TERCEIRA PARTE – FUTURO DESENVOLVIMENTO E INICIAÇÃO DO SER HUMANO 353
CAPÍTULO XV – Cristo e Sua Missão
Não a Paz, mas uma Espada
O Coração, uma Anomalia
O Mistério do Gólgota
CAPÍTULO XVI – Desenvolvimento Futuro e A Iniciação
Os Sete Dias da Criação
Espirais dentro de Espirais
Alquimia e Crescimento da Alma
A Palavra Criadora
Capítulo XVII – Método para Adquirir o Conhecimento Direto
Os Primeiros Passos
Métodos Ocidentais para os Ocidentais
A Ciência da Nutrição
A Lei da Assimilação
Vivei e Deixai viver
A Oração do Senhor
O Voto de Celibato
O Corpo Pituitário e a Glândula Pineal
Treinamento Esotérico
Como os Veículos Internos são construídos
CAPÍTULO XVIII – A Constituição da Terra e Erupções Vulcânicas
O Número da Besta
CAPÍTULO XIX – CHRISTIAN ROSENKREUZ E A ORDEM DOS ROSACRUZES
Antigas Verdades em Novas Roupagens
A Fraternidade Rosacruz
O Simbolismo da Rosacruz
Exercícios Noturno e Matinal Efetuados Pelo Aspirante Rosacruz
EPÍLOGO – O Poder de Cura Definitiva
CAPÍTULO XV – Cristo e Sua Missão
Diagrama – Os Sete Dias da Criação
As duas partes anteriores desta obra familiarizaram-nos com o plano pelo qual o atual mundo externo veio à existência e o ser humano desenvolveu o complicado organismo que o relaciona com as condições exteriores. Em parte, também estudamos a Religião da Raça Judaica.
Consideremos, agora, a maior e divina medida tomada para salvação da humanidade, o Cristianismo, a Religião Universal do futuro.
É um fato notável que o ser humano e suas religiões têm evoluído paralelamente, em estágios iguais. A religião mais primitiva de qualquer raça é tão selvagem como o povo por ela governado. Conforme o povo se civiliza, a religião torna-se mais humana, harmoniza-se com mais elevados ideais.
Disto, os materialistas deduziram que a religião nunca teve uma origem superior ao próprio ser humano. As investigações históricas das eras primitivas deram-lhes a convicção de que o progresso do ser humano “civiliza” seu Deus e o modela à própria imagem.
É um raciocínio defeituoso. Não considera que o ser humano não é um Corpo, mas um espírito interno, um Ego que utiliza o Corpo com crescente facilidade conforme evolui.
Não há dúvida alguma: a lei para o Corpo é a “sobrevivência do mais apto”. Contudo, para o Espírito a lei de evolução pede “Sacrifício”. Enquanto o ser humano acreditar que a “força é um direito”, a Forma prosperará, far-se-á forte, e derrubará todos os obstáculos sem a menor consideração pelos demais. Se o Corpo fosse tudo, tal maneira de viver seria a única possível. Além disso, incapaz de sentir a menor consideração pelos outros, resistiria pela força a qualquer tentativa de usurpação do que considerasse seus direitos: o direito do mais forte, o único tipo de justiça condizente com a lei da “sobrevivência dos mais aptos”. Para coisa alguma teria em conta os demais. Seria absolutamente insensível a qualquer força externa que tentasse levá-lo a executar um ato contrário à satisfação de um momentâneo prazer.
É claro e manifesto: quando o ser humano se inclina para uma diretriz de conduta mais elevada no trato com os demais, o impulso deve vir de dentro, de uma fonte não idêntica à do Corpo. Do contrário não lutaria contra este, para fazer prevalecer esse impulso sobre os interesses mais óbvios do Corpo. Além disso, essa força tem que ser mais forte que a do Corpo, para triunfar e sobrepor-se aos desejos, impelindo ao sacrifício em benefício dos fisicamente mais débeis.
Que tal força existe ninguém poderá negar. E chegou a tal estado de desenvolvimento que, em vez de considerarmos a debilidade física um meio de tornar a vítima presa fácil e proveitosa, reconhecemos nessa mesma debilidade uma boa razão para proteger o débil. O egoísmo vai sendo corroído lenta mais seguramente pelo Altruísmo.
A Natureza é muito segura na realização dos seus propósitos. O processo é lento, mas o progresso é ordenado e certo. Como um fermento, essa força Altruística está trabalhando no peito de todos os seres humanos. Transforma o selvagem em civilizado e, com o decorrer do tempo, o transformará num Deus.
Por meios materiais não se pode compreender perfeitamente o que é verdadeiramente espiritual, mas uma ilustração facilitará esse entendimento.
Quando fazemos vibrar um de dois diapasões afinados exatamente no mesmo tom, o som induzirá a mesma vibração no outro. Esse vibrará fracamente, a princípio, mas continuando a golpear o primeiro, o segundo diapasão emitirá um som cada vez mais alto, até atingir um volume de som igual ao primeiro. Isto ocorre mesmo com os diapasões a vários pés de distância. Ainda que um deles esteja encerrado numa caixa de cristal, o som penetra através do vidro e faz o instrumento emitir um som igual.
As invisíveis vibrações sonoras têm grande poder sobre a matéria concreta. Podem destruir ou criar. Se colocarmos uma pequena quantidade de pó finíssimo sobre a placa de cristal plana e passarmos um arco de violino pela borda da placa, as vibrações produzidas farão o pó assumir belas formas geométricas. A voz humana também é capaz de produzir tais figuras, e sempre a mesma figura para o mesmo som.
Toquemos uma nota depois de outra em um instrumento musical, um piano, por exemplo, ou preferivelmente, um violino, em que se obtêm mais gradações de sons. Encontra-se um som que produz no ouvinte uma vibração clara e distinta na parte inferior da cabeça. Toda vez que se toque a nota, sente-se nesse lugar a mesma vibração. Essa nota ou som é a “nota-chave” da pessoa a quem afeta. Se for tocada lenta e suavemente, descansa e repousa o Corpo, tonifica os nervos e restaura a saúde. Se, ao contrário, é tocada alto e longamente, matará a pessoa tão certamente quanto uma bala de uma pistola.
Recordemos o que acabamos de dizer sobre a música e o som, e relacionemo-lo com o problema do despertamento e fortalecimento da força interna do Altruísmo. Talvez possamos compreender melhor o assunto.
Em primeiro lugar, note: os dois diapasões estavam afinados no mesmo tom. Não fora assim, poderíamos golpear um deles até rompê-lo que o outro permaneceria mudo. Fixemos isto claramente: a vibração pode ser induzida em outro diapasão, mas só por um do mesmo tom. De modo semelhante, qualquer coisa ou ser só pode ser afetado, como foi dito, pela nota-chave que lhe é particular.
Sabemos que aquela força altruística existe; sabemos que tem menor expressão num povo pouco civilizado do que num de elevado padrão social; e que falta quase totalmente nas raças inferiores. Logicamente, conclui-se que em tempo recuado, faltava por completo. Desta conclusão surge a pergunta: que ou quem a induziu?
Sem dúvida, a personalidade material nada tem a ver com ela. Essa parte da natureza humana sente-se até mais à vontade sem a despertada força altruística. Logo, o ser humano devia possuir latente essa força do Altruísmo, dentro de si. De outra maneira não a poderia ter despertado. Ainda mais, deve ter sido despertada por uma força da mesma espécie – uma força similar que já estivesse ativa – tal como a do primeiro diapasão que, “depois” que foi tocado, induziu a vibração no segundo.
Além disso, as vibrações do segundo diapasão tornavam-se cada vez mais fortes sob os contínuos golpes dados no primeiro, e a caixa de cristal que encerrava o segundo não era obstáculo algum à indução do som. Assim também, sob a continuidade do impacto do amor de Deus, dentro do ser humano, se desperta e aumenta a potência da força de igual natureza, o Altruísmo.
Portanto, é razoável e lógico admitir que, primeiramente, foi necessário dar ao ser humano uma religião apropriada à sua ignorância. Teria sido inútil ter-lhe falado, nesse estado, de um Deus todo amor e ternura. Consideraria esses atributos uma debilidade. Não se poderia esperar que reverenciasse um Deus possuidor de qualidades para ele desprezíveis. O Deus a quem reverenciaria seria um Deus forte, um Deus temível, um Deus que tivesse o raio, o trovão e o poder para fulminar.
Primeiramente, o ser humano viu-se impelido a temer a Deus. Para seu próprio bem espiritual, foram-lhe dadas religiões que tinham como base o látego do temor.
Depois, em segundo grau, ele foi induzido a certa classe de desinteresse que o coagiu a dar parte dos seus melhores bens como sacrifício. Isto foi conseguido pelo Deus de Raça ou Tribo, um Deus zeloso que exigia a mais estrita reverência e obediência, além do sacrifício dos bens que o ser humano ciosamente apreciava. Contudo, esse Deus de Raça era um amigo todo poderoso, ajudava os seres humanos em suas batalhas, e devolvia-lhes multiplicados os carneiros e cereais que lhe eram sacrificados. O ser humano não chegara ainda ao estado de compreender que todas as criaturas são semelhantes, mas o Deus de Tribo ensinou-lhe a tratar benevolamente seus irmãos de tribo e a fazer leis equitativas e amplas para os seres humanos da mesma raça.
Não imaginemos que estes progressivos passos do ser humano primitivo foram dados facilmente, sem rebeliões ou desobediências. Deve ter havido muitos fracassos e retrocessos sabendo como, até nossos dias, o egoísmo está enraizado na natureza inferior.
Na Bíblia judaica podemos encontrar bons exemplos de como o ser humano se esqueceu dos seus deveres e de como o Espírito de Tribo o encaminhou, persistentemente, uma e outra vez. Só os extensos sofrimentos ditados pelo Espírito de Raça é que foram suficientemente capazes de encaminhá-lo dentro da lei, essa lei que tão poucas pessoas aprenderam a conhecer e a obedecer.
Avançados há que necessitam de algo mais elevado. Quando são suficientemente numerosos, a evolução dá um novo passo. A evolução apresenta gradações diversas. Em certo tempo dos últimos dois mil anos, os mais avançados da humanidade estavam aptos para mais um esforço e aprender a viver bem a vida, dentro de uma religião que assegurasse uma recompensa futura, um estado de existência em que deviam ter fé.
Foi um grande e trabalhoso passo. Era fácil levar uma ovelha ou novilho ao templo e oferecê-lo em sacrifício. Ao levar os primeiros frutos de suas colheitas, de suas vinhas, de suas hortas, sabia que teria ainda mais e que o Deus da Tribo voltaria a encher seus depósitos abundantemente. Agora, nesse novo passo, já não era questão de sacrificar os bens. Pediu-se que ele próprio se sacrificasse. Não num único supremo sacrifício, como o de um mártir, o que teria sido comparativamente fácil, mas que, dia a dia, de manhã à noite, agisse misericordiosamente com todos. Devia desprender-se do egoísmo e amar o próximo, como tinha amado a si mesmo. Outrossim, não lhe era prometida nenhuma recompensa visível e imediata, devia ter fé numa felicidade futura.
Será de admirar que o povo ache difícil realizar esse elevado ideal de agir bem continuamente? É coisa duplamente difícil porque exige que se relegue completamente o próprio interesse, e pede-se a ele sacrifício sem positiva garantia de recompensa. É gratificante constatarmos a prática do altruísmo e quanto este, para dignificação da humanidade, vem aumentando. A sabedoria dos Líderes, conhecendo a fragilidade do ser humano, a tendência a unir-se com os instintos egoístas do Corpo e os perigos do desânimo diante de tal norma de conduta, deram outro impulso edificante, ao incorporarem na nova religião a doutrina do perdão dos pecados.
Esta doutrina é desprezada por alguns filósofos muito avançados que têm a Lei de Consequência como suprema lei. Se acaso o leitor está de acordo com eles, rogamos que aguarde a explicação que adiante se dará, demonstrando que ambas formam parte do esquema de melhoramento e aperfeiçoamento. Por agora, basta dizer que esta doutrina de reconciliação fornece, às almas fervorosas, força necessária para lutar, apesar dos repetidos fracassos, e para conseguir a subjugação da natureza inferior. Recordemos que, pelas razões já indicadas, ao falarmos das leis de Renascimento e Consequência, a humanidade ocidental nada conhecia praticamente dessas leis. Tendo diante de si um ideal tão grande como o de Cristo, e crendo não ter mais do que curto número de anos de vida para realizar tão elevado grau de desenvolvimento, não teria sido a maior crueldade imaginável deixar a humanidade sem essa ajuda? O grande sacrifício do Calvário, se bem que tenha servido para outros propósitos que serão indicados, converteu-se na Luz de Esperança para todas as almas fervorosas que estão se esforçando por realizar o impossível: efetuar numa única e curta vida a perfeição exigida pela Religião Cristã.
Para obter ligeiro vislumbre do grande Mistério do Gólgota e compreender a Missão de Cristo como fundador da Religião Universal do futuro, é necessário conhecer primeiramente a natureza exata dessa missão. Incidentalmente, conheceremos a natureza de Jeová, a cabeça das Religiões de Raça, como o Taoísmo, Budismo, Hinduísmo, Judaísmo, etc., e a identidade do “Pai”, a quem Cristo, em tempo próprio, entregará o Reino.
No credo cristão encontra-se esta sentença: “Jesus-Cristo, o unigênito Filho de Deus”. Para a generalidade dos seres humanos, estas palavras reportam-se a certa pessoa, aparecida na Palestina há uns dois mil anos, de Quem se fala como Jesus-Cristo, um indivíduo somente, “o unigênito Filho de Deus”.
É um grande erro. Nessa sentença é caracterizado três Seres bem distintos e diferentes. É da maior importância que o Estudante compreenda claramente a natureza exata desses três Grandes e Exaltados Seres, enormemente diferentes em glória, mas que merecem nossa mais profunda e devotada adoração.
Rogamos ao Estudante que observe o Diagrama 6. Notará que “O Único Gerado” (o “Verbo” de que fala São João) é o segundo aspecto do Ser Supremo.
Unicamente esse “Verbo” foi “engendrado por Seu Pai (o primeiro aspecto) antes de todos os Mundos”. “Sem Ele nada do que foi feito se fez”[1], nem mesmo o terceiro aspecto do Ser Supremo, que procede dos dois aspectos anteriores. Portanto, o “único engendrado” é o exaltado Ser que está além de todo o Universo, salvo unicamente o aspecto-Poder d’Aquele que O criou.
O primeiro aspecto do Ser Supremo concebe ou imagina o Universo antes do começo da manifestação ativa, incluindo os milhões de Sistemas Solares e as grandes Hierarquias que habitam os seis planos cósmicos de existência além do sétimo, o campo da nossa evolução (veja-se o Diagrama 6). Esta Força também dissolve tudo o que se tem cristalizado sem mais possibilidade de ulterior crescimento. Quando chega o final da manifestação ativa, ela reabsorve em Si mesma tudo que existe, até o alvorecer de outro novo Período de Manifestação.
O segundo aspecto do Ser Supremo manifesta-se na matéria como forças de atração e coesão, dando-lhe a capacidade de combinar-se em várias classes de formas. Esse é o Verbo, o “Fiat Criador”. Modela a Substância-Raiz-Cósmica primordial de modo semelhante ao que produz as figuras geométricas por meio de vibrações musicais, como antes se indicou o mesmo som originando sempre as mesmas figuras. Assim, o grande e primordial “Verbo” trouxe a existência, em sutilíssima matéria todos os diferentes mundos e suas miríades de formas que, desde esse tempo, foram copiadas e trabalhadas em pormenores pelas inúmeras Hierarquias Criadoras.
Entretanto, o “Verbo” não podia fazer isso antes do terceiro aspecto do Ser Supremo preparar e despertar do seu estado normal de inércia a Substância-Raiz-Cósmica, pondo os inumeráveis átomos inseparáveis a girar em seus eixos, colocando esses eixos em diferentes ângulos uns em relação aos outros, e dando a cada estrutura atômica diferente “grau de vibração”.
Os diferentes ângulos de inclinação dos eixos e as intensidades vibratórias permitem à Substância-Raiz-Cósmica formar diferentes combinações. Tais combinações constituem a base dos sete grandes Planos Cósmicos. Havendo diferentes inclinações dos eixos e diferentes intensidades vibratórias em cada um desses planos, as condições e combinações de cada um dos planos são diferentes das de qualquer outro, em consequência da atividade do “Único Engendrado”.
Segundo o Diagrama 14:
Diagrama 14 – O Pai, o Filho e o Espírito Santo
O “Pai” é o mais elevado Iniciado da humanidade do Período de Saturno. À humanidade ordinária daquele Período pertenciam os que são agora os Senhores da Mente.
O “Filho” (Cristo) é o mais elevado Iniciado do Período Solar. A humanidade comum desse Período pertencia os que são agora os Arcanjos.
O “Espírito Santo” (Jeová) é o mais elevado Iniciado do Período Lunar. À humanidade comum desse Período pertenciam os que são agora os Anjos.
Esse Diagrama 14 mostra também quais eram os veículos dessas diferentes ordens de Seres. Comparando com o Diagrama 8, ver-se-á que seus Corpos ou veículos (indicados por retângulos em negro no Diagrama 14) correspondem aos Globos do Período em que foram humanos. É sempre assim, pelo menos no relativo às humanidades ordinárias. Ao fim do Período em que uma onda de vida se individualiza em seres humanos, esses seres retêm Corpos correspondentes aos Globos nos quais funcionaram.
Por outra parte, os Iniciados desenvolvem veículos superiores, para eles mesmos. Deixam de usar os veículos inferiores quando obtém a capacidade de empregar um veículo novo e superior. Ordinariamente, o veículo inferior de um Arcanjo é o Corpo de Desejos. Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, emprega geralmente o Espírito de Vida como veículo inferior. Funciona tão conscientemente no Mundo do Espírito de Vida como nós no Mundo Físico. Rogamos ao Estudante que note de modo particular esse ponto porque o Mundo do Espírito de Vida é o primeiro Mundo Universal, conforme explicamos no primeiro capítulo, sobre os Mundos. Nesse mundo cessa a diferenciação e começa a manifestar-se a unidade, pelo menos quanto ao nosso Sistema Solar.
Cristo tem o poder de construir e funcionar num veículo tão inferior como o Corpo de Desejos, o veículo usado pelos Arcanjos, mas não pode descer mais. O significado disso será agora examinado.
Jesus pertence à nossa humanidade. Estudando o ser humano Jesus na Memória da Natureza, podemos segui-lo em suas vidas anteriores. Nelas viveu sob diversas circunstâncias, sob vários nomes, em diferentes encarnações, do mesmo modo que outro qualquer ser humano. Isto não sucede com o Ser Cristo. No Seu caso só pode encontrar-se uma única encarnação.
Todavia, não se imagine que Jesus tenha sido um indivíduo comum. Era de Mente singularmente pura, muito superior à grande maioria da nossa presente humanidade. Esteve percorrendo o Caminho da Santidade através de muitas vidas, preparando-se para a maior honra que poderia ter recebido um ser humano.
Sua mãe, a Virgem Maria, possuía, também, a mais elevada pureza humana, por isso foi escolhida para ser a mãe de Jesus. O pai, José, era um elevado Iniciado, capaz de realizar o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou paixão pessoal.
Em consequência, o formoso, puro e amoroso espírito conhecido pelo nome de Jesus de Nazaré veio ao mundo num Corpo puro e sem paixões. Esse Corpo era o melhor, o mais perfeito que se podia produzir na Terra. A tarefa de Jesus, nesta encarnação, era cuidar e desenvolver o seu Corpo até o maior grau de eficiência possível para o grande propósito a que devia servir.
Jesus de Nazaré nasceu mais ou menos no tempo indicado pela História, e não no ano 105 antes de Cristo, conforme indicam algumas obras ocultistas. O nome Jesus era comum no Oriente. Um iniciado chamado Jesus viveu no ano 105 A.C. e obteve a Iniciação egípcia. Não foi Jesus de Nazaré, com quem estamos a relacionar-nos.
O indivíduo que mais tarde se encarnou sob o nome de Christian Rosenkreuz, já estava em grau de evolução muito elevado quando nasceu Jesus de Nazaré. Está encarnado, atualmente. Seu testemunho, assim como o resultado das investigações diretas de outros Rosacruzes, concorda em que o nascimento de Jesus de Nazaré teve lugar no princípio da Era Cristã, na data que geralmente se atribui.
Jesus foi educado pelos Essênios e alcançou um elevado grau de desenvolvimento espiritual durante os trinta anos de uso do seu Corpo.
Podemos dizer, num parêntese, que os Essênios constituíam uma terceira seita na Palestina, além das duas mencionadas no Novo Testamento, os Fariseus e os Saduceus. Os Essênios formavam uma ordem extremamente devota, muito diferente da dos materialistas saduceus e completamente oposta aos hipócritas e vaidosos fariseus. Evitavam toda menção de si e de seus métodos de estudo e de adoração. Esse particular explica por que nada se sabe deles nem são mencionados no Novo Testamento.
É lei do Cosmos: por mais elevado que seja nenhum ser pode funcionar em qualquer mundo sem um veículo construído do material desse mundo (Ver os Diagramas 8 e 14). Por esse motivo, o Corpo de Desejos era o veículo mais baixo do grupo de espíritos que alcançaram o estado humano no Período Solar.
Cristo, um desses espíritos, era incapaz de construir para Si um Corpo Vital e um Corpo Denso. Podia ter trabalhado sobre a humanidade com um Corpo de Desejos, do modo que fizeram como Espíritos de Raça, seus irmãos mais jovens, os Arcanjos. Jeová Lhe teria aberto o caminho para entrar no Corpo Denso do ser humano. Todas as Religiões de Raça foram religiões de leis, originadoras do pecado como consequência da desobediência a essas leis. Tais religiões estavam sob a direção de Jeová que, tendo por veículo inferior o Espírito Humano, está correlacionado ao Mundo do Pensamento Abstrato, onde se origina o separatismo, conducente ao benefício próprio. A unidade era impossível. Precisamente por esta razão, foi necessária a intervenção de Cristo que possuía como veículo inferior o unificante Espírito de Vida. Por esse motivo, devia aparecer como um ser humano entre os seres humanos. Devia entrar num Corpo humano denso, porque unicamente de dentro é possível conquistar a Religião de Raça, que afeta o ser humano de fora.
Cristo não podia nascer num Corpo Denso. Não tendo nunca passado por uma evolução semelhante à do Período Terrestre, teria de adquirir, primeiramente, a capacidade de construir um Corpo Denso como o nosso. Porém, ainda que tivesse essa capacidade, seria inconveniente para um Ser tão elevado empregar energia na construção do Corpo durante a vida pré-natal, a infância, a juventude, e levá-lo até a maturidade indispensável.
Ele deixara de empregar ordinariamente o Espírito Humano, o Corpo Mental e o de Desejos, embora tivesse aprendido a construí-los no Período Solar e retivesse a capacidade de construí-los e de neles funcionar quando fosse necessário.
Cristo usou todos esses veículos próprios e só tomou de Jesus os Corpos Vital e Denso. Quando Jesus atingiu trinta anos de idade, Cristo penetrou nesses Corpos e empregou-os até o final de Sua Missão, no Gólgota. Depois da destruição do Corpo Denso, Cristo apareceu entre os discípulos em Corpo Vital, no qual funcionou ainda durante algum tempo. O Corpo Vital é o veículo que Ele empregará quando aparecer novamente. Nunca tomará outro Corpo Denso.
Com isto se relaciona o objetivo de todo treinamento esotérico, de que falaremos mais tarde, que é trabalhar sobre o Corpo Vital, para construir o Espírito de Vida e acelerar seu desenvolvimento. Quando tratarmos da Iniciação, será possível dar outros pormenores. Agora não é possível dizer mais sobre o assunto. Esse ponto já foi parcialmente tratado ao descrever os acontecimentos relativos à existência pós-morte. Rogamos ao Estudante tenha em conta o seguinte: supõe-se que o ser humano, antes de entrar no esoterismo, já deve ter conquistado em grande extensão o seu Corpo de Desejos. O treinamento esotérico e as primeiras Iniciações são destinados a preparar o Corpo Vital, a fim de ser organizado o Espírito de Vida. Jesus, quando Cristo tomou o seu Corpo, era um discípulo de grau elevado e, por conseguinte, seu Espírito de Vida estava em organizado. Vemos, portanto, que o veículo inferior em que funcionou Cristo e o melhor organizado dos veículos superiores de Jesus eram idênticos. Cristo, ao tomar os Corpo Vital e Denso de Jesus, encontrou-se com uma série completa de veículos, desde o Mundo do Espírito de Vida até o Mundo Físico.
Jesus já alcançara as mais elevadas vibrações do Espírito de Vida e passou por várias Iniciações para obter o necessário efeito sobre o Corpo Vital. O Corpo Vital de um ser humano comum ter-se-ia paralisado instantaneamente sob as intensíssimas vibrações do Grande Espírito que entrou no Corpo de Jesus. Até esse Corpo, puríssimo e ultrassensível como era, não podia suportar durante muitos anos os tremendos impactos vibratórios d’Aquele. Quando lemos que, em certa ocasião, Cristo se afastava dos seus discípulos, ou caminhava sobre o mar em sua procura, o esoterista sabe que Cristo tinha abandonado momentaneamente os veículos de Jesus para dar-lhes descanso, deixando-os ao cuidado dos Irmãos Essênios que, melhor que Cristo, sabia como deviam cuidar de tais veículos.
Esta cessão foi consumada com pleno e livre consentimento de Jesus. Ele soube que, durante a encarnação inteira, estava preparando um veículo para Cristo. Submeteu-se alegremente, para que o desenvolvimento da humanidade pudesse receber o gigantesco impulso que lhe foi dado pelo misterioso sacrifício do Gólgota.
Como se vê no Diagrama 14, Cristo Jesus possuía os doze veículos que formam uma ininterrupta cadeia desde o Mundo Físico até o próprio Trono de Deus. Portanto, Ele é o único Ser do Universo que está em contato, ao mesmo tempo, com Deus e com o ser humano. É capaz desta mediação porque experimentou, pessoal e individualmente, todas as condições e conhece todas as limitações incidentais à existência física.
Cristo é único entre todos os Seres dos sete Mundos. Unicamente Ele possui os doze veículos. Ninguém, a não ser Ele, é capaz de sentir tão elevada compaixão e compreender tão amplamente a situação e as carências da humanidade. Ninguém, só Ele, está qualificado para trazer o remédio que satisfaça todas as nossas necessidades.
Assim, ficamos conhecendo a natureza de Cristo, o Iniciado mais elevado do Período Solar, que tomou os Corpo Vital e Denso de Jesus para poder funcionar diretamente no Mundo Físico e aparecer como um ser humano entre os seres humanos. Se o seu aparecimento se desse de maneira milagrosa, estaria em desacordo com o plano evolutivo porque, ao final da Época Atlante, a humanidade obteve a liberdade de agir bem ou mal. Para aprender a dominar-se não podia ser empregada sobre ela nenhuma coação. Devia conhecer o bem e o mal por meio da experiência. Antes desse tempo, os seres humanos tinham sido conduzidos, voluntariamente ou não, mas, depois se deu a eles liberdade, sob diferentes Religiões de Raça, cada uma delas adaptada às necessidades de cada Tribo ou Nação.
Todas as Religiões de Raça são do Espírito Santo. Baseadas na lei são insuficientes, porque produzem o pecado e acarretam a morte, a dor e a tristeza.
Todos os Espíritos de Raça sabem disso e compreendem que suas religiões são, tão somente, passos necessários para atingir algo melhor. Todas as Religiões de Raça, sem exceção, indicam Alguém que virá, o que demonstra a assertiva anterior. A religião dos persas indica a Mithras; a dos Caldeus, a Tammuz. Os antigos deuses do norte previam a aproximação da “Luz dos Deuses”, quando Surt, o brilhante Sol-Espiritual viesse substituí-los e uma nova e mais formosa ordem se estabelecesse em “Gimle”, a Terra regenerada.
Os egípcios esperavam a Horus, o Sol recém-nascido. Mithras e Tammuz são também simbolizados como órbitas solares e todos os templos principais eram construídos com frente para Leste, para que os raios do Sol nascente pudessem brilhar diretamente através das portas abertas. O templo de São Pedro, em Roma, foi assim edificado. Todos estes fatos demonstram que, geralmente, era sabido que Aquele que viria seria um Sol Espiritual, para salvar a humanidade das influências separatistas das Religiões de Raça.
Essas religiões foram os passos necessários à humanidade a fim de prepará-la para a vinda de Cristo. O ser humano deve primeiramente cultivar um “eu”, antes de poder ser desinteressado e compreender o aspecto superior da Fraternidade Universal, que exprime unidade de propósitos e interesses. Cristo lançou as primeiras bases da Fraternidade Universal em sua primeira vinda. Tal Fraternidade será coisa verdadeiramente realizada quando Ele voltar.
Como o princípio fundamental de toda Religião de Raça é a separação, que indica o engrandecimento próprio a expensas de outros seres humanos e nações, é evidente que, levado às suas últimas consequências, esse princípio teria necessariamente uma tendência destrutiva e frustraria a evolução, a menos que a Religião de Raça fosse substituída por uma religião mais construtiva.
As religiões separatistas do Espírito Santo devem dar lugar à unificante religião do Filho, a Religião Cristã.
A lei deve ceder lugar ao Amor, e as raças e nações separadas devem unir-se numa Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmão Maior.
A Religião Cristã não teve ainda o tempo necessário para realizar esse grande objetivo. Até agora o ser humano está sob a influência do dominante Espírito de Raça. Os ideais do Cristianismo ainda são demasiado elevados para ele. O intelecto pode ver nesses ideais algumas belezas e facilmente admite que devemos amar os nossos inimigos, mas as paixões do Corpo de Desejos permanecem demasiado fortes. Sendo a lei do Espírito de Raça “olho por olho”, o sentimento afirma: “hei de me vingar”. O coração pede Amor, mas o Corpo de Desejos anseia por vingança. O intelecto vê, em abstrato, a beleza de amar os nossos inimigos, mas nos casos concretos, alia-se aos sentimentos vingativos do Corpo de Desejos com a desculpa de fazer justiça, porque “o organismo social deve ser protegido”.
É motivo de satisfação, não obstante, que a sociedade sinta desejo de criticar os métodos empregados. Os métodos corretivos e a misericórdia vão-se tornando cada vez mais preponderantes na administração das leis, como demonstrou a favorável acolhida feita a essa instituição moderna, os Tribunais para Menores. Podemos notar outras manifestações desta tendência na frequência com que são suspensas as sentenças e deixados à prova prisioneiros convictos, e no espírito da humanidade que nos tempos atuais se usa para com os prisioneiros de guerra. É a vanguarda do sentimento de Fraternidade Universal que está fazendo sentir sua lenta, mas segura influência.
Embora o mundo esteja progredindo e, por exemplo, tenha sido fácil ao autor assegurar boa assistência às conferências feitas em diversas cidades que visitou (havendo jornais que lhe dedicou páginas inteiras e até primeiras páginas) enquanto se limitou a falar dos mundos superiores e dos estados pós-morte, pôde comprovar que tão logo era abordado o tema da Fraternidade Universal, seus artigos passavam sempre para o cesto de papéis.
Em geral, o mundo não gosta de considerar coisas que julga “demasiado” altruísta. Deve haver uma razão para isso. Não considera norma de conduta natural a que não ofereça uma oportunidade de “conseguir alguma coisa dos seus semelhantes”. As empresas comerciais são planejadas e conduzidas segundo esse princípio. Ante a Mente desses que estão escravizados ao desejo de acumular riquezas inúteis, a ideia da Fraternidade Universal evoca as terríveis visões da abolição do capitalismo e sua inevitável consequência, a exploração dos demais, e enfim, o fatal naufrágio dos “interesses de negócios”. A palavra “escravizados” descreve exatamente a condição. De acordo com a Bíblia, o ser humano deveria ter domínio sobre o mundo, mas na grande maioria dos casos, o inverso é a verdade: o mundo é que tem domínio sobre o ser humano. Cada ser humano que tenha interesses próprios admitirá, em momentos de lucidez, que as posses constituem uma fonte inesgotável de aborrecimentos, que se vê constantemente obrigado a traçar planos para conservar seus bens, ou pelo menos cuidar deles para evitar perdê-los, pois sabe “por dura experiência” que os outros estão sempre procurando tomá-los. O ser humano é escravo de tudo aquilo que, por inconsciente ironia, chama de “minhas posses” quando, em realidade, são elas que o possuem. Bem disse o Sábio de Concord[2]: “São as coisas que vão montadas e cavalgam sobre a humanidade”.
Esse estado resulta das Religiões de Raça e seus sistemas de leis; por isso, todas elas assinalam “Aquele que deve vir”. A Religião Cristã é a única que não espera Aquele que deve vir, mas sim Aquele que deve voltar. Sua volta se fará quando a Igreja se liberte do Estado. A Igreja, especialmente na Europa, está atrelada ao carro do Estado. Os ministros de Igreja encontram-se coibidos por considerações econômicas, não se atrevem a proclamar as verdades que seus estudos lhes têm revelado.
Recentemente, um viajante assistiu, em uma igreja de Copenhague (Dinamarca), a uma cerimônia de confirmação. Naquele país, a Igreja está sob o domínio do Estado e todos os seus ministros estão sob o poder temporal. Os fiéis nada têm a dizer sobre o assunto. Podem frequentar a igreja ou não, como queiram, mas são obrigados a pagar as taxas que sustentam a instituição.
Além de efetuar os ofícios sob a direção do Estado, o pastor da igreja visitada era condecorado com várias ordens conferidas pelo rei. O brilho das faixas oficiais era um silencioso, mas eloquente testemunho da grande escravidão a que está submetida a Igreja pelo Estado. Durante a cerimônia, o pastor rogou pelo rei e pelos legisladores, para que estes pudessem reger o país sabiamente.
Enquanto existirem reis e legisladores, essa oração será muito apropriada, mas foi muito chocante ouvi-lo exclamar ao final: “…e, o Todo-Poderoso Deus protege e fortifica nosso exército e armada”.
Uma oração semelhante só demonstra claramente que o Deus adorado é o Deus da Tribo ou Nacional, o Espírito de Raça. O último ato de Cristo Jesus foi arrancar a espada das mãos do amigo que queria protegê-lo, todavia, Ele disse que não tinha vindo para trazer a paz, mas uma espada. Disse-o porque previa os mares de sangue que as nações “cristãs” militantes provocariam, em consequência da má interpretação dos seus ensinamentos. Seus elevados ideais não podiam ser imediatamente alcançados pela humanidade. São terríveis os assassínios nas guerras e outras atrocidades semelhantes, mas são também potentes ilustrações daquilo que o amor há de abolir.
É aparente a contradição entre as palavras de Cristo Jesus (“Eu não venho trazer a paz, mas uma espada”[3]) e as palavras do cântico celestial que anunciava o nascimento de Jesus: “Paz na Terra, e boa vontade entre os homens”[4].
É a mesma contradição aparente que existe entre as palavras e os atos de uma mulher que diz: “vou limpar toda a casa e arrumá-la”. E começa a tirar os tapetes, a empilhar as cadeiras, etc., produzindo uma desordem geral na casa anteriormente em ordem. Quem observasse unicamente esse aspecto, poderia exclamar justificadamente: “está pondo as coisas piores do que antes”. Contudo, quando compreender o propósito do trabalho, compreenderá também a momentânea desordem, sabendo que a casa ficará, depois, em melhores condições.
Analogamente, devemos ter presente que o tempo transcorrido desde a vinda de Cristo Jesus não é mais do que um momento, quando comparado com um só Dia de Manifestação. Aprendemos a conhecer, como Whitman[5], “a amplitude do tempo”, e a olhar além das passadas e presentes crueldades e dos zelos das seitas em guerra, a caminho da Fraternidade Universal. Essa marcará o grande novo passo do progresso humano em sua larga e gloriosa jornada desde o barro até Deus, desde o protoplasma até a consciente unidade com o Pai, esse
… distante e divino acontecimento,
para o qual se move a criação inteira.
O pastor anteriormente mencionado, ao receber os fiéis na igreja disse-lhes, durante a cerimônia, que Jesus-Cristo era um indivíduo composto: Jesus era a parte humana mortal, enquanto Cristo era o Espírito imortal e divino. Se o assunto fosse discutido, cremos, ele não sustentaria a afirmação, apesar de ter anunciado um fato oculto.
A unificante influência de Cristo foi simbolizada na formosa lenda da adoração dos três reis magos ou “sábios do Oriente”, tão maravilhosamente descrita pelo General Lew Wallace[6], em sua encantadora história “Ben Hur”.
Os três sábios, Gaspar, Melchior e Baltazar, representam as raças branca, amarela e negra, e simbolizam os povos da Europa, Ásia e África guiados pela Estrela ao Salvador do Mundo, diante de Quem “todo joelho se dobraria”[7] e a Quem “toda língua louvaria”[8]. Aquele que uniria todas as nações debaixo da bandeira da Paz e da boa vontade. Aquele que levaria os seres humanos a “converter suas lanças em arados e suas espadas em foices”.
Diz-se que a Estrela de Belém apareceu ao nascer Jesus e guiou os três sábios para o Salvador.
Muito se especulou acerca da natureza dessa estrela. A maioria dos seres humanos que estudam a ciência materialista tem declarado que ela não passa de um mito, enquanto para outros, se fosse algo mais do que um mito, seria a simples “coincidência” de dois sóis mortos que, ao chocarem-se teria produzido uma explosão. Não obstante, todo místico conhece a “Estrela”, sim, e a “Cruz” também, não somente como símbolos relacionados com a vida de Jesus e de Cristo Jesus, mas também por meio de suas experiências pessoais. São Paulo disse: “até que o Cristo nasça de vós”[9]; e o místico Angelus Silesius[10] escreveu:
“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma segue extraviada.
Olharás em vão a Cruz do Gólgota,
Enquanto ela não se erguer dentro de ti mesmo novamente.”
Richard Wagner mostrou seu conhecimento intuitivo de artista quando, à pergunta de Parsifal[11]: “Quem é o Graal? “ – Responde Gurnemanz:
Não podemos dizer-te;
porém, se foste guiado por Ele,
não te será oculta a verdade.
… Nenhum caminho conduz até Ele
e procurá-Lo é inútil,
salvo se Ele mesmo for o Guia.
Sob a “antiga dispensação” o caminho da Iniciação não estava aberto senão para poucos escolhidos. Alguns podiam procurar o caminho, mas só os guiados ao Templo pelos Hierofantes podiam encontrar a entrada. Antes da vinda de Cristo, não havia convite algum semelhante ao atual: “Todo aquele que queira pode vir”.
No momento em que o sangue fluiu no Gólgota “o véu do Templo rasgou-se”[12] (por razões que agora serão explicadas) e, daí para diante, quem procura sua admissão, encontra-a.
Nos Templos de Mistérios, os Hierofantes[13] ensinavam aos discípulos que no Sol há uma força espiritual além de energia física. Esta última, a dos raios solares, é o princípio fecundante da Natureza. Produz o crescimento das plantas, sustenta e conserva os Reinos animal e humano. É uma energia construtora, fonte de toda força física. Alcança mais elevada expressão em meados do verão, quando os dias são maiores e mais curtas as noites, porque os raios solares caem diretamente sobre o hemisfério norte, em junho. Nesse tempo, as forças espirituais são mais inativas.
Pelo contrário, em dezembro, durante as longas noites de inverno[14], a força física solar está adormecida e as forças espirituais alcançam seu grau máximo de intensidade[15].
A noite entre 24 e 25 de dezembro é, em todo o ano, a Noite Santa por excelência. O Signo zodiacal da imaculada Virgem Celestial está sobre o horizonte oriental à meia-noite, e o Sol do ano novo nasce e começa sua jornada do ponto mais austral, em direção ao hemisfério norte, para (fisicamente) salvar essa parte da humanidade da obscuridade e da fome inevitáveis, caso permanecesse sempre abaixo do Equador.
À meia-noite de 24 de dezembro, para os povos do hemisfério norte, onde nasceram todas as Religiões atuais, o Sol está diretamente abaixo da Terra e as influências espirituais são fortíssimas.
Em tal momento, nessa noite, aos que desejassem, pela primeira vez, dar um passo na Iniciação, seria muitíssimo mais fácil se porem em contato consciente com o Sol Espiritual.
Por esse motivo, nos antigos templos, os discípulos preparados para a Iniciação eram levados pelas mãos dos Hierofantes dos Mistérios e, por meio de cerimônias que se realizavam no Templo, eram elevados a um estado de exaltação, no qual transcendiam toda condição física. A Terra tornava-se transparente à sua visão espiritual e eles viam o Sol da meia-noite: a “Estrela”! Não era o Sol físico, seu salvador físico, o que viam com os seus olhos espirituais, mas o Espírito do Sol, o Cristo, seu Salvador Espiritual.
Essa Estrela que brilhou na Santa Noite ainda brilha para o místico na obscuridade da noite. Quando o ruído cessa e a confusão da atividade física se aquieta, então ele entra em seu interior e procura o caminho que conduz ao Reino da Paz. A brilhante Estrela está sempre ali para guiá-lo e sua alma ouve a canção profética: “Paz na terra e boa vontade entre os homens” [16].
Paz e boa vontade a todos, sem exceção, não excluindo nem os inimigos. É de admirar que custe muito a educar a humanidade para esse tão elevado tipo de moral? Há algum meio melhor para demonstrar a beleza e a necessidade da paz, da boa vontade e do amor do que compará-los com o estado atual de guerras, egoísmos e ódios?
Quanto mais forte é a luz, tanto mais profunda é a sombra que projeta. Quanto mais altos os ideais, mais claramente podemos ver nossos defeitos.
Lamentavelmente, em nosso atual estado de desenvolvimento, a humanidade só pode aprender por meio de duríssimas experiências. Apegada à raça, tem de sentir-se absolutamente egoísta, para que possa provar as amarguras que lhe produz o egoísmo alheio, assim como é preciso conhecer a enfermidade para reconhecer-se quanto vale a saúde.
A Religião impropriamente chamada Cristã tem sido a mais sangrenta que se conhece, sem excetuar o Maometismo[17] que, a esse respeito, é muito parecido com o nosso mal praticado Cristianismo. Nos campos de batalha e durante a Inquisição, cometeram-se atrocidades inqualificáveis em nome do doce e meigo Nazareno. A espada e o vinho, isto é, a cruz e o cálice da comunhão pervertidos, foram os meios de que se valeram as poderosas nações chamadas cristãs para dominar os povos pagãos e as nações mais débeis que professavam a mesma fé que os seus conquistadores. O mais ligeiro exame da história greco-latina ou das raças teuto-anglo-saxônicas corroborará amplamente essa afirmação.
Enquanto o ser humano esteve plenamente sob o governo das Religiões de Raça de cada nação, cada uma destas era um conjunto unido. Os interesses individuais subordinavam-se voluntariamente aos interesses da comunidade. Todos estavam “na lei”. Todos eram, em primeiro lugar, membros de suas respectivas tribos e, secundariamente indivíduos.
Nos tempos presentes, há tendência para ir ao outro extremo, exaltando-se o “eu” sobre tudo o mais. O resultado é evidente nos problemas econômicos e industriais, surgidos em todas as nações, cujos problemas clamam por pronta solução.
O estado de desenvolvimento em que o ser humano sinta-se uma unidade absolutamente separada, um Ego que segue seu caminho independentemente, é condição necessária. A unidade nacional, de tribo ou de família, precisa ser desfeita para que a Fraternidade Universal possa ser um fato. O regime do paternalismo foi já amplamente sucedido pelo reinado do Individualismo. Agora, conforme a civilização avança, estamos aprendendo o que esse último tem de mau. O desordenado método de distribuir os produtos do trabalho, a avidez de uns poucos e a exploração de muitos, todos esses crimes sociais produzem o enfraquecimento, as depressões econômicas e perturbações nas classes trabalhadoras, destruindo a paz interna. A guerra industrial dos nossos dias é muito pior e mais destrutiva do que as guerras militares entre as nações.
Nenhuma lição é de valor real como princípio ativo de vida se a sua verdade for aprendida superficialmente. Deverá ser assimilada através do coração, pela aspiração e pela amargura. A lição principal que, por esse modo, o ser humano deve aprender é: o que não beneficia a todos não beneficia realmente a ninguém.
Durante cerca de dois mil anos temos concordado, de boca apenas, em agir e dirigir a vida segundo a máxima: “respondei ao mal com o bem”. O coração pede benevolência e amor. Contudo, a razão pede beligerância e medidas punitivas, se não como vingança, pelo menos como meio de prevenir uma repetição de hostilidades. Esse divórcio entre o coração e a cabeça impede o crescimento do verdadeiro sentimento de Fraternidade Universal e a adoração dos ensinamentos de Cristo, o Senhor do Amor.
A Mente é o foco através do qual o Ego percebe o mundo material. Como instrumento para aquisição do conhecimento é inestimável nesse domínio. Porém, ao arrogar-se o papel de ditador da conduta do ser humano para com os semelhantes, a Mente está em caso análogo ao das lentes do telescópio que, focalizadas para o Sol, dissessem ao astrônomo: “estamos mal enfocadas, não estamos bem de frente ao Sol, não cremos que seja bom focalizar o Sol, preferimos que focalizeis a Júpiter. Os raios do Sol esquentam-nos demasiadamente e podem danificar-nos”.
Se o astrônomo, empregando sua vontade, focaliza o telescópio a seu talante, como que dizendo às lentes para se ocuparem na transmissão dos raios que recebem, deixando para ele os resultados, o trabalho efetuar-se-á devidamente. Porém, se o mecanismo do telescópio estivesse ligado às lentes e elas tivessem uma vontade mais forte, o astrônomo ver-se-ia seriamente coibido e, tendo de lutar para manter o instrumento em boa forma, inevitavelmente as imagens sairiam confusas, fracas, imprecisas ou sem valor.
Assim acontece com o Ego. Trabalha com um Tríplice Corpo que governa, ou deveria governar através da Mente, mas, triste é dizê-lo, esse Corpo, tem uma vontade própria, é ajudado quase sempre pela Mente, e frustra os propósitos do Ego.
Esta antagônica “vontade inferior” é expressão da parte superior do Corpo de Desejos. Quando se deu a divisão do Sol, na Época Lemúrica, e a Terra, que incluía a Lua, se separou, a parte mais avançada da humanidade nascente experimentou no Corpo de Desejos uma divisão em duas partes, a superior e a inferior. O resto da humanidade sofreu divisão semelhante na primeira parte da Época Atlante.
A parte superior do Corpo de Desejos converteu-se numa espécie de alma-animal. Construiu o Sistema Nervoso cérebro-espinhal e os músculos voluntários, dominando por esse meio a parte inferior do Tríplice Corpo, até que o elo de ligação, a Mente, foi agregado. Então, a Mente uniu-se a essa alma-animal fazendo-se co-regente.
Portanto, a Mente está limitada pelos desejos, submersa na egoísta natureza inferior, o que torna difícil ao Espírito o governo do Corpo. A Mente, o foco – que deveria aliar-se à natureza superior – está unida à natureza inferior, escrava do desejo.
As Religiões de Raça e suas leis foram dadas para emancipar o intelecto do desejo. O “temor a Deus” foi posto contra os “desejos da carne”, mas não bastava para conseguir o domínio do Corpo e garantir sua cooperação voluntária. Foi necessário que o espírito encontrasse no Corpo outro ponto de apoio, que não estivesse sob o domínio do Corpo de Desejos. Não nos músculos porque são expressões do Corpo de Desejos, e formam um caminho direto até o ponto principal onde a Mente traidora está unida ao desejo e reina suprema.
Se os Estados Unidos estivessem em guerra com a França não desembarcaria suas tropas na Inglaterra, esperando dominar a França, mas desembarcariam os soldados diretamente na França, para que lutassem ali.
Assim, o Ego, como sábio general, segue uma conduta semelhante. Não começa sua campanha adquirindo domínio sobre alguma das glândulas, porque estas são expressões do Corpo Vital. É-lhe impossível adquirir domínio sobre os músculos voluntários, muito bem defendidos pelo inimigo. A parte involuntária do sistema muscular, sob a direção do Sistema Nervoso simpático, seria também inútil para esse objetivo.
O Ego tem que conquistar um contato mais direto com o Sistema Nervoso cérebro-espinhal. Nesse sentido, para conseguir uma base de operações no próprio campo inimigo, deve dominar um músculo que seja involuntário e que, ao mesmo tempo, esteja relacionado com o Sistema Nervoso voluntário, mas não sob sua direção. Esse músculo é o coração.
Já falamos anteriormente das duas classes de músculos: voluntários e involuntários. Esses últimos têm suas fibras em sentido longitudinal, e são relacionados com as funções que estão fora do domínio da vontade, como a digestão, a respiração, a excreção, etc. Os músculos voluntários, como os das mãos e dos braços, são dominados pela vontade, por meio do Sistema Nervoso voluntário. Suas fibras estão dispostas longitudinalmente cruzando-se com estrias transversais.
Estas particularidades são exatas para todos os músculos menos para o coração, que é um músculo involuntário. Normalmente, nós não podemos controlar a circulação. Sob condições normais, a batida do coração é de uma quantidade constante, ainda que para confusão dos fisiólogos, o coração seja estriado, como se fosse um músculo voluntário. É o único órgão do Corpo que exibe essa peculiaridade, porém, como esfinge, recusará dar aos cientistas materialistas uma resposta que resolva o enigma.
O ocultista pode encontrar facilmente a resposta na Memória da Natureza. Nessa fonte vê que o coração, quando o Ego procurou, pela primeira vez, firmar-se aí, era estriado apenas longitudinalmente, tal como qualquer outro músculo involuntário. À medida que o Ego foi adquirindo domínio sobre o coração, foram-se desenvolvendo gradualmente as fibras transversais. Não são nem tão numerosas nem tão definidas como as dos músculos que estão debaixo do pleno domínio do Corpo de Desejos, mas, conforme os princípios altruísticos do amor e da fraternidade se vigorizem e gradualmente sobre passem a razão, baseada no desejo, essas estrias transversais serão mais numerosas e estruturadas.
Como indicamos anteriormente, o Átomo-semente do Corpo Denso está situado no coração e abandona-o quando a morte ocorre. A obra ativa do Ego está no sangue.
Com exceção dos pulmões, o coração é o único órgão do Corpo através do qual passa todo o sangue em cada ciclo.
O sangue é a expressão mais elevada do Corpo Vital, porque nutre todo o organismo físico. Em certo sentido, é também o veículo da memória subconsciente e está em contato com a Memória da Natureza, situada na divisão mais elevada da Região Etérica. O sangue leva as recordações da vida dos antecessores aos descendentes durante gerações, quando é um sangue comum, como acontece na endogamia.
Na cabeça há três pontos que são o assento particular de cada um dos três aspectos do espírito (veja-se o Diagrama 17). O segundo e terceiro aspectos têm outros pontos de sustentação secundários.
O Corpo de Desejos é expressão deturpada do Ego. Manifesta em “egoísmo” o que é a “individualidade” do Espírito. A individualidade não procura o seu em detrimento dos demais, enquanto o egoísta procura tudo possuir sem ter em conta os demais. O assento do Espírito Humano é, primariamente, a Glândula Pineal[18] e secundariamente, o cérebro, ou antes, o Sistema Nervoso cérebro-espinhal, que domina os músculos voluntários.
O amor e a unidade do Mundo do Espírito de Vida encontram sua contraparte ilusória na Região Etérica, com a qual estamos relacionados pelo Corpo Vital, o originador do amor sexual e da união sexual. O Espírito de Vida assenta, primariamente, no Corpo Pituitário[19] e, secundariamente, no coração, o regente do sangue que nutre os músculos.
O inativo Espírito Divino – o Observador Silencioso – encontra sua expressão material no passivo, inerte e insensível esqueleto do Corpo Denso, o obediente instrumento dos outros Corpos. Não tem o poder de atuar por iniciativa própria e tem sua fortaleza no impenetrável ponto da raiz do nariz.
Em pura realidade, o espírito é um só, porém, observado do Mundo Físico, o Ego refrata-se em três aspectos que se expressam da forma indicada.
O sangue, ao passar pelo coração, ciclo após ciclo, hora após hora, durante toda a vida, grava os acontecimentos nos Átomos-semente, enquanto permanecem frescos. Prepara um arquivo fidelíssimo da vida que, depois, na existência pós-morte, se imprimirá indelevelmente na alma. O coração está permanentemente em estreito contato com o Espírito de Vida, o espírito do amor e da unidade, o que o torna o foco do amor altruísta.
Após as imagens passarem ao Mundo do Espírito de Vida, em que se encontra a verdadeira Memória da Natureza, não voltam através dos lentos sentidos físicos, mas diretamente através do quarto Éter contido no ar que respiramos. No Mundo do Espírito de Vida o espírito pode ver muito mais claramente do que nos Mundos mais densos. Nesse elevado plano que lhe é próprio, está em contato com a Sabedoria Cósmica e, em qualquer situação, sabendo imediatamente o que há de fazer, envia sua mensagem de guia e de ação ao coração. Esse logo a retransmite ao cérebro por meio do nervo pneumogástrico. Assim se formam as “primeiras impressões”, os impulsos intuitivos, sempre bons, porque emanam diretamente da fonte cósmica de Sabedoria e Amor.
Isto é tão instantâneo que o coração tem tempo de efetuá-lo antes da razão, mais lenta, poder, por assim dizer, “considerar a situação”. Crê-se que o ser humano pensa em seu coração e é certo, porque “assim ele é”. O ser humano, inerentemente, em qualquer aspecto, é um Espírito Virginal, bom, nobre, verdadeiro. Tudo o que não é bom pertence à natureza inferior, o ilusório reflexo do Ego. O Espírito Virginal sempre está dando sábios conselhos. Se pudéssemos seguir os impulsos do coração, o primeiro pensamento, a Fraternidade Universal seria realizada agora mesmo.
No entanto, precisamente nesse ponto começam as complicações. Depois do bom conselho dado pela primeira impressão, começa o raciocínio e, na maioria dos casos, o cérebro domina o coração. O telescópio controla o próprio foco e aponta para onde quer, sem atender ao astrônomo. A Mente e o Corpo de Desejos frustram os desígnios do Espírito e tomam a direção, mas, como carecem da sabedoria do Espírito, tanto o Espírito como o Corpo sofrem as consequências.
Os fisiólogos notam que certas áreas do cérebro estão dedicadas a determinadas atividades mentais. Os frenólogos levaram esse ramo da ciência ainda mais além. Sabe-se também que o pensamento destrói o tecido nervoso e que esse desgaste do Corpo, como qualquer outro, é restaurado pelo sangue. Quando o coração se converter em músculo voluntário, a circulação do sangue ficará completamente sob o domínio do unificante Espírito de Vida, o Espírito do Amor. Então, terá o poder de impedir que o sangue flua a essas partes do cérebro dedicadas a propósitos egoístas. Esses centros mentais irão atrofiando-se gradualmente. Por outro lado, ser-lhe-á possível ativar o sangue quando as elaborações mentais foram altruístas, o que restaurará e vigorizará esses centros. A natureza passional será conquistada e, pelo Amor, a Mente será emancipada da escravidão do desejo. Só se emancipando completamente pelo Amor, o ser humano poderá elevar-se além da lei e converter-se, ele mesmo, numa lei. Tendo-se conquistado a si, conquistará então todo o mundo.
As estrias transversais do coração podem formar-se mediante certos exercícios de treinamento oculto. Alguns desses exercícios são perigosos e devem ser levados a cabo unicamente sob a direção de um instrutor competente. É nosso desejo que nenhum leitor desta obra se deixe enganar por impostores habilidosos e desejosos de atrair discípulos. Para evitar esse engano voltamos a repetir, mui seriamente: nenhum verdadeiro ocultista se gaba, anuncia seus poderes ocultos, nem vende lições a tanto cada uma ou a tanto o curso, ou consentirá jamais em fazer exibições. Realiza seu trabalho com a maior discrição possível e somente com o propósito de ajudar legitimamente os demais, sem pensar nunca em si mesmo.
Como dissemos no princípio desse capítulo, todas as pessoas desejosas de obter o conhecimento superior podem ter a mais absoluta confiança: se verdadeiramente o buscam, encontrarão aberto o caminho que a ele conduz. Cristo mesmo preparou o caminho para “quem o deseje”. Ele ajudará e abençoará a todo o verdadeiro investigador que deseje trabalhar pela Fraternidade Universal.
O Mistério do Gólgota
Durante os últimos 2.000 anos, muito se tem escrito sobre o “sangue purificador”. O sangue de Cristo tem sido exaltado nos púlpitos como o soberano remédio do pecado, como o único meio de salvação e redenção.
Se, de acordo com as leis do Renascimento e de Consequência, os seres evolucionados colhem do que têm semeado e, por outro lado, o impulso evolutivo está constantemente elevando a humanidade até alcançar a perfeição, onde está a necessidade de redenção ou de salvação? E, ainda que essa necessidade existisse como pode a morte de um indivíduo ajudar os outros? Não seria mais nobre cada um sofrer as consequências dos próprios atos do que escapar-se atrás do outro?
Eis algumas objeções à doutrina da redenção (ou perdão) dos pecados por meio da substituição e da redenção pelo sangue de Cristo Jesus. Iremos dar-lhes resposta antes de demonstrar a lógica e a harmonia existente na Lei de Consequência e na expiação de Cristo.
Em primeiro lugar, é absolutamente certo que o impulso evolutivo tem em vista levar todos os seres à suprema perfeição. Contudo, alguns estão ficando para trás. Atualmente, estamos ultrapassando o extremo ponto de materialidade e passando através das dezesseis raças. Ao percorrer os “dezesseis caminhos de destruição” estamos em grave perigo de atrasar-nos, muito mais do que em qualquer outro momento da jornada evolutiva.
Considerando em abstrato, o tempo nada é. Certo número de entidades pode ficar tão atrasado que tenha de ser abandonado. E prosseguirá sua evolução em outro plano evolutivo, onde possa continuar sua jornada para a perfeição. Todavia, originalmente, essa evolução não foi projetada para elas. É razoável supor que as exaltadas Inteligências encarregadas da nossa evolução empreguem todos os meios para vitoriosamente conduzir as entidades a seu cargo, tantas quantas lhes sejam possíveis.
Na evolução ordinária, as leis do Renascimento e de Consequência são perfeitamente adequadas para conduzir à perfeição a maior parte da onda de vida, mas não são suficientes para os atrasados das várias raças que têm ficado para trás. Durante o estado de individualização, o pináculo da separatividade ilusória, toda a humanidade necessita de ajuda extra, mas os atrasados necessitam ainda de um auxílio especial.
Para conferir esse auxílio especial, a fim de redimi-los, foi preparada a missão de Cristo. Ele disse que tinha vindo buscar e salvar os que estavam perdidos. Abriu o caminho da Iniciação para todos os que quisessem alcançá-lo.
Os que levantam objeções à doutrina da expiação dizem: é covardia esconder-se atrás de outrem; cada ser humano deve assumir as consequências dos próprios atos.
Consideremos o seguinte caso. As águas dos Grandes Lagos[20] afluem ao rio Niágara[21]. Esse enorme volume de água corre rapidamente para as cataratas, sobre um leito coberto de rochas, numa extensão de vinte milhas[22]. Se uma pessoa vai além de certo ponto e não perde a vida nos redemoinhos vertiginosos, perdê-la-á indubitavelmente ao cair na catarata.
Suponhamos que um ser humano, cheio de piedade pelas vítimas dessas águas, resolvesse colocar uma corda sobre as cataratas, ainda que soubesse serem tais as condições que não poderia depois escapar com vida. Apesar disso, de seu próprio gosto e livremente, sacrifica sua vida e coloca a corda, modificando o estado inicial. As vítimas abandonadas podem agarrar-se à corda e salvar-se.
Que pensaríamos de um ser humano que, tendo caído na água devido à sua falta de cuidado e estivesse lutando furiosamente contra a corrente, exclamasse: “Como? Salvar-me e procurar escapar ao castigo que a minha falta de cuidado merece? Amparar-me no sacrifício de quem sofreu sem culpa alguma e deu sua vida para que outros pudessem salvar-se? Não, nunca! Isso não seria digno de ‘um ser humano’! Assumirei as consequências dos meus erros! “.
Não concordaríamos que esse ser humano deveria estar louco?
Nem todos necessitam de salvação. Cristo sabia que um grande número não necessitaria salvar-se dessa maneira. Porém, tão certo como noventa e nove por cento se deixa conduzir pelas leis do Renascimento e de Consequência e, por essa forma, alcança a perfeição, assim os “pecadores” se submergiram tanto na corrente do materialismo que não lhe poderiam fugir sem aquela ajuda. Cristo veio para trazer paz e boa vontade a todos, e para salvar esses pecadores elevando-os ao ponto necessário de espiritualidade, produzindo uma modificação em seus Corpos de Desejos que tornará mais forte a influência do Espírito de Vida em seus corações.
Os irmãos menores de Cristo, ou Arcanjos, tinham trabalhado, como Espíritos de Raça, no Corpo de Desejos do ser humano. Sua obra foi efetuada de fora. Era uma força solar espiritual refletida através da Lua, tal como a luz lunar é o reflexo da luz solar. No entanto, Cristo, o Maior dos Iniciados dos espíritos solares, influenciou nossos Corpos de Desejos de dentro, ao entrar diretamente no Corpo Denso da Terra, trazendo consigo a força solar direta.
Se o ser humano encarasse o Sol durante muito tempo ficaria cego, porque as vibrações da luz solar são tão fortes que destruiriam a retina do olho. No entanto, pode olhar sem temor a Lua, porque tem vibrações muito mais fracas. A Lua absorve as vibrações fortes do Sol e reflete as restantes sobre nós.
O mesmo acontece com os impulsos espirituais que ajudam a evolução do ser humano. A Terra foi arrojada do Sol porque a humanidade não podia suportar seus tremendos impulsos físicos e espirituais. Apesar de encontrar-se a tão grande distância do Sol, o impulso espiritual seria ainda demasiado forte se não fosse enviado primeiramente à Lua para que Jeová, o Regente da Lua, o empregasse em benefício do ser humano. Certo número de Arcanjos (espíritos solares comuns) seguiu com Jeová, como auxiliares, para refletirem esses impulsos espirituais do Sol sobre a humanidade da Terra, em forma de religiões de Jeová ou de raça.
O veículo inferior dos Arcanjos é o Corpo de Desejos. Nosso Corpo de Desejos foi obtido no Período Lunar, que tinha Jeová como Iniciado mais elevado. Portanto, Jeová pode tratar do Corpo de Desejos do ser humano. O veículo inferior de Jeová é o Espírito Humano (veja-se o Diagrama 14) e sua contraparte é o Corpo de Desejos. Os Arcanjos são seus auxiliares e têm o poder de administrar as forças espirituais do Sol. Trabalham e preparam a humanidade até chegar o tempo em que receba os impulsos espirituais diretamente do Sol, sem intervenção da Lua. Cristo, o Iniciado mais elevado do Período Solar, tem a seu cargo a tarefa de enviar esse impulso. Jeová, ao refleti-lo, preparou a Terra e a humanidade para a admissão direta de Cristo.
A expressão “preparou a Terra” significa que toda evolução num Planeta é acompanhada pela evolução do próprio Planeta. Se algum observador, localizado em alguma estrela distante e dotado de visão espiritual, tivesse contemplado a evolução da Terra, teria notado uma mudança gradual em seu Corpo de Desejos.
Sob a Antiga Dispensação, o Corpo de Desejos humano era aperfeiçoado por meio da Lei. Ainda é desse modo que a maioria se prepara para a vida superior.
A Vida Superior (Iniciação) só tem início quando começa o trabalho no Corpo Vital. O meio empregado para pô-lo em atividade é o Amor ou, melhor dito, o Altruísmo. Tem-se abusado tanto da primeira palavra, amor, que já não sugere o significado aqui requerido.
Durante a Antiga Dispensação, o caminho da Iniciação não estava aberto para todos, e, sim para uns poucos. Os Hierofantes dos Mistérios escolhiam certo número de famílias. Eram levadas ao Templo, postas à parte das demais e guardavam rigorosamente certos ritos e cerimônias. Seus casamentos e relações sexuais eram regulados pelos Hierofantes.
Disso resultou uma raça que tinha o grau apropriado para separar o Corpo Vital do Denso e o poder de despertar o Corpo de Desejos, durante o sono, do seu estado de letargia. Desse modo, alguns foram postos em condições para a Iniciação, dando a eles oportunidades que não podiam ser concedidas a todos. Como exemplo, entre os judeus, encontramos a tribo de Levi, escolhida para prestar serviços no Templo. Entre os hindus, a única classe sacerdotal é a casta dos Brâmanes.
A missão de Cristo, além de salvar os que estavam perdidos, foi tornar possível a Iniciação para todos. Jesus surgiu do povo comum, não foi um levita, classe para quem era uma herança o sacerdócio. Ainda que não surgisse de uma classe de instrutores, seus ensinamentos foram superiores aos de Moisés.
Cristo Jesus não negou Moisés, nem a Lei, nem os profetas. Pelo contrário, confirmando-os, demonstrou ao povo que eles, ao indicarem Aquele que deveria vir, foram seus predecessores. Disse ao povo que tais coisas já tinham servido aos seus propósitos e que, para o futuro, o Amor deveria suceder à lei.
Cristo Jesus foi morto. Relativamente à sua morte, há uma diferença fundamental e suprema entre Ele e os antigos instrutores, em que se manifestaram os Espíritos de Raça. Tais instrutores morriam e deviam renascer uma e outra vez, para ajudar os seus povos no cumprimento de seu destino. Moisés, em quem se manifestou o Arcanjo Miguel (o Espírito de Raça dos judeus), foi conduzido ao Monte Nebo, onde deveria morrer. Moisés renasceu como Elias[23]; e Elias voltou como João Batista. Buda morreu e renasceu como Shankaracharya[24]. Shri Krishna[25] disse: “onde quer que decaia Dharma[26] (…) e (…) surge uma exaltação de Adharma[27], então Eu mesmo venho para proteger o bem e destruir os que fazem o mal, para salvaguardar o firme restabelecimento de Dharma. Eu nasço de tempos a tempos”.
Quando chegou a morte, o rosto de Moisés brilhou e o Corpo de Buda iluminou-se. Todos eles tinham chegado ao estado em que o espírito começa a brilhar de dentro e, então, morreram.
Cristo Jesus chegou a esse estado no Monte da Transfiguração. É sumamente significativo que Seu trabalho real teve lugar depois desse acontecimento. Ele sofreu, foi morto e ressuscitou.
Ser morto é mui diferente de morrer. O sangue, que tinha sido o veículo do Espírito de Raça, devia fluir e ser purificado de toda influência contaminadora. O amor ao pai e à mãe, com exclusão de todos os demais pais e mães, devia ser abandonado. De outra maneira, a Fraternidade Universal e o Amor altruísta que a todos abarca não poderiam jamais converter-se em fatos reais.
Quando o Salvador, Cristo Jesus, foi crucificado, seu Corpo foi ferido em cinco lugares, nos cinco centros por onde fluem as correntes do Corpo Vital. A pressão da coroa de espinhos produziu um fluxo no sexto centro também (isto é um vislumbre para os que já conhecem essas correntes. Uma explicação ampla não pode, por enquanto, ser dada publicamente).
Quando o sangue fluiu desses centros, o grande Espírito Solar, Cristo, libertou-se do veículo físico de Jesus. Encontrando-se na Terra com Seus veículos individuais, compenetrou os veículos planetários, já existentes e, num abrir e fechar de olhos difundiu Seu próprio Corpo de Desejos pelo Planeta, o que permitiu, daí para diante, trabalhar sobre a Terra e sobre a humanidade, de dentro.
Naquele momento, uma poderosa onda de luz espiritual solar inundou a Terra. O véu do Templo rompeu-se, o véu que o Espírito de Raça tinha colocado ante o Templo, para resguardá-lo de todos, menos dos poucos escolhidos. Desde aquele tempo, o caminho da Iniciação ficou aberto para quem nele queira entrar. Subitamente, como um relâmpago, essa onda transformou as condições da Terra no que diz respeito aos Mundos Espirituais. As condições densas e concretas, obviamente, são afetadas muitos mais lentamente.
Como toda vibração rápida e intensíssima de luz, o brilho fulgurante dessa grande onda de claridade cegou o povo. Por isso se diz que “o Sol se obscureceu”. O acontecido foi precisamente o oposto: o Sol não se tornou obscuro. Ao contrário: brilhava com glorioso esplendor. Foi o excesso de luz que ofuscou o povo. Quando a Terra absorveu o Corpo de Desejos do brilhante Espírito Solar, a vibração baixou a uma intensidade mais normal.
A expressão “o sangue purificador de Cristo Jesus” significa que o sangue que fluiu no Calvário está ligado ao Grande Espírito Solar, Cristo. Por esse meio, assegurou Sua admissão na própria Terra e, desde aquele momento, é seu Regente. Difundiu seu próprio Corpo de Desejos por todo o Planeta, purificando-o de todas as baixas influências desenvolvidas sob o regime do Espírito de Raça.
Sob a Lei, todos pecavam e, mais ainda, não podiam ser ajudados. Não se tinham desenvolvido até o ponto de poderem agir com retidão, por Amor. Era tão forte a natureza de desejos que se tornava impossível dirigi-la. As dívidas contraídas sob a Lei de Consequência tinham tomado proporções colossais. A evolução ter-se-ia demorado terrivelmente e muitos perderiam nossa onda de vida se não fossem ajudados.
Por tais motivos, Cristo veio para “buscar e salvar os que estavam perdidos”[28]. Limpou os pecados do mundo com o seu sangue purificador, o que lhe permitiu entrar na Terra e na humanidade. A Ele, ao fazer essa purificação, devemos a possibilidade de atrair para os nossos Corpos de Desejos matéria emocional mais pura do que antes. Ele continua trabalhando para ajudar-nos, tornando o ambiente que nos rodeia cada vez mais puro.
Que isto se efetuou e continua realizando-se à custa de um grande sofrimento para Ele, é coisa que ninguém pode duvidar; isso se for capaz de formar a mínima ideia das limitações suportadas por esse Grande Espírito ao entrar nas restritivas condições da existência física. A sua atual limitação como Regente da Terra não é menos dolorosa. Certamente, Ele é também Regente do Sol, pelo que só parcialmente fica confinado à Terra. Contudo, as limitações produzidas pelas lentíssimas vibrações do nosso Planeta denso devem ser quase insuportáveis.
Se Cristo Jesus não ressurgisse ter-lhe-ia sido impossível executar Sua obra. Os cristãos têm um Salvador ressuscitado; Alguém que está sempre presente para ajudar os que invoquem o Seu Nome. Tendo sofrido em tudo como nós e conhecendo plenamente todas as nossas necessidades, é o lenitivo para todos os nossos erros e fracassos, enquanto continuarmos lutando e procurando viver uma boa vida. Devemos ter sempre presente que o único verdadeiro fracasso é deixar de lutar.
Depois da morte do Corpo Denso de Cristo Jesus, os Átomos-sementes foram devolvidos a seu primitivo dono, Jesus de Nazaré que, algum tempo depois, funcionando temporariamente em um Corpo Vital que construíra, instruiu o núcleo da nova fé formado por Cristo. Jesus de Nazaré, desde aquele tempo, tem conservado a direção dos ramos esotéricos, existentes em toda a Europa.
Em vários lugares, os Cavaleiros da Távola Redonda foram altos Iniciados dos Mistérios da Nova Dispensação. Os Cavaleiros do Graal, a quem foi confiado o Cálice de José de Arimatéia, que tinha sido empregado por Cristo Jesus na Última Ceia, foram também altos Iniciados desses Mistérios. A estes foram entregues também a Lança que feriu o peito do Salvador e o receptáculo que recolheu o sangue da ferida.
Os Druidas[29] da Irlanda e os Trottes do Norte da Rússia constituíram, também, escolas esotéricas, nas quais trabalhou Jesus na chamada “Idade Média”. Na Idade Média, ainda que bárbara, fluía o impulso espiritual. Do ponto de vista oculto, era, em realidade, uma “Idade Brilhante”, comparada com o crescente materialismo dos últimos trezentos anos que, se aumentou imensamente os conhecimentos físicos, por outro lado, quase extinguiu a Luz do Espírito.
Os relatos do Santo Graal, dos Cavaleiros da Távola Redonda, etc. são considerados como superstições, visto ser olhado como indigno de ser acreditado o que não pode ser demonstrado materialmente. Gloriosas como são, as descobertas da ciência moderna foram adquiridas ao elevado preço do aniquilamento da intuição espiritual. Do ponto de vista superior, nunca amanheceram dias tão tenebrosos como os atuais.
Os Irmãos Maiores, Jesus entre Eles, têm lutado e lutam por equilibrar essa poderosa influência que, semelhante aos olhos da serpente, obriga o passarinho a cair em suas fauces. Cada tentativa para iluminar o povo e para nele despertar o desejo de cultivar o lado espiritual da vida é uma evidência da atividade dos Irmãos Maiores.
Possam seus esforços ser coroados de êxito e apressar o dia em que a ciência moderna, espiritualizada, encaminhe as investigações sobre a matéria, do ponto de vista do espírito. Então, e não antes, compreenderemos e conheceremos, verdadeiramente, o mundo.
CAPÍTULO XVI – Desenvolvimento Futuro e A Iniciação
Ao Período Terrestre os Rosacruzes chamam Marte-Mercúrio. O grande Dia da Manifestação Criadora, pelos quais têm passado e passarão os Espíritos Virginais, em sua peregrinação através da matéria, deram nome aos dias da semana:
Dia | Correspondente ao | Regido por | Dia da criação |
Sábado | Período de Saturno | Saturno | 1 |
Domingo | Período Solar | Sol | 2 |
Segunda-feira | Período Lunar | Lua | 3 |
Terça-feira | Primeira metade do Período Terrestre | Marte | 4 |
Quarta-feira | Segunda metade do Período Terrestre | Mercúrio | |
Quinta-feira | Período de Júpiter | Júpiter | 5 |
Sexta-feira | Período de Vênus | Vênus | 6 |
O Período de Vulcano é o último Período do nosso plano evolutivo. A quintessência de todos os Períodos precedentes é extraída por recapitulação, espiral após espiral. Nenhum novo trabalho é feito até a última Revolução, do último Globo, na Sétima Época. Portanto, pode-se dizer, o Período de Vulcano corresponde à semana, que inclui todos os sete dias.
Está bem fundamentada a afirmação dos astrólogos de que os dias da semana são regidos pelo astro particular que indicam. Os antigos estavam familiarizados com esses conhecimentos ocultos, como demonstram suas mitologias, onde os nomes dos deuses eram associados aos dias da semana. Saturday (sábado) é, simplesmente, o dia de Saturno; Sunday (domingo) está relacionado com o Sol, e Monday (segunda-feira) relaciona-se com a Lua. Os latinos chamavam à terça-feira “Dies Martis”, o que mostra claramente sua relação com Marte, o deus da guerra. O nome Tuesday (terça-feira) deriva de “Tirsdag”, “Tir” ou “Tyr”, o nome do deus escandinavo da guerra. Wednesday (quarta-feira) era Wotanstag, de Wotan, também um deus do norte; os latinos denominavam-no “Dies Mercurii”, demonstrando assim sua relação com Mercúrio, conforme indicamos em nossa lista.
Thursday ou Thorsdag (quinta-feira) chamava-se assim porque “Thor” era o deus do trovão, e os latinos denominavam-no “Dies Jovis”, com o dia do deus do trovão “Jove” ou Júpiter.
Friday (sexta-feira) era assim chamado porque a deusa do norte que encarnava a beleza chamava-se “Freya”. Por análogas razões, os latinos chamavam-no “Dies Veneris”, o dia de Vênus.
Esses nomes dos Períodos nada têm a ver com os Planetas físicos. Referem-se às encarnações passadas, presente e futuras da Terra. Como no dizer do axioma hermético: “assim como é em cima, é em baixo”, o macrocosmo tem suas encarnações como as tem o ser humano, o microcosmo.
A ciência oculta diz que há 777 encarnações, o que não quer significar que a Terra sofra 777 metamorfoses. Significa que a vida que está evoluindo faz:
7 Revoluções em torno dos
7 Globos dos
7 Períodos Mundiais
Esta peregrinação involutiva e evolutiva e o caminho reto da Iniciação estão simbolizados no Caduceu ou “Cetro de Mercúrio” (veja o Diagrama 15). É assim chamado porque esse símbolo oculto indica o caminho da Iniciação, aberto unicamente desde o princípio da metade mercurial do Período Terrestre. Alguns Mistérios Menores foram dados aos primitivos lemurianos e atlantes, mas não as Quatro Grandes Iniciações.
Diagrama 15 – O Simbolismo do Caduceu
A serpente negra do Diagrama 15 indica o caminho cíclico e tortuoso da Involução, e compreende os Período de Saturno, Solar, Lunar e a metade marciana do Período Terrestre. Durante esse intervalo, a vida, que está evoluindo, construiu seus veículos, mas só adquiriu plena e clara consciência do mundo externo na última parte da Época Atlante.
A serpente branca representa o caminho que seguirá a humanidade através da metade mercurial do Período Terrestre e dos Períodos de Júpiter, de Vênus e de Vulcano. A consciência humana expandir-se-á durante esta peregrinação, até alcançar a onisciência, a Inteligência Criadora. Enquanto a grande maioria dos seres humanos segue o caminho serpenteante, o Cetro de Mercúrio em que se enrolam as serpentes mostra o “estreito e reto caminho”, o Caminho da Iniciação. Os que por ele viajam, realizam em poucas vidas o que requer milhões de anos para a maioria da humanidade.
Não é possível fazer qualquer descrição das cerimônias Iniciáticas. O primeiro voto do Iniciado é o do silêncio. Contudo, ainda que o relato fosse permitido, não teria maior importância. Para nós, basta indicar os resultados de tais cerimônias para ter uma visão geral do caminho evolutivo. Em síntese, a Iniciação fornece ao Aspirante espiritual uma oportunidade de desenvolver, em curto tempo e por meio de um treinamento mui severo, suas faculdades e poderes superiores. Por ela se alcança a expansão da consciência que toda a humanidade possuirá num futuro distante. A grande maioria só a conseguirá seguindo o lento processo da evolução comum. Podemos conhecer os estados de consciência e os poderes correspondentes alcançados pelo candidato que passa através das sucessivas Grandes Iniciações. Já demos alguns vislumbres. Outros mais podem ser deduzidos pela lei de correspondências de modo a poderem dar-nos uma visão de conjunto da evolução que nos aguarda e da magnitude dos grandes graus Iniciáticos. Nessa finalidade, talvez possa ajudar-nos a contemplação do passado e dos graus de consciência por que passou a humanidade nos períodos precedentes.
Recordemos que durante o Período de Saturno, o estado de inconsciência do ser humano era semelhante ao do Corpo Denso submerso em transe profundo. No Período Solar, esta consciência foi sucedida pela consciência do sono sem sonhos.
No Período Lunar obteve-se o primeiro vislumbre da atual consciência de vigília. Era uma consciência pictórica interna das coisas externas, uma representação interna dos objetos, das cores e dos sons externos. Por último, na segunda parte da Época Atlante, essa consciência imaginativa deu lugar à consciência plena de vigília atual, em que os objetos podem ser observados fora, distintos e definidos. Quando obteve essa consciência objetiva, o ser humano percebeu a realidade do mundo exterior e, pela primeira vez, vislumbrou a diferença entre si, o “eu” e os outros. O ser humano compreendeu que era separado e, desde então, a consciência do “eu”, o egoísmo, predomina. Anteriormente, não havia pensamentos nem ideias sobre esse mundo externo, pelo que não existia também memória dos acontecimentos.
A mudança da consciência pictórica interna para a consciência objetiva e do “eu”, foi efetuada muito lentamente, em gradação proporcional à sua magnitude, desde a permanência no Globo C, na terceira Revolução do Período Lunar, até a última parte da Época Atlante.
Durante esse tempo, antes de atingir o estado humano, a onda que está evoluindo passou através de quatro grandes estados de desenvolvimento, analogamente ao animal. Esses quatro graus passados correspondem aos quatro graus que ainda teremos de passar, bem como às quatro Grandes Iniciações.
Dentro desses quatro estados de consciência já passados há treze graus. Do estado atual do ser humano até a última das Grandes Iniciações há treze Iniciações: os nove graus dos Mistérios Menores e as quatro Grandes Iniciações.
Uma divisão similar existe na forma dos animais atuais. Como a forma é a expressão da vida, cada grau de desenvolvimento desta corresponde, necessariamente, a um desenvolvimento de consciência.
Primeiramente, Cuvier[30] dividiu o Reino Animal em quatro classes primárias, mas não soube dividir essas classes em subclasses. O embriologista Karl Ernst Von Baer[31], o Prof. Agassiz[32] e outros cientistas classificam o Reino Animal em quatro divisões primárias e treze subdivisões, como a seguir:
I – RADIADOS |
1. Pólipos (Anêmonas marinhas, Corais)
2. Acaléfios (Alforrecas[33]) 3. Asteroides (Estrelas Marinhas, Ouriços do mar) |
II – MOLUSCOS |
4. Acéfalos (Ostras, etc.)[34]
5. Gastrópodes (caracóis)[35] 6. Cefalópodes[36] |
III – ARTICULADOS |
7. Vermes
8. Crustáceos (lagostas, etc.) 9. Insetos |
IV – VERTEBRADOS |
10. Peixes
11. Répteis 12. Aves 13. Mamíferos |
As primeiras três divisões correspondem às três Revoluções da metade mercurial do Período Terrestre e suas nove subdivisões correspondem aos nove graus de Mistérios Menores, que serão alcançados pela humanidade quando tenha chegado à metade da última Revolução do Período Terrestre.
A quarta divisão na lista do Reino Animal mais avançado tem quatro subdivisões: peixes, répteis, aves e mamíferos. Os graus de consciência indicados correspondem a estados análogos de desenvolvimento que alcançará a humanidade respectivamente ao final dos Períodos: Terrestre, de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, mas que o Aspirante pode obter atualmente por meio da Iniciação. A primeira das Grandes Iniciações produz o estado de consciência que alcançará a humanidade comum no final do Período Terrestre; a segunda, o estado que alcançará no final do Período de Júpiter; a terceira, a extensão de consciência que se alcançará ao finalizar o Período de Vênus; e a quarta fornece ao iniciado o poder e a onisciência que alcançará a humanidade no final do Período de Vulcano.
A consciência objetiva, com a qual obtemos conhecimento do mundo exterior, depende do que percebemos pelos sentidos. A isto chamamos “real”. Em contradição aos nossos pensamentos e ideias que nos chegam através da consciência interna, a realidade não se apresenta da mesma forma que se nos apresenta um livro, uma mesa, ou qualquer objeto visível ou tangível no espaço. Parecem nebulosos e irreais e, por isso, falamos deles como “meros” pensamentos, ou “simples” ideias. Todavia, as ideias e os pensamentos atuais têm pela frente uma evolução anterior: estão destinados a tornarem-se tão reais, claros e tangíveis como qualquer objeto do mundo externo que percebemos por meio dos sentidos físicos. Quando pensamos num objeto ou numa cor, o objeto ou cor apresentado pela memória à nossa consciência interna parecem-nos obscuros, sombrios, comparados com as próprias coisas sobre as quais pensamos.
No Período de Júpiter produzir-se-á uma mudança marcante. Voltarão as imagens internas, como de sonho, do Período Lunar, mas estarão sujeitas à vontade do pensador e não serão meras reproduções dos objetos exteriores. Será uma combinação das imagens internas do Período Lunar com os pensamentos e ideias desenvolvidas conscientemente durante o Período Terrestre, isto é, será uma Consciência pictórica consciente de si.
Quando um ser humano do Período de Júpiter disser “vermelho” ou expressar o nome de um objeto, apresentar-se-á à sua visão interna uma reprodução exata e clara do tom particular de vermelho em que esteja pensando ou do objeto de que esteja falando, reprodução essa que será também visível para o interlocutor. Não haverá mal-entendido quanto ao que pretende significar pelas palavras emitidas, porque os pensamentos e ideias serão visíveis e vivos. A hipocrisia e a adulação serão completamente eliminadas, os seres humanos ver-se-ão exatamente como serão. Haverá bons e maus, mas as duas qualidades não se encontrarão mescladas na mesma pessoa. Haverá seres humanos perfeitamente bons e seres humanos completamente malvados, e um dos problemas mais sérios daquele tempo será a maneira de agir com estes últimos. Os Maniqueus, uma Ordem de espiritualidade ainda superior à dos Rosacruzes, estão atualmente estudando esse problema. Pode-se obter uma ideia antecipada dessas condições num curto resumo da sua lenda (Todas as ordens místicas têm uma lenda simbólica enunciadora dos seus ideais e aspirações).
Na lenda dos Maniqueus há dois reinos: o dos Luminosos e o dos Sombrios. Esses últimos atacam os primeiros, são derrotados e devem ser castigados. Contudo, como os Luminosos são perfeitamente bons, como, do mesmo modo, os Sombrios completamente maus, eles não podem lhes infligir nenhum mal, pelo que os castigam fazendo-lhes o Bem. Para isso, uma parte do reino dos Luminosos se incorpora ao dos Sombrios e, desta maneira, com o tempo, o mal é transmutado. O ódio não será dominado pelo ódio; há de sucumbir ante o Amor.
Durante o Período Lunar, as imagens internas eram a expressão do ambiente externo ao ser humano. No Período de Júpiter, essas mesmas imagens serão expressas de dentro, como uma faculdade da vida interna. O ser humano possuirá também a faculdade, cultivada no Período Terrestre, de ver as coisas no espaço fora de si mesmo. Lembremos que no Período Lunar o ser humano não via as coisas concretas, mas as suas qualidades anímicas. No Período de Júpiter verá ambas; terá uma compreensão perfeita de tudo quanto o rodeia. Em um estado posterior, no mesmo Período, dita capacidade perceptiva atingirá uma fase superior. O poder de formar claras concepções mentais acerca de cores, de tonalidades, de objetos, permitir-lhe-á pôr-se em contato com seres suprassensíveis de diversas ordens e, empregando sua força de vontade, assegurar sua obediência. Poderá emitir as forças necessárias à execução dos seus desígnios, mas, sem dúvida, dependerá do auxílio desses seres suprafísicos a seu serviço.
Ao finalizar o Período de Vênus poderá empregar a própria força para dar vida a suas imaginações e para exteriorizá-las no espaço, como objetos. Possuirá, então, uma consciência objetiva, consciente e criadora.
Muito pouco se pode dizer sobre a elevada consciência espiritual que se alcançará ao finalizar o Período de Vulcano. Estaria muito além da nossa atual compreensão.
Diagrama – Como é em cima, é em baixo[37]
Não se deve supor que estes estados de consciência comecem no princípio dos Períodos a que pertencem, nem que durem até o final. Havendo sempre recapitulação, devem existir correspondentes estados de consciência em escala ascendente. A Revolução de Saturno de qualquer Período, a permanência no Globo A e a primeira Época de qualquer Globo são uma repetição dos estados de desenvolvimento do Período de Saturno. A Revolução Solar, a permanência no Globo B e a segunda Época de qualquer Globo são recapitulações dos estados de desenvolvimento do Período Solar, e assim sucessivamente, durante todo o caminho. Portanto, a consciência, que deve ser o resultado especial e peculiar de qualquer Período, não começa a desenvolver-se até que se tenham efetuado todas as Recapitulações. A consciência de vigília do Período Terrestre não começou até a quarta Revolução, quando a onda de vida havia chegado ao quarto Globo (D) e estava na quarta ou Época Atlante, nesse Globo.
A consciência no Período de Júpiter só começará a desenvolver-se na quinta Revolução, quando o quinto Globo (E) tenha sido alcançado e quando comece a quinta Época desse Globo.
Da mesma forma, a consciência de Vênus só começará na sexta Revolução, quando se tenha alcançado a Sexta Época e o sexto Globo. E a hora especial de Vulcano ficará limitada ao último Globo e Época, um pouco antes do fim do Dia de Manifestação.
O tempo de evolução através de cada um desses Períodos varia grandemente. Quanto mais submersos na matéria estão os Espíritos Virginais, tanto mais lentos são os progressos e mais numerosos são os graus e estados de desenvolvimento. Passado o nadir da existência material, conforme a onda de vida ascende para condições ou estados mais sutis, o progresso gradualmente se acelera. O Período Solar tem maior duração que o Período de Saturno e o Período Lunar maior duração que o Solar. A Metade Marciana (ou primeira metade) do Período Terrestre é a metade mais extensa de todos os Períodos. Depois o tempo encurta, de modo que a Metade Mercurial e as últimas três Revoluções e meia do Período Terrestre ocuparão menos tempo que a Metade Marciana; o Período de Júpiter será mais curto que o Lunar; o Período de Vênus mais curto que o Período Solar; e o Período de Vulcano será o menos extenso de todos.
Os estados de consciência dos diferentes Períodos são os seguintes:
Período | Consciência Correspondente |
Saturno | Inconsciência, correspondente ao transe profundo |
Solar | Inconsciência, correspondente ao sono sem sonhos |
Lunar | Consciência pictórica, correspondente ao sono com sonhos |
Terrestre | Consciência de vigília, objetiva |
Júpiter | Consciência própria e de imagens conscientes |
Vênus | Consciência objetiva, autoconsciente, criadora |
Vulcano | A mais elevada Consciência Espiritual |
Tendo examinado de modo geral os estados de consciência que se desenvolverão nos três Períodos e meio restantes, estudaremos, agora, os meios de consegui-los.
Alquimia e Crescimento da Alma
O Corpo Denso começou a desenvolver-se no Período de Saturno; passou através de várias transformações no Período Solar e Lunar e alcançará seu maior grau de desenvolvimento no Período Terrestre.
O Corpo Vital germinou na segunda Revolução do Período Solar; foi reconstruído nos Períodos Lunar e Terrestre e alcançará a perfeição no Período de Júpiter, o seu quarto grau, assim como o Período Terrestre é o quarto estado para o Corpo Denso.
O Corpo de Desejos teve início no Período Lunar; foi reconstruído no Período Terrestre; será novamente modificado no Período de Júpiter e alcançará a perfeição no Período de Vênus.
A Mente nasceu no Período Terrestre; será modificada nos Período de Júpiter e Vênus e alcançará a perfeição no Período de Vulcano.
Examinando-se o Diagrama 8, vê-se que o Globo inferior do Período de Júpiter está situado na Região Etérica. Seria impossível empregar um veículo denso-físico ali, porque o Corpo Vital pode ser usado na Região Etérica. No entanto, não se imagine que, transcorrido tanto tempo para completar e aperfeiçoar o Corpo Denso, desde o começo do Período de Saturno até o final do Período Terrestre, o ser humano abandone completamente esse veículo para funcionar em veículo “mais elevado”.
A Natureza nada desperdiça. No Período de Júpiter, as forças do Corpo Denso, por adição, completarão as do Corpo Vital. Esse veículo possuirá, além das próprias faculdades, os poderes do Corpo Denso. Será um instrumento muito mais útil para expressão do Tríplice Espírito do que limitado somente às próprias forças do veículo.
O Globo D do Período de Vênus está situado no Mundo do Desejo (veja o Diagrama 8). Lá, nem o Corpo Vital nem o Denso podem ser empregados como instrumentos de consciência. As essências dos Corpo Vital e Denso aperfeiçoados serão incorporados e completarão o Corpo de Desejos, o que o converterá num veículo de qualidades transcendentais, maravilhosamente adaptado, sensibilíssimo ao menor impulso do espírito interno, tão superior às nossas presentes limitações que escapa à nossa mais elevada concepção.
Todavia, a eficiência desse esplêndido veículo será transcendida no Período de Vulcano, quando a essência do Corpo de Desejos aperfeiçoada e a dos veículos Vital e Denso se agregarem ao Corpo Mental. Esse se converterá na mais elevada expressão dos veículos humanos, contendo em si a quintessência do melhor que neles havia. Se o veículo do Período de Vênus está tão além da nossa compreensão atual, quanto mais estará o veículo posto ao serviço dos divinos seres do Período de Vulcano!
Durante a Involução, as Hierarquias Criadoras ajudaram o ser humano a despertar à atividade o Tríplice Espírito, o Ego, para construir o Tríplice Corpo e adquirir a ligação da Mente. No sétimo dia, empregando a linguagem da Bíblia, Deus descansa. Agora, o ser humano deve trabalhar por sua própria salvação. O Tríplice Espírito deve completar a obra do plano iniciado pelos Deuses.
O Espírito-Humano, despertado durante a Involução no Período Lunar, será o mais proeminente dos três aspectos do espírito na evolução do Período de Júpiter, o Período correspondente ao Lunar no arco ascendente da espiral. O Espírito de Vida, cuja atividade começou no Período Solar, manifestará sua atividade principalmente no correspondente Período de Vênus. As influências particulares do Espírito Divino serão as mais fortes no Período de Vulcano, porque foi vivificado no correspondente Período de Saturno.
Os três aspectos do Espírito estão em atividade durante a evolução, mas a atividade principal de cada aspecto será desenvolvida nesses períodos particulares. A obra que ali executarão será seu trabalho especial.
Quando o Tríplice Espírito tenha desenvolvido o Tríplice Corpo e obtenha o domínio deles por meio do foco mental, começa a desenvolver a Tríplice Alma, trabalhando dentro. A maior ou menor alma que o ser humano tenha depende da quantidade de trabalho feito pelo espírito em seus Corpos. Isto foi explicado no capítulo que descreve a experiência pós-morte.
A parte do Corpo de Desejos trabalhada pelo Ego fica transmutada em Alma Emocional e, por fim, é assimilada pelo Espírito Humano, cujo veículo especial é o Corpo de Desejos.
A parte do Corpo Vital trabalhada pelo Espírito de Vida converte-se em Alma Intelectual que edifica o Espírito de Vida, porque esse aspecto do Tríplice Espírito tem sua contraparte no Corpo Vital.
A parte do Corpo Denso que tenha sido trabalhada pelo Espírito Divino chama-se Alma Consciente e, por fim, submerge-se no Espírito Divino, porque o Corpo Denso é a sua emanação material.
A Alma Consciente cresce pela ação, pelos impactos externos e pela experiência.
A Alma Emocional cresce pelos sentimentos e emoções gerados pelas ações e pela experiência.
A Alma Intelectual é um mediador entre as outras duas e cresce pelo exercício da memória, que liga as experiências passadas às experiências presentes e os sentimentos por elas engendrados. Origina a simpatia e a antipatia, que não têm existência independente da memória. Sentimentos que resultassem somente das experiências seriam evanescentes.
Durante a Involução o espírito progrediu através da formação e aperfeiçoamento dos Corpos, mas a Evolução depende do crescimento da alma, isto é, da transformação dos Corpos em alma. A alma é, por assim dizer, a quintessência, o poder ou força dos Corpos. Quando um Corpo foi completamente construído e alcançou a perfeição através dos diversos estados e Períodos, na forma já descrita, a alma é extraída dele e absorvida pelo aspecto do Espírito que gerou o Corpo. Assim:
A Alma Consciente será absorvida pelo Espírito Divino na sétima Revolução do Período de Júpiter.
A Alma Intelectual será absorvida pelo Espírito de Vida na sexta Revolução do Período de Vênus.
A Alma Emocional será absorvida pelo Espírito Humano na quinta Revolução do Período de Vulcano.
A Mente é o instrumento mais importante que o espírito possui, um instrumento especial na obra da criação. A laringe espiritualizada e perfeita falará a Palavra Criadora, mas a Mente aperfeiçoada decidirá quanto à forma particular e volume de vibração. A Imaginação será a faculdade espiritualizada que dirigirá a criação.
Atualmente, existe forte tendência para considerar a faculdade da imaginação de modo superficial, quando, em realidade, é um dos fatores mais importantes da nossa civilização. Sem a Imaginação seríamos ainda selvagens. Pela imaginação desenhamos as casas, modelamos as roupas e meios de transporte. Se os inventores desses melhoramentos não tivessem possuído Mente nem imaginação capaz de formar imagens mentais, ditos melhoramentos nunca se teriam convertido em realidades concretas. No atual tempo de materialismo quase não se faz esforço algum para apreciar a Imaginação, e ninguém sente mais os efeitos desta atitude do que os inventores. Geralmente, são considerados “malucos”, eles que têm sido os agentes fundamentais da subjugação do Mundo Físico e da transformação do meio social no que ele é hoje em dia. Qualquer aperfeiçoamento, tanto no físico como o espiritual, deve ser, primeiramente, imaginado como uma possibilidade de converter-se em coisa real.
Se o Estudante examina o Diagrama 1, compreenderá isto claramente. O desenho exprime a comparação entre as funções dos diferentes veículos humanos e as partes de um estereoscópio. A Mente corresponde à lente, o foco. Por meio dela as ideias produzidas pela Imaginação do Espírito projetam-se no mundo material. Primeiramente são pensamentos-forma, mas quando o desejo de realizar as possibilidades imaginadas põe o ser humano em ação no Mundo Físico, convertem-se no que chamamos “realidades” concretas.
Atualmente, a Mente não está enfocada de maneira a dar uma imagem certa e clara daquilo que o Espírito imagina. Está mesmo desfocada, o que produz quadros confusos e imprecisos. Daí a necessidade da experimentação, que demonstra os defeitos da primeira concepção e produz novas imaginações e ideias, até que a imagem produzida pelo Espírito em substância mental seja reproduzida em substância física.
Atualmente só podemos formar imagens mentais que tenham relação com a Forma, porque a Mente humana começou seu desenvolvimento nesse Período Terrestre, e está no estado ou forma “mineral”. Por esse motivo, nossos labores estão limitados às formas, aos minerais. Podemos imaginar maneiras ou meios de trabalhar com as formas minerais dos três Reinos inferiores, mas nada, ou muito pouco, podemos fazer com os Corpos viventes. Somos capazes de enxertar um ramo numa árvore, ou uma parte viva de um animal ou ser humano em outras partes vivas, mas isto não é trabalhar com a vida; é com a forma. Modificaremos as condições da forma, mas a vida que a habita permanece. Criar vida está além do poder do ser humano. Esta impossibilidade será mantida até que a Mente se torne uma coisa viva.
No Período de Júpiter, a Mente será até certo ponto vivificada. O ser humano poderá imaginar formas que viverão e crescerão como as plantas.
No Período de Vênus, quando a Mente tenha adquirido “Sentimento”, poderá criar coisas com vida, sensíveis e com capacidade de crescer.
Quando alcance a perfeição, ao final do Período de Vulcano, poderá imaginar a criação de seres que viverão, crescerão, sentirão e pensarão. A evolução da onda de vida que atualmente forma a humanidade começou no Período de Saturno. Os Senhores da Mente eram, então, humanos. Trabalharam sobre o ser humano que, nesse Período, era mineral. Agora, nada tem a fazer com os Reinos inferiores, estão relacionados somente com o desenvolvimento humano.
A existência mineral dos animais atuais começou no Período Solar. Nesse tempo, os Arcanjos eram humanos. Agora, os Arcanjos são os dirigentes e guias da evolução animal. Não têm nada a fazer com os minerais nem com as plantas.
A existência dos atuais vegetais começou no Período Lunar. Os Anjos eram humanos, pelo que no presente, estão relacionados especialmente com a vida que ocupa o Reino Vegetal. Guiam-na para atingir o estado humano, mas não têm jurisdição alguma sobre os minerais.
A humanidade atual terá a seu cargo a evolução da onda de vida que começou no Período Terrestre e que, agora, anima os minerais. Atualmente estamos trabalhando com eles por meio da imaginação, dando-lhes formas, fazendo com eles barcos, pontes, trilhos, máquinas, casas, etc.
No Período de Júpiter guiaremos a evolução do Reino Vegetal. O que atualmente é mineral terá, então, uma existência análoga à das plantas. Deveremos trabalhar neles assim como, no presente, os Anjos estão fazendo com as plantas. Nossa faculdade imaginativa estará tão desenvolvida que, por seu intermédio, teremos a capacidade não só de criar formas como também de insuflar-lhes vitalidade.
A atual onda de vida mineral alcançará, no Período de Vênus, um novo grau. Dirigiremos os animais desse Período, como fazem atualmente os Arcanjos com os presentes animais, dando-lhes vitalidade e formas sensíveis; por último, no Período de Vulcano, será nosso privilégio dar-lhes uma Mente germinal, como os Senhores da Mente fizeram conosco. Os minerais de hoje serão a humanidade do Período de Vulcano, e o ser humano terá passado através de estados análogos aos percorridos pelos Anjos e Arcanjos. Será alcançado um ponto evolutivo um pouco superior ao dos atuais Senhores da Mente. Recorde-se, que em nenhuma parte se repete uma condição igual. Na espiral evolutiva há sempre aperfeiçoamento progressivo.
O Espírito Divino absorverá o Espírito Humano ao finalizar o Período de Júpiter e o Espírito de Vida, ao finalizar o Período de Vênus. A Mente aperfeiçoada, encerrando tudo quanto foi adquirido nos sete Períodos, será absorvida pelo Espírito Divino ao finalizar o Período de Vulcano. (Não há contradição alguma nesta afirmação, com referência à afirmação feita em outro lugar, de que a Alma Emocional será absorvida pelo Espírito Humano na quinta Revolução do Período de Vulcano, porque esse último estará, então, dentro do Espírito Divino).
Seguir-se-á um largo intervalo de atividade subjetiva durante o qual os Espíritos Virginais absorverão todos os frutos do Período setenário de Manifestação. Passado esse intervalo, submergir-se-ão em Deus, de Quem vieram, para, ao alvorecer de outro Grande Dia, reemergirem como seus Gloriosos Colaboradores. Durante a passada evolução as possibilidades latentes foram transmutadas em poderes dinâmicos. Tendo adquirido Poder de Alma e Mente Criadora, frutos de sua peregrinação através da matéria, terão avançado da impotência à Onipotência, da ignorância à Onisciência.
Capítulo XVII – Método para Adquirir o Conhecimento Direto
Chegou o momento de indicarmos os meios de cada indivíduo poder investigar, por si, todos os fatos estudados anteriormente. Como se disse ao princípio, a ninguém é concedido “dons” especiais. Todos podem adquirir as verdades relacionadas com a peregrinação da alma, a evolução passada e o destino futuro do mundo, sem depender da veracidade de outrem. Há um método de adquirir essa faculdade inestimável, capacitando o investigador para perscrutar esses domínios suprafísicos. Se tal método for seguido persistentemente, pode desenvolver os poderes de um Deus.
Uma simples ilustração indicará os primeiros passos do conhecimento. O melhor mecânico nada poderia fazer sem as ferramentas de seu ofício. Além disso, todo bom trabalhador caracteriza-se por ser muito cuidadoso com as ferramentas que usa, pois sabe que o trabalho depende tanto do conhecimento do ofício como das ferramentas que emprega.
O Ego tem vários instrumentos: um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente. Estes são as suas ferramentas. De sua qualidade e estado depende o trabalho que possa realizar na aquisição da experiência. Se os instrumentos forem débeis e sem flexibilidade, haverá muito pouco crescimento espiritual e a vida será quase perdida pelo menos no que diz respeito ao espírito.
Geralmente, considera-se o “êxito” de uma vida pela conta corrente do banco, pela posição social adquirida ou pela felicidade resultante de um bom ambiente ou de uma vida sem cuidados.
Quando se encara a vida dessa maneira, ficam esquecidas as coisas principais, as de existência permanente. A pessoa está cega pelo fugaz e ilusório. A conta do banco parece-lhe um êxito real, esquecendo que para o Ego, ao abandonar o Corpo, nada vale o ouro ou qualquer tesouro terrestre, podendo ainda acontecer que tenha de responder pelos meios que empregou para acumular seu tesouro, sofrendo terrivelmente ao ver os demais gastá-lo. Esquece também que toda posição social se perde desde o momento que é cortado o Cordão Prateado, podendo ser que os adulados sejam depois escarnecidos.
Quem tenha fé na vida pode sentir-se estremecer ante o pensamento de dedicar uma única hora em refletir sobre a morte. Todavia, o que só pertença a esta vida é vaidade. De valor real é tão-só o que podemos levar para além do umbral da morte, como tesouro do espírito.
Poderão parecer preciosas as plantas e suas flores protegidas pela caixa de vidro de uma estufa. Contudo, se forem retiradas da estufa que as conserva em boa temperatura, gelar-se-ão e morrerão, enquanto as plantas que crescem sob a chuva e o sol, sob a calma e a tormenta, sobreviverão mesmo no inverno e florescerão cada ano.
Do ponto de vista da alma, a felicidade e o ambiente confortável são, de modo geral, circunstâncias desfavoráveis. O mimado cãozinho de luxo está sujeito a enfermidades que o cão sem casa e sem dono não conhece. A vida do segundo é muito dura, porém obtém experiências que o mantém alerta e cheio de recursos. Sua vida é rica em experiências e recolhe uma grande colheita, enquanto que o cão mimado perde seu tempo numa espantosa monotonia.
Com o ser humano acontece algo semelhante. Será muito duro lutar com a pobreza e com a fome, porém, do ponto de vista da alma, é infinitamente preferível a uma vida de grande luxo. Quando a fortuna é um meio para pensar filantropicamente, para ajudar os demais seres humanos a aperfeiçoar-se, pode constituir uma grande bênção para o seu possuidor. No entanto, quando é utilizada com propósitos egoístas e opressivos não pode ser considerada senão como terrível desgraça.
O Ego está aqui para adquirir experiência por intermédio de seus instrumentos. Essas ferramentas, que recebe em cada nascimento são boas, más ou de pouco proveito, de acordo com o que, para a sua construção, aprendeu nas experiências passadas. Se desejarmos fazer algo vantajoso, temos de trabalhar com elas tais como são.
Quando despertamos da letargia corrente e desejamos progredir, surge, naturalmente, a pergunta: Que devo fazer?
Sem boas ferramentas o mecânico não pode executar nenhum trabalho perfeito. Semelhantemente, os instrumentos do Ego devem ser purificados e afinados. Uma vez isto feito, podemos começar a trabalhar para realizar nosso propósito. À medida que esses maravilhosos instrumentos são usados no trabalho, eles mesmos melhoram com o uso apropriado, e tornam-se mais e mais eficientes na obra em que nos ajudam. O objetivo desse trabalho é a união com o Eu superior.
Há três graus no trabalho da conquista da natureza inferior. Sucedem-se uns aos outros, mas, em certo sentido, vão juntos. No estado atual, o primeiro recebe maior atenção, menos o segundo e menos ainda o terceiro. Quando o primeiro passo tenha sido dado completamente prestar-se-á maior atenção, obviamente aos outros dois.
Há três ajudas fornecidas para alcançar cada um dos três graus. Elas podem ser vistas no Mundo externo, onde os grandes Líderes da humanidade as colocaram.
A primeira ajuda é a Religião de Raça, com a qual a humanidade pôde dominar seu Corpo de Desejos, preparando-o para a união com o Espírito Santo.
A plena operação dessa ajuda pode ser vista no Dia de Pentecostes[38]. O Espírito Santo é o Deus de Raça e todos os idiomas são expressões dele. Esta é a razão por que os Apóstolos, quando estavam plenamente unidos e submergidos no Espírito Santo, falavam diferentes línguas e podiam convencer os seus ouvintes. Seus Corpos de Desejos tinham sido purificados de modo a produzir a desejada união. Isto é um vislumbre daquilo que o discípulo alcançará algum dia: poder falar todos os idiomas. Como exemplo histórico moderno podemos citar o Conde de Saint Germain (uma das últimas encarnações de Christian Rosenkreuz, o fundador da nossa sagrada Ordem) que falava todos os idiomas. Todos aqueles a quem dirige a palavra acreditavam que ele fosse de sua própria nacionalidade. Ele também realizou a união com o Espírito Santo.
Na Época Hiperbórea, antes do ser humano possuir o Corpo de Desejos, havia um único modo de comunicação. Quando os Corpos de Desejos se purificarem suficientemente, todos os seres humanos poderão compreender-se uns aos outros. Então a diferenciação separatista das raças terá desaparecido.
A segunda ajuda, que a humanidade tem atualmente, é a Religião do Filho: a Religião Cristã, cuja finalidade é a união com Cristo, pela purificação e governo do Corpo Vital.
São Paulo refere-se a esses estados quando diz: “até que o Cristo nasça dentro de vós” [39] e exorta seus seguidores a desembaraçarem-se de todos os empecilhos, como os atletas numa corrida.
O princípio fundamental para construir o Corpo Vital é a repetição. As experiências repetidas agindo nele criam a memória. Os Líderes da humanidade, desejando nos prestar uma ajuda inconsciente por meio de certos exercícios, instituíram a oração, como um meio de produzir pensamentos delicados e puros que agem sobre o Corpo Vital. Por isso eles nos recomendaram que “orássemos sem cessar”. Os críticos têm perguntado ironicamente e com frequência porque será necessário estar sempre a orar. Se Deus é Onisciente, dizem, deve conhecer todas as nossas necessidades e, se não é, as orações provavelmente, não chegarão até Ele. Aliás, se não for Onipotente também não poderá, sequer, responder às orações. Pensando de modo análogo, até muitos cristãos têm acreditado que será mal-estar importunando a Deus continuamente com orações.
Tais ideias estão baseadas numa má compreensão. Deus, verdadeiramente é Onisciente, não necessita que ninguém lhe recorde nossas necessidades. No entanto, se, como devemos, Lhe dirigimos orações, somos nós mesmos que nos elevamos para Ele ao prepararmos e purificarmos os nossos Corpos Vitais. Se orarmos como devemos, aí está a grande questão. Geralmente, interessam-nos muito mais as coisas temporais do que elevarmo-nos espiritualmente. As igrejas celebram reuniões especiais para pedir chuva ou para pedir o triunfo do exército ou armada sobre o inimigo.
Essas são orações ao Deus de Raça, o Deus que participa das batalhas do seu povo, que aumenta seus rebanhos, enche os seus depósitos, cuida, enfim, de suas necessidades materiais. Tais orações nem sempre purificam. Surgem do Corpo de Desejos, e podem resumir-se assim: “Senhor, agora estou guardando todos os teus mandamentos da melhor maneira que posso; espero que, em troca, tu farás a tua parte”.
Cristo deu à humanidade uma oração que, tal como Ele mesmo, é a única e universal. Há nela sete orações distintas e separadas, uma para cada um dos sete princípios do ser humano: o Tríplice Corpo, o Tríplice Espírito e, o elo de ligação, a Mente. Cada oração está particularmente adaptada para promover no ser humano o progresso da parte a que é dirigida.
As orações relativas ao Tríplice Corpo têm o propósito de espiritualizar aqueles veículos e deles extrair a Tríplice Alma.
As orações relativas ao Tríplice Espírito preparam-no para receber a essência extraída: a Tríplice Alma.
A oração pela Mente tem por fim conservá-la do modo melhor como laço de união entre a natureza superior e a inferior.
A terceira ajuda a ser dada à humanidade será a Religião do Pai. Vagamente podemos compreender o que será. Somente podemos dizer que seu Ideal será superior à Fraternidade e que, por seu intermédio, o Corpo Denso será espiritualizado.
As Religiões do Espírito Santo, ou seja, as Religiões de Raça, tiveram por objetivo a elevação da raça humana por meio do sentimento de união limitado a um grupo: família, tribo ou nação.
O propósito da Religião do Filho, o Cristo, é elevar ainda mais a humanidade, para formar uma Fraternidade Universal, composta de indivíduos separados.
O ideal da Religião do Pai será a eliminação de toda separatividade, submergindo-se todos no Uno, de modo a não haver mais nem “eu” nem “tu” e a serem todos unos em realidade. Isto não acontecerá enquanto habitamos a Terra física, mas sim num futuro estado em que compreenderemos a nossa unidade com tudo, tendo cada um acesso a todos os conhecimentos adquiridos por todos os indivíduos separados. Assim como, num diamante, uma só faceta tem acesso a toda luz que se filtra por todas as demais facetas, sendo una com elas, ainda que limitada por linhas que lhe dão certa individualidade, sem separatividade, assim também o espírito individual reterá a memória de suas experiências particulares, dando também aos demais os frutos de sua existência individual.
Por meio destes passos e estados a humanidade é guiada inconscientemente.
Nas idades passadas, o Espírito de Raça reinava exclusivamente. O ser humano era limitado por um governo patriarcal e paternal, e nele não tomava parte alguma. Agora, em todo o mundo, vemos inequívocos sinais da queda desses antigos governos. O sistema de castas, que constitui o poder da Inglaterra na Índia, está sendo posto abaixo. Ali, em vez de continuar separado em pequenos grupos, o povo está se unindo e pede ao opressor que se retire e que o deixe viver livremente sob um governo do povo, para o povo e pelo povo. A Rússia, transtornada por lutas internas, pretende derrubar o governo autocrático ditador. A Turquia despertou e já deu um grande passo para a liberdade. Aqui, em nosso país, onde supõem que gozamos plena liberdade, estamos como os demais lutando por ela e não estamos ainda satisfeitos. Vamos aprendendo que há outras opressões, além das monarquias autocráticas. Vemos que ainda nos resta alcançar a liberdade industrial. Encontramo-nos esmagados sob os monopólios e o insano sistema de competição. Encaminhamo-nos para a cooperação que, atualmente, está sendo posta em prática pelos próprios monopólios, dentro dos próprios limites, para seu benefício exclusivo. Desejamos ardentemente uma sociedade na qual “todo ser humano se sentará debaixo da sua parreira e sob a sua figueira, e nada o amedrontará”[40].
Portanto, todos os sistemas paternais de governo estão mudando no mundo inteiro. As nações, como tais, já tiveram a sua vida. Estão agora trabalhando pela Fraternidade Universal, de acordo com os desígnios dos Líderes invisíveis. Certamente, estes não são os menos poderosos na precipitação dos acontecimentos, ainda que não se assentem oficialmente nos conselhos das nações.
Os meios descritos são meios lentos de purificação dos diferentes Corpos da humanidade. O Aspirante ao conhecimento superior, para alcançar esses fins, trabalha conscientemente e emprega métodos bem definidos, de acordo com sua constituição.
Métodos Ocidentais para os Ocidentais
Na Índia empregam-se diversos métodos, sob diferentes sistemas de Ioga. Ioga significa União, e, como no Ocidente, o objetivo do Aspirante é a união com o Eu Superior. Porém, para serem eficazes os métodos de alcançar essa união, devem ser diferentes para um hindu e para um caucásico, tendo em vista que os veículos de um hindu estão diferentemente constituídos dos de um caucásico. Os hindus, durante muitos milhares de anos, viveram em ambiente e clima totalmente diferentes dos nossos e seguiram diferentes métodos de pensamento. Sua civilização, embora de ordem muito elevada, produz efeitos diferentes. Portanto, seria inútil adotarmos seus métodos, aliás, produto dos mais elevados conhecimentos ocultos. São perfeitamente convenientes para eles, mas, sob todos os aspectos, tão inadaptáveis aos ocidentais como um prato de aveia é impróprio para um leão.
Por exemplo, em alguns sistemas pede-se ao iogue para sentar-se em determinadas posições a fim de certas correntes cósmicas poderem fluir de certo modo através do seu Corpo, o que produzirá definidos resultados. Eis uma instrução completamente inútil para um caucásico, cuja maneira de viver torna-o inteiramente insensível a essas correntes. Para obter algum resultado prático deve trabalhar em harmonia com a constituição dos próprios veículos. Por esta razão os “Mistérios” foram estabelecidos em diversas partes da Europa na Idade Média. Os alquimistas eram profundos Estudantes da ciência oculta superior. É crença popular que o objetivo dos seus estudos e experiências era transmutar os metais inferiores em ouro. Essa representação simbólica foi escolhida para encobrir seu verdadeiro trabalho, a transmutação da natureza inferior em espírito. Foi descrita desse modo para evitar as suspeitas dos zelosos sacerdotes, e para não caírem em mentira. É certa a afirmação de que os Rosacruzes formavam uma sociedade dedicada à descoberta e ao uso da fórmula para fazer a “Pedra Filosofal”. Muitas pessoas tiveram em suas mãos, e ainda tem frequentemente, essa maravilhosa pedra. É muito comum, mas não têm nenhum valor a não ser para o indivíduo que a prepara por si mesmo. A fórmula obtém-se do treinamento oculto, não sendo os Rosacruzes, a tal respeito, diferentes dos ocultistas de qualquer outra escola. Todos estão dedicados à construção da cobiçada pedra. Cada um emprega seus próprios métodos. Não havendo dois indivíduos iguais, o trabalho eficaz, na esfera de ação de cada um, é sempre individual.
Há sete escolas de ocultismo, como são os “Raios” de Vida, os Espíritos Virginais. Cada escola, ou ordem, pertence a um desses sete Raios; assim também cada indivíduo da humanidade. Portanto, qualquer indivíduo que procure unir-se a um desses grupos ocultos cujos Irmãos não pertençam a seu Raio, não poderá alcançar qualquer benefício. Os membros desses grupos são irmãos em mais íntimo sentido que a restante humanidade.
Talvez se compreenda melhor a relação de cada um desses raios com os demais comparando-os com as cores do espectro. Por exemplo, juntando um raio vermelho a um verde, produz-se uma desarmonia. O mesmo princípio se aplica aos espíritos. Se bem que todos sejam unos, cada um deve cooperar com os do grupo a que pertence durante a manifestação. Assim como todas as cores estão contidas na luz branca, sendo a capacidade refratora da atmosfera que aparentemente a divide em sete cores, assim também as ilusórias condições da existência concreta fazem que os Espíritos Virginais, unos em essência, se dividam em grupos, aparentemente muito diferentes enquanto permanecerem divididos.
A Ordem Rosacruz foi fundada, especialmente, para aqueles cujo elevado grau de desenvolvimento intelectual lhes obriga a esquecer do coração. O intelecto pede imperiosamente uma explicação lógica de todas as coisas, do mistério do mundo, do problema da vida e da morte. O preceito sacerdotal “não procureis conhecer os mistérios de Deus” não explicou as razões e o modus operandi da existência.
É de suprema importância para todo homem ou mulher que tem a fortuna, ou o que seja, de possuir uma Mente esquadrinhadora, receber todas as informações que deseje, a fim de que o coração possa falar quando a cabeça esteja satisfeita. O conhecimento intelectual é um meio para chegar ao fim, não é a própria finalidade. Portanto, o propósito dos Rosacruzes é primeiramente satisfazer o Aspirante, provar-lhe que, no universo, tudo é razoável, para que triunfe sobre o rebelde intelecto. Quando deixar de criticar e se dispuser a aceitar provisoriamente, como verdade provável, afirmações que, de imediato, não pode constatar, então, e somente então, desenvolverá as faculdades superiores, pelo treinamento esotérico. Deixando de ser um simples ser humano de fé, passará ao conhecimento direto. Apesar disso, conforme progride no conhecimento direto e se habilita a investigar por si próprio, o discípulo verá que há sempre outras verdades além do seu alcance. Sabe serem verdades, mas seu insuficiente avanço não lhe permite investigar.
Seria bom que o discípulo sempre recordasse que a lógica é o guia mais seguro em todos os Mundos. Portanto, o que não seja lógico não pode existir no Universo. Também não deve esquecer as limitações das próprias faculdades, nem que, às vezes, seriam necessários poderes raciocinadores mais poderosos do que os seus para poder resolver alguns problemas. Com efeito, há problemas que só podem ter ampla explicação quando examinados à luz de raciocínios muito além do presente estado de desenvolvimento da capacidade do discípulo. Outro ponto que deve ter sempre presente: é inteiramente necessária a confiança mais absoluta no mestre.
O que acaba de ser exposto recomenda-se muito especialmente a todas as pessoas que tenham em mira dar seus primeiros passos no ocultismo superior. Quem pretende seguir as regras apresentadas, deve depositar toda a confiança nos meios de realização indicados. Não se alcançaria o menor resultado em segui-los parcialmente. A dúvida mataria a mais formosa flor que o espírito pudesse produzir.
O treinamento dos diferentes veículos do ser humano faz-se sincronicamente. Não pode um Corpo ser influenciado sem que os outros sejam afetados, porém, o trabalho principal ou definido pode fazer-se em qualquer deles.
O Corpo Denso é predominantemente afetado quando se presta estrita atenção à higiene e à dieta, contudo, ao mesmo tempo, há também um efeito no Corpo Vital e no de Desejos. Os mais puros e melhores alimentos têm suas partículas envolvidas por mais puro Éter planetário e mais pura matéria de desejos. Se eles forem empregados na construção do Corpo Denso, purificam e melhoram todos aqueles Corpos. Quando o cuidado é dirigido unicamente à higiene e ao alimento, o Corpo Vital e Corpo de Desejos poderão permanecer tão impuros como antes, mas, tal cuidado facilita um pouco o contato com o bem, mais do que o uso dos alimentos grosseiros.
Por outro lado, se a despeito das descomodidades, cultivamos um temperamento equânime e gostos literários e artísticos, o Corpo Vital produzirá aversão aos assuntos materiais e promoverá sentimentos e emoções nobres no Corpo de Desejos.
O cultivo das emoções também reage sobre os outros veículos, melhorando-os.
Se, começando pelo veículo denso, examinarmos os meios físicos para melhorá-lo e convertê-lo no melhor instrumento possível do espírito e, depois, estudarmos os meios espirituais conducentes ao mesmo fim, os demais veículos ficarão incluídos nesse estudo. Esse é o método que seguiremos.
O primeiro estado visível do embrião humano é uma pouca substância gelatinosa, parecida com a albumina ou clara de ovo. Nesse glóbulo gelatinoso aparecem partículas de matéria mais sólida. Estas partículas, gradualmente, aumentam em quantidade, tamanho e densidade, pondo-se em contato umas com as outras. Os diferentes pontos de contato convertem-se no decorrer do desenvolvimento em articulações ou juntas até formar-se gradualmente uma estrutura sólida: o esqueleto.
Durante a formação dessa estrutura, a matéria gelatinosa que o rodeia acumula-se e muda muito a forma, desenvolvendo por último, um organismo conhecido pelo nome de feto. Esse cresce cada vez mais, torna-se firme e organizado, até que chega o nascimento.
Começa a infância; mas o processo de solidificação surgido no primeiro grau visível de existência, continua. O ser passa através dos diferentes estágios da vida: infância, adolescência, juventude, virilidade e velhice, até chegar a mudança denominada morte. Pois bem, esses sucessivos estados são caracterizados por um crescente grau de dureza e solidificação.
Ossos, tendões, cartilagens, ligamentos, tecidos, membranas, pele e, até o estômago, os pulmões e outros órgãos internos sofrem uma gradual densidade e firmeza. As juntas, tornando-se rígidas e secas, começam a ranger com o movimento. O fluído sinovial que as lubrifica e abranda diminui, transforma-se em viscoso e gelatinoso e não pode mais servir bem aos seus fins.
O coração, o cérebro, todo o sistema muscular, a medula espinhal, nervos, olhos, etc., participam do mesmo processo de solidificação, tornando-se cada vez mais duros. Milhões e milhões dos diminutos vasos capilares, que se ramificam como os ramos de uma árvore através do Corpo inteiro, cerram-se gradualmente e transformam-se em fibras sólidas, por onde o sangue já não pode passar.
Os vasos sanguíneos maiores, artérias e veias, também endurecem, perdem a elasticidade, estreitam-se, incapazes de levar a quantidade necessária de sangue. Os fluídos do Corpo tornam-se viscosos e impuros, carregados de matéria terrosa. A pele fica amarelada, seca e áspera. O cabelo cai por falta de gordura. Os dentes cariam-se e desprendem-se por falta de gelatina. Os nervos motores começam a secar, os sentidos debilitam-se e os movimentos tornam-se pesados e lentos. A circulação do sangue retarda-se, paralisa-se e se coagula nos vasos. Os Corpos depois de serem elásticos, cheios de saúde, flexíveis, ativos, sensitivos, ficam tardos, rígidos, insensíveis, e, finalmente, morre-se de velhice.
Surge, logicamente, a pergunta: “o que ocasionou essa solidificação lenta do copo que produz a rigidez, a decrepitude e a morte? “.
Do ponto de vista físico, a opinião dos químicos é unânime: é principalmente um crescente depósito de fosfato de cálcio (substância dos ossos), de carbonato de cálcio (giz comum), de sulfato de cálcio (gesso), ocasionalmente, de um pouco de magnésio e de uma quantidade insignificante de outras matérias terrosas.
A única diferença entre o Corpo infantil e o decrépito é a maior densidade, dureza e rigidez do último, causadas pela quantidade de matérias terrosas, calcárias, depositadas no seu organismo. Os ossos da criança são compostos de três partes de gelatina para uma parte de matéria terrosa. No velho a proporção é inversa.
Qual é a fonte desse acúmulo de matérias que produz a morte? Como o Corpo é nutrido pelo sangue, qualquer substância nele existente deve ter estado primeiramente no sangue. A análise mostra que o sangue tem substâncias terrosas da mesma classe dos agentes da solidificação. Devemos notar que o sangue arterial contém mais substâncias terrosas do que o sangue venoso.
Isto é sumamente importante, porque demonstra que em cada ciclo o sangue deposita substâncias terrosas. Por consequência, o sangue é o veículo das substâncias que destroem o sistema. A quantidade de matérias terrosas nele contida renova-se, pois, do contrário o trabalho de solidificação não continuaria. Como se renova essa mortífera carga? Só pode haver uma resposta: pelo alimento e pela bebida. Não pode tomá-la de outra fonte.
O alimento e a bebida são, portanto, a fonte primária das matérias terrosas, calcárias, logo depositadas pelo sangue em todo o sistema, e que produzirão primeiramente a decrepitude e depois a morte. Dependendo a sustentação da vida de muitas classes de alimentos e bebidas, é conveniente conhecer as espécies de alimentos que contém menor quantidade de substâncias destrutivas. Se usarmos tais alimentos prolongaremos a vida. Aliás, do ponto de vista oculto, é desejável viver o maior tempo possível em cada Corpo Denso, especialmente depois de havermos iniciado o “Caminho”. São precisos bastantes anos para educar cada Corpo que habitamos, até o espírito obter algum domínio sobre ele. É bem claro que vivendo o maior tempo possível num Corpo já dirigido pelo espírito, tanto melhor será para o nosso progresso. Torna-se por consequência, da maior importância que o discípulo tome alimentos e bebidas com a menor quantidade de substâncias destrutivas, devendo, ao mesmo tempo, manter sempre ativos os órgãos de excreção.
A pele e o sistema urinário salvam o ser humano de uma morte prematura. Sem eles, que eliminam a maior parte das substâncias terrosas que absorvemos nos alimentos, não viveríamos nem dez anos.
A água ordinária, não destilada, contém tanto carbonato e outros compostos de cálcio que a quantidade por uma pessoa absorvida, correntemente, em forma de chá, café, sopa, etc., seria suficiente, em quarenta anos, para formar um bloco calcário ou de mármore do tamanho de um ser humano. Em circunstâncias ordinárias, a substância calcária é muito evidente na urina dos adultos. A essa eliminação deve-se o poder viver tanto como vivemos. É significativo encontrar fosfato de cálcio na urina dos adultos e não na urina das crianças. Nestas, a retenção deve-se à necessidade da rápida formação dos ossos. O mesmo acontece durante o período de gestação. Há muito pouca substância calcária na urina da mulher porque é empregada na construção do feto.
A água não destilada usada como bebida é o pior inimigo do ser humano. Quando se usa externamente é o seu melhor amigo, porque mantém os poros da pele abertos e estimula a circulação do sangue. Além disso, evita estancamentos que, originando depósitos das substâncias calcárias (fosfatos, etc.) muitas vezes causam a morte.
Harvey, o descobridor da circulação do sangue, disse que a circulação livre do sangue se traduz em saúde e que a enfermidade é o resultado de obstrução da mesma circulação.
O banho geral é de grande valor como meio de conservar a saúde do Corpo. Deve ser tomado, frequentemente, pelo Aspirante à vida superior. A transpiração, sensível ou insensível, expulsa muito mais substâncias terrosas do que qualquer outra função.
Um fogo a que se lance combustível e se mantenha livre de cinzas, continuará queimando. Os rins são muito importantes: expulsam as cinzas, mas apesar da grande quantidade de matérias calcárias que saem na urina, muitas pessoas retém o bastante para formar cálculos ou pedras nas vias urinárias – causa de dores indescritíveis e até da morte.
Não se deve crer que a água contenha menor quantidade de calcário por ter sido fervida. A crosta que se deposita no fundo da chaleira é deixada pela água evaporada, que sai como vapor.
A água destilada é importantíssima para manter o Corpo jovem. Nesta água destilada, que se obtém pela condensação do vapor, não há absolutamente substância terrosa de nenhuma espécie, nem também, na água da chuva, da neve ou do granizo (salvo a que possa apanhar no contato com o solo, telhado, etc.). O café, o chá ou a sopa, não estão livres de substâncias terrosas quando feitos com água ordinária, por mais que seja fervida. Pelo contrário, quanto mais se ferva, tanto mais carregada fica. Quem sofre de enfermidades urinárias só deveria beber água destilada.
Em termos gerais, dentre os alimentos sólidos, os vegetais frescos e as frutas maduras contêm a maior proporção de substâncias nutritivas e a menor quantidade de substâncias terrosas.
Como estamos escrevendo estas linhas para o Aspirante à vida superior e não para o público em geral, podemos dizer também que os alimentos animais, se for possível, devem ser abolidos completamente.
Nenhum indivíduo que mate pode chegar muito acima no caminho da santidade. Notemos, todavia que, comendo a carne, agimos pior do que se realmente matássemos. Com efeito, para evitar cometer pessoalmente essas matanças, obrigamos um semelhante[41], forçado por necessidades econômicas, a dedicar sua vida inteira ao assassínio. Isso o brutaliza em tal extensão que a lei não lhe permite atuar como jurado nos julgamentos por crimes capitais, porque o seu trabalho o tem familiarizado demasiadamente com a matança.
Os iluminados sabem que os animais são nossos irmãos mais jovens e que serão humanos no Período de Júpiter. Nesse tempo, ajudá-los-emos, tal como os Anjos, que eram seres humanos no Período Lunar, estão a ajudar-nos agora. Matar, para um Aspirante aos ideais elevados, seja pessoalmente ou por delegação, é coisa completamente fora de toda cogitação.
Contudo, podem ser usados vários produtos animais muito importantes, como o leite, o queijo e a manteiga. Tais produtos são o resultado de processo de vida. Transformá-los em alimento não causa nenhum sofrimento. O leite, fator importantíssimo para o Estudante ocultista, não contém substâncias terrosas e, por conseguinte, exerce influência como nenhum outro alimento.
Durante o Período Lunar, o ser humano foi alimentado com o leite da Natureza, alimento universal. O emprego do leite tem certa tendência a pôr-nos em contato com as forças cósmicas, que capacitarão para curar os outros.
Crê-se, geralmente, que o açúcar e outras substâncias sacarinas são prejudiciais à saúde, especialmente para os dentes, onde produzem dores e cárie. Isto é certo, mas sob certas circunstâncias. Podem ser prejudiciais em certas enfermidades como a biliosa ou a dispepsia, ou se é mantido muito tempo na boca, como o açúcar cande. Se for empregado discretamente durante a saúde, aumentando-se gradualmente a dose na medida em que o estômago se vá acostumando, ver-se-á que é muito nutritivo. A saúde dos trabalhadores melhora enormemente durante a safra, apesar de ser a época em que maus trabalham. Isto se atribui à alimentação com o suco doce da cana. O mesmo se pode dizer dos cavalos, vacas e outros animais dessas localidades, que gostam extraordinariamente do melado e dos resíduos da cana. Tornam-se gordos em pouco tempo e o pelo fica suave e brilhante. Os sucos sacarinos das cenouras tornam fino como seda o pelo dos cavalos alimentados durante algumas semanas como cenouras fervidas. O açúcar é um artigo nutritivo e benéfico à alimentação; não contém resíduos de nenhuma espécie.
As frutas são uma dieta ideal. As árvores produzem-nas para induzir o ser humano e os animais a comê-las, de maneira que as sementes se espalhem. As flores atraem as abelhas com análogos propósitos.
A fruta fresca contém água da classe mais pura e melhor, capaz de penetrar no sistema de uma maneira maravilhosa. O suco de uvas é particularmente um dissolvente admirável. Purifica e estimula o sangue e abre-lhe caminho nos capilares já secos e endurecidos, sempre que o processo de endurecimento não tenha ido demasiado longe. O tratamento pelo suco de uvas sem fermentar, torna fortes, vigorosas e cheias de vida as pessoas de olhos cansados, pálidas e de compleição pobre. A crescente permeabilidade permite ao espírito manifestar-se com mais liberdade e com renovada energia. A Tabela seguinte, com exceção da última coluna, foi copiada das publicações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e dará ao Aspirante alguma ideia da quantidade de alimento que deve comer, conforme os diferentes graus de atividade, assim como mostra os constituintes dos diversos alimentos indicados.
O Corpo, considerando do ponto de vista puramente físico, assemelha-se ao que poderíamos chamar um forno químico, sendo o alimento o combustível. Quanto mais exercício faz tanto mais combustível necessita. Seria loucura alguém mudar seu método ordinário de alimentação, usado durante anos, para seguir outro método, sem observação prévia e cuidadosa do melhor que possa servir aos seus propósitos. A mera alimentação da carne da alimentação ordinária das pessoas carnívoras, com toda a certeza produziria desarranjos na saúde da maioria. A única maneira segura é, primeiramente, experimentar e estudar o assunto com discernimento. A alimentação é uma coisa tão individual que não é possível estabelecer regras fixas. Podemos dar uma Tabela de valores alimentícios e descrever a influência geral de cada elemento químico, mas cada Aspirante deve organizar seu próprio regime.
Não devemos permitir, tampouco, que a aparência de uma pessoa afete o nosso juízo a respeito da sua condição ou estado de saúde. São aceitas certas ideias gerais como determinantes do estado de saúde, mas não há razões de peso para esse juízo. As faces rosadas, num indivíduo, podem ser uma indicação de saúde e, noutro de enfermidade. Não há nenhuma regra particular que permita conhecer a saúde. Não consideremos somente as aparências. Só o sentimento de conforto e de bem-estar que goza o próprio indivíduo.
A Tabela de valores que se fornece mostra os cinco componentes químicos dos alimentos e outras particularidades de interesse.
A água é o grande dissolvente.
O nitrogênio ou proteína é fator essencial na formação da carne, mas contém algumas substâncias terrosas.
Os hidratos de carbono ou açucares são os principais portadores de energia.
As gorduras produzem calor e conservam forças de reserva.
As cinzas são minerais, calcários, terrosos, que endurecem todo o sistema. Não devemos temer a influência desses elementos na formação dos ossos; pelo contrário, devemos ser sumamente cautelosos e absorver somente o mínimo possível.
A caloria é unidade de calor. A Tabela mostra a quantidade contida em cada substância alimentar, no estado em que se encontra nos mercados. Há em uma libra de castanha do Pará, por exemplo, 49,6% de resíduo (cascas). Os 50,4% restantes contém 1.485 calorias. Isto significa que cerca da metade do que se compra é inútil, mas a parte restante contém o número de calorias indicado. Para conseguir a maior soma de energia dos alimentos, devemos prestar atenção ao número de calorias para obtermos a energia precisa para o trabalho cotidiano.
O número de calorias (por dia) necessário para sustentar o Corpo sob diferentes condições, mostra-se na Tabela seguinte:
Ser humano com trabalho muscular muito forte: | 5.500 calorias |
Ser humano com trabalho muscular moderadamente forte: | 4.150 calorias |
Ser humano com trabalho muscular moderadamente ativo: | 3.500 calorias |
Ser humano com trabalho moderadamente leve: | 3.050 calorias |
Ser humano com trabalho sedentário: | 2.700 calorias |
Ser humano que não faz exercício muscular: | 2.450 calorias |
Mulher com trabalho manual leve ou moderado: | 2.450 calorias |
Segundo a Tabela de valores nutricionais dos alimentos, é evidente que o chocolate é o alimento mais nutritivo e o cacau em pó é o mais perigoso de todos os alimentos porque contém três vezes mais cinzas do que qualquer outro e dez vezes mais do que muitos deles. É um alimento poderoso, mas também um veneno poderoso porque endurece o sistema muito mais rapidamente do que qualquer outra substância.
Para elaborarmos um bom regime alimentar é necessário fazer algum estudo. Esse trabalho é amplamente compensado pela saúde e longevidade que, assegurando-nos o livre emprego do Corpo, tornarão possível o estudo e a dedicação a coisas superiores. Depois de algum tempo, o Aspirante ficará tão familiarizado com o assunto que não precisará mais dedicar-lhe muito atenção.
A Tabela anterior mostra as proporções das substâncias químicas contidas em cada substância alimentar nomeada, mas, cabe recordar, nem todas são aproveitáveis pelo sistema. O Corpo recusa-se a assimilar algumas.
Dos vegetais digerimos somente 83% das proteínas, 90 % das gorduras e 95% dos hidratos de carbono.
Das frutas assimilamos 85% das proteínas, 90% das gorduras e 90% dos hidratos de carbono.
O cérebro, órgão coordenador que domina os movimentos do Corpo e expressa as ideias, é constituído pelas mesmas substâncias que as demais partes do Corpo, mas, além delas, tem o fósforo, peculiar somente ao cérebro.
Conclusão lógica a tirar: o fósforo é o alimento particular mediante o qual o Ego pode expressar pensamentos e influenciar o Corpo Denso. A quantidade desta substância é proporcional ao estado de consciência e ao grau de inteligência do indivíduo. Os idiotas têm muito pouco fósforo. Os profundos pensadores têm muito. No Reino Animal o grau de consciência e de inteligência está em proporção direta à quantidade de fósforo contida no cérebro.
Portanto, é de suma importância que o Aspirante ansioso de se empregar em trabalhos mentais e espirituais dê ao cérebro esta necessária substância. A maioria dos vegetais e das frutas contém certa quantidade de fósforo. A maior quantidade encontra-se sempre nas folhas, geralmente desprezadas. O fósforo encontra-se em quantidades consideráveis nas uvas, cebolas, sálvia, feijões, ananás, alhos, e nas folhas e talos de muitos vegetais. Também no suco da cana de açúcar, mas não no açúcar refinado.
A seguinte Tabela mostra a proporção de ácido fosfórico em alguns produtos alimentares:
Em 100.000 partes de:
Cevada seca | 210 partes |
Feijões, favas, ervilhas | 292 partes |
Beterrabas | 167 partes |
Folhas de beterraba | 690 partes |
Trigo mourisco | 170 partes |
Cenouras secas | 395 partes |
Folhas de cenoura | 963 partes |
Linhaça | 880 partes |
Talos de linho | 118 partes |
Chirívia (Pastinaga) | 111 partes |
Folhas de chirívia (Pastinaga) | 1784 partes |
Ervilhas frescas | 190 partes |
Todas as considerações precedentes podem ser assim resumidas:
O primeiro cuidado médico é comprovar se as excreções se efetuam devidamente. É o meio principal que a Natureza emprega para desembaraçar o Corpo dos venenos contidos nos alimentos.
Em conclusão, o Aspirante deve escolher os alimentos que melhor possa digerir porque, facilmente realizada essa função, maior a energia extraída do alimento e por mais tempo será o sistema nutrido antes de ser necessário comer de novo. Não se deve beber o leite como se bebe um copo de água. Ingerindo aos goles, como o chá ou o café, formará no estômago pequenos coágulos, facilmente assimiláveis. Criteriosamente tomado, é um dos melhores elementos da dieta. As frutas cítricas (limões, laranjas, etc.) são poderosos antissépticos. Os cereais especialmente o arroz, são antitóxicos de grande eficiência.
Explicando o que é necessário ao Corpo Denso, do ponto de vista material, puramente físico, consideraremos agora o assunto sob o ponto de vista oculto, relativamente ao efeito que o alimento produz sobre os dois Corpos invisíveis que interpenetram o Corpo Denso.
Como dissemos anteriormente, o ponto de apoio especial do Corpo de Desejos são os músculos e o Sistema Nervoso cérebro-espinhal. A energia desprendida por alguém que se movimenta sob excitação ou ódio é um bom exemplo. Em tais ocasiões, todo o sistema muscular está em tensão e nenhum trabalho, por duro que seja, é tão extenuante como um “acesso de ira”. Às vezes pode deixar o Corpo extenuado durante semanas inteiras. Portanto, é imprescindível melhorar o Corpo de Desejos e controlar o temperamento, evitando ao Corpo Denso sofrimentos que resultam da ação desordenada do Corpo de Desejos.
Sob o ponto de vista oculto, toda consciência do Mundo Físico resulta da luta constante entre os Corpos de Desejos e Vital.
A tendência do Corpo Vital é amolecer e construir. Sua expressão principal encontra-se no sangue, nas glândulas e no Sistema Nervoso simpático. Iniciou o ingresso na praça forte do Corpo de Desejos (o sistema muscular e o nervoso voluntário), quando começou a converter o coração em músculo voluntário.
A tendência do Corpo de Desejos é endurecer e invadir os domínios do Corpo Vital, tomando posse do baço. Produz os corpúsculos brancos do sangue, que não são “policiais” do sistema, como crê atualmente a ciência, mas destruidores de todo o Corpo. Ditos corpúsculos filtram-se pelas paredes das veias e artérias, onde quer que apareça a menor enfermidade. O torvelinho de forças do Corpo de Desejos permeabiliza as veias e artérias, especialmente em momento de cólera, abrindo caminho a esses corpúsculos brancos para os tecidos do Corpo, onde formam as bases para a agrupação das matérias terrosas que matam o Corpo.
Com a mesma classe de alimentos, a pessoa serena e jovial viverá muito mais, gozará de melhor saúde e será mais ativa do que a pessoa melancólica que perde o domínio próprio. A última produzirá e lançará por todo o organismo mais corpúsculos brancos destruidores do que a primeira. Se as pessoas que se dedicam à ciência analisassem os Corpos dessas duas pessoas, notariam que existe uma quantidade muito menor de substâncias terrosas no Corpo da pessoa jovial do que no Corpo do irascível.
Essa destruição é constante porque não é possível evitar totalmente os destruidores, nem essa é, tampouco, a intenção. Se o Corpo Vital pudesse ininterruptamente construir, continuaria empregando todas as energias com esse propósito, mas não haveria consciência ou pensamento algum. A obstrução produzida pelo Corpo de Desejos e pelo endurecimento das partes internas é que desenvolve a consciência.
Em tempo muito recuado, anterior àquele em que criamos as primeiras concreções, tínhamos, como os atuais moluscos, Corpos moles, flexíveis e sem ossos. Porém, a consciência era, como a deles, obscuríssima, vaga e tenuíssima. Para que pudéssemos avançar era necessário retermos as concreções.
O estado de consciência de qualquer espécie está em proporção direta ao desenvolvimento do esqueleto interno. O Ego, para sua expressão, deve possuir sólidos ossos, com medula semifluídica e vermelha, a fim de poder formar corpúsculos sanguíneos vermelhos.
Esse é o maior desenvolvimento do Corpo Denso. Isto não significa que os animais com esqueleto semelhante ao do ser humano, quanto à perfeição, possuam espírito interno. Não têm porque pertencem a uma corrente diferente de evolução.
Segundo a lei da assimilação uma partícula forma parte do nosso Corpo quando, como espíritos, a dominamos e sujeitamos a nós mesmos. Nesse caso, recordemos que as forças ativas são principalmente os nossos “mortos”, que entraram no “céu”. Ali aprendem a construir Corpos para usá-los aqui, porém trabalham de acordo com certas leis que não está em seu poder modificar. Em toda partícula de alimento há vida. Antes de podermos incorporá-la pela assimilação, é necessário que a dominemos e a sujeitemos. Em caso contrário, não poderia haver harmonia no Corpo, cada parte agiria independentemente, como acontece quando, pela morte, a vida coordenadora se retira do Corpo. Esse é o processo de desintegração, precisamente o oposto da assimilação. Quanto mais individualizada está a partícula que se há de assimilar, tanto maior energia é necessária para digeri-la e tanto menos tempo permanecerá, procurando logo alguma saída para libertar-se.
Os seres humanos não estão organizados de maneira a viver de minerais sólidos. Ao ingerirmos uma substância puramente mineral, o sal, por exemplo, passa através do Corpo deixando muito pouco atrás. Porém, o pouco que deixa é de natureza perigosa. Se os minerais pudessem ser empregados pelo ser humano como alimento seriam ideais por terem pouca estabilidade e ser necessária pouca energia para dominá-los e subjugá-los à vida do Corpo. Comeríamos muito menos e menor número de vezes do que agora fazemos. Algum dia, os laboratórios fornecerão alimentos químicos de tal qualidade que sobre passarão quaisquer outros, além da vantagem de estarem sempre frescos. Os alimentos obtidos de plantas superiores e, sobretudo dos animais, Reino superior ao vegetal, é positivamente nauseabundo, por causa da rapidez da desintegração. Esse processo resulta dos esforços das partículas para livrarem-se do conjunto.
O Reino Vegetal, o próximo superior ao mineral, tem organização capaz de assimilar os compostos dos minerais da Terra. O ser humano e os animais podem decompor as plantas e assimilar e nutrir-se dos seus compostos químicos, tendo em vista que o Reino Vegetal, que tem consciência de sono sem sonhos, não oferece resistência alguma à assimilação. É necessária pouca energia para assimilar suas partículas, e como tem muito pouca individualidade própria, a vida que se anima não procura escapar-se de nosso Corpo tão rapidamente como as dos alimentos derivados de formas mais desenvolvidas.
A força obtida de uma dieta de vegetais ou de frutos permanece mais do que a derivada de uma dieta de carne. Não é necessário ingerir com tanta frequência quantidades de alimento vegetal. Proporcionalmente, esse alimento fornece mais energia porque, para assimilá-lo, é necessária menor energia.
O alimento obtido de Corpos animais compõe-se de particular trabalhadas e interpenetradas por um Corpo de Desejos individual, e individualizadas. Esta individualização é muito maior que a das partículas vegetais. No animal, cada célula constitui-se numa alma celular individual compenetrada pelas paixões, e desejos do animal. É necessária uma energia considerável, primeiramente para dominá-la e, depois, para poder ser assimilada. No entanto, nunca fica completamente incorporada ao Corpo como os constituintes duma planta, que não tem tendências individuais tão fortes. Resultado: o carnívoro necessita de quantidade maior de alimento que o frugívoro e tem de comer mais frequentemente. Ainda mais: a luta interna das partículas da carne provoca desgaste e destruição maior do Corpo, o que torna o carnívoro menos ativo e menos paciente do que o vegetariano, como tem sido demonstrado em provas realizadas pelos partidários de um e do outro regime.
Portanto, se a carne obtida dos herbívoros é um alimento tão instável, é evidente que seríamos obrigados a consumir quantidades enormes de alimento caso ingeríssemos a carne dos animais carnívoros, que têm as células ainda mais individualizadas. Ocuparíamos a maior parte do nosso tempo comendo e, todavia, estaríamos sempre extenuados e famintos. É o que se pode ver no lobo e no abutre, cuja magreza e fome são proverbiais. Os canibais comem carne humana, mas só em largos intervalos e como guloseima. O ser humano não faz alimentação exclusivamente de carne. Por isso, sua carne não é completamente igual à de um animal carnívoro. Não obstante, a fome dos canibais é também proverbial.
Se a carne de herbívoro fosse a essência do melhor que há nas plantas, a carne dos carnívoros, logicamente, seria a quintessência. A carne dos lobos e dos abutres, muito mais desejável, seria o creme dos cremes. Como sabemos não é assim. Pelo contrário, quanto mais nos aproximarmos do Reino Vegetal tanto mais energia obteremos do nosso alimento. Se a carne dos animais carnívoros fosse aquele creme, seria muito procurada pelos outros animais de presa, mas exemplos tais como “cão comer cão” é raríssimo na Natureza.
A primeira lei da ciência oculta é “não matarás”. O Aspirante à vida superior deve ter isto muito em conta. Não podendo criar sequer uma partícula de barro, não temos o direito de destruir nem a forma mais insignificante. Todas as formas são expressões da Vida Una, da Vida de Deus. Não temos o direito de destruir a Forma, pela qual a Vida está adquirindo experiência, e obrigá-la a construir um novo veículo.
Ella Eheeler Wilcox[42], com a verdadeira compaixão de todas as almas avançadas, defende esta máxima ocultista, nas seguintes e formosíssimas palavras:
Eu sou a voz dos que não falam.
Por mim falarão os que são mudos.
Minha voz ressoará nos ouvidos do mundo
até o cansaço; até que escutem e saibam
os erros que cometem com os débeis
que não podem falar.
O mesmo poder formou o pardal,
o ser humano e o rei.
O Deus do Todo deu uma
Chispa anímica a todos
os seres de pelo e pluma.
Eu sou o guardião dos meus irmãos.
Lutarei sua batalha e farei
a defesa do animal e da ave.
Até que o mundo faça
as coisas como se deve.
Objeta-se algumas vezes que também arrebatamos a vida dos vegetais e frutas que comemos. Objeção baseada numa imperfeita compreensão dos fatos. Quando a fruta está madura, já realizou o seu propósito: agir como matriz da semente. Se não é aproveitada, apodrece e perde-se. Além disso, destinada a servir de alimento ao animal e ao ser humano, ao cair no solo fértil proporciona à semente oportunidade de germinar. O óvulo e o sêmen dos seres humanos são estéreis sem o Átomo-semente do Ego reencarnante e sem a matriz do Corpo Vital. Assim também, qualquer ovo ou semente, se isolados, são desprovidos de vida. No entanto, se lhe são proporcionadas as condições necessárias de incubação, a vida do Espírito-Grupo neles penetra aproveitando a oportunidade para garantir a produção de um Corpo Denso. Se esmagarmos ou cozinhamos o ovo ou a semente, ou não lhe são proporcionadas as condições necessárias para a vida, a oportunidade se perde. Isto é tudo.
Já sabemos que, no estado atual da nossa jornada evolutiva, matar é um mal. O ser humano protege e ama aos animais conforme seus gostos e interesses egoístas (desde que não interfiram em seus direitos). A lei protege até os gatos e cães contra a crueldade desenfreada. Salvo no esporte, a mais desenfreada e covarde de todas as nossas crueldades contra o Reino Animal, sempre se matam os animais para ganhar dinheiro. Porém os devotos do esporte matam as indefesas criaturas só com o objetivo de obter prestígio, falso prestígio, de suas proezas sinergéticas. É muito difícil compreender como certas pessoas que parecem sãs e carinhosas possam, durante um momento, abandonar seus sentimentos humanitários e saciar uma selvagem sede de sangue, matando para satisfazer sua luxúria sanguinária e gozar da destruição. Certamente, isto é um retrocesso aos instintos mais inferiores e selvagens. Não pode nunca dignificar um ser humano e muito menos dar-lhe foros de “superior”, ainda que tal prática seja defendida pelas nações mais poderosas e, em outros sentidos, humanas.
Não seria mais belo o ser humano assumir seu papel de amigo e protetor do fraco? A quem não agrada visitar o Central Park de Nova York, acariciar e dar de comer às centenas de esquilos que correm de um a outro lado, na certeza de que não serão molestados? Quem não se alegra ao ver o letreiro que diz: “Serão mortos os cães que forem apanhados caçando esquilos”? Isto é duro para os cães, sem dúvida, mas evidencia o crescente sentimento favorecedor e protetor do débil contra a força irracional e egoísta do forte. Nada diz o letreiro dos prejuízos que os seres humanos pudessem causar aos esquilos, o que seria inadmissível. Tão grande é a confiança dos pequeninos e alegres animaizinhos na bondade do ser humano que esse não a violaria.
A Oração do Senhor
Voltamos a considerar as ajudas espirituais no progresso humano, podemos comparar a Oração do Senhor (Pai Nosso[43]) como uma fórmula abstrata ao melhoramento e purificação de todos os veículos do ser humano. O cuidado a prestar ao Corpo Denso está expresso nas palavras: “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”.
A oração que se refere às necessidades do Corpo Vital é: “perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O Corpo Vital é a sede da memória. Nele estão arquivadas subconscientemente as lembranças de todos os acontecimentos passados, bons ou maus, isto é, tanto a injúria como os benefícios feitos ou recebidos. Lembremos que, ao morrer, as recordações da vida são tomadas desses arquivos imediatamente depois de abandonar-se o Corpo Denso e que todos os sofrimentos da existência pós-morte são resultado dos acontecimentos aí registrados como imagens.
Se pela oração contínua obtemos o perdão ou esquecimento das injúrias que tenhamos praticado e procuramos prestar toda compensação possível, purificamos nossos Corpos Vitais. Esquecer e perdoar àqueles que agiram mal contra nós elimina todos os maus sentimentos e nos salva dos sofrimentos pós-morte. Além disso, prepara o caminho para a Fraternidade Universal, que depende mui especialmente da vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos. As ideias de vingança são impressas pelo Corpo de Desejos, em forma de memória, sobre o Corpo Vital. A vitória sobre isso é indicada por um temperamento equânime em meio dos incômodos e sofrimentos da vida. O Aspirante deve cultivar o domínio próprio, porque tem ação benéfica sobre os dois Corpos. A Oração do Senhor exerce o mesmo efeito porque ao fazer-nos ver que estamos injuriando os outros voltamo-nos para nós mesmos e resolvemo-nos a descobrir as causas. Uma dessas causas é a perda do domínio próprio, originada no Corpo de Desejos.
Ao desencarnar, a maioria dos seres humanos deixa a vida física com o mesmo temperamento que trouxe ao nascer. O Aspirante deve conquistar, sistematicamente, todos os arrebatamentos do Corpo de Desejos e assumir o próprio domínio. Isto se efetua pela concentração sobre elevados ideais, que vigoriza o Corpo Vital. É um meio muito mais eficaz do que as orações da igreja. O ocultista cientista prefere empregar a concentração à oração porque a primeira realiza-se com o auxílio da Mente, que é fria e insensível, enquanto a oração, geralmente, é ditada pela emoção. Feita com devoção pura e impessoal, dirigida a elevados ideais, a oração é muito superior à fria concentração. Aliás, nunca poderá ser fria, porque voa para Divindade sobre as asas do Amor, a exaltação do místico.
A oração para o Corpo de Desejos é: “Não nos deixeis cair em tentação”. O desejo, o grande tentador da humanidade, é o grande incentivo para a ação. É bom quando cumpre os propósitos do espírito, mas quando se inclina para algo degradante, para algo que rebaixa a Natureza, certamente devemos rogar para não cair em tentação.
O Amor, a Fortuna, o Poder, a Fama! Eis os quatro grandes motivos de toda ação humana. O desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo por que o ser humano faz ou deixa de fazer algo. Os grandes Líderes da humanidade agiram sabiamente quando lhe deram tais incentivos para a ação, a fim de obter experiências e aprender. O Aspirante deve continuar usando-os como motivos de ação, firmemente, mas deve transmutá-los em algo superior. Por meio de nobres aspirações, deve saber transcender o amor egoísta que busca a posse de outro Corpo, e todos os desejos de fortuna, poder e fama fundamentados em razões pessoais egoísticas.
O Amor pelo qual se deve aspirar é unicamente o da alma; que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe.
A Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes.
O Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a humanidade.
A Fama pela qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração.
A oração para a Mente é: “Livrai-nos do mal”. Como vimos, a Mente é a ligação entre as naturezas superiores e inferiores. Admite-se que os animais sigam os seus desejos sem nenhuma restrição. Nisso nada há de bom nem de mau porque lhes falta a Mente, a faculdade de discernir. Os meios de proteção empregados para com os animais que roubam e matam são muito diferentes do empregado em relação aos seres humanos que fazem tais coisas. Mesmo quando um ser humano de Mente anormal faz isso não se considera da mesma forma que ao animal. Agiu mal, mas porque não sabia o que fazia é isolado.
O ser humano conheceu o bem e o mal quando seus olhos mentais se abriram. Aquele que realiza a ligação da Mente ao Eu superior permanentemente, é uma pessoa de elevado entendimento. Se, pelo contrário, a Mente está ligada à natureza emocional inferior, a pessoa tem mentalidade inferior.
Por tais razões, a oração para a Mente traduz a aspiração de nos libertarmos das experiências resultantes da aliança da Mente com o Corpo de Desejos e de tudo quanto tal aliança origina.
No Aspirante à vida superior, a união entre as naturezas superior e inferior é realizada pela Meditação sobre assuntos elevados, pela Contemplação que consolida essa união e, depois, pela Adoração que, transcendendo os estados anteriores, eleva o espírito ao Trono.
No “Pai Nosso” geralmente usado na igreja, a adoração está colocada em primeiro lugar, o que tem por fim alcançar a exaltação espiritual necessária para proferir uma petição que represente as necessidades dos veículos inferiores.
Cada aspecto do Tríplice Espírito, começando pelo inferior, expressa adoração ao aspecto correspondente da Divindade. Quando os três aspectos do espírito estão colocados ante o Trono da Graça, cada um emite uma oração apropriada às necessidades da sua contraparte material. No fim os três unem-se para proferir a oração da Mente.
O Espírito Humano se eleva à sua contraparte, o Espírito Santo (Jeová), dizendo: “Santificado seja o Vosso Nome”. O Espírito de Vida reverencia-se ante sua contraparte, o Filho (Cristo), dizendo: “Venha a nós o Vosso Reino”.
O Espírito Divino ajoelha-se ante sua contraparte, o Pai, e diz: “Seja feita a Vossa Vontade…”.
Então, o mais elevado, o Espírito Divino, pede ao mais elevado aspecto da Divindade, o Pai, para a sua contraparte, o Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje”.
O próximo aspecto, em elevação, o Espírito de Vida, roga ao Filho, pela sua contraparte em natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O aspecto inferior do espírito, o Espírito-Humano, dirige o seu pedido ao aspecto mais inferior da Divindade para o mais elevado do tríplice Corpo, o de Desejos: “Não nos deixeis cair em tentação”.
Por último, os três aspectos do Tríplice Espírito juntam-se para a mais importante das orações, o pedido pela Mente, dizendo em uníssono: “Livrai-nos do mal”.
A introdução, “Pai nosso que estais no Céu” é somente um indicativo de direção. A adição: “Porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, Amém” não foi dada por Cristo, mas é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito por encerrar a diretriz correta para a Divindade.
O Diagrama 16 ilustra a explicação antecedente de forma fácil e simples, mostrando a relação entre as diferentes orações, em suas respectivas cores e os veículos correspondentes.
Diagrama 16 – O Pai Nosso
O (a) pervertido (a) sexual, ou o (a) maníaco (a) sexual, comprova a afirmação dos ocultistas de que uma parte da força sexual constrói o cérebro. Ele (ela) se converte em um (a) idiota, incapaz de pensar, porque exterioriza não somente a parte negativa ou positiva da força sexual (seja homem ou mulher), empregada normalmente pelos órgãos sexuais para a propagação, mas exterioriza também parte da força que, dirigida ao cérebro, o organizaria e tornaria apto a pensar. Daí as deficiências mentais que apresenta.
Se a pessoa se dedica a pensamentos espirituais, a tendência para empregar a força sexual na propagação é muito pequena. Qualquer parte dela que não use pode ser transformada em força espiritual. Por esta razão, em certo grau de desenvolvimento, o Iniciado faz o voto de celibato. Não é uma resolução fácil de tomar nem pode ser feita à ligeira por qualquer pessoa que deseje desenvolver-se espiritualmente. Muitos seres humanos imaturos para a vida superior encadearam-se quando se sujeitaram a uma vida ascética. Tais pessoas são tão perigosas para a comunidade como os erotomaníacos imbecis.
No estado atual da evolução humana, a função sexual é o meio pelo qual são formados os Corpos usados pelo espírito para obter experiência. Geralmente, as pessoas mais prolíficas e que seguem os impulsos geradores sem reserva, são de categoria inferior. As entidades em via de renascimento dificilmente encontram ambientes que permitam desenvolver suas faculdades de forma a beneficiarem-se e a beneficiarem a humanidade. Muitas pessoas das classes ricas poderiam oferecer condições mais favoráveis, mas em geral têm poucos filhos ou nenhum. Não porque vivam uma vida sexualmente de abstinência, mas por razões completamente egoístas, para maior comodidade e para poderem entregar-se à paixão sexual ilimitadamente, sem arcar com as dificuldades da família. Entre as classes médias, as famílias também são limitadas, mas nestas as razões são predominantemente econômicas. Procuram educar um ou dois filhos, dando-lhes vantagens que não poderiam proporcionar-lhes se tivessem quatro ou cinco.
Dessa maneira anormal, o ser humano exercita a prerrogativa divina de produzir a desordem na Natureza. Os Egos a ponto de renascer têm de aproveitar-se das oportunidades que se apresentam, às vezes sob condições desfavoráveis. Outros que não podem renascer nessas circunstâncias, esperam até apresentar-se ocasião mais favorável. Através dos nossos atos afetamo-nos uns aos outros e, desse modo, os pecados dos pais caem sobre os filhos, porque assim como o Espírito Santo é a energia criadora da Natureza, a energia sexual é seu reflexo no ser humano. O mau uso ou abuso desse poder é um pecado que não se pode perdoar; deve expiar-se, com prejuízo da eficiência dos veículos, a fim de aprendermos que a força criadora é santa.
Os Aspirantes à vida superior, ansiosos por viver uma nobre vida espiritual, muitas vezes olham a função sexual com horror, por causa das misérias que o seu abuso tem trazido à humanidade. Nem querem ver o que consideram uma impureza, esquecendo-se de que seres humanos como eles (os quais deram boas condições aos seus veículos por meio de alimentação apropriada e saudável, de elevados e bondosos pensamentos e de vida espiritual) são, precisamente, os que estão em melhores condições para gerar Corpos Densos apropriados às necessidades de desenvolvimento das entidades que os esperam para renascer. Todos os ocultistas sabem que, atualmente, muitos Egos elevados não podem renascer, em prejuízo da raça humana, por não encontrarem pais suficientemente puros para proporcionar-lhes os veículos físicos convenientes.
A função sexual tem seu lugar na economia do mundo. Quando empregada devidamente, fornece Corpos, fortes e cheios de saúde que o ser humano necessita para o seu desenvolvimento. Não há maior bênção para o Ego. Quando, inversamente, dela se abusa, não há maior desgraça, converte-se num manancial de todos os males, a verdadeira herança da carne.
É uma grande verdade que “nenhum ser humano vive somente para si”. As nossas palavras e ações afetam constantemente os outros. Se agirmos retamente, podemos ajudar ou prejudicar vidas, mas se descuidamos nossos deveres podemos frustrá-las, primeiramente, dos que estão em imediato contato conosco e depois de todos os habitantes da Terra e, talvez ainda, outras além.
Ninguém tem o direito de procurar a vida superior sem ter cumprido antes seus deveres para com a família, o país e a raça humana. Deixar tudo de lado, egoisticamente, e viver unicamente para o próprio desenvolvimento espiritual é tão repreensível como desinteressar-se absolutamente pela vida espiritual. Antes, é ainda pior. Quem cumpre seus deveres na vida ordinária da melhor maneira que pode, dedicando-se ao bem-estar dos que de si dependem, estão cultivando a faculdade fundamental, o dever. E, certamente, avançará tanto que despertará à chamada da vida superior. Apoiado no dever anteriormente cumprido encontrará grande auxílio nesse trabalho. O ser humano que deliberadamente volta as costas aos deveres atuais para dedicar-se à vida espiritual, com certeza será coagido a voltar ao caminho do dever, do qual se afastou equivocadamente. Não poderá escapar sem que tenha aprendido a lição.
Certas tribos da Índia fazem muito boa divisão de sua vida: os primeiros 20 anos são dedicados à educação; dos 20 aos 40 dedicam-se à criação da família, o resto do tempo é aplicado no desenvolvimento espiritual, sem nenhum cuidado físico que incomode ou distraia a Mente. Durante o primeiro período a criança é mantida por seus pais. No segundo, o ser humano, além de sustentar a família, cuida dos pais, enquanto eles estão dedicando sua atenção às coisas elevadas e, durante o resto da vida, é mantido por seus filhos.
É um método muito bom, completamente satisfatório para um povo que, totalmente, do berço ao túmulo, sente necessidades espirituais. Aliás, em tal extensão que equivocadamente descuidam o desenvolvimento material, salvo quando se veem impelidos pelo látego da necessidade. Os filhos sustentam carinhosamente os pais, seguros de que, por sua vez, serão sustentados pelos seus filhos e poderão dedicar-se por completo à vida superior, depois de terem cumprido seus deveres para com o seu país e a humanidade. No mundo ocidental, onde as necessidades espirituais não são sentidas e o ser humano corrente se desenvolve só materialmente, tal norma de vida seria impossível de realizar-se.
A aspiração espiritual precisa ser amadurecida pelo tempo e só chega quando se obtém as condições particulares sob as quais devemos procurar satisfazê-la. É preciso suportar qualquer dever que pareça uma restrição. Se o cuidado da família impede alguém de consagrar-se inteiramente àquilo que deseja, não seria justificado que o Aspirante descuidasse seus deveres, dedicando todo seu tempo e energia a propósitos espirituais.
Devem-se fazer esforços para satisfazer tais aspirações, mas de modo a não interferirem com os deveres da família.
Se o desejo de castidade nasce numa pessoa que mantém relações matrimoniais com outra, as obrigações de tais relações não podem ser esquecidas. Seria um grave erro viver castamente debaixo de tais circunstâncias, procurando fugir do apropriado cumprimento do dever. A respeito desse dever há uma linha de conduta para os Aspirantes à vida superior, diferente da do ser humano comum.
Para a maioria da humanidade, o matrimônio é como que a aprovação de uma licença para a gratificação dos seus desejos sexuais. Talvez seja assim aos olhos das leis humanas, mas à luz da verdadeira lei não, porque nenhuma lei feita pelos seres humanos pode reger esse assunto. A ciência oculta afirma que a função sexual nunca deve ser exercida para gratificar os sentidos, mas somente para a propagação. Portanto, é justo que o Aspirante à vida superior se negue ao ato com seu cônjuge, a menos que seu objetivo seja conseguir um filho. Mesmo assim, devem, ambos, gozarem perfeita saúde física, moral e mental. Em caso contrário, a união produziria um Corpo débil ou degenerado.
Sendo cada pessoa dona do próprio Corpo, é responsável, ante a Lei de Consequência, por qualquer mau uso resultante do abandono do Corpo a outrem, por fraqueza da vontade.
Contemplando o assunto à luz do precedente, do ponto de vista da ciência oculta, as pessoas de Corpo e Mentes saudáveis têm o dever, e ao mesmo tempo o privilégio (que deve ser exercitado com gratidão pela oportunidade) de criar veículos para as entidades, tanto quanto seja compatível com a saúde e com a capacidade de assistência. Com indicamos, os Aspirantes à vida superior têm especialmente essa obrigação, porque a purificação produzida em seus Corpos qualifica-os, mais do que a humanidade comum, para gerar veículos puros. Assim procedendo concedem veículos apropriados a entidades elevadas. Ao facilitarem a esses Egos oportunidades de renascerem e exercerem suas necessárias influências, eles ajudam à humanidade.
Empregando a força sexual do modo indicado, a função terá lugar muito poucas vezes na vida e, praticamente, toda a força sexual poderá ser empregada para fins espirituais. Não é o uso, mas o abuso que produz todas as perturbações e que interfere com a vida espiritual. Não há necessidade alguma de abandonar a vida superior quando não se possa ser casto, nem é necessário ser estritamente casto para passar pelas Iniciações Menores.
O voto de absoluta castidade relaciona-se unicamente com as Grandes Iniciações. Mesmo nestas, um só ato de fecundação pode ser necessário alguma vez, como um sacrifício, como aconteceu quando se preparou o Corpo para Cristo.
Pode-se acrescentar, também, que é pior estar sofrendo o abrasador desejo e pensando constante e vividamente na gratificação dos sentidos do que viver a vida matrimonial com moderação. Cristo ensinou que os pensamentos impuros são maus e talvez piores do que os atos impuros, porque os pensamentos podem ser repetidos indefinidamente, enquanto os atos têm sempre algum limite.
O Aspirante à vida superior só pode triunfar na medida da subjugação da natureza inferior. Contudo, deve guardar-se muito bem para não ir de um extremo ao outro.
O Corpo Pituitário e a Glândula Pineal
No cérebro, aproximadamente na posição indicada pelo Diagrama 17, há dois pequenos órgãos chamados Corpo Pituitário[44] e Glândula Pineal[45]. A ciência médica não sabe quase nada a seu respeito nem de outras glândulas do Corpo.
Diagrama 17 – Caminho das Forças Sexuais não empregada
A ciência chama à Glândula Pineal[46] “terceiro olho atrofiado”. Nenhum daqueles órgãos está se atrofiando. Isto é um manancial de perplexidades para os cientistas. A Natureza nada conserva inútil. Em todo o Corpo encontramos órgãos em desenvolvimento ou em atrofia. Sendo estes assim como marcos milenários no caminho seguido pelo ser humano até o seu estado atual de desenvolvimento, indicando futuros aperfeiçoamentos e desenvolvimentos. Por exemplo, os músculos que os animais empregam para mover a orelha existem também no ser humano. Muitas poucas pessoas podem movê-los, estão atrofiando. O coração pertence à classe dos que indicam desenvolvimento futuro. Como já indicamos, está a converter-se num músculo voluntário.
O Corpo Pituitário[47] e a Glândula Pineal pertencem a outra classe de órgãos, que atualmente não degeneram nem se desenvolvem: estão adormecidos.
Num passado remoto, o ser humano estava em contato com os mundos internos, e esses órgãos eram o meio de ingresso. Estavam relacionados com o Sistema Nervoso simpático ou involuntário. No Período Lunar, última parte da Época Lemúrica e primeira da Atlante, o ser humano via os mundos internos. As imagens se apresentavam a ele completamente independentes da sua vontade. Os centros dos sentidos do Corpo de Desejos giravam em direção contrária à dos ponteiros de um relógio (seguindo negativamente o movimento da Terra, que gira em torno do eixo, nessa direção) como atualmente os dos médiuns. Na maioria dos seres humanos esses centros são inativos, mas o desenvolvimento apropriado pô-los-á em movimento, na mesma direção em que giram os ponteiros de um relógio, com se explicou anteriormente. Essa é a parte difícil no desenvolvimento da clarividência positiva.
O desenvolvimento da mediunidade é muito mais fácil; é simples revivificação da função negativa que possuía o ser humano no antiquíssimo passado, pela qual o mundo externo refletia-se nele e cuja função era retida pela endogamia. Nos atuais médiuns essa faculdade é intermitente. Sem razão alguma aparente, podem “ver” umas vezes e outras não. Ocasionalmente, o intenso desejo do interessado permite ao médium pôr-se em contato com a fonte de informação que procura e nessas ocasiões vê corretamente. Contudo, nem sempre se porta honestamente. Tendo de pagar despesas de aluguel e outras, quando lhe falta o poder (sobre o qual não tem o menor domínio consciente) recorre à fraude e diz qualquer absurdo que lhe ocorra para satisfazer o cliente e não perder o dinheiro, desacreditando aquilo que noutras ocasiões realmente viu.
O Aspirante à verdadeira visão e discernimento espiritual deve, antes de tudo, dar provas de desinteresse. O clarividente idôneo não tem “dias livres” nem, de nenhum modo, é como um espelho negativo, dependente dos reflexos que de qualquer forma o possam atingir. Em qualquer momento, pode olhar e ver os pensamentos e planos dos demais, sempre que dirija sua atenção especialmente para isso.
É fácil de compreender o grande perigo que traria à sociedade o uso indiscriminado desse poder, se estivesse em mãos de qualquer indivíduo, visto que por meio dele, podem ser lidos os mais secretos pensamentos. O Iniciado, pelo voto mais solene, obriga-se a não empregar jamais esse poder para servir seus interesses individuais, sequer em grau mínimo, nem para salvar-se de qualquer dor ou tormento. Pode dar de comer a cinco mil pessoas, se o deseja, mas não pode converter uma pedra em pão para aplacar a própria fome. Pode curar os outros da paralisia ou da lepra, mas não pode usar a Lei do Universo para curar suas próprias feridas mortais. Está ligado a um voto de absoluto desinteresse e, por isso, é sempre certo que o Iniciado, ainda que possa salvar os outros, não pode salvar-se.
O clarividente educado, o que realmente tem algo a dar, não aceitará jamais nenhum donativo ou qualquer compensação para exercer sua faculdade. Contudo, dará e dará desinteressadamente, tudo o que considere necessário ou compatível com o destino gerado ante a Lei de Consequência pela pessoa a quem vá ajudar.
Usa-se a clarividência desenvolvida para investigar os fatos ocultos. É a única que serve realmente para esse objetivo. Portanto, o Estudante deve sentir um desejo santo e desinteressado de ajudar a humanidade e não um desejo de satisfazer uma tola curiosidade. Enquanto esse desejo superior não exista, não se pode fazer progresso algum em direção à clarividência positiva.
Nas idades transcorridas desde a Época Lemúrica, a humanidade construiu, gradualmente, o Sistema Nervoso cérebro-espinhal, o qual está sob o controle da vontade. Na última parte da Época Atlante, o sistema já estava tão desenvolvido que foi possível ao Ego tomar posse plena do Corpo Denso. Isto, como já foi descrito, efetuou-se quando o ponto do Corpo Vital se pôs em correspondência com o ponto da raiz do nariz do Corpo Denso. O espírito interno despertou para o Mundo Físico, e a maior parte da humanidade perdeu a consciência dos mundos internos.
Desde esse tempo, a conexão entre a Glândula Pineal, o Corpo Pituitário e o Sistema Nervoso cérebro-espinhal foi se realizando lentamente e já quase está completa.
Para voltar a obter o contato com os mundos internos tudo se resume em despertar de novo o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal. Quando isto se realizar o ser humano possuirá novamente a faculdade de perceber os mundos superiores, porém em mais alto grau do que antes, porque estará em conexão com o Sistema Nervoso Voluntário e, portanto, sob o domínio da vontade. Essa faculdade de percepção abrir-lhe-á todas as fontes do conhecimento. Comparados com estes meios de adquirir conhecimento, todos os demais métodos de investigação não são mais do que brinquedos de crianças.
O despertar desses órgãos efetua-se por meio da educação ou treinamento esotérico, que agora descreveremos, tanto quanto se possa fazer publicamente.
Treinamento Esotérico
Na maioria dos seres humanos, a maior parte da força sexual que, de modo legítimo, deve ser usada pelos órgãos da geração, emprega-se na gratificação dos sentidos. Nesses seres humanos há muito pouca corrente ascendente (Diagrama 17).
Quando o Aspirante à vida domina cada vez mais esses excessos e dedica sua atenção a pensamentos e esforços espirituais, o clarividente educado pode verificar que a força sexual não utilizada começa a subir. Ao subir, em volume cada vez maior, segue o caminho indicado pelas flechas no Diagrama 17, atravessa o coração e a laringe, ou a medula espinhal e a laringe, ou a ambos ao mesmo tempo, passando diretamente entre o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal para o ponto obscuro da raiz do nariz, onde o “Vigilante Silencioso”, o mais elevado espírito, tem Seu templo.
Essas correntes não seguem um dos caminhos com exclusão do outro. Geralmente, seguem pelos dois, passando um volume maior de corrente sexual por um deles, de acordo com o temperamento do Aspirante. Nos que procuram a iluminação seguindo linhas puramente intelectuais, a corrente sexual passa especialmente sobre a medula espinhal e a parte menor segue o caminho que passa pelo coração. No místico, que antes “sente” do que conhece, essas correntes seguem preferivelmente o caminho que passa pelo coração.
Seguindo essas vias, o intelectual e o místico desenvolvem-se anormalmente. Para completar-se plenamente, cada um terá que dedicar sua atenção ao desenvolvimento daquilo que antes descuidou. O objetivo dos Rosacruzes é dar ensinamentos que satisfaçam a ambas as classes, se bem que os seus esforços principais se dirijam às Mentes muito desenvolvidas, de maior necessidade.
Essas correntes, em si mesmas, ainda que assumissem as proporções de um Niágara, e fluíssem até o sinal do dia de juízo, seriam inúteis se fossem tão só um complemento. Elas são prévio requisito para o trabalho consciente nos mundos internos e, por isso, dever ser cultivadas em alguma extensão antes de começar o verdadeiro treinamento esotérico. Durante certo tempo, é indispensável ao Aspirante uma vida moral, dedicada a pensamentos espirituais, antes de ser possível começar o trabalho que proporcionará o conhecimento direto dos domínios suprafísicos e o habilitará a converter-se, no sentido mais elevado, num auxiliar da humanidade.
Quando o candidato tenha vivido desse modo o tempo suficiente para estabelecer a corrente de força espiritual, está apto e capacitado para receber instruções esotéricas. São fornecidos a ele, então, alguns exercícios para pôr em vibração a glândula pituitária. Essa vibração faz a glândula pituitária chocar e desviar ligeiramente a linha de força mais próxima (Diagrama 17). Esta se choca com a próxima, e o processo continua até que a força da vibração se esgota. Isto se efetua de maneira parecida ao tocar-se uma nota num piano: ela produzirá certo número de sons harmônicos, a intervalos apropriados, os quais, por sua vez, farão vibrar as cordas correspondentes do piano.
Quando a vibração crescente do Corpo Pituitário desvia suficientemente as linhas de força e estas alcançam a Glândula Pineal, realiza-se o objetivo procurado: estabelece-se uma ponte entre ambos os órgãos. É a ponte entre o Mundo dos Sentidos e o Mundo do Desejo. Construída essa ponte, o ser humano torna-se clarividente e pode dirigir seu olhar à vontade. Os objetos sólidos podem ser vistos por dentro e por fora porque o espaço e a densidade deixaram de serem para ele obstáculos para a observação.
Não é ainda um clarividente exercitado, ou educado, mas é clarividente à vontade, um clarividente voluntário. É uma faculdade muito diferente da do médium, geralmente um clarividente involuntário, isto é, que só pode ver o que se lhe apresenta e que, no melhor dos casos, pouco mais tem além da mera faculdade negativa. Construída essa ponte, a pessoa estará sempre certa de poder pôr-se em contato com os mundos internos, estabelecendo ou rompendo à vontade a conexão com eles. Gradualmente, o observador aprende a dirigir a vibração do Corpo Pituitário, de maneira a poder pôr-se em contato com qualquer das regiões dos mundos internos que deseje examinar. A faculdade está sob completo domínio da sua vontade. Não é necessário pôr-se em transe, ou fazer algo anormal para elevar sua consciência até o Mundo do Desejo. Basta-lhe somente querer ver, e vê.
Como já indicamos no começo desta obra, o neófito deve aprender a ver no Mundo do Desejo ou, melhor dito, deve aprender a interpretar ou compreender o que vê ali. No Mundo Físico os objetos são densos, sólidos e sua forma não muda instantaneamente. No Mundo do Desejo, as formas mudam da maneira mais fugaz e instável. Isto é manancial de confusões sem conta para o clarividente involuntário e negativo e até mesmo para o neófito que nele penetra sob a direção de um instrutor. Porém, os ensinamentos do instrutor cedo colocam o discípulo em condições de perceber a Vida que produz a mudança nas formas e, assim, o discípulo, conhecendo a razão da instabilidade não dá atenção a isso.
Há também outra distinção importantíssima a fazer. O poder de perceber os objetos de um mundo não é idêntico ao poder de agir dentro dele. O clarividente voluntário pode ter recebido algum treinamento e distinguir o verdadeiro do falso no Mundo do Desejo. No entanto, é uma condição parecida à de um prisioneiro atrás da janela gradeada que o separa do mundo externo: pode vê-lo, mas não pode funcionar nele.
Portanto, a educação ou treinamento esotérico abre a visão interna do Aspirante. Há seu tempo, receberá exercícios que organizarão um veículo capaz de funcionar nos mundos internos de maneira perfeitamente consciente.
Como os Veículos Internos são construídos
Na vida comum a maioria das pessoas vive para comer, beber e satisfazer sua paixão sexual da maneira mais desenfreada, perdendo a cabeça à menor provocação. Ainda que na aparência tais pessoas possam ser bastantes “respeitáveis”, quase todos os dias produzem a maior confusão em seu organismo. O período do sono é totalmente utilizado pelos Corpos Vital e de Desejos para repararem os estragos produzidos durante o dia, não sobrando nenhum tempo para trabalho externo de qualquer natureza. Porém, conforme o indivíduo comece a sentir necessidade da vida superior, de controlar a força sexual e o temperamento, e de cultivar uma disposição serena, produzem-se menos perturbações nos veículos durante as horas de vigília, tornando-se menor o tempo de sono necessário para reparar os desgastes. Assim, torna-se possível abandonar o Corpo Denso por longos períodos nas horas dedicadas a dormir, e funcionar nos mundos internos nos veículos superiores. Como o Corpo de Desejos e a Mente não estão ainda organizados, eles são inúteis como veículos separados de consciência. Nem o Corpo Vital pode abandonar o Corpo Denso, pois isto produziria a morte. Portanto, é evidente que deve haver algum meio de prover-se um veículo organizado que seja fluídico, e construído de tal modo que satisfaça às necessidades do Ego nos mundos internos, assim como o Corpo Denso as satisfaz no Mundo Físico.
O Corpo Vital é um veículo organizado para isso, de modo que se encontrássemos um meio de poder separá-lo do Corpo Denso sem causar a morte, o problema estaria resolvido. Além disso, o Corpo Vital é a sede da memória, sem a qual seria impossível trazer de volta, à nossa consciência física, as lembranças das experiências suprafísicas e delas obtermos todo o benefício.
Recordemos que os Hierofantes dos antigos Templos dos Mistérios segregavam das castas e tribos alguns indivíduos, tais como os Brâmanes e os Levitas, com o objetivo de proporcionar Corpos para os Egos suficientemente avançados, prontos para a Iniciação. Isto se efetuava de tal maneira que o Corpo Vital se separava em duas partes, conforme era o Corpo de Desejos de toda a humanidade no começo do Período Terrestre. Quando o Hierofante retirava os discípulos dos seus Corpos, deixava uma parte do Corpo Vital, compreendendo o primeiro e o segundo Éteres, para realizar as funções, puramente, animais (as únicas ativas durante o sono). O discípulo levava então consigo um veículo capaz de percepção, dada a sua conexão com os centros sensoriais do Corpo Denso, e também de recordar. Possuía tais capacidades porque se compunha dos terceiro e quarto Éteres, os meios da percepção sensorial e da memória.
Essa é, pois, de fato, a parte do Corpo Vital que o Aspirante retém vida após vida, e que imortaliza como Alma Intelectual.
Desde que Cristo veio e “limpou os pecados do mundo”[48] (não os do indivíduo), purificando o Corpo de Desejos do nosso Planeta, a conexão entre os Corpos Denso e Vital de todos os seres humanos foram afrouxados, e a tal ponto que, pelo exercício, são capazes de separar-se na forma acima descrita. Portanto, a Iniciação está aberta para todos.
A parte mais sutil do Corpo de Desejos, que constitui a Alma Emocional, é capaz de separação na maioria das pessoas (em realidade ela já possuía essa capacidade antes da vinda de Cristo). Assim, por meio da concentração e do emprego de fórmula apropriada, as partes mais sutis dos veículos foram isoladas para serem empregadas durante o sono ou em qualquer outra hora, deixando as partes inferiores dos Corpos Vital e de Desejos encarregadas dos processos de restauração do veículo denso, a parte simplesmente animal.
Essa parte do Corpo Vital que sai está altamente organizada, como vimos. É a exata contraparte do Corpo Denso. O Corpo de Desejos e a Mente não estão organizados, são úteis unicamente porque estão ligados ao altamente organizado Corpo Denso. Quando separados desse são instrumentos muito pobres. Por isso, antes que possa separar-se do Corpo Denso, o ser humano precisa despertar os centros sensoriais do Corpo de Desejos.
Na vida corrente o Ego está dentro de seus Corpos, dirigindo suas forças para o exterior. Toda a vontade e energia humanas estão empenhadas na tarefa de dominar o mundo externo. Em nenhum momento ele é capaz de livrar-se das impressões do ambiente externo e trabalhar livremente sobre si mesmo nas horas de vigília. Porém durante o sono, quando se apresenta essa oportunidade, porque o Corpo Denso perde a consciência do mundo, o Ego fica fora dos seus Corpos. Se o ser humano tiver que agir sobre os seus veículos, há de ser quando esteja alheio ao mundo externo, como no sono, contanto que o espírito permaneça dentro e no pleno controle de suas faculdades, como sucede nas horas da vigília. Enquanto não obtiver esse estado é impossível ao Espírito atuar internamente e sensibilizar devidamente os seus veículos.
Tal estado é a concentração. Quando a pessoa nela se submerge, seus sentidos ficam inativos, aparentemente na mesma condição que no sono profundo, se bem que o espírito permanece dentro, plenamente consciente. A maioria das pessoas já experimentou esse estado, pelo menos em certo grau, quando absorvidas na leitura de algum livro. Em tais ocasiões vivem as cenas descritas pelo autor, e perdem toda noção do seu ambiente. São insensíveis a todo som, às palavras que lhes dirigem e a tudo que as rodeia. Contudo, estão plenamente conscientes do que leem do mundo invisível criado pelo autor, vivendo neles e sentindo o bater dos corações dos diferentes personagens da narrativa. Não estão independentes, mas sim ligados à vida que alguém criou para elas no livro.
O Aspirante à vida superior cultiva a faculdade de absorver-se à vontade em qualquer assunto que escolha, ou melhor, geralmente não num assunto, mas num simples objeto que ele mesmo imagine. Desta maneira, quando alcança a condição apropriada ou ponto de absorção, quando seus sentidos ficam completamente cerrados, ele concentra seus pensamentos sobre os diferentes centros sensoriais do Corpo de Desejos e estes começam a girar.
A princípio o movimento é lento e laborioso, mas gradualmente esses centros sensoriais do Corpo de Desejos preparam seus próprios lugares dentro dos Corpos Denso e Vital, e estes por si aprendem essa nova atividade. Então algum dia, quando uma vida apropriada tenha produzido a desejada separação entre as partes superior e inferior do Corpo Vital, por um supremo esforço de vontade num movimento espiral de várias direções, o Aspirante vê-se fora do seu Corpo Denso. Nesse momento ele o olha como se olhasse outra pessoa. Está, pois, aberta a porta da sua casa-prisão. É livre para ir e vir, tanto nos mundos internos como no Mundo Físico, funcionando à vontade em ambos, para ajudar a quem precise em quaisquer deles.
Antes de aprender a deixar o Corpo voluntariamente, o Aspirante deve preparar o Corpo de Desejos durante o sono, posto que em algumas pessoas esse Corpo se organiza antes que a separação do Corpo Vital possa ser efetuada. Sob tais circunstâncias é impossível trazer de volta à consciência de vigília essas experiências subjetivas. Contudo, em casos tais, e como primeiro sinal de desenvolvimento, geralmente se nota que todos os sonhos confusos cessam. Então, após algum tempo, os sonhos tornar-se-ão mais vívidos e perfeitamente lógicos. O Aspirante sonhará com lugares e pessoas (conhecidas ou não, nas horas de vigília, pouco importa), conduzindo-se de forma razoável como se estivesse desperto. Se o lugar com que sonhou lhe for acessível, quando desperto, da realidade do sonho, poderá obter provas no dia seguinte se tiver anotado algum detalhe físico da cena.
A seguir descobrirá que pode, durante o sono, visitar qualquer lugar sobre a superfície da Terra e estudá-lo muito melhor do que se lá tivesse ido em seu Corpo Denso, pois em seu Corpo de Desejos ele pode entrar em todos os lugares, a despeito de portas e fechaduras. Se persistir, dia chegará finalmente em que não precisará esperar o sono para desfazer a ligação entre os seus veículos, mas poderá libertar-se deles conscientemente.
Instruções específicas para libertar os veículos superiores não podem ser dadas indiscriminadamente. A separação não se efetua por uma fórmula de palavras, mas sim por um ato de vontade, se bem que a maneira como se há de dirigir a vontade seja individual e só possa ser indicada por um instrutor competente. Como qualquer outra informação esotérica esta jamais se vende, mas alcança o discípulo como resultado de sua qualificação para recebê-la. Tudo que podemos fazer é dar algumas indicações sobre os primeiros passos que conduzem à aquisição da faculdade da clarividência voluntária.
O tempo mais favorável para exercitá-la é imediatamente ao despertar, pela manhã, antes que as preocupações e os cuidados da vida diária se apoderam da Mente. Tendo nesse momento acabado de deixar os mundos internos, a facilidade de voltar a pôr-nos em contato com eles é maior do que em qualquer outra hora do dia. Não precisamos nos vestir ou sentar na cama, mas relaxar o Corpo perfeitamente, permitindo ao exercício ser o primeiro pensamento do dia. Relaxamento não significa apenas uma posição confortável. Se os músculos se mantiverem tensos, em expectativa, isso por si frustra o objetivo, porque nestas condições o Corpo de Desejos está pressionando os músculos. E não pode ser de outra maneira, até que acalmemos a Mente.
A primeira prática a efetuar-se é a fixação do pensamento em um ideal e assim mantê-lo, sem permitir que se desvie. Tarefa sumamente difícil, ela deve ser realizada regularmente pelo menos até que se possa alcançar algum progresso. O pensamento é o poder que empregamos na formação de imagens, cenas, pensamentos-formas, de acordo com as ideias internas. É o nosso poder principal, e temos de aprender a mantê-lo sob nosso absoluto controle de modo a produzirmos não absurdas ilusões induzidas pelas circunstâncias exteriores, mas sim imaginações verdadeiras geradas pelo espírito, internamente. (Veja o Diagrama 1).
Os céticos dirão que tudo é imaginação, mas, como já vimos antes, se o inventor não imaginasse o telefone, etc., não possuiríamos tais coisas. De modo geral suas imaginações não foram corretas ou certas no início. Se o tivessem sido, os inventos teriam funcionado com todo o êxito desde o princípio, sem aqueles muitos fracassos e experiências aparentemente inúteis que quase sempre precedem o aparecimento de um instrumento ou máquina utilitária e prática. Tampouco é correta a princípio a imaginação do ocultista novato. A única maneira de imaginar-se corretamente é conseguida pela prática ininterrupta, dia após dia, exercitando-se o pensamento, pela vontade, a manter-se enfocado sobre um assunto, objeto ou ideia, excluindo tudo o mais. O pensamento é um grande poder que costumamos desperdiçar. Permitimo-lo fluir sem qualquer objetivo, do mesmo modo que a água se despeja no precipício sem aproveitamento na movimentação de uma turbina.
Os raios do Sol difundidos sobre a superfície da Terra produzem apenas um calor moderado. Contudo, se alguns poucos forem concentrados através de uma lente, serão capazes de produzir fogo no ponto focal.
A força do pensamento é o meio mais poderoso para obter-se conhecimento. Se for concentrada sobre um assunto, abrirá caminho através de qualquer obstáculo e resolverá o problema. Possuindo-se quantidade necessária de energia mental, nada existe que esteja além do poder da compreensão humana. Enquanto a desperdiçamos, é uma força de pouca utilidade, mas tão logo estejamos prontos a enfrentar as dificuldades para dominá-la, todo conhecimento poderá ser nosso.
Ouvimos com frequência pessoas exclamarem petulantemente: “Oh! Não posso pensar em cem coisas ao mesmo tempo! “. Na realidade era exatamente isso o que estavam fazendo e que lhes causou o aborrecimento de que se queixam. As pessoas vivem pensando constantemente em cem coisas diferentes daquela que têm em mãos. Todo êxito é alcançado através da concentração persistente no objetivo desejado.
Isto é algo que o Aspirante à vida superior deve aprender positivamente. Não há outro caminho. A princípio se achará pensando em tudo quanto há debaixo do Sol, ao invés de pensar no Ideal sobre o qual tenha decidido concentrar-se, mas isso não deve desanimá-lo. Com o tempo verá que já é mais fácil cerrar os sentidos e manter firmemente os pensamentos. Persistência, persistência, sempre PERSISTÊNCIA e vencerá por fim. Sem ela, entretanto, não pode esperar resultado algum. Não será de nenhuma utilidade fazer os exercícios duas ou três manhãs ou semanas, e deixar de fazê-los por outro tanto tempo. Para serem eficazes devem ser praticados fiel e ininterruptamente todas as manhãs.
Escolha-se qualquer assunto, de acordo com o temperamento e convicções do Aspirante, contanto que seja puro e consiga elevar a Mente em sua tendência. Uns concentram-se em Cristo; outros, que tenham predileção por flores, encontrarão mais facilidade tomando-as como assunto da concentração. O objeto em si pouco importa, mas qualquer que seja, precisa ser imaginado vivente em todos os pormenores. Se for o Cristo, devemos imaginar um Cristo real, movendo-se: vida em Seus olhos, e uma expressão não petrificada ou morta. Devemos, enfim, construir um ideal vivente, não uma estátua. Se for uma flor, imaginemos que plantamos a semente no solo, fixando bem nossa Mente sobre ela. Observemos a seguir o seu desenvolvimento, ao deitar raízes que penetram na Terra em forma espiral. Das raízes principais vejamos sair miríades de pequenas raízes ramificando-se em todas as direções. Então o caule começa a surgir, rompendo a superfície da terra, aparecendo como uma pequenina haste verde. Cresce mais: surge um botão, e dois pequenos raminhos brotam do talo. Continua crescendo, outro jogo de raminhos aparece, e desse brotam pedúnculos com folhinhas. Surge um botão na ponta que cresce até abrir-se, dele surgindo uma formosa rosa vermelha por entre o verde das folhas. Esta continua a desabrochar, exalando delicioso perfume que sentimos perfeitamente como se chegasse até nós, trazido pela balsâmica brisa estival que balança suavemente a bela criação ante nossos olhos mentais.
Só quando “imaginamos” do modo acima, sem sombras ou aparência vaga, mas clara e distintamente, é que penetramos no espírito da concentração.
Os que têm viajado pela Índia falam-nos de faquires que mostram uma semente, plantam-na e a planta cresce rapidamente ante os olhos atônitos das testemunhas, produzindo frutos que o viajante pode provar. Isto resulta de uma concentração tão intensa que o quadro se torna visível, não somente para o próprio faquir, mas também para os espectadores. Recordamo-nos do caso em que os membros de uma comissão científica viram essas coisas maravilhosas com seus próprios olhos, e sob condições tais que toda prestidigitação era impossível, mas as fotografias obtidas enquanto se efetuavam as experiências nada mostraram de extraordinário. Nem havia a menor impressão nas chapas sensíveis, pois não existiam objetos materiais concretos.
As imagens produzidas pelo Aspirante serão a princípio obscuras e de fraca semelhança, mas depois, pela concentração, poderá evocar imagens mais reais e viventes do que as coisas do Mundo Físico.
Quando o Aspirante estiver apto a formar tais imagens, e já conseguindo manter a Mente sobre as imagens assim criadas, poderá tentar o desaparecimento súbito da imagem, mantendo a Mente firme, sem pensamento algum, esperando o que possa surgir nesse vazio.
Talvez nada apareça durante muito tempo, mas o Aspirante deve ter o cuidado de não criar visões por si mesmo. Se a prática for seguida fiel e pacientemente todas as manhãs, chegará o dia em que no momento que faça desaparecer a imagem, o Mundo do Desejo que o rodeia abrir-se-á aos seus olhos internos como num relâmpago. A princípio pode não ser mais do que um mero vislumbre, contudo não deixa de ser um sinal daquilo que virá mais tarde, sempre que o deseje.
Tendo praticado a Concentração durante algum tempo, enfocando a Mente sobre um objeto simples, construindo um pensamento-forma vivente por meio da faculdade imaginativa, o Aspirante pode aprender pela Meditação tudo o que se refere ao objeto assim criado.
Suponhamos que o Aspirante evocou, na Concentração, a imagem do Cristo. É muito mais fácil reproduzir em meditação os incidentes de Sua vida, Seus sofrimentos e Sua ressurreição, porém muito mais pode ser aprendido pela Meditação. Um conhecimento jamais sonhado inundará a alma com uma luz gloriosa. É melhor praticar com algo que não desperte tanto interesse e não sugira nada de maravilhoso. Procure descobrir tudo o que se refere, digamos, a um fósforo ou a uma mesa comum.
Quando a imagem da mesa se formar com precisão na Mente, pense na espécie de madeira de que é feita e de onde veio. Volte até ao tempo em que, como delicada semente, caiu na terra do bosque, desenvolvendo-se depois na árvore da qual a madeira foi cortada. Observe-a crescer, ano após ano, coberta pelas neves do inverno e acalentada pelo Sol estival, crescendo continuamente enquanto as raízes penetram incessantemente na terra. A princípio é um tenro broto, balançado pela brisa. Depois, um arbusto que gradualmente cresce e se torna cada vez mais alto, buscando o ar e os raios do Sol. Com o passar dos anos a copa e o tronco tornam-se cada vez maiores. Por fim chega o lenhador, com seu machado e serra brilhando aos raios do Sol invernal. A árvore é derrubada e despojada da ramagem, ficando só o tronco que logo é cortado em toras e arrastado pelos caminhos gelados para a margem do rio. Ali tem que esperar a primavera, quando a neve derretida aumenta a correnteza. Faz-se um grande amarrado de toras, entre as quais estão os pedaços da nossa árvore. Conhecendo todas as suas pequenas peculiaridades, reconhecemo-la imediatamente entre milhares de outras, tão claramente temo-la gravado em nossa Mente! Seguimos o curso da balsa pela correnteza, observando as paisagens e familiarizando-nos com os homens que cuidam da balsa e dormem em pequenas barracas sobre a carga flutuante. Por fim, vemo-la chegar a uma serraria. Então, uma a uma as toras são presas a uma cadeia sem fim e içadas da água. Aqui vem uma das nossas toras, de cuja parte mais larga será feito o tampo da nossa mesa. É erguida com alavancas pelos homens e arrastada para o galpão. Ouvimos o ávido chiado das grandes serras circulares. Giram tão rapidamente que parecem torvelinhos aos nossos olhos. A tora, posta sobre um carro, é conduzida a uma dessas serras, e num momento os dentes penetram na madeira, dividindo-a em tábuas e pranchas. Algumas madeiras são separadas para formar parte de algum edifício, mas as melhores são levadas às fábricas de móveis. Metidas em estufas, são secadas pelo vapor para não empenarem depois de feito o móvel. Depois são alisadas por uma grande plaina, provida de muitas lâminas afiadas. Finalmente são cortadas em diversos tamanhos e coladas, para formar os tabuleiros das mesas. As pernas são torneadas das peças mais grossas e encaixadas na armação que suporta o tabuleiro. A seguir todo o móvel é alisado novamente com papel-lixa, envernizado e polido, ficando assim acabada, em todos os seus pormenores. Por último é enviada à loja junto com outros móveis, onde a compramos. Transportada para nossa casa, deixamo-la na sala de jantar.
Dessa maneira, por meio da meditação, familiarizamo-nos com os vários ramos da indústria, necessários para converter uma árvore da floresta numa peça de mobiliário. Observamos todas as máquinas, os homens e as peculiaridades dos diferentes lugares. Até seguimos o processo da vida que fez surgir a árvore da delicada semente, e aprendemos que atrás de toda aparência, por simples que seja, há uma grande e absorvente história interessante. Um alfinete; o fósforo com que ascendemos o gás; o próprio gás; e o aposento em que acendemos o gás; tudo tem histórias muito interessantes que vale a pena aprender.
Um dos mais importantes auxílios ao Aspirante que se esforça é a observação. A maioria das pessoas atravessa a vida quase às cegas. É, literalmente, certo dizer delas: “têm olhos e não veem… têm ouvidos e não ouvem”[49]. Na maior parte da humanidade há uma deplorável falta de observação.
Até certo ponto, muitas pessoas podem desculpar-se pela sua falta de visão normal. A vida urbana tem causado inúmeros danos aos olhos. No campo a criança aprende a usar os músculos dos olhos em toda a extensão, relaxando-os ou contraindo-os, conforme seja necessário para ver objetos a distâncias consideráveis ao ar livre ou ao alcance da mão, dentro e fora de casa. Contudo, o filho das cidades vê praticamente todas as coisas de perto, e os músculos dos seus olhos raramente são empregados para observar objetos a grandes distâncias. Por conseguinte, essa faculdade se perde em grande parte, resultando disso a miopia e outros problemas da visão.
É muito importante que o Aspirante à vida superior possa ver todas as coisas ao redor de si de maneira clara, nítida, distinta, em todos os pormenores. Para os que sofrem da vista, o uso de lentes é como o abrir-se um mundo novo à sua frente. Em vez da anterior nebulosidade, tudo é visto clara e definidamente. Se a condição da visão requer o emprego de dois focos, não deve a pessoa contentar-se com dois pares de óculos, um para as coisas próximas e outro para as distantes, que obrigam a mudanças frequentes. Não somente porque as mudanças são incômodas, mas também porque se pode esquecer um dos pares ao sair de casa. Podem-se ter os dois focos num só par de lentes bifocais, e esses são os que devem ser usados para facilitar a observação dos pormenores.
Quando o Aspirante tiver cuidado de sua visão, deve observar sistematicamente todas as coisas e todas as pessoas, e tirar conclusões dos fatos a elas relacionadas, a fim de cultivar a faculdade do raciocínio lógico. A lógica é o melhor instrutor no Mundo Físico, assim como é o guia mais seguro em qualquer Mundo.
Quando se pratica esse método de observação, é necessário ter bem presente que deve ser empregado exclusivamente para agrupar fatos, não com o propósito de criticar, nem que seja por brincadeira. A crítica construtiva, que assinala os defeitos e o modo de remediá-los, é à base do progresso. Contudo, a crítica destrutiva, sem nenhuma finalidade superior, que destrói de modo vandálico tudo quanto toca de bom ou de mau, é uma úlcera do caráter que deve ser extirpada. As conversações frívolas e os mexericos são estorvos, obstáculos. Se bem que não é necessário dizer que o branco é negro, e dissimular que não se vê a má conduta alheia. A crítica sempre deve ser feita com propósitos de ajudar, não com o de manchar, irresponsavelmente, o caráter do nosso próximo quando nele encontramos alguma pequena nódoa. Relembrando a parábola do argueiro e da trave, voltemos nossa impiedosa crítica contra nós mesmos. Ninguém é tão perfeito que não necessite melhorar. Quanto mais impecável é o ser humano menos se inclina a encontrar faltas nos demais e atirar a primeira pedra nos outros. Ao assinalarmos alguma falta e indicarmos o meio de corrigi-la, devemos fazer isso impessoalmente. Procuremos sempre o bem que se acha oculto em tudo. O cultivo desta atitude de discernimento é especialmente importante.
Quando o Aspirante ao conhecimento direto, tendo praticado os exercícios de concentração e de meditação durante algum tempo, neles se torna razoavelmente proficiente, deve dar um passo mais elevado.
Vimos que a concentração consiste em enfocar o pensamento num só objeto. É o meio pelo qual construímos uma imagem clara, objetiva e vivente da forma, acerca da qual desejamos adquirir conhecimento.
Meditação é o exercício pelo qual seguimos a história desse objeto, pondo-nos em relação com todos os pormenores a ele relativos e ao mundo em geral.
Esses dois exercícios mentais relacionam-se, da maneira mais profundamente imaginável, com as coisas. Conduzem a um estado mais elevado, penetrante e sutil de desenvolvimento mental, que se refere à alma das coisas.
O nome desse estado é Contemplação.
Diferentemente da Meditação, na Contemplação não é necessário esforço de pensamento ou de imaginação para conseguir-se a informação desejada. Esse exercício consiste simplesmente em mantermos o objeto ante a visão mental e deixar que a alma dele nos fale. Repousando tranquilamente num divã ou na cama – não de modo negativo, mas completamente alerta – esperamos a informação que virá com certeza, se já alcançamos o devido grau de desenvolvimento. Então a Forma do objeto parece desvanecer-se, passamos a ver unicamente a Vida em atividade. A Contemplação ensinar-nos-á tudo relativamente ao aspecto da Vida, assim como a Meditação nos ensinou tudo sobre a Forma.
Quando alcançamos esse estado, e pomos diante de nós, por exemplo, uma árvore na floresta, nós perdemos de vista a forma por completo e só veremos a Vida, que nesse caso é o Espírito-Grupo. Descobrimos então, para nosso assombro, que o Espírito-Grupo da árvore inclui os diversos insetos que dela se alimentam. Assim, tanto o parasita quanto o tronco em que ele se prende são emanações do mesmo Espírito-Grupo, pois quanto mais subimos nos domínios do invisível menos formas separadas e distintas encontramos, e mais completamente a Vida Una predomina, e imprime no investigador a noção suprema de que não há senão Uma Vida – a Vida Universal de Deus, em Quem realmente “vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. Os minerais, as plantas, os animais e o ser humano – todos sem exceção – são manifestações de Deus, e esse fato fornece a verdadeira base da fraternidade, uma fraternidade que inclui tudo, desde o átomo até o Sol, porque todos são emanações de Deus. Fracassaria o conceito de fraternidade que se baseasse em outro princípio qualquer, como o: das distinções de classes, das afinidades de raça ou de ofício, etc. O ocultista compreende claramente que a Vida Universal flui em tudo que existe.
Quando, por meio da Contemplação, se alcança esta altura, isto é, quando o Aspirante compreende que de fato ele contempla Deus na vida que tudo compenetra, deve dar um passo ainda mais elevado e atingir a Adoração. Através desse exercício ele se une à fonte de todas as coisas, alcançando assim a maior altura possível de realização pelo ser humano, até que chegue o tempo em que essa união se torna permanente, ao fim do Grande Dia de Manifestação.
É opinião do autor que nem as alturas da Contemplação nem o passo final da Adoração podem ser alcançados sem a ajuda de um Mestre. O Aspirante nunca deve temer que, por falta de um Mestre, seu progresso seja retardado. Nem necessita preocupar-se em procurar um Mestre. Tudo o que precisa fazer é começar a aperfeiçoar-se, e continuar nesse trabalho diligente e persistentemente. Desse modo purificará seus veículos, que começarão a brilhar nos Mundos internos. Esse brilho não pode deixar de atrair a atenção dos Mestres, os quais, sempre atentos a tais casos, estão ansiosos e contentes por ajudar aqueles que, por seus sinceros esforços de purificação, adquiriram o direito de receber ajuda. A humanidade está duramente necessitada de auxiliares que possam trabalhar nos mundos internos. Portanto, “buscai e achareis”[50]. Contudo, não se imagine que a procura consiste em andar passando de um Mestre para outro. “Procurar”, no sentido da palavra, nada significa para esse mundo tenebroso. Nós mesmos é que temos de acender a luz – a luz que seguramente irradia dos veículos do Aspirante diligente. Essa é a estrela que nos conduzirá ao Mestre, ou melhor, que conduzirá o Mestre até nós.
O tempo necessário para se alcançar resultados por meio dos diversos exercícios varia de indivíduo para indivíduo, e depende da sua aplicação, grau de desenvolvimento e dos seus registros no Livro do Destino, pelo que não se pode estabelecer um tempo-padrão. Alguns, que já estão quase prontos, obtêm resultados em poucos dias ou semanas. Outros têm que trabalhar durante meses, anos e talvez durante uma vida inteira, sem obter resultados visíveis. Não obstante, os resultados são uma realidade, de modo que se o Aspirante persistir fielmente obterá algum dia, nesta ou em futura vida, a recompensa de sua paciência e fidelidade: os Mundos internos abrir-se-ão aos seus olhos, tornando-se cidadão de Reinos onde as oportunidades são imensamente maiores do que no Mundo Físico somente.
Daí em diante – desperto ou adormecido, através de tudo que o ser humano chama vida e de tudo o que chama morte – sua consciência será ininterrupta. Levará uma vida de consciência contínua, beneficiando-se de todas as condições que permitem um avanço mais rápido para posições cada vez mais elevadas, e a empregará na elevação da humanidade.
CAPÍTULO XVIII – A Constituição da Terra e Erupções Vulcânicas
Mesmo entre os cientistas ocultistas, a investigação da misteriosa constituição da Terra é considerada um problema dos mais difíceis. Todo cientista ocultista sabe que é muito mais fácil investigar detalhada e profundamente o Mundo do Desejo e a Região do Pensamento Concreto e trazer os resultados de tais investigações ao Mundo Físico, do que investigar completamente os segredos do nosso Planeta físico. Para consegui-lo plenamente é preciso haver passado pelos nove Mistérios Menores e pela primeira das Grandes Iniciações.
Os cientistas modernos sabem muito pouco sobre esse assunto. No que se referem aos fenômenos sísmicos, muitas vezes modificam suas teorias porque descobrem, constantemente, razões que tornam insustentáveis as hipóteses anteriores. Investigaram com minucioso e admirável cuidado a crosta externa, mas só até uma insignificante profundidade. Quanto às erupções vulcânicas, eles tentam compreendê-las do mesmo modo que procuram compreender qualquer outra coisa, isto é, de maneira puramente mecânica, descrevendo o centro da Terra como uma fornalha em ignição e concluindo que as erupções vulcânicas são causadas pela entrada acidental de água e outras explicações semelhantes.
Em certo sentido suas teorias têm algum fundamento, mas, como sempre, negligenciam as causas espirituais, que para o ocultista são as únicas reais. Para este, o mundo está longe de ser uma coisa “morta”. Pelo contrário, qualquer recanto e fenda são compenetrados pelo Espírito, o fermento que causa as mudanças tanto dentro como sobre o Planeta.
As diferentes espécies de quartzos, os metais, a disposição das várias camadas, tudo tem um significado muito maior do que aquilo que o investigador materialista jamais foi capaz de compreender. Para o cientista ocultista, o modo em que estes materiais estão dispostos é sumamente significativo. Nesse assunto, como em outro qualquer, a ciência oculta está para a ciência moderna assim como a fisiologia está para a anatomia.
A anatomia indica minuciosamente a posição de cada osso, músculo, ligamento, nervo etc.; suas posições relativas uns aos outros; e assim por diante; porém, não dá indicação alguma sobre o funcionamento das diferentes partes que compõem o Corpo. A fisiologia, por sua vez, indica não somente a posição e estrutura de todas as partes do Corpo, mas também sua função no Corpo.
Conhecer os diversos estratos da Terra e as posições relativas dos Planetas no firmamento, e não conhecer seu emprego e significado na vida e sua finalidade no Cosmos são tão inúteis quanto apenas conhecer as posições dos ossos, músculos, nervos etc., e não compreender as funções que desempenham na economia do Corpo.
Ante a visão do clarividente treinado, do Iniciado nos vários graus dos Mistérios, a Terra apresenta-se composta de camadas, à semelhança de uma cebola, cada camada ou estrato cobrindo outra. Há nove estratos e um núcleo central, dez no total. Tais estratos são revelados ao Iniciado gradualmente, um estrato em cada Iniciação, de modo que, ao final das nove Iniciações Menores domina todas as camadas, mas ainda não tem acesso aos segredos do núcleo central.
Em termos antigos esses nove passos são chamados “Mistérios Menores”. Levam o neófito, conscientemente, através de toda a sua evolução passada, ou seja, por meio de todas as atividades de sua existência involuntária, de modo que ele se torna capaz de compreender os meios e o significado da obra que efetuou, inconscientemente. A ele é mostrado como se constituíram as nove partes atuais (o Tríplice Corpo, a Tríplice Alma e o Tríplice Espírito); como as grandes Hierarquias Criadoras trabalharam sobre o Espírito Virginal, despertando nele o Ego e ajudando-o a formar o Corpo; também o trabalho que ele mesmo efetuou para, do Tríplice Corpo, extrair tanto da Tríplice Alma, como a que atualmente possui. Seguindo os nove estratos, é conduzido através dos nove graus que constituem os Mistérios Menores, um grau por vez.
O número nove é o número raiz do nosso presente estágio de evolução. Em nosso sistema tem um significado que nenhum outro número possui. É o número de Adão, a vida que começou sua evolução como ser humano e que alcançou o estado humano durante o Período Terrestre. Em hebraico, assim como em grego não há algarismos, porque cada letra exprime um valor numérico. Em hebraico, “Adão” é proferido “ADM”. O valor de “A” é 1; o de “D”, 4; e o de “M”, 40. Se somarmos esses algarismos 1+4+4+0=9, teremos o número de Adão, ou humanidade.
Se saltarmos do livro Gênesis, que trata da criação do ser humano em remotíssimo passado, para o Livro da Revelação[51], que trata de sua futura realização, veremos que o número da Besta que o oculta é 666. Somando esses algarismos 6+6+6 = 18, e 1+8 = 9, teremos novamente o número da humanidade, em si mesma a causa de todo mal que obstrui seu próprio progresso. Mais ainda: o número dos que se salvarão se diz que é de 144.000. Somando-se como antes 1+4+4+000 = 9, temos outra vez o número da humanidade, mostrando, praticamente, que ela será salva em sua totalidade, já que é insignificante a quantidade dos incapazes de progredir em nossa evolução atual. Mesmo os poucos que fracassam não estarão perdidos, mas progredirão num esquema evolutivo futuro.
A consciência do mineral e do vegetal é realmente inconsciência. O primeiro vislumbre de consciência começa no Reino Animal. Vimos, também, que, consoante a mais moderna classificação, há treze graus no Reino Animal: três classes de radiados; três classes de moluscos; três classes de articulados; e quatro classes de vertebrados.
Se considerarmos o ser humano comum como um grau em si mesmo, e recordarmos que há treze Iniciações desde o ser humano até Deus, ou desde o tempo em que começou a capacitar-se para se converter em uma Inteligência Criadora Consciente de Si, teremos de novo o mesmo número nove: 13 + 1 + 13 = 27 e 2 + 7 = 9.
O número 9 está também oculto na idade de Cristo Jesus, 33: 3 x 3=9, e de maneira análoga nos 33 graus da Maçonaria. Nos tempos antigos a Maçonaria era um sistema de Iniciação dos Mistérios Menores, os quais, como vimos, têm nove graus, ainda que os iniciados frequentemente os escrevessem 33. Por análogas razões existe o 18º grau dos Rosacruzes, o qual não é mais que um “véu” para o não iniciado, porque nunca há mais do que nove graus nos Mistérios Menores. Os Maçons de hoje conservam muito pouco dos rituais ocultos contidos em seus graus.
Temos também os nove meses da gestação, durante os quais é construído o eficiente Corpo atual. Há também nove perfurações no Corpo: dois olhos, duas narinas, dois ouvidos, uma boca e dois orifícios inferiores.
Quando em seu avanço o ser humano passa pelas nove Iniciações Menores conseguindo, assim, penetrar em todos os estratos da Terra, precisa ainda ter acesso ao núcleo central. Esse se abre para ele mediante a primeira das quatro Grandes Iniciações, na qual aprende a conhecer o mistério da Mente, essa parte do seu ser iniciada na Terra. Quando ele está pronto para a primeira grande Iniciação, sua Mente já foi desenvolvida a um grau que todos os seres humanos alcançarão no final do Período Terrestre. Nessa Iniciação é fornecido a ele a chave do próximo estágio, e todo o trabalho que depois disso ele efetua, será o mesmo que a humanidade em geral efetuará no Período de Júpiter. Isto não nos diz respeito atualmente.
Depois de sua primeira Grande Iniciação ele é um Adepto. A segunda, terceira e quarta das Iniciações pertencem a estágios de desenvolvimento que a humanidade comum alcançará nos Períodos de Júpiter, Vênus e Vulcano.
Essas treze Iniciações são representadas, simbolicamente, por Cristo e seus doze Apóstolos. Judas Iscariotes representa as traidoras tendências da natureza inferior do neófito. O amado João é a Iniciação de Vênus, e Cristo, em Si mesmo, simboliza o Divino Iniciado do Período de Vulcano.
Nas diversas escolas de ciência oculta diferem os ritos Iniciáticos, como também o que dizem sobre o número de Iniciações, mas isto é apenas uma questão de classificação. Observe-se que as vagas descrições que podem ser dadas se tornam ainda mais vagas à medida que se sobe mais. Ainda que se fale de sete ou mais graus, já da sexta Iniciação quase nada é dito, e absolutamente nada das que estão para além. A razão disto advém de outra divisão: os seis graus de “Preparação” e as quatro Iniciações, que ao final do Período Terrestre conduzem o candidato ao grau de Adepto. Portanto, sempre deverá haver mais três, caso a filosofia da escola ou sociedade vá tão longe. O autor, porém, não conhece ninguém, além dos Rosacruzes, que tenha algo a dizer sobre os três Períodos que precederam o Período Terrestre, a não ser a simples afirmação de que esses períodos existiram. Contudo, nem são postos em relação muito definida com a nossa atual fase de existência. De maneira análoga, outros ensinamentos ocultos afirmam, simplesmente, que haverá mais três esquemas evolutivos, porém não fornecem pormenores. Claro, nessas circunstâncias, as três últimas Iniciações não são mencionadas.
O Diagrama 18 dá uma ideia da disposição dos estratos terrestres, omitindo informações sobre o núcleo central para mostrar mais claramente a formação de correntes em forma de lemniscata no nono estrato.
Diagrama 18 – A Constituição da Terra
No Diagrama 18 os estratos são representados como se tivessem igual espessura, mas em realidade uns são muito mais delgados do que outros. Começando pelo mais externo, aparecem na seguinte ordem:
Na realidade, e de acordo com a explicação oculta da evolução, a questão deveria ser como se originaram as coisas “mortas”. A vida existia antes das formas mortas. Ela construiu seus Corpos de substância vaporosa e sutil, muito antes de se condensar na crosta sólida da Terra. Só quando a Vida abandona as formas, podem estas se cristalizar, tornando-se duras e mortas.
O carvão nada mais é do que Corpo vegetal cristalizado. Os corais são também produtos da cristalização de formas animais. A vida abandona as formas e as formas morrem. A vida nunca penetra numa forma para despertá-la à vida. A vida sai das formas e as formas morrem. Foi assim que surgiram as “coisas mortas”.
Nesse quinto estrato existe a fonte primordial da vida, da qual brotou o impulso que construiu todas as formas da Terra. Corresponde à Região do Pensamento Abstrato.
Por outro lado, quando se arrancam as plantas pela raiz, fica patente ao cientista-ocultista que a Terra sente dor. Por essa razão, ele não come alimentos vegetais que cresçam debaixo da Terra. Em primeiro lugar, porque esses vegetais são plenos de força terrestre e carentes de força solar; segundo, por terem sido extraídos com as raízes, são venenosos. A única exceção a esta regra é a batata, porque em seus primórdios crescia na superfície da terra, e só em tempos relativamente recentes começou a crescer debaixo do solo. Os ocultistas fazem o possível para alimentar seus Corpos com os frutos que crescem ao Sol, pois estes contêm mais força solar, e sua colheita não causa sofrimento algum à Terra.
Poder-se-ia supor que os trabalhos nas minas produzem dor à Terra. Pelo contrário, toda desintegração da crosta dura produz uma sensação de alívio, e toda solidificação é fonte de dor. Quando uma torrente de chuva lava a encosta da montanha, arrastando a terra para os vales, a terra sente-se mais aliviada. Aonde a matéria desintegrada se deposita de novo, como no baixio que se forma na foz de um grande rio, produz-se uma correspondente sensação de opressão.
Assim como a sensação, nos animais e no ser humano, é devida a seus Corpos Vitais separados, assim as sensações da Terra são especialmente ativas no sexto estrato, que corresponde ao Mundo do Espírito de Vida. Para compreender-se o prazer que ela experimenta quando se quebra uma rocha e a dor que lhe produzem as solidificações, devemos recordar que a Terra é o Corpo Denso de um Grande Espírito, o qual, para fornecer-nos um meio em que pudéssemos viver e obter experiência teve de cristalizar seu Corpo até à condição de solidez atual.
Contudo, na medida em que a evolução prossiga e o ser humano aprenda as lições correspondentes aos extremos de concretização, a Terra tornar-se-á mais branda e seu espírito libertar-se-á cada vez mais. Foi isto o que São Paulo quis significar quando disse que toda a criação geme e sofre, esperando o dia da libertação.
Por conseguinte, as forças desse estrato são, em qualquer época, um reflexo exato do estado moral da humanidade. Do ponto de vista oculto, a “mão de Deus” que se abateu sobre Sodoma e Gomorra[52] não é uma tola superstição, pois, tão certo como há uma responsabilidade individual ante a Lei de Consequência que traz a cada pessoa o justo resultado de suas ações, sejam boas ou más, assim também existe uma responsabilidade coletiva ou nacional, que atrai sobre os grupos humanos resultados equivalentes aos atos efetuados em conjunto. As forças da natureza são, em geral, os agentes de tal justiça retribuidora, causando inundações ou terremotos a um grupo, ou a benéfica formação de óleos ou carvões a outro, de acordo com os seus merecimentos.
Do sexto estrato, o ígneo, até a superfície da Terra, há certo número de orifícios em diferentes lugares. Seus terminais na superfície são chamados “crateras vulcânicas”. Quando as forças da Natureza do sétimo estrato são desencadeadas de modo a poderem se expressar por meio de uma erupção vulcânica, elas ativam o estrato ígneo (o sexto), e então a agitação se exterioriza através da cratera. A maior parte do material é tomada da substância do segundo estrato, por ser esse estrato a contraparte mais densa do sexto estrato, assim como o Corpo Vital, o segundo veículo do ser humano, é a contraparte mais densa do Espírito de Vida, o sexto princípio. Esse estrato fluídico, com sua qualidade expansiva e sumamente explosiva, assegura um suprimento ilimitado de material no local da erupção. O contato com a atmosfera exterior endurece a parte que não se volatiliza no espaço, formando a lava e a poeira vulcânicas. E da mesma maneira que o sangue ao fluir de uma ferida coagula-se e estanca, assim também a lava, ao final da erupção, cerra o caminho às partes internas da Terra.
Como é fácil deduzir-se do fato, a imoralidade refletida e as tendências ante espirituais da humanidade é que despertam a atividade destruidora das forças da Natureza no sétimo estrato. Portanto, geralmente são as pessoas dissolutas e degeneradas que sucumbem nessas catástrofes. Essas pessoas, juntamente com outras cujo destino autogerado sob a Lei da Consequência, por várias razões, implica em morte violenta, são conduzidas desde os mais diversos recantos por forças sobre-humanas até o lugar onde deve ocorrer a erupção. Para aquele que pensa seriamente, as erupções vulcânicas do Vesúvio, por exemplo, servem para corroborar a afirmação acima.
A lista dessas erupções durante os últimos 2.000 anos mostra que sua frequência tem aumentado em proporção direta ao crescimento do materialismo. Especialmente nos últimos sessenta anos, na razão em que a ciência materialista cresceu em sua arrogância na absoluta e ampla negação das coisas espirituais, aumentaram a frequência das erupções vulcânicas. Enquanto nos primeiros mil anos depois de Cristo houve apenas seis erupções, as últimas cinco erupções tiveram lugar num período de 51 anos, como veremos.
A primeira erupção da Era Cristã, no ano 79 D.C., destruiu as cidades de Herculano e Pompéia, em que pereceu Plínio, o Velho. As outras erupções tiveram lugar nos anos de: 203, 472, 512, 652, 982, 1036, 1158, 1500, 1631, 1737, 1794, 1822, 1855, 1872, 1885, 1891 e 1906.
Nos primeiros mil anos ocorreram seis erupções; nos seguintes mil anos aconteceram doze, ocorrendo as últimas cinco num período de 51 anos, como dissemos anteriormente.
Do número total de 18 erupções, as nove primeiras ocorreram na assim chamada “Idade das Trevas”[53], isto é, nos 1.600 anos durante o qual o Mundo Ocidental foi dominado pelos comumente chamados “Bárbaros” pela Igreja Romana. As restantes sucederam-se nos últimos trezentos anos, durante os quais o advento e desenvolvimento da ciência moderna, com suas tendências materialistas, quase apagaram os últimos vestígios de espiritualidade, de modo particular na última metade do Século XIX. Portanto, as erupções desse período compreendem quase um terço do número total das ocorridas em nossa Era.
Para contrabalançar essa influência desmoralizadora, uma grande quantidade de informação oculta foi fornecida, durante todo esse tempo, pelos Irmãos Maiores, que estão sempre trabalhando pelo bem da humanidade. Pensou-se que oferecendo esses conhecimentos e educando os poucos que ainda queriam recebê-los, seria possível deter a maré de materialismo a qual, caso contrário, poderia produzir consequências muito sérias aos seus partidários. Com efeito, tendo negado durante tanto tempo a existência espiritual, poderão não serem capazes de manter seu equilíbrio ao perceberem que, embora tendo sido privados do Corpo Denso pela morte, eles continuam mais vivos do que nunca. Tais pessoas podem ter de suportar um destino demasiado triste para ser contemplado com serenidade. Uma das causas da terrível “peste branca”[54] é esse materialismo, talvez não reconhecível na encarnação atual, mas resultado de crenças e afirmações materialistas anteriores.
Falávamos da morte de Plínio, o Velho, quando da destruição de Pompéia. É interessante seguir o destino de tal cientista, não tanto pelo indivíduo em si, mas para compreendermos como o cientista ocultista lê a Memória da Natureza, de como as coisas nela se imprimem e os efeitos das características passadas sobre nossas tendências atuais.
Quando um ser humano morre, seu Corpo Denso desintegra-se, mas a soma total de suas forças pode ser encontrada no sétimo Estrato da Terra – o Estrato Refletor – o qual se constitui num repositório em que, como forças, as formas passadas são armazenadas. Assim, conhecendo-se o tempo em que ocorreu a morte de um ser humano, é possível encontrar sua forma nesse repositório, se ali o procurarmos. E não somente está ali armazenada, mas é também multiplicada pelo oitavo, ou Estrato Atômico, de modo que qualquer tipo pode ser reproduzido e modificado por outros e empregado repetidas vezes para a formação de outros Corpos. Por conseguinte, as tendências cerebrais de um ser humano tal como Plínio, o Velho, podem ter-se reproduzido milhares de anos depois, e ser, em parte, a causa da atual colheita de cientistas materialistas.
Resta ainda muito a aprender e desaprender, para os atuais cientistas materialistas. Ainda que lutem até o último limite contra o que, escarnecendo, qualificam de “ideias ilusórias” dos cientistas ocultistas, estão sendo obrigados a reconhecer suas verdades, a admiti-las uma a uma. É só uma questão de tempo o serem forçados a aceitá-las.
Mesmer, enviado pelos Irmãos Maiores, foi mais do que ridicularizado. Contudo, quando os materialistas, trocando o nome da força por ele descoberta, chamaram-na de “hipnotismo” ao invés de “mesmerismo”, tornou-se “científica”, imediatamente.
Há vinte anos a senhora Blavatsky, fidelíssima discípula dos Mestres Orientais, disse que a Terra tinha um terceiro movimento além dos dois que produzem o dia, a noite e as estações. Indicou também que a inclinação do eixo da Terra é causada por um movimento que, há seu tempo, levará o polo norte para onde atualmente está o equador, e mais tarde ainda o levará ao lugar ocupado agora pelo polo sul. Isto, afirmou ela, era conhecido pelos antigos egípcios, e referiu-se ao famoso planisfério de Dendera[55], onde se encontram registradas essas três Revoluções. Tais afirmações, juntamente com toda a sua insuperável obra “A Doutrina Secreta”, foram escarnecidas.
Há poucos anos atrás um astrônomo, Sr. G. E. Sutcliffe[56], de Bombaim, descobriu e demonstrou, matematicamente, que Laplace[57] havia se equivocado em seus cálculos. Seu descobrimento e a retificação do dito erro confirmaram por demonstrações matemáticas a existência do terceiro movimento da Terra, conforme revelado pela senhora Blavatsky. Isto explica o fato estranho de se encontrarem plantas tropicais e fósseis nas regiões polares, pois tal movimento produziria necessariamente, há seu tempo, períodos tropicais e glaciais em todas as partes da Terra, correspondentes às mudanças de posição em relação ao Sol. O Sr. Sutcliffe enviou sua carta e as demonstrações a “Nature”[58], mas essa revista recusou-se a publicá-las. Quando o autor tornou pública sua descoberta por meio de um folheto, levantou-se contra ele uma tremenda onda de protestos. Acontece que o Sr. Sutcliffe era um profundo e reconhecido Estudante de “A Doutrina Secreta”. Isto explica a recepção hostil e as consequências inevitáveis que teve a sua descoberta.
Mais tarde, todavia, um francês que não era astrônomo, mas sim mecânico, construiu um aparelho que demonstrava ampla possibilidade da existência de tal movimento. O aparelho foi exibido na “Louisiana Purchase Exhibition”, de Saint Louis[59], e foi aprovado calorosamente por M. Camille Flammarion[60] como digno de investigação. Aqui já se via algo “concreto”, algo mecânico, e o editor do “The Monist[61]“, ainda que descrevesse o inventor como um ser humano que trabalhava sob “místicas ilusões” (por acreditar que os antigos egípcios conheciam esse terceiro movimento), esqueceu magnanimamente o fato e disse que isso não lhe tinha feito perder a fé na teoria de M. Beziau[62]. Publicou então um esclarecimento e um ensaio de M. Beziau, em que descrevia o movimento e seus efeitos sobre a superfície da Terra, em termos análogos aos empregados pela senhora Blavatsky e o Sr. Sutcliffe. Como M. Beziau não estava incluído categoricamente no rol dos ocultistas, sua descoberta pôde ser aceita.
Podemos citar muitos exemplos de ensinamentos ocultos que mais tarde foram corroborados pela ciência. Um deles é a teoria atômica, defendida nas filosofias gregas e depois em “A Doutrina Secreta”, mas só “descoberta” em 1897, pelo professor Thompson[63].
Na inestimável obra de A. P. Sinnett [64]– “The Growth of the Soul”[65] publicada em 1896, o autor afirmava que há dois Planetas além da órbita de Netuno, dos quais, ele acreditava que só um seria descoberto pelos astrônomos modernos. Em “Nature” de agosto de 1906, Professor Barnard[66] afirmava que, por meio de um refrator Lick de 36 polegadas, havia descoberto dito Planeta em 1892. Nada de mais nisso, entretanto ele esperou catorze anos para anunciar sua descoberta! Não pretendemos levantar nenhuma questão sobre o assunto. O importante é que o Planeta existe, e que o livro do Sr. Sinnett o anunciava dez anos antes de o Professor Barnard reivindicar a prioridade da sua descoberta. É provável que anunciar a descoberta de um novo Planeta antes de 1906 pudesse ter perturbado alguma teoria popularmente aceita!
Há muitas teorias semelhantes. A teoria de Copérnico[67] não é de todo exata, assim como há muitos fatos que a elogiada Teoria Nebular por si só não explica. Tycho Brahe[68], o famoso astrônomo dinamarquês, recusou-se a aceitar a teoria de Copérnico. Tinha muito boas razões para ser fiel à teoria de Ptolomeu[69], pois, como dizia, através desta os movimentos dos Planetas são vistos corretamente, enquanto que pela teoria de Copérnico é necessário empregar-se uma Tabela de correções. O sistema de Ptolomeu é correto do ponto de vista do Mundo do Desejo e tem aspectos que são necessários no Mundo Físico.
Para muitos, as afirmações feitas nas páginas anteriores podem ser consideradas fantásticas. Que seja assim. Tempo virá em que todos os seres humanos possuirão os conhecimentos aqui oferecidos. Esse livro destina-se aos poucos que, tendo libertado suas Mentes dos grilhões da ciência e da religião ortodoxa, estão prontos a aceitá-lo, até que provem estar ele errado.
CAPÍTULO XIX – CHRISTIAN ROSENKREUZ E A ORDEM DOS ROSACRUZES
Antigas Verdades em Novas Roupagens
Nota-se entre o público um grande desejo de descobrir algo sobre a Ordem dos Rosacruzes. Como em nossa civilização ocidental, e até entre os nossos Estudantes, não se compreenda bem o importante lugar ocupado pelos Irmãos da Rosacruz, é conveniente dar algumas informações autênticas sobre o assunto.
Tudo no mundo está sujeito à lei, inclusive nossa evolução, de modo que os progressos espiritual e físico caminham de mãos dadas. O Sol é o dador de luz física e, como sabemos, caminha aparentemente de Lesse para Oeste trazendo luz e vida a todas as partes da terra. Contudo, o Sol visível é apenas uma parte do Sol, assim como o Corpo visível é apenas uma pequena parte do ser humano composto. Há um Sol invisível e espiritual cujos raios estimulam o crescimento anímico em todas as partes da terra, assim como o Sol visível promove o crescimento da forma. Esse impulso espiritual também caminha na mesma direção do Sol físico, de lesse para oeste.
Seiscentos ou setecentos anos A.C. uma nova onda de espiritualidade iniciou-se nas margens ocidentais do Oceano Pacífico, para iluminar a nação chinesa. Hoje em dia, milhões de habitantes do Celeste Império professam a religião de Confúcio. Notamos o efeito posterior dessa onda na religião de Buda, um ensinamento destinado a despertar as aspirações de milhões de hindus e chineses ocidentais. Em seu curso para Oeste, surge entre os gregos mais intelectuais, nas filosofias elevadas de Pitágoras e Platão, e por último, invade o mundo ocidental e alcança os precursores da raça humana, onde assume a elevada forma da Religião Cristã.
O Cristianismo abriu gradualmente seu caminho para Oeste até a costa do Oceano Pacífico, aonde vem reunindo e concentrando as aspirações espirituais. Ali alcançará um ponto culminante, antes de prosseguir através do Oceano para inaugurar no Oriente um despertar mais elevado e mais nobre, muito mais do que existente até agora nessa parte da Terra.
Assim como o dia e a noite, o verão e o inverno, o fluxo e refluxo, seguem-se uns aos outros em ininterrupta sucessão, de acordo com a lei dos ciclos alternantes, assim também a aparição de uma onda de despertar espiritual em qualquer parte do mundo é seguida por um período de reação material, a fim de que o desenvolvimento não se torne unilateral.
Religião, Arte e Ciência são os três meios mais importantes da educação humana e constituem uma trindade na unidade, não podendo ser separada sem que se altere o nosso ponto de vista sobre qualquer coisa que investiguemos. A verdadeira Religião inclui, por sua vez, a Ciência e a Arte, porque ensina a viver uma vida preciosa em harmonia com as leis da Natureza.
A verdadeira Ciência é artística e religiosa no mais elevado sentido, porque nos ensina a reverenciar e a nos conformar com as leis que governam nosso bem-estar, e explica por que a vida religiosa conduz à saúde e à beleza.
A verdadeira Arte é tão educativa quanto à ciência e tão elevada em sua influência quanto à religião. Na arquitetura encontramos a mais sublime representação das linhas de força cósmica do universo. Imbui o observador espiritual de uma poderosa devoção e adoração, nascida da respeitosa e inspirada concepção da esmagadora grandeza e majestade de Deus. A escultura e a pintura, bem como a música e a literatura, inspiram-nos com um transcendental encanto de Deus, o imutável manancial e meta de todo esse formoso mundo.
Nenhuma outra coisa, a não ser tal ensinamento integral, pode corresponder permanentemente às necessidades humanas. Houve um tempo, na Grécia, em que a Religião, a Arte e a Ciência eram ensinadas conjuntamente nos Templos de Mistérios. Contudo, para o melhor desenvolvimento de cada uma, tornou-se necessário separá-las durante algum tempo.
A Religião reinou suprema nas chamadas “idades das trevas”. Durante esse tempo ela escravizou a Ciência e a Arte, atando-as de mãos e pés. Depois veio o período da renascença, quando a Arte floresceu em todos os seus domínios. Contudo, a Religião era ainda muito forte, pelo que a Arte era frequentemente prostituída a seu serviço. Por último, chegou a vez da Ciência moderna, que com mão de ferro subjugou a Religião.
Foi em detrimento do mundo que a Religião oprimiu a Ciência. A Ignorância e a Superstição produziram males sem conta, mas o ser humano, não obstante, abrigava, então, elevados ideais espirituais, e esperava uma vida superior melhor. É infinitamente mais desastroso que a Ciência esteja sufocando a Religião, porque agora até a Esperança, o último dom deixado pelos deuses na Caixa de Pandora, pode desvanecer-se ante o Materialismo e o Agnosticismo.
Tal estado de coisas não pode continuar. Precisa haver uma reação. Se não a Anarquia dominará o Cosmos. Para evitar tal calamidade a Religião, a Ciência e a Arte devem reunir-se numa expressão do Bem, do Verdadeiro e do Belo, mais elevada ainda do que fora antes da separação.
Os acontecimentos futuros projetam antecipadamente suas sombras. Quando os Grandes Líderes da humanidade viram a tendência para o ultra materialismo, que agora grassa no mundo ocidental, tomaram certas medidas para enfrentá-lo e transmutá-lo. Não desejaram destruir a Ciência florescente, conforme esta última vinha sufocando a Religião, pois divisavam o resultado final que será o bem, quando uma Ciência avançada tornar-se-á novamente colaboradora da Religião.
Uma Religião espiritual, porém, não pode unir-se com uma Ciência materialista, assim como o azeite não pode misturar-se com a água. Portanto, medidas foram adotadas para espiritualizar a Ciência e tornar científica a Religião.
No século XIII um elevado instrutor espiritual, usando o simbólico nome Christian Rosenkreuz – Cristão Rosacruz – apareceu na Europa para iniciar esse trabalho. Fundou a misteriosa Ordem dos Rosacruzes objetivando lançar uma luz oculta sobre a mal-entendida Religião Cristã, e para explicar o mistério da Vida e do Ser do ponto de vista científico, em harmonia com a Religião.
Muitos séculos decorreram desde o seu nascimento como Christian Rosenkreuz, o Fundador da Escola de Mistérios Rosacruzes, cuja existência é, por muitos, considerada um mito. Todavia, seu nascimento como Christian Rosenkreuz marcou o princípio de uma nova era na vida espiritual do mundo ocidental. Esse Ego excepcional tem estado, desde então, em contínuas existências físicas, num ou noutro dos países europeus. Toda vez que seus sucessivos veículos perdem sua utilidade, ou as circunstâncias tornam necessária uma mudança de campo em suas atividades, toma um novo Corpo. Ainda mais, hoje em dia está encarnado. É um Iniciado de grau superior, ativo e potente fator em todos os assuntos do Ocidente, se bem que desconhecido para o mundo.
Trabalhou com os alquimistas séculos antes do advento da ciência moderna. Foi ele que, por um intermediário, inspiraram as, agora mutiladas, obras de Bacon[70]. Jacob Boehme[71] e outros receberam dele a inspiração que tão espiritualmente iluminou suas obras. Nos trabalhos do imortal Goethe[72] e nas obras-primas de Wagner[73] encontramos a mesma influência. Todos os espíritos intrépidos, que se recusam subordinar-se a qualquer ciência ou religião ortodoxa, que fogem das escravidões e procuram penetrar nos domínios espirituais sem pretensões de glória ou de vaidade, tiram sua inspiração da mesma fonte, como fez e faz o grande espírito que animou Christian Rosenkreuz.
Seu próprio nome é a Corporificação da maneira e dos meios pelos quais o ser humano atual é transformado em Divino “Super-homem”. Esse símbolo,
“Christian Rosen Kreuz”
… mostra o fim e o objetivo da evolução humana, o caminho a ser percorrido e os meios pelos quais alcançará essa meta. A cruz negra, os galhos verdes da planta que a entrelaçam, os espinhos e as rosas vermelho-sangue ocultam a solução do Mistério do Mundo: a evolução passada do Ser Humano, sua constituição presente e, especialmente, o segredo do seu futuro desenvolvimento.
Esse segredo, que se oculta ao profano, é revelado ao Iniciado tanto mais claramente quanto mais esse se esforce, dia a dia, em construir para si mesmo a mais valiosa de todas as gemas, a Pedra Filosofal – mais preciosa que o “Velocino de Ouro”[74] mais preciosa ainda do que todas as riquezas terrestres! O símbolo recorda-lhe como a humanidade, em sua ignorância, está malgastando, a todo instante, o autêntico material concreto que poderia usar na formação desse tesouro inestimável.
Para mantê-lo firme e verdadeiro por meio de todas as adversidades, a Rosacruz se ergue ante ele como uma inspiração, como a gloriosa realização que espera aquele que suplanta, e aponta Cristo como a Estrela da Esperança, “os primeiros frutos”, que lavrou essa maravilhosa Pedra enquanto habitava o Corpo de Jesus.
As investigações mostram que em todos os sistemas religiosos sempre houve um ensinamento reservado ao clero, não acessível à multidão. Cristo também falou ao povo em parábolas, mas só aos discípulos explicou o significado que ocultavam, proporcionando-lhes, assim, uma compreensão mais profunda e adequada às suas Mentes desenvolvidas.
São Paulo dava “leite” às criancinhas, ou membros mais novos da comunidade, mas “carne”[75] para os fortes, os que tinham estudado mais profundamente. Assim, sempre tem havido um ensinamento interno e um ensinamento externo. Os ensinamentos internos foram dados nas, assim chamadas, Escolas de Mistérios, as quais se modificam de tempos em tempos a fim de adaptarem-se às necessidades dos povos entre os quais se destinam a operar.
A Ordem dos Rosacruzes não é meramente uma sociedade secreta: é uma das Escolas de Mistérios. Os Irmãos são Hierofantes dos Mistérios Menores, guardiões dos Sagrados Ensinamentos. Constituem um poder espiritual muito mais potente na vida do Mundo Ocidental do que qualquer governo visível, se bem que não interferem com a humanidade a ponto de privá-la de seu livre arbítrio.
Como a senda do desenvolvimento depende em todos os casos do temperamento do Aspirante, há sempre dois caminhos a seguir: o místico e o intelectual. O místico geralmente carece de conhecimentos intelectuais. Ele segue os ditames do seu coração e esforça-se por fazer a vontade de Deus tal como a sente, elevando-se sem estar consciente de qualquer meta definida, e por fim alcança o conhecimento. Na Idade Média as pessoas não eram tão intelectuais como são hoje em dia. Assim, os que sentiam o chamado para a vida superior seguiam, geralmente, o caminho místico. Nos últimos séculos, contudo, desde o advento da ciência moderna, uma humanidade mais intelectual povoou a Terra. A cabeça venceu completamente o coração, o materialismo dominou todo o impulso espiritual e a maioria das pessoas que pensam, não creem em nada que não possam tocar, provar ou manejar. Portanto, é necessário apelar para o seu intelecto, a fim de que o coração possa crer naquilo que o intelecto haja sancionado. Respondendo a esse anseio, os Ensinamentos de Mistérios Rosacruzes visam correlacionar fatos científicos com verdades espirituais.
No passado esses ensinamentos eram mantidos em segredo para todos, exceto para uns poucos Iniciados, e ainda hoje estão entre os mais misteriosos e secretos do mundo ocidental. Todos os chamados “descobrimentos” do passado, que pretendiam revelar os segredos dos Rosacruzes, não foram mais do que fraude ou resultado de traição de algum profano, que acidentalmente ou de outra maneira conseguiu captar fragmentos de conversações, incompreensíveis para todos, menos para os possuidores da chave. É possível viver sob o mesmo teto, em estreita intimidade, com um Iniciado de qualquer escola, e ainda assim seu segredo permanecer oculto em seu peito, até o amigo alcançar o ponto de poder converter-se num Irmão Iniciado. A revelação dos segredos não depende da vontade do Iniciado, mas da qualificação do Aspirante.
Como as demais Ordens de Mistérios, a Ordem dos Rosacruzes é formada segundo linhas cósmicas: se, com esferas do mesmo tamanho, procurarmos saber quantas são necessárias para cobrir e ocultar da vista uma delas, veremos que são necessárias 12 para cobrir uma décima terceira. A última divisão da matéria física, o átomo verdadeiro que se encontra no espaço interplanetário, está agrupado assim: doze em torno de um. Os doze Signos do Zodíaco que envolve nosso Sistema Solar; os doze semitons da escala musical que contém a oitava; os doze Apóstolos que se agrupavam em torno de Cristo, etc., são outros tantos exemplos desse agrupamento de doze e um. Por essa razão a Ordem dos Rosacruzes é também composta de 12 Irmãos e mais um décimo terceiro.
No entanto, há outras divisões que devem ser notadas. Como vimos da Hoste Celestial de Doze Hierarquias Criadoras que estiveram em atividade em nosso sistema evolutivo, cinco se retiraram à liberação, ficando sete ocupadas com o nosso progresso ulterior. Harmoniza-se com isso o fato de que o ser humano de hoje, o Ego Interno, o microcosmo, atuar externamente por meio de sete orifícios visíveis do seu Corpo: dois olhos, dois ouvidos, duas fossas nasais e a boca, estando os cinco orifícios restantes total ou parcialmente fechados: as glândulas mamárias, o umbigo e os dois órgãos de excreção.
As sete rosas que adornam o nosso formoso emblema e as cinco pontas da radiante estrela, que lhes ficam atrás, simbolizam as doze Grandes Hierarquias Criadoras que têm ajudado o espírito humano que está evoluindo através dos anteriores estados: mineral, vegetal e animal, quando ainda carecia de consciência própria e era incapaz de cuidar de si mesmo no mínimo grau. Destas doze Hostes de Grandes Seres, três classes trabalharam sobre e com o ser humano por sua livre vontade e sem nenhuma obrigação de fazê-lo.
Essas classes estão simbolizadas pelas três pontas da estrela do nosso emblema, que apontam para cima. Mais duas dessas Grandes Hierarquias estão a ponto de retirar-se, sendo simbolizadas pelas duas pontas da estrela que se irradiam do centro para baixo. As sete rosas indicam que ainda existem sete Grandes Hierarquias Criadoras em atividade no desenvolvimento dos seres da Terra. Como todas essas várias classes, da menor à maior, não são mais do que partes de Um Grande Todo, a quem chamamos Deus, todo o emblema é um símbolo de Deus em manifestação.
O axioma hermético diz: “Como em cima, assim é embaixo”. Os instrutores menores da humanidade estão também agrupados segundo as mesmas linhas cósmicas de: 7, 5, e 1. Há sobre a Terra: sete escolas de Mistérios Menores, cinco de Mistérios Maiores e o total está agrupado em torno de um Cabeça Central, que é chamado o Libertador.
Na Ordem dos Rosacruzes, sete Irmãos vêm ao Mundo toda vez que as circunstâncias o requerem. Aparecem como seres humanos entre os seres humanos, ou trabalham em seus veículos invisíveis com ou sobre os demais, conforme seja necessário. Entretanto, deve-se ter bem presente que jamais influenciam qualquer pessoa contra sua vontade ou contra seus desejos. Apenas reforçam o bem aonde quer que o encontrem.
Os cinco Irmãos restantes nunca abandonam o Templo e, ainda que possuam Corpos físicos, executam todo o seu trabalho nos mundos internos.
O Décimo Terceiro é o Chefe da Ordem, o elo com o Conselho Central Superior, composto dos Hierofantes dos Mistérios Maiores, que não tratam absolutamente com a humanidade comum, mas somente com os graduados nos Mistérios Menores.
O Cabeça da Ordem está oculto do mundo externo pelos Doze Irmãos, tal como a esfera central do nosso exemplo anterior. Nem mesmo os discípulos da Escola o veem, porém, nos serviços noturnos do Templo, sua presença é sentida por todos a qualquer momento em que entre, sendo esse o sinal para começarem a cerimônia.
Reunidos em volta dos Irmãos da Rosacruz, como seus alunos, há certo número de “Irmãos Leigos”, pessoas que vivem em diversas partes do mundo ocidental e que são capazes de sair dos seus Corpos conscientemente, comparecerem aos serviços e participar da obra espiritual no Templo. Foram “iniciados” todos e cada um, no método de assim atuar, por um dos Irmãos Maiores, sendo que a maioria é capaz de recordar tudo o que lhe acontece. Todavia, alguns que adquiriram, em vida anterior dedicada ao bem, a faculdade de deixar o Corpo, têm o cérebro incapacitado a receber impressões do trabalho executado pelo Ego fora do Corpo em razão de alguma enfermidade adquirida na presente existência, ou pelo hábito de tomarem drogas.
Sobre a Iniciação tem-se geralmente a ideia de que é apenas uma cerimônia pela qual alguém se converte em membro de uma sociedade secreta e que, na maioria dos casos, pode ser conferida a qualquer um disposto a pagar certo preço ou soma em dinheiro.
Se for verdade que seja assim a chamada Iniciação em ordens fraternais e também na maioria das ordens pseudo-ocultistas, a opinião é completamente errônea quando aplicada às Iniciações nos vários graus das verdadeiras Fraternidades Ocultas, conforme logo esclarecerá uma rápida compreensão dos verdadeiros requisitos exigidos e de sua razoabilidade.
Em primeiro lugar, o ouro não serve como chave para o Templo. Toma-se em conta o mérito, não o dinheiro, pois o mérito não se adquire num dia: é o produto acumulado das boas ações passadas. De modo geral, o candidato à Iniciação é totalmente inconsciente de que é candidato. Quase sempre vive sua vida na comunidade, servindo ao seu próximo durante dias e anos, sem outro pensamento para o futuro, até que um dia aparece em sua vida o instrutor, um Hierofante dos Mistérios Menores, apropriado ao país em que ele reside. Até esse momento o candidato esteve cultivando internamente certas faculdades, acumulando certos poderes para servir e ajudar, dos quais é quase sempre inconsciente ou não sabe como usar corretamente. A tarefa do iniciador é, então, muito simples: mostra ao candidato as faculdades latentes, os poderes adormecidos, e inicia-o no seu uso, explicando-lhe ou demonstrando-lhe, pela primeira vez, como o candidato pode despertar essa energia estática, convertendo-a em poder dinâmico.
A Iniciação pode efetuar-se por meio de uma cerimônia ou não. No entanto, observe-se particularmente que ela é a culminação inevitável de prolongados esforços espirituais do candidato, sejam conscientes ou não, e positivamente nunca pode realizar-se até que, no requerido desenvolvimento interno, tenham sido acumulados os poderes latentes que a Iniciação ensina a empregar dinamicamente, assim como apertar o gatilho de uma arma descarregada não produz nenhuma explosão.
Não se deve temer tampouco que o instrutor deixe de reparar em alguém que alcançou o desenvolvimento requerido. Toda ação boa e desinteressada aumenta enormemente a luminosidade e o poder vibratório da aura do candidato, de modo que, tão seguramente como o ímã atrai a agulha, assim também o brilho da aura luminosa atrairá o instrutor.
Naturalmente é impossível descrever num livro dado ao público em geral os estágios de Iniciação Rosacruz. Fazer isso seria um abuso de confiança, o que, ademais, seria impossível por falta de palavras adequadas para expressar os fatos. Não obstante, é permitido fazer um esboço geral e mostrar o propósito da Iniciação.
Os Mistérios Menores dizem respeito somente à evolução da humanidade durante o Período Terrestre. Nas primeiras três e meia Revoluções da onda de vida em torno dos sete Globos, os Espíritos Virginais não haviam ainda adquirido consciência. Por isso ignoramos como chegamos a ser o que somos hoje. O candidato precisa, pois, ser esclarecido pelos Hierofantes sobre o assunto durante o período de Iniciação. No primeiro grau, sua consciência é dirigida à página da Memória da Natureza que contém os registros da primeira Revolução, na qual se recapitula o desenvolvimento do Período de Saturno. Aí ele permanece em plena posse da sua consciência diária, sabe e recorda os fatos da vida do século XX, mas está agora observando conscientemente os progressos da evolucionante hoste de Espíritos Virginais, da qual era uma unidade na denominada Revolução de Saturno. Desse modo aprende como no Período Terrestre foram dados os primeiros passos para a meta da realização; realização esta que lhe será revelada num grau posterior.
Tendo aprendido a lição praticamente, tal como descrita no Capitulo X, o candidato adquiriu conhecimento direto sobre esse assunto, e pôs-se em contato direto com as Hierarquias Criadoras em sua atividade com e sobre o ser humano. Tornou-se assim capaz de apreciar seus esforços benéficos no Mundo e, até certo ponto, de pôr-se em linha com eles, convertendo-se, de fato, num colaborador.
Quando chega o tempo de passar ao segundo grau, a ele é solicitado dirigir sua atenção às condições da segunda Revolução do Período Terrestre, conforme registradas na Memória da Natureza. Então, em plena consciência, observa os progressos alcançados nesse tempo pelos Espíritos Virginais, tal como Peter Ibbetson (o herói da obra “Peter Ibbetson”, de George du Maurier[76], cuja leitura recomendamos por ser uma descrição gráfica de certas fases de subconsciência) observava sua vida infantil durante as noites em que “sonhava de verdade”.
No terceiro grau o discípulo segue a evolução da terceira Revolução – ou Lunar – e no quarto grau vê os progressos feitos na metade da quarta Revolução, metade acabada de passar.
Há, porém, outro passo a mais em cada grau: o discípulo vê também, além do trabalho executado em cada Revolução, a obra realizada na época correspondente durante a nossa estada no Globo D, a Terra.
Durante o primeiro grau ele segue a obra da Revolução de Saturno e sua última consumação na Época Polar.
No segundo grau ele acompanha o trabalho da Revolução Solar e sua réplica, a Época Hiperbórea.
Durante o terceiro grau, ele observa a obra realizada na Revolução Lunar e vê como esta foi a base da vida na Época Lemúrica.
Durante o quarto grau, ele vê a evolução da última meia Revolução com seu correspondente período de tempo em nossa estada sobre a Terra, a primeira metade da Época Atlante, que terminou quando a atmosfera densa e nebulosa se precipitou e o Sol começou a brilhar, pela primeira vez, sobre a terra e o mar. Então terminou a noite de inconsciência, os olhos do Ego interno abriram-se por completo e pôde dirigir a Luz da razão para o problema da conquista do Mundo. Foi aí que nasceu o ser humano tal como hoje o conhecemos.
Quando, nos antigos sistemas de Iniciação, dizia-se que o candidato era mergulhado em transe durante um período de três dias e meio, isso era apenas uma referência a essa parte da Iniciação que acabamos de descrever: os três dias e meio referem-se a estágios passados, não sendo absolutamente dias de vinte e quatro horas. O tempo empregado varia de um para outro candidato, mas em todos os casos ele é sempre conduzido através do desenvolvimento inconsciente da humanidade durante as Revoluções passadas. Quando se diz que ele é despertado ao nascer do Sol do quarto dia, usa-se a forma mística de expressar que sua Iniciação, na obra da carreira involucionária do ser humano, cessou quando o Sol se elevou sobre a clara atmosfera da Atlântida. Então o candidato é saudado como “primogênito”.
Tendo-se familiarizado com o caminho percorrido no passado, o quinto grau leva o candidato ao final do Período Terrestre, no qual uma humanidade gloriosa estará recolhendo os frutos desse Período, levando-os consigo, dos sete Globos sobre os quais evoluiu em cada Dia de Manifestação, ao primeiro dos cinco Globos obscuros que são a sua habitação durante as Noites Cósmicas. O mais denso deles está situado na Região do Pensamento Abstrato, e é em realidade o “Caos” de que se fala nas páginas anteriores. Esse Globo é, também, o Terceiro Céu. Quando São Paulo fala de ter sido levado ao Terceiro Céu, onde viu coisas que não podia revelar, referia-se a experiências equivalentes às do quinto grau dos Mistérios Rosacruzes atuais.
Uma vez mostrada a finalidade do quinto grau, em que o candidato se familiariza com os meios pelos quais essa finalidade há de ser atingida durante as três e meia Revoluções restantes do Período Terrestre, os quatro graus restantes são dedicados a seu esclarecimento sobre o assunto.
Por meio da percepção, assim adquirida, ele é capaz de cooperar, inteligentemente, com os Poderes que trabalham para o Bem, tornando-se apto para apressar o dia da nossa emancipação.
Para evitar más interpretações desejamos esclarecer aos Estudantes que não somos Rosacruzes pelo fato de estudarmos seus ensinamentos, nem tampouco nossa admissão ao Templo qualifica-nos a adotarmos esse título. O autor, por exemplo, é somente um Irmão Leigo, um aluno, e sob nenhuma circunstância denominar-se-ia a si próprio Rosacruz.
Ao concluir o curso primário um rapaz não está, por isso, capacitado para ministrar esse curso. Deve primeiro frequentar o curso ginasial e a universidade, podendo ainda acontecer que não se sinta inclinado a ser um professor. De modo semelhante, na escola da vida, o fato de um ser humano ter-se graduado na Escola de Mistérios Rosacruzes não significa necessariamente que ele já seja um Rosacruz. Os graduados nas várias escolas de Mistérios Menores escalam as cinco escolas de Mistérios Maiores onde, nas quatro primeiras passam pelas Quatro Grandes Iniciações. Por último alcançam o Libertador, recebendo conhecimentos relativos a outras evoluções. Então, é-lhes dado escolher entre ficar aqui para ajudar seus irmãos ou entrar noutra evolução como Auxiliares. Aos que escolhem ficar aqui como Auxiliares são dadas diversas tarefas, de acordo com seus gostos e inclinações naturais. Os Irmãos da Rosacruz estão entre estes compassivos seres, de modo que é um sacrilégio arrastar o nome Rosacruz no lodo, usando-o como título próprio, quando nada mais somos do que Estudantes de suas elevadas doutrinas.
Durante os últimos séculos os Irmãos têm trabalhado pela humanidade ocultamente. Cada noite, à meia-noite, há um serviço no Templo. Os Irmãos Maiores, assistidos pelos Irmãos Leigos que podem deixar seu trabalho no mundo (pois muitos deles moram em lugares em que ainda é dia quando no local do Templo Rosacruz é meia-noite), colhem de todas as partes do Mundo Ocidental os pensamentos de sensualidade, avareza, egoísmo e materialismo. Então procuram transmutá-los em puro amor, benevolência, altruísmo e aspirações espirituais, enviando-os de volta ao mundo para elevação e fortalecimento do Bem. Não fora esse potente manancial de vibrações espirituais, o materialismo já teria esmagado totalmente todo esforço espiritual, pois nunca houve idade mais obscura, do ponto de vista espiritual, do que os últimos trezentos anos de materialismo.
Agora, entretanto, chegado o tempo dos esforços secretos serem suplementados por um esforço mais direto, promulga-se um ensinamento definido, lógico e consequente, relativo à origem, à evolução e ao desenvolvimento futuro do mundo e do ser humano, apresentando-se, ao mesmo tempo, os aspectos espiritual e científico: um ensino que não faz afirmação alguma irreconciliável com a razão ou a lógica; que satisfaz à Mente, pois apresenta uma solução razoável a todos os mistérios; que não pede nem evita perguntas, oferecendo explicações lúcidas e profundas ao mesmo tempo.
Mas, e esse é um “Mas” muito importante: os Rosacruzes não consideram a compreensão intelectual de Deus e do Universo como um fim em si mesma. Longe disso! Quanto maior o intelecto tanto maior o perigo de empregá-lo mal. Portanto, esse ensino científico, lógico e completo é dado para que o ser humano possa crer em seu coração naquilo que sua cabeça tenha sancionado, e para que comece a viver uma vida religiosa.
Com o objetivo de promulgar esse ensinamento, foi organizada a Fraternidade Rosacruz. Qualquer pessoa, desde que não seja hipnotizador, ou que seja por profissão: médium, vidente, quiromante ou astrólogo, pode inscrever-se como Estudante do Curso Preliminar dirigindo-se à Secretaria Geral. Para a Iniciação não há taxas ou outras obrigações. O dinheiro não pode comprar ensinamentos: o avanço depende do mérito.
Depois de completar o Curso Preliminar, o Estudante é matriculado como Estudante Regular por um período de dois anos. Findo esse, caso haja se compenetrado da verdade dos Ensinamentos Rosacruzes, e se preparado para cortar todos os laços com qualquer outra ordem oculta ou religiosa – excetuando-se as Igrejas Cristãs e Ordens Fraternais – pode assumir o Compromisso, que o admite no grau de Probacionista.
Não pretendemos insinuar, no parágrafo anterior, que as demais escolas de ocultismo não contam. Longe disso. Muitos caminhos conduzem a Roma, mas chegaremos com menos esforço seguindo por um só deles do que ziguezagueando de um para outro. Primeiramente porque nosso tempo e energias são limitados e, além disso, reduzidos por deveres familiares e sociais que não devemos descuidar para atender ao próprio desenvolvimento. A fim de economizar o mínimo de energia de que legitimamente gastaríamos para nós mesmos, e evitar a perda dos poucos momentos vagos que temos à nossa disposição, é que os líderes insistem para renunciarmos a todas as demais ordens.
O mundo é um agregado de oportunidades, mas para aproveitá-las é necessário possuirmos eficiência em certa linha de esforços. O desenvolvimento dos poderes espirituais pode nos capacitar a ajudar ou prejudicar aos nossos irmãos mais fracos. E esses poderes só se justificam quando o objetivo é Servir à Humanidade.
O método de realização Rosacruz difere dos outros sistemas por um pormenor especial: procura desde o princípio emancipar o discípulo de toda dependência dos outros, tornando-o autoconfiante no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e enfrentar todas as condições. Somente aquele que for tão bem equilibrado pode ajudar ao débil.
Quando certo número de pessoas se reúne em classe ou círculo objetivando o autodesenvolvimento, mas por meio de métodos negativos, geralmente os resultados são conseguidos em pouco tempo, seguindo o princípio de que é mais fácil deixar-se levar pela corrente, do que lutar contra ela. O médium, contudo, não é senhor dos seus atos, mas escravo do espírito que o domina. Por isso tais reuniões devem ser evitadas pelos Probacionistas.
Mesmo as reuniões em que se mantenha uma atitude mental positiva não são aconselhadas pelos Irmãos Maiores, porque os poderes latentes de todos os membros são amalgamados. Então as visões dos mundos internos obtidas por quaisquer deles apenas resultam parcialmente da influência das faculdades dos demais. O calor de um carvão no centro de uma fogueira fica aumentado pelo dos carvões que o rodeiam. O clarividente originado num círculo, mesmo que esse seja positivo, é como uma planta na estufa – demasiado dependente para que se lhe possa confiar os cuidados dos demais.
Portanto, todo Probacionista da Fraternidade Rosacruz efetua seus exercícios sozinho, no isolamento do seu lar. Seguindo esse método, obtêm-se resultados mais lentamente. Porém, quando tais resultados aparecerem, manifestar-se-ão como poderes cultivados por ele mesmo, e poderão ser empregados independentemente dos demais. Além disso, os métodos Rosacruzes constroem o caráter, ao mesmo tempo em que desenvolvem as faculdades espirituais, resguardando assim o discípulo da tentação de perverter seus poderes divinos em busca de prestígio mundano.
Quando o Probacionista tenha cumprido os requisitos exigidos e completado o prazo de provação, pode enviar um pedido de instrução individual aos Irmãos Maiores, por meio do Secretário Geral.
Quando esse pedido foi concedido o Probacionista se torna um Discípulo e está gradualmente habilitado para o trabalho como um Auxiliar Invisível.
Quando investigamos o significado de qualquer mito, lenda ou símbolo de valor oculto é absolutamente necessário entendermos que, assim como todo objeto do mundo tridimensional deve ser examinado de todos os ângulos para dele obtermos uma compreensão completa, igualmente todos os símbolos têm também certo número de aspectos. Cada ponto de vista revela uma fase diferente das demais, e todas merecem igual consideração.
Visto em toda sua plenitude, esse maravilhoso símbolo contém a chave da evolução passada do ser humano, sua presente constituição e desenvolvimento futuro, mais o método de sua obtenção. Quando ele se apresenta com uma só rosa no centro simboliza o espírito irradiando de si mesmo os quatro veículos: os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente significando que o espírito entrou em seus instrumentos, convertendo-se em Espírito Humano interno. No entanto, houve um tempo em que essa condição ainda não havia sido alcançada, um tempo em que o Tríplice Espírito pairava acima dos seus veículos, incapaz de neles entrar. Então a cruz erguia-se sem a rosa, simbolizando as condições prevalecentes no começo da terça parte da Época Atlante. Houve também um tempo em que faltava o madeiro superior da cruz. A constituição humana era, pois, representada pela Tau (T), isto na Época Lemúrica, quando o ser humano só dispunha dos Corpos Denso, Vital e de Desejos e carecia da Mente. O que predominava, então, era a natureza animal. O ser humano seguia os seus desejos sem reserva. Anteriormente ainda, na Época Hiperbórea, só possuía os Corpos Denso e Vital, faltando o de Desejos. Então o ser humano, em formação, era análogo às plantas: casto e sem desejos. Nesse tempo sua constituição não podia ser representada por uma cruz; era simbolizada por uma coluna reta, um pilar (I).
Esse símbolo foi considerado fálico, indicando a libertinagem do povo que o venerava. Por certo é um emblema de geração, mas geração não é absolutamente sinônimo de degradação. Longe disso. O pilar é o madeiro inferior da cruz, símbolo do ser humano em formação, quando era análogo às plantas. A planta é inconsciente de toda paixão ou desejo e inocente do mal. Gera e perpetua sua espécie de modo tão puro, tão casto, que propriamente compreendida é um exemplo para a decaída e luxuriosa humanidade, a qual deveria venerá-la como um ideal. Aliás, o símbolo foi dado às raças primitivas com esse objetivo. O Falo e o Yona, empregados nos Templos de Mistério da Grécia, foram dados pelos Hierofantes com esse espírito. No frontispício do templo colocavam-se as enigmáticas palavras: “Ser humano, conhece a ti mesmo”. Esse lema, bem compreendido, é análogo ao da Rosacruz, pois mostra as razões da queda do ser humano no desejo, na paixão e no pecado, e dá a chave de sua liberação do mesmo modo que as rosas sobre a cruz indicam o caminho da libertação.
A planta é inocente, porém, não virtuosa. Não tem desejos nem livre escolha. O ser humano tem ambas as coisas. Pode seguir seus desejos ou não, conforme queira, para aprender a dominar-se.
Enquanto foi como as plantas, um hermafrodita, ele podia gerar por si, sem cooperação de outrem; mas ainda que fosse tão inocente e tão casto como as plantas, ele era também como elas: inconsciente e inerte. Para poder avançar, necessitava que os desejos o estimulassem e uma Mente o guiasse. Por isso, a metade de sua força criadora foi retida com o propósito de construir um cérebro e uma laringe. Naquele tempo o ser humano tinha a forma arredondada. Era curvado para dentro, semelhante a um embrião, e a laringe atual era então uma parte do órgão criador, aderindo à cabeça quando o Corpo tomou a forma ereta. A relação entre as duas metades pode-se ver ainda hoje na mudança de voz do rapaz, expressão do polo positivo da força geradora, ao alcançar a puberdade. A mesma força que constrói outro Corpo, quando se exterioriza, constrói o cérebro quando retida. Compreende-se isso claramente ao sabermos que o excesso sexual conduz à loucura. O pensador profundo sente pouquíssima inclinação para as práticas amorosas, de modo que emprega toda sua força geradora na criação de pensamentos, ao invés de desperdiçá-la na gratificação dos sentidos.
Quando o ser humano começou a reter a metade de sua força criadora para o fim já mencionado, sua consciência foi dirigida para dentro, para construir órgãos. Ele podia ver esses órgãos, e empregou a mesma força criadora, então sob a direção das Hierarquias Criadoras, para planejar e executar os projetos dos órgãos, assim como agora a emprega no mundo externo para construir aeroplanos, casas, automóveis, telefones, etc. Naquele tempo o ser humano era inconsciente de como a metade daquela força criadora se exteriorizava na geração de outro Corpo.
A geração efetuava-se sob a direção dos Anjos, que em certas épocas do ano, agrupavam os humanos aptos em grandes templos, onde se realizava o ato criador. O ser humano era inconsciente desse fato. Seus olhos ainda não tinham sido abertos, e embora fosse necessária a colaboração de uma parceira, que tivesse a outra metade ou o outro polo da força criadora indispensável à geração, cuja metade ele retinha para construir órgãos internos, em princípio não conhecia sua esposa. Na vida ordinária o ser humano estava encerrado dentro de si, pelo menos no que tangia ao Mundo Físico. Isto, porém, começou a mudar quando foi posto em íntimo contato, como acontece no ato gerador. Então, por um momento, o espírito rasgou o véu da carne e Adão conheceu sua esposa. Deixou de conhecer-se a si mesmo, quando sua consciência se concentrou mais e mais no mundo externo, perdendo ele sua percepção interna, a qual não poderá ser readquirida plenamente enquanto necessitar da cooperação de outro ser para criar, e não tenha alcançado o desenvolvimento que lhe permita utilizar, de novo e voluntariamente, toda sua força criadora. Então voltará a conhecer-se a si mesmo, como no tempo em que atravessava o estágio análogo ao vegetal, mas com esta importantíssima diferença: usará sua faculdade criadora conscientemente, e não será restringido a empregá-la só na procriação de sua espécie, mas poderá criar o que quiser. Outrossim, não usará os seus atuais órgãos de geração: a laringe, dirigida pelo espírito, falará a palavra criadora através do mecanismo coordenador do cérebro. Assim, os dois órgãos, formados pela metade da força criadora, serão os meios pelos quais o ser humano se converterá finalmente em um criador independente e autoconsciente.
Mesmo presentemente o ser humano já modela a matéria pela voz e pelo pensamento ao mesmo tempo, como vimos nas experiências científicas em que os pensamentos criaram imagens em placas fotográficas, e noutras em que a voz humana criou figuras geométricas na areia, etc. Em proporção direta ao altruísmo que demonstre, o ser humano poderá exteriorizar a força criadora que retiver. Isto lhe dará maior poder mental e o capacitará a utilizar-se de tal poder na elevação dos demais, ao invés de tentar degradá-los e sujeitá-los à sua vontade. Aprendendo a dominar-se, cessará de tentar dominar aos outros, salvo quando o fizer temporariamente para o bem deles, jamais para fins egoísticos. Somente aquele que se domina está qualificado para orientar aos demais e, quando necessário, é competente para julgá-los no modo que melhor lhes convenha.
Vemos, portanto, que, a seu devido tempo, o atual modo passional de geração será substituído por um método mais puro e mais eficiente que o atual. Isto também está simbolizado pela Rosacruz, em que a rosa se situa no centro, entre os quatro braços. O madeiro mais comprido representa o Corpo; os dois horizontais, os dois braços; e o madeiro curto superior representa a cabeça. A rosa está colocada no lugar da laringe.
Como qualquer outra flor, a rosa é o órgão gerador da planta. Seu caule verde leva o sangue vegetal, incolor e sem paixão. A rosa de cor vermelho-sangue mostra a paixão que inunda o sangue da raça humana, embora na rosa propriamente dita o fluido vital não seja sensual, mas sim casto e puro. Ela é, por conseguinte, excelente símbolo dos órgãos geradores em seu estado puríssimo e santo, estado que o ser humano alcançará quando haja purificado e limpo seu sangue de todo desejo, quando se tenha tornado casto e puro, análogo a Cristo.
Por isso os Rosacruzes esperam, ardentemente, o dia em que as rosas floresçam na cruz da humanidade; por isso os Irmãos Maiores saúdam a alma Aspirante com as palavras de saudação Rosacruz: “Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz”; e é por esse motivo que essa saudação é usada nas reuniões dos Núcleos da Fraternidade pelo dirigente, ocasião em que os Estudantes, Probacionistas e Discípulos presentes respondem à saudação dizendo: “E na vossa também”.
Ao falar de sua purificação, São João (IJo 3: 9) diz que aquele que nasce de Deus não pode pecar, porque guarda dentro de si a sua semente. Para progredir é absolutamente necessário que o Aspirante seja casto. Todavia, deve-se ter bem presente que a castidade absoluta não é exigida enquanto o ser humano não tenha alcançado o ponto em que esteja apto para as Grandes Iniciações, e que a perpetuação da raça é um dever que temos para com o todo. Se estivermos aptos: mental, moral, financeira e fisicamente, podemos executar o ato da geração, não para gratificar a sensualidade, mas como um santo sacrifício oferecido no altar da humanidade. Tampouco deve ser realizado austeramente, em repulsiva disposição mental, mas sim numa feliz entrega de si mesmo, pelo privilégio de oferecer a algum amigo que esteja desejando renascer, um Corpo e ambiente apropriados ao seu desenvolvimento. Desse modo estaremos também o ajudando a cultivar o florescimento das rosas em sua cruz.
Incluído em edições posteriores inglesas e brasileiras:
A Sede Internacional da Fraternidade Rosacruz
Tendo a Fraternidade Rosacruz sido fundada para promulgar os ensinamentos dados nesse livro, e para auxiliar os Aspirantes no caminho do progresso, tornou-se necessário sediá-la num lugar permanente que facilitasse o trabalho requerido. Com esse objetivo comprou-se uma gleba de terra na cidade de Oceanside, Califórnia, 90 milhas ao Sul de Los Angeles e 40 milhas ao norte de San Diego, a cidade mais ao sudoeste dos Estados Unidos.
Essa gleba, situada numa elevação, descortina a oeste, maravilhosa paisagem do grande Oceano Pacifico, e a lesse lindas montanhas cobertas de neve.
O sul da Califórnia oferece excepcionais oportunidades para crescimento espiritual porque o Éter contido em sua atmosfera é mais concentrado do que em qualquer outra parte do mundo. A esse respeito Mount Ecclesia, como se chama a Sede da Fraternidade Rosacruz, é particularmente favorecida.
Os Edifícios
O trabalho começou no fim de 1911. Até aqui (1978), numerosas construções foram erguidas, algumas das quais não mais existem. A Pro-Ecclesia, ou Capela, na qual são levados a efeito diariamente dois serviços de 15 minutos desde a sua consagração, em dezembro de 1913, foi totalmente reformada em 1962. Um serviço devocional com conferências continua a ser efetuado aos domingos. Um Edifício de Administração com dois andares foi terminado em 1917, e reformado em 1962. No segundo andar estão as Secretarias de vários departamentos: Esotérico, dos Cursos por Correspondência, Editorial, de Línguas Estrangeiras e Contábil. No primeiro andar situam-se os Departamentos de Expedição e a Oficina Impressora, onde as Lições, a Revista “Rays from the Rose Cross”, os panfletos, etc., são impressos. Em 1972 foi instalada uma impressora “off-set”.
No Refeitório, construído em 1914, ampliado nos anos 30 e renovado em 1962, são servidos pratos vegetarianos. O Templo de Cura, onde um serviço de cura é efetuado todas as noites, foi concluído em 1920. A Hospedaria Rosacruz, reservada aos visitantes e certos funcionários, foi construída em 1924. Presentemente vem sendo muito utilizada na estocagem de livros. O Prédio da Enfermaria foi levantado em 1939 e usado por alguns anos para o tratamento de enfermos portadores de doenças não contagiosas. Agora é a Casa do Visitante. Numerosas habitações individuais, construídas a partir de 1962, algumas já reformadas, são ocupadas por funcionários. A Sede do Departamento de Cura foi construída em 1940. Aqui os trabalhos de cura são conduzidos pelos secretários.
Cursos Por Correspondência
Além de suas publicações constantes da Biblioteca Rosacruz, a Fraternidade proporciona, gratuitamente, cursos por correspondência, para aqueles que aspiram crescimento espiritual e a iluminação pelos estudos, na compreensão de matérias mais avançadas, que capacitarão o Estudante a penetrar mais profundamente nos mistérios da Vida e do Ser.
Curso Preliminar de Filosofia
Composto de 12 lições. Prepara o Estudante ao caminho da espiritualidade. Recebidas as respostas das lições, são estas examinadas, corrigidas e devolvidas ao Estudante com respostas impressas para sua comparação. Para esse curso faz-se necessário o livro básico “Conceito Rosacruz do Cosmos”.
Curso Suplementar de Filosofia
Composto de 40 lições. São estas enviadas após a conclusão do Curso Preliminar, ocasião em que o Estudante se converte em Estudante Regular da Fraternidade Rosacruz. As lições têm também suas respostas devolvidas, depois de examinadas e corrigidas. Com esse curso, o Estudante ainda é inscrito na Sede Mundial – The Rosicrucian Fellowship – de onde também passa a receber correspondência. Depois de decorridos dois anos, o Estudante pode solicitar à Sede Mundial, o ingresso no Probacionismo, um caminho que proporciona estudos mais profundos.
Curso de Estudos Bíblicos
Composto de 28 lições, que serão devolvidas ao Estudante depois de examinadas e corrigidas.
Curso de Astrologia Espiritual Educativa
Elementar – composto de 26 lições
Superior – composto de 12 lições
Superior Suplementar composto de 13 lições.
Todas as lições também são devolvidas ao Estudante depois de examinadas e corrigidas.
Nota – Só depois de terminado o Curso Preliminar pode o Estudante, simultaneamente ou não, inscrever-se nos demais cursos.
Os cursos são ministrados nos idiomas: inglês, francês, alemão, italiano e espanhol, desde que solicitados a:
The Rosicrucian Fellowship
2222 Mission Avenue
Oceanside, CA -92054 – U.S.A.
Os mesmos cursos em português podem ser solicitados, no Brasil:
Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP
Av. Francisco Glicério, 1326 – 8° andar – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
E-mail: contato@fraternidaderosacruz.com – Tel.: 19 3886-3943
ou
Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP
Rua Asdrúbal do Nascimento, 196
01316-030 – São Paulo – SP – Brasil
E-mail: esoteric@fraternidaderosacruz.com.br –Tel.: 11 3107-4740
Todos os cursos são inteiramente gratuitos, visto que os gastos são cobertos pelas contribuições voluntárias, conforme os ditames do coração e as posses de cada um, cumprindo-se, assim, a lei de DAR e RECEBER.
Exercícios Noturno e Matinal Efetuados Pelo Aspirante Rosacruz
O exercício noturno, Retrospecção, é mais valioso do que qualquer outro método para adiantar o Aspirante no caminho da realização. Seu efeito é tão profundo que capacita a quem o pratica a aprender presentemente, não apenas as lições desta vida, mas também lições que normalmente estar-lhe-iam reservadas para vidas futuras.
Após deitar-se, à noite, relaxe o Corpo. Em seguida comece a rever as cenas do dia em ordem inversa, iniciando com os acontecimentos da noite, passando às ocorrências da tarde, e depois às da manhã. Procure rever as cenas com a maior fidelidade possível: reproduza diante do seu olhar mental tudo o que aconteceu em cada cena, sob revisão, com o propósito de julgar suas ações, de certificar-se se suas palavras transmitiram o significado pretendido ou se deram uma falsa impressão, ou se exagerou ou atenuou as experiências relatadas aos outros. Reveja sua atitude moral em relação a cada cena. Durante as refeições, comeu para viver, ou viveu para comer, para agradar ao paladar? Julgue-se a si mesmo, censure-se onde houver culpa, e louve-se onde houver mérito.
Algumas pessoas não conseguem permanecerem acordadas até o fim do exercício. Em tais casos é permitido sentar-se no leito, até ser possível seguir-se o método regular.
O valor da Retrospecção é enorme – ultrapassa a imaginação. Em primeiro lugar, efetuamos o trabalho de restauração da harmonia conscientemente, e em menor tempo do que é necessário ao Corpo de Desejos para realizá-lo durante o sono. Fica, assim, uma maior parte da noite disponível para o trabalho externo, o que não seria possível de outra maneira. Em segundo lugar, vivemos o nosso Purgatório e o Primeiro Céu todas as noites, introduzindo assim no Espírito, como sentimento correto, a essência das experiências diárias. Por conseguinte, escapamos do Purgatório após a morte e também economizamos o tempo de permanência no Primeiro Céu. Por último, mas não menos importante, tendo extraído diariamente a essência das experiências que dão crescimento anímico, e tendo-as amalgamado ao espírito, passamos a vivenciar realmente uma atitude mental e a nos desenvolver por linhas que ordinariamente nos estariam reservadas para vidas futuras. Pela fiel execução desse exercício apagamos, dia após dia, as ocorrências indesejáveis da nossa memória subconsciente, de modo que nossos pecados são apagados, nossas auras começam a brilhar com o ouro espiritual extraído por Retrospecção das experiências diárias, e desse modo atraímos a atenção do Mestre.
Os puros verão a Deus, disse Cristo, e o Mestre abrirá prontamente os nossos olhos quando estivermos prontos para entrar no “Saguão do Saber”, o Mundo do Desejo, onde adquirimos nossas primeiras experiências de vida consciente sem o Corpo Denso.
Concentração, o segundo exercício, deve ser realizado pela manhã, imediatamente depois que o Aspirante desperta. Não se deve levantar para abrir janelas nem fazer nenhum ato desnecessário. Se a posição do Corpo é confortável, deve relaxar imediatamente e começar a concentrar-se. Isto é muito importante, pois no momento de despertar, o espírito acaba de retornar do Mundo do Desejo, e nessa ocasião é mais fácil retomar o contato consciente com esse Mundo do que em qualquer outro momento do dia.
Lembremos que durante o sono as correntes do Corpo de Desejos fluem, e que seus vórtices giram e se movimentam com enorme velocidade. No entanto, logo que penetra no Corpo Denso, suas correntes e vórtices são quase paralisados pela matéria densa e pelas correntes nervosas do Corpo Vital que transmitem as mensagens do e para o cérebro. O objetivo desse exercício é manter o Corpo Denso no mesmo grau de inércia e insensibilidade que experimenta durante o sono, embora o espírito no interior esteja perfeitamente desperto, alerta e consciente. Estabelecemos desse modo a condição necessária para os centros de percepção do Corpo de Desejos poderem começar a girar dentro do Corpo Denso.
Concentração é uma palavra que confunde a muitos, e que só tem significado para poucos. Por isso tentaremos esclarecer o seu significado. O dicionário dá várias definições, todas aplicáveis à nossa ideia. Uma delas é: “fazer convergir para um centro”. Outra definição, esta aplicável à química, é: “reduzir à máxima pureza e intensidade, removendo os constituintes sem valor”. Aplicadas ao nosso problema, uma das definições acima nos diz que se fizermos convergir os nossos pensamentos para um centro, para um ponto, aumentamos o seu vigor, sob o mesmo princípio pelo qual o poder dos raios solares aumenta quando focalizados num ponto através de uma lente de aumento. Eliminando na ocasião todos os outros assuntos de nossa Mente, a força total do nosso pensamento fica disponível para ser usada em atingir o objetivo, ou para resolver o problema sobre o qual nos concentramos. Podemos, pois, ficar tão absorvidos em nosso tema que se um canhão fosse disparado acima de nossa cabeça não o ouviríamos. Há pessoas que ficam tão perdidas na leitura de um livro que se esquecem de tudo o mais. O Aspirante à visão espiritual deve adquirir a faculdade de se tornar igualmente tão absorvido na ideia sobre a qual se concentra que possa excluir o mundo dos sentidos da sua consciência, e assim dar toda a sua atenção ao mundo espiritual. Quando aprender a fazer isso, verá o lado espiritual de um objeto ou de uma ideia, iluminado pela luz espiritual, e assim obterá um conhecimento da natureza interna das coisas como jamais foi sonhado por um ser humano mundano.
Atingido esse ponto de abstração, os centros de percepção do Corpo de Desejos começam a girar lentamente dentro do Corpo Denso, tomando, portanto, seus próprios lugares. Com o tempo isto se tornará cada vez mais definido, necessitando cada vez menos esforço para pô-los em movimento.
O assunto da concentração pode ser qualquer ideal sublime e elevado, mas deve ser preferentemente de tal natureza que faça com que o Aspirante se afaste das coisas comuns dos sentidos, além do tempo e do espaço, e para isso não há melhor fórmula do que os cinco primeiros versículos do primeiro Capítulo do Evangelho de São João. Tomando-os como assunto de concentração, sentença por sentença, todas as manhãs, com o tempo proporcionará ao Aspirante uma maravilhosa percepção do princípio do nosso Universo e do método da criação – uma compreensão muito além da que se poderia obter através dos livros.
Depois de algum tempo, quando o Aspirante tenha aprendido a manter diante de si por uns cinco minutos ininterruptos o assunto em que se concentra, deve tentar abandonar abruptamente esse assunto, deixando a Mente em branco. Não deve pensar em nada mais, esperando simplesmente que alguma coisa preencha o vazio. No devido tempo, a visão de cenas do Mundo do Desejo preencherá o espaço vazio. Depois que o Aspirante tenha se acostumado a tal, poderá mandar que isto ou aquilo apareça diante de si. O que for, aparecerá, e então ele poderá investigá-lo à sua vontade.
O importante, contudo, é que seguindo estas instruções, o Aspirante está se purificando; sua aura começará a brilhar e inevitavelmente atrairá a atenção do Mestre, o qual enviará alguém para ajudá-lo, onde necessário, a dar outro passo no caminho do progresso. Ainda que passem meses ou anos sem que apareçam resultados visíveis, estejamos certos de que nenhum esforço é feito em vão. Os Grandes Mestres veem e apreciam os nossos esforços. Eles estão exatamente tão ansiosos para terem a nossa ajuda quanto nós o estamos para servir. Podem também ver as razões da inconveniência de servirmos à humanidade nesta vida. No entanto, algum dia as condições inibidoras terão passado e seremos admitidos à luz, onde poderemos ver por nós mesmos.
Diz uma antiga lenda que a procura de um tesouro deve ser feita no sossego da noite e em perfeito silêncio. Pronunciar uma só palavra enquanto o tesouro não estiver completamente escavado causaria, inevitavelmente, o seu desaparecimento. É uma parábola mística que se refere à procura da iluminação espiritual. Se bisbilhotarmos ou contarmos aos outros as experiências de nossas horas de concentração perdê-las-emos. Elas não podem suportar a transmissão oral, por isso dissolver-se-ão em nada. Precisamos, pela meditação, extrair delas o pleno conhecimento das leis cósmicas ocultas. Portanto, a experiência própria não deve ser comentada, haja vista que ela é apenas o invólucro que esconde a semente que contém. A lei é de valor universal, como vai ficar evidente, porque pode explicar os fatos e ensinar-nos como aproveitar oportunidades de determinadas condições e a evitar outras. A critério do seu descobridor, e para benefício da humanidade, ela pode ser revelada livremente. A experiência que revelou a lei aparece, então, em sua verdadeira luz como sendo apenas de interesse passageiro, não mais digna de nota. Por isso o Aspirante precisa considerar tudo o que acontece durante a concentração como sagrado, e deve conservá-lo rigorosamente para si.
Finalmente, evite considerar os exercícios como uma tarefa enfadonha. Repute-os em seu verdadeiro valor: eles são os nossos mais elevados privilégios. Somente quando assim considerados podemos fazer-lhes justiça, e deles colher os mais amplos benefícios.
Conforme publicação na 3ª edição em 1912
EPÍLOGO – O Poder de Cura Definitiva
É uma inegável verdade que “o ser humano tem vida curta e atribulada”[77], e entre todas as vicissitudes da vida nenhuma tem o maior poder de fazer se voltar para Deus do que o sofrimento no Corpo. Podemos perder a nossa posição econômica ou os amigos com relativa equanimidade, mas quando nos falta a saúde e a morte nos ameaça, até os mais fortes vacilam. Compreendendo a impotência humana, e poderosamente movido por uma necessidade premente, sentimos necessidade de apelar para o socorro Divino, e quanto mais severamente a dor física nos aflige, mais insistentemente vamos pedir ajuda à Deus. Nada pode nos fazer orar tão fervorosamente como a dor no Corpo.
Por isso, o ofício sacerdotal sempre esteve intimamente ligado à cura. Entre os selvagens, o sacerdote era também o “homem da medicina”; na Grécia antiga o templo de Esculápio[78] era famoso pelas curas que eram operadas lá; Cristo, em Seus dias, curava totalmente o doente. A igreja primitiva seguiu essa prática, como é evidente nas Epístolas; e certas ordens católicas continuaram no esforço de amenizar a dor, através dos séculos, desde aqueles tempos até os dias atuais.
Nos tempos modernos, a tendência é de se dissociar o consolador espiritual do sacerdote, quando de um Corpo doente. Por isso, o estreito contato e a calorosa simpatia entre o sacerdote e os paroquianos foram perdidos, e, em consequência, ambos empobreceram, nesse sentido. Antigamente, nos momentos de doença, o “bom pai” era tido como um representante de nosso Pai Celeste. Provavelmente ele era não especializado em comparação com nossos médicos modernos, mas, se ele fosse um verdadeiro e santo sacerdote, seu coração seria caloroso e amoroso e suas orientações mais potentes, devido à fé do paciente em seu ofício sacerdotal, e, após a recuperação, seu paciente também seria seu amigo e se aconselharia com ele a respeito das coisas espirituais, coisa que ele nunca faz, onde os “consultórios” do sacerdote e do médico estão dissociados.
Não se pode negar que aquele consultório com essa dupla função deu aos titulares um poder e tanto sobre as pessoas, e que esse poder foi, por vezes, abusado. Também é patente que a arte da medicina atingiu um estágio de eficiência, o qual não poderia ter sido atingido, salvo pela devoção a um determinado fim e objetivo. As leis sanitárias, a extinção de insetos portadores de doenças, e consequente imunidade, são testemunhos monumentais do valor dos métodos científicos modernos. Portanto, pode parecer que tudo esteja bem e que não haveria necessidade de escrever sobre o assunto, mas, na realidade, até que a humanidade, como um todo, desfrute de uma perfeita saúde, não existe nenhum problema mais importante do que a questão: como podemos conseguir e manter a saúde?
Além da escola regular de cirurgia e medicina, que depende exclusivamente de meios físicos para a cura da doença, outros sistemas surgiram que dependem inteiramente da cura total mental. Já se tornou costume corrente nas organizações que advogam a “cura mental”, a “cura natural” e outros a realização das “reuniões de troca de experiências” e a publicação em revistas especializadas com testemunhos de milhares de pessoas agradecidas que foram beneficiadas por tais “tratamentos”, e se os médicos da escola regular fizessem o mesmo não lhes faltariam testemunhos similares acerca das suas eficácias.
A opinião de milhares de pessoas é de grande valor, mas nada prova porque outros tantos milhares de pessoas podem sustentar exatamente o ponto de vista oposto. Ocasionalmente uma só pessoa pode ter razão, enquanto o resto do mundo está errado, como aconteceu quando Galileu[79] afirmou que a Terra se movia. Hoje em dia, todo o mundo converteu-se à opinião pela qual Galileu foi perseguido como herege. Sustentamos que, sendo o ser humano um ser composto, a cura tem êxito na proporção em que se remedeiem os defeitos nos planos: físico, moral e mental do ser, e nós, também, afirmamos que resultados podem ser obtidos mais facilmente nos períodos quando os raios dos Astros são propícios para a cura definitiva de uma doença específica que faz uma pessoa sofrer. Ou doenças podem ser tratadas com mais sucesso por remédios previamente preparados sob condições propícias (ou favoráveis) do que quando o remédio é preparado sob condições astrais desfavoráveis.
É fato bem conhecido do médico moderno que o estado do sangue, e, por conseguinte, de todo o Corpo, muda de acordo com o estado mental do paciente, e quanto mais o médico empregar a sugestão como auxiliar dos remédios, tanto mais êxito obterá. Todavia, são poucos os que aceitariam o fato de que tanto nosso estado mental como o físico são influenciados pelos raios astrais, que mudam com o movimento dos respectivos Astros e, ainda, desde que foi reconhecida a existência da radioatividade, nós sabemos que todos os Corpos celestes lançam partículas radioativas no espaço. Na telegrafia sem fio nos demonstra que as ondas etéreas viajam segura e rapidamente através do espaço, atuando por meio de uma chave, de acordo com a nossa vontade. Sabemos, também, que os raios do Sol nos afetam de modo diferente pela manhã, quando nos atingem horizontalmente, do que ao meio-dia, quando caem sobre nós perpendicularmente. Se os raios luminosos do Sol, que se movem rapidamente, produzem mudanças físicas e mentais, por que não teriam efeito correspondente os raios persistentes dos Astros mais lentos? Se eles têm, então eles são fatores na saúde que não devem ser negligenciados por um verdadeiro curador científico.
A enfermidade é uma manifestação da ignorância, o único pecado, e a cura definitiva é uma demonstração do conhecimento aplicado, que é a única salvação. Cristo é a manifestação do Princípio de Sabedoria e, na mesma proporção em que o Cristo se forme em nós, alcançaremos a saúde. Por conseguinte, a pessoa que cura deve ser espiritualizada e deve procurar infundir em seu paciente elevados ideais, para que gradualmente aprenda a se conformar com as leis de Deus, que governam o Universo, alcançando, assim, saúde permanente na vida atual bem como nas futuras.
No entanto, “a fé sem obras é morta”. Se nós persistimos em viver sob condições não sanitárias a fé não nos salvará da febre tifoide, mas quando nós aplicamos medidas preventivas apropriadas e remédios para os doentes, nós estamos realmente mostrando nossa fé por obras.
Está escrito em várias obras que os membros da Ordem dos Rosacruzes têm o objetivo de ajudar a humanidade em obter a saúde do Corpo, e fazem o voto de curar definitivamente os outros gratuitamente. No entanto, como se vê em muitas das chamadas “revelações”, esta afirmação é inexata. Os Irmãos Leigos fazem o voto de assistir a todos com o melhor de sua capacidade gratuitamente. Esse voto inclui o trabalho de curar definitivamente, para os possuidores dessa aptidão, como foi o caso de Paracelso[80]. Ele tinha uma grande capacidade curadora e procurava combinar a eficiência dos remédios físicos, aplicados em fases astrológicas favoráveis, com a orientação espiritual conveniente. Os que não possuem a faculdade sanadora trabalham em outros setores, mas todos têm uma característica em comum: nunca cobram pelos seus serviços e sempre trabalham em segredo, sem clarinadas e rufos de tambores.
Durante os últimos três anos nós trabalhamos assiduamente para escrever, publicar e disseminar oralmente os Ensinamentos Rosacruzes. Eles alcançaram, rapidamente, os mais remotos lugares da Terra em um ano e meio e agora são estudados desde a África do Sul até o Círculo Ártico e ainda além. Nós temos, também, seguida a prescrição de “não cobrar pelos ensinamentos” e, tendo encontrado “fidelidade em algumas coisas”, o Irmão Maior, que é a nossa inspiração no trabalho, confiou aos nossos cuidados a fórmula pela qual uma panaceia de cura definitiva espiritual pode ser feita, para aliviar o sofrimento e curar a doença – sempre gratuitamente.
Para executar esse serviço para a humanidade será necessário estabelecer a sede e uma escola para educar os Auxiliares qualificados no uso da panaceia espiritual, Astrologia médica e higiene. Eles, então, levarão o auxílio e a cura definitiva para todos os lugares. Um número considerável de médicos já é afiliado à Fraternidade Rosacruz e talvez um número maior sentirá o chamado para praticar o método espiritual em combinação com seus procedimentos médicos tradicionais. Não é preciso que eles propagandeiem suas afiliações à Fraternidade Rosacruz ou as curas conseguidas.
Até o presente momento, estamos prestes a garantir um pedaço de terra no sul da Califórnia, e assim que os fundos se tornarem disponíveis e adequados, a sede será erguida, com uma escola e um lugar para as orações. Enquanto isso, vamos buscar voluntários no trabalho que possam dar seu tempo e seus talentos.
FIM
[1] N.R.: Jo 1:3
[2] N.R.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) – escritor, filósofo e poeta estadunidense
[3] N.R.: Mt 10:34
[4] N.R.: Lc 2:14
[5] N.R.: do poema Song of Myself, part 20 de Walt Whitman (1819-1892) – poeta, ensaísta e jornalista americano
[6] N.R.: Lewis “Lew” Wallace (1827-1905) – escritor, militar, advogado e diplomata dos Estados Unidos da América, autor do romance Ben-Hur.
[7] N.R: Fp 2: 10
[8] N.R: Fp 2: 11
[9] N.R.: Gl 4: 19
[10] N.R.: Pseudônimo de Johannes Scheffler (1624-1667) – Místico cristão, filósofo, médico, poeta, jurista alemão.
[11] N.R.: ópera de três atos do com a música e libreto do compositor alemão Richard Wagner.
[12] N.R.: Mt 27:51
[13] N.R.: os sacerdotes da alta hierarquia dos mistérios
[14] N.R.: o autor se refere ao Hemisfério Norte.
[15] N.R.: isso vale para todo o Planeta Terra, pois tem a haver com a distância entre a Terra e o Sol.
[16] N.R.: Lc 2:14
[17] N.R.: Religião fundada por Maomé. O mesmo que chamar de Islamismo ou Muçulmanismo.
[18] N.R.: também chamada de Epífise Neural
[19] N.R.: também chamada de Hipófise
[20] N.R.: são um conjunto de cinco lagos situados na América do Norte, entre o Canadá e os Estados Unidos.
[21] N.R.: rio no leste da América do Norte, na região dos Grandes Lagos
[22] N.R.: em torno de 16 quilômetros
[23] N.R.: Elias (“Meu Deus é Javé”) foi um profeta e taumaturgo que viveu no reino de Israel durante o reinado de Acab (século IX a.C.).
[24] N.R.: Também grafado como: Sancara, Sankaracharya, Sancaracarya, Shankaracharya, Sankara, Adi Sankara, Adi Shankaracharya e Adi Shankara, sendo também chamado de Bhagavatpada Acharya (788-820) foi um monge errante indiano. Sua vida encontra-se envolta em mistérios e prodígios que a tornam semelhante às de outros insignes mestres espirituais da humanidade.
[25] N.R.: no Hinduísmo, é uma manifestação de Brahma, Vishnu e Shiva.
[26] N.R.: Palavra em sânscrito que quer dizer: significa “Lei Natural”, “Realidade”, “Presente de Deus” ou “vida” no modo geral. Com respeito ao seu significado espiritual, pode ser considerado como o “Caminho para a Verdade Superior”.
[27] N.R.: Antônimo em sânscrito de dharma, e significa vício ou pecado.
[28] N.R.: Mt 18:11
[29] N.R.: povos de origem indo-europeia que habitava extensas áreas da Europa pré-romana, eram sacerdotes do lendário povo celta.
[30] N.R.: Jean Léopold Nicolas Frédéric Cuvier (1769-1832) – naturalista e zoologista francês
[31] N.R.: Karl Maksimovich Baer (1792-1876) – biólogo, geólogo, meteorologista e médico prussio-estoniano
[32] N.R.: Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873) – naturalista, geologista e professor suíço
[33] N.R.: ou Acalefos; exe. Celenterados, Águas-vivas
[34] N.R. – “sem cabeça”
[35] N.R. – “pés nos intestinos”
[36] N.R. – “pés na cabeça”; exe. Polvo
[37] N.R.: Grupos – se refere à linha horizontal, na verdade Período, da Tabela Periódica de Química; Capacidade de combinação – nível de energia
[38] N.R.: a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos de Jesus Cristo
[39] N.R.: Gl 4: 19
[40] N.R.: Mq 4: 4
[41] N.R.: um ser humano, um irmão ou irmã
[42] N.R.: 1850-1919: escritora e poeta estadunidense
[43] N.R.: Mt 6: 9-13
[44] N.R.: também chamada de Hipófise
[45] N.R.: também chamada de Epífise Neural
[47] N.R.: também chamada de Hipófise
[48] N.R.: Jo 1:29
[49] N.R.: Mt 13: 13-14
[50] N.R.: Lc 11:9
[51] N.R.: Livro do Apocalipse
[52] N.R.: duas cidades que foram destruídas por Deus com fogo e enxofre descido do céu, devido à prática de atos imorais
[53] N.R.: A “idade das trevas” é uma periodização histórica que enfatiza as deteriorações demográfica, cultural e econômica que ocorreram na Europa consequentes do declínio do Império Romano do Ocidente. O rótulo emprega o tradicional embate visual luz-versus-escuridão para contrastar a “escuridão” deste período com os períodos anteriores e posteriores de “luz”. É caracterizado por uma relativa escassez de registros históricos e outros escritos, pelo menos para algumas áreas da Europa, tornando-o, assim, obscuro para os historiadores. O termo “Era das Trevas” deriva do Latim saeculum obscurum, originalmente aplicado por Caesar Baronius em 1602 a uma época tumultuada entre os séculos V e IX
[54] N.R.: Também chamada de tísica pulmonar ou ‘doença do peito’ ou tuberculose
[55] Baixo Relevo do Antigo Egito esculpido no teto do pórtico de uma câmara dedicada à Osíris no templo de Hathor de Dendera, no Egito
[56] G. E. Sutcliffe – astrônomo indiano
[57] Pierre Simon Laplace (1749-1827) – matemático, astrônomo e físico francês
[58] Nature: Revista mensal que ilustrava artigos populares sobre a natureza
[59] N.R.: Exposição Universal de 1904 em Saint Louis, Lousiana, EUA
[60] N.R.: Nicolas Camille Flammarion (1842-1925) – astrônomo, pesquisador psíquico e divulgador científico francês
[61] N.R.: Fundado em 1888, por Edward C. Hegeler, é um dos mais antigos e importantes jornais de filosofia
[62] N.R.: M. Pierre Bizeau – artigo publicado no The Monist: The Third Movement of the Earth – 1908
[63] N.R.: John “J. J.” Thomson (1856-1940) – físico inglês
[64] N.R.: Alfred Percy Sinnett (1840-1921) – escrito e teósofo inglês
[65] N.R.: O Crescimento da Alma
[66] N.R.: Edward Emerson Barnard (1857-1923) – astrônomo americano
[67] N.R.: Nicolau Copérnico (1473-1543) – astrônomo e matemático polonês
[68] N.R.: Tycho Brahe (1546-1601) – astrônomo dinamarquês
[69] N.R.: Ptolomeu (90-?) – Cláudio Ptolemeu ou apenas Ptolemeu ou Ptolomeu, cientista grego: trabalhos em matemática, astrologia, astronomia, geografia e cartografia
[70] N.R.: Francis Bacon (1561-1626) – político, filósofo e ensaísta inglês
[71] N.R.: por vezes grafado como Jacob Boëhme (1575-1624) – filósofo e místico luterano alemão
[72] N.R.: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) – autor e estadista alemão que também fez incursões pelo campo da ciência natural
[73] N.R.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) – maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão
[74] N.R.: na mitologia grega é a lã de ouro do carneiro alado Crisómalo; ele é Áries, o primeiro Signo astrológico do Zodíaco; segundo Higino – autor romano da época de Augusto – acreditava-se que a constelação era o carneiro que carregou Frixo e Hele através do Helesponto. Este carneiro tinha pelo de ouro, e foi sacrificado a Júpiter quando Frixo chegou à corte do rei Eetes
[75] N.R.: ICor 3:2
[76] N.R.: George du Maurier (1834-1896) – cartunista e autor franco-britânico
[77] N.R.: Jo 14:1
[78] N.R.: o deus da Medicina e da cura da mitologia greco-romana
[79] N.R.: Galileu Galilei (1564-1542) – físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano.
[80] N.R.: ou Paracelsus – Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1521) – físico, botânico, alquimista, astrólogo e ocultista suíço-germânico.
Pergunta: Sou um Maçom, e gostaria de saber o que determina a época da Páscoa a cada ano. E qual é a relação entre a ressurreição de Cristo na Páscoa e a ressurreição de Hiram Abiff no ritual Maçônico?
Resposta: Segundo a lenda maçônica, no princípio Jeová criou Eva, e o Espírito Lucífero, Samael, uniu-se a ela, e dessa união nasceu Caim. Mais tarde, Samael deixou Eva, que se tornou virtualmente uma viúva. Caim era assim o filho de uma viúva, e dele descenderam todos os artífices do mundo, incluindo Hiram Abiff, o grande mestre-artesão do Templo de Salomão, que é, por essa razão, também chamado de “filho de uma viúva”, da mesma forma que o são todos os Franco-Maçons até hoje. Depois de Samael ter abandonado Eva, Jeová criou Adão, o qual se uniu a Eva, gerando assim Abel.
Portanto, Caim era semidivino, inspirado pelo seu próprio gênio criador inerente, que se manifesta através de seus filhos, até hoje, na política e em todas as invenções industriais que fazem o mundo civilizado, enquanto Abel foi o filho de dois seres humanos. Ele não sabia criar, mas apenas cuidava docilmente do rebanho já criado para ele pelo autor de seu ser, Jeová.
Jeová menosprezou o sacrifício de Caim, que havia feito crescer duas folhas de grama onde antes só havia uma. Ele preferia um autômato dócil como Abel, que obedecia implicitamente a Suas ordens, sendo indiferente ao pensador original como era Caim. Criou-se assim uma inimizade entre Caim e Abel, que resultou no assassinato desse último. Seth nasceu em seguida, e dele descendem todos os que seguem cegamente os ditames do seu criador, e que são conhecidos como a classe sacerdotal e seus seguidores. Entre eles estava o Rei Salomão.
Jeová mostrou-lhe o projeto de seu Templo, mas Salomão revelou-se incapaz de executá-lo, portanto, foi forçado a contratar Hiram Abiff, um hábil artífice, um filho de Caim, por conseguinte, o filho de uma viúva.
Maçons místicos de um grau elevado reconhecem que, do ponto de vista cósmico, Hiram Abiff é simbolizado pelo Sol. Enquanto o Sol (Hiram) encontra-se nos Signos setentrionais de Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem, ele está entre amigos e seguidores fiéis, mas, quando no decorrer do ano, ele entra nos Signos meridionais de Libra, Escorpião e Sagitário, ele é atacado pelos três conspiradores tal como registra a lenda maçônica, e finalmente morto no Solstício de Dezembro para ressurgir novamente à medida que ascende em direção ao Equador, que ele cruza no Equinócio de Março. A lenda maçônica relata que a Rainha de Sabá viajou, vindo de muito longe, para ver o sábio Salomão de quem ela ouvira falar tanto. Foi-lhe mostrado, também, o magnífico templo, e ela quis conhecer o hábil artífice, o mestre-artesão e seus operários que haviam realizado tal maravilha.
Contudo, sempre houve inimizade entre os filhos de Caim e os filhos de Seth. Mesmo quando cooperavam juntos, jamais confiavam uns nos outros, e Salomão temia que a sua bela noiva se apaixonasse por Hiram Abiff. Por essa razão, ele mesmo empenhou-se em convocar os operários, mas nenhum deles respondeu à chamada. Eles “conheciam a voz do seu pastor”, Hiram Abiff (o Sol em Áries, o Signo do Cordeiro). Eles foram treinados a obedecer ao seu chamado e não atenderiam a nenhuma outra voz. Salomão viu-se finalmente forçado a mandar buscar Hiram Abiff e pediu-lhe para chamar seus artesãos, e quando ele ergueu o seu martelo (Áries, que é o Signo da autoridade e da Exaltação), eles acorreram em massa, cada qual mais ansioso em cumprir as suas ordens.
Em março, o Sol (Hiram) entra em Áries, o Signo de sua Exaltação. Esse Signo tem a forma do martelo que Hiram ergueu, e todos os trabalhadores do templo (o universo) acorrem para cumprir suas ordens e realizar o seu trabalho quando ele ascende ao trono de sua dignidade e autoridade nos céus setentrionais. Ele é seu pastor porque no Equinócio de Março ele entra em Áries, o Signo do carneiro ou cordeiro. Eles obedecem-no e essas forças da natureza não aceitam ordens de ninguém a não ser do Sol em Áries, o Sol Oriental.
Essa é a interpretação cósmica, mas, de acordo com a Lei de Analogia, Hiram, o filho de Caim, deve também ser elevado a um grau superior de Iniciação. Somente o Espírito Solar, prestes a elevar-se ao firmamento, poderia realizar esse feito. Por isso, Hiram renasceu como Lázaro e foi elevado pela enérgica pata do Leão. Ele havia liderado os artífices durante o regime de Jeová e de Seu pupilo Salomão. Através dessa Iniciação, ele foi elevado com a finalidade de tornar-se um líder no Reino de Cristo, para que ele ajudasse as mesmas pessoas a penetrar numa fase mais elevada de sua evolução. Ele tornou-se, então, um Cristão encarregado de explicar os mistérios da Cruz e, como um símbolo desse mistério, a Rosa foi acrescentada, e essa missão foi incorporada em seu nome simbólico, Christian Rosenkreuz.
A rosa é considerada, em geral, o emblema do mistério, mas a maioria das pessoas não sabe que o acréscimo da rosa à cruz foi a origem desse significado simbólico.
A rosa é o emblema do mistério da cruz porque explica o caminho da castidade, a transmutação do sangue passional em amor. Portanto, Lázaro tornou-se Cristão Rosa Cruz (Christian Rose Cross), e os Rosacruzes são os mensageiros especiais de Cristo para os filhos de Caim, como Jesus o é para os filhos de Abel.
Os fariseus sabiam muito a respeito da origem oculta dessas duas classes da humanidade, portanto, o milagre de Lázaro foi para eles o maior crime de Cristo. Eles ficaram seriamente alarmados pela perspectiva de que sua religião nacional pudesse ser suplantada por outra se quaisquer outros milagres fossem realizados, pois perceberam que era uma Iniciação de uma natureza mais elevada daquela que conheciam, e que indicava a entrada em um ciclo superior. Antes de Cristo, todas as religiões foram raciais, adequadas ao povo a quem tinham sido dadas e convenientes apenas para esse povo. Todas essas religiões foram religiões de Jeová. Da mesma forma que o Pai foi o mais alto Iniciado do Período de Saturno, também Cristo, o filho, foi o mais alto Iniciado do Período Solar, e Jeová, o Espírito Santo, foi o mais alto Iniciado do Período Lunar. De Jeová provieram todas as religiões de raça, que procuravam preparar o gênero humano no caminho da evolução por meio da lei. Essas religiões de raça devem ser suplantadas pela religião universal do Espírito Solar, Cristo, que unirá todos os seres humanos numa única fraternidade. A mudança de uma religião para outra e o fato de que a religião do Deus Lunar Jeová devia preceder a religião do Espírito Solar, Cristo, é simbolizada pela maneira em que a Páscoa é determinada.
A regra atualmente em uso para determinar a época da Páscoa é que ela se realize no primeiro Domingo seguinte à Lua Cheia Pascal. Essa era a época original adotada pelos primeiros Cristãos que tinham conhecimento e consideração de seu significado oculto, mas logo pessoas ignorantes começaram a ter cismas e fixaram-na em épocas diferentes. Isso ocasionou bastante controvérsia. No segundo século surgiu uma disputa a respeito desse ponto entre as Igrejas Oriental e Ocidental. Os Cristãos Orientais celebravam a Páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês Judeu ou Lunar, considerando-a equivalente à Páscoa Judaica. Os Cristãos Ocidentais celebraram-na no Domingo seguinte ao décimo quarto dia, sustentando que era a comemoração da ressurreição de Jesus. O Concílio de Niceia, em 325 D.C., decidiu a favor do costume ocidental, condenando a prática oriental como heresia.
Isso, contudo, somente estabeleceu que a Páscoa deveria ser comemorada não em um dia determinado do mês ou da Lua, mas num Domingo. O ciclo astronômico correto para calcular a ocorrência da Lua Oriental não havia sido ainda determinado, mas eles finalmente concordaram com o antigo método de fixar a festa baseada na Lua, assim, o costume original antigo foi finalmente restabelecido.
Deste modo, a Páscoa é hoje comemorada no mesmo dia requerido pela tradição oculta para simbolizar apropriadamente o significado cósmico desse acontecimento e, sob esse aspecto, tanto o Sol como a Lua são fatores necessários, já que a Páscoa não é exclusivamente uma festa solar. O Sol não só deve ultrapassar o Equador, como o faz a 21 de março, mas deve também ultrapassar a Lua Cheia após o Equinócio de Março (Hemisfério Norte). Então, o domingo seguinte é a Páscoa, o diz da Ressurreição. A luz do Sol primaveril deve ser refletida por uma Lua Cheia antes que amanheça o dia na Terra, e há, como já foi dito, um significado profundo atrás desse método de determinar a Páscoa, isto é, que a humanidade não estava suficientemente evoluída para seguir a religião do Sol, a religião Cristã da fraternidade universal, até que estivesse inteiramente preparada por meio das religiões da Lua que segregaram e separaram a humanidade em grupos, nações e raças. Isso é simbolizado pelo retardamento da elevação anual do Espírito Solar por ocasião da Páscoa, até que a Lua Jeovística tenha projetado de volta e refletido plenamente a luz do Sol Pascal.
Todos os fundadores de religiões raciais, Hermes, Buda, Moisés, etc., foram iniciados nos mistérios Jeovísticos. Eles eram filhos de Seth. Quando de sua Iniciação, eles ficaram imbuídos pelo seu Espírito de Raça particular, e esse Espírito, falando através da boca de tal iniciado, ditava as leis ao seu povo, como, por exemplo, o Decálogo de Moisés, as leis de Manu, as nobres verdades de Buda, etc. Essas leis declaravam a existência do pecado, porque os povos não observavam as leis nesse estágio da evolução. Em consequência, eles incorreram numa certa dívida de destino. O Iniciado humano, fundador da religião, devia assumir esse destino, portanto, devia renascer repetidas vezes a fim de ajudar seu povo.
Assim, Buda nasceu como Shankaracharya e teve vários outros renascimentos. Moisés renasceu como Elias e João, o Batista, mas Cristo não teve necessidade de nascer antes.
Ele o fez de sua própria e livre vontade para ajudar a humanidade, revogar a lei portadora do pecado, e emancipar a humanidade da lei do pecado e da morte.
As Religiões de Raça do Deus lunar, Jeová, transmitiram a vontade de Deus à humanidade de uma forma indireta, através de videntes e profetas que eram apenas instrumentos imperfeitos, como os raios lunares que simplesmente refletem a luz do Sol.
A missão dessas religiões consistia em preparar a humanidade para a religião universal do Espírito Solar, Cristo, que se manifestou entre nós sem intermediários, como a luz que nos chega direto do Sol, e “nós contemplamos a Sua glória como o único gerado do Pai”, quando Ele pregou o evangelho do Amor. A Religião Cristã não dita leis, mas prega o amor como sendo o cumprimento da lei. Portanto, nenhuma dívida de destino é gerada sob ela, e Cristo, que não teve necessidade de nascer antes, não renascerá sob a Lei de Consequência como tiveram que fazê-lo os fundadores das religiões raciais lunares, que devem, de tempos em tempos, carregar o fardo dos pecados de seus seguidores. Quando Ele aparecer, será em um corpo composto de dois Éteres superiores: o Luminoso e o Refletor, o Dourado Manto Nupcial chamado soma psuchicon ou Corpo-Alma por São Paulo, que é muito enfático em sua asserção de que “a carne e o sangue não poderão herdar o Reino de Deus”. Ele afirma que nós mudaremos, tornando-nos iguais a Cristo, e visto não podermos entrar no reino com um corpo carnal, seria absurdo supor que o Rei da Glória use semelhante traje grosseiro e incômodo.
O sacerdócio de onde Jeová retirou Seus representantes, os profetas e os fundadores das religiões e os construtores do templo espiritual, é constituído pelos Filhos de Seth. Os Filhos de Caim sentem ainda em seu íntimo a natureza divina de seu ancestral. Eles repudiam o método indireto de salvação pela fé pregada pela Igreja, e insistem em encontrar por si mesmos a luz da sabedoria através dos métodos diretos de trabalho, aperfeiçoando-se nas artes e nos ofícios, construindo o templo da civilização material por meio da indústria e da política de acordo com o plano de Deus, o Grande Arquiteto do Universo, sendo Cristo “a Pedra Angular Principal” e cada Maçom místico uma “pedra viva”.
No entanto, no seu devido tempo, essas duas grandes correntes, os Filhos de Seth e os filhos de Caim, unir-se-ão a fim de atingir os portais do Reino de Cristo. Antes de Sua época não havia um meio para que tal amalgamação ocorresse; mas quando Cristo, o grande Espírito Solar, chegou, Salomão renasceu como Jesus, em cujos veículos inferiores penetrou o Espírito por ocasião do Batismo; e Hiram Abiff renasceu como Lázaro. Quando Lázaro foi levantado pela enérgica garra do Leão de Judá, Hiram e Salomão, os antigos rivais, esqueceram suas diferenças impelidos pelo Espírito de Cristo, e ambos trabalham atualmente para o estabelecimento do Reino de Cristo.
Foi isso que os Fariseus, de certo modo, perceberam ou presumiram, o que originou seus temores de que esse Jesus iniciasse muitas pessoas subvertendo-as da religião racial a que eles (os Fariseus) pertenciam.
(Pergunta nº 142 do Livro “Filosofia Rosacruz por Perguntas e Respostas vol. II”, de Max Heindel)
Pergunta: O que sucedeu ao Corpo Denso de Jesus, colocado no túmulo e não encontrado na manhã da Páscoa? Se o Corpo Vital de Jesus foi preservado para ser novamente usado por Cristo, o que faz Jesus, nesse meio tempo, para obter um Corpo Vital? Não seria mais prático conseguir um novo Corpo Vital para Cristo, quando da Sua Segunda Vinda?
Resposta. O estudo das Escrituras nos revela que Cristo costumava afastar-se de Seus discípulos, os quais ignoravam nesses momentos o Seu paradeiro — ou se sabiam, nunca mencionaram. Não obstante, isso é explicado pelo fato de que, sendo um Espírito tão glorioso, Suas vibrações eram por demais elevadas até mesmo para os melhores e mais puros veículos físicos. Por conseguinte, era necessário que o Espírito se retirasse, deixando o Corpo em completo repouso por algum tempo para que os átomos pudessem reduzir a sua frequência até atingir o nível costumeiro. Cristo acostumara-se a recorrer aos Essênios, deixando o Corpo aos seus cuidados. Esses eram peritos nisso e o Cristo não sabia lidar com os veículos que recebera de Jesus. Não tivesse recebido esses cuidados e o repouso necessário, o Corpo Denso de Jesus teria sido desintegrado muito antes que se concluíssem os três anos do Seu ministério e o Gólgota nunca teria sido alcançado.
No momento oportuno, quando Seu ministério terreno terminou, os Essênios cessaram de interferir. Os acontecimentos retomaram o seu curso natural e a tremenda força vibratória concedida aos átomos os espalhou aos quatro ventos; assim, quando o túmulo foi aberto, poucos dias mais tarde, não se encontrou o menor sinal do Corpo.
Isso está em perfeita harmonia com as leis naturais conhecidas por nós através de sua ação no mundo físico. Correntes elétricas de baixo potencial queimam e matam, enquanto uma voltagem muitas vezes superior pode passar através do Corpo sem qualquer efeito nocivo. A luz, cuja frequência vibratória é tremenda, é agradável e benéfica para o Corpo, mas quando focalizada através de uma lente, sua frequência vibratória diminui e temos uma força destrutiva. Da mesma maneira, quando Cristo, o grande Espírito Solar, entrou no denso Corpo de Jesus, a frequência vibratória foi reduzida devido à resistência da matéria densa, o que poderia reduzir o Corpo a cinzas, como ocorre na cremação, se não tivesse havido uma interferência. A força foi a mesma, o resultado idêntico — exceto que, sendo um fogo invisível o que consumiu o Corpo de Jesus e não o fogo comum, não houve cinzas. Com relação a isso, é bom lembrar que esse fogo jaz invisível em todas as coisas. Apesar de não o vermos na planta, no animal ou na pedra, ele está presente, visível à visão interna e capaz de manifestar-se a qualquer momento, contanto que se revista com uma chama de substância física.
Considerando que o autor do Conceito Rosacruz do Cosmos praticamente não teve ajuda na revisão das provas desse livro, é motivo para congratulações não serem encontrados muitos erros. O Capítulo XV, O Sangue Purificador, refere-se ao presente assunto. Foi corrigido e a palavra “Átomo-semente” substituiu a expressão “outros veículos”. A frase ficou assim: “Depois da morte do Corpo Denso de Jesus, os Átomos-semente foram devolvidos a seu primitivo dono.”. Durante os três anos de intervalo entre o Batismo, quando cedeu seus veículos, e a Crucificação, que ocasionou a volta dos Átomos-semente, Jesus adquiriu um veículo de Éter, da mesma forma que um Auxiliar Invisível adquire matéria física sempre que for necessário materializar todo o seu Corpo ou parte dele. Contudo, um material que não combine com o Átomo-semente não pode se adaptar definitivamente. Ele se desintegra tão logo se esgote a força de vontade nele reunida; portanto, isso foi apenas um paliativo. Quando o Átomo-semente do Corpo Vital retornou, um novo Corpo foi formado e, nesse veículo, Jesus atua desde então, trabalhando com as igrejas. Ele nunca mais tomou para si um Corpo Denso, embora fosse perfeitamente capaz de fazê-lo. Provavelmente pelo fato de seu trabalho ser inteiramente desligado das coisas materiais e diferir diametralmente do trabalho de Christian Rosenkreuz, que tratou dos problemas do Estado, da indústria e da política. O último, portanto, necessitou de um Corpo físico para poder aparecer diante do público.
A razão pela qual o Corpo Vital de Jesus está sendo preservado para a Segunda Vinda de Cristo, ao invés de ser formado um novo veículo, é dada em Fausto, um mito que expõe, em termos pictóricos, uma grande verdade espiritual de valor inestimável para a alma que busca. Fausto, desejando adquirir um grande poder espiritual antes de merecê-lo, atrai um Espírito disposto a satisfazer seu desejo — mas exige uma retribuição, pois o altruísmo é uma virtude que ele simplesmente não possui. Quando Lúcifer se volta para sair, ele fica temeroso ao ver um pentagrama diante da porta, com uma ponta voltada em sua direção. Ele pede a Fausto que remova o símbolo para que ele possa sair, porém esse último pergunta-lhe por que não sai pela janela ou pela chaminé. Lúcifer admite relutantemente que: “Para fantasmas e Espíritos, é lei que por onde entraram, devam sair”.
De acordo com o curso natural dos acontecimentos, o Espírito, ao nascer, entra no Corpo Denso pela cabeça, trazendo consigo os veículos superiores. Ao deixar o Corpo, à noite, ele sai pelo mesmo caminho e da mesma forma que reentrará pela manhã.
O Auxiliar Invisível também sai e reentra no Corpo pela cabeça. Finalmente, quando a nossa vida na Terra termina, alçamo-nos para fora do Corpo pela última vez através da cabeça, que é, então, reconhecida como sendo o caminho de entrada e saída natural do Corpo. Portanto, o pentagrama com uma ponta para cima é o símbolo da magia branca que trabalha em harmonia com a lei da evolução.
O mago negro, que age contra a natureza, subverte a força vital, dirigindo-a para baixo através dos órgãos inferiores. A passagem pela cabeça fecha-se para ele; então, retira-se pelos pés e o cordão prateado estende-se em direção aos órgãos inferiores. Por conseguinte, Lácifer entrou facilmente no gabinete de Fausto, pois o pentagrama estava com duas pontas voltadas para ele, representando o símbolo da magia negra. No entanto, ao tentar sair, ele encontra somente uma ponta voltada para si e tem que se curvar diante do símbolo da magia branca. Ele só podia sair pela porta, pois havia entrado por ela e assim vê-se preso, ao descobrir que esse caminho esteja bloqueado. Da mesma forma, Cristo tinha a liberdade de escolher Seu veículo de entrada na Terra, onde está agora confinado; contudo, uma vez escolhido o veículo de Jesus, Ele é forçado a sair pelo mesmo caminho. Se esse veículo fosse destruído, Cristo permaneceria neste ambiente tão limitado até que o Caos dissolvesse a Terra. Isto seria uma grande calamidade e é por tal razão que o veículo usado por Ele é guardado com o máximo cuidado pelos Irmãos Maiores.
Nesse meio tempo, Jesus foi quem perdeu todo o crescimento anímico obtido durante os trinta anos terrestres anteriores ao Batismo e contido no veículo cedido a Cristo. Esse foi e é um grande sacrifício feito para nós; mas, como todas as boas ações, esse sacrifício redundará em maior glória no futuro. Esse veículo será usado por Cristo quando Ele vier estabelecer e aperfeiçoar o Reino de Deus; estará tão espiritualizado e glorificado que, quando for novamente restituído a Jesus no momento em que Cristo entregar o Reino ao Pai, será o mais maravilhoso de todos os veículos humanos. Embora isso não tenha sido ensinado, o autor acredita que Jesus será o mais elevado fruto que o Período Terrestre produziu nesse sentido, vindo Christian Rosenkreuz em segundo lugar. “Não há maior ser humano do que aquele que dá a sua própria vida” e o fato de dar não somente o Corpo Denso mas também o Corpo Vital, por tanto tempo, certamente é o supremo sacrifício.
(Pergunta nº 96 do Livro: Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume II)
Pergunta: Como um Iniciado pode criar um novo Corpo adulto, pronto para ser usado, antes de abandonar o antigo?
Resposta: O consulente compreenderá que não é pelo fato de alguém ter-se tornado ciente dos Mundos invisíveis e talvez ter aprendido a atuar no Corpo-Alma, que isso o torne capaz de realizar esse feito. Isso requer um desenvolvimento espiritual vastíssimo, e somente aqueles que estão muito evoluídos atualmente conseguem realizar essa proeza. No entanto, diz-se que o método é o seguinte:
Quando o alimento é ingerido por uma pessoa, seja ele Adepto ou ignorante, a lei de assimilação o levará primeiro a absorver cada partícula e integrá-la ao seu próprio ser. Deve subjugar e conquistar a vida celular individual antes que ela se torne parte do seu Corpo.
Quando isso é feito, a célula permanece com ele por um tempo mais longo ou mais curto, de acordo com a constituição e o lugar na evolução da vida que habita nele. A célula composta de tecido e que foi antes incorporada num Corpo animal, além de ter sido interpenetrada por um Corpo de Desejos, tem a vida mais evoluída. Em consequência, ela reafirma-se rapidamente, e abandona o Corpo que a tinha assimilado.
Disso resulta que uma pessoa que segue uma alimentação carnívora precisa reabastecer-se com alimentos mais frequentemente. Tal matéria não seria adequada ao propósito de construir um Corpo que terá de esperar um certo tempo antes que o Adepto o ocupe. Uma alimentação constituída de legumes, frutas e nozes, principalmente quando estão maduras e frescas, é interpenetrada por uma grande quantidade do Éter que compõe o Corpo Vital da planta. São muito mais fáceis de ser absorvidas e incorporadas à constituição do Corpo. Além disso, permanecem aí muito mais tempo antes que a vida celular individual se autoafirme. Por conseguinte, o Adepto que desejar construir um Corpo pronto para ser usado antes de deixar o antigo, naturalmente o formará por meio de vegetais frescos, frutas e nozes que serão ingeridas pelo Corpo que usa diariamente e onde ficarão sujeitas à sua vontade — uma parte de seu ser.
O Corpo-Alma de tal homem ou mulher é naturalmente muito volumoso e muito poderoso. Ele retira uma parte dele, e faz um molde ou matriz no qual acrescenta diariamente partículas supérfluas para a nutrição do Corpo que está usando. Assim, aos poucos, tendo assimilado um considerável excedente de material novo, ele também pode retirar material do veículo que está usando e incorporá-lo ao novo Corpo. Gradualmente, com o passar do tempo, ele transmuta um Corpo em outro. Ao chegar ao ponto em que o velho Corpo está tão debilitado que é notado pelo Mundo externo, causando comentários, ele já deverá ter equilibrado a matéria de tal forma que o novo Corpo esteja pronto para ser usado. Ele pode sair do antigo e entrar no novo. Mas, ele não faz isso simplesmente com o propósito de continuar a viver na mesma comunidade. É-lhe possível, em razão do seu grande conhecimento, usar o mesmo Corpo durante muitos anos de maneira que continuaria a parecer jovem, pois esse Corpo não está sujeito ao desgaste causado por nós, simples mortais, pelas paixões, emoções e desejos.
Contudo, quando cria um novo Corpo, segundo consta ao autor, é sempre com o propósito de abandonar o meio em que vive e empreender o seu trabalho num novo ambiente.
Eis a razão pela qual ouvimos falar sobre homens como Cagliostro, St. Germain e outros, que apareciam um dia num determinado lugar, executavam uma missão importante e desapareciam. Ninguém sabia de onde vinham ou para onde iam, mas todos os que os conheceram prontificaram-se a testemunhar sobre suas notáveis qualidades, seja com o propósito de difamá-los ou louvá-los.
Os Irmãos Maiores ensinam que Christian Rosenkreuz tem um Corpo físico, ou talvez uma série de Corpos que usou continuamente desde que a Ordem foi fundada no século XIV. Mas, embora o autor tenha falado com vários Irmãos Leigos de alto grau, nenhum deles jamais admitiu ter visto Christian Rosenkreuz. Todos nós sabemos que ele é o décimo terceiro membro da Ordem e é sentido nas reuniões do Templo como uma presença, mas não é visto nem ouvido, segundo testemunho de todos que o autor teve a ousadia de questionar.
A maneira pela qual os Irmãos Maiores se referem ao seu chefe ilustre foi sempre reticente, e pareceria ser uma curiosidade excessiva perguntar qualquer coisa além daquilo que estão dispostos a responder. Sabemos, contudo, que o seu trabalho está relacionado com o governo do mundo. Embora não sejamos capazes de apontar qualquer personagem no atual palco mundial como sendo este grande Espírito, temos certeza que ele está aqui, executando a sua tarefa. Conta-se que ele usou a vestimenta de uma dama da Corte Francesa anterior à revolução e trabalhou árdua e honestamente para impedir aquela catástrofe iminente, ainda que sem sucesso.
Embora acreditemos na verdade desse fato, é apenas um indício. Se tivéssemos que indicar esse grande líder atualmente, iríamos encontrá-lo exercendo mais o poder atrás do trono em algum lugar, do que como titular de um dos cetros do poder no mundo de hoje.
(Perg. 69 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
A Capa padrão que aparece em todas as publicações dos Livros da Fraternidade Rosacruz
Parece-nos oportuno, com a mudança de formato e de capa de nossa Revista, explicar aos que ainda não entendem nosso símbolo, a razão desse clichê colorido.
Notem que há as três cores primárias, designativas da Trindade (Deus Trino) e correspondentes às notas musicais Dó – Mi – Sol que formam o acorde perfeito. A cor Vermelha correspondente ao Espírito Santo, é a nota Dó; o amarelo, correspondente ao Filho, é a nota Mi; e o azul, correspondente ao Pai, é a nota Sol. Designam também os três meios mais importantes da educação humana: a Religião, a Arte e a Ciência.
A Filosofia Rosacruz é um ensinamento integral, dado ao mundo ocidental para corresponder permanentemente às necessidades desta parte do globo, pois leva-nos a conceber a Unidade da Trindade a expressar em todos os nossos atos o Belo (arte), o Verdadeiro (ciência) e o Bom (religião). Ela se propõe para tornar a Religião artística e científica; para fazer a Arte religiosa e científica; e para criar a Ciência religiosa e artística.
Nos antigos templos de mistérios, a Ciência, a Religião e a Arte eram ensinadas conjuntamente, mas tornou-se necessário, para melhor desenvolvimento de cada uma delas, separá-las durante algum tempo. A Religião reinou na Idade Média; a Arte floresceu na Renascença; e a Ciência Moderna predomina hoje, subjugando suas companheiras. Tornando-se materialista, a Ciência afastou-se do lado oculto da criação. Prevendo os desastrosos efeitos das ideias materialistas na evolução humana e a fim de neutralizar tão grandes prejuízos, a Ordem dos Rosacruzes foi fundada por um grande instrutor espiritual que tem o nome simbólico de Christian Rosenkreuz – o Cristão Rosacruz. Posteriormente, sob sua orientação (no início deste século) fundou-se a Fraternidade Rosacruz, que é a expressão material dessa Ordem Oculta no mundo, por meio de Max Heindel, com o objetivo de lançar uma luz oculta sobre a mal-entendida Religião Cristã e para explicar o mistério da Vida e do Ser do ponto de vista científico, em harmonia com a Religião.
Hoje, espalhada por todo o mundo livre, a Filosofia Rosacruz busca eliminar o abismo criado entre a mente e o coração, harmonizando e equilibrando as forças do lado místico e do lado ocultista. É o que representamos no clichê com a lanterna a esquerda (intelecto, sabedoria) e o coração à direita (sentimento, intuição) na cor de Cristo, do Filho, cujo atributo é Amor-Sabedoria. Esse atributo deve ser desenvolvido dentro do ser humano, pela sublimação de suas atividades etéricas, que são governadas pelas forças Crísticas.
Tal desenvolvimento formará o “Filho de Cristo”, o Dourado Manto Nupcial, dentro de cada um de nós, pondo-nos em consonância com o Mundo do Espírito de Vida, o Primeiro Plano Cósmico onde atua Cristo, a fim de que flua através do nosso coração a Sabedoria Cósmica e unitária de que falamos atrás. Notem que a lanterna (mencionada simbolicamente na, história de Aladim) e o coração estão no mesmo plano, dentro da estrutura filosófica Rosacruz.
Eis a razão por que escolhemos essa Capa. Ela aparece em todas as publicações de nossa biblioteca, identifica de imediato a “THE ROSICRUCIAN FELLOWSHIP” – Associação Internacional de Cristãos Místicos, com sede mundial em Oceanside, na Califórnia, USA, e diversos Centros e Grupos de Estudos por toda a parte do território nacional, além de inúmeros estudantes isolados.
Cumpre-nos esclarecer que existem outras organizações com nome de Rosacruz ou similar, até mesmo centros espíritas. Gostaram do nome e usaram. A liberdade é sagrada, mas é mister explicar, sem intuito de crítica, que a Ordem Rosacruz e sua contraparte material, a Fraternidade Rosacruz, de cunho essencialmente cristão, desinteressado, traz sempre o apêndice “The Rosicrucian Fellowship”, fundada por Max Heindel.
Quanto ao emblema Rosacruz que aparece no centro da capa, temos já explicado sua simbologia por diversas vezes, sob diversos aspectos, nesta revista. Remetemos o caro Amigo e Estudante ao “O Conceito Rosacruz do Cosmos”, obra básica de nossa Filosofia. Aqueles que ainda não a possuem, recomendamos adquiri-la, estudá-la e divulgá-la, passando, com isto, a gozar do privilégio de participar desse glorioso movimento de elevação da humanidade pelo verdadeiro caminho, o da razão, harmonizado com o do coração.
Como disse o Senhor: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1962)
O Décimo Terceiro
Dentro do meio ocultista muito se fala sobre a Ordem Rosacruz. Muitas vezes as informações ou os comentários sequer se aproximam da realidade. Em última análise, só mesmo os Iniciados nessa máxima Escola é que podem conhecê-la verdadeiramente, informando corretamente a seu respeito. Este é, justamente, o caso de Max Heindel, cuja elevação interna credenciou-o a ser o Mensageiro dessa majestosa Ordem. Assim, em 1.909, coube-lhe o privilégio de tornar público um conjunto de ensinamentos lógicos e racionais, capazes de projetar luz sobre o mistério da vida.
Com a publicação do Conceito Rosacruz do Cosmos, o ser humano, particularmente o ocidental, teve acesso a uma orientação segura e adequada à sua constituição geral (física, mental e espiritual), traduzida nos sagrados arcanos e no Método Rosacruz de Desenvolvimento, neles baseado.
Posteriormente, surgiram outras obras do Sr. Heindel, reforçando e ampliando o que houvera sido divulgado nos estertores da primeira década deste século. São, no dizer do próprio autor, os ensinamentos mais elementares dos Rosacruzes, mas suficientes para assegurar ao Aspirante, “chaves” valiosas para descobrir os mistérios da natureza.
A Fraternidade Rosacruz é a escola preparatória à iniciação na Ordem do mesmo nome. Seus cursos, livros e conferências são franqueados a todas as pessoas sedentas do “pão da vida”.
O caminho iniciático está aberto a qualquer ser humano? Sim, desde que se proponha a atender certos requisitos básicos e indispensáveis a quem deseja transpor o “Portal do Templo”. Logicamente, isso demanda séria e árdua preparação. Muitos talvez nem logrem essa realização na presente existência. Quando, porém, o discípulo estiver preparado, o Mestre aparecerá. Mas, o que é realmente a Ordem Rosacruz? Apenas e simplesmente uma sociedade secreta como julga a maioria?
Não, não é apenas isso. Segundo os ensinamentos de Max Heindel, ela é, antes e acima de tudo, uma das Escolas de Mistérios Menores, dirigida pelos Irmãos Maiores, os Hierofantes desses mistérios.
Seres elevadíssimos comparados com a humanidade comum, os Irmãos da Rosacruz influenciam a vida do Ocidente muito mais poderosamente do que qualquer governo. Entretanto, é importante ressaltar: nunca interferem a ponto de privar a humanidade de seu livre arbítrio. Apenas procuram resguardar as diretrizes de sua evolução.
A Ordem Rosacruz surgiu no século XIII, na Europa, em plena Idade Média, fundada por um grande Instrutor Espiritual, cujo nome simbólico era Christian Rosenkreuz [Cristão Rosacruz). Seu objetivo maior era e é, iluminar o mal-entendido Cristianismo – principalmente naquela época – e lançar as bases de um sistema científico – religioso, capaz de atender às necessidades evolutivas do ser humano. Até então, as pessoas inclinadas à uma vida superior, tendiam, naturalmente, para o caminho místico. Não haviam outras opções.
Em virtude das bases dos ensinamentos rosacruzes serem eminentemente científicas e racionais, os tempos medievais foram pouco propícios à sua divulgação. Não havia liberdade de pensamento religioso, porquanto a igreja predominante na Europa, estendia seu poder a todos os negócios humanos. As artes, a literatura, a filosofia, a quase inexistente ciência, tudo se encontrava à serviço da religião. Até os monarcas se submetiam ao jugo eclesiástico, estando, em quase todas as nações, o Estado vinculado à igreja.
No século XIII, o mundo cristão achava-se mergulhado em profunda crise. As cruzadas, levadas a efeito contra os muçulmanos, não deram os resultados esperados, a não ser algumas vantagens do ponto de vista comercial. Contudo, o contato com os povos do Oriente promoveu importante intercâmbio de ideias e valores.
A comunidade europeia, no entanto, subjugada despótica e dogmaticamente pela religião, mostrava-se impermeável a qualquer nova linha de pensamento. Seria de pronto repelida e considerada abominável heresia qualquer nova ideia, capaz de colidir com os princípios religiosos estabelecidos. Mesmo assim, houve ousadas tentativas.
Iniciaram-se, então, as perseguições. Quem, ostensiva ou discretamente, se encorajasse a externar novos pontos de vista sobre qualquer assunto, correria o risco de ser tachado de herege.
Criou-se a chamada “Santa Inquisição” ou Tribunais do Santo Ofício, cuja ação tenebrosa levou à morte milhares de pessoas. O Papa Inocêncio III empreendeu uma cruzada contra os albigenses, espalhando o terror pelo Sul da França. Nesse derramamento de sangue, incompatível com os princípios cristãos, nem mulheres e crianças foram poupadas. Este foi apenas um exemplo.
Vê-se, pois, como aquela época não ensejava um campo fértil para a divulgação dos ideais rosacruzes. Não obstante tais dificuldades, Christian Rosenkreuz lançou suas sementes, trabalhando com os alquimistas durante séculos inteiros, preparando, assim, terreno para uma empreitada futura.
Durante todo esse tempo, apenas alguns poucos iluminados tiveram acesso aos ensinamentos da Ordem. Notamos alguns fragmentos dessas verdades transcendentais, nas obras de Shakespeare, Comenius, Goethe e outros.
As profundas transformações ocorridas no mundo ocidental, a partir do início do século passado, principalmente no campo das ideias, criaram condições para que fossem revelados publicamente, os ensinamentos mais elementares da Rosacruz. Assim é que no primeiro decênio do presente século, Max Heindel, após ter sido observado e submetido a várias provas, conquistou o inexcedível mérito de ser o Mensageiro dos Irmãos Maiores.
E a Ordem Rosacruz? Como se compõe?
Preciosas informações contidas no Conceito, nos dão conta de que ela é formada segundo linhas cósmicas. O mesmo ocorre com as demais Escolas de Mistérios.
Se juntarmos várias esferas e tentarmos cobrir e ocultar uma delas, veremos que doze são necessárias para tanto.
O átomo está agrupado assim: doze em torno de um. Doze são os signos que formam o zodíaco, doze Apóstolos reuniram-se em torno do Cristo. Em todos os exemplos, sempre notamos doze em torno de um.
Como não poderia ser diferente, doze Irmãos Maiores mais o décimo terceiro, compõem a Ordem Rosacruz.
Desses doze, sete manifestam-se no mundo cada vez que as circunstâncias o exijam, fortalecendo o bem onde o encontrarem. Dependendo da necessidade, surgem como seres humanos entre a humanidade, ou utilizam seus veículos invisíveis. Os cinco restantes nunca deixam o Templo. Agem somente nos planos internos, embora possam manifestar-se em corpos físicos.
O Cabeça da Ordem é Christian Rosenkreuz, o décimo terceiro, oculto do mundo externo pelos doze Irmãos. Nunca é visto pelos outros membros da Ordem, mas sua presença é percebida quando adentra o Templo. É o sinal para o início dos trabalhos.
Esse grande espírito esteve encarnado no tempo de Cristo, quando seu grau de evolução já era muito elevado.
Sabe-se que em uma de suas últimas encarnações, apareceu como Conde de Saint-Germain. Para aqueles, insensíveis às grandes realidades espirituais, sua existência nunca passou de um mito. As almas mais avançadas, porém, sabem que Christian Rosenkreuz inaugurou uma nova época na vida espiritual do Ocidente.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)
“Quando o Ensinamento Oculto oriental foi apresentado para o Mundo Ocidental, quarenta anos atrás, suas explicações sobre o universo foram aceitas como razoáveis por muitos estudantes. O Conceito Rosacruz do Cosmos, publicado em 1909, era similar em alguns aspectos no que se refere às leis que governam o universo. A questão que, naturalmente, surge sobre seu escopo e propósito, o motivo pelo qual foi dado, e porque seus ensinamentos e métodos de desenvolvimento são mais adequados para uma civilização mais avançada e moderna. Este tratado foi escrito em resposta a esse questionamento e para corrigir as conclusões errôneas, baseadas em exames superficiais, que ambos os ensinamentos são iguais.”
Alcance aqui um excelente material para estudar sobre: algumas diferenças entre os Ensinamentos do Ocidente e do Oriente com ênfase em particular no método Ocidental de desenvolvimento da alma.
1. Para fazer download ou imprimir:
Cristo ou Buda? – de Annet C. Rich
2. Para estudar no próprio site:
CRISTO OU BUDA?
Por
Annet C. Rich
Com Prefácio de
Max Heindel
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, Christ or Buddha?, 1914, editada por The Rosicrucian Fellowship
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
PREFÁCIO
O seguinte tratado foi escrito pela autora a meu pedido, com o objetivo mencionado nos dois primeiros parágrafos, e tendo ela dedicado anos nos estudos de ambos os sistemas Religiosos Orientais e Ocidentais, na minha opinião, ela tem uma visão mais abrangente do tema. Ela se simpatizou mais com o ensinamento oriental e assim se tornou uma alma iluminada. Assim, o espírito deste pequeno livro não é controverso em nenhum sentido, pois nós não acreditamos em tentar construir nossa própria Religião lançando aspersões sobre a Religião de outras pessoas. Estamos tão certos de que a Religião do Oriente é perfeitamente adequada para as pessoas que vivem lá como que a Religião Cristã é a Religião para o povo Ocidental. Se Buda estivesse ensinando hoje e um estudante do Ocidente perguntasse a sua opinião sobre se ele deveria segui-lo ou a Cristo, tenho certeza de que ele iria direcionar o inquiridor para a Luz do Mundo. Este pequeno livro é, portanto, enviado com a esperança de que ele possa mostrar aos estudantes ocidentais que sua Religião é a Religião Cristã, e que eles devem deixar a Religião Oriental para o povo oriental, abraçando com todo o seu coração e alma a Religião do Cristo.
Max Heindel
ÍNDICE
Involução, Evolução e Epigênese
O Mistério da Mortalidade Infantil
O Cristo do Ocidente não é o Cristo do Oriente
Quando o Ensinamento Oculto oriental foi apresentado para o Mundo Ocidental, quarenta anos atrás, suas explicações sobre o universo foram aceitas como razoáveis por muitos estudantes. O Conceito Rosacruz do Cosmos, publicado em 1909, era similar em alguns aspectos no que se refere às leis que governam o universo. A questão que, naturalmente, surge sobre seu escopo e propósito, o motivo pelo qual foi dado, e porque seus ensinamentos e métodos de desenvolvimento são mais adequados para uma civilização mais avançada e moderna.
Este tratado foi escrito em resposta a esse questionamento e para corrigir as conclusões errôneas, baseadas em exames superficiais, que ambos os ensinamentos são iguais.
O capítulo oito da Epístola de São Paulo aos Hebreus conta sobre um tempo por vir onde não será necessário ensinar ao ser humano sobre como conhecer a Deus, pois todos, do menor ao maior, terão Suas leis inscritas em seus Corações e Mentes, e todos O conhecerão. A percepção espiritual atual está obscurecida em vários graus pelo véu da carne e do sangue que “não poderá entrar no Reino de Deus”. Agora estamos tateando pela verdade que nos libertará dos grilhões da carne e nos trará as faculdades espirituais requeridas para conhecer a Deus. É uma promessa do Cristo que se nós buscarmos, nós encontraremos. Ele não fez exceções; não devemos temer que alguém ficará “perdido”. Mas muito esforço será poupado se buscarmos na direção certa, e por isto nos sentimos impelidos a colocar, diante dos estudantes Ocidentais, algumas diferenças entre os Ensinamentos do Ocidente e do Oriente com ênfase em particular no método Ocidental de desenvolvimento da alma, um método naturalmente adaptado para as pessoas que vivem no Ocidente e que leva em conta as diferenças mentais e raciais entre as civilizações ocidentais e orientais (ou povos).
Nós queremos acrescentar que após muitos anos de estudo das religiões antigas falamos sem preconceitos e com gratidão pela luz recebida por meio delas. Portanto, nos sentimos livres para dar voz a nossa convicção de que a Religião Cristã é a mais avançada do que qualquer uma de suas predecessores; que os Ensinamentos de Mistérios Cristãos, agora promulgados pela Ordem Rosacruz por meio da Fraternidade Rosacruz, são ambas científicas e especialmente adaptadas para nossa civilização avançada; e que repudiar a Religião Cristã por qualquer sistema antigo é análogo a preferir os textos científicos antigos ao invés das edições que estão atualizadas com as descobertas atuais.
Não precisamos mais ficar relembrando que vivemos em tempos repletos de inovações. Todos os departamentos de nossa civilização são varridos pelo intrépido, invasivo espírito da pesquisa, das investigações e análises. Também não podemos deixar de observar que estamos vivendo em uma época em que o intelecto está atingindo sua expressão mais prática e intensa; que está se arrogando com uma confiança real e autossuficiente, o direito de desafiar qualquer código de ética, qualquer teoria da vida ou Religião, qualquer marco da civilização ou qualquer hipótese da ciência e exigir a prova de seu direito à existência. Nada, no universo é demasiado colossal para sua investigação ou demasiado infinitesimal para sua análise. A sociedade deixou de se encolher dos ataques revolucionários das descobertas científicas que há muitos anos vêm derrotando a ignorância, o preconceito e dogmatismo com força irresistível. Esses tiveram seu dia, e agora são impotentes para retardar o progresso; a humanidade está avançando querendo ou não.
Em nenhum departamento da vida o espírito da pesquisa, do esquadrinhamento da investigação está mais intimamente manifestado do que na Religião. Nesse domínio do mistério e da tradição, nas profundezas de sua origem, no reino de sua autoridade marchou o implacável espírito da pesquisa, que não parou nem se encolheu, nem se voltou, embora todos os baluartes sagrados do credo ameaçavam desmoronar antes da invasão. O intelecto está exigindo um direito superior ao do sacerdote para interpretar a verdade da Religião, afirmando com confiança que se não pode discernir a verdade ou penetrar além das fronteiras do invisível para o conhecimento de Deus, nenhuma outra faculdade existe capaz de conhecer a Deidade.
Se olhamos para trás ao longo dos séculos da história, notamos que a idade intelectual e material atual é fruto de um passado longo e significativo; a crista de uma onda de progresso que seguiu um impulso enviado desde o início da corrida. O nosso vislumbre sobre as civilizações da Índia, do Egito, da Pérsia ou Grécia pode ser vago ou inseguro, no entanto, podemos notar que desde o nascimento da raça Ária a linha de progresso está à disposição da glória do pôr-do-sol.
Quando a Índia atingiu o auge de sua grandeza, a Religião hindu ensinou uma concepção de Deus e Sua onipotência que em toda a história não foi excedida para a espiritualidade elevada. Da crista da onda de progresso brilhou, ao longo dos séculos, a luz da maravilhosa verdade da unidade da vida e de uma Presença divina no universo. Então, com profunda quietude, a onda recuou para reaparecer na Pérsia, acrescentando uma nova luz para estimular o progresso humano.
Não costumamos associar a ideia de desenvolvimento material ao Oriente, mas ele nasceu lá. Como a nota-chave da Religião hindu é a unidade, realizando a Deidade em todas as partes do universo, então a nota-chave da Religião Persa ou Zoroástrica é pureza; pureza de conduta e nos assuntos da vida. Zoroastro veio para afastar o seu povo da preguiça e da ociosidade em que haviam caído e para despertá-los do estado de apatia e contemplação inativa da vida interior, muito comum entre os hindus, à consideração da verdade espiritual adaptada a seu dia. Como todas as grandes religiões enfatizou o lado prático da vida ao invés do metafísico, e seu lema de “pensamentos puros, palavras puras, atos puros” revela quão antiga é a doutrina do pensamento correto e do viver correto.
Séculos mais tarde, o Buda veio para re-anunciar as antigas verdades que estavam ocultas sob os escombros do egoísmo e das castas, e sentindo o sofrimento e o pecado do mundo que está enraizado no desejo não realizado, seu coração compassivo procurou aliviar a tristeza, por meio da doutrina de superar todo o desejo e, assim, alcançar a paz, uma doutrina que caiu como uma benção sobre as vidas perturbadas de seus contemporâneos, e que ainda vive no coração de seus seguidores.
Com a passagem do grande mestre oriental, a glória do Oriente começou a desvanecer. Mais uma vez a onda espiritual recuou para reaparecer entre os gregos. Uma vez que os gregos não conseguiram nenhum tipo mais elevado de intelecto puro do que o deles tinham alcançado; a arte deles, sua filosofia sempre fala na linguagem do repouso, da dignidade, do autocontrole. Para eles, VERDADE e BELEZA eram pérolas de grande valor. Eles inscreveram nos seus templos “Conhece-te a Ti mesmo”, pois se conhecer é conhecer a verdade. Quer se manifestando através do poder consciente de seu deus Apolo, saindo de seu templo para defender pessoalmente o santuário sagrado, quer refletido nas esplêndidas conquistas de Péricles ou a filosofia elevada de Pitágoras, Sócrates ou Platão, encontramos sempre nos gregos a presença do poder intelectual e da autossuficiência, mas a Grécia caiu diante do militarismo organizado de Roma.
Do seu auge da supremacia militar, Roma olhava com complacência para o mundo que conquistara. De forma simples, ela sonhou que derrubaria a força espiritual, deixando uma herança de lei, ordem e justiça para uma geração posterior.
Vislumbrar a miséria e a degradação do mundo aos pés de Roma, escravizada pelo vício, pela apatia e pela superstição, é perceber, embora vagamente, até que ponto a humanidade se afastou dos altos preceitos dos antigos Instrutores. As antigas notas-chave de unidade e pureza soou, ainda em tudo muito fraco, entre o murmúrio do preconceito da raça e da separação entre raças. O Egito estava envolto na escuridão de um sacerdócio degenerado; a Índia estava encadeada por castas; Pérsia dormia debaixo de suas coberturas de joias; a glória da Grécia estava ofuscada; Roma, fervente com vício e dissipação, afrontava os deuses com seus fogos de acampamento; e quase parecia como se Deus tivesse esquecido Seu mundo. Mas, “Ele permanece imóvel ainda que dentro da sombra, vigiando acima do Seu próprio”[1]. Novamente chegou a hora de uma dessas manifestações divinas que, de tempos em tempos, ocorrem para ajudar a humanidade. Tal manifestação invariavelmente ocorre quando a opressão das trevas parece muito pesada e um novo impulso é necessário para acelerar o crescimento espiritual.
Nesse lamaçal de um império em decadência, no cansaço de um mundo desesperado, no meio de um povo perdido e desprezado, desceu o Espírito do Sol, Cristo, manifestando “a maior das medidas divinas ainda postas para a elevação do mundo”[2]. Cristo não veio sozinho para resgatar a verdade do esquecimento, para trazer de volta os antigos ensinamentos ou para restabelecer a lei, mas para lhes acrescentar o maior princípio de todos – o Amor; para revelar à humanidade a doutrina do coração; como podemos alcançar uma sabedoria mais sublime pelo caminho do amor do que podemos alcançar pela razão. Ele veio para substituir as Religiões de Raça que foram instituídas por e sob a orientação de Jeová, com uma RELIGIÃO CÓSMICA, promovendo a Amizade Universal bem como a Fraternidade Universal; uma Religião em que o reinado da Lei deve ser substituído pelo reinado do Amor, e onde o espírito de antagonismo e separação, que está na raiz de todas as Religiões de Raça, seja transmutado em serviço desinteressado; cada um para todos; para que as nações possam transformar suas espadas em arados e o reinado da Amizade e da Paz comece.
Em todas as religiões anteriores haviam verdades mais profundas do que foram dadas às massas. Os sacerdotes eram os guardiões desse conhecimento interior, e a Iniciação estava aberta apenas a alguns. A humanidade, como um todo, não estava suficientemente avançada para recebê-la. Aqueles que foram iniciados nos antigos Mistérios necessitavam da mediação dos sacerdotes, e somente o Sumo Sacerdote podia entrar no mais íntimo Templo de Deus. Quando Cristo veio, gerado do Pai, Ele trouxe diretamente para a humanidade a luz e o poder do Sol espiritual. Ele derramou na vida humana o Raio Cósmico de Si mesmo. Ele é o elo entre Deus e o ser humano, o Caminho, a Verdade e a Vida, preenchendo em si o ofício de Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, Ele mesmo Iniciador; e agora “todo aquele que quiser, tome a água da vida livremente”.
Parece paradoxal considerar o crescimento material e a supremacia da civilização moderna como, em qualquer sentido real, o resultado de um impulso enviado pelo gentil Nazareno, mas o nascimento da Religião Cristã deu um estímulo direto e especial para a realização INDIVIDUAL, pois ela quebrou as barreiras de casta e raça e revelou o fato de que todos os seres humanos são iguais aos olhos de Deus. Que todos são irmãos é um fato na natureza, mas sob o regime de Jeová alguns eram preferidos e outros não; portanto, Cristo veio para nivelar as diferenças. A própria Galileia era um lugar mais apropriado para uma nova ordem das coisas do que a princípio parece. Obscuro como é hoje, há dois mil anos, a Galileia era a Meca dos viajantes que se reuniam lá de todas as partes conhecidas do mundo. Era tão cosmopolita quanto a própria Roma, uma espécie de “caldeirão”, proporcionando condições favoráveis ao nascimento de um corpo e de um cérebro diferentes do tipo comum, e um ambiente onde a adaptabilidade aos novos impulsos pudesse encontrar alcance e de onde novas concepções poderiam ser enviadas para o mundo.
Na nova Religião Cristã, os antigos ideais de escravo e mestre, judeus e gentios, sacerdotes e povos, brâmanes e párias foram substituídos pelos ideais de IGUALDADE, INDEPENDÊNCIA e LIBERDADE INDIVIDUAL. Até os mais humildes começaram a erguer a cabeça como pessoas livres e a alcançar a realização individual e o desenvolvimento individual; e com essa nova sensação de liberdade em seus corações, é de admirar que começaram a saciar sua primeira sede de auto expressão por meio das águas da prosperidade material, que nunca antes haviam fluido tão abundantemente aos seus pés. Nossa civilização moderna é uma consequência normal desse impulso dado ao desenvolvimento individual, tanto no pensamento quanto na ação.
As realizações materiais e intelectuais da civilização moderna evoluíram naturalmente o espírito crítico e analítico que acompanha sempre o crescimento individual. Isso foi acentuado pelo nascimento da ciência moderna. Hoje, o intelecto está entronizado no conhecimento que adquiriu e se recusa a aceitar qualquer coisa como verdade que não pode ser vista, medida ou analisada. Mas, embora a ciência física possa zombar da Religião Cristã de amor e auto sacrifício, como sendo não-científica e contrária às leis de autopreservação e sobrevivência dos mais aptos, os ensinamentos do humilde Nazareno inocentaram silenciosa e quase imperceptivelmente o Mundo Ocidental com um espírito de altruísmo, impelindo a humanidade a suportar os fardos uns dos outros e tornar a causa do bem-estar individual a causa do todo.
Todo estudante sabe que a civilização moderna não foi alcançada por estágios de crescimento constante e uniforme. Seguindo o impulso inicial do Cristianismo veio a horrível Idade das Trevas com seu manto de superstição e intolerância. A Religião Cristã foi usada como uma escada para a ganância e ambição, e os ensinamentos ocultos de Cristo foram submergidos sob o dogmatismo teológico que ameaçou prender o progresso humano por causa da supremacia eclesiástica. Os grilhões do sacerdócio autocrático foram, por fim, quebrados pela ciência moderna, e a RAZÃO saltou para a perigosa e tirânica supremacia que mantém ainda hoje.
O intelecto, em sua revolta contra a superstição, logo mostrou uma inclinação para o ultra-materialismo. Para que esse poder não engolisse a verdade espiritual, surgiu no século XIV um grande Mestre com o nome simbólico de Christian Rosenkreuz para lançar nova luz sobre os incompreendidos ensinamentos Cristãos, preservá-los e guiá-los por meio das iminentes controvérsias materialistas e científicas. Ele é um guardião da Sabedoria Oculta do Ocidente, que sozinha pode satisfazer, AMBOS, Coração e Mente.
Estamos hoje no meio de uma civilização nascida do estresse, da luta e da ultra-atividade; uma civilização cortada pela espada e arrastada pelo sangue humano. Verdadeiramente, Cristo refuta a prosperidade física ou saudável do seu povo. Para o conhecimento desse e de outros ramos da ciência, o Ensinamento da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes fornece certas explicações, novas e abrangentes, que orienta a uma solução racional para muitos dos problemas da evolução.
Além de apresentar a teoria da Involução da VIDA e a Evolução Sincrônica da FORMA, o ensino ocidental inclui um terceiro fator, a Lei da EPIGÊNESE. O ser humano é ele mesmo um fator na construção de seus corpos. Durante a vida pré-natal, ele trabalha inconscientemente, construindo na “quintessência da formação de Corpos”; mais tarde ele começa a trabalhar conscientemente, e quanto mais avançado ele é, melhor pode construir. Em cada encarnação ele faz algum TRABALHO ORIGINAL, de modo que “há um afluxo de causas novas e originais o tempo todo”, e este processo de tomar a iniciativa, de criar novas possibilidades de crescimento, é chamado de “Epigênese”. Isso permite que o ser humano se torne um GÊNIO e um colaborador das Hierarquias Criadoras do Mundo. Se a evolução consistisse simplesmente no desenvolvimento de possibilidades germinais ou latentes, o ser humano não poderia se tornar um criador. O ensinamento oriental não diz nada sobre este princípio de longo alcance.
Logo após a promulgação da teoria da evolução de Darwin, foram apresentadas certas objeções que nunca foram respondidas satisfatoriamente pela ciência, mas que recebem uma explicação razoável no Ensinamento da Sabedoria Ocidental. Estas objeções à teoria darwiniana da evolução são:
Há sempre um movimento na natureza, e como o ser humano passou por vários reinos, ele evoluiu e ocupou formas adaptadas a cada estágio de desenvolvimento. “É uma lei na natureza que ninguém pode habitar um Corpo mais eficiente do que ele é capaz de construir”. Quando a forma atinge o limite de sua capacidade de utilidade, começa a degenerar, tendo servido seu propósito como um veículo de crescimento. Ao longo do caminho sempre houve alguns que se recusaram a avançar e foram deixados para trás, como retardatários. À medida que os pioneiros passavam para os Corpos mais adequados para o progresso, os modelos arquetípicos de seus veículos desgastados e degenerados eram ocupados pelos menos evoluídos e pelos retardatários, que os utilizavam como trampolins até que os Corpos correspondentes cristalizassem ao ponto de serem inúteis para a possibilidade da vida em evolução. A ciência fala da evolução das formas, mas há também essa linha de formas degeneradas usada pelos menos evoluídos e pelos retardatários. Os Antropóides superiores pertencem a esta última classe e, em vez de serem os progenitores do ser humano, são, na realidade, retardatários que ocupam as formas degeneradas, já utilizadas pelo ser humano no passado. O ensino oriental atribui sua existência às relações impróprias do ser humano primitivo com os animais.
Esse é outro problema na evolução, completamente omitido pelo ocultismo oriental, nem explicado satisfatoriamente pela ciência, mas recebe uma solução racional no Ensinamento da Sabedoria Ocidental. Resumidamente:Até que os animais se tornem animados por espíritos individuais habitados dotados de razão para guiá-los conscientemente ou subconscientemente DE DENTRO, a Mãe Natureza designa sabiamente um Espírito-Grupo que os guia DE FORA em harmonia com a lei cósmica; e o que chamamos de “instinto” é uma manifestação da sabedoria deste Espírito-Grupo. Quando os animais de diferentes espécies se acasalam, sua progênie não está totalmente sob o controle de qualquer um dos Espíritos-Grupo que guiam seus pais. Se os híbridos pudessem se propagar, eles ficariam ainda mais longe da orientação e do controle do Espírito-Grupo; seria uma onda desamparada no mar da vida, não tendo nem instinto nem razão. Portanto, os Espíritos-Grupo retiram beneficamente o Átomo-semente necessário à fertilização dos híbridos, que são, portanto, estéreis.O fato observado cientificamente de “hemólise”, ou destruição de sangue quando misturado artificialmente, também tem um importante papel nesse assunto. Isso é totalmente elucidado no Livro Conceito Rosacruz do Cosmos, para o qual os estudantes que desejam investigar o assunto em profundidade farão bem em se referir.
Este fato, tão aparente que não pode escapar da percepção do observador mais superficial, não é claramente explicado pelo ocultismo oriental, mas recebe tratamento completo e lógico no Ensinamento da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes.
As plantas extraem seu sustento do solo, os animais se alimentam das plantas e os seres humanos tomam seu alimento dos reinos inferiores. Assim, em última análise, todas as formas minerais, vegetais, animais e humanas são compostas dos mesmos constituintes químicos da Terra.
Além deste mundo de forma física que vemos, há domínios invisíveis aos olhos, mas perceptíveis por um sexto sentido latente na maioria, mas despertado em alguns. Esta visão espiritual revela a existência de:
Como uma forma construída de matéria química é necessária para a vida no Mundo Físico, também é necessário ter um veículo feito da substância dos outros reinos da natureza, a fim de expressar suas qualidades. Além disso, a vida em evolução está sempre buscando a expansão da consciência. Para isso, as formas se tornam mais complexas à medida que subimos na escala do mineral para o ser humano, e veículos invisíveis também são adicionados à forma física. O ser humano só tem veículos que o correlacionam a todos os quatro reinos, o que resulta em quatro estados de consciência análogos aos possuídos pelos quatro reinos:
Em sessões espirituais, entidades invisíveis realizam a proeza de materialização extraindo do corpo de um médium, formando-o como desejam, e enchendo essa urdidura a qualquer densidade desejada com uma trama de partículas físicas flutuando na atmosfera. O corpo do médium é assim separado dos veículos superiores que o ligam ao espírito, daí o médium está em um estado de profunda inconsciência que chamamos de “transe”. Como o mineral tem apenas um corpo físico, pode-se dizer que ele tem uma consciência de transe.
Quando olhamos para uma pessoa envolvida em um sono sem sonhos, o corpo parece inerte; mas quando focalizamos nossa visão espiritual sobre a pessoa dormindo, vemos uma atividade interior. Os processos de digestão, assimilação, secreção, etc., são levados a um propósito ainda melhor do que no estado de vigília. Isto é porque o Corpo Denso é interpenetrado por um Corpo Vital feito do Éter, mas os veículos superiores flutuam alguns metros acima do Corpo Denso. Quando examinamos as plantas, descobrimos que elas também têm um Corpo Denso e um Corpo Vital, que lhes permite digerir e assimilar alimentos, respirar o ar, etc., e podemos, portanto, dizer que as plantas têm uma consciência análoga ao sono sem sonhos.
Às vezes, quando estamos indevidamente atentos aos assuntos deste mundo, os veículos superiores não se separam adequadamente quando vamos dormir. Os Corpos Densos e Vitais são então parcialmente interpenetrados pelo Corpo de Desejos que gera emoção e incentivo ao movimento. Devido aos centros de sentido de nossos veículos mais elevados estarem inclinados em relação ao nosso cérebro, vemos uma galáxia de imagens de sonhos selvagens, e somos atirados sobre a cama sob o balanço das emoções causadas por essas visões. Não podemos raciocinar sobre eles, pois a Mente está fora do Corpo Denso e, portanto, aceitamos inquestionavelmente até as situações mais impossíveis.
Um Corpo Vital e um Corpo de Desejos interpenetram o Corpo Denso de animais, mas não são concêntricos com ele. Imagens são projetadas pelo sábio Espírito-Grupo nesses Corpos, e os animais, sem Mente, seguem cegamente o curso sugerido por essas imagens. Assim, vemos que a consciência dos animais é análoga ao nosso próprio estado de sonho, com a importante diferença de que as imagens sugestivas projetadas pelo Espírito-Grupo não são irracionais, mas encarnam uma sabedoria maravilhosa que chamamos de instinto.
A inteligência supernormal e a razão observável em animais domesticados são induzidas pela associação com o ser humano, no mesmo princípio que a eletricidade da baixa tensão é induzida quando um fio não carregado é trazido próximo a outro que carrega uma corrente da tensão elevada.
No estado de vigília todos os veículos do ser humano são concêntricos, e ele tem a capacidade da vontade e razão. O mineral não pode escolher se cristalizará ou não, nem a planta tem a livre vontade; ela é obrigada a florescer por condições fora de seu controle. O leão deve caçar, e o coelho deve entrar na toca. Cada espécie tem certos hábitos genéricos, e todas as plantas ou animais separados de uma determinada família agem da mesma forma sob condições semelhantes, porque é impelido à ação pelo Espírito-Grupo comum. Portanto, se conhecemos os hábitos de qualquer animal, conhecemos as características de toda a família. Não é assim com o ser humano, QUE É GUIADO DE DENTRO. Cada um é uma espécie, uma lei em si mesmo, e não importa quanto estudamos, nunca podemos dizer o que alguém fará em um determinado caso, sabendo como outro agiu. Nem podemos escrever a biografia de uma rosa, ou de um leão. Apenas um ser humano, cuja vida é diferente de todos os outros, pode ser assim esboçado.
Assim, a supremacia mental e moral do ser humano sobre os animais e os reinos inferiores se deve ao fato de que ele é um ego individual, habitante, conhecendo a si mesmo como “EU SOU”, uma denominação não aplicável a um animal. O ser humano é capaz de iniciar a ação de dentro por um “EU QUERO”, enquanto os animais são guiados de fora por um Espírito-Grupo e não têm vontade própria.
Aqui também os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental é mais abrangente e explícito que o ocultismo oriental. Distingue-se entre:
Durante o período de involução, quando o ser humano estava construindo seus Corpos e estava em contato mais íntimo com os Mundos espirituais do que agora, esses órgãos eram veículos de consciência por meio dos quais ele entrava em contato com os mundos internos que eram, então, tão reais para ele quanto o mundo físico é hoje. Mas à medida que mergulhava mais profundamente na matéria e começava a focalizar sua consciência aqui, esses órgãos eram um obstáculo, pois por meio deles sua atenção era desviada da obra do Mundo Físico. Por isso ficaram adormecidos. O ser humano, no entanto, evolui em espiral, e à medida que ele se eleva para cima, esses centros tornar-se-ão novamente ativos para lhe permitir recontatar os Mundos espirituais. Portanto, eles não se atrofiaram como teriam feito se seu propósito tivesse sido inteiramente servido.
Depois de muitos anos de estudo das glândulas de secreção interna, o Dr. C. E. de Sajons publicou um profundo tratado sobre o Corpo Pituitário, onde ele mostra que este órgão exerce um controle central sobre todo o nosso organismo físico; que, em vez de ser um órgão rudimentar ou atrofiado, como os fisiologistas têm afirmado há muito tempo, serve como ponto de controle sobre o Corpo. O sistema nervoso simpático, as secreções vitais da Glândula Tireoide e as Suprarrenais são reguladas por conexão direta com o Corpo Pituitário, bem como o trato digestivo e os nervos vasodilatador e vasoconstritor. Estas declarações científicas sobre a importância do Corpo Pituitário para o nosso sistema físico são especialmente interessantes à luz dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental sobre a função futura deste órgão.
O coração pertence a esta classe. É um músculo involuntário, mas é investido com as listras transversais peculiares aos músculos voluntários, e estas listras transversais tornar-se-ão mais e mais fortes, como o Ego ganha o controle sobre este órgão. Todos os músculos são a expressão do Corpo de Desejos, e quando o ser humano evolui os desejos espirituais e cresce em poder espiritual, o coração se tornará um músculo voluntário e a circulação do sangue passará sob controle voluntário. Então, ele terá o poder de reter o sangue das áreas do cérebro dedicadas a propósitos egoístas e dirigi-lo para outros centros dedicados a ideais altruístas.
Nas escrituras cristãs as doutrinas seguintes recebem grande destaque:
A doutrina do sangue é escrita em todas as páginas da Bíblia desde Gênesis até o Apocalipse. É inegável que o sangue é a base de todas as formas com vida senciente; mas até onde a escritora tem sido capaz de aprender, o ocultismo oriental não tem uma palavra sobre esse assunto importante. Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, por outro lado, lança uma luz sobre o “Mistério do Sangue” que esclarece muitos dos problemas mais intrincados da vida. Tais Ensinamentos apresentam várias ideias extensas e profundas sobre o sangue. Eles denominam o sangue de “terreno vantajoso do espírito”, o veículo direto e individual pelo qual o ser humano, por meio do seu calor, controla e dirige seu corpo físico.
Quando o ser humano entrou no reino humano e estava desenvolvendo sua individualidade, o controle sobre suas ações foi, em certa medida, exercido pelo ESPÍRITO DE RAÇA, que, de uma maneira um tanto análoga ao controle do Espírito-Grupo sobre o reino animal, manteve o domínio sobre eles preservando a pureza do sangue tribal ou familiar; quanto mais íntimo o entrelaçamento de sangue pelo casamento no clã, casta ou tribo, mais forte o poder do Espírito de Raça. Como o sangue é o veículo do Ego, o portador de seus sentimentos e emoções e o gravador de sua memória, o entrelaçamento do sangue da família teve o efeito de reproduzir as imagens mentais dos pais em seus descendentes, que se viam nessa Memória da Natureza, através de uma longa linhagem de antepassados. Os acontecimentos na vida de seus antepassados assim pareciam ter acontecido a si mesmos. Foi através dessa consciência comum ou memória que se disse que um indivíduo viveu muitas gerações. Quando lemos que Adão viveu 900 anos e os patriarcas viveram durante séculos, significa que eles não viveram tanto tempo, mas que seus descendentes se sentiram como Adão, Matusalém, etc., porque o sangue ancestral, transmitido diretamente através de casamentos dentro da tribo, clã ou nação, era o armazém de toda a experiência, e carregava os retratos da memória da vida destes patriarcas. Assim, certas faculdades e traços foram construídos e o tipo fortalecido até que a humanidade pudesse caminhar com seus próprios pés, sem o auxílio do espírito da família ou da raça. Nos princípios da evolução do ser humano na busca do estado de consciência de si mesmo, ele viveu sob o reinado da lei, que submeteu o indivíduo à nação, tribo ou família.
Há evidências de que os primeiros judeus tinham um ensinamento especial sobre o sangue, como mostrado no versículo 14 do capítulo 17 do Livro de Levítico, onde foram proibidos de comer o sangue porque a “alma de toda a carne está no sangue”. Entre eles, o Espírito de Raça era mais forte do que o indivíduo, pois todo judeu pensava em si próprio primeiro como pertencente a uma certa tribo ou família, e seu maior orgulho era ser “semente de Abraão”.
Os Semitas originais foram os primeiros a desenvolver o livre arbítrio. Em certa medida, romperam com o Espírito da Raça ao se casarem com outras tribos, e essa introdução de sangue estranho interrompeu a consciência comum que compartilhavam com seus antepassados e que foi substituída pela consciência individual. Mas por esse ato, também, gradualmente perderam a chamada “segunda visão”, mantida até hoje por muitos escoceses que se casam dentro do clã.
O grande significância da Religião Cristã reside no ensinamento de que Cristo veio preparar o caminho para a emancipação da humanidade da influência do Espírito de Raça e unir a multiplicidade das raças numa fraternidade universal; para substituir o reino da lei pelo reino do amor e auto sacrifício; para incutir na nova raça o ideal da AMIZADE UNIVERSAL, um ideal que acabará por nivelar todas as distinções e trazer paz sobre a terra e boa vontade entre os seres humanos. Ele trouxe uma espada por causa da paz final, pois o Reino de Deus só poderá ser construído depois que o reino dos homens seja destruído – o Reino de Deus, que é construído DE DENTRO mediante o livre arbítrio do ser humano como um indivíduo auto-governante, cooperando com a vontade divina.
O ser humano está construindo em todos os Mundos e, apesar de, às vezes, parecer que ele está apenas construindo para o eu separado, existe no mundo atual um ideal de amizade e altruísmo que era pouco conhecido nas civilizações antigas. Através desta expressão de altruísmo, o ser humano está evoluindo para a perfeição de seu CORPO VITAL, QUE É A MAIOR EXPRESSÃO DO SANGUE. Este veículo é também o assento da memória e está correlacionado com o Espírito de Vida unificador. Os corpúsculos sanguíneos dos animais inferiores são nucleados, e esses núcleos são a base para a atuação dos Espíritos-Grupo, que controlam cada espécie por meio desses centros de vida. Quando a individualidade evolui, os núcleos desaparecem, como nos mamíferos superiores que estão se aproximando da individualização. No feto humano os corpúsculos sanguíneos são nucleados durante as primeiras semanas, enquanto a mãe trabalha no corpo; mas estes, o Ego, que renascerá nesse corpo, desintegra esses núcleos, quando toma posse de seu corpo como um indivíduo, pois não pode haver outro princípio governante onde o espírito é residente. Assim, o sangue de cada ser humano é diferente do sangue de qualquer outro indivíduo, fato esse que logo será descoberto pela ciência. Nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental nos é ensinado que o Corpo Vital será nosso veículo mais denso no próximo ciclo ascendente, portanto a necessidade de seu desenvolvimento apropriado é prontamente necessária. Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental fornecem explicações claras sobre os Éteres constituintes do Corpo Vital, suas funções no desenvolvimento do ser humano e a relação do desenvolvimento do Corpo Vital com a segunda vinda de Cristo. Inclui instruções para esse desenvolvimento, purificando o sangue, e este método é adequado à Mente e ao Corpo que evoluímos sob os ideais modernos e progressistas do Ocidente. É um MÉTODO OCIDENTAL PARA POVOS OCIDENTAIS; portanto, é seguro e certo, como a escritora sabe por experiência.
À medida que estudamos mais de perto esses ensinamentos maravilhosos, podemos entender o intrincado problema do sangue racial que tem desempenhado um papel tão importante na história do mundo e na perpetuação de ideias familiares, tribais e nacionais. A ciência ainda está procurando seu significado; reconhece o fato de que a transfusão de sangue de um animal de uma espécie superior para um de espécie inferior mata o último (hemólise). Contudo, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental explica que à medida que a humanidade evolui para a estatura divina, a mistura do sangue humano se tornará impossível. Em uma idade distante, a propagação da raça não será mais necessária, pois o ser humano terá aprendido a criar a partir de dentro de si, PELA PALAVRA. Ainda hoje o ser humano está construindo um Corpo mais sutil e melhor do que no passado, mais flexível, mais adaptável; ele está aprendendo a conhecer suas funções e está começando a se libertar da influência cristalizadora do sangue racial e a se tornar um cidadão do mundo.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental também dão a solução do problema do sexo e seu propósito. “O próprio Ego, ao contrário da ideia geralmente aceita, é bissexual”. Essa dualidade não se manifesta como sexo nos mundos internos, mas como vontade e imaginação, representando as forças solar e lunar, respectivamente. Durante a época em que a Terra estava dentro do Sol “as forças solares abasteciam o ser humano com todas as substâncias necessárias, e ele, inconscientemente, irradiava o excedente para o propósito da propagação”. Mas quando o Ego começou a habitar dentro do corpo e a controlá-lo, foi necessário usar parte dessa força criadora para construir um cérebro e uma laringe para que o ser humano pudesse ser equipado com instrumentos para a auto expressão. À medida que o corpo físico se tornava ereto, a dupla força criadora foi dividida, uma parte sendo dirigida para cima para construir o cérebro e a laringe e a outra para baixo para construir os órgãos que servem para a procriação. Como resultado dessa mudança, apenas uma parte da força essencial para a criação de outro corpo estava disponível em cada indivíduo e a cooperação de outro se tornou necessária para a propagação. Assim, o ser humano obteve a consciência do cérebro ao custo de metade de seu poder criador, mas ganhou um instrumento com o qual ele poderia criar no Mundo do Pensamento, nos domínios da música, poesia e arte e entrar na herança da beleza do mundo; e se por esse ato seus olhos foram abertos ao conhecimento da morte, dor e tristeza, eles também foram abertos ao conhecimento de sua própria divindade e ao conhecimento da lei do sacrifício, amor e serviço. O ocultismo oriental ensina o fato da separação em sexos, mas os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental MOSTRAM O PROPÓSITO DA SEPARAÇÃO.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental também têm uma explicação lógica para a mortalidade infantil, que provocado tanta tristeza e sofrimento ao mundo; é realmente uma ação misericordiosa da lei beneficente que previne uma calamidade maior ainda. Uma compreensão do funcionamento dessa lei nos mostrará como podemos prevenir essa anormalidade e nos salvar do incidente de sofrimento da partida prematura desses raios de sol muito amados, os quais, aliás, frequentemente deixam nossa terra fria e desolada.
Imediatamente após a morte o panorama da vida que acaba de finalizar passa diante do espírito. Pela contemplação, o panorama é gravado no Corpo de Desejos, e quando o Ego entra no Mundo do Desejo, ele sente, de uma forma incompreendida por nós neste presente estado, os erros da vida passada, enquanto passa pelas cenas onde fez algo de errado. Isto é o Purgatório, e com o sofrimento a alma tece a CONSCIÊNCIA para se proteger de maus atos em vidas futuras. Ele também goza as virtudes com uma intensidade inacreditável das boas obras feitas na vida passada. Isto é o Primeiro Céu, e por meio dessa alegria vem o incentivo para viver até IDEAIS ainda maiores no futuro. Assim, o Espírito colhe os frutos de consciência e de aspiração elevada da contemplação imperturbável e do panorama, imediatamente após a morte.
Quando essa contemplação é perturbada, como no caso de morte no campo de batalhas, ou por fogo, afogamento ou outros acidentes, as circunstâncias angustiantes fazem com que seja impossível para o espírito que possa dar a devida atenção ao panorama revisto da vida passada. Esse é também o resultado quando explosões histéricas de familiares agem de forma igualmente desconcertantes. Em tais condições a gravação no Corpo de Desejos é fraca, e consequentemente as sensações de alegria e tristeza não são sentidas com o entusiasmo na existência post-mortem para gerar a consciência, e que servirá para guiar o espírito em sua próxima vida na terra, ou ideais para encorajá-lo adiante. Semeou, mas não colheu; a vida foi vivida em vão, e em sua próxima vida na Terra o ser humano ainda estará sujeito aos vícios da vida que acabou de passar; as virtudes adquiridas na vida anterior teriam que ser trabalhadas novamente. Assim, o Espírito seria lançado ao mar da vida como um navio sem bússola para guiá-lo em seu refúgio de descanso, e seria condenado a uma vida à deriva e sem rumo. Estranho como possa parecer, a mortalidade infantil, sob tais circunstâncias, foi desenhada pela bondade amorosa de Deus, para evitar essa calamidade causada pela selvageria, descuido ou falta de consideração, e dar ao espírito entrante um começo justo na vida. O método para atingir esse objetivo é o seguinte:
Em seu caminho para o renascimento o espírito recolhe material para sua nova Mente, Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso. Como o período de gestação precede ao nascimento do Corpo Denso, assim acontece com as vestes mais finas. O nascimento do Corpo Vital, aos sete anos, inaugura o crescimento rápido; do Corpo de Desejos, aos catorze anos, traz a adolescência e emerge a idade emocional; e aos vinte e um anos, quando a Mente nasce, a razão ilumina o caminho para subjugar as emoções e guiar-nos pela vida.
O que não nasceu também não pode morrer; e quando um Corpo Denso de uma criança morre antes da idade da adolescência, a gestação do Corpo de Desejos será completada no Primeiro Céu, uma parte do Mundo do Desejo (chamado de “Terra do Verão” por alguns) onde os ideais nobres e a aversão ao mal são instilados por professores devotados. Ali são ensinadas às crianças a moralidade superior, enquanto ficam engajadas em brincar com cores e brinquedos vivos tão lindos, que se pudéssemos vê-los, nós iríamos esquecer nosso sofrimento e agradecer a Deus por Sua bondade. Após alguns anos esses sortudos, muitas vezes, renascem na mesma família, mais nobres do que eles seriam se eles não tivessem a experiência resultante de uma morte na infância.
O Ocultismo Oriental nos diz que não devemos lamentar por aqueles que passam, porque o nascimento é tão certo para os que morrem como a morte é para os que nasceram. Isto é verdadeiro, mas é tão frio como o ocultismo em si. A mortalidade infantil é tão triste, aparentemente é uma anormalidade da natureza, que desejamos um raio de esperança para confortar nossos corações doloridos quando o Anjo da Morte toma o sol de nossos lares. Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental falam para o Coração e a Mente igualmente; nos mostram uma lei trabalhando para o bem, para corrigir nossos erros; iluminam o caminho do sofrimento com um raio de esperança, e nos mostram como podemos nos salvar desse sofrimento em vidas futuras, abolindo a Guerra, cuidando para evitar acidentes, e sendo atenciosos com a partida de amigos na hora de sua morte, não os distraindo com lamentações egoístas.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental dão inestimáveis instruções no cuidado dos moribundos e mostram como podemos ajudá-los, na hora da passagem, a realizar o maior crescimento de alma possível da vida que acaba de terminar. Portanto, esses ensinamentos são de benefício prático em cada contingência da vida e da morte.
Embora a ideia de que a morte é apenas um deslocamento de atividades deste Mundo Físico para Mundos mais sutis, o Mundo celestial, é aceita pelos estudantes mais sérios, os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental explica o funcionamento da lei natural, em relação à duração da vida terrena e ao colapso do Corpo Denso. O ser humano constrói o arquétipo de seu Corpo Denso no Mundo Celestial. Este arquétipo é, naturalmente, construído de acordo com suas capacidades inerentes. Às vezes, uma vida se prolonga para além da duração normal, quando os Seres Compassivos percebem que ela pode colaborar mais, mas de modo geral o arquétipo persiste até que a vibração, iniciada no nascimento, cesse.
Quando a vida física chega ao fim, a ascensão do Espírito é retardada pela matéria do desejo que se agarra a ele, depois que o Cordão Prateado foi rompido. A partir disso, ele procura se libertar por força centrífuga, seguindo a mesma lei natural pela qual um Planeta se liberta da parte que está se cristalizando em si mesmo. Então, primeiramente, a matéria mais inferior do Corpo do Desejos é descartada. Ela é eliminada pela força centrífuga da PURGAÇÃO, que arranca o mal e permite que o espírito ascenda às regiões superiores, que constituem o Mundo celeste. Nessa conexão, o ensinamento mais importante dado é a necessidade de gravar corretamente o panorama da vida passada no Corpo de Desejos, para que o Ego possa ver seus sucessos e seus fracassos, onde era forte e onde era fraco; para que ele possa ver o propósito da dor e o caminho que leva à sua erradicação. Cada geração, ao ascender ao Mundo celeste, canta um cântico de suas realizações que ela fez na Terra. Assim, cada uma entoa um canto diferente na harmonia de nossa esfera, e da mesma forma que sementes quando colocadas sobre uma placa de vidro são organizados de maneira diversas, quando tons definidos fazem a placa vibrar, assim estas variações na canção mundial são as causas que mudam o clima, a flora e a fauna terrestre. Se fôssemos aplicados durante a nossa vida anterior, ao chegarmos ao Mundo celeste, cantaríamos sobre uma terra de abundância, e seria isso que nós encontraríamos quando retornassem. Se negligenciarmos a nossa terra e passarmos nosso tempo na especulação metafísica, nossa canção no Mundo celeste será muito diferente, e quando retornamos à vida terrena, nos encontraremos em uma terra de fome, inundação e desolação. Todas as coisas no céu e na terra são governadas pela Lei de Consequência, que é imutável e que mantém o equilíbrio do mundo.
Enquanto os pontos anteriores são importantes para mostrar os conceitos superiores dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental em relação aos do ocultismo Oriental, eles se tornam insignificantes em comparação com as diferenças entre os dois ensinamentos referentes ao Cristo, a Sua identidade, a Sua missão, e a natureza do Seu advento. Sobre este ponto importante, diz Edith Ward em The Occult Review[4], há uma diferença tão radical e irreconciliável que ambos não podem ser, simultaneamente, verdadeiros. Ela chega a esta conclusão comparando o Livro Conceito Rosacruz do Cosmo, de Max Heindel, com os escritos de um líder da principal sociedade que promulga o hinduísmo entre os povos do Ocidente.
Até novembro de 1909, quando o Conceito Rosacruz do Cosmo foi publicado, esta sociedade tinha muito pouco a dizer sobre um Cristo; mas desde então eles têm feito disto uma característica. Em um de seus livros mais recentes, seu líder afirma que as vidas de Cristo sempre tiveram uma relação muito estreita com os membros mais dedicados desta sociedade. Jesus é dito ter recentemente renascido como um hindu, e no momento está à cargo desse líder, que afirma estar preparando-o para o governo espiritual do mundo.Nós não temos nenhuma discussão com aqueles que acreditam nisso. É contrário à política da Fraternidade Rosacruz falar de forma depreciativa de pessoas de outra crença ou burlar de suas crenças sinceras; mas reivindicamos o direito ético de comparar os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, que está em pleno acordo com as escrituras cristãs em que acreditamos, com os Ensinamentos da escola do Oriente, que tem o propósito de mostrar que o Cristo a quem todos os cristãos procuram por luz e esperança NÃO é o Cristo proclamado por esta sociedade.Com esse objetivo há referências mais volumosas, mas a seguinte será suficiente. As letras “X” e “Z” são usadas para designar duas citações de escritores da escola do Oriente.De acordo com “X”, afirma-se que “quando chegou o momento em que era esperado que a humanidade estivesse pronta para cuidar de si mesma, os mais avançados que haviam alcançado o estágio de adeptos eram dois amigos ou irmãos cujo desenvolvimento tinham o mesmo grau. Estes foram Lord Gautama e Lord Maitreya. O primeiro foi quem atingiu o estágio primeiro, o outro o seguiu, porém, centenas de anos mais tarde …. Buda cedeu seu cargo de governante da Religião e educação para Lord Maitreya, a quem o povo ocidental chama de Cristo, e que tomou o corpo do discípulo Jesus, durante os últimos três anos de sua vida no plano físico …. Senhor Maitreya teve vários nascimentos antes de ter o ofício que possui agora”. “Z” traça uma linha semelhante de nascimentos -“O Senhor Maitreya, no devido tempo, apareceu como Shri Krishna, e faleceu em idade adulta precocemente, voltando para sua casa no Himalaia. Então ele veio novamente, usando o corpo de seu querido discípulo, Jesus, o hebreu, e por três anos brilhou na perfeita ternura de Cristo…. e agora novamente nós estamos esperando, por Sua vinda”.Mas que essas pessoas não esperam o Cristo dos Evangelhos, ou do mundo cristão e dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental é um fato que se há de se cuidar de imprimir sobre seus leitores, como se segue:“Z” Escreve:“Ao considerar o retorno do Cristo quero distinguir claramente entre o Cristo dos evangelhos e a quem eu me refiro. Tudo o que eles têm em comum é o nome Jesus…. É necessário enfatizar o fato que o Jesus, cujo imediato retorno eu espero, não pode de forma alguma ser confundido com o seu Cristo …. Se você permanecer fiel em suas escrituras – cuja autenticidade eu nego – eles irão protegê-lo contra …. confundindo o profeta cujo imediato retorno proclamo e o Cristo dos Evangelhos”.“X” diz:“Quando examinamos através da clarividência a vida do fundador do Cristianismo…. nós não encontramos vestígio dos doze Apóstolos…. O autor dos evangelhos parece ter concebido a ideia de lançar alguns dos grandes fatos da iniciação em um forma narrativa e misturando-os com alguns pontos fora da vida do Jesus real, que nasceu 105 a.C”.Com isto “Z” concorda:“Sua fé na sua divindade surge de sua fé na história de sua vida, como registrado por seus discípulos. Mas tanto quanto eu sei, estes Discípulos nunca existiram, e a história de sua vida, e a deles é uma criação da IMAGINAÇÃO…. o Cristo a quem me refiro…. viveu na terra cerca de um século antes do tempo que se supõe que esses eventos ocorreram na Palestina, mas não foi assim”.Não parece estranho que escritor a que repudia as escrituras Cristãs e qualifica a história de Cristo e Seus Apóstolos como uma invenção da imaginação, exclama pateticamente como segue, o motivo pelo qual o novo Cristo é repudiado por muitos membros de sua sociedade:“Será que a história irá se repetir e a história da Judeia, de Jerusalém, e até mesmo do calvário mais uma vez acontecerá?”.Como pode repetir-se algo que nunca aconteceu? E não é estranho que um líder que faz uma campanha mundial repudiando o Cristo do Mundo Ocidental e das escrituras Cristãs e que anuncia outro Cristo, assumindo dizer:“Eu quase nada sei deste Jesus, cujo retorno eu prevejo”.Não é estranho que alguém que diz sem rodeios e sem reservas, “Eu não sou um Cristão”, deveria ter sido confiada a grande missão de proclamar o retorno de Cristo?Deixe o leitor responder a estas perguntas e ele pensar nas evidências dos méritos. Mas nós acreditamos, ou melhor, nós sabemos que o Cristo de todos os Cristãos devotos e crentes é totalmente diferente do anunciado pelos novos líderes da escola oriental do ocultismo.
Os ensinamentos da Sabedoria Ocidental fornecem uma descrição abrangente da cosmogênese. Três grandes Períodos evolutivos precederam nosso estado atual. O Pai é o Iniciado mais elevado do primeiro ou do Período Saturno. O Filho (Cristo) é o mais elevado Iniciado do segundo ou Período Solar, e Jeová é o mais elevado Iniciado do terceiro ou Período Lunar.
Sob o regime de Jeová e seus Anjos a separação dos sexos ocorreu e também uma divisão da humanidade em tribos e nações. A natureza do desejo era desenfreada, e por isso as Leis foram dadas, e “o temor do Senhor” foi colocado contra “os desejos da carne”. Todas as Religiões de Raça foram concebidas por Jeová, cada uma adaptada à nação particular a quem foi dada. Todas essas formas de culto se destinavam a preparar a humanidade para o reinado de Cristo, cuja missão é nos emancipar do Estado de direito, segundo o qual tudo é pecado; substituindo pelo reino do Amor, onde tudo servirá.
Jeová trabalhou na Terra e na humanidade, DE FORA, da mesma forma que os Espíritos-Grupo trabalham com os animais. Mas há 2.000 anos, no Batismo, o Espírito de Cristo tomou os Corpos Denso e Vital de Jesus e até a tragédia no Gólgota, quando entrou na Terra e tomou posse como Espírito planetário. Imediatamente Cristo começou a purificar o Mundo do Desejo, que estava repleto de brutalidade e do egoísmo gerados sob a Lei, e também a irradiar o amor e o altruísmo, que permeia, lenta e seguramente, o Mundo. Assim, com o tempo, certamente veremos “paz na terra, boa vontade entre os homens”[5].
Mas o Grande Sacrifício SOMENTE COMEÇOU no Gólgota; o Cristo ainda está “gemendo e trabalhando”, e deve continuar a fazê-lo “até o dia da manifestação dos Filhos de Deus” [6], o dia em que teremos evoluído o suficiente para guiar o nosso próprio Planeta em sua órbita e cuidar dos nossos irmãos mais fracos. Não esqueçamos que podemos acelerar ou retardar o dia da Sua vinda pelos tipos de vidas que vivemos. Se vivemos para o Mundo, prolongamos a Sua prisão e agonia; e, portanto, se deve observar sua última admoestação, para que tudo o que fazemos, seja feito EM MEMÓRIA DELE; pois então estaremos trabalhando para liberá-Lo, acelerando assim o tempo em que O encontraremos “no ar”, à medida que Ele for saindo do centro da Terra em direção à superfície e, então, para o Sol, de onde Ele veio.
O trabalho da raça ariana é a evolução da razão; conseguiu bem cumprir esse propósito. Mas, doravante, a humanidade deve aprender a iluminar a sua razão pela luz interior do espírito e unir o seu CONHECIMENTO CEREBRAL com o conhecimento do CORAÇÃO. Deve aprender a iniciar por meio de seu próprio livre arbítrio toda ação de dentro, e essa ação deve resultar em Serviço.
Foi dito que a “a flor da Religião sempre foi dada para a flor da humanidade”, e que religiões mais gloriosas ainda estão por vir. No entanto, o mundo de hoje está apenas começando a ter fracos vislumbres da elevada missão de Cristo, que é elevar a humanidade para a realidade vivente da FRATERNIDADE UNIVERSAL.
Nos Ensinamentos de Mistérios Atlante, registrado no Antigo Testamento, descobrimos que o ser humano, por sua própria liberdade, comeu da “Árvore do Conhecimento”, que trouxe dor e morte ao Mundo e, como resultado, ele foi “expulso do jardim de Deus, vagou pelo deserto do mundo”[7]; que Deus, por piedade, fez uma aliança com o ser humano; que um Tabernáculo foi construído, dentro do qual foi colocada a Arca, simbolizando o espírito humano, que nunca morre; que os bastões da Arca nunca foram removidos, para que o ser humano, um peregrino, nunca descanse até alcançar, por sua própria vontade, o objetivo humano. Dentro desta Arca estava o “pote de maná dourado”, MAN, caído do céu, juntamente com uma declaração de leis divinas que ele deve aprender em sua “peregrinação pelo deserto da matéria”; havia, também, o “bastão mágico” de Aarão, o símbolo do poder espiritual, que está dentro de cada um, exortando-o a caminhar para Templo Místico de Salomão[8]. No Antigo Testamento é detalhada a descendência do ser humano que desceu do céu, suas transgressões aos mandamentos de Jeová, que o orientaram e o guiaram com dor e tristeza pelo deserto da matéria em direção ao reino da paz, que será conduzido por Cristo.
O mundo já começou a viver os ensinamentos internos do Cristianismo, mas de maneira bem parcial; apenas ligeiramente começou a entender seu significado; ainda que lenta, mas seguramente, estamos a caminho do próximo ciclo de progresso, a grande Sexta Época, da qual Cristo deve ser o líder, uma Época que congregará toda a humanidade, seja “Filhos de Caim” ou “Filhos de Seth”, para trabalhar em harmonia no Reino de seu Senhor; a Época que os raios da Rosacruz derramarão a luz do entendimento sobre todas as instituições dos seres humanos, de modo que toda diferença se transformará em serviço amoroso e desinteressado para o bem de todos, e a amizade unirá as almas dispersas no Reino de Cristo. Quando Ele aperfeiçoar completamente a unificação do Reino, Ele o cederá ao Pai, conforme indicado na Bíblia.
Nos Ensinamentos de Mistérios Ocidental é revelada a missão de Cristo, que veio mostrar e preparar o caminho para o Seu Reino e que não só os atrasados podem ser elevados, mas que todos os que estão prontos para entrar na senda reta e estreita podem encontrar a Luz e o Caminho. Já não é Ele “o que virá”, mas o ÚNICO QUE VOLTARÁ. NUNCA APARECERÁ NOVAMENTE EM CARNE – pois, como disse São Paulo, a carne não pode herdar o Reino – mas em CORPO-ALMA. Quando a humanidade evoluir a consciência etérica poderá encontrá-Lo “no ar”. Mas “daquele dia e hora, ninguém conhece, nem mesmo os Anjos que estão no céu, nem o Filho, mas o Pai”. Então, a Lei que foi dada por Moisés será substituída pela “graça e verdade que veio por Jesus Cristo”[9], e a humanidade que surgiu no seu curso designado testemunhará como filhos legítimos de Deus que é possível obedecer ao comando divino: “Sede perfeitos, assim como o vosso Pai Celestial é perfeito”[10].
CONCLUSÃO
Nas páginas anteriores, abordamos, um pouco, a riqueza da sabedoria encontrada nos Ensinamentos do Mistério Cristão difundidos por meio da Fraternidade Rosacruz. Mas foi suficiente para convencer qualquer pessoa familiarizada com o ensino do ocultismo oriental e que esteja aberta à convicção. Embora ambos contenham as mesmas grandes verdades básicas comuns a todas as religiões, antigas e modernas, estão muito longe de ser O MESMO e que os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental está tão longe do ocultismo oriental como BUDA, a luz da ÁSIA, ESTÁ DISTANTE DO NOSSO GLORIOSO CRISTO, A LUZ DO MUNDO, cuja chegada assistimos e oramos.
Fim de
[1] N.T.: do poema: The Present Crisis de James Russell Lowell (1819–1891)
[2] N.T.: do capítulo XV – Cristo e Sua Missão do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel
[3] N.T.: Gorilas, Orangotangos, Chimpanzés e Bonobos são os antropoides superiores.
[4] N.T.: The Occult Review foi uma importante revista britânica que existiu de 1905 até 1951 com Ralph Shirley como editor, este que foi vice-presidente do Instituto Internacional de Investigação Psíquica. A revista foi chamada por algum tempo como The London Forum. A descrição da revista dizia “ Revista mensal devotada a investigação do sobrenatural e o estudo de problemas psicológicos.”.
[5] N.T.: Lc 2:14
[6] N.T.: Rm 8:19
[7] N.T.: do Livro Maçonaria de Catolicismo – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
[8] N.T.: Veja mais sobre a simbologia do Tabernáculo do Deserto no livro Iniciação Antiga e Moderna – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz.
[9] N.T.: Jo 1:17
[10] N.T: Mt: 5:48
As informações contidas nesse livreto foram trazidas das conferências e de outros escritos de Max Heindel e publicadas de tempos em tempos, em forma de revista ou trechos em livros.
Esse humilde esforço pretende ser uma inspiração para aqueles que tenham vislumbrados a Centelha de Luz e Amor Divinos, e que está se esforçando para alcançar aquela última meta que foi alcançada por Cristo Jesus a mais de dois mil anos no Gólgota.
O que Ele conseguiu, naquela ocasião, é a tarefa que se defronta a todos e a cada um de nós.
Quando tivermos submetido totalmente ao Eu Superior ou Cristo-interno, então virá a ressurreição ou a completa libertação da matéria.
Então, nós podemos dizer com Cristo: “Está consumado”.
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Há 4 meios de você acessar esse Livro:
1.Em formato PDF (para download ou imprimir):
Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel
2.Em formato de audiobook ou audiolivro:
Audiobook – Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel
3. Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/c/TutoriaisEstudosFraternidadeRosacruzCampinas/featured
aqui:
Interpretação Mística da Páscoa – Max Heindel em videobook
4. Para estudar no próprio site:
INTERPRETAÇÃO MÍSTICA DA PÁSCOA
Por
Max Heindel
(1865-1919)
Compilado de vários escritos e conferências de um místico
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, The Mystical Interpretation of Easter, editada por Max Heindel
1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
PREFÁCIO
As informações contidas nesse livreto provêm das conferências e escritos de Max Heindel, e foram publicadas uma e outra vez em forma de artigos de revista e/ou em livros. O Boletim Echoes, editado pela primeira vez em junho de 1913, por Max Heindel, contém uma grande quantidade de conhecimentos e sabedoria sobre esse e outros importantes acontecimentos de significado místico. Alguns capítulos sobre a Páscoa são, também, encontrados nos livros Coletâneas de um Místico e Ensinamentos de um Iniciado.
Esse humilde esforço pretende ser uma inspiração para aqueles que tenham vislumbrados a Centelha de Luz e Amor Divinos, e que está se esforçando para alcançar aquela última meta que foi alcançada por Cristo Jesus a mais de dois mil anos no Gólgota. O que Ele conseguiu, naquela ocasião, é a tarefa que se defronta a todos e a cada um de nós. Quando tivermos submetido totalmente ao Eu Superior ou Cristo Interno, então virá a ressurreição ou a completa libertação da matéria. Então, nós podemos dizer com Cristo: “Está consumado”.
ÍNDICE
UM ACONTECIMENTO DE SENTIDO MÍSTICO
O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA
O SIGNIFICADO CÓSMICO DA PÁSCOA.
QUE FOI FEITO DO CORPO FÍSICO DE JESUS?
“Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém,
se não nasce dentro de ti, tua alma segue extraviada.
Olharás em vão a Cruz do Gólgota,
enquanto não fizeres um Gólgota de teu coração também”.
AngelusSilésius[1]
A canção popular de hoje, que todo mundo canta com entusiasmo, mas que é esquecida amanhã; o espetáculo que é levado à cena, talvez, cem noites seguidas, para depois ser abandonado e relegado ao pó, e todas as outras coisas que são evanescentes demonstram, claramente, que não tem um valor intrínseco. O brilho de uma estrela cadente ilumina o céu por um momento, mas embora o brilho das outras estrelas seja mais fraco e atraia menos a nossa atenção, suas luzes confortam ao caminhante, noite após noite, através dos tempos. Somente as canções que, por seu valor, são reproduzidas sempre de novo, cuja música não nos cansa nunca, têm realmente algo de valioso na vida. O mesmo acontece nos ciclos cósmicos que sempre se repetem, marcados pelas festas do ano. Como elas são recorrentes, sempre nos ensinam as mesmas antigas lições, sempre sob um novo ponto de vista.
O impulso de vida do Cristo Cósmico que entrou na Terra no último mês de setembro, manifestou-se no nascimento Místico no Natal e realizou sua maravilhosa magia de fecundação do mês de setembro até março e se libertou da cruz da matéria para ascender novamente ao trono do Pai, na Páscoa deixa a Terra coberta de uma glória verde dos próximos meses, pronta para as atividades físicas[1].
Como é em cima, assim também é em baixo. Os processos que se desenvolvem em larga escala na Terra manifestam-se, também, no ser humano. Durante os meses de setembro a março nós fomos completamente impregnados pelas vibrações espirituais que predominaram nos últimos meses, muito mais do que foi possível sob as condições mais materiais que prevalecem entre março e setembro. Chegou-nos em setembro com um novo impulso para a vida superior; culminou na Noite Santa, e sua magia trabalhou dentro de nós e em nossas naturezas na proporção que aproveitamos nossas oportunidades. De acordo com a nossa aplicação ou descuido no último período, o progresso será acelerado ou atrasado no próximo período, porque não existem palavras mais verdadeiras do que aquelas que nos ensinam que somos exatamente aquilo que fizermos de nós mesmos. O serviço que prestamos ou deixamos de prestar determina se a nova oportunidade, para um serviço maior, nos proporciona um impulso mais forte para cima; e não será nunca demais repetir que é inútil esperar libertação da cruz da matéria, antes que tenhamos usado nossas oportunidades aqui e, então obter uma mais ampla capacidade de sermos úteis. Os “cravos” que prendem a Cristo na Cruz do Calvário prendem você e eu, até que o impulso dinâmico de amor flua de nós em ondas e correntes rítmicas, tal como a maré de amor que, anualmente, entra na Terra, e a impregna com vida renovada.
Conhecemos a analogia entre o ser humano – que entra nos seus veículos, quando desperta pela manhã, vive neles e trabalha por meio deles, e a noite é um Espírito livre, livre da escravidão do Corpo Denso – e o Espírito de Cristo que mora em nossa Terra, uma parte do ano. Nós todos sabemos que grilhão e que prisão esse Corpo representa; como nós somos cerceados pelas doenças e sofrimentos, porque não existe ninguém que esteja sempre em perfeita saúde, de maneira que nunca estamos livres de sentir as ânsias de dor, pelo menos ninguém que esteja no estreito caminho espiritual.
A mesma coisa acontece com o Cristo Cósmico, que dirige Sua atenção para a nossa pequena Terra, focando Sua consciência neste Planeta, para que tenhamos vida. Ele tem que vitalizar esta massa morta (que nós mesmos cristalizamos fora do Sol) todos os anos; e isso é um grilhão, um peso e um aprisionamento para Ele. Esse é o motivo justo e próprio pelo qual devemos nos alegrar quando Ele chega à época doNatal, todos os anos, e nasce, novamente, no nosso mundo para nos ajudar a transformar para melhor essa massa informe, com a qual nos sobrecarregamos. Nossos corações, nessa época, devem voltar-se para Ele, em gratidão pelo sacrifício que Ele faz por nossa causa, durante os meses de: setembro, outubro, novembro e dezembro, permeando este Planeta com Sua Vida, para despertá-lo da hibernação, no qual permaneceria se não fosse Ele, pelo seu nascimento, para dar-lhe vida.
Durante os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro Ele sofre agonias de torturas, “gemendo, trabalhando e esperando pelo dia da libertação”[2], a qual chega no tempo em que nós falamos nas igrejas ortodoxas: Semana da Paixão, mas nós afirmamos que, de acordo com os ensinamentos místicos, essa semana é exatamente a culminação ou ponto mais alto dos Seus sofrimentos, e que Ele, então, sai de Sua prisão; e quando o Sol cruza o Equador, Ele é suspenso na Cruz, exclamando: “Consummatum est!” – “Está consumado!”[3]; ou “Está cumprido!”. Isto quer dizer que o Seu trabalho, para aquele dia, foi cumprido. Não é um grito de agonia, mas um grito de triunfo, um grito de alegria, pois a hora da libertação chegou e, mais uma vez, Ele pode se elevar, por mais um período, se livrando da prisão e do peso do nosso Planeta.
O ponto para o qual desejo chamar vossa atenção é que deveríamos nos alegrar com Ele, nessa grande, gloriosa e triunfante hora, a hora da libertação, quando Ele exclama: “Está cumprido”. Sintonizemos os nossos corações para esse grande acontecimento Cósmico; alegremo-nos com o Cristo, nosso Salvador, que o tempo de Seu sacrifício anual se completou, mais uma vez; sintamo-nos agradecidos, do fundo dos nossos corações, que Ele está, agora, prestes a ser libertado da prisão terrena; pois a vida que Ele imbuiu no nosso Planeta é suficiente para conservar-se até o próximo Natal.
A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Por isso, quando queremos conhecer a Deus precisamos estudar a Natureza, lembrando-nos sempre que existe um propósito emtoda a manifestação; que a vida é uma escola e aprendendo suas muitas lições a humanidade evolui lentamente de uma chispa divina para a Divindade. Se tivéssemos aprendido as lições da vida, tal como nos foram dadas, não teria havido necessidade do grande sacrifício que foi feito e que é anualmente repetido pelo Espírito de Cristo, que é a personificação do Amor. Por egoísmo, desobediência às Leis e práticas do mal fomos cristalizando rapidamente, não somente nossos corpos, mas, também a Terra na qual vivemos, a um nível que ambos estavam se tornando inúteis como meios de evolução. Quando já não nos podíamos salvar dos resultados dos nossos próprios erros, o Cristo compassivo ofereceu a Si mesmo e o seu grande Poder de Amor para romper essas condições cristalizadas dos corpos humanos e da Terra. Durante três anos Ele ensinou a Humanidade pela palavra, pelo preceito e exemplo.
Quando Ele foi crucificado no Gólgota o seu Grande Sacrifício pela humanidade apenas começou. Cada ano, desde esse tempo, quando o Sol passa do Signo zodiacal de Virgem para o de Libra, o Espírito de Cristo, retornando à nossa Terra, toca a sua atmosfera. Ele começa a sua jornada de descida em torno de 21 de junho[4], no Solstício de Junho, quando o Sol entra no Signo de Câncer. Ele chega ao centro da nossa Terra à meia-noite de 24 de dezembro. Aí Ele fica por três dias e, depois, começa a voltar. Esta volta completa-se na Páscoa. Da Páscoa até o Solstício de Junho Ele está passando pelos Mundos Espirituais e chega ao Mundo do Espírito Divino, o Trono do Pai, a 21 de junho[5]. Durante julho e agosto, quando o Sol está em Câncer e Leão, Ele reconstrói o seu veículo Espírito de Vida, que Ele trará ao mundo, novamente, e, com esse veículo, Ele voltará a rejuvenescer a Terra e os reinos de vida que nela evolucionam. Do Natal até a Páscoa Ele se dá a Si mesmo sem limitações nem medida, imbuindo com vida, não apenas as sementes adormecidas, mas todas as coisas sobre e dentro da Terra.
Sem essa infusão da vida e energia Divinas, todos os seres viventes da nossa Terra morreriam imediatamente, e todo o progresso seria frustrado, no que concerne à nossa presente linha de desenvolvimento. Essa atividade germinativa da vida do Pai, que nos é trazida por Cristo e entregue amplamente no tempo da Páscoa, que renova o crescimento e intensifica a atividade na planta, no animal e no ser humano, nessa especial parte do ano. Cristo não deixa a Terra na Páscoa senão depois de dar de Si Mesmo até ao máximo. É, então, que a infusão de Sua Vida, junto com os raios quase verticais do Sol, faz as sementes germinarem; as árvores florirem; os pássaros acasalarem, dirigidos pelos seus Espíritos-Grupo, e construírem seus ninhos. A humanidade, então, é fortificada e imbuída com a energia e a coragem necessárias para enfrentar, aproveitar e crescer por meio das experiências inesperadas providas pelos diversos e perplexos problemas da vida.
Para aqueles que se decidiram trabalhar consciente e inteligentemente com a Lei Cósmica, a Páscoa tem um grande significado. Para eles significa a libertação anual do Espírito de Cristo das restrições dolorosas da Terra e Sua gloriosa ascensão ao mundo do Seu verdadeiro lar, para lá permanecer um período junto ao seio do Pai. E se os seus olhos estão verdadeiramente abertos eles podem ver as hostes Angélicas que O estão esperando, prontos para acompanhá-Lo na Sua viagem em direção ao céu; se os seus ouvidos estão sintonizados com os sons celestiais, eles ouvem os coros celestiais cantando Seu louvor e hosanas jubilosos, elevados ao Deus Altíssimo.
Para as almas iluminadas a Páscoa traz uma profunda compreensão do fato de que toda a humanidade é peregrina na Terra; que a verdadeira pátria do Espírito são os Mundos Espirituais e para alcançar esse reino devemos nos esforçar em aprender as lições da escola da vida o mais rápido possível, de maneira que possamos ser capazes de ver para o amanhecer de um dia que nos liberaremos, permanentemente, da escravidão da Terra. Então, da mesma forma como o Cristo libertado, chegaremos a uma realização dessa gloriosa imortalidade, como recompensa da conquista do Espírito perfeito. Para as almas iluminadas, a Páscoa simboliza o amanhecer de um dia feliz, quando toda a humanidade, semelhante ao Cristo, será permanentemente livre das restrições materiais, e ascenderão aos Reinos celestes, tornando-se pilares de força na Casa do Pai, de onde não mais sairão.
Para onde eu vou não podes agora seguir-me; mas
depois me seguirás … Aquele que crê em mim
também fará as obras que eu faço
e as fará maiores do que estas.
Jo 13:36; 14:12
Se fôssemos a uma igreja ortodoxa num Domingo de Páscoa, provavelmente ouviríamos a história de Jesus, o Filho de Deus, concebido sem pecado e que, com a idade de 30 anos, assumiu um sacerdócio que durou três anos e que terminou em crucificação e morte por nós; que através de seu sangue podemos ser salvos. Provavelmente, poderíamos ouvir, também, que no dia da Páscoa ele levantou-se novamente dos mortos, subindo depois para o Pai onde está agora sentado à direita da majestade de Deus, de onde retornará para julgar os vivos e os mortos na última Ressurreição.
Porém, mesmo sabendo – em virtude de podermos ler na Memória da Natureza – que Jesus viveu e morreu, que teve uma missão mística da máxima importância para a evolução humana e que os principais acontecimentos daquela grande vida se deram realmente conforme relata o Evangelho, sabemos também que a missão do Cristo Místico é algo infinitamente mais gloriosa do que aquilo que já penetrou no coração dos que conhecem apenas a interpretação ortodoxa dos Evangelhos.
Em primeiro lugar, a festa da Ressurreição, chamada Páscoa, não comemora simplesmente a ressurreição de um indivíduo, mas significa um evento cósmico. Seria extrema tolice celebrar-se a morte e ressurreição de uma pessoa, ocorrida em certo dia do ano, com uma festa móvel que é determinada pelas posições do Sol e da Lua no Signo zodiacal de Áries, o carneiro ou cordeiro.
Cada ano uma onda espiritual de vitalidade invade a Terra no Solstício de Junho, a fim de despertar a semente que hiberna no solo gelado e infundir nova vida ao mundo em que vivemos. Este trabalho se processa durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, enquanto o Sol transita pelos Signos zodiacais de Capricórnio, Aquário e Peixes. Então, ele cruza o equador celestial vindo do Sul, onde esteve durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro; esse cruzamento ou crucificação (crucifixão) é então relacionado, cosmicamente, com a sua entrada no Signo de Áries, o carneiro ou cordeiro. Então, o Sol se eleva para os Signos dos céus setentrionais a fim de promover, com seus raios aquecedores, o crescimento da semente no solo já revitalizada pela onda de vida Crística nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Sem essa onda mística anual de energia vital oriunda do Cristo Cósmico, a vida física seria uma impossibilidade. Sem ela não poderia haver nem pão e vinho físicos, nem a transubstanciada tintura espiritual, preparada pela alquimia vinda do sangue do coração do Discípulo.
O cordeiro foi morto quando da fundação do mundo da Época Ária, em que agora vivemos. Seu sangue foi o símbolo que salvou da morte o povo escolhido de Deus quando este deixou o lendário Egito, a pátria de adoração do boi Touro ou Apis. A partir dali, tornou-se idolatria para todos os que haviam sido salvos pelo sangue do cordeiro, adorar o bezerro de ouro, pois as velhas Religiões do boi Touro tinham sido superadas pela Religião do cordeiro, quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, deixou o Signo de Touro e entrou no Signo celestial de Áries, o cordeiro ou carneiro. Completado o tempo em que o Sol, por Precessão dos Equinócios, havia alcançado os sete graus no Signo do carneiro, Cristo veio no corpo de Jesus para estabelecer um novo pacto sob o selo e símbolo dos místicos pão e água da vida. Mas o Cordeiro de Deus precisava morrer, e isto aconteceu individualmente quando Cristo deixou o corpo de Jesus e, cosmicamente quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, saiu do Signo de Áries. Então um novo símbolo precisava ser dado àqueles que seriam os mensageiros durante a entrante Era de Peixes, por conseguinte, Ele, Ele próprio representou na última ceia do cordeiro do sacrifício. O pão e a água da vida foram dados como símbolo do seu corpo e do seu sangue, devendo ser usados para recordá-Lo durante a próxima Era. Há, portanto, uma ligação entre o vinho místico e o sangue, como também entre o pão místico e o corpo, que precisamos compreender se quisermos conhecer o verdadeiro sentido místico da morte e da ressurreição.
Em sua evolução o ser humano recebeu o alimento apropriado ao desenvolvimento de cada um dos seus veículos. Um veículo como o nosso corpo físico, formado de compostos químicos, só pode ser nutrido com substâncias químicas. Analogamente, só Espírito pode atuar sobre Espírito, portanto o vinho foi acrescentado à dieta do ser humano para ajudá-lo a dissolver as pesadas moléculas da carne e estimulá-lo na batalha da existência. A isto se refere à história de Noé (Gn 9:2-20), o qual com seus seguidores, representa a humanidade na era do arco-íris em que a assim chamada “dieta mista” e o vinho constituem a alimentação necessária à presente fase de evolução.
Fortalecido pela Mente carnívora e pelo Espírito do álcool, o ser humano se afastou cada vez mais do caminho da fraternidade, pois nutrindo-se com o mesmo alimento dos carnívoros ele se tornou necessariamente tão feroz quanto um animal predador, passando a caçar instintivamente ao seu próprio semelhante. Enquanto o sistema de procriação e casamento dentro da mesma tribo prendia-o firmemente aos seus companheiros de clã, ele ao menos demonstrava amá-los. Mas desde que os casamentos intertribais entraram em voga e ele começou a emancipar-se gradativamente do Espírito de raça, passou a saquear, ao próprio ser humano e até à própria família. O egoísmo tomou-se ilimitado, nada mais foi sagrado aos olhos cobiçosos, e cada ser humano passou a viver em guarda contra todos os outros. Além da ação que tais coisas trazem, não há descanso, não há paz duradoura nem felicidade na senda da paixão e da autogratificação. Portanto, chega a hora em que o ser humano deseja um fim permanente para os seus sofrimentos mais do que qualquer outra coisa, e aí começa a buscar o caminho da paz, que é também o caminho da pureza e da abnegação. Então ele é introduzido nos mistérios do Gólgota, do Sangue Purificador e da Cruz das Rosas, como segue:
Purificar o sangue do egoísmo é o Mistério no Gólgota. O processo começou quando o sangue de Jesus foi derramado e continuou através das guerras entre nações Cristãs todas as vezes que o ser humano lutou por um ideal, e prosseguirá até que o contraste entre os horrores da guerra e a beleza da fraternidade tenham impressionado suficientemente a espécie humana. Abaixo de nós na escala da evolução estão os vegetais e os animais, acima estão os deuses. Anatomicamente nós pertencemos ao reino animal e, em nossas vidas passadas, vivemos abaixo da nossa condição de humanos. Como os animais, gratificávamos nossos desejos sexuais e nossos apetites, mas enquanto aqueles eram mantidos sob controle por um sábio Espírito-Grupo nós não exercemos nenhum domínio sobre os nossos desejos, pelo que a doença, a dor e o sofrimento tornaram-se o nosso quinhão. Agora, contudo, aspiramos palmilhar a senda da paz em direção à serena felicidade dos deuses. Para isso devemos nos tomar como as plantas, isto é, puros e sem paixões. Consideremos o antigo Templo de Mistérios Atlante, também chamado “O Tabernáculo no Deserto”. Na velha Dispensação, quando a carne oferecida em sacrifício pelos pecados era queimada sobre o altar do sacrifício, seu odor elevava-se aos céus como um atestado da repugnante natureza da transgressão, da paixão e da impureza. Mas dentro do Tabernáculo havia o candelabro de sete braços, que queimava a essência das oliveiras sem desprender odor desagradável. Toda carne foi concebida sob a paixão e o pecado, mas a geração da planta é pura e imaculada. Por conseguinte, a flor aromática, especialmente a rosa vermelha, mantém-se em simbólica e direta oposição à carne corrompida. A flor é o órgão gerador da planta. Ela nos diz que a concepção sem mácula, em amor e pureza, é o caminho da paz e do progresso. Em Sua última reunião com seus Discípulos, Cristo estabeleceu os símbolos do novo pacto, do Testamento: deu-lhes pão para comer, simbolizando o Seu corpo, e a taça simbolizando o Seu sangue. Não uma taça comum para qualquer líquido, nem que o líquido por si só tivesse o poder suficiente para ratificar o novo pacto. O mistério jaz no fato de que a taça e seu conteúdo eram partes essenciais e necessárias de um sublime todo. O nome que designava essa taça mística em latim era “Calix”, em grego era “Poterion”.
Na velha Dispensação só a água era usada nos serviços do templo, mas com o tempo o vinho tornou-se um fator na evolução humana. Um deus do vinho – Baco – passou a ser adorado, e orgias da mais brutal natureza eram celebradas para que, sufocando as aspirações do Espírito, o ser humano se voltasse mais para a conquista do Mundo Físico. Mesmo sob a Dispensação mosaica os sacerdotes eram rigorosamente proibidos de usar o vinho enquanto oficiassem no templo, mas Cristo em sua primeira aparição em público mudou a água em vinho, aprovando deste modo o seu uso na ordem de coisas então existentes. Note-se, todavia, que isso foi feito em público, e que esse foi Seu primeiro ato como sacerdote do povo, mas na última reunião esotérica de Cristo com Seus Discípulos, quando o novo pacto foi dado, não havia nem carne de carneiro (Áries) – conforme estabelecia a ordem Mosaica – nem vinho, mas tão somente pão, um produto vegetal e o cálice do qual falaremos após ouvirmos as palavras que Ele proferiu naquela ocasião: “Não mais beberei deste fruto da videira até o dia em que hei de beber, novo, convosco no Reino dos Céus”[6]. O suco novo, recém-espremido da uva, não contém o Espírito da fermentação e da decomposição, mas é um alimento vegetal nutritivo e puro. Por conseguinte, os seguidores da doutrina esotérica foram instruídos por Cristo a não consumirem alimentos cárneos nem alcoólicos.
Geralmente supõe-se que o cálice usado por Cristo na Última Ceia continha vinho, muito embora não haja fundamento bíblico para tal suposição. Existem três relatos dos preparativos para a Páscoa. Mesmo que Marcos e Lucas refiram-se aos mensageiros enviados a certa cidade em busca de um homem que carregava um cântaro de água, nenhum dos evangelistas diz que o cálice continha vinho. Além disso, investigações na Memória da Natureza mostram que a água é que foi usada, e no que diz respeito aos esoteristas o vinho não tinha mais vez. Daquele ato, data também a inauguração do movimento de temperança, pois tais mudanças cósmicas envolvem longos preparativos nos Mundos Espirituais internos antes que possam manifestar-se nas sociedades do Mundo externo. Assim, milhares de anos quase nada significam nesses processos.
O uso da água na Última Ceia também se harmoniza com os requisitos astrológicos e éticos. O Sol saía de Áries – o Signo do Cordeiro – e entrava em Peixes, um Signo de Água. Ia soar uma nova nota de aspiração. Na Era de Peixes entrante ia iniciar-se uma nova fase de soerguimento humano. A autoindulgência ia ser suplantada pela autonegação. O pão, a matéria da vida, que é feito do grão gerado imaculadamente, não estimula paixões como a carne, nem nosso sangue se agita tão apaixonadamente quando recebe água do que quando recebe vinho. Portanto, pão e água são os alimentos e símbolos apropriados aos ideais da Era Peixes-Virgem, pois representam pureza. A Igreja Católica dá aos seus fiéis a água de Peixes na porta dos templos, como dá também o pão da Virgem no altar, mas nega-lhes o cálice de vinho do ofício. Todavia, as considerações acima não conduzem no âmago do mistério oculto no “Cálice do Novo Pacto”.
A taça de vinho velho, que nos foi dada no início da Época Ária – terra da geração – estava cheia de destruição, morte e veneno, de modo que a palavra que então aprendemos a falar é morta e destituída de poder.
A taça de vinho novo, mencionada como o ideal da futura época – a Nova Galileia (não a confundir com a Era de Aquário) – é um órgão etérico construído no interior da cabeça e da garganta pela força sexual economizada, o qual órgão é visto pelos Clarividentes como a haste de uma flor que ascende da parte inferior do tronco. Este cálice, ou taça-semente, é verdadeiramente um órgão criador capaz de emitir a palavra, a vida e o poder.
A palavra atual é produzida por movimentos musculares rudimentares que combinam laringe, língua e lábios de tal modo que a passagem do ar saído dos pulmões gera determinados sons. Mas o ar é um veículo pesado, difícil de mover-se, comparado as forças mais sutis da Natureza como a eletricidade, que se propaga no Éter, de modo que, quando este órgão tiver alcançado pleno desenvolvimento, ele terá o poder de falar a palavra da vida e infundir vitalidade nas substâncias que até ali estiverem inertes. Este órgão está sendo agora construído por nós, através do serviço.
Recorde-se que Cristo não deu o cálice ao povo, mas sim aos Seus Discípulos, Seus mensageiros e servos da Cruz. Nos dias atuais, aqueles que bebem do cálice da auto-abnegação para poderem usar a força no serviço aos outros estão construindo esse órgão e, também, o Corpo-Alma, que é o traje nupcial. Estão aprendendo a usá-lo aos poucos, como Auxiliares Invisíveis, quando fora de seus corpos à noite precisam emitir a palavra de poder para dissipar doenças e produzir tecidos sadios.
Quando a Época Atlante se aproximava do seu fim e a humanidade abandonava o lar de sua infância, onde viveu sob a orientação direta de Guias Divinos, o velho pacto foi feito dando ao ser humano carne e vinho, e estes dois elementos, juntamente com o uso descontrolado da força sexual, tornaram a Época Ária uma era de morte e destruição. Agora estamos nos aproximando do fim dessa era. Estamos em busca do Reino dos Céus, da Nova Galileia, e a fim de preparar-nos para essa época. Cristo nos deu o pão e a água da vida, ordenando-nos ao mesmo tempo não cedermos a luxúria. Tendo feito este novo pacto, Ele foi para a cruz da libertação, deixando atrás de Si o corpo da morte e pairando nas alturas em um veículo de vida, o Corpo Vital. Mas Ele deu aos Seus seguidores a certeza de que, embora eles não O pudessem seguir então ao lugar para onde ia, mais tarde o seguirão. Cada pessoa é um Cristo-em-formação e algum dia acontecerá a “Páscoa” para cada um de nós.
“Toda a vida de Cristo foi uma cruz e um martírio,
e tu buscas para ti mesmo folga e prazer? Quanto
maior o avanço espiritual de um indivíduo mais
pesadas as cruzes com que ele se depara frequentemente,
pois as dores do seu desterro aumentam
com o fortalecimento do seu amor”.
Thomas de Kempis[7]
Na manhã da Sexta-Feira Santa de 1857, Richard Wagner[8], o maior artista do século dezenove, sentou-se à varanda de uma vivenda suíça que se debruçava às bordas do lago de Zurich[9]. O panorama que se descortinava ao redor estava banhado por um glorioso brilho do Sol; paz e boa vontade pareciam vibrar por toda a Natureza. A criação inteira palpitava de vida e o ar estava carregado da deliciosa fragrância dos bosques de pinho – bálsamo gratificante para um coração atormentado e uma Mente agitada.
Então, de súbito, como um raio caído do céu azul, surgiu na alma profundamente mística de Wagner a lembrança do execrável significado daquele dia – o mais sombrio e mais doloroso do ano Cristão. Essa lembrança o inundou de tristeza, pelo contraste com o que via. Era uma incongruência marcante entre o alegre cenário que tinha diante de si, a clara atividade notável da Natureza, em luta pela renovação da vida após o longo sono hibernal, e o mortal esforço do Salvador torturado na cruz; entre os gorjeios plenos de vida e amor dos milhares de cantores de pena do bosque, na charneca e no prado, e os hediondos gritos de ódio duma turba enfurecida que insultava e zombava do mais nobre ideal que o mundo já conheceu; entre a maravilhosa energia criadora manifestada pela Natureza na primavera[10] e o elemento destruidor no ser humano, que assassinou o caráter mais nobre que já agraciou a Terra.
Enquanto Wagner meditava assim sobre os paradoxos da vida, ocorreu-lhe a pergunta: “há alguma relação entre a morte do Salvador por crucificação, na Páscoa, e a energia vital que se manifesta tão abundantemente na primavera quando a Natureza começa a vida de um novo ano?”.
Mesmo que Wagner não percebesse, conscientemente, o significado total da relação entre a morte do Salvador e o rejuvenescimento da Natureza, não obstante ele havia dado com a chave de um dos mais sublimes mistérios com que o Espírito humano já deparou em sua peregrinação da Terra à Deus.
Na noite mais escura do ano, quando a Terra dorme mais profundamente no abraço do frio Boreal, quando as atividades materiais descem ao nível mais baixo, uma onda de energia espiritual transporta em sua crista a “Palavra do Céu”, divina e criadora, para um nascimento místico no Natal. Então, como uma nuvem luminosa, o impulso espiritual paira sobre o mundo que “não o conheceu”[11] porque ele “brilha nas trevas”[12] do inverno, quando a Natureza está paralisada e muda.
Essa divina “Palavra” criadora contém uma mensagem e tem uma missão. Nasceu para “salvar o mundo”[13] e “para dar sua vida pelo mundo”. Deve, necessariamente, sacrificar sua palavra para conseguir o rejuvenescimento da Natureza. Gradativamente sepulta-se na Terra e passa a infundir sua própria energia vital nas milhões de sementes que jazem adormecidas no solo. Sussurra a “palavra de vida” nos ouvidos dos animais e pássaros, até que o evangelho das boas novas tenha sido pregado a todas as criaturas. O sacrifício se completa totalmente na época do ano em que o Sol cruza seu nódulo oriental no Equinócio de Março. Então a divina palavra criadora expira. Em um sentido místico, ela morre na cruz da Páscoa, emitindo um último brado de triunfo: “Está Consumado”[14] (Consummatum est).
Porém, do mesmo modo que o eco volta a nós, muitas vezes, repetido, assim também o canto celestial de vida se repete sobre a Terra. A criação inteira entoa um cântico de louvor, que é repetido sem cessar pelo coro de uma legião de línguas. As pequeninas sementes no seio da Mãe Terra começam a germinar, brotando e despontando em todas as direções, e logo um maravilhoso mosaico de vida, um tapete verde aveludado bordado de flores multicores, toma o lugar da mortalha do imaculado branco gelado. Dos animais de pelo e pena, em todos a palavra de vida ressoa como uma canção de amor, impelindo-os ao acasalamento. Geração e multiplicação é o lema em toda parte – o Espírito libertou-se para uma vida mais abundante.
O ser humano é uma miniatura da Natureza. O que acontece em grande escala na vida de um Planeta, como a nossa Terra, ocorre em escala menor ao longo da vida do ser humano. Um Planeta é o corpo de um grande, maravilhoso e exaltado Ser, um dos Sete Espíritos diante do Trono (do Pai Sol). O ser humano também é um Espírito “feito à sua imagem e semelhança”. Assim como um Planeta gira em seu caminho cíclico ao redor do Sol, de onde é emanado, assim também o Espírito humano se move numa órbita em volta de sua fonte central – Deus. Sendo elípticas as órbitas planetárias, possuem pontos muitíssimo próximos e pontos extremamente afastados dos seus centros solares. De maneira análoga, a órbita do Espírito humano é elíptica. Nós estamos mais perto de Deus quando nossa jornada cíclica nos leva à esfera de atividade celeste – o Céu – e estamos mais separados d’Ele durante a vida terrena. Tais mudanças são necessárias ao nosso crescimento anímico. Assim como as festividades do ano assinalam o caráter repetitivo de acontecimentos importantes na vida de um Grande Espírito, do mesmo modo nossos nascimentos e mortes são fatos de repetição periódica. É tão impossível para o Espírito permanecer definitivamente no Céu ou na Terra como o é para um Planeta deter-se em sua órbita. A mesma imutável lei de periodicidade que determina a ininterrupta sequência das estações, a alternação do dia com a noite e os fluxos e refluxos das marés, governa também a marcha progressiva do Espírito humano tanto no Céu quanto na Terra.
Dos domínios de luz celestial onde vivemos em liberdade, sem as limitações do tempo e do espaço, onde vibramos em uníssono com a infinita harmonia das esferas, nós descemos para nascer no Mundo Físico, onde nossa visão espiritual torna-se obscurecida pela corda enrolada que nos agrilhoa a esta fase de limitações da nossa existência. Vivemos uns tempos aqui, depois morremos e subimos aos céus, para renascer e morrer outra vez. Cada vida terrena é um capítulo da história seriada da vida, extremamente humilde em seu começo, mas crescendo em interesse e importância à medida que ascendemos para estágios de responsabilidade humana, cada vez mais altos. Nenhum limite é concebível, pois somos divinos em essência e, portanto, temos latentes em nós as infinitas possibilidades de Deus. Quando tivermos aprendido tudo o que este mundo tem para ensinar-nos, uma órbita mais ampla, uma esfera maior de utilidade sobre-humana, abrir-se-á às nossas maiores capacidades.
“Mas, e Cristo?” – Pode alguém perguntar. “Você não acredita n’Ele? Você está discorrendo sobre a Páscoa, o feriado que comemora a morte cruel do Salvador e Sua gloriosa e triunfante ressurreição, todavia parece referir-se a Ele mais como uma alegoria que como um fato.”.
Certamente nós cremos em Cristo; amamo-Lo de todo o coração e com toda a nossa alma, mas queremos enfatizar a crença de que Cristo é a primícia da raça. Ele disse que nós poderíamos fazer as coisas que Ele fez, “e maiores ainda”. Portanto, somos Cristos-em-formação.
Estamos muito habituados a buscar um Salvador externo ao mesmo tempo que abrigamos um demônio interno, mas até que Cristo seja formado EM NÓS, conforme disse São Paulo, buscaremos em vão, porque assim como é impossível para nós percebermos a luz e a cor ao nosso redor sem o registro de suas vibrações pelo nosso nervo ótico, e assim como permanecemos inconscientes do som quando o tímpano dos nossos ouvidos está insensível, do mesmo modo permanecemos cegos à presença de Cristo e surdos à Sua voz enquanto não despertarmos nossa natureza espiritual interna. No entanto, uma vez despertada essa natureza espiritual, o Senhor do Amor se revela como uma realidade primordial, baseado no princípio de que, fazendo-se vibrar um diapasão, outro diapasão de mesmo tom começará também a vibrar, enquanto outros de tons diferentes ficarão mudos. Por isso Cristo disse que Suas ovelhas conheciam-No pelo som de Sua voz, à qual respondiam, mas não ouviam a voz do estranho (Jo 10:5). Não importam nossos credos, todos somos irmãos de Cristo, portanto regozijemo-nos: o Senhor ressuscitou! Busquemos a Ele e esqueçamos nossos credos e outras diferenças de menor importância.
O sinal da Cruz estará no céu quando o Senhor
vier para julgar. Então, todos os que servem a
Cruz e que na vida se tenham harmonizado com o
Crucificado poderão aproximar-se de Cristo com
toda coragem.
Thomas de Kempis
Mais uma vez chegamos ao ato final do drama cósmico que envolve a descida do Raio solar de Cristo ao interior da matéria de nossa Terra, o qual se completa no nascimento místico celebrado no Natal e na Morte Mística e Libertação, celebradas logo após o Equinócio de Março, quando o Sol do novo ano inicia sua ascenção às esferas superiores dos céus setentrionais, depois de verter sua vida para salvar a humanidade e revigorar todas as coisas sobre a Terra. Nessa época do ano uma nova vida, uma energia intensificada, circula com força irresistível nas veias e artérias de todos os seres vivos, inspirando e instilando neles novas esperanças, novas ambições e nova vida, e impelindo-os a novas atividades pelas quais possam aprender novas lições na escola da experiência. Consciente ou inconscientemente, tudo o que tem vida beneficia-se desse manancial de energia fortalecida. Até a planta responde por um aumento de circulação de seiva, que resulta em uma renovação de folhas, flores e frutos, meios pelos quais esta classe de vida expressa-se a si mesma e evolui para um estado superior de consciência.
Mas ainda que maravilhosas sejam essas manifestações físicas externas, e ainda que possa ser chamada de gloriosa essa transformação da Terra de um deserto de neve e gelo em um formoso jardim florido, isso é insignificante diante das atividades espirituais paralelas que se efetuam ao mesmo tempo. As características salientes do drama cósmico são idênticas em termos de época com os efeitos materiais do Sol nos quatro Signos Cardeais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio), porque os eventos mais significativos ocorrem nos pontos equinociais e solsticiais.
Realmente, é de fato verdadeiro que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”[15]. Fora d’Ele não poderíamos existir; vivemos por e através de Sua vida; movimentamo-nos e agimos por e através de sua fortaleza; é o Seu poder que sustenta nossa morada, a Terra, e sem Seus incessantes e invariáveis esforços o universo desintegrar-se-ia por si mesmo. Sabemos que o ser humano foi feito à semelhança de Deus, e nos é dado compreender que, consoante a lei de analogia, possuímos internamente certos poderes latentes idênticos àqueles que vemos tão poderosamente manifestados pela Deidade na obra do universo. Isso desperta, em nós, um particular interesse no drama cósmico anual em que envolve a morte e ressurreição do Sol. A vida do Deus-Homem, Cristo-Jesus, foi moldada de conformidade com a história solar e prenuncia, de modo idêntico, tudo o que pode acontecer ao Homem-Deus, a quem Cristo-Jesus profetizou quando disse: “As obras que eu faço vós fareis também, e maiores ainda[16]; para onde vou agora vós não podeis ir, mas depois podereis seguir-me”[17].
A Natureza é a expressão simbólica de Deus. Ela nada faz em vão ou arbitrariamente, mas existe um propósito por trás de todas as coisas e de todos os atos. Por conseguinte, devemos estar alertas e considerar cuidadosamente os sinais nos céus, porque eles possuem um significado profundo e importante referentes às nossas próprias vidas. A compreensão inteligente desses propósitos capacita-nos a trabalhar mais eficazmente com Deus em Seus maravilhosos esforços para emancipar nossa raça da escravidão das leis da Natureza e, mediante essa liberação, alcançarmos a plena estatura de filhos de Deus, coroados de glória, honra e imortalidade; livres do poder do pecado, da doença e do sofrimento que agora encurtam nossas existências terrenas em razão de nossa ignorância e de inconformidade às leis de Deus. O propósito divino visa essa emancipação, e ser ela conseguida através do longo e tedioso processo evolutivo ou ser alcançada através do caminho muitíssimo mais curto da Iniciação, isso depende da nossa vontade de cooperar ou não. A maioria da humanidade atravessa a vida com olhos que não veem e ouvidos que não ouvem. Segue absorvida em seus negócios materiais, comprando e vendendo, trabalhando e divertindo-se sem a devida apreciação ou compreensão dos propósitos da existência e, ainda que tais propósitos se tornassem claros, é provável que dificilmente se conformasse em virtude do sacrifício que isso envolve.
Não é de estranhar que Cristo chame especialmente o pobre e enfatize a dificuldade do rico entrar no Reino dos Céus, pois mesmo hoje, quando a humanidade já avançou dois milênios na escola da evolução desde aquela data, vemos que a grande maioria ainda dá mais valor às suas casas e terras, às suas roupas e chapéus, aos prazeres sociais, festas e banquetes do que aos tesouros celestiais, que se juntam pelo serviço aos outros e sacrifício de si mesmo. Ainda que essa maioria possa perceber intelectualmente a beleza da vida espiritual, a conveniência desta torna-se insignificante aos seus olhos quando comparada ao sacrifício exigido para alcançá-la. Como o moço rico, ela seguiria, voluntariamente, a Cristo não fora a necessidade de tanto sacrifício. Prefere ir-se quando percebe que o sacrifício é a única condição para ingressar-se no discipulado. Portanto, para tais pessoas a Páscoa não é mais que uma ocasião de regozijo porque se trata do fim de um momento especial e começo de outro momento especial diferente, que convida manifestações de alegrias.
Mas para aqueles que escolheram, definitivamente, a senda do auto sacrifício que conduz à libertação, a Páscoa é o sinal anual que evidencia as bases cósmicas de suas esperanças e aspirações.
No Sol da Páscoa, que no Equinócio de Março começa a percorrer os céus setentrionais, após verter sua vida na Terra, temos o símbolo cósmico da veracidade da ressurreição. Quando o consideramos como um fato cósmico enquadrado na lei de analogia, que relaciona o macrocosmo com o microcosmo, o importante é saber que algum dia alcançaremos a consciência cósmica e conheceremos positivamente por nós mesmos, por nossa própria experiência, que a morte não existe, mas o que isso parece é apenas uma transição para uma esfera mais sutil.
É um símbolo anual para fortalecer as nossas almas no afã das boas-obras, para que possamos tecer o manto dourado nupcial requerido para converter-nos em filhos de Deus no sentido mais elevado e mais santo. É literalmente verdadeiro que enquanto não andarmos na luz, como Ele na luz está, não seremos fraternais uns com os outros. Mas, fazendo sacrifícios e prestando os serviços que se requerem de nós para ajudar na emancipação da raça humana, estamos assim construindo um Corpo-Alma de radiante luz dourada, que é a substância especial emanada do e pelo Espírito do Sol, o Cristo Cósmico. Quando esta substância dourada nos envolver com densidade suficiente, então seremos capazes de imitar o Sol da Páscoa e pairar em esferas mais elevadas.
Com esses ideais firmemente impressos em nossas Mentes, a época da Páscoa se converte em uma estação apropriada para revisarmos nossas vidas durante o ano que passou e tomarmos novas resoluções que adiantem nosso crescimento anímico até ao próximo. É uma época em que o símbolo do Sol ascendente deve levar-nos a uma compreensão profunda do fato de que na Terra não somos mais que peregrinos e forasteiros; que, como Espíritos, nossa verdadeira pátria é o Céu; e que devemos esforçar-nos para aprender as lições desta vida tão depressa quanto nos permitam os caminhos apropriados. O Dia da Páscoa marca a ressurreição e libertação do Espírito de Cristo dos planos inferiores, e essa libertação deve lembrar-nos de buscar continuamente a aurora do dia em que estaremos permanentemente livres das malhas da matéria, do corpo de pecado e morte, juntamente com todos os nossos irmãos em escravidão. Nenhum aspirante sincero poderia conceber uma libertação que não incluísse a todos que estivessem na mesma situação.
Esta é uma tarefa gigantesca. Enfrentá-la pode muito bem desalentar o mais valente coração, de modo que se estivéssemos sozinhos não poderíamos realizá-la, mas as Hierarquias Divinas, que têm guiado a humanidade no caminho evolutivo desde o começo da jornada, ainda estão ativas e trabalhando conosco desde os Mundos Espirituais siderais, de maneira que com sua ajuda seremos, oportunamente, capazes de conseguir o soerguimento da humanidade como um todo e alcançar uma condição individual de glória, honra e imortalidade. Com esta enorme esperança dentro de nós mesmos, com esta grande missão no mundo trabalhemos como nunca para sermos melhores homens e mulheres, de forma que, por nossos exemplos, possamos despertar nos outros o desejo de levar uma vida que conduza à libertação.
“Porque se morreres com Ele, também com Ele
viverás, e se partilhares dos Seus sofrimentos,
da Sua glória também partilharás”.
Thomas de Kempis
Outra vez a Terra alcança o Equinócio de Março, em seu movimento anual de translação em torno do Sol, e assim chegamos à Páscoa. O raio espiritual emitido pelo Cristo Cósmico nesse período, para reativar a esgotada vitalidade da Terra, está quase subindo de volta ao Trono do Pai. Às atividades espirituais de fecundação e germinação, levadas a efeito durante os últimos seis meses, seguir-se-ão os processos de crescimento físico e amadurecimento durante os próximos seis meses, sob a influência do Espírito da Terra. O ciclo termina no “Lar da Colheita”. Deste modo o grande Drama do Mundo é encenado e reencenado ano após ano, numa eterna disputa entre a vida e a morte, sendo cada uma por vez vencedora e vencida na sequência dos ciclos.
Os grandes fluxos e refluxos cíclicos não estão limitados em seus efeitos à Terra, à sua flora e fauna. Exercem igualmente uma influência dominante sobre a humanidade, mesmo que a grande maioria não se aperceba das causas que a impelem a agir numa e noutra direção. Não obstante, essa ignorância, permanece o fato de que a mesma vibração terrestre que adorna vistosamente as aves e outros animais nesses próximos três meses, responde também pelo desejo humano de se vestir com cores alegres e roupas mais claras nessa época do ano. É, também, “o apelo do silvestre campo”, que nos subsequentes três meses convida o ser humano a relaxar no meio rural, onde os Espíritos da natureza exercitaram suas artes mágicas nos campos e florestas, para recuperar-se da tensão das condições artificiais reinantes nas cidades congestionadas.
Por outro lado, é a “queda” do raio espiritual do Sol nos meses de setembro, outubro e novembro que causa o reinício das atividades mentais e espirituais nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. A mesma força germinadora que fermenta a semente na terra e a prepara para reproduzir sua espécie multiplicada, também ativa a Mente humana e fomenta atividades altruístas que tornam o mundo melhor. Caso essa grande onda de desprendido Amor Cósmico não culminasse no Natal, com vibrações de paz e boa-vontade, não poderia haver nenhuma sensação festiva em nossos corações de modo a gerar o desejo de fazer os outros igualmente felizes. O costume universal de dar presentes no Natal seria impossível, e todos nós sofreríamos essa perda.
Quando Cristo andava, dia após dia, pelas colinas e vales da Judeia e Galileia, ensinando às multidões, todos foram beneficiados. Mas Ele convivia mais com Seus Discípulos, e estes cresciam rapidamente cada dia. À medida que o tempo passava esses laços de amor estreitavam-se ainda mais, até que, um dia, mãos impiedosas tiraram o amado Mestre e o levaram a morte desonrosa. Contudo, mesmo que tenha morrido na carne, Ele continuou a conviver intimamente com Seus Discípulos por algum tempo, em Espírito. Mas por fim subiu às esferas superiores, perdendo-se assim o contato direto com Ele, e aqueles homens olharam-se tristemente, cara a cara e perguntaram-se: “É este o fim?”. Eles haviam esperado tanto, haviam alimentado tão elevadas aspirações que, apesar da verdejante paisagem continuar brilhante e beijada pelo Sol como antes de Sua Partida, a Terra parecia fria e monótona, pois sombria desolação oprimia os seus corações.
Algo semelhante também acontece conosco quando buscamos seguir o Espírito e lutar contra a carne, mesmo que a analogia não tenha sido aparente até aqui. Quando, nos meses de setembro, outubro e novembro a “queda” do raio Crístico começa anunciando a época da supremacia espiritual, logo o sentimos e começamos avidamente a banhar nossas almas nessa bendita maré. Experimentamos uma sensação semelhante à dos Apóstolos, quando andavam com Cristo, e à medida que os meses avançam torna-se cada vez mais fácil comungar com Ele, face a face, como antes. Mas, no curso anual dos acontecimentos, a Páscoa e Ascenção do raio de Cristo “ressuscitado” para o Pai, deixa-nos em idêntica posição à dos Apóstolos quando seu querido Mestre se afastou. Nós ficamos desolados e tristes, vemos o mundo como um deserto monótono e não podemos atinar com a razão de nossa perda, que é tão natural como os fluxos e refluxos das marés ou como os dias e as noites – fases da era atual dos ciclos alternados.
Existe um perigo nesta atitude mental. Se permitirmos que ela nos domine, é possível que abandonemos o nosso trabalho no mundo e nos convertamos em sonhadores desiludidos, percamos, nosso equilíbrio e provoquemos, contra nós, a crítica muito justa dos demais. Este tipo de conduta é inteiramente errado, pois, assim como a Terra emprega o seu esforço material para produzir abundantemente em um período, após haver recebido o ímpeto espiritual em outro período, é nosso dever, também, envidar os maiores esforços ao trabalho do mundo quando possuímos o privilégio de comunicar com o Espírito. Assim fazendo, é possível que despertemos nos outros o Espírito de emulação e o de reprovação.
Estamos acostumados a pensar no avaro como alguém que junta ouro, sendo essa classe de pessoas objeto de desprezo, de modo geral. Mas há indivíduos que lutam tão tenazmente para adquirir conhecimento, quanto se esforça o avaro para acumular ouro, não hesitando em usar qualquer meio ou subterfúgio para alcançar seu intento e guardando consigo seus conhecimentos, tão egoisticamente quanto o avaro guarda o seu tesouro. Não compreendem que por tal método eles fecham de fato as portas à uma sabedoria maior. A antiga teologia nórdica continha uma parábola que, simbolicamente, esclarece o assunto. Dizia que todos os que morriam no campo de batalha (as almas fortes que combateram o bom combate até o fim) eram levados ao Valhalla[18], a estar com os deuses, enquanto os que morriam na cama ou por doenças (as almas fracas, que vagavam pela vida) iam para o lúgubre Niflheim. No Valhalla, os valentes guerreiros banqueteavam-se diariamente com a carne de um javali chamado Scrimner, que se caracterizava por uma particularidade: sempre se cortava um pedaço de suas carnes, imediatamente outro crescia no lugar, de modo que seu corpo nunca era consumido, não importa quanto se cortasse dele. Isto simbolizava adequadamente o “conhecimento”, pois, não importa quanto dele possamos dar aos outros, o original sempre fica conosco.
Existe, portanto, certa obrigação de transmitirmos os conhecimentos que possuímos, pois “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será pedido”[19]. Se acumularmos as bênçãos espirituais que temos recebido, o mal nos ronda, por isso imitemos a Terra nesta época da Páscoa. Externemos no Mundo Físico da ação, os frutos do Espírito semeados em nossas almas durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Habilitemo-nos a receber bênçãos cada vez maiores de ano para ano.
“E quando este corpo incorruptível se revestir de incorruptibilidade,
e o que é mortal se revestir de imortalidade,
e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória”.
ICor 15 :54
Para os nossos irmãos e irmãs do hemisfério norte passaram-se os sombrios e monótonos dias do inverno (meses de dezembro, janeiro e fevereiro). A Mãe Natureza remove o manto frio de gelo que cobre a terra, permitindo a milhões e milhões de sementes abrigadas no chão macio, romperem sua crosta e vestirem o solo com trajes de verão numa orgia de cores alegres e vistosas, preparando as “câmaras nupciais” para os animais e aves se acasalarem.
Na presente estação a Mente do mundo volta-se para a festividade que chamamos Páscoa, na qual se comemora a morte e ressurreição do nobre indivíduo que o mundo conhece pelo nome de Jesus, cuja história de sua vida foi escrita nos Evangelhos. Mas um Cristão Místico tem uma visão mais profunda e mais ampla desse evento cósmico que se repete anualmente. Para este, o que existe é uma impregnação anual da Terra com a vida do Cristo Cósmico. Uma inalação que tem lugar durante os meses de setembro, outubro, e novembro, culminando no Solstício de Dezembro, quando celebramos o Natal, e uma exalação que chega ao fim na época da Páscoa.
O drama cósmico de vida e morte é representada anualmente, por todas as criaturas e coisas evoluintes, da maior à menor, porque até o grande e sublime Cristo Cósmico, em Sua compaixão, torna-se sujeito à morte quando entra nas condições enclausurantes da Terra, em um período do ano. Por conseguinte, é oportuno recordar alguns pontos relativos à morte e renascimento que, às vezes, podemos esquecer.
Entre os símbolos cósmicos conservados desde a antiguidade, nenhum é mais comum que o do ovo. Acha-se em toda Religião. Encontramo-lo no Antigo Eddas dos Escandinavos, venerável pela idade, que nos fala do mundano esfriado pelo sopro gelado do Niebelheim, mas aquecido pelo hálito quente do Muspelheim, antes que os vários Mundos Espirituais e o próprio ser humano viessem a existir. Se nos voltarmos para o ensolarado sul, podemos achar nos Vedas da Índia a mesma história no mito Kalahansa, o Cisne do tempo e do espaço, o qual pôs o ovo que veio a ser, finalmente, o mundo. Entre os egípcios encontramos o globo alado e as serpentes ovíparas, simbolizando a sabedoria manifestada neste nosso mundo. Os gregos utilizaram esse simbolismo, reverenciando-o em seus Mistérios. Foi preservado pelos Druidas; tal símbolo era também conhecido dos construtores do grande outeiro da serpente, em Ohio; e conservou seu lugar na simbologia sagrada até hoje, muito embora a grande maioria de seres humanos seja cega ao grande mistério que ela encerra e revela – o mistério da vida.
Quando quebramos a casca de um ovo, achamos apenas fluídos viscosos de coloração variada e consistências diversas. Mas se submetido a uma temperatura adequada logo se dá uma série de mudanças e assim, em pouco tempo, uma criatura viva pode romper a casca e surgir pronta para assumir seu lugar entre os de sua espécie. Os magos dos laboratórios podem duplicar as substâncias do ovo e injetá-las numa casca de maneira que, conforme as experiências feitas até aqui, uma réplica perfeita do ovo natural pode ser produzida. Contudo, este difere do ovo natural em um ponto, isto é nenhuma coisa viva pode ser incubada no produto artificial. Fica evidente, portanto, que alguma coisa intangível deve estar presente em um e ausente em outro.
Esse mistério de todos os tempos que produz o ser vivo é que nós chamamos vida. Visto que a Vida não pode ser detectada em meio aos elementos do ovo, nem mesmo através do mais potente microscópio (ainda que ela ali esteja para produzir as mudanças que se notam), é de concluir-se que ela deve ser capaz de existir independentemente da matéria. Aprendemos, pois, através do sagrado simbolismo do ovo que, apesar da vida ser capaz de modelar a matéria, não depende, entretanto, desta para existir. Ela é autoexistente e não tendo princípio não pode também ter fim. Isto é simbolizado pela forma ovoide do ovo.
Quando nos apercebemos do verdadeiro conhecimento contido no simbolismo do ovo de que a vida nunca teve princípio e nunca terá fim, habilitamo-nos a criar coragem e admitir que aqueles que se retiram agora da existência física estão apenas atravessando uma jornada cíclica idêntica à da vida do Cristo Cósmico, vida que penetra a Terra no outono e a abandona na Páscoa. Vemos assim como a grande Lei da Analogia atua em todas as circunstâncias e em todas as fases da vida. O que acontece no grande mundo ao Cristo Cósmico verifica-se também nas vidas daqueles que são Cristos-em-formação.
Devemos admitir que a morte é uma necessidade cósmica nas atuais circunstâncias, porque se fôssemos aprisionados num corpo como o que agora usamos, e fôssemos colocados num ambiente tal e qual este em que nos encontramos hoje, para assim viver perenemente, as enfermidades do corpo e as condições insatisfatórias do ambiente bem cedo nos fariam cansar da vida e implorar por libertação. Isso impediria todo progresso e tornaria impossível para nós evoluirmos às alturas mais elevadas, tais como os que podemos alcançar por meio do nascimento em novos veículos e novos ambientes que nos permitam novas possibilidades de crescimento. Por conseguinte, devemos agradecer a Deus o fato de que, enquanto o nascimento em um corpo concreto tem sido necessário para um desenvolvimento futuro, a liberação pela morte tem sido proporcionada para libertar-nos do instrumento esgotado pelo uso; e a ressurreição e um novo nascimento sob o céu alegre de um novo ambiente fornecem-nos outras oportunidades para recomeçar a vida com a ficha limpa e aprender as lições que não conseguimos assimilar antes. Por este método seremos, algum dia, perfeitos como o Cristo ressuscitado. Ele assim determinou e nos ajudará a consegui-lo.
“Se alguém quiser vir após mim,
negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Mt 16:24
De acordo com uma antiga lenda, quando expulso do Paraíso, Adão levou consigo três mudas da árvore da vida, as quais, plantadas pelo seu filho Seth, vingaram e cresceram. De uma delas se fez mais tarde o cajado de Aarão, com o qual este operou milagres diante do Faraó. Outra foi levada ao Templo de Salomão para servir de pilar ou coisa semelhante ali, mas, como não serviu para nada no interior do edifício, foi então utilizada como uma ponte sobre um regato que corria fora do Templo. A terceira foi usada para fazer-se a cruz de Cristo, sobre a qual Ele sofreu por nós, libertou-se finalmente, penetrou na Terra e tornou-se o Espírito Planetário do nosso globo, no qual Ele agora sofre e geme esperando o dia da libertação.
Existe um grande significado nessa lenda antiga. A primeira muda da árvore representa o poder espiritual exercido pelas Hierarquias Divinas na infância da humanidade, isto é, um poder exercido por outrem para o nosso próprio benefício. A segunda era para ser usada no Templo de Salomão. Ninguém pode apreciá-la, exceto a Rainha de Sabá, nenhuma serventia foi achada para ela, pois o Templo de Salomão era a consumação das artes e ofícios e em uma civilização materialista nada que seja espiritual é apreciado. Os Filhos de Caim conseguiam sua salvação ao longo de linhas materiais, portanto não precisavam de poderes espirituais. Assim, “ela foi usada como ponte sobre o regato”. Sempre existiram almas – os reais, os verdadeiros Maçons Místicos – capazes de usar essa ponte que vai do visível ao invisível, e de voltarem ao Jardim do Éden; ao Paraíso, através da mesma. Foi a terceira muda da árvore da vida que deu a cruz de Cristo. Erguido naquela cruz foi que Ele conseguiu se libertar desta existência física e entrar nas esferas superiores. De modo semelhante nós também, ao tomarmos nossa cruz e segui-Lo, podemos desenvolver nossos poderes anímicos e ingressar numa esfera de maior utilidade nos Mundos invisíveis. Esforcemo-nos todos de modo que, dia após dia, sejamos encontrados de joelhos e vencedores, agarrados à cruz de Cristo para que, num dia não muito distante, possamos subir à nossa própria cruz e dali alcançarmos a gloriosa libertação, a ressurreição da vida da qual Cristo foi e continua sendo os primeiros frutos para toda alma crente. Esta é a autêntica, a verdadeira mensagem da Páscoa e devemos compreender que todos somos Cristos-em-formação, e que quando Cristo nasce real e verdadeiramente dentro de nós Ele então nos mostrará o caminho da cruz a partir da Árvore do Conhecimento pela qual conseguimos avançar. Essa cruz trouxe morte à Árvore da Vida no Corpo Vital, mas trouxe também a imortalidade.
“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste Tabernáculo se desfizer,
temos da parte de Deus um edifício,
casa não feita por mãos, eterna, nos céus”.
IICor 5: 1
Que fim teve o Corpo Denso de Jesus, colocado no túmulo, mas não encontrado na manhã do domingo de Páscoa? E se o Corpo Vital de Jesus foi preservado para ser usado novamente por Cristo, como pode ele, Jesus, estar nesse meio tempo funcionando num Corpo Vital? Não teria sido mais fácil conseguir para Cristo, em Sua segunda vinda, outro Corpo Vital?
Essas perguntas foram respondidas assim, no “Ecos” de 1914[20]:
Estudos nas Escrituras revelam o fato de que Cristo costumava afastar-se de Seus Discípulos e que estes ignoravam para onde Ele ia nessas ocasiões ou, se não ignoravam, isso jamais foi mencionado. O motivo desses afastamentos, porém, era que, sendo Ele um Espírito tão glorioso, Suas vibrações eram demasiado elevadas mesmo para o melhor e mais puro dos veículos físicos, fazendo-se, portanto, necessário retirar-se deste veículo, frequentemente, para um período de completo repouso, de modo que o padrão vibratório de seus átomos pudesse baixar ou voltar ao normal. Por conseguinte, Cristo habitualmente buscava os Essênios em tais momentos, aos cuidados de quem deixava o Corpo, uma vez que eles eram peritos em lidar com o Corpo Denso. Cristo nada sabia de como tratar o veículo que recebera de Jesus. Não fora esses repousos e os cuidados recebidos, o corpo de Jesus ter-se-ia desintegrado bem antes de se haverem completado os três anos do Seu ministério, e assim o Gólgota não teria sido alcançado.
Quando o tempo se esgotou e o ministério terreno chegou ao fim, os Essênios pararam de intervir, então as coisas tomaram o seu curso natural e a tremenda força vibratória que atuava sobre os átomos físicos espalhou-os aos quatro ventos de modo que, quando o túmulo foi aberto poucos dias depois, nenhum sinal do corpo foi encontrado.
Isso se harmoniza perfeitamente com as leis naturais que conhecemos e com o seu modo de atuarem no Mundo Físico. A corrente elétrica de baixa potência queima e até mata, enquanto a alta voltagem pode atravessar o corpo sem prejudicá-lo. A luz, que possui elevadíssimo grau vibratório, é agradável e benéfica ao corpo, mas quando focalizada através de uma lente esse grau vibratório é reduzido, produzindo-se então o fogo que queima e destrói. De modo idêntico, quando Cristo, o Grande Espírito Solar, entrou no Corpo Denso de Jesus, reduzindo Seu padrão vibratório em virtude de resistência da matéria densa, tê-lo-ia queimado – como na cremação – caso não tivessem sido tomadas medidas para evitá-lo. A força era a mesma, os resultados idênticos, exceto num pormenor: o fogo que consumiu o corpo de Jesus não produziu cinzas, conforme aconteceria com o fogo comum que produz chamas. A propósito, é bom recordar que o fogo, embora invisível, encontra-se latente em todas as coisas. É verdade que não o vemos na planta, no animal ou na pedra, não obstante, ele ali está perceptível à visão interna e capaz de manifestar-se a qualquer momento na substância física em forma de chama.
Uma das nossas ilusões é a de que o corpo que habitamos é vivo. Isto de fato não acontece. Pelo menos a porção deste corpo que pode ser verdadeiramente chamada de viva é tão pequena que a afirmação acima é praticamente verdadeira. O resto dele existe absolutamente adormecido, se não inteiramente morto. Este fato é bem conhecido pela ciência e é algo que a razão nos demonstra ser verdade: nosso poder espiritual é tão pequeno que não pode dotar de vida este veículo por tempo suficientemente longo, de modo que, na medida em que nos incapacitamos para vitalizar o corpo, este começa a assemelhar-se a um pesado torrão de barro que devemos arrastar penosamente conosco até que alguns poucos anos depois ele se cristaliza a tal ponto que se nos torna impossível manter o trabalho vibratório por mais tempo. Então, somos forçados a abandoná-lo, e aí se diz que ele morre. Inicia-se, assim, um lento processo de desintegração que devolve o átomo à sua condição original de liberdade.
Confronte agora a condição das coisas quando um desses mesmos corpos terrenos é possuído por um poderoso Espírito como o de Cristo. Pode-se achar uma analogia com o caso de um indivíduo reanimado após um afogamento. Em tais casos o Corpo Vital se retira e a ação vibratória dos átomos físicos quase cessa, quando não para totalmente. Restauradas as condições que permitem ao Corpo Vital voltar a interpenetrar o corpo físico, aquele entra imediatamente a acionar e pôr em vibração todos os átomos deste. Esta tentativa de despertar os átomos inertes provoca aquela intensa e desagradável sensação de formigamento que o afogado descreve depois de reanimado, sensação que persiste até os átomos físicos alcançarem o grau vibratório de uma oitava abaixo daquele em que vibra o Corpo Vital. Chegado a esse ponto acaba a sensação, nada mais é sentido, salvo aquilo que se sente normalmente.
Agora consideremos o caso de Cristo entrando no Corpo Denso de Jesus, cujos átomos naturalmente moviam-se numa velocidade muito inferior àquela das forças vibratórias do Espírito Cristo. Consequentemente, uma aceleração tinha de acontecer, de tal maneira que, durante os três anos de ministério, essa notável aceleração de vibração desses átomos teria desintegrado o corpo não fora a atuação da poderosa vontade do Mestre para conservá-lo inteiro, reforçada pela habilidade dos Essênios. Se os átomos do corpo de Jesus estivessem adormecidos no momento em que Cristo dele se retirou – conforme ocorre aos nossos átomos quando abandonamos nossos corpos – um longo processo de putrefação ter-se-ia feito necessário para desintegrar aquele corpo. No entanto eles estavam altamente sensibilizados e vivos, portanto, era impossível ficarem presos após o Espírito ter-se retirado. Em futuras épocas, quando tenhamos aprendido a manter nossos corpos vivos, não precisaremos mudar átomos nem trocar de corpos tão frequentemente. Quando isso acontecer, o processo de putrefação não exigirá tanto tempo para se completar, conforme acontece presentemente. O sepulcro não foi fechado hermeticamente, portanto não podia oferecer obstáculo à passagem dos átomos.
Ao morrer o Corpo Denso de Jesus, os Átomos-semente retomaram ao seu primitivo dono. Durante os três anos de intervalo entre o batismo, em que ele renunciou a seus veículos, e a crucificação, quando pôde reaver os Átomos-semente, Jesus formou um veículo etérico, do mesmo modo que um Auxiliar Invisível junta matéria física sempre que se faça necessário materializar um corpo ou parte dele. Contudo, matéria que não corresponda ao Átomo-semente não pode ser utilizada de modo permanente: desintegra-se tão logo desapareça a força de vontade que a atraiu. Portanto, aquilo foi para Jesus apenas um expediente de ocasião. Quando o Átomo-semente do seu Corpo Vital retornou, então um novo corpo foi formado, e em tal veículo Jesus vem funcionando desde então, trabalhando com as igrejas. Nunca mais utilizou um Corpo Denso, embora seja perfeitamente capaz de fazer um. Presumivelmente isto se dá em virtude de seu trabalho ser totalmente desligado das coisas materiais e diferir diametralmente da obra de Christian Rosenkreuz, que tem muito a ver com problemas de governos, industriais e políticos, pelo que precisa de um corpo físico em que possa aparecer ao público.
A razão pela qual o Corpo Vital de Jesus é conservado para a segunda vinda de Cristo ao invés de Lhe providenciar um novo veículo pode ser encontrada em “Fausto”, mito que apresenta em sentido figurado grandes verdades espirituais de valor inestimável à alma sedenta. Fausto, em seu esforço para obter poder espiritual antes de merecê-lo, atrai um Espírito disposto a auxiliá-lo em seus desejos mediante uma compensação, pois em tal classe de Espírito o altruísmo é uma virtude que simplesmente não existe. Quando Lúcifer se volta para sair, nota apavorado a existência de um pentagrama diante da porta, uma das pontas em sua direção. Pede, então, a Fausto que retire dali o símbolo para que ele possa sair, ao que este lhe pergunta por que não sai pela janela ou pela chaminé. Lúcifer, relutantemente, admite que:
Para os fantasmas e Espíritos é lei
que por onde entramos, devemos sair.
Quando, no curso natural dos acontecimentos, o Espírito volta a nascer, ele entra no Corpo Denso pela cabeça, trazendo consigo os veículos superiores. Ao deixar o corpo à noite, sai pelo mesmo lugar, para reentrar do mesmo modo na manhã seguinte. O Auxiliar Invisível também sai do seu corpo e nele reentra da mesma maneira. E quando por fim nossa vida terrena chega a seu termo, é pela cabeça que saímos do nosso corpo pela última vez. Vemos, pois, que a cabeça é a porta natural do corpo e, por conseguinte, o pentagrama com uma ponta para cima é o símbolo da magia branca, que atua em harmonia com a lei de progressão.
O mago negro, que atua contrariamente à natureza, perverte a força da vida dirigindo-a para baixo, através dos órgãos inferiores. O portal da cabeça está fechado para ele, mas ele se retira pelos pés, o cordão prateado estendendo-se através dos órgãos inferiores. Portanto, foi fácil para Lúcifer entrar no gabinete de Fausto, pois o pentagrama com duas pontas voltadas para ele representava o símbolo da magia negra, mas ao tentar sair depara com uma só ponta em sua direção, e então se amedronta diante do sinal da magia branca. Ele só podia sair pela porta inferior porque por ali é que havia entrado, por isso ficou preso quando essa porta inferior foi bloqueada.
De maneira análoga, Cristo era livre para escolher Seu veículo para entrar na Terra onde agora se acha confinado, mas uma vez escolhido o veículo de Jesus a este ficou limitado como único meio de sair dela. Se esse veículo houvesse sido destruído, Cristo teria de ficar enclausurado no globo até que a Terra se dissolvesse no caos. Isso seria uma calamidade imensurável, portanto o veículo usado por Ele está sendo guardado com o máximo cuidado pelos Irmãos Maiores.
Nesse meio tempo Jesus perdeu todo o crescimento anímico alcançado durante seus trinta anos na Terra, antes do batismo, e contido no veículo dado a Cristo. Isto foi e continua sendo um grande sacrifício feito por nós, mas redundará em glória maior no futuro, como todas as boas ações. Porque esse veículo, utilizado como foi, e a ser usado novamente por Cristo em Sua vinda para estabelecer e aperfeiçoar o Reino de Deus será tão espiritualizado e glorificado que, quando for devolvido a Jesus na época em que Cristo entregar o Reino ao Pai será também o mais maravilhoso de todos os veículos humanos. E, ainda que isto não tenha sido ensinado, o autor acredita que Jesus será, por isso mesmo, o mais alto fruto do Período Terrestre, seguido de Christian Rosenkreuz. Porque “nenhum homem tem maior amor do que aquele que dá a própria vida”[21] e dar não somente o Corpo Denso, mas também o Corpo Vital, e por tempo tão prolongado, certamente é o máximo dos sacrifícios.
F I M
[1] N.R.: Independentemente da inversão das estações, uma coisa que se mantém idêntica no Norte e no Sul: a distância maior ou menor, a que o Sol se encontra da Terra. No Solstício de Dezembro, o Sol se encontra mais próximo da Terra: a Terra é permeada mais fortemente pela aura do Sol Espiritual (inspiração de crescimento anímico nos seres humanos). No Solstício de Junho, a Terra no máximo afastamento do Sol: diminuição de espiritualidade com a intensificação de vitalidade física.
[2] N.R.: Rm 8:22
[3] N.R.: Jo 19:30
[4] O Solstício de Junho varia entre 20 e 21 de junho, dependendo do ano.
[5] N.R.: ou 20, dependendo do ano.
[6] N.R.: Mt 26:26-29
[7] N.R.: Também conhecido como Tomás de Kempen, Thomas Hemerken, Thomas à Kempis, ou Thomas von Kempen (1379 ou 1380-1471) foi Monge e escritor alemão.
[8] N.R.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) – maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão.
[9] N.R.: ou Zurique é a maior cidade da Suíça, um país do hemisfério norte.
[10] N.R.: a Suíça fica no hemisfério norte, onde, em março, é a estação da primavera.
[11] N.R.: Jo 1:10
[12] N.R.: Jo 1:5
[13] N.R.: Jo 12:47
[14] N.R.: Jo 19:30
[15] N.R.: At 17:28
[16] N.R.: Jo 14:12
[17] N.R.: Jo 13:36
[18] N.R.: Valhala, Valíala, Valhalla ou Palácio dos Einherjar (em português “Palácio dos mortos heroicos”), na mitologia nórdica e nas religiões pagãs nórdicas, como a popular Ásatrú, é um palácio com enorme salão com 540 quartos — situado em Asgard e dominado pelo deus Odin — no qual metade dos guerreiros mais nobres e destemidos mortos em batalha são levados pelas valquírias após a morte para viverem com Odin (enquanto a outra metade vai para os campos Folkvang da deusa Freia), onde participam de combates diários, para manter o exercício da luta e preparar-se para o dia de Ragnarök (em português “o dia do fim do mundo”).
[19] N.R.: Lc 12:48
[20] N.R.: Boletim Echoes de Mount Ecclesia – The Rosicrucian Fellowship.
[21] N.R.: Jo 15:13
Preparando-se para a Era de Aquário: como está a sua preparação?
Nós, Estudantes Rosacruzes, a despeito dos quadros não muito animadores que o mundo nos oferece, mantemos inabalável a fé no futuro da humanidade.
Quando instituições, dogmas e estruturas das mais diversas parecem encontrar-se a beira de um colapso, prestes a fundirem-se num caos total, nossa maneira de encarar as coisas, por mais paradoxal que possa parecer, é otimista.
Nossa visão dos fatos não é apocalíptica no sentido exotérico do termo. Cremos estar próximos ao fim, não do mundo, mas de uma Era, de um estado de coisas.
Toda essa confusão prenuncia o desabamento de estruturas obsoletas, de sectarismos, de preconceitos. Esse sofrimento vivido na época atual compelirá o ser humano a desapegar-se, de uma vez por todas, de um estilo de vida já inadequado as suas necessidades evolutivas.
“Eis que as coisas se farão novas”. Você percebeu que nos encontramos em fase de transição? Você está consciente do significado dessas transformações?
Em 1918 Max Heindel escreveu: “O trabalho de preparação para a Era de Aquário já se iniciou. Como se trata de um Signo de Ar, científico, intelectual, depreende-se que a nova Religião deverá alicerçar-se em bases racionais, sendo capaz de resolver o enigma da vida e da morte de tal forma a satisfazer tanto a Mente como o Coração”.
Abriu-se, então, o caminho para o alvorecer da Era de Aquário. Sobre os escombros da Era atual florescerão um ideário mais avançado, estruturas mais dinâmicas, e, consequentemente, uma nova humanidade.
Lembramos, também, que dia a dia surgem condições favoráveis ao desenvolvimento das faculdades latentes do espírito. O gradativo crescimento de quantidade de Éter no Planeta está afetando as pessoas mais sensíveis. Não constitui exagero afirmar que a própria ciência já se encontra no umbral da Região Etérica.
Desde longínquas eras viemos desenvolvendo os cinco sentidos, através dos quais nos foi possível contatar e conhecer a Região Química do Mundo Físico. Da mesma forma, futuramente, a humanidade desenvolverá outro sentido, que deverá capacitá-la a perceber a Região Etérica, seus habitantes, inclusive aqueles entes queridos já desencarnados e que permanecem no Éter e no Mundo do Desejo, durante os estágios iniciais nos planos internos. As pessoas mais evoluídas já estão, mesmo que tênue e esporadicamente, ensinando seus primeiros passos no Éter.
O dilúvio, responsável pela submersão da Atlântida, tornou mais seca a atmosfera, fazendo baixar sua umidade para o mar. Quando o Sol, por Precessão dos Equinócios, entrar em Aquário, a eliminação da umidade será bem maior. As vibrações mais facilmente transmissíveis através do Éter serão mais intensas, gerando condições para a sensibilização do nervo ótico, requisito necessário para a abertura de nossa visão à Região Etérica.
Mesmo não tendo concluído suas pesquisas sobre os Éteres, Max Heindel legou-nos conhecimentos notáveis a respeito desse elemento. Em verdade, estamos próximos a grandes transformações, principalmente no campo das ideias. Cabe-nos, portanto, mantermo-nos atentos às mudanças que se operarão, preparando-nos para interpretá-las e, posteriormente a elas, nos integrarmos.
Os Irmãos Maiores da Rosacruz não limitam suas atividades aos Estudantes e Probacionistas, nem a nenhum outro grupo específico. Trabalham também através dos cientistas, embora estes nem sempre estejam conscientes disso. Seu propósito é estabelecer a Fraternidade Universal. Sendo assim, seu campo de ação é de uma amplitude inimaginável.
Max Heindel afirmou certa vez, num círculo mais íntimo, que na aurora da Era de Aquário – dentro de uns seiscentos anos, ou talvez até antes – aparecerá um novo instrutor. Será o reaparecimento do grande Ego outrora conhecido na Europa como Christian Rosenkreuz e como Conde Saint Germain.
Além desse grande instrutor será enviado um mensageiro, como ocorre a cada cem anos, pelo ”Governo Invisível do Mundo”, conhecido no ocultismo como “A Grande Loja Branca”.
Segundo Augusta Foss Heindel, “a nova Era mostrará a verdade indiscutível do espaço interestelar, novas aventuras cósmicas para o Espírito Humano e uma Filosofia Cósmica mais perfeita”.
Você está cultivando uma sincera e verdadeira afinidade com o ideal aquariano?
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – fevereiro/1980 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Aqui está a ótima obra de um trabalho histórico-jornalista que demandou 50 anos (com algumas pausas) de pesquisa, organização, datilografia e digitação feita por um Probacionista holandês, Ger Westenberg, que nos enviou os originais em holandês dessa 2ª EDIÇÃO e nos autorizou a tradução para o português e a publicação.
Nessa 2ª EDIÇÃO há complementos, correções e revisões que enriquecem de sobremaneira a 1ª EDIÇÃO.
Trata-se da história da Fraternidade Rosacruz, desde seus primórdios, ainda no século XIII, até os tempos de Max Heindel, o representante da Ordem Rosacruz do Século 20, focando aqui na sua biografia desde o seu nascimento.
O nome Rosacruzes parece mexer com a imaginação de muitas pessoas. Existem muitos grupos que utilizam esse nome em seu brasão para grande confusão dos forasteiros. Portanto, dediquei um capítulo à história da Ordem Rosacruz e um resumo das organizações mais importantes onde o nome Rosacruzes aparece de uma ou outra forma, com no final uma visão esquemática de onde se originaram. E porque a Fraternidade Rosacruz é a única que leva à Ordem Rosacruz, na Região Etérica do Mundo Físico.
A Ordem Rosacruz é uma das 7 Escolas de Mistérios Menores de Iniciação que foi especialmente desenvolvida para os Ocidentais com Religião Cristã.
Há 4 meios de você acessar esse Livro:
1. Em formato PDF (para download):
2. Em forma audiobook ou audiolivro:
Max Heindel e a Fraternidade Rosacruz – por Ger Westenberg – 2ª Edição – audiobook
3. Em forma de videobook ou videolivro no nosso canal do Youtube: https://www.youtube.com/@fraternidaderosacruzcampinasbr/featured
aqui:
Max Heindel e a Fraternidade Rosacruz – por Ger Westenberg – 2ª Edição – videobook
4. Para estudar no próprio site:
MAX HEINDEL E A FRATERNIDADE ROSACRUZ
2ª EDIÇÃO
Por Ger Westenberg
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido do holandês e Revisado de acordo com:
MAX HEINDEL EN THE ROSICRUCIAN FELLOWSHIP
DOOR: Ger Westenberg
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Com autorização do Autor: Ger Westenberg, que nos enviou os originais.
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Por GER WESTENBERG
Escrever esta biografia sobre Max Heindel, que era o representante da Ordem Rosacruz do Século 20, não foi um trabalho simples.
A primeira tentativa foi difícil: datilografar 133 páginas em formato A4 no ano de 1968, divulgado por meio de 120 cópias. Faltavam, ainda, muitas informações como, por exemplo, sobre sua juventude. Nos arquivos de Copenhagen não encontrei informações, nem mesmo que ele havia morado lá. Isto mudou quando o Mapa Natal de Max Heindel foi refeito e percebido que a posição da Lua não se encontrava na latitude norte de Copenhagen, mas, situava-se na região de Aarhus.
Sr. Rickelt, o arquivista da Prefeitura de Aarhus, durante seu tempo livre, fez muitas pesquisas sobre a adolescência de Max Heindel, cujos resultados estão contidos no capítulo 2. Com essas informações também foi possível continuar a pesquisa na Escócia. A filha mais velha de Max Heindel, Wilhelmina Grasshoff, nos passou informações complementares e forneceu 3 fotos do pai, mãe e 4 filhos. Nos arquivos de Berlim haviam poucas informações porque durante a guerra de 1940-45 com os bombardeios na cidade, se perdeu muito material arquivado. Nos EUA a busca foi difícil, porque sem uma informação específica é difícil conseguir achar alguma coisa. Porém, mesmo assim, consegui juntar informações, graças à ajuda benevolente de pessoas de lá.
Sou muito agradecido às pessoas que tinham informações autênticas e que me passaram; como a sobrinha da Sra. Augusta Foss Heindel, Sra. Olga Borsum Crellin, que me forneceu um relatório curto, mas completo da família Foss, juntamente com algumas fotos. O Sr. George Schwenk de Ojai, que por muitos anos foi amigo da Sra. Augusta Foss Heindel, me passou muitas informações em primeira mão, como também o Sr. e Sra. Barkhurst, que por volta de 1920 se afiliaram à Fraternidade Rosacruz, e em 1982 não só me passaram informações como também um material exclusivo sobre os exercícios espirituais e também uma cópia datilografada de “Memoirs of Max Heindel and the Rosicrucian Fellowship” da qual possuíam o original, escritos pela Sra. Augusta Foss Heindel em 1941. Ela mesma publicou uma versão simplificada no Echoes em 1948 com o título “The Early History of the Rosicrucian Fellowship”.
O manuscrito original foi doado pela família Barkhust pouco antes de morrer, à Fraternidade, que em 1997 publicou sob o título “Memórias sobre Max Heindel e a Fraternidade Rosacuz”.
Nesses 50 anos, com algumas pausas, trabalhando nesta biografia, muitas outras pessoas me forneceram informações e dados importantes. Seus nomes estão nas notas de Rodapé juntamente com o material onde aparecem.
Sobre o desenvolvimento Rosacruz na Holanda recebi muitas informações do Sr. Jaap Kwikkel que foi um dos primeiros afiliados da Holanda e testemunha de muitos acontecimentos. Também conheci a Sra. A. van Warendorp, que introduziu os estudos na Holanda, mas infelizmente já não estava mais acessível (intelectualmente).
Os últimos anos dediquei-me a fazer um esboço do movimento Teosófico na Alemanha, quando Heindel em 1907/08, passou 5 meses por lá.
Também relatei a relação entre Steiner e Heindel, e o desenvolvimento espiritual de Steiner até 1912, e naturalmente sobre algumas concordâncias e diferenças em suas visualizações que em primeira instância poderiam ter sido negligenciados, mas que são muito importantes; bem como encontrar a passagem em que Steiner numa Palestra em 11/10/1915 em Dornach cita, pessoalmente, não ser um representante dos Rosacruzes, onde a ideia de alguns de que a Antroposofia era uma metamorfose do ensinamento Rosacruzes se demonstrou errônea.
O nome Rosacruzes parece mexer com a imaginação de muitas pessoas. Existem muitos grupos que utilizam esse nome em seu brasão para grande confusão dos forasteiros. Portanto, dediquei um capítulo à história da Ordem Rosacruz e no Adendo 13 tem um resumo das organizações mais importantes onde o nome Rosacruzes aparece de uma ou outra forma, com no final uma visão esquemática de onde se originaram.
No início de 1600 os manifestos dos Rosacruzes de Fama Fraternitus R.C., de Confessio Fraternitatis R.C. e o Assertio Fraternitatis R.C., trouxeram muita comoção. No Adendo 1 traduzi novamente para o Holandês.
A Ordem Rosacruz é uma das 7 Escolas de Mistérios Menores de Iniciação que foi especialmente desenvolvida para os Ocidentais com Religião Cristã. O último capítulo foi dedicado à preparação e ao processo de Iniciação.
Laag-Soeren, julho 2003
Sumário
PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO.. 7
Capítulo 1 – A Origem da Ordem Rosacruz.. 8
Capítulo 2 – De Carl Grasshoff à Max Heindel.. 47
Capítulo 3 – A Teosofia na Alemanha nos idos de 1900. 62
Capítulo 4 – Max Heindel na Alemanha.. 67
Capítulo 5 – Mensageiro dos Rosacruzes. 81
Capítulo 6 – Expansão da Fraternidade Rosacruz.. 90
Capítulo 7 – Aquisição de um Terreno para a Sede Central.. 106
Capítulo 8 – Construtor – Material e Espiritual.. 124
Capítulo 9 – Mais Atividades de Construção.. 136
Capítulo 10 – Ainda Mais Atividades de Construção.. 151
Capítulo 11 – Destaques Espirituais e o Falecimento de Max Heindel 162
Capítulo 12 – Augusta Foss Heindel como Sucessora de Max Heindel.. 180
Capítulo 13 – Disputa pelo Poder.. 200
Capítulo 14 – Finalmente Paz.. 217
Capítulo 15 – Em Direção a um Novo Ciclo.. 232
Capítulo 16 – Método Ocidental de Iniciação.. 250
ADENDO 1 – OS MANIFESTOS ROSACRUZES: FAMA, CONFESSIO e ASSERTIO.. 277
FAMA FRATERNITATIS R. C. ou os rumores da Fraternidade, da muito louvável Ordem Rosa Cruz 277
CONFESSIO FRATERNITATIS R.C. – Confissão a Fraternidade Rosacruz aos Estudiosos da Europa 299
Adendo 3 – FLORENCE MAY HOLBROOK.. 323
Adendo 4 – Carta de Max Heindel para C.W. Leadbeater, 1904. 327
Adendo 5 – A Família FOSS. 331
Adendo 6 – ALMA VON BRANDIS. 336
Adendo 7 – Rudolf Steiner.. 339
Adendo 8 – DIFERENÇAS IMPORTANTES ENTRE OS ENSINAMENTOS DE MAX HEINDEL E DE RUDOLF STEINER.. 353
Adendo 9 – Troca de cartas entre Max Heindel, Laura Bauer e Hugo Vollrath 368
Adendo 13 – Rosacruzes e “Rosacruzes”. 455
BIBLIOGRAFIA: LIVROS ESCRITOS. 485
COMPOSTOS DOS TRABALHOS DE MAX HEINDEL.. 494
POR AUGUSTA FOSS HEINDEL.. 499
DE OUTROS ESCRITORES E DE ASTROLOGIA ROSACRUZ.. 501
OUTRAS PUBLICAÇÕES DA FRATERNIDADE ROSACRUZ.. 503
Desde a primeira edição de 2003 consegui juntar à biografia muitas imagens e informações. Por exemplo, informações sobre a chegada de Max Heindel em Nova York; seu segundo casamento; sua estadia em Boston e muitos outros detalhes foram introduzidos no texto.
Também foram acrescentadas mais fotos como uma foto da adolescência de Max Heindel com seu irmão e mãe; da casa onde Max Heindel e sua segunda esposa, Louisa Anna Petterson, moravam em Roxbury[1] e uma foto da Alma Von Brandis que pagou a viagem de Max Heindel para a Alemanha.
Fiz uma revisão nos Aspectos astrológicos. Também recalculei todos os mapas natais e onde necessário fiz correções e, portanto, posso encerrar essa biografia.
Sou agradecido a todas as pessoas que me forneceram informações e fotos. Seus nomes aparecem nos rodapés das biografias.
Laag-Soeren, abril de 2.014
A Fraternidade Rosacruz foi fundada em 1911 por Max Heindel – nome que foi usado por Carl Louis Fredrik Grasshoff, nos Estados Unidos. Ele foi incumbido, por um dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, de tornar público parte de seus ensinamentos, que antes eram conhecidos e divulgados apenas num círculo fechado e de forma simbólica. Para entendermos melhor é conveniente contarmos a história e o objetivo da Ordem Rosacruz.
A origem da Ordem Rosacruz, conforme Max Heindel, se inicia no passado distante, no início da Era Terrestre, mas seu arquétipo já se manifesta 3 períodos antes do nosso Período Terrestre[2].
No início do nosso desenvolvimento, no Período de Saturno, o “calor” era o único elemento e a humanidade, que naquela época tinha uma consciência semelhante aos minerais, formavam uma unidade.
No Período Solar, formou-se mais um elemento: o “ar” que se juntou ao elemento fogo do Período anterior. Isto se revelou, então, como chamas e o mundo escuro se transformou numa bola flamejante. A humanidade tinha uma consciência semelhante à das plantas, atualmente, e ainda formava uma unidade.
No Período Lunar a bola flamejante tocou no espaço frio e se desenvolveu o vapor: “água”. Uma parte dos Anjos atuais, que eram a humanidade daquele período, tinham preferência pela água, enquanto outra parte dava preferência ao fogo. A constante mudança em evaporação e condensação da humidade que envolvia o núcleo quente, formou uma crosta em volta do núcleo. Era intensão de Jeová formar esta “terra vermelha”, que na Bíblia foi chamado de “ADAM”, em formas que pudessem encarcerar e extinguir os espíritos no fogo. Para este fim, Ele pronunciou o fiat criador, e os protótipos do peixe, da ave e de todo o ser vivente apareceram, incluindo mesmo a primitiva forma humana. Ele queria que todos os seres viventes obedecessem à sua vontade. Contudo, uma parte dos Anjos se rebelou contra esta ideia. Eles tinham uma preferência muito grande pelo fogo para aceitarem a água e se recusaram a criarem formas. Portanto, privaram-se de uma oportunidade de evoluir através das linhas convencionais e se tornaram atrasados.
Porque se recusaram a obedecer a Jeová, eles precisavam tentar encontrar o desenvolvimento por conta própria; para isto escolheram como líder Lúcifer.
No início do Período Terrestre, quando vários Planetas foram formados para dar oportunidade de desenvolvimento aos diversos grupos de Espíritos Virginais, os Anjos trabalharam, juntamente com Jeová, nos diversos Planetas e Luas, enquanto os Espíritos Lucíferos, também denominados Anjos Caídos, ficaram no Planeta Marte.
O representante dos Anjos da Lua na Terra, que estão sob a liderança de Jeová, é o Anjo Gabriel. O Anjo Samael é o representante dos Anjos que estão sob a liderança de Lúcifer.
Desta forma surgiu, naquele fraco início do dia cósmico, uma rixa entre as Hierarquias do fogo e as Hierarquias da água; entre os descendentes de Caim e os de Abel, respectivamente, Seth.
A Maçonaria nos mostra – ainda conforme Max Heindel – que existem pontos comuns e pontos divergentes com a história da Bíblia. Esta tradição conta que Jeová criou Eva. Que o Anjo lucífero Samael se juntou a ela, mas foi expulso por Jeová e forçado a abandoná-la antes do nascimento de seu filho Caim, que se tornou o Filho da Viúva. Depois Jeová criou Adão para se tornar o esposo de Eva. Desta união nasceu Abel.
Desde o início deste Período Terrestre já existiram 2 tipos de seres humanos. O primeiro, meio divino, gerado pelo Anjo lucífero Samael, repleto da força condutora marciana; batalhador, inovador e possuidor da força da iniciativa, relutante à coerção e autoridade, tanto da humanidade quanto da divindade. O segundo, gerado por seres humanos com pais humanos, vive pela fé e não por ação, eles não sentem urgência ou inquietação. São mansos e dóceis, uma postura que agradou muito a Jeová, porque ele vigia escrupulosamente o seu direito de criador. Por isto a oferta de Abel que foi conseguida sem dificuldade ou iniciativa própria foi aceita por ele, com satisfação, e a oferta de Caim foi desdenhada, porque foi feita por ele por seu caráter divino como criador, relacionado ao de Jeová.
Então Caim matou Abel. Contudo, com isto ele não destruiu a linhagem obediente de Jeová. Porque na Bíblia está escrito que Adão conheceu novamente a Eva e ela gerou Seth, que tinha as mesmas características de Abel.
Por se dedicarem com zelo aos assuntos terrenos os filhos de Caim se espalharam pelo mundo e, desta maneira conquistaram, o poder. Eles são os líderes da indústria e os mestres da política.
Os filhos de Seth, que buscam a liderança de Deus, se tornaram o portal para a sabedoria divina e espiritual; eles formam o Sacerdócio.
Jeová deu a Salomão, um descendente de Seth, a ordem para construir um Templo conforme o plano dado a Davi. Contudo, Salomão não tinha a capacidade de transformar o plano divino em formas físicas e por isso solicitou ajuda ao Rei de Tiro, um descendente de Caim, que se chamava Hiram Abiff, o filho da Viúva. Nele todas as artes e ofícios dos filhos de Caim afloraram completamente. Ele sobrepujava todos os outros no manejo com o trabalho na matéria. Sem Hiram Abiff, o Mestre de Obras, o plano de Jeová teria permanecido um sonho. Para a construção do Templo, a perspicácia dos filhos de Caim era tão necessária quanto o projeto espiritual dos filhos de Seth. Portanto, ambos os grupos juntaram todas as suas forças durante a construção do Templo.
Esta foi a primeira tentativa de unificar as duas linhagens. Contudo, por traição dos filhos Seth esse plano divino de reconciliação frustrou. Eles tentaram abafar o fogo usado por Hiram Abiff com sua arma natural a água. Quase obtiveram sucesso.
O Templo de Salomão era a coroação de ambos os lados, uma personificação da espiritualidade elevada dos ideais desses líderes, os filhos de Seth, unido às habilidades excepcionais dos seres humanos de ação, os filhos de Caim.
Salomão estava satisfeito, mas a mente de Hiram não estava. Ele havia feito uma peça de inigualável habilidade, mas o projeto não estava em suas mãos. Ele foi apenas o mestre de obras do arquiteto invisível Jeová, que trabalhava por intermédio de Salomão. Ele foi impelido por uma força esmagadora a incluir algo no Templo que sobrepujaria em beleza e importância a todo o resto. Por este esforço espiritual nasceu o desejo de construir o Mar Fundido.
Quando Hiram havia quase terminado de construir o Templo, ele começou a fundir os vasos. O ponto principal era o grande lavatório, o lavabo da purificação onde todos os sacerdotes deveriam mergulhar, antes de poderem servir a Deus. Este lavatório, juntamente com todas as outras embarcações menores, Hiram fundiu com bom resultado.
Mas existe uma grande diferença entre o lavatório e o Mar Fundido, que deveria ser inserido conforme o plano de Hiram. Se não fosse fundido corretamente o lavatório não funcionaria para a operação de limpeza. Esse trabalho deveria ser a Obra de Arte de Hiram.
Se ele tivesse sido bem-sucedido nessa empreitada, este trabalho estaria acima da humanidade e ele seria considerado divino, assim como Elohim Jeová. Porque seu pai divino Samael havia garantido a Eva, que ela se tornaria igual a Deus se ela comesse da árvore do conhecimento.
Por séculos seus ancestrais trabalharam no mundo e pela sua experiência conseguiram construir uma obra, onde Jeová se escondia atrás do Véu e só conversava com seus sacerdotes, os filhos de Seth. Os filhos de Caim eram proibidos de entrar no Templo, que eles mesmos construíram. Da mesma forma que seu pai Caim foi expulso do Jardim do Éden, o Paraíso.
Hiram sentia tudo isto como um escândalo e injusto, e buscava um meio de que os filhos de Caim pudessem rasgar o Véu do Templo para abrir caminho para todos. Para atingir este objetivo enviou mensageiros para todas as partes do mundo para juntarem todos os tipos de metais existentes. Com seu martelo ele pulverizou todos os metais e os colocou num forno incandescente, para tirar todo o conhecimento possível, durante o processo alquímico. Desta forma o conhecimento de cada metal impuro iria se juntar e formar o conhecimento de sublimação espiritual e de incomparável força. Como esta sublimação seria totalmente pura e transparente, se pareceria com um mar de vidro. Todos que ali se banhassem teriam juventude eterna. Nenhum filósofo poderia se igualar a ele em sabedoria. Esse conhecimento faria com que ele conseguisse levantar o Véu invisível e contatar as Hierarquias superiores, pessoalmente.
Contudo, os trabalhadores inaptos, que Hiram fora incapaz de iniciar nos graus superiores, conspiraram para deitar Água no recipiente moldado para receber o Mar, porque eles sabiam que os filhos do fogo não sabiam lidar com esse elemento aquoso. Desta forma, frustrando o acalentado projeto de Hiram e estragando sua Obra-prima, eles aspiravam vingar-se do Mestre.
Quando Hiram, com toda a confiança, tirou o tampão do cadinho, o fogo líquido escorreu e se encontrou com a água. Enquanto os dois elementos cozinhavam e lutavam entre si houve um estrondo trovejante que estremeceu Céus e Terra.
Todos, exceto Hiram, esconderam seus rostos da devastação medonha. Então Hiram ouviu do meio do fogo furioso um chamado do seu antepassado Tubal Caim, que implorou que ele pulasse dentro do Mar Fundido. Hiram mergulhou cheio de confiança e enquanto ele foi submergindo pelo fundo dissolvido do lavabo, foi conduzido pelas nove camadas da Terra até o Centro onde se encontrou com seu antepassado que o instruiu em como misturar água com fogo e entregou um novo martelo e uma nova palavra que o ajudaria a atingir este objetivo. Caim disse a Hiram que ele estava destinado a morrer sem realizar suas expectativas. Contudo, que nasceriam muitos filhos da Viúva que iriam manter seus feitos vivos na memória. Finalmente viria um que seria maior que ele. Hiram não iria acordar até que o Leão de Judá o despertasse com sua garra poderosa. Caim também falou que ele teve agora o batismo de fogo, mas que Ele, o Cristo, iria batizá-lo com água e espírito; ele e todo filho da Viúva que vier até Ele. Este, maior que Salomão, irá construir uma nova cidade e um novo Templo onde o povo da Terra poderá adorá-Lo. Os filhos de Caim e de Seth irão encontrar lá o mar de vidro.
Quando Hiram retornou novamente à superfície da Terra e queria ir embora, os traidores o atacaram e feriram mortalmente. Entretanto, antes de morrer ele guardou o martelo e o disco onde havia escrito a palavra. Ele ficou dormindo até que renasceu como Lázaro, o filho da Viúva de Naim.
Neste mesmo período Salomão renasceu como Jesus de Nazaré para se tornar a ferramenta do altruísta, unificador Espírito de Cristo. O batismo de água que João, em sua capacidade de representante de Jeová, O fez passar, libertou-O. Naquele momento ele (Jesus) entregou seu corpo para que o Espírito de Cristo descesse nele e se reagrupou ao lado do novo Líder, Cristo, com o objetivo de terminar com a divisão entre os filhos de Seth e os filhos de Caim.
De Jesus foi dito que ele era um tekton[3], um filho de Deus, o grande Arche Tekton, o construtor primal.
Quando Lázaro é despertado da morte pela garra do Leão – o Leão de Judá, Cristo – o disco foi reencontrado e também o novo martelo, na forma de uma cruz, enquanto no disco havia o símbolo misterioso de uma rosa. Nestes dois símbolos se encontram o grande mistério da vida, a mistura do fogo e da água, como é demonstrado pelo fino líquido que nasce do solo e sobe pela haste e o cálice virado para cima, que se transforma nas cores fulgurantes das pétalas que surgiram na pureza da luz do sol, mas que até hoje são protegidas pelos espinhos dos Espíritos Lucíferos de Marte. Por esta razão Hiram toma seu lugar entre os imortais, sob o novo nome simbólico de
CHRISTIAN ROSENKREUZ
No final do século XIII Christian Rosenkreuz fundou a Ordem Rosacruz. O local onde está a Ordem não pode ser revelado publicamente, para que curiosos não atrapalhem o trabalho realizado lá. O que pode ser dito é que o Templo, como é chamado este local, fica na Erzgebirge (Montanhas de Erz), em Saksen, na Alemanha[4].
Max Heindel fala que a “casa”, onde os Irmãos Maiores moram, faz pensar em pessoas abastadas, mas discretas. Na cidade onde vivem parecem ter uma posição importante, mas utilizam essa posição apenas como disfarce, para justificar sua presença e para não despertar perguntas sobre quem ou o que eles são, ou que tenha algo incomum com eles.
Fora daquela casa e por dentro daquela casa fica o que eles chamam de Templo. Este é etérico e difere das nossas construções comuns. Este Templo pode ser comparado com a Aura do Templo de Cura de Oceanside[5] que é etérico e bem maior que o prédio em si.
Este Templo dos Rosacruzes sobrepõe tudo e não pode ser comparado a nenhuma outra coisa, mas circula e penetra a casa onde os Irmãos Maiores moram. A casa é tão permeada por espiritualidade que a maioria das pessoas não se sentiria confortável[6].
Assim como as outras Escolas de Mistérios, a dos Rosacruzes também se formou em base etérica. Assim como precisamos de 12 esferas para cobrir uma décima terceira, de mesmo tamanho, para esta não ser vista, existem 12 Signos do Zodíaco que circundam nosso Sistema Solar, 12 tons e semitons que formam a oitava, assim também é na Ordem Rosacruz que tem 12 Irmãos Maiores mais um décimo terceiro, que é a Cabeça da Ordem e fica invisível aos olhos da humanidade. Mesmo as Irmãs e Irmãos Leigos nunca o veem, mas nos serviços noturnos no Templo todos sentem sua presença quando ele entra no Templo, que é o sinal para o início da cerimônia[7].
Os números: 1, 5 e 7 também têm um significado cósmico. Assim existem 7 Escolas de Mistérios Menores, no qual os Rosacruzes fazem parte, e 5 de Mistérios Maiores. Todas fazem parte de um cabeça central que é chamado “O Libertador”.
A Ordem Rosacruz é destinada para os Ocidentais, enquanto as outras 6 escolas são destinadas para as raças do Sul e do Oriente. As 5 Escolas de Mistérios Maiores são constituídas pelos graduados nas Escolas Menores.
Dos 12 Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz – todos possuem Corpo Denso, o corpo físico – existem 7 que saem ao mundo quando houver necessidade, atuando como pessoas entre as pessoas, ou em seus veículos invisíveis. Os outros 5 Irmãos Maiores nunca abandonam o Templo. Embora eles tenham um Corpo Denso, todo seu trabalho é feito nos Mundos Suprafísicos. Os 12 Irmãos Maiores são ajudados em seu trabalho por Irmãs e Irmãos Leigos, pessoas estas que moram em diversos lugares no mundo ocidental, mas que conseguem deixar seus corpos físicos de forma consciente, acompanhar os Serviços no Templo e participar das Atividades Espirituais no Templo, porque eles, cada um de uma forma especial, foram instruídos na Iniciação por um dos Irmãos Maiores[8].
Ficará claro que isto só poderá ser confirmado por alguém que consegue ler na “Memória da Natureza”, que fica na quarta Região do Pensamento Concreto do Mundo do Pensamento[9], onde existe um registro de tudo o que aconteceu na Terra, e para isto só estão aptos os Iniciados das Escolas Menores. Este historiador, que não é um Iniciado, terá que se orientar pelo que está escrito nos arquivos e nas bibliotecas.
A seguir faço um resumo da história dos Rosacruzes que pode ser lida por completo nas obras citadas. Embora não seja um seguidor da Ordem, Simon Studion é citado, visto a grande influência de seu livro Naometria sobre Tobias Hess.
Simon Studion nasceu em 6 de março de 1543 entre 6 e 7 horas da manhã em Urach[10]. Em 1561 ele foi inscrito como estudante de teologia em Tubingen. Seu professor de ética M.S. Heyland não era apenas um excelente matemático, mas também era conhecido como astrônomo e astrólogo. Studion estudou com ele, também, cálculo místico. Em 14 de fevereiro de 1565 ele se formou Teólogo e teve a triste notícia de que não poderia ser Teólogo porque gaguejava[11]. Dois meses depois em 14 de abril de 1565 ele conseguiu um emprego no internato de Stuttgart. Em fevereiro de 1572 ele se tornou Professor na Escola Latina em Marbach, próximo a Neckar onde ficou até se aposentar em 1605.
Em janeiro de 1566 ele se casou com Anna Dietrich e tiveram 5 filhos. A partir de 1570 ele foi reconhecido como Poeta de Latim, e em Württenberg, considerado o fundador do Museu de História Antiga Romana que começou em Marbach. Ele mesmo juntou peças antigas em 2 carroças cheias que formaram a base da coleção de antiguidades de Stuttgart. Studion também escreveu um livro sobre seus achados com gravuras e fez um calendário histórico para Württenberg. O propósito de seu material histórico era destinado para o que ele considerava seu trabalho de vida, um livro com teses e previsões no qual havia começado em 1592. Os boatos sobre este fato chegaram de forma mutilada à corte de Stuttgart, onde foi dito que ele estava escrevendo um livro contra o Papa. Por esta razão em janeiro de 1593 ele foi chamado para uma audiência pela Igreja. Mesmo que sua declaração não tenha sido convincente, ele não foi mais incomodado.
O sucessor de Ludwig, Duque Friedrich, tinha uma grande preferência por ocultismo e alquimia e Studion esperava que se interessasse muito por seu trabalho, que ele chamou Naometria, ou seja: geometria do templo. Por volta de 1600 havia na Alemanha muitas previsões de final dos tempos, que trazia muita angústia. Studion queria, com seu livro, trazer um baluarte aos sinais, demonstrando uma solução e prenunciando a salvação.
Studion sabia de um grupo que se chamava “Crucesignati”, que havia se reunido em 1586 em Luneburg e havia inaugurado a Fraternidade Evangélica. Studion queria organizar um encontro em Konstanz, seguindo este exemplo, como um concílio de reforma. Ali se tomariam precauções para o esperado julgamento divino. Studion esperava que o reino dos mil anos chegaria em 1621. Contudo, antes disso, iriam nascer 3 testemunhas, dos quais o primeiro nasceu em 1483 que, naturalmente, foi Martin Luther; a segunda testemunha viria em 1543, que era ele; e em 1593 Elias Artista, o alquimista, iria aparecer como o grande Anticristo.
Studion baseava seus cálculos nos do abade Joachim de Fiore que viveu de 1130 a 1202. Ele o chama, constantemente, de testemunha chave.
A Naometria atraiu a atenção do Duque Friedrich, principalmente porque continha material histórico e profecias, proveitosas favoráveis a si. De qualquer forma o trabalho circulava e também caiu nas mãos de estudantes em Tübingen.
A entrega do manuscrito ao Duque Friedrich ocorreu num período ruim, por causa da má experiência com o falso fabricante de ouro Georg Honauer, que foi preso e executado em 1597.
O Duque perguntou ao Studion se ele, com seu conhecimento de história, poderia escrever a história de Württemberg. Assim foi escrita a história, enquanto o seu filho o substituiu na escola.
Para ter a atenção do Duque para o seu ideal, Studion escreveu, no Prefácio do seu livro de história que se chamava Ratio Nominis, uma dedicatória copiosa onde ele lembrava o Duque de seu livro principal, que o havia entregue na primavera de 1596.
O Conde Palatino Phillip Ludwig Von Neuberg ficou muito interessado na Naometria, e pretendia imprimir com gravuras de cobre. Talvez Studion tenha entendido, durante a negociação, que seu trabalho estava confuso em vários pontos. Portanto está justificado que em 1601 ele foi liberado pelo Duque de dar aulas para reescrever sua obra, o que durou até 1604. A dedicatória de 205 páginas ao Duque Friedrich, do livro de 1790 páginas, foi datada de 9 de novembro de 1604. O novo Naometria é uma melhoria muito importante pela divisão em capítulos e uma tabela de conteúdo, mas apesar disso os cálculos e a profecia obscureciam o real propósito do trabalho.
Em 19 de fevereiro de 1605, o Duque Friedrich mandou que Studion e sua esposa se mudassem para Maulbronn e que ele ganharia uma aposentadoria. O seu filho também foi realocado. Studion também ganhou um valor de 30 florins dos cofres da Igreja, que demonstra que o Duque não se esqueceu do seu trabalho de historiador. Pouco depois, Studion deve ter falecido, uma vez que era conhecido como beberrão, ficava doente e tinha um caráter difícil. Seu mapa se encontra no Adendo 12.
Max Heindel nos informa, em dois lugares diferentes, que a Ordem Rosacruz foi fundada no século XIII[12].
O famoso historiador holandês Dr. Adolf Santing escreve que o Epitáfio de Christian Rosenkreuz no Fama foi escrito em Latim do século XIII[13].
As tentativas de Luther em 1517 de limpar a Igreja Católica Romana de abuso, na verdade, só causaram uma separação, sem de fato mudar algo. Assim, no início do século XVII, as Igrejas ainda eram soberanas e estavam divididas em 2 grupos: católicos e protestantes. Este último, os Luteranos e Calvinistas, eram tão intolerantes ao pensamento divergente quanto os católicos.
Também, quanto à ciência, as Igrejas só aceitavam aquilo que encaixasse no interesse delas. Pesquisadores científicos eram forçados a rever sua forma de pensar, sendo ameaçados de prisão e várias vezes eram proibidos de publicar algo[14].
Um grupo de pessoas, em torno de Tobias Hess (1568-1614), fizeram um chamado em nome dos Rosacruzes aos líderes, clero e estudiosos da Europa, para fazerem uma reforma completa no campo da religião, política e ciência. Por volta de 1610 seu manuscrito chamado Fama Fraternitatis Roseae Crucis circulava com um chamado à reação.
A primeira resposta veio do Austríaco Adam Haslmayr (1562 – depois de 1630) que publicou, em 1612, uma resposta ao exemplar que ele leu em 1610, nomeado Antwort an die lobwurdige bruderschaft der Theosophen Von Rosencreutz[15].
Adam Haslmayr nasceu no dia 10 de novembro de 1562, em Bozen, Tyrol[16]. De profissão era organista, contador imperial e Professor de Latim na Escola Paroquial.
Depois da Primeira Guerra Mundial (1919/20) o sul do Tirol se tornou território Italiano e o nome de Bozen trocado para Bolzano. Veja seu horóscopo no Adendo 12.
No início de 1585 ele se casa com Anna Pruckhreiter de Bozen[17]. Em Bozen tiveram 5 filhos e 2 filhas, dos quais o primeiro foi Christoph Sigismund que nasceu em 10 de outubro de 1591.
Ele foi professor de latim em St. Pauls-Eppan até que, em 23 de março de 1588, ele se torna professor em Bozen.
Em 1592 foi publicado em Ausburg o livro Newe Teutsche Gesang – um canto de 4 a 6 vozes do qual existe um exemplar no museu britânico[18].
Um ano depois, em 15 de agosto de 1593, o Arquiduque Ferdinand entregou-lhe uma carta dizendo que ele podia usar um brasão de família – um galo bravo voador ou uma pequena galinha do bosque com um ramo de aveleira no bico – e foi assim que se tornou nobre[19].
Em 1586, Haslmayr ganhou um livro de Paracelsus, Philosophia Sagax do seu amigo Lorenz Lutz. Esse livro impressionou o católico Haslmayr, despertou seu ultraje, mas também iniciou um lento processo de transformação. Assim ele escreveu que em 1594, 6 anos depois, ele se converteu à nova religião Paracelsista “Sancta Theophrastica”.
Por consequência disto, em 1603 ele escreve seu primeiro de muitos tratados, com várias ideias paracelsistas que iam contra a Igreja Católica e que ele entregou ao Arqueduque Maximilian de Tirol. Por causa disso foi chamado a depor em Imsbruck e, como consequência, foi demitido da Escola Paroquial de Bozen em 10 de setembro, do qual ele ganhou uma pequena aposentadoria.
Depois de 15 anos como professor e contador imperial, e muitos anos de organista, ele se muda com sua família, da qual só 3 filhos ainda estavam vivos, para Schwaz, onde ele sobrevive como contador, tradutor de textos sobre alquimia, químico e médico espagírico.
Em 1610 ele se muda para Heiligen Kreuz, uma cidadezinha na região de Salbad Hall, um pouco ao ocidente de Imsbruck onde trabalha como contador imperial, traduz alguns livros do latim para o Alemão para o Prefeito e dá aulas de espagiria[20] (18) para seus filhos.
Em 1611 ele entra em dificuldades novamente porque o médico da cidade de Solbad Hall, Hippolytus Guarinoni (1571-1654) o denuncia às autoridades em Imsbruck. Ele recebe em 28 de janeiro de 1611 uma notificação por escrito. Assim surgiu no final de janeiro, início de fevereiro seu “Unterthemige Verantwortung” onde Haslmayr cita o Fama Fraternitatis R.C. pela primeira vez e também é o documento mais antigo arquivado que menciona os Rosacruzes.
Em 1611 Haslmayr escreve uma carta, juntamente com seu amigo Benedictus Figulus (1567-1624?), que conhece desde 1607, ao médico Dr. Karl Widemann (1555-1637)[21].
Em seguida Widemann convida Haslmayr para visitá-lo em Augsburg. Esta visita ocorreu no início de julho de 1611 e é o início de uma amizade para uma vida inteira.
Guarinoni havia escrito um livro impressionante Die Greuel der Verwustung menschlichen Geschlechts[22] (Ingolstad, 1610), onde ele liquida com Paracelsus e seus seguidores. Haslmayr não resistiu em difamar este livro sempre que tivesse oportunidade e em outubro de 1611 escreveu Apologia em defesa de Paracelsus contra o “médico fajuto, enganador e fazedor de bebidas” Guarinoni, onde ele cita textos do Fama Fraternitatis mais de uma vez e também os Rosacruzes com textos como: O que os teósofos do R.C. não irão dizer no futuro sobre textos tão anticristãos, ridículos e criminosos?
Como dito antes por Adam Aslmayr que havia lido um exemplar de Fama Fraternitatis e formulou sua resposta[23], e enviou, em dezembro de 1611, juntamente com uma cópia do Fama, através do Widermann para o Sr. August Von Anhalt (1572-1653) em Zerbst, que publicou, em pequena escala, o Antwort an die lobwurdige Bruderschafft der Theosophen Von Rosen Creutz NN de Haslmayr, em março de 1612. É a primeira reação ao Fama, e o primeiro documento onde aparece o nome: Fraternidade Rosacruz. Haslmayr estava consciente que com a publicação de sua “resposta” iria causar muita irritação e esta publicação não ficou sem consequências.
Apesar de ter sido avisado por Widemann e de ter conversado sobre algumas rotas de fuga, Haslmayr não o ouviu. Erradamente ele achou que o Arqueduque Maximilian de Tirol ainda o protegeria e entregou sua Epístola da oratória (Epístola de exortação) para a corte de Tirol, na esperança de ser autorizado a ir para França, na região de Montpellier, à procura de uma Rosacruz. Contudo, as coisas ocorreram de forma muito diferente. Maximilian já havia dado ordens de prendê-lo no Presídio. Assim ele foi detido por acusação de ter ideias perniciosas e heréticas e concepções perigosas e que espalhava escritos maliciosos e venenosos[24].
Ele foi transferido para Gênova, Itália, onde, no dia 31/10/1612, exatamente no seu 50º aniversário, foi entregue ao alemão Adrian Von Sittinghause, que, conforme o próprio Haslmayr, o prendeu no Presídio de St. George. “Aqui tive que tirar todas as minhas roupas, rasparam a barba e o cabelo, tive que colocar as roupas de presidiário e me colocaram uma corrente no tornozelo, o que me fez sentir um cachorro acorrentado”[25].
Apesar dos apelos da esposa e dos amigos não conseguiram liberá-lo. Contudo, com o auxílio do Diretor Adrian Von Sittinghause, em Gênova, ele conseguiu antecipar sua soltura, depois de 4 anos e meio, no dia 1º de junho de 1617. Ele foi para a casa do amigo Dr. Karl Widemann, o médico de Ausburg, que o recebeu em sua casa. Durante sua estada na prisão, Widemann havia sustentado sua família.
Após seu retorno da Itália e sua mudança para Ausburg, no início de 1618, Haslmayr participou de uma furiosa controvérsia Rosacruz e escreveu vários tratados que, na maioria, se perderam. Em 1615 sua esposa faleceu. O último sinal de vida dele foi um comentário de Widemann: “abril 1618, quando ele estava aqui”[26].
Fora o conhecido manuscrito da Fama, que fazia parte da Biblioteca de Christoph Besold, e que hoje se encontra na Biblioteca de Salzburg, o Dr. Gilly conseguiu encontrar mais 3 manuscritos da Fama[27]. Na capa do exemplar de Besold está escrito: Fama Fraternitatis oder Bruderschafft dess Hochloblichen Ordens Roseae Crucis. An die Haupter, Stande und Gelehrten Europae. Neste manuscrito não aparecem os erros dos outros 3 e nem da primeira impressão de Kassel em 1614. O manuscrito também contém frases, que tanto os outros copiadores quanto a impressão de Kassel, não perceberam. Este não só ampliou as passagens, mas também os tornou legíveis. Infelizmente faltam algumas páginas neste manuscrito.
Tobias Hess foi batizado no sábado dia 10/02/1568 em Neurenberg e faleceu em 4 de dezembro de 1614 em Tubingen[28]. Ele estudou direito em Erfurt, Jena, Altdorf e Tubingen, onde se formou doutor em direito público e privado em 1592. Na sexta-feira 21/10/158 ele se casou com Agnes Kienlin (19/2/1568 – 8/1/1632) e depois no 20º domingo da trindade em 1588[29] foi celebrada a cerimônia religiosa do matrimônio. Esta união foi abençoada com 12 filhos[30], dos quais o primogênito foi Johan Conrad, nascido em 9 de junho de 1591.
Hess praticou por um tempo a advocacia, mas depois se ocupou com a arte da cura conforme Paracelso, botânica e alquimia. Ao seu grupo de amigos íntimos pertenciam o nobre Austríaco Abraham Holzel, o Pastor Emérito Johann Vischer, o futuro Teólogo Johann Valentin Andreae, o irmão deste Johann Ludwig Andreae e o jurista Christoph Besold[31]. O Johann Valentin Andreae já conhecia Hess a muito tempo, pois este visitava os pais dele juntamente com seu pai, que faleceu em 1601, para fazer experimentos de alquimia. Também conheceu em 1606 fora ele e Johann Ludwig a irmã Margarethe. Mais tarde foi o único que conseguiu curar o Andreae de um problema no joelho.
Em 1605 a Faculdade de Teologia de Tubingen resolveu ouvir a opinião de Hess, que tinha uma grande predileção pela Naometria de Simon Studion, sobre Quiliasmo[32], e sobre a propagação da nova ideia sobre “tertio século” – o terceiro período do espírito, que começaria depois da queda, que se aproximava, do papado[33].
Neste círculo surgiu por volta de 1608[34], no primeiro decênio do século 17[35], o Fama e também o Confessio, que é citado 3 vezes no Fama[36]. Que Hess era a força motriz por trás disto e que Johann Valentin Andreae fazia parte deste grupo não era segredo nem para os que apoiavam ou eram contra o movimento.
No ano do falecimento de Hess, 1614 o Conde Moritz Von Hessen-Kassel (1572-1632) autorizou a impressão em Kassel do Fama[37], onde inclusive o “Antwort” de Haslmayr estava incluso, com o aviso que este foi aprisionado pelos Jesuítas (pelo médico da cidade de Hall, Hippolytus Guarinoni (1571-1654)), onde ficou por 4 anos e meio. Para uma história da vida deste primeiro manifestante das ideias dos Rosacruzes e seus fiéis seguidores indico sua biografia[38].
Johann Valentin Andreae (1586-1654) era de uma família tradicional de Teólogos Luteranos e nasceu em Herrenberg. Ele tinha uma saúde fraca. Seu pai faleceu no dia 19 de agosto de 1601[39]. E três semanas depois a família decidiu se mudar para Tubingen; Andreae tentou saltar da carruagem e caiu fazendo suas pernas entraram pelos raios de uma das rodas. A consequência disto foi que suas pernas torceram e pelo resto de sua vida ele andou manco. Ele entrou para a Faculdade de Artes de Tubingen em 1602 juntamente com seus dois irmãos, iniciando uma temporada extralonga de estudos, que foram interrompidas diversas vezes por investigações pessoais e devido as suas longas viagens. Ele só terminaria seus estudos em 1614.
No período de 1608 e 1612 ele conheceu o estudante de Direito Besold que deixou sua Biblioteca de 3870 livros[40] à sua disposição e também fez um contato mais próximo de Tobias Hess, que antigamente, já fazia experimentos de alquimia juntamente com o pai de Andreae. Os amigos sempre foram muito importantes para Andreae. De cada visita e encontro ele fazia anotações considerando que mantinha contato por carta com 300 pessoas. Bem cedo já ficou claro sua predileção por línguas e suas qualidades literárias. De seus muitos trabalhos o “Scheikundig huwelijk: Christiani Rosencreutz. Anno 1459”[41], que foi publicado de forma anônima em 1616, foi seu trabalho mais conhecido. Sua vida inteira ele, por medo, como mostra claramente seu horóscopo[42], tentou se manter afastado dos Rosacruzes, e até os menosprezava publicamente. Em 25 de fevereiro de 1614 ele começou sua profissão como ajudante de Pastor em Vaihingen perto de Stuttgart. Em 12 de agosto de 1614 ele se casa com Agnes Elisabeth Groniger com a qual teve nove filhos. Em 1618 começou a Guerra dos 30 anos. Por causa da Guerra sua casa queimou, primeiramente, em 19 de outubro de 1618 e depois em 20 de setembro 1634, onde se perdeu muitas obras de arte e manuscritos. Em 7 de outubro de 1641 Andreae se tornou doutor em Teologia. Após um infarto cerebral em 22 de maio ele chegou a falecer em Stuttgart no dia 7 de julho de 1654.
O Fama Fraternitatis R.C. e o Confessio Fraternitatis R.C. surgiram anonimamente. Trouxeram grande agitação porque entre 1614 e 1623 apareceram mais de 300 publicações tanto contra quanto a favor dos Rosacruzes.
Quanto aos autores do Fama e do Confessio circulavam todos os tipos de boatos e suposições. O Filólogo Prof. Dr. Richard Kinast (1892-1976) está convencido que há indícios de serem dois autores diferentes, mas não o Johann Valentin Andreae[43]. Andreae também não diz ter escrito nem o Fama nem o Confessio. Em sua biografia apenas diz ter escrito Chymische Hochzeit (Casamento Químico), mas este último trabalho não é considerado Rosacruzes pelos companheiros de época e também não o é conforme Van Dulmen e outros[44]. A ideia de que é um trabalho Rosacruz só surgiu séculos mais tarde[45].
Gilly diz em seu Cimelia Rhodostaurotica: “Apenas em seu “Indiculus Librorum de 1642” Andreae reconhece que foi o único autor do Theca e diz isso no Vita com as seguintes palavras: ‘Prodiere simul Axiomata Besoldi theologica, mihi inscripta, cum Theca gladii Spiritus, Hesso imputata, plane mea’”. (Ao mesmo tempo surgiu o Axioma theologica de Besold, atribuído a mim, com o Theca gladii spiritus (Bainha da espada espiritual), atribuído a Hess, mas é de minha plena autoria).
A publicação conjunta contém dois conjuntos de frases, dos quais o primeiro escrito por Besold foi atribuído à Andreae, e o segundo considerado um trabalho de Tobias Hess, mas que na verdade era de Andreae. Com esta última confissão Andreae não só assume ter escrito Theca, mas se implica como autor do Confessio Fraternitatis R.C.[46].
Em 1616 apareceu anonimamente em Strasburgo a obra Theca gladii spiritus: sententias quasdam breves, vereque philosophicas continens (Bainha da espada espiritual: contendo alguns breves e verdadeiros aforismos filosóficos) e começa com: Saudações ao leitor. Das anotações de Tobias Hess – um homem piedoso e muito dotado de todas as literaturas, que agora tem seu domicílio entre os santos – retiramos estes aforismos[47]. Este trabalho que consiste 800 em aforismos, contém 20 (nr 177-197) frases do Confessio, mas nenhuma, conforme Martin Brecht, do Fama, mas sim de livros posteriores de Andreae[48]. Porque no Theca aparecem 20 frases que também estão no Confessio, assim considera Brecht, e Gilly[49] concorda com isto, o Confessio foi escrito do Andreae.
Em 1610 já circulavam cópias do Fama, que foi impresso em 1614. Como já foi dito tem três referências ao Confessio que também já circulavam manuscritos[50] e foi impresso em 1615. Andreae diz que os 800 aforismos que estão no Theca vieram de anotações do Hess, porém mais tarde em seu Vita escreve que o Theca é de sua autoria.[51] Para mim isto não é uma prova convincente de que Andreae escreveu o Confessio, uma opinião que Van Dulmen também compartilha. ‘Porque’, assim diz ele, ‘não é certeza que Theca é um trabalho de Andreae; em minha opinião a ideia principal partiu de Hess, e também é conhecido que Andreae em outros escritos cita abundantemente outros autores. Usando como base a construção de Brecht acredito ser Hess o autor, a quem também o Confessio corresponde mais do que ao Andreae[52].
Sobre o fato que Andreae não pode ter sido o autor do Confessio, o Wolf-Dieter Otte diz o seguinte: ‘Pelo seu (de Andreae) tom positivo sobre a mística teologia e de pansofia de Gutmann, Khunrath e Sperber quando ele escreveu Mythologia Christiana (1619) e posteriores, que não existe dúvida. Permanece a divergência entre a pansofia Khunrath na Mythologia Christiana e o negativismo ‘Amphistheatralischen Histrio’ do Confessio. Ambos os escritos simplesmente não podem pertencer ao mesmo autor. Quem ainda considerar Johann Valentin Andreae como autor de Confessio terá se explicar esta controvérsia de forma convincente[53].
Van Dulmen escreve: ‘Para Andreae o Fama Fraternitatis era uma farsa, a Fraternidade Rosacruz uma invenção e todo o movimento Rosacruz uma baboseira’. E mais a frente: “Em seu trabalho De curiositatis pernicie syntagma (1620) Andreae chama a Fraternidade Rosacruz um pequeno truque de magia para os curiosos de seu tempo, uma armadilha e uma rasteira para os incautos”[54].
Como exemplo da riqueza de citações de Andreae de seus outros trabalhos como o Casamento Químico, veja a dissertação de Regine Frey-Jaun[55].
Outra publicação que pode ser considerado um terceiro trabalho dos Rosacruzes[56] é o Assertio Fraternitatis R.C. que surgiu em setembro de 1614, em Hagenau, escrito em versos em Latim e que consistia de 8 páginas não numeradas. Apareceu em 1614 em Frankfurt, assinado com B.M.I.
Deste surgiu uma tradução em alemão escrito em proza, em 1616 em Danzig. Também em 1616 o Assertio foi publicado na edição do Fama de Kassel (pág. 284-296) por um impressor anônimo, mas em outro dialeto.
Em 1618 foi publicado uma versão em rimas em Neuenstadt com o titulo Ara Feideris Theraphici F.R.C. der Assertio Fraternitatis R.C. etc.
Como o Assertio Fraternitatis R.C. também apareceu anonimamente muitos seguidores de Gerst, um arquivista de Ulm, que faleceu no século XIX, considera um trabalho do professor Suíço de Teologia Raphael Egli (1559-1622) sem terem qualquer prova a este respeito[57].
Resumindo podemos dizer que é certeza que o Fama e o Confessio foram concebidos no círculo íntimo de Tobias Hess e que praticamente certo é o autor de ambos; também é certo que Andreae, apesar de que em 1610 ter apenas 24 anos, pertencia a este grupo, mas considerando as controvérsias não é o autor do Fama nem do Confessio. Também é certo que Andreae escreveu o Casamento Químico, mas este não foi considerado um trabalho dos Rosacruzes pelos seus contemporâneos. Quem foi o autor de Assertio, com a iniciais B.M.I. , não é conhecido, mas estudando seu conteúdo percebemos que era alguém que sabia do que estava falando.
Para não interromper o texto de nossa história, estes três manuscritos – o Fama, Confessio e Asserio – estão no Adendo 1[58]. Quanto ao horóscopo de Johann Valentin Andreae veja adendo 12[59]. A história continua com a descrição de alguns, muito conhecidos e ligados aos Rosacruzes.
Daniel Mogling (1596-1635) – alias Theophilus Schweighardt en Valentinus de Valentia – descende de uma família de eruditos de Wurttemberg[60]. O seu avô a quem foi nomeado, nasceu em Tubingen em 1546. Era prof. Dr. em Medicina. Seu filho mais velho Johann Rudolf, nascido em 15-11-1570 em Tubingen, que também era Dr. em Medicina e médico da cidade de Boblingen, é o pai do nosso Daniel Mogling[61] o terceiro com o mesmo nome.
Seu pai faleceu em 03-01-1597 em consequência de uma infecção que pegou enquanto combatia uma epidemia em Boblingen. A mãe de Daniel, Anna Maria, que perdeu dois maridos no período de 3 anos, se casou logo depois, em 18 de junho de 1597 pela terceira vez, com Ludwig Baltz. Neste mesmo ano seu avô foi nomeado seu tutor e com seu falecimento seu filho mais velho Johann Ludwig, que também era Prof. Dr. em Medicina.
Em Abril de 1611 Daniel se inscreveu na universidade de Tubingen e em 1616 foi estudar medicina em Altdorf. Em 1617 ele estava muito ocupado com sua ‘pansophica studia’, o que quer dizer medicina, matemática, astronomia; e o problema da máquina do movimento perpétuo (moto-contínuo, ou perpetuum móbile) e a alquimia. O aparecimento do Fama Fraternitatis R.C. e do Confessio Fraternitatis R.C. em 1614 e 1615 trouxe grande agitação no mundo científico e Daniel também se sentiu chamado a entrar neste debate literário.
Mogling era conhecido de Andreae e Besold. Em sua publicação Pandora sextae aetatis em 1617 sob o pseudônimo Theophilus Schweighardt, Mogling observa que desde muito gostaria de ter enviado uma carta à Fraternidade, instigado pelo Fama. Em 1618 aparece seu Rosa Florescensens sob o pseudônimo Florentinus de Valentia, como reação aos escritos de zombaria de F.C. Menapius, ou Irenaeus Agnostus, pseudônimos de um colega de Altdorf, de Mogling, chamado Friedrich Grick. Pelo que sabemos ele descende de Wesel, pertencente ao município de Kleef e ganhava seu sustento entre outros como professor particular dos filhos patrícios de Nuremberg, Hieronymus e Christian Scheurl[62]. No Rosa Florescenses o Mogling usou pela primeira vez a palavra ‘pansophie’, antes do que Comenius: ‘Eis o Ergon Fratrum, o trabalho preliminar do Regnum Dei e da ciência superior, por eles (os Rosacruzes) chamada pansofia’[63]. Como complemento ao seu Pandora ele escreve em meio período, no início de março de 1617, para Caspar Tradel, Dr. em Direito, seu Speculium Sophicum Rhodostauroticum[64], sob o pseudônimo Theophilus Schweighardt. Neste trabalho aparecem umas 3 gravuras, das quais duas do Templo dos Rosacruzes. Para a descrição desta gravura veja Adendo 10[65].
Grick continuou atacando Mogling, apesar deste não reagir mais aos seus escritos. Por isto Grick decidiu na Páscoa de 1619 dar uma resposta ele mesmo sob o pseudônimo de F.G. Menapius[66].
No dia 1 de janeiro de 1619 Mogling se inscreveu novamente na Universidade e em 8 de março de 1621 se formou Dr. em Medicina. Em 2 de junho ele foi admitido como médico em Butzbach com a referência que seria útil também em matemática, especialmente em observações astronômicas. Um ano depois, no dia 30 de maio de 1622, ele se casa com Susanna Peszler, em Neurenberg, com a qual teve pelo menos 3 filhos. Ele faleceu no dia 29 de agosto de 1635 em Butzbach por conta de uma peste, apenas 2 meses antes de seu melhor amigo, Wilhelm Schickard (1592-1635) matemático e orientalista em Tubingen.
O Estadista Inglês Francis Bacon, que ao final de sua carreira foi nomeado Barão de Verulam e Visconde de Albans, parece ter estudado muito bem o Fama e o Confessio. A impressão que estes escritos tiveram sobre ele aparece em seu New Atlantis, escrito entre 1622 e 1624. A primeira frase: ‘Saímos navegando do Peru’, também aparece no Confessio[67]. A primeira das seis regras do Fama é curar os enfermos de forma gratuita, aparece também na casa dos estrangeiros em New Atlantis.
A informação, que mensageiros eram enviados a Bensalem para viajar pelo mundo e se informar sobre o desenvolvimento das ciências, corre de forma paralela ao Fama, onde os Irmãos, após terem se informado o suficiente, se separavam e iam para diversos Países fazer contato com os estudiosos. A descrição de Bacon sobre os estudiosos da casa de Salomão, é uma explanação sobre um esboço sobre o estudo da Fraternidade Rosacruz e do Fama. Onde a Fraternidade se estabeleceu, não é dito. No Confessio é citado no capítulo V: ‘Com sua nuvem Ele nos encobriu, que não poderá ser feito mal algum a seus servos. Por esta razão não podemos mais ser vistos por olhos humanos, a não ser aqueles que tem olhar de águia’. E no final do Fama está escrito: ‘Também o nosso edifício, mesmo que milhares de pessoas o tenham visto de perto, se manterá virgem, intacta, despercebida e totalmente escondida’. Também Bacon diz no final de seu trabalho de Tirsan de Salomão: ‘porque aqui estamos no seio de Deus, um país desconhecido’[68].
Michael Maier (1568-1622), nasceu no verão de 1568, numa família luterana de Kiel, na Província de Sleeswijk-Holstein, então dinamarquês e hoje território alemão[69]. Seu pai Peter foi um próspero bordador de ouro à serviço do cavaleiro real e governador dinamarquês Heinrich Von Rantzau (1526-1598). Por causa de sua inteligência o menino foi para a escola aos cinco anos. Por volta de 1584, quando Michael tinha 16 anos seu pai faleceu, mas com ajuda financeira ele conseguiu terminar seus estudos.
Após dois anos de ensino médio na cidade de Kiel ele se inscreveu, em fevereiro de 1587, na universidade de Rostock. Ele estudou principalmente Ciências, matemática, astronomia, grego e latim. Michael voltou, provavelmente por falta de dinheiro, sem o diploma para casa de sua mãe Anna e sua irmã em 1591, onde por um ano inteiro se dedicou à alquimia. Provavelmente com o conselho e ajuda financeira do amigo Matthias Canaris e sua família, ele decidiu, no verão de 1592, voltar a estudar na universidade de Frankfurt, no Oder. No dia 12 de outubro o jovem de 24 anos se formou doutor em Física[70]. Ele ficou um ano em Frankfurt e depois voltou para casa para, sistematicamente, estudar alquimia. Depois ele viajou para Danzig, Riga, Dorpat e algumas ilhas no Mar Báltico para, finalmente, chegar na Rússia. Após retornar a Kiel ele imediatamente iniciou uma viagem para Pádua, onde se inscreveu como estudante de Medicina no dia 4 de dezembro de 1595. Aqui foi coroado poeta laureatus caesareus [poeta imperial laureado] e visitou Bologna, Florence, Siena e Roma.
Em julho 1596 aconteceu em Pádua um incidente desagradável quando Maier entrou em conflito com um colega de Hamburgo e este se feriu seriamente. Ele foi a julgamento pelo Conselho dos Estudiosos alemães e foi condenado a pagar os custos e pedir desculpas. No dia seguinte ele fugiu escondido de Pádua para Bazel na Suíça. Aqui ele continuou seus estudos e se formou em 4 de novembro de 1596 como doutor em Medicina escrevendo uma tese sobre epilepsia. Depois retornou a sua casa.
Novamente ele viajou para os estados Bálticos e, provavelmente, abriu um consultório médico em Danzig. Aqui ele encontrou alojamento na casa de um anfitrião interessado em química e entrou em contato com alquimistas. Ele ficou rico quando encontrou um hipocondríaco asmático incurável que o empregou. Quando Danzig foi atingido pela epidemia da peste, eles fugiram para uma fazenda do anfitrião, onde eles fizeram experimentos de alquimia e Maier pode estudar a biblioteca de seu empregador por dois anos. O motivo do retorno dele para casa deve ter sido porque seu anfitrião recebeu um talco amarelo, que foi preparado por um Inglês alguns anos antes, e graças ao qual os sintomas desapareceram como por encanto. É quase certo que ele tenha recebido uma amostra do “aureum potabile”, ouro bebível, produzido pelo médico alquimista londrino Francis Anthony (1550-1623).
Em 1609 Maier entrou em contato com o Imperador Rudolf II (1552-1612), em Praga, um centro de alquimia. Em 19 de setembro 1609 ele se tornou médico da corte e em 29 de setembro ganhou o título de nobreza como Conde, mas a falta de dinheiro e o atraso nos pagamentos do seu salário o forçaram a partir. Ele viajou de Leipzig para Kassel e lá ofereceu seus serviços ao Conde Moritz van Hessel-Kassel, mas foi em vão.
No final de 1611 ele viajou para a Inglaterra, onde ficou por quatro anos. Aqui ele se dedicou, como anteriormente, à alquimia. Ele trabalhou junto com o médico alquimista Francis Anthony. Em 1613 Maier ouviu, pela primeira vez, sobre a existência da secreta fraternidade, uma tal de ‘fraternitas R.C.’ onde viu a personificação de seus ideais e expectativas da história natural. Que Maier encontrou o representante Inglês da Ordem Rosacruz Robert Fludd, como alguns escritores sugerem, mas não comprovam, é muito improvável. Em 1616 ele volta à terra firme da Europa novamente e viajou, via Colônia, para Frankfurt onde chegou em torno de agosto.
Seu livro, Jocus Severus (1617), escrito na Inglaterra, ele dedicou, durante sua viagem da Inglaterra para Boemia, “aos verdadeiros amantes da alquimia na Alemanha, conhecidos e desconhecidos, e em especial à Ordem Alemã que até agora se manteve secreta e que, com base no Fama Fraternitatis e no Confessio, pudemos admirar e ter em grande estima”.
Em Frankfurt ele ficou doente com a febre quartã (malária), que ele provavelmente pegou na Itália. Por isto teve a oportunidade de visitar a feira bienal do livro onde aprendeu mais sobre os Rosacruzes. Lá ele morou perto dos editores Johann Theodor de Bry e Lucas Jennis, que publicaram a maioria de suas obras até sua morte. No passado ele se dedicou à alquimia e a partir daqui ele se tornou um defensor da Ordem Rosacruz.
No verão de 1617 Maier se casou e em abril de 1618 ele diz que sua esposa pode dar à luz a qualquer momento. O nome de sua esposa não foi mencionado, nem se o parto correu bem.
Logo depois de abril de 1618 Maier foi trabalhar para o Conde Moritz van Hessel-Kassel (1572-1632), também chamado por Moritz, o sábio, como “médico e alquimista por nascimento”. Maier faleceu em Magdeburg no verão de 1622 de malária.
No seu Silentium post clamores (Silêncio após a tormenta) de 1617 Maier explica porque a Ordem obriga ao silêncio àqueles que a ela se candidatam. Que a Ordem é uma escola de mistérios, como na antiguidade as de Eleusis e Órfis. Que o Fama e o Confessio ‘não contêm nada contrário à razão, contra a natureza, a experiência ou da possibilidade das coisas’. Que os Irmãos seguravam a Rosa como um prêmio futuro, mas que eles impunham a todos que ingressassem a cruz. E da mesma forma que os Pitagóricos e os Egípcios, os Rosacruzes exigem um voto de silêncio e segredo. Os ignorantes a consideram-na uma fantasia, mas isto veio dos cinco anos de provas onde eles desenvolvem os iniciantes, antes de serem admitidos aos mistérios maiores[71].
Seu Themis Aurea de 1616, explica as seis leis áureas ou regras da Fraternidade que são citados no Fama[72]. Nesse livro Maier menciona que a medicina composta, que os Rosacruzes administram aos doentes é, como de fato era, a medula do grande mundo (macrocosmo). É o fogo que Prometeu roubou do Sol. Contudo, é necessário um fogo quádruplo para levar esta medicina à perfeição. Os Irmãos, contudo, são da opinião que existe uma força natural e uma predestinação, que é influenciada pelos corpos celestes.
Robert Fludd (1574-1637) – nascido no início de janeiro de 1574 em Milgate House, na província de Bearsted, no condado de Kent (Inglaterra). Após obter seu título em letras, dos 24 aos 30 anos estudou medicina. Depois viajou pela França, Espanha, Itália e Alemanha[73]. Fludd escreveu muitos livros, preenchidos com maravilhosas gravuras alquímicas. Em 1616 ele publicou em Leiden, na Holanda, sua Apologia Compendiária.
“Fraternitatem de Rosea Cruce suspiciones et infamiae maculis aspersam, veritas quasi Fluctibus abluens et abstergens”, uma pequena defesa da Fraternidade, que um ano depois também em Leiden foi publicado em formato mais completo com o título “Tractatus apologeticus integritatem Societatis de Rosea Cruce defendens”. Fludd viveu a vida inteira de forma casta porque considerava o desejo sexual a queda do ser humano.
Aos 22 anos Fludd era perito em astrologia natal e horária. Assim lemos em seu Utrisque Cosmi Historia, Tractatus Secundus o seguinte:
“Enquanto eu trabalhava na fase final do meu tratado de música não deixei o meu quarto por praticamente uma semana. Numa terça veio um rapaz de Magdalen me fazer uma visita e jantou comigo no meu quarto. No domingo seguinte fui convidado por um amigo da cidade para jantar. Enquanto me trocava para a ocasião não consegui encontrar o meu precioso cinto e bainha de espada, avaliados em 10 moedas de ouro francesas. Perguntei a todos na universidade se haviam visto meu cinto. Portanto, fiz um mapa da hora em que percebi sua falta, e me levou a observar, pela posição de Mercúrio e outros Aspectos, que o ladrão seria um jovem, morador do leste, enquanto o objeto roubado devia estar agora no sul. Enquanto pensava sobre isto lembrei da visita da terça, cujo prédio universitário ficava à leste de St. John. Depois enviei meu criado para conversar com o jovem que havia acompanhado meu visitante da terça-feira. Com palavras severas e ameaças ele conseguiu que o jovem confessasse que roubou os objetos e levou para um local que eu conhecia, nas redondezas da Igreja de Cristo, onde as pessoas ouvem música e se relacionam com mulheres. Isto confirmou minhas suspeitas que o local estava ao sul de St. John. E porque Mercúrio estava na Casa de Vênus, isto confirmou que estava associado à música e mulheres. Logo após, este jovem foi levado à presença de seu companheiro e ele se jogou ao chão. Ele jurou que cometeu o crime e implorou ao meu criado para não dizer nada. Ele prometeu devolver o cinto e a espada no dia seguinte. Ele cumpriu o prometido e recebi meus bens de volta, embrulhados em dois belos pergaminhos. Acontece que a casa de música perto da Igreja de Cristo era o lar de um receptador de bens roubados que tinha saqueado muitos estudantes corruptos, que se perdem com glutonaria e mulheres. Meu amigo me implorou para parar com o estudo de astrologia e disse que eu não poderia resolver este crime sem o auxílio de forças demoníacas. Eu agradeci seu conselho”[74].
Jacob Böhme[75] (1575-1624) nasceu na região de Alt-Seidenberg perto de Gorlitz, filho de agricultores simples e pobres. Não consegui descobrir a data de seu nascimento.
Não existe nenhum retrato feito de Jacob Böhme durante sua vida, a não ser uma descrição de seu amigo e pupilo Abraham Von Frankenberg. A sua condição física era fraca e ele parecia doente, ele era baixo de estatura e sua testa era curta, têmporas fundas, nariz encurvado, olhos cinzas quase azul celeste, uma barba curta e fina, uma voz tímida e carinhosa, ele era moderado nos gestos, modesto com as palavras, de conduta dócil, paciente e bondoso[76].
Aos 24 anos ele se casa e adquire direitos civis em Gorlitz onde se estabeleceu como sapateiro. Entre 1600 e 1606 o casal ganhou 5 filhos. Em 1612 ele escreveu Aurora do amanhecer avermelhado. Deste foram espalhadas cópias. Ele usava o nome ‘Philosophus Teutonicus’ e também era conhecido como ‘vidente’. A partir de então sua vida foi dificultada pelo pastor luterano Gregor Richter.
Em 1613, aos 38 anos, ele vendeu sua sapataria e inicia com a esposa uma loja de linhas. Naquele mesmo ano ele é proibido de escrever. Contudo, em 1619 ele volta a escrever. Mesmo em seu leito de morte ele precisou responder umas perguntas sobre sua fé para um clérigo. Este pastor se recusou a enterrá-lo, e só o fez após ser obrigado pelo administrador da cidade.
Joachim Morsius (1593-1644) que idolatrava os Rosacruzes conheceu o alquimista Balthasar Walter, o qual lhe falou do extraordinário mestre sapateiro de Gorlitz que entendia todas as artes (conhecimentos) dos Rosacruzes[77].
Johann Georg Gichtel (1638-1710)[78], nasceu em Regensburg, Alemanha, era um grande admirador e seguidor de Böhme. Ele estudou teologia e direito e trabalhava como advogado. Mais tarde quando conheceu os mundos espirituais ele fundou um movimento esotérico. Por volta de 1670 ele foi banido da igreja e sua propriedade foi confiscada e ele se refugiou na Holanda onde permaneceu os 40 anos restantes de sua vida. Sua notoriedade se deve ao fato de ter sido o primeiro a editar uma coletânea dos escritos de Böhme em 1682, em Amsterdam. As cartas de Gichtel aos amigos foi publicado em 5 volumes. De interesse especial é seu pequeno livro publicado: Theosophia practica, que foi compilado em 1696 pelo seu amigo Johann Georg Graber que completou com comentários sobre as ilustrações especiais. Em 1722 foi ampliado. O livro contém 5 gravuras coloridas, da qual a segunda ilustra os centros do Corpo de Desejos. Gichtel manteve estas gravuras em segredo desde 1695 até sua morte, e somente 10 anos após sua morte em 1723, elas foram publicadas. O teosófo C. W. Leadbeater (1854-1934) conhecia estas gravuras e insere uma gravura retirada de uma edição francesa em seu livro The Chakras[79].
O médico holandês Joannes Baptista van Helmont (1579?-1644) foi batizado no dia 22/01/1579 em Bruxelas como o mais novo de sete filhos de uma família nobre e católica romana[80].
Ele tinha 15 anos quando termina seus estudos de filosofia em Leuven e 20 quando se formou doutor em medicina. Em 1609 ele se casa com a aristocrata Marguerite van Ranst. Eles se mudam para Vilvoorde onde constituem uma família com 3 filhos. O do meio é um rapaz, Franciscus Mercurius, que após o falecimento do pai em 30 de dezembro de 1644, publica seus escritos.
Van Helmont foi o primeiro que descobriu a interligação do estômago com os outros órgãos.
Na história da química ele é considerado o descobridor dos gases. Em seu Ortus Medicinae – publicado em Amsterdam em 1648 – ele escreve em seu 14º tratado, pág. 73, parágrafo 29: ‘Este vapor, que eu chamei de gás, não está longe do Caos, sobre o qual os antigos falavam’ e no 20º tratado, pág. 106, parágrafo 14 ele escreve: ‘Ele até hoje desconhecido espírito eu chamei de gás’[81]. No Conceito Rosacruz do Cosmos, cap 11, Max Heindel explica que o Caos é considerado o Espírito de Deus, que penetra e permeia todas as partes do infinito. Tal como a antiga máxima: ‘O Caos é a sementeira do Cosmos’.
Também van Helmont teve dificuldades porque ele apoiou Rudolf Goclenius de Jonge (1572-1621) que foi acusado de idolatria e magia. Goclenius foi contratado por Moritz Von Hessen-Kassel como professor de química, matemática e medicina em Marburg. Defendia os ensinamentos de Paracelso e também se dedicava à cabala. Van Helmont escreveu um folheto em defesa do seu amigo Goclenius que foi publicado sem o seu conhecimento. Seguiu então uma investigação e em 1623 os membros da faculdade de medicina de Leuven designaram este trabalho como um panfleto monstruoso. A Inquisição espanhola em 1625 considerou 27 declarações com suspeita de feitiçaria. O tribunal eclesiástico católico romano de Mechelen decidiu processá-lo em 1627 e o intimou a repetir suas alegações em público no que ele concordou. Durante uma audiência em março de 1634, referente as anotações dele, Van Helmont também foi questionado sobre os Rosacruzes; se ele ao usar os termos “Irmãos” se referia aos Irmãos da Rosacruz. Ele respondeu que não os conhecia, e os considerava uma alucinação. Acima de tudo ele se declarava Católico Romano. Ele ficou com tanto medo que negava tudo e todos que antes havia defendido[82].
Jan Amos Komensky (1592-1670), melhor conhecido sob seu nome latinizado Iohannes Amos Comenius, nasceu no dia 28 de março em Nivnicky (Nivnice) na Moravia do Oeste, na República Tcheca[83].
Era membro da Comunidade dos Irmãos Morávios, e mais tarde bispo, um movimento dissidente dos Hussitas, e tornou-se conhecido como um dos grandes pedagogos do seu tempo. Por causa do controle que os Habsburgos (Católico Romano) tinham sobre a República Tcheca ele foi obrigado a fugir. De seus muitos livros aqui é interessante mencionar o livro: Het labyrint der wereld en Het paradijs des harten (O labirinto dos mundos e o paraíso dos corações)[84]. Foi escrito em 1623 e publicado pela primeira vez na Polônia em 1631. Conta a história de um peregrino que encontra diversos tipos de pessoas. Assim é o Cap. 13: ‘O peregrino conhece os Rosacruzes’. Na margem está escrito: “Fama fraternitatis anno 1612, latine AC germanice edita”, no latim (incorreto) e publicado na Alemanha.
Portanto ele também tinha um manuscrito do Fama publicado em 1614. Comenius faleceu no dia 25 de novembro de 1670, em Amsterdam.
No Cap. III e no Cap. XI do Conceito Rosacruz do Cosmos, Max Heindel cita Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832) como um Iniciado.
Sua ligação com os Rosacruzes aparece de forma especial em seu poema Die Geheimnisse, ein Fragment que foi escrito em 1784/85 e publicado em 1816. O poema, que ao todo contém 44 versos, cada um com 8 linhas, devem ter mais 2 ou provavelmente 3 versos a serem incluídos[85]. O poema conta a história de um candidato à iniciação, chamado Marcus. Goethe resumiu o poema da seguinte forma: Um jovem neófito, perdido numa região montanhosa, descobriu por fim, em um vale encantador, um belo edifício que o leva a suspeitar ser a residência de homens devotos e misteriosos. Encontrou aí doze cavaleiros, que após terem suportado uma vida tumultuada, na qual os problemas, o sofrimento e o perigo se sucederam uns aos outros, tomaram sobre si o dever de, por fim, viver aqui e servir a Deus secretamente. O décimo terceiro, que eles consideram seu líder, está a ponto de partir: de que maneira, permanece oculto. Contudo, durante os últimos dias começou a contar a história de sua vida, à qual o, recém-chegado, neófito faz uma breve alusão em termos calorosos. Uma misteriosa aparição noturna, de jovens festivos, que se apressam a iluminar o jardim com tochas indicam o final[86]. O nono verso deste poema, onde o irmão Marcus está diante da porta olhando o emblema dos Rosacruzes, diz:
Er fuhlet, was dort fur Heil entsprungen,
Den Glauben fuhlt er einer halben Welt;
Doch von ganz neuem Sinn wird er durchdrungen,
Wie sich das Bild ihm hier Augen stellt:
Es steht das Kreuz mit Rosen dicht umschlungen,
Wer bat dem Kreuze Rosen zugestellt?
Es schwillt der Kranz, um recht von allen Seiten
Das schroffe Holz mit Weichheit zu begleiten.
“De novo sente a redenção que daí irrompeu,
E sente em si próprio a fé de meio mundo;
Mas eis que um novo sentido lhe invade a alma,
Perante a cena que aos seus olhos se oferece:
Rosas abraçam em profusão a cruz!
Quem terá à cruz rosas acrescentado?
A coroa parece vicejar de todos os lados
Como que a trazer brandura ao rude madeiro”[87].
Max Heindel cita o Conde Saint Germain, que no século 18 mantinha relações diplomáticas com o Governo Francês com o objetivo de impedir a Revolução Francesa (1789-1794), uma reencarnação de Cristian Rosenkreuz[88].
A primeira prova de sua presença é uma carta que apareceu em Haia em 1735, que ele enviou de lá em 22 de novembro para o físico britânico Hans Sloane (1660-1753), cuja carta está no Museu Britânico, onde contém uma cópia no livro de Cooper-Oakley[89]. Sobre ele foi dito: ‘M. de St. Germain não comia carne, não bebia vinho e vivia conforme regras de vida muito rígidas’[90]. E mais: ‘ Ele parece ter 50 anos, não é gordo nem magro, tem um belo semblante intelectual, veste-se de forma simples, mas com bom gosto; ele usa os diamantes mais lindos em caixa de rapé, relógio e fivelas’[91]. Sua personalidade é envolvida em muitas anedotas. No registro da Igreja de Eckernforde no norte da Alemanha está escrito o seguinte: ‘Falecido em 27 de fevereiro, enterrado em 2 de março de 1784 o assim chamado Conde de St. Germain, um túmulo situado na Igreja Nicolai na sepultura nº 1; 30 anos de tempo para consumpção completa: 10 Reichsthaler[92], para abertura do mesmo: 2 Reichsthaler, no total: 12 Reichsthaler[93].
No início do século XX a Ordem Rosacruz estava procurando um candidato ideal para divulgar uma parte de seu conhecimento com o objetivo de parar o crescimento do materialismo. Para isto foi escolhido o dinamarquês Carl Louis Fredrik Grasshoff, que se mudou para a América e lá assumiu o nome de Max Heindel e cuja vida e trabalho serão descritos nos próximos capítulos.
Vamos descrever a vida e trabalho de Carl Louis Fredrick Grasshoff que mais tarde, quando emigra aos Estados Unidos, muda seu nome para Max Heindel. Nasceu no início da manhã no domingo de 23 de julho às 4:32 AM em Aarhus na Dinamarca[94]. Seu pai, Frantz Louis Grasshoff, que em 1838 vislumbrou a luz da vida em Berlim, Alemanha, provavelmente veio para a Dinamarca com o exército Prussiano durante a guerra Alemã-Dinamarquesa em 1864[95]. Ali ele conheceu a dinamarquesa Anna Sorine Withen, filha do tamanqueiro Chresten Petersen Bregnetfeld Withen e sua esposa Mette Kirstine Petersen. Anna nasceu no dia 7 de fevereiro de 1842 em Frederiksgae em Aarhus. Frantz L. Grasshoff casou com ela no dia 7 de março de 1865 na Catedral de Aarhus[96].
A menos de cinquenta metros da Catedral de Aarhus, o padeiro mestre Grasshoff tinha uma padaria Vienense. Esta ficava na rua Kannikegade 2, naquele tempo também chamado de Kjodtorvet. Para aquisição desta padaria ele teve ajuda financeira do seu padrasto Volker[97] de Berlim. No andar superior da mesma ficava uma moradia de madeira. Neste endereço nasceu Carl Louis Fredrik, batizado no dia 15 de outubro de 1865 na Catedral Luterana e seu irmão, Louis Julius August no dia 20 de junho de 1867[98].
Depois de um período difícil nesta padaria – porque em 13 de setembro de 1866 foi concedido uma moratória no pagamento da hipoteca, o que normalmente significa a fase anterior de uma falência – parece que mais tarde as coisas começaram a melhorar. Porque não somente em 16 de novembro é retirada a moratória de pagamento, mas também Grasshoff abre uma segunda padaria no dia 1 de abril de 1868, em Horsens, uma cidadezinha a uns 42 km ao sul de Aarhus[99]. No dia 8 de abril acontece um acidente. Quando ele estava trabalhando com um aprendiz, logo cedo, próximo de uma caldeira à vapor, esta explodiu. Ele foi ferido, não apenas pelos fragmentos que voaram por toda a padaria, como atravessaram a porta de um estabelecimento do outro lado da rua, mas também teve sérias queimaduras, sendo levado às pressas ao hospital. O aprendiz apenas queimou os dois braços[100]. Naquela mesma tarde, após sofrer por 10 horas, Frantz Grasshoff faleceu de seus ferimentos, na jovem idade de 30 anos. Na terça-feira, dia 14 de abril, às 12 horas ele foi enterrado em Aarhus, onde o decano Boesen fez uma cerimônia de despedida consoladora[101].
A jovem viúva Grasshoff e seus dois filhos entram num período bem difícil. Ao repassar a Padaria de Horsens e vender a de Aarhus, eles são obrigados a se mudarem. No início de 1869 eles foram morar na rua Frekeriksgade 9, onde a Sra. Grasshoff sustenta a casa higienizando luvas quimicamente. No final daquele ano a família se muda para Sonder Allee 21, trabalhando como cabelereira para sustentar a casa. No dia 22 de novembro de 1870 eles mudam, novamente, para Mejgade 9 e dentro de seis meses houve nova mudança para Badstuegade 11[102].
Um ano e meio depois, no dia 6 de novembro de 1872, a família deixa Aarhus – provavelmente pelo nascimento eminente de Anna Emilie Larsen, que nasceu 3 semanas depois, no dia 26 de novembro de 1972 – eles se mudam para a Paróquia de Frederiksberg em Kopenhagen. Esta menina mais tarde se tornará uma atriz de teatro famosa e faleceu no dia 20 de janeiro de 1955[103].
Muitos anos depois Anna Grasshoff conheceu seu segundo marido, Fritz Nicolaj Povelsen, com quem se casou em 15 de junho de 1886[104].
Muito rápido depois da mudança para Copenhague, quando Carl tinha, aproximadamente, oito anos, ele teve um acidente quando estava indo com uns amigos a caminho da escola. Naquele tempo em Copenhague existiam muitos canais com beiradas altas de madeira que canalizavam a água para diversas partes da cidade. Os meninos gostavam de saltar esses canais, mas em determinadas partes estes canais eram ligeiramente largos. O jovem Carl sempre queria conseguir tudo um pouquinho melhor que os amigos, mesmo que estes fossem mais velhos. Quando chegaram numa destas partes mais largas, o Carl também ia saltar, quando com seu pé esquerdo atingiu o solo do outro lado com seu calcanhar virado ao contrário. Com isto seu pé torceu e causou uma dor muito intensa. Mesmo atrasado ele foi à escola e lá ficou com dor o dia inteiro. Naquela noite ele também teve muita dor, mas, não teve coragem de contar à sua mãe porque no dia anterior ao acorrido ele havia matado a aula com os amigos. No dia seguinte ele desmaiou na escola e seu pé estava tão inchado que tiveram de cortar seu sapato para tirá-lo.
Como consequência deste acidente ele ficou dezesseis meses acamado. Cirurgiões retiraram vários estilhaços de osso de seu pé, furaram seu calcanhar e inseriram canudos para retirar a enorme quantidade de pus que se formou lá dentro.
Quando ele, finalmente, foi autorizado a sair da cama, ele ainda precisou usar as muletas por seis meses e, por dez anos após o incidente, ele usou uma bota especial com tiras de aço para apoiar sua perna. Somente depois disso teve força suficiente, em seu pé, para andar sem estes apoios. Contudo, de um lado do pé o ferimento não sarava; lá ficou um ponto dolorido e com abertura de aproximadamente 20 cm de comprimento e 1,5 cm de largura, que o Carl tinha, de manhã e à noite, que fazer o curativo. Somente após trinta anos, depois que ele já tinha adotado o vegetarianismo há 6 meses é que o ferimento se curou[105].
A vida em casa se tornou difícil e, por isto, Carl decidiu deixar sua família e tentar a sorte na Inglaterra. Ele partiu de navio para Glasgow, onde desembarcou por volta de 1884[106]. Aqui ele encontrou um emprego numa tabacaria e morava na rua Argyle Street 438[107].
Tempos depois ele conhece sua futura esposa, Catharine Dorothy Luetjens Wallace, que trabalhava numa litografia. Ela nasceu em 4 de janeiro de 1869 em Glasgow e era filha ilegítima do construtor de caldeiras James Barr e Mary Anne Wallace[108]. Carl Grasshoff mal havia completado vinte anos quando, em 15 de dezembro de 1885, casou-se com a jovem de dezesseis anos[109]. Logo após eles deixam Glasgow e se mudam para Liverpool.
Deve ter sido neste período que o Carl comprou um exemplar da revista London Light e leu o poema ‘uma oração’ de Florence Holbrook[110]. Este poema o influenciou tanto que nunca mais o esqueceu.
Provavelmente influenciado pelo padrasto de Cathy, Henry Robinson, marinheiro mercante, Carl resolveu seguir a mesma profissão[111]. Durante o nascimento de sua primeira filha, Wilhelmina Catherine Anna, no dia 5 de novembro de 1886, falecida em 1 de abril de 1980 em Sudbury, Massachussets, ele já trabalhava na marinha mercante[112].
Dois anos depois, no dia 6 de novembro de 1888 nasceu a segunda filha, Louisa Charlotte[113]. Ela faleceu no dia 9 de julho 1960 em Reading, Massachussets. Após o nascimento dela, Carl decidiu voltar com sua família para Copenhague onde, em 5 de novembro de 1889, nasceu sua terceira filha, Nellie[114].
Uma quarta criança, desta vez um menino chamado Frank, nasceu em 15 de janeiro de 1891[115]. Durante a segunda Guerra mundial ele mudou seu nome para Frank Gordon[116].
Sobre o tempo em que Carl Grasshoff viveu em Copenhague a sua filha Wilhelmina me contou o seguinte:
“Eu me lembro que meu pai trabalhava com seu irmão Louis numa empresa de importação. Quando éramos crianças, nós vivíamos muito bem. Na Dinamarca nós tínhamos uma casa grande e empregados na casa, possuíamos telefone pelo qual eu, como criança, tinha muito interesse. Nós também tínhamos um macaco que tinha seu próprio quarto. Também tínhamos o nosso quarto de brinquedos.
O irmão do meu pai era casado. O nome da sua esposa era Yrsa. Eles tiveram um filho, Alexander, que se mudou para os EUA logo antes da primeira guerra mundial.
Tia Anna casou-se com Jorgen. Eles tiveram dois filhos, Edith e Sigaard. Sigaard faleceu na primeira guerra mundial. Tia Anna era atriz e morava na Dinamarca.
No período que meu pai esteve ausente, sua mãe, nossa avó, cuidou de nós. Para nossos cuidados ele deixou um dinheiro com ela e o que restou do dinheiro foi enviado de volta a ele quando nós fomos para os EUA”[117].
O casamento com Cathy ficou atribulado de tal forma que Carl e ela decidiram se separar. Cathy foi morar num quarto alugado, em Copenhague mesmo, e Carl queria ir para os EUA para construir um novo futuro lá[118]. Os quatro filhos ficaram, temporariamente, em Copenhague, e foram cuidados pela sua avó paterna. Foi em 1893 que Carl partiu para os EUA[119].
A primeira exigência era encontrar um trabalho, que ele acabou encontrando como corretor de seguros e, mais tarde, como mecânico da Companhia de Eletricidade de Nova York. Alguns anos mais tarde Max Heindel morava em Somerville, Massachusetts, em uma cidade próxima a Boston[120]. Lá ele trabalhava como corretor de seguros e mais tarde como mecânico em uma cervejaria[121]. Em 10 de abril de 1895 ele se casa novamente com uma dinamarquesa oito anos mais velha que ele, chamada Louisa Anna Peterson. Ela tinha quatro filhos de um casamento anterior, três filhas e um filho, dos quais o mais velho era casado[122]. Apenas o caçula tinha idade próxima a dos filhos de Max Heindel.
No dia 7 de setembro de 1898 os quatro filhos de Max Heindel partem de Copenhague com o S. S. Island para USA e se juntaram a seu pai com sua segunda esposa[123].
Também este segundo casamento não satisfez as expectativas do Max Heindel, portanto, se seguiu outra separação. Max e seus filhos se mudaram para Hillside Street 156 em Roxbury, também próximo de Boston, mas ao sul[124]. O trabalho também não estava fácil. Assim corre a história que ele trabalhou por um tempo como engenheiro num navio a vapor que navegava nos grandes rios. Seu último navio afundou, mas Max Heindel conseguiu nadar até a margem. Após este incidente ele parou de navegar e foi trabalhar como engenheiro consultor para aquecimento e refrigeração.
Neste período ele, provavelmente, se associou a Sociedade Quakers[125]. No início do século vinte a Califórnia era vista como o Eldorado, porque foi encontrado ouro lá. Também Carl Louis Fredrik Grasshoff, usando seu novo nome Max Heindel, resolveu tentar a sorte[126].
Em 1903, ele partiu para Los Angeles, enquanto seus filhos permaneciam em Roxbury. Ali ele trabalhou, por um tempo, como engenheiro, mas a adversidade o seguiu e a fome e privações eram seus companheiros diários. Quando ele caminhava, tristemente, pelas ruas de Los Angeles, em dezembro de 1903, ele viu o anúncio de uma palestra sobre reencarnação, que seria proferida pelo teósofo Charles W. Leadbeater[127]. Para passar o tempo, que para ele pesava como chumbo em seus ombros, e atraído pela promessa que qualquer pessoa possuía capacidade de clarividência, Max Heindel decide assistir a palestra. Na porta estava Augusta Foss, que na época já fazia parte da Sociedade Teosófica, a quatro anos. Ela o leva para um lugar e observa que ele é manco de uma perna. Na tarde seguinte Max Heindel vai para a biblioteca da Sociedade com o objetivo de emprestar um livro do Leadbeater, chamado “Plano Astral”. Lá ele encontra novamente a Augusta Foss, que estava ajudando a bibliotecária recebendo os novatos que viessem por causa da Palestra da noite anterior. O livro desejado não se encontrava lá e por isto ele emprestou os livros “Carma” e “Reencarnação” de Annie Besant.
Durante uma conversa com a Augusta Foss, ela percebe que ele, Heindel, mora perto da casa onde ela mora com a mãe. Ela o convida para visitá-la, o que Max Heindel aceita. A consequência disto é que ele passa diariamente na casa dela, formando uma amizade muito forte entre ele, Augusta Foss e a mãe inválida, que também se interessa por assuntos esotéricos.
Max Heindel escreve, no dia 15 de janeiro de 1904, uma carta ao Sr. Leadbeater, dizendo que ele, no início, queria ser clarividente por questões pessoais, mas lendo o livro da Sra. Besant ele aprendeu, que os poderes ocultos devem ser usados em prol da humanidade[128]. Após participar da segunda de uma série de Palestras do Sr. Leadbeater, Max Heindel, figurativamente, devora a Teosofia e ele também a coloca em prática. Ele para de fumar, não bebe mais álcool e se torna vegetariano. Ele também tenta dominar seus pensamentos e desejos mundanos e sempre falar a verdade. Ele fez uma transformação radical.
Augusta Foss era filha de William Foss e Anna Right e nasceu no dia 27 de janeiro de 1865 às 17:15 h, 18 km ao sul de Mansfield, Ohio[129]. William Foss era de Mogendorf, a este de Koblenz, Alemanha, onde nasceu no dia 6 de março de 1853 e, aos 22 anos se mudou para EUA. Seu nome era escrito Voss. Anna Marie Right nasceu em Neuwied, no dia 4 de junho de 1827, ao norte de Koblenz. Eles se casaram no dia 6 de junho de 1855 e tiveram sete filhos, todos nascidos perto de Mansfield. Augusta era a penúltima. A família Foss se mudou para Los Angeles nos anos oitenta e construíram uma casa em cima do morro em 1885, na South Bunkerhill Avenue, 315.
Augusta Foss, de família luterana, começou a estudar ocultismo e astrologia em 1898. O Sr. Hansen escreveu na Revista Rays from Rose Cross sobre este último, o seguinte: ‘Em 1898 ela se interessou pela primeira vez sobre astrologia e pagou 10 dólares por um curso de um tal de professor Baker. O bom senhor com certeza dominava o assunto, mas, assim diz a Sra. Augusta Foss Heindel: “Ele tinha Vênus na primeira Casa e tudo que recebemos pelos nossos 10 dólares foi um período legal e uma lista de Planetas com suas divisões em Sextis e Quadraturas[130].
Inicialmente ela foi membro dos Hermetistas e, aproximadamente, dois anos dos Teosofistas. Lá ela era ativa como recepcionista e depois como assistente da biblioteca.
Rapidamente Max Heindel também se associou à Loja Teosófica, onde por três anos foi um membro bem ativo; nos anos de 1904 e 1905 era vice-presidente. No tempo em que Max Heindel foi associado muitos membros demonstraram interesse por astrologia, inclusive Max Heindel. Augusta Foss os ajudou nos estudos.
Neste período ele apresentou duas Palestras pela Sociedade Teosófica em Los Angeles sobre a Madame Blavatsky e a Doutrina Secreta. Essas anotações foram, posteriormente, transformadas em livro pelo Sr. Manly Palmer Hall e publicado pela primeira vez em 1933 pela imprensa Phoenix Press em Los Angeles[131]. Também em outros lugares ele profere palestras e o Sr. Jinarãjadãsa escreve o seguinte: ‘Eu devo muito ao Max Heindel. Quando eu o conheci em Tacoma, Washington, ele era palestrante da Sociedade Teosófica e ele me contou que apresentava as palestras com uso de slides. Isto para mim era uma novidade e por solicitação minha e para me informar melhor, ele me levou ao seu quarto e me mostrou os slides e como ele com sua lanterna mágica ou projetor de slides fazia com que aparecessem numa tela branca em formato maior. Eu vi novas possibilidades de demonstrar diagramas e na minha volta para Chicago desenvolvi diversos diagramas que ficaram maravilhosos para transformar em slides. Estes diagramas, juntamente com outros retirados de livros, formaram o trabalho “First Principles of Theosophy”[132].
Pelo intenso trabalho que Max Heindel fazia para desenvolver seu imenso desejo de conhecimento oculto, ele acabou ficando muito doente no verão de 1905. Sua cardiopatia foi tão intensa que por meses sua vida ficou por um fio. Por ter ficado, algumas vezes, por até dois dias sem comer nada o seu corpo estava totalmente debilitado.
Na Sociedade Teosófica Max Heindel conheceu uma senhora pela qual ele desenvolveu sentimentos especiais. Ela se chamava Alma Von Brandis[133]. Ela nasceu em Chicago, no dia 24 de julho de 1859, era filha de um osteopata e morava em Los Angeles. Ela tinha planos de ir para a Europa para visitar sua família. No momento que o navio partiu, Max Heindel teve sua primeira experiência fora do corpo, que ele descreve da seguinte forma: “Quando falo de experiência espirituais, talvez não seja errado dizer que uma vez foi capturado por uma câmera fotográfica. Este fato ocorreu quando eu estava numa cama de hospital, me recuperando de uma cardiopatia provocada por um longo período de estudos fervorosos e muito trabalho. Antes deste momento nunca havia tido experiências psíquicas, mas numa manhã de domingo, quando minha querida amiga [Alma Von Brandis] partiu para a Europa, eu me vi em pé ao lado da cama, vendo meu corpo deitado que estava relaxado e dormindo. Contudo, eu não tive medo; parecia que estava tudo em ordem.
Depois, estimulado pelo desejo de ver minha amiga, que foi o motivo de minha libertação de meu corpo, percorri os 32 km até ao Porto de San Pedro, onde me encontrei com minha amiga a bordo do navio. O navio estava ao ponto de partir e neste momento um amigo em comum tirou uma foto. Quando o filme foi revelado, meu rosto estava claramente visível com uma barba de algumas semanas, que eu havia adquirido no hospital”[134].
Max Heindel continua: “Meus estudos, aspirações e um exercício praticado por um longo tempo, que eu imaginava ter inventado, mas que percebi, depois, que havia trazido do passado; isto tudo fez com que fosse possível, durante esta doença, por um curto período, sair do meu corpo e depois retornar novamente. Eu não sabia como havia feito, e não estava em estado de fazer novamente por espontânea vontade. Um ano mais tarde fiz, por coincidência, novamente”[135].
Após esta doença severa, no outono de 1905, Max Heindel deixou a Sociedade Teosófica e, em abril de 1906 ele iniciava seu primeiro ciclo de palestras. Em sua viagem ao Norte, onde proferia palestras sobre Cristianismo Místico e Astrologia, ele acabou chegando em São Francisco, onde ele acreditava ter um grande terreno a ser trabalhado. Contudo, algo dentro dele dizia para não ficar. Ele decidiu obedecer à esta intuição e partiu. No dia seguinte de sua partida, em 18 de abril de 1906, São Francisco sofreu um imenso abalo sísmico e um incêndio que devastou parte da cidade. Daqui Max Heindel foi para Seattle.
Max Heindel conta um fato onde não somente demonstra seu estado físico, mas também o que um estilo de vida vegetariano pode trazer como consequência. “Numa manhã, aproximadamente três anos após passar para uma vida vegetariana, tive um acidente e perdi uma unha pela raiz. Se isto tivesse acontecido quando eu ainda não era vegetariano teria sangrado muito, porque então meu sangue não coagulava e qualquer simples machucado sangrava longamente. Nesta ocasião perdi somente algumas gotas de sangue que coagularam rapidamente e, portanto, só necessitei de um pequeno curativo, que foi retirado mais tarde para não atrapalhar na datilografia. Normalmente quando perdemos uma unha o local infecciona, mas isto não aconteceu. A pele sarou dentro de alguns dias e durante os seis meses que levou para crescer uma nova unha, excetuando as primeiras horas, eu consegui usar meu dedo normalmente[136].
Após uma série de Palestras em Seattle, Max Heindel precisou ficar, novamente, um tempo hospitalizado, devido a uma falha nas válvulas cardíacas. Depois disto ele foi para Duluth, onde conseguiu muito sucesso com seus cursos.
Durante sua viagem pela Europa a Sra. Alma Von Brandis assistiu a palestras do Dr. Rudolf Steiner. Steiner, que no início de 1902 se tornou membro da Sociedade Teosófica e mais tarde naquele ano se tornou Secretário Nacional da Alemanha, se declarava ser um iniciado da Ordem Rosacruz[137]. Ela se tornou membro junto de Steiner e insistiu para que Heindel fosse para Viena para ouvir uma Palestra de Steiner. Contudo, devido à sua doença em Seattle ele não estava em condições de responder, e nem estava disposto a abandonar sua turnê de sucesso. Também não tinha condições financeiras para empreender uma viagem destas.
No outono de 1907 Dra. Alma Von Brandis retornou aos EUA e se encontrou com Max Heindel em Duluth. Porque ela já estava a meses tentando convencer Max Heindel, por escrito, a ir para a Europa desta vez veio tentar pessoalmente. Pela oferta dela, de pagar os custos da viagem, ela, finalmente, conseguiu convencê-lo. Com esta oportunidade, Max Heindel aproveitou para primeiro visitar sua família na Dinamarca e, depois, foi para Berlim.
Para colocar os acontecimentos da Alemanha no devido lugar devemos, primeiro, detalhar a organização do Movimento Teosófico, assim como a posição de Rudolf Steiner. Não é tarefa simples porque a organização do Movimento Teosófico na Alemanha, no início do século vinte, era muito complicada.
O início disto tudo ocorreu em 17 de novembro de 1875, em Nova York, quando Sra. H. P. Blavatsky, H. S. Olcott, W.Q. Judge e outros treze fundaram o Movimento Teosófico em Nova York. O objetivo do Movimento era: formar o Centro de uma Fraternidade Universal, sem diferenciar: raça, crença, sexo, casta ou cor de pele; estudar as religiões antigas e modernas, filosofias e ciências e pesquisar as inexplicáveis leis da natureza e os poderes psíquicos do ser humano[138]. Ela foi a escritora de Isis sem Véu (1877) e A Doutrina Secreta (1888). Em 1879 a Sede Central se mudou de Nova York para a Índia, em Bombay; em 1882 foi adquirido uma propriedade em Adyar, uma cidade perto de Madras e lá foi construída a Sede definitiva do Movimento Teosófico ‘Adyar Theosophical Society’[139].
No dia 27 de julho de 1884, à noite, às 19:06 horas, na cidade de Elberfeld na Alemanha, sob supervisão do Coronel H. S. Olcott, foi fundada a ‘Theosophischen Sozietat Germania’, com dr. Wilhem Hubbe Schleiden (1846-1916) como presidente. Contudo, após dois anos e meio, no dia 31 de dezembro de 1886, ela foi novamente extinguida[140]. Contudo, Hubbe Schleiden continuou trabalhando no mesmo espírito que o Movimento Teosófico, e em 1886 fundou a revista Sphinx. Quando ele percebeu que grupos em diversas cidades começavam a se formar ele decidiu fundar em 1892 a Sociedade Teosófica em Berlim e no dia 3 de novembro de 1893 a primeira ‘Roda Esotérica’[141]. Como constantemente surgiam novos associados, decidiram formar uma estrutura oficial e na presença de Olcott no dia 29 de junho de 1894 fundaram a ‘Sociedade Alemã de Teosofia’ como ramo da Teosofia Europeia[142]. O Presidente era Hugo Goring e logo depois Julius Engel que, em 1899, foi substituído por Sophie, Condessa Von Brockdorff[143]. A Presidência Nacional era de Hubbe Schleiden e Theodor Reuss (1855-1923). Com o decorrer do tempo a Condessa assumiu a dianteira, ao lado do Movimento Teosófico Alemão, apesar de Berlim ser apenas uma loja Teosófica, mesmo tempo muitos associados. Julius Engel sentiu isto como uma limitação inibidora de sua atividade que ele se retirou da Presidência Nacional e em 1899 fundou a loja de Charlottenburg. Também em outras cidades alemãs surgiram lojas depois de 1894.
O rompimento com a Sede Mundial trouxe consequências na Alemanha[144]. Katherine Augusta Tingley (1851-1926), a substituta de William Quan Judge (1851-1896) que rompeu com Adyar, viajava por sua tournée Teosófica em 1896, também pela Europa. Por sua influência, Paul Raatz fundou em 24 de junho de 1896 uma ramificação dela em Berlim com o médico Dr. Franz Hartmann (1838-1912) como Presidente. Este, por sua vez se afastou de Tingley e no dia 3 de setembro de 1897 fundou em Munique a ‘Fraternidade Internacional Teosófica’[145] que se apresentava como ‘Sociedade Teosófica Alemã’[146] e em 1898 estabeleceu sua Sede Central em Leipzig[147].
Em meados de setembro de 1900 o quase quarentão Steiner foi convidado a palestrar na casa do Conde e da Condessa Von Brockdorff em Berlim, sobre o recém falecido Nietzsche. No Adendo 7, referente Steiner, será explicado profundamente como Steiner se filiou à Teosofia. Aqui relato a relação de Steiner com os outros Teósofos.
Steiner se associou ao Movimento Teosófico no dia 11 de janeiro de 1902 e no dia 17 de janeiro se tornou Presidente da Loja de Berlim; no dia 20 de outubro se tornou Secretário Geral da Alemanha e no dia 23 de outubro se inscreveu na Escola Esotérica (Steiner tinha planos de fundar uma Roda Secreta de Rosacruzes). Klatt escreve o seguinte sobre isto: ‘Ele [Steiner] introduziu a escola ocultista dos Rosacruzes dentro do ramo alemão do Movimento Teosófico, e com isto semeou a base da ruptura que ocorreu em 1912/13. Na verdade … já era conhecido este interesse extraordinário de Steiner pelo Rosacruzes antes mesmo dele ser Secretário Geral do Movimento Teosófico da Alemanha. Prova disto é uma carta dele datada de 14 de agosto de 1902 para Hubbe Schleiden. Com ele, Steiner também havia conversado pessoalmente sobre o Rosacruzes como mostram anotações de Hubbe Schleiden para Deinhard. Neste exemplo iriam formar uma roda secreta dentro do ramo da Alemanha. Sobre isto Hubbe Schleiden escreve em sua carta, datada de 15 de outubro de 1903 para Deinhard: Precisam ser pessoas refinadas e muito cultas – uma roda silenciosa de ‘Rosacruzes’, para os de fora, desconhecidos, e sem serem reconhecidos, trabalhando em prol da humanidade e espalhando sementes’[148].
Muitos associados reclamam que Steiner não cita suas fontes de informação, porque isto era uma regra entre os Teósofos. Assim escreve, por exemplo, Max Gysi (1874-1946) no dia 14 de setembro de 1904 para Hubbe Schleiden: ‘O Sr. pode esclarecer em que tradição secreta o Dr. Steiner se baseia para fazer afirmações nas três últimas edições do Luzifer-Gnosis sobre: Como adquirir consciência nos mundos superiores? ’. Uma resposta para esta pergunta Klatt encontrou entre os pertences de Hubbe Schleiden numa carta de Georg Bruno Haucks para Felix Knoll datada de 26 de abril de 1915[149]. Lá ele escreve sobre Steiner e sua revista Luzifer: ‘Ele foi o primeiro a escrever na revista sobre “como adquirir consciência nos mundos superiores” e com isto penetrou nos ensinamentos de Blavatsky/Besant, sem informar as fontes de referência. Tudo o que ele disse e escreveu podemos ler nos escritos de ambos de forma mais clara, simples e bonita’.
Haucks, que ouviu Steiner em Berlim, escreve no dia 8 de fevereiro de 1914 para Hubbe Schleiden: ‘Eu vi como o Dr. Steiner explica as doutrinas antigas, como se fossem descobertas por ele, sem citar as fontes da literatura teosófica; e os pesquisadores como Leadbeater, Besant, etc. são ignorados de forma angustiante; nunca mencionando hierarquias ocultas e se vangloriando que é o “Místico Alemão e descobridor dos mundos espirituais”[150].
Para finalizar uma carta de Hubbe Schleiden datada de 22 de fevereiro de 1907 para seu amigo Ludwig Deinhard (1847-1917): ‘O que nos vinte anos atrás aprendemos, na verdade não era melhor do que ele [Steiner] agora ensina. Na verdade, ninguém sabe de onde ele tira sua sabedoria, que não é indiana, porque o específico Cristianismo Germânico se opõe, e não é Rosacruciana Cabalística, porque mistura as ideias indianas da teosofia moderna, enquanto ‘Sfinx’ [Sra. Blavatsky] cita sempre suas fontes[151].
Hugo Von Gizycki escreve no dia 11 de janeiro de 1909, entre outros, para Hubbe Schleiden: ‘Eu só ouvi Steiner três ou quatro vezes, mas desisti de suas Palestras. Aquilo que ele trazia só podia ter sido visto por um clarividente e com certeza por clarividência. Contudo, não vi nele um clarividente, porque ele não trazia nada além do que eu já sabia, que já me havia sido ensinado pela doutrina oculta indiana, de H.P.B. [H. P. Blavatsky]. E o público que observei eram pessoas ignorantes e sem discernimento, mas principalmente totalmente ignorantes no sentido espiritual. Steiner não dava as fontes de onde tirava suas informações, portanto o público adorava-o cegamente e o considerava um profeta’[152].
Assim estavam as condições e a situação em que Heindel encontrou a Alemanha, descrito por seus contemporâneos.
Quando Max Heindel chegou em Berlim, em novembro de 1907, e encontrou moradia foi necessário se inscrever na polícia, mesmo sendo tempos de paz. Isto significa que precisou entregar seus documentos e responder uma enorme lista de perguntas pessoais a funcionários que pareciam não amistosos[153]. Seu objetivo era, por cinco meses, estudar intensivamente os ensinamentos de Steiner, apoiado por Alma Von Brandis. Ela se filiou à linha Teosófica de Steiner em 1906. Steiner, apesar de ser Representante Superior do Movimento Teosófico de Adyar na Alemanha, também dizia ser dos Rosacruzes. Justamente este último era o motivo de Max Heindel ter ido para a Alemanha, novamente sob seu nome de nascimento, Grasshoff. Assim como Steiner, Heindel também esteve associado ao Movimento Teosófico de Adyar[154] e, como associado, foi Vice-Presidente da loja de Los Angeles e estudou a teosofia profundamente. Para saber o que era especificamente os ensinamentos dos Rosacruzes, nas informações de Steiner que estavam disponíveis, existiam uns sete livros, complementados com dois estudos, que surgiram mais tarde e eram considerados da Escola Esotérica; pelo que Max Heindel conseguiu se informar na época[155]. Nada mais lógico que Max Heindel fosse assistir suas palestras e participasse das duas turmas da Escola Esotérica de Steiner. Assim escreve Paula[156] para seu pai adotivo dr. Wilhelm Hubbe Schleiden, jurista e empresário (1846-1916) no dia 5 de janeiro de 1911: ‘No número de outubro do Hochland eu li o artigo contra Steiner. Driessen[157] deve ter te entregado. Eu achei interessante, o americano, que na verdade se chama Grasshoff, se saiu muito bem. Ele se inscreveu no mesmo período que eu. Ele, na verdade, é um traidor, não é mesmo? Porque ele tornou público muitas informações que ele deveria ter mantido em segredo’[158].
Pelas indicações dadas nas cartas de Gunther Wagner[159], assim menciona Klatt, podemos deduzir, que Steiner deve ter sido admitido ao Serviço Misraim, na segunda seção da Escola Esotérica no outono de 1907[160]. Steiner diz que os símbolos utilizados em seu Serviço Misraim também são encontrados na maçonaria, mas que estes não conseguem entender e explicar a profundidade destes símbolos porque os mesmos não podem ser compreendidos fora dos templos ocultistas[161]. Por este motivo, Steiner aboliu o nome FM (freemason) ou maçonaria do seu templo e diz que este ritual oculto deveria ser indicado com as letras MD (Mizraim Dienst)[162]. Por este mesmo motivo Max Heindel também diz que ele não era maçom[163].
Na carta de 11 de janeiro de 1911, portanto, três dias depois, Paula escreve para seu pai adotivo: ‘Grasshoff é americano, não o considerei judeu, mas é insuportável. Você leu seu livro? Muitas vezes ele palestrou aqui em inglês sobre Astrologia e se baseava, principalmente, na Doutrina Secreta de Blavatsky. Também já fazia Palestras na América e era muito amigo da Alma Von Brandis’[164].
Max Heindel diz que por cinco meses, do início de novembro de 1907 até final de maio de 1908, acompanhou intensivamente os ensinamentos de Steiner que naquele período esteve raramente em Berlim[165]. Max Heindel esteve pessoalmente com Steiner umas seis vezes e em três ocasiões ele pede explicações sobre: a) discrepâncias em seu livro Theosophie; b) discrepâncias em seu livro Alaska Chronik; c) o desconhecimento fisiológico de Steiner durante uma palestra em que ele apontou na parte de trás da cabeça quando falava da hipófise, que deveria estar localizada lá – uma divergência que sua clarividência deveria ter revelada para ele[166]. Em todas as ocasiões Steiner se desculpava e dava razão aos comentários de Max Heindel na presença de testemunhas. Durante sua última conversa com Steiner, Max Heindel contou que estava escrevendo um livro sobre ocultismo; um compêndio sobre os ensinamentos do Oriente e do Ocidente. Neste momento Steiner diz a Max Heindel que se fosse utilizar ensinamentos que foram trazidos por ele deveria citá-lo como fonte de informação; Max Heindel concorda com isto.
Em 1906 Alma Von Brandis se associou a Steiner. Trazendo Max Heindel até a Alemanha, ela esperava conseguir convencê-lo a ser o representante de Steiner na América[167]. Max Heindel, por outro lado, tinha esperanças que Steiner o pudesse auxiliar a seguir o caminho da espiritualidade. Contudo, concluiu que isto não seria o caso e Max Heindel ficou desanimado. Em desespero ele contou a Alma Von Brandis que queria voltar à América. Quando ele disse a ela que considerava sua ida à Alemanha como perda de tempo, surgiu uma discussão acalorada entre os dois, que fez com que seus caminhos se afastassem, definitivamente.
Depois Heindel retornou a seu quarto de hotel, abatido e desencorajado. Com a sensação de ter ido para a Europa e deixado um terreno frutífero nos Estados Unidos da América; somente para descobrir que não havia encontrado o que procurava. Entretanto preparou seu retorno aos Estados Unidos da América. Em suas próprias palavras: “Quando me sentei em uma cadeira, avaliando meu desapontamento, tive a sensação que havia mais alguém presente e que vinha em minha direção. Olhei para cima e contemplei Aquele que, a partir deste momento, se tornou meu Mestre. Lembro-me envergonhado, de como rispidamente lhe perguntei quem o havia enviado e o que queria, porque estava muito decepcionado e hesitei bastante antes de aceitar seu auxílio sobre os pontos que me trouxeram à Europa. Durante os dias seguintes meu novo amigo apareceu várias vezes em meu quarto, enquanto respondia minhas perguntas e me ajudava a resolver os problemas que anteriormente me deixavam intrigado. Contudo, porque minha clarividência não estava bem desenvolvida e nem sempre sob meu controle, eu estava bem cético a tudo isto. Não poderia ser ilusão? Eu falei sobre esta questão com um amigo. As respostas às minhas perguntas, conforme eram dadas pela visão, eram claras, concisas e muito lógicas. Eram diretas e muito além de qualquer concepção que eu fosse capaz de imaginar, daí concluímos que a experiência deveria ser real”.
Alguns dias depois meu novo amigo me contou que a Ordem da qual ele fazia parte tinha uma solução completa para o enigma do Universo, muito mais completa do que qualquer outro ensinamento. Que gostariam de compartilhar este ensinamento comigo, na condição que eu a guardaria como um segredo absoluto. Neste momento me virei com raiva dele e disse: ‘Agora vejo sua intenção real. Não, se tu possuis o que dizes e se isto é a verdade, será bom que todos o saibam. A Bíblia nos proíbe esconder a Luz, e não desejo beber da fonte enquanto tantas pessoas estão famintas para solucionar seus problemas, como eu agora’. Após isto meu visitante partiu e permaneceu ausente. Deduzi que ele era um representante dos Irmãos das Trevas.
Aproximadamente um mês depois, eu estava convencido que não encontraria mais iluminação na Alemanha e reservei a passagem no navio de retorno à Nova York. Como estava muito cheio, eu precisaria esperar mais um mês para poder partir.
Quando retornei ao meu quarto, após ter comprado a passagem, estava lá meu desprezado Mestre e novamente me propôs o ensinamento na condição de mantê-la em segredo. Desta vez minha recusa deve ter sido mais enfática do que da primeira vez, mas ele não partiu. Em vez disto ele me disse: ‘Fico feliz em ouvir sua recusa, meu irmão, e espero que sempre seja tão enfático em divulgar nossos ensinamentos, sem nenhum temor nem parcialidade, como foi nesta recusa. Esta é a real condição para receber os ensinamentos’.
Pouco importa como me foram dadas indicações de qual trem e em que estação deveria tomar para ir a um local do qual nunca havia ouvido antes. Lá encontrei o Irmão Maior em seu Corpo Denso, fui levado ao Templo e recebi as principais indicações dos conhecimentos contidos em nossa literatura. O que importa, é que se eu tivesse concordado em manter segredo, eu logicamente seria desconsiderado como propagador dos Irmãos Maiores e eles teriam que procurar outro candidato[168].
Foi durante o mês de abril e início de maio de 1908 que Max Heindel passou por esta prova. Apenas mais tarde foi contado a ele que o candidato que eles haviam considerado primeiramente era Dr. Rudolf Steiner, que estava em treinamento durante alguns anos, mas não havia passado na prova porque ele não poderia ser um líder para os Ensinamentos Ocidentais, e nem tão pouco para os Orientais. Max Heindel também estava sendo observado por alguns anos pelos Irmãos Maiores da Rosacruz como próximo candidato, se o primeiro falhasse. Depois foi contado a ele que os Ensinamentos deveriam ser divulgados antes de finalizar o primeiro decênio [9 de abril de 1910][169].
Ele foi informado como chegar ao Templo onde receberia suas instruções. Max Heindel escreve sobre isto: ‘Para chegar naquele lugar me foi orientado ir a uma determinada Estação de Berlim na manhã seguinte e comprar uma passagem para um lugar da qual eu nunca havia ouvido antes, pegar o trem que partiria numa determinada hora. Portanto, na manhã seguinte fui àquela determinada Estação e comprei a passagem e percebi que o trem partia exatamente no horário que meu visitante havia mencionado. Após chegar ao meu destino[170] me encontrei com o Irmão Maior[171], em seu Corpo Denso, e fui levado por Ele para o local onde o Templo se localiza, mas não materialmente e sim etericamente, e, portanto, invisível para as pessoas na redondeza, que não estão conscientes que a Grande Escola de Mistérios Ocidental se encontra em seu meio. No momento que o Irmão Maior estava no meu quarto e me deu as instruções de como chegar lá eu não estava dormindo e, também, não estava em condições de controlar minha visão espiritual ou de deixar meu Corpo Denso, conscientemente. Estas habilidades foram despertadas durante minha primeira Iniciação, que aconteceu pouco depois no Templo. Contudo, nestes momentos o Irmão Maior se materializava de tal forma que eu o pudesse ver’[172].
Max Heindel permanece no Templo pouco mais de um mês, em contato direto com e sob a supervisão do Irmão Maior que o transmite a maior parte dos ensinamentos que estão no Conceito Rosacruz do Cosmos.
A primeira versão do livro, que foi escrita enquanto ele estava no Templo, foi escrita em alemão. O Mestre o informou que eram apenas linhas gerais. A atmosfera pesada da Alemanha era boa o suficiente para transmitir as ideias esotéricas na consciência do candidato. Contudo, foi dito a ele que o manuscrito de 350 páginas não o satisfaria mais quando chegasse na atmosfera elétrica da América e que ele iria reescrever o livro inteiramente[173].
Em seu entusiasmo ele duvidou disto. E considerava que possuía uma mensagem maravilhosa e completa. Contudo, as previsões do Irmão Maior se confirmariam.
Finalizando, Max Heindel diz: ‘Ao deixar o Templo, os Irmãos Maiores me deram um aviso na despedida: tente nunca atrair dinheiro, nem mesmo para a construção da Ecclesia ou do Centro de Cura. Prédios são mortos, mesmo que sejam lindos. Portanto, se empenhe em conseguir o apoio de homens e mulheres íntegros para que este trabalho possa recompensar suas vidas. Porque somente desta forma poderá ser uma parte viva neste mundo. Se se mantiver a estas regras, aparecerão no momento certo, quando for necessário, os prédios nas condições necessárias. Contudo, se você fizer este ensinamento servir o Mamon, a Luz irá sumir e o movimento irá falhar’[174].
Quando Max Heindel recebeu a maior parte do conhecimento do Irmão Maior, que se tornou o Conceito Rosacruz do Cosmos, ele destruiu o manuscrito inacabado do livro que havia comentado com Dr. Steiner. Contudo, porque o Conceito Rosacruz do Cosmos confirmava os ensinamentos de Steiner, Heindel considerou que deveria fazer uma dedicatória a Steiner ao invés de ser um plagiador. Havia pouco perigo, porque um plagiador sempre tem menos informação do que o autor do qual rouba suas ideias. Em comparações com trabalhos publicados anteriormente demonstra que o Conceito Rosacruz do Cosmos contém muito mais informações[175].
O Conceito Rosacruz do Cosmos também foi recebido pelos Teósofos com muito entusiasmo. Também encontrou seu caminho para a Sra. Laura Bauer-Ficker (1874-1934), professora numa escola primária em Viena. No dia 30 de novembro de 1910 ela escreveu uma carta para Max Heindel onde solicita permissão para traduzir o livro para o Alemão, que foi concedido a ela[176].
Na carta de 14/16 de outubro de 1911 Heindel solicita que ela deixe um espaço em branco na parte “Uma palavra ao Sábio” para que ele possa incluir um agradecimento a ela. Neste texto parece que ela utilizou o pseudônimo S. Von der Wiesen. Quando a tradução estava finalizada foi oferecida ao Max Altmann, em Leipzig, para publicação. Porque ele publicava os livros de Steiner, então, escreveu uma carta ao mesmo, que por sua vez no dia 29 de janeiro de 1911, de seu quarto do Royal Hotel de Dusseldorf escreve para Marie Von Sievers: ‘… Altmann escreveu, que foi oferecido a ele publicar o livro de Heindel’[177]. Contudo, ele conseguiu convencer Altmann a não publicar o livro de Heindel. Portanto, Vollrath, também de Leipzig, teve a proposta de publicar o livro como: O Conceito Rosacruz do Cosmos; em dez lições escritas, pelo preço de 12 marcos[178].
Hugo Vollrath (1877-1943), que também era chamado por Walter Heilmann ou dr. Johannes Walther, tinha uma reputação péssima. Desta forma escreveu Deinhard em uma carta para Driessen no dia 31/08/1916: ‘Considero Vollrath um caso patológico de alguém que está sempre reclamando’[179]. Quando Vollrath foi destituído do cargo de secretário da Ordem da Estrela em novembro de 1911, ele considerava-se, ainda, secretário do que ele chamava de a Estrela da União, e distribuía cartões de sociedade com a assinatura falsa de Krishnamurti[180]. Antes de 1914 ele sempre se nomeou doutor, o que foi comprovado ser errôneo. Dr. Korsch[181] (173), um advogado de Dusseldorf, conseguiu provar após anos de pesquisa, que os papéis, que comprovariam isto, eram falsificados[182]. Portanto, é muito compreensível que Max Heindel, com um editor deste calibre, fosse confrontado com surpresas desagradáveis.
A base dos ensinamentos de Steiner era: a Teosofia de Adyar e os elementos ocidentais, que foram ensinados a ele por um Irmão Maior da Ordem Rosacruz. A base de Max Heindel também era: a Teosofia de Adyar, um estudo intensivo de cinco meses do ensinamento de Steiner e o conhecimento direto que recebeu do Irmão Maior e escreveu em um manuscrito de 350 páginas.
Chegando aos Estados Unidos da América ele quis reescrever o manuscrito. Max Heindel ainda estava convencido que Steiner divulgava os ensinamentos Rosacruzes aos alemães e que ele, Max Heindel, havia recebido os ensinamentos para divulgar aos que falavam inglês[183].
Onde era apropriado em seu livro, Max Heindel usava, com consciência tranquila, os exemplos e citações de Steiner. E porque não; se partiam da mesma fonte e eram utilizadas para o mesmo fim? Max Heindel havia prometido a Steiner que iria divulgá-lo como fonte.
Isto Max Heindel fez dedicando seu livro a Steiner. Porque ele tinha plena convicção que ambos estavam em posição de igualdade e enviou a Steiner uma cópia assinada e esperava por uma reação positiva de Steiner, que nunca veio. Max Heindel deve ter perguntado ao seu Mestre, o Irmão Maior, qual era a real posição de Steiner e recebeu como resposta que ele havia sido escolhido como o mensageiro, mas não foi considerado digno porque ele misturava o ocultismo do Oriente com o do Ocidente. Steiner deve ter compreendido, após receber o livro de Heindel, que este foi escolhido como representante da Ordem Rosacruz. Max Heindel compreendeu, após ter sido informado pelo Mestre da real posição de Steiner, que sua dedicatória a Steiner havia sido um erro e tentou em sua 2ª Edição em 1910 corrigir isto. Abaixo podemos ver a dedicatória do manuscrito em inglês, a dedicatória da primeira edição e a re-dedicatória da segunda edição[184].
No manuscrito:
Dedicated to my esteemed teacher and valued friend Dr. Rudolf Steiner and to my more than friend Dr. Alma von Brandis, in grateful recognition of the inestimable for soul-growth they have exercised in my life.
Na 1ª Edição novembro de 1908:
To my valued friend, DR. RUDOLF STEINER, in grateful recognition, of much valuable information received; and to my friend DR. ALMA VON BRANDIS, in heartfelt appreciation of the inestimable influence for soul-growth she has exercised in my life.
Na 2ª Edição, de 1910:
IN RE DEDICATION
From the beginning of November 1907, to the end of March 1908, the writer devoted his time to the investigation of the teachings of Dr. Steiner, who was absent from Berlin nearly all the time. In the last of about six personal interviews with Dr. S. the writer mentioned that he had commenced a book along occult lines; a compendium of the teachings of the East and the West.
Dr. S. then urged that, if any of the teachings promulgated by him were used he ought to be mentioned as authority and source of information. In consequence the writer agreed to dedicate the work of Dr. Steiner.
During January, February and March 1908, the Elder Brother, whom the writer now knows and reveres as Teacher, came at times clothed in his vital body and enlightened the writer on various points. In April and May, after unwittingly passing a test, the writer was invited to journey to the estate on which is found the Temple of the Rosy Cross.
There he met the Elder Brother in his dense body; there he was given the far-reaching, synthetic philosophy embodied in the present work – which in the opinion of many old students in England, on the Continent and in America, embodies everything that has been taught in public of esoterically in the past, besides much more that has never before been printed.
Therefore, the unfinished manuscript for the book mentioned to Dr. Steiner was destroyed, but as the later and more complete teaching given by the Elder Brother corroborated the teachings of Dr. S. along main lines, it was thought better to dedicate the book to Dr. S. than seem a plagiarist invariably gives less than the authority from whom he steals, and it will be found that in any case where previous works are compared with the present, this book will in all cases give more information.
The dedication has therefore been mistake; it has led many people who merely glanced at the book to infer that it embodies the teachings of Dr. S. and that he is responsible for the statements made herein. Such inference is obviously unfair to Dr. S. and a careful perusal of pages 8 and 9 will show that it was never intended to convey such an idea. The writer does not see how to convey the true idea in a dedicatory sentence, hence has decided to withdraw the same, with an apology to Dr. S. for any annoyance he may be caused by the hasty conclusion concerning his responsibility for the Rosicrucian Cosmo-Conception[185].
Ainda preciso comentar o seguinte: além do exemplar enviado por Max Heindel[186] do Conceito Rosacruz do Cosmos, ao qual Steiner nunca reagiu, ele também possuía uma segunda edição[187] que, a propósito, é praticamente igual à primeira edição, excetuando pequenas alterações, e uma adição sobre Iniciação começando na pág. 519 até pág. 529, onde as páginas 519 até 523 da primeira edição foram incluídas. Na primeira edição esta parte foi ampliada em mais 10 páginas e incluída um registro. Steiner reagiu detalhadamente ao surgimento do livro – em cinco momentos diferentes[188] – entre 1913 e 1922. Seu tom ficou cada vez mais amargo, porque Rudolf Steiner deve ter percebido que ele não poderia ser o representante da Teosofia, nem dos Rosacruzes; em 2 de fevereiro de 1913 fundou a Sociedade Antroposófica, um movimento, que conforme Rudolf Steiner, “era muito mais abrangente que os Rosacruzes e que toda a Teosofia”[189].
Max Heindel chegou à cidade de Nova York com pouquíssimo dinheiro, mas com muita motivação. Ele alugou um pequeno quarto no sétimo e último andar de uma pensão. Quando ele já estava a algumas semanas na cidade percebeu que o Irmão Maior tinha razão. O estilo da escrita do livro já não o agradava mais e ele começou a reescrevê-lo. Durante os meses mais quentes do verão de 1908, ele ficou neste quarto quente escrevendo em sua máquina de escrever Blickensderfer, das 7 horas da manhã até 9 ou 10 horas da noite sem sair para fora, nem mesmo para comer. Toda manhã o leiteiro colocava um litro de leite na porta de seu quarto. Isto, com um pouco de bolachas de trigo quebradas, era seu alimento até 9 horas da noite. Nesta hora ele saía para comer, uma refeição que normalmente era composta apenas de verduras. Após uma pequena caminhada pelas ruas quentes de Nova York, ele retornava ao seu trabalho até depois da meia noite. Com o tempo o calor ficou insuportável e ele decidiu se mudar para Buffalo, ainda no Estado de Nova York, onde ele finalizou a datilografia no dia 24 de agosto de 1908[190]. O próximo problema era a impressão de seu livro e onde encontrar os meios financeiros para tanto.
Por causa do calor ele teve dificuldades para fazer Palestras ou Cursos em Buffalo e resolveu se mudar para Columbus, Ohio, onde ele, na noite de 14 de novembro 1908, fez sua primeira Palestra e um tempo depois fundou seu primeiro Centro. Mary E. Rath Merill, artista plástica, e a filha dela, Allene, o ajudaram com os desenhos dos diagramas para o Conceito. Aqui ele começou a espalhar o ensinamento usando um Stereopticon[191]: um par de projetores usados simultaneamente, fazendo uma imagem sumir enquanto a outra é formada.
Depois de cada Palestra ele distribuía aos ouvintes, gratuitamente, das vinte apresentações do Cristianismo Rosacruz, para que pudessem estudar em casa. Ele mesmo ficava até altas horas da noite passando no mimeógrafo[192] estas apresentações.
Armado de martelo, um pacote de pregos no bolso e uma pilha de folhetos de propaganda de 20 por 25 cm, embaixo do braço, ele andava, diariamente, quilômetros para afixar a propaganda onde aparecessem aos olhos do público. Ele escrevia seus próprios artigos para jornais e levava aos editores que muitas vezes reagiam de forma preconceituosa em relação a este novo ensinamento. Contudo, por sua personalidade cativante ele normalmente vencia suas objeções e, às vezes, conseguia até uma página inteira para seu artigo.
A maior preocupação de Max Heindel era como ele poderia publicar o Conceito Rosacruz do Cosmos. A pequena colaboração que ele recebia pelas Palestras mal dava para alimentá-lo e providenciar um abrigo.
Finalmente, ele conseguiu guardar o suficiente para ir a Seattle, no estado de Washington, onde havia feito muitos amigos desde 1906. Após o final da última das 20 palestras em Columbus, ele se mudou para Seattle, com dinheiro suficiente para um assento no trem, porque uma acomodação para dormir era muito cara.
Max Heindel tinha uma grande amiga em Portland, Oregon, a Mildred Kyle, para quem ele havia enviado uma cópia do livro. Ela estava entusiasmada sobre este trabalho maravilhoso e começou a dar aulas, utilizando este conhecimento. Quando ela recebeu a cópia ela contatou dois corretores experientes para ajudá-la na leitura e correção. Ela encorajou-o a voltar para a Costa Oeste. Ela também prometeu a Max Heindel que quando ele finalizasse o trabalho, ela encontraria dez amigas que se interessariam em doar cem dólares cada uma para a publicação.
Um dos amigos que Max Heindel tinha em Seattle era o Corretor de Imóveis William M. Patterson. No verão de 1906 Max Heindel havia prenunciado um acidente de trem. ‘Vi que ele faria uma viagem por diversão em agosto de 1909 e que teria um acidente durante esta viagem, mas que ele não se machucaria neste acidente. Contudo, também vi que um mês depois – em setembro de 1909 – faria uma longa viagem em consequência de um evento literário importante. Naquele tempo eu não poderia nem suspeitar o quanto eu estaria envolvido com esta questão. Neste meio tempo eu fui para a Alemanha, onde ganhei a encomenda de divulgar os ensinamentos dos Rosacruzes no mundo Ocidental. Após escrever o Conceito Rosacruz do Cosmos e as vinte Palestras[193], fui novamente para Seattle, durante a Exposição Alaska Yukon Pacific em 1909. Lá encontrei novamente o Senhor Patterson; em agosto, quando terminei a sessão de Palestras, ele me convidou para ir ao Parque Yellowstone. Após esta viagem agradável e uma pausa para descanso, ele sugeriu ir para Chicago para lá publicar o Conceito Rosacruz do Cosmos. Eu estava totalmente tomado pelo trabalho literário e recusei o convite de ir ao Parque Yellowstone, portanto o senhor Patterson foi sozinho. Entre Gardner Junction e o Parque, o trem descarrilou e todos os passageiros caíram de seus assentos, mas ninguém se machucou.
Após seu retorno, fomos juntos para Chicago, onde o Conceito Rosacruz do Cosmos foi publicado. O prenúncio de três anos antes foi correto. Preciso comentar que ambos havíamos esquecido o prenúncio, até que depois, quando o Senhor Patterson estava buscando alguns papéis e encontrou o horóscopo com o prenúncio’.[194]
O senhor Patterson ajudou não só com a mediação e financiamento da impressão, mas também foi revisor, juntamente com a Sra. Jessie Brewster e Kingsmill Commander.
Quando o Sr. Patterson leu o manuscrito, seu primeiro pensamento foi que o conteúdo seria muito avançado para aquela época. Ele aconselhou Max Heindel a esperar uns vinte anos para que o mundo estivesse maduro para a mensagem. Contudo, quando ele ouviu os planos das pessoas de Portland, ele imediatamente se prontificou a financiar a impressão e também de levar Max Heindel até Chicago. Isto aconteceu quando o Sr. Patterson retornou de sua viagem em outubro. Contudo, Max Heindel precisava primeiro terminar suas apresentações em Seattle. Ele estava muito ocupado porque a Exposição atraía muitas pessoas para a cidade. Max Heindel realizou vinte Palestras no Evergreen Hall do Prédio Arcade e também deu alguns cursos. Dr. George Bush manobrava o Stereopticon.
Durante sua última Palestra Max Heindel anunciou que no dia 8 de agosto de 1909 haveria um encontro especial. Naquela tarde haviam muitas pessoas e foram feitas muitas perguntas entusiasmadas, e Max Heindel solicitou aos presentes que se juntassem a ele para divulgar os ensinamentos. Quase todo mundo concordou, Max Heindel tirou seu relógio do bolso e anotou a hora, 15:00 horas, e comentou que naquele momento estava inaugurando a “Fraternidade Rosacruz”, ou palavras neste contexto[195]. Sobre isto o Sr. Moe me escreveu: ‘Oh, nós estávamos com aproximadamente cinquenta pessoas e o Sr. Heindel fundou um bom Centro para nós. O Sr. Heindel nos deixou logo em seguida. Um ano depois ele retornou e nos deu novo ânimo. Dois anos depois o Sr. Heindel retornou novamente com a Sra. Augusta Foss Heindel’.[196]
O escritório central da Fraternidade Rosacruz, que era chamado na época de Rosicrucian Fellowship Auditorium, ficava na 812 Sixth Avenue em Seattle. Durante sua estadia em Seattle, Max Heindel escreveu seu terceiro livro, Astrologia Científica Simplificada, uma brochura de 40 páginas.
Quando as Palestras de Seattle terminaram, Max Heindel e seu amigo William Patterson foram para Chicago, com a Versão datilografada do Conceito Rosacruz do Cosmos e as vinte apresentações do Cristianismo Rosacruz. Eles ficaram algum tempo em Chicago, enquanto M. A. Donahue & Co, imprimisse 2500 exemplares do Conceito Rosacruz do Cosmos.
Mas antes que o manuscrito pudesse ser entregue para publicação, Max Heindel precisava datilografar de novo tudo porque este exemplar estava repleto de anotações com quatro cores diferentes de lápis, que os corretores haviam colocado. Isto foi feito na pequena e velha máquina Blickensderfer. Jessie Brewster e Kingsmill Commander também ajudaram na correção.
Sobre este acontecimento Max Heindel diz o seguinte: ‘O Conceito Rosacruz do Cosmos foi publicado no final de novembro de 1909, aproximadamente quatro meses antes do início do novo decênio [9 de abril de 1910]. Amigos ajudaram a deixá-lo pronto para impressão e fizeram um ótimo trabalho. Contudo, eu precisava, naturalmente, corrigir tudo antes de entregá-lo para impressão. Depois lia as provas de impressão, os corrigia e devolvia e relia quando os erros haviam sido corrigidos. Eu li depois de serem colocados nas páginas e dava orientações aos grafistas onde deveriam colocar as imagens, e assim por diante. Todas estas semanas, levantava de manhã às seis horas e batalhava até meia noite, uma, duas ou três da madrugada, em meio ao barulhento e movimentado Chicago, até ao limite que meus nervos aguentavam. Mesmo assim consegui manter-me concentrado e ainda consegui inserir novos pontos dentro do Conceito Rosacruz do Cosmos. Contudo, sem o apoio dos Irmãos Maiores eu, com certeza, teria esmorecido. Era o trabalho deles e eles me ajudaram em todo o processo. Mesmo assim eu estava um caco quando finalizamos esta tarefa’.[197]
Depois deixamos todos os exemplares (2500 livros) do Conceito Rosacruz do Cosmos – excetuando 500 exemplares que levamos para Seattle – na casa de uma Sra. que comandava uma editora de livros da Teosofia, chamada Independent Book Co., na rua E. van Burenstreet 18-26. Esta mulher tinha dívidas, e ela utilizou os exemplares do Conceito para liquidar estas dívidas com outras editoras. Quando, aproximadamente, meio ano depois veio o pedido de enviar mais livros para Seattle, perceberam que a primeira edição já estava esgotada. Foi solicitada uma segunda edição com urgência na gráfica, mas o financiamento era um grande problema. Augusta Foss conseguiu dar uma pequena entrada. A demanda era tão grande que durante a impressão já havia encomendas de duas livrarias.
O Senhor Heindel escreveu em uma carta no dia 23 de dezembro de 1910 para a Sra. L. Bauer em Veneza: ‘Acabo de finalizar um registro de 64 páginas, que será impresso no próximo mês e vendido separadamente para aqueles que compraram a primeira e segunda edição do C.R.C.’[198]. A terceira edição possuía este índex da pág. 543 até 597, portanto 54 páginas. Na página não numerada 543 da primeira e segunda edições está escrito: ‘The Rosicrucian Cosmo Conception, 544 páginas, 12mo, com 25 diagramas e ilustrações, algumas em quatro cores; uma linda capa com o Símbolo (em vermelho, preto e dourado). Bordas douradas sobre vermelho. Encadernação superforte e durável, publicado sem lucro para o escritor … $ 1,00 e frete de $ 0,15’.
E aqui também: The Rosicrucian Christianity Series. O preço destas [20] Palestras é, cada, $ 5 cents acrescido de $ 1 cent de frete’.
Na próxima página desta segunda edição: ‘Simplified, Scientific Astrology, primeira parte, de Max Heindel: ‘Este é um manual completo. Contém todas as tabelas que são necessárias para aprender a calcular um horóscopo; mais 20 ilustrações. Preço 35 c. com frete 40 c.
Estava escrito, junto, que estes livros poderiam ser comprados na Rosicrucian Fellowship, P.O. Postal 1802, Seattle, Washington; 202 East Beck Street, Columbus, Ohio; Blanchard Hall, Los Angeles, Califórnia.
Pode parecer uma catástrofe perder 2000 livros para alguém que tinha poucos meios, isto se confirmou não ser o caso. Ao contrário, porque esta senhora já estava ligada aos novos pensamentos por muitos anos, Teosofia e outros movimentos similares, e distribuía livros entre eles que ela retirava de grandes Editoras. Ela os convenceu a pegar o Conceito que naquele tempo ainda era desconhecido. Desta forma ela formou uma demanda que fez distribuir os Ensinamentos Rosacruzes por muitas partes do mundo.
Max Heindel partiu de Chicago e foi para Seattle; logo depois já saiu de lá em direção a Yakima, no estado de Washington, onde fez Palestras e fundou um Centro. Um dos que estavam lá presentes era Bessie Boyle Campbell, e conta o seguinte: ‘Me lembro do Max Heindel quando o encontrei pela primeira vez na porta de uma sala de Conferências … Quando lá cheguei estavam o Sr. e a Sra. Swigart e o Sr. Heindel. Eu achei que ele se parecia muito com um Padre, apesar de estar vestido como um homem de negócios. Depois pensei que sua grande personalidade me fez pensar que era um Padre. Mais tarde, numa aula em círculo menor, ele nos contou que ele foi um Padre Católico Romano uns 300 anos antes, quando encarnado na França, … na sala velha onde ele deu sua primeira Palestra, os ouvintes eram alguns mendigos, que por causa do frio e neve entraram … Durante suas Palestras ele, às vezes, contava piadas, mas em outros momentos ele era muito sério. Ele tinha grande compaixão por todos que sofriam’.[199]
Em um dos livrinhos de anotações da Sra. Warendorp[200], uma irmã holandesa, estava escrito o seguinte: ‘ Em sua vida anterior Max Heindel era um monge que escrevia livros sobre misticismo. Aqueles trabalhos não agradavam a ordem da qual fazia parte e a consequência foi inimizade com os irmãos. A Senhora Heindel era filha de um Italiano rico, que deixou sua família e foi ajudar os pobres e doentes com ervas. Ela leu os livros do monge e o aconselhou a fugir porque sua vida corria perigo. Ela arrumou um cavalo com o qual o monge fugiu. A Ordem enviou cães sangrentos atrás do monge, que o trucidaram. Durante esta vida, Max Heindel tinha muito medo de cachorros’.
Para concluir uma passagem da carta do Sr. George Schwenk: ‘Senhora Heindel me contou que o Sr. Heindel acreditava que todos os que estavam ativos com a Fraternidade Rosacruz, também estiveram ativos com ele na Igreja Católica 300 anos atrás’.[201]
Depois de Yakima, Heindel foi para Portland, onde também deu Palestras e fundou um Centro.
Em novembro de 1909, Max Heindel deixou Seattle[202] para continuar seu trabalho em Los Angeles. Naturalmente ele fez, primeiro, uma visita a Augusta Foss que, depois que ele havia deixado Seattle e partido para suas palestras ao norte (isso antes de sua viagem à Berlim) não havia visto mais Max Heindel por dois anos, e estava com medo que ele a tivesse esquecido. Ela ficou muito surpresa quando ele apareceu. Max Heindel contou para ela que agora ele representava a Ordem Rosacruz, que havia escrito um livro e que se preparava para fazer apresentações em Los Angeles. Ela contou que teve uma gravíssima pneumonia dupla, como consequência de uma pesada gripe que pegou no dia 21 de janeiro de 1909[203]. Isto levou-a à beira da morte, no dia 28 do mesmo mês. À 1:00 hora da madrugada, ela saiu de seu corpo e se viu deitada na cama, onde os gritos das enfermeiras que a tentavam reanimar fizeram com que voltasse à vida. A doença fez com que sua resistência caísse e, com os pulmões afetados, ela não tinha mais condições de sair de casa à noite. Por este motivo deixou de frequentar o Movimento Teosófico.
Mas quando ela ouviu que Max Heindel pretendia dar palestras, imediatamente ofereceu sua ajuda. Algumas casas adiante da casa dela, Max Heindel alugou um quarto. E após aceitar a proposta de ajuda da senhorita Augusta Foss, seu estoque de livros e outros materiais de estudos foram colocados na garagem da casa dela.
Max Heindel alugou o grande Blanchard Hall, o mesmo salão onde em 1903 ele havia ouvido o ciclo de Palestras de Leadbeater. Havia lugar para 1300 pessoas. Aí veio para ela a grande surpresa. Antes de conhecer Max Heindel, ela havia estudado Astrologia por quatro anos. Quando ele passou uma tarde inteira na casa dela, ele perguntou a ela se no mapa dele mostrava se ele seria bom palestrante. Naquele tempo ele ainda falava com um forte sotaque dinamarquês, e ela acreditava que isto seria um grande obstáculo. Então ela respondeu que ele poderia ser um ótimo autor, mas que fazer palestras talvez não fosse seu ponto forte. Contudo, o conhecimento que ele trazia à luz do dia e as perguntas que ele respondia de improviso foram uma surpresa total para ela. Ele era outra pessoa.
Três noites por semana Max Heindel dava Palestra para 800 pessoas ou mais, e nas outras duas noites ele dava cursos tanto dos Ensinamentos Rosacruzes quanto de astrologia. Sua primeira turma de astrologia, em Los Angeles, era de 125 alunos. No dia 27 de fevereiro de 1910, um grupo muito entusiasmado formou o Centro. Max Heindel preparou professores que estavam em condições de dar continuidade aos ensinamentos quando ele partisse, porque ele havia prometido aos amigos de Portland[204] e Seattle que retornaria, assim que seu trabalho em Los Angeles tivesse terminado.
Para economizar os altos custos de propaganda e dar o máximo de divulgação possível, Max Heindel encomendou centenas de cartazes do tamanho de 20 por 25 cm e mandou imprimir neles os endereços das salas, datas e títulos das Palestras. Como havia feito em Columbus[205], saía toda manhã, armado de martelo, pregos e, embaixo do braço, os cartazes que espalhava por diversas regiões da cidade. O dia inteiro ele caminhava com sua perna esquerda manca e machucada, por vários quilômetros, para a noite estar no palco ou na sala de aula. Contudo, isto parece que teve sucesso, porque em pouco tempo, as salas estavam repletas, principalmente após sua primeira Palestra[206]. Amigos levavam amigos, fazendo com que faltasse lugar para sentar. Por isso ele começou a entregar cartões a todos que entravam. Estes cartões davam a garantia de ter lugar para sentar na próxima Palestra. O grande interesse fez com que Max Heindel também fizesse Palestras e aulas aos domingos à tarde. Isto continuou até 17 de março de 1910. No dia seguinte ele queria partir para Seattle e Portland para lá dar algumas aulas de novo. Na noite anterior à sua partida, ele orientou a Sra. Clara Gidding a dar continuidade nos Ensinamentos Rosacruzes, uma amiga que já havia trabalhado com ele em anos anteriores, em Los Angeles. Na noite seguinte ele anunciou que a senhorita Augusta Foss iria continuar com as aulas de Astrologia, dizendo que ela havia sido a professora dele neste quesito. Para estes cursos haviam 125 alunos inscritos.
Na manhã seguinte ele ficou muito doente, em consequência de seus problemas cardíacos e foi levado ao Hospital Angelus[207]. Aqui ele permaneceu beirando a morte por algumas semanas. Durante esta doença, Max Heindel alcançou sua segunda Iniciação e conta o seguinte sobre isto: “Na noite de 9 de abril, quando a Lua Nova estava em Áries, meu Mestre entrou em meu quarto e disse que naquela noite iniciava-se o novo decênio”[208], e que seria meu privilégio conhecer um novo método de Cura durante os próximos 10 anos. A Fraternidade iria providenciar os ajudantes para este novo trabalho. Esta foi a primeira indicação que recebi de que um serviço desta forma era planejado. “Na noite anterior, o meu trabalho, com o recém-inaugurado Centro de Los Angeles, havia terminado. Seis das sete noites eu havia caminhado e dado Palestras e, também, várias tardes, desde a minha experiência em Chicago. Eu fiquei doente e havia me retirado para me recuperar. Eu sabia quão perigoso é deixar o corpo conscientemente quando se está doente, porque o Corpo Vital está extremamente enfraquecido, e o Cordão Prateado pode ser rompido mais facilmente. Em tais situações a morte provocaria as mesmas consequências que o suicídio, por isto o Auxiliar Invisível é aconselhado a permanecer com seu Corpo Denso quando está adoecido. Contudo, por solicitação do meu Mestre, eu estava em condições de deixar meu Corpo Denso e fazer uma viagem astral para o Templo. Foi deixado um guarda para cuidar de meu corpo adoecido.
Como já foi dito anteriormente em nossa literatura, são 9 os graus de Mistérios Menores de qualquer Escola na Terra, e a Ordem Rosacruz não é exceção. A primeira Iniciação é equivalente ao Período de Saturno, e os exercícios relacionados a ela são realizados à meia noite dos sábados. A segunda Iniciação é equivalente ao Período Solar, e o Rito especial é realizado à meia noite dos domingos. A terceira Iniciação é relacionada ao Período Lunar, e é realizado à meia noite da segunda-feira e, assim, sucessivamente com as primeiras sete Iniciações. Cada Iniciação equivale a um Período e seu rito é realizado no dia específico. A oitava Iniciação é realizada nas noites de Lua Cheia e Lua Nova, e a nona Iniciação tem seu ritual nas noites dos Solstícios de Dezembro e Junho. Quando um Discípulo se torna Irmão ou Irmã Leigo (a), ele (a) recebe o convite para participar do Rito que acontece aos sábados à meia noite. A próxima Iniciação lhes dá o direito de participar dos Ritos que acontecem aos domingos e, assim, sucessivamente. Devo salientar que embora todos os Irmãos e Irmãs Leigos (as) tenham livre acesso ao Templo em seu Corpo Vital, em qualquer dia, eles serão impedidos de participar dos Rituais aos quais ainda não fazem parte. Não há um guarda visível na porta e que pede a Palavra Chave para cada um que chegar. Contudo, em volta do Templo existe um muro invisível, mas impenetrável para aqueles que não receberam a Palavra de Passe. Este muro é diferente a cada noite, para que um estudante que por acidente ou por esquecimento, tente entrar no Templo quando estiver ocorrendo um Rito acima de seu grau de Iniciação, irá experimentar como se batesse com a cabeça contra uma muralha espiritual e que esta experiência é tudo, menos agradável.
Como eu falei, a oitava Iniciação tem seus Ritos nas noites de Lua Nova e Lua Cheia, e todos, inclusive eu, que ainda não chegaram nesta Iniciação, são impedidos de participar do Rito da Meia Noite. Porque não são Ritos Simbólicos, onde qualquer um que pagar algumas peças de dinheiro possa participar. Eles exigem um desenvolvimento espiritual, muito acima do meu atualmente, um desenvolvimento que em algumas vidas ainda não atingirei, mesmo que não me falte esforço, vontade e aspiração.
Está claro que naquela noite de Lua Nova em 1910, quando meu Mestre veio me buscar, não foi para me levar àquele Rito da Oitava Iniciação, mas para uma reunião diferente. Mesmo que esta reunião fosse realizada quando na Califórnia já era noite, o Rito com a diferença horária com a Alemanha, já havia ocorrido horas antes, tanto, que quando cheguei ao Templo com o meu Mestre, o sol já estava alto no céu.
Quando entramos no Templo tive primeiro uma reunião somente com o meu Mestre, onde ele explicou o trabalho da Fraternidade, conforme os Irmãos Maiores gostariam que isto fosse desenvolvido.
A base desta conversa foi me desonerar o máximo possível quanto a organização, ou pelo menos deixá-la o mais simples possível. Foi comentado que por melhor que fosse a intenção no começo, a vaidade das pessoas é atingida, e para a maioria, a tentação fica muito grande e acaba acontecendo disputa por posições e poder. Quando a livre iniciativa dos associados é ferida ou influenciada aí o objetivo da Ordem Rosacruz – que é criar independência e autoconfiança – será perdido. Leis e regras são restritivos e, portanto, devem ser mínimos. O Mestre pensava que seria possível fazer tudo sem regra nenhuma.
Foi conforme esta linha de pensamento que imprimi em nosso papel carta o cabeçalho: ‘Uma Associação Internacional de Cristãos Místicos’. Pois existe uma diferença enorme em uma associação que é totalmente voluntária e uma organização que prende seus sócios por juramentos, promessas e coisas do tipo. Os Probacionistas sabem que a promessa que fazem é uma promessa a eles mesmos e não à Ordem Rosacruz. A mesma preocupação da total liberdade pessoal é encontrada em toda a Escola de Mistérios do Ocidente. Nós não temos Mestres; eles são nossos amigos e Professores e nunca exigem – sob nenhuma condição – obediência a qualquer regra que seja. No máximo eles nos advertem, nos deixando livres para seguir ou não tal conselho.
Posso dizer aqui, que a linha geral de não organizar, foi seguida nos Centros de: Columbus, Seattle e Los Angeles. Contudo, desde então continuei nesta linha tentando passar os ensinamentos a pessoas diversas de um Centro Mundial, preferencialmente do que fundar Centros em diversos estados. Em alguns lugares, grupos de estudantes demonstraram interesse em se juntar para estudar ou formar um elo espiritual. Para este fim toda a ajuda é disponibilizada. Contudo, como foi dito, não fiz mais esforços para formar Centros de Estudos; deixo aos estudantes fazerem aquilo pelo qual se sentem chamados.
O novo Trabalho de Cura, do qual falarei mais à frente, exigiria um local fixo para a Sede Central. Porque vivemos num mundo físico, sob condições materiais, me parece necessário que a Sede Central seja uma Pessoa Jurídica reconhecida conforme as leis do país onde for constituída, para que aquilo que seja necessário ao trabalho, permaneça disponível para a humanidade, após os atuais líderes terem deixado esta vida terrena. Com uma Sede Central não poderemos deixar de ter regras e uma organização. Contudo, a Fraternidade, em geral, deve permanecer livre de regras para que o crescimento anímico possa perdurar pelo maior tempo possível. Na verdade, é triste imaginar que enquanto isto são minhas intenções, a Fraternidade Rosacruz seguirá o caminho de todas as outras Instituições. Irá se prender a regras e terá disputas de poder que irão cristalizá-la e fará com que caia em pedaços. Contudo, aí teremos o consolo de que nos destroços dela irá nascer algo maior e melhor, como nasceu em cima de construções que já responderam ao seu destino e, agora, estão no caminho da decadência.
Após a reunião citada acima, entramos no Templo, onde os doze Irmãos Maiores estavam reunidos. Estava arranjado de forma diferente que da outra vez, mas por falta de espaço[209] não me permite uma explicação mais detalhada. Eu mencionarei apenas três esferas ou bolas que estava ao centro do Templo, penduradas uma acima da outra, a bola do meio, aproximadamente, a meia distância do chão e do teto. Esta esfera era bem maior do que as outras duas penduradas acima e abaixo da mesma[210].
Dentro da esfera maior havia um pequeno recipiente, que continha alguns pacotes preenchidos por uma substância, onde o Espírito Universal poderia ser misturado tão facilmente quanto uma quantidade de amoníaco com água. Quando os Irmãos Maiores se posicionaram de uma determinada forma, e após a harmonia de uma determinada música ter preenchido o ambiente, as três esferas, de repente, começaram a fluir nas três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Para minha concepção ficou claro que após dizer a palavra mágica, o recipiente com os pacotes foi preenchido por uma essência espiritual que fez as esferas brilharem. Alguns pacotes foram utilizados com muito sucesso pelos Irmãos Maiores. Como por encanto, as partes cristalizadas que preenchiam o centro do Corpo Vital do paciente, se partiam e o doente acordava com a consciência de estar saudável e bem”[211].
“Além da visão física, há outras formas de visão: a visão etérica ou raio-X; a visão da cor, que nos abre o Mundo do Desejo, a visão tonal que revela a Região do Pensamento Concreto, conforme é explanado detalhadamente no livro ‘Os Mistérios Rosacruzes’. Meu desenvolvimento da visão espiritual da última região mencionada era, naquele momento, muito insuficiente. De fato, quanto melhor for a nossa saúde, mais firmes estamos ancorados em nosso Corpo Denso e maior dificuldade teremos de entrar em contato com os reinos espirituais. Pessoas que dizem que nunca em suas vidas ficaram doentes revelam, desta forma, que estão muito bem sintonizadas com o mundo material e, portanto, menos capacitadas para ingressar nos reinos espirituais. Isto era para mim, também, o caso até 1905, apesar de ter sofrido dores atrozes minha vida inteira, como consequência de uma cirurgia realizada na perna esquerda na minha infância. A ferida só cicatrizou quando passei a viver uma vida vegetariana e a dor passou. Contudo, em todos os anos anteriores minha saúde era de tal forma, que ninguém poderia ver em meu rosto que eu sentia dor. No geral gozava de boa saúde. É importante comentar que quando eu sofria algum acidente, do corte saía muito sangue e não coagulava, e, portanto, eu perdia sempre muito sangue. Contudo, dois anos de alimentação sem carne a perda de uma unha inteira numa manhã, mal fez perder algumas gotas de sangue. Naquela mesma tarde eu já estava em condições de datilografar normalmente. Quando a unha nova nasceu não houve nenhuma ulceração.
O crescimento do meu lado espiritual causou uma desarmonia em meu Corpo Denso: ficou mais sensível para as condições do ambiente. O resultado foi um esgotamento. Isto foi mais intensificado por minha, já citada, persistência, que me manteve de pé por meses a mais do que se eu tivesse me dado o direito de descansar. Com a consequência que a morte esteve perto. Porque a morte é a permanente ruptura do elo entre o Corpo Denso e o Corpo Vital. Na aproximação desse estado especial de transição, na iminência de ocorrer o desligamento da matéria, podemos receber instruções sobre a ciência de retirar-se do corpo. Goethe, o grande poeta alemão, recebeu sua primeira Iniciação quando seu corpo se achava debilitado e à beira da morte.
Eu ainda não havia progredido o suficiente no caminho espiritual. Contudo, a dedicação aos estudos, aspirações e um exercício praticado por muito tempo, e que naquela época acreditava tê-lo inventado, mas agora já sei, vem de tempos remotos, contribuíram para que pudesse abandonar o meu corpo, por um curto espaço de tempo e regressar logo em seguida. Não sei como fazia isso, e nem podia fazê-lo voluntariamente. Contudo isto não vem ao caso.
Um ponto relevante que quero ressaltar é que uma perturbação de uma perfeita saúde é necessária antes que seja possível permanecer em balanço nos Mundos Espirituais. Quanto mais forte e vigoroso for o Corpo Denso, mais drástico terá de ser o método para debilitá-lo. Depois seguem-se anos de saúde oscilante até que se tenha condições de viver bem, tanto no Mundo Físico com saúde, enquanto adquire a capacidade de atuar nos reinos superiores.
Assim aconteceu comigo. A sobrecarga de trabalho tanto físico como mental, sem trégua até hoje, tem deixado o meu Corpo Denso longe de um estado saudável. Amigos me alertaram e tenho tentado considerar suas preocupações. Contudo, o trabalho precisa ser feito. Até que venha ajuda, eu preciso continuar trabalhando, sem me preocupar com a saúde. A Sra. Augusta Foss Heindel, como em tudo, também me apoia neste ponto. Nesta condição precária de saúde desenvolvi uma capacidade crescente de funcionar no mundo espiritual.
Como já afirmei, minha visão tonal era mediana e, principalmente, limitada às subdivisões inferiores da Região do Pensamento Concreto. Uma pequena ajuda dos Irmãos Maiores, naquela noite, permitiu-me entrar em contato com a quarta região, o lar dos Arquétipos. Lá aprendi e compreendi as lições relativas ao mais alto elevado ideal da Fraternidade Rosacruz e também sobre sua missão na Terra.
Vi nossa Sede Mundial, e uma multidão de pessoas vindas de todas as partes do mundo para receber os ensinamentos. E vi muitos partirem de lá para levar alento aos sofredores. Enquanto neste mundo é necessário fazer investigações para descobrir alguma coisa, lá o tom, que cada arquétipo possui quando tocado com o conhecimento espiritual, dá a característica do que representa. Portanto, naquela noite, adquiri uma visão que não consigo descrever em palavras, porque o mundo em que vivemos é baseada no tempo, enquanto no reino superior dos Arquétipos, tudo é um eterno AGORA”[212].
Durante esta segunda Iniciação, os Irmãos Maiores disseram à Heindel que deveria ser construído uma Sede Central e uma Ecclesia ou Templo, onde se alcançaria uma panaceia espiritual. Dois ingredientes foram revelados ao Max Heindel, mas o terceiro deveria ser formado conforme a vida dos Probacionistas, pois era de conteúdo espiritual.
Max Heindel, ainda no hospital, deveria pedir auxílio de um médico para obedecer aos regulamentos do hospital. Contanto que sua doença estivesse alcançando uma crise, ele não se desesperou. Ele sabia que sua situação não se alteraria até que viesse a Lua Nova. Ele estava tranquilamente esperando, porque sua Mente estava tão exaurida que não conseguiria trabalhar. Ele acreditava que a Lua faria tudo acontecer na hora certa.
Mas os médicos não estavam satisfeitos sobre sua condição física, e três deles estavam em volta de sua cama conversando sobre sua situação, acreditando que seu paciente estivesse fora de consciência. Contudo, ele ouviu que os três médicos acreditavam que ele não alcançaria a manhã do dia seguinte. Quando Max Heindel ouviu isto, começou a trabalhar nele mesmo a tal ponto, que o edema que estava alcançando seu coração, dentro de poucas horas, desapareceu. Quando, como de costume, Augusta Foss veio lhe fazer uma visita à 1 hora da tarde, ele perguntou se ela poderia levá-lo numa cadeira de rodas ao jardim, para tomar um pouco de ar fresco. Quando eles estavam lá sentados, numa sombra embaixo de uma maravilhosa magnólia em flor, ele ficou bem melhor. Dois médicos que passavam ficaram surpreendidos de ver seu paciente sorridente e em boa saúde.
Max Heindel pediu a Augusta Foss para alugar um quarto para ele perto da casa dela, porque ele poderia deixar o hospital dentro de alguns dias. Ela morava onde na época era conhecido como Bunker Hill District, de Los Angeles.
Após deixar o hospital e seguir de bonde até seu novo quarto, ele publicou um anúncio no jornal para um estenógrafo[213] com a intenção de utilizar o espaço da Fraternidade, que ficava a algumas quadras abaixo, para ditar um livro. Ele mesmo viu que não seria possível assim surpreender seus amigos e alunos desta forma. Portanto solicitou a Augusta se ela teria um quarto livre na casa que ele poderia usar para ditar o seu livro.
Um antigo colega de quarto de Max Heindel, Carl Oscar Borg, que depois se tornou um conhecido pintor de quadros de paisagens, havia alugado o quarto da frente da casa dela. Naquele momento ele estava numa turnê para se inspirar, portanto Max Heindel conseguiu consentimento para usar aquele quarto. Então, Heindel comprou uma máquina de escrever e contratou um estenógrafo.
Enquanto dava suas Palestras, ele reuniu perguntas de seus ouvintes por escrito e com estes no bolso, ele andava pelo quarto de um lado a outro, ditando as respostas sem consultar qualquer trabalho ou fazer qualquer pesquisa. Esse quarto ficava a uns três metros da calçada e por sua voz alta e forte, muitas vezes, atraía várias pessoas que ficavam ali, parados ouvindo. Uma das ouvintes era a idosa mãe de Augusta Foss, que tinha a idade de 84 anos e gostava de sentar na varanda para poder ouvir Max Heindel. O livro que o Max Heindel ditou foi a primeira parte do “ Perguntas e Respostas”. Quando o livro estava finalizando, Max Heindel fez planos para fazer uma viagem ao Norte, que ele foi obrigado a adiar por causa de sua doença.
Neste meio tempo a segunda edição do Conceito Rosacruz do Cosmos estava pronto, e o manuscrito do “Perguntas e Respostas” [214], um livro com 428 páginas, estava nas mãos da gráfica.
O dia anterior à sua partida aconteceu um maravilhoso evento. No dia 10 de agosto de 1910, Max Heindel se casa pela terceira vez em Santa Ana, desta vez com Augusta Foss[215].
Ela estava com medo de deixar sua mãe idosa, que já havia tido um pequeno derrame, por isto o casamento foi feito em segredo. No dia seguinte Max Heindel partiu para Seattle, de barco, enquanto a Sra. Augusta Foss Heindel permaneceu em Los Angeles. Após ter se despedido de seu marido no porto, ela alugou um carro para retornar a Los Angeles. Aos poucos ela foi se conscientizando onde havia se metido e que agora o trabalho dele também se tornou o dela. Portanto ela parou numa loja e comprou uma máquina de escrever Underwood de segunda mão. No dia seguinte ela escreveu uma carta para seu marido nesta máquina e não conseguia encontrar uma única letra maiúscula.
Quando Heindel desceu do navio recebeu a carta dela. Quanto ele não riu dela! Em sua carta expressa que ela recebeu no dia seguinte, ele explicou como ela fazia para encontrar as letras maiúsculas.
Max Heindel não havia consultado seu Mestre quanto ao fato de seu casamento, e não sabia como isto influenciaria os planos dos Irmãos Maiores. Contudo, durante sua viagem, o Mestre veio sorridente até ele, e aqui trazemos a carta de Max Heindel datada de 21 de agosto de 1910 para sua esposa[216]: “O Mestre me parabenizou, e disse que ele gostaria de algum dia também receber você no Templo como filha. Ele me chamou de filho, o que nunca havia feito antes, e Ele estava mais carinhoso do que nunca”.
No dia do trabalho (1 de setembro de 1910), ele escreveu para sua esposa: “Eu me senti tão entusiasmado com o que meu Mestre falou, que ele gostaria de te receber como filha no Templo. É o meu maior desejo poder ver este dia, quando pudermos estar juntos lá e receber a benção dos Irmãos Maiores”[217].
O Mestre contou a ele que sua esposa esteve por alguns anos sob a observação e orientação deles, mesmo que ela não soubesse disso; e que este casamento espiritualmente iria se confirmar muito útil, e serviria como uma garantia para sua saúde física.
Max Heindel estava planejando viajar para os Estados do Norte e depois seguir pela rota para o Oeste. Contudo, após ter estado por seis semanas em Seattle, Yakima[218] e Portland dando Palestras, ele novamente teve problemas com seu coração e foi obrigado a interromper sua viagem.
A Sra. Augusta Foss Heindel preparou uma de suas casas de praia de Ocean Park[219] para aguardar o retorno de seu marido adoentado. A sua mãe idosa foi deixada aos cuidados de outra filha.
Por volta de 22 de novembro, Max Heindel chegou tão adoentado nesta casa de três cômodos, que ele desmaiou. Durante três meses ele foi cuidado por sua esposa dia e noite.
Em Seattle, Max Heindel havia comprado uma pequena impressora de segunda mão. Esta impressora estava pronta para uso e a Sra. Augusta Foss Heindel recebeu de seu marido – enquanto este estava apoiado por travesseiros em sua cama – orientações de como manejá-la. Apesar da Sra. Augusta Foss Heindel ser habilidosa por natureza, não foi fácil para ela. As letras devem ser colocadas de forma espelhada para que no papel apareça de forma correta. Após as corretas instruções, ela estava em condições de, ainda em novembro, imprimir a primeira Carta aos Estudantes nesta máquina.
Antes de Heindel deixar Seattle para retornar ao sul, o Secretário, William M. Patterson, havia falado aos amigos de Columbus, Seattle, Yakima, Duluth, Portland e Los Angeles, que Max Heindel iria começar um Curso por escrito a partir da Sede Central de Ocean Park, Caixa Postal 866. Com esta informação houveram muitas reações. Pode se concluir que a Sra. Augusta Foss Heindel esteve bem ocupada neste período. Ela cuidava de seu marido doente, tinha que limpar a casa, cuidar da comida, colocar as letras, imprimir as folhas, escrever todos os envelopes aos cursistas e estudantes e, ainda, responder muitas cartas.
Neste período a Fraternidade Rosacruz foi denominada: “Uma Associação Internacional de Cristãos Místicos”, e o lema: “Mente pura, coração nobre e corpo são” foi inserido.
O médico disse à Sra. Augusta Foss Heindel, após visitar seu marido, que ele provavelmente não alcançaria o final do ano seguinte. Contudo, esta notícia desencorajadora ela não aceitou, porque ela sentia que esta doença era mais uma lição que seu marido deveria passar. Ele estava a ponto de passar por sua terceira Iniciação.
Apesar de Heindel estar doente por três meses, também havia dias em que ele, vestido de roupão, conseguia se sentar e escrever algumas coisas. Levado por um espírito indomável, ele fazia planos de escrever seu quinto livro: Os Mistérios dos Rosacruzes[220]. Também, agora, ele colocou no jornal uma vaga para estenógrafo a quem ele ditaria o livro.
Até este momento ninguém estava ciente da presença de Max Heindel em Ocean Park. Contudo, sua voz alta e forte chamou a atenção de várias pessoas que passavam por ali e também dos vizinhos. Ao lado de Max Heindel morava um médico que, após ter lido o Conceito Rosacruz do Cosmos, procurou estreitar relacionamentos, apesar de que ele tinha pouquíssimo tempo disponível para contatos sociais.
Em meados de fevereiro de 1911, Max Heindel recebeu a visita do seu amigo do peito William M. Patterson e esposa, que insistiram em fazer a compra de um terreno para uma futura Sede Central. Também desta vez, como no momento da publicação do Conceito Rosacruz do Cosmos e dos 20 folhetos do Cristianismo Rosacruz, ele estava disposto a ajudar financeiramente.
Após um tempo de procura, encontraram um pedaço de terra de 16 hectares num morro, ao norte de Los Angeles, entre Brentwood Park e Hollywood. Um lugar muito lindo com vista sobre todo o vale e o mar. O Sr. Patterson sugeriu comprar esta terra; ele queria doar 4 hectares para a Sede Central e manter o resto para si, como um investimento imobiliário, para poder vender para associados.
Após assinarem o contrato de compra e venda e terem pago um valor de US$ 100,00, como adiantamento, descobriram que era exigido a assinatura dos quatro herdeiros antes de registrarem no cartório. Demorou dois meses para que o herdeiro, que morava na Europa, respondesse.
Nesse meio tempo chegou aos ouvidos do corretor de imóveis de que havia planos de se construir um Centro de Cura neste local, fazendo com que por milhas em torno do terreno, os preços das terras duplicassem. Isto chegou aos ouvidos dos dois herdeiros que moravam nos estados do Leste, que então se recusaram a vender, não sabendo que a subida dos preços se devia ao fato da provável venda da terra deles para a Fraternidade Rosacruz. Após isso se tornou impossível comprar um pedaço de terra na região de Los Angeles, sem que os corretores percebessem e por conta disto subissem o preço.
Quando em maio retomaram a busca por uma terra, foi decidido entrar na próxima cidade de forma discreta e comprar a terra de forma incógnita. Sra. Augusta Foss Heindel sugeriu irem para San Diego, pois ela, anos atrás, ficou admirada pelas lindas árvores e pelo ambiente. Quando compraram as passagens, o Sr. e a Sra. Patterson pediram para fazer conexão em San Juan Capistrano, onde ficava uma velha missão, e em Oceanside. Queriam procurar um pedaço de terra nestas duas cidades. Fazer conexão em San Juan Caprino não era possível, mas em Oceanside não havia restrições.
Quando, numa manhã de domingo, chegaram na Estação de Trem de Oceanside foram recebidos por um menino pequeno e cheio de sardas de aproximadamente 10 anos, chamado Tommy Draper. Além dele não havia ninguém na Estação. ‘Olá, o que os senhores querem? ’, foi seu comprimento sorridente. Max Heindel, que tinha um apreço por crianças, respondeu a este pequeno escoteiro, que ele gostaria de comprar um pedaço de terra, e perguntou se ele poderia vender algum. A resposta surpreendente foi um dedo apontando para um homem grisalho, que estava do outro lado da Estação saindo de um lote vazio, dizendo: ‘Lá vem o homem que pode vendê-lo ao senhor’.
Descobriram que o Sr. Chauncey Hayes era o único corretor de imóveis daquela cidadezinha[221]. Após terem contado a ele o que procuravam, ele acenou para um homem que não estava longe na abertura da porta de um estábulo, chamado Couts. Quando este homem chegou perto, foi perguntado a ele se poderia acompanhar o grupo à terra da ‘Reserva’. O Dr. Couts se retirou e voltou um pouco depois com uma carruagem puxada por dois cavalos, chamado “surrey”. Após uns vinte minutos chegaram ao topo do morro, que dava uma vista maravilhosa sobre o vale San Luis Rey.
Eles estavam num terreno plano coberto de Artemísia, uma verdadeira selva, com uma área de 16 hectares. Apesar de ao norte se destacarem dois reservatórios de água feios, que forneciam a água de Oceanside, a vista era muito linda. Ao Nordeste montanhas e ao sudeste o oceano, assim como os Irmãos Maiores haviam mostrado à Max Heindel. “Este é o lugar” exclamou Max Heindel.
Em 1886 a Califórnia viveu um período que ficou conhecido como ‘o boom do papel’. O fato era que muitos terrenos mudavam de dono no papel, mas nunca em realidade, porque em alguns anos os preços implodiram e os compradores podiam pagar um pouco mais do que a entrada.
A terra que eles resolveram comprar era um desses terrenos de papel, onde haviam estradas, mas não existiam casas e que o banco havia tomado por falta de pagamento. Oceanside estava morto e não tinha meios financeiros para vender este terreno por falta de água potável; o distrito inteiro tinha paralisado. A Sra. Augusta Foss Heindel viu imediatamente a segurança desta escolha, e percebeu que ninguém iria comprar uma terra numa cidadezinha tão morta e seca – onde não existia mercado ou algo que pudesse ser produzido nesta terra.
Os Heindel tomaram o trem da tarde para San Diego e a Sra. Augusta Foss Heindel convenceu o marido a ir ao cinema para se distraírem à noite. Durante o filme Heindel falou: ‘Estou preocupado se o terreno ainda não foi vendido’ e ‘devíamos ter dado uma entrada para ter certeza que não será vendido’.
Na segunda de manhã eles tomaram o primeiro trem para Oceanside e pagaram cem dólares para segurar a compra, até que os papéis estivessem prontos. Max Heindel fez isso porque tinha prometido ao seu amigo William Patterson que iria ajudar na compra do terreno. A compra foi efetivada no dia 3 de maio de 1911, às 15h30m, quando o Sr. Patterson pagou os primeiros mil dólares, e deu ordens para assinar os documentos. Os outros quatro mil dólares seriam pagos em quatro parcelas anuais.
Para termos uma visão justa de Mount Ecclesia – assim foi batizada por Max Heindel, como uma logo marca indicando o local na Alemanha onde o Templo está localizado – segue aqui uma descrição transcrita do Echoes. ‘Com o objetivo de tornar prático ao público nossos ensinamentos e cura, compramos um pedaço de 16 h hectares de terras, na cidadezinha de Oceanside, 145 km ao sul de Los Angeles. É um dos lugares mais lindos no ensolarado sul da Califórnia, situada numa planície alta. De Mount Ecclesia, como chamamos a nossa Sede Central, temos uma vista sem obstáculos sobre o maravilhoso e azul Oceano Pacífico. A oeste fica, a 120 km a ilha San Clemente. Com frequência vemos ao horizonte a silhueta de navios passando. A 46 km ao sul aparece La Jolla, uma cidade vizinha de San Diego, a cidade mais ao sul do espaçoso reino do Tio Sam.
129 km ao norte de Mount Ecclesia vemos a querida ilha Catalina com sua água cristalina, e seus maravilhosos jardins submarinos, tão estranhos e fantásticos que sobrepõe nossa imaginação e contos de fadas.
Exatamente abaixo de Mount Ecclesia fica o sorridente vale de San Luis Rey, com seus frutíferos campos verdes, sua histórica e velha Missão. Um pouco a frente ficam os morros com suas milagrosas brincadeiras de sombra e luz. Depois as montanhas com seus contornos acidentados. Mais ao Oeste vemos os picos cobertos de neve das montanhas San Bernardino, Greyback e San Jacinto. O primeiro fica a 160 km, e o último a 120 km da costa.
Portanto a nossa vista de Mount Ecclesia tem 240 km de leste a oeste, da montanha de San Jacinto até a ilha San Clemente, e 190 km de norte a sul, de Catalina à La Jolla.
O clima é tão agradável quanto a vista, e inacreditável para aqueles que nunca moraram aqui. Durante o inverno podemos usar roupas leves e arejadas. E apesar de a água de nosso tanque aquecido pelo sol ficar tão quente que quebraria um copo, nós não chegamos a transpirar nos dias mais quentes do verão, porque a brisa do mar que vem todos os dias das 10 h às 17 h sobre Mount Ecclesia, resfriando a atmosfera e preenchendo nossos pulmões com fortalecedor ozônio, refrescante do peito arfante do Oceano Pacífico. É um elixir de vida frutífero. Por isto este local nos dá condições extraordinárias para a cura que provavelmente não tenha outro igual’[222].
Em setembro de 1911, Max Heindel e sua esposa fizeram uma tournée pela costa Oeste, onde Heindel fez palestras em San Francisco, Sacramento, Seattle e Yakima. Ele estava feliz em poder dizer no palco, que a Fraternidade havia adquirido um pedaço de terra em Oceanside para construir a Sede Central.
Aproximadamente um mês após esta viagem, a Sra. Augusta Foss Heindel recebeu visitas em Ocean Park enquanto seu marido estava em Los Angeles, aproximadamente 30 km de distância. Eram duas damas e um cavalheiro que tinham interesse pela casa de praia e queriam comprá-la. Para a Sra. Augusta Foss Heindel esta casinha, onde agora era a Sede Central – com uma casinha menor aos fundos – representava uma fonte de renda e ela não estava disposta a vendê-la. Talvez porque ela não soubesse aonde ir com todos os livros e manuscritos, que a 11 meses estavam guardados lá. A oferta era muito tentadora e tão acima do que ela achava que a casa valia, que ela pediu aos visitantes um tempo para poder pensar no assunto, e conversar com seu marido porque não iria vender sem o consentimento dele.
Dentro de uma hora Max Heindel chegou em casa, e a primeira coisa que ele disse foi: ‘Oi, você tem a chance de vender esta casa e qual é a oferta? ’ Quando ele ouviu o valor atraente ele respondeu: ‘Bem-querida, esta é a oportunidade que estávamos esperando. Irá nos trazer aquilo que precisamos para construir em Oceanside!’.
A venda foi fechada e os compradores pagaram $ 2.000 à vista, enquanto para o resto foi fechado uma hipoteca, com a condição de que os Heindel iriam sair da casa em 10 dias e entregar as chaves.
Com a ajuda da Estenógrafa e uma dama que havia chegado a poucos dias em Portland – Sra. Ruth Beach e Rachel Cunningham – imediatamente começaram a empacotar as coisas e preparar toda a mudança para Oceanside. Enquanto isto Max Heindel foi para Oceanside alugar uma casa.
Na manhã de 27 de outubro de 1911, eles partiram da casinha na praia para Oceanside. As senhoras Beach e Cunningham, foram de trem, enquanto o Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel seguiram num carro pequeno de dois lugares, um Franklin, que eles reformaram[223]. Este carro foi comprado por $ 300, um valor que foi pago com o dinheiro da venda das casinhas. O carro estava supercarregado na parte traseira com máquinas de escrever e malas. No início da manhã, às 5:00 h, o Sr. e Sra. Augusta Foss Heindel estavam prontos para partir.
Quando eles chegaram em Whittier, uma cidadezinha a 50 km de Los Angeles, caiu uma tremenda chuva. Como o carro era aberto por cima, eles ficaram felizes em encontrar uma palmeira grande onde podiam se abrigar. Depois de finalizada a tempestade, ligaram novamente o carro. Entretanto já era início de tarde. O azar era que a estrada entre Whittier e Fullerton havia sido recém plainada e não havia outra estrada. Então eles foram obrigados a seguir com um carro muito pesado por uma estrada de terra solta que com a chuva tinha virado um barreiro. Quando com muito custo eles haviam andado alguns km, Bedelia[224], como Max Heindel havia apelidado o carro, se recusava a continuar. Não havia como conseguir movimento no veículo, de tal maneira que não sobrou alternativa aos Heindel de ir buscar ajuda. Quando a Sra. Augusta Foss Heindel havia caminhado por volta de 1,5 km ela viu uma fazenda. Após explicar a situação, o fazendeiro estava disposto a puxar o carro até Fullerton contra um certo pagamento. O pequeno carro dos Heindel foi acoplado ao carro do fazendeiro, que os arrastou até Fullerton, onde colocaram o carro defeituoso numa oficina. Eles precisavam alcançar Oceanside decididamente naquele dia, pois havia sido comunicado aos associados que no dia seguinte, sábado 28 de outubro de 1911, às 12h40, a terra da nova Sede Central seria inaugurada. Correndo eles pegaram em cima da hora, o trem que já estava a ponto de partir. Você pode imaginar o que um dia assim significa para um homem com problemas no coração.
Quando eles estavam no trem, Heindel mostrou à sua esposa um lindíssimo arco-íris duplo, que estava do lado oeste, e a extremidade ao sul parecia estar exatamente sobre Oceanside[225]. ‘Olhe’, falou Max Heindel, ‘o que o futuro nos reserva, apesar deste dia cheio de dificuldades!’.
Após o anoitecer eles chegaram em Oceanside, uma cidade com aproximadamente 600 habitantes. Heindel havia alugado alguns dias antes, uma casa de quatro cômodos. Estava mobiliado de forma simples. No chão haviam esteiras e tinha camas de beliches. Pelo fato da casa ter estado vazia por uns tempos, os Heindel foram recebidos por pulgas e ratos.
No dia seguinte, sábado, 28 de outubro, o Sr. e Sra. Augusta Foss Heindel estavam acompanhados das Sras. Beach e Cunningham, na Estação de Oceanside, e aguardavam os associados que chegariam no trem das 12h00. Quando o trem finalmente chegou à Estação, desceram dele os três associados de Los Angeles: Rudolf Miller, John Adams e George Cramer; William Patterson de Seattle e Annie R. Atwood de San Diego. Usando duas carruagens da única estalagem que havia em Oceanside, partiram nove pessoas para a ‘planície’ para inaugurar a terra. Para este fim trouxeram de Ocean Park uma pá e uma cruz preta onde nos três braços superiores haviam pintado com letras douradas: C.R.C., as iniciais de Christian Rosenkreuz.
Exatamente às 12h40 horário do Pacífico, iniciou-se a Cerimônia. Max Heindel descreveu este acontecimento em sua 12ª Carta aos Estudantes, e na aula de estudantes de novembro de 1911 da seguinte forma: ‘Era nossa intenção não fazermos nenhuma demonstração ou formalidade. Queríamos economizar cada gasto inútil, porque nossas fontes nem agora são suficientes para terminar a parte interna dos prédios. E por hora devemos deixar isto inacabado, até que as condições melhorem. Era meu plano ir lá sozinho e em pensamento fazer uma cerimônia. Contudo, não ter a companhia de nenhum amigo nesta solenidade para poder se alegrar comigo, nem mesmo minha querida companheira de vida, Sra. Augusta Foss Heindel, me pareceu tão frio, triste e solitário.
Por ser um evento tão importante para a Fraternidade Rosacruz, achei melhor convidar os membros para que pudessem estar presentes. Este pensamento se tornou cada vez mais forte, portanto resolvi questionar o Mestre a respeito. Como ele concordou de forma calorosa, resolvemos organizar o evento de forma simples, mas também apropriada, e comunicamos os amigos das redondezas. Fizemos uma grande cruz [aprox. 2,75 m] no formato do nosso emblema e pintamos em letras douradas C.R.C. nos três braços superiores. Os senhores sabem que estas três letras simbolizam o nome do nosso Maior representante, e nosso emblema significa ‘Cristão Rosa Cruz’, que inclui um pensamento de beleza e vida superior, tão diferente da melancolia da morte, pela qual a cruz preta normalmente é associada.
Decidimos colocar esta cruz juntamente com uma trepadeira de rosa no chão, no mesmo momento em que colocávamos a primeira pedra para a construção, para que ambas simbolizassem a verdejante vida dos diferentes reinos, que se encaminham às esferas superiores pelo caminho em espiral de evolução.
No dia 27 de outubro, minha esposa e eu, partimos para Oceanside, cansados do trabalho extenuante de empacotar tudo para a viagem. Começou a primeira chuva da estação e nós estávamos preocupados com a consequência disto na Cerimônia. Contudo, quando olhamos para as montanhas que se escondiam atrás das nuvens ao oeste, vimos o maior e mais lindo Arco-íris duplo que jamais vimos antes e cuja extremidade sul finalizava exatamente sobre Mount Ecclesia.
Nossa responsabilidade em auxiliar milhares de corações exaustos, a carregarem suas dificuldades de forma mais corajosa e com mais força, parecia muitas vezes superar nossas forças. Mesmo assim sempre foram renovadas por olharmos internamente; e desta vez parecia que toda a natureza queria nos animar dizendo: ‘Mantenha-se firme, lembre-se que não é seu o trabalho, mas sim de Deus. Confie plenamente N´Ele; Ele vos mostrará o caminho. ’
Portanto juntamos nossas mãos e renovamos nossa coragem, para com forças novas darmos continuidade ao belíssimo trabalho, de onde Mount Ecclesia será o ponto central.
O dia em que a Cerimônia foi realizada, era um dia ideal na Califórnia; o sol brilhava num céu sem nuvens. Para onde nós olhássemos de Mount Ecclesia, parecia que mar, vales e montanhas estavam sorrindo. Tanto os cooperadores como os sócios presentes estavam extasiados pela beleza deslumbrante do local da Sede. Os presentes eram: Annie R. Atwood de San Diego, Ruth E. Beach de Portland, Rachel M. Cunningham, Rudolph Miller e John Adams de Los Angeles, George Cramer de Pittsburg, William M. Patterson de Seattle, minha esposa e eu.
No momento estipulado, eu coloquei a primeira pedra no chão. Todos ajudaram a fazer o buraco para a cruz, que foi colocada por William Patterson[226]. Minha esposa plantou a roseira, que foi irrigada por todos os presentes. Que ela possa crescer e florescer para enfeitar a simplicidade da cruz, e possa inspirar a pureza da vida que irá apagar todos os pecados passados, não importa quão obscura a vida possa ter sido. ’
Discurso de Max Heindel quando colocou ao solo a primeira pedra da construção de Mount Ecclesia:
‘Cristo disse: “Onde dois ou mais estiverem presentes em Meu nome, Eu estarei no meio deles”. Essa declaração era a expressão da mais profunda sabedoria divina, assim como todos os Seus ensinamentos. Ela se apoia sobre uma lei da natureza, tão imutável como o próprio Deus.
Quando os pensamentos de dois ou três focalizam-se sobre qualquer objeto ou pessoa determinada, gera-se um poderoso pensamento-forma. Resultado da bem definida projeção de suas mentes conjuntamente ajustadas para o propósito almejado. Seus efeitos ulteriores, dependerão da afinidade entre os pensamentos e a natureza do alvo que os recebe. Pois, para gerar uma correspondência vibratória sobre a nota soada por um diapasão, é necessário outro diapasão afinado no mesmo tom.
Se forem projetados pensamentos e preces de natureza inferior e egoísta, apenas criaturas inferiores e egoístas responderão a eles. Essa espécie de oração nunca chegará até Cristo, como a água não pode subir montanha acima. Ela gravita em torno de demônios ou elementais; criaturas totalmente indiferentes às sublimes aspirações manifestadas pelos que estão reunidos em nome de Cristo.
Estamos aqui reunidos hoje, neste lugar, com a finalidade de assentar a pedra fundamental para a construção da Sede de uma Associação Cristã. Tão certo como a gravidade atrai uma rocha em direção ao centro da terra, o fervor de nossas unidas aspirações atrairá a atenção do Fundador de nossa fé (Cristo). Estamos confiantes que Ele está entre nós. Com a mesma certeza na qual diapasões com a mesma afinação vibram em uníssono, também o augusto Cabeça da Ordem Rosacruz (Christian Rosenkreuz) empresta sua presença nessa solene ocasião, quando a Sede da Fraternidade Rosacruz está tendo início.
O Irmão Maior inspirador deste movimento está presente e visível, pelo menos para alguns de nós. Somando o número dos presentes nesta maravilhosa ocasião, todos diretamente engajados no projeto, temos como resultado o número perfeito, 12. Isto é, há três Guias Invisíveis que estão além do estágio da humanidade comum, e nove membros da Fraternidade Rosacruz. Nove é o número de Adão, ou humanidade. Destes nove membros, cinco (número ímpar masculino) são homens, e quatro (número par feminino) são mulheres. O número três, relativo aos Guias Invisíveis, apropriadamente representa a Divindade assexuada.
O número dos que atenderam ao convite não foi programado pelo orador. Os convites para tomar parte desta cerimônia foram enviados a muitas pessoas, mas apenas nove compareceram. E, como não acreditamos no acaso, a presença deve ter sido conduzida de acordo com os desígnios de nossos Guias Invisíveis.
Esse sincronismo também revela a força espiritual por trás deste movimento. Como prova evidente desse argumento, observemos a extraordinária expansão dos Ensinamentos Rosacruzes. Nos últimos anos disseminaram-se por todas as nações da Terra. Despertam aprovação, admiração e amor nos corações das pessoas das mais variadas classes e condições, especialmente entre os homens.
Enfatizamos isto por ser um fato notável. Todas as outras organizações religiosas compõem-se majoritariamente por mulheres. Entretanto, os homens são maioria entre os membros da Fraternidade Rosacruz. Também é significativo que os membros da área médica sejam mais numerosos em relação às demais profissões, e em seguida encontram-se os Ministros das igrejas. Isso demonstra a crescente conscientização da estreita relação entre desenvolvimento espiritual e saúde. A fraqueza do corpo reflete a fraqueza da alma. Muitos estão se esforçando para compreender essas relações e, assim, garantir melhor assistência aos enfermos.
Demonstra que os orientadores espirituais, cuja tarefa consiste em zelar pela saúde das almas, estão também empenhados em socorrer mentes exigentes e inquiridoras. Dessa forma podem recuperar o vigor da fé, por vezes já muito empobrecida, das mentes inquietas que anseiam por explicações consistentes sobre os mistérios espirituais.
Explicações não sustentadas pela razão, que apelam para máximas inquestionáveis e dogmas inflexíveis, abrem totalmente as comportas para o mar agitado do ceticismo. Afastam aqueles que procuram a luz através do porto seguro da Igreja. Lamentavelmente arrasta-os para a escuridão do desespero materialista.
A Fraternidade Rosacruz recebeu o abençoado privilégio de poder atender às necessidades dos irmãos que buscam sinceramente a verdade. Com entusiasmo procuram a luz, guiados pelo intelecto. São incapazes de acreditar por imposição e aceitar explicações incompatíveis com a razão. Contudo, quando podem compreender que o conjunto de dogmas e doutrinas apresentadas pela Igreja, está em fundamental harmonia com as leis da natureza, então, muitos retornam mais fortalecidos à sua congregação. Enriquecidos pela luz, convertem-se nos melhores e mais ativos membros. Compartilham alegria e entusiasmo com seus companheiros.
Qualquer movimento para perdurar deve possuir três qualidades divinas: Sabedoria, Beleza e Força.
Ciência, arte e religião, cada um possui, por sua natureza, uma dessas correspondentes qualidades. O objetivo da Fraternidade Rosacruz é uni-las em um conjunto harmonioso. A religião deve ser tanto científica como artística. Todas as Igrejas devem se unir numa só grande Irmandade Cristã. Presentemente, o relógio do destino, marca um momento auspicioso para o início das atividades da construção da Sede. Então, vamos erigir um centro visível de onde os Ensinamentos Rosacruzes possam irradiar uma benéfica influência. Seu propósito é elevar o bem-estar de todos que estão físicas, mental e moralmente enfermos.
Agora, cavemos a primeira pá de terra no local da construção, acompanhada de uma prece de Sabedoria, para guiar esta grande escola no caminho certo. Cavemos o solo uma segunda vez, com uma súplica ao Mestre Artista, pelo direito de introduzir aqui, a Beleza da vida superior, de tal maneira a torná-la atrativa para toda humanidade. Rasguemos o solo pela terceira e última vez, nesta cerimônia, suspirando uma prece pela Força; para que assim, com serenidade e diligência, sejamos dignos de prosseguir no bom e perseverante trabalho de converter este lugar num prodigioso fator de elevação espiritual, superando o resultado dos seus antecessores.
Já escavado o local do primeiro prédio, continuemos agora plantando o maravilhoso símbolo da Vida e do Ser, o emblema da Escola de Mistérios Ocidentais. Agora descreveremos seu simbolismo. A cruz representa a matéria. As rosas envolvendo e rodeando o tronco, sugerem a vida em evolução subindo cada vez mais alto através da cruz.
Cada um de nós, os nove membros, participará deste trabalho de escavação, para este primeiro e mais importante elemento distintivo de Mount Ecclesia. Vamos fixá-lo numa posição onde os braços apontem um para Leste e outro para Oeste, enquanto o Sol meridional projeta-o inteiramente em direção Norte. Assim, ele estará alinhado com as correntes espirituais que vitalizam as formas dos quatro reinos de vida: mineral, vegetal, animal e humano.
Sobre os braços, na parte superior da cruz, podemos divisar três letras douradas, “C.R.C.”, Christian Rosenkreuz, as iniciais do Augusto Chefe da Ordem.
O simbolismo da cruz está parcialmente elucidado aqui como também em nossa literatura. Contudo, seriam necessários volumes para dar uma explicação completa. Vamos lançar o olhar para adiante, vejamos o significado da lição oferecida por este maravilhoso emblema.
Quando vivíamos na densa atmosfera aquosa da antiga Atlântida, estávamos submetidos a leis completamente diferentes das que vigoram hoje. Quando deixávamos o corpo, não o percebíamos, pois, nossa consciência estava mais focalizada no mundo espiritual do que nas densas condições da matéria. Nossa vida não sofria quebras de continuidade: ‘Não percebíamos nem o nascimento nem a morte’.
Ao emergirmos para as condições aéreas da Época Ária, o mundo atual, nossa consciência do mundo espiritual desvaneceu-se, e a percepção da forma tornou-se mais proeminente. Teve início uma existência dupla. Cada fase bem delimitada e diferenciada. O nascimento e a morte demarcavam seus limites. Numa etapa o espírito vivia em liberdade no reino celestial. Na outra encontrava-se aprisionado no corpo terrestre. Essa etapa pode ser considerada como a morte virtual do Espírito. Assim está também simbolizado na mitologia grega, nas figuras de Castor e Pólux, os gêmeos celestiais.
Já foi elucidado em diversos pontos de nossa literatura, como o espírito livre ficou emaranhado na matéria pelas maquinações dos Espíritos Lucíferos. Cristo classificou-os de falsas luzes. Isso ocorreu na ígnea Lemúrica. Portanto, Lúcifer pode ser chamado o Gênio da Lemúrica.
O efeito da intervenção dos Anjos Lucíferos ganhou maior transparência na Época de Noé, abrangendo o final da Época Atlante e o início da presente Época Ária.
O arco-íris não podia ganhar forma sob as condições atmosféricas da Lemúrica. Entretanto, inaugurou o céu cristalino da Época de Noé, coloriu o fundo azul e elevou-se acima das nuvens. Imprimiu nas alturas uma inscrição mística proclamando o início dos ciclos alternantes, enchente e vazante, verão e inverno, nascimento e morte. Durante a vigência desta era, o espírito perdeu sua ampla liberdade e devia permanecer confiando num corpo mortal.
Agora os corpos são gerados sob a influência da paixão satânica engendrada por Lúcifer. O espírito empreende repetidas tentativas de regresso à Casa Paterna, no anseio de permanecer no seu verdadeiro lar celestial. Contudo, é frustrado pela lei dos ciclos alternantes, pois, ao livrar-se de um corpo pela morte será novamente conduzido ao renascimento quando o ciclo se completar.
Engano e ilusão não podem perdurar eternamente. Nasceu entre nós, então, o Redentor para purificar o sangue cheio de paixão e para pregar a verdade, que nos libertará deste corpo de morte. Veio para instaurar a Imaculada Concepção, em harmonia com a evolução dos conhecimentos sobre a ciência genética e a erradicação das deformações físicas. Profetizou uma nova era, um novo Céu e uma nova Terra, onde Ele, a verdadeira Luz, será o novo Gênio. A humanidade encontrará a plena realização de seus anseios nessa nova era onde florescerão a virtude e o amor.
Tudo o que dissemos e o nosso caminho evolutivo, estão representados na cruz de rosas diante de nós. Na rosa a seiva de vida está inativa no inverno e ativa no verão. Ela bem ilustra o efeito da lei dos ciclos alternantes. A tonalidade da flor e seus órgãos reprodutores, lembram o nosso sangue. No entanto, sua seiva flui com pureza e sua semente é gerada imaculadamente, sem paixões.
Quando também alcançarmos tal pureza, tão bem simbolizada, estaremos libertos da cruz da matéria. As futuras condições etéricas do novo milênio já estarão presentes.
A aspiração da Fraternidade Rosacruz é abreviar os dias para celebrarmos a chegada desse feliz momento, quando a tristeza, a dor, o pecado e a morte desaparecerão. Estaremos, enfim, redimidos das fascinantes, porém escravizantes, ilusões da matéria. Despertaremos para a suprema verdade da realidade do Espírito. Que Deus frutifique nossos esforços e antecipe esse dia[227].
Após esta cerimônia todos voltaram para a casa em Oceanside, onde consumiram um almoço leve e depois os convidados logo foram embora.
Anos depois, em 1917, Jim Heath, um repórter de San Diego Union, contou a Max Heindel, que ele esteve presente na Cerimônia de Inauguração da terra e do plantio da cruz, e que parecia como se estivessem plantando um pedaço de madeira no deserto[228].
Na segunda-feira, 30 de outubro de 1911, Max Heindel se deixou levar, pelo cocheiro, juntamente com alguns marceneiros para a Fraternidade, a uns 2 km de distância[229].
No dia seguinte apareceu, como primeiro membro para ajudar, Rollo Smith, que esteve, por um tempo, na lista de cura[230]. Um tempo depois, Charles Warmholz também se ofereceu para ajudar na construção.
Enquanto os homens passavam o dia inteiro no campo, as três mulheres se concentravam na casinha sobre as muitas cartas e encomendas. Enquanto isso, vieram de Ocean Park as cartas com as encomendas da primeira edição do livro Os Mistérios dos Rosacruzes e da terceira edição do Conceito Rosacruz do Cosmos. Como houve atrasos na publicação dos mesmos havia se acumulado encomendas por três meses.
Era um quebra cabeça guardar os quatro mil exemplares na casinha de quatro cômodos, ainda mais porque lá também moravam quatro pessoas. As caixas pesadas contendo os livros foram guardadas num ranchinho que era acoplado a casa através de um corredor. Uma a uma as caixas foram abertas pelas damas e os livros amontoados e preparados para envio. Quando uma grande parte já estava empacotada, foram levados por uma carroça, puxada por um cavalo já bem velho e sarnento, para o escritório de expressos do correio que ficava junto ao correio normal. A Sra. Augusta Foss Heindel se sentava ao lado do cocheiro num assento alto da carroça para ajudar a descarregar os pacotes no escritório do correio na Estação de Santa Fé.
As pessoas de Oceanside não estavam acostumadas a ver esta quantidade de pacotes que chegavam e saíam pelo correio e, curiosas, foram pesquisar. Em Oceanside moravam poucos estranhos e os que moravam lá não eram bem-vindos. A cidadezinha foi fundada por duas famílias que se casavam entre si, e todos que não faziam parte de uma destas duas famílias não eram bem-vindos. Seu estado de espírito foi tipificado pela resposta de um dos donos da loja mais importante da cidade quando foi perguntado: ‘E, senhor X, o senhor não acha bom que venham estranhos para se fixarem na cidade?’. O empresário respondeu: ‘Ah, não. Não desejamos estranhos em nosso meio. É tão bom quando todo mundo conhece todo mundo; isto nos dá a sensação de sermos uma grande família’.
Neste meio tempo Bedelia ficou arrumada, e Max Heindel, vestido com seu conjunto Manchester marrom de US$ 10, acompanhado de Rollo Smith, com seus lanches do almoço no bolso, foram buscá-la e voltaram para Mount Ecclesia. Rollo Smith fez a maioria dos móveis. Assim ele fez as mesas e cadeiras para o escritório e as mesas do refeitório; todas de madeira vermelha. A mesa do quarto do Sr. e Sra. Augusta Foss Heindel também foi feito desta madeira vermelha de árvore de sequoia.
Dentro de 28 dias o primeiro prédio estava parcialmente pronto para moradia, portanto no sábado dia 25 de novembro, mas eles já se mudaram no dia 22 de novembro. O madeiramento ainda não estava pintado e só tinha janelas nos quartos de dormir, o resto do prédio ainda estava aberto, sem portas ou janelas. Quando à noite, a lua brilhava por entre as janelas sem cortinas, os coiotes ou lobos da planície faziam a sua serenata. Às vezes, eram de 15 a 20 que entoavam sua melodia chorosa em direção à lua. Apesar destes animais dificilmente atacarem um humano davam um prejuízo enorme entre os animais pequenos.
O Sr. Smith conseguiu ficar tempo suficiente para terminar as obras mais urgentes, mas rapidamente foi solicitado a voltar para casa, pois sua esposa havia adoecido.
Sobre Rollo Smith lemos na carta aos estudantes de 1º de maio de 1938 o seguinte: “Ele [Smith] era um Probacionista avançado que desde o primeiro início se envolveu com o trabalho da construção. Quando o prédio estava quase pronto, pode ficar em um dos quartos do andar superior. Uma certa manhã, durante o café da manhã, ele estava muito perturbado, e quando perguntado se ele estava doente, ele respondeu que durante toda a noite ele passou um tempo horrível com um demônio que não o deixava dormir. Ele estava com muito medo e brigou com todas as forças contra ele. Ele achou que era um elemental. Max Heindel imediatamente tomou a palavra e contou que era o Guardião do Umbral, e que ele, Max Heindel, tentou chamar sua atenção para dizer para não ter medo, mas o Smith por temor estava cego para qualquer tipo de ajuda. Então Smith perguntou quais eram as consequências de seu temor, de sua luta e de não querer reconhecer seu Guardião. O Sr. Heindel respondeu que ele havia deixado passar a oportunidade de enfrentar seu Guardião e que nesta vida ele não o incomodaria mais[231].
Todas as portas e janelas foram colocadas e, das sobras da madeira vermelha, ainda foram feitos alguns móveis simples para a cozinha e sala de jantar.
O prédio estava dividido da seguinte forma: na parte Oeste estavam dois quartos separados por grandes guarda-roupas. As camas foram feitas de tal forma que ficavam em cima de pés de 10 cm que dobráveis tinham rodinhas de dois lados e, durante o dia, podiam ser empurrados para dentro do armário. À noite estes quartos eram usados pelo Sr. e Sra. Augusta Foss Heindel como quartos de dormir e durante o dia eram sua sala de estar e onde recebiam os visitantes e realizavam seus trabalhos de escrita. Para se tomar um banho precisavam, primeiro, esquentar a água num fogão à gasolina, pois nesta região ainda não havia gás ou eletricidade. Na parte do meio do prédio ficavam a sala de jantar e a cozinha. Por fim, em cima ficavam mais cinco quartos que continham cada um uma cama, uma mesa de lavar e uma pia. O Sr. Smith havia feito todos os móveis da madeira da sequoia vermelha.
Os móveis foram pintados de marrom com a sobra da tinta que foi usada no lado de fora da casa.
Quando na segunda-feira seguinte iria ser dado início na colocação dos postes de telefone, houve um problema. A telefônica havia sido solicitada a colocar uma ligação telefônica lá, mas isto só seria possível com uma ligação rural. Eles mesmos deveriam colocar os postes e comprar a fiação, que depois seriam ligados a uma linha que seria dividida com outros quatro produtores rurais. Um dos produtores se recusou a deixar a Fraternidade fazer uso desta linha. Contudo, no final conseguiram tirar suas preocupações e fazer a ligação da linha telefônica.
E, novamente a Bedelia, o carro, estava em manutenção. O que causava muitos incômodos, pois, por exemplo, o verdureiro se recusava a fazer entrega em local tão distante.
O prédio que foi construído numa encosta, tinha do lado inferior um espaço ideal para armazenagem e assim foi decidido deixar a Bedelia embaixo do prédio. O carro não tinha motor de partida e para o coração de Heindel não era ideal ter de fazer a ligação manual. Não sobrava alternativa para a Sra. Augusta Foss Heindel do que caminhar até Oceanside e fazer suas compras no verdureiro. Por 10 cents de dólar o motorista do correio estava disposto a levar as compras dela no carro quando fosse levar o correio. Podiam buscar leite num vizinho. Conseguir o alimento certo que fosse vegetal não era muito fácil. Portanto a Sra. Augusta Foss Heindel decidiu comprar sementes de melão, pepinos e outros vegetais, que ela plantou em um espaço sombreado onde a umidade não diminuísse tão rápido. Na Califórnia chove bastante no inverno, mas no inverno de 1911/12 a Califórnia sofreu com uma seca. Por meses não caiu uma gota de água, com a consequência que aquela safra falhou.
À nordeste de Mount Ecclesia haviam dois tanques (reservatórios) que continham a água de Oceanside. Contudo, por causa da seca estes tanques estavam bem vazios, portanto Mount Ecclesia não tinha agua para encher um balde, quando se abria a torneira. Para terminar com esta situação de carência Max Heindel, após pensar alguns dias sobre o problema, decidiu colocar um tanque de 50 galões, aproximadamente 190 litros, que ficava ligado por canos ao registro central. Tendo um tanque no piso inferior, que através de uma bomba levava a outro tanque no piso superior.
Na primavera quando já havia chovido algumas vezes, a Sra. Augusta Foss Heindel semeou novamente tomates e cenouras, onde a terra era mais produtiva. Quando as sementes brotaram parecia que as ervas daninhas queriam sufocá-las, obrigando a Sra. Augusta Foss Heindel a limpar os canteiros. Porque a mão direita dela estava inchada, e quase sem forças por causa do trabalho de datilografia, embrulhar pacotes e fazer faxina, ela só conseguia usar a mão esquerda. Quando Max Heindel passou por lá não aguentou o que viu e resolveu oferecer ajuda. Como morador de cidade que nunca viu uma horta primeiramente foi necessário explicar a ele o que era tomate e cenouras e o que eram as ervas daninhas. Por causa de seu coração ele não podia arquear muito para frente e por isto resolveu sentar numa caixa. Contudo, ele arrancava mais cenouras e tomates do que ervas daninhas e ele mesmo chegou à conclusão que ele mais atrapalhava do que ajudava e que era melhor parar com isso. Contudo, felizmente chegou outra ajuda.
O Secretário Charles Swigert, de Yakima, veio fazer uma visita e tirou todas as ervas daninhas. Depois as plantinhas teriam que ser replantadas (espaçadas).
Um vizinho foi contratado que preparou um pedaço de terra num lugar onde a encosta era bem íngreme. Depois as plantinhas foram replantadas e irrigadas. Contudo, uma decepção os aguardava na manhã seguinte: só havia duas cenouras solitárias sobrando, o resto havia sido comido por coelhos. Para proteção, colocaram um alambrado de aproximadamente 90 cm de altura.
A falta de água foi resolvida plantando na beira da encosta para que durante a noite a água fosse descendo devagar por entre as leiras. O resultado foi uma boa safra de verduras.
Do quarto do Sr. Heindel podia se ver o jardim e o Vale de San Luis Rey. Quando numa manhã ele estava se vestindo, ele chamou sua esposa em seu quarto para olhar pela janela. Eles viram uma enorme lebre, chamado Jack Rabbit, que é muito visto no Norte dos Estados Unidos, sentado no jardim. A lebre é muito maior que os coelhos selvagens, e também não é comum e, portanto, não esperavam esta visita. Novamente as cenouras foram comidas. A Sra. Augusta Foss Heindel desceu as escadas rapidamente, pegou uma lasca de madeira embaixo da casa para espantar a lebre. A lebre estava assustada demais para pular por cima do alambrado e levou uma baita surra. Deduziram que ela havia aprendido a lição, mas não, na manhã seguinte ela estava novamente na horta. Para acabar de vez com esta praga decidiram arrumar um cachorro que protegeria a horta.
Dois sobrinhos da Sra. Augusta Foss Heindel pegaram um cachorro na rua em Los Angeles. Era um cãozinho branco muito simpático com um olhar que fazia derreter qualquer coração. Ele foi chamado ‘Smart’, esperto, e este nome tinha tudo a ver com ele. Ele perseguia os coelhos morro abaixo no meio do matagal, mas nunca pegava nenhum. Depois retornava cheio de picões que ele não conseguia tirar. Por isto a Sra. Augusta Foss Heindel precisava tirá-los e dar banho nele. Sua maior alegria, que ele nunca deixava passar, era o passeio noturno com seus donos. Mais tarde Smart acabou se tornando uma praga ao invés de uma ajuda, por isto em 1913 ele foi adotado por uma das estudantes do curso de verão, Sra. Kittie Skdmore Cowen e foi levado para Mountain Home, em Idaho.
No dia antes da Páscoa as duas ajudantes deixaram a Sede Central, portanto o Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel ficaram sozinhos. Foi um dia lindo e ensolarado de Páscoa. Após a cerimônia religiosa passaram o resto da manhã pintando e lixando os móveis e, à tarde, se dedicaram as pendências do escritório.
Em março de 1912 contrataram um jardineiro para que Mount Ecclesia pudesse ficar autossuficiente em frutas e verduras. O jardineiro formou um pomar e começou a cuidar do jardim. Foram plantadas uvas e rosas. Também começou o plantio de uma fileira de eucaliptos, para dar uma visão mais amigável.
Diversos tipos de flores começaram a enfeitar os caminhos e também o círculo onde se encontrava o emblema da inauguração. Uma fileira de gerânios floriu rapidamente, porque na Califórnia os gerânios crescem como ervas daninhas. Os tomates também cresceram bem e deram uma grande safra.
Os Probacionistas de Seattle, Washington, fizeram, em 1912, um emblema iluminado que foi enviado por trem para a Sede Central.
No final do outono o Mestre solicitou que Heindel iniciasse, no verão de 1913, uma escola de verão. Visto que só havia um prédio, com no total sete quartos, precisaria ser feito muita coisa para realizar o evento.
Neste meio tempo, já era 13 de dezembro de 1912, O Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel haviam decidido formar uma pessoa jurídica para dar uma segurança nas propriedades e dar continuidade à Mount Ecclesia. Para esta finalidade o advogado Payne, com três assistentes, veio de San Diego para elaborar o Contrato Social. Desta forma foi decidido que o nome seria ‘The Rosicrucian Fellowship’ e o objeto social um colégio ou escola para os estudos da Filosofia Rosacruz.
Neste período foram colhidos os tomates maduros e também os verdes e cuidadosamente colocados num banco embaixo da casa. Na horta havia verduras suficientes para passar o inverno. Contudo, mais uma travessura os aguardava.
No dia 2 de janeiro de 1913 a temperatura caiu tanto que a Califórnia viveu sua noite mais fria, desde 1848. Os canos de água congelaram tanto do banheiro quanto das pias e também todas as verduras na horta, excetuando uma fileira de ervilhas que ficou em flor. As videiras, roseiras, e gerânios também morreram todas, e os tomates embaixo da casa viraram pedras de gelo. Tudo deveria ser plantado novamente e porque havia pouca água, isto foi uma situação desanimadora. Contudo, logo após esta geada se seguiram algumas boas chuvas que deixaram o solo pronto para novo plantio.
No mês de janeiro também foi impressa a primeira lição do curso de astrologia.
De Oceanside chegou a notícia que a única gráfica e editora da cidade não poderia mais imprimir as lições, porque o dobrar e grampear tomava muito tempo. Por isto Max Heindel decidiu assumir ele mesmo esta parte. Primeiramente foi utilizado a impressora velha para isto, mas porque era um método muito ultrapassado, o Sr. e Sra. Augusta Foss Heindel foram para Los Angeles e compraram, em parcelas, uma pequena impressora Gordon que funcionava com pedais.
Quando, alguns meses mais tarde, a impressora chegou perceberam que ela não passava pela porta. De qualquer forma que Heindel e o rapaz da entrega tentassem, eles não conseguiram fazê-la entrar e, portanto, por falta de opção, ficou do lado de fora.
Na manhã seguinte Max Heindel estava sentado na varanda pensando em como conseguir colocar a máquina para dentro, enquanto sua esposa cuidava do café da manhã. A única solução seria deixar vir de Oceanside um marceneiro que tirasse a porta do lugar, para poder colocar a impressora. Enquanto Max Heindel pensava na solução chegou da estrada um mendigo e perguntou se havia algo para ele comer lá. Quando ele foi convidado a esperar pelo café da manhã na varanda ele olhou atentamente para a impressora. ‘Nossa, o Sr. tem uma Gordon novinha. Já trabalhei na fábrica dessa impressora’. Então, Max Heindel contou sua dificuldade e o homem sorriu. ‘Mas isto é simples’, ele disse, ‘se soltar este parafuso e tirar aquela alavanca, ela entrará facilmente pela porta’. Após o café da manhã o homem ajudou a colocar a impressora no lugar e deixá-la pronta para funcionar.
O fato de preparar a impressão, imprimir, dobrar e grampear as lições mensais e carta aos estudantes dava muito trabalho. Isto, também, porque usavam a impressora para imprimir outros folhetos e literaturas da Fraternidade.
Após terem trabalhado alguns meses com essa impressora apareceu em Mount Ecclesia um rapaz que gostaria de ajudar, por alguns meses, em troca de moradia e comida. Martin Hill, assim era seu nome, e Max Heindel decidiram colocar um motor embaixo da impressora, no andar de baixo. Fizeram um buraco no chão, por onde o fio passava para a impressora. Para fazer funcionar a impressora, agora, só precisava ligar o motor no andar inferior.
Quando, num certo dia, os dois homens estavam trabalhando no andar inferior, Max Heindel chamou sua esposa para ver se ela também queria ver o gato lindo que estava lá. O gato lindo era, na verdade, um gambá que ainda não havia espalhado seu perfume pelo local. Quando os homens ouviram da Sra. Augusta Foss Heindel que aquele gato era um gambá, eles não sabiam quão rápido sumir de lá. Nos primeiros anos estes gambás, que durante a noite ficavam na parte inferior da casa, eram realmente uma praga.
‘Bedelia’, que estava embaixo da casa, precisava de uma revisão completa, e também de um motor de partida. Para fazer este trabalho na Sede Central precisaram chamar um mecânico. Após alguns dias ele foi substituído por um colega de Los Angeles e o serviço foi finalizado, rapidamente.
No dia seguinte, logo cedo, os Heindel saíram com seu carro novinho para Los Angeles, para poderem fazer as compras. Contudo, pela centésima vez o mecanismo deu defeito, fazendo com que passassem a maior parte do dia na beira da estrada. Precisamos pensar que naquele tempo entre Los Angeles e San Diego ainda não havia asfalto e a estrada era poeirenta e tão estreita que dois carros mal podiam se ultrapassar. No final da tarde chegaram em Los Angeles.
Após uma noite de descanso, fizeram as compras na manhã seguinte e a viagem de volta iniciou às 14 horas. O carro estava carregado com temperos, verduras e pequenas coisas para a impressão do material. Contudo, a sessenta e cinco km de Mount Ecclesia, a Bedelia começou a reclamar de novo e parou. Tentativas de Max Heindel de encontrar o defeito falharam; o motor não ligou mais. Um carro grande, tipo perua, para turistas parou e ofereceu para puxá-los por uma corda. Após prender a corda no carro, partiram. Max Heindel estava atrás do volante. O motorista da perua não percebeu que o carro pequeno não conseguia fazer todas as curvas na mesma velocidade que a dele, com a consequência que Bedelia saiu da estrada e se prendeu entre dois morrinhos. Pelo fato da parte superior do carro ser aberta, Max Heindel foi arremessado para fora e caiu em cima de um monte de feno que aliviou sua queda. Por meia hora ele esteve lá, inconsciente. Quando Max Heindel acordou, ele conseguiu ir rapidamente em direção à Perua. Ao anoitecer chegaram em Mount Ecclesia, agradecidos de estarem vivos. O braço do Max Heindel estava luxado e ele precisou ficar alguns dias acamado para se recuperar da queda. No dia seguinte a Sra. Augusta Foss Heindel tomou o trem até Capistrano para dar fim aos destroços da Bedelia.
No capítulo anterior foi dito que os Irmãos Maiores da Rosacruz falaram a Max Heindel em novembro para fazer uma Escola de Verão. Na Carta aos Estudantes de março de 1913 este plano foi pronunciado aos membros, e que aqueles que tivessem interesse iriam receber um prospecto com mais detalhes, se assim o solicitassem. No prospecto estava escrito que no dia 4 de junho de 1913 iria abrir a Escola de Verão e todos que gostariam de participar deveriam se inscrever imediatamente e pagar uma taxa de inscrição de US $ 5. Informando que ficariam alojados em barracas.
Quarenta e um estudantes responderam pelo correio. Dentre eles, Rollo Smith foi o primeiro que se propôs a vir antes e ajudar gratuitamente na construção. Contudo, a compra do material era um quebra-cabeças. No banco só havia US $ 85, acrescentado de US $ 205 pago pelos estudantes. Com este dinheiro precisavam comprar: barracas, camas de acampamento, colchões e roupas de cama. Também precisariam de uma cozinha.
Sra. Augusta Foss Heindel tinha um parente que trabalhava como vendedor numa empresa de barracas em Los Angeles e ele estava disposto a garantir o pagamento junto à empresa que trabalhava, se dessem um crédito de 60 dias para a compra de 20 barracas, 40 camas de exército com colchões e 50 cadeiras dobráveis.
Com a ajuda de uma amiga, que coordenava o setor de entregas de um supermercado grande, também conseguiram um crédito de 60 dias para a compra de lençóis, fronhas e cobertores. Neste supermercado também compraram as mesas e material de cozinha. Alguns membros de Los Angeles fizeram os acolchoados no escritório. Antes disso tudo era pago à vista, mas agora tudo dependia do pagamento de US $ 25 que cada participante teria que pagar para alojamento e alimentação.
O primeiro e único prédio estava construído numa encosta e possuía um grande espaço abaixo da construção, onde Bedelia ficava. Este espaço, Rollo Smith transformou em cozinha. As paredes e piso foram feitos de madeira rústica. Compraram um fogão à óleo de segunda mão onde fariam a comida dos 46 presentes. Foi muito agradável que, Fred Carter, um jovem enfermeiro que fez um curso de culinária vegetariana no Centro de Saúde de Battle Creek, se ofereceu para cozinhar de graça. Assim tudo foi se encaixando da melhor forma.
Mount Ecclesia fica a aproximadamente 2 km de Oceanside. Porém, o gás, eletricidade e gelo faltavam. Para a iluminação utilizaram gasolina crua e para o fogão, purificada. Tudo ficou pronto para a Escola de Verão.
No dia 25 de maio[232], exatamente uma semana antes da abertura da Escola de Verão, Max Heindel disse a sua esposa que o Mestre lhe contou que precisariam iniciar com encontros de Probacionistas, e perguntou se ela naquela noite conseguiria fazer um emblema. Um marceneiro havia feito duas cruzes. Um deles ela pintou de preto de um lado e do outro lado branco com uma borda preta. Contudo, Max Heindel disse que agora precisaria ser inteiramente branco, com sete rosas vermelhas e algumas brancas. Portanto ela pintou a outra cruz de branco e pegou três rosas brancas. No escritório dela, que também servia como quarto e como sala de visitas, seria, então, a reunião às 20:00 horas. Ela colocou a cruz branca sobre uma estrela dourada que ela pintou numa cortina azul. Heindel sugeriu colocar as três rosas brancas por dentro do círculo de rosas vermelhas artificiais que vieram de Los Angeles.
O nome “The Rosicrucian Fellowship” numerologicamente dá nove e assim como na inauguração do solo, também esta noite, havia nove pessoas presentes. Dessas nove pessoas algumas estavam lá para ajudar na Escola de Verão: M. Mason, Alice Gurney, Sr. Phillip Grell, Flora Kyle, Rollo Smith, Fred Carter, Eugene Miller e o Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel. Eles estavam sentados em um círculo em volta do emblema. Após uma pequena concentração as três rosas brancas começaram a se mexer. Uma escorregou um pouco para baixo, mas durante a descida foi segurada por uma folha da segunda. Aí esta segunda rosa começou a mexer como se um dedo invisível a tocasse, até que esta ficou pendurada a uma folha da terceira rosa. Assim ficou a mais bonita das rosas brancas no centro do emblema e sobre a cruz.
As duas rosas brancas que escorregaram, não caíram na mesa, mas ficaram alguns centímetros abaixo dos braços da cruz. A vibração no quarto ficou tão forte que alguns ficaram paralisados. Max Heindel queria se levantar para falar, mas estava tão emocionado que a voz o abandonou e as lágrimas saltaram em seus olhos. Todos os presentes estavam convencidos que o décimo terceiro Irmão Maior, Christian Rosenkreuz, estava presente em seu Corpo Vital. Após algumas palavras de Max Heindel todos se retiraram em silêncio.
Em junho de 1913 iniciou a edição de uma revista nova, chamada Echoes from Mount Ecclesia. Na primeira edição, que continha 700 palavras aproximadamente, Heindel escreveu o porquê do nome “Echoes from Mount Ecclesia”: “Apesar dos estudantes estarem espalhados pelo mundo todo, não estão ligados por um juramento ou promessa no que se refere a seu envolvimento com a Fraternidade Rosacruz, todos se unem numa força imensa de querer construir um Templo da alma ‘sem o ruído de um martelo’, que é a verdadeira Ecclesia (Igreja). Portanto, olham para Mount Ecclesia como um foco físico que leva todos a desejarem ser iguais ao Cristo, o amigo dos seres humanos. Todos desejam ter notícias da Sede Central, principalmente no que se refere ao Curso em desenvolvimento para a Filosofia e a Cura, que está a ponto de começar. As cartas e lições mal tem espaço para os ensinamentos, por isso, esta revista será para as notícias. Guarde-as! Depois de alguns anos, quando tivermos grandes jornais e Revistas, será uma lembrança valiosa dos primeiros tempos.
Muitos acreditam que aqueles que se dedicam às coisas espirituais são parasitas, que não fazem nada, além de meditarem e levitarem nos mundos espirituais. Se estas pessoas pudessem ouvir os barulhos de nossas máquinas – o bater das prensas, os toques das máquinas de escrever, onde ainda se acrescenta o barulho dos martelos dos marceneiros – iriam perceber logo que a parte terrena de construir um Templo é o oposto tanto da preguiça como do silêncio. Para um sonhador preguiçoso, Mount Ecclesia é o último lugar na Terra. A todos, de Max Heindel até o mais recém-chegado aguarda aqui trabalho duro, do nascer ao pôr do sol. Trabalhamos fisicamente e espiritualmente e não conseguimos fugir do ‘barulho’ e, portanto, chamamos esta revista de Echoes. Algum dia poderá ser uma ferramenta muito útil no crescimento espiritual do mundo, porque o Sr. H. (Heindel) pretende publicar um jornal diário que contenha notícias do mundo todo, tanto boas quanto ruins, com a ‘lição espiritual’ que cada notícia contém, mas sem a ‘etiqueta’ de pregação, que é tão repugnante. Pensamos que vestindo o ponto de vista do bom senso, podemos soar o Eco em milhares de corações. Para realizar este plano será exigido tantas pessoas, quanto tempo e dinheiro, mas será realizado”[233].
Pouco antes de abrir a Escola de Verão, Max Heindel passou por dificuldades com alguns visitantes. Após eles partirem ele teve um forte ataque cardíaco. De princípio sua esposa pensou que ele a deixaria de vez. Contudo, após um tempo em que ela cuidou muito bem dele, se recuperou. A primeira reação dela para ele foi: ‘Amor, o que eu teria feito se você tivesse me deixado? ’. Ele a olhou com um sorriso carinhoso e respondeu: ‘Amor, se eu tivesse partido você teria continuado, mas se você me deixasse; sem você eu não conseguiria dar conta’[234]. Este ataque cardíaco foi o precedente para sua quarta Iniciação que aconteceu por volta de 6 de julho de 1913.
Na quarta-feira, 4 de junho de 1913, a primeira Escola de Verão se iniciou. Os 41 integrantes foram alojados em barracas. Cada barraca continha duas camas, um tapete de grama e uma pequena penteadeira com um espelho. Um lampião e duas cadeiras de acampamento completavam o mobiliário. Para tomar um banho precisavam caminhar 2 km por uma estrada empoeirada até o oceano.
À tarde e à noite eram dados os cursos. Alice Gurney ajudava Max Heindel a ministrar as aulas de Filosofia; senhorita Elizabeth MacDuffee de Filadélfia dava aula de anatomia; e Sra. Fannie Rockwell orientava no curso de iniciação de Astrologia. Max Heindel dava aulas de Filosofia e de Astrologia avançada e dava um curso onde respondia perguntas. Todas as aulas eram ministradas na grande Tenda-Refeitório. Para cada curso arrastavam as mesas de fabricação própria para os cantos. A lona fina, que protegia o refeitório, refletia a intensa luminosidade do sol californiano nos olhos. A brisa do oceano, que iniciava por volta das 11:00 horas, era tão intensa que fazia a lona bater e fazia tanto barulho que teriam que fazer um telhado de verdade. Rollo Smith fez uma esquadria e os voluntários martelaram as tábuas contra ela; assim o sofrimento acabou logo!
Mas no mês quente de julho surgiu outra dificuldade: ao norte de Mount Ecclesia ficavam dois reservatórios de água de Oceanside. Contudo, toda vez que precisavam de água em Mount Ecclesia, seja para cozinhar ou para molhar as plantas, esta água parava de chegar. Após muitas solicitações, a Prefeitura de Oceanside ainda se recusava a encher os tanques em volume suficiente para que também a Fraternidade Rosacruz ganhasse sua parte. Portanto, num certo dia, 40 estudantes foram juntamente com um advogado participar da reunião da Câmara para dar seu voto por mais água. O pedido teve sucesso reprimido; o antagonismo geral contra estranhos não diminuiu.
A falta de água forçou Mount Ecclesia a providenciar sua própria reserva. O Probacionista F. H. Kennedy, que era diretor do ‘Moline Plow Company’ em Stockton na Costa do Pacífico, doou uma instalação que conseguia bombear 30 litros de água por minuto do poço. Heindel encontrou um homem, Frank English, que estava disposto a cavar um poço. No vale, 72 m abaixo, em um terreno de 6.100 m², o poço foi construído no canto. Para alegria de todos foi encontrado água a uma profundidade de 12 m. No topo do morro foi feito um reservatório, com muros de cimento. Depois deveriam transferir a água deste reservatório para outro tanque, que ficaria a 6 m de altura para poder dar pressão suficiente para abastecer a cozinha e o banheiro. Naturalmente que esta construção foi pesada para a situação financeira, mas agora eles tinham água.
Às vezes, Max Heindel precisava percorrer esses 72 m de descida íngreme e difícil acesso por três vezes no dia para inspecionar a bomba.
A alegria de ter uma instalação própria de água durou pouco. Pela pouca profundidade do poço e a proximidade do oceano, a água tinha alto teor alcalino, portanto o crescimento das plantas estava difícil. Em poucos meses os morangos, alfaces e todas as plantas sensíveis morreram. A água era inadequada para consumo e só poderia ser utilizada para regar as plantas mais fortes e tomar banho. Portanto, solicitaram novamente ao Conselho da Câmara para melhorar o abastecimento de água da cidade. Esta questão trouxe um problema sério com a Prefeitura. A Prefeitura exigia que os acessos aos reservatórios da cidade continuassem livres. Porque por esta estrada precisava passar todos os dias um velho em sua carroça puxado por um cavalo para verificar o nível da água. Max Heindel queria fechar esse acesso porque o gado que pastava no vale passava pelo terreno da Fraternidade e destruía as verduras e plantas. Contudo, todas as manhãs o velho deixava a passagem aberta, nem se importando com a solicitação de fechar. Esse problema perdurou até novembro de 1918, mas sobre isso falarei depois.
Como dito anteriormente, Max Heindel tinha planos de construir um Centro de Cura desde 1911. Um projeto desses exigia muito capital e funcionários de nível profissional. Portanto, para alcançar este objetivo Max Heindel desenvolveu o seguinte projeto. No Echoes de 10 de agosto de 1913 está escrito o seguinte sobre o projeto:
“No dia 6 de agosto [1913 às 14:00 horas] colocamos a base para nosso Centro de Cura. Max Heindel disse nesta ocasião: ‘Se falamos do Centro de Cura do qual eu sonhei, fica difícil nos soltarmos da ideia de prédios imponentes, contendo todas as facilidades modernas. Um dia este sonho se tornará realidade, mas enquanto isto a humanidade sofre e fisicamente não fazemos nada para cuidar dos doentes. Isto não me veio à mente até que o Irmão Maior me aconselhou a construir umas casinhas pequenas, começar pequeno e seguir a mesma forma que foi tão bem-sucedida no início da Fraternidade Rosacruz, portanto, remar com os remos que temos, ao invés de esperar por aquilo que pensamos que precisamos ou desejamos. Desta forma poderemos começar ajudando alguns pacientes. Quando os tivermos ajudado, eles seguirão seu caminho, e contentes irão contar a outros que estão sofrendo, que a seu tempo virão e nos dará o privilégio de ajudar a seguir a Vontade de Cristo … Ajudando os doentes a recobrarem a saúde e por ensiná-los a viver em harmonia com as leis da natureza, apressamos o dia da volta do Cristo. Que Deus abençoe nossas tentativas e fortaleça nossas mãos pelo trabalho realizado’[235].
Seguindo o conselho do Irmão Maior descrito acima, no dia 4 de julho de 1914, construíram três casinhas. Estas foram usadas por algum tempo como um Centro de Cura. Mais tarde houve a necessidade de oferecer estadia aos trabalhadores e a ideia do Centro de Cura foi temporariamente posta de lado.
Após a Escola de Verão havia vários estudantes que gostariam de ficar. E para alocar estas pessoas foram construídas algumas casas.
Nas barracas fizeram piso de madeira no lugar das lonas para proteger os integrantes da Escola de Verão do frio. Max Heindel decidiu usar estes pisos de, aproximadamente, 3,65 por 5,25 metros para piso das casinhas. Com a ajuda dos estudantes colocaram as fundações e depois carregaram estes pisos pelos morros e colocaram no lugar. Colocaram dois pisos encostados e com a ajuda de Rollo Smith fizeram três casinhas, cada um com dois quartos.
Em junho de 1913 Mount Ecclesia possuía abelhas e uma vaca, chamada Josie. Contudo, como aumento da população houve a necessidade de adquirir mais uma vaca. Em Oceanside as vacas eram escassas, portanto o Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel alugaram uma charrete com cavalo e percorreram a vizinhança para achar uma boa vaca, e finalmente encontraram uma “holstein”[236] que estava à venda. O animal, que era o preferido da fazendeira, não queria ir com eles, portanto colocaram feno na parte traseira da charrete para atrair a vaca a segui-los até em casa. Após percorrerem a metade dos 19 km da estrada, a vaca se recusou a continuar andando porque o feno havia acabado. O pesado animal ficava berrando alto fazendo o cavalo parar. Por isso, Max Heindel ficou na charrete conduzindo o cavalo e a Sra. Augusta Foss Heindel andava atrás tocando a vaca. Exaustos da viagem chegaram ao anoitecer em Mount Ecclesia. Ela foi chamada Josefine homenageando a grande, famosa vaca leiteira do ‘State Agriculture College’ do Missouri, na esperança que ela a igualasse. Também em julho, o Sr. Joel Hawkins comprou a terceira vaca no vale de San Luis Rey, chamada Bessie, uma vaca já premiada mais de uma vez.
Até aquele momento os rituais eram feitos na parte frontal do prédio que servia como refeitório. Este quarto, de 3,65 por 4,25 metros, ficou muito pequeno e por conselho do Mestre decidiram construir outro prédio que servisse exclusivamente para os rituais. Um dos membros de Nova York, senhorita Frances Lyon, que tinha alguma experiência em desenho artístico e arquitetônico, se ofereceu para assumir os custos por sua conta. Ela também comprou nas redondezas terras e construiu uma casa para ela e a mãe, viúva de um Pastor Episcopal. Esta pequena senhora era totalmente contra que a filha quisesse se mudar para Mount Ecclesia. Para protegê-la decidiu ir junto. Contudo, depois de um mês esta senhora se tornou uma entusiástica seguidora do Ensino Rosacruz, não apenas disposta, mas desejando passar o resto de sua vida em Mount Ecclesia.
O plano de construir uma capela estava apenas sendo vinculado quando um construtor, o Probacionista William Koening, apareceu. Ele era o homem que iria comandar a construção da Pequena Capela.
No dia 27 de novembro de 1913 iniciaram as obras da Pro Ecclesia[237]. Se tornou uma construção pequena, aproximadamente 5 por 11 metros, dando lugar para 75 pessoas, construída no estilo Mourisco-Espanhol. O esboço era de Max Heindel, e Frances Lyon desenvolveu o desenho. Ela e o Sr. Stewart Louis Vogt fizeram os enfeites de dentro e pintaram o emblema.
Por US $ 23 compraram um órgão de segunda mão e numa noite de Natal, 24 de dezembro de 1913, a Capela estava pronta para ser inaugurada.
Na inauguração estavam presentes 36 membros, cabalisticamente novamente o número 9, e Max Heindel disse o seguinte: ‘Estamos aqui reunidos para inaugurar a primeira construção, que será exclusivamente para Deus, conforme o ensinamento Rosacruz. Esta construção será de auxílio inestimável pelo qual não conseguiremos agradecer o suficiente. Mesmo que nossos corações se derretam a Deus com amor e agradecimento por esta capela, tão linda por sua simplicidade, não podemos esquecer as palavras ditas quando colocada a primeira pedra. Porque é um amontoado de pedras mortas e madeira sem vida. Deus não mora em prédios feitos pelas mãos humanas. Caso queiramos encontrar a Deus, precisamos fazer dentro e em volta deste local, o Templo invisível e espiritual que tão lindamente foi pintado por Kennedy no The Servant in the House[238]. Assim como Manson diz: ‘Algumas pessoas nunca conseguirão ver’. Contudo, é algo vivo, e somente em algo vivo assim pode a fé viva – se precisamos viver neste mundo – morar e fazer parte no trabalho do Cristo; que por nós está, agora, gemendo e labutando, esperando nossa manifestação como Filhos de Deus.
‘Quando entramos’, diz Manson, ‘ouve-se o ruído de uma linda canção …, se tiver ouvidos’. Para os sensitivos espirituais todos os Templos têm um som vibrante, uma harmonia espiritual que se espalha por uma grande área, fortalecendo tudo de bom em todos que a circundam. Contudo, apenas quando aprendemos a cantar músicas de amor em nosso coração, e não somente com os lábios, será ouvida esta poesia de Mount Ecclesia. Portanto, é necessário que todos aprendamos a cantar de tal forma – se um dia pudermos nós mesmos ouvir esta música – que ela possa se espalhar pelo mundo e reconfortar as almas sofredoras, sem que elas percebam de onde está vindo.
‘Em breve você mesmo verá a Igreja, um mistério iminente de muitas formas e sombras que do nada pulam do piso ao teto… Não é obra de um construtor comum’, diz Manson, e mais à frente: ‘Ainda assim é construção’.
Isso é a verdade. Porque mesmo vendo a construção física acabada, que chamamos Casa de Deus, como terminamos a construção deste Prédio, a obra do verdadeiro Templo, que não é construída pelas mãos, mas, por diversas obras de amor e amizade, deve ser trabalhada constantemente.
Este monte de material físico, que juntamos aqui, já começa a se deteriorar. Contudo, a Igreja invisível, construída por obras imortais, cresce sem ruído, pois dia a dia juntamos novas ações de amor àquelas que já existem.
Não nos deixemos enganar; este trabalho não é apenas alegria. Da mesma forma que Manson fala: ‘Às vezes o trabalho entra em escuridão profunda e às vezes sob luz tão intensa que cega. Agora sob uma inexprimível angústia, depois com um grande gargalhada e aclamações heroicas como o grito do trovão’.
Existem tantos dias como noites da alma. Não é sempre Domingo de Ramos, quando o mundo aclama o portador das boas novas; mas cada um tem, de tempos em tempos, seu próprio Getsemani. O que tiraríamos de crédito se trabalhássemos duramente sempre rodeados com os sorrisos de aprovação. Ou quando sentimos dentro de nós a maravilhosa sensação de paz, que acontece quando fazemos o trabalho de Deus com grandes passos e com vigor inquebrantável, satisfeitos e contentes, guiados por um estimulante impulso interior?
Mas não podemos esperar que estejamos vivendo sempre em tais circunstâncias. E é durante a noite que a crucificação surge para nós, quando os amigos próximos parecem ter nos abandonados, nos deixando no jardim do Getsemani, que devemos nos demonstrar trabalhadores fiéis, olhar para o Pai, preparados para qualquer oferta que Ele nos peça e dizer: “Que seja feita a Vossa vontade”.
É uma característica para esta noite da Alma que a força interior ao trabalho geralmente falha. Portanto, não sentimos o desejo de servir a Deus, mas somos inclinados a seguir pelo caminho mais largo. Devemos pensar que por sermos fiéis até o final, nós estaremos em condições de um dia dizer: “Está consumado”. Que cada um de nós possamos ser Auxiliares Visíveis e construtores de Templos, para que, quando tivermos esgotado as possibilidades do nosso ambiente atual, possamos merecer uma esfera mais ampla de sermos úteis como Auxiliares Invisíveis da Humanidade’[239].
O texto a seguir foi ditado por Max Heindel e copiado no Echoes de janeiro de 1914:
‘A Pro Ecclesia foi construída no chamado Estilo Missão, com três sinos acima da entrada, assim como em diversas Missões da Califórnia. O telhado também tem a bonita telha curva das Missões, e as janelas são num desenho de losango muito artístico. Como está situada no ponto mais alto de Mount Ecclesia, pode ser vista a quilômetros de distância e é notada por todos os que passam. Pela Mission Avenue, a Avenida que passa pela nossa Sede Central, passa muitos carros, pois, é uma das rodovias principais da Califórnia.
A acústica da Pro Ecclesia é muito boa. Cada palavra pronunciada, mesmo em tom silencioso, pode ser bem ouvida por todos. A ressonância do órgão é de tal forma que deve ser ouvida atentamente para que se possa dar o devido valor. O teto é pintado de um tom bem claro de creme, e todo o madeiramento foi acabado com uma cor natural. Portanto o esquema de cores é muito bonito e discreto e, portanto, um calmante para os nervos.
A iluminação é indireta. A luz entra pelo teto e reflete até no salão, se espalhando suavemente sem o efeito brilhante, que incomoda tanto na luz artificial. O púlpito está situado a oeste. Um nicho no meio da parede do lado oeste onde fica o emblema Rosacruz, que foi feito com uma linda estrela num fundo azul e uma cruz branca com sua beirada preta e as rosas vermelhas-sangue. Este emblema é aberto somente durante os rituais e está sempre coberta por uma cortina. Esta cortina tem o seguinte ditado: ‘Deus é Luz; quando andamos na Luz como Ele na Luz está, seremos fraternais uns com os outros’.
Durante os rituais a luz do corredor fica apagada e o Emblema é iluminado por todos os lados com luz indireta.
Em frente desta cortina tem um aparador com uma linda Bíblia, que nos foi cedida por um estudante. Acima deste nicho tem a inscrição ‘Christian Rose Cross’. Ao lado esquerdo deste nicho tem uma cópia da pintura de Hofman do Cristo jovem, feito de forma muito artística pela Gertrude Jarret, uma de nossas muito apreciadas auxiliares de escritório. Acima desta imagem está escrito: ‘Vós sois meus amigos’. Ao lado direito também tem uma imagem do Cristo, ajoelhado no Getsemani, no início de sua Paixão. Acima desta imagem tem a inscrição: ‘Aguardando o dia da libertação’. Esta linda imagem é de Stewart Vogt, um artista famoso, membro da Fraternidade. Ambas as imagens demonstram o amor dos estudantes. Também preciso mencionar que muitas atividades de construção foram feitas pelos estudantes na sede Central.
Portanto, este prédio foi feito com amor, na forma mais ampla da palavra, e é por esta razão que o valor é inestimável, do que quando o trabalho é feito apenas por trabalhadores em base comercial. Naturalmente será mais fácil construir o Templo invisível e espiritual, desta forma’[240].
Em dezembro foi construída uma estrada principal chamada ‘Ecclesia Drive’. O Sr. Stewart Louis Vogt, um membro de Cincinnati, Ohio – a mesma pessoa que ajudou a enfeitar a Pro Ecclesia – fez o projeto desta estrada e comprou as primeiras quatro palmeiras. Pouco tempo depois o Sr. E.W. Ogden de Knoxville, Tennessee, veio fazer uma visita a Mount Ecclesia e ofereceu 74 lindas palmeiras. Para plantar estas palmeiras, que mediam entre 1,80 m e 3 m de altura, precisavam fazer buracos com dinamite. Contudo, no dia 9 de dezembro estavam 78 palmeiras lindamente plantadas ao lado desta estrada, dando um novo visual ao terreno’.
Em janeiro de 1914 foi construída, em Mount Ecclesia, uma casinha de três quartos. Era destinada para Dr. Partridge, sua esposa, filho e filha.
Porque o Sr. Dean Rockwell havia sido escolhido como membro do Conselho Administrativo e devia cuidar de serviços organizacionais, fizeram para o Max Heindel um escritório no andar de cima, para poder trabalhar sem ser interrompido. Nos meses de fevereiro e março Max Heindel estava ocupado com a correção da brochura escrita pela Sra. Annet C. Rich de Seattle com o título: “Cristo ou Buda? ”. Ao mesmo tempo estava corrigindo “Os sete raios do Rosacruz”, que fala sobre “Maçonaria e Catolicismo”, o qual, naquele momento, havia se esgotado a primeira edição. Uma Palestra que ele havia dado no Centro de Los Angeles também estava sendo reescrita e ganhou o título de: “Como reconheceremos Cristo quando Ele Voltar? ”.
Nestes meses o membro William Koenig, arquiteto de San Francisco, desenvolveu um projeto para um prédio onde pudessem ter exposições de literatura, teatro e música. O projeto era de tal forma que poderia ser ampliado futuramente. No projeto deveria constar um salão que tivesse lugar para cento e cinquenta pessoas, uma biblioteca e uma sala de aulas. A sala de aula era construída de tal forma que com algumas movimentações poderia se transformar num palco.
Como era difícil contratar um estenógrafo compraram, no dia 1º de março, alguns ditafones[241]. Eram aparelhos que funcionavam manualmente, mas em contrapartida ficavam disponíveis dia e noite.
Antes do amanhecer do dia 12 de abril os membros da redondeza chegaram de carro para participar da primeira celebração de Páscoa em Mount Ecclesia. A descrição foi transcrita do Echoes de maio de 1914:
Celebração de Páscoa em Mount Ecclesia
“Na manhã de Páscoa era importante para todos nós em Mount Ecclesia levantarmos antes do nascer do sol. Depois fomos para a Pro Ecclesia onde tivemos a Cerimônia da manhã. A leitura, que estava programada para esta ocasião, era a história da Bíblia que narrava a Ressureição.
Após a cerimônia nos juntamos diante do círculo que ficava em frente à Administração, onde três anos antes havia sido plantada a cruz, antes de começar qualquer outra coisa em Mount Ecclesia. A cruz havia sido pintada novamente e estava linda em sua nova roupagem. Também havia rosas recém-colhidas do jardim das abelhas que foram trançadas em uma linda coroa e foi pendurada em volta do símbolo. A estrela de cinco pontas dentro do círculo estava resplandecente com as margaridas do Egito, que formavam o fundo amarelo para completar o símbolo. A roseira, que foi plantada juntamente com a Cruz, estava também em flor. Para esta ocasião estava tudo preparado para que pudéssemos começar imediatamente a reimplantar a cruz, que havia sido retirada do local para ser pintada.
Quando a cerimônia havia terminado, Max Heindel falou o seguinte: ‘Conforme a lenda, Adão levou três estacas da Árvore da Vida com ele, quando teve que sair do Paraíso. Seth, seu filho, plantou estas três estacas e elas cresceram. Mais tarde uma delas foi usada para fazer o cajado de Aarão, com o qual ele fez milagres perante o Faraó. O outro foi levado ao Templo de Salomão com o objetivo de fazer um pilar com ele, ou usar para alguma outra coisa. Contudo, não conseguiram encontrar um lugar para o mesmo; não se encaixava em nenhum lugar e por isto foi usado como ponte sobre um riacho que ficava do lado de fora do Templo. A terceira estaca foi usada para fazer a Cruz de Cristo, na qual Ele sofreu por nós e foi libertado, entrou na Terra e se tornou o Espírito do nosso Planeta, onde Ele ainda suspira e sofre até o dia da libertação. Nesta lenda se esconde um profundo significado.
A primeira estaca representa a força espiritual, desempenhada pelas Hierarquias Divinas nos dias em que a humanidade vivia sua infância e, para seu benefício, era dominada por outros.
A segunda estaca seria utilizada no Templo de Salomão. Ninguém sabia avaliar seu valor, excetuando a Rainha de Sabá. Para ela não foi encontrada um lugar adequado, porque o Templo de Salomão era a perfeição da arte e do ofício e num ambiente materialista não se dá valor às coisas espirituais. Os filhos de Caim conquistam sua evolução pelas obras e não conseguem utilizar forças espirituais. Portanto foi utilizada como uma ponte sobre um riacho. Sempre existem almas, os verdadeiros maçons místicos, que tinham condições de transformar esta ponte – que ia do visível ao invisível. Que conseguiam atravessar esta ponte para regressar ao Jardim do Éden, ao Paraíso.
Foi a terceira estaca da árvore que formou a Cruz do Cristo. Ao subir nesta Cruz, Ele se libertou da existência física e entrou em esferas superiores. Da mesma forma que nós também desenvolveremos nossa força espiritual – quando tomarmos a nossa cruz e O seguirmos – e entraremos em uma esfera de maior de utilidade nos mundos invisíveis.
Possamos todos nós almejar para que dia a dia possamos ser encontrados ajoelhados, subjugados e unidos à cruz de Cristo; para que um dia, não muito distante, possamos subir em nossa própria cruz e conquistar a nossa gloriosa libertação, a Ressurreição da vida da qual Cristo foi e é o primeiro fruto.
Esta é a verdadeira mensagem da Páscoa. Todos devemos perceber que somos Cristos em formação, se o Cristo realmente nasceu dentro de nós, Ele nos mostrará o caminho para a Cruz onde poderemos alcançar e avançar da Árvore do Conhecimento, que trouxe a morte, até a Árvore da Vida no Corpo Vital que trouxe a imortalidade. ”’
No dia 1º de junho de 1914 iniciou a segunda Escola de Verão. Também desta vez foram ministradas palestras sobre a Filosofia Rosacruz, astrologia, expressão, anatomia e oratória, e também sobre as peças de Wagner e Goethe. Havia 300 slides para ilustrar os cursos de Astrologia, anatomia e os grandes mestres.
Na terça-feira dia 23 de junho, quando a Lua estava no Signo de Câncer, fizeram o primeiro Ritual de Cura e, assim, sucessivamente quando a Lua entrava num Signo Cardinal (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio).
A cozinha e refeitório, improvisados, estavam em estado deplorável e, portanto, em outubro começaram a construção de um restaurante, que continha uma cozinha e um refeitório. Era um prédio térreo, sem piso superior, à prova de fogo e com lugar para 100 pessoas. A ideia era um restaurante tipo “self-service”, onde as pessoas podiam pegar uma bandeja com a comida numa abertura de janela e após consumir a comida devolvia a bandeja com o prato e talheres em outra janela.
No dia 26 de novembro este prédio estava pronto e foi inaugurado. Esta data é especial porque neste dia também foi feita a pedra fundamental da futura Ecclesia ou Templo e também foi hasteada a bandeira com o Símbolo da Fraternidade, que foi oferecida pelos membros do Centro de Los Angeles. O texto a seguir foi retirado do Echoes de dezembro de 1914:
“Era um dia bonito e às 11:00 horas nos juntamos em frente ao novo refeitório, preparados para hastear a bandeira com o Símbolo da Fraternidade e Max Heindel disse:
‘Apesar de sermos poucos em quantidade, muitos olhos estão voltados nesta direção esta manhã e um acontecimento muito importante está para acontecer. Seiscentos anos antes do Cristianismo iniciou-se uma onda de esforço espiritual na costa da Ásia. O Confucionismo começou a iluminar os problemas das pessoas que ali viviam naquela época. Para eles era o primeiro passo para mais conhecimento, pois este era destinado para a raça asiática. Então, de outra forma, esse esforço espiritual se moveu em direção a Leste sobre a Península do Hindustão[242] e a Pérsia para a Galileia, onde vestiu o robe do Cristianismo atual e foi difundida sobre o mundo ocidental. Contudo, toda religião teve sempre seu lado escondido. Leite para os fracos e alimento sólido para os fortes era e ainda é a regra em todo lugar. Os símbolos místicos que estes ensinamentos mais profundos davam seguiram seu fluxo em seu caminho ao Ocidente. Seiscentos anos atrás o mais avançado ponto de Mistérios ao Leste foi fixado na Alemanha. A Ordem Rosacruz começou a ensinar aos poucos que, então, estavam maduros para isto. Agora, o então implantado posto da Ordem, quase terminou seu trabalho, para o quanto é possível avançar naquele ponto. Eles enviaram um ponto mais avançado para a costa do Oceano Pacífico. Aqui no ponto mais ocidental do nosso continente foi constituída a Fraternidade Rosacruz como um centro exotérico para preparar o caminho para a Ordem Rosacruz. E em certo dia, nós não sabemos quando, mas talvez seja quando o Sol, por Precessão, entrar no Signo de Aquário [em torno de 2600 D.C.] a Irmandade irá nos seguir e se estabelecer por aqui. Esta é a última mudança no continente atual. Qual movimento espiritual também possa se instalar, terá seu início em um novo ciclo e em outro continente, para de lá seguir para o Leste e Sul. Portanto, estamos agora ao final do ciclo e ao início de um novo ciclo.
Chegamos ao momento de hastear a bandeira da Fraternidade Rosacruz, que é o símbolo mais alto e mais espiritual na terra: a linda cruz branca com suas rosas vermelhas, sua estrela dourada e o fundo azul celeste. As cores primárias em seu incomparável relacionamento – representando o Pai, o Filho e o Espírito Santo – irão tremular até que seu trabalho tenha terminado e uma forma mais alta se inicie. Que Deus permita que uma multidão possa se apoiar na bandeira e lutar contra as forças mais inferiores, e almejar a vida mais elevada, para trazer luz e cura ao mundo daqueles que agora gemem de dor e sofrimento’. Então a bandeira foi hasteada”.
Em Mount Ecclesia já haviam chegado algumas pequenas doações para construir o Centro de Cura. O Sr. George Wiggs, um membro de Chicago, iniciou um fundo. Como reação a isto, Max Heindel decidiu colocar a pedra fundamental. Ele continua seu discurso neste mesmo dia 26 de novembro da seguinte forma:
“Bem, apesar de confiarmos que um dia a escuridão, a tristeza e o sofrimento irão acabar e que chegará o glorioso reino de mil anos, o Reino do Cristo do qual a Bíblia fala e que na realidade a fé sem obras é morta. Nós, construtores de Templos, devemos realizar nosso trabalho para que estes ideais, pelo qual nós esperamos, se realizem. Por isto, nos reunimos hoje para um acontecimento importante: colocar a pedra fundamental, o primeiro pedaço de cimento, para que o último Templo material possa ser construído neste continente, que agora é povoado pela humanidade. Preste atenção no que digo: o último Templo material. Porque para a nossa atual condição de desenvolvimento é necessário ter um Templo que seja palpável, antes de construirmos o verdadeiro Templo em volta, feito dos corações humanos do qual já falamos tantas vezes antes. Um dia, como dito anteriormente, quando o Sol por precessão atingir Aquário [em torno de 2600 D.C.], a Ordem Rosacruz irá seguir. Eles também construirão um Templo aqui, um Templo com uma força muito maior do que nós esperamos um dia poder construir. Neste local o trabalho dos Rosacruzes irá continuar o que agora acontece no Templo na Alemanha. Talvez o Templo seja transportado para cá. Não tenho certeza disso. Contudo, aquela construção é inteiramente etérica.
Nós que não temos condições de ver a Igreja como ela aparece para a espiritualidade somos obrigados, primeiro, a formar uma construção material como moldura para o verdadeiro prédio espiritual que depois se torna uma força para o mundo. Se nós construirmos este prédio palpável de forma bonita e inspiradora, a inspiração que tirarmos deste prédio servirá de espelho para o prédio invisível e espiritual. Assim o prédio físico servirá para formar o prédio espiritual.
Se nós compreendêssemos as regras das forças cósmicas estaríamos em condições de ver como os Irmãos Maiores, e não seria necessário primeiro construir um prédio material e esperar um tempo para que a matéria seja alocada em suas posições. Contudo, poderíamos começar imediatamente a trabalhar construindo da forma correta. