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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Simbologia e Qualidades de Virgem

Virgem é um Signo mental, regido por Mercúrio, cuja cor é o violeta. Virgem é representado, no Velho Testamento, no Mito Solar de Jacó (o Sol) e seus filhos (os Signos do Zodíaco), por Dinah. Na história da evolução humana marcou o início de nossa evolução espiritual, o ponto em que o Espírito, através da Mente, começou a se manifestar como ser humano externo. Outro simbolismo de Virgem é o da Virgem Celestial, que pela Imaculada Concepção gerou Cristo, não do Cristo de nós conhecido, mas de todos os Salvadores do Zodíaco. É um dos Signos mais sublimes do Zodíaco, um dos mais místicos e tão repleto de significado oculto que seu completo sentido não pode ser compreendido plenamente, salvo por uma luz interna iniciática. No Apocalipse, Virgem é a Senhora que traz na cabeça sete estrelas (os setes Astros do nosso Sistema Solar) e a Lua a seus pés, representando o ideal de pureza dado a Terra, cujo ideal, uma vez conquistado, nos possibilitará a gerar o Cristo Interno.

As pessoas com Virgem no Ascendente[1] são de estatura mediana, de grande crâneo e o queixo frágil (grande intelecto e pouca vontade), pés pequenos, voltados para dentro, dificultando o andar. Vivos e ativos, percepção fácil, de boa eloquência, facilidade para aprender línguas, escritores férteis. Gostam mais de trabalhos internos que de contato com o público. Com o passar dos anos, por falta de exercício, tendem a ficar com volumoso abdômen, trazendo aos intestinos lento funcionamento e acúmulo de toxinas, que provocarão enfermidades. Negativos, gostam de falar de doenças e de ser doentes, em vez de reagir, exigindo, pois, o auxílio de pessoas firmes, quase cruéis, para levá-las de volta a saúde e tirar-lhes o conformismo suicida. Não gostam de ver sangue; são “coração de galinha”. Mas se dominam estas tendências, tornam-se ótimos enfermeiros e farmacêuticos, porque gostam de assuntos relacionados com a saúde, tais como: química, farmácia, alimentação, higiene, etc.

Genericamente, o temperamento dos nascidos em Virgem não é simpático, pois a predominância intelectual os torna cínicos, céticos a novos conhecimentos não demonstráveis, gostam de coisas fáceis, de mandar e quando mandam são dominadores, atraindo muitos inimigos duradouros. Seus Amigos igualmente são firmes.

A disposição mercuriana lhes traz muitas mudanças de condições. Quando se interessam por qualquer assunto, que lhes traga recompensas fazem-se industriosos e merecem as ganhos e triunfos.

Todavia, estas características são gerais. Só o exame pessoal do tema pode determinar o “todo” individual com segurança.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – agosto/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)


[1] N.R.: entre 11 e 20 graus e sem Astros na primeira Casa

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Nove Degraus na Iniciação Cristã Mística

Há nove degraus definidos na Iniciação Cristã Mística, começando com o Batismo, que é introdutório. A Anunciação e a Imaculada Concepção precedem como temas de curso por razões que serão dadas posteriormente.

Vamos considerar, resumidamente, cada estágio separadamente, nesse glorioso processo de desenvolvimento espiritual, afinal a vida de Cristo, como está delineada nos Evangelhos, corresponde ao padrão cósmico para todos os processos que abrangem a evolução espiritual.

O primeiro grau é o Batismo. Só que quando dizemos Batismo, necessariamente, não estamos nos referindo ao Batismo físico, onde o candidato é aspergido ou imerso e onde ele faz certas promessas àquele que o batiza. O Batismo Místico pode ocorrer tanto em um deserto quanto facilmente em uma ilha, porque é um processo espiritual com o objetivo de atingir um propósito espiritual. Pode ocorrer a qualquer hora da noite ou do dia, no verão ou no inverno; assim, ele ocorre no momento em que o candidato sente, com suficiente intensidade, um intenso desejo, quase uma ansiedade, de conhecer a causa da angústia profunda, tristeza ou do arrependimento alheio e aliviá-la. Então, o Espírito é conduzido sob as águas da Atlântida, onde vê a condição primordial do amor fraternal e da afeição; onde percebe Deus como o grande Pai de Seus filhos, que estão ali envolvidos por Seu maravilhoso amor. E, pelo retorno consciente a esse Oceano de Amor, o candidato se torna tão completamente imbuído com o sentimento de natureza ou caráter semelhante, que o espírito de egoísmo é banido dele para sempre. É por causa dessa saturação com o Espírito Universal que ele, mais tarde, é capaz de dizer: “àquele que quer pleitear contigo, para tomar-te a túnica, deixa-lhe também a veste; e se alguém te obriga a andar uma milha, caminha com ele duas.” (Mt 5:40-41). Sentindo-se um com todos, o candidato nem mesmo considera o seu assassinato como maus-tratos, mas pode dizer: “Pai, perdoai-os[1]. Eles são idênticos a si mesmo, que sofrem com sua ação; ele é tanto o agressor quanto a vítima. Esse é o verdadeiro Batismo Espiritual do Cristão Místico, e qualquer outro batismo que não produza esse sentimento fraterno universal não é digno de ter esse nome.

Ainda estamos na Era do Arco-Íris, sujeitos à sua lei, então podemos perceber que como o “Batismo” do Cristão Místico ocorre num momento de exaltação espiritual, esse deve ser necessariamente seguido por uma reação. A enorme magnitude da revelação o sobrepõe, e ele não pode percebê-la ou contê-la em seu veículo carnal, então, ele foge frequentemente de lugares onde há pessoas e se refugia na solidão, alegoricamente representada como um deserto. Ele fica tão arrebatado em sua sublime descoberta que, durante o tempo em que está em seu êxtase, ele vê o Tear da Vida, em que são construídos todos os corpos de todos os que vivem, do menor ao maior, do rato e do ser humano, do caçador e de sua presa, do guerreiro e de sua vítima. Mas, para ele, eles não estão separados e à parte, pois, também contempla o único divino halo dourado da luz da vida “que atravessa tudo e que a todos une.” (Lc 23:34). Mais ainda, ele ouve em cada um a nota-chave flamejante soando suas aspirações e expressando suas esperanças e seus temores, e ele percebe esse som composto de cores cromáticas como uma canção ou hino de louvor ou alegria mundial de Deus que se fez carne. A princípio, tudo isso está além de sua compreensão, a enorme magnitude da descoberta esconde isso dele, e não pode conceber o que vê e o que sente, pois não há palavras para descrevê-lo e nenhum conceito pode explicá-lo. Mas, aos poucos, se dá conta que está na própria Fonte da Vida, não mais contemplando-a, mas com o SENTIMENTO de cada pulsação dela, e com essa compreensão atinge o clímax de seu êxtase.

Pelos processos místicos do verdadeiro Batismo Espiritual, o Aspirante se torna tão completamente saturado com o Espírito Universal que, de fato, pelo sentimento e pela experiência, ele se torna um com tudo o que vive, o que se move e tem o seu ser, um com a pulsante Vida divina que surge em uma cadência rítmica, através do menor e do maior; e tendo captado a nota-chave da canção celestial, ele então é dotado de um poder de tremenda magnitude, que poderá ser usado para o bem ou para o mal. Devemos compreender e recordar que, embora a pólvora e a dinamite possam ser utilizada para fazer o bem na agricultura, quando usadas para explodir tocos de árvores que, de outra forma, exigiriam grande trabalho manual para serem extraídos, também podem ser usadas para fazer o mal, como na Primeira Guerra Mundial. Os poderes espirituais também podem ser usados ​​para o bem ou para o mal, dependendo do motivo e do caráter de quem os exerce. Entretanto, aquele que passou com êxito pelo ritual do Batismo e, assim, adquiriu o poder espiritual é imediatamente tentado para que possa decidir definitivamente se ele ficará do lado do bem ou do mal. Nesse ponto, ele se tornará um futuro “Parsifal”, um “Cristo”, um “Herodes” ou um “Klingsor”, que combateu os Cavaleiros do Santo Graal com todos os poderes e recursos da Fraternidade das Trevas.

O segundo grau é a Tentação. Tão arrebatado fica o Cristão Místico em sua belíssima aventura, que as necessidades físicas são completamente esquecidas, enquanto durar o êxtase e, portanto, é natural que a sensação de fome seja sua primeira necessidade consciente ao retornar ao estado normal de consciência de vigília e, naturalmente, também chega a voz da tentação: “manda que estas pedras se transformem em pães.” (Mt 4:3).

Poucas passagens das Sagradas Escrituras são mais sombrias do que os versículos iniciais do Evangelho Segundo São João: “No princípio era o Verbo. . .  e nada do que foi feito, foi feito sem Ele”. Um pequeno estudo da ciência do som nos familiariza com o fato de que som é vibração e que os diferentes sons moldarão a areia ou outros materiais leves em figuras de variadas formas. O Cristão Místico pode ignorar completamente esse fato, do ponto de vista científico, mas ele aprendeu na Fonte da Vida a cantar a Canção do Ser, que impulsiona de modo protetor e intimamente para uma criação tudo o que um mestre na arte musical deseja. Há uma nota-chave para a pedra mineral indigesta, porém, uma modificação irá transformá-la em ouro, com o que irá adquirir os meios de subsistência, e outra nota-chave peculiar ao reino vegetal a transformará em alimento, um fato conhecido por todos os ocultistas avançados que praticam legitimamente encantamentos para propósitos espirituais, porém, nunca por ganho material.

Mas o Cristão Místico, que acabou de emergir de seu Batismo na Fonte da Vida, imediatamente se contorce horrorizado com a sugestão de usar seu poder recém-descoberto para um propósito egoísta. Foi a própria qualidade altruística da alma que o conduziu às águas da consagração na Fonte da Vida, e ele preferiria sacrificar tudo, até a própria Vida, do que usar esse poder recém-descoberto para se poupar de um sofrimento doloroso. Ele não viu também a condição de profundo sofrimento por infortúnios, aflições e tristezas do mundo? E não sente isso em seu Grandioso Coração, com tal intensidade que a fome imediatamente desaparece e é esquecida? Ele pode, deseja e usa livremente esse maravilhoso poder para saciar os milhares que se reúnem para ouvi-lo, contudo, nunca para propósitos egoístas, pois, se assim o fizer, ele perturbaria o equilíbrio do mundo.

Entretanto, o Cristão Místico não raciocina assim. Conforme escrito acima, ele não tem nenhuma razão, pois, existe uma orientação muito mais segura, uma voz interior que sempre lhe fala, nos momentos em que se deve tomar uma decisão. “…Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4:4) – outro mistério. Não há nenhuma necessidade de partilhar o Pão terreno, quando se tem acesso à Fonte da Vida. Quanto mais nossos pensamentos estiverem centrados em Deus, menos procuraremos os chamados “prazeres da mesa”, e alimentando o nosso Corpo Denso com moderação e alimentos simples e selecionados, adquiriremos uma iluminação espiritual impossível àqueles que se deleitem a uma dieta excessiva de alimentos grosseiros que nutrem a natureza inferior. Alguns santos usaram o jejum e a flagelação como meio de crescimento da alma, mas esse é um método incorreto por razões explicadas em um artigo sobre “Jejum como um fator no crescimento anímico” publicado na Revista “Rays from the Rose Cross de dezembro de 1915”. Os Irmãos Maiores da humanidade, que compreendem a Lei e vivem de acordo com ela, utilizam os alimentos apenas em intervalos calculados durante o ano. A palavra de Deus é para eles um “pão vivo”. A mesma coisa é válida para o Cristão Místico e a tentação, ao invés de trabalhar para sua queda, o leva a alturas cada vez mais elevadas.

É uma força maravilhosa que está centrada no Cristão Místico no momento do seu Batismo, devido ao processo descendente e de concentração em si mesmo do Espírito Universal, e quando ele recusa durante o período de tentação, a profaná-lo em proveito próprio ou poder para si mesmo, ele tem que, necessariamente aspirar por outra direção, pois está impelido por um estímulo interior irresistível que não permitirá que ele se acomode numa vida sem a disposição para até se mover e inativa de oração e meditação. O poder de Deus está sobre ele para que pregue as boas novas à humanidade para ajudar e curar. Sabemos que uma lareira que está cheia, queimando lenha, não pode deixar de aquecer o ambiente ao redor; do mesmo modo o Cristão Místico não pode deixar de ajudar a irradiar a compaixão divina que transborda de seu Coração, não tendo dúvidas sobre a quem amar, a quem servir ou onde buscar a oportunidade para tal. Assim como o fogão cheio aceso irradia calor para todos os que estão dentro de sua esfera de radiação, da mesma forma o Cristão Místico sente o amor de Deus queimando em seu Coração e o irradia continuamente para todos com quem se põe em contato. Assim como a fogão aquecido atrai para si com seu calor aconchegante aqueles que sofrem com o frio físico, também os raios calorosos do amor do Cristão Místico são um ímã para todos aqueles corações que estejam gelados pela crueldade do mundo, ou seja, pela desumanidade do ser humano para com o ser humano.

Se o fogão estivesse vazio, mas dotado da faculdade da fala, poderia pregar para sempre o evangelho caloroso àqueles que se sentem fisicamente frios, mas, mesmo a melhor oratória jamais satisfaria seu público. Quando se está cheio de conteúdo e irradiando calor, o sermão se torna desnecessário. Todos se aproximarão e ficarão satisfeitos. Da mesma forma, um sermão sobre fraternidade feito por alguém que não tenha se banhado na “Fonte da Vida” parecerá sem valor real, sem substância e insincero. O verdadeiro Místico não precisa pregar. Cada ato seu, mesmo com sua presença silenciosa, é mais poderoso do que todos os mais profundos discursos elaborados por doutores em filosofia.

