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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Milagres?

Milagres?

São Pedro não ressuscitou Dorcas, assim como O Cristo não ressuscitou Lázaro nem ninguém, o que aliás, Ele não pretendeu ter feito. Ele disse: “Lázaro não está morto: dorme”.

Para que essa asserção possa ser bem compreendida devemos explicar o que se passa por ocasião da morte e em que essa difere da letargia, pois as pessoas acima mencionadas estavam nesse estado na ocasião em que os supostos milagres foram executados.

Durante a vigília, enquanto o Ego age conscientemente no Mundo Físico seus diversos veículos estão concêntricos: ocupam o mesmo espaço. Contudo, à noite, durante o sono, ocorre uma separação: o Ego, revestido do Corpo de Desejos e da Mente, desliga-se dos Corpos Denso e Vital que ficam sobre o leito. Os veículos superiores flutuam próximo e acima deles. Estão ligados aos outros dois corpos pelo Cordão Prateado, um fio estreito e brilhante com três segmentos, onde dois deles tem a forma de dois seis invertidos e do qual uma das extremidades está ligada ao Átomo-semente no coração e a outra no Átomo-semente do Corpo de Desejos.

No momento da morte, esse fio desliga-se do coração. As forças do Átomo-semente passam pelo nervo pneumogástrico, pelo terceiro ventrículo do cérebro, através da sutura entre os ossos parietal e occipital, subindo aos veículos superiores que estão fora, por intermédio do Cordão Prateado. O Corpo Vital também se separa do Corpo Denso com essa ruptura (aliás é essa à única ocasião em que se dá essa separação) e junta-se aos veículos superiores que estão flutuando sobre o cadáver. Aí o Corpo Vital permanece cerca de três dias e meio. Depois desse tempo, os veículos superiores se desligam do Corpo Vital que começa a se desintegrar simultaneamente com o Corpo Denso, nos casos comuns.

No momento dessa última separação, o Cordão Prateado rompe-se pelo meio, no lugar da união dos dois seis, e o Ego encontra-se livre de qualquer contato com o mundo material (a Região Química do Mundo Físico).

Durante o sono, o Ego também se retira do Corpo Denso, mas o Corpo Vital continua interpenetrando esse último, e o Cordão Prateado permanece inteiro.

Acontece, às vezes, que o Ego não torna a entrar no corpo pela manhã, para despertá-lo como de hábito, porém fica fora durante algum tempo que varia. Nesse caso, porém, o Cordão Prateado não se rompeu. Quando ocorre essa ruptura, não será possível nenhuma restauração. O Cristo e os Apóstolos eram Clarividentes: sabiam que não tinha havido ruptura nos casos mencionados, e daí a afirmação: “Ele não está morto, dorme”. Eles possuíam o poder de obrigar o Ego a entrar no seu corpo e de restaurar as condições normais.

Assim foram feitos os supostos milagres.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – jul/ago/88)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Falecimento e a Vida depois Dele – Dos Escritos de Max Heindel

“Todos admitem que seja necessária prática para aprender-se a tocar piano, e que seria inútil pretender-se ser relojoeiro sem antes passar-se pelo aprendizado. Mas quando se trata da alma, da morte, do além ou das origens do ser, muitos creem saber tanto quanto qualquer outro e avocam-se o direito de emitir opinião, apesar de nunca terem consagrado a tais assuntos ao menos uma hora de estudo.”

Alcance aqui um excelente material para estudar sobre: o falecimento, o que acontece depois e até onde chegaremos antes de pensar em renascer.

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Há 3 meios de você acessar esse Livro:

1.Em formato PDF (para download:

O Falecimento e a Vida depois Dele – Max Heindel

2.Em formato de audiobook ou audiolivro:

Audiobook – Falecimento e a Vida depois dele – Max Heindel

3. Para estudar no próprio site:

O FALECIMENTO E A VIDA DEPOIS DELE

 Por

Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

 

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido e Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, 1971, The Passing – and Life Afterward, editada por The Rosicrucian Fellowship

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

ÍNDICE

INTRODUÇÃO

O Falecimento

O Cordão Prateado

O Panorama da Vida

O Mundo do Desejo: Purgatório

A Missão no Purgatório – Retrospecção – o Valor do Arrependimento e da Reforma Íntima

Vida no Mundo do Desejo, depois da morte aqui

O Mundo do Desejo: A Região Limítrofe

O Mundo do Desejo: O Primeiro Céu

O Mundo do Pensamento: O Segundo CéuRegião do Pensamento Concreto

O Terceiro Céu na Região Abstrata do Mundo do Pensamento

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Observação Importante

Uma das glórias da Religião Cristã é a promessa da vida eterna. Para aqueles cujas Mentes inquiridoras buscam algo além de uma fé cega nessa promessa, o Cristianismo Esotérico oferece o conforto de detalhes lógicos e satisfatórios sobre as atividades do Espírito depois que o Corpo Denso, o físico, é descartado.

INTRODUÇÃO

A maioria das pessoas tem um interesse instintivo no que acontece após a morte do Corpo físico, embora as ideias a esse respeito possam variar infinitamente. Infelizmente, muitos declarados como cristãos são bastante temerosos sobre a morte e a olham com medo. Esse é um grande erro e um grande obstáculo ao ser humano, pois seus pensamentos inferiores o afetam de uma maneira muito prejudicial sobre o valor que ele dá ao que realmente ocorre.

Que existe uma vida definitiva e maravilhosa para o Espírito depois que ele deixa o seu corpo físico não é mais uma questão de fé cega. Há muitas pessoas que se tornaram clarividentes voluntários capazes de observar as condições do outro lado do “véu” e, portanto, tiram qualquer dúvida sobre esse assunto importantíssimo. De fato, a humanidade em geral está lentamente desenvolvendo a visão etérica, de modo que, com a aproximação da Era Aquariana o conhecimento sobre as condições na terra dos mortos que vivem estará tão disponível como agora está o conhecimento de quaisquer países estrangeiros aqui na Terra.

A vida na Terra é somente uma fase de um ciclo evolutivo recorrente em que todos nós experimentamos e aprendemos em nossos Corpos físicos na Terra, deixando o plano físico, em seguida, para assimilar a essência do que aprendemos, reconstruir nossos Corpos, repousar e retornar à Terra para repetir o ciclo. O trabalho feito pelo ser humano nos Mundos superiores tem muitas facetas, e em um sentido mais abrangente   que seu trabalho na Terra.  A vida do ser humano não é, ao que parece, uma existência inativa, sonhadora ou ilusória. É um período da maior e da mais importante atividade na preparação para a vida futura, como o nosso sono diário o é na preparação ativa para o trabalho do dia seguinte.

Entre aqueles que desenvolveram suas faculdades de Clarividência positiva, isto é, sobre o controle das suas vontades, e podem observar, acuradamente, o que acontece nos Mundos invisíveis, está Max Heindel, um Iniciado da Ordem Rosacruz e fundador da Fraternidade Rosacruz. No seu livro “O CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS”, ele descreve, com detalhes, o que acontece no momento do falecimento e depois desse, entre vidas na Terra nos Mundos superiores. A maior parte do que segue daqui para frente é tirada, literalmente, deste iluminante livro.

O Falecimento

O ser humano, o Espírito individualizado, é um ser complexo. Ele possui não somente um Corpo Denso, físico, que utiliza aqui, neste Mundo, para se mover e agir, e que, muitas vezes, pensa que isso é o ser humano completo; mas também tem um Corpo Vital composto de Éter, que permeia o Corpo Físico visível e é um instrumento que especializa a energia do Sol. Além disso, ele possui um Corpo de Desejos, sua natureza emocional, que permeia ambos os Corpos: Denso e Vital, e se estende cerca de quarenta e um centímetros além do Corpo Físico. E há também a Mente, que é um espelho, refletindo o Mundo exterior e permitindo ao Espírito ou ao Ego transmitir seus comandos como pensamento e palavra, e que o incentiva a ação.

Durante a vida na Terra, o ser humano constrói e semeia até chegar o momento da morte. Então o tempo da semeadura e os períodos de crescimento e amadurecimento ficaram para trás. Chegou o tempo da colheita, quando o espectro da morte chega com sua foice e sua ampulheta. Esse é um símbolo adequado. O espectro simboliza a parte do Corpo que é relativamente permanente. A foice representa o fato que essa parte permanente, que está a ponto de ser colhida pelo Espírito, é a frutificação da vida que agora está se aproximando do fim. A ampulheta em sua mão indica que a hora não chegará senão até que o curso completo tenha ocorrido em harmonia com leis invariáveis.

Quando este momento chega ocorre uma separação dos veículos. Como sua vida no Mundo Físico terminou, não há necessidade que o ser humano conserve o Corpo Denso. O Corpo Vital, também pertencente ao Mundo Físico, é retirado pela cabeça, deixando inanimado o Corpo Denso.

Os veículos superiores – Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente – são vistos (pelo Clarividente) deixando o Corpo Denso em um movimento espiral, levando consigo a ALMA de um átomo denso – não o átomo em si, mas as FORÇAS que trabalham através dele. Os resultados das experiências passadas por meio do Corpo Denso, durante a vida que terminou, foram impressos neste átomo específico. Enquanto todos os outros átomos do Corpo Denso se renovam de tempos em tempos, este átomo permanente se mantém intacto. Ele permanece estável, não só durante uma vida, mas faz parte de todos os Corpos Densos usados pelo Ego em todas as sucessivas encarnações. É retirado na morte e só desperta na aurora de outra vida física para servir, outra vez, como um novo núcleo em torno do qual é construído o novo Corpo Denso a ser usado pelo mesmo Ego. É, por isso, chamado de “Átomo-semente”. Durante a vida, o Átomo-semente está situado no ventrículo esquerdo do coração, perto do ápice. Na morte, ele sobe ao cérebro, passando pelo nervo pneumogástrico, deixando o Corpo Denso juntamente com os veículos superiores, pelo caminho das suturas entre os ossos parietal e occipital (a sutura sagital).

Quando os veículos superiores deixaram o Corpo Denso, eles ainda estão conectados por um fino, brilhante e prateado Cordão em forma muito parecida a dois seis invertidos, uma na vertical e outra na horizontal, conectados nas extremidades do gancho.

Antes que o cordão prateado se rompa e o copo de ouro se parta, antes que o jarro se quebre na fonte e a roldana rebente no poço, antes que o pó volte à terra de onde veio e o sopro volte a Deus que o concedeu” (Ecl 12:6-7).

O Cordão Prateado

Um extremo desse Cordão prende-se ao coração por meio do Átomo-semente. É a ruptura do Átomo-semente que produz a paralisação do coração. O Cordão só se rompe depois que todo o panorama da vida passada, contido no Corpo Vital, foi contemplado.

Todavia, deve-se ter muito cuidado em não cremar ou embalsamar o corpo antes de decorridos, no mínimo, três dias e meio após a morte, porque enquanto o Corpo Vital e os corpos superiores permanecerem unidos ao Corpo Denso por meio do Cordão Prateado, o ser humano, em certa medida, sentirá qualquer exame post-mortem ou ferimento no Corpo Denso. A cremação deveria ser evitada nos três primeiros dias e meio depois da morte porque tende a desintegrar o Corpo Vital, que deve permanecer intacto até que se tenha imprimido, no Corpo de Desejos, o panorama da vida que passou.

O Cordão Prateado rompe-se no ponto de união dos dois seis, metade permanecendo com o Corpo Denso e a outra metade com os veículos superiores. A partir do momento que o Cordão se rompe o Corpo Denso fica completamente morto.

Quando o Cordão Prateado se desprende do coração e o ser humano se liberta do seu Corpo Denso, chega para o Ego o momento da mais alta importância. Nunca se repetirá suficientemente às pessoas da família de um agonizante, que é um grande crime contra a alma que parte, se entregarem às lamentações e manifestações de sofrimento. Isso justamente porque naquele momento ele está entregue a um ato de suprema importância, já que o valor de sua vida passada depende, em grande parte, da atenção que a alma possa prestar a esse ato. Isto será mais bem esclarecido quando descrevermos a vida do ser humano no Mundo do Desejo.

É também um crime contra o agonizante lhe ministrar estimulantes, cujo efeito é o de forçar os veículos superiores a entrarem, abruptamente, no Corpo Denso produzindo no ser humano um choque enorme. A passagem para o além não é tortura. Mas arrastar a alma de volta ao corpo para que continue sofrendo, isto sim é tortura. Há casos de mortos que contaram aos investigadores o quanto sofreram agonizando durante horas por esse motivo, rogando às famílias que cessassem seu mal-entendido carinho e os deixassem morrer.

O Panorama da Vida

Quando o ser humano se liberta do Corpo Denso, que era o mais considerável empecilho ao seu poder espiritual (como as luvas grossas nas mãos do músico, do exemplo anterior), tal poder volta-lhe de novo até certo ponto. Com isso ele pode ler as imagens contidas no polo negativo do Éter Refletor do seu Corpo Vital, que é o assento da memória subconsciente.

