As Relações Humanas e o Estudante Rosacruz
Desde meados do século passado, com a entrada do Sol na órbita de influência de Aquário, pelo movimento da Precessão dos Equinócios, iniciou-se o evento da Nova Era, do elemento Ar, do intelectual e renovador Aquário. A par das conquistas de tudo que se relaciona com o ar, com o Éter (eletricidade, máquina a vapor, aviação, rádio, televisão, desintegração atômica, conquista e aparelhos espaciais), há em tudo e em todos um anseio de renovação, de autoafirmação, da revisão de todas as normas sociais à luz da razão e do direito humano. A isso muitos chamam de crise; mas nós, de renovação prevista pelos Astros. Pouco a pouco impõe-se o reconhecimento de que somos Espíritos, filhos de um Pai comum, Deus; portanto, irmãos em realidade e essência.
Os Irmãos Maiores prepararam a valorização do ser humano com a Revolução Francesa. Hoje, em várias partes do mundo vemos movimentações, manifestações, conquistas, leis e outros processos que demonstram a necessidade da eliminação do preconceito racial (seja de conceito de raça – branca, negra, amarela, vermelha – se entende) e muito já se conseguiu. Todos lutam pela igualdade humana, em bases democráticas nas relações humanas. Todos sabem que a base foi firmada pela pedra angular da nossa construção individual e social, o Cristo, quando disse: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Sem essa prática, nada é satisfatório nas relações humanas.
O egoísmo, em suas múltiplas manifestações, como a Hidra de cem cabeças da mitologia, bloqueia e limita a natureza espiritual do ser humano para tirar-lhe preciosa porcentagem de experiência na escola do mundo. É preciso que o Estudante Rosacruz reconheça e comece a trabalhar pelo altruísmo, pela renúncia de si mesmo em favor dos outros, a fim de eliminar o egoísmo limitador.
A compreensão das próprias limitações é o primeiro passo para a libertação, o caminho à tolerância e à verdadeira renúncia Cristã. É uma questão de apenas desviar o olhar crítico para dentro de nós próprios e passar a observarmos sincera e imparcialmente como pensamos e sentimos a cada reação exterior, fazendo o balancete diário no exercício noturno de Retrospecção.
Ora, o maravilhoso do tapete humano são justamente as diferenças de cor e forma de seus fios humanos; essa heterogeneidade de indivíduos, com seus defeitos e virtudes; aí é que está a escola com todas as espécies de provas e incentivos. E os Anjos (também chamados de Senhores) do Destino, junto a Seus auxiliares, incumbem-Se de entrelaçar as coisas para atender a necessidade de cada indivíduo ou grupo social. Quem poderia pretender um tapete branco? É puro e é bonito; mas por enquanto nos cansa, se olhamos muito tempo. A harmonia musical e constante enfada. A cor e a desarmonia precisam aparecer para movimentar e nos exercitar a alma em formação. Olhemo-nos, pois, como indivíduos separados; vejamos nossa esposa e filhos, cada qual como um indivíduo, tendo algo de si mesmo. Não pretendamos nessa Era impor aos outros nosso ponto de vista. A orientação deve ser racional para ser eficaz.
O ser humano está ligado ao meio social de diferentes maneiras, porque essencialmente, por nossa natureza crística, coesora (Vênus e Urano), saímos juntos do Pai e não podemos nos separar, tendo necessidade um do outro. Pode-se dizer que é a busca da natureza biológica e de uma necessidade evolutiva, em todos os sentidos. Que seja. O fato é que, no transcurso de sua evolução cada Espírito foi desenvolvendo seu próprio modo de ser, foi potencializando os atributos divinos e herdados (vontade e poder, amor e sabedoria, atividade) diferentemente, segundo as experiências por que passava, sempre diferentes das de seus irmãos e de suas irmãs em alguma coisa. Isso lhe foi formando uma individualidade.
Assim, hoje temos uma sociedade maravilhosamente formada com indivíduos de profissões, tendências e habilidades variadas, em que aprendemos pela prática e observação o que jamais seria possível numa linha puramente individual. Essa sociedade nos proporciona conforto, alimento, experiência, provas e tudo o mais de que necessitamos como Espíritos peregrinos.
Todos nós somos devedores e credores uns dos outros; devedores pelo que recebemos todos os dias, até o amargor (pois a Lei de Consequência é justa e até o aparente mal é um bem em gestação) e credores pelo que damos de nossa deidade inimitável. O ser humano precisa do próximo. É o único ser desamparado, quando pequeno (e, às vezes, até mesmo grande), pois os animais irracionais têm a orientação de seu Espírito-Grupo, que a ciência chama de instinto.
Desde que nasce, o ser humano precisa de proteção e orientação dos pais, dos professores, dos amigos… Por isso, formamos, no transcurso da história humana, os diferentes grupos sociais: a família, a escola, a Igreja, o Estado, etc. A família é agrupada pelos Anjos; os Anjos Arquivistas (também chamados de Anjos ou Senhores do Destino) reúnem os Egos cuja relação prévia (em vidas anteriores) atraem de novo uns aos outros.
Os cônjuges ficam ligados toda a vida pelo Éter de Vida que trocam no abraço matrimonial. Por isso, a Bíblia diz que “o que Deus une não o desuna o ser humano”. É fato. Só pela morte de um dos cônjuges essa ligação é desfeita, por mais que fisicamente não estejam mais juntos.
Os filhos ficam ligados aos pais pelo sangue, pela essência dos pais na glândula timo, até a puberdade. Depois começam a se individualizar, pois esse vínculo domina, em certa extensão maior ou menor, os rasgos individuais. A família é a célula máter da sociedade.
A Escola pública e coletiva foi estabelecida com o tempo para repartir os conhecimentos humanos que foram acumulados e sistematizados mediante as experiências do nosso passado, a fim de atualizar nossos filhos em todas as conquistas humanas.
Na Atlântida, em virtude da maior sujeição do Ego ao sangue de seus ascendentes, porque só havia casamento dentro da mesma família (endogamia), bastava evocar à imaginação vívida e sensível da criança as experiências de seus ascendentes e dos heróis nacionais para atualizá-la nos conhecimentos. Esse hábito de veneração aos heróis e ascendentes foi conservado mesmo depois de abolida a endogamia e constituiu o método dos romanos, já sem fundamento.
Hoje, pelas conquistas modernas que aproximaram os seres humanos (rádio, literatura, televisão, navios, aviões, telégrafo, automóveis, etc.) podemos dar quase que em iguais condições programas de ensino às crianças do mundo inteiro. E o respeito aos pais e aos dirigentes do município, do estado, do país e outros líderes se funda em bases racionais, pelo que de Cristão podem realizar. Daí a desilusão a muitos de nossos líderes.
A Religião correspondeu a um anseio do ser humano que, após a chamada queda, sentiu o afastamento de seus antigos guardiães, obscurecida que lhe foi a visão, com o clareamento da atmosfera pós-atlante, com a bebida alcoólica, o abuso sexual e a eliminação da endogamia. Sempre sentiu a evidência de algo superior a que se identifica e a que tem necessidade de reunir-se. Por isso a Religião (religação). Quem ensinou o primitivo a adorar o Sol, a Lua, o fogo, senão esse chamado interior? À medida que evoluiu, foi conscientemente se apropriando de concepções mais altas de Deus e tornando sua religião mais racional. Respeitamos, pois, todos os estágios religiosos, que passaram da adoração de fetiches e elementos naturais para, entre os Semitas Originais, o Tabernáculo do Deserto e, mais tarde, por Hiram Abiff, para o Templo de Salomão, o Cristianismo Popular e, finalmente, hoje se expressa no Cristianismo Esotérico muito bem demonstrado no Símbolo Rosacruz até que tenhamos encontrado o Cristo em nós mesmos e por meio d’Ele possamos adorar a Deus em Espírito e Verdade.
O Estado surgiu das necessidades do agrupamento humano. Cada grupo, segundo seu estágio evolutivo, concebeu suas normas de conduta, suas escolas, seus serviços públicos, etc. Na Época Atlante, os líderes dos povos eram Reis preparados e formados pelos Senhores de Vênus (os dirigentes sociais) e pelos Senhores de Mercúrio (que eram os seus Iniciadores). Eram, pois, Reis e Sacerdotes, Sábios e Santos a dirigir com justiça seus povos. Contudo, depois se tornaram soberbos e déspotas, quando deixados por esses mensageiros divinos e entregues a seus próprios recursos. Isso começou a ocorrer no meio da segunda fase da Época Atlante, quando o povo sofreu muito com trabalhos forçados e escravidão até que aprendeu a defender seus direitos. Todos conhecem a história antiga, o feudalismo, a história moderna e o que sucedeu a cada povo; como viviam, como eram explorados para pagar impostos altíssimos e quão pequena a retribuição em benefícios que o povo recebia. Hoje caminhamos vertiginosamente por uma intervenção evidente dos Senhores do Destino e pela ação dos Irmãos Maiores em todos os campos, por inúmeras inovações rumo à Era de Aquário, em que teremos uma sociedade ideal e fraternal. Nós, Estudantes Rosacruzes, temos serena e absoluta confiança no futuro da humanidade e fazemos nossa parte o melhor que podemos, certos de que ela tem sua valia e função.
Todavia, o importante não é apenas conhecer tudo isso e, sim, a reforma de cada Aspirante Rosacruz. Ele precisa ataviar-se para esse estado futuro. Ele precisa rever tudo o que tem dentro de si, reformular sua vida, reformar o que está errado, à luz dos conhecimentos Cristãos esotéricos, expostos pela Filosofia Rosacruz. É preciso lembrar: a quem mais se dá, mais se lhe exige. O conhecimento é dado para que cada um comece a viver uma vida mais digna. Se não procuramos ser melhores para nos convertermos em canais conscientes de ajuda do alto, para auxílio ao próximo e reforma do meio social, pelo método silencioso do exemplo sadio, da convicção irremovível que não se abala com os rumores e pessimistas previsões, se não se tem esse sincero propósito, é melhor não continuar, porque a Lei de Consequência cobra na medida da consciência.
No entanto, a questão não é apenas pessoal. Começa por nós, de dentro para fora, sim; mas, por reflexo natural e lógico, nosso progresso tem de expressar-se no modo como tratamos nossa esposa, nosso marido, como orientamos nossos filhos, como agimos no trabalho e no meio social tratando os nossos irmãos e irmãs do nosso entorno. A vida e a evolução nos pedem novos métodos, atualização constante em todos os sentidos. Eis porque São Paulo, o Apóstolo, dizia que morria todos os dias: algo de inferior morria e algo de novo e melhor nascia, numa renovação constante, caminho à incorruptibilidade.
Contudo, voltamos a afirmar, essa evolução tem de ser firmada de maneira cristã; isto é, em humildade e amor, pois pode ocorrer que nos julguemos santos, superiores e nos consideremos deslocados em um meio de pecadores… Max Heindel afirmou que a adaptabilidade é a chave da evolução em todos os tempos, desde o início do Período de Saturno. Adaptar-se não é macular-se do que há de errado no meio social, não é fazer o que os outros fazem para agradá-los. Adaptar-se é identificar-se com o que há de bom em tudo. Isso pressupõe discernimento elevado, vontade de compreender os outros, procurar o que há de bom, esquecer o que há de mal e prudentemente defender-se. Lembram-se daquele exemplo do Cristo e dos Discípulos diante do cadáver em putrefação de um cachorro? Ele procurou e achou algo bonito em que tudo parecia feio, porque sabia dos benéficos efeitos em nossos Corpos e no Mundo do Desejo, quando criamos algo bom, pensamos no bem, sentimos nobremente e, sobretudo, agimos coerentemente com esses impulsos internos, porque os pensamentos e emoções não expressos em atos são estéreis.
Isso não é tão difícil como parece. O perigo é olhar para trás — lembrar-se e desejar o que seus antigos vícios suscitam. Quem toma o arado não deve olhar para trás. Deixem que os mortos enterrem seus mortos.
A natureza divina em nós reclama alimento puro. Basta que tenhamos vontade de desejar melhorar e as forças da luz nos encaminharão à fonte, como a agulha magnética da bússola em busca do norte. É uma questão de vibração uníssona. Basta desejar mesmo, persistentemente. “Buscai e acharás; pede e ser-te-á dado; bate e ser-te-á aberta a porta”. Não são promessas vãs. É o Cristo quem as profere, ontem, hoje e sempre, dentro de nossas consciências. E ao achar o caminho, nós, que nele estamos e ainda não avaliamos bem a bênção que isso representa, a importância da oportunidade que nos está sendo dada, basta usar a vontade e adquirir o preparo. Cristo em nós, a vontade de melhorar, sempre, o preparo e, pronto, estamos munidos para o trabalho: ação, experiência, humildade e fé para continuar serenos, apesar das provas, que são reflexos de nossas falhas e da resistência do meio. Quem não reconhece energia nas vibrações da luz que penetra as trevas?
Preparo significa abrir as barreiras da nossa personalidade, eliminar o egoísmo, o que não é fácil, porque ele se disfarça muito bem de saudosismo ou sentimentos que julgamos desculpáveis. Enquanto não estamos limpos, agradeçamos as experiências, porque elas vêm para limpar; se você não tem coragem, então não venha! Ninguém pode seguir o Cristo, se não tomar sobre si a própria cruz de cada dia. Essa limpeza nos permitirá ver compreensiva e humildemente cada qual como Ele é e recebê-lO assim, não lhe exigindo mais do que pode dar. Ninguém pode exigir amor, se não sabe amar; nem perdão, se não sabe perdoar. O mais claro indício de nossos defeitos está nas provas que recebemos. Não sabendo amar, encontramos muitas pessoas que nos desamam. É um aviso. Para vencer a prova temos de aprender a amar.
A limitação individual está em ordem inversa ao preparo interno. Quando amamos e crescemos em conhecimento, o coração dá intuição à sabedoria para penetrar as pessoas e avaliar-lhe o grau interno, de modo a assegurar em nossa mútua relação um perfeito entendimento, porque sabemos como devemos tratá-las e como ajudar. O conhecimento, sozinho, torna-nos vaidosos e intolerantes. É muito comum entre nós julgar alguma coisa pelo que já sabemos e, em vez de melhorar a vida, arranjamos discordância no lar, exigindo da mulher e dos filhos o que não podem dar. Acabam, então, os familiares, antipatizando-se com a Fraternidade Rosacruz, julgando ser ela um obstáculo à felicidade do lar. Não é! É falha do Estudante; isto, sim! É-nos ensinado o equilíbrio entre a Mente e o Coração. Atentem bem a isto, enquanto é tempo de conquistar os seus no seu entorno; primeiramente, ao estudo; depois, exemplificando pacientemente e esclarecendo para que possam amar e seguir o que, sendo bom para nós, desejamos para os outros, principalmente para os próximos de nós.
O desenvolvimento unilateral é falho. Vejam as doutrinas sociais que sobem e caem, porque atendem apenas a uma coisa, sem levar em conta que o ser humano é um ser complexo que exige, para total satisfação, desenvolvimento moral, intelectual, liberdade e justiça, sobretudo amor e cuidados físicos. Temos necessidade de conhecimentos, de vivência moral, senso de ética, carência de boa alimentação e higiene; mas, para entender precisamente tudo isso em nós, precisamos primeiro nos conhecer. Por isso, nos antigos templos de mistério havia aquela frase: “Ser humano, conhece-te a ti mesmo”. E o Cristo reitera: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”, em um sentido mais amplo. Estamos na Fraternidade Rosacruz. Sabem o que isso representa, o que devemos fazer para nós e para os outros, o esforço que isso exige, a renúncia que reclama, a decisão que devemos tomar? Renovação! Regeneração! Sinceridade! Altruísmo! Pensem muito nisso e ajam, se estão dispostos a honrar as heranças sociais e o chamado espiritual do Cristo dentro de nós.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho de 1965 – Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP)
Sabemos que a Lei de Consequência ou Lei de Causa e Efeito não apenas determina nosso estado individual de saúde física e mental, mas também as relações que constituem nossos ambientes. Porém, se deixarmos o prisma de percepção subjetiva (o de sofrimento e doença pessoal) e enxergarmos a ação dessa Lei num contexto mais abrangente, vemos que podemos trabalhar com ela de dois modos nas situações que enfrentamos na nossa vida.
Vamos a uma situação hipotética para ilustrar os dois modos: em um renascimento passado, uma pessoa estava tão voltada para si que acabou por negligenciar conforto, simpatia, amor e amizade àqueles que eram seus dependentes. Tal atitude provocou uma desarmonia que deverá ser, então, reequilibrada. Dessa situação, duas possíveis e genéricas condições futuras poderão restabelecer a harmonia do universo.
Na primeira situação, o Ego faz a decisão de pagar pela negligência cometida – escolhendo no Terceiro Céu, quando já está para “descer” para um novo renascimento – renascendo com um desejo ardente de receber grande simpatia e conforto de seus familiares, ou seja, com uma forte carência afetiva. Nessa opção, nasce em um ambiente que para ele, sob o seu ponto de vista, é cercado de pessoas que sofrerão a tentação de negligenciá-lo, para também sentir o que fez outros sentirem no passado. Os Anjos do Destino, que estão acima de todo erro, sabem fazer isso com sabedoria que está, atualmente, fora do nosso alcance. Note: isso é como ele “vê” tais pessoas. Para outros, tais pessoas são amáveis e prestativas. Um estudo dos horóscopos envolvidos aclara muito tais situações.
Não há fórmulas certas e não possuímos a capacidade de entendimento suficiente para determinar, com certeza, os meios pelo qual a Lei de Consequência busca harmonizar os desequilíbrios que um Ego gerou. Contudo, conforme ensinado por Max Heindel no capítulo 6 do livro “A Teia do Destino”, cada ato de cada indivíduo produz uma determinada vibração no universo, que reflui sobre ele e sobre outros ao seu redor. Utilizando o caso ilustrativo acima, é possível chegar numa indagação que constitui o título do presente artigo.
Contudo, se olharmos somente do ponto de vista coletivo, três perguntas surgem:
A melhor resposta para a pergunta (1) é, obviamente, que isso não poderia ocorrer, já que a toda Causa deve gerar um Efeito e o fato das pessoas da família negligenciar o Ego devedor faria com que essas pessoas gerassem uma Causa cujo Efeito será danoso para elas, já que todo relacionamento deve terminar em amor.
Isso complementa a resposta à pergunta (2), no entanto, cabendo ressaltar que o Ego devedor aqui também tem que terminar tais relacionamentos com amor, demonstrando que aprendeu a lição e, portanto, o ensino pode ser suspenso.
Já a resposta à pergunta (3) é logicamente “não”. Negligenciar pessoas em um relacionamento jamais é realizá-lo com amor. Portanto, a negligência em um relacionamento sempre significará que a lição ainda não foi aprendida e, portanto, o ensino não pode ser suspenso.
A Lei de Consequência ou de Causa e Efeito é necessária e suficiente para aprendermos todas as lições que precisamos, desde que saibamos trabalhar com ela e, no caso de relacionamentos, gerarmos Causas baseadas no amor incondicional que redundará em Efeitos de fraternidade entre as pessoas.
Acrescentando a isso ainda sempre temos uma margem significativa de livre arbítrio em cada situação vivenciada, independentemente de ela estar relacionada com nossas responsabilidades de débitos com a Lei. O fato de a família ter uma tendência de negligenciar o Ego, não significa que deverá fazê-lo. Pelo contrário, se usar sua Epigênese (originalidade sem relação com causas passadas) e se esforçar para não seguir tal tendência (ou tentação), poderá promover condições muito mais favoráveis para que esse Ego harmonize seus desequilíbrios.
Vamos a uma segunda situação de vida para esse Ego devedor: a família negligenciada pelo Ego escolhe renascer ao seu lado, com a tendência de amá-lo fortemente e dar para ele todo o carinho que ele não foi capaz de dar. Em outras palavras, ele receberá tudo aquilo que decidiu ignorar no passado. Aqui, o amor dos familiares será muito mais eficiente para fazer o Ego reestabelecer a harmonia necessária para que expie suas faltas. Afinal: “O amor é o cumprimento da Lei”. Esse é o fator determinante para que o progresso espiritual continue.
Assim, vemos que há muitos outros meios benéficos que o nosso livre-arbítrio possibilita para trabalhar com a Lei de Consequência, sem cair na amarra de não se chegar a um fim comum de harmonia. A Lei trabalha por meio da dor com o propósito de despertar a nossa consciência para outros focos da existência: o amor e o desapego material.
Trabalhar com amor, de modo original, para frente e para cima, nos permitirá que identifiquemos nossas tendências ou tentações que escolhemos sofrer nesta vida e, uma vez identificada, poderemos usar a Lei da Epigênese, para criar condições favoráveis para que as desarmonias do passado possam ser equilibradas pelo amor.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
A Lei e a Graça – Qual a relação entre elas e como utilizá-las no dia a dia?
Quando nós, Egos – Espíritos Virginais da onda de vida humana manifestados – entramos no Período Terrestre, o quarto Período do nosso esquema evolutivo, começou o trabalho de união entre o Ego e o seu Tríplice Corpo. O objetivo desse trabalho era modificar os Corpos para serem interpenetrados pela Mente, o veículo mais novo que hoje possuímos.
No Corpo Denso começamos a construir a fronte, para abrigar o cérebro, e dividir o Sistema Nervoso em Voluntário e Involuntário. Perceba que só com um Sistema Nervoso Voluntário é que adquirimos meios de estimular nosso Corpo Denso a realizar movimentos orientados por nós e não somente por impulsos externos.
No Corpo Vital as modificações foram feitas para que esse continuasse com a forma do Corpo Denso, criando, assim, cérebro vital e o Sistema Nervoso Voluntário e Involuntário vital (ou seja, idênticos aos do Corpo Físico, mas com material etérico). Também, o ponto da raiz do nariz da parte etérica e da parte física foram colocados na mesma posição relativa, ou seja, concentrizados.
No Corpo de Desejos efetuou-se uma divisão em duas partes: uma superior e outra inferior.
Com isso, as Hierarquias Criadoras, as que nos auxiliavam nas modificações e aquisições de novas ferramentas para utilização nos Mundos, puderam nos fornecer o seguinte:
Foi feita a divisão dos sexos. Metade da força sexual criadora foi utilizada para construirmos o cérebro e a laringe, órgãos indispensáveis para criarmos e nos expressarmos no Mundo Físico.
Estava criada a base para a nossa expressão individual. E com as modificações atmosféricas da Época Atlante, pudemos ver os objetos da Região Química do Mundo Físico com claridade e nitidez. Como diz a Bíblia: “Eles olharam-se, seus olhos foram abertos e viram que estavam nus.” (Gn 3:7).
Foi daí por diante que nos pudemos guiar a nós mesmo, aprendendo a ser independente, assumindo responsabilidade por nossos próprios atos.
Foi então que, exercitando todas essas faculdades recentes, aprendemos: o egoísmo, a ambição, a astúcia, a vingança e outros sentimentos afins.
Isso se tornou mais forte devido a união que ocorreu entre a parte inferior do Corpo de Desejos e a Mente. Fato ocorrido por causa do fraco domínio nosso, o Ego, sobre os corpos recém-adquiridos. Assim, o intelecto passou a ser dominado pelo Desejo. Assim, a tendência do nosso raciocínio passou a responder aos desejos inferiores de: egoísmo, vingança, ambição, astúcia e outros sentimentos semelhantes a esses.
Por outro lado, estávamos aptos a conquistar o Mundo Físico: tínhamos corpos que nos ajudavam a funcionar aqui e tínhamos a consciência incipiente para agir aqui. Agora precisávamos de métodos para discernir o bem do mal, para sobrepormos a tendência destrutiva que seria agir somente pelos desejos inferiores, para sentir desejos superiores conscientes estando aqui, no Mundo Físico.
Foi então que apareceu Jeová, o legislador, o que fornece leis apropriadas para um povo que recentemente recebeu novos corpos, preparando-o para um novo período de desenvolvimento.
Uma parte desse trabalho foi o de emancipar o intelecto do desejo. Para isso, Jeová criou as Leis e as transmitiu. Além delas, foram instituídas as Religiões de Raça, a Religião de Jeová. Para facilitar a assimilação e a orientação, Jeová dividiu a humanidade em raças e nações.
Esta é a Religião da Lei, prescrevendo penalidades por transgressões e antepondo o temor da lei aos desejos da carne.
Essa fase do trabalho de Jeová é feita partindo de fora, como dador de leis, e a lei, quando aplicada de fora; é como o feitor que nos obriga a fazer isto ou aquilo ou nos proíbe de fazer outras coisas.
Entretanto, sempre nos rebelamos contra ela, sendo necessário infligir a nós castigos severos para nos manter dentro da conduta moral desejada. As guerras entre nações e as pestes eram comuns, onde essas se puniam mutuamente por suas transgressões. Recorria-se às guerras e ao castigo pela escravidão para garantir a obediência, e o Antigo Testamento conclui prometendo às nações batidas que sangravam: “Nascerá o Sol da justiça e estará a salvação sob as suas asas. (Ml 4:2)”.
Contudo, as Leis de Jeová nos instigavam a sermos conquistadores, a praticar o “olho por olho, dente por dente”. A querermos ter tudo o que pudéssemos nesse Mundo Físico. Aí está a chave: o Mundo Físico. Afinal, o objetivo era a conquista do Mundo Físico.
Para isso, tivemos que mergulhar no Mundo Físico. Esquecer nossa origem divina. Fomos estimulados a adquirir bens. Quanto mais adquiríamos bens: terras, filhos, casas, dinheiro, mais tínhamos recompensas por termos sido obedientes às ordens dos Espíritos de Raça. Por outro lado, se transgredíamos e desobedecíamos aos mandamentos de Jeová, mais passávamos fome, ou éramos acometidos por pestes ou por outras calamidades de ordem material.
Não havia, sob o regime de Jeová, nenhuma promessa de paraíso, pois foi dito que “mesmo os céus pertencem ao Senhor, mas a terra Ele a deu aos filhos dos homens.”.
Com o objetivo de focarmos a consciência e o propósito da vida, conforme a necessidade da época mais aqui no Mundo Físico, foi nos dado alimentação especial: carne e bebidas alcoólicas. Com isso, nosso Corpo Físico foi se tornando mais rígido, mais cristalizado e a nossa atenção foi se voltando totalmente para o Mundo Físico.
Chegamos ao ponto de pensarmos que não existe outro Mundo senão somente esse aqui. Que não existe outro corpo senão somente esse aqui, o Corpo Denso.
Entretanto, conquistamos o Mundo Físico. Fizemos desse Mundo um paraíso. Exploramos todas as suas partes. Transformamo-lo num lugar agradável de se viver, com comodidades e luxos. Criamos e trabalhamos com os elementos do Mundo Físico, transformando-os para o nosso melhor viver.
Por outro lado, como consequência da desobediência a essas Leis, o pecado foi originado por nós. Como descrito na Epístola de São Paulo aos Romanos 7:7-8: “A lei é pecado? Longe disso. Mas eu não conheci o pecado, senão pela lei, porque não conheceria o desejo de coisas materiais se a lei não dissesse: não cobiçaras.” “sem a lei, o pecado estava morto”; mas como a proibição excita o desejo, o pecado encontrou nas proibições da lei um bom aliado.
Aos poucos fomos entendendo que as Religiões de Raça, a uma das quais estávamos apegados, eram religiões do medo e da obediência. Se transgredíssemos a lei, cometíamos pecado, que deveria ser expiado por meio de sacrifícios ou de sofrimento, de dor, de tristeza, da morte.
Assim, por meio do medo íamos subjugando o nosso Corpo de Desejos. Aos poucos, íamos entendendo que, uma vez compreendido que éramos um “eu individual”, separado dos outros irmãos e que deveríamos buscar a evolução sozinhos, deveríamos também respeitar os outros irmãos, deixando de sermos egoístas, ambiciosos, vingativos.
Aos poucos, também, fomos conquistando esse Mundo Físico, a ponto de atingir o nadir da materialidade – parte mais densa da Região Química do Mundo Físico que podemos chegar – onde pudemos utilizar tudo que esse Mundo Físico proporciona. Atingimos um desenvolvimento quase perfeito do nosso Corpo Denso!
Na parte espiritual, “aprendemos a adorar a Deus por meio do medo. Começamos a pressentir a presença de Deus através dos poderes da Natureza. Para agradá-lo, fazíamos sacrifícios externos e sangrentos.
Depois, começamos a considerar Deus como dador de todas as coisas, quem nos recompensaria aqui e agora se obedecêssemos a Sua Lei e, nos castigaríamos instantaneamente se a desobedecesse. Sabíamos que Ele era um poderoso aliado contra nossos inimigos, mas podia ser também um inimigo poderoso e, por conseguinte, também O temíamos. Os sacrifícios eram externos e sangrentos e os fazíamos por medo!”.
Por esse tempo, nós tínhamos acumulado uma quantidade enorme de pecado, como consequência da desobediência às Leis de Jeová. Nosso Corpo de Desejos estava quase que todo cristalizado, por estar repleto somente de materiais das Regiões inferiores do Mundo do Desejo. Estávamos quase todo tempo expiando nossos pecados por meio do sofrimento, da dor e da morte. Ao mesmo tempo, havia uma quantidade considerável de pessoas que extraíram todos os ensinamentos condizentes com aquela época e, vivendo uma vida voltada para Deus, ansiavam por maiores ensinamentos espirituais. No caminho da evolução, foi chegada a hora de começarmos retornar a Casa do Pai, agora cheio de experiências. Tal qual a Parábola do Filho Pródigo.
Essa foi uma das razões que tornou necessária a intervenção do Cristo.
Afinal, as Religiões de Raça são somente passos intermediários a fim de preparar-nos para a vinda Unificadora do Cristo, a Religião do Cristo, base da Fraternidade Universal.
O feitor torna-se o consolador.
A orientação à humanidade é alterada para: “Paz na Terra e boa vontade entre os homens”, ao invés de: “Nascerá o Sol da justiça e estará a salvação sob as suas asas.” (Ml 4:2)”, como recompensa às guerras e lutas entre as nações. E, ao invés de: “Olho por olho, dente por dente”, deveríamos praticar: “Amai os vossos inimigos”.
Cristo trouxe a possibilidade de qualquer um, desde que queira, ter acesso aos ensinamentos espirituais que explica todos os mistérios ocultos da natureza. Ele trouxe a possibilidade de entender a importância da união de todos os seres humanos numa única fraternidade. Ele limpou o Corpo de Desejos do Planeta Terra – que é no nosso Mundo do Desejo, dando-nos, com isso, material para que pudéssemos ter desejos superiores, espirituais, amorosos. Ele trouxe a possibilidade de adorar a um Deus de Amor e a sacrificar-nos por nós mesmos diariamente, toda a sua vida. E ainda, a possibilidade de reconhecermos nossa própria divindade, fazendo o bem pelo simples prazer de fazer, sem esperar recompensas nem castigo!
Esse é o tempo em que recebemos a lei dentro de nós e que não mais impelidos por meios externos. Como lemos em na Epístola de São Paulo aos Romanos 7:21-23: “Eu encontro, pois esta lei em mim: quando quero fazer o bem, o mal está junto a mim, porque me deleito na Lei de Deus, segundo o homem interior, mas vejo nos meus membros, outra lei que se opõe à Lei do Meu Espírito e, que me faz escravo da Lei do Pecado que está nos meus membros”. E na mesma Epístola 7:24: “Quem me livrará desse corpo de morte? A Graça de Deus por Jesus Cristo Nosso Senhor.”.
Sim, Cristo deu-nos a Graça e o Perdão dos Pecados. Como lemos no Evangelho Segundo São João (1:17): “Porque a Lei foi dada através de Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.”.
Mas, o que é a Graça?
A Graça é a presença de Deus em nós para nos tornar mais perfeitos e se manifesta em forma de amor paterno e de amizade. É a Graça que nos motiva a lutar contra a nossa natureza inferior, a equilibrar nossas emoções. É a consolação que nos torna mais humildes, corajosos e nos ajuda a renunciar a nós mesmos.
A Graça é:
Por meio da Graça encontramos forças e razão para nos contrapor:
É através da Graça que encontramos entusiasmo para seguir sempre para cima e à frente. É ela que nos anima a persistir, afinal, como diz Max Heindel: “o único fracasso é deixar de lutar”.
Assim: “todo aquele que, com o coração singelo dirige a sua intenção a Deus e se desprende de todo amor ou aversão desordenada a qualquer coisa criada, está bem disposto para receber a graça e digno de alcançar a devoção”. “E quanto mais perfeitamente alguém renuncia às coisas exteriores e morre a si mesmo, tanto mais depressa lhe advém a graça, mais copiosamente se lhe infunde e mais alto lhe ergue o coração livre”.
Como lemos no Livro de Isaías (60:5): “Então verá, terá alegria abundante e estará maravilhoso; o coração se dilatará, porque a mão do Senhor está com ele.”.
Junto à Graça, Cristo trouxe a doutrina do Perdão dos Pecados. Através disso é que temos força necessária para lutar, apesar dos repetidos fracassos para conseguir a subjugação da natureza inferior. A obtenção do Perdão dos nossos Pecados é feita através do arrependimento e da reforma íntima. Quando compreendemos o erro de certos hábitos e nos determinamos a eliminá-los ou a desfazer o mal feito, geramos aspirações para o bem que, em seu devido tempo, se traduzirão em retidão. O exercício de Retrospecção é o melhor meio de praticar essa doutrina.
Graça e Perdão dos Pecados nos ajudam nesse retorno à casa do Pai. Por meio deles, podemos errar, corrigir e tentar novamente fazer o bem pelo simples fato de fazê-lo. Aos poucos, criamos o hábito de fazer o bem, e não mais faremos o mal, simplesmente porque não queremos, não sentimos vontade.
Pratiquemos o Perdão dos Pecados e estejamos dispostos a ter a Graça de Deus. Com isso fica muito mais fácil seguir o caminho para cima e para frente, unidos por Cristo, em direção a Deus.
Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz
A Atitude e a Aplicação no Trabalho da Vida
Vejam essa estória já famosa:
“Jerry era um tipo de pessoa que vocês iriam adorar. Ele sempre estava de alto astral e sempre tinha algo positivo para dizer. Quando alguém perguntava para ele: ‘Como vai você?’, ele respondia: ‘Melhor que isso, só dois disso!’.
Ele era o único gerente de uma cadeia de restaurantes, por quem todos os garçons seguiam seu exemplo. A razão disso era por causa de suas atitudes. Ele era naturalmente motivador. Se algum empregado estivesse tendo um mau dia, Jerry prontamente estava lá, contando ao mesmo como olhar para lado positivo da situação.
Seu estilo de ser realmente deixava-me curioso. Por isso, um dia perguntei para Jerry: ‘Eu não acredito! Você não pode ser positivo o tempo todo. Como você consegue?’. Ele respondeu: ‘Toda manhã eu acordo e digo para mim mesmo: Jerry você tem duas escolhas hoje. Escolher entre:
Então escolho estar de alto astral. A todo o momento que acontece alguma coisa desagradável, posso escolher:
– ser vítima da situação ou
– aprender algo com isso
Eu escolho aprender algo com isso.
A todo o momento que alguém vem reclamar da vida comigo, posso escolher:
Eu escolho apontar o lado positivo.’.
Então eu argumentei: ‘’Tá certo! Mas não é tão fácil assim!’. ‘É fácil sim’, disse Jerry. ‘A vida consiste em escolhas. Quando você tira todos os detalhes e enxuga a situação, o que sobra são escolhas, decisões a serem tomadas. Você escolhe como reagir às situações. Você escolhe como as pessoas irão afetar o seu astral. Você escolhe estar feliz ou triste, calmo ou nervoso. Em suma: você escolhe como viver a sua vida!’.
Eu refleti sobre o que Jerry disse. Algum tempo depois eu deixei o restaurante para abrir meu próprio negócio. Nós perdemos o contato, mas frequentemente, sempre que tinha que tomar uma decisão, eu pensava nele. Alguns anos mais tarde, eu ouvi dizer que Jerry havia feito algo que nunca se deve fazer tratando-se restaurantes: ele deixou a porta dos fundos aberta e foi rendido por três assaltantes armados. Enquanto ele tentava abrir o cofre, sua mão estava trêmula e errou a combinação para abertura. Os ladrões entraram em pânico, atiraram nele e fugiram. Por sorte Jerry foi encontrado relativamente rápido e foi levado às pressas ao pronto socorro local. Depois de dezoito horas de cirurgia e algumas semanas de tratamento intensivo, Jerry foi liberado do hospital com alguns fragmentos de balas ainda em seu corpo. Eu me encontrei com Jerry seis meses após o acidente. Quando eu perguntei: ‘Como vai você?’. Ele respondeu: ‘Melhor que isso, só dois disso! Quer ver minhas cicatrizes?’.
Enquanto eu olhava as cicatrizes, eu perguntei o que passou pela mente dele quando os ladrões invadiram o restaurante. ‘A primeira coisa que veio à minha cabeça foi que eu deveria ter trancado a porta dos fundos…’, ele respondeu. ‘Então, depois quando eu estava baleado no chão, eu lembrei que eu tinha duas escolhas ou podia escolher:
Eu escolhi viver. ‘Eu perguntei: ‘Você não ficou com medo? Você não perdeu os sentidos?’. Jerry continuou: ‘Os paramédicos eram ótimos; eles ficaram o tempo todo me dizendo que tudo ia dar certo, que tudo ia ficar bem. Mas quando eles me levaram de maca para a sala de emergência e eu via as expressões nos rostos dos médicos e enfermeiras, eu fiquei com medo.’. Nos seus olhos eu lia: ‘Ele é um homem morto.’. ‘Eu sabia que tinha que fazer alguma coisa.’.
‘O que você fez?’, eu perguntei.
‘Bem, havia uma mulher grande e forte me fazendo perguntas. Ela perguntou se eu era alérgico a alguma coisa. Eu respondi que sim. Então eles pararam imediatamente para que eu continuasse minha resposta. Eu respirei fundo e respondi que era alérgico a balas…’.
Enquanto eles riam, eu disse: ‘Estou escolhendo viver; me operem como se estivesse vivo, não morto!’.
Jerry sobreviveu graças à experiência e habilidade dos médicos, mas também por causa de sua atitude espetacular.
Eu aprendi com ele que todos os dias temos que escolher:
A partir de então acho que atitude é tudo.”.
***
Esse livre arbítrio conquistado por cada um de nós, Egos – Espíritos Virginais da onda de vida humana manifestados –, é o grande propulsor da nossa Evolução. A vontade de melhorar sempre nos inclina a alterar as matérias: física, etérica, de desejos e mental continuamente, buscando aprender, com nossas experiências, como melhor utilizá-las. Isso implica numa mudança contínua da constituição dos nossos veículos: Corpo Denso, Vital, de Desejos e da Mente.
Aos poucos vamos tomando decisões corretas em todos os desafios que são colocados para nós. E isso reflete em alterações nas matérias que constituem nossos veículos. Temos que ter a consciência que nossa vida na Terra é um tempo de semear e que colheremos os frutos na nossa vida após a morte material. Com isso, nossas decisões devem estar em harmonia com esse objetivo. Como, então, devemos decidir qual o modo melhor de semear?
A situação em si, pouco importa. O que importa é a atitude. Se nos apercebermos, tal situação se repete através de infinitos matizes para inúmeras pessoas. Afinal, como lemos em Eclesiastes Capítulo 1 versículos de 9 a 11: “O que foi, será; o que aconteceu, acontecerá: nada há de novo debaixo do Sol. Mesmo que se afirme: ‘Olha: isto é novo’, eis que já aconteceu em outros tempos, muito antes de nós. Não ficou memória dos antepassados, Nem dos vindouros ficará lembrança para os que vierem depois”.
Além do mais, quer saibamos ou não, cada ato das nossas vidas apressa ou prolonga o fim dessa nossa existência terrestre, na medida em que a nossa atitude esteja ou não em harmonia com a lei. Se as decisões que tomamos nos levam para caminhos inadequados ao crescimento da nossa alma, nossa vida discordante destruirá o arquétipo.
Esse arquétipo nós mesmos construímos no Mundo do Pensamento, como molde vivente de tudo aquilo que escolhemos aprender nessa existência.
Enquanto estamos dispostos a aprender o que escolhemos, ou seja: nos dedicarmos sinceramente ao propósito da nossa existência, que é a aquisição de experiências, o nosso arquétipo vibrará harmoniosamente, reforçando as suas imagens:
Aumenta, assim, a vida desses veículos e, portanto, a nossa existência aqui. Se temos a plena consciência de que aqui é o tempo para semear o máximo possível para que colhamos o máximo possível na nossa existência após a morte física, então, nos esforçaremos o máximo para prolongar a nossa existência aqui, pois cada ano acrescentado de vida aumenta enormemente o nosso tesouro celestial.
Os anos adicionados darão mais tempo para o cultivo da Alma, e o fruto dos últimos anos poderá, facilmente, superar os colhidos na primeira parte da vida. Agora, para que façamos isso de modo mais eficiente possível, é indispensável cuidarmos dos nossos veículos com o maior zelo possível:
De modo a chegarmos a idades avançadas com veículos que ainda sejam eficazes para adquirir as experiências que se apresentarem.
Por fim, resta-nos a pergunta: Como saber quando semear? Ou em outras palavras: Como alcançar o máximo grau de realização nessa existência, de modo que quando terminar possamos aproveitar o máximo de todas as oportunidades que nos foram apresentadas?
Os Astros e os Signos relatam a história. Elas mostram nossas faculdades e o momento mais propício, tanto para plantar as sementes da Alma como para auxiliar e curar todas as nossas enfermidades. Por isso, a Fraternidade Rosacruz tem muito empenho no estudo da Astrologia Rosacruz. O conhecimento dessa escrita astral é a força para melhor agir, e assim obter um maior crescimento anímico, da Alma.
Utilizando a Astrologia Rosacruz como orientação para as nossas vidas, podemos deixar de nos arrastar pela corrente da vida governando conscientemente o fluxo e refluxo da matéria, dentro e fora do nosso ser. Deixaremos de ser joguetes das circunstâncias. Só assim viveremos na consciência solar, determinando nossas experiências pela radiação do nosso próprio centro, e não pela resposta aos impulsos e tendências externas, sejam dos nossos planetas no nosso tema, seja advinda das circunstâncias.
Afinal, como lemos numa oração bem antiga, que devemos sempre repetir quando notamos estarmos sendo levados pela corrente da vida:
Eu não sou meu Corpo Físico, senão o Ego que o usa.
Eu não sou meus desejos, senão o Ego que os controla.
Eu não sou meus pensamentos, senão o Ego que os cria.
Essas coisas não são senão expressões temporais de mim, o Eu Eterno.
Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz
A definição de “aspiração” implica numa persistência em realizar algo que se deseja ansiosamente. Assim, pode-se dizer que o Aspirante à vida superior é uma pessoa que anseia e deseja profundamente realizar os seus ideais espirituais. O verdadeiro Aspirante à vida superior não pode, por definição, ter uma vontade ou desejo morno ou fraco de se aperfeiçoar. Para que aspire, no verdadeiro sentido da palavra, é preciso que se dedique aos seus ideais espirituais com todo o entusiasmo, apesar dos muitos obstáculos e dificuldades que irá encontrar no caminho.
Pode se dizer que a Humanidade, de modo geral, evolui por meio de método lento e automático, isto é, de tentativa e erro. Contudo, o Aspirante à vida superior, pelo contrário, funciona conscientemente e tenta atingir os seus fins por meios bem definidos e apropriados à sua constituição individual. As suas palavras-chaves tônicas são persistência e esforço constante. Se não se empenhar continuamente, diariamente e incansavelmente em cumprir os seus deveres e os seus exercícios esotéricos, não poderá nunca atingir o objetivo espiritual.
O primeiro dever é desenvolver o seu Corpo-Alma; se isso não for prioridade na vida do Estudante Rosacruz, quando quer ser um Aspirante à vida superior, todas as tentativas de funcionar conscientemente nos Mundos invisíveis resultarão em desastre e frustração interna. Não existe nenhum guia ou causa exterior que lhe possa assegurar uma entrada segura, consciente e permanente nos planos espirituais. Somente o próprio Aspirante poderá fazê-lo.
É necessária a purificação de todos os veículos, iniciando pelo Corpo Denso. Isso implica na escolha dos alimentos de digestão fácil, pois quanto mais rápida for à extração de energia do alimento, mais tempo terá o organismo de recuperar antes da próxima alimentação a ser ingerida. É evidente que a ingestão de carne de mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios e outros seres da onda de vida animal é nociva para a purificação dos veículos, pois aqueles que matam ou obrigam outros a matarem não podem avançar muito na senda da santidade. O Corpo é o Templo de Deus; corrompê-lo, destruí-lo ou mutilá-lo, tanto por atos como por omissões, não é digno de nenhum Aspirante à vida superior. O melhor que o Aspirante tem a fazer é encontrar alimentos que o organismo necessita para que seja um instrumento do Espírito, sendo saudável, forte e eficaz. O regime lacto-ovo-vegetariano é o mais indicado. Assim, cumprindo a primeira parte do lema Rosacruz: “Corpo São”.
A purificação do Corpo Vital é feita pela repetição dos bons hábitos, eliminação dos vícios e pelo desenvolvimento dos dois Éteres superiores – Éter Luminoso e Refletor – que ocorre quando nos esforçamos por ter uma vida pura, limpa e altruísta. A vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos se dará pelo hábito de um equilíbrio inabalável das emoções, os sentimentos e desejos diante de toda e qualquer provocação ou situação adversa. Tendo um temperamento equilibrado, um comportamento sempre calmo e paciente ajudará a nos capacitar para cumprir todos os deveres mundanos e executar os exercícios esotéricos que temos que fazer, independentemente do caos externo que nos rodeia. Eventualmente quando as emoções, os sentimentos e desejos se tornam, gradualmente, mais equilibrados e a serenidade do Estudante se torna mais pronunciada, ele passa a viver a vida aqui em plenitude, esforçando-se por cumprir tudo aquilo a que ele mesmo optou no Terceiro Céu, quando escolheu o panorama dessa vida. A repetição e a oração incessante são indispensáveis à purificação do Corpo Vital, constituindo-se também de suma importância a oficiação dos Rituais e a execução dos exercícios esotéricos.
A purificação do Corpo de Desejos é feita pela transmutação das tendências das nossas emoções, dos nossos desejos e sentimentos passionais, indignos e maus – enfim, inferiores – em emoções, desejos e sentimentos superiores. Isso se faz preenchendo o nosso Corpo de Desejos de material das três Regiões superiores do Mundo do Desejo: Vida Anímica, Poder Anímico e Luz Anímica. Para isso, o Aspirante sublima as suas emoções, os seus desejos e sentimentos inferiores substituindo-os por emoções, desejos e sentimentos superiores, por exemplo, de: altruísmo, bondade, gratidão, gentileza, filantropia, fraternidade, amor incondicional, fé racional e afins. O “não cair em tentação” aqui é a chave. O Aspirante precisa utilizar sua força sexual criadora de forma que seja para fins de serviço amoroso e desinteressado, criando, aplicando e, por meio da Epigênese, colocando coisas novas, para ele, nunca colocadas em ação.
Os seis Exercícios Esotéricos Rosacruzes fornecidos no livro “Conceito Rosacruz dos Cosmos” – Retrospecção, Concentração, Observação, Meditação, Contemplação e Adoração ao Ser Supremo – são meios para atingir o ideal espiritual. Sem a aplicação nas suas execuções, obedecendo os critérios, as sequências e o modo detalhado naquele livro não se chegará a lugar algum como Aspirante à vida superior pelo método Rosacruz. A Retrospecção noturna e a Concentração matutina são os mais importantes exercícios esotéricos quando se começa a caminhada como Aspirante. A Retrospecção noturna prepara o Aspirante para se conhecer e para compreender as suas próprias complexidades de pensamento e de caráter mais sutis, no encadeamento do que ele entende como causa e efeito, arrependimento e reforma íntima; pois o autoconhecimento é indispensável para o avanço espiritual. A Concentração matutina é, também, imprescindível, porque tem a tarefa difícil de desenvolver uma disciplina mental intensa para o progresso espiritual, focando exclusivamente em um único assunto, e não se deixando levar por outros.
A paciência e a persistência em “fazer bem sem olhar a quem” – o serviço amoroso e desinteressado e, portanto, anônimo – são qualidades que o Aspirante deve aliar a todas as suas atividades, não só para promover o crescimento da alma como para evitar que se distraia com os “prazeres do mundo” que sempre estarão lhe atraindo – e cada vez com mais sutilidade, na medida que ele avança. Todas essas digressões terão de ser eliminadas uma a uma, primeiras as mais flagrantes, depois as mais sutis até que um dia, finalmente, após muito tempo de dedicação total, o Aspirante atingirá o caminho mais “reto e estreito” da via espiritual, via o conhecimento direto.
É preciso, também, aprender o discernimento em todas as coisas. Para o Aspirante à vida superior que está utilizando o método Rosacruz, os métodos orientais constituem um perigo, tanto para o seu desempenho, como para os seus Corpos, especialmente no que concerne a métodos que prometem um “despertar espiritual” ou “poderes psíquicos” de maneira rápida e fácil. Nunca é demais repetir que o avanço espiritual seguro se consegue unicamente com os esforços contínuos e, muitas vezes, penosos que segue um programa de autopurificação e de serviço a Deus e aos demais; processo este que o leva de degrau a degrau, sem pular etapas, sozinho e focado.
O Aspirante à vida superior também deve fazer o sacrifício de si próprio e não das coisas. Ele tem que aprender a colocar o amor, seus conhecimentos, suas energias, seu tempo, suas considerações e tudo o que é igualmente intangível, à disposição dos irmãos e irmãs que estão no seu entorno, estando sempre pronto para ajudar, para servir, ainda que seja por meio de um sorriso, de um cumprimento, de uma palavra amiga ou de uma ação efetiva. Automaticamente os velhos interesses vão sendo sacrificados também nesse processo de autocorreção. A consagração a uma vida regenerada e a intensidade desse ideal mitiga, eventualmente, a importância que ele dava aos assuntos mundanos que parecem tão significativos. Acontece, às vezes, que o Aspirante à vida superior tem até que sacrificar temporariamente certas relações pessoais, pois sucede que os chamados amigos e amigas ou até os familiares nem sempre acompanham ou aceitam as suas novas tendências ou atitudes. Cria-se, portanto, certa fricção e choque, que levam as relações a mudarem ou a se desintegrarem, às vezes, lenta, outas vezes rápida, e muitas inteiramente. Ele deve entender e praticar o seguinte conceito: “todas as relações devem ser completadas pelo amor dele para com o próximo”, aqui independentemente do que o próximo acha ou deixa de achar; mas durante algum tempo – uma ou mais vidas – o Aspirante poderá ter que aprender a enfrentar a situação com compaixão, paciência, compreensão e tato. Tudo isso faz parte das provas que ele terá que passar para polir e se purificar.
Essas provas e dificuldades são fornecidas ao Aspirante à vida superior com o único objetivo de que ele possa liquidar as suas dívidas de destino – geradas nos seus muitos renascimentos – mais rapidamente e, assim, libertar-se do que o liga ainda a um comportamento passado inaceitável, por ele próprio criado. Para isso, é mister que ele entenda que todos os seus problemas nada mais são do que oportunidades para aprender a lição da qual tanto se esquivou e, ao aplicar isso na sua vida, ao em vez de protestar e lamentar, avançará muito. Antes que lhe seja concedidos maiores poderes espirituais ou uma esfera de trabalho maior, é necessário que ele tenha dado provas da prática, por meio de atos, ações e obras do seu altruísmo em todas as esferas. É obvio que existe o perigo de se utilizar esses poderes espirituais de forma egoísta e sem discernimento; por isso, é preciso que ele mostre que é digno de recebê-los. E quanto mais ele se ocupa e se preocupa em saber em que estágio está, menos ele avança, mais ele se impacienta e mais aumenta a tendência em desistir. Por isso que o foco deve ser sempre em servir, amorosa e desinteressadamente, cumprindo com aquilo que se propôs nessa vida. Com toda certeza, quando estiver alcançando o estágio que é necessário, um Irmão Maior será atraído pela sua luz nos Mundos internos e virá até ele. Então começarão as outras etapas da sua evolução espiritual, para frente e para cima. Até lá, trabalhe, trabalhe e trabalhe como um colaborador, ainda que inconscientemente, “na obra benfeitora dos Irmãos Maiores para o serviço da Humanidade.”.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Pergunta: Durante o embalsamamento, o sangue é retirado do corpo ainda quente e um fluído é inoculado dentro das artérias. Qual o efeito dessa operação?
Resposta: O Espírito sente dor em consequência do embalsamamento; consequentemente, é perturbado no processo mais importante pelo qual passa, a gravação sobre o panorama da vida que aqui que acabou de terminar. Deveríamos entender que no momento da morte a colheita está começando; semeamos a vida inteira e colhemos os frutos ao chegar à morte. O primeiro e mais importante resultado provém do estudo do panorama da vida, à medida que se desenrola em ordem inversa, mostrando primeiro os efeitos da vida que acabou e, em seguida, as causas que os provocaram. Se, nesse período, o Corpo Denso, o físico, for perturbado pelas lamentações dos parentes ou pelo movimento ocasionado pelo próprio enterro, o Espírito será molestado na mesma proporção. É evidente que uma autópsia ou embalsamamento terá efeitos bem mais prejudiciais. Portanto, a realização de qualquer um desses processos seria realmente um erro.
(Pergunta nº 8 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas Vol. 2” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Pergunta: A experiência adquirida em cada renascimento é registrada separadamente e acrescentada as anteriores, de maneira que no fim o Espírito fique inteiramente consciente da soma de suas experiências, ou a experiência de uma vida é mais ou menos inconscientemente absorvida pelo próximo renascimento, de forma que apenas um efeito geral é obtido?
Resposta: Quando éramos crianças, aprendemos a escrever e efetuamos muitos movimentos desajeitados antes de conseguirmos controlar essa faculdade. Nos anos que se seguiram, esquecemos tudo sobre as experiências pelas quais passamos durante a aprendizagem, mas a nossa faculdade permanece e está pronta para ser usada a qualquer momento.
De uma maneira similar, as experiências obtidas nas diferentes vidas são geralmente esquecidas pelo ser humano, mas as faculdades que cultivou permanecem e estão prontas para serem usadas por ele a qualquer momento. Assim, vemos um ser humano que nunca teve uma aula de pintura, no entanto, revela-se um artista nato, capaz de criar os mais lindos quadros. Trouxe de suas vidas passadas uma faculdade que é agora capaz de usar. Ao ouvirmos um Mozart compondo na idade de três anos, percebemos a acumulação do senso de harmonia no passado. Podemos dizer que, embora não o lembremos, sempre retemos as faculdades cultivadas em nossas vidas passadas e podemos pô-las a nosso serviço. É isso que faz a diferença entre um ser humano e outro; entre o ignorante e o sábio.
Contudo, há também um registro em seus mínimos detalhes das nossas vidas passadas. O Clarividente treinado, que é capaz de ler na Memória da Natureza, pode observar as diversas vidas de uma pessoa, do fim ao princípio, como, por exemplo, uma fita projetada na ordem inversa. Contemplará primeiramente a vida atual do ser humano, seu nascimento, sua prévia estadia nos Mundos invisíveis e, em seguida, a morte ocorrida na vida anterior, que se desenrolará também na ordem inversa passando pela velhice, idade madura, juventude, adolescência e infância, até o nascimento, e assim sucessivamente através de várias vidas.
(Pergunta nº 70 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas Vol. 1” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
A Prática do Ideal
Não é raro encontrarmos pessoas com profundo conhecimento e com ideais admiráveis a respeito do propósito da vida, de educação dos filhos e de como o ser humano pode viver em harmonia com a natureza. Algumas são capazes de expressar ideias ainda mais respeitáveis, propondo soluções razoáveis sobre os problemas do mundo, das possíveis causas das enfermidades e das dificuldades da vida. Se fizermos uso adequado de nossa observação, é possível identificar pessoas que compreendem esses importantes conhecimentos e, muitas vezes, expressam argumentos profundos e fundamentados que podem até mesmo esgotar as indagações do mais sábio dos seres humanos.
No entanto, devemos saber que nenhuma utilidade decorrerá em dedicar horas afincadas em estudos e discussões sobre tais ideais, a menos que os ponhamos em prática nas nossas vidas, pois há muitos metafísicos, por assim dizer, que claramente não são capazes de entrar em contato com o real significado espiritual dos ideais que tanto argumentam. É bem verdade que são nossos atos que provam o que realmente somos e não nossos discursos. Afinal, entre o conhecimento e a sabedoria há um grande abismo que deve ser superado.
A Fraternidade Rosacruz, por ser uma Escola de Mistérios Ocidentais que tem por uma de suas finalidades a divulgação dos ensinamentos esotéricos do Cristianismo, busca por auxiliar o Aspirante à vida superior sincero a estreitar esse abismo, oferecendo-lhe métodos práticos que o auxiliem a deixar de ser um argumentador para se tornar um concretizador de seus ideais.
Nunca é demais repetir que a evolução é o resultado de um esforço persistente. Tal esforço deve ser consciente. Sabedoria é conhecimento aplicado. Podemos engendrar um destino melhor, se nos propusermos a concretizar nossos ideais. Os meios estão ao nosso alcance, e se não os utilizarmos, é porque somos vencidos pela inércia e pelo comodismo.
Além dos exercícios diários fornecidos no livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos” e pela Conferência XI do Livro “Cristianismo Rosacruz” (o noturno da Retrospecção e o matutino da Concentração), ambos escritos por Max Heindel, o sincero Aspirante à vida superior pode se perguntar a todo o momento, como deveria ser uma ação ideal para com aquilo que está vivendo. Por exemplo, quando o Aspirante à vida superior enfrenta uma situação, antes que reaja a tal situação, uma pergunta lógica pode ser realizada: Quais e como devem ser minhas ações que possibilitem um resultado mais aproximado daquilo que considero como ideal? Note que o conceito de ideal é subjetivo e não imitado.
Tal método se aplica em todas as situações da vida, desde a mais simples até a mais complexa. Por exemplo, quando se realiza uma refeição, qual é o seu ideal (considerando alimentação em longo prazo, condições atuais de saúde e prevenções futuras, etc.) sobre a realização de uma refeição? Estou comendo para viver ou vivendo para comer? Frente a uma conversa com um amigo, qual deve a atitude ideal para com essa pessoa que está solicitando atenção? Entre muitas outras situações.
Se persistirmos na prática de tentarmos realizar ações que consideramos ideais, é possível concluirmos que há uma grande tendência de respondermos de modo automático a muitas situações da vida, como se vivêssemos às cegas e surdas. E esse modo automático de resposta, geralmente, é bem distante daquilo que nós provavelmente consideramos como ideal de reposta. Nesse nível de observação, percebemos com o coração e sentimos com a mente, o velho ensinamento: “Eles têm olhos para ver, mas não veem, e ouvidos para ouvir, mas não ouvem, pois são uma nação rebelde.” (Ez 12:1-2).
Para que não saiamos deste mundo com o mesmo caráter e as mesmas ações com que adentramos, é fundamental que possamos sair do nível de realização intelectual e oratória e passemos ao nível de realização concreta de nossos ideais. Renovemo-nos, e apliquemos nossos ideais, a fim de que possamos ser mais úteis na Grande Obra que objetiva a libertação espiritual da humanidade.
Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz
Pergunta: Como devemos concentrar-nos para ajudar os que estão no outro mundo? Será permanecendo em silêncio e enviando-lhes pensamentos amorosos e de ajuda?
Resposta: A faculdade de emitir um pensamento e o poder que esse pensamento tem para cumprir o propósito pelo qual foi enviado, dependo da nitidez do pensador no visualizar aquilo que deseja realizar. As escolas comuns de ocultismo, particularmente as que seguem as linhas do pensamento oriental, aconselham o método de concentração em que os pensamentos se localizam num único ponto, da mesma forma que os raios do sol são concentrados numa lente de aumento. Assim, suas ações concentram-se da mesma forma que os raios do sol queimam quando enfocados. O pensamento também cumprirá invariavelmente o seu objetivo quando concentrado numa intensidade suficiente.
No entanto, precisa-se de um longo treinamento para aprender a proceder assim. Há pouquíssimas pessoas no ocidente capazes de dirigir os seus pensamentos para um determinado propósito. A Religião ocidental, reconhecendo essa inaptidão, ensina outro método muito mais eficiente que a concentração, ou seja, a oração.
Se desejarmos ajudar aqueles que se retiram do seu corpo, podemos orar sinceramente pela sua felicidade e para que possam aprender inteiramente as lições desta vida por meio das suas experiências no Purgatório e no Primeiro Céu. Dessa forma, teremos feito muito mais por eles do que tentarmos o método frio e intelectual da concentração. A postura do corpo tem muito a ver com a intensidade da prece. Se a posição ajoelhada facilitar o ato, tal posição poderá ser adotada. Por outro lado, segundo Emerson:
“Embora teus joelhos nunca se dobrem,
De hora em hora ao céu tuas preces sobem,
E sejam elas para o bem ou para o mal formuladas,
Ainda assim são respondidas e gravadas”.
Assim, a postura do corpo durante o ato da prece é secundária, exceto quando se pretenda dar maior intensidade às nossas súplicas. É esse fervor que torna a oração eficaz.
(Pergunta nº 63 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Como o Sol se move em sentido retrógrado entre as doze constelações com um movimento chamado Precessão dos Equinócios, o clima da Terra, a flora e a fauna vão sofrendo uma mudança lenta, criando assim um meio ambiente diferente para a onda de vida humana e para cada Era sucessiva. O Sol leva cerca de dois mil anos para passar por um dos Signos pela Precessão e, nesse período, o espírito nasce geralmente duas vezes, um como homem e outro como mulher. As mudanças que ocorrem nos mil anos decorridos entre as encarnações não são tão grandes que o espírito não possa extrair as experiências daquele ambiente, tanto como homem ou como mulher.
No entanto, há casos em que esse período pode ser mudado. Nenhuma dessas leis é tão inflexível, pois elas são administradas por Grandes Inteligências em benefício da humanidade, de modo que as condições possam ser modificadas para atender às exigências dos casos individuais.
Por exemplo, no caso de um músico. Ele precisa encontrar o material com o qual construirá o seu corpo, em um lugar específico. Necessita de uma ajuda especial para formar os três canais semicirculares do seu ouvido, de modo que eles apontem, tão próximos quanto possível, para as três direções do espaço. Precisa também de ajuda para construir as delicadas fibras de Corti, pois a sua habilidade em distinguir as variações de tons dependerá dessas características.
Em tais casos, quando uma família de músicos está em condições de dar à luz a uma criança, esse espírito pode ser conduzido para lá, embora devesse permanecer no Mundo Celestial ainda por uns cem anos. Contudo, talvez outra oportunidade para renascer não se apresentasse antes de duzentos ou trezentos anos, se a lei fosse observada. Naturalmente, tal pessoa terá ideias muito avançadas e não será apreciada pela geração com a qual irá conviver. Será mal interpretada, mas, mesmo assim, será melhor do que se tivesse nascido após o período estabelecido. Nesse caso, estaria atrasada no tempo.
Ou seja: o renascimento do Ego em questão pode ser antecipado. O tempo para o renascimento desse Ego pode ser antecipado de uns 200 anos, em relação ao período médio de renascimento. Os Anjos ou Senhores do Destino preveem que no caso dessa oportunidade não ser aproveitada, o Ego poderá gastar de quatro ou cinco centenas de anos, além do tempo necessário de permanência no céu antes de se apresentar outra oportunidade. Assim, o Ego renasce, antes do tempo programado.
É por isso que, frequentemente, constatamos gênios desconsiderados pelos seus contemporâneos, embora altamente apreciados pelas gerações seguintes, as quais podem entendê-los melhor.
Há uma classe de seres que goza uma vida especialmente formosa no Primeiro Céu: as crianças. Se pudéssemos vê-las, logo cessariam nossos pesares. Quando uma criança morre antes do nascimento do Corpo de Desejos, isto é, antes dos catorze anos, não vai além do Primeiro Céu porque não é responsável pelos seus atos, do mesmo modo que o feto que se contorce no útero não é responsável pelo incômodo que causa à sua mãe. Portanto, a criança não tem existência purgatorial. O que não foi vivificado não pode morrer, portanto o Corpo de Desejos de uma criança, junto com a Mente, persistirá até o novo nascimento. Por essa razão, essas crianças são capazes de recordar suas vidas anteriores, como é o caso que se narra em outro lugar.
Para tais crianças o Primeiro Céu é uma sala de espera onde permanecem de um a vinte anos, até que se apresente uma nova oportunidade para renascerem.
(Dos escritos de Max Heindel)