Há nove degraus definidos na Iniciação Cristã Mística, começando com o Batismo, que é introdutório. A Anunciação e a Imaculada Concepção precedem como temas de curso por razões que serão dadas posteriormente.
Vamos considerar, resumidamente, cada estágio separadamente, nesse glorioso processo de desenvolvimento espiritual, afinal a vida de Cristo, como está delineada nos Evangelhos, corresponde ao padrão cósmico para todos os processos que abrangem a evolução espiritual.
O primeiro grau é o Batismo. Só que quando dizemos Batismo, necessariamente, não estamos nos referindo ao Batismo físico, onde o candidato é aspergido ou imerso e onde ele faz certas promessas àquele que o batiza. O Batismo Místico pode ocorrer tanto em um deserto quanto facilmente em uma ilha, porque é um processo espiritual com o objetivo de atingir um propósito espiritual. Pode ocorrer a qualquer hora da noite ou do dia, no verão ou no inverno; assim, ele ocorre no momento em que o candidato sente, com suficiente intensidade, um intenso desejo, quase uma ansiedade, de conhecer a causa da angústia profunda, tristeza ou do arrependimento alheio e aliviá-la. Então, o Espírito é conduzido sob as águas da Atlântida, onde vê a condição primordial do amor fraternal e da afeição; onde percebe Deus como o grande Pai de Seus filhos, que estão ali envolvidos por Seu maravilhoso amor. E, pelo retorno consciente a esse Oceano de Amor, o candidato se torna tão completamente imbuído com o sentimento de natureza ou caráter semelhante, que o espírito de egoísmo é banido dele para sempre. É por causa dessa saturação com o Espírito Universal que ele, mais tarde, é capaz de dizer: “àquele que quer pleitear contigo, para tomar-te a túnica, deixa-lhe também a veste; e se alguém te obriga a andar uma milha, caminha com ele duas.” (Mt 5:40-41). Sentindo-se um com todos, o candidato nem mesmo considera o seu assassinato como maus-tratos, mas pode dizer: “Pai, perdoai-os”[1]. Eles são idênticos a si mesmo, que sofrem com sua ação; ele é tanto o agressor quanto a vítima. Esse é o verdadeiro Batismo Espiritual do Cristão Místico, e qualquer outro batismo que não produza esse sentimento fraterno universal não é digno de ter esse nome.
Ainda estamos na Era do Arco-Íris, sujeitos à sua lei, então podemos perceber que como o “Batismo” do Cristão Místico ocorre num momento de exaltação espiritual, esse deve ser necessariamente seguido por uma reação. A enorme magnitude da revelação o sobrepõe, e ele não pode percebê-la ou contê-la em seu veículo carnal, então, ele foge frequentemente de lugares onde há pessoas e se refugia na solidão, alegoricamente representada como um deserto. Ele fica tão arrebatado em sua sublime descoberta que, durante o tempo em que está em seu êxtase, ele vê o Tear da Vida, em que são construídos todos os corpos de todos os que vivem, do menor ao maior, do rato e do ser humano, do caçador e de sua presa, do guerreiro e de sua vítima. Mas, para ele, eles não estão separados e à parte, pois, também contempla o único divino halo dourado da luz da vida “que atravessa tudo e que a todos une.” (Lc 23:34). Mais ainda, ele ouve em cada um a nota-chave flamejante soando suas aspirações e expressando suas esperanças e seus temores, e ele percebe esse som composto de cores cromáticas como uma canção ou hino de louvor ou alegria mundial de Deus que se fez carne. A princípio, tudo isso está além de sua compreensão, a enorme magnitude da descoberta esconde isso dele, e não pode conceber o que vê e o que sente, pois não há palavras para descrevê-lo e nenhum conceito pode explicá-lo. Mas, aos poucos, se dá conta que está na própria Fonte da Vida, não mais contemplando-a, mas com o SENTIMENTO de cada pulsação dela, e com essa compreensão atinge o clímax de seu êxtase.
Pelos processos místicos do verdadeiro Batismo Espiritual, o Aspirante se torna tão completamente saturado com o Espírito Universal que, de fato, pelo sentimento e pela experiência, ele se torna um com tudo o que vive, o que se move e tem o seu ser, um com a pulsante Vida divina que surge em uma cadência rítmica, através do menor e do maior; e tendo captado a nota-chave da canção celestial, ele então é dotado de um poder de tremenda magnitude, que poderá ser usado para o bem ou para o mal. Devemos compreender e recordar que, embora a pólvora e a dinamite possam ser utilizada para fazer o bem na agricultura, quando usadas para explodir tocos de árvores que, de outra forma, exigiriam grande trabalho manual para serem extraídos, também podem ser usadas para fazer o mal, como na Primeira Guerra Mundial. Os poderes espirituais também podem ser usados para o bem ou para o mal, dependendo do motivo e do caráter de quem os exerce. Entretanto, aquele que passou com êxito pelo ritual do Batismo e, assim, adquiriu o poder espiritual é imediatamente tentado para que possa decidir definitivamente se ele ficará do lado do bem ou do mal. Nesse ponto, ele se tornará um futuro “Parsifal”, um “Cristo”, um “Herodes” ou um “Klingsor”, que combateu os Cavaleiros do Santo Graal com todos os poderes e recursos da Fraternidade das Trevas.
O segundo grau é a Tentação. Tão arrebatado fica o Cristão Místico em sua belíssima aventura, que as necessidades físicas são completamente esquecidas, enquanto durar o êxtase e, portanto, é natural que a sensação de fome seja sua primeira necessidade consciente ao retornar ao estado normal de consciência de vigília e, naturalmente, também chega a voz da tentação: “manda que estas pedras se transformem em pães.” (Mt 4:3).
Poucas passagens das Sagradas Escrituras são mais sombrias do que os versículos iniciais do Evangelho Segundo São João: “No princípio era o Verbo. . . e nada do que foi feito, foi feito sem Ele”. Um pequeno estudo da ciência do som nos familiariza com o fato de que som é vibração e que os diferentes sons moldarão a areia ou outros materiais leves em figuras de variadas formas. O Cristão Místico pode ignorar completamente esse fato, do ponto de vista científico, mas ele aprendeu na Fonte da Vida a cantar a Canção do Ser, que impulsiona de modo protetor e intimamente para uma criação tudo o que um mestre na arte musical deseja. Há uma nota-chave para a pedra mineral indigesta, porém, uma modificação irá transformá-la em ouro, com o que irá adquirir os meios de subsistência, e outra nota-chave peculiar ao reino vegetal a transformará em alimento, um fato conhecido por todos os ocultistas avançados que praticam legitimamente encantamentos para propósitos espirituais, porém, nunca por ganho material.
Mas o Cristão Místico, que acabou de emergir de seu Batismo na Fonte da Vida, imediatamente se contorce horrorizado com a sugestão de usar seu poder recém-descoberto para um propósito egoísta. Foi a própria qualidade altruística da alma que o conduziu às águas da consagração na Fonte da Vida, e ele preferiria sacrificar tudo, até a própria Vida, do que usar esse poder recém-descoberto para se poupar de um sofrimento doloroso. Ele não viu também a condição de profundo sofrimento por infortúnios, aflições e tristezas do mundo? E não sente isso em seu Grandioso Coração, com tal intensidade que a fome imediatamente desaparece e é esquecida? Ele pode, deseja e usa livremente esse maravilhoso poder para saciar os milhares que se reúnem para ouvi-lo, contudo, nunca para propósitos egoístas, pois, se assim o fizer, ele perturbaria o equilíbrio do mundo.
Entretanto, o Cristão Místico não raciocina assim. Conforme escrito acima, ele não tem nenhuma razão, pois, existe uma orientação muito mais segura, uma voz interior que sempre lhe fala, nos momentos em que se deve tomar uma decisão. “…Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4:4) – outro mistério. Não há nenhuma necessidade de partilhar o Pão terreno, quando se tem acesso à Fonte da Vida. Quanto mais nossos pensamentos estiverem centrados em Deus, menos procuraremos os chamados “prazeres da mesa”, e alimentando o nosso Corpo Denso com moderação e alimentos simples e selecionados, adquiriremos uma iluminação espiritual impossível àqueles que se deleitem a uma dieta excessiva de alimentos grosseiros que nutrem a natureza inferior. Alguns santos usaram o jejum e a flagelação como meio de crescimento da alma, mas esse é um método incorreto por razões explicadas em um artigo sobre “Jejum como um fator no crescimento anímico” publicado na Revista “Rays from the Rose Cross de dezembro de 1915”. Os Irmãos Maiores da humanidade, que compreendem a Lei e vivem de acordo com ela, utilizam os alimentos apenas em intervalos calculados durante o ano. A palavra de Deus é para eles um “pão vivo”. A mesma coisa é válida para o Cristão Místico e a tentação, ao invés de trabalhar para sua queda, o leva a alturas cada vez mais elevadas.
É uma força maravilhosa que está centrada no Cristão Místico no momento do seu Batismo, devido ao processo descendente e de concentração em si mesmo do Espírito Universal, e quando ele recusa durante o período de tentação, a profaná-lo em proveito próprio ou poder para si mesmo, ele tem que, necessariamente aspirar por outra direção, pois está impelido por um estímulo interior irresistível que não permitirá que ele se acomode numa vida sem a disposição para até se mover e inativa de oração e meditação. O poder de Deus está sobre ele para que pregue as boas novas à humanidade para ajudar e curar. Sabemos que uma lareira que está cheia, queimando lenha, não pode deixar de aquecer o ambiente ao redor; do mesmo modo o Cristão Místico não pode deixar de ajudar a irradiar a compaixão divina que transborda de seu Coração, não tendo dúvidas sobre a quem amar, a quem servir ou onde buscar a oportunidade para tal. Assim como o fogão cheio aceso irradia calor para todos os que estão dentro de sua esfera de radiação, da mesma forma o Cristão Místico sente o amor de Deus queimando em seu Coração e o irradia continuamente para todos com quem se põe em contato. Assim como a fogão aquecido atrai para si com seu calor aconchegante aqueles que sofrem com o frio físico, também os raios calorosos do amor do Cristão Místico são um ímã para todos aqueles corações que estejam gelados pela crueldade do mundo, ou seja, pela desumanidade do ser humano para com o ser humano.
Se o fogão estivesse vazio, mas dotado da faculdade da fala, poderia pregar para sempre o evangelho caloroso àqueles que se sentem fisicamente frios, mas, mesmo a melhor oratória jamais satisfaria seu público. Quando se está cheio de conteúdo e irradiando calor, o sermão se torna desnecessário. Todos se aproximarão e ficarão satisfeitos. Da mesma forma, um sermão sobre fraternidade feito por alguém que não tenha se banhado na “Fonte da Vida” parecerá sem valor real, sem substância e insincero. O verdadeiro Místico não precisa pregar. Cada ato seu, mesmo com sua presença silenciosa, é mais poderoso do que todos os mais profundos discursos elaborados por doutores em filosofia.
O terceiro grau é a Transfiguração. O verdadeiro Cristão Místico é facilmente distinguido. Ele jamais ocupa os seis dias da semana para se preparar para uma grande alocução para emocionar seus ouvintes no domingo, mas gasta, igualmente, todos os dias num humilde esforço de cumprir a vontade do Mestre, independentemente dos aplausos externos. Assim, inconscientemente, ele trabalha sempre em direção ao grande clímax que, na história dos mais nobres de todos os que percorreram esse caminho, é conhecido como “Transfiguração”.
A Transfiguração é um processo alquímico pelo qual o Corpo Denso, formado pela química dos processos fisiológicos, se converte na pedra viva, tal como é mencionado na Bíblia. Os alquimistas medievais, que buscavam a Pedra Filosofal, não estavam preocupados na transmutação de tais impurezas em ouro significativo, mas visavam o objetivo maior conforme narramos acima.
A umidade concentrada nas nuvens cai na terra em forma de chuva, quando suficientemente condensada e é novamente evaporada pelo calor do Sol em novas nuvens. Essa é a fórmula cósmica original.
O espírito também se condensa em matéria e se torna mineral, mas, embora seja cristalizado numa forma tão dura quanto a pedra, a vida ainda permanece, e pela alquimia da natureza, trabalhando por meio de outra corrente de vida, os constituintes minerais densos do solo são transmutados numa estrutura mais flexível no vegetal, que serve como alimento ao animal e ao ser humano. Essas substâncias se tornam corpos sencientes pela alquimia da assimilação. Quando notamos as mudanças na estrutura do corpo humano, evidenciadas pela comparação dos sãs (ou bushmen são membros de várias etnias de caçadores-coletores da África Austral, cujos territórios abrangem Botsuana, Namíbia, Angola, Zâmbia, Zimbábue e África do Sul), chineses, indianos, latinos, celtas e anglo-saxões, evidentemente está claro que o Corpo Denso do ser humano está, atualmente, passando por um processo de refinamento com a erradicação das substâncias mais rudimentares e grosseiras. Com o tempo, pela evolução, esse processo de espiritualização tornará nosso corpo radiante e transparente pela Luz que brilhará internamente, radiante como o rosto de Moisés, como o corpo de Buda e o de Cristo na Transfiguração. Presentemente, a luz do Espírito interno residente está efetivamente obscurecida por nosso Corpo Denso, mas podemos ter esperanças advindas da ciência da química. Não há nada na terra tão raro e precioso quanto o elemento químico rádio, o extrato luminoso do denso mineral negro chamado pechblenda; e nada há mais precioso e tão raro como o extrato do corpo humano, o Cristo radiante. Presentemente, estamos trabalhando para desenvolver o Cristo interno, mas quando o Cristo dentro de nós estiver plenamente desenvolvido, Ele brilhará através do corpo transparente como a Luz do Mundo.
É um fato anatômico, comumente conhecido, que a medula espinhal está dividida em três seções, através das quais os nervos motor, sensorial e simpático são controlados. Astrologicamente, são regidos por Marte, Mercúrio e a Lua, respectivamente, que são Hierarquias divinas que desempenham papel importante na evolução humana através dos sistemas nervosos citados. Entre os antigos alquimistas, esses eram designados pelos três elementos alquímicos: sal, enxofre e mercúrio. Entre eles, e acima deles, está colocado o Fogo Espiritual espinhal de Netuno. Ele ascende na coluna serpentina através da medula espinhal até os ventrículos do cérebro. Na grande maioria da humanidade, o Fogo Espiritual ainda é extremamente fraco. Porém, quando ocorre um despertar espiritual em alguém é como uma conversão genuína, ou melhor ainda, pelo Batismo do Cristão Místico, como uma queda constante e intensa do Espírito vindo dos céus, que é um fato real, intensifica o Fogo Espiritual espinhal numa extensão quase inacreditável e, imediatamente, inicia um processo de regeneração, em que as substâncias grosseiras do Tríplice Corpo do ser humano são gradualmente eliminadas, tornando os veículos mais permeáveis e prontamente adaptáveis aos impulsos espirituais. Quanto mais desenvolvido o processo, mais eficientes eles se tornam na “vinha do Mestre”.
