Arquivo de categoria Estudos Bíblicos

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Fé e o Mundo Material

A e o Mundo Material

“A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, assim Eu também vos envio”. Na noite da Ressurreição, a primeira coisa a ser considerada por Cristo foi mandá-los ao mundo para testemunhar. A nós, também Ele diz: “Assim como o Pai Me enviou, eu também vos envio”. Por que devemos ser enviados? O que temos nós que nosso Senhor deseja que o mundo receba de nossa parte? Temos inúmeras coisas, a começar pela .

Nós somos testemunhas de Cristo – o fermento de Cristo na Sociedade. O mundo de hoje necessita da nossa . Não nos enganam como Aspirantes, consideram-nos religiosos. As pessoas esperam de nós a bondade e demonstrações da nossa . Mesmo quando contestam nossos argumentos, dependem da calma e serena expressão da nossa nesta era de vertiginosa confusão. Cada um de nós é uma testemunha de Cristo. Cada um de nós pode fortalecer ou enfraquecer a daqueles que nos rodeiam.

O mundo é, na verdade, um paradoxo. Porque em nossa sociedade afluente – rica e tecnologicamente sofisticada – sentimo-nos deprimidos. A despeito dos aparatos que poupam nosso trabalho, modelos que nos seduzem, medicação que nos sustentam, ainda assim continua a depressão urbana na forma de pobreza, preconceito, falsa propaganda e miríades de outras depressões sociais que levam ao uso de álcool, das drogas e à negação psicodélica da realidade. Somos testemunhas da injustiça, da violência, da áspera competição, do impersonalismo, um terrível período que ocorre em nosso mundo.

O paradoxo induz o ser humano à ansiedade. Essa ansiedade com o sentimento de culpa, de insegurança e frustração não está confinada apenas nas pessoas neuróticas e infelizes. Essa ansiedade no mundo em que vivemos também se encontra no lar e no coração de todos. Todos os seres humanos, mesmo suas crianças, são contaminados pelo senso de insegurança num mundo cuja vastidão aniquila-os. O conhecimento expandindo-se cada ano, conhecimento assinalado com citações sábias marcadas por aspas, deixa o ser humano confuso em relação aos seus valores pessoais e duvidando do seu relacionamento com Deus e com a eternidade. O firme apoio que Deus nos permite descobrir, no espaço e no tempo, a sua complexidade, entra em colapso, em confusão para o indivíduo. Mesmo que o ser humano insista em manter a sua liberdade pessoal por razões egoístas, não se isola da situação; embora mude de status, ora de um ora de outro, permanece o medo de observar as necessidades em sua alma.

A palavra de ordem nesta época parece ser ”hostilidade”. Nossa idade é hostil à humanidade; os seres humanos são hostis uns com outros, sendo mesmo hostis consigo mesmo. Nessa condição, a fé é a única esperança que nos resta para um mundo melhor. Mantenhamos nossa fé, ela nos mantém ligados a Deus. A fé é confiança, crença e conhecimento. Identicamente, como qualquer outro poder, a fé, a menos que não seja posta em prática, atrofia-se, tal como acontece com o músculo que não é exercitado. Devemos viver a nossa fé, testemunhá-la e nos esforçarmos por aprofundá-la.

Hoje, mais do que nunca, as pessoas discutem sobre religião. Mesmo os que são hostis a ela admiram os que a cultuam, procurando muitas vezes o seu apoio, uma vez que um ser humano de fé tem coragem, visão e paz- isso é justamente o que as pessoas procuram.

Oremos para que tenhamos sempre a mesma convicção e o entusiasmo que levou São Tomé a exclamar: ”Meu Senhor e Meu Deus”.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/86)

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Vigiar e Orar: você pratica no seu dia a dia?

Vigiar e Orar: você pratica no seu dia a dia?

Vamos refletir sobre o poder de Vigiar e Orar e para que isso se aplica no nosso desenvolvimento espiritual.

A Bíblia é, ao mesmo tempo, um livro aberto e fechado, isto é, guarda em cada citação, no mínimo sete gradações de verdade igualmente válidas, segundo o nível de consciência da pessoa que a estuda. Conduz, por assim dizer, o estudante, de porta em porta, à compreensão cada vez mais profunda do trecho em exame. E esse despertar nos vem de diversos modos, ora como um lampejo iluminador, ora numa percepção de outro ângulo por algo que lemos ou ouvimos. De toda a maneira é sempre um despertar interno, um abrir de consciência que nos leva, dali adiante, a perceber todas as outras coisas um pouco mais profundamente. Mas esse despertar não nos vem da mente, senão DO PENSADOR: a mente é um veículo do Espírito que através dela reflete suas conclusões.

Quanto mais nos abrimos ao Espírito, mais fielmente o escutamos. Quanto mais abrimos mão de “nossas ideias, de nossos pontos de vista”, tanto mais ouvimos a novidade do Espírito que nos renova a percepção e nos liberta do círculo vicioso dos conceitos pessoais.

Meditemos, por exemplo, sobre a exortação “ORAI E VIGIAI”. O alcance da compreensão de cada Aspirante está limitado pelo que ele entende por orar e por vigiar. Uns acham que orar é recitar fórmulas pré-estabelecidas e que tais palavras têm um poder mágico, independente da CONSCIÊNCIA de quem as pronuncia. Outros usam afirmações e negações de verdades fixadas por outrem ou redigidas mentalmente por eles. Outros, ainda, “conversam” honesta e sentidamente com Deus.  E ainda outros nada pensam, nada dizem; simplesmente buscam DEUS em seu íntimo, na convicção de que isso basta para preencher o verdadeiro sentido de oração.

São degraus, todos eles respeitáveis. Uns mais eficientes que outros. No entanto, muitos pedem e não recebem, porque não sabem pedir. Não é que Deus faça distinções e exija normas. É que o ser humano NÃO SE ENDEREÇA A DEUS, não sai de si mesmo ao encontro de Deus. Não é que o ser humano deva vencer a relutância de Deus. A verdade é que o ser humano deve VENCER A PRÓPRIA RELUTÂNCIA. Ele reluta e não sai de si mesmo: quando ora para ser visto pelos outros como um devoto; quando fala muito e bonito, para satisfazer a própria vaidade intelectual. Mas Deus não vê a embalagem, senão o conteúdo… a intenção.

A nosso ver, a mais alta forma de oração é o contacto com o Cristo interno. E até que o consigamos, é a busca, em nosso íntimo, de nossa Centelha: fechamos “nosso aposento” e o buscamos, dizendo simplesmente: “Senhor, aqui está o teu servo (a natureza humana); fala que eu escuto; enche meu vaso”.

Isto pode ser feito em qualquer lugar. Quando temos de esperar alguma coisa, aproveitemos um minuto e façamo-lo. Porém, na tranquilidade e com tempo é melhor. Então podemos relaxar-nos, meditar sobre algo elevado, edificante, e depois, naquela atitude de escuta, de calma expectativa, com a mente e as emoções esvaziadas, esperamos que Deus Se nos comunique.

Quem já recebeu uma centelha que seja dessa mensagem divina, pode comprovar que a verdadeira direção humana vem de sua Fonte divina. E passa a buscá-la em todas as oportunidades e circunstâncias, quer como um namorado saudoso que não vê a hora de reencontrar a amada, quer como um esposo preocupado que se vai desabafar e aconselhar com a esposa ou um amigo prudente.

Vigiar é manter-se num estado de consciência em que seja possível ser dirigido por Deus. É uma questão de sintonia, como uma “chave de onda” de rádio, que nos liga com a faixa de onda correspondente. É claro, pois, que, para Deus conversar conosco, devemos ter equilíbrio emocional, emoções e pensamentos construtivos. As águas revoltas, como que despedaçam a imagem do céu; só no espelho tranquilo de um lago podemos ver refletidas as estrelas do firmamento. Assim também Deus se mira e fala em nós. A falta de controle emocional, os pensamentos negativos, as piadas maliciosas e mentiras com as quais condescendemos, no que chamamos “interesses e imposições comerciais”, debilitam e acabam por destruir o que de bom temos em nós.

Vigiar e orar é isto. Não se pense, que pelo simples fato de se ingressar numa Escola, por honesta e eficiente que seja, em ouvindo-lhe as palestras, respondendo-lhe às lições, conseguimos grande avanço. Por esse engano é que muitos velhos estudantes chegam a desanimar. O estímulo e orientação vêm de fora, POR AMOR de quem nos deseja elevar. Mas o proveito vem de dentro, de nossa assimilação e prática da verdade. Não é a verdade objetiva que nos liberta, mas a COMPREENSÃO, A VIVÊNCIA da verdade, A APROPRIAÇÃO da verdade e SUA EXPRESSÃO PRÁTICA na vida cotidiana.

Podem objetar que isto seja impossível. Não é fácil realmente, mas é possível. Disse o Cristo aos apóstolos, que os lançaria ao encontro dos homens comuns, como ao encontro de lobos e, por isso, que “fossem mansos como as pombas, porém prudentes como as serpentes”.

O valor e o progresso nos advêm desses pequenos méritos diários. Herói não é o que realiza num gesto denodado um ato grandioso; é o que vence as pequenas provas de todos os dias e persiste no bem, até chegar, degrau e degrau, àquele objetivo de todo aspirante a espiritualidade: o encontro consigo mesmo, a entrega de sua vida ao “eu verdadeiro e superior”, a cujos pés deporemos os despojos de nossas batalhas, como o fez Abrahão e Melquisedeque, porque então, o Cristo interior será nosso “Rei e Sumo Sacerdote”.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/71)

 

 

 

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Pergunta: As forças lunares são mencionadas como sendo um sal? O que tem haver isso com o “temperar” e ter paz?

Pergunta: A Filosofia Rosacruz ensina-nos que na fraseologia dos alquimistas, as forças lunares são mencionadas como sendo um sal. Isto tem algum significado com relação à seguinte citação no Evangelho Segundo São Marcos 9:49-50: “Porque todo será salgado pelo fogo, e toda a vítima será salgada com sal. O sal é bom, porém, se ele se tornar insípido, com que o haveis de temperar? Tende sal em vós, e tende paz entre vós”?

Resposta: Todo sacrifício deve ser temperado com sal. Esse era um mandamento na lei Mosaica, o Judaísmo, como o chamamos, e foi originado por Jeová. Não obstante, o sal tem outro significado mais profundo, isto é, se o sal fosse colocado sobre o sacrifício, o sal produziria um fogo químico que simbolizaria a sensação ardente sentida por nós devido ao remorso decorrente das nossas más ações praticadas. Toda transgressão será punida e expiada através de um sacrifício determinado. O sal e a incineração do sacrifício simbolizam o que de melhor haveria de chegar. As pessoas daquele tempo não podiam ser, elas próprias, sacrifícios vivos. Elas não podiam privar-se de nada, pois eram extremamente ligadas às suas posses. Estavam sempre querendo mais filhos, muita terra e mais rebanhos, portanto, se as coisas que elas mais prezavam lhes fossem tiradas em razão do pecado e da transgressão, elas ressentiam-se de uma forma intensa, muito mais do que se fossem pessoalmente injuriadas.

Esse sacrifício era uma espécie de expiação de segunda mão, simbolizando um futuro em que as pessoas seriam o próprio sacrifício, quando, então, sentiriam remorsos pelos erros praticados. Naquele tempo, o sacrifício não era aceito no altar senão depois de salgado e, similarmente, o sacrifício vivo não será aceito no altar do arrependimento senão depois de ter sido salgado, isto é, devemos sentir angústia, remorso e contrição ardentes por todo o mau ato cometido, e somente após ter sentido isso é que o sacrifício será aceito. Até então, o sacrifício era consumido por um fogo divinamente ateado. Isso indica que, após termos salgado em nós próprios o sacrifício vivo com lágrimas de arrependimento ao debruçar-nos sobre o altar diante de Deus, perceberemos que, embora nossos pecados sejam rubros, eles tornam-se brancos como a neve. O registro será apagado do panorama da vida. É desse modo que nos purificamos, mas o primeiro requisito é que o sacrifício seja salgado com lágrimas.

