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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Renascimento: Uma Dádiva de Deus

Renascimento: Uma Dádiva de Deus

Para muitas pessoas é difícil entender o grande enigma da vida; e o da morte se torna mais difícil ainda.

Muitas vezes nos encontramos perguntando sobre fatos da vida como: algumas pessoas são pobres outras já são afortunadas; umas são doentes e outras dotadas de saúde ou umas são brancas e outras negras.

Se Deus é justo e compenetra todo nosso Universo com a Sua vida, porque então iria favorecer alguns e outros não?

E fazemos constantemente as quatro grandes perguntas relativas à nossa existência:

  1. – Quem somos?
  2. – De onde viemos?
  3. – Por que estamos aqui?
  4. – Para onde vamos?

Quase toda a humanidade ignora essas perguntas ou não quer pensar nelas ou, ainda, pensa e formula respostas polidas, bonitas, complicadas ou superficiais. Normalmente as pessoas creem nisto ou naquilo, mas sempre dizem que nada sabem. Não seria o momento de procurarmos respostas a tantas indagações que a nossa Mente, constantemente, está fazendo?

Antes que o ser humano possa entender o mistério da vida, precisa aceitar que o Renascimento é um fato e que todas as manifestações frente à nossa Mente se explicam pela Lei de Causa e Efeito.

Temos que compreender que a continuidade da vida é um fato fundamental!

O Renascimento, assim como a Lei de Causa e Efeito ou Lei de Consequência, torna possível que o ser humano desenvolva todos os seus poderes latentes.

Para conhecer este grande universo, que é a casa do Pai, vamos saber quais são os Mundos que precisamos ter passados até nossa chegada aqui no Mundo Físico.

São cinco os Mundos pelos quais evoluímos nesse Esquema de Evolução: Mundo do Espírito Divino, Mundo do Espírito de Vida, Mundo do Pensamento, Mundo do Desejo e Mundo Físico.

Os três últimos, o Mundo do Pensamento, o Mundo do Desejo e o Mundo Físico são, presentemente, os Mundos pelos quais estamos evoluindo.

No Mundo do Pensamento aprendemos a mexer com os arquétipos e com as ideias. Quando precisamos aprimorar alguma ideia, é nesse Mundo que buscamos os elementos sutis necessários para o aperfeiçoamento e a concretização da ideia.

No Mundo do Desejo aprendemos a lidar com os desejos, as emoções, os sentimentos utilizando as forças de atração, repulsão, interesse e da indiferença.

O Mundo Físico é composto de gases, líquidos, sólidos e Éteres e, consequentemente, estamos aprendendo a trabalhar com esses elementos em nossa estada aqui na Terra.

O ser humano consegue trabalhar nesses três Mundos pois tem um veículo composto de material de cada um desses Mundos. Se não tiver, não consegue trabalhar!

Sabemos que o nosso nascimento no Mundo Físico é feito de tempos em tempos. E quando nascemos aqui iniciamos o nosso caminho individual da involução: é o caminho do Espírito em direção à matéria.

É sabido que nas vidas passadas, muitas vezes, fomos cruéis, injustos, arrogantes, mal-agradecidos etc., mas também, com certeza, em outras ocasiões fomos bondosos, tolerantes, prestativos, etc.

Assim, com certeza, somos hoje a soma de todas essas experiências das vidas passadas e recebemos, como herança, a oportunidade de utilizar os poderes latentes em cada um de nós para aprendermos tudo que precisamos nesta existência.

Uma coisa é certa: não somos vítima de um Deus caprichoso, não temos que culpar ninguém, a não ser a nós mesmos, pelas confusões em que nos encontramos.

Como foi escrito pelo Apóstolo São Paulo na sua I Epístola aos Coríntios, capítulo 15 e versículo 40: “Como trazemos em nós a imagem do homem terrestre, devemos também trazer a imagem do celeste”. E no versículo 44 lemos o seguinte: “semeando corpo animal, ressuscita corpo espiritual”.

Esta é a Grande Escola de Deus com iguais oportunidades para todos os alunos, independentemente de idade, sexo, posição social, posição intelectual, habilidade ou quaisquer outras condições que inventemos.

Em cada renascimento, nesta escola da vida, recebemos certas lições fornecidas por Deus, para o nosso crescimento anímico, as quais devem ser estudadas, aprendidas e sublimadas. E se formos um aluno estudioso, ganhamos conhecimento e teremos avançado no caminho evolutivo.

Contudo, se desperdiçamos o tempo e recusamos os trabalhos apresentados, consequentemente nos debilitamos em nossa estrutura moral, como também adquirimos uma tarefa maior e mais difícil de executar. Criaremos uma enorme dívida de destino, cuja execução não será fácil.

Lembrando que os trabalhos não feitos são oportunidades perdidas e que deverão ser executados mais à frente ou em vidas futuras. Só que não será na mesma intensidade inicial, pois o desenvolvimento de nossas potencialidades latentes não poderá ser comprado e nem mesmo doado. Ele vai depender de nossos próprios esforços.

O sofrimento passado por nós aqui, neste baluarte da evolução, representa a lição a ser aprendida. Não devemos nos conformar, nem mesmo nos revoltar com as situações que nos foram apresentadas. Vejamos isso como um remédio doloroso, mas necessário e adequado à cura de nossas doenças da alma. A dor que passamos nada mais é do que a retomada do caminho da harmonia, um estímulo para a perfeição. A dor faz brotar a bondade, a solidariedade no íntimo de cada um dos seres humanos.

Como lemos no Evangelho Segundo São Mateus, capítulo 5 e versículo 48: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito”.

Podemos ver que nesta escola da vida existe a regência da Lei e da Ordem, isto é; existe um trabalho unido, harmonioso, tanto do ser humano com o ser humano como do ser humano com a natureza. Isso tudo é o amor de Deus em manifestação!

A Lei de Causa e Efeito é ensinada pela Bíblia, como podemos ver quando o Apóstolo São Paulo diz o seguinte: “Qualquer coisa que um homem semear, isto mesmo colherá”. Seja nesta vida ou em outra futura.”.

Devemos agradecer a cada lição recebida, especialmente as difíceis e desagradáveis, pois nos mostra o adiantamento do nosso progresso evolutivo em poder realizá-la; afinal, se isso nos foi dado para passar, mostra que estamos capacitados por aprendê-la.

Podemos verificar que neste momento a vida está limitada pela forma. Estamos presos neste Corpo Denso e muitos de nós só têm consciência deste Mundo Físico, ainda que não totalmente (!)

Quando renascemos aqui no Mundo Físico, esquecemos a nossa origem divina e fazemos daqui um lugar ideal para se viver. Fazemos o possível para que nossa estada aqui seja a melhor possível. Porém chegará o momento em que dentro de nós haverá uma insatisfação, uma inquietação e começamos a buscar alguma coisa a mais que o prazer de viver aqui e a comodidade que encontramos neste Mundo Físico.

Então, o ser humano não se satisfazendo mais com as coisas comuns, começa a buscar a verdade que está relacionada à vida celestial. Estamos nos preparando para mergulharmos em Mundos mais sutis, mais purificados, no processo a que damos o nome de evolução. O ser humano muda, evolui e se transforma constantemente. E à medida que o tempo passa o ser humano está conseguindo ter desejos e pensamentos mais elevados, mais construtivos do que algum tempo atrás.

Por isso, à medida que surgem os obstáculos devemos abraçar a em Deus e não se entregar ao temor, à ansiedade, ao desespero ou ao ceticismo. É nesse momento que devemos buscar aquela voz interna que nos diz: persista mais, persista mais…que no final tudo dará certo.

Como diz no Evangelho Segundo São João, capítulo 16 e versículo 33: “No Mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o Mundo”.

Devemos lembrar que aqui não é nosso lar e que estamos aqui de passagem e, ainda que o nosso verdadeiro lar é o lar celeste na casa do Pai. Se não compreendermos ou se não tivermos consciência do que realmente se passa aqui conosco, devemos procurar transpor as dificuldades e os obstáculos com paciência e fé no Senhor nosso Pai. Max Heindel ensina no Conceito o seguinte: “o único fracasso é deixar de lutar”.

Cada existência terrestre é um capítulo da história de nossa vida; então a morte é uma necessidade. Pois novos nascimentos em novos ambientes darão ao ser humano outras oportunidades de aprender todas as lições que ele desejar nesta escola da vida em que estamos constantemente nos formando, desenvolvendo e provando os nossos talentos. E que devemos usar esses talentos, esses ensinamentos dados por Deus, de maneira a trazer benefícios para o desenvolvimento da alma; pois seremos chamados a prestar contas dessa administração todas as vezes que deixamos o Mundo Físico e passamos para o outro lado.

“Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Efeitos do Suicídio e da Eutanásia na Sua Evolução

Os Efeitos do Suicídio e da Eutanásia na Sua Evolução

O suicida, que tenta fugir da vida, somente vai perceber que está mais vivo do que nunca e na mais lastimável condição. Ele é capaz de ver aqueles a quem desapontou e talvez desonrou por seus atos, e o pior de tudo, ele tem um indescritível sentimento de estar “oco por dentro”. A razão para isso é a seguinte:

Quando o Ego está descendo para o renascimento, ele é auxiliado pelas Hierarquias Criadoras a construir o arquétipo para seu futuro corpo e é instilada nesse arquétipo uma vida que durará o número de anos que a pessoa normalmente deverá viver. Esse arquétipo tem um movimento sonoro e vibratório que atrai para si o material do Mundo Físico e põe todos os átomos do corpo para vibrarem em consonância com um pequeno átomo localizado no coração, chamado “Átomo-semente”, o qual, como um diapasão, dá o assentamento para todo o resto do material no corpo. No momento em que a vida tenha sido completamente vivida na Terra, as vibrações no arquétipo cessam, o Átomo-semente é removido, o Corpo Denso começa a decompor-se e o Corpo de Desejos, com o qual o Ego atua no Purgatório e no Primeiro Céu, toma para si a forma do Corpo Denso. Então o ser humano começa o seu trabalho de expiar seus hábitos e ações negativas no Purgatório e de assimilar o bem de sua vida no Primeiro Céu.

O texto precedente descreve as condições normais quando o curso da natureza não é interrompido, mas no caso do suicida é diferente. Ele levou o Átomo-semente, mas o arquétipo continua vibrando. Portanto, ele sente-se como se estivesse “oco por dentro” e experimenta uma sensação de corroer-se por dentro, que pode ser mais bem comparada às pontadas causadas pela fome intensa, ou à dor de dente por todo o corpo. O material para a construção de um Corpo Denso está todo em volta dele, mas como lhe falta a escala padrão do Átomo-semente é impossível assimilar aquela substância e transformá-la num corpo. Esse sentimento horrível de “oco por dentro” dura tanto quanto sua vida originariamente deveria durar.

Desse modo, a Lei de Causa e Efeito ensina-o de que está errado cabular as aulas da escola da vida e que isso não pode ser feito com impunidade. Portanto, na próxima vida, quando as dificuldades aparecerem em seu caminho, os resultados dos sofrimentos do seu padrão suicida prevenirão uma recorrência e o habilitarão a seguir através das experiências da vida que fazem o crescimento de sua alma.

Vamos falar da eutanásia: à primeira vista, e desde a perspectiva das pessoas não versadas nos ensinamentos do ocultismo, a eutanásia parece possuir considerável apelo para ser recomendada. A maioria das pessoas, ao ver um animal sofrendo agonias, e sem esperanças de cura, é acometida prontamente pelo instinto humanista de acabar com o seu sofrimento e surgem as perguntas, “Por que não deveríamos fazer o mesmo pelos nossos semelhantes, homens e mulheres? Por que deveríamos deixá-los vivos em sofrimento excruciante, talvez por meses ou anos, quando sabemos que eles não têm chance de restabelecer sua saúde e que estão buscando e desejando a morte para terminar com sua dor?” parecem, do ponto de vista comum, clamar por aquiescência. Contudo, quando temos o conhecimento da Lei de Consequência, da Lei de Causa e Efeito, e estamos seguros de que colhemos aquilo que semeamos, senão nessa vida, em uma futura existência, o tema aparece sob uma visão diferente.

Nós não podemos fugir de nossos estritos deveres. O sofrimento que nos é dado é necessário para ensinar-nos uma lição, ou abrandar nosso caráter. A única maneira para encurtar esse sofrimento é por um esforço em compreender por que estamos em condição que nos traz dor. Se for câncer de estômago, então como abusamos desse órgão? Por uma ingestão excessiva de comida de natureza não conveniente ao nosso organismo? Temos estado “alimentando” nossa falta de consciência com emoções egoístas ou pensamentos negativos? Nosso coração está nos causando problemas? Quantas vezes perdemos a cabeça e enfurecemo-nos como loucos, colocando tremenda tensão nessa parte do corpo? Ou existem outros órgãos de nosso sistema fracos e debilitados? Podemos ter certeza de que, tanto nesta vida como em uma prévia, temos vivido de maneira a que os efeitos encontrem manifestação em nossos alimentos físicos particulares. De outra forma, não deveríamos estar sofrendo agora, e quanto mais rápido aprendermos a lição de cor e começarmos a viver uma vida melhor, mais em harmonia com as leis da natureza que desrespeitamos, mais rápido nosso sofrimento cessará.

Está sempre em nosso próprio domínio alterar condições, embora, naturalmente, não possamos remediar em um dia aquilo que levou anos ou vidas para ser destruído, mas certamente não existe outra maneira pela qual uma cura permanente possa ser efetivada. Mesmo que agora, pela supressão da lei que condena a eutanásia (ou como é erroneamente chamada de “morte por misericórdia”), o sofrimento seja abreviado, podemos estar certos que a pessoa, tão pronto deixe seu corpo e renasça em um novo veículo, terá a tendência a desenvolver a mesma doença da qual escapou de forma indireta.

Além disso, como está detalhadamente explicado no Conceito Rosacruz do Cosmos, este nosso Corpo Denso é moldado no Mundo do Pensamento como um molde invisível ou modelo, que é chamado de arquétipo e durante todo o tempo em que persistir esse arquétipo, nosso Corpo Denso permanece vivo. Quando a morte ocorre devido a causas naturais, ou mesmo nos denominados acidentes, (que normalmente não são acidentes, mas eventos usados para terminar a vida de acordo com os desígnios dos guardiães invisíveis dos incidentes humanos) o arquétipo é desintegrado e o Espírito é liberado. Um suicida, contudo, é diferente. Nesse caso o arquétipo persiste depois da morte por um número de anos até o tempo em que a morte deveria ocorrer, segundo os acontecimentos naturais, e não consegue incorporar para si os átomos físicos, o que dá ao suicida, durante aqueles anos de existência post-mortem uma contínua sensação de dor, alguma coisa como uma pontada de fome, ou uma persistente, mas excessivamente dolorosa dor de dente no corpo todo. Se a eutanásia se tornar uma lei e as pessoas forem permitidas a obter serviços de outros para cometer suicídio (pois isto é o que realmente importa), não há dúvida de que eles sofreriam em sua existência post-mortem da mesma forma que o suicida que prescreveu seu próprio veneno, ou cortou sua própria garganta. A legalização da eutanásia também poderia ser perigosa em outras circunstâncias e nós confiamos que essa prática não seja sancionada pela lei.

O termo Eutanásia vem do grego, podendo ser traduzido como “boa morte” ou “morte apropriada”. O termo foi proposto por Francis Bacon, em 1623, em sua obra “Historia vitae et mortis”, como sendo o “tratamento adequado às doenças incuráveis”. De maneira geral, entende-se por eutanásia quando uma pessoa causa deliberadamente a morte de outra que está mais fraca, debilitada ou em sofrimento. Nesse último caso, a eutanásia seria justificada como uma forma de evitar um sofrimento acarretado por um longo período de doença. Tem sido utilizado, de forma equivocada, o termo Ortotanásia para indicar este tipo de eutanásia. Essa palavra deve ser empregada no seu real significado de utilizar os meios adequados para tratar uma pessoa que está morrendo.

Existem dois elementos básicos na caracterização da eutanásia: a intenção e o efeito da ação. A intenção de realizar a eutanásia pode gerar uma ação (eutanásia ativa) ou uma omissão, isto é, a não realização de uma ação que teria indicação terapêutica naquela circunstância (eutanásia passiva). Desde o ponto de vista da ética, ou seja, da justificativa da ação, não há diferença entre ambas.

Distanásia: Morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento. Alguns autores assumem a distanásia como sendo o antônimo de eutanásia. Novamente surge a possibilidade de confusão e ambiguidade. A qual eutanásia estão se referindo? Se for tomado apenas o significado literal das palavras quanto à sua origem grega, certamente são antônimos. Se o significado de distanásia for entendido como prolongar o sofrimento ele se opõe ao de eutanásia que é utilizado para abreviar esta situação. Porém se for assumido o seu conteúdo moral, ambas convergem. Tanto a eutanásia quanto a distanásia são tidas como sendo eticamente inadequadas.

Ortotanásia: é a atuação correta frente à morte. É a abordagem adequada diante de um paciente que está morrendo. A ortotanásia pode, dessa forma, ser confundida com o significado inicialmente atribuído à palavra eutanásia. A ortotanásia poderia ser associada, caso fosse um termo amplamente adotado, aos cuidados paliativos adequados prestados aos pacientes nos momentos finais de suas vidas.

Mistanásia: também chamada de eutanásia social. Leonard Martin sugeriu o termo mistanásia para denominar a morte miserável, fora e antes da hora. Segundo esse autor, “dentro da grande categoria de mistanásia quero focalizar três situações: primeiro, a grande massa de doentes e deficientes que, por motivos políticos, sociais e econômicos, não chegam a ser pacientes, pois não conseguem ingressar efetivamente no sistema de atendimento médico; segundo, os doentes que conseguem ser pacientes para, em seguida, se tornar vítimas de erro médico e, terceiro, os pacientes que acabam sendo vítimas de práticas nocivas por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos. A mistanásia é uma categoria que nos permite levar a sério o fenômeno da maldade humana”.

(de Reunião de Estudos da Fraternidade Rosacruz de Campinas – SP – outubro/2006)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que está errado no Mundo?

O que está errado no Mundo?

A avalanche de mudanças de condições e problemas que se abateu sobre todos nós, supostamente inesperada e repentina, não foi surpresa para os astrólogos, filósofos e estudantes da Bíblia. Eles estavam preparados para isso.

Para os astrólogos, os sinais eram claros, sabendo que as mãos do Zodíaco, o relógio dos céus, operado pela Lei Universal, apontavam para uma nova época – e que grandes mudanças estavam chegando tanto ao universo, como à Terra e aos seus habitantes ao nos aproximarmos da conclusão de um ciclo e do começo de uma nova Era – à medida que passamos da Era de Peixes para a dispensação na Era de Aquário, várias centenas de anos a partir de agora.

Os filósofos, conhecendo a Lei de Causa e Efeito, têm a certeza que dela não se pode fugir sem colher a consequência negativa, já que a presente condição das nações e dos indivíduos tem sido causada por violações lamentáveis ​​e repetitivas da Lei Cósmica. Se nós estivéssemos vivendo e administrando os assuntos mundanos em harmonia com a Lei, agora no final dessa dispensação se poderia misturar à nova dispensação sem essa situação de pensar e fazer as coisas erraticamente e não claramente em harmonia.

O que estamos passando agora não deveria ser chamado de uma depressão ou repressão, mas um despertar, de um modo em pensar como nunca pensamos antes. Estamos começando a usar uma faculdade que há muito tempo estava adormecida e que é altamente essencial para nosso avanço sob essas condições variáveis.

Para entender a causa desses grandes problemas que nos confrontam, devemos voltar à história e desvendar o passado. Há sempre uma solução para cada problema, mas às vezes não é do modo que queremos nem do modo de estamos pensando.

Para chegarmos a uma conclusão lógica, devemos considerar o plano invisível, assim como o visível (também conhecidos como o plano criador e o plano onde se pratica, respectivamente), uma vez que nos manifestamos em ambos os planos, e como são interdependentes, eles não podem ser separados.

O Livro do Gênesis na Bíblia nos fornece o nosso primeiro conhecimento da nossa existência, como ser humano, mostrando que somos uma alma vivente, e como tal fomos criados pela primeira vez no plano Invisível, à imagem de Deus: um ser andrógino, masculino e feminino. Com o tempo, fomos constituídos do pó do chão, uma substância densa e material. Tivemos o auxílio na construção de um corpo para nos manifestar e evoluindo fomos desenvolvendo as qualidades necessárias para dominar um plano material. Então, Deus considerou apropriado nos fornece uma ajuda, não só para que facilitasse a nossa aprendizagem, mas que pudéssemos criar aqui nesse mundo material. Nesse momento, nos tornamos sexuados; quando renascido como homem retemos o polo positivo da força criadora e quando renascido como mulher retemos polo negativo ou intuitivo da força criadora. Quando a assim chamada “serpente” apareceu, ele pôde tentar Eva (o estereótipo da nossa encarnação como mulher), porque era possível se comunicar com ela através de sua faculdade intuitiva. Adão (o estereótipo da nossa encarnação como homem) não poderia ser atingido devido a não ter desenvolvido essa faculdade a bom termo.

Quando olhamos para o céu e observamos o glorioso Sol, a Lua e as estrelas movendo-se em perfeito equilíbrio; os maravilhosos oceanos, lagos, rios e florestas sobre a terra, respondendo às leis naturais; os animais, pássaros e insetos cumprindo seu destino, vivendo em liberdade e se alimentando; o nascer do Sol, a neve e a chuva para variar o clima e nutrir nossa vegetação; os vastos recursos sob a nossa disposição, com as riquezas nas montanhas e nos vales – quando vemos tudo isso, somos inundados de êxtase pelo maravilhoso sistema criado e pelo plano estabelecido pelo Criador.

E perguntamos, por que tudo isso foi criado e com que finalidade?

Novamente, consultando o Gênesis, vimos que nós deveríamos ser o Regente dessa Terra. Tudo deveria estar sob nossa tutela. Certamente, deveríamos ter feito alguma coisa, em nossa existência passada, para sermos merecedores de uma herança tão grande – mas, com esse presente generoso, veio a responsabilidade e um teste de integridade.

Repetidamente, em cada dispensação espera-se que nós entendamos e aprendamos o que é ensinado e necessário. A história registra as oportunidades que nos foram dadas para resolver os nossos problemas, mas nós escolhemos o nosso próprio caminho, e, ao fazê-lo, sofremos tristezas e misérias incalculáveis, e impérios caíram, para nunca mais se levantar.

Deus nos deu uma ajuda para nos confortar, nos inspirar e para equilibrar nossas decisões e nossos deveres; contudo, nós nunca a reconhecemos como tal, nem mesmo as qualidades que antes eram nossas. Durante séculos, quando renascidos como homem consideramos a mulher inferior, esmagamos as aspirações dela e a tratamos como um brinquedo para o nosso prazer e nossa diversão, a considerando necessária apenas para povoar a Terra – tornando-a, assim, nossa dependente. Quando renascidos como mulheres permanecemos sem voz nos problemas mundiais, fomos forçados a nos embelezar e a recorrer a todo tipo de subterfúgios para agradar aos renascidos como homens e obter favores; pois nossa própria vida e existência, quando renascidos como mulheres, dependiam do nosso tato, da nossa astúcia e do nosso poder de enganar. Como o renascimento é, normalmente, alternado, cada um de nós praticamos isso, ora como homem, ora como mulher!

Mesmo em nossos dias, frequentemente, a pergunta é feita: será que quando renascidos como mulher chegaremos a expressar aqui a capacidade intelectual de quando renascido como homem? Por que não perguntar, também, se quando renascido como homem chegaremos a expressar aqui as qualidades intuitivas de quando renascido como mulher?

O homem real é positivo e criativo e possui excelentes qualidades de força, bravura e nobreza, enquanto a mulher real tem as qualidades adoráveis da bondade, simpatia e generosidade. Tudo isso é essencial e necessário – uma combinação maravilhosa para governar e promover uma administração harmoniosa no lar e fora dele.

Contudo, nós preferimos viver no paraíso dos tolos – lutando contra a guerra e o crime, que são filhos de uma força concentrada e positiva na sua pior forma. Nós, ainda, estamos usando a força para tentar trazer paz e harmonia. Nada jamais produzirá o oposto de seu tipo!

Os cientistas nos dizem que o Universo adquire seu equilíbrio por meio da combinação harmoniosa entre as forças positivas e negativas. Nós temos usado a força positiva apenas em nossa decisão. Agora tornou-se pesado e fora de seu controle e é como uma locomotiva correndo a esmo. Tudo o que precisa é da força negativa, para reverter o acelerador e, assim, evitar a completa destruição.

Guerra, armamento para defesa, manutenção de exércitos e marinhas: esses são os obstáculos mais estupendos para o avanço de uma nação, minando a própria vida dos cidadãos; esvaziando suas bolsas e enchendo o mundo de tristeza, pobreza e dependentes desamparados chorando por pão em meio à abundância – tudo por causa da nossa visão errada e da administração de um sistema desequilibrado.

Mais uma vez, algo está fadado a fracassar ou a ser destruído, devido a presença de certos “sinais ruins” ou “maus presságios”. Estamos no momento em que as implicações positivas e negativas desses atos estão sendo considerados e decisões estão sendo tomadas e, para complicar, nos encontramos carentes. Traímos nossa grande confiança. No entanto, continuamos a fazer Conferências, participando de reuniões entre nações e de alianças diplomáticas secretas – o que apenas o fará se envolver ainda mais e que não dará em nada, a menos que revertamos as rodas de ação da força para a razão, e a menos que cada um de nós, em nossa vida cotidiana, assim como no governo, reconheçamos as nossas responsabilidades, não apenas para com o outro ser humano – nosso irmão e semelhante-, mas para com o nosso Criador, pela parte que assumimos no Seu plano.

A menos que ajudemos a construir, em vez de destruir, e nos tornemos mais abrangentes em nossas ideias, mais amáveis em nossos corações, a história se repetirá e a civilização será novamente destruída. Grandes e nobres mestres vieram em cada ciclo para nos ajudar a emancipar e nos provar a imortalidade da nossa alma e a existência de uma vida eterna. Porém, eles receberam apenas a nossa ingratidão. Eles receberam o cálice do veneno e foram queimados na fogueira e até mesmo o glorioso corpo de Cristo-Jesus foi crucificado por nós!

Todos foram mal compreendidos, quando tentavam nos poupar exatamente pelo que estamos passando agora. Contudo, Deus é misericordioso e compassivo, e nos fornece a chance de se redimir em cada Era. Não podemos alegar desconhecimento de um Plano para nos guiar. A astrologia, a ciência das estrelas, revela a nossa vida desde o seu nascimento e através de nossas vidas anteriores. Isso nos revela nossas características individuais e, a partir delas, podemos saber no que mais encaixamos e qual a vocação deveríamos seguir para ser bem-sucedido. Para as nações, mostra um “plano azul” de seu destino; os eventos importantes na vida, os seus dirigentes e os problemas que eles enfrentarão.

Os arqueólogos nos dizem que nas paredes internas da Grande Pirâmide do Egito as mudanças dos ciclos estão escritas em sinais e símbolos, quando esperá-los, também o passado, presente e futuro das raças dos seres humanos e das nações. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento na Bíblia nos mostra a ascensão, o declínio e a queda das nações, e as causas disso; e a história comprova isso. Patriarcas, filósofos, profetas, de uma vida exemplar e antiga, nos deram um modelo, um projeto, e nos disseram como lidar com o nosso próximo. Todos eles esperavam que a gente despertasse no devido tempo o conhecimento da verdade e encontrasse a sua filosofia de vida.

Do mesmo modo que a rosa tenta insistente e firmemente se desenvolver nesse solo nada fértil e consegue, finalmente, desabrochar as suas pétalas uma a uma até alcançar a beleza suprema, também assim as nossas glórias serão manifestas e surgirão da noite longa e escura, quando percebermos que Deus tem um propósito para nós, bem como para o universo do qual nós, permanentemente, fazemos parte, e compreenderemos o valor das qualidades positivas e negativas e as utilizaremos para equilibrar e harmonizar nossos assuntos materiais e nossa vida cotidiana. Assim, a paz e a felicidade serão a nossa recompensa na Nova Era, cujo amanhecer já vislumbramos!

(Publicado na Revista ‘The Rosicrucian Magazine’ – “Rays from the Rosecross” de fevereiro/1940 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Cura e o Perdão dos Pecados

No Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 9, Versículos de 2-5 lemos: “Jesus tomou de novo a barca, passou o lago e veio para a sua cidade. Eis que lhe apresentaram um paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao paralítico: ‘Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados’”. Ouvindo isso, alguns escribas murmuraram entre si: “Este homem blasfema”. Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou-lhes: “Por que pensais mal em vossos corações? Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são perdoados, ou: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados: Levanta-te – disse ele ao paralítico – toma a tua maca e volta para tua casa”. Levantou-se aquele homem e foi para sua casa. Vendo isso, a multidão encheu-se de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens. Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas. Disse-lhe: ‘Segue-me’. O homem levantou-se e o seguiu”.
Já no Evangelho Segundo São João, Capítulo 5 lemos: “Então lhe disse Jesus: Levanta-te, toma teu leito e anda. Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais para que não te suceda coisa pior”.

Pouca gente imagina a possibilidade de uma relação entre a cura e o Perdão dos Pecados. Aliás, quase ninguém sequer cogita dessa realidade que é o Perdão dos Pecados.

Mas, como se define o pecado?

Objetivamente podemos afirmar que é uma ação contrária à lei. Se você pensou que estamos falando da Lei de Moisés, os Dez Mandamentos, pensou corretamente. A Lei, em verdade, é algo muito mais amplo e profundo do que o decálogo recebido por Moisés na montanha. É tão importante que o Cristo asseverou categoricamente que não viera revogá-la, mas cumpri-la. Ele a observou, mas propôs dois mandamentos que a abrangem e transcendem: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a Si mesmo.

Do ponto de vista esotérico, o pecado é uma transgressão a uma lei natural. As leis naturais se harmonizam e mantêm o equilíbrio no Cosmos. Toda vez que alguém as transgrida provoca um desequilíbrio e em consequência uma reação em forma de sofrimento. Portanto, a dor é uma maneira do indivíduo aprender a lição da harmonia. O apóstolo São Pedro, em uma de suas Epístolas, afirmou: “O que o homem semear, isso mesmo ele colherá”.

A luz do ocultismo, se cometemos um erro somos inexoravelmente penalizados? Realmente não. O Perdão dos Pecados é um fato. Entretanto, há pré-requisitos para que ele opere. Um deles é a vontade aliada à iniciativa. Há necessidade de ação que se manifeste através do arrependimento, reforma e restituição.

  • ARREPENDIMENTO: João Batista não pregou filosofias ou doutrinas. Sua mensagem era o arrependimento dos pecados cometidos. Era um meio de preparar as pessoas para o Cristianismo. Sabia que o Cristo ofereceria a Graça, o Perdão dos Pecados, mas isto depende da transformação da consciência de cada um. Arrependimento é uma mudança da mente e do coração em relação ao ato pecaminoso. Porém, o remorso exagerado é nocivo, debilitando as correntes do Corpo de Desejos e afetando as glândulas endócrinas. Vemos, então, como tudo depende de um processo interno.
  • REFORMA: Só o arrependimento não é suficiente para o recebimento da Graça. Quem para no arrependimento fica apenas na intenção. É necessária uma ação efetiva, dinâmica, que se consubstancie na reforma de caráter. Isso ocorre quando o indivíduo transmuta seus maus hábitos nas virtudes opostas. Reforma significa restauração, renovação e reconstrução. Envolve discernimento. É uma prova de valor e paciência. Quando o ser humano se transforma internamente tudo se modifica em sua vida.
  • RESTITUIÇÃO: Quando prejudicamos alguém devemos promover a restituição, a compensar, de alguma forma, o mal que lhe fizemos. Se não pudemos reparar, pela ausência do prejudicado ou outra razão qualquer, podemos fazê-lo servindo a outra pessoa. Eis porque a tônica da Fraternidade Rosacruz — SERVIÇO — tem um cunho libertador. O serviço amoroso e desinteressado para com os demais envolve-nos na consciência da UNIDADE. Através dele sentimo-nos UNOS com toda a criação, tornando-nos incapazes de ferir, ofender ou prejudicar qualquer ser vivo.

O indivíduo se liberta dos pecados quando em sua consciência admite ter errado e se propõe a não mais repetir a falta cometida. A evolução é fundamentalmente uma questão de consciência. O desenvolvimento dessa consciência ocorre principalmente através do Exercício noturno de Retrospecção. Max Heindel afirma que talvez esse seja o mais importante Ensinamento Rosacruz.