O despertar espiritual que inicia esse processo de regeneração no Cristão Místico, que se purifica pela oração e pelo serviço, evidentemente, chega também para aqueles que buscam Deus por meio do conhecimento e do serviço, mas atua de forma diferente, o que é observado pelo investigador espiritual. No Cristão Místico, o Fogo Espiritual espinhal regenerador está concentrado, principalmente, no segmento lunar da medula espinhal, que governa os nervos simpáticos sob a regência de Jeová. Portanto, seu crescimento espiritual é alcançado pela fé, tão simples, infantil e inquestionável como nos dias da primitiva Atlântida, quando os seres humanos ainda não tinham Mentes. Assim, ele atrai a grande Luz da Deidade branca refletida por meio de Jeová, o Espírito Santo, e adquire toda a sabedoria do mundo, sem necessidade de trabalhar por ela intelectualmente. Isso, gradualmente, transmuta seu corpo na branca Pedra Filosofal, a Alma Diamante.
Por outro lado, aqueles cujas Mentes são fortes e insistentes em saber a razão do porquê de cada sentença e dogma, o Fogo Espinhal da regeneração atuará sobre os segmentos do vermelho Marte e do incolor Mercúrio, buscando infundir o desejo com a razão para purificar a antiga paixão primordial, para que se torne casta como a rosa e, assim, transmuta o corpo na Alma Rubi, a vermelha Pedra Filosofal, provada pelo Fogo, purificada, uma individualidade criativa em desenvolvimento.
Todos os que estão buscando o Caminho, seja pelo caminho do ocultista ou pelo do misticismo, estão tecendo o “Dourado Manto Nupcial” por esse trabalho por dentro e por fora. Em alguns, o ouro é extremamente pálido e em outros é profundamente vermelho. Mas, finalmente, quando o processo da Transfiguração tiver sido concluído, ou melhor, quando estiver próximo a isso, os extremos se fundirão e os corpos transfigurados terão uma cor equilibrada, pois o ocultista deve aprender a lição com profunda devoção, e o Cristão Místico deve aprender como adquirir conhecimento por seus próprios esforços, sem a necessidade de recorrer à fonte universal de toda a sabedoria.
Essa perspectiva nos fornece uma visão mais profunda da Transfiguração relatada nos Evangelhos. Devemos nos lembrar claramente que os veículos de Jesus foram transfigurados, temporariamente, pelo residente Espírito de Cristo. Mas, mesmo considerando a enorme potencialidade do Espírito de Cristo em efetuar a Transfiguração, é evidente que Jesus devia ser de um sublime caráter, sem igual. A Transfiguração como é vista na Memória da Natureza revela o Seu corpo com uma brancura deslumbrante, assim evidenciando a sua comunhão com o Pai, o Espírito Universal. Há uma grande diversidade em como tais resultados atualmente são alcançados, porém, no reino de Cristo, essas diferenças desaparecerão gradualmente, e uma cor uniforme, indicando tanto o conhecimento como a devoção, será alcançada por todos. Essa cor corresponderá à cor rosa, vista pelos ocultistas como o Sol Espiritual, o veículo do Pai. Quando isso for alcançado, a Transfiguração da humanidade estará completa. Então, seremos um com nosso Pai, e Seu reino terá chegado.
O quarto grau é a Última Ceia e o Lavapés. Lemos nos Evangelhos, que relatam a história da Iniciação Cristã Mística, como na noite quando Cristo compartilhou da experiência na Última Ceia com Seus Discípulos, foi mostrando que seu ministério estava terminando naquele momento, e como Ele se levantou da mesa, se cingiu com uma toalha e, em seguida, despejou água numa bacia e começou a lavar os pés de Seus Discípulos, um ato do mais humilde serviço, mas, motivado por uma importante consideração oculta.
Quando ascendemos na escala da evolução, comparativamente, poucos percebem que fazemos isso pisando, ferindo e até destruindo os corpos de nossos irmãos e imãs mais fracos, consciente ou inconscientemente, esmagando-os e usando-os como degraus para atingir nossos próprios objetivos. Essa afirmação é válida para todos os Reinos da natureza. Quando uma onda de vida é conduzida ao nadir da involução e encrustada na forma mineral, é imediatamente aproveitada por outra onda de vida ligeiramente superior, que recebe o desintegrante cristal mineral, adequando-o a seus próprios objetivos como cristaloide e assimila-o como parte de uma forma vegetal. Se não houvesse minerais desintegrados que pudessem ser aproveitados e transformados, a vida vegetal não seria possível. Da mesma maneira, as formas dos vegetais são absorvidas por várias classes de animais, quando são devoradas e trituradas até virar uma pasta e servidas de nutrição para esse reino superior. Se não houvesse plantas, os animais não existiriam e o mesmo princípio é válido na evolução espiritual, pois se não houvesse aspirantes no degrau mais baixo da escada do conhecimento em busca de instrução, não haveria necessidade de um professor. Todavia, existe uma diferença importantíssima. O professor cresce ao doar aos seus alunos e servindo-os. Ascende, dos ombros deles, um degrau mais alto na escada do conhecimento. Ele ascende elevando os demais, no entanto, tem uma dívida de gratidão para com eles, que é simbolicamente reconhecida e extinta com o Lavapés – um ato de serviço humilde com aqueles que o serviram.
Quando percebemos que a natureza, que é a expressão de Deus, está continuamente se esforçando ao máximo para criar e produzir, também devemos compreender que quem mate alguma coisa, mesmo que seja tão pequena e aparentemente insignificante, está frustrando e se opondo ao propósito de Deus. Isso se aplica particularmente ao Aspirante à vida superior e, para tanto, o Cristo exortou os Seus Discípulos a “serem prudentes como as serpentes, mas sem malícia como as pombas.” (Mt 10:16). Porém, não importa o quão sério e intenso é o nosso desejo de seguir o preceito de não ferir, não machucar ou não destruir, as nossas tendências e necessidades relacionadas com a constituição dos nossos Corpos e veículos nos obrigam a matar em determinados momentos de nossas vidas, e não são somente nos grandes feitos que, constantemente, cometemos assassinatos. Era comparativamente fácil para a alma que busca o desenvolvimento espiritual, simbolizada por Parsifal, quebrar o arco com o qual ele havia atirado uma flecha no cisne dos cavaleiros do Graal, quando lhe explicaram do erro que ele havia cometido. A partir daquele momento, Parsifal estava comprometido com uma vida sem ferir, machucar ou destruir, no que diz respeito aos grandes feitos. Todos os Aspirantes sinceros concordam piamente com ele nesse quesito, uma vez que tenham compreendido quão subversiva é, para o crescimento da alma, essa prática de compartilhar alimentos que requerem a morte de um animal.
Contudo, mesmo a pessoa mais nobre e gentil entre a humanidade está, em cada respiração, envenenando aqueles ao seu redor e, que por sua vez, está sendo envenenada por eles, uma vez que todos exalam o dióxido de carbono e, por isso, somos uma ameaça uns aos outros. Não se trata de uma ideia improvável, porém, é um perigo real que se tornará muito mais manifesto no decorrer do tempo, quando a humanidade se tornar mais sensível.
O mesmo princípio é demonstrado no antigo Templo de Mistérios Atlante, o Tabernáculo no Deserto, onde encontramos um odor nauseante e uma fumaça sufocante subindo do Altar dos Sacrifícios, onde os corpos carregados de veneno das vítimas involuntariamente sacrificadas para pagar os pecados foram consumidos, e onde a luz brilhava fracamente através da fumaça envolvente. Isso nós podemos contrastar com a luz clara e brilhante emanada do Candelabro de Sete Braços, alimentado com o puro azeite extraído a partir da planta casta e onde o incenso, simbolizado pelo serviço voluntário de sacerdotes devotados, elevava-se ao céu como um suave aroma. Como já dito em outras ocasiões, isso era agradável à Divindade, enquanto o sangue das vítimas relutantes, os bovinos e os caprinos, eram uma fonte de dor e pesar para Deus, que se deleita mais com o sacrifício da oração, que auxilia o devoto e a ninguém prejudica.
Tem sido explicitamente declarado sobre o fato de alguns dos santos exalarem um suave odor e, como muitas vezes tivemos a oportunidade de dizer, essa não é uma mera história fantasiosa – é um fato oculto. A grande maioria da humanidade inala, durante toda a vida aqui, o oxigênio vitalizante contido na atmosfera circundante. A cada expiração exalamos uma carga de dióxido de carbono que é um veneno mortal e que, certamente e com o tempo, contaminaria todo o ar, se a planta pura e casta não inalasse esse veneno, usando parte dele para construir corpos que, algumas vezes, permanecem por séculos ou até milênios, como exemplificado nas sequoias da Califórnia, devolvendo-nos o restante em forma do oxigênio puro que necessitamos para a nossa vida aqui. Esses corpos carboníferos das plantas, por processos contínuos da natureza, se tornaram mineralizados no passado e se transformaram nas pedras, ao invés de se desintegrarem. Hoje nós os encontramos como carvão, a Pedra Filosofal perecível elaborada por meios naturais no laboratório da natureza. Mas, a Pedra Filosofal também pode ser construída artificialmente pelo ser humano a partir do seu próprio corpo. Isso deve ser compreendido definitivamente: a Pedra Filosofal não é elaborada num laboratório químico externo, mas que o próprio corpo é o laboratório do Espírito, que contém todos os elementos necessários para produzir esse Elixir da Vida, e que a Pedra Filosofal não está fora do corpo, mas ele é o próprio alquimista que se torna a Pedra Filosofal. O sal, o enxofre e o mercúrio, emblematicamente contidos nos três segmentos da coluna espinhal e que controlam os nervos simpático, motor e sensorial são acionados pelo Fogo Espiritual Netuniano espinhal, e constituem os elementos essenciais no processo alquímico.
Não há necessidade alguma de argumentos para demostrar que a indulgência com a sensualidade, a brutalidade e a bestialidade tornam o corpo não refinado em gostos, maneiras e linguagem. Por outro lado, a devoção à Deidade, uma atitude constante de prece, um sentimento de amor e compaixão por tudo que vive e se move, pensamentos de amor enviados a todos os seres e aqueles, inevitavelmente, recebidos em troca, invariavelmente todos têm o efeito de purificar e espiritualizar a nossa natureza. Referimo-nos a uma pessoa desse tipo como respirando ou irradiando amor, uma expressão que descreve muito mais próximo o fato do que a maioria das pessoas imaginam, pois, é uma questão real de se observar que a quantidade de veneno contida na respiração de um indivíduo está na proporção exata do mal existente na sua natureza, na sua vida interior e nos pensamentos que emite. A ioga hindu consiste em uma prática de encerrar o candidato a um certo grau de Iniciação em uma caverna que tem o tamanho não muito maior do que o corpo dele. Lá deverá viver por várias semanas respirando, repetidamente, o mesmo ar para demonstrar na prática que ele cessou de exalar o mortífero dióxido de carbono e que, assim, está começando a construir seu corpo. Então, esse não é um corpo da mesma natureza da planta, embora seja puro e casto, mas é um corpo celestial, como aquele de que São Paulo se refere na Segunda Epístola aos Coríntios, capítulo 5, um corpo que se torna imortal como um diamante ou uma pedra de rubi. Não é duro e inflexível como o mineral; é um diamante macio (ou rubi) e por cada ato executado na natureza, o Cristão Místico está construindo esse corpo, embora provavelmente ele esteja inconsciente disso por um longo tempo. Quando ele atinge esse grau de Santidade, não é necessário para ele executar o ritual do Lavapés, como o é para o aluno que ainda não construiu tal corpo e que o auxilia a se elevar, porém, terá sempre o sentimento de gratidão, simbolizado por aquele ato, para com aqueles a quem teve o privilégio de atrair para si como Discípulos e a quem pode dar o pão vivo que nutre até à imortalidade.
Os Estudantes perceberão que isso é parte do processo que culmina na Transfiguração, mas também devem perceber que na Iniciação Cristã Mística não há graus fixados e definidos. O candidato vê o Cristo como o autor e finalizador da sua fé, procurando imitá-Lo e seguir os Seus passos em todos os momentos de sua existência. Assim, os vários estágios que estamos considerando são alcançados por processos de crescimento da alma que, simultaneamente, o levam a aspectos mais elevados de todas essas etapas que agora estamos analisando. A esse respeito, a Iniciação Cristã Mística difere radicalmente dos processos em voga dos Rosacruzes, em que a compreensão por parte do candidato do que está para acontecer é considerada indispensável. Mas chega o momento em que o Cristão Místico precisa percorrer o caminho que tem pela frente, e é isso que constitui o Getsemani.
O quinto grau é o Getsemani. Na narrativa do Evangelho sobre o Getsemani (Mc 14:26-38) temos uma das mais tristes e difíceis experiências do Cristão Místico, delineada de forma espiritual. Durante toda a sua experiência anterior, ele vagueou cegamente, isto é, cego para o fato de que ele está no caminho, que se consistentemente seguido, o conduzirá a um objetivo definido, embora também se sinta intensamente prevenido ao menor suspiro de cada alma sofredora. Ele concentrou todos os seus esforços em aliviar a dor física, moral ou mental de cada alma sofredora. Ele serviu a cada alma sofredora com toda a sua capacidade e ensinou a cada uma o evangelho do amor: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Lc 1:27)”; e ele foi sempre um exemplo vivo para todos por meio da sua prática. Por isso, atraiu para si um pequeno grupo de amigos, aos quais amou com a mais terna afeição. A eles também ensinou e serviu sem restrições, até mesmo no lava-pés. Entretanto, durante esse período de serviço, ele ficou tão exaurido com as aflições e tristezas profundas do mundo, que ele de fato se tornou um Homem das Aflições e Tristezas Profundas e familiarizado tanto com a aflição, mais do que qualquer outra pessoa.
Essa é uma experiência muito definida do Cristão Místico, e é o fator mais importante para intensificar o seu progresso espiritual. Enquanto nos sentirmos entediados quando as pessoas que vêm até nós e nos contam seus problemas, enquanto fugirmos delas e procurarmos escapar de ouvir suas histórias de tristezas, arrependimentos e angústias, estaremos bem longe do Caminho. Mesmo quando as ouvimos e nos disciplinamos para não demonstrar que estamos entediados, mesmo quando verbalizamos algumas poucas palavras simpáticas que chegam ao ouvido do sofredor, nada ganharemos em crescimento espiritual. É absolutamente essencial para o Cristão Místico que se torne tão sintonizado com os sofrimentos, as aflições e as tristezas do mundo, que sinta cada ataque agudo de dor ou ansiedade extrema como se fosse o seu próprio e o guarde dentro do seu Coração.
O Cristão Místico deve beber abundantemente do cálice da angústia e da tristeza profundas, ele deve bebê-lo até a última gota, de modo que pela dor cumulativa que ameaça explodir seu Coração, ele possa se derramar sem reservas e sem restrições para curar e auxiliar o mundo. Então Getsemani, o Horto da Aflição, se torna um lugar familiar para ele, regado com as lágrimas nascidas das angústias, das tristezas e dos sofrimentos da humanidade.
Porém, durante todos os seus anos de autossacrifício, aquele pequeno grupo de amigos tinha sido seu consolo. Ele já havia aprendido a renunciar aos laços de sangue. “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Aqueles que fazem a vontade de meu Pai.” (Mt 12:48-50). Embora nenhum verdadeiro Cristão negligencie suas obrigações sociais ou negue o amor a seus familiares, os laços espirituais são, entretanto, os mais fortes, e por meio deles vem a coroa das aflições e, através da deserção de seus amigos espirituais ele aprende a beber até a última gota do cálice das angústias e das tristezas profundas. Ele não os culpa pela deserção deles, mas desculpa-os com as palavras: “O Espírito realmente está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26:41) pois sabe, por experiência própria, como isso é verdade. Mas ele descobre que na suprema angústia e tristeza profundas eles não podem confortá-lo e, portanto, se volta para a única fonte de conforto, o Pai Celestial. Ele chegou ao ponto em que a resistência humana parece ter atingido o seu limite e ora para ser poupado de uma provação maior, porém, com uma confiança cega no Pai, ele se curva à Sua vontade, oferecendo-se inteiramente, sem reservas.
