Virgem é um Signo mental, regido por Mercúrio, cuja cor é o violeta. Virgem é representado, no Velho Testamento, no Mito Solar de Jacó (o Sol) e seus filhos (os Signos do Zodíaco), por Dinah. Na história da evolução humana marcou o início de nossa evolução espiritual, o ponto em que o Espírito, através da Mente, começou a se manifestar como ser humano externo. Outro simbolismo de Virgem é o da Virgem Celestial, que pela Imaculada Concepção gerou Cristo, não do Cristo de nós conhecido, mas de todos os Salvadores do Zodíaco. É um dos Signos mais sublimes do Zodíaco, um dos mais místicos e tão repleto de significado oculto que seu completo sentido não pode ser compreendido plenamente, salvo por uma luz interna iniciática. No Apocalipse, Virgem é a Senhora que traz na cabeça sete estrelas (os setes Astros do nosso Sistema Solar) e a Lua a seus pés, representando o ideal de pureza dado a Terra, cujo ideal, uma vez conquistado, nos possibilitará a gerar o Cristo Interno.
As pessoas com Virgem no Ascendente[1] são de estatura mediana, de grande crâneo e o queixo frágil (grande intelecto e pouca vontade), pés pequenos, voltados para dentro, dificultando o andar. Vivos e ativos, percepção fácil, de boa eloquência, facilidade para aprender línguas, escritores férteis. Gostam mais de trabalhos internos que de contato com o público. Com o passar dos anos, por falta de exercício, tendem a ficar com volumoso abdômen, trazendo aos intestinos lento funcionamento e acúmulo de toxinas, que provocarão enfermidades. Negativos, gostam de falar de doenças e de ser doentes, em vez de reagir, exigindo, pois, o auxílio de pessoas firmes, quase cruéis, para levá-las de volta a saúde e tirar-lhes o conformismo suicida. Não gostam de ver sangue; são “coração de galinha”. Mas se dominam estas tendências, tornam-se ótimos enfermeiros e farmacêuticos, porque gostam de assuntos relacionados com a saúde, tais como: química, farmácia, alimentação, higiene, etc.
Genericamente, o temperamento dos nascidos em Virgem não é simpático, pois a predominância intelectual os torna cínicos, céticos a novos conhecimentos não demonstráveis, gostam de coisas fáceis, de mandar e quando mandam são dominadores, atraindo muitos inimigos duradouros. Seus Amigos igualmente são firmes.
A disposição mercuriana lhes traz muitas mudanças de condições. Quando se interessam por qualquer assunto, que lhes traga recompensas fazem-se industriosos e merecem as ganhos e triunfos.
Todavia, estas características são gerais. Só o exame pessoal do tema pode determinar o “todo” individual com segurança.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – agosto/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)
[1] N.R.: entre 11 e 20 graus e sem Astros na primeira Casa
Há nove degraus definidos na Iniciação Cristã Mística, começando com o Batismo, que é introdutório. A Anunciação e a Imaculada Concepção precedem como temas de curso por razões que serão dadas posteriormente.
Vamos considerar, resumidamente, cada estágio separadamente, nesse glorioso processo de desenvolvimento espiritual, afinal a vida de Cristo, como está delineada nos Evangelhos, corresponde ao padrão cósmico para todos os processos que abrangem a evolução espiritual.
O primeiro grau é o Batismo. Só que quando dizemos Batismo, necessariamente, não estamos nos referindo ao Batismo físico, onde o candidato é aspergido ou imerso e onde ele faz certas promessas àquele que o batiza. O Batismo Místico pode ocorrer tanto em um deserto quanto facilmente em uma ilha, porque é um processo espiritual com o objetivo de atingir um propósito espiritual. Pode ocorrer a qualquer hora da noite ou do dia, no verão ou no inverno; assim, ele ocorre no momento em que o candidato sente, com suficiente intensidade, um intenso desejo, quase uma ansiedade, de conhecer a causa da angústia profunda, tristeza ou do arrependimento alheio e aliviá-la. Então, o Espírito é conduzido sob as águas da Atlântida, onde vê a condição primordial do amor fraternal e da afeição; onde percebe Deus como o grande Pai de Seus filhos, que estão ali envolvidos por Seu maravilhoso amor. E, pelo retorno consciente a esse Oceano de Amor, o candidato se torna tão completamente imbuído com o sentimento de natureza ou caráter semelhante, que o espírito de egoísmo é banido dele para sempre. É por causa dessa saturação com o Espírito Universal que ele, mais tarde, é capaz de dizer: “àquele que quer pleitear contigo, para tomar-te a túnica, deixa-lhe também a veste; e se alguém te obriga a andar uma milha, caminha com ele duas.” (Mt 5:40-41). Sentindo-se um com todos, o candidato nem mesmo considera o seu assassinato como maus-tratos, mas pode dizer: “Pai, perdoai-os”[1]. Eles são idênticos a si mesmo, que sofrem com sua ação; ele é tanto o agressor quanto a vítima. Esse é o verdadeiro Batismo Espiritual do Cristão Místico, e qualquer outro batismo que não produza esse sentimento fraterno universal não é digno de ter esse nome.
Ainda estamos na Era do Arco-Íris, sujeitos à sua lei, então podemos perceber que como o “Batismo” do Cristão Místico ocorre num momento de exaltação espiritual, esse deve ser necessariamente seguido por uma reação. A enorme magnitude da revelação o sobrepõe, e ele não pode percebê-la ou contê-la em seu veículo carnal, então, ele foge frequentemente de lugares onde há pessoas e se refugia na solidão, alegoricamente representada como um deserto. Ele fica tão arrebatado em sua sublime descoberta que, durante o tempo em que está em seu êxtase, ele vê o Tear da Vida, em que são construídos todos os corpos de todos os que vivem, do menor ao maior, do rato e do ser humano, do caçador e de sua presa, do guerreiro e de sua vítima. Mas, para ele, eles não estão separados e à parte, pois, também contempla o único divino halo dourado da luz da vida “que atravessa tudo e que a todos une.” (Lc 23:34). Mais ainda, ele ouve em cada um a nota-chave flamejante soando suas aspirações e expressando suas esperanças e seus temores, e ele percebe esse som composto de cores cromáticas como uma canção ou hino de louvor ou alegria mundial de Deus que se fez carne. A princípio, tudo isso está além de sua compreensão, a enorme magnitude da descoberta esconde isso dele, e não pode conceber o que vê e o que sente, pois não há palavras para descrevê-lo e nenhum conceito pode explicá-lo. Mas, aos poucos, se dá conta que está na própria Fonte da Vida, não mais contemplando-a, mas com o SENTIMENTO de cada pulsação dela, e com essa compreensão atinge o clímax de seu êxtase.
Pelos processos místicos do verdadeiro Batismo Espiritual, o Aspirante se torna tão completamente saturado com o Espírito Universal que, de fato, pelo sentimento e pela experiência, ele se torna um com tudo o que vive, o que se move e tem o seu ser, um com a pulsante Vida divina que surge em uma cadência rítmica, através do menor e do maior; e tendo captado a nota-chave da canção celestial, ele então é dotado de um poder de tremenda magnitude, que poderá ser usado para o bem ou para o mal. Devemos compreender e recordar que, embora a pólvora e a dinamite possam ser utilizada para fazer o bem na agricultura, quando usadas para explodir tocos de árvores que, de outra forma, exigiriam grande trabalho manual para serem extraídos, também podem ser usadas para fazer o mal, como na Primeira Guerra Mundial. Os poderes espirituais também podem ser usados para o bem ou para o mal, dependendo do motivo e do caráter de quem os exerce. Entretanto, aquele que passou com êxito pelo ritual do Batismo e, assim, adquiriu o poder espiritual é imediatamente tentado para que possa decidir definitivamente se ele ficará do lado do bem ou do mal. Nesse ponto, ele se tornará um futuro “Parsifal”, um “Cristo”, um “Herodes” ou um “Klingsor”, que combateu os Cavaleiros do Santo Graal com todos os poderes e recursos da Fraternidade das Trevas.
O segundo grau é a Tentação. Tão arrebatado fica o Cristão Místico em sua belíssima aventura, que as necessidades físicas são completamente esquecidas, enquanto durar o êxtase e, portanto, é natural que a sensação de fome seja sua primeira necessidade consciente ao retornar ao estado normal de consciência de vigília e, naturalmente, também chega a voz da tentação: “manda que estas pedras se transformem em pães.” (Mt 4:3).
Poucas passagens das Sagradas Escrituras são mais sombrias do que os versículos iniciais do Evangelho Segundo São João: “No princípio era o Verbo. . . e nada do que foi feito, foi feito sem Ele”. Um pequeno estudo da ciência do som nos familiariza com o fato de que som é vibração e que os diferentes sons moldarão a areia ou outros materiais leves em figuras de variadas formas. O Cristão Místico pode ignorar completamente esse fato, do ponto de vista científico, mas ele aprendeu na Fonte da Vida a cantar a Canção do Ser, que impulsiona de modo protetor e intimamente para uma criação tudo o que um mestre na arte musical deseja. Há uma nota-chave para a pedra mineral indigesta, porém, uma modificação irá transformá-la em ouro, com o que irá adquirir os meios de subsistência, e outra nota-chave peculiar ao reino vegetal a transformará em alimento, um fato conhecido por todos os ocultistas avançados que praticam legitimamente encantamentos para propósitos espirituais, porém, nunca por ganho material.
Mas o Cristão Místico, que acabou de emergir de seu Batismo na Fonte da Vida, imediatamente se contorce horrorizado com a sugestão de usar seu poder recém-descoberto para um propósito egoísta. Foi a própria qualidade altruística da alma que o conduziu às águas da consagração na Fonte da Vida, e ele preferiria sacrificar tudo, até a própria Vida, do que usar esse poder recém-descoberto para se poupar de um sofrimento doloroso. Ele não viu também a condição de profundo sofrimento por infortúnios, aflições e tristezas do mundo? E não sente isso em seu Grandioso Coração, com tal intensidade que a fome imediatamente desaparece e é esquecida? Ele pode, deseja e usa livremente esse maravilhoso poder para saciar os milhares que se reúnem para ouvi-lo, contudo, nunca para propósitos egoístas, pois, se assim o fizer, ele perturbaria o equilíbrio do mundo.
Entretanto, o Cristão Místico não raciocina assim. Conforme escrito acima, ele não tem nenhuma razão, pois, existe uma orientação muito mais segura, uma voz interior que sempre lhe fala, nos momentos em que se deve tomar uma decisão. “…Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4:4) – outro mistério. Não há nenhuma necessidade de partilhar o Pão terreno, quando se tem acesso à Fonte da Vida. Quanto mais nossos pensamentos estiverem centrados em Deus, menos procuraremos os chamados “prazeres da mesa”, e alimentando o nosso Corpo Denso com moderação e alimentos simples e selecionados, adquiriremos uma iluminação espiritual impossível àqueles que se deleitem a uma dieta excessiva de alimentos grosseiros que nutrem a natureza inferior. Alguns santos usaram o jejum e a flagelação como meio de crescimento da alma, mas esse é um método incorreto por razões explicadas em um artigo sobre “Jejum como um fator no crescimento anímico” publicado na Revista “Rays from the Rose Cross de dezembro de 1915”. Os Irmãos Maiores da humanidade, que compreendem a Lei e vivem de acordo com ela, utilizam os alimentos apenas em intervalos calculados durante o ano. A palavra de Deus é para eles um “pão vivo”. A mesma coisa é válida para o Cristão Místico e a tentação, ao invés de trabalhar para sua queda, o leva a alturas cada vez mais elevadas.
É uma força maravilhosa que está centrada no Cristão Místico no momento do seu Batismo, devido ao processo descendente e de concentração em si mesmo do Espírito Universal, e quando ele recusa durante o período de tentação, a profaná-lo em proveito próprio ou poder para si mesmo, ele tem que, necessariamente aspirar por outra direção, pois está impelido por um estímulo interior irresistível que não permitirá que ele se acomode numa vida sem a disposição para até se mover e inativa de oração e meditação. O poder de Deus está sobre ele para que pregue as boas novas à humanidade para ajudar e curar. Sabemos que uma lareira que está cheia, queimando lenha, não pode deixar de aquecer o ambiente ao redor; do mesmo modo o Cristão Místico não pode deixar de ajudar a irradiar a compaixão divina que transborda de seu Coração, não tendo dúvidas sobre a quem amar, a quem servir ou onde buscar a oportunidade para tal. Assim como o fogão cheio aceso irradia calor para todos os que estão dentro de sua esfera de radiação, da mesma forma o Cristão Místico sente o amor de Deus queimando em seu Coração e o irradia continuamente para todos com quem se põe em contato. Assim como a fogão aquecido atrai para si com seu calor aconchegante aqueles que sofrem com o frio físico, também os raios calorosos do amor do Cristão Místico são um ímã para todos aqueles corações que estejam gelados pela crueldade do mundo, ou seja, pela desumanidade do ser humano para com o ser humano.
Se o fogão estivesse vazio, mas dotado da faculdade da fala, poderia pregar para sempre o evangelho caloroso àqueles que se sentem fisicamente frios, mas, mesmo a melhor oratória jamais satisfaria seu público. Quando se está cheio de conteúdo e irradiando calor, o sermão se torna desnecessário. Todos se aproximarão e ficarão satisfeitos. Da mesma forma, um sermão sobre fraternidade feito por alguém que não tenha se banhado na “Fonte da Vida” parecerá sem valor real, sem substância e insincero. O verdadeiro Místico não precisa pregar. Cada ato seu, mesmo com sua presença silenciosa, é mais poderoso do que todos os mais profundos discursos elaborados por doutores em filosofia.
O terceiro grau é a Transfiguração. O verdadeiro Cristão Místico é facilmente distinguido. Ele jamais ocupa os seis dias da semana para se preparar para uma grande alocução para emocionar seus ouvintes no domingo, mas gasta, igualmente, todos os dias num humilde esforço de cumprir a vontade do Mestre, independentemente dos aplausos externos. Assim, inconscientemente, ele trabalha sempre em direção ao grande clímax que, na história dos mais nobres de todos os que percorreram esse caminho, é conhecido como “Transfiguração”.
A Transfiguração é um processo alquímico pelo qual o Corpo Denso, formado pela química dos processos fisiológicos, se converte na pedra viva, tal como é mencionado na Bíblia. Os alquimistas medievais, que buscavam a Pedra Filosofal, não estavam preocupados na transmutação de tais impurezas em ouro significativo, mas visavam o objetivo maior conforme narramos acima.
A umidade concentrada nas nuvens cai na terra em forma de chuva, quando suficientemente condensada e é novamente evaporada pelo calor do Sol em novas nuvens. Essa é a fórmula cósmica original.
O espírito também se condensa em matéria e se torna mineral, mas, embora seja cristalizado numa forma tão dura quanto a pedra, a vida ainda permanece, e pela alquimia da natureza, trabalhando por meio de outra corrente de vida, os constituintes minerais densos do solo são transmutados numa estrutura mais flexível no vegetal, que serve como alimento ao animal e ao ser humano. Essas substâncias se tornam corpos sencientes pela alquimia da assimilação. Quando notamos as mudanças na estrutura do corpo humano, evidenciadas pela comparação dos sãs (ou bushmen são membros de várias etnias de caçadores-coletores da África Austral, cujos territórios abrangem Botsuana, Namíbia, Angola, Zâmbia, Zimbábue e África do Sul), chineses, indianos, latinos, celtas e anglo-saxões, evidentemente está claro que o Corpo Denso do ser humano está, atualmente, passando por um processo de refinamento com a erradicação das substâncias mais rudimentares e grosseiras. Com o tempo, pela evolução, esse processo de espiritualização tornará nosso corpo radiante e transparente pela Luz que brilhará internamente, radiante como o rosto de Moisés, como o corpo de Buda e o de Cristo na Transfiguração. Presentemente, a luz do Espírito interno residente está efetivamente obscurecida por nosso Corpo Denso, mas podemos ter esperanças advindas da ciência da química. Não há nada na terra tão raro e precioso quanto o elemento químico rádio, o extrato luminoso do denso mineral negro chamado pechblenda; e nada há mais precioso e tão raro como o extrato do corpo humano, o Cristo radiante. Presentemente, estamos trabalhando para desenvolver o Cristo interno, mas quando o Cristo dentro de nós estiver plenamente desenvolvido, Ele brilhará através do corpo transparente como a Luz do Mundo.
É um fato anatômico, comumente conhecido, que a medula espinhal está dividida em três seções, através das quais os nervos motor, sensorial e simpático são controlados. Astrologicamente, são regidos por Marte, Mercúrio e a Lua, respectivamente, que são Hierarquias divinas que desempenham papel importante na evolução humana através dos sistemas nervosos citados. Entre os antigos alquimistas, esses eram designados pelos três elementos alquímicos: sal, enxofre e mercúrio. Entre eles, e acima deles, está colocado o Fogo Espiritual espinhal de Netuno. Ele ascende na coluna serpentina através da medula espinhal até os ventrículos do cérebro. Na grande maioria da humanidade, o Fogo Espiritual ainda é extremamente fraco. Porém, quando ocorre um despertar espiritual em alguém é como uma conversão genuína, ou melhor ainda, pelo Batismo do Cristão Místico, como uma queda constante e intensa do Espírito vindo dos céus, que é um fato real, intensifica o Fogo Espiritual espinhal numa extensão quase inacreditável e, imediatamente, inicia um processo de regeneração, em que as substâncias grosseiras do Tríplice Corpo do ser humano são gradualmente eliminadas, tornando os veículos mais permeáveis e prontamente adaptáveis aos impulsos espirituais. Quanto mais desenvolvido o processo, mais eficientes eles se tornam na “vinha do Mestre”.
O despertar espiritual que inicia esse processo de regeneração no Cristão Místico, que se purifica pela oração e pelo serviço, evidentemente, chega também para aqueles que buscam Deus por meio do conhecimento e do serviço, mas atua de forma diferente, o que é observado pelo investigador espiritual. No Cristão Místico, o Fogo Espiritual espinhal regenerador está concentrado, principalmente, no segmento lunar da medula espinhal, que governa os nervos simpáticos sob a regência de Jeová. Portanto, seu crescimento espiritual é alcançado pela fé, tão simples, infantil e inquestionável como nos dias da primitiva Atlântida, quando os seres humanos ainda não tinham Mentes. Assim, ele atrai a grande Luz da Deidade branca refletida por meio de Jeová, o Espírito Santo, e adquire toda a sabedoria do mundo, sem necessidade de trabalhar por ela intelectualmente. Isso, gradualmente, transmuta seu corpo na branca Pedra Filosofal, a Alma Diamante.
Por outro lado, aqueles cujas Mentes são fortes e insistentes em saber a razão do porquê de cada sentença e dogma, o Fogo Espinhal da regeneração atuará sobre os segmentos do vermelho Marte e do incolor Mercúrio, buscando infundir o desejo com a razão para purificar a antiga paixão primordial, para que se torne casta como a rosa e, assim, transmuta o corpo na Alma Rubi, a vermelha Pedra Filosofal, provada pelo Fogo, purificada, uma individualidade criativa em desenvolvimento.
Todos os que estão buscando o Caminho, seja pelo caminho do ocultista ou pelo do misticismo, estão tecendo o “Dourado Manto Nupcial” por esse trabalho por dentro e por fora. Em alguns, o ouro é extremamente pálido e em outros é profundamente vermelho. Mas, finalmente, quando o processo da Transfiguração tiver sido concluído, ou melhor, quando estiver próximo a isso, os extremos se fundirão e os corpos transfigurados terão uma cor equilibrada, pois o ocultista deve aprender a lição com profunda devoção, e o Cristão Místico deve aprender como adquirir conhecimento por seus próprios esforços, sem a necessidade de recorrer à fonte universal de toda a sabedoria.
Essa perspectiva nos fornece uma visão mais profunda da Transfiguração relatada nos Evangelhos. Devemos nos lembrar claramente que os veículos de Jesus foram transfigurados, temporariamente, pelo residente Espírito de Cristo. Mas, mesmo considerando a enorme potencialidade do Espírito de Cristo em efetuar a Transfiguração, é evidente que Jesus devia ser de um sublime caráter, sem igual. A Transfiguração como é vista na Memória da Natureza revela o Seu corpo com uma brancura deslumbrante, assim evidenciando a sua comunhão com o Pai, o Espírito Universal. Há uma grande diversidade em como tais resultados atualmente são alcançados, porém, no reino de Cristo, essas diferenças desaparecerão gradualmente, e uma cor uniforme, indicando tanto o conhecimento como a devoção, será alcançada por todos. Essa cor corresponderá à cor rosa, vista pelos ocultistas como o Sol Espiritual, o veículo do Pai. Quando isso for alcançado, a Transfiguração da humanidade estará completa. Então, seremos um com nosso Pai, e Seu reino terá chegado.
O quarto grau é a Última Ceia e o Lavapés. Lemos nos Evangelhos, que relatam a história da Iniciação Cristã Mística, como na noite quando Cristo compartilhou da experiência na Última Ceia com Seus Discípulos, foi mostrando que seu ministério estava terminando naquele momento, e como Ele se levantou da mesa, se cingiu com uma toalha e, em seguida, despejou água numa bacia e começou a lavar os pés de Seus Discípulos, um ato do mais humilde serviço, mas, motivado por uma importante consideração oculta.
Quando ascendemos na escala da evolução, comparativamente, poucos percebem que fazemos isso pisando, ferindo e até destruindo os corpos de nossos irmãos e imãs mais fracos, consciente ou inconscientemente, esmagando-os e usando-os como degraus para atingir nossos próprios objetivos. Essa afirmação é válida para todos os Reinos da natureza. Quando uma onda de vida é conduzida ao nadir da involução e encrustada na forma mineral, é imediatamente aproveitada por outra onda de vida ligeiramente superior, que recebe o desintegrante cristal mineral, adequando-o a seus próprios objetivos como cristaloide e assimila-o como parte de uma forma vegetal. Se não houvesse minerais desintegrados que pudessem ser aproveitados e transformados, a vida vegetal não seria possível. Da mesma maneira, as formas dos vegetais são absorvidas por várias classes de animais, quando são devoradas e trituradas até virar uma pasta e servidas de nutrição para esse reino superior. Se não houvesse plantas, os animais não existiriam e o mesmo princípio é válido na evolução espiritual, pois se não houvesse aspirantes no degrau mais baixo da escada do conhecimento em busca de instrução, não haveria necessidade de um professor. Todavia, existe uma diferença importantíssima. O professor cresce ao doar aos seus alunos e servindo-os. Ascende, dos ombros deles, um degrau mais alto na escada do conhecimento. Ele ascende elevando os demais, no entanto, tem uma dívida de gratidão para com eles, que é simbolicamente reconhecida e extinta com o Lavapés – um ato de serviço humilde com aqueles que o serviram.
Quando percebemos que a natureza, que é a expressão de Deus, está continuamente se esforçando ao máximo para criar e produzir, também devemos compreender que quem mate alguma coisa, mesmo que seja tão pequena e aparentemente insignificante, está frustrando e se opondo ao propósito de Deus. Isso se aplica particularmente ao Aspirante à vida superior e, para tanto, o Cristo exortou os Seus Discípulos a “serem prudentes como as serpentes, mas sem malícia como as pombas.” (Mt 10:16). Porém, não importa o quão sério e intenso é o nosso desejo de seguir o preceito de não ferir, não machucar ou não destruir, as nossas tendências e necessidades relacionadas com a constituição dos nossos Corpos e veículos nos obrigam a matar em determinados momentos de nossas vidas, e não são somente nos grandes feitos que, constantemente, cometemos assassinatos. Era comparativamente fácil para a alma que busca o desenvolvimento espiritual, simbolizada por Parsifal, quebrar o arco com o qual ele havia atirado uma flecha no cisne dos cavaleiros do Graal, quando lhe explicaram do erro que ele havia cometido. A partir daquele momento, Parsifal estava comprometido com uma vida sem ferir, machucar ou destruir, no que diz respeito aos grandes feitos. Todos os Aspirantes sinceros concordam piamente com ele nesse quesito, uma vez que tenham compreendido quão subversiva é, para o crescimento da alma, essa prática de compartilhar alimentos que requerem a morte de um animal.
Contudo, mesmo a pessoa mais nobre e gentil entre a humanidade está, em cada respiração, envenenando aqueles ao seu redor e, que por sua vez, está sendo envenenada por eles, uma vez que todos exalam o dióxido de carbono e, por isso, somos uma ameaça uns aos outros. Não se trata de uma ideia improvável, porém, é um perigo real que se tornará muito mais manifesto no decorrer do tempo, quando a humanidade se tornar mais sensível.
O mesmo princípio é demonstrado no antigo Templo de Mistérios Atlante, o Tabernáculo no Deserto, onde encontramos um odor nauseante e uma fumaça sufocante subindo do Altar dos Sacrifícios, onde os corpos carregados de veneno das vítimas involuntariamente sacrificadas para pagar os pecados foram consumidos, e onde a luz brilhava fracamente através da fumaça envolvente. Isso nós podemos contrastar com a luz clara e brilhante emanada do Candelabro de Sete Braços, alimentado com o puro azeite extraído a partir da planta casta e onde o incenso, simbolizado pelo serviço voluntário de sacerdotes devotados, elevava-se ao céu como um suave aroma. Como já dito em outras ocasiões, isso era agradável à Divindade, enquanto o sangue das vítimas relutantes, os bovinos e os caprinos, eram uma fonte de dor e pesar para Deus, que se deleita mais com o sacrifício da oração, que auxilia o devoto e a ninguém prejudica.
Tem sido explicitamente declarado sobre o fato de alguns dos santos exalarem um suave odor e, como muitas vezes tivemos a oportunidade de dizer, essa não é uma mera história fantasiosa – é um fato oculto. A grande maioria da humanidade inala, durante toda a vida aqui, o oxigênio vitalizante contido na atmosfera circundante. A cada expiração exalamos uma carga de dióxido de carbono que é um veneno mortal e que, certamente e com o tempo, contaminaria todo o ar, se a planta pura e casta não inalasse esse veneno, usando parte dele para construir corpos que, algumas vezes, permanecem por séculos ou até milênios, como exemplificado nas sequoias da Califórnia, devolvendo-nos o restante em forma do oxigênio puro que necessitamos para a nossa vida aqui. Esses corpos carboníferos das plantas, por processos contínuos da natureza, se tornaram mineralizados no passado e se transformaram nas pedras, ao invés de se desintegrarem. Hoje nós os encontramos como carvão, a Pedra Filosofal perecível elaborada por meios naturais no laboratório da natureza. Mas, a Pedra Filosofal também pode ser construída artificialmente pelo ser humano a partir do seu próprio corpo. Isso deve ser compreendido definitivamente: a Pedra Filosofal não é elaborada num laboratório químico externo, mas que o próprio corpo é o laboratório do Espírito, que contém todos os elementos necessários para produzir esse Elixir da Vida, e que a Pedra Filosofal não está fora do corpo, mas ele é o próprio alquimista que se torna a Pedra Filosofal. O sal, o enxofre e o mercúrio, emblematicamente contidos nos três segmentos da coluna espinhal e que controlam os nervos simpático, motor e sensorial são acionados pelo Fogo Espiritual Netuniano espinhal, e constituem os elementos essenciais no processo alquímico.
Não há necessidade alguma de argumentos para demostrar que a indulgência com a sensualidade, a brutalidade e a bestialidade tornam o corpo não refinado em gostos, maneiras e linguagem. Por outro lado, a devoção à Deidade, uma atitude constante de prece, um sentimento de amor e compaixão por tudo que vive e se move, pensamentos de amor enviados a todos os seres e aqueles, inevitavelmente, recebidos em troca, invariavelmente todos têm o efeito de purificar e espiritualizar a nossa natureza. Referimo-nos a uma pessoa desse tipo como respirando ou irradiando amor, uma expressão que descreve muito mais próximo o fato do que a maioria das pessoas imaginam, pois, é uma questão real de se observar que a quantidade de veneno contida na respiração de um indivíduo está na proporção exata do mal existente na sua natureza, na sua vida interior e nos pensamentos que emite. A ioga hindu consiste em uma prática de encerrar o candidato a um certo grau de Iniciação em uma caverna que tem o tamanho não muito maior do que o corpo dele. Lá deverá viver por várias semanas respirando, repetidamente, o mesmo ar para demonstrar na prática que ele cessou de exalar o mortífero dióxido de carbono e que, assim, está começando a construir seu corpo. Então, esse não é um corpo da mesma natureza da planta, embora seja puro e casto, mas é um corpo celestial, como aquele de que São Paulo se refere na Segunda Epístola aos Coríntios, capítulo 5, um corpo que se torna imortal como um diamante ou uma pedra de rubi. Não é duro e inflexível como o mineral; é um diamante macio (ou rubi) e por cada ato executado na natureza, o Cristão Místico está construindo esse corpo, embora provavelmente ele esteja inconsciente disso por um longo tempo. Quando ele atinge esse grau de Santidade, não é necessário para ele executar o ritual do Lavapés, como o é para o aluno que ainda não construiu tal corpo e que o auxilia a se elevar, porém, terá sempre o sentimento de gratidão, simbolizado por aquele ato, para com aqueles a quem teve o privilégio de atrair para si como Discípulos e a quem pode dar o pão vivo que nutre até à imortalidade.
Os Estudantes perceberão que isso é parte do processo que culmina na Transfiguração, mas também devem perceber que na Iniciação Cristã Mística não há graus fixados e definidos. O candidato vê o Cristo como o autor e finalizador da sua fé, procurando imitá-Lo e seguir os Seus passos em todos os momentos de sua existência. Assim, os vários estágios que estamos considerando são alcançados por processos de crescimento da alma que, simultaneamente, o levam a aspectos mais elevados de todas essas etapas que agora estamos analisando. A esse respeito, a Iniciação Cristã Mística difere radicalmente dos processos em voga dos Rosacruzes, em que a compreensão por parte do candidato do que está para acontecer é considerada indispensável. Mas chega o momento em que o Cristão Místico precisa percorrer o caminho que tem pela frente, e é isso que constitui o Getsemani.
O quinto grau é o Getsemani. Na narrativa do Evangelho sobre o Getsemani (Mc 14:26-38) temos uma das mais tristes e difíceis experiências do Cristão Místico, delineada de forma espiritual. Durante toda a sua experiência anterior, ele vagueou cegamente, isto é, cego para o fato de que ele está no caminho, que se consistentemente seguido, o conduzirá a um objetivo definido, embora também se sinta intensamente prevenido ao menor suspiro de cada alma sofredora. Ele concentrou todos os seus esforços em aliviar a dor física, moral ou mental de cada alma sofredora. Ele serviu a cada alma sofredora com toda a sua capacidade e ensinou a cada uma o evangelho do amor: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Lc 1:27)”; e ele foi sempre um exemplo vivo para todos por meio da sua prática. Por isso, atraiu para si um pequeno grupo de amigos, aos quais amou com a mais terna afeição. A eles também ensinou e serviu sem restrições, até mesmo no lava-pés. Entretanto, durante esse período de serviço, ele ficou tão exaurido com as aflições e tristezas profundas do mundo, que ele de fato se tornou um Homem das Aflições e Tristezas Profundas e familiarizado tanto com a aflição, mais do que qualquer outra pessoa.
Essa é uma experiência muito definida do Cristão Místico, e é o fator mais importante para intensificar o seu progresso espiritual. Enquanto nos sentirmos entediados quando as pessoas que vêm até nós e nos contam seus problemas, enquanto fugirmos delas e procurarmos escapar de ouvir suas histórias de tristezas, arrependimentos e angústias, estaremos bem longe do Caminho. Mesmo quando as ouvimos e nos disciplinamos para não demonstrar que estamos entediados, mesmo quando verbalizamos algumas poucas palavras simpáticas que chegam ao ouvido do sofredor, nada ganharemos em crescimento espiritual. É absolutamente essencial para o Cristão Místico que se torne tão sintonizado com os sofrimentos, as aflições e as tristezas do mundo, que sinta cada ataque agudo de dor ou ansiedade extrema como se fosse o seu próprio e o guarde dentro do seu Coração.
O Cristão Místico deve beber abundantemente do cálice da angústia e da tristeza profundas, ele deve bebê-lo até a última gota, de modo que pela dor cumulativa que ameaça explodir seu Coração, ele possa se derramar sem reservas e sem restrições para curar e auxiliar o mundo. Então Getsemani, o Horto da Aflição, se torna um lugar familiar para ele, regado com as lágrimas nascidas das angústias, das tristezas e dos sofrimentos da humanidade.
Porém, durante todos os seus anos de autossacrifício, aquele pequeno grupo de amigos tinha sido seu consolo. Ele já havia aprendido a renunciar aos laços de sangue. “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Aqueles que fazem a vontade de meu Pai.” (Mt 12:48-50). Embora nenhum verdadeiro Cristão negligencie suas obrigações sociais ou negue o amor a seus familiares, os laços espirituais são, entretanto, os mais fortes, e por meio deles vem a coroa das aflições e, através da deserção de seus amigos espirituais ele aprende a beber até a última gota do cálice das angústias e das tristezas profundas. Ele não os culpa pela deserção deles, mas desculpa-os com as palavras: “O Espírito realmente está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26:41) pois sabe, por experiência própria, como isso é verdade. Mas ele descobre que na suprema angústia e tristeza profundas eles não podem confortá-lo e, portanto, se volta para a única fonte de conforto, o Pai Celestial. Ele chegou ao ponto em que a resistência humana parece ter atingido o seu limite e ora para ser poupado de uma provação maior, porém, com uma confiança cega no Pai, ele se curva à Sua vontade, oferecendo-se inteiramente, sem reservas.
Esse é o momento da realização. Tendo bebido completamente do cálice da angústia e da tristeza profundas até a última gota e sendo abandonado por todos, ele experimenta o temporário temor terrível de estar absolutamente só, sendo essa uma das piores experiências, senão a mais terrível, que pode ocorrer na vida de um ser humano. O mundo todo parece envolvido em trevas. Ele sabe que, apesar de todo o bem que fez ou tentou fazer, os poderes das trevas estão tentando dizimá-lo. Ele sabe que a turba, que alguns dias antes o havia acenado com “Hosana”, amanhã estará pronta para gritar “Crucifica-o! Crucifica-o!”. Seus familiares e, agora, seus poucos amigos desapareceram e, também, estavam prontos a negá-lo.
Entretanto, quando nos encontramos no pináculo da aflição, é que estamos mais próximos do trono da graça. A agonia, a aflição, a tristeza profunda e o sofrimento acolhidos no peito do Cristão Místico são mais valiosos e preciosos do que todo o dinheiro do mundo, pois quando ele perde toda a companhia humana e se entrega sem reservas ao Pai, uma transmutação ocorrerá: a aflição se transforma em compaixão, o único poder no mundo capaz de fortalecer o ser humano que está prestes a subir até o Gólgota e dar sua vida pela humanidade, não como um sacrifício mortal, mas como um sacrifício vivente, elevando-se na medida em que eleva os outros.
O sexto grau é o Estigmata ou os Estigmas. Pela união da Mente e do Coração, o Cristão Místico está pronto para a próxima etapa, que envolve o desenvolvimento dos estigmas, uma preparação necessária para a morte e ressurreição místicas. A narrativa do Evangelho relata a história dos estigmas nas seguintes palavras, desenrolando-se a cena de abertura no Horto do Getsemani, que podemos encontrar nos Evangelhos.
Temos aqui o relato de como os estigmas ou as punções foram produzidas no Herói dos Evangelhos, embora as suas localizações não estejam descritas corretamente, e o processo é representado em uma forma narrativa, diferindo amplamente da maneira como essas coisas realmente acontecem. Mas, nós estamos diante de um dos Mistérios que devem permanecer selados para o profano, embora os fatos místicos subsequentes sejam tão claros como o é a luz do dia para aqueles que os conhecem. O corpo físico não é de forma alguma o ser humano real. Tangível, sólido e pulsante de vida como o vemos é, na verdade, a parte mais morta do ser humano, cristalizado dentro de uma matriz de veículos mais sutis que são invisíveis à nossa visão física atual. Se colocarmos uma bacia de água numa temperatura suficientemente baixa, a água logo se converte em gelo, e quando examinamos esse gelo, descobrimos que ele é feito de inúmeros pequenos cristais com variadas formas geométricas e linhas de demarcação. Existem linhas etéricas de forças que estavam presentes na água antes de congelar. Assim como a água congelou e modelou ao longo dessas linhas, nossos corpos físicos se congelaram e se solidificaram ao longo das linhas etéricas de força do nosso Corpo Vital invisível, que está, portanto, no curso normal da vida inextricavelmente ligado ao Corpo Denso, ele esteja desperto ou adormecido, até que a morte traga a dissolução dessa ligação. Mas como a Iniciação implica na libertação do ser humano verdadeiro do corpo do pecado e da morte para que ele possa deslizar para as esferas mais sutis à vontade e retornar ao corpo quando desejar, é óbvio que antes que isso possa ser alcançado, antes que o objetivo da Iniciação se realize, o vigoroso entrelaçamento entre o corpo físico e o veículo etérico, que é acentuadamente mais forte e rígido na humanidade comum, deve ser desfeito. Como essa união é mais forte nas palmas das mãos, nos arcos dos pés e na cabeça, as escolas ocultas concentram seus esforços para romper a conexão em tais pontos e produzir os estigmas invisivelmente.
O Cristão Místico necessita do conhecimento de como realizar o ato sem produzir uma manifestação exterior. Os estigmas se desenvolvem nele espontaneamente pela constante contemplação de Cristo e por seus esforços incessantes em imitá-Lo em todas os momentos. Esses estigmas exteriores não compreendem somente as chagas nas mãos, nos pés e aquela no lado do corpo, mas também as marcadas na cabeça pela coroa de espinhos e pela flagelação. O exemplo mais notável de estigmatização é aquele que ocorreu, em 1224, a São Francisco de Assis na montanha de Alverno. Absorto na contemplação da Paixão, viu um Serafim se aproximar, resplandecente em fogo e tendo entre as asas a figura do Crucificado. São Francisco percebeu que nas mãos, nos pés e no lado ele recebeu externamente as marcas da crucificação. Essas marcas permaneceram durante os dois anos até a sua morte, e muitas testemunhas oculares dizem que as viram, incluindo o Papa Alexandre IV.
Os Dominicanos polemizaram o acontecimento, no entanto; fizeram a mesma reclamação de credibilidade em relação a Santa Catarina de Siena, cujos estigmas foram explicados, por ela mesma, como tendo se tornado invisíveis para os outros. Os Franciscanos apelaram a Sisto IV para que proibisse a apresentação em público dos estigmas de Santa Catarina de Siena. Ainda mais, o acontecimento dos estigmas consta no Gabinete do Breviário, e Benedito XIII concedeu aos Dominicanos uma Festa em homenagem à Santa Catarina de Siena para comemorar esse fato. Outras pessoas, especialmente mulheres, que têm Corpo Vital positivo, afirmam ter recebido alguns ou todos os estigmas. A última a ser canonizada pela Igreja Católica, por essa razão, foi Santa Veronica Giuliani (1831). Há casos mais recentes como os de Anna Catherine Emmerich, que se tornou uma freira em Agnetenberg; A “Extática” Maria Von Mörl de Kaltern; Anne-Louise Lateau, cujos estigmas sangravam todas as sextas-feiras; e a Sra. Girling da comunidade Newport Shaker.
No entanto, sejam os estigmas visíveis ou invisíveis, o efeito é o mesmo. As correntes espirituais geradas no Corpo Vital da pessoa são tão poderosas que é como se o corpo fosse flagelado por elas, especialmente, na região da cabeça, em que elas produzem uma sensação essencialmente similar à da coroa de espinhos. Com isso, finalmente desperta na pessoa uma plena compreensão de que o corpo físico é uma cruz que ela suporta, uma prisão e não o ser humano real. Isso o conduz ao próximo passo da sua Iniciação, a saber, a crucificação, que é experimentada pelo desenvolvimento de outros centros em suas mãos e em seus pés, pontos em que o Corpo Vital é, então, separado do Corpo Denso.
O sétimo grau é a Crucificação. Consta, na narração retirada do Evangelho, que Pilatos colocou um letreiro na cruz de Cristo com as palavras: “Jesus Nazarenus Rex Judaeorum” e isso é traduzido, na versão mais utilizada da Bíblia, como “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”. Mas as iniciais INRI colocadas na cruz representam os nomes dos quatro elementos em hebraico: Iam, água; Nour, fogo; Ruach, espírito ou ar vital; e Iabeshah, terra. Essa é a chave oculta do mistério da crucificação, pois simboliza, em primeiro lugar, o sal, enxofre, mercúrio e azoth que foram usados pelos antigos alquimistas para fazer a Pedra Filosofal, o solvente universal, o elixir-vitae. Os dois “Is” (Iam e Iabeshah) representam a água lunar salina: a) em um estado fluídico contendo sal em solução e b) o extrato coagulado dessa água, o “sal da terra”; em outras palavras, os veículos fluídicos mais sutis do ser humano e seu Corpo Denso, respectivamente. N (Nour) representa, em hebraico, o fogo e os elementos combustíveis, entre os principais o enxofre e o fósforo tão necessários à oxidação, sem os quais o sangue quente seria uma impossibilidade. O Ego sob essa condição não poderia funcionar no corpo, nem o pensamento poderia encontrar uma expressão material. R (Ruach) é o equivalente a espírito em hebraico, isto é, o Azoth, funcionando na Mente mercurial. Assim, as quatro letras -INRI – colocadas sobre a cruz de Cristo, de acordo com o relato na história do Evangelho, representam o ser humano composto, o Pensador, no ponto de seu desenvolvimento espiritual em que se prepara para a libertação da cruz de seu veículo denso.
Prosseguindo na mesma linha de elucidação, podemos notar que INRI é o símbolo do candidato crucificado pelas seguintes razões adicionais:
Iam é a palavra hebraica que significa água, o fluídico ou elemento lunar, que constitui a parte principal do corpo humano (cerca de 57 por cento). Essa palavra também é o símbolo dos veículos fluídicos mais sutis do desejo e da emoção.
Nour, a palavra hebraica que significa fogo, é uma representação simbólica do sangue vermelho quente, carregado do ferro marcial, do fogo e da energia de Marte, que é visto pelo ocultista circulando como um gás nas veias e artérias do corpo humano, infundindo-lhe a energia e o desejo para agir, para se esforçar, sem os quais não poderia haver progresso, nem material nem espiritual. Também representa o enxofre e o fósforo necessários para a manifestação material do pensamento, conforme já mencionado. Ruach, a palavra hebraica para indicar espírito ou ar vital é um excelente símbolo do Ego revestido pela Mente mercurial, que torna o ser humano em um indivíduo e o capacita a controlar e dirigir seus veículos corporais e suas atividades de uma maneira racional.
Iabeshah é a palavra hebraica para terra, representando a parte carnal sólida que constitui o corpo terrestre cruciforme, cristalizado dentro dos veículos mais sutis no nascimento e separado deles ao morrer, no curso normal das coisas, ou em um acontecimento extraordinário, pelo qual aprendemos a morrer misticamente e ascender às gloriosas esferas superiores, durante um curto período.
Esse estágio do desenvolvimento espiritual do Cristão Místico envolve, portanto, uma reversão da força criadora de seu curso normal para baixo, onde é desperdiçada na geração para satisfazer as paixões, para um curso ascendente através da medula espinhal tripartida, cujos três segmentos são regidos pela Lua, por Marte e Mercúrio, respectivamente, e onde o raio de Netuno acende o fogo espiritual espinhal regenerativo. Essa ascensão provoca o início da vibração do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal, abrindo a visão espiritual; e atingindo o seio frontal, ele inicia a coroa de espinhos latejando de dor, enquanto o vínculo com o corpo físico é queimado pelo Fogo Espiritual sagrado, que desperta esse centro de seu sono de letargia, para uma vida ritmicamente vibrante e pulsante que se estende para os outros centros na estrela estigmatizada de cinco pontas. Esses centros também são vitalizados, e todo o veículo se torna brilhante com uma glória dourada. Então, com um movimento final de torção, o grande vórtice do Corpo de Desejos, localizado no fígado, é liberado e a energia marciana contida nesse veículo impulsiona para cima o veículo sideral (assim chamado, porque os estigmas na cabeça, nas mãos e nos pés estão localizados nas mesmas posições relativas entre si que as pontas de uma estrela de cinco pontas), que ascende através do crânio (Gólgota), enquanto o Cristão crucificado emite seu grito triunfante, “Consummatum est” (está consumado), e desliza para as esferas mais sutis ao encontro de Jesus, cuja vida ele imitou com pleno êxito e de quem, desde então, ele é inseparável. Ele é seu Mestre e seu guia para o Reino de Cristo, onde todos estaremos unidos em um só corpo para aprender e praticar a Religião do Pai, para quem o Reino acabará revertendo, para que Ele possa ser Tudo em Todos.
O oitavo grau é a Ressurreição. Estudamos na Bíblia que o Corpo de Cristo ficou na tumba por toda a sexta-feira, durante todo o sábado e uma parte do domingo. Deste modo, delinearam-se os “três dias místicos” da grande fórmula iniciadora, segundo o qual, o Discípulo é anunciado como renascido, ou ressuscitado para uma nova vida, ou vida superior, o grau mais elevado de consciência e poder espiritual.
Este sublime capítulo do Evangelho de São João pode ser mais bem denominado como a exaltação do feminino que aponta para o futuro, quando o grande trabalho estará completamente realizado.
Saulo de Tarso e Maria Madalena podem ser considerados como exemplos idênticos no que se refere ao poder de transmutação que reside na consciência Crística. São João, entre os Discípulos, representa o poder feminino completo e desabrochado, misticamente indicado na gentileza e beleza de seu semblante. Tais poderes fizeram-no o Discípulo mais espiritualizado de todos, como o Discípulo mais amado do Mestre e, foi natural o fato de ele ter sido o primeiro a compreender e aceitar a verdade sobre a Ressurreição.
Toda a humanidade espera por este evento, a Ressurreição, que é a culminação da evolução na Terra. Para o neófito, a Ressurreição para os reinos elevados significa o poder de funcionar, conscientemente, fora do Corpo Denso, sem a presença da morte física. Todo Aspirante vitorioso, em que se produz a Ressurreição, ouve a proclamação do Anjo do Senhor (Lei Espiritual): “Ele não está aqui, pois ressuscitou” (Mt 28:6) (Mc 16:6) (Lc 24:6).
Tal como São Paulo disse, verdadeiramente: “Tu és o herdeiro e todos somos Seus co-herdeiros” (Rm 8:17). Mas a mais abençoada de todas as suas promessas é essa: “Não apenas essas coisas, mas coisas ainda maiores do que estas vocês poderão fazer” (Jo 14:12).
Durante a experiência da Morte Mística, o Cristão Místico se conscientiza das ilusões da matéria e das limitações da vida finita. A consciência da Ressurreição produz a comprovação da unidade de toda a vida em Deus. A pedra da separação foi removida. Por isso, quem passou por essa sublime experiência sabe que nenhum dano pode afetar a uma parte sem ferir o todo, e que nada bom pode suceder a alguém sem que, ao mesmo tempo, beneficie a todos.
Quem chega a conhecer a glória da Ressurreição não pode mais ferir e nem matar, nem sequer a seus irmãos menores do reino animal, posto que eles são expressões viventes da mesma vida que vive e se move e tem seu ser no ser humano. Com a consciência da Ressurreição a paixão do Corpo de Desejos não regenerado se converte na compaixão do espírito, que tudo abarca. O recém-nascido é banhado na dourada refulgência do Cristo Ressuscitado, e se faz um com Ele, na comprovação de que a morte se converteu na vitória da vida eterna.
A meditação sobre a experiência transcendental da Ressurreição proporciona uma compreensão e reverência maiores pelo significado interno daquela saudação que os Cristãos esotéricos se dirigiam, durante a radiação do amanhecer da Páscoa, à luz de sua própria iluminação interior: “Cristo é nossa Luz”.
O nono grau é a Ascensão. O Cristão Místico sabe que o Jardim da Aflição e da Crucificação deve sempre preceder a jubilosa hora do amanhecer da Ressurreição e a branca glória do dia da Ascensão.
Estudamos na Bíblia que Cristo disse: “Todo o poder é dado para Mim no Céu e na Terra”(Mt 28:18), foram as palavras da Sua saudação aos seus Discípulos quando Ele estava no cenáculo superior sagrado, após a Ressurreição. Isto significa que por meio do Seu sacrifício no Calvário, Ele agora tinha se tornado o verdadeiro Senhor e Espírito Planetário da Terra.
O Cristianismo Esotérico ensina que o Gólgota não foi o fim. Na verdade, foi o início do sacrifício redentor anual de Cristo para todo o nosso Planeta.
Durante o intervalo sagrado que constitui os “quarenta dias” místicos entre a Ressurreição e a Ascensão, Cristo se ocupou de muitas obras relacionadas não somente com a raça humana, mas com todas as ondas de vida que vivem na Terra. Este trabalho incluiu as várias raças e Espíritos-Grupo que são os guias das várias ondas de vida em evolução. Para cada um, Ele deu um novo ímpeto de altruísmo e unidade, e Ele também acelerou o tom vibratório de cada um, que vibra no padrão cósmico ou arquétipo. Na realidade, com Sua vinda, toda a Terra canta uma nova canção.
“Vão para a Galileia e Eu encontrarei vocês lá”(Mt 28:16). Cada aparição aos Discípulos sustenta um significado profundo e uma promessa de maiores poderes espirituais.
“E, levantando as suas mãos, os abençoou, e quando Ele os abençoou, Ele estava à frente deles e foi levado para o céu”(At 1:10).
Na “ressurreição dos mortos”, a cerimônia mística ensina que a morte não existe, e pela “Ascensão” ensina-se que a vida eterna é a herança do Iniciado. “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Irei preparar um lugar para vocês” (Jo 14:2).
Na Ascensão, o Cristo abriu o caminho, deste modo, qualquer pessoa pode ascender com Ele e compartilhar a elevada comunhão dos reinos espirituais.
As manifestações da Luz de Cristo, toda vibrante, linda e cheia de mistério, são tão numerosas que seria impossível apresentar mais que um resumo deste vasto assunto em um simples artigo.
À medida que oramos, dia após dia, as Luzes de Cristo, vibrando em cada um de nós, juntam-se e irradiam um raio luminoso que forma uma deslumbrante luz dentro e em volta de todo o local onde estamos orando. Pela mesma, razão, as Luzes de Cristo emanam do Templo de Cura de um Centro Rosacruz, mas num grau muito maior. Se analisarmos um pouco o assunto, verificamos que a maioria das coisas verdadeiramente belas da vida são criadas por intermédio da Luz de Cristo. Por outro lado, a Luz de Cristo é acionada pelo amor que manifestamos — amor por toda a Criação, que é uma manifestação de Deus.
A Luz de Cristo pertence a todo indivíduo — a todos, tanto às pessoas livres como aos escravos. É difícil, para nós que somos livres, conceber que há neste mundo homens e mulheres que são escravos. Esses seres não são donos de seus corpos físicos, mas possuem a centelha da Luz de Cristo dentro de seus corações.
É essa centelha que eventualmente os libertará de toda escravidão. Os Raios de Cristo constituem o princípio ativo da nutrição e do crescimento em todas as obras da Natureza. O lavrador experiente leva em consideração esses Raios quando são refletidos pela Lua, na ocasião do plantio. O ser humano que faz curas leva em conta os Raios de Cristo que vêm diretamente do Sol.
Cristo é a concretização do Princípio da Sabedoria, e à medida que Cristo se forma dentro de nós, alcançamos o perfeito estado de saúde. A cura espiritual deriva do emprego das diversas categorias de vibrações dos Raios de Cristo. A força curativa empregada por Jesus Cristo sempre esteve ao alcance da humanidade, de acordo com o preparo do ser humano para tornar-se um canal receptor e transmissor da força curativa.
Na medida em que damos, assim também recebemos. Por isso, se quisermos receber essa grande força curativa, precisamos, por nossa vez, distribuí-la à humanidade sofredora, tornando-nos, assim, um canal adequado para a passagem dessa força.
Antes da vinda de Cristo o caminho da Iniciação não estava franqueado a todos, mas somente aos poucos escolhidos. Os Discípulos que estivessem preparados para a Iniciação elevavam-se a um estado de exaltação no qual eles transcendiam as condições físicas. Para a sua visão espiritual, a Terra sólida se tornava transparente e eles viam o Sol da meia-noite: “a Estrela”, a Estrela Crística, a Estrela de Cristo. Essa é a Estrela que brilhou para o Místico na escuridão da noite. A Estrela fulgurante está sempre presente para ajudá-lo, e sua alma ouve o cântico profético: “Paz e Boa Vontade a todos”. Isso se aplica a todos, sem exceção. Não há lugar para um único inimigo ou rejeitado! É de admirar que seja difícil educar a humanidade para conceber um nível tão elevado? Existe melhor caminho para demonstrar a beleza e a necessidade da paz e da boa vontade e do amor do que se contrastando com o estado atual de guerras, egoísmo e ódio?
Diz-se que a Estrela de Belém surgiu na ocasião do nascimento de Jesus e guiou os três Reis Magos (que representam o povo da Terra) até o Salvador. A natureza da Estrela tem sido motivo de muita especulação. A maioria dos cientistas materialistas consideram-na um mito, mas todo Místico conhece a Estrela bem como a Cruz — não somente como símbolos ligados à vida de Jesus e de Jesus Cristo, como nas suas próprias experiências da vida.
No momento em que o Grande Espírito do Cristo Solar se livrou do veículo físico de Jesus na Crucificação, uma enorme onda de luz espiritual inundou a Terra. Naquele momento o Caminho da Iniciação foi franqueado a todos que o buscassem.
Essa onda de luz espiritual tinha um brilho tão ofuscante que as massas disseram que o Sol se tinha obscurecido. O Sol não se obscureceu. Foram as fortíssimas vibrações causadas pela luz excessiva que cegaram o povo. Esse foi o espetáculo mais vibrante dos Raios de Cristo até hoje registrado.
Os raios do Sol Espiritual e invisível possibilitam o crescimento anímico sobre diferentes partes da Terra sucessivamente, assim como os raios do Sol físico possibilitam o crescimento da forma. Esse impulso espiritual também se dirige na mesma direção que o Sol físico — do Leste para o Oeste. Isso explica a onda de espiritualidade que se disseminou sobre a Terra, dirigindo-se do Oriente para o Ocidente compreendendo numerosas Religiões até que finalmente vem atingir o Mundo Ocidental, onde assume a forma elevada da Religião Cristã. E assim como o brilho do Sol ultrapassa a estrela mais brilhante dos céus, assim também num futuro muito remoto a verdadeira Religião de Cristo substituirá e obscurecerá todas as outras Religiões.
Todas as Religiões foram fornecidas à humanidade pelos Anjos do Destino, que conhecem as necessidades espirituais de cada classe, nação e povo, mas agora essas Religiões já serviram ao fim a que se destinavam, qual seja, servir de ponto de partida para a compreensão do Cristianismo Esotérico que ainda não foi ensinado publicamente nem o será enquanto a humanidade não atravessar a fase materialista e estiver preparada para recebê-la. No decorrer da Sexta Época vindoura, ou Nova Galileia, a Luz de Cristo unificadora, sob a forma de Religião Cristã, abrirá os corações dos seres humanos, assim como seu entendimento espiritual está aumentando agora.
O Cristianismo, como conhecemos, teve início há mais 2.000 anos, mas o verdadeiro Cristianismo sempre existiu e sempre existirá, simplesmente porque há um só Filho de Deus, o Cristo Cósmico. Todas as outras Religiões, encerrando somente uma parte daquilo que o Cristianismo possui em proporções maiores, têm apenas conduzido a humanidade para a Religião Cristã. Quando Cristo apareceu em estado físico e uniu-Se à esta Terra, a verdadeira Religião já em existência recebeu o nome de Cristã. Somente por intermédio da percepção consciente do Cristo interior pode a verdadeira compreensão espiritual do Cristianismo raiar sobre o mundo.
Toda a humanidade se está tornando sensível a mais uma oitava de visão, porque o Éter que circunda a Terra está ficando mais denso e o ar mais rarefeito. Isso é verdade especialmente em certas partes do mundo, no Sul da Califórnia entre outras, e a nossa Sede mundial é particularmente favorecida nesse aspecto. A esse respeito, é digno de nota o fato de que a magnificência da Aurora Boreal do Norte congelado está se tornando mais frequente e mais potente nos seus efeitos sobre a Terra. Nos dias primordiais da Era Cristã esse fenômeno era desconhecido, mas com o decorrer do tempo, à medida que a Onda de Cristo, que penetra na Terra durante parte do ano, transmite uma quantidade cada vez maior de sua própria vida à massa terrestre inerte, os Raios Etéricos Vitais tornam-se visíveis de intervalos a intervalos. Depois tornam-se cada vez mais numerosos, e agora estão começando a perturbar as nossas atividades elétricas, cujas funções são, às vezes, completamente alteradas pela irradiação desses raios.
As correntes relativamente fracas e invisíveis produzidas pelos Espíritos-Grupo das plantas, e os fortíssimos raios de força produzidos pelo Espírito de Cristo, ora visíveis sob a forma da Aurora Boreal, tiveram até agora mais ou menos a mesma natureza que a eletricidade estática, ao passo que as correntes produzidas pelos Espíritos-Grupo dos animais e que circundam a Terra, podem ser comparadas à eletricidade dinâmica, a qual deu à Terra a sua força de movimento em Eras passadas. Agora, porém, as correntes de Cristo estão se tornando cada vez mais poderosas e sua eletricidade estática vai sendo libertada, transformando-se assim em dinâmica. O impulso etérico que elas produzem iniciará uma nova Era e os órgãos sensoriais que a humanidade possui atualmente, precisam acomodar-se a essa transformação. Com o decorrer do tempo e à medida que Cristo, através de Sua intervenção benéfica, atrai uma quantidade cada vez maior do Éter interplanetário para a Terra, tornará o globo mais luminoso e caminharemos num mar de luz devido ao constante contacto com essas vibrações benéficas de Cristo. E, também, nos tornaremos luminosos. Então a vista humana, tal como ela se constitui, não terá utilidade para nós, motivo por que ela está começando a modificar-se e nós estamos passando pelo “incômodo” que acompanha qualquer reconstrução. Ainda com referência à Aurora Boreal (os poderosos raios de força produzidos pelo Espírito de Cristo) e seus efeitos sobre nós, esses raios se difundem através de todas as partes da Terra, que é o corpo de Cristo, partindo do centro para a periferia, mas não são visíveis nas regiões habitadas do mundo, porque esses raios são absorvidos pela humanidade, assim como os raios do Espírito-Grupo das plantas são absorvidos pela flor. Esses raios constituem o “impulso interior” que lenta, mas, seguramente, vai impelindo a humanidade a adotar uma atitude de altruísmo.
Quando olhamos para os dias anteriores ao nascimento do Salvador, verificamos que o altruísmo, em qualquer sentido da palavra, era desconhecido. Cada criatura humana pensava em si mesma — gananciosa, indiferente e licenciosa. Mas, com a presença do Salvador, na Terra, os raios benéficos foram atraídos e lentamente, muito lentamente, mas, com segurança, todas as vibrações, começaram a manifestar-se e no decorrer dos milênios que se passaram, o amor e a generosidade para com nossos semelhantes positivaram-se.
À medida que o ser humano progride espiritualmente e absorve uma quantidade cada vez maior da Luz de Cristo, consequentemente aumenta, cada vez mais, a presença dessa luz na Terra. Isso explica todas as nossas grandes instituições de ensino e de caridade, bem como a enorme generosidade que existe em toda parte.
Certamente é grande o mérito da humanidade pela prática de tanto altruísmo e de sua constante intensificação. Tudo isso é a manifestação da inesgotável Luz de Cristo; a Luz impregnante que torna a alma produtiva e, finalmente, se realizará a Imaculada Concepção e o Cristo nascerá dentro de cada um de nós. Então caminharemos na luz, porque Ele está sempre na luz e nós amaremos uns aos outros.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP em Novembro/1969)
A análise esotérica dos Evangelhos mostra que os acontecimentos marcantes da vida de Cristo são em número de doze e se enumeram assim:
1 – Anunciação |
2 – Imaculada Concepção |
3 – Nascimento |
4 – Fuga para o Egito |
5 – Ensinamentos no Templo |
6 – Batismo |
7 – Tentação |
8 – Transfiguração |
9 – Getsemani |
10 – Crucificação |
11 – Ressurreição |
12 – Ascensão |
Estes doze passos sustentam uma conotação astrológica interessante, por isso que se diz, verdadeiramente, que a primeira Bíblia do ser humano foi o Zodíaco, em que ele aprendeu a ler as verdades espirituais. Lá ele decifrou os sinais enigmáticos que revela a vida dos Deuses Salvadores e, por ela, o Iniciado Cristão lê a história da vida do Cristo.
A roda zodiacal dos céus é feita por doze constelações de Signos, onde os Astros (o Sol, a Lua e os Planetas) viajam ao redor do céu, conforme podem ser vistas, tendo a Terra como referência. Antigos astrônomos descobriram que tais Signos celestiais pareciam ter influência sobre questões terrenas, e assim, se originou a ciência da Astrologia. Observou-se que as influências dos Astros eram mais fortes em alguns Signos do que outros. O Signo em que o Astro expressava seus maiores potenciais é que o regia e é considerado seu lar, onde o Astro revela sua pureza de influência, sem qualquer mescla com outras qualidades de diferentes naturezas. Do mesmo modo, um Astro é, igualmente, forte no Signo de sua Exaltação, embora de um modo diferente do que a regência. As qualidades de Exaltação de um Astro somente alcançam plenitude por meio da Iniciação, que liberta, dentro da Alma, o correspondente aspecto das forças astrais.
É interessante notar que a Exaltação e a Ressurreição foram utilizadas pelos primeiros Padres da Igreja em termos intercambiáveis, que compreendia a relação entre o desenvolvimento espiritual do ser humano e as estrelas no céu, acima dele. Eles sabiam que na Consciência de Cristo, a humanidade aprenderia a cooperar, inteligentemente, com os Poderes Cósmicos, cujas ações do destino do ser humano eram reveladas no horóscopo.
Quando astrólogos falam de Astros e Signos que os regem, eles se atêm, principalmente, a assuntos físicos e materiais. O Astrológo Rosacruz, um esoterista, que estuda o lado oculto da ciência das estrelas, fala sobre a Exaltação dos aspectos de um Astro considerando a sua natureza espiritual, conforme os seguintes assuntos:
Corinne Heline em A Bíblia – O Maravilhoso Livro das Épocas
Lembremos, como estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos, que a Virgem Maria é um elevado Iniciado e que possui a mais elevada pureza humana e, por isso, foi escolhida para ser a mãe de Jesus. Como o pai, José, também era um elevado Iniciado, capaz de realizar o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou paixão pessoal, assim o formoso, puro e amoroso espírito conhecido pelo nome de Jesus de Nazaré veio ao mundo num Corpo puro e sem paixões. Esse Corpo era o melhor, o mais perfeito que se podia produzir na Terra.
A Virgem Maria pode ser ignorada pelos Estudantes do ocultismo, que são buscadores no “caminho da razão”, do Ocultista (do intelecto, da “cabeça”) do desenvolvimento espiritual. Mas Maria, pelo que sabemos, parece exemplificar o caminho do Místico. Na verdade, ela exemplificava inteiramente o trilhar o Caminho Espiritual pelo Coração. Seu caminho era o da obediência luminosa, da devoção elevada, do silêncio eloquente.
A ênfase fortemente patriarcal, nos últimos três milênios, da cultura ocidental está passando por uma revisão. A imaginação popular sempre intuiu um desequilíbrio na Trindade Cristã, exclusivamente masculina, e tentou retificar isso por meio da devoção e elevação da Virgem, principalmente no catolicismo romano e no oriental. Muito antes de estar na moda, Corinne Heline, aluna de Max Heindel, buscou dignificar todo o ser humano, reabilitando o feminino divino, sendo que o próprio Max Heindel sempre enfatizou a importância da natureza do Coração para o desenvolvimento espiritual.
Se todo o desenvolvimento oculto começa pelo Corpo Vital, devemos concluir que o fortalecimento desse veículo seja o nosso objetivo principal; notamos que nas mulheres o Corpo Vital é positivo, o que as torna naturalmente mais prontas para buscas e realizações espirituais; frequentemente, inclusive, tornando-as os melhores exemplos da fé Cristã e da caridade.
O culto à Virgem começou a permear a piedade Cristã em meados do primeiro milênio. A ela era dirigida uma miríade de títulos honoríficos, incluindo a Mãe da Verdade, Mãe e Filha da Humildade, Mãe dos Cristãos, Mãe da Paz, Cidade de Deus. Visto que ela foi aquela por quem o Salvador veio, passou a ser cada vez mais considerada como aquela por meio de quem ascendemos a Ele; isto é, como mediadora — tanto para a Encarnação quanto para a Redenção.
A estima universal que a Virgem Maria recebe tem suas raízes nas Escrituras. Para melhor apreciar seu apelo a muitas pessoas, consideraremos a Imaculada Conceição de Maria, a Anunciação e o Nascimento Virginal, revisando brevemente a compreensão de Maria pelos pais da Igreja, santos e clarividentes.
Durante séculos, o povo judeu esperou o Messias, o Ungido de Deus. Isaías profetizou como ele viria: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe dará o nome de Emanuel” (Is7:14). Esta passagem também é citada no Evangelho Segundo São Mateus em 1:23. A Virgem concebeu e deu à luz um filho a quem o Anjo da Anunciação deu estes nomes: ‘o Filho do Altíssimo’, ‘o Filho de Deus’. Ele, filho de Maria, deveria “reinar sobre a casa de Jacó para sempre; e seu reino não terá fim” (Lc 1:33).
Essa era uma boa notícia, não era? Sim, literalmente. Como bem sabemos, a palavra “evangelho” é uma tradução do grego evangelion, que significa boas novas. Embora o Anjo Gabriel certamente tenha falado com Maria em aramaico e não em grego, o Novo Testamento foi escrito em grego. A palavra grega para “Anunciação”, evangelismos, tem a mesma raiz da palavra “evangelho”. E o que é esse evangelho, essas boas novas? O Anjo saúda Maria: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1:28). A boa notícia é que, por meio de Maria, um Salvador, o Senhor Cristo, será dado ao mundo.
Quando o Anjo diz “o Senhor é contigo”, ele se refere a Jeová, o Espírito Santo, que é representado e que, ao “cobrir” Maria, inicia a concepção. Essa “sombra”, no entanto, não é um evento único. A Filosofia Rosacruz ensina que o Espírito Santo rege o princípio criativo na Natureza, o Éter de Vida, e tem o poder de frutificar o óvulo humano. Como portadora de um Corpo Vital ou matriz etérica, que é um veículo de forças formativas que organizam a matéria atômica e a impregnam de vida, Maria é a mãe de Deus na Terra. Então, potencialmente, todas as mulheres são mães de Deus. A perspectiva esotérica requer que toda verdade tenha uma aplicação pessoal ou individual. Os próprios Evangelhos são fórmulas de Iniciação e, de fato, como toda a Bíblia retrata o relato da gênese humana, da sua separação de Deus e eventual reunião com Ele, todos os personagens e eventos bíblicos descrevem facetas específicas de todo este processo de Involução e Evolução humana, em um indivíduo único.
A Virgem Maria é o modelo de castidade e a Mãe Santíssima. O público leigo e crente não tem qualquer problema com esse oxímoro. Eles aceitam pela fé. O significado da castidade (em contraste com a virgindade) foi totalmente exposto por Max Heindel. É um requisito para a realização nos estágios superiores de Iniciação, porque é pela retenção e transmutação da sagrada força criativa que o Corpo-Alma pode servir como um veículo independente para a alma e o espírito. Filo de Alexandria, teólogo e contemporâneo de Jesus e Paulo, escreveu sobre os Therapeutae, ascetas judeus que viviam em comunidades monásticas no Egito. Eles incluíam mulheres que eram “virgens no que diz respeito à sua pureza… por admiração e amor pela sabedoria… indiferentes aos prazeres do corpo, desejando não uma prole mortal, mas imortal”.
Esotericamente, é assim que Maria é identificada. Ela representa a natureza purificada da nossa alma, por meio da qual o Cristo, nosso Ser imortal, é em nós concebido e nutrido. Como Max Heindel também deixou claro, é possível ser virgem e não ter virgindade, sendo casto como mãe ou pai. Em outras palavras, a verdadeira virgindade ou castidade é uma condição da alma. Ela designa uma pureza de Coração e Mente que não é manchada pelo ato da geração, quando realizada desapaixonadamente como um Sacramento.
Há uma distinção, muitas vezes esquecida, entre dois dogmas marianos que são afirmados pelos católicos romanos ortodoxos. O Nascimento Virginal refere-se a como Jesus foi concebido, enquanto a Imaculada Conceição refere-se ao modo pelo qual Maria foi concebida. Como escreve Max Heindel (no Livro: Iniciação Antiga e Moderna), a “pureza de propósito na preparação e no ato de procriação preserva a virgindade dos pais, pois a verdadeira virgindade é do Coração e da Mente”. O dogma da Imaculada Conceição afirma que Maria não foi maculada pelo Pecado Original que foi legado a toda a humanidade por Adão e Eva, pelo abuso intencional e ignorante da força sexual criadora. Mais uma vez, a ciência esotérica explica que a isenção da mancha do Pecado Original em Maria não foi única, embora seja rara, exigindo que seus pais, Ana e Joaquim, fossem celibatários, castos e realizassem o ato generativo como um Sacramento.
Dar à luz de maneira virginal a Jesus ocorreu, em parte, pela idade de Maria (14 anos), uma época em que seu casto Corpo Vital, que produz as forças vitais, tinha amadurecido totalmente e seu Corpo de Desejos individual acabara de nascer, o qual, embora sem pecado e puro, deveria ter sido contaminado, na substância de desejo planetária através da qual os Corpos de Desejos humanos são especializados, pela intrusão do elemento luciférico, através de Eva. É esse elemento passional a causa perpétua da degeneração e deterioração da Onda de Vida humana, enquanto é por meio do Cristo que se efetua a purificação da substância de desejo planetária, possibilitando a construção de Corpos de Desejos mais puros. Na teologia católica, a Imaculada Conceição de Maria por sua mãe, Ana, isentou-a da “culpa” do Pecado Original.
O nascimento de Maria por concepção imaculada estava bem estabelecido na Mente popular desde a época medieval.
Quanto ao motivo de Maria ser chamada de Bem-aventurada Virgem, a prescrição é dada no relato no Evangelho Segundo São Lucas sobre o Magnificat: “Pois, eis que, desde agora todas as gerações me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1:48).
Depois que o Anjo Gabriel apareceu, trazendo suas notícias importantes, e Maria proferiu as palavras “Faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1:26).
Como Eva é, simbolicamente, a “mãe de todos os que vivem no caminho involucionário e descendente”, Maria é a nova mãe de todos os viventes, também simbolicamente, aqueles que estão no caminho evolucionário e ascendente, aqueles nascidos de novo em Cristo. Maria, como a alma casta, concebe e dá à luz o Cristo interior. Se Cristo-Jesus é o segundo ou novo Adão, Maria é a segunda ou nova Eva. Embora o termo expiação seja geralmente aplicado à ação de Cristo que compensa as transgressões humanas, a vida de pureza sacrificial de Maria também pode ser chamada de expiação vicária. Além disso, ela sofreu a crucificação vicariamente com seu Filho, tornando-se o primeiro e principal modelo de vitória Cristã por meio do exemplo do seu Filho e Salvador.
Eva usou o princípio gerador para motivos egocêntricos. O poder criativo de Maria foi usado para fins centrados em e dirigidos por Deus. Eva é necessariamente restaurada em Maria, que foi uma Virgem, tornando-se advogada de uma virgem, para que possa desfazer e destruir a desobediência virginal pela obediência virginal.
Assim como Eva foi desencaminhada pela palavra de um Anjo Lúcifer, fugindo de Deus quando transgrediu Sua palavra, Maria, por meio de uma comunicação angelical, recebeu as boas novas de que seria portadora de Deus, sendo obediente à Sua palavra — perfeitamente obediente: “Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1:38). O nó da desobediência, atado por Eva, foi desatado pela obediência de Maria. O que Eva fixou por meio da incredulidade, Maria eliminou por meio da fé.
Lembramos que, como resultado da Queda, Eva e todas as mulheres que vieram depois estavam destinadas a ter filhos com dor. A “maldição”, como essa proclamação às vezes é chamada incorretamente, também é uma menção para o fluxo mensal de sangue de uma mulher, um uso que retém a visão da sabedoria popular. Após a concepção ou fertilização, o fluxo mensal da mulher para e o sangue é usado para dar substância e nutrição ao embrião em crescimento.
A relação da menstruação feminina com a lenda do Graal, especificamente com Amfortas, o rei do Graal, é altamente instrutiva. Amfortas, o guardião do Graal, sofreu uma ferida que não parava de sangrar, resultante do uso da força criadora (representada pela lança sagrada) para fins egoístas. Ele esperava por alguém mais santo do que ele para reconsagrar o Graal e conferir a cura espiritual. O significado esotérico do fluxo menstrual da mulher diz a ela que ainda não concebeu espiritualmente, assim como o rei do Graal, ferido, continuou a sangrar até que pudesse ser redimido por Parsifal, que, subjugando sua natureza de desejos, havia dominado a força sexual criadora. É esse poder de castidade que evoca o Cristo que inspirou os trovadores a chamar Maria de “Graal do Mundo”.
No simbolismo do Graal, o cálice é o símbolo do receptáculo da flor, que contém o ovário que é castamente fertilizado pelo pólen masculino. Esse cálice representa o Éter da Vida transmutado.
Embora o Santo Graal fosse um vaso que contivesse um pouco da divindade de Deus, é também o ventre de Maria e, por extensão, emblemático da maravilha da formação humana.
A alma pura, a Maria formadora de cada Aspirante à vida superior, busca gerar o Cristo interior. Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, por meio de suas próprias realizações, visualizam o estado recuperado de uma humanidade hermafrodita que pode gerar seus próprios Corpos Densos, transmutando suas energias de vida etérica. Quando a humanidade tiver atingido coletivamente essa habilidade, a “maldição” terá sido suspensa, o fluxo de sangue cessará e as feridas estigmáticas não sangrarão mais, pois o veículo sideral, o Corpo-Alma, anteriormente travado em seis pontos (mais um sétimo), será libertado da cruz do Corpo Denso. Então, o Cristo planetário nascerá na Terra, enquanto a própria humanidade assumirá o poder e a responsabilidade por sua elevação.
O símbolo supremo de Maria é a rosa. Ela figura em muitos de seus títulos honoríficos, incluindo Rosa do Mundo, Rosa Alchemica e Rainha do Santíssimo Jardim das Rosas, no qual o Graal está oculto.
Para Dante Alighieri, um escritor, poeta e político florentino, nascido na atual Itália, Maria era “a Rosa na qual o Verbo de Deus se fez carne”, identificando-a assim com o objetivo do Aspirante ocultista, purificar o sangue, que é “a expressão mais elevada do Corpo Vital” e “a sede da alma”, que deseja que as rosas da percepção espiritual floresçam ou se tornem ativas e utilizáveis pelo Espírito que habita em nós, o Ego.
A palavra grega para rosa, rhodon, como em rhododendron, cuja tradução é árvore de rosa, deriva de rhein, que significa fluir. Nesse contexto, a relação entre a rosa e o sangue fica clara. É possível, na verdade essencial, que alguém se torne virgem para dar à luz a Cristo. Este requisito é simbolizado pelo “Coração nobre” do lema Rosacruz. É o sagrado Coração de Jesus, cujo pericárdio (de peri do grego (“ao redor”) e do kardia (“coração”), implicando uma estrutura que envolva ou encerre o coração) foi perfurado pela lança, permitindo que o sangue purificado de Cristo fluísse para o Coração da Terra, carregando Seu Ego. A rosa branca no Símbolo Rosacruz representa o Coração purificado do Auxiliar Invisível.
A imaginação criadora, a capacidade de moldar a imagem, que pertence especialmente às mulheres, reflete-se no papel criador da mãe na formação do seu filho, mesmo que no momento ela seja usada de forma inconsciente. Maria é o paradigma esotérico da concepção e nascimento do Cristo individual por meio das forças gêmeas da vontade e imaginação. Formamos imagens da vontade de Deus para nós e decidimos que vamos realizar essa vontade.
As sete rosas vermelho-sangue no Símbolo Rosacruz simbolizam a pureza. A rosa e a estrela de cinco pontas simbolizam o caminho da realização espiritual, da mesma forma que os católicos ortodoxos consideram a Virgem Maria como um vestíbulo, por assim dizer, através do qual alguém possa chegar à presença de Cristo. O Estudante de ocultismo está no processo de interiorizar Maria. Ela é a pré-condição para a concepção da consciência de Cristo. Como afirma Max Heindel, “a pureza é a única chave pela qual ele, o Aspirante, pode ter esperança de destrancar a porta de Deus”. Maria possui um Corpo Vital que é positivo, por ser mulher, corpo cujo Éter de Vida, Éter de Luz e Éter Refletor são mais fortes e servem mais prontamente ao Ego em desenvolvimento. Egos evoluídos que assumem um Corpo Denso masculino também tendem a ter um Corpo Vital mais positivo, do que Egos não tão evoluídos.
A abundância dos serviços de Maria a seu filho Jesus e a seu Senhor Jesus Cristo evocam seu papel paradigmático como Virgo (latim para Virgem), a Servidora, aquela que colhe o sustento da vida. Como mãe, Maria deu à luz ao Pão da Vida e, como mater dolorosa, voltou a segurar no colo o corpo deposto do Pão da Vida.
As palavras stabat mater dolorosa, “ali está a mãe das dores”, que inspirou muita música sacra durante a era Cristã, surgiram anonimamente durante os séculos XII e XIII, época caracterizada como a Idade da Virgem porque, de forma muito proeminente, Maria figurou nas artes e na consciência desse período. Se ela experimentou a crucificação vicária, também conheceu a exaltação e tornou-se, por meio da Assunção e da Coroação (aproximadamente em paralelo com a Ressurreição e Ascensão de seu Filho à Mão direita do Seu Pai entronizado), a mater gloriosa.
O ouro da sabedoria é a dor cristalizada e, podemos acrescentar, esse sofrimento ganhou para Maria o ouro da sabedoria lavrado no cadinho do seu Coração.
Maria foi procurada como intercessora ou mediadora de Cristo e do Pai precisamente porque era, nas palavras do Anjo da Anunciação, “cheia de graça”. Ela possuía a graça de Deus em sua plenitude e, portanto, foi autorizada a atuar como sua distribuidora — entre o ser humano e Deus. Afinal, se ela deu Jesus ao mundo, como não poderia dar graças menores, sendo tão favorecida.
O testemunho de apoio para a função de intercessora de Maria é dado nas palavras que São João, o Evangelista, registra como faladas por Cristo Jesus, na cruz, a Maria: “Mulher, eis o teu filho! Eis a tua mãe” (Jo 19:4). Este é o pronunciamento que confia aos cuidados maternos de Maria aquele a quem Jesus tinha como o Discípulo mais amado.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de setembro-outubro/2000 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Quando o Sol passa por Virgem, o Signo do serviço, uma necessidade cósmica impulsiona o Cristo para deixar o Reino do Pai e descender, novamente, à Terra.
A Trilha da Santidade, seguindo o raio de Cristo, abandona também a região espiritual da Terra, enquanto o Sol passa por Virgem. Sendo o amor a nota-chave de Leão e o serviço por meio da pureza a de Virgem, aquele que caminha por essa parte da Trilha, atravessando os planos da mais elevada vibração dessa esfera, há de ter desenvolvido a pureza como um poder interno. De modo geral, a qualidade de tal poder não se reconhece, embora Cristo tenha declarado que só os puros de coração verão a Deus.
O candidato que é digno de alcançar o sobrenatural plano de Virgem, se encontra ante o mistério da Imaculada Concepção e aprende que esse dom divino não foi outorgado somente a um indivíduo, mas que Maria e Jesus foram os modelos que a humanidade toda está destinada a emular. Nessa morada celestial, os espiritualmente iluminados ouvem os Anjos cantarem sobre o dia em que, em um novo céu e em uma nova Terra, a Imaculada Concepção será a herança da onda de vida humana inteira.
A doutrina da Imaculada Conceição ou Imaculada Concepção é um dos mais sublimes mistérios da Religião Cristã e, talvez por essa razão, tem sido mais encarada pelo lado material do que qualquer outro dos mistérios.
A ideia popular, mas errônea, é que há 2.000 anos, um indivíduo chamado Jesus Cristo nasceu sem a necessidade da cooperação de um pai terreno e que esse incidente é tido como único na história do mundo.
Na realidade, não é assim. A Imaculada Conceição já ocorreu muitas vezes na história do mundo e será universal no futuro.
O fluxo e refluxo periódico das forças materiais e espirituais que afetam a Terra são as causas invisíveis das atividades físicas, morais e mentais exercidas sobre o nosso globo. De acordo com o axioma hermético “como em cima, assim é em baixo”, uma atividade semelhante ocorre no ser humano, que é uma edição menor da Mãe Natureza.
Os animais têm vinte e oito pares de nervos espinhais e, atualmente, estão em seu estado lunar, perfeitamente sintonizados com os vinte e oito dias que a Lua demora para circundar o Zodíaco. O Espírito-Grupo regula o acasalamento dos animais em estado selvagem. Por isso, neles não existe o abuso.
O ser humano, no entanto, encontra-se em estado de transição: progrediu demasiado e por isso mesmo não obedece às vibrações lunares, porque tem trinta e um pares de nervos espinhais. Mas ainda não está sintonizado com o mês solar de trinta e um dias e se acasala em qualquer época do ano; daí o período menstrual da mulher, o qual, em condições apropriadas, é utilizado para formar parte do corpo de um filho mais perfeito que o do seu pai ou de sua mãe.
De igual modo, o fluxo periódico da humanidade se converte em espinha dorsal do adiantamento racial; o fluxo periódico das forças espirituais da Terra, que ocorre no Natal, resulta o nascimento de Salvadores que, de tempos em tempos, renovam os impulsos para o avanço espiritual da raça humana.
A Bíblia possui duas partes: o Velho e o Novo Testamento. Depois de relatar resumidamente como foi formado o mundo, o Antigo Testamento nos fala da “Queda”.
Nós entendemos que a “Queda” foi ocasionada pelo abuso ignorante da força sexual do ser humano, em ocasiões em que os raios interplanetários eram adversos à concepção dos melhores e mais puros veículos. Desse modo, o ser humano foi se aprisionando gradualmente em um Corpo Denso, cristalizado pela pecaminosa paixão e, consequentemente, dentro de um veículo imperfeito, sujeito ao sofrimento e à morte.
Então começou a peregrinação através da matéria e por milênios temos vivido neste duro e cristalizado corpo que obscurece a luz dos Céus ao Espírito interno. O Espírito é como um diamante encerrado em uma crosta grosseira e os lapidadores celestiais, os Anjos do Destino, estão continuadamente procurando remover essa crosta a fim de que o Espírito possa brilhar através do veículo que anima.
Quando o lapidário encosta o diamante na pedra polidora, ele emite um gemido, como se fosse um grito de dor, à medida que a cobertura opaca se desprende. Aos poucos, o diamante bruto que é submetido às aplicações da pedra transforma-se em gema de transcendental brilho e pureza.
Do mesmo modo, os seres celestiais que zelam pela nossa evolução nos oprimem fortemente contra a pedra polidora da experiência. Dores e sofrimentos resultam disso e despertam o Espírito que dorme dentro de nós. O ser humano que até este momento se contentou com as coisas materiais, que tem sido indulgente com os sentidos e com o sexo, sente descontentamento e isso o impele a buscar uma vida mais elevada.
No entanto, a satisfação dessa sublime aspiração é normalmente acompanhada de uma luta muito severa, por parte da natureza inferior. Foi durante essa luta, que São Paulo exclamou com toda a angústia de um coração devoto e aspirante: — “Infeliz homem que sou… Porque eu não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero… Porque eu me deleito na lei de Deus, segundo o homem interior, mas sinto nos meus membros outra lei que repugna à lei do meu Espírito e que me faz cativo na lei do pecado, que está nos meus membros.” (Rm 7:19-24).
Quando se espreme uma flor, liberta-se a sua essência e, assim, enche-se o ambiente com a sua grata fragrância, que deleita o olfato de todos os que tenham a sorte de estar próximos. Os golpes do destino podem envolver um homem ou uma mulher que tenha chegado ao estado de eflorescência, mas isso servirá para mostrar a doçura da natureza e exaltar a beleza da alma, até que brilhe com fulgor, marcando o seu possuidor com um halo luminoso.
Essa pessoa encontra-se no caminho da Iniciação. Ela aprende como o licencioso uso do sexo, sem ter em conta os raios astrais, fizeram-na prisioneira do corpo; como está acorrentada a ele e como, por meio do uso apropriado dessa mesma força sexual, em harmonia com os Astros, poderá gradualmente melhorá-lo e sutilizá-lo, obtendo afinal a libertação da existência concreta.
Um construtor naval não pode fazer um barco de carvalho usando madeira comum. Nem o ser humano colhe uvas de espinheiros; semelhante atrai semelhante e um Ego de natureza passional, quando se encarna, é arrastado para pais da mesma natureza; deste modo, o seu corpo será concebido em harmonia com o impulso do momento, pela satisfação dos sentidos.
A alma que provou da taça da tristeza devido ao abuso da força criadora e bebeu sua amargura, gradualmente buscará pais cada vez menos dominados pelos instintos passionais, até que por fim obterá a Iniciação.
Havendo sido instruída, no processo da Iniciação, sobre a influência dos raios astrais no parto, o próximo corpo será gerado por pais Iniciados, sem paixão e sob a constelação mais favorável para o trabalho a que o Ego se propôs.
Por isso, os Evangelhos (que são fórmulas de Iniciação) começam com o relato da Imaculada Conceição e terminam com a Crucifixão, ambos ideais maravilhosos que teremos de alcançar, porque somos Cristos em formação e alguma vez passaremos pelo nascimento místico e pela morte mística anunciados nos Evangelhos. Por meio do conhecimento poderemos apressar o dia da nossa libertação, em vez de frustramos estupidamente o nosso desenvolvimento espiritual, como agora fazemos.
Em relação à Imaculada Conceição, prevalecem incompreensões em todos os sentidos, como: a perpétua virgindade da mãe depois do parto; a baixa posição de José como suposto pai adotivo, etc. Vamos rever rapidamente esses pontos, como são revelados na Memória da Natureza.
Em algumas partes da Europa, classifica-se de “bem-nascidos” ou mesmo “altamente bem-nascidos” as pessoas de classe elevada, filhos de pais que têm lugar preponderante na sociedade. Tais pessoas, por vezes, olham com desdém os de modesta posição.
Nada temos contra a expressão “bem-nascidos” e desejaríamos mesmo que todos fossem bem-nascidos; isto é, que fossem filhos de pais de alta posição moral, sem nos importar a sua hierarquia social.
Existe uma virgindade da alma que é independente do estado do corpo, uma pureza da Mente que conduz quem a possui ao ato da geração sem a mancha da paixão e torna possível que a mãe tenha o filho em seu seio com um amor inteiramente isento do desejo sexual.
Antes de Cristo, isso teria sido impossível. Em tempos remotos, na jornada do ser humano sobre a Terra, era mais desejável a quantidade do que a qualidade e daí a ordem: “Crescei e multiplicai-vos”. Além disso, foi necessário que o ser humano esquecesse temporariamente sua natureza espiritual e concentrasse suas energias sobre as condições materiais. A indulgência em relação à paixão sexual atingiu esse objetivo e a natureza de desejos teve amplitude em suas funções. Floresceu a poligamia e quanto mais filhos tivesse um matrimônio, mais se honrava, enquanto a esterilidade era vista como a maior aflição possível.
Por outro lado, a natureza de desejos foi refreada pelas leis dadas por Deus e a obediência aos mandatos divinos foi forçada por castigos aplicados aos transgressores, tais como guerras, pestes ou fome. Recompensava-se a rigorosa observância desses mandatos e os filhos, o gado e as colheitas do ser humano “reto” eram numerosos; ele obtinha vitórias sobre os seus inimigos e a taça da felicidade transbordava para ele.
Mais tarde, quando a Terra estava suficientemente povoada, depois do dilúvio Atlante, a poligamia foi decrescendo cada vez mais, tendo como resultado a melhoria da qualidade dos corpos e, na época de Cristo, a natureza de desejos podia ser refreada, no caso dos mais avançados entre a humanidade; o ato gerador tornava-se possível sem paixão, para que os filhos fossem concebidos imaculadamente.
Assim eram os pais de Jesus. Diz-se que José era um carpinteiro; todavia ele não era um trabalhador de madeira, mas um “construtor” no mais alto sentido. Deus é o grande Arquiteto do Universo. Abaixo de Deus existem muitos construtores de diferentes graus de esplendor espiritual. Todos estão ocupados e comprometidos na construção de um templo sem ruído de martelos e José não era uma exceção.
Por vezes, perguntam-nos por que os Iniciados são sempre homens e nunca mulheres. Não é assim: nos graus inferiores existem muitas mulheres; mas quando é permitido a um Iniciado escolher o sexo, normalmente prefere um Corpo Denso que é positivo, masculino, pois a vida que o conduziu à Iniciação espiritualizou o seu Corpo Vital e o tomou positivo sob todas as condições, de modo a ter, então, um veículo da mais alta eficiência.
No entanto, há épocas em que as exigências de natureza evolutiva requerem um corpo feminino, como por exemplo para prover um corpo do mais refinado tipo, a fim de que receba um Ego de grau elevadíssimo. Então, um alto Iniciado pode tomar um corpo feminino e passar novamente pela experiência da maternidade, depois de, talvez, ter deixado de fazer por várias vidas, como foi o caso do formoso caráter que conhecemos como Maria de Belém.
Em conclusão, recordemos os pontos expostos: somos Cristos em formação; algum dia cultivaremos qualidades tão imaculadas que nos tornem dignas de habitar corpos imaculadamente concebidos.
Quanto mais depressa começarmos a purificar as nossas Mentes, tanto mais rápido alcançaremos esse objetivo. Em última análise, isso depende apenas da honestidade dos nossos propósitos e da força da nossa vontade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1969)
Pergunta: Como podem conciliar a declaração da Bíblia, ou seja, que José só conheceu Maria após ela ter dado à luz ao seu primogênito Jesus que foi concebido pelo Espírito Santo, com os Ensinamentos Rosacruzes que dizem que Jesus era o filho de um pai humano, José, e de Maria, sua mãe?
Resposta: Se procurarmos as genealogias de Jesus nos Evangelhos segundo São Mateus e São Lucas, verificaremos que o parentesco é traçado desde José até Adão, e nenhuma palavra encontramos a respeito de Maria. Como já o dissemos numa resposta anterior, um copista pode ter interpolado a passagem citada para provar o sentido materialista da Imaculada Concepção.
Contudo, se considerarmos a doutrina esotérica da Imaculada Concepção, tal suposição torna-se desnecessária.
Jeová, o Espírito Santo, o guia dos Anjos, aparece em várias partes da Bíblia como o dador de filhos. Seus mensageiros foram a Sarah anunciar-lhe o nascimento de Isaac; para Hannah anunciaram o nascimento de Samuel; para Maria anunciaram o advento de Jesus, cujos veículos (Corpo Denso e Vital) foram, posteriormente, dados ao Cristo. O poder do Espírito Santo fecunda tanto o óvulo humano como a semente do grão na terra, e o pecado original ocorreu quando Adão conheceu a sua mulher, contrariando a recomendação de Jeová.
Essa transgressão acarretou a marca do pecado sobre uma função sagrada, mas quando uma vida santa purifica os desejos, o ser humano se inunda com esse espírito puro e pode efetuar a função procriadora sem paixão. A concepção torna-se, assim, Imaculada. A criança que nasce sob tais condições é naturalmente superior, porque a concepção realizou-se como um rito sagrado de autossacrifício e não como um ato de autossatisfação.
(Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Perg. Nº 106 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: Recordar, a cada ano, o sofrimento de Cristo é útil a um propósito real? Se não é, por que a Igreja Cristã não omite a paixão e a Coroa de Espinhos e concentra seus esforços em celebrar a Páscoa, um tempo de alegria?
Resposta: A história do evangelho, como geralmente é lida pelas pessoas nas igrejas, é apenas “a história de Jesus, um personagem único, o Filho de Deus em um sentido especial, que nasceu uma vez em Belém, viveu na Terra pelo curto espaço de trinta e três anos, morreu pela humanidade, depois de muito sofrimento, e agora é permanentemente exaltado à direita do Pai”; por isso, esperam que ele retorne para julgar os vivos e os mortos e celebram seu nascimento e morte em determinadas épocas do ano, porque supõem que ocorreram em datas definidas iguais ao dia do nascimento de Lincoln, de Washington ou da Batalha de Gettysburg.
Contudo, enquanto essas explicações satisfazem as multidões, que não são muito profundas em suas investigações sobre a verdade, há outro ponto de vista que é bastante claro ao místico, uma história de amor divino e sacrifício perpétuo que o enche de devoção ao Cristo Cósmico, Aquele que nasce periodicamente para que possamos viver e ter a oportunidade de evoluir neste ambiente, porque o permite entender que sem esse sacrifício anual a Terra e suas atuais condições de avanço seriam impossíveis.
No momento em que o Sol está no Signo celestial de Virgem, a virgem, a Imaculada Concepção ocorre. Uma onda de luz e vida do Cristo solar é focalizada na Terra. Gradualmente, esta luz penetra cada vez mais no centro da Terra, até que o ponto mais profundo seja alcançado na noite mais longa e escura, que chamamos de Natal. Este é o nascimento Místico de um impulso da Vida Cósmica que penetra e fertiliza a Terra. É a base de toda a vida terrestre; sem ele nenhuma semente germinaria, nenhuma flor apareceria na face da Terra, nem o ser humano ou a fera poderiam existir e a vida logo se extinguiria.
Portanto, há de fato uma razão muito, muito válida para a alegria que é sentida na época do Natal, pois o Autor Divino do nosso ser, Nosso Pai Celestial, deu o maior de todos os presentes ao ser humano, O Filho. Assim, os seres humanos também são impelidos a dar presentes uns aos outros e a alegria reina sobre a Terra, junto à boa vontade e à paz, ainda que as pessoas não entendam as razões místicas e anualmente recorrentes para isso.
Como “um pouco de fermento fermenta toda a massa”, assim também esse impulso de vida espiritual, que entra na Terra durante o Solstício de Dezembro e percorre os meses de dezembro, janeiro e fevereiro em direção à sua circunferência, dando vida a todos com quem entra em contato; até os minerais não poderiam crescer, caso esse leve impulso fosse retido; e quando a Páscoa chega, a Terra está florescendo, os pássaros começam a cantar e os pequenos animais na floresta se acasalam, tudo está imbuído dessa grande vida divina; Ele Se consumiu, morreu e é elevado novamente à mão direita do Nosso Pai.
Assim, o Natal e a Páscoa são momentos decisivos que marcam o fluxo e o refluxo da vida divina, anualmente oferecidos por nossa causa e sem os quais seria impossível viver na Terra. Essa última também encerra a repetição anual do sentimento festivo que experimentamos do Natal à Páscoa, a alegria que emociona nosso ser. Se somos sensíveis, não podemos deixar de sentir o Natal e a Páscoa no ar, pois estão carregados de amor, vida e alegria divinos.
No entanto, de onde vem a nota de tristeza e sofrimento que antecede a Ressurreição da Páscoa? Por que não nos regozijamos com uma alegria sem igual, no momento em que o Filho é libertado e retorna ao Pai? Por que a paixão e a coroa de espinhos? Por que não podemos desconsiderar isso? Estão aí perguntas cujas respostas nosso interlocutor gostaria de conhecer.
Para entender esse mistério é necessário ver a questão da perspectiva do Cristo e entender completamente que essa onda de vida anual que é projetada em nosso Planeta não é simplesmente uma força desprovida de consciência. Carrega consigo a plena consciência do Cristo Cósmico. É absolutamente verdade que sem Ele nada do que foi feito teria sido feito, como nos é mostrado por São João, no capítulo inicial do seu Evangelho.
No momento da Imaculada Concepção, em setembro, esse grande impulso de vida começa sua descida sobre a nossa Terra e, no tempo do Solstício de Dezembro, quando o nascimento místico ocorre, o Cristo Cósmico está totalmente concentrado dentro e fora deste Planeta. Vocês perceberão que isso deva causar desconforto a um espírito tão grandioso: estar apertado dentro da nossa pequena Terra, consciente de todo o ódio e a discórdia que Lhe enviamos no dia-a-dia, durante o ano inteiro.
É um fato que não se possa contradizer: toda expressão de vida existe através do amor; da mesma forma, a morte vem pelo ódio. Se o ódio e a discórdia que geramos em nossa vida cotidiana, em nossos negócios; se o engano, a infâmia e o egoísmo não fossem remediados, a Terra seria tragada pela morte.
Você se lembra da descrição da Iniciação dada no Conceito Rosacruz do Cosmos: afirma-se que, nos cultos realizados todas as noites, à meia-noite, o Templo é o foco de todos os pensamentos de ódio e perturbação do mundo ocidental, ao qual serve, e que tais pensamentos estejam ali desintegrados e transmutados, sendo essa a base do progresso social no mundo. Sabe-se também que os espíritos santos sofrem e padecem muito com as perturbações do mundo, com a discórdia e o ódio e que enviam de si mesmos, individualmente, pensamentos de amor e bondade. Os esforços associados de ordens como a dos Rosacruzes são direcionados pelos mesmos canais de empenho, quando o mundo ainda está parado no pertinente às atividades físicas e, portanto, é mais receptivo à influência espiritual; ou seja, à meia-noite. Nesse momento, eles se esforçam para atrair e transmutar essas flechas feitas de pensamento de ódio e discórdia, sofrendo assim ao receber uma pequena parte delas, enquanto buscam retirar alguns dos espinhos da coroa do Salvador.
Considerando o exposto, você entenderá que o Espírito de Cristo na Terra está, como afirmou São Paulo, “realmente gemendo e sofrendo, esperando o dia da libertação”. Assim, Ele reúne todos os dardos do ódio e da raiva: eis a coroa de espinhos.
Em tudo que vive, o Corpo Vital irradia correntes de luz da força que se gastou na construção do Corpo Denso. Durante a saúde, elas retiram o veneno do corpo e o mantêm limpo. Condições semelhantes prevalecem no Corpo Vital da Terra, que é o veículo de Cristo: as forças venenosas e destrutivas, geradas por nossas paixões, são retiradas pelas forças vitais do Cristo. No entanto, cada pensamento ou ato maligno traz a Ele sua própria proporção de dor e, logo, torna-se parte da coroa de espinhos — a coroa, já que a cabeça seja sempre considerada a sede da consciência —; devemos perceber que cada um dos nossos atos malignos recai sobre o Cristo da maneira declarada e Lhe acrescenta outro espinho de sofrimento.
Em vista do exposto, podemos notar com que alívio Ele pronuncia as palavras finais no momento da libertação da cruz terrena: “Consummatum est” – foi realizado.
E você poderia perguntar: por que a recorrência anual do sofrimento? Continuamente, à medida que absorvemos em nossos corpos o oxigênio que nos dá vida e, por seu ciclo, vitaliza e energiza o corpo inteiro, ele morre momentaneamente para o mundo exterior, enquanto vive no corpo e é carregado com venenos e resíduos antes de, afinal, ser exalado no formato de dióxido de carbono, um gás venenoso. Assim também, é necessário que o Salvador entre anualmente no grande corpo que chamamos de Terra e tome sobre Si todo o veneno gerado por nós mesmos, para purificar, limpar e dar nova vida, antes que Ele por fim ressuscite e suba ao Seu Pai.
(Perg. 85 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
As páginas da Bíblia encerram uma mensagem para todas as almas sedentas, independente do estágio que se esteja no caminho da realização.
Há esperança, conselho e inspiração para as Mentes mais fechadas e tradicionalistas, e ao mesmo tempo, há palavras gloriosas de luz para o intelecto questionador e liberal.
Há, na Bíblia, tanto ensinamentos e conforto para as doutrinas mais simples como para doutrinas mais elevadas e para o maior Iniciado que este Planeta é capaz de produzir.
É um erro dizer que a Bíblia não é nada mais do que um livro antigo de um passado de dois mil anos.
A Bíblia é um livro de mistérios, um maravilhoso livro de tremendo poder, um código contínuo e vigente criado por grandes Iniciados e seus Discípulos por meio de milhares de anos de esforço.
Pertence igualmente ao Passado, ao Presente e ao Futuro.
1. Para fazer download ou imprimir:
A Bíblia – O Maravilhoso Livro das Épocas – Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
A BÍBLIA: O MARAVILHOSO LIVRO DAS ÉPOCAS
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1954, The Bible: wonder book of the ages, editada por Corinne Heline
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
ÍNDICE
Parte I: Destaques importantes sobre Iniciação no Antigo Testamento 5
CAPÍTULO I – Abraão – O modelo cósmico para o ser humano da quinta raça raiz 7
CAPÍTULO II – Jacó e Moisés – Filhos iniciados da sabedoria antiga. 14
CAPÍTULO III – Davi e Salomão – Acrescentando revelações de verdade e sabedoria 20
A Missão de Salomão para o Mundo. 23
Iniciação Suprema de Salomão. 27
CAPÍTULO IV – Sons de Iniciação. 30
Cântico dos Cânticos – um canto matrimonial místico. 33
Parte II: Destaques importantes sobre Iniciação no Novo Testamento 39
GetsÊmani: O jardim da Aflição. 57
Correspondências astrológicas desde a Anunciação até a Ascensão. 66
CAPÍTULO VII – Os doze imortais 70
CAPÍTULO VIII – O CAMINHO DE DAMASCO.. 85
A LUZ GLORIOSA EM DAMASCO.. 89
O CAMINHO DA ILUMINAÇÃO INTERIOR. 93
Parte III: O Mistério do Cristo no Cosmos 102
CAPÍTULO IX – Os Doze Caminhos Através do Zodíaco. 104
CAPÍTULO X – O Mistério de Cristo nos Céus 112
CAPÍTULO XI – O Cristo Cósmico e o Cristo Planetário. 122
CAPÍTULO XII – O Ciclo do Ano com Cristo. 128
O Primeiro Trimestre: Janeiro, Fevereiro e Março. 128
O Segundo Trimestre: Abril, Maio e Junho. 129
O Terceiro Trimestre: Julho, Agosto e Setembro. 130
O Quarto Trimestre: Outubro, Novembro e Dezembro. 133
A Bíblia é o maravilhoso livro das épocas. Suas páginas encerram uma mensagem para todas as almas sedentas, independente do estágio que se esteja no caminho da realização. Há esperança, conselho e inspiração para as Mentes mais fechadas e tradicionalistas, e ao mesmo tempo, há palavras gloriosas de luz para o intelecto questionador e liberal. Há, na Bíblia, tanto ensinamentos e conforto para as doutrinas mais simples como para doutrinas mais elevadas e para o maior Iniciado que este Planeta é capaz de produzir.
É um erro dizer que a Bíblia não é nada mais do que um livro antigo de um passado de dois mil anos. A Bíblia é um livro de mistérios, um maravilhoso livro de tremendo poder, um código contínuo e vigente criado por grandes Iniciados e seus Discípulos por meio de milhares de anos de esforço. Pertence igualmente ao Passado, ao Presente e ao Futuro.
Seus segredos foram cuidadosamente colocados no texto bíblico, espiral dentro de espiral, de tal modo que quanto mais espiritual o ser humano se torna, mais profundos significados se revelarão para ele.
Como está escrito no Zohar, “Infeliz é o homem que somente enxerga no Torah (a Lei) simples recitações de palavras comuns! …. Cada palavra do Torah contém elevados significados e mistérios sublimes… A observação simples é capaz de revelar somente as vestimentas do Torah e seus versos… O homem mais instruído não presta atenção à vestimenta, mas ao corpo que a envolve”.
A Bíblia acompanhará o ser humano para as mesmas portas da Nova Era, onde descobrirá que suas páginas revelam um conceito totalmente novo a respeito dos mistérios da vida espiritual, como este livro maravilhoso é o verdadeiro livro da Vida sobre o qual serão baseadas as ciências da alma da Nova Era de Aquário.
Quando se lê a história da Bíblia sob a luz das interpretações da Nova Era, em que se relacionam todos os personagens e eventos ao ser humano individual, para que estas qualidades e atributos sejam cultivados ou erradicados, ocorre que as Escrituras se convertem em PALAVRAS VIVAS, aplicadas imediatamente aos problemas pessoais atuais da vida diária. Os aspectos históricos, então, retrocedem a um segundo plano. A Bíblia deixa de ser um livro de um passado diferente e morto e passa a ser um guia para um presente vivo e pulsante.
Abraão cujo nome significa “pai das multidões” foi o primeiro dos mestres iniciados enviados a nova Quinta Raça Raiz que habitaram a Terra depois da destruição do continente Atlântico pelo Dilúvio. Ele veio de Ur, cidade da “luz”, e se estabeleceu em Haran, “um lugar alto”. Sarah e Lot viajaram com ele. Sara, significa “princesa” e representa o princípio do feminino ou do amor, e Lot, identificado principalmente com Sodoma, que representa a natureza inferior. Assim, Abraão viaja para a nova terra, acompanhado por ambos os elementos superiores e inferiores que estão dentro de sua própria natureza.
Como um pioneiro, Abraão representa astrologicamente, Saturno, que preside o princípio da manifestação e quem as forças modelam a forma da substância que emerge do Caos.
Os espiritualmente iluminados sempre consideraram que cada lugar mencionado na Bíblia representa o aqui e agora, e cada personagem mencionado é você, você mesmo. Assim, por exemplo, as duas esposas de Abraão, Sarah e Hagar, tipificam respectivamente as naturezas superior e inferior do ser humano, e os dois filhos que nasceram, representam os atributos e as obras resultantes das atividades destas duas naturezas opostas no ser humano. Agar e seu filho Ismael, personificam o ser inferior e Sara e seu filho Isaac, caracteriza o superior. O nome Isaac significa alegria, a alegria que vem ao mais alto Ego com a vida verdadeira.
Abraão foi inicialmente conhecido como Abrão (Abram) e sua mulher Sarah como Saray. A partir da primeira Iniciação de Abraão a letra H (Abram antes da Iniciação; após a Iniciação seu nome passou a ser escrito como Abraham) se incluiu em seu nome, a letra “H”, uma letra feminina, que quando adicionado ao nome de Abram e Saray, indica que em sua experiência iniciatória eles despertaram o princípio feminino dentro de si ou princípio intuitivo. O despertar desse princípio dá origem a Isaac que, no recente contexto significa a alegria que a alma experimenta quando se estabelece ações retas e harmoniosas com a Super-Alma.
Abraão (ou Abraham) personifica o que se poderia chamar de arquétipo da quinta Raça Raiz. Portanto, os principais eventos que ocorreram em sua vida, como é relatada na Bíblia, devem ser imitados em seu significado essencial por todo o indivíduo que pertence à está presente Raça Raiz.
Abraão alcançou tão elevada condição na realização espiritual que pôde se comunicar face a face com mesmo Senhor dos Céus. No entanto, quanto mais alta a alma ascende, mais sutis serão as tentações, e mais severos serão as provas e testes que deverão ser superadas. Isso é bem verdade, pois “muitos retrocederam e não mais caminharam com Cristo”[1]. Em seu progresso espiritual, Abraão finalmente enfrentou uma de suas maiores provas no Caminho Iniciático, a denominada Grande Renúncia. Assim como se lê em Gênesis 22:7-12:
“Isaac dirigiu-se a seu pai Abraão e disse: ‘Meu pai!’. Ele respondeu: ‘Sim, meu filho!’. — ‘Eis o fogo e a lenha,’, retomou ele, ‘mas onde está o cordeiro para o holocausto?’. Abraão respondeu: ‘É Deus quem proverá o cordeiro para o holocausto, meu filho’, e foram-se os dois juntos. Quando chegaram ao lugar que Deus lhe indicara, Abraão construiu o altar, dispôs a lenha, depois amarrou seu filho e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Abraão estendeu a mão e apanhou o cutelo para imolar seu filho. Mas o anjo de Iahweh o chamou do céu e disse: ‘Abraão! Abraão!’. Ele respondeu: ‘Eis-me aqui!’. O anjo disse: ‘Não estendas a mão contra o menino! Não lhe faças nenhum mal! Agora sei que temes a Deus: tu não me recusaste teu filho, teu único’.”
Esta passagem revela uma completa renúncia de si mesmo para Deus. Ele tinha a vontade, a coragem e a força para passar por esse teste com sucesso. Deste modo, ele abriu a porta para um eflúvio de poder e iluminação que não é nem sonhado por aqueles que ainda não foram testados e provados neste nível. Ele não questionou a fé para obedecer ao comando do Senhor (Lei), não importava o custo. Este é o caminho da pessoa qualificada para tomar parte dos grandes planos de Deus para o ser humano. A sentença de Cristo que diz “aquele que encontrou sua vida, a perderá; e aquele que perdeu sua vida por minha causa, a encontrará”, é um ensinamento do Templo que pertence às eras.
Novamente em Gênesis 22:13 lemos:
“Abraão ergueu os olhos e viu um cordeiro, preso pelos chifres num arbusto; Abraão foi pegar o cordeiro e o ofereceu em holocausto no lugar de seu filho.”.
O carneiro é o símbolo de Áries. Tal símbolo foi chamado por muitos anos de “o cordeiro da apresentação”. Em seu aspecto superior, as palavras-chave para Áries são: pureza, serviço e sacrifício. É o Signo da ressurreição. Peixes é o último Signo do Zodíaco, é um lugar de pesar, um jardim de lágrimas, o Getsemani no Caminho. Suas portas se fecham e apenas abrem no primeiro Signo zodiacal, Áries, anunciando a chegada do recém-nascido. Abraão agora chegou até este ponto em seu desenvolvimento Iniciático.
Uma das supremas experiências espirituais da vida de Abraão foi seu encontro com Melquisedeque, que foi um dos maiores mestres iniciadores. Ele foi um dos principais Altos Sacerdotes da Atlântida e Mestre daqueles indivíduos remanescentes que sobreviveram da destruição pelo Dilúvio. Noé e sua família são os nomes genéricos daqueles sobreviventes.
Melquisedeque deu a Abraão os profundos ensinamentos espirituais que mais tarde se tornaram conhecidos no mundo Cristão como a Missa Cristã, e que o Cristianismo Ortodoxo o denomina como a Sagrada Comunhão. Uma versão superior desse mesmo mistério espiritual foi o último e mais sublime ensinamento que o Senhor Cristo deu aos mais avançados Discípulos durante seus três anos de ministério na Terra. Uma revelação ainda maior desse sagrado mistério tornar-se-á o centro dos ensinamentos e do ritualismo da Religião da Nova Era Aquariana.
Depois que tudo isso aconteceu, a palavra do SENHOR veio a Abrão em visão, dizendo: “Não temas, Abrão! Eu sou o teu escudo, tua recompensa será muito grande.”[2]. Então disse Abrão: “Meu Senhor Iahweh, que me darás? Continuo sem filho… e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliezer?”[3]. Essa questão guarda a chave do entendimento de um dos mais ocultos capítulos da Bíblia. Uma interpretação bem resumida: o nome Eliezer significa “ajuda de Deus”. Tal nome simboliza o despertar dos poderes do Ser Divino interno. Eliezer é um mordomo e um fiel devoto da família de Abraão, que aqui representa o corpo. Ele é da cidade de Damasco, cidade que na simbologia bíblica significa um centro de iluminação e um lugar onde as flores são vigorosas e perpétuas. Privado da descendência, aquilo que Abraão pergunta ao Senhor é, em efeito, o que ele deveria fazer, pois verificou que seu Deus interno está agora funcionando como um espírito de luz que agora está no comando de seus atributos e faculdades.
Tal experiência nos mundos internos confirma a mensagem da escritura que mostra que seu encontro com o Senhor foi uma VISÃO. Além disso, a promessa feita a Abraão pelo Senhor de que o herdeiro que ele buscava nasceria de suas próprias entranhas, ou de seu ser interior, denota o aspecto espiritual dessa experiência. Sua descendência espiritual seria impossível de contar, assim como as estrelas do céu. Abraão acreditou sem embargo que a “mente mortal”, que são os sentidos físicos, a parte incrédula do ser humano, cederia espaço para a percepção clara de sua alma de verdade nos planos da consciência ao qual ele tinha agora ascendido.
O Senhor também prometeu que daria a sua descendência a Terra que se estende “Desde o deserto e o Líbano até o grande rio, o Eufrates <toda a terra dos heteus>, e até o Grande Mar, no poente do sol.”[4]. Abraão, então, perguntou como ele saberia que esta seria a sua herança. O Senhor respondeu enigmaticamente: “Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.” (Gn 15:9).
Assim ele fez. Mas este não foi um sacrifício sanguinário pelo qual se viu chamado a realizar. Toda experiência relatada neste capítulo ocorreu nos planos internos ou no nível suprafísico. Para se aprender o significado interno em seus mínimos detalhes, deve-se considerar que as palavras que descrevem tais experiências trazem termos simbólicos. Lembre-se sempre que as maiores verdades espirituais nunca são passadas de maneira escrita, mas transmitidas oralmente de Mestre para Discípulo de acordo com o entendimento e méritos deste último. Na medida em que são ou podem ser transmitidas de modo escrito, símbolos e cifras de vários tipos são também utilizados, pois eles traduzem da melhor maneira aquilo que as palavras sozinhas não podem fazer.
Assim sendo, como referências escritas são feitas para as mais exaltadas experiências da alma, e como a natureza das palavras é obscura e enigmática, exceto para aqueles que já conseguiram um estado de consciência que penetra a alma das coisas e possibilita observações e corroborações inteiramente novas. Quando se lê a Bíblia a luz do conhecimento esotérico, as cerimônias das Religiões exotéricas são apenas frações mutiladas dos verdadeiros rituais que se encontram nela.
Regressando ao tema do sacrifício animal, não foi exatamente essa oferenda de Abraão. As “asas que a alma forja para uma ascensão elevada” não se constroem da agonia e morte de qualquer coisa vivente, mas mediante simpatia, compaixão e por um amor unificante e que abraça a todos. Isso inclui todas as criaturas de Deus, do mais alto ao mais baixo. Essa é a única maneira de construir as qualidades internas da alma necessárias para que um Iniciado, como Abraão, alcançasse uma realização superior.
Apliquemos a chave astrológica aos sacrifícios que foi ordenado a Abraão. Um bezerro é um símbolo do Signo de Touro e seu sacrifício significa a renúncia de todos os desejos primários e do amor egoísta. A cabra é o símbolo de Capricórnio. Isso significa o sacrifício do poder mundano e da ambição. O carneiro é o símbolo de Áries e representa a ressurreição dos poderes vitais, por meio da castidade e pela transmutação. A rolinha e o pombo são os símbolos de Libra, a Balança, e se refere às experiências sutis que testam a sensatez do estado de realização.
Deve-se também notar que o sacrifício de Abraão ocorreu em Mambré que quer dizer fortaleza, e na cerca de Hebrón que significa unidade.
Pondo-se o Sol, um profundo sono caiu sobre Abraão; e eis que grande espanto e grande escuridão caíram sobre ele. Então disse a Abraão: “e eis que foi tomado de grande pavor. Iahweh disse a Abrão: ‘Sabe, com certeza, que teus descendentes serão estrangeiros numa terra que não será a deles. Lá eles serão escravos, serão oprimidos durante quatrocentos anos.’” (Gn 15:12-13).
Este é um resumo de tudo o que pode ser dado publicamente a respeito do processo de certa Iniciação. Isso relata o êxtase do espírito que acompanha “a grande escuridão”. Quando Abraão perde a consciência no plano físico, está acordado nos planos etéricos internos. Então no Livro de Recordação de Deus se lê que os quadros cósmicos de eventos futuros conectados as pessoas de Áries, aqueles que serão liderados por ele. A semente de Abraão, os frutos do espírito, não está em sua morada durante sua estadia na Terra. Eles são desconhecidos, são passageiros estão ao serviço da matéria e sujeitos a suas limitações até que o quaternário inferior da forma (400 anos) tenha sido transcendido por um poder trino do espírito.
E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades (Gn 15:17).
O calor, a fumaça e o fogo são inseparáveis dos processos de depuração que levam a iluminação. Está muito claro que Abraão passou com muito sucesso através do “crisol” e se qualificou para um serviço mais alto, e “no mesmo dia” celebrou a aliança com o Senhor que lhe disse que a sua descendência a Terra que se estende: “Desde o deserto e o Líbano até o grande rio, o Eufrates <toda a terra dos heteus>, e até o Grande Mar, no poente do sol.”[5].
O poder escondido do fruto da videira era reconhecido pelos primeiros Padres, como se pode concluir a partir do estudo das seguintes passagens dos escritos de Justino Mártir: “A palavra sangue da uva foi usada com o propósito de expressar que Cristo possui sangue não proveniente da semente humana, mas do poder de Deus. Desta maneira, o homem não produz o sangue da videira, mas Deus o produz. Assim, esta passagem anuncia que o sangue de Cristo não era de origem humana, mas do poder de Deus, e tal profecia revela que Cristo não é um homem, engendrado do homem, segundo as leis comuns dos homens”.
Um historiador eclesiástico do século quarto, fez um comentário desta passagem: “… Os homens são redimidos pelo sangue da uva que é espiritual e em que Deus mora”.
Conclui-se, a partir dessas declarações, que aquilo que é referido como “o sangue da uva” possui um grande significado. Esse sangue se refere à purificação e à transmutação do sangue comum. Cristo disse a seus Discípulos: “Eu sou a videira, vocês são os ramos”[6]. Por meio do pão e do vinho, um verdadeiro Aspirante se coloca em sintonia mais perfeita e mais próxima de Cristo e pode tanto desenvolver como manifestar poderes Crísticos dentro de si mesmo.
Tanto Justino Mártir como Clemente de Alexandria afirma que foi Cristo que apareceu a Jacó em um sonho. Neste sonho, ele viu uma escada que se estendia da Terra até o Céu, com Anjos do Senhor, subindo e descendo por ela. Acima dela estava o Senhor, que disse: “Eu sou o Senhor Deus de Abraão, teu pai e Deus de Isaac.” (Gn 28:13). Cipriano, citando Gênesis 35:1 escreve: “… Acreditando, como todos os Padres acreditaram que foi Cristo, o Deus, que falou e apareceu a Jacó quando este fugia de Essau – ou Esaú”.
