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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Corpo, Alma e Espírito em um Espírito Virginal da Onda de Vida humana e seu desenvolvimento

De acordo com a Bíblia o ser humano é composto de três partes: Corpo, Alma e Espírito.

Cada um de nós é um Espírito Virginal da Onda de Vida humana. Um ser que começou o seu desenvolvimento no Período de Saturno e o terminará no Período de Vulcano, pelo menos no que se refere a este Grande Dia de Manifestação.

Um membro da Onda de Vida dos Espíritos Virginais. Diferenciados dentro de Deus como chispas de uma Chama, com as mesmas qualidades dela e capazes de se expandir até se converter em chamas.

E os Elohim formaram o homem à sua semelhança e imagem” (Gn 1:27). Portanto, em todos os Espíritos Virginais estão contidas todas as possibilidades de Deus, inclusive o germe da vontade independente, o livre arbítrio, que nos torna capazes de originar novas fases, além das latentes, fases originais, o que corresponde à faculdade da Epigênese.

Vemos, portanto, que é um fato que: “n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. Nada pode existir fora de Deus.

A Onda de Vida dos Espíritos Virginais forma a Hierarquia Criadora de Peixes. Uma Hierarquia Criadora é um grupo de seres duplos ou bissexuais que coletivamente são Deus (chamados de Elohim no Gênesis) e que trabalham ativamente para se cumprir o plano evolutivo criado por Deus neste Grande Dia de Manifestação – em Gn 22:1: “Assim foram acabados os céus, a terra e todo seu exército”.

Como cada Hierarquia Criadora tem seu trabalho no Plano Evolutivo de Deus, nós também temos o nosso. E temos, ao nosso cargo, a Evolução da Onda de Vida que começou no Período Terrestre e que hoje anima os minerais.

Atualmente estamos trabalhando com eles por meio da imaginação, dando-lhes formas, fazendo com eles: livros, edifícios, pontes, máquinas, carros, etc…

Perceba que só trabalhamos com as formas minerais dos três reinos inferiores. Contudo, não podemos trabalhar com a vida que as anima. Isso porque, atualmente, a nossa Mente está no estado ou forma “mineral”. Tempo virá em que poderemos “imaginar formas que viverão e crescerão”. E depois, criar “coisas com vida, sensíveis e capazes de crescer”. E por último, seremos capazes de “imaginar a criação de seres que viverão, crescerão, sentirão e pensarão”.

Em harmonia com o Esquema da Evolução, traçado por Deus, cada Hierarquia só entra em atividade quando tenham sido criadas condições necessárias para o seu trabalho. Os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana, nós, só entraram em atividade quando as Hierarquias Criadoras prepararam as condições para o seu desenvolvimento.

Cada Hierarquia tem o seu trabalho. Por exemplo, os Anjos, a Hierarquia Criadora de Aquário, têm como objetivo conquistar, dominar e funcionar conscientemente na Região Etérica do Mundo Físico. Tornaram-se especialistas na matéria dessa região. Para isso tiveram que descer a essa Região e aprender como lidar com tal matéria. Foi-lhes fornecido todo tipo de ajuda para tal, desde alimentação até instruções, experiências e orientação. Conquistarão e expandirão sua consciência nos quatro Mundos superiores a essa Região do Mundo Físico.

Do mesmo modo, os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana têm como objetivo conquistar, dominar e funcionar conscientemente na Região Química do Mundo Físico. Devem se tornar especialistas na matéria dessa Região. Peritos na construção das formas constituídas de substâncias minerais químicas. Para isso tivemos que descer a essa Região e estamos aprendendo como lidar com tal matéria. Tivemos que adquirir a consciência de nós próprios. Portanto, “somos a vida que se juntou à forma, para, por meio de Deus, obter consciência”. Aperfeiçoaremos os nossos veículos e expandiremos a nossa consciência nos cinco Mundos superiores a essa Região do Mundo Físico, por nosso esforço e vontade. Estamos aprendendo, através da experiência, como fazer isso.

O Espírito é um só, entretanto, observado do Mundo Físico, ele refrata-se em três aspetos: Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano. Como Deus, que nos criou, refrata-se em três: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Cada um desses aspectos corresponde a um aspecto da Deidade.

E na oração o Pai-Nosso, fornecida por Cristo, cada um expressa a sua adoração. O Espírito Humano é a contraparte do Espírito Santo (Jeová): “Santificado seja O vosso nome”. Ele expressa a ATIVIDADE, o MOVIMENTO, atributos do Espírito Santo.

O Espírito de Vida é a contraparte do Filho (Cristo): “Venha a nós o Vosso reino”. O reino do Filho, da Fraternidade Universal. Ele expressa o AMOR, a SABEDORIA.

O Espírito Divino é a contraparte do Pai: “Faça-se a Tua vontade”. Reverenciando a onipotência do Pai. Ele expressa o Poder, a Vontade.

Durante a involução, conforme nós passamos por cada Mundo vindo em direção à Região Química do Mundo Físico, foi despertado cada um desses aspectos, por cada uma das Hierarquias Criadoras que nos ajudaram.

Assim, quando entramos no Mundo do Espírito Divino, foi despertado o nosso Espírito Divino pelos Senhores da Chama.

Descendo a um grau a mais de densidade, mergulhamos no Mundo do Espírito de Vida. Então, foi despertado o nosso Espírito de Vida pelos Querubins.

Depois, descemos a mais um grau de densidade, e entramos na Região Abstrata do Mundo do Pensamento. Quando, então, foi despertado o nosso terceiro aspecto: o Espírito Humano, pelos Serafins. Quando isso aconteceu, os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana perderam a onisciência, pois essa Região é a primeira Região separatista, de cima para baixo.

Assim, já não podendo descerrar seus véus (os três aspectos) para observar as coisas exteriores (espirituais) ou perceber os outros, nos vimos forçados a dirigir a consciência para dentro, ali encontrando nosso próprio “EU” ou EGO, separado e à parte de todos os outros à nossa volta. Foi assim que os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana se viram envoltos no seu Tríplice Espírito.

Perceba que é o Espírito Humano que encerrou o Espírito Virginal. É a capa externa – é o Ego.

Portanto, o Ego humano é um Espírito Virginal da Onda de Vida humana envolto em um Tríplice Véu de matéria que obscurece sua consciência divina original.

Nosso atual Esquema de Evolução é dividido em duas partes: a involução e a evolução. Durante a involução, o Ego mantém a ilusão da separatividade. O Ego vai descendo na matéria, entrando em Mundos e em Regiões de maior densidade.

Assim, já é fácil deduzir que o Espírito Virginal da Onda de Vida humana precisava funcionar conscientemente no Mundo do Pensamento, Mundo do Desejo e Mundo Físico. Entretanto, para funcionar num determinado Mundo (ou Região desse Mundo) e expressar as qualidades que lhe são realizáveis é necessário construir um veículo formado de matéria desse Mundo. Para funcionarmos na Região Química do Mundo Físico precisamos de um Corpo Denso. Para expressar vida e crescimento, ou as outras qualidades da Região Etérica do Mundo Físico, precisamos de um Corpo Vital. Para expressar sentimentos, desejos e emoções precisamos de um Corpo formado de matéria do Mundo do Desejo, ou seja, de um Corpo de Desejos. E para manifestar o pensamento, precisamos de um veículo formado de matéria da Região do Pensamento Concreto, ou seja, de uma Mente. Esses são os instrumentos que utilizamos atualmente; cada um em seu estágio de evolução; todos interpenetrados; sendo que a Mente é o elo entre esse Tríplice Corpo e o nosso Tríplice Espírito.

Para que pudéssemos possuir cada um desses Corpos e veículos, as Hierarquias Criadoras nos deram o germe, ou irradiaram de si mesmo o germe de cada um deles.

No Período de Saturno, os Senhores da Chama irradiaram de si mesmo o germe do Corpo Denso. Esse germe foi desenvolvido e tem no seu Átomo-semente sua expressão e que se encontra na posição relativa ao local chamado ápice do coração.

No Período Solar, os Senhores da Sabedoria irradiaram de si mesmo o germe do Corpo Vital. Esse germe foi desenvolvido e tem no seu Átomo-semente sua expressão e que se encontra na posição relativa ao local chamado Plexo Celíaco.

No Período Lunar, os Senhores da Individualidade irradiaram de si mesmo o germe do Corpo de Desejos. Esse germe foi desenvolvido e tem no seu Átomo-semente sua expressão e que se encontra na posição relativa ao local chamado fígado.

E, por fim, agora no Período Terrestre, os Senhores da Mente irradiaram de si mesmo o germe do veículo Mente. Esse germe foi desenvolvido e tem no seu Átomo-semente sua expressão e que se encontra na posição relativa ao local chamado meio do sinus frontal.

Cada um desses germes serviu para o Ego humano (ou o Espírito Virginal envolto no Tríplice Espírito) aprender a construir cada corpo e veículo durante a involução.

Eles continham, e ainda contêm, o núcleo para a formação de cada Corpo e de cada veículo.

Hoje cada um desses Átomos-sementes forma parte de todos os veículos já usados por um Ego humano. Esses Átomos-sementes estão ligados entre si pelo Cordão Prateado, enquanto estamos aqui renascidos, nesta vida. E é esse Cordão Prateado que mantém unidos os veículos: Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente.

Durante a involução, ou seja, do início do Período de Saturno até à Época Atlante no Período Terrestre as energias dos Espíritos Virginais da Onda de Vida humana estavam dirigidas para dentro, para a construção desses Corpos e veículos. Essas energias são as mesmas que o ser humano hoje emprega para construir casas, pontes, estradas e qualquer coisa que melhore as condições externas na Região Química do Mundo Físico.

O caminho que compreende a involução e evolução desse Esquema de Evolução é a peregrinação dos Espíritos Virginais da Onda de Vida humana da total inconsciência à consciência individual.

Hoje nos reconhecemos como um indivíduo, um ser pensante, unidos no Corpo místico de Deus, mas separados um do outro, um criador, como o nosso Pai que nos criou.

Esses Corpos e veículos são os instrumentos de trabalho do Ego humano. Como diz São Paulo em ICor 15:44-45: “Se há um corpo animal <Corpo Denso e Vital>, também há um espiritual <Corpo de Desejos e Mente>. Como está escrito: ‘o primeiro ser humano, Adão, foi feito alma vivente; o segundo Adão é Espírito vivificante’”.

É por meio deles que o Ego humano obtém a experiência. Como disse São Paulo em ICor 6:13-20: “Não sabeis que o vosso corpo é Templo do Espírito Santo, que habita em vós, O qual recebeste de Deus (…), glorificam, pois, a Deus no vosso corpo”.

Assim, cada aspecto do Tríplice Espírito trabalha sobre um dos três Corpos.

Novamente, na oração do Pai-Nosso podemos ver como isso se dá: O Espírito Divino pede à sua contraparte, o Deus Pai, pelo Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia”.

O Espírito de Vida pede à sua contraparte, Deus Filho, pelo Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.

O Espírito Humano pede à sua contraparte, Deus Espírito Santo, pelo Corpo de Desejos: “não nos deixeis cair em tentação”.

Por fim, os três aspectos (Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano) se juntam na súplica pela Mente ao Pai, Filho e Espírito Santo: “livrai-nos do mal”.

Vale a pena lembrar que qualquer trabalho sobre um Corpo reflete em todos os outros. Por isso é importantíssimo o Aspirante à vida superior cuidar de cada um dos seus Corpos da melhor maneira possível. Sem isso é impossível se desenvolver espiritualmente em uma Escola como a Fraternidade Rosacruz.

Os três aspectos (Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano), ou nossos veículos superiores, possuem assentos particulares no Corpo Denso.

O Espírito Humano possui um assento na Glândula Pineal e no sistema nervoso cérebro-espinhal. O Espírito de Vida possui um assento no Corpo Pituitário e no coração. O Espírito Divino possui um assento na impenetrável área conhecida como raiz do nariz.

Quando nós obtivemos o domínio dos nossos corpos por meio do foco mental, da Mente, começamos a desenvolver a Alma, trabalhando de dentro dos nossos Corpos. A Alma também é Tríplice. Cada vez que agimos bem, praticamos boas ações, servindo altruisticamente, a Alma Consciente cresce, e o Espírito Divino a assimila do Corpo Denso, assentando sua consciência. Cada vez que sentimos o bem, esforçando-nos por ter desejos e sentimentos superiores, emoções elevadas, alimentamos a nossa Alma Emocional e o Espírito Humano a assimila do Corpo de Desejos. Cada vez que exercitamos a nossa memória, originando a simpatia, ligando as experiências, alimentamos a nossa Alma Intelectual e o Espírito de Vida a assimila do Corpo Vital. Portanto, a Alma nada mais é do que o produto espiritualizado dos nossos Corpos; é a quintessência desses, o seu poder ou a sua força. É através desse trabalho que o Ego humano adquire a perfeição de cada um dos Corpos.

E nesse trabalho, percorrendo a parte conhecida como evolução desse Esquema de Evolução, os Espíritos Virginais da Onda de Vida humana vão da consciência de vigília (que temos agora) à onisciência, da impotência à onipotência. A evolução da vida, da consciência e da forma; a tríplice manifestação do Espírito Virginal da Onda de Vida humana, completando o Plano de Deus que nos criou neste Grande Dia de Manifestação.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como funciona a Epigênese

Como funciona a Epigênese

Qual é o propósito da nossa existência neste Mundo Físico?

Se aqui é o baluarte da nossa evolução ou o laboratório experimental, então aqui vivemos, nos movemos, não com o objetivo propriamente de encontrar a felicidade, o que nos tornaria apenas superficiais, mas com objetivo de adquirir experiência, conquistar o mundo e sobrepor ao eu inferior para atingir o domínio próprio.

Nesse sentido, o sofrimento e a dor são os nossos melhores mestres no caminho evolutivo. E não nos preocupemos se daremos conta ou não. Pois como lemos no Evangelho Segundo São Mateus 6:34: “A cada dia basta seu fardo”.

Mas isso só é possível através de uma tríade chamada: Involução, Evolução e Epigênese.

Quando o nosso primeiro passo no desabrochar espiritual, isto é, no período da Involução, estávamos empenhados em construir os nossos Corpos Denso, Vital e de Desejos, através dos quais o Espírito aqui se manifesta.

É o período em que nos dedicamos à aquisição da consciência do “eu”.

Estávamos com a nossa consciência voltada para dentro na construção dos veículos. Contudo, tudo isso de acordo e sob a assistência grandiosa das grandes Hierarquias Criadoras.

Depois disso foi necessário à ligação do Espírito com os corpos construídos. Isto se deu por intermédio da Mente.

E passamos a ter nossa consciência voltada para fora. Daí então: “O homem vê o rosto, Deus o coração”, como lemos no Primeiro Livro dos Reis cap. 16:7.

Estávamos na fase da Evolução que é o período da existência, em que estamos desenvolvendo a consciência até convertê-la em divina onisciência.

Estávamos prontos a enfrentar o caminho evolutivo, o aperfeiçoamento desses veículos, agora de dentro para fora. Mas sem perder a ligação com as Hierarquias que são nossos orientadores.

Essa ligação é a força interna que trazemos e que nos faz diferentes dos demais.

Ela que nos dá o elemento de originalidade, que nos dá lugar à habilidade criadora, que converte o ser evolucionante em um Deus, afinal como lemos em Gênesis: “Deus criou o homem à sua imagem”.

Essa força é manifestada através da Epigênese, base do livre arbítrio.

Por isso, somente a Involução e Evolução do Espírito são insuficientes, precisamos aplicar a Epigênese no caminho evolutivo para nos tornarmos criadores.

Já tínhamos tudo o que precisávamos, isto é, os (três) Corpos, a Mente e os poderes latentes, incluindo a Epigênese.

Agora era só aplicá-los no nosso dia a dia.

Contudo, se nós deixássemos de utilizar esses poderes latentes no seu campo de evolução apenas passaríamos pela vida.

Essa fuga à experiência que nós nos negamos a vivenciar para assegurar uma vida tranquila e descuidada, é, lá no fundo, um tipo de acomodação de nossa personalidade que dentro de nós não aceita mudanças.

E quando a Epigênese se torna inativa em nós, ou até mesmo em nossa nação ou raça, cessa a evolução e começa a degeneração.

Hoje encontramos pessoas, infelizmente, que se acomodaram em suas vidas e não buscam alternativas para mudarem.

Elas simplesmente cedem aos contratempos da vida e ficam lamentando da sorte, escapam das responsabilidades geradas e perdem as oportunidades de tentar escapar da atual situação.

Muitos de nós somos preguiçosos, negligentes e fúteis na vida terrestre.

Nos apegamos às ilusões e esquecemos que aqui é somente o Mundo dos Efeitos, como lemos no Livro do Eclesiastes 1:14: “Pois nada há estéril debaixo do sol, onde tudo é vaidade e aflição do Espírito”.

E com isso nos submetemos aos ditames da natureza inferior e muitas vezes acabamos por reagir de maneira indesejável à nossa conduta.

Quando morremos, passamos por etapas para extrair as essências vividas aqui neste mundo físico, com objetivo de purificação do Espírito. Lembrando que não serão as mais agradáveis etapas já experimentadas.

Uma dessas etapas é a construção do nosso futuro ambiente, moldaremos de acordo e propício, no modo de conduta das vidas anteriores para termos a chance de mudar, regenerar e aprender as lições escolhidas.

E se perdermos novamente as oportunidades de crescimento anímico, certamente somaremos sofrimento para as vidas futuras.

Essas oportunidades não aproveitadas jamais retornam.

Lembrando o que São Paulo disse: “Tudo que aqui se planta, aqui se colhe”.

Em todas as nossas vidas seremos expostos a certas experiências que nada mais são do que o resultado do comportamento que tivemos em vidas anteriores.

Isso é, temos que passar por “incidentes mal resolvidos” em vidas anteriores para produzirmos novas causas que certamente se tornarão sementes de experiências em vidas futuras.

Imaginem se nesta escola da vida deixássemos de aplicar a Epigênese e produzir novas causas: cessaríamos a existência do Espírito, pois com as causas antigas resolvidas deixaríamos de produzir novos efeitos.

O mundo é a grande escola de Deus, e como temos que passar por etapas no mundo invisível, também nos atrasamos, nos descontrolamos e muitas vezes nos esquivamos, alguns até saem da escola por algum tempo, mas certamente teremos que retomar ao trabalho deixados atrás para aprender as lições e depois prestar exame.

A vida é diferente todos os dias e repleta de maravilhosas oportunidades.

Imaginem as lições de aperfeiçoamentos que o Espírito está sujeito a enfrentar nesta vida como defeitos de coluna, membros faltantes, pessoas com problemas mentais, problemas emocionais e tantos outros existentes.

Portanto como lemos no Evangelho Segundo São Mateus (16:24): “Renuncia a ti mesmo, toma tua cruz e segue a Jesus Cristo”.

Nós somos uma peça no grande tabuleiro da Natureza, que é a expressão viva de Deus, e devemos procurar mediante a vontade persistente buscar essas forças internas na purificação dos nossos veículos, por meio de bons pensamentos, boas palavras e atos corretos.

Isso será possível quando substituirmos certos vícios como: o egoísmo, a cobiça, a soberba, a inveja e a crueldade por bondade, tolerância, compaixão, perdão, fé e a humildade.

Deus, sendo justo, não permitiria que nada de bom ou mal nos acontecesse sem que merecêssemos e se, na sua infinita bondade e sabedoria, permite que soframos as consequências de nossos erros é somente para aprendermos as lições que não podemos ou não queremos aprender de outra maneira.

O que acontece é que ainda somos ignorantes das leis e das forças cósmicas e por isso estamos constantemente violando essas leis de forma que atraímos dor sobre nós mesmos.

Existem dois métodos de aprender o caminho evolutivo.

Um é pela experiência (chamamos dor) e o outro é pela observação (que chamamos amor).

A Fraternidade Rosacruz orienta seus Estudantes para que aprendam pela observação, um dos primeiros Exercícios Esotéricos que é solicitado ao Estudante executar diariamente, no seu dia a dia.

Contudo, existem várias fontes de ajuda disponíveis quando realmente trazemos para nós a responsabilidade para resolver nossos problemas.

Uma dessas fontes é a oração, mas que seja feita com sinceridade e que saibamos discernir nossa atitude quando recebermos a resposta.

Lembrando sempre de dizer a seguinte frase: “Pai, faça sua vontade e não a minha”.

Uma segunda fonte de ajuda é a intuição, que nos envia uma mensagem ao coração e este, em seguida, ao cérebro.

Essa mensagem ou resposta ao nosso “problema” vem diretamente da Sabedoria Cósmica, do Mundo do Espírito de Vida.

E uma outra fonte seria o conhecimento aplicado e que já é sabido que quanto maior o conhecimento, maior é a responsabilidade quanto ao uso que fazemos desses conhecimentos.

Não devemos nos sentir abatidos ou enfraquecidos diante dos fatos desagradáveis que nos acontecem e nem achar que somos incapazes ou imperfeitos.

Essas dificuldades são naturais no caminho evolutivo, e se forem bem compreendidas aumentarão a nossa Luz Interna.

Devemos procurar compreender o nosso papel aqui neste mundo físico e dar graças por essas oportunidades, pois Cristo disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6).

Que as rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um novo Corpo: alterações produzidas com a proximidade da Nova Era

É fato que tanto o altruísmo impulsionado por Cristo, ano após ano, quanto a gradual expansão de consciência, promove alterações na dinâmica do funcionamento biológico de partes do Corpo Denso do ser humano. Tais mudanças são efeitos de alterações na composição de outros Corpos mais sutis e das alterações da composição atmosférica da Terra. O presente artigo busca descrever parte destas mudanças graduais, que está estreitamente relacionada à promoção de maior longevidade e até mesmo a tão mal compreendida vida eterna.

Para fins didáticos, o texto é divido em três partes:

  • Parte I – Recapitulação do modo como o ser humano tornou-se consciente no Mundo Físico;
  • Parte II – Mudanças físicas que estão ocorrendo devido à correspondência ao altruísmo;
  • Parte III – O que ele deve fazer para acompanhar as mudanças biológicas que necessariamente devem ocorrer.

Parte I – Recapitulação do modo como o ser humano tornou-se consciente no Mundo Físico 

A recapitulação do modo pelo qual ser humano tornou-se consciente do Mundo Físico se faz necessária para traçar uma linha de referência de seu desenvolvimento. Conforme bem explorado pela Filosofia Rosacruz, o Espírito Virginal desceu dos mundos superiores na involução. Com o propósito de desenvolver os três princípios divinos (Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano) que herdou de Deus (pois tal como Deus, quando se manifesta, o faz de forma tríplice – Pai, Filho, Espírito Santo), o ser humano, criado a Sua imagem e semelhança, por ação recíproca constituiu três Corpos compostos por materiais correspondentes aos Mundos pelos quais passava – o Corpo Denso, oitava inferior do Espírito Divino (Pai); o Corpo Vital, oitava inferior do Espírito de Vida (Filho); e o Corpo de Desejos, oitava inferior do Espírito Humano (Espírito Santo).

Mas para que houvesse união e comunicação entre os princípios herdados e seus instrumentos, um veículo mental teve de ser construído. A partir daqui o Espírito se torna um Ego: um Espírito Virginal manifestado em forma sétupla (Tríplice Espírito, Tríplice Corpo e a Mente). Neste ponto do desenvolvimento, a dual força criadora (pólo masculino ou vontade e pólo feminino ou imaginação) ainda era direcionada para baixo, isto é, ambos os pólos, fluíam para o mesmo sentido e conferia ao ser humano a capacidade de ser hermafrodita.

No entanto, para que as vivências exteriores pudessem ser capturadas e para que as ideias concebidas pela Mente pudessem ser transmitidas, adaptações nos Corpos deveriam ocorrer. Especialmente para o Corpo Denso e Vital, deveria ser construído um encéfalo que fosse capaz de processar as informações provenientes do meio e enviar tais códigos para que o Espírito trabalhe sobre as mesmas, e, por fim, transmitir estas conclusões de volta ao meio. Também uma laringe para facilitar a comunicação das conclusões que foram produzidas pelo processamento das informações provenientes do meio.

Concomitante a essas necessidades, a matéria que hoje constitui nosso planeta Terra foi arrojada do Sol e, posteriormente, a matéria que forma a Lua foi arrojada da Terra. Tais separações promoveram expressões separadas de forças (força do Sol e força da Lua). Deste modo, alguns Corpos passaram a serem melhores condutores das forças solares e outros lunares. Um dos pólos da dual força criadora foi internalizado e direcionado para cima, a fim de construir o cérebro e a laringe. No caso do Corpo masculino (condutor da influência do Sol), o pólo feminino foi internalizado para este fim. Já o Corpo feminino (condutor da influência da Lua), o oposto. A condição de ser hermafrodita cessou e a necessidade da cooperação do sexo oposto para procriar se fez necessária. Além disso, um meio físico que suportasse as altas vibrações do Espírito individualizado era necessário para sua manifestação no Mundo Físico e para governo de seus Corpos. O sangue vermelho e quente constitui tal veículo.

O metal marciano conhecido como ferro é o elemento essencial para a produção deste sangue vermelho e quente. Já é bem consolidado pela ciência atual que durante a realização de uma tarefa, grande quantidade de sangue é direcionada a determinadas regiões do Corpo Denso necessárias para realização da mesma. O ocultista sabe que tal fenômeno significa o Ego utilizando sua ferramenta corporal para governar o Corpo e adquirir experiências.

Foi somente na Época Lemúrica – uma das Épocas que atravessamos nesse Período Terrestre desse atual esquema de evolução – que o ferro pode ser livremente utilizado (após a eliminação da influência marciana sobre a Terra) e, assim, o sangue tornar-se mais quente no interior do Corpo Denso em relação à temperatura ambiente.  Com o sangue quente e vermelho e com um cérebro e uma laringe bem formados, o ser humano pôde alcançar o estado de consciência de vigília, parecido com o que temos atualmente.

O plano inicial era o seguinte: quando o Ego renasce em um corpo feminino (mulher) era exposto a estímulos ambientais extremamente fortes* (tempestades gigantescas, ventos, explosões vulcânicas): o objetivo era despertar a consciência das mulheres para fora, e, por meio desta exposição a acontecimentos alheios, a atenção seria direcionada também para isso. Isto iniciou um processo de construção de representações mentais das coisas externas (criação de códigos para que o Espírito pudesse interpretar o meio externo). A neurociência atual comprovou este fenômeno, pois mostra que tudo aquilo que o cérebro interpreta é, em realidade, representações mentais subjetivas que servem como código ou referência. Não se enxerga as coisas como são, mas se enxerga as representações mentais que se criou para interpretar tais coisas. O meio pelo qual as representações foram criadas ocorreu pela imaginação (pólo feminino da força criadora).

Porém, quando o Ego renasce em um corpo masculino (homem), estímulos corporais de dor e de estados de prisões eram determinados. Os estados de prisões eram realizados de modo que o, então homem, pudesse, com um pouco de força de vontade, se libertar. Já a dor, fazia com que um movimento para que a mesma cessasse fosse realizado. Ambos tinham o objetivo de despertar a vontade (força masculina).

Vemos, deste modo, as duas polaridades sexuais agindo separadamente, e métodos de aprendizagem adaptados a cada um eram necessários. Juntamente com esses estímulos, os Arcanjos – seres que estão a dois graus de evolução acima dos seres humanos – neutralizavam o Corpo de Desejos do ser humano, e este só era libertado em épocas propícias para a procriação. A procriação era orientada pelos Anjos – seres que estão a um grau de evolução acima dos seres humanos.

Diferentemente dos Anjos, que direcionam toda sua energia criadora para fora de si e, em troca, recebem sabedoria, o ser humano internalizou metade de sua força criadora para construção de uma laringe e um cérebro. A internalização para autosserviço determina uma característica de individualismo genuíno para ele. Se o estudante meditar sobre este caminho, compreenderá que o processo era demasiadamente lento, mas garantia o despertar seguro da vontade e da imaginação humana. Isto é, naquela época, a Personalidade e o temperamento não agiam como um fator de dificuldade tal como ocorre nos dias de hoje. Pelo menos até o ponto em que este plano pôde perdurar.

Mesmo que a morte do Corpo Denso ocorresse naquela época, a longevidade era muito maior do que atualmente, pois não se conhecia o pecado (transgressões das leis). A mulher, pela imaginação, já conseguia identificar muitas coisas que ocorria fora de si mesma. Mas ela também conservava a visão etérica das coisas. Por isso, quando ela percebia a morte do Corpo Denso e, ao mesmo tempo, também percebia a permanência do Corpo Vital (isto é, a pessoa que morreu no Mundo Físico permanecia viva nos planos internos), esse fato a deixava extremamente confusa.

Para acelerar o processo de evolução, os Espíritos Lucíferos – uma parte da onda de vida Angélica que se atrasou – entraram em contato com a mulher pela coluna espinhal, relatando que poderia gerar um novo Corpo Físico que morria. Para isso, deveria realizar o ato sexual (“comer o fruto da Árvore do Conhecimento”) sem esperar o comando dos Anjos. Isso a tornaria, juntamente com o homem, semelhante aos deuses (com capacidade de “criar”). Esse ato também favoreceria a libertação do Corpo de Desejos, pois haveria motivação para procriação sem a presença dos Arcanjos.

Por isso a Bíblia relata que Lúcifer era uma serpente sábia (coluna espinhal) que apareceu para Eva em uma árvore. Lúcifer (portador da luz) tentou adiantar o processo, ensinando ao ser humano como se libertar da influência dos Anjos e dos Arcanjos, assumindo sua própria evolução e geração de novos Corpos. Isto é relatado na Bíblia como a expulsão da humanidade do Jardim do Éden, que a obrigou a “comer poeira todos os dias de tua vida” e “com o suor de teu rosto, comer teu pão, até que retornes ao solo” (Gn 3:14 e 19). O problema é que o Corpo de Desejos estava em situação muito rudimentar, composto, praticamente, apenas de materiais das regiões inferiores do Mundo do Desejo. A Mente também estava em situação similar, sendo muito fraca para refrear os desejos e direcioná-los para motivação de propósitos do Ego. Tal condição precária somada a genuína condição de individualismo, o egoísmo e as paixões predominaram e uma série de desequilíbrios deu início.

O ser humano deve, pois, a Lúcifer e a seus “Anjos caídos”, à capacidade de ser autômato e da possibilidade de se desenvolver ao ponto de se tornar semelhante aos deuses – por isso, a ideia de que Lúcifer é mau e que deve ser abominado está incutido no inconsciente humano, isto é, foi ele que ensinou a humanidade a desobedecer aos deuses e lhe abriu o caminho para ser semelhantes aos mesmos (superiores aos Anjos). Essa desobediência não deve ser confundida com emancipação de Deus, mas como um novo caminho autômato em Deus (pois nele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser).

O problema é que tal estado só será alcançado quando a Personalidade for dominada (estado ainda sonhado pela maioria das pessoas que já despertaram para a vida espiritual).  O individualismo genuíno, transformado agora em egoísmo e orgulho pela Personalidade, fez com que cada ato do ser humano fosse direcionado para benefício próprio e quase nenhuma cooperação era conseguida. A sabedoria divina incutindo determinadas motivações no âmago da Personalidade, fez com que a evolução não fosse totalmente frustrada. As motivações foram: Amor, Fortuna, Poder e Fama. O desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo pelo qual se faz ou deixa de fazer algo. Isso promove alguma experiência e aprendizado. O livro O Conceito Rosacruz do Cosmos já explorou todos os fatos mencionados até o momento com extraordinária maestria. Convidamos o leitor para estudar este livro, a fim de que tenha uma ideia melhor de tudo isso.

Parte II – Mudanças físicas que estão ocorrendo devido à correspondência ao altruísmo

Agora que foi recapitulado o processo de aquisição do estado de consciência vigília e esclarecido o modo pelo qual deixamos o plano inicial de evolução e iniciamos o processo de evolução “por nossa própria conta e risco”, o segundo objetivo do presente artigo pode ser trabalhado. Isto é, que mudanças físicas estão ocorrendo devido ao aumento da consciência e altruísmo no mundo?

O Corpo Denso é um instrumento que, atualmente, possui duração pré-determinada de utilidade para servir ao propósito do Ego que é: extrair a quintessência das experiências vividas. Com o passar do tempo, suas funções vão declinando (devido à incompetência do ser humano em não deixá-lo cristalizar), até que a morte (a incapacidade do ser humano em se manter encarnado nesse Corpo Denso) sobrevém.

Dois fatores importantes atrapalham o desenvolvimento dos poderes do Ego: 1) a busca da satisfação pessoal imposta pela Personalidade que inclui o gasto demasiado da força sexual, a gula, os vícios, os maus hábitos, as omissões, as preguiças e irresponsabilidades com a saúde, entre outros, todos constituem maiores prazeres físicos e encurtamento da vida; 2) a influência da Lei de Consequência, pois muitos desequilíbrios foram gerados a partir da falsa iluminação lucífera. As doenças limitam, consideravelmente, a qualidade da produção anímica pelo Ego.

Presença de doença não significa ausência de possibilidades para geração de produção anímica. A Graça Divina é tamanha que há espaço para o desenrolar concomitante de produção anímica e o reequilíbrio das Leis transgredidas. Esse plano só pôde ser concretizado a partir do trabalho misericordioso de Nosso Senhor (o Cristo), que anualmente “retira o pecado do mundo”, isto é, purifica o Mundo do Desejo da Terra com seu Altruísmo. Com isso, disponibiliza materiais para que a humanidade possa avançar no caminho, mesmo que ainda tenha muitos pecados.

O tema astrológico natal revela as tendências de pontos fracos, cuja ciência material compreende como de origem genética e ambiental. Tais tendências são determinadas a partir dos desequilíbrios praticados em vidas precedentes e de desequilíbrios que tenderemos a realizar na presente vida. Por meio da progressão pode-se saber o momento em que tais tendências estarão ativas e fortes.

Independente do tipo de doença e do tratamento que o doente e seus cuidadores devem buscar, duas são as fontes de energia que, se deficitárias, acelerarão o desenvolvimento de qualquer patologia: 1) a energia vital que vem diretamente do Sol e é absorvida através do baço; e 2) a energia proveniente dos alimentos físicos, produto da respiração celular realizada, principalmente, pelas mitocôndrias. “É a fusão dessas duas correntes que produz o poder latente que está armazenado em nosso Corpo Vital até converter-se em energia dinâmica pelo desejo marciano natural” (veja mais detalhes no livro O Mistério das Glândulas Endócrinas), e, assim, o ser humano pode utilizar essa energia para produzir crescimento anímico.

Com foco na corrente de energia proveniente do consumo de alimentos, Max Heindel descreve: “o sangue que entra em contato com o ar, todas as vezes que respiramos, passa pelos pulmões e, da mesma maneira que uma agulha é atraída para um imã, o oxigênio do ar inspirado se mistura com o ferro no sangue. Realiza-se, então, um processo de combustão que é semelhante à ferrugem ou oxidação que observamos no ferro exposto ao ar”. Continua: “a experiência ensinou-nos que o material combustível pode ser colocado em uma fornalha com todas as condições necessárias para a combustão, porém, até que se use o fósforo, os materiais não serão consumidos. Aqueles que estudaram as leis de combustão sabem que uma corrente de ar bem forte leva consigo grande quantidade de oxigênio, que é necessário para se obter calor do combustível que contém muito mineral”. Assim, oxigênio é o acelerador deste processo. “Um processo similar ocorre dentro do corpo, que é o templo do espírito” (veja mais detalhes no livro Maçonaria e Catolicismo).

O processo de combustão que ocorre dentro do Corpo é um pouco diferente da combustão verificada, por exemplo, quando se queima gasolina, madeira ou papel. Neste último, o processo de retirada de energia ocorre em grande quantidade e de uma única vez. Por outro lado, a respiração celular promove quebra das cadeias de carbono (processo químico necessário para a retirada de energia das moléculas) de modo gradativo e em pequenas parcelas. Isto é necessário para a preservação da estrutura das células, pois se a combustão ocorresse como no primeiro exemplo, as células pereceriam pelo excesso de energia. Além disso, a energia retirada pelas mitocôndrias não é consumida rapidamente, mas permanece dissolvida na célula e, gradativamente, é utilizada no metabolismo.

Um dos problemas é que durante a extração de energia, moléculas incompletas de oxigênio também são geradas: incompletas por conterem um número ímpar de elétrons em sua última camada eletrônica. Este elétron ímpar, que se estabelece após cada quebra das cadeias de carbono, pode não ser pareado com o restante dos elétrons do átomo em questão. Em outras palavras, sua órbita segue uma rota diferente da órbita dos demais elétrons. Tal característica confere-lhe grande capacidade de reagir com outras biomoléculas que existem na célula, contra as quais colidem. Essa reação forçará a retirada de elétrons de outras moléculas que já são completas e possuem função importante dentro do sistema biológico (principalmente lipídios e proteínas das membranas celulares e, até mesmo, o DNA). Essa retirada de elétrons modificará suas adequadas estruturas e funções. Os exemplos mais comuns de radicais de oxigênio altamente reativos são: radicais superóxido (O2-), hidroxila (OH-), peroxila (RO2), alkoxila (RO) e hidroperoxila (HO2). O óxido nítrico (NO) e o dióxido de nitrogênio (NO2) são espécies reativas de nitrogênio.

O organismo normalmente consegue equilibrar os efeitos desses radicais de oxigênio reativos (radicais livres). Porém, há casos em que ocorrem desequilíbrios a favor do sistema pró-oxidantes em detrimento do sistema antioxidantes. Isto é denominado estresse oxidativo. O acúmulo dos efeitos do estresse oxidativo promove danos nas células e acelera o surgimento de doenças e envelhecimento (principalmente se ocorrer em órgãos do corpo relacionados a vulnerabilidades que acumulamos em outras vidas), fatores estes que limitam as oportunidades do Ego de gerar experiências e crescimento anímico.

Dentre as doenças já comprovadas pela ciência física que estão relacionadas aos efeitos dos radicais livres, somados a outros fatores estão: demência de Alzheimer, doença de Parkinson, aterosclerose, complicações da diabetes mellitus, câncer, doenças cardiovasculares, catarata, declínio do sistema imunológico, disfunções cerebrais, o envelhecimento precoce, enfisema pulmonar, doenças inflamatórias, entre outras.

Sobre a respiração celular e oxigênio dentro do Corpo Denso, Max Heindel continua: “É a chama que acende o fogo interior e gera o produto espiritual que se exterioriza de todas as criaturas de sangue quente, da mesma maneira que o calor se irradia de uma estufa. Estas linhas radiantes de força que emanam de nossos Corpos Densos de maneira invisível à visão física, são nossa aura, como já foi dito, e, não obstante a cor da aura de cada indivíduo diferir da dos outros, existe uma cor básica ou fundamental que mostra sua posição na escala da evolução. Nas raças inferiores esta cor básica é um vermelho fraco, semelhante ao vermelho de um fogo que queima lentamente, que indica sua natureza passional e emocional (isso indica que a pessoa ainda responde a Lúcifer e a Jeová). Ao examinarmos as pessoas que estão em grau mais elevado na escala da evolução, a cor básica ou a vibração irradiada por elas parece ser de uma tonalidade alaranjada, que é o amarelo do intelecto misturado com o vermelho da paixão”.

O uso de antioxidantes, pela alimentação, naturalmente pode evitar os danos corrosivos dos radicais livres de oxigênio. O problema é que as transgressões das Leis Divinas e a natureza passional, em muitos casos, são tamanhas, que o uso de oxidantes nem sempre é suficiente, e os danos ainda permanecem. A produção de radicais livres constitui um fator natural do Corpo Físico e sempre foi programada por nós mesmos. Afinal, o propósito da existência física é o acúmulo de experiências e não devemos permanecer na Terra para “todo o sempre”. Naturalmente, processos que facilitam a morte e o desgaste do Corpo Físico devem ocorrer. O comer da árvore da vida, provavelmente, implicaria em também solucionar o problema dos efeitos dos radicais livres, dentre outros relacionados a doenças e morte do Corpo Físico.

“A auréola dourada ao redor dos santos, pintada por artistas dotados de visão espiritual, é a representação física de uma promessa espiritual que se aplica à humanidade como um todo, embora isto tenha sido compreendido apenas por alguns poucos, que são chamados Santos. Após vidas de luta com suas paixões, perseverança no fazer o bem, cultivando nobres aspirações e depois de aderir firmemente a propósitos superiores, estas pessoas elevaram-se acima do raio vermelho e estão agora totalmente imbuídas com o raio dourado de Cristo e sua vibração.” Max Heindel continua: “A cor dourada natural é o raio de Cristo, que encontra sua expressão química no oxigênio, um elemento solar”.

Naturalmente, o aspirante pode concluir que conforme a correspondência às vibrações Crísticas e o estabelecimento de uma vida com propósitos superiores, tanto a eficiência das mitocôndrias no processo de respiração celular quanto fatores que neutralizam os radicais livres aumentarão, promovendo menores danos às células e maior longevidade saudável. Porém, tal conclusão parece ser equivocada. Lembre-se: o propósito do Ego não é permanecer na Região Química do Mundo Físico, mas retornar ao Pai com sua herança divina despertada e totalmente desenvolvida (Parábola dos Talentos).  A compreensão de como ocorre a longevidade é fator chave para a terceira etapa (conclusão) deste artigo.

Parte III – Que se deve fazer para acompanhar as mudanças que necessariamente devem ocorrer

Qual a diferença de desempenho de uma pessoa experiente e de outra iniciante, em uma dada tarefa em comum? A diferença básica é que a pessoa experiente já aprendeu todos os mecanismos e as técnicas necessárias para desempenhar, com segurança, cada etapa de uma tarefa. Por isso, aplica de modo direcionado, com paciência e observação, a quantidade ideal de energia (vontade) e estratégias para cumprir o propósito com eficiência. Já o inexperiente, por não conhecer os mecanismos e nem as técnicas, necessita muito tempo para aprender e tirar conclusões. Além disso, mesmo que realize todo este movimento, se realmente não se dedicar na extração da experiência, pouca memória formará. Isso significa que “viveu as cegas”, e continuará a gastar bastante energia todas as vezes que se deparar com a mesma situação, sendo um eterno aprendiz das mesmas coisas.

O acúmulo de experiência permite o menor gasto de energia e assim, menor necessidade das funções das mitocôndrias para gerar energia. Isso não significa que há menos atividades ou produção anímica. Inversamente, se faz muito mais com muito menos! Conforme a correspondência de vida vai gradativamente se afinando com as lições Cristãs, o uso dos Corpos pelo Ego ocorre mais adequadamente. Isto é, o Eu Superior domina a Personalidade e a espiritualiza. Este domínio pode ser ilustrado da seguinte maneira:

  1. uma determinada ideia é concebida pela Mente;
  2. a força de vontade do Ego utilizará a Mente (foco mental) para direcionar essa ideia e concretizá-la no Mundo Físico;
  3. com este foco mental sob o domínio da vontade, haverá o despertar da motivação (Corpo de Desejos) e energia física (Corpo Vital e trabalho das mitocôndrias) para concretização física da ideia;
  4. o movimento voluntário observado será o produto final de uma tentativa de concretização da ideia concebida;
  5. a experiência da tentativa (quintessência) deverá ser observada em termos de eficiência do foco mental; motivação necessária para tal; e energia física para ação. Se houver falha em alguma destas etapas, a eficiência será abalada. Se houver sucesso total, significa que o domínio da situação já é uma verdade;
  6. Várias memórias são formadas neste processo e servirão de base para ações futuras e aumento da eficácia. Para estas formações, necessitamos dos Éteres de Luz e Refletor (Corpo-Alma).

Vemos, pois, que uma vida bem vivida está pautada no acúmulo de sabedoria e firmada a propósitos superiores. Não há outro propósito maior do que estes. A fé, o amor universal, o propósito de contribuir com a evolução da humanidade e a convivência com verdades espirituais, revelam caminhos tão sublimes e infinitos que tornam cada ato da vida uma nota musical afinada à grande sinfonia divina. Não haverá mais espaços para desequilíbrios ou transgressões das leis, mas sim ações que nos aproximam de Deus.

A lógica do menor esforço e maior eficiência é o padrão de ouro para a vida espiritual, mas ela exige o emprego constante da observação e do aprendizado. Com o tempo, passaremos a evocar as experiências de modo tão eficiente que não mais necessitaremos dos arquivos do cérebro denso para nos fornecer referência de como agir, mas iremos acessar diretamente o éter refletor, não mais necessitando de energia física. Consequentemente haverá menos necessidade de mitocôndrias e menos radicais livres. Passaremos a utilizar o éter, um material com vibração superior aos elementos químicos do sangue, para manifestação do estado de vigília (já o fazemos atualmente, mas a quantidade será muito maior), pois o poder do Ego será tamanho que necessitará de materiais mais vibrantes para dar conta de sua expressão. Neste estado de Corpo de Vida, não mais conheceremos a morte e a vida eterna será, então, uma realidade.

Para finalizar, é importante considerar que um dos pólos da dual força criadora foi internalizada e direcionada para cima, a fim de construir um cérebro e uma laringe (mencionado na primeira parte deste artigo). Antes, ambas eram direcionadas para baixo com o propósito de gerar Corpos Físicos. Com o novo Corpo de Vida, não mais haverá mortes e desnecessária a geração de Corpos Densos, sendo o ser humano Cristificado isento da paixão lucífera.

O casamento místico, conforme bem expressado por Salomão em seu “Cântico dos Cânticos”, mostra a reunião dos polos da força criadora, mas agora com parte que permaneceu para baixo também direcionada para cima. “O homem deve se casar com a mulher que possui dentro de si mesmo, e a mulher com seu homem interno”. O mito denominava cada polo como Anima (feminino) e Animus (masculino). Com esta “re-união” dos polos criadores, mas direcionados para cima, a palavra fornecerá o molde (o verbo se fará carne) para gerar obras tão grandiosas como as obras dos deuses.  

*note que as condições da Terra nesta época era bem diferentes das condições atuais.

Que as Rosas Floresçam em vossa cruz

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Pelas Veredas do Nosso Esquema de Evolução atual

Pelas Veredas do Nosso Esquema de Evolução atual

Constitui incontestável verdade que “EM DEUS VIVEMOS, NOS MOVEMOS E TEMOS O NOSSO SER”. Somos espíritos, partes integrantes do Grande Corpo Divino.

Temos, em forma latente, embrionária, todas as possibilidades do nosso Pai Celestial. O desenvolvimento de nossas potencialidades divinas conduzir-nos-á a um estado de onisciência, inconcebível às nossas limitações atuais.

Segundo os Rosacruzes, no início de cada manifestação, Deus diferencia dentro de Si mesmo (não de Si mesmo) uma plêiade de espíritos virginais, como chispas de uma Chama. Esses espíritos virginais converter-se-ão também em Chamas, pela expansão de suas faculdades latentes. Esse processo se realiza através da EVOLUÇÃO. Esta, entretanto, representa apenas uma das partes do esquema. Na realidade, o progresso do espírito assenta-se sobre um tripé: involução, evolução e Epigênese.

Involução é o espaço de tempo dedicado à aquisição da consciência individual e à formação dos veículos, através dos quais o espírito se manifesta. Dá-se o nome de evolução à fase da existência durante a qual o ser desenvolve sua consciência até convertê-la em onisciência.

Involução e evolução, porém, são insuficientes para garantir o desenvolvimento do espirito ao nível de seu Divino Pai. Um terceiro fator surge como uma autêntica força motriz, empurrando, acelerando, despertando faculdades recônditas, rumo às alturas da perfeição: é a Epigênese. Ela faz a evolução de cada indivíduo diferir da dos demais, por fornecer-lhe a capacidade de criar sempre algo novo, original, inédito. Toda habilidade criadora provém da Epigênese.

Pelo que sabemos, somente a Filosofia Rosacruz tem a Epigênese como fator de progresso do espírito. Muitos estudiosos esoteristas tendem a admitir a evolução como sendo um mero desdobramento ou desenvolvimento de qualidades latentes. Para eles, todo progresso gira em torno do binômio causa-efeito. Numa linguagem que de simplista resvala até ao rudimentar pode-se dizer que a maioria das pessoas julga que “o que atualmente existe é o resultado de algo anteriormente existente”. Se assim fosse, não haveria margem para novos e originais esforços, capazes de promover novas causas. Tudo não passaria de repetição. É a Epigênese, portanto, o único fator suscetível de explicar satisfatória e convenientemente o sistema a que pertencemos.

Todo esse progresso se realiza através dos cinco Mundos, em sete grandes Períodos de Manifestação, durante os quais, da profunda inconsciência à onisciência, as vidas em evolução se convertem primeiramente em homens e depois em Deus. Esses sete Períodos, renascimentos sucessivos da Terra, são os seguintes:

  1. Período de Saturno
  2. Período Solar
  3. Período Lunar
  4. Período Terrestre
  5. Período de Júpiter
  6. Período de Vênus
  7. Período de Vulcano

Os Períodos de Saturno, Solar e Lunar pertencem ao passado. Encontramo-nos, agora, vivendo as condições da metade mercuriana do Período Terrestre. Findo esse último, passaremos, sucessivamente, aos Períodos de Júpiter, Vênus e Vulcano.

Através dos três e meio Períodos passados adquirimos nossos veículos e desenvolvemos nosso atual estado de consciência. Nos três e meio Períodos restantes aperfeiçoaremos ao máximo esses veículos. Concomitantemente nossa consciência se expandirá à onisciência.

No Período de Saturno, recebemos, dos Senhores da Chama, o germe do nosso atual Corpo Denso. Esse, portanto, é o nosso veículo mais antigo, o mais aprimorado atualmente, e o mais útil como meio de obtenção de consciência. A consciência da vida em evolução era semelhante à do mineral, transe profundo. Nesse longínquo Período, os Senhores da Chama tornaram-se novamente ativos na metade da sétima revolução, com o propósito de despertar o princípio do Espírito Divino nos Espíritos Virginais.

No Período Solar, recebemos o germe do Corpo Vital, graças ao trabalho de uma Hierarquia denominada Senhores da Sabedoria. Contudo, quem nos despertou o segundo princípio espiritual, ou seja, o Espírito de Vida, foram os Querubins. O estado de consciência predominante era o de “sono sem sonhos”, análogo aos dos atuais vegetais.

No Período Lunar, houve, uma vez mais, uma mudança nas condições ambientais. A característica marcante do Período de Saturno pode ser representada pelo termo “calor”. No Período Solar, pelo termo “luz”. Já no Período Lunar as condições prevalecentes resumem-se em uma palavra: “umidade”. Nesse Período, por intermédio do trabalho desenvolvido pelos Senhores da Individualidade, adquirimos o germe do Corpo de Desejos. Dá-se o nome de Serafins à Hierarquia responsável pelo despertamento do Espírito Humano nos seres humanos. A peregrinação através das condições do Período Lunar corresponde à fase de existência análoga à dos animais. O estado de consciência do homem era o de “sono com sonhos”, uma consciência pictórica.

Na Época Atlante, do Período Terrestre, recebemos, por obra dos Senhores da Mente — a Hierarquia de Sagitário — o germe da Mente. Foi o marco da nossa individualidade. Passamos, então, ao estado de consciência de vigília, conhecendo perfeitamente o mundo exterior.

O Período Terrestre é a atual fase do nosso desenvolvimento. Os Rosacruzes chamam-no de Marte-Mercúrio. Dos grandes Dias de Manifestação surgiram os nomes dos dias da semana:

Dia                           Correspondente ao                                Regido por

Sábado ………………. Período de Saturno ……………………… Saturno

Domingo ……………… Período Solar………………………………… Sol

Segunda-Feira. …………Período Lunar…………………………….. Lua

Terça-feira… ………..1ª metade do Período Terrestre ………. Marte

Quarta-feira …………2ª metade do Período Terrestre …….. Mercúrio

Quinta-feira. …………… Período de Júpiter. …………………….Júpiter

Sexta-feira. …………….. Período de Vênus ………………………. Vênus

O Período de Vulcano, não incluído no quadro acima, é o último do atual esquema de evolução. Nas seis primeiras Revoluções desse futuro Período, extrair-se-á, por recapitulação, espiral após espiral, a quintessência de todos os Períodos precedentes. O Período de Vulcano corresponde, portanto, à semana com todos os sete dias.

 

Os astrólogos afirmam, com fundamento, que os dias da semana são regidos pelo astro particular que indicam. Um estudo cuidadoso das mitologias mostra como os “deuses” eram associados aos dias da semana. Assim, o dia de Saturno é sábado (Saturday); o domingo (Sunday) relaciona-se com o sol, e a lua, com segunda-feira (Monday). A terça-feira está relacionada com Marte — o deus da guerra —, tanto que os romanos chamavam-na de “Dies Martis”. O nome Tuesday (terça-feira) deriva de “Tirsdag”, “Tir” ou “Tyr”, o deus escandinavo da guerra. Wednesday (quarta-feira) dizia respeito a Wotanstag de Wotan, entidade mitológica do norte da Europa. Os romanos denominavam-nos de “Dies Mercurii”, o dia de Mercúrio. Thursday ou Thorstag (quinta-feira) deriva de “Thor”, deus do trovão, chamado pelos latinos de “Jove” ou Júpiter, donde “Dies Jovis”. De “Freya”, divindade da beleza, temos Friday (sexta-feira). Era o “Dies Veneris”, o dia de Vênus, para os romanos.

É mister esclarecer que os nomes dos Períodos nada têm a ver com os Planetas ou Astros físicos. Referem-se a encarnações passadas, presentes e futuras da Terra. O macrocosmo, tal como o microcosmo, também tem as suas encarnações. Segundo a ciência esotérica há 777 encarnações. Isto não significa que a Terra sofra 777 metamorfoses. Significa que a vida evolucionante faz 7 Revoluções em torno dos 7 Globos dos 7 Períodos. Vários diagramas do CONCEITO elucidam esse assunto, não obstante reconheçamos tratar-se de um tema bem abstrato, capaz de oferecer alguma dificuldade na compreensão de alguns pontos. Apesar de tudo, estudá-lo constitui algo fascinante, capaz de orientar o estudante pelos meandros da nossa longa jornada evolutiva.

(de Gilberto A V Silos – Publicado na Revista Serviço Rosacruz de Janeiro/1978)

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Carta de Max Heindel: A Epigênese e o Destino Futuro

A Epigênese e o Destino Futuro

Quando estamos estudando a “Teia do Destino – Como se Tece e Destece”, é conveniente e absolutamente necessário que não percamos de vista da nossa Mente o fato de que a vida não é somente um desenrolar de causas estabelecidas em existências anteriores. O espírito, quando está de volta via o renascimento, tem uma quantidade variável de livre-arbítrio – de acordo com a vida vivida anteriormente – para preencher os detalhes. Além disso, ao invés de apenas transformar causas passadas em efeitos, há também causas novas geradas a cada passo dado pelo espírito e que, então, atuam como sementes de experiências para as vidas futuras. Esse é um ponto muito importante. É uma verdade evidente em si mesma, pois se assim não fosse, as causas que já foram definidas, em algum momento, devem terminar, e isso significaria o término da existência. Desta forma, não somos absolutamente forçados a agir de uma certa maneira, só porque estamos em um determinado ambiente e porque toda a nossa experiência anterior nos deu uma tendência em direção a um determinado fim. Com a prerrogativa divina do livre-arbítrio, o ser humano tem o poder da Epigênese ou iniciativa, de forma que possa começar em uma outra direção, a qualquer momento que desejar. Ele não pode, imediatamente, se afastar da vida antiga – isso pode exigir muito tempo, talvez várias vidas –, mas, progressivamente, ele se prepara arduamente para o ideal que ele uma vez semeou.

Portanto, a vida avança não apenas pela Involução e Evolução[1], mas especialmente pela Epigênese. Esse sublime Ensinamento da Religião da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes explica muitos mistérios que, de outro modo, não teriam uma solução lógica, e entre eles está um que ocasionou o recebimento de muitas cartas à Sede Mundial da The Rosicrucian Fellowship. Esse assunto é abordado com alguma relutância, já que o autor não gosta de falar sobre a guerra. A questão diz respeito à relação entre um soldado, uma mulher do inimigo feita prisioneira de guerra por ele e o Ego nascido de uma mãe que o odeia, por causa da maternidade indesejada.

A investigação de um certo número de casos mostrou que esse é um novo desafio para certa classe de espíritos que estão de volta via o renascimento. Todos tinham sido incorrigíveis em suas encarnações anteriores e parecia que nada de bom poderia mantê-los ali, para a tristeza daqueles que se relacionavam com eles. As condições da atual guerra[2], ainda que não tenha sido criada para esse propósito, oferecem uma oportunidade para transferi-los para outro campo de ação, onde a nova mãe colhe, através desta ação, os frutos dos erros cometidos por ela mesma em existências anteriores.

Nem tão pouco essa condição é de toda peculiar para a guerra. Muitas vezes, em outras ocasiões, são utilizados meios semelhantes para que possamos colher o que semeamos por meio de outros seres humanos que são aparecem em nossas vidas para seu próprio e nosso sofrimento. Eu me lembro de uma mãe que me disse, há alguns anos, como havia se rebelado contra a maternidade; como, depois de ter passado pelo período da gravidez com ódio e raiva em seu coração se recusou até a olhar para a criança quando nasceu; mas finalmente, ela sentiu piedade pela condição de desamparo daquela criança e mais tarde, a piedade se transformou em amor. A criança tinha todas as vantagens de que o dinheiro poderia lhe proporcionar, mas essas vantagens não poderiam salvar o seu equilíbrio mental, e hoje está preso como assassino em uma cela de um hospício para criminosos, enquanto a mãe foi deixada no seu sofrimento para ponderar sobre o que ela fez ou não fez, durante o tempo em que o bebê estava a caminho.

Inversamente, existe também ocasiões em que um espírito, terminando sua experiência em um ambiente, volta via o renascimento em uma nova esfera de ação, como um raio de Sol e conforto para aqueles que, por suas ações passadas, merecem receber tais bênçãos. Lembremo-nos, portanto, que não importa quão degradado seja um ser humano, ele tem sempre o poder de semear o bem, mas deve esperar até que essa semente possa florescer em um ambiente propício. Cada um de nós, embora sujeito ao seu passado, é livre no que diz respeito ao seu futuro.

[1] N.T.: sobre Involução e Evolução, com mais detalhes, veja aqui O Conceito Rosacruz do Cosmos, no Capítulo XIV, no item Involução, Evolução e Epigênese.

[2] N.T.: refere-se à Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 55)

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Epigênese: Os Seus Novos Caminhos

Epigênese: Os Seus Novos Caminhos

A Revolução Industrial, cujo berço foi a Inglaterra, no século XVIII, modificou totalmente o panorama da sociedade ocidental. A economia, então predominantemente agrícola e artesanal, passou a conhecer uma fase de surgimento de indústrias. As cidades se desenvolveram porque as indústrias nelas se localizavam e suas populações cresceram consideravelmente.

O que se desencadeava, entretanto, não era um processo isolado, mas algo que exigia transformações profundas a fim de manter sua continuidade. Havia, por exemplo, necessidade de transportar matéria-prima de suas fontes até as regiões manufatureiras. O meio de transporte comum era à tração animal. Obviamente não atendia a demanda crescente; em primeiro lugar, porque a disponibilidade de animais de carga era pequena.

Quando tudo parecia caminhar para um impasse, eis que a genialidade de alguém cria a máquina a vapor. Surge a locomotiva. Os trens, as ferrovias, constituem a salvação. Estava resolvido o problema.

Sempre foi assim. Quando a necessidade de progresso do ser humano esbarrava em algum obstáculo ou problema aparentemente sem solução, o gênio inventivo, a criatividade, inovavam em algum campo de atividade humana, encontrando o caminho salvador.

Esse dom de criar algo novo, original, recebe o nome de Epigênese. É uma faculdade inerente a todo indivíduo, mas ainda pouco desenvolvida. Essa capacidade criadora é um traço de identidade entre Deus e o ser humano, porque ambos criam.

Max Heindel, em sua obra Conceito Rosacruz do Cosmos, no capítulo que trata da Involução, Evolução e Epigênese diz o seguinte: “Em todo o transcurso da evolução, através dos Períodos, Globos, Revoluções e Raças, aqueles que não melhoram, por não formarem novas características, ficam para trás e começam imediatamente a degenerar. Só os que permanecem plásticos, flexíveis e adaptáveis podem modelar novas formas, apropriadas à expressão da consciência que se expande. Só a vida capaz de cultivar as possibilidades de aperfeiçoamento, inerentes na forma que anima, pode evolucionar com os adiantados de qualquer Onda de Vida. Todos os outros ficam atrasados”.

“É esta a medula do Ocultismo. O progresso não é um simples desenvolvimento, nem tampouco Involução e Evolução, há um terceiro fator, a Epigênese, que completa a tríade”.

“As primeiras duas palavras são familiares a todos os que estudaram a vida e a forma. Admite-se, geralmente, que a Involução do Espírito na matéria tem o objetivo de construir a forma, mas não se reconhece tão comumente que a Involução do Espírito corre paralela à evolução da forma”.

“Desde o princípio do Períodode Saturno até a Época Atlante, quando “os olhos do ser humano foramabertos” pelos Espíritos Lucíferos,as atividades do ser humano (ou força vital que se converteu em humano) era dirigida principalmente para dentro. Essa mesma força que agora o ser humano emprega ou irradia para construir estradas de ferro e vapores, empregava-se internamente para construir um veículo através do qual pudesse manifestar-se. Esse veículo é tríplice, analogamente ao Espírito que o construiu. A forma evolui construída pelo Espírito. Durante essa construção, o Espírito involui até que, nela penetrando, parta para a própria evolução. Os melhoramentos ou aperfeiçoamentos da forma são resultado da Epigênese”.

“Logo, o poder que o ser humano agora emprega para melhorar as condições externas foi empregado durante a Involução com propósito de crescimento interno”.

“Há forte tendência em considerar tudo o que existe como resultado de algo que foi. Olha-se a Evolução como simples desenvolvimento de perfectibilidades germinais. Tal concepção exclui a Epigênese do esquema das coisas, não concede possibilidade alguma de construir-se algo novo, nenhuma margem para a originalidade”.

“O ocultista crê que o propósito da evolução é o desenvolvimento doser humano desde um Deus estático a um Deus dinâmico, um Criador. Se o desenvolvimento que atualmente efetua constituísse a sua educação, e se o seu progresso representasse simplesmente a expansão de qualidades latentes, onde aprenderia a criar?”

“Se o desenvolvimento do ser humano consistisse unicamente em aprender a construir formas cada vez melhores, de acordo com os modelos já existentes na mente do seu Criador, na melhor das hipóteses poderia converter-se num bom imitador, mas nunca num criador”.

“Para tornar-se um criador original e independente é necessário, no seu exercitamento, que tenha suficiente margem de emprego da sua originalidade individual. É isso que distingue a criação da imitação. Conservam-se certas características da forma antiga, necessárias ao progresso, mas em cada novo renascimento a vida evolucionante acrescenta tantos aperfeiçoamentos originais quanto sejam necessários para sua expressão ulterior”.

Vê-se, pois, que sem o emprego da faculdade epigenética o progresso do ser humano, em qualquer campo de atividade, seria uma impossibilidade. Quando deixa de ser ativa nas pessoas, nações, raças e instituições, a evolução cessa, começando daí a degeneração. Todo processo de cristalização na natureza representa a ausência de novos caminhos. A decadência das grandes civilizações principiou pela estagnação de seus valores básicos. A não renovação de suas estruturas, aliada a recusa em reciclar sua cultura, acabou por provocar a degeneração. Isso sempre ocorreu, seja no sentido individual, seja no coletivo.

Os veículos do Espírito também se aperfeiçoam pela Epigênese. As correções e as inovações começam na região dos arquétipos, ou seja, na Região do Pensamento Concreto do Mundo do Pensamento. A tendência de um veículo, como o Corpo Denso por exemplo, é tornar-se cada vez mais sensível, maleável e responsivo às vibrações espirituais. Esse progresso ocorre porque vimos constantemente aperfeiçoando nossos veículos.

Os corpos das Raças atrasadas estão em franca degeneração porque cristalizaram-se a tal ponto de não admitirem nenhum processo de revitalização. Os antropoides, são o resultado da degeneração de corpos humanos que perderam a sensibilidade. Os seres que usam esses corpos pertencem à nossa Onda de Vida, teoricamente ainda têm chances de progresso. Mas isso só acontecerá se derem um salto gigantesco em sua evolução, a ponto de poderem habitar corpos mais aperfeiçoados, abandonando em definitivo essas formas degeneradas.

É uma lei natural: Nenhum ser pode habitar corpos mais eficientes do que ele seja capaz de construir. Quanto mais uma pessoa avança e trabalha nos seus veículos, mais poder tem para construir uma nova vida.

Nossa capacidade de dominar as configurações estelares determina, em grande medida, o grau de Epigênese que vamos desenvolvendo em cada vida. Estamos sujeitos a poucas ou muitas limitações na vida atual, determinadas por dívidas contraídas em encarnações passadas. Mesmo assim temos certa margem de livre-arbítrio para desencadearmos novas causas. Gerando assim um novo destino. Não somos obrigados a errar. Se renascemos com grande tendência para a sensualidade, os astros podem impelir, mas nada nos vai obrigar a satisfazer nossas paixões carnais. A energia criadora malbaratada pode ser canalizada a objetivos superiores. Essa mesma energia, Deus e as Hierarquias utilizaram na criação do Cosmos. Podemos, portanto, empregá-la no processo epigenético contribuindo para a elevação da humanidade.

O processo da Epigênese é uma forma de transmutação. E isso explica porque certos presidiários reformam-se, tornando-se úteis à sociedade, enquanto outros mantém suas tendências criminosas; ou então, como pessoas com deficiências físicas desenvolvem certas habilidades, tornando-se vitoriosas em alguma atividade. O Espírito pode criar fases verdadeiramente novas de sua individualidade.

O gênio representa a manifestação epigenética no mais alto grau e isso não se explica pela hereditariedade. O gênio expressa sua genialidade não só por sua proficiência artística, intelectual ou profissional, mas principalmente pela sua criatividade. Esta é a diferença entre a competência e a genialidade.

Às vezes, a Epigênese se manifesta unilateralmente. E o caso de artistas que, embora talentosos, deixam muito a desejar moralmente entregando-se à bebida, aos tóxicos ou ao sexo. O talento pode lhes ser retirado temporariamente em vidas futuras, até que decidam a regenerar-se.

Geralmente o autodidata em algum ramo artístico ou profissional tende a ser criativo porque foge dos limitadores padrões acadêmicos. As pessoas criativas podem revolucionar (no mais puro sentido da Palavra) algum campo de atividade. Não raro isso lhes traz sofrimento porque seu trabalho inovador dificilmente será compreendido, além do que constitui uma ameaça aos padrões já estabelecidos naquela área particular. Eles RE-EVOLUCIONAM, isto é, dão novo impulso a evolução. Imagina-se, erroneamente, que revolucionar significa derrubar algo já consolidado.

Thomaz Edison certa vez foi posto para fora do escritório de um financista, em Nova York. O homem de negócios, indignado, afirmou-lhe grosseiramente, que jamais financiaria a produção em escala industrial daquelas “invenções malucas”. Bell foi chamado de louco pela imprensa norte-americana quando anunciou a invenção do aparelho telefônico. Júlio Verne encantou o mundo com suas obras de ficção. FICÇÃO? Hoje, quanto coisa tornou-se realidade.

Goethe modificou profundamente o teor das lendas que envolviam a figura do doutor Fausto, mago, astrólogo e quiromante do século XVI, dando-lhe, epigenéticamente, profundidade esotérica. Esse poema, uma obra-prima da literatura universal, conta a história do ser humano no afã de encontrar o divino em si mesmo.

Leonardo Da Vinci, para citar um exemplo mais distante no tempo, expressou uma exuberância epigenética incomum. Sua figura humana aproximou-se, como nenhum outro, daquele imaginário homem universal. Foi pintor, escultor, matemático, arquiteto, urbanista, físico, astrônomo, engenheiro, naturalista, químico, geólogo e cartógrafo. Suas obras tais como“Anunciação”, a “Virgem dos Rochedos”, a ”Monalisa”, constituem parte do patrimônio artístico da humanidade. Como urbanista, seu projeto para a cidade de Milão foi algo admiravelmente revolucionário. Eliminou as muralhas, traçou canais de esgotos, ruas superpostas para pedestres e pistas livres para veículos. As casas seriam amplas e ventiladas. Haveria praças e jardins. E tudo isso no final do século XV.

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental nos esclarecem, e a própria história da civilização nos confirma, que se caminhamos até o estágio atual de desenvolvimento é porque fizemos uso da devida faculdade epigenética. Exercitar esse dom é encontrar Deus dentro de si mesmo.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’–Fraternidade Rosacruz-SP- maio/1986)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Evangelho de São João: o que mais aclara o ponto central da involução para a evolução

O Evangelho de São João: o que mais aclara o ponto central da involução para a evolução

O Cristianismo desempenha um papel único, incisivo e capital na história da humanidade. É de certa forma, o ponto central de retorno entre a involução e a evolução. Daí que sua luz seja tão resplandecente.

Em nenhuma parte, se encontra esta luz tão viva como no Evangelho de São João. E, em verdade, pode dizer-se que é nele tão somente que aparece com toda sua força.

No entanto, não é assim que a teologia contemporânea concebe este Evangelho.

Do ponto de vista histórico, ela o considera como inferior aos três Evangelhos sinóticos, e até há quem o suspeite de apócrifo. O mero fato de que sua redação tenha sido atribuída ao segundo século depois de Jesus Cristo, fez com que os teólogos e as escolas de crítica o considerassem uma obra de poesia mística e de filosofia alexandrina. 

Em compensação, o Ocultismo considera o Evangelho de São João de modo muito diferente.

Durante a Idade Média existiu uma série de fraternidades que viram no Evangelho de São João o seu ideal e a fonte principal da verdade cristã. Essas fraternidades chamavam-se, os Irmãos de São João, os Albigenses, os Cátaros, osTemplários, os Rosacruzes. Todos eram ocultistas práticos e faziam deste Evangelho sua Bíblia. Pode admitir-se que as lendas do Santo Graal, de Parsifal e de Lohengrin tenham saído dessas fraternidades, como sendo a expressão das suas doutrinas secretas.

Todos esses irmãos de diversas Ordens consideravam-se os precursores de um cristianismo individual, do qual possuíam o segredo, e cujo pleno desenvolvimento e florescimento estavam reservados ao futuro. E este segredo só era encontrado no Evangelho de São João.

Encontravam ali uma verdade eterna, aplicável a todo os tempos, uma verdade que regenerava a Alma totalmente, desde que fosse vivida nas profundidades do próprio ser. Não se lia, então, o Evangelho de São João como se fosse um escrito literário, mas como servindo de instrumento místico. A fim de compreendermos aquela verdade eterna, teremos que nos abstrair momentaneamente do seu valor histórico.

Os primeiros quatorze versículos deste Evangelho, representavam para os Rosacruzes, objeto de uma meditação quotidiana e de um exercício espiritual.

Atribuía-lhes um poder mágico que realmente tem, para os ocultistas. Eis aqui o efeito que produzem, pela repetição constante, sem se cansar: feita sempre à mesma hora e todos os dias, se obtém a visão de todos os acontecimentos que conta o Evangelho podendo serem vividos interiormente.

É assim que, para os Rosacruzes, a Vida de Cristo significava o Cristo ressuscitando do fundo de cada Alma. Ademais, criam, naturalmente na existência real e histórica de Cristo, porque, conhecer o Cristo interior, significa reconhecer igualmente, o Cristo exterior.

Um espírito materialista poderia dizer atualmente: O fato de que os Rosacruzes tenham tido essas visões, prova porventura, a existência real de Cristo? A isso responderia o ocultista: – Se não existisse o olho para ver o Sol este não existiria, mas se não houvesse o Sol no céu, tão pouco poderia existir o olho para vê-lo, posto que foi o Sol que construiu o olho no decurso dos tempos para que pudesse perceber a luz. Similarmente, o Rosacruz diria: – o Evangelho de São João desperta os sentidos internos, porém, se não existisse um Cristo vivente, seria impossível fazê-lo viver dentro de si mesmo.

A Obra de Jesus Cristo não pode ser compreendida em sua imensa profundidade, a não ser estabelecendo as diferenças entre os antigos mistérios e O Mistério Cristão.

Os mistérios antigos celebravam-se em Templos-escolas. Os Iniciados, pessoas que haviam despertado, tinham aprendido, igualmente, a obrar sobre o seu corpo elétrico e, portanto, eram “duas vezes nascidos”, porque sabiam ver a verdade de dois modos: diretamente pelo sono e pela visão astral, e indiretamente, pela visão sensível e lógica. A Iniciação pela qual tinham que passar se chamava: Vida, Morte e Ressureição. O Discípulo passava três dias no túmulo, em um sarcófago, dentro do Templo; seu espírito ficava liberto do corpo, porém, ao terceiro dia, respondendo à voz do Hierofante, seu espírito voltava para o corpo, retornando dos confins do Cosmos donde conhecera a Vida Universal.

E assim, transformado, era “duas vezes nascido”.

Os maiores autores gregos falaram com entusiasmo e sagrado respeito destes mistérios.

Platão chegara a afirmar que somente o Iniciado merecia o qualificativo de “homem”. Mas, esta Iniciação encontrou em Cristo, o seu verdadeiro coroamento. O Cristo é a Iniciação condensada na vida suprassensível, assim como o gelo é água solidificada. O que se via nos mistérios antigos se realizava historicamente, em Cristo, no mundo físico. A morte dos Iniciados não era mais que uma morte parcial no Mundo Etérico. A morte de Cristo foi uma morte completa no Mundo Físico.

Pode considerar-se a ressurreição de Lázaro como um momento de transição, com um passo da Iniciação antiga para a Iniciação Cristã.

No Evangelho de São João, o próprio João só aparece depois de se mencionar a morte de Lázaro.

“O Discípulo que Jesus amava”, era, também, o maior dentre todos os Iniciados. Foi aquele que passou pela morte e a ressurreição, e que ressuscitou ante a voz do próprio Cristo.

João é o Lázaro “saído” do túmulo depois de sua Iniciação. Já São João vivera a morte de Cristo”. Tal é a mística via que se oculta nas profundidades do Cristianismo.

As Bodas de Canaã, cuja descrição se lê igualmente neste Evangelho, encerram um dos mais profundos mistérios da história espiritual da humanidade. Referem-se às seguintes palavras de Hermes: “Oque está acima é igual ao que está abaixo”. Nas Bodas de Canaã, a água se transformava em vinho. A este fato dá-se um sentido simbólico e universal, que é o seguinte: no culto religioso o sacrifício da água era substituído, por algum tempo, pelo sacrifício do vinho.

Houve um tempo, na história da humanidade, em que não se conhecia o vinho.

Só nos tempos “védicos” conheciam-no. Pois bem, enquanto o homem não bebera líquido alcóolicos, a ideia das existências precedentes e da pluralidade das vidas, era uma crença universal, da qual ninguém duvidava.

Desde que a humanidade começou a beber vinho, a ideia da reencarnação foi-se obscurecendo rapidamente, acabando por desaparecer de todo da consciência popular. E tão somente os Iniciados conservaram-na, porque se abstinham de beber vinho.

O álcool exerce sobre o organismo uma ação particular, especialmente sobre o Corpo Etérico, onde se elabora a memória, O álcool veda esta memória, obscurecendo-a em suas profundidades íntimas. O vinho faz procurar o esquecimento segundo se diz, porém, não é somente um esquecimento superficial e momentâneo, senão um esquecimento profundo, duradouro; um obscurecimento verdadeiro da forçada memória no Corpo Etérico. Por este motivo, quando os homens começaram a beber vinho, foram perdendo pouco a pouco, o sentimento espontâneo da reencarnação ou renascimento.

A crença no renascimento e na lei do Destino Maduro, tinha uma influência poderosa, não só sobre os indivíduos, como sobre o seu sentimento social. Esta crença fazia-lhes aceitar a desigualdade das condições humanas e sociais. Quando o infeliz obreiro trabalhava nas Pirâmides do Egito, quando o hindu da última casta esculpia os templos gigantescos no coração das montanhas, dizia-se que outra existência o recompensaria pelo trabalho suportado.

Que seu amo já havia passado por provas similares, se era bom, ou que passaria mais tarde por outras mais penosas, se era injusto e mau.

Ao aproximar-se o Cristianismo, a humanidade tinha que atravessar uma época de concentração sobre a obra terrestre. Era-lhe necessário trabalhar para o melhoramento da vida, pelo desenvolvimento do intelecto, do conhecimento racional e científico da Natureza. A consciência da reencarnação devia, pois, perder-se durante dois mil anos, e o que se empregou para obter um tal objetivo foi o vinho.

Tal é a origem do culto de Baco, deus do Vinho e da embriaguez (forma popular do Dionísio dos Antigos Mistérios que, entretanto, possui outro sentido). Tal é, também, o sentido simbólico das Bodas de Canaã. A água servia para os antigos sacrifícios, e o vinho para os novos.

As palavras de Cristo: “Felizes aqueles que não viram e que, entretanto, acreditaram”, se aplicam à nova era em que o homem entregue por completo à sua obra terrestre, não tinha a lembrança das suas vidas anteriores, nem a visão direta do Mundo Divino.

O Cristo nos deixou um testamento na cena do Monte Tabor, naTransfiguração que teve lugar diante de Pedro, Tiago e João. Os discípulos viram-no entre Elias e Moisés. Elias representava o CAMINHO DA VERDADE; Moisés a VERDADE mesma, e o Cristo a VIDA que resume ambas. Por isto só ELE podia dizer: “EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA”.

Assim, tudo se resume e se concentra, tudo se aclara e se intensifica, tudo se transfigura em Cristo, o Evangelho de São João remonta o passado da Alma Humana, até sua mesma fonte, e prevê seu futuro até sua confluência com Deus, porque o Cristianismo não é somente uma força do passado, mas também, uma força do futuro.
Com os Rosacruzes, o novo ocultismo ensina a buscar o Cristo Interior em cada homem, e o Cristo futuro em toda a Humanidade.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/73 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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