Resposta: As adversidades são mais benéficas que os fatos agradáveis que nos sucedem. O indivíduo comum – mormente o que não se dedica aos estudos espirituais esotéricos dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental – dificilmente aceitará ou compreenderá esta afirmação, mas o Aspirante à vida superior, por certo, reconhecerá a verdade subjacente nestas palavras.
Em uma de suas “Cartas aos Estudantes”, Max Heindel afirma categoricamente: ” As provas são um sinal de progresso e uma causa de grande regozijo”[1]. E segue explicando que, uma vez alguém reconheça suas responsabilidades espirituais e enverede pelo caminho da espiritualidade, passa a receber contínuas oportunidades de expiar as “dívidas morais” contraídas em vidas passadas sob a Lei de Causa e Efeito.
Todo ato perverso cometido e todo pensamento desarmonioso emitido devem ser compensados. Deve haver restituição, seja diretamente a pessoa atingida, seja por meio de serviço altruísta prestado a outrem. Se o indivíduo sofre, é porque violou as Leis da Natureza – que são as Leis de Deus – e não pela vontade de um “Deus caprichoso”.
As adversidades que se manifestam como privações e sofrimento, em realidade, são oportunidades de aprendermos nossas lições – lembrando: que nós mesmo escolhemos! – e, consequentemente, crescer moral, mental e espiritualmente. Devemos expiar, aprender e crescer. Cabe-nos superar todos os resíduos de destino. Isso é imprescindível se desejamos ser suficientemente puros para conquistar o elevado grau de espiritualidade, exigível na culminação de nossos esforços para o despertamento do Cristo interno. Naturalmente, quanto mais rápido isso acontecer, mais aptos estaremos para assumir nossa responsabilidade de servir à Humanidade.
Mais capacitados, ainda, estaremos para ajudar nossos semelhantes a trilharem o mesmo Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz que agora estamos percorrendo.
Cada prova a nos atormentar, cada dilema a nos confundir, cada sensação de dor ou conflito – seja existencial ou espiritual – a nos abalar, representam oportunidades de crescimento. O recebimento dessas oportunidades é, em si mesmo, um sinal de progresso.
As Potestades Superiores estão conscientes de nossos primeiros esforços no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. Reconhecendo nosso empenho sincero, imediatamente fazem com que as provas se interponham em nossa caminhada.
Entendidos dessa forma, esses obstáculos são, inquestionavelmente, grandes bênçãos em nossas vidas!
Os benefícios que as provações nos trazem dependem de nossa atitude em relação a elas. Se deploremos nosso destino, só nos preocupamos; se, de alguma forma, reagimos negativamente, fazendo concessões à natureza inferior, perderemos a oportunidade de progredir. Se não aprendermos a lição da primeira vez, podemos estar seguros de que outra oportunidade se oferecerá e, provavelmente bem mais desagradável.
Não podemos fugir indefinidamente. O fracasso da primeira vez significa uma segunda prova ou quantas mais forem necessárias. Neste caso, a adversidade já deixou de ser uma benção para se converter num obstáculo ao nosso progresso.
Se reconhecermos em cada prova a sua verdadeira natureza; se encararmos o problema de frente, com alegria e otimismo, convictos de que no final tudo se resolverá satisfatoriamente, então, veremos como as coisas não são tão amargas como imaginávamos. Se reagimos a cada dificuldade, inspirados nos Ensinamentos Cristãos – como preconizados pela Fraternidade Rosacruz –, nos cuidando de, sob a mais extrema provação, agir compassivamente, fazendo o possível para promover a harmonia, daremos um grande passo em direção a nossa meta espiritual. Aprenderemos importantes lições de uma forma menos dolorosa e seremos beneficiados com um crescimento anímico inimaginável. Então, certamente, a adversidade terá sido um privilégio.
As provas, como bem o sabemos, assumem formas diversas. Vão desde o mais evidente até o incrivelmente sutil. Chegam a nos desafiar em assuntos de bem-estar físico e estabilidade emocional. Entram em nossas relações com a família, os amigos e conhecidos. Importuna-nos no trabalho e perturbam nosso descanso. Frustram nossos planos e interferem com nossas esperanças e nossos ideais.
