Arquivo de tag Cordão Prateado

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Getsemani de Cada Um de Nós

Imaginem um lugar bem antigo onde existia um moinho, pessoas que trabalhavam nele, os moeiros, onde existiam guardas que guardavam uma casa.

Lembra-te do teu Criador, nos dias da juventude, antes que cheguem os dias nefastos e se aproximem os anos dos quais dirás: ‘Não gosto deles! ‘

Antes que se obscureçam a luz do sol, a lua e as estrelas, e voltem às nuvens depois da chuva!

– Naquele dia os guardas da casa começarão a tremer, e os homens robustos a se encurvar; os moleiros, por serem poucos, cessarão de moer, e ficarão embaciados os que olham pelas janelas; as portas sobre a rua se fecharão, e diminuirá o ruído do moinho até tornar-se como o pipiar de um pássaro e extinguir-se o som das canções; haverá medo das alturas e sobressaltos no caminho plano; a amendoeira há de florescer, o gafanhoto engordar, e a alcaparra estalar; então o homem seguirá para a morada eterna, e pelas ruas andarão os carpidores – antes que se solte o fio de prata e se despedace a taça de ouro, quebre-se o cântaro na fonte e se parta a roldana da cisterna; o pó volte a terra, onde estava, e o espírito volte para Deus, seu autor”.

Os parágrafos precedentes podem ser encontrados no capítulo 12 do Livro do Eclesiastes, também conhecido como o “Poema sobre a velhice”.

Ele descreve a simplicidade de sentimentos e apegos que deve envolver esse período de nossa peregrinação nesse Mundo Físico e o seu fim, com a morte, com o término de mais uma peregrinação. Percebam o que envolve o ser humano nesse período: declínio da vida física: “antes que obscureçam a luz do Sol, a Lua e as Estrelas e voltem as nuvens depois da chuva!”.

O Corpo Denso, o físico, começa a fraquejar: “naquele dia os guardas da casa começarão a tremer, e os homens robustos a se encurvar, os moleiros, por serem poucos, cessarão de moer (os sistemas e os órgãos do nosso Corpo Denso), e ficarão embaciados os que olham pelas janelas (os nossos olhos), as portas sobre a rua se fecharão (o nosso cérebro) e diminuirá o ruído do moinho até tornar-se como o pipiar de um pássaro e extinguir-se o som das canções (diminui a importância das coisas externas e que estão ao nosso redor)”.
E o medo que a muitos aparecem nesse período: “haverá medo das alturas e sobressaltos no caminho plano (…) então o homem seguirá para a morada eterna e pelas ruas andarão os carpidores (chega o momento no qual as experiências que o Espírito pode adquirir em seu ambiente atual ficam esgotadas)”.

E, finalmente, a morte como destino final de mais uma passagem por esse Mundo Físico: “antes que se solte o fio de prata (rompimento do Cordão Prateado) e se despedace a taça de ouro (morte do Corpo Denso) (…) o pó volte a terra, onde estava, e o espírito volte para Deus, seu autor”.

Está aí a única certeza dessa vida: a Morte.

Nesse exato momento revemos todos os acontecimentos que ocorreram nessa última peregrinação. É o panorama dessa última existência.

O objetivo desse panorama é a gravação, no Corpo de Desejos, de tudo que aqui fizemos.

E como é feita essa gravação? Durante a nossa existência nesse Mundo Físico, tudo que fazemos é gravado num átomo que permanece durante toda essa nossa existência no coração, mais precisamente próximo a uma região conhecida como ápice, no ventrículo esquerdo do coração. Ele é conhecido como: Átomo-semente do Corpo Denso.

Ao contrário de todos os outros átomos do nosso Corpo Denso que são todos substituídos de 7 em 7 anos, esse Átomo-semente nunca é substituído.

Cada um de nós o carrega o que hoje conhecemos como o Átomo-semente do Corpo Denso, que ganhamos de seres muitos avançados – conhecidos, na Bíblia, como os Tronos e, na terminologia Rosacruz como Senhores da Chama – num passado longínquo conhecido como Período de Saturno.

Esse Átomo-semente é também conhecido como o Livro dos Anjos do Destino, devido a possuir todos os registros dessa nossa existência aqui na Terra e que, devidamente gravados e assimilados, nos ajudarão, posteriormente, junto com os Anjos do Destino, a escolhermos o próximo destino que gostaríamos (e necessitaremos) de viver nas próximas vidas.

Esses registros compõem a Memória Supraconsciente de cada um de nós. Aquela Memória que se encarrega de gravar tudo aquilo que vemos e percebemos ou não. Aquela nossa Memória que parece com uma foto de uma máquina fotográfica. Não importa se na cena que estamos tirando tal foto observamos cada detalhe. A foto terá todos esses detalhes.

Portanto, essa Memória é muito mais completa do que aquela que costumeiramente utilizamos e que conhecemos como Memória Consciente, aquela que utilizamos para ver o que queremos ver e, portanto, lembrar daquilo que nós queremos lembrar.

Está aqui a importância do exercício da observação dado no Conceito Rosacruz do Cosmos. A sua prática melhora sensivelmente a Memória Consciente de modo que aprendemos a ver muito mais do que queremos ver e a lembrar muito mais do que queremos lembrar.

A assimilação da diferença desses dois tipos de Memória que cada um de nós temos, faz-nos entender porque Cristo disse que: “temos olhos, mas não vemos”.

Portanto, as cenas, com seus sentimentos, suas peculiaridades e todos os seus milhões de detalhes, chegam até a esse Átomo-semente por meio do ar, carregado de Éter, que respiramos e, após passar pelos pulmões, chega ao coração através do sangue.

Então, a qualquer momento, temos nesse Átomo-semente do Corpo Denso, todo o panorama dessa última existência até esse instante.

É a gravação desse panorama no Corpo de Desejos que nos dará material para assimilarmos, na nossa passagem nos Mundos Suprafísicos, tudo que aprendemos aqui nessa nossa peregrinação pelo Mundo Físico.

Este momento é de extrema importância para a nossa vida post-mortem. Desta revisão depende toda a nossa existência desde a morte até o nosso novo nascimento.

A duração desse panorama varia de pessoa para pessoa, ou melhor, varia de acordo com a saúde e a força do Corpo Vital. Por exemplo, se o Corpo Vital se encontrar extenuado devido a uma longa enfermidade antes da morte do Corpo Denso, então o panorama pode ter uma duração mais curta.

Outro exemplo de curta duração desse panorama é para aqueles aspirantes à vida superior que fazem sincera e diariamente o Exercício de Retrospecção, todas as noites como indicado no livro O Conceito Rosacruz do Cosmos, de Max Heindel.

Por isso que é importantíssimo durante até 3 dias e meio, após o falecimento, deixarmos a pessoa que acabou de morrer num ambiente sem nenhuma perturbação exterior, sem nenhuma comoção (como por exemplo: choro, lamentações, histerias), num ambiente onde reine a quietude, a paz e a oração.

A atitude correta e que muito ajudará o espírito que acaba de partir, deve ser animadora, esperançosa e encorajadora. O sentimento egoísta de perda deve ser controlado para que o Espírito que acaba de partir seja encorajado a seguir nessa nova jornada.

Ao invés de pensar nesse momento: “O que farei agora sem essa pessoa que perdi? Não sei viver sem ela”, devemos pensar assim: “Torço para que essa pessoa esteja ciente das novas condições que a cercam e consiga desprender-se de tudo isso que a rodeia, desse Corpo Denso que já não mais lhe serve, sem se preocupar por nos ter deixado”.

Afinal a morte não existe. Ou será que o que entendemos por morte não é um novo nascimento nos Mundos Suprafísicos? Como, do mesmo modo, o que entendemos por nascimento é uma nova morte nos Mundos Suprafísicos.

Porque no momento do desprendimento do Espírito de seu Corpo Denso e da revisão dessa sua última existência na Terra, ele está passando o seu Getsemani, que nos fala a Bíblia no Evangelho Segundo São Mateus 26:36-46, e aqui, nesse momento, cada um nós necessita de todo o auxílio que possam nos prestar.

Devemos entender que no momento da morte, a colheita está começando; semeamos a via inteira e colhemos o fruto ao chegar à morte.

O valor de toda essa existência que está prestes a terminar depende grandemente das condições que prevaleçam em torno do corpo.

Durante até os três dias e meio que compõe a passagem do panorama, o Ser Humano sentirá qualquer intervenção no seu Corpo Denso, além de atrapalhar a perfeita assimilação da contemplação desse panorama.

Assim, a cremação, as autópsias, o embalsamento ou qualquer outra intervenção no Corpo Denso durante esses até três dias e meio, não só perturbam mentalmente o espírito que se vai como podem até mesmo causar certa quantidade de dor, porque ainda existe uma ligeira conexão entre ele e o veículo físico abandonado.

Só após ocorrer a revisão desse panorama em sua totalidade é que se rompe o Cordão Prateado, aquele que liga o Átomo-semente do Corpo de Desejos, situado no grande vórtice na posição referida do fígado, ao Átomo-semente do Corpo Denso, situado na posição referida do coração, e que juntos se unem com o Átomo-semente do Corpo Vital, situado na posição referida do Plexo Celíaco.

Aquele que liga os nossos três Corpos e que serve de conexão entre eles durante toda a nossa vida.

Aquele que nos mantém conectados ao nosso Corpo Denso quando, à noite, saímos do nosso Corpo Denso, levando conosco nossos Corpos Suprafísicos.

Portanto, o Cordão Prateado só se rompe após a contemplação de todo o panorama. E isso pode durar até 3 dias e meio após o acontecimento que conhecemos por Morte.

Após o rompimento do Cordão Prateado deixamos o nosso Corpo Denso, levando conosco: o Átomo-semente desse Corpo Denso (ou seja, a quintessência de tudo que o Corpo Denso é), o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente.

A partir desse momento esse Corpo Denso começa a voltar de onde ele foi formado, ou seja, como diz no poema: o pó volte a terra, onde estava.

Portanto, o rompimento do Cordão Prateado determina o fim de mais uma existência no Mundo Físico. E não há nada que o possa restabelecer.

Este panorama é iniciado primeiro por aquilo que acabou de acontecer assim que demos o último alento e assim por diante até chegarmos ao primeiro alento, a primeira respiração que inalamos, quando nascemos nesse Mundo Físico mais uma vez.

Dessa forma gravamos primeiro os efeitos dos nossos atos e depois as causas. Desse modo fica mais fácil, num passo posterior da nossa existência nos Mundos Suprafísicos, entendermos porque cada efeito foi provocado por determinada causa.

Nesse panorama vão passando os acontecimentos e podemos perceber tudo o que fizemos, tudo aquilo que fizemos aos outros, todas as angústias, todas as gratidões, todas as alegrias, todas as tristezas, todas as maldades, todas as bondades, todas as ações, todas as omissões.

Aqui no momento desse panorama temos o primeiro vislumbre que nos dá a certeza de que a finalidade dessa vida é tão somente obter experiências, mostrando que cada vida tem algum fruto a ser colhido.

No momento desse panorama temos o primeiro vislumbre da dificuldade que tivemos ao educar nosso Corpo Denso durante os anos da infância com toda a falta de habilidade; da dificuldade em controlar o Corpo de Desejos no período ardente e impulsivo da juventude, até chegarmos a maturidade, quando então pudemos utilizar verdadeiramente esses veículos para o uso espiritual.

E ainda aqui na maturidade, quantos não percebem essa oportunidade, quantos não conseguem considerar o lado sério dessa existência, e quantos nem começam realmente aprender as lições que determinam o crescimento da nossa alma, quantos passam pela maturidade sem perceber a quantidade enorme de oportunidades que perdem.

E quando percebem é porque estão sofrendo fisicamente, porque seu Corpo Denso já não obedece mais, porque já está definhando, esperando a morte chegar.

Por isso que na nossa presente existência na Terra, devemos viver intensamente, dando-nos tempo de satisfazer todas as nossas ambições ou comprovar sua futilidade, de cumprir todos os nossos deveres, de aprendermos as lições que escolhemos aprender.

Por isso que é imprescindível tentarmos viver uma vida longa e da maneira mais intensa possível.

Cuidarmos muito bem do nosso Corpo Denso, instrumento maravilhoso de aprendizagem nesse Mundo Físico.

Que satisfação terminarmos mais uma existência nesse Mundo Físico com a certeza do dever cumprido!

QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Nossa vida aqui, nossa vida lá, nossos poderes aqui, nossos poderes lá

Nossa vida aqui, nossa vida lá, nossos poderes aqui, nossos poderes lá

Cedo ou tarde chegará um momento em que a consciência será forçada a reconhecer o fato de que a vida, como a conhecemos, seja passageira e que, em meio a todas as incertezas da nossa existência, haja apenas uma certeza — a Morte!

Quando a Mente é despertada pelo pensamento desse salto no escuro, que em algum momento deve ser tomado por todos, as grandes perguntas — De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? — devem inevitavelmente surgir. Esse é um problema fundamental com o qual todos devem, mais cedo ou mais tarde, lidar e é da maior importância como resolveremos isso, porque a opinião que adotarmos vai colorir toda a nossa vida.

Somente três teorias dignas de reconhecimento foram apresentadas para resolver esse problema. Para nos situarmos em um dos três grupos da humanidade que foram separados por sua aderência a uma dessas hipóteses é necessário conhecê-las, analisar calmamente, comparar umas às outras e a fatos estabelecidos. A palestra nº 1, publicada no Livro Cristianismo Rosacruz, faz exatamente isso e, concordando ou não com suas conclusões, certamente teremos uma compreensão mais abrangente dos vários pontos de vista envolvidos para podermos formar uma opinião inteligente, quando lermos O Enigma da Vida e da Morte.

Se chegarmos à conclusão de que a morte não acaba com a nossa existência, será muito natural perguntar: onde estão os mortos? Essa questão importante é tratada na palestra nº 2. A lei de conservação da matéria e energia impede a aniquilação, mas vemos que a matéria esteja constantemente mudando do estado visível para o invisível e vice-versa, como, por exemplo, no caso da água que é evaporada pelo sol, parcialmente condensada em forma de nuvem e depois cai de novo na terra, como chuva.

Também a consciência pode existir e não ser capaz de fornecer qualquer sinal disso, como nos casos onde as pessoas foram consideradas mortas, porém acordaram e disseram tudo o que foi falado e feito em sua presença.

Portanto, deve haver um Mundo invisível feito de força e matéria que seja tão independente da nossa cognição quanto a luz e a cor independem do fato de não serem percebidas pelos cegos.

Nesse Mundo invisível, os “mortos” vivem em plena posse de todas as faculdades mentais e emocionais. Vivem aí uma vida tão real quanto a existência aqui, no Mundo visível.

O Mundo invisível é conhecido por meio de um sexto sentido desenvolvido por alguns, mas latente na maioria das pessoas. Pode ser desenvolvido por todos; no entanto, métodos diferentes produzem resultados variados.

Essa faculdade compensa a distância de um modo bem superior aos melhores telescópios e a falta de tamanho é contrabalançada em um grau inacessível ao microscópio mais poderoso. Ela penetra onde o raio-X não pode. Uma parede ou uma dúzia de paredes não são mais densas para a visão espiritual do que o cristal é para a visão comum.

Na palestra nº 3, Visão Espiritual e os Mundos Espirituais, essa faculdade é descrita e a palestra nº 11, Visão e Intuição Espirituais, fornece um método seguro para o seu desenvolvimento.

O Mundo invisível é dividido em diferentes domínios: Região Etérica, Mundo do Desejo, Região do Pensamento Concreto e Região do Pensamento Abstrato.

Essas divisões não são arbitrárias, mas necessárias porque a substância de que são compostas obedece a leis diferentes. Por exemplo, a matéria física está sujeita à lei da gravidade; no Mundo do Desejo, porém, as formas levitam tão facilmente quanto gravitam.

O ser humano precisa de vários veículos para funcionar nos diferentes Mundos, do mesmo jeito que necessita de uma carruagem para andar sobre a terra, de um barco para o mar e uma aeronave para o ar.

Sabemos que ele precisa de um Corpo Denso para viver no Mundo visível. Ele também tem um Corpo Vital, composto de éter, que lhe permite sentir as coisas ao seu redor. Um Corpo de Desejos formado pelos materiais do Mundo do Desejo, o que lhe confere uma natureza apaixonada e o incita à ação. A Mente é formada pela substância da Região do Pensamento Concreto e atua como um freio por impulso: ela dá propósito à ação. O ser humano real, o Pensador ou Ego, age na Região do Pensamento Abstrato, operando sobre, e através de, seus vários instrumentos.

A palestra nº 4 trata das condições normais e anormais da vida como Sono, Sonhos, Transe, Hipnotismo, Mediunidade e Loucura. Os veículos mais refinados mencionados anteriormente são todos concêntricos ao Corpo Denso, no estado de vigília, quando estamos ativos em pensamentos, palavras e ações; contudo, as atividades do dia fazem com que o corpo fique cansado e com sono.

Quando o desgaste causado pelo uso de um edifício torna necessários reparos exaustivos, os inquilinos precisam sair para que os trabalhadores possam ter espaço total para a restauração. Portanto, quando o desgaste do dia esgota o corpo, é necessário que o Ego saia. Essa retirada torna o corpo inconsciente, sendo necessário um trabalho preciso para restaurar seu tom e ritmo. Durante a noite, o Ego paira ao lado de fora do Corpo Denso, envolto no Corpo de Desejos e na Mente. Às vezes, o Ego retira-se apenas parcialmente, tendo uma das metades dentro do corpo e a outra, fora; quando isso ocorre, ele vê o Mundo do Desejo e o Mundo Físico, mas de forma confusa como em um sonho.

O hipnotismo é um ataque mental. A vítima desavisada é expulsa do seu corpo e o hipnotizador obtém o controle. As vítimas do hipnotizador são libertadas com a morte dele, no entanto; mas o médium não tem tanta sorte. Os espíritos que o controlam são realmente hipnotizadores invisíveis. Essa invisibilidade oferece grandes possibilidades de enganar e após a morte eles podem tomar posse do Corpo de Desejos do médium e usá-lo por séculos, impedindo que sua infeliz vítima progrida no caminho da evolução. Essa última fase da mediunidade é elucidada na palestra nº 5, Morte e Vida no Purgatório.

O que chamamos de morte é, na realidade, apenas a mudança de consciência de um Mundo para outro. Temos uma ciência do nascimento com enfermeiras treinadas, obstetras, antissépticos e todos os outros meios de cuidar do Ego que chega; contudo, precisamos muito de uma ciência da morte, pois quando um amigo está saindo da existência concreta, permanecemos impotentes, ignorantes em relação a como ajudar; ou pior, fazemos coisas que tornam a passagem infinitamente mais difícil do que se estivéssemos apenas ociosos. Dar estimulantes é uma das piores ofensas contra os moribundos, porque atrai novamente o espírito ao Corpo Denso e o faz com a força de uma catapulta.

Depois que o coração parou, pela ruptura parcial do Cordão Prateado (que unia os veículos superiores do ser humano aos inferiores durante o sono e, após a morte, permanece indiferente por um tempo que varia de algumas horas a três dias e meio), o espírito ainda pode sentir o embalsamamento do corpo físico, sua abertura para exames post-mortem ou a cremação. Esse corpo não deve, portanto, ser incomodado, porque o Ego que passa de um Mundo ao outro está empenhado em revisar as imagens de sua vida passada (que são vistas em um lampejo por pessoas que se afogam). Essas imagens são impressas diariamente e a cada hora no éter do Corpo Vital, independentemente da nossa observação, assim como uma imagem detalhada é impressa na placa fotográfica pelo éter, ainda que o fotógrafo não tenha observado seus detalhes. Elas formam um registro absolutamente verdadeiro da nossa vida passada, que podemos chamar de Memória subconsciente (ou Mente subconsciente) e é muito superior à visão que armazenamos conscientemente em nossa memória (na Mente).

Sob a imutável Lei da Consequência, que decreta que aquilo que nós semearmos nós colheremos, os atos da vida são a base da nossa existência após a morte. O panorama de uma vida passada é o livro dos Anjos do Destino, os organizadores da partitura que fazemos junto à Lei da Consequência.

A revisão do panorama da vida logo após a morte registra as imagens no Corpo de Desejos, que é o nosso veículo normal no Mundo do Desejo, onde o Purgatório e o Primeiro Céu estão localizados.

Esse panorama é o fundamento da purificação do mal, no Purgatório, e da assimilação de boas ações, no Primeiro Céu. É da maior importância que ele seja profundamente gravado no Corpo de Desejos, porque se a gravação for profunda e clara, o Ego sofrerá mais acentuadamente no Purgatório, e experimentará alegrias mais intensas no Primeiro Céu. Tais sentimentos permanecerão como consciência nas vidas futuras, impulsionando as boas ações e desencorajando os maus atos.

Se deixarmos o espírito em paz, tranquilo, para se concentrar no panorama da vida, a gravação será clara e nítida; no entanto, se os parentes desviarem sua atenção com altas e histéricas lamentações durante os primeiros três dias e meio, período onde o Cordão Prateado ainda está intacto, uma impressão superficial ou borrada fará com que o espírito perca muitas das lições que deveriam ter sido aprendidas. Para corrigir essa anomalia, os Anjos do Destino são frequentemente forçados a terminar a próxima vida dele na Terra durante a primeira infância, antes que o Corpo de Desejos tenha nascido, conforme descrito em Nascimento, um Evento Quádruplo (palestra nº 7), pois o que não foi vivificado não pode morrer; assim, a criança entra no primeiro céu e aprende as lições que não aprendeu anteriormente, tornando-se dessa forma equipada a passar pela Escola da Vida.

Como tais Egos mantêm o Corpo de Desejos e a Mente que tinham na vida em que morreram quando crianças, é comum que se lembrem dessa existência, porque só permanecem fora da vida terrena de um a 20 anos.

O sofrimento no Purgatório surge por duas causas: os desejos que não possam ser satisfeitos e a reação às imagens do panorama da vida — o bêbado, por exemplo, sofre as torturas de Tântalo, porque não tem meios de obter ou reter a bebida. O avarento sofre porque lhe falta a mão para impedir que seus herdeiros dissipem seu estimado tesouro. Assim, a Lei da Consequência elimina os maus hábitos até que o desejo se esgote.

Se tivermos sido cruéis, o panorama da vida irradia sobre nós a imagem de nós mesmos e de nossas vítimas. As condições são revertidas no Purgatório: nós sofremos como eles sofreram. Assim, com o tempo, somos expurgados do pecado. A matéria grosseira do desejo que forma a personificação do mal é expelida pela força centrífuga da Repulsão, no Purgatório, e retemos unicamente o puro e o bem, que são corporificados em matéria de desejo mais sutil que é dominada pela força centrípeta — Atração, que no Primeiro Céu une o que é bom, quando o panorama retrata cenas de nossas vidas passadas em que ajudamos outras pessoas ou nos sentimos gratos pelos favores recebidos, conforme descrito na palestra nº 6, Vida no Céu, que também fala da estadia no Segundo Céu, localizado na Região do Pensamento Concreto.

Esse também é o reino do tom, como o Mundo do Desejo é da cor e o Mundo Físico, da forma. O tom, ou som, é o construtor de tudo o que existe na Terra, como João diz: “No princípio era o Verbo (o som), e o Verbo se fez carne.”, a carne de todas as coisas, “Sem Ele nada do que foi feito se fez”. A montanha, o musgo, o rato e o ser humano são encarnações dessa Grande Palavra Criadora que desceu do céu.

Lá, o ser humano se torna um com as forças da natureza; Anjos e Arcanjos o ensinam a construir um ambiente conforme o que mereceu sob a Lei da Consequência. Se ele gastou seu tempo na especulação metafísica, igual aos hindus, deixou de construir um bom ambiente material e renascerá em uma terra árida, onde inundações e fome o ensinarão a voltar sua atenção às coisas materiais. Quando ele focaliza sua Mente no Mundo Físico, aspirando à riqueza e ao conforto material, constrói no Céu um inigualável ambiente material, uma terra rica com instalações que lhe trarão facilidade e conforto, como o mundo ocidental tem feito. Mas, dado que sempre ansiamos pelo que nos falta, as posses que temos nos saciam para além do conforto e estamos começando a desejar novamente a vida espiritual, como os hindus, nossos irmãos mais novos, querem agora a prosperidade material que temos e estamos deixando para trás, o que é melhor explicado na palestra nº 19, A Força Futura — Vril?, que mostra por que as práticas de ioga hindu são prejudiciais aos ocidentais: eles estão atrás de nós na evolução.

Depois que o Ego ajuda a construir o arquétipo Criativo para o ambiente de sua próxima vida terrena, no Segundo Céu, ascende ao Terceiro Céu, localizado na Região do Pensamento Abstrato. Mas poucas pessoas aprenderam a pensar de forma abstrata como os matemáticos; portanto, a maioria está inconsciente, como no sono, aguardando o Relógio do Destino — as estrelas, para indicar a hora em que os efeitos gerados pela ação das vidas passadas possam ser calculados. Quando os responsáveis pelo tempo celestial, o Sol, a Lua e os Planetas, alcançam uma posição adequada, o Ego acorda com o desejo de um novo nascimento.

Os Anjos do Destino examinam o registro de todas as nossas vidas passadas, estampadas na Mente supraconsciente toda vez que o Ego vai para o Terceiro Céu, conforme descrito na palestra nº 7, Nascimento, um Evento Quádruplo. Quando não há uma razão específica para a tomada de um determinado ambiente, o Ego tem várias opções de encarnação. Elas são mostradas a ele em uma visão geral, exibindo o grande esboço de cada vida proposta, mas deixando espaço para o livre-arbítrio individual nos detalhes.

Depois que uma escolha é feita, o Ego deve liquidar as causas maduras que foram selecionadas pelos Anjos do Destino e qualquer tentativa de escapar será frustrada. Deve-se notar cuidadosamente que o mal seja erradicado no Purgatório. Somente as tendências restam para nos tentar, até que, de forma consciente, nós as vençamos. Assim, nascemos inocentes e pelo menos todo ato maligno é um ato de livre-arbítrio.

Quando o Ego desce em direção ao renascimento, reúne os materiais para seus novos corpos, mas eles não nascem ao mesmo tempo. O nascimento do Corpo Vital inaugura um rápido crescimento entre os sete anos e os 14, desenvolvendo também a faculdade de propagação. O nascimento do Corpo de Desejos, aos 14 anos, dá origem ao período impulsivo que vai dos 14 aos 21. Nessa idade, o nascimento da Mente fornece um freio ao impulso e concede a base para uma vida séria.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross em maio/1915 – traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Milagres?

Milagres?

São Pedro não ressuscitou Dorcas, assim como O Cristo não ressuscitou Lázaro nem ninguém, o que aliás, Ele não pretendeu ter feito. Ele disse: “Lázaro não está morto: dorme”.

Para que essa asserção possa ser bem compreendida devemos explicar o que se passa por ocasião da morte e em que essa difere da letargia, pois as pessoas acima mencionadas estavam nesse estado na ocasião em que os supostos milagres foram executados.

Durante a vigília, enquanto o Ego age conscientemente no Mundo Físico seus diversos veículos estão concêntricos: ocupam o mesmo espaço. Contudo, à noite, durante o sono, ocorre uma separação: o Ego, revestido do Corpo de Desejos e da Mente, desliga-se dos Corpos Denso e Vital que ficam sobre o leito. Os veículos superiores flutuam próximo e acima deles. Estão ligados aos outros dois corpos pelo Cordão Prateado, um fio estreito e brilhante com três segmentos, onde dois deles tem a forma de dois seis invertidos e do qual uma das extremidades está ligada ao Átomo-semente no coração e a outra no Átomo-semente do Corpo de Desejos.

No momento da morte, esse fio desliga-se do coração. As forças do Átomo-semente passam pelo nervo pneumogástrico, pelo terceiro ventrículo do cérebro, através da sutura entre os ossos parietal e occipital, subindo aos veículos superiores que estão fora, por intermédio do Cordão Prateado. O Corpo Vital também se separa do Corpo Denso com essa ruptura (aliás é essa à única ocasião em que se dá essa separação) e junta-se aos veículos superiores que estão flutuando sobre o cadáver. Aí o Corpo Vital permanece cerca de três dias e meio. Depois desse tempo, os veículos superiores se desligam do Corpo Vital que começa a se desintegrar simultaneamente com o Corpo Denso, nos casos comuns.

