à eletricidade dinâmica, a qual deu à Terra a sua força de movimento em Eras passadas. Agora, porém, as correntes de Cristo estão se tornando cada vez mais poderosas e sua eletricidade estática vai sendo libertada, transformando-se assim em dinâmica. O impulso etérico que elas produzem iniciará uma nova Era e os órgãos sensoriais que a humanidade possui atualmente, precisam acomodar-se a essa transformação. Com o decorrer do tempo e à medida que Cristo, através de Sua intervenção benéfica, atrai uma quantidade cada vez maior do Éter interplanetário para a Terra, tornará o globo mais luminoso e caminharemos num mar de luz devido ao constante contacto com essas vibrações benéficas de Cristo. E, também, nos tornaremos luminosos. Então a vista humana, tal como ela se constitui, não terá utilidade para nós, motivo por que ela está começando a modificar-se e nós estamos passando pelo “incômodo” que acompanha qualquer reconstrução. Ainda com referência à Aurora Boreal (os poderosos raios de força produzidos pelo Espírito de Cristo) e seus efeitos sobre nós, esses raios se difundem através de todas as partes da Terra, que é o corpo de Cristo, partindo do centro para a periferia, mas não são visíveis nas regiões habitadas do mundo, porque esses raios são absorvidos pela humanidade, assim como os raios do Espírito-Grupo das plantas são absorvidos pela flor. Esses raios constituem o “impulso interior” que lenta, mas, seguramente, vai impelindo a humanidade a adotar uma atitude de altruísmo.

Quando olhamos para os dias anteriores ao nascimento do Salvador, verificamos que o altruísmo, em qualquer sentido da palavra, era desconhecido. Cada criatura humana pensava em si mesma — gananciosa, indiferente e licenciosa. Mas, com a presença do Salvador, na Terra, os raios benéficos foram atraídos e lentamente, muito lentamente, mas, com segurança, todas as vibrações, começaram a manifestar-se e no decorrer dos milênios que se passaram, o amor e a generosidade para com nossos semelhantes positivaram-se.

À medida que o ser humano progride espiritualmente e absorve uma quantidade cada vez maior da Luz de Cristo, consequentemente aumenta, cada vez mais, a presença dessa luz na Terra. Isso explica todas as nossas grandes instituições de ensino e de caridade, bem como a enorme generosidade que existe em toda parte.

Certamente é grande o mérito da humanidade pela prática de tanto altruísmo e de sua constante intensificação. Tudo isso é a manifestação da inesgotável Luz de Cristo; a Luz impregnante que torna a alma produtiva e, finalmente, se realizará a Imaculada Concepção e o Cristo nascerá dentro de cada um de nós. Então caminharemos na luz, porque Ele está sempre na luz e nós amaremos uns aos outros.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP em Novembro/1969)

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Correlações Astrológicas nos 12 Acontecimentos Marcantes da Vida de Cristo

A análise esotérica dos Evangelhos mostra que os acontecimentos marcantes da vida de Cristo são em número de doze e se enumeram assim:

1 – Anunciação
2 – Imaculada Concepção
3 – Nascimento
4 – Fuga para o Egito
5 – Ensinamentos no Templo
6 – Batismo  
7 – Tentação
8 – Transfiguração
9 – Getsemani
10 – Crucificação
11 – Ressurreição
12 – Ascensão

Estes doze passos sustentam uma conotação astrológica interessante, por isso que se diz, verdadeiramente, que a primeira Bíblia do ser humano foi o Zodíaco, em que ele aprendeu a ler as verdades espirituais. Lá ele decifrou os sinais enigmáticos que revela a vida dos Deuses Salvadores e, por ela, o Iniciado Cristão lê a história da vida do Cristo.

A roda zodiacal dos céus é feita por doze constelações de Signos, onde os Astros (o Sol, a Lua e os Planetas) viajam ao redor do céu, conforme podem ser vistas, tendo a Terra como referência. Antigos astrônomos descobriram que tais Signos celestiais pareciam ter influência sobre questões terrenas, e assim, se originou a ciência da Astrologia. Observou-se que as influências dos Astros eram mais fortes em alguns Signos do que outros. O Signo em que o Astro expressava seus maiores potenciais é que o regia e é considerado seu lar, onde o Astro revela sua pureza de influência, sem qualquer mescla com outras qualidades de diferentes naturezas. Do mesmo modo, um Astro é, igualmente, forte no Signo de sua Exaltação, embora de um modo diferente do que a regência. As qualidades de Exaltação de um Astro somente alcançam plenitude por meio da Iniciação, que liberta, dentro da Alma, o correspondente aspecto das forças astrais.

É interessante notar que a Exaltação e a Ressurreição foram utilizadas pelos primeiros Padres da Igreja em termos intercambiáveis, que compreendia a relação entre o desenvolvimento espiritual do ser humano e as estrelas no céu, acima dele. Eles sabiam que na Consciência de Cristo, a humanidade aprenderia a cooperar, inteligentemente, com os Poderes Cósmicos, cujas ações do destino do ser humano eram reveladas no horóscopo.

Quando astrólogos falam de Astros e Signos que os regem, eles se atêm, principalmente, a assuntos físicos e materiais. O Astrológo Rosacruz, um esoterista, que estuda o lado oculto da ciência das estrelas, fala sobre a Exaltação dos aspectos de um Astro considerando a sua natureza espiritual, conforme os seguintes assuntos:

Corinne Heline em A Bíblia – O Maravilhoso Livro das Épocas

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A Virgem Maria e os Evangelhos

Lembremos, como estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos, que a Virgem Maria é um elevado Iniciado e que possui a mais elevada pureza humana e, por isso, foi escolhida para ser a mãe de Jesus. Como o pai, José, também era um elevado Iniciado, capaz de realizar o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou paixão pessoal, assim o formoso, puro e amoroso espírito conhecido pelo nome de Jesus de Nazaré veio ao mundo num Corpo puro e sem paixões. Esse Corpo era o melhor, o mais perfeito que se podia produzir na Terra.

A Virgem Maria pode ser ignorada pelos Estudantes do ocultismo, que são buscadores no “caminho da razão”, do Ocultista (do intelecto, da “cabeça”) do desenvolvimento espiritual. Mas Maria, pelo que sabemos, parece exemplificar o caminho do Místico. Na verdade, ela exemplificava inteiramente o trilhar o Caminho Espiritual pelo Coração. Seu caminho era o da obediência luminosa, da devoção elevada, do silêncio eloquente.

A ênfase fortemente patriarcal, nos últimos três milênios, da cultura ocidental está passando por uma revisão. A imaginação popular sempre intuiu um desequilíbrio na Trindade Cristã, exclusivamente masculina, e tentou retificar isso por meio da devoção e elevação da Virgem, principalmente no catolicismo romano e no oriental. Muito antes de estar na moda, Corinne Heline, aluna de Max Heindel, buscou dignificar todo o ser humano, reabilitando o feminino divino, sendo que o próprio Max Heindel sempre enfatizou a importância da natureza do Coração para o desenvolvimento espiritual.

Se todo o desenvolvimento oculto começa pelo Corpo Vital, devemos concluir que o fortalecimento desse veículo seja o nosso objetivo principal; notamos que nas mulheres o Corpo Vital é positivo, o que as torna naturalmente mais prontas para buscas e realizações espirituais; frequentemente, inclusive, tornando-as os melhores exemplos da fé Cristã e da caridade.

O culto à Virgem começou a permear a piedade Cristã em meados do primeiro milênio. A ela era dirigida uma miríade de títulos honoríficos, incluindo a Mãe da Verdade, Mãe e Filha da Humildade, Mãe dos Cristãos, Mãe da Paz, Cidade de Deus. Visto que ela foi aquela por quem o Salvador veio, passou a ser cada vez mais considerada como aquela por meio de quem ascendemos a Ele; isto é, como mediadora — tanto para a Encarnação quanto para a Redenção.

A estima universal que a Virgem Maria recebe tem suas raízes nas Escrituras. Para melhor apreciar seu apelo a muitas pessoas, consideraremos a Imaculada Conceição de Maria, a Anunciação e o Nascimento Virginal, revisando brevemente a compreensão de Maria pelos pais da Igreja, santos e clarividentes.

Durante séculos, o povo judeu esperou o Messias, o Ungido de Deus. Isaías profetizou como ele viria: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe dará o nome de Emanuel” (Is7:14). Esta passagem também é citada no Evangelho Segundo São Mateus em 1:23. A Virgem concebeu e deu à luz um filho a quem o Anjo da Anunciação deu estes nomes: ‘o Filho do Altíssimo’, ‘o Filho de Deus’. Ele, filho de Maria, deveria “reinar sobre a casa de Jacó para sempre; e seu reino não terá fim” (Lc 1:33).

Essa era uma boa notícia, não era? Sim, literalmente. Como bem sabemos, a palavra “evangelho” é uma tradução do grego evangelion, que significa boas novas. Embora o Anjo Gabriel certamente tenha falado com Maria em aramaico e não em grego, o Novo Testamento foi escrito em grego. A palavra grega para “Anunciação”, evangelismos, tem a mesma raiz da palavra “evangelho”. E o que é esse evangelho, essas boas novas? O Anjo saúda Maria: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1:28). A boa notícia é que, por meio de Maria, um Salvador, o Senhor Cristo, será dado ao mundo.

Quando o Anjo diz “o Senhor é contigo”, ele se refere a Jeová, o Espírito Santo, que é representado e que, ao “cobrir” Maria, inicia a concepção. Essa “sombra”, no entanto, não é um evento único. A Filosofia Rosacruz ensina que o Espírito Santo rege o princípio criativo na Natureza, o Éter de Vida, e tem o poder de frutificar o óvulo humano. Como portadora de um Corpo Vital ou matriz etérica, que é um veículo de forças formativas que organizam a matéria atômica e a impregnam de vida, Maria é a mãe de Deus na Terra. Então, potencialmente, todas as mulheres são mães de Deus. A perspectiva esotérica requer que toda verdade tenha uma aplicação pessoal ou individual. Os próprios Evangelhos são fórmulas de Iniciação e, de fato, como toda a Bíblia retrata o relato da gênese humana, da sua separação de Deus e eventual reunião com Ele, todos os personagens e eventos bíblicos descrevem facetas específicas de todo este processo de Involução e Evolução humana, em um indivíduo único.

A Virgem Maria é o modelo de castidade e a Mãe Santíssima. O público leigo e crente não tem qualquer problema com esse oxímoro. Eles aceitam pela fé. O significado da castidade (em contraste com a virgindade) foi totalmente exposto por Max Heindel. É um requisito para a realização nos estágios superiores de Iniciação, porque é pela retenção e transmutação da sagrada força criativa que o Corpo-Alma pode servir como um veículo independente para a alma e o espírito. Filo de Alexandria, teólogo e contemporâneo de Jesus e Paulo, escreveu sobre os Therapeutae, ascetas judeus que viviam em comunidades monásticas no Egito. Eles incluíam mulheres que eram “virgens no que diz respeito à sua pureza… por admiração e amor pela sabedoria… indiferentes aos prazeres do corpo, desejando não uma prole mortal, mas imortal”.

Esotericamente, é assim que Maria é identificada. Ela representa a natureza purificada da nossa alma, por meio da qual o Cristo, nosso Ser imortal, é em nós concebido e nutrido. Como Max Heindel também deixou claro, é possível ser virgem e não ter virgindade, sendo casto como mãe ou pai. Em outras palavras, a verdadeira virgindade ou castidade é uma condição da alma. Ela designa uma pureza de Coração e Mente que não é manchada pelo ato da geração, quando realizada desapaixonadamente como um Sacramento.

Há uma distinção, muitas vezes esquecida, entre dois dogmas marianos que são afirmados pelos católicos romanos ortodoxos. O Nascimento Virginal refere-se a como Jesus foi concebido, enquanto a Imaculada Conceição refere-se ao modo pelo qual Maria foi concebida. Como escreve Max Heindel (no Livro: Iniciação Antiga e Moderna), a “pureza de propósito na preparação e no ato de procriação preserva a virgindade dos pais, pois a verdadeira virgindade é do Coração e da Mente”. O dogma da Imaculada Conceição afirma que Maria não foi maculada pelo Pecado Original que foi legado a toda a humanidade por Adão e Eva, pelo abuso intencional e ignorante da força sexual criadora. Mais uma vez, a ciência esotérica explica que a isenção da mancha do Pecado Original em Maria não foi única, embora seja rara, exigindo que seus pais, Ana e Joaquim, fossem celibatários, castos e realizassem o ato generativo como um Sacramento.

Dar à luz de maneira virginal a Jesus ocorreu, em parte, pela idade de Maria (14 anos), uma época em que seu casto Corpo Vital, que produz as forças vitais, tinha amadurecido totalmente e seu Corpo de Desejos individual acabara de nascer, o qual, embora sem pecado e puro, deveria ter sido contaminado, na substância de desejo planetária através da qual os Corpos de Desejos humanos são especializados, pela intrusão do elemento luciférico, através de Eva. É esse elemento passional a causa perpétua da degeneração e deterioração da Onda de Vida humana, enquanto é por meio do Cristo que se efetua a purificação da substância de desejo planetária, possibilitando a construção de Corpos de Desejos mais puros. Na teologia católica, a Imaculada Conceição de Maria por sua mãe, Ana, isentou-a da “culpa” do Pecado Original.

O nascimento de Maria por concepção imaculada estava bem estabelecido na Mente popular desde a época medieval.

Quanto ao motivo de Maria ser chamada de Bem-aventurada Virgem, a prescrição é dada no relato no Evangelho Segundo São Lucas sobre o Magnificat: “Pois, eis que, desde agora todas as gerações me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1:48).

Depois que o Anjo Gabriel apareceu, trazendo suas notícias importantes, e Maria proferiu as palavras “Faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1:26).

Como Eva é, simbolicamente, a “mãe de todos os que vivem no caminho involucionário e descendente”, Maria é a nova mãe de todos os viventes, também simbolicamente, aqueles que estão no caminho evolucionário e ascendente, aqueles nascidos de novo em Cristo. Maria, como a alma casta, concebe e dá à luz o Cristo interior. Se Cristo-Jesus é o segundo ou novo Adão, Maria é a segunda ou nova Eva. Embora o termo expiação seja geralmente aplicado à ação de Cristo que compensa as transgressões humanas, a vida de pureza sacrificial de Maria também pode ser chamada de expiação vicária. Além disso, ela sofreu a crucificação vicariamente com seu Filho, tornando-se o primeiro e principal modelo de vitória Cristã por meio do exemplo do seu Filho e Salvador.

Eva usou o princípio gerador para motivos egocêntricos. O poder criativo de Maria foi usado para fins centrados em e dirigidos por Deus. Eva é necessariamente restaurada em Maria, que foi uma Virgem, tornando-se advogada de uma virgem, para que possa desfazer e destruir a desobediência virginal pela obediência virginal.

Assim como Eva foi desencaminhada pela palavra de um Anjo Lúcifer, fugindo de Deus quando transgrediu Sua palavra, Maria, por meio de uma comunicação angelical, recebeu as boas novas de que seria portadora de Deus, sendo obediente à Sua palavra — perfeitamente obediente: “Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1:38). O nó da desobediência, atado por Eva, foi desatado pela obediência de Maria. O que Eva fixou por meio da incredulidade, Maria eliminou por meio da fé.

Lembramos que, como resultado da Queda, Eva e todas as mulheres que vieram depois estavam destinadas a ter filhos com dor. A “maldição”, como essa proclamação às vezes é chamada incorretamente, também é uma menção para o fluxo mensal de sangue de uma mulher, um uso que retém a visão da sabedoria popular. Após a concepção ou fertilização, o fluxo mensal da mulher para e o sangue é usado para dar substância e nutrição ao embrião em crescimento.

A relação da menstruação feminina com a lenda do Graal, especificamente com Amfortas, o rei do Graal, é altamente instrutiva. Amfortas, o guardião do Graal, sofreu uma ferida que não parava de sangrar, resultante do uso da força criadora (representada pela lança sagrada) para fins egoístas. Ele esperava por alguém mais santo do que ele para reconsagrar o Graal e conferir a cura espiritual. O significado esotérico do fluxo menstrual da mulher diz a ela que ainda não concebeu espiritualmente, assim como o rei do Graal, ferido, continuou a sangrar até que pudesse ser redimido por Parsifal, que, subjugando sua natureza de desejos, havia dominado a força sexual criadora. É esse poder de castidade que evoca o Cristo que inspirou os trovadores a chamar Maria de “Graal do Mundo”.

No simbolismo do Graal, o cálice é o símbolo do receptáculo da flor, que contém o ovário que é castamente fertilizado pelo pólen masculino. Esse cálice representa o Éter da Vida transmutado.

Embora o Santo Graal fosse um vaso que contivesse um pouco da divindade de Deus, é também o ventre de Maria e, por extensão, emblemático da maravilha da formação humana.

A alma pura, a Maria formadora de cada Aspirante à vida superior, busca gerar o Cristo interior. Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, por meio de suas próprias realizações, visualizam o estado recuperado de uma humanidade hermafrodita que pode gerar seus próprios Corpos Densos, transmutando suas energias de vida etérica. Quando a humanidade tiver atingido coletivamente essa habilidade, a “maldição” terá sido suspensa, o fluxo de sangue cessará e as feridas estigmáticas não sangrarão mais, pois o veículo sideral, o Corpo-Alma, anteriormente travado em seis pontos (mais um sétimo), será libertado da cruz do Corpo Denso. Então, o Cristo planetário nascerá na Terra, enquanto a própria humanidade assumirá o poder e a responsabilidade por sua elevação.

O símbolo supremo de Maria é a rosa. Ela figura em muitos de seus títulos honoríficos, incluindo Rosa do Mundo, Rosa Alchemica e Rainha do Santíssimo Jardim das Rosas, no qual o Graal está oculto.

Para Dante Alighieri, um escritor, poeta e político florentino, nascido na atual Itália, Maria era “a Rosa na qual o Verbo de Deus se fez carne”, identificando-a assim com o objetivo do Aspirante ocultista, purificar o sangue, que é “a expressão mais elevada do Corpo Vital” e “a sede da alma”, que deseja que as rosas da percepção espiritual floresçam ou se tornem ativas e utilizáveis pelo Espírito que habita em nós, o Ego.

A palavra grega para rosa, rhodon, como em rhododendron, cuja tradução é árvore de rosa, deriva de rhein, que significa fluir. Nesse contexto, a relação entre a rosa e o sangue fica clara. É possível, na verdade essencial, que alguém se torne virgem para dar à luz a Cristo. Este requisito é simbolizado pelo “Coração nobre” do lema Rosacruz. É o sagrado Coração de Jesus, cujo pericárdio (de peri do grego (“ao redor”) e do kardia (“coração”), implicando uma estrutura que envolva ou encerre o coração) foi perfurado pela lança, permitindo que o sangue purificado de Cristo fluísse para o Coração da Terra, carregando Seu Ego. A rosa branca no Símbolo Rosacruz representa o Coração purificado do Auxiliar Invisível.

A imaginação criadora, a capacidade de moldar a imagem, que pertence especialmente às mulheres, reflete-se no papel criador da mãe na formação do seu filho, mesmo que no momento ela seja usada de forma inconsciente. Maria é o paradigma esotérico da concepção e nascimento do Cristo individual por meio das forças gêmeas da vontade e imaginação. Formamos imagens da vontade de Deus para nós e decidimos que vamos realizar essa vontade.

As sete rosas vermelho-sangue no Símbolo Rosacruz simbolizam a pureza. A rosa e a estrela de cinco pontas simbolizam o caminho da realização espiritual, da mesma forma que os católicos ortodoxos consideram a Virgem Maria como um vestíbulo, por assim dizer, através do qual alguém possa chegar à presença de Cristo. O Estudante de ocultismo está no processo de interiorizar Maria. Ela é a pré-condição para a concepção da consciência de Cristo. Como afirma Max Heindel, “a pureza é a única chave pela qual ele, o Aspirante, pode ter esperança de destrancar a porta de Deus”. Maria possui um Corpo Vital que é positivo, por ser mulher, corpo cujo Éter de Vida, Éter de Luz e Éter Refletor são mais fortes e servem mais prontamente ao Ego em desenvolvimento. Egos evoluídos que assumem um Corpo Denso masculino também tendem a ter um Corpo Vital mais positivo, do que Egos não tão evoluídos.

A abundância dos serviços de Maria a seu filho Jesus e a seu Senhor Jesus Cristo evocam seu papel paradigmático como Virgo (latim para Virgem), a Servidora, aquela que colhe o sustento da vida. Como mãe, Maria deu à luz ao Pão da Vida e, como mater dolorosa, voltou a segurar no colo o corpo deposto do Pão da Vida.

As palavras stabat mater dolorosa, “ali está a mãe das dores”, que inspirou muita música sacra durante a era Cristã, surgiram anonimamente durante os séculos XII e XIII, época caracterizada como a Idade da Virgem porque, de forma muito proeminente, Maria figurou nas artes e na consciência desse período. Se ela experimentou a crucificação vicária, também conheceu a exaltação e tornou-se, por meio da Assunção e da Coroação (aproximadamente em paralelo com a Ressurreição e Ascensão de seu Filho à Mão direita do Seu Pai entronizado), a mater gloriosa.

O ouro da sabedoria é a dor cristalizada e, podemos acrescentar, esse sofrimento ganhou para Maria o ouro da sabedoria lavrado no cadinho do seu Coração.

Maria foi procurada como intercessora ou mediadora de Cristo e do Pai precisamente porque era, nas palavras do Anjo da Anunciação, “cheia de graça”. Ela possuía a graça de Deus em sua plenitude e, portanto, foi autorizada a atuar como sua distribuidora — entre o ser humano e Deus. Afinal, se ela deu Jesus ao mundo, como não poderia dar graças menores, sendo tão favorecida.

O testemunho de apoio para a função de intercessora de Maria é dado nas palavras que São João, o Evangelista, registra como faladas por Cristo Jesus, na cruz, a Maria: “Mulher, eis o teu filho! Eis a tua mãe” (Jo 19:4). Este é o pronunciamento que confia aos cuidados maternos de Maria aquele a quem Jesus tinha como o Discípulo mais amado.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de setembro-outubro/2000 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Sol transitando pelo Signo de Virgem (agosto-setembro)

Quando o Sol passa por Virgem, o Signo do serviço, uma necessidade cósmica impulsiona o Cristo para deixar o Reino do Pai e descender, novamente, à Terra.

A Trilha da Santidade, seguindo o raio de Cristo, abandona também a região espiritual da Terra, enquanto o Sol passa por Virgem. Sendo o amor a nota-chave de Leão e o serviço por meio da pureza a de Virgem, aquele que caminha por essa parte da Trilha, atravessando os planos da mais elevada vibração dessa esfera, há de ter desenvolvido a pureza como um poder interno. De modo geral, a qualidade de tal poder não se reconhece, embora Cristo tenha declarado que só os puros de coração verão a Deus.

O candidato que é digno de alcançar o sobrenatural plano de Virgem, se encontra ante o mistério da Imaculada Concepção e aprende que esse dom divino não foi outorgado somente a um indivíduo, mas que Maria e Jesus foram os modelos que a humanidade toda está destinada a emular. Nessa morada celestial, os espiritualmente iluminados ouvem os Anjos cantarem sobre o dia em que, em um novo céu e em uma nova Terra, a Imaculada Concepção será a herança da onda de vida humana inteira.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Imaculada Conceição

A doutrina da Imaculada Conceição ou Imaculada Concepção é um dos mais sublimes mistérios da Religião Cristã e, talvez por essa razão, tem sido mais encarada pelo lado material do que qualquer outro dos mistérios.

A ideia popular, mas errônea, é que há 2.000 anos, um indivíduo chamado Jesus Cristo nasceu sem a necessidade da cooperação de um pai terreno e que esse incidente é tido como único na história do mundo.

Na realidade, não é assim. A Imaculada Conceição já ocorreu muitas vezes na história do mundo e será universal no futuro.

O fluxo e refluxo periódico das forças materiais e espirituais que afetam a Terra são as causas invisíveis das atividades físicas, morais e mentais exercidas sobre o nosso globo. De acordo com o axioma hermético “como em cima, assim é em baixo”, uma atividade semelhante ocorre no ser humano, que é uma edição menor da Mãe Natureza.

Os animais têm vinte e oito pares de nervos espinhais e, atualmente, estão em seu estado lunar, perfeitamente sintonizados com os vinte e oito dias que a Lua demora para circundar o Zodíaco. O Espírito-Grupo regula o acasalamento dos animais em estado selvagem. Por isso, neles não existe o abuso.

O ser humano, no entanto, encontra-se em estado de transição: progrediu demasiado e por isso mesmo não obedece às vibrações lunares, porque tem trinta e um pares de nervos espinhais. Mas ainda não está sintonizado com o mês solar de trinta e um dias e se acasala em qualquer época do ano; daí o período menstrual da mulher, o qual, em condições apropriadas, é utilizado para formar parte do corpo de um filho mais perfeito que o do seu pai ou de sua mãe.

De igual modo, o fluxo periódico da humanidade se converte em espinha dorsal do adiantamento racial; o fluxo periódico das forças espirituais da Terra, que ocorre no Natal, resulta o nascimento de Salvadores que, de tempos em tempos, renovam os impulsos para o avanço espiritual da raça humana.

A Bíblia possui duas partes: o Velho e o Novo Testamento. Depois de relatar resumidamente como foi formado o mundo, o Antigo Testamento nos fala da “Queda”.

Nós entendemos que a “Queda” foi ocasionada pelo abuso ignorante da força sexual do ser humano, em ocasiões em que os raios interplanetários eram adversos à concepção dos melhores e mais puros veículos. Desse modo, o ser humano foi se aprisionando gradualmente em um Corpo Denso, cristalizado pela pecaminosa paixão e, consequentemente, dentro de um veículo imperfeito, sujeito ao sofrimento e à morte.

Então começou a peregrinação através da matéria e por milênios temos vivido neste duro e cristalizado corpo que obscurece a luz dos Céus ao Espírito interno. O Espírito é como um diamante encerrado em uma crosta grosseira e os lapidadores celestiais, os Anjos do Destino, estão continuadamente procurando remover essa crosta a fim de que o Espírito possa brilhar através do veículo que anima.

Quando o lapidário encosta o diamante na pedra polidora, ele emite um gemido, como se fosse um grito de dor, à medida que a cobertura opaca se desprende. Aos poucos, o diamante bruto que é submetido às aplicações da pedra transforma-se em gema de transcendental brilho e pureza.

Do mesmo modo, os seres celestiais que zelam pela nossa evolução nos oprimem fortemente contra a pedra polidora da experiência. Dores e sofrimentos resultam disso e despertam o Espírito que dorme dentro de nós. O ser humano que até este momento se contentou com as coisas materiais, que tem sido indulgente com os sentidos e com o sexo, sente descontentamento e isso o impele a buscar uma vida mais elevada.

No entanto, a satisfação dessa sublime aspiração é normalmente acompanhada de uma luta muito severa, por parte da natureza inferior. Foi durante essa luta, que São Paulo exclamou com toda a angústia de um coração devoto e aspirante: — “Infeliz homem que sou… Porque eu não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero… Porque eu me deleito na lei de Deus, segundo o homem interior, mas sinto nos meus membros outra lei que repugna à lei do meu Espírito e que me faz cativo na lei do pecado, que está nos meus membros.” (Rm 7:19-24).

Quando se espreme uma flor, liberta-se a sua essência e, assim, enche-se o ambiente com a sua grata fragrância, que deleita o olfato de todos os que tenham a sorte de estar próximos. Os golpes do destino podem envolver um homem ou uma mulher que tenha chegado ao estado de eflorescência, mas isso servirá para mostrar a doçura da natureza e exaltar a beleza da alma, até que brilhe com fulgor, marcando o seu possuidor com um halo luminoso.

Essa pessoa encontra-se no caminho da Iniciação. Ela aprende como o licencioso uso do sexo, sem ter em conta os raios astrais, fizeram-na prisioneira do corpo; como está acorrentada a ele e como, por meio do uso apropriado dessa mesma força sexual, em harmonia com os Astros, poderá gradualmente melhorá-lo e sutilizá-lo, obtendo afinal a libertação da existência concreta.

Um construtor naval não pode fazer um barco de carvalho usando madeira comum. Nem o ser humano colhe uvas de espinheiros; semelhante atrai semelhante e um Ego de natureza passional, quando se encarna, é arrastado para pais da mesma natureza; deste modo, o seu corpo será concebido em harmonia com o impulso do momento, pela satisfação dos sentidos.

A alma que provou da taça da tristeza devido ao abuso da força criadora e bebeu sua amargura, gradualmente buscará pais cada vez menos dominados pelos instintos passionais, até que por fim obterá a Iniciação.

Havendo sido instruída, no processo da Iniciação, sobre a influência dos raios astrais no parto, o próximo corpo será gerado por pais Iniciados, sem paixão e sob a constelação mais favorável para o trabalho a que o Ego se propôs.

Por isso, os Evangelhos (que são fórmulas de Iniciação) começam com o relato da Imaculada Conceição e terminam com a Crucifixão, ambos ideais maravilhosos que teremos de alcançar, porque somos Cristos em formação e alguma vez passaremos pelo nascimento místico e pela morte mística anunciados nos Evangelhos. Por meio do conhecimento poderemos apressar o dia da nossa libertação, em vez de frustramos estupidamente o nosso desenvolvimento espiritual, como agora fazemos.

Em relação à Imaculada Conceição, prevalecem incompreensões em todos os sentidos, como: a perpétua virgindade da mãe depois do parto; a baixa posição de José como suposto pai adotivo, etc. Vamos rever rapidamente esses pontos, como são revelados na Memória da Natureza.

Em algumas partes da Europa, classifica-se de “bem-nascidos” ou mesmo “altamente bem-nascidos” as pessoas de classe elevada, filhos de pais que têm lugar preponderante na sociedade. Tais pessoas, por vezes, olham com desdém os de modesta posição.

Nada temos contra a expressão “bem-nascidos” e desejaríamos mesmo que todos fossem bem-nascidos; isto é, que fossem filhos de pais de alta posição moral, sem nos importar a sua hierarquia social.

Existe uma virgindade da alma que é independente do estado do corpo, uma pureza da Mente que conduz quem a possui ao ato da geração sem a mancha da paixão e torna possível que a mãe tenha o filho em seu seio com um amor inteiramente isento do desejo sexual.

Antes de Cristo, isso teria sido impossível. Em tempos remotos, na jornada do ser humano sobre a Terra, era mais desejável a quantidade do que a qualidade e daí a ordem: “Crescei e multiplicai-vos”. Além disso, foi necessário que o ser humano esquecesse temporariamente sua natureza espiritual e concentrasse suas energias sobre as condições materiais. A indulgência em relação à paixão sexual atingiu esse objetivo e a natureza de desejos teve amplitude em suas funções. Floresceu a poligamia e quanto mais filhos tivesse um matrimônio, mais se honrava, enquanto a esterilidade era vista como a maior aflição possível.

Por outro lado, a natureza de desejos foi refreada pelas leis dadas por Deus e a obediência aos mandatos divinos foi forçada por castigos aplicados aos transgressores, tais como guerras, pestes ou fome. Recompensava-se a rigorosa observância desses mandatos e os filhos, o gado e as colheitas do ser humano “reto” eram numerosos; ele obtinha vitórias sobre os seus inimigos e a taça da felicidade transbordava para ele.

Mais tarde, quando a Terra estava suficientemente povoada, depois do dilúvio Atlante, a poligamia foi decrescendo cada vez mais, tendo como resultado a melhoria da qualidade dos corpos e, na época de Cristo, a natureza de desejos podia ser refreada, no caso dos mais avançados entre a humanidade; o ato gerador tornava-se possível sem paixão, para que os filhos fossem concebidos imaculadamente.

Assim eram os pais de Jesus. Diz-se que José era um carpinteiro; todavia ele não era um trabalhador de madeira, mas um “construtor” no mais alto sentido. Deus é o grande Arquiteto do Universo. Abaixo de Deus existem muitos construtores de diferentes graus de esplendor espiritual. Todos estão ocupados e comprometidos na construção de um templo sem ruído de martelos e José não era uma exceção.

Por vezes, perguntam-nos por que os Iniciados são sempre homens e nunca mulheres. Não é assim: nos graus inferiores existem muitas mulheres; mas quando é permitido a um Iniciado escolher o sexo, normalmente prefere um Corpo Denso que é positivo, masculino, pois a vida que o conduziu à Iniciação espiritualizou o seu Corpo Vital e o tomou positivo sob todas as condições, de modo a ter, então, um veículo da mais alta eficiência.

No entanto, há épocas em que as exigências de natureza evolutiva requerem um corpo feminino, como por exemplo para prover um corpo do mais refinado tipo, a fim de que receba um Ego de grau elevadíssimo. Então, um alto Iniciado pode tomar um corpo feminino e passar novamente pela experiência da maternidade, depois de, talvez, ter deixado de fazer por várias vidas, como foi o caso do formoso caráter que conhecemos como Maria de Belém.

Em conclusão, recordemos os pontos expostos: somos Cristos em formação; algum dia cultivaremos qualidades tão imaculadas que nos tornem dignas de habitar corpos imaculadamente concebidos.

Quanto mais depressa começarmos a purificar as nossas Mentes, tanto mais rápido alcançaremos esse objetivo. Em última análise, isso depende apenas da honestidade dos nossos propósitos e da força da nossa vontade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1969)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Requisito da Evolução e a Correlação Forte com Virgem e Mercúrio

O Requisito da Evolução e a Correlação Forte com Virgem e Mercúrio

Rogai-vos, pois, irmãos pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos Corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Que é o vosso culto racional.” (Rm 12:1)

Este pedido, feito na Epístola de São Paulo aos Romanos, nos ensina sobre dois importantes assuntos ligados com a vida do Cristão. O primeiro, é o fato de que o Corpo Denso deveria ser um sacrifício vivo oferecido ao Deus interior, e o segundo, é o culto ou o Serviço prestado pelo Corpo ao Espírito em sua evolução. Em poucas palavras, os Corpos são necessidades ou requisitos para a evolução do Espírito e, por isso, são os servos do Deus interior. Este serviço é o seu sacrifício que termina com a morte.

O Estudante Rosacruz ponderará, agora, o valor da Filosofia Rosacruz que, em sua sabedoria, ensina a manter uma Mente Pura, um Coração Nobre e um Corpo São, para servir ao Ego durante seu desenvolvimento. De fato, tudo foi criado para o propósito de servir aos outros. Cada um, a seu modo, fornece o necessário para a existência do outro, consciente ou inconscientemente, e dessa forma, o Serviço se torna o fator proeminente da evolução. Logo, “aquele que quiser ser o maior, seja o servo de todos.“!

Nós fomos, primeiramente em um passado longínquo, ensinados a servir o nosso Deus fazendo e oferecendo sacrifícios ao nosso Criador e, assim, aprendemos que o serviço requer sacrifício. Naquele tempo não poderíamos compreender que devíamos fazer de nós mesmos um sacrifício vivente e, por isso, oferecíamos em seu lugar um animal, que era parte de nós, pois nos pertencia para compensar o pecado que houvéssemos cometido, de acordo coma Lei da Religião de Raça vigente, a de Jeová, o Deus de Raça. Hoje, como seguidores de Cristo, nós nos oferecemos como sacrifícios vivos, e não as nossas posses, para agradá-Lo. Sacrificamos nosso “eu pessoal” pelo bem da individualidade impessoal, servindo e auxiliando os outros onde e quando podemos. Nosso primeiro serviço foi para obter algum lucro, mas quando estamos sintonizados com o Raio de Cristo, nosso serviço é pela Glória da Alma. Procuramos fazer aos outros o que o Cristo fez por nós, tornando-nos servos do Cristo, que é o nosso culto racional e devocional.

Na evolução do modo de servir, como na evolução de todas as coisas, avançamos por meio da purgação da escória e dos resíduos. Isto é, na realidade, uma purificação. Nosso progresso, em “qualidade” de serviço, depende grandemente da purificação das nossas emoções e dos nossos pensamentos que bem adquirimos por meio de nossa tentativa honesta de praticar o exercício noturno da Retrospecção. “Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus“. Por mais que falemos, não poderemos exaltar, convenientemente, a importância do exercício da Retrospecção, quando apresentamos nossos Corpos como sacrifícios viventes, oferecidos a Deus. Devemos compreender, perfeitamente, que uma Retrospecção feita pela metade, isto é, sem o correspondente sentimento, não poderá queimar e, portanto, apagar os acontecimentos indesejáveis que praticamos durante o dia e que foram gravados no Átomo-semente. A menos que sintamos o fogo do remorso cauterizar, queimar o âmago do nosso coração, a Retrospecção não está completa; a gravação não será apagada, e nossas vidas continuarão sem crescimento anímico apreciável.

Temos o testemunho que o serviço perfeito e ideal é um exemplo para nosso progresso, no sacrifício do Cristo que volta a nós nesta época do ano – mês de setembro. O Sol, passando pelo Signo do Serviço, o da Imaculada Virgem, concebe e nos traz o Raio do Cristo dos Reinos superiores. Esse raio do Cristo Cósmico nasce no último princípio da trindade maternal por meio do Signo de Virgem, com sua essência de pureza. Podemos, na realidade, sentir que a Gloriosa Luz Dourada, o Corpo do Cristo descendo do Céu à Terra, reveste a Vida e o Amor do nosso Redentor. Esse acontecimento nos traz o terceiro Grande Festival Cristão, na série dos acontecimentos da Vida de Cristo, e é celebrado na Festa da Concepção. A terceira mudança na Vida de Cristo ocorre no Equinócio de Setembro, quando o Sol entra no Signo de Virgem e a Vida do Cristo viaja desde a superfície da Terra até o seu centro, que é atingido pelo Natal, com o nascimento do Cristo aqui na Terra. É essa Imaculada Concepção da Virgem, do Signo de Virgem, que presta o maior dos serviços: a Vida do Cristo “morre para o Mundo Celeste para nascer no mundo terrestre”. “Maior amor não existe do que esse: dar a vida pelo seu amigo“; esse é o maior serviço que pode ser prestado.

É interessante notar que o Signo Virgem é, essencialmente, o Signo da pureza e que Mercúrio é o Planeta que nesse Signo está, ao mesmo tempo, Exaltado e Essencialmente Dignificado, por ser seu Regente. A Grande Hierarquia Criadora de Virgem é conhecida como os Senhores da Sabedoria e, sendo a mais elevada Hierarquia Criadora ativa atualmente, tem a seu cargo auxiliar o desenvolvimento do Espírito Divino de cada um de nós durante o atual Período Terrestre. Foi durante a segunda Revolução do Período Solar que os Senhores da Sabedoria irradiaram de seus próprios Corpos o germe do Corpo Vital, tornando-o capaz de interpretar o Corpo Denso com a capacidade de crescimento e de propagação posterior, excitando os centros dos sentidos do Corpo Denso e fazendo-o, com isso, capaz de se mover, servindo de instrumento perfeito e obediente para o nosso uso.

Do Planeta Mercúrio, alguns dos seus habitantes foram mandados a Terra para trabalhar conosco. São conhecidos pelos Estudantes Rosacruzes como Senhores de Mercúrio. Eles ensinaram e guiaram os mais adiantados seres humanos da humanidade e os elevaram à categoria de reis, fazendo-os dirigentes do povo, por meio da arte do domínio próprio e do domínio sobre os outros. No atual Período Terrestre, já passamos pela metade dita marciana do Período Terrestre (até metade da quarta Revolução no Globo D) e estamos seguindo o curso da metade dita mercuriana do Período Terrestre (da metade da quarta Revolução no Globo D até o final da sétima Revolução no Globo G), estando, portanto, sob uma maior influência mercuriana. Uma das coisas que os Senhores de Mercúrio vão nos ensinando é como deixar o Corpo Denso utilizando a nossa vontade e como funcionar nos nossos veículos superiores, independentemente do Corpo Denso que assim se tornou uma habitação aprazível, ao invés vez de uma prisão fechada; se tornou um instrumento, ao invés de grilhões embaraçantes. Durante as últimas três e meia Revoluções do Período Terrestre, Mercúrio está nos ensinando isso por meio da Iniciação. Mercúrio polarizou o metal que leva o seu nome, o mercúrio, que evapora pelas paredes do vaso que o contiver e que é assemelhando à Mente. Essa Iniciação pode ser alcançada por meio da purificação da Mente, enquanto o Sol passa pelo Signo da Virgem, e por meio da influência dos Senhores de Mercúrio, Irmãos Maiores da atual humanidade.

O cordão espinhal é o elo entre os dois órgãos criadores: o cérebro, que é o campo de ação dos intelectuais mercurianos, e os genitais que são o campo de ação dos sensuais e apaixonados Espíritos Lucíferos. A Mente inferior (ou concreta) se juntou à paixão egoísta, sendo missão dos Senhores de Mercúrio, que são de inteligência superior, nos ensinar como usar a Mente sem egoísmo, como torná-la verdadeiramente criadora, de modo, que não mais dependeremos do progresso sexual de gerações que agora está sendo utilizado em Corpos separados.

Hoje, como estamos dentro da época Mental-Mercuriana, os efeitos mentais à distância estão sendo realizados e, portanto, bem podemos compreender a verdade enunciada por Cristo no Seu Sermão da Montanha: “Todo aquele que olhar para uma mulher desejando-a, com ela já praticou o adultério no seu coração“.

Este é, na verdade, o mês da purificação mental. Tenhamos diante de nossa Mente a imagem da Virgem Imaculada simbolizada pelo Signo de Virgem. É o estado atual da Mente, neste momento de concepção, que dará à luz mais tarde, quando o Raio da Luz do Cristo entrar na Terra no Equinócio de Setembro e viajar para o centro da Terra para nascer pelo Natal.

O Cristo do novo ano vem a nós do Pai, o mais elevado Iniciado do Período de Saturno, cuja humanidade constitui, agora, os Senhores da Mente. Vem revestido da pureza mental e está pronto a nos assistir na transformação de nossa Mente apaixonada em uma Mente compassiva. É por intermédio de Mercúrio, o Mensageiro dos Deuses, e oitava inferior de Netuno, que poderemos acender, no canal espinhal, o fogo luminoso e brilhante da purificação e regeneração que nos habilitará a apresentarmos nossos Corpos como um sacrifício vivente, santo agradável a Deus por ocasião da Festa dos Tabernáculos.

Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém me servir, meu Pai o honrará.” (Jo 12:26)

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – agosto/1979 – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Renovação e Consagração

Renovação e Consagração

Páscoa significa renovação. É a estação do novo crescimento e o impulso para purificar-nos é universal. Agora, novamente consagramos nossas vidas, decidindo ser mais conscientes em nossos esforços diários. Somos estimulados a novos esforços e aspirações conforme sentimos a natureza responder às forças da vida que ascende, liberada por meio da crucificação. Essa “ascensão” é de natureza cíclica e ocorre anualmente, entre a Páscoa e o Domingo de Pentecostes.

A máxima “como é em cima é embaixo” sugere-nos o princípio unificante fundamental de toda a vida, e as mudanças cósmicas de natureza cíclica inevitavelmente encontram sua expressão na existência humana. Assim como o Ego, ou Espírito Virginal, procura renascer, igualmente as leis naturais ou princípios cósmicos buscam sua manifestação externa ou personificação por meio da forma, secundária expressão da vida. O nascimento e a ressurreição de Cristo-Jesus são expressões externas das mudanças das estações.

Ambos, o Natal e a Páscoa, são pontos alternantes marcando o fluxo e o refluxo de um impulso de vida cósmica sem o qual a vida na Terra seria uma impossibilidade. Na época em que o Sol transita pelo Signo celestial da Virgem, tem lugar a Imaculada Concepção. Uma onda da luz solar de Cristo se concentra na Terra. Gradualmente essa luz penetra mais fundo até alcançar o ponto máximo na noite mais longa do ano, que chamamos Natal. Esse é o nascimento místico de um impulso de vida cósmica que impregna e fertiliza o planeta e constitui a base da vida terrestre. Sem ele não germinaria semente alguma, não existiriam a humanidade e os animais ou forma alguma de vida. Desde o solstício até o equinócio esse impulso segue seu caminho até a superfície da Terra, infundindo nova vida a todas as formas em evolução.

O conhecimento do fluxo e refluxo dessas forças cósmicas será muito útil para nós, porquanto nos enseja poder “agarrar o tempo pelos cabelos”.

Durante esta estação, da Páscoa até o Domingo de Pentecostes, quando a natureza abunda em nova vida, devemos empreender todo esforço para sintonizar-nos com esse impulso universal, para expressar uma vida mais harmoniosa. Este é o momento para despendermos os maiores esforços no sentido de alcançarmos níveis superiores de consciência. Devemos ter em conta, também, que não há tons menores neste “canto de Primavera”. Sua nota-chave é alegria. O evento da ascensão de Cristo é cantado com grande regozijo nos planos espirituais. E nós também, se nos alinharmos com a Lei Cósmica, sentir-nos-emos felizes e alegres nesta época do ano.

A lei da analogia se mantém pura em todos os departamentos da vida. Os alegres cantos primaveris são ecos, tons harmônicos de uma ressurgente harmonia cósmica. Se penetrarmos no espírito da estação poderemos, também, receber o estímulo resultante do rápido florescimento de todas as formas da natureza.

A ajuda que estamos recebendo para a aquisição do conhecimento direto deveria merecer especial atenção nesta ocasião. Esse auxílio, como ensina o Conceito, resume-se em: Observação, Discernimento, Concentração, Meditação, Contemplação e Adoração. A Observação e o Discernimento são disciplinas a serem exercitadas durante todas as nossas horas de vigília. A Concentração, a Meditação, a Contemplação e a Adoração são graus progressivos de exercícios especiais para o desenvolvimento da clarividência.

O pensamento é o meio mais poderoso para a obtenção do conhecimento. Se dominarmos necessária força mental nada existirá além da humana compreensão. Por meio da concentração do poder mental podemos solucionar problemas que de outra maneira não chegaríamos a entender.

Nossos primeiros esforços de concentração são, frequentemente, insatisfatórios. Mesmo assim poderemos obter algum êxito em concentrar nossos pensamentos antes de que estejamos preparados para graus Superiores de Meditação e Contemplação. O objeto da Concentração pode bem ser qualquer coisa, uma simples figura geométrica ou, de preferência, algum ideal. Qualquer que seja nossa escolha, é necessário mantermos firmes nossos pensamentos na figura mental criada, sem permitir desvios.

O pensamento é o poder que utilizamos para construir imagens mentais ou pensamento-formas e como é nossa força primordial devemos dominá-lo.

Quando o aspirante, por intermédio da Concentração, obtiver êxito para construir o pensamento-forma VIVENTE de um ideal, então já estará preparado para o passo seguinte, ou seja, a Meditação. Através dela, ele aprende tudo referente ao objeto criado em sua mente. Terá acesso a conhecimentos jamais sonhados, pois através da Meditação suas criações mentais podem falar-lhe, por assim dizer.

Os graus superiores — a Contemplação e a Adoração — geralmente não se alcançam até que estejamos bem treinados na Observação e no Discernimento, disciplinas mentais que deveríamos praticar continuamente. É importante tudo vermos com clareza, com contornos bem delineados e riquezas de detalhes.

A visão etérica é uma extensão ou refinamento da visão física e facilitamos seu desenvolvimento através da prática sistemática de observar cuidadosamente todas as coisas.

Enquanto praticamos o exercício da Observação, devemos aprender a discernir e a tirar conclusões do que vemos. Pela observação e discernimento cultivamos a faculdade de raciocinar logicamente. E a lógica, segundo nos foi ensinado, é o melhor guia em qualquer mundo. Pelo desenvolvimento do Discernimento e da Observação preparamo-nos para os dois passos seguintes: a Contemplação e a Adoração. Através da Meditação aprendemos tudo a respeito da forma das nossas criações mentais. Porém, na Contemplação, a parte que concerne à vida revela seus segredos. Na verdade, a unidade da vida se nos põe de manifesto pela Contemplação e nos impressionamos com a verdade suprema de que não existe senão uma vida: a Vida Universal de Deus. Quando alcançamos esse estágio, através da Contemplação, ainda resta um passo a dar, ou seja, a Adoração. Por meio dessa, o aspirante se UNIFICA com a Fonte Universal de todas as coisas. Nesta estação do ano, quando a vida fecunda toda a natureza, deveríamos, todos, tratar de fazer grandes progressos pela renovação dos nossos esforços para dominar esses seis graus ou disciplinas. Assim, sintonizando-nos com as forças vitais que ressurgem na Terra e culminam no Domingo de Pentecostes, evoluiremos de modo tal como não seria possível de outra maneira.

(Publicado na revista Serviço Rosacruz de março e abril/87)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como podem conciliar a declaração da Bíblia, ou seja, que José só conheceu Maria após ela ter dado à luz ao seu primogênito Jesus que foi concebido pelo Espírito Santo, com os Ensinamentos Rosacruzes que dizem que Jesus era o filho de um pai humano, José?

Pergunta: Como podem conciliar a declaração da Bíblia, ou seja, que José só conheceu Maria após ela ter dado à luz ao seu primogênito Jesus que foi concebido pelo Espírito Santo, com os Ensinamentos Rosacruzes que dizem que Jesus era o filho de um pai humano, José, e de Maria, sua mãe?

Resposta: Se procurarmos as genealogias de Jesus nos Evangelhos segundo São Mateus e São Lucas, verificaremos que o parentesco é traçado desde José até Adão, e nenhuma palavra encontramos a respeito de Maria. Como já o dissemos numa resposta anterior, um copista pode ter interpolado a passagem citada para provar o sentido materialista da Imaculada Concepção.

Contudo, se considerarmos a doutrina esotérica da Imaculada Concepção, tal suposição torna-se desnecessária.

Jeová, o Espírito Santo, o guia dos Anjos, aparece em várias partes da Bíblia como o dador de filhos. Seus mensageiros foram a Sarah anunciar-lhe o nascimento de Isaac; para Hannah anunciaram o nascimento de Samuel; para Maria anunciaram o advento de Jesus, cujos veículos (Corpo Denso e Vital) foram, posteriormente, dados ao Cristo. O poder do Espírito Santo fecunda tanto o óvulo humano como a semente do grão na terra, e o pecado original ocorreu quando Adão conheceu a sua mulher, contrariando a recomendação de Jeová.

Essa transgressão acarretou a marca do pecado sobre uma função sagrada, mas quando uma vida santa purifica os desejos, o ser humano se inunda com esse espírito puro e pode efetuar a função procriadora sem paixão. A concepção torna-se, assim, Imaculada. A criança que nasce sob tais condições é naturalmente superior, porque a concepção realizou-se como um rito sagrado de autossacrifício e não como um ato de autossatisfação.

(Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Perg. Nº 106 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Interpretação Mística do Natal

Esse livro se refere ao nascimento místico e à morte do grande Espírito Cristo, abordados sob o ponto de vista de um Clarividente.

O mais pronunciado materialista deve se convencer da divindade do ser humano, após ler as revelações do autor sobre o significado profundo do Cristo e os princípios por Ele proclamados.

Esperamos que a leitura cuidadosa e atenta desse volume sobre a vida sagrada de Cristo incentive uma maior veneração pela Religião Cristã, tornando-a mais aceitável à razão por meio da obra inspirada desse autor, cujo principal objetivo, enquanto viveu, foi o de trazer o ideal de Cristo e a vida simples de servir mais próximo dos corações das pessoas.

1. Para fazer download ou imprimir:

Max Heindel – A Interpretação Mística do Natal

2. Para estudar no próprio site:

 

A Interpretação Mística do

Natal

Seis Dissertações Sobre a Questão do Natal do Ponto de Vista Místico, mostrando o Significado Oculto desse Grande Evento

Por

Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

 

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, 1920, The Mystical Interpretation of Christmas, editada por The Rosicrucian Fellowship

10ª Edição em Inglês, 2012, The Mystical Interpretation of Christmas, editada por The Rosicrucian Fellowship

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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fraternidade@fraternidaderosacruz.com

ÍNDICE

PREFÁCIO.. 5

CAPÍTULO I – A SIGNIFICÂNCIA CÓSMICA DO NATAL

CAPÍTULO II – LUZ ESPIRITUAL – O NOVO ELEMENTO E A NOVA SUBSTÂNCIA

CAPÍTULO III – O SACRIFÍCIO ANUAL DE CRISTO

CAPÍTULO IV – O Místico Sol da Meia-Noite

CAPÍTULO V – A Missão de Cristo e o Festival das Fadas

CAPÍTULO VI – O Cristo Recém-Nascido (incluído na 10ª edição)

 

PREFÁCIO

O conteúdo desse livro foi enviado periodicamente pelo autor, em forma de lições, aos Estudantes. Abrange somente cinco das suas noventa e nove cartas. A principal característica dessas lições é se referir ao nascimento místico e à morte do grande Espírito Cristo, abordados sob o ponto de vista de um Clarividente. O autor recebeu essas preciosidades raras da verdade por meio da iluminação divina. O mais pronunciado materialista deve se convencer da divindade do ser humano, após ler as revelações do autor sobre o significado profundo do Cristo e os princípios por Ele proclamados.

Dezessete das noventa e nove lições foram editadas em forma de livro sob o título: A Teia do Destino, incluindo os temas: O Efeito Oculto das Nossas Emoções, Oração – Uma Invocação Mágica e Métodos Práticos para se Alcançar o Sucesso; nove foram publicadas sob o título: Maçonaria e Catolicismo, como tudo é visto por de trás do cenário. As restantes sessenta e oito lições publicaremos no segundo volume da coletânea, conforme o tempo o permita[1].

Esperamos que a leitura cuidadosa e atenta desse volume sobre a vida sagrada de Cristo incentive uma maior veneração pela Religião Cristã, tornando-a mais aceitável à razão por meio da obra inspirada desse autor, cujo principal objetivo, enquanto viveu, foi o de trazer o ideal de Cristo e a vida simples de servir mais próximo dos corações das pessoas.

28 de outubro de 1920

                                                                          Augusta Foss Heindel

 

 

CAPÍTULO I – A SIGNIFICÂNCIA[1] CÓSMICA DO NATAL

Mais uma vez, no decorrer de um ano, estamos às vésperas de Natal. A visão de cada um de nós sobre essa festividade difere uma da outra. Para o religioso devoto é um período santificado, sagrado e repleto de mistério, não menos sublime por ser incompreendido. Para o ateu é uma tola superstição. Para o puramente intelectual é um enigma, pois está além da razão.

Nas igrejas a história é narrada de como na noite mais santa do ano, Nosso Senhor e Salvador, imaculadamente concebido, nasceu de uma virgem. Nenhuma outra explicação é fornecida; o assunto é deixado a critério do ouvinte que o aceita ou rejeita, de acordo com o seu temperamento. Se a Mente e a razão prevalecem, a fé é excluída; se ele pode acreditar apenas no que pode ser demonstrado aos sentidos, então, é forçado a rejeitar a narrativa como absurda e desarmônica com as várias e imutáveis leis da natureza.

Várias interpretações diferentes foram fornecidas para satisfazerem a Mente, principalmente às de natureza astronômica. Elas estabelecem de como na noite de 24 para 25 de dezembro, o Sol começa sua jornada do sul para o norte. Ele é a “Luz do Mundo”. O frio e a fome inevitavelmente exterminariam a onda de vida humana se o Sol permanecesse sempre no Sul[2]. Por isso, é um motivo de grande regozijo quando ele começa sua jornada em direção ao norte. Ele é, então, aclamado o “Salvador”, pois vem “salvar o mundo”, vem para dar o “pão da vida”, quando amadurece “o grão e a uva”. Assim, “Ele dá a sua vida” na cruz (quando cruza) do equador (no Equinócio de Setembro) e começa sua ascensão no céu (norte). Na noite em que começa sua jornada em direção ao norte, o Signo de Virgem, a Virgem Celestial, a “Rainha do Céu”, está no horizonte oriental à meia-noite e é, então, astrologicamente falando, seu “Signo Ascendente”. Portanto Ele “nasce de uma virgem”, sem intermediários, sendo assim “concebido imaculadamente”.

Essa explicação pode satisfazer a Mente quanto à origem da suposta superstição, mas o dolorido vazio que existe no coração de todo cético, esteja ou não ciente do fato, deve permanecer até que a iluminação espiritual seja alcançada, a qual fornecerá uma explicação aceitável tanto ao Coração como à Mente. Derramar tal luz sobre esse mistério sublime será nosso esforço nas páginas seguintes. A Imaculada Concepção será o assunto de uma lição futura; por hora queremos mostrar como as forças materiais e espirituais fluem e refluem alternadamente no decurso do ano, e porque o Natal é verdadeiramente um “dia santo”.

Digamos que concordamos com a interpretação astronômica como sendo válida, desse ponto de vista, como o que se segue é verdadeiro, quando contemplamos o mistério do nascimento sob outro ângulo. O Sol nasce, ano após ano, na noite mais escura. O Salvador do Mundo Cristo também nasce, quando a escuridão espiritual da humanidade é a maior. Há um terceiro aspecto de suprema importância, isto é, não há nenhuma futilidade nas palavras de São Paulo quando ele fala do Cristo sendo “formado em você”[3]. É um fato sublime que todos somos Cristos-em-formação, de modo que quando compreendemos que temos que cultivar o Cristo interno antes que possamos perceber o Cristo externo, mais apressaremos o dia da nossa iluminação espiritual. Nesse sentido, novamente citamos o nosso aforismo preferido, de Angelus Silesius[4], cuja sublime percepção espiritual fê-lo proferir:

“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,

Se não nascer dentro de ti, tua alma segue extraviada.

Olharás em vão a Cruz do Gólgota,

Enquanto ela não se erguer dentro de ti mesmo novamente.”

No Solstício de Junho a Terra está mais distante do Sol, mas o raio solar a atinge quase em ângulo reto, em relação ao seu eixo no Hemisfério Norte, assim resultando no alto grau da atividade física. Nessa ocasião, as radiações espirituais do Sol são oblíquas nessa parte da Terra e são tão fracas como os raios físicos, quando esses são oblíquos.

Por outro lado, no Solstício de Dezembro, a Terra está mais perto do Sol. Os raios espirituais caem em ângulos retos na superfície da Terra no Hemisfério Norte, promovendo a espiritualidade, enquanto as atividades físicas diminuem devido ao ângulo oblíquo em que o raio solar atinge a superfície dessa parte da Terra. Por esse princípio, as atividades físicas estão no seu mais baixo nível e as forças espirituais no seu mais elevado fluxo na noite entre 24 e 25 de dezembro, por isso, ela é chamada a “noite mais santa” do ano. Por outro lado, no meio do verão é a época de divertimento para os duendes e para as entidades semelhantes compromissadas com o desenvolvimento material do nosso Planeta, conforme demonstrado por Shakespeare no seu Sonho de Uma Noite de Verão.

Se nadarmos quando a maré está mais forte, alcançaremos uma distância maior e com menos esforço do que em qualquer outra ocasião. É de grande importância para o Estudante esotérico saber e compreender as condições particularmente favoráveis que prevalecem na época do Natal. Sigamos a exortação de São Paulo, no Capítulo 12 da Epístola aos Hebreus[5], jogando fora toda carga à mais, como fazem as pessoas que participam de corridas. Batamos no ferro enquanto ele está quente; isso significa que devemos, nessa época do ano, concentrar todas as nossas energias nos esforços espirituais e para colher o que não conseguiríamos obter em nenhuma outra ocasião do ano.

Lembremo-nos, também, que o auto-aperfeiçoamento não deve ser a nossa única consideração. Nós somos Discípulos de Cristo. Se aspirarmos a tal distinção, lembremo-nos do que Ele disse: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”[6]. Há um sentimento muito grande de tristeza e sofrimento à nossa volta; há muitos corações solitários e doloridos em nosso círculo de conhecidos. Busquemo-los de maneira discreta. Em nenhuma outra época do ano eles serão mais acessíveis aos nossos apelos. Espalhemos a luz do Sol em seus caminhos. Desse modo, ganharemos suas bênçãos e também as dos nossos Irmãos Maiores. Por sua vez, as vibrações resultantes promoverão um crescimento espiritual impossível de ser atingido de qualquer outro modo.

CAPÍTULO II – LUZ ESPIRITUAL – O NOVO ELEMENTO E A NOVA SUBSTÂNCIA

No ano passado, nosso Curso de Cristianismo Místico, por correspondência, começou com uma lição sobre o Natal, do ponto de vista cósmico. Explicamos que os Solstícios de Junho e Dezembro, juntamente com os Equinócios de Março e Setembro, constituem os momentos decisivos na vida do Grande Espírito da Terra, assim como a concepção assinala o começo da descida do espírito humano ao Corpo físico, resultando no nascimento, o qual inaugura o período de crescimento até que a maturidade seja alcançada. Neste ponto se inicia uma época de sobriedade e amadurecimento, juntamente com um declínio das energias físicas que terminam em morte. Este acontecimento liberta o ser humano dos tresmalhos da matéria e o conduz a um período de metabolismo espiritual, por meio do qual nossa colheita de experiências terrenas é transmutada em poderes anímicos, talentos e tendências, a fim de serem multiplicados e utilizados nas vidas futuras e, assim, termos condições para crescer mais rica e abundantemente com tais tesouros e sermos considerados dignos, como “administradores fiéis”, para assumirmos postos cada vez mais elevados entre os servos da Casa do Pai.

Essa ilustração se apoia sobre o firme alicerce da grande Lei de Analogia, tão sucintamente expressa pelo axioma hermético: “Assim como é em cima, é em baixo”. Baseados nisso, que é uma chave-mestra para todos os problemas espirituais, dependemos também de um “abre-te sésamo” para as nossas lições do Natal desse ano, que nós esperemos poder corrigir, confirmar ou completar os pontos de vista dos nossos Estudantes, conforme requeira cada caso.

Os corpos, originalmente cristalizados na terrível temperatura da Lemúria, eram demasiado quentes para conter umidade suficiente que permitisse ao espírito acesso livre e irrestrito a todas as partes da anatomia deles, doe mesmo modo que o espírito consegue, atualmente, por meio do sangue circulante. Mais tarde, no começo da Atlântida, de fato os corpos continham sangue, mas se moviam com dificuldade, e teriam se ressecados rapidamente, em razão da alta temperatura interna, não fora o fato de prevalecer naquela atmosfera aquosa uma farta umidade. A inalação desse solvente atenuava grandemente o calor e abrandava o Corpo, até que uma quantidade suficiente de umidade pudesse ser retida dentro dele, permitindo a respiração na atmosfera comparativamente seca que mais tarde ocorreria.

Os corpos dos primitivos Atlantes eram de uma substância granulosa e fibrosa, não diferentes dos nossos atuais tendões, e também semelhante a madeira; contudo, com o tempo, o hábito adquirido de comer carne, capacitou o ser humano a assimilar a quantidade de albumina suficiente para construir tecidos elásticos necessário à formação dos pulmões e das artérias, assim permitindo a livre circulação do sangue, conforme se verifica agora em todo o sistema humano. Na época em que aconteceram essas mudanças interna e externamente, o grande e glorioso arco de sete cores surgiu no céu carregado de nuvens para assinalar o advento do Reino do Homem, aonde as condições viriam a ser tão variadas como os matizes que colorem a atmosfera ao refratar a luz solar de uma só cor. Então, o primeiro aparecimento do arco-íris nas nuvens marcou o início da era de Noé, com suas estações e períodos alternantes, dos quais o Natal é um deles.

Entretanto, as condições prevalecentes nesse período não são permanentes, como não o eram as dos períodos anteriores. O processo de condensação que transformou o nevoeiro ardente da Lemúria na atmosfera de umidade densa da Atlântida, e mais tarde se liquefez em água, que inundou as cavidades da Terra e impeliu a humanidade para as montanhas e os altiplanos, ainda continua. Ambas, a atmosfera e a nossa condição fisiológica estão mudando, assinalando, aos que sabem ver e compreender, que a aurora de um novo dia no horizonte virá ou acontecerá em breve, uma era de unificação, mencionada na Bíblia como o Reino de Deus.

A Bíblia não nos deixa dúvidas a respeito das mudanças. Cristo disse que, como nos dias de Noé, assim deverá ser nos dias vindouros. Ambos, a Ciência e os descobrimentos, agora encontram condições que não existiam anteriormente. É um fato científico que o oxigênio está sendo consumido em quantidades alarmantes, alimentando os fornos e outros processos que necessitam desse combustível das indústrias; os incêndios nas florestas também sorvem em grande escala o nosso estoque desse elemento importante, além de aumentar o processo secante a que a atmosfera está naturalmente submetida. Eminentes cientistas ressaltam que chegará o dia em que o globo não poderá sustentar a vida que depende da água e do ar para existir. Suas ideias não nos afligem tanto, pois a data que apontam ainda está muito distante; mas, mesmo que seja assim, o destino da Época Ária é tão inevitável quanto o da Atlântida inundada.

Pudesse um Atlante ser transferido para nossa atmosfera ele seria asfixiado, como um peixe fora de seu elemento natural. Quadros vistos na Memória da Natureza provam que os aviadores pioneiros, daquela Época, de fato desmaiavam quando encontravam essas correntes de ar que desciam, gradualmente, sobre a terra que habitavam, e tais experiências suscitavam muitos comentários e especulações. Os aviadores de hoje já estão encontrando o novo elemento e experimentando a sensação de asfixia, do mesmo modo que experimentaram os seus ancestrais Atlantes e, por razões análogas, encontraram um novo elemento descendo do alto, o qual tomará o lugar do oxigênio da nossa atmosfera. Há também uma nova substância se introduzindo na constituição humana e que substituirá a albumina. Ademais, assim como os aviadores da Atlântida desmaiavam e eram impedidos, pela corrente descendente de ar, de penetrar na Época Ária, a terra prometida, dessa maneira prematura, também assim o novo elemento desafia os aviadores de hoje e a humanidade em geral, até que todos tenham aprendido a assimilar seus aspectos materiais. E tal como os Atlantes, cujos pulmões não estavam desenvolvidos e sucumbiram na inundação, assim também a nova Era encontrará alguns sem o “Manto Nupcial”, e, portanto, incapacitados para entrar nela, até que se qualifiquem num período posterior. Por isso, é da maior importância para todos saber a respeito do novo elemento e da nova substância. A Bíblia e a Ciência, unidas, fornecem ampla informação a respeito do assunto.

Como mencionamos anteriormente, na Grécia antiga, a Religião e Ciência eram ensinadas nos templos de mistério, juntamente com a belas-artes e as habilidades manuais, como uma doutrina única de vida e de ser; contudo, essa condição foi temporariamente suspensa para facilitar determinadas fases do desenvolvimento. A união das linguagens religiosa e científica na Grécia antiga facilitava a compreensão dessas matérias; no entanto, hoje em dia, as complicações repousam no fato de que a religião traduziu e a Ciência simplesmente transferiu seus termos do Grego original, o que tem causado muitas divergências e uma perda do elo entre as descobertas da Ciência e os ensinamentos da Religião.

Para chegarmos a uma desejada compreensão das mudanças fisiológicas que continuam agora em nosso sistema, podemos lembrar que, segundo a Ciência, os lóbulos frontais do cérebro estão entre as estruturas humanas de mais recente desenvolvimento e que, proporcionalmente, este órgão é muito maior no ser humano do que em qualquer outra criatura. Agora, a pergunta: existe no cérebro alguma substância peculiar, e se existe, qual pode ser a sua significância?

A primeira parte da pergunta pode ser respondida por qualquer obra científica relativa ao assunto, mas o livro O Conceito Rosacruz do Cosmos fornece mais subsídios, conforme transcrevemos abaixo:

“O cérebro (…) é constituído pelas mesmas substâncias que as demais partes do Corpo, mas, além delas, tem o fósforo, peculiar somente ao cérebro. Conclusão lógica a tirar: o fósforo é o alimento particular mediante o qual o Ego pode expressar pensamentos… A quantidade desta substância é proporcional ao estado de consciência e ao grau de inteligência do indivíduo. Os idiotas têm muito pouco fósforo. Os profundos pensadores têm muito. (…) Portanto, é de suma importância que o Aspirante ansioso de se empregar em trabalhos mentais e espirituais dê ao cérebro esta necessária substância”.

A indiscutível religiosidade dos Católicos é verificável, em parte, na prática de comer peixe, alimento rico em fósforo, às sextas-feiras e durante a Quaresma. Ainda que o peixe pertença a uma ordem de vida inferior, O Conceito Rosacruz do Cosmos não aprova a sua matança, indicando ao Estudante certas verduras por meio das quais pode conseguir, fisicamente, abundância dessa desejável substância. Existem outros e melhores meios para essa obtenção, embora não mencionados em O Conceito Rosacruz do Cosmos.

Não foi por acaso que os instrutores da Escola de Mistério Grega denominaram assim essa substância luminosa que conhecemos por fósforo. Para eles era patente que “Deus é Luz” – a palavra grega designativa de luz é phos. Portanto, muito apropriadamente, eles denominaram a substância do cérebro, que é a avenida de ingresso do impulso divino, phos-phorus, literalmente “portador da luz”. Na medida em que formos capazes de assimilar essa substância, nos tornamos cheios de luz e começamos a brilhar a partir de dentro, nos circundando, então, de um halo como uma marca de santidade. O fósforo, contudo, é apenas um meio físico que possibilita a luz espiritual se expressar por meio do cérebro físico, sendo a luz, em si mesma, um produto do crescimento anímico. Entretanto, o crescimento anímico capacita o cérebro a assimilar quantidades crescentes de fósforo; assim, o método para a aquisição dessa substância, em maiores quantidades, não deve ser pelo metabolismo químico e sim pelo processo alquímico do crescimento anímico, o que foi totalmente esclarecido por Cristo quando Ele disse a Nicodemos:

“Pois Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo… Quem nele crê não é julgado; quem não crê, já está julgado.

… Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram mais trevas à luz…

… Pois quem faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam demonstradas como culpáveis. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus

(Jo 3:17-21).

O Natal é a época do ano da luz espiritual mais intensa que há. Durante esta Época de ciclos alternantes há marés altas e baixas de luz espiritual, como acontece com as águas do oceano. A primitiva Igreja Cristã marcou a concepção no mês de setembro, de modo que até hoje o evento é celebrado pela Igreja Católica, quando a grande onda de vida e luz espirituais começa a sua descida na Terra. O ponto máximo de maré é alcançado no Natal, que é verdadeiramente a época santa do ano, a ocasião em que essa luz espiritual é mais facilmente contatada e especializada pelo Aspirante, por meio dos atos de compaixão, gentileza e amor. As oportunidades para praticar esses atos não faltam, nem mesmo para os mais pobres, porque, conforme enfatizam frequentemente os Ensinamentos Rosacruzes, o serviço conta mais que os auxílios financeiros, que pode até ser prejudicial a quem o recebe. Todavia, a quem muito é dado, muito será exigido e, se alguém foi abençoado com abundância de bens do mundo, uma cuidadosa distribuição dos mesmos deveria, necessariamente, ser observada em qualquer oportunidade de servir. Recordemos, ainda ,as palavras de Cristo: “Em verdade vos digo, sempre que fizerdes isto a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fazeis”[7]. Então, nós devemos segui-Lo como luzes ardentes e brilhantes, mostrando o caminho para a Nova Era.

CAPÍTULO III – O SACRIFÍCIO ANUAL DE CRISTO

Você já esteve ao lado do leito de um amigo ou parente que se encontrasse preste a passar desse Mundo para o além? Muitos de nós já tivemos essa experiência, pois qual o lar que não foi visitado pelo Pai Tempo? Nem é incomum a fase que se segue ao ocorrido, à qual devemos prestar atenção especial. A pessoa prestes a passar desse Mundo para o além, muitas vezes fica em estado de estupor[8]; então desperta e vê não apenas esse Mundo, mas também o Mundo em que está preste a entrar; é muito significante que nesses momentos ela vê as pessoas que foram suas amigas ou parentes durante a parte da sua vida – filhos, filhas, esposa (ou marido) ou qualquer pessoa que lhe tenha sido realmente muito próxima ou muito querida – postadas ao redor do seu leito e aguardando o momento da transição. A mãe poderá estender os braços: “Oh! É o João e como ele cresceu! Que rapaz esplêndido e enorme ele está!”. E, desse modo, ela reconhecerá, um após outro, todos os filhos já falecidos. Estes estão reunidos em volta da sua cama à espera que ela vá se unir a eles, animados pela mesma sensação que assalta as pessoas quando uma criança está prestes a nascer nesse Mundo: o regozijo pela chegada de alguém que eles sentem, instintivamente, ser um amigo que está voltando para eles.

Assim, o mesmo se dá com as pessoas que, tendo passado antes ao além, se reúnem para receber um amigo (ou uma amiga) que está prestes a cruzar a fronteira e se juntar a eles do outro lado do véu. Vemos, assim, que o nascimento em um Mundo é morte, sob o ponto de vista do outro Mundo, isto é, a criança que vem a nós morre para o Mundo espiritual, e a pessoa que sai do alcance dos nossos olhos, ao transpor o véu pela morte, nasce em um novo Mundo e se junta a seus amigos lá.

Como é em cima, assim é em baixo; a Lei da Analogia, que é a mesma para o microcosmo e para o macrocosmo, nos diz que aquilo que acontece aos seres humanos sob determinadas condições, também deve se aplicar ao super-humano, em circunstâncias análogas. Estamos nos aproximando do Solstício de Dezembro, os dias mais escuros do ano, a época em que a luz brilha com menos intensidade, quando o Hemisfério Norte se torna frio e melancólico. Porém, na noite mais longa e mais escura do ano, quando o Sol retoma o seu caminho ascendente, a luz de Cristo nasce de novo na Terra e o mundo inteiro se rejubila. Conforme a nossa analogia, quando Cristo nasce na Terra, Ele morre no céu. Assim como o espírito livre está, no momento do nascimento, firme e fortemente enclausurado no véu da carne, que o restringe por toda a vida física, assim também o Espírito de Cristo é agrilhoado e tolhido, toda vez que Ele nasce na Terra. Esse grande Sacrifício Anual começa quando soam os nossos sinos de Natal, quando os alegres sons do nosso louvor e gratidão ascendem aos céus. No mais literal sentido da palavra, Cristo é aprisionado desde o Natal até a Páscoa.

O ser humano pode zombar da ideia de que existe, nessa época do ano, um influxo de vida e luz espirituais, não obstante, isso é um fato, creiamos ou não. Nessa época do ano, no mundo inteiro, todos se sentem mais leves, diferentes, algo como se um fardo fosse tirado dos seus ombros. O espírito de “paz na terra e boa vontade entre os homens” prevalece, e o espírito de que nós também deveríamos dar algo se expressa nos presentes de Natal. Esse espírito não pode ser negado, já que é evidente a qualquer observador; e isso é um reflexo da grande onda de dádiva divina. Deus tanto amou o mundo, que Ele deu Seu Filho único ou unigênito. O Natal é a época das dádivas, mesmo que a consumação do sacrifício aconteça apenas na Páscoa; aqui está o ponto crucial, o momento decisivo, o lugar onde sentimos que alguma coisa aconteceu e que garante a prosperidade e a continuidade do mundo.

Quão diferente é o sentimento do Natal daquele que se manifesta na Páscoa! Nesse último há uma expressão de desejo, uma energia que se expressa em amor sexual, visando à perpetuação de si mesmo como nota-chave; quão diferente disso é do amor que se expressa no espírito de dar ao invés de receber, que sentimos no Natal.

Agora, observe as igrejas; nunca suas velas brilham tanto quanto nesse dia mais curto e mais escuro do ano. Em nenhuma outra ocasião os sinos ressoam tão festivos, do que quando proclamam para o mundo a mensagem para o mundo esperançoso: “O Cristo nasceu!”.

Deus é Luz”[9], diz o inspirado Apóstolo e nenhuma outra descrição é capaz de comunicar ou expressar tanto da natureza de Deus quanto essas três pequenas palavras. A luz invisível, que se encontra envolvida pela chama sobre o altar, é uma representação apropriada de Deus, o Pai. Nos sinos, temos um símbolo muito apropriado de Cristo, a Palavra, pois suas línguas metálicas proclamam a mensagem do Evangelho da paz e boa vontade, enquanto o incenso, simbolizando um maior fervor espiritual, representa o poder do Espírito Santo. Por conseguinte, a Trindade é simbolicamente parte da celebração que faz do Natal a época do ano de maior regozijo espiritual, sob o ponto de vista da onda de vida humana que está envolvida e trabalhando, atualmente, no Mundo Físico.

Todavia, não se deve esquecer, conforme dissemos no terceiro parágrafo desse capítulo, que o nascimento de Cristo na Terra é a Sua morte para a glória dos céus; que, quando nos rejubilamos pelo Seu regresso anual a nós, de fato Ele toma novamente sobre Si o pesado fardo físico que cristalizamos ao nosso redor, e que é agora a nossa habitação – a Terra. Nesse pesado corpo, Ele é incrustado e espera, ansiosamente, pelo dia da libertação final. Podemos compreender, naturalmente, que existem dias e noites, tanto para os maiores espíritos quanto para os seres humanos; que, do mesmo modo que vivemos em nossos Corpos durante o dia, cumprindo o destino que nós mesmos criamos no Mundo Físico e somos liberados à noite para nos recuperarmos nos Mundos superiores, assim também existe essa alternância para o Espírito de Cristo. Parte do ano Ele habita o interior do nosso globo, e depois se retira para os Mundos superiores. Assim, o Natal é para Cristo o começo de um dia de vida física, o início de um período de restrição.

Qual deveria ser, portanto, a aspiração do místico devotado e iluminado, que percebe a grandeza do Seu sacrifício, a grandeza desse dom que está sendo concedido à humanidade por Deus nessa época do ano; que percebe esse grande sacrifício de Cristo por nossa causa; essa dádiva de Si mesmo Se sujeitando a uma morte virtual para que possamos viver esse maravilhoso amor que está sendo derramado sobre a Terra nessa época? Unicamente a de imitar, mesmo que em pequena escala, as maravilhosas obras de Deus! Ele deveria aspirar fazer de si mesmo um servo da Cruz como jamais o fora antes; mais disposto a seguir o Cristo em todas as coisas, se sacrificando pelos seus irmãos e irmãs; colaborando, dentro de sua esfera imediata de trabalho, para a elevação da humanidade, de modo a apressar o dia da libertação pela qual o Espírito de Cristo está esperando, gemendo e trabalhando penosamente. Estamos aqui falando de uma libertação permanente, do dia e do advento de Cristo.

Para alcançarmos essa aspiração na medida mais ampla, avancemos pelo ano que está a nossa frente plenos de autoconfiança e fé. Se até aqui temos sentido que não há esperanças sobre a nossa capacidade de trabalhar para Cristo, ponhamos de lado esse sentimento, pois afinal Ele não disse: “Maiores obras que estas vós o fareis!”[10]. Ele, que era a Palavra da Verdade, teria dito tais coisas, se elas não fossem possíveis de serem alcançadas? Todas as coisas são possíveis àqueles que amam a Deus. Se realmente trabalharmos em nossa própria pequena esfera, não buscando coisas maiores até havermos feito aquelas que estão à mão, então descobriremos que um maravilhoso crescimento anímico pode ser atingido, de forma que as pessoas que nos rodeiam possam ver em nós algo que não saberão definir, mas que, não obstante, lhes será evidente – elas verão a luz do Natal, a luz do Cristo recém-nascido brilhando dentro da nossa esfera de ação. Isso pode ser conseguido; depende apenas de nós mesmos aceitá-Lo por meio da Sua palavra, cumprindo o que Ele ordenou: “Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai que está nos céus”[11]. A perfeição pode parecer uma longa caminhada; nós podemos perceber mais agudamente quando olhamos para Ele quão longe estamos de viver de acordo com nossos ideais. Mesmo assim, é pelo esforço diária, hora após hora, que finalmente chegaremos lá, e a cada dia algum progresso pode ser feito, algo pode ser realizado; de um modo ou de outro podemos deixar a nossa luz brilhar para que os seres humanos possam vê-la como faróis na escuridão do Mundo. Possa Deus nos ajudar durante o próximo ano a alcançar uma semelhança com Cristo maior do que jamais conseguimos antes. Possamos viver a vida de tal modo que, quando outro ano tiver passado, quando contemplarmos novamente as luzes do Natal e ouvirmos os sinos chamando para as cerimônias da Noite Santa, possamos sentir que não temos vivido em vão.

Cada vez que nos damos ao serviço em benefício dos outros, acrescentamos brilho aos nossos Corpos-Alma, que são feitos de Éter. É o Éter de Cristo que permite esse nosso globo flutuar, e recordemos que, se quisermos trabalhar por Sua libertação, devemos, juntos com uma quantidade suficiente de pessoas, desenvolver nossos Corpos-Alma até ao ponto em essa quantidade de pessoas possa fazer flutuar a Terra. Desse modo poderemos tomar o Seu fardo e O livrar da dor da existência física.

CAPÍTULO IV – O Místico Sol da Meia-Noite

Exotericamente, e desde tempos imemoriais, o Sol é venerado como o dador de vida, porque a multidão era incapaz de ver, além do símbolo material, uma grande verdade espiritual. Contudo, além daqueles que adoravam a órbita celeste, que é vista com os olhos físicos, sempre houve e continua a haver uma pequena, mas crescente minoria, um sacerdócio consagrado mais pela retidão do que pelos rituais, que viu e vê as eternas verdades espirituais, por trás das formas temporais e evanescentes que revestem essas verdades, nas mudanças das vestes cerimoniais, conforme o momento, e às pessoas a que foram, originalmente, destinadas. Para eles, a lendária Estrela de Belém brilha todos os anos como o Místico Sol da Meia-Noite, quando os três atributos divinos: Vida, Luz e Amor penetram em nosso Planeta no Solstício de Dezembro e começam a irradiar do centro do nosso globo. Esses raios de esplendor e poder espirituais inundam o nosso globo com uma luz sobrenatural que envolve todos sobre a Terra, do mais insignificante ao mais importante, sem distinção alguma. Todavia, nem todos podem participar desse maravilhoso dom na mesma medida; alguns conseguem mais, outros menos e alguns nem participam da grande oferta de amor que o Pai preparou para nós em Seu Filho Unigênito, porque ainda não desenvolveram o imã espiritual, o Cristo menino interno, que sozinho pode nos guiar ao Caminho, à Verdade e à Vida.

“Que adianta o Sol brilhar,

Se eu não tiver olhos para ver?

Como saberei que o Cristo é meu,

a não ser através do Cristo em mim?

Essa voz silenciosa dentro do meu coração

é o penhor do pacto

entre Cristo e eu – ela transmite

para a fé a força do Feito”

Essa é, sem dúvida, uma experiência mística que soa verdadeira para muitos de nossos Estudantes, tão verdadeira como a noite segue ao dia e ao inverno segue o verão. A menos que tenhamos Cristo dentro de nós, a menos que um maravilhoso pacto fraternal de sangue tenha sido consumado, não podemos ter parte no Salvador, embora os sinos de Natal nunca parem de soar. Contudo, quando Cristo se formar em nós, quando a Imaculada Concepção se tornar uma realidade em nossos próprios corações, quando nós nos prostrarmos aos pés do Cristo recém-nascido, para Lhe oferecer os nossos presentes, dedicando a natureza inferior ao serviço do Eu Superior, então, e só então, as festividades natalinas serão compartilhadas por nós, ano após ano. E, quanto mais arduamente tenhamos trabalhado arduamente na “vinha do Mestre”, mais clara e distintamente poderemos ouvir a voz silenciosa dentro dos nossos corações, sussurrando o convite: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo… porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve”[12]. Então, ouviremos uma nova nota nos sinos de Natal como nunca ouvimos antes, pois em todo ano não há dia mais feliz do que o do Nascimento de Cristo, quando Ele renasce na Terra, trazendo com Ele presentes para os filhos dos seres humanos – presentes que significam a continuação da vida física; porque sem essa vitalizante e energizante influência do Espírito de Cristo, a Terra permaneceria fria e árida; não haveria uma nova canção da primavera, nem os pequeninos coristas da floresta para alegrar os nossos corações à chegada do verão; a pressão gélida dos polos Boreais manteria a Terra agrilhoada e muda para sempre, nos impossibilitando de prosseguir em nossa evolução material, tão necessária para aprendermos a usar o poder do pensamento por meio de apropriados canais criativos.

O espírito de Natal é, pois, uma realidade viva para todo aquele que já desenvolveu o Cristo interno. O homem e a mulher comum sentem esse espírito somente nas proximidades das festas natalinas, mas o místico iluminado pode vê-lo e senti-lo meses antes e meses depois do seu ponto culminante na Noite Santa. Em setembro ocorre uma mudança na atmosfera terrestre; uma luz começa a reluzir nos céus; essa luz parece permear todo o universo solar; gradualmente, vai crescendo em intensidade, parecendo envolver o nosso globo; então, ela penetra na superfície do Planeta e, pouco a pouco, se concentra no centro da Terra, onde os Espíritos-grupo das plantas residem. Na Noite Santa ela alcança o mínimo de seu tamanho e o máximo de seu esplendor. Então, começa a irradiar a luz concentrada, fornecendo nova vida a Terra para que essa prossiga com as atividades da Natureza no ano entrante.

Isso é o começo do grande drama cósmico “do Berço à Cruz”, que acontece anualmente durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro.

Cosmicamente, o Sol nasce na mais longa e escura noite do ano, quando o Signo zodiacal Virgem, a Virgem Celestial, está no horizonte oriental à meia-noite, para dar à luz o filho Imaculado. Durante os meses que se seguem, o Sol transita pelo violento Signo de Capricórnio onde, miticamente, todos os poderes das trevas se concentram em frenético esforço para matar o Portador-da-Luz, uma fase do drama solar que é apresentado, misticamente, no episódio da perseguição movida pelo Rei Herodes, e da fuga para o Egito, a fim de escapar da morte.

Quando o Sol entra no Signo de Aquário – o Portador-da-Água –, em fevereiro, temos a época das chuvas e tempestades; e do mesmo modo que o batismo misticamente consagra o Salvador à sua obra de serviço, assim também a abundância de umidade, que desce sobre a Terra, a torna amaciada e pronta para que possa produzir frutos que preservam a vida de todos os que nela habitam.

A seguir, o Sol transita pelo Signo de Peixes – os peixes. Nessa altura, os estoques de alimentos do ano anterior já foram quase totalmente consumidos, de forma que as provisões dos seres humanos ficam escassas. Temos, por conseguinte, o longo jejum da Quaresma, que misticamente representa para o Aspirante o mesmo ideal mostrado cosmicamente pelo Sol. Nesse momento do ano ocorre o carne-vale, o adeus à carne, pois todo aquele que aspira a vida superior precisa, algum dia, se despedir da natureza inferior com todos os seus desejos e se preparar para a Páscoa que, então, se aproxima.

Em abril, quando o Sol cruza o equador celestial e entra no Signo de Áries – o Cordeiro – a cruz se ergue como um símbolo místico que o candidato à vida superior precisa aprender e, em seguida, aprender a abandonar o veículo mortal e começar a escalada para o Gólgota, o lugar na caveira; e daí cruzar o limiar do Mundo invisível. Finalmente, imitando a subida do Sol para os céus do norte, ele precisa aprender que o seu lugar é com o Pai e, com todo fervor, deve se elevar até aquele exaltado lugar. Assim como o Sol não permanece naquele elevado grau de declinação, mas ciclicamente desce para o Equinócio de Setembro e Solstício de Dezembro a fim de completar novamente o círculo para benefício da humanidade, do mesmo modo todo aquele que aspira se tornar um Caráter Cósmico, um salvador da humanidade, precisa ser preparado para se oferecer, muitas vezes, como um sacrifício em benefício de seus semelhantes.

Esse é o grande destino colocado diante de nós; cada um é um Cristo-em-formação, se o quiser ser, porque como disse Cristo aos Seus Discípulos: “Aquele que crer em Mim fará também as obras que faço, e maiores ainda”[13]. Além disso, e de acordo com a máxima: “A necessidade do homem é a oportunidade de Deus”, nunca houve tão grande oportunidade de imitar o Cristo, de fazer as obras que Ele fez, como nos dias atuais, quando todo o continente europeu vive sob o paroxismo de uma guerra mundial[14] e quando o maior de todos os cânticos de Natal: “Paz na Terra e boa vontade entre os homens”[15] parece mais longe de se concretizar do que nunca. Temos em nós o poder de apressar o dia da paz ao falar, pensar e viver em PAZ, pois a ação conjunta de milhares de pessoas transmite uma impressão ao Espírito de Raça, quando a ele é direcionada, especialmente quando a Lua está em Câncer, Escorpião ou Peixes, que são os três grandes Signos psíquicos mais apropriados para trabalhos ocultos dessa natureza. Usemos os dois dias e meio que a Lua transita por cada um desses Signos para propósito de meditar sobre a paz – “paz na Terra e boa vontade entre os homens”. Todavia, ao fazê-lo, estejamos certos de não tomar partido, a favor ou contra, por quaisquer das nações conflitantes; lembremos a todo instante que cada um dos seus membros é nosso irmão. Cada um merece o nosso amor tanto quanto o outro. Vamos manter o foco do pensamento de que nós queremos é ver a Fraternidade Universal ser realizada sobre a Terra, ou seja, “a paz na Terra e boa vontade entre os homens”, a despeito de terem os combatentes nascidos de um lado ou de outro das linhas imaginárias traçadas nos mapas, ou como eles se expressam nesse, naquele ou em qualquer outro idioma. Oremos para que a paz possa reinar sobre a Terra; uma paz duradoura e uma boa vontade entre todos os seres humanos, não importando quaisquer diferenças de raça, cor ou religião. Na medida em que tenhamos êxito em formular com os nossos corações, e não apenas com os nossos lábios, essa prece impessoal a favor da paz, estaremos antecipando a chegada do Reinado de Cristo para recordar que é a Ele que estamos todos destinados na época oportuna – o Reino dos Céus, onde Cristo é “Rei dos reis e Senhor dos senhores”.

CAPÍTULO V – A Missão de Cristo e o Festival das Fadas

Sempre que nos defrontamos com um dos mistérios da natureza que não conseguimos explicar, simplesmente acrescentamos um novo termo ao nosso vocabulário, uma espécie de truque para ocultar a nossa ignorância a respeito do assunto. Tal ocorre com a palavra ampère que utilizamos para medir o volume da corrente elétrica, o volt que usamos para medir que empregamos para medir a força da corrente, e o ohm que empregamos para demonstrar o grau de resistência que um dado condutor oferece à passagem da corrente. Dessa maneira, depois de muito estudar a respeito de palavras e figuras, as Mentes mestras da Ciência elétrica tentam se persuadir e persuadir aos demais que compreenderam o que significa tais coisas após pensarem muito sobre tal penetrando no mistério dessa força difícil de descrever e que desempenha um papel tão importante no trabalho do mundo; mas, depois de tudo dito e eles entrarem em consenso, esses seres humanos iminentes admitem que as mais brilhantes luzes da Ciência elétrica não conhecem senão um pouquinho mais do que uma criança da escola primária, quando começa a experiência com pilhas e baterias.

O mesmo se passa com as outras Ciências; os anatomistas não podem distinguir o embrião de um cão do de um ser humano durante um longo período, e enquanto o fisiologista discorre com autoridade sobre o metabolismo, não pode deixar de admitir que as experiências de laboratório, pelas quais se esforça para imitar nosso processo digestivo, devem ser e são muito diferentes das transmutações que se operam no laboratório químico do corpo, pela alimentação que ingerimos. Isso não é dito para desacreditar ou menosprezar as maravilhosas descobertas da Ciência, mas para demonstrar que existem fatores por detrás de todas as manifestações da natureza – inteligências de diversos graus de consciência, construtivas e destrutivas, que desempenham parte importante na economia da natureza – e até que esses agentes sejam reconhecidos e suas atividades estudadas, nós não podemos ter um conceito adequado do modo como atuam essas forças da natureza, as quais chamamos: calor, eletricidade, gravidade, ação química, etc.. Para os que cultivam a visão espiritual, é evidente que os chamados mortos empregam parte de seu tempo em aprender a construir corpos sob a direção de certas Hierarquias espirituais. Eles são os agentes metabólicos e anabólicos; eles são os fatores invisíveis na assimilação e é, portanto, literalmente exato que seríamos incapazes de viver sem a importante ajuda daqueles que nós chamamos mortos.

Para conceber a ideia de como esses agentes trabalham e da sua relação conosco, podemos citar um exemplo mencionado no Livro Mistérios Rosacruzes: “suponhamos que um carpinteiro está construindo uma mesa, e um cachorro, que é um espírito em evolução pertencente à outra onda de vida, está observando-o. Ele vê o processo de cortar tábuas; gradualmente a mesa é formada desse material e finalmente fica pronta. No entanto, ainda que o cachorro esteja atento ao trabalho do carpinteiro, ele não tem um conceito claro de como esse trabalho foi feito, nem do uso final da mesa. Suponhamos, ainda mais, que o cachorro estivesse dotado somente de uma limitada visão e incapaz de perceber o carpinteiro e suas ferramentas; veria somente as tábuas de madeira, gradualmente, sendo divididas em partes, depois se juntarem e ficarem dispostas de outra maneira até a mesa tomar forma e ficar pronta. Ele veria o processo da formação e o objeto terminado, mas não teria ideia que a ação ativa do carpinteiro foi necessária para transformar a madeira em mesa”. Se o cachorro pudesse falar, explicaria a origem da mesa como Topsy[16] se referiu a si mesma dizendo: “simplesmente cresceu”.

Nossa relação com as forças da natureza é semelhante àquela do cachorro com o invisível carpinteiro, e também nós somos tão capazes de explicar os mistérios da natureza, como Topsy o fez. Nós, cultamente, narramos às crianças como o calor do Sol evapora a água dos rios e oceanos, fazendo que esse vapor ascenda às regiões mais frias do ar onde se condensa em nuvens, que se tornam, finalmente, tão saturadas de umidade que elas gravitam em direção à terra em forma de chuva para encher os rios e oceanos, e novamente a água é evaporada. É tudo perfeitamente simples: um belo processo automático de movimento contínuo. Contudo, é só isso? Não há, nessa teoria, um número de omissões? Sabemos que sim, embora não possamos nos desviar muito do nosso assunto para discuti-lo. Uma coisa que está faltando explicar completamente é a ação das, nomeadamente, semi-inteligente Sílfides[17] que levantam as delicadas partículas da água volatilizada em vapor de água preparadas pelas Ondinas, e que as levam o mais alto possível antes que aconteça a condensação parcial e as nuvens são formadas. Essas partículas de água são guardadas pelas Sílfides, até que as Ondinas as forcem a libertá-las. Quando dizemos que há tempestades, na verdade, batalhas estão sendo travadas na superfície do mar e no ar, algumas vezes com a ajuda das Salamandras, para acender a tocha do relâmpago da separação entre hidrogênio e oxigênio, e enviar seu aterrorizante zigue-zague através da negra escuridão, seguida do poderoso troar do trovão na atmosfera clareada, enquanto as Ondinas, triunfalmente, lançam as resgatadas gotas de água sobre a terra, para que elas possam novamente se unir ao seu elemento materno.

Os pequenos Gnomos são necessários para construir as plantas e as flores. Seu trabalho é pintá-las com matizes inumeráveis de cor, que deleitam os nossos olhos. Eles, também, cortam os cristais em todos os minerais e elaboram as gemas valiosas que cintilam nos diademas preciosos. Sem eles não haveria ferro para nossas máquinas e nem ouro com que pagá-las. Eles estão em todas as partes e a proverbial abelha não é tão atarefada como eles. Enquanto para a abelha é dado todo o crédito pelo trabalho que ela faz, os pequenos espíritos da natureza, que desempenham uma parte imensamente importante no trabalho do mundo, são desconhecidos, salvo por alguns que são chamados de sonhadores ou loucos.

No Solstício de Junho, as atividades físicas da natureza estão no apogeu ou zênite, portanto, é na “Noite do meio do Verão” que se realiza o grande festival das Fadas, que trabalharam para construir o universo material;  nutriram o gado, cultivaram o grão e estão saudando com alegria e dando graças à onda de força, que é a sua ferramenta, para colorir as flores, na assombrosa variedade de delicados matizes requeridos por seus arquétipos, pintando-as em inúmeras tonalidades que são o prazer e o desespero do artista.

Na maior de todas as noites da alegre estação do verão, as Fadas se reúnem vindas dos pântanos e das florestas, dos estreitos e pequenos vales para o Festival das Fadas. Elas realmente cozem e preparam seus alimentos etéricos e, mais tarde, dançam em êxtases de alegria – a alegria de terem realizado o seu trabalho e desempenhado importante papel na economia da natureza.

É um axioma científico que a natureza não tolera o que é inútil; os parasitas e os zangões são uma abominação; o órgão que se torna supérfluo se atrofia, assim também acontece com o membro ou o olho que não é usado. A natureza tem um trabalho a fazer e necessita da colaboração de todos que se propuseram a justificar suas existências, pois todos são partes desse trabalho. Isso se aplica à planta, ao Planeta, ao ser humano, ao animal e também às Fadas. Elas têm seu trabalho a cumprir; elas são hostes ativas e suas atividades são a solução para muitos mistérios da natureza, como já foi explicado.

Nós estamos agora no outro polo do ciclo anual, quando os dias são curtos e as noites mais longas[18]; fisicamente falando, a escuridão cai sobre o Hemisfério Norte, mas a onda espiritual de luz e vida, que será à base do crescimento e progresso do próximo ano, agora está na maior altura e força. Na Noite de Natal, no Solstício de Dezembro, quando o celestial Signo da Virgem Imaculada está no horizonte oriental à meia noite, o Sol do novo ano nasce para salvar a humanidade do frio e da fome, que continuariam se a manifestação dessa luz fosse suprimida. Nessa ocasião, o Espírito Cristo nasce na Terra e começa a fermentar e fertilizar os milhões de sementes que as Fadas prepararam e regaram para que possamos ter alimento físico. No entanto, “o homem não vive somente de pão”. Importante como é o trabalho das Fadas, se torna insignificante comparado com a missão de Cristo, que nos traz, a cada ano, o alimento espiritual necessário para que avancemos no caminho do progresso, para que possamos alcançar a perfeição no amor com tudo o que ele implica.

É o advento dessa maravilhosa luz de amor que nós simbolizamos pelas lamparinas acesas no altar e pelo soar dos sinos do Natal que, a cada ano, anunciam as boas novas do nascimento do Salvador, pois no sentido espiritual, luz e som são inseparáveis; a luz é colorida e o som é modificado de acordo com o tom vibratório. A luz do Natal que brilha sobre a Terra é dourada, induzindo os sentimentos de altruísmo, alegria e paz, os quais nem mesmo a grande guerra consegue obscurecer.

A guerra passou e como normalmente damos mais valor ao que perdemos, esperemos que toda a humanidade se una nesse Natal para o canto dos cantos: “Paz na Terra e Boa Vontade entre os homens”.

CAPÍTULO VI – O Cristo Recém-Nascido (incluído na 10ª edição)

Temos repetido com frequência em nossa literatura, que o sacrifício de Cristo não foi um acontecimento que teve lugar no Gólgota, nem foi consumado de uma vez por todas em poucas horas, mas que os nascimentos e mortes místicas do Redentor são contínuas ocorrências cósmicas. Concluímos que esse sacrifício é necessário à nossa evolução física e espiritual durante a presente fase do nosso desenvolvimento. Como se aproxima a época do nascimento anual de Cristo, mais uma vez é-nos apresentado um tema para meditação, um tema que nunca envelhece e é sempre novo. Podemos tirar muito proveito refletindo sobre ele e dedicando-lhe uma oração, para que faça nascer em nossos corações uma nova luz que nos guie no caminho da regeneração.

O Apóstolo deu-nos uma maravilhosa definição da Divindade quando disse: “Deus é Luz”, pelo que a “Luz” tem sido usada para ilustrar a natureza do Divino nos Ensinamentos Rosacruzes, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. As Sagradas Escrituras de todos os tempos ensinam claramente que Deus é uno e indivisível. Ao mesmo tempo verificamos que, do mesmo modo que a luz branca una se refrata nas três cores primárias – vermelho, amarelo e azul – Deus também se revela em papel tríplice durante a manifestação pelo exercício de três funções divinas: criação, preservação e dissolução.

Quando Ele exercita o atributo criação, Deus se revela como Jeová, o Espírito Santo; Ele é o Senhor da lei e da geração, projetando a fertilidade solar indiretamente através dos satélites lunares de todos os Planetas em que seja necessário fornecer Corpos para seus seres evoluintes.

Quando Ele exercita o atributo preservação, com o propósito de sustentar os Corpos gerados por Jeová sob as leis da Natureza, Deus se revela como Redentor, Cristo, e irradia os princípios de amor e regeneração diretamente a qualquer Planeta onde as criaturas de Jeová requeiram essa ajuda para se libertarem das malhas da morte e do egoísmo, e alcançarem o altruísmo e a vida sem fim.

Quando do exercício do divino atributo dissolução, Deus aparece como o Pai; quem nos chama de volta ao lar celestial, para assimilarmos os frutos das experiências e do crescimento anímico que acumulamos durante o dia de manifestação. Esse Solvente Universal, o raio do Pai, emana então do invisível Sol Espiritual.

Esses processos divinos de criação e nascimento, preservação e vida, dissolução, morte e retorno ao Autor de nosso ser, nós os vemos em toda parte, em tudo o que nos cerca. Então, reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Trino em manifestação. Porventura já nos demos conta de que no Mundo espiritual não existem acontecimentos definidos, nem condições estáticas; que o começo e o fim de todas as aventuras, de todas as eras estão presentes no eterno “aqui” e “agora”? Do seio do Pai há um fluxo eterno de semeadura de coisas e eventos que incorporam o reino do “tempo” e do “espaço”. Lá gradualmente cristaliza-se e torna-se inerte, necessitando dissolução para que haja espaço para outras coisas e outros eventos.

Não há como escapar dessa lei cósmica, que se aplica a tudo no reino do “tempo” e do “espaço”, inclusive ao raio Crístico. Como o lago que se derrama no oceano volta a se encher quando a água que o abandonou se evapora e a ele retorna em forma de chuva, para tornar novamente a correr incessantemente em direção ao oceano, assim o Espírito do Amor que nasce eternamente do Pai se derrama incessantemente, dia após dia, hora após hora, no universo solar para nos libertar do Mundo material que nos prende em seus grilhões mortais. Portanto, onda após onda parte do Sol em direção a todos os Planetas, o que proporciona um impulso rítmico às criaturas que neles evoluem.

No sentido mais verdadeiro e literal, é um Cristo recém-nascido que saudamos em cada festa natalina, e o Natal é o mais importante acontecimento anual para a humanidade, quer tenhamos consciência disso ou não. Não se trata meramente de comemorar o aniversário de nascimento do nosso amado Irmão Maior, Jesus, mas sim da chegada da rejuvenescente vida-amor do nosso Pai Celestial, por Ele enviada para libertar o mundo do glacial abraço da morte. Sem essa nova infusão de vida e energia divinas, logo pereceríamos fisicamente, frustrando o nosso progresso no que tange às atuais linhas de desenvolvimento. Precisamos nos esforçar por compreender muito bem esse ponto, a fim de que possamos aprender a apreciar o Natal, da maneira mais profunda possível; a esse respeito, como em muitos outros, podemos aprender uma lição observando nossos filhos ou recordando a nossa própria infância. Como eram fortes nossas expectativas quando da aproximação dos festejos natalinos! Como ansiosamente esperávamos pela hora de receber os presentes que pensávamos serem deixados pelo Papai Noel, o misterioso benfeitor universal que distribuía os brinquedos! Como nos sentiremos se nossos pais nos dessem apenas as bonecas estragadas e os tamborzinhos já gastos do ano passado? A sensação seria certamente de infelicidade total, além de uma profunda quebra de confiança em tudo, sentimentos que os pais achariam cada vez mais difícil restaurar. Isso nada seria comparado à calamidade cósmica que se abateria sobre a humanidade, se o nosso Pai Celestial deixasse de enviar como Presente Cósmico de Natal, o Cristo recém-nascido.

O Cristo do ano anterior não nos pode livrar da fome física, como as chuvas daquele ano não podem agora encharcar o solo e desenvolver os milhões de sementes que dormitam na terra, à espera que as atividades germinadoras da vida do Pai as façam crescer. Assim como o calor do último verão já não nos pode aquecer, o Cristo do ano passado não pode acender de novo em nossos corações as aspirações espirituais que nos impelem para cima em busca de algo mais. O Cristo do ano passado nos deu seu amor e sua vida sem restrições ou medidas. Quando Ele renasceu na Terra no Natal anterior, Ele impregnou de vida as sementes adormecidas, que cresceram e muito gratamente encheram os nossos celeiros com o pão da vida física. O amor que o Pai Lhe deu, Ele o derramou profusamente sobre nós, e do mesmo modo que a água do rio volta para o céu pela evaporação, assim também Ele se eleva outra vez ao seio do Pai, após esgotar toda a sua vida e morrer na Páscoa.

Entretanto, o amor divino jorra infinitamente. Como um pai se apieda de seus filhos, assim também nosso Pai Celeste se compadece de nós, pois Ele conhece a nossa fragilidade e dependências física e espiritual. Por conseguinte, esperamos mais uma vez, confiantemente, o nascimento místico do Cristo que virá com renovada vida e renovado amor. O Pai O envia à nós acudindo a fome física e espiritual que sofreríamos, se não tivéssemos d’Ele essa amorosa oferenda anual.

As almas jovens, via de regra, acham difícil separar em suas Mentes as personalidades de Deus, de Cristo e do Espírito Santo, de modo que algumas podem amar apenas a Jesus, o homem. Esquecem Cristo, o Grande Espírito, que introduziu uma Nova Era na qual as nações estabelecidas sob o regime de Jeová serão destroçadas, a fim de que a sublime estrutura da Fraternidade Universal possa ser edificada sobre as suas ruínas. No devido tempo, o mundo inteiro saberá que “Deus” é espírito, para ser adorado em “espírito e em verdade”. É bom que amemos Jesus e O imitemos; desconhecemos ideal mais nobre e alguém mais digno. Se pudesse ter sido encontrado alguém mais nobre, não teria sido Ele o escolhido para ser o veículo do Grande Unigênito, Cristo, em que reside a Divindade. Fazemos bem em seguir “Seus passos”.

Ao mesmo tempo devemos exaltar Deus em nossas próprias consciências, aceitando a afirmação bíblica de que Ele é espírito e que não podemos tentar representar a Sua imagem, nem retratá-Lo, pois Ele a nada se assemelha, quer nos céus quer na Terra. Podemos ver os veículos de Jeová circulando como satélites em volta de diversos Planetas. Também podemos ver o Sol, que é o veículo visível de Cristo. Contudo, o Sol invisível, que é o veículo do Pai e fonte de tudo, esse só pode ser visto pelos maiores Clarividentes e apenas como a oitava superior da fotosfera do Sol, revelando-se como um anel de luminosidade azul-violeta por trás do Sol. Contudo, nós não precisamos vê-Lo. Podemos sentir Seu amor e essa sensação nunca é tão grande como na época do Natal, quando Ele nos está dando o maior de todos os presentes: o Cristo do novo ano.

F I M

[1] N.T.: a riqueza da experiência.

[2] N.T.: para o Hemisfério Norte e para os extremos do Hemisfério Sul isso é um fato inquestionável. Para o restante do Hemisfério Sul, também, só que aqui seria pelo fortíssimo calor e pela fome, por sua resultante escassez.

[3] N.R.: Gl 4:4

[4] N.R.: Pseudônimo de Johannes Scheffler (1624-1667) – Místico cristão, filósofo, médico, poeta, jurista alemão.

[5] N.T.: Hb 12:1-2 – “também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador da fé, Cristo Jesus”.

[6] N.R.: Mt 20:27; Lc 22:26; Mc 9:15

[7] N.T.: Mt 25:40

[8] N.T.: estado de inconsciência profunda, com desaparecimento da sensibilidade ao meio ambiente e da faculdade de exibir reações motoras. A pessoa não consegue pensar, falar, ver ou ouvir com clareza.

[9] N.R.: IJo 1:5

[10] N.R.: Jo 14:12

[11] N.R.: Mt 5:8

[12] N.R.: Mt 11:29-30

[13] N.T.: Jo 14:12

[14] N.T.: Refere-se à Primeira Grande Guerra

[15] N.T.: Lc 2:14

[16] N.R.: Personagem do romance A Cabana do Pai Tomás, (em inglês: Uncle Tom’s Cabin; or, Life Among the Lowly), livro da escritora estadunidense Harriet Beecher Stowe.

[17] N.R.: ou Silfos

[18] N.R.: Para o Hemisfério Norte

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Recordar, a cada ano, o sofrimento de Cristo é útil a um propósito real? Se não é, por que a Igreja Cristã não omite a paixão e a Coroa de Espinhos e concentra seus esforços em celebrar a Páscoa, um tempo de alegria?

Pergunta: Recordar, a cada ano, o sofrimento de Cristo é útil a um propósito real? Se não é, por que a Igreja Cristã não omite a paixão e a Coroa de Espinhos e concentra seus esforços em celebrar a Páscoa, um tempo de alegria?

Resposta: A história do evangelho, como geralmente é lida pelas pessoas nas igrejas, é apenas “a história de Jesus, um personagem único, o Filho de Deus em um sentido especial, que nasceu uma vez em Belém, viveu na Terra pelo curto espaço de trinta e três anos, morreu pela humanidade, depois de muito sofrimento, e agora é permanentemente exaltado à direita do Pai”; por isso, esperam que ele retorne para julgar os vivos e os mortos e celebram seu nascimento e morte em determinadas épocas do ano, porque supõem que ocorreram em datas definidas iguais ao dia do nascimento de Lincoln, de Washington ou da Batalha de Gettysburg.

Contudo, enquanto essas explicações satisfazem as multidões, que não são muito profundas em suas investigações sobre a verdade, há outro ponto de vista que é bastante claro ao místico, uma história de amor divino e sacrifício perpétuo que o enche de devoção ao Cristo Cósmico, Aquele que nasce periodicamente para que possamos viver e ter a oportunidade de evoluir neste ambiente, porque o permite entender que sem esse sacrifício anual a Terra e suas atuais condições de avanço seriam impossíveis.

No momento em que o Sol está no Signo celestial de Virgem, a virgem, a Imaculada Concepção ocorre. Uma onda de luz e vida do Cristo solar é focalizada na Terra. Gradualmente, esta luz penetra cada vez mais no centro da Terra, até que o ponto mais profundo seja alcançado na noite mais longa e escura, que chamamos de Natal. Este é o nascimento Místico de um impulso da Vida Cósmica que penetra e fertiliza a Terra. É a base de toda a vida terrestre; sem ele nenhuma semente germinaria, nenhuma flor apareceria na face da Terra, nem o ser humano ou a fera poderiam existir e a vida logo se extinguiria.

Portanto, há de fato uma razão muito, muito válida para a alegria que é sentida na época do Natal, pois o Autor Divino do nosso ser, Nosso Pai Celestial, deu o maior de todos os presentes ao ser humano, O Filho. Assim, os seres humanos também são impelidos a dar presentes uns aos outros e a alegria reina sobre a Terra, junto à boa vontade e à paz, ainda que as pessoas não entendam as razões místicas e anualmente recorrentes para isso.

Como “um pouco de fermento fermenta toda a massa”, assim também esse impulso de vida espiritual, que entra na Terra durante o Solstício de Dezembro e percorre os meses de dezembro, janeiro e fevereiro em direção à sua circunferência, dando vida a todos com quem entra em contato; até os minerais não poderiam crescer, caso esse leve impulso fosse retido; e quando a Páscoa chega, a Terra está florescendo, os pássaros começam a cantar e os pequenos animais na floresta se acasalam, tudo está imbuído dessa grande vida divina; Ele Se consumiu, morreu e é elevado novamente à mão direita do Nosso Pai.

Assim, o Natal e a Páscoa são momentos decisivos que marcam o fluxo e o refluxo da vida divina, anualmente oferecidos por nossa causa e sem os quais seria impossível viver na Terra. Essa última também encerra a repetição anual do sentimento festivo que experimentamos do Natal à Páscoa, a alegria que emociona nosso ser. Se somos sensíveis, não podemos deixar de sentir o Natal e a Páscoa no ar, pois estão carregados de amor, vida e alegria divinos.

No entanto, de onde vem a nota de tristeza e sofrimento que antecede a Ressurreição da Páscoa? Por que não nos regozijamos com uma alegria sem igual, no momento em que o Filho é libertado e retorna ao Pai? Por que a paixão e a coroa de espinhos? Por que não podemos desconsiderar isso? Estão aí perguntas cujas respostas nosso interlocutor gostaria de conhecer.

Para entender esse mistério é necessário ver a questão da perspectiva do Cristo e  entender completamente que essa onda de vida anual que é projetada em nosso Planeta não é simplesmente uma força desprovida de consciência. Carrega consigo a plena consciência do Cristo Cósmico. É absolutamente verdade que sem Ele nada do que foi feito teria sido feito, como nos é mostrado por São João, no capítulo inicial do seu Evangelho.

No momento da Imaculada Concepção, em setembro, esse grande impulso de vida começa sua descida sobre a nossa Terra e, no tempo do Solstício de Dezembro, quando o nascimento místico ocorre, o Cristo Cósmico está totalmente concentrado dentro e fora deste Planeta. Vocês perceberão que isso deva causar desconforto a um espírito tão grandioso: estar apertado dentro da nossa pequena Terra, consciente de todo o ódio e a discórdia que Lhe enviamos no dia-a-dia, durante o ano inteiro.

É um fato que não se possa contradizer: toda expressão de vida existe através do amor; da mesma forma, a morte vem pelo ódio. Se o ódio e a discórdia que geramos em nossa vida cotidiana, em nossos negócios; se o engano, a infâmia e o egoísmo não fossem remediados, a Terra seria tragada pela morte.

Você se lembra da descrição da Iniciação dada no Conceito Rosacruz do Cosmos: afirma-se que, nos cultos realizados todas as noites, à meia-noite, o Templo é o foco de todos os pensamentos de ódio e perturbação do mundo ocidental, ao qual serve, e que tais pensamentos estejam ali desintegrados e transmutados, sendo essa a base do progresso social no mundo. Sabe-se também que os espíritos santos sofrem e padecem muito com as perturbações do mundo, com a discórdia e o ódio e que enviam de si mesmos, individualmente, pensamentos de amor e bondade. Os esforços associados de ordens como a dos Rosacruzes são direcionados pelos mesmos canais de empenho, quando o mundo ainda está parado no pertinente às atividades físicas e, portanto, é mais receptivo à influência espiritual; ou seja, à meia-noite. Nesse momento, eles se esforçam para atrair e transmutar essas flechas feitas de pensamento de ódio e discórdia, sofrendo assim ao receber uma pequena parte delas, enquanto buscam retirar alguns dos espinhos da coroa do Salvador.

Considerando o exposto, você entenderá que o Espírito de Cristo na Terra está, como afirmou São Paulo, “realmente gemendo e sofrendo, esperando o dia da libertação”. Assim, Ele reúne todos os dardos do ódio e da raiva: eis a coroa de espinhos.

Em tudo que vive, o Corpo Vital irradia correntes de luz da força que se gastou na construção do Corpo Denso. Durante a saúde, elas retiram o veneno do corpo e o mantêm limpo. Condições semelhantes prevalecem no Corpo Vital da Terra, que é o veículo de Cristo: as forças venenosas e destrutivas, geradas por nossas paixões, são retiradas pelas forças vitais do Cristo. No entanto, cada pensamento ou ato maligno traz a Ele sua própria proporção de dor e, logo, torna-se parte da coroa de espinhos — a coroa, já que a cabeça seja sempre considerada a sede da consciência —; devemos perceber que cada um dos nossos atos malignos recai sobre o Cristo da maneira declarada e Lhe acrescenta outro espinho de sofrimento.

Em vista do exposto, podemos notar com que alívio Ele pronuncia as palavras finais no momento da libertação da cruz terrena: “Consummatum est” – foi realizado.

E você poderia perguntar: por que a recorrência anual do sofrimento? Continuamente, à medida que absorvemos em nossos corpos o oxigênio que nos dá vida e, por seu ciclo, vitaliza e energiza o corpo inteiro, ele morre momentaneamente para o mundo exterior, enquanto vive no corpo e é carregado com venenos e resíduos antes de, afinal, ser exalado no formato de dióxido de carbono, um gás venenoso. Assim também, é necessário que o Salvador entre anualmente no grande corpo que chamamos de Terra e tome sobre Si todo o veneno gerado por nós mesmos, para purificar, limpar e dar nova vida, antes que Ele por fim ressuscite e suba ao Seu Pai.

(Perg. 85 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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