Esse é o momento da realização. Tendo bebido completamente do cálice da angústia e da tristeza profundas até a última gota e sendo abandonado por todos, ele experimenta o temporário temor terrível de estar absolutamente só, sendo essa uma das piores experiências, senão a mais terrível, que pode ocorrer na vida de um ser humano. O mundo todo parece envolvido em trevas. Ele sabe que, apesar de todo o bem que fez ou tentou fazer, os poderes das trevas estão tentando dizimá-lo. Ele sabe que a turba, que alguns dias antes o havia acenado com “Hosana”, amanhã estará pronta para gritar “Crucifica-o! Crucifica-o!”. Seus familiares e, agora, seus poucos amigos desapareceram e, também, estavam prontos a negá-lo.
Entretanto, quando nos encontramos no pináculo da aflição, é que estamos mais próximos do trono da graça. A agonia, a aflição, a tristeza profunda e o sofrimento acolhidos no peito do Cristão Místico são mais valiosos e preciosos do que todo o dinheiro do mundo, pois quando ele perde toda a companhia humana e se entrega sem reservas ao Pai, uma transmutação ocorrerá: a aflição se transforma em compaixão, o único poder no mundo capaz de fortalecer o ser humano que está prestes a subir até o Gólgota e dar sua vida pela humanidade, não como um sacrifício mortal, mas como um sacrifício vivente, elevando-se na medida em que eleva os outros.
O sexto grau é o Estigmata ou os Estigmas. Pela união da Mente e do Coração, o Cristão Místico está pronto para a próxima etapa, que envolve o desenvolvimento dos estigmas, uma preparação necessária para a morte e ressurreição místicas. A narrativa do Evangelho relata a história dos estigmas nas seguintes palavras, desenrolando-se a cena de abertura no Horto do Getsemani, que podemos encontrar nos Evangelhos.
Temos aqui o relato de como os estigmas ou as punções foram produzidas no Herói dos Evangelhos, embora as suas localizações não estejam descritas corretamente, e o processo é representado em uma forma narrativa, diferindo amplamente da maneira como essas coisas realmente acontecem. Mas, nós estamos diante de um dos Mistérios que devem permanecer selados para o profano, embora os fatos místicos subsequentes sejam tão claros como o é a luz do dia para aqueles que os conhecem. O corpo físico não é de forma alguma o ser humano real. Tangível, sólido e pulsante de vida como o vemos é, na verdade, a parte mais morta do ser humano, cristalizado dentro de uma matriz de veículos mais sutis que são invisíveis à nossa visão física atual. Se colocarmos uma bacia de água numa temperatura suficientemente baixa, a água logo se converte em gelo, e quando examinamos esse gelo, descobrimos que ele é feito de inúmeros pequenos cristais com variadas formas geométricas e linhas de demarcação. Existem linhas etéricas de forças que estavam presentes na água antes de congelar. Assim como a água congelou e modelou ao longo dessas linhas, nossos corpos físicos se congelaram e se solidificaram ao longo das linhas etéricas de força do nosso Corpo Vital invisível, que está, portanto, no curso normal da vida inextricavelmente ligado ao Corpo Denso, ele esteja desperto ou adormecido, até que a morte traga a dissolução dessa ligação. Mas como a Iniciação implica na libertação do ser humano verdadeiro do corpo do pecado e da morte para que ele possa deslizar para as esferas mais sutis à vontade e retornar ao corpo quando desejar, é óbvio que antes que isso possa ser alcançado, antes que o objetivo da Iniciação se realize, o vigoroso entrelaçamento entre o corpo físico e o veículo etérico, que é acentuadamente mais forte e rígido na humanidade comum, deve ser desfeito. Como essa união é mais forte nas palmas das mãos, nos arcos dos pés e na cabeça, as escolas ocultas concentram seus esforços para romper a conexão em tais pontos e produzir os estigmas invisivelmente.
O Cristão Místico necessita do conhecimento de como realizar o ato sem produzir uma manifestação exterior. Os estigmas se desenvolvem nele espontaneamente pela constante contemplação de Cristo e por seus esforços incessantes em imitá-Lo em todas os momentos. Esses estigmas exteriores não compreendem somente as chagas nas mãos, nos pés e aquela no lado do corpo, mas também as marcadas na cabeça pela coroa de espinhos e pela flagelação. O exemplo mais notável de estigmatização é aquele que ocorreu, em 1224, a São Francisco de Assis na montanha de Alverno. Absorto na contemplação da Paixão, viu um Serafim se aproximar, resplandecente em fogo e tendo entre as asas a figura do Crucificado. São Francisco percebeu que nas mãos, nos pés e no lado ele recebeu externamente as marcas da crucificação. Essas marcas permaneceram durante os dois anos até a sua morte, e muitas testemunhas oculares dizem que as viram, incluindo o Papa Alexandre IV.
Os Dominicanos polemizaram o acontecimento, no entanto; fizeram a mesma reclamação de credibilidade em relação a Santa Catarina de Siena, cujos estigmas foram explicados, por ela mesma, como tendo se tornado invisíveis para os outros. Os Franciscanos apelaram a Sisto IV para que proibisse a apresentação em público dos estigmas de Santa Catarina de Siena. Ainda mais, o acontecimento dos estigmas consta no Gabinete do Breviário, e Benedito XIII concedeu aos Dominicanos uma Festa em homenagem à Santa Catarina de Siena para comemorar esse fato. Outras pessoas, especialmente mulheres, que têm Corpo Vital positivo, afirmam ter recebido alguns ou todos os estigmas. A última a ser canonizada pela Igreja Católica, por essa razão, foi Santa Veronica Giuliani (1831). Há casos mais recentes como os de Anna Catherine Emmerich, que se tornou uma freira em Agnetenberg; A “Extática” Maria Von Mörl de Kaltern; Anne-Louise Lateau, cujos estigmas sangravam todas as sextas-feiras; e a Sra. Girling da comunidade Newport Shaker.
No entanto, sejam os estigmas visíveis ou invisíveis, o efeito é o mesmo. As correntes espirituais geradas no Corpo Vital da pessoa são tão poderosas que é como se o corpo fosse flagelado por elas, especialmente, na região da cabeça, em que elas produzem uma sensação essencialmente similar à da coroa de espinhos. Com isso, finalmente desperta na pessoa uma plena compreensão de que o corpo físico é uma cruz que ela suporta, uma prisão e não o ser humano real. Isso o conduz ao próximo passo da sua Iniciação, a saber, a crucificação, que é experimentada pelo desenvolvimento de outros centros em suas mãos e em seus pés, pontos em que o Corpo Vital é, então, separado do Corpo Denso.
O sétimo grau é a Crucificação. Consta, na narração retirada do Evangelho, que Pilatos colocou um letreiro na cruz de Cristo com as palavras: “Jesus Nazarenus Rex Judaeorum” e isso é traduzido, na versão mais utilizada da Bíblia, como “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”. Mas as iniciais INRI colocadas na cruz representam os nomes dos quatro elementos em hebraico: Iam, água; Nour, fogo; Ruach, espírito ou ar vital; e Iabeshah, terra. Essa é a chave oculta do mistério da crucificação, pois simboliza, em primeiro lugar, o sal, enxofre, mercúrio e azoth que foram usados pelos antigos alquimistas para fazer a Pedra Filosofal, o solvente universal, o elixir-vitae. Os dois “Is” (Iam e Iabeshah) representam a água lunar salina: a) em um estado fluídico contendo sal em solução e b) o extrato coagulado dessa água, o “sal da terra”; em outras palavras, os veículos fluídicos mais sutis do ser humano e seu Corpo Denso, respectivamente. N (Nour) representa, em hebraico, o fogo e os elementos combustíveis, entre os principais o enxofre e o fósforo tão necessários à oxidação, sem os quais o sangue quente seria uma impossibilidade. O Ego sob essa condição não poderia funcionar no corpo, nem o pensamento poderia encontrar uma expressão material. R (Ruach) é o equivalente a espírito em hebraico, isto é, o Azoth, funcionando na Mente mercurial. Assim, as quatro letras -INRI – colocadas sobre a cruz de Cristo, de acordo com o relato na história do Evangelho, representam o ser humano composto, o Pensador, no ponto de seu desenvolvimento espiritual em que se prepara para a libertação da cruz de seu veículo denso.
Prosseguindo na mesma linha de elucidação, podemos notar que INRI é o símbolo do candidato crucificado pelas seguintes razões adicionais:
Iam é a palavra hebraica que significa água, o fluídico ou elemento lunar, que constitui a parte principal do corpo humano (cerca de 57 por cento). Essa palavra também é o símbolo dos veículos fluídicos mais sutis do desejo e da emoção.
Nour, a palavra hebraica que significa fogo, é uma representação simbólica do sangue vermelho quente, carregado do ferro marcial, do fogo e da energia de Marte, que é visto pelo ocultista circulando como um gás nas veias e artérias do corpo humano, infundindo-lhe a energia e o desejo para agir, para se esforçar, sem os quais não poderia haver progresso, nem material nem espiritual. Também representa o enxofre e o fósforo necessários para a manifestação material do pensamento, conforme já mencionado. Ruach, a palavra hebraica para indicar espírito ou ar vital é um excelente símbolo do Ego revestido pela Mente mercurial, que torna o ser humano em um indivíduo e o capacita a controlar e dirigir seus veículos corporais e suas atividades de uma maneira racional.
Iabeshah é a palavra hebraica para terra, representando a parte carnal sólida que constitui o corpo terrestre cruciforme, cristalizado dentro dos veículos mais sutis no nascimento e separado deles ao morrer, no curso normal das coisas, ou em um acontecimento extraordinário, pelo qual aprendemos a morrer misticamente e ascender às gloriosas esferas superiores, durante um curto período.
Esse estágio do desenvolvimento espiritual do Cristão Místico envolve, portanto, uma reversão da força criadora de seu curso normal para baixo, onde é desperdiçada na geração para satisfazer as paixões, para um curso ascendente através da medula espinhal tripartida, cujos três segmentos são regidos pela Lua, por Marte e Mercúrio, respectivamente, e onde o raio de Netuno acende o fogo espiritual espinhal regenerativo. Essa ascensão provoca o início da vibração do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal, abrindo a visão espiritual; e atingindo o seio frontal, ele inicia a coroa de espinhos latejando de dor, enquanto o vínculo com o corpo físico é queimado pelo Fogo Espiritual sagrado, que desperta esse centro de seu sono de letargia, para uma vida ritmicamente vibrante e pulsante que se estende para os outros centros na estrela estigmatizada de cinco pontas. Esses centros também são vitalizados, e todo o veículo se torna brilhante com uma glória dourada. Então, com um movimento final de torção, o grande vórtice do Corpo de Desejos, localizado no fígado, é liberado e a energia marciana contida nesse veículo impulsiona para cima o veículo sideral (assim chamado, porque os estigmas na cabeça, nas mãos e nos pés estão localizados nas mesmas posições relativas entre si que as pontas de uma estrela de cinco pontas), que ascende através do crânio (Gólgota), enquanto o Cristão crucificado emite seu grito triunfante, “Consummatum est” (está consumado), e desliza para as esferas mais sutis ao encontro de Jesus, cuja vida ele imitou com pleno êxito e de quem, desde então, ele é inseparável. Ele é seu Mestre e seu guia para o Reino de Cristo, onde todos estaremos unidos em um só corpo para aprender e praticar a Religião do Pai, para quem o Reino acabará revertendo, para que Ele possa ser Tudo em Todos.
O oitavo grau é a Ressurreição. Estudamos na Bíblia que o Corpo de Cristo ficou na tumba por toda a sexta-feira, durante todo o sábado e uma parte do domingo. Deste modo, delinearam-se os “três dias místicos” da grande fórmula iniciadora, segundo o qual, o Discípulo é anunciado como renascido, ou ressuscitado para uma nova vida, ou vida superior, o grau mais elevado de consciência e poder espiritual.
Este sublime capítulo do Evangelho de São João pode ser mais bem denominado como a exaltação do feminino que aponta para o futuro, quando o grande trabalho estará completamente realizado.
Saulo de Tarso e Maria Madalena podem ser considerados como exemplos idênticos no que se refere ao poder de transmutação que reside na consciência Crística. São João, entre os Discípulos, representa o poder feminino completo e desabrochado, misticamente indicado na gentileza e beleza de seu semblante. Tais poderes fizeram-no o Discípulo mais espiritualizado de todos, como o Discípulo mais amado do Mestre e, foi natural o fato de ele ter sido o primeiro a compreender e aceitar a verdade sobre a Ressurreição.
Toda a humanidade espera por este evento, a Ressurreição, que é a culminação da evolução na Terra. Para o neófito, a Ressurreição para os reinos elevados significa o poder de funcionar, conscientemente, fora do Corpo Denso, sem a presença da morte física. Todo Aspirante vitorioso, em que se produz a Ressurreição, ouve a proclamação do Anjo do Senhor (Lei Espiritual): “Ele não está aqui, pois ressuscitou” (Mt 28:6) (Mc 16:6) (Lc 24:6).
Tal como São Paulo disse, verdadeiramente: “Tu és o herdeiro e todos somos Seus co-herdeiros” (Rm 8:17). Mas a mais abençoada de todas as suas promessas é essa: “Não apenas essas coisas, mas coisas ainda maiores do que estas vocês poderão fazer” (Jo 14:12).
Durante a experiência da Morte Mística, o Cristão Místico se conscientiza das ilusões da matéria e das limitações da vida finita. A consciência da Ressurreição produz a comprovação da unidade de toda a vida em Deus. A pedra da separação foi removida. Por isso, quem passou por essa sublime experiência sabe que nenhum dano pode afetar a uma parte sem ferir o todo, e que nada bom pode suceder a alguém sem que, ao mesmo tempo, beneficie a todos.
Quem chega a conhecer a glória da Ressurreição não pode mais ferir e nem matar, nem sequer a seus irmãos menores do reino animal, posto que eles são expressões viventes da mesma vida que vive e se move e tem seu ser no ser humano. Com a consciência da Ressurreição a paixão do Corpo de Desejos não regenerado se converte na compaixão do espírito, que tudo abarca. O recém-nascido é banhado na dourada refulgência do Cristo Ressuscitado, e se faz um com Ele, na comprovação de que a morte se converteu na vitória da vida eterna.
A meditação sobre a experiência transcendental da Ressurreição proporciona uma compreensão e reverência maiores pelo significado interno daquela saudação que os Cristãos esotéricos se dirigiam, durante a radiação do amanhecer da Páscoa, à luz de sua própria iluminação interior: “Cristo é nossa Luz”.
O nono grau é a Ascensão. O Cristão Místico sabe que o Jardim da Aflição e da Crucificação deve sempre preceder a jubilosa hora do amanhecer da Ressurreição e a branca glória do dia da Ascensão.