Conforme mencionado no terceiro volume de nosso livro A Interpretação da Bíblia para a Nova Era, os Mestres iluminados ao longo das eras têm ensinado seus Discípulos sobre o trabalho das Escolas de Mistérios, sendo que suas várias formas de Iniciações não eram senão passos preparatórios para a vinda de um Mestre Supremo do Mundo, o Senhor Cristo. Esta afirmação se mantém verdadeira em relação aos mestres profetas da Dispensação do Antigo Testamento. Eles e seus seguidores estavam se preparando para que mais tarde, pudessem servir a Cristo. Em seus Sonhos, era ensinado a Jacó ler na Memória da Natureza. Ali, ele viu a escada de involução e evolução que se estendia desde o Céu até a Terra, com multidões de espíritos que descendiam para reencarnarem e ascendiam para Céu depois que as lições da Terra tinham sido aprendidas.
O Caminho do Discipulado tem sido similar de tempos em tempos. Os Aspirantes devem enfrentar e superar provas similares e percorrerem o mesmo caminho. Há apenas mudanças particulares no curso de épocas sucessivas. O caminho Iniciático é descrito com excepcional precisão e fidelidade na vida de Jacó. Em Gênesis 32:25-26 registra que quando Jacó foi deixado sozinho “lutou com ele um homem, até que a aurora surgiu”. Ao final deste incidente, ficou claro que foi Aquele que prevaleceu sobre Jacó, o novo nome de Israel, que significa aquele que preserva. “Porque”, disse Ele, “como um príncipe tem lutado com Deus e com os homens” (Gn 32:29). A experiência aqui relatada é de profundo significado: que o Senhor Cristo foi o Mestre e Guardião de Jacó, conforme relatado por Justino Mártir, Clemente de Alexandria e Ireneo.
A experiência de Jacó de lutar a noite toda com o Anjo e não permissão de que ele fosse embora, até que recebesse uma benção, é bem conhecida na Senda do Discipulado. Os Poderes Espirituais latentes em cada Aspirante tornam-se suficientemente vibrantes que logo se tornam evidentes em sua vida. “Deixe que Cristo seja formado em você” foi a séria exortação de S. Paulo aos seus Discípulos. Isto é um requisito necessário antes que alguém possa se tornar um pioneiro da Dispensação de Cristo.
Isto se levou a cabo na vida de Jacó. Ele abandonou para sempre Essau – ou Esaú (a natureza inferior) – Gn 33:12. Em concordância com a mudança interna que, então ocorreu, ele não mais foi mais chamado de Jacó, mas sim de Israel, um nome que também significa “aquele vê a Deus”. Jacó agora era um herói conquistador e um dedicado servo. Ele estava qualificado para se tornar um trabalhador no vinhedo do Senhor Cristo, que declarou: “Aquele que quiser ser o maior entre vós seja o servo de todos”[7].
Novamente ao verso do Gênesis que diz: “Jacó foi deixado sozinho e lutou com ele um homem”, Orígenes escreve: “Quem mais pode ser do que Aquele que é chamado de homem e Deus, que lutou e argumentou com Jacó, aquele que falava em diferentes ocasiões e de diversas maneiras com o Pai” (Hb 1:1). A Palavra sagrada que é chamada Senhor e Deus, que também abençoou Jacó e chamou a ele de Israel, dizendo: “Tu tens prevalecido com Deus”. “Foi assim que os homens daqueles dias mantiveram a Palavra de Deus, como nossos apóstolos disseram: “O que era desde o princípio, o que ouvimos o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram a Palavra da vida” (1Joa 1:1) cuja Palavra da Vida, Jacó, também viu e acrescentou: “Eu vi Deus face a face”[8].
Passada tal experiência fragorosa, que terminou com a vitória de Jacó, este ascendeu para Betel, onde construiu um altar e dedicou sua vida a Deus. Muitos que passaram por esta experiência exaltadora possuem a consciência da presença de Cristo e do derramamento de Sua terna benção sobre seus Discípulos valentes. Betel significa “a casa de Deus” e é como um candidato vitorioso que realiza completa dedicação.
Hipólito, um escritor eclesiástico do terceiro século e pupilo de Ireneo, pronunciou a seguinte declaração com referência a Cristo, em relação à profecia de Jacó (Gn 49:9) e, também, do Livro do Apocalipse (5:5): “Agora, uma vez que o Senhor Jesus Cristo, que é Deus, por causa da realeza e glória, foi descrito, antes, como um leão”.
Quatro dos mais distintos Padres da Igreja (Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Ireneo e Tertuliano), afirmaram que não foi outro, senão o Cristo que apareceu a Moisés no episódio da sarça ardente. Tal fenômeno foi reflexo do Cristo Cósmico, conforme Ele se aproximou mais da Terra, antes de Sua encarnação humana. Cristo é o Senhor do Sol e Chefe dos espíritos de Fogo, os Arcanjos. A Dispensação Cristã está intimamente guiada pela Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama. Assim, a Iniciação de Fogo é diretamente ligada aos Mistérios de Cristo. Este fogo não é uma chama que queima, mas uma luz que purifica e transmuta. A sarça que “queimava” tornou-se chama com a luz, por isso não foi consumida. Esta experiência de Moisés é uma forma velada de exaltação que acompanha a Iniciação do Fogo.
A Iniciação de Fogo está muito relacionada aos processos de Purificação e Transmutação. Todos os altos processos preparatórios Iniciáticos são acompanhados por música celestial. Richard Wagner, um real iniciado musical, trouxe a Terra, pela sua música, algo da magnificência e esplendor que acompanha a Iniciação pelo Fogo. Por meio de seus dramas musicais, como A Valquíria e Siegfried, deu ao mundo a glória da Música de Fogo. A sublimidade destas ressonâncias celestiais e, também, dos acordes finais de O Crepúsculo dos Deuses, soa como ecos e ressonâncias das tonalidades dos reinos mais altos do céu.
Justino Mártir, em concordância com muitos Padres da Igreja, acreditou que Cristo falou com Moisés desde a sarça, e isto estava em desacordo com aqueles que confundiram Deus-Pai com seu Filho. “Aqueles que pensam que sempre foi Deus-Pai que falava com Moisés, considerando que Aquele que falou com ele foi o Filho de Deus, a quem também é chamado um Anjo (e um Apóstolo), estão convencidos tanto pelo espírito profético e pelo próprio Cristo, de que não conhecem nem o Pai nem o Filho. Aqueles que dizem que o Filho é o Pai, não possuem nenhuma certeza de conhecer o Pai nem de entender que o Deus do Universo tem um Filho, ao qual, sendo a Palavra unigênita de Deus, é também Deus. E formalmente Ele apareceu a Moisés e aos profetas em forma de fogo como uma imagem incorpórea”.
Clemente de Alexandria é outra autoridade que relata que foi o próprio Cristo que disse a Moisés: “Eu sou o Senhor Deus que os trouxe da terra do Egito.”[9]. É o poder de Cristo que sempre move o Aspirante para fora do Egito, a simbólica terra de escravidão dos sentidos e da obscuridade da Mente mortal.
A Moisés se permitiu ver a Terra Prometida, a terra que fluía leite e mel (a Dispensação de Cristo do ciclo Aquário-Leão). Santo Orígenes nos diz que foi Cristo que deu a Moisés, na Montanha Sagrada, as Tábuas da Lei, quando ele aprendeu a ler os Arquivos da Memória da Natureza. Ele viu que a civilização da Quinta Raça Raiz teria seus fundamentos baseados nas leis conhecidas como os Dez Mandamentos. Mais adiante, ele viu que o mesmo Cristo traria a extensão destas leis, a qual pronunciou mediante os preceitos enunciados no Sermão da Montanha. A Humanidade da Quinta Raça Raiz ainda está longe dos preceitos de desenvolvimento programados pelo divino plano. Poucos membros alcançaram o status de evolução que está em acordo com os Dez Mandamentos. Menor número de membros aprendeu algum conceito da importância espiritual do Sermão da Montanha.
Conforme enunciado na série A INTERPRETAÇÃO DA NOVA ERA, polaridade é a palavra-chave do Cristianismo Místico. As duas colunas da polaridade são formadas pelos Dez Mandamentos (a coluna masculina) e o Sermão da Montanha (a coluna feminina). Para o homem Crístico que virá da Raça Léo-Aquariana, conforme ele se eleva a dimensões superiores de desenvolvimento, os Dez Mandamentos serão a base sobre a qual se constituirá a vida cotidiana, enquanto o Sermão da Montanha será sua superestrutura.
A elevação de Elias aos céus em um carro de fogo é a descrição de outro espírito iluminado, que estava sendo preparado, por meio da Iniciação de Fogo, para trabalhar, tanto nos planos internos, como nos externos, se antecipando à vinda do Cristo. Essa foi, igualmente, a Iniciação dos Três Homens Santos que foram introduzidos em um forno ardente e saíram incólumes, como lemos no Livro de Daniel[10]. Esse Livro contém, em sua totalidade, muita informação sobre a Iniciação de Fogo
O Livro de Daniel está estreitamente relacionado com o trabalho da Hierarquia do Signo de Fogo, Leão. É a Iniciação de Fogo que conserva o umbral dos Mistérios Cristãos, que o Supremo Mestre se referiu quando disse a Nicodemos: “Quem não nascer da água e do espírito (Fogo), não poderá entrar no Reino de Deus.”, a nova ordem de Cristo.
Frequentemente nos referimos à Bíblia como “O maravilhoso Livro das Épocas”. Isto é evidenciado pelo fato de que quanto mais se avança no caminho espiritual, mais se revelam os maravilhosos segredos escondidos nas Escrituras. Como indicado previamente, conforme o ser humano ingressa na iluminação da Era de Aquário, compreende que a Bíblia não é apenas um Livro Supremo da Luz, mas um Livro que desperta na sua consciência os profundos mistérios e verdades inimagináveis.
Muitas verdades eternas sobre Davi e Salomão estão encobertas no registro bíblico. Ambos possuíam poderes Iniciáticos de alto grau. Para evitar que verdades espirituais pudessem ser profanadas ou abusadas por pessoas incapazes de captar e aplicar adequadamente tais verdades que foram entregues ao mundo, elas foram encobertas por símbolos pouco atrativos ou por histórias que estavam em consonância com o desenvolvimento primitivo e sensual então prevalecente.
Um antigo ensinamento expressa que: “Se você conhece a doutrina, você deve viver a vida”. Sendo tal declaração verdadeira, alguém deve concluir que Davi e Salomão – duas almas qualificadas para assumirem um papel de liderança espiritual de seu povo – não foram culpados pela conduta repressora da interpretação literal de alguns relatos bíblicos atribuídos a eles. Por exemplo, mulher na vida de Davi indica estágios definitivos de seu desenvolvimento espiritual, ao invés de uniões poligâmicas como parece indicar uma leitura literal. Foi dito que Salomão teve setecentas mulheres e trezentas concubinas. Numericamente, a soma de sete e três resulta em dez, o número da realização espiritual. Tal é o significado do número que é empregado por todo o Antigo Testamento.
Salomão é referido como o mais alto iniciado da Dispensação do Antigo Testamento. O grande amor que ele professava pelas mulheres não deve ser considerado como uma cega paixão pessoal, mas como um meio de transmitir o fato de ter experimentado o êxtase, pelo fato de ter alcançado a união com o exaltado Princípio Feminino, estado este que é um requisito para o alto grau iniciatório que ele alcançou. Por outro lado, as várias mulheres na vida de Salomão, esotericamente, representam os diversos passos no progresso de um Aspirante, assim como Miguel simboliza os poderes marciais de Marte que foram dados como uma armadilha para Davi: Eglah[11], o pessoal e amor íntimo de Vênus; Camaam[12], a expansividade da consciência Jupteriana; Hagith[13], a Lei e a ordem da natureza bem desenvolvida de Saturno; Abital os atributos incrementados da fé e a sabedoria, geralmente associadas a Mercúrio. O matrimônio de Davi com Abigail simboliza um elevado estado de consciência espiritual (1Sm 25:2-42).
Abigail implora por Nabal, o tolo, que representa a natureza inferior do ser humano. Nabal refuta compartilhar com Davi certas qualidades espirituais, as quais um tolo mortal não possui compreensão. Após ter enviado Homens de Davi e participar de uma orgia alcoólica, Nabal viveu apenas dez anos. A morte de Nabal (a natureza baixa) foi seguida da união com Abigail (a graça de Deus) e Davi (o bem-amado). Isto significa a união com o “eterno feminino, que nos incita sempre para cima e para frente” – por esta exemplificação da coroação de Davi em Hebraico (a unidade) como Rei de Judá (amor e aclamação). Davi começou o verdadeiro trabalho vocacional somente após esse CASAMENTO MÍSTICO.
Davi, agora como Rei de Judá, se preparou durante sete anos para uma posição mais elevada: Rei de Jerusalém, a Cidade da Paz. Foi-lhe ensinado a ler nas gravações da Memória da Natureza e a estudar os arquétipos do mais altíssimo Templo de Mistérios, externalizado, mais tarde, por seu filho Salomão.
Assim como existe certos centros espirituais no corpo do ser humano, há também centros correspondentes de energia espiritual que vem do Planeta Terra. Por incontáveis milhares de anos, os locais onde os Templos de Mistérios foram constituídos eram exatamente nas localizações de tais centros terrestres. Cada um destes Templos emana verdades espirituais avançadas para as pessoas que permanecem dentro de sua área de radiação. Jerusalém, a Cidade da Paz, foi um destes locais de emanação de poder.
Esotericamente, Jerusalém está bem no coração da Terra. De acordo com o testemunho da Clarividência, ela foi escolhida e consagrada pelos mais Sábios que estavam sob a liderança dos líderes angélicos, desde o início da civilização humana. Foi nesta Cidade que Melquisedeque, o Sacerdote Misterioso e um dos mais exaltados membros da Grande Fraternidade Branca, trabalhou e ensinou. Ele trouxe para a Raça Ariana a sabedoria sagrada dos Atlantes antes de sua inundação final (registrada biblicamente como Dilúvio). Neste lugar sagrado, chamado por ele de Salém, Cidade da Paz, Melquisedeque iniciou Abraão, o primeiro mistério que culminou na Santa Ceia do Senhor, o Banquete de Pão e Vinho. Mais tarde, esta mesma eminência se tornou o local para o Templo de Salomão e, também, onde Abraão passou pelo supremo teste no Rito da Renúncia, quando lhe foi ordenado para sacrificar seu próprio filho Isaac.
Quando esta cidade sagrada passou pelas mãos dos Jesuítas, eles a renomearam JEBU e estabeleceram sobre essa cidade um Templo dedicado ao culto de Astarte[14]. Aproximadamente no ano de 1.000 A.C., depois de se tornar rei, tanto de Judá como de Israel, Davi foi inspirado a fazer da cidade sua capital, e a renomeou como Cidade de Davi. De Jerusalém, localizada em uma colina que permite observar o amplo território circundante, sempre houve um poderoso eflúvio de energia espiritual. E apesar de ser o coração central de toda a Terra e a casa de Judá, do Signo real de Leão, apropriadamente, se tornou a cidade do Rei.
Além disso, Jerusalém foi o centro de foco dos primeiros Mistérios Cristãos – pelo qual o trabalho de Davi e seus serviços celebrados no Templo de Salomão constituíram sua preparação. E foi destinado a se tornar o centro dos Mistérios Cristãos na preparação para a segunda vinda de Cristo. De fato, este local sagrado foi uma MECA de Iniciados de ambas as Dispensações: do Velho e do Novo Testamento. Foi o palco de atividade de todos os profetas do Antigo Testamento, com exceção de Amós e Oséias. Dentro deste contexto, os Livros do Antigo Testamento foram concebidos e não escritos. Ambos, José e a Mãe Sagrada foram acolhidos no tempo de Jerusalém.
Jerusalém foi também o cenário da maior parte do trabalho do Mestre, de seus Discípulos e de seus seguidores diretos. Muitos destes receberam sua preparação nas comunidades localizadas próximas de sua elevada irradiação espiritual, como por exemplo, o Monte das Oliveiras onde Davi passou por um de seus testes de regeneração e onde Cristo Jesus fez sua última e completa renúncia – de acordo com a vontade do Pai. E foi no ponto de maior carga espiritual da cidade que a crucificação e a ressurreição de Cristo Jesus ocorreram.
De acordo com a lenda, o nascimento de Salomão foi presenciado por uma Hoste de Anjos cantando corais triunfantes, assim como ocorreu no nascimento de Jesus. Também se diz que o Arcanjo Gabriel, guardião das mães e das crianças estava presente para derramar sua benção sobre o infante.
Natan, um profeta de Deus que guiou Davi nos caminhos da Verdade, foi um mestre guia e guardião do jovem Salomão. Assim, a criança cresceu e se desenvolveu em um ambiente de sabedoria e retidão, qualificando-se, desta maneira, para desempenhar seu grande trabalho de elevação da Humanidade.
Um dia, quando Salomão tinha aproximadamente treze anos de idade, a Corte se reuniu no majestoso Salão dos Cedros, quando um Anjo apareceu e colocou uma folha de ouro nas mãos do Rei Davi. Sobre esta folha estava escrito perguntas de caráter místico. Davi anunciou: “Aquele que responder essas perguntas se tornará Rei de Israel depois de mim”. Davi anunciou: “O que é tudo e o que é nada?”. Quebrando o silêncio que procedeu a questão, Salomão respondeu: “Deus é tudo e o mundo é nada”. Davi continuou: “O que é que mais importa e o que menos importa?”. Mais uma vez Salomão respondeu: “Paz é o que mais importa e medo é o que menos importa”.
O trabalho mais notável de Salomão foi à construção do Grande Templo dos Mistérios. Ensinamentos emanados serviram para toda a atual Quinta Raça Raiz durante sua duração evolutiva. O Monte Moriah, assim como o Monte das Oliveiras previamente descrito, foi uma área de grande poder espiritual. Sobre este lugar, Salomão foi instruído a construir o Templo e dedicá-lo ao serviço do divino propósito de trazer redenção à Humanidade. Foi-lhe ordenado que o Senhor Cristo deveria ser recebido dentro deste Templo e que o maravilhoso significado de missão deveria ser comunicado para o mundo daquele lugar. A Humanidade, no entanto, não viveu de acordo com os divinos princípios de Salomão e, mais tarde, os servidores do Templo não reconheceram o esperado Messias quando Ele veio. Assim, o dia da Crucificação iniciou a ruína do Templo. Foi apenas uma questão de tempo até a sua completa destruição.
Jesus, prevendo o destino de Jerusalém e do Templo, clamou a tragédia que sucedeu a ambos. Ele sabia que os habitantes da cidade tinham falhado em alcançar o alto destino que tinha sido preparado para eles. Assim, quando Ele viu os longos séculos pela frente, também viu um futuro cheio de conflitos e guerras devastadoras antes do dia da redenção. Davi e Salomão, ambos iniciados, viveram na Terra com o propósito de trabalhar para regeneração da raça humana na antecipação da gloriosa vinda do Senhor Abençoado. Não foram eles que falharam. Ao invés disso, foi toda a Quinta Raça Raiz.
Graças aos seus poderes Iniciáticos, Salomão era capaz de controlar os habitantes dos reinos superiores e inferiores. Foram-lhe abertos os quarenta e nove caminhos da sabedoria, segundo a lenda mística descreve (4 mais 9 resultam em 13, o número iniciatório que pertence a então Dispensação Cristã que se aproximava). Ele, até mesmo, transmutou os brutais poderes dos demônios em poderes que serviam para o bem da Humanidade. Ele controlava Espíritos da Natureza e por sua vontade, podia mandá-los para os mais remotos confins do mundo. Salvou muitas pessoas que estavam escravizadas pela Lei e obsessão.
O macrocosmo é um reflexo do microcosmo. O Corpo Denso do ser humano, seu templo, é um reflexo do Templo solar do Universo. O Mestre ensinou que era este templo humano que deveria ser destruído e então, por meio da Iniciação, ser reconstruído em três dias. Na maçonaria Mística, este é o Templo erigido por dois reis e pelo filho da viúva. Este último, de nome Hiram de Khurum, se tornou o Mestre construtor – seu nome significa ELEVADO, BRANCO, ASCENDIDO. O Rei Salomão representa o coração. O Rei Hiram de Tiro, a cabeça. Hiram, o mestre construtor é um filho da viúva, simboliza o Aspirante que trabalha para unir o poder amoroso do coração com o intelecto da cabeça.
Cada candidato maçônico é instruído a manter suas ferramentas de trabalho na coluna de Joaquim, a cabeça. Boaz, a coluna feminina do coração, é um pilar caído que não pode ser levantado até que o poder do amor se equilibre com a razão. Somente quando o amor for verdadeiro, “o cumprimento da lei” fará com que a coluna de Boaz seja reerguida e retome sua posição. Estas são as duas colunas que guardam a entrada de todos os Templos Iniciáticos, e todo neófito deve passar por entre ambas em sua busca pela verdade.
Muitas das lendas são relacionadas ao Mar Fundido. Este mar, em forma de flor, era (e é) sustentado por doze bois. Como um filho da viúva (o neófito), se converte em um mestre construtor mediante a alquimia da transmutação dentro de si mesmo e seu “mar fundido” se converte em um Cristal onde os esboços do passado, do presente e do futuro estão indubitavelmente impressos. Esta habilidade lhe capacita transformar seu veículo físico em um “veículo florescido” de um Iniciado – um labor realizado sob a liderança de um instrutor das doze Hierarquias Zodiacais. Foi essa a realização que colocou Salomão entre os Seres mais Sábios de todas as eras. E o “mar” sobre o qual ele parou para saudar a Rainha de Sabá, simboliza seu “mar fundido” pessoal.
O trono de Salomão foi confeccionado com fino ouro de Ophir, incrustado com mármore e com joias raras. Em cada um dos seis degraus que conduziam ao trono, havia dois leões de ouro e duas águias de ouro colocados cara a cara, indicativo da Era Leão-Aquário e que seus pioneiros haviam aprendido a construir a gloriosa luz do corpo tipificado pelo Templo de Salomão. Nenhum trabalhador ficou doente, durante os sete anos que o Tempo estava sendo construído, nem se deterioraram as condições perfeitas de suas ferramentas. “Quando completado, o Templo brilhava como uma colina de ouro assentada sobre uma montanha de prata. O Altar de Bronze se ampliou tanto que podia abarcar a TERRA. O Mar Fundido envolvia o espírito de todas as ÁGUAS. As cortinas agarravam e sustentavam a tremula sombras dos ARES azuis; e os candelabros, a glória do FOGO celestial”. Aos arredores do Templo estava um bosque com árvores de ouro que sustentavam frutos perpétuos que caíam apenas quando um inimigo se aproximava. Dentro do santuário uma vara de marfim, que a seu toque gerava injúrias e doenças aos impuros, mas era, provadamente, inofensiva aos puros. O muro transparente dentro do interior do santuário permanecia claro como um Cristal pela aproximação dos retos, mas se escurecia quando os indignos se aproximavam dele.
Na dedicação do Templo, essas palavras eram faladas pelo Senhor, a manifestação espiritual da lei: “Ouvi a oração e a súplica que me dirigiste. Consagrei esta casa que construíste, nela colocando meu Nome para sempre; meus olhos e meu coração aí estarão para sempre.” (1Rs 9:3). A lenda diz que Salomão colocou uma chave de ouro na porta da Sala Santo dos Santos no ritmo da música dos cantos celestiais: “Abra bem a porta de entrada do Santo dos Santos, que o Rei da Glória pode ir a seu descanso”.
“A rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão e veio pô-lo à prova por meio de enigmas. Chegou a Jerusalém com numerosa comitiva, com camelos carregados de aromas, grande quantidade de ouro e de pedras preciosas. Apresentou-se diante de Salomão e lhe expôs tudo o que tinha no coração, mas Salomão a esclareceu sobre todas as suas perguntas e nada houve por demais obscuro para ele, que não pudesse solucionar.” (1Rs 10:1-3).
A vinda dessa bela rainha da sabedoria foi uma coroação triunfal para a vida de Salomão. A sabedoria, pela qual ele canta como sendo mais valiosa que os rubis, foi, finalmente, sua posse pessoal. Antes dessa conquista, ele jamais poderia escrever o CÂNTICO DOS CÂNTICOS, a Música do casamento Místico, descrita como “uma canção de amor purificada por Lírios”. Essa canção proclama a mescla final da natureza inferior com a superior, à sublimação do material para o espiritual. Este é o mais alto ponto de alcance da divina alquimia. Esta realização ocorre dentro da consciência e da vida do Discípulo, pois, lhe põe em comunhão com os planos celestiais onde a perfeição de cantar se converte em suas experiências pessoais.
O nome Sabá significa SETE e tem interpretações sétuplas: “o Belo, o Velho, o Um, o Dador, o Perigoso, o Primeiro e o Último”. Ela era a Rainha de todas as flores Árabes; Balkirs, seu nome significa BENÇÃO. Salomão se preparou durante três anos para sua chegada. Ele construiu dois muros poderosos que iniciava na fronteira de Israel e terminava nos muros de Jerusalém. Um muro era de prata e outro de ouro, e entre eles estava o lago de Cristal pelo qual todo o mundo refletia. Foi desta a maneira que ele aguardou sua chegada. Sabá veio vestida com sete véus sutis como se fossem tecidos de ar, e se aproximou de Salomão, que permanecia parado sobre este lago de Cristal como se ele estivesse sobre a água. Seus presentes ao rei foram pérolas sem preço, enquanto os presentes de Salomão para a rainha foram oito rosas verdes da Mística árvore de Damasco, todas germinadas em flores e jarras contendo águas de vida eterna do poço de Siloé – sendo esta última, uma frase pertencente de um antigo Templo de Mistérios Egípcios.
“Quando a rainha de Sabá viu toda a sabedoria de Salomão, o palácio que fizera para si, as iguarias de sua mesa, os aposentos de seus oficiais, as funções e vestes de seus domésticos; seus copeiros, os holocaustos que ele oferecia ao templo de Iahweh, ficou fora de si e disse ao rei: ‘Realmente era verdade o quanto ouvi na minha terra a respeito de ti e da tua sabedoria! Eu não queria acreditar no que diziam antes de vir e ver com meus próprios olhos, mas de fato não me haviam contado nem a metade: tua sabedoria e tua riqueza excedem tudo quanto ouvi. Felizes das tuas mulheres, felizes destes teus servos, que estão continuamente na tua presença e ouvem a tua sabedoria!’” (1Rs 10:4-8).
Na grande tenda do rei, os convidados que se reunira, para a recepção dos presentes, foram encobertos por invisíveis hostes de coros angélicos. Salomão saudou a justa rainha com as palavras: “Você é santa como a Arca de Deus; seu corpo é Sua casa”. Por estas palavras de saudação do rei, muitos dos convidados titubearam e partiram, mas Balkris, Rainha de Sabá, se inclinou, se manteve firme e sozinha no meio da tenda real.
“Muitos são os chamados e poucos são os escolhidos”.[15]
Muitos outros também vacilaram e partiram incapazes de percorrer o caminho do Mestre – o caminho estreito e reto da Iniciação que leva aos portais do Templo Místico, onde dádivas são concedidas ao Aspirante triunfante que está dedicado a sabedoria e aprendeu a glória da casa não feita pelas mãos, mas sim por eternidades do céu. Ao terminar de construir essa “casa” que ganha os tributos do Mestre e adquire a habilidade de viajar a terras estrangeiras – a suprema realização para os pioneiros da raça humana.
Salomão reinou desde Jerusalém em toda Israel, durante o período cabalístico de quarenta anos. No momento de sua transição, seus olhos contemplaram uma visão do futuro: a destruição do tabernáculo terreno porque este era transitório e não permanente. Outro grande Iniciado Cristão disse: “Coisas visíveis são temporais; coisas não visíveis são eternas”[16]. Salomão, Rei da paz, levantando ao alto o sagrado anel que tinha um nome indizível, advertiu: “Edificai um Templo invisível e eterno”.
Tanto os Salmos como o Livro dos Provérbios do Antigo Testamento foram usados de diferentes maneiras nos magníficos Templos cerimoniais. Eles, no entanto, não eram apenas lidos ou falados, mas sempre cantados e oficiados, normalmente acompanhados por ritmos graciosos da dança sagrada. Era ensinado aos Aspirantes que tal som, ou entonação, era a emanação ou benção de Deus, o Pai; a harmonia era a emanação ou benção do Cristo Cósmico; e o movimento rítmico era a emanação ou benção do Espírito Santo. Era assim que em todos os Templos cerimoniais se expressava o poder da Santíssima Trindade.
Os Salmos expressam vários níveis de realização espiritual.
O Salmo nonagésimo primeiro é um canto de proteção. Pelo seu uso, o Discípulo aprende como inundar seu corpo com uma luz pura e branca de poder que nenhum mal pode tocá-lo, pela repetição continuada da afirmação de proteção segura e poderosa: “Mil cairão ao teu lado, dez mil a tua direita, mas nenhum chegará a ti”.
O Salmo vigésimo terceiro é um de promessa. “Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos.”. Estes inimigos não são meros inimigos pessoais que nos desejam mal; são, também, os inimigos mais perigosos que existem dentro de nós mesmos: pensamentos errados, falsos apetites e emoções descontroladas, especialmente as emoções destrutivas de medo, ódio, malícia e os desejos mais ásperos da personalidade não regenerada. “Unges a minha cabeça com óleo” (o despertar dos órgãos espirituais da cabeça). “O meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor (a Lei espiritual) por longos dias.” (Sl 23:5-6).
O Salmo 24 é um canto de Regozijo: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória?”. A resposta a essa questão é que o Senhor é o Rei da Glória; mas o Aspirante entende que esse canto também se refere ao “Cristo Interno”, pois cada ser humano é espírito, é um feito à imagem e semelhança de Deus.
Muitas vezes, em nossos escritos, temos nos referido as gloriosas procissões que ocorriam nos mundos internos e que eram liderados pelo próprio Cristo. Aqueles que são merecedores ganham permissão para testificar essas procissões e tomar parte delas. Isto, no entanto, não pode ocorrer antes do despertar do Cristo dentro da própria natureza do Aspirante. É por isso que este Salmo possui dois significados: o gozo que se conhece quando o Espírito de Cristo entrou no coração do Discípulo e o reconhecimento que, por este evento, ele se tornou merecedor de permanecer na presença de nosso supremo Senhor Cristo, enquanto ele ouve o coro jubilante dos Anjos: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, e o Rei da Glória fará sua entrada”.
Nos Templos antigos, os Provérbios foram empregados como poderosos mantras de cura. A ciência oculta entende que o corpo humano é composto por certos grupos conhecidos como femininos ou negativos. O primeiro grupo está sob o domínio ou regência do cérebro e do sistema nervoso central. O segundo grupo está sob a regência do coração e do sistema nervoso simpático. O que causa a maioria das enfermidades é a interação desarmônica entres esses sistemas. Conforme o Discípulo progride espiritualmente, ambos os sistemas gradativamente começam a funcionar em perfeita harmonia. Uma relação perfeita entre esses dois sistemas é conhecida como a Balança, ou Polaridade no sentido espiritual, e com isto, o corpo se torna impenetrável a enfermidades. Esse é o segredo dos corpos perfeitos dos Mestres da Sabedoria e os altos Iniciados, que já conquistaram elevada estatura espiritual e estão além da enfermidade e morte.
Em Provérbios podemos ler a seguinte verdade: “A sabedoria já edificou sua casa, ela já lavrou seus sete pilares.” (Pr 9:1). E para o Discípulo ansioso e pronto, é dado o mandamento: “Vinde, come do meu pão e beba do meu vinho que eu preparei.” (Pr 9:5).
Por isso Provérbios e Eclesiastes são especialmente os livros didáticos de iluminação pelos quais se personifica a Sabedoria como um princípio feminino de Deus, enquanto o Entendimento, como se utiliza nos Provérbios, é um princípio masculino. A Sabedoria é o fluir da revelação cósmica, mas o Entendimento é alcançado por meio da razão e do trabalho Iniciático. Por isso o Livro dos Provérbios inicia com a seguinte instrução: “Obtenha sabedoria e entendimento.”(Pr 1:2). Esta é, em verdade, a nota chave de toda a obra. Salomão declara repetidamente que a Sabedoria é o principal objetivo de sua busca.
É significativa que a música do Templo esotérico era tanta masculina como feminina, e era tocada em instrumentos harmonizados aos seus respectivos ritmos. O canto usado no Livro dos Provérbios foi programado para vibrar diretamente sobre as duas correntes que fluem dentro do Corpo Vital. Assim, o tema musical, tanto do Livro dos Provérbios quanto de Eclesiastes, pode ser chamado de polaridade e equilíbrio.
O equilíbrio perfeito entre os polos do espírito humano nunca poderá ser efetuado, até que o inferior feminino tenha sido elevado através de uma vida pura e de aspirações. Este termo, “inferior feminino”, se refere à natureza emocional que ainda se mantém sujeita a vida dos sentidos e sob o jugo de objetivos e propósitos egoístas. Na maioria das escrituras antigas a “alma” ou espírito (Ego) humano era chamado de feminino, e, assim, o aspecto inferior da natureza da alma era chamado de “feminino caído” que deve ser elevado e redimido.
Os cânticos do Livro dos Provérbios utilizados na Igreja primitiva ocorriam, principalmente, aos domingos entre o Solstício de Dezembro (Natal) e Equinócio de Março (Páscoa), sendo essa época do ano a mais propícia para transmutação e a mais santa das estações. O ritmo dual do Livro dos Provérbios, que vibra sobre as duas correntes do Corpo-Alma e os dois sistemas nervosos, é claramente reconhecido em muitos de seus versos, como, por exemplo, no Livro dos Provérbios 14:1; 15:20; 19:26; 6:20- 21.
“Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos”.
“O filho sábio alegra seu pai, mas o homem insensato despreza a sua mãe”.
“O que aflige o seu pai, ou manda embora sua mãe, é filho que traz vergonha e desonra”.
“Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei da tua mãe”.
“Ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço”.
A palavra Sabá significa sete, e a visita da Rainha de Sabá a Salomão constitui a preparação para as delícias da alma do Matrimonio Místico, que é o motivo espiritual do Cântico dos Cânticos.
Para aqueles, cujos olhos estão abertos ao verdadeiro significado da Missão, esta antiga lenda de Sabá e de Salomão, contêm muitas premissas relacionadas com o propósito da preparação, necessários para a feliz conclusão da Missão. Salomão, o Sábio Vidente, encontrou o Caminho e aprendeu a caminhar ali, preparando-se para a futura encarnação Daquele que deveria vir como uma mais completa e perfeita demonstração “do Caminho, da Verdade e da Vida”. Este sublime livro, “Cânticos do Cânticos” atribuído a Salomão, canta, em seus inspirados compassos, o que é necessário para a preparação e para o Caminho.
Neste cantar, o autor alquimista expressou, de maneira alegórica, a fórmula para fabricar a Pedra Filosofal. O relato em si mesmo é completamente simples. Ele nos conta que o Rei Salomão, ao visitar seu vinhedo no Monte de Líbano, se surpreende ao ver uma moça Sulamita. Ela foge dele. Mais tarde, no entanto, ele a visita, disfarçado de ovelha, e consegue ganhar seu amor e a clama como sua rainha. O poema abre com um recital de seu casamento no palácio real.
O Cântico de Salomão tem duas principais características, uma masculina e outra feminina. A primeira responde pelo nome de Shelomah (Pacífica), a segunda responde pelo nome de Shulamith (perfeito). É de notar que ambos os nomes são variações da mesma palavra raiz, sendo que essa variação indica diferença do gênero. Shulamith é a forma feminina de Salomão. Na tradução inglesa os dois caracteres não podem ser diferenciados tal como são diferenciados em Hebreu.
Esses dois polos do ser espiritual eram reconhecidos em todos os antigos Templos de ensinamentos e eram simbolizados nas duas colunas ou pilares que se erguiam antes dos Templos dos Mistérios. Na entrada do Templo de Salomão, se elevavam dois pilares, Jachin e Boaz, que juntos simbolizavam a Força e a Estabilidade e, também, a Beleza; eles eram, também, conhecidos como as duas Colunas da Vitória. Sempre o candidato deveria passar entre estes dois pilares na busca pela Luz, a Luz que está no Leste.
O Cântico Místico de Salomão é um delineamento poético e alegórico dos passos ou graus que levam ao desenvolvimento da consciência cósmica, parcialmente evidenciada nos clarividentes. Estes níveis, às vezes denominados “véus” nas Escolas de Mistérios, são sete em números e são enumerados deste modo:
Primeiro grau: A Missão
Segundo grau: O Despertar do Amor (o Místico)
Terceiro grau: A Realização do Conhecimento (O Oculto)
Quarto grau: O Desprendimento
Quinto grau: A Unificação
Sexto grau: A Aniquilação
Sétimo grau: A Consumação
A nota exultante que soa na Canção do Rei Salomão toma forma real nas palavras preciosas que são repetidas, frequentemente, em todas as partes: “Meu bem-amado é meu e eu sou dele”, enquanto a frase que completa o canto “O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios” (Ct 2:16), é característica do Caminho que culmina na Consumação divina.
Essa culminante mescla dos dois polos do Espírito que constitui o Matrimônio Místico é representada nos versículos que S. João abre seu Evangelho: “O Verbo estava com Deus”; e sua música acompanha cada verso do lindo canto nupcial de Salomão. Velado para aquele que não está pronto para experimentar a Missão, sob a aparência de uma canção de um terno amor humano, o Cântico dos Cânticos é para o iluminado uma revelação do Santo dos Santos, no qual ele permanece na Luz Eterna que agora não mais vista “como por espelho, obscuramente”, mas com clareza transcendente, “Face a Face”.
Mais do que qualquer outro livro, o Livro do Jó é o único, no Antigo Testamento, que se adapta às necessidades e requisitos do Discípulo do mundo moderno. O Discípulo pode aceitar esse livro como um manual de instrução, um texto para meditação e como um exemplo de santidade e fortaleza espiritual de comportamento cotidiano.
Há duas leis supremas que governam o Planeta Terra. Uma é a Lei do Espírito, a outra é a Lei da Materialidade. Cada ser humano possui o livre-arbítrio e a habilidade de escolher entre a lei que deseja estar sob jugo, seja no âmbito da casualidade material ou na liberdade de toda escravidão pelo Espírito. Os frutos de sua vida serão evidenciados por essa escolha.
No livro de Jó os dois caminhos são representados por Elifaz – o caminho do Espírito – e por seus três amigos – o Caminho da Materialidade. Os três amigos são conhecidos por nós, pois eles representam à enganosa sedução dos sentidos humanos que se expressam através do Corpo Denso, dos desejos (ou Corpo de Desejos) e pela Mente material ou “mortal”.
A Bíblia manifesta claramente que Deus ama quem castiga. Na verdade, o castigo não é um indicativo de punição, mas sim o meio pelo qual é possível trazer seus filhos de volta ao caminho da regeneração. O Livro de Jó pode ser denominado, adequadamente, como o Padrão Cósmico Típico de aperfeiçoamento do ser humano através do sofrimento. Membros de sua família são tirados dele. Todas as suas posses materiais são perdidas e, também sua reputação, e até seu nome. Por fim, Jó acaba atacado por uma enfermidade repugnante. Foi neste momento que sua esposa lhe aconselha a “amaldiçoar a Deu e morrer”. Isto representa o caminho estreito em que muitos acabam se suicidando equivocadamente, tentando escapar dos problemas da vida.
O interessante é que é neste mesmo ponto crítico que ocorreu uma coisa maravilhosa na vida de Jó: a chegada de Elifaz, que representa o despertar da espiritualização da Mente, que é conhecido no Cristianismo esotérico como a Cristificação da Mente. Aqui o Cristão aprende a ter apenas pensamentos Cristãos, falar somente palavras Cristãs e a realização somente de obras Cristãs. S. Paulo se referia a isto como a grande transformação: “morrendo o homem velho e nascendo o homem novo” (Col 3:9-10). Para ele isto ocorreu, exatamente, na estrada de Damasco. Ele entrou nesta estrada como um inimigo amargo e perseguidor de Cristo e dos Cristãos. No entanto, ele abandonou este jeito de ser e se tornou um dos servos mais devotos do Cristo. Seu nome permanecerá como uma das mais brilhantes luzes do Cristianismo, por todo o tempo.
Com a transformação de Jó, sua família retornou para ele, seus bens foram restituídos e multiplicados por dez. Sua reputação foi reestabelecida e seu corpo ficou totalmente curado. Finalmente, ele compreender o significado das palavras: “O homem é feito a imagem e semelhança de Deus”.
Deus é Amor – Deus é Todo Bondade – e quanto mais o ser humano se tornar semelhante a Deus, maior bondade será manifestada em sua vida. Quando alguém percebe a si próprio rodeado por más companhias ou submerso em um ambiente desarmônico, se este for um verdadeiro sábio, não procurará mudar tais condições com recursos e tentativas externos, mas procurará a solução dentro de si mesmo. Semelhante atrai semelhante e aquilo que doamos, inevitavelmente, retornará para nós.
Voltamos a repetir que, de todos os Livros do Antigo Testamento, o Livro de Jó é o que mais se adéqua as necessidades do Discípulo moderno, como manual de meditação e para viver a vida. Na atualidade, o Discípulo, assim como Jó, vive no meio de provas e confusão; é o tempo todo invadido por forças do mal que vem de dentro e de fora. Tais como as questões feitas por Jó, o Discípulo também as faz; e novamente, como Jó, ele receberá as respostas necessárias que virão do alto. Se persistir, terá sua recompensa: domínio de si mesmo e do mundo por meio da continuada comunhão com a Sabedoria do Eterno.
Os quatro Evangelhos apresentam quatro registros distintos da vida e da missão de Cristo Jesus. Eles se diferem tanto na abordagem como no tratamento deste assunto mais profundo. Os céticos que apresentam a denominada “maior crítica” consideram algumas dessas variações como inconsistências, e em alguns casos, como contradições. Tais variações poderiam, então, provocar algumas dúvidas a respeito da autenticidade dos registros do Novo Testamento como um todo. No entanto, quando os Evangelhos são estudados juntos e separadamente, sob a luz da Iniciação, será possível perceber que seus conteúdos, ainda que separados, suportam os ensinamentos como um todo. Essa noção ocorrerá em um nível ainda nem sonhado pelos comuns intérpretes desses documentos sagrados.
Assim, por exemplo, S. Mateus e S. Lucas iniciam seus registros com o nascimento do menino Jesus. Este fato é inteiramente omitido nos Evangelhos de S. Marcos e S. João. S. Marcos inicia seu Evangelho com o Batismo de Jesus, momento em que Cristo se encarnou em forma humana. S. João abre seus registros, não com uma apresentação do Mestre Jesus, mas do Verbo – o Verbo que é identificado com o Cristo Cósmico. Em seguida, segue a apresentação do Cristo em conexão com o milagre realizado nas bodas de Canaã, quando Ele transformou água em vinho.
Das muitas referências que S. Paulo faz aos vários mistérios conectados com a vida e trabalho de Cristo Jesus, não há dúvida de que, como resultado das muitas experiências profundas que ele próprio experimentou, em relação aos Mundos Espirituais, ele reconheceu que a natureza de muitas delas estavam fora do alcance daqueles que ainda não tinham realizado a preparação suficiente para essa assimilação e aceitação. Ele expressou tal reconhecimento nas palavras que são, frequentemente, citadas: “Dá-se leite para as crianças e carnes para os fortes” (ICor 3:2).
Qualquer pessoa que fizer um estudo cuidadoso das Epístolas de S. Paulo não pode deixar de notar a extensão pela qual elas lidam com as atividades do plano interno. Ele escreve, por exemplo, “Eu fui arrebatado ao terceiro céu, se no corpo ou fora dele, eu não sei” (IICor 12:2). Esta é uma experiência familiar a muitos Discípulos de nossos dias.
Naquele momento de transcendental iluminação ocorrido com S. Paulo na estrada de Damasco, o mundo externo foi tão obscurecido que toda a sua atenção foi totalmente voltada para a vida e atividades do mundo interior. Então, por isso, lhe foi permitido ir até a presença do Senhor Cristo e entender o significado da missão que Ele havia empreendido ao se tornar o Regente planetário interno desta Terra e o significado profundo disto para o futuro da Humanidade e para a redenção da Terra.
S. Paulo, que antes de sua experiência de Damasco foi um arqui-inimigo de Cristo e Seus seguidores, mais tarde se tornou uma pessoa com a maior e profunda dedicação e o mais ardente missionário de todos os seguidores do Mestre.
S. Paulo enfatiza que é devido ao Cristo, um ser divino encarnado em forma humana, ter sofrido como um ser humano sofre que Ele é o único capaz de se compadecer por todos aqueles que são fracos e oprimidos. Seu amor e compaixão são de tal natureza e se expressa com tamanho poder e universalidade que O faz ser o Salvador e Redentor do mundo. Como um poeta lindamente expressou: “A rosa não produz toda a sua fragrância até que suas pétalas sejam esmagadas. A verdadeira simpatia só é emanada de um coração compadecido”.
Foi a incapacidade de compreender o significado interno dos eventos da vida de Cristo Jesus que fez com que houvesse as provocações feitas por muitos que O seguiram enquanto ele carregava Sua cruz para o Calvário: “Ele salvou os outros, mas não pode salvar a si mesmo”[17]. Mas foi a missão de Cristo mostrar ao ser humano o caminho e ensiná-lo como seguir Seus passos. “Aquele que quiser me seguir”[18], Ele disse aos seus Discípulos, “negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e me siga”[19].
E assim, como o supremo Guia do Caminho era para Ele carregar a cruz até as encostas do Gólgota para sua própria crucificação. Foi também no padrão divino que Ele viveu a traição no plano físico, que ilustra, na vida do ser humano, como a natureza inferior está sempre traindo a superior, ou o Cristo Interno, até que chegue o tempo em que a natureza inferior seja transmutada, e finalmente, destrua a si mesmo, assim como Judas, o traidor, o fez.
Um estudo, do que se pode denominar o conteúdo interno do Evangelho, traz a luz os sucessivos passos que devem ser percorridos no caminho que leva a Iniciação. Os passos totalizam 12. Eles são estabelecidos nos principais eventos registrados da vida de Cristo Jesus. Eles têm início na Imaculada Concepção, Ressurreição e Ascensão. A vida de Cristo, como está delineada nos Evangelhos, corresponde ao padrão cósmico para todos os processos que abrangem a evolução espiritual.
O primeiro passo no caminho está descrito no Evangelho de S. Mateus e S. Lucas. Os passos mais avançados são registrados por S. Marcos e S. João. Conforme previamente observado, S. Marcos inicia seus escritos com a vida de Jesus, com o Batismo feito por S. João, o Precursor. S. João, o mais avançado de todos os Discípulos do Mestre, inicia seu registro com a descrição do milagre em Canaã.
Se todas as Escolas de Mistérios que ensinam o caminho da Iniciação fossem abolidas da Terra, seus trabalhos secretos seriam passíveis de serem descobertos na Bíblia. Pelo reconhecimento de tal fato é que as principais ferramentas da Loja Maçônica são: a Bíblia, o Esquadro e o Compasso. Dentro de seu simbolismo, a Fraternidade Maçônica preserva os elementos essenciais para os processos iniciatórios e como estes são delineados de muitos pontos de vista do livro supremo da vida, as Escrituras Cristãs.
Em suas interpretações iniciatórias, os quatro Evangelhos são transmissores das quatro correntes de energia que se manifestam no plano físico em elementos conhecidos como fogo, água, ar e terra. Esta verdade foi bem compreendida e ensinada pelos Cristãos dos: primeiro e segundo séculos.
Citamos de uma fonte não identificada: “Na Palestina, S. Mateus O proclamou como Aquele que colocou a pedra final no Reino de Deus, da qual foram lançadas as bases em Israel”. Em Roma, S. Marcos O apresentou como um Conquistador que fundou Seu direito divino como o Rei do Mundo sobre Seus poderes miraculosos. Na Grécia, S. Lucas O descreveu como um Divino Filantropo encarregado de levar a cabo a obra da divina graça e compaixão pelos piores pecadores. Na Ásia Menor, S. João O retratou como a Palavra tornada carne – a Luz e Vida Eterna que desceu até o mundo temporal:
Cristo, o Messias de Israel…………………………………………. Mateus
Cristo, o Poderoso Senhor da Natureza………………………. S. Marcos
Cristo, o Amigo e Pastor de toda a Humanidade…………. S. Lucas
Cristo, a Vida e Luz do Mundo…………………………………. S. João
Do que foi descrito acima, se torna aparente que as diferenças nos quatro Evangelhos, que, para algumas pessoas, comprovam as inconsistências, são variações de apresentações de diferentes estados de desenvolvimento na vida do Aspirante. Assim, um Evangelho amplia os outros em seus recitais da vida e missão de Cristo. Nisto, eles provêm evidência irrefutável da sabedoria insondável que é incorporada nesta e em todas as partes das Sagradas Escrituras.
Os 12 principais eventos da vida de Cristo Jesus e suas correspondências na vida do Aspirante são as seguintes:
1. Anunciação | 7. Tentação |
2. Imaculada Concepção | 8. Transfiguração |
3. Nascimento | 9. Getsemani |
4. Viagem para o Egito | 10. Crucificação |
5. Ensinando no Templo | 11. Ressurreição |
6. Batismo | 12. Ascensão |
Em S. Lucas 1:26-27 lemos: “E, no sexto mês, foi o Anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria”.
Entre os primeiros Iniciados Cristãos, não era a pessoa de Maria que era adorada, glorificada e exaltada; o objeto de veneração era a emanação feminina do Cristo Cósmico que é inata, potencialmente divina dentro de cada ser humano e a realização pelo qual é o supremo trabalho da Iniciação.
O princípio feminino é criador na natureza, deste modo, a Anunciação Angélica era que a Virgem ou Mãe Santa daria à luz a um menino. Em sua aplicação universal, a Anunciação deve ser compreendida como o nascimento do Cristo místico no coração do ser humano regenerado.
Em S. Lucas 1:38-39 “Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o Anjo ausentou-se dela. E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá”.
Dentro da vida de cada neófito de sucesso, o processo da Anunciação é promulgado. Ele se torna consciente, depois de certo período de preparação, de mudanças particulares que ocorrem dentro de si como um resultado da incorporação de Éteres Superiores em sua natureza, como consequência de uma vida devotada ao propósito do serviço espiritual.
A Imaculada Concepção pode ocorrer somente após um Aspirante a vida superior ter se dedicado a viver em obediência a lei espiritual e ao espírito do Cristo Interno. O intervalo entre a Anunciação e a Imaculada Concepção é um período de provas, quando o neófito precisa ser preparado, no que tange ao uso de seus poderes espirituais despertados. As provas consistem em averiguar se ele utilizará seus poderes para benefício próprio ou se os devotará para promover o bem dos outros. Neste estágio, muitos vacilam e nunca passam além do primeiro estágio, a Anunciação. Um exemplo de alguém que foi forte o bastante para alcançar o segundo passo, a Imaculada Concepção, foi Maria, a mãe de Jesus. Após o sucesso, ela proclamou em êxtase: “A Minh’alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegrou em Deus meu Salvador. Pois Ele me contemplou na humildade da sua serva. Pois desde agora e para sempre me considerarão bem-aventurada” (Lc 1:46-55).
Foi por meio da exaltação do princípio feminino que Maria se tornou a noiva do Espírito Santo. Uma sublime experiência similar espera cada um e a todos que decidem seguir os passos que conduzem até a Imaculada Concepção, passos percorridos por aqueles que já caminharam adiante e nos abriu o caminho.
Os passos ou níveis de Iniciação são similares, em seu delineamento, em todas as Escolas de Mistérios. Suas diferenças referem-se principalmente ao método de desenvolvimento que podem variar de acordo com os requisitos particulares e estágios evolucionários das raças que essas Escolas são designadas a servir. Foi por isso que os grandes Mestres do mundo nasceram de mães virgens e suas vindas foram proclamadas pela Anunciação Angelical. Eles, também, foram concebidos de modo imaculado e os nascimentos ocorreram em grutas, cavernas ou estábulos. O exaltado Ego de um Mestre do mundo é cuidadosamente preparado pelos Seres Divinos responsáveis pela evolução da Humanidade. Deles é um santo Nascimento e, como tal, é sempre um acontecimento acompanhado por alegres hosanas de Anjos e Arcanjos.
Para incutir os passos de realização na consciência da Humanidade, o nascimento é representado como ocorrendo em um lugar escuro, ou onde animais ferozes são alimentados, simbolizando um nascimento espiritual desde os elementos mais baixos e não regenerados da natureza mortal da Humanidade.
Simbolicamente, o neófito deve deixar Nazaré, o lugar onde o tempo é utilizado para a vida pessoal, e entrar no caminho que conduz a Belém, “Casa do pão”, em preparação para o Nascimento Sagrado. No presente estado de consciência em massa, a Mente está tão ocupada com preocupações materiais que o espírito não pode nunca encontrar uma completa hospitalidade. A cabeça, ou o interno, está tão cheio de materialismo que o espírito deve procurar acomodação em vários lugares, até encontrar.
Por várias e amplas razões muitos ainda não percebem que o tempo de nascimento de Jesus é uma estação de grande regozijo tanto nos planos internos como no externo. A encarnação física de Jesus foi feita com o propósito de auxiliar, no ser humano, o nascimento de seu próprio Cristo Interno, assim, deste modo, ele também poderá vir a conhecer, pessoalmente, a sublime experiência da Noite Santa. Este é o trabalho da Nova Dispensação Cristã. Os portais desta Nova Era foram abertos na noite do nascimento do Mestre Jesus. A Terra, então, respondeu a um novo ritmo que era estabelecido pelos Anjos que proclamaram: “Paz na terra e boa vontade entre os homens”[20].
Mt 2:13-16.
“Após sua partida, eis que o Anjo do Senhor se manifestou em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. Ele se levantou, tomou o menino e sua mãe, durante a noite, e partiu para o Egito. (…). Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo”.
Os Evangelhos, como previamente mencionado, são fórmulas de Iniciação de vários degraus que abarcam variações em seus registros. Assim, por exemplo, S. Lucas não faz menção da fuga para o Egito, um evento que simboliza a ascensão temporária do ser humano sobre a divina natureza. A Fuga para o Egito representa a terra da escuridão e materialismo, reflete na vida do neófito lutando, em seus primeiros passos, no desenvolvimento para a Iniciação, como relatado por S. Mateus. O Evangelho de S. Lucas, que expressa uma fase mais alta de realização, passa diretamente dos Rituais do Templo da preparação até os quatro passos conhecidos como Os Ensinamentos do Templo.
Lc 2:40-42; 46-49:
E o menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele. Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para a festa. Terminados os dias, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. (…) Três dias depois, eles o encontraram no Templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; e todos os que o ouviam ficavam extasiados com sua inteligência e com suas respostas. Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos”. Ele respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
Num ponto de vista pessoal ao episódio do Templo, Jesus representa o espírito interno desperto e iluminado, e os Rabinos, a Mente intelectualizada ou a faculdade mental desprovida que não consegue penetrar em qualquer coisa além do reino dos cinco sentidos. Maria, a mãe, tipifica o feminino ou forma-imagem da qualidade da alma, a quem o espírito acha necessário, às vezes, admoestar: “Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
A idade de doze anos é um tempo importante na vida de uma criança. É o tempo que inicia a puberdade e, também, em Egos avançados, o nascimento do Corpo de Desejos, o despertar da Alma. A luz espiritual que foi gerada no curso das vidas passadas irradia da cabeça da criança no nascimento como os artistas místicos retratam esse fato, não apenas em Jesus, mas também em S. João Batista, o menino Samuel e outros personagens bíblicos de alta realização espiritual.
O Ensinamento no Templo marcou um estágio definido do despertar dos poderes do menino Jesus. Nós lemos: “Maria conservava todas essas coisas em seu coração”. Ela relatou estes acontecimentos a S. Lucas que registrou os mesmos com excepcional maestria em seu Evangelho.
Mc 1:10-11:
“E, logo ao subir da água, ele viu os céus rasgando e o Espírito, como uma pomba, descer até Ele, e uma voz dos céus: ‘Tu és o meu Filho amado, em Ti me comprazo.’”.
Todos os ritos místicos Iniciáticos incluem o cerimonial de purificação com água. O festival dos Mistérios Eleusinos da Grécia[21], incluíam banhos; o Tabernáculo do Deserto possuía um Lavabo de Bronze; e na vida do grande Condutor da Humanidade da Religião Cristã, Cristo Jesus, é o seu Batismo que marca o próximo grande passo que devemos alcançar se seguirmos seu caminho.
O uso e aplicação da água é símbolo da purificação espiritual. O Batismo marca o estágio e que o coração do neófito já despertou para as necessidades de interesses dos outros. Ele não pode mais viver sozinho ou com propósitos egoístas. Seu coração se transborda de simpatia e suas mãos de ações práticas para aliviar o sofrimento e para confortar aqueles que estão em desespero e sofrimento. Quando uma pessoa experimentou o despertar espiritual que vem com o verdadeiro Batismo, seus interesses e atividade não podem mais ficar limitados a sua própria família ou limitado círculo, mas deve encontrar uma expansão que estende para uma área cada vez mais ampla, até que abarque o mundo e toda a Humanidade. Amor e compaixão, então, se manifestam em atitude de redenção. Há sofrimento por aqueles que violam a lei, civil e moral, pelos criminosos condenados à morte, pelas misérias da vida em suas profundas depressões e pela crueldade infligida aos nossos irmãos menores do reino animal. Com o fluxo espiritual no momento do verdadeiro Batismo, a realização se manifesta na consciência que a família humana é única dentro da Divindade toda-abrangente que nos anima e, consequentemente, o bem de alguém é o bem para todos e a dor de um é a dor de todos. Uma sensação profunda de responsabilidade é, então, aceita, abarcando todas as maneiras possíveis que concorda com amor, verdade e justiça.
“Apresente seus corpos para um sacrifício vivo, sendo aceitável perante Deus” exorta aquele que é admitido e passa pelo ritual do Batismo. Sobre sua cabeça pousa a pomba do poder espiritual e aonde ele vai, se dissipam as nuvens da escuridão e da ignorância, de tal maneira que ele também escuta a voz de Deus dizendo: “Tu és meu filho amado”.
Lendas místicas dizem que, no momento do Batismo, grandes esferas de fogo apareceram sobre as águas do Rio Jordão. Isto estabelece o significado interno de que as faculdades poderosas, a Mente e o Coração foram unificados na vida de Jesus, o protótipo espiritual ideal da Humanidade. Esta mescla é o ideal supremo da evolução humana e sua culminação ocorreu no maior Iniciado dessa Terra, em que ocorreu a declaração: “Este é meu filho amado, em quem Eu me comprazo”.
O Ego conhecido como Jesus deixou seu corpo no Batismo e o Arcanjo, o Cristo, desceu como uma pomba para habitar aquele corpo durante três anos de Seu Ministério terreno. O Corpo de Jesus foi o meio pelo qual Cristo pode ingressar na Terra. O Plano de redenção foi possível devido àquela união. Como S. Paulo escreveu, em um senso muito literal: “Há um só Deus, e um só entre Deus e os homens, um homem Cristo Jesus” (1Tm 2:5).
Em Mt 4:1-11 lemos:
“Então Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto, para ser tentado pelo diabo. Por quarenta dias e quarenta noites esteve jejuando. Depois teve fome. Então, aproximando-se o tentador, disse-lhe: ‘Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães’. Mas Jesus respondeu: ‘Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’. Então o diabo o levou à Cidade Santa e o colocou sobre o pináculo do Templo e disse-lhe: ‘Se és Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus’. Tornou o diabo a levá-lo, agora para um monte muito alto. E mostrou-lhe todos os reinos do mundo com o seu esplendor e disse-lhe: ‘Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares’. Aí Jesus lhe disse: ‘Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto.’. Com isso, o diabo o deixou. E os anjos de Deus se aproximaram e puseram-se a servi-lo.”.
De todas as lições que Cristo passou no drama de Sua vida, nenhuma é mais importante do que a Tentação. Igualmente, nenhuma outra experiência é tão mal compreendida como essa experiência. Em verdade, Ele foi submetido aos testes do corpo, da Mente e da alma, para que pudesse deixar à raça humana um exemplo divino de inspiração incessante, d’Aquele Único Ser que foi tentado em todas as coisas e, mesmo assim, permaneceu sem pecado, conforme S. Paulo afirma.
A reação que o neófito tem frente à Tentação mostra claramente o nível que está no Caminho, mas esta não é a única razão das provas do Caminho. As provas são importantes porque elas permitem o desenvolvimento moral, a força mental e espiritual, assim como o exercício físico e o labor desenvolvem a saúde e a força do Corpo Denso. Cristo Jesus deu-se a Si mesmo para ser nosso Exemplo, a fim de que nós pudéssemos saber a maneira exata de sofrer a Tentação, ou provas, ou qualquer tipo de ocasião de teste no Caminho.
Assim como Cristo Jesus foi tentado depois de Seu Batismo, experiência essa que constituiu uma Iniciação, igualmente o neófito será tentado, ou testado, depois de cada iluminação ou elevação no Caminho. Esses testes vêm para ele com o propósito de lhe mostrar suas próprias fraquezas. Falhas em qualquer um destes testes não significam que ele deve retornar aos caminhos do mundo, mas significa que ele deve se esforçar ainda mais, para superar suas debilidades e defeitos e, deste modo, quando for “tentado” novamente, ou testado, ele poderá permanecer firme.
Todas as tentações, ou testes, pertencem a três categorias gerais: do corpo, da alma e da Mente. A Iniciação simbolizada no Batismo de Cristo Jesus confere, sobre o neófito, novos poderes da alma e da Mente, que vem da realização que toda a vida é una em Deus, e que ele não deve, jamais, usar tais poderes egoisticamente, não importa o tamanho da necessidade, mas somente para beneficiar seu próximo.
É agora que a ambição pessoal, de repente, floresce e de modo bastante inesperado, o neófito acredita que ele superou todos os desejos do mundo. Ele renunciou conscientemente tais desejos insignificantes e sem real valor, e sabe que tornou possível, para ele, satisfazer todos os desejos e assim ele deve depurar seus sentimentos e emoções para ter certeza de que apenas o amor de Deus e para com a Humanidade motivarão suas ações. Isto não é sempre fácil de determinar, porque muitas ambições pessoais são inocentes em si mesmas e são consideradas maléficas em relação à orientação espiritual do neófito no Caminho. Autorrespeito, por exemplo, é mantido, mas não pode ser confundido com vaidade ou egoísmo. O corpo é conscientemente cuidado, porque ele é o templo de seu deus interior, mas a saúde física e o bem-estar não são o objetivo da vida; o corpo é visto como um instrumento do espírito. A alma é encorajada a apreciar as artes, os ofícios e a contemplar as belezas da Natureza, mas tudo isto é visto em relação a Deus como sua verdadeira fonte e origem e, se entende o gênio criativo como um aspecto em si mesmo do Poder Criador da Suprema Unidade em quem o ser humano vive, se move e tem o seu ser. O intelecto deve ser treinado e seu poder cultivado, por meio da educação e da razão, mas a aquisição do conhecimento pode ser um falso deus, a menos que isto esteja relacionado com toda a vida; e quanto mais poderoso for o intelecto, mais será a necessidade de humildade para que a Mente não fique fechada a novos aspectos da verdade e da consciência. Para o intelecto, a regra é sempre a seguinte: “Que a Mente seja em você o que também foi em Cristo Jesus, que fez de Si mesmo, nenhuma reputação… e se tornou servidor de todos, até a morte”.
Essas são sutis tentações que o Discípulo iluminado encontra pelo Caminho e Cristo Jesus mostra como elas devem ser enfrentadas. Ele renunciou-se completamente e entregou sua vontade ao serviço dos outros, mas com total conhecimento de Sua Divindade instaurada sempre alerta.
Cada fase sucessiva do desenvolvimento espiritual carrega uma prova especial e específica, de acordo com o temperamento e grau de espiritualidade do indivíduo; ainda, porém, por mais variados que possam ser estes testes, o exemplo de Cristo mostra o caminho da vitória. A espiritualização da Mente, por meio da completa dedicação a verdade e ao Espírito, constitui a armadura inexpugnável do neófito que não lhe protege apenas por um dia, mas a todo tempo, pelas pequenas, insidiosas tentações da vida comum, que são as mais perigosas na medida em que são dificilmente reconhecíveis como tal. Daí a advertência de um dos mestres da sabedoria: “Orar sem cessar”.
Mc: 9:2-8:
“Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e os levou, sozinhos, para um lugar retirado sobre uma alta montanha. Ali foi transfigurado diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, de uma alvura tal como nenhum lavadeiro na terra as poderia alvejar. E lhes apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus. Então Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus: ‘Rabi, é bom estarmos aqui. Façamos, pois, três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias’. Pois não sabia o que dizer, porque estavam atemorizados. E uma nuvem desce, cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: ‘Este é o meu Filho amando: ouvi-O’. E de repente, olhando ao redor, não viram mais ninguém: Jesus estava sozinho com eles.”.
Foi a partir da Transfiguração que o trabalho de Cristo Jesus e toda a sua vida na Terra realmente começaram. Tendo experimentado as provas da tentação que, para Ele, elas não foram meramente pessoais, mas experiências cósmicas, o Corpo Denso pelo qual Ele apareceu como um homem entre os homens foi completamente transmutado em espírito. Este corpo não foi Seu próprio corpo, mas um corpo dado para Ele utilizar pelo Mestre Jesus, o mais puro e mais perfeito corpo humano já produzido pela raça humana. Séculos se passaram em sua preparação, por meio de hereditariedade controlada e cuidadosa, entre as mais belas e mais fortes famílias que viveram naquelas épocas, famílias de príncipes da Casa de Davi, de quem o herdeiro do trono foi sempre chamado de Messias.
Na repentina revelação Crística, pela Glória Arcangélica que estava, então, dentro do corpo do Mestre Jesus, os Discípulos souberam que estavam na presença de um Poder Cósmico. Anteriormente, outros Iniciados também contemplaram da mesma Glória, mas longe do Sol, ou em ocasiões raras como a presença Arcangélica no templo ou em locais sagrados da Terra, tais como o Campo de Ardath na Babilônia ou no Monte Sinai e outros.
Certos Iniciados que viviam em outros lugares do mundo estavam, também, conscientes da Presença no Monte da Transfiguração na Galileia. Mas estes três Discípulos, Pedro, Tiago e João, viram diretamente a Glória juntos a eles, ajoelharam-se e foram envolvidos por ela, imediatamente. Foi à mesma Glória Solar, conhecida por todos os Iniciados de todas as Escolas de Mistérios, tanto no Oriente como no Ocidente, mas agora brilhou como uma Luz sobre a Terra em si, não uma Luz do astro solar sozinho. Nos últimos séculos, os Iniciados contemplariam, novamente, esta Glória no Sol e experimentariam Sua Imagem projetada na Terra, onde seu “Raio” concentrou e inflamou.
Foi o Cristo Cósmico, localizado no meio da Glória Solar, que ensinou a Seus Discípulos os mistérios mais profundos da nova fé na nova Era, a Era de Peixes, que eles iriam, então, transmitir ao grupo de Discípulos mais próximos do futuro.
De todos os Quatro Evangelhos, o Evangelho de S. Mateus fornece a mais detalhada noção deste sublime evento. Para se entender o que é ali revelado, nós devemos compreender que Cristo vem de um lugar que nós chamamos de o Mundo do Espírito de Vida, que é outro nome dado para o Reino da Consciência Universal ou Consciência Crística. Este mundo é o Seu lar. No monte da Transfiguração, Ele apareceu para seus três mais avançados Discípulos, trajando uma vestimenta de gloriosa luz que pertence àquele alto plano celeste; os três estavam ali com Ele, em consciência, embora para a visão física, eles todos estavam em pé sobre o plano terrestre, no que diz respeito ao corpo.
S. João, mais tarde, descreve este brilho transcendente da seguinte maneira: “Nós contemplamos a Sua Glória, a Glória como a do Unigênito do Pai”[22].
Neste mundo universal, as figuras cósmicas são encontradas como pertencentes ao nosso Esquema de Evolução, um completo e imperecível registro de tudo o que foi experimentado pelo ser humano e os estelares que pertencem a esse Esquema de Evolução, desde o alvorecer da criação; pois este é o mais elevado dos mundos que possui o Livro da Memória de Deus e no qual os Anjos podem ler. Os Discípulos foram levados, conscientemente, a este plano superior. Quando nós olhamos para o passo correspondente do Caminho, na vida do neófito, descobrimos que a transfiguração marca um alto grau ou uma grande realização. A essência da vida conservada e transmutada dentro do corpo, verdadeiramente, ilumina com radiação espiritual, que é uma luz na escuridão, significando sabedoria no meio da ignorância. Ele compreende de uma maneira nova e diferente as palavras do maior dos três Discípulos, que compartilharam o Mistério da Transfiguração com o Cristo: “Se andarmos na Luz como Ele na Luz está, seremos fraternais uns com os outros”(IJo 1:7).
Sobre o Monte da Glória, a benção ouvida no Batismo, no início dos três anos de ministério, é ouvida novamente: “Este é meu Filho amado, em quem Me comprazo” (Mt 3:17 e 17:5); mas esta benção marca uma nova e mais elevada fase do Trabalho do Cristo. No Batismo, quando a Voz falou sobre o Jordão, as palavras foram para a multidão. Aqui, sobre o Monte da Transfiguração, a Voz fala para os três mais avançados Discípulos, aqueles que estavam prontos para a visão cósmica e para o serviço cósmico. Desta Transfiguração, o Cristo foi para o Getsemani e para a consumação de Seu trabalho na Terra.
Após a transfiguração, que marca a culminação de um padrão cósmico de desenvolvimento, restavam, agora, os passos que levam à Liberação.
Em S. Marcos 14:26-28; 32-34 lemos:
“Depois de terem cantado o hino, saíram para o monte das Oliveiras. Jesus disse-lhe: “Todos vós vos escandalizareis, porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão. Mas, depois que Eu ressurgir, Eu vos precederei na Galileia”.
“E foram a um lugar cujo nome é Getsemani. E Ele disse a seus discípulos: ‘Sentai-vos aqui enquanto vou orar’. E, levando consigo Pedro, Tiago e João, começou a apavorar-se e a angustiar-se. E disse-lhes: ‘A minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai.’”.
A palavra Getsemani é formada por duas palavras em Hebraico: GATH “espremer” e, também, “amargura”, e SHEMEN, “óleo” (compreensão e sabedoria). A Sabedoria é sempre carregada de dor, até que o Discípulo tenha desenvolvido uma elevada consciência em que dor não tem poder sobre ele, nem para feri-lo, nem para instruí-lo. O “corpo diamante” do adepto é impenetrável à dor e ao sofrimento e é, também, indestrutível. Cristo Jesus já habitava esse corpo quando Ele foi para o Getsemani e para o Caminho da Cruz, com o propósito de mostrar à Humanidade o Caminho da Sabedoria.
Este é um dos verdadeiros e profundos mistérios da vida, onde a origem da aflição e do sofrimento não é compreendida, enquanto o ser humano somente anseia pela felicidade e tranquilidade, sem se esforçar.
O místico ainda sabe que o Jardim da Aflição e da Crucificação deve sempre preceder a jubilosa hora do amanhecer da Ressurreição e a branca glória do dia da Ascensão.
Na medida em que o espírito se desapega, sua intimidade divina que é imagem e semelhança de Deus que, por sua vez, é amor, o Getsemani deixa de ser um local pessoal de aflição e se converte em um local de pesar para as dores do mundo, como foi para o Cristo. Suas plantas são regadas com suas lágrimas de sofrimento da Humanidade, e para angústias das multidões de criaturas indefesas que vivem e que não podem falar a voz da Humanidade. Assim, conforme uma pessoa avança no Caminho da alta realização espiritual, ela se torna cada vez mais sensível às dores de todas as coisas vivas existentes. Ela sente cada espasmo de dor como se fosse seu, e os armazena em seu coração.
A lição suprema Getsemani é aprender a ficar sozinho e dizer: “Não se faça a minha vontade, mas a Tua”. Muitas vezes temos de seguir Jesus Cristo em tal Monte sozinho e beber deste cálice, até que a lição tenha sido aprendida.
Devemos jogar fora o conteúdo do cálice que é impuro, pois é por meio da dor acumulada da compaixão, que bem perto desfalece o coração, e, deste modo finalmente podemos morrer para o eu pessoal e viver, daí por diante, com o único fim de dar-nos a nós mesmos, sem reservas, para a cura e serviço no mundo. Quando, por uma espécie de alquimia divina, isto for realizado, a paixão transformada em compaixão, a consciência despertada para a compreensão divina trará consigo o poder de aliviar os cansados e curar os enfermos.
Não é mais possível culpar os outros pelos nossos sofrimentos, julgar duramente, criticar ou odiar. O Discípulo pede um único privilégio: o sacrifício de si próprio sobre o altar da Humanidade; sem esperar favores, agradecimentos e compreensão, tanto daqueles que estão mais próximos e como dos mais queridos.
Ele deseja apenas viver para servir. Este é um ideal extremamente elevado, mas é o único que devemos aceitar como uma meta em nossa vida, antes de estarmos preparados para a última libertação do Getsemani.
Em S. Lucas capítulo 23, versículo 24 lemos:
“Então Pilatos julgou que devia fazer o que eles pediam”.
Na Crucificação estamos de frente com um dos mistérios santos que deve permanecer selado ao profano. Na preparação para este rito sagrado, Cristo Jesus foi espancado e açoitado. Suas vestes foram rasgadas e retiradas de seu corpo e UM CERTO MANTO FOI COLOCADO SOBRE ELE. Uma coroa de espinhos foi colocada sobre Sua cabeça e foi pressionada sobre Suas têmporas tão forte que o sangue fluiu dali.
Do evento de flagelação e coração com espinhos até o carregamento da cruz e a crucificação no Gólgota, Cristo Jesus nos mostra o mistério da estigmatização. As mesmas feridas que Ele sofreu aparecem sobre o corpo do místico devoto que medita, profundamente, sobre o Caminho do Calvário e ele sente fisicamente estas feridas que foram produzidas psicologicamente. A maior parte da dor é sentida pelas feridas da cabeça, que são sentidas como se uma coroa de espinhos fosse pressionada sobre o crânio. Tal dor resulta do despertar dos nervos cranianos; estes são os mais sensíveis nervos do corpo. É o fogo ascendente espiritual que produz tais efeitos de dor, que são particularmente notadas nas mãos, nos pés e no lado, correspondendo às cinco sagradas feridas do corpo de Nosso Senhor.
Nas escolas de Mistérios, tais feridas são também sentidas, no entanto, elas permanecem invisíveis, pois o Iniciado caminha pela Via Dolorosa secretamente, embora, de fato, totalmente visível, mas não visto pela multidão cega.
Em Mateus 27:27-29 lemos:
“Em seguida, os soldados do governador, levando Jesus para o Pretório, reuniram contra ele toda a coorte. Despiram-no e puseram-Lhe uma capa escarlate. Depois, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em Sua cabeça e um caniço na mão direita. E, ajoelhando-se diante dele, diziam-Lhe, caçoando: ‘Salve, rei dos judeus!’.”.
O manto escarlate é a insígnia da realeza, mas para o místico isso simboliza exatamente as palavras do Cristo de que aquele que quiser ser o maior entre todos os homens deve ser o servo de todos. A verdadeira realeza é aquela que se sacrifica pelo nosso próximo. Escarlate é a cor do sangue da vida derramado em sacrifício, não um sangue sacrificado em morte, mas um sacrifício vivo. Ele segura a cana com Sua mão direita, o que é representativo de um cetro de um Rei, significando o poder do Iniciado que caminha de modo justo, ou o caminho positivo e justo do poder sobre o mal. No Evangelho de S. Marcos, Jesus é golpeado na cabeça com uma cana, indicativo da fase de desenvolvimento em que a “vara do poder” golpeia o cérebro com sua força ardente.
Apenas os Evangelhos de S. Mateus e S. Marcos mencionam a cana e a coroa de espinhos. Ambos representam as primeiras manifestações dos poderes do Cristo despertados, a Força ardente do Espírito de Vida, que, primeiro flagela o corpo e converte-o em um templo de divindade interior. O processo culmina na crucificação simbólica do Iniciado, onde a Força ardente do Cristo, tendo transmutado o aparente corpo “morto”, o levanta para a Vida eterna.
O Cristo sublime, o supremo Indicador do Caminho, enquanto Ele está na cruz, é o perfeito símbolo, de modo geral e em particular, do Caminho da verdade e de realização espiritual para toda a Humanidade – o caminho do progresso para toda a raça humana.
Em S. João capítulo 20, versículos de 1 a 2 lemos:
“No primeiro dia da semana, Maria Madalena vai ao sepulcro, de madrugada, quando ainda estava escuro, e vê que a pedra fora retirada do sepulcro. Corre então e vai a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus amava, e lhes diz: ‘Retiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram’.”.
Em S. João capítulo 20, versículos de 11 a 14 lemos:
“Maria estava junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para o interior do sepulcro e viu dois anjos, vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado, um à cabeceira e outro aos pés. Disseram-lhe então: ‘Mulher, por que choras?’. Ela lhes diz: ‘Levaram o meu Senhor e não sei onde O colocaram!’. Dizendo isso, voltou-se e viu Jesus de pé. Mas não sabia que era Jesus.”.
O Corpo de Cristo ficou na tumba por toda a sexta-feira, durante todo o sábado e uma parte do domingo. Deste modo, delinearam-se os “três dias místicos” da grande fórmula iniciadora, segundo o qual, o Discípulo é anunciado como renascido, ou ressuscitado para uma nova vida, ou vida superior, o grau mais elevado de consciência e poder espiritual.
Este sublime capítulo do Evangelho de S. João pode ser mais bem denominado como a exaltação do feminino que aponta para o futuro, quando o grande trabalho estará completamente realizado.
Saulo de Tarso e Maria Madalena podem ser considerados como exemplos idênticos no que se refere ao poder de transmutação que reside na consciência Crística. S. João, entre os Discípulos, representa o poder feminino completo e desabrochado, misticamente indicado na gentileza e beleza de seu semblante. Tais poderes fizeram-no o Discípulo mais espiritualizado de todos, como o Discípulo mais amado do Mestre e, foi natural o fato de ele ter sido o primeiro a compreender e aceitar a verdade sobre a Ressurreição.
Toda a Humanidade espera por este evento, a Ressurreição, que é a culminação da evolução na Terra. Para o neófito, a Ressurreição para os reinos elevados significa o poder de funcionar, conscientemente, fora do Corpo Denso, sem a presença da morte física. Todo Aspirante vitorioso, em que se produz a Ressurreição, ouve a proclamação do Anjo do Senhor (Lei Espiritual): “Ele não está aqui, pois ressuscitou” (Mt 28:6) (Mc 16:6) (Lc 24:6).
Tal como S. Paulo disse, verdadeiramente: “Tu és o herdeiro e todos somos Seus co-herdeiros” (Rm 8:17). Mas a mais abençoada de todas as suas promessas é essa: “Não apenas essas coisas, mas coisas ainda maiores do que estas vocês poderão fazer.” (Jo 14:12).
“Todo o poder é dado para Mim no Céu e na Terra”(Mt 28:18), foram as palavras da saudação de Cristo aos seus Discípulos quando Ele estava no cenáculo superior sagrado, após a Ressurreição. Isto significa que por meio do Seu sacrifício no Calvário, Ele agora tinha se tornado o verdadeiro Senhor e Espírito Planetário da Terra.
O Cristianismo Esotérico ensina que o Gólgota não foi o fim. Na verdade, foi o início do sacrifício redentor anual de Cristo para todo o nosso Planeta.
Durante o intervalo sagrado que constitui os “quarenta dias” místicos entre a Ressurreição e a Ascensão, Cristo se ocupou de muitas obras relacionadas não somente com a raça humana, mas com todas as ondas de vida que vivem na Terra. Este trabalho incluiu as várias raças e Espíritos-Grupo que são os guias das várias ondas de vida em evolução. Para cada um, Ele deu um novo ímpeto de altruísmo e unidade, e Ele também acelerou o tom vibratório de cada um, que vibra no padrão cósmico ou arquétipo. Na realidade, com Sua vinda, toda a Terra canta uma nova canção.
“Vão para a Galileia e Eu encontrarei vocês lá”(Mt 28:16). Cada aparição aos Discípulos sustenta um significado profundo e uma promessa de maiores poderes espirituais.
“E, levantando as suas mãos, os abençoou, e quando Ele os abençoou, Ele estava à frente deles e foi levado para o céu”(At 1:10).
Na “ressurreição dos mortos”, a cerimônia mística ensina que a morte não existe, e pela “Ascensão” ensina-se que a vida eterna é a herança do Iniciado. “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Irei preparar um lugar para vocês” (Jo 14:2).
No Grau da Ascensão, o Cristo abriu o caminho, deste modo, qualquer pessoa pode ascender com Ele e compartilhar a elevada comunhão dos reinos espirituais.
Não é o Cristianismo apenas que ensina o caminho da Iniciação. A fórmula da Iniciação foi incorporada em todas as grandes Religiões do mundo, nos principais eventos das vidas dos Grandes Mestres e Salvadores onde esse ensinamento é o acontecimento principal.
Conforme a nova Era de Aquário se aproxima mensageiros dos reinos da Luz vem para estabelecer uma comunhão íntima entre o Cristo, os Discípulos e todos aqueles na Terra que aspiram seguir o ritual místico com seus doze passos ou graus, tal como se há indicado acima.
No mundo da alma, o verdadeiro Discípulo ainda experimenta, hoje, o sofrimento e a crucificação de toda a raça humana, e o Cristo, também, continua sofrendo a crucificação permanente. Ele está, todavia, conosco até o fim dos tempos, como Ele disse, e a Libertação que ele oferece para nós é a Consumação da Cruz. As Litanias da Crucificação são cantos de Iniciação que tratam sobre a fórmula Iniciática, como é descrita nos Evangelhos. A nota chave desta realização é:“Que o Cristo se forme em ti”.
A análise esotérica dos Evangelhos mostra que os acontecimentos marcantes da vida de Cristo são em número de doze e se enumeram assim:
1 – Anunciação | 7 – Tentação |
2 – Imaculada Concepção 3 – Nascimento | 8 – Transfiguração 9 – Getsemani |
4 – Fuga para o Egito 5 – Ensinamentos no Templo | 10 – Crucificação 11 – Ressurreição |
6 – Batismo | 12 – Ascensão |
Estes doze passos sustentam uma conotação astrológica interessante, por isso que se diz, verdadeiramente, que a primeira Bíblia do ser humano foi o Zodíaco, em que ele aprendeu a ler as verdades espirituais. Lá ele decifrou os sinais enigmáticos de que revela a vida dos Deuses Salvadores e, por ela, o Iniciado Cristão lê a história da vida do Cristo.
A roda zodiacal dos céus é feita por doze constelações de Signos, onde os Astros (o Sol, a Lua e os Planetas) viajam ao redor do céu, conforme podem ser vistas, tendo a Terra como referência. Antigos astrônomos descobriram que tais Signos celestiais pareciam ter influência sobre questões terrenas, e assim, se originou a ciência da Astrologia. Observou-se que as influências dos Astros eram mais fortes em alguns Signos do que outros. O Signo em que o Astro expressava seus maiores potenciais é que o REGIA e é considerado seu lar, onde o Astro revela sua pureza de influência, sem qualquer mescla com outras qualidades de diferentes naturezas. Do mesmo modo, um Astro é, igualmente, forte no SIGNO DE SUA EXALTAÇÃO, embora de um modo diferente do que a regência. As qualidades de Exaltação de um Astro somente alcançam plenitude por meio da Iniciação, que liberta, dentro da Alma, o correspondente aspecto das forças astrais.
É interessante notar que a EXALTAÇÃO e a RESSURREIÇÃO foram utilizadas pelos primeiros Padres da Igreja em termos intercambiáveis, que compreendia a relação entre o desenvolvimento espiritual do ser humano e as estrelas no céu, acima dele. Eles sabiam que na Consciência de Cristo, a Humanidade aprenderia a cooperar, inteligentemente, com os Poderes Cósmicos, cujas ações do destino do ser humano eram reveladas no horóscopo.
Quando astrólogos falam de Astros e Signos que os regem, eles se atêm, principalmente, a assuntos físicos e materiais. O esoterista, que estuda o lado oculto da ciência das estrelas, fala sobre a Exaltação dos aspectos de um Astro considerando a sua natureza espiritual, conforme os seguintes assuntos:
Anunciação; a Imaculada Concepção | A Lua Exaltada em Touro | A Lua governa o princípio formativo ou feminino e a Hierarquia dos Anjos que tem a seu encargo a geração. |
O Nascimento | Marte Exaltado em Capricórnio | Transmutação do desejo, que desperta a vida de Cristo dentro da pessoa. |
Fuga para o Egito | Saturno Exaltado em Libra | Saturno é o tentador ou provador. Libra a balança ou portão do julgamento. |
Ensinando no Templo | Mercúrio Exaltado em Virgem | Mercúrio rege Virgem. Esotericamente, o Templo é o Corpo; Virgem é castidade e pureza da Mente e da Alma. Mercúrio Exaltado em Virgem é a Sabedoria obtida por meio da pureza de Mente, do Corpo e da Alma. |
Batismo | Júpiter Exaltado em Câncer | Câncer é a porta do nascimento e os portões do céu. As senhas para entrar são: amor, unidade e fraternidade. O Batismo pela água é símbolo do Batismo pelo Espírito. |
Tentação; Transfiguração | Urano Exaltado em Escorpião | O poder de geração quando exaltado leva a regeneração. Esta é a mais poderosa das exaltações presentes no desenvolvimento do ser humano. |
Getsemani; Crucifixão | Vênus Exaltado em Peixes | Amor na casa do sofrimento. O amor pessoal se eleva a exaltação do amor impessoal, abarcando toda a vida. Cada Ego conhece o Jardim do Gólgota da vida amorosa. É por meio do sofrimento que a paixão é exaltada em compaixão e o amor por um, pelo amor por todos. |
Ressurreição | O Sol Exaltado em Áries | Elevando o fogo espiritual da coluna espinhal (a força da vida cósmica) para cabeça, ajuda a construir o corpo celestial, no qual o ser humano é ressuscitado da tumba da carne. |
Ascensão | Netuno Exaltado em Câncer | A divindade chamada de Cristo Interno eleva o ser humano aos altos reinos suprafísicos, onde o espírito pode entrar em muitas moradas preparadas por ele pelo Cristo Cósmico. |
Nada foi dito, até o momento, sobre a recente descoberta do Planeta Plutão que rodeia o Sol, mas com órbita além da órbita de Netuno e que muitas vezes se cruzam. Os astrônomos supõem que esse Planeta mais externo pode eventualmente ter sido uma lua de Netuno e que poderia retornar de volta para este Planeta um dia. Hoje, porém, como um Planeta independente, deve ser considerado como uma potência no horóscopo, mas a sua verdadeira natureza é ainda indeterminada. Alguns astrólogos acham que é da natureza de Marte, constituindo uma “oitava” daquele Planeta, enquanto outros veem nele a “oitava” da Terra. A “oitava” de um Planeta é considerada como sendo seu “alter-ego” ou “Eu Superior” que é uma maior reflexão de si mesmo. Como oitava da Terra, Plutão teria influência especial sobre as condições que afetam a profundidade da nossa evolução planetária, ou seja, a parte esotérica do nosso desenvolvimento.
Plutão se move de modo tão lento em torno do Sol que permanece na mesma posição por um longo período de tempo; com isso ele forma os mesmos aspectos em milhares de temas astrológicos. Estes aspectos se “colocam em marcha” pelas forças transitórias, com os Planetas rápidos, as lunações, os eclipses, os asteroides e os cometas, precipitando, assim, grandes movimentos de massas e alterações revolucionárias. Igual situação é verdadeira com respeito aos outros Planetas em seus relacionamentos com Plutão.
Os astrólogos Iniciados devem, eventualmente, resolver todos esses problemas. Haverá uma Nova Astrologia na Nova Era que lidará com configurações cósmicas, não apenas para os Planetas de um sistema, mas com a inter-relação dos muitos sistemas solares e seus Planetas e até mesmo considerando influências daquelas galáxias.
“Cristo Jesus escolheu os doze antes de ter vindo ao mundo. Ele escolheu doze poderes e os recebeu dos doze Salvadores do Tesouro da Luz. Quando Ele desceu ao mundo, os lançou como chispas no ventre de suas mães, de tal modo que o mundo inteiro pudesse ser salvo”.
Pitis Sophia
Os doze Discípulos representam os doze principais atributos a serem desenvolvidos no ser humano, alcançado pelo despertar do poder do Cristo Interno. Isto ocorre pelos muitos estágios exemplificados nos eventos das vidas dos Doze Discípulos, conforme relatado no Novo Testamento. Tais eventos não são compreendidos como meras lembranças da vida pessoal de cada Discípulo. Em verdade, tudo o que está escrito revela fórmulas sobre como trilhar o Caminho da Realização. A Bíblia é de significado universal. Os registros biográficos são secundários. Seu significado primário está nas entrelinhas e refere-se ao caminho de desenvolvimento espiritual de todo ser humano.
Isso não quer dizer que a história dos Discípulos também não tenha significado histórico. As doze “Chispas” que encarnaram nos doze Apóstolos referem-se aos poderes cósmicos emanados do Zodíaco. Também mostram as doze grandes Religiões do mundo e seus Mestres fundadores, que são Salvadores. Assim, de acordo com os Evangelhos e a correlação material dos documentos esotéricos, tais como os de Pitis Sophia, Cristo enviou a Terra doze Salvadores ou Fundadores das doze Religiões mundiais, que O cercava, assim como os doze Signos rodeiam o Sol. Os estudiosos da Bíblia geralmente não conseguem enxergar a verdade esotérica na mensagem de Pitis Sophia, que revela todos os grandes Salvadores do mundo como precursores de Cristo. Eles vieram a Terra antes d’Ele, com o objetivo de preparar o Caminho. Deste modo, o Mestre de Nazaré encarnou e eles também renasceram para serem Seus auxiliares e emissários imediatos para o Mundo. A vida dos Apóstolos, então, não só possui um significado para os Cristãos, mas para todas as demais Religiões do mundo.
Em Mateus 19:28 lemos:
“Disse-lhe Jesus: ‘Em verdade vos digo que, quando as coisas forem renovadas, e o Filho do Homem se assentar no seu trono de glória, também vós, que me seguistes, vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.’”.
Este versículo mostra a realização final do caminho do discipulado, quando, pela regeneração ou Iniciação é mostrada a vida de Cristo. Aqui, a natureza carnal é deixada de lado, tendo sido transmutada em poderes do Espírito. Isso ocorre quando o velho dá lugar ao novo, o natural dá lugar ao sobrenatural. Para os primeiros Discípulos, essa realização ocorre no dia de Pentecostes. Nele, aprendemos o significado essencial de todos os eventos da vida do Aspirante que poderia, de outro modo, permanecer obscura, visto que Pentecoste é a sua meta, hoje, como era nos tempos de Cristo.
Os Zelotes eram uma seita da Galileia, patriota por natureza, que numa intensidade terrível, odiava tudo que era romano. Reuniam-se com a sombria determinação de libertar sua amada terra da tirania Romana, sendo o fogo e a espada o meio que acreditavam em poder alcançar tal propósito. Simão era um zelote. Ele tinha disposição intensa e dedicava seu corpo e alma para realizar as tarefas dos Zelotes. Ele se tornou um dos guias da seita. Como a maior parte dos patriotas e bandos revolucionários, tal seita se degenerou na multidão e atraiu para si, ladrões e foras da lei, que agiam nem sempre por patriotismo. Mesmo assim, os Zelotes mantinham o comum objetivo de libertar sua nação dos romanos.
Então, chegou até Simão a influência do gentil Nazareno. A partir daí tudo mudou. Ao encontrar Cristo Jesus, Simão, que havia alimentado amarguras animalescas e ódio racial, não mais alimentou tais sentimentos e captou os mais nobres impulsos que despertaram em seu ser. Ele agora incorporou em seu coração a lei do Novo Regime: amor aos inimigos, resistir ao mal e sobrepujar o mal com o bem.
Tal é a lei que governará a Nova Era e sua palavra-chave é o Amor. Este é o nível em que seu Amor é aplicado aos problemas cotidianos que irão determinar a adequação do Discípulo para entrar na fase Aquariana da Dispensação de Cristo que está sendo introduzida agora.
O Mestre, como todos os grandes professores espirituais, ensina a necessidade de transmutar o mal em bem, e dá instruções de como realizar tal façanha. Agindo sob sua instrução, cada Escola de Mistérios, celebra um ritual à meia noite em que o miasma do mal do globo é aglomerado e transmutado em bondade. Isso não é figurativo, mas algo que ocorre literalmente. O trabalho é feito todas as noites, a meia noite, em todos os lugares, por todo o globo, através das vinte e quatro horas do dia. É um trabalho contínuo, incessante, como é sugerido no mosaico característico do piso do Templo Maçônico.
O Discípulo Simão, o grandioso Zelote, presenciou a obra da renovação realizada por Cristo e seu círculo de Iniciados e, desta maneira, mudou de ressentido patriota para amoroso e terno Discípulo, desejoso de receber e suportar o ridículo, a mortificação e a perseguição de seus antigos amigos e associados com o único fim de poder dar sua vida a seus amigos semelhantes.
Judas é o símbolo da limitação e da incompletude que age como um incentivador negativo ao progresso. “A Natureza aborrece o Vazio” (Nature abhors a vacuum) e cada alma humana, quando se torna sensitiva ao seu vazio espiritual, procura por preenchê-la por si mesmo. Todas as coisas trabalham juntas para o bem, S. Paulo diz: “O maior pecador pode se tornar o mais santo”.
Judas representa a natureza inferior no ser humano, que trai, a todo tempo, o elevado Cristo Interno. Essa traição causa grande dor e paixão, e deve sempre ocorrer no Jardim da Agonia (Getsemani). No caminho do progresso espiritual, é necessário ser um preâmbulo a Crucificação que traz a liberação, a liberdade e a realização. Isto pode ser realizado apenas pelo mau ou pela limitação (Judas), destruindo a si mesmo, para que a divina natureza possa se revelar. Matias, um homem santo, é escolhido para substituí-lo.
A lenda diz que a mãe de Judas foi avisada em sonho que ele se tornaria o filho da perdição. Ela então, o colocou em uma cesta e o lançou o ao mar. Ali o bebê foi encontrado por um rei, que o adotou e o criou como seu filho; mas Judas matou seu irmão (filho do rei) e foi compelido a fugir. Ele se tornou um pajem para Pôncio Pilatos e depois tratou de seguir o Cristo.
Judas representa a aquisição de posses, o amor ao poder que cresce da possessão das coisas materiais. Ele era o Discípulo que cuidava do dinheiro – da bolsa. Intenso, apaixonado, seus olhos se enchiam com estranhas luzes e seus cabelos eram como uma chama vermelha. Foi acusado na infância de ter sido possuído pelo demônio. Ele é também ligado, em alguns sentidos, a Maria Madalena, em termos de amor sensual, os dois representam o caminho da transmutação, pelo qual a natureza mortal e baixa é deixada de lado em favor da nova e Cristificada vida.
Um poeta canta sobre a juventude de S. João, o Discípulo amado, que “ao se tornar adulto, foi como uma bela e rápida tempestade”. “Filhos do Trovão” foi como o Mestre chamou João e seu irmão Tiago. Foi a extraordinária intensidade interna que levou Tiago a se tornar o primeiro a entregar sua vida e, também, deu a João, o lugar do Discípulo mais amado de Cristo. Isso significa que seu avanço espiritual foi tamanho que lhe permitiu ser aquele que mais se aproximou do Espírito de Cristo. Desde cedo, os olhos de águia de João visualizaram o resplendor dos Anjos e seu coração ouvia seus gloriosos cantos. Nas sombras de suas asas, as chamas brancas do amor nasceram dentro dele e este amor se transformou em poder. Mais tarde este poder foi vertido em seu Livro, o que é o maior tesouro da memória do Ministério de Cristo na Terra. Por meio do seu amor, foi capaz de ver a glória daquelas mansões que o Mestre preparou para aqueles que O ama, e fazem de si merecedores de lá habitar. Foi no espírito do seu amor, que era como o dos Anjos, que ele foi capaz de tocar a palavra-chave que soou a liminar “Amai uns os outros, assim como Eu vos amei”, e na Sua promessa, “E, quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim”.
Foi em Éfeso que S. João se preparou para o grande trabalho de cura e de ensinar, após sua separação dos Discípulos. Lá ele viveu e ensinou multidões ansiosas pelo significado do AMOR COMO UM PODER. Os Anjos cantam hosanas quando, pela primeira vez, ele se encontrou com o Senhor, e essas hosanas foram proclamadas quando seu radiante espírito deixou a Terra para reunir nos mundos celestiais com seu bem-amado Mestre. A fragrância emanada de suas palavras de despedida, ditas para seus Discípulos, ainda permanece como a respiração das raras e exóticas flores: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”.
S. Tiago, irmão de S. João, foi o primeiro dos Discípulos. Estava entre os primeiros a seguir o Mestre e foi que sofreu o martírio.
Em Mateus 4:21-22 lemos: “Continuando a caminhar, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com o pai Zebedeu, a consertar as redes. E os chamou. Eles, deixando imediatamente o barco e o pai, o seguiram.”.
A rede do pescador, na simbologia esotérica, se refere à sabedoria extraída das experiências do cotidiano. O pescador é aquele que se despertou espiritualmente para o significado e propósito da existência física. O Novo Testamento contém muitas referências do trabalho dos Discípulos com redes. Por vezes, estas são quebradas e novamente, são emendadas. Elas representam à substância extraída que é o Corpo-Alma, o etérico Corpo da Nova Era que é necessário para todo ser humano.
S. Tiago representa a suprema qualidade da esperança que “nasce eternamente no peito do ser humano”. Foi pelo poder da esperança que S. Tiago foi capaz de deixar seu pai, apesar dos protestos do mesmo, dizendo: “Eu devo ir, pois Jesus chegou”.
Banhado nesta luz branca da esperança que vem do Altar mais elevado da Alma, S. Tiago foi capaz de passar calmamente pela amarga experiência de perseguição e martírio.
Antes do poder de Herodes o ter alcançado, para “matar Tiago pela espada”, os Discípulos plantaram na Terra a semente da nova fé Cristã. Lendas Místicas declaram que após o martírio de S. Tiago, os Discípulos colocaram seu corpo em um barco que foi impulsionado por Anjos até alcançar à costa da Espanha, e ali, uma enorme pedra se abriu, por si mesma, para recebê-lo – uma referência das verdades da Iniciação e da nova pedra branca que ele ensinou. Nesta lenda, temos outra faceta do Mistério do Graal, em que o castelo, construído por homens e Anjos, permaneceu em algum lugar e por muito tempo nas montanhas da Espanha, antes que fosse agraciado pelos altares de Glastonbury no tempo do Rei Arthur e seus cavaleiros; mas alguns dizem que esse castelo ficou primeiro na Grã-Bretanha.
Judas significa louvor. Este Discípulo, deste modo, representa uma das mais importantes qualidades que deve ser desenvolvida por aquele que está buscando a luz interior. Toda a verdadeira instrução espiritual enfatiza a necessidade de cultivar o espírito de louvor. A lei do louvor é a lei do crescimento; assim, aquilo que louvamos, multiplicamos. Quanto mais uma pessoa se espiritualiza, mais ela se torna capaz de praticar o louvor em seu dia a dia. Isso é exemplificado pelo Livro dos Salmos. Conforme o Salmista se tornava mais afinado com a música das esferas, mais ardente se tornava seus cantos de louvores, até que sua própria vida ressoava com um olhar: “Bendize ao Senhor, ó minha alma, e tudo que em mim bendiga Seu Santo Nome!” (Salmo 102 (103)).
Assim, louvar é aquilo que associamos com Judas, o primo de Jesus e filho de Maria que era a irmã da Virgem e sua colaboradora no culto Misterioso dos Essênios, a Comunidade dos Eleitos.
Tomé representa a dúvida e o ceticismo que necessariamente nasce durante o treinamento intelectual. Dúvida e ceticismo são dois dos maiores impedimentos enfrentados pelo moderno Aspirante, na aquisição direta do conhecimento. As palavras do Mestre para Tomé: “não sejas incrédulo, mas crê”, ainda estão ecoando através dos Éteres. Não podemos esperar progressos longos no Caminho, enquanto o estágio de Tomé de desenvolvimento não passe.
Tomé estava no limiar da compreensão, como por exemplo, quando testemunhou a ressurreição de Lázaro, mas na ocasião em que o Mestre foi preso em Getsemani, ele foi dominado pela dúvida e conflito, e no momento da Crucificação, ele fugiu. Na sua Mente tortuosa, ele carregou a memória do corpo quebrado e do lado ferido, mas em seu coração, ele reteve como uma música escondida, as cadências divinas: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”.
No final da triste semana da Paixão do Mestre, ele retornou a Jerusalém, onde os Éteres já eram vibrantes com os ritmos dos hinos Iniciáticos alegres da Ressurreição: “Eu sou a Ressurreição e a Vida”. Aqui, sua dedicação foi completa. Com as palavras, “Meu senhor e meu Deus”[23] um novo Tomé surgiu ao mundo, e seu coração incendiou e seus lábios se tocaram com aquela Luz que nasceu da sintonia do amor que é eterno.
Na Índia, existe uma seita numerosa, com milhares de membros que se intitulam: “Os Cristãos S. Tomé”, testemunhando os dias em que grandes trabalhos e milagres foram realizados pelo iluminado santo Discípulo que fundou esta Ordem.
A história da vida de S. Mateus revela que era um publicano pecador, e por meio do encontro com Cristo, se tornou um dos maiores e gloriosos Santos e Apóstolos que escreveu o Evangelho que carrega seu nome. Mateus, o cobrador de impostos, simboliza aquisição e posse. Essa qualidade manifestava-se primeiramente no plano físico, mas em sua equivalência transmutada, passou a manifestar uma virtude correspondente na alquimia da iluminação espiritual. Por meio de tristeza e sofrimento, a qualidade de aquisição e posse foi elevada de um nível para outro, até se tornar o poder pelo qual ele era um coletor, pela experiência, de sabedoria, em essência.
Em sua luxuosa vila, ao lado das águas azuis do lago da Galileia, S. Mateus celebrou sua renúncia da vida antiga e sua dedicação para a nova vida, servindo um grande banquete. Este banquete foi frequentado por muitos publicanos e pecadores, amigos e companheiros da vida antiga e, também, agraciada e abençoada pela presença do gracioso Senhor. Por isso, o banquete constitui um verdadeiro evento espiritual em que os atributos da vida antiga não regenerada foram elevados e transformados pela presença e poder de Cristo.
A transformação de S. Mateus ocorreu pela experiência gloriosa de participar do Sermão da Montanha do Senhor. Desde então, seus olhos foram elevados com um mistério especial e de seus lábios ecoaram a nova palavra do Espírito de Vida. Em contraste com sua luxuosa vida que viveu, antes de encontrar o Mestre, S. Mateus se tornou uma pessoa absolutamente sóbria e ascética que, de seus lábios e corpo, gradualmente iniciou a emanar uma luz transcendente que eram como uma irradiação divina do Mestre. Sua grande obra foi concentrada amplamente na Etiópia, onde trabalhou por aproximadamente 23 anos. S. Mateus significa o grande propósito e poder de transmutação da vida humana.
André é o Discípulo que representa a humildade e a auto abnegação. Foi o primeiro a ser escolhido e mesmo assim, jamais se tornou um dos mais íntimos do círculo espiritual dos Apóstolos. Contentou-se sempre em brilhar a Glória refletida de seu irmão mais novo, S. Pedro. Sonhos e anseios pelas coisas do espírito o elevaram, cedo, a ser um dos seguidores de S. João Batista. Deste modo, ele se preparou para um serviço mais elevado e profundo que era servir ao Mestre Supremo. A Bíblia misticamente descreve sua preparação quando cita que ele estava lançando redes quando Cristo Jesus chegou.
André foi um dos escolhidos por um Grande Iniciador para servir no milagre dos peixes e pães. O propósito deste milagre era ensinar aos Discípulos como manifestar a substância física de um dado núcleo, bem como demonstrar a fraternidade de compartilhar. Após receber os grandiosos poderes conferidos aos Discípulos no Pentecostes, saíram pelo mundo para promoverem a Grande Obra. André cruzou os sete mares e as lendas místicas relatam que ele foi o primeiro a dar, para a Escócia, a nova e bendita Palavra de Vida. A cruz de Santo André é um “X”, desenhado em vermelho fogo, é o símbolo do sangue sacrificado: no lugar onde se é torturado e martirizado, grandes árvores floridas surgem adornadas com flores oriundas do sangue derramado. Pela simbologia Maçônica e Cristã esotérica, podemos encontrar repetidamente o ensinamento que onde sangue de sacrifício foi derramado, uma recordação viva cresce em forma de uma árvore florida.
O caminho sangrento desenhado pelas pegadas impressionantes de Hiram Abiff, de acordo com os escritores maçônicos, descreve esse “X” da Cruz de Santo André, e a árvore de florescência sagrada em sua memória é a Acácia. A simbologia ilustra o processo de Iniciação.
S. Pedro, o hesitante, o vacilante, “’o homem-onda’ que mais tarde tornou-se o ‘homem-pedra’”, é um exemplo daquele que alcançou o domínio sobre as fraquezas pessoais e a indecisão. Sua história revela que teve mais falha e limitações do que qualquer outro Apóstolo. Ainda assim, finalmente conseguiu desenvolver os atributos espirituais transcendentais que cada verdadeiro Discípulo aspira.
S. Pedro, primeiramente, recebeu ensinamentos na escola esotérica de S. João Batista. Quando Cristo o encontrou, estava voltado, totalmente, em emendar redes. Ele tipifica a ação e serviço e, finalmente, o alcançar o lugar elevado onde ele simboliza a fé – fé como um poder, não apenas uma abstração. É sobre esse poder recém-descoberto da fé, que a Igreja da Nova Era, ou corpo do Iniciado, é construído.
Quando o amor, a fé e a esperança se tornam manifestadas como trabalhos realizados dentro da consciência do Aspirante moderno, então, eles, também se tornarão capazes de acompanhar Cristo nas Suas obras mais elevadas e maravilhosas, como Pedro, Tiago e João, os Discípulos que simbolizam essas qualidades. Nossas maiores falhas se tornarão nossos passos que nos guiará a um maior desenvolvimento, como ocorreu com Pedro. Ele não pode jamais esquecer sua negação a Cristo, e em sua própria crucificação ele pediu para que fosse crucificado de cabeça para baixo, como não merecedor de morrer do mesmo modo que seu Senhor.
A mais preciosa história de S. Pedro foi seu encontro com o Mestre naquela alvorada luminosa, após a Ressurreição, quando lhe foi permitido renovar e dedicar novamente sua vida, como uma resposta mais profunda ao Mestre que lhe perguntou: “Me amas?”[24]. Magnificamente, Pedro cumpriu o mandamento do Mestre de apascentar suas ovelhas. Reza a lenda sagrada que até mesmo sua sombra tinha o poder de curar; mas sabemos que não era sua sombra, mas as maravilhosas emanações anímicas de seu Amor a Cristo que curava. Estas emanações caíam sobre todo aquele que chegava perto dele.
A vida de S. Pedro se desenvolvia entre a luz e a sombra, isto é, a escuridão do conflito e erro, entre provas e debilidades, produzindo arranques intermitentes de glória até que finalmente ele se rendeu a morte em um radiante branco resplendor de fé que foi verdadeiramente divino.
Tudo que era fraco e humano, finalmente, foi erradicado em uma grande explosão de fogo espiritual que consumiu a carne. Sua vida ilustra, talvez como em nenhuma outra, a verdade da afirmação de um vidente moderno: “o único e verdadeiro fracasso é deixar de tentar”. Mais do que qualquer dos Discípulos, S. Pedro é o Apóstolo do esforço incessante. Devido suas muitas e variadas experiências, da sabedoria e da compreensão que elas produziram que S. Pedro é conhecido como o guardador das chaves do paraíso e do inferno. O estudante de ocultismo sabe que o real propósito da vida não é felicidade, mas adquirir experiência.
Dentre os doze, Natanael foi um sonhador e místico, “um israelita em que não há dolo” (Jo 1:47) foram as palavras que o Mestre utilizou para descrevê-lo. Era Natanael, filho de Tolomé, e por isso chamado Bar-Tolomé ou Bartolomeu, sendo seu nome Natanael Bar-Tolomé. Seu pai era um encarregado dos parreirais e foi em meio a sombras frescas e fragrâncias de sua casa, num morro, que Natanael sonhou seus sonhos, até que, para ele, o canto dos pássaros foi misturado com ao dos coros dos Anjos e os brilhos das estrelas, que, para ele, pareciam tochas de fogo apontando as escadas do céu. Assim, filosofando e vivendo seus sonhos que foram menos reais para ele do que o mundo precioso que o rodeava, este jovem Galaad[25] de espírito se preparou para a eterna busca. Filipe, seu amigo, sabedor da profunda ansiedade de Natanael para a vinda de um iluminado para iluminá-lo em sua busca, um dia o chamou com entusiasmo apaixonado e fervor ao anunciar que havia “encontrado o Messias” (Jo 1:45).
Natanael significa pureza. Ele havia conseguido dominar o eu inferior, em preparação para a chegada do Grande Mestre. Por toda a Bíblia, o figo simboliza a geração. “Enquanto estava debaixo da figueira, eu te vi” (Jo 1:48), disse o Mestre no primeiro momento da saudação; e previu: “verás as portas do céu e os Anjos do Senhor subindo e descendo” (Jo 1:51), referindo-se aos poderes da Iniciação que ele viria desenvolver. Pureza é o requisito supremo da Iniciação e nenhum verdadeiro poder espiritual pode ser alcançado sem ela. Natanael se tornou um dos curadores mais maravilhosos entre os Discípulos, e foi por esta razão que foi apedrejado até a morte pelos sacerdotes da antiga Religião, pois temiam o seu poder.
As forças de cura são forças de vida e pureza, tal como a de Natanael, que é o fruto da vida regenerada e que aumenta a força de cura mil vezes. Devido a ele ter alcançado este estado de pureza, os poderes pessoais são elevados pelas forças cósmicas que se alinham com as próprias potencialidades universais do Discípulo.
Filipe era o Discípulo de Betsaida, que em Hebreu, significa a casa das redes. Esotericamente, isso significa o despertar ou infundir-se com espiritualidade. A história de vida de Filipe contém o processo ou fórmula para espiritualização da Mente. Este é um longo e árduo processo de aceitação da divindade do Senhor. Muitas vezes, durante este processo de despertar espiritual, a Mente grita e protesta: “Mostra-nos o Pai e isso bastará”. Difícil é o ensinamento que nos faz compreender a resposta do Mestre: “Não crês que eu estou no Pai e o Pai em Mim?”.
Filipe era filho de um pai Hebreu e uma mãe Grega. Tornou-se o primeiro evangelista para o mundo Grego. Ele foi a mão que abriu a porta para o Cristianismo na Europa; e foi nomeado o Hermes de Cristo.
A maior influência em sua vida, com exceção do Mestre, foi a amizade de Natanael. Eles constituem um inseparável dois – o Davi e o Jônatas (1Sam 20:16) do Novo Testamento. Eram inseparáveis na vida e juntos, enfrentaram o martírio. Filipe trouxe Natanael para Cristo e Natanael viu a passagem do espírito luminoso de Filipe, em seu martírio, ao encontro do Mestre. Filipe viajou pela Terra, compartilhando a luz dos novos ensinamentos do Messias que ele tão ardentemente defendia, e por causa da multidão de seus seguidores e das muitas curas maravilhosas que realizava, ele foi crucificado em frente ao Templo. Fortalecido por uma visão do Cristo glorioso e pela presença terrena de seu amado Natanael, o espírito radiante de Filipe deixou seu corpo na Terra, voando a caminho ascendente da alegria daqueles que permaneceram fiéis até a morte.
S. Tiago e Judas eram filhos de Maria, uma irmã da virgem e Cléofas. Ambos passaram sua infância na mesma casa com Jesus, na comunidade essênica, mas a aceitação de Sua divindade e missão, só foi aceita por eles, sem reservas, depois da Ressurreição e Ascensão. S. Tiago recebeu de sua mãe a notícia da Ressurreição e declarou que ele não beberia ou comeria até que ele visse o Mestre ressuscitado. Logo o Salvador apareceu para ele e lhe disse: “traga a mesa, a comida e a bebida como evidência da nova vida”.
S. Tiago se tornou o mais devoto dos Discípulos e, até sua morte, foi líder da nova igreja em Jerusalém. Tão nobre e fino era seu caráter que era altamente estimado até por aqueles que não tinham reverência pelo novo Messias. Acredita-se que ele era o líder dos Essênios em Jerusalém, antes de ele se tornar chefe da nova igreja.
Inimigos da nova seita Cristã induziram o santo Tiago a aparecer no parapeito do Templo, perante a multidão reunida, durante a semana de Páscoa, sob a ideia de que deveria dizer algo sobre o Mestre que tanto amava. Conforme ele falava fervorosamente sobre Jesus como o Messias de Deus, a multidão iniciou seu apedrejamento; ele caiu terraço abaixo, onde morreu, sem qualquer malícia sobre seus perseguidores, do mesmo modo que seu Mestre havia morrido anteriormente. Assim, seu grande espírito passou para os reinos internos com as palavras daquela prece sublime sobre seus lábios: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”.
Foi tão amado este Mestre Essênio pelo povo, que a notícia de sua morte causou pânico e horror entre os seres humanos devotos de todas as partes. Disseram que Jerusalém tinha sofrido grande tristeza devido a este crime. Durante este tempo, ou logo após os exércitos romanos destruírem a cidade, tanto Judeus como Cristãos disseram que foi a morte do santo Tiago que trouxe a catástrofe como punição de Deus.
Três são os passos principais de instrução e disciplina, fornecidos tanto pelas Escolas Iniciáticas antigas como pelas modernas. Estes passos exigidos pelos candidatos e, entre os Cristãos primitivos, eram conhecidos como: Dedicação, Purificação e Iluminação; também por: Preparação, Purificação e Perfeição. Eles esboçam o trabalho da Provação, Discipulado e Iniciação, como são conhecidos entre as escolas atuais.
S. Paulo, um dos Cristãos primitivos mais ilustres, forneceu diversas informações sobre as experiências que marcam o progresso do Aspirante no Caminho da Santidade. Para S. Paulo, foi o Caminho de Damasco que o levou para a culminação da Glória da Iluminação. Foi corretamente mencionado que a Bíblia possui significados alegóricos em suas histórias e, portanto, o Caminho de Damasco significa o Caminho da Luz, porque o desabrochar Iniciático de S. Paulo ocorreu neste Caminho. Isso não significa que a história de S. Paulo constitui um mito ou algo que nunca ocorreu. É, de fato, uma história verdadeira e sua verdade é estampada em cada aspecto descrito, mas também pode ser observada como uma pintura que revela experiências de iluminação em que todo Aspirante alcançará.
Isto é uma verdade para todo ser humano. A vida do mais humilde, desde o nascimento até a morte, pode ser levada em toda a sua totalidade e sublimes mistérios podem ser derivados de suas numerosas experiências. Compreendemos o modo como isto pode ocorrer quando nos conscientizamos dos padrões de vida existentes nos céus e, que a vida na Terra, nada mais é que uma sombra que se funde no tempo e espaço, de acordo com tais padrões divinos. Imperfeita como a vida pode ser, não obstante, o padrão divino pode ainda ser inferido a partir dos contornos das sombras.
A Estrada de Damasco foi o começo do Caminho de Saulo, que se tornou Paulo. Se alguém for cético sobre os ensinamentos das Verdades da Iniciação e dos mistérios contidos na Bíblia, permita-o estudar cuidadosamente a respeito das Três Jornadas de S. Paulo, conforme descrito no Livro dos Atos e em suas Epístolas contidas no Novo Testamento. Então, este cético encontrará um significado novo e profundo nas palavras de S. Paulo: “Dá leite para as crianças e carne para os mais fortes”.
Foi dito, verdadeiramente, que “S. Paulo foi uma das maiores vozes que o mundo já ouviu. Por quarenta anos depois da Transfiguração, sua vida foi uma sublime e terrível aventura”.
Sua vida foi uma potente pintura caleidoscópica de eventos sensacionais. Vemo-lo como Saulo, resguardando as capas daqueles que apedrejaram Estevão; seu primeiro encontro com o Discípulo Pedro; nós observamos sua grande iluminação na Estrada de Damasco; depois, como Apóstolo Paulo, num dado momento foi apedrejado e escarnecido, num outro, foi adorado como um deus. Ouvimo-lo articulando com os Atenienses no Areópago, e, então, subir nas asas da inspiração, conforme ele canta seu cântico imortal, em que o amor prevalece sobre a fé e a esperança; um hino de êxtase que traduz as canções dos Anjos para nós e carregado com uma beleza e poder que lhe assegura um lugar nos corações dos seres humanos de todos os tempos que virão.
Mais tarde, encontramos S. Paulo no Sinédrio. Vemo-lo lançando a víbora ao fogo, e finalmente, sua nobre cabeça abaixo do carrasco, na penumbra púrpura dos grandes pinheiros de Roma. Assim, observamos S. Paulo, o intrépido, o corajoso, o vitorioso, cuja máxima de vida foi adotada centenas de anos mais tarde, por uma grande fraternidade oculta como um abre-te-sésamo para seu Templo, que continham as palavras: “Eu desejo nada além de Cristo Jesus e Ele crucificado”.
Cada quadro da vida de S. Paulo atinge uma nota chave específica e marca uma fase de desenvolvimento específico. Um progresso similar do avanço da alma, passo a passo, caracteriza o Aspirante que consegue atingir a exaltada estatura espiritual de S. Paulo. Saulo, o perseguidor de Estevão, tem pouca semelhança com S. Paulo, o autor da canção divinamente inspirada de amor, excetuando-se apenas no fervor de seu temperamento. Foi a mudança de caráter e consciência que levou a mudança do nome de Saulo para Paulo, este espírito ávido e árduo, onde, esotericamente, esses nomes são a expressão vibratória da ideia que elas representam.
Saulo de Tarso foi totalmente erradicado da consciência de S. Paulo que escreveu no final de sua Epístola a Timóteo, a epístola que descreve o objetivo superior para todos os Discípulos modernos, seus filhos em espírito: “Eu lutei a boa luta, eu mantive a fé, eu terminei a jornada”.
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S. Paulo colocou chaves místicas em cada uma de suas Epístolas, como uma ajuda aos seus Discípulos que entram no Caminho na busca pela compreensão profunda do mistério da vida. Quatorze dos vinte e sete Livros que compõem o Novo Testamento testificam o trabalho do grande evangelizador, e “cada letra de S. Paulo é uma pintura de S. Paulo” (Adolf Deissman). Quando organizado em ordem cronológica, as treze Epístolas de S. Paulo podem ser classificadas em quatro grupos:
A……. I e II Tessalonicenses
Escritas durante a Segunda Jornada 51 D.C.
B……. I e II Coríntios, Gálatas e Romanos
Escritas durante a Terceira Jornada 52 a 56 D.C.
C……. Filipenses, Éfeso, Colossenses e Filipenses
Escritas durante a prisão em Roma 59 a 61 D.C.
D……. Tito, I e II Timóteo
Escritas antes do Martírio
Saulo nasceu na cidade de Tarso, provincial de Cicília, durante os dias mais emocionantes do Império Romano. Ele era da tribo de Benjamin (Câncer) que sempre permaneceu fiel a Judeia (Leão). Aproximadamente no mesmo tempo em que Saulo nasceu, Anjos proclamavam o nascimento da Criança Santa em Belém. O mundo estava passando por um estado de transição na preparação para a Nova Dispensação, a chegada de Cristo Jesus. Saulo, o jovem, foi educado de acordo com a doutrina farisaica. Sua primeira visita a Jerusalém foi realizada quando tinha trinta anos, quando ele foi estudar com Gamaliel, o maior de todos os doutores da Lei. Observe essa idade e a compare com a de Jesus, que aos 12 anos ensinou no templo. Estes são os anos da adolescência, que em um plano superior de desenvolvimento, marcam o despertar da Alma Emocional. Leal a seita dos Fariseus, desdenhoso e desafiante aos ensinamentos do novo culto dos Nazarenos, estava indignado das presunçosas aclamações em nome de seu Mestre e determinado a exterminá-los a qualquer custo. Por herança e preceito, essa era a atitude instalada dentro de Saulo de Tarso; esta era a sua base que o levou a se tornar S. Paulo, o Cristão, cuja vida, após a conversão, foi dedicada ao propósito: “para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus”[26].
Nomeado pelo Sinédrio para perseguir os Judeus que se tornaram seguidores do Nazareno, Saulo viajou para Damasco para eliminar a heresia das comunidades dos Judeus que lá viviam. Ele quase completou sua jornada e estava próxima da cidade antiga, quando um evento ocorreu que o transformou em outro homem e colocou sua vida em um novo e perigoso curso.
Em Atos dos Apóstolos, 9:3-9, lemos:
“Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saul, Saul, por que me persegues?’. Ele perguntou: ‘Quem és, Senhor?’. E a resposta: ‘Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Mas levanta-te, entra na cidade, e te dirão o que deves fazer’. Os homens que com ele viajavam detiveram-se, emudecidos de espanto, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Saulo ergueu-se do chão. Mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Conduzindo-o, então, pela mão, fizeram-no entrar em Damasco. Esteve três dias sem ver, e nada comeu nem bebeu.”.
É de grande significado que este evento ocorreu no ambiente áurico da cidade de Damasco. Mesmo naquele tempo Damasco era uma das mais antigas vivas cidades do mundo, uma cidade que nunca conheceu a morte. Muitas cidades belas, poderosas e grandes floresceram na antiguidade, mas Damasco sobreviveu a todas.
No oriente de Damasco, na terra erma, havia comunidades místicas, onde os iniciados se comunicavam com Deus dentro do coração e com os anfitriões dos céus, governantes dos elementos e dos egrégios Anjos e Arcanjos. Seus hinos ecoam a música das esferas e se diz que um de seus cantos da luz da alvorada veio até nós pelos versos iniciais do Evangelho de S. João. Em Damasco, estas comunidades eram similares aos Essênios do Mar Morto da Palestina, e havia constante comunicação, em uma peregrinação de idas e vindas.
Na cidade de Damasco, havia uma comunidade de chefes de família, assim como sugere o Livro dos Atos dos Apóstolos, com condições similares as da Sagrada Família em Nazaré e, em suas casas, se veneravam os Sagrados Mistérios desde antes da preparação da vinda de Cristo. Para estes, S. Paulo foi encaminhado para que pudessem cuidar dele durante o período de três dias de cegueira externa, de onde sua alma interior foi despertada.
Damasco é uma cidade preciosa e mística que todo o Aspirante se aproxima quando está realizando um contato iluminado com o Cristo. Abrão, como Saulo, se dirigiu a esta cidade excepcional quando se preparou para a realização interna que alterou seu nome para Abraão, igualmente a Saulo, que se converteu em Paulo, depois deste derrame torrencial de poder espiritual;
Saulo, um nome Judeu famoso, e Paulo, um nome Latino com origem e forma grega, representa as duas naturezas do ser humano, denominados: a baixa (carnal) e alta (espiritual) naturezas. Saulo de Tarso, o intolerante, o vingativo, o perseguidor, surge de sua experiência como Paulo, o novo homem. Nele, o velho Adão morreu e o Cristo Interno nele nasceu. Sua ambição se tornou humildade; seu sectarismo dogmático se transformou em uma fraternidade e compaixão que abraça a todos. Seu intenso zelo pela família de Israel foi absorvido em amor pela Humanidade. Seu futuro brilhante foi trocado por uma carreira unificante de sofrimento e renúncia, enquanto honras e adulações foram alegremente trocadas por escárnio e prisão. Renunciou, voluntariamente, a tudo aquilo que o mundo lhe oferecia para que se tornasse o menor dentre os apóstolos de Cristo, e “deste modo, pudesse salvar alguns”.
De que maneira se realizou está completa transformação? Em seu trabalho sobre a vida de S. Paulo, Adolf Deissman ficou perto da verdade oculta quando disse que a Religião de S. Paulo é o “Cristianismo Místico” e que sua jornada para Damasco marcou o início de sua internalização de Cristo. Por três dias e três noites Paulo não enxergou a luz com seus olhos, não comeu e nem bebeu. Durante este intervalo místico, seus olhos se abriram e sua consciência focalizou nos planos internos espirituais. Sua luz, neste período, não foi provinda do Mundo Físico, mas dos reinos celestes superiores.
Foi essa grande e gloriosa visão que trouxe iluminação a S. Paulo e o fez ser dedicado de corpo e alma, sem reservas ou hesitação, para um trabalho voluntário e profundo. Foi este evento estupendo que ele se referiu quando disse: “Não me mostrei rebelde à visão celeste”[27].
Muitos tentam realizar o caminho que leva a mística cidade de Damasco, mas poucos conseguem, com êxito, cruzar seus portais. A luz dos céus é, primeiramente, a chama interna do espírito despertado; é a luz que nunca falha em atrair o Mestre que virá abrir o caminho para instruções e iluminação mais aprofundada.
A aquisição do conhecimento, em primeira mão, sobre a vida e as condições nos mundos suprafísicos, o contato com os Grandes Seres que guiam o destino da Humanidade, a partir dos reinos espirituais, e a obediência a suas instruções são os requisitos necessários para a verdadeira Iniciação Espiritual. Tal iluminação é possível hoje, mas uma posição espiritual mais elevada do indivíduo que a grande maioria da Humanidade comum é essencial e são poucos os que realmente conseguem preencher estes requisitos de uma dieta pura, pensamentos construtivos e harmoniosos e uma vida pura e casta. Estes são requisitos fundamentais e não podem ser ignorados ou sobre passados.
Durante o intervalo sublime de cegueira das condições do mundo exterior, Paulo foi esclarecido sobre a real missão esotérica de Cristo Jesus e sobre o início da Nova Dispensação Cristã. Após anos de escárnios e perseguições aos seguidores do gentil Nazareno, a resplandecente luz de iluminação clareou sua alma e teve o privilégio de vislumbrar acontecimentos que ocorreram ao longo dos séculos. Vislumbrou o novo céu e uma nova Terra, na qual o companheirismo e a fraternidade eram uma realidade; um tempo em que Isaias, outro Iniciado, havia declarado o que iria ocorrer, onde os seres humanos trocariam suas espadas por foices e suas lanças por arados[28]. Quando em palavras repetidas posteriormente por um profeta ulterior – “o conhecimento da lei espiritual (o Senhor), cobrirá toda a Terra como as águas cobrem o mar”[29].
Após sua experiência iniciática, na comunidade de Damasco, Paulo foi para o deserto da “Arábia”, como ele diz, onde permaneceu por três anos[30]. Por isso, compreendemos que ele foi para o, conhecido como, deserto da Peréia[31], a qual se refere, vagamente, em suas epistolas. Indubitavelmente ele fez peregrinação para a comunidade do Mar Morto e, também, para outros lugares.
Durante seu confinamento na Arábia, Paulo se comunicou, incessantemente, com o Cristo Ressuscitado e com os Grandes Seres que dirigem e governam a evolução da Humanidade em seu avanço em direção à libertação. Este foi o verdadeiro início de Paulo na Escola de Deus, a Escola do Universo, e de seus Mistérios divinos. Ele aprendeu a ler no grande Livro da Memória da Natureza descrito por Enoque, que está localizado no estrato etérico da aura da Terra, e, ainda mais maravilhoso, que também é encontrado em reinos mais superiores[32]. Ele viu tudo isso e compreendeu a admirável fórmula de Iniciação que foi difundida ao mundo na vida de Cristo Jesus, em Sua Morte, Sepultamento, Ressurreição e Ascensão. No mesmo maravilhoso Livro de Deus ele leu os futuros eventos que ocorreriam em sua própria vida aqui na Terra.
No Livro dos Atos 9:22, lemos:
“Saulo, porém, crescia mais e mais em poder e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo.”.
Já, no mesmo Livro dos Atos 9:15-16, lemos:
“Mas o Senhor insistiu: ‘Vai, porque este homem é para mim um instrumento de escol para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis, e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome’.”.
A experiência de S. Paulo nos Mundos suprafísicos, nos três dias e noites em Damasco, deixou impressões, de vários modos, em cada uma das suas Epístolas, cartas que proclamam a imortalidade, cujas páginas brilham com o esplendor da vida eterna. Cada uma de suas Epístolas contém mensagens tanto internas como externas. Em cada uma delas colocou alimento leve para crianças e alimento sólido para os fortes.
O trabalho principal de S. Paulo está dividido em três fases de viagens. Sempre há três passos que conduzem para a culminação final da Grande Obra, que são delineados em qualquer Escola de Iniciação. Demonstramos que, antigamente, estes três passos eram denominados de: Preparação, Purificação e Perfeição; que correspondem a etapas modernas atuais que conhecemos como: Probacionismo, Discipulado e Iniciação. S. Paulo ocultou esses passos em sua descrição dos eventos ocorridos e dos trabalhos realizados durante as suas três jornadas.
A primeira jornada durou dois anos, a segunda três e a terceira quatro. Assim o total é de nove anos, número este que novamente refere-se a uma chave mística dos nove passos ou níveis maçônicos conhecidos como: Aprendizado, Companheirismo e Mestre. Na vida do Supremo Iniciador, tais passos estão representados pelo: Nascimento, Batismo e Transfiguração. Passadas estas experiências, sempre seguem as grandes obras ou ministérios. Todo neófito que percorre o Caminho encontra “provas” que o confrontam. Essas provas encontram correspondência histórica com a vida de S. Paulo, como: a prova ante Félix, a prova ante Festus e a prova ante Agripa. Esta foi a maneira como S. Paulo passou estes testes que lhe deu a autoridade para declarar: “Desde já está me reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, justo Juiz, naquele Dia; e não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a Sua Aparição”[33].
Foi durante o trabalho de sua segunda peregrinação que S. Paulo começou a escrever suas inigualáveis Epístolas; a primeira delas foi enviada a igreja de Tessália. O amor manifesto, pelo forte laço entre o mestre espiritual e seus pupilos, é expresso nas linhas: “Tanto bem vos queríamos que desejávamos dar-vos não somente o Evangelho de Deus, mas até a própria vida, de tanto amor que vos tínhamos”[34].
A Epístola dos Tessalonicenses contém a mensagem da Ressurreição para uma Nova Vida em todos os seus significados internos, a saber: a habilidade de funcionar conscientemente fora do Corpo Denso, fato este que ninguém descreveu com mais precisão do que este grande Iniciado Cristão.
Ele descreve de modo muito simples o Caminho da Iniciação:
Na Primeira Epístola aos Tessalonicenses 4:13 e 17 lemos:
“Irmãos, não queremos que ignoreis o que se refere aos mortos, para não ficardes tristes como os outros que não têm esperança. (…) em seguida nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor, nos ares. E assim, estaremos para sempre com o Senhor.”.
Alguém que tenha adquirido a habilidade de funcionar nos reinos mais sutis ou reinos etéricos, sabe da verdadeira imortalidade do espírito, a continuidade da vida. A morte que ele encontra nada mais é do que uma transição de um plano de atividade para outro. Foi esta realização imortal que fez S. Paulo declarar: “Oh, morte, onde está sua vitória? Oh, morte, onde está seu aguilhão?” (ICor 15:55). Aquele que alcançou este estado de consciência, não mais deve dizer: “Eu acredito” ou “Eu penso”; ele proclama triunfante como S. Paulo: “Eu sei, pois eu vi”. Então vem a realização: “A morte não o há tocado; ainda que sua morada pereça”.
Esta realização trará a Humanidade uma das bênçãos supremas que lhe aguarda na Nova Era Etérica que está diante de nós.
Corinto, a cidade dos prazeres frívolos e de errantes, significa as sutis tentações dos sentidos. A vida alegre e dissoluta desta cidade se manifesta ao redor do belo Templo de Vênus. Ali, todos os tipos de prazeres, inocentes e maldosos, florescem. Não havia outra cidade onde mais se necessitava a manifestação da influência da Dispensação Cristã.
Em Atos dos Apóstolos 18:9-11 lemos:
“Uma noite, disse o Senhor a Paulo, em visão: ‘Não temas. Continua a falar e não te cales. Eu estou contigo, e ninguém porá a mão sobre ti para fazer-te mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade’. Assim, permaneceu ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.”
As Epístolas aos Coríntios são cheias de significados místicos e internos, compreendidos em todo o seu dignificado somente por aqueles que estão seguindo o mesmo caminho e determinados a seguir similar consecução.
A Primeira Epístola aos Coríntios ensina ao neófito a morrer diariamente na subjugação de seu corpo, ou natureza inferior; e que esta é sempre o primeiro e fundamental ensinamento dado por qualquer escola verdadeira de misticismo.
A Segunda Epístola aos Coríntios contém mensagens mais profundas, dadas apenas para aqueles que encontraram a transformação por meio do VIVER A VIDA.
Em IICor 5:17 lemos:
“Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova”.
Nos ensinamentos dados por Hermes Trismegisto[35] há instruções similares aos dados por S. Paulo, em ICor 15, em que ele fala de corpos incorruptíveis, de corpos naturais e corpos celestiais. Hermes diz com referência a esta transformação: “Posto que temos uma corrente de água e terra, a de fogo e de ar fluindo em nós, que renova nossos corpos e mantém nossas casas unidas”.
“Recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um”[36]. Aqui, S. Paulo está recontando, para aqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir, o processo e o número de suas Iniciações. Quarenta menos um é igual a 39, que numericamente resulta: em 3 e 3 vezes 3 ou 9 – os passos das realizações que pertencem a terceira jornada ou graus de Mestre. Novamente ele está descrevendo a mesma realização de Maestria, quando diz em IICor 12:2-4:
“Conheço um homem em Cristo que, há quatorze anos, foi arrebatado ao terceiro céu — se em seu corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe! E sei que esse homem — se no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe! — foi arrebatado até o paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não é lícito ao homem repetir.”.
Na Epístola aos Gálatas, talvez a mais profunda esotérica de todas as Epístolas, S. Paulo proclama que ele “não fala com carne e sangue”[37].
Em Gálatas 1:17 lemos: “Nem subi a Jerusalém aos que eram apóstolos antes de mim, mas fui à Arábia, e voltei novamente a Damasco”.
Estes versículos se referem novamente aos ensinamentos sobre os planos internos do Templo de Mistérios e ao trabalho Daqueles Seres Iluminados que ministram lá. S. Paulo nos diz que estes ensinamentos que foram revelados para ele, podem ser dados apenas de modo privado para aqueles que possuem “reputação”, o que significa para aqueles qualificados para recebê-los. Isto é um sinal de ratificação dos ensinamentos do Mestre para não jogar pérolas aos porcos.
As Epístolas aos Gálatas encerram com as expressões mais místicas de S. Paulo em Gálatas 6:17: “Doravante ninguém mais me moleste. Pois trago em meu corpo as marcas de Jesus”. Estas palavras não se referem às marcas físicas de golpes, apedrejamentos e açoites, mas a certas marcas de luz que é discernida apenas pela visão espiritual. Aqueles que possuem estas marcas são os que estão Cristificados, os elegidos do Senhor que tomam seu lugar a sua mesa santa em comunhão com o Salvador.
A Epístola aos Romanos foi escrita perto do final da terceira jornada. A gloriosa confirmação do teste de S. Paulo pelos três grandes trabalhos ou jornadas, estava, pois, perto do fim. Permanecendo na luz branca do Mestrado, ele tocou a palavra-chave deste trabalho elevado com as Palavras: “ofereçais vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.” (Rm 12:1).
Allen R. Brown, em seu livro intitulado “Paulo o semeador”, que é um estudo sobre o objetivo e significado da Epístola aos Romanos, apresenta uma interpretação muito próxima a fornecida por esse livro: a Interpretação da Bíblia da Nova Era, quando diz: “Paulo utiliza as palavras ‘em Cristo’ 150 vezes; estas palavras não se referem ao Jesus histórico, mas denotam uma relação contínua com o Cristo presente no coração; Paulo não está consumando o sofrimento de Cristo (Cl 1:24), mas leva em seu próprio corpo o sofrimento de Cristo”.
Todas as “Interpretações da Bíblia da Nova Era” lida com o despertar dos poderes Crísticos dentro do ser humano. “Até que Cristo se forme em vós”: esta declaração do Grande Iniciado Cristão contém a solução para todos os problemas do universo, quando completamente compreendidos e desenvolvidos, inaugurarão o Novo Céu e a Nova Terra. Quando S. Paulo iniciou sua última Jornada, para chegar a sua última prova e, assim, libertar seu glorioso e brilhante espírito na morte, ele estava completamente absorvido em atrair o interesse do Centurião (que, junto a um bando de soldados o acompanharam até o Portão de Ostain em Roma[38]) para o trabalho da Nova Dispensação Cristã. Até o último pensamento de sua Mente foi trazer os outros ao serviço do Cristo.
Chegando a seu destino, sob as grandes sombras dos pinheiros, ele pediu um tempo para meditação e oração. Eles que o assistiram assumir a forma de uma cruz e, com seus braços estendidos, direcionou em Hebreu algumas presenças invisíveis. Este Glorioso Ser, que deu Sua Benção a S. Paulo em sua primeira iluminação, estava presente para abençoá-lo e acelerar seu caminho assim que ele entregou seu corpo em Seu nome, em uma total dedicação e inabalável devoção até o final. Sempre foi fiel a suas próprias palavras: “Se vamos viver em Cristo, devemos abandonar a nós mesmos e morrer com Ele”.
Os portadores de tirso[39] são muitos, mas os verdadeiros místicos são poucos[40]. Reto é o caminho e a porta é estreita e poucos há que a encontram. Este é o caminho para a cidade mística de Damasco, com o seu tesouro espiritual. É apenas para aqueles que, como o Grande S. Paulo, aprenderam a “morrer em Cristo”.
O Batismo proclamava o início do ministério terrestre do Senhor Cristo e a Crucificação, o ponto alto da Sua missão sacrificial. Na Crucificação, Ele que veio como um mediador entre Deus e o ser humano, entre os Céus e a Terra, penetrou no coração do Planeta e tornou-se seu Espírito Planetário. Desde então, o Seu ministério continuou tanto dentro e como fora do nosso Corpo planetário.
O coração da Terra é o Seu centro planetário. A cada ano, o Seu Espírito penetra nele com intensidade e volume cada vez maiores, tornando, assim, mais fácil, a este impulso espiritual, entrar e encontrar uma morada no coração do ser humano. Esta foi a revelação maravilhosa que S. Paulo experimentou no caminho de Damasco, e que, mais tarde, foi incorporada na instrução dada aos seus Discípulos.
Aqueles que defendem que Cristo, como uma personalidade, nunca viveu e que a história de Sua vida é apenas uma representação simbólica do caminho Iniciático, perdem o ponto crucial do Cristianismo Esotérico ou Místico.
Mil anos com o Senhor são como um dia. No Segundo Dia da Criação, como registrado em Gênesis, e conhecido no ocultismo como o Período Solar, os Arcanjos estavam passando por uma fase de desenvolvimento que corresponde a nossa atual evolução humana. No entanto, os seus veículos ou corpos não eram como o nosso, mas eram formados de uma substância não menos densa do que a do desejo ou plano astral. (O próximo veículo mais denso, o Corpo Vital, não veio à existência até o próximo Dia da Criação, ou Período Lunar, nem o Corpo Denso até o dia seguinte, o nosso atual Período Terrestre). O Cristo era e é a própria cabeça da Onda de Vida Arcangélica, e foi naquele passado longínquo acima referido como o Período Solar que Ele dedicou a Si mesmo a servir e guiar a Terra, bem como toda a sua progênie no seu desenvolvimento evolutivo. Então, eras e eras se passaram antes que a nossa Terra estivesse pronta para recebê-Lo no seu centro.
Quando o Sol estava passando por precessão através de Áries, o Signo do Cordeiro, o Cristo veio como o Bom Pastor às ovelhas que tinham perdido o seu caminho.
Os preparativos para a Sua vinda começaram quando o Sol passou por precessão através de Libra, o Signo oposto Áries, aproximadamente a 10 mil anos antes. Seres humanos Iniciados foram enviados, como instrutores, para diferentes partes do mundo, cada um com uma mensagem semelhante, a fim de preparar um círculo interno de Discípulos para esse glorioso evento: a vinda da Luz encarnada do Sol que era para ser a Luz do Mundo.
Quando o Sol entra em Libra no Equinócio de Setembro a glória de Cristo toca a aura externa do Planeta Terra, e ocorre uma aceleração cósmica. Pouco a pouco, durante os meses de novembro e dezembro o Espírito de Cristo penetra no interior do Planeta, camada por camada, até atingir o coração da Terra, na época do Natal. O Raio do Cristo é dourado, quando é visto pela visão espiritual, como o Sol Espiritual de onde Ele emana, e é verdadeiramente esta luz que ilumina o Caminho da Santidade para o Discípulo que sincera e seriamente inicia a busca[41], no período do Equinócio de Setembro. Futuramente, em algum Solstício de Dezembro, ele receberá a Luz Divina, o renascer no coração da Terra, pois o Solstício de Dezembro é o tempo para a dedicação da alma ao Caminho de Cristo.
Antes que ele possa alcançar este objetivo, o Aspirante deve aprender a lição cósmica de Libra: “Então você entenderá o que é justo, direito e certo e aprenderá os caminhos do bem” (Pr 2:9). A lição ensinada por Libra no Equinócio de Setembro é: distinguir, ou seja, separar aquilo que é real daquilo que é ilusão.
Para o Discípulo que está no Caminho de Cristo, é dada uma das mais importantes lições, uma lição que é fundamental para todas as fases posteriores: descobre-se que ele próprio é um Deus em formação, feito à imagem e semelhança de seu Pai, em sua verdadeira e essencial individualidade; e ele procura ver a si mesmo, conhecer a si mesmo, como Deus o vê e conhece. A isso se chama: estabelecer contato com o Deus interior. Neste trabalho, a Hierarquia de Libra, os Senhores da Individualidade, está divinamente qualificada para ajudá-lo. Eles são mais que professores. Eles testam e experimentam a alma, e as provações do Discípulo neste momento têm o objetivo de desenvolver o seu poder de discernimento, um atributo dos mais importantes para Aspirante no Caminho do Discipulado, quando as tentações assumem a natureza da sutileza mais enganadora.
No Caminho da Santidade, o Discípulo utiliza o período de Escorpião para a transmutação, enquanto segue o dourado Raio do Cristo para o coração da Terra. Então, em cada fase da sua vida diária, ele se esforça para sublimar: o mal em bem, a escuridão em luz, os negativos em positivos. Ele consagra-se, a si mesmo, a tarefa de transmutar o metal básico de sua natureza inferior no ouro puro do espírito. O laboratório físico onde ele realiza essa “Grande Obra” é o sistema nervoso central, especialmente a medula espinhal e o cérebro, os quais são comumente conhecidos como o Caminho do Discipulado.
Quando o fogo do espírito é despertado no Discípulo pela primeira vez, ele é sentido na base da coluna vertebral. À medida que o fogo do espírito ascende, este se unirá com o correspondente que vem de cima para baixo; gradualmente ambos se intensificam em volume e força, até que todo o corpo se enche de luz. Assim, ele alcança uma iluminação que é visível para aqueles que possuem visão interna.
É então, quando, pela primeira vez, a sua natureza inferior é, literalmente, consumida pelo fogo celestial, e ele próprio se torna uma tocha, tornando-o capaz de caminhar em sua própria luz através do Caminho de Luz, traçado por Cristo, em direção ao interior da Terra, onde o esplendor de Cristo habita em plenitude. Quanto maior sua sinceridade, mais ardente será sua devoção, mais intensa a sua aplicação e mais ele penetra no Caminho, em cada Semana Santa que ocorre, até que, finalmente, ele será declarado digno de participar da Festa da Luz que se celebra na Noite Santa.
Biblicamente, bem como astrologicamente, Escorpião, o Signo que o Sol entra em torno de 20 de outubro, tem duas palavras chaves para o neófito: a primeira sendo “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”[42] e a segunda, para o Discípulo iluminado: “publicarei coisas que têm sido mantidas em segredo desde a fundação do mundo”[43].
Quando o Sol passa por Sagitário, no mês de dezembro, Cristo ilumina os reinos internos e forma um verdadeiro traje espiritual para o nosso Planeta. Visto com visão espiritual, a partir do espaço sideral, a Terra aparece como uma bola de ouro fundida. O Discípulo que vê este resplendor, a partir da superfície do Planeta, caminha em um oceano de luz dourada. Todo o brilho e cor das festividades de Natal são apenas um pálido reflexo da luz e da glória dos reinos planetários internos quando a Glória de Cristo está operando ali dentro. Se um Discípulo no Caminho da Santidade tem trabalhado fiel e efetivamente com as forças da transmutação, sob a influência de Escorpião, ele se encontrará atraído para aquele grande e glorioso esplendor.
Cada evento das celebrações sagradas do Natal simboliza o desenvolvimento de um poder espiritual específico dentro do próprio Discípulo. À medida que esses poderes são despertados, ele experimenta uma intensidade cada vez maior de unidade íntima com as atividades cósmicas que ocorrem durante o Solstício de Dezembro.
Sagitário tem sido simbolizado por uma série de lâmpadas acesas, e o Discípulo que tem sido persistente em seus trabalhos espirituais agora descobre que estas lâmpadas foram acesas dentro de sua própria aura, e até mesmo dentro de seu próprio corpo-templo. Estas são as lâmpadas que iluminam o seu percurso para o centro da Terra. Lá ele estará na presença do Senhor Cristo, a Luz do Mundo. Lá ele receberá a Sua bênção e O ouvirá entoar o mantra que tem sido utilizado em cada Templo de Iniciação, antiga ou moderna: “Muito bem, servo bom e fiel… entra tu para a alegria do teu Senhor”[44].
A força Crística dourada, descendo da fonte do Sol, tocando a partir do lado externo da atmosfera terrestre no Equinócio de Setembro, como antes mencionado, passa pelo Mundo do Desejo durante novembro (Escorpião), passa pela Região Etérica do Mundo Físico durante dezembro (Sagitário) e chega ao centro da Terra no Solstício de Dezembro (Capricórnio).
Quando a força do Cristo penetra no centro da Terra, uma profunda calma e quietude permeiam a natureza. Essa é a Noite Santa de todo ano.
Segue-se um poderoso aumento das forças de vida do Planeta. Essa nova infusão de vida na Natureza é belamente descrita nas lendas da Noite Santa, em que é dito que mesmo os animais e as plantas fazem reverência ao Menino Cristo à meia-noite mística sagrada.
Ano a ano a Glória do Cristo penetra a Terra com seu poder de harmonia e de cura. Ano a ano a Terra é vivificada com a vida cósmica. Pouco a pouco, o ódio, a inimizade e o conflito estão sendo superados, e pouco a pouco o espírito da fraternidade vai crescendo. Finalmente, o ideal imaginado por Isaías há muito tempo se tornará uma realidade: “De suas espadas forjarão relhas de arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e nem se aprenderá mais a fazer guerra.” (Is 2:4).
A constelação de Aquário é o lar da Hierarquia de ministério dos Anjos, adorada em todas as lendas sagradas de todas as Religiões. O campo de atuação dessa Hierarquia é a Região Etérica do Mundo Físico e, uma vez que o Corpo de um Anjo é formado por Éter, ele se torna visível mesmo para pessoas que tenha um mínimo de visão suprafísica. Muitas crianças tiveram um conhecimento em primeira mão dos seres angelicais e espíritos da natureza, que, como os Anjos, habitam os reinos vizinhos.
Os Anjos são especialistas em trabalhar com a substância Etérica e as Forças Vitais. Eles moldam os muitos e variados padrões florais nas cores azuis e douradas dos Éteres Superiores; e são esses padrões que as Fadas transmitem para a Terra como flores para enfeitar a Terra.
Quando o Sol está em Aquário, a Força de Cristo concentra suas atividades na Região Etérica do Mundo Físico. Ele derrama o Seu amor e Suas bênçãos sobre os Anjos e as almas desencarnadas da Humanidade da Terra que estão vivendo e servindo nestes reinos. Aqui também é uma parte da pátria celeste de crianças que morreram na infância; e aqui eles são ensinados e acompanhados pelos Anjos. Tais espíritos das crianças não vivem sempre nesse reino etérico, já que o seu verdadeiro lugar é nas regiões mais altas do Mundo da Alma, do Mundo do Desejo; no entanto, em momentos especiais, eles são trazidos por seus instrutores angelicais para dentro dos Éteres superiores, onde eles podem aprender as alegrias da natureza e das Fadas.
É também na Região Etérica do Mundo Físico que são encontrados os Templos Iniciáticos que, nos tempos antigos, também existiram em forma física. À medida que a Humanidade perdeu a luz interior eles foram removidos de nosso plano de manifestação e continuaram a existir apenas no nível etérico. Por isso, atualmente eles se tornaram assuntos de lenda e de poesia. No entanto, agora, o tempo se aproxima para serem externalizados novamente. Nesse meio tempo, para o Discípulo iluminado os Templos Etéricos são acessíveis, e aparecem como algo real na Região Etérica do Mundo Físico, assim como são as estruturas físicas neste plano físico.
Um desses Templos, o mais bonito para todos os Cristãos, está localizado em cima da cidade de Jerusalém. Os Anjos estão intimamente associados ao trabalho conduzido ali, e em todos os Templos situados nos planos internos. Eles são livres para entrar à vontade nestes santuários, e se regozijam em servir nesses lugares sagrados, pertencentes aos filhos da Terra.
Diz-se que um Anjo da Guarda pairava acima da cadeira de cada cavaleiro que se sentava à mesa-redonda no Templo do Rei Arthur. Isso é uma lenda, mas profundas verdades espirituais estão escondidas em lendas e, especialmente, nas lendas do Graal da Idade Média. O Templo do Graal é realmente uma parte da Escola de Mistérios Cristãos. O significado mais profundo das lendas espirituais é velado por poetas e artistas, que os relaciona com os costumes da época em que apareceram pela primeira vez. Não há mistério mais profundo no Cristianismo do que o do Santo Graal, pois pertence à história da Última Ceia e se refere às profundas verdades cósmicas transmitidas por Cristo aos seus Discípulos, e, especialmente, para S. João, o Discípulo bem-amado, que “repousava sobre seu peito” (Jo 13:23-25).
Através do serviço da Hierarquia de Capricórnio, o Discípulo aprende a ministrar como um Auxiliar Invisível às pessoas que ainda vivem encarnadas no Mundo Físico. Esse trabalho é ampliado, à medida que o Caminho da Santidade passa através de Aquário. Aqui o Discípulo aprende, sob a orientação dos Anjos, como trabalhar com os seres que habitam os reinos internos.
O Discípulo qualificado, que tem seguido a Cristo até aqui é agora capaz de entrar CONSCIENTEMENTE nos reinos Etéricos. Lá ele observa os mais variados e belos serviços realizados pelos Anjos para o benefício não só da Humanidade, mas de todos os reinos da Terra. Muitos dos segredos da natureza são revelados a ele, tanto por meio das atividades dos espíritos da natureza como por meio das Fadas. Deste modo ele se encontra em um mundo encantado, um mundo tênue, onde conhecimento das Fadas tem a sua origem, pois o reino dos Éteres superiores é verdadeiramente a terra das Fadas. Muitos escritores inspirados ou místicos teceram fantasias sobre as maravilhas desta região. Um exemplo maravilhoso é o livro Blue Bird (Pássaro Azul) de Maeterlinck[45], que, embora seja uma fantasia de uma criança representa, verdadeiramente, a natureza e as características da Região Etérica do Mundo Físico.
Quando o Sol passa através de Aquário a glória de Cristo já está subindo para fora da Terra, em preparação para sua Libertação na Páscoa. Durante o mês de março, com o passar Sol pelo Signo de Peixes, que é o Signo da dor e do sofrimento, a Igreja Cristã entra nos sacrifícios quaresmais, e na participação do sofrimento de Cristo no Gólgota. Peixes é o Signo da Crucificação, o Signo do Messias. A Crucificação do Cristo Cósmico começa quando o Sol está em Libra, no Equinócio de Setembro, quando a Glória desce para o “Hades”[46] do Planeta Terra. As observâncias comemorativas do mundo Cristão na Páscoa, quando o Sol caminha em direção ao Solstício de Junho, não é a Sua Crucificação, mas Sua Ressurreição cósmica. O Planeta Terra fica, então, consciente de certo vazio, um vazio espiritual, enquanto a Glória Cósmica se afasta. Esta é a origem da mistura de tristeza e da alegria no tempo pascal do Equinócio de Março.
À medida que o Discípulo viaja pelo CAMINHO DA SANTIDADE, que conduz aos reinos espirituais, as experiências vividas se tornam cada vez mais maravilhosa e transformadora. Nesses níveis celestiais da existência, não há véu que separa aqueles que vivem na terra daqueles que habitam os planos internos de luz. Deste plano suprafísico, junto com os Anjos e com reinos ainda mais elevados, é possível testemunhar e entender as ações das almas humanas durante o período que vai da morte no plano físico até o renascimento em uma encarnação. Aqui, também, é onde pode se observar o funcionamento dos Espíritos da Natureza e reparar como suas atividades são as bases do que a ciência se refere como as leis da natureza. Aqui em cada manhã de Páscoa, em meio à hosanas triunfantes dos Anjos e Arcanjos, o Cristo, após a Sua liberação a partir da encarnação anual na Terra, aparece em glória radiante. No Templo dos Mistérios Cristãos a procissão gloriosa de Páscoa é formada em torno de Sua presença luminosa, não como um mero espetáculo, mas como um meio pelo qual se transmite um poder transcendente sobre todos aqueles que foram considerados dignos de serem contados entre Sua companhia santificada.
O Cristão Místico comemora a Páscoa, não apenas como um evento histórico, mas como uma ocorrência espiritual anual. Ao longo do ano solar, depois de Sua descida ao coração da Terra na época do Natal, Ele começa, novamente, no período entre a Páscoa e a Ascensão, a ascender ao trono do Pai, que está nos céus, para restaurar os seus poderes antes de, mais uma vez, iniciar o seu retorno à esfera física no Equinócio de Setembro.
Foi no momento da Sua crucificação que o Cristo deixou o corpo de Jesus, no qual Ele tinha funcionado durante Seu ministério de três anos entre os seres humanos, e transferiu o Seu próprio Espírito para o corpo planetário para, assim, se tornar o seu Regente. Há um significado profundo nas palavras que Ele pronunciou aos Seus Discípulos depois da Ressurreição: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue”[47].
Quando a raça humana sucumbiu à sedução de espíritos de Lúcifer, o ritmo atômico do corpo físico do ser humano foi alterado de tal modo que o fogo espírito vertebral entrou em sintonia com as forças lucíferas e recebeu a impressão destes Seres de fogo. É a missão de Cristo neutralizar essa condição, substituindo pelo Seu ritmo e impressão àquelas dos Lucíferos – já que Cristo, como um Arcanjo, é também um Ser de Fogo. Quando isso tiver sido realizado, a vibração atômica do corpo do ser humano irá torná-lo imune à doença e morte. Os indivíduos da Nova Era, trazem em si mesmo a imagem gloriosa de Cristo.
A Hierarquia de Áries contém um padrão arquetípico do ser humano como ele foi criado “à imagem e semelhança de Deus”. Este padrão se manifestará cada vez mais na Nova Era. As seis constelações acima do equador (setentrionais) contêm, por assim dizer, esses padrões em miniatura e as Hierarquias dessas constelações meridionais trabalham com a Humanidade para trazer tais padrões para serem cumpridos aqui na Terra. Por exemplo, a Hierarquia de Áries conserva este padrão perfeito do ser humano Cristificado. Libra, o Signo oposto a Áries é o lar dos Senhores da Individualidade, diminui este padrão cósmico de Áries e está ajudando o ser humano a manifestá-lo.
Esse é o conhecimento que tem motivado os grandes mestres do mundo para ajudar a Humanidade a trazer o padrão divino a ser manifestado neste plano. O trabalho é árduo. Mas, ao longo dos séculos, as almas corajosas que têm sido fortes o suficiente para prosseguir no Caminho da Santidade nos reinos espirituais, retornam inflamadas com o que elas contemplaram como “um novo céu e uma nova terra”, habitados por uma Humanidade Cristificada. Elas sabem, como o Cristo sabia, que, em verdade, “o Verbo era Deus”.
Quando o Sol passa por Touro, durante o mês de maio, a força de Cristo sobe cada vez mais alta, acima da aura espiritual da Terra. O Discípulo que está trilhando o caminho da Santidade segue na esteira da Luz ascendente de Cristo e entra numa esfera onde encontra a si mesmo, interiormente, harmonizado e fortalecido pelo poder criativo da música. Os Seres Celestiais que habitam este reino falam uma linguagem musical. Cada um dos seus movimentos emana música. Eles moldam e formatam todos os tipos de forma por meio de tons musicais. Neste reino todas as coisas que crescem são alimentadas pelo poder da música, enquanto as várias cores das flores são produzidas por variações no tom. A música é, certamente, o poder criativo supremo deste reino elevado.
A constelação de Touro é o lar dos padrões cósmicos para tudo quanto existe na Terra. Esses padrões são prefigurados pelo seu Signo oposto, Escorpião, casa dos Senhores da Forma. Esta Hierarquia ensina a construir formas a partir do plano físico; e da constelação de Touro ressoa o tom misterioso que Deus usou na criação, a Palavra criadora, pela qual: “tudo o que foi feito, foi feito por Ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele”. Esta é a nota chave bíblica de Touro.
Os Senhores de Touro mantêm o padrão cósmico do órgão mais maravilhoso destinado a se tornar parte do futuro corpo humano. Este novo órgão, semelhante a uma rosa dourada, será localizado na garganta, e será o centro através do qual a Palavra Criadora será projetada pelo ser humano da Nova Era. Por seu poder, a geração se tornará regeneração, e o ser humano será capaz de moldar uma substância sobretudo o que desejar. No reino onde os poderes taurinos são mais ativos somente um iluminado pode contemplar uma visão desta perfeição e meditar sobre ela. Ele percebe o desenvolvimento glorioso que o espera no futuro e percebe o significado literal das palavras do salmista: “Tu o fizeste um pouco menor que os Anjos, e de glória e de honra o coroaste”[48].
Quando o Sol se eleva em direção ao seu ponto mais setentrional no céu em junho, ele transita pelo Signo de Gêmeos, a constelação que define uma dupla impressão sobre o corpo-templo humano. Ele rege as dualidades do corpo: pulmões, ombros, braços e mãos, em particular. Ele também mantém o padrão cósmico do andrógino perfeito no qual as potências masculinas e femininas estão em equilíbrio. Isso é a realização dos Iniciados dos Grandes Mistérios de Cristo. Esta realização traz imunidade contra doença e velhice. E uma vez que a consciência permanece intacta, independente se esses Iniciados estão encarnados ou desencarnados, a morte como nós a conhecemos nunca é vivida por eles, porque a sua consciência está centrada na ininterrupta imortalidade.
A vida Arcangélica alcançou o estado onde funciona em corpos perfeitamente polarizados. Isso não é verdade nos reinos angélico e humano, menos evoluídos. É, por consequência, possível aos membros desses reinos quando descem do seu elevado estado para formas inferiores de expressão. A queda dos Anjos é registrada biblicamente no relato da guerra no céu, quando Lúcifer e seus seguidores foram expulsos dali, e a Queda do Homem ocorreu, de acordo com o relato de Gênesis, quando Adão e Eva (a Humanidade infantil) foram expulsos do Jardim do Éden. A redenção, a partir destas quedas, necessita um poder maior do que estava disponível para qualquer uma destas ondas de vida. Tinha que vir a partir da vida Arcangélica. E assim se fez. O Senhor Cristo, o mais evoluído dos Arcanjos, tornou-se o professor e redentor de ambos: os Anjos caídos e a Humanidade. Esta é uma das verdades mais profundas associadas ao mistério de Cristo.
O padrão do andrógino perfeito foi projetado pela Hierarquia de Gêmeos no seu Signo oposto, Sagitário. A Hierarquia de Sagitário (Senhores da Mente) fornece este ensinamento esclarecedor aos pioneiros mais avançados da Terra. Após a vinda de Cristo, o maior desenvolvimento da Mente humana passou da orientação de Escorpião para a orientação de Sagitário. Considerando-se as maravilhas da Mente, os seus poderes criativos e sua capacidade de envolver o mundo em um instante de tempo e contemplar a vastidão do espaço cósmico – apesar de, atualmente, apenas uma fração do que é ativo – temos um fraco vislumbre da glória transcendente da Hierarquia de Sagitário, cujo veículo inferior, correspondente ao Corpo Denso do ser humano, é composto de substância mental. Ele também indica os poderes sublimes que aguardam o ser humano quando este atinge aquele desenvolvimento.
Para uma alma desperta, o propósito supremo de cultivar a Mente é que ela se tornará Cristificada. Até o momento esta é a realização de alguns poucos entre nós. A maioria está mergulhada no materialismo da Mente concreta, que é focada principalmente em atividades mundanas e interesses do eu separado. Enquanto tais preocupações reivindicarem a atenção do ser humano, haverá uma falta de percepção espiritual e uma realização escassa das realidades que pertencem ao mundo interno e à Mente universal. Nem haverá qualquer continuidade da consciência e pouco, se alguma, indicação das experiências vividas nos Mundos Espirituais, durante os intervalos entre vidas terrenas. O resultado de consciência, vedada a partir de realidades espirituais, é o materialismo que condiciona o mundo hoje. Isso, no entanto, é apenas uma fase temporária da evolução da Humanidade. Como há um acréscimo de luz no caminho daqueles que se esforçam para a santidade, a realização das realidades espirituais se tornará mais clara e mais forte. O impulso insistente desses Aspirantes a se tornarem dignos de andar no Caminho da Santidade vai trazer mais e mais luz.
O Sol, em seu trânsito anual, quando chega a Câncer atinge o ponto mais alto de sua ascensão norte, no momento do Solstício de Junho. Então, sua radiação física alcança o máximo nível no hemisfério norte, de modo que os dias são mais longos e as noites mais curtas. É o meio-dia mais elevado do ano, e a sua tônica é LUZ.
Câncer é o Signo feminino mais importante dos céus. Em harmonia com este fato, o Signo contém um pequeno aglomerado de estrelas dispostas que se assemelha a uma manjedoura. Do coração de Câncer surgem as águas da vida eterna, em que são germinadas formas-sementes que animam todos os reinos da Terra. O Solstício de Junho ocorre quando o Sol entra em Câncer (em torno de 21 de Junho) e, também, está em sintonia com o princípio da fecundidade. É em obediência a este princípio ativo na natureza que as sementes irrompem em um ciclo de manifestação. Luz, liberdade e alegria são qualidades dominantes da temporada do verão. Consequentemente, muitas pessoas, em especial na Europa, observam esta época do ano com música, dança e festividades exuberantes.
A Hierarquia de Câncer é conhecida, biblicamente, como os Querubins. É ministério desta Hierarquia guardar lugares sagrados. Eles pairam acima do Santo dos Santos[49]. Através dos processos de Iniciação ao Aspirante é ensinado a construir este Santo dos Santos dentro de si mesmo. O pote dourado de maná, dentro da Arca da Aliança, é um símbolo do Cálice do Graal do próprio indivíduo e da sua própria força sagrada de vida. A Humanidade perdeu o Jardim do Éden por mau uso dessa força de vida, e, a partir desse momento, os Querubins guardam os portões do Éden para que a Humanidade não regenerada não tente voltar, prematuramente. A Bem-Aventurada Virgem Maria e os Discípulos alegaram terem comungado com os Querubins depois de Pentecostes, o que significa que eles tinham aprendido estas verdades sagradas dessa Hierarquia Divina.
Assim como o Sol atinge sua maior ascensão[50], o Espírito de Cristo ascende ao trono do Pai. Sua atividade, então, é focada no mais elevado nível da aura planetária da Terra, onde Ele traz mais iluminação e renovadas bênçãos para os Seres celestiais que habitam este reino; e, também, para as almas que, em seu progresso espiritual, entre as encarnações físicas, subiram para este elevado plano. Em harmonia com isso, também é no verão que um ser iluminado, que está seguindo o Cristo no caminho da Santidade, eleva a consciência a este reino para comungar com seus habitantes celestes e aprender mais sobre as forças da natureza. Aqui se percebe como os elementais do Ar e da Terra, os Silfos[51] e Gnomos, trabalham no outono e inverno com a vida vegetal, desintegrante e moribunda. É neste plano exaltado que o que segue o Caminho da Santidade fica diante do mistério real da própria vida.
Só os puros de coração alcançam este plano. Aqueles cujas mãos estão manchadas com o sangue nunca pode levantar o véu deste lugar santo. Aquele que procura descobrir o segredo da vida nunca vai encontrá-lo até que suas mãos e o seu coração estejam castos e limpos. Somente para este virá a realização da unidade de toda a vida.
Estas são verdades que pertencem particularmente à Hierarquia de Câncer, e não é possível transmiti-la, diretamente, para o plano terrestre. Por isso, elas são passadas pelos Querubins à Hierarquia de Capricórnio, o Signo oposto a Câncer e lar dos Arcanjos que, sendo de uma posição hierárquica inferior à dos Querubins e, portanto, mais perto da consciência para a Humanidade, as disseminam àqueles da Terra que estão prontos e dispostos a recebê-los.
Assim, houve um tempo em que as forças de Capricórnio permearam a Terra para que fosse possível a encarnação do Mestre Jesus, da descendência de Davi, que se converteu no portador do Cristo.
Diz-se que quando o Sol transita o Signo de Câncer e Leão, durante julho e agosto, o Cristo ascende ao trono do Pai, onde Ele se banha na transcendente glória do Pai. É aqui que Ele renova e revitaliza a Si mesmo, atraindo as maiores e mais elevadas forças espirituais para continuar o Seu ministério terreno quando Ele voltar para o reino da Humanidade no Equinócio de Setembro. Durante Sua estada nesses elevados céus, os clarividentes observam que a Terra aparece iluminada com Suas irradiações; e o observador alcança uma profunda compreensão do significado de Sua afirmação de que “Todo o poder me foi dado no céu e na terra”[52].
Quando o Sol transita pelos Signos de Câncer e Leão, um ser iluminado que trilha o Caminho da Santidade ascende aos mais altos reinos espirituais deste Planeta e entra em uma consciência mais profunda do poder transcendente. Ele começa a entender que o amor, em seu aspecto mais elevado, não é paixão ou sentimento, mas uma fase da própria divindade. Foi com esse poder do amor que S. Pedro estava imbuído. Ele próprio se referiu a este poder do amor quando ele disse ao homem coxo ao lado da porta do Templo, chamada Formosa: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”[53]. Novamente, foi esse mesmo poder que S. Paulo, tão animado, apesar de todas as perseguições e prisões, foi capaz de pronunciar por meio dessas palavras sublimes: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”[54].
Quando um Aspirante atinge esse grau de realização espiritual, o Cristo é tudo em todos, para ele. Servir como Ele serviu, e amar como Ele amou se torna sua maior aspiração. A tônica bíblica de Leão é soada com as palavras “o amor é o cumprimento da lei”[55].
Enquanto o Sol está em Leão, o espírito de Cristo é revigorado e reformado pelas glórias do Reino do Pai. É neste contexto que as linhas de Tennyson em Sir Galahad são descritas: “Minha força é como a força de dez, porque meu coração é puro”[56].
Este é o atributo que tornou Parsifal[57] imune ao ataque contra ele pelo malvado Klingsor[58]. A lança do ódio que o cavaleiro negro atirou em Parsifal foi desviada do seu curso. Nesse mesmo momento, e pela virtude deste poder, Parsifal fez o sinal da cruz e provocou o completo colapso para o castelo do mal, construído por Klingsor.
Embora Virgem detenha o segredo da Imaculada Conceição, é através do seu Signo oposto, Peixes, que este presente foi trazido para Terra e demonstrado pelo Mestre supremo feminino: Maria de Belém. Foi sob a Hierarquia de Sagitário (Arcanjos), que a própria Maria foi concebida imaculadamente; e foi sob a tutela espiritual da Hierarquia de Virgem que ela nasceu no Mundo Físico.
Um candidato que é digno de tocar o reino celestial de Virgem encontra-se diante do mistério da Imaculada Conceição e descobre que este dom divino não foi concedido a apenas um indivíduo, mas que Maria e Jesus foram os padrões do tipo que a Humanidade como um todo está destinada a imitar. Nesta morada celestial aqueles que são espiritualmente iluminados ouvem os Anjos entoando sobre o dia em que, em um novo Céu e uma nova Terra, a Imaculada Conceição será a herança de toda a raça humana.
Como mencionado anteriormente, a Hierarquia de Touro mantém o padrão cósmico da forma; a Hierarquia de Câncer, da vida, a Hierarquia de Virgem, o poder pelo qual a vida anima a forma. Estas três constelações, o Triângulo Feminino dos céus, administram todos os reinos de vida na Terra.
Atente-se que aquele que segue o Caminho da Santidade através dos seis Signos zodiacais acima do equador alcançou esse lugar elevado de iluminação onde ele é considerado digno de estar diante dos mistérios sublimes das quatro maiores Iniciações. O Discípulo que trilha este caminho, como é descrito nos seis Signos abaixo do equador, está sendo preparado para receber o trabalho dos nove Mistérios Menores.
A Bíblia é um dos maiores livros de mistérios de todos os tempos. Muito poucos percebem suas profundezas infinitas. Cristo disse às multidões desatentas: “a fim de que vendo, vejam e não percebam; e ouvindo, ouçam e não entendam” (Mc 4:12).
Entre os milhares de livros que foram escritos sobre a vida de Cristo, não há mais que dois ou três que mencionem os mistérios mais profundos sobre Ele, ou seja, o Mistério de Cristo no Cosmos. Até porque, em nosso tempo, talvez, não seja essencial que este mistério fosse ensinado abertamente.
Hoje entramos na Era Espacial e o Cristo Cósmico será a figura central da vindoura Religião da Era de Aquário. Nós, que temos o privilégio de começar aqui e agora a estudar estas verdades cósmicas profundas, preparando-nos para sermos os pioneiros da Era que está se aproximando, devemos aceitar essa responsabilidade. Essas são as responsabilidades do Discípulo da Nova Era ensinadas pelo Cristo Ressurreto ou por Seus emissários.
Entretanto, avaliando o Caminho de Cristo através das estrelas nós devemos nos esforçar e, ao mesmo tempo, investigar os padrões do discipulado da Nova Era, o “Aquele que Despertou”, que aprende a andar no mesmo Caminho de Luz que Cristo andou mostrando o Caminho para aqueles que devem vir após Ele.
O Mistério de Cristo é tão sublime e tão poderoso em Sua importância que transcende qualquer definição humana. Tão profundo é o Seu significado que nunca pode ser dosado ou expresso por meras palavras; só pode ser sentido no silêncio da contemplação espiritual.
No livro Conceito Rosacruz do Cosmos[59], Max Heindel nos informa que: “No primeiro CAPÍTULO de S. João, este grande Ser é chamado Deus. Deste Ser Supremo emanou o Verbo, o Fiat Criador, ‘sem o qual nada do que foi feito se fez’. Este Verbo é o Filho unigênito nascido do Pai (o Ser Supremo) antes de todos os mundos, mas positivamente não é o Cristo”. Aqui Max Heindel faz uma distinção entre o Cristo Jesus Cósmico em Seus aspectos planetários e históricos; e continua: “Grande e glorioso como Cristo é, elevando-se muito acima da mera natureza humana, Ele não é esse Exaltado Ser. Certamente o ‘Verbo se fez carne’, não no sentido limitado da carne de um corpo, mas carne de tudo quanto existe neste e em milhões de outros Sistemas Solares”.
O Pai canaliza o princípio da Vontade; Cristo canaliza o princípio do Amor-Sabedoria; o Espírito Santo canaliza o princípio da Atividade. O Espírito Santo infunda, literalmente, as formas com vida. O Espírito Santo trabalha com o princípio da vida, que está presente em toda a criação; e é o guardião da força sagrada, o princípio criativo de Deus. Portanto, todos os seres viventes estão sob a sua tutela. Deus cria e Cristo manifesta, enquanto o Espírito Santo ativa a forma.
A diferença entre Cristo da Terra e o Cristo Cósmico é mais bem entendido por meio de uma ilustração. Imagine uma lâmpada no centro de uma grande esfera oca de metal polido. A lâmpada envia raios de luz de si para todos os pontos da esfera e os refletirá em vários lugares. Do mesmo modo, o Cristo Cósmico – o mais elevado Iniciado do Período Solar – envia Seus raios emitidos.
O Sol do nosso Sistema Solar é o tríplice. Podemos ver o Sol físico. Por trás dele, ou escondido por ele, está o Sol espiritual, de onde vem o impulso do Espírito do Cristo Cósmico. Além, e externo, a esses dois está algo que chamamos de Vulcano – não um Planeta – que pode ser visto apenas como um meio globo. No ocultismo nós dizemos que é o corpo do Pai. Quando tínhamos nos desenvolvido o suficiente, Cristo veio e encarnou aqui na Terra; então um raio do Cristo Cósmico veio aqui e encarnou no Corpo do nosso Irmão Maior Jesus. Após o sacrifício no Gólgota Ele entrou na Terra, e tornou-se Seu Espírito Planetário Interno.
O Cristo Planetário é um Arcanjo glorioso, supremo entre a Hoste Arcangélica. A Hierarquia de Capricórnio é o lar dos Arcanjos; mas durante o período de Sua missão nesse Planeta, Cristo e Seus ministros Arcangélicos faz Seus lares no revestimento espiritual do Sol – pois cada corpo celestial tem um revestimento espiritual estendendo além do espaço da sua parte visível. Do mesmo modo, cada ser humano tem uma extensão espiritual, além do seu veículo físico.
Desde bem do início da civilização, a maioria das Religiões primitivas prestavam homenagens a esse Grande Ser residente no Sol. Os Sumos Sacerdotes dos Templos de Mistérios ensinaram seus mais avançados Discípulos a verdade em relação a esse glorioso Ser Solar, e eles procuravam o momento quando Ele desceria à Terra e tornaria o Redentor do mundo. Aqueles que eram clarividentes podiam ver o Senhor do Sol, a quem eles prestavam homenagem para esse grande Ser residente no Sol, e, assim, eles sabiam que Sua encarnação entre a Humanidade era iminente. De nação para nação; de profeta para mestre; de mestre para instrutor; de instrutor para Discípulo se passavam as boas novas de que o Senhor Abençoado, que era o Salvador do mundo, estava perto da Terra.
Quando nós falamos de uma elevação espiritual no espaço interno é para ser entendido que “para cima” e “para dentro” são virtualmente sinônimos; ainda, no mesmo tempo, para a visão do clarividente, a Glória do Cristo realmente tem a aparência de uma “elevação” ascendente para o Sol a partir da superfície da Terra; assim como o Divino Hermes do antigo Egito dizia: “como é encima, é embaixo”.
O Caminho do Discipulado também segue de fora para dentro, que, também, é para cima. Max Heindel comparou esse Caminho à torre de uma igreja que se torna cada vez mais estreita e fina até que no cume é um ponto, suportando a cruz. Cristo disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”[60].
A cruz da renúncia, simbolizada na Quaresma e no período da Páscoa, deve ser aceita por cada verdadeiro Discípulo que se esforça para percorrer o Caminho da Santidade. Seu Corpo-Alma nunca poderá ser construído até que ele adquira domínio sobre si mesmo, e deseje privar-se dos tão conhecidos prazeres do mundo dos sentidos. Os poderes da alma alcançados pelo esforço próprio capacitam o iluminado a trocar a cruz por uma coroa.
Diz-se que a constelação de Peixes será o lar da Onda de Vida humana quando todos alcançarem a perfeição. Peixes é chamada a constelação da Onda de Vida humana, assim como a de Aquário é a dos Anjos. Aqueles que seguem a Cristo até o mais elevado objetivo se libertam do ciclo de encarnação mortal; eles estão livres da roda de nascimentos e mortes. “Não saem mais”, e é então, que como seres espirituais, por assim dizer, agrupam-se entre as estrelas da constelação de Peixes.
Seus débitos de destino maduro estão pagos e todos os seus vínculos terrestres são desfeitos. Tais humanos são conhecidos como Seres Compassivos, os Irmãos Maiores da Onda de Vida humana que não mais necessitam de lições terrestres. Eles estão livres para passar para uma existência gloriosa dentro da constelação de Peixes. Entretanto, esses grandes Seres podem retornar, por livre vontade, e em obediência ao preceito de que aquele que ama deve servir melhor, frequentemente eles desistem dessas oportunidades bem-aventuradas daquele plano divino, para servir os seres humanos menos evoluídos que estão, ainda, lutando nas labutas com seus próprios destinos maduros. Humildade, obediência e serviço são as notas chaves de suas vidas.
Tal renúncia é ilustrada na vida de Maria de Belém, que, tendo aprendido todas as lições da Terra e tendo sido exaltada a reinar com os Anjos, retornou para esse Planeta para ensinar a Humanidade um dos mais supremos mistérios celestes, que é o da Imaculada Concepção. Sabendo que ela poderia ser mal compreendida, perseguida e injuriada, ainda assim ela persistiu, para que pudesse ser, para a Humanidade, um Exemplo tão próximo da divindade que, até hoje, passados quase dois mil anos, ainda é dificilmente compreendida por uns poucos e permanece inteiramente desconhecida pela maioria. Trabalhando sob a lei do serviço, ela descendeu à mortalidade, dizendo: “Faça-se segundo a tua palavra”. É isso que se espera de um ser humano perfeito: tal elevado estado de realização espiritual, construído por meio de sacrifício, humildade do espírito e perfeita harmonia com a lei da obediência.
O Aspirante que reflita seriamente sob o significado dos 12 Signos Zodiacais que envolve nosso cosmos próximo consegue correlacionar corretamente a meditação de Peixes com as experiências dos 12 imortais durante a estação que precede a “crucificação” anual de Cristo. Assim como a dor e o sofrimento no Gólgota são tragados pela glória dourada da manhã de Páscoa, o Discípulo que conseguiu suplantar seu “eu pessoal” e que percorre, até o final, o Caminho da Santidade, por meio de Peixes, descobrirá que ele trocou sua cruz pela glória dourada do “vestido de bodas” no qual funciona, livre e triunfante, com o Cristo Ressurreto.
A história da Humanidade, desde o Sacrifício de Cristo no Gólgota pode parecer ter alcançado pouco desenvolvimento até agora; mas esse momento é a Era de Peixes, que como nós temos informado, é o Signo da estabilização das dívidas dos destinos maduros. As dívidas que o ser humano deve para outro ser humano e nações devem para outras nações devem, agora, serem pagas, e à medida que essa Velha Era de Peixes desapareça no tempo a Nova Era de Aquário tomará o seu lugar; uma harmonia que estende a todo o mundo será alcançada, com um governo mundial das nações, pleno em fraternidade e em paz, pois Aquário é o Signo do Filho do Homem.
As gotas de sangue físico que foram derramadas no Monte na Crucifixão não eram os verdadeiros agentes da salvação da Terra. Esses são as Redentoras asas ígneas de luz e poder, que são a Glória do Cristo, enchendo internamente e passando por através do Planeta. A Luz Arcangélica é Seu verdadeiro sangue, e é esta que salva.
Agora, todo ano quando Raio de Cristo resplandecente ascende, uma vez mais, do centro da Terra, Sua elevação é sentida na Natureza, como uma força atrativa; e quando chega a uma certa altura Suas forças são focadas, novamente, no Mundo do Desejo do Planeta. As intensas emoções da Humanidade são, agora, o campo especial de Seu ministério e durante o tempo da Páscoa, a Humanidade sente que uma grande tranquilidade preenche sua alma desde uma fonte desconhecida. Pela intensificação desse poder, ano a ano, a Humanidade, lenta, mas com toda a segurança, vai se convertendo em um Cristo em formação.
A ressurreição cósmica ocorre em março, quando o Espírito de Cristo é libertado da esfera terrestre e entra, novamente, nas esferas celestiais. É quando as Hierarquias de Áries e Peixes se juntam aos Anjos e Arcanjos em triunfante jubilação para esse evento. O ritmo dos seus hinos cósmicos encontra uma transcrição aqui na Terra no Coro Aleluia de Händel[61]. As cerimônias pré-Cristãs celebrando o retorno da Primavera e a vitória da luz sobre as trevas estavam sintonizadas com esses ritmos.
O Equinócio de Março é um dos mais elevados pontos do ano para o Discípulo. Suas notas chaves são a liberdade e a emancipação que conduz a uma vida mais ampla. É também o momento em que o Cristo Cósmico é libertado dos grilhões terrestres que Ele se aprisionou, durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Por isso, é o momento mais propício para um Discípulo avançado romper os laços que o prendem e entrar na liberdade jubilosa do espírito.
A Igreja observa a Festa eclesiástica da Anunciação, em março, quando a natureza comemora a Festa cósmica da Anunciação, pois há uma íntima relação entre o ser humano e a natureza. A natureza é Deus em manifestação.
O ser humano é um deus em construção. Entretanto, um se reflete no outro. A maioria dos rituais sagrados observados pelo ser humano estão em sintonia com as transições das estações do ano. Os poetas cantam em louvor o espírito de regozijo da primavera, enquanto o verde e dourado do esplendor da natureza fornece a evidência de que as forças vitais, que retornam, estão respondendo em um triunfante impulso de ressurreição da própria natureza.
Um avançado seguidor do Caminho entende que chegou o tempo de fundir a tristeza e as lágrimas propostas pela vida pessoal (Peixes) com os fogos transformadores de Áries. Concomitantemente a essa realização, ele se junta ao poderoso coro que é ecoado e repetidamente ecoado pelos Anjos e Arcanjos: “O Cristo ressuscitou, porque Cristo ressuscitou agora dentro de mim”.
Os antigos persas denominavam o mês de abril como o mês do paraíso, e os primeiros pais Cristãos declaravam que era durante essa estação de encantamento quando o Sol entrava em Áries que Deus moldou o Planeta Terra, e tudo que nele habita. Abril é, geralmente, considerado um mês de ressurreição.
Quando o Senhor Cristo faz Sua ascensão aos reinos internos, esses assumem a aparência de uma massa fundida de ouro brilhante. Na lenda do Santo Graal, os Cavaleiros diziam que na Sexta-feira Santa uma pomba descia do céu para repor a água da vida no Cálice Sagrado, e que eles eram capazes de retirar a nutrição espiritual dele ao longo do ano que se seguia. Por isso, é que o Senhor ressuscitado derrama o Seu amor e espírito para nutrir todos os seres vivos sobre o Planeta Terra. Se não fosse por esta reposição anual, os campos seriam estéreis e as árvores e videiras não produziriam frutos. À luz desse fato, pode-se observar que o Senhor Cristo proferiu uma profunda e literal verdade quando disse aos Seus Discípulos na Última Ceia: “Isto (pão) é o meu corpo que é dado por vós: … Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós”[62].
Uma das mais lindas festividades do ano é a da Ascensão, que acontece quando o Sol passa por Touro (maio) indo para Gêmeos (junho). É quando falanges após falanges de Seres Celestiais se ajoelham para adorar a presença exaltada de Cristo, e mesmo as estrelas se unem em uma sinfonia proclamando Sua majestade e glória. Durante essa festividade divina Sua radiação permeia a Terra com uma refulgência impossível de descrever, tornando resplandecente, ambos, os reinos espirituais e físico. Como a natureza está em perfeita harmonia com as correntes elevadas do Cristo durante os quarenta dias entre a Ressurreição e a Ascensão, o período é de um significado espiritual tão elevado que é um esperançoso tempo para o Discípulo despertar, dentro de si mesmo, os poderes de Clarividência, clariaudiência e outros dons do espírito pertencentes ao verdadeiro discipulado.
Durante o mês de junho, Cristo torna-se um canal de radiações enviadas pelos Serafins, a Hierarquia de Gêmeos. É lá que o Cristo entra em contato com o Espírito Santo, o terceiro aspecto da Trindade. Uma das notas chaves de Gêmeos é ATIVIDADE; repare: é também uma das notas chaves do Espírito Santo. Por meio dessa atividade os Serafins transmitem, para baixo, os mistérios do Espírito Santo para o Signo oposto a Gêmeos, qual seja, Sagitário, os Senhores da Mente. Aqui, então, eles aguardam que o ser humano se desenvolva e se ilumine até o ponto onde ele seja capaz de compreender e aplicar os poderes do Espírito Santo em seu cotidiano. No momento, a Humanidade só é capaz de absorver fracamente os mistérios relacionados com o princípio e os poderes do terceiro aspecto da Trindade.
Enquanto o Sol entra em Câncer, no mês de julho o Senhor Cristo ascende ao Seu próprio mundo, o Mundo do Espírito de Vida. Esse é o reino onde a unidade e a harmonia reinam supremas; também, é a esfera de consciência que os primeiros Discípulos de Cristo contataram no Dia de Pentecostes. Isso será alcançado por toda a Humanidade avançada no fim do presente Período Terrestre. Por meio da operação do Cristo Cósmico, é aqui que o Filho ou o princípio da Palavra e o segundo aspecto da Trindade, nosso Abençoado Senhor, contata a Hierarquia de Câncer, Querubins. Esses Seres celestiais são os guardiões de todos os lugares Sagrados no céu e na Terra. Eles guardam até mesmo o maior mistério da vida. Sob a orientação do Senhor Cristo esse mistério sagrado é transmitido para baixo, de Câncer para o seu Signo oposto, Capricórnio, e fornecido para os Arcanjos. Foi por essa razão que o Salvador do Mundo, que veio para a Terra proclamando o mistério do Espírito Santo, nasceu sob o Signo de Capricórnio. A observância conhecida eclesiasticamente como a Festividade de S. João Batista, o precursor do Cristo, ocorre durante a estação do Solstício de Junho.
Em julho a alma da Terra está impregnada de puro êxtase. O céu se inclina, enquanto a Terra é elevada. No intercâmbio divino de forças espirituais o Casamento Místico entre o céu e a Terra é consumado. Em um intervalo de quatro dias, as correntes de desejos são acalmadas de tal modo que as forças espirituais vão se tornando cada vez mais operantes. A Terra vai, então, sendo literalmente inundada com a luz pura e branca do espírito. O Discípulo que aprende como se sintonizar com esse influxo poderoso receberá um despertar jamais sonhado de consciência espiritual.
À medida que o Sol atinge o ponto mais alto de sua ascensão norte[63], o Cristo também sobe para o reino espiritual descrito na Bíblia como o trono do Pai. Isso é conhecido na terminologia Rosacruz como o Mundo do Espírito Divino, a morada do Deus desse Sistema Solar. Deus é Amor e Deus é Luz. AMOR e LUZ são notas chaves da Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama (Amor). Sob a supervisão dos Senhores da Chama, e unido com os poderes do Pai, o primeiro aspecto da Trindade, o Senhor Cristo trabalha com o supremo poder do amor, a força estabilizadora da Terra. Aqui Ele se torna o canal daquele poder, enquanto Ele roteia a Terra sobre o seu eixo e a gira, em sua órbita, em torno do Sol. Esse poder do amor é transmitido para baixo pela Hierarquia de Leão para o seu Signo oposto, Aquário; assim, será esse o poder que animará a nova Era Aquariana.
Nessa estação, as influências cósmicas fornecem o maior auxílio para o Discípulo Aspirante para fazer do amor a força dominante e motivadora da sua vida. É tempo para embelezar cada palavra, pensamento e ato seu com essa magia do coração.
O décimo terceiro capítulo da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, uma das maiores canções de amor da alma, é o mantra perfeito tanto para meditação como para a motivação, durante o período em que o Sol está transitando pelo Signo majestoso de Leão.
Em setembro, o Senhor Cristo volta da glória dos mais elevados céus e começa Seu descenso para os reinos físicos[64]. Por todo esse mês, a ternura, a beleza ansiosa da natureza se manifesta diferente de em qualquer outra estação, pois o Cristo está começando a cobrir a Terra com sua terna tristeza e Ele sente como sentiu quando chorou em Jerusalém a muito tempo atrás[65]. Suas lágrimas foram derramadas porque Ele sabia o longo tempo de dor e sofrimento por meio dos quais a Humanidade deveria passar, tendo escolhido a escuridão ao invés da luz. Seu grandioso coração se entristeceu com as nuvens negras que envolveriam Jerusalém, mesmo o coração do Planeta que Ele tinha dedicado em Seu próprio serviço e em que Ele tinha derramado Seu imenso amor.
Setembro é outro mês de preparação para o Discípulo. Uma das palavras chaves de Virgem é SACRIFÍCIO. Um Discípulo fervoroso, preparando-se por meio do sacrifício e da renúncia de si próprio para tomar parte das festividades dos últimos meses do ano que se avizinha[66], medita frequentemente sobre a nota chave de Virgem: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”.
Quando o Sol entra em Libra, que anuncia a chegada de outubro, a força dourada do Cristo passa pelos reinos terrestres enquanto esse sublime Ser inicia, novamente o Seu sacrifício anual, um evento denominado A CRUCIFICAÇÃO CÓSMICA. A isso S. Paulo se refere na Epístola aos Romanos 8:22: “Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente”. Essa estação do Equinócio de Setembro é um tempo para o Discípulo renovar sua dedicação para percorrer no caminho do Senhor a despeito de quaisquer vicissitudes e obstáculos que podem afetar seu caminhar.
Durante novembro o Espírito do Cristo permeia o Mundo do Desejo da Terra. Esse é um tempo propício para que o Discípulo trabalhe na purificação da sua natureza inferior e, assim, se torne mais habilitado para auxiliar os Seres Superiores em seus trabalhos de purificação do Mundo do Desejo da Terra. Um esforço suplementar é, então, feito para torná-lo um servidor consciente mais eficiente tanto nos planos internos como nos externos da vida.
Em estágios evolutivos anteriores do desenvolvimento humano, a Hierarquia de Escorpião, que preside o mês zodiacal de novembro, auxiliou o despertar do Ego[67] no ser humano[68] e, fazendo isso lançou o ser humano na estrada da individualização. Durante o presente estágio de evolução humana o Discípulo, trabalhando sob a orientação dos Senhores da Individualidade (Libra) e dos Senhores da Forma (Escorpião), está aprendendo a substituir a sua capacidade de fazer valer a própria opinião diante de outras pessoas pela humildade e pelo sacrifício pessoal do “eu” pelo impessoal: “nós”; em outras palavras, atualmente vive-se o ideal de O MAIOR BEM PARA O MAIOR NÚMERO. A Estação do Advento se estende pelo mês de dezembro e é anunciada como uma Festividade de Luz. O impulso espiritual da estação prepara a Humanidade para o derramamento das forças celestiais acompanhando o renascimento do Cristo Cósmico em nossa esfera terrestre. Esse período é seguido pela estação do Solstício de Dezembro que se estende de 21 de dezembro a 24 de dezembro e culmina com o dia seguinte, o 25 de dezembro, no Natal, o dia mais profundamente reverenciado em toda a Cristandade. A observância da festividade dessa estação santa nunca cessará para os Aspirantes, até que o Cristo tenha nascido dentro de nossas próprias almas. O quanto desse êxtase o Discípulo tenha experimentado nesse momento depende do degrau que ele tenha alcançado, e o regozijo pela sua participação cada vez mais crescente da mistura nessa estação entre o terreno e o divino é sentido com uma intensidade nunca alcançada em outro momento do ano.
[1] N.T.: Jo 6:66
[2] N.T.: Gn 15:1
[3] N.T.: Gn 15:2
[4] N.T.: Js 1:4
[5] N.T.: Js 1:4
[6] N.T.: Jo 15:5
[7] N.T.: Mt 20:27 e Mc 10:43
[8] N.T.: Gn 32:30
[9] N.T.: Ex 20:2
[10] N.T.: Dn 3:21-23
[11] N.T.: também escrito como: Egla ou Eglá – 2Sm 3-5
[12] N.T.: também escrito como: Chimham ou Quimã – 2Sm 37-42
[13] N.T.: também escrito como: Haggith, Aggith ou Hagite – 2Sm 3-4
[14] N.T. personagem do panteão fenício e na tradição bíblico-hebraica conhecida como deusa dos Sidônios (I Reis 11:2).
[15] Mt 22:14
[16] 2Cor 4:18
[17] N.T.: Mt 27:42
[18] N.T.: Mt 16:42
[19] N.T.: Mt 16:42
[20] N.T.: Lc 2:14
[21] NT: eram ritos de Iniciação ao culto das deusas agrícolas Demeter e Perséfone, que se celebravam em Elêusis, localidade da Grécia próxima a Atenas.
[22] N.T.: Jo 1:14
[23] N.T.: Jo 20:28
[24] N.T.: Jo 21:15-19
[25] N.T.: Um dos Cavaleiros do Rei Arthur, buscador do Santo Graal, reconhecido por sua pureza e coragem.
[26] N.T.: Ef 3:19
[27] N.T.: At 26:19
[28] N.T.: Is 2:4
[29] N.T.: Hab 2:4
[30] N.T.: Gl 1:17-18
[31] N.T.: região leste do Rio Jordão
[32] N.T.: refere-se ao Mundo do Espírito de Vida, onde está a Memória da Natureza, em toda sua plenitude e clareza.
[33] N.T.: IITm 4:9
[34] N.T.: ITs 2:8
[35] N.T.: Hermes Trismegisto (em latim: Hermes Trismegistus; “Hermes, o três vezes grande”) era um legislador egípcio, pastor e filósofo, que viveu na região de Ninus por volta de 1.330 a.C. ou antes desse período; a estimativa é de 1.500 a.C a 2.500 a.C.
[36] N.T.: IICor 11:24
[37] N.T.: Gl 1:16
[38] N.T.: At 27:1-44
[39] N.T.: Um tirso (em grego: thyrsos; em latim: thyrsus) era um bastão envolvido em hera e ramos de videira e encimado por uma pinha. Na mitologia grega (assim como na romana), era usado pelo deus Dioniso (ou Baco) e pelas seguidoras do deus, as ménades (ou bacantes). A hera e a videira eram de resto as plantas emblemáticas deste deus. Segundo os textos gregos, as ménades utilizariam os tirsos como uma espécie de arma, sendo conhecidos os cortejos frenéticos em honra a Dionísio (os tíasos) aos quais estas se entregavam.
[40] N.T.: do Diálogo Platônico “Fedão” ou Fédon, seguindo: “E no meu modo de entender, são estes, apenas, os que se ocuparam com a filosofia, em sua verdadeira acepção”.
[41] N.T.: pelo desenvolvimento espiritual
[42] N.T.: Mt 5:8
[43] N.T.: Mt 13:34-35
[44] N.T.: Mt 25:21
[45] N.T.: Maurice Polydore Marie Bernard Maeterlinck1 (1862 -1949) foi um dramaturgo, poeta e ensaísta belga de língua francesa, e principal expoente do teatro simbolista.
[46] N.T.: profundezas
[47] N.T.: Mt 28:18
[48] N.T.: Sl 8:5-7 – Hb 2:7
[49] N.T.: Sala no extremo Oeste do Tabernáculo do Deserto
[50] N.T.: para o Hemisfério norte
[51] N.T.: ou Sílfides
[52] N.T.: Mt 28:16-20
[53] N.T.: At 3:6
[54] N.T.: ICor 13:1
[55] N.T.: Rm 13:11
[56] N.T.: Sir Galahad é um poema escrito por Alfred Tennyson, poeta inglês
[57] N.T.: obra-mestra de Richard Wagner, baseado na lenda de Parsifal, cuja origem está envolta no mistério em que se desenvolveu a infância da raça humana; Parsifal simboliza a nova raça, que se eleva pela geração pura, em harmonia com as leis da natureza.
[58] N.T.: o mago negro, o “cavaleiro negro”, na obra Parsifal; simboliza a natureza inferior.
[59] N.T.: CAPÍTULO V – A Relação do Ser Humano com Deus
[60] N.T.: Mt 16; 24 – Mc 8:34 – Lc 9:23
[61] N.T.: Georg Friedrich Händel, célebre compositor da Alemanha, naturalizado cidadão britânico; 42º movimento (o célebre “Aleluia” – HALLELUJAH CHORUS) da obra: o oratório Messias (Messiah)
[62] N.T.: Lc 22:19-20
[63] N.T.: o ponto mais alto de ascensão norte é no Solstício de Junho.
[64] N.T.: reinos do Mundo Físico: Região Química e Região Etérica do Mundo Físico.
[65] N.T.: quando da sua primeira vinda.
[66] N.T.: outubro, novembro e dezembro.
[67] N.T.: o Espírito Virginal manifestado, nós
[68] N.T.: nos seus Corpos: Denso, Vital e de Desejos e o veículo: Mente.