Um Ensinamento Completo com o Perdão dos Pecados
A incapacidade de crer no Perdão dos Pecados induziu muitos a aceitar exclusivamente a Lei de Causa e Efeito, tal como é ensinada no Oriente sob o nome de Karma.
Julgam, equivocadamente, por sinal, pelo fato de algumas religiões orientais ensinarem a Lei de Causa e Efeito e a Teoria do Renascimento com mais clareza que o Cristianismo, serem elas mais profundas e lógicas. O Cristianismo, divulgado popularmente, de fato afirma que Cristo morreu por nossos pecados, e consequentemente, se nele crermos, nossas faltas serão perdoadas.
Mas, na verdade, os ensinamentos cristãos são muito mais profundos do que se pensa. Abrangem a Lei de Causa e Efeito e o Perdão dos Pecados. Essas duas leis operam, vitalmente, no desenvolvimento da humanidade. Há boas razões para que as religiões orientais contenham apenas uma parte dos ensinamentos formadores da doutrina cristã.
Nos tempos mais remotos, quando surgiram as doutrinas orientais, a humanidade de então era de natureza mais espiritualizada que a atual. Muitas pessoas sabiam que renascemos várias vezes na Terra, em corpos e ambientes diferentes.
No Oriente, tal ideia ainda permanece arraigada. Isso gerou uma indolência muito grande. Agrada-lhes mais pensar no Nirvana — o mundo invisível — onde podem descansar em paz, do que evoluir pelo aproveitamento de seus recursos materiais. Em consequência, enfrentam mil dificuldades para viver: fome, miséria extrema, doenças, inundações assoladoras, etc. Não compreendem que não é verdadeiramente a Lei de Causa e Efeito a responsável direta pelas suas desditas, mas sim a negligência e a indiferença pelas coisas materiais.
Como não são pessoas ativas e realizadoras aqui, nada têm a assimilar na vida celestial, entre o desenlace e um novo renascimento. Como um órgão em prolongada inatividade logo se atrofia, um país não desenvolvido pelos espíritos ali encarnados tende, inexoravelmente, a decair em termos de condições de habitabilidade.
Os Grandes Guias, ciosos dessa verdade, tomaram certas medidas no sentido de obrigar-nos a esquecer temporariamente o lado espiritual de nossa natureza. No Ocidente, onde se encontram os vanguardeiros da raça humana, instituíram o matrimônio fora da família. Além disso, a religião ocidental, por excelência, é o Cristianismo, sistema em que não se ensina aberta e popularmente a Lei de Causa e Efeito e a teoria do Renascimento. Ainda um outro elemento foi utilizado para obscurecer a sensibilidade espiritual do ser humano: o álcool.
Com tudo isso, nós do Ocidente perdemos a lembrança de que existe algo mais além da vida terrena, e a ela dedicamos todos os nossos esforços, procurando aproveitar integralmente aquela que julgamos ser nossa única oportunidade. Convertemos o mundo ocidental em um verdadeiro jardim. No decurso de várias encarnações temos formado uma terra fertilíssima, pródiga em recursos minerais, que sustentam nossas progressistas indústrias. Assim, conquistamos o mundo material, visível.
Por outro lado, é evidente que o aspecto religioso da natureza humana não deve ser descurado. O Cristo — grande Ideal da religião cristã — devemos imitar. Mas, como não seria possível igualá-lo em uma só vida — que é tudo o que sabemos, deveríamos receber um ensinamento compensador, pois do contrário nos desesperaríamos ante tão grande malogro. Por conseguinte, ao mundo ocidental foi ensinada a doutrina do Perdão dos Pecados, mediante a justiça de Cristo-Jesus.
Nenhuma doutrina falsa pode revestir-se de um poder aperfeiçoador na natureza. Deve haver, portanto, uma base muito sólida, sustentando a doutrina do Perdão dos Pecados.
Quando observamos o mundo material, ao nosso redor, notamos diversos fenômenos da natureza e encontramos outros seres com os quais nos relacionamos. Todos são percebidos por intermédio de nossos sentidos físicos. Todavia, se nos escapam muitíssimos detalhes. É uma verdade exasperante que temos olhos e não vemos, temos ouvidos e não ouvimos. Por causa disso muitas experiências se perdem. Além disso, nossa memória é sumamente caprichosa: recordamos pouca coisa.
Nossa memória consciente é débil. Não obstante, existe outra memória. Sabemos que o éter e o ar levam à película fotográfica a impressão da paisagem exterior, sem omitir o mais insignificante detalhe. Da mesma forma como nossos sentidos recebem as impressões exteriores, o éter e o ar se encarregam de conduzi-las aos nossos pulmões e daí ao sangue. Estampa-se, então, em nós um quadro exato de tudo aquilo com que entramos em contato. Essas imagens imprimem-se no Átomo-semente, localizado no ventrículo esquerdo do coração. Todas as nossas obras encontram-se inseridas nesse Átomo, também denominado “O Livro dos Anjos do Destino”. E dali se imprimem no Éter Refletor do Corpo Vital.
No curso ordinário da vida, o ser humano, após a morte, adentra ao Purgatório, onde expia os pecados gravados no Átomo-semente. Mais tarde, no Primeiro Céu, assimila o valor educativo do bem praticado. No Segundo-Céu trabalha em função do seu futuro ambiente aqui no mundo material.
Mesmo uma pessoa devota comete erros diariamente. Porém, ela pode examiná-los, também diariamente, e pedir, com toda sinceridade, perdão para suas faltas. Então, as imagens dos pecados cometidos — por ação ou omissão — são eliminadas dos anais da vida, porque o propósito de Deus não é “vingar-se”, como pode parecer por meio da Lei de Consequência. O objetivo de Deus é que aprendamos, pela experiência, a agir bem e com justiça. Quando admitimos ter agido mal, e reconhecendo nosso erro, dispomo-nos a corrigir-nos, é sinal de que aprendemos a lição, não restando mais motivos para punição.
Desse modo, a doutrina do “Perdão dos Pecados” é um fato real na natureza. Se nos arrependemos, oramos e nos reformamos, nossas faltas nos são perdoadas, suprimindo-se os registros correspondentes no Átomo-semente. Caso contrário, serão eliminados mediante os sofrimentos da existência purgatorial.
Assim, a doutrina do Karma ou Lei de Causa e Efeito, conforme ensinada no Oriente, não satisfaz plenamente às necessidades humanas. Mas, os ensinamentos cristãos, que encerram ambas as leis — a de Consequência e o Perdão dos Pecados – propiciam-nos um conhecimento completo a respeito dos métodos empregados pelos Grandes Guias, em sua missão de instruir-nos.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977)
Viver pela Metade
Aqueles que seguem os ensinamentos da Filosofia Rosacruz ou que os elegeram como filosofia de vida, não podem mais manter certas dúvidas a respeito da vida espiritual.
Sabe-se que o primeiro passo e o mais difícil na crença das verdades espirituais, e admitirmos a Reencarnação, ou melhor, a Lei do Renascimento como ponto pacifico para a continuidade de nossos estudos e atividades na senda do Progresso. Entretanto, não ignoramos que existem muitos outros pontos, milhares deles, dos quais pode depender a nossa ascenção.
Em princípio, toda a asserção sábia, contém sempre em si mesma dois sentidos: o material, do qual se reveste para ser enunciada, e o espiritual ou oculto, que deve ser desvendado.
Analisemos de passagem, o que diz a Bíblia pela boca do Mestre, naquele versículo: “Se uma casa se levantar contra si mesma, essa casa não subsistirá”. O valor material dessa assertiva está bem claro e é um chamado à ordem àqueles que não sabem defender sua família, seu lar, seus filhos, tanto de Sangue como de ideal, contra o erro, a agressão, a maledicência, às vezes até contra si mesmo; já o sentido espiritual, faz-nos penetrar num. terreno mais sutil e perceber a face oculta da Verdade.
Então notaremos que tanto pode restringir-se ao relacionamento de alma, como ao próprio relacionamento Interno de cada um, melhor dizendo, aos cheques e entrechoques de nosso eu inferior com a verdade que já existe em nós. Choques esses que muitas vezes se apresentam sob a forma de dúvida, de limitações, de oscilações prejudiciais. Aliás, a dúvida conduz naturalmente às limitações, principalmente se ela atinge os valores espirituais da vida.
“Se uma casa se levantar contra si mesma”, isto é, se os nossos pensamentos espirituais não coincidirem totalmente com as nossas ações, com o nosso modo de vida, se mesmo conhecendo e sentindo os valores reais da vida, ainda perdemos tempo derivando por caminhos da matéria; se mesmo sentindo dentro de nós, maravilhosas verdades cantando sua música num coro divino, e apesar de tudo introduzimos ainda outros ritmos de canções menos celestiais, por algumas notas que sejam., estaremos quebrando a nossa sintonia interna e pondo uma pedra no caminho da nossa elevação espiritual. E é então que “essa casa não subsistirá”, porque não há equilíbrio interno que resista às oscilações a que a natureza externa das coisas muitas vezes nos submete, ou melhor dizendo, oscilações a que nós permitimos ser submetidos por nossas próprias fraquezas, nossa falta de coragem para aceitar integralmente a Verdade como escopo de vida, como única realização justa e aceitável em nosso progresso. Aí é que entra aquela frase bíblica tão conhecida, de que “não se pode servir a dois senhores”.
Porque estaremos servindo a dois senhores enquanto ainda ‘mantivermos dentro de nós, por insignificante que seja, algum interesse material,; quando ainda não tivermos a coragem, a determinação de afastar de nosso Caminho, tudo o que esteja fora das verdades espirituais, quando ainda não nos tivermos revestido o máximo possível daquele equilíbrio que nos leva a selecionar de imediato o joio do trigo, não aceitando nada que possa contrariar nossas verdades internas; quando ainda não soubermos encarar a vida e a humanidade como resultados de algo maior, algo superior à própria vida física e pautar nossa vida por essa crença, sem desvios numa entrega completa a Verdade, numa dedicação sem limites à causa dessa mesma verdade, dessa mesma vida superior, estaremos, repito, servindo a dois senhores. Isso porque, na senda do espiritualismo, chega o tempo em que já não se pode viver pela metade.
Ou somos, ou não somos. Ou cremos, ou não cremos. E, se cremos, temos que manter essa crença no seu verdadeiro nível de pensamentos, de sentimentos e de ações.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/73 – Fraternidade Rosacruz –SP)
Pergunta: Poderá de renascimento a renascimento persistir as mesmas semelhanças, apesar dos fatores sexo e povo?
Resposta: Sim, em certo sentido. Quando o Ego volta a renascer, ele possui um novo conjunto de veículos onde se incluí a essência das experiências de todas as suas vidas pretéritas.
No plano interno, antes do renascimento, ele atrai para si materiais. Esse processo inclui toda a conformação física. Portanto, os novos aspectos serão diferentes daqueles observados em vidas passadas, na medida, em que o Ego adicione ao seu desenvolvimento, espiritual as experiências da precedente.
O corpo físico corresponde ao caráter espiritual do Ego em toda a Vida terrestre. Contudo existem algumas condições modificadores. Em cada Vida terrestre o Ego traz consigo uma certa dose de destino passado a cumprir (que será realizado por meio de um corpo físico adequado). Isso pode acarretar uma suspensão temporária de uma parte das forças que o Ego gerou em vidas passadas, suspensão essa que se refletirá no corpo físico e nas características faciais. Em outras palavras, um Ego poderá necessariamente não refletir em seu campo físico todas as forças e características adquiridas em más-vidas passadas. Assim o tema de contornos faciais submete-se a um grande aspecto de variação, embora uma certa semelhança sempre possa ser delineada.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/1971)
O Que a Teoria de Renascimento Revela: mitiga o temor da Morte
Vejamos o que a crença no renascimento pode fazer por nós em nossa vida neste plano físico. Primeiramente revela o fato de que o ser humano sendo consciente de si e agindo de acordo com seus desejos, torna-se responsável por suas ações. Essas ações, sob a Lei de Consequência, (isto é, o efeito que resulta da causa) ajudam a modelar sua vida. Aprende que colhe bons frutos pela ação reta e dores e sofrimentos pelos maus atos.
Não pode escapar dessas consequências, pois se não aparecerem na vida atual, aparecerão em vida posterior como destino maduro a ser dissolvido, às vezes em situação mais difícil, quando é maléfico. Portanto, o ser humano tem muitos incentivos para se tornar melhor. O renascimento vem ao encontro da doutrina da Ressurreição, pois, por seu intermédio, o aguilhão da morte é removido e perdida a vitória do túmulo, porquanto o que desapareceu tornará a aparecer.
O renascimento revela a eternidade da vida, proporcionando alegria de viver e aspirações na evolução. Os fracassos nesta vida poderão tornar-se vitórias na vida futura por meio de novas oportunidades para vencer o que hoje nos cerceia.
As repetidas vidas no correto viver nos habilitam a conhecer de onde viemos, para onde vamos e porque estamos aqui, bem como o que o futuro nos reserva acerca da liberdade de escolha.
O renascimento revela a sabedoria de Deus e a justiça das Suas Leis, a Santidade da vida e, sobretudo, a grandeza do ser humano feito à imagem Divina.
A crença no renascimento não é coisa recente; existe na Índia desde tempos antigos; é encontrada no Budismo; contida no Corão, o livro sagrado de Islã; é conhecida dos Lamas do Tibete. Foi ensinada por Pitágoras e dos gregos foi transmitida à primitiva Igreja Cristã. É religiosa, filosófica, e também podemos dizer, científica.
Na verdade, a morte não existe. O que assim parece é uma perda temporária de consciência num período de transição, quando passamos de um degrau para outro superior na escada da evolução.
Erradicando o temor da morte de nossas vidas pelo conhecimento do renascimento, a transmutação e a transfiguração guiam o curso das nossas vidas para os portos celestes da paz e do amor.
“E quando tenha terminado meu trabalho na Terra
E meu novo trabalho no céu comece,
Esqueça eu os louros que ganhei
Enquanto trabalho pelos outros”.
Autor Desconhecido
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. São João 3:3
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz em 9/1975)
Os Ensinamentos Rosacruzes e a Teoria do Renascimento
Desde os mais remotos tempos as almas avançadas vêm demonstrando grande interesse em elucidar o enigma da vida e da morte. Hoje, entretanto, esse ardor ganha maior amplitude. As catástrofes, as guerras, os problemas socioeconômicos se agravando, a autodestruição pelas drogas e neuroses, as questões ecológicas, a violência urbana, formam um delicado painel a desafiar o ser humano. Embora esta seja a época dos ‘QIs’ assombrosos, dos PHDs, da tecnologia ultrassofisticada, nunca houve tamanha sensação de insegurança.
Essa grande provação está induzindo os seres humanos a procurarem respostas satisfatórias, em fontes não convencionais. Muitos já estão se embrenhando no campo do espiritualismo profundo, na esperança de encontrar soluções para os problemas que os afligem. Daí o crescimento das Escolas Esotéricas e a venda em escala crescente de obras ocultistas nas livrarias.
Motivando mais ainda essa busca, notamos os modernos meios de comunicação social apresentando, constantemente, reportagens e artigos sobre a “vida após a morte”, reencarnação, clarividência e outros temas apaixonantes.
Isso é muito significativo, mesmo a despeito de alguns programas de televisão darem um tratamento superficial e sensacionalista a tais questões. Porém, sempre resta um saldo positivo.
Qual dos temas acima referidos cerca-se de maior interesse? Cremos ser o da reencarnação, nos ensinamentos da Sabedoria Ocidental, divulgados pela Fraternidade Rosacruz, conhecida como RENASCIMENTO.
Lemos no Antigo Testamento, Jó queixando-se da natureza efêmera da vida humana e dos dissabores por ela causados: “O homem nascido de mulher vive breve tempo, cheio de inquietações”. E em outro versículo indaga: “Quando o homem morre, tornará a viver?”.
A essa pergunta sumamente importante, os ensinamentos rosacruzes responde com toda segurança: sim. No capítulo IV do Conceito Rosacruz do Cosmos – Renascimento e Lei de Consequência – Max Heindel aborda a questão, alinhavando considerações, ilustrações e argumentos. É um dos pontos básicos do rosacrucianismo, porque faz emergir as causas de muitos fatos e fenômenos intrigantes.
O ocultista aceita o renascimento como um fato indiscutível, não como uma possibilidade ou hipótese. Não afirma “crer”, porquanto “crença” é algo meio vago, subjetivo. Ele conhece, sabe. Os mais avançados, inclusive, têm a oportunidade de acompanhar a trajetória de um Ego, desde que desencarna, passando por algumas etapas “post-mortem”, até o próximo renascimento. Logo, não necessitam crer.
Três teorias principais procuram esclarecer o enigma da vida e da morte: (1) a Materialista, (2) a Teológica e (3) a do Renascimento. Segundo a primeira, delas, nada há que transcenda os limites da matéria física. A Mente é o resultado de certas correlações da matéria, o homem é o ser mais elevado do Universo e sua inteligência perece quando da sua morte. Fora disto, dizem os apologistas dessa teoria, tudo é produto da imaginação, de alucinações ou fruto da ignorância. O mundo material é a única realidade.
Essa teoria, entretanto, a cada dia que passa se torna mais insustentável. As pesquisas efetuadas pelas sociedades parapsicológicas das nações mais desenvolvidas; os estudos realizados por pessoas cultas e séria; os depoimentos de pessoas comprovadamente sãs e idôneas, envolvendo fenômenos suprafísicos, evidenciam a descoberta e confirmação de uma nova realidade.
A Teoria Teológica nega a possibilidade de o espírito renascer aqui no Mundo Físico. Assevera que, em cada nascimento uma alma recém-criada por Deus adentra a arena da vida; que ao fim de certo período deixa essa existência, passando pelo umbral da morte; que as condições “post-mortem”, eternas por sinal, dependerão de seus atos e conduta (segundo algumas seitas cristãs) ou de sua fé em Cristo como seu Salvador (segundo outras) durante a vida terrena. Portanto, aqueles cujo procedimento foi reprovável ou não tiveram fé deverão sofrer eternamente, enquanto os outros serão recompensados.
Ora, é fácil encontrar uma grande, uma flagrante contradição nessa teoria, decorrente da injustiça que ela carrega em seu bojo. Se nos Evangelhos o próprio Cristo nos exorta a perdoar não sete vezes, mas setenta vezes sete, isto é, infinitamente, como Deus pode condenar alguém ao sofrimento eterno, sabendo-se que o ambiente ou qualquer circunstância podem induzir facilmente à transgressão?
Que Divindade é essa, responsável pelo nascimento de um indivíduo numa favela, em meio à fome, ignorância e delinquência, e de outro numa mansão, cercado de todos os cuidados e educação esmerada? Se a própria justiça dos seres humanos, falível em si mesma, ainda tem a nobreza de conceder “sursis”, liberdade condicional e oportunidades de recuperação a quem comete delitos, por que Deus – suprema Perfeição – condenaria alguém?
Não, não é possível que seja assim. A Teoria Teológica projeta a imagem de uma Deidade antropomórfica, ou seja, concebida à imagem e semelhança do ser humano. Mas não é a própria Bíblia que afirma termos sido criados, nós, à Sua imagem e semelhança? O bom senso não consegue admitir tamanho absurdo. Conclui-se, portanto, da insustentabilidade dessa teoria.
Por fim, resta-nos analisar a Teoria do Renascimento, chamada pelos espíritas, teosofistas, budistas, etc., de reencarnação.
Se observamos a vida do ponto de vista ético-lógico não há como deixar de aceitar o renascimento. O Universo é regido por leis sábias, e, certamente, uma mente lúcida não poderá atribuir-lhe um sentido injusto. Tudo tem sua razão de ser.
Se os próprios seres humanos de ciência admitem, no campo material, um processo denominado “evolução”, por que não admitir que o mesmo se estenda a todos os campos?
Em todos os lugares contemplamos o esforço da natureza para atingir a perfeição. Não há processos súbitos de criação e destruição. Tudo caminha e se aperfeiçoa, lenta, mas seguramente.
Observemos a organização social, política, econômica, religiosa e familiar dos povos. Confrontemos com o panorama de quinhentos, mil ou dois mil anos atrás. Houve uma transformação radical, uma evolução, um aprimoramento, sem dúvida alguma. Não é lógico supor-se, entretanto, que os subsídios para promover essa evolução tenham sido colhidos apenas e tão somente nos bancos escolares ou nos templos, em um determinado lapso de tempo.
Há um cabedal de experiências, um lastro cultural e psicológico, impossível de ser formado no curto espaço correspondente a uma vida. Não nos esqueçamos, também, de um aspecto importante: todos esses avanços extraordinários tiveram a conduzi-los, a inspirá-los, a traçar-lhes as diretrizes, seres humanos dotados de qualidades incomuns, alguns até gênios na mais pura expressão do termo. Não adquiriram asas faculdades maravilhosas em poucas décadas.
A evolução é a história do progresso do espírito no tempo. São necessárias muitas vidas para que se consolide um atributo excepcional. Não fosse isso verdade, como explicar o fato de um Mozart tocar e compor em tenra idade, sem submeter-se a um aprendizado metódico?
“Por toda parte, observando os variados fenômenos do Universo, vê-se a espiral do caminho evolutivo. Cada volta da espiral compreende um ciclo. As espirais são contínuas. Cada ciclo submerge-se no próximo e é o produto melhorado do precedente, criando estados de maior desenvolvimento”, afirma Max Heindel.
Renascendo alternadamente em corpos masculinos e femininos, os seres humanos adquirem conhecimentos e experiências variados. Alguma imperfeição desta vida poderá ser corrigida numa ou em várias existências futuras. Uma qualidade atual poderá ser aprimorada a níveis nunca dantes imaginados. E, o que é muito importante, novas causas poderão ser deflagradas, novos cursos de ação eleitos, no exercício de uma divina faculdade, alavanca mór de todo progresso: a Epigênese.
Até poucas décadas atrás, o assunto “renascimento” ou “reencarnação”, era tratado com certa reserva fora dos ambientes esotéricos. Bastava que se o mencionassem para, de imediato, alguém, associá-lo com espiritismo. Verdade seja dita: os seguidores de Kardec também são reencamacionistas. Entretanto, essa associação de ideias revela como se desconhece o assunto. Afinal, ele é igualmente familiar a outras denominações filosóficas e religiosas. Nas rodas acadêmicas, todavia, era considerado “tabu”. Ninguém se aventurava a mencioná-lo, por temor ao ridículo.
Hoje, o quadro acima se encontras em franca mudança. A realidade ou não do renascimento vem merecendo debates até nos meios científicos. As pesquisas se intensificam. Casos interessantes estão sendo estudados e catalogados, objetivando-se, mais cedo ou mais tarde, provar-se alguma coisa.
E por que razão alguém se vexaria em admitir, publicamente, sua crença no retomo do espírito à vida terrena? Se é por temor ao ridículo, então…nossos pêsames. Se alguém se envergonha de suas convicções, então por que não as abandona de uma vez? Na realidade não está convencido de coisa alguma.
Mergulhamos no passado. Veremos a doutrina do renascimento constituindo um dogma fundamental dos sistemas religiosos dos antigos egípcios, dos Druidas e de outros povos. Quase todas as religiões orientais são reencarnacionistas.
Nos países ocidentais, vários seres humanos célebres confessaram publicamente sua crença nessa verdade. Pitágoras, insigne filósofo e matemático grego do quinto século antes de Cristo dizia, lembrar-se de ter sido Hermotino e de ter lutado na guerra de Tróia.
Ovídio, poeta latino (43 A.C. a 17 D.C.) afirmava ter assistido, numa encarnação anterior, ao cerco de Tróia, chegando a relatar em seus versos, acontecimentos de diferentes existências pelas quais teria passado.
Empédocles, filósofo e médico (quinto século A.C.) ensinava que os “seres se separavam pela repugnância, e pelo amor atingiam a união; que a alma para alcançar os conhecimentos necessários, reencarnava até chegar à perfeição”. Afirmava lembrar-se de duas encarnações, uma delas como homem e a outra como mulher.
O célebre escritor e político francês Lamartine, cria nas vidas sucessivas. No seu livro “Viagem ao Oriente” diz ter reconhecido o vale do Terevento e o túmulo dos macabeus.
Guerra Junqueiro meditando sobre os males que afligem o gênero humano, inclinava-se a crer que sejamos réprobos expiando faltas de outras existências.
Theophile Gautier, Alexandre Dumas (pai), Ponson de Terrail, Pierre Loti e outros escritores externam, por diversas vezes sua crença no renascimento.
Encontramos no Novo Testamento vários pontos alusivos ao renascimento, se bem Cristo não o tenha revelado abertamente. Mas fê-lo aos Discípulos, reservadamente. Por razões de ordem evolutiva, o conhecimento dessa verdade permaneceu oculto das massas durante vários séculos. Para os esoteristas cristãos e alquimistas, contudo, essa doutrina nunca foi novidade.
Cresce, dia a dia, o número de pessoas que, não só aceitam essa teoria, como se dispõem a estudá-la com profundidade. E, na Idade de Aquário, a iniciar-se dentro de uns 600 anos, aproximadamente, sua aceitação deverá ser total.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/79 – Fraternidade Rosacruz)
Pergunta: Qual o estado do Espírito antes do renascimento?
Resposta: Antes de imergir na matéria, o Tríplice Espírito está nu, tendo apenas consigo as forças dos quatro Átomos-sementes, os núcleos do Tríplice Corpo (Corpos: Denso, Vital e de Desejos e a Mente)
Pergunta: O que poderia ser comparado com a sua descida?
Resposta: A descida se assemelha à colocação de vários pares de luvas de crescente espessura nas mãos.
Pergunta: O que ocorre primeiramente?
Resposta: As forças da última existência são despertadas de seus estados latentes no Átomo-semente. Daí, começa o processo de atração dos materiais das mais altas subdivisões da Região do Pensamento Concreto.
Pergunta: Como se efetua?
Resposta: Na forma similar àquela do magneto que atrai a limalha de ferro. Se passarmos o magneto sobre uma porção de pedacinhos de metal, vê-lo-emos fazer uma seleção. Atraindo apenas o ferro e, mesmo assim, apenas na quantidade de sua possibilidade de atração.
Pergunta: Como esse exemplo se aplica ao Átomo-semente?
Resposta: A mesma coisa acontece com o material pelo qual tem afinidade e nada além do que uma definida quantidade.
Pergunta: Qual o tipo de Corpo produzido?
Resposta: Assim o veículo que se constrói ao redor desse núcleo se torna uma exata contraparte do veículo correspondente à última vida, menos o mal expurgado e mais a quintessência do bem incorporado ao Átomo-semente.
Pergunta: Qual a forma que o material atraído assume?
Resposta: O material selecionado pelo Tríplice Espírito assume a forma de um grande sino, aberto inferiormente e com o Átomo-semente localizado no topo.
Pergunta: Com o que poderia se comparar a descida, desse sino?
Resposta: Se concebemos essa ilustração espiritualmente, podemos compará-la ao mergulho de um escafandro em um mar de fluidos de crescente densidade.
Pergunta: A que corresponde isso?
Resposta: Corresponde às diferentes subdivisões de cada Mundo. A matéria tomada na contextura da forma com aparência de sino, vai tornando-a cada vez mais pesada. Assim ela vai mergulhando nas subdivisões mais inferiores, na medida em que vai atraindo a cota correspondente de material de cada subdivisão da Região do Pensamento Concreto até que o revestimento de uma nova Mente se complete.
Pergunta: Qual o processo adotado em relação ao Corpo de Desejos?
Resposta: Depois de passar pelo Mundo do Pensamento, a forma com aparência de sino entra no Mundo do Desejo, onde as forças do Átomo-semente do Corpo de Desejos são despertadas, se situando aquele ainda no topo do sino, porém, na sua parte interior. Desse momento, então, se inicia a descida através das sete Regiões do Mundo do Desejo, se desenvolvendo o mesmo processo de atração do material de cada Região daquele Mundo, na medida determinada pela capacidade do Átomo-semente.
Nessa altura a forma com aparência de sino possui já duas camadas: o revestimento da Mente por fora e o novo Corpo de Desejos por dentro.
(Revista: Serviço Rosacruz – 11/73 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Experiências em Previsão ou Profecia, Renascimento, Telepatia e Clarividência, Psicocinesia
Muito se fala de previsão, profecia, premonição, percepção de um acontecimento futuro que não se pode inferir pela força do raciocínio. Essa estranha faculdade humana tem sido também objeto de recentes investigações de ordem científica. São muito divulgadas as profecias de Nostradamus, que se tem cumprido. Estudam-se as profecias bíblicas. Menos conhecidas são as profecias de Mother Chifton, vidente inglesa. No domínio da Parapsicologia, o moderno e mais comentado caso é o de Edgard Cayce, nascido num sítio próximo de Hopkinsville, Kentucky, USA, em 1877 e falecido em 1945. As mais conhecidas obras que falam a seu respeito, são: THERE IS A RIVER, de Thomas Sugrue e MANY MANSIONS da dra. Gina Cerminara. Cayce não passara do curso primário, mas conhecia profundamente a Bíblia. Relia-a todos os anos. Rapaz devoto, trocou a vida do campo pelo trabalho na cidade, cerca dos 19 anos. Começou a trabalhar como vendedor. Aos 21 anos sofreu ataque de laringite e acabou perdendo a voz. A medicina e os medicamentos foram ineficazes: não pôde mais falar. Em estado de transe, sugeriu a própria cura.
Depois começou a fazer diagnósticos seguros, até mesmo a grandes distâncias do enfermo: ia, via o enfermo, dizia o que ele tinha e dava o diagnóstico, para os médicos curarem. Estudou astrologia espiritual e a empregava. Mais tarde ingressou em atividades filosóficas, ultrapassando os diagnósticos astrológicos e alcançando as vidas pregressas das pessoas. Finalmente vieram as profecias individuais e coletivas. Foi muito discutido e amplamente respeitado. O livro de Sherwood Eddy YOU WILL SURVIVE AFTER DEATH inclui relatórios de médicos que empregaram as respostas de Cayce aos seus consulentes, no decurso de muitos anos. Embora o método utilizado tenha sido o da hipnose, que a Filosofia Rosacruz condena, porque priva o Espírito da liberdade, além de outros prejuízos, Cayce convenceu muitos cientistas americanos e pessoas cultas, da realidade da reencarnação, da clarividência e outras formas de percepção supra sensórias. Oxalá isso leve o mundo ocidental à decisão de investigar e exercitar os meios naturais de desenvolvimento das faculdades latentes, pregados pela Filosofia Rosacruz.
O renascimento (preferimos esse termo ao de reencarnação, porque é mais completo) é a lei de evolução do espírito através de corpos de crescente eficácia e sexos alternados, até atingirmos, finalmente, a perfeição prevista por Cristo: “Sede vós perfeitos, como vosso Pai celestial”. Mais de um bilhão de seres humanos esposa essa realidade; portanto, 40% da população mundial. Há, seguramente, numa grande biblioteca, centenas de referências ao assunto: livros, poemas, estudos, antologias. O professor T.H. Huxley declara: “Somente num pensamento precipitado é que se pode negar o renascimento, sob fundamento de ser um absurdo”. Voltaire observou: “Não é mais de surpreender que se nasça muitas vezes: tudo na natureza é ressurreição!”. O brilhante e versátil Benjamin Franklin fez várias alusões ao princípio da reencarnação e até sugeriu, na idade de 23 anos, que seu próprio epitáfio deveria ser:
O corpo de Benjamin Franklin,
Tipógrafo,
À semelhança da capa de um livro velho,
De conteúdo gasto,
Destituída de suas letras douradas,
Jaz aqui, como alimento aos vermes.
Mas essa obra não será em vão;
Aparecerá mais uma vez, como ele acreditava.
Numa nova e mais elegante edição,
Revista e corrigida pelo Autor.
Quase todos os maiores poetas se alistaram nas fileiras dos adeptos da reencarnação, talvez porque são mais intuitivos. Figuram os nomes de Tennyson Browning, Swinburne, Bossetti, Longfellow, Whitman, Donne, Goethe, Milton, Maeterlinck; John Masefiel, o poeta laureado na Inglaterra, escreveu:
Sustento que, ao morrer, uma pessoa,
Sua alma novamente à terra voltará.
Envergando novo disfarce,
Outra mãe à luz o dará.
Com membros mais fortes e cérebro mais brilhante,
A velha alma a jornada recomeçará.
Notáveis literatos, filósofos e pensadores: Cícero, Virgílio, Platão, Pitágoras, César, Bruno, Oliver Wendell Holmes, Vitor Hugo, Thomas Huxley, sir Walter Scott, Ibsen. Spinoza, todos dão sua contribuição a essa verdade.
Schopenhauer definiu sua posição em termos explícitos: “Se um asiático me pedisse para definir a Europa, seria forçado a responder-lhe: é essa parte do mundo que se acha atormentada pela incrível desilusão de que o ser humano foi criado do nada e que seu presente nascimento é a primeira entrada na vida”.
A Bíblia, principalmente o Novo Testamento, contém muitas citações alusivas ao renascimento, algumas diretas, outras veladas.
A Parapsicologia registra dezenas de casos extraordinários, com provas suficientes para satisfazer o mais obstinado cético e, principalmente, o inteligente pesquisador científico. Um dos livros mais interessantes é “THE PROBLEM OF REBIRTH”, do ilustre Ralph Shirley, que se constitui, em grande escala, num exame das muitas facetas do problema. Apresenta um sem-número de casos interessantíssimos, dentre eles o da pequenina Alexandrina Samona, filha de médico; o de Shanti Devi; etc., cujo relato omitimos para não alongar demasiado a exposição.
Portanto, se alguém lhe diz, leitor, que não acredita no renascimento, apesar do testemunho e dos argumentos da Filosofia Rosacruz, endereço-o às conclusões parapsicológicas que provam, de sobejo, a realidade dessa Lei tão lógica.
A telepatia consiste na transmissão do pensamento, de um espírito para outro, sem o emprego dos sentidos.
Distingue- se da clarividência, que é a percepção dos objetos ou dos acontecimentos sem emprego dos sentidos – qualquer percepção direta de objetos externos. Vejam bem: telepatia é comunicação entre espíritos; clarividência é a comunicação entre espírito e objeto.
Se alguém pensa em um número entre um e cinco, e outra percebe corretamente qual o número — e se se repetir o fato sem que ocorram erros nem fraude, digamos, em cem experiências – teremos, certamente, um nítido exemplo de telepatia.
Na experiência telepática, aquele que concentra o pensamento num número, chama-se “transmitente”. O que procura descobrir o número é conhecido pelo nome de “receptor”. O número é referido como o “objeto”. A reação do receptor ao procurar designar o objeto, chama-se “invocação”, seja ela registrada graficamente, seja simplesmente oral. As invocações corretas designam-se como “pontos certos”.
Quanto à clarividência, registram-se casos interessantíssimos. Por exemplo, mencionado na obra “Phantasms of the living”: uma menina de 12 anos atravessava uma vereda do campo, quando, subitamente, teve uma “visão”: viu sua mãe estendida no chão da casa em que morava. A percepção foi nitidamente clara e dolorosa — tão clara que deu para ver um lenço orlado de rendas, no chão, ao lado da mãe, e tão dolorosa, para fazer com que a menina chamasse um médico, antes mesmo de voltar para casa. Não foi fácil convencer o médico de que devia ir imediatamente, pois, aparentemente, a mãe gozava de boa saúde e, além disso, supunha-se que estivesse ausente de casa nesse dia. Mas ele acabou acompanhando a menina, e de fato foram encontrar a mãe estendida no chão, no quarto que ela havia descrito. Todos os pormenores, inclusive o lenço orlado de rendas, eram justamente como ela havia visto. O médico descobriu que a mulher tinha sido vítima de um ataque cardíaco e era de opinião que ela teria sobrevivido se ele não tivesse chegado àquela hora.
Outro caso curioso, narrado pelo próprio professor e cientista Rhine, da Universidade de Duke, USA, e que o levou à pesquisa parapsicológica, foi o seguinte: “Nossa família fora despertada, certa madrugada, por um vizinho que desejava que lhe emprestássemos um cavalo e a charrete, para ir à aldeia próxima, a nove milhas dali. Justificou que a esposa tivera horrível sonho, no qual vira o irmão voltar para sua casa, lá na outra aldeia; desatrelou os cavalos, conduziu os animais para o cercado e depois foi à casa de feno e suicidou-se com um tiro de pistola. Vira-o puxar o gatilho e rolar sobre o feno, caindo depois num canto. Não houve meios de convencê-la de que era um simples pesadelo. Não havia telefone e acabaram indo para a casa do irmão, onde encontraram a esposa ainda esperando o marido. Dirigiram-se ao cercado e viram os cavalos desatrelados. Subiram à casa de feno e lá encontraram o corpo no lugar e posição que a irmã descrevera. A mulher havia tido uma nítida visão de tudo.
O próprio cientista e filósofo sueco, o famoso Emanuel Swendenborg, é exemplo de muitos casos de clarividência, registados na Parapsicologia. Em 1759, ele se achava em Göteborg e descreveu certo incêndio que naquele momento ocorria em Estocolmo, a 300 milhas dali. Fez o relato minucioso às autoridades locais. Citou o nome do proprietário da casa sinistrada e disse, até, a hora em que se extinguiu o fogo. A exatidão de seu relato foi confirmada, vários dias após, por um mensageiro do rei.
Outro caso registrado é o de uma atriz, a respeito dos dotes supra sensoriais de sua mãe: “Minha mãe e eu estávamos à mesa, tomando café e me contou um sonho muito vívido em que vira na sala de sua casa, em Verbacz (cidadezinha que pertencia à Hungria e agora pertence à Sérvia, a, em torno de, 9.600 quilômetros de Colorado, USA, onde estavam as duas), um caixão mortuário e sua mãe nele. Havia muitas pessoas na sala. Mamãe estava impressionada e resolveu escrever à sua irmã Lisl a respeito. Pueblo, Colorado, fica muito longe de Verbacz e naquele tempo não havia mala aérea para a Europa. Por isso demorou muito a resposta, confirmando todos os detalhes do sonho.
Muitos outros casos registrados poderiam ser narrados aqui, mas a falta de espaço nos impede de prolongar, mesmo porque o assunto nos é muito familiar e dispensa argumentação. O sexto sentido se desenvolve em grande número de pessoas, tem confirmado casos igualmente interessantes e o próprio leitor fatalmente deve ter ouvido casos assim. O valor de tais registros consiste apenas em mostrar aos nossos estudantes que não devem ter receio de admitir e falar sobre essas realidades, porque já são de domínio científico. Ainda mais: a comprovação gradativa que a ciência faz das realidades espirituais, contidas nos documentos e ensinamentos de várias escolas, levanta um crédito de confiança em tudo que elas ensinam, de há muitos séculos.
Nada há, na natureza, que permaneça no mesmo estado: ou evolui ou retrocede. Muitas vezes perguntam porque devemos renascer e evoluir constantemente. É uma condição inerente ao Espírito, feito à imagem e semelhança do Criador. Como semente, ele deve germinar, crescer, frutificar até atingir a estatura da Árvore-Mãe. Diríamos que o Espírito evoluinte é como o alpinista do romance “The White Tower”. Perguntaram-lhe “porque insistia em subir ao pico de uma montanha que ser humano algum havia atingido ainda; respondeu “Porque ele está lá – à minha espera”.
No desenvolvimento do sexto sentido, previsto para a Era de Aquário, PSICOCINÉSIA é o domínio da natureza superior sobre a matéria. Decompondo a palavra, teremos: “psico” que se refere à alma, e “cinesia”, do grego “kinesis”, significando movimento, quer dizer, moção anímica, atividade anímica, pela qual exercemos domínio sobre a matéria. Há muitos anos um grande industrial me surpreendeu com esta declaração: “Se realmente viermos a saber como utilizar a força do espírito humano — e apontou para um cinzeiro sobre a mesa — poderemos, provavelmente, mover este cinzeiro, empregando apenas, habilmente, a força espiritual”. Acho, hoje, que ele disse pouco, ao pensar nos enormes blocos de pedra assentados e ajustados com perfeição nas pirâmides, em tempo que os seres humanos possuíam poder interno e não tinham máquinas. E mesmo com as quinas de hoje não poderiam erguer e colocar aqueles blocos tão pesados. Pensei nas gigantescas estátuas de pedra da Ilha de Páscoa. O ocultismo explica muito bem isto. Já possuímos o poder modelador da palavra na Lemúria e início da Época Atlante: com ele modelávamos a flora e a fauna. E está prometido que um dia usaremos a palavra criadora —a palavra perdida —além de outros poderes sobre a matéria, conforme disse nos evangelhos: “Se tiveres a fé do tamanho do um grão de mostarda, dirás a este monte: remove-te para lá e ele te obedecerá”. São muitas as citações de milagres bíblicos. Mesmo fora do campo religioso encontramos expressiva coleção de fatos: iogues que permanecem vivos vários dias, enterrados ou mergulhados na água; a eliminação de verrugas e outras intumescências da pele, sem recorrer a meios físicos.
Há também os casos de bruxarias e de baixo nível religioso, que trabalham com os elementares na levitação de objetos, arremesso de pedras, provocação de chuvas, relógios que param ou se quebram, como sinal de que alguém morreu; a sugestão sobre o corpo etc.
A Parapsicologia tratou com muito interesse deste assunto, fazendo experiências com dados especiais e cercando as provas de todas as cautelas, sujeitando as pessoas a restrições incomuns.
Pois bem: apesar de usarem meios mecânicos e restringirem a ação das pessoas, limitando os lances a meras induções mentais, notou-se que “algo mais”, além do movimento das máquinas de lançar dados, influía na queda e posição dos dados. Isso revelava a influência de “algo” imaterial sobre eles. Passaram, então, a investigar se essa influência era cerebral ou um processo mental não físico. Provou-se que a massa, o número e a forma não eram fatores determinantes nos testes de psicocinesia. Como bem disse o dr. Rhine, em poucas palavras: “Quase não resta dúvida de que a psicocinesia não é de origem física”.
Qual a explicação ocultista para o fato? Como disse Max Heindel: para toda ação há um agente. O poder mental, o desejo fortemente concentrado, submete elementais à vontade humana e logra agir sobre a matéria dos mais variados modos.
Os elementais são físicos, embora invisíveis ao ser humano comum. Seus corpos são etéricos. Mas, note-se bem: isso não é espiritualidade. É mera ação física, envolvendo emoção e pensamento. Espiritualidade é cultivo do Espírito, por meio de reforma de caráter. Todavia, fazemos concessões a tais experiências. Tudo o que existe é necessário, é efeito provocado pelo materialismo, é recurso para, a pouco e pouco levar as pessoas a atividades espirituais, convencidas que estejam da existência de coisas extraterrenas.
Em 1882, num protesto isolado contra a indiferença geral e materialismo da época, um grupo de eruditos fundou em Londres a “Sociedade Inglesa de Pesquisas Psíquicas”, com o objetivo de investigar tudo o que se relacionasse com a telepatia (transmissão do pensamento de espírito, sem emprego dos sentidos); telestesia (clarividência); assuntos mesméricos (magnetismo); previsão (profecia ou previsão de um acontecimento futuro sem a força do raciocínio); psicocinesia (domínio da natureza superior sobre o corpo); enfim, para estudar e compor uma ciência das manifestações que transcendem a princípios conhecidos. Por isso, a esse conjunto de pesquisas deram o nome de Parapsicologia, que quer dizer: “além da psicologia”. Em outros países, cientistas fortemente interessados nesses estudos imitaram o exemplo da Inglaterra. Nos U.S.A., em 1930, o homem que agora aparece como o incontestável guia nesse setor, J.B. Rhine, lançou um ataque em grande escala, com três outros membros da Seção de Psicologia da Universidade de Duke. Era a primeira vez, na história que um grupo de membros do corpo decente de uma universidade se arriscava a um trabalho pioneiro de tanta crítica.
Entrementes, a literatura, nesse campo, começou a aumentar. Estudiosos de vários países passaram a contribuir com livros e relatórios.
Experiências comprovadoras foram, meticulosamente, levadas a efeito em inúmeras universidades, inclusive as de Bonn, na Alemanha; de Cambridge, Oxford e Londres e em muitas escolas norte-americanas. Por volta de 1940, o professor Thouless, de Cambridge, declarava: “Deve-se considerar provada a realidade dos fenômenos com a mesma segurança que se tem das provas feitas com outras experiências cientificas”. Em 1954, o dr. Raynor C. Johson, um físico, escreveu: “É uma questão das mais profundas e da mais considerável importância poder agora afirmar que a telepatia, a clarividência e a previsão constituem, inegavelmente, fatos incontestáveis, cuja prova merece fé e está tão bem estabelecida quanto as leis básicas da física e da química. O Dr. Rhine e o Laboratório de Parapsicologia de Duke, USA, como resultado de milhares de experiências controladas, pelo método de “cartas”, têm provado que a telepatia e clarividência, representam, hoje em dia, uma realidade.
A dificuldade que os parapsicologistas tiveram de enfrentar foi a de determinar se os fenômenos de telepatia e de clarividência eram físicos ou suprafísicos. Se a percepção extra-sensorial fosse puramente física, então o espírito seria estritamente mecanístico e nesse caso o fator distância (espaço) teria certo efeito mensurável na ocorrência. Mas, as experiências posteriores provaram conclusivamente que a distância não mostra efeito algum sobre uma demonstração de percepção extra-sensorial. Isto os levou à conclusão que de há muito consideram impossível: o espírito é capaz de ultrapassar o tempo e o espaço, porque é superior a essas condições físicas interdependentes.
Pensamos que seria útil aos nossos Estudantes conhecer as principais experiências catalogadas nas principais obras da matéria e assim dispor, como conhecimento geral, meios de confirmação científica do que estudam na filosofia – essas verdades básicas expostas na literatura oculta, desde vários milênios e que agora irrompem de sob a casca de materialismo, enfeitados com nomes científicos. Isso é previsto por muitos. Antes de sua morte, ocorrida em 1923, o formidável matemático e engenheiro-eletricista Charles Steinmetz, anunciou ao mundo que a ciência, quando voltasse finalmente para as descobertas do espírito, haveria de ter um progresso maior, em cinquenta anos, do que o que tivera em toda a sua história passada. Se esse grande gênio estivesse vivo, provavelmente concordaria em que o gongo finalmente soou. O meio século decisivo já está em plena marcha.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de Abril/72)
Em cada nascimento vem ao mundo o que aparenta ser uma nova vida.
Lentamente, a pequena forma cresce, vive e se move entre nós e torna-se um fator em nossas vidas; mas finalmente chega um momento em que a forma cessa o movimento e morre.
A vida que veio; de onde não sabemos, volta ou passa para o invisível além.
Então, com tristeza e perplexidade, nós fazemos as três grandes perguntas relativas à nossa existência: de onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos?
1. Para fazer download ou imprimir:
2. Para estudar no próprio site:
O ENIGMA DA VIDA E DA MORTE
Dos Escritos de
Max Heindel
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1909, The Riddle of Life and Death, editada por The Rosicrucian Fellowship
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
ÍNDICE
CAPÍTULO I – AS Três Teorias. 6
CAPÍTULO II – A Teoria Materialista.. 8
CAPÍTULO III – A Teoria Teológica.. 9
CAPÍTULO IV – A Doutrina da Reencarnação.. 10
CAPÍTULO V – O Progresso EM Espiral.. 11
CAPÍTULO VI – A Lei dos Ciclos Alternantes. 12
CAPÍTULO VII – Explicando as Tendências Morais. 14
CAPÍTULO VIII – A Lei de Consequência.. 16
CAPÍTULO IX – A Escola da Vida.. 17
CAPÍTULO X – Nós Somos os mestres dos nossos destinos. 19
CAPÍTULO XI – Recordando vidas passadas. 21
CAPÍTULO XII – Frequência do Renascimento.. 23
CAPÍTULO XIII – A Solução para o Enigma.. 25
Em cada nascimento vem ao mundo o que aparenta ser uma nova vida. Lentamente, a pequena forma cresce, vive e se move entre nós e torna-se um fator em nossas vidas; mas finalmente chega um momento em que a forma cessa o movimento e morre. A vida que veio; de onde não sabemos, volta ou passa para o invisível além. Então, com tristeza e perplexidade, nós fazemos as três grandes perguntas relativas à nossa existência: de onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos?
Através de cada limiar (ou princípio) o terrível espectro da morte lança sua sombra. E visita igualmente tanto o “palácio quanto o casebre”. Dela ninguém está a salvo: velhos ou jovem, doentes ou sãos, ricos ou pobres. Todos devem passar por este portal sombrio, e ao longo dos tempos soou o grito clamoroso por uma solução ao enigma da vida – ao enigma da morte.
Infelizmente, têm sido vagas as muitas especulações vindas de pessoas que pouco sabem e, portanto, tornou-se popularmente aceita a opinião de que nada em definitivo se pode conhecer acerca da mais importante da nossa existência: a Vida antes de manifestar-se pela porta do nascimento e além dos portais da morte.
Tal ideia é errônea. O conhecimento definido, de primeira mão, está ao alcance de todo aquele que queira se dedicar ao desenvolvimento do “sexto sentido”, latente em todos. Quando adquirimos, abre os nossos olhos espirituais, com os quais podemos perceber tanto os Espíritos próximos a entrar na vida física pelo nascimento, quanto àqueles que acabam de retornar ao além, após a morte. Nós os vemos tão claros e nitidamente como podemos ver os seres físicos com os nossos olhos físicos. Mas nem é necessária a investigação direta nos Mundos internos para satisfazer a Mente indagadora, do mesmo modo que não é necessário ir à China para conhecer as suas condições lá. Conhecemos as nações estrangeiras por meio de informações, de relatos de quem as visitou. E há tanta informação sobre os Mundos internos quanto há sobre o interior da África, da Austrália ou da China.
A solução do problema da Vida e do Ser indicada nas páginas seguintes, baseia-se no testemunho simultâneo de muitos que já desenvolveram a faculdade acima mencionada e que, por isso mesmo, tornaram-se aptos para investigar cientificamente os reinos suprafísicos. Isto está em harmonia com os fatos científicos, e é uma verdade eterna na Natureza, governando o progresso humano, quanto a Lei de Gravidade, também o é na manutenção dos Astros, dentro de suas próprias órbitas, em torno do Sol.
Três teorias foram formuladas para resolver o enigma da vida e da morte, parecendo ser crença universal que uma quarta concepção é impossível. Assim sendo, uma dessas três teorias deve ser a solução verdadeira ou de outro modo o problema permaneceria insolúvel; pelo menos para o ser humano.
O enigma da vida e da morte é um problema básico; todos devem resolvê-lo algum dia, e a aceitação de uma dessas três teorias torna-se, então, importantíssima para cada um dos seres humanos, já que a escolha determinará os rumos de suas vidas. Para que possamos fazer uma escolha inteligente necessitamos conhece-las, analisá-las, compará-las e pesá-las, conservando a Mente aberta e livre do preconceito de ideias preconcebidas, pronto a aceitar ou rejeitar cada teoria segundo seus méritos. Citemos, primeiramente, essas três teorias e depois vejamos sua concordância com os fatos estabelecidos da vida e até que ponto eles se harmonizam com as outras Leis da Natureza, já conhecidas. Se verdadeiras, podemos racionalmente esperar que se harmonizem, pois a discordância não tem lugar na Natureza.
Comparando a Teoria Materialista com as conhecidas leis da Natureza, constatamos ser ela contrária a essas leis devidamente estabelecidas. De acordo com essas leis, a Mente não pode ser destruída pela morte, como afirma a teoria materialista, porque quando nada pode ser destruído, a Mente tampouco pode.
Além disso, está claro que a Mente é superior à matéria, pois modela a face de tal maneira que esta possa refleti-la; sabemos também que as partículas de nossos corpos estão constantemente sendo trocadas; e que uma mudança completa ocorre, no mínimo, a cada sete anos. Se a teoria materialista fosse verdadeira, nossa consciência também deveria passar por uma mudança completa a cada período desses, nada restando das recordações anteriores. Assim sendo, ninguém poderia relembrar qualquer acontecimento ocorrido há mais de sete anos.
Sabemos que não é esse o caso. Podemos nos recordar de toda a nossa vida; o mais insignificante incidente, embora esquecido na vida ordinária, é vividamente recordado por uma pessoa que se afoga, mesmo no estado do transe. O materialismo não leva em conta esses estados de subconsciência ou supraconsciência, e por não poder explicá-los, simplesmente os ignora, mas em face das investigações científicas que já estabeleceram a veracidade dos fenômenos psíquicos, a política de ignorar, em vez de refutar ou discutir essas afirmações da ciência, é imperdoável falha numa teoria que proclama ter resolvido o maior problema da vida: a própria Vida.
A teoria materialista tem ainda muitas outras falhas que impedem a nossa aceitação, mas já dissemos o bastante para justificar-nos e, deixando-a de lado, passaremos às outras duas teorias.
Uma das maiores dificuldades na doutrina dos teólogos consiste em ser ela total e reconhecidamente inadequada. De acordo com essa teoria, de que uma nova alma é criada a cada nascimento, miríades de almas têm sido criadas desde o princípio de nossa existência – mesmo supondo que esse começo se deu há apenas 6.000 anos. Segundo certas seitas, apenas 144.000 dessas almas serão salvos; as demais serão torturadas para sempre. E isso é chamado de “Plano de salvação de Deus” e exaltado como prova do maravilhoso amor de Deus.
Suponhamos que uma mensagem telegráfica seja recebida em Nova York informando que um enorme transatlântico está afundando em Sandy Hook[1]; e que 3.000 pessoas estão na iminência de morrer afogadas. Consideraríamos como um glorioso plano de salvação enviar em seu socorro um pequeno barco a motor que pudesse resgatar apenas dois ou três náufragos? Certamente que não. Somente quando algum outro meio mais adequado fosse providenciado para salvar pelo menos a grande maioria, é que poderíamos considerá-lo um bom “plano de salvação”.
O “plano de salvação” que os teólogos oferecem é ainda mais precário do que enviar um pequeno barco a motor para salvar as pessoas do transatlântico, pois dois ou três salvos para um total de 3.000 pessoas é uma proporção muito maior do que 144.000 de todas as miríades de almas criadas, segundo os próprios teólogos. Se Deus realmente tivesse elaborado esse plano, pareceria à mente lógica que Ele não seria bom. Se Ele não pode ajudar a si mesmo, Ele não é onipotente. Em nenhum dos casos, então, ele pode ser Deus. Tais suposições, no entanto, são absurdas como realidades, pois isso não pode ser o plano de Deus, e seria uma grande blasfêmia atribuir-Lhe tal coisa.
Se nos voltarmos para a doutrina da reencarnação (renascimento em corpos humanos), que postula um lento processo de desenvolvimento levado a efeito com inabalável persistência através de repetidos renascimentos em formas humanas de crescente eficiência, pelo que todos os seres alcançarão no devido tempo uma estatura espiritual inconcebível à nossa limitada compreensão atual, facilmente poderemos perceber sua harmonia com os métodos da Natureza. Em toda parte, encontramos na natureza essa lenta, mas persistente luta pela perfeição, e em nenhum lugar vemos um processo súbito quer de criação, quer de destruição análogo àquele que os teólogos e materialistas querem fazer-nos crer.
A ciência reconhece que o processo de evolução, como o método de desenvolvimento da natureza, é igual tanto para a estrela do céu quanto para a estrela do mar, para o micróbio como para o ser humano. É o progresso do espírito no tempo e, à medida que observamos em volta e notamos a evolução em nosso universo tridimensional, não podemos nos furtar da evidência de que o seu caminho também é tridimensional, uma espiral. Cada espiral é um ciclo, e os ciclos seguem em ininterrupta progressão, à medida que as espirais se sucedem umas às outras, sendo que cada ciclo é o produto melhorado do precedente e a base do progresso dos ciclos subsequentes.
Uma linha reta nada mais é do que a extensão de um ponto, e assim também as teorias dos materialistas e dos teólogos. A linha materialista da existência vai do nascimento à morte; a linha do teólogo começa em um ponto imediatamente anterior ao nascimento e prolonga-se para o invisível além da morte. Não há retorno possível. A existência assim vivida extrairia um mínimo da experiência da Escola da Vida, como se o ser humano fora apenas um ser unidimensional incapaz de se expandir ou de alcançar as sublimes alturas da realização.
Um caminho de zigue-zague, de duas dimensões, para a vida evolucionante não seria o melhor, um círculo significaria voltar infindavelmente sobre as mesmas experiências. Tudo na natureza tem um propósito, inclusive a terceira dimensão. Para que possamos viver as oportunidades de um universo tridimensional, o caminho evolutivo deve ser em espiral. E assim é de fato. Em toda parte, quer no céu quer na terra, todas as coisas caminham para frente, para cima e para sempre.
A pequena planta no jardim e a sequoia[2] gigante da Califórnia, com seu tronco de 13 metros de diâmetro mostram a espiral na ordenação de seus ramos, talos e folhas. Se estudarmos a grande abóboda celeste e examinarmos a nebulosa espiralada, que são mundos em formação, ou os caminhos percorridos pelos Sistemas Solares, fica evidente que a espiral é o caminho do progresso.
Encontramos outra ilustração do progresso em espiral no curso anual de nosso Planeta. Na primavera, ela sai de seu período de repouso, desperta de seu sono hibernal. Então, vemos a vida brotando por toda parte. E a Natureza empregando todas as atividades para criar. O tempo passa; os cereais e a uva estão amadurecidos e sendo colhidos, e novamente o silêncio e a inatividade do inverno substituem a atividade do verão; e outra vez o manto de neve envolve a Terra. Mas ela não dormirá para sempre; e novamente despertará ao canto de uma nova primavera, e com isso terá progredido um pouco mais no caminho do tempo.
É possível que uma lei, sendo universal em todos os demais reinos da Natureza, seja revogada apenas no reino humano? Pode a Terra despertar todos os anos de seu sono hibernal; pode a árvore e a flor viver novamente e somente o ser humano morrer? Não, isto é impossível num universo governado por lei imutável. A mesma lei que desperta a vida na planta para um novo crescimento deve também despertar o ser humano para mais um passo rumo à perfeição. Portanto, a doutrina do renascimento, ou repetidas encarnações humanas em veículos de crescente perfeição, está em pleno acordo com a evolução e com os fenômenos da Natureza, quando se afirma que o nascimento e a morte seguem um ao outro em contínua sucessão. E isto se acha em plena harmonia com a lei dos Ciclos Alternantes que estabelece uma sequência ininterrupta, um após o outro: atividade e repouso, fluxo e refluxo, verão e inverno. Está também em perfeito acordo com a fase espiral da Lei de Evolução quando declara que toda vez que o Espírito retorna a um novo nascimento, assume um corpo mais perfeito e, à medida que o ser humano progride em conquistas mentais, morais e espirituais em consequência das experiências acumuladas de vidas passadas, alcança um melhor ambiente para viver.
Quando buscamos solucionar o enigma da vida e da morte; quando buscamos uma resposta que satisfaça tanto a Mente quanto ao Coração, sobre as diferenças nos dons ou condições dos seres humanos, buscando uma razão para a existência de tristeza e dor; quando indagamos por que um indivíduo é criado no regaço de luxo, enquanto outro tem de resignar-se com as miríades migalhas que lhe atiram; Por que um recebe uma educação moral, enquanto o outro é ensinado a roubar e a mentir; por que um nasce com uma feição e imagem venusiana, enquanto o outro nasce com a cabeça de Medusa[3]; por que um desfruta da mais perfeita saúde, enquanto outro jamais conhece um momento de alívio de suas dores; por que um tem o intelecto de Sócrates[4], enquanto outro mal sabe contar “um, dois ou muitos”; assim como os aborígenes Australianos, os materialistas ou teólogos nada podem esclarecer. O materialismo atribui às causas das enfermidades a Lei de Hereditariedade e, com relação às condições econômicas, Spencer[5] nos diz que, no mundo animal, a lei da Sobrevivência é “comer ou ser comido”; e na sociedade civilizada a Lei é “enganar ou ser enganado”.
A hereditariedade explica parcialmente a constituição física. Semelhante produz semelhante, pelo menos no que concerne à forma, mas a hereditariedade não explica as tendências morais e as inclinações mentais, as quais diferem em cada ser humano. A hereditariedade é um fato nos reinos inferiores, onde todos os animais de uma mesma espécie parecem ser iguais, comem o mesmo tipo de alimento e agem de maneira semelhante em idênticas circunstâncias, porque não têm somente vontade própria, mas são dominados por um Espírito-Grupo comum. No reino humano é diferente. Cada ser humano age à sua própria maneira. Cada um requer uma dieta própria. Conforme passam os anos de infância e adolescência o Ego vai moldando o seu instrumento de tal maneira que nele reflete as suas características. Assim, não existem duas pessoas exatamente iguais. Mesmo os gêmeos que não podem ser distinguidos na infância diferenciam-se gradativamente ao crescerem, pois, suas próprias características é que formalizarão o pensamento do Ego interno.
No plano moral prevalecem semelhantes condições. Os registros policiais demostram que os filhos de criminosos incorrigíveis, geralmente, não possuem tendências criminosas; eles quase sempre se conservam afastados dos tribunais, e nas “galerias de criminosos” da Europa e da América é impossível encontrar pai e filho ao mesmo tempo. Assim, os criminosos são filhos de pessoas honestas sendo, portanto, a hereditariedade incapaz de explicar as tendências morais.
Quando considerarmos as elevadas faculdades intelectuais e artísticas, descobrimos que os filhos de um gênio são, muitas vezes, pessoas medíocres e até mesmo idiotas. O cérebro de Cuvier[6] foi o maior, jamais pesado e analisado pela ciência. Seus cinco filhos morreram de paresia[7]. O irmão de Alexandre, o Grande[8], era um idiota, e como esse, muitos outros casos poderiam ser citados de improviso, para mostrar que a hereditariedade explica apenas parcialmente a similaridade da forma, e nada esclarece sobre as condições mentais e morais. A Lei da Atração, que faz com que os músicos se agrupem em salas de concertos e estimula reuniões de pessoas literárias em razão de suas semelhanças e gostos; é a Lei de Consequência, que leva aqueles que desenvolvem tendências criminosas a se associar com criminosos, a fim de que possam aprender a praticar o bem, sofrendo as consequências do mal praticado, explicam, mais logicamente do que a hereditariedade, os fatos de associações e de caráter.
Os teólogos explicam que todas as condições são criadas pela vontade de Deus, que em Sua insondável sabedoria houve por bem tornar alguns ricos e a maior parte pobres; alguns inteligentes e outros tolos etc.; que Ele proporciona dificuldades e provações a todos; sendo que a maioria terá maiores dificuldades e provações e uma minoria terá pouco, dizendo ainda que devemos aceitar nossa parte sem murmurar ou queixas. Mas é quase impossível olhar o céu com amor quando se pensa que de lá vem, por capricho divino, todas as nossas desgraças, sejam grandes ou pequenas. E a bondosa mente humana se revolta ao pensamento de um pai que esbanja amor, conforto e riqueza a uns poucos, e envia tristeza, sofrimento e miséria a milhões. Certamente deve haver outra solução, diferente dessa, para os problemas da vida. Não é mais razoável supor que os teólogos interpretam mal a Bíblia, do que atribuir tão monstruosa conduta a Deus?
A Lei de Renascimento oferece uma solução razoável a todas as desigualdades da vida, isto é, as tristezas e sofrimentos, quando se une à sua lei complementar, a Lei de Consequência mostrando o caminho da emancipação.
A Lei de Consequência é a Lei da Justiça da Natureza. Decreta que aquilo que o ser humano semear isso mesmo colherá. O que somos, o que temos, todas as nossas boas qualidades são resultado do nosso trabalho no passado, daí os nossos talentos. O que nos falta física, moral ou mentalmente é pelo fato de termos negligenciado certas oportunidades no passado, ou mesmo por não termos as tido, mas algum dia e em algum lugar teremos outras possibilidades e então, recuperaremos o que foi perdido. Quanto às nossas obrigações para com os demais e os débitos deles para conosco, a Lei de Consequência prevê isto. O que não pode ser liquidado em uma só vida será liquidado nas vidas futuras. A morte não cancela nossas obrigações, da mesma forma que mudando para outra cidade não liquidamos nossas dívidas contraídas aqui. A Lei do Renascimento provê-nos um novo ambiente, mas nele vamos encontrar nossos velhos amigos e nossos antigos inimigos. Nós os reconheceremos, pois quando encontramos com uma pessoa pela primeira vez e sentimos como se a conhecêssemos durante toda a nossa vida, isso não é mais do que um reconhecimento do Ego que atravessa o véu da carne e descobre o antigo amigo. Por outro lado, quando nos deparamos com uma pessoa que imediatamente nos inspira medo ou repulsa, novamente isso representa uma mensagem do Ego nos advertindo contra o nosso velho inimigo de vidas passadas.
O ensino oculto relativo à vida, que baseia sua solução nas Leis gêmeas de Consequência e Renascimento, diz simplesmente que o mundo que nos rodeia é uma escola de experiência; que assim como enviamos uma criança à escola dia após dia e ano após ano, para que aprenda mais e mais conforme avance através das diversos graus, do jardim de infância à faculdade, assim também o Ego humano, como filho do Pai, vai à Escola da Vida, dia após dia. Só que nessa vida mais ampla do Ego, cada dia na escola é uma vida terrestre, e a noite que cai entre dois dias de aprendizado corresponde ao sono da morte numa vida mais ampla do Ego humano (o Espírito no ser humano).
Numa escola existem muitos graus. As crianças mais velhas que frequentaram as muitas aulas irão aprender lições muito diferentes daquelas que estão cursando o jardim de infância. Assim também, na Escola da Vida, aqueles que ocupam posições elevadas, dotados de grandes faculdades, são nossos Irmãos Maiores, enquanto que as pessoas não civilizadas ainda estão ingressando nas classes mais primárias. O que eles são agora nós também já fomos, e todos alcançarão, no devido tempo um ponto em serão mais sábios, do que aqueles que agora têm o conhecimento. Nem deve surpreender ao filósofo que o poderoso oprima ao fraco; as crianças mais velhas são cruéis com seus companheiros mais jovens, em determinada fase de seu crescimento, porque elas ainda não desenvolveram o verdadeiro senso de justiça, mas, à medida que elas crescem, aprenderão a proteger os mais fracos. O mesmo acontece às crianças de maior idade. O altruísmo floresce mais e mais em toda parte, e dia virá em que todos os seres humanos serão tão bons e benevolentes quanto os maiores santos.
Só existe um pecado: a Ignorância; e apenas uma salvação: o Conhecimento Aplicado. Toda tristeza, sofrimento e dor provêm da ignorância de como agir, e a Escola da Vida é tão necessária para o desenvolvimento de nossas capacidades latentes quanto a escola diária o é para as crianças despertarem suas faculdades.
Quando nos dermos conta de que isso é assim, a vida logo tomará outro aspecto. Não importarão, então, as condições em que nos encontramos, o saber que NÓS as criamos, ajudar-nos-á a suportar com paciência; e, melhor que tudo, o glorioso sentimento de que somos senhores de nosso destino, e de que podemos fazer o nosso futuro como bem o desejamos, o que seria em si mesmo um poder. Resta-nos desenvolver o que nos falta. Naturalmente que temos que levar em conta nosso passado, e é possível que muitos infortúnios possam dele resultar em consequências de más ações. Mas se deixarmos de praticar o mal, podemos contemplar com alegria qualquer aflição, considerando que elas estarão saldando velhas dívidas e nos aproximando do dia em que delas teremos uma boa recordação. Não é válida a objeção de que frequentemente o mais correto é o que mais sofre. As grandes inteligências que dão a cada ser humano a soma de suas dívidas passada; as quais devem ser liquidadas em cada vida, sempre o ajudam a liquidá-las sem lhe acrescentar novas, mas apenas dando-lhe tanto quanto ele possa suportar para apressar o dia de sua emancipação; e, nesse sentido é estritamente verdadeiro que “O Senhor castiga a quem ama”[9].
A doutrina do Renascimento muitas vezes é confundida com a teoria da transmigração, que ensina que o espírito humano pode encarnar em um animal. Isso não tem fundamento na natureza. Cada espécie de animal é emanação de um Espírito-Grupo, o qual os governa DE FORA, por sugestão. O Espírito-Grupo funciona no Mundo do Desejo, onde a distância não existe; por isso ele pode influenciar qualquer membro da espécie que dirige e em qualquer lugar em que esse se encontre. Por outro lado, o Espírito humano, o Ego, penetra dentro de um Corpo Denso; assim, existe um Espírito individual em cada pessoa, habitando em seu instrumento particular e guiando-o DE DENTRO. Esses dois estágios evolutivos são inteiramente diferentes, sendo tão impossível ao ser humano encarnar em um corpo animal quanto para um Espírito-Grupo tomar a forma humana.
A pergunta “Por que não recordamos das nossas existências passadas?” é outra aparente dificuldade. Mas se compreendermos que a cada nascimento temos um cérebro totalmente novo, e que o Espírito humano é fraco e se acha absorvido pelo seu novo ambiente, não nos deve surpreender afinal que ele não possa impressionar fortemente o cérebro nos dias da infância, quando ele é mais sensível. Algumas crianças recordam seu passado, especialmente nos primeiros anos, e é coisa das mais patéticas o fato de tais crianças serem totalmente incompreendidas nessas ocasiões pelas pessoas mais velhas. Quando falam da vida passada elas são ridicularizadas, e até punidas por serem “fantasiosas”. Se as crianças falam de seus companheiros invisíveis, e de que “veem coisas” – porque muitas crianças são clarividentes – acabam defrontando-se com o mesmo tratamento severo, e o inevitável resultado é que elas aprendem a calar-se até perderem por completo aquela faculdade. Acontece, porém, que algumas vezes, quando a afirmação da criança é ouvida, resultam em espantosas revelações. O escritor ouviu falar sobre esse caso há alguns anos na costa do Pacífico:
Uma História Notável
Certo dia, na cidade de Santa Bárbara, uma criança vendo um cavalheiro, chamado Roberts, que passava pela rua, pôs-se a correr na sua direção, gritando “Papai”, e insistindo em afirmar que ela vivera com ele e com a ‘outra mãe’ em uma casinha perto do riacho; e que certa manhã ele as deixara para não mais voltar. E que ela e sua mãe haviam morrido de fome e a pequena criança finalizou dizendo estranhamente: “Mas eu não morri, vim para cá”. A história não foi contada em um só fôlego, nem resumidamente, mas sim a intervalos, por uma tarde inteira e em respostas e perguntas intermitentes. A história do Sr. Roberts é a da precipitada fuga de dois jovens namorados; de seu casamento e migração da Inglaterra para a Austrália; da construção de uma casinha próxima a um riacho e num lugar ermo; de sua saída de casa certo dia deixando sua mulher e o bebê, e de sua prisão sem que lhe fosse concedida permissão para avisar a sua esposa – porque os agentes temiam a fuga do prisioneiro – de como foi levado sob a mira das armas até o litoral e embarcado para a Inglaterra, acusado de assalto a um banco na mesma noite em que viajara para a Austrália; de como, chegando à Inglaterra, conseguiu provar sua inocência, e de como só então, atendendo aos insistentes rogos sobre sua esposa e filha, que àquela altura deveriam estar morrendo de inanição, as autoridades concordaram em organizar e enviar um grupo de salvamento, e em resposta soube que o grupo encontrara apenas os ossos de uma mulher e de uma criança. Todas essas coisas corroboraram a história da menininha de três anos; e sendo-lhe mostradas algumas fotografias ao acaso, ela pôde apontar as do Sr. Roberts e as de sua esposa, embora o Sr. Roberts tivesse mudado bastante nos dezoito anos decorridos desde a tragédia até àquele incidente em Santa Bárbara.
Não se deve supor, contudo, que todos os que atravessam os portais da morte renasçam em tão pouco tempo, como aconteceu com a menina. Tão curto intervalo tiraria do Ego a oportunidade de realizar o importante trabalho de assimilar experiências e preparar-se para uma nova vida terrena. Mas uma criança de três anos não tem ainda experiências significativas, podendo, portanto, buscar logo a seguir um novo corpo físico para renascer, geralmente na mesma família. Muitas vezes uma criança morre porque algumas modificações nos hábitos dos pais frustra o cumprimento do destino resultante de seus atos passados. Então é necessário aguardar outra oportunidade, mas também elas podem nascer e morrer a seguir para ensinar aos pais uma lição de que eles precisem. Houve um caso em que um Ego encarnou oito vezes na mesma família com tal propósito, até que os mesmos aprendessem a lição. Depois, renasceu em outro lugar. Era um amigo da família que adquiriu grande mérito, ajudando-os deste modo.
A Lei do Renascimento, quando não é alterada pela Lei da Consequência, em tão grande extensão como no caso acima mencionado, trabalha consoante ao movimento do Sol, conhecido por Precessão dos Equinócios, pelo qual o Sol retrocede através dos doze Signos do Zodíaco, assim chamado Ano Sideral ou Mundial que compreende 25.868 anos solares ordinários.
À medida que o movimento da Terra em sua órbita ao redor do Sol produz as mudanças climáticas conhecidas como estações, as quais por sua vez alteram as nossas condições e atividades, da mesma forma o movimento do Sol por precessão nos grandes anos siderais produz mudanças ainda maiores nas condições climáticas e topográficas, relacionadas com a civilização, sendo necessário que o Ego em seu aprendizado experimente a todas.
Portanto, o Ego renasce duas vezes durante o tempo em que o Sol percorre cada um dos Signos do Zodíaco, e que é aproximadamente 2.100 anos. Portanto, normalmente, transcorre cerca de 1.000 anos entre duas encarnações e, como as experiências de um homem diferem grandemente das de uma mulher – não se modificam materialmente em mil anos as condições terrestres – assim, o Espírito geralmente renasce alternadamente ora como homem e ora como mulher. Mas isto não significa ser a regra rígida e inflexível. Ela está sujeita a modificações sempre que a Lei de Consequência o exija.
Assim, pela experiência por parte do Ego, a ciência oculta soluciona o enigma da vida em todas as condições que se têm esse objetivo, sendo que todos são determinados automaticamente pelos méritos de cada um. Isto arranca da morte o seu aguilhão e o terror que o inspira, colocando-a no lugar que merece e considerando-a como um simples incidente numa que é mais ampla, analogamente ao fato de nos mudarmos para outra cidade por algum tempo; isto torna menos triste à partida daqueles a quem amamos, pois nos garante que o mesmo amor que lhes devotamos será o elemento que a eles nos unirá outra vez, e ainda nos proporciona esperança maior: a de que alcançaremos algum dia o conhecimento que solucionará todos os problemas; que ligará todas as nossas vidas; e melhor que tudo – conforme nos ensina a ciência oculta – que através de sua aplicação temos nela, o poder de apressar o glorioso dia em que a fé será absorvida pelo conhecimento. Então, poderemos compreender em seu sentido mais profundo a beleza do poético enunciado da doutrina do renascimento, de Edwin Arnold[10]:
O Espírito jamais nasceu!
E jamais deixará de existir!
Jamais houve tempo em que deixou de ser,
Princípio e fim são sonhos no sentir.
O Espírito permanece sempre sem nascer e sem morrer.
A Morte jamais o tocou,
Embora possa parecer.
Morta a casa em que habitou
Não! Simplesmente como alguém que tira
Uma roupa usada e a joga além
E ao vestir outra, diz;
Hoje, essa veste vou usar.
Assim também, o Espírito põe à margem
Uma transitória e carnal roupagem
E prossegue para, então, herdar
Outra morada, outro novo lar!
FIM
[1] N.T.: é uma península barrier de aproximadamente 9,7 km por 800 m, em Middletown, Monmouth County, no leste do estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos.
[2] N.T.: A sequoia-gigante é a maior árvore do mundo em termos de volume. Ela atinge em média de 85 – 115 m de altura, e 8–13 m em diâmetro. A sequoia-gigante mais velha conhecida possui 4.650 anos de idade.
[3] N.T.: A Medusa, na mitologia grega, era um monstro ctônico do sexo feminino
[4] N.T.: Sócrates (c. 469 a.C.-399 a.C.) foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga. Creditado como um dos fundadores da filosofia ocidental
[5] N.T.: Herbert Spencer (1820-1903) foi um filósofo inglês e um dos representantes do liberalismo clássico.
[6] N.T.: Georges Cuvier (1769-1832) foi um naturalista e zoologista francês da primeira metade do século XIX, é por vezes chamado de “Pai da Paleontologia”. Foi uma figura central na investigação em história natural na sua época, comparou fósseis com animais vivos criando assim a Anatomia Comparada.
[7] N.T.: A paresia é a disfunção ou interrupção dos movimentos de um ou mais membros: superiores, inferiores ou ambos e conforme o grau do comprometimento ou tipo de acometimento fala-se em paralisia ou paresia.
[8] N.T.: Alexandre III da Macedônia (português europeu) (356 a.C.-323 a.C.), comumente conhecido como Alexandre, o Grande ou Alexandre Magno foi rei (basileu) do reino grego antigo da Macedônia.
[9] N.T.: Hb 12:6
[10] N.T.: Edwin Arnold (1832-1904), foi um poeta e jornalista britânico.
Pergunta: Uma alma que nasceu como mulher permanece sempre mulher nas vidas futuras e nunca pode se tornar homem? Qual o período entre os renascimentos?
Resposta: Não, o espírito é bissexual e costuma expressar-se em suas vidas futuras alternadamente, uma vez como homem e outra como mulher. Há, no entanto, casos em que, de acordo com a Lei de Consequência, é preferível que um espírito se manifeste em várias vidas sucessivas com um sexo determinado.
A lei é a seguinte:
Como o Sol se move em sentido retrógrado entre as doze constelações com um movimento chamado precessão dos equinócios, o clima da Terra, a flora e a fauna vão sofrendo uma mudança lenta, criando assim um meio ambiente diferente para a raça humana e cada era sucessiva. O Sol leva cerca de dois mil anos para passar por um dos signos pela precessão e, nesse período, o espírito nasce geralmente duas vezes, um como homem e outro como mulher. As mudanças que ocorrem nos mil anos decorridos entre os renascimentos não são tão grandes que o espírito não possa extrair as experiências daquele ambiente, tanto como homem ou como mulher.
No entanto, há casos em que este período pode ser mudado. Nenhuma destas leis é tão inflexível como as leis dos Medas e dos Persas, pois elas são administradas por Grandes Inteligências em benefício da humanidade, de modo que as condições possam ser modificadas para atender às exigências dos casos individuais. Por exemplo, no caso de um músico. Ele precisa encontrar o material com o qual construirá o seu corpo, em um lugar específico.
Necessita de uma ajuda especial para formar os três canais semicirculares do seu ouvido, de modo que eles apontem, tão próximos quanto possível, para as três direções do espaço. Precisa também de ajuda para construir as delicadas fibras de Corti, pois a sua habilidade em distinguir as variações de tons dependerá destas características.
Em tais casos, quando uma família de músicos está em condições de dar à luz a uma criança, esse espírito pode ser conduzido para lá, embora devesse permanecer no Mundo Celestial ainda por uns cem anos. Mas, talvez outra oportunidade para renascer não se apresentasse antes de duzentos ou trezentos anos, se a lei fosse observada. Naturalmente, tal pessoa terá ideias muito avançadas e não será apreciada pela geração com a qual irá conviver.
Será mal interpretada, mas, mesmo assim, será melhor do que se tivesse nascido após o período estabelecido.
Neste caso, estaria atrasada no tempo.
É por isso que, frequentemente, constatamos gênios desconsiderados pelos seus contemporâneos, embora altamente apreciados pelas gerações seguintes, as quais podem entendê-los melhor.
(Perg. 14 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Reencarnação: A Filosofia Rosacruz utiliza de preferência a palavra “renascimento”, que é mais adequado. Durante os nossos desenvolvimentos atuais estamos sujeitos à ação de duas grandes leis: a Lei de Causa e Efeito e a do Renascimento. Conhecendo estas leis podemos compreender o sistema em que vivemos. Em geral, nós voltamos para a Terra a cada mil anos e nós renascemos alternadamente em um corpo masculino e um corpo feminino.