Em certo sentido, é correto afirmar que estamos sendo constantemente provados. E se vivermos cada minuto de nossas vidas como sabemos que Cristo desejaria que o vivêssemos, então passaremos todas nossas provas gloriosamente.
Considere por um momento o significado desta afirmação: “Se vivermos cada minuto de nossas vidas como sabemos que Cristo desejaria que o vivêssemos”. Há, dentro de nós, uma pequena voz chamada consciência, dizendo como nos portar em qualquer eventualidade.
Devemos responder com paciência e amor, não importa que injustamente pareçamos ser tratados por outro indivíduo. Sabemos que se alguém necessita de ajuda, devemos prestá-la, deixando de lado nossos interesses pessoais. Sabemos, também, que em momentos de dificuldades econômicas, aparentemente sem solução, se apresentam, por si mesmas, saídas alternativas, quando recorremos a meditação e oração – como nos ensinam a Filosofia Rosacruz. E sabemos, ainda, que nossas aparentes tribulações perdem importância quando, observando o mundo ao redor, constatamos a situação muito mais desesperadora de outras pessoas. Aí, então, nos sentimos impelidos a aliviar seus sofrimentos.
Se, depois de estudarmos os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, nos perguntarmos como agiria o Cristo em uma determinada situação, logo o saberíamos. O Cristo em todas as circunstâncias seria compassivo, paciente, compreensivo e amoroso. E nós podemos agir dessa forma… se o quisermos. Afirmar tudo isso é fácil, e crer também. Difícil é fazê-lo! Mas, podemos manifestar essas elevadas virtudes… se o quisermos. Isso, claro, é difícil, porque via de regra “não o queremos”. Nossa natureza de desejos predomina sobre a razão e obtém o melhor do nosso Eu Superior. Os sentimentos de altruísmo sucumbem ante a tirania da Personalidade e o amor fraternal é vencido pela satisfação de si mesmo.
Quando fracassamos em uma de nossas provas podemos estar certos de que isso aconteceu por uma razão egoísta. É muito mais cômodo retribuir com a mesma moeda e tratar com agressividade alguém que nos tenha acusado injustamente, ou agindo de má fé. Requer-se um caráter altamente evoluído para “caminhar o outro quilômetro”[2], procurar a “divina essência oculta” dentro de tal pessoa e se sobrepor as suas palavras vilipendiosas.
É egoísmo fugir de uma situação, porque a fuga, naquele momento, parece ser o caminho mais fácil, uma forma de alívio ou a saída para não encarar o problema de frente.
É egoísmo nos preocupar, nos impacientar, alimentar temores, porque isso é desperdiçar tempo valioso que melhor seria empregado em propósitos construtivos.
Em realidade, é egoísmo fazer coisa que nos impeça de passar por uma prova, porquanto consiste numa recusa em progredir. O crescimento de um indivíduo acrescenta muito à evolução da Onda de Vida humana. Caso uma só pessoa relute em fazer sua parte, impedirá que nossa Onda de Vida avance um pouco mais.
Se alguém considera exagerada esta afirmação lembre-se de que “uma corrente e tão forte como seu elo mais fraco”. Qualquer pessoa incapaz de assumir sua responsabilidade e se empenhar no seu fortalecimento mental, moral e espiritual, está debilitando a corrente que é a nossa Onda de Vida.
Não esqueçamos: esta mesma Onda de Vida está destinada a evoluir até o ponto de, vestida com o Dourado Traje de Bodas – o Corpo-Alma-, se tornar capaz de fazer a Terra levitar no espaço, liberando o Espírito de Cristo dos grilhões que o prendem ao nosso Planeta.
Se pensarmos como fracasso em passar por uma prova constitui um obstáculo à consumação desse glorioso dia, talvez sejamos mais persistentes e escrupulosos em nossos esforços.
Então, aprendamos a aceitar nossas adversidades como bênçãos, recordando que procedendo assim ajudaremos a nós mesmos, a nossos semelhantes e ao Espírito de Cristo.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz fevereiro/1986 – Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: Carta ao Estudante nº 72 do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
[2] N.R.: Mt 5:39
Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que Cristo virá em uma segunda vez. E que devemos nos preparar para que quando Ele voltar, possamos segui-Lo em uma Nova Dispensação.
