Resposta: Se uma pessoa está preparada para receber tais tipos de ensinamentos, é porque já fez um nível de progresso no caminho espiritual, encontrando-se além da maioria de seus contemporâneos que conhecemos no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz como Irmão Leigo ou Irmã Leiga. O elevado conhecimento adquirido, o intuitivo discernimento obtido, com a consequente mudança no comportamento dele ou dela, sobrepassam a compreensão mundana. Em virtude disso, muitos passam a hostilizar esse irmão ou irmã, não significando que ele ou ela se insurja contra eles ou deixe de amá-los. Significa tão somente que ele ou ela deve deixá-los temporariamente, até que atinjam um estágio semelhante de desenvolvimento. Não há razão para deixar de irradiar amor e simpatia para todos, quer seja correspondida ou não. Um Ego mais avançado pode permanecer só, embora, sempre irradiando ternura.
No Livro “Mistério das Grandes Óperas”, de Max Heindel, Fraternidade Rosacruz, lemos que o ser humano que tem a capacidade de passar instruções individuais para conhecimentos que sozinho um Irmão ou Irmã não conseguiria obter não aparecerá até que o Aspirante abandone o mundo e seja abandonado por ele. Isso quer dizer, certamente, o Mundo material com o apego às coisas materiais (especialmente em detrimento às coisas espirituais). Assuntos meramente mundanos, incluindo os negócios materiais com que seus amigos estão grandemente ocupados, não lhe interessam. Dessa forma, ele tem, naquele momento, pouca coisa em comum com tudo o que o rodeia. E, em seu contexto, parece estar desamparado. Contudo, isso constitui um estado de coisas passageiro. Seus contemporâneos e toda Onda de Vida Humana também evoluirão.
A Fraternidade Universal é o ideal da Era de Aquário. O sentimento fraternal será levado à prática de uma forma muito mais elevada do que observamos hoje em dia. Haverá uma ética, estética e espiritual irmandade, da qual todos serão partícipes e ninguém parecerá se encontrar abandonado.
(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross e publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1973 – Fraternidade Rosacruz SP)
A Amizade como um Ideal
Dezembro de 1910
Em um movimento religioso é costume se dirigir um ao outro como “Irmã” e “Irmão”, em reconhecimento de que todos, de fato, somos filhos de Deus, que é o nosso Pai comum. Entretanto, irmãos e irmãs nem sempre estão em harmonia. Algumas vezes chegam ao extremo de se odiar, mas, entre amigos não pode haver outro sentimento que não seja o amor.
Foi o reconhecimento desse fato que levou Cristo, nosso grande e glorioso Ideal, a dizer a Seus Discípulos: “De agora em diante já não vos chamarei de servos… mas de amigos” (Jo 15:15). Nada melhor podemos fazer do que seguir o nosso grande Líder, tanto nesse como em todos os outros acontecimentos da Sua vida. Não devemos nos contentar com simples relacionamentos fraternais, mas vamos nos esforçar por sermos amigos no mais santo, puro e amplo sentido da palavra.
Os Irmãos Maiores, cujos belos ensinamentos nos uniram no Caminho da Realização, honram os seus Discípulos do mesmo modo que Cristo honrou os Seus Apóstolos chamando-os de “Amigos”. Se você persistir no caminho que você começou a percorrer, algum dia, estará na presença deles e ouvirá a palavra “Amigo” pronunciada em voz tão suave, carinhosa e dócil que ultrapassa qualquer descrição ou até a própria imaginação. A partir deste dia, não haverá trabalho que você não efetuará para merecer tal amizade. Servi-los será o seu único desejo, sua única aspiração, e nenhuma distinção terrena será comparável a esta amizade.
Sobre os meus indignos ombros caiu o grande privilégio de transmitir os Ensinamentos dos Irmãos Maiores ao público em geral e, em particular, aos Estudantes, Probacionistas e Discípulos da Fraternidade Rosacruz. Você que solicitou que seu o seu nome figurasse na minha lista de correspondentes, saiba que eu, alegremente, lhe estendo a minha mão direita em fraternidade, cumprimentando-o pelo nome de amigo. Aprecio a confiança que depositou em mim, e lhe asseguro que me esforçarei para ajudá-lo em tudo que estiver ao meu alcance e ser merecedor de sua confiança. Espero que também me auxilie no trabalho que me proponho a fazer em benefício de todos, e peço que me desculpe no caso de descobrir alguma falhar em mim ou em meus escritos. Ninguém necessita mais de orações de seus semelhantes do que aquele que tem por missão ser um líder.
Por favor, lembre-se de mim em suas preces e tenha certeza que o terei nas minhas. Incluo a primeira lição com a esperança que o que foi exposto nessa carta estabeleça as nossas relações e firme, entre nós, uma amizade sincera.
(Do Livro: Carta nº 1 dos Estudantes)
“Vós Sois Meus Amigos”: fomos ensinados a praticar essa frase no nosso cotidiano
“Vós sois meus amigos”. Frase simples, que se dilui no contexto grandioso dos Evangelhos. Não raro, passa despercebida a profundidade de seu significado.
O fato de o Cristo nos considerar amigos transcende qualquer possibilidade do conhecimento humano. Mas, a transcendentalidade do fato não nos impede de meditar e de lhe extrair lições.
O Cristo, quanto à evolução, encontra-se muito acima da nossa onda de vida. Não obstante a distância evolutiva que nos separa, Ele desceu ao nosso plano, isto é, o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nos considera amigos. Se esse glorioso Ser pode assim considerar-nos, seguramente não poderemos ser menos que amigos entre nós mesmos.
Na Bíblia, à frase “Vós sois meus amigos” segue-se: “se fizerdes as coisas que Eu mando”. O que Ele mandou fazer, por suposto, é praticar Seus ensinamentos na vida diária, para o despertamento do Cristo Interno. É a única maneira de chegarmos a ser como Ele, fazendo o que Ele fez e coisas maiores ainda. Se nos empenharmos em assim proceder, seremos Seus discípulos e mais do que isso, Seus amigos.
Nesse particular, o conceito de amizade transcende a ideia geralmente aceita de estima e afeto entre um grupo de indivíduos intimamente relacionados e ascende a um nível indiscutivelmente superior, ao plano da amizade universal, na qual todos se incluem.
Se fizermos o que Ele nos mandou seremos Seus amigos no sentido mais elevado do termo. Também alcançaremos o nível de amizade ideal com nossos semelhantes, não só com aqueles que estão buscando a iluminação espiritual ao longo do caminho que estamos trilhando, mas com todos os viajores de outras rotas.
A definição de amizade varia de acordo com a época. Aristóteles a definiu como um “caminho”, enquanto Coleridge a ela se referiu como “uma árvore de refúgio”. Emerson falou em “ordem de nobreza”; seu incomparável ensaio sobre a amizade não encontrou paralelos em quaisquer outras literaturas. Em Thoreau, encontramos, talvez, a mais perfeita compreensão do que seja esse sentimento, nestas palavras: “Inspiramos amizade aos homens quando já a temos com os deuses”. Quando chegamos a ser amigos de Cristo, certamente inspiraremos amizade aos indivíduos por força de nossa conduta profundamente compassiva.
O melhor que pudermos fazer pela humanidade, seja individual seja coletivamente, como membros da Fraternidade Rosacruz, será realizado por meio da amizade. Podemos ajudar uma pessoa porque a consciência nos obriga a fazê-lo; ou porque nos apiedarmos dele; ou porque isso pode nos trazer alguma vantagem pessoal. Sob quaisquer dessas circunstâncias poderemos ser úteis. Porém, somente quando nos consideramos seus amigos, ligados por sentimentos de estima e compreensão, sobrepondo-nos aos nossos interesses pessoais, é que lhe seremos verdadeiramente úteis.
Quando trabalharem juntos, unidos e inspirados pelos laços de amizade, os seres humanos podem realizar algo realmente duradouro. A esse respeito Thomaz Carlyle assim se manifestou: “Como é possível a amizade? Por meio da mútua devoção ao bom e verdadeiro… um homem é suficiente para si mesmo: dez homens unidos pelo amor são capazes de fazer o que dez mil individualmente não poderiam. Infinita é a ajuda que o homem pode proporcionar ao homem”.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – nov/dez/87)