O ser humano é uma essência espiritual a quem foi dada a Sabedoria Divina. A emanação espiritual ofusca o ser humano em cada um dos seus renascimentos. O ser humano é, portanto, não um novo Espírito, mas o mesmo que já renasceu muitas vezes antes. O elementoespiritual se desenvolve gradualmente e começa a se tornar ativo já na criança. Não é absorvido de imediato, mas desperta gradualmente, à medida que o ser humano cresce e chega à razão e à inteligência.
Muitos vivem, casam-se e morrem sem chegar a possuir, por completo, o raio divino da sabedoria que, sozinho, pode transformar o indivíduo em um ser humano imortal. Há uma grande diferença entre a Individualidade (vida) e a Personalidade (forma), sendo que a Personalidade é uma máscara mutável que o raio individual produz.
A única maneira de se desenvolver uma Individualidade mais forte e maior é agindo. Cada ato cria um novo impulso que, acrescentando à energia já existente, aumenta sua força. Resolva e ouse obedecer às Leis de Deus e você se tornará seu próprio senhor e possuirá poder sobre tudo.
Deus é vida e a expressão das inúmeras forças de vida é encontrada perto de nós. Vida nos Mundos espirituais é chamada consciência. Vida no Mundo do Pensamento é chamada inteligência. Vida no Mundo Físico é chamada força.
O ser humano chega próximo à consciência na experiência mística da iluminação, na ocasião em que um raio divino desperta uma resposta em sua natureza superior; mas a constituição atual do ser humano não é capaz de manter esse estado enlevado constantemente e com consistência.
As energias fluem de acordo com as restrições que se vão apresentando e atuam em harmonia com os modelos dos Arquétipos da vida. Essas forças arquetípicas revelam as leis dominantes que governam todas as ações. A força, por si própria, não tem um objetivo, a menos que esteja dirigida pelo intelecto, embora a inteligência esteja, normalmente, limitada à esfera das manifestações objetivas.
Na Filosofia Rosacruz aprendemos que o universo é criado pela consciência (vontade), apoiado pela sabedoria (conhecimento aplicado com amor) e, finalmente, desintegrado pela força (atividade).
Olhe a seu redor. Um instrumento musical não inventa o som, ele obedece à mão de um musicista. Quanto mais perfeito for o instrumento, mais doce será a música. A luz não se origina nas belas joias, mas é um reflexo, e quanto mais pura for a joia maior será sua radiação brilhante.
Do mesmo modo, o ser humano não deu origem ao pensamento, à vontade e à inteligência. Ele é um espelho no qual os poderes de Deus e da Natureza são refletidos, um instrumento através do qual o desejo eterno se expressa. Em outras palavras, em uma pequena gota de orvalho temos a réplica em miniatura do oceano universal e isso é compreendido pela inteligência. Todas as forças superiores estão contidas no ser humano, mesmo assim ele é apenas uma imitação do ser humano universal, até que desperte para as forças ocultas da criação, que estão dentro dele.
A força da visão não vem do olho, nem o ouvir vem do ouvido, nem o sentir vem dos nervos. É o Ego – um Espírito Virginal da Onda de Vida manifestado aqui – que vê, ouve e sente através destes órgãos físicos. Sabedoria, razão e pensamento não estão contidos no cérebro, mas essas qualidades pertencem ao Espírito invisível que sente através do coração e pensa usando como instrumento de leitura dos seus cinco sentidos o cérebro. Todas essas forças estão contidas no universo invisível e se manifestam através de suas formas materiais representativas.
Uma perfeita manifestação da força só pode ocorrer em um instrumento perfeitamente construído. Se o canal for imperfeito, a manifestação será imperfeita, mas isso, de maneira nenhuma, indica que a força original seja imperfeita. A menos que o intelecto humano descubra o princípio evidente nas formas manifestadas, o raio divino faltará. A sabedoria tem de encontrar sua resposta no Coração de seu futuro criador. É bem verdade quando se diz que a imaginação é a causa de muitas doenças e a fé é a cura de todas. Gêmeos – filho da sabedoria – responde a seu mais alto chamado. Entenda e se apegue ao imenso significado de sua herança no Mundo Físico. A luz e a vida do universo necessitam de um olho com o qual possam ver a necessidade de expressão, resultante da crescente manifestação das forças zodiacais, as forças criadoras do universo. Para aumentar a atenção para com a consciência de Deus, e para reproduzir uma esfera maior de atividade, os princípios cósmicos penetraram muito profundamente na matéria.
Aprendemos que Signos precisam ser reconhecidos como VIDA, não como forma, mas como grandes Seres Criadores. Precisamos convidá-los a trabalhar conosco, como amigos. Reconhecemos a função espiritual de todas as Hierarquias Criadoras.
Áries e Touro têm sido mostrados como representando uma mistura de forças positivas e negativas (vontade e amor) do Pai e é devido a essa união que toda nossa criação existe como a conhecemos hoje. Esses grandes Seres são diretamente responsáveis por todo o desenrolar e desenvolvimento que acontece no universo.
Áries, a vontade, é a força de vida do Pai, unida à Touro, o princípio feminino passivo na Natureza, e ambos no útero do tempo produziram o campo de operações no qual as Hierarquias Criadores subsequentes foram capazes de atuar. Todos os outros Signos (ou Hierarquias Zodiacais) são filhos deles.
Áries, como Caminho do Espírito, e Touro, o primeiro dos Signos femininos e a grande mãe Terra, se uniram para dar vida, luz e amor aos Signos seguintes do Zodíaco.
O resultado da realização dessas Hierarquias Criadoras está além da compreensão humana; são espíritos muito velhos e foram esquecidos pelos mortais. Sabe-se que eles nos deram alguma ajuda no início do nosso Esquema de Evolução e, tendo completado seu trabalho, desapareceram da existência limitada, para a liberação. Não mais representam Hierarquias Criadoras ativas que ajudam o progresso do ser humano ou dependam da aceitação dele das Leis da Vida e do Universo.
Depois que as forças de Áries e Touro formaram a base para manifestações futuras, Gêmeos chegou à Terra, com suas mãos estendidas, oferecendo o duplo presente: a inteligência e a sabedoria. Todos os presentes de Gêmeos são duplos – ele é a divina hermafrodita. Para as mulheres ele vem como homem, para os homens vem como mulher.
Quando entramos em contato com Gêmeos, somos recebidos nas portas de uma espaçosa mansão por Mercúrio, seu servo e amigo. Quando nos viramos para examinar o lar dessa importante personagem, notamos muitas coisas curiosas. Para alguns são mostrados terríveis e violentos pecados secretos, para outros botões perfumados e pensamentos de pura beleza e para outros, ainda, são mostradas joias ofuscantes. Alguns dos nativos de Gêmeos habilidosamente pegarão essas joias e as esconderão sob seus casacos, mas Mercúrio se vira para esconder um sorriso, pois sabe que as joias perderão sua luz e seu brilho quando longe de seu verdadeiro lar. Esses filhos necessitam disciplina, mas Mercúrio ainda não os punirá, pois ele é simplesmente um guia para aqueles que viajam no caminho da vida. Ele é o instrumento através do qual muitas experiências necessárias são focalizadas. Mercúrio sabe que quando os nativos de Gêmeos aprendem sua lição, não mais serão perturbados e confundidos por tentações.
A casa de Gêmeos
A casa de Gêmeos está construída em um local alto e tem duas grandes torres. Em uma há muitos trabalhos inteligentes produzidos pelos cérebros dos seres humanos, na outra estão escondidos os sinais e símbolos secretos. Na segunda está guardado o báculo (a vara, o cajado, o cetro) de Mercúrio, o boné alado e as sandálias que são dadas a seu mensageiro, quando há trabalho a ser feito. Da primeira torre, vem a indicação do lugar para onde Mercúrio será enviado e o trabalho que deve tomar forma pela realização e consumação do ser humano. Da segunda torre, Gêmeos traz para fora um símbolo que abre o Coração do ser humano para o qual a mensagem é levada.
(*) Advertência:
A descrição aqui apresentada é mais exata conforme a cúspide da 1ª Casa esteja mais próxima do ou no segundo decanato do Signo (10º graus até 20º graus)
Quando os 3 últimos graus de um Signo estão ascendendo, ou quando os 3 primeiros graus ascendem no momento do nascimento, diz-se que a pessoa nasceu “na cúspide” entre dois Signos, e, então, a natureza básica dos Signos envolvidos são mescladas no corpo dela
Astros nas Casas:
Em tais casos o Estudante dever usar seu conhecimento do caráter dos Astros em conjunto com a descrição do Signo.
(Veja mais no Livro: Mensagem das Estrelas – O Signo Ascendente – Max Heindel e Augusta Foss Heindel)
Os nativos de Gêmeos precisam perceber que essa Hierarquia Criadora traz em si uma grande força divina para o uso do ser humano. Gêmeos desperta o ser humano – em formação – e dá a ele um campo de operação no qual o Ego possa continuar a agir. O plano de Deus é lei e ordem e todas as coisas no universo tem um lugar importante no Esquema da Evolução e em cada partícula que nos cerca. Todo desenvolvimento da humanidade depende igualmente tanto do avanço das coisas maiores como das menores da criação. Gêmeos deve aprender bem essa lição: as almas jovens aprendem pelas experiências amargas e as almas velhas pela observação.
É por isso que esse grande Ser manda seu mensageiro, Mercúrio, com uma indicação de trabalho que deve tomar forma, porque pelo seu duplo talento: inteligência e sabedoria, ele possui o símbolo que abrirá o Coração daquele para quem a mensagem é dirigida. As qualidades mentais e espirituais desse Signo dão aos nativos de Gêmeos suas mais fortes características e proporcionam uma bênção interior maravilhosa e que pode ser observada pelo seu esplendor radiante.
Gêmeos é inquieto e se movimenta de cômodo em cômodo, abrindo e fechando portas e lugares secretos, pois procura a verdade e a encontrará. As formas externas pouco significam para Gêmeos, só o conteúdo tem valor para ele. Gêmeos não está interessado no que ouve ou no que lhe é mostrado. Olha além das cenas aparentes para encontrar a verdade. Mercúrio pode ser considerado o mediador das forças que lutam pelo controle da alma humana. Mercúrio é o Deus da Inteligência e como o mercúrio químico, ele age como um solvente (de acordo com os alquimistas) ao procurar harmonizar os diversos opostos celestiais.
Fatos remotos são rapidamente desvendados, assim como impurezas são eliminadas à medida que a harmonia se estabelece.
Gêmeos subirá sempre rapidamente, pois ele está ávido para respirar os Éteres mais finos que são encontrados lá em cima. Seu lar deveria ser as estrelas e com luz dourada.
Gêmeos não pode ser confinado – não enquanto a verdade puder iluminar o caminho do ser humano. Mercúrio carregará a tocha da razão até que ela encontre uma resposta nos corações da humanidade e, também, até que a sabedoria se torne suprema. Seus símbolos são inteligência e sabedoria e com as mãos entrelaçadas de amor e amizade levará essas dádivas para todos os nativos de Gêmeos. O geminiano tem a faculdade excepcional de ser capaz de compreender muitos pontos de vista que dizem respeito a uma decisão e, portanto, essas pessoas são, frequentemente, hesitantes quanto a posições a tomar e nem sempre reconhecem sua força potencial. Gêmeos é um Signo positivo, masculino. Quando crianças são, muitas vezes, incompreendidas, mas são, do mesmo modo, capazes de desprezar essa compreensão. O geminiano tem a aptidão de adquirir hábitos por meio do contato e associações com outras pessoas. Não obstante, muitas experiências indesejáveis possam ocorrer nos primeiros anos de formação, o geminiano tem a habilidade de se descartar das condições negativas sem necessidade de muita ajuda. Toda criança de Gêmeos deveria ser exercitada mentalmente e receber ajuda positiva dos pais, professores e parentes próximos. Uma palavra encorajadora vinda de alguém mais puro que nós pode nos animar a um maior esforço moral, que talvez não pensássemos possuir e julgássemos estar muito além de nossa força. Contudo, é nossa própria força latente que produz essa reação e essa força emerge. Do mesmo modo, uma inteligência maior do que a nossa própria inteligência, um Ego mais puro, alguém mais consciente da própria divindade, pode nos ajudar a revelar a energia divina que está em nós, porque é essa revelação que nos eleva a um plano mais elevado. O geminiano, em particular, reagirá favoravelmente ao estímulo de uma força superior, mas o caráter, a fibra moral, deve se tornar uma parte inerente de sua natureza para ter um valor permanente.
Não tente esconder coisas do geminiano, pois como Mercúrio eles são observadores – nada lhes escapa! Naturalmente propensos a sonhos e visões, fantasias e imaginações, os reflexos mentais e emocionais são estimulados ao extremo. Com essas reações, o geminiano precisa de muito carinho e atenção.
Os nativos de Gêmeos precisam estudar seriamente e, acima de tudo, precisam aprender a começar e terminar o que começam. Coisas soltas, deixadas de lado, representam oportunidades perdidas que fazem a diferença entre os dois tipos desse Signo: o positivo e o negativo. Aceitar responsabilidades e aprender a realizá-las em face às dificuldades não é tarefa fácil para o geminiano, mas é esse o caminho do desenvolvimento para ele.
Em todas as experiências da vida, os problemas e as dificuldades encontradas pela humanidade se tornam mais trágicas quando ampliadas, no entanto, quando o geminiano dá importância e pensa profundamente na sua própria jornada pela vida, é certo que ocorrerá um verdadeiro despertar. Uma resposta intuitiva para as ocasiões e condições da vida, ajuda muito.
Coordenação física e o uso construtivo da energia – mesmo em grau mínimo – é uma indicação de harmonia interior e de controle para os geminianos.
A força da alma vem da paz, da harmonia e das experiências da vida que ajudam a compreender os problemas alheios. Uma pessoa atenta procura aprender pela observação. Gêmeos pensa. Se ele puder evitar tomar partido, se envolver emocionalmente, é certo que desenvolverá mais seus talentos e habilidades e reconhecerá seus valores espirituais.
As lições devem ser absorvidas, mas não necessariamente através só de experiências ruins!
É trabalho do Espírito (Sol) transformar os estados negativos em atitudes positivas dinâmicas. Com o cultivo das forças latentes, tiramos a sabedoria da experiência. A liberdade de expressão crescerá e despertará estados superiores de consciência. Gêmeos não está satisfeito com condições limitadas e precisa externar todas as suas forças para merecer o ideal progressivo que procura. As qualidades versáteis e adaptáveis desses nativos são típicas e assim pegando um pouco aqui, um pouco ali, eles vão construindo uma base sólida, assegurando o seu crescimento. Um raio divino abre seu Coração e de seu interior as forças criadoras da vida iluminam o caminho com uma radiação brilhante. A consciência despertada do ser humano e dirigida para esse estado superior desenvolverá um canal para o fluxo de energias muito fortes.
A sabedoria circunda o ser humano desenvolvido como uma veste dourada de suaves tons espirituais. A essência da alma é o veículo espiritualizado de pureza radiante que o ser humano desperto possui. Gêmeos recebe, do mesmo modo, uma grande força de vida do universo invisível e das Hierarquias Criadoras. A sabedoria está à disposição do refinado filho de Gêmeos, que deve deixar Mercúrio levá-lo por seu caminho.
Fique atento e observe profundamente. O caminho de Mercúrio e Gêmeos é razão e inteligência e o fruto desse trabalho consciente e elevado é a sabedoria.
“Nenhuma lição é de valor real como princípio ativo de vida se a sua verdade for assimilada superficialmente.” (Max Heindel).
(de Thomas G. Hansen – com prefácio da Fraternidade Rosacruz de Campinas – SP – Traduzido do original inglês: Zodiacal Hierarchies de Thomas G. Hansen e publicado na revista Rays from the Rose Cross da The Rosicrucian Fellowship, no período de abril de 1980 a março de 1981 – publicada na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em junho de 1982)
Por Corinne Heline
CAPÍTULO IX – NONA SINFONIA – RÉ MENOR – OPUS 125
(Com Coro Final “Ode à Alegria” – poema de Schiller)
A música é a entrada não corpórea no mundo superior do conhecimento que abrange a humanidade, mas que a humanidade não pode compreender. Por sua transparente beleza de ideia, há pouco no mundo da música que possa se aproximar desta obra prima em beleza melódica. Suas ideias são tão ricas em variedade, tão delicadas em orquestração e, também, tão profundamente simpáticas, que deve ser um ouvinte endurecido de fato aquele que escuta este movimento sem alguma percepção de uma visão dos céus se abrindo e um olhar distante no mundo além deste. Aqui, temos Beethoven como um expoente do sublime … Ninguém pode negar que aqui está uma obra prima inigualável na tremenda vastidão de sua concepção e inigualável por sua originalidade, poder e belezas prodigamente espalhadas.
Autor Desconhecido
Mais de dez anos se passaram depois da performance inicial da Oitava Sinfonia antes que Beethoven trouxesse à luz sua sucessora, a Nona e última, em 7 de maio de 1824. Durante esse intervalo houve, evidentemente, uma profunda preparação em seu interior para poder criar o glorioso clímax que é a Nona Sinfonia.
Quando os Senhores do Destino procuram um mensageiro cuja missão beneficiará o mundo e elevará a humanidade, muito tempo e cuidado são dedicados à sua escolha. Precauções especiais são tomadas para que o escolhido não se transforme em uma presa das seduções do mundo material. Beethoven foi um mensageiro escolhido. Ele nasceu na pobreza e se criou sob as mais adversas circunstâncias. Todos os anos de sua vida foram cheios de solidão, desapontamento e desilusão com as coisas do mundo exterior.
Um mensageiro assim escolhido para uma grande missão no mundo raramente conhece as alegrias do companheirismo humano, que é privilégio da maioria dos mortais. Ele tem necessariamente que viver uma vida mais ou menos isolada. Muito tempo tem que ser gasto sozinho para que possa alcançar aquelas alturas inspiradas que o capacitará a se tornar um canal claro e livre para seu objetivo.
No funeral de Beethoven foi dito: “ele não tinha esposa para chorar por ele, filho, filha – mas o mundo todo lamenta junto ao seu ataúde”. A vida de uma pessoa como ele não está centrada em um, mas em muitos. Então, quando Beethoven chegou ao apogeu da vida, chegou para ele, de acordo com a compreensão humana, a maior desgraça que pode acontecer a um músico – a perda da audição. No entanto, do ponto de vista espiritual, talvez isso foi sua maior bênção. Ele era um mensageiro da gloriosa música celestial das Hierarquias Criadoras. Essa música é tão sublime e etérea que os sons dissonantes e desarmônicos da Terra não podiam obstruir e prejudicar sua pureza e beleza. E, assim, quando Beethoven perdeu sua audição física, ele se tornou cada vez mais sensível às harmonias dos planos internos e, por isso, um transmissor mais perfeito para essa música celeste. Muito embora o espírito possa estar ciente de seu elevado destino, enquanto ele está confinado dentro do corpo humano, terá que lutar com as limitações de seu instrumento mortal. E, assim, havia momentos em que Beethoven dava espaço à melancolia e ao desespero, às vezes, voltando-se contra o destino.
O verdadeiro propósito do sofrimento é servir de agente purificador e redentor. No livro “Luz no Caminho” lê-se que “antes que os olhos possam ver, eles devem ter perdido seu senso de separatividade, e que antes que os ouvidos possam ouvir, eles devem ter perdido sua sensibilidade, e que antes que os pés possam estar na presença dos Mestres, eles devem ser lavados no sangue do coração”.
Como Edward Carpenter[1] escreve sobre Beethoven em seu livro Angel´s Wings:“Embora sua vida exterior, pela surdez, doença, pelas preocupações financeiras e pela pobreza fosse despedaçada em mil miseráveis fragmentos, em seu grande coração ele abraçou toda a humanidade; penetrou intelectualmente em todas as falsidades até atingir a verdade e, em seu trabalho artístico, deu um esboço aos religiosos, aos humanos, aos democráticos, aos amores, ao companheirismo, às individualidades ousadas e a todos os altos e baixos do sentimento, o esboço de uma nova era da sociedade. Ele foi de fato e deu expressão a um novo tipo de ser humano. O que essa luta deve ter sido entre suas condições internas e externas – de seu “eu real” com os solitários e pobres arredores nos quais estava encarnado – nós só sabemos através de sua música. Quando nós a ouvimos, compreendemos a tradição antiga de que, de vez em quando, uma criatura divina dos céus distantes toma uma forma mortal e sofre para que isso possa abraçar e redimir a humanidade”.
A nota-chave espiritual da Nona Sinfonia é Consumação. Nove é o mais importante número relacionado com o presente estágio de evolução da humanidade. É o número da humanidade. É, também, o número da Iniciação, aquele reto e estreito caminho pelo qual o ser humano retorna à união com Deus.
Notou-se previamente que as Sinfonias de Beethoven retratam uma variedade de experiências. Essas experiências são recapituladas nos passos sempre ascendentes ao caminho espiritual da realização, cada repetição proporcionando força aumentada e glória de desdobramento da alma, até a consumação alcançada na divina unidade tão magnificamente interpretada pela Nona Sinfonia.
Como foi dito anteriormente, as Sinfonias ímpares corporificam os atributos masculinos e as pares, os femininos, enquanto a última, ou a Nona, os dois atributos são trazidos em perfeito equilíbrio, um estado de unidade que, em linguagem esotérica, é chamada de Matrimônio Místico. Essa união marca o supremo alcance do ser humano sobre as coisas terrenas. Beethoven captou o lindo coro do Querubim na glória da Nona Sinfonia para que os ouvidos humanos pudessem sentir a poderosa efusão de seu poder espiritual.
O escritor John Naglee Burk[2], em seu livro “Life and Works of Beethoven”, se refere a esses ecos celestiais como “murmúrios misteriosos”; então, é como se os murmúrios do mundo celestial que Beethoven interiormente percebia se tornaram cada vez mais claros e mais fortes; enquanto o tema inicial se desenvolvia, há “um crescendo de suspense até que o tema em si é revelado… e proclamado fortíssimo pela orquestra toda em uníssono. “Ninguém”, ele acrescenta, “igualou esse poderoso efeito – nem mesmo Wagner que teve por essa página em particular uma mística admiração e que, sem dúvida, lembrou-a quando descreveu a serenidade elementar do Reno de maneira muito parecida na abertura de O Anel dos Nibelungos”.
“A Nona Sinfonia”, escreve Ralph Hill[3] em seu trabalho intitulado The Symphony, “é comparável aos vigorosos trabalhos como a Eroica e a Quinta Sinfonia, num plano psicológico tonalmente diferente que levanta questões mais amplas do que nas composições sinfônicas anteriores de Beethoven. Cada um de seus movimentos é incomparável em poder construtivo e na extensão e magnitude de suas ideias musicais. A abertura é de um mistério e intensidade. De uma região na qual tudo parece nebuloso e mal definido emerge o primeiro tênue prenúncio de um tema que é presentemente atirado violentamente com a força dos raios de Júpiter. Essa abertura portentosa é em seguida reformulada… e o tema todo é transferido, ainda fortíssimo, para o tom de Si Bemol. Por enquanto, é a terminação desse tema gigante que temos e esse, em sequências que se elevam, marcha para frente sem remorso até encontrarmos a transição para o segundo tema que se supõe conter leve semelhança com a Alegria, tema do Finale”.
“É difícil se encontrar algo mais requintado em toda a música”, escreve E. Markham Lee[4] no livro “The Story of the Symphony”, “do que o movimento de abertura, tão serenamente simples e ao mesmo tempo tão majestoso em suas ideias. Tecnicamente, sua complexa manipulação do material é maravilhosa e suas qualidades expressivas… são excelentes”.
O segundo movimento, um Scherzo, embora realmente não rotulado assim, foi considerado por muitos críticos musicais como uma das mais notáveis realizações de Beethoven. Um escritor se referiu a seu “ágil modo de andar” como “fortemente misturado com uma mística veia, um pouco como uma dança”. Berlioz o comparou ao ar puro e claro que acompanha o nascer do Sol numa manhã brilhante de maio.
“As palavras nos faltam”, escreve Markham Lee, “para comentar adequadamente o Adagio (terceiro movimento), uma das mais perfeitas e lindas peças de música orquestral que já foram escritas”. Bernard Shore[5], falando desse terceiro movimento em seu trabalho “Sixteen Symphonies”, afirma que é música que “deve estar nos céus” e nota como o incomparável Toscanini[6] ao apresentar essa parte “fez todo o esforço para transferir o toque de brilhante e incisiva vitalidade para a mais silenciosa e suave ternura. ‘No Paraíso!’, ele exclamava. As cordas acariciam particularmente sua música e nunca foi permitido que se tornassem apaixonadas – só etéreas.
Os três primeiros movimentos da Nona Sinfonia estão no mais alto plano de toda a música. O tema de abertura do primeiro movimento é grandioso em inspiração, vigoroso em poder. O Scherzo é talvez o melhor de Beethoven. O Adagio começa com uma melodia de extrema nobreza – perfeito em curva e de uma serenidade maravilhosa. O sentimento de misticismo devoto e admiração aumenta até o coro final”.
UM ARAUTO MUSICAL DA NOVA ERA
Beethoven experimentou uma grande liberdade interior de espírito, um grande estado enlevado de alma. Consequentemente, ele foi capaz de transcrever para a audição humana a mais sublime música que esse mundo já conheceu. Sigmund Spaeth[7] em seu livro “A Guide to Great Orchestral Music” exprimiu perfeitamente: “A Sinfonia alcançou em Beethoven o seu apogeu. Durante o século que veio após o dele, grandes músicos compuseram muita música bonita na forma, mas nós temos só que contemplar Beethoven para compreender que o zênite está ultrapassado e que toda a música daí por diante é música numa longa tarde”.
Ludwig Von Beethoven foi um dos mais importantes evangelhos da Nova Era que vieram à Terra. Em cada uma e em todas as suas composições magníficas soa a nota da liberdade, da emancipação, da igualdade e da eventual e permanente conquista do bem sobre o mal.
Beethoven também mostrou sua completa harmonia com os impulsos da Nova Era em seu ideal de feminilidade e no profundo respeito e reverência que ele dedicou ao sexo feminino. Ele nunca pôde entender como Mozart pôde usar seu grande gênio retratando tantas mulheres superficiais e frívolas. Beethoven deu ao mundo só uma ópera, Fidélio[8], o fiel. Em sua heroína, Leonora, ele dá um quadro perfeito da mulher da Nova Era. Na última das três aberturas de Leonora, que é ouvida no ato final da ópera, está uma rapsódia descritiva da exaltação do Divino Feminino que tem que ser despertado em toda a humanidade antes que as verdades gloriosas que pertencem à Nova Era possam se tornar realidade sobre a Terra. A ópera Fidélio conclui com um triunfante Coral retratando o alegre dia em que a liberdade e a fraternidade se tornarão universais. São essas mesmas notas de Liberdade, Fraternidade e Universalidade que são ouvidas no coral com o qual ele conclui seu trabalho final e supremo, a Nona Sinfonia.
O CORAL DA NONA SINFONIA
O cantor está traduzindo sua canção em canto, sua alegria em formas e o ouvinte tem que traduzir o canto de volta em alegria original; então, a comunhão entre o cantor e o ouvinte é completa. A alegria infinita está manifestando-se em múltiplas formas, levando em si a servidão da lei e preenche nosso destino quando voltamos da forma para a alegria, da lei para o amor, quando desatamos o nó do finito e voltamos para o infinito.
Rabindranath Tagore[9]
Como mencionado anteriormente, Beethoven foi um mensageiro selecionado para transcrever a música cósmica para a audição humana. Essa “pressão interna levou-o a escolher uma vida de autoabnegação e retidão. Ele via através, por cima e além das ilusões e tentações do mundo numa época, e entre pessoas amplamente entregues à busca do prazer”.
Por música cósmica, queremos dizer música das Hierarquias Celestes. Foi a música triunfal soada pelos Querubins e Serafins na celebração dos Ritos do Matrimônio Místico da nona Iniciação que Beethoven gravou no magnífico Coral da Nona Sinfonia.
A humanidade não poderá vivenciar a alta exaltação espiritual desse Rito até que tenha aprendido a construir e a viver em um Mundo Unificado – um mundo em que a Paternidade de Deus e a Irmandade dos Homens se tornará realidade. Promover o ideal da fraternidade universal foi seu supremo objetivo; para esse fim, seu grande gênio estava completamente dedicado.
Para o Coral, Beethoven usou o poema de Schiller[10], Ode à Alegria. Esse poema, que foi escrito durante a Revolução Francesa, apresenta em seu tema a Fraternidade Universal.
Ó, amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!
Alegria, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce voo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
Alegremente, como seus sóis voem
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões, vocês estão ajoelhados diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do Céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora! [11]
Por razões políticas, Schiller não usa a palavra “Liberdade” e a substitui pela palavra alegria. Beethoven entendeu assim. Para ele, o poema era sua expressão de liberdade espiritual. Queria dizer a emancipação da alma; a liberdade do espírito de todas as limitações físicas e materiais. Significava liberdade para perambular à vontade através dos planos espirituais superiores, para contatar seres celestes que habitam aqueles planos e ouvir a gloriosa música das esferas.
No primeiro movimento, os céus emitem poderosos sons de evocação através do profundo misticismo do Ré Menor que é proclamado pela orquestra toda em uníssono. Mais tarde, o tema é repetido e a orquestra toca a mesma nota de triunfo em Ré Maior que nos diz musicalmente que as proclamações do coro celeste desceram ao plano terrestre.
O segundo movimento, Berlioz descreve em toda a sua inata beleza como parecendo com o “efeito do ar fresco da manhã e os primeiros raios do sol nascente de maio”.
O Adagio se expressa em variações de crescente complexidade e ornamentação melódica daquela rara e indescritível beleza que caracteriza Beethoven no seu apogeu. Cada movimento de suas Sinfonias é uma divina aventura em espírito. O Espírito, quando despertado (iluminado), não pode estar completamente satisfeito com apenas as dádivas que este plano físico tem para oferecer.
O Finale nos fala sobre isso. Ele questiona e procura avidamente por mais luz. Uma sugestão dessa alta realização cantada pelo tema coral ecoa suavemente nas madeiras de sopro. O tema é então gradualmente desdobrado em Ré Maior (ainda uma experiência no plano terrestre).
No quarto movimento, Beethoven, pela primeira vez, introduz palavras numa Sinfonia. A “Ode à Alegria” de Schiller é a base do Finale cantada por solo, quarteto e pelo coro. Beethoven usou essa Ode para expressar solidariedade humana. Esse coro sublime eleva a Terra para perto do Céu e aproxima os seres celestiais em comunhão mais íntima com os mortais. Ela soa a mais alta nota-chave da realização humana que é a emancipação própria.
A Nona Iniciação
A nona Iniciação conduz ao coração da Terra. Nesse centro, está refletido o plano espiritual mais elevado, o Mundo de Deus. Esse é um plano onde reside o Absoluto. Aqui, o Espírito se une com a matéria, o finito funde-se com o Infinito e Deus e o ser humano se encontram face a face.
É aqui que os Deuses de outros Sistemas Planetários comungam com o Deus deste Sistema. É aqui que os sagrados Mistérios da Criação são revelados. Nenhuma música que tenha sido dada a este Planeta pode traduzir a maravilha e a glória dessa sublime experiência, excetuando o magnífico Coral com o qual o mestre Beethoven conclui a Nona Sinfonia.
O diagrama 18 do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” mostra a escada de ascensão celestial. Poucos existem sobre a Terra que tenham alcançado seus mais altos degraus. Somente aqueles que trocaram o pessoal pelo impessoal, o terrestre pelo celeste, o humano pelo divino e que se tornaram verdadeiramente indivíduos Cristianizados alcançando as mais elevadas esferas da consciência. Porém, esse é o alto e glorioso destino que está esperando por toda a humanidade até que ela se faça merecedora da ascensão divina.
Na Noite Santa, quando a nona Iniciação é celebrada, inumeráveis hostes angélicas enchem o ar com sua canção de êxtase. Os ecos dessa gloriosa música dos céus foram captados por Beethoven e dados ao mundo no sublime Coral de sua grande Nona Sinfonia.
No coração da Terra, há três centros de poder que se relacionam com os três centros principais no corpo-templo humano, que são a cabeça, o coração e os órgãos reprodutivos. Entre a cabeça e os centros reprodutores há uma íntima relação. Entre esses dois pontos focais das energias criadoras, há uma constante corrente de força vital sagrada. Ela toma a forma de lemniscata, o ponto de junção sendo o coração. Um modelo igual de energias criadoras divinas está em ação dentro do coração da Terra.
A participação na nona Iniciação é possível somente depois que as correntes acima descritas alcançaram um estado de perfeito equilíbrio, com a Mente espiritualmente iluminada, o Coração um transmissor da ainda pequena voz interna e o centro reprodutor um assento da força vital regenerada. Essa realização alcança o clímax se encontrando face a face com o supremo Senhor deste mundo, o Abençoado Cristo. É essa a gloriosa experiência que espera a alma que alcança o nono degrau da escada da vida, a nona Iniciação.
A única música que pode adequadamente descrever o êxtase da alma dessa experiência é a magia que Beethoven teve o sucesso de tecer na Nona Sinfonia. É só por meio dessa música celestial que sua importância espiritual pode ser entoada. É música que pode vir somente da mais profunda experiência espiritual da qual o ser humano é capaz de registrar em sua presente e limitada existência. É a principal dádiva sem preço de um mágico à humanidade para ajudar em sua realização consciente e inconsciente para cima, para recapturar algo mais do seu puro estado divino.
Com a composição da Nona Sinfonia, o trabalho de Beethoven estava completo; seu destino se cumpriu. Esse é o seu canto do cisne, sua mais magnífica realização. Essa composição incomparável, como foi dito anteriormente, foi dada ao mundo em 1824. Três anos mais tarde, em 1827, ele recebeu a chamada para subir. Então, sem dúvida, ele também se tornou capaz de estar diante da divina presença e ouvir as palavras benignas que têm soado através dos tempos, “Muito bem, servo bom e fiel! Vem alegrar-te com o teu Senhor!”[12].
[1] N.T.: Edward Carpenter (1844-1929) foi um poeta inglês, socialista, filósofo, antologista e um dos primeiros ativistas políticos.
[2] N.T.: (1891-1967) escritor estadunidense.
[3] N.T.: (1900-1950) foi um escritor sobre música inglês.
[4] N.T.: Ernest Markham Lee (1874-1956) foi um compositor, autor, conferencista, pianista e organista inglês.
[5] N.T.: (1896-1985) foi um violista e autor inglês.
[6] N.T.: Arturo Toscanini (1867-1957) foi um maestro italiano. Um dos mais aclamados músicos do século XIX e XX, ele foi renomado pela sua brilhante intensidade, seu inquieto perfeccionismo, seu fenomenal ouvido para detalhes e sonoridade da orquestra e sua memória fotográfica. Ele é especialmente considerado um competente intérprete das obras de Giuseppe Verdi, Ludwig van Beethoven, Johannes Brahms e Richard Wagner.
[7] N.T.: Sigmund Gottfried Spaeth (1885-1965) foi um musicólogo americano.
[8] N.T.: Fidelio (em português Fidélio), Op. 72b, é um Singspiel em dois atos, de Ludwig van Beethoven, com libretto de Joseph Sonnleithner e Georg Friedrich Treitschke baseado no libreto de Léonore ou L’Amour Conjugal (1798), peça em “prosa entremeada de canto”, de Jean-Nicolas Bouilly, baseada nas memórias do autor sobre os acontecimentos da França durante o Terror, quando ele era promotor público do Tribunal Revolucionário de Tours.
[9] N.T.: (1861-1941) foi um polímata bengali que trabalhou como poeta, escritor, dramaturgo, compositor, filósofo, reformador social e pintor.
[10] N.T.: Johann Christoph Friedrich von Schiller (1759-1805), mais conhecido como Friedrich Schiller, foi um poeta, filósofo, médico e historiador alemão. Schiller foi um dos grandes homens de letras da Alemanha do século XVIII e, assim como Goethe, Wieland e Herder, é um dos principais representantes do Classicismo de Weimar, e é tido como um dos precursores do Romantismo alemão. Sua amizade com Goethe rendeu uma longa troca de cartas que se tornou famosa na literatura alemã.
[11] N.T.: o original em alemão:
O Freunde, nicht diese Töne!
Sondern laßt uns angenehmere
anstimmen und freudenvollere.
Freude! Freude!
Freude, schöner Götterfunken
Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken,
Himmlische, dein Heiligtum!
Deine Zauber binden wieder
Was die Mode streng geteilt;
Alle Menschen werden Brüder,
Wo dein sanfter Flügel weilt.
Wem der große Wurf gelungen,
Eines Freundes Freund zu sein;
Wer ein holdes Weib errungen,
Mische seinen Jubel ein!
Ja, wer auch nur eine Seele
Sein nennt auf dem Erdenrund!
Und wer’s nie gekonnt, der stehle
Weinend sich aus diesem Bund!
Freude trinken alle Wesen
An den Brüsten der Natur;
Alle Guten, alle Bösen
Folgen ihrer Rosenspur.
Küsse gab sie uns und Reben,
Einen Freund, geprüft im Tod;
Wollust ward dem Wurm gegeben,
Und der Cherub steht vor Gott.
Froh, wie seine Sonnen fliegen
Durch des Himmels prächt’gen Plan,
Laufet, Brüder, eure Bahn,
Freudig, wie ein Held zum Siegen.
Seid umschlungen, Millionen!
Diesen Kuß der ganzen Welt!
Brüder, über’m Sternenzelt
Muß ein lieber Vater wohnen.
Ihr stürzt nieder, Millionen?
Ahnest du den Schöpfer, Welt?
Such’ ihn über’m Sternenzelt!
Über Sternen muß er wohnen.
[12] N.T.: Mt 25:23
Todas as forças do Universo estão potencialmente contidas no ser humano e o seu Corpo Denso representa as forças da natureza. “Tanto em cima, como em baixo”, mas primeiro em cima e depois em baixo. Não devemos somente comparar o microcosmos e o macrocosmos porque eles são essencialmente um em suas forças; na verdade é o mesmo na constituição de seus elementos. A Astrologia é incompreensível para aqueles que não podem perceber o verdadeiro caráter dos Astros.
Nossas vidas são construídas sobre princípios superiores, elaborados em detalhes sob leis definidas. Existem grandes Seres que incorporam esses princípios e cujas atividades são as leis da criação. Do mesmo modo encontramos hostes de seres inferiores que agem como veículos para essas atividades.
Ao meditarmos sobre a amplitude da ação das órbitas celestes, percebemos que o Corpo Denso é apenas uma reprodução das mesmas forças que formaram as estrelas no céu. O sucesso do ser humano em absorver, por completo, as forças destas Hierarquias Criadoras depende exclusivamente dele próprio. Embora a vida e as forças coesivas do universo, exemplificadas nas duas primeiras forças de vida, Áries e Touro, se associem para produzir um campo de ação de força intensa e grande potencialidade, a essência espiritual do ser humano vem da mais elevada emanação de Deus, o Pai. As estrelas não nos compelem a nada que não queiramos aceitar, a nada que não desejamos.
A Individualidade do ser humano é respeitada
Deus respeita a Individualidade do ser humano e não penetrará em sua consciência até que essa se abra para lhe dar as boas-vindas. O Estudante Rosacruz anseia tirar a tristeza dos ombros da humanidade atormentada, porém, uma das lições mais difíceis de se aprender é que a atitude de cada inteligência espiritual em relação ao Espírito evolutivo é aquela de esperar pelo convite que dissipará a escuridão. Não é falta de compreensão, é uma sabedoria profunda. O ser humano não deve ser compelido; ele precisa ser livre. A vida evolui e o ser humano não é um escravo, mas um Deus em formação e seu crescimento não pode ser forçado, mas sim desejado, de dentro. A liberdade de ação é a força inerente do Espírito.
O Corpo, através do qual a vida opera, seja Astro ou ser humano, vem dos elementos e é uma partícula cristalizada formada com o propósito de adquirir experiências. A Alma vem das estrelas e o Espírito de Deus. Tudo que o intelecto pode conceber vem das estrelas e por estrelas não estamos nos referindo aos corpos físicos dos Planetas, mas a estados de consciência que existem no cosmos e que são representados pelas estrelas. Essas nobres e sublimes Hierarquias Divinas ou Hierarquias Criadoras, suas vidas, leis e seus princípios, são incorporados sob formas que permitem, a essa grande consciência, criar meios de vida e atividades futuras em uma escala muito maior do que a anterior.
Para realizar esse imenso projeto as Hierarquias Criadoras – Áries e Touro, em especial – trabalharam por livre vontade, para estabelecer uma base sobre a qual manifestações futuras da vontade do Pai possam se tornar evidentes.
Sendo uma força unificadora importante – um símbolo do princípio feminino na natureza – Touro surge para unir e combinar suas suaves e doces influências místicas com o poder arrebatador e a força enfatizada na atividade dinâmica da primeira das grandes Hierarquias Criadoras, Áries.
Através do poder da palavra, Deus criou tudo que existe no Universo, mas a manifestação completa dessa criação ainda não foi alcançada. As faculdades potenciais latentes estão sempre presentes, mas até que uma consciência se desenvolva e seja capaz de dirigir a força de maneira inteligente, não haverá um canal apropriado para a ação completa. Nosso próprio Esquema setenário de Evolução foi fundamentado no princípio de vida ligado ao princípio do amor e fez-se evidente sob a forma de duas grandes Hierarquias Criadoras: Áries e Touro.
Touro: Manifestação Feminina
Touro é a manifestação feminina da vida e sua expressão é suave, sedutora, doce, delicada e calma. Touro tem uma força nascida do amor, uma força unificadora que desafia a vontade dos elementos quando se propõe, com firme propósito, a realizar sua missão na Terra.
Touro é a grande mãe da Terra, que dá a vida e fertilidade. Todas as coisas vivas provêm de seu seio. Seu amor é um grande amor pela natureza e pelos seres humanos, criativo e possessivo, pois ela é muito pessoal e materna. O amor de Touro é um amor de sacrifícios e o maior sacrifício é dar a vida, algumas vezes no Mundo Físico outras nos Mundos superiores.
Touro une e funde seu corpo no abraço apaixonado de Áries. Não se quebra sob uma força intensa, mas adapta-se à vontade de seu amante. É nessa reação calorosa, nessa força unificante que se cria tudo que há de vir. Touro não se entrega sem reservas, abranda e resfria o temperamento de seu amante com delicadeza, paciência nascida da compreensão, amor, carinho firme e duradouro. Está ciente de que ele nada pode fazer por si só e, então, de própria vontade, sacrifica seu corpo pela criação de coisas ainda maiores do que as anteriores.
(*) Advertência:
A descrição aqui apresentada é mais exata conforme a cúspide da 1ª Casa esteja mais próxima do ou no segundo decanato do Signo (10º graus até 20º graus)
Quando os 3 últimos graus de um Signo estão ascendendo, ou quando os 3 primeiros graus ascendem no momento do nascimento, diz-se que a pessoa nasceu “na cúspide” entre dois Signos, e, então, a natureza básica dos Signos envolvidos são mescladas no corpo dela
Astros nas Casas:
Em tais casos o Estudante dever usar seu conhecimento do caráter dos Astros em conjunto com a descrição do Signo.
(Veja mais no Livro: Mensagem das Estrelas – O Signo Ascendente – Max Heindel e Augusta Foss Heindel)
Isto não é um amor pessoal, mas, muitas vezes, os nativos de Touro se perdem em vidas possessivas, obscurecendo assim a própria visão. Não é um sacrilégio que esses grandes Seres criadores permaneçam na escuridão, quando a luz do Espírito está sempre esperando elevar a humanidade acima da escravidão pessoal? É fácil ver que as características negativas dos nativos de Touro estão ligadas a fatos materiais da vida humana de hoje e não a potencial força de vida, amor e criação.
A beleza é a criação desse Signo, porque belo é também o nascimento. A beleza na arte e na cor, a força da criação em outro plano, representativa de uma fase de consciência tocada somente por uma profunda onda de sentimento, de grande poder e vida. Vênus, a filha de Touro, portanto, surge com todo seu doce charme, cor, curvas e maciez agradável de se tocar.
Touro não tem nenhum ardor ou fogo real, mas seu amor queima devagar e sempre. Áries é seu marido e amante, e todos os outros Signos são seus filhos. Esses Espíritos são velhos, porém, continuam sempre a trabalhar e a se desenvolver, embora os filhos de Áries e Touro raramente reconheçam seus divinos privilégios.
Emoções vulgares estão muito longe da Mente dos nativos de Touro. A força moral está construída sobre as mais puras intenções e quando os filhos de Touro começam a reconhecer e a desenvolver suas potencialidades criadoras, a mais firme e estável força do bem estará presente. Uma grande força supera a fraca e uma emoção mais forte pode tornar uma mais fraca, inativa. Se a emoção forte for de caráter elevado e nobre, irá, em consequência, elevar a mais baixa. Se a mais baixa for a mais forte, o resultado será a degradação. As emoções superiores evoluem e desenvolvem-se das mais baixas e, através do autocontrole e do esforço próprio, os vícios podem transformar-se em virtudes. Emoções, sentimentos e desejos não podem ser exterminados ou apagados, mas podem ser modificados para níveis mais altos. Os filhos de Touro podem sofrer críticas por suas emoções. O amor tem muitas formas, mas o verdadeiro amor de Touro é a força que une toda partícula do Universo e é o atributo mais forte do Espírito.
Amor é força divina. Corpo, Alma e Espírito tornam-se um só, como resultado da força coesiva dessa Hierarquia Criadora. Toda vez que uma forma é concebida, uma radiação ocorre, como um raio vindo de Deus, que provê o futuro ser humano com o Espírito. A qualidade adicional da Alma é continuamente absorvida e renovada, o que forma a essência espiritual do ser humano.
A experiência em cada renascimento abranda e molda a Vida numa grande força anímica. Somente experiências contínuas constroem a Alma que, por sua vez, juntando-se ao impulso inicial da própria vida, caminha para glorificar para sempre, nosso Pai no Céu.
Atributos divinos acendem uma chama correspondente. A vida surge para o próximo nascimento de uma Alma que, por sua vez, é irradiada e absorvida pelo Espírito.
A espiritualidade não deve ser considerada um estado de alto desenvolvimento intelectual. É o despertar para um estado de consciência completamente diferente e mais elevado do que aqueles geralmente encontrados nos planos materiais. Esse despertar pode ocorrer em pessoas de alto desenvolvimento intelectual, mas acontece com maior frequência naqueles que não são sofisticados e aqueles puros de Coração e de Mente.
Essa força criativa existe em Touro numa intensidade que oprime seus filhos, a menos que seus corações já tenham sido abrandados por um desenvolvimento extenso. Tendências sutilmente femininas expressas com o Sol (Espírito), em um Signo passivo e receptivo, indicam qualidades místicas elevadas.
Os pontos principais do taurino são determinação, autoconfiança, persistência, obstinação em alcançar seu objetivo e, geralmente, conseguem alcançá-lo com esse poder inato, agindo resolutamente, oferecendo uma excelente qualidade de força sobre a qual se pode construir e é bem possível, para os nativos de Touro, renascerem sob as circunstâncias e condições que ofereçam oportunidades para que desenvolvam inteiramente a verdadeira força desse Signo.
Em situação privilegiada, Touro é capaz de dirigir, amparar e ajudar muitos com a beleza, calma e simplicidade de uma personalidade inspirada, transmitindo pensamentos espiritualmente iluminados, que nascem da meditação e da contemplação das forças superiores com uma certeza prática. Touro reconhece a necessidade da perseverança e da concentração para alcançar o sucesso. Os nativos de Touro nada perdem do que está acontecendo ao seu redor, embora possam dar a impressão de que não estejam prestando atenção, mas na realidade estão concentrados nos objetivos que pretendem alcançar, porque vão às raízes de tudo a que se propõem.
Têm certeza de tudo e são completos, esmerados e cautelosos, mas são propensos a sentir rancor por uma familiaridade imprópria, especialmente em amizades recentes. O taurino desenvolvido e intelectual pode exercer uma influência poderosa naqueles que o cercam. Possuem um vigoroso magnetismo que atrai outros, e como a luz do Espírito que cresce em esplendor cada vez maior e aquece tudo que toca, eles preparam os corações dos seres humanos para uma pureza verdadeira, para reconhecerem a bondade em toda criação de Deus.
Touro possui valores venusianos: amor, beleza, arte e harmonia. Possui emoções cheias de graça e os instintos cultos da humanidade.
Têm muito orgulho da dignidade pessoal e muitas vezes não perdoam, e essa é uma manifestação de sua pior característica, a inflexibilidade. Não se adaptam à certas condições o que favorece a cristalização. São constantes e leais com aqueles que amam, mas raramente, ou nunca, demonstram estes sentimentos exteriormente. Têm um grande potencial para a devoção.
Pelo menos exteriormente eles tendem a manter todas as convenções da vida; são conservadores e raramente visionários. Possuem profundas qualidades místicas que estão escondidas dentro deles. No casamento e na afeição são possessivos e minuciosos, embora amorosos, à sua maneira. Uma das principais tarefas para o nativo de Touro é aprender a receber, acatar e adotar novas ideias.
Quando têm tendências dominadoras tornam-se demasiadamente pessoais e possessivos, não estando expressando sua força interior e seu caráter.
Sua natureza calma, delicada e amorosa pode ter dificuldades em expressar seus verdadeiros sentimentos àqueles que não podem ver a beleza que abrigam em seus corações.
A força da natureza interior de um indivíduo será determinada pelo Sol. Para o iluminado taurino, combinações e Aspectos astrológicos benéficos asseguram-lhe meios de expressar a sua mensagem mística. Mesmo naqueles mapas onde muitos Aspectos benéficos estão dirigidos para um Astro, pode-se alertar para a habilidade do indivíduo de usar as faculdades representadas da melhor maneira possível. Contudo, ninguém possui nada que não seja adquirido.
Portanto, as faculdades de que se dispõem devem ter sido adquiridos com um propósito. Quando encontramos o Sol de Touro com Aspectos benéficos com Marte, temos uma indicação positiva de que essa pessoa possuirá fogo e vida, assim como as características mais fracas da natureza feminina. Mesmo quando o Aspecto formado for uma Quadratura: é melhor ter qualquer Aspecto ligado a Marte do que nenhum, porque isso gera atividade e ação que resulta em experiência, em desenvolvimento da alma, em progresso espiritual. Certamente algumas configurações são mais fortes que outras. Procure sempre a relação entre Marte e Saturno. Se estão com Aspectos benéficos, eles mostram onde os esforços constantes devem ser aplicados e algumas vezes com muita luta. Quanto estão com Aspectos adversos, mostram uma possível redenção dos erros passados. Isso, em consequência, produz crescimento e permite uma oportunidade de serviço, que deve ser bem aproveitada nessa vida, aqui e agora. Ao aceitar essa filosofia e ao viver uma existência dedicada àquilo a que se propôs, o nativo de Touro verá aumentada, no futuro, sua esfera de ação para o benefício do Corpo, da Alma e do Espírito. Ele é capaz de combinar os muitos desafios da vida com uma compreensiva aceitação das mensagens iluminadas e significativas que estão a sua disposição nessa grande Hierarquia Criadora.
Touro rege o Cerebelo
Para compreender alguns pontos que virão a seguir, devemos lembrar que Touro governa o cerebelo ou a parte posterior do crânio, o lugar dos movimentos involuntários e, também, o centro dos reflexos. Em uma determinada época, a humanidade que evoluía era guiada por influências externas que agiam diretamente sobre esses centros subjetivos.
Em linha com o progresso evolutivo do ser humano uma individualização acontece. Isso é obtido quando o indivíduo é libertado dessas influências de direção e alcança meios pelos quais a consciência pode desenvolver-se em uma força dinâmica. Sem perder essa força positiva podemos, através da Meditação, colocarmo-nos em harmonia com a Lei Divina.
Ao sermos receptivos e ao corresponder à vontade dessas forças superiores, tornamo-nos canais autoconscientes para uma verdade e uma sabedoria que iluminam verdadeiramente o nosso caminho.
Não devemos supor que a manifestação ativa desses grandes princípios ou Hierarquias atuem ou ajam imediatamente. Ao contrário, essas faculdades são desenvolvidas somente por constante atenção a toda oportunidade disponível e em todos os planos de consciência, vida após vida, através de eons de tempo.
Experiências completas, conseguidas através de todas as tarefas executadas, ajudam o desenvolvimento da alma individual e a visão interior.
Ao mesmo tempo a imaginação é uma das mais fortes características femininas, e seu desenvolvimento consciente ou inconsciente, terá um papel importantíssimo para a natureza de um nativo de Touro.
Num mapa individual, onde indicações femininas estão preponderantemente ativas, será benéfico procurar atividades fortes e equilibradas nos Signos masculinos do Zodíaco. Quando isso acontece, o iluminado taurino pode harmonizar os dois caminhos, o místico e o oculto. Quando for construída uma ponte entre esses pontos radiantes, as limitações materiais enfraquecem e não exercem mais força sobre o Espírito em desenvolvimento. Olhar além das condições temporais, compreender o verdadeiro significado do amor, juntar o valor espiritual, a força produtiva, desenvolver a compreensão, ser um exemplo vivo desses ideais, aí está o verdadeiro desafio para Touro e, também, para aqueles cuja escolha esteja dirigida para as linhas avançadas do esforço. Quanto mais lutarmos por um ideal mais provas e testes encontraremos em nosso caminho.
O sacrifício de Touro produzindo vida contínua é uma qualidade extraordinária. Sem sua força coesiva-unificante, seu poder de unir pelo amor, não haveria muitas das coisas organizadas que existem no Reino de Deus. Essa polaridade, a combinação do positivo com o negativo, do masculino com o feminino, é que fazem a força dos mais inteligentes filhos desse Signo.
(de Thomas G. Hansen – com prefácio da Fraternidade Rosacruz de Campinas – SP – Traduzido do original inglês: Zodiacal Hierarchies de Thomas G. Hansen e publicado na revista Rays from the Rose Cross da The Rosicrucian Fellowship, no período de abril de 1980 a março de 1981 – publicada na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz-SP em maio de 1982)
Quando o Sol entrar por Precessão dos Equinócios no Signo celestial de Aquário, o Aguador, virá uma nova fase da Religião do Cordeiro, a Religião Cristã. Esotericamente, o ideal que devemos perseguir está indicado no Signo oposto: Leão.
A Lua, habitação de Jeová – o Regente autocrático das Raças e o dador de Leis – está em Exaltação em Touro. Quando o Sol transitou, por Precessão dos Equinócios, pelo Signo de Touro, todas as Religiões de Raça, mesmo a fase mosaica da Religião Ária do Cordeiro, pediam uma vítima propiciatória para cada transgressão da Lei.
Mas, o Sol está em Exaltação em Áries e ao entrar nesse Signo, por Precessão dos Equinócios, o grande Espírito Solar, Cristo, veio como um Sumo Sacerdote da Religião Ária e revogou o sacrifício de outros ao oferecer-se a Si mesmo como um sacrifício perpétuo pelos pecados do mundo.
Observando o ideal maternal de Virgem, durante a Era de Peixes, e seguindo o exemplo de Cristo como um serviço de sacrifícios, a Imaculada Concepção converte-se numa experiência real para cada um de nós, e Cristo, o Filho do Homem (Aquário) nasce internamente.
Deste modo, gradualmente a terceira fase da Religião Cristã se manifestará e um novo ideal será encontrado no Leão de Judá (Leão). Valor e convicção, fortaleza de caráter e virtudes semelhantes, farão de nós, realmente o Rei da Criação, digno da confiança e do afeto dos Reinos de vida inferiores ao nosso, bem como do amor das divinas Hierarquias Criadoras que sobre nós estão.
Assim, a mensagem mística da nossa evolução está marcada em caracteres de fogo no campo celestial, onde qualquer investigador pode ler. E quando estudemos o propósito de Deus, revelado no Zodíaco, aprenderemos a nos conformarmos inteligentemente com Seus desígnios e, desse modo, abreviar o dia da emancipação do nosso limitado ambiente atual, para sermos perfeitamente, livres como Egos, sobrepondo-nos à lei do pecado e da morte, por meio de Cristo, o Senhor do Amor e da Vida.
Todos nós podemos e devemos decifrar a mensagem e resolver o mistério do Universo.
A entrada do Sol em Aquário, em que teremos mais estreita união com o Cristo, por uma forma elevada da Religião Cristã, está indicada, além do Zodíaco, no Evangelho Segundo São Lucas: “Respondeu-lhes: “Logo que entrardes na cidade, encontrareis um homem levando uma bilha de água. Segui-o até à casa em que ele entrar. Direis ao dono da casa: ‘O Mestre te pergunta: onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos?” (22:10-11), no Evangelho Segundo São Marcos: “Enviou então dois dos seus discípulos e disse-lhes: “Ide à cidade. um homem levando uma bilha d’água virá ao vosso encontro. Segui-o. Onde ele entrar, dizei ao dono da casa: ‘O Mestre pergunta: Onde está a minha sala, em que comerá a Páscoa com os meus discípulos?’ E ele vos mostrará, no nadar superior, uma grande sala arrumada com almofadas. Preparai-a ali para nós.” (14:13-15) e no Evangelho Segundo São Mateus: “Ele respondeu: ‘Ide à cidade, à casa de alguém e dizei-lhe: ‘O Mestre diz: o meu tempo está próximo. Em tua casa irei celebrar a Páscoa com meus discípulos’.” (26:18), pois o Cristo Solar é simbolizado na Astrologia pelo Sol, quer na evolução da humanidade como das nações e do mundo.
Aquário, às vezes, é representado por uma mulher derramando água de um cântaro; outras vezes por um menino e outras, ainda, por um homem. O correto é o de um rapaz, que simboliza o Cristo já crescido no ideal dentro de nós; a água que se derrama sob controle do cântaro, pelo rapaz, significa o equilíbrio das emoções. Será, pois, a Era do amor racional, inteligente, o equilíbrio entre o Coração e a Mente, preconizado nos Ensinamentos Rosacruzes.
A palavra-chave de Aquário, como Signo fixo, é: ESTABILIDADE.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1964-Fraternidade Rosacruz-SP)
Vamos ver a razão das provas que afligem o Aspirante à vida superior. Perceba a necessidade de abordar esse assunto porquanto, frequentemente, muitos Estudantes Rosacruzes indagam as causas dos sofrimentos que passaram a atormentá-los a partir do momento em que deram os primeiros passos no caminho da espiritualidade.
Considere que as adversidades ocorrem para o bem da alma aspirante, que constituem um sinal de progresso, devendo ser motivo de regozijo. Elas possibilitam-lhe uma rápida liquidação das dívidas contraídas debaixo da Lei de Causa e Efeito. Aceleram o processo de libertação que, no caso do ser humano comum, prolonga-se por várias existências.
As provas não devem ser encaradas como um sofrimento imposto pelas Hierarquias Criadoras, mas sim como um forte medicamento de efeito rápido e eficaz, um aprendizado acima de tudo. Indicam as mudanças que devem acontecer no caráter do Estudante Rosacruz, se efetivamente ele deseja trilhar a senda espiritual.
A evolução ocorre basicamente na consciência da pessoa, elevando-lhe a natureza de seus pensamentos, sentimentos, palavras e atos.
Não basta ao Aspirante à vida superior ampliar seu cabedal de conhecimentos. Isso diz respeito apenas à intelectualidade. É mister vivenciar esses conhecimentos, sem o que os resultados serão nulos. O conhecimento em si mesmo nada produz sem uma efetiva reforma de caráter. A esse respeito, o Cristo proclamou com muita sabedoria: “Não se coloca vinho novo em odres velhos, nem remendo novo em tecido velho”.
As provações geram, também, outros benefícios. Elas, por exemplo, fortalecem o indivíduo, fazendo-o desenvolver recursos de sobrevivência e criatividade. Com o passar do tempo ensejam autoconfiança, qualidade indispensável para o desenvolvimento anímico.
A vida ensina que o crescimento do indivíduo depende da somatória das pequenas vitórias morais do dia a dia. Enquanto outros decidirem por ele, não aprenderá a caminhar com os próprios pés, nem a voar com as próprias asas.
O Aspirante à vida superior deve assumir a responsabilidade pelos seus atos, agindo por vontade própria. Ação é o que muda o rumo das coisas. Ele deve aprender as lições e harmonizar-se com as leis divinas, não aceitando o sofrimento como uma punição, mas considerando-o um estímulo ao seu crescimento.
(Publicado no ECOS novembro-dezembro/2003 da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP)
Os doze semitons da oitava; por exemplo, para a escala de Dó:
…correspondem aos 12 meses do ano:
… às 12 Ondas de Vida distintas que têm trabalhado com a humanidade mais ou menos desde o início do Período de Saturno:
…como também às 12 Hierarquias Criadoras que compõem o Zodíaco:
Os 7 tons, representados por: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, correspondem aos 7 Espíritos diante do Trono:
As 5 teclas escuras de um piano, na oitava, representam as cinco Ondas de Vida: Áries (Réb), Touro (Mib), Gêmeos (Solb), Câncer (Láb) e Leão (Sib), que primeiro trabalharam com nossa humanidade.
As 7 teclas claras de um piano, representam as Ondas de Vida hierárquicas: Virgem (Dó), Libra (Ré), Escorpião (Mi), Sagitário (Fá), Capricórnio (Sol), Aquário (Lá) e Peixes (Si), que ainda estão trabalhando com a humanidade durante o Período Terrestre.
À medida que os mistérios ocultos nos são revelados, compreendemos, de imediato, o significativo fato de que, do princípio ao fim de todas as complexidades do mundo, existe um princípio verdadeiro e metódico que nunca se desvia nas suas manifestações.
Uma das primeiras coisas que se torna aparente para o verdadeiro estudante do ocultismo é o fato de que o Cosmos é construído sobre os aspectos: 1, 3, 5, 7, 10 e 12, e que os 12 semitons da oitava musical correspondem, em todos os detalhes, ao esquema cósmico. Realmente, isto confunde um pouco, quando lembramos que para construir a oitava musical foi necessário contatar o Mundo do som, o Segundo Céu, localizado na Região Concreta do Mundo do Pensamento que, embora comparativamente intangível aos sentidos físicos, ainda é a verdadeira base da manifestação material. Vemos este mesmo esquema numérico representado tanto no Espírito individualizado como em Deus, o Criador do nosso Sistema Solar. Por exemplo:
– Deus é um (1).
– Seus três (3) poderes são: Vontade, Sabedoria e Atividade.
– Seus sete (7) auxiliares planetários são chamados, na Bíblia, os Sete Espíritos diante do Trono.
– O ser humano tem três (3) poderes, designados como Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano, um elo (1) da Mente e seus três (3) veículos inferiores: Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso, dos quais ele extrai uma essência tríplice (3) chamada Alma (Alma Emocional, Alma Intelectual e Alma Consciente, respectivamente).
Antes de prosseguir, é bom revisar os seguintes fatos:
• a escala cromática inclui todos os tons da oitava, tanto as teclas brancas como as escuras em um piano, tomadas em ordem regular começando pelo Dó, que está sempre antes de duas teclas escuras agrupadas no piano. Existem doze tons na escala cromática (Dó, Réb, Ré, Mib, Mi, Fá, Solb, Sol, Láb, Lá, Sib, Si).
• a escala diatônica é composta dos tons produzidos somente pelas teclas brancas do piano – nenhuma tecla escura. Há sete tons (teclas) na escala diatônica (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si).
Notemos outras semelhanças com estas escalas:
A regra geral para um acorde em música é: duas notas na clave básica (positiva e negativa), e três na clave tripla, a trindade. Dois mais três perfazem cinco, o número dos sentidos do ser humano, como estão desenvolvidos atualmente.
Um acorde em música é composto de uma combinação de sons que se misturam, harmoniosamente, quando tocados juntos, sendo que o tom mais baixo é a raiz ou nota-chave, e as outras duas notas, que formam o acorde, devem estar em harmonia com esta determinada nota ou haverá dissonância.
Em toda parte da natureza encontramos o tom manifestado e, em seguida, o número, a cor e a forma; e isso sem exceção.
(leia mais no Livro A Escala Musical e o Esquema de Evolução – Fraternidade Rosacruz)
Em tempo remoto, o simbolismo foi tão usado que os historiadores modernos falam dele como se fora a “linguagem do homem primitivo”. Não obstante, nós continuamos a encontrar nos símbolos extrema utilidade, porque algumas vezes, por meio de uma simples figura ou emblema, comunicamos às nossas Mentes uma compreensão maior sobre os profundos princípios e leis cósmicas, como não poderíamos fazer por meio de palavras. O valor educacional dos símbolos expressa-se também nesta máxima: “Um quadro ou imagem é melhor do que mil palavras”.
A palavra é o símbolo da ideia. Assim também, na música, na arte, na literatura, na dança, no drama e em muitos outras formas de expressão o simbolismo é usado para transmitir as mensagens dos seus criadores.
Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, também chamados de Mestres, há muito esperam o florescimento das rosas da humanidade e dão a todos os Aspirantes ao conhecimento espiritual esta saudação: “Que as rosas floresçam em vossa Cruz!”.
Assim também, em todas as reuniões da Fraternidade Rosacruz, em todo o mundo, os Estudantes, Probacionistas e Discípulos são saudados e se saúdam de igual maneira e todos lhe respondem: “Na vossa também”.
Das doze Hierarquias Criadoras que ajudaram o ser humano na sua evolução, cinco já se libertaram dessa missão sublime; as outras sete continuam na Sua nobilíssima tarefa de amparar e guiar o ser humano na sua jornada, estando simbolizadas nas sete rosas sobre a Cruz. E assim como as referidas Hierarquias são a expressão do Macrocosmos, assim também o Microcosmo está simbolizado por nós, o Ego, dirigindo as nossas atividades para fora, através dos sete orifícios visíveis do Corpo Denso. As cinco Hierarquias que terminaram a Sua missão e retiraram-Se estão simbolizadas na estrela dourada de cinco pontas e nos cinco orifícios parcialmente cerrados do nosso Corpo Denso: os mamilos, o umbigo e os canais de excreção.
A CRUZ BRANCA simboliza a vida dedicada do servidor da humanidade. Na forma em que tem uma rosa apenas, no centro, simboliza o Espírito irradiando de Si mesmo o quádruplo corpo, isto é, o Corpo Denso ou de carne e ossos, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente, de onde o Ego, o Espírito, fiscaliza os Seus instrumentos e chega a ser o Espírito humano que mora internamente. Em Épocas anteriores não existia essa condição.
O Tríplice Espírito então flutuava sobre os seus veículos, nos quais não podia entrar. Quando a Cruz se erguia sozinha, simbolizava a condição existente no primeiro terço da Época Atlante. Houve ainda um tempo no qual o madeiro superior da Cruz faltava e a constituição humana era representada pela letra hebraica Tau (T), que sucedeu no tempo da Época Lemúrica, quando o ser humano tinha apenas o Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos, faltando-lhe a Mente.
A natureza animal predominava nessa Época. Em Época ainda mais remota, a Hiperbórea, faltava o Corpo de Desejos e o ser humano possuía unicamente o Corpo Denso e o Corpo Vital. Então o ser humano, em potência, era como as plantas: casto e sem desejos. Não podia ser representado por uma Cruz e por esse motivo o símbolo era um pilar ou coluna, como a letra “I”.
Esse símbolo foi considerado fálico, um emblema da geração. Esse pilar é hoje representado pelo madeiro inferior da Cruz, emblemático do ser humano em potência, quando era semelhante a uma planta. A planta não tem paixão nem desejos e, por conseguinte, é inocente. O falus e o lone, imagens dos órgãos masculino e feminino, usados nos templos de mistérios da Grécia, foram dados pelos hierofantes; nesse sentido e sobre os pórticos dos templos, foram colocadas as palavras: “HOMEM, CONHECE A TI MESMO”. Palavras que, quando bem compreendidas, são semelhantes aos Ensinamentos Rosacruzes e mostram a razão da “queda do homem” no desejo e no pecado, dando a chave da sua liberação da mesma forma que as rosas sobre a Cruz indicam o caminho da emancipação. Através do “conhecimento” de Eva, Adão “caiu” e perdeu a sua consciência dos Mundos invisíveis. Não achará outra vez essa interna percepção das esferas celestes até que tenha aprendido de novo, em uma espiral mais elevada, como criar de si mesmo usando a sua força criadora e total à vontade. Então se conhecerá outra vez.
Através dos tempos o ser humano usou várias cruzes: a cruz latina, a TAT ou cruz grega, a TAU ou cruz hebraica, a cruz ANSATA ou egípcia (cruz com asa ou círculo por cima), a cruz céltica, a cruz de Lorena, a cruz papal, a cruz do Calvário, a cruz Suástica ou gamada, a cruz de Santo André, a Cruz de Malta, a cruz em forma de trevo. A cruz Ansata foi o mais antigo símbolo da Maçonaria egípcia, instituída pelo Conde Cagliostro, e significava imortalidade. A asa colocada no topo superior da cruz Ansata apresenta duplo significado: como símbolo mundano era um atributo de ISIS, uma imagem da Lei; como símbolo da imortalidade era usado sobre o peito das múmias; uma eternidade sem princípio nem fim que desce sobre o plano da natureza material e, logo, emerge dele.
A cruz do Calvário encontra-se sobre três degraus, sendo o maior a base; o segundo, ligeiramente mais estreito; e o terceiro, sobre o qual descansa a cruz, menor ainda. Esses três degraus representam os três primeiros graus da Maçonaria, os passos necessários para se chegar a ser um Mestre Maçon. Recordam-nos os três dias entre a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo, aqueles três dias que significaram setenta e duas horas, que representam o número nove, do qual é dito que representa a humanidade atual. Os três degraus também simbolizam o Deus Trino: Pai, Filho, Espírito Santo, além dos três aspectos da Divindade: Vontade, Sabedoria, Atividade.
A Cruz em forma de folha de trevo é a base do emblema Rosacruz. É uma cruz branca e brilhante, tendo três semicírculos nos extremos de cada madeiro. Esses doze semicírculos no emblema Rosacruz simbolizam as doze Hierarquias que Se manifestaram no início da Criação, têm os mesmos nomes dos Signos do Zodíaco e ajudaram o ser humano em seus esforços para governar o seu quádruplo veículo. No centro da cruz está a Rosa pura e branca, simbolizando o coração do Auxiliar Invisível. É o sinal da PURIFICAÇÃO.
No serviço que se lê à tarde no Templo de Cura, exceto por ocasião da Lua Nova e da Lua Cheia, dão-se os passos mais diretos para se alcançar essa realização: “O amor (…) não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não busca os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a Verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
Suspensa na cruz está uma coroa de sete rosas vermelho-sangue, imaculados receptáculos da semente da roseira e livres de paixão, emblemas da força geradora, purificada e elevada. Como a vida do ser humano está no sangue, vivendo uma vida de Serviço, dedicado, e ao mesmo tempo desinteressado, aos outros, cada um de nós pode transmutar as forças vitais e impuras em força criadora e pura do Espírito de Vida, alcançando assim o mais elevado estado humano. As sete Rosas sobre a cruz também significam os sete passos que deve dar o Aspirante no caminho estreito.
A primeira rosa significa a Clarividência e a Clariaudiência; no desenvolvimento dessas faculdades é essencial o poder de observação. Essas duas Faculdades desenvolvem-se na ação positiva, na qual o Aspirante quer “ver e ouvir claramente”.
A segunda rosa significa a Profecia e para desenvolver essa última usa-se o discernimento. Cristo disse: “E muitos falsos Profetas se levantarão e enganarão a muitos”[1]; “Porque se levantarão falsos Cristos e falsos Profetas e darão grandes sinais de prodígios, tais que, se fora possível, até enganariam os escolhidos”; “E então aparecerá o sinal do Filho do Homem que virá sobre as nuvens com toda a pompa e glória”[2].
A terceira rosa é a da Pregação e do Ensino da Verdade. Esse é o primeiro dos mandamentos do Senhor: “Pregai o Evangelho”[3]. Ou seja, “pregai a verdade por Mim ensinada”. A maneira mais direta de pregar a verdade é deixar que a nossa vida seja um exemplo constante dessa Verdade.
A quarta rosa é a Rosa da Cura. Este é o segundo mandamento: “Curai os enfermos”[4]. Antes que possamos chegar a ser um Auxiliar Invisível e ajudar na cura dos enfermos, devemos mostrar merecimento, manifestando-nos como auxiliares visíveis.
A quinta rosa é a da Expulsão dos Demônios. Há numerosas passagens nas Escrituras Sagradas que mencionam esse fato. No Livro Conceito Rosacruz do Cosmos o leitor é advertido de que deve ter muito cuidado com a maneira de prestar esse serviço. Cada um dos que se prestam a expulsar os demônios deve estar bem armado em nome de Cristo, antes de se aventurar a fazer esse melindroso trabalho. Alguns historiadores profanos disseram que Maria Madalena estava possuída por sete demônios e que, depois que esses sete diabos foram lançados para fora dela, deixando-a novamente livre, ela voltou a ser uma nobre mulher.
A sexta rosa é a da Pronunciação da Palavra de Poder, expressando os três aspectos da Divindade, falando (ação) com o poder (vontade) da palavra (sabedoria). Quando o Aspirante alcança esse ponto de desenvolvimento no caminho da Iniciação, ele aprende a invocar a manifestação da Divindade e a falar em seu NOME.
A sétima rosa é a do Poder de Ressuscitar os mortos, isto é, os adormecidos no esquecimento da Divindade. Cristo afirmou: “Em verdade vos digo que aquele que crê em Mim fará as obras que eu faço e ainda maiores, porque Eu vou a meu Pai”[5].
Na História Sagrada, é São Pedro o único depois de Cristo de quem se diz que ressuscitou mortos: “Havia em Jope uma discípula chamada Tabita, ou Dorcas. Esta estava cheia de boas obras e de esmolas que fazia. Mas Pedro, lançando fora a todos, pôs-se de joelhos e orou; voltando-se para o corpo disse: ‘Tabita, levanta-te!’. Ela abriu os seus olhos e, vendo Pedro, assentou-se. Fez-se isto notório em Jope; e creram muitos no Senhor”[6].
O Aspirante sabe também que pode ser ressuscitado da morte da sua antiga vida para se levantar e viver uma vida nova, na consciência da sua unidade com Deus, em Quem vivemos, movemo-nos e temos o nosso ser. O centro da cruz irradia a estrela dourada de cinco pontas, uma das quais se dirige para cima. Essa estrela simboliza o Manto Dourado Nupcial – o Corpo-Alma – que todos nós, seres humanos, estamos tecendo para nós mesmos, com os nossos pensamentos amorosos e ações bondosas.
A Estrela é dourada por ser essa a cor do ouro, a mais parecida com a irradiada pelo Amor Crístico, O qual deve ser o motivo das nossas ações. O amarelo é símbolo do segundo aspecto da Divindade, o Filho ou Cristo; no entanto, dado que o ser humano de hoje não pode manifestar o amarelo puro do Amor de Cristo, esse se expressa no alaranjado do ouro. O Corpo-Alma ou Veste Dourada de Bodas deve ser desenvolvido antes que o Cristo interno possa nascer.
Por detrás da Estrela e da Cruz está o campo azul, símbolo do Espírito Puro, assim como o céu azul é um símbolo do Caos do qual procedeu a Manifestação. Essa cor simboliza o primeiro aspecto da Divindade, o Pai. Cristo disse que devia atrair todas as coisas para Si e que podia, então, entregar o Reino ao Pai.
Quase nada sabemos a respeito desse Reino e, como o pouco que sabemos vem por meio dos Seus ensinamentos, o azul está mesclado de amarelo, não sendo azul puro, mas azul-turquesa, altamente translúcido e vibrante de vida. O vermelho das rosas é o símbolo do Terceiro aspecto da Divindade e é a única cor pura que é mostrada no símbolo Rosacruz.
Portanto, o Símbolo Rosacruz é um símbolo da nossa evolução passada, da nossa presente constituição e do nosso futuro desenvolvimento, junto ao método de realização.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross; traduzido e publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1969)
[1] N.T.: Mt 24:11
[2] N.T.: Mt 24:30
[3] N.T.: Mt 16:15 e Mc 16:15
[4] N.T.: Mt 10:8
[5] N.T.: Jo14:12
[6] N.T.: At 9:36-42
Antes de elencarmos as Hierarquias Criadoras, vamos conceituá-las de acordo com os Ensinamentos Rosacruzes. Também conhecidas como Jerarquias Criadoras, Hierarquias de Seres Espirituais, Hierarquias de Seres Celestiais ou Hierarquias Divinas. Elas são ondas de vida tão evoluídas como a nossa, mas a grande maioria muita mais evoluídas do que a nossa.
Ao nível do 2º até o 6º Plano Cósmico são descritas como Seres de indescritível esplendor, que se diferenciam mais e mais conforme vão se difundindo através dos vários Planos Cósmicos.
Ao nível do 7º Plano Cósmico, também são denominadas Hierarquias Zodiacais. Nesse Plano Cósmico são o fruto de passadas manifestações do Deus de um Sistema Solar e, também, de outras Inteligências, em graus decrescentes de desenvolvimento que chega a incluir as que não alcançaram um estado de consciência tão elevado como o de nossa humanidade atual.
No atual Dia de Manifestação há doze Hierarquias Criadoras ou Zodiacais atuando nesse atual Esquema de Evolução. E começamos no Período de Saturno com essas doze grandes Hierarquias Criadoras ativas no trabalho da evolução.
Dessas doze, as duas primeiras Hierarquias que não têm nome, mas referem-se a onda de vida de Áries e de Touro, executaram alguns trabalhos no início. Não há informação sobre o que fizeram nem se fala coisa alguma sobre elas, salvo que agiram livre e voluntariamente retirando-se, depois da existência limitada, para a libertação:
No início do atual Período, o Terrestre, mais três Hierarquias Criadoras também se retiraram, depois da existência limitada, para a libertação: os Senhores da Chama, os Querubins e os Serafins
Assim, atualmente, temos sete Hierarquias em serviço ativo no atual Período Terrestre:
Colocando tudo isso em um único diagrama temos o Diagrama 9 dá uma ideia clara das doze Hierarquias Criadoras e de seus estados.
Para compreender detalhadamente as atividades, atribuições e participação de cada uma dessas Hierarquias Criadoras no atual Esquema de Evolução estude com atenção e profundamente o Capítulo VIII – A Obra do Evolução no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos.
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Transmutando Quadraturas em Trígonos
O Ser Supremo se manifesta em Seu Aspecto tríplice como FORÇA, PALAVRA e MOVIMENTO, que correspondem à Vontade, Sabedoria e Atividade do Deus do nosso Sistema Solar, respectivamente. A Trindade, unidade perfeita, o Deus Trino, é representado astrologicamente pelo Trígono. Deus, a Palavra Criadora, falada ou transformada nos seres dos diferentes mundos com suas infinitas formas, formas essas copiadas e moldadas em detalhes pelas Hierarquias Criadoras emanadas Dele. Essa criação ainda continua. A partir da atividade, matéria em movimento e força em ação temos a Quadratura astrológica.
A abordagem mais próxima que temos de um símbolo visível de Deus é o Sol, globo de luz e vida. Seus mensageiros e assistentes são as Inteligências espirituais nos Planetas, nas estrelas fixas das constelações e no Zodíaco. Na imensidão e esplendor do nosso Sistema Solar podemos ler a Palavra de Deus, guiando o ser humano como um Deus em formação no seu caminho evolutivo em direção à perfeição, da impotência à onipotência, do Espírito Virginal para uma Inteligência autoconsciente, espiritual e criadora.
As grandes Leis de Renascimento e de Consequência explicam, da maneira mais satisfatória e iluminada, a razão e o método da longa peregrinação do espírito através da matéria. Isso pode ser comparado a um período de treinamento e a uma escola. A vida é uma escola cujo propósito, fim e objetivo não é brincar, mas sim trabalhar, aprender lições, ganhar experiência, conhecimento e sabedoria para que possamos melhorar e avançar para os campos mais altos do nosso esforço. Nossa vida atual pode ser comparada a uma aula dessa escola. Quando voltamos das férias, nossa estada nos Mundos superiores, recomeçamos de acordo com o nosso aproveitamento anterior.
O horóscopo calculado para o momento da nossa primeira respiração constitui o nosso relatório da encarnação precedente, com boas e más notas. É certificado do nosso caráter anterior, que precisa ser melhorado ou não, de acordo com nossa escolha.
Os Anjos do Destino, representados no horóscopo pelos ângulos, consideram nossas piores notas, como Aspectos adversos, a Quadratura e Oposição. Nos lugares do mapa em que esses Aspectos aparecem sabemos que indicam fraqueza, deficiência ou quebra das leis da Natureza.
A Quadratura mostra forças desarmônicas, produzindo dor e sofrimento. Impele-nos a adotar novas condutas, a retraçar nossos passos e a corrigir nossos erros.
Uma Quadratura corresponde a 1/4 do círculo de 360 graus, ou seja, 90 graus.
A Oposição corresponde à metade de 360 graus. Isto é, 180 graus. Reduzindo a unidades numerológicas (360=3+6+0, 90=9+0, 180= 1+ 8+0) cada uma representa o número 9, número da Terra e o “número do homem” – número da humanidade no atual e incompleto estágio da evolução.
O Trígono constitui o triângulo do mérito, demonstrando boas qualidades de caráter e boas oportunidades adquiridas. O Trígono no nosso horóscopo representa, na verdade, que já trabalhamos duro nessa área.
Devemos lembrar-nos que as assim denominadas boas e más configurações não ocorrem ao acaso ou por sorte; são ambas o produto de nossos próprios atos voluntários no passado. De acordo com a imutável Lei de Consequência, nada vem até nós que não mereçamos, nada colhemos que não tenhamos semeado, seja bom ou mau. Todas nossas tentativas de fuga são inúteis, embora possamos passar por várias vidas até que o destino esteja maduro. Não se trata de retaliação, castigo ou retribuição, apenas a ação eterna da justiça.
Qualquer erro ou injustiça que tenhamos cometido necessita ser corrigido. As estrelas mostram pormenorizadamente a época em que o débito é devido. O pagamento precisa ser feito. Fugir disso está além de nossas forças. Mas entendamos como um todo, que embora exista um certo destino do qual não podemos escapar, temos a oportunidade de utilizar nosso livre arbítrio para modificar causas que já estejam em andamento. Oportunidades para o bem, para melhoria, para o autocontrole e para o serviço são colocadas à nossa frente, uma a uma, em sucessão ordenada. Entretanto, como nós, espíritos livres e independentes, iremos encontrá-las não pode ser determinado de antemão. Podemos até não as perceber como oportunidades. Podem desaparecer antes mesmo que notemos suas possibilidades.
Quando iniciamos o maravilhoso estudo da ciência esotérica denominada Astrologia, às vezes, nos desencorajamos e nos tornamos impacientes. Parece-nos que tão vasta quantidade de conhecimento nunca poderá ser captada pela nossa frágil Mente. Mas, a firmeza, a persistência paciente e a determinação serão finalmente recompensadas. Então a chave dos céus nos será dada.
Quando essa chave, esse conhecimento astrológico, nos é dado, o que fazer com ele? Poderíamos dizer: “Usá-lo em favor da humanidade”. Mas o que realmente significa isso? Uns poderiam dizer: “Já tenho muito o que fazer como posso ajudar os outros?” Outro dirá: “Meus problemas me sufocam, não estou bem, tudo dá errado. Quando mais faço ou tento, mais as coisas pioram. Estudei meu horóscopo e tenho tantas Quadraturas que não vejo esperança para mim”.
Lógico que há esperança. Volte ao seu mapa. Vá ao silêncio do seu coração e comece a analisar a si próprio. Adote uma firme resolução para mudar a parte desagradável da sua disposição, elimine o medo, a dúvida e a suspeita. Eleve seu coração em prece. A luz interna começará a surgir e você verá mais claramente. Inicie então um processo sistemático e contínuo para evitar as faltas mais evidentes e que tornam infelizes seus semelhantes.
Você poderá dizer: “Mas, são os outros que com suas atitudes e temperamento difícil tornam minha vida mais dura”. Não importa. Lembre-se que a Lei de Causa e Efeito os trouxe até você. Preste atenção a si mesmo. Não tente mudar os outros até que você tenha melhorado você mesmo.
Procedendo assim, sua conduta, seu comportamento e a luz que brilhará em você, reagirão sobre os demais e a pouco e pouco a atmosfera carregada de discórdia se clareará. Aí você entenderá melhor seus irmãos e suas irmãs. Dessa maneira, você terá o que de melhor se pode obter de suas Quadraturas astrológicas e fará, do seu assim chamado horóscopo ruim, um frutífero e abençoado modelo de vida.
Agora finalmente você chegou ao ponto no qual, por meio do seu conhecimento astrológico e da demonstração pessoal do seu valor prático na vida diária, você poderá confortar e auxiliar aqueles que estão lutando para encontrar a luz.
Use sua Astrologia Rosacruz para esse propósito.
A força mais poderosa no universo é o AMOR. O amor casado à razão, as faculdades da Mente inteligentemente dirigidas, corpo e espírito, estão transformando o mundo em outro Jardim do Éden. Com o poder da imaginação e com a faculdade da intuição construa para si mesmo ideais de paz, beleza e harmonia. Siga-os com pensamentos puros e reto viver. Então acrescente energia a esses ideais com um intenso sentimento de compaixão para a humanidade.
Dessa forma, as Quadraturas do seu horóscopo serão transformadas e terão o poder dos Trígonos.
(Por H. Petito publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP de julho-agosto/1993)
A Finalidade da Vida Humana aqui
Ensina, a Sabedoria Ocidental, que a vida é um constante “vir a ser”. São Paulo afirmava que “morria todos os dias”. Concluímos que o ser humano de hoje não é o mesmo de ontem, e o de hoje não será o mesmo de amanhã, porque esse já o terá ultrapassado, apesar de todas as aparências em contrário.
Há um princípio ativo na vida que determina: “nada se perde e tudo tende para melhor”. Esse princípio tem dois aspectos que designamos como evolução e transfiguração. Evolução, (do Latim “Evolutio” = abrir) é o processo de pôr para fora aquilo que está contido ou implícito em alguma coisa. Transfiguração (ato de transfigurar) significa mudar a forma, modificar para melhor a figura ou a aparência, tal como se deu com Cristo-Jesus no “Monte”.
Podemos admitir que a Evolução leva à Transfiguração gradativa, para a mudança de condições requeridas ao final de cada Época, Revolução e Período, capacitando-nos a ingressar e viver sob novas e futuras condições.
Até a primeira metade do Período Terrestre, em que atualmente evoluímos, o ser humano era guiado, ou levado ao desenvolvimento, pelas mãos e orientação de Grandes Hierarquias, delas recebendo os germes dos vários veículos que deveria formar e aperfeiçoar, em seu esforço de expressão nos vários mundos ou planos.
No primeiro Período, o de Saturno, o ser humano, Ego, encerrado em condições que lhe toldavam completamente a consciência de sua origem divina, recebeu o germe de seu corpo químico, o Corpo Denso. No segundo Período, o Solar, envolvido ainda mais em véus de veículos que obscureciam sua consciência espiritual, recebeu o germe de seu corpo etérico ou Corpo Vital. No terceiro Período, o Lunar, envolto em mais uma capa, a do corpo emocional ou Corpo de Desejos, cujo germe então recebeu, se distanciou ainda mais de sua origem divina. Nesse processo de aquisição e envoltura dos germes dos veículos o ser humano foi desenvolvendo sua consciência exterior. Assim, paralelamente, foram sendo despertados nos Egos determinados graus de consciência correspondentes aos que hoje possuem três Reinos inferiores de vida em evolução na Terra:
Lembramos que no decorrer de toda essa trajetória, tais germes foram sendo trabalhados, adaptados e desenvolvidos, de modo a poderem suportar novas e diferentes condições e tornarem-se melhores no período seguinte. Assim, o germe do Corpo Denso, dado ao Ego no Período de Saturno, como germe, foi por ele melhorado inconscientemente, com ajuda das Hierarquias, através desse Período e dos posteriores, já citados, o mesmo acontecendo com os demais germes. Presentemente, vemos o fruto desse trabalho, expresso num Corpo cuja perfeição maravilha nossos cientistas. Igualmente temos defesas e recursos vitais e sensoriais (Corpo Vital) notáveis, a ponto de os médicos reconhecerem que eles apenas ajudam, mas que o organismo é que realmente realiza tudo numa cura ou recuperação. Temos sentimentos elevados; o altruísmo, graças a Deus vai crescendo no mundo. Eis a revelação incontestável da evolução germinal de nossos veículos. O Corpo Denso por ser o mais antigo, é o mais aperfeiçoado, seguindo-se, em ordem, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos.
A Fraternidade Rosacruz dedica especial atenção ao desenvolvimento dos diferentes veículos notadamente do Corpo Vital, porque o ser humano deve aprender a espiritualizar seus corpos, através dos diversos renascimentos, em corpos gradualmente mais refinados, até abandoná-los definitivamente, levando a capacidade de criar e de funcionar nesses veículos e planos.
Até meados da Época Atlante, no presente Período, o Ego se veio envolvendo em graus de consciência cada vez mais densas, culminando com a matéria física. Esse envolvimento é designado, na Filosofia Rosacruz, como involução, envolvimento ou enrolamento. Tudo que é envolvido por alguma coisa não demonstra sua forma ou natureza original. À medida que vamos tirando os vários envoltórios começamos a ter uma concepção de sua real natureza, até que, ao tirar-lhe o último dos envoltórios, ficamos sabendo de sua origem. Assim é o Ego ou o ser humano real. Como Ego, veio se envolvendo, inconscientemente, com ajuda de exaltados Seres, em sua Involução. Chegou o tempo em que, com ajuda de seu último instrumento, a Mente, cujo germe lhe foi dado na Época Atlante, ele atingiu a consciência de si mesmo e passou a trabalhar, sozinho, na evolução de seus corpos, para sua transubstanciação, espiritualização e retirada gradual desses envoltórios que obscurecem a Luz e a Consciência. A Filosofia Rosacruz mostra que chegou o momento da luz interna brilhar um pouco mais. O ser humano deve expandir sua consciência. E essa expansão será possível por meio de um trabalho definido, que atua sobre o Corpo Vital. Note-se bem: um trabalho definido, peculiar, que atua sobre o Corpo Vital. Quer dizer que essa tarefa não deverá ser feita diretamente sobre o Corpo Vital, senão indiretamente. Ainda mais: a pessoa que a executar definidamente, não deve pensar em seu autoaperfeiçoamento, isto é, um particular esforço de melhorar seu Corpo Vital. Não! Ele é ensinado a fazer essa tarefa sem esperar recompensas e mediante o serviço ao próximo. A Sabedoria Ocidental, exposta por Max Heindel (fundador da Fraternidade Rosacruz) em a obra básica “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, como nas demais obras complementares, diz que o Aspirante à vida superior deve executar o “Serviço sincero, amoroso e desinteressado aos demais”. E por “demais” quis ele significar não apenas os “semelhantes”, os “seres humanos”, senão os demais reinos da Natureza. É o mesmo sentido dado nos Evangelhos ao “amar o próximo como a nós mesmos”.
Até os estágios de consciência de sono profundo e de sono sem sonhos, não houve uma palavra-chave para superar os obstáculos que se interpunham ao ser humano, a fim de facilitar-lhe a passagem de um a outro Período. Foi somente nas Épocas que precederam a atual para o conseguimento de uma condição que lhe possibilitaria passar para o Período seguinte.
Este Período, o Período Terrestre, está dividido em Épocas, que são reproduções ou recapitulações melhoradas do trabalho executado pelo ser humano em Períodos anteriores, sob orientação das Grandes Hierarquias. Diríamos, comparativamente, que os períodos equivalem a um ano de trabalho e as Épocas a 24 horas ou um mês de trabalho.
A Época Polar (a primeira) equivale, em ponto menor, ao Período de Saturno;
A Época Hiperbórea (a segunda) equivale, em ponto menor, ao Período Solar;
A Época Lemúrica (a terceira) equivale, em ponto menor, ao Período Lunar;
Nessas Épocas recapitulamos o trabalho dos Períodos correspondentes. Somente na quarta Época, a Atlante e a subsequente, a Época Ária atual, é que realmente começou o trabalho propriamente dito, do Período Terrestre.
Voltando à questão das palavras-chave, a Filosofia Rosacruz nos ensina que nas primeiras Épocas (a Polar e a Hiperbórea) predominava a inconsciência e, por isso, não houve palavras-chaves. A partir da Época Lemúrica, passou a humanidade a desenvolver a consciência onírica ou subconsciente. As Hierarquias Criadoras iniciaram, então, o processo de nos dar uma palavra-chave, ou seja, uma Religião ou meio de desenvolvimento, uma condição que nos auxiliasse na caminhada para a perfeição. Essa palavra-chave que nos auxiliaria a transpor a Época Lemúrica para a Atlante nos foi ensinada pelos Líderes da humanidade por meio de quando renascíamos como mulheres de então, mais receptivas. Eis como foi ensinada: “Você tem um corpo”. Chamava, pois, nossa atenção, para a existência de um Corpo Denso, tangível, do qual não tínhamos consciência, porque estávamos focalizados nas esferas da vida subjetiva. Essa frase nos foi repetida milhões de anos, seguidamente, até passarmos para a quarta Época, a Atlante. Nessa Época, a palavra-chave ensinada pelas Hierarquias Criadoras tinha dois sentidos: um esotérico (oculto) e o outro exotérico (exterior material). A palavra-chave era: “Aspire a Luz”. O sentido exotérico correspondia ao interesse que começava a delinear-se em nós: o desejo de mais luz, pois habitávamos as profundidades da Terra, os vales, as cavernas, os grotões, onde a neblina espessa, quase água, a tudo e a todos envolvia num triste véu cinzento sob o qual o sol nos aparecia como um foco indefinido e nebuloso, semelhante à lâmpada da rua em dia de forte neblina. Pelo interno desejo de mais luz, ouvíamos, então, interessados, a palavra-chave, pronunciada pelos Líderes da Humanidade. À medida que aspirávamos a luz, íamos subindo em direção aos altiplanos e mesetas da Terra, onde a luz solar era mais visível. Nesse esforço de ascensão fomos gradativamente mudando nossas condições respiratórias, das primitivas, por guelras ou brônquios semelhantes às dos peixes e desenvolvendo pulmões. Essa é a razão porque a ciência supõe que a vida humana evoluiu da água. Notemos também: o desenvolvimento dos pulmões e a construção das costelas, apoiadas no osso externo é o significado do símbolo “arca de Noé”, na qual os mais adiantados puderam passar para a atual Época Ária.
É racional e lógico: atualmente não podemos fugir à regra sobre a necessidade de uma palavra-chave indicativa do exercício ou método para enfrentarmos a sexta Época, chamada na nomenclatura Rosacruz de a Nova Galileia. A Filosofia Rosacruz nos ensina que os Líderes da Humanidade, embora agora trabalhando indiretamente, chegaram à conclusão de que, para vencer este ponto perigoso de cristalização e existência material, só poderíamos evoluir com interferência direta, com uma ajuda especial. Essa ajuda tornou-se efetiva pela vinda de Cristo, encarnado no corpo de Jesus de Nazareth por três anos. Somente após os efeitos da purificação levada a efeito por Cristo no Planeta Terra nos foi possível atingir condições internas para aspirar e praticar a nova palavra-chave salvadora. Cristo é realmente o salvador da humanidade. Ele nos mostrou que o trabalho de Transfiguração, correlato do processo evolutivo, começou após as mudanças internas que sua vinda processou na Terra e em nós.
A palavra-chave está contida no Cristianismo Esotérico, particularmente no Cristianismo Rosacruz, para todo aquele que desejar praticá-la. Hoje, o êxito não depende do pronunciamento, isto é, do fato de ouvir-se ou de pronunciar-se passivamente determinada frase, como em Épocas anteriores. Antigamente era assim, em razão de nossa vivência subconsciente. Agora são-nos dados métodos ou disciplinas que deverão ser por nós vividos. Daí o dizermos ao Estudante Rosacruz que ele deverá ser um “sacrifício vivente”, que deverá realmente “viver a vida”, a fim de que as capas que envolvem sua Luz possam pouco a pouco serem removidas, ou melhor, transfiguradas, para formação de um novo veículo.
Conforme dissemos atrás, a palavra-chave a ser vivida neste fim de Época e início de idade preparatória da futura Sexta Época, está contida no “Novo Testamento”, sob a forma inédita de um conjunto de regras ou disciplinas, ensinadas e vividas por Cristo, fundamentadas no Amor. Essas regras ou disciplinas fundamentadas no amor impessoal são, em síntese: “Amai ao próximo como a vós mesmos”, isto é, com o mesmo interesse que temos por tudo que nos possa beneficiar ou agradar. Amar é uma ação, uma atividade. Portanto, a palavra-chave para Época atual não é uma fórmula mágica a ser recitada, senão uma atividade a ser executada com renúncia e amoroso interesse, para benefício do próximo.
Tal atividade tem dois polos: subjetivo, oculto, invisível e o objetivo, visível, externo. Na esfera subjetiva e oculta, processa-se o desenvolvimento silencioso por meio da meditação, da atenção, da vigilância interna, mental e sentimental, no aperfeiçoamento da capacidade de serviço ao próximo. Em resumo, é a prática do domínio próprio, por amor, isto é, para melhor servir, pois estamos aprendendo a nos dominar, não para tirar vantagens pessoais de engrandecimento ou poder, mas para adquirir mais qualidade no serviço ao semelhante. A prática dessa ação amorosa e subjetiva é fundamental. Sem ela, o polo objetivo, externo, se inutiliza porque ficará restringido, limitado, às expressões puramente humanas e sujeito quase sempre aos juízos antecipados, à impaciência, aos temperamentos, gostos, preferências, tendências e comodismo. Realizada a ação subjetiva, então, o verdadeiro “Eu”, o “Superior”, poderá espelhar-se, expressar-se numa ação externa eficiente, justa e amorosa. De fato, como pode o Aspirante à vida superior servir objetivamente ou praticar a caridade se ainda está sujeito às fraquezas humanas? É o caso do cego dirigindo outro cego. Por isso insistimos na necessidade da ação subjetiva fundamental. Sem ela a ação externa e objetiva não pode ser positiva, constante, bem orientada. Ademais, esse preparo interior, representado pelo domínio próprio, em última análise é o processo do conhecimento próprio.
Para amar, cristãmente falando, é necessário um aprendizado. Isso pode causar estranheza e suscitar uma pergunta: “para amar é necessário preparo?”. Respondemos: sim. No ato ou atividade amorosa, o executante não escapa, por força da lei, ao fator responsabilidade. As consequências de um relacionamento imperfeito resultam sempre em desagradáveis e até funestos.
Por isso, como qualquer outra atividade, a amorosa requer um aprendizado, perfeitamente delineado pelo Mestre, que afirmou: “Buscai, primeiramente, o Reino de Deus e Sua Justiça, e tudo o mais te será dado por acréscimo”. Esse acréscimo quer dizer: todos os nossos desejos, intenções se realizarão, inclusive a aspiração de bem Servir, segundo a disciplina de “Buscai o Reino de Deus…”. Mas, pergunta-se: “onde está o Reino de Deus?”. Novamente o Mestre responde (pois nada ele deixou em lacuna): “O Reino de Deus está dentro de vós”. Essa frase do Senhor equivale ao dito que lhe foi anterior: “Homem, conhece-te a ti mesmo”. É também correlata ao domínio próprio, à atividade subjetiva a que o Aspirante deve submeter-se para que, amando sabiamente, possa realmente servir aos semelhantes. Concomitantemente, pois, à prática do serviço amoroso e desinteressado, deve o Aspirante exercitar o serviço de introspecção, de análise de suas razões, de seus motivos, de seus impulsos, de seu temperamento, de suas tendências, a fim de que adquira eficácia e firmeza em seu modo de agir. Um médico não pode curar sem primeiramente submeter-se a longo preparo teórico e prático. Da mesma forma porque a lei é a mesma em qualquer atividade – deve o Aspirante Rosacruz exercitar-se longa, paciente, perseverante e cuidadosamente, para conquistar uma visão mais ampla e clara do objeto de seu amor: isso remete-o ao conhecimento próprio.
Portanto, a palavra-chave, para estes tempos prestes a findar-se, é: Serviço amoroso e desinteressado aos demais. Por meio dessa prática, tal como aconteceu nos dias de Noé, quando a humanidade desenvolveu pulmões para poder viver num ambiente em que predominava a adversidade, a luz solar e o oxigênio, pondo plenamente em prática uma aspiração com características materiais, assim também nós, a atual humanidade, deveremos formar uma réplica luminosa, etérica, de nosso Corpo Denso; uma forma bem mais sutil, mais perfeita, um “glorioso refúgio”, que será a “soma psuchicon” mencionado por São Paulo Apóstolo, o Corpo-Alma, o dourado manto nupcial da união do “eu inferior” com o “Eu Superior”, dentro do ser humano.
(De José Gonçalves Siqueira, publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro de 1968)