Sabemos também que “deste dia e desta hora, nenhum ser humano o sabe, nem os Anjos que estão no céu, nem o Filho, mas só o Pai”[1]. E por essa passagem e outras que encontramos na Bíblia, podemos ver como precisamos ser cuidadosos para não sermos atraídos por impostores. Afinal, Cristo não voltará em um Corpo Denso!
Também aprendemos que os Ensinamentos da Fraternidade Rosacruzes, que são os Ensinamentos Cristãos – que são a base para que tenhamos poder e luz anímica, ou seja, crescimento da alma – são práticos, ou seja: são fornecidos para que o Estudante Rosacruz os coloque em sua vida, especialmente, por meio de atos, obras e ações. Por que são esse poder e essa luz de Cristo tão práticos? Porque nós podemos, tanto no Plano visível como no invisível, aprender a usá-los para alimentar os que têm fome, fazer que os cegos vejam, expulsar demônios ou dominar os elementos, exatamente como fez Cristo Jesus durante Seu ministério na Terra. Dizem-nos que o Cristo Cósmico, o mais poderoso dos Arcanjos, pode penetrar todo átomo cristalizado com o poder de Suas próprias emanações, do Seu Mundo, o Espírito da Vida. Essas emanações são tão poderosas que até aqueles que tocavam Suas vestes eram curados.
Como Estudantes dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental ou Estudantes Rosacruzes e buscadores da luz nós devemos colocar essa claridade em evidência, espiritualizando o vestuário que agora usamos e que determinará o que usaremos na próxima passagem pela Terra. Por que não ser sensatos? Por que não nos esforçar para purificar e construir Corpos de forma que nos permitam servir melhor dia-a-dia? No passado, sem dúvida, erramos por ignorância, porque não compreendíamos a inexorável Lei do “semear e colher” – a Lei de Consequência ou Lei de Causa e Efeito –, nem imaginávamos as distantes consequências da nossa maneira de proceder; entretanto, hoje compreendemos tudo isso. Sabemos como viver acertadamente: a nossa tarefa é dominar o “eu inferior” e nos guiar pela Luz interior da presença de Cristo em nós, o Cristo interno.
Todas as pessoas que construírem o Dourado Traje de Bodas, o soma psuchicon (dito por S. Paulo), a Vestimenta para o Casamento Místico entre o “eu inferior” e o “Eu superior”, ou Corpo-Alma (um Corpo composto dos dois Éteres superiores e, portanto, capaz de levitação e de passar por paredes, uma vez que toda matéria densa é permeada com Éter. Os Auxiliares Invisíveis o usam hoje, como Cristo o fez) e, com isso conseguem pôr em evidência a Luz de Cristo que trazem dentro de si estão aptos a reconhecer o Cristo quando da Sua segunda vinda.
A Fraternidade Rosacruz é a Escola Preparatória para a Escola dos Mistérios Ocidentais, a Ordem Rosacruz. Seus ensinamentos são especificamente destinados a preparar pessoas para a Nova Dispensação – inaugurada com a segunda vinda de Cristo –, que está, mesmo agora, se formando. Por direito e virtude do seu enorme sucesso em difundir os Ensinamentos da Nova Era, a Fraternidade Rosacruz está destinada a desempenhar uma parte ativa entre as forças espirituais que agora formam a próxima Era, a de Aquário.
(Traduzido da “The Rosicrucian Fellowship Magazine” e publicado na Revista Serviço Rosacruz de Agosto/1970-Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.T.: Mt 24 4-36 e Mc 13:5-32
(Traduzido da “The Rosicrucian Fellowship Magazine” e publicado na Revista Serviço Rosacruz de Agosto/1970)
Procurando a verdade: o risco de usar métodos errados e como esse conceito muda durante a nossa vida
Há 2.000 anos Pilatos indagou: “O que é a verdade?”.