O fato de salgar os sacrifícios nas épocas antigas pode ter tido alguma relação com a ideia de que Jeová é o Espírito Lunar e, por conseguinte, rege o elemento químico sal, mas o sal do alquimista não era o sal comum. Era o sal das lágrimas e do arrependimento. Os alquimistas não alegavam poder transformar o metal não precioso em ouro. O que eles se propunham fazer era transformar os elementos básicos do corpo, que foram tirados da terra, em ouro da alma, esse “Dourado Manto Nupcial” que brilha ao redor de cada um que atinge a espiritualidade e se torna uma luz cada vez mais brilhante à medida que vive uma vida mais elevada e mais nobre.

(Pergunta 162 do Livro Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas vol. II, de Max Heindel)

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As Chaves do Reino dos Céus

As Chaves do Reino dos Céus

17Jesus respondeu-lhe: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus. 18Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. 19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16:17-19).

Para bem compreender o procedimento de Cristo-Jesus, dando a São Pedro as chaves do Reino dos Céus, torna-se necessário primeiramente ter uma ideia lógica do significado do termo “Reino dos Céus”. Em vez de admitir o céu como um lugar para o qual iremos para eterno descanso, depois de termos perdido a nossa “capa mortal”, atentemos para as Escrituras e consideremo-lo como um estado de consciência. Devemos admitir a expressão literalmente e aplicá-la cientificamente em nossas vidas diárias, a fim de que possamos desenvolver o poder espiritual interno que nos dá a possibilidade de contato e de funcionamento nos planos superiores.

Existem sete planos do Ser em nosso Universo. Para penetrar e funcionar neles conscientemente devemos possuir as chaves espirituais correspondentes a cada um. São as chaves a que Cristo Jesus se referia e que, por sua vez, Max Heindel nos ensina como sendo realmente as “chaves musicais” ou fórmulas mágicas adotadas em todas as Ordens Ocultas. Os maçons modernos têm algo similar por meio das diferentes Lojas. Adotam diferentes palavras de passe e diferentes apertos de mão, de maneira que um Maçom iniciado em determinado grau efetivamente será afastado de outros, como um estranho, porque não tem as “chaves” que abrem as portas. Nas Ordens Ocultas, tais como a dos Rosacruzes, há notas-chaves formuladas para cada grau diferente entre si, de forma que todo aquele que não tiver a chave é incapaz de tonalizar-se, ficando impedido, por assim dizer, por uma parede invisível, de penetrar no Templo.

Há uma vibração diferente no Mundo do Desejo inferior, rodeando a Terra. É o que constitui o inferno, daí prevalecendo a nossa atmosfera que constitui a Região superior do Mundo do Desejo e a Região do Pensamento Concreto. Essa gama de vibração novamente difere do tom dos estados de matéria que se encontram no interior da Terra, isto é, em cada um dos nove estratos subterrâneos. Portanto, cada uma dessas divisões do mundo invisível tem a sua nota-chave, que gradualmente é revelada aos Iniciados, na medida em que progridem no caminho do Adeptado. A São Pedro foi dada uma ou mais notas-chaves desses vários reinos, bem como a outros, por Cristo, que, nesse caso, foi o Iniciador.

“As mesmas chaves” são atualmente dadas aos Seus seguidores, dignos de conhecer os mistérios para assim servirem a seus semelhantes numa maior escala.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/1971)

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Os Três Homens Sábios

Os Três Homens Sábios

1 Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram magos do Oriente a Jerusalém, 2perguntando: “Onde está o rei dos judeus recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no céu surgir e viemos homenageá-lo”.

(…) 7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e procurou certificar-se com eles a respeito do tempo em que a estrela tinha aparecido. 8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: “Ide e procurai obter informações exatas a respeito do menino e, ao encontrá-lo, avisai-me, para que também eu vá homenageá-lo”. 9A essas palavras do rei, eles partiram.

E eis que a estrela que tinham visto no céu surgir ia à frente deles até que parou sobre o lugar onde se encontrava o menino. 10Eles, revendo a estrela, alegraram- se imensamente. 11Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o homenagearam. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. (Mt 2:1-2; 7-11)

O Evangelho de Mateus é denominado com muita propriedade de “Evangelho da Dedicação”, porque contém a relato da vinda dos três homens sábios desde o oriente.

Antigo comentário a respeito de Mateus diz que a Estrela na sua primeira aparição tinha a forma radiante de uma criança levando a cruz.

Os três Iniciados ou Homens Sábios, contemplando a Estrela, levantaram-se e jubilosos iniciaram a longa e perigosa jornada através do deserto, rumo a Jerusalém. Ao chegarem, indagaram ansiosamente: “Onde está Aquele que nasceu Rei dos Judeus?”.

Essa pergunta interessou a Herodes e a toda comunidade judaica. Perguntaram ao Superior dos Sacerdotes: “Onde está o jovem Rei que acaba de nascer?”. Os sacerdotes responderam: “Em Belém da Judeia”.

Primeiramente, seguindo a direção da Estrela, os três Homens Sábios atingiram a pequena cidade de Belém e lá encontraram não um principezinho real nascido num palácio, rodeado por um corpo de servidores, mas apenas uma graciosa criança, deitada na humilde manjedoura, onde o gado e outros animais se alimentavam.

A humildade, a fé e a reverência foram proclamadas realmente pelos Sábios Homens, os quais se prostraram diante da bela Criança, dedicando-se a si mesmos ao novo Rei do Mundo.

Os três Homens Sábios representam a dedicação integral do Espírito (ouro), da Alma (mirra) e do Corpo (incenso). Depois de o Cristo ter nascido internamente, o passo seguinte no processo de desenvolvimento espiritual deverá ser essa dedicação ao Mestre e ao Seu trabalho, para que o Cristo recém-nato deva crescer à estatura do adulto.

O Espírito é simbolizado pelo ouro, que é portador do mais elevado poder vibratório entre todos os metais.

O Corpo, representado pelo incenso, é um símbolo bem adequado ao menos duradouro veículo do Espírito.

A Alma, representada pela mirra (planta natural da Arábia, difícil de ser encontrada, apresentando um gosto extremamente amargo, possuindo porém uma fragrância primorosa e incomum) simboliza o extrato anímico das experiências que o Espírito entesoura no corpo, e que constitui o propósito integral da vida no plano físico, sendo na verdade o sinônimo  do caminho do discipulado, porque de fato o Corpo-Alma de um santo emite uma fragrância delicada que tem dado origem a belíssimas lendas da Igreja.

A tradição afirma que Gaspar era muito idoso, usava uma barba branca, era rei de Tarsus, a terra dos mercadores e sua dádiva à Criança foi ouro. Melchior, de meia idade, rei da Arábia, deu incenso; ao passo que Baltazar, o rei negro e o mais moço, nascido em Seba ou Sheba, a terra das especiarias e da rezina, apresentou como dádiva a mirra.

O Caminho da Transmutação do neófito algumas vezes é chamado de Transfiguração, e ocorre sempre na jornada dos Homens Sábios, pois por esse processo todos se tornam Homens Sábios.

Na catedral de Colônia existe um altar onde estão três crânios com os nomes dos três Homens Sábios, nomes esses formados por rubis. O rubi designa-se como a pedra do Cristianismo, porque simboliza a purificação da natureza de desejos e a espiritualização da mente, o trabalho primordial da Dispensação Cristã.

Segundo a lenda, Maria entregou as faixas de linho que envolviam o puro corpo da sublime Criança aos Homens Sábios, os quais agradeceram com humildade e alegria, colocando a preciosa dádiva entre os seus maiores tesouros. Após regressarem às suas pátrias, imitaram a pobreza e humildade d’Aquele que reverenciaram em Belém, distribuindo seus bens entre os necessitados e pregando o novo ideal recém-inaugurado.

A lenda ainda nos diz que os Homens Sábios, quando morreram, receberam a coroa da vida imortal, em troca dos bens terrenos que renunciaram. Seus despojos foram encontrados muito tempo depois pela Imperatriz Helena, mãe de Constantino, que os trasladou para Constantinopla, donde posteriormente foram levados para Milão e ulteriormente depositados na catedral de Colônia.

Retribuindo as dádivas que Lhes foram ofertadas, o Mestre outorgou-Lhes posses de valor transcendental a qualquer bem material: pela taça de ouro deu a caridade e os bens espirituais; pelo incenso, a fé perfeita; e pela mirra, a verdade e a brandura, qualidades que representam as virtudes indispensáveis para aqueles que aspiram à iniciação. Ele também poderá nos conceder essas dádivas, desde que nos dediquemos de Corpo, de Alma e de Espírito à missão de preparar a vinda futura de Seu Reino sobre a Terra.

Analisando-se profundamente os fatos mencionados, relatados através de várias lendas, evidencia-se que os Magos eram Iniciados. A palavra Mago significa aquele que se dedica à Magia, que possui a consciência da vida noturna ou de sonho. Foi durante esse período noturno que os Homens Sábios receberam esclarecimentos referentes à vinda do Salvador. O Santo Nascimento foi saudado em muitos lugares com profundo regozijo, porquanto os Homens Sábios de todas as nações já vinham sendo preparados há muito tempo para esse extraordinário acontecimento, o que por sua vez incitou a animosidade de Herodes, advindo então o decreto alusivo à matança dos inocentes.

Os Homens Sábios viajavam tanto de dia como à noite sob a Luz da Estrela Misteriosa, guardados pelo glorioso Arcanjo, o Cristo. É dito que durante a jornada, os Homens Sábios observaram as maravilhas da Virgem e da Criança. Isto é, leram o sublime acontecimento na Memória da Natureza, e depois, ao entrarem no estábulo, obtiveram a confirmação material do fato, contemplando a beleza celestial da Divina Mãe e da Criança, rodeados por uma luz deslumbrante, de maneira idêntica aos que haviam observado nos Eternos Registros da Natureza.

 (de Corinne Heline – Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/1967)

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Os Pastores Iniciados

Os Pastores Iniciados

15Quando os Anjos os deixaram, em direção ao céu, os pastores disseram entre si: “Vamos já a Belém e vejamos o que aconteceu, o que o Senhor nos deu a conhecer”. 16Foram então às pressas, e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura.

Quem eram esses pastores que se mantinham vigilantes à noite?

Grande fonte econômica daqueles tempos era a criação de carneiros (ou ovelhas) e, por essa razão, centenas de pastores viviam pelas colinas da Judeia, sem que, entretanto, a maioria notasse algo de extraordinário naquela noite. O estudante do Cristianismo Místico sabe, porém, que esses pastores, a quem o Anjo do senhor apareceu, eram os Iniciados da Religião Ariana (O Carneiro) e, como seres humanos de elevada espiritualidade que eram, puderam clarividentemente perceber o Anjo mensageiro e clariaudientemente ouvir os cantos celestiais, proclamando a Nova Época que se inaugurava naquela noite. Foi na verdade uma Noite santa para a humanidade; foi a abertura do novo caminho que eventualmente livrará o ser humano da roda do nascimento e da morte, possibilitando a todos aqueles que desejarem, beber da Água da Vida.

O nome David significa “bem-amado”; Belém, a “casa do pão” ou o “princípio coração”, feminino, manifestando-se em todas as coisas, do átomo a Deus. O desejo natural deve ser purificado e esse amor ou princípio coração deve ser expandido antes de Cristo poder nascer dentro de nós, pois as passagens da Bíblia correlacionam similarmente, o grande princípio redentor do amor não poderá nascer em nenhum outro lugar, a não ser em Belém, que é a representação da vida purificada.

Jesus nasceu numa manjedoura, onde os animais alimentavam-se. Esse lugar representa a natureza de desejo inferior, que deve ser regenerada antes que o Poder do Criador possa nascer na estalagem, a qual simboliza a cabeça. Assim, cada neófito no Caminho da Iniciação deve também deixar Nazareth, a vida material, e iniciar a jornada a Belém, a vida impessoal purificada.

Cada um verificará, a princípio, que não há acomodações na estalagem e que o nascimento deve ter lugar numa manjedoura, onde os animais alimentam-se. Esse é realmente o significado do Natal.

Pouco significa para Jesus que reverenciemos o seu nascimento na Santa Noite, pois o importante é que possamos aprender a segui-lo, encontrando o caminho que nos conduzirá à realização da nossa Noite Santa individual.

Canta Angelus Silesius: “Embora Cristo nasça mil vezes em Belém, se não nascer em teu coração, tua alma segue extraviada”.

(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross, de Corinne Heline e publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1967)

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Vocês consideram a Doutrina da Trindade legítima? Se assim for como podem explicá-la?

Pergunta: Vocês consideram a Doutrina da Trindade legítima? Se assim for como podem explicá-la?

Resposta: Sim, de acordo com a Filosofia Rosacruz, a Doutrina da Trindade é um fato. Deus é Um, mas ao mesmo tempo Ele é Trino, incorporando o Pai, o Filho e o Espírito Santo, ou seja, os princípios da Vontade, da Sabedoria e da Atividade. Todos são um Poder Espiritual definido, intimamente relacionados, funcionando como uma unidade. Max Heindel em seu livro Coletâneas de um Místico nos dá informações esclarecedoras a respeito.

“O inspirado Apóstolo São João nos dá uma definição maravilhosa da Deidade quando diz: Deus é Luz! Daí o termo “luz” vem sendo usado para ilustrar a natureza do Divino nos ensinamentos Rosacrucianos, especialmente no que concerne ao mistério da Trindade na Unidade. Está claramente ensinado nas Santas Escritas de todos os tempos que Deus é uno e indivisível. Ao mesmo tempo, sabemos que a luz branca se refratando divide-se nas três cores primárias: o vermelho, o amarelo e o azul. Assim Deus aparece em um tríplice papel durante a manifestação, por meio do exercício das três funções divinas: a criação, a preservação e a dissolução”.

“Quando Ele exerce seu atributo de criação, aparece como Jeová, o Espírito Santo. Nessas condições Ele é o Senhor da lei e da geração, projetando o princípio solar fertilizante indiretamente através dos satélites lunares de todos os planetas, quando se trata de fornecer corpos para os seres evolucionários”.

“Quando Ele exerce o Seu atributo de preservação, com o propósito de sustentar os corpos gerados por Jeová, sob o domínio das leis da Natureza, surge como o Redentor, o Cristo, irradiando os princípios do Amor e da Regeneração diretamente para qualquer planeta onde as criaturas necessitem desse auxílio, livrando-as das malhas da mortalidade e do egoísmo, induzindo-as a praticar o altruísmo e a obter a vida infinita”.

“Quando Deus exercita o Seu Atributo Divino de dissolução, surge como “O Pai”, que nos chama, assim, de volta ao lar celestial, a fim de sejam assimilados os frutos da experiência e do crescimento anímico por nós entesourados durante o dia de manifestação. Este Solvente Universal, O Raio do Pai, é emanado do Sol Espiritual invisível”.

“Esse processo divino de criação e nascimento, de preservação e de vida, de dissolução e morte, e volta ao Autor do nosso Ser, pode ser observado em todas as partes, fazendo-nos reconhecer o fato de que são atividades do Deus Trino em manifestação”.

No livro “Maçonaria e Catolicismo” encontramos outras informações a respeito. Pondere o Estudante muito bem a relação do fogo com a chama; o primeiro jaz dormente, invisível em todas as coisas, e aceso em luz de várias formas: por um golpe de martelo na pedra, pela fricção de madeira com madeira, por ação química etc. Isso nos dá a chave da identidade do Pai, “a Quem nenhum homem jamais viu”, mas que se revela na “Luz do Mundo”, o Filho, que é o mais alto iniciado do Período Solar. Assim como o fogo invisível é revelado na chama, da mesma forma a totalidade do Pai está no Filho. São assim Um, como o fogo é um com a chama no qual ele se manifesta”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1971)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O que é, de fato, o Reino dos Céus?

Pergunta: O que é, de fato, o Reino dos Céus?

Resposta: Comecemos relatando as Parábolas que descrevem o Reino dos Céus:
3E disse-lhes muitas coisas em parábolas: 4 ‘Eis que o semeador saiu para semear. E ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho e as aves vieram e a comeram. 5Outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra. Logo brotou, porque a terra era pouco profunda. 6Mas, ao surgir o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou. 7Outra ainda caiu entre os espinhos. Os espinhos cresceram e a abafaram. 8Outra parte, finalmente, caiu em terra boa e produziu fruto, uma cem, outra sessenta e outra trinta'” (Mt 13:3-8).

24Propôs-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante a um ser humano que semeou boa semente no seu campo. 25Enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e foi-se embora. 26Quando o trigo cresceu e começou a granar, apareceu também o joio, 27Os servos do proprietário foram procurá-lo e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Como então está cheio de joio?’ 28Ao que este respondeu: ‘Um inimigo é que fez isso’. Os servos perguntaram-lhe: ‘Queres, então, que vamos arrancá-lo?’ 29Ele respondeu: ‘Não, para não acontecer que, ao arrancar o joio, com ele arranqueis também o trigo. 30Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ‘Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo, recolhei-o no meu celeiro”” (Mt 13:24-30).

31Propôs-lhes outra parábola, dizendo: ‘O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um ser humano tomou e semeou no seu campo. 32Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos seus ramos'” (Mt 13:31-32).

33Contou-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e pôs em três medidas de farinha, até que tudo ficasse fermentado'” (Mt 13:33).

44O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo; um ser humano o acha e torna a esconder e, na sua alegria, vai, vende tudo o que possui e compra aquele campo” (Mt 13:44).

45O Reino dos Céus é ainda semelhante a um negociante que anda em busca de pérolas finas. 46Ao achar uma pérola de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra” (Mt 13:45-46).

47O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha de tudo. 48Quando está cheia, puxam-na para a praia e, sentados, juntam o que é bom em vasilhas, mas o que não presta, deitam fora. 49Assim será no fim do mundo: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos 50e os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes. 51Entendestes todas essas coisas? Responderam-lhe: ‘Sim'” (Mt 13:47-51).

52Então lhes disse: ‘Por isso, todo escriba que se tornou discípulo do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que do seu tesouro tira coisas, novas e velhas'” (Mt 13:52).

Há sete interpretações para cada parábola bíblica; cada uma em nível mais profundo do que a outra. Estamos familiarizados com as explicações exotéricas aprendidas durante a infância; isso que propomos delinear, encontra-se em segundo plano, pois o primeiro véu foi levantado por meio do estudo do livro, O Conceito Rosacruz do Cosmos.

O Reino dos Céus não deve ser confundido com o Reino de Deus, o qual é uma esfera completamente diferente. A chave das parábolas nesse capítulo de Mateus encontra-se no último versículo citado – algumas são velhas, outras novas, algumas são passadas, outras ainda virão. Os outros Evangelhos dão somente as primeiras quatro. Talvez esse capítulo constitua um símbolo completo.

A primeira parábola refere-se ao semeador, Deus, que semeia a semente de uma nova colheita, ou seja, uma nova onda de vida cujo sinônimo é a primeira ou Período de Saturno em que os Espíritos Virginais representados pela humanidade atual, foram diferenciados ou “plantados”.

A segunda parábola que historia o fato de que o semeador encontrou joio em seu campo, deixando-o crescer com receio de que os grãos bons pudessem ser destruídos, é uma descrição do Período Solar, quando houve tanto a luz como a treva. Há uma antiga tradição oculta segundo a qual alguns desses líderes originais dessa onda de vida recusaram-se a descer à matéria, retardando a nossa evolução. Esse é o primeiro registro de egoísmo ou joio entrando em nossa onda de vida.

A terceira parábola, a do grão de mostarda, a menor semente, corresponde ao Período Lunar, ocasião em que o germe do Corpo de Desejos foi dado à humanidade infante, relacionando-se também com o seu rápido crescimento. A mostarda é um condimento que excita nosso Corpo de Desejos.

A quarta parábola, do pouco de fermento que leveda três medidas de farinha, descreve o nosso próprio Período Terrestre. No Velho Testamento todos os pães não eram levedados porque Jeová queria manter o povo passivo, de modo que pudesse ser mais facilmente conduzido. Porém ao cruzarmos o nadir da materialidade e com a vinda do Espírito de Cristo e consequente difusão de um amor altruísta, encontramos uma nova ordem.

“No peito de cada ser humano essa força do altruísmo opera como o fermento. É a transformação do selvagem do ser humano civilizado, que no devido tempo transformar-se-á num Deus” (do Livro: Conceito Rosacruz do Cosmos).

A quinta parábola, aquela do tesouro escondido, reflete antecipadamente o Período seguinte da evolução da humanidade e da Terra, o Período de Júpiter. Nesse tempo futuro “guiaremos a evolução do Reino Vegetal, porque o mineral atual ver-se-á num estado análogo ao que o vegetal hoje se encontra. O nosso trabalho será idêntico ao que os Anjos atualmente executam em relação ao Reino Vegetal. Quanto à nossa faculdade – a Imaginação – estará tão desenvolvidaque teremos não somente a habilidade de criar formas por meio dela, mas também de vitalizá-las. “Assim para nós os tesouros do Reino dos Céus no Período de Júpiter estarão ocultos num campo”, não na terra ou num animal. Devemos envidar todas as nossas energias para adquirir e desenvolver esse tesouro.

A sexta parábola, aquela da “pérola de alto valor” assinala o Período de Vênus, quanto então as nossas formas minerais atuais, encontrar-se-ão no estágio animal. A pérola é somente uma gema feita por criaturas viventes. Max Heindel diz em relação ao ser humano no Período de Vênus: “No final do Período de Vênus ele estará apto a usar a sua própria força para dar vida aos seus quadros (de cores, objetos e tons) e colocá-los fora de si como formas no espaço”. Podemos certamente concordar que o ser humano tudo dará para obter essa faculdade.

A sétima parábola que se refere às redes e a divisão de seus conteúdos pelos Anjos, trata-se de uma referência ao último dos Períodos – o Período de Vulcano – quando então o Espírito Divino estará mais forte, porque o seu desenvolvimento iniciou-se no primeiro Período de Saturno. Nesse tempo os joios serão removidos do trigo e por isso estaremos todos aptos a um repouso cósmico. “24 A seguir haverá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus Pai, depois de ter destruído todo Principado, toda Autoridade, todo Poder” (I Cor 15:24).

O que foi descrito é meramente um esboço. As verdades antigas e tradicionais de todos os Ensinamentos Rosacrucianos estão incorporadas em nossas Sagradas Escrituras. Ao crescermos em Sabedoria e Graça elas se tornarão viventes para nós.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1971)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Essênios – Os Precursores de Cristo

Essênios – Os Precursores de Cristo

Com o recente descobrimento desses antigos documentos palestinos, que hoje conhecemos com o nome de Pergaminhos do Mar Morto, importantes fatos relacionados com o advento do Cristianismo surgiram, chamando a atenção não somente dos eruditos e estudantes bíblicos como de todo o povo e ser humano que lê e pensa, sem preconceitos, livremente. O interesse geral que hoje notamos sobre o conteúdo de tais pergaminhos mostra que esse descobrimento tem especial significação.

Os pergaminhos são restos de uma biblioteca pertencente aos Essênios, comunidade religiosa de antes e ao tempo de Cristo, espalhada por diversos pontos do mundo daquela época e que fundou uma colônia nas colinas da Judeia perto do Mar Morto, numa data não especificada do segundo século antes de Cristo. Nesse lugar, chamado Qumran, um pastor beduíno, procurando uma cabra perdida, entrou numa gruta e encontrou uns jarros de cerâmica que encerravam o maior achado documental de toda história. Isto aconteceu em 1947. Desde então, despertados para o assunto, representantes católicos e protestantes bem como estudiosos cientistas empreenderam no local e nas proximidades contínuas explorações, encontrando tesouros após tesouros nesse campo, ascendendo hoje a centenas de manuscritos. A maioria deles são simples fragmentos, porém, de grande importância, posto que compreendem partes de quase todos os livros do Antigo Testamento, bem como dos livros apócrifos, além de Hinos e escritos acerca dos Essênios, essa Ordem Devota, já estudada por Max Heindel quando escreveu o “Conceito Rosacruz do Cosmos” em 1909, e não mencionada no Novo Testamento. Muitos desses manuscritos bíblicos são anteriores em mais de mil anos ao tradicional texto hebraico que constituiu o fundamento de nossa bíblia.

Existem nove grutas perto do antigo centro Essênio; nestas se encontravam os inapreciáveis manuscritos, alguns de pele, outros de papiro e outros ainda de cobre. A primeira gruta encerrava o grande rolo de Isaías, que é quase uma versão fiel do texto atual, contido na bíblia. Os eruditos apontaram ligeiras variantes desse pergaminho, em confronto com o texto atual, das quais, apenas algumas merecem importância maior. Essas divergências mais importantes já foram incorporadas na Versão Standard Revisada (inglesa). Segundo os estudiosos, o maior proveito que se tirou do pergaminho de Isaías foi a eliminação da barreira para o conhecimento do texto hebreu arcaico, conhecimento que até agora não havia sido conquistado. Essa primeira gruta continha também um Comentário sobre o livro de Habacuque, que era desconhecido, e o Manual de Disciplina Essênio, como foi chamado. Muito do material encontrado já foi traduzido e publicado em diversas línguas, inclusive em português. A Universidade Hebraica de Jerusalém foi a primeira a proceder a versão dos artigos principais, além do pergaminho segundo de Isaías, um saltério da Ordem e uma relação essênia da Guerra dos Filhos da Luz.

O seguinte descobrimento importante foi o da quarta gruta, onde acharam mais de trezentos manuscritos. A diferença era a de conservação: os documentos da primeira gruta estavam encerrados em jarras fechadas e seladas, portanto, conservados, ao passo que o da quarta estavam sem nenhuma proteção contra os elementos e, assim, em condições fragmentárias. Deduzimos daí que foram deixados às pressas por ocasião da invasão romana levada a efeito no ano 67 D.C. em que destruíram Qumran. As explorações continuam. Cada ano traz algo de novo aos descobrimentos. A tarefa de decifrar, traduzir, cotejar e interpretar o material é uma obra que absorverá a atenção dos eruditos por muitos anos mais.

ESTUDOS DOS PERGAMINHOS

A primeira apresentação geral do assunto foi feita por Edmund Wilson, num extenso artigo publicado no THE NEW YORKER, número de maio de 1955. Desde então foram publicados centenas de artigos em jornais e revistas religiosos, populares e científicos. Já em 1952 havia sido publicado um livro de cem páginas, sob o título “Os pergaminhos do Mar Morto” por A. Dupont-Sommer, professor de línguas semíticas da Universidade Sourbonne de Paris. Era um estudo preliminar. A Universidade de Oxford está preparando uma série de volumes sobre o assunto.

Para os esoteristas, principalmente os cristão-esotéricos, que são os estudantes rosacruzes, a literatura dos Essênios é de enorme interesse por mais de uma razão. Os Essênios foram os esoteristas de seu tempo e se achavam entre os principais depositários dos Ensinamentos dos Mistérios da Antiguidade. Possuíam literatura a que tinham acesso apenas “os discretos”. Eram o degrau entre a Antiga e a Nova Dispensação, constituídos pelo Alto para serem os precursores de Cristo e os iluminados heraldos de um novo evangelho. É um descobrimento estremecedor que projeta sobre essa santa Ordem uma luz mais clara do que a que a iluminava nos dias da comunidade cristã primitiva.

AS TRÊS SEITAS DO JUDAISMO

Os Essênios, os Fariseus e os Saduceus foram as três principais seitas que existiam dentro do Judaísmo, ao tempo de Cristo. Os Essênios foram, segundo palavras da sra. Blavatsky, “os religionários da nova fé”. Constituíam uma sociedade estreitamente esotérica. A ela pertenceram João Batista, seus pais Zacharias e Izabel, Jesus, Maria e José, Ananias que em Damasco iniciou São Paulo etc.

Os Saduceus eram a classe sacerdotal que havia perdido a luz interior com sua absorção nos interesses materiais.

Não acreditavam em Anjos nem na imortalidade da alma. Por isso são considerados os materialistas religiosos de sua época.

Os Fariseus eram constituídos pelos escribas e os Doutores e intérpretes da lei. Consideravam tão rigorosamente a letra, o texto, que perdiam de vista o espirito dela. Em outras palavras, eram os tradicionalistas.
Desse modo, nem os Saduceus, nem os Fariseus estavam capacitados a ler corretamente os sinais dos tempos.

Ambos conheciam a lei e os profetas, ensinavam a vinda de um redentor ao mundo. Não obstante, eram incapazes de perceber a preparação efetiva dos Essênios para recebê-Lo. Carecendo de percepção espiritual, não apenas não reconheceram o Messias como se tornaram Seus inimigos. Que trágica incoerência! Os líderes oficiais de Israel (cujo destino nacional e racial era preparar um veículo físico para a pessoa de Jesus de Nazaré na Divina Encarnação e estabelecer um ambiente adequado e uma atmosfera social propícia à Sua manifestação e ministério) não conheceram sua missão!

Mas o plano de salvação não podia ser frustrado pelo fracasso desses seres, embora devessem eles estar à frente do cumprimento dessa preparação. Mas, para contrabalançar, atrás dessa cena pública encontravam-se em recolhimento os Essênios, aquelas almas que não haviam perdido a iluminação interna e se conservavam fiéis à Sabedoria dos Mistérios. Eles se haviam consagrado, como discípulos espirituais, a preparar os passos do Senhor.

Com esse fim, visando a evitar a contaminação do mundo, reuniram-se em cidades pequenas e, das grandes cidades afastavam-se para o deserto, constituindo comunidades fechadas, inteiramente dedicadas ao cultivo da vida espiritual. Não era um retiro egoísta com finalidade de fugir das responsabilidades que deviam ter perante a comunidade nacional. Ao contrário; era genuína e profundamente altruísta, pois tinham perfeita visão das condições e sofrimentos do mundo e se incumbiam do nobre duro mister de criar as condições etéricas necessárias para a vinda do Messias que devia ser o Salvador do mundo. Foi um movimento sacrificial que implicava a observância de severas disciplinas e preces; uma forma ascética de vida e um ostracismo virtual do mundo convencional que os cercava. Eles eram diferentes, demasiado diferentes para livremente misturar-se com a multidão e seguir suas normas de vida.

Os Essênios chamavam a si mesmos de Novo Israel e se consideram o povo do novo testamento. Chegara o tempo em que a Antiga Dispensação deveria ceder lugar à Nova. Os Essênios estavam preparados para essa transição e prepará-la foi sua missão.

Nesse tempo, o Judaísmo oficial, como dissemos, estava nas mãos dos tradicionalistas e de sacerdotes egoístas.

Os saduceus (termo que significa os filhos de Sadoc) eram a Casta Sacerdotal. Sadoc foi o passado da classe sacerdotal judaica e o primeiro a servir no Templo de Salomão. Mas os Saduceus já não eram fiéis a este prestígio e à confiança que neles depositavam, pois os interesses egoístas competiam com o serviço sacerdotal. Permitiam que os traficantes negociassem em santos lugares, sacrilégios que mais tarde moveu Cristo a expulsar do Templo os cambistas de moedas. Mas a vocação sacerdotal não devia ser abandonada. Devia, isso sim, ser restaurada em seu legítimo lugar de honra e dignamente conservada para presidir no altar do Senhor. Os requisitos para tal serviço deveriam advir, não da herança física, mas da aptidão espiritual que os Essênios buscavam cumprir. Daí os Essênios reclamarem para si o nome de Filhos de Sadoc, não em virtude de sua ascendência, senão em decorrência de sua linhagem espiritual.

Em conexão com este fato, Flávio Josefo, o famoso historiador judeu do primeiro século de nossa era, afirmou que na comunidade dos Essênios a vida estava baseada, não nos laços de sangue, mas no zelo da virtude e no amor à humanidade. Isto os situa definidamente na Nova Dispensação. Foram cristãos, antes da vinda de Cristo.

SUPERAÇÃO DOS LAÇOS DE SANGUE

O laço de sangue era a base da comunidade judaica na Antiga Dispensação. As unidades sociais eram determinadas pelas relações físicas. Com exceção dos Essênios, os hebreus anteriores à vinda de Cristo, e ainda os judeus de hoje, estavam ligados em virtude de sua descendência comum do Pai Abraão. Cristo veio para romper esse laço de sangue e substitui-lo pela união espiritual. A isto se referia Cristo quando disse aos judeus que se orgulhavam de ser os eleitos, por serem filhos de Abraão: “Antes de Abraão fosse, eu era”. Com essa afirmação estava atribuindo a seus ouvintes uma herança maior, a herança de Deus, o Pai. Essa herança, comum a toda a humanidade, torna todos os seres humanos irmãos. Os Essênios não haviam aceitado este fato de modo puramente intelectual: eles o viviam. Suas ações não eram motivadas pelos impulsos hereditários que emanavam do sangue, senão que brotavam do centro espiritual de seu Ser. Eles haviam alcançado a união com o Cristo interno e por ele, a ligação com o Cristo Cósmico, antes mesmo de sua encarnação, pondo sua vida em consonância com a d’Ele. Haviam, assim, transcendido o pensamento racial separatista e chegado a ser verdadeiramente universalistas.

O destino de toda humanidade é alcançar algum dia a libertação dos restritivos laços raciais e alcançar a viva realização da unidade do gênero humano, como conseguiram entre si os Essênios. A essência da missão de Cristo é precisamente a de ajudar a humanidade a alcançar esse estado. Mas Sua ajuda não foi dada de uma vez por todas, durante os três anos de Seu ministério por Jesus; Seu ministério continua dos mundos internos irradiando à nossa esfera humana, impulsos espirituais que fortalecem a vida egóica do ser humano, despertando-lhe o reconhecimento de seu Eu espiritual e fazendo-o compreender seu imortal destino como filho de Deus.

Que os Essênios haviam tido contato consciente com o Cristo Cósmico, para cuja iminente encarnação estavam fazendo os mais cuidadosos preparativos, está evidenciado nos pergaminhos que deixaram, que em muitos pontos mantêm inequívoca similitude com os Evangelhos, deixando entrever sua associação com Cristo-Jesus. Por exemplo, o Manual de Disciplina, um dos mais importantes dos recém-descobertos manuscritos essênios, contém uma afirmação quase idêntica à usada por São João, ao inicio de seu Evangelho: “E por Seu conhecimento, tudo se fez. E tudo o que é, foi estabelecido por seu propósito e fora d’Ele nada se faz”. A versão de João dessa sublime verdade, tão familiar a nós, estudantes rosacruzes, reza: “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele e sem ele nada do que tem sido feito se fez”. Tão profundas afirmações só podiam ter surgido da consciência de um Iniciado. João a possuía, conforme o expressa no Evangelho. Antes de João, os Essênios a possuíam, conforme ficou evidenciado em seus escritos.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 03/1962)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Quem eram os Saduceus e os Fariseus

Quem eram os Saduceus e os Fariseus

Os fariseus constituíam, ao tempo de Cristo, uma seita predominante, antipatizada pelos demais em razão do seu rigor na observância exterior da Lei e da Tradição e, principalmente, por seu menosprezo aos patrícios que não participavam desse rigorismo. Daí o nome fariseu, que quer dizer separado. Eram formalistas e hipócritas. Acreditavam na sobrevivência dos espíritos, na reencarnação dos justos (os maus, segundo eles, ficavam sofrendo os tormentos do fogo eterno) e no livre arbítrio limitado pelo destino. Eram cerca de 6.000. Participavam do Sinédrio.

Os saduceus eram um grupo pouco numeroso, mais político que religioso, formado por personagens importantes que organizaram um senado com autoridade sobre toda a nação no ano 200 AC, mais tarde transformado no Sinédrio, com a participação de fariseus. Sua forma religiosa era adstrita à Lei (Thorah). Severos na aplicação da lei de Talião. Materialistas, não acreditavam na sobrevivência dos espíritos, nem nos anjos e desprezavam os rituais; por isso os fariseus os detestavam.

A expressão “Geração de víboras, quem vos recomendou que fugísseis da ira vindoura?”, dirigida por João Batista aos fariseus e saduceus, é para referir-se que eles eram venenosos e astutos como as víboras, por isso, eram filhos delas. As víboras previam as enchentes do Mar Morto e antecipadamente fugiam para se refugiarem nos galhos das árvores. Esse fato é comparado com a condição deles, que tinham muitos pecados e estavam buscando refugiar-se no batismo de João, antes que a lei de causa e efeito lhes trouxesse as consequências.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 08/77)

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