Almas perdidas ou atrasadas na evolução?
Não existe, absolutamente, nenhum fundamento que justifique a ideia generalizada a respeito de “almas perdidas”. Não há, na Bíblia, uma só palavra que exprima a ideia a que todos nos habituamos sobre eternidade com o sentido de para sempre. A palavra grega aionian significa “um período indefinido de tempo”, “um longo período de tempo” e, quando lemos na Bíblia as palavras “eternamente” ou “para sempre”, deveríamos interpretá-las como “pelos séculos dos séculos”. Além disso, como é uma verdade que “em Deus vivemos, movemos e temos o nosso ser”, uma alma perdida seria o mesmo que se tivesse perdido uma parte de Deus e isto não é possível!
Desde que escrevi a lição anterior ocorreu-me outro ponto que mostrará como a perda de um período de anos está relacionada ao próximo período, sendo até mesmo compreendida por ele. Lembremos que no Período Lunar desse atual Esquema de Evolução que espíritos lucíferos não puderam achar campo para a sua evolução no presente esquema de manifestação.
Os Arcanjos habitam o Sol; os Anjos têm a seu cargo todas as luas; porém os espíritos de Lúcifer foram incapazes de residir em qualquer desses luminares. Não podiam ajudar a geração pura e desinteressadamente como fazem os Anjos, mas atuavam sob o império do desejo, da paixão vil e egoísta, pelo que foi necessário separá-los dos seus irmãos mais adiantados e fixá-los num lugar apropriado às suas condições.
O ambiente que necessitavam era o de Marte, a quem os antigos astrólogos atribuíram o poder sobre o signo zodiacal de Áries, o Carneiro, que tem domínio sobre a cabeça dos seres humanos — convém recordar que o cérebro foi construído com as energias subvertidas dos órgãos sexuais —, o que comprova que aquele planeta exerce igualmente o seu domínio sobre o signo zodiacal de Escorpião, o regente dos órgãos da reprodução. Carneiro é a primeira casa do horóscopo, regendo o começo da vida; Escorpião é a oitava casa do horóscopo, a que nos fala da morte. Em tudo isso está contida uma lição, ensinando-nos que tudo aquilo que foi gerado pelos desejos vis é chamado à dissolução, à morte.
Assim, pois, Marte é, esotérica e astrologicamente, o que se chama de diabo e Lúcifer, o mais notável dos Anjos caídos, é realmente o adversário de Jeová, quem dirige o poder fecundante do Sol por meio da ação lunar. Todavia, os espíritos de Lúcifer estão ajudando a nossa evolução. Deles recebemos o ferro que, por si só, torna possível a vida em uma atmosfera oxigenada. Foram e continuam sendo os agitadores das forças que impulsionam o progresso material e, por isso, não temos o direito de os anatemizar. A Bíblia tacitamente nos proíbe ultrajar os deuses. O próprio apóstolo Judas declara que mesmo o Arcanjo Miguel não se atreveu a denegrir Lúcifer — Porém o Arcanjo Miguel, quando, lutando contra o diabo, disputava o corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo blasfemo, mas disse: ‘Repreenda-te o Senhor’. E no livro de Jó vemos Lúcifer como um dos filhos de Deus. O seu embaixador na Terra, Samael, é o Anjo da morte, representado pelo signo zodiacal de Escorpião, mas também é o anjo da vida e ação, simbolizado pelo Carneiro: a vida que desabrocha.
Se não fossem os impulsos marcianos, agitadores e belicosos, talvez não sentíssemos as aflições tão ao vivo como sentimos, mas também não poderíamos progredir na mesma proporção e é seguramente melhor “gastar-se ao criar bolor”.
Desse modo, podemos compreender que a essas “ovelhas perdidas” de uma era anterior foi concedida a oportunidade para recuperar, no atual esquema de evolução, o tempo que perderam. Ficaram atrasadas e, por esse motivo, são consideradas más, como no caso dos Anjos caídos; entretanto, “não se perderam; apenas afastaram-se da redenção”. Podem se salvar e certamente conseguirão, servindo-nos e provavelmente ajudando a transmutar a natureza de Escorpião na de Carneiro, levando-nos a sublimar em nós mesmos tudo que for grosseiro e mau.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1970)
SEGUNDA PARTE – COSMOGÊNESE E ANTROPOGÊNESE
CAPÍTULO V – A RELAÇÃO DO SER HUMANO COM DEUS
CAPÍTULO VI – O ESQUEMA DA EVOLUÇÃO
O Princípio
Os Sete Mundos
Os Sete Períodos
CAPÍTULO VII – O CAMINHO DA EVOLUÇÃO
Revoluções e Noites Cósmicas
CAPÍTULO VIII – A OBRA DA EVOLUÇÃO
O Período Solar
O Período Lunar
CAPÍTULO IX – ATRASADOS E RECÉM-CHEGADOS
CAPÍTULO X – O PERÍODO TERRESTRE
A Revolução de Saturno do Período Terrestre
A Revolução Solar do Período Terrestre
A Revolução Lunar do Período Terrestre
Período de Repouso entre Revoluções
A Quarta Revolução do Período Terrestre
CAPÍTULO XI – GÊNESE E EVOLUÇÃO DO NOSSO SISTEMA SOLAR
O Nascimento dos Planetas
CAPÍTULO XII – EVOLUÇÃO DA TERRA
A Época Polar
A Época Hiperbórea
A Lua – A Oitava Esfera
A Época Lemúrica
Separação dos Sexos
Influência de Marte
As Raças e Seus Líderes
Influência de Mercúrio
A Raça Lemúrica
A “Queda do Homem”
A Época Atlante
A Época Ária
Os Dezesseis Caminhos para a Destruição
CAPÍTULO XIII – RETORNO À BÍBLIA
CAPÍTULO XIV – ANÁLISE OCULTA DO GÊNESIS
Limitações da Bíblia
No Princípio
A Teoria Nebular
O Período De Saturno
Jeová e Sua Missão
Involução, Evolução e Epigênese
Uma Alma Vivente?
A Costela de Adão
Os Anjos da Guarda
A Mescla de Sangue no Casamento
A “Queda do Homem”
SEGUNDA PARTE – COSMOGÊNESE E ANTROPOGÊNESE
CAPÍTULO V – A RELAÇÃO DO SER HUMANO COM DEUS
Nos Capítulos precedentes consideramos as relações do ser humano com três dos cinco Mundos que formam o campo de sua evolução. Descrevemos parcialmente esses Mundos e assinalamos os diferentes veículos de consciência por meio dos quais se relaciona com eles. Estudamos também sua relação com os outros três Reinos: Mineral, Vegetal e Animal assinalando as diferenças nos veículos e nos graus de consciência entre o ser humano e cada um desses Reinos. Seguimos o ser humano através de um ciclo de vida nos três Mundos e examinamos a atuação das leis gêmeas de Consequência e Renascimento, relacionadas com a evolução humana.
Para compreender maiores detalhes do progresso humano, torna-se necessário estudar a relação do ser humano com o Grande Arquiteto do Universo, Deus, e com as Hierarquias de Seres Celestiais que se acham nos diferentes degraus da escada de Jacó, que vai do ser humano a Deus e mais além.
É uma tarefa das mais difíceis, tendo em vista os conceitos mal definidos sobre Deus e que existe na Mente da maioria dos leitores da literatura que trata desse assunto. É certo que os nomes em si mesmos não têm maior importância, mas importa muito que saibamos o que pretendemos significar com um nome, caso contrário os mal-entendidos continuarão. Se escritores e instrutores não empregarem uma nomenclatura comum, a atual confusão tornar-se-á maior. Quando empregada a palavra “Deus” seu significado é sempre incerto; trata-se do Absoluto ou Existência Una; do Ser Supremo, que é o Grande Arquiteto do Universo; ou de Deus, que é o Arquiteto do nosso Sistema Solar?
A divisão da Divindade em “Pai”, “Filho” e “Espírito Santo” é também confusa. Ainda que os Seres designados por tais nomes estejam incomensuravelmente além do ser humano e mereçam toda reverência e adoração que sejamos capazes de prestar ao mais elevado conceito de Divindade. Eles, contudo, são na realidade diferentes uns dos outros.
Os Diagramas 6 e 11 talvez esclareçam melhor o assunto. Tenha-se, porém em mente que os Mundos e Planos Cósmicos não estão acima uns dos outros, no espaço, mas que os sete Planos Cósmicos se interpenetram uns aos outros e todos eles interpenetram os sete mundos. São estados de espírito-matéria compenetrando-se uns aos outros, pelo que Deus e os outros Grandes Seres mencionados não se encontram distantes no espaço. Eles permeiam cada parte dos seus próprios Reinos e até Reinos de maior densidade do que os seus próprios. Todos estão presentes em nosso mundo, e de fato “mais próximos de nós do que os nossos pés e mãos”. É uma verdade literal que “n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”, porque nenhum de nós pode existir fora das Grandes Inteligências que, com Sua Vida, interpenetram e sustentam o nosso mundo.
Conforme exposto, a Região Etérica estende-se além da atmosfera da nossa Terra densa; o Mundo do Desejo prolonga-se no espaço para além da Região Etérica; e o Mundo do Pensamento estende-se no espaço interplanetário ainda mais que os outros. Naturalmente os mundos de substâncias mais rarefeitas ocupam maior espaço do que os mundos mais densos, que se condensaram e cristalizaram.
O mesmo princípio atua nos Planos Cósmicos. O mais denso deles é o sétimo (contando de cima para baixo). E representado no Diagrama como o maior de todos por ser o plano com que estamos mais relacionados, e também para indicar suas principais subdivisões. Contudo, na realidade ocupa menos espaço do que qualquer um dos outros Planos Cósmicos. Entretanto, apesar disso, devemos ter em mente que é incomensuravelmente vasto, para além de quanto a Mente humana possa conceber. Sua amplitude abarca milhões de Sistemas Solares semelhantes ao nosso, campos de evolução de muitas categorias de seres cujas condições são aproximadamente idênticas às nossas.
Diagrama 6 – O Ser Supremo, os Planos Cósmicos e Deus
Nada sabemos dos seis planos cósmicos superiores ao nosso. Diz-se que são os campos de atividade de grandes Hierarquias de Seres de indescritível esplendor.
Subindo do nosso Mundo Físico para os mundos internos e mais sutis e através dos Planos Cósmicos, vemos que Deus, o Arquiteto do nosso Sistema Solar, Fonte e Meta da nossa existência, encontra-se na mais elevada divisão do sétimo Plano Cósmico. É o Seu Mundo.
Seu Reino inclui os sistemas de evolução que se processam em todos os Planetas do nosso sistema – Urano, Saturno, Júpiter, Marte, Terra, Vênus e Mercúrio, bem como seus satélites.
As grandes Inteligências Espirituais designadas Espíritos Planetários, que guiam essas evoluções, são também chamadas “os Sete Espíritos diante do Trono”. São Ministros de Deus, cada qual presidindo um determinado departamento do Reino de Deus – o nosso Sistema Solar. O Sol é também o campo de evolução dos mais exaltados Seres do nosso Cosmos. Unicamente eles podem suportar as tremendas vibrações solares, e por meio delas progredir. O Sol é o mais aproximado símbolo visível de Deus de que dispomos, ainda que não seja senão um véu para Aquele que está por trás. O que seja esse “Aquele”, publicamente não se pode dizê-lo.
Para tentar descobrir a origem do Arquiteto do nosso Sistema Solar é preciso considerar o mais elevado dos sete Planos Cósmicos. Estamos, então, nos domínios do Ser Supremo, emanado do Absoluto.
O Absoluto está além de toda a compreensão. Nenhuma expressão ou símile daquilo que somos capazes de conceber pode dar uma ideia adequada. Manifestação implica limitação. Portanto, o melhor modo de podermos caracterizar o Absoluto é como Ser Ilimitado, ou Raiz da Existência.
Dessa Raiz da Existência – o Absoluto – procede o Ser Supremo, na aurora da Manifestação. Esse é o UNO.
No primeiro Capítulo de São João, esse grande Ser é chamado Deus. Desse Ser Supremo emanou o Verbo, o Fiat Criador, “sem o qual nada do que foi feito se fez”. Esse Verbo é o Filho unigênito nascido do Pai (o Ser Supremo) antes de todos os mundos, mas positivamente não é o Cristo. Grande e glorioso como Cristo é, elevando-se muito acima da mera natureza humana, Ele não é esse Exaltado Ser. Certamente o “Verbo se fez carne”, não no sentido limitado da carne de um Corpo, mas carne de tudo quanto existe nesse e em milhões de outros Sistemas Solares.
O primeiro aspecto do Ser Supremo pode ser caracterizado como PODER. Desse procede o segundo aspecto, o VERBO, e de ambos procede o terceiro aspecto, o MOVIMENTO.
Desse tríplice Ser Supremo procedem os Sete Grandes Logos. Estes contêm, em si mesmos, todas as grandes Hierarquias, as quais se diferenciam mais e mais conforme vão se difundindo através dos vários planos cósmicos. (Veja-se o Diagrama 6). Há quarenta e nove Hierarquias no Segundo Plano cósmico; no terceiro há trezentas e quarenta e três Hierarquias. Cada uma destas é, por sua vez, capaz de divisões e subdivisões setenárias. Desse modo, no Plano Cósmico inferior, em que se manifestam os Sistemas Solares, o número de divisões e subdivisões é quase infinito.
No Mundo mais elevado do sétimo Plano Cósmico habita o Deus do nosso Sistema Solar e os Deuses de todos os outros Sistemas Solares do Universo. Estes grandes Seres também são de manifestação tríplice, semelhantemente ao Ser Supremo. Seus três aspectos são: Vontade, Sabedoria e Atividade.
Cada um dos sete Espíritos Planetários que procedem de Deus e têm a seu cargo a evolução da vida em um dos sete Planetas, é também tríplice e diferencia em si mesmo Hierarquias Criadoras que seguem uma evolução setenária. O processo evolutivo originado por um dos Espíritos Planetários difere dos métodos de desenvolvimento empregados pelos outros.
Pode-se acrescentar que, pelo menos no particular esquema planetário ao qual pertencemos, as entidades mais evoluídas nos primeiros estágios, as que alcançaram elevado grau de perfeição em evoluções anteriores, assumem as funções do Espírito Planetário original e continuam a evolução.
O Espírito Planetário original retira-se de toda participação ativa, mas continua guiando os seus Regentes.
Os ensinamentos que se seguem referem-se a todos os Sistemas Solares, porém atendo-nos especialmente ao Sistema Solar particular a que pertencemos, o que vem a seguir o vidente suficientemente treinado pode comprovar por si mesmo mediante investigação pessoal na Memória da Natureza.
CAPÍTULO VI – O ESQUEMA DA EVOLUÇÃO
De acordo com o axioma Hermético “como em cima, assim é embaixo” e vice-versa, os Sistemas Solares nascem, morrem e tornam a nascer, em ciclos de atividade e repouso, tal como acontece ao ser humano.
Há uma constante alternação de atividades em todos os domínios da Natureza, correspondentes às alternâncias do fluxo e refluxo do dia e da noite, do verão e do inverno, da vida e da morte.
No princípio de um Dia de Manifestação é ensinado que um Grande Ser (designado no Mundo Ocidental pelo nome de Deus e com outros nomes em outras partes da terra), limita-se a Si Mesmo em certa porção do espaço no qual Ele decide criar um Sistema Solar para evoluir e dilatar a Sua própria consciência (veja-se o Diagrama 6).
Ele inclui em seu próprio Ser hostes de gloriosas Hierarquias, para nós, de incomensurável poder e esplendor espirituais. Elas são o fruto de passadas manifestações desse mesmo Ser e também de outras Inteligências, em graus decrescentes de desenvolvimento que chega a incluir as que não alcançaram um estado de consciência tão elevado como o de nossa humanidade atual. Estas últimas, portanto, não serão capazes de terminar sua evolução nesse Sistema. Em Deus, esse grande Ser coletivo, estão contidos seres menores de todo grau de inteligência e estado de consciência, desde a onisciência até uma inconsciência mais profunda, ainda, que a condição do transe mais profundo.
Durante o período de manifestação com o qual estamos relacionados, esses vários graus de seres trabalham para adquirir mais experiência do que a que possuíam no começo desse período de existência. Aqueles que, em manifestações anteriores alcançaram um grau de desenvolvimento maior, ajudam os que ainda não desenvolveram consciência alguma, induzindo-lhes um estado de consciência própria a partir do qual podem estes, por si mesmos, dar prosseguimento à obra. Quanto aos que principiaram sua evolução num anterior Dia de Manifestação, mas não tinham avançado bastante quando esse Dia findou, prosseguem agora a tarefa, do mesmo modo que continuamos com o nosso trabalho, a cada manhã, a partir do ponto em que o deixamos na noite anterior.
Todavia, nem todos esses diferentes Seres continuam sua evolução no início de uma nova manifestação. Alguns precisam esperar até que tenham sido criadas, pelos que os precederam, as condições necessárias ao seu progresso ulterior.
Não há nenhum processo instantâneo na Natureza. Tudo se desenvolve com extraordinária lentidão. Contudo, embora lentíssimo, esse progresso é absolutamente seguro e alcançará a suprema perfeição. Tal como existem estágios progressivos na vida humana – infância, adolescência, virilidade e velhice – assim também existem no macrocosmo diferentes estágios correspondentes a diversos períodos da vida microcósmica.
Uma criança não pode tomar a cargo os deveres da paternidade ou da maternidade. Suas pouco desenvolvidas condições físicas e mentais incapacitam-na para tal mister. O mesmo acontece com os seres menos desenvolvidos no princípio de manifestação. Precisam esperar até que os mais evoluídos criem para eles as condições apropriadas. Quanto menor o grau de inteligência de um ser que está evoluindo tanto maior a dependência de ajuda externa.
No princípio os seres mais avançados – aqueles que mais evoluíram – atuam sobre aqueles que estão num grau de menor consciência. Mais tarde entregam-nos a entidades menos evoluídas, que então podem levar esse trabalho um pouco mais adiante. Por último, a consciência própria é despertada, e a vida que está evoluindo se converte em Ser Humano.
A partir do momento em que o Ego individualizado manifesta consciência própria, deve ele prosseguir expandindo essa consciência sem ajuda externa. A experiência e o pensamento devem então tomar o lugar dos mestres externos. E a glória, o poder e o esplendor que pode alcançar são ilimitados.
O período de tempo dedicado à aquisição de consciência do Eu, e à construção dos veículos por cujo intermédio se manifesta o espírito do ser humano, é denominado “Involução”.
O período subsequente de existência, durante a qual o ser humano individual desenvolve consciência própria até convertê-la em divina onisciência, é chamada “Evolução”.
A força interna do ser que está evoluindo que faz com que a evolução seja o que é, não apenas um mero desenvolvimento de possibilidades germinais latentes; que faz com que a evolução de cada indivíduo difira da de qualquer outro; que prove o elemento de originalidade e dá lugar à habilidade criadora que o ser que esteja evoluindo cultive para que possa se tornar um Deus. Essa força é chamada “Gênio” e, conforme já exposto, sua manifestação é a “Epigênese”.
Muitas das filosofias avançadas dos tempos modernos reconhecem a involução e a evolução. A ciência só reconhece a última porque se dedica unicamente à Forma, a sua manifestação. A involução pertence à Vida. Os cientistas mais avançados, porém, consideram a Epigênese fato demonstrável. O Conceito Rosacruz do Cosmos combina as três, necessárias que são para compreender-se plenamente o desenvolvimento passado, presente e futuro do Sistema a que pertencemos.
Os Sete Mundos
Podemos empregar um exemplo familiar para ilustrar a formação de um Cosmos. Suponhamos que um ser humano deseja construir uma casa para nela morar. Primeiramente escolherá um lugar apropriado. Depois procederá a construção, dividindo a casa em vários cômodos de finalidades específicas: cozinha, sala, dormitórios e banheiro, e mobília-os de maneira que sirvam ao particular propósito a que se destinam.
Quando Deus deseja criar, escolhe um lugar apropriado do espaço, que Ele preenche com Sua aura, permeando cada átomo da Substância-Raiz-Cósmica dessa porção particular do espaço com Sua Vida, despertando, desse modo, as atividades latentes em cada átomo não diferenciado.
Essa Substância-Raiz-Cósmica é uma expressão do polo negativo do Espírito Universal, enquanto que o grande Ser Criador que nós chamamos Deus (do qual, como espíritos, somos partes) é uma expressão da energia positiva do mesmo Espírito Universal Absoluto. Tudo o que vemos em torno de nós no Mundo Físico é resultado da ação mútua desses dois polos. Os oceanos, a Terra, tudo quanto vemos manifestando-se como formas minerais, vegetais, animais e humanas é espaço cristalizado, emanado dessa Substância Espiritual negativa, que era a única existente na aurora do Ser. Tão seguramente como a concha dura e empedernida do caracol é formada pelos sucos solidificados do seu brando Corpo, assim também todas as formas são cristalizações em torno do polo negativo do Espírito.
Deus atrai da Substância-Raiz-Cósmica externa a Sua esfera imediata. Desse modo, a substância compreendida pelo nascente Cosmos se torna mais densa do que a do espaço Universal, entre os Sistemas Solares.
Depois que Deus preparou o material para Sua Habitação, Ele o colocou em ordem. Cada parte do Sistema foi compenetrada por Sua consciência, mas com uma modificação: a consciência difere em cada parte ou divisão. A Substância-Raiz-Cósmica é posta diferentes taxas de vibração e, portanto, diferentemente constituída em suas várias divisões ou regiões.
O que vimos acima é o modo pelo qual os Mundos vêm à existência e são adaptados para servir aos diferentes propósitos no esquema evolutivo, da mesma maneira como os diferentes cômodos numa casa são equipados para servir os propósitos da vida diária no Mundo Físico.
Conforme vimos, existem sete Mundos. Cada um deles tem um grau, uma “medida” diferente, de vibração. No mundo mais denso (o Físico) a medida vibratória, incluindo as ondas luminosas que vibram centenas de milhões de vezes por segundo, é, não obstante, infinitesimal quando comparada à rapidíssima vibração do Mundo do Desejo, o mais próximo do Físico. Para ter-se uma ideia acerca do sentido e da rapidez vibratória, talvez o mais fácil seja observar as vibrações caloríficas que irradiam de uma estufa muito quente ou de um radiador de vapor próximo de uma janela.
Tenha-se sempre em mente que estes Mundos não estão separados pelo espaço ou pela distância, como está a Terra dos demais Planetas. São estados de matéria, de distinta densidade e vibração, tal como são os sólidos, os líquidos e os gases do nosso Mundo Físico. Estes Mundos não são criados instantaneamente, no princípio de um Dia de Manifestação, nem duram até o fim dele, mas assim como a aranha tece sua teia fio por fio, Deus também vai diferenciando um Mundo após outro, dentro de Si Mesmo, conforme as necessidades exijam novas condições no esquema de evolução em que Ele está empenhado. Desse modo diferenciaram-se gradualmente todos os sete Mundos, conforme se encontram atualmente.
Os mundos superiores são criados em primeiro lugar, e como a involução objetiva infundir a vida em matéria de crescente densidade para a construção das formas, os mundos mais sutis condensam-se gradualmente e novos Mundos são diferenciados em Deus para estabelecer o elo entre Ele mesmo e os Mundos que se consolidam. No devido tempo o ponto de maior densidade, o nadir da materialidade, é atingido. Desse ponto começa a vida a ascender para os Mundos superiores, no decorrer da evolução. Isto vai deixando despovoados os Mundos mais densos, um a um. Quando um Mundo realizou o objetivo para o qual foi criado, Deus põe fim à sua existência, então supérflua, fazendo parar dentro de Si a atividade particular que trouxe à existência e sustentou esse Mundo.
Os Mundos superiores (mais sutis, mais etéreos, mais perfeitos) são os primeiros a serem criados e os últimos a serem eliminados, enquanto os três Mundos mais densos em que se efetua nossa atual fase evolutiva são, comparativamente falando, fenômenos fugazes, inerentes à imersão do Espírito na matéria.
O esquema evolutivo é efetuado através destes cinco Mundos em sete grandes Períodos de Manifestação, durante os quais o Espírito Virginal ou vida que está evoluindo, se converte primeiramente em ser humano, depois em Deus.
No princípio da manifestação Deus diferencia dentro de Si Mesmo (não de Si mesmo) esses Espíritos Virginais, como chispas de uma Chama da mesma natureza, capazes de se expandirem até se converterem, eles também, em Chamas. A Evolução é o processo fomentador que conduz a tal fim. Nos Espíritos Virginais estão contidas todas as possibilidades do seu Divino Pai, inclusive o germe da Vontade independente, que os torna capazes de originar novas fases, não latentes neles. As possibilidades latentes são transformadas em poderes dinâmicos e faculdades utilizáveis durante a evolução, enquanto que a Vontade independente estabelece novas e originais orientações – ou Epigênese.
Antes do início de sua peregrinação através da matéria, o Espírito Virginal encontra-se no Mundo dos Espíritos Virginais, o mais próximo ao mais elevado dos sete mundos. Possui Consciência Divina, mas não consciência de si. Esta, o Poder Anímico e a Mente Criadora, são faculdades que se adquirem pela evolução.
Quando o Espírito Virginal ainda se encontra imerso no Mundo do Espírito Divino, está cego e totalmente inconsciente desse estado. Está tão alheio às condições exteriores como o ser humano quando em transe profundo. Esse estado de inconsciência prevalece durante o Primeiro Período.
No Segundo Período adquire a consciência do sono sem sonhos; no Terceiro alcança o estado de sonho e na metade do Quarto Período, a que agora chegamos, o ser humano adquire a plena consciência de vigília. Esta consciência é pertinente unicamente ao mais inferior dos sete mundos. Durante a metade restante desse Período e os três Períodos completos subsequentes, o ser humano deverá expandir sua consciência a ponto de envolver ou abarcar todos os seis mundos acima desse Mundo Físico.
Quando o ser humano passou através desses mundos na sua descida, suas energias eram dirigidas por Seres Superiores que o assistiram a dirigir sua energia inconsciente para dentro, a fim de construir os veículos apropriados. Por último, quando avançou suficientemente, e já na posse do Tríplice Corpo como instrumento necessário, esses elevados Seres “abriram-lhe os olhos” e fizeram-no olhar para fora, para a Região Química do Mundo Físico, cujas energias poderia conquistar.
Um dia, quando tenha terminado seu trabalho da Região Química, seu próximo passo na senda do progresso será a expansão de sua consciência até incluir a Região Etérica; depois, o Mundo do Desejo, e assim por diante.
Na terminologia Rosacruz os nomes dos sete Períodos são os seguintes:
Estes Períodos são Renascimentos sucessivos da nossa Terra. |
Não se deve pensar que os Períodos acima tenham algo a ver com os Planetas que se movem em suas órbitas em torno do Sol, juntamente com a Terra. De fato, nunca se repetirá suficientemente que não há relação alguma entre esses Planetas e esses Períodos. Os Períodos são, simplesmente, encarnações passadas, presentes ou futuras da nossa Terra, “condições” através das quais ela passou, está agora passando ou passará no futuro.
Os três primeiros Períodos mencionados (de Saturno, Solar e Lunar) pertencem ao passado. Nós estamos, agora, no quarto ou Período Terrestre. Quando esse Período Terrestre do nosso Globo se completar, a Terra e nós passaremos, sucessivamente, às condições de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, até que finde o grande Dia de Manifestação setenário, momento então, em que tudo o que agora existe imergirá mais uma vez no Absoluto, para um período de descanso e assimilação dos frutos da evolução e, reemergirá para um posterior e mais elevado desenvolvimento, na aurora de outro Grande Dia.
Os três Períodos e meio já passados foram empregados na aquisição dos nossos atuais veículos e da consciência atual. Os três Períodos e meio restantes serão dedicados ao aperfeiçoamento desses diferentes veículos e à expansão da nossa consciência em algo semelhante à onisciência.
A peregrinação dos Espíritos Virginais desde a inconsciência até a onisciência, convertendo suas possibilidades latentes em energia cinética, é um processo de maravilhosa complexidade, de modo que, somente um esboço rudimentar pode ser dado aqui. Todavia, conforme progredirmos em nosso estudo, iremos acrescentando maiores detalhes, até que a descrição seja tão completa quanto o autor for capaz de fazê-la. Chamamos a atenção do Estudante para as definições dos termos empregados, pedimos que as fixe bem porque estamos apresentando ideias novas. E rogamos também que se familiarize com estas ideias, já que nossa intenção é simplificar o assunto, empregando nomes ou palavras simples e familiares para designar a mesma ideia em toda a obra. Os nomes descreverão tanto quanto possível estritamente a ideia encerrada, esperando assim poder evitar muitas das confusões que as múltiplas terminologias têm produzido. Dedicando estrita atenção à definição dos termos não será muito difícil, mesmo às pessoas de mediana inteligência, conhecer ao menos em linhas gerais o esquema da evolução.
Que tal conhecimento é da maior importância cremos que qualquer indivíduo inteligente pode admitir. Esse mundo em que vivemos é governado por Leis da Natureza. Sob essas leis devemos viver e trabalhar, e somos impotentes para modificá-las. Por conseguinte, se as conhecermos bem e cooperarmos inteligentemente com elas, essas forças-naturais tornar-se-ão nossas servidoras mais valiosas, como acontece, por exemplo, com a eletricidade ou a força expansiva do vapor. Se, pelo contrário, não as compreendermos, e em nossa ignorância agirmos contrariamente a elas, podem as mesmas converter-se nas mais perigosas inimigas nossas, capazes de destruições terríveis.
Assim sendo, quanto mais conhecermos com os métodos de trabalho da natureza, que nada mais é do que o símbolo visível do Deus invisível, tanto mais seremos capazes em aproveitar as oportunidades que se oferecem para o crescimento e poder; para a emancipação das limitações e para a elevação ao entendimento completo de tudo.
CAPÍTULO VII – O CAMINHO DA EVOLUÇÃO
Não será demais fazer aqui uma recomendação relativa aos diagramas empregados para ilustração. O Estudante deve recordar que nunca pode ser exato o que é reduzido das suas reais dimensões. O desenho de uma casa significaria pouco ou nada se nunca tivéssemos visto uma casa. Nada mais veríamos no desenho do que linhas e manchas, e não teria para nós significado algum. Os diagramas empregados para ilustrar assuntos suprafísicos são representações da realidade, muito menos verdadeiros pela simples razão de que, no caso do desenho, as três dimensões da casa foram reduzidas somente a duas, enquanto que no caso de diagramas de Períodos, Mundos e Globos as realidades possuem de quatro a sete dimensões. Logo, os diagramas de duas dimensões, com que se intenta representá-los, estão muito longe de retratá-los corretamente. Tenhamos sempre em mente que esses mundos se interpenetram que os Globos se interpenetram, e que o modo como aparecem nos diagramas é análogo ao retirar todas as engrenagens de um relógio, e dispô-las umas ao lado das outras para mostrar como ele indica as horas. Para que tais diagramas sejam de alguma utilidade para o Estudante, é necessário que esse tenha deles uma concepção espiritual. Caso contrário, servirão mais para confundir do que para iluminar.
Revoluções e Noites Cósmicas
O Período de Saturno é o primeiro dos sete Períodos. Nesse primeiro estágio os Espíritos Virginais dão o primeiro passo na evolução da Consciência e da Forma. Conforme mostra o Diagrama 7, esse impulso evolutivo dá sete voltas ao redor dos sete Globos, A, B, C, D, E, F e G, na direção indicada pelas setas.
Diagrama 7 – O Período de Saturno
Primeiramente uma parte da evolução se realiza no Globo A, situado no Mundo do Espírito Divino, o mais sutil dos cinco mundos que formam o nosso campo de evolução. Então, gradualmente, a vida que está evoluindo é transferida ao Globo B, que se situa no Mundo do Espírito de Vida, algo mais denso, onde ela passa por outro estágio evolutivo. No devido tempo, a vida que está evoluindo está pronta para entrar na arena do Globo C, composto da substância ainda mais densa da Região do Pensamento Abstrato, onde está situado. Depois de aprender as lições correspondentes a esse estado de existência, a onda de vida segue até o Globo D, formado da substância da Região do Pensamento Concreto, onde também está situado. Esse é o grau mais denso de matéria alcançado pela onda de vida durante o Período de Saturno.
Desse ponto a onda de vida é levada para cima novamente, ao Globo E, situado na Região do Pensamento Abstrato tal como o Globo C, embora as condições não sejam as mesmas. Esse é o estágio involucionário de modo que a substância dos mundos se faz cada vez mais densa. Ao longo do tempo tudo tende a fazer-se cada vez mais denso e mais sólido. Entretanto, como o caminho evolutivo é uma espiral, é claro que, ainda que se passe pelos mesmos pontos, nunca mais se apresentam as mesmas condições, mas outras em plano superior e mais avançado.
Completado o trabalho no Globo E, efetua-se o passo seguinte para o Globo F, situado no Mundo do Espírito de Vida como o Globo B, dali subindo ao Globo G. Quando se efetuou esse trabalho, a onda de vida deu uma volta em torno dos sete Globos; uma vez para baixo e outra para cima, através dos quatro mundos, respectivamente. Esta jornada da onda de vida denomina-se uma Revolução, e sete Revoluções formam um Período. Durante um Período a onda de vida dá sete voltas descendo e subindo através de quatro Mundos.
Quando a onda de vida deu sete voltas em torno dos sete Globos, completando as sete Revoluções, terminou o primeiro Dia da Criação. Seguiu-se uma Noite Cósmica de repouso e assimilação, depois da qual teve início o Período Solar.
Diagrama 8 – Os 7 Mundos, os 7 Globos e os 7 Períodos
Como a noite de sono entre dois dias da vida humana e o intervalo de repouso entre duas vidas terrestres, esta Noite Cósmica, de repouso, depois de completado o Período de Saturno, não foi um tempo de inatividade, mas uma fase de preparação para a atividade a ser desenvolvida no próximo Período Solar, em que o ser humano em formação precisava submergir mais profundamente na matéria. Portanto, fizeram-se necessários novos Globos, cujas posições nos sete Mundos tinham que ser diferentes das ocupadas pelos Mundos do Período de Saturno. A preparação desses Globos novos e as demais atividades subjetivas estiveram a cargo dos espíritos que estão evoluindo durante o intervalo entre os Períodos – a Noite Cósmica. Como isso se processa podemos ver a seguir:
Quando a onda de vida deixou o Globo A, no Período de Saturno, pela última vez, esse Globo começou a desintegrar-se lentamente. As forças que o criaram foram transferidas do Mundo do Espírito Divino (em que se encontrava o Globo A no Período de Saturno) ao Mundo do Espírito de Vida (em que se encontrava o Globo A no Período Solar). Isto é mostrado no Diagrama 8.
Quando a onda de vida deixou o Globo B, no Período de Saturno, pela última vez, também começou ele a desintegrar-se. Então suas forças, tal como acontece ao Átomo-semente de um veículo humano, foram empregadas no Período Solar como núcleo para o Globo B, passando esse Globo a situar-se na Região do Pensamento Abstrato.
Da mesma maneira, as forças do Globo C foram transferidas para a Região do Pensamento Concreto, atraindo dessa Região a substância necessária para a construção de um novo Globo C no próximo Período Solar. O Globo D foi semelhantemente transmutado e colocado no Mundo do Desejo. Os Globos E, F e G, na ordem indicada, foram transferidos analogamente. Como resultado (como mostra o Diagrama 8) no Período Solar todos os Globos estavam localizados um grau mais abaixo na matéria densa do que estavam no Período de Saturno, pelo que a onda de Vida, depois de emergir da Noite Cósmica de repouso, entre a última atividade no Globo G do Período de Saturno e a nova atividade do Globo A do Período Solar, achou-se em novo ambiente, com oportunidade para novas experiências.
A onda de vida agora circula sete vezes em torno dos sete Globos durante o Período Solar, descendo e subindo sete vezes através dos quatro Mundos ou Regiões em que esses Globos estão situados. Efetua sete Revoluções no Período Solar, da mesma forma que no de Saturno.
Quando a onda de vida abandonou o Globo A, no Período Solar, pela última vez, esse Globo começou a desintegrar-se. Suas forças foram transferidas à Região do Pensamento Abstrato, mais densa, onde formaram um Planeta para ser utilizado no Período Lunar. Da mesma maneira as forças dos demais Globos foram transferidas e serviram de núcleo para os Globos do Período Lunar, como mostra o Diagrama 8, sendo o processo exatamente o mesmo que se observou quando os Globos passaram dos lugares ocupados no Período de Saturno para as posições ocupadas no Período Solar. Desta maneira os Globos do Período Lunar ficaram um grau mais abaixo na matéria do que estavam no Período Solar, situando-se o mais inferior (o Globo D) na Região Etérica do Mundo Físico.
Depois do intervalo da Noite Cósmica entre o Período Solar e o Período Lunar, a onda de vida começou seu curso no Globo A desse último, completando no devido tempo suas sete Revoluções, como anteriormente. Então, durante outra Noite Cósmica, os Globos foram novamente transferidos a um grau mais abaixo, ficando o Globo mais denso situado na Região Química do Mundo Físico, como mostra o Diagrama 8.
Esse é o Período Terrestre e o Globo inferior e mais denso (o Globo D) é nossa Terra atual.
A onda de vida aqui, como de costume, parte também do Globo A, depois da Noite Cósmica que se seguiu ao Período Lunar. No atual Período Terrestre já circulou três vezes em torno dos sete Globos e está agora no Globo D, em sua quarta Revolução.
Aqui na Terra, na atual quarta Revolução, há alguns milhões de anos atrás, alcançou-se a maior densidade de matéria – o nadir da materialidade. Daqui para diante a tendência é elevar-se para uma substância mais rarefeita. Durante as três Revoluções e meia que faltam para completar esse Período, as condições da Terra tornar-se-ão gradualmente mais etéreas, de forma que no próximo Período – o de Júpiter – o Globo D voltará, de novo, a localizar-se na Região Etérica, conforme estava no Período Lunar, elevando-se os demais Globos de modo correspondente.
No Período de Vênus estarão situados nos mesmos Mundos em que os Globos estavam no Período Solar. Os Globos do Período de Vulcano terão a mesma densidade e estarão situados nos mesmos Mundos em que estavam os Globos do Período de Saturno. Tudo isso é mostrado no Diagrama 8.
Quando a onda de vida completar sua obra no Período Terrestre e a Noite Cósmica que se seguirá tenha passado, fará suas sete Revoluções em torno dos Globos do Período de Júpiter. Seguir-se-á então a costumeira Noite Cósmica com suas atividades subjetivas; depois virão as sete Revoluções do Período de Vênus seguidos de outro repouso, e finalmente o último dos Períodos do nosso esquema atual de evolução – o Período de Vulcano. A onda de vida também fará suas sete Revoluções aqui, e no fim da última Revolução todos os Globos dissolver-se-ão. A onda de vida será reabsorvida por Deus durante um período de tempo igual ao empregado por todos os sete Períodos de atividade. Deus mesmo imergirá então no Absoluto durante a Noite Universal de assimilação e preparação para outro Grande Dia.
Outras evoluções maiores seguir-se-ão, mas só podemos tratar dos sete Períodos mencionados.
CAPÍTULO VIII – A OBRA DA EVOLUÇÃO
Tendo nos familiarizado com os Mundos, os Globos e as Revoluções que constituem o caminho da evolução durante os sete Períodos, estamos agora em condições de considerar a obra efetuada em cada Período e os métodos empregados para realizá-la.
O “Fio de Ariadne” que nos guiará através desse labirinto de Globos, Mundos, Revoluções e Períodos, será encontrado quando recordarmos e fixarmos na Mente que os Espíritos Virginais – a onda de vida que está evoluindo – tornaram-se completamente inconscientes quando começaram sua peregrinação evolutiva através dos cinco Mundos de substância mais densa que a do Mundo dos Espíritos Virginais. O propósito da evolução é torná-los completamente conscientes e capazes de dominar a matéria de todos os mundos, por isso as condições estabelecidas nos Globos, Mundos, Revoluções e Períodos estão ordenadas, tendo em vista tal finalidade.
Durante os Períodos de Saturno, Solar e Lunar e na metade passada do atual Período Terrestre, os Espíritos Virginais construíram inconscientemente seus diferentes veículos sob a direção de exaltados Seres, os quais guiaram seu progresso, despertando-os gradualmente até adquirirem seu estado atual de consciência de vigília. Esse período é chamado “Involução”.
Desde o tempo presente até o fim do Período de Vulcano, os Espíritos Virginais, que agora são a nossa humanidade, aperfeiçoarão seus veículos e expandirão suas consciências nos cinco Mundos por seu próprio esforço e gênio. Esse período é chamado “Evolução”.
O que foi dito anteriormente é a chave para a compreensão do que segue.
A perfeita compreensão do esquema da evolução planetária bosquejado nas páginas precedentes é de imenso valor para o Estudante. Ainda que alguns crentes nas leis de Consequência e Renascimento julguem que a posse de tais conhecimentos não é essencial e seja até de pouca utilidade, todavia eles são da maior importância para quem estuda seriamente essas duas leis. Exercita a Mente em pensamentos abstratos e eleva-a acima das coisas sórdidas da existência concreta, ajudando a imaginação a alçar-se sobre as traiçoeiras malhas do interesse próprio. Como já indicado no estudo do Mundo do Desejo, o Interesse é a mola da ação, se bem que no presente grau de desenvolvimento o Interesse é geralmente despertado pelo egoísmo. Algumas vezes é de natureza mui sutil, mas incita à ação de várias maneiras. Toda ação inspirada pelo Interesse gera certos efeitos que atuam sobre nós e, em consequência, estamos limitados pelas ações que se relacionam com os mundos concretos. Entretanto, se ocuparmos as nossas Mentes com assuntos tais como a matemática, ou com esse estudo das fases planetárias da evolução, nós estamos laborando na Região do Pensamento puramente Abstrato, que fica além da influência do Sentimento, dirigindo-se para o alto, rumo aos Reinos espirituais e à libertação. Extrair raízes cúbicas, multiplicar algarismos, ou meditar sobre Períodos, Revoluções, etc., não gera Sentimentos a tal respeito. Não brigamos para que duas vezes dois sejam quatro. Se envolvêssemos nisso os nossos sentimentos, talvez pretendêssemos que o produto fosse cinco, e questionaríamos com quem, por razões pessoais, quisesse talvez que fosse três. Contudo, em matemática a Verdade é clara, aparente, e o sentimento está eliminado. Por isso, ao comum dos seres humanos, desejosos de viver seus sentimentos, a matemática é árida e sem interesse. Pitágoras ensinava aos seus discípulos que vivessem no Mundo do Espírito Eterno, e exigia primeiramente dos que desejavam instrução, o estudo da matemática. Uma Mente capaz de compreender a matemática coloca-se acima da mentalidade comum, e é capaz de elevar-se ao Mundo do Espírito porque não está presa ao Mundo do sentimento e do Desejo. Quanto mais nos acostumamos a pensar em termos dos Mundos Espirituais, tanto mais facilmente poderemos sobrepor-nos às ilusões que nos rodeiam nesta existência concreta, onde os sentimentos gêmeos de Interesse e Indiferença obscurecem a Verdade e nos sugestionam, assim como a refração de luz dos raios luminosos através da atmosfera da Terra nos dá uma ideia errônea sobre a posição ocupada pelo luminar que os emite.
Portanto, o Estudante que deseja conhecer a Verdade; que almeja penetrar e investigar os Reinos do Espírito; que anela libertar-se das preocupações da carne tão rapidamente quanto seja possível fazê-lo com segurança e para o seu próprio crescimento, deve estudar o que segue com o máximo cuidado, a fim de assimilar e fixar bem as concepções mentais desses Mundos, Globos e Períodos. Se deseja progredir nesse caminho, o estudo da matemática e “A Quarta Dimensão” de Hinton[1] são, também, admiráveis exercícios de pensamento abstrato. Essa obra de Hinton (ainda que basicamente incorreta, visto que o Mundo do Desejo, de quatro dimensões, não pode realmente ser determinado por métodos tridimensionais) tem aberto os olhos de muitas pessoas que a tem estudado, levando-as à clarividência. Além disso, recordando que a lógica é o melhor mestre em qualquer Mundo, certamente o indivíduo que consiga entrar nos Mundos suprafísicos por meio de tais estudos, por meio do pensamento abstrato, não ficará confuso, mas, antes, poderá permanecer em perfeito domínio próprio sob quaisquer circunstâncias.
Um estupendo esquema está aqui desenvolvido e, à medida que se lhe acrescentem mais e mais detalhes, sua complexidade far-se-á quase inconcebível. Quem for capaz de compreendê-lo será bem recompensado, por maior que seja o esforço feito. Portanto, o Estudante deverá ler lentamente, repetir a leitura com frequência, meditar muito e profundamente.
Esse livro, especialmente esse capítulo, não pode ser lido de maneira casual. Cada sentença tem seu valor e é o sustentáculo de tudo o que se segue, ao mesmo tempo em que pressupõe o conhecimento do que antecede. Se o livro não for estudado profunda e sistematicamente, tornar-se-á a cada página mais incompreensível e confuso. Por outro lado, se ao longo da leitura estuda-se e medita-se bem, cada página será iluminada pelo acréscimo do conhecimento adquirido no estudo das precedentes.
Nenhuma obra desta classe, que trate dos aspectos mais profundos do Grande Mistério do Mundo e dirigida à compreensão da Mente humana em seu atual estado de desenvolvimento, pode ser escrita de maneira a ser assimilada numa ligeira leitura. Contudo, as fases mais profundas que possamos compreender no momento nada mais são do que o “abc” do esquema, o que nos será revelado quando nossas Mentes forem capazes de melhor compreender em posteriores estados de desenvolvimento, como super-homens.
Os Globos do Período de Saturno eram formados de substância muito mais rarefeita e sutil que a da nossa Terra, como se tornará evidente pelo estudo dos Diagramas 7 e 8, que o Estudante deverá ter à mão para referência, enquanto estuda esse assunto. O Globo mais denso desse Período estava situado na mesma parte do Mundo do Pensamento ocupada pelos Globos mais sutis do Período atual – a Região do Pensamento Concreto. Estes Globos não tinham consistência, no sentido atual da palavra. “Calor” é a única palavra que mais se aproxima da ideia do que era o antigo Período de Saturno. De tão escuro, uma pessoa que conseguisse entrar no seu espaço nada poderia ver. Tudo em torno dela seria escuridão, mas poderia sentir o seu calor.
Para o materialista, naturalmente, será loucura chamar tal condição um “Globo”, como também afirmar que se tratava de um campo de evolução da Vida e da Forma. Contudo, se considerarmos a Teoria Nebular podemos compreender que a nebulosa deveria ter sido escura antes de iluminar-se, e ter sido quente antes de ser ígnea. Esse calor deve ter-se produzido pelo movimento, e movimento é vida.
Poderíamos dizer que os Espíritos Virginais, a fim de desenvolver consciência e forma, foram incrustados nesse Globo. Melhor dizendo: todo o Globo era composto de Espíritos Virginais, assim como a framboesa é composta de um grande número de pequenas framboesas. Foram incorporados ao Globo, assim como a vida que anima o mineral está incorporada à Terra. Portanto, se diz entre os cientistas ocultistas que no Período de Saturno o ser humano passou pelo estágio mineral.
Fora desse “Globo-calor” – em sua atmosfera, por assim dizer – estavam as grandes Hierarquias Criadoras que ajudavam os Espíritos Virginais a desenvolverem forma e consciência. Havia muitas Hierarquias, mas por enquanto ater-nos-emos só às principais, àquelas que realizaram o trabalho mais importante do Período de Saturno.
Na terminologia Rosacruz essas Hierarquias são denominadas Senhores da Chama, devido à brilhante luminosidade dos seus Corpos e aos seus grandes poderes espirituais. Na Bíblia são chamados “Tronos”, e ocuparam-se com o ser humano por sua livre vontade. Eram tão avançados que esta manifestação evolutiva não podia proporcionar-lhes novas experiências, portanto nenhuma sabedoria mais. O mesmo poder-se-ia dizer de duas Hierarquias de ordem ainda mais elevada, que mais tarde mencionaremos. As restantes Hierarquias Criadoras, com o objetivo de completar sua própria evolução, foram impelidas a trabalhar no ser humano, e com o ser humano.
Esses Senhores da Chama estavam fora do escuro Globo de Saturno. Emitindo de seus Corpos uma forte luz, eles projetaram, por assim dizer, suas imagens sobre a superfície desse antigo Globo, tão pouco impressionável que refletia, como eco, muitas vezes em imagens multiplicadas, tudo o que se punha em contato com ele. É isto que o mito grego quer significar quando diz que Saturno devorava os próprios filhos.
Entretanto, por repetidos esforços durante a primeira Revolução, os Senhores da Chama conseguiram implantar na vida que está evoluindo o germe do nosso atual Corpo físico[2]. Esse germe expandiu-se um tanto durante o resto das seis primeiras Revoluções, obtendo a capacidade de desenvolver os órgãos dos sentidos, especialmente o ouvido. Portanto, o ouvido é o órgão mais altamente desenvolvido que possuímos. É o instrumento que conduz à consciência, com maior exatidão, todas as impressões que recebe do exterior. Está menos sujeito às ilusões do Mundo Físico do que qualquer outro órgão sensorial.
A consciência da vida que estava evoluindo nesse Período era semelhante à do mineral atual – um estado de inconsciência análogo ao dos médiuns no transe mais profundo – se bem que, durante as primeiras seis Revoluções, a vida que estava evoluindo trabalhasse no germe do Corpo Denso sob a direção e com ajuda das diferentes Hierarquias Criadoras. Na metade da sétima Revolução os Senhores da Chama, que estiveram inativos desde o momento em que proporcionaram o germe do Corpo Denso na primeira Revolução, tornaram-se novamente ativos, desta vez com o objetivo de despertar no ser humano o princípio espiritual mais elevado. Assim, despertaram a atividade inicial do Espírito Divino no ser humano.
Portanto o ser humano deve o mais elevado e o mais inferior dos seus veículos – o Espírito Divino e o Corpo Denso – à evolução do Período de Saturno. Os Senhores da Chama prestaram a essa manifestação auxílio voluntário, sem que nada os obrigasse a fazê-lo.
A obra das várias Hierarquias Criadoras não começa no Globo A, no princípio de uma Revolução ou de um Período. Principia na metade de uma Revolução, crescendo em força e alcançando sua maior eficácia na metade da Noite Cósmica – que tem lugar tanto entre as Revoluções como entre os Períodos. Depois sua ação declina gradualmente, conforme a onda de vida alcança a metade da Revolução seguinte.
Assim, a obra dos Senhores da Chama, com objetivo de despertar a consciência germinal, foi mais ativa e eficiente durante o Período de repouso entre os Períodos de Saturno e Solar.
Reafirmamos que uma Noite Cósmica não deve ser considerada um período de inatividade. Não é uma existência inerte, conforme vimos no caso de um indivíduo desde sua morte até o novo nascimento. O mesmo acontece na grande morte de todos os Globos de um Período: há uma cessação da manifestação ativa, a fim de que se possa desenvolver proporcionalmente uma atividade subjetiva e mais intensa.
Talvez a melhor ideia da natureza dessa atividade subjetiva, nos seja proporcionada pela observação do que ocorre quando uma fruta madura é enterrada. Fermenta e desintegra-se, mas de todo esse caos brota a nova planta, que se eleva para o ar e para a luz do Sol. Assim também, ao fim de um Período, tudo se resume num conglomerado caos aparentemente impossível de ser ordenado. Contudo, no devido tempo, formam-se os Globos de um novo Período, que se convertem em Mundos habitáveis pelo ser humano. Depois a vida que está evoluindo transfere-se dos cinco Globos escuros, nos quais atravessa a Noite Cósmica, para começar as atividades em um novo dia criador, em ambiente modificado, preparado e exteriorizado durante as atividades na Noite Cósmica. Assim como as forças produzidas pela fermentação da fruta estimulam a semente e fertilizam a terra em que ela cresce, assim também os Senhores da Chama estimularam o germe do Espírito Divino, especialmente durante a Noite Cósmica entre os Períodos de Saturno e Solar, continuando suas atividades até a metade da primeira Revolução do Período Solar.
Antes de iniciar-se a atividade em qualquer Período, é feita uma recapitulação de tudo o que antes foi feito. Devido à espiral do caminho evolutivo, esta atividade processa-se, cada vez, em um grau superior daquele estado de progresso que se recapitula. Esta necessidade tornar-se-á evidente ao descrevermos o trabalho dessa recapitulação.
A primeira Revolução de qualquer período é uma recapitulação do trabalho efetuado sobre o Corpo Denso no Período de Saturno. Entre os Rosacruzes é denominada “Revolução de Saturno”.
O segundo Período é o Período Solar e, portanto, a segunda Revolução de qualquer período subsequente ao Período Solar deve ser a “Revolução Solar”.
O terceiro Período é o Período Lunar, por isso a terceira Revolução de qualquer Período seguinte deve ser uma recapitulação da obra efetuada no Período Lunar, chamando-se, pois, “Revolução Lunar”.
A atividade própria do Período só começa quando termina o trabalho de recapitulação das respectivas Revoluções. Por exemplo, no atual Período Terrestre, já se efetuaram três Revoluções e meia. Isto significa que na primeira, ou Revolução de Saturno do Período Terrestre, repetiu-se o trabalho efetuado no Período de Saturno, porém em grau superior. Na segunda, ou Revolução Solar, repassou-se a obra executada no Período Solar. Na terceira, ou Revolução Lunar, repetiu-se o trabalho efetuado no Período Lunar, e unicamente na quarta – a Revolução atual – começou o verdadeiro trabalho do Período Terrestre.
No último dos sete Períodos – o Período de Vulcano – somente a última Revolução será dedicada à obra real desse Período. Nas seis Revoluções anteriores será recapitulado o trabalho efetuado nos seis Períodos precedentes.
Além disso, (e isto ajudará a memória do Estudante de modo especial) a Revolução de Saturno em qualquer Período se refere sempre ao desenvolvimento de alguma nova parte do Corpo Denso, por ter esse começado seu desenvolvimento numa primeira Revolução. Também qualquer sétima Revolução, ou Revolução de Vulcano, desenvolve especialmente alguma atividade relacionada com o Espírito Divino, porque o seu desenvolvimento iniciou-se numa sétima Revolução. De igual modo veremos que há uma relação entre as diferentes Revoluções e todos os veículos humanos.
O Período Solar
As condições durante o Período Solar diferiam radicalmente das do Período de Saturno. Em lugar dos “Globos-Calor” do último, os Globos do Período Solar eram esferas luminosas, brilhantes, de consistência análoga à dos gases. Estas grandes esferas gasosas continham tudo que havia sido desenvolvido no Período de Saturno e, analogamente, as Hierarquias Criadoras permaneciam em sua atmosfera.
Em vez da qualidade refletora, semelhante ao eco, do Período de Saturno, esses Globos tinham, até certo ponto, a qualidade de absorver e trabalhar sobre qualquer imagem ou som que se projetasse sobre suas superfícies. Pode-se dizer que eles eram coisas “captáveis”. A Terra sente, embora não o pareça, e o materialista poderá zombar de semelhante ideia, mas o ocultista sabe que a Terra sente tudo o que está em cima e dentro dela. Esse Globo luminoso era muito mais sensitivo que a Terra, porque não estava limitado e sujeitado por condições materiais tão duras e tão densas como as da nossa habitação atual.
A vida, naturalmente, era diferente, porque formas tais como as que conhecemos não podiam existir ali. A vida, porém, pode expressar-se em formas gasosas ígneas tão bem, ou ainda melhor, do que em formas compostas por matéria química dura, tais como são, presentemente, os Corpos Densos do mineral, vegetal, animal e ser humano.
Quando a vida que está evoluindo apareceu no Globo A na Primeira ou Revolução de Saturno do Período Solar, estava, ainda, a cargo dos Senhores da Chama, que em meados da última Revolução do Período de Saturno tinham despertado no ser humano o germe do Espírito Divino.
Eles tinham dado anteriormente o germe do Corpo Denso e na primeira metade da Revolução de Saturno do Período Solar se incumbiram de fazer, nele, alguns melhoramentos.
No Período Solar iniciou-se a formação do Corpo Vital, implícitas todas as possibilidades para assimilação, crescimento, propagação, glândulas, etc.
Os Senhores da Chama incorporaram no germe do Corpo Denso, unicamente, a capacidade de desenvolver os órgãos dos sentidos. No tempo que estamos considerando foi necessário alterar o germe de maneira a permitir sua interpenetração por um Corpo Vital e também a capacidade de desenvolver glândulas e o tubo digestivo. Esta alteração efetuou-se graças à ação conjunta dos Senhores da Chama, que deram o germe original, e dos Senhores da Sabedoria, que tomaram a seu cargo a evolução material no Período Solar.
Os Senhores da Sabedoria, menos evoluídos que os Senhores da Chama, trabalharam para completar sua própria evolução. Por isso receberam ajuda de uma ordem de exaltados Seres que, como os Senhores da Chama, agiram voluntária e livremente. Na linguagem esotérica são chamados “Querubins”. Estes exaltados Seres, porém, não começaram sua atividade enquanto não foi necessário despertar o germe do segundo princípio espiritual do ser humano em formação, já que os Senhores da Sabedoria eram capazes de executar o trabalho relacionado com o Corpo Vital, que tinha de ser agregado à constituição do ser humano no Período Solar, mas não podiam despertar o segundo princípio espiritual.
Quando os Senhores da Chama e os Senhores da Sabedoria reconstruíram, conjuntamente, o Corpo Denso germinal na Revolução de Saturno do Período Solar, os Senhores da Sabedoria, na segunda Revolução, iniciaram o trabalho correspondente ao Período Solar: irradiaram de seus próprios Corpos o germe do Corpo Vital, tornando-se capaz de interpenetrar o Corpo Denso e dando-lhe a capacidade de ulterior crescimento, propagação e excitamento do centro dos sentidos do Corpo Denso para que esse se movimentasse. Em suma, proporcionaram ao Corpo Vital, em germe, todas as faculdades que estão agora se desenvolvendo a fim de convertê-lo num perfeito e maleável instrumento para o uso do espírito.
Esse trabalho ocupou as segunda, terceira, quarta e quinta Revoluções do Período Solar. Na sexta Revolução os Querubins entraram em ação e despertaram no ser humano o germe do segundo aspecto do Tríplice Espírito – o Espírito de Vida. Na sétima e última Revolução o recém-despertado germe do Espírito de Vida foi ligado ao Espírito Divino germinal, processo que se completou depois.
Recordemos que no Período de Saturno nossa consciência era semelhante à condição de transe. Por meio das atividades desenvolvidas no Período Solar, esta foi modificada até converter-se em consciência análoga à do sono sem sonhos.
A evolução no Período Solar agregou à constituição do que está evoluindo ser humano embrionário, o imediatamente superior e o imediatamente inferior dos seus veículos atuais. Ao fim do Período de Saturno o ser humano possuía, em germe, um Corpo Denso e um Espírito Divino. Ao terminar o Período Solar possuía, em germe, o Corpo Denso, o Corpo Vital, o Espírito Divino e o Espírito de Vida, isto é, um duplo espírito e um duplo Corpo.
Notemos também que, estando a primeira Revolução de qualquer Período – ou Revolução de Saturno – relacionada com o trabalho feito no Corpo Denso (porque esse teve início em uma primeira Revolução), assim também a segunda de qualquer Período – ou Revolução Solar – relaciona-se com o melhoramento do Corpo Vital, porque esse começou em uma segunda Revolução. De maneira análoga a sexta Revolução de qualquer Período é dedicada ao trabalho sobre o Espírito de Vida, e qualquer sétima Revolução diz respeito particularmente aos assuntos inerentes ao Espírito Divino.
No Período de Saturno o ser humano em formação atravessou a existência num estado equivalente ao mineral. Isto é, teve um Corpo Denso somente no sentido em que o tem o mineral. Sua consciência era também parecida à dos minerais atuais.
Da mesma maneira, e por análogas razões, pode-se dizer que no Período Solar o ser humano atravessou a existência vegetal. Tinha um Corpo Denso e um Corpo Vital, identicamente às plantas. Sua consciência, como a destas, era a de sono sem sonhos. O Estudante compreenderá plenamente esta analogia estudando o Diagrama 4, no Capítulo intitulado “Os Quatro Reinos”. Nele se mostram, esquematicamente, os veículos de consciência que possuem os minerais, as plantas, os animais e o ser humano, e a consciência particular que resulta de sua posse em cada caso.
Quando terminou o Período Solar houve outra Noite Cósmica de assimilação, juntamente com a atividade subjetiva necessária, antes de iniciar-se o Período Lunar. Foi de igual duração à do Período de manifestação objetiva que a precedeu.
O Período Lunar
Assim como a característica principal dos escuros Globos do Período de Saturno foi descrita pelo termo “Calor”, e a dos Globos do Período Solar como “Luz”, ou calor resplandecente, assim a característica principal dos Globos do Período Lunar pode ser descrita como “Umidade”. O ar, tal como o conhecemos, não existia então. No centro estava o núcleo ígneo, ardente. Próximo a ele e em consequência de contato com o frio do espaço exterior, havia umidade densa. Pelo contato com o núcleo ígneo central essa umidade densa transformava-se em vapor quente, que se lançava para a periferia, esfriava e tornava ao centro novamente. Por isso os cientistas ocultistas chamam “Água” aos Globos do Período Lunar, e descrevem a atmosfera daquele tempo como “Névoa Ígnea”. Esse foi o cenário do novo passo da vida que está evoluindo.
No Período Lunar o objetivo era adquirir o germe do Corpo de Desejos e iniciar a atividade germinal do terceiro aspecto do Tríplice Espírito no ser humano – o Espírito Humano – o Ego.
Em meados da sétima Revolução do Período Solar os Senhores da Sabedoria encarregaram-se do Espírito de Vida germinal, dado pelos Querubins na sexta Revolução do Período Solar. Fizeram isso com o objetivo de vinculá-lo ao Espírito Divino. Seu maior grau de atividade nessa obra foi alcançado na Noite Cósmica entre os Períodos Solar e Lunar. Ao iniciar-se o Período Lunar, quando a onda de vida partia para sua nova peregrinação, reapareceram os Senhores da Sabedoria, trazendo consigo os veículos germinais do ser humano em evolução. Na primeira Revolução ou de Saturno, do Período Lunar, eles cooperaram com os “Senhores da Individualidade”, que se encarregaram especialmente da evolução material do Período Lunar. Juntos reconstruíram o germe do Corpo Denso, trazido do Período Solar. Esse germe havia desenvolvido órgãos sensoriais, digestivos, glândulas etc., em estado embrionário, e estava interpenetrado por um Corpo Vital germinal que difundia certo grau de vida no Corpo Denso embrionário. Evidentemente não era sólido e visível tal como é agora, ainda que, até certo ponto, estivesse um tanto organizado, porém sendo perfeitamente visível e distinto para a clarividência desenvolvida do investigador competente, o qual esquadrinha a Memória da Natureza com o objetivo de conhecer esse remoto passado.
No Período Lunar foi necessário reconstruir o Corpo Denso para capacitá-lo a ser interpenetrado por um Corpo de Desejos, e também ser capaz de desenvolver um Sistema Nervoso, músculos, cartilagens e um esqueleto rudimentar. Esta obra de reconstrução foi efetuada na Revolução de Saturno do Período Lunar.
Na segunda, ou Revolução Solar, o Corpo Vital foi também modificado para capacitá-lo a ser interpenetrado por um Corpo de Desejos, bem como para acomodá-lo ao Sistema Nervoso, músculos, esqueleto etc. Os Senhores da Sabedoria, que foram os originadores do Corpo Vital, ajudaram também aos Senhores da Individualidade nesse trabalho.
Na terceira Revolução começou o trabalho próprio do Período Lunar. Os Senhores da Individualidade irradiaram de si a substância com que ajudaram o inconsciente ser humano que está evoluindo a construir e adaptar-se a um Corpo de Desejos germinal. Ajudaram-no também a incorporar esse Corpo de Desejos germinal ao conjunto Corpo Vital – Corpo Denso que já possuía. Esse trabalho foi todo efetuado durante a terceira e quarta Revoluções do Período Lunar.
Como antes os Senhores da Sabedoria procederam, assim agiram os Senhores da Individualidade: se bem que muito superiores ao ser humano, trabalharam nele e sobre ele, a fim de completarem sua própria evolução. Ainda que fossem capazes de lidar com o veículo inferior, eram impotentes em relação ao superior. Não podiam dar o impulso espiritual necessário para despertar o terceiro aspecto do Tríplice Espírito no ser humano. Por isso outra classe de Seres, que estava além da necessidade de se desenvolver numa evolução tal como a nossa – e que também agiu voluntária e livremente, como a dos Senhores da Chama e a dos Querubins – veio ajudar o ser humano durante a quinta Revolução do Período Lunar. São chamados “Serafins”, e despertaram o germe do terceiro aspecto do espírito – o Espírito Humano.
Na sexta Revolução do Período Lunar reapareceram os Querubins, os quais cooperaram com os Senhores da Individualidade para vincular o recém-adquirido germe do Espírito Humano ao Espírito de Vida.
Na sétima Revolução do Período Lunar os Senhores da Chama voltaram a ajudar o ser humano, cooperando com os Senhores da Individualidade para vincular o Espírito Humano ao Espírito Divino. Dessa forma o Ego separado – o Tríplice Espírito – veio à existência.
Antes do princípio do Período de Saturno, os Espíritos Virginais, atualmente seres humanos, estavam no Mundo dos Espíritos Virginais. Eram “Todo-Conscientes” como Deus, em Quem (não de Quem), se diferenciavam. Contudo não eram autoconscientes. A aquisição dessa faculdade é, em parte, o objetivo da evolução, que submerge os Espíritos Virginais num oceano de matéria de crescente densidade, o que os priva por fim da consciência do Todo.
Dessa maneira, no Período de Saturno os Espíritos Virginais foram submersos no Mundo do Espírito Divino e encerrados em tênue envoltura da substância desse Mundo, no qual penetraram parcialmente por meio da ajuda dos Senhores da Chama.
No Período Solar os Espíritos Virginais foram submersos no Mundo do Espírito de Vida, ainda mais denso, ficando assim mais cegos para a consciência do Todo, envolvidos, como estavam, por um segundo véu da substância desse Mundo. E nesse segundo véu penetraram parcialmente ainda com a ajuda dos Querubins. O sentimento de Unidade com o Todo também não foi perdido porque o Mundo do Espírito de Vida é um mundo universal, interpenetrando e sendo comum a todos os Astros de um Sistema Solar.
No Período Lunar, porém, os Espíritos Virginais aprofundando-se mais em matéria ainda mais densa, entraram na Região do Pensamento Abstrato, onde se lhes agregou o mais opaco dos seus véus, o Espírito Humano. Daí em diante o Espírito Virginal perdeu a consciência do Todo. Não mais podendo descerrar seus véus para observar as coisas exteriores e perceber os outros, viu-se forçado a dirigir sua consciência para o centro, ali encontrando a si próprio como Ego, separado e à parte de todos dos outros.
E assim o Espírito Virginal viu-se encerrado num tríplice véu, sendo o véu externo, o Espírito Humano, o que efetivamente o cegou a unidade da Vida, convertendo-o em um Ego e mantendo a ilusão de separatividade adquirida durante a Involução. A Evolução dissolverá gradualmente essa ilusão, trazendo de volta a consciência do todo, enriquecida pela consciência de si mesmo.
Vemos, pois, que ao terminar o Período Lunar o ser humano possuía um Tríplice Corpo em vários estágios de desenvolvimento, e também o germe do Tríplice Espírito. Tinha os Corpos: Denso, Vital e de Desejos, e os Espíritos: Divino, de Vida e Humano. Tudo o que faltava era um elo que os unisse.
Já foi dito que o ser humano atravessou o estado mineral no Período de Saturno, e o do vegetal no Período Solar. Sua peregrinação através das condições do Período Lunar corresponde à fase de existência animal, pelas mesmas razões aplicáveis aos dois símiles anteriores. Portanto nesse Período ele tinha os Corpos: Denso, Vital e de Desejos, como os têm os nossos animais atuais, e sua consciência era uma consciência pictórica interna, análoga à dos animais inferiores de hoje. Era semelhante a uma consciência de sonhos do ser humano, salvo que era perfeitamente racional por ser dirigida pelo Espírito-Grupo dos animais. Chamamos novamente a atenção do Estudante para o Diagrama 4 no Capítulo sobre os Quatro Reinos, onde isso é mostrado.
Esses seres Lunares já não eram tão simplesmente germinais, como nos Períodos anteriores. Para o clarividente desenvolvido aparecem como que suspensos por cordões na atmosfera de névoa ígnea, assim como o embrião está preso à placenta pelo cordão umbilical. As correntes (comuns a todos eles), que forneciam certa espécie de nutrição, fluíam para dentro e para fora da atmosfera através desses cordões. De certa forma, essas correntes eram similares em suas funções ao sangue atual. Se aplicarmos o nome de “sangue” a tais correntes é unicamente com o objetivo de sugerir uma analogia, porque os Seres do Período Lunar não possuíam nada semelhante ao nosso atual sangue vermelho, que é uma das mais recentes aquisições do ser humano.
Pelo final do Período Lunar houve uma divisão no Globo que era o campo da nossa e de outras evoluções, que não mencionamos antes para não confundir, mas com as quais nos familiarizaremos agora.
Parte desse grande Globo foi cristalizada pelo ser humano, dada a sua incapacidade de conservar a parte que habitava no elevado grau de vibração sustentada pelos demais seres dali. Quando essa parte alcançou certo grau de inércia, a força centrífuga do Globo em rotação arrojou-a ao espaço em rodopios, onde começou a circular em torno do brilhante e incandescente núcleo central.
A causa espiritual da expulsão dessa cristalização é que os mais elevados seres de tal Globo requerem, para sua evolução, as extremamente rápidas vibrações do fogo. A condensação, ainda que necessária à evolução de outros e menos avançados seres que necessitam de um grau mais baixo de intensidade vibratória, tolhe esses elevados seres. Por isso, quando parte de qualquer Globo se consolida pela atuação de um grupo de seres em detrimento de outros, essa parte é expelida à distância exatamente necessária para que circule em torno da massa central como um satélite. As vibrações caloríficas que alcançam esse satélite têm exatamente o grau e a intensidade convenientes às necessidades peculiares dos seres que estão evoluindo sobre o mesmo. É claro que a lei de gravitação explica perfeitamente esse fenômeno sob o ponto de vista físico. Contudo, sempre existe uma causa mais profunda, que proporciona uma explicação mais completa. É o que podemos descobrir quando consideramos as coisas sob o aspecto espiritual. Assim como ação física não é mais do que a manifestação visível de um pensamento invisível que a precede, do mesmo modo a expulsão de um Planeta de um Sol central não é mais do que o efeito visível e inevitável de condições espirituais invisíveis.
O menor Planeta que foi arrojado no Período Lunar condensou-se com relativa rapidez e formou o campo de nossa evolução até o fim desse Período. Era como uma lua girando em torno do seu Planeta-pai, da mesma forma que a Lua gira em torno da Terra, porém não mostrava fases como a nossa Lua. Girava de tal maneira que uma metade estava sempre iluminada e a outra sempre obscura, como sucede com Vênus. Um de seus polos apontava diretamente para o imenso Globo ígneo, tal como um dos polos de Vênus aponta diretamente para o Sol.
Nesse satélite do Período Lunar havia correntes que circulavam em torno do mesmo como as correntes dos Espíritos-Grupo circulam em torno da Terra. Os seres Lunares seguiam essas correntes instintivamente, do lado luminoso para o lado obscuro dessa antiga Lua. Em certas épocas do ano, quando se encontravam no lado luminoso, realizava-se uma espécie de propagação. Temos resíduos atávicos dessas viagens lunares de propagação nas migrações das aves, que até hoje seguem as correntes dos Espíritos-Grupo em torno da Terra em certas estações do ano, com propósitos idênticos. Mesmo as viagens de lua de mel dos seres humanos demonstram que o próprio ser humano não se libertou totalmente daquele impulso migratório relacionado com o acasalamento.
Os seres lunares naquele último estágio eram também capazes de emitir sons ou gritos. Eram sons cósmicos e não expressões individuais de alegria ou de dor, porque nesta época o indivíduo ainda não existia. O desenvolvimento da individualidade veio depois – no Período Terrestre.
Ao final do Período Lunar houve de novo um intervalo de repouso, a Noite Cósmica. As partes divididas foram dissolvidas e submergidas no Caos geral que precedeu a reorganização do Globo para o Período Terrestre.
Os Senhores da Sabedoria, então evoluíram tanto que se tornaram capazes de encarregar-se da evolução, já que era a Hierarquia criadora mais elevada. Foram encarregados especialmente do Espírito Divino no ser humano, durante o Período Terrestre.
Os Senhores da Individualidade estavam, também, suficientemente desenvolvidos para poderem agir sobre o espírito no ser humano e por isso encarregaram-se do Espírito de Vida.
Outra Hierarquia Criadora cuidou especialmente dos três germes dos Corpos: Denso, Vital e de Desejos, conforme evoluíam. Foram eles que, sob a direção de ordens mais elevadas, fizeram o principal trabalho nesses Corpos, empregando a vida que está evoluindo como uma espécie de instrumento. Essa Hierarquia é chamada “Senhores da Forma”. Tinham evoluído tanto que puderam encarregar-se do terceiro aspecto do espírito no ser humano – o Espírito Humano – no seguinte Período Terrestre.
Havia doze grandes Hierarquias Criadoras ativas no trabalho da evolução ao princípio do Período de Saturno. Duas dessas Hierarquias executaram, no início, alguns trabalhos. Não há informação sobre o que fizeram nem se fala coisa alguma sobre elas, salvo que agiram livre e voluntariamente, retirando-se depois da existência limitada para a libertação.
Mais três Hierarquias Criadoras seguiram-nas no princípio do Período Terrestre: os Senhores da Chama, os Querubins e os Serafins, permanecendo sete Hierarquias em serviço ativo, quando começou o Período Terrestre. O Diagrama 9 dá uma ideia clara das doze Hierarquias Criadoras e de seus estados.
Diagrama 9 – As Doze Hierarquias Criadoras
Os Senhores da Mente tornaram-se peritos na construção de Corpos de “matéria mental”, assim como nós estamos nos especializando na construção de Corpos de matéria química, e por uma razão similar: a Região do Pensamento Concreto era a mais densa condição de matéria alcançada no Período de Saturno, quando eles eram humanos, assim como a Região Química é o estado mais denso alcançado pela nossa humanidade.
No Período Terrestre os Senhores da Mente alcançaram o estado Criador e emitiram de si, dentro do nosso ser, o núcleo do material com o qual estamos procurando agora construir uma Mente organizada. “Poderes das Trevas” foi o nome que lhes deu São Paulo, por terem surgido do escuro Período de Saturno. São considerados maus devido à tendência separatista, pertinente ao plano da razão, em contraste com a força unificadora do Mundo do Espírito de Vida, o Reino do Amor. Os Senhores da Mente trabalham com a humanidade. Não atuam nos três Reinos inferiores.
Os Arcanjos tornaram-se peritos na construção de um Corpo de matéria de desejos, a mais densa do Período Solar. Portanto, são capazes de ensinar seres menos evoluídos, como o ser humano e o animal, ensinando-os a modelar e utilizar-se do Corpo de Desejos.
Os Anjos são perfeitamente aptos a construir o Corpo Vital porque no Período Lunar, quando eram humanos, o Éter era o estado mais denso da matéria. Esta capacidade habilita-os a serem Líderes apropriados do ser humano, dos animais e dos vegetais, relativamente às funções vitais de propagação, nutrição, etc.
CAPÍTULO IX – ATRASADOS E RECÉM-CHEGADOS
Ao acompanhar, no capítulo anterior, a evolução da vida, da consciência e da forma – tríplice fase de manifestação do Espírito Virginal que é a vida juntando-se à forma para, por seu intermédio, obter consciência expusemos o assunto como se houvesse apenas uma só classe de Espíritos Virginais, ou que estes, sem exceção, tivessem feito um progresso constante e uniforme.
Fizemos assim para simplificar o assunto, porque em realidade houve atrasados, como há em qualquer grande Corporação ou coletividade.
Nas escolas, todos os anos, alguns alunos não conseguem alcançar a média necessária para promoção a um grau superior. Analogamente a cada Período de Evolução, há os que se atrasam porque não atingem a média necessária para passar ao próximo grau superior.
Já no Período de Saturno houve alguns que falharam em alcançar o desenvolvimento suficiente para mais um passo. Naquele estágio os Seres Superiores trabalharam com a vida que era inconsciente de si mesma, mas essa inconsciência não impedia o retardamento de alguns dos Espíritos Virginais menos flexíveis, menos adaptáveis que os demais.
Nessa única palavra: “Adaptabilidade”, temos o grande segredo do atraso ou do progresso. Todo adiantamento depende da flexibilidade e adaptabilidade do ser que está evoluindo, de ser capaz de acomodar-se, por si, a novas condições ou estacionar e cristalizar-se, tornando-se incapaz de toda transformação. A adaptação é qualidade que faz progredir, esteja a entidade num grau superior ou inferior de evolução. A falta de adaptação é causa de atraso para o espírito e de retrocesso para a forma. Isto se aplica ao passado, ao presente e ao futuro, e a qualificação ou desqualificação é feita exata e impessoalmente, com toda justiça, pela Lei de Consequência. Nunca houve nem haverá uma distinção arbitrária entre as “ovelhas” e as “cabras”.
A endurecida receptividade, em alguns dos seres de Saturno, impediu o despertar do Espírito Divino, do que resultou permanecerem como simples minerais, pois só tinham o Corpo Denso, em germe.
No Período Solar houve duas classes ou Reinos: os atrasados do Período de Saturno, ainda minerais, e os pioneiros do mesmo período aptos a receberem o germe do Corpo Vital e tornarem-se análogos às plantas.
Além destes, houve, ainda, um terceiro Reino, uma nova onda de vida. Começou sua atividade no princípio do Período Solar. É a onda de vida que atualmente anima nossos animais.
A matéria na qual entrou a nova onda de vida, junto com os atrasados do Período de Saturno, compôs o Reino Mineral do Período Solar. Havia, entretanto, uma grande diferença entre essas duas classes ou subdivisões do segundo Reino. É possível aos atrasados tomarem um “impulso” e alcançarem os pioneiros (que formam nossa atual humanidade), porém, é impossível para a nova onda de vida do Período Solar fazer o mesmo. Alcançará um estado correspondente ao humano, mas sob condições muito diferentes.
A divisão entre atrasados e pioneiros ocorreu na sétima Revolução do Período de Saturno, quando os Senhores da Chama despertaram o Espírito Divino e verificaram que algumas entidades, que estão evoluindo, encontravam-se em tais condições de insensibilidade, que era impossível despertá-las. Tiveram de continuar sem a chispa espiritual de que dependia seu progresso e viram-se obrigadas a permanecer no mesmo nível incapazes de seguir as que tiveram a chispa espiritual despertada. É bem verdadeiro: tudo o que somos ou deixamos de ser é o resultado de nosso próprio esforço ou de nossa própria inação.
Esses atrasados e a vida recém-chegada formaram manchas obscuras na brilhante esfera gasosa do Globo mais denso do Período Solar. As manchas solares atuais são um resíduo atávico daquele fato.
Na sexta Revolução do Período Solar, os Querubins despertaram o Espírito de Vida. Novamente, fracassaram alguns dos que haviam ultrapassado o ponto crítico do Período de Saturno, mas ficaram incapazes de receber a vivificação do segundo aspecto do espírito, no Período Solar. Constituíram outra classe de atrasados que ficou para trás da crista da onda evolutiva.
Na sétima Revolução do Período Solar, os Senhores da Chama reapareceram para despertar o Espírito Divino nos que, tendo fracassado ao final do Período de Saturno, mas tinham atingido o ponto onde podiam receber o impulso espiritual no Período Solar. Os Senhores da Chama despertaram o germe do Espírito Divino nas entidades aptas da nova onda de vida, mas também houve atrasados.
No princípio do Período Lunar existiam as seguintes classes:
É bom recordar que a Natureza caminha muito devagar, não muda as formas subitamente. Para ela o tempo nada significa, o seu único objetivo é alcançar a perfeição. O mineral não chega ao estado vegetal de um salto, mas por gradações quase imperceptíveis. Uma planta não se converte em animal em uma noite. Milhões de anos são necessários para produzir a mudança. Em todos os tempos poderemos encontrar toda classe de estados e gradações na Natureza. A escala do ser eleva-se, sem descontinuidade, desde o protoplasma até Deus.
Não vamos considerar seis Reinos diferentes por corresponderem às seis classes que entraram na arena da evolução ao princípio do Período Lunar. Trataremos somente de três Reinos: o Mineral, o Vegetal e o Animal.
A nova onda de vida do Período Lunar era constituída da classe inferior. Era a parte mais densa, o mineral, devendo ficar entendido que não era tão dura como os minerais atuais; sua densidade era análoga à da madeira.
Essa afirmação não contradiz as anteriores, que descreviam a Lua como aquosa, nem está em conflito com o Diagrama 8, que mostra o Globo mais denso do Período Lunar como um Globo etérico, situado na Região Etérica. Como se indicou anteriormente, a espiral do caminho da evolução impede a sucessão de condições idênticas. Haverá analogias ou semelhanças, mas nunca se reproduzirão condições iguais. Nem sempre é possível descrever em termos exatos. O melhor termo disponível é usado para expressar uma ideia sobre as condições existentes, na época que estamos considerando.
A classe 5 da nossa lista era mineral, mas por ter passado além do mineral durante o Período Solar, possuía algumas características vegetais.
A classe 4 era quase vegetal, evoluía para planta antes do término do Período Lunar. Todavia, pertencia mais ao Reino Mineral que as duas classes imediatas, que formavam o Reino superior. Podemos agrupar as classes 4 e 5 e formar um Reino de grau intermediário, um Reino “vegetal-mineral”, constituinte da superfície do antigo Planeta do Período Lunar. Era algo semelhante à turfa, um estado intermediário entre o vegetal e o mineral, e muito úmido o que concorda com a afirmação já feita de que o Período Lunar era aquoso.
Assim, as classes sexta, quinta e quarta formavam as diversas gradações do Reino Mineral no Período Lunar, estando a mais elevada próxima do vegetal e a inferior da substância mineral mais densa daquele tempo.
As classes terceira e segunda formavam o Reino Vegetal. Elas eram, realmente, algo mais do que plantas, mas não eram de todo animais. Cresciam sobre o solo mineral-vegetal e eram estacionárias como as plantas. Não teriam podido crescer nem se desenvolver sobre terreno puramente mineral, como fazem nossas plantas atuais. Podemos encontrar uma boa semelhança nas plantas parasitas: não podendo desenvolver-se sobre um terreno puramente mineral procuram o alimento já especializado por um arbusto ou árvore.
A classe primeira era composta pelos pioneiros da onda de vida dos Espíritos Virginais. No Período Lunar passaram uma existência análoga à do animal. Assemelhavam-se aos animais dos nossos tempos por terem os mesmos veículos e por estarem sob a direção de um Espírito-Grupo, que abrangia toda a família humana. Sua aparência era muito diferente da dos animais atuais, conforme se viu pela descrição parcialmente dada no capítulo anterior. Não pousavam na superfície do Planeta, flutuavam suspensos por uma espécie de cordões umbilicais. Em vez de pulmões tinham brânquias e por elas respiravam o vapor quente da neblina ígnea. Tais condições de existência lunar ainda são recapituladas na atualidade, durante o período de gestação. Em certa altura do desenvolvimento, o embrião possui brânquias. Os seres lunares desse tempo tinham, como os animais, a espinha dorsal horizontal.
Durante o Período Lunar subdividiram-se diversas classes, mais do que nos períodos precedentes, porque, como é de supor, houve também atrasados, fracassados, os que não puderam manter-se na vanguarda da onda evolutiva. Resultado: ao principiar o Período Terrestre havia cinco classes, contendo algumas delas várias divisões, como mostra o Diagrama 10. Essas divisões sucederam-se nas seguintes épocas e pelas razões expostas.
Diagrama 10 – Classes no início do Período Terrestre
Em meados da quinta Revolução do Período Lunar, os Serafins forneceram o germe do Espírito Humano aos que se adaptaram para seguir avante, os pioneiros. Alguns não puderam receber o impulso espiritual que despertasse neles o Tríplice Espírito.
Na sexta Revolução do Período Lunar, os Querubins reapareceram e vivificaram o Espírito de Vida dos que tinham ficado atrás no Período Solar, aqueles que tinham alcançado o grau de desenvolvimento necessário para isso (a classe 2 da nossa lista anterior). Fizeram o mesmo nos atrasados do Período Solar que não desenvolveram o Corpo Vital durante a existência vegetal no Período Lunar. Estão representados na terceira classe da lista mencionada.
A quarta classe dessa lista atravessou um grau inferior de existência vegetal, mas a maioria desenvolveu suficientemente o Corpo Vital, de modo a permitir o despertar do Espírito de Vida.
Assim, as três últimas classes possuíam os mesmos veículos no princípio do Período Terrestre. Somente as duas primeiras (classes 3a e 3b do Diagrama 10 pertencem à nossa onda de vida e têm possibilidades de alcançar-nos, se vencerem o ponto crítico da próxima Revolução do Período Terrestre. Os que não puderam passar esse ponto ficarão apartados, até poderem entrar em alguma evolução futura e prosseguir seu desenvolvimento em novo período humano. Excluídos, não poderão seguir com a nossa humanidade, porque esta ter-se-ia desenvolvido deixando-os distantes. Seria um verdadeiro obstáculo ao nosso progresso se tivéssemos de rebocá-los. Não serão destruídos, isso não, mas ficarão à espera de outro período evolutivo.
Progredir na onda evolutiva atual é o que se pretende significar quando, na Religião Cristã, se fala em “salvação”. Tal salvação deve ser procurada com toda diligência. A “condenação eterna” não significa destruição ou sofrimento sem fim. Entretanto, é algo muito sério encontrar-se algum espírito num estado de inércia durante inconcebíveis milhares de anos, até que, numa nova evolução, chegue ao estado de unir-se a ela e prosseguir sua tarefa. O espírito não é consciente desse lapso de tempo, mas nem por isso a perda é menos séria. Ao entrar na nova evolução, terá um sentimento inexplicável de desambientação, de não estar em seu lugar.
No que diz respeito à humanidade atual, tal possibilidade é tão pequena que está quase fora de cogitação. Entretanto, diz-se que unicamente três quintas partes do número total de Espíritos Virginais que começaram a evolução no Período de Saturno passarão o ponto crítico da próxima Revolução e continuarão até o fim.
A maior apreensão dos ocultistas é o materialismo. Se for demasiadamente longe, não somente impedirá todo o progresso; chegará até a destruir os sete veículos do Espírito Virginal, deixando-o completamente nu. Quem se encontra em semelhante caso terá de recomeçar a evolução desde o princípio. Todo trabalho efetuado desde o princípio do Período de Saturno será uma perda completa. Por tais razões, o presente período é, para nossa humanidade, o mais crítico de todos. Os cientistas-ocultistas falam das dezesseis raças (das quais a germano-anglo-saxônica é uma delas), como de “dezesseis possibilidades de destruição”. Possa o leitor sobrepassar todas, porque não conseguir seria muito pior do que se atrasar na próxima Revolução.
Falando de modo geral, a quinta classe anteriormente mencionada, obteve o germe do Espírito Divino na sétima Revolução do Período Lunar, quando reapareceram os Senhores da Chama. Portanto, foram os pioneiros da última onda de vida, a que entrou em evolução no Período Lunar. Ali passaram sua existência mineral. Os atrasados dessa onda de vida ficaram somente com o germe do Corpo Denso.
Além das nomeadas, houve também uma nova onda de vida (o atual Reino Mineral) que entrou na evolução ao princípio do Período Terrestre.
Ao final do Período Lunar, essas classes possuíam os veículos indicados no Diagrama 10, com eles passando para as condições do Período Terrestre.
Durante o tempo transcorrido desde o princípio do Período Terrestre, o Reino Humano vem desenvolvendo o elo da Mente, despertando para a plena consciência de vigília. Os animais obtiveram um Corpo de Desejos. As plantas um Corpo Vital. Os atrasados da onda de vida evolutiva começada no Período Lunar escaparam à dura e pesada condição pétrea, e, agora, seus Corpos Densos formam nossas terras brandas. Finalmente, a onda de vida que começou a evolução no Período Terrestre forma as rochas e pedras mais duras.
Foi assim que as diferentes classes adquiriram os veículos indicados no Diagrama 3, ao qual remetemos novamente o leitor.
CAPÍTULO X – O PERÍODO TERRESTRE
Os Globos do Período Terrestre estão situados nos quatro estados mais densos de matéria: a Região do Pensamento Concreto, o Mundo do Desejo e as Regiões Química e Etérica do Mundo Físico (veja-se o Diagrama 8). O Globo mais denso, o D, é nossa Terra atual.
Quando falamos de “mundos mais densos” ou de “estados mais densos de matéria”, deve-se tomar o termo em sentido relativo. Em caso contrário implicará numa limitação do Absoluto, o que seria um absurdo. Densidade e subtilidade, acima e abaixo, lesse e oeste são palavras de significação relativa ao nosso próprio estado ou posição. Assim como a nossa onda de vida se manifesta em mundos superiores e sutis, assim também há estados mais densos de matérias que formam o campo de evolução de outras classes de seres. Não vamos imaginar estes mundos mais densos em outras partes do espaço. Estão interpenetrados por nossos mundos, analogamente como os mundos superiores interpenetram a Terra. A solidez aparente da Terra e das formas nela existentes não pode impedir a passagem de um Corpo menos denso. O mais sólido muro não pode evitar a passagem de um ser humano que viaje em seu Corpo de Desejos. Aliás, a solidez não é sinônimo de densidade, como bem exemplifica o alumínio, sólido muito pouco denso. O fluido mercúrio tem bastante densidade, mas não impede que se evapore e escape através de muitos sólidos.
Nesse quarto Período temos, atualmente, quatro elementos. No Período de Saturno não havia mais do que um elemento: o Fogo, isto é, calor, o fogo incipiente. No segundo Período, o Solar, havia dois elementos, o Fogo e o Ar. No terceiro Período, o Lunar, com a Água que se acrescentou, havia três. No quarto, o Terrestre, juntou-se um quarto elemento: a Terra. Portanto, em cada Período houve um elemento adicionado.
No Período de Júpiter será agregado um elemento de natureza espiritual. Unir-se-á com a linguagem, fazendo que as palavras levem consigo o verdadeiro significado. Não haverá equívocos ou ambiguidades como acontecem tão frequentemente agora. Por exemplo, quando alguém diz “casa” pode querer significar uma simples residência, mas um interlocutor pode entender que se trata de um compartimento, e outro de um grande edifício.
As classes mencionadas no Diagrama 10 foram trazidas a esse ambiente de quatro elementos pelas Hierarquias que as tinham a seu cargo. Recordemos que, no Período Lunar, estas classes formavam três Reinos: Animal, Animal-vegetal e Vegetal-mineral. Aqui, na Terra, as condições existentes já não permitem classe intermediária. Só podem existir quatro Reinos distintos e diferentes. Nesta fase de existência cristalizada das formas, torna-se muito mais definida a diferença entre os Reinos, o que não acontecia nos primeiros Períodos, em que cada Reino imergia gradualmente no seguinte. Portanto, algumas das classes citadas no Diagrama 10 avançaram meia etapa, enquanto outras retrocederam outro tanto.
Alguns dos minerais-vegetais avançaram completamente para o Reino Vegetal e formaram a verdura dos campos. Outros retrocederam e converteram-se no solo puramente mineral em que crescem as plantas. Alguns dos vegetais-animais desenvolveram-se até o Reino Animal. Suas espécies têm ainda o sangue incolor dos vegetais, e outras, como as estrelas do mar, conservam ainda as cinco pontas semelhantes às pétalas de uma flor.
Os da classe 2, cujos Corpos de Desejos estavam em condições de serem divididos em duas partes (nesse caso, todos os da classe 1) e que podiam atuar em veículos humanos, avançaram para o grupo humano.
Convém reparar cuidadosamente que, nos parágrafos anteriores, faz-se referência às formas, não à vida, que anima as formas. O instrumento está graduado para servir à vida que o anima.
Os da classe 2, em quem se podia efetuar a divisão mencionada, elevaram-se ao Reino Humano, mas o espírito interno foi-lhes dado um pouco mais tarde do que aos da classe 1. Por consequência, não estão tão desenvolvidos como os da classe 1, e formam as raças humanas inferiores.
Os que tinham seus Corpos de Desejos incapazes de divisão foram colocados nas mesmas condições das classes 3a e 3b; constituem os presentes antropoides. Entretanto, se alcançarem o suficiente grau de desenvolvimento antes do ponto crítico já mencionado, que virá a meados da quinta Revolução, poderão seguir com a nossa evolução. Caso não consigam, perderão todo contato com ela.
Como dissemos, nos três primeiros Períodos o ser humano construiu seu Tríplice Corpo com a ajuda que lhe prestaram outros seres superiores, mas não havia poder coordenador, pois o Tríplice Espírito, o Ego, estava separado dos seus veículos. Agora chegou o tempo próprio para unir o espírito e Corpo.
Feita a divisão do Corpo de Desejos, a parte superior, de certo modo, tornou-se senhora, não só da parte inferior como dos Corpos Vital e Denso. Formou algo como uma alma-animal, à qual o espírito podia unir-se por meio do elo da Mente. Onde não houve divisão do Corpo de Desejos, o veículo entregava-se desenfreadamente a paixões e desejos e não podia ser empregado como veículo interno capaz de ser usado para a morada do espírito. Por isso, ficou sob a direção de um Espírito-Grupo que o guiava de fora. Essa classe animal degenerou e converteu-se nos antropoides.
Ao mesmo tempo em que o Corpo de Desejos se dividia, o Corpo Denso adquiria gradualmente a posição vertical, tirando a espinha dorsal do alcance das correntes do Mundo do Desejo, no qual o Espírito-Grupo age sobre o animal através da espinha dorsal horizontal. O Ego podia agora entrar, agir e expressar-se por meio da espinha dorsal vertical, construir a laringe vertical bem como o cérebro, para sua expressão adequada no Corpo Denso. A laringe horizontal está também sob o domínio do Espírito-Grupo. Se for certo, como já mencionamos, que alguns animais, tais como os estorninhos, os periquitos, os papagaios, etc., podem emitir palavras, por possuírem laringe vertical, não podem pronunciá-las inteligentemente. Empregar palavras para expressar o pensamento é o mais alto privilégio da humanidade e só pode ser efetuado por uma entidade que pense e raciocine como o ser humano. Se o Estudante fixar bem isso em sua Mente, ser-lhe-á fácil seguir as diferentes etapas do progresso humano no Período Terrestre.
A Revolução de Saturno do Período Terrestre
Nesta Revolução, em qualquer período, reconstrói-se o Corpo Denso. Desta vez, deu-lhe a possibilidade de formação de um cérebro, que se converteu em meio de expressão do germe mental, dado posteriormente. Com esta reconstrução final o Corpo Denso adquiriu capacidade e alcançou maior eficiência.
É impossível exprimir em palavras a maravilhosa sabedoria empregada na construção do Corpo Denso. Nunca ao Estudante se inculcarão suficientemente as incomensuráveis facilidades desse instrumento para adquirir conhecimentos, a grandeza do benefício que representa para o ser humano, o quanto deve estimá-lo, e quão agradecido deve sentir-se por possuí-lo.
Já foram expostos alguns exemplos da perfeição de construção e de inteligente adaptabilidade nesse instrumento. Para tornar mais evidente esta grande verdade, vamos ilustrar essa sabedoria, mostrando o trabalho do Ego no sangue.
É geralmente sabido que o suco gástrico atua sobre o alimento para colaborar na assimilação. Contudo, muitos poucos, salvo os médicos, sabem da existência de muitos outros diferentes sucos gástricos, cada um deles apropriados a cada classe de alimentos. As investigações de Pavlov demonstraram além de toda a dúvida, que há uma classe de suco para a digestão da carne, outra para a do leite, outra para a das frutas ácidas, etc. Isso explica por que nem todas as misturas de alimento fazem bem. O leite, por exemplo, necessita de um suco gástrico completamente diferente daquele necessário para qualquer outro alimento, com exceção dos amidos que não podem ser digeridos com facilidade se forem misturados com outros alimentos além dos cereais. Bastaria isso para mostrar uma sabedoria maravilhosa. É o Ego que age subconscientemente e seleciona os diferentes sucos, cada qual apropriado a um ou diversos alimentos que se introduzem no estômago, e dotados da quantidade de energia necessária à digestão. Porém, ainda mais maravilhoso é o suco gástrico filtrar-se no estômago antes do alimento ali chegar.
O mesclar dos sucos não é processo consciente. A grande maioria das pessoas nada sabe do metabolismo ou de qualquer outra fase da química. Logo, não é suficiente explicação dizer que, ao provarmos o que comemos, estamos realizando o processo digestivo por meio de influxos do Sistema Nervoso.
Quando se descobriu a seleção dos sucos gástricos, as pessoas que se dedicam à ciência ficaram embaraçadas para compreender ou explicar como era selecionado o suco necessário, e como esse se filtrava no estômago antes do alimento. Creram primeiramente que o impulso era dado através do Sistema Nervoso, mas, depois, demonstrou-se afastando toda dúvida, que o suco apropriado se filtrava no estômago ainda que o Sistema Nervoso estivesse inibido.
Por último, Starling[3] e Bayliss[4], em uma série de brilhantes experiências, provaram que o sangue tomava partes infinitesimais do alimento que penetrava pela boca e, levando-as diretamente às glândulas digestivas, originava a secreção do suco gástrico requerido.
Porém, isto é somente o aspecto físico do fenômeno. Para compreendê-lo por completo, devemos recorrer à ciência oculta. Unicamente ela explica por que o sangue transporta esse sinal.
O sangue é uma das mais elevadas expressões do Corpo Vital. O Ego guia e controla o instrumento denso por meio do sangue, portanto, é também o meio empregado para agir sobre o Sistema Nervoso. Durante parte da digestão, atua parcialmente através do Sistema Nervoso, mas, especialmente ao começar o processo digestivo, atua diretamente sobre o estômago. Quando, nas experiências científicas citadas, os nervos foram inibidos, foi através do sangue que permaneceu aberto o caminho direto e, por esse modo, o Ego recebeu a informação necessária.
Outrossim, o sangue é dirigido a qualquer parte do organismo em que o Ego esteja desenvolvendo maior atividade. Quando em certa situação, é preciso pensar e agir rapidamente, o sangue dirige-se rápido ao cérebro. Se temos de digerir uma comida copiosa, o sangue abandona a cabeça e outras partes do Corpo para concentrar-se nos órgãos digestivos. O Ego concentra esforços para livrar o Corpo de todo excesso ou alimento inútil. Por isso, não é possível pensar bem depois de ter comido muito. Vem a sonolência, porque a maior parte do sangue é afastada do cérebro, e a que permanece é insuficiente para produzir as funções necessárias à plena consciência de vigília. Além disso, quase todo o fluido vital, energia solar especializada pelo baço, é absorvida pelo sangue que, depois das refeições, passa através desse órgão em maior volume. O resto do sistema também fica privado de fluido vital, em grande extensão, durante o processo digestivo.
É o Ego que impele o sangue para o cérebro. Toda vez que o Corpo vai adormecer, o sangue abandona o cérebro, como se pode provar colocando um ser humano sobre um plano horizontal em equilíbrio. Ao adormecer, baixará do lado dos pés e levantar-se-á do lado da cabeça. Durante o ato sexual o sangue concentra-se nos órgãos respectivos, etc.
Estes exemplos tendem a provar que, durante as horas de vigília, o Ego controla o Corpo Denso por meio do sangue. A maior quantidade dirige-se sempre ao ponto do Corpo em que, num determinado momento, o Ego desenvolve sua principal atividade.
A reconstrução do Corpo Denso, na Revolução de Saturno do Período Terrestre, teve a finalidade de torná-lo apto para ser interpenetrado pela Mente. Recebeu o primeiro impulso para construção do Sistema Nervoso. Desde então, começaram a objetivar-se o Sistema Nervoso Voluntário[5] e o Simpático[6]. Esse último, o Sistema Nervoso Simpático, já fora obtido no Período Lunar, mas o Sistema Nervoso Voluntário não se obteve senão no atual Período Terrestre. Por intermédio do Sistema Nervoso Voluntário, o Corpo Denso, que era um mero autônomo agindo somente em função de estímulos exteriores, transformou-se num instrumento extraordinariamente adaptável, capaz de ser guiado e governado pelo Ego, de dentro.
O trabalho principal de tal reconstrução foi executado pelos Senhores da Forma. Esta Hierarquia é a mais ativa no atual Período Terrestre, assim como as mais ativas do Período de Saturno foram os Senhores da Chama; no Período Solar os Senhores da Sabedoria e no Período Lunar os Senhores da Individualidade.
O Período Terrestre é, eminentemente, o Período da Forma. Aqui, a parte material da evolução está em seu grau mais elevado, ou mais pronunciado. Em contrapartida, o espírito está mais abandonado e coibido. A forma é o fator mais dominante, daí o predomínio dos Senhores da Forma.
A Revolução Solar do Período Terrestre
Durante esta Revolução reconstruiu-se o Corpo Vital, a fim de acomodá-lo à Mente germinal. O Corpo Vital tomou forma parecida à do Corpo Denso, do qual assimila as condições necessárias para ser empregado como veículo mais denso durante o Período de Júpiter. Nesse período o Corpo Denso se espiritualizará.
Os Anjos, a humanidade do Período Lunar, foram ajudados pelos Senhores da Forma na reconstrução. A organização do Corpo Vital é a mais perfeita depois da do Corpo Denso. Alguns têm escrito sobre esse assunto e afirmado que não é um veículo separado, que é somente uma ligação e que não passa de uma modelo do Corpo Denso.
Não desejando criticá-los, admitimos que essa afirmação parece ser justificada pelo fato do ser humano, em seu estado atual de evolução, não poder ordinariamente empregar o Corpo Vital como veículo separado. Na maioria dos seres humanos permanece unido ao Corpo Denso e separá-lo totalmente causaria a morte desse Corpo.
Todavia, como veremos adiante, noutro tempo não estava tão firmemente incorporado ao Corpo Denso.
Nas Épocas da história da Terra chamadas Lemúrica e Atlante, o ser humano era um clarividente involuntário, fenômeno esse produzido pela frouxa conexão entre o Corpo Denso e o Vital. Os iniciadores ajudavam o candidato a diminuir ainda mais essa conexão, como marcadamente acontece com o clarividente voluntário.
Desde essa época, o Corpo Vital ligou-se muito firmemente com o Corpo Denso na maioria das pessoas, porém não tanto nas chamadas sensitivas. Nessa débil conexão está a diferença entre a pessoa psíquica e a comum, inconsciente de tudo que não sejam as impressões dos cinco sentidos. Todos os seres humanos passam através desse período de íntima conexão dos seus veículos para experimentarem a consequente limitação de consciência.
Portanto, há duas classes de sensitivos: os que ainda não se submergiram firmemente na matéria, por exemplo, a maioria dos peles-vermelhas, dos hindus, etc., que possuem certo grau de clarividência ou são sensíveis aos sons da Natureza, e aqueles outros que seguem na vanguarda da evolução. Os vanguardeiros estão surgindo do pináculo da materialidade e podem ser divididos em duas classes: a primeira, que se desenvolve de maneira passiva, sem energia, por meio da ajuda de outros. Voltam a despertar o “Plexo Solar” ou outros órgãos relacionados com o Sistema Nervoso involuntário, tornam-se clarividentes involuntários ou médiuns, sem domínio algum sobre a sua faculdade. Retrocedem. A outra classe é formada pelos que voluntariamente desenvolvem os poderes vibratórios dos órgãos relacionados atualmente com o Sistema Nervoso voluntário. Convertem-se em ocultistas treinados, dominam seus próprios Corpos e exercem a faculdade da clarividência à sua vontade. Por isso são denominados clarividentes voluntários.
No Período de Júpiter, o ser humano funcionará em Corpo Vital, como funciona agora em Corpo Denso. Nenhum desenvolvimento é súbito na Natureza. O processo de separação dos dois Corpos já começou e o Corpo Vital alcançará um elevado grau de eficiência maior do que tem agora o Corpo Denso. Veículo muito mais flexível, o espírito poderá usá-lo de maneira atualmente impossível com o veículo denso.
A Revolução Lunar do Período Terrestre
Nela se recapitulou o Período Lunar e muitas de suas condições prevaleceram idênticas às do Globo D daquele Período, porém em grau superior. Houve uma atmosfera da mesma neblina ígnea, o mesmo centro ardente, a mesma divisão do Globo em duas partes, para que os seres mais altamente evolucionados tivessem oportunidade de progredir em ritmo e enriquecimento tais, que seres como nossa humanidade não teriam podido igualar.
Nessa Revolução, os Arcanjos (a humanidade do Período Solar) e os Senhores da Forma encarregaram-se da reconstrução do Corpo de Desejos, mas não estavam sozinhos nesta tarefa. Quando se deu a separação do Globo em duas partes, houve uma divisão similar nos Corpos de Desejos de alguns dos seres que estão evoluindo. Já indicamos que, ao dar-se essa divisão, a forma estava pronta para converter-se em veículo de um espírito interno. Com o objetivo de levar mais adiante esse propósito, os Senhores da Mente (a humanidade do Período de Saturno) cuidaram da parte mais elevada do Corpo de Desejos e nela implantaram o “eu” separado, sem o qual o ser humano do presente nunca poderia existir, com suas gloriosas possibilidades.
Assim, na última parte da Revolução Lunar, o primeiro germe da personalidade separada foi implantado na parte superior do Corpo de Desejos pelos Senhores da Mente.
Os Arcanjos foram ativos na parte inferior do Corpo de Desejos, dando-lhe desejos puramente animais. Também trabalharam sobre o Corpo de Desejos dos que não estavam divididos. Alguns destes Arcanjos converteram-se em Espíritos-Grupo dos animais, e agem sobre eles, de fora, nunca penetrando totalmente nas formas animais, como o espírito separado o faz de dentro do Corpo humano.
Durante o Período Terrestre foi reconstruído o Corpo de Desejos, a fim de torná-lo apto para ser interpenetrado pela Mente germinal. Esse trabalho efetuou-se em todos os Corpos de Desejos que admitiram a divisão já mencionada.
Como se explicou anteriormente, o Corpo de Desejos é um ovoide desorganizado, tendo no centro o Corpo Denso qual uma mancha obscura, como a clara de ovo envolvendo a gema. Há certo número de centros sensoriais no ovoide, que foram aparecendo desde o princípio do Período Terrestre. Na média dos seres humanos, tais centros assemelham-se a redemoinhos em uma corrente e não estão despertados. É, portanto, um Corpo de Desejos que não tem utilidade para ele como veículo de consciência independente, ou separado; mas quando esses órgãos sensoriais são despertados, parecem vórtices em rapidíssima rotação.
Período de Repouso entre Revoluções
Anteriormente falamos das Noites Cósmicas entre os Períodos. Vimos que houve uma Noite Cósmica, intervalo de repouso e assimilação, entre os Períodos de Saturno e Solar, outra entre os Períodos Solar e Lunar, etc. Porém, além dessas, existem também intervalos de repouso entre as Revoluções.
Podemos comparar: os Períodos a diferentes encarnações do ser humano; a Noite Cósmica aos intervalos entre a morte e o novo nascimento e o intervalo de repouso entre Revoluções ao período de repouso, do sono de cada noite, isto é, entre dois dias.
Quando chega a Noite Cósmica, todas as coisas manifestadas transformam-se numa massa homogênea. O Cosmos converte-se novamente em Caos.
Esse retorno periódico da matéria à substância primordial habilita o espírito a evoluir. Se o processo cristalizante de manifestação ativa continuasse indefinidamente, ofereceria um insuperável obstáculo ao progresso do espírito. Quando a matéria se cristaliza a ponto de tornar-se demasiada pesada e dura, o espírito, nela não podendo agir, retira-se para recuperar a energia já exaurida. É como uma broca que vai furando metais duros: deve parar e ser guardada durante algum tempo para recuperar-se.
As forças químicas na matéria, livres da energia cristalizante do espírito em evolução, convertem o Cosmos em Caos, isto é, devolvem a matéria ao seu estado primordial, para que os Espíritos Virginais regenerados possam recomeçar o seu trabalho na aurora de um novo Dia de Manifestação. As experiências obtidas nos Períodos e Revoluções capacitam o espírito a reconstruir, com relativa rapidez, até o ponto ultimamente alcançado. Além disso, facilitam o progresso ulterior promovendo as alterações que as experiências acumuladas lhe ditam.
Desse modo, no final da Revolução Lunar do Período Terrestre, todos os Globos e toda a vida voltaram ao Caos, reemergindo ao começar a Quarta Revolução.
A Quarta Revolução do Período Terrestre
Na sempre crescente complexidade do esquema evolutivo, há sempre espirais dentro de espirais, ad infinitum. Portanto, não deve causar surpresa sabermos que em cada Revolução o trabalho de recapitulação e repouso se aplica aos diferentes Globos. Quando a onda de vida reapareceu no Globo A, nesta Revolução, recapitulou o desenvolvimento do Período de Saturno; depois de um repouso que, entretanto, não implicou na desintegração do Globo, mas tão-só uma alteração do mesmo, apareceu no Globo B, onde recapitulou a obra do Período Solar. Depois de outro repouso, a onda de vida passou ao Globo C e repetiu o trabalho do Período Lunar. Finalmente, a onda de vida chegou ao Globo D, nossa Terra atual, e aí começou realmente o verdadeiro trabalho do Período Terrestre.
Contudo, as espirais dentro de espirais impediram que esse trabalho principiasse imediatamente depois da chegada da onda de vida do Globo C, porque o germe da Mente só foi obtido na quarta Época. Nas três primeiras Épocas foram recapitulados os Períodos de Saturno, Solar e Lunar.
CAPÍTULO XI – GÊNESE E EVOLUÇÃO DO NOSSO SISTEMA SOLAR
Nas páginas anteriores nada dissemos sobre o nosso Sistema Solar nem sobre os diferentes Planetas que o compõem porque, antes de chegar o Período Terrestre, não havia a diferenciação atual. O Período Terrestre é o pináculo da diferenciação.
Ainda que não tenhamos falado senão de uma classe de Espíritos Virginais – daqueles que, no sentido mais estrito e limitado, estão relacionados com a evolução terrestre – há, na realidade, sete “Raios” ou correntes de vida. Seguem, todos, evoluções diferentes, embora pertencendo à mesma classe original de Espíritos Virginais de que faz parte a nossa humanidade.
Nos Períodos anteriores, todas essas diferentes subclasses ou raios encontraram um ambiente apropriado para sua evolução no mesmo Planeta. Porém, no Período Terrestre as condições tornaram-se tais que, para facilitar a cada classe o grau de calor e de vibração necessários à sua fase particular de evolução, foram segregados em diferentes Planetas, a diferentes distâncias do manancial central da Vida, o Sol. Esta é a razão de ser do nosso Sistema e de todos os outros Sistemas Solares do Universo.
Antes de descrever a evolução da nossa humanidade na Terra, depois de sua separação do Sol central, é necessário, para manter a devida ordem, explicar a causa do lançamento ao espaço dos Planetas de nosso Sistema.
A manifestação ativa, particularmente no Mundo Físico, depende da separatividade, da limitação da vida pela forma. Porém, durante o intervalo entre Períodos e Revoluções, cessa a distinção entre a vida e a forma. Isto se aplica não somente ao ser humano e aos Reinos inferiores, mas também aos Mundos e Globos, as bases da forma para a vida que está evoluindo. Nesse noturno intervalo, subsistem somente os Átomos-sementes e o núcleo ou centro dos Mundos-Globos – tudo mais é uma substância homogênea. Um só Espírito compenetra todo o espaço. Vida e Forma, seus polos positivo e negativo, são indivisíveis.
A esse estado a mitologia grega chamou “Caos”. A antiga mitologia escandinava e teutônica chamava-lhe “Ginnungagap”, limitado ao norte pelo frio e nebuloso “Niflheim”, a terra da umidade e da neblina, e ao sul, pelo ardente “Muspelheim”. Quando o calor e o frio penetraram no espaço que ocupava o “Caos” ou “Ginnungagap”, eles produziram a cristalização do universo visível.
A Bíblia também emite essa ideia do espaço infinito, como predecessor da atividade do Espírito.
Em nossos atuais tempos de materialismo, lamentavelmente, perdemos a ideia de todo o significado dessa palavra espaço. Acostumamo-nos a falar de espaço “vazio” ou do “grande nada” do espaço, e perdemos completamente o imenso e santo significado daquela palavra. Em consequência, somos incapazes de sentir o respeito que essa ideia de espaço e Caos deveria fazer brotar em nossos corações.
Para os Rosacruzes, tal como para qualquer outra escola de ocultismo, não existe nada semelhante a esse vazio ou nada do espaço. Para eles o espaço é Espírito em atenuada forma, enquanto a matéria é o espaço ou Espírito cristalizado. O Espírito manifestado é dual: a Forma é a manifestação negativa do Espírito, cristalizado e inerte. O polo positivo manifesta-se como Vida que galvaniza a forma negativa e a leva à ação, porém, ambos, Vida e Forma originada em: Espírito, espaço e Caos!
Para termos uma ideia esclarecedora, tomemos da vida diária o exemplo da eclosão de um ovo. O ovo é cheio de um fluido moderadamente viscoso. Submetido esse fluido ao calor, à incubação, dessa substância fluídica e branda, sai um pintinho vivo, com ossos duros e carne, relativamente, dura, coberto de peninhas, até certo ponto, rígidas, etc.
Pois bem, se um pintinho vivo pode surgir de um fluido inerte, de um ovo, sem que se lhe junte substância exterior, será absurdo pretender que o universo seja espaço ou Espírito cristalizado? Não há dúvida alguma, apesar desta afirmação poder parecer absurda a muitas pessoas, mas esta obra não foi escrita para convencer o mundo em geral de que estas coisas são assim. Foi escrita para os que, intuitivamente, sentem que essas coisas devem ser assim e para ajudá-los a ver a luz, como ao autor foi permitido, nesse grande Mundo-mistério. O objetivo especial do momento é demonstrar que o Espírito é ativo em todo tempo – de uma forma durante a Manifestação e de outra durante o Caos.
A ciência moderna sorriria ante a ideia de que a vida pudesse existir num Globo em formação. Isto é devido à ciência não poder dissociar a Vida da Forma, e só poder conceber a Forma quando se apresenta sólida, perceptível por algum dos nossos cinco sentidos.
O ocultista-cientista, de acordo com as definições dadas acima sobre a Vida e a Forma, afirma que a Vida pode existir independentemente da Forma concreta. Podem existir formas não perceptíveis aos nossos atuais sentidos limitados, e não sujeitas a nenhuma das leis que regem o estado atual, concreto, da matéria.
É verdade que a Teoria Nebular sustenta que toda existência (quer dizer: todas as formas, mundos no espaço e quaisquer formas que possam haver neles) surgiu da nebulosa ígnea, mas não reconhece o fato ulterior sustentado pela ciência oculta: a nebulosa ígnea é Espírito. Também não reconhece que toda a atmosfera que nos rodeia e o espaço entre Mundos, é Espírito, e que existe um intercâmbio constante entre a Forma dissolvendo-se em espaço e o espaço cristalizando-se em Forma.
O Caos não é um estado que, tendo existido no passado, agora tenha desaparecido completamente. É tudo que atualmente nos rodeia. Não poderia haver progresso se as formas velhas, que já prestaram toda sua utilidade, não estivessem sendo dissolvidos constantemente no Caos, e se esse não desse nascimento também, continuamente, a novas formas. A obra da evolução cessaria e a estagnação impediria toda possibilidade de desenvolvimento.
É um axioma: “quanto mais nós morremos, melhor vivemos”. Goethe, o poeta iniciado, disse:
“Morra e nasça, sem cessar”: enquanto
Não cumpres esse destino,
És sobre a terra sombria
Qual sombrio peregrino.[7]
E São Paulo disse: “Eu morro todos os dias”[8].
Como Estudantes de ciência oculta, precisamos compreender que, mesmo durante a manifestação ativa, o Caos é a base de todo progresso. Nossa atividade durante o caos decorre de nossa atuação na manifestação ativa. Vice-versa, tudo quanto somos capazes de realizar e de progredir durante a manifestação ativa é resultado da existência no Caos. A existência nos intervalos entre Períodos e Revoluções é muito mais importante para o crescimento da alma do que a existência concreta, se bem que, sendo esta última a base da primeira, não poderíamos passar sem ela. A importância do intervalo Caótico advém, durante esse período, das entidades que estão evoluindo de todas as classes estarem tão estreitamente unidas que em realidade se unificam. Em consequência, estando em estreito contato com os seres mais altamente desenvolvidos, as classes que alcançaram pouco desenvolvimento durante a manifestação experimentam e beneficiam-se de uma vibração superior à sua. Isto lhes permite reviver e assimilar as passadas experiências, o que era impossível enquanto estavam limitadas pela forma.
Já conhecemos os benefícios que traz ao espírito do ser humano o intervalo entre a morte e o novo nascimento. Nesse intervalo, depois da morte, continua-se a empregar uma forma, mas muito mais atenuada do que o Corpo Denso. Nas Noites Cósmicas, nos intervalos de repouso entre Períodos e Revoluções há inteira libertação de toda forma, donde resulta que o benefício extraído de todas as experiências pode ser assimilado muito mais eficazmente.
Uma palavra foi empregada originalmente para expressar o estado das coisas entre manifestações. Entretanto, tem sido tão usada em sentido material que perdeu seu primitivo significado. Dita palavra é Gás.
Alguém julgará que esta palavra é muito antiga e tenha sido usada quase sempre como sinônimo de um estado de matéria mais sutil do que os líquidos. Não, esta palavra foi empregada pela primeira vez em “Physica”[9], obra que apareceu em 1663, escrita por Comenius[10], um Rosacruz.
Comenius não se intitulava a si mesmo Rosacruz; nenhum verdadeiro Irmão o faz publicamente. Só o Rosacruz conhece o irmão Rosacruz. Nem ainda os mais íntimos amigos ou a própria família conhecem as relações de um ser humano com a Ordem. Os Iniciados, e só eles, conhecem os escritores do passado que foram Rosacruzes porque, por meio de suas obras, brilham as inconfundíveis palavras, frases e sinais indicativos da significação profunda, oculta para os não Iniciados. A Fraternidade Rosacruz é composta de Estudantes dos ensinamentos da Ordem, os quais são agora fornecidos publicamente, porque a inteligência do mundo está crescendo a um ponto necessário para compreende-los. Essa obra é um dos primeiros fragmentos públicos dos conhecimentos Rosacruzes. Tudo o que tem sido publicado como tal nos últimos anos, é obra de charlatões ou traidores.
Os Rosacruzes, tais como Paracelso[11], Comenius, Bacon[12], Helmont[13] e outros, deram vislumbres em suas obras e influenciaram a outros. A grande controvérsia sobre as obras de Shakespeare (que fez sujar tantas penas de ganso e gastar tanta tinta, muito melhor empregadas em outros propósitos) nunca teria vindo a lume se fosse conhecido que a semelhança entre Shakespeare e Bacon é efeito da influência exercida sobre ambos, por um mesmo Iniciado. Esse Iniciado também influenciou Jacob Böehme[14] e um pastor de Ingolstadt[15], Jacob Baldus, que viveu posteriormente à morte do “Bardo de Avon”[16] e escreveu versos líricos em latim. Lendo o primeiro poema de Jacob Baldus com certa chave, de baixo para cima, aparecerá a seguinte sentença: “Anteriormente falei do outro lado do mar, por meio do drama; agora me expressarei liricamente”.
Em sua “Physica”, o Rosacruz Helmont escreveu: “Ad huc spiritus incognitum Gas voco”, isto é: “A esse espírito desconhecido eu chamo Gás”. Mais adiante, diz na mesma obra: “Esse vapor a que chamo Gás, não faz muito tempo, foi tirado do Caos de que falavam os antigos”.
Devemos aprender a pensar no Caos como o Espírito de Deus que compenetra todo o infinito. Segundo a máxima oculta, ver-se-á que, em sua verdadeira luz, “o Caos é a sementeira do Cosmos”. E não mais nos perturbaremos ante a assertiva de que “se possa tirar alguma coisa do nada”, porque espaço não é sinônimo de “nada”. Mantém em si os germes de tudo quanto existe durante a manifestação física, embora não contenha tudo completamente. Da fusão do Caos com o Cosmos há sempre e de cada vez, algo novo que antes não existia, que não se percebia, que permanecia latente. O nome desse algo é: Gênio, a causa da Epigênese.
Aparece em todos os Reinos e é a expressão do espírito progressivo no ser humano, no animal e na planta.
O Caos, portanto, é um nome santo, um nome que significa a causa de tudo o que vemos na Natureza. Inspira um grande sentimento de devoção a todo o ocultista experiente, verdadeiro e treinado, que contempla o mundo visível dos sentidos como uma revelação das potencialidades ocultas do Caos.
Para o ser humano poder expressar-se no Mundo Físico denso era necessário desenvolver um Corpo apropriado. Esse Corpo deve ter órgãos diversos, membros, um sistema muscular que lhe permita mover-se, um cérebro que dirija e coordene os movimentos. Se as condições tivessem sido diferentes, o Corpo seria modificado em harmonia com elas.
Todos os seres na escala da existência, elevados ou inferiores, necessitam possuir veículos quando desejam expressar-se em qualquer Mundo. Até os Sete Espíritos ante o Trono devem possuir apropriados veículos, aliás, diferentes para cada um deles. Coletivamente, Eles são Deus, formam a Trindade Divina, que, por meio de cada um, manifesta-se de maneiras diferentes.
Não existe contradição alguma em atribuir multiplicidade a Deus. Não pecamos contra a “unidade” da luz por distinguirmos as três cores primárias em que se divide. A luz branca do Sol contém as sete cores do espectro.
O ocultista distingue até doze cores no espectro visível. Há cinco entre o vermelho e o violeta – fechando o círculo – além do vermelho, laranja, amarelo, verde, etc., de espectro visível. Quatro dessas cores são indescritíveis, mas a quinta, que está no meio dessas cinco, tem um tom parecido ao da flor de pessegueiro recém-aberta. É a cor do Corpo Vital. Os clarividentes treinados, descrevendo-a como “cinza-azulado” ou “cinza-avermelhado”, procuram descrever uma cor que não tem equivalente no Mundo Físico, vendo-se, por conseguinte, obrigados a empregar os termos mais aproximados que lhes proporciona a linguagem comum.
A cor talvez nos permita conceber, melhor do que por outro modo qualquer, a unidade de Deus e dos Sete Espíritos ante o Trono. Veja-se o Diagrama 11, abaixo:
Diagrama 11 – os 1, 3, 7 e 10 Aspectos de Deus e do Ser Humano
O branco de um triângulo surge de um fundo negro. O branco é uma síntese, contém todas as cores, como Deus contém em Si todas as coisas do nosso Sistema Solar.
Dentro do triângulo branco há três círculos: azul, vermelho e amarelo. Todas as outras cores são simples combinações dessas três cores primárias. Esses círculos correspondem aos três aspectos de Deus, que não tem princípio e que terminam em Deus, se bem que só se exteriorizam durante a manifestação ativa.
Tabela das Vibrações – Cujos efeitos são reconhecidos e estudados pela Ciência[17]
Quando se misturam essas três cores, conforme se vê no Diagrama 11, aparecem quatro cores adicionais: três cores secundárias, mistura de duas primárias, e uma cor, o índigo, que contém toda a gama de cores, formada das sete cores do espectro. Essas diferentes cores representam os Sete Espíritos ante o Trono. Diferentes são também os Sete Espíritos, que têm diferentes missões no Reino de Deus, o nosso Sistema Solar.
Os sete Planetas que gravitam em torno do Sol são os Corpos Densos dos Sete gênios Planetários. Seus nomes são: Urano, com um satélite; Saturno com oito luas; Júpiter, com quatro; Marte com duas; a Terra com uma Lua; Vênus e Mercúrio.
Como os Corpos são sempre ajustados ao propósito de servir, os Corpos Densos dos Sete Espíritos Planetários são esféricos. É a forma que melhor se adapta à enorme velocidade de sua viagem pelo espaço. A Terra, por exemplo, caminha na sua órbita à razão de 66.000 milhas[18] por hora.
O Corpo humano, no passado, teve formas diferentes da que tem atualmente. A do futuro será também distinta da forma presente. Durante a involução era aproximadamente esférico, como ainda é durante a vida pré-natal. O desenvolvimento intrauterino é uma recapitulação dos passados estados evolutivos. Nesse estado, o organismo desenvolve-se em forma esférica porque, durante a involução, as energias do ser humano eram dirigidas para dentro, para construção dos próprios veículos, assim como o embrião se desenvolve dentro da esfera do útero.
Os Corpos Denso e Vital do ser humano tornaram-se eretos, mas os outros veículos superiores mantêm ainda a forma ovoide. No Corpo Denso, o cérebro – diretor e coordenador – está situado numa extremidade. É a posição menos favorável para tal órgão. Requer demasiado tempo para que os impulsos, percorrendo de uma extremidade a outra, dos pés à cabeça, cheguem ao cérebro. Em casos de queimadura, a ciência tem demonstrado que se perde bastante tempo para a sensação ir da parte afetada ao cérebro e voltar de novo, o que origina o aumento das lesões da pele.
Os prejuízos desta imperfeição ficariam grandemente diminuídos se o cérebro estivesse no centro do Corpo. As sensações e correspondentes respostas poderiam ser recebidas e transmitidas com muito maior rapidez. Nos Planetas esféricos, o Espírito Planetário dirige os movimentos de seu veículo a partir do centro. O ser humano do futuro se arredondará novamente, como se vê no Diagrama 12. Converter-se-á em esfera, o que lhe proporcionará muitas facilidades para mover-se em todas as direções, e, também, para combinar movimentos simultâneos.
O Conceito Rosacruz do Cosmos ensina que está reservada aos Planetas uma evolução ulterior. Quando os seres de um Planeta se desenvolvem até certo grau, o Planeta converte-se em Sol, o centro fixo de um Sistema Solar. Se esses seres evoluem em maior grau ainda, aquele Sol alcança o máximo de esplendor, transforma-se em zodíaco, convertendo-se, por assim dizer, em matriz de um novo Sistema Solar.
Dessa maneira, as grandes Hostes de Seres Divinos confinadas no Sol adquirem liberdade de ação sobre um número maior de estrelas, podendo afetar, de diversas maneiras, o sistema que está crescendo dentro da sua própria esfera de influência.
Os Planetas, mundos portadores de seres humanos, dentro do Zodíaco, estão, constantemente, sendo trabalhados por essas forças, de várias maneiras, de acordo com o grau de evolução alcançado.
O nosso Sol não pôde converter-se no que atualmente é enquanto não expulsou todos os seres insuficientemente evoluídos, incapazes de suportar o elevado grau de vibração e a grande luminosidade dos qualificados para aquela evolução. Todos os seres que se encontram nos diversos Planetas ter-se-iam consumidos se tivessem permanecido no Sol.
O Sol visível é o campo de evolução de seres muito superiores ao ser humano, porém, seguramente, não é o Pai dos outros Planetas, como supõe a ciência material. Ao contrário, é uma emanação do Sol Central que é a fonte invisível de tudo que é no nosso Sistema Solar. O nosso Sol visível é como um espelho em que se refletem os raios de energia do Sol Espiritual. O Sol real é tão invisível como o “ser humano real”.
Urano foi o primeiro Planeta arrojado da nebulosa, quando começou a diferenciação no Caos, ao alvorecer do Período Terrestre. Não havia luz alguma, exceto a luz difusa do Zodíaco. A vida que partiu com Urano é de caráter moroso. Por isso, diz-se, evoluciona mui lentamente.
Saturno foi o Planeta expulso depois. É o campo de evolução da vida no estado evolutivo correspondente ao Período de Saturno. Diferenciou-se antes da ignição da nebulosa e, como todas as nebulosas que passam através do Período de Saturno evolutivo, não era fonte de luz, mas somente um refletor.
Pouco depois se diferenciou Júpiter, quando a nebulosa estava já em ignição. O calor de Júpiter não é tão grande como o do Sol, Vênus ou Mercúrio. Seu imenso volume permite-lhe reter muito calor e, por isso, é um campo de evolução conveniente para seres muito desenvolvidos. Corresponde ao estado que a Terra alcançará no Período de Júpiter.
Marte é um mistério. Somente ligeiras informações podem ser dadas a seu respeito. Podemos dizer que a vida de Marte é de natureza pouco desenvolvida e que os chamados “canais” não são escavações na superfície do Planeta, mas correntes semelhantes à que passavam sobre o nosso Planeta da Época Atlante cujos resíduos podem ser observados nas Auroras Boreais e Austrais. Fica assim explicada a mutabilidade observada pelos astrônomos nos canais de Marte. Fossem realmente “canais” e não poderiam estar mudando, porém, como são correntes que emanam dos polos de Marte, estão sujeitos a tais desvios.
A Terra, incluindo a Lua, foi depois arrojada do Sol e, por último, aconteceu o mesmo a Vênus e a Mercúrio. A estes e a Marte nos referiremos mais tarde, ao falar da evolução do ser humano sobre a Terra. No momento não são necessárias maiores considerações.
A existência de luas em um Planeta indica que na onda de vida que está evoluindo naquele Planeta existem alguns seres demasiado atrasados para poderem continuar na evolução da onda de vida principal, e eles tiveram que ser afastados do Planeta para evitar que eles atrapalhassem o progresso dos pioneiros. Estão nesse caso os seres que habitam a nossa Lua. Quanto a Júpiter, é provável que os habitantes de três de suas luas possam reunir-se à vida do Planeta-pai. Admite-se que uma delas, no mínimo, é uma oitava esfera, análoga à nossa própria Lua, onde se processa o retrocesso e a desintegração dos veículos adquiridos. É o resultado da demasiada aderência à existência material por parte de seres que estão evoluindo que chegaram a tão deplorável fim.
Netuno e seus satélites não pertencem propriamente ao nosso Sistema Solar. Os demais Planetas ou, melhor dito, seus Espíritos, exercem influência sobre toda a humanidade. A influência de Netuno está restrita a uma classe especial, os astrólogos. O autor, por exemplo, tem sentido sua influência várias vezes, de maneira acentuada.
Quando os atrasados que, desterrados, evoluem em alguma lua alcançam seu posto e voltam ao Planeta paterno, ou quando um retrocesso continuado origina a completa desintegração dos seus veículos, a Lua abandonada começa a dissolver-se. O impulso espiritual inicial que a lançou a uma órbita fixa durante milênios pode, igualmente, durar milênios depois de abandonada a lua.
Do ponto de vista físico, girando ao redor do Planeta, a Lua abandonada pode parecer ainda um satélite. Não obstante, no transcurso do tempo, conforme diminua a força de atração exercida pelo nosso Sistema Solar. Então, será lançada no espaço interplanetário, dissolvendo-se no Caos. Tais mundos mortos são como escória, e a expulsão é análoga à de um Corpo estranho e duro que, introduzido no sistema humano, caminha e passa através da carne em direção à pele. Os asteroides ilustram esse ponto. São fragmentos de luas que um dia rodearam Vênus e Mercúrio. Os seres nelas confinados no passado são conhecidos esotericamente pelos nomes de “Senhores de Vênus” e de “Senhores de Mercúrio”. Alcançaram seu perdido desenvolvimento, na maior parte, graças ao serviço prestado à nossa humanidade, como adiante será descrito. Agora, salvos, estão no Planeta progenitor, enquanto as luas em que habitaram desintegraram-se parcialmente, achando-se já além da órbita da Terra. Há outras luas “aparentes” no nosso sistema, porém o Conceito não as considera por estarem além do campo de evolução.
CAPÍTULO XII – EVOLUÇÃO DA TERRA
Enquanto a matéria que forma a Terra ainda fazia parte do Sol, encontrava-se em estado ígneo, ardente. Como o fogo não queima o espírito, a evolução humana começou naquele tempo, confinada especialmente à região polar do Sol.
Os primeiros a aparecer foram os mais desenvolvidos os que deviam converter-se em humanos. As substâncias que agora compõem a Terra estavam em fusão e a atmosfera era gasosa. O ser humano recapitulou seu estado mineral.
Dessa substância química, atenuada, do Sol, o ser humano construiu seu primeiro Corpo mineral, auxiliado pelos Senhores da Forma. Alguém poderia objetar que o ser humano não pode construir nada inconscientemente. A resposta estaria no exemplo da maternidade: a mãe é consciente da construção do Corpo da criança em seu ventre? Entretanto, ninguém se atreveria a dizer que não intervém. Só há uma diferença: a mãe constrói o Corpo para a criança, enquanto o ser humano construía inconscientemente para si mesmo.
O primeiro Corpo Denso do ser humano não se parecia, nem remotamente, com o atual veículo, tão esplendidamente organizado. Tal perfeição foi conseguida ao cabo de miríades de anos. O primeiro Corpo Denso era um objeto enorme e pesado. Por uma abertura na parte superior saía ou projetava-se um órgão. Era uma espécie de órgão de orientação e direção. No transcurso do tempo, o Corpo Denso e o órgão uniram-se mais estreitamente e esse se condensou um tanto. Quando o ser humano se aproximava de lugares onde não podia suportar o calor, o seu Corpo se desintegrava. Com o tempo, o órgão se tornou sensitivo e assinalava o perigo. O Corpo Denso, automaticamente, movia-se para um lugar mais seguro.
Esse órgão degenerou-se, transformando-se no que agora conhecemos por Glândula Pineal[19]. Algumas vezes, essa Glândula é chamada o “terceiro olho”, mas é uma denominação imprópria, porque nunca foi um olho, mas sim, o órgão em que se localizava a percepção do calor e do frio, faculdade atualmente distribuída por todo o Corpo. Durante a Época Polar esse sentido estava localizado nesse órgão, assim como a visão está hoje localizada nos olhos e o sentido da audição nos ouvidos. A extensão da sensação do tato a todo Corpo, desde aquele tempo até hoje, indica a maneira como todo o Corpo Denso se desenvolverá. Os sentidos especializados indicam limitação, mas tempo chegará que qualquer parte do Corpo poderá perceber todas as coisas. Os sentidos da vista e da audição se estenderão por todo o Corpo, como acontece atualmente com o tato. O ser humano será “todo olhos e ouvidos”. Todavia, a percepção sensorial de todo o Corpo terá uma percepção relativa.
Nos primeiros estágios de que estamos falando havia uma espécie de propagação. Aquelas imensas e saciformes criaturas dividiam-se pela metade, em forma muito semelhante à divisão das células por cissiparidade, porém as porções separadas não cresciam; cada metade permanecia no tamanho original.
No transcurso do tempo, em diferentes pontos do Globo incandescente, começaram a formarem-se crostas ou ilhas, no meio do mar de fogo.
Surgiram, então, os Senhores da Forma e os Anjos (a humanidade do Período Lunar) que envolveram a forma densa do ser humano num Corpo Vital. Os dilatados Corpos cresceram ainda mais, incorporando por osmose, digamos assim, materiais do exterior. Quando se propagavam, já não se dividiam em duas metades, mas em duas partes desiguais. Ambas cresciam até adquirir o tamanho original do Corpo progenitor.
Como a Época Polar foi uma recapitulação do Período de Saturno, pode-se dizer que durante esse tempo o ser humano passou através do estado mineral: tinha o Corpo Denso e a consciência semelhante à do estado de transe. Por razões análogas, o ser humano atravessou o estado vegetal na Época Hiperbórea, durante a qual dispunha de Corpo Denso, de Corpo Vital e de consciência semelhante à do sono sem sonhos.
A evolução do ser humano na Terra começou depois de Marte ser arrojado da massa central. O que agora é a Terra ainda não se desprendera do Sol. Ao final da Época Hiperbórea, a incrustação tinha aumentado tanto que se converteu num verdadeiro obstáculo ao progresso de alguns dos mais elevados seres solares. Por outro lado, o estado incandescente era um obstáculo à evolução de algumas criaturas de grau inferior, tais como o ser humano. Nesse estado, precisavam de um mundo mais denso para seu futuro desenvolvimento. Por isso, a parte do Sol que agora é a Terra foi arrojada ao terminar a Época Hiperbórea e começou a girar em torno do Corpo do progenitor, seguindo uma órbita um tanto diferente da atual. Pouco depois, por razões análogas, foram expulsos Vênus e Mercúrio.
A cristalização sempre começa nos polos do Planeta onde o movimento é lento. A parte solidificada vai sendo arrastada aos poucos para o Equador. Se a força centrífuga da rotação planetária é mais forte que a tendência coesiva, a massa solidificada é arrojada ao espaço.
Quando o Globo terrestre foi separado da massa central incluía o que atualmente é a nossa Lua. Nesse grande Globo estava evolucionando a onda de vida que, tendo começado a evolução no Período de Saturno, agora anima o Reino Humano, assim como as ondas de vida que começaram sua evolução nos Períodos Solar, Lunar e Terrestre e atualmente estão evolucionando, através dos Reinos Animal, Vegetal e Mineral, respectivamente.
Já fizemos referência a alguns seres, os atrasados dos vários períodos que, ao final dos mesmos, não podendo dar um passo mais na evolução, foram deixados cada vez mais para trás. Tendo chegado a ponto de converterem-se em pesado obstáculo e empecilho, foi necessário expulsá-los, para não retardar a evolução dos demais.
Ao princípio da Época Lemúrica, esses “fracassados” (note-se que eram fracassados e não simplesmente atrasados), cristalizaram a parte da Terra por eles ocupada, a tal ponto que formava, digamos, uma imensa escória sobre a Terra branda e ígnea. Constituindo, pois, obstáculo e obstrução aos demais, foram arrojados ao espaço juntamente com a parte da Terra que tinham cristalizado. Essa é a gênese da Lua.
A Lua – A Oitava Esfera
Os sete Globos, de “A” a “G”, são o campo da evolução. A Lua é o campo de desintegração.
A rapidez das vibrações do Globo original que é agora o Sol teria rapidamente desagregado os veículos humanos se a Terra não se desprendesse. Cresceriam com grande rapidez, comparado com a qual seria lentíssimo o crescimento dos cogumelos. Isto é, seriam velhos o tempo em que deveriam ser jovens.
Esse efeito de excessivo Sol observa-se na rapidez de crescimento nos trópicos. Alcança-se a maturidade e a decrepitude muito antes do que nas zonas temperadas. Quanto à Lua, se tivesse ficado ligado à Terra, o ser humano ter-se-ia cristalizado até converter-se numa estátua. A enorme distância percorrida pelos raios do Sol até a Terra permite, ao ser humano, viver no grau de vibração apropriado e desenvolver-se lentamente. As forças lunares, por sua vez, chegam da distância necessária para que o Corpo seja construído com a densidade conveniente. Estas últimas forças são ativas na construção da forma. A continuidade da sua ação acaba por cristalizar os tecidos orgânicos e, até, por ocasionar a morte.
O Sol age sobre o Corpo Vital. É força que trabalha pela vida, e luta contra as forças lunares que trabalham para a morte.
Nesta época apareceram os Arcanjos (a humanidade do Período Solar) e os Senhores da Mente (a humanidade do Período de Saturno). Os Senhores da Forma, que tinham a seu cargo o Período Terrestre, ajudaram aquelas Hierarquias. Os primeiros ajudaram o ser humano a construir o Corpo de Desejos, e os Senhores da Mente deram o germe mental à maior parte dos pioneiros, que formavam a classe 1 na classificação do Diagrama 10.
Os Senhores da Forma vivificaram o Espírito Humano em todos os atrasados do Período Lunar que tinham progredido o necessário nas três Revoluções e meia, transcorridas desde o começo do Período Terrestre. Nesse tempo, os Senhores da Mente não puderam dar-lhes o germe mental. Desta forma, uma grande parte da humanidade nascente ficou sem esse laço de união entre o Tríplice Espírito e o Tríplice Corpo.
Os Senhores da Mente tomaram a seu cargo as partes superiores do Corpo de Desejos e da Mente germinal, impregnando-as do sentimento da personalidade separada, sem a qual não poderiam existir seres separados, tal como hoje conhecemos.
Devemos aos Senhores da Mente a personalidade individual e todas as possibilidades de experiência e crescimento que ela pode proporcionar-nos. Esse ponto marca o nascimento do Indivíduo.
O Diagrama 1 mostra que a personalidade é a imagem refletida do Espírito, e a Mente é o espelho ou foco.
Assim como em um lago as imagens das árvores se invertem parecendo que a folhagem está no mais profundo das águas, assim também o aspecto mais elevado do espírito (o Espírito Divino) encontra sua contraparte no mais inferior dos três Corpos (o Corpo Denso). O seguinte espírito mais elevado (o Espírito de Vida) reflete-se no Corpo imediato (o Corpo Vital). O terceiro espírito (o Espírito Humano) e seu reflexo, o terceiro Corpo (o de Desejos), aparece mais próximo ao espelho refletor, a Mente, correspondendo esta à superfície do lago, o meio refletor em nossa analogia.
O espírito desceu dos mundos superiores durante a involução e, por ação recíproca, no mesmo período os Corpos se elevaram. O encontro destas duas correntes no foco, ou Mente, marca o momento em que nasce o indivíduo, o ser humano, o Ego, quando o Espírito toma posse dos seus veículos.
Contudo, não imaginemos que, ao alcançar esse ponto, o ser humano se tornou consciente, pensante, tal como é hoje, no estado atual de sua evolução. Para alcançá-lo teve de percorrer um longo e penoso caminho. Os órgãos estavam, ainda, em estado rudimentar, não havia cérebro para empregar como instrumento de expressão e, por isso, a consciência era a menor que se possa imaginar. Numa palavra, o ser humano daquele tempo estava longe de ser tão inteligente como os animais atuais. O primeiro passo para melhorar foi a construção do cérebro, destinado a ser o instrumento da Mente no Mundo Físico. Isto se realizou separando a humanidade em sexos.
Ao contrário da ideia geralmente aceita, o Ego é bissexual. Se o Ego fosse assexual, o Corpo seria necessariamente assexual também, por ser o símbolo externo do espírito interno. Nos mundos internos, o Ego manifesta os sexos diferentemente, como duas qualidades distintas: Vontade e Imaginação. A Vontade é a força masculina, aliada às forças solares. A Imaginação é o poder feminino, sempre unido às forças lunares. Isto explica o predomínio da Imaginação na mulher e o poder especial que a Lua exerce sobre o organismo feminino.
Quando na Época Hiperbórea, a matéria que depois formou a Terra e a Lua fazia ainda parte do Sol, o Corpo do ser humano nascente era plástico. As forças da parte que permaneceu como Sol e da parte que agora constitui a Lua agiam facilmente em todos os Corpos. O ser humano era hermafrodita, capaz de exteriorizar de si outro ser sem intervenção de qualquer outro.
Separada a Terra do Sol e, pouco depois, arrojada a Lua, as forças dos dois luminares não encontraram modo de expressar-se como anteriormente. Alguns Corpos tornaram-se melhores condutores de umas forças e outros de outras.
Na parte do Período Terrestre que precedeu à separação dos sexos, durante as três Revoluções e meia entre a diferenciação de Marte e o começo da Época Lemúrica, Marte seguia uma órbita distinta da que agora percorre. Sua aura (essa parte dos veículos sutis que se estende para fora do Planeta denso) compenetrou o Corpo do Planeta central polarizando internamente o ferro.
Antes disso, como o ferro é essencial para a produção do sangue vermelho e quente, todas as criaturas eram de sangue frio, melhor dito, a parte fluídica dos seus Corpos não era mais quente que a atmosfera que as rodeava.
Quando a Terra foi arrojada do Sol central, modificaram-se as órbitas dos Planetas, pelo que diminuiu a influência de Marte sobre o ferro. O Espírito Planetário de Marte retirou o resto desta influência e, embora os Corpos de Desejos da Terra e de Marte ainda se compenetrassem, cessou o poder dinâmico de Marte sobre o ferro, um metal marciano, então utilizável em nosso Planeta.
Em realidade, o ferro é a base de toda existência separada. Sem o ferro, não seria possível o sangue vermelho, produtor do calor. O Ego não teria governo algum no Corpo. Quando se desenvolveu o sangue vermelho, na última parte da Época Lemúrica, o Corpo tornou-se ereto. O Ego pôde, então, penetrar no seu Corpo e governá-lo.
Porém, o fim e o objetivo da evolução não é somente entrar no Corpo. Isso é um meio e o fim é a melhor expressão do Ego no Mundo Físico, por meio do seu instrumento. Para consegui-lo teve de construir órgãos dos sentidos, tal como a laringe e, sobretudo, o cérebro, que depois aperfeiçoou.
Durante a primeira parte da Época Hiperbórea, enquanto a Terra estava ainda unida ao Sol, o ser humano recebia das forças solares o sustento de que necessitava. Inconscientemente, para fins de propagação, o excesso era irradiado.
Quando o Ego entrou na posse dos seus veículos, foi necessário empregar parte dessa força na construção do cérebro e da laringe, originariamente partes do órgão criador. A laringe formou-se enquanto o Corpo Denso tinha a forma de saco dilatado, já descrita, forma ainda mantida no embrião humano. Conforme o Corpo Denso se verticalizou, parte do órgão criador permaneceu com a parte superior do Corpo Denso, convertendo-se em laringe.
Desta forma, a dual força criadora que, no objetivo de criar outro ser, trabalhara anteriormente em uma só direção, dividiu-se. Uma parte dirigiu-se para cima, para construção do cérebro e da laringe, o meio para o Ego pensar e comunicar pensamentos aos demais seres.
Resultados desta modificação: só uma parte da força essencial para a criação de outro ser era eficaz em cada indivíduo. Por isso, cada ser individual teve de procurar a cooperação de outro que possuísse a parte da força procriadora que lhe faltava.
Assim, a entidade que está evoluindo obteve a consciência cerebral do mundo externo à custa da metade do seu poder criador. Antes disso, ao empregar, em si, as duas partes desse poder para exteriorizar outro ser, o indivíduo era criador somente no Mundo Físico. Depois da modificação, adquiriu o poder de criar e de expressar pensamentos e a capacidade de criar nos três Mundos.
As Raças e Seus Líderes
Antes de considerar em detalhes a evolução dos lemurianos, será conveniente dar uma vista geral às Raças e seus Líderes.
Algumas obras sobre Ocultismo, muito estimadas, trouxeram a público os ensinamentos da Sabedoria Oriental. Não obstante, contém certos erros, devidos à má interpretação dos que tiveram a felicidade de recebê-los e transmiti-los. Todos os livros não escritos diretamente pelos Irmãos Maiores estão sujeitos a tais erros. Todavia, considerando a extrema complexidade do assunto, são de admirar que os erros cometidos tenham sido tão poucos. Por isso, o autor não tem a menor intenção de criticar, reconhecendo que mais numerosos e mais graves erros podem ter sido incorporados nesta obra, devidos à errônea concepção do ensino recebido. O autor simplesmente indica, nos seguintes parágrafos, o que recebeu, e mostra como podem conciliar-se os diferentes ensinamentos, aparentemente contraditórios, de obras tão preciosas como “A Doutrina Secreta”, de H. P. Blavatsky[20], e o “Budismo Esotérico” de A. P. Sinnett[21].
A parte da evolução humana a ser realizada durante a jornada atual da onda de vida na Terra estende-se por sete grandes estados ou Épocas. Esses estados de evolução não podem ser chamados propriamente raças. Até próximo do final da Época Lemúrica, nada apareceu a que se possa propriamente aplicar esse nome. Desde aquele tempo, sucederam-se diferentes raças através das Épocas Atlante e Ária, e prolongar-se-ão ligeiramente na grande Sexta Época.
O número total de raças em nosso esquema evolutivo – passadas, presentes e futuras – é de dezesseis: uma ao final da Época Lemúrica; sete, durante a Época Atlante; mais sete em nossa atual Época Ária, e outra mais, ao começar a Sexta Época. Depois disso nada mais haverá que possamos denominar propriamente de raça.
As raças não existiram nos períodos que precederam o Período Terrestre, nem existirão nos períodos subsequentes. Unicamente aqui, no nadir da existência material, podem existir diferenças tão grandes entre os seres humanos e produzir distinções de raças.
Além das Hierarquias Criadoras que deram aos seres humanos seus veículos durante a Involução e ajudaram-nos a dar os primeiros passos na Evolução, a humanidade teve também, como Líderes da Humanidade imediatos, seres muito mais desenvolvidos. Para realizar essa obra de amor, esses Líderes vieram dos Planetas situados entre a Terra e o Sol: Vênus e Mercúrio.
Os seres que habitam Vênus e Mercúrio não estão tão avançados como os que têm por atual campo de evolução o Sol, mas estão muito mais desenvolvidos do que a nossa humanidade. Portanto, permaneceram algum tempo mais na massa central do que os habitantes da Terra. Em certa altura do seu desenvolvimento, havendo necessidade de campos de evolução separados, foram arrojados esses dois Planetas: Vênus, primeiro, depois Mercúrio. Cada um ficou à necessária distância para assegurar a intensidade vibratória conveniente à sua evolução. Os habitantes de Mercúrio, mais próximos do Sol, são os mais avançados.
Alguns habitantes destes Planetas foram enviados à Terra para auxiliar a nascente humanidade. Os ocultistas conhecem-nos pelos nomes de “Senhores de Vênus” e de “Senhores de Mercúrio”.
Os Senhores de Vênus foram os Líderes da massa do nosso povo. Eram seres inferiores da evolução de Vênus. Ao aparecerem entre os seres humanos foram conhecidos como “Mensageiros dos Deuses”. Para o bem da humanidade, eles a guiou e a conduziu, passo a passo. Não houve rebelião alguma contra sua autoridade porque o ser humano ainda não tinha desenvolvido vontade independente. A fim de elevá-lo ao grau em que pudesse manifestar vontade e razão, guiaram-no até poder dirigir-se a si próprio.
Reconhecendo que esses mensageiros se comunicavam com os Deuses, foram reverenciados profundamente e suas ordens obedecidas sem discussão.
Quando a humanidade, sob a direção destes Seres, chegou a certo grau de progresso, os humanos mais avançados foram colocados sob a direção dos Senhores de Mercúrio. Iniciaram-nos nas verdades mais elevadas, a fim de convertê-los em Líderes ou chefes do povo. Estes iniciados, guinados à dignidade de reis, foram os fundadores das dinastias dos Legisladores Divinos. Certamente, eram reis “pela graça de Deus”, isto é, pela graça dos Senhores de Vênus e de Mercúrio que, para a infantil humanidade, eram como deuses. Guiaram e instruíram os reis para benefício do povo, não para se engrandecer e arrogarem-se direitos a expensas deste.
Nesse tempo, um regente tinha o dever sagrado de educar e ajudar o seu povo, pacificar e promover a equidade e o bem-estar. Tinha a luz de Deus, que lhe dava sabedoria e guiava o seu julgamento. Enquanto reinaram esses Reis tudo prosperou, viveu-se, certamente, uma Idade de Ouro. Seguindo em detalhe a evolução do ser humano, veremos que a fase ou período presente de desenvolvimento não será uma idade de ouro, senão talvez no sentido material, mas é uma fase necessária para conduzir o ser humano a ponto de guiar-se a si mesmo. O domínio próprio é o fim e objetivo de toda disciplina. Nenhum ser humano sem governo pode subsistir seguro e salvo se não aprendeu a dominar-se. No atual grau de desenvolvimento esta tarefa é a mais difícil que se lhe pode proporcionar. É muito fácil dar ordens a outros ou dominá-los, difícil é impor obediência a si próprio.
O propósito dos Senhores de Mercúrio, em todo esse tempo, assim como o objetivo dos Hierofantes dos Mistérios, desde esse tempo, e o de todas as escolas de ocultismo, em nossos dias, era e é ensinar ao candidato a arte de se dominar. O ser humano estará qualificado para governar os outros na proporção, unicamente na proporção, em que seja capaz de domínio próprio. Se os nossos atuais legisladores ou dirigentes das massas pudessem dominar-se a si próprios, teríamos novamente o Milênio, ou Idade de Ouro.
Em idades antiquíssimas, os Senhores de Vênus agiram sobre as massas. Atualmente, os Senhores de Mercúrio estão trabalhando sobre o Indivíduo, capacitando-o para o domínio próprio (incidentalmente, não propriamente), para o domínio dos demais. Esse seu trabalho é somente o início da crescente influência mercuriana que ocorrerá nas três e meia Revoluções restantes do Período Terrestre.
Nas primeiras três e meia Revoluções, Marte polarizou o ferro, o que evitou a formação do sangue vermelho e impediu a entrada do Ego no Corpo até adquirir o conveniente grau de desenvolvimento.
Nas últimas três Revoluções e meia, Mercúrio agirá para libertar o Ego dos veículos densos, por meio da Iniciação.
É interessante notar que assim como Marte polarizou o ferro também Mercúrio polarizou o metal do mesmo nome. A ação desse metal demonstra muito bem essa tendência de retirar o espírito do Corpo.
Um exemplo é essa terrível enfermidade, a sífilis, em que o Ego fica demasiadamente aprisionado ao Corpo. Mercúrio, em doses convenientes, alivia essa condição, reduz a aderência do Corpo ao Ego, e permite a esse a liberdade que goza as pessoas sem essa doença. Em contrapartida, uma dose exagerada de mercúrio provoca paralisia, por libertar o Ego do Corpo Denso de uma maneira imprópria.
Os Senhores de Mercúrio ensinaram o ser humano a sair do e a voltar ao Corpo à vontade, e a funcionar nos veículos superiores independentemente do Corpo Denso. Assim, esse último se converteu numa casa confortável e alegre, em vez de uma prisão obscura – um instrumento útil, em vez de um cárcere.
A Ciência Oculta fala do Período Terrestre como de Marte-Mercúrio. Realmente, pode-se dizer, temos estado em Marte e vamos para Mercúrio, conforme diz uma das obras ocultistas mencionadas anteriormente. Entretanto, diga-se também, nunca habitamos o Planeta Marte, nem estamos vivendo na Terra para, futuramente, ir viver no Planeta Mercúrio, como outra das obras mencionadas indica, na intenção de corrigir um erro da primeira.
Na Época atual, Mercúrio está emergindo do período de repouso planetário. Exerce muita pouca influência no ser humano, mas conforme for passando o tempo, sua influência será mais preponderante na nossa evolução. As raças futuras obterão muito maior ajuda dos mercurianos, e os povos das Épocas e Revoluções posteriores obterão ainda mais.
A Raça Lemúrica
Encontramo-nos agora em condições de compreender as informações seguintes, referentes às entidades humanas que viveram na última parte da Época Lemúrica.
A atmosfera da Lemúria era ainda muito densa, parecida à névoa ígnea do Período Lunar, porém mais densa. A crosta terrestre começava a adquirir dureza e solidez em algumas partes, mas noutras estava ainda em fusão. Entre essas ilhas de crosta dura havia um mar de água em ebulição, erupções ardentes lutavam contra a formação da crosta que progredia e, rodeando, os aprisionava.
O ser humano vivia sobre as partes mais duras e relativamente resfriadas, entre bosques gigantescos e animais de enorme tamanho. As formas dos animais e dos seres humanos eram muito plásticas. Já se formava o esqueleto, mas havia no ser humano um grande poder de modelar a carne do seu Corpo e dos animais. Ao nascer podia ouvir e tinha sensibilidade tátil, mas a percepção da luz só veio mais tarde. Atualmente, há casos análogos em animais; os filhotes de cães e gatos recebem o sentido da visão algum tempo depois de nascer. Os lemurianos não tinham olhos. Eram dois pontos, duas manchas pequenas, sensíveis à luz solar que difusa e vagamente atravessava a atmosfera de fogo da antiga Lemúria. Desde então, a construção dos olhos progrediu, mas, até o final da Época Atlante, não havia o sentido da visão, como hoje o conhecemos.
Enquanto o Sol era interno e a Terra era parte do grande Globo luminoso o ser humano não precisava de nenhuma iluminação externa; ele era luminoso. Quando a Terra obscura foi separada do Sol, tornou-se necessário poder perceber a luz e o ser humano a percebia quando os raios incidiam sobre ele.
A Natureza construiu os olhos para receberam a luz, em resposta à função já existente, segundo princípio invariável, demonstrado habilmente pelo professor Huxley. A ameba não tem estômago e, entretanto, digere. Ela é todo estômago. A necessidade de digerir o alimento formou o estômago no transcurso do tempo, porém, a digestão existiu antes da formação do canal digestivo. De maneira análoga, a percepção da luz produziu os olhos. A luz criou e mantém o olho. Onde não há luz alguma não podem existir olhos. Em experiências com alguns animais que, metidos em cavernas, foram privados de toda luz, os olhos degeneraram a até se atrofiaram por não haver luz alguma para sustentá-los, já que os olhos são desnecessários em cavernas escuras. Os lemurianos necessitavam de olhos, tinham percepção da luz, e a luz começou a construir os olhos, como resposta àquela exigência.
A linguagem era de sons análogos aos da Natureza. O murmúrio do vento nos bosques imensos, que cresciam luxuriantes naquele clima super-tropical, o ulular da tempestade, o ruído das cataratas, o rugido dos vulcões, todos esses sons eram para o ser humano de então como vozes dos Deuses, de quem sabia ter descendido.
Do nascimento do seu Corpo nada sabia. Não podia vê-lo, nem ver outras coisas, mas percebia os seus semelhantes. Era uma percepção interna, um tanto semelhante à quando percebemos pessoas ou coisas em sonhos. Todavia, com uma diferença importantíssima: estas percepções internas eram claras e racionais.
Nada conhecia, portanto, sobre o Corpo e nem sequer sabia que tinha um Corpo, do mesmo modo que não sentimos que temos estômago quando em boa saúde. Só nos lembramos da sua existência quando os abusos provocam dores. Em condições normais, não nos lembramos do estômago e somos completamente inconscientes dos seus processos. O mesmo se dava com os lemurianos: os Corpos prestavam-lhes excelentes serviços, embora inconscientes da sua existência. Foi a dor o meio de fazer-lhes sentir o Corpo e o mundo externo.
Tudo quanto se relacionava com a propagação da raça e com o nascimento era executado sob a direção dos Anjos, por sua vez, guiados por Jeová, o Regente da Lua. A função procriadora era exercitada em determinadas épocas do ano, quando as linhas de força de Planeta para Planeta formavam ângulo apropriado. Como a força criadora não encontrava obstáculo algum, o parto realizava-se sem dor. O ser humano era inconsciente do nascimento, porque sua inconsciência do Mundo Físico era análoga à nossa, agora, durante o sono. Só mediante o íntimo contato das relações sexuais o espírito sentiu a carne, e o ser humano “conheceu” sua esposa. A isto se referem várias passagens da Bíblia, por exemplo: “Adão conheceu Eva e ela concebeu Seth”[22]; “Elkanah conheceu Hanah e ela concebeu Samuel”[23]; e a pergunta de Maria: “Como poderia conceber se não conheço homem algum? “[24]. Está aqui, também, a chave para o significado da “Árvore do Conhecimento”[25], o fruto, que abriu os olhos de Adão e Eva, a fim de poderem conhecer o bem e o mal. Anteriormente, conheciam somente o bem, mas, quando começaram a exercer a função criadora independentemente, sem o conhecimento das influências Astrais, como tem sido característica dos seus descendentes, conheceram o sofrimento e o mal. A suposta maldição de Jeová não foi maldição, de maneira alguma. Foi uma clara indicação do efeito que, inevitavelmente, produziria a força criadora quando empregada na geração de um novo ser, sem tomar em conta as determinantes dos Astros.
Assim, o emprego ignorante da força geradora é o principal responsável pela dor, enfermidade e a tristeza.
O lemuriano não conhecia a morte porque, no transcurso de longas eras, quando o Corpo se tornava inútil, entrava noutro, completamente inconsciente da mudança. Como a consciência não estava focada no Mundo Físico, para ele, abandonar seu Corpo para tomar outro Corpo era como a queda de uma folha seca de árvore, logo substituída por novo broto.
A linguagem era algo santo, não, como a nossa, uma linguagem morta, um simples arranjo de sons. Cada som emitido pelos lemurianos tinha poder sobre os semelhantes, sobre os animais e sobre a Natureza circundante. Portanto, sob a orientação dos Senhores de Vênus, que foram os mensageiros de Deus – os agentes das Hierarquias Criadoras – o poder de expressão foi usado com grande reverência, como algo mais sagrado.
A educação dos meninos diferia muito da educação das meninas. Os métodos educativos dos lemurianos seriam chocantes para nossa mais refinada sensibilidade. Para não ferir os sentimentos do leitor, falaremos unicamente do menos cruel de todos eles. Cumpre recordar que não estando os Corpos dos lemurianos tão altamente sensibilizados como os Corpos humanos dos nossos dias, só mediante práticas duríssimas, por extremamente desumanas que pareçam, se podia compelir sua consciência extremamente obscura e pesada para que ela se voltasse ao mundo exterior.
A educação dos meninos era especialmente encaminhada ao desenvolvimento da Vontade. Faziam-nos lutar uns contra os outros, em lutas extremamente brutais. Eram empalados em espetos, mas deixados de maneira que pudessem desempalar-se à vontade. Para exercitarem o poder da vontade, deveriam permanecer assim, apesar da dor. No mesmo sentido, aprendiam a manter seus músculos em tensão e a transportar imensas cargas.
A educação das meninas encaminhava-se ao desenvolvimento da faculdade imaginativa. Eram também sujeitas a práticas desumanas e severas: deixadas em bosques imensos para que o som do vento nas folhagens lhes falasse, abandonadas em meio à fúria das tempestades e de inundações. Dessa forma aprendiam a não temer os paroxismos da Natureza e a perceber, unicamente, a grandeza dos elementos em luta. A frequência das erupções vulcânicas era, também, de grande valor como meio educativo, especialmente para despertar a memória.
No transcurso do tempo, a consciência foi se despertando, e essas práticas cruéis abandonadas por se tornarem desnecessárias, porém, naqueles tempos, foram indispensáveis para despertar as adormecidas forças do espírito à consciência do mundo externo.
Tais métodos educativos, que estavam completamente fora de sentido em nossos dias, não chocavam os lemurianos, desprovidos de memória. Não importava quão dolorosas ou aterrorizantes fossem as experiências suportadas. Uma vez passadas, eram imediatamente esquecidas. As terríveis experiências citadas acima imprimiam, no cérebro, impactos violentos e constantemente repetidos e tinham por objetivo despertar a memória, a necessária memória que, hoje, emprega as experiências do passado como guia da ação.
A educação das meninas desenvolvia a memória germinal, ainda débil. A primeira ideia de bem e do mal foi formulada por elas. As experiências agiram fortemente sobre sua imaginação: as que produziam o resultado esperado eram consideradas “boas”, enquanto as que apresentavam desfecho inesperado eram consideradas “más”.
Assim, a mulher foi a precursora da cultura e a primeira a desenvolver a ideia de uma “boa vida”. Por isso, a mulher tornou-se um expoente mui estimado entre os antigos e a tal respeito tem, nobremente, estado na vanguarda desde aquela época. Certamente, encarnando os Egos alternadamente como homens e como mulheres, não há realmente superioridade alguma. Simplesmente os que encarnam em Corpos Densos do sexo feminino tem Corpos Vitais positivos e, portanto, são mais sensíveis aos impactos espirituais do que os varões, que têm Corpos Vitais negativos.
O lemuriano era um mago de nascimento, reconhecia-se como um descendente dos Deuses, um ser espiritual. Sua linha de desenvolvimento, portanto, não era orientada para obtenção de conhecimentos espirituais, mas sim materiais. Para os mais avançados não era preciso revelar aos seres humanos essa elevada origem, nem educá-los para a realização de coisas mágicas, ou instruí-los, nos Templos de Iniciação, para funcionarem no Mundo do Desejo ou nos Reinos superiores. Tais instruções são necessárias ao ser humano atual porque não tem conhecimento do mundo espiritual, nem pode funcionar nos Reinos suprafísicos. O lemuriano, possuía esse conhecimento e podia exercer essas faculdades. Contudo ignorava as Leis do Cosmos e os fatos relacionados com o Mundo Físico, coisas e conhecimentos, hoje, comuns a todos. Nas Escolas Iniciáticas ensinavam-se a arte, as leis da Natureza e os fatos relacionados com o universo físico, fortalecia-se a vontade, despertava-se a imaginação e a memória, de maneira a correlacionar as experiências, e inventar meios de ação, quando as experiências do passado não indicavam o procedimento apropriado. Os Templos de Iniciação dos tempos lemúricos eram, por conseguinte, escolas superiores de desenvolvimento do poder da vontade e da imaginação, com graduados cursos posteriores sobre Arte e Ciência.
Embora o lemuriano fosse um mago nato, nunca empregou mal seus poderes, porque se sentia relacionado com os Deuses. Sob a direção dos Mensageiros de Deus, dos quais já falamos, suas forças foram dirigidas à construção de formas nos Reinos vegetal e animal. Para o materialista, pode ser mui difícil compreender como poderiam efetuar essa obra sem verem o mundo ambiente. É certo, eles não podiam ver, tal como compreendemos essa palavra ou como vemos atualmente os objetos exteriores com nossos olhos físicos. Não obstante, assim como as crianças, nos dias de hoje, são clarividentes enquanto permanecem em inocência imaculada, sem pecado, assim também os lemurianos, que eram puros e inocentes, possuíam uma percepção interna que lhes proporcionava uma vaga ideia da forma externa de qualquer objeto, muito iluminada internamente, como qualidade anímica, por uma percepção espiritual nascida da pureza e da inocência.
Entretanto, Inocência não é sinônimo de Virtude. Inocência é filha da Ignorância e essa não pode se conservar num universo que tem como propósito evolutivo a aquisição da Sabedoria. Para chegar a esse fim, é essencial conhecer o bem e o mal, o certo e o errado e também ter a liberdade de agir. Se o ser humano, possuindo o conhecimento e a liberdade de agir, defende o Bem e o Justo, cultiva a Virtude e a Sabedoria. Se cai na tentação e, conscientemente, faz o mal, desenvolve o vício.
O plano de Deus não pode ser reduzido a nada. Cada ato é uma semente para a Lei de Consequência. Nós colhemos o que semeamos. As ervas daninhas das más ações trazem em si tristeza e sofrimento; e quando as sementes delas caírem no coração castigado e forem umedecidas pelas lágrimas do arrependimento, a Virtude florescerá, definitivamente. Se no Reino do nosso Pai só o Bem pode perdurar, não é uma verdadeira bênção a certeza de que apesar do mal que façamos, o Bem triunfará por fim?
A “Queda” e a consequente dor e sofrimento são um estado temporário, durante o qual vemos as coisas como através de um vidro embaciado. Depois, encontrar-nos-emos frente a frente com Deus, a quem os puros de coração percebem dentro e fora de si.
A “Queda do Homem”
Cabalisticamente descrita, é a experiência de um casal que, certamente, representa a humanidade. A chave encontra-se nos versículos da Bíblia em que o Mensageiro dos Deuses, anuncia à mulher “conceberá teus filhos com dor”. Aqui está, também, implícita a sentença de morte que foi pronunciada, nesse mesmo contexto.
Antes da Queda, a consciência não estava enfocada no Mundo Físico. O ser humano estava inconsciente da propagação, do nascimento e da morte. Os Anjos, como se disse, trabalhavam no Corpo Vital (o meio de propagação), regulavam a função procriadora e juntavam os sexos em certas ocasiões do ano, empregando as forças solares e lunares, nos momentos e condições mais propícias para a fecundação. A união dos participantes, ao princípio, era inconsciente, porém, mais tarde, produziu-se um conhecimento físico momentâneo. A gestação decorria sem incômodo algum e o parto realizava-se sem dor. Estando os pais submersos em sono profundo, o nascimento e a morte não implicavam solução de continuidade da consciência, isto é, não existiam para os lemurianos.
A consciência era dirigida para dentro. Percebiam as coisas físicas de maneira espiritual, como quando as percebemos em sonhos, momentos em que tudo que vemos está dentro de nós.
Quando seus olhos foram abertos e a consciência foi dirigida para fora, para os fatos do Mundo Físico, alteraram-se as condições. A propagação foi dirigida não pelos Anjos, mas pelos seres humanos. Ignoravam a operação das forças solares e lunares e abusaram da função sexual, empregando-a para gratificar os sentidos. Daí resultou a dor que passou a acompanhar o processo da gestação e nascimento. A consciência focalizou-se no Mundo Físico, se bem que as coisas não apareceram com nitidez até a última parte da Época Atlante. Só então começou a conhecer a morte como solução de continuidade que se produzia na consciência, ao passar para os mundos superiores depois de morrer, e quando retrocedia ao Mundo Físico para renascer.
Recordemos como se processou a “abertura de seus olhos”. Quando os sexos foram separados, o macho converteu-se em expressão da Vontade, uma parte da dual força anímica e a fêmea, por seu lado, expressou a Imaginação. Se a mulher não fosse imaginativa, não poderia construir o novo Corpo na matriz, e se os espermatozoides não fossem a ativa concentração da vontade humana, não seria possível realizar a impregnação e começar a germinação, resultante da continuada segmentação do óvulo.
Essas forças gêmeas, Vontade e Imaginação, são necessárias à propagação dos Corpos. Uma dessas duas forças exalta-se em cada sexo e é essa parte a utilizável para a propagação. Daí a necessidade do ser que expressa uma só classe de força anímica, unissexual, unir-se a outro que expresse a força anímica complementar. Isto já foi explicado anteriormente. Além disso, a parte da força anímica não utilizada na propagação é utilizável no crescimento interno. Enquanto o ser humano empregava totalmente a dual força sexual na geração, não podia realizar nada no sentido do próprio crescimento anímico. Depois, a parte não empregada através dos órgãos sexuais foi apropriada pelo espírito para construir o cérebro e a laringe, meios de expressão.
O cérebro e a laringe foram construídos durante a última parte da Época Lemúrica e os primeiros dois terços da Época Atlante, até que o ser humano se converteu em um ser pensante, que raciocina: completamente consciente.
No ser humano, o cérebro é o elo entre o espírito e o mundo externo. Ele nada pode saber sobre o mundo externo a não ser por meio do cérebro. Os órgãos dos sentidos são, meramente, condutores que levam ao cérebro os impactos do exterior, e o cérebro é o instrumento que interpreta e coordena esses impactos. Os Anjos pertencem à uma evolução diferente e nunca foram aprisionados em um veículo denso e lento como o nosso. Eles aprenderam a obter conhecimento sem necessidade de um cérebro físico. Seu veículo inferior é o Corpo Vital. A Sabedoria lhes foi concedida como uma dádiva, sem a necessidade de pensar laboriosamente por meio de um cérebro físico.
O ser humano, ao “cair na geração”, teve que trabalhar para obter o conhecimento. Por meio de uma parte da força sexual dirigida para dentro, o espírito construiu o cérebro, para ganhar o conhecimento do Mundo Físico. Essa mesma força continua a ser empregada para alimentar e construir o cérebro atual. A força é subvertida de seu próprio curso, considerando que deveria ser empregada para procriação. O ser humano a retém com propósitos egoístas. Os Anjos não experimentaram divisão alguma dos seus poderes anímicos e podem, portanto, exteriorizar sua dual força anímica sem reservar nada egoisticamente.
A força exteriorizada com o propósito de criar outro ser é Amor. Os Anjos exteriorizam todo o seu amor, sem egoísmo nem desejo e, em troca, a Sabedoria Cósmica flui neles.
O ser humano exterioriza unicamente parte do seu amor; guarda o restante egoisticamente e emprega-o para construir seus órgãos internos de expressão, para melhorar a si mesmo; de sorte que o seu amor é egoísta e sensual. Com uma parte do poder anímico criador ama egoisticamente a outro ser, porque deseja a cooperação na propagação, e com a outra parte pensa (também por razões egoístas), porque deseja conhecimento.
Os Anjos amam sem desejo, mas o ser humano teve de passar pelo egoísmo. Deve desejar e trabalhar para adquirir sabedoria egoisticamente, a fim de poder alcançá-la desinteressadamente, em estágio mais elevado.
Os Anjos ajudaram-no a propagar-se ainda depois da subversão de parte da força anímica. Ajudaram-no, também, a construir o cérebro físico, mas não tinham conhecimento algum que pudesse ser transmitido por seu intermédio. Não sabendo como usar tal instrumento, não podiam falar diretamente a um ser com cérebro. Tudo o que eles podiam fazer era controlar a expressão física do amor do ser humano e guiá-lo, através das emoções, de um modo amoroso e inocente, para o salvarem da dor e do sofrimento decorrentes do exercício incorreto das funções sexuais.
Contudo, se esse regime tivesse permanecido o ser humano continuaria sendo um autômato guiado por Deus, e nunca se teria convertido numa personalidade, num indivíduo.
A conversão em indivíduo deve-se a uma classe, muito criticada pelo próprio ser humano, de entidades angélicas, chamada Espíritos Lucíferos[26].
Esses espíritos eram uma classe de atrasados da onda de vida dos Anjos. No Período Lunar estavam muito além da grande massa que atualmente constitui os mais avançados da nossa humanidade. Não progrediram tanto como os Anjos, que eram a humanidade pioneira do Período Lunar, entretanto, estavam tão avançados do que a nossa humanidade atual que era impossível para eles tomar um Corpo Denso como nós fizemos; ainda mais, eles não poderiam obter conhecimento sem o uso de um órgão interno, um cérebro físico. Estavam a meio caminho entre o ser humano, que tem cérebro, e os Anjos que não necessitam dele – em uma palavra, eram semideuses
Eles estavam, assim, em uma situação muito séria. O único caminho que puderam encontrar para se expressarem e adquirir conhecimento foi usar o cérebro físico do ser humano. Através dele podiam fazer-se compreender por um ser físico dotado de cérebro, o que os Anjos não podiam fazer.
Como dissemos, o ser humano, na última parte da Época Lemúrica, não podia ver o Mundo Físico, tal como nós o vemos atualmente, pois estava inconsciente do mundo exterior. O Mundo do Desejo lhe era muito mais real. Tinha a consciência do sono com sonhos do Período Lunar, uma consciência pictórica interna. Os Lucíferos não encontraram dificuldade alguma em manifestarem-se a essa consciência interna e chamar-lhe a atenção para a forma exterior, que antes o ser humano não tinha percebido. Ensinaram-lhe como podia deixar de ser simplesmente o escravo dos poderes exteriores e como poderia converter-se em seu próprio dono e senhor, parecendo-se aos deuses, “conhecendo o bem e o mal”.
Outrossim, fizeram compreender que não devia ter apreensão quanto à morte do Corpo; que possuía em si a capacidade de formar novos Corpos, sem necessidade da intervenção dos Anjos. Todas essas coisas os Lucíferos disseram com o único propósito de que o ser humano dirigisse sua consciência ao exterior, para que eles aproveitassem e adquirissem conhecimentos conforme o ser humano os fosse obtendo.
Estas experiências resultaram em dor e sofrimento, o que, antes, o ser humano não conhecia, mas deram também a inestimável bênção da emancipação das influências e direção alheias e o ser humano iniciou a evolução de seus poderes espirituais. Essa evolução, um dia, permitir-lhe-á construir por si próprio, com tanta sabedoria como os Anjos e os outros Seres que o guiaram antes de exercitar sua vontade.
Antes dos seres humanos serem iluminados pelos Espíritos Lucíferos não conheciam enfermidades, nem dor, nem morte. Essas coisas foram o resultado do emprego ignorante da faculdade propagadora e de seu abuso na gratificação dos sentidos. Os animais em estado selvagem são livres de enfermidades e dores, porque se propagam sob o cuidado e direção dos sábios Espíritos-grupo, nas épocas do ano propícias a tal objetivo. A função sexual tem por única finalidade a perpetuação das espécies e não a gratificação dos desejos sensuais, seja qual for o prisma pelo qual se examine a questão.
Se o ser humano continuasse sendo um autômato guiado por Deus, não teria conhecido, até hoje, nem a enfermidade, nem a dor, nem a morte, mas também não teria obtido a consciência cerebral e a independência resultante da iluminação proporcionada pelos Espíritos Lucíferos, os “dadores da luz”. Eles abriram o entendimento e ensinaram a empregar a obscura visão para obter conhecimento do Mundo Físico, o qual estavam destinados a conquistar.
Desde esse tempo, duas forças agem no ser humano. Uma, a dos Anjos, se dirige para baixo, para a propagação e, por meio do Amor, forma novos seres na matriz. Os Anjos são, portanto, os perpetuadores da raça. A outra força é a dos Espíritos Lucíferos, os investigadores de todas as atividades mentais. Dirige para cima, para o trabalho cerebral, a outra parte da força sexual.
Os Lucíferos são também chamados “serpentes”. Diversas mitologias assim os representam. Diremos mais sobre eles quando chegarmos à análise do Gênese. No momento já dissemos o bastante para encaminhar a investigação para o progresso evolutivo que trouxe o ser humano desde os tempos remotos, através das Épocas Atlante e Ária, até nossos dias.
O que temos dito acerca da iluminação dos lemurianos aplica-se somente à minoria daqueles que viveram na última parte daquela época, e foram a semente das sete raças Atlantes. A maior parte dos lemurianos era análoga aos animais, e as formas ocupadas por eles degeneraram para as dos selvagens e antropoides atuais.
Recomendamos ao Estudante gravar cuidadosamente que as formas é que degeneram. Devemos sempre recordar que há uma distinção importantíssima entre os Corpos (ou formas) de uma raça, e os Egos (ou vidas) renascentes nesses Corpos de raça.
Quando nasce uma raça, as formas, animadas por certo grupo de espíritos têm a inerente capacidade de evoluir somente até certo grau. Na Natureza nada pode parar. Quando uma raça atinge o limite de sua evolução, os Corpos ou formas dessa raça começam a degenerar, caindo de forma para forma até a raça extinguir-se.
A razão disso não se encontra longe. Novos Corpos de raça aparecem flexíveis e plásticos, que proporcionam, aos Egos neles renascentes, grande margem de condições para melhorar esses veículos e, por consequência, eles mesmos progredirem. Os Egos mais avançados nascem nesses Corpos e melhoram-nos o mais que podem. Contudo, sendo esses Egos unicamente aprendizes, não podem evitar que esses veículos se cristalizem lentamente, até chegar ao limite mínimo de eficiência que esse Corpo seja capaz de proporcionar. Então, criam-se novas formas, para proporcionar aos Egos de uma nova raça maior margem de experiência e desenvolvimento. Os Corpos descartados convertem-se em habitações de Egos menos avançados, que os aproveitam como degraus do largo caminho do progresso. Desta sorte, os antigos Corpos de uma raça vão sendo empregados por Egos de crescente inferioridade, e degeneram gradualmente, até que já não haja Egos suficientemente inferiores que possam obter algum proveito do renascimento em tais Corpos. As mulheres tornam-se estéreis e os Corpos da raça morrem.
Podemos facilmente mostrar esse processo por meio de certos exemplos. A raça teutônica-anglo-saxônica (especialmente o ramo americano) tem um Corpo mais brando e flexível e um Sistema Nervoso mais sensível do que qualquer outra raça dos tempos atuais. Os indianos e os negros, por terem Corpos muito mais endurecidos e Sistema Nervoso mais rude, são muito menos sensíveis aos ferimentos. Um indiano continua lutando depois de receber ferimentos, cujo choque bastaria para derrubar ou matar um branco, enquanto que o indiano se restabelece imediatamente. Os aborígines australianos (Bushmen[27]) são um exemplo palpável da morte de uma raça, devido à esterilidade, apesar de todos os esforços que o governo britânico vem fazendo para perpetuá-los.
Diz-se que onde entra a raça branca as outras raças desaparecem. Os brancos têm sido acusados de terríveis opressões sobre as outras raças, tendo massacrado multidões de nativos indefesos e desprevenidos, como prova a conduta dos espanhóis com os antigos peruanos e mexicanos, se temos que apontar um entre tantos exemplos. As obrigações resultantes de tais abusos de confiança, de inteligência e de poder serão pagas até o último centavo, por aqueles que neles incorreram. Todavia, ainda que os brancos não tivessem massacrado, escravizado, martirizado e maltratado as antigas raças, elas desapareceriam, sem bem que mais lentamente. Tal é a Lei da Evolução, a ordem da Natureza. No futuro, quando os Corpos das raças brancas forem habitados por Egos que atualmente ocupam Corpos das raças vermelha, negra, amarela ou parda, terão degenerado tanto que também desaparecerão, para serem substituídos por outros e melhores veículos.
A Ciência fala unicamente de evolução. Porém, não considera as linhas de degeneração que, lenta, mas seguramente, estão destruindo os Corpos, levando-os a tal extremo de cristalização que já não podem ser utilizados.
Os cataclismos vulcânicos destruíram a maior parte do continente da Lemúria e, em seu lugar, surgiu o continente Atlante, onde está atualmente o Oceano Atlântico.
A ciência materialista, intrigada pela história de Platão, fez investigações relativas à Atlântida. Ficou plenamente demonstrado que há base séria nessa história e que dito continente realmente existiu. Os cientistas ocultistas sabem dessa existência e conhecem sua história, que agora descreveremos.
A antiga Atlântida diferia do mundo atual em muitas coisas; a maior diferença estava na constituição da atmosfera e da água daquela época.
Da parte sul do Planeta vinha o alento ardente dos vulcões, ainda muito ativos. Do norte chegavam rajadas de ventos gelados da região polar. No continente Atlante juntavam-se essas duas correntes, pelo que a atmosfera sempre estava sobrecarregada de uma neblina espessa e pesada. A água não era tão densa como agora, continha maior proporção de ar. A atmosfera da Atlântida, nebulosa e pesada, tinha muita água em suspensão.
Através dessa atmosfera nunca brilhava o Sol com claridade. Aparecia como que rodeado de uma aura de luz vaga, como acontece com as luzes das ruas, em tempo de neblina. O Atlante só podia ver a uma distância de poucos metros em qualquer direção, e os contornos de todos os objetos próximos pareciam indefinidos e incertos. O ser humano guiava-se mais pela percepção interna do que pela visão externa.
Não somente a Terra, também os seres humanos eram muito diferentes dos atuais. Tinham cabeça, mas quase nada de testa, o cérebro não tinha desenvolvimento frontal. A cabeça era inclinada para trás, desde acima dos olhos.
Comparados com a atual humanidade, eram gigantes. Em proporções aos Corpos, tinham braços e pernas muito maiores do que os nossos. Em vez de caminhar, avançavam por pequenos saltos, semelhantes aos do canguru. Os olhos eram pequenos e pestanejantes. Seu cabelo era reto, negro, de secção redonda, enquanto que os da Época Ária, se bem que possa diferir na cor, tem sempre a secção oval. Está última particularidade, a secção redonda dos cabelos, define, além de outras, os descendentes de Atlantes atualmente existentes. As orelhas dos Atlantes estavam muito mais para cima e para trás da cabeça do que as orelhas dos da Época Ária.
Os veículos superiores dos Atlantes primitivos não estavam, em relação ao Corpo Denso, na posição concêntrica dos nossos. O espírito não era um espírito interno porque estava parcialmente fora, então, em virtude disso, não podia exercer um controle de seus veículos, e dominá-los tão facilmente como se estivesse inteiramente dentro. A cabeça do Corpo Vital estava fora, mais acima do que a do Corpo físico[28].
Há um ponto, colocado na “raiz do nariz”, entre os arcos supraciliares, a um centímetro e meio abaixo da pele, que tem um correspondente no Corpo Vital. Esse ponto não é o Corpo Pituitário[29], que está muito mais para dentro da cabeça do Corpo Denso. Quando esses dois pontos, do Corpo Vital e do Denso se põem em correspondência, como acontece no ser humano atual, o clarividente treinado pode ver ali uma mancha preta, ou, em outras palavras, um como que espaço vazio, semelhante ao núcleo invisível da chama de gás. É o assento do espírito interno do ser humano, o Santo dos Santos no Templo do Corpo humano, fechado para todos menos para o espírito interno do ser humano, o Ego, que nele habita. O clarividente treinado pode ver, com maior ou menor acuidade segundo sua capacidade e treinamento, todos os diferentes Corpos que formam a aura humana, mas esse ponto, esse lugar, está oculto para ele. É a “Isis”, cujo véu ninguém pode levantar. O ser mais evoluído não pode erguer o véu do Ego, nem mesmo da mais humilde e menos desenvolvida criatura. Sobre a Terra, isso e somente isso, é tão sagrado que está completamente a salvo de toda e qualquer intromissão.
Os dois pontos de que acabamos de tratar, um no Corpo Denso e outro na contraparte do Corpo Vital, estavam muito separados no ser humano dos primitivos tempos da Atlântida. Assim estão, atualmente, nos animais de nossos dias. A cabeça do Corpo Vital do cavalo está muito separada da cabeça de seu Corpo Denso. No cachorro estão mais próximos do que em qualquer outro animal, salvo talvez no elefante. Se chegarem a juntar-se, dão os casos de animais prodígios, que podem aprender a contar, reconhecer letras e palavras, etc.
A separação desses dois pontos dava à percepção do Atlante poder muito mais agudo nos mundos internos do que no Mundo Físico, ainda obscurecido por essa atmosfera de neblina densa e pesada. Com o decorrer do tempo, a atmosfera foi-se tornando mais clara, e os pontos citados aproximaram-se pouco a pouco. No mesmo ritmo, o ser humano perdeu o contato com os mundos internos, que lhe pareciam mais obscuros à medida que o Corpo físico[30] se delineava. Finalmente no último terço da Época Atlante, o ponto do Corpo Vital uniu-se ao ponto correspondente do Corpo Denso. Desde esse momento obteve a plena visão e percepção do Mundo Físico. A maioria perdeu gradualmente a capacidade de perceber os mundos superiores.
Nos primeiros tempos, o Atlante não percebia claramente as linhas de um objeto ou pessoa, mas via sua alma e de uma vez percebia seus atributos, fossem ou não benéficos para ele. Sabia logo das disposições, amigáveis ou agressivas, do ser humano ou animal que o observava; tornou-se conhecedor pela percepção espiritual; como devia tratar os demais e como podia escapar aos perigos. Portanto, quando o mundo espiritual gradualmente desvaneceu-se de sua consciência, grande foi sua tristeza e o seu embaraço pela perda da visão dos mundos espirituais.
A Rmoahals foi a primeira raça dos Atlantes. Tinham muita pouca memória, unicamente relacionada com a sensação. Recordavam-se das cores e dos sons e com isso desenvolveram, até certo ponto, o sentimento. Os lemurianos não tinham sentimento algum, na mais sutil expressão da palavra. Possuíam o sentido do tato, podiam sentir as sensações físicas de dor, de comodidade e conforto, mas não as sensações espirituais ou mentais, como a alegria, a tristeza, a simpatia ou antipatia.
Com a memória, obtiveram os Atlantes os primeiros rudimentos da linguagem. Criaram palavras, deixando de usar os simples sons emitidos pelos lemurianos. Os Rmoahals começaram a dar nomes às coisas. Eram, ainda, uma raça espiritual, com poderes anímicos análogos aos das forças da Natureza. Não somente davam nomes às coisas que os rodeavam, mas por intermédio das palavras tinham poder sobre as coisas denominadas. Sentiam, como os últimos lemurianos, que eram espíritos. Nunca causaram o menor dano uns aos outros. Para eles a linguagem era santificada, pois a consideravam a mais elevada expressão direta do espírito. Nunca abusaram ou degradaram esse poder em palavras ociosas e vãs. Pelo emprego da linguagem, a alma dessa raça pôde, pela primeira vez, pôr-se em contato com a alma das coisas do mundo externo.
A segunda raça atlante foi a dos Tlavatlis. Começaram a sentir seu valor como seres humanos separados. Tornaram-se ambiciosos, pediam recompensa pelas suas obras. A memória tornou-se um importante fator na vida da comunidade. A recordação das proezas de alguns fez o povo eleger, para Guia, o que tivesse realizado feitos mais importantes. Foi o germe da realeza.
A lembrança das obras meritórias de algum grande ser humano permanecia depois da morte. A memória dos antepassados começou a ser honrada. Não só os antepassados, também outros que tivessem alcançado algum grande mérito foram honrados e adorados. Foi o princípio de certa forma de adoração, ainda hoje praticada por alguns asiáticos.
Os Toltecas formaram a terceira raça atlante. Levaram mais adiante essas ideias dos predecessores, inaugurando a monarquia e a sucessão hereditária. Nos Toltecas originou-se o costume de honrar os homens em atenção às proezas de seus antecessores. Havia muito boas razões para isso porque, devido ao treinamento peculiar daqueles tempos, o pai tinha o poder de transmitir suas qualidades ao filho, de maneira impossível para a humanidade atual.
A educação efetuava-se evocando, ante a alma do menino, os quadros de diversas fases da vida. A consciência dos primitivos Atlantes era predominantemente uma consciência interna pictórica. O poder do educador era preponderante para evocar esses quadros ante a alma do menino. Dele dependiam as qualidades anímicas que possuíam o ser humano já maduro. Despertava-se o instinto e não a razão; por esse método de educação, o filho absorvia realmente as qualidades do pai. Portanto, se os filhos sempre herdavam a maior parte das boas qualidades de seus pais, havia fortes razões, naqueles tempos, para prestar honras aos descendentes de grandes homens. Infelizmente, não sucede isso nos tempos atuais, embora continuemos com o mesmo costume de honrar os filhos dos grandes homens. Agora não temos razão para fazê-lo.
Entre os Toltecas, a experiência era considerada de grande valor. O ser humano que obtivesse as mais variadas experiências era o mais honrado e procurado. A memória era tão grande e exata que a da humanidade atual em comparação nada é. Em qualquer emergência, um Tolteca de grande experiência e prática recordar-se-ia provavelmente de casos semelhantes ocorridos no passado, deduzindo imediatamente o que fazer. Tornava-se um inestimável conselheiro para a comunidade.
Quando, em alguma situação, não tinham experiência anterior, ficavam incapazes de pensar ou deduzir por analogia o que deveriam fazer na emergência. E quando na comunidade não havia indivíduos daquela estirpe, viam-se obrigados a experimentar para encontrarem a melhor solução.
Em meados do último terço da Época Atlante, começavam a surgir as nações separadas. Grupos de pessoas entre si notavam gostos e costumes semelhantes, abandonavam os antigos lugares e fundavam uma nova colônia. Porém, recordavam os antigos costumes e, no possível, seguiam-nos em seus novos lugares, criando ao mesmo tempo outros novos, em harmonia com novas ideias e necessidades particulares.
Os Líderes da humanidade prepararam grandes Reis para o povo, revestidos de grande poder. As massas honravam esses reis com toda a reverência devida aos que, na verdade, eram reis “pela graça de Deus”. Tão feliz estado de coisas, entretanto, levava o germe da desintegração, porque os reis, com o decorrer do tempo, tornaram-se soberbos. Esqueceram que o poder tinha sido posto em suas mãos pela graça de Deus, como coisa sagrada. Olvidaram que foram feitos reis para agir com justiça e ajudar o povo. Ao contrário, em vez de usarem os poderes para o bem comum, usaram-no para corrupção, com fins egoístas, para engrandecimento pessoal. Arrogavam-se privilégios e autoridade que nunca lhes tinham sido concedidos. À ambição e ao egoísmo sujeitaram-se. Abusaram dos poderes concedidos pela divindade, oprimindo e vingando-se. Assim procederam não só os reis, mas também os nobres e as classes mais elevadas.
É fácil compreender que tais abusos tinham de produzir terríveis condições, considerando a magnitude dos poderes que uns e outros possuíam sobre os seus súditos.
Os Turânios originais foram a quarta raça Atlante. Seu abominável egoísmo fazia-os caracteristicamente vis. Oprimiam muitíssimo as classes inferiores desamparadas, e levantaram templos onde os reis eram adorados como deuses. Florescia a magia negra, da pior classe e a mais nauseabunda. Todos os esforços eram encaminhados à gratificação da vaidade e da ostentação externa.
Os Semitas Originais foram a quinta e mais importantes das sete raças Atlantes. Nela encontramos o primeiro germe dessa qualidade corretiva, o pensamento. Por isso, a raça Semítica original converteu-se na “semente de raça” das sete raças de nossa atual Época Ária.
Na Época Polar o ser humano adquiriu o Corpo Denso como instrumento de ação. Na Época Hiperbórea foi agregado a ele o Corpo Vital, que lhe deu a força de movimento necessária para a ação e, na Época Lemúrica, o Corpo de Desejos que forneceu incentivo para agir.
Finalmente, na Época Atlante foi-lhe dada a Mente, para que tivesse propósito na ação. Como o domínio do Ego era excessivamente débil e a natureza passional (de desejos) muito forte, a Mente nascente uniu-se ao Corpo de Desejos, originando a astúcia, causa de todas as debilidades dos meados do último terço da Época Atlante.
Na Época Ária começou a aperfeiçoar-se o pensamento e a razão, como resultado do trabalho do Ego sobre a Mente, a fim de conduzir o desejo a canais que conduzem à perfeição espiritual, o objetivo da evolução. A faculdade de pensar e formar ideias conseguiu-a o ser humano à custa da perda das forças vitais, isto é, poder sobre a Natureza.
Com o pensamento e a Mente, o ser humano exerce, presentemente, o seu poder, apenas sobre os minerais e as substâncias químicas porque sua Mente está ainda no primeiro estado de evolução, o mineral, estado em que se encontrava seu Corpo Denso no Período de Saturno. Não pode exercer o menor poder sobre a vida animal ou vegetal. Utilizam nas indústrias, madeiras, diversas substâncias vegetais, e certas partes do animal, substâncias que, em última análise, são todas matérias químicas animadas pela vida mineral, da qual se compõem todos os Corpos, conforme já se explicou. Atualmente, o ser humano pode ter domínio sobre todas essas variedades de combinações químico-minerais. Só quando chegar ao Período de Júpiter poderá estender seu domínio à vida. Nesse Período, terá o poder de agir e trabalhar com a vida vegetal, como fazem os Anjos atualmente, nesse Período Terrestre.
Há largos anos que os cientistas materialistas vêm trabalhando para “criar” vida. Não obterão o menor êxito enquanto não aprenderem a aproximar-se da mesa do laboratório com a mais profunda reverência, como se estivessem diante do altar de um Templo, com pureza de coração e com as mãos santificadas, livres de todo egoísmo e ambição.
Tal é a sábia decisão dos Irmãos Maiores: guardam esse e outros profundos segredos da Natureza até que o ser humano se encontre em condições de empregá-los para melhoramento da raça, para glória de Deus, e não para aproveitamento ou engrandecimento pessoal.
A perda do poder dos Atlantes sobre as forças vitais condicionou a continuidade da evolução do ser humano. Limitado esse poder, não importava a grandeza do seu egoísmo, porque já não podia destruir-se e nem à Natureza, como teria sido o caso se o crescente egoísmo fosse acompanhado do grande poder que possuía no primitivo estado de inocência. O pensamento que age somente no ser humano não tem poder algum sobre a Natureza e nunca pode pôr em perigo a humanidade, como teria sido possível se as forças da Natureza estivessem sob o domínio do ser humano.
Os Semitas Originais, por meio da Mente, regulavam até certo ponto seus desejos. Aliás, em vez de simples desejos, mostravam astúcia e malícia, pelos quais esse povo procurava atingir seus fins egoístas. Apesar de turbulentos, aprenderam a refrear as paixões em grande extensão e a realizar seus propósitos por meio da astúcia, mais sutil e mais potente do que a simples força bruta. Descobriam, pela primeira vez, que o cérebro é superior ao músculo.
No transcurso da existência dessa raça, a atmosfera da Atlântida começou a clarear-se definitivamente, e o ponto já mencionado do Corpo Vital pôs-se em correspondência com o seu companheiro do Corpo Denso. A combinação dos acontecimentos deu a habilidade de ver os objetos com claridade e nitidez, com contornos bem definidos, porém, isto também se obteve com a perda da visão dos mundos internos.
Assim, podemos comprovar, e é bom enunciar, a seguinte lei: nunca se pode fazer o menor progresso senão à custa de alguma faculdade que previamente se possuía, a qual se readquire em forma mais elevada, posteriormente.
O ser humano construiu o cérebro a expensas de perda temporária do seu poder de gerar sozinho (sem ajuda de uma outra parte). Para adquirir o instrumento com o qual pudesse guiar o seu Corpo Denso, sujeitou-se a todas as dificuldades, tristezas e dores oriundas da cooperação no perpetuar da raça, o mesmo acontecendo com o poder de raciocínio, que foi obtido à custa da perda temporária da visão espiritual.
Se é certo que a razão trouxe muitos benefícios, ela também lhe afastou a visão da alma das coisas, que antes lhe falava. O crescimento do intelecto, agora a mais preciosa possessão do ser humano, era considerado com tristeza pelos Atlantes. Lamentavam a perda da sua visão e poderes espirituais que desapareciam na medida em que o intelecto se robustecia.
Entretanto, era necessária a troca dos poderes espirituais por faculdades físicas, para que o ser humano pudesse funcionar independentemente de guia externo, no Mundo Físico que devia conquistar. Em devido tempo, esses poderes serão readquiridos: quando, por meio das experiências, na jornada através do Mundo Físico mais denso, aprenda a usá-lo apropriadamente. Quando estavam em sua posse não tinha conhecimento sobre o seu emprego e eram muito preciosos e demasiado perigosos para serem usados como brinquedos, ou fazer experiências.
Sob a direção de uma grande Entidade, a raça semita original foi levada para Lesse do continente Atlante, através da Europa, para a grande extensão das estepes da Ásia Central, atualmente denominada Deserto de Gobi. Ali ela foi preparada para converter-se na semente das sete raças da Época Ária, dando a ela, potencialmente, as qualidades que deviam ser desenvolvidas por seus descendentes.
Durante as idades anteriores (desde o começo do Período de Saturno e através dos Períodos Solar e Lunar, até as passadas três Revoluções e meia do Período Terrestre, Épocas Polar, Hiperbórea, Lemúrica e a primeira parte da Atlante) o ser humano foi guiado por Seres Superiores, sem que pudesse fazer a menor escolha. Isso porque, nesses tempos, era incapaz de dirigir-se, não tinha ainda desenvolvido Mente própria. Por fim, chegou o tempo de começar a guiar-se por si, a fim de prosseguir no desenvolvimento futuro. Devia aprender a ser independente e assumir a responsabilidade dos seus próprios atos. Anteriormente, era obrigado a obedecer às ordens do seu Senhor ou Regente; agora, devia separar seus pensamentos dos visíveis Líderes, os Senhores de Vênus, a quem adorou como mensageiros de Deus e dirigi-los à ideia do verdadeiro Deus, Criador invisível do Sistema. O ser humano devia aprender a adorar e a obedecer às ordens de um Deus a Quem não podia ver.
O Guia chamou o povo. Reunindo, dirigiu-lhe a palavra de forma que assim podemos expressar:
“Anteriormente, vistes Aqueles que vos guiavam. Sabeis, porém, que há Líderes de maiores graus de esplendor, superiores aos primeiros, que nunca vistes, mas que vos guiaram sempre, grau a grau, na evolução da consciência. Exaltado e acima de todos esses Seres gloriosos está o Deus invisível, criador do céu e da terra sobre a qual estais. Ele quis dar-vos domínio sobre toda a terra, para que possais frutificar e multiplicar-vos nela. Deveis adorar a esse Deus invisível, mas adorá-Lo em Espírito e Verdade, e não fazer nenhuma imagem d’Ele, nem procurar pintá-Lo semelhante a vós, porque ele está presente em todas as partes e além de toda comparação ou semelhança. Se seguirdes os Seus preceitos Ele vos abençoará abundantemente e vos cumulará de bens. Se vos afastardes dos Seus caminhos, os males virão sobre vós. A escolha é vossa. Sois livres, mas devereis sofrer as consequências de vossos próprios atos”.
A educação do ser humano efetua-se em quatro grandes etapas. Na primeira age-se sobre ele, de fora, enquanto permanece inconsciente. Depois, é colocado sob a direção dos Mensageiros Divinos e Reis, a quem vê, e a cujas ordens devem obedecer. Em terceira etapa ensina-se a ele a reverenciar as ordens de um Deus a Quem não vê. Finalmente, aprende a elevar-se sobre toda ordem, a converter-se em uma lei em si mesmo. Conquistando-se a si, aprende a viver voluntariamente, em harmonia com a Ordem da Natureza, que é a Lei de Deus.
Quatro são também os graus que o ser humano segue até chegar a Deus.
No primeiro, por meio do temor, adora a Deus a Quem começa a pressentir, fazendo sacrifícios para agradá-Lo, como fazem os fetichistas.
Depois, aprende a olhar a Deus como um Doador de todas as coisas e a esperar d’Ele benefícios materiais, agora e sempre. Sacrifica por avareza, esperando que o Senhor lhe dê cem por um, ou para livrar-se do castigo imediato, como pragas, guerras, etc.
Logo, ensina-se ao ser humano a adorar a Deus com orações e a viver a vida em bondade; a cultivar a fé num Céu onde obterá recompensas no futuro, e a abster-se do mal, para que possa livrar-se do castigo futuro do Inferno.
Por último, chega a um ponto em que pode agir bem sem pensar na recompensa ou no castigo, simplesmente porque “é justo agir retamente”. Ama o bem por ser o bem e procura ordenar sua conduta de acordo com esse princípio, sem ter em conta seu benefício ou desgraça presente, ou os resultados dolorosos em algum tempo futuro.
Os Semitas Originais chegaram ao segundo destes graus. Foram ensinados a adorar um Deus invisível e a esperar recompensas em benefícios materiais ou castigos em aflições e dores.
O Cristianismo Popular é o terceiro grau. Por último grau, o Cristianismo Esotérico e os alunos de todas as escolas de ocultismo estão procurando alcançar o grau superior. De modo geral, esse será alcançado na Sexta Época, a Nova Galileia, quando a Religião Cristã unificadora abra os corações dos seres humanos, assim como o entendimento está agora sendo aberto.
Os Acádios foram a sexta e os Mongóis a sétima das raças Atlantes. Estes desenvolveram ainda mais a faculdade de pensar, mas seguiram linhas de raciocínio que os desviaram mais e mais da corrente principal da vida em desenvolvimento. Os Sino-Mongóis sustentam até hoje que esses meios antiquados são os melhores. O progresso requer constantemente novos métodos e adaptabilidade para conservar as ideias em estado fluídico. Em consequência dessa falta, essas raças decaíram e degeneraram, junto com o restante das raças atlantes.
Conforme as pesadas neblinas da Atlântida se condensavam cada vez mais, a crescente quantidade de água foi inundando gradualmente esse continente, destruindo a maior parte da população e os vestígios da sua civilização.
Um grande número de Atlantes salvou-se. Afastando-se do continente que submergia nas inundações, alcançou a Europa. As raças mongólicas são as descendentes desses refugiados Atlantes. Os negros e as raças selvagens de cabelo duro e encarapinhado são os últimos descendentes dos lemurianos.
A Ásia Central foi o berço das raças árias. Todas derivaram dos Semitas Originais. É desnecessário descrevê-las aqui. Suas características já são conhecidas através das investigações da história.
Na Época presente (a quinta, ou Ária) o ser humano conheceu o uso do fogo e de outras forças. A divina origem destas forças tem permanecido intencionalmente oculta, a fim de que só possa empregá-la quando for livre e para os mais elevados propósitos do próprio desenvolvimento. Há na atual época duas classes de pessoas: uma que olha a Terra e o ser humano como sendo de origem divina; outra, a que vê todas as coisas do ponto de vista puramente utilitarista.
Os mais avançados de nossa humanidade obtiveram as Iniciações superiores ao princípio da Época Ária, para que pudessem ocupar o lugar dos Mensageiros de Deus, os Senhores de Vênus. Desde esse tempo tais Iniciados humanos têm sido os únicos mediadores entre o ser humano e Deus. Embora não apareçam publicamente nem mostrem sinais ou maravilhas, são líderes e Mestres. O ser humano ficou em completa liberdade de procurá-los ou não, conforme quisesse.
No final de nossa Época atual, o mais elevado Iniciado aparecerá publicamente, quando suficiente número de pessoas da humanidade comum desejar submeter-se voluntariamente a um Líder. Constituirão assim dessa forma, o núcleo para a última raça, que aparecerá no princípio da Sexta Época. Depois disso as raças e nações, deixarão de existir, a humanidade formará uma Fraternidade Espiritual, como antes do fim da Época Lemúrica.
Os nomes das raças que apareceram sobre a Terra durante a Quinta Época, até agora, são os seguintes:
Da mescla das diferentes nacionalidades, como atualmente se desenvolve nos Estados Unidos, virá a “semente” para a última raça, ao começar a Sexta Época.
Duas raças mais se desenvolverão na nossa Época atual, uma delas a Eslava. Quando, no transcurso de algumas centenas de anos, o Sol, pela Precessão dos Equinócios, tenha entrado no Signo de Aquário, o povo russo e as raças eslavas em geral alcançarão um grau de desenvolvimento espiritual que os levará muito além de sua condição atual. Será a música o fator principal para atingir esse objetivo porque, nas asas da música, a alma por ela exaltada pode voar até o próprio Trono de Deus, onde o intelecto não pode chegar. O desenvolvimento assim obtido não é permanente, por ser unilateral e não estar em harmonia com a lei da evolução. Para ser permanente, o desenvolvimento baseado na lei de evolução deve ser equilibrado. Por outras palavras, a espiritualização deve expandir-se através ou, pelo menos, ao mesmo tempo que o intelecto. Por esse motivo, a civilização eslava será de vida curta, mas grande e feliz enquanto durar, porque terá nascido da dor e do sofrimento sem conta. A lei de Compensação lhe levará ao oposto a seu devido tempo.
Dos eslavos descenderá um povo que formará a última das sete raças da Época Ária. Do povo dos Estados Unidos descenderá a última de todas as raças desse esquema evolutivo, que começará seu curso ao princípio da Sexta Época.
Os Dezesseis Caminhos para a Destruição
As dezesseis raças são chamadas os “dezesseis caminhos para a destruição”, devido ao perigo das almas se aderirem demasiadamente às características de cada uma delas, a ponto de se tornarem incapazes de sobre passar a ideia de raça e obstar seu progresso. Há também o perigo das almas se cristalizarem tanto na raça, até que se aprisionem aos Corpos de raça, mesmo quando estes comecem a degenerar, como sucedeu aos judeus.
Nos Períodos, Revoluções e Épocas em que não há raças, há mais tempo, a probabilidade de fossilizar-se não é tão grande nem tão frequente. Porém, as dezesseis raças nascem e morrem em tempo tão relativamente curto que existe o perigo muito grave de adesão demasiada a condições que devem ser deixadas atrás.
Cristo é o Grande Unificador da Sexta Época e anunciou esta lei quando pronunciou estas palavras pouco compreendidas: “Se alguém vem a mim e não abandona seu pai, sua mãe, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida, não pode ser meu discípulo”[31].
“Quem quiser ser meu discípulo, que tome sobre si a sua cruz e siga-me”[32].
“… quem não abandonar tudo o que tenha não pode ser meu discípulo”[33].
Isto não quer dizer que devemos deixar ou desprezar os laços familiares, mas que devemos elevar-nos acima deles. Pai e mãe são “Corpos” e todas as relações são questões da raça, pertencentes à Forma. As almas devem reconhecer que não são Corpos, nem raças, mas sim Egos lutando pela perfeição. Se um ser humano se esquece disto e se identifica com a raça – aderindo a ela com fanático patriotismo – é o mesmo que fossilizar-se, enquanto seus companheiros passam a outras alturas do Caminho da Realização.
CAPÍTULO XIII – RETORNO À BÍBLIA
Em nossos tempos, o espírito missionário é muito forte. As igrejas ocidentais enviam continuamente missionários ao mundo inteiro para converter aos seus credos os povos de todas as nações. Nesses esforços de proselitismo não estão sós; o Oriente iniciou também uma forte invasão dos campos ocidentais. Muitos cristãos, descontentes com os credos e dogmas clericais, em busca da verdade que satisfizesse aos anseios de sua inteligência e de uma explicação adequada dos problemas da vida, familiarizaram-se com os ensinamentos orientais do Budismo, Hinduísmo, etc., e muitos os aceitaram.
Do ponto de vista oculto, os esforços missionários, sejam do Oriente ou do Ocidente ou vice-versa, não são desejáveis. São contrários ao plano da evolução. Os grandes Líderes da humanidade encarregados do nosso desenvolvimento prestam-nos a necessária ajuda nesse sentido. A religião é um desses auxílios. Há muito boas razões para que a Bíblia – que contém não uma, mas duas religiões, a Cristã e a Judaica – fosse dada ao Ocidente. Se procurarmos a luz diligentemente veremos a Suprema Sabedoria oferecida por esta dupla religião, apropriada como nenhuma outra religião atual, às nossas necessidades especiais. Esclarecendo melhor esse assunto tratemos, nesse capítulo, de alguns pontos já examinados em outras partes desse livro.
Durante as Épocas Polar, Hiperbórea e Lemúrica o ser humano ainda não possuía Mente. Era tarefa fácil guiar a humanidade, comparativamente à Época atual. Quando essa perturbadora faculdade foi obtida, durante a primeira parte da Época Atlante, a astúcia foi desenvolvida, produto da Mente não governada pelo espírito. A astúcia une-se ao desejo sem ter em conta se esse é bom ou mau, ou se pode trazer alegria ou dor.
Na metade da Época Atlante, o espírito penetrou completamente nos seus veículos e começou a trabalhar na Mente, produzindo o Pensamento e a Razão: a habilidade de deduzir uma causa pelo efeito da atividade do próprio pensamento. A faculdade de raciocínio ou lógica se desenvolveu mais completamente na Época Ária. Os Semitas Originais (a quinta raça da Época Atlante) constituíram um “povo escolhido”, destinado a levar essa faculdade germinal a tal ponto de maturação que impregnasse completamente seus descendentes, para se converterem em uma Nova Raça.
A transmutação da astúcia em razão não foi tarefa fácil. As primeiras transformações na natureza humana, sim, efetuaram-se facilmente. A humanidade podia ser guiada sem dificuldades porque não tinha desejos conscientes nem a Mente para se dirigir. Contudo, os Semitas Originais tornaram-se suficientemente astutos para sentir as limitações de sua liberdade e para escapar, repetidas vezes, das medidas tomadas para mantê-los na linha evolutiva. A tarefa tornou-se sumamente difícil por ser necessário que tivessem alguma liberdade de escolha a fim de, em devido tempo, poderem aprender a dominar-se. Nesse sentido, foi decretada uma lei de recompensa imediata para a obediência e de castigo instantâneo para a violação dela. Desse modo, o ser humano foi ensinado a raciocinar e a compreender, embora de limitada maneira, que “o caminho do transgressor é muito duro” e que devia “temer a Deus” ou ao Guia condutor.
De todos os escolhidos como “semente” da nova raça só uns poucos permaneceram fiéis. A maioria rebelou-se e, pelo que lhes tocava, frustraram completamente o propósito do Líder ao se casar com membros de outras raças Atlantes e ao transmitir, assim, sangue inferior aos seus descendentes. Isto é o que pretende significar a passagem da Bíblia, ao referir-se aos filhos de Deus que se casaram com as filhas dos homens.
Em consequência dessa desobediência, foram abandonados e “perdidos”. Os que permaneceram fiéis também morreram, no que respeita ao Corpo, no Deserto de Gobi (o Deserto) na Ásia Central, o berço de nossa raça atual e, renascendo como descendentes de si próprios, herdaram a “terra prometida”[34], a Terra, tal como é agora. Constituem as raças árias, nas quais a razão se desenvolve para a perfeição.
Os rebeldes abandonados foram os judeus, cuja maioria ainda é governada mais pela faculdade atlante da astúcia do que pela razão. Nesse, o sentimento de raça é tão forte que só distinguem duas classes de povos: judeus e gentios. Desprezam as demais nações que, por sua vez, em vista da sua astúcia, egoísmo e avareza os desprezam também. Não se nega caridade, mas fazem-na, principalmente, se não exclusivamente, entre seu próprio povo, e poucas vezes internacionalmente, como aconteceu no caso dos desastres ocorridos na Itália em consequência dos terremotos, em cuja ocasião todas as barreiras de credos, raças e nacionalidades foram esquecidas ante o sentimento de simpatia humana.
Perante tais casos, como no desastre de São Francisco[35], evidencia-se a natureza espiritual interna do ser humano, mais do que em quaisquer outras circunstâncias. O observador atento pode, então, discernir a tendência evolutiva. O coração sente e reconhece a grande verdade de que somos todos irmãos, e de que a desgraça de um é realmente sentida por todos, embora nos esqueçamos disso em meio das lutas de nossa vida diária. Tais incidentes são indicativos da direção evolutiva. Depois da razão o ser humano será dominado pelo amor que, atualmente, ainda age independentemente, e, às vezes, até contrariando os ditados da razão. Essa anomalia ocorre porque atualmente, o amor é raras vezes altruísta e nem sempre nossa razão é certa. Na “Nova Galileia”, a próxima Sexta Época, o amor far-se-á altruísta e a razão aprovará seus ditames. A Fraternidade Universal realizar-se-á plenamente e cada um trabalhará para o bem de todos. O egoísmo será coisa do passado.
Para alcançar esse esperado fim, será necessário selecionar outro “povo escolhido” nas atuais linhagens de reserva. Será o núcleo donde possa surgir a nova raça. Tal escolha não se fará contra a vontade dos escolhidos, cada ser humano deve eleger-se e entrar voluntariamente nas fileiras.
As raças são traços evanescentes da evolução. Antes de terminar a Época Lemúrica houve um povo eleito, o antecessor das raças atlantes, diferente da humanidade comum daquele tempo. Da quinta raça Atlante foi selecionado outro “povo escolhido”, de que descenderam as raças árias. Cinco já passaram e haverá duas mais. Antes do começo de uma nova época, haverá “um novo céu e uma nova terra”[36], isto é, mudar-se-ão os caracteres físicos da Terra. Sua densidade diminuirá também. Haverá uma raça no princípio da próxima época. Depois, desaparecerá todo o pensamento ou sentimento de raça. A humanidade constituirá uma vasta fraternidade sem qualquer distinção. As raças são simples degraus evolutivos pelos quais devemos passar; caso contrário não haveria progresso algum para os espíritos que nelas renascem. Porém, embora necessários, são degraus extremamente perigosos e obrigam os Líderes da humanidade a agir com muito cuidado. Eles chamam a essas dezesseis raças “os dezesseis caminhos da destruição”, porque nas Épocas precedentes, quando não havia raças, as mudanças só se efetivavam depois de enormes intervalos, o que permitia à maioria das entidades prepararem-se com mais facilidade. As raças, comparativamente, são fugazes. Por isso, deve-se agir com muito cuidado a fim de impedir a aderência demasiada dos espíritos aos caracteres raciais.
Foi exatamente o que aconteceu com os espíritos renascidos nos Corpos da raça judia. Ligaram-se a ela de modo tão firme que nela sempre renascem. “Uma vez judeu sempre judeu” é o seu lema. Esqueceram-se completamente de sua natureza espiritual e gloriam-se do fato material de serem “sementes de Abraão”. Portanto, “não são carne nem peixe”. Não tomaram parte alguma do desenvolvimento da raça ária. Entretanto, são mais avançados do que os remanescentes dos povos Atlantes e Lemúricos, que ainda temos entre nós. Converteram-se num povo sem pátria, uma anomalia na humanidade.
Limitados nessa ideia de raça, o Líder do seu tempo viu-se obrigado a abandoná-los e “perderam-se”. Para que pudessem cessar de considerarem-se separados de outros povos, os Líderes dirigiram outras nações contra eles em diversas ocasiões e foram levados como escravos, arrancados do país em que se tinham localizado. Tudo foi em vão, negaram-se abertamente a mesclarem-se com os outros e outras vezes voltavam como um só ser humano a suas áridas terras. Surgiram profetas de sua própria raça que, por amor, os exortavam predizendo o desastre, mas sem resultado.
Como tentativa final para persuadi-los a pôr de lado a aderência à raça, encarnou entre eles, parecendo uma anomalia, o Guia da Raça seguinte, o Grande instrutor Cristo. Isto mostra também a compaixão e a sabedoria dos Grandes Seres que guiam a evolução. Entre todas as raças da Terra não havia nenhuma outra “perdida” no mesmo sentido que os judeus, e nenhuma outra necessitava de tanta ajuda. Enviar-lhes um estrangeiro, alguém que não fosse de sua própria raça, teria sido manifestamente inútil. Antecipadamente se concluiria que o rejeitariam. Assim como o grande espírito conhecido com o nome de Booker T. Washington[37] encarnou entre os negros e estes o receberam como um dos seus, habilitando-o a iluminá-los de maneira tal como nenhum branco poderia tê-lo feito, assim também os grandes Líderes esperavam que a aparição de Cristo entre os judeus, como um de sua própria raça, pudesse fazê-los aceitar Seus ensinamentos e sair de sua adesão aos Corpos de raça. Contudo, é muito triste ver como prevalecem os preconceitos humanos! “Ele veio através do seu próprio sangue” e eles escolheram a Barrabás[38]. Não glorificou Abraão nem nenhuma das antigas tradições. Falou-lhes de “outro mundo”, de uma nova Terra de Amor e Perdão, e repudiou a doutrina do “olho por olho”[39]. Não os incitou a se armarem contra César; se o tivesse feito talvez fosse aclamado como um libertador. A esse respeito, até seus discípulos mal O compreenderam quando, dominados pelos romanos, lamentavam a perdida esperança de um Reino terrestre.
A rejeição de Cristo pelos judeus foi a prova suprema da sua aderência à raça. Daí por diante, todos os esforços para salvá-los em conjunto, dando-lhes profetas especiais e instrutores, foram abandonados. Provada a inutilidade de mantê-los em bloco, foram, como último expediente, misturados entre todas as nações da terra. Apesar de tudo, a extrema tenacidade desse povo prevaleceu até nossos dias e a maioria continua a ser ortodoxa. Na América vão perdendo ligeiramente esses sentimentos. As gerações mais novas estão começando a casarem-se fora da raça. Com o decorrer do tempo, prover-se-á um número sempre crescente de Corpos, com menores características de raça, para os espíritos judeus que renasçam. Desta maneira salvar-se-ão, apesar deles mesmo. “Perderam-se” ao casarem com raças inferiores e serão salvos ao se amalgamarem com as raças mais avançadas.
Como as atuais raças árias são formadas de seres humanos racionais, capazes de se aproveitarem da experiência do passado, o meio mais lógico de ajudá-las é falar-lhes dos estados de crescimento passados e do destino que recaiu sobre os desobedientes judeus. Esses rebeldes têm um memorial escrito de como trataram seus Líderes. Nele se conta como foram escolhidos, como se rebelaram e foram castigados, mas ainda estão cheios de esperança numa última redenção. Esses escritos podem ser aproveitados por nós, para aprendermos como não devemos agir. Não importa que no transcurso de idades tenham sido mutilados, e que os judeus de hoje tenham ainda a ilusão de ser um “povo escolhido”; a lição que podemos tirar de suas experiências não é por isso menos estimável. Podemos aprender como um “povo escolhido” pode desobedecer a seu Líder, frustrar seus planos e limitar-se a uma raça durante idades. Sua experiência deve ser uma boa recomendação para qualquer futuro “povo escolhido”. São Paulo diz isso em termos inequívocos: “Porque se a palavra dos anjos era firme e cada transgressão e desobediência recebia uma justa recompensa, como escaparemos dela se descuidarmos de tão grande salvação? “ (Hb 2: 3-4). São Paulo falava aos cristãos. Se os hebreus, para os quais tinha escrito isso, tivessem aceitado Cristo, poderiam ter alguma esperança de que, em alguma encarnação futura, se encontrariam entre o “novo povo escolhido”, aquele que acompanhará seu Líder voluntariamente, desenvolverá a percepção espiritual, o Amor é o sucedâneo da investigação e da razão, o poder intuitivo.
Os ensinamentos cristãos do Novo Testamento pertencem particularmente às raças pioneiras do mundo ocidental. Estão sendo implantados especialmente entre o povo dos Estados Unidos porque, sendo objetivo da nova raça da Sexta Época a unificação de todas as raças, os Estados Unidos estão se convertendo em um lugar onde tudo se mescla, onde todas as nações da Terra se misturam, e desta mistura sairá o próximo “povo escolhido”.
Os espíritos de todos os países da Terra que se esforçam em seguir os ensinamentos de Cristo, conscientemente ou não, renascem ali, no propósito de que as condições apropriadas ao seu desenvolvimento lhes serem dadas. Daí decorre a diferença entre os judeus nascidos na América dos judeus de outros países. Já o nascer no mundo ocidental prova que estão a se emanciparem do Espírito de Raça e se adiantaram aos judeus ortodoxos do velho mundo cristalizado, como eram seus pais. Caso contrário, não teriam admitido a ideia de romper seus laços antigos e virem para a América. Assim, o judeu nascido na América é o pioneiro e preparará o caminho que, mais tarde, seguirão seus compatriotas.
A Bíblia, portanto, contém os ensinamentos de que necessitam, especialmente, os povos ocidentais. No terrível exemplo da raça judia podem aprender uma lição, tal como se relata no Antigo Testamento. Podem aprender também a viver os ensinamentos de Cristo fornecidos no Novo Testamento, oferecendo voluntariamente seus Corpos como um sacrifício vivo sobre o altar da Fraternidade e do Amor.
CAPÍTULO XIV – ANÁLISE OCULTA DO GÊNESIS
Limitações da Bíblia
Em nosso estudo, na parte anterior ao capítulo XIII, fizemos, relativamente, poucas referências à Bíblia. Agora, dedicar-lhe-emos nossa atenção por algum tempo. Não pretendemos defendê-la (na forma atual comumente conhecida) como a única, verdadeira e inspirada palavra de Deus. É certo, não obstante, que encerra muitos conhecimentos ocultos inestimáveis. Estes conhecimentos se acham, em grande extensão ocultos, devido às interpolações, e obscurecidos pela supressão arbitrária de certas partes julgadas “apócrifas”. O ocultista cientista que sabe o que se quis expressar pode ver facilmente quais as partes originais e quais as que foram interpoladas. Apesar disso, se examinarmos o primeiro capítulo do Gênesis, tal como aparece nas melhores traduções que possuímos, veremos que expõe o mesmo esquema evolutivo explicado na parte anterior desta obra, esquema que se harmoniza perfeitamente com os ensinos ocultistas relativos aos Períodos, Revoluções, Raças, etc. O resumo que se encontra nesse capítulo é, necessariamente, condensado e brevíssimo, mencionando-se um Período numas poucas palavras. Não obstante, o bosquejo subsiste.
Antes de proceder à análise, é necessário dizer que as palavras da linguagem hebraica, especialmente no estilo antigo, sucedem-se umas às outras sem a separação ou a divisão que é de uso em nossa linguagem. Acrescentando a isso o costume que existia de retirar as vogais da escrita, de maneira que sua leitura dependia muito donde fossem colocadas, ver-se-á quão grandes são as dificuldades a vencer para acertar com o significado original. Uma ligeiríssima mudança pode alterar quase completamente o significado de qualquer sentença.
Além dessas grandes dificuldades, devemos também saber que dos quarenta e sete tradutores da versão do Rei Jaime[40] (a mais comumente usada na Inglaterra e América) unicamente três conheciam bem o hebraico e, desses três, dois morreram antes da tradução dos Salmos. A ata que autorizava a tradução, tenhamos também em atenção, proibia aos tradutores todo o parágrafo que pudesse desviar grandemente ou perturbar as crenças já existentes. É evidente, portanto, que as probabilidades de se conseguir uma tradução correta eram bem escassas.
Tampouco foram mais favoráveis as condições na Alemanha. Lá, Martin Lutero[41], o único tradutor, mesmo ele não a traduziu do texto original hebraico, mas tão só de um texto latino. A maioria das versões empregadas pelos protestantes dos diversos países é simples traduções em diferentes idiomas da tradução de Lutero.
Certamente tem havido revisões, mas não tem melhorado grandemente a matéria. Além disso, há grande número de pessoas nesse país (EUA) que insiste em considerar o texto inglês da tradução do Rei Jaime como absolutamente exata, da primeira à última letra, como se a Bíblia tivesse sido escrita originalmente em inglês e a versão do Rei Jaime fosse uma cópia fidedigna do manuscrito original. Assim, os erros subsistem apesar dos esforços que se têm feito para eliminá-los.
Deve-se também notar que os que originalmente escreveram a Bíblia não pretenderam dar a verdade de maneira a poder tê-la quem quisesse. Nada estava mais distante de sua Mente do que a ideia de escrever “um livro aberto de Deus”. Os grandes ocultistas que escreveram o Zohar[42] são muito categóricos nesse ponto. Os segredos do Thorah não podem ser compreendidos por todos, como provará a citação seguinte:
“Ai do ser humano que vê no Thorah[43] (a lei) só um simples recitativo de palavras comuns! Porque, em verdade, se fosse só isso, poderíamos escrever, ainda hoje, um Thorah muito mais digno de admiração. Contudo, não é assim. Cada palavra do Thorah tem um elevado significado e um mistério sublime…. Os versos do Thorah são como as vestes do Thorah. Ai daquele que toma essas vestes do Thorah pelo próprio Thorah! Os simples só notam os ornamentos e os versos do Thorah. Nada mais percebem. Não veem o que está encerrado nessas vestiduras. O ser humano mais esclarecido não presta atenção alguma às vestes, mas sim ao Corpo que encerram”.
As palavras anteriores dão a entender claramente a significação alegórica. São Paulo também diz, inequivocamente, que a lenda de Abraão e dos dois filhos (de Sara e Hagar) são puramente alegóricos (Gal 4: 22-26). Muitas passagens estão veladas; outras devem ser entendidas ao pé da letra; e ninguém, que não possua a chave oculta, pode decifrar as profundas verdades encobertas em coisas que amiúde aparentam feíssimas vestiduras.
Nas práticas de Cristo está também patente o segredo relacionado a essas matérias profundas e o invariável uso de alegorias que permitiam às massas pôr-se em contato com verdades ocultas. Sempre se dirigiu às multidões em parábolas e depois explicava reservadamente aos discípulos o profundo significado nelas contido. Em várias ocasiões Ele impôs segredo sobre esses ensinos reservados.
Os métodos de São Paulo também se harmonizam com isso, ao dar leite, os ensinamentos mais elementares, às crianças na fé, reservando a carne, os ensinamentos mais profundos, para os fortes, isto é, para aqueles que se capacitaram para compreendê-los e recebê-los (ICor 3:1-3).
Originalmente, a Bíblia Judaica foi escrita em hebraico, mas não possuímos nem uma só linha da escritura original. No ano 280 antes de Cristo fez-se uma tradução para o grego, a “Septuaginta”. Ainda em tempos de Cristo, havia já uma confusão tremenda e diversidade de opiniões relativas ao que se devia admitir como original e ao que tinha sido interpolado.
Só depois da volta do desterro da Babilônia, começaram os escribas a compendiar as diferentes escrituras. Pelo ano 500 D.C. apareceu o Talmud[44], com o primeiro texto semelhante ao atual. Em vista dos fatos mencionados, não pode ser perfeito.
O Talmud esteve em mãos da escola Massorética[45] que, desde o ano 590 até 800 D.C., permaneceu, principalmente, em Tiberíades[46]. Depois de enorme e pacientíssimo trabalho, escreveu-se um Antigo Testamento Hebreu, o mais próximo ao original que temos atualmente.
A primeira sentença do Gênesis é um bom exemplo do que já indicamos a respeito da interpolação do texto hebraico, interpretação que pode mudar-se colocando diferentemente as vogais e dividindo as palavras de outra maneira.
Há dois métodos bem conhecidos para ler essa sentença. Por um deles, a tradução é: “No princípio criou Deus os céus e a terra”; pelo outro é: “Tomando da sempre existente essência (do espaço) a dupla energia formou o duplo céu”.
Para saber qual destas duas interpretações é correta muito se disse e escreveu. A dificuldade está na necessidade de algo concreto e definido para o povo. Diz-se que sendo uma explicação verdadeira todas as demais têm de ser falsas. Evidentemente, não é esse o caminho para chegar à verdade. Tendo muitos e múltiplos aspectos, cada verdade oculta requer exame de mui diferentes pontos de vista; cada um deles apresenta certa fase da verdade, e todos eles são necessários para chegar-se a uma concepção completa e definida daquilo que se está considerando.
Esta sentença do Thorah, como muitas outras, poderá ter muitos significados e confundir o não esclarecido. Para o que tem a chave é iluminadora porque, por seu intermédio, vê-se a sabedoria transcendental e a maravilhosa inteligência dos que inspiraram o Thorah.
Se tivessem sido colocadas as vogais e fossem divididas as palavras, haveria unicamente uma maneira de lê-las. Estes grandes e sublimes mistérios não poderiam ter sido ocultos nessas mesmas palavras. Essa teria sido a forma mais natural de redigir, se os autores tivessem resolvido escrever um livro “aberto” sobre Deus. Contudo, não foi esse o seu propósito, foi escrito unicamente para os iniciados, e somente por eles pode ser bem compreendido. Muito menos habilidade seria necessária para escrever um livro claro do que para encobrir o seu significado. Porém, nenhum trabalho é mal-empregado para dar informações, em devido tempo, aos capazes de recebê-las, ao mesmo tempo em que permanecem ocultas para os que não alcançaram o direito de possuí-las.
Considerando a gênese e a evolução do nosso sistema sob esse novo prisma, é bem claro serem ambas as interpretações da primeira sentença do Livro do Gênesis necessárias à compreensão do assunto. A primeira diz que a evolução teve um começo, quando foram criados os céus; a outra, completando a primeira, acrescenta que os céus e a terra foram criados da “sempre existente essência”, não tirados do “nada”, como afirma zombeteiramente o materialista. A Substância-Raiz-Cósmica mantém-se unida e é posta em movimento. Os anéis formados pela inércia das massas em Revolução separam-se da massa central, formando Planetas, etc., tal como a ciência moderna imaginava. A ciência oculta e a ciência moderna estão completamente de acordo no que diz respeito ao modus operandi. Nestas afirmações não há nada em desacordo com as duas teorias, como se demonstrará. A ciência oculta ensina que Deus foi a origem do processo de formação e, constantemente, guia o Sistema por um caminho definido. A ciência moderna, para refutar o que chama de ideia absurda, e para demonstrar que Deus não é necessário, toma um vaso com água e sobre ela coloca um pouco de azeite. A água e o azeite representam, respectivamente o espaço e a massa ígnea. Depois, por meio de uma agulha, começa a fazer girar o azeite até que tome a forma de uma esfera. Isto explica ele ser o Sol central. O azeite, girando cada vez mais rápido, curva-se mais pelo equador e lança um anel que se rompe em fragmentos. Estes se reagrupam e formam um pequeno Globo que gira em torno da massa central, assim como um Planeta gira em torno do Sol. Então, ironicamente, o cientista diz ao ocultista: vê como se faz? Não há a menor necessidade de Deus, nem de qualquer força sobrenatural!
Perfeitamente, concorda o ocultista, um Sistema Solar pode formar-se, aproximadamente, da maneira ilustrada. E estranha muito que um ser humano na posse de tão clara intuição que lhe permite perceber corretamente a operação do processo cósmico, e tão inteligentemente no conceber a operação dessa brilhante demonstração de sua teoria monumental, seja ao mesmo tempo incapaz de perceber, na demonstração, que ele mesmo fez o papel de Deus. Com efeito, dele foi o poder externo que colocou o azeite na água; a ele pertencia a força necessária para pô-lo em movimento, força que tirou o azeite da inércia em que permaneceria por toda a eternidade e o obrigou a tomar forma e a representar o Sol e os Planetas; finalmente, do cientista foi o pensamento que concebeu a experiência e empregou o azeite, a água e a força. O exemplo ilustra esplendidamente a Trindade Divina que trabalha com a substância cósmica para formar um Sistema Solar.
Ora, os atributos de Deus são: Vontade, Sabedoria e Atividade. (Veja o Diagrama 6 e note cuidadosamente o que o nome de Deus significa nessa terminologia). O cientista teve Vontade de fazer a experiência e a oportunidade de encontrar maneiras e meios para a demonstração. Esta oportunidade corresponde à Sabedoria, o segundo atributo de Deus. Teve também a força muscular necessária para realizar a ação, que corresponde à Atividade, o terceiro atributo de Deus.
Além disso, o Universo não é uma máquina que, uma vez posta em marcha, continua em perpétuo movimento, sem causa alguma interna ou sem força diretriz. Também isto é provado na experiência do cientista: desde o momento em que deixar de fazer girar o azeite, também cessa a marcha ordenada dos seus Planetas em miniatura e volta a ser a massa informe de azeite flutuando na água. Da mesma maneira, o Universo dissolver-se-ia imediatamente em “sutilíssimo espaço” se Deus deixasse, por um momento, de exercer Sua atividade e cuidado.
A segunda interpretação do Gênesis é maravilhosamente exata ao descrever uma formadora energia dupla. Não indica especificamente que Deus é trino, mas o conhecimento do leitor é aqui tomado como garantia. Aponta exatamente a verdade quando diz que, na formação do universo, há só duas forças ativas.
Quando o primeiro aspecto do Deus Trino se manifesta como Vontade de criar, desperta o segundo aspecto, a Sabedoria, para planejar o futuro universo. Esta primeira manifestação da Força é Imaginação. Depois que essa força primária de Imaginação concebeu a ideia de um universo, o terceiro aspecto, a Atividade, agindo sobre a substância cósmica, produz o movimento. Esta é a segunda manifestação da Força. O movimento, por si só, não é suficiente para formar um sistema de mundos, há de haver um movimento ordenado. A Sabedoria é necessária para dirigir o movimento, de maneira a produzir inteligentemente resultados definidos.
Portanto, a primeira sentença do livro do Gênesis diz que, no princípio, o movimento ordenado, rítmico, na Substância-Raiz-Cósmica, formou o Universo.
A segunda interpretação da primeira sentença dá uma ideia mais completa de Deus, quando fala da “dupla energia”. Indica as fases positiva e negativa do Espírito Uno de Deus em manifestação. De acordo com os ensinamentos da ciência oculta, representa-se Deus como um Ser composto. Isto se acentua ainda mais nos versículos seguintes do capítulo.
Além das cinco Hierarquias Criadoras que voluntariamente nos ajudaram em nossa evolução, há outras sete que, pertencentes à nossa evolução, cooperaram com Deus na formação do Universo. No primeiro capítulo do Gênesis essas Hierarquias são chamadas Elohim. Esse nome significa uma hoste de Seres duplos ou bissexuais. A primeira parte do nome é Eloh, um nome feminino, em que a letra “h” indica o gênero. Se houvesse intenção de indicar um ser feminino ter-se-ia empregado a palavra Eloh. O feminino do plural é formado com o sufixo “oth”. Portanto, se houvesse intenção de indicar certo número de Deuses do gênero feminino, a palavra correta teria sido Elooth. Todavia, em vez de qualquer destas duas formas, encontramos o plural masculino terminado em “im”, acrescentado ao nome feminino “Eloh”, o que indica uma hoste de Seres bissexuais, masculino-femininos, expressões da energia criadora dual, positiva-negativa.
Na última parte do capítulo alude-se novamente à pluralidade de Criadores, quando se atribuem as seguintes palavras aos Elohim: “Façamos o ser humano à nossa imagem”, depois do que é inconsistentemente acrescentado: “Ele os fez macho e fêmea”.
Os tradutores traduziram a embaraçante palavra Elohim (como vimos, não só uma palavra plural, mas também um nome masculino-feminino) fazendo-a equivaler à palavra no singular, neutra, Deus. Podiam ter traduzido doutra forma, mesmo que soubessem? Era-lhes proibido perturbar as ideias já existentes e o Rei Jaime não desejava a verdade a todo preço, mas a paz por qualquer preço. Seu único desejo era evitar toda controvérsia que lhe pudesse criar perturbações no Reino.
O plural “eles” também é usado quando se menciona a criação do ser humano, indicando claramente que a referência diz respeito à criação de ADM, a espécie humana, e não à de Adão, o indivíduo.
Como já assinalamos, seis Hierarquias Criadoras (além dos Senhores da Chama, dos Querubins, dos Serafins e das duas Hierarquias sem nome que passaram à libertação) estavam em atividade ajudando os Espíritos Virginais. Estes, em si mesmos, formam uma sétima Hierarquia.
Os Querubins e os Serafins nada têm a ver com a criação da Forma; por isso, não são mencionados no capítulo que estamos considerando, que trata especialmente do aspecto Forma da Criação. São mencionadas somente as sete Hierarquias Criadoras que, em efetivo trabalho, levaram o ser humano até onde pudesse adquirir uma forma física densa para, por seu intermédio, poder trabalhar o espírito interno.
Após descrever cada parte do trabalho da Criação, disse-se: “e Elohim viu que era bom”. Isto se diz sete vezes, a última vez no sexto dia, quando foi criada a forma humana.
Depois, indica-se que, no sétimo dia, “Elohim descansou”. Isto concorda perfeitamente com os ensinamentos ocultos sobre a parte de cada Hierarquia no trabalho da evolução até o Período atual. Também se diz que, na época atual, os Deuses e as Hierarquias Criadoras retiraram-se da participação ativa no trabalho de salvação do ser humano para que ele a faça por si, sob a necessária orientação dos “Irmãos Maiores”, atualmente os mediadores entre o ser humano e os Deuses.
O Período De Saturno
Como vimos, o princípio de nosso Sistema Solar e o trabalho das Hierarquias Criadoras descrito pela ciência oculta harmoniza-se com os ensinamentos da Bíblia. Examinando, doravante, os ensinamentos da Bíblia relativos aos diferentes “Dias da Criação”, veremos sua concordância com os ensinamentos ocultos relativos: aos Períodos de Saturno, Solar e Lunar; às três e meia Revoluções do Período Terrestre e às Épocas Polar, Hiperbórea, Lemúrica e Atlante, anteriores à presente Época Ária.
Não é possível dar uma descrição detalhada em poucas linhas, todavia, os pontos principais estão ali em ordem sucessiva muito semelhante a uma fórmula algébrica da criação.
O segundo versículo do Gênesis diz: “A Terra era agreste e desabitada, e a obscuridade pairava sobre a face do abismo e os Espíritos dos Elohim flutuavam sobre o abismo”. Ao princípio da manifestação, o que atualmente é Terra estava no Período de Saturno, exatamente na condição descrita, como se pode ver na descrição feita sobre o Período. Não era “vazia e informe”, como diz a versão do Rei Jaime. Era quente, portanto, bem definida e separada do frio abismo do espaço. É certo que era obscura e ao mesmo tempo quente, porque o calor “obscuro” precede necessariamente o calor brilhante visível. Sobre esse Globo obscuro do Período de Saturno pairavam as Hierarquias Criadoras. Agiram sobre o Globo de fora e moldaram-no. A Bíblia referindo-se a Elas chama-lhes “Espíritos dos Elohim”.
O Período Solar está bem descrito também no terceiro versículo, que diz: “E os Elohim disseram: ‘Faça-se a luz, e a luz foi feita’”. Esta passagem tem-se prestado a muitos gracejos, os mais ridículos e absurdos. Tem-se feito a seguinte pergunta: Como pôde haver luz na Terra se o Sol não foi criado senão no quarto dia? O narrador da Bíblia não fala somente da Terra, mas da massa ígnea central, da qual se formaram os Planetas do nosso Sistema Solar, inclusive a Terra. Quando a nebulosa alcançou o estado de fogo brilhante e luminoso, no Período Solar não havia a menor necessidade de iluminação externa: a Luz estava dentro. No quarto versículo se lê: “Os Elohim separaram a luz das trevas”, isto porque o espaço exterior era obscuro, distinguindo-se da brilhantíssima nebulosa que existiu no Período Solar.
O Período Lunar é descrito no sexto versículo, como segue: “e os Elohim disseram: haja uma expansão (traduzido como ‘firmamento’ em outras versões) nas águas, para que a água se separe da água”. Isto descreve exatamente as condições do Período Lunar, quando o calor da massa ígnea brilhante e o frio do espaço exterior formaram uma coberta de água em torno do centro ígneo. O contato do fogo com a água gerou o vapor, que é água em expansão, conforme descreve o versículo. Era diferente da água relativamente fria que constantemente gravitava para o centro ígneo, ardente, para substituir o vapor que surgia. Desta sorte, havia uma circulação constante da água em suspensão e também uma expansão, porque o vapor, arremessado do centro ígneo formava uma atmosfera de neblina ardente que se condensava ao pôr-se em contato com o espaço externo, volvendo novamente ao centro para tornar a esquentar-se e realizar outro ciclo. Assim, havia duas classes de água e uma divisão entre elas, como se descreve na Bíblia. A água mais densa estava mais próxima do centro incandescente; a água em expansão ou vapor estava fora.
Isto também concorda com a teoria científica dos tempos modernos: primeiramente calor obscuro; depois nebulosa brilhantíssima; por último, umidade externa e calor interno, e finalmente solidificação.
O Período Terrestre é descrito a seguir. Antes de fazer essa descrição tratemos das recapitulações. Os versículos citados, assim como as descrições feitas, também correspondem aos Períodos que recapitulam. O que se diz do Período de Saturno descreve também as condições do Sistema Solar quando emerge de qualquer dos Períodos de Repouso. As descrições dos Períodos de Saturno, Solar e Lunar corresponderiam, portanto, às três primeiras Revoluções de nosso presente Período Terrestre, e o seguinte corresponderia às condições da Terra na presente Revolução.
No versículo nono, lemos: “E Elohim disse: ‘que as águas se separem da terra seca’… e Elohim chamou à terra seca, Terra”. Isto se refere à primeira solidificação. O calor e a umidade tinham formado o Corpo sólido de nosso atual Globo.
A Época Polar: o versículo nono, que descreve o Período Terrestre, a quarta Revolução (em que começou o verdadeiro trabalho do Período Terrestre), também descreve a formação do Reino Mineral e a recapitulação do ser humano, em estado mineral, na Época Polar. Cada Época é também uma recapitulação do estado anterior. Assim como há recapitulações de Globos, Revoluções e períodos, assim há também em cada Globo recapitulações do anteriormente feito. Estas recapitulações são infindas. Há sempre espirais dentro de espirais: no átomo, no Globo em todas as outras fases da evolução.
Por complicado e confuso que isso possa parecer, não é difícil de compreender. Há um método ordenado que tudo rege. Em devido tempo seremos capazes de percebê-lo e de acompanhar a obra desse método, como um fio que conduz através do labirinto. A analogia é um dos melhores auxiliares para compreender a evolução.
A Época Hiperbórea é descrita nos versículos 11 a 19, como trabalho efetuado no quarto dia. Diz-se ali que Elohim criou o Reino Vegetal, o Sol, a Lua e as estrelas.
A Bíblia concorda com a ciência moderna ao dizer que as plantas vieram depois dos minerais. A diferença entre os dois ensinamentos refere-se ao tempo em que a Terra foi expelida da massa central. A ciência afirma que foi expelida antes da formação da crosta sólida que pudesse chamar-se de mineral ou vegetal. Se queremos designar por tais minerais ou vegetais os que atualmente conhecemos, essa afirmação é verdadeira. Não havia substância material densa, todavia, a primeira incrustação ou solidificação que teve lugar no Globo era mineral. O narrador da Bíblia indica somente os incidentes principais. Não se diz que a crosta sólida se fundiu quando foi expelida da massa central, como um anel que se quebrou, reunindo-se depois os pedaços. Num Corpo tão pequeno como a Terra, o tempo preciso para a cristalização foi comparativamente curto. Por isso, o historiador não o menciona, assim como não relata o desmembramento que se produziu novamente quando a Lua foi expelida da Terra.
Procedeu assim, provavelmente, pensando que todo o capacitado para os ensinamentos ocultos deve estar familiarizado com os detalhes menores.
Na condensação da massa ígnea central, as plantas, por serem etéreas, não foram destruídas pelo processo de fusão. Assim como as linhas de força que orientam a cristalização do gelo, estão presentes na água, assim também, quando a Terra se cristalizou, as plantas etéreas estavam presentes. Eram os moldes que agruparam a matéria necessária para formar os Corpos vegetais da atualidade, e os do passado, enterrados nos estratos geológicos do Globo Terrestre.
A formação destas formas vegetais etéreas foi auxiliada pelo calor externo, depois da Terra separar-se do Sol e da Lua. Esse calor proporcionou-lhes a força vital para agrupar em sua volta uma substância mais densa.
A Época Lemúrica é descrita no trabalho do quinto dia. Como esta Época é a terceira, em certo sentido é uma recapitulação do Período Lunar. Na narração bíblica estão descritas as condições existentes no Período Lunar: água, neblina ardente e as primeiras tentativas de vida com movimento e respiração.
Os versículos 20 e 21 descrevem que os “Elohim disseram: ‘que as águas tenham coisas que respirem vida… e aves…’ e os Elohim formaram os grandes anfíbios e todas as coisas viventes de acordo com as suas espécies e todas as aves com asas”.
Isto também concorda com os ensinamentos da ciência material que diz: que os anfíbios precederam as aves.
Convidamos o Estudante a notar particularmente que as coisas formadas não eram Vida. Não se diz que se criou a Vida, mas “coisas” que respiravam e inalavam vida… A palavra hebraica para a substância que se inala é nephesh, e deve-se notar cuidadosamente isto, porque a encontraremos mais tarde sob uma nova roupagem.
A Época Atlante refere-se ao trabalho do sexto dia. No versículo 24 é mencionada a criação dos mamíferos e a palavra nephesh aparece outra vez explicando que os mamíferos “inalavam vida”. Os Elohim disseram: “Que a Terra produza coisas que respirem vida… mamíferos…” e no versículo 27 os Elohim formaram o Ser humano à sua semelhança, isto é, fizeram-nos macho e fêmea como Eles (os Elohim). O historiador bíblico omitiu o estado humano assexual e hermafrodita e chega aos sexos separados tal como os conhecemos atualmente. Não podia ser doutra maneira porque está descrevendo aqui a Época Atlante, e no tempo desta época que se alcançou esse estado de evolução já não havia homens assexuais nem hermafroditas. A diferenciação dos sexos ocorrera antes, na Época Lemúrica. Nos seus primeiros graus de desenvolvimento, o que depois se converteu em ser humano, mal se podia considerar como tal, diferia muito pouco dos animais. Portanto, a Bíblia não contradiz os fatos, quando afirma que o ser humano foi formado na Época Atlante.
No versículo 28 (de todas as versões) encontramos um pequeno prefixo de uma muito grande significação: “Os Elohim disseram: ‘frutificai e RE-povoai a Terra’”. Isto mostra claramente que o escritor conhecia perfeitamente os ensinamentos ocultos de que a onda de vida tinha evolucionado no Globo D, o do Período Terrestre, nas Revoluções anteriores.
A Época Ária corresponde ao sétimo dia da Criação, quando os Elohim, como Criadores e Líderes, descansaram do seu trabalho e a humanidade foi deixada ao próprio cuidado.
Assim termina a história no que respeita à manifestação das formas. No capítulo seguinte conta-se a história sobre o ponto de vista relativo especialmente ao aspecto Vida da Criação.
Jeová e Sua Missão
Tem havido muitas discussões eruditas a respeito da autoria e principalmente da discrepância entre a história da criação dada no primeiro capítulo e o que se diz no quarto versículo do segundo capítulo. Afirma-se que as duas descrições foram escritas por diferentes pessoas, porque o Ser ou Seres aos quais os tradutores deram o nome de “Deus”, no primeiro e segundo capítulos da versão inglesa, denomina-se Elohim, no primeiro capítulo, e “Jeová” no segundo capítulo do texto hebraico. Argumenta-se, a esse respeito, que o mesmo narrador não teria nomeado Deus de duas maneiras diferentes.
Realmente, se quisesse referir-se ao mesmo Deus em ambos os casos, não o teria feito, mas o autor não era monoteísta. Sabia alguma coisa mais para pensar em Deus como um simples Ser humano “superior” que tivesse o céu como trono e a terra como escabelo. Quando escreveu de Jeová reportava-se ao Líder a quem estava a cargo esse trabalho particular da Criação que se descreve.
Jeová era e é um dos Elohim. É o Líder dos Anjos, a humanidade do Período Lunar e é o Regente da Lua atual. Remetemos o leitor ao Diagrama 14 para compreender facilmente a posição e natureza de Jeová.
Dirige os Anjos e, como Regente da Lua, Ele tem a seu cargo os seres degenerados e malignos que nela existem. Com Ele estão também alguns Arcanjos, que constituíram a humanidade do Período Solar. Estes são chamados “Espíritos de Raça”.
O trabalho a cargo de Jeová é a construção de Corpos ou formas concretas, por meio das forças lunares cristalizantes e endurecedoras. Portanto, Ele é o dador de crianças, e os Anjos são seus mensageiros nesta obra. Os fisiólogos sabem muito bem que a Lua está relacionada com a gestação. Observam que dirige e governa os períodos de vida intrauterina e outras funções fisiológicas.
Sabe-se que os Arcanjos, como Espíritos e Líderes de uma Raça, lutam a favor ou contra algum povo, conforme as exigências da evolução dessa raça requererem. No livro de Daniel, 10-20, um Arcanjo falando com Daniel, diz: “Agora, voltarei a lutar com o príncipe da Pérsia; e quando eu for, vede que o príncipe da Grécia virá”.
O Arcanjo Miguel é o Espírito da Raça Judia (Daniel 12-1) e Jeová não é o Deus dos judeus somente, é também o Autor de todas as Religiões de Raça, que conduzem ao Cristianismo. É certo que tomou um interesse especial pelos progenitores dos atuais judeus degenerados, os Semitas Originais, a “semente de raça” para as sete raças da Época Ária. Jeová cuida especialmente de qualquer “semente de raça”, na qual inculca as faculdades embrionárias da humanidade de uma nova época. Por essa razão, esteve muito relacionado com os Semitas Originais, seu “povo eleito”, o escolhido para ser a semente de uma nova raça, a que devia herdar a “terra prometida”, não a simples e insignificante Palestina, mas sim toda a Terra, tal como é atualmente.
Ele não os guiou fora do Egito. Essa história, que posteriormente se originou entre os descendentes dos “Semitas Originais”, é um relato confuso da jornada para Leste, através das inundações e desastres que acabaram com a submergida Atlântida, até chegarem ao Deserto (de Gobi, na Ásia Central). Ali, esperaram os cabalísticos quarenta anos, antes de entrar na Terra Prometida. Há duplo e peculiar significado nessa palavra “prometida”. Chamou-se “terra prometida” porque, não existindo, naquele tempo, terra apropriada para ser ocupada pelos seres humanos, o povo eleito foi levado ao Deserto. Como parte da Terra estava submergida pelas inundações e outras partes deslocadas e modificadas pelas erupções vulcânicas, foi necessário esperar um período de tempo até que a nova Terra estivesse em condições de converter-se em possessão da raça Ária.
Os Semitas Originais foram isolados e proibidos de casarem com outras tribos ou povos, mas como povo teimoso e obstinado que se guiava quase exclusivamente pelo desejo e pela astúcia, desobedeceu à ordem. Sua Bíblia fala que os filhos de Deus casaram com as filhas dos homens, os compatriotas de grau inferior da Atlântida.
Porque frustraram os desígnios de Jeová, foram expulsos, e o fruto de tais cruzamentos tornado inútil como semente de nova raça.
Os nascidos desses cruzamentos, que agora falam de “tribos perdidas”, foram os progenitores dos judeus dos tempos atuais. Sabem que alguns dos componentes do núcleo original os abandonaram e foram para outra parte, mas desconhecem que foram esses precisamente, os que ficaram fiéis. A história das dez tribos perdidas é uma fábula. A maioria delas pereceu, mas os fiéis sobreviveram. Desse remanescente fiel descendem as atuais raças árias.
A ciência oculta concorda com a opinião que diz ser isso mera mutilação das escrituras originais da Bíblia. Assevera-se que muitas partes dela são completas invenções, mas não se faz a menor tentativa de provar, como conjunto, a autenticidade do livro sagrado, na forma em que atualmente o possuímos. Nosso esforço atual é uma simples tentativa para exumar alguns pedaços da verdade oculta, e extraí-los dessa massa de mal-entendidos e interpretações incorretas em que foram enterrados pelos diversos tradutores e revisores.
Involução, Evolução e Epigênese
Desemaranhadas, nos parágrafos anteriores, dentre a confusão geral, a identidade e a missão de Jeová, procuremos agora harmonizar os dois relatos aparentemente contraditórios sobre a criação do ser humano, segundo se narra no primeiro e segundo capítulos do Gênesis. No primeiro diz-se que ele foi o último a ser criado, enquanto no segundo se afirma que foi criado antes de todas as demais coisas viventes.
Conforme notamos, o primeiro capítulo trata unicamente da criação da forma, o segundo capítulo é dedicado ao exame da Vida, enquanto o quinto trata da Consciência. A chave para compreender isto, está em saber distinguir a Forma Física da Vida que constrói essa forma para sua expressão. Ainda que o relato da sequência da criação dos outros Reinos não esteja tão correto no segundo capítulo como no primeiro, é muito certo que o ser humano, considerado do ponto de vista da Vida, foi criado em primeiro lugar. Contudo, se o considerarmos do ponto de vista da Forma, como acontece no primeiro capítulo, foi criado por último.
Em todo o transcurso da evolução, através dos períodos, Globos, Revoluções e raças, aqueles que não melhoram, por não formarem novas características, ficam para trás e começam imediatamente a degenerar. Só os que permanecem plásticos, flexíveis e adaptáveis podem modelar novas formas, apropriadas à expressão da consciência que se expande. Só a vida capaz de cultivar as possibilidades de aperfeiçoamento, inerentes na forma que anima, pode evolucionar com os pioneiros de qualquer onda de vida. Todos os outros ficam atrasados.
É essa a medula do ensinamento ocultismo. O progresso não é um simples desenvolvimento nem, tampouco, Involução e Evolução. Há um terceiro fator, a Epigênese, que completa a tríade: Involução, Evolução e Epigênese.
As primeiras duas palavras são familiares a todos os que estudaram a Vida e a Forma. Admite-se, geralmente, que a involução do espírito na matéria tem o objetivo de construir a forma, mas não se reconhece tão comumente que a Involução do Espírito corre paralela à Evolução da Forma.
Desde o princípio do Período de Saturno até a Época Atlante, quando “os olhos do ser humano foram abertos”[47] pelos Espíritos Lucíferos, as atividades do ser humano (ou força-vital que se converteu em ser humano) eram dirigidas principalmente para dentro. Essa mesma força que o ser humano agora emprega ou irradia para construir estradas de ferro e vapores, empregava-se internamente para construir um veículo através do qual pudesse manifestar-se. Esse veículo é tríplice, analogamente ao espírito que o construiu. A forma evoluiu, construída pelo espírito. Durante essa construção, o espírito involuiu até que, nela penetrando, partiu para a própria evolução. Os melhoramentos ou aperfeiçoamentos da forma são resultado da Epigênese.
Logo, o poder que o ser humano agora emprega para melhorar as condições externas foi empregado durante a Involução com propósitos de crescimento interno.
Há forte tendência em considerar tudo o que existe como resultado de algo que foi. Olha-se a Evolução como simples desenvolvimento de perfectibilidades germinais. Tal concepção exclui a Epigênese do esquema das coisas, não sucede possibilidade alguma de construir-se algo novo, nenhuma margem para a originalidade.
O ocultista crê que o propósito da evolução é o desenvolvimento do ser humano desde um Deus estático a um Deus dinâmico, um Criador. Se o desenvolvimento que atualmente efetua constituísse a sua educação, e se o seu progresso representasse simplesmente a expansão de qualidades latentes, onde aprenderia a criar?
Se o desenvolvimento do ser humano consistisse unicamente em aprender a construir formas cada vez melhores, de acordo com os modelos já existentes na Mente do seu Criador, na melhor hipótese poderia converter-se num bom imitador, mas nunca num criador.
Para tornar-se um criador original e independente é necessário, no seu treinamento, que tenha suficiente margem de emprego de sua originalidade individual. É isso que distingue a criação da imitação. Conservam-se certas características da forma antiga necessária ao progresso, mas em cada novo renascimento, a Vida Evolucionante acrescenta tantos aperfeiçoamentos originais quantos sejam necessários para sua expressão ulterior.
A vanguarda da ciência encontra-se a cada momento frente à Epigênese, como um fato real em qualquer domínio da Natureza. Em 1759 Caspar Wolff[48] publicou sua “Theoria Generationis”, onde já demonstrava que no óvulo humano não há o menor traço do organismo em perspectiva, que sua evolução se traduz na adição de novas formações, enfim, na construção de algo que não está latente no óvulo.
Haeckel[49], grande e valoroso Estudante da Natureza, e que esteve muito próximo do conhecimento da verdade completa sobre a evolução, diz da “Theoria Generationis”: “Apesar do seu pequeno alcance e da difícil terminologia, é uma das mais valiosas obras da literatura biológica”.
Disse Haeckel em seu livro “Antropogênese”: “Em nossos dias é plenamente injustificado chamar-se à Epigênese uma hipótese; estamos plenamente convencidos de que é um fato, e podemos demonstrá-lo, a qualquer momento, com auxílio do microscópio”.
Um construtor seria um pobre expoente de sua habilidade se construísse casas limitando-se a seguir um determinado modelo aprendido do seu mestre, e não pudesse alterá-lo para satisfazer novas exigências. Para alcançar êxito, deve poder desenhar casas novas e melhores, aperfeiçoando o que a experiência mostre como inútil nos edifícios anteriormente construídos. A força que o construtor dirige agora para fora, para construir casas cada vez mais adaptadas às novas condições e exigências, nos Períodos passados, foi empregada na construção de veículos novos e melhores para evolução do Ego.
Partindo do mais simples organismo, a Vida, que é agora ser humano, construiu as Formas apropriadas às suas necessidades. Em devido tempo, à medida que as entidades progrediam, tornou-se evidente que novos aperfeiçoamentos deveriam ser acrescentados às formas. Estes melhoramentos tornaram-se incompatíveis com as linhas de construção anteriormente seguidas. Deveria ser iniciada a construção de novas formas, que não contivessem nenhum dos enganos anteriores. Conforme a experiência ensinou, tais enganos impediram o desenvolvimento posterior.
Dessa maneira, a vida que está evoluindo ficou apta a obter progressos posteriores em novas formas e por graus sucessivos vai aperfeiçoando seus veículos. Esse aprimoramento continua sem cessar, sempre adiante. Para estar na vanguarda do progresso, o ser humano construiu seus Corpos a partir de algo semelhante à ameba, daí até à forma humana do selvagem e, daí, através de sucessivos graus, até às raças mais avançadas, as que estão usando atualmente os Corpos mais elevadamente organizados na Terra. Entre as mortes e nascimentos estamos constantemente construindo Corpos para funcionar em nossas vidas. Alcançarão um grau de eficiência maior do que o que tem atualmente. Se cometermos erros de construção, durante os nascimentos, far-se-ão evidentes quando empreguemos o Corpo na próxima vida terrestre. É de suma importância perceber e compreender nossos erros, para evitá-los vida após vida.
Assim como o construtor de casas fracassaria comercialmente se não melhorasse continuamente seus métodos para corresponder às exigências do seu negócio, assim também os que aderem persistentemente às formas antigas fracassam, não podem se elevar com a onda de vida e são deixados para trás, como atrasados. Esses atrasados ocupam as formas abandonadas pelos pioneiros, como já se explicou anteriormente, e formam as raças e espécies inferiores de qualquer Reino em que estejam evolucionando. Como a Vida que agora é a humanidade passou através de estados análogos ao reino mineral, vegetal e animal e através das raças humanas inferiores, os atrasados foram deixados ao longo do caminho já que falharam em alcançar o tipo necessário para se conservarem na vanguarda da evolução. Tomaram as Formas abandonadas pelos pioneiros e, usando-as como graus intermediários, procuraram alcançar os primeiros, mas as Formas não estavam mais no mesmo grau. No progresso da Evolução não há lugares de espera. Na Vida que evoluciona, tal como no comércio, nada há que seja simplesmente ‘conservar o seu”. Processo ou Retrocesso é a Lei. A Forma que não é capaz de se aperfeiçoar deve Degenerar.
Portanto, há uma linha de formas que se aperfeiçoam, animadas pelos pioneiros da vida que está evoluindo, e outra, a das formas em degeneração, abandonadas pelos pioneiros, mas animadas pelos atrasados. Estes são os que permaneceram na onda de vida particular a que pertenceram originalmente essas formas.
Quando não haja mais atrasados, a espécie morre gradualmente. As formas cristalizam porque os possuidores, cada vez de menor capacidade, não têm possibilidade de melhorá-las. Portanto, voltam ao Reino Mineral, são fossilizadas, e amalgamam-se aos diferentes estratos da crosta terrestre.
A afirmação da ciência materialista que diz ter o ser humano subido gradualmente, através dos diferentes Reinos Vegetal e Animal, até chegar aos antropoides e depois ao ser humano, não é perfeitamente correta. O ser humano nunca habitou formas idênticas às dos animais atuais, nem às dos antropoides de hoje, mas habitou em formas que, sendo semelhantes, eram superiores às dos nossos presentes antropoides.
As pessoas que se dedicam à ciência observam que há semelhança anatômica entre o ser humano e o mono e, como o processo evolutivo sempre trabalha pela perfeição, deduz que o ser humano deve descender do mono. Porém, os esforços para encontrar “o elo perdido” entre ambos são baldados.
Os pioneiros da nossa onda de vida (as raças árias) progrediram desde que ocuparam formas parecidas com as dos nossos monos antropoides até o presente estado de desenvolvimento, enquanto as Formas (que eram “o elo perdido”) degeneraram e estão agora animadas pelos últimos atrasados do Período de Saturno.
Os monos[50] não são os progenitores das espécies superiores, são atrasados que ocupam os exemplares mais degenerados daquilo que foi antes forma humana. Não foi o ser humano que ascendeu dos antropoides; aconteceu o contrário: os antropoides são uma degeneração do ser humano. A ciência materialista, que trata só da forma, equivocou-se e tirou conclusões errôneas sobre o assunto.
As mesmas condições, relativamente, se encontram no Reino Animal. Os pioneiros da onda de vida que começou a evolução no Período Solar são os mamíferos atuais. Seus diferentes graus correspondem aos passos dados pelo ser humano, devendo notar-se que todas as formas, utilizadas pelos atrasados, estão degenerando. Semelhantemente, os pioneiros da onda de vida que entrou em evolução no Período Lunar encontram-se entre as árvores frutíferas, enquanto os atrasados dessa onda de vida animam todas as outras formas vegetais.
Cada onda de vida permanece, definidamente, confinada dentro de seus próprios limites. Os antropoides podem alcançar-nos e converterem-se em seres humanos. Dos outros animais nenhum poderá alcançar nosso estado de desenvolvimento particular. Alcançarão um estado análogo, sob condições diferentes, no Período de Júpiter. Os vegetais atuais serão a humanidade do Período de Vênus, sob condições ainda mais diferentes, e os minerais alcançarão o estado humano no Período de Vulcano.
Notar-se-á que a moderna teoria da evolução, especialmente a de Haeckel, se fosse completamente invertida, seria quase perfeita e estaria de acordo com os conhecimentos da ciência oculta.
O mono é um ser humano degenerado.
Os pólipos são as últimas degenerações deixada pelos mamíferos. Os musgos são as últimas degenerações do Reino Vegetal.
O Reino Mineral é a meta final das formas de todos os Reinos quando alcançam o máximo de degeneração. O carvão de pedra exemplifica isto: resulta de madeira petrificada ou de restos fossilizados de várias formas animais. O próprio granito, coisa que nenhuma pessoa que se dedica à ciência admitirá, é originalmente tão vegetal como o próprio carvão. O mineralogista erudito explicará que está composto de blenda, feldspato e mica, porém o clarividente desenvolvido, que pode ler a Memória da Natureza milhões de anos atrás, poderá completar esta afirmação dizendo: “Sim, e o que chamais de blenda e feldspato não são mais do que as folhas e pedúnculos de flores pré-históricas, e a mica é tudo quanto resta de suas pétalas”.
Os ensinamentos ocultos sobre a evolução estão corroborados pela ciência embriológica, que mostra a vida pré-natal como uma recapitulação de todos os estados passados de desenvolvimento. Não é possível distinguir a diferença entre o óvulo de um ser humano, o de alguns mamíferos superiores e, até, o dos vegetais mais elevados, nem mesmo ao microscópio. Não se pode dizer se o óvulo examinado é animal ou humano. Mesmo depois de se desenvolverem algumas fases iniciais do crescimento embrionário os especialistas não podem indicar a diferença entre um embrião animal e humano.
Estudando o óvulo do animal durante todo o período de gestação, observa-se que somente passa através dos estados mineral e vegetal e nasce quando chega ao estado animal. A Vida que anima esse óvulo passou através da evolução mineral do Período Solar, da vida vegetal no Período Lunar e, agora, vê-se forçada a deter-se no grau animal do Período Terrestre.
Quanto à Vida que emprega o óvulo humano, teve existência mineral no Período de Saturno, vegetal no Período Solar e passou pelo estado animal no Período Lunar. Como tem alguma margem para exercer a Epigênese, alcançado o estado animal segue adiante até chegar ao estado humano. O pai e a mãe dão, de seus Corpos, a substância de que se constrói o Corpo da criança, mas especialmente nas raças superiores, a Epigênese permite agregar algo, o que torna a criança diferente de seus pais.
Quando a Epigênese não atua, ou se torna inativa no indivíduo, na família, nação ou raça, cessa a evolução e começa a degeneração.
Uma Alma Vivente?
De sorte que as duas descrições bíblicas sobre a Criação se harmonizam perfeitamente.
Uma refere-se à Forma, construída através da experiência mineral, vegetal e animal até, por último, chegar ao ser humano. A outra diz que a Vida, agora animando as formas humanas, manifestou-se antes da Vida que anima as Formas dos demais Reinos.
Uma só das duas descrições sobre a Criação não teria sido suficiente. Há, no segundo capítulo, particularidades muito importantes, ocultas na narrativa da criação do ser humano: “Então, Jeová formou o ser humano do barro da Terra e soprou suas narinas o alento (nephesh) e o ser humano converteu-se em uma criatura que respirava (nephesh chayim) “[51].
Em outros pontos da versão do Rei Jaime, a palavra “nephesh” traduz-se por “vida”. Nesse exemplo particular (Gn 2:7) traduziu-se como “Alma Vivente”, para sugerir a ideia de que há uma distinção a fazer entre a vida que anima a forma humana e a que anima as criações inferiores. Não há autoridade alguma que sustente essa diferença de tradução, puramente arbitrária. O alento de vida (nephesh) é o mesmo no ser humano e no animal. Isto se pode demonstrar mesmo àqueles que se baseiam firmemente na autoridade da Bíblia. Com efeito, na versão do Rei Jaime ainda se diz claramente: “assim como morre um, morre o outro; todos têm um alento (nephesh); assim, o ser humano não tem superioridade alguma sobre o animal… todos vão para o mesmo lugar” (Ecl 3:19-20).
Os animais apenas são nossos “irmãos mais jovens”. Não estão atualmente tão sutilmente organizados, mas em devido tempo alcançarão um estado tão elevado como o nosso, e nós teremos seguido muito mais além.
Argumenta-se que o ser humano recebeu sua alma na forma descrita no versículo sétimo do segundo capítulo do Gênesis e que não poderia tê-la recebido doutra maneira. Vem a propósito perguntar: donde e quando recebeu a mulher a sua?
O significado do capítulo e da insuflação do alento de vida por Jeová, além de oferecer a imensa vantagem de ser lógico, é muito claro e simples quando se emprega uma chave oculta. O Regente da Lua (Jeová), seus Anjos e Arcanjos foram os principais nessa obra, o que define o tempo em que se efetuou essa criação: entre o princípio e a metade da Época Lemúrica, e, provavelmente, depois que a Lua foi arrojada da Terra, porque Jeová não tinha a seu cargo a geração dos Corpos antes da Lua ser expulsa. As formas eram mais etéreas. Não havia Corpos Densos e concretos. Só é possível fazer tais Corpos mediante as forças lunares endurecedoras e cristalizantes. Deve ter-se realizado na primeira metade da Época Lemúrica, repetimos, porque a posterior separação dos sexos teve lugar em meados dessa época.
Nesse tempo, o ser humano nascente não tinha começado a respirar por pulmões. Tinha um aparelho semelhante a brânquias, o que presentemente, ainda se encontra no embrião humano, quando passa pelos estados ante natais correspondentes a essa Época. Não tinha sangue vermelho e quente (porque nesse estado não havia espírito individual) e toda sua forma era branda e flexível. Mesmo o esqueleto era mole como as cartilagens. Quando foi necessário separar a humanidade em sexos, o esqueleto tornou-se firme e sólido.
A obra de Jeová foi construir ossos duros e densos dentro da substância branda dos Corpos já existentes. Antes desse tempo, isto é, durante as Épocas Polar e Hiperbórea, nem o ser humano nem o animal tinham ossos.
A impossível e grotesca maneira de realizar a separação dos sexos (descrita nas versões comuns da Bíblia e, quanto a esse caso particular, no texto massorético também) é outro exemplo do que se pode fazer trocando as vogais no antigo texto hebraico. Lido de uma maneira, a palavra é “costela”, mas lido de outra, que merece mais cuidadosa atenção e tem a vantagem de apresentar um sentido comum, significa “lado”. Se a interpretação significar que o ser humano era macho-fêmea e que Jeová tornou latente um lado ou sexo de cada ser, não violaremos a razão nem estaremos aceitando a história da costela.
Os ensinamentos ocultos harmonizam-se com a Bíblia quanto a esta alteração e quanto ao tempo em que se efetuou. Ambos concordam com a doutrina da ciência moderna que diz ter sido o ser humano bissexual em outro tempo e até certo ponto do seu desenvolvimento. Depois, começou a predominar um sexo, enquanto o outro passou a subsistir em forma rudimentar. Assim, toda a humanidade tem, em forma germinal ou embrionária, os órgãos sexuais opostos. É realmente bissexual, como era o ser humano primitivo.
Aparentemente, nessa segunda descrição da obra criadora, o narrador da Bíblia não desejou dar uma ilustração simples do conjunto da evolução. Procurou, antes, particularizar um pouco mais sobre o que tinha dito no primeiro capítulo. Disse que o ser humano não respirou sempre como agora, que em certo tempo os sexos não estavam separados e que foi Jeová quem efetuou essa mudança, definindo assim, o tempo do acontecimento. Ao longo desse trabalho, encontraremos muitas outras informações.
Os Anjos da Guarda
Durante as primeiras Épocas e Períodos, enquanto a humanidade evolucionava inconscientemente, era dirigida pelas Grandes Hierarquias Criadoras. Havia, por assim dizer, uma consciência comum a todos os seres humanos, um Espírito-Grupo para toda a humanidade.
Na Época Lemúrica deu-se um novo passo. Os Corpos formavam-se definidamente, mas deviam ter sangue vermelho e quente para poderem conter uma alma e converterem-se em templos de espíritos internos.
A Natureza não age subitamente. Seria um equívoco imaginarmos que um simples alento soprado nas narinas pudesse introduzir uma alma num Corpo de barro e galvanizá-lo em um ser vivo que sente e pensa.
O espírito individual era muito débil, impotente, completamente incapaz de guiar seu veículo denso. Nem, ainda hoje, é muito forte. Mesmo no nosso estado atual de desenvolvimento, o Corpo de Desejos dirige a personalidade muito mais do que o espírito. Isto é evidente para qualquer observador qualificado. Em meados da Época Lemúrica, a personalidade inferior, o Tríplice Corpo, estava para receber o Ego. Se esse fosse abandonado a si mesmo, teria sido completamente impotente para dirigir seu instrumento.
Portanto, era necessário que alguém, muito mais evoluído, ajudasse o espírito individual e, gradualmente, preparasse o caminho para uni-lo completamente aos seus instrumentos. Foi algo semelhante ao que se dá com uma nação nova; enquanto por si mesma não é capaz de criar um governo estável, é protetorado de uma nação mais poderosa que a resguarda dos perigos exteriores e das dissensões internas. Idêntica proteção foi exercida por um Espírito de Raça sobre a humanidade nascente. Sobre os animais é exercida pelo Espírito-Grupo, mas de forma bastante diferente.
Jeová é o Altíssimo, o Deus de Raça. Tem, por assim dizer, domínio sobre todas as Formas. É o Legislador-Chefe, o Poder mais elevado na conservação da forma e no exercício de um governo ordenado. Os Espíritos de Raça são Arcanjos. Cada um deles tem domínio sobre grupos de pessoas, de povos, e sobre os animais, enquanto os Anjos têm-no sobre as plantas. Os Arcanjos exercem domínio sobre raças ou grupos de pessoas e também sobre animais, porque estes Reinos têm Corpos de Desejos.
Os Arcanjos são hábeis arquitetos da matéria de desejo porque, no Período Solar, o Globo mais denso era composto dessa matéria. Eram a humanidade desse Período, que aprendeu a construir seus veículos mais densos de matéria de desejos, como nós aprendemos agora a construir nossos Corpos com os elementos químicos que compõem o Globo Terrestre. Já podemos perfeitamente compreender que os Arcanjos estão qualificados para auxiliar especialmente as ondas de vida posteriores através do estado em que eles aprendem a construir e a dominar Corpos de Desejos.
Por razões análogas, os Anjos agem nos Corpos Vitais do ser humano, dos animais e das plantas. Seus Corpos mais densos são formados de Éter, pois dele estava composto o Globo D do Período Lunar, quando eles foram humanos.
Jeová e Seus Arcanjos assumem, portanto, em relação às raças, um papel semelhante ao do Espírito-Grupo em relação aos animais. Quando os membros individuais de uma raça desenvolvem completamente o domínio e governo de si, emancipam-se da influência dos Espíritos de Raça e seres afins.
Está no sangue o ponto de aderência ao Corpo Denso, tanto do Espírito-Grupo como de qualquer Ego. O texto massorético mostra que o autor do Levítico possuía esse conhecimento. No versículo décimo-quarto do capítulo décimo sétimo proíbe-se aos judeus comerem sangue, porque “… a alma de toda carne está no sangue…”. No versículo décimo-primeiro do mesmo capítulo, estas palavras: “… porque a alma da carne está no sangue, o mesmo é o mediador da alma” indicam que isto se aplica tanto ao ser humano como ao animal, porque a palavra empregada é neshamah, que significa “alma”, não “vida”, como se traduz na versão do Rei Jaime.
Para guiar as Raças, os Espíritos de Raça agem sobre o sangue, assim como o Espírito-Grupo dirige os animais de cada espécie por meio do sangue.
Também o Ego governa o seu veículo por meio do sangue, mas com uma diferença: o Ego age por meio do calor do sangue, enquanto o Espírito de Raça (isto é, de tribo ou família) age por meio do ar, conforme esse penetra nos pulmões. Está é a razão de Jeová ou Seus Mensageiros terem “soprado seu alento nas narinas do ser humano”, assegurando a admissão do Espírito de Raça, dos Espíritos de Comunidade, etc.
As diferentes classes de Espíritos de Raça dirigiram seus povos a vários climas e a diversas partes da Terra. O clarividente vê o Espírito de Tribo como uma nuvem que envolve e compenetra toda atmosfera da terra habitada pelo povo que está sob seu domínio. Assim se formam os diferentes povos e nações. São Paulo fala do “Príncipe do Poder do Ar”[52], de “principados e poderes”, etc., demonstrando conhecer os Espíritos das Raças. Todavia, ainda não se procura compreender o que eles significam, apesar de sentir-se fortemente a sua influência. O patriotismo é um dos sentimentos deles emanados. Seu poder sobre o povo já não é tanto como dantes. Algumas pessoas vão libertando-se do Espírito de Raça e podem dizer como Thomas Paine[53]: “O mundo é minha pátria”. Outros podem abandonar seu pai e sua mãe, considerando todos os seres humanos como irmãos. Estão a libertar-se do Espírito de Família, ou de Casta, que são entidades etéricas, diferentes do Espírito de Raça, uma entidade de desejos. Quem permanece fortemente subjugado à influência do Espírito de Raça ou de Família, sofre a mais terrível depressão quando abandona seu país ou respira o ar de outro Espírito de Raça ou Família.
Quando o Espírito de Raça entrou nos Corpos humanos do Ego individualizado, começou a exercer ligeiro domínio sobre os seus veículos. Cada entidade humana foi se tornando cada vez mais consciente de ser uma entidade separada e distinta de qualquer outro ser humano. Contudo, durante muito tempo não pensou de si como de um indivíduo. Em primeiro lugar, sentia-se como pertencente a uma tribo ou família. O sufixo inglês de muitos sobrenomes atuais, “son” (filho) é um resto desse sentimento. Um ser humano não era simplesmente “João” ou “Jaime”, mas sim João Robertson ou Jaime Williamson. Em alguns países, a mulher não era “Mary” ou “Martha”, sim Mary Marthasdaughter ou Marth Marydaughter (daughter, em inglês: filha). Esse costume continua em alguns países da Europa, de algumas gerações até agora. O sufixo “son” ainda permanece e o nome de família é ainda muito considerado.
Entre os judeus, no tempo de Cristo, o Espírito de Raça era mais forte do que o espírito individual. Cada judeu pensava de si mesmo primeiramente como pertencente a certa tribo ou família. Sua maior honra era ser “semente de Abraão”. Tudo isso era obra do Espírito de Raça.
Antes do aparecimento de Jeová, quando a Terra era ainda parte do Sol, havia um Espírito-Grupo-comum, composto de todas as Hierarquias Criadoras, que governava toda a família humana. Porém, como se desejava fazer de cada Corpo o templo e o instrumento flexível e adaptável de um espírito interno, isso se traduzia numa divisão infinita de líderes.
Jeová veio com seus Anjos e Arcanjos e fez a primeira grande divisão em Raças, tornando influente em cada grupo, como guia, um Espírito de Raça, um Arcanjo. E destinou um Anjo a cada Ego para que agisse como guardião, até que o espírito individual fosse suficientemente forte e pudesse emancipar-se de toda influência externa.
A Mescla de Sangue no Casamento
A vinda de Cristo preparou o caminho da emancipação da humanidade, para libertá-la da influência separatista dos Espíritos de Raça, ou de Família, para unir toda a família humana numa Fraternidade Universal.
Ele ensinou que a “semente de Abraão” se referia aos Corpos e afirmou que, antes que Abraão vivesse, “o EU” – o Ego, já existia. O espírito individual tríplice iniciou sua existência antes de todas as Tribos e Raças, subsistirá até que estas passem e, ainda mais, até quando não reste delas nem memória.
O Tríplice Espírito no ser humano, o Ego, é o Deus interno que o ser humano Corporal, pessoal, deve aprender a seguir. Por isso, Cristo disse que para ser seu discípulo o ser humano devia abandonar tudo o que tinha. Seu ensinamento é dirigido à emancipação do Deus interno. Incita o ser humano a exercer sua prerrogativa como indivíduo e a elevar-se sobre a família, a tribo e a nação. Não que deva menosprezar a família ou a pátria. O ser humano deve cumprir todos os seus deveres, mas reconhecendo seu parentesco com o resto do mundo, deve cessar de identificar-se com uma parte. Esse é o ideal dado à humanidade por Cristo.
Sob a direção do Espírito de Raça, tanto a nação, como a tribo ou a família prevaleciam, eram consideradas em primeiro lugar, e o indivíduo por último. A família devia ser conservada intacta. Se qualquer homem morresse sem sucessão que perpetuasse o seu nome, seu irmão devia “fecundar” a viúva, para que a família não morresse (Dt 25:5-10). Casar-se fora da família era, naqueles tempos, uma coisa horrorosa. Um membro de uma tribo não podia casar-se com alguém de outra, sem perder sua própria casta. Não era nada fácil fazer-se membro de outra família. Não somente entre os judeus e outras nações antigas insistia-se em conservar a integridade da família, também em tempos mais modernos. Até recentemente, como já se mencionou, os escoceses aderiam tenazmente ao seu clã. Os antigos escandinavos Vikings não admitiam ninguém em suas famílias se não tivesse feito com eles a “mescla de sangue”. Os efeitos espirituais da hemólise são desconhecidos para a ciência materialista, mas eram conhecidos dos antigos.
Todos estes costumes eram o resultado do trabalho do Espírito de Raça e dos Espíritos de Tribo sobre o sangue comum. Admitir como membro alguém que não tivesse o sangue comum, teria produzido uma confusão de casta. Quanto mais pura era a genealogia (nesse sentido) maior era o poder do Espírito de Raça e mais fortes eram os laços que ligavam o indivíduo à Tribo, porque a força vital do ser humano está no sangue. A memória está intimamente relacionada com o sangue, a mais alta expressão do Corpo Vital.
O cérebro e o sistema nervoso são as mais elevadas expressões do Corpo de Desejos. São receptores das cenas do mundo externo, mas para formar as imagens mentais dessas cenas, o sangue transporta o material. Por isso, quando o pensamento está em atividade, o sangue flui à cabeça.
Quando a mesma corrente de sangue sem mescla flui nas veias de uma família durante gerações, as mesmas imagens mentais feitas pelos avôs e pais são reproduzidas nos filhos pelo Espírito de Família, que vive na hemoglobina do sangue. O filho vê-se a si mesmo como a continuação de uma longa linha de antecessores que vivem nele. Vê todos os acontecimentos das vidas passadas da família como se ele mesmo estivesse presente aos fatos, não compreendendo a si mesmo como um Ego. Não é ele simplesmente “Davi”, mas sim “o filho de Abraão”; não “José”, mas “o filho de Davi”.
Por meio desse sangue comum se diz que os seres humanos viviam durante muitas gerações. Através do sangue, os descendentes tinham acesso à Memória da Natureza, em que se conservavam essas recordações. Razão de se dizer, no quinto capítulo do Gênesis, que os patriarcas viveram durante centenas de anos. Adão, Matusalém e outros patriarcas não alcançaram pessoalmente tão grandes idades. Vivendo os antecessores na consciência dos descendentes, estes viam as vidas daqueles como se tivessem vivido suas vidas. Depois do período indicado, os descendentes não pensaram mais de si como sendo Adão ou Matusalém. A memória desses antecessores apagou-se e por isso diz-se que morreram.
A “segunda vista” dos Escoceses Highlanders[54] demonstra que por meio da endogamia se retém a consciência dos mundos internos. Eles realizaram o casamento dentro do clã até tempos recentes, tal como os ciganos que sempre casam na tribo. Quanto menor é a tribo e mais pura a geração, mais pronunciada é a “vista”.
As raças primitivas não desobedeceram à ordem emanada do Deus de Tribo de não se casarem fora dela, nem tampouco tinham inclinação alguma para fazê-lo por não terem Mente própria.
Os Semitas Originais foram os primeiros a desenvolver a vontade. Depois, casaram-se com as filhas dos homens de outras tribos, frustrando temporariamente o desígnio do seu Espírito de Raça. Foram desprezados, como malfeitores que “adoraram deuses estranhos”, tornando-se incapazes de servir como “semente” das sete raças de nossa presente Época Ária. Os Semitas Originais foram, desde aquele tempo, a última raça que o Espírito de Raça manteve separada.
Mais tarde foi dado ao ser humano o livre arbítrio. Chegara o tempo de preparar-se para a individualização. A primitiva consciência “comum”, a clarividência involuntária, ou segunda vista, que constantemente mantinha ante os seres humanos da tribo os acontecimentos das vidas dos seus antecessores e os fazia sentirem-se intimamente identificados com sua tribo ou família, devia ser substituída por uma consciência estritamente individual, limitada ao mundo material, para desfazer as nações em indivíduos, para que a Fraternidade Humana pudesse estabelecer-se sem ter em conta as circunstâncias exteriores. Comparativamente é o mesmo que pretender construir um edifício muito maior a partir de certo número de edifícios: seria necessário derrubar aqueles, tijolo por tijolo, para construir o outro.
Para realizar esta divisão de nações em indivíduos, ditaram-se leis que proibiam a endogamia, ou matrimônio em família. Daí para diante, os casamentos incestuosos começaram a serem olhados com horror. Assim foi se introduzindo sangue estranho nas famílias da Terra, o que impediu gradualmente a clarividência involuntária, restringiu o sentimento de família e dividiu a humanidade em grupos. Como resultado dessa mescla de sangue, a aderência à família irá desaparecendo e o Altruísmo substituirá o patriotismo.
A ciência descobriu ultimamente que a hemólise resultante de inoculação do sangue de um indivíduo nas veias de outro de diferente espécie produz a morte do mais inferior dos dois. O animal no qual se inocule sangue de um ser humano morre. O sangue de um cachorro injetado nas veias de uma ave mata-a, mas não haverá dano algum no cão que receba sangue de ave. A ciência limita-se a expor o fato, mas o ocultista-cientista explica-o. O sangue é o agente do Espírito, como já foi indicado. O Ego humano age nos veículos por meio do calor do sangue; o Espírito de Raça, de Família, de comunidade, age no sangue por meio do ar que respiramos. Nos animais, o espírito separado de cada um e o Espírito-Grupo da espécie a que pertencem estão presentes, mas o espírito do animal nem está individualizado nem trabalha conscientemente em seus veículos como o Ego. Está ainda dominado pelo Espírito-Grupo que trabalha no sangue.
O espírito no sangue do animal superior é mais forte do que o espírito do menos desenvolvido. Por isso, quando se injeta sangue de um animal superior nas veias de outro de espécie inferior, aquele, procurando afirmar-se, mata a forma que o aprisiona e liberta-se. Pelo contrário, quando o sangue de um animal de espécie inferior é injetado nas veias de um de espécie superior, o espírito desse é capaz de expulsar o espírito menos evoluído e assimila o sangue estranho para seus próprios propósitos, não se produzindo prejuízo algum visível.
O Espírito-Grupo sempre procura manter seu completo domínio sobre o sangue da espécie a que pertence. Tal como o Deus de Raça do ser humano, o Espírito-Grupo se ressente quando seus súditos cruzam com outras espécies. Então, atira os pecados dos pais sobre os filhos, como vemos nos seres híbridos. Quando um cavalo e uma jumenta produzem uma mula, por exemplo, a mescla de sangue estranho destrói a faculdade propagadora, de modo que o híbrido não pode perpetuar-se. É uma abominação do ponto de vista do Espírito-Grupo, pois a mula não está definitivamente sob o domínio do Espírito-Grupo dos cavalos nem do dos jumentos, se bem que não esteja tão afastado de ambos que possa evitar sua influência. Se dois muares pudessem procriar, sua cria estaria ainda menos influenciada pelo domínio desses Espíritos-Grupo. Resultaria uma espécie nova, sem Espírito-Grupo, mas seria uma anomalia na Natureza, aliás, impossível enquanto os espíritos-animais não tiverem evoluído ao ponto de bastarem-se a si mesmos. Se tal espécie pudesse produzir-se, careceria do instinto guiador, o impulso que, em realidade, é do Espírito-Grupo. Encontrar-se-ia em situação análoga à de uma ninhada de gatinhos arrancada da matriz antes do tempo normal do nascimento. Indubitavelmente, não poderiam bastar-se e morreriam.
Portanto, quando se juntam dois animais de espécies muito diferentes, o Espírito-Grupo dos animais que os envia ao nascimento, impede que o Átomo-semente fertilizante possa fecundar. Porém, se nega a perpetuação dos híbridos, permite que alguns a seu cargo aproveitem uma oportunidade para encarnar-se quando se juntam dois animais de espécies análogas. Portanto, a infusão de sangue estranho debilita a influência do Espírito-Grupo, e este, em consequência, destrói a forma, ou a faculdade procriadora, que está sob seu domínio.
O espírito humano está individualizado, é um Ego desenvolvendo vontade livre e responsabilidade. Impelido a renascer pela irresistível Lei de Consequência, está além do poder do Espírito de Raça, de Comunidade ou de Família mantê-lo afastado da encarnação, no grau atual do desenvolvimento humano. Pela mistura de sangues obtida no matrimônio de indivíduos de diferentes tribos ou nações, os Líderes da humanidade vão ajudando o Ego a desprender-se gradualmente dos Espíritos de Família, de Tribo ou de Nação. Retirados esses espíritos do sangue, com Eles vai também a clarividência involuntária. Consequentemente, apagam-se as tradições das famílias que estavam a seu cargo. A mescla de sangue destruiu uma faculdade. Todavia, tal perda foi uma vantagem. Concentrou as energias do ser humano no mundo material, onde aprende muito melhor suas lições do que aprenderia se continuasse distraído pela visão dos Reinos superiores.
Quando o ser humano começa a emancipar-se, deixa também de pensar em si como “a semente de Abraão”, ou como da “Família de Stewart”, ou “Brahmin” ou “Levita” e aprende a ver-se como um “eu”. Quanto mais cultivar esse Eu mais libertará o sangue do Espírito de Família ou Nacional e mais se bastará como habitante do mundo. Muitas tolices e até coisas perigosas têm sido ditas a respeito de sacrificar o “eu” ao “não-eu”. Só quando tivermos cultivado um “eu” poderemos sacrificá-lo, dando-o ao todo. Enquanto amarmos somente a própria família ou nação, seremos incapazes de amar aos demais. Rompamos os laços do sangue, ainda limitados pelos laços de parentesco e da pátria, afirmemo-nos e bastemo-nos, e poderemos converter-nos em servidores desinteressados da humanidade. Quando o ser humano chega a tal cume, descobre que, em vez de perder a própria família, obteve todas as famílias do mundo. Todos serão para ele seus irmãos, seus pais, suas mães, de quem deve cuidar e a quem deve ajudar.
Então, voltará a adquirir a visão do mundo espiritual que perdeu com a mescla de sangues, porém acrescida de uma faculdade mais elevada, uma clarividência voluntária e inteligente, com a qual poderá ver o que quiser. Ela substituirá a faculdade negativa que, impressa em seu sangue pelo espírito de família, a esta o prendia e excluía de todas as demais famílias. Sua visão será universal e empregá-la-á para o bem de todos.
Pelas razões atrás mencionadas, os matrimônios entre tribos e entre nações passaram a serem considerados preferíveis aos matrimônios entre parentes.
Ao atravessar esses estados e perder gradualmente o contato com os mundos internos, o ser humano lamentou a perda e desejou a volta da visão “interna”, mas gradualmente, foi se esquecendo, e o mundo material tornou-se, antes seus olhos, a única coisa real. Tão real que chegou a formar ideia de que tais mundos internos não existiam, e a considerar a crença neles como uma estúpida superstição.
As quatro causas que contribuíram para isso foram:
Os Espíritos de Raça ainda existem e trabalham com o ser humano. Nos países em que o povo é mais atrasado o Espírito de Raça é forte. Quanto mais avançada é uma nação, mais liberdade tem o indivíduo. Quanto mais o ser humano está em harmonia com a lei do Amor, e mais elevados são os seus ideais, mais se liberta do Espírito de Raça. O patriotismo, se bem que bom em si, é uma cadeia do Espírito de Raça. O ideal da Fraternidade Universal, que não se identifica com nenhum país ou raça, é o único caminho que conduz à emancipação.
Cristo veio para reunir as diferentes raças em paz e boa vontade, de maneira que todos os seres humanos, voluntária e conscientemente, sigam a lei do Amor.
O Cristianismo atual, que permanecerá até apagar-se todo o sentimento de raça, não é, sequer, uma sombra da verdadeira religião de Cristo. Na Sexta Época haverá uma única Fraternidade Universal, sob a direção de Cristo que terá voltado. O dia e a hora da sua volta ninguém sabe. Ainda não foi fixado. O sinal da nova dispensação depende do tempo em que um número suficiente de seres humanos tenha começado a viver uma vida de fraternidade e de amor.
A “Queda do Homem”
Ainda sobre a análise do Gênesis, podemos juntar mais algumas palavras sobre “a Queda”, à base do Cristianismo popular. Se não tivesse havido queda não haveria necessidade de “plano de salvação”.
Quando em meados da Época Lemúrica se efetuou a separação dos sexos (na qual trabalharam Jeová e seus Anjos), o Ego começou a agir ligeiramente em seu Corpo Denso, criando órgãos internos. Naquele tempo, o ser humano não tinha plena consciência de vigília, tal como possui hoje, mas com metade da força sexual, construiu o cérebro para expressão de pensamento, na forma já indicada. Estava mais desperto no Mundo Espiritual do que no Físico, mal podia ver seu Corpo e era inconsciente do ato de propagação. A afirmação da Bíblia de que Jeová adormeceu o ser humano, nesse ato é correta. Não havia nem dor nem perturbação alguma relacionada com o parto. Sua obscura consciência do ambiente não o inteirava, ao morrer, da perda do Corpo nem, ao renascer, da entrada noutro Corpo Denso.
Recorde-se: os Espíritos Lucíferos eram uma parte da humanidade do Período Lunar, os atrasados da onda de vida dos Anjos. Eram demasiado avançados para tomarem um Corpo Denso físico, mas necessitando de um “órgão interno” para aquisição de conhecimento podiam trabalhar por meio deum cérebro físico, coisa fora do poder dos Anjos ou de Jeová.
Esses espíritos entraram na coluna espinhal e no cérebro e falaram à mulher, cuja imaginação, conforme já se explicou, tinha sido despertada pelas práticas da Raça Lemúrica. Sendo a consciência predominantemente interna, pictórica, e porque tinham entrado em seu cérebro por meio da medula espinhal serpentina, a mulher viu aqueles espíritos como serpentes.
No preparo da mulher estava incluído assistir e observar as perigosas lutas e feitos dos seres humanos que se exercitavam no desenvolvimento da vontade. Muito frequentemente os Corpos morriam nas lutas.
A mulher surpreendia-se ao ver essas coisas tão raras e tinha obscura consciência de que algo estranho acontecia. Embora consciente dos espíritos que perdiam seus Corpos, a imperfeita percepção do Mundo Físico não lhe dava poder para revelar aos amigos que seus Corpos físicos tinham sido destruídos.
Os Espíritos Lucíferos resolveram o problema “abrindo-lhe os olhos”. Fizeram-na ciente dos Corpos, o seu e o do homem, e ensinaram-na como podiam conquistar a morte, criando novos Corpos. A morte não poderia mais dominá-los porque, como Jeová, teriam o poder de criar à vontade.
Assim, Lúcifer abriu os olhos da mulher, e ela, vendo, ajudou o homem a abrir o seu. Desta maneira, de forma real, se bem que obscura, começaram a “conhecer” ou a perceberem-se uns aos outros e também ao Mundo Físico. Fizeram-se conscientes da morte e da dor, aprendendo a diferenciar o ser humano interno da roupagem que usava e renovava cada vez que era preciso dar um novo passo na evolução. O ser humano deixou de ser um autômato. Converteu-se num ser que podia pensar livremente, à custa de sua imunidade à dor, às enfermidades e à morte.
Interpretar o comer do fruto como um símbolo do ato gerador não é uma ideia absurda, como demonstra a declaração de Jeová (que não é um capricho, mas a declaração formal das consequências que adviriam do ato): morreriam e a mulher teria seus filhos com dor e sofrimento. Jeová sabia que o ser humano, agora com a atenção fixada em sua roupagem física, perceberia a morte, e que, não tendo ainda sabedoria para refrear as paixões e regular a relação sexual pelas posições dos Astros, o abuso da função produziria o parto com dor.
Para comentadores da Bíblia sempre tem sido um enigma relacionar o comer de uma fruta com o nascimento de uma criança. A solução é bem fácil quando se compreende que o comer a fruta simboliza o ato gerador, ato pelo qual o ser humano se converte em algo “semelhante a Deus”, conhece sua espécie e capacita-se para gerar novos seres.
Na última parte da Época Lemúrica, quando o ser humano se arrogou o direito de praticar sem peias o ato gerador, foi sua poderosa vontade que lhe permitiu realizá-lo. “Comendo da árvore do conhecimento” quando quisesse, capacitou-se para livremente criar um novo Corpo ao perder o antigo veículo.
Geralmente, a morte é considerada algo temível. Se o ser humano também tivesse “comido da árvore da Vida” teria aprendido o segredo de vitalizar perpetuamente seu Corpo, o que teria sido ainda pior. Nossos Corpos atuais não são perfeitos, mas os desses tempos antiquíssimos eram excessivamente primitivos. Por isso, foi bem fundada a medida quando as Hierarquias Criadoras impediram o ser humano de “comer da árvore da vida”, impedindo de renovar o Corpo Vital. Se o tivesse conseguido ter-se-ia feito imortal, mas não poderia mais progredir. A evolução do Ego depende da evolução dos seus veículos. Se não pudesse obter novos e mais perfeitos veículos por meio de sucessivas mortes e renascimentos, ter-se-ia estagnado. É máxima oculta: quanto mais frequentemente morremos, melhor poderemos viver. Cada nascimento proporciona uma nova oportunidade.
Como vimos, o ser humano obteve o conhecimento por via cerebral, com o concomitante egoísmo, à custa do poder de criar sozinho, e a vontade livre à custa da dor e da morte. Quando aprender a empregar a inteligência para o bem da humanidade, adquirirá poder espiritual sobre a vida, e guiar-se-á por um conhecimento inato muito superior à atual consciência manifestada por via cerebral, tão superior a esta como a sua consciência de hoje é superior à consciência animal.
A queda na geração foi necessária à construção do cérebro, que é um meio indireto de adquirir conhecimento. Será sucedido pelo contato direto com a Sabedoria da Natureza. Então, sem cooperação alguma, o ser humano poderá utilizar esta Sabedoria na geração de novos Corpos. A laringe falará novamente a “Palavra perdida”, ou “Fiar Criador”, outrora empregada pelos antigos lemurianos sob a direção dos grandes instrutores, para criar vegetais e animais.
Será um criador de verdade e não na forma relativa e convencional do presente. Empregando a palavra apropriada ou a fórmula mágica poderá criar um novo Corpo.
Tudo que se manifestou durante a curva descendente da involução subsiste até alcançar o ponto correspondente do arco ascendente da evolução. Os atuais órgãos de geração degenerarão e atrofiar-se-ão. Os órgãos femininos foram os primeiros a existir como unidade separada. De acordo com a lei que diz que “o primeiro será o último”, serão os órgãos femininos os últimos a atrofiar-se. Os órgãos masculinos começaram a diferenciar-se depois e, já agora, começam a separar-se do Corpo. O Diagrama 13 ilustrará esse ponto.
[1] N.R.: Charles Howard Hinton (1853-1907) – matemático e escritor de ficção científica britânico
[2] N.R.: que é o Corpo Denso
[3] N.R.: Ernest Henry Starling (1866-1927) – fisiologista inglês
[4] N.R.: William Bayliss (1860-1924) – fisiologista inglês
[5] N.R.: é uma das duas partes do Sistema Nervoso Periférico – está relacionado com os movimentos voluntários; a outra parte é chamada de Sistema Nervoso Autônomo
[6] N.R.: é uma das duas partes do Sistema Nervoso Autônomo – está relacionado com os movimentos involuntários dos músculos como não-estriado e estriado cardíaco, sistema endócrino e respiratório; a outra parte é chamada de Sistema Nervoso Parassimpático
[7] N.R.: quinta estrofe do poema: Selige Sehnsucht (Anelo), de Johann Wolfgang von Goethe, in: West-Östlicher Diwan, 1814-1819. Com tradução de Manuel Bandeira, Poemas traduzidos. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1966, p. 25.
[8] N.R.: ICor 15: 31
[9] N.R.: Physicae Ad Lumen Divinum Reformatae Synopsis
[10] N.R.: John Amos Comenius ou Iohannes Amos Comenius (1592-1670) – bispo protestante da Igreja Moraviana, educador, cientista e escritor checo
[11] N.R.: ou Paracelsus – Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1521) – físico, botânico, alquimista, astrólogo e ocultista suíço-germânico
[12] N.R.: Francis Bacon (1561-1626) – filósofo, estadista, cientista, jurista, orador, ensaísta e autor inglês
[13] N.R.: também escrito como Jan Baptista van Hellmond, Jan Baptista van Helmont (1579?-1644) – médico, químico e fisiologista belga. Na história da química ele é considerado o descobridor dos gases
[14] N.R.: por vezes grafado como Jacob Boehme (1575-1624) – filósofo e místico luterano alemão
[15] N.R.: cidade ao sul da Alemanha atual
[16] N.R.: nome dado a Shakespeare em homenagem aonde ele nasceu: Stratford-on-Avon e o que mais fazia: Bard, quer dizer: escrever poesias e contador de estórias
[17] N.R.: William Crookes (1832-1919) foi um químico e físico britânico. Frequentou o Royal College of Chemistry em Londres, trabalhando em espectroscopia.
[18] N.R.: 106.194 quilômetros
[19] N.R.: também chamada de Epífise Neural
[20] Elena Petrovna Blavatskaya (1831-1891) – mais conhecida como Helena Blavatsky ou Madame Blavatsky, responsável pela sistematização da moderna Teosofia e cofundadora da Sociedade Teosófica
[21] Alfred Percy Sinnett (1840-1921) – escritor e teósofo britânico
[22] N.R.: Gn 4: 25
[23] N.R.: ISm 1: 19
[24] N.R.: Lc 1: 34
[25] N.R.: Gn 2: 9
[26] N.R.: a crítica que se faz a eles é exagerada, já que eles também possuem boas qualidades. Veja mais no livro: Cristianismo Rosacruz – Conferência 14: Lúcifer – tentador ou benfeitor?
[27] Ou bushman que vivem na região rural, inexplorada, conhecida como “bush” da Austrália
[28] N.R.: que é o Corpo Denso
[29] N.R.: também chamada de Hipófise
[30] N.R.: que é o Corpo Denso
[31] N.R.: Mt 10: 37
[32] N.R.: Mt 16: 24
[33] N.R: Lc 14: 26
[34] N.R.: Gn 12: 7
[35] Cidade de São Francisco na Califórnia, Estados Unidos. Refere-se ao terremoto nessa cidade em 1906
[36] N.R.: Ap 21: 1
[37] N.R.: Booker Taliaferro Washington (1856-1915) – educador, autor, orador e conselheiro americano
[38] N.R.: personagem bíblico identificado nos Evangelhos como “salteador” ou “assassino”
[39] N.R.: Ex 21: 24
[40] N.R: Também conhecida como Versão Autorizada do Rei Jaime, é uma tradução inglesa da bíblia realizada em benefício da Igreja Anglicana, sob ordens do rei Jaime I, no início do século XVII.
[41] N.R.: ou Martinho Lutero (1483-1546) foi um monge agostiniano e professor de teologia germânico que se tornou uma das figuras centrais da Reforma Protestante.
[42] N.R.: é considerado como um dos trabalhos mais importantes da Cabalá, no misticismo judaico. E faz parte dos livros que seriam canônicos para os judeus.
[43] N.R.: Ou Torah, ou, ainda, Torá é o nome dado aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, o Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio e que constituem o texto central do judaísmo.
[44] N.R.: ou Talmude é um livro sagrado dos judeus, um registro das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico.
[45] N.R.: dos massoretas ou massoréticos que eram escribas judeus que se dedicaram a preservar e cuidar das escrituras que, atualmente, constituem o Antigo Testamento.
[46] N.R.: Cidade ao norte de Israel.
[47] N.R.: Gn 3: 7
[48] N.R.: Caspar Friedrich Wolff (1733-1794) – biólogo e fisiologista alemão e um dos fundadores da embriologia
[49] N.R.: Ernst Heinrich Philipp August Haeckel (1834-1919) – biólogo, naturalista, filósofo, médico, professor e artista alemão
[50] N.R.: primatas antropoides, sem cauda e de braços longos, como chimpanzé, orangotango, gorila e bonobo.
[51] N.R.: Gn 2:7
[52] N.R.: Ef 2:2
[53] N.R.: Thomas Paine (1737-1809) – político britânico, além de panfletário, revolucionário, radical, inventor, intelectual.
[54] N.R.: Povo e Cultura das Terras Altas na Escócia (zona montanhosa do norte da Escócia). Caracterizavam-se até o século XVIII por um sistema feudal de famílias – os famosos clãs escoceses
O que é a Espiritualização da Mente
Cristo Jesus disse: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma e de todo o teu espírito”- (Mt 22:37).
“Esta é a aliança que eu farei com eles depois daqueles dias, o Senhor diz: Porei as minhas leis nos seus corações e as escreverei nos seus espíritos” – (Hb 10:16).
“Mas os seus espíritos endureceram-se. Porque até ao dia de hoje permanece na leitura do Antigo Testamento o mesmo véu sem se levantar, porque é por Cristo que ele se tira” (2Cor 3:14).
“E não vos conformeis com este século, mas reformai-vos com o renovamento do vosso espírito, para que reconheçais qual é a vontade de deus, boa, agradável e perfeita” – (Rm 12:2).
“Renovai-vos no espírito do vosso entendimento”- (Ef 4:23).
“A prudência da carne é morte e a prudência do espírito é vida e paz”- (Rm 8:6).
A harmonia perfeita entre os ensinamentos da Bíblia e os do Conceito Rosacruz do Cosmos está bem exemplificada nas afirmações dadas em ambas no que diz respeito à natureza e importância da Mente, o veículo menos desenvolvido do ser humano.
A Mente é o instrumento mais importante que o espírito possui e é o seu instrumento especial no trabalho da criação, isto está dito no Conceito. O trabalho que deve ser feito para o aperfeiçoamento dos poderes mentais que envolve um esquema completo e constante de uma vida pura e correta como foi pregada nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental.
O núcleo da matéria, através do qual procuramos agora construir uma Mente organizada, foi emitido por nossos seres do Período Terrestre, pelos Senhores da Mente e foi do Mundo do Pensamento que veio a substância mental que foi sendo anexada desde aquela época. À tendência separatista, própria do plano da razão, é considerada má em contraste com a força Unificadora do Mundo do Espírito de Vida, o Reino do Amor. Os Senhores da Mente trabalham com a humanidade, mas não com os três reinos inferiores, isto, mais o fato de que a Mente está ligada à natureza do desejo e tem suas atividades instigadas pelos Espíritos Lucíferos, que traz ao ser humano um grande problema durante este estágio de sua evolução, a necessidade da renovação de sua mente pela constante infusão dela com as mais altas vibrações espirituais, até que se encontre sob o completo domínio do Espírito, o Ego Superior.
Para se obter o controle da Mente é necessário a concentração. Usando a vontade para concentrarmo-nos aprendemos a dirigir a Mente para um determinado objetivo e armazenamos forças suficientes para conseguir aquilo a que nos propomos. Para grande parte das pessoas isto é muito difícil, uma vez que o veículo mental é ainda um veículo vago e impreciso. Com paciente persistência, porém, podemos chegar ao resultado desejado.
Juntamente com este processo de colocarmos a Mente sob o controle da vontade vem o processo importante de imbui-la com o Princípio da Sabedoria do Amor, de modo que ela não seja usada egoisticamente. Esta “Cristianização” da Mente envolve as transformações de todas as tendências de natureza inferior e egoísta, em sublimes qualidades espirituais inerentes a todo Espírito individual, de modo que “’o véu do Templo se rompa com Cristo”. Assim: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito”.
Todo pensamento que temos ajuda a colorir nossa aura e a estabelecer, perto de nós, aquele algo indefinível que ainda é uma parte muito forte e potente do nosso ser.
Altruísmo, bondade, tolerância, etc. …, eleva-nos a uma consciência superior e dá-nos paz e sentido da vida, que são os resultados que adquirimos por sermos “mentalmente espiritualizados”.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – nov/dez/88)
“Almas Perdidas” e Atrasadas
Pediram-nos uma lição sobre as “Almas Perdidas” e Atrasadas. Nosso correspondente quer saber dos Ensinamentos Rosacruzes como esse assunto é tratado. Como essa questão foi tratada anteriormente nesse livro, na Carta de Abril de 1912 (nº 17), a replicamos aqui:
“Pelos ensinamentos da lição do mês passado, compreendemos que não há absolutamente qualquer fundamento em relação ao ponto de vista, comumente aceito, sobre as almas perdidas. Não há uma só palavra na Bíblia que leve em si a ideia que costumamos atribuir à palavra “para sempre”. A palavra grega é aionian e significa “um período de tempo indefinido, uma era”, e quando lemos na Bíblia as palavras “eternamente e para sempre”, deveríamos interpretá-las “por séculos e séculos”. Além disso, como é uma verdade da natureza que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”, uma alma perdida significaria que uma parte de Deus se havia perdido e, naturalmente, isto é inconcebível.
Depois que escrevi a lição anterior, ocorreu-me outro ponto que mostrará como a “perda” de um Período está relacionada com o próximo. Devem lembrar-se que falamos dos espíritos de Lúcifer como atrasados do Período Lunar, e dissemos que não poderiam achar campo para a sua evolução no presente esquema de manifestação. Os Arcanjos habitam o Sol, os Anjos têm a seu cargo todas as Luas, mas os espíritos de Lúcifer foram incapazes de residir em qualquer desses luminares. Não podiam ajudar na geração, pura e desinteressadamente, como o fazem os Anjos, uma vez que atuavam sob as forças da paixão e dos desejos egoístas, pelo que houve necessidade alojá-los num lugar separado. Assim, foram colocados no Planeta Marte, fato bem conhecido pelos antigos astrólogos, que atribuíam à Marte a Regência sobre Áries, que tem domínio sobre a cabeça (lembrem-se que o cérebro é construído por forças sexuais subvertidas), e também comprovaram que aquele Planeta é o Regente de Escorpião, que governa os órgãos de reprodução. Áries está na primeira Casa de um horóscopo e denota o princípio da vida; Escorpião está na oitava, significando a morte; nisso está contida a lição de que tudo o que é gerado pela paixão e pelos desejos está condenado à dissolução. Assim, Marte é esotericamente e astrologicamente “o Diabo”; e Lúcifer, o chefe entre os Anjos caídos, é realmente o adversário de Jeová, que dirige a força de fecundação vinda do Sol por meio da atividade lunar.
No entanto, os Espíritos de Lúcifer estão ajudando o processo de evolução. Deles recebemos o ferro que, por si só, torna possível viver numa atmosfera oxigenada. Foram e continuam sendo os agitadores para o progresso material, portanto, não temos o direito de antagonizá-los. A Bíblia tacitamente proíbe-nos de ultrajar os deuses. Conforme lemos na Epístola de São Judas, nem o Arcanjo Miguel ousou ultrajar Lúcifer, e no livro de Jó fala-se como estando entre os filhos de Deus. O seu Embaixador na Terra, Samael, é o Anjo da morte, representado por Escorpião, mas é também o Anjo da vida e da ação simbolizada por Áries. Se não fossem pelos ativos impulsos marcianos, talvez não sentíssemos as dores tão agudamente como as sentimos, nem tão pouco poderíamos progredir na mesma proporção, e é seguramente melhor “cansar-se do que enferrujar-se”.
Deste modo, podemos constatar que estas “ovelhas perdidas” de uma era anterior, recebem todas as oportunidades de recuperar o seu atraso no atual esquema de evolução. Estão atrasadas, e como atrasadas aparecem sempre como más, mas não estão “perdidas para além da redenção”. Podem salvar-se servindo-nos, provavelmente mediante a transmutação de Escorpião em Áries, quer dizer, a geração em regeneração.”
Nós confiamos que essa leitura possa esclarecer o assunto para ele. Ficaríamos felizes se outros Estudantes formulassem perguntas de interesse geral e nos enviassem para elucidações nessas cartas, embora exista uma sessão para perguntas na revista “Rays”, onde nem todos os Estudantes são assinantes. Também, os problemas colocados aqui, talvez devessem ter uma abordagem um pouco mais íntima aqui do que é possível numa revista que, eventualmente, será lida por um público menos conhecedor da Filosofia do que nossos Estudantes.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 76)
Epigênese: Os Seus Novos Caminhos
A Revolução Industrial, cujo berço foi a Inglaterra, no século XVIII, modificou totalmente o panorama da sociedade ocidental. A economia, então predominantemente agrícola e artesanal, passou a conhecer uma fase de surgimento de indústrias. As cidades se desenvolveram porque as indústrias nelas se localizavam e suas populações cresceram consideravelmente.
O que se desencadeava, entretanto, não era um processo isolado, mas algo que exigia transformações profundas a fim de manter sua continuidade. Havia, por exemplo, necessidade de transportar matéria-prima de suas fontes até as regiões manufatureiras. O meio de transporte comum era à tração animal. Obviamente não atendia a demanda crescente; em primeiro lugar, porque a disponibilidade de animais de carga era pequena.
Quando tudo parecia caminhar para um impasse, eis que a genialidade de alguém cria a máquina a vapor. Surge a locomotiva. Os trens, as ferrovias, constituem a salvação. Estava resolvido o problema.
Sempre foi assim. Quando a necessidade de progresso do ser humano esbarrava em algum obstáculo ou problema aparentemente sem solução, o gênio inventivo, a criatividade, inovavam em algum campo de atividade humana, encontrando o caminho salvador.
Esse dom de criar algo novo, original, recebe o nome de Epigênese. É uma faculdade inerente a todo indivíduo, mas ainda pouco desenvolvida. Essa capacidade criadora é um traço de identidade entre Deus e o ser humano, porque ambos criam.
Max Heindel, em sua obra Conceito Rosacruz do Cosmos, no capítulo que trata da Involução, Evolução e Epigênese diz o seguinte: “Em todo o transcurso da evolução, através dos Períodos, Globos, Revoluções e Raças, aqueles que não melhoram, por não formarem novas características, ficam para trás e começam imediatamente a degenerar. Só os que permanecem plásticos, flexíveis e adaptáveis podem modelar novas formas, apropriadas à expressão da consciência que se expande. Só a vida capaz de cultivar as possibilidades de aperfeiçoamento, inerentes na forma que anima, pode evolucionar com os adiantados de qualquer Onda de Vida. Todos os outros ficam atrasados”.
“É esta a medula do Ocultismo. O progresso não é um simples desenvolvimento, nem tampouco Involução e Evolução, há um terceiro fator, a Epigênese, que completa a tríade”.
“As primeiras duas palavras são familiares a todos os que estudaram a vida e a forma. Admite-se, geralmente, que a Involução do Espírito na matéria tem o objetivo de construir a forma, mas não se reconhece tão comumente que a Involução do Espírito corre paralela à evolução da forma”.
“Desde o princípio do Períodode Saturno até a Época Atlante, quando “os olhos do ser humano foramabertos” pelos Espíritos Lucíferos,as atividades do ser humano (ou força vital que se converteu em humano) era dirigida principalmente para dentro. Essa mesma força que agora o ser humano emprega ou irradia para construir estradas de ferro e vapores, empregava-se internamente para construir um veículo através do qual pudesse manifestar-se. Esse veículo é tríplice, analogamente ao Espírito que o construiu. A forma evolui construída pelo Espírito. Durante essa construção, o Espírito involui até que, nela penetrando, parta para a própria evolução. Os melhoramentos ou aperfeiçoamentos da forma são resultado da Epigênese”.
“Logo, o poder que o ser humano agora emprega para melhorar as condições externas foi empregado durante a Involução com propósito de crescimento interno”.
“Há forte tendência em considerar tudo o que existe como resultado de algo que foi. Olha-se a Evolução como simples desenvolvimento de perfectibilidades germinais. Tal concepção exclui a Epigênese do esquema das coisas, não concede possibilidade alguma de construir-se algo novo, nenhuma margem para a originalidade”.
“O ocultista crê que o propósito da evolução é o desenvolvimento doser humano desde um Deus estático a um Deus dinâmico, um Criador. Se o desenvolvimento que atualmente efetua constituísse a sua educação, e se o seu progresso representasse simplesmente a expansão de qualidades latentes, onde aprenderia a criar?”
“Se o desenvolvimento do ser humano consistisse unicamente em aprender a construir formas cada vez melhores, de acordo com os modelos já existentes na mente do seu Criador, na melhor das hipóteses poderia converter-se num bom imitador, mas nunca num criador”.
“Para tornar-se um criador original e independente é necessário, no seu exercitamento, que tenha suficiente margem de emprego da sua originalidade individual. É isso que distingue a criação da imitação. Conservam-se certas características da forma antiga, necessárias ao progresso, mas em cada novo renascimento a vida evolucionante acrescenta tantos aperfeiçoamentos originais quanto sejam necessários para sua expressão ulterior”.
Vê-se, pois, que sem o emprego da faculdade epigenética o progresso do ser humano, em qualquer campo de atividade, seria uma impossibilidade. Quando deixa de ser ativa nas pessoas, nações, raças e instituições, a evolução cessa, começando daí a degeneração. Todo processo de cristalização na natureza representa a ausência de novos caminhos. A decadência das grandes civilizações principiou pela estagnação de seus valores básicos. A não renovação de suas estruturas, aliada a recusa em reciclar sua cultura, acabou por provocar a degeneração. Isso sempre ocorreu, seja no sentido individual, seja no coletivo.
Os veículos do Espírito também se aperfeiçoam pela Epigênese. As correções e as inovações começam na região dos arquétipos, ou seja, na Região do Pensamento Concreto do Mundo do Pensamento. A tendência de um veículo, como o Corpo Denso por exemplo, é tornar-se cada vez mais sensível, maleável e responsivo às vibrações espirituais. Esse progresso ocorre porque vimos constantemente aperfeiçoando nossos veículos.
Os corpos das Raças atrasadas estão em franca degeneração porque cristalizaram-se a tal ponto de não admitirem nenhum processo de revitalização. Os antropoides, são o resultado da degeneração de corpos humanos que perderam a sensibilidade. Os seres que usam esses corpos pertencem à nossa Onda de Vida, teoricamente ainda têm chances de progresso. Mas isso só acontecerá se derem um salto gigantesco em sua evolução, a ponto de poderem habitar corpos mais aperfeiçoados, abandonando em definitivo essas formas degeneradas.
É uma lei natural: Nenhum ser pode habitar corpos mais eficientes do que ele seja capaz de construir. Quanto mais uma pessoa avança e trabalha nos seus veículos, mais poder tem para construir uma nova vida.
Nossa capacidade de dominar as configurações estelares determina, em grande medida, o grau de Epigênese que vamos desenvolvendo em cada vida. Estamos sujeitos a poucas ou muitas limitações na vida atual, determinadas por dívidas contraídas em encarnações passadas. Mesmo assim temos certa margem de livre-arbítrio para desencadearmos novas causas. Gerando assim um novo destino. Não somos obrigados a errar. Se renascemos com grande tendência para a sensualidade, os astros podem impelir, mas nada nos vai obrigar a satisfazer nossas paixões carnais. A energia criadora malbaratada pode ser canalizada a objetivos superiores. Essa mesma energia, Deus e as Hierarquias utilizaram na criação do Cosmos. Podemos, portanto, empregá-la no processo epigenético contribuindo para a elevação da humanidade.
O processo da Epigênese é uma forma de transmutação. E isso explica porque certos presidiários reformam-se, tornando-se úteis à sociedade, enquanto outros mantém suas tendências criminosas; ou então, como pessoas com deficiências físicas desenvolvem certas habilidades, tornando-se vitoriosas em alguma atividade. O Espírito pode criar fases verdadeiramente novas de sua individualidade.
O gênio representa a manifestação epigenética no mais alto grau e isso não se explica pela hereditariedade. O gênio expressa sua genialidade não só por sua proficiência artística, intelectual ou profissional, mas principalmente pela sua criatividade. Esta é a diferença entre a competência e a genialidade.
Às vezes, a Epigênese se manifesta unilateralmente. E o caso de artistas que, embora talentosos, deixam muito a desejar moralmente entregando-se à bebida, aos tóxicos ou ao sexo. O talento pode lhes ser retirado temporariamente em vidas futuras, até que decidam a regenerar-se.
Geralmente o autodidata em algum ramo artístico ou profissional tende a ser criativo porque foge dos limitadores padrões acadêmicos. As pessoas criativas podem revolucionar (no mais puro sentido da Palavra) algum campo de atividade. Não raro isso lhes traz sofrimento porque seu trabalho inovador dificilmente será compreendido, além do que constitui uma ameaça aos padrões já estabelecidos naquela área particular. Eles RE-EVOLUCIONAM, isto é, dão novo impulso a evolução. Imagina-se, erroneamente, que revolucionar significa derrubar algo já consolidado.
Thomaz Edison certa vez foi posto para fora do escritório de um financista, em Nova York. O homem de negócios, indignado, afirmou-lhe grosseiramente, que jamais financiaria a produção em escala industrial daquelas “invenções malucas”. Bell foi chamado de louco pela imprensa norte-americana quando anunciou a invenção do aparelho telefônico. Júlio Verne encantou o mundo com suas obras de ficção. FICÇÃO? Hoje, quanto coisa tornou-se realidade.
Goethe modificou profundamente o teor das lendas que envolviam a figura do doutor Fausto, mago, astrólogo e quiromante do século XVI, dando-lhe, epigenéticamente, profundidade esotérica. Esse poema, uma obra-prima da literatura universal, conta a história do ser humano no afã de encontrar o divino em si mesmo.
Leonardo Da Vinci, para citar um exemplo mais distante no tempo, expressou uma exuberância epigenética incomum. Sua figura humana aproximou-se, como nenhum outro, daquele imaginário homem universal. Foi pintor, escultor, matemático, arquiteto, urbanista, físico, astrônomo, engenheiro, naturalista, químico, geólogo e cartógrafo. Suas obras tais como“Anunciação”, a “Virgem dos Rochedos”, a ”Monalisa”, constituem parte do patrimônio artístico da humanidade. Como urbanista, seu projeto para a cidade de Milão foi algo admiravelmente revolucionário. Eliminou as muralhas, traçou canais de esgotos, ruas superpostas para pedestres e pistas livres para veículos. As casas seriam amplas e ventiladas. Haveria praças e jardins. E tudo isso no final do século XV.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental nos esclarecem, e a própria história da civilização nos confirma, que se caminhamos até o estágio atual de desenvolvimento é porque fizemos uso da devida faculdade epigenética. Exercitar esse dom é encontrar Deus dentro de si mesmo.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’–Fraternidade Rosacruz-SP- maio/1986)
ANJOS – Os Anjos pertencem a uma corrente evolutiva anterior, e foram “humanos” em um renascimento prévio da Terra, chamada o Período Lunar pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Sendo os Anjos a “humanidade do Período Lunar” pertencem a uma corrente de evolução tão diferente da nossa, como o são os espíritos humanos com os dos animais atuais. Tal como nós construímos nossos Corpos com partículas químicas da terra, assim os Anjos constroem os seus com Éter. Os Anjos estão perfeitamente experimentados para construir o Corpo Vital porque no Período Lunar, em que eles atravessaram a fase humana desse Esquema de Evolução, o Éter era o estado mais denso da matéria. Devido a essa capacidade são os instrutores apropriados dos seres humanos, animais e vegetais com respeito a suas funções vitais: propagação, nutrição, etc. Os Anjos ajudaram os seres humanos a propagar-se e também a construir um cérebro físico. Eles dirigiram a expressão física do amor dos seres humanos e o guiaram através das emoções de uma maneira amável e inocente, salvando assim o ser humano da dor e sofrimento acidental que o exercício das funções sexuais poderiam produzir fazendo sem sabedoria. Se esse regime tivesse subsistido, o ser humano seguiria sendo um autômato guiado por Deus, e nunca se haveria em uma personalidade, um indivíduo. O que se tem convertido em indivíduo foi devido a uma classe e entidades chamadas Espíritos Lucíferos. Tudo quanto se relaciona com a propagação da raça e do nascimento foi executado baixo a direção dos Anjos guiados a sua vez por Jeová, o regente da Lua. A função procriadora se levava a cabo em determinadas épocas do ano, quando as linhas de força de Planeta a Planeta formavam o ângulo apropriado. E como a força criadora não tinha obstrução alguma, o parto era sem dor. O ser humano era inconsciente do nascimento, pois estavam tão inconscientes do Mundo Físico como o estamos agora durante o sono. Retrocedendo tão distante como o Período Lunar, o Terceiro Dia de Manifestação em nosso esquema evolutivo, havia duas classes de Anjos. Uma tinha afinidade com a água e a outra com o fogo. Durante o Período Lunar, Jeová, o Espírito Santo, que tinha a seu cargo a evolução dos Seres no que hoje é nossa Terra, decidiu por o espírito do ser humano, como também dos animais e das plantas, dentro de formas. Contra esse plano se rebelou uma minoria da onda de vida angélica. Teria uma grande afinidade com o fogo para suportar o contato com a água da qual se construiria a maior parte dessas formas; e baixo a direção de Lúcifer, que era o seguinte em evolução à Jeová, recusaram completamente construir as formas como lhes havia ordenado. Ao fazer isso se privaram da oportunidade de evoluir a passos largos do plano marcado, convertendo-se em uma anomalia na natureza. Havendo repudiado a autoridade de seu guia, Jeová, foram forçados a encontrar sua salvação por si mesmos, com seu próprio método. Em consequência, os Espíritos Lucíferos pertencem a onda de vida dos Anjos, porém devido a sua desobediência, se encontram atrasados ou renegados do resto das ondas angelicais.