As distintas formas de fé religiosa existentes são tentativas humanas de materializar seus conceitos internos sobre a verdade. A religião avança à medida que a visão humana se expande. O espírito interno clama por uma revelação mais completa. Uma nova Revelação surge em resposta a esse clamor e um conceito mais elevado de Deus começa a desabrochar na Mente do ser humano. Até hoje a religião não logrou alcançar uma oitava superior, mas nossas ideias relativas a ela são mais profundas. Cristo afirmou: “A verdade vos libertará”. A verdade é eterna e nossa busca por ela deve ser perdurável também. O Ocultismo não conhece “a fé de uma vez para sempre e relativa a todas as coisas”. Todas as Escolas de Ocultismo baseiam-se nas mesmas verdades fundamentais, passíveis de serem apreciadas sob diferentes ângulos, dando a cada um uma visão diferente. Assim, elas se completam.
Portanto, com o que atingimos por ora não é possível alcançar a verdade essencial. Em resposta à pergunta de Pilatos, devemos primeiro notar que a verdade seja um princípio subjetivo. Não pode ser encontrada no objetivo, se bem que esse contenha manifestações dela.
O erro consiste em pretendermos descobri-la totalmente nas coisas externas ou em alguma parte fora de nós mesmos. Nossa ideia sobre o que é verdade modifica-se à medida que progredimos, porque, à proporção que ascendemos, novas fases dela nos são apresentadas, etapas que não foram percebidas anteriormente.
Onde, pois, encontraremos a verdade? Não podemos encontrá-la neste mundo fenomenal, pontilhado de ilusões, no qual temos de proceder a constantes correções e mudanças, consciente ou inconscientemente. Sabemos que nossa visão nos engana, quando faz as coisas parecerem unidas no final de uma rua, por exemplo.
Com referência à indagação sobre onde encontraremos a verdade, a resposta só pode ser uma: dentro de nós mesmos.
É um assunto relativo ao próprio desenvolvimento interno, excluindo-se de qualquer outra fonte. A promessa de Cristo, “se vivermos a vida, conheceremos a doutrina”, é verdadeira no sentido mais literal. Os livros e os mestres podem despertar nosso interesse e nos incentivar a viver a vida. Contudo, só na medida em que julgarmos cuidadosamente suas ideias, antes dos preceitos constituírem parte de nossa vida interna, caminharemos na direção correta.
Conforme Max Heindel nos relatou, os Irmãos Maiores não lhe ensinaram tudo diretamente desde o primeiro curto período em que lhe proporcionaram o material para escrever O Conceito Rosacruz do Cosmos. A cada pergunta formulada, o Mestre indicava-lhe a direção em que poderia encontrar a informação necessária. Pelo uso de nossas próprias faculdades conseguiremos sempre os melhores dados ou informações.
A aspiração é o primeiro passo a ser dado para sairmos da escravidão para a liberdade, porquanto à medida que um ser humano deseje ascender, será libertado.
Somente por nossa aspiração à virtude dominamos os vícios. A fidelidade aos mandatos espirituais nos livra da sensualidade. A indiferença, entretanto, fará estiolar a mais bela flor do espírito.
Todo desenvolvimento oculto começa no Corpo Vital com o cultivo de faculdades objetivas e comuns tais como a observação, o discernimento, a razão, a justiça, o senso comum e o cultivo do intelecto. Todas essas qualidades, quando combinadas com oração e devoção, conduzem a estágios mais avançados, na jornada evolutiva. Essa preparação interna do Estudante deve ser realizada sem considerar as circunstâncias externas.
Os dois Éteres inferiores do Corpo Vital, o Químico e o de Vida, decrescem em quantidade e densidade à proporção que os dois superiores formam o Corpo Denso. Então um poder maior flui através nosso ser. Isso, às vezes, causa distúrbios no corpo denso, pois os Éteres inferiores mantêm a saúde física. Essa condição, não obstante, é transitória e tende a desaparecer. Observe-se, portanto, como é de máxima importância para os Estudantes de Ocultismo persistir em suas aspirações.
Se alguém tentar adquirir poderes ocultos sem ideais elevados ou objetivos altruístas, o resultado físico será deplorável. Um grande número de males físicos entre os Estudantes de Ocultismo deve-se a esse fato.
Todo pensamento egoísta ou de ódio imprime-se no sangue e nos pulmões, retardando o processo regenerativo. Por outro lado, os pensamentos de amor, justiça e harmonia constroem o Corpo Vital e aumentam a vitalidade do Corpo Físico. A regeneração, na maior parte dos indivíduos, ocorre em um grau vibratório muito baixo, porque, por via de regra, o homem comum injeta continuamente os mesmos pensamentos negativos em sua corrente sanguínea. Daí estar sempre acompanhado de dores e enfermidades.
