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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Qualidades do verdadeiro Aspirante Rosacruz

O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo promove a sua Individualidade, não a sua Personalidade. Sim, existe diferença entre o que busca promover a sua Individualidade, e o que vive na sua Personalidade. O verdadeiro Aspirante Rosacruz busca continuamente se ligar-se ao seu Cristo Interno – expressão da sua Individualidade – e se expressar superiormente em servir amorosa e desinteressadamente (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta deles e dele, que é a base da Fraternidade. É coerente, no sentido de que age segundo a consciência. Embora imperfeito ainda, cônscio das ciladas de sua natureza inferior (expressão da sua Personalidade), ele “ora e vigia” constantemente.

Ao contrário do que parece, a promoção da Individualidade, bem entendida, une e valoriza a Fraternidade, da mesma forma que cidadãos conscientes formam um povo e não massa.

Atende-se bem no que, sobre o assunto, escreveu Max Heindel, no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”, a obra básica da Filosofia Rosacruz: “O método de realização espiritual Rosacruz difere de outros sistemas num ponto especial: procura, desde o princípio, emancipar o discípulo de toda dependência dos outros, tornando-o confiante em si, no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e lutar em todas as condições. Somente aquele que for bem equilibrado, pode ajudar ao débil”.

Há um perigo de se interpretar mal essa independência. Julgamos, rigorosamente, como dependência externa, inclusive a que se pode ter a nossa Personalidade, que não faz parte real de nosso “Eu Superior”. Isto quer dizer que o verdadeiro Aspirante Rosacruz não procura mestres, guias, instrutores, ídolos, “preferidos”, “seguidores” externos; que em nossa Fraternidade não há estres ou instrutores, senão orientadores no reto sentido de quem procura ajudar cada Estudante Rosacruz a se ajudar, a se libertar, a se independer, a se confiar para ser um valioso servidor na obra de Cristo na Terra. Aquele que gosta de proteção não pode ser um Aspirante Rosacruz, um Estudante Rosacruz de fato. Aquele que vive buscando novos autores, novos livros, “novas tendências”, novos conferencistas ou oradores da vez e correndo de uma a outra conferência, exposições, “retiros”, encontros, simpósios, seminários de oradores ilustres ou da “moda”, que se empolga, que vive repetindo ideias alheias e, afinal de contas, continua sendo o mesmo indivíduo, não pode ser um Aspirante Rosacruz, um Estudante Rosacruz de fato.

Perscrute-se letra a letra, linha a linha, página a página, no “Conceito Rosacruz do Cosmos” e as demais obras de Max Heindel e veja-se que todas elas são libertadoras. Os Irmãos Maiores não gostam de dependências. Temos de gravar com letras de fogo em nossa consciência anestesiada pela escravidão do mundo, que somos “príncipes”, filhos de Deus, centelhas de seu Fogo, Espíritos feitos à Sua Imagem e Semelhança tendo dentro de nós todos os divinos atributos, latentes, à espera de desenvolvimento e potencialização. Somos criadores em formação, Cristos em desenvolvimento. “Não sabeis que sois templo do Altíssimo e o Espírito Santo habita em vós?” (ICor 3:16). “O Reino dos Céus está dentro de vós” (Lc 17:21). Ensinou-nos o próprio Cristo: “Aquilo que eu faço vós o fareis e obras maiores ainda” (Jo 14:12). São promessas bíblicas, são reconhecimento de nossa divindade em formação.

Mas para que essa Individualidade se forme harmoniosamente é necessário que se a oriente honestamente em humildade, em amor, em serviço, em entendimento. Não conhecemos outra Escola que o faça melhor, do que a Fraternidade Rosacruz! Ela não é obra de mestres terrenos, de literaturas rendadas, de promessas fantasiosas, de pretensas Iniciações. Os Irmãos Maiores que a ditaram, são elevados Iniciados, conhecidos por seus frutos. Ela é simples e profunda como a própria natureza; racional e lógica como a própria nudez simbólica da verdade. Ela reúne a que há de mais atual e conveniente às necessidades internas de cada um de nós, Egos ocidentais; é uma fase mais elevada do Cristianismo, aquilo que o Cristo ainda não podia ensinar em seu tempo, porque não podíamos suportar; é o alimento sólido do “adulto espiritual”.

Respeitamos o “leite das criancinhas”; a necessidade de dependência de muitas pessoas a outras; compreendemos a curiosidade dos que buscam coisas novas, porque se encantaram com as “vestes coloridas e não podem avaliar, ainda, a essência”. Mas a Escola Fraternidade Rosacruz se destina aos simples, aos essencialistas, aos sinceros, aos realizadores, aos servidores, aos humildes, aos corajosos que podem renunciar aos acenos do passado e “buscam alcançar o Reino dos Céus por assalto” (Lc 16:16), por seu próprio esforço e orientação esclarecida da Fraternidade. Não é uma dependência; é o reconhecimento de um método melhor, mais apropriado. O Irmão Maior leva em conta as possibilidades do verdadeiro Aspirante Rosacruz e, tendo já percorrido o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, previne os desvios retardantes e o prepara para vencer as dificuldades que defrontará.

A Escola Fraternidade Rosacruz (dizemos “de Max Heindel” só porque já andam deturpando o nome “Rosacruz”) é uma compilação atualizada de todos os mistérios antigos, conciliados com os mistérios Cristãos, de modo a dar a mentalidade inquiridora e dinâmica do povo ocidental, uma explicação lógica e simples do ser humano, do universo e de sua missão no mundo. Daí chamar-se “Escola Ocidental de Mistérios, preparatória para uma Nova Era – a de Aquário –, em que seus ensinamentos constituirão a futura Religião, o Cristianismo Esotérico”.

Compreende-se, então, que ela não pode ainda atrair grande número de pessoas, porque pressupõe qualidade, porque ensina primeiro a dar, a primeiro “buscar o Reino de Deus e Sua justiça”, e por mérito, como consequência natural o desenvolvimento interno lhe venha “como acréscimo”.

Essa é a Iniciação: um processo natural de desenvolvimento interno, como decorrência do mérito que se conquista pelo domínio de si mesmo e pelo serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) ao seu irmão e a sua irmã que estão no seu entorno, esquecendo os defeitos deles e focando exclusivamente na divina essência oculta deles e dele, que é a base da Fraternidade. O resto é fantasia.

A Fraternidade Rosacruz é desinteresseira e sincera, desmascara ilusões e artificialismo pela simples apresentação de seus princípios racionais.

O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo que nela se inspira e forma se liberta de sua natureza inferior e concomitantemente, de todas as dependências externas. Não mais se desilude porque não se ilude. Sabe que seus poderes internos serão proporcionais a capacidade moral que ele desenvolve, para usá-los retamente. Não fala de si como um Mestre ou Instrutor, não conta suas “experiências”, não exibe seus recursos curadores – porque sabe que atrás de tudo isso está a Personalidade a reclamar preço, glória, reputação, que o distinga dos demais.

O verdadeiro Aspirante à vida superior que é um Estudante Rosacruz ativo é autêntico, simples, humilde, e tudo refere a Deus dentro de si; é o que ocupa o último lugar e o que busca mais servir, sem pretensões ulteriores.

Quão necessário e oportuno se compreender isto para avançar no Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz!

(Publicado na Revista: Serviço Rosacruz – outubro/1965 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Método Rosacruz de Auxílio

Em realidade, a Escola Fraternidade Rosacruz não possui um método de auxílio propriamente, mas os seus Ensinamentos Rosacruzes nos conduzem a determinadas conclusões a esse respeito. E, como todos nós desejamos prestar a nossa contribuição nessa senda de luz e amor, será interessante conhecermos essas conclusões, para não nos afastarmos dos elevados Ensinamentos Rosacruzes dessa escola, que nos foram transmitidos pelos Irmãos Maiores, através do seu arauto, Max Heindel.

Sabemos que é sempre possível prestarmos o nosso auxílio, tanto direta, como indiretamente, podendo esse auxílio ser pessoal ou coletivo, por meio da entidade de que fazemos parte. Assim, não nos será difícil chegarmos ao ponto certo da questão, ou, pelo menos, ao que mais se aproxima do método mais puro, se formos nos orientar pelo exemplo de nossos Irmãos Maiores.

Nunca se ouviu notícia de que um Irmão Maior impusesse sua vontade arbitrariamente: pelo contrário, ele sempre procura prestar o seu auxílio discretamente, quase sempre de longe, nunca deixando de respeitar a liberdade de escolha de cada um de seus custodiados, e jamais interferindo na vontade deles!

Muitas vezes, mesmo, temos que chegar ao ponto de gritar por socorro em nossos corações, para que, só então, o Bom Amigo se manifeste, sem, contudo, esquecer a independência do trabalho de cada um. E só essa observação já nos dá uma ideia bem clara de como deve ser esse nosso trabalho na Fraternidade Rosacruz e no mundo. E, se esse exemplo não bastasse, teríamos ainda o apoio esclarecido de nosso lema: “Uma Mente pura, um Coração nobre, um Corpo são” que, bem observado, apresenta a chave da nossa posição espiritual em face do auxílio que devemos prestar ao próximo.

Quem possui, em verdade, um Coração terno, um Corpo isento de pecado e uma Mente sadia, objetiva, construtiva, apoiada numa vontade firme, terá forçosamente que chegar a certas conclusões na vida, muito próximas do Amor e da Verdade; estará, assim, em condições de compreender que não pode nem deve exercer qualquer coação, nem que seja para prestar auxílio a um necessitado. E, quando se fala em coação, deve-se esclarecer que o ato de pedir auxílio a uma segunda pessoa em favor de uma terceira, embora o pedido seja revestido da mais sincera piedade, não deixa de representar um ato de coação, por mais leve, mais subtil que seja.

Pode agora alguém dizer que esse tem sido o meio empregado por muitas entidades filantrópicas, com resultados positivos. Quanto a isso, não há contestação, mas, como estamos falando apoiados nos Ensinamentos Rosacruzes, temos que compreender o impulso que rege esse auxílio, de forma diferente da comum, de modo muito mais amplo e mais objetivo. Não esqueçamos que há muitos caminhos para alcançarmos o céu, e que o Caminho Rosacruz é uma escala direta ao topo da cruz, portanto não pode se apoiar em métodos que, embora satisfatórios em algum sentido, não correspondam ao ideal de liberdade, de amplitude individual que deve manter sempre vivo o Estudante Rosacruz, atualmente os mais elevados do mundo.

Assim, baseados nesses princípios de amor e de liberdade individual, podemos compreender que nunca, de modo nenhum, se deve solicitar auxílio pecuniário em prol de quem quer que seja, por mais necessitado que se nos pareça.

O método Rosacruz, sendo livre e amoroso, tende logicamente a respeitar a pessoa humana em toda a extensão, inclusive aquela a quem pretendemos incluir nas nossas solicitações.

O auxílio tem que ser sempre espontâneo para ser livre. É maravilhoso quando um irmão ou uma irmã, mais favorecido pelo destino, abre a sua bolsa espontânea e amorosamente, dando a muitos necessitados a oportunidade de serem ajudados; entretanto, não se deve esquecer que esse auxílio, tem de vir de sua própria bolsa, esteja ele em condições de prestá-lo ou o tenha feito à custa de seu próprio sacrifício, de sua própria vontade. Podemos sempre prestar o nosso auxílio e prestar a nossa cooperação em prol da Humanidade, por muitos meios, como dissemos acima, diretos ou indiretos, sem necessidade de atingir a liberdade alheia com solicitações que muitas vezes são respondidas com indisfarçável má vontade.

A dádiva, para ser verdadeira, terá que incluir o próprio dador. Temos que nos dar a nós mesmos, caso contrário nossa obra será vazia e fútil o nosso esforço. Se não possuirmos, nós mesmos, os meios para prestar algum auxílio material, seja de que proporções for, ainda assim, poderemos dar a nossa ajuda por meio de uma palavra amiga, de uma visita oportuna, uma oração piedosa, por meio de algum trabalho, tanto físico como intelectual, enfim de mil pequenas e grandes maneiras, que, se forem sinceras e dignas, cumprirão o mesmo objetivo de auxílio à Humanidade. O real auxílio está na sinceridade com que é feito, na humildade do propósito, sem intenção de engrandecimento próprio, na paciência de saber esperar, na conformidade com os percalços, na alegria de poder tomar-se um conduto divino de realização. Não é o tamanho da obra que realizamos que vai representar a justa medida do nosso entendimento espiritual, mas muito mais a amplitude amorosa do nosso gesto, qualquer que seja a extensão do auxílio.

O ideal é sempre puro e simples, modesto e paciente, e, quando concretizado em atos, já veio trilhando caminhos de luz como resultado de uma realização interna. Eis por que, quando nos ocorrer algum desejo de realizações grandiosas (e todos a temos) convém pararmos um instante e meditar nos nossos reais propósitos de auxílio, pesando e medindo bem as nossas próprias possibilidades.

Por ser a Filosofia Rosacruz realmente uma das mais elevadas do mundo, nem sempre tem sido bem compreendida e aceitada pela mentalidade humana. A tendência natural do indivíduo comum é limitar-se ao seu próprio mundo de vaidade e egoísmo, e o Estudante Rosacruz, mais esclarecido do que o vulgo, tem o dever de furtar-se a esse perigo que muitas vezes surge engalanado dos mais sutis revestimentos. Eis por que é sempre bom lembrarmo-nos da nossa posição espiritual em relação aos nossos desejos de auxílio e de cooperação, nunca esquecendo, a exemplo dos Irmãos Maiores, a liberdade de cada um e a amplitude amorosa de ter, no respeito, tanto em relação a dignidade da pessoa humana, como à consideração do ser espiritual, nosso irmão e nossa irmã em Cristo.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1967-Fraternidade Rosacruz-SP)

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