No momento dessa última separação, o Cordão Prateado rompe-se pelo meio, no lugar da união dos dois seis, e o Ego encontra-se livre de qualquer contato com o mundo material (a Região Química do Mundo Físico).

Durante o sono, o Ego também se retira do Corpo Denso, mas o Corpo Vital continua interpenetrando esse último, e o Cordão Prateado permanece inteiro.

Acontece, às vezes, que o Ego não torna a entrar no corpo pela manhã, para despertá-lo como de hábito, porém fica fora durante algum tempo que varia. Nesse caso, porém, o Cordão Prateado não se rompeu. Quando ocorre essa ruptura, não será possível nenhuma restauração. O Cristo e os Apóstolos eram Clarividentes: sabiam que não tinha havido ruptura nos casos mencionados, e daí a afirmação: “Ele não está morto, dorme”. Eles possuíam o poder de obrigar o Ego a entrar no seu corpo e de restaurar as condições normais.

Assim foram feitos os supostos milagres.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – jul/ago/88)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Falecimento e a Vida depois Dele – Dos Escritos de Max Heindel

“Todos admitem que seja necessária prática para aprender-se a tocar piano, e que seria inútil pretender-se ser relojoeiro sem antes passar-se pelo aprendizado. Mas quando se trata da alma, da morte, do além ou das origens do ser, muitos creem saber tanto quanto qualquer outro e avocam-se o direito de emitir opinião, apesar de nunca terem consagrado a tais assuntos ao menos uma hora de estudo.”

Alcance aqui um excelente material para estudar sobre: o falecimento, o que acontece depois e até onde chegaremos antes de pensar em renascer.

**********

Há 3 meios de você acessar esse Livro:

1.Em formato PDF (para download:

O Falecimento e a Vida depois Dele – Max Heindel

2.Em formato de audiobook ou audiolivro:

Audiobook – Falecimento e a Vida depois dele – Max Heindel

3. Para estudar no próprio site:

O FALECIMENTO E A VIDA DEPOIS DELE

 Por

Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

 

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido e Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, 1971, The Passing – and Life Afterward, editada por The Rosicrucian Fellowship

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

ÍNDICE

INTRODUÇÃO

O Falecimento

O Cordão Prateado

O Panorama da Vida

O Mundo do Desejo: Purgatório

A Missão no Purgatório – Retrospecção – o Valor do Arrependimento e da Reforma Íntima

Vida no Mundo do Desejo, depois da morte aqui

O Mundo do Desejo: A Região Limítrofe

O Mundo do Desejo: O Primeiro Céu

O Mundo do Pensamento: O Segundo CéuRegião do Pensamento Concreto

O Terceiro Céu na Região Abstrata do Mundo do Pensamento

*****

Observação Importante

Uma das glórias da Religião Cristã é a promessa da vida eterna. Para aqueles cujas Mentes inquiridoras buscam algo além de uma fé cega nessa promessa, o Cristianismo Esotérico oferece o conforto de detalhes lógicos e satisfatórios sobre as atividades do Espírito depois que o Corpo Denso, o físico, é descartado.

INTRODUÇÃO

A maioria das pessoas tem um interesse instintivo no que acontece após a morte do Corpo físico, embora as ideias a esse respeito possam variar infinitamente. Infelizmente, muitos declarados como cristãos são bastante temerosos sobre a morte e a olham com medo. Esse é um grande erro e um grande obstáculo ao ser humano, pois seus pensamentos inferiores o afetam de uma maneira muito prejudicial sobre o valor que ele dá ao que realmente ocorre.

Que existe uma vida definitiva e maravilhosa para o Espírito depois que ele deixa o seu corpo físico não é mais uma questão de fé cega. Há muitas pessoas que se tornaram clarividentes voluntários capazes de observar as condições do outro lado do “véu” e, portanto, tiram qualquer dúvida sobre esse assunto importantíssimo. De fato, a humanidade em geral está lentamente desenvolvendo a visão etérica, de modo que, com a aproximação da Era Aquariana o conhecimento sobre as condições na terra dos mortos que vivem estará tão disponível como agora está o conhecimento de quaisquer países estrangeiros aqui na Terra.

A vida na Terra é somente uma fase de um ciclo evolutivo recorrente em que todos nós experimentamos e aprendemos em nossos Corpos físicos na Terra, deixando o plano físico, em seguida, para assimilar a essência do que aprendemos, reconstruir nossos Corpos, repousar e retornar à Terra para repetir o ciclo. O trabalho feito pelo ser humano nos Mundos superiores tem muitas facetas, e em um sentido mais abrangente   que seu trabalho na Terra.  A vida do ser humano não é, ao que parece, uma existência inativa, sonhadora ou ilusória. É um período da maior e da mais importante atividade na preparação para a vida futura, como o nosso sono diário o é na preparação ativa para o trabalho do dia seguinte.

Entre aqueles que desenvolveram suas faculdades de Clarividência positiva, isto é, sobre o controle das suas vontades, e podem observar, acuradamente, o que acontece nos Mundos invisíveis, está Max Heindel, um Iniciado da Ordem Rosacruz e fundador da Fraternidade Rosacruz. No seu livro “O CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS”, ele descreve, com detalhes, o que acontece no momento do falecimento e depois desse, entre vidas na Terra nos Mundos superiores. A maior parte do que segue daqui para frente é tirada, literalmente, deste iluminante livro.

O Falecimento

O ser humano, o Espírito individualizado, é um ser complexo. Ele possui não somente um Corpo Denso, físico, que utiliza aqui, neste Mundo, para se mover e agir, e que, muitas vezes, pensa que isso é o ser humano completo; mas também tem um Corpo Vital composto de Éter, que permeia o Corpo Físico visível e é um instrumento que especializa a energia do Sol. Além disso, ele possui um Corpo de Desejos, sua natureza emocional, que permeia ambos os Corpos: Denso e Vital, e se estende cerca de quarenta e um centímetros além do Corpo Físico. E há também a Mente, que é um espelho, refletindo o Mundo exterior e permitindo ao Espírito ou ao Ego transmitir seus comandos como pensamento e palavra, e que o incentiva a ação.

Durante a vida na Terra, o ser humano constrói e semeia até chegar o momento da morte. Então o tempo da semeadura e os períodos de crescimento e amadurecimento ficaram para trás. Chegou o tempo da colheita, quando o espectro da morte chega com sua foice e sua ampulheta. Esse é um símbolo adequado. O espectro simboliza a parte do Corpo que é relativamente permanente. A foice representa o fato que essa parte permanente, que está a ponto de ser colhida pelo Espírito, é a frutificação da vida que agora está se aproximando do fim. A ampulheta em sua mão indica que a hora não chegará senão até que o curso completo tenha ocorrido em harmonia com leis invariáveis.

Quando este momento chega ocorre uma separação dos veículos. Como sua vida no Mundo Físico terminou, não há necessidade que o ser humano conserve o Corpo Denso. O Corpo Vital, também pertencente ao Mundo Físico, é retirado pela cabeça, deixando inanimado o Corpo Denso.

Os veículos superiores – Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente – são vistos (pelo Clarividente) deixando o Corpo Denso em um movimento espiral, levando consigo a ALMA de um átomo denso – não o átomo em si, mas as FORÇAS que trabalham através dele. Os resultados das experiências passadas por meio do Corpo Denso, durante a vida que terminou, foram impressos neste átomo específico. Enquanto todos os outros átomos do Corpo Denso se renovam de tempos em tempos, este átomo permanente se mantém intacto. Ele permanece estável, não só durante uma vida, mas faz parte de todos os Corpos Densos usados pelo Ego em todas as sucessivas encarnações. É retirado na morte e só desperta na aurora de outra vida física para servir, outra vez, como um novo núcleo em torno do qual é construído o novo Corpo Denso a ser usado pelo mesmo Ego. É, por isso, chamado de “Átomo-semente”. Durante a vida, o Átomo-semente está situado no ventrículo esquerdo do coração, perto do ápice. Na morte, ele sobe ao cérebro, passando pelo nervo pneumogástrico, deixando o Corpo Denso juntamente com os veículos superiores, pelo caminho das suturas entre os ossos parietal e occipital (a sutura sagital).

Quando os veículos superiores deixaram o Corpo Denso, eles ainda estão conectados por um fino, brilhante e prateado Cordão em forma muito parecida a dois seis invertidos, uma na vertical e outra na horizontal, conectados nas extremidades do gancho.

Antes que o cordão prateado se rompa e o copo de ouro se parta, antes que o jarro se quebre na fonte e a roldana rebente no poço, antes que o pó volte à terra de onde veio e o sopro volte a Deus que o concedeu” (Ecl 12:6-7).

O Cordão Prateado

Um extremo desse Cordão prende-se ao coração por meio do Átomo-semente. É a ruptura do Átomo-semente que produz a paralisação do coração. O Cordão só se rompe depois que todo o panorama da vida passada, contido no Corpo Vital, foi contemplado.

Todavia, deve-se ter muito cuidado em não cremar ou embalsamar o corpo antes de decorridos, no mínimo, três dias e meio após a morte, porque enquanto o Corpo Vital e os corpos superiores permanecerem unidos ao Corpo Denso por meio do Cordão Prateado, o ser humano, em certa medida, sentirá qualquer exame post-mortem ou ferimento no Corpo Denso. A cremação deveria ser evitada nos três primeiros dias e meio depois da morte porque tende a desintegrar o Corpo Vital, que deve permanecer intacto até que se tenha imprimido, no Corpo de Desejos, o panorama da vida que passou.

O Cordão Prateado rompe-se no ponto de união dos dois seis, metade permanecendo com o Corpo Denso e a outra metade com os veículos superiores. A partir do momento que o Cordão se rompe o Corpo Denso fica completamente morto.

Quando o Cordão Prateado se desprende do coração e o ser humano se liberta do seu Corpo Denso, chega para o Ego o momento da mais alta importância. Nunca se repetirá suficientemente às pessoas da família de um agonizante, que é um grande crime contra a alma que parte, se entregarem às lamentações e manifestações de sofrimento. Isso justamente porque naquele momento ele está entregue a um ato de suprema importância, já que o valor de sua vida passada depende, em grande parte, da atenção que a alma possa prestar a esse ato. Isto será mais bem esclarecido quando descrevermos a vida do ser humano no Mundo do Desejo.

É também um crime contra o agonizante lhe ministrar estimulantes, cujo efeito é o de forçar os veículos superiores a entrarem, abruptamente, no Corpo Denso produzindo no ser humano um choque enorme. A passagem para o além não é tortura. Mas arrastar a alma de volta ao corpo para que continue sofrendo, isto sim é tortura. Há casos de mortos que contaram aos investigadores o quanto sofreram agonizando durante horas por esse motivo, rogando às famílias que cessassem seu mal-entendido carinho e os deixassem morrer.

O Panorama da Vida

Quando o ser humano se liberta do Corpo Denso, que era o mais considerável empecilho ao seu poder espiritual (como as luvas grossas nas mãos do músico, do exemplo anterior), tal poder volta-lhe de novo até certo ponto. Com isso ele pode ler as imagens contidas no polo negativo do Éter Refletor do seu Corpo Vital, que é o assento da memória subconsciente.

Toda sua vida passada desfila nesse momento ante sua visão como um panorama, apresentando os acontecimentos em ordem inversa. Os incidentes do dia que precedeu a morte vêm em primeiro lugar, e assim seguem para trás através da velhice, idade viril, juventude, meninice e infância. Tudo é revisto.

O ser humano permanece como espectador ante esse panorama da vida passada. Vê as cenas conforme se sucedem e que se vão imprimindo nos seus veículos superiores, mas nesse momento fica impassível ante elas. O sentimento está reservado para quando chegar a hora de entrar no Mundo do Desejo, que é o mundo do sentimento e da emoção. Por enquanto ele se encontra apenas na Região Etérica do Mundo Físico.

Esse panorama perdura de algumas horas até vários dias, dependendo isso do tempo que o ser humano possa manter-se desperto, se necessário. Algumas pessoas podem manter-se assim somente doze horas, ou menos ainda; outras podem manter-se, segundo a ocasião, por certo número de dias. Mas enquanto o ser humano puder se manter desperto esse panorama prossegue.

Esse aspecto da vida depois da morte é semelhante ao que acontece quando alguém se afoga ou cai de uma grande altura. Em tais casos o Corpo Vital também abandona o Corpo Denso. Então o ser humano vê a sua vida num relâmpago, pois em seguida perde a consciência. Naturalmente não há rompimento do Cordão Prateado, porque se tal se desse não haveria ressurreição possível.

Quando a resistência do Corpo Vital alcança o seu limite máximo, entra em colapso na forma descrita no fenômeno do sono. Durante a vida física, quando o Ego controla os seus veículos, esse colapso termina as horas de vigília. Depois da morte, o colapso do Corpo Vital encerra o panorama e força o ser humano a entrar no Mundo do Desejo. O Cordão Prateado rompe-se então no ponto onde se unem os “dois seis” (veja-se o Diagrama 5-A) efetuando-se a mesma divisão como durante o sono, porém com esta diferença importante: ainda que o Corpo Vital volte para o Corpo Denso, não mais o interpenetra. Simplesmente fica flutuando sobre a sepultura e desagregando-se sincronicamente com o veículo denso. Por isso o cemitério é um espetáculo repugnante para o clarividente desenvolvido. Bastaria que algumas pessoas a mais pudessem vê-lo, e não seria preciso maior argumentação para convencer a trocar o mau e anti-higiênico método de enterrar os mortos pelo método mais racional da cremação, que restitui os elementos à sua condição primordial sem que o cadáver alcance os desagradáveis aspectos inerentes ao processo da decomposição lenta.

Quando o Espírito deixa o Corpo Vital, o processo é muito parecido ao que se verifica ao deixar o Corpo Denso. As forças vitais de um átomo (do Corpo Vital) são levadas para serem empregadas como núcleo do Corpo Vital na futura encarnação. Deste modo, ao entrar no Mundo do Desejo o ser humano leva os Átomos-sementes dos Corpos: Vital e Denso, além do Corpo de Desejos e da Mente.