Toda sua vida passada desfila nesse momento ante sua visão como um panorama, apresentando os acontecimentos em ordem inversa. Os incidentes do dia que precedeu a morte vêm em primeiro lugar, e assim seguem para trás através da velhice, idade viril, juventude, meninice e infância. Tudo é revisto.

O ser humano permanece como espectador ante esse panorama da vida passada. Vê as cenas conforme se sucedem e que se vão imprimindo nos seus veículos superiores, mas nesse momento fica impassível ante elas. O sentimento está reservado para quando chegar a hora de entrar no Mundo do Desejo, que é o mundo do sentimento e da emoção. Por enquanto ele se encontra apenas na Região Etérica do Mundo Físico.

Esse panorama perdura de algumas horas até vários dias, dependendo isso do tempo que o ser humano possa manter-se desperto, se necessário. Algumas pessoas podem manter-se assim somente doze horas, ou menos ainda; outras podem manter-se, segundo a ocasião, por certo número de dias. Mas enquanto o ser humano puder se manter desperto esse panorama prossegue.

Esse aspecto da vida depois da morte é semelhante ao que acontece quando alguém se afoga ou cai de uma grande altura. Em tais casos o Corpo Vital também abandona o Corpo Denso. Então o ser humano vê a sua vida num relâmpago, pois em seguida perde a consciência. Naturalmente não há rompimento do Cordão Prateado, porque se tal se desse não haveria ressurreição possível.

Quando a resistência do Corpo Vital alcança o seu limite máximo, entra em colapso na forma descrita no fenômeno do sono. Durante a vida física, quando o Ego controla os seus veículos, esse colapso termina as horas de vigília. Depois da morte, o colapso do Corpo Vital encerra o panorama e força o ser humano a entrar no Mundo do Desejo. O Cordão Prateado rompe-se então no ponto onde se unem os “dois seis” (veja-se o Diagrama 5-A) efetuando-se a mesma divisão como durante o sono, porém com esta diferença importante: ainda que o Corpo Vital volte para o Corpo Denso, não mais o interpenetra. Simplesmente fica flutuando sobre a sepultura e desagregando-se sincronicamente com o veículo denso. Por isso o cemitério é um espetáculo repugnante para o clarividente desenvolvido. Bastaria que algumas pessoas a mais pudessem vê-lo, e não seria preciso maior argumentação para convencer a trocar o mau e anti-higiênico método de enterrar os mortos pelo método mais racional da cremação, que restitui os elementos à sua condição primordial sem que o cadáver alcance os desagradáveis aspectos inerentes ao processo da decomposição lenta.

Quando o Espírito deixa o Corpo Vital, o processo é muito parecido ao que se verifica ao deixar o Corpo Denso. As forças vitais de um átomo (do Corpo Vital) são levadas para serem empregadas como núcleo do Corpo Vital na futura encarnação. Deste modo, ao entrar no Mundo do Desejo o ser humano leva os Átomos-sementes dos Corpos: Vital e Denso, além do Corpo de Desejos e da Mente.

O Mundo do Desejo: Purgatório

Se o ser que está morrendo pudesse deixar todos os desejos para trás, o Corpo de Desejos muito rapidamente se libertaria, deixando-o livre para prosseguir para o Primeiro Céu, mas isso normalmente não acontece.  A maioria das pessoas, principalmente se elas morrem ainda jovens, possui muitos laços e interesses na vida na Terra. Elas não modificam seus desejos só porque perderam seu corpo físico. De fato, seus desejos são até aumentados pela vontade intensa de retornar. Isso as prende mais ao Mundo do Desejo de forma desagradável, embora, infelizmente, elas não entendam a realidade desse fato. Por outro lado, os velhos, decrépitos e aqueles enfraquecidos por longa enfermidade se libertaram da vida e passaram rapidamente.

O assunto pode ser ilustrado pelo caroço que se desprende da fruta madura onde nenhuma parte da polpa se adere, enquanto que, na fruta verde, o caroço se adere à polpa tenazmente. Assim, é muito difícil para as pessoas que morrem de acidente, estando em plena saúde e força física, ligadas à esposa, família, parentes, amigos e à procura de negócios e prazer.

Enquanto o ser humano manifesta seus desejos ligados à vida na Terra, ele tem que permanecer em seu Corpo de Desejos e à medida que o progresso do indivíduo requer que ele alcance regiões mais superiores, a existência no Mundo do Desejo tem que ser necessariamente purgatorial, tendendo a purificá-lo de seus pecados. Como isso acontece, pode ser melhor compreendido tomando alguns exemplos radicais.

O avarento, que amou seu ouro na vida terrena, continua a amá-lo após a morte, mas, em primeiro lugar, ele não pode adquirir mais porque não tem mais o Corpo Denso para agarrá-lo, e, pior que tudo, não pode sequer manter o que acumulou durante a vida. Ele irá, talvez, sentar-se perto do seu cofre e olhar o ouro e as ações guardadas por ele com tanto carinho. Mas os herdeiros aparecem e talvez zombando do “velho tolo avarento” (que eles não veem, mas que os vê e ouve), abrirão seu cofre e, embora ele se jogue sobre o ouro para protegê-lo, eles passarão suas mãos através de seu corpo, sem perceber ou sentir que ele está ali e irão gastar sua fortuna, enquanto ele sofre de tristeza e impotente raiva.

Ele sofrerá intensamente e seu sofrimento é ainda mais terrível por ser inteiramente mental, porque o Corpo Denso amortece o sofrimento de certa forma. No Mundo do Desejo, no entanto, esse sofrimento tem força total e o ser humano sofre até aprender que o ouro pode ser uma maldição. Assim, ele, gradualmente, se contenta com sua sorte e, finalmente, se liberta do Corpo de Desejos e está pronto para prosseguir.

Com certeza é possível evitar esse problema, enquanto encarnado, procurando descartar os bens materiais. Se usarmos o julgamento, quando verificamos que nossas vidas foram úteis até o fim, podemos dizer: Aqui estão coisas das quais não mais utilizarei, e sabendo que o tempo é curto; podemos procurar o que fazer com eles, saber a quem poderá ser útil, ou a quem posso ajudar a fazer uso dele para estabelecer algo para si mesmo?

O mesmo é verdadeiro em relação às afeições; devemos nos policiar para que não amemos ninguém com um amor desmedido – amor como aquele a quem se idolatra e os coloca acima de tudo. Se nos libertamos de todos os laços terrestres, então, estamos prontos para seguir adiante e não poderemos ser mantidos aqui.

Tomemos o caso do alcoólatra. Ele continua gostando de beber após a morte tanto quanto gostava anteriormente. Não é o Corpo Denso que anseia pela bebida. Ele se torna doente pelo álcool e não gostaria de passar sem ele. Em vão, protesta de diversas maneiras, mas o Corpo de Desejos do alcoólatra anseia pela bebida e força o Corpo Denso a ingeri-la, para que o Corpo de Desejos possa ter a sensação de prazer resultante do aumento da vibração.  Aquele desejo permanece após a morte do Corpo Denso, mas o alcoólatra não tem em seu Corpo de Desejos nem boca para beber nem estômago para conter a bebida. Ele procura os bares onde interpenetra os corpos dos que bebem para conseguir um pouco de vibração por indução, porém, isso é demasiadamente fraco para trazer-lhe alguma satisfação. Ele, muitas vezes, entra na garrafa de uísque, mas isso não lhe traz proveito porque não há na garrafa os gases que são gerados pelos órgãos digestivos do beberrão. Não há nenhum efeito que possa sentir e ele é como um ser humano num barco no meio do oceano: “Água, água, para todos os lados, mas nem uma gota para beber”.  Em consequência, ele sofre intensamente. Em tempo, no entanto, ele aprende a perda de tempo que é ansiar pelo que não pode conseguir. Como tantos outros desejos aqui na vida terrena, os desejos no Mundo do Desejo morrem por não poderem ser satisfeitos. Quando o alcoólatra purgou o vício, ele está pronto para deixar esta fase do “Purgatório” e sobe para o mundo celestial.

Assim, nós vemos que não é uma vingativa Divindade que faz o Purgatório ou o inferno para nós e, sim, nossos hábitos e atos inferiores.  De acordo com a intensidade de nossos desejos, será o tempo de nosso sofrimento justo em sua purgação.  Nos casos mencionados anteriormente, não haveria sofrimento para o alcoólatra se ele fosse privado de suas riquezas materiais.  Se ele tivesse algumas, não ligaria para elas.  Também não causaria ao avaro nenhuma dor ao ser privado de beber.  Pode-se afirmar que ele não se importaria se não existisse uma única gota de bebida no mundo.  Porém, ele defenderia seu ouro e o alcoólatra, sua bebida e, desta forma, a lei infalível dá a cada um, o que ele necessita para purgar seus desejos profanos e hábitos inferiores.

Esta é a lei simbolizada na foice do ceifador, a Morte, a lei que diz que “tudo que o ser humano semear, ele também colherá”.  É a Lei de Causa e Efeito que regula todas as coisas nos três mundos e em todos os reinos da Natureza – físico, moral e mental.  Em todos eles, ela trabalha inexoravelmente ajustando todas as coisas, restaurando o equilíbrio, em qualquer lugar onde, por sua simples ação, um distúrbio tenha sido provocado.  O resultado pode ser manifestado imediatamente ou pode ser retardado por anos ou vidas, porém, em algum tempo, em algum lugar, uma justa e adequada retribuição será feita.  O estudante deve particularmente observar que esse trabalho é absolutamente impessoal.  Não há no universo nem prêmio nem punição.  Tudo é o resultado da lei invariável. Esta é a Lei de Consequência.

No Mundo do Desejo, ela opera purgando o ser humano dos desejos mais grosseiros e corrigindo fraquezas e vícios que impedem seu progresso, fazendo-o sofrer de forma a alcançar o objetivo.  Se ele fez outros sofrerem ou se agiu injustamente com eles, irá sofrer de modo idêntico.  É preciso notar, entretanto, que, se uma pessoa foi sujeita a vícios e se arrependeu e o mais rápido possível corrigiu seu erro, este arrependimento e reforma a purgou dos vícios e atos inferiores.  O equilíbrio foi restaurado e a lição aprendida durante sua vida terrena e, desta forma, não haverá nenhum sofrimento após a morte.

Uma palavra deve ser dita aqui sobre o suicida, que tenta fugir da vida, apenas para descobrir que está tão vivo como sempre. É a situação mais lamentável. Ele é capaz de assistir aqueles a quem ele tem, talvez, desonrado por seu ato, e pior de tudo, ele tem uma sensação indescritível de estar “esvaziado”. A parte da aura ovoide, onde o Corpo Denso costumava estar contido, está vazia e, apesar do Corpo de Desejos tomar a forma do Corpo Denso descartado, ainda assim, ele se sente parecido como uma concha vazia, porque o arquétipo criador do corpo na Região do Pensamento Concreto persiste como um molde vazio, por assim dizer, enquanto que o Corpo Denso deveria ter vivido adequadamente. O arquétipo – o “modelo” do Corpo Denso de cada Ego, em torno do qual o corpo toma forma – é feito de coisas mentais e configurado para vibrar por um período de tempo previamente determinado. Quando uma pessoa morre naturalmente, mesmo no auge da vida, a atividade do arquétipo cessa, e o Corpo de Desejos se ajusta para ocupar toda a forma. No caso do suicida, no entanto, esse horrível sentimento de “vazio” permanece até o momento em que, no curso natural dos acontecimentos, sua morte teria ocorrido. A impressão desta experiência particularmente desagradável permanece com o Ego, e é fundamental para impedi-lo de ficar preso à tentação do suicídio em vidas futuras.

No Mundo do Desejo, a vida passa aproximadamente três vezes mais rápido do que no Mundo Físico.  Um ser humano que tenha vivido até os cinquenta anos no Mundo Físico levará para passar pelos mesmos eventos no Mundo do Desejo aproximadamente dezesseis anos.  Este é, naturalmente, um exemplo genérico.  Há pessoas que permanecem no Mundo do Desejo muito mais tempo do que o período de sua vida física.  Outros, que viveram com poucos desejos inferiores, despendem muito menos tempo, mas a média dada anteriormente está muito próxima da realidade dos seres que vivem atualmente.

Devemos lembrar que, quando o ser humano deixa o Corpo Denso na morte, sua vida passada se apresenta à sua frente em imagens, porém, neste momento, não há nenhum sentimento envolvido.

Durante sua vida no Mundo do Desejo, estas imagens da vida também se desenrolam de trás para frente como antes; porém, agora, o ser passa por todos os sentimentos, um por um, à medida que as cenas se apresentam.  Cada incidente de sua vida passada é vivido e, quando chega a uma cena em que tenha feito mal a alguém, ele mesmo sente a dor que a pessoa sentiu.  Ele vivencia toda dor e sofrimento que causou aos outros e aprende quão dolorosa foi a ferida e quão difícil foi suportar o mal que ele causou. Além disso, há ainda o fato já mencionado de que o sofrimento é ainda mais agudo porque ele não tem mais o Corpo Denso que entorpece a dor. Talvez seja essa a razão de a vida lá ser três vezes mais rápida – o sofrimento perde em duração o que ganha em intensidade.  As medidas da Natureza são maravilhosamente justas e verdadeiras.

A Natureza, que é a manifestação de Deus, visa sempre à conservação da energia, alcançando os maiores resultados com o mínimo de força e de desperdício de energia. Se estudarmos o efeito da mudança no Mundo Físico, devemos aprender algo de sua consequência no reino acima de nós. Uma pessoa que sofre agudamente durante um curto período de tempo, geralmente, sente dor de forma muito intensa; enquanto aqueles que sofrem por anos ininterruptos, não parecem sentir o sofrimento na mesma medida, apesar da dor que lhes é atribuída possa ser tão grave. Eles têm, por assim dizer, utilizando deste quadro no sentido de tornarem-se emaciados e ajustados à dor; portanto, o sofrimento não é tão intenso quanto à pessoa no primeiro caso.

A Missão no Purgatório – Retrospecção – o Valor do Arrependimento e da Reforma Íntima

A missão do Purgatório é erradicar os hábitos injuriosos, fazendo sua gratificação impossível.  O indivíduo sofre exatamente como ele fez os outros sofrerem através de sua desonestidade, crueldade, intolerância e outras coisas mais.  Devido a este sofrimento, ele aprende a agir gentilmente, honestamente e com paciência com os outros no futuro. Assim, em consequência desse estado benéfico, o ser humano aprende a virtude e a ação correta. Quando renasce, pelo menos está livre de hábitos doentios e todo ato que venha a ser cometido é de livre arbítrio. As tendências em repetir o mal de vidas passadas permanecerão, pois, é através de nossa força de vontade que deveremos aprender a fazer o que é certo conscientemente. Na ocasião propícia estas tendências chegarão oferecendo-nos, então, a oportunidade de nos mantermos do lado da misericórdia e da virtude contra o vício e a crueldade. Mas, para indicar a ação correta e a ajuda necessária a resistir a estas armadilhas e as ciladas da tentação, teremos como resultado o sentimento da expiação dos hábitos e dos atos errados de vidas passadas. Se observarmos esse sentimento e abstermo-nos, particularmente, deste mal a tentação cessará. Assim, nos libertamos disso para sempre. Do contrário, se cedermos, teremos um sofrimento mais intenso do que antes, até que finalmente aprendemos a viver pela Regra de Ouro, porque o caminho do transgressor é difícil. E mesmo assim, não chegamos ao nosso melhor. É egoísmo de nossa parte fazer o bem aos outros porque queremos que eles façam o mesmo conosco. Com o tempo devemos aprender a fazer o bem independentemente da maneira que somos tratados pelos demais; como Cristo Jesus disse, devemos amar até os nossos inimigos.

Há um inestimável benefício quando conhecemos o método e o objeto dessa purgação, porque assim, somos capazes de nos prevenir e viver nosso Purgatório aqui e agora diariamente, portanto, progredindo muito mais rápido do que de outra forma. O exercício de Retrospecção é dado na última parte do CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS, cujo objetivo é a purificação, como auxílio ao desenvolvimento da visão espiritual. Consiste em pensar sobre os acontecimentos do dia após se deitar à noite. Devemos revisar cada incidente do dia, em ordem inversa, considerando se agimos corretamente ou não em cada caso particular em relação às ações, atitudes mentais e hábitos. Ao nos julgar diariamente, tentando nos corrigir em nossos hábitos e ações erradas enquanto encarnados, poderemos reduzir ou até eliminar o tempo do Purgatório e assim, passaremos, diretamente, ao Primeiro Céu após a morte. Se, conscientemente superarmos nossas fraquezas, poderemos ter um avanço muito bom materialmente falando na escola da evolução. E mesmo que não consigamos corrigir todas as nossas ações, obtemos um benefício imenso de julgar-nos, gerando assim aspirações para o bem, que com o tempo certamente dará frutos numa ação correta.

Ao analisar os acontecimentos do dia e nos arrependermos pelos erros cometidos, não devemos nos esquecer da aprovação IMPESSOAL ou de nos regozijarmos pelo bem praticado e nos determinarmos a fazê-los melhor. Desta forma, nos fortalecemos pelo bem praticado e, também nos julgamos pela prática do mal.

O arrependimento também é um fator poderoso para encurtar a existência no Purgatório, pois a Natureza nunca desperdiça esforços em processos inúteis. Quando percebemos o errado de certos hábitos ou ações em nossa vida passada, e determinamos erradicar os hábitos e corrigir os erros cometidos, estamos eliminando estas imagens da memória subconsciente e, portanto, não estarão ali mais como árbitro para nos julgar após a morte. Mesmo que não possamos fazer a restituição por algo cometido, a sinceridade do nosso arrependimento será suficiente. A natureza não visa “se equilibrar”, nem se vingar. A recompensa para aqueles a quem prejudicamos pode ser dada de outras maneiras.

Vida no Mundo do Desejo, depois da morte aqui

Muitos progressos reservados para vidas futuras, normalmente serão realizados pelo ser humano, uma vez que ele deve aproveitar o tempo e viver cada momento, julgando-se e erradicando os vícios na reformulação de seu caráter. Esta é a prática fervorosamente recomendada.

Para os Egos habitantes do Mundo do Desejo é possível moldar material de desejos pelo pensamento, da maneira desejada por ele. Por exemplo, eles podem formar vários artigos de vestuários empregando a força do desejo. Geralmente, eles se imaginam vestidos com o traje costumeiro que usavam antes de passarem para o Mundo do Desejo e, portanto, se veem vestidos sem nenhum esforço do pensamento em particular. Mas, quando eles desejam obter algo novo ou outra vestimenta não usual, naturalmente eles têm que usar o poder da vontade para realizar tal coisa; e este pensamento de desejo só durará enquanto a pessoa se sustentar vestida naquela maneira.

Esta facilidade de moldagem do material de desejo utilizando o poder do pensamento também é usada em outras direções. De um modo geral, quando uma pessoa deixa o mundo presente em consequência de um acidente, ela se vê de maneira desfigurada devido ao acidente, talvez sem uma perna ou braço ou com um buraco na cabeça. Isso não a incomoda; pois pode se mover tão facilmente sem braços ou pernas entre eles, mas mostra a tendência do pensamento em moldar o Corpo de Desejos. No início da Primeira Guerra Mundial, houve um grande número de soldados com lesões horríveis que passaram para o Mundo do Desejo, quando os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz e seus alunos ensinaram a estes homens que simplesmente mantendo o pensamento de que os membros de seus corpos eram sadios, então, eles seriam curados de suas formas desfiguradas. Isso se fez imediatamente. Agora, todos os recém-chegados, quando são capazes de entender o que acontece no Mundo do Desejo são curados de suas feridas e amputações desta maneira, e ao vê-los, ninguém pensaria que passaram por um acidente no Mundo Físico.

Outra evidência da disponibilidade com que as matérias de desejos são moldadas pelo pensamento é tido por muitas pessoas na Terra que seguem linhas semelhantes. Em tais casos, seus pensamentos se amontoam e formam um grande todo.

Assim, nas regiões inferiores do Mundo do Desejo, os pensamentos das pessoas que pressupõe estar em um calor ardente, como o inferno, fazem do desejo um lugar de tortura. Podemos ver demônios com chifres, cascos e caudas, estimulando os pecadores infelizes com tridentes e, muitas vezes, quando as pessoas desmaiam, depois de ter vivenciado esta crença, eles se encontram em um triste estado de medo ao contemplar este lugar que eles mesmos ajudaram a criar. Também há nas regiões superiores do Mundo do Desejo uma Nova Jerusalém com portões perolados, com cristais e com um grande trono branco sobre o qual está assentado o pensamento-forma de Deus, criada por essas pessoas e aparecendo ser semelhante a um homem velho. Esta é uma característica permanente do Mundo do Desejo, e permanecerá assim para que as pessoas continuem a pensar sobre a Nova Jerusalém como o caminho. Essas formas não têm vida além dos pensamentos sustentados pelo ser humano, e quando a humanidade superar essa crença, a cidade criada por seus pensamentos deixará de existir.

O Mundo do Desejo: A Região Limítrofe

O Purgatório ocupa as três Regiões inferiores do Mundo do Desejo. O Primeiro Céu está localizado nas três Regiões Superiores do Mundo do Desejo. A Região Central é uma espécie de fronteira – nem céu nem inferno. Nesta região, encontramos pessoas honestas e corretas; que não causaram danos a ninguém, mas que estiveram tão

Intensamente imersos nos seus negócios que não tiveram tempo de pensar na vida superior. Para estas pessoas, o Mundo do Desejo é um estado indescritível de monotonia. Não há “negócios” nesse mundo, e, para este tipo de ser humano não existe qualquer coisa para se ocupar. Ele tem um tempo muito difícil até que aprenda a pensar em coisas mais elevadas do que livros e projetos. Os seres humanos que pensavam no problema da vida e chegaram à conclusão de que “a morte acaba com tudo”, que negaram a existência de coisas fora do mundo material – esses, certamente, também sentem essa terrível monotonia. Eles têm esperado a aniquilação da consciência, mas em vez disso, se encontram com uma percepção aumentada das pessoas e coisas sobre elas. Eles estavam acostumados a negar essas coisas tão veementemente que muitas vezes eles fantasiam o Mundo do Desejo como alucinação, e muitas vezes são ouvidos exclamando com o mais profundo desespero: “Quando terminará? Quando terminará?”

Essas pessoas estão realmente em um estado lamentável. Eles geralmente estão fora do alcance de qualquer ajuda e sofrem muito mais do que qualquer outra pessoa. Além disso, eles não têm nenhuma vida no mundo celeste, onde a construção de corpos futuros é ensinada, então eles colocam todos os seus pensamentos cristalizantes em qualquer corpo que possam formar para uma vida futura. Assim, um corpo é construído devido as tendências de endurecimento que temos, como no consumo a estas necessidades. Às vezes, o sofrimento que incide em tais corpos decrépitos transformará os pensamentos das pessoas que emanam de Deus, e assim, sua evolução pode prosseguir; mas na mente materialista encontra-se o maior perigo de perder contato com o Espírito e se tornar um pária.

O Mundo do Desejo: O Primeiro Céu

Quando termina a existência purgatorial, o espírito purificado ascende ao Primeiro Céu, que está situado nas três Regiões mais elevadas do Mundo do Desejo. Os resultados dos sofrimentos são incorporados ao Átomo-semente do Corpo de Desejos, o que lhe comunica a qualidade de reto sentimento que atuará, no futuro, como impulso para o bem e repulsão ao mal. Aqui o panorama do passado se desenrola de novo para trás, mas então as boas obras da vida são à base dos sentimentos. Ao chegarmos às cenas em que ajudamos a outrem, viveremos de novo toda a alegria que isto nos proporcionou, como também sentiremos toda a gratidão emitida por aqueles a quem ajudamos. Quando contemplamos de novo as cenas em que fomos ajudados por outros, voltamos a sentir toda a gratidão que emitimos ao nosso benfeitor. Deste modo vemos a importância de apreciar os favores com que outros nos cumularam, porque a gratidão produz crescimento anímico. Nossa felicidade no céu depende da felicidade que tenhamos proporcionado a outros, e do valor que demos àquilo que outros fizeram por nós.

Deve-se sempre recordar que o poder de dar não pertence exclusivamente ao ser humano rico. Dar dinheiro sem discernimento pode ser até um mal. É um bem dar dinheiro para um propósito que consideremos benéfico, porém um serviço prestado vale mil vezes mais. Um olhar carinhoso, expressões de confiança, uma simpática e amorosa ajuda são coisas que todos podem dar, seja qual for a fortuna de cada um. Todavia devemos ajudar o necessitado de maneira que ele possa ajudar a si próprio, seja física, financeira, moral ou mentalmente, para que não dependa mais de nós nem dos outros.

O Primeiro Céu é um lugar de alegria, sem vestígios sequer de amargura. O Espírito está além das influências materiais e terrestres, e, ao reviver sua vida passada, assimila todo o bem nela contido. Aqui se realizam em toda amplitude todos os empreendimentos nobres a que o ser humano aspirou. É um lugar de repouso, e quanto mais dura tenha sido a vida maior será o descanso que gozará. Enfermidade, tristeza e dor são coisas desconhecidas no Primeiro Céu. É a pátria de veraneio dos espiritualistas. Os pensamentos do devoto cristão construíram ali a Nova Jerusalém. Formosas casas, flores, etc., são o prêmio dos que a elas aspiraram, e que eles mesmos construíram com o pensamento, utilizando-se da sutilíssima matéria de desejos. Contudo são para eles tão reais e tangíveis como são para nós as casas materiais. Todos desfrutam ali a satisfação daquilo que não puderam alcançar na vida terrestre.

Este céu é também lugar de progresso para todos os estudiosos, para os artistas e para os altruístas. O estudante e o filósofo têm acesso instantâneo a todas as bibliotecas do mundo. O pintor observa, com inefável delícia, as combinações de cores sempre cambiantes. Logo aprende que seus pensamentos formam e misturam essas cores à vontade. Suas criações brilham e cintilam com uma vividez impossível de ser conseguida pelos que trabalham com as monótonas cores da Terra. Está, por assim dizer, pintando com matéria viva, resplandecente, sendo por isso mesmo capaz de executar suas obras com uma facilidade que lhe inunda a alma de deleite.

O poeta encontra uma inspiração magnífica nas imagens e cores, que são as características principais do Mundo do Desejo. Dali tomará os materiais para usá-los em sua próxima incorporação. De maneira idêntica o escritor acumula material e faculdade. O filantropo concebe seus planos altruístas para a elevação do ser humano. Se falhou em uma vida, verá a razão do fracasso no Primeiro Céu, e aprenderá ali a superar os obstáculos e a evitar os erros que tornaram seus planos impraticáveis.

Nossa vida no Primeiro Céu é sempre abençoada e preenchida pela presença daqueles que amamos, sejam parentes ou amigos. Portanto, aqueles que se amam e são necessários para a felicidade uns dos outros estão unidos por um vínculo de amizade mais próxima durante a permanência no Primeiro Céu, isto se eles estiverem lá ao mesmo tempo. Pois, se alguém permanece no Corpo Denso por determinados anos e o outro já passou, certamente, o que está no mundo celestial, com seu pensamento amoroso criará uma imagem do outro e dotá-la-á de vida; pois devemos lembrar que o Mundo do Desejo está devidamente constituído e que somos capazes de dar forma corporal a tudo que pensamos. Assim, esta imagem só será dotada de vida por seu pensamento e os pensamentos da outra pessoa que ainda vive no Mundo Físico, quando ela incorporar todas as condições que são necessárias para preencher o cálice de felicidades deste habitante do mundo celestial.

Da mesma forma, quando a segunda pessoa passar pelo Primeiro Céu e a primeira não estiver mais lá e já ascendeu ao Segundo Céu, o Corpo de Desejos desintegrado desta pessoa permanecerá vivo no Primeiro Céu e parecerá perfeitamente real para a segunda pessoa até que a sua vida aqui, realmente, tenha terminado. Não se deve pensar que esta imagem seja puramente ilusão, pois a pessoa que chegou ao Primeira Céu será animada pelo amor e amizade enviada pela pessoa que já ascendeu ao Segundo Céu, mas que ambos fazem parte deste céu.

Assim, quando, respectivamente, eles passam para o Segundo e Terceiro Céu, o esquecimento do passado vem sobre eles, e se separam por uma ou mais vidas sem dívidas a saldar. Mas, em algum tempo e em algum lugar, eles se encontrarão novamente, e a força dinâmica que geraram no passado por meio de seus anseios entre ambos, invariavelmente os atrairá para que o amor alcance o que é legítimo para sua consumação.

Crianças no Primeiro Céu levam uma vida particularmente bela. Se pudéssemos ver, rapidamente cessaríamos nossa dor. Quando uma criança morre antes do nascimento do Corpo de Desejos, isto é, antes dos quatorze anos, não vai além do Primeiro Céu, porque não é responsável pelos seus atos, do mesmo modo que o feto que se contorce no útero não é responsável pelo incômodo que causa à mãe. Portanto, a criança não tem existência purgatorial. O que não é vivificado não pode morrer, portanto, o Corpo de Desejos de uma criança, junto com a Mente, persistirá até o novo nascimento. Por essa razão, essas crianças são capazes de recordar suas vidas anteriores.

Para tais crianças, o Primeiro Céu é uma sala de espera onde permanecem de um a vinte anos, até que se apresente uma nova oportunidade para renascerem. Entretanto, é algo mais do que uma simples sala de espera, porque, nesse ínterim realiza-se ali um grande progresso.

Quando uma criança morre há sempre alguém da família à sua espera, mas na falta disto, sempre existe quem a adote com sentimento maternal porque gostava também de fazê-lo em sua existência terrena, satisfazendo-se em cuidar de um pequeno desamparado. A extrema plasticidade da matéria de desejos permite formar com a maior facilidade maravilhosos brinquedos viventes para as crianças, tornando suas vidas um formoso divertimento: contudo sua instrução não fica descuidada. Elas são agrupadas em classes de acordo com os seus temperamentos, sem considerar-se a idade. No Mundo do Desejo é muito fácil ministrar-se lições objetivas da influência do bem e das más paixões sobre a conduta e a felicidade. Estas lições imprimem-se indelevelmente sobre o sensitivo e emotivo Corpo de Desejos da criança e acompanham-na depois do renascimento. Assim, muitos dos que levam uma vida nobre devem-na ao fato de terem sido submetidos a esse treinamento. Muitas vezes, quando nasce um espírito débil é comum os Compassivos Seres (os Guias Invisíveis que dirigem nossa evolução) fazerem-no morrer em tenra idade para que possa ter este treinamento extra, ajudando-o a adaptar-se ao que talvez possa ser para ele uma vida dura. Parece ser este o caso especialmente quando a impressão no Corpo de Desejos foi fraca, em decorrência de perturbações das lamentações dos parentes em volta do moribundo, ou por ter morrido em acidente ou num campo de batalha. Sob tais circunstâncias ele não pode experimentar, em sua existência pós-morte, a intensidade de sentimentos apropriados, por isso quando nasce e morre a seguir, em tenra idade, a perda se recobra na forma acima indicada. Muitas vezes, o dever de cuidar dessas crianças na vida celeste recai sobre aqueles que foram causa dessas anomalias, pois assim são-lhes proporcionadas oportunidades para repararem uma falta e aprenderem a agir melhor. Ou talvez venham a ser os pais daquele que prejudicaram, devendo cuidar dele nos poucos anos que viva. Nesse caso não importará que se lamentem histericamente por causa de sua morte porque não há imagens no Corpo Vital infantil que produzam consequências.

O Mundo do Pensamento: O Segundo Céu – Região do Pensamento Concreto

Com o tempo, chega-se a um ponto em que o resultado da dor e do sofrimento no purgatório, junto ao sentimento feliz extraído das boas ações da vida passada, integram-se ao Átomo-semente do Corpo de Desejos. Juntos eles constituem o que chamamos consciência, essa força propulsora que nos põe em guarda contra o mal, o produtor de sofrimentos, e nos inclina para o bem, o gerador de felicidade e alegria. Tal como abandonou os Corpos Denso e Vital, assim o ser humano abandona seu Corpo de Desejos, que se desintegra. Dele, leva consigo unicamente as forças do Átomo-semente, que formarão o núcleo do futuro Corpo de Desejos, como o foi a partícula permanente de percepção dos seus veículos anteriores.

Finalmente o ser humano, o Ego, o Tríplice Espírito, entra no Segundo Céu. Está envolto na Mente, que contém os três Átomos-sementes – a quintessência dos três veículos abandonados.

Quando o ser humano, ao morrer, perde seus Corpos Denso e Vital, encontra-se nas mesmas condições de uma pessoa adormecida. O Corpo de Desejos, conforme explicado, não possui órgãos próprios para uso. De um ovoide transforma-se então numa figura parecida com o Corpo Denso abandonado. Facilmente se compreende que deve haver um intervalo de inconsciência semelhante ao sono antes de o ser humano despertar no Mundo do Desejo. Por conseguinte, não é raro acontecer a certas pessoas permanecerem, durante longo tempo, incertas do que se passou com elas. Notam que podem pensar e mover-se, mas não compreendem que morreram. Às vezes é até muito difícil conseguir fazê-las crer que estão realmente “mortas”. Compreendem, sim, que algo está diferente, mas não são capazes de entender o que seja.

Tal não acontece quando se efetua a passagem do Primeiro Céu – no Mundo do Desejo, para o Segundo Céu – na Região do Pensamento Concreto. Abandonando seu Corpo de Desejos, o ser humano está, então, perfeitamente consciente. Passa a um grande silêncio, e durante esse intervalo tudo parece desvanecer-se, ele não pode pensar. Nenhuma das suas faculdades acha-se ativa, mas sabe que é. Tem a sensação de encontrar-se no “Eterno Agora”, de achar-se completamente só, todavia sem temor. Então sua alma inunda-se de uma paz inefável, “que sobre passa todo o entendimento”. A ciência oculta chama isso “O Grande Silêncio”.

Então, vem o despertar. O Espírito está agora em sua pátria, seu lar – o mundo celeste. E o despertar traz-lhe ao espírito o som da música das esferas.

Na existência terrena vivemos tão absorvidos pelos pequenos ruídos e sons do nosso restrito ambiente, que somos incapazes de ouvir a música dos astros em movimento, mas o ocultista ouve-a. Ele sabe que os doze signos do Zodíaco e os sete Planetas formam a caixa de ressonância e “as sete cordas da lira de Apolo”. Sabe também que um simples desacorde na harmonia celestial desse grande Instrumento poderia produzir “um aniquilamento da matéria e uma colisão de mundos”. A música celeste é um fato e não mera figura de retórica. Pitágoras não fantasiava quando falou da música das esferas, porque cada um dos corpos celestiais tem seu tom definido e, juntos, formam a sinfonia celestial que Goethe, também menciona no prólogo do seu “Fausto”.

Os ecos dessa música celeste chegam até nós, aqui no Mundo Físico, e são o nosso bem mais precioso, ainda que fugazes como o fogo-fátuo. A música não pode ser criada permanentemente, a exemplo de outras obras de arte – uma estátua, um quadro, ou um livro. O Mundo do Pensamento, onde estão localizados o Segundo Céu e o Terceiro Céu, é a esfera do Som, e o músico aqui, finalmente, chega ao lugar em que sua arte se expressa a si mesma em toda a extensão.

Não basta dizer que as novas condições serão determinadas pela conduta e atos da última vida. É necessário que os frutos do passado sejam aplicados no Mundo Físico, que será o próximo campo de atividade do Ego, e onde este estará adquirindo novas experiências físicas e colhendo mais frutos. Portanto, todos os habitantes do Mundo Celeste trabalham sobre os modelos da Terra – a totalidade dos quais se encontra na Região do Pensamento Concreto – lhe alterando as formas físicas e produzindo-lhe mudanças graduais no aspecto. Assim, em cada retorno à vida física eles encontram um ambiente diferente onde podem adquirir novas experiências. O clima, a flora e a fauna são alterados pelo ser humano sob a direção de Seres elevados que mais tarde descreveremos. Por conseguinte, o mundo é exatamente o que nós próprios, individual e coletivamente, temos feito dele, e será tal e qual como o fizermos. Em tudo quanto ocorre, o ocultista vê uma causa de natureza espiritual manifestando-se a si mesma, inclusive o alarmante aumento de frequência das perturbações sísmicas, que têm origem no pensamento materialista da ciência moderna.

O trabalho do ser humano no Mundo Celeste não se limita apenas à alteração da superfície da Terra, que será o campo de suas futuras lutas para dominar o Mundo Físico. Ele ocupa-se também, ativamente, em aprender como construir um corpo que tenha os melhores meios de expressão. O destino do ser humano é converter-se em Inteligência Criadora e para tal aplica-se à sua aprendizagem todo o tempo. Durante a vida celeste aprende a construir toda classe de corpos, inclusive o humano.

Instrutores das mais elevadas Hierarquias Criadoras dirigem o trabalho do ser humano. Ajudaram-no a construir seus veículos antes de ter alcançado consciência de si mesmo, do mesmo modo que ele próprio constrói atualmente seus veículos durante o sono. Mas no transcurso de sua vida celeste esses instrutores ensinam-no conscientemente. Ao pintor, ensinam como construir um olho apurado, capaz de captar perspectivas perfeitas, e distinguir cores e matizes em um grau inconcebível para os que não se interessam por cor ou luz.

Ao matemático que tem de lidar com o espaço, ensinam o delicado ajuste dos três canais semicirculares, os quais estão situados dentro do ouvido interno, que apontando, cada um, em uma das três direções do espaço, dão a faculdade da percepção abstrata. O pensamento lógico e a habilidade matemática estão em proporção à precisão do ajuste desses canais semicirculares. A habilidade musical depende também do mesmo fator, mas além da necessidade do devido ajuste dos canais semicirculares, o músico precisa do órgão de Corti extremamente delicado. Há no ouvido humano cerca de dez mil dessas fibras, e cada uma pode diferençar cerca de vinte e cinco gradações de tons. No ouvido da maioria das pessoas essas fibras não respondem senão de três a dez das gradações possíveis. Entre os músicos comuns o maior grau de eficiência é de uns quinze sons por fibra, mas um maestro, que é capaz de interpretar e traduzir a música do Mundo Celeste requer maior grau de acuidade para distinguir entre as diferentes notas e perceber a mais ligeira desarmonia nos mais complicados acordes.

O ser humano percebe a música através do mais perfeito órgão dos sentidos do corpo humano. A visão pode não ser perfeita, mas a audição o é, no sentido de não deformar o som que ouve, enquanto o olho altera muitas vezes o que vê.

Além do ouvido musical, o músico deve também aprender a construir mãos finas e delicadas, dedos ágeis e nervos sensitivos. Caso contrário não poderia reproduzir as melodias que ouve.

E lei da natureza: ninguém pode habitar um corpo mais eficiente do que aquele que é capaz de construir. Aprende-se, primeiramente, a construir uma determinada classe de corpo e depois a viver nele. Desta maneira percebem-se os defeitos e aprende-se a corrigi-los.

Todos os seres humanos trabalham inconscientemente na construção dos seus corpos durante a vida pré-natal, até chegar o momento em que a retida quintessência dos corpos anteriores seja neles amalgamada. Então passam a trabalhar conscientemente. Compreende-se, pois, que quanto mais o ser humano avança e quanto mais trabalha em seus veículos, tornando-os assim imortais, mais poder tem de construí-los para uma nova vida. O discípulo avançado de uma escola oculta, às vezes, começa a construir por si mesmo tão logo se complete o trabalho das três primeiras semanas de vida pré-natal (que pertence exclusivamente à mãe). Assim, passado o período inconsciente, apresenta-se ao ser humano uma oportunidade de exercer seu nascente poder criador, e aí começa o verdadeiro processo criativo, “original”, a “Epigênese”.

Vemos, pois que o ser humano aprende a construir seus veículos no Mundo Celeste e a usá-los no Mundo Físico. A Natureza fornece toda classe de experiências de maneira tão maravilhosa e com sabedoria tão consumada que, quanto mais profundamente penetramos nos seus segredos, mais impressionados ficamos com a nossa própria insignificância e mais cresce nossa reverência a Deus, cujo símbolo visível é a Natureza. Quanto mais aprendemos Suas maravilhas, mais compreendemos que esta estrutura universal não é a vasta e perpétua máquina em movimento, que os irrefletidos querem fazer crer. Seria tão pouco lógico como imaginar que, atirando-se ao ar uma caixa de tipos, os caracteres se organizassem por si sós quando caíssem ao chão, formando um formoso poema. Quanto maior a complexidade do plano mais poderoso o argumento em favor da teoria de um Inteligente e Divino Autor.

O Terceiro Céu na Região Abstrata do Mundo do Pensamento

Tendo assimilado todos os frutos de sua vida passada e alterado a aparência da Terra de maneira a proporcionar-lhe o ambiente requerido em seu próximo passo em busca da perfeição; tendo também aprendido, pelo trabalho nos corpos dos outros, a construir um corpo apropriado à sua manifestação no Mundo Físico; e tendo, por último, dissolvido a Mente na essência do Tríplice Espírito, o espírito individual sem envolturas sobe a mais elevada Região do Mundo do Pensamento – o Terceiro Céu. Aqui, pela harmonia inefável deste mundo superior, fortifica-se para a próxima imersão na matéria.

Depois de algum tempo, vem o desejo de novas experiências e a contemplação de um novo nascimento. Isto evoca uma série de quadros ante a visão do espírito – um panorama da nova vida que o espera. Contudo, note-se bem, este panorama contém somente os acontecimentos principais. Quanto aos detalhes, o espírito tem plena liberdade. É como se um ser humano, para ir a uma cidade distante, tivesse uma passagem com tempo determinado para lá chegar, mas com liberdade inicial de escolher o caminho. Depois de tê-lo escolhido e começado a viagem já não poderia mudar de caminho durante a jornada. Poderia deter-se em todos os lugares que quisesse dentro do tempo marcado, mas não poderia voltar atrás. Assim, cada avanço na viagem limitaria ainda mais as condições da escolha feita. Se escolheu viajar num vapor carvoeiro, seguramente chegará ao seu destino sujo e manchado. Se, ao contrário, tivesse escolhido uma condução elétrica, chegaria mais limpo. Assim acontece com o ser humano em cada nova vida. Talvez encontre pela frente uma vida muito dura, porém pode escolher entre vivê-la limpamente ou chafurdar-se na lama. Outras condições estão também sob o seu arbítrio, embora igualmente sujeitas às limitações das escolhas e ações passadas.

Os quadros do panorama da próxima vida, que acabamos de mencionar, começam no berço e terminam na sepultura. Seguem em direção oposta aquelas do panorama que se segue à morte, como já foi explicada, imediatamente após o espírito libertar-se do Corpo Denso. A razão desta diferença radical entre os dois panoramas é que no panorama pré-natal o objetivo é mostrar o Ego que regressa como certas causas ou atos produzem sempre certos efeitos. No caso do panorama pós-morte o objetivo é oposto, isto é, mostrar como cada acontecimento da vida que findou foi efeito de alguma causa anterior da vida. A Natureza, ou Deus, nada faz sem uma razão lógica, de modo que quanto mais investiguemos mais se evidencia que a Natureza é uma mãe sábia, empregando sempre os melhores meios para a realização dos seus fins.

FIM

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Quando alguém que trabalhou inconscientemente como Auxiliar Invisível abandona o corpo, ao morrer, reconhecerá no Mundo Espiritual aqueles com quem trabalhou à noite, ou essas experiências não ficam registradas?

Pergunta: Quando alguém que trabalhou inconscientemente como Auxiliar Invisível abandona o corpo, ao morrer, reconhecerá no Mundo Espiritual aqueles com quem trabalhou à noite, ou essas experiências não ficam registradas?

Resposta: As experiências de um Auxiliar Invisível que trabalha inconscientemente nos Mundos invisíveis durante o sono físico podem ser comparadas a um sonho que ele não lembrará ao acordar. Não obstante, as experiências são assim mesmo armazenadas no Átomo-semente e formarão parte do panorama da sua vida, de modo que, ao deixar o corpo no momento da morte, ele verá tudo que lhe aconteceu, acordado ou adormecido, durante o período vivido no corpo. Nesse caso, a lembrança do que aconteceu não será exatamente a mesma do que teria sido se ele tivesse passado isso conscientemente, contudo, ele obterá do panorama da vida um conhecimento e uma ideia do que foi realizado. Embora não sinta a mesma sensação como se tivesse passado pela experiência conscientemente, logo acostumar-se-á a crer e a entender que o que lhe pareceu um sonho foi, na verdade, uma experiência perfeitamente real.

(Pergunta 47 do Livro Perguntas e Respostas – Vol. I, de Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Soube de um caso de uma mulher em que o baço foi removido. Como o baço é a porta de entrada para forças solares, como ficaria nela?

Pergunta: Soube de um caso em que uma mulher foi operada e seu baço removido. Segundo os Ensinamentos Rosacruzes, o baço representa a porta de entrada das forças solares que vitalizam o corpo e, na contraparte etérica desse Órgão, a energia solar é transmutada num fluido vital cor-de-rosa pálido, que daí se espalha por todo o sistema nervoso. Aprendemos também que os raios do Sol são irradiados diretamente ou refletidos pelos Astros ou pela Lua. Os raios diretos do Sol dão iluminação espiritual, e os recebidos dos Astros geram inteligência, moralidade e crescimento anímico. No caso acima descrito, a contraparte etérica continua a realizar o seu trabalho, ou desintegra-se da mesma forma que a contraparte etérica de um braço ou perna amputada? Se assim for, qual o efeito sobre a pessoa operada?

Resposta: Sua afirmação está correta quanto aos Ensinamentos Rosacruzes, exceto quando declara que a energia solar é transmutada no baço num fluido cor-de-rosa pálido. O baço é o portão das forças solares, mas a transmutação à qual se refere ocorre no plexo celíaco, onde o Átomo-semente prismático do Corpo Vital está localizado.

Com relação ao que ocorre depois do baço ter sido removido, será bom lembrar que o corpo físico se adapta tanto quanto possível às condições alteradas. Se uma ferida em certa parte do corpo impede que o sangue flua pelos canais normais, ele procurará outro conjunto de veias para restabelecer o seu circuito. Mas um órgão nunca se atrofia enquanto puder servir a qualquer propósito útil. O mesmo ocorre com o Corpo Vital composto dos Éteres. Quando um braço ou um membro são amputados, a contraparte etérica desse membro não é mais solicitada para a organização do corpo, portanto, ela definha gradualmente. Mas, no caso de um órgão como o baço, em que a contraparte etérica tem uma função importante como porta de entrada para a energia solar, naturalmente tal desintegração não ocorre.

Também devemos nos lembrar que onde quer que a doença se manifeste no veículo físico, a parte correspondente do Corpo Vital enfraquece, adelgaça-se e adoece primeiro. A falta do suprimento dessa necessária energia vital foi que causou a manifestação dos sintomas físicos da doença. Reciprocamente, quando a saúde é restaurada, o Corpo Vital é o primeiro a recuperar-se, e esta convalescença manifesta-se a seguir no Corpo Denso. Por conseguinte, se o baço físico está doente, é uma conclusão previsível achar que a contraparte etérica está também num estado de saúde abaixo do normal, mas a conveniência de remover o órgão é duvidosa. No entanto, se isto já tiver sido feito, o corpo procurará adaptar-se à nova condição e a contraparte etérica do baço continuará a funcionar como antes.

(Pergunta 46 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas Vol. II, de Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Guardião do Umbral

O Guardião do Umbral

Nossas investigações pessoais sobre as vidas passadas de um grupo de pessoas que solicitaram auxílio para a cura do que se vem chamando de obsessão, vieram provar o seguinte: suas enfermidades são motivadas por certos fatores, equivocadamente considerados, por alguns investigadores anteriores, como se tratando do “Guardião do Umbral”.

Quando se examinam esses casos simplesmente através da faculdade da vidência espiritual, ou pela leitura dos registros etéricos, pode-se cair facilmente em semelhante erro, ou seja, confundir tal aparição com o verdadeiro Guardião do Umbral. Porém, assim que evoluímos e analisamos tais casos nos registros imperecíveis encontrados na Região das Forças Arquetípicas, o assunto se esclarece imediatamente. E as conclusões extraídas dessas investigações podem ser resumidas como se segue:

No momento da morte, quando o Átomo-semente — que contém todas as experiências da vida recém-finda, em imagens panorâmicas — se separa do coração, o espírito abandona o corpo físico, levando consigo os veículos mais refinados. Flutua então sobre o Corpo Denso — dito morto — durante um tempo que varia entre algumas horas a três dias e meio.

O fator determinante dessa variação é o vigor do Corpo Vital, veículo que constitui o Corpo-Alma de que fala a Bíblia.

Desde então se desenvolve uma reprodução pictórica da vida, uma visão panorâmica em ordem inversa, desde a morte até o nascimento. As imagens gravadas imprimem-se no Corpo de Desejos através do Éter Refletor do Corpo Vital. Durante todo esse tempo, a consciência do espírito se concentra no Corpo Vital — pelo menos deve ser assim — sendo que nesse processo não há envolvimento emocional algum.

A imagem impressa sobre o veículo do sentimento e da emoção, o Corpo de Desejos, constitui a base do sofrimento na vida purgatorial, pelas más ações praticadas. O oposto é válido no Primeiro Céu, em função do bem praticado.

Estes foram os pontos principais que o autor pôde observar pessoalmente acerca da morte. Isto ocorreu na época em que lhe foram dados a conhecer os primeiros ensinamentos superiores quando foi conduzido, com a ajuda do Mestre, a presenciar as reproduções panorâmicas das vidas de pessoas que estavam sendo observadas em sua passagem para o além. Investigações ulteriores, porém, vieram acrescentar, numa nova revelação, a existência do outro processo em ação nos dias importantes que se seguem à morte. Uma divisão se realiza no Corpo Vital, semelhante à do processo de Iniciação. Tudo quanto deste veículo possa ser qualificado de “alma”, une-se aos veículos superiores, formando a base da consciência nos mundos invisíveis, após a morte. A parte inferior acerca-se do Corpo Denso, flutuando sobre o túmulo, na maioria dos casos, como afirma o Conceito Rosacruz do Cosmos. Esta separação do Corpo Vital não se verifica igualmente em todas as pessoas, dependendo de como viveu a vida, e do caráter da pessoa que estiver passando para o além. Em casos extremos, esta divisão varia muitíssimo dos casos normais. Este ponto tão importante nos levou a pensar em muitos casos de suposta obsessão por parte do espírito. Com efeito, foram estes casos, investigados pela Sede Mundial, que ensejaram descobrimentos de alcance extraordinário, obtidos através de nossas pesquisas mais recentes, relativas à natureza das obsessões sofridas pelas pessoas que nos procuraram em busca do alívio.

Como se pode compreender facilmente, a divisão do Corpo Vital em tais casos, indiciou uma preponderância do mal. Efetuaram-se então, esforços necessários para descobrir se havia alguma outra classe de pessoas com outras divisões ou separações, em que se manifestasse a preponderância do bem. É uma grande satisfação esclarecer que assim aconteceu e, depois de analisarmos os casos descobertos e confrontá-los um com o outro, pudemos resumir a realidade exata das condições observadas e suas razões.

O Corpo Vital anela sempre construir o Corpo Denso, ao passo que os nossos desejos e emoções o destroem. A luta entre o Corpo Vital e o de Desejos produz a consciência no Mundo Físico, dando consistência aos tecidos, de modo que o Corpo Denso da criança se torna mais e mais rígido, atingindo a decrepitude senil, anos depois, seguindo-se a morte.

A moralidade ou imoralidade dos nossos desejos e emoções, atua de maneira semelhante sobre o Corpo Vital. Quando há devoção aos ideais elevados e a natureza devocional, pode manifestar-se livre e frequentemente, acompanhada, sobretudo, dos exercícios científicos indicados aos Probacionistas da Fraternidade Rosacruz, reduz-se gradualmente a quantidade dos Éteres Químicos e de Vida, à medida que os apetites animalescos desaparecem. Em seu lugar manifesta-se um aumento progressivo dos Éteres Superiores, o Luminoso e o Refletor. Consequentemente, a saúde física não é tão robusta entre os que seguem o caminho Superior, como entre aqueles em que as satisfações das paixões inferiores atraem os Éteres mais grosseiros — o Químico e o de Vida — como exclusão total até dos Superiores, conforme a extensão e a natureza dos vícios.

Daí surgem consequências muito importantes relacionadas com a morte. Como é o Éter Químico que robustece as moléculas do Corpo Denso para que permaneçam em seus respectivos lugares, e as conserva nele durante toda a vida, existindo somente um mínimo desse material, a desintegração do veículo físico, após a morte, deve ser muito rápida.

O autor não teve oportunidade de comprovar isso, porque foi muito difícil encontrar homens de qualidades espirituais elevadas que tivesse falecido na ocasião. Mas, parece que deve ser assim, pelo fato registrado na Bíblia, relativo ao corpo de Cristo, não encontrado na tumba quando o povo foi procurá-lo.

Como já afirmamos em relação a esse assunto, Cristo espiritualizou o corpo de Jesus de uma forma tão elevada, tornando-o tão vibrátil, que lhe foi quase impossível conservar as partículas no lugar durante os anos de Seu Ministério. Este fato já era do conhecimento do autor, através dos ensinamentos dos Irmãos Maiores, e das investigações levadas a efeito por ele mesmo na Memória da Natureza. Porém conduzir tal assunto ao terreno das ideias gerais sobre a morte e a existência “post-mortem” não lhe foi concedido até então.

O verdadeiro Guardião do Umbral é uma entidade elemental, complexa, criada nos planos invisíveis, por todos os maus pensamentos e obras não transmutados durante a evolução. Este Guardião postado à entrada dos Mundos Invisíveis desafia nosso direito de neles penetrar. Tal entidade deve ser redimida e transmutada. De nossa parte devemos gerar equilíbrio e força de vontade suficientes para resistir ao seu encontro, e poder sobrepor-nos a ela, antes de podermos entrar conscientemente nos Mundos Suprafísicos.

Como já dissemos, o interesse por uma vida mundana aumenta a proporção dos Éteres inferiores do Corpo Vital, em prejuízo dos mais elevados. Quando, opostamente, vive-se uma vida pura, ordenada e sem excessos, a saúde é melhor do que a do Aspirante à vida superior, pois as atitudes do último ensejam a formação de um Corpo Vital composto principalmente dos Éteres Superiores. O Aspirante à vida superior ama o “pão da vida” mais do que o sustento físico. Portanto, seu instrumento se torna mais e mais delicado, com um sistema nervoso mais complexo, condição sensitiva que com maior propriedade impulsiona às coisas do espírito, mas que se converte numa tarefa difícil sob o ponto de vista físico.

Há, na grande maioria da humanidade, uma tal preponderância do egoísmo e um tal desejo de extrair o máximo da vida material, que, ou bem estão os seres humanos empenhados em desalojar os adversários de seus postos, ou bem se acham acumulando propriedades. Daí, terem muito pouco tempo e mínima inclinação para se dedicarem à cultura da alma, tão necessária ao verdadeiro êxito na vida.

O autor teve várias oportunidades de conhecer pessoas que supunham ser suficiente pagar a um pastor para estudar a Bíblia durante a semana, e fazer-lhe um resumo no domingo. Acreditavam que isso era tudo o que lhes devia ser exigido por reservarem seu lugar no céu. Os seres humanos se filiam às igrejas, doando-lhes as coisas ordinariamente consideradas nobres e retas. Fora disso, contudo, desejam passar bem o tempo e divertir-se a valer. No entanto, há uma reduzida minoria que assim persistem em cada vida. A evolução dessas pessoas é tão desesperadamente lenta que, se fossem capazes de ver por si mesmas os acontecimentos pertinentes à sua própria morte, das elevadas regiões do Mundo do Pensamento Concreto, teriam a impressão, ao olhar para baixo, que nada se salvaria do Corpo Vital. Este veículo, em casos assim, parece retornar inteiro ao Corpo Denso, pairando sobre o túmulo até se desintegrar totalmente. E razão comprovada que uma parte progressiva se separa, seguindo os veículos mais elevados até ao Mundo do Desejo, onde formará a base da consciência, tanto na vida do Purgatório, como na dos Primeiro e Segundo Céus, persistindo, geralmente, até que o ser humano entre no Segundo Céu e se una com as Forças da Natureza, em seus esforços para criar para si mesmo um novo ambiente. Por essa ocasião já foi absorvido ou quase totalmente absorvido pelo espírito, e, qualquer coisa que ali permaneça de natureza material, desaparecerá rapidamente. Deste modo, a personalidade da vida passada se desvanece, e o espírito não voltará a encontrar-se com ela em vidas futuras sobre a Terra.

Entretanto, existem pessoas de natureza tão perversa que encontram gozo em vícios e práticas degeneradas. Alguns se comprazem até em fazer sofrer. Algumas vezes chegam a cultivar as ciências ocultas com propósitos malignos para obterem maior domínio sobre suas vítimas. Em tais casos, suas práticas imorais e demoníacas resultam na cristalização do seu Corpo Vital.

Em casos extremos, como nos últimos citados, em que a vida animal predominou, quando na vida precedente não houve expressão de alma, a divisão do Corpo Vital não pode produzir-se com a morte, uma vez que não existe linha divisória entre o bem e o mal. Em tal caso, se o Corpo Vital ficasse gravitando sobre o Corpo Denso e ali se desintegrasse gradativamente, o efeito de uma vida tão perversa não produziria consequências tão sérias. Mas, desgraçadamente, em tais casos existe um liame tão grande entre os Corpos Vital e de Desejos, que interfere, evitando a separação.

Temos observado que quando um ser humano vive quase exclusivamente uma vida superior, seus veículos espirituais se reforçam em detrimento dos inferiores. Pelo contrário, quando sua consciência está enfocada nos veículos grosseiros, estes se robustecem imensamente.

Devemos lembrar que a vida do Corpo de Desejos não termina com a partida do espírito, mantendo um resíduo de vida e de consciência.

O Corpo Vital também é capaz de sentir as coisas, em certa medida, durante alguns dias após a morte. Daí o sofrimento causado pelo embalsamento e pelas autópsias imediatamente após o desenlace. Todavia, quando uma vida grosseira cristalizou e fortaleceu o Corpo Vital, este tende a adquirir uma tenacidade marcante para aferrar-se à vida, a ponto de o falecido procurar nutrir-se dos vapores dos alimentos e das bebidas alcoólicas. Algumas vezes age como se fosse um vampiro das pessoas com quem se põe em contato.

Assim, pois, uma pessoa má pode viver invisivelmente entre nós durante muitos anos. Neste estado é muito mais perigoso do que um criminoso em corpo físico, porque dispõe de meios para induzir outras pessoas à prática de atos puníveis, degenerados e criminosos, sem que tenha medo de ser detido ou punido pela lei.

Seres desta espécie constituem, portanto, uma das maiores ameaças imagináveis à sociedade. São os responsáveis pelo encarceramento de muitos, da dissolução de lares, causando uma infinidade de amarguras e desgraças. Sempre abandonam suas vítimas quando estas caem nas mãos da justiça. Saboreiam a dor e o infortúnio das vítimas, constituindo isto parte do seu esquema diabólico.

Há outra classe que se dedica em adotar uma postura angélica nas sessões espíritas, onde também encontram vítimas, às quais insinuam práticas imorais. Os denominados como “Poltergeist”, palavra alemã que significa espírito alvoroçador, e escandaloso, são os que se comprazem em quebrar pratos, derrubar mesas, etc. A força e a densidade do Corpo Vital desses seres, facilita-lhes manifestações físicas muito mais do que aqueles que ultrapassaram o Mundo do Desejo. Com efeito, seus Corpos Vitais são tão densos, quase se aproximando do estado físico. Constitui um mistério para o autor que as pessoas que tenham roçado neles, não os tenham percebido. Se fossem vistos uma só vez seus rostos perversos e assustadores, seria logo desfeita a ilusão de que são seres angelicais.

Existe ainda outra classe de espíritos que pertence a essa mesma categoria, e que se apegam às pessoas que procuram desenvolvimento espiritual, sem seguir uma linha certa de conduta. Mediante a sugestão de que são mestres individuais, dão às suas vítimas, uma série de ensinamentos tolos e sem sentido. Nunca se repetirá o suficiente que não se deve aceitar de ninguém, seja visível ou invisível, ensinamentos que não se ajustem, ainda que seja no grau mais sutil, à nossa mais elevada concepção de ética e moral.

É muito perigoso confiar-se a outros e fazê-los participantes de nosso foro interno. De nossa parte sabemos disso por experiência, e trabalhamos de acordo com ela. Devemos ser mais precavidos quando a questão chega aos assuntos da alma. Não podemos confiar tão importante matéria, ou seja, o nosso bem-estar espiritual, às mãos de alguém que não podemos observar nem julgar. A confiança própria é a virtude essencial a ser cultivada em nossa evolução. A máxima mística de: “Se és Cristo, ajuda-te”, deve ressoar constantemente nos ouvidos daqueles que anelam encontrar e seguir o verdadeiro caminho. Por isso, devemos sempre guiar-nos a nós mesmos, sem temores e sem favores de nenhum espírito.

(Publicada na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Poderiam descrever o Cordão Prateado e explicar sua função tanto no ser humano como no animal?

Resposta: Para responder a esta pergunta de forma abrangente, devemos referir-nos às condições evolutivas mais antigas.

Três Períodos de evolução precederam nosso atual Período Terrestre. Durante o Período de Saturno éramos semelhantes aos minerais; no Período Solar tínhamos uma constituição semelhante aos vegetais, e no Período Lunar desenvolvemos veículos parecidos aos dos animais atuais. Nós dizemos parecidos, pois a constituição do mundo era tão diferente que seria impossível uma construção idêntica. Imaginemos agora, um globo imenso girando no espaço como um satélite ao redor do seu Sol. É o Corpo de um Grande Espírito, Jeová. Tal como nós, que temos carne tenra e ossos duros, assim também a parte central do Corpo de Jeová é mais densa que a parte externa, que é gasosa e nebulosa. Embora Sua consciência interpenetre todo o globo, Jeová aparece especialmente na nuvem e com Ele Seus Anjos e outras Hierarquias Criadoras.

Do grande firmamento Nebular pendem milhões de Cordões, cada um deles com sua bolsa fetal pairando próxima à parte densa central, e do mesmo modo que a corrente vital da mãe humana circula através do cordão umbilical levando alimento ao feto durante a vida pré-natal, com o propósito de desenvolver um veículo no qual o Espírito Humano possa habitar independentemente quando o período de gestação completar-se, assim também a vida divina de Jeová pairava sobre nós na nuvem e circulava por toda família humana durante esse estágio embrionário da sua evolução. Éramos nessa época tão incapazes de iniciativa quanto o feto.

Desde então, o Maná (Mannas, Manas, Mens, Mensch, Man ou Homem) caiu do céu, vindo do seio do Pai, e está agora ligado pelo Cordão Prateado ao Corpo concreto durante suas horas de vigília e, mesmo no sono, ele forma o elo de ligação entre os veículos superiores e inferiores.

Esta ligação só se rompe por ocasião da morte. O Cordão é bem complexo na sua estrutura. Uma extremidade está arraigada no Átomo-semente no coração; essa parte é feita de Éter. Uma segunda parte, formada em matéria de desejos, sai do grande vórtice do Corpo de Desejos localizado no fígado, e quando essas duas partes do Cordão Prateado se unem no Átomo-semente do Corpo Vital localizado no Plexo Celíaco, essa junção dos três Átomos-semente marca a vivificação do feto.

Mas ainda há uma outra parte do Cordão Prateado feita de matéria mental e que nasce do Átomo-semente localizado em um ponto que poderíamos descrever, rudemente, como sendo o sinus frontal onde o Espírito Humano tem a sua sede. Ele passa entre o Corpo pituitário e a glândula pineal, e daí desce, ligando a glândula tiroide, a glândula timo, o baço e as suprarrenais. Finalmente, une-se à segunda parte do Cordão Prateado no Átomo-semente do Corpo de Desejos no grande vórtice desse veículo que está localizado no fígado. O local em que crescerá esta parte do Cordão Prateado está indicado no arquétipo, mas são necessários aproximadamente vinte e um anos para que a junção se complete. A união da primeira e da segunda parte do Cordão Prateado marca a vivificação física, que depende da total destruição dos corpúsculos sanguíneos nucleados que transportam a vida da mãe física e a emancipação de sua interferência por meio da gaseificação do sangue, que é, desde então, o veículo direto do Ego. A junção da segunda e da terceira partes do Cordão Prateado marca uma vivificação mental, e uma consequente emancipação da mãe Natureza que completou, então, o processo gestatório necessário para iniciar a fundação e estrutura para o templo do Espírito, que pode, subsequentemente, construir como bem quiser, limitado apenas por suas ações passadas.

Durante o dia, quando estamos despertos no Mundo Físico, o tríplice Cordão Prateado enrola-se numa espiral dentro do Corpo Denso, principalmente perto do Plexo Celíaco, mas à noite, quando o Ego se retira e deixa os Corpos Denso e Vital sobre a cama para se recuperar dos trabalhos duros do dia, o Cordão Prateado projeta-se a partir do crânio. O Corpo de Desejos ovoide flutua acima ou próximo da forma adormecida, assemelhando-se a um balão cativo. Quando se trata de crianças ou de pessoas não desenvolvidas, o Ego permanece nessa posição, meditando sobre os acontecimentos do dia, até que impactos provenientes do Mundo Físico, tais como a campainha de um despertador, o toque de um telefone ou algo semelhante, façam vibrar o Cordão Prateado atraindo a atenção do Ego para o seu veículo descartado, levando-o a reentrar.

Nenhum desenvolvimento oculto é possível sem que a terceira parte do Cordão Prateado se tenha desenvolvida, mas depois que isso acontece, o Ego pode deixar o seu Corpo Denso e vagar pelo vasto Mundo, quer conscientemente após um treino apropriado e uma Iniciação, quer inconscientemente com o auxílio de outros, ou acidentalmente, como no caso de um sonâmbulo que deixa a sua cama e depois volta a ela alheio ao fato, ou seja, inconsciente do lugar onde esteve ou o, que fez. Em qualquer desses casos, a terceira parte do Cordão Prateado, que é feita de matéria dúctil e elástica, serve de elo com os veículos inferiores. A qualidade da consciência do Ego, no momento em que está afastado do seu Corpo Denso, depende dele ter ou não formado um Corpo-Alma do Éter Luminoso e do Refletor, que é o veículo da percepção sensorial e da memória suficientemente estável para ser levado consigo. Se ele o tiver formado, o processo da Iniciação tê-lo-á ensinado como proceder, o Ego terá completa consciência enquanto estiver ausente do Corpo e, ao retornar, terá uma memória fiel do que ocorreu durante o voo da alma. Em caso contrário, tanto a consciência quanto a memória, com certeza serão, até um certo ponto, incompletas ou deficientes.

Tendo-nos familiarizado com a construção e função do Cordão Prateado como um elo entre o Ego e seus veículos, estudaremos a seguir sua aparência e uso em relação aos animais e seu Espírito-Grupo. Ensina-se no “Conceito Rosacruz do Cosmos” que os hábitos, gostos, simpatias e antipatias de cada espécie provém do fato de serem movidos por um Espírito-Grupo comum. Todos os esquilos armazenam nozes para um período de hibernação no inverno; todos os leões são carnívoros: os cavalos, sem exceção, comem feno, no entanto, o que é alimento para um ser humano, pode ser veneno para outro. Se conhecermos os hábitos de um animal, conheceremos os hábitos de todos os demais da mesma família, mas seria inútil investigar os ancestrais de Edison para descobrir a origem do seu gênio. Um tratado sobre os hábitos de um cavalo aplicar-se-á a todos os cavalos, mas a biografia de um ser humano difere inteiramente da de outro ser humano, porque cada um age sob os ditames de um Espírito individual interno. Os animais de um determinado grupo são dirigidos por uma inteligência comum, o Espírito-Grupo, por meio do Cordão Prateado. Cada animal possui o seu próprio Cordão Prateado individual, mas apenas as duas partes que ligam os Corpos Denso, Vital e de Desejos, pois a terceira parte, que está ligada ao vórtice central do Corpo de Desejos localizada no fígado, é o Cordão do Espírito-Grupo. Através dessa ligação elástica, ele governa os animais de sua classe com igual facilidade, não importa em que região do Mundo estejam. A distância não existe nos Mundos internos e, como os animais não possuem Mente própria, eles obedecem às sugestões do Espírito-Grupo sem questionar.

Nesse aspecto, as crianças são uma anomalia, pois elas só têm desenvolvidas as duas partes do Cordão Prateado. Entretanto, elas possuem uma Mente, através da qual a terceira parte está crescendo. Assim, o Ego não tem comunicação direta com seus veículos e, consequentemente, o recém-nascido que tem as maiores possibilidades é, ao mesmo tempo, a criatura mais desamparada sobre a Terra, sujeito à autoridade de seus protetores físicos.

Apesar do ser humano estar atualmente individualizado e emancipado de qualquer interferência direta e da ação conducente do Cordão, pelo qual o Espírito-Grupo força (não há outra palavra que possa transmitir o sentido exato) o animal a obedecer suas ordens, ele não está ainda habilitado para autodirigir-se, assim como uma criança não o está, até que atinja a idade apropriada para poder tomar conta de seus interesses. Por isso, os Espíritos de Raça ainda continuam a dirigir as nações. Cada nação, com exceção da América, tem o seu próprio Espírito de Raça que paira como uma nuvem sobre a Terra na qual vive o seu povo, tal como o fez o Deus dos Israelitas, e nele “eles vivem, movem-se e têm o seu ser”. Eles constituem seu povo peculiar, e ele é um Deus ciumento.

A cada respiração, eles inalam esse Espírito, e se forem levados para outro lugar, sentirão saudades da terra natal, pois onde quer que estejam o ar é diferente e transporta as vibrações de outra Hierarquia Arcangélica.

A medida que o tempo passa e nós avançamos, também seremos emancipados do Espírito de Raça que viveu em nossa respiração desde o tempo em que o Elohim Jeová soprou o nephesh – o ar vital – em nossas narinas. Esses Espíritos operam no Corpo de Desejos e no Espírito Humano, alimentando a vaidade e o egoísmo.

Quando aprendermos a confeccionar o glorioso Manto Nupcial, chamado Corpo-Alma, que é tecido através do serviço amoroso e desinteressado, e quando o casamento místico for consumado – quando o Cristo nascer imaculadamente dentro de nós – o Amor Universal emancipar-nos-á sempre da Lei Universal, e seremos tão perfeitos como é perfeito nosso Pai que está no Céu.

“De todo o poder que mantém o mundo agrilhoado

O ser humano se liberta quando o autocontrole há conquistado”.

(Pergunta 137 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas vol. II, de Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Se o Cordão Prateado está ligado ao Átomo-semente no coração por uma extremidade e ao vórtice central do Corpo de Desejos por outra, que órgão corresponde no corpo físico ao vórtice central?

Resposta: Essa extremidade do Cordão Prateado que está presa ao Átomo-semente no coração permanece aí imóvel até a morte, mas a outra extremidade e o ponto onde as duas metades do cordão se encontram, como é mostrado no diagrama 5-A do Livro “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, são móveis.

Durante o dia, esse vórtice central onde o Cordão Prateado está preso no Corpo de Desejos está colocado diretamente no fígado, e encontraremos no “Conceito Rosacruz do Cosmos” material muito esclarecedor se procurarmos a palavra “fígado”. O ponto onde as duas metades do Cordão Prateado se encontram localiza-se na posição referencial do Plexo Celíaco durante o dia. Este, todos sabemos, é um lugar extremamente importante, e o Átomo-semente do Corpo Vital está situado exatamente no ponto de encontro dessas duas metades do Cordão Prateado. Quando esse ponto está na posição referencial do Plexo Celíaco, o fluido que vem do Sol através do baço passa pelo Átomo-semente do Corpo Vital, e é aí refletido no fluido cor-de-rosa do qual falamos em nossa literatura. Consequentemente, os três grandes centros de um corpo ligados ao Cordão Prateado são: o vórtice central no fígado – o ponto inicial no Corpo de Desejos; na posição referencial do Plexo Celíaco – que é a cidadela do Corpo Vital; e o coração – que é o centro do Corpo Denso.

(Pergunta 136 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas vol. II, de Max Heindel-Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Átomos-semente nos Futuros Períodos Mundiais

Os Átomos-semente nos Futuros Períodos Mundiais

Investigamos a evolução dos Átomos-semente através dos três Períodos Mundiais involucionários e todo o presente Período Terrestre, até seu final. O que sucederá a esses Átomos-semente nos períodos subsequentes: o Período de Júpiter, o Período de Vênus e o Período de Vulcano?

A primeira Grande Iniciação “dá o estado de consciência que será alcançado, pela humanidade comum, ao final do Período Terrestre; a segunda, o que todos alcançaremos ao final do Período de Júpiter; a terceira dá a extensão de consciência que será alcançada ao final do Período de Vênus; a última confere ao Iniciado o poder e a omnisciência que toda a humanidade alcançará somente ao final do Período de Vulcano”.

No final de cada grande Período, o Corpo que tenha chegado à perfeição, é convertido em suas forças essenciais e agregado ao seguinte veículo superior. Assim é como, no final do Período Terrestre, as forças do Corpo físico aperfeiçoado serão agregadas ao Corpo Vital, o que tem, então, todos os seus próprios poderes mais os do corpo físico. Estes poderes amalgamados serão agregados ao Corpo de Desejos, no final do Período de Vênus e estes, por sua vez, serão agregados à Mente ou Corpo Mental, no final do Período de Vulcano.

Cada Corpo foi dado como um “germe”, que era também um “pensamento-forma”, como temos indicado. São as forças arquetípicas de cada Corpo, elevadas à perfeição, as que são os poderes de cada Átomo-semente que são agregadas ao seguinte veículo superior, quando termina o Período Mundial.

Paralelamente a esse desenvolvimento, observamos o pleno florescimento do Tríplice Espírito e de seus três poderes: o Espírito Divino, o Espírito de Vida e o Espírito Humano (os três juntos constituem o Ego).

Max Heindel escreveu: “Durante a Involução, as Hierarquias Criadoras ajudaram o ser humano a pôr em atividade o Tríplice Espírito, o Ego, a construir o Tríplice Corpo e adquirir o elo da Mente. Agora, no sétimo dia (para usar a linguagem da Bíblia), Deus descansa. O ser humano deve trabalhar pela sua própria salvação. O Tríplice Espírito deve completar o trabalho e a execução do plano começado pelos deuses. O Espírito Humano, que foi despertado durante a involução, no Período Lunar, será o mais proeminente dos três aspectos do Espírito, na evolução do Período de Júpiter, que é o Período correspondente no arco ascendente da espiral. O Espírito de Vida, que foi posto em atividade no Período Solar, manifestará sua principal atividade no correspondente período de Vênus e, as particulares influências do Espírito Divino serão as mais fortes no Período de Vulcano, porque foi vivificado no correspondente Período de Saturno”.

“Todos os três aspectos do Espírito são ativos, todo o tempo, durante a evolução, mas o aspecto espiritual de cada um será desenvolvido nestes Períodos particulares, porque o trabalho a ser feito é seu trabalho especial”. Assim como o polo negativo do Tríplice Espírito era o que estava ativo durante Involução, agora é o polo positivo o que está ativo durante a Evolução, à medida que o Ego ascende à Divindade, saindo da materialidade”.

A Tríplice Alma é também, durante este tempo que o Ego está evolucionando e saindo da matéria, assimilada pelo Tríplice Espírito.

Quando o Corpo for plenamente aperfeiçoado e suas forças agregadas ao Corpo Vital, a “Alma Consciente” será assimilada pelo Espírito Humano. Isto não é instantâneo. Dura por todo o ciclo do “Dia” de Júpiter e é apenas na sétima Revolução do Período de Júpiter, quando a Alma Consciente é, assim, assimilada pelo seu progenitor, o Espirito Divino.

Sob a Lei de Analogia e a causa de que a evolução se acelere à medida que se aproxima o final, a Alma Intelectual é assimilada pelo Espírito de Vida, na sexta Revolução do Período de Vênus. A Alma Intelectual é a essência do Corpo Vital e sua assimilação pelo Espírito de Vida requer todas as seis revoluções do Período de Vênus.

Finalmente, na quinta Revolução do último Período, o de Vulcano, em que a Mente será aperfeiçoada, a Alma Emocional será assimilada pelo Espírito Humano, na Região do Pensamento Abstrato.

Esta assimilação da essência do Corpo de Desejos nutre o terceiro aspecto do Tríplice Espírito, conduzindo-o até a perfeição e, o processo de assimilação requer todos as primeiras cinco revoluções do Período de Vulcano.

Restam duas revoluções mais, deste Período, nas quais o Espírito Virginal assimilará, na Mente, todos os poderes do Tríplice Corpo e, as essências anímicas também serão completamente assimiladas ao Tríplice Espírito. Conforme cada Globo Mundial se dissolve no caos, o aspecto do Espírito correspondente a esse Globo é atraído pelo mais elevado dos três aspectos, o Espirito Divino. No final do Período de Júpiter, o Espirito Humano será absorvido pelo Espírito Divino. No final do Período de Vênus, o Espírito de Vida será absorvido pelo Espírito Divino. E, ao final do Período de Vulcano, a Mente aperfeiçoada, incorporando todas as maravilhosas glórias assimiladas durante os passados sete Dias Mundiais, será absorvida pelo Espirito Divino.

Max Heindel comenta: “Não existe contradição entre estas e outras afirmações que dizem a Alma Emocional será absorvido pelo Espírito Humano, na quinta Revolução do Período de Vulcano, porque o último estará, então, dentro do Espírito Divino”.

Depois disto, vem o “grande intervalo de atividade subjetiva, durante o qual o Espírito Virginal, que agora tem absorvido em si mesmo todos os três aspectos, ou poderes e todos os frutos da evolução se fundirão em Deus, de Quem vieram, para reemergir na aurora de outro Grande Dia, como um de Seus gloriosos colaboradores”.

Durante sua passada evolução, suas possibilidades latentes têm sido transmutadas em poderes dinâmicos. Tem adquirido Poder Anímico e uma Mente Criadora, como fruto da peregrinação através da matéria.

Tem avançado da impotência à Onipotência, da inconsciência à Onisciência”.

Isto é, quando o Espírito Virginal reemerge da união com a Divindade, aparecerá como um deus-auxiliar, capaz de projetar no espaço, na Substância Raiz Cósmica, os “Átomos-semente”, ideias germinais e suas forças arquetípicas e pensamentos-forma, pertencentes a um novo esquema de evolução, como membro de uma Celestial Hierarquia, como a que nos ajudou em nossa própria evolução “desde o barro até Deus”.

Assim, do mesmo modo em que as Hierarquias Celestiais são nossos verdadeiros progenitores, cuja “semente” foi o modelo de nossa evolução, nós, por nossa vez, chegaremos a ser os progenitores divinos de novas raças, em novos sistemas evolucionários, quando emergirmos naquela aurora cósmica, sobre as asas do poder e da sabedoria, para ajudar a inaugurar um novo mundo – uma galáxia, um universo – e o fazer flutuar como uma rosa que se abre corrente abaixo nas ondas do espaço.

(Publicado no ‘Serviço Rosacruz’ – 06/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Cristo dos Místicos

O Cristo dos Místicos

“Levantai, ó príncipes, as vossas portas; levantai-vos, ó portas eternas e entrará o Rei da Glória” (Sl 23:9).

Esta passagem do Hino para Sião, tomada dos Salmos — o livro de louvores — considerado o mais proeminente das Escrituras do Antigo Testamento, pode ser utilizada com relação ao mistério de Cristo.

Os judeus, da mesma forma que outras nações com suas crenças religiosas, esperam a vinda do Salvador, também chamado Ungido, Cristo ou Messias. Naquela época era reverenciado Jeová, Senhor das Batalhas e o Criador da Forma.

Assim, devido ao domínio da forma, Cristo precisou ocupar uma forma humana, principalmente porque a mente encontrava-se em seu estado mineral. A humanidade não podia ter uma ideia diferente de Deus, fato que ainda prevalece, embora atualmente esteja sendo aberto o caminho para uma ideia mais realista por meio da evolução mental. Isto foi exposto por São Paulo, o pregador místico, revelando o segredo básico do Cristianismo: Cristo pode ser em verdade formado em nós, e só assim alcançaremos o dia em que o Ungido esteja conosco.

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, no que concerne à evolução do ser humano, explicam o nascimento, crescimento e desenvolvimento dos diferentes corpos e seus Átomos-semente, cujas distintas forças operam através desses corpos, tudo numa ordem natural e consecutiva.

Estamos procurando, conscientemente ou não, construir um novo corpo, o corpo etérico, no qual seu Átomo-semente torne-se ativo. Como funcionamento deste veículo, o poder do Cristo pode penetrar-nos fazendo nascer em nós o Menino-Cristo, o segundo aspecto de Deus; deste modo Cristo toma o comando.

O místico Angelus Silesius exclama: “ainda que o Cristo nasça mil vezes em Belém, se não nascer dentro de ti mesmo, tua alma segue extraviada”.

Antes que possamos agir como verdadeiros cristãos, expressando o Espírito de Vida consciente interno, temos que construir esse corpo, o Dourado Manto Nupcial, formado pelos dois Éteres superiores (Luminoso e Refletor) através do qual o Espírito deve funcionar. Este Corpo, chamado de Corpo-Alma, converte-se no ponto de maior importância para nós, desenvolvendo-se, evoluindo e sendo alimentado pelo Poder do Amor, que busca sua manifestação por meio do Serviço (pois quando amamos, buscamos servir). Todas as coisas criadas, quer nos apercebemos ou não, servem de algum modo, o que constitui seu propósito de existência.

Quando o Sol passa pelo Signo de Câncer, que tem por Regente a Lua, estudamos a atividade do espírito em favor da alma. Por outro lado, quando o Sol está em Leão, e domina a influência lunar, a alma serve ao espírito. Esta é a época propícia para a construção do corpo, ou seja, da forma, pois graças à poderosa força solar, o espírito age sobre o corpo visando o futuro desenvolvimento da alma.

O crescimento e força da manifestação física são necessários para conter um maior influxo das mais sutis e maiores atividades do poder do Cristo quando retorna em setembro de todo ano. O Sol estando em seu apogeu fisicamente objetivado e espiritualmente subjetivado, prepara a alma para o seu futuro desenvolvimento.
Portanto, é por meio da compreensão intelectual das coisas místicas que levantamos nossas cabeças e abrimos nossos corações, às portas eternas permitindo que o Rei da Glória, Cristo, penetre em nós para converter-nos em cristãos, no verdadeiro sentido da palavra.

O Signo Leão, regente do coração – a sede do amor – simboliza o Rei, sendo, por isso, nesta época de nossa evolução, o grande poder emocional do Amor o verdadeiro Rei, um Supremo Governador. O Amor como causa produz como efeito o Serviço, e essa causa e efeito em atividade constante constituem o mistério do precioso traje de Cristo, (o “Soma Psuchicon”) citado por São Paulo como um veículo independente utilizado para voos anímicos, numa vida melhor e mais útil. Este Corpo-Alma não deve ser confundido com a alma que o interpenetra, pois, essa alma possui uma sutileza tal que somente pelo espírito de introspecção poderemos senti-la. É através dela que percebemos o atraente poder do Pai que está nos Céus, o impulso interno que todo aspirante conhece tão bem e que faz com que o Corpo-Alma resplandeça.

Recordemos, entretanto, que é o Sol, o espírito que representa o poder, força ou energia trabalhando sobre o corpo, o responsável pela alma, e que na época em que está em sua plenitude é que precisamos aprender com suas atividades. O Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” informa-nos que no Período Solar os Senhores da Sabedoria irradiaram de si mesmos o germe do Corpo Vital, capaz de fomentar crescimento e faculdades, as quais estão se desenvolvendo no presente.

Iniciaram este trabalho na segunda revolução daquele período e o continuaram até a sexta revolução. Nessa revolução os Querubins despertarem o germe do segundo aspecto do Tríplice Espírito no ser humano, o Espírito de Vida, ou seja, o princípio Crístico.

No Período Lunar os Senhores da Individualidade irradiaram de si mesmos o germe do Corpo de Desejos, incorporando-o com o Corpo Vital, e mais tarde os Serafim despertaram o germe do Espírito Humano no ser humano.

No Período Terrestre; o qual estamos agora, permanecemos sob a proteção dos Anjos, mestres apropriados ao ser humano e exímios na construção do Corpo Vital, pois eram a humanidade quando o éter era a condição mais densa da matéria. Já passamos o arco descendente da involução e agora estamos ascendendo pela evolução com a faculdade da Epigênese.

Estamos atravessando as camadas mais densas para chegar às mais sutis, ou seja, iremos do reino puramente físico para o etérico, especializando o Corpo Vital (cujo extrato é a Alma Intelectual) e o Espírito de Vida, que é o Ser Crístico. Esta é a nossa primeira e mais importante meta como seguidores de Cristo.

O Corpo Vital está radicado no baço e não possui poder em si mesmo, funciona como canal por meio do qual se introduzem as forças solares no corpo físico. Também determina a direção na qual certa força é utilizada, sendo que esta força deve vir de fora. Pelo poder do Amor, erguemos pontes e abrimos “portas eternas”, fazendo com que o Cristo venha e habita em nós, permitindo assim que brilhe nossa luz ante os seres humanos, afim de que sejam vistas as boas obras e seja o Pai glorificado nos céus.

No passado, os Corpos de Desejos da humanidade mais avançada se dividiram em superior e inferior, ficando mais apropriado para hospedar o Ego. Hoje estamos dividindo o Corpo Vital em superior e inferior, sendo a parte superior chamada de Dourado Manto Nupcial, o qual permite ao Rei da Glória, Cristo, com o poder do Amor, funcionar dentro de nós mesmos.

Desta semente é que brotará a verdadeira vida e crescerá em força e beleza no decorrer do tempo, desde que seja alimentada pelo Amor em seu mais elevado aspecto: com o sacrifício da carne pelo espírito, pois que está dito que “não podemos servir a Deus e a Mamom”.

A Lei de Conservação deve dar lugar ao respeito pela vida dos demais. A construção do Corpo solar dourado do Espírito de Vida se adquire mais facilmente através da experiência purgatorial do Exercício de Retrospecção, pelo qual se diz que “tomaremos o reino dos céus por assalto”.

Somente através dos atos de amor e bondade, de forma desinteressada é que construiremos o Vestido Crístico de Vida – o Dourado Manto Nupcial. Somente este serviço amoroso e desinteressado traz as mais ricas recompensas, pois os Exercícios não constroem alma, enquanto que o Serviço faz com que o processo de assimilação de experiências da vida, seja transmutado em poder anímico.

“Senhor, ajuda-me a viver dia a dia
De tal maneira desinteressada,
Que quando ajoelhado para orar,
Para o próximo minha oração seja ofertada”.

“E a cidade não necessita de Sal nem de Lua, para que nela resplandeçam, porque a Glória de Deus já a tem iluminado; e o Cordeiro é sua lâmpada” (Apo 21:23).

(Publicado na revista “Serviço Rosacruz” – 01/86 – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Preparação para o Renascimento: construção de uma nova Mente e um novo Corpo de Desejos

Pergunta: Qual o estado do Espírito antes do renascimento?

Resposta: Antes de imergir na matéria, o Tríplice Espírito está nu, tendo apenas consigo as forças dos quatro Átomos-sementes, os núcleos do Tríplice Corpo (Corpos: Denso, Vital e de Desejos e a Mente)

Pergunta: O que poderia ser comparado com a sua descida?

Resposta: A descida se assemelha à colocação de vários pares de luvas de crescente espessura nas mãos.

Pergunta: O que ocorre primeiramente?

Resposta: As forças da última existência são despertadas de seus estados latentes no Átomo-semente. Daí, começa o processo de atração dos materiais das mais altas subdivisões da Região do Pensamento Concreto.

Pergunta: Como se efetua?

Resposta: Na forma similar àquela do magneto que atrai a limalha de ferro. Se passarmos o magneto sobre uma porção de pedacinhos de metal, vê-lo-emos fazer uma seleção. Atraindo apenas o ferro e, mesmo assim, apenas na quantidade de sua possibilidade de atração.

Pergunta: Como esse exemplo se aplica ao Átomo-semente?

Resposta: A mesma coisa acontece com o material pelo qual tem afinidade e nada além do que uma definida quantidade.

Pergunta: Qual o tipo de Corpo produzido?

Resposta: Assim o veículo que se constrói ao redor desse núcleo se torna uma exata contraparte do veículo correspondente à última vida, menos o mal expurgado e mais a quintessência do bem incorporado ao Átomo-semente.

Pergunta: Qual a forma que o material atraído assume?

Resposta: O material selecionado pelo Tríplice Espírito assume a forma de um grande sino, aberto inferiormente e com o Átomo-semente localizado no topo.

Pergunta: Com o que poderia se comparar a descida, desse sino?

Resposta: Se concebemos essa ilustração espiritualmente, podemos compará-la ao mergulho de um escafandro em um mar de fluidos de crescente densidade.

Pergunta: A que corresponde isso?

Resposta: Corresponde às diferentes subdivisões de cada Mundo. A matéria tomada na contextura da forma com aparência de sino, vai tornando-a cada vez mais pesada. Assim ela vai mergulhando nas subdivisões mais inferiores, na medida em que vai atraindo a cota correspondente de material de cada subdivisão da Região do Pensamento Concreto até que o revestimento de uma nova Mente se complete.

Pergunta: Qual o processo adotado em relação ao Corpo de Desejos?

Resposta: Depois de passar pelo Mundo do Pensamento, a forma com aparência de sino entra no Mundo do Desejo, onde as forças do Átomo-semente do Corpo de Desejos são despertadas, se situando aquele ainda no topo do sino, porém, na sua parte interior. Desse momento, então, se inicia a descida através das sete Regiões do Mundo do Desejo, se desenvolvendo o mesmo processo de atração do material de cada Região daquele Mundo, na medida determinada pela capacidade do Átomo-semente.

Nessa altura a forma com aparência de sino possui já duas camadas: o revestimento da Mente por fora e o novo Corpo de Desejos por dentro.

(Revista: Serviço Rosacruz – 11/73 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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