Origens pré-históricas da Música
Os elementos de Fogo, Ar, Água e Terra são os mais importantes no processo evolucionário da Terra; de fato, sem esses quatro elementos a vida neste Planeta seria impossível. O fogo foi descoberto primeiramente e usado pelo ser humano nos dias da Lemúria. Foi, consequentemente, o elemento dominante conectado à Época Lemúrica e o fator principal nas suas cerimônias de Iniciação. Capacidade para andar sobre carvão em brasa ou segurar bolas de fogo nas mãos constitui uma memória parcial desses dias antigos, ainda conservada por alguns povos primitivos.
A música que acompanhava os Cerimoniais Lemurianos de Fogo era ao mesmo tempo sobrenatural e selvagem, isso porque era afinada ao ritmo das chamas crepitantes. O Corpo de Desejos dos Lemurianos necessitava de um avivamento, assim, os Guias da Humanidade usaram essa música de ritmo peculiar para estimular essa atividade. Com o passar do tempo essa força ígnea interna despertada levou a práticas mal orientadas que reagiram sobre as correspondentes forças ígneas planetárias, resultando em destruição do continente Lemuriano pela atividade vulcânica. Os seres humanos que habitaram a Lemúria antiga pouca semelhança tinham com os seres do nosso tempo. Durante os primórdios daquela Época, vários milhares de anos atrás, sua forma corporal era meramente embrionária. Após um longo ciclo evolucionário, sofreu sucessivas transformações até que, na Lemúria tardia, assumiu uma forma algo semelhante aos contornos atuais, embora com textura muito diferente. Antes de condensarem-se em substância física, os veículos dessa humanidade antiga foram, até certo ponto, tênues e plásticos. Poderiam na verdade ser considerados quase uma sombra com forma.
Portanto, o Corpo Denso não tinha ainda se desenvolvido até o ponto em que o Ego pudesse nele habitar. O Ego era ligado ao Corpo apenas magneticamente e como consequência permanecia em um estado livre, o que lhe permitia ir e vir à vontade. A Mente, tal como a conhecemos hoje, ainda não tinha surgido. A humanidade no início era realmente infantil e se encontrava sob a direção das Hierarquias Criadoras ou Zodiacais, seres espirituais aos quais estamos habituados a chamar de Deuses.
Todavia, os Lemurianos primitivos viviam em íntima harmonia com a natureza. Suas vidas estavam intimamente envolvidas e faziam realmente parte integrante das forças da natureza. Sua visão interna estava aberta para as inúmeras atividades das criaturas invisíveis (para nós) que constituíam o lado vivo da natureza na sua totalidade, enquanto sua audição interna registrava as sublimes harmonias para as quais a natureza progride e através das quais ela dirige suas múltiplas ações.
Também foi de acordo com as leis básicas da natureza que seus Corpos originais foram moldados, desenvolvidos e animados.
Quando a humanidade for suficientemente espiritualizada para reconhecer a relação da música com sua evolução, ela descobrirá como as harmonias celestiais emanadas das Hierarquias Zodiacais, nossos guardiões sagrados, exerceram influência formadora em cada estágio do seu desenvolvimento; perceberão ainda que cada passo tem sido acompanhado por uma orquestração celestial adaptada a cada processo criativo.
O ser humano, na sua formação, era bissexual. As polaridades masculina e feminina, agora focalizadas cosmicamente no Sol e na Lua, respectivamente, exerceram uma influência igual sobre os Corpos plásticos da humanidade primitiva. Isso, porém, ocorreu quando a Terra e a Lua eram ainda partes do Sol. Em um estágio mais tardio, quando a Terra foi lançada para fora do Sol e mais tardiamente ainda, quando a Lua foi atirada para fora da Terra, essas duas polaridades deixaram de ter uma expressão igual e equilibrada sobre o ser humano individual. Alguns responderam preponderantemente ao polo positivo centrado no Sol, enquanto outros responderam ao polo negativo focalizado na Lua. Finalmente, isso resultou na divisão da humanidade em dois sexos separados, com o homem e a mulher aparecendo em cena.
A partir de então as harmonias emanadas das Hierarquias Criadoras se diferenciaram em dois ritmos, agora conhecidos como Maior e Menor. As Notas musicais Maiores, masculinas na potência e objetivas no caráter, foram projetadas à humanidade através da força solar. As Notas musicais Menores, femininas na qualidade e subjetivas na natureza, foram dirigidas através da força da Lua. O ser humano que até então tinha evoluído sob os ritmos divididos em uma única escala, tornava-se agora sujeito a duas. Uma, afinada aos tons Maiores, dirigindo-o para condições de crescente densidade; outra, afinada aos tons Menores, dirigiu sua alma para um contato mais íntimo com as forças espirituais.
Como a Época Lemúrica encontrava-se predominantemente sob a influência da Lua, sua música estava afinada aos matizes mais sutis dos tons Menores. Tratava-se de uma música incomum, melancólica e sobrenatural. Vestígios dela persistem na música de Java e de outras Ilhas do Sul, estas remanescentes do continente Lemuriano.
A natureza mais íntima de qualquer povo pode ser avaliada penetrando compreensivelmente em sua música.
Nenhum outro meio é mais exato para avaliar a qualidade de suas vidas e o estágio de seu desenvolvimento. A menos que estejamos aptos para visualizar os corpos plásticos e fluídicos dos Lemurianos mais antigos, jamais entenderemos a influência exercida pela música sobre eles. Ela literalmente deu forma e traços característicos aos seus veículos em desenvolvimento. As forças circundantes da natureza fluíram através deles sem obstáculos. Eles habitaram entre as árvores gigantes de suas terras e seus bosques enormes eram áreas sagradas nas quais festivais sazonais eram observados. Cerimônias de iniciação de suas temporadas sagradas eram eventos gloriosos atribuídos à música, isto é, à harmonia das esferas.
Os dançarinos do Templo Lemuriano duplicaram os movimentos e ritmos das esferas celestiais e sua “música de gestos” era ouvida pelos fanáticos que dançavam. Certos centros espirituais ou “luzes” dentro de seus corpos eram despertados por essas danças realizadas na mais elevada reverência e na mais profunda emoção. Os dançarinos eram sempre escolhidos entre os aspirantes mais evoluídos do Templo.
Os Templos da Floresta eram, para os Lemurianos, o Santo dos Santos. Nesses santuários sagrados ocorriam os principais acontecimentos de suas vidas. Esses compreendiam o nascimento, a Iniciação ou iluminação espiritual e a morte — esses acontecimentos correspondem aos três passos de desenvolvimento em todas as escolas esotéricas e aos primeiros três graus das fraternidades. Era nos Templos da Floresta e sob orientação angelical que a propagação da onda de vida humana era levada a efeito de acordo com os apropriados ritmos astrais, cuja música era absorvida pela audição e transmitida à função edificadora do corpo.
Os Egos Lemurianos foram particularmente sensíveis à força do amor. A consciência era íntegra, pois os Egos não tinham ainda descido profundamente na existência material a ponto de retirar o véu existente entre os planos externos e internos do ser. Assim, a morte, como a conhecemos hoje, era desconhecida. Quando os Corpos terminavam seus períodos de utilidade, eram deixados de lado, da mesma forma que certos animais deixam e mudam periodicamente suas peles. Um Corpo Denso gerado sob tais condições era perfeitamente atinado com a nota estelar especifica de cada Ego. Pelo poder daquela nota era capaz de renovar ou descartar seu Corpo à vontade. A doença não tinha ainda se tornado uma aflição, assim, a vida era uma canção alegre e a Terra era ainda uma reflexão do Jardim do Éden. Como a raça Lemuriana era regida pela Lua, respondia fortemente às sempre mutáveis fases orbitais. Ao tempo das Luas Novas e Luas Cheias, forças poderosas eram liberadas; aí então, eles celebravam seus rituais místicos iniciatórios. Esses não eram dirigidos para os planos mais internos como agora, mas para os mais externos, dado que o desenvolvimento Lemuriano dependia primariamente do desenvolvimento objetivo da atividade. A música era um fator potente para capacitá-los a realizar a necessária descida para a matéria. Com essa descida a diferenciação entre os sexos se tornou mais marcante e era realizada através dos ritmos Maior e Menor que acompanham a Lua Cheia. Nas noites de Lua Cheia as forças femininas eram precipitadas através das celestiais tonalidades Menores e as forças masculinas através das tonalidades Maiores.
Mais tarde, quando a humanidade entrou completamente na existência física e quando, através da entrada no diferente significado da vida do mundo material, nascimento e morte marcaram as fases diferenciadas da existência. A entrada na manifestação física foi acompanhada por música constituída pelas harmonias de Notas musicais Maiores; enquanto a entrada nos Mundos internos, através do portão que chamamos morte, era atinada aos acordes Menores.
Assim, vemos quão profundamente é verdadeiro tratar o ser humano como um ser musical. Sua origem está na Palavra falada. Pelo som ele foi confirmado e pela música ele progrediu. O que ele registrou subconscientemente na Lemúria, um dia ele saberá conscientemente. Então não mais considerará a música como uma arte mais ou menos apartada da vida e não mais pensará na música somente como um objeto para alegria estética.
Ao contrário, ele reconhecerá a música como um fator vital para a evolução física, mental, emocional e espiritual de toda a onda de vida humana.
Já na próxima Época, a Atlante, a água era o principal elemento associado com a Atlântida, onde o ser humano foi ensinado a controlar suas emoções e a desenvolver suas faculdades físicas. Naquele continente o psiquismo alcançou o maior estágio de desenvolvimento já visto, nunca igualado antes ou depois, tendo a música atlante se constituído em um fator de desenvolvimento das faculdades psíquicas. A maior parte dessas músicas era solene e grave, algumas vezes alcançando níveis de grandeza imponente. Suas ondas melódicas eram comparáveis à música rítmica atualmente ouvida nos movimentos cíclicos das marés alta e baixa. O Sol nunca brilhou claramente na Atlântida. A atmosfera era sempre pesada devido à névoa existente. Nessa atmosfera nevoenta as figuras vaporosas de outros planos eram facilmente discerníveis, uma condição que auxiliou de maneira importante o despertar e o desenvolvimento das faculdades psíquicas. A Época Atlante terminou quando o continente foi destruído pela água.
A transição da Lemúrica para a Atlante foi marcada por um aumento da densidade da atmosfera, Corpos Densos mais solidificados e a consciência humana focalizada mais definitivamente no mundo material. A humanidade estava então perdendo aquela bonita e quase contínua comunhão com as hostes angelicais, desfrutada anteriormente pelos Lemurianos.
Consequentemente havia uma correspondente perda na percepção das harmonias celestiais. Entretanto, nesse estágio de desenvolvimento não tinham perdido contato com os Mundos internos a ponto de negar ou mesmo duvidar da existência da Música das Esferas, fosse ela ouvida ou não. Tais negativas não chegavam ao materialismo profundo da presente era. Assim, os Iniciados dos Templos Atlantes, sacerdotes e sacerdotisas da sabedoria eterna, realizavam seus rituais sagrados em total acordo com os ritmos celestiais.
Os Templos Atlantes eram realmente universidades onde as faculdades física, mental e espiritual do ser humano eram estimuladas e desenvolvidas. A partir do momento em que o ser humano deixou de viver em harmonia com os mundos elevados, seu Corpo Denso se tornou sujeito a desarmonias e doenças; nessas condições, um Mestre Iniciado se afinava com a nota estelar de um indivíduo, a fim de substituir a desarmonia pela harmonia. Com essa finalidade, a música, a grande panaceia curadora, era administrada nesses Templos.
Os povos atlantes eram muito mais suscetíveis aos efeitos curativos do ritmo do que a humanidade atual. Eles podiam utilizar a força pulsante do crescimento das plantas e se apropriar delas para a revitalização e renovação de seus Corpos Densos. Podiam também transferir essas energias de uma planta para outra, assim, aumentando a energia das plantas fracas e doentes através das plantas fortes e saudáveis. As palpitantes correntes de vida emitiam tons específicos na medida em que elas cresciam para cima. Os Atlantes podiam ouvir esses sons e transcrevê-los em música, tão perfeitamente afinados aos ritmos das plantas que eles possuíam uma dinâmica eficácia curadora. No devido tempo, consequentemente, a terapia musical se tornou um dos principais ramos da instrução no Templo.
A fala foi desenvolvida pelos Atlantes. Um tipo de fala cantante. Suas palavras entoadas projetavam energia em qualquer objeto especificado e por essa energia o objeto podia ser remodelado de acordo com a vontade de um indivíduo. Os cânticos e hinos de todas as Religiões antigas tiveram sua origem nessa fala cantante. Os sacerdotes do Templo e seus discípulos avançados podiam ouvir também as notas musicais dos objetos naturais e estavam aptos, por meio do poder que isso lhes dava, a realizar milagres de transformação. Isso originou numerosos mitos e lendas relacionados às civilizações que precederam nossa atual Quinta Raça Original, a raça Ária. Na Era de Ouro da Atlântida a liderança era conferida aos neófitos do Templo, mais espiritualmente desenvolvidos, aos quais eram concedidas honras e reverências pelos leigos. A Realeza era um Grau do Templo ao qual somente o mais merecedor podia aspirar; pois o Rei Iniciado era precedido apenas pelo Alto Sacerdote.
Será visto que no poder praticamente ilimitado dos Atlantes reside a semente da decadência e destruição definitivas. A tentação ao mau uso daquele poder foi para eles quase irresistível. Com o desenvolvimento de sua índole de desejos e de um concomitante crescimento em interesses egoístas, as habilidades que originalmente funcionavam sob a direção das Hierarquias de Luz foram transferidas para as da Sombra. As condições anunciando caos e desintegração similares àquelas manifestadas no mundo atual tornaram-se prevalentes. Tais condições eram sempre indicativas do início do fim. A fala cantante dos consagrados Iniciados do Templo foi modificada para fins nocivos e destrutivos. Literalmente, as “explosões tonais”, afinadas à nota-chave de uma pessoa ou objeto, eram usadas para destruir cruelmente a vida humana e a propriedade.
O conhecimento pelo ser humano das harmonias celestiais em ondas de tons Maiores e Menores foi comentado anteriormente. Com a depravação crescente dos Atlantes, as consonâncias e dissonâncias tornaram-se mais e mais agudamente diferenciadas. O resultado foi uma música estranha e sinistra, uma música capaz de produzir doença, perda da memória e mesmo insanidade. “Círculos Sombrios” compostos por neófitos do Templo, trabalhando sob influência das Sombras, estavam aptos a expressar explosões tonais capazes de expulsar um Ego para fora de seu corpo físico, frequentemente causando nas pessoas obsessão permanente ou mesmo a morte. Esses fatos são mencionados apenas para ressaltar o longo alcance dos poderes do som.
Somente um remanescente dos Atlantes foi salvo. Na terminologia bíblica, Noé e sua família sobreviveram ao dilúvio. Esse remanescente se tornou a semente da atual raça Ária. Sobre o novo continente para o qual esse remanescente migrou, o Sol brilhou claramente e pela primeira vez o ser humano pôde usufruir uma atmosfera oxigenada tal como a temos hoje. A humanidade dessa raça recebeu a suprema dádiva, a Mente, o elo que lhe permitirá ser como os deuses. O grande trabalho desde então é espiritualizar e desenvolver as Mentes Crísticas. Como a Mente está relacionada com o elemento Ar, é através do ar que seu progresso maior será atingido. Caso haja outra destruição deste Planeta após suas lições terem sido aprendidas, ela virá através daquele elemento.
A onda de vida humana está destinada a recuperar as harmonias celestiais que ela perdeu na Atlântida. Isso será feito através da Mente Crística e a música será o fator primordial na sua consecução. Através dos séculos os Guias da Humanidade têm enviado à Terra alguns de seus mais avançados Iniciados em música para auxiliar o ser humano a espiritualizar sua Mente. Tal foi o propósito da Criação de Haydn, do Messias de Häendel e das magníficas Paixões de J. S. Bach. Esse desenvolvimento está sob a orientação dos Senhores da Mente, os quais pertencem à Hierarquia de Sagitário, o Signo que conserva o modelo da Mente mais elevada e seus mistérios espirituais. O objetivo dessas Hierarquias é apressar no ser humano seus incentivos espirituais e encorajar suas aspirações até que ele ganhe ascendência sobre sua inferior Mente concreta.
A nota-chave de Sagitário é Fá Maior e a nota-chave da Terra é também Fá Maior. Vários sons da natureza são, consequentemente, afinados a essa nota. Essa é a razão pela qual composições em Fá Maior são especialmente relaxantes para um sistema nervoso alterado; também efetivos para restaurar um corpo fatigado e para acalmar uma Mente aturdida.
Através de ritmos em Fá Maior os Senhores da Mente concederam a Mente germinal para a humanidade nascente e, através de seu uso continuado, estão trazendo essa Mente para o ponto em que ela possa transmitir, para a personalidade externa do ser humano, a imagem-espírito existente dentro deles. Esses se tornarão os pioneiros da Sexta Raça original e entre eles nascerá um tipo de música com qualidades que curam e iluminam. Todos os movimentos em direção ao futuro são escolas preparatórias para a Nova Era, a Era de Aquário. Até que as Mentes dos neófitos se tornem espiritualizadas, eles receberão, através de tons e ritmos, aqueles poderes superiores que estão aguardando para serem concedidos ao ser humano.
(“Pre-Historic Origins of Music” de Corinne Heline da obra “Music: The Keynote of Human Evolution”, publicado na Revista “Rays from the Rose Cross”, Fev./Mar de 1988 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)