O Mundo do Desejo: Purgatório

Se o ser que está morrendo pudesse deixar todos os desejos para trás, o Corpo de Desejos muito rapidamente se libertaria, deixando-o livre para prosseguir para o Primeiro Céu, mas isso normalmente não acontece.  A maioria das pessoas, principalmente se elas morrem ainda jovens, possui muitos laços e interesses na vida na Terra. Elas não modificam seus desejos só porque perderam seu corpo físico. De fato, seus desejos são até aumentados pela vontade intensa de retornar. Isso as prende mais ao Mundo do Desejo de forma desagradável, embora, infelizmente, elas não entendam a realidade desse fato. Por outro lado, os velhos, decrépitos e aqueles enfraquecidos por longa enfermidade se libertaram da vida e passaram rapidamente.

O assunto pode ser ilustrado pelo caroço que se desprende da fruta madura onde nenhuma parte da polpa se adere, enquanto que, na fruta verde, o caroço se adere à polpa tenazmente. Assim, é muito difícil para as pessoas que morrem de acidente, estando em plena saúde e força física, ligadas à esposa, família, parentes, amigos e à procura de negócios e prazer.

Enquanto o ser humano manifesta seus desejos ligados à vida na Terra, ele tem que permanecer em seu Corpo de Desejos e à medida que o progresso do indivíduo requer que ele alcance regiões mais superiores, a existência no Mundo do Desejo tem que ser necessariamente purgatorial, tendendo a purificá-lo de seus pecados. Como isso acontece, pode ser melhor compreendido tomando alguns exemplos radicais.

O avarento, que amou seu ouro na vida terrena, continua a amá-lo após a morte, mas, em primeiro lugar, ele não pode adquirir mais porque não tem mais o Corpo Denso para agarrá-lo, e, pior que tudo, não pode sequer manter o que acumulou durante a vida. Ele irá, talvez, sentar-se perto do seu cofre e olhar o ouro e as ações guardadas por ele com tanto carinho. Mas os herdeiros aparecem e talvez zombando do “velho tolo avarento” (que eles não veem, mas que os vê e ouve), abrirão seu cofre e, embora ele se jogue sobre o ouro para protegê-lo, eles passarão suas mãos através de seu corpo, sem perceber ou sentir que ele está ali e irão gastar sua fortuna, enquanto ele sofre de tristeza e impotente raiva.

Ele sofrerá intensamente e seu sofrimento é ainda mais terrível por ser inteiramente mental, porque o Corpo Denso amortece o sofrimento de certa forma. No Mundo do Desejo, no entanto, esse sofrimento tem força total e o ser humano sofre até aprender que o ouro pode ser uma maldição. Assim, ele, gradualmente, se contenta com sua sorte e, finalmente, se liberta do Corpo de Desejos e está pronto para prosseguir.

Com certeza é possível evitar esse problema, enquanto encarnado, procurando descartar os bens materiais. Se usarmos o julgamento, quando verificamos que nossas vidas foram úteis até o fim, podemos dizer: Aqui estão coisas das quais não mais utilizarei, e sabendo que o tempo é curto; podemos procurar o que fazer com eles, saber a quem poderá ser útil, ou a quem posso ajudar a fazer uso dele para estabelecer algo para si mesmo?

O mesmo é verdadeiro em relação às afeições; devemos nos policiar para que não amemos ninguém com um amor desmedido – amor como aquele a quem se idolatra e os coloca acima de tudo. Se nos libertamos de todos os laços terrestres, então, estamos prontos para seguir adiante e não poderemos ser mantidos aqui.

Tomemos o caso do alcoólatra. Ele continua gostando de beber após a morte tanto quanto gostava anteriormente. Não é o Corpo Denso que anseia pela bebida. Ele se torna doente pelo álcool e não gostaria de passar sem ele. Em vão, protesta de diversas maneiras, mas o Corpo de Desejos do alcoólatra anseia pela bebida e força o Corpo Denso a ingeri-la, para que o Corpo de Desejos possa ter a sensação de prazer resultante do aumento da vibração.  Aquele desejo permanece após a morte do Corpo Denso, mas o alcoólatra não tem em seu Corpo de Desejos nem boca para beber nem estômago para conter a bebida. Ele procura os bares onde interpenetra os corpos dos que bebem para conseguir um pouco de vibração por indução, porém, isso é demasiadamente fraco para trazer-lhe alguma satisfação. Ele, muitas vezes, entra na garrafa de uísque, mas isso não lhe traz proveito porque não há na garrafa os gases que são gerados pelos órgãos digestivos do beberrão. Não há nenhum efeito que possa sentir e ele é como um ser humano num barco no meio do oceano: “Água, água, para todos os lados, mas nem uma gota para beber”.  Em consequência, ele sofre intensamente. Em tempo, no entanto, ele aprende a perda de tempo que é ansiar pelo que não pode conseguir. Como tantos outros desejos aqui na vida terrena, os desejos no Mundo do Desejo morrem por não poderem ser satisfeitos. Quando o alcoólatra purgou o vício, ele está pronto para deixar esta fase do “Purgatório” e sobe para o mundo celestial.

Assim, nós vemos que não é uma vingativa Divindade que faz o Purgatório ou o inferno para nós e, sim, nossos hábitos e atos inferiores.  De acordo com a intensidade de nossos desejos, será o tempo de nosso sofrimento justo em sua purgação.  Nos casos mencionados anteriormente, não haveria sofrimento para o alcoólatra se ele fosse privado de suas riquezas materiais.  Se ele tivesse algumas, não ligaria para elas.  Também não causaria ao avaro nenhuma dor ao ser privado de beber.  Pode-se afirmar que ele não se importaria se não existisse uma única gota de bebida no mundo.  Porém, ele defenderia seu ouro e o alcoólatra, sua bebida e, desta forma, a lei infalível dá a cada um, o que ele necessita para purgar seus desejos profanos e hábitos inferiores.

Esta é a lei simbolizada na foice do ceifador, a Morte, a lei que diz que “tudo que o ser humano semear, ele também colherá”.  É a Lei de Causa e Efeito que regula todas as coisas nos três mundos e em todos os reinos da Natureza – físico, moral e mental.  Em todos eles, ela trabalha inexoravelmente ajustando todas as coisas, restaurando o equilíbrio, em qualquer lugar onde, por sua simples ação, um distúrbio tenha sido provocado.  O resultado pode ser manifestado imediatamente ou pode ser retardado por anos ou vidas, porém, em algum tempo, em algum lugar, uma justa e adequada retribuição será feita.  O estudante deve particularmente observar que esse trabalho é absolutamente impessoal.  Não há no universo nem prêmio nem punição.  Tudo é o resultado da lei invariável. Esta é a Lei de Consequência.

No Mundo do Desejo, ela opera purgando o ser humano dos desejos mais grosseiros e corrigindo fraquezas e vícios que impedem seu progresso, fazendo-o sofrer de forma a alcançar o objetivo.  Se ele fez outros sofrerem ou se agiu injustamente com eles, irá sofrer de modo idêntico.  É preciso notar, entretanto, que, se uma pessoa foi sujeita a vícios e se arrependeu e o mais rápido possível corrigiu seu erro, este arrependimento e reforma a purgou dos vícios e atos inferiores.  O equilíbrio foi restaurado e a lição aprendida durante sua vida terrena e, desta forma, não haverá nenhum sofrimento após a morte.

Uma palavra deve ser dita aqui sobre o suicida, que tenta fugir da vida, apenas para descobrir que está tão vivo como sempre. É a situação mais lamentável. Ele é capaz de assistir aqueles a quem ele tem, talvez, desonrado por seu ato, e pior de tudo, ele tem uma sensação indescritível de estar “esvaziado”. A parte da aura ovoide, onde o Corpo Denso costumava estar contido, está vazia e, apesar do Corpo de Desejos tomar a forma do Corpo Denso descartado, ainda assim, ele se sente parecido como uma concha vazia, porque o arquétipo criador do corpo na Região do Pensamento Concreto persiste como um molde vazio, por assim dizer, enquanto que o Corpo Denso deveria ter vivido adequadamente. O arquétipo – o “modelo” do Corpo Denso de cada Ego, em torno do qual o corpo toma forma – é feito de coisas mentais e configurado para vibrar por um período de tempo previamente determinado. Quando uma pessoa morre naturalmente, mesmo no auge da vida, a atividade do arquétipo cessa, e o Corpo de Desejos se ajusta para ocupar toda a forma. No caso do suicida, no entanto, esse horrível sentimento de “vazio” permanece até o momento em que, no curso natural dos acontecimentos, sua morte teria ocorrido. A impressão desta experiência particularmente desagradável permanece com o Ego, e é fundamental para impedi-lo de ficar preso à tentação do suicídio em vidas futuras.

No Mundo do Desejo, a vida passa aproximadamente três vezes mais rápido do que no Mundo Físico.  Um ser humano que tenha vivido até os cinquenta anos no Mundo Físico levará para passar pelos mesmos eventos no Mundo do Desejo aproximadamente dezesseis anos.  Este é, naturalmente, um exemplo genérico.  Há pessoas que permanecem no Mundo do Desejo muito mais tempo do que o período de sua vida física.  Outros, que viveram com poucos desejos inferiores, despendem muito menos tempo, mas a média dada anteriormente está muito próxima da realidade dos seres que vivem atualmente.

Devemos lembrar que, quando o ser humano deixa o Corpo Denso na morte, sua vida passada se apresenta à sua frente em imagens, porém, neste momento, não há nenhum sentimento envolvido.

Durante sua vida no Mundo do Desejo, estas imagens da vida também se desenrolam de trás para frente como antes; porém, agora, o ser passa por todos os sentimentos, um por um, à medida que as cenas se apresentam.  Cada incidente de sua vida passada é vivido e, quando chega a uma cena em que tenha feito mal a alguém, ele mesmo sente a dor que a pessoa sentiu.  Ele vivencia toda dor e sofrimento que causou aos outros e aprende quão dolorosa foi a ferida e quão difícil foi suportar o mal que ele causou. Além disso, há ainda o fato já mencionado de que o sofrimento é ainda mais agudo porque ele não tem mais o Corpo Denso que entorpece a dor. Talvez seja essa a razão de a vida lá ser três vezes mais rápida – o sofrimento perde em duração o que ganha em intensidade.  As medidas da Natureza são maravilhosamente justas e verdadeiras.

A Natureza, que é a manifestação de Deus, visa sempre à conservação da energia, alcançando os maiores resultados com o mínimo de força e de desperdício de energia. Se estudarmos o efeito da mudança no Mundo Físico, devemos aprender algo de sua consequência no reino acima de nós. Uma pessoa que sofre agudamente durante um curto período de tempo, geralmente, sente dor de forma muito intensa; enquanto aqueles que sofrem por anos ininterruptos, não parecem sentir o sofrimento na mesma medida, apesar da dor que lhes é atribuída possa ser tão grave. Eles têm, por assim dizer, utilizando deste quadro no sentido de tornarem-se emaciados e ajustados à dor; portanto, o sofrimento não é tão intenso quanto à pessoa no primeiro caso.

A Missão no Purgatório – Retrospecção – o Valor do Arrependimento e da Reforma Íntima

A missão do Purgatório é erradicar os hábitos injuriosos, fazendo sua gratificação impossível.  O indivíduo sofre exatamente como ele fez os outros sofrerem através de sua desonestidade, crueldade, intolerância e outras coisas mais.  Devido a este sofrimento, ele aprende a agir gentilmente, honestamente e com paciência com os outros no futuro. Assim, em consequência desse estado benéfico, o ser humano aprende a virtude e a ação correta. Quando renasce, pelo menos está livre de hábitos doentios e todo ato que venha a ser cometido é de livre arbítrio. As tendências em repetir o mal de vidas passadas permanecerão, pois, é através de nossa força de vontade que deveremos aprender a fazer o que é certo conscientemente. Na ocasião propícia estas tendências chegarão oferecendo-nos, então, a oportunidade de nos mantermos do lado da misericórdia e da virtude contra o vício e a crueldade. Mas, para indicar a ação correta e a ajuda necessária a resistir a estas armadilhas e as ciladas da tentação, teremos como resultado o sentimento da expiação dos hábitos e dos atos errados de vidas passadas. Se observarmos esse sentimento e abstermo-nos, particularmente, deste mal a tentação cessará. Assim, nos libertamos disso para sempre. Do contrário, se cedermos, teremos um sofrimento mais intenso do que antes, até que finalmente aprendemos a viver pela Regra de Ouro, porque o caminho do transgressor é difícil. E mesmo assim, não chegamos ao nosso melhor. É egoísmo de nossa parte fazer o bem aos outros porque queremos que eles façam o mesmo conosco. Com o tempo devemos aprender a fazer o bem independentemente da maneira que somos tratados pelos demais; como Cristo Jesus disse, devemos amar até os nossos inimigos.

Há um inestimável benefício quando conhecemos o método e o objeto dessa purgação, porque assim, somos capazes de nos prevenir e viver nosso Purgatório aqui e agora diariamente, portanto, progredindo muito mais rápido do que de outra forma. O exercício de Retrospecção é dado na última parte do CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS, cujo objetivo é a purificação, como auxílio ao desenvolvimento da visão espiritual. Consiste em pensar sobre os acontecimentos do dia após se deitar à noite. Devemos revisar cada incidente do dia, em ordem inversa, considerando se agimos corretamente ou não em cada caso particular em relação às ações, atitudes mentais e hábitos. Ao nos julgar diariamente, tentando nos corrigir em nossos hábitos e ações erradas enquanto encarnados, poderemos reduzir ou até eliminar o tempo do Purgatório e assim, passaremos, diretamente, ao Primeiro Céu após a morte. Se, conscientemente superarmos nossas fraquezas, poderemos ter um avanço muito bom materialmente falando na escola da evolução. E mesmo que não consigamos corrigir todas as nossas ações, obtemos um benefício imenso de julgar-nos, gerando assim aspirações para o bem, que com o tempo certamente dará frutos numa ação correta.

Ao analisar os acontecimentos do dia e nos arrependermos pelos erros cometidos, não devemos nos esquecer da aprovação IMPESSOAL ou de nos regozijarmos pelo bem praticado e nos determinarmos a fazê-los melhor. Desta forma, nos fortalecemos pelo bem praticado e, também nos julgamos pela prática do mal.

O arrependimento também é um fator poderoso para encurtar a existência no Purgatório, pois a Natureza nunca desperdiça esforços em processos inúteis. Quando percebemos o errado de certos hábitos ou ações em nossa vida passada, e determinamos erradicar os hábitos e corrigir os erros cometidos, estamos eliminando estas imagens da memória subconsciente e, portanto, não estarão ali mais como árbitro para nos julgar após a morte. Mesmo que não possamos fazer a restituição por algo cometido, a sinceridade do nosso arrependimento será suficiente. A natureza não visa “se equilibrar”, nem se vingar. A recompensa para aqueles a quem prejudicamos pode ser dada de outras maneiras.

Vida no Mundo do Desejo, depois da morte aqui

Muitos progressos reservados para vidas futuras, normalmente serão realizados pelo ser humano, uma vez que ele deve aproveitar o tempo e viver cada momento, julgando-se e erradicando os vícios na reformulação de seu caráter. Esta é a prática fervorosamente recomendada.

Para os Egos habitantes do Mundo do Desejo é possível moldar material de desejos pelo pensamento, da maneira desejada por ele. Por exemplo, eles podem formar vários artigos de vestuários empregando a força do desejo. Geralmente, eles se imaginam vestidos com o traje costumeiro que usavam antes de passarem para o Mundo do Desejo e, portanto, se veem vestidos sem nenhum esforço do pensamento em particular. Mas, quando eles desejam obter algo novo ou outra vestimenta não usual, naturalmente eles têm que usar o poder da vontade para realizar tal coisa; e este pensamento de desejo só durará enquanto a pessoa se sustentar vestida naquela maneira.

Esta facilidade de moldagem do material de desejo utilizando o poder do pensamento também é usada em outras direções. De um modo geral, quando uma pessoa deixa o mundo presente em consequência de um acidente, ela se vê de maneira desfigurada devido ao acidente, talvez sem uma perna ou braço ou com um buraco na cabeça. Isso não a incomoda; pois pode se mover tão facilmente sem braços ou pernas entre eles, mas mostra a tendência do pensamento em moldar o Corpo de Desejos. No início da Primeira Guerra Mundial, houve um grande número de soldados com lesões horríveis que passaram para o Mundo do Desejo, quando os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz e seus alunos ensinaram a estes homens que simplesmente mantendo o pensamento de que os membros de seus corpos eram sadios, então, eles seriam curados de suas formas desfiguradas. Isso se fez imediatamente. Agora, todos os recém-chegados, quando são capazes de entender o que acontece no Mundo do Desejo são curados de suas feridas e amputações desta maneira, e ao vê-los, ninguém pensaria que passaram por um acidente no Mundo Físico.

Outra evidência da disponibilidade com que as matérias de desejos são moldadas pelo pensamento é tido por muitas pessoas na Terra que seguem linhas semelhantes. Em tais casos, seus pensamentos se amontoam e formam um grande todo.

Assim, nas regiões inferiores do Mundo do Desejo, os pensamentos das pessoas que pressupõe estar em um calor ardente, como o inferno, fazem do desejo um lugar de tortura. Podemos ver demônios com chifres, cascos e caudas, estimulando os pecadores infelizes com tridentes e, muitas vezes, quando as pessoas desmaiam, depois de ter vivenciado esta crença, eles se encontram em um triste estado de medo ao contemplar este lugar que eles mesmos ajudaram a criar. Também há nas regiões superiores do Mundo do Desejo uma Nova Jerusalém com portões perolados, com cristais e com um grande trono branco sobre o qual está assentado o pensamento-forma de Deus, criada por essas pessoas e aparecendo ser semelhante a um homem velho. Esta é uma característica permanente do Mundo do Desejo, e permanecerá assim para que as pessoas continuem a pensar sobre a Nova Jerusalém como o caminho. Essas formas não têm vida além dos pensamentos sustentados pelo ser humano, e quando a humanidade superar essa crença, a cidade criada por seus pensamentos deixará de existir.

O Mundo do Desejo: A Região Limítrofe

O Purgatório ocupa as três Regiões inferiores do Mundo do Desejo. O Primeiro Céu está localizado nas três Regiões Superiores do Mundo do Desejo. A Região Central é uma espécie de fronteira – nem céu nem inferno. Nesta região, encontramos pessoas honestas e corretas; que não causaram danos a ninguém, mas que estiveram tão

Intensamente imersos nos seus negócios que não tiveram tempo de pensar na vida superior. Para estas pessoas, o Mundo do Desejo é um estado indescritível de monotonia. Não há “negócios” nesse mundo, e, para este tipo de ser humano não existe qualquer coisa para se ocupar. Ele tem um tempo muito difícil até que aprenda a pensar em coisas mais elevadas do que livros e projetos. Os seres humanos que pensavam no problema da vida e chegaram à conclusão de que “a morte acaba com tudo”, que negaram a existência de coisas fora do mundo material – esses, certamente, também sentem essa terrível monotonia. Eles têm esperado a aniquilação da consciência, mas em vez disso, se encontram com uma percepção aumentada das pessoas e coisas sobre elas. Eles estavam acostumados a negar essas coisas tão veementemente que muitas vezes eles fantasiam o Mundo do Desejo como alucinação, e muitas vezes são ouvidos exclamando com o mais profundo desespero: “Quando terminará? Quando terminará?”

Essas pessoas estão realmente em um estado lamentável. Eles geralmente estão fora do alcance de qualquer ajuda e sofrem muito mais do que qualquer outra pessoa. Além disso, eles não têm nenhuma vida no mundo celeste, onde a construção de corpos futuros é ensinada, então eles colocam todos os seus pensamentos cristalizantes em qualquer corpo que possam formar para uma vida futura. Assim, um corpo é construído devido as tendências de endurecimento que temos, como no consumo a estas necessidades. Às vezes, o sofrimento que incide em tais corpos decrépitos transformará os pensamentos das pessoas que emanam de Deus, e assim, sua evolução pode prosseguir; mas na mente materialista encontra-se o maior perigo de perder contato com o Espírito e se tornar um pária.

O Mundo do Desejo: O Primeiro Céu

Quando termina a existência purgatorial, o espírito purificado ascende ao Primeiro Céu, que está situado nas três Regiões mais elevadas do Mundo do Desejo. Os resultados dos sofrimentos são incorporados ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, o que lhe comunica a qualidade de reto sentimento que atuará, no futuro, como impulso para o bem e repulsão ao mal. Aqui o panorama do passado se desenrola de novo para trás, mas então as boas obras da vida são à base dos sentimentos. Ao chegarmos às cenas em que ajudamos a outrem, viveremos de novo toda a alegria que isto nos proporcionou, como também sentiremos toda a gratidão emitida por aqueles a quem ajudamos. Quando contemplamos de novo as cenas em que fomos ajudados por outros, voltamos a sentir toda a gratidão que emitimos ao nosso benfeitor. Deste modo vemos a importância de apreciar os favores com que outros nos cumularam, porque a gratidão produz crescimento anímico. Nossa felicidade no céu depende da felicidade que tenhamos proporcionado a outros, e do valor que demos àquilo que outros fizeram por nós.

Deve-se sempre recordar que o poder de dar não pertence exclusivamente ao ser humano rico. Dar dinheiro sem discernimento pode ser até um mal. É um bem dar dinheiro para um propósito que consideremos benéfico, porém um serviço prestado vale mil vezes mais. Um olhar carinhoso, expressões de confiança, uma simpática e amorosa ajuda são coisas que todos podem dar, seja qual for a fortuna de cada um. Todavia devemos ajudar o necessitado de maneira que ele possa ajudar a si próprio, seja física, financeira, moral ou mentalmente, para que não dependa mais de nós nem dos outros.

O Primeiro Céu é um lugar de alegria, sem vestígios sequer de amargura. O Espírito está além das influências materiais e terrestres, e, ao reviver sua vida passada, assimila todo o bem nela contido. Aqui se realizam em toda amplitude todos os empreendimentos nobres a que o ser humano aspirou. É um lugar de repouso, e quanto mais dura tenha sido a vida maior será o descanso que gozará. Enfermidade, tristeza e dor são coisas desconhecidas no Primeiro Céu. É a pátria de veraneio dos espiritualistas. Os pensamentos do devoto cristão construíram ali a Nova Jerusalém. Formosas casas, flores, etc., são o prêmio dos que a elas aspiraram, e que eles mesmos construíram com o pensamento, utilizando-se da sutilíssima matéria de desejos. Contudo são para eles tão reais e tangíveis como são para nós as casas materiais. Todos desfrutam ali a satisfação daquilo que não puderam alcançar na vida terrestre.

Este céu é também lugar de progresso para todos os estudiosos, para os artistas e para os altruístas. O estudante e o filósofo têm acesso instantâneo a todas as bibliotecas do mundo. O pintor observa, com inefável delícia, as combinações de cores sempre cambiantes. Logo aprende que seus pensamentos formam e misturam essas cores à vontade. Suas criações brilham e cintilam com uma vividez impossível de ser conseguida pelos que trabalham com as monótonas cores da Terra. Está, por assim dizer, pintando com matéria viva, resplandecente, sendo por isso mesmo capaz de executar suas obras com uma facilidade que lhe inunda a alma de deleite.

O poeta encontra uma inspiração magnífica nas imagens e cores, que são as características principais do Mundo do Desejo. Dali tomará os materiais para usá-los em sua próxima incorporação. De maneira idêntica o escritor acumula material e faculdade. O filantropo concebe seus planos altruístas para a elevação do ser humano. Se falhou em uma vida, verá a razão do fracasso no Primeiro Céu, e aprenderá ali a superar os obstáculos e a evitar os erros que tornaram seus planos impraticáveis.

Nossa vida no Primeiro Céu é sempre abençoada e preenchida pela presença daqueles que amamos, sejam parentes ou amigos. Portanto, aqueles que se amam e são necessários para a felicidade uns dos outros estão unidos por um vínculo de amizade mais próxima durante a permanência no Primeiro Céu, isto se eles estiverem lá ao mesmo tempo. Pois, se alguém permanece no Corpo Denso por determinados anos e o outro já passou, certamente, o que está no mundo celestial, com seu pensamento amoroso criará uma imagem do outro e dotá-la-á de vida; pois devemos lembrar que o Mundo do Desejo está devidamente constituído e que somos capazes de dar forma corporal a tudo que pensamos. Assim, esta imagem só será dotada de vida por seu pensamento e os pensamentos da outra pessoa que ainda vive no Mundo Físico, quando ela incorporar todas as condições que são necessárias para preencher o cálice de felicidades deste habitante do mundo celestial.

Da mesma forma, quando a segunda pessoa passar pelo Primeiro Céu e a primeira não estiver mais lá e já ascendeu ao Segundo Céu, o Corpo de Desejos desintegrado desta pessoa permanecerá vivo no Primeiro Céu e parecerá perfeitamente real para a segunda pessoa até que a sua vida aqui, realmente, tenha terminado. Não se deve pensar que esta imagem seja puramente ilusão, pois a pessoa que chegou ao Primeira Céu será animada pelo amor e amizade enviada pela pessoa que já ascendeu ao Segundo Céu, mas que ambos fazem parte deste céu.

Assim, quando, respectivamente, eles passam para o Segundo e Terceiro Céu, o esquecimento do passado vem sobre eles, e se separam por uma ou mais vidas sem dívidas a saldar. Mas, em algum tempo e em algum lugar, eles se encontrarão novamente, e a força dinâmica que geraram no passado por meio de seus anseios entre ambos, invariavelmente os atrairá para que o amor alcance o que é legítimo para sua consumação.

Crianças no Primeiro Céu levam uma vida particularmente bela. Se pudéssemos ver, rapidamente cessaríamos nossa dor. Quando uma criança morre antes do nascimento do Corpo de Desejos, isto é, antes dos quatorze anos, não vai além do Primeiro Céu, porque não é responsável pelos seus atos, do mesmo modo que o feto que se contorce no útero não é responsável pelo incômodo que causa à mãe. Portanto, a criança não tem existência purgatorial. O que não é vivificado não pode morrer, portanto, o Corpo de Desejos de uma criança, junto com a Mente, persistirá até o novo nascimento. Por essa razão, essas crianças são capazes de recordar suas vidas anteriores.

Para tais crianças, o Primeiro Céu é uma sala de espera onde permanecem de um a vinte anos, até que se apresente uma nova oportunidade para renascerem. Entretanto, é algo mais do que uma simples sala de espera, porque, nesse ínterim realiza-se ali um grande progresso.

Quando uma criança morre há sempre alguém da família à sua espera, mas na falta disto, sempre existe quem a adote com sentimento maternal porque gostava também de fazê-lo em sua existência terrena, satisfazendo-se em cuidar de um pequeno desamparado. A extrema plasticidade da matéria de desejos permite formar com a maior facilidade maravilhosos brinquedos viventes para as crianças, tornando suas vidas um formoso divertimento: contudo sua instrução não fica descuidada. Elas são agrupadas em classes de acordo com os seus temperamentos, sem considerar-se a idade. No Mundo do Desejo é muito fácil ministrar-se lições objetivas da influência do bem e das más paixões sobre a conduta e a felicidade. Estas lições imprimem-se indelevelmente sobre o sensitivo e emotivo Corpo de Desejos da criança e acompanham-na depois do renascimento. Assim, muitos dos que levam uma vida nobre devem-na ao fato de terem sido submetidos a esse treinamento. Muitas vezes, quando nasce um espírito débil é comum os Compassivos Seres (os Guias Invisíveis que dirigem nossa evolução) fazerem-no morrer em tenra idade para que possa ter este treinamento extra, ajudando-o a adaptar-se ao que talvez possa ser para ele uma vida dura. Parece ser este o caso especialmente quando a impressão no Corpo de Desejos foi fraca, em decorrência de perturbações das lamentações dos parentes em volta do moribundo, ou por ter morrido em acidente ou num campo de batalha. Sob tais circunstâncias ele não pode experimentar, em sua existência pós-morte, a intensidade de sentimentos apropriados, por isso quando nasce e morre a seguir, em tenra idade, a perda se recobra na forma acima indicada. Muitas vezes, o dever de cuidar dessas crianças na vida celeste recai sobre aqueles que foram causa dessas anomalias, pois assim são-lhes proporcionadas oportunidades para repararem uma falta e aprenderem a agir melhor. Ou talvez venham a ser os pais daquele que prejudicaram, devendo cuidar dele nos poucos anos que viva. Nesse caso não importará que se lamentem histericamente por causa de sua morte porque não há imagens no Corpo Vital infantil que produzam consequências.

O Mundo do Pensamento: O Segundo Céu – Região do Pensamento Concreto

Com o tempo, chega-se a um ponto em que o resultado da dor e do sofrimento no purgatório, junto ao sentimento feliz extraído das boas ações da vida passada, integram-se ao Átomo-semente do Corpo de Desejos. Juntos eles constituem o que chamamos consciência, essa força propulsora que nos põe em guarda contra o mal, o produtor de sofrimentos, e nos inclina para o bem, o gerador de felicidade e alegria. Tal como abandonou os Corpos Denso e Vital, assim o ser humano abandona seu Corpo de Desejos, que se desintegra. Dele, leva consigo unicamente as forças do Átomo-semente, que formarão o núcleo do futuro Corpo de Desejos, como o foi a partícula permanente de percepção dos seus veículos anteriores.

Finalmente o ser humano, o Ego, o Tríplice Espírito, entra no Segundo Céu. Está envolto na Mente, que contém os três Átomos-sementes – a quintessência dos três veículos abandonados.

Quando o ser humano, ao morrer, perde seus Corpos Denso e Vital, encontra-se nas mesmas condições de uma pessoa adormecida. O Corpo de Desejos, conforme explicado, não possui órgãos próprios para uso. De um ovoide transforma-se então numa figura parecida com o Corpo Denso abandonado. Facilmente se compreende que deve haver um intervalo de inconsciência semelhante ao sono antes de o ser humano despertar no Mundo do Desejo. Por conseguinte, não é raro acontecer a certas pessoas permanecerem, durante longo tempo, incertas do que se passou com elas. Notam que podem pensar e mover-se, mas não compreendem que morreram. Às vezes é até muito difícil conseguir fazê-las crer que estão realmente “mortas”. Compreendem, sim, que algo está diferente, mas não são capazes de entender o que seja.

Tal não acontece quando se efetua a passagem do Primeiro Céu – no Mundo do Desejo, para o Segundo Céu – na Região do Pensamento Concreto. Abandonando seu Corpo de Desejos, o ser humano está, então, perfeitamente consciente. Passa a um grande silêncio, e durante esse intervalo tudo parece desvanecer-se, ele não pode pensar. Nenhuma das suas faculdades acha-se ativa, mas sabe que é. Tem a sensação de encontrar-se no “Eterno Agora”, de achar-se completamente só, todavia sem temor. Então sua alma inunda-se de uma paz inefável, “que sobre passa todo o entendimento”. A ciência oculta chama isso “O Grande Silêncio”.

Então, vem o despertar. O Espírito está agora em sua pátria, seu lar – o mundo celeste. E o despertar traz-lhe ao espírito o som da música das esferas.

Na existência terrena vivemos tão absorvidos pelos pequenos ruídos e sons do nosso restrito ambiente, que somos incapazes de ouvir a música dos astros em movimento, mas o ocultista ouve-a. Ele sabe que os doze signos do Zodíaco e os sete Planetas formam a caixa de ressonância e “as sete cordas da lira de Apolo”. Sabe também que um simples desacorde na harmonia celestial desse grande Instrumento poderia produzir “um aniquilamento da matéria e uma colisão de mundos”. A música celeste é um fato e não mera figura de retórica. Pitágoras não fantasiava quando falou da música das esferas, porque cada um dos corpos celestiais tem seu tom definido e, juntos, formam a sinfonia celestial que Goethe, também menciona no prólogo do seu “Fausto”.

Os ecos dessa música celeste chegam até nós, aqui no Mundo Físico, e são o nosso bem mais precioso, ainda que fugazes como o fogo-fátuo. A música não pode ser criada permanentemente, a exemplo de outras obras de arte – uma estátua, um quadro, ou um livro. O Mundo do Pensamento, onde estão localizados o Segundo Céu e o Terceiro Céu, é a esfera do Som, e o músico aqui, finalmente, chega ao lugar em que sua arte se expressa a si mesma em toda a extensão.

Não basta dizer que as novas condições serão determinadas pela conduta e atos da última vida. É necessário que os frutos do passado sejam aplicados no Mundo Físico, que será o próximo campo de atividade do Ego, e onde este estará adquirindo novas experiências físicas e colhendo mais frutos. Portanto, todos os habitantes do Mundo Celeste trabalham sobre os modelos da Terra – a totalidade dos quais se encontra na Região do Pensamento Concreto – lhe alterando as formas físicas e produzindo-lhe mudanças graduais no aspecto. Assim, em cada retorno à vida física eles encontram um ambiente diferente onde podem adquirir novas experiências. O clima, a flora e a fauna são alterados pelo ser humano sob a direção de Seres elevados que mais tarde descreveremos. Por conseguinte, o mundo é exatamente o que nós próprios, individual e coletivamente, temos feito dele, e será tal e qual como o fizermos. Em tudo quanto ocorre, o ocultista vê uma causa de natureza espiritual manifestando-se a si mesma, inclusive o alarmante aumento de frequência das perturbações sísmicas, que têm origem no pensamento materialista da ciência moderna.

O trabalho do ser humano no Mundo Celeste não se limita apenas à alteração da superfície da Terra, que será o campo de suas futuras lutas para dominar o Mundo Físico. Ele ocupa-se também, ativamente, em aprender como construir um corpo que tenha os melhores meios de expressão. O destino do ser humano é converter-se em Inteligência Criadora e para tal aplica-se à sua aprendizagem todo o tempo. Durante a vida celeste aprende a construir toda classe de corpos, inclusive o humano.

Instrutores das mais elevadas Hierarquias Criadoras dirigem o trabalho do ser humano. Ajudaram-no a construir seus veículos antes de ter alcançado consciência de si mesmo, do mesmo modo que ele próprio constrói atualmente seus veículos durante o sono. Mas no transcurso de sua vida celeste esses instrutores ensinam-no conscientemente. Ao pintor, ensinam como construir um olho apurado, capaz de captar perspectivas perfeitas, e distinguir cores e matizes em um grau inconcebível para os que não se interessam por cor ou luz.

Ao matemático que tem de lidar com o espaço, ensinam o delicado ajuste dos três canais semicirculares, os quais estão situados dentro do ouvido interno, que apontando, cada um, em uma das três direções do espaço, dão a faculdade da percepção abstrata. O pensamento lógico e a habilidade matemática estão em proporção à precisão do ajuste desses canais semicirculares. A habilidade musical depende também do mesmo fator, mas além da necessidade do devido ajuste dos canais semicirculares, o músico precisa do órgão de Corti extremamente delicado. Há no ouvido humano cerca de dez mil dessas fibras, e cada uma pode diferençar cerca de vinte e cinco gradações de tons. No ouvido da maioria das pessoas essas fibras não respondem senão de três a dez das gradações possíveis. Entre os músicos comuns o maior grau de eficiência é de uns quinze sons por fibra, mas um maestro, que é capaz de interpretar e traduzir a música do Mundo Celeste requer maior grau de acuidade para distinguir entre as diferentes notas e perceber a mais ligeira desarmonia nos mais complicados acordes.

O ser humano percebe a música através do mais perfeito órgão dos sentidos do corpo humano. A visão pode não ser perfeita, mas a audição o é, no sentido de não deformar o som que ouve, enquanto o olho altera muitas vezes o que vê.

Além do ouvido musical, o músico deve também aprender a construir mãos finas e delicadas, dedos ágeis e nervos sensitivos. Caso contrário não poderia reproduzir as melodias que ouve.

E lei da natureza: ninguém pode habitar um corpo mais eficiente do que aquele que é capaz de construir. Aprende-se, primeiramente, a construir uma determinada classe de corpo e depois a viver nele. Desta maneira percebem-se os defeitos e aprende-se a corrigi-los.

Todos os seres humanos trabalham inconscientemente na construção dos seus corpos durante a vida pré-natal, até chegar o momento em que a retida quintessência dos corpos anteriores seja neles amalgamada. Então passam a trabalhar conscientemente. Compreende-se, pois, que quanto mais o ser humano avança e quanto mais trabalha em seus veículos, tornando-os assim imortais, mais poder tem de construí-los para uma nova vida. O discípulo avançado de uma escola oculta, às vezes, começa a construir por si mesmo tão logo se complete o trabalho das três primeiras semanas de vida pré-natal (que pertence exclusivamente à mãe). Assim, passado o período inconsciente, apresenta-se ao ser humano uma oportunidade de exercer seu nascente poder criador, e aí começa o verdadeiro processo criativo, “original”, a “Epigênese”.

Vemos, pois que o ser humano aprende a construir seus veículos no Mundo Celeste e a usá-los no Mundo Físico. A Natureza fornece toda classe de experiências de maneira tão maravilhosa e com sabedoria tão consumada que, quanto mais profundamente penetramos nos seus segredos, mais impressionados ficamos com a nossa própria insignificância e mais cresce nossa reverência a Deus, cujo símbolo visível é a Natureza. Quanto mais aprendemos Suas maravilhas, mais compreendemos que esta estrutura universal não é a vasta e perpétua máquina em movimento, que os irrefletidos querem fazer crer. Seria tão pouco lógico como imaginar que, atirando-se ao ar uma caixa de tipos, os caracteres se organizassem por si sós quando caíssem ao chão, formando um formoso poema. Quanto maior a complexidade do plano mais poderoso o argumento em favor da teoria de um Inteligente e Divino Autor.

O Terceiro Céu na Região Abstrata do Mundo do Pensamento

Tendo assimilado todos os frutos de sua vida passada e alterado a aparência da Terra de maneira a proporcionar-lhe o ambiente requerido em seu próximo passo em busca da perfeição; tendo também aprendido, pelo trabalho nos corpos dos outros, a construir um corpo apropriado à sua manifestação no Mundo Físico; e tendo, por último, dissolvido a Mente na essência do Tríplice Espírito, o espírito individual sem envolturas sobe a mais elevada Região do Mundo do Pensamento – o Terceiro Céu. Aqui, pela harmonia inefável deste mundo superior, fortifica-se para a próxima imersão na matéria.

Depois de algum tempo, vem o desejo de novas experiências e a contemplação de um novo nascimento. Isto evoca uma série de quadros ante a visão do espírito – um panorama da nova vida que o espera. Contudo, note-se bem, este panorama contém somente os acontecimentos principais. Quanto aos detalhes, o espírito tem plena liberdade. É como se um ser humano, para ir a uma cidade distante, tivesse uma passagem com tempo determinado para lá chegar, mas com liberdade inicial de escolher o caminho. Depois de tê-lo escolhido e começado a viagem já não poderia mudar de caminho durante a jornada. Poderia deter-se em todos os lugares que quisesse dentro do tempo marcado, mas não poderia voltar atrás. Assim, cada avanço na viagem limitaria ainda mais as condições da escolha feita. Se escolheu viajar num vapor carvoeiro, seguramente chegará ao seu destino sujo e manchado. Se, ao contrário, tivesse escolhido uma condução elétrica, chegaria mais limpo. Assim acontece com o ser humano em cada nova vida. Talvez encontre pela frente uma vida muito dura, porém pode escolher entre vivê-la limpamente ou chafurdar-se na lama. Outras condições estão também sob o seu arbítrio, embora igualmente sujeitas às limitações das escolhas e ações passadas.

Os quadros do panorama da próxima vida, que acabamos de mencionar, começam no berço e terminam na sepultura. Seguem em direção oposta aquelas do panorama que se segue à morte, como já foi explicada, imediatamente após o espírito libertar-se do Corpo Denso. A razão desta diferença radical entre os dois panoramas é que no panorama pré-natal o objetivo é mostrar o Ego que regressa como certas causas ou atos produzem sempre certos efeitos. No caso do panorama pós-morte o objetivo é oposto, isto é, mostrar como cada acontecimento da vida que findou foi efeito de alguma causa anterior da vida. A Natureza, ou Deus, nada faz sem uma razão lógica, de modo que quanto mais investiguemos mais se evidencia que a Natureza é uma mãe sábia, empregando sempre os melhores meios para a realização dos seus fins.

FIM

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Poderiam descrever o Cordão Prateado e explicar sua função tanto no ser humano como no animal?

Resposta: Para responder a esta pergunta de forma abrangente, devemos referir-nos às condições evolutivas mais antigas.

Três Períodos de evolução precederam nosso atual Período Terrestre. Durante o Período de Saturno éramos semelhantes aos minerais; no Período Solar tínhamos uma constituição semelhante aos vegetais, e no Período Lunar desenvolvemos veículos parecidos aos dos animais atuais. Nós dizemos parecidos, pois a constituição do mundo era tão diferente que seria impossível uma construção idêntica. Imaginemos agora, um globo imenso girando no espaço como um satélite ao redor do seu Sol. É o Corpo de um Grande Espírito, Jeová. Tal como nós, que temos carne tenra e ossos duros, assim também a parte central do Corpo de Jeová é mais densa que a parte externa, que é gasosa e nebulosa. Embora Sua consciência interpenetre todo o globo, Jeová aparece especialmente na nuvem e com Ele Seus Anjos e outras Hierarquias Criadoras.

Do grande firmamento Nebular pendem milhões de Cordões, cada um deles com sua bolsa fetal pairando próxima à parte densa central, e do mesmo modo que a corrente vital da mãe humana circula através do cordão umbilical levando alimento ao feto durante a vida pré-natal, com o propósito de desenvolver um veículo no qual o Espírito Humano possa habitar independentemente quando o período de gestação completar-se, assim também a vida divina de Jeová pairava sobre nós na nuvem e circulava por toda família humana durante esse estágio embrionário da sua evolução. Éramos nessa época tão incapazes de iniciativa quanto o feto.

Desde então, o Maná (Mannas, Manas, Mens, Mensch, Man ou Homem) caiu do céu, vindo do seio do Pai, e está agora ligado pelo Cordão Prateado ao Corpo concreto durante suas horas de vigília e, mesmo no sono, ele forma o elo de ligação entre os veículos superiores e inferiores.

Esta ligação só se rompe por ocasião da morte. O Cordão é bem complexo na sua estrutura. Uma extremidade está arraigada no Átomo-semente no coração; essa parte é feita de Éter. Uma segunda parte, formada em matéria de desejos, sai do grande vórtice do Corpo de Desejos localizado no fígado, e quando essas duas partes do Cordão Prateado se unem no Átomo-semente do Corpo Vital localizado no Plexo Celíaco, essa junção dos três Átomos-semente marca a vivificação do feto.

Mas ainda há uma outra parte do Cordão Prateado feita de matéria mental e que nasce do Átomo-semente localizado em um ponto que poderíamos descrever, rudemente, como sendo o sinus frontal onde o Espírito Humano tem a sua sede. Ele passa entre o Corpo pituitário e a glândula pineal, e daí desce, ligando a glândula tiroide, a glândula timo, o baço e as suprarrenais. Finalmente, une-se à segunda parte do Cordão Prateado no Átomo-semente do Corpo de Desejos no grande vórtice desse veículo que está localizado no fígado. O local em que crescerá esta parte do Cordão Prateado está indicado no arquétipo, mas são necessários aproximadamente vinte e um anos para que a junção se complete. A união da primeira e da segunda parte do Cordão Prateado marca a vivificação física, que depende da total destruição dos corpúsculos sanguíneos nucleados que transportam a vida da mãe física e a emancipação de sua interferência por meio da gaseificação do sangue, que é, desde então, o veículo direto do Ego. A junção da segunda e da terceira partes do Cordão Prateado marca uma vivificação mental, e uma consequente emancipação da mãe Natureza que completou, então, o processo gestatório necessário para iniciar a fundação e estrutura para o templo do Espírito, que pode, subsequentemente, construir como bem quiser, limitado apenas por suas ações passadas.

Durante o dia, quando estamos despertos no Mundo Físico, o tríplice Cordão Prateado enrola-se numa espiral dentro do Corpo Denso, principalmente perto do Plexo Celíaco, mas à noite, quando o Ego se retira e deixa os Corpos Denso e Vital sobre a cama para se recuperar dos trabalhos duros do dia, o Cordão Prateado projeta-se a partir do crânio. O Corpo de Desejos ovoide flutua acima ou próximo da forma adormecida, assemelhando-se a um balão cativo. Quando se trata de crianças ou de pessoas não desenvolvidas, o Ego permanece nessa posição, meditando sobre os acontecimentos do dia, até que impactos provenientes do Mundo Físico, tais como a campainha de um despertador, o toque de um telefone ou algo semelhante, façam vibrar o Cordão Prateado atraindo a atenção do Ego para o seu veículo descartado, levando-o a reentrar.

Nenhum desenvolvimento oculto é possível sem que a terceira parte do Cordão Prateado se tenha desenvolvida, mas depois que isso acontece, o Ego pode deixar o seu Corpo Denso e vagar pelo vasto Mundo, quer conscientemente após um treino apropriado e uma Iniciação, quer inconscientemente com o auxílio de outros, ou acidentalmente, como no caso de um sonâmbulo que deixa a sua cama e depois volta a ela alheio ao fato, ou seja, inconsciente do lugar onde esteve ou o, que fez. Em qualquer desses casos, a terceira parte do Cordão Prateado, que é feita de matéria dúctil e elástica, serve de elo com os veículos inferiores. A qualidade da consciência do Ego, no momento em que está afastado do seu Corpo Denso, depende dele ter ou não formado um Corpo-Alma do Éter Luminoso e do Refletor, que é o veículo da percepção sensorial e da memória suficientemente estável para ser levado consigo. Se ele o tiver formado, o processo da Iniciação tê-lo-á ensinado como proceder, o Ego terá completa consciência enquanto estiver ausente do Corpo e, ao retornar, terá uma memória fiel do que ocorreu durante o voo da alma. Em caso contrário, tanto a consciência quanto a memória, com certeza serão, até um certo ponto, incompletas ou deficientes.

Tendo-nos familiarizado com a construção e função do Cordão Prateado como um elo entre o Ego e seus veículos, estudaremos a seguir sua aparência e uso em relação aos animais e seu Espírito-Grupo. Ensina-se no “Conceito Rosacruz do Cosmos” que os hábitos, gostos, simpatias e antipatias de cada espécie provém do fato de serem movidos por um Espírito-Grupo comum. Todos os esquilos armazenam nozes para um período de hibernação no inverno; todos os leões são carnívoros: os cavalos, sem exceção, comem feno, no entanto, o que é alimento para um ser humano, pode ser veneno para outro. Se conhecermos os hábitos de um animal, conheceremos os hábitos de todos os demais da mesma família, mas seria inútil investigar os ancestrais de Edison para descobrir a origem do seu gênio. Um tratado sobre os hábitos de um cavalo aplicar-se-á a todos os cavalos, mas a biografia de um ser humano difere inteiramente da de outro ser humano, porque cada um age sob os ditames de um Espírito individual interno. Os animais de um determinado grupo são dirigidos por uma inteligência comum, o Espírito-Grupo, por meio do Cordão Prateado. Cada animal possui o seu próprio Cordão Prateado individual, mas apenas as duas partes que ligam os Corpos Denso, Vital e de Desejos, pois a terceira parte, que está ligada ao vórtice central do Corpo de Desejos localizada no fígado, é o Cordão do Espírito-Grupo. Através dessa ligação elástica, ele governa os animais de sua classe com igual facilidade, não importa em que região do Mundo estejam. A distância não existe nos Mundos internos e, como os animais não possuem Mente própria, eles obedecem às sugestões do Espírito-Grupo sem questionar.

Nesse aspecto, as crianças são uma anomalia, pois elas só têm desenvolvidas as duas partes do Cordão Prateado. Entretanto, elas possuem uma Mente, através da qual a terceira parte está crescendo. Assim, o Ego não tem comunicação direta com seus veículos e, consequentemente, o recém-nascido que tem as maiores possibilidades é, ao mesmo tempo, a criatura mais desamparada sobre a Terra, sujeito à autoridade de seus protetores físicos.

Apesar do ser humano estar atualmente individualizado e emancipado de qualquer interferência direta e da ação conducente do Cordão, pelo qual o Espírito-Grupo força (não há outra palavra que possa transmitir o sentido exato) o animal a obedecer suas ordens, ele não está ainda habilitado para autodirigir-se, assim como uma criança não o está, até que atinja a idade apropriada para poder tomar conta de seus interesses. Por isso, os Espíritos de Raça ainda continuam a dirigir as nações. Cada nação, com exceção da América, tem o seu próprio Espírito de Raça que paira como uma nuvem sobre a Terra na qual vive o seu povo, tal como o fez o Deus dos Israelitas, e nele “eles vivem, movem-se e têm o seu ser”. Eles constituem seu povo peculiar, e ele é um Deus ciumento.

A cada respiração, eles inalam esse Espírito, e se forem levados para outro lugar, sentirão saudades da terra natal, pois onde quer que estejam o ar é diferente e transporta as vibrações de outra Hierarquia Arcangélica.

A medida que o tempo passa e nós avançamos, também seremos emancipados do Espírito de Raça que viveu em nossa respiração desde o tempo em que o Elohim Jeová soprou o nephesh – o ar vital – em nossas narinas. Esses Espíritos operam no Corpo de Desejos e no Espírito Humano, alimentando a vaidade e o egoísmo.

Quando aprendermos a confeccionar o glorioso Manto Nupcial, chamado Corpo-Alma, que é tecido através do serviço amoroso e desinteressado, e quando o casamento místico for consumado – quando o Cristo nascer imaculadamente dentro de nós – o Amor Universal emancipar-nos-á sempre da Lei Universal, e seremos tão perfeitos como é perfeito nosso Pai que está no Céu.

“De todo o poder que mantém o mundo agrilhoado

O ser humano se liberta quando o autocontrole há conquistado”.

(Pergunta 137 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas vol. II, de Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Se o Cordão Prateado está ligado ao Átomo-semente no coração por uma extremidade e ao vórtice central do Corpo de Desejos por outra, que órgão corresponde no corpo físico ao vórtice central?

Resposta: Essa extremidade do Cordão Prateado que está presa ao Átomo-semente no coração permanece aí imóvel até a morte, mas a outra extremidade e o ponto onde as duas metades do cordão se encontram, como é mostrado no diagrama 5-A do Livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, são móveis.

Durante o dia, esse vórtice central onde o Cordão Prateado está preso no Corpo de Desejos está colocado diretamente no fígado, e encontraremos no “Conceito Rosacruz do Cosmos” material muito esclarecedor se procurarmos a palavra “fígado”. O ponto onde as duas metades do Cordão Prateado se encontram localiza-se na posição referencial do Plexo Celíaco durante o dia. Este, todos sabemos, é um lugar extremamente importante, e o Átomo-semente do Corpo Vital está situado exatamente no ponto de encontro dessas duas metades do Cordão Prateado. Quando esse ponto está na posição referencial do Plexo Celíaco, o fluido que vem do Sol através do baço passa pelo Átomo-semente do Corpo Vital, e é aí refletido no fluido cor-de-rosa do qual falamos em nossa literatura. Consequentemente, os três grandes centros de um corpo ligados ao Cordão Prateado são: o vórtice central no fígado – o ponto inicial no Corpo de Desejos; na posição referencial do Plexo Celíaco – que é a cidadela do Corpo Vital; e o coração – que é o centro do Corpo Denso.

(Pergunta 136 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas vol. II, de Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: A Doação da Glândula Pituitária após a morte causa prejuízo à evolução do Ego?

Doação de Glândulas Pituitárias

Pergunta: Junto a esta um recorte de jornal, onde poderemos ler um pedido de donativo de glândulas pituitárias, feito pela Agência Nacional Pituitária, no sentido de prevenir (ou evitar) o nanismo em crianças. Sou simpático a esse pedido e ao mesmo tempo admito que a ablação dessa glândula deva ser feita logo após a morte do doador. Dessa forma, como poderia haver uma conciliação desse fato com os vossos ensinamentos, uma vez que se fala no prazo de três dias para que o Corpo possa ser tocado, considerando-se ainda que, nos velórios, não há possibilidade de ser observado esse prazo. Em certas formas de embalsamamento o Corpo fica mais ou menos cristalizado ou mumificado, não se desintegrando por milhares de anos. Isto significa que o espírito vital como ficou explícito em vossos livros ficará preso ao seu próprio Corpo e à Terra, até que haja a desintegração?

Resposta: Max Heindel enfatizou que o finado deve ser o menos possível perturbado durante três dias e meio imediatamente após a ruptura do Cordão Prateado (o elemento, o cordão que liga os vários Corpos do ser humano entre si). Isso, naturalmente, para que o processo panorâmico se desenrole sem interrupções provindas do exterior. O interferir no processo panorâmico, em virtude da remoção de uma glândula ou de qualquer parte do Corpo depende, de alguma forma, da brevidade em que ela é feita em relação ao momento da morte, da idade da pessoa, das circunstâncias da morte, etc. Uma pessoa idosa geralmente completa o seu panorama mais rapidamente do que uma pessoa jovem, e a consciência do Ego logo após a morte é variável de indivíduo para indivíduo. Deve-se considerar também que a consciência do Ego, depois da ruptura do Cordão Prateado, não é provavelmente tão sensível em relação à dor física, como seria quando encarnado. Entretanto, tendo em vista a extrema importância de uma clara impressão das experiências da vida no Corpo de Desejos, todas as possíveis precauções deverão ser tomadas a fim de que o Ego desencarnado não seja perturbado.

O embalsamamento ou a mumificação deverão, naturalmente, ser evitados, entretanto, podemos afirmar que apenas a mumificação não será suficiente para tornar um Ego atado à Terra. As fortes fixações a um Corpo mumificado, a imprecação ou excomunhão emanadas de um sacerdote-magista ou ainda uma crença religiosa poderá fazer com que o Ego adere durante séculos ao redor da múmia, até que venha a compreender o seu engano, separando-se e submetendo-se a novo renascimento.

O termo “preso à terra” aplica-se somente ao Ego que escolhe ou é impelido a permanecer na Terra depois da morte. Tais Egos não estão “ligados” ao cadáver, porque o Corpo desintegra-se na sepultura a menos que seja cremado, e, em tal caso, desaparece rapidamente. Contudo um Ego preso à Terra – em virtude da sua fixação mental às coisas da Terra – continuará assim retido sem qualquer relação com seu Corpo, porque essa fixação diz respeito à Mente do Ego.

Talvez você esteja estabelecendo uma confusão entre o “espírito vital” e o Ego. O “espírito vital”, a que você se refere, trata-se da porção etérica do Corpo físico. Naturalmente, se o Corpo Denso é preservado, o mesmo acontecerá com o Corpo Vital, não se desintegrando, permanecendo flutuante pouco acima do primeiro. É meramente parte do cadáver. Não afirmamos que isso seja um “preso à Terra”, mesmo porque o seu destino é o de se desintegrar sincronicamente com o Corpo com o qual está ligado por meio da parte inferior do Cordão Prateado.

A razão de o doador permitir o transplante de uma glândula, ou de qualquer outro órgão, naturalmente representa para ele um crédito, espiritualmente falando. Contudo, a menos que o recebedor aprenda a lição que se supõe tenha aprendido, não haverá benefício permanente.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/1971)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Consciência do Auxiliar Invisível – II Parte

A Consciência do Auxiliar Invisível
II Parte

Em outra ocasião, o Probacionista mencionado no último parágrafo da primeira parte despertou completamente consciente em Monte Ecclesia, diante do Templo, o qual se apresentava radiante de luz. Tentando aproximar-se foi bloqueado por uma barreira invisível. Porém, nesse momento, a sua atenção foi desviada em direção a um grupo de pessoas que flutuavam (assim imaginou) evidentemente empenhadas no trabalho de cura, visto que reconheceu entre elas, algumas que se dedicavam a tal mister. Todos, inclusive eles, foram impelidos ao longo daquilo que poderia ser designado como um “rio de magnetismo”, rumo ao Norte, em direção à cidade de V.

No caminho, observou que seus companheiros caminhavam e falavam normalmente, entretanto, muitos deles denotavam o olhar vago do sonâmbulo. Não tinham consciência do que estava em derredor, parecendo não notarem que se encontravam fora do corpo físico. O citado grupo e o Probacionista consciente do que se passava, chegando à cidade de V., dirigiram-se a uma casa onde uma senhora de meia idade e uma menina os esperavam, sendo que estas também tinham os olhos sonambúlicos, conduziam-se normalmente como seres humanos, sem, contudo, parecerem cientes de que se encontravam fora do corpo, nem manifestarem surpresa ante a chegada dos Auxiliares.

Muitos relatos dos Mundos internos corroboram as afirmações de Max Heindel a respeito dos vários fluxos e refluxos de correntes que varrem as regiões do desejo e etérica. Tais correntes não são meramente eletricidade física, como poderiam ser admitidas. Elas são forças da envoltura áurica do globo terrestre e da aura humana.

Esses “rios de magnetismo” fluem em todas as direções ao redor do globo, onde os Auxiliares Invisíveis conscientes ou inconscientes neles caminham, atraídos infalivelmente ao longo de linhas definidas de força, em direção específica. À medida que se tornam conscientes, como o já citado Probacionista, pasmam-se ao descobrir que aquelas correntes magnéticas parecem brotar de sua própria consciência e fluir para dentro ou ao longo do Mundo do Desejo, tal como os rios que desaguam no Oceano. Tais correntes, podemos compará-las às correntes conhecidas, como a do Golfo (Gulf Stream) que, percorrendo o Atlântico Norte, toca as Ilhas Britânicas, suavizando um clima que de outra forma seria insuportável.

No “Inferno” de Dante, lemos a descrição de dois amantes, no inferno, isto é, nas regiões inferiores do Mundo do Desejo. Lemos que se ouvia um som como o de um mar revolto, porém tal ruído era provocado pelas rajadas tempestuosas do inferno que “com fúria incessante arrebanhavam os espíritos”. Assim, como ao prenúncio do inverno os estorninhos são levados em suas asas para outras paragens, da mesma forma aquelas almas são levadas, inexoravelmente, para cá e para lá, acima e abaixo. Essas correntes, que fluem e refluem tão suavemente em relação ao Auxiliar Invisível, tornam-se violentas e implacáveis nas regiões inferiores do Purgatório, onde elas são a expressão da violência e da paixão.

Max Heindel afirmou que, assim como é da lei natural gravitar em direção à Terra quando em corpo físico, também o é levitar na Região Etérica. Portanto o Auxiliar Invisível rompe as extensões superiores dos éteres como proa de um navio, enquanto vales, colinas, cidades e planícies passam abaixo dele.

Da costa oeste nos vem um relato de uma Probacionista que numa manhã viu-se levitando acima de seu corpo, flutuando em direção ao mar dizendo: “lá vou eu, lá vou eu”. Porém, vendo que se dirigia em direção ao Oeste, prontamente pensou: “Não, eu quero ir em direção oposta, ao Templo da Rosacruz”. Então imediatamente curvou-se para trás como um siIfo no ar, movimentando-se para cima e para baixo, num longo arco de magnetismo. Entretanto pressionada por uma forte atração magnética que parecia vir de fora (por meio do Cordão Prateado, indubitavelmente) sentiu-se então descendo em direção a seu corpo adormecido, despertando momentos depois, sem perda de consciência, mas também sem compreender como entrou no corpo.

Quando nesses voos pelos Éteres, é comum o Probacionista imaginar-se sozinho, porém isso não acontece, pois há sempre uma vigilância e proteção constantes. Para ele os protetores são invisíveis, visto que agem num nível de consciência mais elevado. Tal fato ratifica a afirmação de Max Heindel, de que parte do trabalho iniciático consiste no esforço para aprender a ascender a níveis mais elevados do que o etérico, depois de ter deixado o corpo físico.

Outro Probacionista relata-nos como sentiu-se levitando, porém, ao perceber que regressava ao corpo, reuniu suas forças tentando subir novamente; logo em seguida sentiu, embora nada visse, que mãos poderosas o seguravam pelos pulsos, mantendo-o no ar.

Outro caso que ilustra a fase transitória de consciência vem dos primeiros períodos da Fraternidade Rosacruz, no tempo de Max Heindel. Esse caso demonstra a relativa inutilidade da fase transitória, mas indica a existência da constante vigilância exercida pelos Mestres Iniciados e Irmãos Maiores sobre aqueles recém-despertos para os planos internos.

Um Probacionista emigrado para a América, certa noite viu-se desperto nos “éteres”, sendo levado por uma magnética atração à cidade onde anteriormente residira na Europa. Percorreu as ruas antigas e os saudosos caminhos, constatando que diversas mudanças se haviam verificado desde sua partida rumo à América. Notou, inclusive em um certo edifício, um anúncio luminoso cujos dizeres despertaram sua atenção. Prosseguindo com o seu passeio, começou a sentir-se seguido por alguém. Mais de uma vez volveu os olhos para trás, nada percebendo, entretanto, isso porque seu protetor vigiava-o de um plano superior. Depois de algum tempo regressou ao seu corpo, voltando ao estado natural de consciência. Com o passar dos tempos, surgiu uma oportunidade para que o nosso Probacionista visitasse sua antiga cidade, em consciência de vigília. E assim ele pode confirmar realmente a existência de todas aquelas inovações introduzidas naqueles saudosos lugares, inclusive o anúncio luminoso já mencionado.

Em geral, as experiências convincentes verificadas com os Auxiliares Invisíveis ocorreram perto da meia-noite ou entre a meia-noite e a aurora, depois do trabalho de restauração do corpo, tal como descreve Max Heindel. É provavelmente durante o ciclo da alvorada que o neófito recebe instruções, se ele as desejou, ou então, frequenta classes semelhantes àquelas do Mundo Físico, com a diferença de que nesse plano os ensinamentos são ministrados por meio de métodos extraordinariamente avançados.

Dentro do assunto tratado, uma outra questão merece ser alvo de comentários: o sonho comum, o qual, embora geralmente confuso e vago, algumas vezes relaciona-se com um fato real ao qual tomamos conhecimento quando despertamos. Novamente seremos auxiliados a compreender como isso acontece, se recorrermos a uma analogia física.

Comumente, todos nós temos tido sonhos que se relacionam com fatos que acontecem em nosso ambiente físico.

Por exemplo: os cobertores podem ter caído da cama, aí então sonhamos que estamos tremendo de frio nas regiões geladas do polo Norte; um cão uiva sob a nossa janela, sonhamos então que está se perpetrando um assassinato. E assim por diante. Da mesma forma, quando o neófito está dormindo, os eventos do Mundo interno estão continuamente pressionando sua Mente, e já sensibilizado pela força de seus estudos esotéricos, começa a despertar sob suas ações, ao passo que o ser humano comum, encerrado em sua prisão de carne, repousa a noite inteira em completa inconsciência em relação a esses impactos. Em relação ao neófito, o seu trabalho como Auxiliar Invisível pode ser-lhe mostrado na forma de sonho grotesco, o qual, a despeito de sua natureza, permanece na memória em forma obcecante.

Os sonhos confusos resultam da carência de alimento entre os Corpos de Desejos, Vital e Denso, e assim permanece o Ego, parte dentro e parte fora desses veículos. Em tais circunstâncias as impressões recebidas dos planos internos ficam falseadas, e mesmo a recordação de uma experiencia verdadeira tende a apresentar-se algo vaga ou indefinida. Mas, um acontecimento que se apresenta ante um espírito de pesquisa, com propósitos de autoinstrução, auxiliará a clarear a totalidade do campo do inconsciente, e, de um modo gradativo, certos fatos emergirão do turbilhão dos sonhos, quase de acordo com um modelo, cujo significado é claro e inequívoco.

À medida que o Probacionista persevera no Caminho, o lento despertar decorrente do desajustamento entre seus veículos é eliminado, e observará que, com o passar do tempo, o seu despertar no corpo será imediato e claro, mesmo ignorando como volta. Pode mesmo acontecer algumas vezes que simplesmente abre os olhos, sem que haja um lapso de inconsciência.

O Conceito Rosacruz do Cosmos, bem como outras obras de Max Heindel, apresenta ensinamentos que auxiliam o estudante no trabalho de espiritualização da consciência. A Concentração e a Retrospecção, entre outros benefícios, servem para focalizar a consciência no momento da saída e da entrada no corpo. Embora as preferências variem de indivíduo a indivíduo, existem certos temas para meditação que adquiriram um caráter quase universal, sendo um deles o símbolo metafisico do Homem Espiritual, a Pirâmide. Não queremos nos referir à Grande Pirâmide de Gizé, mas ao sólido geométrico. É particularmente inspirador para a Mente imaginá-lo luminoso.

O emblema místico que encimava a torre do Castelo do Graal no Parsifal de Wolfram Von Escenbach é sumamente edificante. Tal castelo, de estilo gótico, encerrava em uma de suas câmaras o Altar do Graal. Ornamentado fulgurantemente com esplendor quase oriental, o Castelo apresentava a sua estrutura com mágica luminosidade, realçando luzes indescritíveis. Os materiais empregados na construção eram de origem celestial, pois os Arquitetos Celestiais os trouxeram de planos elevados. O soalho do Templo era feito de ônix, o teto de safira, com joias colocadas em lugar de estrelas dos céus, enquanto em forma espiralada projetava-se acima da grande estrutura uma torre altíssima, em cujo topo estava o Rubi, encimado por uma Cruz de Cristal.

Tomando como tema de meditação essa torre encimada pelo Rubi e este, pela Cruz de Cristal, lembramo-nos das palavras de Max Heindel:

“O Campanário da Igreja é largo na base, porém gradualmente vai se estreitando mais e mais até que no topo fica apenas um ponto com uma cruz. Dessa forma, também é o caminho da santidade: no começo inúmeras coisas nos são permitidas, mas na medida em que avançamos devemos deixá-las de lado, uma após outra. Devemos então nos devotar mais e mais, exclusivamente ao serviço da santidade, até chegar o ponto em que o caminho se nos apresentará estreito como o fio da navalha. Aí então somente poderemos segurar-nos na cruz. Porém, quando chegarmos a tal ponto, quando atingirmos o mais estreito de todos os caminhos, estaremos aptos a seguir Cristo além e servir lá como servimos aqui”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 02/1967)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: É possível para uma mãe que passou ao Mundo invisível ajudar seus filhos direta ou indiretamente? Ela materializa mãos carnais para isso, ou recorre a outros meios para ajudá-los?

Pergunta: É possível para uma mãe que passou ao Mundo invisível ajudar seus filhos direta ou indiretamente? Ela materializa mãos carnais para isso, ou recorre a outros meios para ajudá-los?

Resposta: A Sociedade de Pesquisa Psíquica investigou vários casos nos quais foi verificado que a mãe se materializava a fim de salvar seus filhos pequenos de desastres ou acidentes. Não há dúvida que muitas jovens mães continuam presas à terra por um longo tempo devido ao amor que sentem por seus filhos pequenos e desamparados. Temos a certeza que se elas pudessem, manifestar-se-iam frequentemente para ajudá-los e confortá-los, mas, tendo-se rompido o Átomo-semente por ocasião da morte, elas não são capazes de atrair para si nem mesmo a matéria gasosa mais tênue que as tornaria visíveis, a não ser em pouquíssimos casos em que a necessidade é tão grande que gera na mãe um desejo intensamente dinâmico que, por um momento ou dois, compele os átomos físicos a penetrar no seu corpo, habilitando-a a realizar o que deseja. Ela realiza assim uma proeza mágica, sem saber como a fez e, naturalmente, não poderá repeti-la a menos que circunstâncias semelhantes aconteçam.

Nesse aspecto, as pessoas que passaram para os mundos invisíveis diferem radicalmente dos Auxiliares Invisíveis que deixam seu corpo sempre que desejarem.

Para eles, o Cordão Prateado permanece intacto, o que lhes proporciona uma ligação contínua com o Átomo-semente físico. Portanto, seu magnetismo é posto em ação e é necessário que o Auxiliar Invisível exerça um esforço subconsciente para impedir que as partículas físicas fluam para o veículo etérico no qual viaja. Por outro lado, quando ele deseja ajudar alguém que está em perigo, ou quer executar um certo trabalho, ele materializa uma mão ou um braço com a maior facilidade, permitindo, conscientemente, que os átomos físicos existentes ao seu redor fluam em direção a matriz etérica. Uma vez cumprida a tarefa desejada, outro esforço de pensamento espalha os átomos estranhos e desmaterializa a mão ou braço. Assim, por exemplo, ao trabalhar dentro do corpo de um paciente para manipular um órgão doente ou estancar o sangue de uma artéria, temporariamente dedos são formados com a carne do paciente, sem que isso lhe cause o menor desconforto e, uma vez a tarefa concluída, eles são imediatamente dissolvidos.

(Perg. 128 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Panorama: tudo que fizemos nessa vida, revisto quando descartamos o Corpo Denso na nossa morte aqui. E também quando inciamos o processo de um novo renascimento.

Panorama – No momento da morte, todos os outros veículos humanos deixam o Corpo Denso (físico), mas o Cordão Prateado não é imediatamente quebrado. O ser humano vê desdobrar na direção oposta, o panorama da sua vida escritos sobre o Éter Refletor do Corpo Vital. Este panorama é registrado no Corpo de Desejos como e quando ele se desdobra e é a base para a existência que se segue, no Purgatório e no Primeiro Céu.

A duração do panorama é de até três dias e meio. Todas as violações no Corpo Denso, assim como a agitação causada em torno dele, durante este período (autópsia, embalsamamento, altas lamentações dos pais, parentes e conhecidos, etc.) será sentido em algum grau pelo falecido e que perturba a gravação do panorama, privando o Ego dos frutos de sua vida, em parte ou no todo.

No final do panorama, o Cordão Prateado se rompe. O Corpo Denso está, então, completamente morto e pode ser cremado (o meio mais higiênico e que evita qualquer apego que temos).

Depois de passarmos pelo Purgatório, entrando no Primeiro Céu, o panorama do passado se desenrola de novo para trás, mas então as boas obras da vida são à base dos sentimentos. Ao chegarmos às cenas em que ajudamos a outrem, viveremos de novo toda a alegria que isto nos proporcionou, como também sentiremos toda a gratidão emitida por aqueles a quem ajudamos. Quando contemplamos de novo as cenas em que fomos ajudados por outros, voltamos a sentir toda a gratidão que emitimos ao nosso benfeitor. Deste modo vemos a importância de apreciar os favores com que outros nos cumularam, porque a gratidão produz crescimento anímico. Nossa felicidade no céu depende da felicidade que tenhamos proporcionado a outros, e do valor que demos àquilo que outros fizeram por nós.

Também, quando estamos iniciando o processo para um novo renascimento, ainda no Terceiro Céu, vem o desejo de novas experiências e a contemplação de um novo nascimento. Isto evoca uma série de quadros ante a visão do espírito – um panorama da nova vida que o espera. Contudo, note-se bem, este panorama contém somente os acontecimentos principais. 

Idiomas