No Estudante de Ocultismo, esse processo regenerativo se efetua muito mais rapidamente. E em muitos casos, a corrente sanguínea pode ser praticamente regenerada em curto tempo. Alguns dos velhos pensamentos, não obstante, estão sujeitos a reintroduzirem-se na corrente. Por isso, o processo segue repetindo-se até que estejamos completamente purificados de toda escória.
Temos de trocar a roupagem de nossos corpos impuros pela brilhante veste que estamos tecendo dia-a-dia. Esse é o processo alquímico do qual resulta a saúde perfeita. Quando formos “ouro puro”, quando a corrente sanguínea carregar só o puro, como os pensamentos de Cristo, então aparentemente operaremos milagres. Com a energia restante curaremos os demais, dissiparemos a desarmonia, a tristeza e o sofrimento, irradiaremos amor, paz e bons pensamentos. Então, transcenderemos os laços familiares e raciais sem deixar de cumprir todos os nossos deveres, porque nos teremos purificado desses sanguíneos. Nós nos sentiremos, então, universais.
O coração, grande distribuidor de sangue, não alimentará preferências, mas amará a tudo e todos sem considerar religião, cor ou casta.
Cristo disse: “Deveis nascer de novo”. Esse renascimento estende-se ao físico, conforme o axioma hermético “como é em cima, assim é embaixo”.
Depende apenas de cada um de nós a formação do veículo que nos capacitará a perceber a verdade nos Planos internos. Harmonizando nossas vidas com os princípios divinos, de acordo com a verdadeira religião, estaremos construindo o Corpo-Alma, o Dourado Traje de Bodas.
Uma vida de amor e serviço aos demais constrói o Corpo-Alma. Esta vivência não só atrai e elabora os dois Éteres superiores, o Refletor e o Luminoso, como a seu tempo produzirá uma separação que os diferenciará dos dois Éteres inferiores. Depois de completada essa separação, o Corpo-Alma encontra-se pronto para os voos da Alma. Isso constitui a cor azul-dourada do amor, que distingue o santo do ser humano comum.
Estamos recebendo ajuda para construir este Corpo-Alma, ajuda do Cristo, o Espírito Interno da Terra, por meio de suas emanações etéricas que, brotando do centro do globo, atravessam nossos Corpos Vitais. Mesmo depois de separados os Éteres superiores e inferiores, o Corpo-Alma prossegue crescendo, contanto que seja alimentado. Tal qual outro corpo, necessita de alimentação para crescer e permanecer em condições saudáveis. Porém se deixamos de alimentar o Cristo Interno, experimentaremos uma grande fome espiritual, muito mais intensa e dolorosa que a fome física. Conforme se ampliam nossos conceitos sobre a verdade, o Corpo Vital demanda uma classe de alimento mais elevado, em forma de boa literatura, arte, música e uma vida de compaixão e serviço ao próximo. Um conceito puramente intelectual da verdade não é suficiente, devendo-se consistir em um sentimento interno e espiritual. A razão e o discernimento são faculdades intelectuais; no entanto, o intelecto mais desenvolvido falharia sem assimilação espiritual: o coração e a Mente têm que cooperar entre si. Nem todos temos a mesma acuidade mental, donde a verdade concebida pela Mente não pode ser idêntica para todos. Contudo, o espírito é uno e quem é espiritualmente consciente conhecerá a verdade. Evidentemente, existe uma grande diferença entre o conhecimento da verdade e a posse de um mero conhecimento mental dela.
O caminho da preparação pessoal é o preço que pagamos pela verdade. A obtenção consciente dela é o resultado de viver a vida estritamente moral, consoante às normas espirituais. Não há outro meio.
Emerson disse: “O homem deve aprender a descobrir e observar esse facho de luz que resplandece através de sua Mente, oriundo de um lugar muito mais iluminador que o firmamento dos poetas e sábios”.
O dilema naturalmente surge na Mente do Estudante: quantos conhecem a verdade, quando a encontram?
Em Cartas aos Estudantes, Max Heindel nos dá a resposta quando trata do exercício de Retrospecção. Segundo o Mestre, se for possível que esse exercício seja praticado sinceramente pelas pessoas mais depravadas, durante seis meses e ininterruptamente, elas serão regeneradas. Os mais zelosos testemunham os benefícios dessa prática, particularmente em relação às faculdades mentais e à memória.
Ademais, por esse juízo imparcial de si mesmo, noite após noite, o Estudante aprende a distinguir o verdadeiro do falso em um grau impossível de se obter por outros meios. Dentro de nós encontra-se o único tribunal da verdade. Se nos habituarmos a colocar nossos problemas diante desse tribunal, persistentemente, com o tempo desenvolveremos um sentido superior da verdade, facultando-nos a perceber se uma ideia avançada é falsa ou verdadeira. A menos que estabeleçamos esse tribunal interno da verdade, vagaremos de um lugar a outro falando mentalmente durante toda nossa vida, conhecendo um pouco mais no final do que no princípio ou, talvez, menos. Portanto, o Estudante nunca deve rejeitar ou aceitar, nem seguir às cegas qualquer pessoa, mas procurar estabelecer o tribunal dentro de si mesmo.
Temos outro método pelo qual podemos diferenciar a verdade da imitação. Há pessoas, exímias fabricantes de imitações de artigos legítimos, tentando enganar compradores incautos. Esses, a menos que disponham dos meios para conhecer o artigo genuíno, correm o risco de serem ludibriados. Nesse aspecto o buscador da verdade corre o mesmo risco. O colecionador amiúde guarda seu tesouro em um lugar especial, deleitando-se com ele a sós. Frequentemente, anos mais tarde ou após sua morte, descobre-se que algumas das peças guardadas e muito apreciadas eram grosseiras imitações sem valor algum; assim também, aquele que encontra algo que entende por verdade pode enterrá-lo em seu próprio peito, percebendo depois de muitos anos que houvesse sido enganado por uma imitação. Por isso, torna-se necessária uma prova final para eliminar toda possibilidade de decepção. A questão é: como descobri-la e aplicá-la? A resposta é tão simples como eficiente: pelo método.
Os colecionadores descobrem que uma peça seja pura imitação porque a exibem para quem conhece a original. Se expõem seus acervos ao público, ao invés de mantê-los em segredo, prontamente saberão se têm peças falsas ou legítimas. Assim como a preocupação em ocultar os objetos colecionados favorece e estimula a fraude por parte dos comerciantes de raridades, inescrupulosos, da mesma forma o desejo de guardar para si os conhecimentos pode facilitar o trabalho dos traficantes das imitações ocultas do saber. Como poderíamos comprovar o valor de uma ferramenta, senão pelo uso? Nós a compraríamos, se o vendedor exigisse que a mantivéssemos guardada, em vez de utilizá-la? Seguramente que não!
Insistiríamos em empregá-la em nosso trabalho para constatar se serviria ao fim que lhe destinamos. Uma vez comprovada sua utilidade, nós nos sentiríamos satisfeitos em tê-la adquirido.
Considerando esse princípio, por que comprar certos artigos, se os comerciantes fazem questão de ocultá-los? Se fossem legítimos, não haveria necessidade de mantê-los em segredo. E, a menos que possamos utilizá-los em nossas vidas diárias, não terão valor algum.
Todo aquele que encontra a verdade deve empregá-la no trabalho do mundo para assegurar que sua legitimidade resista à prova e dar aos outros a oportunidade de compartilhar o tesouro encontrado.
Portanto, é mister observarmos a exortação do Cristo: “DEIXAI QUE BRILHE VOSSA LUZ”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1975)
Pergunta: Estou intrigado sobre o significado do verso da escritura utilizado em relação ao Emblema Rosacruz: “Se andarmos na Luz como Ele na Luz está, teremos comunhão uns com os outros”. Como podemos caminhar na Luz? Significa isto que temos comunhão com o Cristo, ou uma pessoa com outra, ou a temos com o Cristo e simultaneamente com outras pessoas? Significará que todas as pessoas, caminhando na Luz, receberão iluminação?
Resposta: A “Luz” em questão é a do Corpo-Alma, aquela vestimenta luminosa que tecemos pelo amor e sacrifício desinteressado ao próximo. Compõe-se dos dois Éteres superiores (de Luz e Refletor) do Corpo Vital e é o veículo particular do Cristo em nós. O Princípio Crístico é o Princípio de Unidade, estando relacionado ao Mundo do Espírito de Vida, o primeiro dos mundos universais e, portanto, quando construímos o Corpo-Alma e caminhamos em sua luz (é de fato luminoso) estamos andando num mar de UNIDADE, por assim dizer. Assim “temos comunhão” ou sentimos uma união com todas as criaturas de Deus.
Relativamente ao Corpo-Alma, é-nos ensinado nos Ensinamentos Rosacruzes, que: “A parte do Corpo Vital formada pelos dois Éteres superiores, é o que podemos chamar de Corpo-Alma, isto é, é mais diretamente ligado com o Corpo de Desejos e a Mente e também mais maleável para o contato com o Espírito, que os dois Éteres inferiores. É o veículo do intelecto, e responsável por tudo o que faz do ser humano um indivíduo. Nossas observações, aspirações, carácter, etc. são devidos ao trabalho do Espírito nestes dois Éteres superiores, os quais se tornam mais ou menos luminosos conforme a natureza de nosso carácter e hábitos. Também, conforme o Corpo Denso assimila partículas de alimento ganhando assim carne, os dois Éteres superiores assimilam nossas boas ações, crescendo de volume. De acordo com nossas ações aumentamos ou diminuímos, nesta vida, aquilo que trouxemos conosco ao nascer”.
“Conforme novas formas vão sendo propagadas através do segundo Éter (de Vida), o Ser Superior, o Cristo Interno, forma-se através deste mesmo veículo de geração, o Corpo Vital, em seus aspectos superiores incorporados aos dois Éteres superiores.
“Mas à semelhança de um bebê que requer nutrição, também o Cristo ao nascer é um bebê precisando de alimento para se tornar um pleno adulto. E assim como o corpo físico cresce por contínua assimilação de material da região química (sólidos, líquidos e gazes), semelhantemente, conforme o Cristo cresce, crescerão os dois Éteres Superiores, formando uma nuvem luminosa em volta do ser humano que seja suficientemente merecedor de apontar para o céu seu rosto; revestirá o peregrino com luz tão brilhante que ele “andará na luz”, literalmente”.
“São Paulo enfatiza que nós temos — um “soma psuchicon” (traduzido erradamente como corpo natural), um “Corpo-Alma”, feito de éter, que é mais leve que o ar e, portanto, capaz de levitar. Este é o Dourado Traje de Bodas, a Pedra Filosofal, ou a Pedra Viva, mencionada em algumas antigas filosofias como a Alma Diamantina, pois é luminosa, brilhante e faiscante — uma gema sem preço …. Este veículo eventualmente evoluirá na humanidade em seu todo, mas durante a mudança da Época Ária para as condições etéricas da Época Nova Galileia, haverá pioneiros como os Semitas originais fizeram na mudança da Época Atlante para Época Ária”.
“O Corpo-Alma ou ‘Traje de Bodas’ está latente em todos nós. Fica mais resplandecente pela alquimia espiritual, pela qual o serviço é transmutado em crescimento de alma. É a casa ‘feita sem mãos’, eterna nos céus, com a qual São Paulo aspirava cercar-se”.
O “Corpo-Alma” não deve ser confundido absolutamente com a alma que o interpenetra. O Auxiliar Invisível que o utiliza em voos anímicos sabe ser tão real e tangível como o corpo de carne e sangue. Mas dentro deste traje dourado de bodas há um “algo intangível” reconhecido pelo espírito de introspecção. E indescritível; foge aos mais persistentes esforços da imaginação, contudo, lá está tão certamente quanto está o veículo que ele preenche — sim, e ainda mais. Não é vida, amor, beleza, sabedoria, nem outro conceito humano que possa dar a ideia do que seja, pois é a soma de todas as faculdades, atributos e conceitos do bem imensamente intensificados. Se tudo o mais fosse-nos tirado, esta realidade suprema ainda permaneceria, e estaríamos ricos por sua posse, pois através dela sentimos o poder arrebatador de nosso Pai no Céu, o incentivo interior que todo aspirante conhece tão bem”.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – jan/fev/88)