O terceiro grau é a Transfiguração. O verdadeiro Cristão Místico é facilmente distinguido. Ele jamais ocupa os seis dias da semana para se preparar para uma grande alocução para emocionar seus ouvintes no domingo, mas gasta, igualmente, todos os dias num humilde esforço de cumprir a vontade do Mestre, independentemente dos aplausos externos. Assim, inconscientemente, ele trabalha sempre em direção ao grande clímax que, na história dos mais nobres de todos os que percorreram esse caminho, é conhecido como “Transfiguração”.

A Transfiguração é um processo alquímico pelo qual o Corpo Denso, formado pela química dos processos fisiológicos, se converte na pedra viva, tal como é mencionado na Bíblia. Os alquimistas medievais, que buscavam a Pedra Filosofal, não estavam preocupados na transmutação de tais impurezas em ouro significativo, mas visavam o objetivo maior conforme narramos acima.

A umidade concentrada nas nuvens cai na terra em forma de chuva, quando suficientemente condensada e é novamente evaporada pelo calor do Sol em novas nuvens. Essa é a fórmula cósmica original.

O espírito também se condensa em matéria e se torna mineral, mas, embora seja cristalizado numa forma tão dura quanto a pedra, a vida ainda permanece, e pela alquimia da natureza, trabalhando por meio de outra corrente de vida, os constituintes minerais densos do solo são transmutados numa estrutura mais flexível no vegetal, que serve como alimento ao animal e ao ser humano. Essas substâncias se tornam corpos sencientes pela alquimia da assimilação. Quando notamos as mudanças na estrutura do corpo humano, evidenciadas pela comparação dos sãs (ou bushmen são membros de várias etnias de caçadores-coletores da África Austral, cujos territórios abrangem Botsuana, Namíbia, Angola, Zâmbia, Zimbábue e África do Sul), chineses, indianos, latinos, celtas e anglo-saxões, evidentemente está claro que o Corpo Denso do ser humano está, atualmente, passando por um processo de refinamento com a erradicação das substâncias mais rudimentares e grosseiras. Com o tempo, pela evolução, esse processo de espiritualização tornará nosso corpo radiante e transparente pela Luz que brilhará internamente, radiante como o rosto de Moisés, como o corpo de Buda e o de Cristo na Transfiguração. Presentemente, a luz do Espírito interno residente está efetivamente obscurecida por nosso Corpo Denso, mas podemos ter esperanças advindas da ciência da química. Não há nada na terra tão raro e precioso quanto o elemento químico rádio, o extrato luminoso do denso mineral negro chamado pechblenda; e nada há mais precioso e tão raro como o extrato do corpo humano, o Cristo radiante. Presentemente, estamos trabalhando para desenvolver o Cristo interno, mas quando o Cristo dentro de nós estiver plenamente desenvolvido, Ele brilhará através do corpo transparente como a Luz do Mundo.

É um fato anatômico, comumente conhecido, que a medula espinhal está dividida em três seções, através das quais os nervos motor, sensorial e simpático são controlados. Astrologicamente, são regidos por Marte, Mercúrio e a Lua, respectivamente, que são Hierarquias divinas que desempenham papel importante na evolução humana através dos sistemas nervosos citados. Entre os antigos alquimistas, esses eram designados pelos três elementos alquímicos: sal, enxofre e mercúrio. Entre eles, e acima deles, está colocado o Fogo Espiritual espinhal de Netuno. Ele ascende na coluna serpentina através da medula espinhal até os ventrículos do cérebro. Na grande maioria da humanidade, o Fogo Espiritual ainda é extremamente fraco. Porém, quando ocorre um despertar espiritual em alguém é como uma conversão genuína, ou melhor ainda, pelo Batismo do Cristão Místico, como uma queda constante e  intensa do Espírito vindo dos céus, que é um fato real, intensifica o Fogo Espiritual espinhal numa extensão quase inacreditável e, imediatamente, inicia um processo de regeneração, em que as substâncias grosseiras do Tríplice Corpo do ser humano são gradualmente eliminadas, tornando os veículos mais permeáveis ​​e prontamente adaptáveis aos impulsos espirituais. Quanto mais desenvolvido o processo, mais eficientes eles se tornam na “vinha do Mestre”.

O despertar espiritual que inicia esse processo de regeneração no Cristão Místico, que se purifica pela oração e pelo serviço, evidentemente, chega também para aqueles que buscam Deus por meio do conhecimento e do serviço, mas atua de forma diferente, o que é observado pelo investigador espiritual. No Cristão Místico, o Fogo Espiritual espinhal regenerador está concentrado, principalmente, no segmento lunar da medula espinhal, que governa os nervos simpáticos sob a regência de Jeová. Portanto, seu crescimento espiritual é alcançado pela fé, tão simples, infantil e inquestionável como nos dias da primitiva Atlântida, quando os seres humanos ainda não tinham Mentes. Assim, ele atrai a grande Luz da Deidade branca refletida por meio de Jeová, o Espírito Santo, e adquire toda a sabedoria do mundo, sem necessidade de trabalhar por ela intelectualmente. Isso, gradualmente, transmuta seu corpo na branca Pedra Filosofal, a Alma Diamante.

Por outro lado, aqueles cujas Mentes são fortes e insistentes em saber a razão do porquê de cada sentença e dogma, o Fogo Espinhal da regeneração atuará sobre os segmentos do vermelho Marte e do incolor Mercúrio, buscando infundir o desejo com a razão para purificar a antiga paixão primordial, para que se torne casta como a rosa e, assim, transmuta o corpo na Alma Rubi, a vermelha Pedra Filosofal, provada pelo Fogo, purificada, uma individualidade criativa em desenvolvimento.

Todos os que estão buscando o Caminho, seja pelo caminho do ocultista ou pelo do misticismo, estão tecendo o “Dourado Manto Nupcial” por esse trabalho por dentro e por fora. Em alguns, o ouro é extremamente pálido e em outros é profundamente vermelho. Mas, finalmente, quando o processo da Transfiguração tiver sido concluído, ou melhor, quando estiver próximo a isso, os extremos se fundirão e os corpos transfigurados terão uma cor equilibrada, pois o ocultista deve aprender a lição com profunda devoção, e o Cristão Místico deve aprender como adquirir conhecimento por seus próprios esforços, sem a necessidade de recorrer à fonte universal de toda a sabedoria.

Essa perspectiva nos fornece uma visão mais profunda da Transfiguração relatada nos Evangelhos. Devemos nos lembrar claramente que os veículos de Jesus foram transfigurados, temporariamente, pelo residente Espírito de Cristo. Mas, mesmo considerando a enorme potencialidade do Espírito de Cristo em efetuar a Transfiguração, é evidente que Jesus devia ser de um sublime caráter, sem igual. A Transfiguração como é vista na Memória da Natureza revela o Seu corpo com uma brancura deslumbrante, assim evidenciando a sua comunhão com o Pai, o Espírito Universal. Há uma grande diversidade em como tais resultados atualmente são alcançados, porém, no reino de Cristo, essas diferenças desaparecerão gradualmente, e uma cor uniforme, indicando tanto o conhecimento como a devoção, será alcançada por todos. Essa cor corresponderá à cor rosa, vista pelos ocultistas como o Sol Espiritual, o veículo do Pai. Quando isso for alcançado, a Transfiguração da humanidade estará completa. Então, seremos um com nosso Pai, e Seu reino terá chegado.

O quarto grau é a Última Ceia e o Lavapés.  Lemos nos Evangelhos, que relatam a história da Iniciação Cristã Mística, como na noite quando Cristo compartilhou da experiência na Última Ceia com Seus Discípulos, foi mostrando que seu ministério estava terminando naquele momento, e como Ele se levantou da mesa, se cingiu com uma toalha e, em seguida, despejou água numa bacia e começou a lavar os pés de Seus Discípulos, um ato do mais humilde serviço, mas, motivado por uma importante consideração oculta.

Quando ascendemos na escala da evolução, comparativamente, poucos percebem que fazemos isso pisando, ferindo e até destruindo os corpos de nossos irmãos e imãs mais fracos, consciente ou inconscientemente, esmagando-os e usando-os como degraus para atingir nossos próprios objetivos. Essa afirmação é válida para todos os Reinos da natureza. Quando uma onda de vida é conduzida ao nadir da involução e encrustada na forma mineral, é imediatamente aproveitada por outra onda de vida ligeiramente superior, que recebe o desintegrante cristal mineral, adequando-o a seus próprios objetivos como cristaloide e assimila-o como parte de uma forma vegetal. Se não houvesse minerais desintegrados que pudessem ser aproveitados e transformados, a vida vegetal não seria possível. Da mesma maneira, as formas dos vegetais são absorvidas por várias classes de animais, quando são devoradas e trituradas até virar uma pasta e servidas de nutrição para esse reino superior. Se não houvesse plantas, os animais não existiriam e o mesmo princípio é válido na evolução espiritual, pois se não houvesse aspirantes no degrau mais baixo da escada do conhecimento em busca de instrução, não haveria necessidade de um professor. Todavia, existe uma diferença importantíssima. O professor cresce ao doar aos seus alunos e servindo-os. Ascende, dos ombros deles, um degrau mais alto na escada do conhecimento. Ele ascende elevando os demais, no entanto, tem uma dívida de gratidão para com eles, que é simbolicamente reconhecida e extinta com o Lavapés – um ato de serviço humilde com aqueles que o serviram.

Quando percebemos que a natureza, que é a expressão de Deus, está continuamente se esforçando ao máximo para criar e produzir, também devemos compreender que quem mate alguma coisa, mesmo que seja tão pequena e aparentemente insignificante, está frustrando e se opondo ao propósito de Deus. Isso se aplica particularmente ao Aspirante à vida superior e, para tanto, o Cristo exortou os Seus Discípulos a “serem prudentes como as serpentes, mas sem malícia como as pombas.” (Mt 10:16). Porém, não importa o quão sério e intenso é o nosso desejo de seguir o preceito de não ferir, não machucar ou não destruir, as nossas tendências e necessidades relacionadas com a constituição dos nossos Corpos e veículos nos obrigam a matar em determinados momentos de nossas vidas, e não são somente nos grandes feitos que, constantemente, cometemos assassinatos. Era comparativamente fácil para a alma que busca o desenvolvimento espiritual, simbolizada por Parsifal, quebrar o arco com o qual ele havia atirado uma flecha no cisne dos cavaleiros do Graal, quando lhe explicaram do erro que ele havia cometido. A partir daquele momento, Parsifal estava comprometido com uma vida sem ferir, machucar ou destruir, no que diz respeito aos grandes feitos. Todos os Aspirantes sinceros concordam piamente com ele nesse quesito, uma vez que tenham compreendido quão subversiva é, para o crescimento da alma, essa prática de compartilhar alimentos que requerem a morte de um animal.

Contudo, mesmo a pessoa mais nobre e gentil entre a humanidade está, em cada respiração, envenenando aqueles ao seu redor e, que por sua vez, está sendo envenenada por eles, uma vez que todos exalam o dióxido de carbono e, por isso, somos uma ameaça uns aos outros. Não se trata de uma ideia improvável, porém, é um perigo real que se tornará muito mais manifesto no decorrer do tempo, quando a humanidade se tornar mais sensível.

O mesmo princípio é demonstrado no antigo Templo de Mistérios Atlante, o Tabernáculo no Deserto, onde encontramos um odor nauseante e uma fumaça sufocante subindo do Altar dos Sacrifícios, onde os corpos carregados de veneno das vítimas involuntariamente sacrificadas para pagar os pecados foram consumidos, e onde a luz brilhava fracamente através da fumaça envolvente. Isso nós podemos contrastar com a luz clara e brilhante emanada do Candelabro de Sete Braços, alimentado com o puro azeite extraído a partir da planta casta e onde o incenso, simbolizado pelo serviço voluntário de sacerdotes devotados, elevava-se ao céu como um suave aroma. Como já dito em outras ocasiões, isso era agradável à Divindade, enquanto o sangue das vítimas relutantes, os bovinos e os caprinos, eram uma fonte de dor e pesar para Deus, que se deleita mais com o sacrifício da oração, que auxilia o devoto e a ninguém prejudica.

Tem sido explicitamente declarado sobre o fato de alguns dos santos exalarem um suave odor e, como muitas vezes tivemos a oportunidade de dizer, essa não é uma mera história fantasiosa – é um fato oculto. A grande maioria da humanidade inala, durante toda a vida aqui, o oxigênio vitalizante contido na atmosfera circundante. A cada expiração exalamos uma carga de dióxido de carbono que é um veneno mortal e que, certamente e com o tempo, contaminaria todo o ar, se a planta pura e casta não inalasse esse veneno, usando parte dele para construir corpos que, algumas vezes, permanecem por séculos ou até milênios, como exemplificado nas sequoias da Califórnia, devolvendo-nos o restante em forma do oxigênio puro que necessitamos para a nossa vida aqui. Esses corpos carboníferos das plantas, por processos contínuos da natureza, se tornaram mineralizados no passado e se transformaram nas pedras, ao invés de se desintegrarem. Hoje nós os encontramos como carvão, a Pedra Filosofal perecível elaborada por meios naturais no laboratório da natureza. Mas, a Pedra Filosofal também pode ser construída artificialmente pelo ser humano a partir do seu próprio corpo. Isso deve ser compreendido definitivamente: a Pedra Filosofal não é elaborada num laboratório químico externo, mas que o próprio corpo é o laboratório do Espírito, que contém todos os elementos necessários para produzir esse Elixir da Vida, e que a Pedra Filosofal não está fora do corpo, mas ele é o próprio alquimista que se torna a Pedra Filosofal. O sal, o enxofre e o mercúrio, emblematicamente contidos nos três segmentos da coluna espinhal e que controlam os nervos simpático, motor e sensorial são acionados pelo Fogo Espiritual Netuniano espinhal, e constituem os elementos essenciais no processo alquímico.

Não há necessidade alguma de argumentos para demostrar que a indulgência com a sensualidade, a brutalidade e a bestialidade tornam o corpo não refinado em gostos, maneiras e linguagem. Por outro lado, a devoção à Deidade, uma atitude constante de prece, um sentimento de amor e compaixão por tudo que vive e se move, pensamentos de amor enviados a todos os seres e aqueles, inevitavelmente, recebidos em troca, invariavelmente todos têm o efeito de purificar e espiritualizar a nossa natureza. Referimo-nos a uma pessoa desse tipo como respirando ou irradiando amor, uma expressão que descreve muito mais próximo o fato do que a maioria das pessoas imaginam, pois, é uma questão real de se observar que a quantidade de veneno contida na respiração de um indivíduo está na proporção exata do mal existente na sua natureza, na sua vida interior e nos pensamentos que emite. A ioga hindu consiste em uma prática de encerrar o candidato a um certo grau de Iniciação em uma caverna que tem o tamanho não muito maior do que o corpo dele. Lá deverá viver por várias semanas respirando, repetidamente, o mesmo ar para demonstrar na prática que ele cessou de exalar o mortífero dióxido de carbono e que, assim, está começando a construir seu corpo. Então, esse não é um corpo da mesma natureza da planta, embora seja puro e casto, mas é um corpo celestial, como aquele de que São Paulo se refere na Segunda Epístola aos Coríntios, capítulo 5, um corpo que se torna imortal como um diamante ou uma pedra de rubi. Não é duro e inflexível como o mineral; é um diamante macio (ou rubi) e por cada ato executado na natureza, o Cristão Místico está construindo esse corpo, embora provavelmente ele esteja inconsciente disso por um longo tempo. Quando ele atinge esse grau de Santidade, não é necessário para ele executar o ritual do Lavapés, como o é para o aluno que ainda não construiu tal corpo e que o auxilia a se elevar, porém, terá sempre o sentimento de gratidão, simbolizado por aquele ato, para com aqueles a quem teve o privilégio de atrair para si como Discípulos e a quem pode dar o pão vivo que nutre até à imortalidade.

Os Estudantes perceberão que isso é parte do processo que culmina na Transfiguração, mas também devem perceber que na Iniciação Cristã Mística não há graus fixados e definidos. O candidato vê o Cristo como o autor e finalizador da sua fé, procurando imitá-Lo e seguir os Seus passos em todos os momentos de sua existência. Assim, os vários estágios que estamos considerando são alcançados por processos de crescimento da alma que, simultaneamente, o levam a aspectos mais elevados de todas essas etapas que agora estamos analisando. A esse respeito, a Iniciação Cristã Mística difere radicalmente dos processos em voga dos Rosacruzes, em que a compreensão por parte do candidato do que está para acontecer é considerada indispensável. Mas chega o momento em que o Cristão Místico precisa percorrer o caminho que tem pela frente, e é isso que constitui o Getsemani.

O quinto grau é o Getsemani. Na narrativa do Evangelho sobre o Getsemani (Mc 14:26-38) temos uma das mais tristes e difíceis experiências do Cristão Místico, delineada de forma espiritual. Durante toda a sua experiência anterior, ele vagueou cegamente, isto é, cego para o fato de que ele está no caminho, que se consistentemente seguido, o conduzirá a um objetivo definido, embora também se sinta intensamente prevenido ao menor suspiro de cada alma sofredora. Ele concentrou todos os seus esforços em aliviar a dor física, moral ou mental de cada alma sofredora. Ele serviu a cada alma sofredora com toda a sua capacidade e ensinou a cada uma o evangelho do amor: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Lc 1:27)”; e ele foi sempre um exemplo vivo para todos por meio da sua prática. Por isso, atraiu para si um pequeno grupo de amigos, aos quais amou com a mais terna afeição. A eles também ensinou e serviu sem restrições, até mesmo no lava-pés. Entretanto, durante esse período de serviço, ele ficou tão exaurido com as aflições e tristezas profundas do mundo, que ele de fato se tornou um Homem das Aflições e Tristezas Profundas e familiarizado tanto com a aflição, mais do que qualquer outra pessoa.

Essa é uma experiência muito definida do Cristão Místico, e é o fator mais importante para intensificar o seu progresso espiritual. Enquanto nos sentirmos entediados quando as pessoas que vêm até nós e nos contam seus problemas, enquanto fugirmos delas e procurarmos escapar de ouvir suas histórias de tristezas, arrependimentos e angústias, estaremos bem longe do Caminho. Mesmo quando as ouvimos e nos disciplinamos para não demonstrar que estamos entediados, mesmo quando verbalizamos algumas poucas palavras simpáticas que chegam ao ouvido do sofredor, nada ganharemos em crescimento espiritual. É absolutamente essencial para o Cristão Místico que se torne tão sintonizado com os sofrimentos, as aflições e as tristezas do mundo, que sinta cada ataque agudo de dor ou ansiedade extrema como se fosse o seu próprio e o guarde dentro do seu Coração.

O Cristão Místico deve beber abundantemente do cálice da angústia e da tristeza profundas, ele deve bebê-lo até a última gota, de modo que pela dor cumulativa que ameaça explodir seu Coração, ele possa se derramar sem reservas e sem restrições para curar e auxiliar o mundo. Então Getsemani, o Horto da Aflição, se torna um lugar familiar para ele, regado com as lágrimas nascidas das angústias, das tristezas e dos sofrimentos da humanidade.

Porém, durante todos os seus anos de autossacrifício, aquele pequeno grupo de amigos tinha sido seu consolo. Ele já havia aprendido a renunciar aos laços de sangue. “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Aqueles que fazem a vontade de meu Pai.” (Mt 12:48-50). Embora nenhum verdadeiro Cristão negligencie suas obrigações sociais ou negue o amor a seus familiares, os laços espirituais são, entretanto, os mais fortes, e por meio deles vem a coroa das aflições e, através da deserção de seus amigos espirituais ele aprende a beber até a última gota do cálice das angústias e das tristezas profundas. Ele não os culpa pela deserção deles, mas desculpa-os com as palavras: “O Espírito realmente está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26:41) pois sabe, por experiência própria, como isso é verdade. Mas ele descobre que na suprema angústia e tristeza profundas eles não podem confortá-lo e, portanto, se volta para a única fonte de conforto, o Pai Celestial. Ele chegou ao ponto em que a resistência humana parece ter atingido o seu limite e ora para ser poupado de uma provação maior, porém, com uma confiança cega no Pai, ele se curva à Sua vontade, oferecendo-se inteiramente, sem reservas.

Esse é o momento da realização. Tendo bebido completamente do cálice da angústia e da tristeza profundas até a última gota e sendo abandonado por todos, ele experimenta o temporário temor terrível de estar absolutamente só, sendo essa uma das piores experiências, senão a mais terrível, que pode ocorrer na vida de um ser humano. O mundo todo parece envolvido em trevas. Ele sabe que, apesar de todo o bem que fez ou tentou fazer, os poderes das trevas estão tentando dizimá-lo. Ele sabe que a turba, que alguns dias antes o havia acenado com “Hosana”, amanhã estará pronta para gritar “Crucifica-o! Crucifica-o!”. Seus familiares e, agora, seus poucos amigos desapareceram e, também, estavam prontos a negá-lo.

Entretanto, quando nos encontramos no pináculo da aflição, é que estamos mais próximos do trono da graça. A agonia, a aflição, a tristeza profunda e o sofrimento acolhidos no peito do Cristão Místico são mais valiosos e preciosos do que todo o dinheiro do mundo, pois quando ele perde toda a companhia humana e se entrega sem reservas ao Pai, uma transmutação ocorrerá: a aflição se transforma em compaixão, o único poder no mundo capaz de fortalecer o ser humano que está prestes a subir até o Gólgota e dar sua vida pela humanidade, não como um sacrifício mortal, mas como um sacrifício vivente, elevando-se na medida em que eleva os outros.

O sexto grau é o Estigmata ou os Estigmas. Pela união da Mente e do Coração, o Cristão Místico está pronto para a próxima etapa, que envolve o desenvolvimento dos estigmas, uma preparação necessária para a morte e ressurreição místicas. A narrativa do Evangelho relata a história dos estigmas nas seguintes palavras, desenrolando-se a cena de abertura no Horto do Getsemani, que podemos encontrar nos Evangelhos.

Temos aqui o relato de como os estigmas ou as punções foram produzidas no Herói dos Evangelhos, embora as suas localizações não estejam descritas corretamente, e o processo é representado em uma forma narrativa, diferindo amplamente da maneira como essas coisas realmente acontecem. Mas, nós estamos diante de um dos Mistérios que devem permanecer selados para o profano, embora os fatos místicos subsequentes sejam tão claros como o é a luz do dia para aqueles que os conhecem. O corpo físico não é de forma alguma o ser humano real. Tangível, sólido e pulsante de vida como o vemos é, na verdade, a parte mais morta do ser humano, cristalizado dentro de uma matriz de veículos mais sutis que são invisíveis à nossa visão física atual. Se colocarmos uma bacia de água numa temperatura suficientemente baixa, a água logo se converte em gelo, e quando examinamos esse gelo, descobrimos que ele é feito de inúmeros pequenos cristais com variadas formas geométricas e linhas de demarcação. Existem linhas etéricas de forças que estavam presentes na água antes de congelar. Assim como a água congelou e modelou ao longo dessas linhas, nossos corpos físicos se congelaram e se solidificaram ao longo das linhas etéricas de força do nosso Corpo Vital invisível, que está, portanto, no curso normal da vida inextricavelmente ligado ao Corpo Denso, ele esteja desperto ou adormecido, até que a morte traga a dissolução dessa ligação. Mas como a Iniciação implica na libertação do ser humano verdadeiro do corpo do pecado e da morte para que ele possa deslizar para as esferas mais sutis à vontade e retornar ao corpo quando desejar, é óbvio que antes que isso possa ser alcançado, antes que o objetivo da Iniciação se realize, o vigoroso entrelaçamento entre o corpo físico e o veículo etérico, que é acentuadamente mais forte e rígido na humanidade comum, deve ser desfeito. Como essa união é mais forte nas palmas das mãos, nos arcos dos pés e na cabeça, as escolas ocultas concentram seus esforços para romper a conexão em tais pontos e produzir os estigmas invisivelmente.

O Cristão Místico necessita do conhecimento de como realizar o ato sem produzir uma manifestação exterior. Os estigmas se desenvolvem nele espontaneamente pela constante contemplação de Cristo e por seus esforços incessantes em imitá-Lo em todas os momentos. Esses estigmas exteriores não compreendem somente as chagas nas mãos, nos pés e aquela no lado do corpo, mas também as marcadas na cabeça pela coroa de espinhos e pela flagelação. O exemplo mais notável de estigmatização é aquele que ocorreu, em 1224, a São Francisco de Assis na montanha de Alverno. Absorto na contemplação da Paixão, viu um Serafim se aproximar, resplandecente em fogo e tendo entre as asas a figura do Crucificado. São Francisco percebeu que nas mãos, nos pés e no lado ele recebeu externamente as marcas da crucificação. Essas marcas permaneceram durante os dois anos até a sua morte, e muitas testemunhas oculares dizem que as viram, incluindo o Papa Alexandre IV.

Os Dominicanos polemizaram o acontecimento, no entanto; fizeram a mesma reclamação de credibilidade em relação a Santa Catarina de Siena, cujos estigmas foram explicados, por ela mesma, como tendo se tornado invisíveis para os outros. Os Franciscanos apelaram a Sisto IV para que proibisse a apresentação em público dos estigmas de Santa Catarina de Siena. Ainda mais, o acontecimento dos estigmas consta no Gabinete do Breviário, e Benedito XIII concedeu aos Dominicanos uma Festa em homenagem à Santa Catarina de Siena para comemorar esse fato. Outras pessoas, especialmente mulheres, que têm Corpo Vital positivo, afirmam ter recebido alguns ou todos os estigmas. A última a ser canonizada pela Igreja Católica, por essa razão, foi Santa Veronica Giuliani (1831). Há casos mais recentes como os de Anna Catherine Emmerich, que se tornou uma freira em Agnetenberg; A “Extática” Maria Von Mörl de Kaltern; Anne-Louise Lateau, cujos estigmas sangravam todas as sextas-feiras; e a Sra. Girling da comunidade Newport Shaker.

No entanto, sejam os estigmas visíveis ou invisíveis, o efeito é o mesmo. As correntes espirituais geradas no Corpo Vital da pessoa são tão poderosas que é como se o corpo fosse flagelado por elas, especialmente, na região da cabeça, em que elas produzem uma sensação essencialmente similar à da coroa de espinhos. Com isso, finalmente desperta na pessoa uma plena compreensão de que o corpo físico é uma cruz que ela suporta, uma prisão e não o ser humano real. Isso o conduz ao próximo passo da sua Iniciação, a saber, a crucificação, que é experimentada pelo desenvolvimento de outros centros em suas mãos e em seus pés, pontos em que o Corpo Vital é, então, separado do Corpo Denso.

O sétimo grau é a Crucificação. Consta, na narração retirada do Evangelho, que Pilatos colocou um letreiro na cruz de Cristo com as palavras: “Jesus Nazarenus Rex Judaeorum” e isso é traduzido, na versão mais utilizada da Bíblia, como “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”. Mas as iniciais INRI colocadas na cruz representam os nomes dos quatro elementos em hebraico: Iam, água; Nour, fogo; Ruach, espírito ou ar vital; e Iabeshah, terra. Essa é a chave oculta do mistério da crucificação, pois simboliza, em primeiro lugar, o sal, enxofre, mercúrio e azoth que foram usados ​​pelos antigos alquimistas para fazer a Pedra Filosofal, o solvente universal, o elixir-vitae. Os dois “Is” (Iam e Iabeshah) representam a água lunar salina: a) em um estado fluídico contendo sal em solução e b) o extrato coagulado dessa água, o “sal da terra”; em outras palavras, os veículos fluídicos mais sutis do ser humano e seu Corpo Denso, respectivamente. N (Nour) representa, em hebraico, o fogo e os elementos combustíveis, entre os principais o enxofre e o fósforo tão necessários à oxidação, sem os quais o sangue quente seria uma impossibilidade. O Ego sob essa condição não poderia funcionar no corpo, nem o pensamento poderia encontrar uma expressão material. R (Ruach) é o equivalente a espírito em hebraico, isto é, o Azoth, funcionando na Mente mercurial. Assim, as quatro letras -INRI – colocadas sobre a cruz de Cristo, de acordo com o relato na história do Evangelho, representam o ser humano composto, o Pensador, no ponto de seu desenvolvimento espiritual em que se prepara para a libertação da cruz de seu veículo denso.

Prosseguindo na mesma linha de elucidação, podemos notar que INRI é o símbolo do candidato crucificado pelas seguintes razões adicionais:

Iam é a palavra hebraica que significa água, o fluídico ou elemento lunar, que constitui a parte principal do corpo humano (cerca de 57 por cento). Essa palavra também é o símbolo dos veículos fluídicos mais sutis do desejo e da emoção.

Nour, a palavra hebraica que significa fogo, é uma representação simbólica do sangue vermelho quente, carregado do ferro marcial, do fogo e da energia de Marte, que é visto pelo ocultista circulando como um gás nas veias e artérias do corpo humano, infundindo-lhe a energia e o desejo para agir, para se esforçar, sem os quais não poderia haver progresso, nem material nem espiritual. Também representa o enxofre e o fósforo necessários para a manifestação material do pensamento, conforme já mencionado. Ruach, a palavra hebraica para indicar espírito ou ar vital é um excelente símbolo do Ego revestido pela Mente mercurial, que torna o ser humano em um indivíduo e o capacita a controlar e dirigir seus veículos corporais e suas atividades de uma maneira racional.

Iabeshah é a palavra hebraica para terra, representando a parte carnal sólida que constitui o corpo terrestre cruciforme, cristalizado dentro dos veículos mais sutis no nascimento e separado deles ao morrer, no curso normal das coisas, ou em um acontecimento extraordinário, pelo qual aprendemos a morrer misticamente e ascender às gloriosas esferas superiores, durante um curto período.

Esse estágio do desenvolvimento espiritual do Cristão Místico envolve, portanto, uma reversão da força criadora de seu curso normal para baixo, onde é desperdiçada na geração para satisfazer as paixões, para um curso ascendente através da medula espinhal tripartida, cujos três segmentos são regidos pela Lua, por Marte e Mercúrio, respectivamente, e onde o raio de Netuno acende o fogo espiritual espinhal regenerativo. Essa ascensão provoca o início da vibração do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal, abrindo a visão espiritual; e atingindo o seio frontal, ele inicia a coroa de espinhos latejando de dor, enquanto o vínculo com o corpo físico é queimado pelo Fogo Espiritual sagrado, que desperta esse centro de seu sono de letargia, para uma vida ritmicamente vibrante e pulsante que se estende para os outros centros na estrela estigmatizada de cinco pontas. Esses centros também são vitalizados, e todo o veículo se torna brilhante com uma glória dourada. Então, com um movimento final de torção, o grande vórtice do Corpo de Desejos, localizado no fígado, é liberado e a energia marciana contida nesse  veículo impulsiona para cima o veículo sideral (assim chamado, porque os estigmas na cabeça, nas mãos e nos pés estão localizados nas mesmas posições relativas entre si que as pontas de uma estrela de cinco pontas), que ascende através do crânio (Gólgota), enquanto o Cristão crucificado emite seu grito triunfante, “Consummatum est” (está consumado), e desliza para as esferas mais sutis ao encontro de Jesus, cuja vida ele imitou com pleno êxito e de quem, desde então, ele é inseparável. Ele é seu Mestre e seu guia para o Reino de Cristo, onde todos estaremos unidos em um só corpo para aprender e praticar a Religião do Pai, para quem o Reino acabará revertendo, para que Ele possa ser Tudo em Todos.

O oitavo grau é a Ressurreição. Estudamos na Bíblia que o Corpo de Cristo ficou na tumba por toda a sexta-feira, durante todo o sábado e uma parte do domingo. Deste modo, delinearam-se os “três dias místicos” da grande fórmula iniciadora, segundo o qual, o Discípulo é anunciado como renascido, ou ressuscitado para uma nova vida, ou vida superior, o grau mais elevado de consciência e poder espiritual.

Este sublime capítulo do Evangelho de São João pode ser mais bem denominado como a exaltação do feminino que aponta para o futuro, quando o grande trabalho estará completamente realizado.

Saulo de Tarso e Maria Madalena podem ser considerados como exemplos idênticos no que se refere ao poder de transmutação que reside na consciência Crística. São João, entre os Discípulos, representa o poder feminino completo e desabrochado, misticamente indicado na gentileza e beleza de seu semblante.  Tais poderes fizeram-no o Discípulo mais espiritualizado de todos, como o Discípulo mais amado do Mestre e, foi natural o fato de ele ter sido o primeiro a compreender e aceitar a verdade sobre a Ressurreição.

Toda a humanidade espera por este evento, a Ressurreição, que é a culminação da evolução na Terra. Para o neófito, a Ressurreição para os reinos elevados significa o poder de funcionar, conscientemente, fora do Corpo Denso, sem a presença da morte física. Todo Aspirante vitorioso, em que se produz a Ressurreição, ouve a proclamação do Anjo do Senhor (Lei Espiritual): “Ele não está aqui, pois ressuscitou” (Mt 28:6) (Mc 16:6) (Lc 24:6). 

Tal como São Paulo disse, verdadeiramente: “Tu és o herdeiro e todos somos Seus co-herdeiros” (Rm 8:17). Mas a mais abençoada de todas as suas promessas é essa: “Não apenas essas coisas, mas coisas ainda maiores do que estas vocês poderão fazer” (Jo 14:12).

Durante a experiência da Morte Mística, o Cristão Místico se conscientiza das ilusões da matéria e das limitações da vida finita. A consciência da Ressurreição produz a comprovação da unidade de toda a vida em Deus. A pedra da separação foi removida. Por isso, quem passou por essa sublime experiência sabe que nenhum dano pode afetar a uma parte sem ferir o todo, e que nada bom pode suceder a alguém sem que, ao mesmo tempo, beneficie a todos.

Quem chega a conhecer a glória da Ressurreição não pode mais ferir e nem matar, nem sequer a seus irmãos menores do reino animal, posto que eles são expressões viventes da mesma vida que vive e se move e tem seu ser no ser humano. Com a consciência da Ressurreição a paixão do Corpo de Desejos não regenerado se converte na compaixão do espírito, que tudo abarca. O recém-nascido é banhado na dourada refulgência do Cristo Ressuscitado, e se faz um com Ele, na comprovação de que a morte se converteu na vitória da vida eterna.

A meditação sobre a experiência transcendental da Ressurreição proporciona uma compreensão e reverência maiores pelo significado interno daquela saudação que os Cristãos esotéricos se dirigiam, durante a radiação do amanhecer da Páscoa, à luz de sua própria iluminação interior: “Cristo é nossa Luz”.

O nono grau é a Ascensão. O Cristão Místico sabe que o Jardim da Aflição e da Crucificação deve sempre preceder a jubilosa hora do amanhecer da Ressurreição e a branca glória do dia da Ascensão.

Estudamos na Bíblia que Cristo disse: “Todo o poder é dado para Mim no Céu e na Terra”(Mt 28:18), foram as palavras da Sua saudação aos seus Discípulos quando Ele estava no cenáculo superior sagrado, após a Ressurreição. Isto significa que por meio do Seu sacrifício no Calvário, Ele agora tinha se tornado o verdadeiro Senhor e Espírito Planetário da Terra.

O Cristianismo Esotérico ensina que o Gólgota não foi o fim. Na verdade, foi o início do sacrifício redentor anual de Cristo para todo o nosso Planeta.

Durante o intervalo sagrado que constitui os “quarenta dias” místicos entre a Ressurreição e a Ascensão, Cristo se ocupou de muitas obras relacionadas não somente com a raça humana, mas com todas as ondas de vida que vivem na Terra. Este trabalho incluiu as várias raças e Espíritos-Grupo que são os guias das várias ondas de vida em evolução. Para cada um, Ele deu um novo ímpeto de altruísmo e unidade, e Ele também acelerou o tom vibratório de cada um, que vibra no padrão cósmico ou arquétipo. Na realidade, com Sua vinda, toda a Terra canta uma nova canção.

Vão para a Galileia e Eu encontrarei vocês lá”(Mt 28:16). Cada aparição aos Discípulos sustenta um significado profundo e uma promessa de maiores poderes espirituais.

E, levantando as suas mãos, os abençoou, e quando Ele os abençoou, Ele estava à frente deles e foi levado para o céu”(At 1:10).

Na “ressurreição dos mortos”, a cerimônia mística ensina que a morte não existe, e pela “Ascensão” ensina-se que a vida eterna é a herança do Iniciado. “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Irei preparar um lugar para vocês” (Jo 14:2).

Na Ascensão, o Cristo abriu o caminho, deste modo, qualquer pessoa pode ascender com Ele e compartilhar a elevada comunhão dos reinos espirituais.


 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Manifestações da Luz de Cristo

As manifestações da Luz de Cristo, toda vibrante, linda e cheia de mistério, são tão numerosas que seria impossível apresentar mais que um resumo deste vasto assunto em um simples artigo.

À medida que oramos, dia após dia, as Luzes de Cristo, vibrando em cada um de nós, juntam-se e irradiam um raio luminoso que forma uma deslumbrante luz dentro e em volta de todo o local onde estamos orando. Pela mesma, razão, as Luzes de Cristo emanam do Templo de Cura de um Centro Rosacruz, mas num grau muito maior. Se analisarmos um pouco o assunto, verificamos que a maioria das coisas verdadeiramente belas da vida são criadas por intermédio da Luz de Cristo. Por outro lado, a Luz de Cristo é acionada pelo amor que manifestamos — amor por toda a Criação, que é uma manifestação de Deus.

A Luz de Cristo pertence a todo indivíduo — a todos, tanto às pessoas livres como aos escravos. É difícil, para nós que somos livres, conceber que há neste mundo homens e mulheres que são escravos. Esses seres não são donos de seus corpos físicos, mas possuem a centelha da Luz de Cristo dentro de seus corações.

É essa centelha que eventualmente os libertará de toda escravidão. Os Raios de Cristo constituem o princípio ativo da nutrição e do crescimento em todas as obras da Natureza. O lavrador experiente leva em consideração esses Raios quando são refletidos pela Lua, na ocasião do plantio. O ser humano que faz curas leva em conta os Raios de Cristo que vêm diretamente do Sol.

Cristo é a concretização do Princípio da Sabedoria, e à medida que Cristo se forma dentro de nós, alcançamos o perfeito estado de saúde. A cura espiritual deriva do emprego das diversas categorias de vibrações dos Raios de Cristo. A força curativa empregada por Jesus Cristo sempre esteve ao alcance da humanidade, de acordo com o preparo do ser humano para tornar-se um canal receptor e transmissor da força curativa.

Na medida em que damos, assim também recebemos. Por isso, se quisermos receber essa grande força curativa, precisamos, por nossa vez, distribuí-la à humanidade sofredora, tornando-nos, assim, um canal adequado para a passagem dessa força.

Antes da vinda de Cristo o caminho da Iniciação não estava franqueado a todos, mas somente aos poucos escolhidos. Os Discípulos que estivessem preparados para a Iniciação elevavam-se a um estado de exaltação no qual eles transcendiam as condições físicas. Para a sua visão espiritual, a Terra sólida se tornava transparente e eles viam o Sol da meia-noite: “a Estrela”, a Estrela Crística, a Estrela de Cristo. Essa é a Estrela que brilhou para o Místico na escuridão da noite. A Estrela fulgurante está sempre presente para ajudá-lo, e sua alma ouve o cântico profético: “Paz e Boa Vontade a todos”. Isso se aplica a todos, sem exceção. Não há lugar para um único inimigo ou rejeitado! É de admirar que seja difícil educar a humanidade para conceber um nível tão elevado? Existe melhor caminho para demonstrar a beleza e a necessidade da paz e da boa vontade e do amor do que se contrastando com o estado atual de guerras, egoísmo e ódio?

Diz-se que a Estrela de Belém surgiu na ocasião do nascimento de Jesus e guiou os três Reis Magos (que representam o povo da Terra) até o Salvador. A natureza da Estrela tem sido motivo de muita especulação. A maioria dos cientistas materialistas consideram-na um mito, mas todo Místico conhece a Estrela bem como a Cruz — não somente como símbolos ligados à vida de Jesus e de Jesus Cristo, como nas suas próprias experiências da vida.

No momento em que o Grande Espírito do Cristo Solar se livrou do veículo físico de Jesus na Crucificação, uma enorme onda de luz espiritual inundou a Terra. Naquele momento o Caminho da Iniciação foi franqueado a todos que o buscassem.

Essa onda de luz espiritual tinha um brilho tão ofuscante que as massas disseram que o Sol se tinha obscurecido. O Sol não se obscureceu. Foram as fortíssimas vibrações causadas pela luz excessiva que cegaram o povo. Esse foi o espetáculo mais vibrante dos Raios de Cristo até hoje registrado.

Os raios do Sol Espiritual e invisível possibilitam o crescimento anímico sobre diferentes partes da Terra sucessivamente, assim como os raios do Sol físico possibilitam o crescimento da forma. Esse impulso espiritual também se dirige na mesma direção que o Sol físico — do Leste para o Oeste. Isso explica a onda de espiritualidade que se disseminou sobre a Terra, dirigindo-se do Oriente para o Ocidente compreendendo numerosas Religiões até que finalmente vem atingir o Mundo Ocidental, onde assume a forma elevada da Religião Cristã. E assim como o brilho do Sol ultrapassa a estrela mais brilhante dos céus, assim também num futuro muito remoto a verdadeira Religião de Cristo substituirá e obscurecerá todas as outras Religiões.

Todas as Religiões foram fornecidas à humanidade pelos Anjos do Destino, que conhecem as necessidades espirituais de cada classe, nação e povo, mas agora essas Religiões já serviram ao fim a que se destinavam, qual seja, servir de ponto de partida para a compreensão do Cristianismo Esotérico que ainda não foi ensinado publicamente nem o será enquanto a humanidade não atravessar a fase materialista e estiver preparada para recebê-la. No decorrer da Sexta Época vindoura, ou Nova Galileia, a Luz de Cristo unificadora, sob a forma de Religião Cristã, abrirá os corações dos seres humanos, assim como seu entendimento espiritual está aumentando agora.

O Cristianismo, como conhecemos, teve início há mais 2.000 anos, mas o verdadeiro Cristianismo sempre existiu e sempre existirá, simplesmente porque há um só Filho de Deus, o Cristo Cósmico. Todas as outras Religiões, encerrando somente uma parte daquilo que o Cristianismo possui em proporções maiores, têm apenas conduzido a humanidade para a Religião Cristã. Quando Cristo apareceu em estado físico e uniu-Se à esta Terra, a verdadeira Religião já em existência recebeu o nome de Cristã. Somente por intermédio da percepção consciente do Cristo interior pode a verdadeira compreensão espiritual do Cristianismo raiar sobre o mundo.

Toda a humanidade se está tornando sensível a mais uma oitava de visão, porque o Éter que circunda a Terra está ficando mais denso e o ar mais rarefeito. Isso é verdade especialmente em certas partes do mundo, no Sul da Califórnia entre outras, e a nossa Sede mundial é particularmente favorecida nesse aspecto. A esse respeito, é digno de nota o fato de que a magnificência da Aurora Boreal do Norte congelado está se tornando mais frequente e mais potente nos seus efeitos sobre a Terra. Nos dias primordiais da Era Cristã esse fenômeno era desconhecido, mas com o decorrer do tempo, à medida que a Onda de Cristo, que penetra na Terra durante parte do ano, transmite uma quantidade cada vez maior de sua própria vida à massa terrestre inerte, os Raios Etéricos Vitais tornam-se visíveis de intervalos a intervalos. Depois tornam-se cada vez mais numerosos, e agora estão começando a perturbar as nossas atividades elétricas, cujas funções são, às vezes, completamente alteradas pela irradiação desses raios.

As correntes relativamente fracas e invisíveis produzidas pelos Espíritos-Grupo das plantas, e os fortíssimos raios de força produzidos pelo Espírito de Cristo, ora visíveis sob a forma da Aurora Boreal, tiveram até agora mais ou menos a mesma natureza que a eletricidade estática, ao passo que as correntes produzidas pelos Espíritos-Grupo dos animais e que circundam a Terra, podem ser comparadas à eletricidade dinâmica, a qual deu à Terra a sua força de movimento em Eras passadas. Agora, porém, as correntes de Cristo estão se tornando cada vez mais poderosas e sua eletricidade estática vai sendo libertada, transformando-se assim em dinâmica. O impulso etérico que elas produzem iniciará uma nova Era e os órgãos sensoriais que a humanidade possui atualmente, precisam acomodar-se a essa transformação. Com o decorrer do tempo e à medida que Cristo, através de Sua intervenção benéfica, atrai uma quantidade cada vez maior do Éter interplanetário para a Terra, tornará o globo mais luminoso e caminharemos num mar de luz devido ao constante contacto com essas vibrações benéficas de Cristo. E, também, nos tornaremos luminosos. Então a vista humana, tal como ela se constitui, não terá utilidade para nós, motivo por que ela está começando a modificar-se e nós estamos passando pelo “incômodo” que acompanha qualquer reconstrução. Ainda com referência à Aurora Boreal (os poderosos raios de força produzidos pelo Espírito de Cristo) e seus efeitos sobre nós, esses raios se difundem através de todas as partes da Terra, que é o corpo de Cristo, partindo do centro para a periferia, mas não são visíveis nas regiões habitadas do mundo, porque esses raios são absorvidos pela humanidade, assim como os raios do Espírito-Grupo das plantas são absorvidos pela flor. Esses raios constituem o “impulso interior” que lenta, mas, seguramente, vai impelindo a humanidade a adotar uma atitude de altruísmo.

Quando olhamos para os dias anteriores ao nascimento do Salvador, verificamos que o altruísmo, em qualquer sentido da palavra, era desconhecido. Cada criatura humana pensava em si mesma — gananciosa, indiferente e licenciosa. Mas, com a presença do Salvador, na Terra, os raios benéficos foram atraídos e lentamente, muito lentamente, mas, com segurança, todas as vibrações, começaram a manifestar-se e no decorrer dos milênios que se passaram, o amor e a generosidade para com nossos semelhantes positivaram-se.

À medida que o ser humano progride espiritualmente e absorve uma quantidade cada vez maior da Luz de Cristo, consequentemente aumenta, cada vez mais, a presença dessa luz na Terra. Isso explica todas as nossas grandes instituições de ensino e de caridade, bem como a enorme generosidade que existe em toda parte.

Certamente é grande o mérito da humanidade pela prática de tanto altruísmo e de sua constante intensificação. Tudo isso é a manifestação da inesgotável Luz de Cristo; a Luz impregnante que torna a alma produtiva e, finalmente, se realizará a Imaculada Concepção e o Cristo nascerá dentro de cada um de nós. Então caminharemos na luz, porque Ele está sempre na luz e nós amaremos uns aos outros.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP em Novembro/1969)

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Correlações Astrológicas nos 12 Acontecimentos Marcantes da Vida de Cristo

A análise esotérica dos Evangelhos mostra que os acontecimentos marcantes da vida de Cristo são em número de doze e se enumeram assim:

1 – Anunciação
2 – Imaculada Concepção
3 – Nascimento
4 – Fuga para o Egito
5 – Ensinamentos no Templo
6 – Batismo  
7 – Tentação
8 – Transfiguração
9 – Getsemani
10 – Crucificação
11 – Ressurreição
12 – Ascensão

Estes doze passos sustentam uma conotação astrológica interessante, por isso que se diz, verdadeiramente, que a primeira Bíblia do ser humano foi o Zodíaco, em que ele aprendeu a ler as verdades espirituais. Lá ele decifrou os sinais enigmáticos que revela a vida dos Deuses Salvadores e, por ela, o Iniciado Cristão lê a história da vida do Cristo.

A roda zodiacal dos céus é feita por doze constelações de Signos, onde os Astros (o Sol, a Lua e os Planetas) viajam ao redor do céu, conforme podem ser vistas, tendo a Terra como referência. Antigos astrônomos descobriram que tais Signos celestiais pareciam ter influência sobre questões terrenas, e assim, se originou a ciência da Astrologia. Observou-se que as influências dos Astros eram mais fortes em alguns Signos do que outros. O Signo em que o Astro expressava seus maiores potenciais é que o regia e é considerado seu lar, onde o Astro revela sua pureza de influência, sem qualquer mescla com outras qualidades de diferentes naturezas. Do mesmo modo, um Astro é, igualmente, forte no Signo de sua Exaltação, embora de um modo diferente do que a regência. As qualidades de Exaltação de um Astro somente alcançam plenitude por meio da Iniciação, que liberta, dentro da Alma, o correspondente aspecto das forças astrais.

É interessante notar que a Exaltação e a Ressurreição foram utilizadas pelos primeiros Padres da Igreja em termos intercambiáveis, que compreendia a relação entre o desenvolvimento espiritual do ser humano e as estrelas no céu, acima dele. Eles sabiam que na Consciência de Cristo, a humanidade aprenderia a cooperar, inteligentemente, com os Poderes Cósmicos, cujas ações do destino do ser humano eram reveladas no horóscopo.

Quando astrólogos falam de Astros e Signos que os regem, eles se atêm, principalmente, a assuntos físicos e materiais. O Astrológo Rosacruz, um esoterista, que estuda o lado oculto da ciência das estrelas, fala sobre a Exaltação dos aspectos de um Astro considerando a sua natureza espiritual, conforme os seguintes assuntos:

Corinne Heline em A Bíblia – O Maravilhoso Livro das Épocas

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A Virgem Maria e os Evangelhos

Lembremos, como estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos, que a Virgem Maria é um elevado Iniciado e que possui a mais elevada pureza humana e, por isso, foi escolhida para ser a mãe de Jesus. Como o pai, José, também era um elevado Iniciado, capaz de realizar o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou paixão pessoal, assim o formoso, puro e amoroso espírito conhecido pelo nome de Jesus de Nazaré veio ao mundo num Corpo puro e sem paixões. Esse Corpo era o melhor, o mais perfeito que se podia produzir na Terra.

A Virgem Maria pode ser ignorada pelos Estudantes do ocultismo, que são buscadores no “caminho da razão”, do Ocultista (do intelecto, da “cabeça”) do desenvolvimento espiritual. Mas Maria, pelo que sabemos, parece exemplificar o caminho do Místico. Na verdade, ela exemplificava inteiramente o trilhar o Caminho Espiritual pelo Coração. Seu caminho era o da obediência luminosa, da devoção elevada, do silêncio eloquente.

A ênfase fortemente patriarcal, nos últimos três milênios, da cultura ocidental está passando por uma revisão. A imaginação popular sempre intuiu um desequilíbrio na Trindade Cristã, exclusivamente masculina, e tentou retificar isso por meio da devoção e elevação da Virgem, principalmente no catolicismo romano e no oriental. Muito antes de estar na moda, Corinne Heline, aluna de Max Heindel, buscou dignificar todo o ser humano, reabilitando o feminino divino, sendo que o próprio Max Heindel sempre enfatizou a importância da natureza do Coração para o desenvolvimento espiritual.

Se todo o desenvolvimento oculto começa pelo Corpo Vital, devemos concluir que o fortalecimento desse veículo seja o nosso objetivo principal; notamos que nas mulheres o Corpo Vital é positivo, o que as torna naturalmente mais prontas para buscas e realizações espirituais; frequentemente, inclusive, tornando-as os melhores exemplos da fé Cristã e da caridade.

O culto à Virgem começou a permear a piedade Cristã em meados do primeiro milênio. A ela era dirigida uma miríade de títulos honoríficos, incluindo a Mãe da Verdade, Mãe e Filha da Humildade, Mãe dos Cristãos, Mãe da Paz, Cidade de Deus. Visto que ela foi aquela por quem o Salvador veio, passou a ser cada vez mais considerada como aquela por meio de quem ascendemos a Ele; isto é, como mediadora — tanto para a Encarnação quanto para a Redenção.

A estima universal que a Virgem Maria recebe tem suas raízes nas Escrituras. Para melhor apreciar seu apelo a muitas pessoas, consideraremos a Imaculada Conceição de Maria, a Anunciação e o Nascimento Virginal, revisando brevemente a compreensão de Maria pelos pais da Igreja, santos e clarividentes.

Durante séculos, o povo judeu esperou o Messias, o Ungido de Deus. Isaías profetizou como ele viria: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe dará o nome de Emanuel” (Is7:14). Esta passagem também é citada no Evangelho Segundo São Mateus em 1:23. A Virgem concebeu e deu à luz um filho a quem o Anjo da Anunciação deu estes nomes: ‘o Filho do Altíssimo’, ‘o Filho de Deus’. Ele, filho de Maria, deveria “reinar sobre a casa de Jacó para sempre; e seu reino não terá fim” (Lc 1:33).

Essa era uma boa notícia, não era? Sim, literalmente. Como bem sabemos, a palavra “evangelho” é uma tradução do grego evangelion, que significa boas novas. Embora o Anjo Gabriel certamente tenha falado com Maria em aramaico e não em grego, o Novo Testamento foi escrito em grego. A palavra grega para “Anunciação”, evangelismos, tem a mesma raiz da palavra “evangelho”. E o que é esse evangelho, essas boas novas? O Anjo saúda Maria: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1:28). A boa notícia é que, por meio de Maria, um Salvador, o Senhor Cristo, será dado ao mundo.

Quando o Anjo diz “o Senhor é contigo”, ele se refere a Jeová, o Espírito Santo, que é representado e que, ao “cobrir” Maria, inicia a concepção. Essa “sombra”, no entanto, não é um evento único. A Filosofia Rosacruz ensina que o Espírito Santo rege o princípio criativo na Natureza, o Éter de Vida, e tem o poder de frutificar o óvulo humano. Como portadora de um Corpo Vital ou matriz etérica, que é um veículo de forças formativas que organizam a matéria atômica e a impregnam de vida, Maria é a mãe de Deus na Terra. Então, potencialmente, todas as mulheres são mães de Deus. A perspectiva esotérica requer que toda verdade tenha uma aplicação pessoal ou individual. Os próprios Evangelhos são fórmulas de Iniciação e, de fato, como toda a Bíblia retrata o relato da gênese humana, da sua separação de Deus e eventual reunião com Ele, todos os personagens e eventos bíblicos descrevem facetas específicas de todo este processo de Involução e Evolução humana, em um indivíduo único.

A Virgem Maria é o modelo de castidade e a Mãe Santíssima. O público leigo e crente não tem qualquer problema com esse oxímoro. Eles aceitam pela fé. O significado da castidade (em contraste com a virgindade) foi totalmente exposto por Max Heindel. É um requisito para a realização nos estágios superiores de Iniciação, porque é pela retenção e transmutação da sagrada força criativa que o Corpo-Alma pode servir como um veículo independente para a alma e o espírito. Filo de Alexandria, teólogo e contemporâneo de Jesus e Paulo, escreveu sobre os Therapeutae, ascetas judeus que viviam em comunidades monásticas no Egito. Eles incluíam mulheres que eram “virgens no que diz respeito à sua pureza… por admiração e amor pela sabedoria… indiferentes aos prazeres do corpo, desejando não uma prole mortal, mas imortal”.

Esotericamente, é assim que Maria é identificada. Ela representa a natureza purificada da nossa alma, por meio da qual o Cristo, nosso Ser imortal, é em nós concebido e nutrido. Como Max Heindel também deixou claro, é possível ser virgem e não ter virgindade, sendo casto como mãe ou pai. Em outras palavras, a verdadeira virgindade ou castidade é uma condição da alma. Ela designa uma pureza de Coração e Mente que não é manchada pelo ato da geração, quando realizada desapaixonadamente como um Sacramento.

Há uma distinção, muitas vezes esquecida, entre dois dogmas marianos que são afirmados pelos católicos romanos ortodoxos. O Nascimento Virginal refere-se a como Jesus foi concebido, enquanto a Imaculada Conceição refere-se ao modo pelo qual Maria foi concebida. Como escreve Max Heindel (no Livro: Iniciação Antiga e Moderna), a “pureza de propósito na preparação e no ato de procriação preserva a virgindade dos pais, pois a verdadeira virgindade é do Coração e da Mente”. O dogma da Imaculada Conceição afirma que Maria não foi maculada pelo Pecado Original que foi legado a toda a humanidade por Adão e Eva, pelo abuso intencional e ignorante da força sexual criadora. Mais uma vez, a ciência esotérica explica que a isenção da mancha do Pecado Original em Maria não foi única, embora seja rara, exigindo que seus pais, Ana e Joaquim, fossem celibatários, castos e realizassem o ato generativo como um Sacramento.

Dar à luz de maneira virginal a Jesus ocorreu, em parte, pela idade de Maria (14 anos), uma época em que seu casto Corpo Vital, que produz as forças vitais, tinha amadurecido totalmente e seu Corpo de Desejos individual acabara de nascer, o qual, embora sem pecado e puro, deveria ter sido contaminado, na substância de desejo planetária através da qual os Corpos de Desejos humanos são especializados, pela intrusão do elemento luciférico, através de Eva. É esse elemento passional a causa perpétua da degeneração e deterioração da Onda de Vida humana, enquanto é por meio do Cristo que se efetua a purificação da substância de desejo planetária, possibilitando a construção de Corpos de Desejos mais puros. Na teologia católica, a Imaculada Conceição de Maria por sua mãe, Ana, isentou-a da “culpa” do Pecado Original.

O nascimento de Maria por concepção imaculada estava bem estabelecido na Mente popular desde a época medieval.

Quanto ao motivo de Maria ser chamada de Bem-aventurada Virgem, a prescrição é dada no relato no Evangelho Segundo São Lucas sobre o Magnificat: “Pois, eis que, desde agora todas as gerações me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1:48).

Depois que o Anjo Gabriel apareceu, trazendo suas notícias importantes, e Maria proferiu as palavras “Faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1:26).

Como Eva é, simbolicamente, a “mãe de todos os que vivem no caminho involucionário e descendente”, Maria é a nova mãe de todos os viventes, também simbolicamente, aqueles que estão no caminho evolucionário e ascendente, aqueles nascidos de novo em Cristo. Maria, como a alma casta, concebe e dá à luz o Cristo interior. Se Cristo-Jesus é o segundo ou novo Adão, Maria é a segunda ou nova Eva. Embora o termo expiação seja geralmente aplicado à ação de Cristo que compensa as transgressões humanas, a vida de pureza sacrificial de Maria também pode ser chamada de expiação vicária. Além disso, ela sofreu a crucificação vicariamente com seu Filho, tornando-se o primeiro e principal modelo de vitória Cristã por meio do exemplo do seu Filho e Salvador.

Eva usou o princípio gerador para motivos egocêntricos. O poder criativo de Maria foi usado para fins centrados em e dirigidos por Deus. Eva é necessariamente restaurada em Maria, que foi uma Virgem, tornando-se advogada de uma virgem, para que possa desfazer e destruir a desobediência virginal pela obediência virginal.

Assim como Eva foi desencaminhada pela palavra de um Anjo Lúcifer, fugindo de Deus quando transgrediu Sua palavra, Maria, por meio de uma comunicação angelical, recebeu as boas novas de que seria portadora de Deus, sendo obediente à Sua palavra — perfeitamente obediente: “Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1:38). O nó da desobediência, atado por Eva, foi desatado pela obediência de Maria. O que Eva fixou por meio da incredulidade, Maria eliminou por meio da fé.

Lembramos que, como resultado da Queda, Eva e todas as mulheres que vieram depois estavam destinadas a ter filhos com dor. A “maldição”, como essa proclamação às vezes é chamada incorretamente, também é uma menção para o fluxo mensal de sangue de uma mulher, um uso que retém a visão da sabedoria popular. Após a concepção ou fertilização, o fluxo mensal da mulher para e o sangue é usado para dar substância e nutrição ao embrião em crescimento.

A relação da menstruação feminina com a lenda do Graal, especificamente com Amfortas, o rei do Graal, é altamente instrutiva. Amfortas, o guardião do Graal, sofreu uma ferida que não parava de sangrar, resultante do uso da força criadora (representada pela lança sagrada) para fins egoístas. Ele esperava por alguém mais santo do que ele para reconsagrar o Graal e conferir a cura espiritual. O significado esotérico do fluxo menstrual da mulher diz a ela que ainda não concebeu espiritualmente, assim como o rei do Graal, ferido, continuou a sangrar até que pudesse ser redimido por Parsifal, que, subjugando sua natureza de desejos, havia dominado a força sexual criadora. É esse poder de castidade que evoca o Cristo que inspirou os trovadores a chamar Maria de “Graal do Mundo”.

No simbolismo do Graal, o cálice é o símbolo do receptáculo da flor, que contém o ovário que é castamente fertilizado pelo pólen masculino. Esse cálice representa o Éter da Vida transmutado.

Embora o Santo Graal fosse um vaso que contivesse um pouco da divindade de Deus, é também o ventre de Maria e, por extensão, emblemático da maravilha da formação humana.

A alma pura, a Maria formadora de cada Aspirante à vida superior, busca gerar o Cristo interior. Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, por meio de suas próprias realizações, visualizam o estado recuperado de uma humanidade hermafrodita que pode gerar seus próprios Corpos Densos, transmutando suas energias de vida etérica. Quando a humanidade tiver atingido coletivamente essa habilidade, a “maldição” terá sido suspensa, o fluxo de sangue cessará e as feridas estigmáticas não sangrarão mais, pois o veículo sideral, o Corpo-Alma, anteriormente travado em seis pontos (mais um sétimo), será libertado da cruz do Corpo Denso. Então, o Cristo planetário nascerá na Terra, enquanto a própria humanidade assumirá o poder e a responsabilidade por sua elevação.

O símbolo supremo de Maria é a rosa. Ela figura em muitos de seus títulos honoríficos, incluindo Rosa do Mundo, Rosa Alchemica e Rainha do Santíssimo Jardim das Rosas, no qual o Graal está oculto.

Para Dante Alighieri, um escritor, poeta e político florentino, nascido na atual Itália, Maria era “a Rosa na qual o Verbo de Deus se fez carne”, identificando-a assim com o objetivo do Aspirante ocultista, purificar o sangue, que é “a expressão mais elevada do Corpo Vital” e “a sede da alma”, que deseja que as rosas da percepção espiritual floresçam ou se tornem ativas e utilizáveis pelo Espírito que habita em nós, o Ego.

A palavra grega para rosa, rhodon, como em rhododendron, cuja tradução é árvore de rosa, deriva de rhein, que significa fluir. Nesse contexto, a relação entre a rosa e o sangue fica clara. É possível, na verdade essencial, que alguém se torne virgem para dar à luz a Cristo. Este requisito é simbolizado pelo “Coração nobre” do lema Rosacruz. É o sagrado Coração de Jesus, cujo pericárdio (de peri do grego (“ao redor”) e do kardia (“coração”), implicando uma estrutura que envolva ou encerre o coração) foi perfurado pela lança, permitindo que o sangue purificado de Cristo fluísse para o Coração da Terra, carregando Seu Ego. A rosa branca no Símbolo Rosacruz representa o Coração purificado do Auxiliar Invisível.

A imaginação criadora, a capacidade de moldar a imagem, que pertence especialmente às mulheres, reflete-se no papel criador da mãe na formação do seu filho, mesmo que no momento ela seja usada de forma inconsciente. Maria é o paradigma esotérico da concepção e nascimento do Cristo individual por meio das forças gêmeas da vontade e imaginação. Formamos imagens da vontade de Deus para nós e decidimos que vamos realizar essa vontade.

As sete rosas vermelho-sangue no Símbolo Rosacruz simbolizam a pureza. A rosa e a estrela de cinco pontas simbolizam o caminho da realização espiritual, da mesma forma que os católicos ortodoxos consideram a Virgem Maria como um vestíbulo, por assim dizer, através do qual alguém possa chegar à presença de Cristo. O Estudante de ocultismo está no processo de interiorizar Maria. Ela é a pré-condição para a concepção da consciência de Cristo. Como afirma Max Heindel, “a pureza é a única chave pela qual ele, o Aspirante, pode ter esperança de destrancar a porta de Deus”. Maria possui um Corpo Vital que é positivo, por ser mulher, corpo cujo Éter de Vida, Éter de Luz e Éter Refletor são mais fortes e servem mais prontamente ao Ego em desenvolvimento. Egos evoluídos que assumem um Corpo Denso masculino também tendem a ter um Corpo Vital mais positivo, do que Egos não tão evoluídos.

A abundância dos serviços de Maria a seu filho Jesus e a seu Senhor Jesus Cristo evocam seu papel paradigmático como Virgo (latim para Virgem), a Servidora, aquela que colhe o sustento da vida. Como mãe, Maria deu à luz ao Pão da Vida e, como mater dolorosa, voltou a segurar no colo o corpo deposto do Pão da Vida.

As palavras stabat mater dolorosa, “ali está a mãe das dores”, que inspirou muita música sacra durante a era Cristã, surgiram anonimamente durante os séculos XII e XIII, época caracterizada como a Idade da Virgem porque, de forma muito proeminente, Maria figurou nas artes e na consciência desse período. Se ela experimentou a crucificação vicária, também conheceu a exaltação e tornou-se, por meio da Assunção e da Coroação (aproximadamente em paralelo com a Ressurreição e Ascensão de seu Filho à Mão direita do Seu Pai entronizado), a mater gloriosa.

O ouro da sabedoria é a dor cristalizada e, podemos acrescentar, esse sofrimento ganhou para Maria o ouro da sabedoria lavrado no cadinho do seu Coração.

Maria foi procurada como intercessora ou mediadora de Cristo e do Pai precisamente porque era, nas palavras do Anjo da Anunciação, “cheia de graça”. Ela possuía a graça de Deus em sua plenitude e, portanto, foi autorizada a atuar como sua distribuidora — entre o ser humano e Deus. Afinal, se ela deu Jesus ao mundo, como não poderia dar graças menores, sendo tão favorecida.

O testemunho de apoio para a função de intercessora de Maria é dado nas palavras que São João, o Evangelista, registra como faladas por Cristo Jesus, na cruz, a Maria: “Mulher, eis o teu filho! Eis a tua mãe” (Jo 19:4). Este é o pronunciamento que confia aos cuidados maternos de Maria aquele a quem Jesus tinha como o Discípulo mais amado.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de setembro-outubro/2000 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Sol transitando pelo Signo de Virgem (agosto-setembro)

Quando o Sol passa por Virgem, o Signo do serviço, uma necessidade cósmica impulsiona o Cristo para deixar o Reino do Pai e descender, novamente, à Terra.

A Trilha da Santidade, seguindo o raio de Cristo, abandona também a região espiritual da Terra, enquanto o Sol passa por Virgem. Sendo o amor a nota-chave de Leão e o serviço por meio da pureza a de Virgem, aquele que caminha por essa parte da Trilha, atravessando os planos da mais elevada vibração dessa esfera, há de ter desenvolvido a pureza como um poder interno. De modo geral, a qualidade de tal poder não se reconhece, embora Cristo tenha declarado que só os puros de coração verão a Deus.

O candidato que é digno de alcançar o sobrenatural plano de Virgem, se encontra ante o mistério da Imaculada Concepção e aprende que esse dom divino não foi outorgado somente a um indivíduo, mas que Maria e Jesus foram os modelos que a humanidade toda está destinada a emular. Nessa morada celestial, os espiritualmente iluminados ouvem os Anjos cantarem sobre o dia em que, em um novo céu e em uma nova Terra, a Imaculada Concepção será a herança da onda de vida humana inteira.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Imaculada Conceição

A doutrina da Imaculada Conceição ou Imaculada Concepção é um dos mais sublimes mistérios da Religião Cristã e, talvez por essa razão, tem sido mais encarada pelo lado material do que qualquer outro dos mistérios.

A ideia popular, mas errônea, é que há 2.000 anos, um indivíduo chamado Jesus Cristo nasceu sem a necessidade da cooperação de um pai terreno e que esse incidente é tido como único na história do mundo.

Na realidade, não é assim. A Imaculada Conceição já ocorreu muitas vezes na história do mundo e será universal no futuro.

O fluxo e refluxo periódico das forças materiais e espirituais que afetam a Terra são as causas invisíveis das atividades físicas, morais e mentais exercidas sobre o nosso globo. De acordo com o axioma hermético “como em cima, assim é em baixo”, uma atividade semelhante ocorre no ser humano, que é uma edição menor da Mãe Natureza.

Os animais têm vinte e oito pares de nervos espinhais e, atualmente, estão em seu estado lunar, perfeitamente sintonizados com os vinte e oito dias que a Lua demora para circundar o Zodíaco. O Espírito-Grupo regula o acasalamento dos animais em estado selvagem. Por isso, neles não existe o abuso.

O ser humano, no entanto, encontra-se em estado de transição: progrediu demasiado e por isso mesmo não obedece às vibrações lunares, porque tem trinta e um pares de nervos espinhais. Mas ainda não está sintonizado com o mês solar de trinta e um dias e se acasala em qualquer época do ano; daí o período menstrual da mulher, o qual, em condições apropriadas, é utilizado para formar parte do corpo de um filho mais perfeito que o do seu pai ou de sua mãe.

De igual modo, o fluxo periódico da humanidade se converte em espinha dorsal do adiantamento racial; o fluxo periódico das forças espirituais da Terra, que ocorre no Natal, resulta o nascimento de Salvadores que, de tempos em tempos, renovam os impulsos para o avanço espiritual da raça humana.

A Bíblia possui duas partes: o Velho e o Novo Testamento. Depois de relatar resumidamente como foi formado o mundo, o Antigo Testamento nos fala da “Queda”.

Nós entendemos que a “Queda” foi ocasionada pelo abuso ignorante da força sexual do ser humano, em ocasiões em que os raios interplanetários eram adversos à concepção dos melhores e mais puros veículos. Desse modo, o ser humano foi se aprisionando gradualmente em um Corpo Denso, cristalizado pela pecaminosa paixão e, consequentemente, dentro de um veículo imperfeito, sujeito ao sofrimento e à morte.

Então começou a peregrinação através da matéria e por milênios temos vivido neste duro e cristalizado corpo que obscurece a luz dos Céus ao Espírito interno. O Espírito é como um diamante encerrado em uma crosta grosseira e os lapidadores celestiais, os Anjos do Destino, estão continuadamente procurando remover essa crosta a fim de que o Espírito possa brilhar através do veículo que anima.

Quando o lapidário encosta o diamante na pedra polidora, ele emite um gemido, como se fosse um grito de dor, à medida que a cobertura opaca se desprende. Aos poucos, o diamante bruto que é submetido às aplicações da pedra transforma-se em gema de transcendental brilho e pureza.

Do mesmo modo, os seres celestiais que zelam pela nossa evolução nos oprimem fortemente contra a pedra polidora da experiência. Dores e sofrimentos resultam disso e despertam o Espírito que dorme dentro de nós. O ser humano que até este momento se contentou com as coisas materiais, que tem sido indulgente com os sentidos e com o sexo, sente descontentamento e isso o impele a buscar uma vida mais elevada.

No entanto, a satisfação dessa sublime aspiração é normalmente acompanhada de uma luta muito severa, por parte da natureza inferior. Foi durante essa luta, que São Paulo exclamou com toda a angústia de um coração devoto e aspirante: — “Infeliz homem que sou… Porque eu não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero… Porque eu me deleito na lei de Deus, segundo o homem interior, mas sinto nos meus membros outra lei que repugna à lei do meu Espírito e que me faz cativo na lei do pecado, que está nos meus membros.” (Rm 7:19-24).

Quando se espreme uma flor, liberta-se a sua essência e, assim, enche-se o ambiente com a sua grata fragrância, que deleita o olfato de todos os que tenham a sorte de estar próximos. Os golpes do destino podem envolver um homem ou uma mulher que tenha chegado ao estado de eflorescência, mas isso servirá para mostrar a doçura da natureza e exaltar a beleza da alma, até que brilhe com fulgor, marcando o seu possuidor com um halo luminoso.

Essa pessoa encontra-se no caminho da Iniciação. Ela aprende como o licencioso uso do sexo, sem ter em conta os raios astrais, fizeram-na prisioneira do corpo; como está acorrentada a ele e como, por meio do uso apropriado dessa mesma força sexual, em harmonia com os Astros, poderá gradualmente melhorá-lo e sutilizá-lo, obtendo afinal a libertação da existência concreta.

Um construtor naval não pode fazer um barco de carvalho usando madeira comum. Nem o ser humano colhe uvas de espinheiros; semelhante atrai semelhante e um Ego de natureza passional, quando se encarna, é arrastado para pais da mesma natureza; deste modo, o seu corpo será concebido em harmonia com o impulso do momento, pela satisfação dos sentidos.

A alma que provou da taça da tristeza devido ao abuso da força criadora e bebeu sua amargura, gradualmente buscará pais cada vez menos dominados pelos instintos passionais, até que por fim obterá a Iniciação.

Havendo sido instruída, no processo da Iniciação, sobre a influência dos raios astrais no parto, o próximo corpo será gerado por pais Iniciados, sem paixão e sob a constelação mais favorável para o trabalho a que o Ego se propôs.

Por isso, os Evangelhos (que são fórmulas de Iniciação) começam com o relato da Imaculada Conceição e terminam com a Crucifixão, ambos ideais maravilhosos que teremos de alcançar, porque somos Cristos em formação e alguma vez passaremos pelo nascimento místico e pela morte mística anunciados nos Evangelhos. Por meio do conhecimento poderemos apressar o dia da nossa libertação, em vez de frustramos estupidamente o nosso desenvolvimento espiritual, como agora fazemos.

Em relação à Imaculada Conceição, prevalecem incompreensões em todos os sentidos, como: a perpétua virgindade da mãe depois do parto; a baixa posição de José como suposto pai adotivo, etc. Vamos rever rapidamente esses pontos, como são revelados na Memória da Natureza.

Em algumas partes da Europa, classifica-se de “bem-nascidos” ou mesmo “altamente bem-nascidos” as pessoas de classe elevada, filhos de pais que têm lugar preponderante na sociedade. Tais pessoas, por vezes, olham com desdém os de modesta posição.

Nada temos contra a expressão “bem-nascidos” e desejaríamos mesmo que todos fossem bem-nascidos; isto é, que fossem filhos de pais de alta posição moral, sem nos importar a sua hierarquia social.

Existe uma virgindade da alma que é independente do estado do corpo, uma pureza da Mente que conduz quem a possui ao ato da geração sem a mancha da paixão e torna possível que a mãe tenha o filho em seu seio com um amor inteiramente isento do desejo sexual.

Antes de Cristo, isso teria sido impossível. Em tempos remotos, na jornada do ser humano sobre a Terra, era mais desejável a quantidade do que a qualidade e daí a ordem: “Crescei e multiplicai-vos”. Além disso, foi necessário que o ser humano esquecesse temporariamente sua natureza espiritual e concentrasse suas energias sobre as condições materiais. A indulgência em relação à paixão sexual atingiu esse objetivo e a natureza de desejos teve amplitude em suas funções. Floresceu a poligamia e quanto mais filhos tivesse um matrimônio, mais se honrava, enquanto a esterilidade era vista como a maior aflição possível.

Por outro lado, a natureza de desejos foi refreada pelas leis dadas por Deus e a obediência aos mandatos divinos foi forçada por castigos aplicados aos transgressores, tais como guerras, pestes ou fome. Recompensava-se a rigorosa observância desses mandatos e os filhos, o gado e as colheitas do ser humano “reto” eram numerosos; ele obtinha vitórias sobre os seus inimigos e a taça da felicidade transbordava para ele.

Mais tarde, quando a Terra estava suficientemente povoada, depois do dilúvio Atlante, a poligamia foi decrescendo cada vez mais, tendo como resultado a melhoria da qualidade dos corpos e, na época de Cristo, a natureza de desejos podia ser refreada, no caso dos mais avançados entre a humanidade; o ato gerador tornava-se possível sem paixão, para que os filhos fossem concebidos imaculadamente.

Assim eram os pais de Jesus. Diz-se que José era um carpinteiro; todavia ele não era um trabalhador de madeira, mas um “construtor” no mais alto sentido. Deus é o grande Arquiteto do Universo. Abaixo de Deus existem muitos construtores de diferentes graus de esplendor espiritual. Todos estão ocupados e comprometidos na construção de um templo sem ruído de martelos e José não era uma exceção.

Por vezes, perguntam-nos por que os Iniciados são sempre homens e nunca mulheres. Não é assim: nos graus inferiores existem muitas mulheres; mas quando é permitido a um Iniciado escolher o sexo, normalmente prefere um Corpo Denso que é positivo, masculino, pois a vida que o conduziu à Iniciação espiritualizou o seu Corpo Vital e o tomou positivo sob todas as condições, de modo a ter, então, um veículo da mais alta eficiência.

No entanto, há épocas em que as exigências de natureza evolutiva requerem um corpo feminino, como por exemplo para prover um corpo do mais refinado tipo, a fim de que receba um Ego de grau elevadíssimo. Então, um alto Iniciado pode tomar um corpo feminino e passar novamente pela experiência da maternidade, depois de, talvez, ter deixado de fazer por várias vidas, como foi o caso do formoso caráter que conhecemos como Maria de Belém.

Em conclusão, recordemos os pontos expostos: somos Cristos em formação; algum dia cultivaremos qualidades tão imaculadas que nos tornem dignas de habitar corpos imaculadamente concebidos.

Quanto mais depressa começarmos a purificar as nossas Mentes, tanto mais rápido alcançaremos esse objetivo. Em última análise, isso depende apenas da honestidade dos nossos propósitos e da força da nossa vontade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1969)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Renovação e Consagração

Renovação e Consagração

Páscoa significa renovação. É a estação do novo crescimento e o impulso para purificar-nos é universal. Agora, novamente consagramos nossas vidas, decidindo ser mais conscientes em nossos esforços diários. Somos estimulados a novos esforços e aspirações conforme sentimos a natureza responder às forças da vida que ascende, liberada por meio da crucificação. Essa “ascensão” é de natureza cíclica e ocorre anualmente, entre a Páscoa e o Domingo de Pentecostes.

A máxima “como é em cima é embaixo” sugere-nos o princípio unificante fundamental de toda a vida, e as mudanças cósmicas de natureza cíclica inevitavelmente encontram sua expressão na existência humana. Assim como o Ego, ou Espírito Virginal, procura renascer, igualmente as leis naturais ou princípios cósmicos buscam sua manifestação externa ou personificação por meio da forma, secundária expressão da vida. O nascimento e a ressurreição de Cristo-Jesus são expressões externas das mudanças das estações.

Ambos, o Natal e a Páscoa, são pontos alternantes marcando o fluxo e o refluxo de um impulso de vida cósmica sem o qual a vida na Terra seria uma impossibilidade. Na época em que o Sol transita pelo Signo celestial da Virgem, tem lugar a Imaculada Concepção. Uma onda da luz solar de Cristo se concentra na Terra. Gradualmente essa luz penetra mais fundo até alcançar o ponto máximo na noite mais longa do ano, que chamamos Natal. Esse é o nascimento místico de um impulso de vida cósmica que impregna e fertiliza o planeta e constitui a base da vida terrestre. Sem ele não germinaria semente alguma, não existiriam a humanidade e os animais ou forma alguma de vida. Desde o solstício até o equinócio esse impulso segue seu caminho até a superfície da Terra, infundindo nova vida a todas as formas em evolução.

O conhecimento do fluxo e refluxo dessas forças cósmicas será muito útil para nós, porquanto nos enseja poder “agarrar o tempo pelos cabelos”.

Durante esta estação, da Páscoa até o Domingo de Pentecostes, quando a natureza abunda em nova vida, devemos empreender todo esforço para sintonizar-nos com esse impulso universal, para expressar uma vida mais harmoniosa. Este é o momento para despendermos os maiores esforços no sentido de alcançarmos níveis superiores de consciência. Devemos ter em conta, também, que não há tons menores neste “canto de Primavera”. Sua nota-chave é alegria. O evento da ascensão de Cristo é cantado com grande regozijo nos planos espirituais. E nós também, se nos alinharmos com a Lei Cósmica, sentir-nos-emos felizes e alegres nesta época do ano.

A lei da analogia se mantém pura em todos os departamentos da vida. Os alegres cantos primaveris são ecos, tons harmônicos de uma ressurgente harmonia cósmica. Se penetrarmos no espírito da estação poderemos, também, receber o estímulo resultante do rápido florescimento de todas as formas da natureza.

A ajuda que estamos recebendo para a aquisição do conhecimento direto deveria merecer especial atenção nesta ocasião. Esse auxílio, como ensina o Conceito, resume-se em: Observação, Discernimento, Concentração, Meditação, Contemplação e Adoração. A Observação e o Discernimento são disciplinas a serem exercitadas durante todas as nossas horas de vigília. A Concentração, a Meditação, a Contemplação e a Adoração são graus progressivos de exercícios especiais para o desenvolvimento da clarividência.

O pensamento é o meio mais poderoso para a obtenção do conhecimento. Se dominarmos necessária força mental nada existirá além da humana compreensão. Por meio da concentração do poder mental podemos solucionar problemas que de outra maneira não chegaríamos a entender.

Nossos primeiros esforços de concentração são, frequentemente, insatisfatórios. Mesmo assim poderemos obter algum êxito em concentrar nossos pensamentos antes de que estejamos preparados para graus Superiores de Meditação e Contemplação. O objeto da Concentração pode bem ser qualquer coisa, uma simples figura geométrica ou, de preferência, algum ideal. Qualquer que seja nossa escolha, é necessário mantermos firmes nossos pensamentos na figura mental criada, sem permitir desvios.

O pensamento é o poder que utilizamos para construir imagens mentais ou pensamento-formas e como é nossa força primordial devemos dominá-lo.

Quando o aspirante, por intermédio da Concentração, obtiver êxito para construir o pensamento-forma VIVENTE de um ideal, então já estará preparado para o passo seguinte, ou seja, a Meditação. Através dela, ele aprende tudo referente ao objeto criado em sua mente. Terá acesso a conhecimentos jamais sonhados, pois através da Meditação suas criações mentais podem falar-lhe, por assim dizer.

Os graus superiores — a Contemplação e a Adoração — geralmente não se alcançam até que estejamos bem treinados na Observação e no Discernimento, disciplinas mentais que deveríamos praticar continuamente. É importante tudo vermos com clareza, com contornos bem delineados e riquezas de detalhes.

A visão etérica é uma extensão ou refinamento da visão física e facilitamos seu desenvolvimento através da prática sistemática de observar cuidadosamente todas as coisas.

Enquanto praticamos o exercício da Observação, devemos aprender a discernir e a tirar conclusões do que vemos. Pela observação e discernimento cultivamos a faculdade de raciocinar logicamente. E a lógica, segundo nos foi ensinado, é o melhor guia em qualquer mundo. Pelo desenvolvimento do Discernimento e da Observação preparamo-nos para os dois passos seguintes: a Contemplação e a Adoração. Através da Meditação aprendemos tudo a respeito da forma das nossas criações mentais. Porém, na Contemplação, a parte que concerne à vida revela seus segredos. Na verdade, a unidade da vida se nos põe de manifesto pela Contemplação e nos impressionamos com a verdade suprema de que não existe senão uma vida: a Vida Universal de Deus. Quando alcançamos esse estágio, através da Contemplação, ainda resta um passo a dar, ou seja, a Adoração. Por meio dessa, o aspirante se UNIFICA com a Fonte Universal de todas as coisas. Nesta estação do ano, quando a vida fecunda toda a natureza, deveríamos, todos, tratar de fazer grandes progressos pela renovação dos nossos esforços para dominar esses seis graus ou disciplinas. Assim, sintonizando-nos com as forças vitais que ressurgem na Terra e culminam no Domingo de Pentecostes, evoluiremos de modo tal como não seria possível de outra maneira.

(Publicado na revista Serviço Rosacruz de março e abril/87)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como podem conciliar a declaração da Bíblia, ou seja, que José só conheceu Maria após ela ter dado à luz ao seu primogênito Jesus que foi concebido pelo Espírito Santo, com os Ensinamentos Rosacruzes que dizem que Jesus era o filho de um pai humano, José?

Pergunta: Como podem conciliar a declaração da Bíblia, ou seja, que José só conheceu Maria após ela ter dado à luz ao seu primogênito Jesus que foi concebido pelo Espírito Santo, com os Ensinamentos Rosacruzes que dizem que Jesus era o filho de um pai humano, José, e de Maria, sua mãe?

Resposta: Se procurarmos as genealogias de Jesus nos Evangelhos segundo São Mateus e São Lucas, verificaremos que o parentesco é traçado desde José até Adão, e nenhuma palavra encontramos a respeito de Maria. Como já o dissemos numa resposta anterior, um copista pode ter interpolado a passagem citada para provar o sentido materialista da Imaculada Concepção.

Contudo, se considerarmos a doutrina esotérica da Imaculada Concepção, tal suposição torna-se desnecessária.

Jeová, o Espírito Santo, o guia dos Anjos, aparece em várias partes da Bíblia como o dador de filhos. Seus mensageiros foram a Sarah anunciar-lhe o nascimento de Isaac; para Hannah anunciaram o nascimento de Samuel; para Maria anunciaram o advento de Jesus, cujos veículos (Corpo Denso e Vital) foram, posteriormente, dados ao Cristo. O poder do Espírito Santo fecunda tanto o óvulo humano como a semente do grão na terra, e o pecado original ocorreu quando Adão conheceu a sua mulher, contrariando a recomendação de Jeová.

Essa transgressão acarretou a marca do pecado sobre uma função sagrada, mas quando uma vida santa purifica os desejos, o ser humano se inunda com esse espírito puro e pode efetuar a função procriadora sem paixão. A concepção torna-se, assim, Imaculada. A criança que nasce sob tais condições é naturalmente superior, porque a concepção realizou-se como um rito sagrado de autossacrifício e não como um ato de autossatisfação.

(Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Perg. Nº 106 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Recordar, a cada ano, o sofrimento de Cristo é útil a um propósito real? Se não é, por que a Igreja Cristã não omite a paixão e a Coroa de Espinhos e concentra seus esforços em celebrar a Páscoa, um tempo de alegria?

Pergunta: Recordar, a cada ano, o sofrimento de Cristo é útil a um propósito real? Se não é, por que a Igreja Cristã não omite a paixão e a Coroa de Espinhos e concentra seus esforços em celebrar a Páscoa, um tempo de alegria?

Resposta: A história do evangelho, como geralmente é lida pelas pessoas nas igrejas, é apenas “a história de Jesus, um personagem único, o Filho de Deus em um sentido especial, que nasceu uma vez em Belém, viveu na Terra pelo curto espaço de trinta e três anos, morreu pela humanidade, depois de muito sofrimento, e agora é permanentemente exaltado à direita do Pai”; por isso, esperam que ele retorne para julgar os vivos e os mortos e celebram seu nascimento e morte em determinadas épocas do ano, porque supõem que ocorreram em datas definidas iguais ao dia do nascimento de Lincoln, de Washington ou da Batalha de Gettysburg.

Contudo, enquanto essas explicações satisfazem as multidões, que não são muito profundas em suas investigações sobre a verdade, há outro ponto de vista que é bastante claro ao místico, uma história de amor divino e sacrifício perpétuo que o enche de devoção ao Cristo Cósmico, Aquele que nasce periodicamente para que possamos viver e ter a oportunidade de evoluir neste ambiente, porque o permite entender que sem esse sacrifício anual a Terra e suas atuais condições de avanço seriam impossíveis.

No momento em que o Sol está no Signo celestial de Virgem, a virgem, a Imaculada Concepção ocorre. Uma onda de luz e vida do Cristo solar é focalizada na Terra. Gradualmente, esta luz penetra cada vez mais no centro da Terra, até que o ponto mais profundo seja alcançado na noite mais longa e escura, que chamamos de Natal. Este é o nascimento Místico de um impulso da Vida Cósmica que penetra e fertiliza a Terra. É a base de toda a vida terrestre; sem ele nenhuma semente germinaria, nenhuma flor apareceria na face da Terra, nem o ser humano ou a fera poderiam existir e a vida logo se extinguiria.

Portanto, há de fato uma razão muito, muito válida para a alegria que é sentida na época do Natal, pois o Autor Divino do nosso ser, Nosso Pai Celestial, deu o maior de todos os presentes ao ser humano, O Filho. Assim, os seres humanos também são impelidos a dar presentes uns aos outros e a alegria reina sobre a Terra, junto à boa vontade e à paz, ainda que as pessoas não entendam as razões místicas e anualmente recorrentes para isso.

Como “um pouco de fermento fermenta toda a massa”, assim também esse impulso de vida espiritual, que entra na Terra durante o Solstício de Dezembro e percorre os meses de dezembro, janeiro e fevereiro em direção à sua circunferência, dando vida a todos com quem entra em contato; até os minerais não poderiam crescer, caso esse leve impulso fosse retido; e quando a Páscoa chega, a Terra está florescendo, os pássaros começam a cantar e os pequenos animais na floresta se acasalam, tudo está imbuído dessa grande vida divina; Ele Se consumiu, morreu e é elevado novamente à mão direita do Nosso Pai.

Assim, o Natal e a Páscoa são momentos decisivos que marcam o fluxo e o refluxo da vida divina, anualmente oferecidos por nossa causa e sem os quais seria impossível viver na Terra. Essa última também encerra a repetição anual do sentimento festivo que experimentamos do Natal à Páscoa, a alegria que emociona nosso ser. Se somos sensíveis, não podemos deixar de sentir o Natal e a Páscoa no ar, pois estão carregados de amor, vida e alegria divinos.

No entanto, de onde vem a nota de tristeza e sofrimento que antecede a Ressurreição da Páscoa? Por que não nos regozijamos com uma alegria sem igual, no momento em que o Filho é libertado e retorna ao Pai? Por que a paixão e a coroa de espinhos? Por que não podemos desconsiderar isso? Estão aí perguntas cujas respostas nosso interlocutor gostaria de conhecer.

Para entender esse mistério é necessário ver a questão da perspectiva do Cristo e  entender completamente que essa onda de vida anual que é projetada em nosso Planeta não é simplesmente uma força desprovida de consciência. Carrega consigo a plena consciência do Cristo Cósmico. É absolutamente verdade que sem Ele nada do que foi feito teria sido feito, como nos é mostrado por São João, no capítulo inicial do seu Evangelho.

No momento da Imaculada Concepção, em setembro, esse grande impulso de vida começa sua descida sobre a nossa Terra e, no tempo do Solstício de Dezembro, quando o nascimento místico ocorre, o Cristo Cósmico está totalmente concentrado dentro e fora deste Planeta. Vocês perceberão que isso deva causar desconforto a um espírito tão grandioso: estar apertado dentro da nossa pequena Terra, consciente de todo o ódio e a discórdia que Lhe enviamos no dia-a-dia, durante o ano inteiro.

É um fato que não se possa contradizer: toda expressão de vida existe através do amor; da mesma forma, a morte vem pelo ódio. Se o ódio e a discórdia que geramos em nossa vida cotidiana, em nossos negócios; se o engano, a infâmia e o egoísmo não fossem remediados, a Terra seria tragada pela morte.

Você se lembra da descrição da Iniciação dada no Conceito Rosacruz do Cosmos: afirma-se que, nos cultos realizados todas as noites, à meia-noite, o Templo é o foco de todos os pensamentos de ódio e perturbação do mundo ocidental, ao qual serve, e que tais pensamentos estejam ali desintegrados e transmutados, sendo essa a base do progresso social no mundo. Sabe-se também que os espíritos santos sofrem e padecem muito com as perturbações do mundo, com a discórdia e o ódio e que enviam de si mesmos, individualmente, pensamentos de amor e bondade. Os esforços associados de ordens como a dos Rosacruzes são direcionados pelos mesmos canais de empenho, quando o mundo ainda está parado no pertinente às atividades físicas e, portanto, é mais receptivo à influência espiritual; ou seja, à meia-noite. Nesse momento, eles se esforçam para atrair e transmutar essas flechas feitas de pensamento de ódio e discórdia, sofrendo assim ao receber uma pequena parte delas, enquanto buscam retirar alguns dos espinhos da coroa do Salvador.

Considerando o exposto, você entenderá que o Espírito de Cristo na Terra está, como afirmou São Paulo, “realmente gemendo e sofrendo, esperando o dia da libertação”. Assim, Ele reúne todos os dardos do ódio e da raiva: eis a coroa de espinhos.

Em tudo que vive, o Corpo Vital irradia correntes de luz da força que se gastou na construção do Corpo Denso. Durante a saúde, elas retiram o veneno do corpo e o mantêm limpo. Condições semelhantes prevalecem no Corpo Vital da Terra, que é o veículo de Cristo: as forças venenosas e destrutivas, geradas por nossas paixões, são retiradas pelas forças vitais do Cristo. No entanto, cada pensamento ou ato maligno traz a Ele sua própria proporção de dor e, logo, torna-se parte da coroa de espinhos — a coroa, já que a cabeça seja sempre considerada a sede da consciência —; devemos perceber que cada um dos nossos atos malignos recai sobre o Cristo da maneira declarada e Lhe acrescenta outro espinho de sofrimento.

Em vista do exposto, podemos notar com que alívio Ele pronuncia as palavras finais no momento da libertação da cruz terrena: “Consummatum est” – foi realizado.

E você poderia perguntar: por que a recorrência anual do sofrimento? Continuamente, à medida que absorvemos em nossos corpos o oxigênio que nos dá vida e, por seu ciclo, vitaliza e energiza o corpo inteiro, ele morre momentaneamente para o mundo exterior, enquanto vive no corpo e é carregado com venenos e resíduos antes de, afinal, ser exalado no formato de dióxido de carbono, um gás venenoso. Assim também, é necessário que o Salvador entre anualmente no grande corpo que chamamos de Terra e tome sobre Si todo o veneno gerado por nós mesmos, para purificar, limpar e dar nova vida, antes que Ele por fim ressuscite e suba ao Seu Pai.

(Perg. 85 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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