Estudamos na Bíblia que Cristo disse: “Todo o poder é dado para Mim no Céu e na Terra”(Mt 28:18), foram as palavras da Sua saudação aos seus Discípulos quando Ele estava no cenáculo superior sagrado, após a Ressurreição. Isto significa que por meio do Seu sacrifício no Calvário, Ele agora tinha se tornado o verdadeiro Senhor e Espírito Planetário da Terra.
O Cristianismo Esotérico ensina que o Gólgota não foi o fim. Na verdade, foi o início do sacrifício redentor anual de Cristo para todo o nosso Planeta.
Durante o intervalo sagrado que constitui os “quarenta dias” místicos entre a Ressurreição e a Ascensão, Cristo se ocupou de muitas obras relacionadas não somente com a raça humana, mas com todas as ondas de vida que vivem na Terra. Este trabalho incluiu as várias raças e Espíritos-Grupo que são os guias das várias ondas de vida em evolução. Para cada um, Ele deu um novo ímpeto de altruísmo e unidade, e Ele também acelerou o tom vibratório de cada um, que vibra no padrão cósmico ou arquétipo. Na realidade, com Sua vinda, toda a Terra canta uma nova canção.
“Vão para a Galileia e Eu encontrarei vocês lá”(Mt 28:16). Cada aparição aos Discípulos sustenta um significado profundo e uma promessa de maiores poderes espirituais.
“E, levantando as suas mãos, os abençoou, e quando Ele os abençoou, Ele estava à frente deles e foi levado para o céu”(At 1:10).
Na “ressurreição dos mortos”, a cerimônia mística ensina que a morte não existe, e pela “Ascensão” ensina-se que a vida eterna é a herança do Iniciado. “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Irei preparar um lugar para vocês” (Jo 14:2).
Na Ascensão, o Cristo abriu o caminho, deste modo, qualquer pessoa pode ascender com Ele e compartilhar a elevada comunhão dos reinos espirituais.
O verdadeiro Cristão Místico é facilmente distinguido. Ele jamais ocupa os seis dias da semana para se preparar para uma grande alocução para emocionar seus ouvintes no domingo, mas gasta, igualmente, todos os dias num humilde esforço de cumprir a vontade do Mestre, independentemente dos aplausos externos. Assim, inconscientemente, ele trabalha sempre em direção ao grande clímax que, na história dos mais nobres de todos os que percorreram esse caminho, é conhecido como “Transfiguração”.
A Transfiguração é um processo alquímico pelo qual o Corpo Denso, formado pela química dos processos fisiológicos, se converte na pedra viva, tal como é mencionado na Bíblia. Os alquimistas medievais, que buscavam a Pedra Filosofal, não estavam preocupados na transmutação de tais impurezas em ouro significativo, mas visavam o objetivo maior conforme narramos acima.
A umidade concentrada nas nuvens cai na terra em forma de chuva, quando suficientemente condensada e é novamente evaporada pelo calor do Sol em novas nuvens. Essa é a fórmula cósmica original.
O espírito também se condensa em matéria e se torna mineral, mas, embora seja cristalizado numa forma tão dura quanto a pedra, a vida ainda permanece, e pela alquimia da natureza, trabalhando por meio de outra corrente de vida, os constituintes minerais densos do solo são transmutados numa estrutura mais flexível no vegetal, que serve como alimento ao animal e ao ser humano. Essas substâncias se tornam corpos sencientes pela alquimia da assimilação. Quando notamos as mudanças na estrutura do corpo humano, evidenciadas pela comparação dos sãs[1], chineses, indianos, latinos, celtas e anglo-saxões, evidentemente está claro que o Corpo Denso do ser humano está, atualmente, passando por um processo de refinamento com a erradicação das substâncias mais rudimentares e grosseiras. Com o tempo, pela evolução, esse processo de espiritualização tornará nosso corpo radiante e transparente pela Luz que brilhará internamente, radiante como o rosto de Moisés, como o corpo de Buda e o de Cristo na Transfiguração. Presentemente, a luz do Espírito interno residente está efetivamente obscurecida por nosso Corpo Denso, mas podemos ter esperanças advindas da ciência da química. Não há nada na terra tão raro e precioso quanto o rádio[2], o extrato luminoso do denso mineral negro chamado pechblenda[3]; e nada há mais precioso e tão raro como o extrato do corpo humano, o Cristo radiante. Presentemente, estamos trabalhando para desenvolver o Cristo interno, mas quando o Cristo dentro de nós estiver plenamente desenvolvido, Ele brilhará através do corpo transparente como a Luz do Mundo.
É um fato anatômico, comumente conhecido, que a medula espinhal está dividida em três seções, através das quais os nervos motor, sensorial e simpático são controlados. Astrologicamente, são regidos por Marte, Mercúrio e a Lua, respectivamente, que são Hierarquias divinas que desempenham papel importante na evolução humana através dos sistemas nervosos citados. Entre os antigos alquimistas, esses eram designados pelos três elementos alquímicos: sal, enxofre e mercúrio. Entre eles, e acima deles, está colocado o Fogo Espiritual espinhal de Netuno. Ele ascende na coluna serpentina através da medula espinhal até os ventrículos do cérebro. Na grande maioria da humanidade, o Fogo Espiritual ainda é extremamente fraco. Porém, quando ocorre um despertar espiritual em alguém é como uma conversão genuína, ou melhor ainda, pelo Batismo do Cristão Místico, como uma queda constante e intensa do Espírito vindo dos céus, que é um fato real, intensifica o Fogo Espiritual espinhal numa extensão quase inacreditável e, imediatamente, inicia um processo de regeneração, em que as substâncias grosseiras do Tríplice Corpo do ser humano são gradualmente eliminadas, tornando os veículos mais permeáveis e prontamente adaptáveis aos impulsos espirituais. Quanto mais desenvolvido o processo, mais eficientes eles se tornam na “vinha do Mestre”.
O despertar espiritual que inicia esse processo de regeneração no Cristão Místico, que se purifica pela oração e pelo serviço, evidentemente, chega também para aqueles que buscam Deus por meio do conhecimento e do serviço, mas atua de forma diferente, o que é observado pelo investigador espiritual. No Cristão Místico, o Fogo Espiritual espinhal regenerador está concentrado, principalmente, no segmento lunar da medula espinhal, que governa os nervos simpáticos sob a regência de Jeová. Portanto, seu crescimento espiritual é alcançado pela fé, tão simples, infantil e inquestionável como nos dias da primitiva Atlântida, quando os seres humanos ainda não tinham Mentes. Assim, ele atrai a grande Luz da Deidade branca refletida por meio de Jeová, o Espírito Santo, e adquire toda a sabedoria do mundo, sem necessidade de trabalhar por ela intelectualmente. Isso, gradualmente, transmuta seu corpo na branca Pedra Filosofal, a alma diamante.
Por outro lado, aqueles cujas Mentes são fortes e insistentes em saber a razão do porquê de cada sentença e dogma, o Fogo Espinhal da regeneração atuará sobre os segmentos do vermelho Marte e do incolor Mercúrio, buscando infundir o desejo com a razão para purificar a antiga paixão primordial, para que se torne casta como a rosa e, assim, transmuta o corpo na alma rubi, a vermelha Pedra Filosofal, provada pelo Fogo, purificada, uma individualidade criativa em desenvolvimento.
Todos os que estão buscando o Caminho, seja pelo caminho do ocultista ou pelo do misticismo, estão tecendo o “Dourado Manto Nupcial” por esse trabalho por dentro e por fora. Em alguns, o ouro é extremamente pálido e em outros é profundamente vermelho. Mas, finalmente, quando o processo da Transfiguração tiver sido concluído, ou melhor, quando estiver próximo a isso, os extremos se fundirão e os corpos transfigurados terão uma cor equilibrada, pois o ocultista deve aprender a lição com profunda devoção, e o Cristão Místico deve aprender como adquirir conhecimento por seus próprios esforços, sem a necessidade de recorrer à fonte universal de toda a sabedoria.
Essa perspectiva nos fornece uma visão mais profunda da Transfiguração relatada nos Evangelhos. Devemos nos lembrar claramente que os veículos de Jesus foram transfigurados, temporariamente, pelo residente Espírito de Cristo. Mas, mesmo considerando a enorme potencialidade do Espírito de Cristo em efetuar a Transfiguração, é evidente que Jesus devia ser de um sublime caráter, sem igual. A Transfiguração como é vista na Memória da Natureza revela o Seu corpo com uma brancura deslumbrante, assim evidenciando a sua comunhão com o Pai, o Espírito Universal. Há uma grande diversidade em como tais resultados atualmente são alcançados, porém, no reino de Cristo, essas diferenças desaparecerão gradualmente, e uma cor uniforme, indicando tanto o conhecimento como a devoção, será alcançada por todos. Essa cor corresponderá à cor rosa, vista pelos ocultistas como o Sol Espiritual, o veículo do Pai. Quando isso for alcançado, a Transfiguração da humanidade estará completa. Então, seremos um com nosso Pai, e Seu reino terá chegado.
[1] N.T.: ou bushmen são membros de várias etnias de caçadores-coletores da África Austral, cujos territórios abrangem Botsuana, Namíbia, Angola, Zâmbia, Zimbábue e África do Sul. Há uma diferença linguística significativa entre os povos que vivem nesses lugares. Eles contribuem uma riqueza de informações para os campos da antropologia e da genética. Um amplo estudo sobre a diversidade genética africana concluído em 2009 descobriu que os “sãs” estavam entre as cinco populações com os níveis mais altos medidos de diversidade genética entre as 121 populações africanas distintas amostradas. Os “sãs” são um dos catorze povos ainda existentes da chamada “população ancestral” existentes, a partir do qual todos os seres humanos modernos conhecidos descendem.
[2] N.T.: um elemento químico de símbolo Ra, número atômico 88 (88 prótons e 88 elétrons) com massa atómica [226] u, pertencente à família dos metais alcalino-terrosos, grupo 2 ou IIA da classificação periódica dos elementos. À temperatura ambiente, o rádio encontra-se no estado sólido. É um metal altamente radioativo encontrado em minerais de urânio como na pechblenda. As suas aplicações são derivadas do seu caráter radioativo. Foi usado em medicina, porém substituído por radioisótopos mais eficientes. Foi descoberto por Marie Curie e seu marido Pierre em 1898 na pechblenda/uranita.
[3] N.T.: Descoberta por Antoine Henri Becquerel, a pechblenda é uma variedade, provavelmente impura, de uraninita. Dela é retirado o urânio, que é constituinte de muitas rochas. É extraído do minério, purificado e concentrado sob a forma de um sal de cor amarela, conhecido como “yellowcake”.
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Iniciação Antiga e Moderna – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Na Iniciação Cristã Mística não há graus tãos fixados e tão definidos. O candidato vê o Cristo como o autor e finalizador da sua fé, procurando imitá-Lo e seguir os Seus passos em todos os momentos de sua existência. Assim, os vários estágios que estamos considerando são alcançados por processos de crescimento da alma que, simultaneamente, o levam a aspectos mais elevados de todas essas etapas que agora estamos analisando. A esse respeito, a Iniciação Cristã Mística difere radicalmente dos processos em voga dos Rosacruzes, em que a compreensão por parte do candidato do que está para acontecer é considerada indispensável. Mas chega o momento em que o Cristão Místico precisa percorrer o caminho que tem pela frente, e é isso que constitui o Getsemani, em que o candidato à Iniciação é saturado com as tristezas e angústias profundas que florescem em compaixão, um anseio ao amor materno que tem apenas um desejo absorvente, de verter a si mesmo para o alívio das tristezas e angústias profundas do mundo, para salvar e amparar todos os que estão fracos e sobrecarregados, para confortá-los e lhes fornecer um descanso. Nesse ponto, os olhos do Cristão Místico são abertos para uma plena compreensão da aflição, do arrependimento e da agonia do mundo e de sua missão como um Salvador, e o ocultista também encontra aqui o Coração de amor, o único que pode fornecer o regozijo, o entusiasmo e zelo na busca. Pela união da Mente e do Coração, ambos estão prontos para a próxima etapa, que envolve o desenvolvimento dos estigmas, uma preparação necessária para a morte e ressurreição místicas.
Os irmãos e irmãs que seguem o Caminho da Iniciação Cristã são realmente Cristos em formação. Cada um, por sua vez, terá que alcançar as diferentes estações da Via Dolorosa, ou Caminho da Angústia profunda e da Tristeza, que o conduzirá ao Calvário, e experimentará no seu próprio corpo as angústias ou agonias e as dores sofridas pelo Herói dos Evangelhos. A Iniciação é um processo cósmico de iluminação e evolução do poder; portanto, as experiências de todos são semelhantes nas principais características.
A forma de uma Iniciação Cristã Mística difere radicalmente do método Rosacruz, que visa trazer o candidato à compaixão por meio do conhecimento e, para isso, procura cultivar nele as faculdades latentes da visão e da audição espiritual desde o início de sua peregrinação como um Aspirante a vida superior, lhe ensinando a conhecer os mistérios ocultos do ser e a perceber, intelectualmente, a unidade de cada um com todos, de modo que, finalmente, por meio desse conhecimento, haja despertado internamente o sentimento que o faz perceber, verdadeiramente, sua ligação com tudo o que vive e se move, e isso o coloca em perfeita e completa sintonia com o Infinito, tornando-o um verdadeiro auxiliar e trabalhador no divino reino da evolução.
A meta alcançada por meio da Iniciação Cristã Mística é a mesma, porém o método, como mencionado acima, é inteiramente diferente. Em primeiro lugar, o candidato geralmente está inconsciente do fato de que está tentando atingir algum objetivo definido, pelo menos durante os primeiros estágios de seus esforços, e há nessa nobre Escola de Iniciação tão somente um Mestre, o Cristo, que está sempre diante da visão espiritual do candidato como o Ideal e a Meta de todo o seu empenho. O mundo ocidental, infelizmente, se tornou tão enredado na intelectualidade que seus Aspirantes somente iniciam a Caminhada quando sua razão foi satisfeita; e, infelizmente, é apenas o desejo por mais conhecimento que traz a maioria dos Estudantes para a Escola Rosacruz. É uma tarefa árdua cultivar neles a compaixão, que deve ser mesclada com o seu conhecimento e ser o fator determinante no uso dele, antes que estejam habilitados para entrar no Reino de Cristo. Contudo, aqueles que são atraídos para o Caminho Místico Cristão não sentem nenhuma dificuldade desta natureza. Eles têm dentro de si um amor abrangente que os impulsiona e que, finalmente, gera neles um conhecimento que o autor acredita ser muito superior ao obtido por qualquer outro método. Aquele que segue o Caminho do desenvolvimento intelectual tende a menosprezar, arrogantemente, o outro cujo temperamento o impele a um Caminho Místico.
Tal atitude mental não prejudica somente o desenvolvimento espiritual de quem a coloca em prática, mas é totalmente gratuita, como pode ser vista nas obras de Jacob Boehme[2], Thomas de Kempis[3] e muitos outros que seguiram o Caminho Místico. Quanto mais conhecimento nós possuirmos, maior a condenação nós mereceremos se fizermos mal uso dele. Todavia, o amor, que é o princípio básico na vida do Místico Cristão, nunca poderá nos levar à condenação ou conflitar com os propósitos de Deus. É infinitamente melhor ser capaz de sentir emoções nobres, do que ter o intelecto tão aguçado e hábil para definir todas as emoções. Tecer algo sobre a constituição e evolução do átomo, seguramente, não promoverá o crescimento anímico tanto quanto a humilde ajuda direcionada ao próximo.
