Janeiro de 1914
Cristo disse: “Pelos seus frutos os conhecereis”[1]. Suponhamos que ervas daninhas pudessem falar. Acreditaríamos em suas pretensões se elas declarassem serem parreiras? Certamente não; nós procuraríamos os seus frutos. E, a menos que elas fossem capazes de produzirem uvas, os protestos delas – não importa quão vociferantemente os pudessem fazer – não nos causariam impressão. Nós somos suficientemente sensatos em assuntos materiais para nos precavermos contra decepções; então, por que não aplicamos o mesmo princípio para outros departamentos da vida? Por que não usar sempre o bom senso? Se assim fizéssemos, ninguém nos poderia impor os seus pontos de vista em assuntos espirituais, pois cada reino da natureza é governado por uma lei natural, e a analogia é a chave mestra para todos os mistérios e uma proteção contra as decepções.
A Bíblia nos ensina muito, mas muito claramente, que nós devemos testar e provar os espíritos e julgá-los de acordo[2]. Se fizermos isso, nunca seremos enganados por pretensos mestres; e salvaremos a nós mesmos, aos nossos familiares e aos conhecidos – inclusive da Fraternidade Rosacruz – de muita tristeza, muita angústia, muita dor e de muita ansiedade, inquietação e aflição.
Vamos, então, analisar a questão e vejamos o que temos o direito de esperar de quem pretende ser um mestre. Para isso, devemos, primeiramente, nos fazer a pergunta: “Qual é o propósito da existência no universo material?”. E podemos responder a essa pergunta dizendo que é a evolução da consciência. Durante o Período de Saturno, quando a nossa constituição era semelhante à dos minerais, a nossa consciência era como a de um médium expulso do seu corpo por Espírito de Controle em uma reunião se evoca espíritos desencarnados para se materializar, onde uma grande parte dos Éteres, que compõem o Corpo Vital, foi removida. Então, o Corpo Denso está em um transe muito profundo. No Período Solar, quando a nossa constituição era semelhante à das plantas, a nossa consciência permanecia como no estado de sono sem sonhos, no qual o Corpo de Desejos, a Mente e o Espírito estão do lado de fora, deixando o Corpo Denso e o Corpo Vital em um leito ou em um lugar dormindo. No Período Lunar, tivemos uma consciência pictórica, correspondente ao sono com sonhos, quando o Corpo de Desejos está apenas parcialmente removido do Corpo Denso e do Corpo Vital. Agora, aqui no Período Terrestre, a nossa consciência foi ampliada para abarcar objetos fora de nós próprios, mediante uma posição concêntrica de todos os nossos veículos, como acontece quando estamos acordados.
Durante o Período de Júpiter, os Globos sobre os quais progrediremos estarão situados de forma semelhante ao que estavam no Período Lunar. E a consciência pictórica interna que, então, possuiremos será exteriorizada, pois o Período de Júpiter está no arco ascendente desse Esquema de Evolução. Assim, em vez de ver as imagens dentro de nós mesmos, poderemos, quando falarmos, projetá-las sobre a consciência daqueles a quem nos dirigimos.
Por conseguinte, quando alguém se intitula um Mestre, ele deve ser capaz de fundamentar sua afirmação dessa maneira, pois os Mestres verdadeiros, os Irmãos Maiores, que estão agora preparando as condições de evolução que devem ser obtidas durante o Período de Júpiter, têm a consciência pertinente àquele Período. Portanto, eles são capazes, e sem esforço algum, de utilizar essa linguagem pictórica externa e, assim, imediatamente dão evidências claras de sua identidade. Somente eles são capazes de guiar outros com segurança. Aqueles que não se desenvolveram a tal ponto, mesmo que possam estar até iludidos a seu próprio respeito e até imbuídos de boas intenções, não são dignos de confiança, e não devemos lhes dar crédito. Esta é uma aferição absolutamente infalível; e as pretensões de quem não pode mostrar seus frutos não tem maior valor do que a erva daninha mencionada daninhas mencionadas no nosso parágrafo inicial.
Todos os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz possuem esse atributo; e eu confio que nenhum dos nossos Estudantes, no futuro, se deixará enganar em seguir exercícios ou passar por cerimônias planejadas por qualquer pessoa que não seja capaz de produzir o fruto, e evocar imagens vivas na consciência daqueles com quem ele fala.
(Carta nº 38 do livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: Mt 7:16
[2] N.T.: IJo 4:1
Resposta: Um médium é um Clarividente negativo ou involuntário e está sob o controle de um Espírito que se encontra no Mundo do Desejo. Ele ou ela corresponde à vítima de um hipnotizador no Mundo Físico. No caso do hipnotizador, ele é visto por sua vítima quando está em estado de vigília, enquanto o médium não vê o Espírito que o controla até que o médium tenha sido expulso do seu corpo. Então, o médium é revestido com seu Corpo de Desejos e, portanto, normalmente é incapaz de se lembrar das suas experiências vivenciadas.
Todas as suas experiências ocorrem enquanto o Corpo Denso estava em transe. É o Ego envolto pela Mente e pelo Corpo de Desejos que abandona o Corpo Denso, e a mesma separação ocorre também no sono normal sem sonhos, porém, com a diferença de que o Corpo Denso não é simplesmente abandonado na cama, mas o Espírito controlador, normalmente, entra no Corpo Denso do médium, tomando posse e usando-o a seu bel prazer, sendo muitas vezes em grande detrimento do médium. Pois, quando tal Espírito foi um bêbado ou um libertino durante a vida terrena, frequentemente, ele usará o corpo do médium para satisfazer seu desejo por bebida alcoólica ou por seus instintos inferiores e sensuais.
Nós não podemos impressionar as pessoas com toda a seriedade necessária de que esse Corpo Denso – o corpo físico – é nosso instrumento mais valioso, e que é um erro enorme abandoná-lo à mercê de um hipnotizador ou de um Espírito de controle. No caso dos médiuns, há um perigo ainda maior, pois às vezes não é um Ego humano comum que exerce o poder de controle, mas um Elemental que, normalmente, não pode atuar no Mundo Físico. Quando o médium, após a sua morte, entra no Mundo do Desejo, o Elemental já obteve tal poder sobre o Corpo de Desejos do médium que poderá roubar esse veículo do seu próprio dono. O Corpo de Desejos é o veículo em que se origina o incentivo para a ação e, portanto, quando um Ego é privado desse veículo, não há nada que o faça renascer aqui. O Elemental pode se apoderar desse Corpo de Desejos por milhões de anos e, assim, enquanto o resto da humanidade está progredindo, o infeliz Ego, privado do seu Corpo de Desejos, permanece inerte e estará distante de todos os seus semelhantes, até que esteja liberto da escravidão dessa entidade. Portanto, a mediunidade é o maior perigo para a alma que o autor conhece ou é capaz de conceber, exceto a prática da magia negra.
(Pergunta nº 120 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Resposta: Em primeiro lugar, obviamente que a grande maioria dos médiuns não percebem o perigo que há. Sobretudo, eles não estão conscientes do enorme perigo que os ameaça após a morte. O Corpo de Desejos poderá permanecer sob o comando do Espírito de Controle. Se tentassem frear a influência do Espírito de Controle, enquanto ainda estão aqui no corpo, notariam que essa entidade tem um controle extremamente forte sobre eles, controle esse que será muito difícil de se romper, e eles deveriam perceber que, naturalmente, quando chegar a morte e eles retornarem a este mundo aqui com esses Espíritos de Controle, o perigo ainda será maior.
O autor conheceu alguns casos em que os médiuns hesitaram e tentaram escapar das ciladas dos Espíritos de Controle, mas não conseguiram romper a forte influência dessas entidades. Eles ficaram desamparados e indefesos. Os médiuns procuraram o autor em busca de ajuda e lhe disseram que eram quase irresistivelmente compelidos por esses Espíritos de Controle a cometer suicídio e assassinato; esclareceram haver implorado e sugerido que esses Espíritos de Controle os deixassem em paz, mas foi em vão. Existem casos conhecidos, também, em que os Espíritos de Controle arrastaram impiedosamente suas vítimas para fora da cama no meio da noite, contra a vontade delas e as forçaram a ouvir suas importunações. Muito raramente se ouve dizer que demonstrem alguma misericórdia. Embora o autor tenha conhecido médiuns que adoeceram por causa de tal procedimento, somente soube de um caso em que a doença do médium induziu os Espíritos de Controle a ouvir seu apelo e deixá-lo em paz por alguns meses, enquanto ele se recuperava.
Assim se verá que a mediunidade, uma vez iniciada, não é mais uma questão de escolha dos médiuns; pois, eles perdem o poder de excluir os Espíritos que os controlam. Enquanto eles cumprem as ordens de seus obsessores, permanecendo dóceis, eles podem até não sentir nada; mas, deixe um deles tentar recuar, e ele (ou ela) logo sentirá o freio e a espora do obsessor, que os usará impiedosamente.
(Pergunta nº 130 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)