Resposta: (A seguinte é uma entrevista à rádio com uma Probacionista idosa, 97 anos e meio, em Michigan. A data da gravação foi 9 de setembro de 1987, e foi ao ar em 13 do mesmo mês. A entrevista foi com a própria filha).
Bette (nome da filha entrevistadora): Estou orgulhosa e feliz em apresentar nossa convidada especial, escritora, poeta, e vovó que pratica jardinagem e toca piano, diariamente. Ainda cozinha pratos deliciosos. Ela, Marika Kusserelis, gostaria de compartilhar um pouco de sua sabedoria dirigida a uma vida criativa e ativa após os noventa anos. Ela nos contará sobre a força criadora e o envelhecimento baseado no conhecimento por ela adquirido durante anos de estudo, observações, e experiência por uma longa vida. Mãe, diga-nos onde encontra tanta energia e inspiração?
Marika: Por falar em força criadora, gostaria de recitar a primeira parte de uma de minhas orações favoritas: “Não te pedimos mais luz, Senhor, senão olhos para ver a luz que já existe; não canções mais doces, senão ouvidos para ouvir as presentes melodias; não mais força, senão o modo de usar o poder que já possuímos; não mais amor, senão habilidade para transformar a cólera em ternura; não mais alegria, senão como sentir mais próxima essa inefável presença para dar, aos outros, tudo o que já temos de entusiasmo e coragem. Não te pedimos mais dons, amado Deus, mas apenas senso para perceber e melhor utilizar os dons preciosos que recebemos de Ti. Faze que dominemos todos os temores; que conheçamos todas as santas alegrias. Para que sejamos os Amigos que desejamos ser; para transmitir a verdade que conhecemos; para que amemos a pureza; para que busquemos o bem. E, com todo o nosso poder, possamos elevar todas as Almas, a fim de que vivam em Harmonia e na Luz de uma Perfeita Liberdade”. Nesta oração entendemos que estamos todos dotados de vontade divina em canais criadores e positivos, de conformidade com nossos talentos interiores. Deus deu-nos uma Mente na qual pode refletir sua Mente Divina e dirigir-nos para a d’Ele. É uma questão de auto entendimento. Um dos mais famosos antigos filósofos gregos, Sócrates, costumava ensinar repetindo: “Homem, conheças a Ti Mesmo“. É entendido que por meio do conhecimento próprio, a verdadeira natureza de nosso ser, alcançamos a chave que leva à força que existe em nós.
Estudando-nos, observando nosso pensar, nossas tendências emocionais, espirituais e físicas, e tentando melhorá-las, gradativamente obtemos conhecimento próprio, a “verdadeira natureza” de nosso ser. Isto confere razão a nossa fé, a chave que leva a força existente, aquela força criadora interna.
Bette: Diga-nos sobre a força criadora conforme a experimentou.
Marika: Tenho aprendido que toda natureza está pulsando na força criadora de Deus. O ser humano com todo seu provado intelecto pode ajudar-se a si mesmo e a dirigir energias para canais criadores positivos. Isto é muito importante para todos nós: descobrir o gene divino em nós e cooperar com as perfeitas Leis de Deus. Eu pessoalmente amo a Natureza: vejo Natureza na vontade de Deus. A Natureza é só criadora e sua criatividade é verdadeiramente científica, artística e bela. Tomemos como exemplo uma humilde flor silvestre: uma margarida do campo. Veremos como ela é feita com perfeição dentro de sua espécie. A ciência material não pode reproduzir sua vida, sua perfeição. A tecnologia ocupa seu lugar e desenvolveu-se muito para o nosso conforto e prazer, mas a vida é a verdadeira fonte da ciência: nossos cientistas devem ficar espiritualizados para descobrirem que eles próprios podem tornar-se criadores de vida como alguns mencionados na Bíblia. Mas hoje os cientistas não podem produzir vida como faz a Natureza.
Bette: O gene da Natureza é verdadeiramente inspirador, já que mencionou isto. Assim sendo, quanto mais tornamo-nos espiritualizados tanto mais poderemos tornar-nos criativos?
Marika: Sim.
Bette: O que dizer sobre o envelhecer e a criatividade? Envelhecendo podemos nos tornar mais criativos?
Marika: O que observei experimentando o envelhecimento tem sido um período valioso de criatividade, uma chance de empregar o conhecimento colhido da experiência de vida, oferecendo voluntariamente ajuda ao próximo. Tais ações ajudaram-me a conseguir mais e mais conhecimento sobre as lições da vida – o significado de Amor e de Fraternidade. Anos atrás, quando voluntária numa escola, fui solicitada a escrever sobre minhas ideias relativas à aposentadoria. Escrevi um curto ensaio que tenho aqui. Foi publicado num jornal escolar; poderia lê-lo para mim, Bette?
Bette: “Estudos sobre Gerontologia”, por Marika K. 77. A ‘aposentadoria’ – entendida aqui como o início de uma fase na vida onde não se precisa mais trabalhar para ‘fazer a vida’ ou ‘ganhar a vida’ ou ‘investir recursos financeiros para o futuro’ – é um período de maturidade, um momento em que somos dispensados de tarefas urgentes. É um período de criatividade, determinado pelo nosso calibre mental e pela experiência acumulada ao longo dos anos. Neste momento de descanso podemos, se quisermos, redescobrir talentos que poderiam ter sido enterrados durante os nossos anos mais ativos de trabalho e responsabilidade.
A ‘aposentadoria’ pode ser um período saudável, produtivo e alegre. Para muitos, pode ser saudável sem drogas ou estimulantes, se aplicarmos o autodomínio sobre os nossos hábitos físicos, emocionais e mentais. Através do pensamento positivo, da concentração e da meditação, podemos obter inspiração que poderemos direcionar para fora por meio de uma vontade forte e bem desenvolvida.
Podemos redescobrir nossos talentos, sejam eles escritos, pintura, bordado, jardinagem, bricolagem, colecionar, prestar assistência, voluntariar ou qualquer outra coisa. Acima de tudo, podemos criar uma atmosfera de beleza.
Somos parte de Deus, um criador por direito próprio. Temos poderes interiores latentes: poderes divinos potenciais que, no âmbito de um certo padrão de vida, podemos nos capacitar a criar uma vida útil mesmo nos últimos anos do nosso mais um renascimento terreno.
A ‘aposentadoria’, de fato, é um período de oportunidades para uma vida útil de serviço voluntário para o bem comum. Como resultado da minha própria experiência, quero estudar gerontologia para ajudar outras pessoas a se prepararem para a idade avançada que se aproxima.
Tenho mais de oitenta e sete anos de idade física, mas minha Mente e meu Coração parecem quase iguais aos de quando tinha sessenta e cinco anos.
Naquela época eu pensei que sessenta e cinco anos era idade avançada; agora me parece uma idade juvenil, e deveria ser assim. Às vezes, quando subo e desço os degraus e me seguro com cuidado para não cair, tenho uma sensação estranha dentro de mim porque me sinto jovem, apesar da fragilidade física.
Ainda trabalho no meu jardim e muitas vezes faço trabalhos árduos, como escavar cuidadosamente. Digo cuidado, porque descobri que fazer movimentos bruscos ou desajeitados pode machucar você quando for idoso. Nossos Corpos Densos são nossos instrumentos para alcançar a experiência terrena que leva ao desenvolvimento espiritual. É importante para o nosso bem-estar espiritual que tomemos os melhores cuidados para sermos saudáveis e vivermos a nossa vida atual na Terra o maior tempo possível. Isso pode ser feito se praticarmos o autodomínio em nossas vidas. Uma vontade autodidata é importante em todas as fases da vida. A chave é ‘ir para frente e para cima’, quer sejamos jovens ou idosos.
Um dia, trabalhando no jardim, senti tontura e meu coração batia forte. Imediatamente parei de me mover e respirei e permaneci na mesma posição. Em alguns momentos tudo ficou bem. Anteriormente eu havia experimentado as mesmas sensações quando caminhava pelo centro da cidade. Então também, automaticamente, parei de andar, fiquei parada e respirei bem devagar. Parecia que dei tempo a todo o meu organismo para recuperar o equilíbrio e em poucos segundos me senti normal.
Medo, ansiedade e confusão muitas vezes trazem mais problemas. No meu caso, o estilo da minha vida diária, especialmente a minha dieta vegetariana durante cinquenta anos, permitiu a ajuda que recebi durante as tonturas. Cada indivíduo deve reexaminar o assunto do seu ponto de vista pessoal. Uma coisa é certa: o medo é a principal causa de mais problemas; é falta de fé, ‘a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. . .,’[1], como aprendemos estudando a Epístola de S. Paulo aos Hebreus.
Falar de fé e medo me lembra da época em que adoeci com tuberculose e tive que deixar minhas duas meninas de três e quatro anos. Fiquei no hospital de 1929 a 1931. Meu medo era transmitir a doença à minha família e me preocupava continuamente com isso. Embora eu também estivesse orando continuamente, isso não me ajudou em nada porque minha fé não estava completa. O medo e a preocupação neutralizaram minha fé até ao nada. Em outras palavras, ‘eu vi e chorei’. O fato de meu medo ter anulado minha fé mudou minha condição de mal a pior.
Minha condição psicológica estava em um estado tão lamentável que isso se refletia em minhas expressões físicas e pessoais. Agora entendi isso claramente. Lembro-me de uma ocasião em que os médicos me examinaram com o fluoroscópio[2] e riram, talvez da ação repentina das minhas entranhas que estavam observando. Senti-me humilhada por ser objeto de sua pesquisa e não gostei nada disso. No entanto, quando se tem fé, deve-se estar consciente de que tudo funciona para o bem; Deus também cuida de nós por meio de nossos médicos, enfermeiras e todos os profissionais de saúde. Minha fé estava misturada com medo e os resultados foram desastrosos.
Mais tarde, minha condição começou a mudar para melhor. Eles me levaram para a varanda, onde todas os jovens e as jovens eram bonitas, de bochechas rosadas e sorridentes. Eles não pareciam se preocupar em ficar doentes. Isso foi um bom remédio para mim — ser mais otimista e alegre — e restaurou minha fé. Os médicos me colocaram em terapia ocupacional e eu desenhei um cobertor na forma quadrada: um desenho original de minha autoria. A seguir terminei essa minha pintura; pedi gesso para modelagem e fiz algumas formas e pintei com sucesso e arte, para admiração de meus médicos e enfermeiras. Estava mais contente e mais esperançosa por uma recuperação rápida.
Mais tarde, descobri que minha súbita mudança para melhor e minha condição psicologicamente melhorada também se deviam à ajuda espiritual extra dada em particular por um amigo. Também tive bons cuidados neste hospital, é claro, mas o mais importante de tudo é que estava livre do medo e isso estava acelerando minha recuperação. Mais tarde, na primavera, os médicos me deram alta e me reencontrei com minha família. Isso me deu a maior esperança. Meu marido contratou uma profissional do lar, que me ajudou no tratamento de repouso em casa, enquanto cuidava dos meus filhos e de manter a casa arrumada.
Aconteceu que a profissional do lar estava ligada a um ‘grupo de metafísicos’, como foi que entendi. Ela me trouxe alguns livros que informava sobre o poder do pensamento. No início não conseguia aceitar a ideia de que o pensamento, positivo ou negativo, tivesse muito a ver com a nossa vida, mas com mais estudos tentei colocar a teoria em prática.
Gradualmente comecei a passar mais tempo fora da cama. Fui às reuniões do ‘grupo metafísico’ e, finalmente, pude perceber que a fé é composta pelos nossos pensamentos e pela nossa confiança na ajuda dos poderes superiores. Continuo acreditando nisso até hoje e procuro viver minha vida em harmonia com os princípios da vida, a Lei da Natureza.
Depois disso, cada vez que eu ia ao hospital para fazer um check-up de rotina, os médicos me diziam: ‘Continue fazendo o que você está fazendo. Você está ficando cada vez melhor.’. Eles não me perguntaram o que eu estava fazendo e não contei a eles que, na época, eu estava sendo tratada por meio do Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz. A partir daí ganhei muita ajuda, não só para a minha saúde, mas também para as condições familiares em geral.
Ao visitar o hospital para fazer meus exames, perguntei sobre os jovens e as jovens de bochechas rosadas que estavam na varanda. Fiquei sabendo que depois que voltaram para casa, a maioria deles havia morrido. A minha própria experiência disse-me que as doenças crônicas são o resultado de venenos acumulados nos nossos Corpos Densos, resultantes da nossa longa desobediência às Leis da Natureza. A cura requer uma mudança de vida, uma mudança de hábitos e o desenvolvimento de uma natureza devocional para vencer os maus hábitos e estar em harmonia com a vida. Isto é o que nosso Senhor Cristo quis dizer quando Ele disse àqueles a quem Ele estava curando: ‘A tua fé te curou. Vá e não peque mais’[3]. Deve haver uma mudança completa de atitude para ser curado permanentemente. Foi o que aconteceu comigo: através da ajuda do Departamento de Cura da Fraternidade Rosacruz e dos cuidados dos Auxiliares Invisíveis, consegui fazer essa mudança na minha vida. Escapei de recaídas porque trabalhei duro para obedecer às Leis de Deus, mental, emocional e fisicamente.
Parece que a fé é o ‘Alfa e o Ômega’ das coisas da vida, quer sejamos jovens ou muito idosos. A fé, de fato, é a ‘substância’ que constrói as coisas esperadas. ‘Buscai primeiro o Reino dos Céus e todas as coisas boas vos serão acrescentadas’[4]. ‘Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á’[5]. “…porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo”[6]. Esta é a lei da vida: a Lei de Causa e Efeito.
No Livro do Apocalipse, também somos informados de que seremos uma lei para nós mesmos quando tivermos alcançado o autodomínio completo. Faremos isso servindo, agora, fielmente sob a Lei de Causa e Efeito. Existem também estágios maiores de desenvolvimento – estágios ilimitados que continuam indefinidamente. ‘A quem vencer, eu o farei coluna no Templo do meu Deus, donde jamais sairá’ (Apo 3:12)”.
Marika: As ideias expressas em meu artigo que escrevi em 1977 com 81 anos são as mesmas de hoje com 91. Há tanto a se dizer sobre envelhecer e nosso bem-estar. Entre outras coisas, a Ciência da Nutrição é, creio, um fator vital para todos nós idosos principalmente, bem como para qualquer idade. Conhecimento do significado da boa nutrição deveria ser um assunto obrigatório em nossas escolas tanto quanto o são leitura, escrita e fazer contas. Há tantos fatos necessários e práticos para a boa saúde individual – principalmente sobre a sábia nutrição, só que não tenho tempo para entrar em pormenores, mas noutra ocasião terei prazer em falar-lhe da ciência da boa nutrição. Posso compartilhar a experiência pessoal de mais de 91 anos com resultados bons e óbvios. Agradeço o convite a este programa.
Bette: Nós agradecemos, mãe, em compartilhar sua sabedoria conosco. Possa você e toda nossa audiência ter uma longa e saudável vida criativa!
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro/1985 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: Hb 11:1
[2] N.T.: Fluoroscopia é um exame que emprega radiação ionizante para obter imagens contínuas de uma parte do corpo. Também chamado de radioscopia, o teste emite os raios X aos poucos, possibilitando a observação das imagens em tempo real.
[3] N.T.: Lc 17:19
[4] N.T.: Mt 6:36
[5] N.T.: Mt 7:7
[6] N.T.: Lc 6:38
Estabelecendo-se uma comparação entre os Reinos animal e humano nota-se que enquanto os animais agem e reagem de maneira idêntica sob as mesmas circunstâncias, por serem guiados por um Espírito-Grupo, o ser humano se comporta diferentemente. Cada indivíduo é uma “lei em si mesmo”. Ninguém pode predizer as ações de cada ser humano, nem como agirá sob circunstâncias análogas. Pode agir distintamente, e provavelmente o fará, diante de condições idênticas e em ocasiões diferentes.
Por esta razão, é extremamente complexo tentar definir ou elucidar devidamente um assunto como o véu do destino, pois nossas Mentes ainda têm uma capacidade limitada. Para compreender totalmente esta matéria, seria necessária a sabedoria de grandes seres como os Anjos do Destino, por exemplo, que têm a seu cargo este intrincado aspecto da vida.
Cada ato de cada indivíduo produz uma determinada vibração no universo, reagindo sobre ele e sobre outros ao seu redor. A Mente humana não tem condições de vigiar e calcular os resultados dessas ações e reações que se produzem em meses, anos ou vidas.
Porém, temos visto, graças ao quadro geral impresso em nossa Mente, quando desenvolvíamos este tema, o modo de classificar as causas engendradas no passado, segundo se nos apresentam, com seus efeitos na vida atual. No decurso deste estudo investigaram-se várias centenas de pessoas. Em alguns casos, retrocedemos três, quatro e até mais vidas, com o objetivo de chegar à raiz da questão, determinando a forma em que as condições do passado reagem para criar as atuais. Porém, ainda que fazendo conscienciosamente esse trabalho de investigação, devemos advertir o leitor: não considere nosso juízo como um ensinamento conclusivo e definitivo sobre a matéria. Considere-a um passo inicial e contamos poder ajudá-lo a solucionar determinados problemas.
Com referência ao meio ambiente parece-nos que as pessoas dotadas de uma natureza toda peculiar, difíceis de se relacionar com outras de seu meio, têm diante de si uma vida pontilhada de provações. Nascem frequentemente entre estranhos, dos quais não receberão nenhum sentimento de afeto. Seus sofrimentos não despertarão entre seus familiares nenhuma impressão de simpatia ou apreciação. Ou bem se tornam órfãos, ou são separados dos pais, quando não se ausentam de sua terra natal em tenra idade. Quando é este o caso, essa alma, amiúde, anela a um afeto, a simpatia ou carinho, sentimentos que ela recusou a dar em vidas anteriores.
Também observamos casos de indivíduos responsáveis pelos maiores ultrajes, no passado, tendo levado a desonra e a vergonha a seus entes queridos, os quais sofreram horrores, justo pelo acendrado amor nutrido pelo desafeto. Na existência em que tal alma se dispõe a emendar-se, purgando seus erros pretéritos, se encontrarão em um ambiente totalmente hostil. Sofrerá fome de amor, pois negou-o anteriormente. Se tal criatura não aprender toda a lição numa só vida, diferentes renascimentos com experiências semelhantes, lhe ensinarão a ser agradecido aos que o amam, bem como a agir correta e honestamente.
Também observamos que, muitas vezes, uma alma errou em vidas passadas devido à falta de uma influência bondosa por parte de seus familiares, que deviam ter sido fiéis, amorosos e complacentes. A carência desse ambiente de simpatia não encontrou, como é lógico, justificativa para suas faltas ante a lei, vendo-se obrigada a expiá-las em vidas posteriores. Nestes casos, todavia, as condições foram contrárias. A família que, em vidas passadas, houvera sido indiferente, agora lhe será querida, tendendo a sentir extraordinariamente todo o sofrimento que ela tiver de suportar em consequência de seu passado. Deste modo, a família também expiará a parte que lhe corresponde, pela sua responsabilidade em haver recusado carinho e simpatia.
São casos extremos, diga-se de passagem. Naturalmente, porém, podemos extrair lições dos casos pouco claros, pois quanto mais brutais e chocantes forem os fatos postos à nossa consideração, tanto mais fácil será catalogá-los. A lei que convém aos casos extremos, também se ajusta aos de menor importância, com as modificações graduais necessárias, aplicadas nas diferenças de ambiente.
Os fatos relatados indicam claramente que nós somos os guardiões de nossos irmãos, sendo conveniente lhes exteriorizarmos toda simpatia e bondade, pertençam ou não à nossa família. Olhando as coisas desde a superfície, e sob o ponto de vista do nosso estado atual, talvez não transpareça nenhuma responsabilidade que nos cabe pelas ações de nossos infelizes familiares. Se pudéssemos ver por detrás do véu, provavelmente descobriríamos que nós mesmos fomos, em grande parte, culpados de suas desditas.
Ouve-se, frequentemente, a expressão: “fulano ou sicrano são o pesadelo de certas famílias”. Mas, podemos considerar essas pobres criaturas como seres estranhos entre gente estranha, devendo viver naquele meio devido a desajustes de vidas passadas. O “sangue é mais espesso que a água” diz um velho provérbio. O certo, porém, é que o laço sanguíneo não traz consequências, a menos que os espíritos de uma família estejam unidos entre si pelo amor ou pelo ódio do passado, fatores determinantes das relações da vida atual.
Uma alma pode se envolver com determinada família em laços carnais, sentar-se à sua mesa, usufruir o direito legítimo de herança, e ser, entretanto, tão estranha quanto um mendigo que bata à porta pedindo um prato de comida.
Recordemos as palavras de Cristo: “Pois estava faminto e me destes de comer, estava sedento e me destes de beber, era um estranho e me admitistes ao vosso lado”[1]; e depois: “Tudo o que haveis feito em favor do menor de meus irmãos, a mim mesmo o haveis feito”[2]. Quando encontrarmos uma pobre alma, dessas marcadas pela desgraça e pela solidão, devemos como Cristãos imitar o exemplo de Cristo. É mister contribuir para que essa infeliz criatura se veja rodeada do calor de um lar, sentindo-se em sua casa, entre os seus. É necessário, por difícil que possa parecer, cultivar sua amizade, por amor de Cristo, sem levar em consideração suas fraquezas e excentricidades.
A humanidade é afetada por doenças e enfermidades classificadas em mentais e físicas. À incapacidade mental, quando congênita, é o resultado do abuso da força sexual criadora, com uma exceção. Pode-se incluir no caso, as afecções dos órgãos vocais e isto é lógico e compreensível. O cérebro e a laringe foram construídos por meio da metade da força sexual criadora. Assim o ser humano que era bissexual antes da aquisição desses órgãos e capaz de gerar por si mesmo perdeu esta faculdade, dependendo, agora, da colaboração de alguém de sexo ou polaridade oposta para criar um novo veículo para um Ego (que se mostrará como irmão ou irmã aqui) que precisa renascer aqui.
Quando se usa a visão espiritual para observar um indivíduo na Memória da Natureza, durante a época em que ainda estava em formação percebe-se o seguinte: onde agora existe um nervo, havia anteriormente uma corrente de desejos; e que o próprio cérebro foi feito de substância de desejos, bem como a laringe.
Foi o desejo que, primeiramente, enviou um impulso por meio do cérebro e criou tais correntes nervosas, para o Corpo Denso se mover e conseguir, para o Ego, qualquer satisfação ou anelo. À linguagem, da mesma forma, é utilizada para atingir um objetivo. Por meio dessas faculdades o ser humano alcançou certo domínio sobre o mundo, e se pudesse voar de um corpo a outro, não teria fim o abuso de seu poder para satisfazer qualquer capricho ou desejo. Porém, sob a Lei da Consequência, carrega consigo, em cada novo corpo, as faculdades e órgãos semelhantes àqueles utilizados em veículos precedentes.
Quando as paixões arruínam um veículo, em uma vida, isto fica gravado no Átomo-semente do Corpo Denso. Na “descida” para o renascimento é impossível para esse Ego juntar material puro no sentido de organizar um cérebro de estrutura estável. Nesse caso, renasce, geralmente, sob um dos Signos astrológicos Comuns[3]. Nestas circunstâncias, os quatro Signos Comuns se encontram posicionados nos quatro ângulos[4] de seu horóscopo, porque, através deles (dos Signos) o desejo passional defronta sérias dificuldades para se manifestar. Em consequência, esse poderoso impulso que anteriormente regeu seu cérebro e que poderia ser usado agora com o propósito do rejuvenescimento, acha-se ausente e o indivíduo carece de incentivo na vida. Converte-se num inválido, uma tábua sobre o oceano da existência, frequentemente alguém com algum grau de insanidade mental.
O Ego, todavia, não é insano mentalmente. Vê, conhece e alimenta um desejo ardente de utilizar seu Corpo Denso, ainda que lhe seja impossível, pois, amiúde não pode enviar sequer um impulso adequado aos seus nervos. Os músculos do rosto e do corpo não estão sob o controle de sua vontade; há falta de coordenação.
Deste modo, o Ego aprende uma das mais duras lições da vida, porquanto é muito pior do que a morte, achar-se sujeito a um Corpo Denso e não poder se expressar através dele. Isto aconteceu porque a força de desejos necessária para pensar, falar e se mover exauriu-se em uma vida depravada, no passado, deixando o Ego sem energia para manipular seu atual veículo físico.
(Por Max Heindel – Publicado na Revista Rays from the Rose Cross e Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977)
[1] N.T.: Mt 25:35-45
[2] N.T.: Mt 25:40
[3] N.R.: Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes.
[4] N.R.: 1ª Casa, 4ª Casa, 7ª Casa e 10ª Casa
No dia 12 de setembro de 1917 tivemos o prazer de solenizar o primeiro casamento na Pro Ecclesia em Mount Ecclesia, quando dois membros do Centro Rosacruz de Los Angeles, EUA deram as mãos para uma parceria de vida.
Embora essa seja a época do ano em que o sul da Califórnia é mais árido de flores, várias pessoas em Mount Ecclesia conseguiram reunir o suficiente para decorar a Pro Ecclesia da maneira mais bonita, e na hora marcada fechamos os escritórios e gráficas para que todos pudessem estar presentes na cerimônia. Quando todos estavam sentados, os acordes inspiradores da Marcha Nupcial ressoaram do órgão com acompanhamento de violino, enquanto Max Heindel conduzia os noivos pelo corredor central até a frente, onde os noivos se sentaram, enquanto Max Heindel tomava seu lugar em um ambão. Depois que as tensões comoventes da Marcha Nupcial diminuíram, ele fez substancialmente o seguinte discurso:
Minhas queridos Irmãos, Irmãs e Amigos,
Nós nos reunimos aqui, hoje, para testemunhar uma cerimônia muito importante que unirá em casamento de dois de nossos amigos. É para eles uma ocasião muito importante e, de fato, para todos nós, pois a vida ou vidas vividas por indivíduos se refletem na comunidade; a vida doméstica é o pano de fundo e a base da vida pública. Se os nossos jovens amigos, que agora começam juntos a vida matrimonial, estiverem dispostos a se sacrificar um pelo outro, cada um procurando sempre o bem do outro e tentando se conformar ao outro, como nós sinceramente esperamos e oramos para que eles façam, isso resultará uma vida de companheirismo ideal que é, de fato, uma antecipação do Céu na Terra; então cada um deles será abençoado por isso e, juntos, eles irradiarão do lar que eles fizeram uma influência do maior benefício possível para a comunidade. Por outro lado, se cada um persistir em seguir seu próprio caminho, independentemente do conforto e da felicidade do outro, eles terão diante de si uma vida de tal miséria que será realmente um inferno na Terra; a influência irradiada de tal casa só poderá ser prejudicial para a comunidade em que vivem. Todos devemos orar fervorosamente para que eles tomem cuidado com as rochas e os baixios do egoísmo, que certamente destruirão a felicidade da vida, e cultivem aquela solicitude conjugal pelo bem-estar um do outro, o que levará a uma vida de bem-aventurança celestial.
O casamento, então, é um perigo e para entender por que uma condição tão perigosa, que é, infelizmente, muitas vezes fonte de tristeza, foi imposta à humanidade é necessário examinar os registros ocultos e tomar uma visão mais ampla da jornada evolutiva da humanidade, mais ampla do que a geralmente aberta à grande maioria das pessoas. Houve um tempo, chamado pelos ocultistas da Escola de Sabedoria Ocidental, de Época Hiperbórea, quando o ser humano-em-formação era como uma planta em sua constituição e, assim, macho-fêmea, conforme registrado pela Bíblia. Portanto, ele podia, naquela época, como muitas plantas hoje, fertilizar-se e reproduzir sua espécie sem cooperação externa. Com o tempo, o corpo humano endureceu e se tornou como o dos animais em sua construção. Mas o Ego humano, o ser humano real, é uma inteligência criadora e divina, aprendendo na escola da vida; somos todos deuses-em-formação e a criação de coisas físicas por meios físicos é apenas uma lição elementar. Eventualmente, devemos aprender a imitar os métodos criadores de Deus, o Grande Arquiteto do Universo, que por Sua Palavra falada trouxe todas as coisas à existência, como tão maravilhosamente ensinado naquela joia de misticismo, o primeiro capítulo do Evangelho Segundo São João, em que se diz: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Tudo o que foi feito foi feito por Ele e nada do que tem sido feito foi feito sem Ele. N’Ele estava a vida e a vida era a luz do homens; a luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam”.
Expressar o pensamento criador aqui, no entanto, requer um cérebro no Mundo Físico e falar o Fiat Criador requer uma laringe; portanto, era necessário que esses órgãos fossem fornecidos ao ser humano-em-formação para que ele pudesse crescer gradualmente até a estatura divina. Portanto, as grandes Hierarquias Criadoras, que guiaram e alguns continuando guiando a nossa evolução, desviaram uma parte da força criadora do ser humano-em-formação para cima, para que pudesse construir esses órgãos. Em alguns, expressaram o polo negativo (passivo) dessa força criadora e surgiu a fêmea; nos outros, expressaram o polo positivo (ativo) da força criadora e surgiu o macho. Mas, isso deixou apenas metade da força criadora disponível para a reprodução da Onda de Vida humana aqui e, assim, a partir de então, a humanidade foi dividida em sexos, como os vemos hoje, e se tornou necessário que cada um busque seu complemento para que a dupla força criadora, masculina e feminina, possa ser combinada para perpetuar a espécie humana e possa fornecer novos veículos para os Egos que perdem os seus devido à morte aqui. Naqueles primeiros dias, quando os Anjos da Guarda estavam encarregados da humanidade infantil, eles reuniam seus protegidos em grandes templos, em certas épocas do ano, quando as linhas de força interplanetárias eram propícias à procriação, e a geração era realizada como um sacramento, um sagrado rito religioso.
Se essa condição continuasse, a humanidade também permaneceria até hoje infantil e inocente, dócil e feliz, como as crianças. Mas à medida que o cérebro foi gradualmente formado, os Anjos caídos, chamados na Bíblia de Espíritos de Lúcifer, ensinaram à humanidade o uso desenfreado, ou melhor, o abuso, da função criadora para a satisfação dos sentidos físicos, independentemente das condições astrais. Assim, o amor deu lugar à luxúria, o parto tornou-se doloroso e a morte, mais frequente. O ser humano caiu de um estado santificado para um estado pecaminoso e desde então uma era de angústia, tristeza profunda, sofrimento, luta e conflito tem ocorrido na Terra; se analisarmos as condições ao máximo, hoje, descobriremos que toda forma de tristeza e doença é devida a essa relação sexual anormal. Portanto, aguardamos ansiosamente o tempo da vinda de Cristo para o estabelecimento do Reino de Deus, quando não haverá casamento nem entrega em casamento, porque cada um terá o poder dentro de si para falar a palavra criadora e a morte será engolida pela imortalidade.
No entanto, enquanto mantemos esses ideais em relação à condição futura, devemos lidar com os fatos como os encontramos hoje e há grandes e maravilhosas lições a serem aprendidas dentro do estado do matrimônio. Portanto, devemos fazer o nosso melhor para torná-lo frutífero — tanto fisicamente como mental, moral e espiritualmente. Sempre devemos lembrar que é um esforço para a unidade que só pode ser alcançado pelo esquecimento de si mesmo. Deve haver no lar apenas um pensamento, uma voz e um objetivo na vida, mas esses devem ser um pensamento, uma voz e um objetivo compostos. Ambas as partes devem se esforçar para combinar suas ideias para o bem comum; e se for descoberto, como indubitavelmente será, que nenhum acordo pode ser alcançado em alguns pontos, então deve-se evitar tais assuntos com tato até que o tempo tenha mudado um, o outro ou ambos. Deve haver um respeito mútuo pelos direitos de cada um e o naufrágio do interesse próprio pelo bem comum. Rezamos fervorosamente para que nossos jovens amigos aqui, que estão entrando nesta grande aventura, esforcem-se desde o início para viver a vida amorosa, que é tão essencial para criar um adequado ambiente doméstico para a criação dos filhos, que será um crédito para a comunidade.
Um deve carregar os fardos do outro. Jovem esposo, não limite seu interesse aos negócios ou ao escritório e implore para ser dispensado de compartilhar as preocupações inerentes ao cuidado de uma casa e dos filhos. Jovem esposa, não alimente a ideia de que seus problemas e provações no lar sejam primordiais e que seu marido não tenha preocupações em comparação com as suas. Lembre-se: esta é uma parceria em tudo e qualquer coisa. Tenha interesse inteligente no negócio dele; encoraje-o em suas ambições e o incentive a maiores esforços por meio da apreciação inteligente. Quanto mais vocês souberem dos assuntos um do outro, mais próxima será sua parceria, mais fácil vocês suportarão os fardos da vida e conseguirão fazer com que seu empreendimento matrimonial seja valioso. E todos nós oramos para que Deus possa dar Sua maior bênção a vocês dois e que essa união possa estar cheia de lições que os elevarão tanto fisicamente como moral, mental e espiritualmente na grande escola da vida.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de novembro/1917 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
A Pureza e Força Criadora
A pureza e um dos caminhos conducentes a Deus. Relacionada com o uso da força criadora pode tornar-se um problema capaz de afligir o aspirante. Isso ocorre quando o estudo e compreensão superficiais dos ensinamentos da Sabedoria Ocidental geram um conflito entre uma convicção moral interna e a realidade do cotidiano.
Meditando sobre vários temas do Conceito alusivos à natureza da força criadora chega-se à conclusão de que esse conhecimento implica em grande responsabilidade. Responsabilidade inquestionável, porquanto essa força não diz respeito exclusivamente ao ser humano. Pertence à toda a humanidade. Uma parte é utilizada na perpetuação da espécie, e sua fonte, em última análise, é o próprio Deus, por tratar-se; essencialmente da mesma energia usada no processo da Criação. É, portanto, espiritual e sagrada.
Através do sexo, no propósito da procriação, a força criadora encontra um canal de expressão. Mas, infelizmente o sentido dessa atividade foi distorcido e o seu emprego na gratificação dos sentidos generalizou-se para desgraça do gênero humano.
Devemos manter uma atitude objetiva em relação ao sexo, livres de temor, puritanismo ou autocondenação. Mas não basta apenas ser objetiva. Há que ser objetiva e espiritual porque assim teremos condições de dirigir, controlar e transmutar essa energia em algo superior. Quando agirmos dessa forma, notaremos um crescimento admirável de nossa energia, vigor e criatividade, bem como desenvolveremos uma mais elevada consciência de Deus.
É necessário transmutar, e disso não temos dúvida. Mesmo querendo tornarmos a decisão consciente de transformar a energia, seremos atormentados pelos impulsos inconscientes que são parte de nossa formação não regenerada. Essa energia pode ser redirigida, mas isso demanda tempo e esforço sistemático.
Uma das formas que se nos apresentam de realizar essa transmutação consiste em canalizarmos ativamente nossos interesses, aspirações e entusiasmo e alguma atividade criativa, tal como pintura, dança, escultura, literatura, artesanato, etc. A princípio teremos de aprender a criar em nosso campo de atividade sem atentar para a qualidade final do produto. Com o tempo nos surpreenderemos com o fato de que poderemos criar e criar bem.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/86)
Pergunta — Qual a relação entre a força criadora sexual e o cérebro?
Resposta — O pervertido maníaco sexual é uma prova da asserção dos ocultistas de que uma parte da força sexual se destina à formação do cérebro. Tal pessoa torna-se um idiota ou incapaz de pensar porque normalmente a energia sexual destinada a procriação, e a manutenção e criação do cérebro é utilizada no seu aspecto positivo ou negativo, de acordo com a condição do indivíduo — homem ou mulher.
Pergunta — Qual a diferença entre essas pessoas e as que tendem à espiritualidade?
Resposta — Se uma pessoa é dada a pensamentos de ordem espiritual, a tendência de usar a força sexual para a propagação é diminuta e aquela parte não usada para esse fim, poderá ser transmutada em força espiritual.
Pergunta — Essa ideia não é favorável ao celibato?
Resposta — O lniciado em certa estação de desenvolvimento faz o voto do celibato. Não é um voto de fácil admissão e nem pode ser adotado levianamente por alguém desejoso de desenvolvimento espiritual.
Pergunta — É uma orientação fácil para qualquer pessoa?
Resposta — Muitas pessoas ainda imaturas para vivência superior, ignorantemente ingressam numa vida de ascetismo. Essas são tão perigosas à comunidade e a si mesmas como o são os maníacos sexuais.
Pergunta — Sob qual ponto de vista esse aspecto natural deve ser considerado?
Resposta — Na presente estação da evolução humana a função sexual é o meio pelo qual os Espíritos poderão ganhar experiência. Uma vez que o renascimento depende da união sexual, consideremos o caso das pessoas que são muito prolíficas e que por isso são levadas ao ato sexual desordenadamente. Elas pertencem às classes inferiores. Assim há dificuldades para as entidades prestes a renascer encontrarem veículos adequados e ambientes propícios ao desenvolvimento de suas faculdades, de tal forma a beneficiarem a si mesmas e a humanidade. Sob outro aspecto os indivíduos de classes mais abastadas, que poderiam criar condições mais favoráveis ao renascimento, têm poucos filhos ou mesmo nenhum.
Pergunta — Isso é porque vivem uma vida de pureza?
Resposta — Infortunadamente, não. Trata-se de razões puramente egoísticas. Razões para uma maior gratificação sexual, sem um aumento da carga familiar. Dessa forma o ser humano vale-se de sua prerrogativa divina para levar a desordem na Natureza.
Pergunta — Como poderá afetar o Ego em período de renascimento?
Resposta — O Ego renascente deve aproveitar as oportunidades oferecidas algumas vezes em condições desfavoráveis. Outros que não podem assim proceder devem aguardar até que se lhes apresente ocasião favorável. Assim afetamos uns aos outros por meio das nossas ações e da mesma forma os pecados dos pais recaem sobre os filhos.
Pergunta — Poderá tal fato ser chamado de o Pecado imperdoável?
Resposta — Como o Espírito Santo é a energia criadora na natureza, a energia sexual é o seu reflexo no ser humano. Portanto o abuso desse poder é o pecado que não pode ser perdoado, mas deve ser resgatado por meio de uma deficiência a fim de nos conscientizar da santidade da força criadora.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/72 – Fraternidade Rosacruz SP)