Há nove degraus definidos na Iniciação Cristã Mística, começando com o Batismo, que é introdutório. A Anunciação e a Imaculada Concepção precedem como temas de curso por razões que serão dadas posteriormente. Tendo preparado nossas Mentes pelas considerações anteriores, agora estamos prontos para considerar cada estágio separadamente, nesse glorioso processo de desenvolvimento espiritual.
O Cristão Místico, definitivamente, não é o produto de uma única vida, mas o florescimento de várias existências preparatórias, durante as quais ele cultivou aquela compaixão sublime que o faz sentir o sofrimento profundo – devido ao infortúnio, à aflição e a sensação de estar perdido – de todo mundo e evoca diante de sua visão espiritual o Ideal Crístico como o verdadeiro bálsamo de Gileade[1], ideal esse que é a única panaceia contra toda dor e tristeza humana. Semelhante alma recebe um especial cuidado das Hierarquias divinas que têm a seu cargo o nosso progresso ao longo do Caminho da Evolução e, quando chega o tempo para tal alma renascer naquela vida, na qual ele deve percorrer o caminho final para alcançar a meta e se tornar um Salvador de sua espécie, os Anjos estão observando bem de perto, esperando e cantando hosanas em regozijosa antecipação do grande evento.
Notem que toda grande alma que nasceu aqui nesse mundo para viver uma vida de uma santidade sublime, tal como exigiu para a Iniciação Cristã Mística, também encontrou acesso por meio de pais de imaculada virgindade, que não foram manchados pela paixão, durante a realização do ato gerador. Os seres humanos não colhem uvas dos abrolhos. É uma verdade axiomática que o semelhante atrai semelhante, e antes que alguém possa se tornar um Salvador, deverá ser puro e sem pecado. Ele, sendo puro, não poderá nascer de uma pessoa vil, terá de nascer de pais virgens.No entanto, a virgindade a qual nos referimos não abrange uma condição meramente física. Não há virtude inerente em uma virgindade física, pois todos a possuem no início da vida, não importa quão vil seja sua disposição possa ser. A virgindade da mãe do Salvador é uma qualidade da alma, que permanece sem mácula, independentemente do ato físico da fecundação. Quando as pessoas efetuam o primeiro ato criador sem o objetivo de ter filhos, meramente para a gratificação de suas luxúrias e propensões animais, elas perdem a única virgindade (física) que já possuíam; mas quando os futuros pais, unidos em espírito de oração, oferecendo seus corpos no Altar do Sacrifício com o propósito de fornecer a uma alma, que precisa renascer naquele momento, um Corpo Denso apropriado para obter um maior desenvolvimento espiritual, então a pureza deles devido a esse objetivo preserva as suas virgindades e atrai uma nobre alma para os seus corações e para o lar. Se uma criança será concebida em pecado ou de forma imaculada, dependerá da própria qualidade inerente da sua alma, pois, infalivelmente, isso a atrairá para pais de natureza semelhante à sua. Tornar-se filho de uma virgem pressupõe muita vivência anterior de espiritualidade para essa criança que assim nasceu.
O “nascimento místico” de um “construtor” é um evento cósmico de grande importância e, portanto, não é surpreendente que seja retratado nos céus, de ano para ano, mostrando um simbolismo gráfico no grande mundo ou no macrocosmo, o que finalmente se realizará no ser humano, o pequeno mundo ou o microcosmo. Todos nós estamos destinados a obter as experiências nas coisas que Jesus também obteve, incluindo a Imaculada Conceição, que é um pré-requisito para a vida dos santos e salvadores em seus mais variados graus. Compreendendo esse grande simbolismo cósmico, compreenderemos mais facilmente a sua aplicação no ser humano individual.
[1] N.T.: ou bálsamo de Geliad. Bartolomeu Angélicus, monge inglês que preparou a primeira enciclopédia de preciosas resinas e essências, disse: “A árvore do bálsamo cresce na Babilônia, no Egito, e suas virtudes são únicas e todas medicinais. Seus sucos curam o cérebro à semelhança de um fogo; sua virtude e dissolver e temperar, consumir e desgastar, resguardar e evitar a decomposição dos cadáveres”. O bálsamo de Gilead de Mecca e de La Matéria perto da Babilônia, foi considerado o melhor. As árvores de onde é extraído, eram protegidas por paredes altas. Atualmente, a goma é extraída especialmente por incisão, porém, antes, havia três diferentes meios de consegui-la. O primeiro, era pelo cozimento de brotos novos e chamava-se Xobalsamum; o outro, era produzido espremendo-se o suco da fruta e era chamado de Canapobalsamum; e o terceiro método, era usado para obter o mais fino bálsamo de todos, conhecido como Opobalsamum. Este óleo precioso era usado na medicina, e fornecia, também, às mulheres, os melhores cosméticos. O corpo era ungido com óleo, antes do banho, e agia não só como desinfetante, como também para atender à crença de que seu uso prolongava vida até idade avançada. O bálsamo de Gilead tem propriedades valiosas e é usado hoje pelos farmacêuticos que manipulam ervas, no preparo de uma excelente mistura para a tosse. Em algumas partes da Índia, a resina da Comm’phora Mokal é usada como remédio para doenças da pele e doenças reumáticas.
[2] N.T.: Jakob Böhme, por vezes grafado como Jacob Boehme (1575-1624) foi um filósofo e místico luterano alemão. Passou por experiências místicas em toda a sua juventude, culminando em uma epifania no ano de 1600, a qual ter-lhe-ia revelado a estrutura espiritual do mundo, assim como as relações entre o Bem e o Mal. Na época, ele decidiu não divulgar a sua experiência e continuou trabalhando como sapateiro na cidade de Goerlitz, na Silésia, constituindo família e tendo quatro filhos. Entretanto, após uma outra visão em 1610, ele começou a escrever sua primeira obra, Aurora (Die Morgenroete im Aufgang), resultante dessa iluminação.
[3] N.T.: Tomás de Kempis, também conhecido como Tomás de Kempen, Thomas Hemerken, Thomas à Kempis ou Thomas von Kempen (1379 ou 1380-1471) foi um monge e escritor místico alemão. Tomás de Kempis produziu cerca de quarenta obras representantes da literatura devocional moderna. Destaca-se o seu livro mais célebre, Imitação de Cristo, composto por quatro volumes, no qual apela a uma vida seguida no exemplo de Cristo, valorizando a comunhão como forma de reforçar a fé.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
São Paulo, em sua Carta aos Hebreus[1], forneceu uma descrição do Tabernáculo e muitas informações sobre os costumes que lá se usavam, os quais beneficiariam o Estudante a conhecê-los. Entre outras coisas observe que ele chama o Tabernáculo de “uma sombra das boas coisas que virão”[2].
Há, nesse antigo Templo de Mistério, uma promessa feita que ainda não foi cumprida, uma promessa que é tão boa hoje como o foi naquele tempo em que foi feita.
Se visualizarmos em nossa Mente a disposição dos objetos no interior do Tabernáculo, facilmente veremos a sombra da Cruz.
Começando pelo portão oriental havia o Altar dos Sacrifícios; um pouco além, em direção ao Tabernáculo, encontramos o Lavabo da Consagração, o Mar Fundido, no qual se lavavam os Sacerdotes. Logo depois de entrarmos na Sala Oriental do Templo encontramos uma peça de mobiliário, o Candelabro Dourado, no lado extremo esquerdo de quem entra, e a Mesa dos Pães da Proposição no lado extremo direito de quem entra, os dois formando uma cruz com o caminho que temos seguido ao longo do Tabernáculo. No centro e em frente do segundo véu, encontramos o Altar de Incenso, que forma o centro da cruz, enquanto a Arca, colocada na parte mais ocidental da Sala Ocidental, o Santo dos Santos, representa a parte mais curta ou superior da Cruz. Desse modo, o símbolo do gradual desenvolvimento ou revelação espiritual, que hoje é o nosso específico ideal, foi representado ou indicado vagamente no antigo Templo de Mistério, e aquela consumação que se atinge no topo da cruz, a plenitude da lei dentro de nós como estava dentro da Arca é a única que deve interessar atualmente a todos nós. A Luz que brilha sobre o Propiciatório no Santo dos Santos, no topo da cruz, no fim do caminho nesse mundo, é a luz ou o reflexo do Mundo invisível, em que o candidato procura entrar quando, ao seu redor, tudo no mundo se tornou para ele sombrio e obscuro. Só quando atingimos esse estado, em que percebemos a luz espiritual que nos acena, a luz que paira sobre a Arca, somente quando permanecemos à sombra da Cruz, podemos conhecer o significado, o objetivo e a meta da vida.
Atualmente, podemos aproveitar as oportunidades que são oferecidas e prestar o serviço com maior ou menor eficiência, porém, somente quando por meio desse serviço desenvolvermos a luz espiritual dentro de nós, que é o Corpo-Alma, e assim tivermos obtido acesso à Sala Ocidental, chamada o Vestíbulo da Libertação, então perceberemos e compreenderemos realmente o motivo pelo qual estamos no mundo e o que necessitamos para nos tornarmos propriamente úteis. Entretanto, nós não podemos permanecer ali quando tenhamos obtido acesso. Ao Sumo Sacerdote era permitido entrar somente uma vez por ano; havia um longo intervalo de tempo entre esses lampejos do real propósito da existência. Durante esse intervalo, o Sumo Sacerdote precisava sair e viver entre seus irmãos, a humanidade, servindo-os da melhor maneira que pudesse e, porque não era perfeito, pecava, para de novo entrar no Santo de Santos, após ter feito as reparações devidas pelos seus pecados.
Atualmente, sucede algo similar conosco. Por vezes, nós obtemos vislumbres das coisas que nos estão reservadas e das coisas que devemos fazer para seguirmos Cristo ao lugar para onde Ele foi. Você relembra que Ele disse aos Seus Discípulos: “Não podes seguir-me agora aonde vou, mas me seguirás mais tarde”[3]. E sucede o mesmo conosco. Devemos olhar repetidamente para dentro desse templo escuro, o Santo dos Santos, antes de estarmos realmente capacitados para permanecer lá; antes que estejamos realmente preparados para darmos o último passo e, assim, subir até o cume da Cruz, o lugar da caveira, aquele ponto, em nossas cabeças, por onde o Espírito sai quando deixa o seu Corpo quando da morte, ou entrando e saindo como um Auxiliar Invisível. Esse Gólgota é a melhor realização humana alcançável e devemos estar preparados para entrar muitas vezes na sala obscura antes que estejamos prontos para esse clímax final.
[1] N.T.: Capítulos 8, 9 e 10.
[2] N.T.: Hb 10:1: a sombra dos bens futuros.
[3] N.T.: Jo 13:36
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
Como vimos, havia três coisas dentro da Arca da Aliança, que ficava na Sala Oeste do Tabernáculo no Deserto: o Pote de Ouro do Maná, o Bastão que floriu e as Tábuas da Lei. Vamos, agora, estudar as Tábuas da Lei.
As Tábuas da Lei continha os Dez Mandamentos:
“Não terás outros deuses diante de minha face. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto. Eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus zeloso que vingo a iniquidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam, mas uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. Não pronunciarás o nome de Javé, teu Deus, em prova de falsidade, porque o Senhor não deixa impune aquele que pronuncia o seu nome em favor do erro. Lembra-te de santificar o dia de sábado. Trabalharás durante seis dias, e farás toda a tua obra. Mas no sétimo dia, que é um repouso em honra do Senhor, teu Deus, não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem teu animal, nem o estrangeiro que está dentro de teus muros. Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que contêm, e repousou no sétimo dia; e por isso. o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou. Honra teu pai e tua mãe, para que teus dias se prolonguem sobre a terra que te dá o Senhor, teu Deus. Não matarás. Não cometerás adultério. Não furtarás. Não levantarás falso testemunho contra teu próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem nada do que lhe pertence.” (Ex 20:3-17).
Encontramos nos Ensinamentos Rosacruzes uma descrição rápida de cada um desses Dez Mandamentos:
Vamos relembrar, também, que para entendermos o que essas Leis significam e como obedecê-las nessa Região Química do Mundo Físico, tivemos antes de completar o despertar do nosso Tríplice Espírito, a obtenção do nosso Tríplice Corpo e, finalmente, o elo entre os dois: a Mente.
Sem a obtenção da Mente nós não tínhamos a menor condição de entender e, portanto, obedecer ou não essas Leis.
Somente após a obtenção da nossa Mente – que, na terminologia Rosacruz, foi nos dada, como Átomo-semente, pelos Senhores da Mente, iniciando, para uns poucos, na última parte da Época Lemúrica e, para a maioria, na primeira e segunda parte da Época Atlante – é que começamos a precisar dessas leis para a nossa evolução.
Para entendermos os motivos para que necessitássemos um regime de Lei foi o rumo que tomamos a partir do momento em que começamos a utilizar a Mente e a partir dela, expressar nossos primitivos pensamentos em emoções, sentimentos, palavras e atos.
Ou seja: a nossa constituição estava completa; ficamos, então, equipados para conquistar o mundo e gerar força anímica pelo nosso esforço e experiência, tendo individualmente vontade própria e livre-arbítrio, exceto quando limitado pelas leis da natureza e por nossas próprias ações anteriores.
Só que, ao sentir nosso valor como seres humanos separados, começamos a ser astuciosos, nos apegar aos interesses individuais, nos tornamos ambiciosos, pedíamos recompensas pelas nossas obras.
A memória tornou-se um importante fator na vida da comunidade.
A recordação das proezas de alguns fazíamos eleger para Guia o que tivesse realizado feitos mais importantes.
Aos poucos fomos nos tornando soberbos, usamos a corrupção e aplicamos o engrandecimento pessoal; sujeitamo-nos a ambição e ao egoísmo; abusamos dos poderes que íamos adquirindo, oprimindo e nos vingando.
Arrogância e brutalidade reinavam.
É fácil compreender que tais abusos tinham de produzir terríveis condições.
E isso ocorria porque deixamos que a nossa natureza animal, o Corpo de Desejos, regesse a nossa Mente infantil naquela Época.
O que também levou a necessidade da existência de um regime de Leis foi a passagem necessária que tivemos que experimentar e que faz parte da nossa educação para com os seres divinos e com a aproximação consciente para o nosso Pai, Deus, nosso criador.
Essa educação efetua-se em quatro grandes etapas:
Na primeira, as Hierarquias Criadoras (na Bíblia conhecidas como Elohim) agem sobre nós, de fora, enquanto permanecemos inconscientes dos Mundos nos quais estávamos funcionando (Mundo do Espírito Divino, Mundo do Espírito de Vida, Mundo do Pensamento, Mundo do Desejo e Mundo Físico). Isso está veladamente referido na Bíblia como “Reis de Edom” e no mistério de Melquisedeque, “rei e sacerdote ao mesmo tempo”
Na segunda etapa, somos colocados sob a direção dos Mensageiros Divinos e Reis, a quem vemos, e a cujas ordens devemos obedecer. Os Guias da humanidade (na terminologia Rosacruz, conhecidos como Senhores de Vênus – alguns poucos eram também orientados pelos Senhores de Mercúrio) prepararam grandes Reis para o povo, revestidos de grande poder. Nós honrávamos esses reis com toda a reverência devida aos que, na verdade, eram reis “pela graça de Deus”.