A Retrospecção oferece-nos uma visão objetiva de nós mesmos. A constância e sinceridade com que é praticada acaba por limpar o Átomo-semente das gravações indesejáveis ali impressas ensejando, assim, a evitar o sofrimento purgatorial. Se a pessoa praticar com fidelidade o exercício de Retrospecção, partindo decididamente para o arrependimento, reforma e restituição, demonstrará ter aprendido as lições nesta encarnação, não necessitando fazê-lo futuramente. Isto é o Perdão dos Pecados.

O ensinamento alusivo ao Carma, ensinado pelas escolas orientais, não satisfaz plenamente as necessidades humanas. Os princípios Cristãos abrangem tanto a Lei de Causa e Efeito como o Perdão dos Pecados.

Esse ato volitivo começa com o Corpo Vital. No Pai Nosso encontramos uma oração exclusiva para o Corpo Vital: “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Através da repetição forma-se a Alma Intelectual, importante no processo de criação de bons hábitos.

Um bom hábito é não reagir emocionalmente diante de uma situação ou circunstância desequilibrante ou de uma provocação. Se não reagirmos emocionalmente não estaremos implicados na questão e em suas consequências, além do que tudo isso diz respeito à nossa saúde. O pecado ou transgressão afeta a saúde. Platão afirmou que jamais deveríamos tentar curar o corpo sem antes fazê-lo com a alma. Cristo deixou bem claro que o que quer que aconteça no exterior tem sua origem no padrão existente na mente do indivíduo. Se analisarmos todas as suas curas verificaremos que três são as condições para que se realizem: 1) Não pecar mais; 2) Ter bom ânimo; 3) Ter fé. Portanto, tudo depende do estado de consciência de cada um, principalmente o Perdão dos Pecados e a saúde física, mental e emocional.

No Livro de Ezequiel Capítulo 36:33-35 percebemos como isso é verdade: “Assim diz o Senhor Deus: No dia em que Eu vos purificar de todas as vossas iniquidades, então farei que sejam habitadas as cidades e sejam edificados os lugares desertos. Lavrar-se-á a terra deserta em vez de estar desolada aos olhos de todos os que passavam. Dir-se-á: Esta terra desolada ficou como o Jardim do Éden; as cidades desertas, desoladas e em ruínas estão fortificadas e habitadas”.

As cidades bíblicas representam nosso estado de consciência. Quando somos dominados pelo medo, desânimo, ressentimento, nossas almas são como que cidades vencidas, conquistadas e arrasadas. Se procuramos a presença de Deus onde aparentemente há alguma desarmonia, as cidades desertas (nossa consciência) transformam-se no Jardim do Éden.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – janeiro/fevereiro/1988-Fraternidae Rosacruz em São Paulo-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Fotossíntese da Vida: cuide do jardim da sua vida

A Fotossíntese da Vida: cuide do jardim da sua vida

Esta é a ocasião anual em que toda a natureza leva a efeito o prodigioso e inspirador ciclo do crescimento. Como por um passe de mágica, o arbusto torto, a parreira e a árvore erguem-se em majestosa vida sob o comando silencioso do Mestre Construtor. O drama interior dos elementos manifesta-se agora diante de nós em incontáveis multiplicações de cor, de tonalidade, de botões e de flores. A alma sente que aquilo que os olhos veem — ainda que em toda sua resplendente glória, é apenas uma parte infinitesimal de uma alquimia de vida maior, mais profunda.

Regozijamo-nos com a visão e o odor das flores, das árvores e dos arbustos, embora saibamos que isto é apenas uma pequena parte do invisível processo de vida que tem lugar na flora e com o qual ficamos maravilhados.

De onde veio esse súbito e irresistível impulso de vida na planta? Como pode essa força construir um produto infinitamente perfeito e soberbamente desenhado que excita a humilde admiração e a grosseira imitação dos maiores artesões e arquitetos?

Como em todas as coisas no universo, devemos contentar-nos em ver somente os efeitos de um vasto oceano de sabedoria cósmica e de vida-força. Isto é, enquanto virmos e sentirmos apenas com os olhos e as mãos físicas. Por meio dos nossos sentidos físicos podemos observar e examinar, friamente, praticamente tudo o que existe sobre esta terra; mas é necessário possuir um coração, uma alma e uma visão espiritual para sentir profundamente e misticamente e gozar a verdadeira essência das coisas que vemos. Por trás da manifestação física há uma fonte maior, mais exuberante.

A natureza visível é ainda o nosso melhor instrutor. Sabemos que para termos farta colheita no fim do ano devemos ser cuidadosos com nossa plantação. Vemos os ciclos de vida e de morte nas flores e nas sementes — o maior, mais simples e sublime exemplo da imortalidade da vida para todos, adultos e crianças. Vemos a Lei de Causa e Efeito ensinar-nos quando observamos a reação que existe entre os cuidados que nossas plantas recebem e os resultados obtidos em crescimento e em beleza.

Quando Cristo Jesus eloquentemente nos aconselhava a “observarmos os lírios, como eles crescem”, Ele fazia um apelo ao coração casto que mora dentro de nós.

Dentre todos os mistérios relativos à vida das plantas, o processo da fotossíntese é sem dúvida, o maior. A fotossíntese, mesmo à luz da ciência moderna, é um processo alquímico pouco conhecido, por meio do qual a clorofila — principalmente nas folhas das plantas — utiliza o gás carbônico, a umidade e os raios solares vermelho e violeta para crescer e renovar-se, no mesmo sentido em que nós lançamos alimento no interior do nosso próprio sistema para suster e ajudar o corpo físico a desenvolver-se.

De coisas tão etéricas como a luz, o gás e a umidade, esta humilde vida vegetal compõe carboidratos e outros elementos em estado intermediário — e como se isso não fosse bastante, lança à atmosfera o oxigênio, gás tão necessário à vida. Bastante surpreendentemente, somente cerca de 10% do crescimento da árvore vem, realmente, do solo. Isto significa que 90% do seu crescimento provém da atmosfera.

Às vezes o ser humano sente que recebe toda a sua vida do alimento que consome. No afã de ter uma vida confortável, com televisão esportes e muitas outras atividades, ele se perde no mundo dos efeitos. Hoje, mais do que em qualquer outra ocasião, o ser humano precisa arranjar, diariamente, tempo para criar, para compreender que sua verdadeira vida vem de uma fonte de vida invisível e que aquilo que ele faz por meio da alimentação é, apenas, simples fração daquilo que sustenta seus atributos físicos. Nem mesmo o seu alimento é tão físico quanto ele supõe, pois, também está sobrecarregado com vida etérica e esta é quem verdadeiramente constrói o templo que é o seu corpo. No sentido literal, dentro de cada pessoa tem lugar uma grande fotossíntese de vida. A Luz do Pai, o alimento da Terra, os pensamentos da mente, até mesmo cada elemento que entra em sua vida diária à transmutado naquilo que você é fisicamente, mentalmente, moralmente e espiritualmente.

A mensagem de saúde que nós lhe enviamos este mês é que você deverá cuidar do jardim de sua vida com o mesmo cuidado e amor que você tem por suas flores; regue o ser humano “interior” com a água da fonte perene da oração e do serviço; converta a Luz do Pai em alegria; cultive uma mente serena, cheia de pensamentos de devoção, sabedoria e de estudos e; dê graças, sempre, porque sua única fonte de vida é Deus e sempre que você se ponha em harmonia com ela e com Suas Leis, sua saúde e sua alegria estarão asseguradas.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1978)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Doutrina do Renascimento responde muito das suas Perguntas

A Doutrina do Renascimento responde muito das suas Perguntas

Há uma resposta para todo problema que a vida apresenta. Os mais avançados na Escola da Vida forjaram perguntas e encontraram estas respostas; eles não dizem, “Eu penso” ou “eu creio”; eles simplesmente dizem: “Eu Sei”. Como sabem? Porque adquiriram conhecimento direto? Como o obtiveram?

Mediante o serviço amoroso e desinteressado aos demais, a persistência, a devoção, a observação e o discernimento. Antes que qualquer homem ou mulher possa compreender a vida, possa compreender completamente a verdade de algo, eles devem estar dispostos a aceitar, como hipótese de trabalho, que a doutrina do Renascimento é um fato, e que a Lei de Causa e Efeito é responsável por toda manifestação. Quando tiver aceito estes dois grandes fatores, estes terão um ponto de partida para raciocinarem.

Se o Renascimento é um fato, então todos nós já vivemos muitas vidas antes da presente, e já tivemos muitas experiências. Fomos arrogantes, cruéis, opressores, tiranos, injustos e já houve vezes em que fomos bondosos, considerados, simpáticos, úteis, etc. Somos atualmente a soma de todas as nossas experiências passadas, ou melhor, somos a soma de todas as nossas reações às experiências passadas.

Todo ser humano de nossa onda de vida começou na grande Escola da vida de Deus com iguais oportunidades. Durante cada vida nos foram dadas certas lições a aprender. Se as dominamos, crescemos em conhecimento e compreensão; se recusamos fazer nosso trabalho e malbaratamos nosso tempo em uma vida de preguiça, ou pior, tumultuosa, não somente debilitamos nossa fibra moral, deixando de fazer o trabalho que deveria ser feito, no dia seguinte o trabalho será mais duro e mais difícil de se executar, e não estaremos tão bem equipados para fazê-lo como quando a lição nos foi dada pela primeira vez. Porém, algum dia, em alguma vida, este trabalho descuidado deverá ser feito, porque somos deuses em evolução e devemos adquirir nosso próprio desenvolvimento mediante nossos próprios esforços.

O desenvolvimento das potencialidades latentes dentro de cada indivíduo não pode ser comprado, nem roubado, não pode ser encontrado, nem pode ser recebido como dádiva. Depende de nossos próprios esforços; persistentes e determinados, para que este crescimento gradativo aconteça, e somente nós somos capazes de acelerá-lo ou retardá-lo.

O indivíduo que diz: “Eu nunca tive uma oportunidade na vida” está enganando-se a si mesmo. Todo incidente que ocorre, e dezenas deles estão ocorrendo diariamente, nos proporciona, em certa extensão, uma oportunidade de desenvolvimento de algum poder latente dentro de nós, e as experiências com que tropeçamos são oportunidades dadas por Deus, para o crescimento, as quais devemos estudar bem e aproveitá-las ao máximo. Quando compreendermos isto, cada dia da vida se converte em uma grande e gloriosa aventura. Os acontecimentos mais humildes se transformam em grandes e maravilhosas experiências. O canto de um pássaro chega aos nossos ouvidos, aguça nosso sentido do ouvido, e desenvolve nossa apreciação da verdadeira harmonia que se expressa no som. Uma humilde minhoca se arrasta sobre o solo aos nossos pés, põe-se em ação o nosso sentido da visão; a cor da criatura se nos revela, bem como sua forma, sua maneira de mover-se e transladar-se de um lugar a outro. Nosso poder de observação se fortalece, nosso interesse se estimula e a Mente se ativa. Nessa humilde criatura vemos manifestar-se a mesma vida de Deus. Qual é o propósito disto?

