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O Corpo Vital – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

A Escola de Sabedoria Ocidental ensina, como sua máxima fundamental, que “todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital”, declara Max Heindel.

É por esse motivo e com o propósito de apresentar, numa forma concisa e de fácil compreensão, todas as informações importantes que Max Heindel escreveu em várias cartas, lições e livros a respeito do veículo etérico, que este material compilado se acha publicado em forma de livro.

Para o leigo em estudos ocultos, assim como para o estudante avançado, seu conteúdo é de enorme valor prático.

Há 4 meios de você acessar esse Livro:

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O Corpo Vital – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

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4. Para ler no próprio site::

O CORPO VITAL

Por

Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

3ª Edição em Inglês, 2011, The Vital Body, editada por The Rosicrucian Fellowship

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

PREFÁCIO.. 4

INTRODUÇÃO.. 5

PARTE I – EVOLUÇÃO PASSADA DO CORPO VITAL DO SER HUMANO   7

Capítulo I – Durante Períodos e Revoluções. 7

Capítulo II – Durante as Épocas. 17

PARTE II – O CORPO VITAL DO SER HUMANO NA ATUAL ÉPOCA ÁRIA   24

Capítulo I – Natureza e Funções. 24

Capítulo II – Na Saúde e na Doença. 46

Capítulo III – No Sono e nos Sonhos. 66

Capítulo IV – Na Morte e nos Mundos Invisíveis. 75

Capítulo V – A Caminho do Renascimento. 99

Capítulo VI – As Crianças. 102

PARTE III – O CORPO VITAL DOS ANIMAIS E DAS PLANTAS. 108

Capítulo I – Natureza e Funções. 108

PARTE IV – A RELAÇÃO DO CORPO VITAL COM O DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL.. 116

Capítulo I – Um Fator Importante. 116

Capítulo II – O Efeito das Orações, Rituais e Exercícios. 129


PREFÁCIO

nota[1]

A Escola de Sabedoria Ocidental ensina, como sua máxima fundamental, que “todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital”, declara Max Heindel, um Iniciado da Ordem Rosacruz e fundador da Fraternidade Rosacruz. É por esse motivo e com o propósito de apresentar, numa forma concisa e de fácil compreensão, todas as informações importantes que Max Heindel escreveu em várias cartas, lições e livros a respeito do veículo etérico, que este material compilado se acha publicado em forma de livro. Para o leigo em estudos ocultos, assim como para o Estudante Rosacruz avançado, seu conteúdo é de enorme valor prático.

Muitos Estudantes Rosacruzes zelosos dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental deram de modo desinteressado e amoroso, seu tempo e esforços no preparo desse material para publicação, e eles rogam que cada exemplar possa levar sua mensagem de luz e inspiração a todo Aspirante espiritual, que esteja se empenhando em seguir o Caminho de Cristo.

INTRODUÇÃO

A Filosofia Rosacruz ensina que o ser humano é um Espírito Tríplice, possuindo uma Mente através da qual ele governa o Tríplice Corpo, que ele emanou de si mesmo para adquirir experiência. Ele transmuta esse Tríplice Corpo numa Tríplice Alma, da qual ele avançada impotência à onipotência. O Espírito Divino emana de si mesmo o Corpo Denso extraindo, como alimento, a Alma Consciente; o Espírito de Vida emana de si mesmo o Corpo Vital, extraindo, como alimento, a Alma intelectual; o Espírito Humano emana de si mesmo o Corpo de Desejos, extraindo, como alimento, a Alma Emocional. O Corpo Vital é feito de Éter e permeia o corpo visível,[2] como o Éter permeia todas as demais formas, com a exceção de que os seres humanos especializam uma maior quantidade do Éter universal que as outras formas. Esse corpo etéreo é nosso instrumento para a especialização da energia vital do Sol.

Também é ensinado pela Filosofia Rosacruz que nosso esquema evolucionário é levado através de cinco dos sete Mundos ou estados de matéria (Físico, do Desejo, do Pensamento, do Espírito de Vida e do Espírito Divino) em sete grandes Períodos de Manifestação (Períodos de: Saturno, Solar, Lunar, Terrestre, Júpiter, Vênus e Vulcano) durante os quais o Espírito Virginal, ou vida evolucionante, torna-se primeiro, um ser humano e depois, um Deus. Estamos, agora, no quarto período, ou Período Terrestre, que se acha dividido em sete Revoluções, assim como as sete Épocas seguintes: a Polar, a Hiperbórea, a Lemúrica, a Atlante, a Ária, a Nova Galileia e o Reino de Deus, essas últimas duas ainda por vir[3]. No começo do Período de Saturno doze grandes Hierarquias Criadoras estavam ativas no trabalho da evolução. Duas dessas Hierarquias fizeram algum trabalho para ajudar bem no início….  E, então, retiraram-se da existência limitada para a liberação. Mais três Hierarquias Criadoras seguiram-nas no início do Período Terrestre: os Senhores da Chama, os Querubins e os Serafins, deixando sete Hierarquias em serviço ativo quando o Período Terrestre teve início: os Senhores da Sabedoria, os Senhores da Individualidade, os Senhores da Forma, os Senhores da Mente, os Arcanjos, os Anjos e os Espíritos Virginais.

PARTE I – EVOLUÇÃO PASSADA DO CORPO VITAL DO SER HUMANO

Capítulo I – Durante Períodos e Revoluções

A evolução do Corpo Vital e do Espírito de Vida, do qual é uma contraparte, se iniciou no segundo Período ou Período Solar dos sete Grandes Dias de Manifestação. Desde então, foi reconstruído e atingirá a perfeição no Período de Júpiter. Num estágio futuro a Humanidade não mais terá necessidade desse veículo, mesmo assim, sua quintessência será retida.

O Espírito de Vida e o Corpo Vital iniciaram sua evolução no Período Solar e, por conseguinte, são responsabilidades específicas do Filho.

Eles (os Senhores da Chama) forneceram, anteriormente, o germe do Corpo Denso e, na primeira metade da Revolução de Saturno do Período Solar estavam ocupados com certos melhoramentos a serem feitos nele.

No Período Solar a formação do Corpo Vital estava para ter início, com todas as decorrentes implicações de capacidade para assimilação, crescimento, propagação, desenvolvimento das glândulas, etc.

Os Senhores da Chama incorporaram no germe do Corpo Denso apenas a capacidade de desenvolver os órgãos dos sentidos. Na ocasião, agora em consideração, foi necessário mudar o germe de tal modo que permitisse a interpenetração do Corpo Vital, e, também a capacidade de desenvolver glândulas e um tubo digestivo. Isso foi feito pela ação conjunta dos Senhores da Chama, que forneceram o germe original, e os Senhores da Sabedoria, que se encarregaram da evolução material no Período Solar.

Quando os Senhores da Chama e os Senhores da Sabedoria tinham, na Revolução de Saturno do Período Solar, reconstruído conjuntamente o Corpo Denso germinal, os Senhores da Sabedoria, na Segunda Revolução, deram início ao trabalho propriamente dito, do Período Solar, irradiando de seus próprios corpos o germe do Corpo Vital, tornando-o capaz de interpenetrar o Corpo Denso e dando ao germe a capacidade de crescimento ulterior, de propagação e de sensibilização dos centros sensoriais do Corpo Denso e possibilitando-o a se mover. Em suma, eles deram, em germe ao Corpo Vital, todas as faculdades que ele está agora expandindo para tornar-se um instrumento perfeito e flexível para o uso do Espírito.

Notamos também que, como a Primeira Revolução ou Revolução de Saturno, de qualquer período, diz respeito ao trabalho no Corpo Denso (porque este teve início numa primeira Revolução), assim, a Segunda, ou Revolução Solar, de qualquer período se acha relacionada com melhorias no Corpo Vital, porque este teve início numa Segunda Revolução.

Pode-se dizer que o ser humano, no Período Solar, passou pela existência do vegetal. Ele tinha um Corpo Denso e um Corpo Vital, como têm as plantas. Sua consciência, tal como a dos vegetais, era a de um sono sem sonhos.

Então havia duas classes ou reinos no Período Solar, isto é, os atrasados do Período de Saturno, que ainda eram minerais, e os pioneiros do Período de Saturno, que foram capazes de receber o germe do Corpo Vital e tornaram-se semelhantes às plantas.

No meio da sétima Revolução do Período Solar, os Senhores da Sabedoria se encarregaram do Espírito de Vida germinal, dado pelos Querubins na Sexta Revolução do Período Solar. Eles assim o fizeram com o propósito de conectá-lo ao Espírito Divino. Sua maior atividade, nesse trabalho, foi alcançada na Noite Cósmica intermediária entre os Períodos Solar e Lunar. No primeiro despertar do Período Lunar, à medida que a Onda de Vida se pôs em marcha em sua nova peregrinação, os Senhores da Sabedoria reapareceram, trazendo com eles os veículos germinais do ser humano em evolução. Na Primeira Revolução, ou de Saturno do Período Lunar, eles cooperaram com os “Senhores da Individualidade”, que tinham como encargo especial a evolução material do Período Lunar. Juntos eles reconstruíram o germe do Corpo Denso trazido do Período Solar. Esse germe tinha desdobrado os órgãos embrionários dos sentidos, os órgãos da digestão, as glândulas, etc. e foi interpenetrado por um Corpo Vital germinal que difundiu certo grau de vida no Corpo Denso embrionário. Certamente, ele não era sólido e visível como é agora, embora numa certa forma já tivesse algo desenvolvido e era perfeitamente distinguível pela visão Clarividente treinada do investigador competente, que procure na Memória da Natureza por cenas desse distante passado.

Na Segunda, ou Revolução Solar do Período Lunar, o Corpo Vital foi modificado para tornar-se capaz de ser interpenetrado pelo Corpo de Desejos, e, também acomodar-se ao sistema nervoso, muscular, esqueleto, etc. Os Senhores da Sabedoria, que foram os criadores do Corpo Vital, ajudaram também os Senhores da Individualidade em seu trabalho.

Na Sexta Revolução do Período Lunar os Querubins reapareceram e vivificaram o Espírito de Vida daqueles atrasados do Período Solar, mas que desde então tinham alcançado o estágio necessário de desenvolvimento, e, também naqueles atrasados do Período Solar que tinham então desenvolvido o Corpo Vital durante sua existência vegetal no Período Lunar.

Os pioneiros da nova Onda de Vida passaram por um estágio inferior da existência vegetal; entretanto a maioria deles desenvolveu o Corpo Vital suficientemente para permitir o despertar do Espírito de Vida.

Portanto, todos os três últimos mencionados possuíam os mesmos veículos no início do Período Terrestre, embora só os dois primeiros mencionados pertençam à nossa Onda de Vida e têm a chance de até nos ultrapassarem se passarem pelo ponto crítico que virá na próxima Revolução do Período Terrestre. Os que não conseguirem ultrapassar esse ponto ficarão retidos, até que alguma evolução futura alcance um estágio onde eles possam ser incorporados e continuar com seu desenvolvimento em um novo período humano. Eles serão impedidos de prosseguir com a nossa Humanidade, porque esta terá avançado muito além de suas condições e seria um sério entrave ao nosso progresso arrastá-los conosco. Eles não serão destruídos, mas, simplesmente retidos esperando por outro período de evolução.

No fim do Período Lunar essas classes possuíam os veículos como estão classificados no Diagrama 10 e começaram com eles no início do Período Terrestre.

Diagrama 10 – Classes no início do Período Terrestre

Durante o tempo que transcorreu desde então, o reino humano vem desenvolvendo o elo mental, e tem desse modo logrado total consciência de vigília. Os animais obtiveram um Corpo de Desejos; as plantas um Corpo Vital; os atrasados da Onda de Vida, que entraram na evolução no Período Lunar, escaparam das duras e pesadas condições de formações de rochas e agora seus Corpos Densos compõem nossos solos mais macios; enquanto a Onda de Vida que entrou na evolução aqui no Período Terrestre forma as rochas mais duras e as pedras.

Vemos então, que ao término do Período Lunar o ser humano possuía um Tríplice Corpo em vários estágios de desenvolvimento; e, também o germe do Tríplice Espírito. O ser humano possuía Corpos: Denso, Vital e de Desejos, e o Espírito: Divino, de Vida e Humano. Só lhe faltava o elo para conectá-los.

Outra Hierarquia Criadora tinha encargo especial dos três germes dos Corpos: Denso, Vital e de Desejos, conforme estavam evoluindo. Eram aqueles que, sob a direção das mais elevadas ordens fizeram praticamente o trabalho inicial nesses Corpos, usando a vida evolucionante como uma espécie de instrumento. Essa Hierarquia chama-se “Senhores da Forma”.

Eles estavam, então, tão evoluídos que receberam o encargo do terceiro aspecto do Espírito no ser humano, o Espírito Humano, no Período Terrestre que se aproximava.

Vamos, portanto, analisar o assunto e ver o que temos direito de esperar de quem pretende ser um professor. Para fazê-lo temos que primeiro nos indagar: Qual o propósito da existência no universo da matéria? Podemos responder a isso dizendo que é a evolução da consciência. Durante o Período de Saturno, quando éramos como minerais em nossa constituição, nossa consciência era a de um médium afastado de seu corpo por espíritos em uma seção de materialização, onde uma grande parte dos Éteres que compõem o Corpo Vital tenha sido removida. O Corpo Denso fica então num transe bem profundo. No Período Solar, quando nossa constituição era similar a das plantas, nossa consciência era como a de um sono sem sonhos, quando o Corpo de Desejos, a Mente e o Espírito ficam fora do corpo, deixando os Corpos Físico e Vital sobre a cama. No Período Lunar tivemos um quadro de consciência como a que temos nos sonhos, quando o Corpo de Desejos se acha só parcialmente removido do veículo Denso e do Corpo Vital. Aqui, no Período Terrestre, nossa consciência se alargou para sentir os objetos fora de nós, colocando-se todos os veículos numa posição concêntrica, como quando estamos acordados.

O Período Terrestre é proeminentemente o Período da Forma, pois aqui a forma ou a parte material da evolução atinge seu maior e mais pronunciado estado. Aqui o Espírito está mais indefeso e subjugado e a Forma é o fator mais predominante; daí a proeminência dos Senhores da Forma.

Durante essa Revolução (a Segunda ou Revolução Solar do Período Terrestre) o Corpo Vital foi reconstruído para acomodar o germe da Mente. O Corpo Vital foi moldado para ficar mais semelhante ao Corpo Denso, de modo que pudesse tornar-se adequado para uso como o veículo mais denso durante o Período de Júpiter, quando o Corpo Denso terá se espiritualizado.

Os Anjos, a “Humanidade” do Período Lunar, foram ajudados nessa reconstrução pelos Senhores da Forma. A organização do Corpo Vital acha-se agora em uma eficiência próxima ao do Corpo Denso. Alguns escritores deste assunto chamam o Corpo Vital de um elo, e sustentam que ele é meramente um molde do Corpo Denso e não um veículo separado.

Embora não desejando criticar, e admitindo que essa controvérsia se acha justificada pelo fato de que o ser humano, no presente estágio da evolução, não pode habitualmente usar o Corpo Vital como um veículo separado, porque ele sempre permanece com o Corpo Denso, e retirá-lo totalmente iria causar a morte do Corpo Denso, sem dúvida houve uma época em que ele não estava tão firmemente incorporado a este último, como veremos mais adiante.

Durante essas Épocas da história de nossa Terra, que já foram mencionadas como a Lemúrica e a Atlante, o ser humano era involuntariamente Clarividente, e foi precisamente essa debilidade de conexão entre os Corpos Denso e Vital que tornava o ser humano assim (Os Iniciadores daquela época ajudavam o candidato a afrouxar ainda mais essa conexão, como no Clarividente voluntário).

Desde então o Corpo Vital tornou-se muito mais firmemente entretecido com o Corpo Denso na maioria das pessoas, mas em todos os sensitivos essa conexão está frouxa. É essa frouxidão que constitui a diferença entre o parapsíquico e a pessoa comum que é inconsciente de tudo, exceto das vibrações captadas pelos cinco sentidos. Todos os seres humanos tiveram que passar por esse período de estreita conexão dos veículos e experimentar a consequente limitação de consciência. Há, portanto, duas classes de sensitivos, aqueles que não se tenham firmemente enredado na matéria, como a maioria dos hindus, indianos, etc., que possuem certo e pequeno grau de clarividência, ou seja, sensíveis aos sons da natureza, e aqueles que se acham na vanguarda da evolução. Os últimos estão surgindo do nadir da materialidade, e estão também divididos em dois tipos, um dos quais se desenvolve de modo passivo e fraco de vontade. Pela ajuda de outros eles tornam a despertar o plexo solar e outros órgãos de conexão com o sistema nervoso involuntário. Esses são, portanto, Clarividentes involuntários, médiuns que não possuem controle de sua faculdade. Eles retrocederam. O outro tipo é formado por aqueles que, pela própria vontade, desenvolveram o poder vibratório dos órgãos atualmente conectados com o sistema nervoso voluntário e assim tornaram-se ocultistas treinados, controlando seus próprios corpos e exercendo a faculdade de clarividência como desejem. Eles são chamados de Clarividentes voluntários ou treinados.

No Período de Júpiter o ser humano vai funcionar em seu Corpo Vital como agora ele faz em seu Corpo Denso e como nenhum desenvolvimento é súbito na natureza, o processo de separar os dois Corpos já começou. O Corpo Vital irá no futuro alcançar um grau muito maior de eficiência que o que tem o Corpo Denso de hoje. Como ele é um veículo muito mais flexível, o espírito estará então capacitado a usá-lo de um modo impossível de imaginar com nosso atual veículo Denso.

O Corpo Vital começou na Segunda Revolução do Período Solar e foi reconstruído nos Períodos Lunar e Terrestre, e irá alcançar a perfeição no Período de Júpiter, que é o seu quarto estágio, assim como o Período Terrestre é o quarto estágio do Corpo Denso.

Nada é desperdiçado na natureza. No Período de Júpiter as forças do Corpo Denso irão se superpor ao Corpo Vital completado. Este veículo possuirá, então, os poderes do Corpo Denso além de suas próprias faculdades e será, por isso, um instrumento de muito mais valia para o Tríplice Espírito expressar-se do que se fosse construído a partir de suas próprias forças.

De modo similar, o Globo D do Período de Vênus estará localizado no Mundo do Desejo, e daí nem o Corpo Denso nem o Vital poderão ser usados como instrumentos conscientes. Por esse motivo as essências dos Corpos Denso e Vital aperfeiçoadas serão incorporadas ao Corpo de Desejos completo, tornando-se assim, este último, um veículo de qualidades transcendentais, maravilhosamente adaptado e assim sensível ao mais leve desejo do Espírito interno do que em nossas atuais limitações, o que se acha além de toda a concepção.

Até mesmo a eficiência desse esplêndido veículo estará superada quando no Período de Vulcano sua essência, junto com as essências dos Corpos Denso e Vital, agregarão a Mente, tornando-a o mais elevado dos veículos do ser humano, contendo dentro de si a quintessência do que houver de melhor em todos os veículos. Se o veículo do Período de Vênus está tão além de nosso atual poder de compreensão, que dirá aquele que estará a serviço dos seres divinos no Período de Vulcano!

Capítulo II – Durante as Épocas

As Épocas Polar, Hiperbórea, Lemúrica e Atlante foram recapitulações das etapas que os Espíritos Virginais atravessaram. Consequentemente, o Corpo Vital sofreu modificações durante aquelas épocas.

Quando o ser humano apareceu na Terra, na Época Polar o Corpo Denso foi constituído e na Época Hiperbórea foi vitalizado pela interpenetração do Corpo Vital. Naquelas Épocas o ser humano era parecido com os Anjos, macho-fêmea, uma completa unidade criadora, capaz de criar por si mesmo projetando toda sua força criadora que é amor.

Quando a Terra surgiu do Caos, encontrava-se primeiramente na etapa vermelho escuro, que conhecemos como Época Polar. Então, a Humanidade desenvolveu primeiro, um Corpo Denso que não era, absolutamente, como nosso corpo atual. Quando o estado da Terra se fez ígneo, na Época Hiperbórea, o Corpo Vital foi agregado e o ser humano se converteu em algo similar às plantas, isto é, tinha os mesmos veículos que têm as plantas atualmente, e, também uma consciência similar, ou melhor, uma inconsciência parecida à que temos durante o sono sem sonhos, quando só os Corpos Denso e Vital ficam no leito.

Os Senhores da Forma apareceram na Época Hiperbórea, juntamente com os Anjos (“Humanidade” do Período Lunar), e envolveram a forma densa do ser humano com um Corpo Vital.

Como a Época Polar era realmente uma recapitulação do Período de Saturno, pode-se dizer que, durante este tempo, o ser humano passou através do estado mineral; tinha o mesmo veículo – o Corpo Denso – e uma consciência semelhante à do estado de transe. Por razões análogas, o estado vegetal foi atravessado durante a Época Hiperbórea, pois o ser humano tinha um Corpo Denso e um Vital, e sua consciência era semelhante à da de sono sem sonhos.

Absorvendo os cristaloides preparados pelos vegetais, o ser humano desenvolveu um Corpo Vital na Época Hiperbórea, e se converteu em algo semelhante às plantas, tanto por sua constituição como por sua natureza, pois vivia sem fazer esforço algum e tão inconscientemente quanto às plantas.

Na segunda época, a Hiperbórea, um Corpo Vital de Éter foi acrescentado, então, o ser humano, em desenvolvimento, já possuía um corpo constituído como o das plantas atuais. Ele não era uma planta, mas algo semelhante à planta.

Caim, o ser humano desta Época, é descrito como um agricultor; seus alimentos vinham unicamente dos vegetais, pois as plantas contêm mais Éter do que qualquer outra estrutura.

Descreve-se Caim como um agricultor. Ele simboliza o ser humano da Segunda Época. Tinha um Corpo Vital análogo ao das plantas, que o sustentava.

Na segunda Época, a Hiperbórea, Deus disse: “Faça-se a Luz”; o calor se converteu numa massa ígnea luminosa semelhante à do Período Solar, e o Corpo Denso humano foi vestido com um Corpo Vital, flutuando aqui e acolá sobre a Terra ígnea, como uma coisa grande em forma de saco ou bolsa. O ser humano era, então, análogo ao vegetal porque tinha os mesmos veículos que têm as plantas atuais, e os Anjos eram seus auxiliares na organização de seu Corpo Vital, e continuam sendo até os dias atuais.

Isto pode parecer uma anomalia, pois os Anjos são a “Humanidade” do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Porém, não é assim, porque, só no Período Lunar, a Terra evolucionante se condensou em Éter, tal como o que agora forma nosso Corpo Vital e, lá a “Humanidade”, os Anjos atuais, aprenderam a construir seus corpos mais densos com matéria etérea, assim como, estamos aprendendo a formar os nossos com sólidos, líquidos e gases, da Região Química do Mundo Físico. Eles se tornaram especialistas na construção daqueles corpos, assim como nós o seremos na construção de um Corpo Denso, quando finalizar o Período Terrestre.

Na Época Polar, o ser humano tinha somente um Corpo Denso pobremente organizado; era inconsciente e imóvel como os minerais que agora são assim, constituídos. Na Época Hiperbórea, seu Corpo Denso ficou envolto em um Corpo Vital e o Espírito pairava fora. Os efeitos desta natureza podem ser observados nos vegetais, que agora estão constituídos analogamente.

Neles vemos repetição constante, construção de talos e folhas para cima em sucessão alternada, o que continuaria ‘ad infinitum’, se não houvesse outra influência. Porém, como a planta não tem Corpo de Desejos separado, o Corpo de Desejos da Terra, o Mundo do Desejo, endurece o vegetal e freia seu intenso crescimento na medida certa. A força criadora, que não consegue fazer uma determinada planta continuar a crescer, busca outra saída: forma a flor e se acumula na semente, para que possa crescer outra vez em uma nova planta.

Na Época Hiperbórea, na qual o ser humano se encontrava em condições parecidas, seu Corpo Vital o fazia crescer até alcançar um tamanho enorme. O Mundo do Desejo, agindo sobre ele, fazia com que ele produzisse umas sementes semelhantes a esporos, que ou eram apropriados por outros Egos humanos ou eram empregados pelos Espíritos da Natureza, para formar os corpos animais que começavam a emergir do Caos (a Onda de Vida superior começa primeiro, no princípio de um período, e é a última que vai ao Caos; as ondas de vida que se seguem – animal, vegetal e mineral – surgem mais tarde e se vão mais depressa).

Deste modo, na Época Hiperbórea, quando o ser humano era análogo aos vegetais, seu Corpo Vital formava vértebra, pós-vértebra, e teria continuado assim se não lhe tivesse sido dado um Corpo de Desejos na Época Lemúrica. Esse corpo começou a endurecer a estrutura e a dominar a tendência a crescer, e, como resultado, o crânio, a flor sobre o “talo” da coluna espinhal, foi incipientemente formado.

Impedida em seus esforços de construir uma forma mais alta, fez-se necessário que a força criadora do Corpo Vital buscasse outra saída, pela qual pudesse continuar crescendo para cima em outro ser humano. Então, o ser humano tornou-se hermafrodita, capaz de gerar um novo corpo de si mesmo.

Então chegamos à segunda época, a Hiperbórea, quando o ser humano possuía um Corpo Denso e um Corpo Vital; que era o seu estágio análogo ao vegetal. Alimentava-se de vegetais e se fala de Caim como de um agricultor. Imediatamente depois, temos a Época Lemúrica, quando o ser humano já tinha um Corpo de Desejos, isto é, possuía três veículos, igual aos animais.

Então chegamos à etapa em que o ser humano necessitava de alimentos para manter seus três Corpos. Ele os obtém de animais viventes e se diz que Abel era um pastor.

Quando o ser humano adquiriu seu Corpo Vital, na Época Hiperbórea, o Sol, a Lua e a Terra estavam ainda unidos e as forças solares-lunares penetravam em cada ser uniformemente, de modo que todos podiam perpetuar sua espécie através de brotos e esporos, como fazem as plantas atuais. Os esforços do Corpo Vital para abrandar o veículo denso e mantê-lo vivo, então, não sofriam intervenção, e esses corpos primitivos, parecidos com as plantas, viviam séculos. Porém, como o ser humano era inconsciente e imóvel como as plantas, não fazia nenhum esforço vigoroso. A inclusão de um Corpo de Desejos agregou estímulos e desejos, e a consciência surgiu como resultado do estado de guerra entre o Corpo Vital que constrói, e o Corpo de Desejos que destrói o Corpo Denso.

Então, a dissolução tornou-se só uma questão de tempo, especialmente porque a energia construtiva do Corpo Vital foi também necessariamente dividida, uma parte ou polo sendo usada nas funções vitais do corpo, e a outra para substituir o veículo perdido pela morte. Porém, como os dois polos de um magneto ou dínamo são requisitos para a manifestação, assim também dois seres de sexos diferentes são necessários para a geração; então, casamento e nascimento foram instituídos para compensar o efeito da morte. A morte, então, é o preço que pagamos pela consciência no mundo atual. O casamento e os nascimentos repetidos são nossas armas contra o maior terror da Humanidade, até que mude nossa constituição e nos tornemos seres semelhantes aos Anjos.

Os veículos superiores dos primitivos Atlantes não estavam em posição concêntrica com relação ao Corpo Denso como estão os nossos. O Espírito não era ainda um Espírito interno; estava parcialmente no exterior e, portanto, não podia controlá-los tão facilmente, como quando habita internamente. A cabeça do Corpo Vital estava fora e se mantinha muito mais acima que a do Corpo Denso. Há um ponto entre as sobrancelhas, a meia polegada[1] abaixo da pele, que tem um ponto correspondente no Corpo Vital. Esse ponto não é o Corpo Pituitário[2], que está muito mais dentro da cabeça do Corpo Denso. Pode chamar-se de “raiz do nariz”. Quando esses dois pontos, do Corpo Vital e do Físico se colocam em correspondência, como acontece com o ser humano atual, o Clarividente treinado os vê como uma pequena mancha negra, ou melhor dizendo, como um espaço vazio, semelhante à parte invisível da chama do gás. Este é o assento do Espírito interno do ser humano, o Santo dos Santos (Sanctum Sanctorum) do templo do corpo humano, fechado para tudo o que não seja o Espírito que habita aquele corpo, o Ego. O Clarividente desenvolvido pode ver com maior ou menor clareza, de acordo com sua capacidade e treinamento, todos os diferentes corpos que formam a aura humana. Esse ponto está oculto para ele. É a “Isis”, cujo véu ninguém pode se levantar. Nem mesmo o ser mais evoluído da Terra pode tirar o véu do Ego da mais humilde ou menos desenvolvida criatura. Isto, e unicamente isto, sobre a Terra, é tão sagrado que está completamente a salvo de toda intrusão.

Estes dois pontos que acabamos de citar – um no Corpo Denso e sua contraparte no Corpo Vital – estavam muito separados no ser humano dos primitivos tempos da Atlântida, como estão nos animais atuais. A cabeça do Corpo Vital do cavalo está muito separada da cabeça de seu Corpo Denso. Esses dois pontos estão mais próximos no cachorro do que em qualquer outro animal, com exceção talvez do elefante. Se chegar a juntar-se, acontece o caso dos animais prodígios que podem contar, soletrar, etc.

Devido à distância entre esses dois pontos, o poder de percepção do Atlante era muito mais agudo nos mundos internos do que no Mundo Físico, obscurecida pela atmosfera de neblina densa e pesada. Com o tempo, no entanto, a atmosfera foi ficando gradualmente mais clara, ao mesmo tempo, que o ponto citado no Corpo Vital foi-se aproximando, pouco a pouco, do correspondente no Corpo Denso. Conforme se iam aproximando, o ser humano ia perdendo seu contato com os mundos internos, que ficavam mais escuros à medida que o físico clareava. Finalmente, na terceira e última parte da Época Atlante, o ponto do Corpo Vital se uniu ao do Corpo Denso correspondente. Até esse momento, o ser humano não estava plenamente consciente do Mundo Físico, porém, ao mesmo tempo, que se obteve a plena visão e percepção do Mundo Físico, a maioria da Humanidade, perdeu gradualmente a capacidade de perceber os mundos superiores.

Durante a existência da Raça dos Semitas Originais a atmosfera da Atlântida começou a clarear definitivamente e o ponto, já mencionado, do Corpo Vital se colocou em correspondência com o respectivo ponto no Corpo Denso. A combinação dos acontecimentos deu ao ser humano a capacidade de ver os objetos com clareza e nitidez, com contornos bem definidos; porém, isto também provocou a perda de sua visão dos mundos internos.

Durante as idades que transcorreram desde a Época Lemúrica, a Humanidade desenvolveu, pouco a pouco, o sistema nervoso cérebro-espinhal, que está sob o controle da vontade. Na última parte da Época Atlante, tal sistema se desenvolveu bastante para permitir ao Ego tomar plena posse do Corpo Denso. Então, foi o momento (como já foi mencionado) em que o ponto no Corpo Vital e o ponto no Corpo Denso, se corresponderam na raiz do nariz, e o Espírito interno despertou no Mundo Físico, e a grande maioria da Humanidade perdeu a consciência dos mundos internos.

PARTE II – O CORPO VITAL DO SER HUMANO NA ATUAL ÉPOCA ÁRIA

Capítulo I – Natureza e Funções

A Humanidade está evoluindo atualmente na Época Ária. O Corpo Vital tem funções, cor, forma, estrutura atômica e polaridade. Sua existência pode ser provada.

Vimos que o ser humano é um ser complexo e se compõe de:

  • Corpo Denso, seu instrumento de ação;
  • Corpo Vital, condutor da “vitalidade” que faz possível a ação;
  • Corpo de Desejos, de onde vêm os desejos que compelem à ação;
  • Mente, que controla os impulsos, dando um propósito à ação;
  • Ego, que age e acumula experiência resultante da ação.

O objetivo da vida é transformar os poderes latentes do Ego em energia dinâmica, por meio da qual ele poderá controlar, perfeitamente, seus diferentes veículos e atuar como lhe pareça melhor. Sabemos que o Ego não tem domínio completo, pois, se assim fosse, não haveria guerra em nosso interior entre o Espírito e a carne, melhor dizendo, entre o Espírito e o Corpo de Desejos. É esta guerra que desenvolve o músculo espiritual, assim como a luta constrói o músculo físico. É fácil mandar que outros façam isso ou aquilo, mas impor obediência a si próprio é a tarefa mais difícil no mundo, e diz-se, com razão, que “o ser humano que conquista a si mesmo é maior do que o que conquista uma cidade”. Goethe, o grande poeta iniciado, nos dá razão quando diz:

“De todos os poderes que encadeiam o mundo, o ser humano se libertará quando adquirir autocontrole”.

Além do corpo visível do ser humano que vemos com nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que são invisíveis para a grande maioria da Humanidade. No entanto, não são acessórios inúteis do Corpo Denso; pelo contrário, são muito importantes pelo fato de serem impulsionadores de toda ação. Se não existissem esses veículos sutis, o Corpo Denso ficaria inerte, insensível e morto.

O primeiro desses veículos sutis, o qual chamamos de “Corpo Vital” por ser a avenida da vitalidade, e faz fermentar a massa morta de nossa envoltura mortal em seus anos de vida, e nos dá o poder de nos movermos.

Quando nosso corpo visível atual brotou, primeiramente no Espírito, era um pensamento-forma, porém, gradualmente, foi-se condensando e solidificando até se converter na cristalização química atual. O Corpo Vital foi o próximo emanado pelo Espírito, também como um pensamento-forma, e se encontra agora em seu terceiro grau de solidificação, que é o etéreo.

Além do Corpo Denso, que é visível aos nossos olhos físicos, há outros veículos mais sutis que interpenetra esse Corpo Denso e que impulsiona e vitaliza as atividades daquele. Um deles é o Corpo Vital, composto de Éter, o qual tomou a seu cargo a construção do Corpo Denso, por meio dos alimentos que ingerimos em nosso organismo. Ele controla todas as funções vitais, tais como a respiração, a digestão, a assimilação, etc., trabalhando por meio do sistema nervoso simpático. Outro veículo, ainda mais sutil, é o Corpo de Desejos; é o veículo de nossas emoções, sentimentos e desejos que gasta as energias acumuladas no Corpo Denso pelos processos vitais, graças ao controle que exerce sobre o sistema nervoso cérebro-espinhal ou voluntário. Durante sua atividade, o Corpo de Desejos está destruindo e rompendo continuamente os tecidos formados pelo Corpo Vital: é a guerra entre estes dois veículos que produz o que chamamos de consciência no Mundo Físico. As forças etéreas do Corpo Vital operam de tal maneira que convertem em sangue a maior parte possível dos alimentos, e o sangue é a mais alta expressão do Corpo Vital.

A propagação é uma faculdade do Corpo Vital, que é o reflexo do Espírito de Vida, o segundo aspecto do Espírito Tríplice do ser humano.

Conta-se que dois Querubins com espadas flamejantes se converteram em guardiões do Éden, quando o ser humano foi expulso dali, para que não comesse o fruto da Árvore da Vida, tornando-se imortal. Os Querubins são a grande Hierarquia Criadora que se encarregou da Terra no Período Solar, quando o Corpo Vital germinou e o Espírito de Vida foi despertado.

Em nossa Bíblia, há uma descrição dos primeiros seres humanos da Terra. São chamados de Adão e Eva, porém, interpretando corretamente, Adão e Eva querem dizer a raça humana, à qual pouco a pouco se arrogou a faculdade de procriar, convertendo-se assim em seres livres. Dessa maneira, a Humanidade obteve sua liberdade e se fez responsável perante a Lei de Consequência, pois, arrogando-se o direito de criar corpos, separou-se, então, da Árvore da Vida e de um estado que reconhecemos agora como etéreo. Quando aprendermos que temos um Corpo Vital feito de Éter, e que é a Árvore da Vida de cada ser humano, o qual nos proporciona a vitalidade necessária para nos movermos, então, compreenderemos porque o poder de recriar e regenerar nossos corpos nos foi tirado para que aprendêssemos como vitalizar nosso imperfeito Corpo Denso. E compreenderemos também porque, assim como está na Bíblia, havia Querubins com espadas flamejantes no portão do Jardim do Éden para proteger aquela região.

Foi para um bom propósito que esta faculdade nos foi tirada. Não por maldade, ou para que o ser humano sofresse aflições e dores, mas porque somente por meio de existências ou vidas repetidas em corpos inferiores podemos aprender a construir, para nós, um veículo adequado e bastante perfeito para ser imortalizado. Gradualmente, o ser humano saiu de sua condição etérea até alcançar sua condição sólida atual. Naquela época, podia viver em condições etéreas facilmente, como podemos viver hoje em dia nos três elementos do Mundo Físico. Na sua última etapa etérea estava em contato interno com as correntes de vida que agora contatamos inconscientemente.

Podia, então, centralizar em seu corpo a energia solar, absorvendo-a de uma maneira distinta da que emprega atualmente. Essa faculdade foi sendo retirada gradualmente, à medida que ia entrando na etapa sólida atual.

O Corpo Vital, assim chamado nas Escolas de Mistérios do Ocidente, como já vimos, é composto de quatro Éteres de diferentes densidades e o Éter é a via de ingresso da força vital, proveniente do Sol, e o campo de ação da natureza que promove as atividades de assimilação, crescimento e propagação.

Esse veículo é a contraparte exata de nosso corpo visível, molécula por molécula, órgão por órgão, com uma exceção, da qual falaremos mais tarde. Porém, é um pouco maior e se estende além da periferia de nosso Corpo Denso cerca de uns quatro centímetros.

O baço é a entrada particular das forças que vitalizam o Corpo Denso. Na contraparte etérea desse órgão a energia solar se transmuta em um fluido vital de cor rosa pálido. Daí se estende por todo o sistema nervoso e, uma vez cumprido o seu trabalho no corpo, sai, irradiando torrentes de luz que se eriçam parecidas com os pelos do porco espinho.

Durante o dia, o Corpo Vital especializa o fluido solar incolor que nos rodeia, por meio do órgão a que chamamos baço. Essa força vital permeia todo o organismo e os Clarividentes a veem como um fluido de cor rosa pálido, pois foi transmutada ao entrar no Corpo Denso. Flui por todos os nervos e, quando os centros cerebrais a enviam em quantidades particularmente grandes, aciona os músculos governados pelos nervos.

Durante o estado de vigília, há uma guerra constante entre o Corpo Vital e o Corpo de Desejos. Os desejos e os impulsos do Corpo de Desejos golpeiam continuamente o Corpo Denso, obrigando-o à ação, sem olhar o dano que lhe possa ocasionar, sempre que seja satisfeito o desejo. É o Corpo de Desejos que incita o alcoólatra a encher-se de álcool para que a combustão química acelere as vibrações do Corpo Denso a um diapasão que fará dele um instrumento dócil a todo impulso desenfreado, gastando assim a energia acumulada com imprudente prodigalidade. O Corpo Vital, por outro lado, não tem outro interesse a não ser a conservação do Corpo Denso. Através do baço, especializa a energia solar incolor, que preenche o espaço, e, por meio de um processo químico misterioso, transforma-a em fluido vital em um lindíssimo rosa pálido, enviando-o, então, por todos os nervos e fibras do corpo. O Corpo Vital está sempre tratando de economizar a energia que acumulou no Corpo Denso e, portanto, está constantemente reparando os tecidos que foram destruídos pelos impactos do desenfreado Corpo de Desejos.

Quatro cores do Corpo Vital são indescritíveis, mas a quinta – que fica no meio das cinco – é similar ao matiz da flor de pessegueiro recém-aberta. Essa é realmente a cor do Corpo Vital.

Os Corpos Denso e Vital do ser humano possuem forma definida, mas seu Corpo de Desejos é, ainda, de forma ovoide.

Já foi demonstrado pela ciência que os átomos de nosso Corpo Denso estão mudando constantemente, de tal maneira que todo o material que atualmente compõe nosso veículo terá desaparecido em uns poucos anos. No entanto, é de conhecimento comum que as cicatrizes e outras manchas se conservem desde a infância à velhice. A razão disto é que os átomos etéreos prismáticos que compõem nosso Corpo Vital permanecem inalterados do berço ao túmulo.

Eles estão sempre nas mesmas posições relativas, isto é, os átomos etéreos prismáticos que fazem vibrar os átomos dos dedos dos pés ou das mãos não mudam de situação e não emigram para as mãos, pernas ou outras partes do corpo, senão que permanecem exatamente no mesmo lugar em que foram colocados no princípio. Uma lesão nos átomos físicos implica em uma impressão similar nos átomos etéreos prismáticos. A nova substância física que se modela sobre eles continua, então, tomando a forma e a textura similares aos que tinha originalmente.

Estas observações se aplicam exclusivamente aos átomos prismáticos que correspondem aos sólidos e aos líquidos no Mundo Físico, porque assumem certa forma definida os conservam. Porém, além disso, na atual etapa da Evolução, cada ser humano tem certa quantidade de Éteres Luminoso e Refletor, que são os veículos da percepção sensorial e da memória, entremesclados no seu Corpo Vital. Poderíamos dizer que o Éter Luminoso corresponde aos gases do Mundo Físico; talvez, a melhor descrição que poderíamos dar ao Éter Refletor é a de chamá-lo hiper-etérico. É uma substância vácua, de cor azulada, que se parece, por seu matiz, com o centro azul de uma chama de gás. Apresenta-se transparente e parece revelar tudo o que está em seu interior, mas, na realidade, oculta todos os segredos da natureza e da Humanidade. Nele se encontra um registro da Memória da Natureza.

Os Éteres Luminoso e Refletor são de característica exatamente oposta à dos átomos etéreos prismáticos e estacionários. São voláteis e migratórios. Seja qual for a quantidade que o ser humano possua desses Éteres, sempre são a frutificação das experiências da vida. Dentro do corpo, misturam-se com o sangue, e quando vão crescendo pelo serviço e sacrifício na escola da vida, de modo que já não podem ficar contidos dentro do corpo, pode-se observá-los fora deste como um corpo anímico matizado de ouro e azul. O azul é o que mostra o tipo mais elevado de espiritualidade, por ser o menor em volume e pode comparar-se ao núcleo azul da chama de gás, enquanto a cor dourada forma a parte maior e corresponderia à parte de luz amarela que rodeia o núcleo azul da citada chama de gás. A cor azul não aparece fora do corpo, salvo nas pessoas de extraordinária santidade e somente o amarelo é geralmente observado. Na hora da morte, esta parte do Corpo Vital se grava no Corpo de Desejos, com o panorama da vida que contém. Então, imprime-se no Átomo-semente a quintessência de toda nossa experiência na vida, como consciência ou virtude, que é o que nos induzirá a evitar o mal e a realizar o bem nas próximas vidas.

Quando analisamos o ser humano, vemos que os quatro Éteres são dinamicamente ativos no altamente organizado Corpo Vital. Graças às atividades do Éter Químico, o ser humano é capaz de assimilar os elementos e crescer; as forças que trabalham no Éter de Vida permitem-no propagar sua espécie; as forças do Éter Luminoso proveem o Corpo Denso com calor, trabalham sobre o sistema nervoso e sobre os músculos, abrindo assim as portas de comunicação com o mundo externo por meio dos sentidos; e o Éter Refletor permite ao Espírito governar seus veículos por meio do pensamento. Este Éter também guarda as experiências passadas como memória.

O Corpo Vital da planta, do animal e do ser humano se estende além da periferia do Corpo Denso, como acontece com a Região Etérea, que nada mais é do que o Corpo Vital do Planeta, que se estende além da sua parte densa, mostrando uma vez mais a veracidade do axioma hermético: “assim como é acima, é abaixo”. A extensão do Corpo Vital do ser humano além do Corpo Denso é mais ou menos de uma polegada e meia[3]. A parte que está fora do Corpo Denso é muito luminosa e tem uma cor parecida com a de uma flor de pessegueiro recém-aberta. É vista frequentemente por pessoas que possuem alguma clarividência involuntária. O autor, falando com essas pessoas, notou que geralmente elas não estão cientes de que veem algo incomum e não sabem o que se passa diante de sua visão.

O Corpo Denso é construído na matriz deste Corpo Vital, durante a vida pré-natal e com uma única exceção, é a cópia exata, molécula por molécula, do Corpo Vital. Assim como as linhas de força na água são os condutores para a formação dos cristais de gelo, assim também as linhas de força no Corpo Vital determinam a forma do Corpo Denso. Através da vida toda, o Corpo Vital é o construtor e restaurador das formas densas.

Se assim não fosse, se o coração etéreo não restaurasse o coração físico, logo este se romperia sob a tensão contínua com que o sobrecarregamos. Todos os abusos a que submetemos o Corpo Denso fazem o Corpo Vital reagir, no que está em seu poder, e ele está permanentemente lutando contra a morte do Corpo Denso.

A exceção anteriormente mencionada é que o Corpo Vital do homem é feminino ou negativo, enquanto o da mulher é masculino ou positivo.

Neste fato, temos a chave de numerosos problemas intrincados da vida. A mulher dá saída a suas emoções pela polaridade indicada, porque seu Corpo Vital positivo gera um excesso de sangue e a obriga a trabalhar sob uma pressão interna enorme, que romperia o Corpo Denso se não houvesse uma válvula de segurança, o fluxo periódico, e outra válvula, que são as lágrimas, e que limitam a pressão em ocasiões especiais, pois as lágrimas são realmente uma “hemorragia branca”.

O homem pode ter e tem emoções tão fortes quanto às das mulheres, porém, geralmente, pode suprimi-las sem lágrimas, porque seu Corpo Vital negativo não gera mais sangue do que pode dominar com facilidade.

De modo contrário ao que sucede com os veículos superiores da Humanidade, o Corpo Vital não abandona regularmente o Corpo Denso até a morte deste último. Então, as forças químicas do Corpo Denso já não estão mais sob o domínio da vida evolucionante. Elas prosseguem com seu trabalho para restituir a matéria à sua condição primitiva, desintegrando-a e tornando-a apta para a formação de outros corpos na economia da natureza. A desintegração é, pois, devido à atividade das forças planetárias no Éter Químico.

A textura do Corpo Vital pode comparar-se, até certo ponto, com uma dessas figuras formadas por centenas de peças de madeira entrecruzadas e que apresentam inumeráveis pontos ao observador. O Corpo Vital também apresenta milhões de pontos ao observador. Estes pontos entram nos centros ocos dos átomos densos e, ao lhes imbuir força vital, vibram muito mais intensamente que os minerais da Terra que não foram ainda acelerados e vivificados.

Quando uma pessoa se afoga, ou cai de uma grande altura, ou fica congelada, o Corpo Vital abandona o Corpo Denso, cujos átomos ficam temporariamente inertes em consequência, mas, quando volta a si, os “pontos” tornam a penetrar nos átomos densos. A inércia dos átomos faz com que resistam um pouco a voltar a vibrar como antes, e esta é a causa dessa sensação de intensa dor e formigamento que se nota em tais ocasiões.

Há certos casos em que parte do Corpo Vital deixa o Corpo Denso, como acontece quando uma mão fica dormente, por exemplo. Então, a mão etérea do Corpo Vital pode ser vista flutuando sobre o braço denso, como uma luva, e os pontos produzem uma sensação especial de formigamento quando ela entra novamente na mão física. Em alguns casos de hipnose, a cabeça do Corpo Vital se divide e fica pendurada do lado de fora da cabeça densa, a metade cai sobre cada ombro, ou permanece em torno do pescoço como a gola de um suéter. A ausência de formigamento ao despertar em tais casos é devida a que, durante a hipnose, parte do Corpo Vital da vítima foi substituída pela do hipnotizador.

Os átomos do Éter Químico e de Vida reunidos em torno do núcleo do Átomo-semente, localizado no plexo solar, têm uma forma prismática. Estão todos situados de tal maneira que, quando a energia solar entra no corpo pelo baço, o raio que se refrata é vermelho. Esta é a cor do aspecto criador da Trindade, ou seja, Jeová, o Espírito Santo, regente da Lua, o Astro da fecundação. Por conseguinte, o fluido vital do Sol, que penetra no corpo humano pelo baço, se tinge com uma ligeira cor rosada, que muitas vezes os videntes podem observar circulando pelos nervos como se fosse a eletricidade passando pelos condutores de uma instalação elétrica. Assim carregados, os Éteres Químico e de Vida são vias de assimilação, que preservam o indivíduo, e de fecundação, que perpetuam a raça.

Durante a vida, cada átomo prismático penetra um átomo físico e o faz vibrar. Para se ter uma ideia desta combinação, podemos imaginar uma cesta de arame, em forma de pera, que tivesse paredes de arame curvado espiralmente que fosse de um polo a outro obliquamente. Este é o átomo físico cuja forma é muito parecida com a nossa Terra, e o átomo prismático vital está inserido de cima para baixo, a partir do topo, que é mais amplo e que corresponderia ao polo norte de nossa Terra.

Assim, a ponta do prisma penetra o átomo físico no ponto mais estreito, que corresponde ao polo sul de nossa terra, e todo o conjunto parece com um pião que gira e bamboleia enquanto vibra intensamente. É desta maneira que nosso corpo se enche de vida e é capaz de se mover (É digno de nota que nossa Terra está compenetrada, de maneira similar, por um corpo cósmico de Éter e as manifestações da natureza que chamamos de Aurora Boreal e Aurora Austral são correntes etéreas que circundam a Terra do polo ao Equador como fazem as correntes do átomo físico).

Os Éteres Luminoso e Refletor são as avenidas da consciência e da memória. No indivíduo comum encontram-se um tanto atenuados e não tomaram ainda uma forma definida. Interpenetram o átomo da mesma forma que o ar interpenetra uma esponja e formam algo assim como uma ligeira atmosfera áurica por fora de cada átomo.

Se tivéssemos dito que o Corpo Vital está formado de prismas ao invés de pontos, teria sido mais exato, pois é pela refração através destes diminutos prismas que o fluido solar incolor se transforma em rosáceo, como foi indicado por outros escritores, além do autor.

Foram feitos outros descobrimentos novos e importantes, por exemplo: agora sabemos que nasce um Cordão Prateado novo a cada renascimento e que uma parte dele brota do Átomo-semente do Corpo de Desejos no grande vórtice do fígado; que a outra parte nasce do Átomo-semente do Corpo Denso no coração, que as duas partes se unem com o Átomo-semente do Corpo Vital no plexo solar e que esta união dos veículos superiores e inferiores produz o despertar do feto. O desenvolvimento posterior do Cordão entre o coração e o plexo solar durante os primeiros sete anos tem uma importante relação com o mistério da infância, assim como o seu desenvolvimento mais amplo do fígado ao plexo solar, que tem lugar no segundo período setenário da vida da criança, contribui para a adolescência.

A realização total do Cordão Prateado marca o final da vida infantil e, desde tal momento, a energia solar, que entra pelo baço e se tinge pela refração através do Átomo-semente prismático do Corpo Vital situado no plexo solar, começa a dar um colorido individual e distinto à aura que observamos nos adultos.

Assim como o Éter leva à placa sensível da câmera escura da máquina fotográfica uma impressão fiel da paisagem, em torno em seus menores detalhes, sem ter em conta se o fotógrafo os observou ou não, assim também, o Éter contido no ar que respiramos leva consigo uma imagem fiel e detalhada de tudo ao nosso redor e não somente das coisas materiais, como também das condições que existem em cada momento em nossa aura. O mais fugaz pensamento, sentimento ou emoção se transmite aos pulmões onde é injetado no sangue. O sangue é um dos produtos mais elevados do Corpo Vital porque é o agente que leva alimento a todas as partes do corpo e é também o veículo direto do Ego. As imagens que contém imprimem-se sobre os átomos negativos do Corpo Vital para servir como árbitros do destino do ser humano no estado post-mortem.

Em muitas mulheres, nas quais o Corpo Vital é positivo e nas pessoas mais evoluídas de ambos os sexos, cujos Corpos Vitais estão sensibilizados por uma vida pura e santa, pela oração e concentração, esta memória supra consciente, inerente ao Espírito de Vida, está, até certo ponto, além da necessidade de envolver-se em matéria mental ou de desejos para compelir à ação. Nem sempre necessita correr o risco de ver-se subjugada e até submetida pelo processo de raciocínio. Algumas vezes, em forma de intuição ou de ensinamento interno, imprime-se diretamente sobre o Éter Refletor do Corpo Vital. Quanto mais dispostos nos encontremos para reconhecer e seguir seus ditados, tanto mais amiúde falará, para nosso eterno benefício.

Por suas atividades durante as horas de vigília, o Corpo de Desejos e a Mente estão constantemente destruindo o veículo denso. Cada pensamento e movimento destroem tecidos. Por outro lado, o Corpo Vital se dedica totalmente a restaurar a harmonia e a reconstruir o que outros veículos estão destruindo. No entanto, não é capaz de sempre resistir completamente aos poderosos impactos dos impulsos e dos pensamentos.

Gradualmente, vai perdendo terreno e, por último, chega um momento em que sofre um colapso. Seus “pontos” enrugam-se, por assim dizer. O fluido vital cessa de circular pelos nervos em quantidade necessária; o corpo se torna sonolento; o Pensador se encontra tolhido por sua sonolência e se vê obrigado a sair dele, elevando-se o Corpo de Desejos consigo. Esta saída dos veículos superiores deixa o Corpo Denso, interpenetrado pelo Corpo Vital no estado a que chamamos sono.

Como um sábio general, o Ego segue uma conduta análoga. Não começa sua campanha adquirindo domínio sobre uma das glândulas, pois estas são expressões do Corpo Vital, nem seria possível adquirir domínio sobre os músculos voluntários, porque estão muito bem defendidos pelo inimigo. Essa parte do sistema muscular involuntário que está sob o domínio do sistema nervoso simpático seria também inútil para esse objetivo. O Ego deve conseguir um contato mais direto com o sistema nervoso cérebro-espinhal.

Para fazer isso e assegurar uma base de operações no mesmo campo inimigo, ele deve controlar um músculo que é involuntário e que, não obstante está relacionado com o sistema nervoso voluntário. Este músculo é o coração.

O sangue é a expressão mais elevada do Corpo Vital porque nutre todo o organismo físico. É também, em certo sentido, o veículo da memória subconsciente, e está em contato com a Memória da Natureza, situada na divisão mais elevada da Região Etérea. O sangue carrega as imagens da vida dos antepassados aos descendentes durante gerações quando é um sangue comum como o que se produz pela endogamia.

O amor e a unidade no Mundo do Espírito de Vida encontram sua contraparte ilusória na Região Etérea, à qual estamos relacionados pelo Corpo Vital, sendo este último o que produz o amor e a união sexual. O Espírito de Vida tem seu assento primeiramente no Corpo Pituitário e secundariamente no coração, por onde passa o sangue que nutre os músculos.

Olhando o assunto do ponto de vista oculto, toda consciência no Mundo Físico é o resultado da guerra constante entre os Corpos de Desejos e Vital.

A tendência do Corpo Vital é a de abrandar e construir. Sua expressão principal é o sangue e as glândulas, bem como o sistema nervoso simpático, havendo obtido ingresso na fortaleza do Corpo de Desejos (sistemas: muscular e nervoso voluntário) quando começou a converter o coração em músculo voluntário.

Nós mesmos, como Egos, funcionamos diretamente na sutil substância da Região do Pensamento Abstrato que especializamos dentro da periferia de nossa aura individual. Dali, obtemos as impressões de que nos produz o mundo externo sobre o Corpo Vital através dos sentidos, junto com os sentimentos e emoções gerados por eles no Corpo de Desejos e refletidos na Mente.

Todas as coisas estão em constante vibração. As vibrações dos objetos que nos rodeiam nos alcançam constantemente e levam, a nossos sentidos, o conhecimento do mundo externo. As vibrações do Éter atuam sobre nossos olhos de maneira a que possamos ver e as vibrações do ar transmitem os sons a nossos ouvidos.

O Sol trabalha no Corpo Vital e é a força que desperta a vida e luta contra as forças lunares relacionadas com a morte.

Assim como nas águas de um lago as árvores aparecem invertidas, parecendo que a folhagem se acha no mais profundo da água, assim também o aspecto mais elevado do Espírito (Espírito Divino) encontra sua contraparte no mais inferior dos três corpos (Corpo Denso). O Espírito imediatamente inferior (Espírito de Vida) se reflete no corpo imediatamente superior (Corpo Vital). O terceiro Espírito (Espírito Humano) e seu reflexo, o terceiro corpo (Corpo de Desejos), aparece como o mais próximo de todos ao espelho refletor, que é a Mente, correspondendo essa à superfície do lago, o meio refletor de nossa analogia.

Assim como os Corpos Vital e de Desejos planetários interpenetram a matéria densa da Terra, assim também os Corpos Vital e de Desejos interpenetram o Corpo Denso da planta, do animal e do ser humano.

Um Corpo Vital de Éter compenetra o corpo visível, como o Éter permeia todas as outras formas, com a exceção de que os seres humanos especializam uma quantidade maior de Éter universal do que as outras formas. Este Corpo Etéreo é o instrumento que usamos para especializar a energia vital do Sol. O Corpo Vital, que finalmente se transforma e se espiritualiza convertendo-se em alma, é de polaridade oposta. Está formado, órgão por órgão, exatamente como o Corpo Denso com uma exceção, o que explica muitos fatos que de outra maneira seriam inexplicáveis. Como a mulher tem um Corpo Vital positivo, ela amadurece antes que o homem, e as partes do corpo que têm certa semelhança com as plantas, como o cabelo, crescem mais e são mais exuberantes. Naturalmente, um Corpo Vital positivo gera mais sangue do que um Corpo Vital negativo, como o que possui o homem, daí que exista na mulher uma pressão sanguínea maior, da qual tem necessidade de se livrar mediante o fluxo mensal, produzindo-se, ao cessar na menopausa, uma espécie de segundo crescimento na mulher a qual adquire os caracteres que chamamos “matrona”.

Os impulsos do Corpo de Desejos empurram o sangue através de todo o sistema com diferentes graus de velocidade, de acordo com a força das emoções. Como a mulher tem um excesso de sangue, ela atua sob uma pressão muito mais elevada que o homem, e, se bem que esta pressão diminua durante o fluxo menstrual, há momentos em que necessita de uma válvula de escape extra: são as lágrimas femininas que, em realidade, constituem uma hemorragia branca, que age como uma válvula de segurança para remover o fluido excessivo. O homem, ainda que seja capaz de sentir emoções talvez tão fortes quanto a mulher, não é tão propenso às lágrimas porque não tem mais sangue do que pode utilizar normalmente.

Em consequência de sua polarização positiva na Região Etérica do Mundo Físico, o campo de ação da mulher tem sido a casa e a igreja, onde está rodeada de amor e paz, enquanto o homem atua na luta dos fortes para que sobreviva o mais apto, uma luta sem quartel no denso Mundo Físico, onde seu corpo é positivo.

Desta forma, a mulher foi à precursora da cultura, sendo a primeira a desenvolver a ideia de uma “vida boa”, e graças a isso ela se tornou um expoente muito estimado entre os antigos e tem estado nobremente na vanguarda desde então. Como todos os Egos encarnam alternadamente como homens ou como mulheres, não há, na verdade, proeminência alguma. É simplesmente que os que encarnam num Corpo Denso do sexo feminino têm um Corpo Vital positivo e são, portanto, mais sensíveis às coisas espirituais do que quando o Corpo Vital é negativo como o do varão.

A mulher tem um Corpo Vital positivo e, portanto, está em contato intuitivo com as vibrações espirituais do universo. Ela tem mais ideais elevados e uma imaginação mais fértil que o homem. Em consequência, ela se interessa por todas as coisas que ajudam o desenvolvimento moral da raça. E, hoje em dia, é somente pelo crescimento moral e espiritual que a Humanidade pode se adiantar e a mulher é, realmente, fator primordial na evolução.

Seria de muito proveito para as raças se a mulher obtivesse direitos iguais aos dos homens, pois somente então poderemos esperar ver executadas as reformas que propugnam a união da Humanidade. Se, por analogia, olharmos dentro de uma casa, veremos que a mulher é o pilar central, em torno da qual se agrupam o marido e os filhos. De acordo com suas aptidões e habilidades, ela faz a casa à sua imagem e nota-se sua influência aglutinadora, pois é ela quem mantém a harmonia e a paz do lar. O pai pode abandonar a casa, seja por falecimento ou de outra maneira; os filhos também podem ir-se, mas enquanto a mãe está o lar permanece. No entanto, quando a morte leva a mãe, tudo se desmorona.

Já dissemos, anteriormente, que o Corpo Vital é a contraparte exata do Corpo Denso, com uma única exceção: é de sexo oposto, ou melhor dito, de polaridade oposta. Como sabemos que o Corpo Vital nutre o veículo denso podemos compreender que o sangue é sua mais alta expressão visível e, também que um Corpo Vital positivo deve gerar mais sangue que um corpo negativo. A mulher, fisicamente negativa, tem um Corpo Vital positivo, daí gerar um excesso de sangue que é aliviado pelo fluxo periódico. Está também mais propensa às lágrimas, uma hemorragia branca, que o homem, cujo Corpo Vital negativo não gera mais sangue do que pode normalmente utilizar. Portanto, não necessita ter as saídas que aliviam a mulher do excesso de sangue.

Os Anjos, a “humanidade” do Período Lunar, trabalham no ser humano, no animal e na planta, pois no Período Lunar o universo era de consistência etérea e os Corpos Vitais dos três reinos acima citados estão compostos por esta substância. Os Anjos são, portanto, verdadeiros auxiliares para as funções vitais tais como a assimilação, o crescimento e a propagação e em seu trabalho com a Humanidade, são espíritos familiares. São eles que aumentam a família, multiplicam os ganhos e dão boa colheita nos campos.

Desde os tempos antigos, os Anjos Lunares se colocaram particularmente a cargo dos Corpos Vitais aquáticos e úmidos formados pelos quatros Éteres, cuidando da propagação e alimentação das espécies, enquanto a atividade intensa dos Espíritos Lucíferes se desenvolvia nos secos e ígneos Corpos de Desejos. A função do Corpo Vital é construir e sustentar o Corpo Denso, enquanto a do Corpo de Desejos é a destruição dos tecidos. Deste modo, há uma guerra constante entre o Corpo Vital e o de Desejos, e esta guerra nos céus ocasiona nossa consciência física na Terra.

Por mais estranho que possa parecer nossa afirmação, é verdade que a grande maioria da Humanidade está parcialmente adormecida a maior parte do tempo, não obstante seus corpos físicos pareçam estar sumariamente ocupados, trabalhando ativamente. Sob condições ordinárias, o Corpo de Desejos da grande maioria é a parte mais desperta do complexo ser humano, o qual vive quase completamente de emoções e sentimentos, mas raramente pensa no problema da existência além daquilo que necessita para sobreviver. A maioria destes seres provavelmente nunca pensou seriamente nos três grandes problemas da vida: “De onde viemos, por que estamos aqui e para onde iremos?” de uma forma mais séria e consistente. Seus Corpos Vitais estão trabalhando para reparar os destroços feitos pelo Corpo de Desejos no Corpo Denso e subministrando a vitalidade que será logo malgastada na gratificação de seus desejos e emoções.

Este combate intenso entre o Corpo Vital e o de Desejos é que gera a consciência no Mundo Físico e faz homens e mulheres tão ativos que, do ponto de vista do Mundo Físico, nossa afirmação de que eles estão parcialmente adormecidos parece ser uma mentira. No entanto, examinando todos os fatos, chegamos à conclusão de que é assim e podemos acrescentar que este estado de coisas está de acordo com os desígnios das Grandes Hierarquias que estão a cargo de nossa evolução.

Essa destruição efetua-se constantemente e não é possível salvaguardar-se de todos esses destruidores, nem essa é a intenção. Se o Corpo Vital tivesse um poder ininterrupto, construiria cada vez mais, usando toda a energia com esse propósito. Não haveria consciência ou pensamento algum.

A consciência se desenvolve porque o Corpo de Desejos restringe e endurece as partes internas.

O Tríplice Espírito lançou uma Tríplice sombra sobre o mundo da matéria e assim se desenvolveu o Corpo Denso, como contraparte do Espírito Divino, seguido do Corpo Vital, réplica do Espírito de Vida e logo o Corpo de Desejos, imagem do Espírito Humano. Finalmente, formou-se o elo da Mente entre o Tríplice Espírito e o Tríplice Corpo. Este foi o começo da consciência individual e marca o ponto onde termina a involução do Espírito na matéria e começa o processo evolutivo, através do qual a sua libertação se inicia. A involução envolve a cristalização do Espírito em corpos, porém, a evolução depende da dissolução dos corpos, a extração da substância anímica desses corpos e a alquímica amalgamação da Alma com o Espírito.

Há vários meios para demonstrar a realidade e a existência do Corpo Vital. Em primeiro lugar, existe uma máquina fotográfica. Talvez se possa encontrar entre os espíritas de sua cidade um capaz de tirar fotografia dos espíritos. Embora existam truques bem conhecidos dos fotógrafos para produzir retratos falsos, foi provado que, sob condições, onde a fraude é impossível foram tiradas fotos de pessoas que já haviam morrido. Estas pessoas puderam envolver-se em Éter, matéria com a qual o Corpo Vital é construído e que é visível para a lente fotográfica. Com o próprio autor aconteceu uma vez ser fotografado quando viajava em seu Corpo Vital de Los Angeles a São Pedro para despedir-se de um amigo, a bordo de um navio a vapor. Coincidentemente, ele estava entre aquele amigo e a máquina fotográfica de outro amigo que, naquele momento, fotografava o barco e a semelhança foi tanta que muitos o reconheceram.

Além disso, temos o fenômeno dos cachorros que seguem certas pessoas pelo cheiro de sua roupa usada a qual está impregnada de Éter do Corpo Vital, Éter que se estende mais ou menos uma polegada e meia[4] além do Corpo Denso. Portanto, a cada passo que damos este fluido invisível e radiante penetra a Terra. No entanto, comprovou-se que cães de caça que estavam perseguindo um criminoso em fuga ficaram desnorteados e perderam a pista quando o fugitivo calçou patins e continuou sua fuga sobre o gelo. Os patins o elevaram acima do solo e, então, o Corpo Vital, que se estendia por baixo de seus pés, não pôde impregnar o gelo e, então, ficando sem pista, os cachorros não puderam descobri-lo. Resultados similares foram obtidos com uma pessoa que usou pernas de pau para se afastar do lugar de seu crime.

Temos também o caso do magnetizador que extrai de seu paciente as partes enfermas do Corpo Vital, as quais são substituídas por Éter renovado, permitindo, assim, às forças vitais circularem pelo órgão físico enfermo, efetuando-se a cura. Se o magnetizador não tiver cuidado de tirar de si o fluido etéreo escuro e gelatinoso, isto é, os miasmas humanos que extraiu e absorvê-lo em seu próprio corpo, então, ficará enfermo. Se não houvesse aquele fluido invisível, o fenômeno da cura do enfermo e da enfermidade do magnetizador não se produziria.

Finalmente, poderíamos dizer que, se se reúnem as condições necessárias e não falta à decisão, existe uma possibilidade muito grande para que uma grande quantidade de pessoas veja por si mesma o Corpo Vital. É mais fácil nos países do Sul, onde os defuntos são enterrados logo após seu falecimento. Deve-se escolher um dia que seja o mais próximo da Lua Cheia. Então, deve-se ler os avisos fúnebres nos jornais e ir ao cemitério na noite que se segue ao funeral de alguém falecido nas últimas vinte e quatro horas. Provavelmente, veremos sobre o túmulo, oscilando ao clarão da lua, a forma membranácea do Corpo Vital que fica neste lugar e se desintegra sincronicamente com o corpo dentro da sepultura. O Clarividente pode ver esta forma em qualquer momento, mas, somente na primeira noite depois do funeral ela está bastante densa para ser visível à pessoa comum. Se a forma não aparece logo, pode-se andar em volta do túmulo, olhando fixamente de diferentes ângulos. Então, você conseguirá a prova ocular mais convincente.

Embora a ciência não tenha observado este Corpo Vital humano diretamente, em várias ocasiões ela postulou sua existência como necessária para explicar certos problemas da vida. Suas radiações foram captadas por vários cientistas em diferentes condições e em épocas distintas. Blondot[5] e Charpentier[6] chamaram a essas radiações raios “N”, nome dado por terem sido observados na cidade de Nantes[7]. Outros as chamaram de “Fluido Ódico”. Investigadores científicos, que conduziram pesquisas sobre fenômenos psíquicos, fotografaram o Corpo Vital quando era extraído através do baço por espíritos materializadores. Dr. Hotz, por exemplo, obteve duas fotografias de uma materialização, graças ao médium alemão Minna-Demmler. Sobre uma delas, vê-se uma nuvem de Éter sem forma saindo do lado esquerdo do médium. A segunda foto, tirada uns instantes mais tarde, mostra o espírito já materializado, de pé ao lado do médium.

Outras fotografias tiradas do médium italiano Eusápia Palladino[8] por cientistas mostram uma nuvem luminosa flutuando sobre seu lado esquerdo.

Capítulo II – Na Saúde e na Doença

O Corpo Vital tem um papel importante na saúde e na enfermidade. Ele é afetado por amputações, acidentes, anestésicos, afogamentos, choques, arrependimentos e remorsos. Quando não está em posição concêntrica com relação aos outros veículos do Ego, pode resultar em insanidade ou idiotice.

Se estivermos atentos à higiene e à dieta, o Corpo Denso é principalmente o mais beneficiado, porém, ao mesmo tempo, produz-se, também um efeito sobre os Corpos Vital e de Desejos, porque quanto mais puros e melhores forem os alimentos empregados na construção do Corpo Denso, as partículas ficam envoltas em Éter planetário e matéria de desejos mais puros. Desta forma, as partes planetárias do Corpo Vital e do Corpo de Desejos se tornam mais puras. Se se dedica atenção unicamente à higiene e ao alimento, os Corpos Vitais e de Desejos individuais, poderão permanecer quase tão impuros como antes, mas, no entanto, será mais fácil colocar-se em contato com o bem do que se tivessem sido empregados alimentos grosseiros.

Por outro lado, se apesar dos desgostos, cultivar-se um caráter equânime e, também interesses literários e artísticos, o Corpo Vital produzirá uma impressão de delicadeza e de refinamento nos assuntos físicos, e engendrará sentimentos e emoções mais nobres no Corpo de Desejos.

O cultivo das emoções também exerce uma reação sobre os outros veículos, e ajuda a melhorá-los.

As tendências positivas e construtivas do Corpo Vital – veículo do amor – não se prestam facilmente à observação. No entanto, pôde-se comprovar que o contentamento aumenta a vida de cada ser que o cultiva. Portanto, podemos dizer sem medo de enganar-nos, que a criança concebida num ambiente de harmonia e amor tem melhores possibilidades na vida do que aquela que foi concebida num ambiente de paixão, bebida e descontentamento.

O Corpo Vital nasce mais ou menos aos sete anos, isto é, na época da segunda dentição da criança.

Há problemas muito importantes que devem e podem ser tratados, somente durante certos períodos da infância e os pais devem saber quais são. Ainda que os órgãos já estejam formados quando a criatura nasce, as linhas de crescimento se determinam durante os sete primeiros anos e, se não estão bem delineadas, uma criança sadia pode converter-se em um homem ou mulher enferma.

Em tudo o que vive, o Corpo Vital irradia torrentes de luz da força que ele despendeu na construção do Corpo Denso. No estado de saúde, estas irradiações afastam todos os venenos do corpo e o mantêm limpo. Condições similares prevalecem no Corpo Vital da Terra, sendo este o veículo de Cristo. As forças venenosas e destrutivas geradas por nossas paixões são afastadas pelas forças vitais de Cristo, porém, cada pensamento ou ato maléfico traz para Ele uma porção de dor, que se torna parte da Sua Coroa de Espinhos – dizemos coroa porque sempre se considera a cabeça como assento da consciência. Devemos nos conscientizar de que cada má ação que praticamos, por menor que seja, tem um efeito sobre Cristo, como já foi citado, e acrescenta outro espinho de sofrimento em sua coroa.

Não podemos assimilar minerais, pois eles não possuem um Corpo Vital e, portanto, o ser humano não pode elevar as vibrações dos minerais ao seu grau de intensidade. As plantas têm um Corpo Vital, mas não são conscientes de si mesmas, portanto são assimiladas facilmente e permanecem no corpo mais tempo, do que as células dos alimentos animais, que são compenetradas por um Corpo de Desejos. Os corpos dos animais vibram intensamente e, portanto, necessita-se de muita energia para assimilar suas células que se escapam rapidamente. Daí que a dieta carnívora exige que a pessoa se alimente mais frequentemente.

A enfermidade aparece primeiramente no Corpo de Desejos e no Corpo Vital; eles ficam mais tênues em sua textura, e não especializam o fluido vitalizador na mesma proporção, como acontece no estado de saúde. Então, o Corpo Denso cai enfermo. Quando o doente se recupera, os veículos superiores denotam melhora antes que a saúde se manifeste no Mundo Físico.

Quando um vidente examina uma pessoa que está para ficar doente, nota-se que o Corpo Vital está atenuando-se e, quando fica tão tênue que já não pode sustentar o Corpo Denso, este começa a manifestar sinal de enfermidade. Por outro lado, um pouco antes da recuperação física, o Corpo Vital, pouco a pouco, fica mais denso em sua estrutura e logo começa o período de convalescença.

Durante a enfermidade, o Corpo Vital especializa muito pouca energia solar, então, por um período, o corpo visível parece alimentar-se do Corpo Vital e, assim, este veículo fica mais transparente e mais tênue, ao mesmo tempo em que o corpo visível demonstra sinais de extenuação. As radiações eliminadoras faltam quase completamente durante a enfermidade e, portanto, as complicações são frequentes.

O homem tendo um Corpo Denso positivo possui um Corpo Vital negativo, e, portanto, não pode resistir à enfermidade tão bem como a mulher, que tem um Corpo Denso negativo, mas seu Corpo Vital é positivo. Esta é a razão pela qual a mulher pode suportar tantas enfermidades, que matariam um homem que tivesse o dobro de seu peso e aparentasse ter muito mais vitalidade. A mulher sofre mais intensamente que o homem, porém, suporta a dor com mais coragem. Quando ela começa a se recuperar, seu Corpo Vital polarizado positivamente parece sugar a energia solar, como se tivesse milhões de bocas. Ele se incha e começa quase que imediatamente a irradiar as torrentes de luz, tão características da saúde e, como resultado, o Corpo Denso se recupera rapidamente.

Por outro lado, quando um homem se debilitou muito por causa de uma enfermidade, uma vez passada a crise, seu Corpo Vital polarizado negativamente, se parece com uma esponja. Absorverá toda a energia solar que possa, mas sem a avidez que caracteriza o Corpo Vital da mulher. Em consequência, demora-se largo tempo no umbral da morte, mas como é mais fácil desistir do que lutar, sucumbe mais frequentemente que a mulher.

Olhando uma pessoa enferma com a visão espiritual, nota-se que o Corpo Vital está muito debilitado e atenuado, em proporção aos desgastes feitos pela enfermidade. Não se vêm mais as irradiações em linhas retas como quando o corpo é são, e sim emanações débeis que se encurvam formando redemoinhos e espirais, em torno do Corpo Denso. A coloração não é rosada purpúrea, como deveria ser, senão cinzento-opaco na maioria das partes do corpo, e a região particularmente enferma está envolta em algo que se parece uma massa negra gelatinosa. Isto é, como poderíamos chamar a vibração de enfermidade, e, quando o enfermo recebe o tratamento magnético, esta venenosa massa negra é absorvida pelas mãos do curador. Quando ele a arremessa de si com um vigoroso movimento, a massa cai no chão e, se o paciente passar por esse lugar, vai absorvê-la. Portanto, o autor sempre teve o costume de jogar estes miasmas pela janela ou numa lareira, onde se queimam, e, então, não podem fazer mal.

Enquanto um órgão está enfermo, sempre gera esta massa venenosa que flutua a seu redor, e impede as correntes do Corpo Vital de penetrar nele. O trabalho do magnetizador consiste simplesmente em limpar o órgão enfermo e, assim, abrir caminho para o fluxo das correntes de vida e saúde. O alívio geralmente é só temporário, pois o órgão enfermo e debilitado continua gerando os miasmas venenosos, e então, em seguida, se necessita de outra “limpeza” por parte do magnetizador. Este estado de coisas subsiste até que as correntes vitais se fortaleçam o bastante para vencer e jogar fora os eflúvios daninhos, e limpar o órgão por seus próprios esforços. Então, a saúde retorna.

O osteopata vê a enfermidade por outro ângulo, e manipula os nervos que são as avenidas das correntes vitais. Estas massagens fortalecem as correntes e dispersam os miasmas que estão se formando na parte enferma do corpo. No entanto, geralmente, requer uma série de tratamentos da parte do osteopata antes que a saúde seja restaurada, pois o miasma venenoso obstrui outra vez os nervos pouco tempo depois das massagens. Portanto, na opinião do autor, embora ele não tenha experimentado, o melhor seria a combinação dos dois métodos: abrir caminho para as correntes nos nervos, e fortalecê-los por meio de tratamentos osteopáticos, extraindo, ao mesmo tempo, os miasmas envenenados por tratamentos magnéticos, e tendo o cuidado de queimá-los ou jogá-los fora. Estes dois métodos combinados poderiam facilitar extraordinariamente o tratamento da doença.

O baço é a entrada das forças solares, mas, a transmutação da energia solar em um fluido ligeiramente rosado acontece no plexo solar, onde o Átomo-semente prismático do Corpo Vital se localiza.

Com relação ao que ocorre quando o baço foi removido, devemos recordar que o Corpo Denso se acomoda da melhor maneira possível às condições alteradas. Se uma ferida em determinada parte do corpo impossibilita o sangue de fluir por vasos normais, ele encontra outra rede de veias pelas quais possa realizar seu circuito. Porém, um órgão nunca se atrofia enquanto possa servir a um propósito útil. O mesmo acontece com o Corpo Vital formado de Éteres. Quando um membro foi amputado, a parte etérea desse membro já não é necessária na economia do corpo, e gradualmente se dissolve. Porém, no caso de um órgão como o baço, em que a contraparte etérea tem uma função importante, como porta de acesso das energias solares, naturalmente não se produz semelhante desintegração.

Também, deve ser lembrado que, quando uma enfermidade no veículo físico se manifesta, a parte correspondente do Corpo Vital se debilitou e atenuou previamente, ficou doente e foi sua a impossibilidade de suprir à quantidade necessária de energia vital, que provocou a manifestação dos sintomas físicos da doença. Inversamente, quando a saúde retorna, o Corpo Vital é o primeiro que se restabelece, e esta convalescença logo se manifesta no Corpo Denso. Portanto, se o baço físico fica enfermo, é evidente que a contraparte etérea não está bem e, então, é muito duvidoso que a extração do órgão seja útil. No entanto, se é feita, o corpo tratará de acomodar-se às novas condições, e a contraparte etérea do baço continuará funcionando como antes.

A tendência natural do Corpo de Desejos é endurecer e consolidar tudo quanto se põe em contato com ele. O pensamento materialista acentua esta tendência de tal modo que, geralmente, produz como resultado, em vidas futuras, a horrenda enfermidade chamada tuberculose, que é um endurecimento dos pulmões, os quais devem ser brandos e elásticos. Ocorre, algumas vezes, que o Corpo de Desejos comprime o Corpo Vital, de modo que este não pode conter o processo de endurecimento e, então, temos a tuberculose galopante. Em alguns casos, o materialismo torna o Corpo de Desejos frágil, por assim dizer, e, então, ele não pode realizar devidamente seu trabalho de endurecimento do Corpo Denso e, como resultado, produz o raquitismo ou enfraquecimento ósseo. Vemos, portanto, os perigos que corremos ao manter tendências materialistas, que dão origem ao endurecimento das partes brandas do corpo, como na tuberculose, ou o enfraquecimento das partes duras, ósseas, como no raquitismo. Naturalmente, nem todos os casos de tuberculose demonstram que a pessoa foi um materialista em vida anterior, porém, os ensinamentos das ciências ocultas afirmam que esse resultado geralmente é produzido pelo materialismo.

No caso da pessoa que está preparada para receber a Iniciação, a aceleração das vibrações é maior do que para o homem ou mulher comuns. Portanto, não requer exercícios para acelerar esta vibração, mas, necessita de determinados exercícios espirituais, ajustados individualmente para ele, que farão com que se adiante em seu próprio caminho.

Se essa pessoa, nesse período crítico, se encontrasse com um indivíduo que, por maldade ou ignorância, lhe desse exercícios respiratórios que o interessado cumprisse fielmente, com a esperança de obter resultados rápidos, esses resultados seriam obtidos, mas não da maneira que ele buscava. A vibração dos átomos do corpo, em um período muito curto, teria acelerado de tal maneira que pareceria como se estivesse caminhando sobre o ar. Também poderia produzir-se uma indevida separação do Corpo Vital com o Corpo Denso, o que traria a tuberculose ou insanidade como resultado.

Quando anestésicos são usados, o Corpo Vital é expulso parcialmente do Corpo Denso, junto com os demais veículos e, se a aplicação é demasiadamente forte, produz-se a morte. O mesmo fenômeno pode ser observado no caso dos médiuns materializadores. Na verdade, a diferença entre um médium dessa classe e um homem ou mulher comum é que, nestes últimos, o Corpo Vital e o Corpo Denso estão, no atual estado de evolução, estreitamente interligados, enquanto no médium esta relação é débil. Não foi sempre assim, e virá um tempo em que o Corpo Vital poderá abandonar normalmente o Corpo Denso, o que, no presente, não acontece. Quando um médium permite que seu Corpo Vital seja usado por entidades do Mundo do Desejo que querem materializar-se, o Corpo Vital sai pelo lado esquerdo através do baço, que é sua “porta” particular. Então, as forças vitais não podem fluir no organismo, como geralmente o fazem, e o médium fica exausto, e alguns deles se vêm obrigados a fazer uso de estimulantes, o que, com o tempo, faz com que se convertam em alcoólatras incuráveis.

A força vital do Sol que nos rodeia como um fluido incolor, é absorvida pelo Corpo Vital por meio da contraparte etérea do baço, onde sofre uma curiosa transformação de cor. Fica rosa pálido e circula pelos nervos através de todo o Corpo Denso. Com relação aos nervos, é o que a eletricidade é para o telégrafo. Ainda que haja fios, aparelhos e telegrafistas se falta a eletricidade, não se pode enviar as mensagens. O Ego, o cérebro e o sistema nervoso podem estar em perfeita ordem, mas se faltar a força vital que possa levar as mensagens do Ego através dos nervos e dos músculos, o Corpo Denso permanecerá inerte. Isto é precisamente o que acontece quando uma parte do corpo se paralisa; o Corpo Vital fica doente e a força vitalizadora já não pode mais fluir. Em tais casos, como na maioria das enfermidades, a perturbação é dos veículos invisíveis e sutis. O reconhecimento consciente ou inconsciente deste fato, faz com que os médicos mais afamados empreguem a sugestão que trabalha sobre os veículos superiores, como um auxiliar da medicina. Quanto mais fé e esperança possa o médico imbuir em seu paciente, tanto mais rápido se desvanecerá a enfermidade, dando lugar a uma perfeita saúde.

Durante a saúde, o Corpo Vital especializa uma superabundância de força vital a qual, depois de passar pelo Corpo Denso, se irradia em linhas retas em todas as direções desde a sua periferia, como os raios de um círculo irradiam desde o centro; porém, em casos de enfermidade, quando o Corpo Vital se atenua, não pode absorver a mesma quantidade de força e, além disso, o Corpo Denso dela se alimenta. Então, as linhas de fluido vital que se exteriorizam curvam-se e caem, mostrando a falta de força ou a debilidade que se produziu. No estado de saúde, estas irradiações expulsam os germes e micróbios inimigos da saúde do Corpo Denso, mas na enfermidade, quando a força vitalizadora é débil, essas emanações não eliminam tão facilmente os germes nocivos. Portanto, o perigo de contrair uma enfermidade é muito maior quando as forças vitais são escassas, do que quando se está com saúde perfeita.

Nos casos em que se amputam partes do corpo, o Éter planetário é o único que acompanha a parte separada. O Corpo Vital e o Corpo Denso se desintegram sincronicamente depois da morte, e o mesmo acontece com a contraparte etérea do membro ou parte amputada. Ela irá gradualmente se desintegrando na medida em que a parte densa se decompõe, porém, nesse meio tempo, o fato de que o ser humano possui o membro etéreo, faz com que ele afirme sentir os dedos e, também dor neles. Existe certa relação entre o membro amputado e a parte etérea, independente da distância. Sabe-se de um caso em que um ser humano sentiu uma forte dor, como se tivesse cravado um prego na perna que fora amputada, dor que persistiu até que o membro foi exumado, e soube-se que tinham cravado um prego quando o encaixotaram para enterrá-lo. O prego foi removido e a dor instantaneamente cessou. De acordo com este fato, estão todos os casos em que as pessoas sofrem dores nos membros amputados, durante dois ou três anos depois da operação. Depois a dor passa. Isto é devido a que a enfermidade ainda permanece na parte etérea do membro amputado, porém, quando a parte densa amputada se desintegra, desintegra-se, também a etérea e a dor cessa.

É de conhecimento geral entre aqueles que auxiliam os acidentados, que eles não sofrem tanto na hora do acidente quanto sofrem depois; isto é, devido a que o Corpo Vital está são no momento do acidente e, portanto, todo o efeito do acidente só será sentido quando este veículo se atenuar, e não estiver mais em condições de ajudar os processos vitais. Assim, vemos que se produzem mudanças no Éter do ser humano e, de acordo com o axioma místico, “como é acima, é abaixo” e vice-versa, produzem-se, também mudanças no Éter Planetário, que constitui o Corpo Vital do Espírito da Terra. Assim como a recordação consciente dos últimos acontecimentos que são, por algum tempo, muito vivos no ser humano se desvanecem pouco a pouco, assim também o registro etéreo, que é o aspecto inferior da Memória da Natureza, vai apagando-se.

Quando um corpo adquire certa velocidade em sua queda, os Éteres Superiores abandonam o Corpo Denso, deixando a pessoa acidentada insensível. Quando o corpo atinge o chão, ele fica muito machucado, porém, a pessoa pode recobrar a consciência quando os Éteres se organizarem outra vez. Então, começa a sofrer as consequências físicas da queda. Se a queda continua depois que os Éteres Superiores saíram do corpo, a crescente velocidade da queda acaba por desalojar também os Éteres Inferiores, e o Cordão Prateado é tudo o que fica ligado ao Corpo Denso. . . este cordão se rompe ao se produzir o impacto contra o chão e o Átomo-semente passa, então, ao ponto de ruptura, onde se mantém na forma usual.

Com base nestes fatos, chegamos à conclusão, de que é a pressão atmosférica normal que mantém o Corpo Vital dentro do Corpo Denso. Quando nos movemos com uma velocidade anormal, a pressão fica suspensa em algumas partes do corpo, formando-se assim um vazio parcial, resultando que os Éteres abandonem o corpo e penetrem nesse vazio. Os dois Éteres Superiores, que estão menos aderidos, são os primeiros que desaparecem e deixam a pessoa inconsciente depois de haver produzido, como em um relâmpago, o panorama de sua vida. Então, se a queda continua aumentando a pressão aérea diante do corpo e o vazio atrás, os Éteres Inferiores mais apegados ao corpo, também são impulsionados para o exterior, e então o corpo está realmente morto antes de chegar ao solo.

Examinando certo número de pessoas em estado de saúde normal, descobrimos que cada um dos átomos prismáticos que compõem os Éteres Inferiores, irradiavam de si linhas de força que faziam girar o átomo físico, no qual estavam inseridos, dotando todo o corpo com vida. A irradiação de todas estas unidades de força está em direção à periferia do corpo, e constitui o que se denomina “Fluido Ódio”, embora também designado com outros nomes. Quando a pressão atmosférica exterior diminui nas grandes altitudes, manifesta-se certo nervosismo, porque a força etérea é impelida de dentro para fora, sem controle, e, se o ser humano não pudesse conter esse fluxo de energia solar, ao menos parcialmente por um esforço da vontade, ninguém poderia viver nestes lugares.

Agora chegamos ao ponto crucial de nossa explicação. O Éter é uma matéria física e, enquanto os indivíduos feridos no campo de batalha por pequenas armas de fogo, possam às vezes caminhar um pouco atordoados, mas conscientes, as terríveis detonações dos grandes canhões empregados em grande escala, têm o efeito de dar volta aos átomos prismáticos e destroçar a envoltura áurica, formada pelos Éteres Luminoso e Refletor, Éteres que constituem a base da percepção sensorial e da memória. Até que com o tempo tudo volte ao normal, o ser humano fica em estado de choque e em coma, condição que pode demorar semanas. Sob semelhantes condições, a substância sutil etérea não se presta à formação de imagens da vida passada, pois, está congelada até certo grau.

Quando uma pessoa se asfixia ou se afoga, ela se sente muito tranquila e sossegada depois da primeira luta, embora se dê conta, em certa medida, do perigo, o Corpo Vital sai antes da ruptura do Cordão Prateado e, portanto, conserva a capacidade de atrair materiais do Mundo Físico. Por isso, houve casos de pessoas mortas por asfixia ou afogamento, que apareceram a seus parentes a milhares de quilômetros de distância, talvez só por um instante, porém, pareciam estar vivos. Talvez tenha sido o desejo que sentiram por muito tempo de ver seus   entes queridos, e voltar até eles, e o fato de que estavam agora livres de suas cadeias corporais, que os transportou ali imediatamente nas asas do desejo. Ao chegar onde queriam, o Corpo Vital atraiu quantidade suficiente de partículas da atmosfera para se fazer visível ao ser querido. Porém, talvez nesse momento, rompeu-se o Cordão Prateado, o Corpo Vital entrou em colapso e, então, a visão desapareceu.

Não é raro que se vejam fantasmas de seres vivos. Tudo o que é necessário é que o Corpo Denso esteja num sono muito profundo ou inconsciente, como normalmente ocorre quando uma pessoa está perto do umbral da morte. Pode ser que esteja se afogando ou sob o choque de uma queda de um cavalo, de um carro, ou condições similares, ou que haja recebido um golpe na cabeça, ou que esteja muito enferma sobre o leito, muito enfraquecida e extenuada, perto da morte. Então, a maior parte do Éter que constitui o Corpo Vital pode ser extraída do Corpo Denso, deixando este em estado de transe, estado que não se prolonga mais que alguns minutos, mas, como a distância não é uma barreira nos mundos invisíveis, então o desejo da pessoa assim momentaneamente liberado, pode levá-la ao fim do mundo, para aparecer ao ser querido a milhares de quilômetros do lugar onde seu corpo jaz.

É muito mais fácil para o Espírito do caso anterior se materializar, do que para os que já abandonaram seu corpo ao morrer, porque os primeiros têm o Cordão Prateado ainda intacto, subsistindo assim a conexão com o Átomo-Semente no coração.

Exercícios respiratórios indiscriminados não produzem o desdobramento, senão que tendem a desconectar o Corpo Vital do Denso. E, desta maneira, em alguns casos, as conexões entre os centros dos sentidos etéreos e as células cerebrais se rompem, ou se estiram, resultando na loucura. Em outros casos, a desconexão se verifica entre os Éteres Químico e de Vida e, como o Éter de Vida é o material básico da assimilação, e a avenida para a especialização da energia solar, essa ruptura produz a tuberculose.

Unicamente mediante os exercícios apropriados se verifica a separação requerida. Quando a pureza de vida levou a força sexual não usada, gerada no Éter de Vida, ao coração, esta força serve para manter a limitada circulação sanguínea necessária durante o sono. Desta maneira, as funções físicas e o desenvolvimento espiritual correm juntos, seguindo linhas harmoniosas.

O autor esteve muito receoso com relação às consequências que a guerra poderia trazer, quanto ao firme entrelaçamento dos Corpos de Desejo e Vital, dando assim, vida a legiões de monstros para aflição das gerações futuras. Porém, agora está muito satisfeito em poder dizer que não devemos ter este tipo de temor. Somente quando as pessoas são premeditadamente maliciosas ou vingativas, e persistentemente abrigam um desejo e um propósito de desforra, se esses pensamentos e sentimentos são fomentados e mantidos, eles endurecem o Corpo Vital, e o relacionam mais estreitamente com o Corpo de Desejos. Sabemos das lembranças, da grande guerra, que nas fileiras dos exércitos não havia mais sentimentos de ódio de um para o outro, e que os inimigos conversavam como amigos quando, por casualidade, se encontravam em condições propícias. Assim, embora a guerra seja responsável pela terrível mortalidade atual e será a causa de uma deplorável mortalidade infantil no futuro, não será culpada com relação aos terríveis males gerados pela obsessão, e os crimes instigados por Corpos de Pecado demoníacos.

Embora as desordens mentais, quando são congênitas, tenham por causa geral o abuso da função criadora em vidas passadas, existe pelo menos uma exceção notável a esta regra, mencionada no Conceito Rosacruz do Cosmos, e em outros escritos, que é a seguinte: quando um Espírito, que tem uma vida especialmente dura diante de si, desce para renascer e, ao entrar na matriz sente ou percebe o panorama da vida que vai começar,  e considera essa existência demasiadamente terrível para ser suportada, às vezes, tenta escapar da escola da vida. Naquele momento, os Anjos do Destino ou seus agentes, já tinham feito a conexão necessária entre o Corpo Vital e os centros sensoriais no cérebro do feto em formação, por isso, o esforço do Espírito para escapar da matriz de sua mãe é frustrado, mas, o arranco que o Ego dá, desajusta a conexão entre os centros sensoriais físicos e etéreos, de modo que o Corpo Vital não fica concêntrico com o Corpo Denso, fazendo com que a cabeça etérea saia do crânio físico. Então, é impossível que o Espírito possa usar seu veículo denso, encontrando-se atado a um corpo sem Mente, que não pode utilizar e a encarnação fica praticamente perdida.

Também acontecem casos que, mais tarde, na vida, um grande choque faz com que o Espírito tente escapar com os veículos invisíveis, resultando uma torção similar nos centros sensoriais do cérebro, causando desequilíbrio na expressão mental. Nós todos tivemos uma impressão parecida quando levamos um grande susto: uma sensação como se algo tentasse escapar do Corpo Denso, isto é, os Corpos Vital e de Desejos que são tão rápidos em sua ação, que mesmo um trem expresso parece com uma lesma quando comparado, vêm e sentem o perigo antes que o medo haja sido transmitido ao comparativamente inerte Corpo Denso, no qual estão ancorados, e que os impede de escapar em condições normais.

A insanidade é sempre causada pela ruptura na cadeia de veículos entre o Ego e o Corpo Denso. Esta ruptura pode ocorrer entre os centros cerebrais e o Corpo Vital, ou entre o Corpo Vital e o de Desejos, ou entre o Corpo de Desejos e a Mente, ou entre a Mente e o Ego. Além disso, a ruptura pode ser completa ou somente parcial.

Quando a ruptura se produz entre os centros cerebrais e o Corpo Vital, ou entre este e o Corpo de Desejos, temos os casos de idiotismo. Quando a ruptura é entre o Corpo de Desejos e a Mente, então predomina o violento e impulsivo Corpo de Desejos, e se apresenta o caso dos maníacos desvairados. Quando a ruptura é entre o Ego e a Mente, a Mente é que governa os demais veículos, e este é o caso dos maníacos astutos que podem enganar seus guardiões, fazendo-os crer que são completamente inofensivos, enquanto tramam algum plano diabólico e malicioso. Então, podem demonstrar subitamente sua mentalidade insana e causam uma terrível catástrofe.

Existe uma causa de insanidade que convém explicar, porque, muitas vezes, é possível evitá-la. Quando o Ego regressa do mundo invisível para um novo renascimento, lhe são mostradas as diversas encarnações possíveis. Então, ele contempla sua próxima vida em suas grandes linhas e acontecimentos gerais, como se fosse uma fita cinematográfica passando diante de seus olhos. Geralmente, neste momento, ele pode escolher entre as diferentes vidas. Ele vê as lições que tem de aprender, o destino que criou por si mesmo em vidas passadas, e que parte deste destino pode liquidar em cada uma das reencarnações que lhe são oferecidas. Então, faz sua escolha e logo é guiado pelos Agentes dos Anjos do Destino, para o país e a família em que terá que viver em sua próxima existência.

Esta visão panorâmica lhe é apresentada no Terceiro Céu, onde o Ego está despido de seus veículos, e se sente espiritualmente por cima de toda sórdida consideração material. É muitíssimo mais sábio do que logo parece ser na Terra, onde se encontra fascinado pela carne numa medida quase inconcebível. Mais tarde, quando a concepção já aconteceu e o Ego penetra na matriz da mãe, em torno do décimo oitavo dia depois da concepção, põe-se em contato com o molde etéreo de seu novo Corpo Denso, que foi formado pelos Anjos do Destino, para estruturar o cérebro que dará ao Ego as tendências necessárias para a elaboração e liquidação de seu destino.

Ali, o Ego vê novamente os quadros panorâmicos de sua próxima vida, da mesma forma que a pessoa que se afoga vê o panorama de sua vida passada em um relâmpago. Nesse tempo, o Ego já está parcialmente cego com relação a sua natureza espiritual, de modo que sua próxima encarnação pode lhe parecer muito dura e, às vezes, tenta retroceder e não entrar na matriz, estabelecendo as conexões cerebrais adequadas. Pode tentar escapar em seguida e, então, ao invés dos Corpos Denso e Vital ficarem concêntricos, o Corpo Vital, formado de Éter, pode ficar parcialmente fora do crânio físico. Nesse caso, a conexão entre os centros sensoriais do Corpo Vital e do Corpo Denso fica desajustada e o resultado é o idiotismo, a epilepsia, a doença de San Vito ou outras afecções nervosas congênitas.

A insanidade é a ruptura na cadeia de veículos entre o Ego e o Corpo Denso. Essa desconexão pode ocorrer entre o Ego e a Mente, entre a Mente e o Corpo de Desejos, entre os Corpos de Desejos e o Vital e, também entre este último e o Corpo Denso. Se a ruptura se produziu entre o Corpo Denso e o Vital, ou entre o Corpo Vital e o de Desejos, o Ego estará perfeitamente são no Mundo do Desejo imediatamente após sua morte, porque já terá descartado os dois corpos afligidos.

Quando a ruptura ocorre entre o Corpo de Desejos e a Mente, o Corpo de Desejos está ainda desenfreado depois da morte, e é causa de muitas calamidades durante sua existência no Mundo do Desejo. O Ego, evidentemente nunca está insano. O que parece insanidade, provém do fato de que o Ego não tem nenhum domínio sobre seus veículos; o pior caso é, sem dúvida, quando a Mente está afetada e o Ego está atado à personalidade por muito tempo, até que os veículos se desintegrem.

Vimos que, no estado de vigília, os Corpos Denso e Vital estão rodeados e interpenetrados por uma nuvem ovoide, formada pelo Corpo de Desejos e a Mente. Todos esses veículos são concêntricos e formam como se fossem elos de uma corrente. É a interpolação de um com o outro, de maneira que os centros sensoriais se ajustem corretamente, o que permite que o Ego manipule este complexo organismo e efetue de uma maneira ordenada, os processos vitais a que chamamos de razão, palavra e ação. Se existe um desajuste em alguma parte, o Ego está obstruído em sua manifestação. Este equilíbrio perfeito é a saúde, o oposto da enfermidade.

A enfermidade tem várias formas e uma é a insanidade que, também é de diferentes tipos. Quando a conexão entre os centros sensoriais do Corpo Denso e do Corpo Vital é oblíqua e quando, às vezes, a cabeça do Corpo Vital eleva-se acima da cabeça do Corpo Denso ao invés de ficar concêntrica, o Corpo Vital está fora de ajuste com os veículos superiores e com o Corpo Denso. Então, nós temos um idiota dócil. Quando os Corpos Denso e Vital estão ajustados, mas a ruptura está entre o Corpo Vital e o de Desejos, a situação é a mesma, mas quando a ruptura é entre o Corpo de Desejos e a Mente, nós temos o maníaco delirante que é mais ingovernável que um animal selvagem, pois este último é controlado pelo Espírito Grupo, e neste caso, todas as tendências animais são seguidas cegamente.

Enquanto muito poucos defendem o abuso da função criadora, muitas pessoas que seguem os preceitos espirituais em outras coisas, ainda acham que a indulgência frequente do desejo de prazer sexual não faz mal. Alguns acham que é tão necessário quanto o exercício de uma função orgânica. Isto é errado por duas razões: a primeira é que cada ato criador requer uma quantidade de força que queima tecido, o qual deve ser reabastecido por uma quantidade extra de comida. Isto reforça e aumenta o Éter Químico; a segunda, como a força propagadora trabalha através do Éter de Vida, este elemento do Corpo Vital é também aumentado a cada indulgência. Consequentemente, os dois Éteres Inferiores, enviando a força criadora para baixo, para a gratificação de nosso desejo por prazer, aderem-se mais aos dois Éteres Superiores que formam o Corpo-Alma, e essa aderência se torna maior e mais poderosa à medida que o tempo passa. Como a evolução de nossas forças anímicas e a faculdade de viajar em nossos veículos mais sutis, dependem da separação entre os Éteres Inferiores e o Corpo-Alma, é evidente que frustramos o objetivo que temos em mente, e retardamos o desenvolvimento pela indulgência da natureza inferior.

Nos preparativos para o Renascimento, assim que o Corpo Vital é colocado, o Ego renascente, com sua envoltura em forma de sino, paira constantemente perto de sua futura mãe. Ela, sozinha, trabalha sobre o novo Corpo Denso nos primeiros dezoito a vinte e um dias depois da fertilização e, então, o Ego entra no corpo da mãe, dirigindo sua envoltura para baixo e envolvendo o feto. A abertura na parte de baixo fecha-se, e o Ego é uma vez mais encarcerado em seu Corpo Denso.

O momento da entrada no ventre da mãe é de grande importância na vida, pois, quando o Ego renascente primeiro contata a matriz do Corpo Vital, ele vê outra vez o panorama da vida que foi impresso pelos Anjos do Destino, na referida matriz, para dar a ele as tendências necessárias para trabalhar o destino maduro, que deve ser liquidado na vida que se vai iniciar.

Neste momento, o Ego está tão cego pelo véu da matéria que não distingue o benefício final, da mesma maneira imparcial quando fez sua escolha na Região do Pensamento Abstrato e, quando uma vida particularmente dura se revela diante de sua visão, no momento em que ele está entrando no ventre da mãe, acontece às vezes que ele fica tão apavorado que tenta escapar. A conexão não pode ser cortada, no entanto, pode ser forçada, de modo que, ao invés de ficar concêntrica, a cabeça do Corpo Vital pode ficar acima da cabeça do Corpo Denso. Então, nós temos um idiota congênito.

Assim como um vampiro suga o Éter do Corpo Vital de sua vítima e se alimenta dele, assim também, repetidos pensamentos de arrependimento e remorso se transformam em um elemental de desejo, que age como um vampiro e suga a vida da pobre alma que lhe deu forma e, como semelhante atrai semelhante, ele fomenta a continuidade deste hábito de arrependimento mórbido.

Se nos permitimos arrependimentos e remorsos durante as horas de vigília como certas pessoas o fazem, estamos sobrepujando o Purgatório, pois, embora o tempo que passamos lá seja gasto na erradicação do mal, a consciência surge de cada imagem na medida em que é arrancada pela força de repulsão. Lá, por causa da ligação do Corpo de Desejos com o Corpo Vital, estamos habilitados a dar vida a uma imagem em nossa memória quantas vezes desejamos e, enquanto o Corpo de Desejos é gradualmente dissolvido no Purgatório pela purgação do panorama da vida, certa quantidade foi acrescentada quando nós estávamos vivendo no Mundo Físico, tomando o lugar daquela matéria que foi expulsa pelo remorso. Concluindo, remorso e arrependimento quando continuamente repetidos em nosso interior, têm o mesmo efeito sobre o Corpo de Desejos que os banhos excessivos sobre o Corpo Vital. Ambos os veículos ficam exauridos por limpeza excessiva, e, por esta razão, é perigoso para a saúde moral e espiritual permitir sentimentos de arrependimento e remorso indiscriminadamente, assim como é fatal para o bem-estar físico tomar banhos demais. O discernimento deve prevalecer em ambos os casos.

Assim como a força latente na pólvora e em substâncias explosivas afins, podem ser usadas para promover os melhores objetivos da civilização, ou os mais selvagens atos de barbarismo, assim também essa emoção de remorso pode ser mal-usada, de modo a causar dano e obstáculo ao Ego ao invés de ajuda. Quando nos remoemos diariamente e a toda hora, nós estamos despendendo um grande poder que pode ser usado para a mais nobre finalidade da vida, pois, o constante arrependimento, afeta o Corpo de Desejos de maneira similar à dos banhos excessivos do Corpo Denso. A água tem uma grande afinidade pelo Éter e o absorve vorazmente. Quando tomamos banho em condições normais, ele remove uma grande quantidade de Éter venenoso e miasmático do nosso Corpo Vital, no caso de ficarmos de molho um espaço de tempo razoável. Depois de um banho, o Corpo Vital fica de certa forma, atenuado e consequentemente nos dá uma sensação de fraqueza, mas se estamos em boa forma e não ficamos no banho muito tempo, a deficiência é logo reparada pela corrente de força que flui para dentro do corpo através do baço. Quando o influxo de Éter fresco substituiu a substância envenenada carregada pela água, sentimos com renovado vigor que atribuímos ao banho, embora não soubéssemos nada do que foi dito anteriormente.

Porém, quando uma pessoa que não está em sua perfeita saúde tem o hábito de tomar banhos diários, duas ou três vezes, um excesso de Éter é retirado do Corpo Vital. O suprimento que entra pelo baço é também diminuído por causa da perda de vibração do Átomo-semente, localizado no plexo solar e do enfraquecimento do Corpo Vital. Daí ser impossível para tais pessoas recuperarem-se entre tais frequentes e repetidos esgotamentos e, como consequência, a saúde do Corpo Denso sofre; elas perdem força continuamente e podem se tornar inválidas.

Capítulo III – No Sono e nos Sonhos

O Corpo Vital é tão ativo nas horas de sono quanto nas horas de vigília e pode ser influenciado pelo poder da sugestão. O sono pode ser induzido pela hipnose.

Nós temos, em nosso Corpo, dois sistemas nervosos, o voluntário e o involuntário. O primeiro é influenciado diretamente pelo Corpo de Desejos e controla os movimentos do Corpo e sua tendência é quebrar e destruir, só parcialmente restringido em sua tarefa cruel pela Mente. O sistema involuntário tem seu campo de ação específico no Corpo Vital. Ele governa os órgãos digestivos e respiratórios que reconstroem e restauram o Corpo Denso.

É esta guerra entre o Corpo Vital e o Corpo de Desejos que produz consciência no Mundo Físico, mas se a Mente não agisse como um freio sobre o Corpo de Desejos, nossas horas de vigília seriam muito curtas e, também nossa vida, pois o Corpo Vital seria logo esgotado em seu trabalho beneficente pelo imprudente Corpo de Desejos, como está evidenciado na exaustão que segue um ataque de nervos, pois a raiva é uma situação em que o ser humano “perde o controle e o Corpo de Desejos reina livremente”.

Apesar de todos os seus esforços, o Corpo Vital, pouco a pouco, perde terreno com o passar do dia, os tecidos envenenados e deteriorados se acumulam e impedem o fluxo do fluido vital e seus movimentos tornam-se cada vez mais lentos. Como consequência, o Corpo visível mostra sinais de exaustão. Finalmente, o Corpo Vital sofre um colapso, o fluido vital cessa de fluir nos nervos em quantidade suficiente para manter o equilíbrio do Corpo Denso e este se rende inconsciente e, portanto, inadequado para ser usado pelo Espírito. É o sono.

O mesmo acontece com o templo do Ego, nosso Corpo Denso, quando fica exausto. É, então, necessário que o Ego, a Mente e o Corpo de Desejos se afastem e deem amplos poderes ao Corpo Vital para que ele possa restaurar o tônus do Corpo Denso e, então, quando o Corpo Denso vai dormir, há uma separação. O Ego e a Mente, envolvidos pelo Corpo de Desejos, se separam do Corpo Vital e do Corpo Denso, estes dois permanecendo na cama, enquanto os veículos superiores pairam sobre ou perto do Corpo adormecido.

O processo de restauração começa agora. Numa luta no Mundo Físico, os ferimentos nunca são de um só lado; o vencedor também tem algumas lesões. Quanto mais violenta é a luta e mais nivelados são os combatentes, mais lesões sofre cada um. Assim acontece com o Corpo Vital e o de Desejos; o Corpo de Desejos vence sempre, embora sua vitória seja sempre uma derrota, pois ele é forçado a deixar o campo de batalha, e o prêmio, o Corpo Denso, nas mãos do derrotado Corpo Vital, retirando-se para reparar sua própria harmonia despedaçada.

Quando o Espírito se afasta do Corpo adormecido, ele entra no mar de força e harmonia chamado Mundo do Desejo. Lá ele repassa as cenas do dia em ordem inversa, dos efeitos para as causas, colocando em ordem o emaranhado do dia, formando imagens verdadeiras para substituir as impressões erradas, devido à limitação da vida no Corpo Denso e, assim como as harmonias do Mundo do Desejo o permeiam e a sabedoria e a verdade substituem o erro, ele readquire seu ritmo e tom. O tempo necessário para a restauração varia de acordo com o dia, se foi ilusório, impulsivo ou extenuante.

Então, e só então, o trabalho de restauração dos veículos deixados na cama começa, e o Corpo de Desejos, restaurado, começa a reavivar o Corpo Vital bombeando energia rítmica dentro dele, e este, por sua vez, começa a trabalhar sobre o Corpo Denso, eliminando os produtos deteriorados, principalmente por meio do sistema nervoso simpático. Como resultado, o Corpo Denso fica restaurado e repleto de vida. O Corpo de Desejos, a Mente e o Ego entram nele pela manhã, fazendo com que ele acorde.

No entanto, às vezes, acontece que nós ficamos tão absorvidos e interessados nas atividades de nossa existência mundana que, mesmo depois que o Corpo Vital entrou em colapso e deixou o Corpo Denso inconsciente, nós não conseguimos nos libertar para que o trabalho de restauração se inicie. O Corpo de Desejos fica aderido, é retirado só parcialmente pelo Ego e começa a ruminar os acontecimentos do dia naquela posição.

Durante o estado de vigília, quando o Ego está funcionando conscientemente no Mundo Físico, seus diferentes veículos são concêntricos – ocupam o mesmo espaço – mas à noite, quando o Corpo se deita para dormir, a separação acontece. O Ego, vestido pela Mente e pelo Corpo de Desejos, libera-se do Corpo Denso e do Corpo Vital que foram deixados na cama. Os veículos superiores pairam acima e perto. Eles estão conectados com os veículos inferiores pelo Cordão Prateado, um cordão fino e brilhante que tem a forma de dois números seis, com uma extremidade ligada ao Átomo-semente no coração e outra no vórtice central do Corpo de Desejos.

Durante o sono, o Ego também sai do Corpo Denso, mas o Corpo Vital permanece e o Cordão Prateado fica intacto.

O Mundo do Desejo é um oceano de sabedoria e harmonia. Quando os veículos inferiores adormecem, o Ego leva a Mente e o Corpo de Desejos para o Mundo do Desejo. Lá, o primeiro cuidado do Ego é a restauração do ritmo e da harmonia da Mente e do Corpo de Desejos. Esta restauração é realizada gradativamente enquanto as vibrações harmoniosas do Mundo do Desejo fluem através destes veículos. Há uma essência no Mundo do Desejo que corresponde ao fluido que permeia o Corpo Denso por meio do Corpo Vital. Os veículos superiores, por assim dizer, embebem-se neste elixir de vida. Quando fortalecidos, eles começam o trabalho sobre o Corpo Vital que foi deixado com o Corpo Denso. Então, o Corpo Vital começa a especializar a energia solar mais uma vez, reconstruindo o Corpo Denso, usando particularmente o Éter Químico como meio no processo de restauração.

No estado de vigília, os diferentes veículos do EgoMente, Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso – são todos concêntricos. Eles ocupam o mesmo espaço e o Ego se manifesta no Mundo Físico. Mas, à noite, durante o sono sem sonhos, o Ego revestido pelo Corpo de Desejos e pela Mente, se retira, deixando o Corpo Denso e o Vital sobre a cama, não havendo conexão entre os veículos superiores e os inferiores, salvo por um fino e brilhante cordão chamado de Cordão Prateado. Acontece, no entanto, que, às vezes, o Ego trabalhou tanto no Mundo Físico e o Corpo de Desejos ficou tão agitado que ele se recusa a deixar os veículos inferiores e só se retira parcialmente ou pela metade. Então, a conexão entre os centros sensoriais do Corpo de Desejos e os do cérebro físico ficam rompidos parcialmente. O Ego percebe as visões e as cenas do Mundo do Desejo que são extremamente fantásticas e ilusórias e elas são transmitidas aos centros cerebrais sem serem conectadas pela razão. Daí resulta todos os sonhos tolos e fantásticos que temos.

Acontece, no entanto, que, às vezes, o Corpo de Desejos não se retira completamente e, assim, parte dele permanece conectado ao Corpo Vital, o veículo de percepção sensorial e memória. O resultado é que a restauração é realizada somente em parte e as cenas e ações do Mundo do Desejo são trazidas para a consciência física como sonhos. Naturalmente, a maioria dos sonhos é confusa porque o eixo da percepção está distorcido por causa da relação imperfeita de um Corpo com o outro. A memória é também confusa pela relação incongruente dos veículos e, como resultado da perda da força restauradora, o sono cheio de sonhos não é reparador e o Corpo se sente cansado ao acordar.

O Corpo Vital, pode-se dizer que é formado de pontos que se estendem em todas as direções, para dentro, para fora, para cima e para baixo, através de todo o Corpo, e cada pequeno ponto passa através do centro de um dos átomos químicos, fazendo-o vibrar mais intensamente que sua velocidade natural. Este Corpo Vital interpenetra o Corpo Denso do nascimento à morte em todas as situações exceto quando, por exemplo, a circulação do sangue para num certo ponto, como quando descansamos a mão sobre a extremidade de uma mesa por algum tempo e ela “adormece”, por assim dizer. Então, se formos Clarividentes, poderemos ver a mão etérea do Corpo Vital pendurada sob a mão visível como se fosse uma luva, e os átomos químicos da mão recaída em seu natural e lento grau de vibração. Quando batemos na mão fazendo com que “acorde”, por assim dizer, a sensação peculiar de formigamento que temos é causada pelos pontos do Corpo Vital que, então, entram novamente nos átomos adormecidos da mão, iniciando uma vibração renovada.

O Corpo Vital deixa o Corpo Denso de modo semelhante à quando uma pessoa está morrendo. Afogados que foram ressuscitados experimentam uma intensa agonia causada pela entrada desses pontos que eles sentem como um formigamento.

Durante o dia, quando o fluido solar está sendo absorvido pelo ser humano em grande quantidade, estes pontos do Corpo Vital são estendidos ou expandidos, por assim dizer, pelo fluido vital, mas à medida que o dia passa e os venenos da deterioração obstruem o Corpo Denso cada vez mais, o fluido vital flui menos rapidamente; à noite, chega a hora em que os pontos no Corpo Vital não conseguem um suprimento completo do fluído vital, eles murcham e os átomos do Corpo movem-se mais vagarosamente em consequência. Então, o Ego sente o Corpo pesado e cansado. Finalmente, chega a hora em que, por assim dizer, o Corpo Vital entra em colapso e as vibrações dos átomos densos se tornam tão vagarosas que o Ego não pode mais mover o Corpo. É forçado a retirar-se para que o veículo possa se recuperar. Então dizemos que o Corpo foi dormir.

No entanto, o sono não é um estado inativo; se fosse, não haveria diferença de manhã e nenhum poder de restauração durante o sono. A própria palavra restauração implica em atividade.

Quando um edifício ficou arruinado após uso constante e é necessário renová-lo e restaurá-lo, os moradores têm que se mudar para dar aos trabalhadores liberdade de ação. Por razões semelhantes, o Ego sai da sua moradia à noite. Assim como os operários trabalham no prédio para que fique adequado à reocupação, assim também, o Ego tem que trabalhar sua moradia antes que ela esteja pronta para ser reocupada. E este trabalho é feito por nós durante a noite, embora não estejamos conscientes dele nas nossas horas de vigília. É esta atividade que remove o veneno do sistema e, como resultado, o Corpo está restaurado e vigoroso de manhã, quando o Ego entra na hora do despertar. Depende da maneira pela qual usamos nosso Corpo Denso durante o dia, o tempo que o Corpo de Desejos necessita para realizar o trabalho de restauração do ritmo do Corpo Vital e do Corpo Denso. Se usarmos nosso Corpo estrenuamente durante o dia, naturalmente as desarmonias serão proeminentes e o Corpo de Desejos levará a maior parte da noite para restaurar a harmonia e o ritmo. Em consequência, o ser humano estará atado ao seu Corpo dia e noite. Mas, quando ele aprende a agir inteligentemente, controla sua energia durante o dia e não gasta sua força com palavras e ações desnecessárias, quando ele começa a dominar seu temperamento e para com a desarmonia proveniente de observações incorretas, o Corpo de Desejos não fica ocupado durante todo o sono restaurando o Corpo Denso. Uma parte da noite pode ser usada para trabalhar fora. Se os centros sensoriais do Corpo de Desejos estão suficientemente desenvolvidos, como acontece com a maioria das pessoas inteligentes, o ser humano pode soltar as amarras e penetrar no Mundo do Desejo. Ele percebe as cenas, embora não se lembre delas até que tenha efetuado a separação entre a parte superior e a inferior do Corpo Vital, como foi previamente explicado.

No sono natural, o Ego, revestido pela Mente e pelo Corpo de Desejos, se retira do Corpo Denso e, geralmente, paira sobre o Corpo, ou pelo menos permanece perto dele, conectado pelo Cordão Prateado, enquanto o Corpo Vital e o Corpo Denso estão descansando sobre a cama.

É, então, possível influenciar a pessoa, instilando no seu cérebro pensamentos e ideias que desejamos comunicar. No entanto, não podemos fazer com que ela faça qualquer coisa ou nutra qualquer ideia, exceto aquela que está de acordo com seu temperamento. É impossível dar ordens para que ela faça algo e forçar obediência, como acontece quando alguém foi tirado de seu estado consciente pelos passes de um hipnotizador, pois, é o cérebro que move os músculos; e, durante o sono natural seu cérebro está interpenetrado por seu próprio Corpo Vital e ele está em perfeito controle de si mesmo, enquanto que, durante o sono hipnótico, os passes do hipnotizador afastam o Éter do seu cérebro, em direção aos ombros da vítima; esse Éter fica em volta do pescoço, lembrando a gola de um suéter. O cérebro denso é, então, aberto ao Éter do Corpo Vital do hipnotizador, que substitui o Éter do próprio dono. Consequentemente, no sono hipnótico, a vítima não tem escolha quanto às ideias que tem, ou aos movimentos que faz com seu Corpo, enquanto, no sono comum, a pessoa é sempre um agente livre. De fato, este método de sugestão durante o sono é algo que as mães acharão extremamente benéfico no tratamento de crianças teimosas, pois se a mãe se sentar perto da cama da criança que dorme, segurar sua mão, conversar com ela como se ela estivesse acordada, instilar em seu cérebro ideias que gostaria que ela tivesse, ela verá que no estado de vigília muitas destas ideias criarão raízes. Também, ao lidar com uma pessoa que é doente ou viciada em bebida, se a mãe, enfermeira ou outra pessoa usar este método, será possível instilar esperança, cura e recuperação futura ou ajudar no seu autocontrole.

Este método pode, naturalmente, ser usado para o mal, mas não podemos deixar de publicá-lo, já que acreditamos que o bem que pode ser feito deste modo irá compensar mais do que os poucos casos em que pessoas, de má índole, possam usar o método com propósito errado.

Do ponto de vista de uma só vida, os métodos, como, por exemplo, aqueles empregados pelos curadores do movimento de Emmanuel[9], são indubitavelmente produtores de um imenso benefício. O paciente, sentado numa cadeira, é posto para dormir e, lá, ele recebe certas “sugestões”, como são chamadas. Ele se levanta e está curado de seu mau hábito. Se for um alcoólatra, ele se torna um cidadão respeitável que se preocupa com sua esposa e família e, sob esse aspecto, o benefício é inegável.

Porém, olhando mais profundamente pela ótica do ocultista, que vê essa vida como sendo uma em muitas, e observando o efeito que isso tem sobre os veículos invisíveis do ser humano, o caso é completamente diferente. Quando um ser humano entra num sono hipnótico, o hipnotizado faz passes sobre ele que têm o efeito de expelir o Éter da cabeça do seu Corpo Denso e substituí-lo pelo do hipnotizador. O ser humano fica então sob total domínio do outro. Não tem vontade própria e, por isso, as chamadas “sugestões” são na realidade comandos que a vítima não tem outra escolha senão obedecer. Além disso, quando o hipnotizador retira seu Éter e acorda a vítima, é incapaz de remover todo o Éter que ele colocou nela. Similarmente, assim como uma partícula do magnetismo infundida num dínamo elétrico, antes de ser ligado pela primeira vez, permanece como magnetismo residual para ativar os campos do dínamo toda vez que ele é ligado, assim também lá permanece uma partícula do Éter do Corpo Vital do hipnotizador na medula oblongada da vítima, que é um bastão que o hipnotizador mantém sobre ela em toda sua vida, e é devido a este fato que as sugestões a serem executadas num período subsequente ao despertar da vítima são invariavelmente seguidas.

Capítulo IV – Na Morte e nos Mundos Invisíveis

Na hora da morte, há uma separação no Corpo Vital e a parte superior entra nos Mundos invisíveis. Seu Átomo-semente é retido pelo Ego ao passar pelos Mundos celeste para ser usado como um núcleo para o Corpo Vital de um futuro renascimento.

Esta vida na Terra dura até que o ciclo de acontecimentos prenunciados na roda do destino, o horóscopo, tenha se completado. E quando o Espírito de novo alcança o reino de Samael, o Anjo da Morte, a mística oitava Casa, o Cordão Prateado se rompe e o Espírito retorna a Deus, até que a aurora de outro dia na Escola da Terra o chame a um novo nascimento para que adquira mais conhecimento nas artes e ofícios da construção do templo.

Por meio da morte foi possível para os Anjos ensinar a Humanidade, entre a morte e um novo nascimento, a construir um Corpo gradualmente melhor. Tivesse o ser humano aprendido, num passado longínquo, a renovar seu Corpo Vital como foi ensinado a gerar um veículo denso à sua vontade, então a morte teria sido de fato uma impossibilidade e o ser humano teria se tornado imortal como os deuses. Porém, ele teria imortalizado suas imperfeições e o progresso teria sido impossível. É a renovação deste Corpo Vital que está expressa na Bíblia como “comer da Árvore da Vida”. Quando o ser humano recebeu esclarecimento relativo à procriação, ele era um ser espiritual cujos olhos não estavam ainda cegos pelo mundo material e podia ter aprendido o segredo da vitalização de seu corpo segundo sua vontade, consequentemente frustrando a evolução. Daí vemos que a morte, quando ela vem naturalmente, não é uma maldição, mas nossa maior e melhor amiga, pois ela nos livra de um instrumento com o qual não mais podemos aprender; ela nos tira de um ambiente que não nos serve mais para que possamos aprender a construir um Corpo melhor em um ambiente de maior amplitude no qual poderemos fazer mais progresso em direção à meta da perfeição.

Durante a vida, o colapso do Corpo Vital à noite limita nossa visão do mundo em torno de nós, e nos perdemos na inconsciência do sono. Quando o Corpo Vital sofre um colapso logo após a morte e o panorama da vida está terminado, nós também perdemos a consciência por um tempo que varia de acordo com o indivíduo. Uma escuridão parece cair sobre o Espírito. Então, após algum tempo, ele acorda e começa indistintamente a perceber a luz do outro mundo, e só se acostuma às novas condições gradualmente. É uma experiência parecida com aquela que temos quando saímos de um quarto escuro para a luz do Sol, que nos cega com seu brilho, até que as pupilas de nossos olhos se contraem de modo a admitir a quantidade de luz suportável por nosso organismo.

Quando um ser humano passa pela morte, ele leva consigo a Mente, o Corpo de Desejos e o Corpo Vital, sendo este último o armazém das cenas de sua vida passada. E, durante três dias e meio após a morte estas cenas são gravadas no Corpo de Desejos para formar a base de sua vida no Purgatório e no Primeiro Céu, onde o mal é expurgado e o bem assimilado. A experiência da vida em si é esquecida, assim como esquecemos o processo de aprender a escrever, mas retemos a faculdade. Assim, o extrato cumulativo de todas as suas experiências, tanto das vidas passadas e das existências anteriores no Purgatório e nos vários Céus, é retido pelo ser humano e formam seu patrimônio no próximo nascimento. As dores que ele suportou falam-lhe como a voz da consciência, e o bem que ele fez lhe dá um caráter cada vez mais altruísta.

Não importa por quantos anos possamos evitar que o Espírito efetue sua passagem, pois, finalmente, chega a hora em que nenhum estimulante pode manter o corpo vivo e o último suspiro é dado. Então, o Cordão Prateado, do qual fala a Bíblia, que mantém os veículos superiores e inferiores juntos, rompe-se repentinamente no coração e faz com que este órgão pare. Sua ruptura liberta o Corpo Vital e ele, com o Corpo de Desejos e a Mente, flutua sobre o Corpo visível por um tempo que vai de um a três dias e meio, enquanto o Espírito está ocupado em rever a vida passada, uma parte excessivamente importante de sua experiência pós-morte. Desta recapitulação depende toda sua existência desde a morte até um novo nascimento.

Todos os povos antigos, tanto no Oriente como no Ocidente, sabiam muito sobre nascimento e morte, o que foi esquecido nos tempos modernos, porque uma segunda visão prevalecia entre eles naquela época. Até o presente (época em que o livro foi escrito), por exemplo, muitos camponeses na Noruega afirmam possuir a capacidade de ver o Espírito saindo do Corpo na morte, como uma nuvem branca e fina que é, naturalmente, o Corpo Vital; e o ensinamento Rosacruz que afirma que os mortos pairam em volta de sua morada terrena, por algum tempo depois da morte, adotam um corpo luminoso e são penosamente afligidos pela dor de seus entes queridos, foi um conhecimento comum entre os antigos que viviam no Norte. Quando o falecido Rei Helge da Dinamarca se materializou para aliviar a dor de sua esposa, e ela exclamou angustiada: “O orvalho da morte banhou teu corpo guerreiro”, ele respondeu:

És tu, Sigruna,

A única causa

De que Helge seja banhado

Pelo orvalho da tristeza.

Não queres pôr fim a teu pesar

Nem as amargas lágrimas secar.

Cada lágrima ensanguentada

Cai em meu peito gelada

Elas não me deixam descansar.

Quando a autora de “O Ministério dos Anjos[10] tinha seus dezoito anos, uma amiga chamada Maggie, de repente, ficou muito doente e morreu em seus braços. Imediatamente depois que seu coração parou de bater, ela diz, “E vi, distintamente, algo semelhante à fumaça ou vapor que sobe de uma chaleira, na qual a água está fervendo, ascender de seu corpo. A emanação subiu só até uma certa altura e lá tomou a forma de minha amiga que tinha acabado de falecer. Esta forma, indefinida a princípio, gradualmente se transformou até se tornar nítida e revestida por uma roupagem que parecia uma nuvem branco-perolada, embaixo da qual os contornos da pessoa eram distintamente visíveis. A face era a da minha amiga, mas glorificada sem nenhum traço de espasmo da dor que tinha se apoderado dela momentos antes de sua morte”.

Isto é exatamente o que temos ensinado: no momento da morte, quando o Cordão Prateado se rompe no coração, o Corpo Vital se retira através das suturas do crânio e paira alguns centímetros acima do Corpo.

Quando um Espírito está se desprendendo do Corpo, ele leva com ele o Corpo de Desejos, a Mente e o Corpo Vital, e este é, naquela hora, o armazém das cenas da vida que termina. Estas cenas são então gravadas no Corpo de Desejos durante três dias e meio imediatamente após a morte. Então, o Corpo de Desejos transforma-se no árbitro do destino do ser humano no Purgatório e no Primeiro Céu. Os sofrimentos causados pela purgação do mal e a alegria causada pela contemplação do bem são levados para a próxima vida como consciência, para deterem o ser humano da perpetuação dos erros das vidas anteriores e induzi-lo a fazer o que causou alegria na vida anterior de modo mais abundante.

No momento da morte, quando o Átomo-semente do coração que contém toda a experiência da vida passada em uma imagem panorâmica se rompe, o Espírito deixa seu Corpo Denso, levando consigo os Corpos mais sutis. Ele paira sobre o Corpo Denso que agora está morto, como se diz comumente, por um tempo que varia de algumas horas até três dias e meio. O fator determinante do tempo é a força do Corpo Vital, veículo que constitui o Corpo-Alma de que a Bíblia fala. Há então uma reprodução pictórica da vida, um panorama em ordem inversa, da morte ao nascimento, e as cenas são gravadas sobre Corpo de Desejos por meio do Éter Refletor neste Corpo Vital. Durante este período, a consciência do Espírito está concentrada no Corpo Vital, ou pelo menos deveria estar, e não tem, por isso, nenhum sentimento a respeito. As cenas que são impressas sobre o veículo do sentimento e da emoção, o Corpo de Desejos, são a base do subsequente sofrimento da vida no Purgatório pelas más ações, e de satisfação no Primeiro Céu, devido ao que foi feito de bom na vida que passou.

Estes foram os principais fatos que o autor foi capaz de observar, pessoalmente, sobre a morte no período em que os Ensinamentos lhe foram dados e quando ele foi apresentado, por ajuda do Mestre, às reproduções panorâmicas da vida de pessoas que estavam passando pelo portal da morte; investigações de anos mais tarde revelaram o fato adicional de que há um outro processo em andamento durante estes dias importantes que seguem o da morte.

Uma separação acontece no Corpo Vital, semelhante àquela do processo de Iniciação. Grande parte deste veículo, que pode ser chamado de “alma”, une-se com os veículos superiores e é a base da consciência nos Mundos invisíveis depois da morte. A parte inferior, que é descartada, volta ao Corpo Denso e flutua sobre o túmulo, na maioria dos casos, como está declarado no Conceito Rosacruz do Cosmos. Esta separação no Corpo Vital não é a mesma em todas as pessoas, mas depende da natureza da vida vivida e do caráter da pessoa que se vai. Em casos extremos, esta divisão é muito diferente do normal. Este ponto importante foi descoberto em muitos casos de suposta obsessão que foram investigados pela Sede Central. De fato, foram estes casos que desenvolveram as extensas e estarrecedoras descobertas reveladas por nossas mais recentes pesquisas sobre a natureza da obsessão, que pessoas que apelaram para nós estavam sofrendo. Como era esperado, naturalmente, a divisão nestes casos mostrava uma preponderância do mal, e esforços foram então feitos para descobrir se não havia também uma outra classe de pessoas onde uma divisão diferente, com preponderância de bem, acontece. É um prazer registrar que isto realmente acontecia e, depois de pesar os fatos descobertos, comparando um com outro, o que segue parece ser a correta descrição das condições e suas razões:

O Corpo Vital tem o objetivo de construir o físico toda vez que nossos desejos e emoções o destroem. É a luta entre o Corpo Vital e o de Desejos que produz consciência no Mundo Físico e que endurece os tecidos, de forma que o corpo brando da criança se torna rijo e encolhido na idade avançada, seguido pela morte. A moralidade ou imoralidade de nossos desejos e emoções age de maneira similar no Corpo Vital. Quando a devoção a elevados ideais é a mola mestra da ação, quando se permite que a natureza devocional se expresse livremente e frequentemente por muitos anos e, particularmente, quando isto foi acompanhado pelos exercícios científicos[11] dados aos Probacionistas na Fraternidade Rosacruz, a quantidade de Éter Químico e de Vida gradualmente diminui, enquanto os apetites carnais se desvanecem e uma quantidade aumentada de Éter Luminoso e Refletor toma o lugar deles. Como consequência, a saúde física não é tão boa entre aqueles que seguem o caminho superior, como entre aqueles cuja indulgência com a natureza inferior atrai os Éteres: Químico e de Vida numa proporção tal que os leva à parcial ou total exclusão dos dois Éteres Superiores.

Várias consequências muito importantes conectadas com a morte seguem este fato. Como é o Éter Químico que cimenta as moléculas do corpo em seus lugares e as mantém lá durante a vida, quando somente uma mínima parte deste Éter está presente, a desintegração do veículo físico depois da morte é muito rápida.

Na morte, a separação acontece. O Átomo-semente é retirado do ápice do coração pelo saturnino nervo pneumogástrico através dos ventrículos e pelo crânio (Gólgota); todos os átomos do Corpo Vital são liberados da cruz do Corpo Denso pelo mesmo movimento espiral que desatarraxa cada átomo prismático de Éter de sua envoltura física.

Este processo se desenvolve com maior ou menor violência de acordo com a causa da morte. Uma pessoa de idade, cuja vitalidade foi vagarosamente diminuindo, pode dormir e acordar no outro lado do véu sem a menor consciência de como a mudança acontece; uma pessoa devota e religiosa, que se preparou pela prece e meditação sobre o além, também será capaz de fazer uma passagem fácil; pessoas que morrem congeladas encontram o que o autor acredita ser a mais fácil maneira de morrer por acidente, sendo que o afogamento é a segunda melhor situação.

Porém, quando uma pessoa é jovem e saudável, especialmente se tem uma maneira de pensar materialista ou não religiosa, o átomo etéreo prismático está tão fortemente entrelaçado pelo átomo físico que um puxão considerável é necessário para separar o Corpo Vital. Quando a separação entre o Corpo Denso e os veículos superiores foi concluída e a pessoa está morta, como normalmente se diz, os Éteres Luminoso e Refletor se separam do átomo prismático. É esta matéria, como está explicado no Conceito Rosacruz do Cosmos, que é modelada em imagens da última vida e gravada no Corpo de Desejos, que então começa a fazer sentir tudo o que houve de sofrimento ou de prazer na vida. A parte do Corpo Vital composta pelos átomos prismáticos Químico e de Vida então retornam ao Corpo Denso, pairando acima da sepultura e desintegrando-se sincronicamente com ele.

Os veículos superiores – Corpo Vital, de Desejos e Mente – são vistos deixando o Corpo Denso com um movimento em espiral, levando com eles a alma de um átomo denso. Não o átomo em si, mas as forças que trabalharam através dele. Os resultados das experiências passadas por meio do Corpo Denso durante a vida que terminou foram impressos neste átomo específico. Enquanto todos os outros átomos do Corpo Denso se renovaram de tempos em tempos, este átomo é permanente. Permanece estável não só durante uma vida, mas foi parte de todos os Corpos Densos usados pelo Ego. Ele é retirado na morte só para despertar na aurora de uma outra vida física para servir, outra vez, como núcleo em torno do qual é construído o novo Corpo Denso a ser usado pelo mesmo Ego. É, por isso, chamado de Átomo-semente. Durante a vida, o Átomo-semente está situado no ventrículo esquerdo do coração, perto do ápice. Na morte, ele sobe ao cérebro, passando pelo nervo pneumogástrico, deixando o Corpo Denso juntamente com os veículos superiores, pelo caminho da sutura entre os ossos parietal e occipital.

Quando os veículos superiores deixam o Corpo Denso, eles ficam ainda conectados por um fino, brilhante e prateado Cordão em forma muito parecida a dois seis invertidos, um na vertical e outro na horizontal, conectados nas extremidades do gancho.

Uma extremidade se liga ao coração por meio do Átomo-semente, e é a ruptura deste átomo que faz parar o coração. O Cordão não se rompe até que o panorama da vida, contido no Corpo Vital, tenha sido revisto.

Deve-se tomar cuidado, no entanto, para não cremar ou embalsamar o Corpo até pelo menos três dias após a morte, pois enquanto o Corpo Vital está com os veículos superiores e eles estão ainda conectados com o Corpo Denso por meio do Cordão Prateado, qualquer exame pós-morte ou ferimento praticado no Corpo Denso será sentido de certo modo pelo morto. A cremação deve ser particularmente evitada nos três primeiros dias depois da morte porque tende a desintegrar o Corpo Vital, o qual deve permanecer intacto até que o panorama da última tenha sido gravado no Corpo de Desejos.

O Cordão Prateado se rompe no ponto em que os dois seis se unem, metade permanecendo com o Corpo Denso e a outra metade com os veículos superiores. No momento em que o cordão se rompe, o Corpo Denso está morto.

No início do ano de 1906 o Dr. Mc Dougall[12] fez uma série de experiências no Hospital Geral de Massachusetts para determinar, se possível, se alguma coisa invisível deixava o Corpo por ocasião da morte. Para este fim, ele construiu uma balança capaz de registrar diferenças de um décimo de uma onça[13].

A pessoa agonizante e sua cama foram colocadas numa das plataformas da balança que foi equilibrada por pesos colocados na plataforma oposta. No exato momento em que a pessoa deu seu último suspiro, a plataforma que continha os pesos, subitamente e surpreendentemente, desceu, elevando a cama e o corpo, mostrando que algo invisível, mas tendo peso, tinha deixado o corpo. Logo após, os jornais de todo o país anunciaram em brilhantes manchetes que o Dr. Mc Dougall tinha “pesado a alma”.

O ocultismo aclama com alegria as descobertas da ciência moderna, quando elas invariavelmente corroboram com o que a ciência oculta vem ensinando há muito tempo. As experiências do Dr. Mc Dougall mostraram conclusivamente que algo oculto para a visão comum deixou o Corpo na hora da morte, como os Clarividentes treinados têm visto e tem sido afirmado em palestras e literatura muitos anos antes da descoberta do Dr. Mc Dougall.

Mas esta “coisa” invisível não é a alma. Há uma grande diferença. Os repórteres tiraram conclusões erradas quando afirmaram que os cientistas tinham “pesado a alma”. A alma pertence aos planos superiores e não pode nunca ser pesada em balanças físicas, embora eles tenham registrado variações de um milionésimo de um grão em vez de um décimo de uma onça.

Foi o Corpo Vital que os cientistas pesaram. Ele é formado pelos quatro Éteres que pertencem ao Mundo Físico.

Como vimos, uma quantidade de Éter é adicionada ao Éter que envolve as partículas do corpo humano e é confinada lá durante a vida física, aumentando em pequeno grau o peso do Corpo Denso da planta, do animal e do ser humano. Na morte, ele escapa, daí a diminuição do peso notada pelo Dr. Mc Dougall quando as pessoas que ele observou expiraram.

Esta característica da vida após a morte é similar à que acontece quando alguém está se afogando ou caindo de grande altura. Nestes casos, o Corpo Vital também deixa o Corpo Denso e o ser humano vê sua vida num relance porque ele perde a consciência simultaneamente. É evidente que o Cordão Prateado não está rompido ou ele não voltaria à vida.

Quando a força do Corpo Vital atingiu seu limite, ele entra em colapso da forma descrita quando estávamos considerando o fenômeno do sono. Durante a vida física, quando o Ego controla seus veículos, este colapso interrompe com as horas de vigília; depois da morte, o colapso do Corpo Vital conclui o panorama da vida e força o ser humano a entrar no Mundo do Desejo. O Cordão Prateado se rompe no ponto em que os seis se unem e a mesma divisão que se processa durante o sono é feita, mas com uma importante diferença, a de que embora o Corpo Vital retorne ao Corpo Denso, ele não mais o interpreta, mas simplesmente paira sobre ele. Ele permanece flutuando sobre o túmulo, desintegrando-se sincronicamente com o veículo denso. Daí, para o Clarividente treinado ser o cemitério uma visão repugnante e, se mais pessoas pudessem ver, pouco seria preciso para induzir as mesmas a mudar o método não higiênico de acomodar os mortos para o método mais racional da cremação, que retorna os elementos à sua condição primordial sem as desagradáveis características inerentes ao processo de desintegração lenta.

O processo de abandono do Corpo Vital é muito parecido ao do Corpo Denso. As forças vitais de um átomo são levadas para serem usadas como núcleo do Corpo Vital do futuro renascimento. Assim, quando entra no Mundo do Desejo, o ser humano tem os Átomos-semente dos Corpos Denso e Vital além de seu Corpo de Desejos e da Mente.

Quando uma pessoa morre, parece que seu Corpo Vital se avoluma; ela tem a sensação de crescer em imensas proporções. Esta impressão não é devida ao fato de que o Corpo cresça realmente, mas de que as faculdades de percepção recebam tantas impressões de várias fontes, tudo parecendo estar perto e à mão.

Quando o ser humano morre e perde seus Corpos Denso e Vital, a situação é a mesma de quando alguém dorme. O Corpo de Desejos, como foi explicado, não tem órgãos prontos para serem usados. É agora transformado de um ovoide para uma figura que se parece com o Corpo Denso que ele abandonou. Podemos facilmente compreender que deve haver um intervalo de inconsciência parecida com o sono e, então, o ser humano acorda no Mundo do Desejo. No entanto, frequentemente acontece que estas pessoas ficam incapazes de entender o que lhes aconteceu por um longo período. Não compreendem que morreram. Elas sabem que são capazes de se mover e de pensar. É às vezes, muito difícil fazê-las acreditar que estão verdadeiramente “mortas”. Elas sabem que algo está diferente, mas não são capazes de entender o que é.

Quando o momento que marca o fim da vida no Mundo Físico chega, a utilidade do Corpo Denso termina e o Ego retira-se pela cabeça, levando consigo a Mente e o Corpo de Desejos, como acontece todas as noites durante o sono; mas, agora, o Corpo Vital está inútil e se retira também, e quando o “Cordão Prateado” que uniu os veículos superiores com os inferiores se rompe, não pode ser reparado.

Lembramos que o Corpo Vital é composto de Éter, sobreposto ao Corpo Denso da planta, animal e do ser humano durante a vida. Éter é matéria física e, por isso, tem peso. A única razão pela qual os cientistas não podem pesá-lo é porque são incapazes de juntar uma quantidade e colocá-lo numa balança. Mas quando ele deixa o Corpo Denso na morte, uma diminuição de peso acontece, mostrando que algo que tinha peso, embora invisível, deixou o Corpo Denso naquele momento.

O Cordão Prateado que une os veículos superiores e os inferiores termina no Átomo-semente no coração. Quando a vida material finda de maneira natural, as forças do Átomo-semente se desprendem, passam pelo nervo pneumogástrico atrás da cabeça e ao longo do Cordão Prateado, junto com os veículos superiores. É a ruptura no coração que marca a morte física, mas o Cordão Prateado não se rompe em certos casos por vários dias.

Na palestra nº 3, dissemos que o Corpo Vital é o armazém das memórias consciente e inconsciente; sobre o Corpo Vital, todos os atos e experiências da vida que passou são gravados indelevelmente como uma paisagem sobre uma placa fotográfica exposta. Quando o Ego se retira do Corpo Denso, toda a vida registrada na memória é exposta aos olhos da Mente. É o afrouxamento parcial do Corpo Vital que faz com que uma pessoa que está se afogando veja sua vida, mas só de relance, precedendo a inconsciência; o Cordão Prateado permanece intacto, ou não haveria volta à vida. No caso do Espírito passando pela morte, o movimento é mais lento; o ser humano é um espectador enquanto as imagens se sucedem na ordem inversa, da morte para o nascimento, de modo que ele vê primeiro os acontecimentos anteriores à morte e então os anos da vida adulta se desenrolam; juventude e infância seguem até terminar no nascimento. O ser humano, no entanto, não tem nenhum sentimento a respeito. O objetivo é meramente gravar o panorama no Corpo de Desejos, que é o assento do sentimento, e, dessa gravação, o sentimento será extraído quando o Ego entrar no Mundo do Desejo, mas podemos notar aqui que a intensidade do sentimento depende do tempo consumido no processo de gravação e da atenção dada a isso pelo ser humano. Se ele não for incomodado por longo período por barulho ou histeria, uma profunda e clara impressão será feita sobre o Corpo de Desejos. Ele sentirá o mal que fez mais agudamente no Purgatório e suas boas qualidades serão abundantemente reforçadas no Céu e, embora a experiência seja esquecida na vida futura, os sentimentos permanecerão como uma “voz silenciosa”. Quando os sentimentos penetram profundamente no Corpo de Desejos de um Ego, esta voz não falará com palavras vagas ou incertas. Isso, o impelirá, sem dúvida, forçando-o a desistir daquilo que causou sofrimento na vida anterior e compelindo-o a ceder ao que é bom. Por isso, o panorama passa em ordem inversa de modo que o Ego primeiro vê os efeitos e depois as respectivas causas.

No que diz respeito ao que determina a duração do panorama, lembramos que foi o colapso do Corpo Vital que forçou os veículos superiores a se retirarem; assim, depois da morte, quando o Corpo Vital entra em colapso, o Ego tem que se retirar e então o panorama chega ao fim. A duração do panorama depende, por isso, do tempo que a pessoa possa permanecer desperta. Algumas pessoas podem ficar despertas só umas poucas horas, outras aguentam alguns dias, dependendo da força de seu Corpo Vital.

Quando o Ego deixa o Corpo Vital, este gravita de volta ao Corpo Denso, pairando acima do túmulo, desintegrando-se com o Corpo Denso e é realmente uma visão repugnante ao Clarividente atravessar um cemitério e observar todos aqueles Corpos Vitais, cujo estado de decomposição claramente indicam o estado de deterioração do que está na sepultura. Se houvesse mais Clarividentes, a incineração seria logo adotada como medida de proteção aos nossos sentimentos, além das razões higiênicas.

Nossas últimas investigações indicam que, quando um ser humano espiritualiza seus veículos, a constituição do Corpo Vital, formado de Éter, é transformada. No ser humano comum há sempre uma preponderância dos dois Éteres Inferiores – o Éter Químico e o de Vida – que têm a ver com a construção e a propagação do Corpo Denso, e um mínimo de Éter Luminoso e Refletor, que têm relação com a percepção sensorial e com as elevadas qualidades espirituais. Após a morte, o Corpo do ser humano comum é colocado no túmulo e o Corpo Vital paira cerca de dois pés[14] acima do túmulo, gradualmente se desintegrando. O Corpo Denso se desintegra simultaneamente. No entanto, quando dizemos que ele se deteriora, realmente queremos dizer que ele se torna mais vivo do que era quando o ser humano o habitava, pois, cada pequena molécula se encarrega agora de uma vida individual separada. Ela começa a se associar com suas vizinhas e a unidade de uma vida individual é substituída por uma comunidade de muitas vidas.

Portanto, falamos de tais cadáveres em decomposição como estando vivos e cheios de vermes. Quanto mais denso e grosseiro este veículo for, mais tempo ele precisará para se decompor, porque o Corpo Vital pairando acima dele tem um domínio magnético tenaz que mantém as moléculas densas controladas. Os dois Éteres Superiores vibram numa frequência muito mais rápida que os Inferiores e, quando um ser humano, com pensamentos espirituais, reuniu em torno dele um grande volume deste Éteres que compõe seu Corpo Vital, as vibrações do Corpo Denso também se tornam mais intensas. Consequentemente, quando um ser humano deixa seu corpo na morte, há pouco ou nada do Corpo Vital deixado para trás para manter os componentes do Corpo Denso sob controle. A desintegração é, portanto, muito rápida. Isto não pode ser facilmente provado porque muito poucas pessoas são suficientemente espiritualizadas para que a diferença seja notada, mas você deve se lembrar de que na Bíblia está escrito que certos personagens foram trasladados. O corpo de Moisés era tão vibrante que brilhava e não foi encontrado, etc. Estes foram casos em que o corpo rapidamente retornou aos elementos e, quando o corpo de Cristo foi colocado no túmulo, sua desintegração foi quase instantânea.

No entanto, enquanto o arquétipo do Corpo Denso persiste, ele se esforça em atrair para si matéria física que ele modela de acordo com a forma do Corpo Vital. Assim é difícil para o Auxiliar Invisível que sai de seu Corpo abster-se de se materializar. No momento em que ele relaxa a sua vontade de manter longe de si todos os impedimentos físicos, matéria da atmosfera que o circunda se adere a ele, como as limalhas do ferro são atraídas para o ímã, e ele se torna visível e tangível quanto desejar. Consequentemente, ele é capaz de realizar um trabalho físico onde for necessário, não importa que esteja milhares de milhas longe de seu corpo. Por outro lado, o que realmente provoca a morte é o colapso do arquétipo do Corpo Denso. Portanto, os Espíritos que fazem a passagem desta vida terrena são incapazes de se materializar, salvo através de um médium quando eles extraem seu Corpo Vital, revestem-se com ele e, então, atraem as substâncias necessárias para fazê-los visíveis para os espectadores.

Durante a vida e no estado de consciência de vigília, os veículos do Ego estão todos juntos e concêntricos, mas, na morte o Ego, revestido pela Mente e pelo Corpo de Desejos, retira-se do Corpo Denso e, como as funções vitais estão no fim, o Corpo Vital é também retirado do Corpo Denso, deixando-o inanimado sobre a cama. Um pequeno átomo no coração é retirado e o resto do corpo se desintegra a seu tempo. Mas, neste momento, há um processo extremamente importante se realizando e os que velam o Espírito, que se vai, devem ser muito cuidadosos para que a máxima quietude reine lá e em toda a casa, pois as imagens da vida que passou e que estão armazenadas no Corpo Vital estão passando diante dos olhos do Espírito numa lenta e ordenada progressão, em ordem inversa, desde a morte até o nascimento. Este panorama da vida dura de algumas horas até três dias e meio. O tempo depende da força do Corpo Vital, o que determina quanto tempo um ser humano pode ficar desperto sob o mais severo estresse. Algumas pessoas podem trabalhar cinquenta, sessenta ou setenta horas antes de caírem exaustos, enquanto outras são capazes de ficar despertas somente algumas poucas horas. A razão pela qual é importante que deva haver silêncio na casa durante os três dias e meio imediatamente seguintes à morte é: durante este tempo, o panorama da vida está sendo gravado no Corpo de Desejos, que será o veículo enquanto o ser humano permanecer no Purgatório e no Primeiro Céu, onde ele irá colher o bem e o mal que semeou, de acordo com suas ações praticadas quando estava em seu Corpo Denso.

Quando a vida está cheia de acontecimentos e o Corpo Vital do ser humano está forte, mais tempo será dedicado à esta gravação do que sob condições em que o Corpo Vital é fraco, mas durante todo este tempo o Corpo Denso está conectado com os veículos superiores pelo Cordão Prateado e qualquer ferimento no Corpo Denso é sentido de certa forma pelo Espírito; assim, embalsamamento, exames pós-morte e cremação são todos sentidos. Portanto, eles devem ser evitados durante os três dias e meio depois da morte, pois quando o panorama foi completamente gravado no Corpo de Desejos, então o Cordão Prateado se rompe, o Corpo Vital gravita de volta ao Corpo Denso e não há mais conexão com o Espírito que está livre para ir para sua vida superior.

Quando o Corpo é enterrado, o Corpo Vital se desintegra vagarosamente junto com o Corpo Denso de forma que, por exemplo, quando um braço se desintegra, o braço etéreo do Corpo Vital que paira sobre o túmulo também desaparece, e assim acontece com todo o Corpo até que o último vestígio desapareça. Mas, quando a cremação é feita, o Corpo Vital se desintegra imediatamente e, também as imagens armazenadas da vida que terminou. Estas imagens são gravadas no Corpo de Desejos e formam a base da vida no Purgatório e no Primeiro Céu; se elas forem destruídas pela cremação efetuada antes que três dias e meio tenham passado, será uma grande calamidade para o Espírito. A menos que uma ajuda seja dada, o Espírito não poderá manter o Corpo Vital íntegro. E isto é parte do trabalho que é feito pelos Auxiliares Invisíveis a favor da Humanidade. Às vezes, eles são ajudados pelos Espíritos da Natureza e outros indicados pelas Hierarquias Criadoras ou líderes da Humanidade. Há também uma perda quando a pessoa é cremada antes que o Cordão Prateado se rompa naturalmente, a impressão sobre o Corpo de Desejos não é tão profunda quanto deveria ser e isto tem um efeito sobre as vidas futuras, pois quanto mais profundas sejam as impressões da vida que passou sobre o Corpo de Desejos, mais agudo será o sofrimento no Purgatório pelo mal cometido e mais forte será o prazer no Primeiro Céu, resultante do bem que foi praticado em vida. É o sofrimento e o prazer de nossas vidas passadas que criam o que chamamos de consciência, de forma que, se deixamos de sofrer, perdemos a noção que nos impedirá, nas vidas futuras, de cometer os mesmos erros repetidamente. Por isso, os efeitos negativos da cremação prematura são incalculáveis.

Um fenômeno similar ao panorama da vida geralmente acontece quando uma pessoa está se afogando. Pessoas que voltaram à vida dizem que viram sua vida toda num relance. Isto é porque, sob tais condições, o Corpo Vital se afasta do Corpo Denso. Naturalmente, não há ruptura do Cordão Prateado, ou a vida não poderia ser restaurada. Nos casos de afogamento, a pessoa se torna inconsciente, enquanto, na revisão pós-morte, a consciência continua até que o Corpo Vital entra em colapso da mesma maneira como acontece quando vamos dormir. Então, a consciência cessa por um momento e o panorama está terminado.

Portanto, o tempo ocupado pelo panorama também varia de pessoa para pessoa; depende de que o Corpo Vital esteja forte e saudável, ou tenha se tornado fino e definhado por doença prolongada. Quando mais tempo for gasto na revisão e mais silencioso e cheio de paz for o ambiente, mais profunda será a gravação que é feita no Corpo de Desejos.

Como já foi dito, isto tem um efeito importante e incalculável, pois então o sofrimento que o Espírito experimentará no Purgatório, devido aos maus hábitos e más ações, será mais profundo do que se ele tivesse só uma impressão superficial, e, numa vida futura, a voz silenciosa da consciência o avisará mais insistentemente contra os erros que causaram sofrimento no passado.

Desde quando o mundo existe, nunca houve tanto sofrimento universal quanto no presente (1914). E, além disso, não devemos esquecer que estamos armazenando para nós mesmos uma grande quantidade de sofrimento futuro, pois, como foi explicado na literatura Rosacruz, é impossível para estas pessoas que são agora tão cruéis e de repente são afastadas de seu corpo, reverem sua vida que passou porque a gravação do panorama da vida não se processa como deveria. Portanto, estes Egos não colherão o fruto de sua presente existência como deveriam fazê-lo no Purgatório e no Primeiro Céu. Eles voltarão em vida futura com esta experiência a menos e será necessário, para que possam recuperar o que perderam, morrer na infância de modo a terem seu novo Corpo de Desejos e Vital impressos com a essência de sua vida presente.

Vimos que, quando o Ego terminou seu dia na escola da vida, a Força centrífuga de Repulsão expulsou seu Corpo Denso na morte e depois seu Corpo Vital, que é o próximo em densidade. Depois, no Purgatório, a matéria de desejo mais densa acumulada pelo Ego como roupagem pelos seus desejos mais inferiores é purgada por esta força centrífuga. Nos planos mais elevados, só a Força de Atração domina e mantém o bem com ação centrípeta que tende a atrair tudo da periferia para o centro.

No Segundo Céu, tanto quanto no Corpo Vital o Espírito de Vida trabalhou, transformou, espiritualizou, e, portanto, salvou da decomposição a que o resto do Corpo Vital está sujeito, será amalgamado com o Espírito de Vida para garantir um Corpo Vital e um temperamento melhor nas vidas seguintes.

Quando o Ego, em sua peregrinação através dos Mundos invisíveis, chega ao ponto em que alcança o Terceiro Céu, depois de descartar o Corpo Denso na morte, o Corpo Vital logo depois, o Corpo de Desejos ao deixar o Purgatório e o Primeiro Céu e, finalmente, antes de deixar o Segundo Céu, ele, também deixa o revestimento da Mente para trás e, então, entra no Terceiro Céu completamente livre de empecilhos. Todos os veículos descartados se desintegram, só o Espírito persiste, banhando-se no grande reservatório de força espiritual a que chamamos de Terceiro Céu, a fim de se fortalecer para o próximo renascimento na Terra.

O Corpo Vital é composto de quatro Éteres. Os dois Éteres Inferiores são avenidas de crescimento e propagação. No Corpo Vital de uma pessoa cuja preocupação principal é a vida física, que vive inteiramente para o prazer sensual, estes dois Éteres predominam, enquanto numa pessoa que é bastante indiferente à satisfação material e procura avançar espiritualmente, os dois Éteres Superiores formam a parte mais volumosa do Corpo Vital. Eles são o que São Paulo chama de soma psuchicon ou Corpo-Alma que permanece com o ser humano durante suas experiências no Purgatório e no Primeiro Céu, onde a essência da vida é extraída. Este extrato é a alma, cujas principais qualidades são consciência e virtude. A consciência é o fruto dos erros das vidas passadas que, no futuro, guiará o Espírito corretamente e o ensinará como evitar passos errados semelhantes. Virtude é a essência de tudo o que foi bom nas vidas anteriores e age como um incentivo para manter o Espírito se esforçando ardentemente no caminho da aspiração. No Terceiro Céu a virtude é amalgamada e se torna parte do Espírito. Consequentemente, no curso de suas vidas, o ser humano se torna mais espiritualizado e as qualidades anímicas, consciência e virtude, tornam-se mais fortemente operantes guiando os princípios de conduta.

Porém, há pessoas de natureza tão inferior que levam uma vida de vícios e práticas degeneradas, uma vida brutal, tendo prazer em produzir sofrimento. Às vezes, elas cultivam as artes ocultas por propósitos de maldade para que possam ter mais poder sobre suas vítimas. Então, sua perversidade e práticas imorais resultam em um endurecimento do Corpo Vital.

Em tais casos extremos, quando a natureza animal foi predominante, onde não houve expressão de alma na última vida terrena, a divisão no Corpo Vital a que nos referimos antes não acontece na morte, pois não há linha divisória. Neste caso, se o Corpo Vital pudesse gravitar de volta ao Corpo Denso e lá gradualmente se desintegrar, o efeito da vida demoníaca não seria tão grande, mas, infelizmente, há, nestes casos, um entrelaçamento do Corpo Vital e do Corpo de Desejos que evita a separação. Vimos que, quando um ser humano vive mais sua natureza superior, seus veículos espirituais são alimentados em detrimento dos inferiores. Inversamente, quando sua consciência está centrada nos veículos inferiores, ele os fortalece imensamente. Deve-se compreender que a vida do Corpo de Desejos não termina pela partida do Espírito; ele tem uma vida residual e consciência. O Corpo Vital é também capaz de sentir, de certo modo, por alguns dias depois da morte nos casos comuns (daí o sofrimento causado pelo embalsamamento, exames pós-morte, etc., imediatamente depois da morte), mas quando uma vida inferior o endureceu e o alimentou com grande força, ele tem um tenaz apelo à vida e uma habilidade de se alimentar de odores e bebidas. Às vezes, como um parasita, ele age como um vampiro em pessoas com as quais entra em contato.

Estes seres, são, portanto, uma das grandes ameaças à sociedade. Eles já mandaram incontáveis vítimas para a prisão, destruíram lares e causaram uma quantidade inimaginável de infelicidade. Sempre abandonam suas vítimas quando elas são apanhadas pelas garras da lei. Regozijam-se com o sofrimento e a desgraça de suas vítimas, sendo isso uma parte de seu esquema diabólico. Há outras classes de seres que de deleitam em fazer-se passar por “anjos” nas sessões espíritas. Eles também encontram vítimas lá e ensinam-lhes práticas imorais. O chamado “Poltergeist”, que se diverte quebrando pratos, levantando mesas, fazendo voar chapéus sobre as cabeças de um público que vibra com estas brincadeiras, está também incluído neste grupo. A força e a densidade do Corpo Vital de tais seres facilitam mais as manifestações físicas do que naqueles que entram no Mundo do Desejo; de fato, o Corpo Vital deste grupo de Espíritos é tão denso que eles são quase físicos e tem sido um mistério para o autor que pessoas que são incorporadas por tais entidades não as possam ver. Fossem elas descobertas, a visão de suas faces demoníacas e zombeteiras apagariam a ilusão de que são anjos.

Toda vez que morre uma pessoa que abrigou malícia e ódio em seu coração, estes sentimentos entrelaçam o Corpo Vital e o de Desejos, e ela se transforma numa ameaça mais séria para a comunidade do que se pode imaginar.

Espíritos apegados à Terra são atraídos para as regiões inferiores do Mundo do Desejo que interpenetram o Éter e estão em constante contato com pessoas encarnadas mais favoráveis a ajudá-los em seus desejos maléficos. Em geral, eles ficam apegados à Terra por 50, 60 ou 75 anos, mas casos extremos foram encontrados em que tais seres permaneceram por séculos. Segundo o que o autor foi capaz de pesquisar até o presente, parece que não há limite para o que possam fazer ou por quanto tempo permanecerão. Porém, eles estão amontoando para si próprios uma terrível carga de pecado da qual não escaparão sem sofrer, pois, o Corpo Vital reflete e grava profundamente no Corpo de Desejos todas as suas más ações. E quando finalmente entrarem na existência purgatorial, encontrarão a retribuição que merecem. Este sofrimento é naturalmente longo, na proporção ao tempo em que eles continuaram suas práticas nefastas depois da morte do Corpo Denso – outra prova de que “Embora os moinhos de Deus moam vagarosamente, eles não deixam nada sem moer”.

A nuvem vermelha do ódio[15] está se desvanecendo, o véu negro do desespero se foi, não há explosões vulcânicas de paixão nem nos vivos nem nos mortos, mas de acordo com os sinais dos tempos, que o autor é capaz de ler na aura das nações, há um propósito definido de levar o processo até o fim. Mesmo nos lares privados de muitos membros, isto parece ser válido. Há uma intensa saudade dos amigos que estão no além, mas não há ódio pelo adversário na Terra. Esta saudade é compartilhada pelos amigos no Mundo invisível e muitos estão penetrando o véu, pois a intensidade da sua saudade está despertando nos “mortos” o poder de se manifestar, atraindo o Éter e o gás que frequentemente é tirado do Corpo Vital de um amigo “sensível”, da mesma forma como os Espíritos que se materializam usam o Corpo Vital de um médium incorporador. Assim, os olhos cegos pelas lágrimas são frequentemente abertos por um coração terno, de modo que pessoas queridas, agora no mundo do espírito, encontram-se outra vez face a face, coração a coração. Este é o método que a Natureza usa para cultivar o sexto sentido que, finalmente, capacita todos saber que o ser humano é um Espírito imortal e a continuidade da vida é uma realidade na natureza.

Em toda morte, as lágrimas derramadas servem para dissolver o véu que esconde o Mundo invisível de nossa contemplação saudosa. O sentimento de profunda saudade e a dor na partida de pessoas que se amam, tanto as que ficam como as que se vão, estão rasgando o véu e, num dia não muito distante, o efeito acumulado de tudo isto revelará o fato de que a morte não existe, e que aqueles que passaram além deste véu estão mais vivos do que nós. A potência destas lágrimas, desta dor e desta saudade não é igual em todos os casos. Os efeitos diferem muito, de acordo com o despertar do Corpo Vital de pessoas por atos de altruísmo e serviço, e de acordo com a máxima de que todo desenvolvimento ao longo das linhas espirituais começa no Corpo Vital. Ele é a base e nenhuma estrutura pode ser construída sem que esta fundação tenha sido colocada.

Capítulo V – A Caminho do Renascimento

Quando um Ego está no caminho para o seu renascimento o Átomo-semente do Corpo Vital reúne novo material. A polaridade deste material determina seu sexo na próxima vida.

O Átomo-semente do Corpo Vital é o próximo a entrar em atividade, mas o seu processo de formação não é tão simples como no caso no caso da Mente e do Corpo de Desejos, pois é preciso lembrar que estes veículos estavam comparativamente não organizados, enquanto o Corpo Vital e o Corpo Denso são mais organizados e muito complexos. O material de quantidade e qualidade determinadas, é atraído de mesma maneira e sob a obediência da mesma lei como no caso dos corpos superiores, mas a construção do novo corpo e sua colocação no ambiente adequado são feitas por quatro grandes Seres de incomensurável sabedoria, que são os Anjos do Destino, os “Senhores do Destino”. Eles impressionam o Éter Refletor do Corpo Vital de tal maneira que nele se refletem os quadros da próxima vida. Ele (o Corpo Vital) é construído pelos habitantes do mundo celestial e os espíritos elementais de tal modo a formar um tipo particular de cérebro. Mas note que, o Ego que retorna, ele próprio, incorpora então a quintessência de seus Corpos Vitais anteriores e, além disso, ainda realiza um pequeno trabalho original. Isso é feito de modo que na próxima vida possa haver lugar para expressão original e individual, não predeterminada por ações passadas.

O Corpo Vital, tendo sido moldado pelos Senhores do Destino, dará forma ao Corpo Denso, órgão por órgão. A matriz ou molde é então colocada no útero da futura mãe. O Átomo-semente do Corpo Denso está na cabeça triangular de um dos espermatozoides no sêmen do pai. Só isso torna a fertilização possível e aqui está a explicação para o fato de tantas vezes as uniões sexuais serem infrutíferas. Os componentes químicos do fluído seminal e dos óvulos são os mesmos todo o tempo e se fossem só esses os requisitos, a explicação do fenômeno da infertilidade, se procurada só no mundo material visível, não seria encontrada. Quando compreendemos que assim como as moléculas d’ água se congelam segundo as linhas de força na água e se manifestam como cristais de gelo em vez de se congelarem numa massa homogênea, torna-se evidente, portanto, como seria o caso se não existissem as linhas de força previamente à coagulação, não poderia assim existir a construção do Corpo Denso enquanto não houvesse um Corpo Vital no qual se construir o material; além do mais precisa haver um Átomo-semente para o Corpo Denso agir como padrão de qualidade e quantidade do material que será moldado naquele Corpo Denso. Também, no atual estágio do desenvolvimento nunca há total harmonia nos materiais do corpo, porque aquele que a tivesse seria um corpo perfeito, porém a desarmonia não pode ser tão grande a ponto de ser destruidora do organismo. Uma vez realizada a impregnação do óvulo, o Corpo de Desejos da mãe trabalha sobre ele de dezoito a vinte-e-um dias, o Ego permanece fora em seu invólucro do Corpo de Desejos e da Mente, embora sempre em estreito contato com a mãe. Após a expiração desse tempo o Ego entra no corpo da mãe. Os veículos em forma de sino dirigem-se para sobre a cabeça do Corpo Vital e o sino fecha-se em baixo. Dessa hora em diante o Ego paira sobre o seu futuro instrumento até o nascimento da criança e a nova vida terrena do Ego, que retorna, começa.

Acha-se escrito no Conceito Rosacruz do Cosmos que o Corpo Vital da mulher é positivo e que o Corpo Vital do ser humano é negativo. Quando os agentes dos Anjos do Destino estão assistindo um Ego que vai renascer, o tipo do sexo já foi determinado, tanto pela lei de alternação como por uma modificação dessa lei por circunstâncias específicas na vida individual do Espírito, e o Ego é então ajudado a captar para si quantidade suficiente de diferentes tipos de Éteres exigidos pelo seu desenvolvimento. Esses materiais são de uma certa polaridade, seja positiva ou negativa. Quando a matriz feita apenas de átomos etéricos positivos é colocada no útero da futura mãe, estes átomos irão infalivelmente atrair para si átomos físicos negativos, e o corpo resultante da criança, torna-se, em consequência, feminino. Se, de outro modo, a matriz que for colocada no útero da mãe for composta de átomos etéricos negativos, irá atrair os átomos densos positivos e o resultado é que os órgãos sexuais masculinos são mais desenvolvidos e, portanto, o sexo é masculino. A vida, como a eletricidade, necessita ambas as expressões positiva e negativa, de outro modo não se pode manifestar.

Quando o Ego no seu caminho para renascer passa pela Região do Pensamento Concreto, o Mundo de Desejo, e a Região Etérica, ele atrai uma certa quantidade de material de cada uma delas. A qualidade desse material é determinada pelo Átomo-semente, pelo princípio de que semelhante atrai semelhante. A quantidade depende da quantidade de matéria requerida pelo arquétipo por nós mesmos construído no Segundo Céu. Da quantidade dos átomos etéricos prismáticos que são apropriados para um certo Espírito, os Anjos do Destino e seus agentes constroem uma forma etérica que é então colocada no útero da mãe e gradualmente revestida com matéria física que depois forma o corpo visível do recém-nascido.

O Cordão Prateado que cresceu do Átomo-semente do Corpo Denso (localizado no coração) desde a concepção, é preso à parte que brotou do vórtice central do Corpo de Desejos, (localizado no fígado), e quando o Cordão Prateado é preso pelo Átomo-semente ao Corpo Vital, (localizado no plexo solar), o Espírito morre para a vida no mundo supersensível e anima o corpo que vai usar em sua futura vida na Terra.

Capítulo VI – As Crianças

O Corpo Vital de uma criança ao nascer não se acha organizado. Daí, até aproximadamente a idade de sete anos, quando o Corpo Vital individual nasce, ela se abastece do Corpo Vital macrocósmico.

No período logo após o nascimento os diferentes veículos se interpenetram entre si, como, em exemplo anterior, a areia penetra na esponja e a água penetra tanto a areia quanto a esponja. Mas, embora eles estejam todos presentes, como na vida adulta, acham-se meramente presentes. Nenhuma de suas faculdades positivas acha-se presente. O Corpo Vital não pode usar as forças que operam pelo polo positivo dos Éteres. A assimilação, que trabalha pelo polo positivo do Éter Químico, é muito delicada durante a infância, e o que dela existe é devido ao Corpo Vital macrocósmico, cujos Éteres atuam como um útero para o Corpo Vital da criança até aos sete anos, amadurecendo gradualmente durante esse período. A faculdade de propagação, que funciona pelo polo positivo do Éter de Vida, também está latente. O aquecimento do corpo, que é efetuado através do polo positivo do Éter Luminoso, e a circulação sanguínea são devidos ao Corpo Vital macrocósmico, os Éteres agindo na criança e desenvolvendo-a lentamente até o ponto em que ela possa controlar, por si mesma, essas funções. As forças, operando pelo polo negativo dos Éteres, são sem dúvida as mais ativas. A excreção de sólidos efetuada pelo polo negativo do Éter Químico (correspondendo à subdivisão sólida da Região Química) é muito desenfreada, como é também a excreção de fluidos, que é executada pelo polo negativo do Éter de Vida (correspondendo à Segunda ou divisão fluida da Região Química). O sentido passivo da percepção, que é devido às forças negativas do Éter de Luz, é também excessivamente proeminente. A criança é muito impressionável e é “toda olhos e ouvidos”.

Embora o Corpo Vital de uma criança esteja ainda comparativamente não organizado pela ocasião do nascimento, o Éter que deverá ser usado para o seu completamente está dentro da aura pronto para ser assimilado; e se alguém a sua volta acontecer de estar fraco ou anêmico, um vampiro inconsciente, ele ou ela retira do armazenamento não assimilado de Éter do recém-nascido muito mais facilmente do que do de um adulto, cujo Corpo Vital está totalmente organizado. Naturalmente a pessoa fraca retira mais facilmente Éter que está negativamente polarizado, como no corpo de um bebê do sexo masculino, do que Éter positivo de uma menina recém-nascida… Massagem do baço e estímulo dos nervos esplênicos, cuidadosa e conservadoramente praticada, irá ajudar a contraparte etérea deste órgão, em suas atividades de especialização da energia solar da qual os processos vitais são tão dependentes quanto os pulmões são de ar.

Normalmente pensamos que quando uma criança nasce, ela nasce e isso é tudo; mas, assim como durante o período de gestação o Corpo Denso acha-se protegido do impacto do mundo externo, por estar situado dentro do útero protetor da mãe até chegar à maturidade suficiente para enfrentar as condições externas, assim também estão o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente num estado de gestação e nascem em ocasiões posteriores, porque eles ainda não têm atrás de si uma evolução tão longa quanto a do Corpo Denso e, portanto, para eles chegarem a um estado suficiente de maturidade, para tornarem-se individualizados, leva mais tempo. O Corpo Vital nasce no sétimo ano, quando o período de excessivo crescimento marca a sua vinda.

Apenas uma pequena porção do Éter adequada para um determinado Ego é, então, usada e o Corpo Vital remanescente da criança, ou melhor o material do qual esse veículo será feito, fica então fora do Corpo Denso. Por esse motivo, o Corpo Vital de uma criança projeta-se para muito além da periferia do Corpo Denso do que o do adulto. Durante o período de crescimento esse armazenamento de átomos de Éter é retirado para vitalizar os crescimentos dentro do corpo até que ao atingir a idade adulta, o Corpo Vital se projeta apenas de uma a uma-e-meia polegada[16] além da periferia do Corpo Denso.

Do primeiro ao sétimo ano o Corpo Vital cresce e, vagarosamente, amadurece dentro do útero do Corpo Vital macrocósmico e devido à superior sabedoria desse veículo do macrocósmico o corpo da criança é mais roliço e bem construído, que posteriormente na vida.

Enquanto o Corpo Vital macrocósmico guiar o crescimento do corpo da criança ela é resguardada dos perigos que mais tarde a ameaçam quando a insensato Corpo Vital individual descontrola desenfreado. Isso acontece no sétimo ano quando tem início o perigoso período de excessivo crescimento que continua pelos próximos sete anos. Durante esse período o Corpo de Desejos macrocósmico realiza a função de útero para o Corpo de Desejos individual.

Tivesse o Corpo Vital preponderância contínua e irrestrita no reino humano, como tem no vegetal, o ser humano cresceria a um tamanho enorme. Houve ocasião, num passado distante, em que o ser humano tinha a constituição semelhante à de um vegetal, e possuía apenas o Corpo Denso e o Corpo Vital. As tradições da mitologia e folclore em todo o mundo, com respeito a existência de gigantes em tempos remotos, são absolutamente verdadeiras, porque então os seres humanos eram tão altos quanto as árvores, e pelos mesmos motivos.

O Corpo Vital da planta constrói folha após folha, levando o tronco a ficar cada vez mais alto. Não fosse pelo Corpo de Desejos macrocósmico, o crescimento continuaria assim indefinidamente, mas o Corpo de Desejos macrocósmico interfere num ponto determinado e restringe a continuação do crescimento. A força não mais necessária para o crescimento fica disponível então para outros propósitos e é usada para construir a flor e a semente. De igual modo o Corpo Vital do ser humano, quando o Corpo Denso fica sob sua preponderância, após os sete anos, faz o Corpo Denso crescer muito rapidamente, mas por volta dos quatorze anos o Corpo de Desejos individual nasce do útero do Corpo de Desejos macrocósmico e fica, então, livre para trabalhar sobre o Corpo Denso. O crescimento excessivo é, então, restringido e a força, anteriormente usada para este propósito, torna-se disponível para a propagação, para que a planta humana floresça e se multiplique. Portanto o nascimento do Corpo de Desejos pessoal marca o período da puberdade. Desse período em diante é sentida a atração pelo sexo oposto, sendo especialmente ativa e desenfreada no terceiro período setenário da vida: dos quatorze aos vinte e um anos, porque a Mente controladora ainda não nasceu. Vale lembrar que a assimilação e o crescimento dependem das forças operando pelo polo positivo do Éter Químico do Corpo Vital. Este é libertado no sétimo ano, junto com o equilíbrio do Corpo Vital. Só o Éter Químico está totalmente maduro por essa época; as outras partes necessitam de mais amadurecimento. No décimo quarto ano o Éter de Vida do Corpo Vital, que tem a ver com a propagação, acha-se completamente amadurecido. Durante o período dos sete aos quatorze anos de idade a excessiva assimilação armazenou uma quantidade de força que vai para aos órgãos sexuais e está pronta, na ocasião em que o Corpo de Desejos é libertado.

Por volta do sétimo ano o Corpo Vital da criança alcançou suficiente perfeição para lhe permitir receber impactos do mundo exterior. Ela perde sua camada protetora de Éter e começa uma vida livre. E agora tem início a época em que o educador pode trabalhar sobre o Corpo Vital e ajudá-lo na formação da memória, da consciência, dos bons hábitos e um temperamento harmonioso.

Autoridade e Discipulado são os lemas dessa época, quando a criança deve aprender o significado das coisas. Na primeira fase ela aprende como as coisas são, mas não deve ser incomodada sobre os seus significados, exceto naquilo que ela capta por livre vontade; mas na segunda fase, dos sete aos quatorze anos, é essencial que a criança aprenda o significado das coisas, mas deverá aprender a apanhá-las sob a autoridade dos pais e professores, memorizando as explicações, em vez de raciocinando por elas mesmas, pois raciocínio pertence a um desenvolvimento posterior, e pois deve fazê-lo de livre vontade, com proveito. É prejudicial nessa fase forçá-la a pensar.

Não se deve imaginar, entretanto, que quando o pequeno corpo de uma criança nasceu está completo o processo do nascimento. O denso Corpo Denso tem a evolução mais longa, e como um sapateiro que trabalhou no seu ofício por muitos anos é mais especializado que um aprendiz e pode fazer melhores sapatos e mais rápido, assim também o Espírito que construiu muitos Corpos físicos os produz com mais rapidez, mas o Corpo Vital é uma aquisição mais tardia do ser humano. Portanto, não estamos tão especializados na construção deste veículo. Consequentemente demora mais construí-lo a partir de materiais não consumidos na confecção do revestimento do arquétipo, e assim o Corpo Vital não nasce antes do sétimo ano.

Quando o Corpo Vital nasce, na idade de sete anos, um período de crescimento tem início e um novo lema, ou uma relação preferencial, é estabelecida entre os pais e a criança. Isso tem que ser expresso em duas palavras Autoridade e Discipulado. Nesse período é ensinada a criança certas lições que a faz ter fé na autoridade de seus educadores, quer em casa ou na escola e como a memória é uma faculdade do Corpo Vital ele pode, agora, memorizar o que aprendeu.

É, portanto, eminentemente suscetível ao aprendizado, particularmente porque ela é sem preconceito às opiniões preconcebidas que são um obstáculo para que muitos de nós aceitemos novos pontos de vista. No final desse segundo período, por cerca dos doze aos quatorze anos, o Corpo Vital está tão bem desenvolvido que a puberdade é alcançada.

As crianças que morrem antes dos sete anos só nascem no que diz respeito ao Corpo Denso e ao Corpo Vital e não são responsáveis ante a Lei de Consequência. Mesmo depois dos doze ou quatorze anos o Corpo de Desejos acha-se em processo de gestação, como será mais bem explicado noutra ocasião. E, como o que ainda não despertou, não pode morrer, apenas os Corpos Denso e Vital entram em decomposição quando uma criança morre. Ela retém seu Corpo de Desejos e a Mente para o próximo nascimento. Portanto, ela não percorre todo o caminho que o Ego normalmente faz num ciclo de vida, mas apenas ascende ao Primeiro Céu para aprender lições necessárias, e depois de esperar de um a vinte anos ela renasce, frequentemente, na mesma família como um filho mais novo.

PARTE III – O CORPO VITAL DOS ANIMAIS E DAS PLANTAS

Capítulo I – Natureza e Funções

Os animais e as plantas também possuem um Corpo Vital. Embora esse veículo falte ao mineral, a desintegração de duras rochas, etc. afeta o Corpo Vital da Terra.

Quando consideramos a planta, o animal e o ser humano, em relação à Região Etérica, notamos que cada um tem um Corpo Vital separado além de serem penetrados pelo Éter planetário que forma a Região Etérica. Há, entretanto, uma diferença entre os Corpos Vitais das plantas e os Corpos Vitais do animal e do ser humano. No Corpo Vital da planta só os Éteres Químico e de Vida estão completamente ativos. Por isso a planta pode crescer pela ação do Éter Químico e propagar suas espécies através da atividade do Éter de Vida do Corpo Vital separado que ela possui. O Éter Luminoso acha-se presente, mas está parcialmente latente ou adormecido e o Éter Refletor está faltando. Então é evidente que as faculdades de percepção sensorial e memória, que são as qualidades desses Éteres, não podem ser expressas pelo reino vegetal.

Dirigindo nossa atenção para o Corpo Vital do animal vemos que nele os Éteres Químico, Vital e Luminoso acham-se dinamicamente ativos. Portanto, o animal tem as faculdades de assimilação e crescimento, proporcionadas pelas atividades do Éter Químico e a faculdade de propagação por meio do Éter de Vida, sendo estas de igual modo que nas plantas. Além disso, em relação à ação do terceiro Éter, o Luminoso, ele tem a faculdade de gerar calor interior e gerar o sentido da percepção. O quarto Éter, entretanto, acha-se inativo no animal, por isso ele não pode pensar, nem possuir memória. O que aparece como tal, mais tarde, será mostrado ser de uma natureza diferente.

O Ego separado está definitivamente segregado dentro do Espírito Universal na Região do Pensamento Abstrato. Isso demonstra que só o ser humano possui a cadeia completa de veículos correlacionando-o a todas as divisões dos três Mundos. Ao animal falta um elo da cadeia: a Mente; à planta faltam dois elos: a Mente e o Corpo de Desejos; e ao mineral faltam três elos na cadeia de veículos necessários para que funcione de modo autoconsciente no Mundo Físico: a Mente, e os Corpos Vital e de Desejos.

Quando um animal está para nascer, o Espírito-Grupo, ajudado pelos espíritos da natureza e os Anjos, moldam o Corpo Vital do animal que vai nascer, que é então depositado no útero da mãe e os Átomos-sementes são depositados no sêmen do macho; então ocorre a gestação e um animal nasce. Sem a presença do Átomo-semente e a matriz do Corpo Vital, o Corpo Denso do animal não pode ser formado. Condições similares governam a fecundação no caso de um ovo, ou de uma semente. Eles são como o óvulo da fêmea: eles são inúmeras oportunidades. Se um ovo é colocado numa incubadora ou sob uma galinha, o Espírito-Grupo envia a vida indispensável, aceitando a oportunidade de Corporificação. Se uma semente é jogada no solo, é também fertilizada, quando as condições adequadas forem conseguidas para o seu desenvolvimento, nunca. Quando um ovo é quebrado ou cozido ou de algum modo desqualificado para a sua designação primordial, ou quando uma semente é armazenada por anos talvez, não há vida, e consequentemente não agimos mal ao usarmos estes produtos como alimento. É até um benefício para as plantas quando os seus frutos maduros são arrancados, porque assim eles deixam de retirar desnecessariamente a seiva da árvore.

O animal ainda não possui Espírito “individual”, mas possui o chamado Espírito-Grupo, que passa informação a todos os membros de uma espécie. Os animais em separado têm três Corpos: um Denso, um Vital e um de Desejos; mas não têm um elo da cadeia: a Mente. Em consequência, os animais normalmente não pensam, mas do mesmo modo que “induzimos” eletricidade num fio colocando-o junto a outro que se acha carregado, assim de forma análoga, quando em contato com o ser humano, algo semelhante ao pensamento está sendo “induzido” nos animais domésticos superiores como o cachorro, o cavalo e o elefante. Os outros animais obedecem ao estímulo (ao que chamamos de instinto) do Espírito-Grupo animal. Eles não vêm os objetos claramente delineados como o ser humano. Nas espécies inferiores, a consciência animal se expressa cada vez mais numa “consciência pictórica” interna, semelhante ao estado de sono do ser humano, exceto que seus quadros não são confusos, mas transmitem perfeitamente para o animal os estímulos do Espírito-Grupo.

O Espírito animal atingiu, na sua descida, apenas o Mundo de Desejo. Ainda não evoluiu ao ponto de poder “entrar” num Corpo Denso. Por esse motivo o animal não tem um Espírito individual, mas um Espírito-Grupo, que o dirige de fora. O animal tem o Corpo Denso, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos, mas o Espírito-Grupo que o dirige está de fora. O Corpo Vital e o Corpo de Desejos de um animal não se acham inteiramente dentro do Corpo Denso, especialmente no que se diz respeito à cabeça. Por exemplo, a cabeça etérea de um cavalo se projeta bem além e acima da cabeça do Corpo Denso.

Quando, como acontece em casos raros, a cabeça etérea de um cavalo entra na cabeça do Corpo Denso, esse cavalo pode aprender a ler, contar e resolver exemplos de aritmética elementar. Essa peculiaridade é também devida ao fato de que cavalos, cães, gatos e outros animais domesticados sentem o Mundo do Desejo, embora nem sempre percebendo a diferença entre este e o Mundo Físico. O cavalo se assustará com a visão de uma figura invisível para o cocheiro; um gato fará movimentos de se esfregar em pernas invisíveis. O gato vê o espírito, entretanto, sem perceber que não existem pernas densas disponíveis para o atrito. O cão, mais esperto que o gato e o cavalo, frequentemente perceberá que há algo que ele não compreende na aparência de um dono morto, cujas mãos ele não pode lamber. Vai latir num lamento e retirar-se para um canto com seu rabo entre as pernas.

Dr. McDougall[17] também pesou em suas balanças animais morrendo. Nesse caso não houve diminuição, embora um dos animais fosse um enorme cão São Bernardo. Isso foi feito para demonstrar que os animais não possuem almas. Pouco tempo depois, entretanto, o Professor La V. Twining, chefe do Departamento de Ciência da Escola Politécnica de Los Angeles, fez experiências com ratos e gatinhos que ele encarcerou em vidros hermeticamente fechados. Suas balanças eram as mais sensíveis conseguidas e foram colocadas dentro de uma caixa de vidro da qual foi removida toda a umidade. Descobriu-se que todos os animais estudados perderam peso ao morrer. Um rato bem grande pesando 12,886 gramas, subitamente perdeu 3,1 miligramas ao morrer.

Um gatinho usado em outra experiência perdeu 100 miligramas ao agonizar, e quando exalou seu último alento perdeu mais 60 miligramas. A seguir foi perdendo peso lentamente, devido â evaporação.

Deste modo os ensinamentos da Ciência Oculta relativos aos Corpos Vitais dos animais foram também comprovados quando se empregaram balanças suficientemente sensíveis. O caso mencionado – o das balanças que não acusaram qualquer diminuição de peso quando morreu o cão São Bernardo – deve-se ao fato de que o Corpo Vital dos animais é proporcionalmente mais leve que o do ser humano.

Os Anjos são particularmente ativos nos Corpos Vitais das plantas, porque o sopro de vida vivificando este reino começou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos, e trabalhavam com as plantas como hoje trabalhamos com os nossos minerais. Há, portanto, uma afinidade específica entre os Anjos e o Espírito-Grupo das plantas. Assim podemos explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também ficou enorme na Segunda Época, ou Hiperbórea, quando os Anjos tiveram então responsabilidade especial. Assim é com a criança em sua segunda setenária época de vida, porque é quando os Anjos têm total influência, e no final dessa época, aos quatorze, a criança alcança a puberdade e está apta a reproduzir sua espécie; também devido ao trabalho dos Anjos.

Eles foram os modelos que extraíram de si mesmos o material denso para formar os Corpos das plantas atuais e, também as formas das plantas do passado, que estão incrustadas nas camadas geológicas de nosso Globo Terrestre.

Essas formas etéreas vegetais foram ajudadas em suas formações quando o calor veio do exterior, após a separação da Terra do Sol e da Lua. Esse calor deu-lhes a força vital para extraírem para elas próprias a substância mais densa. O Corpo Vital é o princípio mais importante da planta é ele que faz a planta crescer o caule e as folhas em sucessão alternada, fazendo a planta crescer mais e mais; mas não há variedade, a planta segue repetindo o tempo todo. Caule, folha e galho: sempre a mesma coisa.

As plantas têm apenas um Corpo Denso e um Corpo Vital; daí não poderem sentir, nem pensar. Elas não têm Corpo de Desejos nem Mente, e assim um maior distanciamento existe entre a planta e seu Espírito-Grupo do que entre o animal e seu Espírito-Grupo; daí a consciência das plantas ser correspondentemente mais fraca, assemelhando-se ao nosso estado de sono sem sonho.

O mineral possui apenas o Corpo Denso. Faltam-lhe três ligações para conectá-lo com seu Espírito-Grupo. Portanto, ele é inerte e sua inconsciência assemelha-se a do Corpo Denso humano no estado de “transe”, quando o Espírito humano, o Ego, passou correspondentemente além dele.

Como conclusão, notemos que os três Mundos no qual vivemos não se acham separados pelo espaço. Estão todos por aí, como a luz e a cor, encravados na matéria física, como as linhas de clivagem no mineral. Se deixarmos congelar um prato de água, e examiná-lo num microscópio, veremos os cristais de gelo divididos uns dos outros por linhas. Elas estavam presentes na água embora sem serem vistas como linhas de força, invisíveis até que condições adequadas fizeram-nas aparecer. Então um Mundo acha-se encerrado no próximo-superior, sem ser visto por nós até provermos as condições apropriadas; mas quando nos tivermos adaptados, a Natureza, que está sempre pronta a nos revelar suas maravilhas, expressa ardente alegria por todos aqueles que, como auxiliares na evolução, dessa forma alcançam a cidadania nos reinos invisíveis.

Como vimos na Conferência no. 3[18], as plantas têm um Corpo Denso e um Corpo Vital, que as capacitam a executar os seus trabalhos; vimos, também, que suas consciências eram tão profundas como sonhos sem sonhos. Assim é fácil para o Ego dominar as células vegetais e subjugá-las por longo tempo; daí o grande poder nutritivo dos vegetais. Para funcionar em qualquer dos Mundos e expressar as qualidades peculiares a cada um, precisamos primeiro possuir um veículo feito do material de cada Mundo. Para funcionarmos no denso Mundo Físico precisamos possuir um Corpo Denso adaptado ao nosso meio ambiente. De outro modo seriamos fantasmas, como comumente são chamados os invisíveis para a maioria dos seres físicos. Portanto, temos primeiro que ter um Corpo Vital para que possamos expressar vida, crescimento ou exteriorizar as demais qualidades da Região Etérea.

Quando examinamos os quatro reinos em relação à Região Etérica, vemos que o mineral não possui um Corpo Vital separado, e logo constatamos a razão dele não poder crescer, propagar-se ou mostrar vida consciente. Como uma hipótese necessária para justificar outros fatos conhecidos, a ciência material sustenta que no sólido mais denso, assim como no gás mais rarefeito e tênue, não há dois átomos que se toquem; que há um invólucro de Éter em cada átomo; e que os átomos no universo flutuam num oceano de Éter[19].

Assim como a sensação nos animais e no ser humano é devida a seus Corpos Vitais serem separados, assim também a sensibilidade da Terra é particularmente ativa em sua sexta camada, que corresponde ao Mundo do Espírito de Vida. Para compreender o prazer que ela sente quando a rocha dura é desintegrada por processos de mineração, e a dor quando jazidas se acumulam, precisamos lembrar que a Terra é o Corpo Denso de um Grande Espírito, e para nos fornecer um ambiente no qual possamos viver e adquirir experiências, ela teve que cristalizar seu Corpo na atual condição sólida.

O Corpo Vital da planta é composto por apenas dois Éteres mais densos: o Éter Químico e o Éter de Vida, que possibilitam à planta crescer e propagar-se, mas faltam-lhe, os dois Éteres Superiores: o Éter Luminoso e o Éter Refletor. Por isso ela não tem sensação ou memória do que se passa à sua volta. Por esse motivo, a amputação de um ramo não será sentida pela planta, e no caso do rochedo que é dinamitado, só o Éter Químico se acha presente, por isso os cristais nada sentem. Ainda estaria errado inferir que não há sentimento em ambos os casos; já que plantas e minerais não possuem veículos individuais de sentido, eles acham-se envoltos e interpenetrados pelos Éteres e o Mundo do Desejo do Planeta, e o Espírito Planetário sente tudo pelo mesmo princípio de que nosso dedo não pode sentir, por não possuir Corpo de Desejos individual, mas nós, os Espíritos internos que habitamos o Corpo sentimos qualquer corte sofrido pelo dedo.

PARTE IV – A RELAÇÃO DO CORPO VITAL COM O DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL

Capítulo I – Um Fator Importante

Para progredir espiritualmente o ser humano precisa desenvolver mais ainda o seu Corpo Vital.

Estamos agora nos preparando para a rápida aproximação da Era de Aquário com seu grande desenvolvimento intelectual e espiritual. Isso requer um despertar do adormecido Corpo Vital, cuja palavra-chave é Repetição.

O Ego tem vários instrumentos: um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente. Estas são as suas ferramentas e da qualidade e condição delas depende o quanto, para mais ou para menos, o Ego poderá realizar seu trabalho de colher experiência em cada vida. Se os instrumentos são pobres e apáticos vai haver pouco crescimento espiritual e a vida será improdutiva, no que diz respeito ao Espírito.

A vida superior (Iniciação) não começa, entretanto, até que o trabalho no Corpo Vital tenha início. O meio usado para dar início a essa atividade é o amor, ou melhor, o altruísmo. A palavra Amor tem sido tão deturpada que não tem mais o significado requerido aqui.

A segunda ajuda que agora a Humanidade possui é a Religião do Filho, a Religião Cristã, cujo objetivo é a união com o Cristo, pela purificação e o controle do Corpo Vital.

Enquanto os veículos invisíveis, especialmente o Corpo Vital, estiverem adormecidos, o ser humano poderá seguir numa carreira materialista; mas uma vez que esses veículos sejam despertados e provem do pão da vida, é como o Corpo Denso: fica sujeito à fome, fome da alma, e seus anseios não serão negados, a não ser após uma luta extremamente dura.

Tem sido dito aqui que a Humanidade, pelo menos a maior parte dela, está trabalhando hoje em dia sobre seus Corpos de Desejos, e tentando refrear seus desejos por meio da lei. Quando o desenvolvimento oculto ocorrer, quando o ser humano se tornar um pioneiro, será no Corpo Vital que se irá trabalhar. O Corpo Vital é particular e peculiarmente desenvolvido pela repetição.

É necessário educar e trabalhar o Corpo Vital de tal modo que ele possa ser usado em voos da alma. Este veículo, como sabemos, é composto de quatro Éteres. É por meio deste corpo que manipulamos o mais denso de todos os nossos veículos, o Corpo Denso, o qual normalmente imaginamos ser o ser humano completo. O Éter Químico e de Vida formam uma matriz para os nossos Corpos físicos. Cada molécula do Corpo Denso acha-se encerrada numa rede de Éter que o permeia e o impregna de vida.

Através desses Éteres as funções corporais, tais como respiração, etc., são executadas e a densidade e consistência dessas matrizes de Éter determinam o estado de saúde. Mas a parte do Corpo Vital formada pelos dois Éteres Superiores, o Éter Luminoso e o Éter Refletor, é a que podemos chamar de Corpo-Alma; quer dizer, ela é a que está mais intimamente ligada ao Corpo de Desejos e a Mente e, também a mais receptiva ao toque do Espírito do que se acha a parte formada pelos dois Éteres Inferiores. O Corpo-Alma é o veículo do intelecto, e responsável por tudo que faz do indivíduo, um ser humano. Nossas observações, nossas aspirações, nosso caráter, etc., são devidos ao trabalho do Espírito nesses dois Éteres Superiores, que se tornam mais ou menos luminosos de acordo com a natureza de nosso caráter e hábitos. Outrossim, do mesmo modo que o Corpo Denso assimila partículas de alimento e assim adquire carne, os dois Éteres Superiores assimilam nosso bem agir durante a vida e assim também crescem em volume.

De acordo com nossos feitos nessa vida atual, aumentamos ou diminuímos desse modo à bagagem que trouxemos ao nascer. Se nascermos com um bom caráter, expresso nesses dois Éteres Superiores, não nos será fácil mudá-lo porque o Corpo Vital tornou-se muito, muito firme durante as miríades de anos em que o desenvolvemos. Por outro lado, se fomos frouxos, negligentes e indulgentes em relação aos hábitos que consideramos maus, se formamos um mau caráter em vidas anteriores, aí vai ser difícil superá-los porque isso estabeleceu a natureza do Corpo Vital, e anos de constante esforço serão precisos para mudar sua estrutura. É por isso que os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental afirmam que todo desenvolvimento místico tem início no Corpo Vital.

Cada vez que prestamos serviço a alguém nós aumentamos o brilho de nosso Corpo-Alma, que é construído de Éter. É o Éter de Cristo que atualmente movimenta o nosso Globo, e é bom lembrar que se desejamos um dia trabalhar pela Sua libertação, precisamos que um número suficiente desenvolva seus Corpos Alma ao ponto em que eles possam fazer a Terra flutuar. Então, poderemos carregar Seu fardo e libertá-Lo da dor da existência física.

Além do fato de que a Escola Oriental de Ocultismo baseia seus ensinamentos no Hinduísmo, enquanto, a Escola de Sabedoria Ocidental promulga o Cristianismo, a Religião do Ocidente, há uma grande, fundamental, irreconciliável discrepância entre os ensinamentos dos modernos representantes do Leste e o dos Rosacruzes. De acordo com a versão do Ocultismo Oriental o Corpo Vital, que é chamado Linga Sharira, é comparativamente pouco importante, por ser ele incapaz de se desenvolver como um veículo de consciência. Serve somente como um canal para a força solar “prama”, e como uma ligação entre o Corpo Denso e o Corpo de Desejos, que é chamado Kama Rupa e, também, de “corpo astral”. Este, eles dizem, é o veículo do Auxiliar Invisível.

A Escola da Sabedoria Ocidental ensina, como sua máxima fundamental, que todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital, e o autor, como seu representante público, tem estado, por esse motivo, muito ocupado desde o início do nosso movimento tentando reunir e disseminar o conhecimento sobre os quatro Éteres e o Corpo Vital. Muita informação foi dada no Conceito Rosacruz do Cosmos e nos livros que o sucederam, mas as lições e cartas mensais transmitem os resultados de nossas atuais pesquisas. Estamos constantemente exibindo este Corpo Vital (vital em um duplo sentido) para as Mentes dos estudantes para que aprendendo e pensando sobre ele, assim como, lendo e observando os agradáveis “pequenos sermões” que usamos para veicular essa informação, eles possam, consciente e inconscientemente, tecer o Dourado Manto Nupcial. Advertiremos a todos que estudem essas lições cuidadosamente ano após ano; pode haver muito refugo, mas há ouro entre elas.

Temos aqui a descrição de como os estigmas ou perfurações foram produzidas no Herói dos Evangelhos, embora as localizações não estejam perfeitamente descritas, e o processo esteja representando em forma de narrativa diferindo amplamente da maneira pela qual esses fatos realmente ocorreram. Mas deparamos aqui com um mistério que deve continuar secreto para o profano, embora os fatos místicos fundamentais estejam claros como o dia para aqueles que têm o conhecimento. O Corpo Denso não é de modo algum o ser humano verdadeiro. Tangível, sólido e pulsante de vida como o vemos, é realmente a parte mais morta do ser humano, cristalizado numa matriz de veículos superiores que são invisíveis à nossa visão física comum. Se colocarmos uma bacia com água numa temperatura de congelamento, a água em pouco tempo vira gelo, e quando examinamos o gelo, descobrimos que é feito de inúmeros pequenos cristais em variadas formas geométricas e linhas de demarcação. Há linhas etéreas de forças que estão presentes na água antes dela congelar.

Assim como a água endureceu e moldou-se entre essas linhas, assim também os nossos Corpos Físicos congelaram e solidificaram em meio às linhas etéricas de força de nosso invisível Corpo Vital, que está assim no curso normal da vida, indissoluvelmente vinculado ao Corpo Denso, acordado ou adormecido, até que a morte traga a dissolução dessa amarra. Mas como a Iniciação acarreta a libertação do ser humano real do Corpo do Pecado e da morte, de modo a que ele possa se elevar às esferas mais sutis e retornar ao Corpo se desejar, é óbvio que antes que isso aconteça, antes que o propósito da Iniciação seja alcançado, o tenaz entrelaçamento entre o Corpo Denso e o veículo etéreo, que é muito forte e rígido na Humanidade comum, tem que ser dissolvido. Como eles estão mais fortemente unidos nas palmas das mãos, nos arcos dos pés e na cabeça, as escolas ocultas concentram seus esforços em romper a conexão nesses três pontos, e produzir os estigmas de modo invisível.

A Maçonaria Esotérica, que é apenas a capa da Ordem Mística formada pelos Filhos de Caim, tem nos tempos modernos atraído o elemento masculino e seus veículos físicos positivamente polarizados, e os educados na indústria e nas funções de Estado, controlando assim o desenvolvimento material do mundo. Os Filhos de Seth, que constituem o clero, têm lançado seus encantos sobre os Corpos Vitais positivos do elemento feminino para dominarem o desenvolvimento espiritual. E, enquanto os Filhos de Caim, trabalhando através da Franco-Maçonaria e movimentos congêneres, têm brigado abertamente pelo poder temporal, o clero tem brigado arduamente, e talvez de modo mais efetivo sub-repticiamente, para reter seu domínio sobre o desenvolvimento espiritual do elemento feminino.

À medida que a Humanidade avança na evolução, o Corpo Vital se torna mais permanentemente polarizado de maneira positiva, dando a ambos os sexos uma maior aspiração de espiritualidade e, embora mudemos do masculino para o feminino, em encarnações alternativas, a polaridade positiva do Corpo Vital está se tornando mais pronunciada, independente do sexo. Isso explica a crescente tendência ao Altruísmo que ainda está vindo à luz pelo sofrimento vinculado à grande guerra que estamos lutando agora (1918), pois todos concordam que as nações estão buscando obter uma paz duradoura, onde as espadas possam ser transformadas em relhas de arado e as lanças em podões.

Sabemos que nosso Corpo Denso gravita na direção do centro da Terra, portanto, uma mudança precisa acontecer; além disso, São Paulo nos diz que carne e sangue não podem herdar o Reino dos Céus. Mas ele, também chama a atenção de que temos um “soma psuchicon” (traduzido incorretamente por corpo natural), um Corpo-Alma, e este é feito de Éter, o qual é mais leve que o ar e por isso capaz de levitar. Isto é o Manto Dourado de Bodas, a Pedra Filosofal, ou a Pedra da Vida, mencionado em algumas filosofias antigas como a Alma de Diamante, por sua luminosidade, brilho e resplendor – uma gema de valor incalculável. Era também chamado de corpo astral pelos alquimistas medievais, por causa da habilidade por ele conferida, ao que o possuía, de poder transpor as regiões estreladas. Mas não se deve confundi-lo com o Corpo de Desejos que alguns pseudo-ocultistas modernos, erroneamente, chamam de corpo astral. Esse veículo, o Corpo-Alma, irá posteriormente ser desenvolvido pelo total da Humanidade, mas durante a mudança da Época Ariana para as condições etéreas da Nossa Galileia, haverá pioneiros que antecederão seus irmãos, assim como os Semitas Originais foram os precursores durante a mudança da Época Atlântica para a Ariana. Cristo mencionou esse grupo no Evangelho segundo São Mateus, Capítulo XI, versículo 12, quando disse: “O Reino dos Céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele.”. Esta não é uma tradução correta.

Deveria ser, “O Reino dos Céus foi invadido” (em grego está biaxetai) e os invasores apoderaram-se dele. Os homens e as mulheres já aprenderam, por meio de uma vida santa e útil, a abandonarem os seus Corpos de carne e sangue, intermitente ou permanentemente, e a caminharem nos céus com pés alados, atentos aos trabalhos do seu Senhor, vestidos pelo manto etéreo de bodas da nova dispensação.

Repetição é a palavra-chave do Corpo Vital e o extrato do Corpo Vital é a Alma Intelectual, que é o alimento do Espírito de Vida, o verdadeiro Princípio Crístico no ser humano. Como o trabalho particular do Mundo Ocidental é desenvolver esse Princípio Crístico, para formar o Cristo interno que poderá brilhar através da escuridão material atual, é absolutamente essencial à reiteração de ideias.

Um impacto muito pequeno é feito sobre o Corpo Vital quando ideias e ideais nele penetram através do invólucro da aura, mas o que ele recebe de estudos, sermões, conferências ou leituras é de natureza mais duradoura, e muitos impactos na mesma direção criam impressões poderosas para o bem ou para o mal, segundo sua natureza.

Não podem ser obtidas informações dos Anjos; eles trabalham com o Corpo Denso, mas não diretamente; eles usam o Corpo Vital como transmissor, e não podem se fazer compreendidos por seres que raciocinam por meio de um cérebro. Eles obtêm conhecimento sem raciocinar, pois, irradiam todo o seu amor em sua obra e a sabedoria cósmica flui de volta. O ser humano também cria por meio do amor, mas seu amor é egoísta; ele ama porque deseja cooperação na reprodução; pois ele usa apenas metade de sua força criadora para a procriação, a outra metade ele guarda egoisticamente para construir seu próprio órgão de raciocínio, o cérebro, e, também usa essa metade de forma egoísta para pensar, porque deseja conhecimento. Por conseguinte, ele tem que trabalhar e raciocinar para obter sabedoria, mas com o tempo ele atingirá um estágio muito mais elevado que os Anjos ou Arcanjos. Terá então superado a necessidade dos órgãos de procriação inferiores; ele criará por meio da laringe, e será capaz de “fazer da palavra, carne”.

A razão é o produto do egoísmo. É criada pela Mente recebida pelos “Poderes das Trevas”, num cérebro construído pelo egoísmo, guardando metade da força sexual, e impelido pelos Lucíferos egoístas, pois ela é “o fruto da serpente”, e embora transmutada em sabedoria por meio da dor e o sofrimento, ela precisa dar lugar a algo mais elevado: a intuição, que significa ensinamento brotado de dentro. Esta é uma faculdade espiritual, também presente em todos os Espíritos, que embora funcionando no momento presente, tanto em homens como em mulheres, se expressa de maneira mais marcante nos encarnados em corpos femininos, pois neles a contraparte do Espírito de Vida, o Corpo Vital, é masculino e positivo. Intuição, a faculdade do Espírito de Vida, pode, portanto, ser chamada apropriadamente de “semente da mulher”, de onde todas as tendências altruísticas brotam, e por meio da qual todas as nações estão sendo lentamente, mas firmemente, trazidas juntas numa Fraternidade Universal do amor, não importando a raça, o sexo ou a cor.

O que é agora o Corpo Denso foi o primeiro veículo adquirido pelo ser humano como uma forma de pensamento; tem passado por um imenso período de evolução e organização até ter se tornando no esplendido instrumento que é agora, servindo-o tão bem aqui; mas é resistente, rígido e difícil de ser trabalhado. O veículo adquirido em seguida foi o Corpo Vital, que, também passou por um longo período de desenvolvimento e foi condensado à consistência de Éter. O terceiro veículo, o Corpo de Desejos, foi comparativamente adquirido mais recentemente e acha-se num estado comparativo de fluxo. Por fim, vem a Mente, que é apenas como uma nuvem sem forma, não merecendo ser chamada de veículo, sendo ainda apenas uma ligação entre os três veículos do ser humano e o Espírito.

Esses três veículos, o Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos, juntos com o vínculo da Mente, são as ferramentas do Espírito em sua evolução, e, contrariamente à ideia comum, a habilidade do Espírito para investigar os reinos superiores não depende dos mais sutis desses corpos tanto quanto do mais denso. A prova dessa afirmação não está muito longe do alcance de qualquer um, e certamente, alguém que já tenha tentado seriamente, já obteve essa prova por si mesmo. Senão ele vai tê-la dentro em breve simplesmente mudando as condições de sua Mente. Digamos que uma pessoa adquiriu certos hábitos de pensamento dos quais ela não goste. Talvez, após uma experiência religiosa, ela descubra que apesar de toda a sua vontade, esses hábitos de pensamento não vão abandoná-la. Mas, se ela decide limpar sua Mente de maneira que ela só tenha puros e bons pensamentos, ela pode fazer isso simplesmente se recusando a admitir pensamentos impuros. Ela vai descobrir que após uma ou duas semanas sua Mente está notadamente mais limpa que no começo de seu esforço; que sua Mente guarda de preferência os pensamentos religiosos que a pessoa vem buscando gerar em sua Mente. Até a Mente mais anormalmente degenerada pode ser totalmente limpa dentro de poucos meses. Isto é conhecimento verdadeiro para os muitos que já o tentaram, e alguém que queira e for suficientemente persistente pode passar pela mesma experiência e apreciar uma Mente limpa em bem pouco tempo.

A parte do Corpo Vital que tenha sido trabalhada pelo Espírito de Vida, converte-se na Alma Intelectual, e esta constrói o Espírito de Vida, porque aquele aspecto do Tríplice Espírito tem sua contraparte no Corpo Vital.

Na vida comum muitas pessoas vivem para comer, elas bebem, gratificam a paixão sexual de modo desenfreado, e se descontrolam à menor provocação. Embora aparentemente essas pessoas possam ser bem “respeitáveis”, elas estão quase todos os dias de suas vidas, causando uma confusão quase que ilimitada em sua estrutura. Todo o período que passam dormindo é gasto pelos Corpos de Desejos e Vital na reparação do dano causado durante o dia, não sobrando, de nenhum modo, tempo para o trabalho exterior. Mas se o indivíduo começa a sentir a necessidade de uma vida superior, controla a força sexual e o temperamento, e cultiva uma disposição serena, assim menos perturbação é causada nos veículos durante as horas que passa acordado; consequentemente menos tempo é requerido durante o sono, para reparar os danos. Assim torna-se possível deixar o Corpo Denso por longos períodos durante as horas de sono, e funcionar nos Mundos internos por meio dos veículos superiores. Como o Corpo de Desejos e a Mente não se acham ainda organizados, eles não são de utilidade como veículos separados da consciência. Nem pode o Corpo Vital deixar o Corpo Denso, pois isso causaria a morte. É evidente que medidas precisam ser tomadas para se proporcionar um veículo organizado, que seja fluído e construído de modo a preencher as necessidades do Ego nos Mundos internos, como assim faz o Corpo Denso no Mundo Físico.

O Corpo Vital é um veículo tão organizado que se de algum modo puder vir a ser separado do Corpo Denso, sem provocar a morte, o problema poderá ser resolvido. Além disso, o Corpo Vital é à base da memória, sem a qual seria impossível trazer de volta à nossa consciência física as lembranças das experiências suprafísicas e delas obterem, assim, total benefício.

Lembremos que os Hierofantes dos antigos Mistérios dos Templos segregaram algumas pessoas em castas e tribos como os Brâmanes e Levitas, com o propósito de fornecer Corpos para o uso desses Egos que já estavam avançados o bastante para a Iniciação. Isso foi feito de tal modo que o Corpo Vital ficou separado em duas partes, como eram os Corpos de Desejos de toda a Humanidade no princípio do Período Terrestre. Quando os Hierofantes tiravam os alunos para fora de seus Corpos, eles deixavam uma parte do Corpo Vital, correspondente ao primeiro e segundo Éteres, para exercer as funções puramente animais (elas são as únicas ativas durante o sono); os alunos levavam consigo um veículo capaz de percepção, por causa de sua conexão com os centros sensoriais do Corpo Denso; e, também, com o poder de memória. Ele possuía essas capacidades porque era composto pelo terceiro e quarto Éteres, que são os meios de percepção sensorial e memória.

Essa é, de fato, a parte do Corpo Vital que o Aspirante retém vida após vida, e imortaliza como a Alma Intelectual.

Desde que Cristo veio e “levou embora o pecado do mundo” (não o individual), purificando o Corpo de Desejos de nosso Planeta, a conexão entre todos os Corpos Densos e Vitais dos humanos tem se afrouxado de tal maneira que, pelo treinamento, eles são capazes de separação como acima descrita. Portanto a Iniciação é possível a todos.

A parte mais sutil do Corpo de Desejos, que constitui a Alma Emocional, é capaz de separação na maioria das pessoas (de fato, elas possuíam esta capacidade antes mesmo da vinda de Cristo). É então, quando, pela concentração e o uso da fórmula apropriada, as partes mais sutis dos veículos terem sido segregadas para uso durante o sono, ou em qualquer outra ocasião, as partes inferiores dos Corpos de Desejos e Vital são, ainda, deixadas para executar o processo de restauração no veículo denso, uma parte meramente animal.

Essa parte do Corpo Vital que se retira é altamente organizada, como vimos. Ela é uma perfeita contraparte do Corpo Denso. O Corpo de Desejos e a Mente, não sendo organizados, são de uso apenas por estarem conectados com o Corpo Denso, altamente organizado. Quando estão separados dele são apenas pobres instrumentos. Portanto, antes que o ser humano possa retirar-se do Corpo Denso, os centros sensoriais do Corpo de Desejos precisam ser acordados.

O Aspirante à vida superior cultiva a faculdade de se absorver, quando desejar, qualquer assunto de sua escolha, ou melhor, não a um assunto normalmente, mas a um simples objeto, que ele imagine. Então, quando as condições apropriadas ou o ponto de absorção tenham sido alcançados com seus sentidos completamente serenos, ele concentra seu pensamento sobre os diferentes centros sensoriais do Corpo de Desejos e eles começam a girar.

Deveríamos ser muito agradecidos pelo instrumento material que temos, pois é o mais útil de todos os nossos veículos. Enquanto, que é perfeitamente verdade que nosso Corpo Denso é o mais inferior de nossos veículos, é também um fato que esse veículo é o mais completo de nossos instrumentos, e sem ele os demais veículos seriam de pouco uso para nós no momento. Pois, enquanto este esplendidamente bem-organizado instrumento nos possibilita enfrentar mil e uma condições na Terra, nossos veículos superiores acham-se praticamente não organizados. O Corpo Vital é formado órgão a órgão como o nosso Corpo Denso, mas até estar treinado pelos Exercícios Esotéricos ele não é um instrumento adequado para funcionar sozinho. O Corpo de Desejos tem apenas certo número de centros sensoriais que não são realmente ativos na grande maioria das pessoas, e quanto a Mente, ela é uma nuvem sem forma para a grande maioria. No momento devemos ter como objetivo espiritualizar o instrumento físico, e deveríamos compreender que temos que treinar nossos veículos superiores antes que possam ser de utilidade. Para o maior número de pessoas isso vai levar muito, muito tempo. Portanto, o melhor é cumprirmos com as obrigações que estão ao nosso alcance. Assim apressamos o dia em que estaremos capacitados a usar os veículos superiores, pois, esse dia depende de nós.

Todos nós nos tornamos muito mais impregnados de materialismo mais do que percebemos, e isso é um obstáculo em nossa conquista. Como Estudantes Rosacruzes da Filosofia Rosacruz, nos acostumamos a considerar a vida individual e intermitente num Corpo Vital como uma conquista possível para poucos, mas o total da Humanidade poderá viver permanentemente por toda uma época no ar! Verdadeiramente, isso me faz prender o fôlego quando percebo que a Bíblia significa exatamente o que diz quando afirma que encontraremos o Senhor no ar e com Ele ficaremos por toda essa Época.

Quando o Cristianismo tiver completamente espiritualizado o Corpo Vital, um degrau ainda mais alto será a Religião do Pai, que como o mais alto Iniciado do Período de Saturno vai ajudar o ser humano a espiritualizar o Corpo Denso que foi iniciado no Período de Saturno. Então até a Fraternidade será ultrapassada; não haverá nem eu nem vós, pois todos serão Unos em Deus conscientemente, e o ser humano terá se emancipado pela ajuda dos Anjos, Arcanjos e Poderes Superiores.

Capítulo II – O Efeito das Orações, dos Rituais e Exercícios

As Orações, os Rituais e Exercícios são importantes na espiritualização do Corpo Vital.

Se, pelas orações frequentes, obtivermos o perdão pelas injúrias que fizemos aos outros e se fizermos toda reparação possível, purificando nossos Corpos Vitais perdoando aqueles que erraram contra nós, e eliminarmos todo mal sentimento, nos livraremos de muitos infortúnios post-mortem, além de prepararmos o lugar para a Irmandade Universal, que depende em particular da vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos. Em forma de memória, o Corpo de Desejos impressiona no Corpo Vital a ideia de vingança. Um temperamento sereno diante dos vários aborrecimentos da vida diária significa vitória, por isso o Aspirante deve procurar controlar o seu temperamento, pois isso inclui trabalho em ambos os corpos. A Oração do Senhor inclui isso também, pois quando vemos que estamos fazendo alguém sofrer, nós observamos e procuramos encontrar a causa. Perda de controle é uma dessas causas com origem no Corpo de Desejos.

Muitas pessoas abandonam a vida física com o mesmo temperamento que trouxeram, mas o Aspirante tem que sistematicamente subjugar todas as tentativas do Corpo de Desejos de assumir o comando. Isso pode ser feito concentrando-se em ideais elevados, que fortalecem o Corpo Vital, sendo muito mais eficaz que as orações comuns da igreja. Os cientistas ocultos usam concentração em vez da oração, porque aquela está acompanhada da ajuda da Mente, que é fria e sem sentimento, enquanto a oração é normalmente ditada pela emoção. Quando ditada por uma devoção pura e altruísta a elevados ideais, a oração é muito superior a uma fria concentração. A oração nunca pode ser fria e sim deve apoiar-se nas asas do Amor para levar os eflúvios do místico para a Divindade.

O Espírito de Vida, na oração do Pai Nosso, roga à sua contraparte, o Filho, pela sua contraparte na natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”.

A oração que trata das necessidades do Corpo Vital é “Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”.

O Corpo Vital é o assento da memória. Nela estão armazenados os registros subconscientes de todos os acontecimentos passados de nossa vida, bons ou maus, incluindo todos os sofrimentos infligidos ou sofridos, e os benefícios recebidos, ou os dados. Lembramos que o registro da vida é feito a partir dessas imagens logo após a saída do Corpo Denso por ocasião da morte, e que todos os sofrimentos da existência post-mortem são os resultados dos acontecimentos registrados nessas imagens.

O Corpo Vital sendo o depósito do panorama de nossas vidas, nossos próprios pecados e os erros que sofremos nas mãos dos outros lá estão gravados, daí que a quinta oração, “Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos quem nos tenha ofendido”, anuncia as necessidades do Corpo Vital. Ressalta-se que essa oração ensina a doutrina da remissão dos pecados nas palavras ‘perdoa-nos’, e a Lei de Consequência nas palavras ‘assim como nós perdoamos’, fazendo da nossa própria atitude para com os outros a medida de nossa emancipação.

Essa (a Oração Rosacruz) é o modelo de oração que eleva, que enobrece o ser humano, e quanto mais o ser humano cultive essa atitude mental, e alimente essas elevadas aspirações, mais ele elevará os dois Éteres Superiores para fora do Corpo Vital. As igrejas dizem “ore, ore, ore”, e elas estão bem em sintonia com o ensinamento oculto, pois desse modo o Corpo Vital está sendo trabalhado pela constante repetição das elevadas aspirações.

É desse modo que age tudo aquilo que tem Corpo Vital; então quando queremos atuar sobre o Corpo Vital devemos fazê-lo pelo método da repetição. Temos os quatro Éteres presentes no Corpo Vital, e os dois Éteres Inferiores cuidam das funções físicas, como nos lembramos em particular da conferência sobre Visão e Introvisão Espiritual. Vimos nela que os dois Éteres Superiores tinham que ser levados conosco quando queríamos funcionar nos Mundos superiores; e é esse repetido impacto que torna a divisão entre os dois Éteres Inferiores e os dois superiores possível. É nesse aspecto que as igrejas são ainda fatores do desenvolvimento espiritual, porque elas dizem para os devotos que eles têm que orar sem cessar. Mas não devemos orar de modo egoísta, temos que orar altruisticamente, e em harmonia com o Bem Universal. Quando rezamos para chover e nosso vizinho reza pela estiagem, tem que prevalecer o caos, se as orações forem atendidas. Nem devemos supor que seja para se negociar com Deus, como parece ser a concepção daqueles que bradam mais alto nas reuniões de oração. Existe certa atitude espiritual a ser alcançada que o místico conhece muito bem quando ele entra em seus aposentos.

A lei é um freio para a natureza de desejos, mas quando o progresso oculto, ou melhor, dizendo, o espiritual é almejado, a espiritualização do Corpo Vital deve ser também realizada. E isso é conseguido por meio da arte da Religião, em impactos repetidos com frequência, pois a nota chave do Corpo Vital é Repetição, como podemos ver, observando as plantas que possuem apenas um Corpo Denso e um Corpo Vital. Seus galhos e folhas seguem uns aos outros em sucessão contínua; as plantas os fazem crescer alternadamente. Foi o Corpo Vital que construiu as vértebras da coluna espinhal dos seres humanos, uma após a outra em constante repetição. E a memória, por exemplo, que é uma das faculdades do Corpo Vital, é fortalecida e desenvolvida pela iteração e reiteração constantes.

Quando os Protestantes saíram da Igreja Católica, eles em verdade deixaram muitos abusos para trás, mas também abandonaram quase tudo de valor. Eles abandonaram o ritual que todos deviam conhecer e compreender, apesar da má enunciação por parte do padre. Conhecendo o ritual, o leigo poderia enviar seus pensamentos na mesma direção do pensamento do padre que estivesse lendo, e assim uma enorme quantidade de pensamentos espirituais idênticos seriam reunidos juntos e projetados sobre a comunidade para bem ou para mal.

Aqueles que vão a uma igreja Católica compreendendo o ritual são, ainda hoje, capazes de unir seus pensamentos em conclave espiritual e guardar na memória o que se passou. Então, eles estão a todo o momento adicionando um pouco mais à espiritualização de seus Corpos Vitais, enquanto os membros da igreja Protestante foram afetados apenas em suas naturezas emocionais cujo efeito é logo perdido. A Bíblia nos diz para orarmos sem cessar, e muitos escarneceram dizendo que se Deus é omnisciente e Ele sabe do que necessitamos sem orarmos, e se Ele não o é, provavelmente não é onipotente, e por esse motivo nossas orações não serão atendidas, sendo então inútil orar. Mas, aquele mandamento foi estabelecido a partir do conhecimento da natureza do Corpo Vital, que necessita daquela repetição para que seja espiritualizado.

Antes de um ritual atingir seu efeito máximo, entretanto, aqueles que desse modo se destinam a crescer, precisam tornar-se afinados com ele. Isso envolve trabalho em seus Corpos Vitais, enquanto esses veículos estão ainda em formação.

É assunto de conhecimento oculto que o nascimento é um feito quádruplo, e que o nascimento do Corpo Denso é apenas um passo no processo. O Corpo Vital também passa por um desenvolvimento análogo ao do crescimento intrauterino do Corpo Denso. Ele nasce em torno do sétimo ano de vida.

Durante os sete anos seguintes o Corpo de Desejos amadurece e nasce em torno do décimo quarto ano, quando se atinge a adolescência, e a Mente nasce aos vinte e um, quando tem início à idade adulta.

Esses fatos ocultos são bem conhecidos pela Hierarquia Católica, e enquanto os ministros Protestantes trabalham sobre a natureza emocional, que está sempre procurando algo novo e sensacional sem perceber a inutilidade da luta e o fato de que é esse seu veículo mais exuberante que leva as pessoas das igrejas em busca de algo novo e mais sensacional, a Hierarquia Católica ocultamente informada concentra seus esforços nas crianças. “Dê-nos as crianças até sete anos e serão nossas para sempre”, eles dizem, e eles estão certos. Durante esses importantes sete anos eles impregnam os plásticos Corpos Vitais, de que estão encarregados nesse propósito, através da repetição. As orações repetidas, a duração e o tom dos vários cantos, e o incenso, tudo tem um poderoso efeito sobre o Corpo Vital em crescimento.

Então, todos os esforços para elevar a Humanidade trabalhando-se sobre o instável Corpo de Desejos são e sempre serão inúteis. Isso foi reconhecido por todas as escolas ocultas em todos os tempos e elas têm, portanto, se dirigido para a mudança do Corpo Vital, trabalhando com sua nota chave que é a repetição. Para esse propósito, elas escreveram vários rituais adequados à Humanidade nos diferentes estágios de seu desenvolvimento e desse modo elas têm favorecido o crescimento anímico, lenta, mas firmemente, sem se importar se o ser humano estava ou não ciente de estar sendo influenciado desse modo. O Antigo Templo de Mistério Atlante, do qual falamos no Tabernáculo no Deserto, tinha certos ritos prescritos no Monte pela divina Hierarquia que foi seu Mestre particular. Alguns rituais eram realizados durante os dias úteis. Outros ritos eram usados no Sábado, e ainda outros nas épocas de Lua Nova e nos grandes festivais solares. Ninguém abaixo do mais alto sacerdote tinha poder de alterar o ritual, sob pena de punição por morte.

Durante o sono as correntes do Corpo de Desejos fluem, e seus vórtices movem-se e giram com enorme rapidez. Mas logo que entra no Corpo Denso suas correntes e vórtices quase que são parados pela matéria densa e pelas correntes nervosas do Corpo Vital que levam e trazem as mensagens do cérebro. É o objetivo do exercício de retrospecção aquietar o Corpo Denso no mesmo grau de inércia e insensibilidade que prevalece durante o sono, embora o Espírito interno esteja perfeitamente desperto, alerta e consciente. Por isso estabelecemos uma condição em que os centros sensoriais do Corpo de Desejos podem começar a girar, enquanto permanece dentro do Corpo Denso.

Esses exercícios (Concentração e Retrospecção) serão improdutivos em resultados se não forem acompanhados por atos de amor, pois o amor será a nota-chave da idade que se aproxima, assim como a lei é a norma atual. A intensa expressão da primeira qualidade aumenta a luminosidade fosforescente e a densidade dos Éteres em nossos Corpos Vitais, as correntes de fogo rompem a ligação com o traje mortal e o ser humano, uma vez nascido da água ao emergir da Atlântida, agora nasce do espírito no Reino de Deus. A força dinâmica de seu amor abriu um caminho para a terra do amor, e indescritível é o júbilo entre os que já se encontram quando chegam novos invasores, pois cada um que chega apressa a vinda do Senhor e o estabelecimento definitivo do Reino dos Céus.

É uma máxima mística que “todo desenvolvimento espiritual começa com o Corpo Vital”. Esse Corpo é o mais próximo ao Corpo Denso em densidade. Sua nota-chave é a Repetição, e é o veículo dos hábitos sendo isso de certo modo difícil mudá-lo ou influenciá-lo, mas uma vez que a mudança tenha sido feita e um hábito adquirido pela repetição, seu desempenho torna-se automático de algum modo. Essa característica tanto é boa quanto má em relação à oração, pois a impressão gravada nos Éteres desse veículo vai impelir o Estudante Rosacruz a ser fiel à sua devoção em ocasiões estabelecidas, mesmo que ele tenha perdido o interesse no exercício e suas orações se tornado meras fórmulas. Se não fosse por essa tendência do Corpo Vital de formar hábitos, os Aspirantes acordariam para o perigo logo que o verdadeiro amor começasse a diminuir e seria, então, mais fácil reparar a perda e permanecer no Caminho. Por esse motivo o Aspirante deveria se examinar cuidadosamente de tempos em tempos para ver se ele ainda tem asas e poder com os quais sem hesitação e com firmeza possa se elevar ao Pai no Céu. As asas são em número de duas. Amor e Aspiração são seus nomes, e o poder irresistível que as impele é intensa ânsia. Sem esses e uma compreensão inteligente para direcionar a invocação, a oração é apenas um murmúrio; se realizada apropriadamente é o método mais poderoso de crescimento da alma.

Os átomos nos Corpos dos menos evoluídos vibram num ritmo extremamente lento, e quando no decorrer do tempo, uma dessas pessoas se desenvolve ao ponto em que seja possível favorecê-la no caminho da realização, é necessário aumentar essa frequência vibratória do átomo de modo que o Corpo Vital, que é o meio do crescimento oculto, possa de algum modo ser liberado das forças enfraquecedoras do átomo físico. Esse resultado é obtido por meio de exercícios respiratórios, que com o tempo aceleram as vibrações do átomo, e possibilita o crescimento espiritual necessário para o indivíduo realizar-se.

Anos atrás, quando o autor se iniciou no Caminho e estava imbuído da impaciência comum aos buscadores ardentes do conhecimento ele leu sobre os exercícios respiratórios publicados por Swami Vivekananda[20] e começou a seguir as instruções, e o resultado foi que depois de dois dias o Corpo Vital foi expulso do Corpo Denso. Isso produziu uma sensação de andar no ar, de ser incapaz de pôr os pés no chão duro; o Corpo todo parecia estar vibrando em enorme frequência. O bom senso veio em seu auxílio. Os exercícios foram interrompidos, mas foram necessárias duas semanas inteiras até a recuperação da condição normal de andar no chão com passo firme, e até o cessar das vibrações anormais.

O Corpo Vital é como um espelho, ou melhor, como a película de um filme; ele retrata as imagens do mundo externo segundo nossa faculdade de observação, e as ideias internas do Espírito que o habita segundo a clareza e o treino da Mente. Devoção e discernimento, ou ainda emoção e intelecto, determinam a nossa atitude para com essas imagens, e sua ação equilibrada leva a um desenvolvimento harmonioso. Quando suficientemente desenvolvidos, eles inevitavelmente trazem à tona o processo de purificação. O ser humano compreenderá que para alcançar o objetivo ele precisa abandonar tudo o que entrava as rodas do progresso. Um bom mecânico almeja ter as melhores ferramentas e mantê-las em perfeita ordem, pois ele sabe o valor delas na execução de um bom trabalho. Nossos corpos são ferramentas do Espírito e dependendo de como estejam desajustadas, impedem sua manifestação. O discernimento nos ensina o que está entravando o progresso e a devoção a uma vida superior ajuda a eliminar os hábitos os traços de caráter indesejáveis, suplantando o mero desejo.

FIM


[1] N.T.: Em torno de 1,3 cm

[2] N.T.: Ou Glândula Pituitária ou Hipófise: pequena glândula situada na cabeça

[3] N.T.: Aproximadamente 4 cm.

[4] N.T.: Aproximadamente 4 cm.

[5] N.T.: Prosper-René Blondlot foi um físico francês

[6] N.T.: Augustin Charpentier foi um físico francês

[7] N.T.: Uma cidade francesa

[8] N.T.: Eusápia Palladino (1854 – 1918) foi uma médium italiana. Foi a primeira médium de efeitos físicos a ser submetida a experiências pelos cientistas da época.

[9] N.T.: O movimento Immanuel ou Emmanuel é uma abordagem baseada na psicológica para a cura religiosa introduzida em 1906, como uma extensão da igreja Emmanuel em Boston, Massachusetts.

[10] N.T.: Mrs. Joy Snell

[11] N.T.: os chamados Exercícios Esotéricos Rosacruzes, bem detalhado no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos

[12] N.T.: Dr. Duncan “Om” MacDougall (c.1866-1920) – médico americano

[13] N.T.: Medida de peso inglesa equivalente a 28,349 g.

[14] N.T.: aproximadamente 60 cm

[15] N.T.: da 1ª Guerra Mundial

[16] N.T.: 2,54 cm a 3,8 cm, aproximadamente

[17] N.T.:  Dr. Duncan “Om” MacDougall (c.1866-1920) – médico americano

[18] N.T. do Livro Cristianismo Rosacruz – Max Heindel

[19] N.T.: Esse conceito de Éter prevaleceu na ciência oficial no início do século XX.

[20] N.T.: foi o principal discípulo do místico do século XIX Sri Ramakrishna Paramahamsa e fundador da Ordem Ramakrishna. É considerado uma figura chave na introdução da Vedanta e da Yoga no Ocidente, sobretudo na Europa e América.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Corpo de Desejos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz

O Corpo de Desejos do ser humano é seu veículo dos sentimentos, das aspirações, vontades e emoções.  Ele é responsável por todas as suas ações, vivenciadas em movimentos livres.

Se descontrolado, faz com que o corpo faça todas as coisas desnecessárias e indignas tão prejudiciais ao crescimento da alma.

Entretanto, esse gênio que é um perigo tão grande quando assume o controle pode ser de eficiente serviço sob direção apropriada.

Portanto, o temperamento do Corpo de Desejos deve ser controlado, mas de nenhum modo exterminado.

Há 4 meios de você acessar esse Livro:

1. Para fazer download ou imprimir (com as figuras que tanto facilitam a compreensão):

O Corpo de Desejos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – PDF

2. Em forma audiobook ou audiolivro:

O Corpo de Desejos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – em audiobook

Em Publicação…

3.Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/@fraternidaderosacruzcampinasbr/videos

aqui:

O Corpo de Desejos – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – em videobook

4. Para estudar no próprio site somente o texto:

O CORPO DE DESEJOS

Por

Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

2ª Edição em Inglês, 2011, The Desire Body, editada por The Rosicrucian Fellowship

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

PREFÁCIO

O ser humano, o Espírito residente interno, tem no atual estágio de desenvolvimento quatro veículos através dos quais ele funciona: o Corpo Denso, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente.  Embora esses Corpos e esse veículo estejam intimamente correlacionados e afetados uns pelos outros, e é de ajuda para o Estudante, para a completa compreensão de suas funções e possibilidades, estudar cada um deles separada e intensamente.  Para facilitar tal estudo, tudo o que foi escrito por Max Heindel sobre o Corpo de Desejos foi juntado e publicado nesse único e conveniente volume.

O Corpo de Desejos do ser humano é seu veículo dos sentimentos, das aspirações, vontades e emoções.  Ele é responsável por todas as suas ações, vivenciadas em movimentos livres.  Se descontrolado, faz com que o corpo faça todas as coisas desnecessárias e indignas tão prejudiciais ao crescimento da alma.  Entretanto, esse gênio que é um perigo tão grande quando assume o controle pode ser de eficiente serviço sob direção apropriada.  Portanto, o temperamento do Corpo de Desejos deve ser controlado, mas de nenhum modo exterminado.

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, por conseguinte, enfatizam a transmutação dos desejos inferiores em sentimentos elevados através do serviço motivado por devoção aos ideais superiores. Isso gera a Alma Emocional, nutriente essencial para o Espírito em evolução.

ÍNDICE

PREFÁCIO… 3

PARTE I – O MUNDO DO DESEJO PLANETÁRIO.. 5

Capítulo I – Sua Relação com o Mineral, o Vegetal, o Animal e o Ser humano.. 5

PARTE II – ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO CORPO DE DESEJOS DO SER HUMANO   13

Capítulo I – Através dos Períodos Setenários. 13

PARTE III – O CORPO DE DESEJOS DO SER HUMANO NO MUNDO FÍSICO.. 21

Capítulo I – Da Infância à Puberdade. 21

Capítulo II – Sua Aparência e Suas Funções. 25

Capítulo III – O Efeito das Emoções no Contorno e na Cor do Corpo de Desejos. 30

Capítulo IV – A Influência do Pensamento.. 38

Capítulo V – Relação com a Consciência. 43

Capítulo VI – Durante o Sono.. 48

PARTE IV – O CORPO DE DESEJOS DO SER HUMANO NOS MUNDOS INVISÍVEIS  52

Capítulo I – Na hora da Morte. 52

Capítulo II – Causas da Mortalidade Infantil 56

Capítulo III – O Purgatório.. 61

Capítulo IV – Espíritos Apegados a Terra e suas Presas. 80

Capítulo V – A Região Limítrofe. 86

Capítulo VI – O Primeiro Céu.. 89

Capítulo VII – O Segundo Céu.. 92

Capítulo VIII – A Caminho do Renascimento.. 95

PARTE V – A ESPIRITUALIZAÇÃO DO CORPO DE DESEJOS DO SER HUMANO.. 97

Capítulo I – Seres Superiores como Fatores. 97

Capítulo II – A Falibilidade do Corpo de Desejos. 105

Capítulo III – Preparação para a Vida Superior. 111

*******************************************************

Capítulo I – Sua Relação com o Mineral, o Vegetal, o Animal e o Ser humano

Nos Ensinamentos Rosacruzes, o universo acha-se dividido em sete Mundos diferentes ou estados de matéria, como se segue:

  1. O Mundo de Deus 
  2. O Mundo dos Espíritos Virginais 
  3. O Mundo do Espírito Divino 
  4. O Mundo do Espírito de Vida 
  5. O Mundo do Pensamento 
  6. O Mundo do Desejo 
  7. O Mundo Físico

Esta divisão não é arbitrária, mas necessária, porque a substância de cada um desses Mundos está sujeita a leis que são praticamente ineficazes nos outros Mundos.  Por exemplo: no Mundo Físico, a matéria acha-se sujeita à gravidade, à contração e à dilatação.  No Mundo do Desejo não existe nem calor nem frio, e as formas levitam com a mesma facilidade com que gravitam.  A distância e o tempo são também fatores preponderantes que existem no Mundo Físico, mas quase totalmente inexistentes no Mundo do Desejo.

A matéria desses Mundos também varia em densidade, sendo o Mundo Físico o mais denso dos sete.

Cada Mundo acha-se subdividido em sete Regiões ou subdivisões da matéria.

A matéria de desejo, no Mundo do Desejo persiste através das sete subdivisões ou Regiões como material para a “incorporação” dos desejos.

Assim como a Região Química é o reino da forma e a Região Etérica é o lar das forças condutoras das atividades vitais nessas formas, permitindo-lhes viver, mover-se e propagar-se, assim também as forças no Mundo do Desejo, trabalhando no Corpo Denso despertado o impelem a se mover nessa ou naquela direção.

Se apenas existissem as atividades das Regiões Química e Etérica do Mundo Físico, haveria formas vivas, capazes de se moverem, mas sem incentivo para agirem dessa forma. Esse incentivo é proporcionado pelas forças cósmicas ativas no Mundo do Desejo e, sem essa atividade agindo através de todas as fibras do Corpo vitalizado, impelindo-o a ação nessa ou naquela direção, não haveria experiência nem crescimento moral.  A função dos diferentes Éteres cuidaria do crescimento da forma, pois é somente em resposta às necessidades do crescimento espiritual que as formas evoluem para estados superiores.  Vemos assim a grande importância desse reino da Natureza.

Desejos, aspirações, paixões e sentimentos expressam-se na matéria das diferentes Regiões do Mundo do Desejo, assim como as formas expressam-se na Região Química do Mundo Físico. Tomam formas que duram por mais ou menos tempo, de acordo com a intensidade do desejo, aspiração ou sentimento que encerram. No Mundo do Desejo a diferença entre as forças e a matéria não é tão definida e visível como no Mundo FísicoPoder-se-ia dizer até que aqui as ideias, força e matéria são idênticas e recíprocas.  Não é bem assim, mas podemos dizer que até certo ponto o Mundo do Desejo se compõe de força-matéria.

Quando se fala da matéria do Mundo do Desejo, é verdade que ela é um grau menos denso que a matéria do Mundo Físico, mas formaremos uma ideia totalmente errada se imaginarmos.

Embora a montanha e a margarida, o ser humano, o cavalo e um pedaço de ferro sejam compostos de uma derradeira substância atômica, não queremos dizer que a margarida seja uma forma de ferro mais fina e sutil.  Semelhantemente, é impossível explicar por palavras a mudança ou a diferença que se opera na matéria física quando ela se converte em matéria de desejos.  Se não houvesse diferença ela seria suscetível às leis do Mundo Físico, o que não acontece.

A lei que rege a matéria da Região Química é a inércia – a tendência a permanecer no “status quo”.  É necessária certa soma de energia para vencer essa inércia, para fazer que se mova um corpo em repouso ou para deter um corpo em movimento, o que não acontece com a matéria do Mundo do Desejo.  Essa matéria por si mesma é quase vivente.  Está em movimento fluídico incessante, assumindo todas as formas imagináveis e inimagináveis, com inconcebível facilidade e rapidez, assumindo ao mesmo tempo cores coruscantes e cintilantes de milhares de tons sempre cambiantes, sendo incomparável com qualquer coisa que conhecemos no estado físico de consciência.  Algo ligeiramente semelhante à ação e ao aspecto dessa matéria poderia ser visto no jogo de cores de uma concha de nácar quando exposta ao sol e posta em movimento.

Assim é o Mundo do Desejo: um Mundo de luz e cor sempre cambiantes no qual as forças do animal e do ser humano se misturam com as forças de inumeráveis Hierarquias de seres espirituais que não aparecem no Mundo Físico, mas que são tão ativas no Mundo do Desejo como nós o somos aqui.

As forças emitidas por essa vasta e variada hoste de Seres modelam a matéria cambiante do Mundo do Desejo em formas inumeráveis e diferentes, de maior ou menor durabilidade, de acordo com a energia cinética do impulso que lhes deu origem.

Os três Mundos do nosso Planeta (Mundo do Pensamento, Mundo do Desejo e Mundo Físico) são atualmente o campo de evolução para diferentes reinos de vida, em diferentes estados de desenvolvimento.  Apenas quatro desses, por ora, nos dizem respeito: o reino mineral, vegetal, animal e humano.

Esses quatro reinos acham-se relacionados com os três Mundos de maneiras diversas, de acordo com o progresso que esses grupos de vida evolucionante tenham feito na escola da experiência.

Para mostrar sentimentos e emoções é necessário possuir um veículo composto por matérias do Mundo do Desejo.

É necessário ter um Corpo Vital separado, um Corpo de Desejos, etc., para expressar as qualidades de um reino em particular, porque os átomos do Mundo do Desejo, do Mundo do Pensamento e mesmo dos Mundos Superiores, tanto interpenetram o mineral como o Corpo Denso.  Se a interpenetração do Éter planetário, que é o Éter que envolve os átomos do mineral, fosse suficiente para fazê-lo sentir e propagar-se, ser interpenetrado pelo Mundo do Pensamento planetário também seria suficiente para fazê-lo pensar.  Isso não pode ser feito por faltar um veículo separado.  O mineral é penetrado apenas pelo Éter planetário e é por esse motivo incapaz de crescimento individual.  Só o mais inferior dos quatro estados do Éter – o Químico – acha-se ativo no mineral.  As forças químicas existentes nos minerais devem-se a esse fato.

Tendo notado as relações existentes entre os quatro reinos e a Região Etérica do Mundo Físico, iremos depois voltar nossa atenção para as suas relações com o Mundo do Desejo.

Aqui descobrimos que tanto os minerais quanto os vegetais não possuem o Corpo de Desejos separado. Eles estão permeados apenas pelo Corpo de Desejos planetário, o Mundo do Desejo.  Sem possuir o veículo separado, são incapazes de ter sentimentos, desejos e emoções, que são faculdades que pertencem ao Mundo do Desejo. Quando se quebra uma pedra, ela não sente; mas seria errado deduzir que não existe sentimento relacionado a essa ação.  Essa é a visão materialista feita por uma multidão de pessoas sem compreensão.  O cientista ocultista sabe que não existe ato, grande ou pequeno, que não seja sentido por todo o universo, e mesmo que uma pedra, por não possuir Corpo de Desejos separado não possa sentir, o Espírito da Terra sente porque é o Corpo de Desejos da Terra que permeia a pedra.  Quando um ser humano corta seu dedo, o dedo, que não possui Corpo de Desejos separado, não sente dor, mas o ser humano sente, porque é o seu Corpo de Desejos que permeia o dedo.  Se uma planta é arrancada pelas raízes, isso é sentido pelo Espírito da Terra como um ser humano sentiria se fosse arrancado um fio de cabelo de sua cabeça.  Esta Terra é um corpo vivo que sente, e todas as formas que estão sem Corpos de Desejos separados, através dos quais os Espíritos que as animam pudessem experimentar sentimentos, acham-se incluídas no Corpo de Desejos da Terra e esse Corpo de Desejos tem sentimentos.  A quebra de uma pedra e o corte das flores produzem prazer à Terra, enquanto o arrancar de plantas pelas raízes causa-lhe dor. 

Na planta não há um Corpo de Desejos separado, por isso ela não tem desejo.  Ela direciona seu órgão de reprodução, a flor, casta e impudentemente em direção ao Sol, uma coisa bonita e deleitosa.

No ser humano, o Corpo de Desejos individual tem necessariamente que provocar paixão e desejo a não ser quando subjugado por meios ocultos. Por isso o ser humano é a inversão da planta casta, tanto figurativa como literalmente, pois ele possui desejo e volta seu órgão reprodutor para a Terra e disso sente vergonha. A planta se alimenta através da raiz; no ser humano o alimento entra pela cabeça.  O ser humano inala o oxigênio dador da vida e exala o dióxido de carbono portador da morte.  Esse é absorvido pela planta que extrai o veneno e devolve o princípio vitalizante para o ser humano.

O Mundo Planetário pulsa através do Corpo Vital e do Corpo Denso do animal e do ser humano, da mesma forma em que penetra o mineral e a planta, mas, além disso, o animal e o ser humano têm Corpos de Desejos separados, que os capacita a ter desejo, emoção e paixão.  Existe, entretanto, uma diferença.  O Corpo de Desejos do animal é formado inteiramente de material das Regiões mais densas do Mundo do Desejo, enquanto no caso das raças humanas, mesmo nas mais inferiores, um pouco da matéria das Regiões mais elevadas entra na composição do Corpo de Desejos.  Os sentimentos dos animais e das raças humanas mais inferiores estão quase que totalmente relacionados com a gratificação dos desejos inferiores e paixões que encontram sua expressão nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo.

O Corpo de Desejos tem sua raiz no fígado, assim como o Corpo Vital o tem no baço.

Em todas as criaturas de sangue quente – que são as mais evoluídas e possuem sentimentos, paixões e emoções, que alcançam o Mundo exterior pelo desejo e das quais podem-se dizer que vivem no mais completo significado do termo e não apenas vegetam – as correntes do Corpo de Desejos fluem externamente do fígado.  A matéria de desejo está continuamente se liberando em valores e correntes que viajam em linhas curvas para todos os pontos da periferia do ovoide e depois retorna para o fígado através de vários vórtices, tanto quanto a água fervente está continuamente se liberando da fonte de calor e a ela retornando após completar seu ciclo.

As plantas não possuem esse princípio propulsor e energizante, daí não poderem mostrar vida e movimento como podem os organismos superiormente desenvolvidos.

Onde existe vitalidade e movimento, e inexiste sangue vermelho, não existe Corpo de Desejos separado.  A criatura acha-se simplesmente no estágio entre o vegetal e o animal e, portanto, se move completamente na energia do Espírito- Grupo.

Nos animais de sangue frio que possuem um fígado e sangue vermelho, há um Corpo de Desejos separado e o Espírito-Grupo direciona as correntes para dentro, porque no seu caso o espírito separado (do peixe ou réptil individual, por exemplo) acha-se completamente no lado externo do Corpo Denso.

Quando o organismo tiver evoluído ao ponto em que o espírito separado possa começar a penetrar em seus veículos, então ele (o Espírito individual) começará a dirigir as correntes externamente, e veremos o início da existência apaixonada e do sangue quente. É o sangue quente no fígado do organismo suficientemente evoluído para possuir um Espírito interno que energiza a saída das correntes de matéria de desejo que faz com que o animal ou o ser humano demonstre desejo e paixão.  No caso do animal, o espírito ainda não está completamente interiorizado.  Os mamíferos atuais, que tenham em seu estágio animal alcançado a posse do sangue quente vermelho, acham-se capacitados a experimentar desejo e emoção até certo ponto.

O espírito animal em sua descida alcançou apenas o Mundo do Desejo.  Ainda não evoluiu ao ponto de poder “entrar” num Corpo Denso. Portanto, o animal não possui Espírito interno, mas sim o Espírito-Grupo que o dirige de fora. O animal possui o Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos, mas o Espírito-Grupo que o dirige está do lado de fora.  O Corpo Vital e o Corpo de Desejos de um animal não se encontram inteiramente dentro do Corpo Denso, especialmente no que diz respeito à cabeça.

Todas as formas são impelidas à ação pelo desejo: a ave e o animal quadrúpede vagam por terra e ar no seu desejo de obter alimento e abrigo, ou com o propósito de procriar; o ser humano é também movido por esses desejos, mas tem ainda outros e mais elevados incentivos que o estimulam a se esforçar.  Entre eles, acha-se o desejo de locomover-se rapidamente, o que o levou a construir a máquina a vapor e outros mecanismos que se movem em obediência a seus desejos.

Se não houvesse ferro nas montanhas, o ser humano não poderia construir máquinas. Se não houvesse barro no solo, a estrutura óssea do esqueleto seria impossível, e se não existisse nenhum Mundo Físico, com seus sólidos, líquidos e gases, o nosso Corpo Denso jamais poderia ter existido. Raciocinando de modo similar, torna-se de pronto aparente que, se não existisse Mundo do Desejo composto de matéria de desejo, não teríamos meios de formar sentimentos, emoções e desejos.  Um Planeta composto das matérias perceptíveis a nossos olhos físicos, e de nenhuma outra substância, poderia ser o lar de plantas que crescessem inconscientemente, mas sem o desejo para fazê-las crescer.  O reino humano e mineral, entretanto, seriam impossibilidades.

Tanto o animal quanto o ser humano têm um Corpo de Desejos e acham-se dominados pelos sentimentos gêmeos e as forças gêmeas.  Uma tigresa na floresta passará com indiferença por um pedaço de pão, mas sentirá interesse pelo seu dono. Seu interesse vai fazer surgir a Força de Atração, no entanto, ela vai tentar matá-lo.  O ato destrutivo não é o fim, nem o objetivo, entretanto, apenas um passo necessário em direção à assimilação.  Se ela percebe outro animal predador com interesse no que ela considera sua presa, isso também vai despertar seu interesse.  Mas, nesse caso, o sentimento de interesse vai detonar a força de repulsão, e, se acontecer uma luta, a destruição do seu adversário será o seu objetivo.  No caso acima e nos casos nos quais o desejo animal do ser humano sigam fatores, as forças gêmeas e os sentimentos gêmeos operam de modo semelhante, mas existe a diferença na composição no Corpo de Desejos do ser humano e do animal.

O Corpo de Desejos de um animal é composto exclusivamente de matéria das quatro Regiões inferiores do Mundo do Desejo.  Daí ele ser incapaz de sentir algo mais que desejo animal por comida, abrigo ou algo parecido.  Um santo sentiria o mais penetrante remorso se tivesse inadvertidamente falado uma palavra impensada: a tigresa permanece imperturbável a qualquer sentimento de mal agir, daí ela matar diariamente.  A razão é que o Corpo de Desejos do ser humano é composto de matéria de todas as sete Regiões do Mundo do Desejo, daí ele ser capaz de ter sentimentos mais elevados que o animal.

PARTE II – ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO CORPO DE DESEJOS DO SER HUMANO

Capítulo I – Através dos Períodos Setenários

O esquema evolutivo é realizado através dos cinco Mundos em sete grandes Períodos de Manifestação durante os quais o Espírito Virginal ou vida evolucionante se converte primeiramente em ser humano e depois em Deus.

Na terminologia Rosacruz os nomes dos sete Períodos são os seguintes:

  1. Período de Saturno
  2. Período Solar
  3. Período Lunar
  4. Período Terrestre
  5. Período de Júpiter
  6. Período de Vênus
  7. Período de Vulcano

Os três primeiros Períodos mencionados (Saturno, Solar e Lunar) pertencem ao passado.  Estamos atualmente no quarto Período, o Terrestre.  Quando este Período Terrestre de nosso Globo se completar, nós e a Terra passaremos através das condições de Júpiter, Vênus e Vulcano antes do Grande Dia Setenário de Manifestação chegar ao fim, quando tudo o que agora existe imergirá, uma vez mais, no Absoluto para um período de descanso e assimilação dos frutos de nossa evolução, para reemergir para um mais elevado desenvolvimento de outro Grande Dia.

Os três Períodos e meio já passados foram empregados na aquisição de nossos veículos e da consciência atual. Os três Períodos e meio restantes serão dedicados ao aperfeiçoamento desses veículos e à expansão da consciência até o ponto equivalente à onisciência.

Vimos que o ser humano é um organismo muito complexo, consistindo em:

  1. Corpo Denso, que é a sua ferramenta em ação;
  2. Corpo Vital, um veículo de “vitalidade” que torna a ação possível;
  3. Corpo de Desejos, de onde vem o Desejo e que impele à ação;
  4. Mente, um freio aos impulsos, proporcionando sentido à ação;
  5. Ego, que atua e ganha experiência da ação.

O Espírito Humano e o Corpo de Desejos começaram sua evolução no Período Lunar e são, portanto, os pupilos especiais do Espírito Santo.

Aprendemos, ao estudar o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos, que nosso Corpo de Desejos foi gerado no Período Lunar.  Se desejamos obter um quadro mental da maneira como as coisas eram então, observemos a ilustração de um feto, como mostrada em qualquer livro de anatomia.  Há três partes principais: a placenta, preenchida de sangue materno; o cordão umbilical, que conduz essa fonte vital; e o feto, que é desse modo nutrido, desde o estado embrionário até à maturidade.  Imagine agora, naquela época distante, o firmamento como uma imensa placenta da qual pendiam milhões de cordões umbilicais, cada um com seu apêndice fetal.  Através de toda a família humana, então em formação, circulava uma única essência universal do desejo e da emoção, gerando em todos os impulsos de ação que ora estão manifestados em cada fase do trabalho do mundo.  Esses cordões umbilicais e apêndices fetais foram moldados da matéria úmida de desejo pelas emoções dos Anjos Lunares, enquanto as correntes ígneas de desejo que estavam se esforçando em impulsionar a vida latente na Humanidade, então em formação, eram ígneos guerreiros Espíritos Lucíferes.  A cor daquela primeira e lenta vibração que eles puseram em movimento naquela matéria de desejo emocional era vermelha.

No Período Lunar foi necessário reconstruir-se o Corpo Denso para torná-lo capaz de ser interpenetrado pelo Corpo de Desejos e, também, de desenvolver o sistema nervoso, os músculos, as cartilagens e o esqueleto rudimentar.  Essa reconstrução foi o trabalho da Revolução de Saturno do Período Lunar.

Na segunda ou Revolução Solar, o Corpo Vital foi também modificado para torná-lo capaz de ser interpenetrado por um Corpo de Desejos e, também, foi adaptado ao sistema nervoso, aos músculos, esqueleto etc. Os Senhores da Sabedoria também ajudaram os Senhores da Individualidade em seu trabalho.

Dessa substância úmida (no Período Lunar) foi construído o corpo mais denso desses “Seres humanos-aquosos”.  O pensamento-forma para o Corpo Denso foi consolidado em um gás úmido e o pensamento-forma de nosso Corpo Vital atual desceu ao Mundo do Desejo.  Foi formado de matéria de desejo.  A esse corpo duplo foi adicionado, no Período Lunar, o pensamento-forma para o nosso atual Corpo de Desejos e os Serafins despertaram o terceiro aspecto do Espírito Virginal: o Espírito Humano.  O Espírito Virginal tornou-se um “Ego”; daí que, no final do Período Lunar, o ser humano em formação possuía um tríplice Espírito e um Tríplice Corpo.

Vemos assim que, no final do Período Lunar, o ser humano possuía um Tríplice Corpo em vários estados de desenvolvimento e ainda possuía o germe do Tríplice Espírito.  Ele tinha Corpos: Denso, Vital e de Desejos, e Espíritos: Divino, de Vida e Humano.  Só lhe faltava o elo para uni-los.

No final do Período Lunar, essas classes possuíam os veículos como estão classificados no Diagrama 10 (do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos, veja abaixo) e, com eles, principiaram no começo do Período Terrestre.  Durante o tempo decorrido desde então, o reino humano vem desenvolvendo o material do elo mental e tem assim alcançado total despertar de consciência.  Os animais obtiveram um Corpo de Desejos e as plantas, o Corpo Vital.  Os extraviados da onda de vida que entraram na evolução no Período Lunar, escaparam das duras e rápidas condições da formação das rochas e, agora, seus Corpos Densos compõem nossos solos mais macios, enquanto a onda de vida que entrou na evolução no atual Período Terrestre forma as duras rochas e pedras.

Todos da Classe 2 cujos Corpos de Desejos estavam em condições de serem divididos em duas partes (como foi o caso de todos os da Classe 1), e que podiam atuar em veículos humanos, avançaram para o grupo humano.

Diagrama 10 – Classes no início do Período Terrestre

Devemos reparar, cuidadosamente, que nos parágrafos anteriores faz-se referência às formas, não à Vida que habita a Forma.  O instrumento está ajustado para servir à vida que nele habita.  Os da Classe 2, em cujos veículos podia ser feita a divisão acima mencionada, elevaram-se ao reino humano, mas receberam o Espírito interno num momento posterior aos da classe 1.  Por consequência, eles não estão agora tão evoluídos quanto os da Classe 1 e formam as raças humanas inferiores.

Aqueles cujos Corpos de Desejos eram incapazes de divisão foram colocados nas mesmas condições das Classes 3a e 3b.  Eles são os antropoides atuais.  Eles poderão, porém, seguir a nossa evolução se atingir um grau de adiantamento suficiente antes do ponto crítico já mencionado, que virá no meio da Quinta Revolução. Se não nos alcançarem até essa época, eles terão perdido contato com nossa evolução.

Foi dito que o ser humano construiu seu Tríplice Corpo com a ajuda de seres superiores a ele, mas no Período anterior não havia poder coordenador; o Tríplice Espírito, o Ego, estava separado e afastado de seus veículos.  Agora chegou o momento para a união do Espírito com o corpo.

Quando o Corpo de Desejos se separou, a parte superior passou de algum modo a dominar a parte inferior e os Corpos Denso e Vital.  Isso formou uma espécie de alma-animal com a qual o Espírito podia se unir por meio do elo da Mente.  Onde não houve divisão do Corpo de Desejos, o veículo ficava à mercê de desejos e paixões sem nenhum controle, e, portanto, não podia ser usado como um veículo interno capaz de ser a morada do Espírito.  Por isso, ele foi posto sob a direção de um Espírito-Grupo que o governava de fora.  Tornou-se um corpo animal, e essa espécie degenerou-se no corpo de um antropoide.

Quando ocorreu a divisão do Corpo de Desejos, o Corpo Denso assumiu gradualmente a posição vertical, tirando assim a espinha dorsal da influência das correntes horizontais do Mundo do Desejo no qual o Espírito-Grupo age sobre o animal através da espinha dorsal horizontal.  Então, o Ego podia entrar e trabalhar, e expressar-se através da espinha dorsal vertical e construir a laringe vertical e o cérebro para sua manifestação adequada no Corpo Denso.  A laringe horizontal também se acha sob o domínio do Espírito-Grupo.  Embora seja verdade que alguns animais como o estorninho, o corvo, o papagaio, etc. anteriormente mencionados, sejam, por causa da posição vertical de suas laringes, capazes de emitir palavras, eles não podem usá-las com discernimento.  O uso das palavras para expressar pensamentos é o mais elevado privilégio humano e pode ser exercido apenas por um ser capaz de raciocinar e pensar como o ser humano.

Na Época Polar, o ser humano adquiriu o Corpo Denso como um instrumento de ação.  Na Época Hiperbórea foi adicionado o Corpo Vital para dar poder de movimento necessário à ação.  Na Época Lemúrica, o Corpo de Desejos forneceu incentivo à ação.

Na terceira época, a Lemúrica, o ser humano cultivou um Corpo de Desejos, um veículo de paixões e emoções, e possuía a mesma constituição de um animal.  Então o leite, um produto dos animais vivos, foi acrescentado à sua dieta alimentar por ser essa substância mais facilmente influenciada pelas emoções.  Abel, o ser humano dessa época, é descrito como sendo um pastor.  Em nenhum lugar está escrito que ele tenha matado um animal para se alimentar.

A terceira Época, a Lemúrica, apresenta condições análogas às do Período Lunar, porém mais densas.  O coração ígneo da Terra estava no centro, à água fervente em ebulição em seguida, e a atmosfera em vapor ou “névoa-de-fogo” por fora; por conseguinte, “Deus havia separado a terra das águas”, como está no Gênese, a densa umidade do vapor, e ali vivia o ser humano em ilhas da crosta sólida em formação espalhadas no mar de fogo ou água fervente.  Sua forma era, então, bastante firme e sólida, possuía tronco, membros e a cabeça estava começando a se formar.  Foi-lhe adicionado o Corpo de Desejos e o ser humano foi posto sob o domínio dos Arcanjos.

No passado distante, quando o ser humano estava em contato com os Mundos “internos”, o corpo pituitário e a glândula pineal eram os seus meios de ingresso nesses Mundos e irão novamente servir a esses propósitos num estágio posterior.  Estavam conectados com o sistema nervoso involuntário ou simpático.  O ser humano estão viu os Mundos internos, como no Período Lunar, na parte mais recente da Época Lemúrica e nos primórdios da Época Atlante.  As imagens as apresentavam-se bastante independentes de sua vontade.  Os centros de sentidos de seu Corpo de Desejos estavam girando no sentido contrário aos ponteiros dos relógios (seguindo negativamente os movimentos da Terra, que gira em torno do eixo nessa direção) como os centros de sentidos dos “médiuns” o fazem até hoje.  Em muitas pessoas, esses centros sensoriais estão inativos, mas o verdadeiro desenvolvimento vai fazer com que eles se movam no sentido dos ponteiros dos relógios.

A Mente foi dada ao ser humano na Época Atlante para objetivar a ação, mas como o Ego estava extremamente fraco e a natureza de desejo forte, a Mente nascente fundiu-se com o Corpo de Desejos; resultou daí a faculdade de astúcia, que foi a causa de toda fraqueza na terceira metade da Época Atlante.

Num futuro distante, o Corpo de Desejos do ser humano tornar-se-á definitivamente organizado como se encontram os Corpos Vital e Denso.  Quando esse estágio for atingido, todos nós teremos o poder de funcionar no Corpo de Desejos como agora fazemos no Corpo Denso, que é o mais antigo e mais bem organizado dos corpos do ser humano, sendo o Corpo de Desejos o mais novo deles.

Na Época Hiperbórea, antes de o ser humano possuir o Corpo de Desejos, havia apenas um modo universal de comunicação e, quando o Corpo de Desejos se tornar suficientemente purificado, todos os seres humanos estarão novamente capacitados a se entenderem, pois então a separativa diferenciação de Raça terá sido ultrapassada.

O Corpo de Desejos teve sua formação iniciada no Período Lunar, foi reconstruído no Período Terrestre e será modificado para melhor no Período de Júpiter, alcançando a perfeição no Período de Vênus.

O Globo D do Período de Vênus achar-se-á localizado no Mundo do Desejo (veja Diagrama 8 do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos, abaixo), por isso, nem  um Corpo Denso nem um Vital será usado como um instrumento de consciência, daí que as essências do perfeito Corpo Denso e do Vital estarão incorporadas no Corpo de Desejos completo, esse último tornando-se um veículo de qualidades transcendentes, maravilhosamente adaptado e tão sensível ao menor desejo do Espírito interno que, em nossas limitações atuais, ultrapassa os limites de nossa concepção.

Diagrama 8 – Os 7 Mundos, os 7 Globos e os 7 Períodos

Porém, a eficiência de até mesmo esse veículo esplêndido será transcendida quando, no Período de Vulcano, sua essência, junto com as essências dos Corpos Denso e Vital, forem adicionadas ao Corpo Mental, que se tornará o mais elevado dos veículos do ser humano, contendo dentro de si a quinta essência de tudo o que for de melhor de todos os veículos.

PARTE III – O CORPO DE DESEJOS DO SER HUMANO NO MUNDO FÍSICO

Capítulo I – Da Infância à Puberdade

Os veículos do recém-nascido não entram em atividade logo de pronto. O Corpo Denso permanece indefeso por um longo período de tempo, após o nascimento.  

O mesmo ocorre com as forças que operam no Corpo de Desejos.  A sensibilidade passiva à dor física acha-se presente, enquanto a sensibilidade às emoções se acha quase que completamente ausente.  A criança mostrará emoções, é certo, à menor provocação, mas a duração dessa emoção é apenas momentânea.  Está tudo na superfície.

O Corpo Vital da planta constrói uma folha após a outra, fazendo o caule crescer sempre mais.  Não fosse pelo Corpo de Desejos macrocósmico continuaria desse modo indefinidamente, mas o Corpo de Desejos macrocósmico intervém em um determinado ponto e interrompe o crescimento.  A força agora necessária para prosseguir o crescimento acha-se disponível para outros propósitos e é usada para construir a flor e a semente.  De modo semelhante, o Corpo Vital do ser humano, quando o Corpo Denso fica sob seu controle, após o sétimo ano, faz o último crescer bem rápido, mas perto do décimo quarto ano o Corpo de Desejos individual nasce do útero do Corpo de Desejos macrocósmico e então está livre para trabalhar no Corpo Denso.  O crescimento excessivo é interrompido e a força anteriormente usada para isso torna-se disponível para a propagação de forma que a planta humana pode florescer e dar à luz.  Portanto, o nascimento do Corpo de Desejos pessoal marca o período da puberdade. A partir desse período, aparece a atração pelo sexo oposto, tornando-se especialmente ativa e desenfreada no terceiro período setenário da vida – do décimo quarto ano ao vigésimo primeiro – porque a Mente controladora ainda não nasceu.

Entretanto, não se deve imaginar que quando o pequeno corpo de uma criança nasce o processo do nascimento esteja completo.  O Corpo Denso físico teve a mais longa evolução e, como o sapateiro que trabalhou muitos anos na sua profissão é mais experiente que um aprendiz e capaz de fazer sapatos mais rápidos e melhores, assim também o Espírito que tenha construído mais corpos físicos os produz mais rapidamente, mas o Corpo Vital é uma aquisição mais recente do ser humano.  Por isso, não somos tão experientes na construção desse veículo.  Consequentemente, leva mais tempo para construí-lo a partir de materiais não empregados na feitura do revestimento do arquétipo, e o Corpo Vital não nasce antes do sétimo ano.  Começa então o período de crescimento rápido.  O Corpo de Desejos é uma aquisição na composição do ser humano que se dá mais tarde ainda, que não nasce antes do décimo quarto ano, quando a natureza de desejo se expressa mais fortemente durante a chamada mocidade “quente”, e a Mente que torna o ser humano adulto, não nasce antes do vigésimo primeiro ano.  Perante a lei, essa última idade é reconhecida como o tempo mais cedo em que o ser humano está pronto para exercer o direito de votar. Aos quatorze anos, temos o nascimento do Corpo de Desejos, que marca o início da autoafirmação.  Nos primeiros anos, a criança se vê mais como pertencente à família e subordinada às vontades de seus pais do que após os quatorze anos.  A razão é a seguinte: na garganta do feto e da criancinha existe uma glândula chamada Timo, que é maior antes do nascimento e que diminui gradualmente durante a infância e, finalmente, desaparece em idades que variam de acordo com as características da criança.  Os anatomistas ficaram confusos quanto ao funcionamento desse órgão e ainda não chegaram a uma conclusão definitiva.  Mas foi sugerido que, antes do desenvolvimento dos ossos vermelhos da medula, a criança não é capaz de fabricar seu próprio sangue, e que, portanto, a glândula Timo contém uma essência, suprida pelos pais, que a criança pode extrair enquanto bebê e durante a infância, até estar apta a fabricar seu próprio sangue.  Essa teoria está próxima da verdade, e, como o sangue da família circula na criança, ela se considera parte da família e não como um Ego. O Ego se afirma quando ela começa a fabricar seu próprio sangue; não é mais a menina do papai ou o menino da mamãe.  Passa a ter um “Eu” identificando-a. Tem início a idade crítica quando os pais colhem o que semearam.  A Mente ainda não nasceu, não há nada para refrear a natureza de desejo reprimida, e mais, muito mais, depende de como a criança foi educada nos primeiros anos e que exemplos os pais deram.  Nesse ponto da vida, a autoafirmação, o sentimento de “Eu sou eu”, é mais forte que em qualquer outra ocasião e, portanto, a autoridade deve dar lugar ao conselho.

Os pais devem praticar a maior tolerância, pois em nenhuma outra fase da vida o ser humano acha-se mais necessitado de compreensão que durante os sete anos que vão dos quatorze aos vinte um, quando a natureza de desejo é exuberante e desenfreada.

O Corpo de Desejos necessita de proteção das investidas violentas do Mundo do Desejo até por volta dos quatorze anos quando ele nasce na fase que chamamos de puberdade; e a Mente não está suficientemente madura para ser solta de sua capa protetora, até que o ser humano atinja sua maioridade por volta dos vinte e um anos.  Esses períodos estão aproximadamente corretos, apenas, pois cada pessoa é diferente das outras quanto à exatidão dos períodos, mas esses dados estão bem próximos da realidade.

Vimos que, quando o Ego chegou ao fim de seus dias na escola da vida, a força centrífuga de Repulsão faz com que ele se descarte do veículo denso por ocasião da morte e, depois do Corpo Vital, que é o mais denso a seguir.  Posteriormente, no Purgatório, a matéria de desejo mais inferior acumulada pelo Ego, como um corpo para seus mais inferiores desejos, é expurgada por essa força centrífuga.  Nos reinos mais elevados só a Força de Atração governa e mantém o bem pela ação centrípeta, que tende a puxar tudo da periferia para o centro.

Essa força centrípeta de Atração também governa quando o Ego está de volta para renascer.  Sabemos que podemos atirar uma pedra mais longe do que uma pena.  Daí que, a matéria inferior é lançada fora após a morte, pela força de Repulsão, e, pela mesma razão a matéria mais inferior na qual o Ego que retorna incorpora as tendências ao mal é arrastada para o centro pela força centrípeta de Atração, resultando que, quando a criança nasce, tudo de melhor e mais puro aparece no exterior.  O mal normalmente não se manifesta até após o nascimento do Corpo de Desejos próximo dos quatorze anos, e as correntes nesse veículo começam a jorrar fora pelo fígado.  Nessa ocasião, o Ego começa a “viver” sua vida individual e mostrar o que tem em seu interior.  O Corpo de Desejos nasce por volta dos quatorze anos, na puberdade.  Esta é a ocasião em que os sentimentos e paixões estão começando a exercer seu poder sobre o jovem ou a jovem, quando o útero da matéria de desejos, que primeiramente protegia o Corpo de Desejos emergente, é removido.  Em muitos casos, esse é um período de tentações, e é um bem para o jovem que aprendeu a respeitar pais e professores, pois eles serão para ele uma âncora de força contra a invasão dos sentimentos.  Se foi acostumado a aceitar a opinião dos mais velhos como verdadeira e deles recebeu sábios ensinamentos, ele terá então desenvolvido o inerente senso de verdade que será um guia seguro, mas, na medida em que tenha falhado, então é capaz de ficar à deriva.

Quando numa vida a pessoa morre quando criança, ela, não raro, se lembra desta vida na próxima, porque as crianças menores de quatorze anos não perfazem o ciclo completo da vida, que necessita da construção de um grupo completo de novos veículos.  Elas simplesmente passam para as Regiões superiores do Mundo do Desejo e lá esperam pela construção de um novo corpo, o que normalmente ocorre entre um e vinte anos após a morte.  Quando voltam a renascer, elas trazem consigo a Mente antiga e o antigo Corpo de Desejos.

Capítulo II – Sua Aparência e Suas Funções

Além do corpo visível e do Corpo Vital, também possuímos um corpo feito de matéria de desejo com a qual formamos nossos sentimentos e emoções.  Esse veículo também nos impele a procurar a gratificação dos sentidos.  Mas, enquanto os dois instrumentos dos quais já falamos estão bem-organizados, o Corpo de Desejos aparece à visão espiritual como uma nuvem ovoide que se estende de, em torno, trinta a quarenta centímetros além do Corpo Denso.  Está sobre a cabeça e abaixo dos pés de modo que nosso Corpo Denso se situa no centro da nuvem em forma de ovo, assim como a gema está no centro do ovo.

A razão do estado rudimentar desse veículo é que ele foi acrescentado à constituição do ser humano mais recentemente que os corpos anteriormente mencionados.  A evolução da forma é semelhante à maneira pela qual os sucos do caracol inicialmente se condensaram em carne e mais tarde se tornaram uma concha dura.  Quando o nosso atual Corpo Denso inicialmente germinou no Espírito, era um pensamento-forma, mas, gradativamente, tornou-se mais denso e mais concreto até ser hoje uma cristalização química.  O Corpo Vital foi em seguida emanado pelo Espírito como um pensamento-forma e está no terceiro estágio de solidificação, que é etéreo.  O Corpo de Desejos é uma aquisição ainda mais recente.  Ele, também, foi concebido por um pensamento-forma que agora se condensou em matéria de desejo.  A Mente, só recebida recentemente, é nada mais que uma simples nuvem do pensamento-forma.

Braços e membros, ouvidos e olhos não são necessários no uso do Corpo de Desejos, pois ele pode deslizar pelo espaço com mais suavidade que o vento, sem os meios de locomoção que nós precisamos no Mundo visível.

Quando observado pela visão espiritual, parece que este Corpo de Desejos possui muitos vórtices rodopiantes.  É uma característica da matéria de desejo estar sempre em movimento.  Do vórtex principal, localizado no fígado, há um fluxo constante e abundante que se irradia para a periferia desse corpo ovoide e que retorna para o centro através de inúmeros outros vórtices.  O Corpo de Desejos exibe todas as cores e matizes que conhecemos e vasto número de outros tons indescritíveis para a linguagem do mundo material.  Essas cores variam para cada pessoa de acordo com suas características e temperamento.  Também variam a cada momento de acordo com as mudanças de humor, fantasias ou emoções que a pessoa experimenta.  Há, porém, certa cor básica para cada um, dependendo do Astro regente na hora do seu nascimento.  O ser humano, em cujo horóscopo Marte esteja particularmente forte, normalmente, terá sua aura de cor carmim.  Quando Júpiter é o Planeta mais forte, a cor predominante parece ser de um tom azulado e, assim por diante, com os demais Planetas, Sol e Lua.

Houve uma época da história passada da Terra, quando a crosta não estava ainda completa, em que os seres humanos viviam em ilhas aqui e ali no meio de mares em ebulição.  Eles ainda não tinham desenvolvido olhos e ouvidos, mas um pequeno órgão protuberante desde a parte de trás da cabeça, a glândula pineal, que os anatomistas chamaram de terceiro olho, era o órgão de sentido localizado que avisava o ser humano toda vez que ele se aproximava de uma cratera vulcânica, permitindo-o escapar assim da destruição.  Desde então, os hemisférios do cérebro vêm cobrindo a glândula pineal e ao invés de apenas um órgão de sentido, o corpo todo em seu interior e exterior tornou-se apto a sentir os impactos, o que, naturalmente, é um estado de desenvolvimento muito superior.

No Corpo de Desejos, cada partícula é sensível a vibrações similares às que chamamos de imagens, sons e sentimentos, e cada partícula está em constante movimento, rodopiando rapidamente de tal forma a poder estar no mesmo instante na parte superior e na inferior do Corpo de Desejos e levando às demais partículas em todos os pontos a sensação por ela experimentada.   Assim, cada partícula da matéria de desejos nesse nosso veículo irá instantaneamente sentir qualquer sensação experimentada por cada uma das partículas.  Por conseguinte, o Corpo de Desejos é de uma natureza excepcionalmente sensível, capaz dos mais intensos sentimentos e emoções.

O Corpo de Desejos é o veículo dos sentimentos e emoções que estão sempre mudando a cada momento. Embora tenha-se dito que o Éter que forma nosso Corpo-Alma esteja em movimento constante e associado à corrente sanguínea, essa movimentação é relativamente lenta se comparada à rapidez da corrente do Corpo de Desejos

A matéria de desejos movimenta-se com inconcebível rapidez, só comparada à luz.

Os impulsos do Corpo de Desejos dirigem o sangue através do sistema a variáveis padrões de velocidade, de acordo com a força das emoções.

Atualmente, os materiais das Regiões inferiores e superiores entram na composição dos Corpos de Desejos da grande maioria da Humanidade.  Ninguém é tão mal que não tenha algo de bom.  Isso está expresso nos materiais das Regiões superiores que encontramos em seus Corpos de Desejos.  Mas, por outro lado, muito poucos são suficientemente bons que não usem alguns dos materiais das Regiões inferiores.

Da mesma maneira que os Corpos Vital e de Desejos macrocósmicos interpenetram a matéria densa da Terra, como está ilustrado na experiência da esponja, da areia e da água, (ver Livro: Conceito Rosacruz do Cosmos), assim os Corpos Vital e de Desejos interpenetram o Corpo Denso da planta, do animal e do ser humano.  Mas durante a vida do ser humano, seu Corpo de Desejos não tem a forma semelhante a seus Corpos Denso e Vital.  Após a morte ele assume essa forma.  Durante a vida, ele tem a aparência de um ovoide Luminoso que nas horas de vigília envolve completamente o Corpo Denso, como a clara envolve a gema de um ovo.  Estende-se cerca de trinta a quarenta centímetros além do Corpo Denso.  Nesse Corpo de Desejos existem inúmeros centros de sentido, mas, na grande maioria das pessoas, eles acham-se latentes.  É o despertar desses centros de percepção que corresponde à abertura dos olhos de um cego.  A matéria no Corpo de Desejos humano está em constante movimento de inconcebível rapidez.  Nele, não existe nenhum local de parada para nenhuma partícula, como há no Corpo Denso.  A matéria, que num momento está na cabeça, pode estar em seguida nos pés e logo retornar.  Não há órgãos no Corpo de Desejos, como nos Corpos Denso e Vital, mas há centros de percepção que, quando ativos, assemelham-se a vórtices, permanecendo sempre na mesma posição relativa ao Corpo Denso, a maioria deles em torno da cabeça.  Na maioria das pessoas, eles são apenas redemoinhos e não são úteis como centros de percepção.  Entretanto, podem ser despertados totalmente, porém, diferentes métodos produzem diferentes resultados. 

No Clarividente Involuntário, esses vórtices desenvolvidos em linhas impróprias e negativas movimentam-se da direita para a esquerda ou ao contrário dos ponteiros dos relógios.

No Corpo de Desejos do Clarividente adequadamente treinado eles se movem na mesma direção dos ponteiros dos relógios, brilhando de forma esplendorosa, sobrepujando sobejamente a brilhante luminosidade do Corpo de Desejos comum.  Esses centros fornecem-lhe meios de percepção no Mundo do Desejo, e ele vê e investiga de acordo com seus desejos, enquanto a pessoa cujos centros se movimentam no sentido oposto aos ponteiros do relógio é como um espelho, que reflete o que passa diante dela.  Tal pessoa é incapaz de obter uma informação de fora.  O que foi dito anteriormente é uma das diferenças fundamentais entre um médium e um Clarividente adequadamente treinado.  Para a maioria das pessoas, é impossível distinguir entre os dois, mas existe uma regra infalível que pode ser seguida por qualquer pessoa: Nenhum vidente verdadeiramente desenvolvido jamais irá exercer essa faculdade por dinheiro ou algo equivalente; nem irá usá-la para satisfazer curiosidades, mas somente para ajudar a Humanidade.

Capítulo III – O Efeito das Emoções no Contorno e na Cor do Corpo de Desejos

Cristo disse: “Deixe que sua luz brilhe[1]. Para a visão espiritual, cada ser aparece como uma chama de luz colorida de acordo com o temperamento, e com maior ou menor brilho na proporção da pureza de seu caráter.  A ciência descobriu que toda matéria está num estado de fluxo, que as partículas que formam nossos corpos deterioram-se e são continuamente eliminadas do sistema, para serem substituídas por outras que ficam por curto tempo até também se deteriorarem. Da mesma forma, nosso humor, emoções e desejos mudam a cada momento, o velho dando lugar ao novo, numa interminável sucessão.  Por isso, eles devem também ser formados por matéria e sujeitos a leis semelhantes àquelas que governam as substâncias físicas visíveis.

Vejamos como o Corpo de Desejos muda sob os vários sentimentos, desejos, paixões e emoções de modo a que possamos aprender a construir sabiamente o templo místico no qual habitamos.

Quando estudamos uma das chamadas ciências físicas, tais como a anatomia ou a arquitetura, que lidam com as coisas tangíveis, nossa tarefa é facilitada pelo fato de termos palavras que descrevem as coisas de que tratamos, mas, mesmo assim, o quadro mental concebido pela palavra difere de um indivíduo para outro.  Quando falamos de uma “ponte”, uma pessoa pode mentalizar uma estrutura de ferro no valor de um milhão de dólares, e outra pode pensar numa prancha sobre um riacho.  A dificuldade que experimentamos ao transmitir impressões exatas do que queremos dizer aumenta substancialmente quando tentamos exprimir ideias sobre as forças intangíveis da Natureza, tal como a eletricidade. Medimos a força da corrente em volts, o volume em ampères e a resistência dos condutores em ohms, mas, de fato, estes termos são somente invenções para encobrir nossa ignorância sobre a matéria.  Todos sabem o que é um quilo de café, mas o maior cientista do mundo tem uma concepção exata do que volts, ampères e ohms sejam sobre os quais ele discursa tão doutamente, tanto quanto um estudante que ouve estas palavras pela primeira vez.

Não é de admirar que assuntos suprafísicos sejam descritos por termos vagos e frequentemente desorientadores, pois não temos palavras, em nenhuma língua física, para descrever exatamente estes assuntos e temos de confessar nossa impotência e perplexidade, por não encontrarmos termos adequados para nos expressarmos a respeito deles.  Se fosse possível projetar sobre uma tela cinematográfica as imagens coloridas do Corpo de Desejos e mostrar como esse incansável veículo muda de contorno e de cor conforme as emoções, nem assim seria compreensível para aquele que não é capaz de ver as coisas por si mesmo, pois os veículos de cada ser humano diferem dos demais na medida em que respondem a certas emoções. Aquilo que induz alguém a sentir amor, ódio, raiva, medo ou qualquer outra emoção pode deixar outro inteiramente insensível.

Inúmeras vezes o autor observou as multidões para estabelecer comparações a este respeito e encontrou, sempre, algo surpreendentemente novo e diferente do que havia observado antes.  Certa ocasião, um demagogo se esforçava em incitar um sindicato de trabalhadores à greve.  Ele mesmo estava muito exaltado e, embora a cor básica laranja escuro fosse perceptível, estava, naquele momento, quase obscurecida por uma cor escarlate de matiz mais brilhante e o contorno de seu Corpo de Desejos era como o de um porco-espinho com as pontas eriçadas.  Havia um forte elemento de oposição naquela reunião e, à medida que falava, podia-se distinguir claramente as duas facções pelas cores de suas respectivas auras.  Um grupo de homens mostrava o escarlate da raiva, mas, no outro grupo, esta cor estava mesclada com o cinza, a cor do medo.

Era também digno de nota o fato de que, embora os homens que apresentavam a cor cinza fossem a maioria, os outros venceram, pois, cada tímido acreditava estar sozinho, ou, pelo menos, com muito poucos o apoiando e, por conseguinte, temia votar ou expressar sua opinião.  Se alguém que fosse capaz de perceber esta condição estivesse presente e tivesse se dirigido a cada um que manifestava em sua aura sinais de divergência, assegurando que ele fazia parte de maioria, o curso das coisas teria caminhado em direção oposta.  Muitas vezes, isso acontece nos assuntos humanos porque, atualmente, a maioria das pessoas é incapaz de ver além da superfície do Corpo Denso e, desta maneira, perceber a verdadeira condição dos pensamentos e sentimentos dos demais.

Em outra ocasião, o autor foi a uma reunião de despertar religiosos onde milhares de pessoas estavam presentes para ouvir um orador de reputação nacional.  No princípio da reunião, era evidente, pelo estado da aura das pessoas, que a grande maioria tinha vindo com o único propósito de passar alguns momentos agradáveis e ver algo divertido.  Os pensamentos, sentimentos e emoções da vida comum de cada um eram plenamente visíveis, mas, em alguns, a cor azul escuro revelava uma atitude de preocupação; era como se tivessem sofrido alguma desilusão na vida e estivessem muito apreensivos.  Quando o orador apareceu, aconteceu um fenômeno curioso.  Sabemos que os Corpos de Desejos estão, geralmente, num estado de constante movimento, porém, naquele momento, toda aquela vasta assistência reteve a respiração em atitude de expectativa, porque as cores variadas dos Corpos de Desejos individuais cessaram e a cor básica laranja foi perfeitamente perceptível por um momento.  Logo em seguida, cada um voltou às suas atividades emocionais anteriores, enquanto o prelúdio estava sendo tocado.  Então, o cântico dos hinos começou e este fato revelou o valor e o efeito da música, pois, ao se unirem cantando as mesmas palavras no mesmo tom, as mesmas vibrações rítmicas em seus Corpos de Desejos fizeram com que parecessem um único ser naquele momento.  Um bom número de pessoas estava em atitude céptica, recusando-se a cantar e a se unir aos demais. À visão espiritual, apareciam como homens de aço, vestindo uma armadura daquela cor, e, de cada um, sem exceção, desprendia-se uma vibração que expressava mais do que as palavras poderiam dizer: “Deixem-me em paz, vocês não me comoverão”.  Algo interior os havia arrastado até ali, porém, estavam mortalmente amedrontados de entregar-se e, por isso, toda sua aura expressava a cor cinzenta do medo, que é uma armadura da alma contra interferências externas.

Terminada a primeira música, a unidade de cor e vibração desapareceu quase imediatamente, cada um voltando à sua atmosfera habitual de pensamento e, se nada mais tivesse sido feito, cada um teria voltado à sua vida interior costumeira.  Porém, o evangelista, embora incapaz de ver isto, sabia, por experiência, que seu auditório não estava preparado ainda e, por isso, uma sucessão de canções foi cantada com o acompanhamento de palmas, batidas de tambores e gestos do regente, ajudado por um coral treinado.  Isto reuniu outra vez as almas dispersas em um laço de harmonia; gradualmente, as pessoas foram dominadas por um religioso fervor e estabeleceu-se a unidade necessária para o trabalho seguinte.  Pela música, pelas palmas do regente e pelo apelo dos cânticos, a vasta audiência tinha-se transformado em uma só, pois os “homens de aço”, os cépticos de cor cinzenta que se acreditavam demasiado sábios para serem enganados (quando na realidade sua emoção era medo) eram parte insignificante naquela vasta congregação.  Todos os outros estavam afinados, como cordas de um grande instrumento, e o evangelista que se erguia diante deles era um artista magistral tocando com as emoções.  Ele os levava do riso às lágrimas, do pesar à vergonha.  Grandes ondas de cores, correspondendo às emoções, pareciam cobrir toda a audiência, tão confusas quanto magníficas.  Então, vieram as invocações de costume: “Levantai-vos para receber Jesus”; o convite para os que se lamentam, etc., e cada um desses chamados extraía de toda assistência uma resposta emocional determinada, mostrada plenamente nas cores dourada e azul.  Seguiram-se mais cânticos, mais palmas e gesticulações que, momentaneamente, promoveram a unidade e deram àquela audiência uma experiência parecida com o sentimento de fraternidade universal e a realidade da Paternidade de Deus.  Os únicos sobre quem a música não surtiu efeito foram os homens revestidos pela armadura azul de aço do medo.  Esta cor parece ser impenetrável a qualquer emoção e, embora os sentimentos experimentados pela grande maioria fossem relativamente fugazes, as pessoas se beneficiaram com o despertar religioso, com exceção dos “homens de aço”.

Pelo que o autor pôde aprender, a sensação interna do medo de se render à emoção — o medo é saturnino em seus efeitos e irmão gêmeo da preocupação — parece exigir um choque que afastará a pessoa, assim afetada, do seu ambiente e a colocará em um novo lugar em novas condições antes que as antigas condições possam ser superadas.

A preocupação é um estado no qual as correntes de desejo não se movem em grandes linhas curvas em nenhuma parte do Corpo de Desejos, senão que o veículo fica cheio de redemoinhos — nos casos extremos, só redemoinhos. A pessoa assim afetada não se esforça em reagir, vê calamidades onde não existem e, ao invés de gerar correntes que levem à ação e que possam evitar o que ela teme, cada pensamento inquietante produz um redemoinho no Corpo de Desejos e, consequentemente, ela não faz nada. Este estado de preocupação no Corpo de Desejos pode ser comparado à água que está próxima do congelamento sob uma temperatura baixa. O medo que se expressa como ceticismo, cinismo e pessimismo, pode ser comparado a esta mesma água quando congelada, pois o Corpo de Desejos dessas pessoas está quase sem movimento e nada do que se possa dizer ou fazer terá poder de alterar essa condição. Usando uma expressão comum que traduz bem esta condição, diremos que elas estão “presas em uma concha” e essa concha saturnina deverá ser quebrada, antes que se possa chegar a elas e ajudá-las a sair deste estado deplorável.

Essas emoções saturninas de medo e preocupações são geralmente causadas pela apreensão dos que sofrem dificuldades econômicas e sociais.  “Talvez este investimento que eu fiz traga prejuízo ou perda total; posso perder minha posição e ficar na miséria; tudo o que empreendo parece dar errado; meus vizinhos estão falando mal de mim e tentando prejudicar minha posição social; meu marido (ou mulher) não se preocupa mais comigo; meus filhos estão me desprezando”. E mil e uma ideias semelhantes se apresentam à sua Mente. Esta pessoa deveria lembrar-se que, cada vez que ela permite um desses pensamentos, isto ajuda a congelar as correntes do Corpo de Desejos e constrói uma concha de aço azulada na qual a pessoa, que habitualmente alimenta o medo e a preocupação, se encontrará, algum dia, isolada do amor, simpatia e ajuda de todos.  Por isso, devemo-nos esforçar em ser alegres, mesmo em circunstâncias adversas, ou poderemos encontrar em uma triste condição aqui e na vida após a morte.

No começo da Grande Guerra (de 1914 a 1918) as emoções na Europa estavam horrivelmente desenfreadas, primeiro entre os chamados “vivos” e depois entre os mortos, quando despertavam.  Este despertar levava muito tempo por causa da detonação dos grandes canhões e mais ainda posteriormente.  Toda a atmosfera dos países envolvidos fervia em correntes de raiva e ódio como uma nuvem de um vermelho escuro que pairava em volta dos seres humanos e sobre o chão.  Então, apareciam faixas tingidas de escuro como mortalhas que sempre aparecem em súbitos desastres, quando a razão fica imobilizada e o desespero domina o coração.  Sem dúvida, isto era causado pelo fato de os povos envolvidos perceberem que uma catástrofe de grandes dimensões, que eram incapazes de compreender, estava acontecendo.  Os Corpos de Desejos da maioria giravam em alta velocidade, em grandes ondas de pulsação rítmica que falavam mais alto que as palavras: “Matem, matem, matem”.

Quando duas ou três pessoas de uma multidão se encontravam e começavam a discutir sobre a guerra as pulsações rítmicas, indicando o firme propósito de agir e desafiar, cessavam e os pensamentos e sentimentos de agitação, gerados pela discussão ou conversa, tomavam forma de projeções cônicas que, rapidamente, cresceriam a uma altura de seis ou oito polegadas e, então estouravam e emitiam uma língua de fogo.  Algumas pessoas geravam uma quantidade dessas estruturas vulcânicas de uma só vez e, em outras, havia só uma ou duas ao mesmo tempo.  Quando uma dessas bolhas estourava, outra aparecia em alguma parte do Corpo de Desejos, enquanto a discussão prosseguia e eram as chamas que emergiam delas que coloriam de escarlate a nuvem sobre a terra.  Quando a multidão se dispersava ou os amigos se separavam, o borbulhar e as erupções diminuíam e se tornavam menos frequentes, finalmente cessando e dando lugar, outra vez, às grandes pulsações rítmicas antes mencionadas.

Estas condições são agora (ano de 1916) raras, se é que são vistas ainda.  A raiva explosiva contra o inimigo é coisa do passado, pelo menos no que se refere à grande maioria.  A cor laranja básica da aura do povo ocidental é visível outra vez, e tanto os oficiais como os civis se acostumaram com a guerra como se fosse um jogo. Cada um está ansioso para superar o outro, utilizando a astúcia.  A guerra é agora, principalmente, um canal para a sua habilidade, mas alguns dos Irmãos Leigos da Ordem Rosacruz acreditam que aquela condição de raiva irá voltar de forma diferente, quando as hostilidades cessarem e começaram as negociações de paz.

Esta forma de emoção nós podemos chamar de raiva abstrata e ela difere do que é observado no caso de duas pessoas que se desentendem na vida privada, quer comecem a brigar fisicamente ou não. Vistas pelo lado oculto da Natureza há hostilidade antes que os golpes sejam dados.  Formas de desejo em feitio das adagas pontudas projetam-se umas contra as outras como lanças, até que a fúria que as gerou se esgote.  Na ira patriótica não existe um inimigo pessoal, por isso as formas de desejo são mais bruscas e explodem sem abandonar a pessoa que as gerou.

Os “homens de aço” tão comuns na vida privada, onde a preocupação por mil e uma coisas que nunca acontecem cristalizam uma armadura ao redor deles, a qual permite que o velho Saturno os aprisione, estavam totalmente ausentes.  O autor crê na hipótese de que a tensão do seu meio-ambiente os forçou a se alistarem e o choque quebrou a concha.  Então, a familiaridade com o perigo chegou a agradá-los.  É certo que estas pessoas se beneficiaram enormemente com a guerra, pois não há estado que impeça mais o crescimento da alma do que medo e preocupação constantes.

É também um fato notável que, embora os seres humanos envolvidos pela guerra sofram terríveis privações, a maior parte deles estão cultivando um matiz de azul celeste pálido que significa esperança, otimismo e um nascente sentimento religioso, dando um toque altruísta ao caráter. É uma indicação de que aquele sentimento de fraternidade universal, que não faz distinção de credo, cor ou país, está crescendo no coração humano.

A nuvem vermelha do ódio está desaparecendo, o negro véu do desespero se foi e não há explosões vulcânicas de paixão nem nos vivos nem nos mortos, porém, até onde o autor é capaz de ler os sinais dos tempos na aura das nações, há um propósito determinado de agir com lisura até o fim.  Mesmo nos lares despojados de vários membros, isto parece ser aceito.  Existe uma intensa saudade pelos amigos que se foram, mas não há ódio pelos inimigos terrenos.  Esta saudade é compartilhada pelos amigos no mundo invisível e muitos estão atravessando o véu, pois a intensidade da saudade desperta no “morto” o poder de manifestar-se, atraindo uma quantidade de Éter e gás que, frequentemente, é extraída do Corpo Vital de um amigo “sensitivo”, da mesma forma que uns espíritos materializantes usam o Corpo Vital de um médium em transe.  Assim, os olhos cegos pelas lágrimas são muitas vezes abertos por um coração saudoso, de modo que entes queridos que estejam no mundo do espírito são encontrados face a face, coração a coração.  Este é o método da Natureza de cultivar o sexto sentido que possibilitará a todos, no futuro, saber que o ser humano é um Espírito imortal e que a continuidade da vida é um fato na Natureza.  

Capítulo IV – A Influência do Pensamento

É uma lei no Mundo do Desejo que, como o ser humano pensa, assim ele é – literalmente e sem restrição.

O Corpo Denso, formado pela substância inerte da Região Química, animado e vitalizado pelo Corpo Vital composto pelos Éteres da Região Etérica, recebe o incentivo para a ação do Corpo de Desejos, incentivo este que os animais seguem incondicionalmente, mas que no ser humano é refreado por outro fator, a razão, que às vezes o leva a agir contrário ao desejo.  Se não existissem outros Mundos na Natureza além do Mundo Físico e do Mundo do Desejo, a razão não existiria. Teríamos o mineral, a planta e o animal, porém, o ser humano, um ser que pensa e raciocina, seria uma impossibilidade na Natureza.

Nós, como Egos que somos, funcionamos diretamente na substância sutil da Região do Pensamento Abstrato, que especializamos dentro da periferia de nossa aura individual.  Dali, visualizamos as impressões feitas pelo Mundo externo sobre o Corpo Vital através dos sentidos, juntamente com os sentimentos e emoções gerados por elas no Corpo de Desejos e refletidas na Mente.

Destas imagens mentais, tiramos nossas conclusões, na substância da Região do Pensamento Abstrato.  Estas conclusões são ideias.  Pelo poder da vontade, projetamos uma ideia através da Mente, onde ela toma uma forma concreta como um pensamento-forma, envolto em matéria da Região do Pensamento Concreto.

A Mente é como as lentes projetoras de um estereoscópio. Ela projeta a imagem em uma das três direções, de acordo com a vontade do pensador que anima o pensamento-forma. A primeira direção, que vamos discutir aqui, é quando a imagem pode ser projetada contra o Corpo de Desejos, num esforço de despertar sentimento que conduzirá à ação imediata.

Se o pensamento despertar Interesse, uma das duas forças, Atração ou Repulsão, será utilizada:

  1. Se a Atração, a força centrípeta, é despertada, ela domina o pensamento, fazendo-o girar dentro do Corpo de Desejos, dá vida àquela imagem e reveste-a com matéria de desejos.  Então, o pensamento está pronto para agir no cérebro e impelir a força vital, por meio dos centros e nervos cerebrais aos músculos voluntários que praticam a ação correspondente.  Assim, a força do pensamento é gasta e a imagem permanece no Éter do Corpo Vital como memória da ação e do sentimento que o causou.
  2. Repulsão é a força centrífuga e, se esta é despertada pelo pensamento, haverá uma luta entre a força espiritual (a vontade do ser humano), dentro do pensamento-forma, e o Corpo de Desejos.  Esta é a batalha entre a consciência e o desejo, a natureza superior e a inferior.  A força espiritual, apesar da resistência, tentará envolver o pensamento-forma com a matéria de desejo necessária para manipular o cérebro e os músculos.  A força de Repulsão se esforçará em dispensar o respectivo material e expulsar o pensamento.  Se a energia espiritual é forte, ela pode forçar seu caminho através dos centros cerebrais e manter sua envoltura de matéria de desejos, enquanto manipula a força vital, deste modo impelindo à ação e, então, deixará sobre a memória uma impressão vivida da luta e da vitória.  Se a energia espiritual é esgotada antes que a ação se concretize, ela será vencida pela força de Repulsão e será armazenada na memória, como estão todos os outros pensamentos-forma após esgotarem sua energia. 

Temos, no nosso Corpo Denso, dois sistemas nervosos – o voluntário e o involuntário. O primeiro é operado diretamente pelo Corpo de Desejos; controla os movimentos do corpo, leva à exaustão e destruição, sendo somente parcialmente refreado pela Mente nas suas obras cruéis.

É essa luta entre o Corpo Vital e o Corpo de Desejos que produz consciência no Mundo Físico, mas se a Mente não atuasse como um freio sobre o Corpo de Desejos, nossas horas de vigília e nossa vida seriam mais curtas. O Corpo Vital seria superado em seus benéficos esforços pelo descuidado Corpo de Desejos, como evidencia a exaustão que se segue após um ataque de ira. A ira é uma condição em que o ser humano perde “seu controle” e o Corpo de Desejos reina desenfreado.

A enfermidade se apresenta de muitas formas: uma é a insanidade, a qual também tem diferentes tipos.  Quando a conexão entre os centros dos sentidos do Corpo Denso e do Corpo Vital está descentralizada, onde, às vezes, a cabeça do Corpo Vital está mais acima da cabeça do Corpo Denso ao invés de estar concêntrico, o Corpo Vital fica desajustado entre os veículos superiores e o Corpo Denso.  Então nós temos o idiota dócil.  Se o Corpo Denso e o Vital estão ajustados, mas a ruptura é entre o Corpo Vital e o de Desejos, uma condição semelhante se verifica, porém, quando a desconexão é entre o Corpo de Desejos e a Mente, temos um maníaco delirante, que é mais incontrolável do que um animal selvagem, porque é governado pelo Espírito-Grupo.  Neste caso, todas as tendências animais são seguidas cegamente.

A tendência natural do Corpo de Desejos é endurecer e consolidar tudo que entre em contato com ele.  O pensamento materialista acentua esta tendência de tal forma que muito frequentemente resulta, nas vidas subsequentes, em doença muito séria, tuberculose, que é um endurecimento dos pulmões.  Estes órgãos devem permanecer brandos e elásticos.  Às vezes, também acontece que o Corpo de Desejos pressiona o Corpo Vital na vida seguinte, de forma que este corpo falha ao contra restar o processo enrijecedor e então nós temos a tuberculose.  Em alguns casos, o materialismo faz o Corpo de Desejos ficar frágil.  Então, ele não pode fazer seu trabalho no Corpo Denso e, como resultado, temos o “raquitismo”, onde os ossos ficam fracos.  Assim, vemos que perigo que corremos por abrigarmos tendências materialistas: ou endurecendo certas partes do corpo, como na tuberculose, ou enfraquecendo os ossos, como no raquitismo.  Naturalmente, nem todos os casos de tuberculose mostram que o doente foi materialista numa vida anterior, mas a ciência oculta nos ensina que frequentemente isto acontece.

Nossos pensamentos são muito mais importantes que nossos atos, pois, se pensarmos sempre corretamente, agiremos sempre certo.  O ser humano que tenha pensamentos de amor para seus amigos, que esquematize em sua Mente como ajudá-los espiritualmente, mental ou fisicamente, irá pôr em prática estes pensamentos em alguma ocasião em sua vida e, se nós só cultivarmos tais pensamentos, em breve teremos a luz do Sol em torno de nós.  Encontraremos pessoas com um estado de espírito igual ao nosso e, se compreendermos que o Corpo de Desejos (que nos envolve e se estende mais ou menos de 40 a 46 centímetros, além da periferia do Corpo Denso) contém todos estes sentimentos e emoções, entraremos em contato com as pessoas de maneira diferente.  Então, entenderemos que tudo que vemos é visto por meio da atmosfera que criamos em torno de nós, a qual colore tudo o que contemplamos nos outros.

Se o astrônomo focaliza o telescópio de acordo com a sua vontade terá os resultados que deseja e o trabalho será um sucesso; porém, se as lentes e o mecanismo do telescópio tivessem vontade mais forte que o próprio astrônomo, este estaria tolhido em obter resultado satisfatório, pois as figuras estariam embaçadas, sendo de pouco ou nenhum valor.

O mesmo acontece com o Ego. Ele trabalha com um Corpo Tríplice, o qual controla, ou devia controlar, por meio da Mente.  Mas, é triste dizer, este Corpo Tríplice tem sua própria vontade e é frequentemente ajudado e induzido pela Mente, frustrando assim os propósitos do Ego.

Esta antagônica “vontade inferior” é uma expressão da parte superior do Corpo de Desejos.  Quando a separação do Sol, Lua e Terra aconteceu, no início da Época Lemúria, a porção mais adiantada da Humanidade em formação sofreu a divisão do Corpo de Desejos em parte superior e parte inferior.  O resto da Humanidade o fez no início da Época Atlante.

Esta parte superior do Corpo de Desejos tornou-se um tipo de alma animal.  Construiu o sistema nervoso cérebro-espinhal e os músculos voluntários, controlando a parte do Tríplice Corpo até que o elo da Mente foi dado.  Então, a Mente uniu-se com esta alma animal e tornou-se uma co-regente.

A Mente está, assim, atada ao desejo, emaranhada na natureza inferior egoísta, dificultando o controle dos Corpos pelo Espírito.  A Mente focalizadora, que devia ser a aliada da natureza superior, está alienada, ligada à natureza inferior e escravizada pelo desejo.  A lei das Religiões de Raça foi trazida para emancipar o intelecto do desejo.  O “medo de Deus” veio para se opor aos “desejos da carne”.  Isto, no entanto, não foi suficiente para capacitar o ser humano a se tornar senhor do Tríplice Corpo e assegurar sua cooperação voluntária.  Tornou-se necessário para o Espírito encontrar, no Corpo Denso, um ponto de apoio que não estivesse sob a influência da natureza de desejos.  Todos os músculos são expressões do Corpo de Desejos e um caminho livre para a traiçoeira Mente que reina suprema, aliada ao desejo.

Capítulo V – Relação com a Consciência

Para entender o grau de consciência que resulta da posse dos veículos usados pela vida que evolui nos quatro reinos, dirigimos nossa atenção para o Diagrama 4 (abaixo, do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos) que mostra que o ser humano, o Ego, o Pensador, penetrou na Região Química do Mundo Físico.  Aqui ele dirigiu todos os seus veículos de modo a atingir o estado de consciência consciente.  Está aprendendo a controlar seus veículos.  Os órgãos do Corpo de Desejos e da Mente não estão ainda desenvolvidos.  A Mente não é nem mesmo um Corpo.  No presente, ela é um simples elo, um revestimento para o uso do Ego como um ponto focalizador.  É o último dos veículos construídos.  O Espírito trabalha gradualmente desde a mais fina até a mais densa substância; os veículos também, da mesma forma, estão sendo construídos em substância fina em primeiro lugar, em seguida, em substância cada vez mais densa.  O Corpo Denso foi construído primeiro e agora está no seu quarto estágio de densidade; o Corpo Vital está no seu terceiro estágio. O Corpo de Desejos está no segundo, daí ter ainda a forma de nuvem, e o revestimento da Mente é ainda mais sutil.  Como estes dois últimos veículos ainda não desenvolveram órgãos é claro que eles, sozinhos, seriam inúteis como veículos de consciência.  O Ego, no entanto, penetra no Corpo Denso e conecta estes veículos sem órgãos com os centros dos sentidos e, então, atinge o estado de consciência de vigília no Mundo Físico.

Diagrama 4 – A Consciência dos Quatro Reinos

O Estudante deve, particularmente, notar que é por causa desta conexão com o mecanismo desse Corpo Denso, tão maravilhosamente organizado, que estes veículos superiores se tornam valiosos no presente.  Ele evitará, assim, um erro muito frequente praticado por aqueles que, quando adquirem conhecimento de que há Corpos superiores, começam a desprezar o Corpo Denso, a falar dele como se fosse “baixo” e “vil”, voltando seus olhos para o céu e desejando poder, em breve, deixar esta massa informe de barro e voar em seus “veículos superiores”.

Parece estranho, mas, no entanto, é verdade que a grande maioria da Humanidade está parcialmente dormindo a maior parte do tempo, apesar de seus Corpos Densos parecerem estar intensamente ocupados trabalhando.  Sob condições comuns, o Corpo de Desejos da grande maioria é a parte mais desperta do ser humano, o qual vive quase completamente de sentimentos e emoções, mas raramente pensa no problema da existência, além do necessário para manter seu corpo e sua alma juntos.  Muitos, provavelmente, nunca pensaram seriamente nas grandes questões da vida: “De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos?”. Seus Corpos Vitais são mantidos ativos, reparando a destruição que o Corpo de Desejos provoca no veículo físico e abastecendo com vitalidade, a qual é, mais tarde, gasta ao gratificar os desejos e emoções.

É esta batalha renhida entre o Corpo Vital e o de Desejos que gera consciência no Mundo Físico e faz o homem e a mulher tão intensamente alertas que, do ponto de vista do Mundo Físico, parece ser mentira a nossa afirmativa de que eles estão parcialmente adormecidos.  No entanto, examinando todos os fatos chegaremos à conclusão de que é assim e podemos também dizer que este estado de coisas aconteceu sob o desígnio das Grandes Hierarquias, que têm a seu cargo a nossa evolução.

A fortaleza do Corpo de Desejos está nos músculos e no sistema nervoso cérebro-espinhal.  A energia despendida por uma pessoa quando está trabalhando agitadamente ou irritadamente é um exemplo disto.  Nestes momentos, o sistema muscular está todo tenso e não há trabalho mais exaustivo que um “ataque de mau humor”.  Às vezes, deixa o Corpo Denso prostrado por semanas. Há necessidade de melhorar o Corpo de Desejos, controlando o humor e assim poupando o Corpo Denso do sofrimento resultante de uma ação desgovernada do Corpo de Desejos.

Do ponto de vista oculto, toda consciência no Mundo Físico é o resultado da constante guerra entre o Corpo de Desejos e o Vital.

A tendência do Corpo Vital é suavizar e construir. Sua expressão máxima é o sangue, as glândulas e, também, o sistema nervoso simpático, tendo obtido ingresso na fortaleza do Corpo de Desejos (o sistema nervoso voluntário e o sistema muscular) quando começou a desenvolver o coração como um músculo voluntário.

A tendência do Corpo de Desejos é enrijecer e ele, por sua vez, invadiu o domínio do Corpo Vital, apoderando-se do baço e criando os glóbulos brancos do sangue, que não são “os defensores do sistema” como a ciência pensa, mas destruidores, através de todo o Corpo Denso.  Eles passam pelas paredes das artérias e veias toda vez que temos um aborrecimento e, principalmente, nas horas de muita raiva.  Então, a agitação das forças no Corpo de Desejos faz com que artérias e veias inchem e abram caminho para a passagem dos glóbulos brancos, para o interior dos tecidos do Corpo Denso, onde propiciam a formação de matéria terrosa que mata o Corpo Denso.

Durante o estado de vigília, há uma luta constante entre o Corpo Vital e o de Desejos.  Os desejos e os impulsos estão constantemente invadindo o Corpo Denso, impelindo-o à ação e desprezando o prejuízo que lhe possa ser causado com o objetivo de gratificar o desejo.

É o veículo de desejos que impele o beberrão a encher seu sistema de álcool, de forma que a combustão química da bebida alcoólica eleve as vibrações do Corpo Denso a tal ponto que o torne uma ferramenta de todo impulso desequilibrado, esbanjando sua energia armazenada.

O Corpo de Desejos é o veículo de nossas emoções, sentimentos e desejos que gasta as energias do Corpo Denso pelos processos vitais, através do controle do sistema nervoso voluntário ou cérebro-espinhal.  Nas suas atividades, este Corpo de Desejos está constantemente destruindo o tecido construído pelo Corpo Vital e a guerra entre estes dois veículos causa o que chamamos de consciência no Mundo Físico.  As forças etéricas do Corpo Vital agem de tal forma que convertem o máximo do alimento em sangue, e esta é a maior função do Corpo Vital.

O baço é a porta de entrada do Corpo Vital.  Nele, a força solar, que é abundante na atmosfera, entra fluindo ininterruptamente para ajudar-nos no processo vital, e lá a guerra entre o Corpo de Desejos e o Vital é travada de maneira ainda mais acirrada.

Pensamentos de preocupação, medo e raiva interferem no processo de evaporação do baço.  O resultado é uma partícula de plasma que é imediatamente apoderada por um elemental do pensamento, que forma um núcleo e se incorpora dentro dele.  Então, ele começa a viver uma vida de destruição, unindo-se com outros resíduos e elementos em decomposição formados e fazendo do Corpo Denso uma casa sepulcral, ao invés do templo habitado pelo Espírito.

Esta destruição é constante e é impossível manter os destruidores fora de ação, não sendo essa a intenção.  Se o Corpo Vital tivesse controle ininterrupto, ele cresceria sem parar, usando toda sua energia neste objetivo.  Não haveria consciência ou pensamento.  Isto é devido a que o Corpo de Desejos refreia e endurece as partes interiores que a consciência desenvolve.

Como já foi anteriormente explicado, o Corpo de Desejos é um inorganizado ovoide que envolve o Corpo Denso como se esse fosse uma mancha escura dentro dele, do mesmo modo como a clara de ovo envolve a gema.  Há um número de centros sensoriais no ovoide que apareceram desde o início do Período Terrestre.  No ser humano comum, estes centros aparecem simplesmente como remoinhos em uma corrente e não estão agora despertos; daí o Corpo de Desejos não estar sendo usado como um veículo de consciência separado; porém, quando estes centros sensoriais despertarem, eles se transformarão em vórtices.

Capítulo VI – Durante o Sono

O Mundo do Desejo é um oceano de sabedoria e harmonia.  Para lá, o Ego leva a Mente e o Corpo de Desejos, quando os veículos superiores são deixados durante o sono.  Neste Mundo, a primeira preocupação do Ego é a restauração do ritmo e da harmonia da Mente e do Corpo de Desejos.  Esta restauração é efetuada gradualmente na medida em que as harmoniosas vibrações do Mundo do Desejo fluem através dos veículos.  Há uma essência no Mundo do Desejo, correspondente ao fluido vital, que penetra o Corpo Denso por meio do Corpo Vital.  Os veículos superiores, por assim dizer, ficam embebidos neste elixir da vida.  Quando fortalecidos, eles iniciam o trabalho sobre o Corpo Vital, que foi deixado junto do Corpo Denso que dorme.  Então, o Corpo Vital inicia a especialização da energia solar novamente, reconstruindo o Corpo Denso e usando particularmente o Éter Químico no processo de restauração.

Entretanto, às vezes acontece que o Corpo de Desejos não se retira totalmente e, desta forma, parte dele permanece ligada ao Corpo Vital, o veículo da percepção sensorial e da memória.  O resultado é que a restauração é parcialmente concluída e as cenas e ações do Mundo do Desejo são trazidas para a consciência física em forma de sonhos.  É claro que a maioria dos sonhos é confusa devido ao eixo da percepção estar distorcido, em função da desequilibrada relação entre um Corpo e outro.  A memória fica também confusa devido a esta inconsequente relação entre os veículos e, como resultado da perda da força restauradora o sono é atribulado e cheio de sonhos e o Corpo se sente cansado ao despertar.

O que faz do sono um estado restaurativo?  No próprio termo “restaurativo” está implícita uma atividade.  Se um prédio vai ser restaurado, é necessário que seus moradores o desocupem cessando aí o desgaste pelo uso.  Porém, não é suficiente.  Os operários precisam reparar os danos causados pelo uso do edifício.  Somente quando esse trabalho terminar, a restauração estará completa e o edifício pronto para ser reocupado pelos moradores.

O mesmo acontece com o templo do Ego, nosso Corpo Denso, quando ele fica exausto. É necessário, então, que o Ego, a Mente e o Corpo de Desejos se afastem e deixem o Corpo Vital à vontade para que ele possa restaurar o tom do Corpo Denso.  Assim, quando o Corpo Denso adormece, há uma separação.  O Ego e a Mente, envolvidos pelo Corpo de Desejos, retiram-se do Corpo Vital e do Corpo Denso, que permanecem na cama, enquanto os veículos superiores flutuam acima ou perto do Corpo que dorme.

O processo de restauração começa agora.  Numa luta no Mundo Físico, tanto o perdedor quanto o vencedor se machucam.  Quando mais violenta for à luta e mais valentes os lutadores, mais lesões eles sofrerão.  O mesmo acontece com o Corpo Vital e o Corpo de Desejos; este último sempre vence, no entanto, sua vitória é sempre uma derrota, porque ele é forçado a deixar o campo de batalha, e o prêmio, o Corpo Denso, nas mãos do derrotado Corpo Vital, retirando-se a seguir para reparar sua própria harmonia desfeita.

Quando ele se retira do Corpo que dorme, entra naquele mar de força e harmonia, chamado Mundo do Desejo. Lá ele vive as cenas do dia, mas em ordem inversa, isto é, dos efeitos às causas, colocando em ordem o emaranhado do dia, formando imagens verdadeiras para substituir as impressões distorcidas, devido às limitações da vida no Corpo Denso.  Como as harmonias do Mundo do Desejo compenetram o Corpo de Desejos e a sabedoria e a verdade substituem o erro, ele recupera seu ritmo e seu tom, levando o tempo necessário para restaurá-lo, que varia de acordo com o tipo de vida que teve naquele dia – se ilusória, impulsiva ou extenuante.

Somente então começa o trabalho de restauração dos veículos deixados no leito e o também restaurado Corpo de Desejos começa a reanimar o Corpo Vital, bombeando energia rítmica e este, por sua vez, inicia o trabalho no Corpo Denso, eliminando os produtos do desgaste, principalmente por meio do sistema nervoso simpático.  O resultado é que, o Corpo Denso restaurado, está cheio de vida quando o Corpo de Desejos, a Mente e o Ego entram de manhã e fazem com que ele acorde.

Às vezes, no entanto, acontece que nós estivemos tão absorvidos e interessados nos afazeres da nossa existência no Mundo que, mesmo depois que o Corpo Vital entrou em colapso, deixando o Corpo Denso inconsciente, não conseguimos deixá-lo para começar o trabalho de restauração; o Corpo de Desejos fica aderido como se fosse uma sombria mortalha, o Ego retirando-se só pela metade, e, nessa posição, começa a repassar os acontecimentos do dia.

É evidente que esta é uma condição anormal.  A conexão entre os diferentes veículos é rompida, primeiramente, pelo colapso do Corpo Vital e mais tarde perturbada pelas posições relativamente incomuns dos veículos superiores. E o resultado inevitável são aqueles sonhos confusos onde os sons e as visões do Mundo do Desejo estão misturados com os acontecimentos da vida diária da forma mais grotesca e absurda.

Às vezes, quando algum acontecimento do dia agitou demais o Corpo de Desejos, e este já rompeu a conexão com os veículos inferiores e está envolvido no trabalho de restauração anteriormente descrito, acontece que um desagradável incidente daquele dia aparece e o Corpo de Desejos vê a solução.  Então, ele corre de volta para o Corpo Denso a fim de imprimir as ideias no cérebro, causando um despertar brusco. Somente em alguns poucos casos o Corpo de Desejos é capaz de trazer a solução tão clara como era no Mundo do Desejo. Mesmo que a impressão da solução no cérebro seja bem-sucedida, normalmente a esquecemos pela manhã.

Naturalmente há ocasiões em que os sonhos são proféticos e que se cumprem, mas tais sonhos só se realizam após o total desprendimento do Corpo de Desejos e sobre circunstâncias onde o Espírito talvez veja algum perigo que possa suceder, e então, imprimi o fato sobre o cérebro, no momento do despertar.

Isto também acontece quando o Espírito empreende um voo anímico e deixa de realizar parte do trabalho de restauração.  Então o Corpo não estará refeito e assim permanece dormindo.  O Espírito poderá ficar longe do Corpo por alguns dias ou até semanas antes que entre em seu Corpo Denso e assume a rotina diária normal de dormir e despertar.  Esta condição é chamada de transe e o Espírito poderá lembrar, ao retornar, tudo o que viu e ouviu nos Mundos suprafísicos ou poderá esquecer, de acordo com o estágio de seu desenvolvimento e da profundidade do transe.  Quando o transe é leve, o Espírito permanece no quarto onde seu Corpo está e, quando retornar ao Corpo estará apto a repetir para seus parentes tudo o que eles disseram e fizeram, enquanto seu Corpo jazia inconsciente.  Quando o transe é mais profundo, o Espírito não tem consciência do que aconteceu em volta de seu Corpo, mas poderá contar experiências do Mundo invisível.

Na vida comum, a maioria das pessoas vive para comer. Elas bebem, gratificam a paixão sexual de maneira desenfreada e perdem a cabeça diante da mínima provocação.  Embora externamente essas pessoas possam ser muito “respeitáveis”, elas estão, em quase todos os dias de suas vidas, causando muita confusão na organização de seus veículos.  Todo o período do sono é gasto pelos Corpos de Desejos e Vital reparando os danos causados durante o dia, não sobrando tempo livre para nenhum trabalho fora do Corpo.  Porém, quando o indivíduo começa a sentir a necessidade da vida superior, controla sua força sexual e seu gênio, e cultiva uma disposição serena, causando assim menos desequilíbrio nos veículos durante as horas de vigília.  Consequentemente, menos tempo é necessário para a restauração durante o sono.  Desta forma, passa a ser possível deixar o Corpo Denso por longos períodos, durante as horas de sono, e funcionar nos Mundos internos em seus veículos superiores.  Como o Corpo de Desejos e a Mente não se acham ainda organizados, eles não são usados como veículos de consciência separados.  O Corpo Vital não pode deixar o Corpo Denso, pois isto causaria a morte; desta forma, medidas devem ser tomadas para prover um veículo organizado, que seja fluídico e tão bem construído que atenda às necessidades do Ego nos Mundos internos, assim como o Corpo Denso o faz no Mundo Físico.

PARTE IV – O CORPO DE DESEJOS DO SER HUMANO NOS MUNDOS INVISÍVEIS

Capítulo I – Na Hora da Morte

O Cordão Prateado que se desenvolve do Átomo-semente do Corpo Denso (localizado no coração), desde a concepção, se liga na parte do fígado que brota do vórtice central do Corpo de Desejos.  Quando o Cordão Prateado se liga ao Átomo-semente do Corpo Vital (localizado no plexo solar), o Espírito morre para a vida nos Mundos invisíveis e dá vida ao Corpo Denso que irá usar em sua próxima vida na Terra. Esta vida na Terra dura até que o curso dos eventos prenunciados na roda da vida, o horóscopo, haja terminado. E quando o Espírito novamente alcança o reino de Samael, o Anjo da Morte, a mística oitava Casa, o Cordão Prateado se rompe e ele retorna a Deus, que o criou, até que o alvorecer de outro dia de vida na Escola da Terra o chame para um novo nascimento que o fará mais habilidoso na construção de seu templo – o Corpo Denso.

A serpente disse: “É certo que não morrerás. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como deuses, sereis conhecedores do bem e do mal.” (Gn 3:4-5).  O mal era, naquela época, desconhecido para o ser humano.

Seguindo este conselho, a mulher assegurou a cooperação do ser humano e, pelo poder da vontade, eles libertaram seus Corpos de Desejos. Esta faculdade foi, naquela época, muito maior que agora, porque é lei que cada nova faculdade seja sempre adquirida à custa do enfraquecimento de algum poder já conseguido anteriormente, como aconteceu com a faculdade de pensar que foi adquirida da metade da força criadora. Então, a força de vontade do ser humano era tão grande que a ansiedade de Deus ao dizer “deixe o ser humano também comer da Árvore da Vida para que ele não se tornear imortal” foi bem fundamentada, porque o ser humano tivesse adquirido poder sobre o segredo da renovação do Corpo Vital, bem como do Corpo Denso e, assim, ele teria sido tornou-se capaz de criar o Corpo e vitalizá-lo para sempre. Não haveria verdadeiramente a morte, porém, também não haveria nenhuma evolução. Como o ser humano naquela época não sabia, e ainda hoje não sabe, como construir um Corpo Denso perfeito, isto poderia ter sido uma grande calamidade.  A morte não é uma maldição; é uma amiga quando chega naturalmente, porque nos liberta de um Corpo que nos limita, para que possamos ter uma nova chance em um novo e melhor Corpo Denso para aprender novas lições.

Quando chega o momento que marca o fim da vida no Mundo Físico, a utilidade do Corpo Denso termina e o Ego se retira pela cabeça, levando com ele a Mente e o Corpo de Desejos, como fazia toda noite durante o sono; porém, agora, o Corpo Vital não está mais ativo e, também, se retira e, quando o “Cordão Prateado” que liga os veículos superiores aos inferiores se rompe, o Corpo Denso jamais se recupera.

Os veículos superiores – Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente – são vistos deixando o Corpo Denso em um movimento espiral, levando com eles a alma de um átomo denso – não o átomo propriamente dito, mas as forças que atuaram por meio dele.

A cremação deve ser evitada durante os três primeiros dias após a morte, porque ela tende a desintegrar o Corpo Vital, o qual deveria permanecer intacto até que o Panorama da Vida passada seja gravado no Corpo de Desejos.

Durante a vida no estado de consciência de vigília, os veículos do Ego estão todos juntos e concêntricos, porém, na morte, o Ego, revestido pela Mente e pelo Corpo de Desejos, se retira do Corpo Denso.  Como as funções vitais estão chegando ao fim, o Corpo Vital também se retira do Corpo Denso, deixando-o inanimado sobre o leito.  Um pequeno átomo no coração também se retira e o resto do Corpo Denso se desintegra no seu devido tempo. Neste momento, um importantíssimo processo está se verificando e todos aqueles que assistem o Espírito que desencarna devem ter muito cuidado para que a maior tranquilidade reine no local e em todas as partes da casa.  As cenas de toda a vida passada, que estavam gravadas no Corpo Vital, estão se desenrolando diante dos olhos do Espírito, numa progressão lenta e ordenada em ordem inversa – da morte até o nascimento.  Este Panorama da Vida passada poderá durar de algumas horas até três dias e meio.  Este tempo será determinado pela força do Corpo Vital, que determina o período durante o qual o ser pode permanecer acordado sob o mais severo estresse.  Algumas pessoas podem trabalhar por cinquenta, sessenta ou setenta horas antes que caiam exaustas, enquanto outras aguentam somente algumas horas.  A razão da importância da quietude na casa por três dias e meio é a seguinte: durante este período, o Panorama da Vida passada está sendo gravado sobre o Corpo de Desejos, que passará a ser o veículo do ser enquanto ele estiver no Purgatório e no Primeiro Céu, onde irá colher o mal e o bem que ele semeou, de acordo com as ações praticadas por ele.

Quando o ser morre e perde os Corpos Denso e Vital, há uma condição igual àquela quando está dormindo.  O Corpo de Desejos, como foi explicado, não possui órgãos prontos para serem usados.  Ele está agora transformando do ovoide anterior para a aparência do Corpo Denso recém-abandonado.  Podemos facilmente compreender que um intervalo de inconsciência parecido com um sono é necessário, após o qual o ser acorda no Mundo do Desejo.

Acontece frequentemente, entretanto, que muitos seres ficam durante muito tempo sem saber o que aconteceu com eles.  Não percebem que já morreram.  Eles sabem que podem-se mover e pensar.  E, muitas vezes, uma tarefa difícil é fazê-los acreditar que estão realmente “mortos”.  Compreendem que algo está diferente, porém, não têm capacidade de entender o que é.

Uma separação acontece no Corpo Vital, após a morte, similar ao processo de iniciação.  Boa parte deste veículo, que pode ser chamada de “alma” se adere aos veículos superiores e forma a base da consciência nos Mundos invisíveis após a morte.

Deixar o Corpo Vital é um processo muito parecido com o que aconteceu com o Corpo Denso.  As forças vitais de um átomo são retiradas para serem usadas como núcleo do Corpo Vital para um novo nascimento.  Desta forma, em sua entrada no Mundo do Desejo, o ser possui os Átomos-semente do Corpo Denso, do Corpo Vital, além do Corpo de Desejos e a Mente.

Capítulo II – Causas da Mortalidade Infantil

Muito se pergunta por que as crianças morrem. Existem muitas causas.  Uma delas é quando a morte ocorreu por um terrível acidente, pelo fogo ou no campo de batalha numa vida anterior, pois, nestas circunstâncias, o Ego que partia não pôde concentrar-se no Panorama da Vida que deixava.  Isto também aconteceu quando as lamentações dos parentes atrapalham e o resultado é uma fraca gravação das experiências da vida sobre o Corpo de Desejos com uma vida insípida no Purgatório e no Primeiro Céu.

Nestes casos o Ego não colhe o que semeou e voltará a cometer os mesmos erros ou pecados vida após vida.  Para evitar que isto aconteça, o novo Corpo de Desejos que o Ego recebe, antes de seu próximo nascimento, deve conter o registro das lições necessárias.  O Ego está sempre inconsciente no caminho para o renascimento, cego pela matéria que ele atrai para si, da mesma forma como ficamos cegos quando entramos em casa num dia de Sol.  Só após o nascimento é que a consciência retorna gradualmente. Então, quando pela morte ele vai para o Primeiro Céu, aprende objetivamente a lição que deveria ter aprendido em sua passagem pela vida anterior e, quando aquela lição foi aprendida e gravada no futuro Corpo de Desejos, o Ego nasce na Terra, normalmente.

As crianças que morrem antes de completar sete anos formaram só o Corpo Denso e o Vital e por isso não são responsáveis perante a Lei de Consequência. Mesmo até os doze ou quatorze anos, o Corpo de Desejos está em processo de gestação e, como o que não nasceu não pode morrer, só os Corpos Denso e Vital se desintegram quando a criança morre.   Ela reterá seu Corpo de Desejos e sua Mente para o próximo nascimento.  No entanto, ela não seguirá o caminho que o Ego normalmente trilha num ciclo de vida completo e somente ascenderá ao Primeiro Céu para aprender as lições de que necessita e, após esperar de um a vinte anos, ela renasce, geralmente na mesma família.

Quando os três dias e meio imediatamente após a morte são passados em paz e quietude, o ser está apto a se concentrar muito mais sobre o panorama de sua vida e a gravação é muito mais profunda do que se ele tivesse sido perturbado por lamentações histéricas de seus parentes ou por outras causas.  Ele irá então experimentar um sentimento mais agudo, tanto para o bem quanto para o mal, no Purgatório e no Primeiro Céu e, em vidas posteriores, aquele sentimento falará mais alto, evitando que ele cometa erros.  Porém, quando as lamentações de seus parentes distraem sua atenção, ou quando o ser sofre um acidente – numa rua movimentada, num choque de trens, num teatro em chamas ou outras circunstâncias angustiantes – ele não terá oportunidade de se concentrar adequadamente, o mesmo ocorrendo se a morte acontecer num campo de batalha.  No entanto, não seria justo que ele perdesse as experiências de sua vida por ter morrido em tais circunstâncias e, assim, a Lei de Causa e Efeito oferece uma compensação.

Normalmente pensamos que quando uma criança nasce isto é tudo.  Entretanto, como durante o período de gestação o Corpo Denso está protegido do impacto do mundo exterior no ventre materno até alcançar maturidade suficiente para enfrentar as condições externas, o mesmo acontece com o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente que também passam por um estado de gestação e nascem posteriormente porque não tiveram um período de evolução igual ao do Corpo Denso.  O Corpo Vital nasce no sétimo ano quando se observa um período de grande crescimento.  O Corpo de Desejos nasce na puberdade, aos quatorze anos e a Mente, aos vinte e um, quando se diz que a criança se tornou homem ou mulher por ter alcançado a maioridade. 

Aquilo que não nasce não pode morrer, assim, quando uma criança morre antes do nascimento do Corpo de Desejos, ela vai diretamente para o Primeiro Céu.  Ela não ascende ao Segundo e Terceiro Céu porque tanto o Corpo de Desejos quanto a Mente não nasceram e então não podem morrer.  O Ego simplesmente espera no Primeiro Céu até que lhe seja oferecida uma nova oportunidade para renascer. Se ele morreu na vida prévia sob as circunstâncias perturbadoras acima referidas (por acidente ou no campo de batalha, ou quando as lamentações de parentes tornaram impossível uma gravação profunda do mal cometido e do bem realizado, como seria possível se morresse em paz), ele é instruído, após a morte na vida atual como criança, sobre os efeitos das paixões e desejos, de modo a aprender as lições que deveria ter aprendido na vida purgatorial, se não tivesse sido perturbado.  Renascerá, portanto, com o desenvolvimento apropriado de consciência de modo a poder continuar em sua evolução.

Como no passado o ser humano foi excessivamente agressivo e, por sua ignorância, sem cuidado com os parentes que morriam naturalmente (que eram poucos, comparados com os que morriam nos campos de batalha), há um grande número de mortalidade infantil.  Porém, à medida que a Humanidade adquira maior compreensão e entenda que a maior prova de amizade que podemos dar é ajudar o ser que está deixando esta vida, mantendo silêncio e orando, a mortalidade infantil deixará de existir em tão larga escala como é hoje em dia.

É ostensivo o contraste entre a ação delicada do Corpo Vital e a do Corpo de Desejos num rompante de gênio, quando se diz que a pessoa “perdeu o controle” de si mesma.  Sob tais circunstâncias os músculos se tornam tensos e a energia nervosa é gasta em quantidade suicida, a tal ponto que, após o descontrole, o Corpo pode, às vezes, ficar prostrado por semanas.  O mais desgastante trabalho não trará tanta fadiga quanto um rompante de gênio; da mesma forma, uma criança concebida na paixão, sob as cristalizantes tendências da natureza de desejos, terá uma vida curta.

O Corpo de Desejos se torna o árbitro do destino do ser humano no Purgatório e no Primeiro Céu.  As dores causadas pela purgação do mal e as alegrias causadas pela contemplação do bem, durante a vida, são levadas para a próxima vida como consciência para evitar que o ser humano perpetue os erros das vidas passadas e para estimulá-lo a praticar, em maior abundância, tudo que lhe causou mais alegria na vida anterior.

Quando os parentes próximos de uma pessoa que está morrendo explodem em histéricas lamentações quando o Espírito está deixando o corpo e mantêm esta postura durante os dias seguintes, o Espírito que, neste momento, está extremamente próximo ao Mundo Físico, é atraído pelo sofrimento dos entes queridos e não pode focalizar sua atenção na contemplação da vida que terminou.  Desta forma, o registro feito no Corpo de Desejos não será tão profundo como seria se o Espírito não fosse perturbado.  Consequentemente, o sofrimento no Purgatório não será tão intenso e as alegrias no Primeiro Céu não serão tão grandes.

Assim, quando o Ego retorna a Terra, ele terá perdido parte da experiência da vida anterior, o que significa que a voz da consciência não falará tão alto quanto falaria se o Espírito não tivesse sido perturbado pelas lamentações.

Para compensar esta falha, o Ego é geralmente trazido a renascer entre os mesmos amigos que lamentaram sua partida e depois é levado quando ainda criança.  Então, ele entra no Mundo do Desejo, mas, já que como criança não cometeu nenhum pecado que necessite ser expurgado, seu Corpo de Desejos e a Mente permanecem intactos.  Ele vai direto ao Primeiro Céu para esperar a oportunidade de um novo renascimento, porém, este tempo de espera é usado para ensiná-lo diretamente os efeitos das diferentes emoções, boas e más.  É frequente ser recebido por um parente que fica encarregado da tarefa de ensinar aquilo que ele perdeu pelas lamentações ou então essa tarefa é realizada por outros seres.  De qualquer maneira, a perda é mais que recuperada e, assim, quando a criança volta para o segundo nascimento, terá tanto crescimento moral quanto teria em circunstâncias normais, ou seja, se não tivesse sido perturbado quando morreu.

Quando a pessoa passa para os Mundos invisíveis em circunstâncias tais como fogo, acidente de trânsito, repentinamente, como na queda de um prédio ou montanha e ainda num campo de batalha ou perturbado pelos parentes no momento da morte, é impossível concentrar-se no Panorama da Vida e, desta forma, a gravação nos dois Éteres Superiores, Éter de Luz e Refletor, e sua amalgamação no Corpo de Desejos não se processam.  O ser humano não perde a consciência e, como não há gravação nos Éteres Superiores, não poderá haver vida purgatorial.  Significa dizer que ele não poderá colher o que semeou: não haverá sofrimento pelas más ações, nem alegria pelas boas ações que praticou.  O fruto da vida ficou perdido.

Para compensar este grande desastre, o Espírito, em sua próxima vida, morrerá ainda criança, isto em relação ao Corpo Denso, pois o Corpo Vital, o de Desejos e a Mente que normalmente não nasceu até que o Corpo Denso tenha sete, quatorze e vinte e um anos, respectivamente, são mantidos com o Espírito já o que não nasceu não pode morrer.  Então, no Primeiro Céu, o Espírito fica de um a vinte anos recebendo tantas instruções e lições objetivas que lhe ensinarão tudo o que deveria ter aprendido se sua vida não tivesse terminado por acidente.  Assim, ele renasce pronto para ocupar seu próprio lugar no caminho evolutivo.

No Mundo do Desejo é fácil dar lições objetivas sobre a influência das boas ou más paixões sobre a conduta e a felicidade.  Estas lições são indelevelmente impressas sobre o Corpo de Desejos sensível e emocional das crianças, e permanecem com elas após o renascimento. Deste modo muito de uma vida nobre se deve a todo esse treinamento.  Frequentemente, quando um Espírito fraco nasce, os Seres compassivos (os Líderes invisíveis que guiam a evolução) levam-no a morrer cedo para que receba este treinamento extra e possam prepará-lo para o que poderá, talvez, ser uma vida dura.  Este parece ser particularmente o caso quando a gravação no Corpo de Desejos foi fraca, em função da pessoa que morreu ter sido perturbada pela lamentação dos parentes ou porque morreu por acidente ou no campo de batalha.  Ela não vivenciou as experiências com a intensidade suficiente em sua vida post-mortem.  Desta forma, quando ela nasce, morre cedo, e a perda é compensada como anteriormente explicado.  Normalmente, a tarefa de tomar conta desta criança na vida do céu recai sobre aqueles que causaram esta anomalia.  Eles têm uma chance para reparar o erro e aprender mais, ou, talvez, venham a ser os pais daquele que prejudicaram para cuidar dele nos poucos anos de sua vida.  Neste caso, não importa o quanto eles histericamente se lamentem pela morte do filho porque não haverá nenhuma gravação no Corpo Vital da criança.

Capítulo III – O Purgatório

Após a morte, o Ego gradualmente ascende, atravessando os diversos Mundos espirituais até o Terceiro Céu e, ao se aproximar o renascimento, ele, também, gradualmente descende através da Região do Pensamento Concreto, do Mundo do Desejo e do Éter até o plano físico. O autor afirma que nenhum de seus conhecidos alcançou a parte superior do Mundo do Desejo ou a Região do Pensamento Concreto sem primeiro passar através do Éter e das camadas mais densas do Mundo do Desejo, ou seja, a Região purgatorial.

O Purgatório ocupa as três Regiões inferiores do Mundo do Desejo.  O Primeiro Céu se encontra nas três Regiões superiores.  A Região limítrofe é uma espécie de fronteira – nem céu nem inferno.

A missão do Purgatório é erradicar os hábitos injuriosos, fazendo sua gratificação impossível.  O indivíduo sofre exatamente como ele fez os outros sofrerem através de sua desonestidade, crueldade, intolerância e outras coisas mais.  Devido a este sofrimento, ele aprende a agir gentilmente, honestamente e com paciência com os outros no futuro.

A lei que estamos considerando é a Lei de Consequência.  No Mundo do Desejo, ela opera purgando o ser humano dos desejos mais grosseiros e corrigindo fraquezas e vícios que impedem seu progresso, fazendo-o sofrer de forma a alcançar o objetivo.  Se ele fez outros sofrerem ou se agiu injustamente com eles, irá sofrer de modo idêntico.  É preciso notar, entretanto, que, se uma pessoa foi sujeita a vícios e se arrependeu e o mais rápido possível corrigiu seu erro, este arrependimento e reforma purgaram-na dos vícios e atos inferiores.  O equilíbrio foi restaurado e a lição aprendida durante sua vida terrena e, desta forma, não haverá nenhum sofrimento após a morte.

No Mundo do Desejo, a vida passa aproximadamente três vezes mais rápido do que no Mundo Físico.  Um ser humano que tenha vivido até os cinquenta anos no Mundo Físico levará para passar pelos mesmos eventos no Mundo do Desejo aproximadamente dezesseis anos.  Este é, naturalmente, um exemplo genérico.  Há pessoas que permanecem no Mundo do Desejo muito mais tempo do que o período de sua vida física.  Outros, que viveram com poucos desejos inferiores, despendem muito menos tempo, mas a média dada anteriormente está muito próxima da realidade dos seres que vivem atualmente.

Devemos lembrar que, quando o ser humano deixa o Corpo Denso na morte, sua vida passada se apresenta à sua frente em imagens, porém, neste momento, não há nenhum sentimento envolvido.

Durante sua vida no Mundo do Desejo, estas imagens da vida também se desenrolam de trás para frente como antes; porém, agora, o indivíduo passa por todos os sentimentos, um por um, à medida que as cenas se apresentam.  Cada incidente de sua vida passada é vivido e, quando chega a uma cena em que tenha feito mal a alguém, ele mesmo sente a dor que a pessoa sentiu.  Ele vivencia toda dor e sofrimento que causou aos outros e aprende quão dolorosa foi a ferida e quão difícil foi suportar o mal que ele causou. Além disso, há ainda o fato já mencionado de que o sofrimento é ainda mais agudo porque ele não tem mais o Corpo Denso que entorpece a dor.  Talvez seja essa a razão da vida lá ser três vezes mais rápida – o sofrimento perde em duração o que ganha em intensidade.  As medidas da Natureza são maravilhosamente justas e verdadeiras.

Há outra característica peculiar nesta fase da existência post-mortem que está intimamente ligada com o fato (já mencionado) de que a distância é quase inexistente no Mundo do Desejo.  Quando o ser humano morre, imediatamente se encontra em seu Corpo Vital; ele se sente crescer em grandes proporções.  Esta sensação se deve ao fato, não de que o Corpo Denso esteja realmente crescendo, mas sim pelas faculdades de percepção que chegam com tantas impressões e de diferentes fontes, todas parecendo próximas de suas mãos.  O mesmo também é verdadeiro com o Corpo de Desejos.  O ser humano parece estar perto de todas as pessoas com as quais se relacionou na Terra, relação esta cuja natureza precisa ser corrigida.  Se ele fez mal a alguém em São Francisco e a outrem em Nova York, sentir-se-á como se parte dele estivesse em cada lugar.  Esta situação lhe dá a sensação de estar sendo cortado em pedaços.

O Estudante irá agora entender a importância do Panorama da Vida passada durante a existência purgatorial, onde este panorama é convertido em sentimentos explícitos.  Se ele durou bastante e o ser humano não foi perturbado, a completa, profunda e clara impressão gravada no Corpo de Desejos fará com que a vida no Mundo do Desejo seja mais viva e consciente, e a purgação mais completa do que, por causa da aflição causada pelo pesar dos parentes no momento da morte e durante o período de três dias anteriormente mencionado, seria se o ser humano tivesse só uma vaga impressão de sua vida passada.  O Espírito que obtém uma clara e profunda gravação em seu Corpo de Desejos entenderá os erros de sua vida muito mais claramente do que se as imagens estiverem embaçadas, devido ao desvio de sua atenção pelo sofrimento que o envolvia.

O sentimento gerado pelos fatos que causam o sofrimento no Mundo do Desejo será mais intenso se esses fatos forem extraídos de um panorama cuja impressão for nítida e não de um processo de gravação mais curto.

É possível para os assim chamados mortos, modelar com o pensamento qualquer peça de vestuário que eles desejem.  Eles normalmente pensam em si mesmos vestidos com as roupas convencionais do país em que viveram antes de entrar no Mundo do Desejo e, desta forma, aparecem vestidos sem nenhum esforço particular do pensamento.  Porém, quando desejam obter algo novo ou uma peça de vestuário diferente, eles têm que usar o poder da vontade para consegui-la e ela durará enquanto eles pensarem que estão assim vestidos.

Mas esta característica da matéria de desejos de se amoldar ao poder do pensamento é também usada em outras direções.  De uma maneira geral, quando a pessoa deixa o mundo presente em consequência de um acidente, ela pensa em si mesma como estando desfigurada, talvez sem braço ou perna ou com um buraco na cabeça. Isto em nada lhe atrapalha; ela pode mover-se tão facilmente sem pernas ou braços como se os tivesse; porém, isto mostra a tendência do pensamento de dar forma ao Corpo de Desejos.  No início da guerra (1a. Guerra Mundial) quando um grande número de soldados passara para o Mundo do Desejo com lesões da mais horrível natureza, os Irmãos Maiores e seus ajudantes ensinaram àquelas pessoas que simplesmente concentrando seu pensamento em que estavam em Corpo Densos perfeitos e sadios, eles ficariam imediatamente livres de seus ferimentos desfigurantes.  E eles fizeram isso imediatamente.  A partir daquele momento todos os que chegavam e eram capazes de entender o que estava acontecendo tinham suas feridas e amputações imediatamente restauradas de tal forma que ninguém pensaria que eles tinham morrido em consequência de um acidente no Mundo Físico.

Como resultado, este conhecimento tornou-se tão comum, que muitos seres que morreram se aproveitaram desta propriedade de matéria de desejos e moldaram-na pelo pensamento, modificando a aparência de seu Corpo Denso.  Aqueles que eram corpulentos desejavam parecer mais esbeltos, e vice-versa, os que eram muito magros, mais gordos.  Esta mudança ou transformação não é sempre bem-sucedida, pois depende do arquétipo.  O acréscimo de peso numa pessoa magra ou a perda de peso numa pessoa corpulenta não permanece para sempre; após algum tempo, o ser que era originariamente magro volta a sua estatura anterior, enquanto aquele que era corpulento vai recuperando seu peso gradualmente e tem que passar pelo processo novamente.  É similar ao que acontece com aqueles que tentam modificar suas feições, mudando sua aparência original em outra que mais lhe agrada.  Entretanto, as modificações que afetam as feições são menos permanentes porque a expressão facial, tanto lá como aqui, é uma indicação da natureza da alma.  Por isso, qualquer fingimento é rapidamente disperso pelos pensamentos habituais da pessoa.

Durante a vida física, o Corpo de Desejos tem a forma aproximada de uma nuvem ovoide envolvendo o Corpo Denso.  Porém, tão logo a pessoa adquire consciência no Mundo do Desejo e começa a pensar que tem a aparência do Corpo Denso, o Corpo de Desejos assume esta forma.  Esta transformação é facilitada pelo fato de que o Corpo-Alma, composto pelos dois Éteres superiores, Luminoso e Refletor, ainda permanece com o Ego.  Para tornar mais claro, fazendo uma comparação, devemos lembrar que quando o Ego está descendo para o renascimento, os dois Éteres inferiores que envolvem o Átomo-semente do Corpo Vital são moldados em uma matriz pelos Senhores do Destino – os Anjos do Destino e seus ajudantes.  Esta matriz é colocada no ventre da mãe, onde as partículas físicas são incrustadas, formando gradualmente o corpo da criança que vai nascer.  No momento do nascimento, a criança não tem Corpo-Alma. Tudo o que tenha relação com os Éteres superiores só será assimilado mais tarde durante a vida e será construído pelas boas e verdadeiras ações.  Quando o Corpo-Alma atinge certa densidade, é possível que o ser humano funcione como um Auxiliar Invisível e, durante os seus voos anímicos, o Corpo de Desejos se amoldará nesta matriz já preparada.  Quando ele retorna ao Corpo Denso, o esforço da vontade, por meio da qual ele entra nesse corpo, automaticamente desfaz a íntima conexão entre o Corpo de Desejos e o Corpo-Alma.  Mais tarde, quando a vida no Mundo Físico termina e os dois Éteres mais densos se desfazem junto com o Corpo Denso, o Luminoso Corpo-Alma ou “Manto Dourado de Bodas” permanece com os veículos superiores e, dentro desta matriz, o Corpo de Desejos é moldado em seu nascimento nos Mundos invisíveis.  Da mesma forma como o corpo da criança foi feito de acordo com a matriz dos dois Éteres mais densos antes do nascimento físico, o nascimento nos Mundos invisíveis que segue a morte na Região física é acompanhado pela impregnação de matéria de desejo na matriz formada pelos dois Éteres superiores, formando o veículo que será usado naquele Mundo.

Porém, os assim chamados mortos não são os únicos capazes de moldar a matéria de desejos em qualquer forma que desejem.  Este poder é compartilhado por todos os habitantes do Mundo do Desejo, mesmo nas Regiões inferiores pelos elementais, e eles frequentemente usam esta faculdade de transformação para assustar ou enganar os recém-chegados.  Muitos neófitos sentiram temor quando entraram pela primeira vez neste Mundo porque estes pequenos diabretes reconhecem logo se uma pessoa é estranha e não habituada com a natureza das coisas lá e eles parecem sentir um especial prazer em molestar os recém-chegados, transformando-se nos mais grotescos e terríveis monstros.  Então, podem simular ataques atrozes contra o neófito e se conseguirem encurralá-lo num canto e fazê-lo encolher de medo, isto parece lhes dar o maior prazer, enquanto mostram seus dentes afiados como se estivessem prontos para devorá-lo.  Mas, quando o neófito aprende que, na realidade, não há nada que possa feri-lo e que, em seus veículos superiores, ele está imune a qualquer perigo de ser feito em pedaços ou devorado, aprende que um simples sorriso dirigido às inofensivas criaturas e um severo comando para que se retirem é tudo o que é necessário para desviar sua atenção e deixá-lo sossegado.  Assim, ele aprende a forçá-los a obedecer a sua vontade, porque neste Mundo todas as criaturas que não se individualizaram são impelidas a obedecer à ordem de inteligências superiores e o ser humano está entre elas.

É curioso o fato de que elementais sub-humanos algumas vezes se liguem a certas pessoas, a uma família ou mesmo a uma sociedade religiosa; porém, nestes casos, sempre foi observado que seus veículos não consistiam do Corpo de Pecado composto do entrelaçamento do Corpo de Desejos e Vital, mas sim, obtido através da mediunidade praticada por uma pessoa geralmente de bom caráter, na qual o Éter de seu veículo se encontrava em estado de desintegração.  Para perpetuar e prolongar seu domínio sobre tal veículo, eles exigem, daqueles a quem servem oferendas regulares de comida e queima de incenso.  Embora não possam assimilar a comida física, eles realmente vivem dos vapores e odores que se desprendem e, também, da fumaça do incenso.

Quando o Ego se livra do Corpo Vital, seu último elo com o Mundo Físico se rompe e ele entra no Mundo do Desejo.  A forma ovoide do Corpo de Desejos agora muda, assumindo a forma do Corpo Denso abandonado.  Há, no entanto, uma combinação peculiar dos materiais de que é formado, e que terá grande significação e determinará o tipo de vida que viverá lá.

O Corpo de Desejos do ser humano é composto de material das sete Regiões do Mundo do Desejo, da mesma forma como o Corpo Denso é composto de sólidos, líquidos e gases deste Mundo.  Mas a quantidade de matéria de cada Região no Corpo de Desejos depende da natureza de desejos de que o ser humano se nutre.  Desejos grosseiros são formados pela matéria de desejos mais grosseira que pertence à Região mais inferior do Mundo do Desejo.  Se o ser humano possui tal desejo, ele está construindo um Corpo de Desejos grosseiro, onde a matéria das Regiões inferiores predomina.  Se ele persistentemente se livra de seus desejos grosseiros, permitindo só o que é puro e bom, seu Corpo de Desejos será formado pela matéria das Regiões superiores.

No presente, nenhum ser humano é totalmente mal ou totalmente bom.  Somos todos uma mistura de ambos, mas existe uma diferença nesta composição.  No Corpo de Desejos de uns há preponderância de matéria inferior e, em outros, de matéria superior.  Isto faz toda a diferença no ambiente e na condição do ser humano quando entra no Mundo do Desejo após a morte, porque a matéria de seu Corpo de Desejos, enquanto assume a forma do Corpo Denso abandonado, organiza-se de forma que a matéria mais sutil que pertence às Regiões superiores forme o centro do veículo e a matéria das três Regiões mais densas fica na parte externa.  Quando a vida do Ego na Terra termina, ela põe em ação a força centrífuga para se livrar de seus veículos.  Segundo a mesma lei que faz com que um Planeta arremesse para o espaço sua parte mais densa e cristalizada, o Ego primeiro se livra do Corpo Denso.  Quando entra no Mundo do Desejo, esta força centrífuga também atua de modo a expulsar a matéria mais grosseira do Corpo de Desejos e assim o ser humano é forçado a permanecer nas Regiões inferiores até que tenha purgado os desejos inferiores.  A matéria inferior de desejos fica, por isso, sempre na parte externa de seu Corpo de Desejos enquanto ele está passando pelo Purgatório e é gradualmente eliminada pela força centrífuga – a Força de Repulsão – que extirpa o mal e então permite que o Ego ascenda ao Primeiro Céu, na parte superior do Mundo do Desejo, onde a Força de Atração impera e traz tudo de bom da vida passada como força de alma para o Ego.  A parte descartada do Corpo de Desejos é deixada como uma “concha” vazia.  

Quando o Ego deixa o Corpo Denso, este morre rapidamente.  A matéria física torna-se inerte quando é privada da estimulante energia da vida e se dissolve.  Isto não acontece com a matéria do Mundo do Desejo porque a partir do momento em que a vida é transmitida, a energia subsistirá por um tempo considerável após o seu influxo cessar, variando com a força do impulso. O resultado é que após o Ego ter se afastado, as “conchas” subsistem por um tempo mais longo ou mais curto.  Elas vivem uma vida independente e, se o Ego a quem elas pertenceram tiver tido muitos desejos mundanos, talvez cortados na juventude, com ambições fortes e insatisfeitas, esta “concha” sem alma irá certamente fazer um esforço desesperado para voltar ao Mundo Físico e muitos dos fenômenos das sessões espíritas devem-se às ações destas “conchas”.  O fato de que a comunicação recebida de muitos destes assim chamados “Espíritos” é completamente destituída de sentido, e é facilmente comprovado quando compreendemos que eles não são realmente espíritos, mas somente uma parte sem alma do revestimento do Espírito que partiu e, portanto, sem inteligência.  Eles têm uma memória da vida passada, de acordo com o panorama gravado após a morte, que lhes permite se apresentarem aos parentes contando incidentes que não são do conhecimento de outros, porém, o fato é que eles não são mais do que a vestimenta descartada pelo Ego, dotada de vida independente por algum tempo.

Não é sempre, entretanto, que essas conchas permanecem sem alma, porque há diferentes classes de seres no Mundo do Desejo cuja evolução os prende àquele Mundo.  São bons e maus, da mesma forma que os seres humanos. Geralmente são classificados como “elementais”, embora difiram amplamente em aparência, inteligência e características.  Nós vamos lidar com eles somente se sua influência atingir o estado post-mortem do ser humano. 

Isto às vezes acontece, especialmente quando o indivíduo se acostumou a invocar Espíritos, e estes tomam posse de seu Corpo Denso na vida terrena e fazem dele um médium irresponsável.  Eles geralmente o enganam inicialmente com conhecimentos aparentemente superiores, porém, gradualmente, levam-no para a grosseira imoralidade e, pior que tudo, podem tomar posse do Corpo de Desejos quando o Ego passa para o Primeiro Céu.  Como os impulsos contidos no Corpo de Desejos são a base para a vida no céu e, também, a mola da ação que leva o Ego a reencarnar para um renovado crescimento, este é realmente um sério problema porque toda evolução do Ego pode parar por muitos anos antes que o elementar liberte o seu Corpo de Desejos.

Quando o bem e o mal da vida foram extraídos, o Espírito se livra do Corpo de Desejos e ascende ao Segundo Céu.  O Corpo de Desejos começa então a se desintegrar como aconteceu com o Corpo Denso e o Vital, mas é uma peculiaridade da matéria de desejos que, uma vez formada e vivificada, ela persistirá por um tempo considerável.  Mesmo depois que a vida se afastou, ele vive uma vida semiconsciente e independente. Algumas vezes, é levado por atração magnética até parentes do Espírito que ele abrigava e, em sessões espíritas, estas “conchas” personificam o Espírito que partiu e decepcionam seus parentes.  Como o Panorama da Vida anterior está gravado nestas “conchas”, elas têm a memória de acontecimentos que têm relação com estes parentes, o que facilita a decepção.  Porém como a inteligência se retirou, elas são incapazes de dar um parecer verdadeiro e isto é a razão do vazio e das tolices que transmitem.

Quando o Espírito acorda no Mundo do Desejo, ele é exatamente igual ao que era antes de morrer, mas com uma única exceção.  Qualquer um que o tenha conhecido reconhecê-lo-á.  Não há nenhum poder transformador na morte; o caráter do Espírito não muda, os viciados e alcoólatras continuam iguais, o avarento continua usurário, o ladrão é tão desonesto como nunca, porém, há uma grande mudança neles todos: todos perderam seu Corpo Denso e isso faz toda a diferença na gratificação de seus diversos desejos.

O alcoólatra não consegue beber; ele perdeu seu estômago e, embora tente entrar nas garrafas de uísque dos bares, não sente satisfação nenhuma, já que, não possuindo estômago, não obtém a combustão química necessária a seu prazer.  Tenta, então, tirar proveito penetrando os Corpos Densos dos que bebem aqui na Terra e consegue isso facilmente porque o Corpo de Desejos é constituído de tal modo que pode ocupar o mesmo espaço com outra pessoa.  Os “mortos”, no início, sentem-se incomodados quando seus amigos se sentam na cadeira que eles estão ocupando, mas, depois de algum tempo, compreendem que não há necessidade de se levantarem apressadamente porque alguém deseja se sentar.  “Sentar em cima do Corpo de Desejos” não machuca; ambas as pessoas podem ocupar a mesma cadeira sem que uma prejudique os movimentos da outra.  Assim, o alcoólatra interpenetra o corpo de quem está bebendo, mas nem assim terá satisfação real e, em consequência, ele sofre a tortura de Tântalos, até que, finalmente, o desejo se extinga em sua ânsia de gratificação, como acontece com todos os desejos mesmo na vida física.

Enquanto nossos maus hábitos são tratados desta maneira geral nossas más ações específicas da vida passada são tratadas da mesma maneira automática por meio do Panorama da Vida que foi gravado no Corpo de Desejos.  Este panorama se desenrola de trás para frente, da morte ao nascimento, quando entramos no Mundo do Desejo.  Ele se desenrola em velocidade três vezes maior que a de nossa vida terrestre; assim, um ser humano de 60 anos, ao morrer, viverá no Mundo do Desejo aproximadamente 20 anos.

Devemo-nos lembrar de que, enquanto ele observa este panorama imediatamente após a morte, não há nenhum sentimento, estando lá meramente como um espectador, olhando para as cenas que se desenrolam.  Porém, é diferente quando o panorama aparece à sua consciência no Purgatório.  Lá, o bem não causa impressão, mas todo mal atua sobre o Ego de tal forma que, nas cenas em que ele fez outros sofrerem, sentirá todo o sofrimento.  Ele sofre toda a dor e angústia que sua vítima sofreu na vida e, como a velocidade da vida lá é triplicada, assim também é o sofrimento, que é mais agudo porque, enquanto o Corpo Denso é lento em vibração e embota o sofrimento, no Mundo do Desejo, onde não temos o veículo físico, o sofrimento é mais intenso.  Quanto mais nítida for à gravação do Panorama da Vida sobre o Corpo de Desejos na hora da morte, maior será o sofrimento do Ego e mais claramente ele irá sentir, em vidas futuras, que toda transgressão deverá ser evitada.

O Mundo do Desejo, os Éteres e o Mundo Físico interpenetram-se de forma que o avarento está bem aqui entre nós, como se tivesse um Corpo Denso para usar.  Não é geralmente entendido, e o autor se surpreende com este fato, porque os Espíritos que recentemente deixaram o Corpo Denso não sejam vistos pelos que estão na Terra, já que o revestimento externo deles é composto pela matéria mais densa das Regiões inferiores do Mundo do Desejo, pelo Éter Químico, que é o mais denso dos quatro Éteres, e dos gases físicos extremamente entrelaçados.

Assim, o avarento e todos os outros que recém deixaram o Corpo Denso veem as pessoas neste Mundo muito mais claramente do que as coisas do Mundo do Desejo onde se encontram, porque, assim como o ser humano que ao sair de casa num dia de Sol tem que se acostumar primeiro à luz, assim também os Espíritos que entraram no Mundo do Desejo após a morte necessitam um pouco de tempo para esta adaptação.  E o material mais denso que compõe seu ser, o qual é projetado para a periferia pela força centrífuga de Repulsão mantém-no na Terra por um, mais ou menos, longo período de tempo, até que tenha desprendido este material mais grosseiro e esteja apto a contatar as vibrações mais sutis das Regiões superiores.  Por esta razão, o avarento, o alcoólatra, o sensual e outros seres similares cujos desejos são baixos e depravados, permanecem nestas Regiões inferiores, que bem podem ser chamadas de inferno, por mais tempo que as pessoas com elevados ideais e aspirações espirituais que se dedicaram em vida, a erradicarem seus pecados e sublimar sua natureza inferior.  Seus Corpos de Desejos contêm, comparativamente, menos material grosseiro, o qual é rapidamente dissolvido, deixando-os livres para atingirem as esferas superiores.

Não existem órgãos especializados nos veículos superiores, porém, como somos sensíveis em toda periferia de nosso Corpo Denso, assim também os Espíritos veem e ouvem não somente pela periferia, mas com cada átomo de seu corpo espiritual interna e externamente.  O que eles percebem não são coisas físicas, mas cada cadeira, mesa ou qualquer outro objeto é interpenetrado pelos dois Éteres e matéria de desejos e é isto que eles percebem, e para eles é tão tangível quanto às formas físicas o são para nossos sentidos.

É verdade que a Terra é envolvida pela atmosfera da mesma forma como a matéria de desejos que constitui o Mundo do Desejo envolve nosso Planeta.  Entretanto, os que deixaram o Corpo Denso e estão no Mundo do Desejo veem através da Terra tão facilmente como nós vemos através da vidraça.

A vítima de assassinato escapa deste sofrimento no Purgatório porque, normalmente, se acha em estado de inércia letárgica (parecida com o coma médico) até o momento em que a morte natural deveria ocorrer e é ajudada neste aspecto assim como as vítimas dos chamados acidentes, sendo que estas últimas permanecem conscientes a princípio e pouco depois da morte. Se a pessoa que cometeu o delito é executada entre o momento do assassinato e o tempo em que sua vítima iria morrer naturalmente, o comatoso Corpo de Desejos do que morreu dirige-se para o assassino por atração magnética, seguindo-o para onde ele for sem um momento de descanso. A cena do assassinato está sempre diante dele, causando-lhe o sofrimento e a angústia que inevitavelmente acompanha esta incessante repetição do seu crime em todos os horríveis detalhes. Isto irá durar pelo período correspondente ao que a vítima foi privada de viver. Se o assassino não for executado e sua vítima passou além do Purgatório antes de morrer, a “concha” de sua vítima permanecerá para atuar como Nêmesis[2] no drama da cena do crime.

Os sofrimentos no Purgatório são os resultados da delinquência moral e o ressentimento daqueles que foram assim atingidos. Um cirurgião que obteve sucesso em sua operação ou cirurgia merecerá a gratidão da pessoa operada e a cena desta cirurgia, no Panorama da Vida, atuará sobre ele no Primeiro Céu com a gratidão da pessoa que ele ajudou. Isto fará com que ele se sinta mais desejoso de servir a seu semelhante.

Por outro lado, aqueles inescrupulosos cirurgiões que persuadiram as pessoas a fazerem operações ou cirurgias, executadas meramente pelo amor a novas experiências, ou que retiraram seres de instituições de caridade com essa finalidade, serão severamente castigados como merecem. Quanto ao Purgatório dos vivisseccionistas, vimos certos casos que comparados ao inferno ortodoxo com o diabo e seu garfo, parecem um lugar de diversão. No entanto, não há nenhum agente de natureza demoníaca para punir – só as agonias do animal torturado gravadas em seu Panorama da Vida é que agem sobre ele com tripla intensidade (porque a existência purgatorial dura um terço da vida física). Estas pessoas não imaginam o que estão construindo para si; se assim fosse, as câmaras de tortura seriam logo esvaziadas e haveria um horror a menos no mundo.

Quando uma pessoa tenha sido muito grosseira e rude na vida, quando provocou sofrimento em qualquer lugar e toda vez que teve chance, veremos que seu sofrimento no Purgatório será muito severo, intensificado pelo fato de que a existência purgatorial é mais curta que a vida na terra, mas a dor se intensifica proporcionalmente. Por isso, é evidente que se sua experiência fosse contínua, se a dor gerada por um ato fosse imediatamente seguida pela próxima, muito do efeito do sofrimento seria perdido pela alma, porque ela não sentiria sua completa intensidade. Portanto, as experiências vêm em ondas, de forma que há um intervalo após cada período de sofrimento para que a intensidade total do próximo possa ser sentida.

Deus não é vingativo; Ele somente ensina aqueles que agem erradamente a não repetirem seus atos, dando, ao que errou dor igual. A tendência numa vida futura é que o ser humano venha respeitar o sentimento dos outros e ser misericordioso com todos. Portanto, grande intensidade de dor é necessária para conservação de energia e torná-lo bom e puro mais cedo do que seria se a dor tivesse sido contínua e o correspondente sofrimento reduzido.

Se a pessoa que está morrendo pudesse deixar todos os desejos para trás, o Corpo de Desejos muito rapidamente se libertaria, deixando-o livre para prosseguir para o Primeiro Céu, mas isto normalmente não acontece.  A maioria das pessoas, principalmente se elas morrem ainda jovens, possui muitos laços e interesses na vida na Terra. Elas não modificam seus desejos só porque perderam seu Corpo Denso. De fato, seus desejos são até aumentados pela vontade intensa de retornar. Isto as prendem mais ao Mundo do Desejo de forma desagradável, embora, infelizmente, elas não entendam a realidade deste fato. Por outro lado, os velhos, decrépitos e aqueles enfraquecidos por longa enfermidade se libertaram da vida e passaram rapidamente.

O assunto pode ser ilustrado pelo caroço que se desprende da fruta madura onde nenhuma parte da polpa se adere, enquanto, na fruta verde, o caroço se adere à polpa tenazmente. Assim, é muito difícil para as pessoas que morrem de acidente, estando em plena saúde e força física, ligadas à esposa, família, parentes, amigos e à procura de negócios e prazer.

O suicida, que tenta escapar da vida, irá descobrir que está mais vivo do que nunca e na mais penosa situação. É capaz de ver aqueles a quem desgraçou pelo seu ato e, pior que tudo, sente uma indescritível sensação de vazio.   A parte na aura ovoide onde o Corpo Denso costumava ficar está vazia e, embora o Corpo de Desejos tenha tomado à forma de Corpo Denso abandonado, ele o sente como uma concha vazia, porque o arquétipo criador do corpo na Região do Pensamento Concreto persiste como uma matriz vazia, por assim dizer, por todo o período em que o Corpo Denso deveria viver. Quando uma pessoa morre naturalmente, mesmo no início de sua vida, a atividade do arquétipo cessa, e o Corpo de Desejos se ajusta para ocupar totalmente o seu lugar, porém, no caso do suicida, a terrível sensação de “vazio” permanece até que, no curso natural dos acontecimentos, a morte ocorra.

Enquanto o ser humano manifesta seus desejos ligados à vida na Terra, ele tem que permanecer em seu Corpo de Desejos e à medida que o progresso do indivíduo requer que ele alcance Regiões mais superiores, a existência no Mundo do Desejo tem que ser necessariamente purgatorial, tendendo a purificá-lo de seus pecados. Como isto acontece, pode ser melhor compreendido tomando alguns exemplos radicais: o avarento, que amou seu ouro na vida terrena, continua a amá-lo após a morte, mas, em primeiro lugar, ele não pode adquirir mais porque não tem mais o Corpo Denso para agarrá-lo, e, pior que tudo, não pode sequer manter o que acumulou durante a vida. Ele irá, talvez, sentar-se perto do seu cofre e olhar o ouro e as ações guardadas por ele com tanto carinho. Mas os herdeiros aparecem e talvez zombando do “velho tolo avarento” (que eles não veem, mas que os vê e ouve), abrirão seu cofre e, embora ele se jogue sobre o ouro para protegê-lo, eles passarão suas mãos através de seu corpo, sem perceber ou sentir que ele está ali e irão gastar sua fortuna, enquanto ele sofre de tristeza e impotente raiva.

Ele sofrerá intensamente e seu sofrimento é ainda mais terrível por ser inteiramente mental, porque o Corpo Denso amortece o sofrimento de certa forma. No Mundo do Desejo, no entanto, este sofrimento tem força total e o ser humano sofre até aprender que o ouro pode ser uma maldição. Assim, ele, gradualmente, se contenta com sua sorte e, finalmente, se liberta do Corpo de Desejos e está pronto para prosseguir.

Tomemos o caso do alcoólatra. Ele continua gostando de beber após a morte tanto quanto gostava anteriormente. Não é o Corpo Denso que anseia pela bebida. Ele se torna doente pelo álcool e gostaria de passar sem ele. Em vão, protesta de diversas maneiras, mas o Corpo de Desejos do alcoólatra anseia pela bebida e força o Corpo Denso a ingeri-la, para que o Corpo de Desejos possa ter a sensação de prazer resultante do aumento da vibração.  Aquele desejo permanece após a morte do Corpo Denso, mas o alcoólatra não tem em seu Corpo de Desejos nem boca para beber nem estômago para conter a bebida. Ele procura os bares onde interpenetra os corpos dos que bebem para conseguir um pouco de vibração por indução, porém, isto é demasiadamente fraco para trazer-lhe alguma satisfação. Ele, muitas vezes, entra na garrafa de uísque, mas isto não lhe traz proveito porque não há na garrafa os gases que são gerados pelos órgãos digestivos do beberrão. Não há nenhum efeito que possa sentir e ele é como um ser humano num barco no meio do oceano: “Água, água, para todos os lados, mas nem uma gota para beber”.  Em consequência, ele sofre intensamente. Em tempo, no entanto, ele aprende a perda de tempo que é ansiar pelo que não pode conseguir. Como tantos outros desejos aqui na vida terrena, os desejos no Mundo do Desejo morrem por não poderem ser satisfeitos. Quando o alcoólatra purgou o vício, ele está pronto para deixar esta fase do “Purgatório” e sobe para o Mundo celestial.

Os alcoólatras, no Mundo do Desejo, tentam criar a bebida que anseiam beber quando aprendem que é possível modelar a matéria de desejos e criar o que desejam; porém, todos declaram unanimemente que a mais forte bebida ou as drogas que eles fabricam desta forma não lhes traz nenhuma satisfação. Eles podem imitar o gosto perfeitamente, porém, a bebida assim produzida não tem a capacidade de torná-los bêbados. O máximo que conseguem para sua satisfação é introduzir-se nos corpos dos alcoólatras que ainda estão no Mundo Físico. Por isso, eles estão continuamente rondando os bares e empenhando-se em que os frequentadores destes lugares tomem uma excessiva dose de intoxicantes.

Eles também afirmam que conseguem considerável satisfação pelos gases exalados pela respiração dos alcoólatras em seu Corpo Denso e, quanto mais densa e estimulante a atmosfera nos bares, mais próximo eles chegam à satisfação que procuram. Se os fracos que visitam tais lugares pudessem ver e entender as táticas repugnantes daqueles seres invisíveis perversos que povoam estes lugares, certamente isto seria um alerta que ajudaria aqueles que não foram tão longe a reconduzir seus passos no caminho da decência e vida honesta. Porém, graças a Deus, para ambos os alcoólatras, visíveis e invisíveis, é impossível criar um recanto de vício na matéria de desejos porque a Força de Repulsão tende a destruí-lo mais rapidamente do que eles conseguem criá-lo.  

Para maior ilustração, tomemos o caso de um alcoólatra que, transformado numa besta humana, atinge seus filhos, privando-os das necessidades vitais e da educação, que agride sua esposa, passando para seus filhos um exemplo que eles poderão vir a seguir, baixando seu padrão moral.

Depois da morte, este ser irá sentir no Purgatório, primeiro as torturas da ânsia pela bebida que ele não é capaz de satisfazer e, segundo, todo o sofrimento que causou à sua família. Ele terá pagado por seus erros e é verdade que renascerá com uma vida nova, no que diz respeito ao sofrimento a eles causado. Porém, ele fez um voto de amor e carinho para com a mulher que se tornou sua esposa, e, pelo ato criador, forneceu o núcleo para a formação dos corpos de seus filhos que necessitam de ajuda e ambiente adequado para seu desenvolvimento. As responsabilidades paternas ele negligenciou e, consequentemente existe um laço entre ele e os membros de sua família. Ele ainda tem um débito de amor e serviço que terá que ser pago no futuro e, desta forma, numa vida posterior, estes Egos serão trazidos juntos e tão próximos que ele terá a oportunidade de fazer o bem a todos eles. Se ele não tiver esta oportunidade, ele poderá ainda numa vida posterior prestar um adequado serviço à outra pessoa. É por esta razão que o serviço deve ser praticado e, desta forma, a natureza do amor envolverá e se expandirá, tornando-se universal para todos.

A mesma regra vale para todos os demais casos e, assim como as condições extremas oferecem as melhores ilustrações, podemos tomar como outro exemplo o relacionamento entre o assassino e sua vítima.  Após a morte, ele sofreu no Purgatório e o débito real está pago. Mas um laço foi estabelecido entre estes dois Egos e, numa vida futura, eles voltarão a se encontrar e o assassino terá a oportunidade de servir sua vítima de outrora e de se reconciliar. O sentimento de amizade tem que se tornar universal porque é o princípio básico no Reino de Deus.

Quando o rompimento ocorre entre o Corpo de Desejos e a Mente, o Corpo de Desejos de uma pessoa mentalmente insana está ainda naturalmente descontrolado e sempre causa muito problema para o Ego durante sua existência no Mundo do Desejo, porque o Ego não é absolutamente insano.  O que parece insanidade vem do fato do Ego não ter controle sobre seus veículos; o pior de tudo, obviamente, é quando a própria Mente é afetada e o Ego é atrelado à Personalidade por um longo tempo até que estes veículos se desfaçam.

No início da guerra, os Corpos de Desejos dos combatentes giravam a uma terrível velocidade e foram observado que, enquanto que as pessoas que morriam por doença, velhice ou acidentes comuns recuperavam sua consciência em curto período de tempo, variando de alguns minutos a alguns dias, aqueles mortos durante a guerra ficavam, na maioria dos casos, inconscientes por muitas semanas, e é estranho dizer que aqueles que eram quase estraçalhados despertavam mais rapidamente do que milhares de outros que tinham apenas pequenos ferimentos.  Antes de estudarmos as causas que estão por trás deste fenômeno, primeiramente devemos registrar que, quando as pessoas que morriam com intenso ódio no início da guerra despertavam nos Mundos invisíveis, normalmente continuavam a lutar contra seus inimigos até que o grande trabalho educacional dirigido pelos Irmãos Maiores e seus Auxiliares Invisíveis frutificasse. Estas pessoas permaneciam com seus corpos mutilados e em grande angústia por terem deixados seus entes queridos para trás. Agora, estas ocorrências são extremamente raras e logo corrigidas, porque todos foram ensinados que o pensamento irá criar um novo braço, membro ou face; a ira patriótica se foi e os “inimigos” que falam a mesma língua, frequentemente se confraternizam com benefício para todos.

O Purgatório está muito longe de ser um lugar de punição. Ele é talvez o mais benéfico reino da Natureza porque devido à purgação nós nascemos inocentes, vida após vida.  As tendências para cometer os mesmos pecados pelos quais sofremos permanecem conosco, e as tentações para cometer os mesmos erros serão colocados em nosso caminho, até que tenhamos a consciência de superar os nossos defeitos aqui mesmo.  A tentação não é pecado; o pecado é, no entanto, ceder à tentação.

Assim, nós vemos que não é uma vingativa Divindade que faz o Purgatório ou o inferno para nós e sim nossos hábitos e atos inferiores.  De acordo com a intensidade de nossos desejos, será o tempo de nosso sofrimento justo em sua purgação.  Nos casos mencionados anteriormente, não haveria sofrimento para o alcoólatra se ele fosse privado de suas riquezas materiais.  Se ele tivesse algumas, não ligaria para elas.  Também não causaria ao avaro nenhuma dor ao ser privado de beber.  Pode-se afirmar que ele não se importaria se não existisse uma única gota de bebida no mundo.  Porém, ele defenderia seu ouro e o alcoólatra, sua bebida e, desta forma, a lei infalível dá a cada um, o que ele necessita para purgar seus desejos profanos e hábitos inferiores.

Esta é a lei simbolizada na foice do ceifador, a Morte, a lei que diz que “tudo que o ser humano semear, ele, também, colherá”.  É a Lei de Causa e Efeito que regula todas as coisas nos três Mundos e em todos os reinos da Natureza – físico, moral e mental.  Em todos eles, ela trabalha inexoravelmente ajustando todas as coisas, restaurando o equilíbrio, em qualquer lugar onde, por sua simples ação, um distúrbio tenha sido provocado.  O resultado pode ser manifestado imediatamente ou pode ser retardado por anos ou vidas, porém, em algum tempo, em algum lugar, uma justa e adequada retribuição será feita.  O Estudante deve particularmente observar que este trabalho é absolutamente impessoal.  Não há no universo nem prêmio nem punição.  Tudo é o resultado da lei invariável.

Para resumir, podemos dizer que todos os nossos débitos são pagos no Purgatório, tanto quanto a função do mal é entendida.  Nossos débitos de amor, amizade e serviço permanecem para serem liquidados em vidas futuras.

Capítulo IV – Espíritos Apegados a Terra e suas Presas

Para que se compreenda a mediunidade, é necessário saber que na morte efetua-se a mesma separação de Corpos como no sono, só que de modo permanente.  Os chamados “mortos” possuem: Ego, Mente e Corpo de Desejos e, muitas vezes, permanecem conscientes, por algum tempo, do Mundo que acabam de deixar. Alguns se apegam à vida terrena, mas não podem ajustar suas Mentes ao aprendizado de novas lições.  A esses chamamos “espíritos apegados a Terra”.  Tais espíritos, impossibilitados de funcionar no Mundo visível sem um Corpo, aproveitam-se, vantajosamente, do fato de que nem todos os espíritos estão confinados com o mesmo rigor à prisão do Corpo Denso.  Aqueles que se acham mais fortemente aderidos a seus Corpos são os materialistas e aqueles cujos liames não os prendem tão fortemente são os “sensitivos”, capazes, até certo ponto, de responder às vibrações espirituais.  As pessoas de caráter positivo, caso se desenvolvam, podem sensibilizar-se, por sua própria vontade, tornando-se assim ocultistas exercitados.  Os de vontade fraca só podem desenvolver-se com a ajuda de outros e de maneira negativa.  Estes são presas dos espíritos apegados a Terra, os quais, denominando-se a si mesmos de “guias espirituais”, desenvolvem suas vítimas como “médiuns de transe” ou como “médiuns materializantes”, se as conexões entre os Corpos: Denso e Vital das vítimas são fracas.

Os espíritos apegados a Terra dirigem-se para as Regiões inferiores do Mundo do Desejo, o qual interpenetra o Éter, e ficam em constante e estreito contato com pessoas da Terra, que se encontrem em situação mais favorável para ajudá-los nas suas más intenções.  Permanecem nesta situação durante cinquenta, sessenta ou setenta e cinco anos, porém, têm-se visto casos extremos em que tais pessoas permanecem assim durante séculos.  Com referência às descobertas do autor até o presente, parece que não há limite para o que eles possam fazer, ou quando deixarão de fazê-lo. Mas eles vão amontoando sobre si uma carga horrorosa de pecados, à qual não poderão escapar sem sofrimento, pois o Corpo Vital reflete e grava profundamente no Corpo de Desejos um registro de tais maldades. Quando finalmente abandonam a vida errática e entram na existência purgatorial, encontram o castigo que merecem.  O seu sofrimento será de duração proporcional ao tempo em que permaneceram em suas práticas perniciosas depois da morte do Corpo Denso – o que vem provar mais uma vez que “Os moinhos de Deus moem devagar, mas moem extraordinariamente bem”.

Quando o espírito abandonou o Corpo de pecado – como chamamos este veículo para contrastá-lo com o Corpo-Alma – a fim de ascender ao Segundo Céu, ele não se desintegra tão rapidamente como acontece com o invólucro deixado para trás pelas pessoas normais porque, nele, a consciência se acha aumentada por uma dupla composição, isto é, composta de um Corpo Vital e de um Corpo de Desejos e tem uma consciência individual ou pessoal muito marcante. Não pode raciocinar, mas existe uma astúcia inferior que faz com que pareça ter o aspecto de um espírito, um Ego, e isto lhe facilita viver uma vida separada por muitos séculos.  Entretanto, o Espírito que partiu entra no Segundo Céu, porém, não tendo efetuado nenhum trabalho na Terra que o faça merecer uma prolongada estada ali ou no Terceiro Céu, permanece nestes lugares somente o tempo suficiente para criar um novo ambiente para si.  Então, renasce muito antes do tempo normal para satisfazer seu desejo de coisas materiais que tão intensamente o atraem.

Em tais casos extremos (pessoas de natureza demoníaca) em que a vida animal predominou, quando na vida terrena precedente não houve expressão de alma, a divisão do Corpo Vital não pode ocorrer com a morte, uma vez que não existe linha divisória.  Assim, se o Corpo Vital gravitasse de volta ao Corpo Denso e ali se desintegrasse gradualmente, o efeito de uma vida perversa não teria consequências tão sérias, mas, infelizmente, em tais casos, existe uma algema interna entre os Corpos Vital e de Desejos que evita a separação.  Temos observado que quando um ser humano vive quase exclusivamente uma vida superior, seus veículos espirituais são alimentados em detrimento dos inferiores.  Inversamente, quando sua consciência está enfocada nos veículos inferiores, ele os fortalece imensamente.

Devíamos entender que a vida do Corpo de Desejos não acaba com a partida do Espírito, pois permanece um resíduo de vida e de consciência.

Quando se busca o passado na Memória da Natureza, é espantoso encontrar-se o quanto tem prevalecido, através dos séculos e milênios, esta ligação dos Corpos Vital e de Desejos.  Na própria história atual, a selvageria tem sido tão comum e brutal que seu poder tem representado a medida indiscutível do que seja o certo, e essa verificação constitui, para o autor, uma experiência chocante.

Já foi ensinado que o egoísmo e o desejo foram decididamente estimulados sob o regime de Jeová, para dar incentivo à ação.  Isto, com o transcurso do tempo, endureceu de tal modo o Corpo de Desejos que quando o advento de Cristo aconteceu não existia quase ideia da vida celestial entre a Humanidade daquela época.

Os povos antigos não se contentavam em fazer somente todo o mal possível; tinham também que matar seus cavalos de guerra, colocar suas armas em seus esquifes, fazendo tudo para que se conservassem ali, porque o Éter desses instrumentos de guerra, que lhes havia pertencido durante a vida, exercia uma atração sobre eles e era um meio de mantê-los presos à esfera terrestre.  Isso os permitia assombrar os castelos – pois eles realmente assombravam – por anos e anos não só nas classes ricas e de guerreiros, como também nas outras classes.  Em casos de brigas sangrentas, nas quais os seres humanos se matavam uns aos outros, os fantasmas incitavam seus familiares vivos para que os vingassem, permanecendo a seu lado e ajudando-os a levar a cabo os feitos sangrentos.

Desta forma, perpetuava-se a maldade e o mundo permanecia em constante agitação, com sangue e luta. Esta condição ainda não se dissipou em nossos dias, no chamado tempo moderno.  Toda vez que morre uma pessoa que manteve em seu coração ódio e maldade, estes sentimentos entrelaçam os Corpos de Desejos e Vital, convertendo-a numa séria ameaça para a comunidade.  Uma pessoa que não tenha podido investigar e comprovar este assunto não pode imaginar o que isto realmente é.  Portanto, mesmo que não houvesse outras razões, a pena de morte deveria ser abolida, para que não se deixassem soltas essas entidades tão perigosas, capazes de incitar pessoas moralmente fracas a seguir suas pegadas.

O Mundo do Desejo é, por algum tempo, a moradia daqueles que morreram, e podemos dizer que os chamados “mortos” permanecem por um longo período entre seus amigos vivos.  Sem ser vistos por seus parentes, eles andam pela casa em que moraram.  No início, eles não estão cientes sobre o fato de que “duas pessoas podem estar no mesmo lugar ao mesmo tempo” e quando se sentam numa cadeira ou à mesa, um parente vivo pode sentar-se na mesma cadeira.  O ser que nós erradamente chamamos de morto sairá rapidamente para que a pessoa não se sente em cima dele, mas, em breve, aprende que isto não causará nenhum dano em sua atual condição e que ele pode permanecer em sua cadeira apesar de seu parente estar também sentado nela.

Há outras classes que, por assim dizer, tornam-se imortais no mal. Não tanto assim, mas o entrelaçamento de seus Corpos Vital e de Desejos obrigam-nos a ficar nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo, próximo ao Mundo Físico onde vivemos.

Esta classe pode, desta forma, ser encontrada durante um considerável número de anos após sua partida do Corpo Denso.  É de fato curioso que, às vezes, estas pessoas desprezíveis sejam procuradas por antigos amigos que também morreram e necessitam ajuda para contatar o Mundo Físico.  O autor lembra-se de um exemplo ocorrido há alguns anos atrás, quando uma pessoa idosa estava prestes a deixar a vida.  Ela desejava ansiosamente ver seu marido que havia partido antes dela.  Porém, como ele já havia alcançado o Primeiro Céu, seus braços e seu Corpo haviam desaparecido e somente a cabeça permanecia visível.  Por isso, ele dificilmente teria condições de aparecer a ela quando ela deixasse o Corpo, muito menos de influenciar na hora de sua morte, e isso o desgostava. Alguns procedimentos estavam causando o retardamento do desligamento do Espírito e prejudicando ambas as partes.

Em sua ansiedade, o marido procurou ajuda de um amigo, cujo entrelaçamento dos Corpos Vital e de Desejos facilitava sua manifestação.  Este espírito pegou uma bengala pesada, que estava no quarto, e com ela derrubou um livro que estava na mão da filha da senhora, amedrontando tanto as pessoas presentes que pararam a demonstração, permitindo que a senhora deixasse o Corpo Denso.   O pobre ser humano que produziu este fenômeno já estava há mais de vinte anos nos Mundos invisíveis e, segundo o autor pôde perceber, não havia sinal de dissolução do Corpo de pecado do qual ele se revestia.  Ele deve ter permanecido lá por talvez o dobro ou o triplo do tempo mencionado.

O autor, em certa época, esteve muito preocupado com o efeito que a guerra poderia ter no entrelaçamento do Corpo Vital e o de Desejos, pensando que pudesse produzir o nascimento de legiões de monstros que afligiriam as futuras gerações.  No entanto, é com grande gratidão e alegria que ele reafirma que não devemos temer por isso.  Quando o ser humano é premeditadamente mal e vingativo e busca ardentemente ocasiões propícias para vinganças, somente quando tais sentimentos são cultivados, estimulados e mantidos é que produzem o endurecimento do Corpo Vital e causam um entrelaçamento destes veículos.  Sabemos, pelos registros da grande guerra, que as tropas não alimentam sentimento de vingança umas contra as outras; os adversários se relacionam como amigos e são até companheiros, entrando muitas vezes em contato e confraternizando-se.  Assim, ainda que a guerra seja responsável por uma tremenda mortalidade e, em consequência acarrete uma deplorável mortalidade infantil em idade futura, não pode ser acusada pelas doenças terríveis engendradas pela obsessão, nem pelos crimes sugeridos por esses demoníacos Corpos de pecado.

Continuando as investigações, o autor tentou várias experiências com Espíritos que se encontravam nos reinos superiores do Éter e que acabavam de morrer e, também, com seres que haviam estado no Mundo do Desejo por tempo mais ou menos longo, alguns deles já em condições de passar para o Primeiro Céu.  Muitos Espíritos que haviam partido desta vida procuraram cooperar bondosamente como “cobaias”.  O objetivo destas experiências era determinar até que ponto lhes seria possível revestirem-se nos materiais das Regiões etéricas inferiores e até das Regiões gasosas.  Foi comprovado que aqueles que acabavam de morrer podiam aguentar facilmente as vibrações etéricas inferiores, mas, sendo seres de bom caráter, não se sentiam satisfeitos em lá permanecer mais tempo do que o necessário, pois aquela situação lhes era desagradável.  Porém, ao fazer a experiência com espíritos vindos das sucessivas Regiões superiores do Mundo do Desejo, notou-se que se tornou cada vez mais difícil para eles envolverem-se no Éter ou penetrar nele.  A opinião geral foi que sentiram uma sensação semelhante à descida ao interior de um poço profundo, chegando até à asfixia.  Também se comprovou que foi absolutamente impossível às pessoas do Mundo Físico vê-los. Tentamos, por todos os meios de sugestão, dar uma sensação da nossa presença às pessoas congregadas em salões que visitávamos, mas não percebemos resposta às nossas manifestações, embora, em alguns casos, as formas que condensamos fossem tão opacas que pareciam ao autor serem tão escuras como as das pessoas físicas cuja atenção desejávamos atrair.  Colocamos nossos colaboradores entre as pessoas físicas e a luz, mas, mesmo assim, não obtivemos sucesso, nem com os que pertenciam às Regiões superiores, nem com aqueles que tinham acabado de falecer e podiam permanecer durante um tempo considerável naquela posição e densidade.

Capítulo V – A Região Limítrofe

É um engano pensar que o céu é um lugar de pura felicidade para todos.  Ninguém pode colher felicidade além daquela que semeou na Terra. A medida da nossa alegria lá se restringe às boas ações que praticamos na vida terrena.  O Panorama da Vida gravado no nosso Corpo de Desejos, logo após a morte, forma a base da alegria no céu tanto quanto a sentença do sofrimento no Purgatório.

Há duas classes para quem a existência post-mortem é particularmente vazia e monótona: o materialista é aquele que de tal modo deixou-se absorver pelos negócios mundanos que nunca pensou nos Mundos espirituais.  Não é difícil descobrir a razão.  Eles viveram uma vida moralmente equilibrada, jamais cedendo aos vícios que teriam que ser purificados nas regiões purgatoriais do Mundo do Desejo inferior, mas sem praticar aquelas boas ações que resultam em sensações de alegria no Primeiro Céu.  Ter dado grandes somas em dinheiro para a construção de igrejas, bibliotecas ou parques de nada lhe servirá ali, a menos que o doador se tenha interessado particularmente em suas dádivas, dando-se a si mesmo com o seu dinheiro.  Dar dinheiro simplesmente atrairá mais dinheiro na próxima existência, mas dar a si mesmo vale mais que dinheiro – produz crescimento anímico.  O materialista ser humano de negócios vai para a quarta Região, que é uma espécie de fronteira entre o Purgatório e o Primeiro Céu. Ele é bom demais para sofrer no Purgatório, mas não o suficiente para desfrutar o Primeiro Céu.  Ele ainda sente falta dos negócios que realizava na Terra. Sem ter nenhum interesse, salvo aqueles desejos que não pode realizar lá, sua vida é uma monotonia nada invejável, embora não tenha outro tipo de sofrimento.

O materialista convicto que nega Deus e pensa que a morte é uma aniquilação fica em pior situação.  Ele vê seu erro, mas, estando tão dissociado de ideias espirituais, muitas vezes não pode crer que aquilo seja o prólogo do aniquilamento. Pavorosa expectativa pesa terrivelmente sobre tais pessoas, e é comum vê-las murmurando: “Quando isto acabará?”.  E, pior que tudo, se alguém que tem conhecimento tenta esclarecê-las, elas continuarão negando a existência do espírito tanto quanto faziam na vida terrena, chamando-o de visionário por acreditar na existência após a morte.

Há muitas pessoas que crendo que quando um ser humano paga suas dívidas, cuida de sua família e vive uma vida dentro dos padrões morais aqui, ele também se dará bem lá, passam um período nada invejável no Mundo do Desejo após a morte.  Eles têm que ser admirados do ponto de vista só desta vida, mas nós precisamos cultivar pelo menos algumas tendências altruístas para progredir além de nosso status de evolução atual. 

Encontramos pessoas, que negligenciaram as obrigações superiores, na quarta Região do Mundo do Desejo depois da morte.  Há o comerciante que negociou honestamente, que trabalhou pelo desenvolvimento material da cidade e do país como um bom cidadão, pagou seus empregados com justiça, tratou sua mulher e sua família com consideração, dando-lhes todas as vantagens possíveis, etc. Ele pode até ter construído uma igreja ou, pelo menos, ter colaborado liberalmente, ou pode ter construído bibliotecas ou fundado institutos, etc., porém, ele não se deu a si mesmo.  Ele teve interesse na construção da igreja só pelo bem de sua família ou em relação à sua respeitabilidade. Não houve sentimento algum.  Todo seu coração estava em seu trabalho, em ganhar dinheiro ou conseguir uma posição de destaque no mundo.

Quando ele entra no Mundo do Desejo após a morte, ele é bom demais para o Purgatório, mas não suficientemente bom para ir para o Primeiro céu.  Ele foi justo com todos e não ofendeu ninguém, por isso, não tem nada para purgar.  Porém, não fez nada que pudesse lhe dar uma vida no Primeiro Céu onde o bem da vida anterior é assimilado. Daí ele estar na quarta Região, entre o Céu e o Inferno, por assim dizer.  A quarta Região é o centro do Mundo do Desejo e o sentimento lá é muito intenso.  O ser humano ainda sente um intenso desejo de negociar, mas como não pode nem comprar nem vender, sua vida é uma terrível monotonia.

Tudo que ele deu para as igrejas, institutos, etc., não representa nada, devido a sua falta de amor.  Somente quando damos com amor, desfrutamos da alegria no outro mundo.  Não é a quantidade que importa, mas o espírito que acompanha a doação.  Portanto é a força interna de cada um que beneficia a própria pessoa e os outros. Dinheiro dado indiscriminadamente torna as pessoas esbanjadas e indigentes, porém dando amor e simpatia, ajudando as pessoas que caíram a acreditarem em si e a começar uma vida com revigorado ardor, oferecendo-nos no serviço de ajuda à Humanidade, construímos tesouros no céu e damos mais do que ouro. Cristo disse: “Os pobres estão sempre conosco[3].  Nós podemos não estar preparados para tirá-los da pobreza para a riqueza, e isto pode não ser o melhor para eles, mas podemos encorajá-los a aprender a lição que deve ser aprendida com a pobreza.  Podemos ajudá-los a ter uma melhor visão da vida e, a menos que ele faça isso, não se sentirá “bem” quando passar para os Mundos superiores.  Ele sofrerá aquela terrível monotonia para aprender que tem que preencher sua vida com algo de real valor e que, numa vida futura, sua consciência o incitará a construir algo mais do que acumular dinheiro.  Entretanto, ele não deverá negligenciar suas obrigações materiais, porque isto seria tão prejudicial quanto esquecer seu crescimento espiritual.

Capítulo VI – O Primeiro Céu

Nos primórdios de sua evolução, a Humanidade cometeu os mais atrozes crimes devido ao egoísmo e desrespeito pelos sentimentos de seu próximo. Naquelas vidas, nós fomos maldosos, cruéis e raramente praticamos uma boa ação.  De fato, está gravado que naquela época o ser humano passava todo o seu tempo entre uma vida e outra nas regiões purgatoriais, expiando os crimes que praticou durante sua vida física e não havia vida no céu, por assim dizer.  Foi esta a situação de que a Bíblia fala como “perdidos em transgressão e pecado”, que fez com que Cristo penetrasse a Terra e tentasse levantar as vibrações para que o altruísmo, gradualmente, pudesse vencer o egoísmo e nos dar uma vida no céu, sobre a qual o progresso em nossa carreira evolutiva poderia basear-se.

Vimos, no capítulo anterior, como nossas más ações e hábitos indesejáveis são tratados pela impessoal Lei de Consequência que favorece o bem nas vidas futuras e, para ilustrar a atuação desta lei, servimo-nos de casos tais como o do assassino, do suicida, do alcoólatra e do avarento.  No entanto, estes são casos extremos, pois há muitas pessoas que viveram uma existência terrena com bons padrões morais, comprometida pela dose normal de egoísmo, que é o pecado mais comum da atualidade, do que pela real e decidida maldade.  Para estas pessoas, o estágio nas regiões purgatoriais do Mundo do Desejo é naturalmente reduzido e o sofrimento menos penoso.  Deste modo e no devido tempo, todos passam às Regiões superiores do Mundo do Desejo, onde se situa o Primeiro Céu.

Esta é a “Terra de Veraneio” dos Espiritualistas.  Da matéria desta Região, os pensamentos e as fantasias das pessoas, durante a vida, constroem as formas reais que veem na sua imaginação.  Uma característica dos Mundos internos é que sua matéria é facilmente moldável pelo pensamento e pela vontade, sendo que todas estas fantásticas formas assim criadas se movimentam por elementais e duram tanto quanto o pensamento ou o desejo que as gerou.  Na época do Natal, por exemplo, Papai Noel vive realmente e guia seu trenó e é visto em todas as variedades, robusto e saudável, por um mês ou mais, até que os desejos das crianças que o criaram cessem de fluir nesta direção.  Então, ele esmaece e dissolve-se até ser recriado no ano seguinte.  A Nova Jerusalém – com suas ruas de pérolas e mar de cristal – e todas as demais ideias piedosas e morais das pessoas religiosas, também ali se encontram.  O Purgatório tem seu demônio em pensamento-forma, dotado de chifres e cascos fendidos, criado pelo pensamento humano, mas, nas Regiões superiores do Mundo do Desejo, somente encontramos o que é bom e desejável nas aspirações humanas.  Aqui o estudante tem à sua disposição toda sorte de biblioteca, e pode dedicar-se a seus estudos de modo muito mais eficaz do que quando se achava confinado ao Corpo Denso.  Se desejar um livro, logo o tem.  O artista, mediante sua imaginação, cria seus modelos perfeitamente e os pinta com cores luminosas e vivas, ao invés de fazê-lo nas cores inexpressivas e mortas da Terra, coisa que sempre o desespera, porque, na vida terrena, lhe é impossível reproduzir os tons que capta com sua visão interna, pois o Mundo do Desejo é o mundo da cor por excelência, e ele consegue a realização dos anseios de seu coração, onde recebe inspiração e força para continuar seu trabalho nas vidas futuras.

De maneira idêntica, o escultor encontra satisfação e elevação neste estágio de vida post-mortem. Com a maior facilidade ele trabalha sobre a plástica matéria desse mundo, modelando as estátuas com que sonhou na vida terrena.  O músico também é beneficiado, embora não se encontre ainda no verdadeiro mundo do som.  Este oceano de harmonia – onde a celestial “música das esferas” é ouvida – situa-se na Região do Pensamento Concreto, conhecida como Segundo Céu entre os Cristãos esotéricos.  No Primeiro Céu, o músico ouve apenas ecos das melodias celestiais que são mais sublimes do que qualquer uma jamais ouvida na Terra, e sua alma deleita-se nesta primorosa harmonia, prenúncio de melhores coisas que virão.

Aqui se encontram, também, todas as criancinhas que passam direto para este Plano após morrerem e, se seus familiares pudessem vê-las, certamente não se lamentariam, pois elas desfrutam de uma vida verdadeiramente invejável.  Sempre são atraídas por parentes ou amigos que morreram antes e que passam a cuidar delas.  Lá também estão aqueles que acumulam tesouros celestiais, empregando o melhor do seu tempo em inventar recreações e criar brinquedos para os pequeninos.  E, assim, a vida no Primeiro Céu transcorre de modo maravilhoso para as crianças, sem que sua educação seja negligenciada.  Elas são agrupadas em classes, não somente por idade e capacidade, mas também de acordo com o temperamento, e são particularmente instruídas sobre os efeitos dos desejos e emoções, o que se consegue com toda facilidade num mundo onde tais condições podem ser demonstradas objetivamente.  Deste modo, ensinam-lhes, através de lições objetivas, o benefício de cultivar o bem e desejos altruístas.  Muitas almas que vivem agora, aqui na Terra, uma invejável vida moral, devem isso a ter morrido na infância e vivido de quinze a vinte anos no Primeiro Céu, antes de renascerem outra vez.

Nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo, o corpo inteiro pode ser visto, mas, nas Regiões superiores, somente a cabeça permanece.  Rafael que, como tantos outros da Idade Média, foi beneficiado com a chamada segunda visão, retratou deste modo a sua Madona Sistina, atualmente na Galeria de Arte de Dresden, onde a Madona e o Menino Cristo são vistos flutuando numa atmosfera dourada, e cercados por uma hoste de cabeças de espíritos, condição que o investigador ocultista sabe estar em harmonia com a verdade dos fatos.

Nas Regiões superiores do Mundo do Desejo, a confusão de línguas cede lugar a um universal modo de expressão, que previne totalmente a possibilidade de má compreensão de qualquer espécie.  Lá cada um de nossos pensamentos toma uma cor e forma definidas, percebida por todos, e este pensamento simbólico emite certo som, que não é uma palavra, mas transmite o que queremos para aquele a quem nos dirigimos, independente da língua que ele falava na Terra.

Capítulo VII – O Segundo Céu

No decorrer do tempo todo ser humano está pronto para ascender ao Segundo Céu, localizado na Região do Pensamento Concreto. Todas as boas aspirações e desejos da vida passada são gravados na Mente que, então, contém tudo o que seja de valor permanente. O Ego retira-se do Corpo de Desejos que será nada mais que um invólucro vazio e, revestido apenas pela Mente, ascende ao Segundo Céu.

Recordemos que ao terminar o panorama, imediatamente após a morte, quando o Ego abandonou o Corpo Vital, ele passou por um período de inconsciência antes de despertar no Mundo do Desejo.  Há, também, um intervalo entre sua saída do Corpo de Desejos, no Primeiro Céu, e seu despertar no Segundo Céu.  Mas, nesta oportunidade, não há consciência; todas as faculdades estão intensamente alertas, há um estado de hiperconsciência enquanto o Espírito passa por esse intervalo chamado “O Grande Silêncio”. Não importando quão materialista um ser possa ter sido na Terra, esta condição de sua Mente agora desaparece, e o ser sabe que ele é inerentemente divino quando alcança este Grande Silêncio, portal de seu lar celestial.  É como quando alguém desperta após um sonho terrível, e dá um profundo suspiro de alívio ao verificar que os fatos ocorridos no sonho não eram reais.  Do mesmo modo, o Ego, quando entra no Grande Silêncio, desperta dos enganos e ilusões da vida terrena com uma sensação de infinito alívio, pleno de inabalável segurança e sente, mais uma vez, a calma repousante de estar nos braços eternos do Grande Espírito Universal.

Com o tempo, um ponto é alcançado no qual o resultado da dor e do sofrimento, relativo à fase purgatorial, junto com a alegria extraída das boas ações da vida passada, se gravam no Átomo-semente do Corpo de Desejos.  Juntos eles constituem o que chamamos de consciência, esta força impulsora que nos alerta contra o mal, como produtor do sofrimento, e nos predispõe para o bem, como gerador de felicidade e alegria.  Então, o Ego abandona seu Corpo de Desejos para que se desintegre, assim como abandonou seus Corpos Denso e Vital.  Ele leva consigo somente as forças do Átomo-semente que formarão o núcleo dos futuros Corpos de Desejos, assim como aconteceu com a partícula permanente de seus anteriores veículos de sentimento.

O tempo habitual de permanência no Mundo do Desejo, depois de abandonado o Corpo Denso na chamada morte, corresponde a um terço da vida neste Corpo, mas tal norma é apenas uma regra geral.   Há muitos casos em que esta permanência é encurtada ou prolongada.  Por exemplo, se um ser pratica os exercícios recomendados pela Fraternidade Rosacruz, especialmente o de Retrospecção à noite, ele pode, por este método científico, desde que tenha sido sério e sincero em sua execução, suprimir inteiramente a necessidade de uma experiência purgatorial.  As imagens das cenas em que prejudicou alguém serão apagadas do Átomo-semente do coração pela contrição e, assim, não haverá, para este ser, expiação purgatorial.  Onde tenha feito algo recomendável, isto é absorvido como alimento para a alma, encurtará substancialmente ou suprimirá completamente sua experiência no Primeiro Céu.  Desse modo, tal ser estaria relativa ou inteiramente livre para dedicar-se ao serviço humanitário no Mundo suprafísico e, nesta condição, ele pode permanecer nas Regiões mais baixas.  Estas, no entanto, não constituiriam para ele nem Purgatório, nem Primeiro Céu. Muitos dos mais devotos discípulos realizam este trabalho humanitário por muitos anos após a morte.  Outros, no entanto, vão imediatamente para o Segundo Céu.  O crescimento anímico alcançado durante a vida de serviço, que os liberou da vivência no Purgatório e no Primeiro Céu, lhes permite, também, levar adiante determinadas investigações no Segundo Céu e passar por certos treinamentos, que os prepararão para uma elevada e melhor posição como Auxiliares da Humanidade numa futura vida.  Por conseguinte, esta classe de seres não poderá ser vista por nenhum amigo ou parente, quando fora do Corpo nas horas de sono.

A “Região Aérea” é a terceira subdivisão da Região do Pensamento Concreto.  Aqui encontramos os arquétipos dos desejos, paixões, anelos e sentimentos, tais como os que conhecemos no Mundo do Desejo.  Nesta Região, todas as atividades do Mundo do Desejo se assemelham a condições atmosféricas.  Como o beijo da brisa de verão, os sentimentos de prazer e alegria chegam aos sentidos do Clarividente; como o suspiro do vento nas copas das árvores, assim parecem as aspirações da alma e, como relâmpagos, as paixões das nações em guerra.  Nesta Região do Pensamento Concreto estão, também, as imagens das emoções do ser humano e dos animais.

Tanto a cor como a forma existem (no Segundo Céu) de modo igual ao Mundo Físico, mas o som é o que predomina no Mundo do Pensamento.  A cor é mais acentuada no Mundo do Desejo e a forma no Mundo Físico, embora seja também verdade que as cores e as formas do Segundo Céu sejam mais belas que nos outros dois Mundos.

Capítulo VIII – A Caminho do Renascimento

Depois de um tempo (no Terceiro Céu), surge o desejo de novas experiências e a contemplação de um novo renascimento.  Antes de submergir-se na matéria, o Tríplice Espírito está desnudo tendo, somente, as forças dos quatro Átomos-semente (que são o núcleo do Tríplice Corpo e da Mente).

O Átomo-semente pode atrair, em cada Região, nada mais que o material com o qual tem afinidade, e nada além de uma definida quantidade da substância de cada Região.   Assim, o veículo construído, em torno de cada núcleo, vem a ser a exata contraparte do correspondente veículo da última vida, com exceção do mal que foi expurgado e com o acréscimo da quinta essência do bem incorporado ao Átomo-semente.

O material selecionado pelo Tríplice Espírito modela-se como uma grande campânula, aberta na base, e com o Átomo-semente no ápice.  Se concebermos esta imagem espiritualmente, podemos compará-la a um sino de imersão descendo num mar composto de matérias fluídas de crescente densidade, correspondentes às diferentes subdivisões de cada Mundo.  A matéria atraída à textura do corpo em forma de campânula torna-o mais pesado, assim ele se submerge na próxima subdivisão inferior, desta tomando sua própria cota de matéria.  Deste modo, se faz mais pesado ainda e mergulha mais profundamente até passar através das quatro subdivisões da Região do Pensamento Concreto, e a forma da nova Mente do ser humano se completa.  A seguir, as forças do Átomo-semente do Corpo de Desejos são despertadas.  Ele se coloca no ápice da campânula, por dentro, e a matéria da sétima Região do Mundo do Desejo se agrupa ao seu redor, até que se submerge na sexta Região, adquirindo o material correspondente, e este processo continua até alcançar a primeira Região do Mundo de Desejo.  A campânula tem, agora, duas camadas: a da Mente, no exterior, e a do novo Corpo de Desejos, interiormente.

Excetuando o caso de um ser altamente evoluído, este trabalho do Ego (a construção de seus veículos) é insignificante no atual estágio da evolução humana. A maior oportunidade lhe é dada na construção do Corpo de Desejos, muito pouco na do Corpo Vital, e quase nenhuma na do Corpo Denso.  Não obstante, esta pouca intervenção é suficiente para fazer de cada indivíduo uma expressão de seu próprio Espírito e, assim, diferente de seus pais.

Quando a impregnação do óvulo tem lugar, o Corpo de Desejos materno trabalha sobre ele por um período de dezoito a vinte e um dias, permanecendo o Ego fora, em seu Corpo de Desejos e na envoltura mental, mas sempre em contato com a mãe.

Sabemos, agora, que nasce um novo Cordão Prateado a cada vida, que uma parte dele brota do Átomo-semente do Corpo de Desejos, no grande vórtice do fígado; que outra parte nasce do Átomo-semente do Corpo Denso, no coração, e que ambas se unem no Átomo-semente do Corpo Vital, no plexo solar, e que esta união dos veículos superiores e inferiores produz os primeiros movimentos do feto.

PARTE V – A ESPIRITUALIZAÇÃO DO CORPO DE DESEJOS DO SER HUMANO

Capítulo I – Seres Superiores como Fatores

Os Arcanjos tornaram-se especialistas na construção de um corpo de matéria de desejos, a mais densa do Período Solar. Portanto, eles são capazes de ensinar e orientar seres menos evoluídos, como o ser humano e o animal, em como moldar e utilizar um Corpo de Desejos.

De novo, temos uma aparente anomalia, pois os Arcanjos eram a “humanidade” do Período Solar quando o Corpo Vital estava em seu início, numa fase em que o ser humano ainda não tinha Corpo de Desejos. A dificuldade, porém, desaparece ao recordarmos que cada um de nossos Corpos é a sombra de um dos Aspectos do Espírito, e que estes Corpos não nos foram dados por estas Hierarquias. Elas são, unicamente, auxiliares do ser humano no aprendizado em determinado veículo, por causa da especial aptidão que possuem.  Assim, os Arcanjos são os que nos instruem a respeito do nosso Corpo de Desejos, porque se especializaram na construção e uso de tal veículo, quando eram humanos no Período Solar, pois construíram seus corpos mais densos com a “matéria de desejos”, assim como nós estamos, agora, construindo nossos corpos de matéria química mineral.

Na Revolução Lunar do Período Terrestre, os Arcanjos (“humanidade” do Período Solar) e os Senhores da Forma se encarregaram da reconstrução de nosso Corpo de Desejos, mas eles não estavam sozinhos neste trabalho. Quando ocorreu a divisão do Globo em duas partes, houve uma divisão semelhante no Corpo de Desejos de alguns seres em evolução. Já observamos que, onde esta divisão teve lugar, a forma estava pronta para tornar-se o veículo de um Espírito Interno e, a fim de favorecer este objetivo, os Senhores da Mente (“humanidade” do Período de Saturno) dedicaram-se à parte superior do Corpo de Desejos, e nela implantaram o “eu” pessoal, separado, sem o qual o atual ser humano, com todas suas gloriosas possibilidades, não teria existido.

Desse modo, na última parte da Revolução Lunar, do Período Terrestre, o primeiro germe da Personalidade independente foi implantado, na parte superior do Corpo de Desejos, pelos Senhores da Mente.

Os Arcanjos agiam na parte inferior do Corpo de Desejos, imprimindo-lhe desejos simplesmente animais. Eles trabalharam, também, no Corpo de Desejos quando nele não havia, ainda, nenhuma divisão.  Alguns desses Arcanjos tornaram-se os veículos dos Espíritos-Grupo dos animais, trabalhando sobre eles desde o exterior, não penetrando inteiramente nas formas animais, ao contrário do que faz o Espírito individual no corpo humano.

O Corpo de Desejos foi reconstruído para torná-lo capaz de ser interpenetrado pela Mente germinal que, durante o Período Terrestre, seria implantada em todos os Corpos de Desejos nos quais fosse possível fazer a divisão antes mencionada.

Os Senhores da Mente se encarregaram da parte superior do Corpo de Desejos e da Mente germinal, impregnando-os com a qualidade do eu individual, sem a qual nenhum ser independente e autossuficiente, como somos hoje, seria possível.

Quando refletidas num lago, as imagens das árvores aparecem invertidas, a folhagem parecendo estar no mais profundo da água, assim, o mais elevado aspecto do Espírito, o Espírito Divino, encontra sua contraparte no mais inferior dos três Corpos, o Corpo Denso. O próximo aspecto mais elevado, o Espírito de Vida, reflete-se no imediato corpo inferior, o Corpo Vital.  O terceiro aspecto do Espírito, o Espírito Humano, e seu reflexo, o terceiro corpo, o Corpo de Desejos, aparecem mais próximos do espelho refletor – a Mente – que corresponde à superfície do lago – o meio refletor de nossa analogia.

O veículo inferior dos Arcanjos é o Corpo de Desejos.  Este veículo, em nossa Humanidade, foi obtido no Período Lunar, no qual Jeová era o mais elevado Iniciado.  Por conseguinte, Jeová pode ocupar-se do Corpo de Desejos humano.  O veículo mais denso de Jeová é o Espírito Humano, a sua contraparte é o Corpo de Desejos.  Os Arcanjos são seus cooperadores, porque são capazes de administrar as Forças Espirituais Solares e o Corpo de Desejos é seu veículo inferior.  Desse modo, podem trabalhar com a Humanidade e prepará-la para a época em que seja capaz de receber os impulsos espirituais diretamente do Sol, sem a intervenção da Lua.

Jeová ajudou o ser humano a controlar a Mente e o Corpo de Desejos, dando-lhe Leis e ordenando punições por sua transgressão.  O temor a DEUS foi lançado contra os desejos da carne.  Desta maneira, o pecado tornou-se manifesto no mundo.

Os Anjos faziam com que o trigo e as uvas, que os humanos plantavam, crescessem ou murchassem; que seu rebanho aumentasse ou não; que sua família se multiplicasse ou morresse, segundo fosse preciso abençoá-los pela obediência à Lei do Espírito de Raça, Jeová, ou puni-los pela transgressão à Lei. Sob seu controle, todas as Religiões de Raça – Confucionismo, Taoísmo, Budismo, Judaísmo, etc. – floresceram e trabalharam sobre o Corpo de Desejos, como Religiões do Espírito SantoJeová ajuda o ser humano a controlar o Corpo de Desejos, porque este veículo teve seu início no Período Lunar.

Os Anjos trabalharam sozinhos com o ser humano, na Época Hiperbórea, quando ele tinha apenas os Corpos Denso e Vital, mas, na Época Lemúrica, quando o Corpo de Desejos foi anexado, os Arcanjos intervieram para ajudar o infante Espírito Humano a controlar seus futuros veículos.  Eles neutralizavam o Corpo de Desejos, de modo a que ele fosse sexualmente ativo, somente em certas épocas do ano.

Em determinados períodos do ano (durante a Época Lemúrica), os Arcanjos retiravam sua restritiva influência sobre o Corpo de Desejos, e os Anjos conduziam a Humanidade a grandes templos, onde o ato gerador era realizado nos momentos em que as constelações eram próprias.  Em nossos dias, as viagens de lua-de-mel são lembranças atávicas dessas migrações com objetivos propagadores, e mostram uma conexão com os corpos celestes, na expressão lua-de-mel.

Quando a propagação tinha sido alcançada, o Corpo de Desejos era novamente neutralizado e, por consequência, não havia sofrimento ligado ao parto, como é o caso, atualmente, dos animais que estão, agora, em condições semelhantes.

O Ego humano era muito débil (na metade da terceira parte da Época Atlante) e tinha de obter ajuda de mais alguém.  Por isso Jeová, o mais elevado Iniciado do Período Lunar, regente de Anjos e Arcanjos que trabalham com o ser humano, soprou nas narinas do ser humano, deu-lhe pulmões e lhe deu o Espírito de Raça no ar, isto é, para conter as tendências endurecedoras do Corpo de Desejos e ajudá-lo a dominar esse Corpo.  O Corpo de Desejos tem o domínio sobre os músculos voluntários.  Cada movimento que realizamos é motivado pelo desejo e todo esforço destrói tecido e endurece, cada vez mais, todas as partículas de nossos tecidos.

Há três fases pelas quais este trabalho (a união com o Eu Superior) conquista a natureza inferior, mas estas fases não se sucedem completamente.  Em certo sentido vão juntas, assim que, no estágio atual, a primeira recebe mais atenção, a segunda, menos e a terceira, menos ainda. A seu tempo, quando a primeira fase se completa inteiramente, maior atenção será dada às outras duas.

Há três ajudas dadas para a realização dessas três fases.  Elas podem ser vistas no mundo exterior, onde os grandes condutores da Humanidade as dispuseram.

A primeira ajuda é a Religião de Raça que, auxiliando a Humanidade a subjugar o Corpo de Desejos, prepara-a para a união com o Espírito Santo.

A máxima realização, desta ajuda, foi vista no Dia de Pentecostes.  Como o Espírito Santo é o Deus da Raça, todas as línguas são expressões Dele. Esta é a razão por que os Apóstolos, quando inteiramente unidos e plenos do Espírito Santo, falavam diferentes idiomas e foram capazes de convencer seus ouvintes.  Seus Corpos de Desejos tinham sido purificados o suficiente para que se efetuasse a desejada união.  Esta é a realidade que o discípulo alcançará um dia – o poder falar todas as línguas.  Pode também ser citado, como um exemplo histórico moderno, que o Conde de St. Germain (que foi um dos últimos renascimentos de Christian Rosenkreuz, o fundador de nossa Sagrada Ordem) falava todas as línguas; assim, todos com os quais se comunicava, pensavam que ele pertencia à mesma nação que eles. Conseguira, também, a união com o Espírito Santo.

O efeito desta Antiga Iniciação era produzir uma raça que tivesse o apropriado grau de desconexão entre os Corpos Denso e Vital; e, também, despertar o Corpo de Desejos de seu estado de letargia durante o sono.  Assim, uns poucos, em especial, foram preparados para a Iniciação e lhes davam oportunidades que não podiam ser dadas a todos.  Encontramos exemplos deste método entre os judeus onde, da tribo de Levi, os escolhidos foram os Templários e, também, no caso dos Brâmanes, que eram a única classe sacerdotal entre os hindus.

Quando o sangue fluiu de determinados centros, o Grande Espírito Solar, Cristo, foi liberado do veículo físico de Jesus, e encontrou-Se na Terra, com veículos individuais.  Os já existentes corpos planetários foram compenetrados por Seus próprios veículos e, num instante, difundiu Seu próprio Corpo de Desejos por todo o Planeta, o que Lhe permitiu, desde então, trabalhar sobre a Terra e sua Humanidade desde o interior.

Naquele momento, uma extraordinária onda de espiritual luz solar inundou a Terra.  Rompeu-se o véu que o Espírito de Raça tinha colocado diante do Templo para resguardá-lo de todos, com exceção dos poucos escolhidos, e tornou o Caminho da Iniciação livre, daí por diante, para quem o desejasse.  No que diz respeito aos mundos espirituais, esta onda transformou as condições da Terra num instante, mas as condições densas concretas são, naturalmente, afetadas muito mais lentamente.

Como todas as rápidas e intensas vibrações de luz, esta grande onda cegou o povo por seu brilho ofuscante, por isso foi dito que “o Sol escureceu”.  Exatamente o oposto aconteceu.  O Sol não foi encoberto, mas brilhou em glorioso esplendor.  Foi o excesso de luz que cegou o povo e, somente quando a Terra inteira absorveu o Corpo de Desejos do resplandecente Espírito Solar, a vibração retornou ao ritmo normal.

No Período Solar, o mais inferior dos Globos estava no Mundo do Desejo, por conseguinte os Arcanjos têm o Corpo de Desejos como seu veículo mais denso. O Senhor Cristo, porém, foi muito além.  Elevou-Se tão alto que hoje tem o Espírito de Vida como seu veículo mais inferior e, comumente, não usa outro mais denso.  Unicamente pelo poder do Espírito de Vida é que a tendência nacional será sobrepujada, e a irmandade universal do ser humano se tornará uma realidade.  Os veículos pertencentes ao Mundo do Pensamento – o Ego e a Mente – promovem o separatismo. Eles têm no separatismo a sua característica.  O Espírito de Vida, porém, é o princípio da unificação no Universo, portanto o Senhor Cristo é o único Ser apto a tornar real a fraternidade.

O Senhor Cristo, como um Arcanjo, aprendera a construir até o Corpo de Desejos, mas nunca aprendeu a construir os Corpos Denso e Vital.  Os Arcanjos tinham trabalhado sobre a Humanidade desde o exterior, como os Espíritos-Grupo fazem-no, mas isto não foi o suficiente.  A ajuda tinha de vir desde o interior. Isto foi possível pela união do Senhor Cristo e Jesus e, portanto, é verdade, no mais elevado e literal sentido, o que São Paulo diz:

Não há senão um mediador entre DEUS e o ser humano: Cristo Jesus, o Justo.” (ITim 2:5).

Os Iniciados progrediram e desenvolveram, também, veículos mais elevados, interrompendo o uso comum de veículos inferiores, quando a habilidade em usar um novo e mais elevado veículo foi atingido.  Comumente, o mais inferior veículo de um Arcanjo é o Corpo de Desejos, mas o Senhor Cristo, que é o mais elevado Iniciado do Período Solar, normalmente utiliza, como veículo inferior, funcionando tão conscientemente no Mundo do Espírito de Vida, como o fazemos no Mundo Físico.  O estudante é solicitado a observar este ponto, de modo especial, por ser o Mundo do Espírito de Vida, o primeiro Mundo universal, como foi explanado no capítulo sobre os Mundos.  Este é o Mundo no qual a diferenciação cessa e a união começa a ser compreendida, até onde concerne ao nosso Sistema Solar.

O senhor Cristo não podia nascer num Corpo Denso, porque Ele nunca passou por uma evolução como a do Período Terrestre.  Ele teria, primeiramente, de adquirir a habilidade em construir um Corpo Denso, tal como nosso veículo, mas, mesmo que possuísse esta habilidade, teria sido inoportuno, para um Exaltado Ser, despender a energia necessária para a construção deste Corpo através da vida antenatal, da infância e juventude, e trazê-lo a suficiente maturidade para seu uso.  O Senhor Cristo tinha deixado de usar, comumente, veículos que corresponderiam a nosso Espírito Humano, Mente e Corpo de Desejos, embora tivesse aprendido a construí-los no Período Solar e conservado esta habilidade, e neles funcionar sempre que o desejasse ou fosse necessário.  Ele usou Seus próprios veículos, tomando somente os Corpos Denso e Vital de Jesus.  Quando este completou 30 anos, o Senhor Cristo penetrou nesses Corpos e usou-os até a culminância de Sua Missão no Gólgota.  Após a desintegração do Corpo Denso, o Senhor Cristo apareceu entre Seus Discípulos em Corpo Vital, no qual funcionou por algum tempo.  O Corpo Vital é o veículo que Ele usará quando surgir novamente, pois nunca mais tomará outro Corpo Denso.

Capítulo II – A Falibilidade do Corpo de Desejos

Como, então, desenvolveremos nosso poder espiritual?  Qual é o Caminho, a Verdade e a Vida?  Temos a tríplice senda que nos é indicada no glorioso ensinamento de Cristo. A Humanidade, comum em toda parte, está sendo trabalhada pela lei que opera sobre o Corpo de Desejos e o mantém controlado. O pensador opõe-se à carne. Mas, sob a lei, ninguém pode ser salvo.

A Religião Cristã não teve tempo, ainda, de alcançar seu grande objetivo – a Fraternidade Universal.  O ser humano, até agora, está sob o pesado trabalho do dominante Espírito de Raça e os ideais do Cristianismo lhe são, ainda, muito elevados.  O intelecto pode perceber algumas de suas belezas e prontamente admitir que amassem nossos inimigos, mas as paixões do Corpo de Desejos são, contudo, demasiado fortes.  A Lei do Espírito de Raça sendo “Olho por olho”, o sentimento é “Eu me vingarei”. O coração roga por amor; o Corpo de Desejos confia na vingança.  O intelecto compreende, abstratamente, a beleza em amar os inimigos, mas, nos casos concretos, alia-se ao sentimento vingativo do Corpo de Desejos alegando, como pretexto para a desforra, que “o organismo social deve ser protegido”.

Enquanto os puros pensamentos levam-nos, a passos largos, ao caminho da realização, as emoções e ânsias do Corpo de Desejos, não são facilmente subjugadas, pois este veículo é consideravelmente mais solidificado que a Mente.  Enquanto essa, regenerada, concorda de pronto com a ideia de que deveríamos amar nossos inimigos, o Corpo de Desejos (a natureza emocional e passional) esforça-se, com todas suas fibras, em vingar-se – olho por olho, dente por dente.  Às vezes, anos e anos passados, julgamos que a serpente adormecida está subjugada, que por fim, ganhamos domínio sobre ela e que não poderá prejudicar nossa paz; a serpente consegue subitamente levantar-se e destruir todas nossas esperanças, tomar a iniciativa de continuar a comportar-se com violência e jurar vingança por erros reais ou imaginários. Tomemos, então, o total poder de nossa natureza superior para subjugar-nos esta parte rebelde de nosso ser.  O autor pensa que este é o espinho na carne, a respeito do qual S. Paulo suplicou ao Senhor, por três vezes, e que lhe respondeu.  “Minha graça é suficiente para vós” (IICor 12:8-9).  De fato, necessitamos de toda graça para vencer, e a eterna vigilância é o preço da salvação, de modo que vamos “vigiar e orar”.

O Corpo de Desejos é o responsável por todas nossas ações boas, más ou indiferentes, e os filósofos orientais, portanto, dão instruções a seus discípulos para matarem o desejo e absterem-se da ação boa ou má, tanto quanto possível, a fim de que possam assim salvar-se da roda de nascimento e morte.  Mas, esta têmpera, que é tão grande ameaça quando assume o controle, pode tornar-se muito eficaz para o serviço, sob nossa própria direção. Não pensaríamos, por um momento, em tirar a têmpera de uma faca; nós a tornaríamos incapaz de cortar qualquer coisa.  A têmpera do Corpo de Desejos deve ser controlada, mas, de nenhum modo, suprimida.  O poder dinâmico de movimento e ação, no Mundo invisível, é armazenado neste Corpo de Desejos e, a menos que ele esteja intacto, não podemos esperar controlá-lo, assim como um transatlântico, cujas máquinas estivessem inutilizadas, não poderia enfrentar as ondas do oceano.

Há determinadas sociedades que ensinam métodos negativos de desenvolvimento, e uma de suas primeiras instruções, para o aluno, é a de deixar cair à mandíbula e colocar-se perfeitamente negativo.  Uma pessoa que lograsse passar do Mundo Físico para os Mundos espirituais por tais métodos, certamente se encontraria como madeira à deriva no oceano, levada de cá para lá pelas ondas, vítima e joguete de todas as correntes.  Há, nos Mundos internos, como aqui, seres que não são nada benevolentes, que estão prontos a tirar proveito de alguém que se aventure nestes Mundos, sem estar preparado para proteger-se contra eles.  Desse modo, vemos a suprema importância de sujeitarmos nossos desejos à vontade do Espírito aqui neste Mundo, de impormos a submissão de nosso Corpo de Desejos de modo que ele possa ser treinado, antes de tentarmos entrar nos Mundos internos.  No Mundo Físico ele está, em grande parte, mantido sob controle pelo fato de encontrar-se inserido no Corpo Denso e, portanto, não pode agitar-nos daqui para acolá na mesma intensidade em que pode fazê-lo quando libertado da casa-prisão física.

Mesmo a sujeição do Corpo de Desejos, difícil como é para alcançá-la, não servirá para tornar-se um ser humano consciente nos Mundos invisíveis, pois o Corpo de Desejos não evoluiu a tal ponto que possa agir como um real instrumento de consciência.  É informe, assemelha-se a uma nuvem, na grande maioria da Humanidade, e somente um determinado número de vórtices se faz presente como centros sensitivos ou centros de consciência, mas ainda não suficientemente desenvolvidos sem alguma outra ajuda.  Portanto, é necessário trabalhar e educar o Corpo Vital de tal maneira que ele possa ser usado em voos anímicos.  A parte do Corpo Vital formada pelos Éteres de Luz (ou Luminoso) e Refletor é o que podemos chamar de Corpo-Alma; isto quer dizer, é o mais estreitamente ligado ao Corpo de Desejos e à Mente e, também, o mais receptivo ao contato do Espírito que os outros dois Éteres.

Grande parte dos seres humanos associa espiritualidade à intensa demonstração de emotividade, mas esta ideia não tem, absolutamente, nenhum fundamento.  Pelo contrário, a espécie de espiritualidade que é desenvolvida e associada à natureza emocional do Corpo de Desejos é precária ao extremo.  É gerada em reuniões para despertar o fervor religioso, onde a emotividade é elevada a grandes alturas, induzindo uma pessoa à exagerada ostentação de fervor religioso, que logo se dissipa, deixando-a exatamente como antes, para dissabor dos propagadores da fé e dos que estão envolvidos neste trabalho de evangelização.  Mas, o que mais podem esperar?  Eles planejam salvar almas com tambores e pífanos, cânticos ritmados, apelos feitos numa voz que se eleva e se reduz em ondas harmônicas, tudo com poderoso efeito sobre o Corpo de Desejos, assim como as tempestades que agitam o mar até a fúria e, depois, se acalmam.

Quando os jornais começam a inculcar certas ideias na Mente do público, eles não esperam alcançar seu objetivo por um único editorial, não importa quão vigorosamente tenha sido escrito, mas, por artigos de repetição diária, eles gradualmente criam o desejado sentimento na opinião pública.  A Bíblia tem anunciado o princípio do amor há dois mil anos, a cada domingo, dia após dia, de milhares de púlpitos.  A guerra ainda não foi abolida, mas o sentimento em favor da paz universal vem crescendo, cada vez mais forte, conforme o tempo passa.  Esses sermões têm tido um efeito apenas leve, no que diz respeito ao mundo, não importa quão poderosamente um determinado público possa comover-se por certo tempo, pois o Corpo de Desejos é aquela parte do complexo ser humano que esteve impressionado na ocasião e incitado desse modo.

O Corpo de Desejos é uma aquisição posterior a do Corpo Vital, por conseguinte não tão cristalizado e, portanto, mais impressionável.  Por ser de estrutura mais delgada que a do Corpo Vital, é menos retentivo e as emoções tão facilmente geradas são, também, facilmente dissipadas.

Afirma-se, às vezes, que o hipnotismo pode ser usado beneficamente para a cura da embriaguez e de outros vícios, e é fácil admitir tal fato, visto somente do ponto de vista material, porque aparenta ser verdade.  Mas, do ponto de vista da ciência oculta, é diferente.  Como todos os outros desejos, a avidez pela bebida alcóolica está no Corpo de Desejos e é dever do Ego dominá-la pelo poder da vontade.  Esta é a razão pela qual ele está na escola da experiência chamada vida, e nenhum outro ser pode crescer moralmente por ele, como, também, ninguém mais pode digerir o alimento por ele.  A Natureza não pode ser ludibriada; cada um deve solucionar seus próprios problemas, superar as faltas por sua própria vontade.  Se, portanto, um hipnotizador subjuga o Corpo de Desejos de um alcoólatra, o Ego deste alcoólatra terá de aprender sua lição numa futura vida, se morre antes do hipnotizador.  Mas, se este falece primeiro, o alcoólatra inevitavelmente voltará a beber, pois a parte do Corpo Vital do hipnotizador, que mantinha o mau desejo do alcoólatra sob controle, gravita de volta ao hipnotizador e a cura resulta em nada.  O único caminho permanente, para vencer-se um vício, é pela própria vontade.

O Corpo de Desejos é a deturpada expressão do Ego. Converte a “Individualidade” do Espírito em “egoísmo”.  A Individualidade não procura seus interesses a expensas de outros.  O egoísmo procura ganhar, indiferente aos demais.  O assento do Espírito Humano está, primeiramente, na Glândula Pineal e, secundariamente, no cérebro e no sistema nervoso cérebro-espinhal, que controlam os músculos voluntários.

O Corpo de Desejos, que percebemos como nossa natureza emocional, está sempre procurando alguma coisa nova.  Essa necessidade por mudanças de condição, de ambiente, de ânimo, de amor às emoções e sensações, é devida às atividades do Corpo de Desejos que é como o mar numa tempestade, cheio de ondas, agitando-se de cá para lá, a esmo e sem objetivo, cada uma mais poderosa e destrutiva quando descontrolada e sem submissão ao poder central diretor.

A Mente, na verdade, é o foco através do qual o Espírito se esforça em dominar a Personalidade e guiá-la de acordo com a habilidade adquirida durante seu período evolutivo.  Mas, presentemente, entre a grande maioria de pessoas, esta habilidade é tão indefinida que não se pode contar com ela, e os seres são, portanto, levados principalmente por seus sentimentos e emoções, sem muita receptividade à razão e ao pensamento.

Reconhecendo o grande e maravilhoso poder do corpo emocional e sua facilidade ao “ritmo” que, pode-se dizer, é sua nota-chave, a teologia progressista tem-se dirigido e focalizado seus esforços em apelos a este veículo.  É esta parte de nossa natureza que aprecia o espetáculo do pastor sensacionalista.  Este veículo é o que se agita e geme sob o discurso bombástico do evangelizador, vibrante pela emoção, elevando-se e decaindo sob a bem calculada medida da voz do orador.  A unificação da altura do som é logo estabelecida, um estado de verdadeira hipnose onde a vítima não pode mais deixar de penitenciar-se, assim como a água não pode conter sua descida da montanha.  Os seguidores dessas práticas compreendem, intensamente, por momentos, a enormidade de seus pecados e estão igualmente ansiosos para começar uma melhor vida.  Mas, infelizmente, a nova onda de atração para sua natureza emocional apaga tudo o que o pregador disse como também suas resoluções, e esses seguidores permanecem exatamente onde estavam antes, para dissabor e sofrimento do pregador evangelista. 

Assim, todos os esforços para elevar a Humanidade pelo trabalho sobre o instável Corpo de Desejos são, e sempre provam ser, ineficazes.  As escolas ocultistas, de todas as épocas, reconhecem tal resultado e, portanto, têm-se dedicado à transformação do Corpo Vital pelo trabalho com sua nota-chave, que é a repetição.

Capítulo III – Preparação para a Vida Superior

A expressão “preparou a Terra” significa que toda evolução num Planeta é acompanhada pela evolução do próprio Planeta.  Se algum observador dotado de visão espiritual observasse a evolução de nossa Terra de uma estrela distante, teria notado uma mudança gradual acontecendo no Corpo de Desejos da Terra.

Sob a antiga dispensação, o Corpo de Desejos dos humanos era aperfeiçoado por meio da lei. Este trabalho continua ainda com a maioria das pessoas que estão preparando-se para a vida superior.

O Espírito-Grupo trabalha sobre os animais através de seus Corpos de Desejos, evocando imagens que dão ao animal um sentimento e uma sugestão sobre o que ele deve fazer.  De modo semelhante, as imagens alegóricas contidas nos mitos deixaram o fundamento para seu atual e futuro desenvolvimento.  Subconscientemente, estes mitos trabalharam sobre ele e trouxeram-no para o estágio em que se encontra.  Sem essa preparação, ele teria sido incapaz de executar o trabalho que agora realiza.

O Ego tem vários instrumentos – um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente.  Eles são suas ferramentas, e de sua qualidade e condições depende o muito ou o pouco que ele pode desempenhar em seu trabalho de reunir experiência em cada vida.  Se os instrumentos são pobres e grosseiros, haverá pouco conhecimento espiritual e a vida será infrutífera, pelo menos no que concerne ao Espírito.

Se cuidadosa atenção é dada à higiene e à dieta, o Corpo Denso é o veículo principalmente beneficiado, mas, ao mesmo tempo, há também um efeito nos Corpos Vital e de Desejos, porque quanto mais puros e melhores forem os materiais que constroem o Corpo Denso, as partículas serão envolvidas em Éter planetário e matéria de desejo mais puros. Portanto, as partes planetárias do Corpo Vital e de Desejos tornam-se mais puras.  Se a atenção é dada somente ao alimento e à higiene, o Corpo Vital e o de Desejos individuais podem permanecer quase tão impuros quanto antes, mas se tornam um pouco mais fáceis de entrar em contato com o bem do que se alimentos grosseiros fossem usados.

Não importa o que as pessoas digam a nós ou a nosso respeito, suas palavras não têm poder intrínseco de ferir-nos – é nossa própria atitude mental em relação ao que elas dizem que determina o efeito de suas palavras sobre nós para o bem ou para o mal. São Paulo, quando enfrentou perseguição e calúnia, afirmou: “Nenhuma dessas coisas me comove”.  Todos os que desejam avançar espiritualmente devem cultivar o equilíbrio porque, sem ele, o Corpo de Desejos ou fica desenfreado ou se congela, de acordo com a natureza das emoções geradas pela comunicação com as pessoas, seja de preocupação, raiva ou medo.  Sabemos que o Corpo Denso é nosso veículo de ação, que o Corpo Vital lhe dá o poder para agir, que o Corpo de Desejos fornece o incentivo para a ação e que a Mente foi dada como um freio para o impulso.

Aprendemos no Conceito Rosacruz do Cosmos que os pensamentos-forma do interior e exterior do corpo estão sendo continuamente projetados sobre o Corpo de Desejos num esforço de despertar o sentimento que conduzirá à ação, e esta razão deve guiar a natureza inferior e deixar a natureza superior livre para expressar suas divinas inclinações.  Sabemos também que o pensamento habitual tem poder até para moldar a matéria física, pois a natureza do ser sensual é claramente perceptível em suas feições que são brutas e grosseiras enquanto as do ser espiritualizado são delicadas e finas.  O poder do pensamento é ainda maior em sua potência para modelar as vestimentas mais transparentes.

Já vimos como nossos pensamentos de medo e preocupação congela o Corpo de Desejos de quem tem indulgência com esses hábitos, e é igualmente certo que, pelo cultivo de um estado mental otimista em todas as circunstâncias, podemos harmonizar nosso Corpo de Desejos com a nota que desejamos. Depois de um tempo, isso se tornará um hábito. Deve-se confessar que é difícil manter o Corpo de Desejos inferior em certas linhas de ação, mas isto pode ser feito e deve ser tentado por todos aqueles que aspiram um adiantamento espiritual.

Criamos uma aura sutil a nosso redor sob a guarda das Hierarquias Divinas que dirigem os sete Astros: Saturno, Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter e Vênus.  O Universo, ou grande mundo, é chamado em linguagem mística de lira de sete cordas de Apolo.  Nosso organismo, ou microcosmo, é uma réplica ou imagem de Deus e nos incumbe de despertar em nós um eco desta música das esferas.  A maioria dos humanos aprendeu a responder demasiadamente às vibrações saturninas de tristeza, desânimo, medo e preocupação que congelam o Corpo de Desejos, e seria de benefício duradouro para todos tentar cultivar as vibrações espirituais do Sol, preenchendo nossas vidas com otimismo e alegria que dissiparão o desalento e a melancolia saturninos e evitarão que tais pensamentos entrem em nossa aura no futuro.

A primeira necessidade para nosso adiantamento é o equilíbrio.  Todos que o aspiram devem adotar o lema de São Paulo: “Nenhuma dessas coisas me comove”.

É uma prova do benefício da Religião que ela faz as pessoas felizes, mas a maior felicidade é geralmente muito profunda para uma expressão exterior.  Ela preenche todo nosso ser tão completamente que é impressionante, e uma maneira impetuosa de ser e nunca vai bem com esta verdadeira felicidade, porque é sinal de superficialidade.  A voz alta, o riso vulgar, o pisar forte que soa como marretas, o bater das portas e o barulho de pratos são características dos incorrigíveis, pois eles adoram barulho, quanto mais, melhor, já que ele agita seu Corpo de Desejos.  Para eles, a música sacra é anátema; uma banda de música barulhenta é preferível e a dança, quanto mais selvagem, melhor.  Mas acontece o contrário com o aspirante à vida superior, ou deveria ser.

Assim como o alimento apropriado nutre o corpo no sentido material, assim a atividade do Espírito no Corpo Denso, que resulta em ação correta, promove o crescimento da Alma Consciente.  Como as forças do Sol trabalham no Corpo Vital e o nutrem de modo a que ele possa agir no Corpo Denso, assim a memória das ações praticadas no Corpo Denso – os desejos, sentimentos e emoções do Corpo de Desejos e os pensamentos e ideias à Mente – causam o crescimento da Alma Intelectual.  De igual modo, os mais elevados desejos e emoções do Corpo de Desejos formam a Alma Emocional.

A Alma Emocional, que é o extrato do Corpo de Desejos, aumenta a eficiência do Espírito Humano que é a contraparte espiritual do Corpo de Desejos.

Tendo sido expulso do Jardim do Éden, a Região Etérica, para aprender a conhecer o mundo material em consequência do repetido abuso da função criadora que focalizou a atenção do ser humano aqui, este uso intensificado do Corpo de Desejos endureceu o Corpo Denso e este começou a exigir alimento e abrigo.  Assim, a engenhosidade do ser humano foi encarregada de prover a subsistência do corpo.  Fome e frio eram açoites do infortúnio que exigiram a engenhosidade do ser humano, eles o forçaram a pensar e agir para suas necessidades.  Assim, o ser humano está gradualmente adquirindo sabedoria; ele se prepara para estas contingências da vida antes que elas cheguem, porque as dores agudas da fome e do frio ensinaram-no a se proteger.  Consequentemente, sabedoria é sofrimento cristalizado.  Nossos sofrimentos, quando eles passam e nós podemos calmamente visualizá-los e extrair as lições que eles contêm, são minas de sabedoria e berços de futuras alegrias, porque, através deles, aprendemos a ordenar nossas vidas.  Aprendemos a deixar de pecar, pois a ignorância é o único pecado e o conhecimento aplicado é a salvação. Parece uma afirmação vaga, mas, se a experimentarmos em pensamento, encontrá-la-emos tão absolutamente verdadeira e capaz de demonstração como dois e dois são quatro.

O Corpo Vital esforça-se em construir o físico, enquanto nossos desejos e emoções destroem.  É a luta entre o Corpo Vital e o de Desejos que produz consciência no Mundo Físico e endurece os tecidos, de modo que o corpo delicado da criança gradualmente se torna duro e enrugado na velhice, seguida pela morte.  A moralidade e a imoralidade de nossos desejos e emoções agem de maneira similar no Corpo Vital.  Onde a devoção a altos ideais é o motivo principal da ação, onde foi permitido que a natureza devocional se expressasse, durante anos, livre e frequentemente e, particularmente, onde isto foi acompanhado pelos exercícios dados aos Probacionistas da Fraternidade Rosacruz, a quantidade de Éter Químico e de Vida gradualmente diminui ao se desvanecerem os apetites inferiores, e um aumento dos Éteres Luminoso e Refletor toma seu lugar.  Como consequência, a saúde física não é boa entre os que seguem o caminho superior quanto a daqueles, cuja indulgência em relação à natureza inferior atrai o Éter Químico e de Vida, proporcional à extensão e natureza de seu vício, com total ou parcial exclusão dos dois Éteres superiores.

Quando o ser humano morre leva consigo a Mente, o Corpo de Desejos e o Corpo Vital, este sendo o registro das imagens de sua vida recém-terminada.  Durante os três dias e meio seguidos à sua morte, estas imagens se imprimem no Corpo de Desejos para formar a base da vida do ser humano no Purgatório, onde o mal é expurgado, e no Primeiro Céu, onde o bem é assimilado.  A experiência da vida em si é esquecida, assim como esquecemos o processo de aprendizagem da escrita, mas retemos a faculdade de fazê-la.  Assim, o extrato cumulativo de todas as experiências, não só das vidas passadas na Terra como as existências anteriores no Purgatório e nos Céus, é retido pelo ser humano e constitui as ferramentas no próximo nascimento.  O sofrimento que suportou fala como a voz da consciência e o bem que realizou lhe dá um caráter cada vez mais altruísta.

Da mesma forma como as cenas do Panorama da Vida, que se desenrola diante dos olhos do Ego depois da morte, causam sofrimento no Purgatório e limpam a alma do desejo de repetir as ofensas que as geraram, assim também o sal que era usado nas oferendas sobre o altar do sacrifício no Tabernáculo do Deserto e o fogo pelo qual eram consumidas junto ligava a dupla e abrasante dor, semelhante à sentida pelo Ego no Purgatório.  Confiantes no axioma Hermético “Como é acima, assim é abaixo”, Eles (os Mestres Rosacruzes) desenvolveram o Exercício Esotérico noturno de Retrospecção em harmonia com as leis cósmicas do crescimento anímico e capaz de realizar, dia após dia, o que a experiência purgatorial executa somente uma vez em cada vida, isto é, limpando a alma do pecado pelo fogo do remorso.

No Purgatório, o processo de limpeza é realizado pela força centrífuga da repulsão que arranca e rasga a matéria de desejo, na qual a imagem é formada sobre sua matriz de Éter, fora do Corpo de Desejos.  Nesse momento especial, o Ego sofre como fez sofrer a outros, por causa de uma condição singular das Regiões inferiores do Mundo do Desejo onde está localizado o Purgatório.  Alguns videntes que são incapazes de ter contato com as Regiões superiores falam do Mundo do Desejo como ilusório e eles têm razão no que diz respeito a estas Regiões, pois lá todas as coisas aparecem invertidas como se fossem vistas em um espelho.  Esta peculiaridade não é sem propósito – nada no reino de Deus o é; tudo serve a um sábio fim.  Esta reversão coloca a alma errante na posição de sua vítima e, deste modo, quando a cena se desenrola no Panorama da Vida passada, o Ego, quando fez mal a alguém, não está como um mero espectador e vê a cena reapresentada. Porém, naquele momento, ele se torna vítima de seu erro e sente o sofrimento sentido pelo que foi prejudicado, porque a força centrífuga de repulsão, empregada para destruir a imagem do Corpo de Desejos do que praticou o mal, deve, pelo menos, igualar o ódio e a raiva da vítima que imprimiu a imagem sobre o átomo-semente na hora da ocorrência.

Durante o Exercício Esotérico noturno de Retrospecção, o Aspirante à vida superior esforça-se em imitar estas condições; ele tenta visualizar as cenas em que cometeu erros e o remorso que ele procura sentir e deve pelo menos igualar-se ao ressentimento sentido por aquele que ele prejudicou.  Este Exercício Esotérico tem o mesmo efeito de eliminar a gravação da injúria como faz a força centrífuga de repulsão, que realiza a erradicação do mal no Purgatório, com o propósito de extrair, dali a qualidade da alma que conhecemos como consciência e que serve de freio nas horas de tentação.  Assim usada, a emoção do remorso limpa e purifica o Corpo de Desejos, deixando o Ego livre e fomentando o crescimento de múltiplas virtudes que florescem no adiantamento espiritual e trazem maiores oportunidades para o serviço na vinha do Senhor.

Porém, como a força latente na pólvora e em substâncias explosivas similares pode ser usada para promover os grandes objetivos da civilização, ou executar os mais selvagens atos de barbarismos, assim também este sentimento de remorso pode ser distorcido de tal maneira que se torna um prejuízo e um obstáculo para o Ego ao invés de ajuda.  Quando nos permitimos sentir remorso diariamente e em todas as horas do dia, estamos realmente desperdiçando um grande poder que podia ser usado para fins mais nobres da vida, pois a constante indulgência com lamentações afeta o Corpo de Desejos de maneira similar ao que acontece com o Corpo Denso após banhos em excesso.

“Como é acima, assim é abaixo e como é abaixo, assim é acima” diz o aforismo Hermético, enunciando assim a grande Lei da Analogia que é a chave-mestra para todos os mistérios.  Quando usamos a força centrífuga do remorso para erradicar a maldade de nosso coração durante o exercício vespertino de retrospecção, o efeito é semelhante à ação da água que remove o Éter miasmático de nosso Corpo Vital durante o banho, e assim deixa lugar para um influxo de Éter puro gerador de saúde.  Após termos queimados nossas más ações no fogo do remorso, as substâncias venenosas, assim erradicadas, deixam espaço para o influxo de matéria de desejo que é moralmente mais saudável e melhor terreno para nobres ações. Quanto mais completamente formos purgados pelo remorso, maior será o vácuo produzido e melhor o grau de novo material que atrairemos para nossos veículos mais sutis.

Mas, por outro lado, se temos indulgência com lamentações e remorso durante as horas de vigília, como alguns o fazem estamos excedendo o Purgatório, porque, embora o tempo lá seja gasto na erradicação do mal, a consciência se desvia de cada imagem quando esta foi arrancada pela força de repulsão.  Aqui, por causa da interligação dos Corpos de Desejos e Vital, estamos capacitados a revivificar a imagem na memória quantas vezes quisermos, e, enquanto o Corpo de Desejos é gradualmente dissolvido no Purgatório pela purgação do Panorama da Vida, no Mundo Físico, uma pequena quantidade de matéria de desejo é acrescentada enquanto vivemos, para tomar o lugar da que foi ejetada pelo remorso. Assim, o remorso e o arrependimento quando continuamente sentidos têm o mesmo efeito sobre o Corpo de Desejos como os banhos excessivos têm sobre o Corpo Vital.  Ambos os corpos esgotam suas forças pela excessiva limpeza e, por esta razão, é tão perigoso para a saúde moral e espiritual ter indulgência indiscriminadamente nos sentimentos de arrependimento e remorso como é fatal para o bem-estar físico banhar-se demasiadamente.  O discernimento deve prevalecer em ambos os casos.

Assim como um vampiro suga o Éter do Corpo Vital de suas vítimas e dele se alimentam, assim também pensamentos incessantes de arrependimento e remorso, a respeito de certas coisas, se converte em um elemental de desejo que age como um vampiro e extrai a própria vida do pobre ser que o formou e, como os semelhantes se atraem, ele fomenta a continuidade deste mórbido hábito de remorso.

Se, pela oração contínua, obtemos perdão das injúrias que infligimos a outros seres e se fazemos toda a restituição possível, se purificamos nosso Corpo Vital perdoando aqueles que nos fizeram mal e eliminando todos os maus sentimentos, nós nos salvamos de muitos dos sofrimentos post-mortem, além de prepararmos o caminho para a Fraternidade Universal que é particularmente dependente da vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos.  Na forma de memória, o Corpo de Desejos imprime sobre o Corpo Vital a ideia de vingança.  A manutenção do equilíbrio entre os vários aborrecimentos de vida diária indica tal vitória, por isso o aspirante deve cultivar o controle do temperamento, portanto, representa um trabalho sobre ambos os Corpos.  A oração O Pai-Nosso inclui isto também, pois, quando vemos que estamos prejudicando outros, olhamos em torno de nós e tentamos encontrar a causa.  Perder o domínio de si mesmo é uma das causas e se origina no Corpo de Desejos.

A maioria dos seres humanos deixa a vida física com o mesmo temperamento que trouxe ao nascer, mas o aspirante sistematicamente deve subjugar todas as tentativas do Corpo de Desejos de assumir o comando.  Isto pode ser feito pela concentração em elevados ideais, que fortalece o Corpo Vital, e é muito mais eficaz que as orações comuns da Igreja.  O ocultista científico usa a concentração de preferência à oração, porque a primeira é alcançada com a ajuda da Mente que é fria e insensível, enquanto a oração é geralmente ditada pela emoção.  Quando é ditada por uma emoção pura e altruística a elevados ideais, a oração é superior à fria concentração.  Ela nunca pode ser fria por conduzir nas asas do amor o que o místico extravasa para a Divindade.

A oração para o Corpo de Desejos é “Não nos deixeis cair em tentação”.  O desejo é o grande tentador da Humanidade. É o grande incentivo para toda ação e, até onde as ações servem aos propósitos do Espírito, ele é bom; mas quando o desejo é usado para algo degradante, que envelhece a natureza, é de fato apropriado que oremos para não cairmos em tentação.

Não nos deixeis cair em tentação” é a oração para o Corpo de Desejos, que é o depósito de energia e fornece incentivo para a ação através do desejo.  Uma máxima oriental diz: “Mate o desejo”, e os orientais fornecem bons exemplos de indolência, resultante da tentativa de assim agir. “Mate seu temperamento” é a tola advertência dada, às vezes, aos que perdem o domínio de si mesmos.  O desejo ou temperamento é um precioso trunfo, valioso demais para ser paralisado ou morto; o ser humano sem desejo é como o aço desprovido de têmpera – sem nenhum valor.  No Apocalipse, enquanto as seis igrejas são louvadas, a sétima é completamente anatematizada por ser “nem quente, nem fria”, uma comunidade sem Personalidade.  “Maior pecador, maior santo”, é um adágio verdadeiro, porque, para pecar, precisa-se de energia, e quando esta energia é desviada para a direção certa, é maior o poder para o bem do que previamente foi para o mal.

Um ser humano pode ser bom porque ele não pôde concentrar suficientemente energia para ser mau e então ele é tão bom que não é bom para nada, assim como os nicolaus[4].  Enquanto somos fracos, nossa natureza de desejos nos domina e pode levar-nos à tentação, mas quando aprendemos a controlar nossa natureza de desejos, nosso temperamento, podemos dirigi-la em harmonia com as leis de Deus e do ser humano.

O mais inferior aspecto do Espírito, o Espírito Humano roga ao mais inferior aspecto da divindade pelo mais elevado dos três corpos, o Corpo de Desejos: “Não nos deixeis cair em tentação”.

Quando a morte ocorre e o ser humano se encontra no Mundo do Desejo, os poderes magnéticos do átomo-semente são gastos, o arquétipo está se dissolvendo e, por isso, a força centrífuga de Repulsão força a matéria do Corpo de Desejos para fora, em direção à periferia.  A matéria pertencente às Regiões inferiores é expulsa primeiramente pelo processo de purgação que purifica o ser humano de todas as más ações de sua vida passada.

Este é o resultado da mesma lei natural que no Mundo Físico fez com que o Sol expulsasse a matéria que formou os Astros.  Interferir com esta lei seria desastroso para qualquer ser humano, supondo-se que isto fosse possível, o que não é. Assim, é inútil tentar ajudar alguém desta maneira.

É diferente com o Iniciado que vai ao Mundo do Desejo durante sua vida.  O átomo-semente do seu Corpo de Desejos forma um centro natural de atração ou gravitação que mantém a matéria de desejos deste veículo em suas habituais linhas.  Também é diferente para quem realiza os exercícios científicos dados pelas Escolas de Mistérios.  Esta pessoa está constantemente purgando seu Corpo de Desejos da matéria mais grosseira, de modo que, ao morrer, ela não é afetada no mesmo grau pela força centrífuga de Repulsão, como naqueles que não tiveram este treinamento.

Há, porém, outro caminho pelo qual podemos ajudar alguém próximo e querido, desde que tenhamos sua cooperação.  Para esclarecer, é necessário mencionar primeiramente que quanto mais grosseira é a matéria de desejo, mais tenaz é sua influência sobre o ser humano.  Por isso, a expurgação pela força de Repulsão causa grande sofrimento e é o que sentimos na experiência purgatorial.  Se estivermos perfeitamente dispostos a deixar fluir e reconhecer nossas faltas, quando as imagens delas aparecem no Panorama da Vida, ao invés de tentar desculpar a nós mesmos, ou nos agitarmos outra vez pela raiva e ódio do passado, então isso envolverá muito menos sofrimento para erradicá-las de nosso Corpo de Desejos.  Se este fato puder ser impresso em alguém que ansiamos ajudar, se conseguirmos que ele se coloque em um estado mental em que deseje reconhecer seus erros realmente, de todo seu coração, o processo de purgação será então mais curto e menos doloroso e ele ascenderá às Regiões superiores, onde a Força de Atração domina, em menos tempo do que do outro modo.

O mesmo resultado pode ser atingido pela oração e, também, por pensamentos bondosos, elevados e de ajuda, pois estes têm o mesmo efeito sobre aqueles que estão fora do corpo que as palavras bondosas e os gestos de ajuda têm sobre os que vivem neste Mundo Físico.

A devoção a elevados ideais é um freio para os instintos animais; ela gera e desenvolve a Alma Emocional.  O cultivo da faculdade de devoção é essencial.  Em algumas pessoas esta é a linha de menor resistência e elas estão aptas a se tornarem místicos sonhadores.  As energias do Corpo de Desejos são expressas como entusiasmo e êxtase religioso.  Há também aqueles que desenvolvem anormalmente a faculdade do discernimento, que os conduz ao longo das linhas intelectuais frias da especulação metafísica.  Em ambos os casos há falta de equilíbrio – um perigo.  O místico sonhador, dominado pela emoção, pode tornar-se sujeito à toda sorte de ilusões. Ao ocultista intelectual, isso nunca acontecerá, mas ele pode acabar na magia negra se perseguir o caminho do conhecimento pelo conhecimento em si, e não pelo serviço.  O único caminho seguro é desenvolver tanto o intelecto quanto o coração.

Desde tempos antigos (época de Hiram Abiff), os Anjos lunares tiveram principalmente o encargo do úmido e aquoso Corpo Vital, composto dos quatro Éteres e envolvido na propagação e na nutrição das espécies, enquanto os Espíritos Lucíferos estiveram singularmente ativos no seco e ígneo Corpo de Desejos.  A função do Corpo Vital é construir e sustentar o Corpo Denso, enquanto o Corpo de Desejos acarreta a destruição dos tecidos.  Daí a constante guerra entre os Corpos de Desejos e Vital, e é esta guerra nos céus que produz nossa consciência física na Terra.  Através de muitas vidas, temos trabalhado em todas as épocas e climas, e de cada vida temos extraído certa quantidade de experiência acumulada e guardada como poder vibratório nos átomos-semente de nossos vários veículos.

Desse modo, cada um de nós é um construtor, construindo o Templo do Espírito imortal, sem som de martelo; cada um é um Hiram Abiff reunindo material para o crescimento da alma e lançando-o no forno de sua experiência de vida para ser trabalhado sobre fogo e paixão do desejo.  Este material está sendo derretido lentamente, mas seguramente; a escória sendo purgada em cada experiência purgatorial e a quintessência do crescimento da alma sendo extraída através de muitas vidas.  Cada um de nós está, portanto, preparando-se para a Iniciação, sabendo ou não, e aprendendo a combinar as paixões ígneas com as emoções mais suaves e nobres.  O novo martelo, o martelo do juiz, com o qual o mestre construtor governa seus subordinados é agora a cruz do sofrimento, e a nova palavra, o autocontrole.

A natureza de desejos tem evoluído desde então; o substrato ígneo marcial da paixão e a base lunar aquosa da emoção tornaram-se capazes de numerosas combinações. Como o pensamento sulca o cérebro em circunvoluções e a face em rugas, assim também as paixões, desejos e emoções dispuseram a versátil matéria de desejos em linhas curvas, espirais, remoinhos e vórtices, como uma torrente vinda de uma montanha, no momento de maior perturbação – jamais em repouso. Esta matéria de desejos tem, em sucessivos períodos de sua evolução, respondido às vibrações astrológicas do Sol, Vênus, Mercúrio, Lua, Saturno, Júpiter e Marte, uma após a outra. Cada Corpo de Desejos individual, durante este tempo, tem sido tecido num único modelo e como a lançadeira da sorte se move para frente e para trás incessantemente sobre a tecelagem do destino, este modelo está sendo ampliado, enfeitado e embelezado, embora não possamos percebê-lo.

Como o tecelão sempre faz seu trabalho pelo avesso de sua tapeçaria, assim estamos nós também tecendo sem entender completamente o desenho final ou ver a sublime beleza, porque está ainda no lado oposto a nós, o lado oculto da Natureza.

Qualquer coisa que aconteça no Mundo Físico reflete-se em todos os outros reinos da Natureza e, como temos visto, constrói sua apropriada forma no Mundo do Desejo.  Quando um relato verdadeiro do ocorrido é feito, outra forma é construída, exatamente como a primeira.  Elas se atraem e se unem, fortalecendo-se mutualmente.  Se, no entanto, um relato não verdadeiro é feito, uma forma diferente e antagônica da primeira, ou verdadeira, é criada.  Como se relacionam com a mesma ocorrência, elas se unem, mas como suas vibrações são diferentes, elas agem entre si com mútua destruição. Portanto, mentiras perversas e maliciosas podem matar qualquer coisa que seja boa se forem bastante fortes e repetidas.  Mas, inversamente, procurando o bem no mal, com o tempo, o mal se converterá em bem.  Se a forma que é construída para minimizar o mal é fraca, ela não produzirá nenhum efeito e será destruída pela forma de mal, mas, se é forte e repetida com frequência, terá o efeito de desintegrar o mal e de substituí-lo pelo bem.  Este efeito não é produzido mentindo ou negando o mal, mas procurando o bem.  O ocultista científico pratica rigidamente este princípio de buscar o bem em tudo, porque sabe o poder que isso possui de reprimir o mal. Desse modo, gradualmente, a matéria de seu Corpo de Desejos passa por uma mudança correspondente.  A matéria mais pura e mais brilhante das Regiões mais elevadas do Mundo do Desejo toma lugar das cores sombrias da parte inferior.  O Corpo de Desejos também cresce em tamanho, de forma que o de um santo é verdadeiramente algo glorioso de se contemplar, a pureza de suas cores e a transparência luminosa estando além de qualquer comparação.

Quando, pela crescente vibração do Corpo Pituitário, as linhas de força foram desviadas suficientemente até alcançar a glândula pineal, o objetivo alcançado e a distância entre estes dois órgãos será eliminada.  Esta é a ponte entre o Mundo dos Sentidos e o Mundo do Desejo.  A partir do momento em que ela é construída, o ser humano se torna um Clarividente e está apto a dirigir sua visão para onde quiser.  Os objetos sólidos são vistos tanto interna como externamente.  Para ele, o espaço e a solidez, como obstáculos para a observação, deixaram de existir.

A filosofia da aquisição da visão e percepção espiritual é impelir o Corpo de Desejos a realizar o mesmo trabalho dentro do Corpo Denso enquanto estamos completamente despertos, positivos e conscientes, como faz o Ego quando está fora, ao dormir ou no estado post-mortem.

Há certas correntes no Corpo de Desejos de todos.  Elas são fortes, bem definidas e formam sete grandes vórtices nos Clarividentes, mas são fracas, descontínuas e desprovidas de vórtices no ser humano comum que não pode “ver”.  O desenvolvimento dessas correntes e vórtices conduz à visão espiritual.  Durante o dia, quando estamos absorvidos nas ocupações materiais, estas correntes são vagarosas.  Mas logo que o ser humano abandona seu Corpo Denso durante o sono e começa o trabalho de restauração, as correntes revivem e os vórtices giram e brilham intensamente.  O Corpo de Desejos está, então, em seu elemento nativo, livre do peso bloqueador do Corpo Denso

Quando o ser humano alcança o ponto de abstração (durante a concentração), os centros sensoriais do Corpo de Desejos começam a girar lentamente dentro do Corpo Denso e assim fazem um lugar para si.

Com o tempo, isto será cada vez mais definido e requererá cada vez menos esforço para pô-los em movimento.

Recordemos que os Hierofantes dos antigos Templos de Mistérios isolavam alguns seres em castas e tribos, como os Brâmanes e os Semitas, com o propósito de prepararem corpos para o uso de tais Egos quando estavam suficientemente avançados e prontos para a Iniciação.  Isto era feito de tal modo que o Corpo Vital se separava em duas partes, como os Corpos de Desejos de toda a Humanidade no começo do Período Terrestre.  Quando o Hierofante retirava os discípulos de seus corpos, ele deixava uma parte do Corpo Vital, compreendendo o primeiro e segundo Éteres para realizar as funções puramente físicas (são os únicos ativos durante o sono), levando o discípulo, com ele, um veículo capaz de percepção, por causa da sua conexão com os centros sensoriais do Corpo Denso e, também, com capacidade de memória.  Este veículo possuía estes recursos porque era composto do terceiro e quarto Éteres que são os meios da percepção sensorial e da memória.

Desde que Cristo veio e “tirou os pecados do mundo” (não o do indivíduo), purificando o Corpo de Desejos de nosso Planeta, a conexão entre os Corpos Denso e Vital de todos os humanos têm sido afrouxada a tal ponto que, pelo exercício, eles são capazes de se separarem, como acima foi descrito.  Portanto, a Iniciação está aberta a todos.

A parte mais elevada do Corpo de Desejos, que constitui a Alma Emocional, é capaz de uma separação na maioria dos seres humanos (de fato, possuía esta capacidade mesmo antes da vinda de Cristo) e desse modo, quando, pela concentração e o uso da fórmula apropriada, as partes mais sutis dos veículos tenham sido separadas para serem usadas durante o sono, ou em qualquer outra oportunidade, as partes inferiores dos Corpos de Desejos e Vital são ainda deixadas para cuidarem dos processos de restauração do Corpo Denso, a parte meramente física.

Aquela parte do Corpo Vital que sai é altamente organizada, como vimos.  É uma exata contraparte do Corpo Denso.  O Corpo de Desejos e a Mente, não estando organizados, são úteis apenas porque estão ligados ao altamente organizado Corpo Denso. Quando separados dele, são apenas pobres instrumentos.  Por isso, antes que o ser humano possa retirar-se do Corpo Denso, os centros sensoriais do Corpo de Desejos devem ser despertados.

O Aspirante à vida superior cultiva a faculdade de absorver-se, por sua vontade, em qualquer assunto que escolha – ou melhor, em geral, não em um assunto, mas num simples objeto que ele imagine.  Dessa maneira, quando a condição apropriada ou o ponto de concentração tenha sido alcançado, seus sentidos absolutamente serenos, ele concentra seu pensamento sobre os diferentes centros sensoriais do Corpo de Desejos e eles começam a girar.

No início, seu movimento é lento e difícil de efetuar, mas, gradualmente, os centros sensoriais do Corpo de Desejos irão tomando lugar dentro dos Corpos Denso e Vital, os quais aprendem a acomodar-se a esta nova atividade.  Então, em determinado dia, quando a própria vida desenvolveu a separação indispensável entre as partes superior e inferior do Corpo Vital, há um supremo esforço da vontade; um movimento em espiral tem lugar em muitas direções e o aspirante se encontra fora de seu Corpo Denso.  Olha-o, como se fosse outra pessoa.  A porta de sua casa-prisão foi aberta.  É livre para ir e vir, livre tanto nos mundos invisíveis como no mundo físico, funcionando à sua vontade em ambos os mundos, como um auxiliar de todos os que desejarem seus serviços.

Antes do Aspirante à vida superior aprender a deixar seu corpo voluntariamente, ele pode ter trabalhado em seu Corpo de Desejos durante o sono, pois, em muitos seres, este veículo se torna organizado antes que a separação possa ser efetuada no Corpo Vital.  Sob tais condições, é impossível trazer estas experiências subjetivas de volta à consciência de vigília, mas, geralmente, em tais casos, notar-se-á, como primeiro sinal de desenvolvimento, que os sonhos confusos cessam.  Então, depois de certo tempo, os sonhos se tornam mais vívidos e perfeitamente lógicos.  O aspirante sonhará que está em lugares e com pessoas (se conhecidos dele nas horas de vigília ou não, pouco importa), conduzindo-se como se estivesse no estado de vigília.  Se o lugar com o qual sonha lhe é acessível nas horas de vigília, pode às vezes obter prova da realidade de seu sonho se observar algum detalhe físico da cena e verificar sua impressão noturna no dia seguinte.

Em seguida, ele verá que pode, durante as horas de sono, visitar qualquer lugar que deseje sobre a face da Terra e investigá-lo muito mais minuciosamente que se tivesse ido até lá em seu Corpo Denso, porque em seu Corpo de Desejos ele tem acesso a todos os lugares, independente de fechaduras e grades.  Se persistir, chegará finalmente um dia em que não necessitará esperar pelas horas de sono para dissolver a conexão entre seus veículos, mas poderá conscientemente libertar-se.

Um estágio do desenvolvimento espiritual do Cristão Místico envolve uma reversão da força criadora de seu curso normal para baixo, onde é gasta para satisfazer as paixões, para um curso ascendente através da tripartida medula espinhal, cujos três segmentos são regidos pela Lua, Marte e Mercúrio, respectivamente, e onde os raios de Netuno acendem o Fogo Espiritual espinhal regenerador. Este processo de ascensão da força criadora põe o corpo pituitário e a glândula pineal em vibração, abrindo a visão espiritual; e, golpeando o seio frontal, começa a coroa de espinhos, latejando de dor enquanto o elo com o Corpo Denso é queimado pelo sagrado Espírito do Fogo, que desperta este centro de seu sono secular para uma palpitante e pulsante vida, movendo-se rapidamente para cima em direção aos outros centros da estrela estigmática de cinco pontas. Eles também são vitalizados e todo o veículo torna-se incandescente em dourado esplendor.  Então, com um movimento brusco final, o grande vórtice do Corpo de Desejos, localizado no fígado, é liberado, e a energia marcial contida neste veículo impele para cima o veículo sideral (assim chamado porque os estigmas na cabeça, mãos e pés estão localizados nas mesmas posições relativas a cada uma das pontas da estrela de cinco pontas) que ascende através do crânio (Gólgota), enquanto o Cristão, crucificado, emite seu grito triunfante: “Consumatum est” (Está consumado), e se eleva a esferas mais sutis à procura de Jesus cuja vida ele imitou com tanto êxito e de quem ele é daí por diante inseparável.

FIM


[1] N.R.: Jo 12:35

[2] N.T.: É a deusa grega que personifica o destino, equilíbrio e vingança divina. Apesar de Nêmesis ter nascido na família da maioria dos deuses trevosos, vivia no monte Olimpo e figurava a vingança divina.

[3] N.T.: Jo 12:8

[4] N.T. Nicolau é uma moeda de níquel de pouco valor.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como Conheceremos Cristo quando Voltar?

A fim de facilitar o estudo desse assunto dividiremos nas seguintes partes:

  1. Quem é Cristo?
  2. Por que Cristo veio à Terra pela primeira vez?
  3. Por que Ele deve vir outra vez?
  4. Como conheceremos Cristo quando Ele voltar?

Deste modo, será mais fácil, para aqueles que não estudaram os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, compreenderem a ideia.

Há 3 meios de você acessar esse Livro:

1. Em formato PDF (para download):

Quando Conheceremos Cristo quando Ele voltar? – Max Heindel

2. Em forma audiobook ou audiolivro:

Como Conheceremos Cristo quando Voltar? – Max Heindel – audiobook

3. Para estudar no próprio site:

COMO CONHECEREMOS CRISTO QUANDO VOLTAR

Relatório Taquigrafado de uma Palestra Proferida em Los Angeles Study Center, Rx. F., em 18 de maio de 1913, por Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, How shall we know Crist at his coming, editada por The Rosicrucian Fellowship

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO

PARTE I – QUEM É CRISTO?

PARTE II – POR QUE CRISTO VEIO À TERRA PELA PRIMEIRA VEZ?

PARTE III – POR QUE ELE DEVE VIR OUTRA VEZ

PARTE IV – COMO CONHECEREMOS CRISTO QUANDO ELE VOLTAR?

INTRODUÇÃO

Relatório Taquigrafado de uma Palestra Proferida em Los Angeles Study Center, Rx. F., em 18 de maio de 1913, por Max Heindel

Existe um quadro em minha Mente, ele está lá há anos; algumas vezes, quando tenho tempo disponível para voltar-me para dentro de mim mesmo e olhar aquele arquivo, este aparece. Deixe-me descrevê-lo: Acompanhe-me, regredindo no tempo, cerca de dois mil anos. A cena passa-se na Palestina; as colinas estão desertas; vê-se um pequeno grupo de homens e no rosto de cada um reflete-se a tristeza. Eles estão pranteando. Aquele que, pensavam, tinha vindo para fazer grandes coisas foi-lhes tirado por mãos implacáveis e Sua vida parecia-lhes destruída, e eles perguntavam-se: “Será este o fim”? Isto emocionava-os profundamente. Ele os tinha chamado de amigos. Disse-lhes: “Vós sois meus amigos[1], e eles choravam por Ele, como a um amigo. Disse-lhes também: “Se Eu for embora, Eu virei novamente[2], e eles discutiam, ansiosamente, procurando saber quando esse advento ocorreria.

Assim foi o início, mas, desde então, isto continua sendo um assunto de interesse para todos que, pela graça de Cristo, intitulam-se Seus amigos. Tem sido um tema de entusiástica e constante indagação: Quando Ele virá novamente, e como O conheceremos quando Ele voltar?

Ele disse a Seus seguidores na Palestina que muitos viriam para enganar: que se lhes fosse dito para irem ao deserto, a este ou aquele lugar para procurá-Lo, eles não deveriam ir. Disse-lhes, também, que os Anjos no céu não sabiam o dia em que Ele retornaria; que mesmo o Filho não sabia, mas somente o Pai. Como descrevi antes, eles estavam discutindo, procurando saber o tempo aproximado do advento e, particularmente, como cada um poderia conhecê-Lo quando Ele aparecesse.

Pretendentes – tem havido muitos desde aquele dia – têm alegado ser Cristo; alguns enganam-se a si próprios e aos outros, acreditando que são realmente aquele exaltado e elevado Mestre. Existem outros que, deliberada e maliciosamente, procuram usurpar Seu lugar. Portanto, há um interesse permanente na pergunta: Como vamos reconhecê-Lo?

Há um ano atrás, apareceu em uma revista inglesa, um artigo intitulado “Arautos Ocultos”. Nele foram apresentados resumos dos Ensinamentos dos Mistérios Ocidentais como são fornecidos no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e do Ocultismo Oriental, representado por uma sociedade que promulga aquela doutrina. Os líderes das duas sociedades e suas obras foram comparados. Semelhanças foram encontradas, mas o autor do artigo também percebeu, com notável perspicácia, o que Estudantes superficiais dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental não perceberam, isto é, a diferença Vital e irreconciliável nos dois ensinamentos, no que diz respeito a Cristo e Sua vinda. Foi mostrado que, de acordo com os ensinamentos Orientais, tanto Cristo quanto Buda foram homens de vida comum, enquanto nos ensinamentos do Mistério Ocidental diz-se, com ênfase, que Cristo é um Hierarca divino, não de nossa evolução, mas, “que por nós, homens, veio” e que, tendo uma vez deixado o Corpo Denso, Ele jamais aparecerá em um veículo físico.

Como esta é uma das principais diferenças entre a Sabedoria do Ocidente e os Ensinamentos Orientais, constituindo isto um dos maiores problemas atuais, parece Vital que todos os Estudantes dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental compreendam perfeitamente o assunto.

Para sistematizar nossa exposição, vamos dividi-la em quatro partes, cada uma dedicada à consideração de uma questão que tenha relação definida com nosso assunto:

  1. Quem é Cristo?
  2. Por que Cristo veio à Terra pela primeira vez?
  3. Por que Ele deve vir outra vez?
  4. Como conheceremos Cristo quando Ele voltar?

Deste modo, será mais fácil para aqueles que não estudaram os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, compreenderem a ideia.

 PARTE I – QUEM É CRISTO?

O primeiro ponto que precisamos colocar é a identidade de Cristo, como é ensinada na Escola dos Mistérios Ocidentais. De acordo com a figura anterior, “Os Sete Dias da Criação”, o ser humano passou por um período de involução compreendendo os Períodos de Saturno, Solar e Lunar, como também metade do Período Terrestre. Nesta peregrinação através da matéria, ele adquiriu os veículos que hoje possui.

Durante o Período de Saturno, quando éramos semelhantes aos minerais, alguns seres eram humanos como nós somos hoje, mas eram de uma onda de evolução diferente. Desde então, eles têm avançado e tornaram-se os Senhores da Mente. O mais elevado daquela evolução – da Onda de Vida que estava, então, no estágio humano – é chamado no esoterismo de o Pai.

O mais elevado Iniciado do Período Solar, quando aqueles seres, que agora são Arcanjos, eram humanos, é chamado o Filho, ou seja, o Cristo.

Os Anjos atuais eram humanos no Período Lunar e o mais elevado Iniciado, que agora chamamos de Jeová, é também chamado Espírito Santo.

Temos aqui a categoria dos três mais ativos grandes seres – os líderes da evolução.

A humanidade do Período Solar não podia descer mais no mar da matéria além do Mundo do Desejo (veja a figura acima), portanto, seu veículo inferior era o Corpo de Desejos e, como é uma lei cósmica que nenhum ser pode criar um veículo que não aprendeu a construir durante sua evolução, era impossível para o Espírito Cristo nascer em um Corpo Denso. Ele não poderia formar tal veículo. Nem poderia formar o Corpo Vital, feito de Éter. Faltava-Lhe também a habilidade de funcionar na última substância, pois Ele nunca a havia adquirido em Sua evolução. Para fornecer os veículos necessários para Cristo, Jesus, um ser humano da nossa evolução – um homem nascido de um pai e de uma mãe, ambos altos Iniciados, que fizeram do ato criador um sacrifício e chegaram à concepção imaculada sem paixão – entregou seus Corpos Denso e Vital no Batismo para o Espírito Sol, Cristo, que, então, entrou no mundo material e tornou-se mediador, possuindo todos os veículos necessários para funcionar entre Deus e o ser humano. Cristo Jesus é, portanto, absolutamente único, e a Bíblia nos diz que não há nenhum outro nome pelo qual devemos ser salvos, a não ser pelo nome de Cristo Jesus. Este é o único Credo Cristão autorizado.

Tendo explicado a identidade de Cristo e de Jesus, como é apresentada nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, nosso problema seguinte é:

 PARTE II – POR QUE CRISTO VEIO À TERRA PELA PRIMEIRA VEZ?

No Gólgota, o Corpo Denso de Jesus foi destruído, ao mesmo tempo em que se manifestavam certos fenômenos relatados na Bíblia, e o Espírito de Cristo penetrou na Terra. Até aquele momento, a Terra vinha sendo governada de fora. Do mesmo modo que os Espíritos-Grupo guiam os animais de fora, também a Terra foi guiada em sua órbita e a humanidade também o foi, no caminho de evolução, dirigida quase que inteiramente por Jeová, mas, desde aquele momento, o Cristo se tornou nosso Espírito Interno da Terra. Agora, Ele guia nosso Planeta em sua órbita e está procurando substituir o regime de guerra, inaugurado por Jeová de um lado e pelos marciais espíritos Lucíferos de outro, por um regime de altruísmo, um reino de Fraternidade Universal. Ouvimos falar muito sobre Fraternidade Universal, mas não é necessário formarem-se sociedades para proclamar que somos irmãos. Todos sabemos disto, não há necessidade de chamar atenção para este fato. Irmãos e irmãs nem sempre são harmoniosos, mas devem procurar sê-lo, se pretendem ser amigos. Cristo instituiu um ideal muito mais elevado, quando chamou Seus Discípulos de amigos: “Vós sois meus amigos se fizerdes tudo que Eu vos mandar[1].

 PARTE III – POR QUE ELE DEVE VIR OUTRA VEZ

Enquanto temos a promessa enfática do retorno de Cristo, existem muitos Cristãos que não acreditam no Segundo Advento, de maneira que será melhor, analisar se existe alguma razão compelindo Seu retorno.

Para elucidar este ponto, tomemos um episódio iluminador de “Fausto”. Embora escrito por Goethe, este drama não foi uma ficção, pois a lenda de Fausto é mais velha que a história; é um dos mitos que expressa, em termos fantasiosos, pictóricos, a história da alma em busca da luz. Estes contos foram transmitidos à humanidade infantil para que pudesse, subconscientemente, absorver os ideais que, em épocas posteriores, deveria viver. Na verdade, usamos o mesmo método de instrução quando damos a nossos filhos livros com ilustrações para inculcar-lhes ideias que não podem captar intelectualmente, por serem muitos novos.

Fausto leu livros durante sua vida inteira e, gradualmente, aprendeu que nós sabemos somente o que vivemos. Se não for para aplicação prática na vida diária, o aprendizado através de livros não terá nenhum valor. Quando a alma desperta para este fato, coloca-se no limiar do verdadeiro conhecimento olhando em direção à LUZ. Mas, a estrada se bifurca: um caminho é tranquilo e fácil, por toda sua extensão existem guias serviçais e risonhos prontos para encorajar o viajante e assisti-lo em tudo que desejar, e, no final, está Lúcifer, o portador da luz, disposto a dar honras mundanas àqueles que lhe prestam culto. O outro caminho é áspero, escarpado e perigoso; algumas vezes é muito escuro; muitos corações doloridos estão nele e, frequentemente, podemos ouvir o grito de angústia: “Quanto tempo mais, Ó, Senhor! Quanto tempo”? Mas, ainda que a alma lute aparentemente sozinha, sempre escuta uma voz interior, suave, tênue e silenciosa, mas inconfundivelmente clara: “Vinde, vós que estais fatigados e sobrecarregados e Eu vos darei repouso[2]. Às vezes, a “Verdadeira Luz”, Cristo, a meta da alma que procura, é vista através de uma brecha nas nuvens tempestuosas, que precisam ser transpostas para que o aspirante alcance o topo da realização e, a partir da visão beatificada, a alma que busca reúne novas forças.

No caminho escuro, Lúcifer favorece todos os apetites sem restrições ou reserva. Enquanto a alma é levada pela correnteza, tudo aparenta ser fácil e o prazer parece estar a espera a cada passo. No entanto, quanto a alma finalmente chega ao fim do rio da vida, em lugar de voar muito alto em direção à própria meta, é arrastada para baixo pelos apetites vis que se uniram a ela, como a polpa de sua fruta verde está colada na presente; e ela experimenta, com uma intensidade mil vezes maior, a dor que sobrevém quando pretende se libertar dos grilhões consolidados pelo pecado.

Thomas A. Kempis menciona o desejo da maioria de viver uma longa vida e como poucos se preocupam em viver uma boa vida. Eu posso parafrasear isto, exclamando: “Oh, quantos desejam alcançar poderes espirituais, mas como são poucos os que se esforçam para cultivar a espiritualidade”! A história de Fausto dá-nos uma visão daquilo que pode acontecer, se exclamássemos com toda a intensidade de nosso ser, como ele o fez:

“Oh! Há Espíritos no ar,

Que flutuam entre o céu e a terra em domínio atuando?

Inclinai-vos aqui de vossa atmosfera dourada,

Para cenários, nova vida e plena rendição ides me guiando.

Se eu possuísse um manto mágico, simplesmente,

Para transportar-me como que em invisíveis asas, largamente,

Muito mais do que custosas vestes eu prezaria,

E nem por um manto real o trocaria”.

Por esta impaciência e desejo de obter alguma coisa em troca de nada, de colher onde não semeou, ele atrai para si um espírito de natureza indesejável, pois os habitantes dos Mundos invisíveis não são, de modo algum, diferentes das pessoas daqui. Um filantropo não é encontrado a cada curva do caminho neste mundo, nem encontramos Anjos por todos os lados quando atravessamos fronteira, e a única proteção é esforçar-nos para sermos dignos de entrar conscientemente naqueles reinos. Quando tivermos alcançados o caráter requerido, não teremos que esperar.

Não precisamos referir-nos ao tipo de barganha que foi proposta a Fausto por Lúcifer, que seguiu sua vítima em perspectiva até seu gabinete; mas, quando ele se volta para a porta e está prestes a sair, ele vê, aflito, uma estrela de cinco pontas, com duas pontas viradas para a porta e uma ponta à sua frente. Esta, ele pede a Fausto que a remova, mas ao ser rigorosamente interpelado e convidado a sair pela janela ou chaminé, Lúcifer finalmente confessa:

“Para os fantasmas e espíritos é uma lei

Por onde entrarmos, por aí sair devemos”.

Isto é um ponto muito importante, pois, assim como Lúcifer entrou no gabinete de Fausto pela porta e é forçado a sair pelo mesmo caminho, Cristo entrou na Terra por meio do Corpo Vital de Jesus e precisa, em Seu retorno, sair da Terra redimida por esse mesmo caminho em direção ao Sol, Seu lar celestial. Nenhum outro veículo o fará.

Mas existem mais coisas de interesse nesta situação e na ligação entre Fausto e Lúcifer. A porta está aberta, então, por que a estrela de cinco pontas iria barrar a saída de Lúcifer, especialmente quando ele a havia transposto ao entrar no gabinete?

A estrela de cinco pontas é o emblema do ser humano com seus membros separados e braços estendidos; uma ponta está no topo, representando a cabeça que é a porta natural do espírito. Por aí ele entra em seu futuro Corpo cerca de 18 dias depois da concepção, daí saindo quando o Corpo dorme, retornando pela mesma passagem pela manhã. Para os Auxiliares Invisíveis esta é, também, a saída e a entrada. Finalmente, quando a morte chega, o espírito se retira por meio da cabeça.

Por esta razão, a estrela de cinco pontas, com uma ponta para cima, como está representada no emblema da Fraternidade Rosacruz, é o símbolo de magia branca, que trabalha por meios naturais, em harmonia com a lei de evolução.

O Estudante de uma Escola de Mistérios aprende a dirigir a força criadora para cima, para o cérebro e transmutá-la em poder anímico através de uma vida de castidade e auto sacrifício. Esse poder anímico ele o usa para projetar-se nas esferas superiores por meio da cabeça. O seguidor da magia negra, incapaz de auto sacrifício, obtém o poder através do uso pervertido da força de vida de suas vítimas, que o projetam para baixo por meio dos pés, e ele deve retornar pelo mesmo caminho. O Cordão Prateado, então, projeta-se através do órgão inferior. Portanto, a estrela de cinco pontas, com duas pontas apontando para cima e uma para baixo, é o símbolo da magia negra. Foi fácil para Lúcifer entrar no gabinete de Fausto porque as duas pontas da estrela estavam apontando para a entrada, mas, quando ele quis sair e defrontou-se com uma ponta do símbolo, sua alma pervertida foi repelida pelo emblema da pureza e do amor.

Realmente, não temos qualquer prova legal de que Cristo tenha entrado na Terra e esteja lá parcialmente confinado, como estamos confinados em nossos Corpos Densos, mas existe nisto muita evidência mística e, pela Lei da Analogia, está evidente que Cristo, passa Seus dias-santos, parte dentro e parte fora da Terra.

Câncer, regido pela Lua, é o Signo que rege a concepção. Os Egípcios o retrataram como um besouro e, para eles, o escaravelho era o símbolo da alma. Quando a Luz do Mundo, o Sol, entra em Câncer, em Junho, o poder criador do último ciclo que deu vida à Terra foi gasto e, para renovar esta vida, que caso contrário se desvaneceria, o Sol precisa descer novamente. No Equinócio de Setembro, a balança se inclina e a força germinativa entra em nossa Terra, alcançando o Centro no Natal, quando o Sol está em seu ponto mais baixo de declínio, o Solstício de Dezembro. Daí a força germinante, o raio de Cristo, se irradia para frutificar novamente a matéria e alcançar a periferia da Terra no momento em que o Sol cruza o equador celeste, no Equinócio de Março. Então, o Salvador, o Cordeiro de Deus, morre para o Mundo, mas se torna vivo para as esferas superiores.

Assim como estamos confinados em nossos Corpos Densos, de manhã até a noite pelas atividades do dia, também Cristo está confinado na Terra, do Equinócio de Setembro até o Equinócio de Março, que é o período em que as atividades físicas estão bastante inativas, mas onde os esforços espirituais trazem melhores resultados. E, da mesma forma que somos libertados de nossos Corpos à noite e entramos nos Mundos invisíveis para recuperar-nos (para o espírito) das condições difíceis da existência física, o Cristo também é temporariamente libertado da Terra na cruz (cificação) quando vemos o Sol passar o equador celeste e elevar-se às alturas celestiais. Esta é, portanto, a ocasião em que sentimos o impulso espiritual enfraquecer e utilizamos nossa energia nas atividades físicas, no cultivo do solo, fazendo crescer duas folhas de erva onde havia apenas uma.

De acordo com a opinião comum sobre o assunto, Cristo completou o Sacrifício no Gólgota, mas, na verdade, aquilo foi só o início. Ele ainda está confinado à Terra como nós estamos em nossos “Corpos de Morte”. Ele sofre como nós sofremos, mas com uma intensidade que não podemos avaliar. Ele ainda está “gemendo e labutando esperando pela manifestação dos Filhos de Deus[3], que somos nós mesmos. Quando um número suficiente de pessoas sentir o nascimento do Cristo Interno, de modo que possam suportar a carga de seus irmãos e dar suas vidas como Cristo está agora dando a Sua, então, a hora da libertação soará e Cristo poderá retornar permanentemente para o Sol. Mas, da mesma forma que Ele entrou na periferia da Terra quando veio, assim também, sob a lei que acabamos de explicar, Ele deve voltar para a superfície da Terra e isto, em si, é o que constitui a Segunda Vinda.

Não existe na Bíblia aviso mais enfático do que aquele dado por Cristo contra os que pretendem ser Cristos. Ele declarou que alguns produziriam sinais e maravilhas que poderiam enganar o próprio escolhido, e nós devemos lembrar-nos de Suas palavras, quando começamos a considerar nossa última pergunta:

PARTE IV – COMO CONHECEREMOS CRISTO QUANDO ELE VOLTAR?

Cristo disse: “Tende cuidado para que nenhum ser humano vos engane; pois muitos virão em meu nome, dizendo, Eu sou Cristo; e enganarão muitos. E, se algum ser humano vos disser, olhai, aqui está Cristo, ou olhai, ele está lá, não acrediteis nele. Pois falsos Cristos e falsos profetas surgirão e produzirão sinais e milagres para enganar, se isto fosse possível, o verdadeiro escolhido… então, eles verão o Filho do homem vindo nas nuvens com grande poder e glória … Ele enviará Seus Anjos e juntará Seu escolhido dos quatro ventos …, mas, deste dia e hora, nenhum ser humano o sabe, nem os Anjos que estão no céu, nem o Filho, mas só o Pai”.[4]

Por essas passagens, vemos como precisamos ser cuidadosos para não sermos atraídos por impostores. Existe, também, muita luz a guiar-nos para o caminho certo e alguns sinais são os indicadores pelos quais podemos, certamente, reconhecer Cristo dos imitadores. O sinal mais conclusivo dos impostores é que, não importa quanto seu argumento possa ser inteligente, eles vêm revestidos em um Corpo físico. Existem boas razões para entendermos que:

Cristo Não Virá em um Corpo Físico[5]

Nenhum veículo poderia suportar a tremenda vibração de tão grande Espírito. Pelas Escrituras, sabemos que Cristo frequentemente afastava-Se de Seus Discípulos. Nessas ocasiões, Ele levava o Corpo de Jesus para os Essênios, que eram homens de nossa evolução e hábeis médicos esotéricos, peritos nos cuidados com o Corpo. Eles restauravam o seu vigor e energia e, dessa forma, mantiveram o Corpo de Jesus unido por três anos. Do Gólgota, o Corpo foi levado para o túmulo e, como a influência coesiva foi retirada, os átomos espalharam-se em todas as direções e quando o túmulo foi aberto, somente a vestimenta foi encontrada.

Para obter outro veículo físico para a Segunda Vinda, da mesma maneira que o primeiro foi preparado, seria muito difícil, mas poderia ser conseguido. No entanto, sob a lei de que um espírito deve sair por onde entrou, somente aquele único Corpo de Jesus seria utilizado e, como foi destruído, é impossível que Cristo apareça em um veículo físico. Portanto, como já foi dito, possuir tal Corpo revela o impostor.

Supondo que essa “lei” seja uma invenção da imaginação do autor e que a Lei de Analogia, citada como defesa, seja somente uma coincidência, nossa argumentação é ainda apoiada pela Bíblia, não obstante todas as outras evidências. Cristo disse: “Se eles disserem para vós; Olhai, Ele está no deserto; não ides. Olhai, Ele está nas câmaras secretas; não acrediteis[6]. Assim Cristo não deve ser encontrado em nenhum lugar físico. São Paulo também declara enfaticamente que “carne e sangue” não herdarão o reino. Se nós estamos para ser “revestidos com uma casa que nos vem do céu”, por que o líder da Nova Dispensação deveria Ter um veículo físico?

A Bíblia não abandona o assunto e diz-nos onde não procurar Cristo. Ele disse enfaticamente: “O Filho do Homem virá nas nuvens[7]. Quando Ele finalmente deixou Seus Discípulos, “Ele foi levado para cima, e uma nuvem O recebeu, sem ser visto por eles. E, enquanto eles olhavam fixamente para o céu, à medida que Ele subia, dois homens permaneceram perto deles em trajes branco, os quais também disseram: Ele voltará do mesmo modo que O vistes ir para o céu” (At 1:10-11). São Paulo diz: “O Senhor, Ele mesmo descerá do céu… depois nós … seremos arrebatados por entre nuvens para encontrar o Senhor, no ar” (ITes 4:16-17). São João viu o primeiro céu e a terra desaparecerem – o mar secou e uma cidade santa desceu do céu, da qual Cristo era o regente. Estas coisas são, evidentemente, impossibilidades físicas. Um Corpo de carne e sangue não pode elevar-se no ar, e São Paulo afirma, categoricamente, que “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus”. Se nós não podemos entrar naquele traje, como pode Cristo, o líder, usar um Corpo físico em um universo de lei?

Se pudéssemos, agora, descobrir que tipo de veículo Ele usou, saberíamos como reconhecê-Lo e, também, como seremos constituídos, pois “seremos como Ele” de acordo com São João: “Amados, agora nós somos os filhos de Deus, e não aparece ainda o que seremos: mas nós saberemos que, quando Ele aparecer, nós seremos como Ele.” (IJo 3:2). São Paulo diz: “nossa comunidade (não conversação, como foi traduzido; a palavra grega é “politeuma” – forma de governo ou comunidade e é usada pelo apóstolo para se referir ao novo céu e terra) está no céu, de onde também estamos esperando o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso Corpo vil, fazendo-o semelhante ao Seu Corpo glorioso.” (Fp 3:20-21).

O Corpo que Cristo usou depois do evento do Gólgota era também capaz de entrar em uma sala com portas fechadas, pois Ele assim apareceu para Seus Discípulos e deixou Tomás tocá-lo. Podem pseudo-Cristos, em um Corpo físico, fazer isto? Acredito que não.

Este fato requer um veículo mais sutil que o físico e nenhum sofisma poderá invalidar este argumento, isto é, de que Cristo usará um veículo mais sutil que o físico. A Bíblia diz que Cristo usou um Corpo tão sutil depois da ressurreição, que Ele ascendeu ao Céu dentro dele, que Ele deverá voltar neste mesmo Corpo e que, neste aspecto, nós mudaremos para um estado onde seremos como Ele.

Surge a pergunta final: Ensina-nos a Bíblia que veículo é esse e existe alguma informação pela qual possamos obter conhecimento completo e definitivo com respeito a este novo veículo? Devemos procurar a resposta no inimitável capítulo XV da 1ª Epístola aos Coríntios, onde São Paulo ensina a doutrina do Renascimento por meio dos Átomos-semente, tão claramente quanto a dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental de hoje.

Na versão inglesa, o versículo 44 diz: “Existe um Corpo natural e um Corpo espiritual”; mas o Novo Testamento não foi escrito em inglês e, como os tradutores nada sabiam dos ensinamentos internos, não tinham ideia de como traduzir a palavra grega que para eles parecia sem sentido, por isso, a traduziram como a compreenderam. Contudo, deixarei que vocês a traduzam, mesmo que não sejam Estudantes de grego. A palavra que é usada e traduzida como “corpo natural” é soma psuchicon. Soma é uma palavra grega que, todos concordam, é Corpo – não há dúvidas quanto a isto. Mas Psuchicon – psuche – (psyche) – a alma – um Corpo-Alma do qual nunca ouviram falar; provavelmente pareceu-lhes tolice, de maneira que traduziram a palavra como “Corpo natural”. É verdade que São Paulo diz na 1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:23, que o ser de todo ser humano é Espírito, Alma e Corpo, mas, provavelmente, eles interpretaram alma e espírito como sinônimos. Existe, porém, uma grande diferença, como é explicado nos Mistérios Rosacruzes: este Corpo-Alma é o veículo a que São Paulo se refere e no qual encontraremos Cristo. É composto de Éter e, portanto, capaz de levitação e de passar por paredes, uma vez que toda matéria densa é permeada com Éter. Os Auxiliares Invisíveis o usam hoje, como Cristo o fez.

De início, parece muito estranho saber que encontraremos o Senhor “no ar”, que esta terra vai ser deixada para trás. Mas não é estranho se considerarmos que o caminho da evolução sempre foi de dentro para fora. Na última parte da Época Lemúrica, quando esta terra estava em um estado ígneo, o ser humano vivia na crosta que estava sendo formada próxima ao centro ígneo, em um Corpo que começava também a ser formado. Ele viveu na Época Atlante, nas bacias da Terra, sob a densa neblina que se levantava da terra que se esfriava, como é mencionado no capítulo segundo do Livro do Gênesis. Então, a humanidade foi chamada, como relata a história folclórica alemã “Niebelungen” – Niebel, que significa neblina e Ungen, filhos: Filhos da Neblina. A Bíblia conta-nos como eles foram guiados por seus mestres e, gradualmente, como esta atmosfera nebulosa da terra condensou-se quando o Planeta resfriou e, finalmente, como as águas desceram do céu no chamado “o dilúvio”.

Nessa ocasião, sabemos que o ser humano deixou as terras baixas, que estavam submersas pela neblina condensada, o mar, e entrou em uma nova era de desenvolvimento sob as atuais condições. Então, ele viu o arco-íris pela primeira vez, quando o Sol brilhou sobre as nuvens e foi-lhe dito que, enquanto aquele sinal permanecesse, a sucessão de mudanças, que conhecemos como estações, continuaria. Enquanto tivermos as atuais condições atmosféricas, esta era de alternâncias continuará. Devagar, mas seguramente, estamos subindo em direção aos cumes da terra; procuramos níveis cada vez mais altos.

Quanto mais elevada for a evolução das raças, mais elas quererão subir em direção ao ar e, gradualmente, vão deixando as terras baixas.

Como aconteceu na época de Noé, dia virá que ocorrerá uma grande mudança cósmica. Cristo refere-se a isto ao falar de Sua vinda: “Assim como foi nos dias de Noé, assim será nos dias do Filho do homem[8]. Pessoas movimentavam-se como sempre o haviam feito. Casavam-se e eram dadas em casamento; comiam e bebiam e viviam suas vidas mundanas. Mas, de repente, o dilúvio desceu sobre a antiga Atlântida e os veículos que tinham não lhes eram mais úteis. Necessitavam de veículos onde pudessem adaptar-se às novas condições atmosféricas, da mesma maneira que o bebê, quando nasce, precisa instantaneamente adaptar-se, da respiração que tinha dentro da água, à respiração no ar. Se não puder fazer isto, ele morrerá e foi o mesmo no caso dos Atlantes que estavam acostumados a respirar em sua atmosfera aquosa e nebulosa. Aqueles que não estavam fisiologicamente ajustados para esta mudança, afogaram-se.

Cristo disse que uma condição semelhante ocorrerá à Sua vinda. Aqueles que viviam na Atlântida, talvez não tenham percebido o desenvolvimento fisiológico que ocorreu em alguns e que os preparou para mudar da respiração aquosa para a respiração do ar, usando diretamente os pulmões. Do mesmo modo, há uma mudança acontecendo na humanidade, não observável por aqueles que não cultivam a visão espiritual. É um fato que uma atmosfera áurica envolve todo ser humano. Sabemos que, frequentemente, sentimos a presença de uma pessoa que não vemos e sentimos isto porque existe esta atmosfera fora de nossos Corpos Densos. Ela está, pouco a pouco, mudando; está se tornando cada vez mais dourada no Oeste. Quanto mais caminhamos com Cristo, mais esta cor dourada aumentará – esta que é a cor do Cristo e dos semelhantes a Ele: os Santos que os pintores retrataram com uma auréola. Gradualmente, estamos nos tornando mais semelhantes a Ele e esse “soma psuchicon” ou Corpo-Alma está adquirindo forma, está sendo preparada como nosso “traje nupcial”.

Um número crescente de pessoas está se tornando capaz de funcionar neste veículo e muitos estão se preparando para o dia da vinda de Cristo. Esta mudança não é realizada por processo físico, mas pelo serviço, pelo amor, pelo que conhecemos no mundo ocidental como altruísmo, que está se difundindo cada vez mais na sociedade. Estamos ficando mais humanos; cada vez mais iguais a Cristo, embora longe de sermos perfeitos. Talvez o dia da vinda de Cristo não seja nesse século ou no outro, nem no próximo milênio, não obstante, podemos observar uma mudança espiritual acontecendo na humanidade e depende de nós apressarmos o dia da vinda de Cristo, pois como Ele mesmo disse: “Este dia nenhum ser humano conhece[9]. Nenhum ser humano está habilitado a dizer quando e quantas pessoas terão desenvolvido o soma psuchicon, de tal forma que estejam capacitados a fazer a obra que Ele está agora fazendo para nós.

Descemos até ao vale da matéria e, por nossa causa, foi necessário que Cristo entrasse na Terra para nos ajudar de dentro. Por nossa causa, Ele está agora sofrendo e labutando lá, esperando pela manifestação dos filhos de Deus e depende de nós apressarmos ou retardarmos este dia. Cada ato nosso tem algum efeito nesse sentido – cada um de nós tem seu trabalho neste mundo e quanto mais cedo aprendermos a fazê-lo, melhor será para nós. Não deveríamos procurar o Cristo fora – Ele não se encontra lá. Ele mesmo disse, “Não vás para o deserto”. Não O procuremos nestes lugares: o Cristo é formado de dentro. O Corpo-Alma que está, gradualmente, tornando-se capaz de elevar-se sobre as montanhas, é o resultado do esforço de cada aspirante que esforça para ser admitido à vida superior. Como diz Fausto:

“Duas almas, oh! Moram dentro do meu peito,

E aí lutam por um indivisível reino;

Uma aspira pela terra, como vontade apaixonada

À íntimas entranhas ainda está ligada.

Acima das névoas, a outra aspira, de certeza,

Com ardor sagrado por esferas onde reine a pureza”.

Amigos, em cada um de nós há essa luta travada entre a natureza superior e a inferior. São Paulo teve que lutar essa batalha e toda alma que procura deve lutar, também. Mas, não pensem que é saindo para o extenso mundo e nele lutar, que encontraremos o que procuramos. Sir Launfal saiu de sua casa ainda jovem, passou toda uma vida procurando o Graal. Quando voltou para seu castelo, encontrou o mesmo mendigo que ele havia desdenhosamente ignorado quando partiu de casa, mas, quando agiu certo, quando o amoroso espírito do serviço entrou nele, então, o Cristo se manifestou.

“Ele partiu em duas, sua única côdea de pão,

Ele quebrou o gelo da beira do córrego;

E ao leproso deu de comer e beber pela mão”.

O Salvador, diante dele, disse: “Este é meu Corpo e este é meu sangue”.

“Santa Ceia é mantida, na verdade,

Por tudo que ajudamos o outro em sua necessidade”

Não é o que damos, mas é o que compartilhamos que realmente tem valor. Aqueles que dão somente quando têm em abundância, quando dão coisas que não necessitam – coisas que são realmente um peso para eles, coisas de que não sentem falta – não sabem o que é dar a vida por um amigo. Enquanto não se derem, suas dádivas serão estéreis. “Não há maior amor que o do ser humano que dá sua vida por um amigo”. Este não deve ser um único ato – o dar a vida por um amigo – mas sim um auto sacrifício constante, diário. “Eu estava com fome e tu me deste de comer; eu estava com sede e tu me deste de beber … eu estava doente e tu me visitaste[10]. Este é o único requisito. Que nós possamos aprendê-lo, amigos. Não precisamos procurá-Lo tão longe: está perto de nós, ao nosso lado.

Conhecemos aquele pequeno poema sobre deixar nossa luz brilhar exatamente onde estamos. Nem todos podem ser uma estrela, nem podem brilhar, nem ser um líder, mas cada um pode fazer algo, acender sua própria velinha e deixar que ela dissipe um pouco a escuridão ao redor. Isto é o que temos que fazer e se fizermos somente este tanto, descobriremos que aquela vela será como uma estrela ardente para guiar-nos para o Cristo, na Sua próxima vinda. Então, teremos certeza de reconhecê-Lo, pois encontraremos a resposta dentro de nós. Diz-se que O conheceremos porque seremos como Ele e, como Ele não tem Corpo Denso para vir, temos que desenvolver aquele veículo da alma, o soma psuchicon. Para que nós possamos encontrá-Lo quando Ele aparecer, mas deveremos estar trajados com o “Dourado Manto Nupcial”.

F I M


[1] N.T.: Jo 15:14

[2] N.T.: Mt 11:28

[3] N.T.: Rm 8:18

[4] N.T.: Mt 24 4-36 e Mc 13:5-32

[5] N.T.: em um Corpo Denso

[6] N.T.: Mt 24:26

[7] N.T.: Mt 24:30; Lc 21:27 e Mc 13:26

[8] N.T.: Mt 24:37

[9] N.T.: Mt 24:36

[10] N.T.: Mt 25:35-36

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Interpretação Mística da Páscoa

As informações contidas nesse livreto foram trazidas das conferências e de outros escritos de Max Heindel e publicadas de tempos em tempos, em forma de revista ou trechos em livros.

Esse humilde esforço pretende ser uma inspiração para aqueles que tenham vislumbrados a Centelha de Luz e Amor Divinos, e que está se esforçando para alcançar aquela última meta que foi alcançada por Cristo Jesus a mais de dois mil anos no Gólgota.

O que Ele conseguiu, naquela ocasião, é a tarefa que se defronta a todos e a cada um de nós.

Quando tivermos submetido totalmente ao Eu Superior ou Cristo-interno, então virá a ressurreição ou a completa libertação da matéria.

Então, nós podemos dizer com Cristo: “Está consumado”.

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Há 4 meios de você acessar esse Livro:

1.Em formato PDF (para download ou imprimir):

Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel

2.Em formato de audiobook ou audiolivro:

Audiobook – Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel

3. Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/c/TutoriaisEstudosFraternidadeRosacruzCampinas/featured

aqui:

Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel em videobook

4. Para estudar no próprio site:

INTERPRETAÇÃO MÍSTICA DA PÁSCOA

 Por

Max Heindel

(1865-1919)

Compilado de vários escritos e conferências de um místico

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, The Mystical Interpretation of Easter, editada por Max Heindel

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

PREFÁCIO

As informações contidas nesse livreto provêm das conferências e escritos de Max Heindel, e foram publicadas uma e outra vez em forma de artigos de revista e/ou em livros. O Boletim Echoes, editado pela primeira vez em junho de 1913, por Max Heindel, contém uma grande quantidade de conhecimentos e sabedoria sobre esse e outros importantes acontecimentos de significado místico. Alguns capítulos sobre a Páscoa são, também, encontrados nos livros Coletâneas de um Místico e Ensinamentos de um Iniciado.

Esse humilde esforço pretende ser uma inspiração para aqueles que tenham vislumbrados a Centelha de Luz e Amor Divinos, e que está se esforçando para alcançar aquela última meta que foi alcançada por Cristo Jesus a mais de dois mil anos no Gólgota. O que Ele conseguiu, naquela ocasião, é a tarefa que se defronta a todos e a cada um de nós. Quando tivermos submetido totalmente ao Eu Superior ou Cristo Interno, então virá a ressurreição ou a completa libertação da matéria. Então, nós podemos dizer com Cristo: “Está consumado”.

ÍNDICE

CAPÍTULO I

O CRISTO CÓSMICO

CAPÍTULO II

UM ACONTECIMENTO DE SENTIDO MÍSTICO

CAPÍTULO III

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA

Primeira Parte

CAPÍTULO IV

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA.

Segunda Parte

CAPÍTULO V

A LIÇÃO DE PÁSCOA

CAPÍTULO VI

O SÍMBOLO DO OVO

CAPITULO VII

A CRUZ DE CRISTO

CAPITULO VIII

QUE FOI FEITO DO CORPO FÍSICO DE JESUS?

CAPÍTULO I

O CRISTO CÓSMICO

“Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém,

se não nasce dentro de ti, tua alma segue extraviada.

Olharás em vão a Cruz do Gólgota,

enquanto não fizeres um Gólgota de teu coração também”.

AngelusSilésius[1]

A canção popular de hoje, que todo mundo canta com entusiasmo, mas que é esquecida amanhã; o espetáculo que é levado à cena, talvez, cem noites seguidas, para depois ser abandonado e relegado ao pó, e todas as outras coisas que são evanescentes demonstram, claramente, que não tem um valor intrínseco. O brilho de uma estrela cadente ilumina o céu por um momento, mas embora o brilho das outras estrelas seja mais fraco e atraia menos a nossa atenção, suas luzes confortam ao caminhante, noite após noite, através dos tempos. Somente as canções que, por seu valor, são reproduzidas sempre de novo, cuja música não nos cansa nunca, têm realmente algo de valioso na vida. O mesmo acontece nos ciclos cósmicos que sempre se repetem, marcados pelas festas do ano. Como elas são recorrentes, sempre nos ensinam as mesmas antigas lições, sempre sob um novo ponto de vista.

O impulso de vida do Cristo Cósmico que entrou na Terra no último mês de setembro, manifestou-se no nascimento Místico no Natal e realizou sua maravilhosa magia de fecundação do mês de setembro até março e se libertou da cruz da matéria para ascender novamente ao trono do Pai, na Páscoa deixa a Terra coberta de uma glória verde dos próximos meses, pronta para as atividades físicas[1].

Como é em cima, assim também é em baixo. Os processos que se desenvolvem em larga escala na Terra manifestam-se, também, no ser humano. Durante os meses de setembro a março nós fomos completamente impregnados pelas vibrações espirituais que predominaram nos últimos meses, muito mais do que foi possível sob as condições mais materiais que prevalecem entre março e setembro. Chegou-nos em setembro com um novo impulso para a vida superior; culminou na Noite Santa, e sua magia trabalhou dentro de nós e em nossas naturezas na proporção que aproveitamos nossas oportunidades. De acordo com a nossa aplicação ou descuido no último período, o progresso será acelerado ou atrasado no próximo período, porque não existem palavras mais verdadeiras do que aquelas que nos ensinam que somos exatamente aquilo que fizermos de nós mesmos. O serviço que prestamos ou deixamos de prestar determina se a nova oportunidade, para um serviço maior, nos proporciona um impulso mais forte para cima; e não será nunca demais repetir que é inútil esperar libertação da cruz da matéria, antes que tenhamos usado nossas oportunidades aqui e, então obter uma mais ampla capacidade de sermos úteis. Os “cravos” que prendem a Cristo na Cruz do Calvário prendem você e eu, até que o impulso dinâmico de amor flua de nós em ondas e correntes rítmicas, tal como a maré de amor que, anualmente, entra na Terra, e a impregna com vida renovada.

Conhecemos a analogia entre o ser humano – que entra nos seus veículos, quando desperta pela manhã, vive neles e trabalha por meio deles, e a noite é um Espírito livre, livre da escravidão do Corpo Denso – e o Espírito de Cristo que mora em nossa Terra, uma parte do ano. Nós todos sabemos que grilhão e que prisão esse Corpo representa; como nós somos cerceados pelas doenças e sofrimentos, porque não existe ninguém que esteja sempre em perfeita saúde, de maneira que nunca estamos livres de sentir as ânsias de dor, pelo menos ninguém que esteja no estreito caminho espiritual.

A mesma coisa acontece com o Cristo Cósmico, que dirige Sua atenção para a nossa pequena Terra, focando Sua consciência neste Planeta, para que tenhamos vida.  Ele tem que vitalizar esta massa morta (que nós mesmos cristalizamos fora do Sol) todos os anos; e isso é um grilhão, um peso e um aprisionamento para Ele. Esse é o motivo justo e próprio pelo qual devemos nos alegrar quando Ele chega à época doNatal, todos os anos, e nasce, novamente, no nosso mundo para nos ajudar a transformar para melhor essa massa informe, com a qual nos sobrecarregamos. Nossos corações, nessa época, devem voltar-se para Ele, em gratidão pelo sacrifício que Ele faz por nossa causa, durante os meses de: setembro, outubro, novembro e dezembro, permeando este Planeta com Sua Vida, para despertá-lo da hibernação, no qual permaneceria se não fosse Ele, pelo seu nascimento, para dar-lhe vida.

Durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro Ele sofre agonias de torturas, “gemendo, trabalhando e esperando pelo dia da libertação[2], a qual chega no tempo em que nós falamos nas igrejas ortodoxas: Semana da Paixão, mas nós afirmamos que, de acordo com os ensinamentos místicos, essa semana é exatamente a culminação ou ponto mais alto dos Seus sofrimentos, e que Ele, então, sai de Sua prisão; e quando o Sol cruza o Equador, Ele é suspenso na Cruz, exclamando: “Consummatum est!” – “Está consumado!”[3]; ou “Está cumprido!”. Isto quer dizer que o Seu trabalho, para aquele dia, foi cumprido. Não é um grito de agonia, mas um grito de triunfo, um grito de alegria, pois a hora da libertação chegou e, mais uma vez, Ele pode se elevar, por mais um período, se livrando da prisão e do peso do nosso Planeta.

O ponto para o qual desejo chamar vossa atenção é que deveríamos nos alegrar com Ele, nessa grande, gloriosa e triunfante hora, a hora da libertação, quando Ele exclama: “Está cumprido”. Sintonizemos os nossos corações para esse grande acontecimento Cósmico; alegremo-nos com o Cristo, nosso Salvador, que o tempo de Seu sacrifício anual se completou, mais uma vez; sintamo-nos agradecidos, do fundo dos nossos corações, que Ele está, agora, prestes a ser libertado da prisão terrena; pois a vida que Ele imbuiu no nosso Planeta é suficiente para conservar-se até o próximo Natal.

A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Por isso, quando queremos conhecer a Deus precisamos estudar a Natureza, lembrando-nos sempre que existe um propósito emtoda a manifestação; que a vida é uma escola e aprendendo suas muitas lições a humanidade evolui lentamente de uma chispa divina para a Divindade. Se tivéssemos aprendido as lições da vida, tal como nos foram dadas, não teria havido necessidade do grande sacrifício que foi feito e que é anualmente repetido pelo Espírito de Cristo, que é a personificação do Amor. Por egoísmo, desobediência às Leis e práticas do mal fomos cristalizando rapidamente, não somente nossos corpos, mas, também a Terra na qual vivemos, a um nível que ambos estavam se tornando inúteis como meios de evolução. Quando já não nos podíamos salvar dos resultados dos nossos próprios erros, o Cristo compassivo ofereceu a Si mesmo e o seu grande Poder de Amor para romper essas condições cristalizadas dos corpos humanos e da Terra. Durante três anos Ele ensinou a Humanidade pela palavra, pelo preceito e exemplo.

Quando Ele foi crucificado no Gólgota o seu Grande Sacrifício pela humanidade apenas começou. Cada ano, desde esse tempo, quando o Sol passa do Signo zodiacal de Virgem para o de Libra, o Espírito de Cristo, retornando à nossa Terra, toca a sua atmosfera. Ele começa a sua jornada de descida em torno de 21 de junho[4], no Solstício de Junho, quando o Sol entra no Signo de Câncer. Ele chega ao centro da nossa Terra à meia-noite de 24 de dezembro. Aí Ele fica por três dias e, depois, começa a voltar. Esta volta completa-se na Páscoa. Da Páscoa até o Solstício de Junho Ele está passando pelos Mundos Espirituais e chega ao Mundo do Espírito Divino, o Trono do Pai, a 21 de junho[5]. Durante julho e agosto, quando o Sol está em Câncer e Leão, Ele reconstrói o seu veículo Espírito de Vida, que Ele trará ao mundo, novamente, e, com esse veículo, Ele voltará a rejuvenescer a Terra e os reinos de vida que nela evolucionam. Do Natal até a Páscoa Ele se dá a Si mesmo sem limitações nem medida, imbuindo com vida, não apenas as sementes adormecidas, mas todas as coisas sobre e dentro da Terra.

Sem essa infusão da vida e energia Divinas, todos os seres viventes da nossa Terra morreriam imediatamente, e todo o progresso seria frustrado, no que concerne à nossa presente linha de desenvolvimento. Essa atividade germinativa da vida do Pai, que nos é trazida por Cristo e entregue amplamente no tempo da Páscoa, que renova o crescimento e intensifica a atividade na planta, no animal e no ser humano, nessa especial parte do ano. Cristo não deixa a Terra na Páscoa senão depois de dar de Si Mesmo até ao máximo. É, então, que a infusão de Sua Vida, junto com os raios quase verticais do Sol, faz as sementes germinarem; as árvores florirem; os pássaros acasalarem, dirigidos pelos seus Espíritos-Grupo, e construírem seus ninhos. A humanidade, então, é fortificada e imbuída com a energia e a coragem necessárias para enfrentar, aproveitar e crescer por meio das experiências inesperadas providas pelos diversos e perplexos problemas da vida.

Para aqueles que se decidiram trabalhar consciente e inteligentemente com a Lei Cósmica, a Páscoa tem um grande significado. Para eles significa a libertação anual do Espírito de Cristo das restrições dolorosas da Terra e Sua gloriosa ascensão ao mundo do Seu verdadeiro lar, para lá permanecer um período junto ao seio do Pai. E se os seus olhos estão verdadeiramente abertos eles podem ver as hostes Angélicas que O estão esperando, prontos para acompanhá-Lo na Sua viagem em direção ao céu; se os seus ouvidos estão sintonizados com os sons celestiais, eles ouvem os coros celestiais cantando Seu louvor e hosanas jubilosos, elevados ao Deus Altíssimo.

Para as almas iluminadas a Páscoa traz uma profunda compreensão do fato de que toda a humanidade é peregrina na Terra; que a verdadeira pátria do Espírito são os Mundos Espirituais e para alcançar esse reino devemos nos esforçar em aprender as lições da escola da vida o mais rápido possível, de maneira que possamos ser capazes de ver para o amanhecer de um dia que nos liberaremos, permanentemente, da escravidão da Terra. Então, da mesma forma como o Cristo libertado, chegaremos a uma realização dessa gloriosa imortalidade, como recompensa da conquista do Espírito perfeito. Para as almas iluminadas, a Páscoa simboliza o amanhecer de um dia feliz, quando toda a humanidade, semelhante ao Cristo, será permanentemente livre das restrições materiais, e ascenderão aos Reinos celestes, tornando-se pilares de força na Casa do Pai, de onde não mais sairão.

CAPÍTULO II

UM ACONTECIMENTO DE SENTIDO MÍSTICO

Para onde eu vou não podes agora seguir-me; mas

depois me seguirás … Aquele que crê em mim

também fará as obras que eu faço

e as fará maiores do que estas.

Jo 13:36; 14:12

Se fôssemos a uma igreja ortodoxa num Domingo de Páscoa, provavelmente ouviríamos a história de Jesus, o Filho de Deus, concebido sem pecado e que, com a idade de 30 anos, assumiu um sacerdócio que durou três anos e que terminou em crucificação e morte por nós; que através de seu sangue podemos ser salvos. Provavelmente, poderíamos ouvir, também, que no dia da Páscoa ele levantou-se novamente dos mortos, subindo depois para o Pai onde está agora sentado à direita da majestade de Deus, de onde retornará para julgar os vivos e os mortos na última Ressurreição.

Porém, mesmo sabendo – em virtude de podermos ler na Memória da Natureza – que Jesus viveu e morreu, que teve uma missão mística da máxima importância para a evolução humana e que os principais acontecimentos daquela grande vida se deram realmente conforme relata o Evangelho, sabemos também que a missão do Cristo Místico é algo infinitamente mais gloriosa do que aquilo que já penetrou no coração dos que conhecem apenas a interpretação ortodoxa dos Evangelhos.

Em primeiro lugar, a festa da Ressurreição, chamada Páscoa, não comemora simplesmente a ressurreição de um indivíduo, mas significa um evento cósmico. Seria extrema tolice celebrar-se a morte e ressurreição de uma pessoa, ocorrida em certo dia do ano, com uma festa móvel que é determinada pelas posições do Sol e da Lua no Signo zodiacal de Áries, o carneiro ou cordeiro.

Cada ano uma onda espiritual de vitalidade invade a Terra no Solstício de Junho, a fim de despertar a semente que hiberna no solo gelado e infundir nova vida ao mundo em que vivemos. Este trabalho se processa durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, enquanto o Sol transita pelos Signos zodiacais de Capricórnio, Aquário e Peixes. Então, ele cruza o equador celestial vindo do Sul, onde esteve durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro; esse cruzamento ou crucificação (crucifixão) é então relacionado, cosmicamente, com a sua entrada no Signo de Áries, o carneiro ou cordeiro. Então, o Sol se eleva para os Signos dos céus setentrionais a fim de promover, com seus raios aquecedores, o crescimento da semente no solo já revitalizada pela onda de vida Crística nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Sem essa onda mística anual de energia vital oriunda do Cristo Cósmico, a vida física seria uma impossibilidade. Sem ela não poderia haver nem pão e vinho físicos, nem a transubstanciada tintura espiritual, preparada pela alquimia vinda do sangue do coração do Discípulo.

O cordeiro foi morto quando da fundação do mundo da Época Ária, em que agora vivemos. Seu sangue foi o símbolo que salvou da morte o povo escolhido de Deus quando este deixou o lendário Egito, a pátria de adoração do boi Touro ou Apis. A partir dali, tornou-se idolatria para todos os que haviam sido salvos pelo sangue do cordeiro, adorar o bezerro de ouro, pois as velhas Religiões do boi Touro tinham sido superadas pela Religião do cordeiro, quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, deixou o Signo de Touro e entrou no Signo celestial de Áries, o cordeiro ou carneiro. Completado o tempo em que o Sol, por Precessão dos Equinócios, havia alcançado os sete graus no Signo do carneiro, Cristo veio no corpo de Jesus para estabelecer um novo pacto sob o selo e símbolo dos místicos pão e água da vida. Mas o Cordeiro de Deus precisava morrer, e isto aconteceu individualmente quando Cristo deixou o corpo de Jesus e, cosmicamente quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, saiu do Signo de Áries. Então um novo símbolo precisava ser dado àqueles que seriam os mensageiros durante a entrante Era de Peixes, por conseguinte, Ele, Ele próprio representou na última ceia do cordeiro do sacrifício. O pão e a água da vida foram dados como símbolo do seu corpo e do seu sangue, devendo ser usados para recordá-Lo durante a próxima Era. Há, portanto, uma ligação entre o vinho místico e o sangue, como também entre o pão místico e o corpo, que precisamos compreender se quisermos conhecer o verdadeiro sentido místico da morte e da ressurreição.

Em sua evolução o ser humano recebeu o alimento apropriado ao desenvolvimento de cada um dos seus veículos. Um veículo como o nosso corpo físico, formado de compostos químicos, só pode ser nutrido com substâncias químicas. Analogamente, só Espírito pode atuar sobre Espírito, portanto o vinho foi acrescentado à dieta do ser humano para ajudá-lo a dissolver as pesadas moléculas da carne e estimulá-lo na batalha da existência. A isto se refere à história de Noé (Gn 9:2-20), o qual com seus seguidores, representa a humanidade na era do arco-íris em que a assim chamada “dieta mista” e o vinho constituem a alimentação necessária à presente fase de evolução.

Fortalecido pela Mente carnívora e pelo Espírito do álcool, o ser humano se afastou cada vez mais do caminho da fraternidade, pois nutrindo-se com o mesmo alimento dos carnívoros ele se tornou necessariamente tão feroz quanto um animal predador, passando a caçar instintivamente ao seu próprio semelhante. Enquanto o sistema de procriação e casamento dentro da mesma tribo prendia-o firmemente aos seus companheiros de clã, ele ao menos demonstrava amá-los. Mas desde que os casamentos intertribais entraram em voga e ele começou a emancipar-se gradativamente do Espírito de raça, passou a saquear, ao próprio ser humano e até à própria família. O egoísmo tomou-se ilimitado, nada mais foi sagrado aos olhos cobiçosos, e cada ser humano passou a viver em guarda contra todos os outros. Além da ação que tais coisas trazem, não há descanso, não há paz duradoura nem felicidade na senda da paixão e da autogratificação. Portanto, chega a hora em que o ser humano deseja um fim permanente para os seus sofrimentos mais do que qualquer outra coisa, e aí começa a buscar o caminho da paz, que é também o caminho da pureza e da abnegação. Então ele é introduzido nos mistérios do Gólgota, do Sangue Purificador e da Cruz das Rosas, como segue:

Purificar o sangue do egoísmo é o Mistério no Gólgota. O processo começou quando o sangue de Jesus foi derramado e continuou através das guerras entre nações Cristãs todas as vezes que o ser humano lutou por um ideal, e prosseguirá até que o contraste entre os horrores da guerra e a beleza da fraternidade tenham impressionado suficientemente a espécie humana. Abaixo de nós na escala da evolução estão os vegetais e os animais, acima estão os deuses. Anatomicamente nós pertencemos ao reino animal e, em nossas vidas passadas, vivemos abaixo da nossa condição de humanos. Como os animais, gratificávamos nossos desejos sexuais e nossos apetites, mas enquanto aqueles eram mantidos sob controle por um sábio Espírito-Grupo nós não exercemos nenhum domínio sobre os nossos desejos, pelo que a doença, a dor e o sofrimento tornaram-se o nosso quinhão. Agora, contudo, aspiramos palmilhar a senda da paz em direção à serena felicidade dos deuses. Para isso devemos nos tomar como as plantas, isto é, puros e sem paixões. Consideremos o antigo Templo de Mistérios Atlante, também chamado “O Tabernáculo no Deserto”. Na velha Dispensação, quando a carne oferecida em sacrifício pelos pecados era queimada sobre o altar do sacrifício, seu odor elevava-se aos céus como um atestado da repugnante natureza da transgressão, da paixão e da impureza. Mas dentro do Tabernáculo havia o candelabro de sete braços, que queimava a essência das oliveiras sem desprender odor desagradável. Toda carne foi concebida sob a paixão e o pecado, mas a geração da planta é pura e imaculada. Por conseguinte, a flor aromática, especialmente a rosa vermelha, mantém-se em simbólica e direta oposição à carne corrompida. A flor é o órgão gerador da planta. Ela nos diz que a concepção sem mácula, em amor e pureza, é o caminho da paz e do progresso. Em Sua última reunião com seus Discípulos, Cristo estabeleceu os símbolos do novo pacto, do Testamento: deu-lhes pão para comer, simbolizando o Seu corpo, e a taça simbolizando o Seu sangue. Não uma taça comum para qualquer líquido, nem que o líquido por si só tivesse o poder suficiente para ratificar o novo pacto. O mistério jaz no fato de que a taça e seu conteúdo eram partes essenciais e necessárias de um sublime todo. O nome que designava essa taça mística em latim era “Calix”, em grego era “Poterion”.

Na velha Dispensação só a água era usada nos serviços do templo, mas com o tempo o vinho tornou-se um fator na evolução humana. Um deus do vinho – Baco – passou a ser adorado, e orgias da mais brutal natureza eram celebradas para que, sufocando as aspirações do Espírito, o ser humano se voltasse mais para a conquista do Mundo Físico. Mesmo sob a Dispensação mosaica os sacerdotes eram rigorosamente proibidos de usar o vinho enquanto oficiassem no templo, mas Cristo em sua primeira aparição em público mudou a água em vinho, aprovando deste modo o seu uso na ordem de coisas então existentes. Note-se, todavia, que isso foi feito em público, e que esse foi Seu primeiro ato como sacerdote do povo, mas na última reunião esotérica de Cristo com Seus Discípulos, quando o novo pacto foi dado, não havia nem carne de carneiro (Áries) – conforme estabelecia a ordem Mosaica – nem vinho, mas tão somente pão, um produto vegetal e o cálice do qual falaremos após ouvirmos as palavras que Ele proferiu naquela ocasião: “Não mais beberei deste fruto da videira até o dia em que hei de beber, novo, convosco no Reino dos Céus[6]. O suco novo, recém-espremido da uva, não contém o Espírito da fermentação e da decomposição, mas é um alimento vegetal nutritivo e puro. Por conseguinte, os seguidores da doutrina esotérica foram instruídos por Cristo a não consumirem alimentos cárneos nem alcoólicos.

Geralmente supõe-se que o cálice usado por Cristo na Última Ceia continha vinho, muito embora não haja fundamento bíblico para tal suposição. Existem três relatos dos preparativos para a Páscoa. Mesmo que Marcos e Lucas refiram-se aos mensageiros enviados a certa cidade em busca de um homem que carregava um cântaro de água, nenhum dos evangelistas diz que o cálice continha vinho. Além disso, investigações na Memória da Natureza mostram que a água é que foi usada, e no que diz respeito aos esoteristas o vinho não tinha mais vez. Daquele ato, data também a inauguração do movimento de temperança, pois tais mudanças cósmicas envolvem longos preparativos nos Mundos Espirituais internos antes que possam manifestar-se nas sociedades do Mundo externo. Assim, milhares de anos quase nada significam nesses processos.

O uso da água na Última Ceia também se harmoniza com os requisitos astrológicos e éticos. O Sol saía de Áries – o Signo do Cordeiro – e entrava em Peixes, um Signo de Água. Ia soar uma nova nota de aspiração. Na Era de Peixes entrante ia iniciar-se uma nova fase de soerguimento humano. A autoindulgência ia ser suplantada pela autonegação. O pão, a matéria da vida, que é feito do grão gerado imaculadamente, não estimula paixões como a carne, nem nosso sangue se agita tão apaixonadamente quando recebe água do que quando recebe vinho. Portanto, pão e água são os alimentos e símbolos apropriados aos ideais da Era Peixes-Virgem, pois representam pureza. A Igreja Católica dá aos seus fiéis a água de Peixes na porta dos templos, como dá também o pão da Virgem no altar, mas nega-lhes o cálice de vinho do ofício. Todavia, as considerações acima não conduzem no âmago do mistério oculto no “Cálice do Novo Pacto”.

A taça de vinho velho, que nos foi dada no início da Época Ária – terra da geração – estava cheia de destruição, morte e veneno, de modo que a palavra que então aprendemos a falar é morta e destituída de poder.

A taça de vinho novo, mencionada como o ideal da futura época – a Nova Galileia (não a confundir com a Era de Aquário) – é um órgão etérico construído no interior da cabeça e da garganta pela força sexual economizada, o qual órgão é visto pelos Clarividentes como a haste de uma flor que ascende da parte inferior do tronco. Este cálice, ou taça-semente, é verdadeiramente um órgão criador capaz de emitir a palavra, a vida e o poder.

A palavra atual é produzida por movimentos musculares rudimentares que combinam laringe, língua e lábios de tal modo que a passagem do ar saído dos pulmões gera determinados sons. Mas o ar é um veículo pesado, difícil de mover-se, comparado as forças mais sutis da Natureza como a eletricidade, que se propaga no Éter, de modo que, quando este órgão tiver alcançado pleno desenvolvimento, ele terá o poder de falar a palavra da vida e infundir vitalidade nas substâncias que até ali estiverem inertes. Este órgão está sendo agora construído por nós, através do serviço.

Recorde-se que Cristo não deu o cálice ao povo, mas sim aos Seus Discípulos, Seus mensageiros e servos da Cruz. Nos dias atuais, aqueles que bebem do cálice da auto-abnegação para poderem usar a força no serviço aos outros estão construindo esse órgão e, também, o Corpo-Alma, que é o traje nupcial. Estão aprendendo a usá-lo aos poucos, como Auxiliares Invisíveis, quando fora de seus corpos à noite precisam emitir a palavra de poder para dissipar doenças e produzir tecidos sadios.

Quando a Época Atlante se aproximava do seu fim e a humanidade abandonava o lar de sua infância, onde viveu sob a orientação direta de Guias Divinos, o velho pacto foi feito dando ao ser humano carne e vinho, e estes dois elementos, juntamente com o uso descontrolado da força sexual, tornaram a Época Ária uma era de morte e destruição. Agora estamos nos aproximando do fim dessa era. Estamos em busca do Reino dos Céus, da Nova Galileia, e a fim de preparar-nos para essa época. Cristo nos deu o pão e a água da vida, ordenando-nos ao mesmo tempo não cedermos a luxúria. Tendo feito este novo pacto, Ele foi para a cruz da libertação, deixando atrás de Si o corpo da morte e pairando nas alturas em um veículo de vida, o Corpo Vital. Mas Ele deu aos Seus seguidores a certeza de que, embora eles não O pudessem seguir então ao lugar para onde ia, mais tarde o seguirão. Cada pessoa é um Cristo-em-formação e algum dia acontecerá a “Páscoa” para cada um de nós.

CAPÍTULO III

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA

Primeira Parte

“Toda a vida de Cristo foi uma cruz e um martírio,

e tu buscas para ti mesmo folga e prazer? Quanto

maior o avanço espiritual de um indivíduo mais

pesadas as cruzes com que ele se depara frequentemente,

pois as dores do seu desterro aumentam

com o fortalecimento do seu amor”.

Thomas de Kempis[7]

Na manhã da Sexta-Feira Santa de 1857, Richard Wagner[8], o maior artista do século dezenove, sentou-se à varanda de uma vivenda suíça que se debruçava às bordas do lago de Zurich[9]. O panorama que se descortinava ao redor estava banhado por um glorioso brilho do Sol; paz e boa vontade pareciam vibrar por toda a Natureza. A criação inteira palpitava de vida e o ar estava carregado da deliciosa fragrância dos bosques de pinho – bálsamo gratificante para um coração atormentado e uma Mente agitada.

Então, de súbito, como um raio caído do céu azul, surgiu na alma profundamente mística de Wagner a lembrança do execrável significado daquele dia – o mais sombrio e mais doloroso do ano Cristão. Essa lembrança o inundou de tristeza, pelo contraste com o que via. Era uma incongruência marcante entre o alegre cenário que tinha diante de si, a clara atividade notável da Natureza, em luta pela renovação da vida após o longo sono hibernal, e o mortal esforço do Salvador torturado na cruz; entre os gorjeios plenos de vida e amor dos milhares de cantores de pena do bosque, na charneca e no prado, e os hediondos gritos de ódio duma turba enfurecida que insultava e zombava do mais nobre ideal que o mundo já conheceu; entre a maravilhosa energia criadora manifestada pela Natureza na primavera[10] e o elemento destruidor no ser humano, que assassinou o caráter mais nobre que já agraciou a Terra.

Enquanto Wagner meditava assim sobre os paradoxos da vida, ocorreu-lhe a pergunta: “há alguma relação entre a morte do Salvador por crucificação, na Páscoa, e a energia vital que se manifesta tão abundantemente na primavera quando a Natureza começa a vida de um novo ano?”.

Mesmo que Wagner não percebesse, conscientemente, o significado total da relação entre a morte do Salvador e o rejuvenescimento da Natureza, não obstante ele havia dado com a chave de um dos mais sublimes mistérios com que o Espírito humano já deparou em sua peregrinação da Terra à Deus.

Na noite mais escura do ano, quando a Terra dorme mais profundamente no abraço do frio Boreal, quando as atividades materiais descem ao nível mais baixo, uma onda de energia espiritual transporta em sua crista a “Palavra do Céu”, divina e criadora, para um nascimento místico no Natal. Então, como uma nuvem luminosa, o impulso espiritual paira sobre o mundo que “não o conheceu[11] porque ele “brilha nas trevas[12] do inverno, quando a Natureza está paralisada e muda.

Essa divina “Palavra” criadora contém uma mensagem e tem uma missão. Nasceu para “salvar o mundo[13] e “para dar sua vida pelo mundo”. Deve, necessariamente, sacrificar sua palavra para conseguir o rejuvenescimento da Natureza. Gradativamente sepulta-se na Terra e passa a infundir sua própria energia vital nas milhões de sementes que jazem adormecidas no solo. Sussurra a “palavra de vida” nos ouvidos dos animais e pássaros, até que o evangelho das boas novas tenha sido pregado a todas as criaturas. O sacrifício se completa totalmente na época do ano em que o Sol cruza seu nódulo oriental no Equinócio de Março. Então a divina palavra criadora expira. Em um sentido místico, ela morre na cruz da Páscoa, emitindo um último brado de triunfo: “Está Consumado[14] (Consummatum est).

Porém, do mesmo modo que o eco volta a nós, muitas vezes, repetido, assim também o canto celestial de vida se repete sobre a Terra. A criação inteira entoa um cântico de louvor, que é repetido sem cessar pelo coro de uma legião de línguas. As pequeninas sementes no seio da Mãe Terra começam a germinar, brotando e despontando em todas as direções, e logo um maravilhoso mosaico de vida, um tapete verde aveludado bordado de flores multicores, toma o lugar da mortalha do imaculado branco gelado. Dos animais de pelo e pena, em todos a palavra de vida ressoa como uma canção de amor, impelindo-os ao acasalamento. Geração e multiplicação é o lema em toda parte – o Espírito libertou-se para uma vida mais abundante.

Podemos, assim, observar todos os anos, misticamente, o nascimento, a morte e a ressurreição do Salvador como o fluxo e o refluxo de um impulso espiritual que culmina no Solstício de Dezembro – Natal – e sai da Terra logo após a Páscoa, quando a “palavra” sobe ao Céu, no Domingo de Pentecostes. Mas lá não fica para sempre. Foi-nos ensinado que “dali retornará”, “no Juízo”. Portanto, quando o Sol desce pelo equador, em outubro, através do Signo de Libra – época em que os frutos do ano são colhidos, pesados e classificados por tipos – começa a descida do Espírito do novo ano, culminando esta descida no nascimento, no Natal.

O ser humano é uma miniatura da Natureza. O que acontece em grande escala na vida de um Planeta, como a nossa Terra, ocorre em escala menor ao longo da vida do ser humano. Um Planeta é o corpo de um grande, maravilhoso e exaltado Ser, um dos Sete Espíritos diante do Trono (do Pai Sol). O ser humano também é um Espírito “feito à sua imagem e semelhança”. Assim como um Planeta gira em seu caminho cíclico ao redor do Sol, de onde é emanado, assim também o Espírito humano se move numa órbita em volta de sua fonte central – Deus. Sendo elípticas as órbitas planetárias, possuem pontos muitíssimo próximos e pontos extremamente afastados dos seus centros solares. De maneira análoga, a órbita do Espírito humano é elíptica. Nós estamos mais perto de Deus quando nossa jornada cíclica nos leva à esfera de atividade celeste – o Céu – e estamos mais separados d’Ele durante a vida terrena. Tais mudanças são necessárias ao nosso crescimento anímico. Assim como as festividades do ano assinalam o caráter repetitivo de acontecimentos importantes na vida de um Grande Espírito, do mesmo modo nossos nascimentos e mortes são fatos de repetição periódica. É tão impossível para o Espírito permanecer definitivamente no Céu ou na Terra como o é para um Planeta deter-se em sua órbita. A mesma imutável lei de periodicidade que determina a ininterrupta sequência das estações, a alternação do dia com a noite e os fluxos e refluxos das marés, governa também a marcha progressiva do Espírito humano tanto no Céu quanto na Terra.

Dos domínios de luz celestial onde vivemos em liberdade, sem as limitações do tempo e do espaço, onde vibramos em uníssono com a infinita harmonia das esferas, nós descemos para nascer no Mundo Físico, onde nossa visão espiritual torna-se obscurecida pela corda enrolada que nos agrilhoa a esta fase de limitações da nossa existência. Vivemos uns tempos aqui, depois morremos e subimos aos céus, para renascer e morrer outra vez. Cada vida terrena é um capítulo da história seriada da vida, extremamente humilde em seu começo, mas crescendo em interesse e importância à medida que ascendemos para estágios de responsabilidade humana, cada vez mais altos. Nenhum limite é concebível, pois somos divinos em essência e, portanto, temos latentes em nós as infinitas possibilidades de Deus. Quando tivermos aprendido tudo o que este mundo tem para ensinar-nos, uma órbita mais ampla, uma esfera maior de utilidade sobre-humana, abrir-se-á às nossas maiores capacidades.

“Mas, e Cristo?” – Pode alguém perguntar. “Você não acredita n’Ele? Você está discorrendo sobre a Páscoa, o feriado que comemora a morte cruel do Salvador e Sua gloriosa e triunfante ressurreição, todavia parece referir-se a Ele mais como uma alegoria que como um fato.”.

Certamente nós cremos em Cristo; amamo-Lo de todo o coração e com toda a nossa alma, mas queremos enfatizar a crença de que Cristo é a primícia da raça. Ele disse que nós poderíamos fazer as coisas que Ele fez, “e maiores ainda”. Portanto, somos Cristos-em-formação.

Estamos muito habituados a buscar um Salvador externo ao mesmo tempo que abrigamos um demônio interno, mas até que Cristo seja formado EM NÓS, conforme disse São Paulo, buscaremos em vão, porque assim como é impossível para nós percebermos a luz e a cor ao nosso redor sem o registro de suas vibrações pelo nosso nervo ótico, e assim como permanecemos inconscientes do som quando o tímpano dos nossos ouvidos está insensível, do mesmo modo permanecemos cegos à presença de Cristo e surdos à Sua voz enquanto não despertarmos nossa natureza espiritual interna. No entanto, uma vez despertada essa natureza espiritual, o Senhor do Amor se revela como uma realidade primordial, baseado no princípio de que, fazendo-se vibrar um diapasão, outro diapasão de mesmo tom começará também a vibrar, enquanto outros de tons diferentes ficarão mudos. Por isso Cristo disse que Suas ovelhas conheciam-No pelo som de Sua voz, à qual respondiam, mas não ouviam a voz do estranho (Jo 10:5). Não importam nossos credos, todos somos irmãos de Cristo, portanto regozijemo-nos: o Senhor ressuscitou! Busquemos a Ele e esqueçamos nossos credos e outras diferenças de menor importância.

CAPÍTULO IV

O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA

Segunda Parte

O sinal da Cruz estará no céu quando o Senhor

vier para julgar. Então, todos os que servem a

Cruz e que na vida se tenham harmonizado com o

Crucificado poderão aproximar-se de Cristo com

toda coragem.

Thomas de Kempis

Mais uma vez chegamos ao ato final do drama cósmico que envolve a descida do Raio solar de Cristo ao interior da matéria de nossa Terra, o qual se completa no nascimento místico celebrado no Natal e na Morte Mística e Libertação, celebradas logo após o Equinócio de Março, quando o Sol do novo ano inicia sua ascenção às esferas superiores dos céus setentrionais, depois de verter sua vida para salvar a humanidade e revigorar todas as coisas sobre a Terra. Nessa época do ano uma nova vida, uma energia intensificada, circula com força irresistível nas veias e artérias de todos os seres vivos, inspirando e instilando neles novas esperanças, novas ambições e nova vida, e impelindo-os a novas atividades pelas quais possam aprender novas lições na escola da experiência. Consciente ou inconscientemente, tudo o que tem vida beneficia-se desse manancial de energia fortalecida. Até a planta responde por um aumento de circulação de seiva, que resulta em uma renovação de folhas, flores e frutos, meios pelos quais esta classe de vida expressa-se a si mesma e evolui para um estado superior de consciência.

Mas ainda que maravilhosas sejam essas manifestações físicas externas, e ainda que possa ser chamada de gloriosa essa transformação da Terra de um deserto de neve e gelo em um formoso jardim florido, isso é insignificante diante das atividades espirituais paralelas que se efetuam ao mesmo tempo. As características salientes do drama cósmico são idênticas em termos de época com os efeitos materiais do Sol nos quatro Signos Cardeais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio), porque os eventos mais significativos ocorrem nos pontos equinociais e solsticiais.

Realmente, é de fato verdadeiro que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser[15]. Fora d’Ele não poderíamos existir; vivemos por e através de Sua vida; movimentamo-nos e agimos por e através de sua fortaleza; é o Seu poder que sustenta nossa morada, a Terra, e sem Seus incessantes e invariáveis esforços o universo desintegrar-se-ia por si mesmo. Sabemos que o ser humano foi feito à semelhança de Deus, e nos é dado compreender que, consoante a lei de analogia, possuímos internamente certos poderes latentes idênticos àqueles que vemos tão poderosamente manifestados pela Deidade na obra do universo. Isso desperta, em nós, um particular interesse no drama cósmico anual em que envolve a morte e ressurreição do Sol. A vida do Deus-Homem, Cristo-Jesus, foi moldada de conformidade com a história solar e prenuncia, de modo idêntico, tudo o que pode acontecer ao Homem-Deus, a quem Cristo-Jesus profetizou quando disse: “As obras que eu faço vós fareis também, e maiores ainda[16]; para onde vou agora vós não podeis ir, mas depois podereis seguir-me”[17].

A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Ela nada faz em vão ou arbitrariamente, mas existe um propósito por trás de todas as coisas e de todos os atos. Por conseguinte, devemos estar alertas e considerar cuidadosamente os sinais nos céus, porque eles possuem um significado profundo e importante referentes às nossas próprias vidas. A compreensão inteligente desses propósitos capacita-nos a trabalhar mais eficazmente com Deus em Seus maravilhosos esforços para emancipar nossa raça da escravidão das leis da Natureza e, mediante essa liberação, alcançarmos a plena estatura de filhos de Deus, coroados de glória, honra e imortalidade; livres do poder do pecado, da doença e do sofrimento que agora encurtam nossas existências terrenas em razão de nossa ignorância e de inconformidade às leis de Deus. O propósito divino visa essa emancipação, e ser ela conseguida através do longo e tedioso processo evolutivo ou ser alcançada através do caminho muitíssimo mais curto da Iniciação, isso depende da nossa vontade de cooperar ou não. A maioria da humanidade atravessa a vida com olhos que não veem e ouvidos que não ouvem. Segue absorvida em seus negócios materiais, comprando e vendendo, trabalhando e divertindo-se sem a devida apreciação ou compreensão dos propósitos da existência e, ainda que tais propósitos se tornassem claros, é provável que dificilmente se conformasse em virtude do sacrifício que isso envolve.

Não é de estranhar que Cristo chame especialmente o pobre e enfatize a dificuldade do rico entrar no Reino dos Céus, pois mesmo hoje, quando a humanidade já avançou dois milênios na escola da evolução desde aquela data, vemos que a grande maioria ainda dá mais valor às suas casas e terras, às suas roupas e chapéus, aos prazeres sociais, festas e banquetes do que aos tesouros celestiais, que se juntam pelo serviço aos outros e sacrifício de si mesmo. Ainda que essa maioria possa perceber intelectualmente a beleza da vida espiritual, a conveniência desta torna-se insignificante aos seus olhos quando comparada ao sacrifício exigido para alcançá-la. Como o moço rico, ela seguiria, voluntariamente, a Cristo não fora a necessidade de tanto sacrifício. Prefere ir-se quando percebe que o sacrifício é a única condição para ingressar-se no discipulado. Portanto, para tais pessoas a Páscoa não é mais que uma ocasião de regozijo porque se trata do fim de um momento especial e começo de outro momento especial diferente, que convida manifestações de alegrias.

Mas para aqueles que escolheram, definitivamente, a senda do auto sacrifício que conduz à libertação, a Páscoa é o sinal anual que evidencia as bases cósmicas de suas esperanças e aspirações.

No Sol da Páscoa, que no Equinócio de Março começa a percorrer os céus setentrionais, após verter sua vida na Terra, temos o símbolo cósmico da veracidade da ressurreição. Quando o consideramos como um fato cósmico enquadrado na lei de analogia, que relaciona o macrocosmo com o microcosmo, o importante é saber que algum dia alcançaremos a consciência cósmica e conheceremos positivamente por nós mesmos, por nossa própria experiência, que a morte não existe, mas o que isso parece é apenas uma transição para uma esfera mais sutil.

É um símbolo anual para fortalecer as nossas almas no afã das boas-obras, para que possamos tecer o manto dourado nupcial requerido para converter-nos em filhos de Deus no sentido mais elevado e mais santo. É literalmente verdadeiro que enquanto não andarmos na luz, como Ele na luz está, não seremos fraternais uns com os outros. Mas, fazendo sacrifícios e prestando os serviços que se requerem de nós para ajudar na emancipação da raça humana, estamos assim construindo um Corpo-Alma de radiante luz dourada, que é a substância especial emanada do e pelo Espírito do Sol, o Cristo Cósmico. Quando esta substância dourada nos envolver com densidade suficiente, então seremos capazes de imitar o Sol da Páscoa e pairar em esferas mais elevadas.

Com esses ideais firmemente impressos em nossas Mentes, a época da Páscoa se converte em uma estação apropriada para revisarmos nossas vidas durante o ano que passou e tomarmos novas resoluções que adiantem nosso crescimento anímico até ao próximo. É uma época em que o símbolo do Sol ascendente deve levar-nos a uma compreensão profunda do fato de que na Terra não somos mais que peregrinos e forasteiros; que, como Espíritos, nossa verdadeira pátria é o Céu; e que devemos esforçar-nos para aprender as lições desta vida tão depressa quanto nos permitam os caminhos apropriados. O Dia da Páscoa marca a ressurreição e libertação do Espírito de Cristo dos planos inferiores, e essa libertação deve lembrar-nos de buscar continuamente a aurora do dia em que estaremos permanentemente livres das malhas da matéria, do corpo de pecado e morte, juntamente com todos os nossos irmãos em escravidão. Nenhum aspirante sincero poderia conceber uma libertação que não incluísse a todos que estivessem na mesma situação.

Esta é uma tarefa gigantesca. Enfrentá-la pode muito bem desalentar o mais valente coração, de modo que se estivéssemos sozinhos não poderíamos realizá-la, mas as Hierarquias Divinas, que têm guiado a humanidade no caminho evolutivo desde o começo da jornada, ainda estão ativas e trabalhando conosco desde os Mundos Espirituais siderais, de maneira que com sua ajuda seremos, oportunamente, capazes de conseguir o soerguimento da humanidade como um todo e alcançar uma condição individual de glória, honra e imortalidade. Com esta enorme esperança dentro de nós mesmos, com esta grande missão no mundo trabalhemos como nunca para sermos melhores homens e mulheres, de forma que, por nossos exemplos, possamos despertar nos outros o desejo de levar uma vida que conduza à libertação.

CAPÍTULO V

A LIÇÃO DE PÁSCOA

“Porque se morreres com Ele, também com Ele

viverás, e se partilhares dos Seus sofrimentos,

da Sua glória também partilharás”.

Thomas de Kempis

Outra vez a Terra alcança o Equinócio de Março, em seu movimento anual de translação em torno do Sol, e assim chegamos à Páscoa. O raio espiritual emitido pelo Cristo Cósmico nesse período, para reativar a esgotada vitalidade da Terra, está quase subindo de volta ao Trono do Pai. Às atividades espirituais de fecundação e germinação, levadas a efeito durante os últimos seis meses, seguir-se-ão os processos de crescimento físico e amadurecimento durante os próximos seis meses, sob a influência do Espírito da Terra. O ciclo termina no “Lar da Colheita”. Deste modo o grande Drama do Mundo é encenado e reencenado ano após ano, numa eterna disputa entre a vida e a morte, sendo cada uma por vez vencedora e vencida na sequência dos ciclos.

Os grandes fluxos e refluxos cíclicos não estão limitados em seus efeitos à Terra, à sua flora e fauna. Exercem igualmente uma influência dominante sobre a humanidade, mesmo que a grande maioria não se aperceba das causas que a impelem a agir numa e noutra direção. Não obstante, essa ignorância, permanece o fato de que a mesma vibração terrestre que adorna vistosamente as aves e outros animais nesses próximos três meses, responde também pelo desejo humano de se vestir com cores alegres e roupas mais claras nessa época do ano. É, também, “o apelo do silvestre campo”, que nos subsequentes três meses convida o ser humano a relaxar no meio rural, onde os Espíritos da natureza exercitaram suas artes mágicas nos campos e florestas, para recuperar-se da tensão das condições artificiais reinantes nas cidades congestionadas.

Por outro lado, é a “queda” do raio espiritual do Sol nos meses de setembro, outubro e novembro que causa o reinício das atividades mentais e espirituais nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. A mesma força germinadora que fermenta a semente na terra e a prepara para reproduzir sua espécie multiplicada, também ativa a Mente humana e fomenta atividades altruístas que tornam o mundo melhor. Caso essa grande onda de desprendido Amor Cósmico não culminasse no Natal, com vibrações de paz e boa-vontade, não poderia haver nenhuma sensação festiva em nossos corações de modo a gerar o desejo de fazer os outros igualmente felizes. O costume universal de dar presentes no Natal seria impossível, e todos nós sofreríamos essa perda.

Quando Cristo andava, dia após dia, pelas colinas e vales da Judeia e Galileia, ensinando às multidões, todos foram beneficiados. Mas Ele convivia mais com Seus Discípulos, e estes cresciam rapidamente cada dia. À medida que o tempo passava esses laços de amor estreitavam-se ainda mais, até que, um dia, mãos impiedosas tiraram o amado Mestre e o levaram a morte desonrosa. Contudo, mesmo que tenha morrido na carne, Ele continuou a conviver intimamente com Seus Discípulos por algum tempo, em Espírito. Mas por fim subiu às esferas superiores, perdendo-se assim o contato direto com Ele, e aqueles homens olharam-se tristemente, cara a cara e perguntaram-se: “É este o fim?”. Eles haviam esperado tanto, haviam alimentado tão elevadas aspirações que, apesar da verdejante paisagem continuar brilhante e beijada pelo Sol como antes de Sua Partida, a Terra parecia fria e monótona, pois sombria desolação oprimia os seus corações.

Algo semelhante também acontece conosco quando buscamos seguir o Espírito e lutar contra a carne, mesmo que a analogia não tenha sido aparente até aqui. Quando, nos meses de setembro, outubro e novembro a “queda” do raio Crístico começa anunciando a época da supremacia espiritual, logo o sentimos e começamos avidamente a banhar nossas almas nessa bendita maré. Experimentamos uma sensação semelhante à dos Apóstolos, quando andavam com Cristo, e à medida que os meses avançam torna-se cada vez mais fácil comungar com Ele, face a face, como antes. Mas, no curso anual dos acontecimentos, a Páscoa e Ascenção do raio de Cristo “ressuscitado” para o Pai, deixa-nos em idêntica posição à dos Apóstolos quando seu querido Mestre se afastou. Nós ficamos desolados e tristes, vemos o mundo como um deserto monótono e não podemos atinar com a razão de nossa perda, que é tão natural como os fluxos e refluxos das marés ou como os dias e as noites – fases da era atual dos ciclos alternados.

Existe um perigo nesta atitude mental. Se permitirmos que ela nos domine, é possível que abandonemos o nosso trabalho no mundo e nos convertamos em sonhadores desiludidos, percamos, nosso equilíbrio e provoquemos, contra nós, a crítica muito justa dos demais. Este tipo de conduta é inteiramente errado, pois, assim como a Terra emprega o seu esforço material para produzir abundantemente em um período, após haver recebido o ímpeto espiritual em outro período, é nosso dever, também, envidar os maiores esforços ao trabalho do mundo quando possuímos o privilégio de comunicar com o Espírito. Assim fazendo, é possível que despertemos nos outros o Espírito de emulação e o de reprovação.

Estamos acostumados a pensar no avaro como alguém que junta ouro, sendo essa classe de pessoas objeto de desprezo, de modo geral. Mas há indivíduos que lutam tão tenazmente para adquirir conhecimento, quanto se esforça o avaro para acumular ouro, não hesitando em usar qualquer meio ou subterfúgio para alcançar seu intento e guardando consigo seus conhecimentos, tão egoisticamente quanto o avaro guarda o seu tesouro. Não compreendem que por tal método eles fecham de fato as portas à uma sabedoria maior. A antiga teologia nórdica continha uma parábola que, simbolicamente, esclarece o assunto. Dizia que todos os que morriam no campo de batalha (as almas fortes que combateram o bom combate até o fim) eram levados ao Valhalla[18], a estar com os deuses, enquanto os que morriam na cama ou por doenças (as almas fracas, que vagavam pela vida) iam para o lúgubre Niflheim. No Valhalla, os valentes guerreiros banqueteavam-se diariamente com a carne de um javali chamado Scrimner, que se caracterizava por uma particularidade: sempre se cortava um pedaço de suas carnes, imediatamente outro crescia no lugar, de modo que seu corpo nunca era consumido, não importa quanto se cortasse dele. Isto simbolizava adequadamente o “conhecimento”, pois, não importa quanto dele possamos dar aos outros, o original sempre fica conosco.

Existe, portanto, certa obrigação de transmitirmos os conhecimentos que possuímos, pois “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será pedido”[19]. Se acumularmos as bênçãos espirituais que temos recebido, o mal nos ronda, por isso imitemos a Terra nesta época da Páscoa. Externemos no Mundo Físico da ação, os frutos do Espírito semeados em nossas almas durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Habilitemo-nos a receber bênçãos cada vez maiores de ano para ano.

CAPÍTULO VI

O SÍMBOLO DO OVO

“E quando este corpo incorruptível se revestir de incorruptibilidade,

e o que é mortal se revestir de imortalidade,

e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória”.

ICor 15 :54

Para os nossos irmãos e irmãs do hemisfério norte passaram-se os sombrios e monótonos dias do inverno (meses de dezembro, janeiro e fevereiro). A Mãe Natureza remove o manto frio de gelo que cobre a terra, permitindo a milhões e milhões de sementes abrigadas no chão macio, romperem sua crosta e vestirem o solo com trajes de verão numa orgia de cores alegres e vistosas, preparando as “câmaras nupciais” para os animais e aves se acasalarem.

Na presente estação a Mente do mundo volta-se para a festividade que chamamos Páscoa, na qual se comemora a morte e ressurreição do nobre indivíduo que o mundo conhece pelo nome de Jesus, cuja história de sua vida foi escrita nos Evangelhos. Mas um Cristão Místico tem uma visão mais profunda e mais ampla desse evento cósmico que se repete anualmente. Para este, o que existe é uma impregnação anual da Terra com a vida do Cristo Cósmico. Uma inalação que tem lugar durante os meses de setembro, outubro, e novembro, culminando no Solstício de Dezembro, quando celebramos o Natal, e uma exalação que chega ao fim na época da Páscoa.

O drama cósmico de vida e morte é representada anualmente, por todas as criaturas e coisas evoluintes, da maior à menor, porque até o grande e sublime Cristo Cósmico, em Sua compaixão, torna-se sujeito à morte quando entra nas condições enclausurantes da Terra, em um período do ano. Por conseguinte, é oportuno recordar alguns pontos relativos à morte e renascimento que, às vezes, podemos esquecer.

Entre os símbolos cósmicos conservados desde a antiguidade, nenhum é mais comum que o do ovo. Acha-se em toda Religião. Encontramo-lo no Antigo Eddas dos Escandinavos, venerável pela idade, que nos fala do mundano esfriado pelo sopro gelado do Niebelheim, mas aquecido pelo hálito quente do Muspelheim, antes que os vários Mundos Espirituais e o próprio ser humano viessem a existir. Se nos voltarmos para o ensolarado sul, podemos achar nos Vedas da Índia a mesma história no mito Kalahansa, o Cisne do tempo e do espaço, o qual pôs o ovo que veio a ser, finalmente, o mundo. Entre os egípcios encontramos o globo alado e as serpentes ovíparas, simbolizando a sabedoria manifestada neste nosso mundo. Os gregos utilizaram esse simbolismo, reverenciando-o em seus Mistérios. Foi preservado pelos Druidas; tal símbolo era também conhecido dos construtores do grande outeiro da serpente, em Ohio; e conservou seu lugar na simbologia sagrada até hoje, muito embora a grande maioria de seres humanos seja cega ao grande mistério que ela encerra e revela – o mistério da vida.

Quando quebramos a casca de um ovo, achamos apenas fluídos viscosos de coloração variada e consistências diversas. Mas se submetido a uma temperatura adequada logo se dá uma série de mudanças e assim, em pouco tempo, uma criatura viva pode romper a casca e surgir pronta para assumir seu lugar entre os de sua espécie. Os magos dos laboratórios podem duplicar as substâncias do ovo e injetá-las numa casca de maneira que, conforme as experiências feitas até aqui, uma réplica perfeita do ovo natural pode ser produzida. Contudo, este difere do ovo natural em um ponto, isto é nenhuma coisa viva pode ser incubada no produto artificial. Fica evidente, portanto, que alguma coisa intangível deve estar presente em um e ausente em outro.

Esse mistério de todos os tempos que produz o ser vivo é que nós chamamos vida. Visto que a Vida não pode ser detectada em meio aos elementos do ovo, nem mesmo através do mais potente microscópio (ainda que ela ali esteja para produzir as mudanças que se notam), é de concluir-se que ela deve ser capaz de existir independentemente da matéria. Aprendemos, pois, através do sagrado simbolismo do ovo que, apesar da vida ser capaz de modelar a matéria, não depende, entretanto, desta para existir. Ela é autoexistente e não tendo princípio não pode também ter fim. Isto é simbolizado pela forma ovoide do ovo.

Quando nos apercebemos do verdadeiro conhecimento contido no simbolismo do ovo de que a vida nunca teve princípio e nunca terá fim, habilitamo-nos a criar coragem e admitir que aqueles que se retiram agora da existência física estão apenas atravessando uma jornada cíclica idêntica à da vida do Cristo Cósmico, vida que penetra a Terra no outono e a abandona na Páscoa. Vemos assim como a grande Lei da Analogia atua em todas as circunstâncias e em todas as fases da vida. O que acontece no grande mundo ao Cristo Cósmico verifica-se também nas vidas daqueles que são Cristos-em-formação.

Devemos admitir que a morte é uma necessidade cósmica nas atuais circunstâncias, porque se fôssemos aprisionados num corpo como o que agora usamos, e fôssemos colocados num ambiente tal e qual este em que nos encontramos hoje, para assim viver perenemente, as enfermidades do corpo e as condições insatisfatórias do ambiente bem cedo nos fariam cansar da vida e implorar por libertação. Isso impediria todo progresso e tornaria impossível para nós evoluirmos às alturas mais elevadas, tais como os que podemos alcançar por meio do nascimento em novos veículos e novos ambientes que nos permitam novas possibilidades de crescimento. Por conseguinte, devemos agradecer a Deus o fato de que, enquanto o nascimento em um corpo concreto tem sido necessário para um desenvolvimento futuro, a liberação pela morte tem sido proporcionada para libertar-nos do instrumento esgotado pelo uso; e a ressurreição e um novo nascimento sob o céu alegre de um novo ambiente fornecem-nos outras oportunidades para recomeçar a vida com a ficha limpa e aprender as lições que não conseguimos assimilar antes. Por este método seremos, algum dia, perfeitos como o Cristo ressuscitado. Ele assim determinou e nos ajudará a consegui-lo.

CAPÍTULO VII

A CRUZ DE CRISTO

“Se alguém quiser vir após mim,

negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Mt 16:24

De acordo com uma antiga lenda, quando expulso do Paraíso, Adão levou consigo três mudas da árvore da vida, as quais, plantadas pelo seu filho Seth, vingaram e cresceram. De uma delas se fez mais tarde o cajado de Aarão, com o qual este operou milagres diante do Faraó. Outra foi levada ao Templo de Salomão para servir de pilar ou coisa semelhante ali, mas, como não serviu para nada no interior do edifício, foi então utilizada como uma ponte sobre um regato que corria fora do Templo. A terceira foi usada para fazer-se a cruz de Cristo, sobre a qual Ele sofreu por nós, libertou-se finalmente, penetrou na Terra e tornou-se o Espírito Planetário do nosso globo, no qual Ele agora sofre e geme esperando o dia da libertação.

Existe um grande significado nessa lenda antiga. A primeira muda da árvore representa o poder espiritual exercido pelas Hierarquias Divinas na infância da humanidade, isto é, um poder exercido por outrem para o nosso próprio benefício. A segunda era para ser usada no Templo de Salomão. Ninguém pode apreciá-la, exceto a Rainha de Sabá, nenhuma serventia foi achada para ela, pois o Templo de Salomão era a consumação das artes e ofícios e em uma civilização materialista nada que seja espiritual é apreciado. Os Filhos de Caim conseguiam sua salvação ao longo de linhas materiais, portanto não precisavam de poderes espirituais. Assim, “ela foi usada como ponte sobre o regato”. Sempre existiram almas – os reais, os verdadeiros Maçons Místicos – capazes de usar essa ponte que vai do visível ao invisível, e de voltarem ao Jardim do Éden; ao Paraíso, através da mesma. Foi a terceira muda da árvore da vida que deu a cruz de Cristo. Erguido naquela cruz foi que Ele conseguiu se libertar desta existência física e entrar nas esferas superiores. De modo semelhante nós também, ao tomarmos nossa cruz e segui-Lo, podemos desenvolver nossos poderes anímicos e ingressar numa esfera de maior utilidade nos Mundos invisíveis. Esforcemo-nos todos de modo que, dia após dia, sejamos encontrados de joelhos e vencedores, agarrados à cruz de Cristo para que, num dia não muito distante, possamos subir à nossa própria cruz e dali alcançarmos a gloriosa libertação, a ressurreição da vida da qual Cristo foi e continua sendo os primeiros frutos para toda alma crente. Esta é a autêntica, a verdadeira mensagem da Páscoa e devemos compreender que todos somos Cristos-em-formação, e que quando Cristo nasce real e verdadeiramente dentro de nós Ele então nos mostrará o caminho da cruz a partir da Árvore do Conhecimento pela qual conseguimos avançar. Essa cruz trouxe morte à Árvore da Vida no Corpo Vital, mas trouxe também a imortalidade.

CAPÍTULO VIII

QUE FOI FEITO DO CORPO FÍSICO DE JESUS?

“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste Tabernáculo se desfizer,

temos da parte de Deus um edifício,

casa não feita por mãos, eterna, nos céus”.

IICor 5: 1

Que fim teve o Corpo Denso de Jesus, colocado no túmulo, mas não encontrado na manhã do domingo de Páscoa? E se o Corpo Vital de Jesus foi preservado para ser usado novamente por Cristo, como pode ele, Jesus, estar nesse meio tempo funcionando num Corpo Vital? Não teria sido mais fácil conseguir para Cristo, em Sua segunda vinda, outro Corpo Vital?

Essas perguntas foram respondidas assim, no “Ecos” de 1914[20]:

Estudos nas Escrituras revelam o fato de que Cristo costumava afastar-se de Seus Discípulos e que estes ignoravam para onde Ele ia nessas ocasiões ou, se não ignoravam, isso jamais foi mencionado. O motivo desses afastamentos, porém, era que, sendo Ele um Espírito tão glorioso, Suas vibrações eram demasiado elevadas mesmo para o melhor e mais puro dos veículos físicos, fazendo-se, portanto, necessário retirar-se deste veículo, frequentemente, para um período de completo repouso, de modo que o padrão vibratório de seus átomos pudesse baixar ou voltar ao normal. Por conseguinte, Cristo habitualmente buscava os Essênios em tais momentos, aos cuidados de quem deixava o Corpo, uma vez que eles eram peritos em lidar com o Corpo Denso. Cristo nada sabia de como tratar o veículo que recebera de Jesus. Não fora esses repousos e os cuidados recebidos, o corpo de Jesus ter-se-ia desintegrado bem antes de se haverem completado os três anos do Seu ministério, e assim o Gólgota não teria sido alcançado.

Quando o tempo se esgotou e o ministério terreno chegou ao fim, os Essênios pararam de intervir, então as coisas tomaram o seu curso natural e a tremenda força vibratória que atuava sobre os átomos físicos espalhou-os aos quatro ventos de modo que, quando o túmulo foi aberto poucos dias depois, nenhum sinal do corpo foi encontrado.

Isso se harmoniza perfeitamente com as leis naturais que conhecemos e com o seu modo de atuarem no Mundo Físico. A corrente elétrica de baixa potência queima e até mata, enquanto a alta voltagem pode atravessar o corpo sem prejudicá-lo. A luz, que possui elevadíssimo grau vibratório, é agradável e benéfica ao corpo, mas quando focalizada através de uma lente esse grau vibratório é reduzido, produzindo-se então o fogo que queima e destrói. De modo idêntico, quando Cristo, o Grande Espírito Solar, entrou no Corpo Denso de Jesus, reduzindo Seu padrão vibratório em virtude de resistência da matéria densa, tê-lo-ia queimado – como na cremação – caso não tivessem sido tomadas medidas para evitá-lo. A força era a mesma, os resultados idênticos, exceto num pormenor: o fogo que consumiu o corpo de Jesus não produziu cinzas, conforme aconteceria com o fogo comum que produz chamas. A propósito, é bom recordar que o fogo, embora invisível, encontra-se latente em todas as coisas. É verdade que não o vemos na planta, no animal ou na pedra, não obstante, ele ali está perceptível à visão interna e capaz de manifestar-se a qualquer momento na substância física em forma de chama.

Uma das nossas ilusões é a de que o corpo que habitamos é vivo. Isto de fato não acontece. Pelo menos a porção deste corpo que pode ser verdadeiramente chamada de viva é tão pequena que a afirmação acima é praticamente verdadeira. O resto dele existe absolutamente adormecido, se não inteiramente morto. Este fato é bem conhecido pela ciência e é algo que a razão nos demonstra ser verdade: nosso poder espiritual é tão pequeno que não pode dotar de vida este veículo por tempo suficientemente longo, de modo que, na medida em que nos incapacitamos para vitalizar o corpo, este começa a assemelhar-se a um pesado torrão de barro que devemos arrastar penosamente conosco até que alguns poucos anos depois ele se cristaliza a tal ponto que se nos torna impossível manter o trabalho vibratório por mais tempo. Então, somos forçados a abandoná-lo, e aí se diz que ele morre. Inicia-se, assim, um lento processo de desintegração que devolve o átomo à sua condição original de liberdade.

Confronte agora a condição das coisas quando um desses mesmos corpos terrenos é possuído por um poderoso Espírito como o de Cristo. Pode-se achar uma analogia com o caso de um indivíduo reanimado após um afogamento. Em tais casos o Corpo Vital se retira e a ação vibratória dos átomos físicos quase cessa, quando não para totalmente. Restauradas as condições que permitem ao Corpo Vital voltar a interpenetrar o corpo físico, aquele entra imediatamente a acionar e pôr em vibração todos os átomos deste. Esta tentativa de despertar os átomos inertes provoca aquela intensa e desagradável sensação de formigamento que o afogado descreve depois de reanimado, sensação que persiste até os átomos físicos alcançarem o grau vibratório de uma oitava abaixo daquele em que vibra o Corpo Vital. Chegado a esse ponto acaba a sensação, nada mais é sentido, salvo aquilo que se sente normalmente.

Agora consideremos o caso de Cristo entrando no Corpo Denso de Jesus, cujos átomos naturalmente moviam-se numa velocidade muito inferior àquela das forças vibratórias do Espírito Cristo. Consequentemente, uma aceleração tinha de acontecer, de tal maneira que, durante os três anos de ministério, essa notável aceleração de vibração desses átomos teria desintegrado o corpo não fora a atuação da poderosa vontade do Mestre para conservá-lo inteiro, reforçada pela habilidade dos Essênios. Se os átomos do corpo de Jesus estivessem adormecidos no momento em que Cristo dele se retirou – conforme ocorre aos nossos átomos quando abandonamos nossos corpos – um longo processo de putrefação ter-se-ia feito necessário para desintegrar aquele corpo. No entanto eles estavam altamente sensibilizados e vivos, portanto, era impossível ficarem presos após o Espírito ter-se retirado. Em futuras épocas, quando tenhamos aprendido a manter nossos corpos vivos, não precisaremos mudar átomos nem trocar de corpos tão frequentemente. Quando isso acontecer, o processo de putrefação não exigirá tanto tempo para se completar, conforme acontece presentemente. O sepulcro não foi fechado hermeticamente, portanto não podia oferecer obstáculo à passagem dos átomos.

Ao morrer o Corpo Denso de Jesus, os Átomos-semente retomaram ao seu primitivo dono. Durante os três anos de intervalo entre o batismo, em que ele renunciou a seus veículos, e a crucificação, quando pôde reaver os Átomos-semente, Jesus formou um veículo etérico, do mesmo modo que um Auxiliar Invisível junta matéria física sempre que se faça necessário materializar um corpo ou parte dele. Contudo, matéria que não corresponda ao Átomo-semente não pode ser utilizada de modo permanente: desintegra-se tão logo desapareça a força de vontade que a atraiu. Portanto, aquilo foi para Jesus apenas um expediente de ocasião. Quando o Átomo-semente do seu Corpo Vital retornou, então um novo corpo foi formado, e em tal veículo Jesus vem funcionando desde então, trabalhando com as igrejas. Nunca mais utilizou um Corpo Denso, embora seja perfeitamente capaz de fazer um. Presumivelmente isto se dá em virtude de seu trabalho ser totalmente desligado das coisas materiais e diferir diametralmente da obra de Christian Rosenkreuz, que tem muito a ver com problemas de governos, industriais e políticos, pelo que precisa de um corpo físico em que possa aparecer ao público.

A razão pela qual o Corpo Vital de Jesus é conservado para a segunda vinda de Cristo ao invés de Lhe providenciar um novo veículo pode ser encontrada em “Fausto”, mito que apresenta em sentido figurado grandes verdades espirituais de valor inestimável à alma sedenta. Fausto, em seu esforço para obter poder espiritual antes de merecê-lo, atrai um Espírito disposto a auxiliá-lo em seus desejos mediante uma compensação, pois em tal classe de Espírito o altruísmo é uma virtude que simplesmente não existe. Quando Lúcifer se volta para sair, nota apavorado a existência de um pentagrama diante da porta, uma das pontas em sua direção. Pede, então, a Fausto que retire dali o símbolo para que ele possa sair, ao que este lhe pergunta por que não sai pela janela ou pela chaminé. Lúcifer, relutantemente, admite que:

Para os fantasmas e Espíritos é lei

que por onde entramos, devemos sair.

Quando, no curso natural dos acontecimentos, o Espírito volta a nascer, ele entra no Corpo Denso pela cabeça, trazendo consigo os veículos superiores. Ao deixar o corpo à noite, sai pelo mesmo lugar, para reentrar do mesmo modo na manhã seguinte. O Auxiliar Invisível também sai do seu corpo e nele reentra da mesma maneira. E quando por fim nossa vida terrena chega a seu termo, é pela cabeça que saímos do nosso corpo pela última vez. Vemos, pois, que a cabeça é a porta natural do corpo e, por conseguinte, o pentagrama com uma ponta para cima é o símbolo da magia branca, que atua em harmonia com a lei de progressão.

O mago negro, que atua contrariamente à natureza, perverte a força da vida dirigindo-a para baixo, através dos órgãos inferiores. O portal da cabeça está fechado para ele, mas ele se retira pelos pés, o cordão prateado estendendo-se através dos órgãos inferiores. Portanto, foi fácil para Lúcifer entrar no gabinete de Fausto, pois o pentagrama com duas pontas voltadas para ele representava o símbolo da magia negra, mas ao tentar sair depara com uma só ponta em sua direção, e então se amedronta diante do sinal da magia branca. Ele só podia sair pela porta inferior porque por ali é que havia entrado, por isso ficou preso quando essa porta inferior foi bloqueada.

De maneira análoga, Cristo era livre para escolher Seu veículo para entrar na Terra onde agora se acha confinado, mas uma vez escolhido o veículo de Jesus a este ficou limitado como único meio de sair dela. Se esse veículo houvesse sido destruído, Cristo teria de ficar enclausurado no globo até que a Terra se dissolvesse no caos. Isso seria uma calamidade imensurável, portanto o veículo usado por Ele está sendo guardado com o máximo cuidado pelos Irmãos Maiores.

Nesse meio tempo Jesus perdeu todo o crescimento anímico alcançado durante seus trinta anos na Terra, antes do batismo, e contido no veículo dado a Cristo. Isto foi e continua sendo um grande sacrifício feito por nós, mas redundará em glória maior no futuro, como todas as boas ações. Porque esse veículo, utilizado como foi, e a ser usado novamente por Cristo em Sua vinda para estabelecer e aperfeiçoar o Reino de Deus será tão espiritualizado e glorificado que, quando for devolvido a Jesus na época em que Cristo entregar o Reino ao Pai será também o mais maravilhoso de todos os veículos humanos. E, ainda que isto não tenha sido ensinado, o autor acredita que Jesus será, por isso mesmo, o mais alto fruto do Período Terrestre, seguido de Christian Rosenkreuz. Porque “nenhum homem tem maior amor do que aquele que dá a própria vida[21] e dar não somente o Corpo Denso, mas também o Corpo Vital, e por tempo tão prolongado, certamente é o máximo dos sacrifícios.

F I M


[1] N.R.: Independentemente da inversão das estações, uma coisa que se mantém idêntica no Norte e no Sul: a distância maior ou menor, a que o Sol se encontra da Terra. No Solstício de Dezembro, o Sol se encontra mais próximo da Terra: a Terra é permeada mais fortemente pela aura do Sol Espiritual (inspiração de crescimento anímico nos seres humanos). No Solstício de Junho, a Terra no máximo afastamento do Sol: diminuição de espiritualidade com a intensificação de vitalidade física.

[2] N.R.: Rm 8:22

[3] N.R.: Jo 19:30

[4] O Solstício de Junho varia entre 20 e 21 de junho, dependendo do ano.

[5] N.R.: ou 20, dependendo do ano.

[6] N.R.: Mt 26:26-29

[7] N.R.: Também conhecido como Tomás de Kempen, Thomas Hemerken, Thomas à Kempis, ou Thomas von Kempen (1379 ou 1380-1471) foi Monge e escritor alemão.

[8] N.R.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) – maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão.

[9] N.R.: ou Zurique é a maior cidade da Suíça, um país do hemisfério norte.

[10] N.R.: a Suíça fica no hemisfério norte, onde, em março, é a estação da primavera.

[11] N.R.: Jo 1:10

[12] N.R.: Jo 1:5

[13] N.R.: Jo 12:47

[14] N.R.: Jo 19:30

[15] N.R.: At 17:28

[16] N.R.: Jo 14:12

[17] N.R.: Jo 13:36

[18] N.R.: Valhala, Valíala, Valhalla ou Palácio dos Einherjar (em português “Palácio dos mortos heroicos”), na mitologia nórdica e nas religiões pagãs nórdicas, como a popular Ásatrú, é um palácio com enorme salão com 540 quartos — situado em Asgard e dominado pelo deus Odin — no qual metade dos guerreiros mais nobres e destemidos mortos em batalha são levados pelas valquírias após a morte para viverem com Odin (enquanto a outra metade vai para os campos Folkvang da deusa Freia), onde participam de combates diários, para manter o exercício da luta e preparar-se para o dia de Ragnarök (em português “o dia do fim do mundo”).

[19] N.R.: Lc 12:48

[20] N.R.: Boletim Echoes de Mount Ecclesia – The Rosicrucian Fellowship.

[21] N.R.: Jo 15:13

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Carta de Max Heindel: Meios Antinaturais para Obter Espiritualidade: quais são?

Meios Antinaturais para Obter Espiritualidade: quais são?

Setembro de 1915

Quando investigamos um determinado assunto nos Mundos invisíveis, abre-se para nós inúmeros e fascinantes caminhos. Constantemente distraímo-nos da linha principal de investigação por este, aquele ou outro motivo que atrai a nossa atenção, com o grande perigo de perder de vista a meta e vaguearmos num labirinto de incoerências. Algumas vezes, a tentação de seguir um impulso é mais forte do que o meu poder de resistência e, recentemente, enquanto estava escrevendo “a Teia do Destino”, a figura de um eremita com o corpo consumido pela fome, o que o fazia parecer um esqueleto – e que se açoitava até fazer brotar sangue das suas chagas que nunca tinha deixado cicatrizar pensando que servia a Deus com estas austeridades – levou-me a procurar a origem dessas horrorosas práticas. Sobre isto escrevi um longo artigo na nossa revista, mas o assunto é tão importante e são tantos os estudantes da Fraternidade que não são assinantes da revista, que julguei melhor relatar aqui os pontos principais.

Nos antigos Templos de Mistério, as grandes verdades, agora ensinadas pela Fraternidade Rosacruz relativas ao Corpo Vital, eram dadas ao Aspirante na Iniciação. Ele aprendia que este veículo era composto de quatro Éteres: o Éter Químico que é necessário pela a assimilação; o Éter de Vida que impulsiona o crescimento e a propagação; o Éter de Luz que é o veículo da percepção dos sentidos e o Éter Refletor, receptáculo da memória.

O Aspirante era instruído a respeito dos dois Éteres inferiores e a relação destes com os dois superiores.

Aprendeu que todas as funções puramente animais do corpo dependiam da densidade dos dois Éteres inferiores, e que os dois Éteres superiores compunham o Corpo-Alma, o veículo do serviço no Mundos Invisíveis. Cultivava esta gloriosa vestimenta por meio da abnegação própria, reprimindo as inclinações da natureza inferior pela força de vontade, tal como nós o fazemos hoje em dia.

Mas alguém, extremamente zeloso para alcançar a meta não importando como, esqueceu-se que só por meio do serviço e do altruísmo é que desenvolvemos o “Dourado Manto Nupcial”, composto pelos dois Éteres superiores. Julgou que a máxima oculta: “ouro no cadinho, impureza no fogo; ligeiro como o vento, alçar cada vez mais alto”, seria para expulsar as impurezas da natureza inferior, não importando de que forma isso fosse feito. Refletiu que sendo o Éter Químico o agente da assimilação, podia ser eliminado do Corpo Vital pelo esgotamento do Corpo Denso. Pensou igualmente que sendo o Éter de Vida a avenida da propagação, podia destrui-lo vivendo em celibato. Então, ficariam só os dois Éteres superiores, ou pelo menos aumentariam consideravelmente o seu volume em relação aos dois inferiores.

Para esse fim praticou toda a espécie imaginável de austeridade; o jejum entre outros. Por tal processo antinatural, o corpo perdeu a saúde e definhou. A natureza passional, que procura satisfação pelo exercício da função propagadora, foi aplacada com o castigo. É certo que, por essa horrível maneira, a natureza inferior parece estar subjugada. Entretanto, é igualmente verdade que, quando as funções corporais sofrem tão enorme enfraquecimento, visões ou mesmo alucinações são o resultado que essa pessoa obtém. A verdadeira espiritualidade não pode ser obtida pela profanação ou destruição do “Templo de Deus”, o Corpo, e o jejum pode chegar a ser tão inconveniente como a gula.

Esforcemo-nos por usar a moderação em todas as coisas, para sermos exemplos para os outros e alcançarmos a admissão ao Templo através de um justo viver.

(Carta nº 58 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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O Esotérico “Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry

O “Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry é uma das joias da literatura esotérica destinadas a crianças (grandes).

Vamos o simbolismo por parte de algumas partes, personagens e coisas.

1. Para fazer download ou imprimir (ter acesso às figuras que muito ajudam na compreensão):

O Esotérico “Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry

2. Para estudar no próprio site:

O esotérico “Pequeno Príncipe”

O “Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry é uma das joias da literatura esotérica destinadas a crianças (grandes).

Como não temos espaço para explanar longamente a estória, vamos sintetizá-la em seus pontos essenciais:

  1. Um menino se impressionou com a ilustração de uma cobra “boa” engolindo um animal. Faz o desenho de uma cobra estufada pela forma de um elefante que engolira. Mostra-os aos “adultos” e eles o interpretam como um chapéu.

Ele se entristece e faz outro desenho em “raio x”, mostrando o elefante de pé, dentro da cobra.

Aí os adultos o dissuadem de desenhar e aconselham-no a estudar as coisas humanas para ser “pessoa sensata”.

  • O menino se torna moço e aviador. Um dia, como piloto de prova, seu avião sofre uma “pane” e é obrigado a fazer um pouso de emergência no deserto de Saara.
  • Está tentando reparar o defeito do motor quando lhe aparece, em meio à solidão do deserto, um menino trajado de príncipe, com uma espada na mão,

a pedir que lhe faça um desenho de ovelha.

Ele faz um e o menino rejeita porque lhe parece uma ovelha triste;

faz outro e também recusa porque parece velha;

faz outra, mas ele alega que é muito grande para seu pequeno país; então desenha uma caixa furada e diz que a ovelha está lá dentro. O menino fica satisfeito.

  • O menino se preocupa com a possibilidade da ovelha comer a única flor que ele tem em seu asteroide. O aviador, impaciente, retrucava-lhe que isto não tem importância. O menino fica triste e desaparece. Ele fica desesperado e se põe a procurá-lo. Quando está outra vez a consertar o avião, o menino reaparece e ele se desculpa e busca soluções para o asteroide.
  • Conversavam à noite. O menino começa a relatar sua vida no asteroide, onde ele vivia só, com seus três vulcões (um extinto e dois que ele limpava sempre); seus baobás (plantas que podiam crescer e ele tinha de cortar, para que não tomassem conta do asteroide) e a rosa que florescera.

Com a rosa aprendera como era ignorante. Saiu, pois, de seu asteroide para aprender alguma coisa do Universo que o tornasse capaz de melhor dirigir seu asteroide.

  • Levado pelas aves pousa em sete planetas:
  • Planeta do Rei que estava triste porque não tinha sobre quem reinar
  • Planeta do vaidoso megalomaníaco
  • Planeta do bebedor que fugia de si mesmo
  • Planeta do negociante preocupado com seus lucros
  • Planeta do homem que acendia os lampiões
  • Planeta do geógrafo
  • Na Terra conheceu em primeiro lugar a serpente, cuja picada tinha o condão de levar a alma aos céus.

Depois conheceu um jardim cheio de rosas

e finalmente uma raposa arisca, a quem domesticou e do qual se tornou amigo.

  • Neste ponto da narrativa acaba a água do aviador e ele fica transtornado. O menino disse que há um poço. O aviador receia perder-se no deserto e o menino vai à frente, guiando-o com segurança até as águas.

Bebem muita água, a ponto de ela ficar chocalhando na barriga. Voltam ao avião e, finalmente, o aviador consegue por o avião em funcionamento.

  • O menino se afasta e ao procurá-lo, o aviador o encontra dependurado em um muro, onde havia uma serpente, que tinha lhe picado.

Chora de tristeza e o leva ao avião. Conversam um pouco, o menino se despede, dizendo que ele não fique triste, porque continuará ouvindo seu riso, não apenas de seu asteroide, mas de todas as estrelas do céu.  Vão dormir. O menino desaparece. O aviador o procura em vão, pelo deserto. É noite. Das estrelas chegam o riso do pequeno príncipe.

O aviador decola e vai ao encontro do céu.

Os simbolismos:

  1. O aviador representa uma pessoa pura e elevada, que busca algo essencial como razão da vida. A serpente é símbolo de sabedoria. A figura do elefante dentro da cobra é a imensidão que existe escondida na sabedoria do mundo e do ser. Mas ninguém enxerga. Todos veem apenas a aparência, a superfície. Assim a sociedade abafa os anseios puros de uma criança elevada.
  2. Essa pessoa cresce insatisfeita com a superficialidade do mundo e vai buscar coisas elevadas (voar). Em uma de suas investigações mais sérias, não encontrando solução externa, entra em crise. Permanece em solidão (deserto) buscando uma solução interna (procura consertar a pane). Mas a solução não está na Mente.
  3. Ele clama e tem a revelação interna que lhe corrige e os conceitos condicionadores de que a criatura deva ser uma pessoa triste ou pensar em idade (porque o espírito é eterno) ou ter ideias de grandeza. Leva-o a compreender as coisas essenciais, além das aparências, que ele mesmo via em criança (a ovelha dentro da caixa).
  4. Mas a tendência de continuar buscando solução humana continua sem dar a devida importância aos lampejos internos (pequeno príncipe), e, por não dar interesse maior a eles, perde contato com o íntimo que deseja preservar as faculdades nascentes (a rosa desabrochada). Depois cai em si e retorna à busca do Ser interno e o reencontra quando está em quietude nos seus esforços de elevação (consertando o avião). Dedica mais interesse, então, aos reclamos divinos,
  5. Conversar à noite com o menino significa a comunhão interna, para conhecimento de si. O asteroide em que o “pequeno príncipe” mora é nosso corpo. Os três vulcões representam três veículos que temos (o Corpo Denso – já eterificado no Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente). Um deles já estava purificado (Denso eterificado) e permitiu o voo. Os baobás são os vícios que podem crescer pelo hábito e escravizar-nos, devendo ser cortados pela raiz. A rosa é o florescimento das faculdades divinas latentes. No início de nossa evolução espiritual é que tomamos consciência de nossa ignorância. “Não saber que nada sabemos” é ignorância: “saber que nada sabemos” é o começo da sabedoria. É o ponto inicial da Busca.
  6. Levados pela intuição e pelos pequeninos “Eus” nobres que formamos em nós (os pássaros), vamos tomar consciência de nosso íntimo (sete indica uma série). Aí chegamos à triste constatação do quanto ainda somos sedentos de poder (rei); escravos da vaidade (vaidoso); escapista (bebedor que fugia de sua própria realidade); apegados à segurança e sedução dos bens (negociante); dominados pelos fatores terrenos de tempo e espaço, que nos aumenta cada vez mais o ritmo febricitante das atividades e desenvolve a impaciência (homem do lampião); o quanto estamos condicionados pelos conceitos humanos da realidade do ser (geógrafo) e, finalmente resolvemos conhecer nossa parte humana (Terra) que deve ser transmutada.
  7. Só, então, nos advém a sabedoria (serpente) e a prudência (raposa) que nos ensinam a lidar com a natureza humana e transformá-la. Neste ponto veremos em cada semelhante o mesmo ser espiritual e a humanidade como um imenso jardim de rosas. Oportuno lembrar a carta de despedida da raposa: “O essencial é invisível para os olhos. Não se vê bem, a não ser com o coração”.
  8. Assim preparado, o Ser pode ser guiado pelo íntimo (pequeno príncipe) a fonte de água viva do Cristo interno. Acaba-se a água do conhecimento humano e passamos a nos dessedentar daquela água que Cristo prometeu à Samaritana. Aí restauramos os recursos para voar, agora em melhores condições (o avião consertado).
  9. Elevando-nos internamente (menino que se dependura no muro) chegamos ao despertar espiritual para esferas mais altas. É o picar da serpente, ou seja, o fogo espinhal que se eleva e toca os centros superiores da cabeça. Aí nos elevamos a outros planos e passamos a ver a divina essência em tudo (decolar com o avião e escutar o riso do “pequeno príncipe” em cada estrela).

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz de out/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

UMA PALAVRA AO SÁBIO

O fundador da Religião Cristã emitiu uma máxima oculta quando disse: “Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele” (Mc 10:15). Todos os ocultistas reconhecem a imensa importância desse ensinamento de Cristo, e tratam de “vivê-lo” dia a dia.

Quando uma nova filosofia se apresenta ao Mundo é encarada de forma diferente pelas mais diversas pessoas. Algumas se apoderam avidamente de qualquer novo esforço filosófico, procurando ver em que proporção ele serve de apoio às suas próprias ideias. Para essas a filosofia em si mesma é de pouca valia. Terá valor se reforçar as SUAS ideias. Se a obra os satisfizer a esse respeito, adotá-la-ão entusiasticamente, a ela aderindo com o mais desarrazoado partidarismo. Caso contrário, afastarão o livro, aborrecidos e desapontados como se o autor os tivesse ofendido pessoalmente.

Outras adotam uma atitude cética tão logo descobrem que a obra contém alguma coisa a cujo respeito nada leram nem ouviram anteriormente, ou sobre a qual ainda não lhes ocorrera pensar. E, provavelmente, repelirão como extremamente injustificável a acusação de que sua atitude mental é o cúmulo da autossatisfação e da intolerância. Contudo, esse é o caso, e desse modo fecham suas Mentes à verdade que eventualmente possa estar contida naquilo no que rejeitam.

Ambas as classes se mantêm na sua própria luz. Suas ideias pré-estabelecidas os tornam invulneráveis aos raios da Verdade. A tal respeito “uma criança” é precisamente o oposto dos adultos, pois não está imbuída do sentimento dominador de superioridade, nem inclinada a tomar aparência de sábio ou ocultar, sob um sorriso ou um gracejo, sua ignorância em qualquer assunto. É ignorante com franqueza, não tem opiniões preconcebidas nem julga antecipadamente, portanto é eminentemente ensinável. Encara todas as coisas com essa formosa atitude de confiança a que denominamos “fé infantil”, na qual não existe sombra de dúvida, conservando os ensinamentos que recebe até comprovar para si mesmo a certeza ou o erro.

Em todas as escolas ocultistas o aluno é primeiramente ensinado a esquecer de tudo o que aprendeu ao ser-lhe ministrado um novo ensinamento, a fim de que não predomine o juízo antecipado nem o da preferência, mas para que mantenha a Mente em estado de calma e de digna expectativa. Assim como o ceticismo efetivamente nos cega para a verdade, assim também essa calma atitude confiante da Mente permitirá à intuição ou “sabedoria interna” apoderar-se da verdade contida na proposição. Essa é a única maneira de cultivar uma percepção absolutamente certa da verdade.

Não se pede ao aluno que admita de imediato ser negro determinado objeto que ele observou ser branco, ainda que se lhe afirme. Pede-se a ele sim, que cultive uma atitude mental suscetível de “admitir todas as coisas” como possíveis. Isto lhe permitirá pôr de lado momentaneamente até mesmo aquilo que geralmente se considera um “fato estabelecido”, e investigar se existe algum outro ponto de vista até então não notado sob o qual o objeto em referência possa parecer negro. Certamente ele nada considerará como fato estabelecido, porque compreenderá perfeitamente quanto é importante manter a sua Mente no estado fluídico de adaptabilidade que caracteriza a criança. Compreenderá, com todas as fibras do seu ser, que “agora vemos como em espelho, obscuramente” e, como Ajax, estará sempre alerta, anelando por “luz, mais luz”.

A grande vantagem dessa atitude mental quando se investiga determinado assunto, ideia ou objeto, é evidente. Afirmações que parecem positivas e inequivocamente contraditórias, e que causam intermináveis discussões entre os respectivos partidários, podem, não obstante, conciliar-se, conforme se demonstra em exemplo mais adiante. Só a Mente aberta descobre o vínculo da concordância. Embora essa obra possa parecer diferente das outras, o autor solicitaria um auditório imparcial, como base, para julgamento subsequente. Se, ao ponderar esse livro, alguém o considerasse de pouco fundamento, o autor não se lamentaria. Teme unicamente um julgamento apressado e baseado na falta de conhecimento do sistema que ele advoga, ou que diga que a obra não tem fundamento, sem, previamente, dedicar-lhe atenção imparcial. E deve acrescentar, ainda: a única opinião digna de ser levada em conta precisa basear-se no conhecimento.

Há mais uma razão para que se tenha muito cuidado ao emitir um juízo: muitas pessoas têm suma dificuldade em retratar-se de qualquer opinião prematuramente expressa. Portanto, pede-se ao leitor que suspenda suas opiniões, de elogio ou de crítica, até que o estudo razoável da obra convença do seu mérito ou demérito.

O Conceito Rosacruz do Cosmos não é dogmático nem apela para qualquer autoridade que não seja a própria razão do Estudante. Não é uma controvérsia. Publica-se com a esperança de que possa ajudar a esclarecer algumas das dificuldades que no passado assediaram a Mente dos Estudantes das filosofias profundas. Todavia, a fim de evitar equívocos graves, deve ser firmemente gravado na Mente do Estudante que não há, sobre esse complicado assunto, qualquer revelação infalível que abranja tudo quanto está debaixo ou acima do sol.

Dizer que essa exposição é infalível seria o mesmo que pretender que o autor fosse onisciente. Até os próprios Irmãos Maiores nos dizem que eles mesmos enganam-se, às vezes, nos juízos que fazem. Assim, está fora de qualquer discussão um livro que queira proferir a última palavra sobre o mistério do mundo, e é intenção do autor dessa obra apresentar apenas os ensinamentos mais elementares dos Rosacruzes.

A Fraternidade Rosacruz tem a concepção mais lógica e ampla sobre o mistério do mundo, e a tal respeito o autor adquiriu algum conhecimento durante os muitos anos que consagrou exclusivamente ao estudo do assunto. Pelo que pôde investigar por si próprio, os ensinamentos desse livro estão de acordo com os fatos tais como ele os conhece. Todavia, tem a convicção de que o Conceito Rosacruz do Cosmos está longe de ser a última palavra sobre esse assunto e de que, à medida que avançamos, apresentam-se aos nossos olhos novos aspectos e esclarecem-se muitas coisas que, antes, só víamos “como em espelho, obscuramente”. Ao mesmo tempo crê firmemente que todas as outras filosofias do futuro seguirão as linhas mestras dessa filosofia, por lhe parecerem absolutamente certas.

Ante o exposto, compreender-se-á claramente que o autor não considera essa obra como o Alfa e o Ômega, ou o máximo do conhecimento oculto. Embora tenha por título “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, deseja o autor salientar com firmeza que essa filosofia não deve ser entendida como uma “crença entregue de uma vez para sempre” aos Rosacruzes pelo fundador da Ordem ou por qualquer outro indivíduo. Convém enfatizar que essa obra encerra apenas a compreensão do autor sobre os ensinamentos Rosacruzes relativos ao mistério do mundo, revigorados por suas investigações pessoais nos mundos internos, a respeito dos estados pré-natal e pós-morte do ser humano, etc. O autor tem plena consciência da responsabilidade em que incorre quem, bem ou mal, guia intencionalmente a outrem, desejando ele precaver-se contra tal contingência e também prevenir aos outros para que não venham a errar.

O que nessa obra se afirma deve ser aceito ou rejeitado pelo leitor segundo o seu próprio critério. Pôs-se todo o empenho em tornar compreensíveis os ensinamentos e foi necessário muito trabalho para poder expressá-los em palavras de fácil compreensão. Por esse motivo, em toda a obra usa-se o mesmo termo para expressar a mesma ideia. A mesma palavra tem o mesmo significado em qualquer parte. Quando pela primeira vez o autor emprega uma palavra que expressa determinada ideia, apresenta a definição mais clara que lhe foi possível encontrar. Empregando as palavras mais simples e expressivas, o autor cuidou constantemente de apresentar descrições tão exatas e definidas quanto lhe permitia o assunto em apreço, a fim de eliminar qualquer ambiguidade e para apresentar tudo com clareza. O Estudante poderá julgar em que extensão o autor logrou o seu intento. Entretanto, tendo-se esforçado o possível para sugerir as ideias verdadeiras, considera-se também na obrigação de defender-se da possibilidade de a obra vir a ser considerada como uma exposição literal dos Ensinamentos Rosacruzes. Sem essa recomendação esse trabalho teria mais valor para alguns Estudantes, mas isto não seria justo nem para a Fraternidade nem para o leitor. Poder-se-ia manifestar certa tendência para atribuir à Fraternidade a responsabilidade dos erros que nesse trabalho, como em toda obra humana, possam ocorrer. Daí a razão dessa advertência.

Segundo uma narrativa hindu, aquele que tenha duas linhas semicirculares na palma da mão, na articulação exterior do polegar “leva consigo um grão de arroz”. Isto quer dizer que será bem recebido e hospitaleiramente tratado onde quer que vá. O autor tem o sinal mencionado, e, no seu caso, o prognóstico se cumpriu maravilhosamente. Em todos os lugares encontrou amigos, e por eles foi bem tratado. O mesmo aconteceu com o “Conceito Rosacruz do Cosmos”. A Dra. Alma Von Brandis facilitou os meios para a primeira aproximação com os ensinamentos Rosacruzes. Comandante Kingsmill e Jessie Brewster auxiliaram-no lealmente na parte literária, Mrs. M. E. Rath Merril e Miss Allen Merril executaram certo número de desenhos, e quanto a Wm. M. Patterson não só prestou ao autor serviços pessoais, mas ainda prestou o seu auxílio financeiro para que esse livro pudesse ser oferecido pelo preço de custo. Esse trabalho foi, portanto, produzido com Amor. Ninguém, com ele relacionado, recebeu e deve receber um centavo de recompensa. Todos, desinteressadamente, deram tempo e dinheiro. Portanto, o autor deseja expressar todo o reconhecimento a eles, esperando que venham a encontrar outras e maiores oportunidades de exercerem os seus préstimos com igual desinteresse.

Max Heindel

Acréscimo nas Edições Posteriores: Durante os quatro anos decorridos, desde que foram escritos os parágrafos anteriores, o autor continuou suas investigações nos Mundos invisíveis e experimentou a expansão de consciência relativa a esses Reinos da natureza, o que se consegue mediante a prática dos preceitos ensinados pela Escola de Mistérios do Ocidente. Outros que também seguiram o método de desenvolvimento anímico aqui prescrito, e particularmente apropriado aos povos ocidentais, de igual modo foram capazes de constatar, por si mesmos, muitas das coisas expostas nessa obra. Desse modo o autor teve certa confirmação do que compreendera dos ensinamentos ditados pelos Irmãos Maiores, parecendo-lhe que os mesmos foram substancialmente corretos, pelo que se julga no dever de dar essa explicação para que sirva de estímulo aos que ainda não são capazes de ver por si próprios.

Seria mais exato dizer que o Corpo Vital é formado por prismas em vez de pontos, posto que, refratando-se através desses minúsculos prismas é que o fluído solar incolor muda para um tom rosáceo, tal como outros escritores, além do autor, têm indicado.

Fizeram-se outras novas e importantes descobertas. Por exemplo: sabemos agora que em cada vida nasce um novo Cordão Prateado; que uma parte do mesmo surge do Átomo-semente do Corpo de Desejos, situado no grande vórtice do fígado; que a outra parte surge do Átomo-semente do Corpo Denso, no coração; que as duas partes se encontram no Átomo-semente do Corpo Vital no plexo solar, e que essa união dos veículos superiores com os inferiores produz o despertar do feto. O desenvolvimento ulterior do Cordão entre o coração e o plexo solar, durante os primeiros sete anos, tem importante relação com o mistério da infância, assim como o seu maior desenvolvimento, do fígado ao plexo solar, que ocorre no segundo período setenário, é fator contribuinte para a adolescência. A formação total do Cordão Prateado marca o fim da vida infantil. A partir desse momento a energia solar que entra pelo baço, e que se cobre pela refração através do Átomo-semente prismático do Corpo Vital situado no plexo solar, começa a dar um colorido individual e característico à aura que observamos nos adultos.

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