Na terceira etapa somos ensinados a reverenciar as ordens de um Deus a Quem não vemos. Isso porque chegou o tempo de começar a guiar-nos por nós mesmos, a fim de prosseguir no desenvolvimento futuro. Aqui é que nos atrapalhamos e exercemos de uma maneira perniciosa essa relação. Podemos resumir essa passagem assim: “Anteriormente, vistes Aqueles que vos guiavam. Sabeis, porém, que há Guias de maiores graus de esplendor, superiores aos primeiros, que nunca vistes, mas que vos guiaram sempre, grau a grau, na evolução da consciência. Exaltado e acima de todos esses Seres gloriosos está o Deus invisível, criador do céu e da terra sobre a qual estais. Ele quis dar-vos domínio sobre toda a terra, para que possais frutificar e multiplicar-vos nela. Deveis adorar a este Deus invisível, mas adorá-Lo em Espírito e Verdade, e não fazer nenhuma imagem d’Ele, nem procurar pintá-Lo semelhante a vós, porque ele está presente em todas as partes e além de toda comparação ou semelhança. Se seguirdes os Seus preceitos Ele vos abençoará abundantemente e vos cumulará de bens. Se vos afastardes dos Seus caminhos, os males virão sobre vós. A escolha é vossa. Sois livres, mas devereis sofrer as consequências de vossos próprios atos”.
Finalmente, na quarta etapa aprendemos a nos elevar sobre toda ordem, a nos converter em uma lei em nós mesmos. Conquistando-nos a nós mesmos, aprendemos a viver voluntariamente, em harmonia com a Ordem da Natureza, que é a Lei de Deus.
Resumindo: quando o Aspirante estava no portão oriental como filho do pecado, a lei estava fora dele, como orientador para trazê-lo a Cristo. Exigia com severidade implacável um “olho por olho e dente por dente”. Cada transgressão trazia uma recompensa justa, e o ser humano estava circunscrito por todos os lados por leis que o ordenavam a fazer certas coisas e a não fazer outras. Contudo quando, por meio de sacrifício e serviço, ele finalmente chegou ao estágio de evolução representado pela Arca na sala ocidental do Tabernáculo, as Tábuas da lei estavam dentro dele. Então, ele se emancipou de toda a interferência externa em suas ações – não que ele infringisse alguma lei, mas porque ele trabalhava com elas. Assim como aprendemos a respeitar o direito de propriedade dos outros e, portanto, nos tornamos emancipados do mandamento “Não furtarás”, também aquele que guarda todas as leis, porque deseja fazê-lo, não precisa mais de um orientador externo, mas de bom grado obedece em todas as coisas, porque ele é um servo da lei e trabalha com ela, por escolha e não por necessidade.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
Para entendermos o significado da Vara de Aarão (também conhecido como o Bastão que floriu) que floresceu, vamos rever o Esquema de Evolução em que estamos inseridos: esse esquema é efetuado através dos 5 Mundos (Mundo do Espírito Divino, Mundo do Espírito de Vida, Mundo do Pensamento, Mundo do Desejo e Mundo Físico) em 7 grandes Períodos de Manifestação. Estamos, atualmente no quarto desses Períodos, conhecido como Período Terrestre. Nesse Período estamos restritos a trabalhar em 3 Mundos: Pensamento, do Desejo e Físico. Cada Período é composto de 7 Globos: A, B, C, D, E, F e G. Estes Globos são renascimentos sucessivos da nossa Terra. Atualmente estamos no Globo mais denso, o D, nossa Terra atual.
Nesse Período Terrestre, uma parte da evolução se realiza no Globo A, situado na Região do Pensamento Concreto.
Gradualmente, a vida evolucionante é transferida ao Globo B, que se situa no Mundo do Desejo, algo mais denso, onde ela passa por outro estágio evolutivo. No devido tempo a vida evolucionante está pronta para entrar na arena do Globo C, composto da substância ainda mais densa da Região Etérica do Mundo Físico, onde está situado. Depois de aprender as lições correspondentes a esse estado de existência, a Onda de Vida segue até o Globo D, formado da substância da Região Química do Mundo Físico, onde também está situado. Este é o grau mais denso de matéria alcançado pela Onda de Vida durante esse Período. Esse é o estágio involucionário de modo que a substância dos mundos se faz cada vez mais densa. Ao longo do tempo tudo tende a fazer-se cada vez mais denso e mais sólido. Mas como o caminho evolutivo é uma espiral, é claro que, ainda que se passe pelos mesmos pontos, nunca mais se apresentam as mesmas condições, mas outras em plano superior e mais avançado. No estágio evolucionário (do Globo D para o G), os Mundos se tornam menos densos.
Desse ponto a Onda de Vida é levada para cima novamente, ao Globo E, situado na Região Etérica do Mundo Físico, tal como o Globo C, embora as condições não sejam as mesmas. Completado o trabalho no Globo E, efetua-se o passo seguinte para o Globo F, situado no Mundo do Desejo como o Globo B, dali subindo ao Globo G. Quando se efetuou esse trabalho, a Onda de Vida deu uma volta em torno dos 7 Globos; uma vez para baixo e outra para cima, através dos 3 mundos, respectivamente. Esta jornada da Onda de Vida denomina-se uma Revolução, e 7 Revoluções formam um Período. Durante um Período a Onda de Vida dá 7 voltas descendo e subindo através dos 3 mundos. Já demos 3 voltas e estamos na metade da 4° volta.
Nesse ponto, já construímos nossos 3 Corpos, temos a Mente, o elo que nos liga aos nossos Corpos e estamos agindo e nos expressando no Mundo Físico com a total consciência de vigília. Aqui, no ponto de maior materialidade, também estamos no ponto de maior separatividade ilusória. Assim, foi necessário evoluirmos em Épocas. A primeira que vivemos foi a Época Polar, depois a Hiperbórea, Lemúrica, Atlante e estamos na Ária. O nosso estudo se insere entre o final da Época Atlante e início da Ária.
Continuando a nossa revisão sobre o Esquema de Evolução, vemos que desde a separação dos sexos até a primeira parte da Época Atlante éramos guiados em tudo pelos Anjos e por outras Hierarquias Criadoras.
Nesse sentido, em particular, os Anjos eram os responsáveis pela nossa procriação, enquanto encarnados aqui na Região Química do Mundo Físico.
Isso porque até na primeira metade da Época Atlante nossa consciência não estava enfocada no Mundo Físico, estávamos inconscientes da propagação, do nascimento e da morte.
Os Anjos trabalhavam no Corpo Vital (o meio de propagação), regulavam a função procriadora e juntavam os sexos em certas ocasiões do ano.
Empregavam as forças solares e lunares, nos momentos e condições mais propícias para a fecundação.
A gestação decorria sem incômodo algum e o parto realizava-se sem dor.
As condições propícias para a fecundação significa que, além dos pais terem configurações estelares favoráveis (combinações favoráveis estelares benéficas na quinta e/ou décima primeira casa, signos férteis ou duplos na cúspide da quinta e/ou décima primeira casa), essas configurações deveriam ser mutuamente benéficas entre o homem e a mulher e nos momentos mais propícios, marcados nas progressões (lunações) – que ativavam essas configurações mútuas. Além disso, ainda, para se ter as mais perfeitas condições, o casal teria que estar na longitude ideal. Daí serem levados para determinados lugares. As viagens de lua de mel é uma reminiscência daquele impulso migratório relacionado com o acasalamento.
Os Anjos são os Espíritos Grupos das Plantas, a onda de vida vegetal. A planta é inconsciente de toda paixão, desejo, e inocente do mal. Desconhece a paixão, e realiza a fecundação da maneira mais pura e casta, isto é, ela projeta seus órgãos geradores, a flor, para o Sol, um espetáculo de rara beleza. Portanto, ela gera e perpetua sua espécie de modo tão puro, tão casto, que propriamente compreendida é um exemplo para a decaída e luxuriosa humanidade, a qual deveria venerá-la como um ideal.
Como vimos, a geração efetuava-se sob a direção dos Anjos que, em certas épocas do ano, nos agrupavam, homens e mulheres, em grandes templos onde se realizava o ato criador, mas nós não tínhamos a consciência de vigília disso. Nossos olhos ainda não tinham sido abertos, embora fosse necessária a colaboração de um ser que tivesse o outro polo, ou metade da força criadora necessária para a geração.
A princípio um homem não conhecia uma mulher e vice-versa.
Na vida comum estávamos encerrados dentro de nós mesmo, pelo menos no que dizia respeito ao Mundo Físico.
Nesse tempo vivíamos em um lugar simbolicamente conhecido como Jardim do Éden (reino etérico das forças espirituais).
A Bíblia fala-nos desse lugar, onde vivíamos em contato direto com Deus, puros e inocentes como as crianças. Obedecíamos, incondicionalmente, qualquer ordem que nos fosse dada pelos nossos guias divinos, como uma criança em seus primeiros anos faz o que seus pais desejam, porque ela não tem consciência de si. Faltava-nos individualidade.
Simbolicamente, havia 2 árvores: a do Conhecimento e a da Vida. Não devíamos comer o fruto de nenhuma das duas.
Entretanto, sob a custódia dos Espíritos Lucíferos, nós comemos da árvore do Conhecimento e começamos a perpetuar a nossa raça sem levar em conta as linhas de força interplanetárias. Transgredimos a lei, e os nossos corpos assim formados cristalizaram-se impropriamente e tornamo-nos sujeitos à morte, de maneira muito mais perceptível do que haviam estado até então. Por isso, fomos forçados a criar novos corpos com mais frequência à medida que o nosso período de vida se encurtava.
Os guardiães celestiais (conhecidos na terminologia Rosacruz como Querubins) da força criadora (simbolicamente, a Árvore da Vida) nos expulsaram do jardim do amor (o Jardim do Éden) para o deserto do mundo, e nos tornamos responsáveis por nossas ações sob a lei cósmica que governa o universo.
Desde então, e através das eras, estamos lutando para conseguir nossa própria salvação, e a Terra, em consequência, cristalizou-se cada vez mais.
Assim, tudo começou a mudar quando o ser humano foi posto em íntimo contato com outro ser, como no ato gerador, então, por um momento, o espírito rasgou o véu da carne e “Adão conheceu Eva”. Essa é a natureza daquela “Árvore”.
Deixando conhecer-se a si mesmo, perdeu, correspondentemente, sua percepção interna, quando a consciência cada vez mais se concentrou no mundo externo, a Região Química do Mundo Físico.
Não comer da Árvore da Vida foi realmente uma bênção.
Se tivemos comido, teríamos a capacidade de tornar imortal o nosso Corpo Denso.
Afinal quem de nós possui um Corpo Denso totalmente saudável e perfeito, segundo o nosso próprio julgamento, para poder viver nele para sempre?
Por isso, a morte é um benefício e uma benção, tanto quanto nos possa capacitar a regressar aos reinos espirituais periodicamente, para aí construirmos melhores corpos para cada retorno à vida terrestre.
Vimos, até aqui, que a Árvore da Vida significava como adquirir a imortalidade na Região Química do Mundo Físico e a aplicação da força criadora aqui nessa Região.
Uma vez feita essa revisão onde recordamos os conceitos das palavras utilizadas na terminologia Rosacruz para descrever o Esquema de Evolução que estamos inseridos, vamos ver qual foi a aplicação da Vara de Aarão naqueles tempos em que ela foi fornecida à Aarão, o irmão mais velho de Moisés (Ex 6:20), e um profeta do Deus de Israel servindo como o primeiro sumo sacerdote dos hebreus, e muito bem descrita na Bíblia:
“Javé disse a Moisés e Aarão: ‘Se o Faraó pedir que vocês façam algum prodígio, você dirá a Aarão que pegue a vara de você e a jogue diante do Faraó; e ela se transformará em cobra’. Moisés e Aarão se apresentaram diante do Faraó e fizeram o que Javé lhes havia mandado. Aarão jogou a vara diante do Faraó e seus ministros, e ela se transformou em cobra. O Faraó, porém, mandou chamar os sábios e os encantadores de cobras e, também, eles, os magos do Egito, fizeram o mesmo com suas ciências ocultas: cada um jogou a sua vara e elas se transformaram em cobras. No entanto, a vara de Aarão devorou as varas deles. Javé disse a Moisés: ‘Diga a Aarão: ‘Estenda a vara e toque o pó do chão, e ele se transformará em mosquitos por todo o território egípcio’. Aarão estendeu a mão com a vara e tocou o pó do chão, que se transformou em mosquitos, que atacavam homens e animais. E todo o pó do chão se transformou em mosquitos por todo o país do Egito. Os magos do Egito tentaram fazer o mesmo, usando suas ciências ocultas para produzir mosquitos, mas não conseguiram. Os mosquitos atacavam homens e animais. Então os magos disseram ao Faraó: ‘Isso é o dedo de Deus’. (…) Javé disse a Moisés: ‘Diga a Aarão: ‘Tome a vara e estenda a mão sobre as águas do Egito, sobre os rios, canais, lagoas e sobre todos os reservatórios, para que se convertam em sangue. Haverá sangue em toda a terra do Egito, até nas vasilhas de madeira e de pedra’. Moisés e Aarão fizeram como Javé tinha mandado. Aarão ergueu a vara, tocou a água do rio diante do Faraó e de sua corte; e toda a água do Nilo se transformou em sangue. Os peixes do rio morreram, o rio ficou poluído, e os egípcios não podiam beber a água do rio. E houve sangue por todo o país do Egito. Os magos do Egito, porém, fizeram o mesmo com suas ciências ocultas.” (Ex 7:8-15 e 19-22).
“Javé disse a Moisés: “Diga a Aarão: ‘Estenda a mão com a vara sobre os rios, canais e lagoas, e faça subir rãs sobre todo o território egípcio’. Aarão estendeu a mão sobre as águas do Egito, e fez subir rãs que infestaram todo o território egípcio. Os magos do Egito, porém, usaram suas ciências ocultas e fizeram o mesmo: fizeram subir rãs por todo o território egípcio.” (Ex 8:1-3).
“Javé falou a Moisés: ‘Diga aos filhos de Israel que tragam varas, uma para cada chefe de família, no total de doze, e cada um escreva nela o próprio nome. Na vara de Levi, você deverá escrever o nome de Aarão, pois haverá uma vara para cada chefe de tribo. Coloque as varas na tenda da reunião, diante do documento da aliança que eu fiz com eles. A vara daquele que eu escolher, florescerá. Desse modo eu acabarei com os protestos dos filhos de Israel contra vocês’. Moisés pediu que os filhos de Israel lhe trouxessem doze varas, uma para cada chefe de tribo, e entre elas a vara de Aarão. Moisés colocou as varas diante de Javé, na tenda da aliança. No dia seguinte, Moisés entrou na tenda da aliança, e viu que havia florescido a vara de Aarão, representante da tribo de Levi: estava cheia de brotos, tinha dado flores e produzido amêndoas. Moisés tirou as varas da presença de Javé e as levou aos filhos de Israel. Eles verificaram o fato e cada um recolheu a sua vara.” (Nm 17:17-24).
Uma antiga lenda relata que quando Adão foi expulso do Jardim do Éden, levou consigo três mudas da Árvore da Vida, que foram plantadas por Seth. Seth, o segundo filho de Adão, é de acordo com lenda Maçônica pai da hierarquia espiritual dos clérigos que trabalham com a humanidade através do Catolicismo, enquanto os filhos de Caim são os Artesões do mundo. Esses últimos estão ativos na Maçonaria, promovendo o progresso material e industrial, como deveriam ser os construtores do Templo de Salomão, o universo. As três mudas plantadas por Seth tiveram importantes missões no desenvolvimento espiritual da humanidade, e uma delas é a Vara de Aarão. No início da existência concreta, a geração era realizada sob a sábia direção dos Anjos, que assistiam para que o ato criador fosse realizado nos momentos em que os raios de força interplanetários eram propícios, e o ser humano também foi proibido de comer da Árvore do Conhecimento. A natureza dessa árvore foi prontamente determinada a partir de sentenças como “Adão conheceu sua esposa e ela deu à luz Caim”; “Adão conheceu sua esposa, e ela deu à luz Seth”. “Como posso dar à luz a uma criança visto que não conheço um homem?”, como foi dito por Maria ao Anjo Gabriel.
À luz dessa interpretação, a afirmação do Anjo (não foi uma maldição), quando descobriu que seus preceitos foram desobedecidos, “morrendo morrerás”, também é compreensível, pois os corpos gerados independentemente das influências cósmicas não esperariam que persistisse.
Por isso, o ser humano foi exilado dos reinos etéricos da força espiritual (Éden), onde cresce a árvore do poder vital; exilado para a existência concreta em Corpos físicos Densos que ele gerou para si. Certamente foi uma bênção, pois quem de nós possui um corpo totalmente saudável e perfeito, segundo a nossa opinião e quem gostaria de viver nele para sempre?
Por isso, a morte é uma dádiva e uma bênção, na medida em que nos permite retornar aos reinos espirituais periodicamente e, assim, construirmos melhores veículos para cada retorno à vida terrena. Como disse Oliver Wendell Holmes[1]:
“Constrói alma minha, as mais belas mansões
Enquanto as estações se sucedem!
Deixa teu humilde passado!
Que cada novo templo, mais nobre que o anterior,
Te separe do céu com um domo mais amplo,
Até que, por fim, possas ficar livre,
Abandonando tua pequena concha no revolto mar da vida!”
No decorrer do tempo, quando aprendemos a evitar o orgulho da vida e a luxúria da carne, o ato gerador deixará de minar nossa vitalidade. Então, a energia vital será usada para a regeneração, e os poderes espirituais, simbolizados pela Vara de Aarão, serão desenvolvidos.
A varinha do mágico, a lança sagrada de Parsifal, o Rei do Graal, e a Vara de Aarão que floresceu são símbolos (ou emblemas) dessa força criadora divina, que faz maravilhas as quais chamamos de milagres.
Contudo, que fique bem claro que ninguém que chegue a tal ponto na evolução, simbolizado pela Arca da Aliança na Sala Oeste do Tabernáculo, jamais usará esse poder para fins egoístas. Quando Parsifal, nome dado ao herói do mito da alma, tendo testemunhado a tentação de Kundry e provado estar emancipado do maior de todos os pecados, os da luxúria e a falta de castidade, ele recuperou a lança sagrada roubada pelo mago negro Klingsor, do rei do Graal caído e impuro, Amfortas. Então, viajou por muitos anos pelo mundo procurando novamente o Castelo do Graal, e disse: “Muitas vezes eu fui atormentado por inimigos e tentado a usar a lança em defesa própria, mas sabia que a lança sagrada nunca deveria ser usada para ferir, e tão somente para curar”.
E essa é a atitude de todo aquele que desenvolve, dentro de si, o florescimento da Vara de Aarão. Embora ele possa transformar essa faculdade espiritual em condições de prover pão para uma multidão, ele nunca pensaria em transformar uma pedra em pão para si mesmo, para aplacar a própria fome. Mesmo que ele tenha sido pregado à cruz para morrer, não se libertaria dela com o poder espiritual que havia exercido prontamente, para salvar os outros da sepultura. Apesar de ter sido insultado todos os dias de sua vida como impostor e charlatão, nunca utilizaria indevidamente seu poder espiritual para revelar qualquer sinal pelo qual o mundo pudesse conhecer, sem sombra de dúvida, que ele era regenerado ou nascido no céu. Essa foi a atitude de Cristo-Jesus, que tem sido e é imitada por todo aquele que é um Cristo em formação.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
[1] N.T.: (1809-1894) – médico americano, professor, palestrante e autor
Era um dos três itens contidos na Arca da Aliança.
“Atrás do segundo véu achava-se a parte chamada Santo dos Santos. Aí estava a Arca da Aliança coberta de ouro por todos os lados; dentro dela, o pote de ouro contendo o maná, a vara de Aarão que floresceu e as tábuas da aliança.” (Hb 9: 3-4 e Ex 16:34)
Manas, mensch, homem ou ser humano são palavras diretamente associadas com o maná que desceu do céu. É o Espírito Humano que desceu do alto, do nosso Pai, para uma peregrinação através da matéria, e o Pote de Ouro onde foi guardado simboliza a aura dourada do Corpo-Alma.
Vamos detalhar um pouco o que significa o Maná e para isso vamos ver, primeiro, como se manifesta Deus, nosso criador, e como nos manifestamos, já que somos criados a Sua imagem e semelhança:
Entendamos Deus como a “essência cósmica criadora ou a vontade e a Mente criadora de um logos solar”. Deus se manifesta quando está criando, como agora, um Sistema Solar, e torna-se três aspectos: Pai, Filho e Espírito Santo. Ou seja: Deus se manifestou e se tornou três em um único Ser. Essa é a Santíssima Trindade.
Note que o nome “Pai” não quer dizer que o primeiro aspecto de Deus é masculino. Deus é bissexual, masculino-feminino, expressões da energia criadora dual, positiva-negativa. Designamos o primeiro aspecto como “Pai”, para enfatizar que quando o primeiro aspecto se manifesta para criar, é a Vontade (conhecida aqui como força masculina) que dá início ao processo. Junto com o segundo aspecto, Sabedoria, origina a primeira das duas forças necessárias para efetivar a criação: a Imaginação (conhecida aqui como força feminina). Com essa força concebendo a ideia, o terceiro aspecto, Atividade, agindo sobre a substância raiz cósmica, produz o movimento. Esta é a segunda manifestação da força. O movimento, por si só, não é suficiente para formar algo, há de haver um movimento ordenado. A Sabedoria é necessária para dirigir o movimento, para produzir, inteligentemente, resultados definidos.
Cada um de nós é um Espírito Virginal, criado “à imagem e semelhança de Deus”, como está na Bíblia.
Nós nos manifestamos quando estamos aprendendo no que Ele está criando, como agora nesse esquema de Evolução, ou seja: nesse Grande Dia de Manifestação. Afinal: “Em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”
Assim, também nos manifestamos em três aspectos no que conhecemos como Tríplice Espírito:
Agora, vamos entender como foi o nosso mergulho em Mundos mais densos, desde o início da nossa peregrinação, conhecido na terminologia Rosacruz como Caminho da Evolução, seguindo o Esquema da Evolução. Esse é mais um passo importante para entendermos o que é o Maná.
Fomos criados como chispas divinas, Espíritos Virginais e habitávamos o nosso Mundo, o Mundo dos Espíritos Virginais. Mas a nossa meta é conhecer e aprender a trabalhar conscientemente em todos os outros Mundos, em “todos os domicílios da casa do Pai”.
Assim, no primeiro Período, conhecido na Rosacruz como Período de Saturno, mergulhamos para começar a conhecer os Mundos: do Espírito Divino, de Vida e do Pensamento. (Acompanhe olhando o desenho acima).
Passado as “sete revoluções sobre os sete Globos” desse Período, mergulhamos mais um nível e, além desses Mundos, começamos a conhecer o Mundo do Desejo. Entramos no Período Solar. Agora peregrinamos desde o Mundo do Espírito de Vida até o Mundo do Desejo.
Passado as “sete revoluções sobre os sete Globos” desse Período, mergulhamos mais um nível e, além desses Mundos, começamos a conhecer a Região Etérica do Mundo Físico. Entramos no Período Lunar. Agora peregrinamos desde a Região Abstrata do Mundo do Pensamento até a Região Etérica do Mundo Físico.
Passado as “sete revoluções sobre os sete Globos” desse Período, mergulhamos mais um nível e, além desses Mundos, começamos a conhecer a Região Química do Mundo Físico. Entramos no Período Terrestre. Agora peregrinamos desde a Região Concreta do Mundo do Pensamento até a Região Química do Mundo Físico. E nesse Período que estamos atualmente! Exatamente no Globo mais denso!
Concomitantemente com esse mergulho, a cada Período, foram despertados em nós cada um dos nossos veículos divinos e nos dado o Átomo-semente de cada corpo, na seguinte sequência:
E, finalmente, no Período Terrestre, foi nos dado o Átomo-semente da Mente, nos possibilitando a funcionar conscientemente na Região Concreta do Mundo do Pensamento, individualmente e sendo o elo entre nós, o Ego, o Tríplice Espírito e os nossos corpos.
Apesar da narrativa na Bíblia não estar estritamente de acordo com os acontecimentos, ela nos fornece os principais fatos do maná místico que caiu do céu. Quando queremos aprender qual é a natureza desse chamado pão, devemos retornar ao sexto capítulo do Evangelho Segundo de São João, que relata como Cristo alimentou as multidões com pães e peixes, simbolizando a doutrina mística dos 2000 anos que Ele estava iniciando, pois durante essa época, o Sol, por Precessão dos Equinócios, estava transitando pelo Signo dos peixes, Peixes, e as pessoas foram ensinadas a se abster , pelo menos um dia durante a semana (sexta-feira) e em certa época do ano, das panelas de carne que pertenciam ao Egito ou à antiga Atlântida.
Foram dadas a água Pisciana na porta do templo, e a Hóstia Virginiana na mesa da comunhão diante do altar quando adoravam a Virgem Imaculada, representando o Signo celestial de Virgem (que está em Oposição ao Signo de Peixes), e que entraram em comunhão com o Sol gerado por ela.
Cristo também explicou, naquela época, em uma linguagem mística, mas inconfundível, que o pão vivo ou maná era, nomeadamente, o Ego. Essa explicação é encontrada nos versículos 33 e 35, onde lemos: “porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. (…) “Eu sou o pão da vida”. Esse, então, é o símbolo do Pote de Ouro do Maná que se encontrava na Arca. Esse maná é o Ego ou Espírito Humano, que dá vida aos organismos que nós observamos no Mundo Físico. Encontra-se escondido dentro da Arca de cada ser humano e o Pote de Ouro, ou Corpo-Alma ou a “Veste Nupcial”, também se encontra latente dentro de cada um. Ele se torna mais consistente, brilhante e resplandecente pela alquimia espiritual quando o serviço é transmutado em crescimento anímico. É a casa não construída por mãos, eterna nos céus, com a qual São Paulo desejava estar vestido, como disse na Epístola aos Coríntios. Todo aquele que se esforça em ajudar seus semelhantes, desse modo, acumula dentro si esse tesouro de ouro que é depositado no céu, onde nem a traça nem a ferrugem podem destruí-lo.
“Em verdade, em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu; porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo. “Pois o pão do Senhor é o que desceu do céu e trará Luz para o mundo… Eu sou (Ego Sum) o pão da vida.” (Joa 6; 33-35)
Nesse trecho do sexto capítulo do Evangelho de São João vemos como o Cristo explicou, em linguagem mística, mas clara, que o pão vivo ou maná, na verdade era o Ego:
“Pois o pão do Senhor é o que desceu do céu e trará Luz para o mundo… Eu sou (Ego Sum) o pão da vida“.
Este é o símbolo do Maná que se encontrava na Arca.
Este maná é o Ego, que dá vida aos organismos que vemos no Mundo Físico.
Encontra-se oculto dentro da Arca de cada ser humano.
Portanto, a palavra “maná” não significa o pão que veio do céu, mas o pensador, o Ego, que desceu das esferas superiores.
Na Arca está o pensador, e ele está sendo levado para o Templo do Deserto durante o presente estágio de sua evolução.
Colocar o Maná dentro da Arca, comemora o tempo quando nós, o Ego, entramos na forma (ou seja: conscientemente dentro dos nossos 3 Corpos, que havíamos construído durante os 3 Períodos e meio que passamos) e nos convertemos em um Espírito interno individual, que, com a Mente, nos convertemos em um pensador.
Com isso, descobrimos o que significa o Maná!
Agora, vamos estudar qual é o significado do Pote de Ouro que guardava o Maná.
Como vimos nos slides anteriores, o que é agora o Corpo Denso, nosso corpo físico, foi o primeiro veículo adquirido por nós como uma forma de pensamento; passou por um imenso período de evolução e organização até ter se tornando no esplendido instrumento que é agora, servindo-o tão bem aqui; mas é resistente, rígido e difícil de ser trabalhado.
O segundo corpo que adquirimos o Corpo Vital, que também passou por um longo período de desenvolvimento e foi condensado à consistência de éter.
O terceiro veículo, o Corpo de Desejos, foi comparativamente adquirido mais recentemente e acha-se num estado comparativo de fluxo.
Por fim, adquirimos a Mente, que é apenas como uma nuvem sem forma, não merecendo ser chamada de corpo, sendo ainda apenas uma ligação entre os nossos três corpos e nós, o Espírito, o Ego.
Esses três corpos, juntos com o vínculo da Mente, são as nossas ferramentas na nossa evolução, e, contrariamente à ideia comum, a nossa habilidade para investigar os reinos superiores não depende dos mais sutis desses corpos tanto quanto do mais denso.
Vejamos o Corpo Vital: ele é a base da memória, sem a qual seria impossível trazer de volta à nossa consciência física as lembranças das experiências suprafísicas e delas obter, assim, total benefício. Ele é formado átomo por átomo como o nosso Corpo Denso, mas até estar treinado pelos exercícios esotéricos ele não é um instrumento adequado para funcionar sozinho. Já o nosso Corpo de Desejos tem apenas um certo número de centros sensoriais que não são realmente ativos na grande maioria das pessoas, e quanto à Mente, ela é uma nuvem sem forma para a grande maioria.
Assim, deveríamos compreender que temos que treinar nosso corpos superiores antes que possam ser de utilidade para investigar os reinos superiores. E a melhor forma de fazer isso é cumprirmos com as obrigações que estão ao nosso alcance. Assim apressamos o dia em que estaremos capacitados a usar os veículos superiores, pois esse dia depende somente, e tão somente, de nós.
A Filosofia Rosacruz nos ensina que todo desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital e a Repetição é a palavra-chave desse corpo.
Ele é composto de 4 Éteres: dois inferiores – Éter Químico (necessário para a assimilação e excreção) e Éter de Vida (promove o crescimento e a propagação) – e dois superiores – Éter Luminoso (veículo da percepção pelos sentidos) e Éter Refletor (o receptáculo da memória).
A parte do Corpo Vital formada pelos dois Éteres superiores é a que podemos chamar de Corpo-Alma.
No Tabernáculo do Deserto as principais verdades ensinadas agora pela Fraternidade Rosacruz, com respeito ao Corpo Vital, eram dadas ao aspirante à iniciação.
“Um impacto muito pequeno é feito sobre o Corpo Vital quando ideias e ideais nele penetram através do invólucro da aura, mas o que ele recebe de estudos, sermões, conferências ou leituras é de natureza mais duradoura, e muitos impactos na mesma direção criam impressões poderosas para o bem ou para o mal segundo sua natureza.”
No Tabernáculo, o aspirante à Iniciação sabia que todas as funções do Corpo Denso exclusivamente animal dependiam da densidade dos dois Éteres inferiores do Corpo Vital e que os dois Éteres superiores compunham o Corpo-Alma: o veículo do serviço nos Mundo invisíveis.
Assim, ele aspirava cultivar esse glorioso traje pela auto-abnegação, refreando as tendências da natureza inferior pela força de vontade, exatamente da maneira como fazemos hoje.
Notem uma coisa muito interessante: para os nossos Corpos e a Mente, nós os recebemos como Átomo-semente e daí os desenvolvemos até esse estágio. Para o Corpo-Alma é diferente: construímos ele desde o princípio, a partir dos 2 Éteres Superiores do Corpo Vital.
Todas as nossas observações, aspirações, nosso caráter, etc., são devidos ao nosso trabalho nos dois Éteres superiores, que se tornam mais ou menos luminosos de acordo com a natureza de nosso caráter e hábitos. Também, do mesmo modo que o Corpo Denso assimila partículas de alimento e assim adquire carne, os dois Éteres superiores assimilam nosso bem agir durante a vida e assim crescem em volume.
“De acordo com nossos feitos nessa vida atual aumentamos ou diminuímos desse modo a bagagem que trouxemos ao nascer. Se nascemos com um bom caráter, expresso nesses dois Éteres superiores, não nos será fácil mudá-lo porque o Corpo Vital tornou-se muito, muito firme durante os milhões de anos em que o desenvolvemos. Por outro lado, se fomos frouxos, negligentes e indulgentes em relação aos hábitos que consideramos maus, se formamos um mau caráter em vidas anteriores, aí vai ser difícil superá-los porque isso estabeleceu a natureza do Corpo Vital, e anos de constante esforço serão precisos para mudar sua estrutura. É por isso que os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental afirmam que todo desenvolvimento místico tem início no Corpo Vital.”
Observem bem isso: cada vez que prestamos serviço a alguém nós aumentamos o brilho de nosso Corpo-Alma. Portanto, Pote Dourado simboliza o Corpo-Alma o “Dourado Manto Nupcial”, que se encontra também latente dentro de cada um.
“Ele torna-se mais consistente, brilhante e resplandecente pela alquimia espiritual, quando o serviço é transmutado em crescimento anímico. É a casa não construída pelas mãos, eterna nos céus, vestimenta com a qual Paulo desejava ardentemente estar revestido, como disse na Epístola aos Coríntios. Todo aquele que se esforça em ajudar sem interesse seu semelhante acumula tesouros. no céu, onde nem a traça nem a ferrugem podem destruí-los.”
Só o trabalho aqui, estando encarnado, na Região Química do Mundo Físico, cumprindo com as nossas obrigações que assumimos conscientemente, quando estávamos para renascer, no Terceiro Céu, fará com que o Corpo-Alma cresça.
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
A Arca da Aliança é importante e repleta de grande significância mística, merecendo nossa atenção, que o aroma do serviço voluntário seja representado como uma doce fragrância perfumada de incenso, enquanto o odor do pecado, do egoísmo e das transgressões da lei, representado pelo sacrifício compulsório no Altar do serviço, é nauseante. Não se precisa, pois, de muita imaginação para compreender que a nuvem de fumaça, que subia continuamente das carcaças queimadas dos animais sacrificados, exalava um cheiro nauseante, forte e muito ruim para mostrar a destacada repugnância disso, enquanto o contínuo incenso oferecido no Altar, antes do segundo véu, por antítese, mostrava a beleza e a sublimidade do serviço altruísta, exortando o Maçom Místico, como um filho da luz, a deliberadamente evitar um e a continuar a acreditar firmemente no outro.
Também é bom deixar bem claro que o serviço não consiste, somente, em realizar grandes feitos. Alguns que são chamados de heróis foram, em suas vidas cotidianas, bons e simples, e se destacavam apenas nas ocasiões em que era necessário. Os mártires foram inseridos no calendário dos santos porque morreram por uma causa; entretanto, o maior heroísmo, o grande martírio é, às vezes, fazer as pequenas coisas que ninguém nota e se sacrificar no serviço simples aos outros.
Vimos, anteriormente, que o véu na entrada do pátio exterior e o véu em frente à Sala Leste do Tabernáculo eram confeccionados em quatro cores – azul, vermelho, púrpura e branca. Porém, o segundo véu, que dividia a Sala Leste do Tabernáculo da Sala Oeste, diferia em relação à caracterização dos outros dois. Foi forjado com as figuras dos Querubins. Porém, não consideraremos o significado desse fato até que abordemos o assunto da Lua Nova e da Iniciação, mas agora examinaremos o segundo recinto do Tabernáculo, a sala ocidental, chamado de Santíssimo ou Santo dos Santos. Atrás do segundo véu, nessa segunda sala, nenhum mortal poderia passar a não ser o Sumo Sacerdote e, mesmo assim, era permitido a ele entrar somente uma vez por ano, a saber, no Yom Kippur, no Dia da Expiação, e somente após a mais solene preparação e com o maior reverente cuidado. O Santo dos Santos era revestido com a solenidade de outro mundo; estava repleto de uma grandeza sobrenatural. O Tabernáculo inteiro era o santuário de Deus, mas, aqui nesse local estava a certeza absoluta da Sua presença, a morada especial da Glória Shekinah, e qualquer ser mortal tremia ao se apresentar dentro desses recintos sagrados, como deveria acontecer com o Sumo Sacerdote, no Dia da Expiação.
No Livro do Êxodo, na Bíblia, em 25:10-22 e 37:1-9 lemos: “Fareis uma arca de madeira de acácia; seu comprimento será de dois côvados e meio, sua largura de um côvado e meio, e sua altura de um côvado e meio. Tu a recobrirás de ouro puro por dentro, e farás por fora, em volta dela, uma bordadura de ouro. Fundirás para a arca quatro argolas de ouro, que porás nos seus quatro pés, duas de um lado e duas de outro. Farás dois varais de madeira de acácia, revestidos de ouro, que passarás nas argolas fixadas dos lados da arca, para se poder transportá-la. Uma vez passados os varais nas argolas, delas não serão mais removidos. Porás na arca o testemunho que eu te der.
Farás também uma tampa de ouro puro, cujo comprimento será de dois côvados e meio, e a largura de um côvado e meio. Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto, e protegerão com elas a tampa, sobre a qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho que eu te der. Ali virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens para os israelitas.”
A Arca da Aliança ficava na parte mais ocidental da Sala Oeste (o Sanctum Sanctorum), extremo oeste de todo o Tabernáculo. Era um receptáculo vazio que continha o Pote de Ouro do Maná, a Vara de Aarão que floresceu e as Tábuas da Lei, que foram dadas a Moisés. Enquanto essa Arca da Aliança permanecia no Tabernáculo no Deserto, as duas varas ficavam colocadas sempre dentro dos quatro anéis da Arca, para que ela pudesse ser levantada e transportada a qualquer momento. Mas, quando a Arca finalmente foi transportada para o Templo de Salomão, as varas foram retiradas. Isso tem um significado simbólico de grande importância. Sobre a Arca pairavam os Querubins, e entre eles habitava a não criada glória de Deus.
“Aqui”, disse Ele a Moisés, “Eu virei a ti, e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel.”[1].
A glória do Senhor, vista acima do Propiciatório, tinha a aparência de uma nuvem. O Senhor disse a Moisés: “Fala a Aarão teu irmão: que ele não entre em momento algum no santuário, além do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca. Poderá morrer, pois apareço sobre o propiciatório, em uma nuvem”[2].
Essa manifestação da divina presença foi chamada entre os judeus de Glória Shekinah. Sem dúvida, sua aparência era de uma maravilhosa glória espiritual, da qual é impossível formar qualquer concepção adequada.
Fora dessa nuvem, a voz de Deus era ouvida com uma profunda solenidade quando Ele era consultado em prol do povo.
Quando o Aspirante tinha se qualificado para entrar nesse local, atrás do segundo véu, ele encontrava tudo escuro (aos olhos físicos), e era preciso que ele tivesse outra luz, interior. Quando ele chegou pela primeira vez ao portão oriental do Templo, estava “pobre, nu e cego”, pedindo LUZ. Então, lhe foi mostrada a luz fraca que surgia na fumaça acima do Altar do Sacrifício, e lhe disseram que ele deveria desenvolver, para avançar, dentro de si mesmo essa chama, resultado do remorso pelas transgressões à Lei. Mais tarde, ele recebeu a luz mais brilhante na Sala Leste do Tabernáculo, que procedia do Candelabro de Sete Braços; em outras palavras, ele recebeu a luz do conhecimento e da razão para que por ela pudesse avançar, ainda mais, no caminho. Contudo, era necessário que ele desenvolvesse, dentro de si e ao seu redor, pelo serviço, outra luz, o “Traje de Bodas” dourado, que também é a luz do Cristo do Corpo-Alma. Por meio de vidas dedicadas ao serviço, essa gloriosa essência da alma penetrava, gradualmente, em toda a sua aura até ficar envolta por uma luz dourada. Só quando tivesse desenvolvido essa luz interna, ele poderia entrar nos recintos sombrios do segundo Tabernáculo, como às vezes é chamado, o Santo dos Santos.
“Deus é luz; se andarmos na luz como Ele está na luz, seremos fraternais uns com os outros.” Isso geralmente é usado para indicar apenas a Fraternidade dos Santos, mas, de fato, se aplica também à Fraternidade que temos com Deus. Quando o Discípulo entra no segundo Tabernáculo, a LUZ dentro de si vibra com a LUZ da Glória Shekinah entre os Querubins, e ele realiza a Fraternidade com o Fogo do Pai.
Assim como os Querubins e o Fogo do Pai, que pairavam sobre a arca, representam as Hierarquias Divinas que guiavam a humanidade durante sua peregrinação pelo deserto, assim também a Arca que era encontrada ali representava o ser humano em seu desenvolvimento mais elevado. Havia, como já foi dito, três coisas dentro da Arca: o Pote de Ouro do Maná, o Bastão que floriu e as Tábuas da Lei.
Quando o Aspirante estava no portão oriental como filho do pecado, a lei estava fora dele, como orientador para trazê-lo a Cristo. Exigia com severidade implacável um “olho por olho e dente por dente”. Cada transgressão trazia uma recompensa justa, e o ser humano estava circunscrito por todos os lados por leis que o ordenavam a fazer certas coisas e a não fazer outras. Contudo quando, por meio de sacrifício e serviço, ele finalmente chegou ao estágio de evolução representado pela Arca na sala ocidental do Tabernáculo, as Tábuas da lei estavam dentro dele. Então, ele se emancipou de toda a interferência externa em suas ações – não que ele infringisse alguma lei, mas porque ele trabalhava com elas. Assim como aprendemos a respeitar o direito de propriedade dos outros e, portanto, nos tornamos emancipados do mandamento “Não furtarás”, também aquele que guarda todas as leis, porque deseja fazê-lo, não precisa mais de um orientador externo, mas de bom grado obedece em todas as coisas, porque ele é um servo da lei e trabalha com ela, por escolha e não por necessidade.
[1] N.T.: Ex 25:22
[2] N.t.: Lv 16-2
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Que as rosas floresçam em vossa cruz
Para entrar na Sala Oeste propriamente dito também há um véu que pende. Essa Sala Oeste do Santuário,também é chamada de Santos dos Santos (Sanctum-Sanctorum).
Vimos, anteriormente, que o véu na entrada do pátio exterior e o véu em frente à Sala Leste do Tabernáculo eram confeccionados em quatro cores – azul, vermelho, púrpura e branca. Porém, o segundo véu, que dividia a Sala Leste do Tabernáculo da Sala Oeste, diferia em relação à caracterização dos outros dois. Foi forjado com as figuras dos Querubins. Só que agora os Querubins não segurava mais em suas mãos a espada flamejante (como era quando fomos expulsos do Jardim do Éden); em lugar dela, segurava uma flor, um símbolo pleno de significado místico. Vamos a ele:
Se compararmos o ser humano com a flor perceberemos, então, a grande importância e significado desse emblema: A flor, contém o órgão gerador da planta. Seu verde pedúnculo leva a seiva, o sangue vegetal, incolor e sem paixão. Realiza a fecundação da maneira mais pura e casta. Seus órgãos reprodutores são projetados para cima, para o Sol. É um espetáculo de rara beleza ! Já, nós, os seres humanos revestimos nosso amor de paixão e temos os nossos órgãos sexuais, utilizados na geração, voltados para a terra, escondendo-os com vergonha devido a essa mácula de nossa paixão. Nós nos alimentamos pela boca e na direção de cima para baixo. A planta recebe alimento pelas raízes, forçando-o para cima. Por fim, nós exalamos o mortífero dióxido de carbono (CO2), enquanto a planta inala esse veneno, transmuta-o e devolve o puro, doce e perfumado oxigênio (O2).
Lembrando, então que no Livro do Gênesis encontramos a descrição da expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden por eles terem comido do fruto proibido da Árvore do Conhecimento do bem e do mal. Em conseqüência de seu pecado, os Querubins montam guarda diante do portão, brandindo uma espada flamejante para impedir que o ser humano, por meio do acesso à Árvore da Vida, possa adquirir os segredos do Corpo Vital e aprender, desse modo, a imortalizar sua imperfeita forma física. Agora, no segundo Véu (aquele que dá acesso à Sala Oeste), os Querubins não seguram mais em suas mãos a espada flamejante. Em lugar dela, segura uma flor, um símbolo pleno de significado místico, como vimos. Isso retrata a conquista de um Iniciado, cujo corpo está misticamente descrito como um jardim florido. Nesse jardim, os dois principais centros de flores são o coração, a estrela diurna do corpo, e a glândula pituitária, o mais elevado dos dois centros espiritualizados da cabeça. E para chegarmos a isso temos que praticar a pureza nos nossos pensamentos, sentimentos, palavras e atos. E como iniciamos isso? Parando de gerar destino ruim. Praticando os exercícios descritos na última parte do Conceito. Persistência, persistência e persistência. Eis a chave para a nossa conquista!
Examinemos o segundo recinto do Tabernáculo, a sala ocidental, chamado de Santíssimo ou Santo dos Santos (Sanctum Sanctorum). Atrás do segundo véu, nessa segunda sala, nenhum mortal poderia passar a não ser o Sumo Sacerdote e, mesmo assim, era permitido a ele entrar somente uma vez por ano, a saber, no Yom Kippur, no Dia da Expiação, e somente após a mais solene preparação e com o maior reverente cuidado. O Santo dos Santos era revestido com a solenidade de outro mundo; estava repleto de uma grandeza sobrenatural. O Tabernáculo inteiro era o santuário de Deus, mas, aqui nesse local estava a certeza absoluta da Sua presença, a morada especial da Glória Shekinah, e qualquer ser mortal tremia ao se apresentar dentro desses recintos sagrados, como deveria acontecer com o Sumo Sacerdote, no Dia da Expiação.
A Sala Ocidental do Tabernáculo era tão escura como os céus quando o luminar menor, a Lua, está no lado ocidental dos céus, ao entardecer, junto com o Sol; isto é, na Lua Nova, que inicia um novo ciclo em um novo Signo do Zodíaco.
A Sala Oeste é o umbral da Libertação. Através dele, seremos conduzidos a reinos mais elevados, onde um maior desenvolvimento anímico poderá ser conseguido alcançar.
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Iniciação Antiga e Moderna – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz