É um fato notável, o de que a técnica e a ciência física evoluíram muito, desde meados do século retrasado, mas o desenvolvimento moral e a força equilibradora do amor não seguiram paralelamente; ficou muito para trás. Com isto, recebemos recursos materiais, conforto de toda ordem, mas, carecendo de base moral para usar dignamente essas coisas, muitos de nós, passa a ser prejudicado por elas. No fundo é esse desequilíbrio que faz mal a tantas pessoas, senão até a nós mesmos!
Somos um ser complexo, pois temos veículos espirituais (Tríplice Espírito), veículos corporais (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos), um veículo chamado Mente e, ainda, um produto do nosso trabalho sobre os nossos três Corpos, que chamamos de Tríplice Alma. Isso nos leva a conclusão de que temos que sermos atendidos inteiramente em nossas necessidades.
O materialismo não leva em conta os fatores extras físicos e daí verificamos que a ilustração apenas e o conhecimento cientifico não podem proporcionar a nós o equilíbrio e felicidade de que prescindimos nesse Mundo Físico. Conhecemos muitos intelectuais, “homens da ciência”, muitos ditos até “sábios”, porém, quantos seres humanos realmente santos conhecemos? Está aqui um exemplo de um desequilíbrio enorme entre Intelectualidade e Espiritualidade, entre Razão e Devoção.
A ciência e a técnica têm se caracterizado pela violência, pela agressividade aos direitos humanos mais sagrados, inclusive com argumentos egoístas e ignorantes como: “o fim justificam os meios”. Elas estabeleceram uma ordem de coisas em que o ser humano, um filho de Deus, criado a imagem e semelhança do Criador, herdeiro de todas as promessas bíblicas, foi convertido à força como originado a partir de um acidente de resultados de reações químicas aleatórias, um acessório da máquina, num produtor de lucros, ainda escravo de injustiças sociais. Muitos seres humanos, iluminados por Deus, apelaram e apelam para o resultado que essas forças materialistas produzem como escravizadoras do ser humano em todos os lugares da Terra e a necessidade urgente da luta pelo direito humano real e o estabelecimento de uma sociedade democrática contínua. É óbvio que, lentamente, em lugares da Terra conceituados como “mais desenvolvidos”, os seres humanos vão tratando de conhecer a tão desprezada e útil disciplina das relações humanas e da filosofia da discussão, para tentar chegar ao entendimento do “amai-vos uns aos outros”. Então, até muitos chegam a compreender a frase de Cristo: “Não vim trazer a paz, senão a espada” (Mt 10:34). Afinal, como aprendemos na Filosofia Rosacruz, “todas as Religiões de Raça são do Espírito Santo. Baseadas na lei são insuficientes, porque produzem o pecado e acarretam a morte, a dor e a tristeza.”. E “todos os Espíritos de Raça sabem disso e compreendem que suas Religiões são, tão somente, passos necessários para atingir algo melhor. Todas as Religiões de Raça, sem exceção, indicam Alguém que virá, o que demonstra a assertiva anterior.”. E é nesse sentido que “todos os templos principais foram construídos com frente para leste, para que os raios do Sol nascente pudessem brilhar diretamente através das portas abertas. O templo de S. Pedro, em Roma, foi assim edificado. Todos estes fatos demonstram que, geralmente, era sabido que Aquele que viria seria um Sol Espiritual, para salvar a Humanidade das influências separatistas das Religiões de Raça.”
As Religiões de Raça foram os passos necessários para todos nós com o objetivo de nos prepararmos para a vinda de Cristo. Afinal de contas, antes de tudo, precisamos cultivar um “eu” – um indivíduo separado, interessado em seu desenvolvimento enquanto está aqui renascido na Região Química do Mundo Físico – antes de poder sermos desinteressado e, a partir daí sim compreender o aspecto superior da Fraternidade Universal – que une todos nós –, que exprime unidade de propósitos e interesses. Na Sua primeira vinda “Cristo lançou as primeiras bases da Fraternidade Universal.”. Essa Fraternidade Universal só será coisa verdadeiramente realizada quando o Cristo voltar!
“Como o princípio fundamental de toda Religião de Raça é a separação, que indica o engrandecimento próprio a expensas de outros seres humanos e nações, é evidente que, levado às suas últimas consequências, esse princípio teria necessariamente uma tendência destrutiva e frustraria a evolução, a menos que a Religião de Raça fosse substituída por uma Religião mais construtiva.”.
Estudando profundamente o assunto é fácil chegar à conclusão de que as Religiões de Raça, que também chamamos de “Religiões separatistas do Espírito Santo devem dar lugar à unificante Religião do Filho, a Religião Cristã.”.
Ou seja, a Lei (que é base das Religiões de Raça) “deve ceder lugar ao Amor, e as Raças e nações separadas devem se unir numa Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmão Maior.”.
Agora, não confundamos a Religião Cristã como a que temos evidenciado no mundo atualmente, pois “a Religião Cristã não teve ainda o tempo necessário para realizar o seu grande objetivo” que é unir todos os seres humanos numa “Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmão Maior”. Até agora a grande maioria dos seres humanos está sob a influência do dominante Espírito de Raça (ainda que, muitos, não continuamente; ainda que muitos se esforçando – e até se destruindo – para viver em reminiscências, tais como o patriotismo, o Espírito de tribo e até o Espírito de família). De fato, se observarmos bem os ideais do Cristianismo ainda são demasiado elevados para muitas pessoas! “O intelecto pode ver nesses ideais – verdadeiramente Cristãos – algumas belezas e, facilmente, admite que devemos amar os nossos inimigos, mas as paixões do Corpo de Desejos permanecem demasiado fortes. Sendo a lei do Espírito de Raça ‘olho por olho’, o sentimento afirma: ‘hei de me vingar’. O coração pede Amor, mas o Corpo de Desejos anseia por vingança. O intelecto vê, em abstrato, a beleza de amar os nossos inimigos, mas nos casos concretos, se alia aos sentimentos vingativos do Corpo de Desejos com a desculpa de fazer justiça, porque ‘o organismo social deve ser protegido’”.
Agora, logicamente, é motivo de regozijo quando percebemos em muitos lugares que se sinta o “desejo de criticar os métodos empregados. Os métodos corretivos e a misericórdia vão se tornando cada vez mais preponderantes na administração das leis”. Se observarmos bem e estudarmos um pouco, “podemos notar manifestações desta tendência na frequência com que são suspensas as sentenças e deixados à prova prisioneiros convictos, e no espírito da Humanidade que nos tempos atuais se usa para com os prisioneiros de guerra. É a vanguarda do sentimento de Fraternidade Universal que está fazendo sentir sua lenta, mas segura influência.”.
Agora, não sejamos hipócritas: “em geral, o mundo não gosta de considerar coisas que julga ‘demasiado’ altruísta, como se falar de Fraternidade Universal. Deve haver uma razão para isso. Não considera norma de conduta natural a que não ofereça uma oportunidade de ‘conseguir alguma coisa dos seus semelhantes’. As empresas comerciais são planejadas e conduzidas segundo esse princípio. Ante a Mente desses que estão escravizados ao desejo de acumular riquezas inúteis, a ideia da Fraternidade Universal evoca as terríveis visões da abolição do capitalismo e sua inevitável consequência, a exploração dos demais, e enfim, o fatal naufrágio dos ‘interesses de negócios’. A palavra ‘escravizados’ descreve exatamente a condição.”.
Por meio dos Ensinamentos Bíblicos Rosacruzes é fácil concluir que de acordo com a Bíblia, nós deveríamos ter domínio sobre as “coisas do mundo”, mas na grande maioria dos casos, o inverso é a verdade: as “coisas do mundo” é que tem domínio sobre nós. Afinal, se nós temos interesses próprios admitiremos, em nossos momentos de lucidez, “que as posses constituem uma fonte inesgotável de aborrecimentos, que se vê constantemente obrigado a traçar planos para conservar seus bens, ou pelo menos cuidar deles para evitar perdê-los, pois sabe ‘por dura experiência’ que os outros estão sempre procurando tomá-los. O ser humano é escravo de tudo aquilo que, por inconsciente ironia, chama de ‘minhas posses’ quando, em realidade, são elas que o possuem.”.
Como disse o filósofo e poeta Ralph Waldo Emerson: “São as coisas que vão montadas e cavalgam sobre a Humanidade”.
“Esse estado resulta das Religiões de Raça e seus sistemas de Leis; por isso, todas elas assinalam ‘Aquele que deve vir’. A Religião Cristã é a única que não espera Aquele que deve vir, mas sim Aquele que deve voltar. Sua volta se fará quando a Igreja se liberte do Estado.”.
Isso porque, em muitos lugares da Terra, a Igreja ainda está atrelada ao carro do Estado (direta ou indiretamente). “Os ministros da Igreja – sejam pastores, padres ou outra denominação que usem – se encontram coibidos por considerações econômicas, não se atrevem a proclamar as verdades que seus estudos lhes têm revelado.”. Um exemplo? Quando o pastor, ministro, padre ora pelo rei, pelo presidente, pelos “governantes” e/ou pelos legisladores, para que estes pudessem reger o país sabiamente. Enquanto existirem rei, pelo presidente, pelos “governantes” e/ou pelos legisladores, “essa oração será muito apropriada. Quer outro exemplo mais chocante: ouvir o pastor, ministro, padre “exclamar ao final: ‘…e, o Todo-Poderoso Deus proteja e fortifique o nosso exército e nossa armada’”. É óbvio que “uma oração semelhante só demonstra claramente que o Deus adorado é o Deus da Tribo ou Nacional, o Espírito de Raça. O último ato de Cristo Jesus foi arrancar a espada das mãos (Mt 26:52) do amigo que queria protegê-lo, todavia, Ele disse que não tinha vindo para trazer a paz, mas uma espada. Disse-o por que previa os mares de sangue que as nações ‘cristãs’ militantes provocariam, em consequência da má interpretação dos Seus ensinamentos. Seus elevados ideais não podiam ser imediatamente alcançados pela Humanidade. São terríveis os assassínios nas guerras e outras atrocidades semelhantes, mas são também potentes ilustrações daquilo que o amor há de abolir.”.
Também, por meio dos Ensinamentos Bíblicos Rosacruzes, aprendemos que não há nenhuma contradição entre as palavras de Cristo-Jesus (“Eu não venho trazer a paz, mas uma espada” – Mt 10:34) e as palavras do cântico celestial que anunciava o nascimento de Jesus: “Paz na Terra, e boa vontade entre os homens” (Lc 2:14).
Para ficar mais fácil compreendermos isso é só considerar “a mesma contradição aparente que existe entre as palavras e os atos de uma pessoa que diz: ‘vou limpar toda a casa e arrumá-la’. E começa a tirar os tapetes, a empilhar as cadeiras, etc., produzindo uma desordem geral na casa anteriormente em ordem. Quem observasse unicamente esse aspecto, poderia exclamar justificadamente: ‘está pondo as coisas piores do que antes’. Contudo, quando compreender o propósito do trabalho, compreenderá também a momentânea desordem, sabendo que a casa ficará, depois, em melhores condições. Analogamente, devemos ter presente que o tempo transcorrido desde a vinda de Cristo-Jesus não é mais do que um momento, quando comparado com um só Dia de Manifestação.
Aprendemos a conhecer o “tempo de Deus” “e a olhar além das passadas e presentes crueldades e dos zelos das seitas em guerra, a caminho da Fraternidade Universal. Essa marcará o grande novo passo do progresso humano em sua larga e gloriosa jornada desde o barro até Deus, desde o protoplasma até a consciente unidade com o Pai.”.
Aqui entra o motivo pelos quais os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, vigilantes da evolução humana, perceberam nos Mundos invisíveis o reflexo antecipado dessa onda de materialismo – que levaram e levam muitas pessoas do fanatismo nas Religiões de Raça à descrença de qualquer coisa que não possa provar com os meios que temos na Região Química do Mundo Físico e, que portanto, o que “vale é a vida que temos aqui, é que é a única, e que nascemos para sermos felizes (e, portanto, ricos”, revivendo valores que até a segunda parte da Época Atlante, até poderiam ser verdadeiros, considerando o objetivo a ser alcançado – já alcançamos e temos outro objetivo hoje! – naquele momento desse Esquema de Evolução). Assim, muitas pessoas “saíram de um lugar ruim para um lugar pior” para a sua Evolução!
E para contrabalançar essa influência desmoralizadora, têm difundido muitos ensinamentos ocultos. No início do século passado, por intermédio de Max Heindel – o iluminado mensageiro, Iniciado treinado, Místico e Ocultista em um nível de equilíbrio elevado – fundaram a Fraternidade Rosacruz com esse fim: preparar cada Aspirante à vida superior a conhecer devidamente as Leis de Deus que regem o mundo e o ser humano para, por meio do exemplo de cada ser humano e da ação em todas as esferas, possa neutralizar a onda materialista; para que eduque seus filhos, oriente sua família, as pessoas dos seus relacionamentos e, dentro do respeito ao livre arbítrio, se capacite a influir beneficamente no sentido de fazer compreender a obra de Deus no mundo e vislumbrar a Sabedoria Divina em nosso plano evolutivo.
Pensou-se que oferecendo esses conhecimentos e educando os poucos que os recebessem, seria possível contrabalancear o materialismo, pelo menos os Aspirantes à vida superior que se acham mais atinados e que, sem essa ajuda, poderiam ver muito retardado na evolução deles, com a influência material.
Com efeito, a base que nossos filhos recebem nas escolas e faculdades é quase sempre materialista, pretensiosa e irreverentemente materialista. A menos que tenhamos conquistado, pelo respeito, nossos filhos, desde pequenos, e passamos neles influir após a puberdade os efeitos daquela orientação, causarão prejuízos maiores ou menores, segundos suas tendências. Quando conseguiram os especialistas, organizados, constituir faculdades reconhecidas em que se ensinem a Religião, a Arte e a Ciência em bases realmente condizentes com as verdades cósmicas, observadas nos Mundos superiores? Muito poucos, ou quase nenhum! Mas hão de vir com a aproximação da Era de Aquário!
O certo é que, tendo negado tanto tempo a espiritualidade, muitas gerações se ressentem de equilíbrio quando, pela morte se vem privado do Corpo Denso e percebem que continuam existindo, mais conscientes do que antes. E as doenças consultivas, como a tuberculose, que tanto grassou entre nós, é uma das causas de crenças materialistas em vidas anteriores.
Como Aspirantes à vida superior, um Estudante Rosacruz ativo, temos o dever de andar a par das coisas aí fora, embora sugerimos sempre uma conduta apolítica; de incentivar e apoiar o estudo das relações humanas, porque sempre se fundam em bases Cristãs; de ler e estudar a Filosofia Rosacruz, que encaminha o conhecimento humano para rumos acertados; e, sobretudo, de agirmos como verdadeiros Cristãos, coerentemente, em nossas esferas de ação, porque a prática é que demonstra o que entendemos e constitui a mudança, porém, convincente argumentação do que desejamos testificar.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – março/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Resposta: A finalidade do matrimônio é a perpetuação da raça humana e, de acordo com a natureza física dos pais, somada ao ambiente em que ambos vivem, assim será a criança. Vemos, por exemplo, que os emigrantes, que chegam a um determinado país, são diferentes das crianças que eles mesmos, uma vez chegados ao novo país, geram e, que as crianças geradas no continente americano são diferentes das geradas no continente europeu, por exemplo. Assim, os sicilianos – que vieram da Itália – possuem a cabeça mais alongada e os filhos que eles geram no país para o qual emigraram têm uma cabeça mais arredondada; da mesma forma os judeus possuem a cabeça mais arredondada e os filhos que geram no país para onde emigraram têm uma cabeça mais ovalada, o que mostra que as pessoas oriundas de vários lugares quando migram para outros países, especialmente, do continente americano, têm uma tendência de amalgamar e gerar um novo formato de partes do Corpo.
Essas mudanças não são frutos do acaso. Os Grandes Líderes da Humanidade sempre concentram seus esforços em criar certas condições que permitam o surgimento de determinados tipos. Pois, somente dessa forma, podem se desenvolver as faculdades necessárias ao progresso do Espírito. Houve um tempo em que foi necessário, para a evolução do Ego, que se casassem dentro de uma mesma família. Naquela época, a Humanidade não era tão evoluída e individualizada como é atualmente. Ela era regida por um Espírito de Família que entrava no sangue por meio do ar que inspiravam para ajudar o Ego a controlar seus Corpos. Então a Humanidade tinha o que é conhecido como a “segunda visão”, a qual é ainda encontrada entre as pessoas que persistiram, principalmente, em se casar dentro da própria família, como, por exemplo, os indivíduos que habitam as Terras Altas da Escócia (norte daquele país) e os Ciganos.
Mas, era necessário que os seres humanos esquecessem os Mundos espirituais, por um certo tempo, e não se lembrassem de outra vida, a não ser a presente. Para realizar essa mudança conscientemente, os Grandes Líderes da Humanidade tomaram algumas medidas, entre elas a proibição de casamentos dentro de uma mesma família. Quando lemos no quinto capítulo do Livro do Gênesis que Adão viveu mais de 900 anos e todos os patriarcas viveram séculos, isso não significa realmente que essas pessoas viveram durante todo esse período de tempo, mas o sangue que corria em suas veias era transmitido diretamente aos descendentes deles e esse sangue continha os acontecimentos da família individual deles como agora contém os acontecimentos de nossas vidas individuais, pois o sangue é o detentor de todas as nossas experiências. Consequentemente, os descendentes das famílias patriarcais se viam como Adão, Matusalém, etc. É natural que, com o passar dos séculos, as imagens desses acontecimentos, gradualmente, iam se enfraquecendo e, quando a memória de Adão se apagou do sangue de seus descendentes diretos, foi dito que Adão morreu.
À medida que o ser humano se tornou mais individualizado, foi necessário aprender a se manter ereto sobre as próprias pernas, sem a ajuda do Espírito de Família. Então, os casamentos entre membros de diferentes grupos raciais foram permitidos, ou até mesmo ordenados, e o casamento dentro da família não era mais autorizado. Isso pôs fim à Clarividência. A ciência demonstrou que quando o sangue de um animal é inoculado nas veias de outro animal, ocorre a hemólise, ou a destruição do sangue, de modo que a espécie inferior morre. Porém, com a inoculação de sangue estranho, seja de que modo for, sempre mata alguma coisa, se não a forma, pelo menos uma faculdade, e o sangue estranho introduzido pelo casamento pôs fim à Clarividência adquirida pelo ser humano primitivo. Sobre a afirmação de que o sangue estranho pode destruir, tanto é verdadeira que podemos ver isso no caso dos híbridos. Onde, por exemplo, um cavalo e um burro são acasalados, a progênie é uma mula, mas essa mula não tem a faculdade reprodutora porque não está sob o Espírito-Grupo dos cavalos nem sob o domínio do Espírito-Grupo dos burros, e se fosse reproduzir, o resultado seria uma espécie que não estaria sob o domínio de nenhum Espírito-Grupo. A mula não está tão evoluída a ponto de poder guiar o seu instrumento sem o auxílio de um Espírito-Grupo, assim lhe é negada a faculdade de reprodução – o Espírito-Grupo retém o Átomo-semente da fecundação. No entanto, com a Humanidade foi diferente. Quando se chegou à fase em que os casamentos fora do grupo foram ordenados, os seres humanos haviam chegado ao ponto da evolução da autoconsciência em que eram capazes de se guiar deixando de ser autômatos guiados por Deus para se tornarem indivíduos autônomos. Quanto maior for a mistura de sangue, menor será a influência que o Espírito encarnado receberá de qualquer Espírito de Raça ou Espírito de Família, os quais influenciaram os nossos ancestrais. Assim, maior abrangência será dada aos Egos que renascem quando há casamentos com estranhos, do que quando o fazemos com um primo, por exemplo.
(Pergunta nº 23 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Qualquer Religião ou Filosofia é benéfica unicamente na medida em que a praticamos em nossas vidas diárias e a capacidade de nossa compreensão é o grau em que traduzimos seus conceitos em ações, com o objetivo de ajudar.
Não podemos todos ser reis, presidentes ou líderes em nosso país ou esferas de atividades. Se, portanto, nossas circunstâncias são tais que não podemos ver nenhuma possibilidade, próxima ou distante, de executar coisas de “importância”, então, que podemos fazer para pôr em prática nossas ideias dentro de nossa própria família, da sociedade ou comunidade que pertencemos e na nossa vida diária de trabalho e atividades?
Para nós, Estudantes Rosacruzes, podemos atribuir que a Fraternidade Rosacruz, cujos ensinamentos estamos desejosos de aplicar, estão baseados ou conectados em alguma forma com Cristo, de maneira que, antes de tentar responder nossa pergunta, seria bom que tratássemos de entender, tão brevemente como seja possível, exatamente porque veio Cristo e o que foi que Ele procurou fazer e logo, tendo-O como nosso ideal, podemos, como Seus auxiliares, reajustar nossa pergunta inquirindo o que é que podemos fazer para continuar Sua obra.
Na Filosofia Rosacruz se nos ensina que Cristo veio preparar o caminho para a emancipação da humanidade do Espírito de Raça e Espírito de Família e reunir as raças, os povos e as nações separados em um vínculo de paz e de boa vontade, unindo toda a família humana em uma Irmandade Universal ou Fraternidade Universal, na qual todos, voluntária e conscientemente sigam a lei do Amor.
Cristo veio, portanto, preparar-nos para a libertação de qualquer tipo de governo externo, para fortalecer nossa Individualidade (nosso Tríplice Espírito) e o desenvolvimento da confiança própria pelo exercício do livre arbítrio.
À primeira vista, parece que ao fazê-lo, Ele frustraria Seu próprio objetivo de unirmo-nos a uma Fraternidade Universal de Amor, uma vez que, quanto mais duramente nos convertamos em indivíduos, mais nos inclinamos a ver unicamente nossos próprios direitos e ignorar os dos outros. Tornamo-nos imbuídos com um sentido de separatividade em que nos sentimos distintos dos demais seres, vivendo todos em um mundo no qual as condições são tais que devemos lutar por nossas próprias finalidades materiais, sem dar muita importância a se prejudicamos ou não aos demais nesse processo. É esse esforço para executar nossas próprias finalidades, sem considerar os outros, o que nos traz todas as lutas em nossas famílias e na sociedade, nos negócios e na vida em geral, quando estamos aqui renascidos.
Porém, com o desenvolvimento do nosso livre arbítrio, a ação e a reciprocidade de cada um durante o desenvolvimento dão um sentimento de responsabilidade pelo qual aprendemos a reconhecer os direitos dos outros e confessar que quando reclamamos nossos direitos queremos, na realidade, privilégios, porque não estamos preparados para assumir as responsabilidades que acompanham os direitos.
À medida que aprendermos a reconhecer os nossos semelhantes como indivíduos em estado de desenvolvimento, chegaremos à conclusão de que deve haver tolerância entre uns e outros e assim, gradualmente, obteremos a realização do ideal de Cristo representado onde todos, felizes e conscientes, seguem a lei do Amor. É, então, que começamos a perguntar a nós mesmos: onde posso me adaptar dentro do esquema das coisas? Que posso fazer para cooperar com a obra de Cristo e ajudar para que Seu ideal se realize? Uma vez que a forma ideal é que todos, satisfeitos e conscientes, sigam a lei do Amor, é evidente que qualquer coisa que façamos deve ser algo que ajudará a realizar o almejado e elevado estado de coisas.
Quando felizes e conscientes seguimos a lei do Amor, como poderá ela encontrar expressão em nossas vidas diárias? Seguramente no afeto e na ajuda, imbuídos com a simpatia que nasce da inteligência. Então não é a prática diária dessas coisas a resposta de nossa pergunta? Parece muito simples, porém quando tratamos de pô-las em prática, essas coisas não são nem simples e nem fáceis.
Na vida em família, quando as pessoas não vivem em harmonia, é sempre tão simples e fácil reconhecer o ponto de vista do outro com o objetivo de ter paciência e ajustar-se a si mesmo em vez de esperar sempre que o outro faça o ajuste necessário? Na vida dos nossos negócios, é fácil permanecer paciente e atento contra as injustiças dos superiores, os zelos dos colegas, as desonestidades dos concorrentes e os transtornos gerais da vida diária? E em nossa vida em geral se, por exemplo, um partido político que está no poder não representa nossa classe particular de político, podemos refrear um pouco a crítica maldosa e dar, ao menos, um pouco de crédito aos ideais que fielmente se seguem?
O exemplo é sempre muito mais eficaz que o predicar, e qualquer movimento nessa direção o faz um pouco mais fácil para que outros façam o mesmo, e ao fazê-lo, o círculo se amplia; e estamos de fato ajudando ativamente na grande obra de Cristo, unindo as nações separadas em vínculo de paz e amor. Ao falar algumas palavras de simpatia para aliviar uma alma oprimida, ou dando um sorriso para infundir alegria a outra pessoa, cooperaremos na obra de Cristo!
Assim estaremos cumprindo um dos preceitos Rosacrucianos, que diz que devemos nos esforçar cada dia para servir aos nossos semelhantes com amor, modéstia e humildade em qualquer oportunidade que se nos ofereça e ao fazê-lo estamos cumprindo uma das advertências de Cristo quando disse: “O que for o maior entre vós, seja o servo de todos” (Mt 20:26). Se é a grandeza da Alma o que desejamos, ali está a promessa e o caminho!
Outro preceito nos diz que o silêncio é uma das maiores ajudas no crescimento anímico, portanto, devemos procurar o ambiente de paz, equilíbrio e quietude. Ao praticar a benevolência, a reflexão, a simpatia e a inteligência estamos de fato criando tal ambiente, que levaremos conosco para onde quer que formos. Se nossa atitude habitual para com os demais é de uma inteligência simpática, expressada em bondade de pensamento e ação, devemos levar a paz em nosso íntimo e devemos adquirir equilíbrio, porque só assim não ficamos facilmente “transtornados” pelo que os outros dizem ou fazem. Assim, nos encontramos em todas as situações com uma tranquilidade e paz internas que são mais efetivas que todos os ruídos do mundo.
Estaremos cumprindo ainda um terceiro preceito, no qual, enquanto desenvolvemos inteligência, simpatia e afeto, devemos necessariamente aprender a ser indulgentes e isso conduz ao controle de si mesmo, que é um dos maiores passos para a própria segurança, virtude capital do Aspirante à vida superior.
Já nos foi dito em repetidas ocasiões, por meio da literatura Rosacruz e em nosso Ritual Devocional do Serviço do Templo que “o serviço amoroso desinteressado para com os outros é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus”. Como podemos oferecer serviço amoroso e desinteressado a outros, a não ser que desenvolvamos a qualidade inestimável da inteligência? É estranho, porém certo, que, se fazemos todos os dias as coisas comuns e simples de uma maneira simpática, bondosa e inteligente, estamos fazendo a obra do Mestre e ajudando a cumprir nossa oração diária “Venha a nós o Vosso Reino”. Na realidade, o Reino de Deus não pode vir a nós de outra maneira.
Volumes se têm escrito oferecendo soluções a todas as deficiências dos seres humanos quando temos a solução na simples sentença: “Amai-vos uns aos outros.”. É tão simples, que em nossa perversidade procuramos todas as classes de coisas complexas que, sendo muito humanas e materialistas, levam internamente a semente da sua própria destruição, enquanto o simples mandamento de Cristo leva dentro de si mesmo a semente de seu próprio êxito.
Poderia existir a horrível consequência de uma depressão econômica se o ser humano enfrentasse seu semelhante com inteligência e afeto? Poderia existir a fome, a miséria, a pobreza, a escravidão e todas essas coisas horríveis que resultam da manipulação do sistema do dinheiro para o benefício de alguns, se nos amássemos uns aos outros? Seguramente o remédio depende da educação do ser humano para usar o dinheiro e seu poder para o bem-estar de seus semelhantes, usando-o com boa vontade e simpatia.
Poderia existir a contenda política internacional e guerras se os diretores das nações fossem um pouco mais compreensivos dos pontos de vista das outras nações e com desejo sincero de obter o bem-estar comum? Se todos nós que somos as unidades de nossas nações agíssemos com inteligência e amor, não somente para com o nosso povo, mas também com todos os de outras nações, seguramente que seria uma arma de paz muito mais poderosa que todas as armas de guerra. É indiscutível que Cristo precisa de nossa ajuda para vencer Seu propósito de unir os seres humanos e nações que estão separados; e os povos e diretores de nações devem colaborar nessa tarefa.
Então por que não cooperamos hoje, agora, expressando a todos os seres, onde quer que se encontrem, a bondosa e simpática inteligência que com o tempo guiará a Fraternidade Universal, na qual todos, felizes e alegremente, seguirão a lei do amor?
(Traduzido da Revista “Rays From The Rose Cross” e publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1971-Fraternidade Rosacruz-SP)
Nosso desenvolvimento espiritual, por um bom tempo nesse Esquema de Evolução foi “de fora para dentro”, ou seja: fomos sugeridos, orientados, conduzidos e dirigidos por meios de Leis (resumidas nos Dez Mandamentos), geradoras de sofrimento e punição, se as desobedecessem e de alegria se as obedecessem. Jeová – o Espírito Santo, o Deus de Raça – veio com seus Arcanjos e fez a primeira grande divisão em Raças, tornando influente em cada grupo, como guia, um Espírito de Raça, um Arcanjo, criando as Religiões de Raça (Taoísmo, Budismo, Hinduísmo, Judaísmo, etc.) e suas subsequentes Espírito de Tribo e de Família.
Quem permanece fortemente subjugado à influência do Espírito de Raça ou de Família, sofre a mais terrível depressão quando abandona seu país ou respira o ar de outro Espírito de Raça ou Família.
Depois começou a ser disponibilizamos para nós a direção “de dentro para fora”, ou seja: sublimar as Leis e as utilizar para emancipar o intelecto do desejo e a conquistar o autocontrole. E veio o Cristo e inaugurou o Cristianismo – veja as Bem-aventuranças – a Religião do Filho. E por meio dela que alcançaremos a maior eficiência no nosso desenvolvimento espiritual “de dentro para fora”.
E para refletirmos há dois conjuntos de mandamentos que Cristo nos forneceu. O primeiro que já deveríamos cumprir totalmente e com a plenitude que ele exige. Infelizmente a maioria de nós ainda não consegue, mas se somos Estudantes Rosacruzes é porque queremos conseguir. Trata-se dos Dez Mandamentos que temos na Bíblia:
O segundo conjunto que só faz sentido tentarmos cumpri-lo se conseguimos cumprir os Dez Mandamentos, pois se esses que são mais “sólidos”, óbvios e que lida com nossas emoções, sentimentos e desejos mais inferiores não conseguirmos, que dirá esse segundo conjunto que lida com nossas emoções, sentimentos e desejos superiores. Trata-se das Bem-aventuranças que também temos na Bíblia:
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de Mim”.
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O caminho do serviço amoroso e desinteressado para com os outros sendo o melhor caminho que nos conduz a Deus.
Reconhecer-se como uma unidade fundamental de cada um com todos, que é a comunhão espiritual, é nos realizar em Deus.
E saber que para atingir essa realização é só nos esforçarmos por esquecer, diariamente, os defeitos dos nossos irmãos e irmãs e servir a divina essência oculta em cada um deles.
Eis exemplos do desenvolvimento de “dentro para fora”.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Julho de 1918
De tempos em tempos, Estudantes de ocultismo de diversas partes do mundo nos perguntam qual deveria ser a atitude deles perante a guerra[1] e qual o propósito dela sob o ponto de vista espiritual. Já indicamos a posição dos Ensinamentos Rosacruzes referentes ao objetivo da guerra em vários artigos nossos, qual seja: para as pessoas se voltarem para Deus pela consolação devido à profunda angústia, tristeza e arrependimento delas, e para romper o véu que existe entre os Mundos visível e invisíveis, ajudando um considerável número de pessoas a adquirir a visão espiritual e a capacidade de se comunicar com aqueles que já passaram para o além. Mas, embora as explicações fornecidas satisfaçam a maioria dos Estudantes de ocultismo em até certo ponto, outros há que não se convenceram ainda; eles procuram algo mais diretamente relacionado com as condições estabelecidas. Para eles, nós sugerimos a leitura da Conferência No. 13 – “Os Anjos como Fatores de Evolução”[2] – mostrando como os assuntos humanos são guiados pelos Anjos e Arcanjos que atuam como Espíritos de família e de Raça causando a ascensão e queda de nações, conforme seja necessário para a evolução dos diversos grupos de espíritos que estão sob sua tutela.
Como uma tentativa final de satisfazer nossos Estudantes sobre esse assunto de vital importância, enviamos junto uma lição intitulada “A Filosofia da Guerra”[3], mostrando sua aplicação às condições atuais. Confiamos que todos encontrem nela os esclarecimentos necessários que os ajudará a compreender o que está em envolvido nisso, para que possam prestar sua sincera cooperação para o encerramento, o mais rápido possível, dessa luta e assegurar a paz que todos tanto almejamos.
Mas, devemos perceber que não haverá paz que valha a pena enquanto o militarismo não sofrer um golpe de tal proporção, que não volte a levantar a cabeça novamente e por muito tempo. Muitas pessoas têm esperança de que essa será a última guerra e desejamos, ardentemente, pudéssemos acreditar nisso. As pessoas pensavam da mesma maneira quando Napoleão e suas hordas invadiram a Europa há cem anos atrás, mas o tempo provou que tais esperanças eram vãs. A paz é uma questão de educação e é impossível alcançá-la até que tenhamos aprendido a lidar de maneira caridosa, justa e aberta uns com os outros – tanto como nações quanto como indivíduos. Enquanto continuamos a fabricarmos armas, a paz não poderá se estabelecer. Deve se tornar a nossa principal finalidade e objetivo fazer de tudo o que seja possível para abolir o militarismo em todos os países e estabelecer o princípio da arbitragem de dificuldades.
(Carta nº 92 do Livro “Cartas aos Estudantes” – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Refere-se à Primeira Guerra Mundial.
[2] N.T.: Replicamos, abaixo, esse texto que se encontra no Livro: Cristianismo Rosacruz – Fraternidade Rosacruz – de Max Heindel: Quando falamos de evolução, a ideia disso no ocidente é, principalmente, focada no materialismo. Acostumamo-nos a olhar a matéria pelo ponto de vista puramente científico: que o nosso Sistema Solar procede daquilo que, uma vez, foi uma incandescente nebulosa, cujas correntes foram geradas e postas em um movimento a partir de um movimento espontâneo. Essa nebulosa assumiu a forma esférica e lançou de si anéis conforme se contraía. Esses anéis se romperam e formaram, assim, os Planetas que se esfriaram e se solidificaram. Pelo menos um Planeta – nossa Terra – espontaneamente gerou organismos simples que mais tarde, pelo processo evolutivo, se tornaram cada vez mais complexos, elevando-se na escala através dos Radiados (ouriços, estrelas do mar, etc.), depois pelos Moluscos (ostras, mexilhões, etc.) e daí pelos Articulados (caranguejos, lagostas, etc.) até as espécies vertebradas. Após percorrer as quatro classes de vertebrados – Peixes, Répteis, Aves e Mamíferos – esse impulso evolutivo espontâneo alcançou o seu mais elevado estágio no ser humano, que é considerado a fina flor da evolução – a mais elevada inteligência do Cosmos.
O cientista materialista expressará desprezo ou impaciência com tudo aquilo que sugere a existência de um Deus, ou mesmo de qualquer outro agente externo, como totalmente desnecessária para explicar o universo. Em apoio a essa sua posição, ele pega uma vasilha com água e despeja nela um pouco de óleo. A água representa o espaço, e o óleo a nebulosa incandescente. A seguir, ele começa a mexer o óleo, girando-o na vasilha até formar uma “bola” no centro, e essa vai engrossando mais nas bordas, formando um anel, até se desprender desse anel. Isto formará uma esfera menor e revolve sobre a massa central como um Astro em volta do Sol. Então, o cientista pode, triunfalmente, se voltar e indagar com um sorriso compassivo: “Agora, você viu quão natural é isso, como é supérfluo o seu Deus?”.
Na verdade, é de causar pasmo a constatação de quão obtusas podem ser as mais brilhantes inteligências quando influenciadas por noções preconcebidas. É de pasmar também que alguém, capaz de idealizar essa excelente demonstração, seja ao mesmo tempo incapaz de ver que ele próprio representa, em sua experiência, o Autor do nosso sistema a quem chamamos Deus, porque a experiência jamais teria sido imaginada, nem o óleo jamais teria sido posto a girar sobre a água, formando algo semelhante a um sistema planetário, não fora o pensamento e a ação atuarem sobre a matéria. Por isso, ao invés de provar a “superficialidade” da existência de Deus, sua demonstração da teoria nebular prova, no sentido mais amplo, a absoluta necessidade de uma Causa Primeira – seja ela chamada Deus ou tenha qualquer outro nome. Percebendo isto foi que Herbert Spencer, o grande pensador do século XIX, rejeitou esta teoria. Contudo, foi por sua vez incapaz de explicar satisfatoriamente a origem do sistema solar independentemente da mesma, que considerou falha. A ciência, pois, embora não queira reconhecê-lo, também apoia a teoria da origem do mundo que requer a ação inteligente de um ser ou seres estranhos à matéria do universo: um Criador ou Criadores.
Propriamente compreendida, essa teoria está em perfeita harmonia com a Bíblia que nos fala de um certo número de diferentes Seres que tomam parte ativa na evolução da Terra e das criaturas que nela vivem. Ouvimos falar de Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, Tronos, Principados, Poder das Trevas, Poder dos Ares, etc., de modo que a Mente indagadora não pode deixar de perguntar: “Quem são todos eles? que papel desempenharam no passado? e qual o seu trabalho no presente?” Porque a Mente indagadora não pode acreditar que os Anjos sejam seres humanos transformados pela morte em entidades espirituais cujo único prazer e única tarefa consiste em soprar uma trombeta e dedilhar uma harpa, quando na vida terrena eram incapazes até de distinguir uma nota de outra. Tal suposição contraria a razão e está em desacordo com todos os métodos da Natureza, que exige que nos esforcemos para desenvolver nossas faculdades.
Os ensinamentos ocultos – em harmonia com a Bíblia e com as modernas teorias científicas – e que se encontram no Capítulo “Análise Oculta do Gênesis” de “O Conceito Rosacruz do Cosmos” dizem que o corpo que agora é a Terra nem sempre foi tão denso e sólido como no presente, mas que já passou por três Períodos de desenvolvimento antes de chegar ao atual Período Terrestre, e que, “após este, haverá ainda mais outros três antes de completar-se nossa evolução”.
Durante os três Períodos precedentes à nossa atual condição, isto que agora é a Terra, juntamente com o ser humano sobre ela, foram ambos gradativamente solidificados a partir de um sutil estado etéreo até outro de densidade muito maior do que é presentemente. Enquanto a “Involução” – o processo de consolidação – prosseguia, o Espírito que agora é o Ego humano construía um corpo ou um veículo para cada grau de densidade. Trabalhava inconscientemente, mas nisso era ajudado por diferentes Hierarquias espirituais, tais como os Tronos, os Querubins e os Serafins.
Quando o máximo de densidade foi alcançado, o Espírito teve a consciência despertada para si mesmo como um Ego separado no Mundo material. Este foi o ponto decisivo para o retorno, pois, uma vez consciente, o Espírito não pode continuar submergindo-se na matéria. Assim, à medida que sua consciência espiritual paulatinamente desponta, ele também aos poucos espiritualiza seus corpos, deles extraindo a alma que é a essência do poder de cada um.
Deste modo, ele se elevará gradativamente das regiões materiais mais densas, juntamente com a Terra, durante o resto do Período Terrestre e nos três Períodos subsequentes.
Nos primórdios da evolução, o tríplice “Espírito Virginal” estava “desnudo” e era inexperiente. Sua Involução implicava na construção de corpos, o que ele conseguiu inconscientemente com a ajuda de poderes superiores. Quando seus corpos foram concluídos e o Espírito tornou-se consciente, então a Evolução teve início. Mas esta exige crescimento anímico, que só pode ser alcançado mediante os esforços individuais do espírito no ser humano, o Ego, que ao final desta fase possuirá poder anímico como fruto de sua peregrinação através da matéria. E será daí uma Inteligência Criadora.
Os Rosacruzes deram aos sete Períodos de desenvolvimento os nomes dos Astros que regem os dias da semana porque, usando o termo em seu sentido mais amplo, tais Períodos são os Sete Dias da Criação. Significam também metamorfoses da Terra, nada tendo a ver com os Astros no céu, exceto que as condições que eles representam aproximam-se das dos Astros de mesmo nome, como segue: 1) Período de Saturno; 2) Período Solar; 3) Período Lunar; 4) Período Terrestre (cuja primeira metade é chamada “Marciana” e a segunda “Mercurial”, segundo o exposto no “Conceito Rosacruz do Cosmos”); 5) Período de Júpiter; 6) Período de Vênus; 7) Período de Vulcano.
Nossa evolução começou na Terra como ela era no quente e escuro Período de Saturno, em que a matéria era constituída de uma substância gasosa extraída da Região do Pensamento Concreto. Ali, o Espírito Divino (que é o mais elevado aspecto do tríplice “Espírito Virginal”, feito à semelhança de Deus) foi despertado pelos Senhores da Chama, também chamados Tronos no esoterismo cristão, os quais irradiaram de si próprios o germe do pensamento-forma como contraparte material do Espírito Divino. Este pensamento-forma foi mais tarde aperfeiçoado e consolidado na forma do Corpo Denso do ser humano, pelo que o seu mais elevado Espírito e o mais inferior dos seus corpos são frutos do Período de Saturno.
No Período Solar, a Terra alcançou a densidade do Mundo do Desejo, convertendo-se em algo assim como um nevoeiro incandescente de brilhante luminosidade. Então, os Querubins despertaram o segundo aspecto do Espírito Virginal tríplice: o Espírito de Vida. Sua contraparte – o Corpo Vital – nasceu aí como pensamento-forma e foi feito para interpenetrar o Corpo Denso germinal que se tinha consolidado e alcançado a mesma densidade da Terra. Foi, portanto, formado de matéria de desejos.
Ao fim das condições a que chamamos Período Solar, o ser humano possuía um duplo espírito e um duplo corpo.
No Período Lunar, a densidade da Terra aumentou a tal ponto que alcançou o estado de matéria que constitui a chamada Região Etérica. Era então um núcleo ígneo envolto em vapor e recoberto por uma atmosfera de nevoeiro quente ou de gás também vaporoso e quente. Quando a água esquentava pela proximidade com o núcleo ígneo, dele se afastava evaporando-se para o exterior; e quando resfriada pelo contato com o espaço externo, o vapor tornava a descer em direção ao núcleo ígneo.
Dessa substância úmida é que se formou o corpo mais denso dos “homens aquáticos”. O pensamento-forma do Corpo Denso havia se consolidado em um gás úmido; o pensamento-forma do nosso atual Corpo Vital havia descido até o Mundo do Desejo, pois da matéria desse Mundo foi formado, conforme vimos anteriormente. O pensamento-forma do nosso atual Corpo de Desejos foi acrescentado a esse duplo corpo no Período Lunar, tendo sido os Serafins que despertaram aí o terceiro aspecto do Espírito Virginal: o Espírito Humano. Foi então que o Espírito Virginal se tornou um “Ego”, de modo que, ao fim do Período Lunar, o ser humano nascente possuía um Tríplice Espírito e um Tríplice Corpo, a saber:
1) o Espírito Divino e sua contraparte – o Corpo Denso;
2) o Espírito de Vida e sua contraparte – o Corpo Vital;
3) o Espírito Humano e sua contraparte – o Corpo de Desejos.
O Tríplice Corpo é a “sombra” do Tríplice Espírito, lançada na Região do Pensamento Concreto nos três Períodos que precederam o atual Período Terrestre. Desde ali, todos esses pensamentos-forma condensaram-se: 1 grau o Corpo de Desejos, 2 graus o Corpo Vital e 3 graus o Corpo Denso, antes de alcançarem sua presente densidade.
Os Senhores da Chama (Tronos), os Querubins e os Serafins trabalharam para o ser humano voluntariamente e por puro Amor. De uma evolução como a nossa, eles nada podiam aprender. Agora que já se retiraram no atual Período Terrestre, os “Poderes” (Exusiai) do Cristianismo Esotérico – chamados Senhores da Forma pelos Rosacruzes – assumiram um encargo especial, porque este é um Período eminentemente da “Forma” e foi esta Hierarquia espiritual quem deu a todas as coisas suas atuais, definidas e nítidas formas concretas, as quais eram incipientes e indistintas nos Períodos anteriores.
Além das Hierarquias espirituais mencionadas, houve outros que ajudaram, mas vamos ater-nos somente aos seres que alcançaram no desenvolvimento a condição de humanos nos três Períodos precedentes. Esses seres avançaram naturalmente, de modo que os homens do Período de Saturno estão agora três passos à frente dos humanos atuais, sendo conhecidos como “Senhores da Mente”. A humanidade do Período Solar encontra-se dois passos adiante de nós e são chamados “Arcanjos”. E a humanidade do Período Lunar acha-se apenas um passo à nossa frente: são os “Anjos”.
Os Períodos são dias da Criação e, entre cada dois Períodos, há um intervalo de repouso ou atividade subjetiva – uma Noite Cósmica, análoga à noite de sono restaurador que desfrutamos entre um dia e outro de nossa vida terrena. Quando a vida evoluinte emerge do “Caos” na aurora de um novo Período, efetua-se em primeiro lugar uma recapitulação um grau à frente do trabalho realizado nos Períodos anteriores, antes de iniciar-se a obra do novo Período. Assim é alcançado o apogeu da perfeição capaz de ser atingida.
Portanto, a evolução do ser humano sobre a Terra, tal como se acha agora constituída, divide-se em “Épocas”, nas quais ele primeiro recapitula o seu passado, indo depois em frente às condições que prefiguram desenvolvimento e que só alcançarão expressão plena em Períodos futuros.
Na primeira – ou Época Polar – “Adão” – ou humanidade – foi formado de “terra”. Atravessava ele aquela fase puramente mineral do Período de Saturno em que possuía somente o Corpo Denso, modelado por ele próprio sob a orientação dos Senhores da Forma. Estava submerso no então escuro e gasoso Astro que acabava de emergir do caos, “sem forma e vazio”, como diz a Bíblia. Pois, do mesmo modo que as framboesas são formadas de pequenas bagas, assim foi a nossa “mãe Terra” formada da multidão de corpos densos parecidos com minerais de todos os reinos, e as correntes de vida que se expressavam como minerais, animais e homens, trabalhavam para libertá-los.
Na segunda – ou Época Hiperbórea – disse Deus: “Haja luz”, e o calor transformou-se em uma nuvem incandescente idêntica àquela do Período Solar. Nessa Época, foi o Corpo Denso do ser humano interpenetrado por um Corpo Vital, ficando a flutuar de um lado para outro sobre a Terra ígnea como uma enorme coisa em forma de saco. O ser humano era então como as plantas porque dispunha dos mesmos veículos que estas possuem agora, enquanto os Anjos o auxiliavam a organizar seu Corpo Vital, conforme continuam fazendo até o presente.
Isso pode parecer uma anomalia, já que os Anjos são a humanidade do Período Lunar, no qual o ser humano obteve seu Corpo de Desejos. Mas não é, porque somente no Período Lunar a Terra evoluinte condensou-se em Éter, tal como o que agora forma a substância de nosso Corpo Vital. A humanidade de então (os atuais Anjos) aprenderam ali a construir seus corpos mais densos de matéria etérea, assim como aprendemos a construir os nossos com matéria sólida, líquida e gasosa da Região Química. E nisso os Anjos tornaram-se peritos, conforme seremos também na construção de nossos corpos densos ao fim do Período Terrestre.
Eles estão, portanto, especialmente preparados para ajudar as outras ondas de vida em funções que digam respeito às importantes expressões do Corpo Vital. Ajudam assim na formação e manutenção das plantas, dos animais e do ser humano, relacionando-se muito de perto com a assimilação, crescimento e propagação desses reinos. Os Anjos anunciaram o nascimento de Isaac ao fiel Abraão, mas foram também os arautos da destruição de Sodoma por abusar-se ali das funções criadoras. O Anjo Gabriel (não Arcanjo, de acordo com a Bíblia) predisse os nascimentos de Jesus e João. Outros Anjos já haviam anunciado os nascimentos de Samuel e Sansão.
Os Anjos atuam particularmente nos corpos vitais dos vegetais porque a corrente de vida que anima esse reino iniciou sua evolução no Período Lunar, quando os Anjos eram humanos e trabalhavam com os vegetais do mesmo modo que agora trabalhamos com os minerais. Há, portanto, uma afinidade especial entre o Anjo e o Espírito-Grupo das plantas. Pode-se assim explicar a enorme assimilação, crescimento e fecundidade das plantas. O ser humano também alcançou enorme estatura na segunda Época – ou Época Hiperbórea – que estava principalmente a cargo dos Anjos. A mesma coisa se dá com a criança em sua segunda Época setenária de vida, porque então os Anjos podem trabalhar mais amplamente sobre ela de maneira que, ao fim dessa Época, aos quatorze anos, a criança alcança a puberdade e torna-se apta a reproduzir sua espécie – também com a ajuda dos Anjos.
A terceira – ou Época Lemúrica – apresentava condições análogas ao Período Lunar, embora mais densas. O núcleo ígneo da Terra ficava ao centro. Envolvendo-o, havia uma fervilhante camada de água em ebulição que, por sua vez, era envolvida na parte mais externa por uma atmosfera vaporosa de “neblina ardente”, pois assim “havia Deus dividido a terra das águas”, segundo o Gênese. Com a umidade mais densa do vapor, podia o ser humano viver em ilhas com crostas sólidas em formação espalhadas num mar de águas ferventes. Sua forma era então completamente firme e sólida, possuía tronco e membros e a cabeça começava a formar-se. O Corpo de Desejos foi acrescentado e aí o ser humano passou ao encargo dos Arcanjos.
Temos aqui outra vez o que se parece com uma anomalia, pois os Arcanjos foram a humanidade do Período Solar, Período em que nasceu o Corpo Vital, quando o ser humano não possuía ainda Corpo de Desejos. A dificuldade, porém, se desvanece quando recordamos que cada veículo nosso é a sombra de um dos aspectos do Espírito, conforme dissemos anteriormente, e que tais veículos não foram dados por essas Hierarquias. Estas simplesmente ajudam o ser humano no aperfeiçoamento de determinado veículo, dada a sua especial aptidão para trabalhar com a matéria dele. Os Arcanjos são educadores do nosso Corpo de Desejos, pois se fizeram peritos na construção e uso de tal veículo quando eram humanos no Período Solar. Neste Período, eles construíram o seu corpo mais denso com “matéria de Desejos”, da mesma forma que agora construímos nosso corpo mais denso com matéria química mineral.
Os Arcanjos são também o principal apoio do Espírito-Grupo animal, porque os atuais animais começaram como minerais no Período Solar. Na Época Lemúrica, o ser humano encontrava-se em idêntica situação à daqueles na Época atual: o Espírito estava fora do corpo que tinha de dirigir, ainda que os corpos de todos já estivessem sido impregnados com o germe da personalidade individual, conforme esclareceremos a seguir. Deste modo, os homens não eram tão fáceis de guiar como os animais do presente, pois o espírito separado de cada um destes ainda está inconsciente. O desejo então predominava, necessitando por isso de uma forte sujeição. Isto foi feito em alguns dos mais dóceis entre a nascente humanidade da Época Lemúrica, sendo que estes, no devido tempo, vieram a ser instrutores dos demais. A grande maioria, contudo, não recebeu tal vantagem.
Na quarta – ou Época Atlante – teve início o verdadeiro trabalho do Período Terrestre. O Tríplice Espírito estava destinado a entrar no Tríplice Corpo e converter-se num Espírito interno para alcançar pleno domínio sobre seus veículos, mas faltava ainda o elo da Mente. Tal elo, nós o devemos aos Senhores da Mente que haviam antes impregnado os corpos com a sensação de personalidade separada. Esta preponderou sobre a primitiva sensação de unidade com o todo, possibilitando a cada um colher experiências individuais de condições semelhantes.
Os Senhores da Mente alcançaram o estado humano no Período de Saturno. Não eram “deuses” vindos de uma evolução anterior como os Querubins e os Serafins. Daí a tradição oriental de os chamar de “A-suras” – “Não-deuses” – e a Bíblia os denominar “Poderes das Trevas”, em parte porque procederam do escuro Período de Saturno e em parte porque os considera como o mal. Paulo apóstolo fala do nosso dever de lutar contra eles.
Paulo estava certo, mas é bom compreendermos que não existe nada absolutamente de mal, e que no passado eles foram os benfeitores do gênero humano. O mal não é outra coisa senão o bem mal colocado ou não desenvolvido. Por exemplo: suponhamos um especialista em fabricação de órgãos que construa um, todo especial – sua obra-prima. Neste caso, ele é uma encarnação do bem. Mas se ele leva o órgão até a igreja e, mesmo não sendo músico, insiste em tocá-lo substituindo o organista, então ele representa o mal.
Quando os Senhores da Mente eram humanos no Período de Saturno e a Terra era constituída de substância da Região do Pensamento Concreto, aí começamos nossa evolução como minerais. Então, os Senhores da Mente aprenderam a construir seus corpos mais densos com esses minerais, do mesmo modo que agora construímos nossos corpos dos presentes minerais. Assim, especializaram-se no uso dessa “matéria mental”, estabelecendo também, portanto, uma relação extraordinariamente íntima conosco.
Chegado o tempo em que o Tríplice Corpo estava pronto para que o Espírito nele habitasse, o ser humano precisou da Mente para servir como elo entre o Espírito e o corpo. Mas isto os deuses não lhe podiam dar. Era demasiado para eles. Os Arcanjos e os Anjos ainda não podiam criar, mas os Senhores da Mente já haviam alcançado o terceiro Período além daquele em que tinham sido humanos, tornando-se, pois, Inteligências Criadoras. Assim, puderam naturalmente preencher a lacuna irradiando de si a substância de que está formada a nossa Mente.
Procedendo de tal forma, nossa Mente tinha de ser, como é de fato, naturalmente separatista e inclinada a ressentir-se da autoridade. Devia ser o instrumento do infante Espírito no governo do Tríplice Corpo e um freio ao desejo imoderado. Contudo, ela veio acrescentar ao desejo a poderosa astúcia, depois paixão e malvadez, sendo por si mesma mais difícil de domar que um potro selvagem. À Mente, agrada mais dominar o inferior do que obedecer ao superior. Por conseguinte, a paixão e a perversidade predominaram na Época Atlante. A raça degenerou e então tornou-se imperiosa a criação de outra e sob diferentes condições.
Entretanto, a atmosfera quente e vaporosa da Lemúria havia-se esfriado e condensado, convertendo-se em espesso nevoeiro na Época Atlante. Ali viveram os “niebelungen” (“filhos da névoa”) das velhas lendas, que foram os atlantes. Então, Deus ordenou que “as águas se juntassem em um lugar e que aparecesse a terra seca”. A névoa condensou-se gradualmente, caindo em torrentes e inundando os vales da Atlântida. A raça perversa pereceu, com exceção de uns poucos, conhecidos depois como “o povo eleito”, e escolhidos para serem o núcleo da atual raça ariana e herdarem a terra prometida: a Terra como é agora constituída. Estes poucos foram salvos conforme relatado diversamente nas histórias de Noé e Moisés, este tirando o povo de Deus do Egito (Atlântida) e guiando-o através do Mar Vermelho (o dilúvio ou inundação atlântica), onde o Faraó (o malvado rei atlante) pereceu com todos os seus seguidores.
As Hierarquias espirituais têm sido seriamente embaraçadas em seus esforços para ajudar o ser humano desde a Época em que este recebeu a luz da razão e se lhe abriu o entendimento, porque então tinha de lidar com assuntos dos quais não possuía o menor conhecimento, como por exemplo a propagação da espécie. Por ignorar as Leis Cósmicas que a regiam, o parto tornou-se doloroso e a morte converteu-se na experiência mais frequente e desagradável. Severas medidas impuseram-se, portanto, para controlar a natureza inferior. Isto foi feito por Jeová, o mais alto Iniciado do Período Lunar e regente dos Anjos, auxiliado nessa tarefa pelos Arcanjos, que são os Espíritos de Raça (Dn 12:1).
Jeová ajudou o ser humano a controlar a Mente e a dominar o Corpo de Desejos impondo leis e decretando castigos para as transgressões. O temor de Deus opôs-se então aos desejos da carne, e assim foi o pecado manifestado ao mundo.
Os Arcanjos, como Espíritos de Raça, lutavam a favor ou contra uma nação por intermédio de outra para castigar aquela em que houvesse pecado (Dn 10:20).
Eram os Anjos que faziam vicejar ou secar os trigais e vinhedos; os que aumentavam ou diminuíam os rebanhos; os que multiplicavam ou reduziam a família, conforme fosse necessário recompensar ou punir o ser humano por sua obediência ou transgressão às leis do Chefe dos Espíritos de Raça – Jeová. Sob o reinado deste, todas as religiões de raça – Confucionismo, Taoísmo, Budismo, Judaísmo, etc. – floresceram e atuaram no Corpo de Desejos como Religiões do Espírito Santo. Jeová ajudou o ser humano a dominar o Corpo de Desejos porque este foi obtido no Período Lunar.
Mas a Lei conduz ao pecado, pois é separatista. Além disso, o ser humano deve aprender a agir bem independentemente do medo. Portanto, Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, veio para ensinar a Religião do Filho, que atua sobre o Corpo Vital, obtido no Período Solar. Ele ensinou que o Amor é superior à Lei. O amor perfeito lança fora o temor e liberta a humanidade do racismo, da casta e do nacionalismo, conduzindo-o à Fraternidade Universal, que será um fato quando o cristianismo for vivenciado.
Quando o cristianismo haja espiritualizado plenamente o Corpo Vital, um passo ainda mais elevado será dado com a Religião do Pai, o qual, como o mais alto Iniciado do Período de Saturno, ajudará o ser humano a espiritualizar o corpo que obteve nesse Período: o Corpo Denso. Então, até a Fraternidade Universal será superada. Não haverá mais eu ou tu, porque todos serão conscientemente Um em Deus, e o ser humano terá sido emancipado da tutela dos Anjos, dos Arcanjos e dos Poderes ainda maiores.
[3] N.T.: Replicamos, abaixo, esse texto que se encontra na Pergunta nº 163 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas Vol. II – Fraternidade Rosacruz – de Max Heindel: Pergunta: Do ponto de vista Rosacruz, a guerra é justa e necessária? Qual deveria ser a posição do Estudante Rosacruz no atual conflito? (Primeira Guerra Mundial).
Resposta: Nas grandes crises da vida, somos levados a enfrentar certos acontecimentos e a tomar decisões de tal importância que elas requerem frequentemente uma reformulação de ideias e ideais, até mesmo dos nossos princípios mais firmes até então concebidos.
Quando chega tal crise, seria simplesmente um suicídio mental, moral e espiritual esquivar-nos ou fugir do problema, não importa o quanto custe. Diz-se que a consistência é uma joia, mas se fôssemos verdadeiramente sábios, deveríamos estar prontos a mudar ou a rever nossas ideias sempre que a ocasião realmente o exigisse.
Os Ensinamentos Rosacruzes sempre concordaram com o ditado bíblico: “Não matarás”. Nenhuma qualificação foi feita a respeito, e alguns chegam ao extremo de não matar nem mesmo uma mosca. Mas a maioria interpreta corretamente que a injunção não pretendia se estender aos insetos e micro-organismos que afetam e tiram tantas vidas humanas. Esses seres, sendo manifestações de pensamentos maus, estão fora dessa regra. Certamente, essas pessoas não desejam que seus corpos ou os corpos de seus filhos sejam infestados por parasitas ou insetos nocivos, e todos concordam que a exterminação de insetos (entre eles o mosquito transmissor da malária), foi o fator decisivo para o sucesso da América no Panamá, no sentido de que transformou o fracasso em sucesso, e este princípio deveria ser aplicado sempre que necessário. Essas pessoas sentem que seria: absurdo aplicar o mandamento: “Não matarás” ao ponto de permitir que animais de rapina e os répteis venenosos circulassem entre nós, pondo em perigo as nossas vidas. Com certeza todos se empenhariam em eliminar tal ameaça da comunidade. Em seu código de ética, o mandamento envolve unicamente a ideia de que é errado matar para obter alimento, por esporte ou por lucro. Matar um ser humano parece uma possibilidade tão remota para a maioria de nós, que não é considerado nem mesmo como uma eventualidade. Sempre condenamos a pena capital, tanto porque é basicamente errada, como por ser inútil e prejudicial, pois, quando libertamos o Espírito de um assassino do seu corpo, nós o libertamos nos Mundos espirituais, onde ele pode e frequentemente trabalha sobre outros, influenciando-os a praticar crimes semelhantes aos seus.
Por essa razão, é preferível confiná-lo numa prisão, envidando esforços para reformá-lo, pois, mesmo que ele não recupere a sua liberdade nesta vida, em futuras existências respeitará a santidade da vida alheia.
Embora seja assim possível lidar com o assassino individual, o caso é diferente quando uma nação inteira investe furiosamente contra outra, perpetrando assassinatos, incêndios, destruição e pilhagem. Torna-se impossível aprisionar uma nação inteira e devemos encontrar meios mais drásticos de autodefesa.
Na vida civil, reconhecemos como válida a lei da legítima defesa que confere à futura vítima de um suposto assassino, o direito de matar antes de ser morta, e seria uma ilusão afirmar que esse direito deixa de existir simplesmente porque um milhão de assassinos enverga uniformes, porque eles atacam imprudente e descaradamente proclamando sua intenção de matar, ou ainda porque investem em grupos ao invés de agirem isoladamente. Sendo os agressores, eles são assassinos, e suas futuras vítimas têm um direito moral inquestionável de defender suas próprias vidas matando esses assassinos. Além disso, repousa sobre o mais forte o dever sagrado de proteger as vidas daqueles que são fracos demais para se protegerem sozinhos, mesmo que isso envolva a matança dos assassinos.
Do ponto de vista espiritual, o fato da guerra ser certa ou errada depende da pergunta: quem é o agressor e quem é a vítima?
Esta pergunta é facilmente respondida quando a guerra é iniciada com o propósito de conquista, ou quando é travada com fins altruísticos, tal como a emancipação de um povo oprimido para libertá-lo da escravidão física, industrial e religiosa. Não é necessário nenhum argumento para demonstrar que, em tais casos, o opressor é também o agressor e que o libertador é o defensor dos direitos humanos inalienáveis. Ele está cumprindo um dever sagrado como o “protetor de seu irmão”.
Uma vez entendido isto, não podemos ser enganados pelo fogo-fátuo da diplomacia, pois temos uma luz verdadeira, um critério simples do que é certo ou errado.
Tendo tomado uma decisão a respeito, conclui-se que é muito mais nobre e heroico enfrentar um pelotão de fuzilamento por recusarmo-nos a ingressar no exército agressor, ou fugir da nossa pátria, ou mesmo juntarmo-nos às tropas dos defensores na posição mais humilde do que ocuparmos um cargo dos mais elevados entre os agressores.
Por outro lado, lutar ao lado dos defensores é um dever sagrado, de acordo com os princípios espirituais mais elevados e nobres. Quanto maior o sacrifício, maior o mérito, e aquele que foge deste dever sagrado de defender a família e o lar, parentes e pátria, ou que deixa de lutar pelos oprimidos, está abaixo da crítica. Além disso, quanto maior a emergência, maior o sacrifício exigido.
E o privilégio deste sacrifício não se restringe àqueles que possuem ombros largos e musculosos. Eles não estão apenas comprometidos com o dever; o trabalho por detrás das linhas é, talvez, mais importante e dele todos podem participar de acordo com seu talento e suas habilidades – mental, física e financeira.
Quando surgir a ocasião em que a defesa dos outros ou autodefesa se torna inevitável, quanto mais duramente for impulsionada a luta, tanto mais breve e mais bem-sucedida ela será. Portanto, não devemos tolerar meias medidas, e a neutralidade, sob tais circunstâncias, deve ser considerada, pelo menos, como um pecado de omissão.
Os Estudantes do ocultismo sabem que as guerras são instigadas e inspiradas pelas Divinas Hierarquias que usam uma nação para punir a outra por seus pecados.
Mesmo um estudo superficial da Bíblia fornecerá inúmeros exemplos dessas lutas. Isto não significa que a vitória seja sempre inteiramente justificada, mas mostra que a nação vencida agiu mal e merece o castigo infligido, geralmente por causa de sua arrogância e ateísmo. Tampouco é um sinal que, pelo fato de uma nação ser vitoriosa por longo tempo e ter conseguido uma conquista extremamente difícil, esteja desfrutando dos favores divinos – pelo menos até certo ponto. Tal rumo pode ser realizado pelo exército invisível que Sustenta a força do agressor e prolonga a luta com o propósito de tornar a derrota final mais completa e desastrosa e, também, para ensinar aos defensores uma lição que não poderia ser aprendida em uma luta breve e decisiva.
Resumidamente, apresentamos a filosofia da guerra do ponto de vista espiritual, independentemente de quais sejam as nações envolvidas nela. Se aplicarmos esses princípios e critérios a atual guerra (Primeira Guerra Mundial), tornar-se-á evidente para todo aquele que não for preconceituoso e que encara o assunto com uma visão ampla e uma mente aberta, que os militaristas dos Impérios Centrais prepararam-se para esta guerra durante gerações, e a 5 de julho de 1914, na famosa Conferência de Potsdam, que é hoje admitida por todos eles, concordaram em iniciar a guerra algumas semanas depois, durante as quais os banqueiros dessas nações manipularam a bolsa de valores para reunir os maiores recursos financeiros possíveis. Isto caracteriza os componentes do bloco bélico Austríaco-Germânico como os agressores que, sob o chamado dos Espíritos de Raça, conduziram milhões de soldados contra todas as outras nações do mundo. No início do conflito, a França e a Inglaterra, que eram as vizinhas imediatas dos belgas ultrajados, fizeram de sua causa a delas, e agiram assim como protetoras de seu irmão. Mas, não estando preparadas, foram incapazes de levar essa luta a uma conclusão decisiva, Por essa razão, tornou-se necessário que a América entrasse no conflito e mudasse o rumo dos acontecimentos, para que a paz fosse restaurada e a segurança assegurada para aqueles excessivamente fracos para se protegerem sozinhos.
É um motivo de júbilo verificar que sempre que os Estados Unidos foram forçados a entrar numa campanha militar, foi em legítima defesa ou para desempenhar um papel altruísta como defensor e libertador dos fracos.
Fosse essa uma guerra de conquista ou agressão, seria melhor para todas as pessoas espiritualizadas enfrentar um pelotão de fuzilamento, como já foi dito, do que participar em tal guerra injustificada. Por outro lado, vendo o quanto a luta atual, travada com o propósito de esmagar o militarismo da Europa Central, já ceifou de vidas humanas, e o quanto esgotou a força dos defensores aliados, torna-se dever sagrado de todos ajudar ao extremo limite, de acordo com suas capacidades espiritual, mental, moral ou física, seja na frente ou por detrás das linhas, sempre que os dirigentes de combate julguem necessário requerer seus serviços.
Encorajamos todos os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, de qualquer que seja o país que agora defende a causa da humanidade contra a facção militarista dos Poderes Centrais, a apoiar ao máximo o seu governo, de acordo com sua capacidade, para que logo possamos ter “Paz na terra e boa vontade entre os homens“.