Começamos a estudar a vida, e conforme nossa mentalidade se aguça, finalmente aprendemos que tudo o que É, é uma parte de Deus; lenta, porém seguramente, a Divindade dentro de nós mesmos evolui. É uma escola na qual se dá um treinamento alegre e intenso a todo ser criado. É uma vida vibrante que se desenvolve e o faz onde quer que esteja. É a Lei e a ordem trabalhando juntas harmoniosamente. É amor em manifestação; é à vontade em expressão; é a atividade revelando-se a si mesma em miríades de demonstrações.

Por que vemos pessoas em altas posições às quais aparentemente não merecem? Suas lições na escola da vida requereram esse particular ambiente, porém ai daquele que abusa de seu alto privilégio, pois está acumulando sobre si uma tremenda dívida do destino, e que não será fácil pagar. Porque vemos o indivíduo de mérito sofrer opressão? É para que possa aprender valiosas lições para usá-las com vantagem para com seus semelhantes em futuras vidas, nas quais será colocado em posição de poder. Tal indivíduo nunca cometerá o erro que seu irmão menos avançado poderá fazer em uma posição semelhante.

O homem ou a mulher que semeia sementes de discórdia, ódio, desonestidade, engano etc., não pode esperar escapar da penalidade da lei; “Tudo o que o ser humano semeia, isso também colherá”, quer seja durante a presente vida ou em alguma vida futura, a menos que se arrependa de seu mau procedimento, se transforme e, na medida de suas possibilidades, faça as restituições pelo mal que haja cometido. As razões pelas quais não vemos o malfeitor pagar suas dívidas do destino é porque não somos capazes, em nosso presente estado de desenvolvimento, seguir de vida em vida, nem de conhecer quando estas dívidas devem ser pagas. Algumas vezes são pagas durante a vida na qual se acham, outras vezes são reservadas para uma ou mais vidas futuras.

A Lei de Causa e Efeito é ensinada na Bíblia, porém expressada em diferente terminologia; “Tudo o que o homem semear, isso mesmo colherá”. Nem esta lei, nem a do Renascimento, são realmente novas, como pode ser demonstrado facilmente por meio de um estudo cuidadoso e analítico da Bíblia. Sem dúvida, no presente se está pondo uma ênfase particular sobre elas, por parte das escolas mais avançadas de treinamento espiritual, pelo fato de que um número considerável da humanidade já completou as lições ensinadas através da religião pisciana, e está pronto para dar um passo mais avançado no caminho do progresso. Este passo avançado lhes abrirá os Mundos invisíveis, onde reside o Espírito, o Eu real, durante os intervalos entre a morte e o nascimento, e lhes capacitará para seguir as pegadas do Espírito, enquanto faz suas várias viagens da morte ao renascimento e de regresso à terra.

Antes que o indivíduo possa dar este avançado passo, deve construir um veículo no qual poderá funcionar nos Mundos invisíveis. Esse veículo é construído produzindo uma separação entre os Éteres Inferiores, o Químico e o de Vida, e os Éteres Superiores, o Luminoso e o Refletor. Os dois Superiores que são os veículos de percepção sensorial e da memória, podem então serem usados como instrumentos e é chamado Corpo-Alma. Portanto, “o Caminho da Preparação” precede a capacidade de adquirir o conhecimento direto.

O serviço amoroso e desinteressado aos demais e o discernimento são os meios de sua aquisição. O serviço amoroso e desinteressado aos demais, automaticamente, atrai e aumenta os dois Éteres Superiores (o Luminoso e o Refletor) do indivíduo, com os quais se constrói o Corpo-Alma. Os Éteres Químico e de Vida têm o atributo de levar a cabo as funções vitais do Corpo Denso, durante o sono.

Mais tarde ocorre uma divisão entre estes dois Éteres Superiores, o Luminoso e o Refletor.

Quando estes dois últimos, que compõem o Corpo-Alma, estiverem suficientemente espiritualizados por meio da observação, do discernimento e do serviço, uma simples fórmula transmitida pelo Instrutor Espiritual, capacitará o Aspirante a usar o Corpo-Alma à vontade, juntamente com o Corpo de Desejos e a Mente. Assim fica equipado com um veículo de percepção sensorial e de memória.

Toda sabedoria ou conhecimento que possua no Mundo Físico é aproveitável para uso nos reinos espirituais, e quando voltar a entrar em seu Corpo Denso, trará ao cérebro físico, as recordações de suas experiências obtidas fora do corpo, enquanto funcionava nesses sublimes lugares. Quando o indivíduo houver construído tal veículo para funcionar nele, pode visitar os reinos espirituais e é livre para explorá-los à vontade, e ali aprender as causas que produzem todos os efeitos que se manifestam no plano físico.

Ele é, então, capaz de seguir um Ego, da morte ao renascimento, e assim provar que o renascimento é um fato. É capaz de descobrir quando foram contraídas as dívidas do destino, e quando devem ser pagas, provando assim a ação de Causa e Efeito. É capaz de compreender a vida e seu propósito, e de trabalhar inteligentemente com todas as Leis da Natureza. Desta forma, tem em seu poder não só acelerar sua própria evolução, mas também ajudar os outros a fazerem o mesmo.

Todo progresso depende de aprender as lições que se nos apresentam em nossas vidas diárias, sem ter em conta se são duras ou fáceis. Deveríamos estar agradecidos por cada lição, e nos dispormos alegremente a aprendê-las. Deveríamos estar especialmente agradecidos pelas duras e desagradáveis lições. Elas indicam que fizemos considerável progresso no passado e, portanto, nos consideram qualificados para dominá-las. As almas jovens não recebem as tarefas difíceis de executar. Cada dia está repleto de oportunidades que, se captadas e se aproveitadas ao máximo, nos farão avançar rapidamente no caminho do verdadeiro desenvolvimento.

Durante este mês façamos um especial esforço por reconhecer as oportunidades que se nos apresentem por si mesmas, dia após dia, sob a forma de experiências, e de aprender as lições que elas contêm, e ao final do mês, provemo-nos a nós mesmos, atentando sobre o progresso que fizemos. Lembremos que o extrato de toda experiência que nos vem, será usado para fomentar o bem no mundo.

(Publicado na revista Serviço Rosacruz de janeiro/fevereiro de 87)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Responsabilidade e a Fraternidade

Responsabilidade e a Fraternidade

A Fraternidade Rosacruz é uma Associação Internacional de Cristãos Místicos. Isso significa que a dimensão religiosa e espiritual do nosso movimento é de capital importância. Mas, da mesma forma como o espírito requer um corpo para adquirir experiência, com vista ao crescimento anímico, assim também o caminho espiritual necessita do ambiente material para que possamos desenvolver nosso potencial divino. Entenda-se que, quando nos referimos à Fraternidade Rosacruz, devemos fazer uma distinção entre o “corpo”, isto é, a Sede Mundial, os centros, os edifícios, os livros, e as “unidades viventes”. Estas são representadas pelos estudantes, probacionistas e discípulos, que fazem o possível para ajudar os Irmãos Maiores em seu benéfico trabalho em prol da humanidade. São pessoas que se esforçam por “viver a vida” e percorrer o caminho da espiritualidade.

“Viver a vida” não consiste em sonhos nem meditações, ou ainda em procurar visões místicas que nos alienem da realidade terrena e de suas responsabilidades. O “viver a vida” produz crescimento anímico, que não é produto de especulações, mas o resultado de trabalho duro, de esforços levados a cabo durante o dia quando cumprimos todas nossas obrigações e deveres com o melhor de nossas capacidades. O antigo alquimista afirmava: “Ora et labora”, cuja tradução é: ora e trabalha. Isto significa que nossas orações devem ser nosso trabalho e nosso trabalho deve ser como uma oração a Deus.

Tudo o que fazemos deve ser o melhor, durante todo o tempo. Deve ser um cântico de gratidão e louvor a nosso Senhor e Libertador. Devemos trabalhar, comer, dormir, orar e fazer todas as coisas para a glória de Deus. Agindo dessa forma viveríamos, realmente, uma vida espiritual durante as 24 horas do dia e não unicamente ao deitarmos ou levantarmos.

É mister que nossa vida inteira se revista de espiritualidade. É preciso lutar por unir todas as partes do nosso ser, num todo harmonioso, antes de que se nos permita explorar os reinos superiores do espírito.

Se vivemos separando o Criador de Sua Criação, não nos espantemos se o mundo parece estar despencando para um abismo! É tempo de compreendermos que a separatividade a nada conduz porque contraria o espírito de amor e fraternidade. Deus é uno e, ao mesmo tempo, é tudo que é Bom, Belo e Verdadeiro. Ele se encontra sempre presente, em toda parte de Sua Creação[1]. Através d’Ele verdadeiramente vivemos, nos movemos e temos nossa existência. Por nosso intermédio Ele evolui, porque Ele e nós somos UM.

Portanto, cada vez que expressamos a Bondade, a Beleza e a Verdade que possuímos, demonstramos Sua Presença e fortalecemos Seu Divino Poder em nós. Este Poder irradia-se, então, em forma de luz, dentro e ao redor de nós. Quando despontamos como sendo um bom exemplo, nós o colocamos em manifestação, outros o percebem e são estimulados a imitá-lo. São inspirados a viver uma vida mais espiritual, guiada pelo espírito e irradiadora de suas qualidades.

Devemos pensar, também, no fato de não estarmos associados simplesmente com a Fraternidade – a estrutura – mas verdadeiramente em Fraternidade, a fraternidade do espírito. Essa fraternidade espiritual, ou sagrada união com todos os nossos Eus Superiores, une milhares de almas cristãs em todo o mundo, com um vínculo de amor e compreensão. Representa um poder que traz cura e esperança a um mundo sofrido.

Compreendemos plenamente que força é estar ao lado do Cristo? Consideremos, ainda, o fato de que esta forma permanece latente, até que decidamos viver conforme nossos princípios, consagrando-nos e oferecendo-nos como um sacrifício vivente sobre o altar do Serviço.

A ideia do serviço prestado aos demais, amiúde, nos traz à mente façanhas missionárias heroicas, a serem realizadas com muito exibicionismo, ou uma grande demonstração de generosidade. Porém, isso não é assim. A verdade e a sabedoria divina encontram-se na simplicidade. O Mestre repete constantemente que devemos começar pelas coisas pequenas, demonstrando nossa fidelidade em nossas mais insignificantes responsabilidades. Isso tudo deve ocorrer antes de que nos sejam oferecidas oportunidades mais significativas. Quando caminhamos pela senda espiritual, estamo-nos esforçando por nos convertermos em colaboradores dos Irmãos Maiores, com a finalidade de curar os enfermos e elevar nosso semelhante à estatura de Cristo, Luz e Salvador do Mundo.

Mas, agora, consideremos isto: estamos sendo fiéis cumprindo todas as obrigações e responsabilidades básicas que assumimos, pelo fato de sermos Estudantes, Probacionistas e Discípulos? As responsabilidades que assumimos como estudantes não se encerram, subitamente, quando nos convertemos em Probacionistas! Cada vez que nos movemos no caminho, maiores responsabilidades recaem sobre nossos ombros. Não existe retorno à categoria anterior. Não podemos anular as habilidades e os conhecimento adquiridos. Regressar às formas de conduta inferiores, seria muito mais destrutivo para a alma.

Max Heindel faz a analogia entre o caminho e um canal em que a alma, como um barco, se eleva mediante o sistema de eclusas e comportas. Uma vez que o barco tenha passado a eclusa, e essa se fecha atrás dele e a água é vertida dentro, de maneira a elevá-lo a um nível mais alto, para dar prosseguimento à sua jornada. Abrir as comportas para retornar ao nível anterior seria puro suicídio.

Como não vemos, nem vivemos, conscientemente nos mundos superiores, nossas experiências ocorrem no plano físico, onde devemos habilitar-nos cumprindo, tão bem como seja possível, nossos deveres temporais.

Os Irmãos Maiores da Rosacruz sabem onde nos encontramos, no que tange ao desenvolvimento espiritual. Devemos usar nossas mentes e corações para nos valorizarmos. Mediante a ação e a retrospecção podemos determinar onde estamos fracassando em nossos deveres e responsabilidades.

Como unidades que somos da nossa Fraternidade, muito podemos fazer para demonstrar nosso mérito e capacitar-nos para a última etapa ou meta final do verdadeiro Discipulado e Iniciação; temos recebido estes admiráveis ensinamentos dados pelos Irmãos Maiores e obtido meio para alcançar a paz da mente que, debaixo da Lei de Causa e Efeito, deveremos compartilhar essas bênçãos com aqueles que sofrem.

Perguntemo-nos, cada um a si mesmo, o seguinte: estou fazendo tudo ao meu alcance para divulgar estes maravilhosos ensinamentos e para promover o benéfico trabalho da Ordem Rosacruz como gratidão, ou simplesmente recebo, sem retribuir, tudo aquilo que me tem sido proporcionado?

Vivo em harmonia com o que professo, de maneira que outros sejam inspirados por meu exemplo a “viver a vida”? Desejo unir-me em fraternidade com os obreiros da Sede Mundial no trabalho de disseminação desta bela filosofia?

Ofereço minha contribuição financeira mensalmente, segundo os ditames do meu coração e minhas posses o permitam, para ajudar a cobrir as despesas com remessa de correspondência e impressão de livros e lições, para que outros possam ter acesso à Luz?

Ajo com seriedade, devolvendo pontualmente meu cartão mensal de estudante Regular ou meu informe de probacionista, como é solicitado pelos Irmãos Maiores, para demonstrar minha fidelidade e sentido de disciplina?

Primo pela exatidão e clareza na correspondência que envio à Sede Mundial? Preocupo-me em enviar informações adequadamente redigidas ou datilografadas, de maneira a facilitar o trabalho daqueles que as recebem na identificação de meu nome, endereço e código?

Há muitas perguntas simples como essas que deveríamos fazer a nós mesmos, não só quando estamos tratando de assuntos relacionados à Fraternidade, mas especificamente, quando tratamos com outras pessoas, no trabalho, na família ou na comunidade.

Se desejamos ser considerados dignos de colaboradores, conscientemente, num plano superior melhor, revisemos nossas vidas e indaguemos como temos assumido nossas responsabilidades em todos os níveis. Somos as mãos privilegiadas que servem a Ordem Rosacruz e devemos apreciar o tesouro que estamos recebendo. Devemos fazer tudo o que for possível para nos assegurar de que muitas outras pessoas recebam, livremente, estes ensinamentos. À medida que percorrermos nosso mérito, tornamo-nos responsáveis por nossas vidas e fazemos o melhor possível em nossas atividades diárias.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/86)

[1] Crear é a manifestação da Essência em forma de existência – criar é a transição de uma existência para outra existência.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Reencarnação : A Filosofia Rosacruz utiliza de preferência a palavra “renascimento”, que é mais adequado

Reencarnação: A Filosofia Rosacruz utiliza de preferência a palavra “renascimento”, que é mais adequado. Durante os nossos desenvolvimentos atuais estamos sujeitos à ação de duas grandes leis: a Lei de Causa e Efeito e a do RenascimentoConhecendo estas leis podemos compreender o sistema em que vivemos. Em geral, nós voltamos para a Terra a cada mil anos e nós renascemos alternadamente em um corpo masculino e um corpo feminino.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Filosofia Rosacruz pelo Método Socrático: Preço nas Lições e nas Curas

Preço nas Lições e nas Curas

Pergunta: Entendemos que a Fraternidade Rosacruz considera um pecado pôr preço em suas lições ou em suas curas; mas não é “o trabalhador digno de seu salário“?

Resposta: No capítulo 10 do Evangelho Segundo São Mateus, Cristo disse aos seus Discípulos que fossem atrás das ovelhas perdidas de Israel e que pregassem o Evangelho e curassem aos enfermos. Porém, Ele também lhes ordenou “não levar ouro, nem prata, nem cobre em suas bolsas“, “nem alforje para o caminho“. No décimo capítulo da 1ª Epístola aos Coríntios, São Paulo também sustenta essa ideia: pregar o Evangelho gratuitamente. Conforme orientados pelos Rosacruzes, que seguem essa prática desde o princípio e nunca cobram nada por seus Ensinamentos, a Fraternidade Rosacruz não cobra nenhum valor financeiro, nem direta nem indiretamente.

Pergunta: Pode um Estudante Rosacruz cobrar por ensinar algo ou para curar?

Resposta: Nenhum verdadeiro Estudante Rosacruz, seguidor dos elevados Ensinamentos Rosacruzes, cobrará pelas lições ou pela cura nem solicitará quotas mensais, financeiras ou não. Isto o denunciará no ato como um impostor. Se tivermos fé e trabalhamos altruisticamente, Deus terá sempre cuidado com os seus e as manifestações de amor serão suficientes para satisfazer ao Aspirante à Vida Espiritual em suas necessidades.

Pergunta: Porém, isto não animaria a alguns a tomar tudo e não dar nada? Não estimularia o egoísmo em alguns?

Resposta: Sim, muitos frequentam as igrejas, conferências e aulas sem nunca deixar cair um único centavo na sacola de coleta, crendo que isto é desnecessário, a menos que se lhes acerquem e peçam, e naturalmente assim estes tomarão tudo e não darão nada.

Pergunta: Existe uma lei da natureza de que não podemos obter nada em vão?

Resposta: Sim, eles não raciocinam sobre o assunto desde o ponto de vista das Leis de Deus, as quais operam silenciosamente por meio da Lei de Causa e Efeito; alguma vez e em algum lugar estas dívidas serão cobradas da alma que pensa que está correndo através da vida, defraudando, tomando tudo e não dando nada em troca. “Eu darei o pagamento, diz o Senhor“.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz – abril/1981 – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Determinismo e Livre Arbítrio

Determinismo e Livre Arbítrio

Hoje vou lhes expor as grandes linhas de Ensinamentos Rosacruzes, pois a ciência espiritual é uma ciência muito vasta e não é em alguns dias, em alguns meses, e nem mesmo em alguns anos, que nós podemos apresentar o conjunto destes ensinamentos. A procura pela Verdade é eterna: ela se modifica, entretanto, na medida em que nós evoluímos, porque nós fazemos recuar sem cessar as fronteiras do conhecimento adquirido; também a Verdade não pode ser definida de uma vez por todas. Uma das primeiras perguntas que nós podemos fazer no começo de um estudo semelhante é esta do livre arbítrio e do determinismo; em quais proporções cada um destes elementos entra no destino do ser humano?

A fé determina os graus de influência desses fatores do destino. A definição mais simples é dada pelas religiões que admitem que Deus criou uma alma virginal à cada nascimento; a partir do momento em que ela é criada, esta alma é livre para escolher entre o bem e o mau; essa escolha determina a vida da alma por toda a eternidade.

Aquele que raciocina constata, imediatamente, que os seres humanos não são iguais desde o nascimento; o meio onde a criança nasceu age profundamente sobre o destino da mesma. Como consequência, todas as crianças não partem do mesmo ponto; a fortuna dos pais, o ambiente no qual aquela criança cresceu, e outras considerações ainda fazem com que o meio tenha uma influência considerável; a luta pela vida não é a mesma para todos; alguns parecem favorecidos e outros parecem sacrificados.

Nós estimamos que haja uma causa para tal diferença, dado que a ciência materialista admite que isso esteja ligado à evolução da vida nas formas, que é um efeito biológico dado ao acaso.

O sexto princípio da Filosofia Hermética, o Princípio da Causa e Efeito, indica que a sorte (logo, o acaso) não é nada além de um nome dado à uma lei pouco conhecida. O acaso não pode existir devido a apenas uma causa. Além disso, nós nos perguntamos como alguns estudiosos, como Jean Rostand, por exemplo, ainda admitem o acaso.

Assim que nós observamos o ciclo regular dos Astros, quando sabemos que podemos predizer com precisão um eclipse, como nós podemos ainda pensar no acaso? É evidente que se deve admitir a existência de uma inteligência superior por trás do movimento dos Astros. Fora isso, Lecomte du Noüy declara abertamente que nós devemos substituir a palavra “acaso” por aquela dita “Deus”.

Certos estudiosos, há mais de um século, acreditam no fenômeno da cristalização; eles se baseiam nas verdades parciais, como, como se eles tivessem viseiras, ao invés de procurarem ir além do que descobriram. Eles se tornam atrasados na evolução em geral, pois os espíritos científicos avançados admitem a possibilidade de um determinismo nos fenômenos da natureza. O ensinamento Rosacruz admite a noção de determinismo no nascimento das crianças. Com relação às Religiões que não atingiram certa cristalização, há uma evolução da vida por meio de diversas formas, numerosas e cada vez mais evoluídas e isso ao longo de existências sucessivas; é o caso das Religiões da Índia.

Para as Religiões limitadas, como o Islamismo, tudo é escrito; é um fatalismo absoluto. Para uma religião mais evoluída, como a Religião Católica, é a Providência Divina que nos dirige, é dela que devemos esperar tudo. Mas o que é essa Providência se não os Anjos do Destino presentes na Filosofia Rosacruz?

A Lei de Causa e Efeito é absoluta; ela é aplicada em tudo. É necessário refletir frequentemente, meditá-la por bastante tempo e admiti-la completamente. Nada escapa a essa Lei. Aplicando o princípio de tal Lei, nós consideramos o nascimento como um Efeito; nós concluímos que deve haver uma Causa pré-existente e que o acaso – inexistente por si só – não pode ser levado em conta.

Os estudiosos mais avançados declaram que, em outra galáxia, existe um centro de vida formado por átomos de hidrogênio: “um gigantesco núcleo giratório de hidrogênio foi descoberto no coração da Via Láctea”, acaba de anunciar o Dr Woort, do observatório de Leiden, na Holanda. Estes átomos de hidrogênio são a fonte de toda vida. A galáxia seria formada por acaso? O Sistema Solar seria obra do acaso? Os Astros e seus movimentos regulares seriam uma fantasia do acaso? As outras formas de vida seriam originadas ao acaso? Se nós estudamos as leis que regem os Astros e seus movimentos e se nós sigamos o processo de evolução dos seres, nós somos obrigados a constatar que tal acaso não faz muito sentido.

Da mesma maneira, é uma forma de orgulho crer que, isolada, a Terra é habitada e que é por acaso que o ser humano foi originado, para ser o rei e o mestre do universo! Não apenas no nosso Sistema Solar, mas devem existir formas de vida relativamente semelhante à nossa, ainda mais na galáxia da qual nós fazemos parte, e muito mais em outras galáxias, existem seres que possuem sua evolução, não apenas neste plano físico, mas também em outros planos; devemos admitir que estes possíveis seres tenham atingido um nível evolutivo que pode ser superior ao nosso, enquanto que outros ainda não atingiram nossa espiral de evolução.

As emoções que nós sentimos nos permitem supor que há um Mundo feito de emoções; assim sendo, os pensamentos que venham se refletir em nosso intelecto clamam pela existência de um Mundo feito de pensamentos; nesses Mundos vivem entidades que possuem certa emotividade correspondente ao modo de vida dessas regiões; logo, nós devemos admitir que nos Mundos superiores (Mundo do Espírito de Vida, Mundo do Espírito Divino, Mundos do Espíritos Virginais e Mundo de Deus) há também formas de vida em vias de evolução, mas nós podemos dificilmente visualizar e compreender tais Seres superiores.

A criança que começa a ir à escola aprende as lições que lhe são dadas para estudar, sem que ela pergunte se elas são exatas; isso cabe a seu mestre. Então, de sala em sala, de escola em escola, ela aumenta seus conhecimentos e começa a raciocinar sobre o ensino que recebe. Mais tarde, ela poderá verificar a veracidade de tal ensino e poderá colocar em prática as noções recebidas. O mesmo se passa com o ser humano que quer seguir o Caminho da Iniciação. É necessário ainda que ele tenha, no início, fé em seu instrutor, que ele se deixe ser guiado por ele, que ele escute seus conselhos e seus avisos contra os erros e eventuais perigos, pois a partir do momento em que não há mais a base de um dogma ou de um regulamento, há de fato perigos a temer. Da mesma maneira que a energia guardada dentro da célula pode, se se tornar dinâmica, servir muito bem às obras de paz e às obras de guerra e de destruição, assim também aquele que começa a descobrir o oculto pode se dirigir para uma via perigosa. Frequentemente se não controlamos mais as energias que liberamos, perdemos o controle sobre nós mesmos, nos deixamos exercitar práticas nocivas; assim sendo, ademais, o “aprendiz de feiticeiro” que começou a exercitar a cadeia de reações nucleares não pode parar o movimento iniciado. Os mesmos perigos existem nestes dois planos de conhecimento científico experimental e de conhecimento espiritual.

É necessário que se admita, desde o início, o plano geral do Cosmos e a noção dos 7 Planos Cósmicos diferentes. Precisamos saber que nós pertencemos ao sétimo Plano, o mais baixo, e que esse é igualmente formado por 7 Mundos diferentes. Nós temos um Corpo Físico pertencente ao Mundo Físico; o animal também possui um Corpo Físico, mas ele não se dá conta disso, ele não conhece nem a si mesmo e não sabe quem ele é. Nós possuímos emoções, sentimentos; eles pertencem ao Mundo do Desejo ou mundo das emoções, desejos e sentimentos; nós temos uma consciência relativa desse Mundo no sonho que representa as imagens pertencentes a ele.

Nós pensamos; o pensamento é transmitido de um ser a outro graças aos veículos feitos de pensamento-forma. Logo, há um Mundo do Pensamento que é, ele mesmo, dividido em duas partes. Estes 3 Mundos inferiores são facilmente concebidos; mas nós precisamos admitir também a existência do Mundo do Espírito de Vida, o Mundo do Espírito Divino, o Mundo dos Espíritos Virginais e o Mundo de Deus. É somente por meio do aprendizado e graças a numerosas meditações que nós podemos compreender a existência destes Mundos superiores; nós pensaremos na escala de Jacó, verdadeiro símbolo dessa Hierarquia de Planos e de Entidades.

Esse número “7” é um número iniciante que nós encontramos em todas as Religiões; ele se encontra no Antigo e no Novo Testamento, e em especial no Apocalipse. Citemos apenas alguns exemplos dentre muitos: o Candelabro de 7 braços ilumina o neófito penetrando a Câmara Leste do Templo, o Livro dos 7 Selos de São João. O hindu distingue, nele, o seu Eu superior, o seu não-eu e a Personalidade. De fato o “Eu interior” e o “Eu exterior” são diferentes. Um é permanente e segue uma evolução ao longo de existências sucessivas; o outro é transitório.

Para poder tomar consciência de si mesmo, o ser humano deve considerar seu “Eu interior” como uma entidade superior, um tipo de “Deus”; tal comentário remete à afirmação do Cristo:

“Não está escrito na Lei: “Eu disse: ‘Vocês são deuses'”” (Jo 10:34-35 e Sm 82:6).

E tal consideração é concebida se nós nos lembramos que o Espírito Virginal foi emanado em Deus e possui, como consequência, todos os poderes e todas as possibilidades da natureza divina, em potencial.

As células do nosso corpo vibram de uma maneira diferente segundo o degrau de evolução: a taxa de vibração vai acelerando partindo do ser humano primitivo passando pelo ser humano comum e atingindo o sábio e o santo. O progresso adquirido ao longo de uma existência não é perdido: as células – ou pelo menos sua existência e sua taxa de vibração – são retomadas por outra vida mais evoluída; essas células formam o centro de um núcleo de vida em torno do qual se constrói um novo ser. Essa evolução não é limitada à humanidade; as entidades superiores evoluem igualmente, mas em outros planos; acontece que mesmo que apenas uma delas, tenha desenvolvido sua consciência o suficiente e tenha adquirido novos poderes, escolha um ponto no espaço e crie um Sistema Solar. As células que animam o Corpo Físico não têm consciência da vida que há nelas; elas são dirigidas por um Espírito-Grupo que é nós mesmos atualmente. Mas, antigamente nós fomos guiados também do exterior, como por “Espíritos-Grupo”; logo não éramos mestres de nossas causas, éramos semelhantes aos animais atuais. A Mente foi nos dada apenas na metade da Época Atlante; a partir desse momento, nós começamos a adquirir uma certa responsabilidade de nossos atos e nós podíamos criar causas, cujos efeitos nós sentíamos e conhecíamos.

Os animais são todos dirigidos por Espíritos-Grupo, todavia alguns dentre eles, como o cachorro, o gato e o cavalo, estão adquirindo um grau de evolução mais elevado na medida em que eles vivem em nosso ambiente, recebem eflúvios de amor. Eles começam a raciocinar de uma maneira rudimentar, estão no ponto de obter a individualização que os fará adquirir uma Mente que os permita raciocinar de maneira efetiva. Também é importante não confundir memória com inteligência; são duas noções absolutamente diferentes. Assim sendo, antes de o ser humano receber a Mente, ele possuía uma memória muito desenvolvida que o permitira agir instintivamente no seu melhor, usando automaticamente as experiências passadas. É o caso do cachorro comum atual que sabe que ele não deve tocar no fogo com receio de se queimar, não porque ele tem a noção de fogo, mas porque, na sua memória, ele guardou a lembrança de ter tido células destruídas pelo fogo; se ele evita o fogo, não é por algo racional, mas unicamente graças à sua memória. O castor constrói sua casa usando sua memória e aquela do Espírito-Grupo.

O ser humano, dada sua Mente, pode escolher entre o bem e o mau; ele possui, então, um certo livre-arbítrio, ele provou da Árvore do Conhecimento que é o símbolo da Lei do Bem e do Mal. Do resto, o Bem e o Mal possuem um valor relativo; no absoluto, não há nem o bem nem o mal; a natureza de ambos é idêntica, mas há graus diferentes (quarto Princípio hermético, aquele da polaridade). A Árvore do Conhecimento sugere também o Princípio da Causa e Efeito, com a noção de responsabilidade, também aquela de retribuição e de sofrimento. Em Gênesis (Capítulo III), a humanidade é punida e censurada, ela deveria sofrer e penar; é a consequência do privilégio de ter obtido o intelecto, o conhecimento.

O sofrimento faz compreender que há um erro; cada vez que o mesmo erro for cometido, o mesmo sofrimento virá para indicar que a pessoa deve mudar sua vida; é uma lança que tende a nos fazer escolher um outro caminho. Pouco a pouco, a Sabedoria nascerá e, com ela, a felicidade, pois a Sabedoria é o resultado do temor do Senhor (Ecl 21:11) e esse temor é, no fundo, a Consciência do Bem e do Mal e é o desejo de sempre se conformar à Lei santa de Deus. No Livro da Sabedoria 23:11 há um trecho misterioso: “porque o medo não é outra coisa senão o desamparo dos auxílios da reflexão”. O que isso significa é que a Sabedoria ultrapassou o estado no qual ele deve ainda escolher entre o bem e o mal, tendo atingido o nível no qual ele se conforma sempre seguindo o conselho da voz interior, que é o eco da Sabedoria não criada, um dos dons que o Espírito Virginal recebeu se diferenciando em Deus.

Se, antes de recebermos a Mente, nós éramos dirigidos exclusivamente pelo exterior, é bom assinalar que, ainda atualmente, nós sempre tivemos Anjos guardiões que nos incitaram a seguir a via correta; essa ação se deu graças às inspirações sugeridas por tais Anjos guardiões. É um socorro ou resgate que vem ser um paliativo para uma consciência, momentaneamente, em falta; mas, notemos bem que essas inspirações não implicam nada de negativo ao nosso livre-arbítrio, porque nós podemos sempre ou responder de maneira afirmativa à inspiração ou bem repreendê-la e recusá-la. Nós somos todos acorrentados por uma gama de causas que nós acumulamos desde que nossa evolução começou. Tais causas são tamanhas que elas teriam conduzido a humanidade à uma cristalização perigosa. A Missão do Cristo foi justamente a de nos ajudar a nos permitir liquidar uma parte de tais causas, ele também tomou para si uma parte dos débitos da humanidade. Nós podemos se perguntar como acontecem, em um destino, as consequências de tais causas passadas. O funcionamento é automático.

Vejam aqui dois exemplos :
a) Com uma câmera, nós imprimimos as imagens sobre um filme; elas são reproduzidas automaticamente em uma tela com a ajuda de um aparelho de projeção.
b) Atualmente, os sons e as imagens são gravados em bandas. Eles podem ser reproduzidos fielmente e são conservados por tanto tempo quanto quisermos e podem ser emitidos quando quisermos. É o mesmo com nossas ações, nosso sentimentos. Tudo está registrado e conservado integralmente.

Nós possuímos três tipos de memória. Uma Memória Consciente, que é uma memória cerebral, ela registra as imagens e os sons. As células que registram estas sensações restituem aquelas na medida exata em que elas estavam bem registradas e também seguindo mais ou menos a grande sensibilidade destas células.

Possui uma boa memória aquele que sabe se concentrar, que fixa com atenção e que sabe fazer surgir as memórias, no momento desejado; além disso, as associações de imagens e de ideias facilitam o aprendizado. A segunda Memória é inconsciente ou Subconsciente, ela é a consequência do ar que nós respiramos; as partículas de ar inspiradas são impregnadas pelo ambiente do momento, até mesmo as imagens e as impressões que a consciência não se deu conta; tais clichês penetram nos pulmões e no sangue; as imagens são gravadas sobre os átomos negativos do Corpo Vital; elas estarão em seguida sobre o Átomo-semente que nós conservamos a cada encarnação (esta é a Memória Supra Consciente). É interessante notar que aquele que é privado acidentalmente de ar (estrangulamento, afogamento), vê desenrolar rapidamente o filme de sua vida, o que demonstra a existência de tais arquivos.

Depois da morte, nós trazemos este Átomo-semente sobre o qual está gravada tal memória inconsciente ou Subconsciente; é criado um elemento sobre o qual nosso livre-arbítrio não mais age, e isso acontece até o cessar da vibração impregnada no Átomo-semente quando ele assimilou o bem e expurgou o mal. Há assim uma memória inconsciente da Natureza; há uma camada de células de átomos sobre os quais são gravadas as fases evolutivas da Terra e de outros Astros onde são gravados também os clichês de todos os eventos. É o Grande Livro de Deus, o Livro dos Sete Sinais do Apocalipse de São João (Ap 5-1). Nada do que já pensado, sentido, provado, feito não desaparece totalmente; tudo deixa um traço indelével da parte do ser humano, das raças ou da própria Terra. Tudo deve produzir um efeito um dia, porque se criaram também inúmeras causas que não ficarão inativas; um dia ou outro, o efeito surgirá da causa escondida.

Assim, por exemplo, o fato do ser humano comer carne remete à evolução dos animais; nós devemos pagar um dia tal débito de uma maneira ou de outra; sendo seus guias, como os Anjos são nossos guias atualmente. O cavalo nos ajuda desde que ele foi domesticado e que ele carrega cargas: ele nos serve. Nós pagaremos tal dívida a ele um dia, é necessário e inelutável. O pai e a mãe pagam uma dívida às crianças que eles criam e tal criança, numa existência futura, pagará ela mesma sua dívida de reconhecimento a seus pais. Nada fica impune, nada fica estéril, o que nós semeamos, nós necessariamente colheremos (Gl 6:7).

Atualmente nós nos submetemos a causas muito antigas, mesmo aquelas que remontam ao momento no qual nós recebemos nosso livre-arbítrio pela primeira vez. Nossos diferentes destinos são explicados em razão de tal resultante de ações e de reações de nossas vidas. A criança nasce com o peso de seu pecado original, de seus pecados acumulados; ele deve, então, passar pelas provas geradas por seus erros passados tão antigos quanto eles possam o ser, e não o erro ou os erros de Adão e de Eva. É o Destino Maduro, essa resultante de nossas vidas passadas que nos faz nascer em tal ou tal meio, a fim de que possamos obter as oportunidades que nos permitam agir convenientemente e pagar as dívidas de nosso passado, de apagar os erros cometidos anteriormente. Nós estamos, assim, exatamente no lugar onde merecemos estar, as provas que nos afligem são bem aquelas que nos sãos necessárias, não existe acaso, fantasia, favoritismo.

Quando, no Terceiro Céu, o Ego prova do desejo de voltar à Terra, ele tem a sensação de uma “fome” de experiências. Quando assimilamos a comida material necessária à nossa vida física, nós provamos mais uma vez da sensação de fome de desejo de comer; analogamente, quando o Ego assimila as experiências da vida passada, ele experimenta uma fome de novas experiências; é uma fome que o incita a reencarnar.

Mesmo que isso tudo pareça uma ideia muito difícil de ser concebida a uma primeira vista, o esquema da evolução do Cosmos (galáxias, Sistemas Solares, etc.) é traçado por milhões de anos à frente; não nos esqueçamos que para o Deus solar 26.000 anos (ano sideral) são como um dia de nossos dias solares; quanto mais nós atingimos as Hierarquias superiores, mais o espaço aumenta e mais o tempo se retrai, para atingir um tipo de presente eterno. Os Anjos do Destino veem as lições que o Ego deve aprender em sua próxima existência, eles o ajudam a traçar as grandes linhas de seu destino contendo, em particular, a data e o local de seu nascimento, o eventual casamento, os possíveis filhos, a morte, as pessoas encontradas que comporão todas as oportunidades de pagamento das dívidas ou as tentações, para afirmar as resoluções de melhorar seu comportamento.

Assim, a vocação é o chamado de uma voz interior que nos incita a seguir um tal caminho mais do que um outro. Feliz daquele que soube colocar sua vida em harmonia com o arquétipo previsto; ao contrário e infeliz é aquele que não soube responder à sua vocação. O exercício de Retrospecção da noite nos permite, por fim, comparar o que nós fizemos com nossa aspiração interior, a esperança íntima do que gostaríamos de ter realizado; o resultado de tal exame permite criar a partir desta vida um cliché que nós utilizaremos mais tarde, na vida pós-morte, no momento justo de voltar à Terra; é interessante para esta evolução de uma vida que está por vir se criar um cliché bem claro resumindo o fruto de nossas meditações e refletindo com força o que nós sentimos intensamente: o que nós fizemos de mal ou decididamente não dizemos. Frequentemente nós não podemos nessa vida voltar atrás e refazer o que nós não fizemos direito; só podemos, então, mudar a direção em uma existência futura.

Os profetas são seres que “veem” as formas arquetípicas; suas visões não são fruto de sua imaginação, mas sim da revelação de formas reais em vias de realização. Sem entrar em detalhes do processo da reencarnação, o átomo-semente do Ego desce dos diversos planos do Cosmos e atraem até ele as células cuja taxa de vibração correspondente à sua; ele escolhe, assim, seu pai e sua mãe e, dentro de nove meses de gestação, ele faz seu primeiro choro, ele inspira sua primeira bufada de ar e é colocado no caminho que deve obrigatoriamente seguir.
Dado que a mão tem um revólver, o atirador pode direcionador o canhão em uma direção que ele escolhe deliberadamente, mas, depois que ele apertou o gatilho, a bala é disparada e ninguém pode fazer algo para desviar sua trajetória, exceto pela ação de causas exteriores importantes e suficientemente raras como, por exemplo, uma violenta ventania. O mesmo acontece com relação à criança que nasce: sua linha do universo foi traçada, traçada automaticamente, como nós acabamos de ver.

O esquema de tal existência é revelado no tema astrológico, que condensa as oportunidades, as tendências, as provas, os auxílios e os obstáculos. Nós sabemos que o Sol e a Lua agem de uma maneira eficaz sobre nossa existência; sua ação é sobretudo física. O Sol, fonte de vida, é um fator de saúde; a Lua comanda as marés, age sobre o comportamento sexual da mulher, a Lua é o Astro comandante dos nascimentos, pois eles se dão no momento no qual a Lua apresenta uma posição em harmonia com o destino da criança. Os outros Astros, mais distantes e mais fracos que o Sol, não influenciam diretamente o Corpo Físico, mas agem em outros corpos do ser humano; o Corpo de Desejos está sob a influência de Marte e de Vênus, a Mente é influenciada por Mercúrio. Júpiter favorece a expansão, o desabrochar e o crescimento do ser humano, enquanto que Saturno possui uma ação limitante, de restrição e de concentração.

Nós nascemos no momento preciso no qual nosso arquétipo pré-estabelecido necessita de uma influência das configurações astrais indispensáveis. Da mesma maneira que a máquina eletrônica escolhe a ficha perfurada no momento exato no qual o buraco passa na frente do detector determinado por uma operação bem definida, também a criança nasce automaticamente quando é o momento para ele de encontrar as condições necessárias à sua evolução pessoal.

Ao primeiro grito da criança, a taxa de vibrações existente deve ser semelhante à aquela do arquétipo traçado; isto se faz de maneira automática; a hora é determinada considerando-se que no Mundo do Pensamento, 4 minutos correspondem a um ano e que no Mundo do Desejo, 1 dia corresponde a 1 ano.

A medida do tempo não é a mesma em todos os planos e Deus não mede da mesma maneira que nós; o que nos parecem ser impossíveis é possível para os Anjos do Destino, assim como um cálculo impossível de ser resolvido ao longo de uma vida humana pode ser desvendado em alguns segundos pelo computador que possui uma memória excepcional.

A criança obtém, assim, no bem e no mal, as possibilidades que ele mesmo causou em suas vidas passadas. É determinado e é mesmo autodeterminado, pois, é ele que definitivamente é o elaborador de seu destino. Ao longo de sua vida, ele poderá se libertar desta taxa de vibração em função de sua vontade (livre-arbítrio). Sob a Lei Antiga, nós suportamos integral e passivamente os efeitos das causas criadas; não houve vontade para resistir, e também nós havíamos acumulado inúmeras causas que criavam tantas formas-elementais, constituindo o que nós chamamos de o “Guardião do Umbral”. É o simbolismo expresso no Antigo Testamento por Davi saindo da tenda para combater Golias, o Filisteu (1Sm 17).

Uma das missões do Cristo foi justamente a de nos ajudar a resistir às tentações. Por meio da oração, nós nos colocamos em contato com o Cristo; a oração é, por assim dizer, a tomada (elétrica) que nos permite receber as correntes superiores, o fluxo espiritual vivificante. Aquele que sabe se colocar em contato com o Cristo sente essa fome de oração, de prece. O ser humano estando impregnado desta vida superior, pouco a pouco, tem as tentações inferiores desaparecendo e o caminho para o alto iluminado e facilitado. A concentração permitirá por outro lado atingir o mesmo objetivo; mas a concentração efetiva é difícil, ela constitui um esforço individual, enquanto que o caminho da oração permite receber as vibrações espirituais cristãs que aumentam a taxa de vibração.

Mas, “Servir”, de maneira desinteressada, no espírito de caridade, é “o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus”. Servindo nós esquecemos de nós mesmos, é uma maneira de concentração particular; criamos, logo, novas causas que nos permitirão renascer em um outro meio mais favorável à nossa evolução, que nos oferecerá as oportunidades sempre mais belas para atingir, progressivamente, o cume luminoso onde nós poderemos desenvolver nossa consciência, até o ponto de se tornar “Um” com o Cristo Cósmico.

(Traduzido do: Determinisme et libre arbitre, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix)

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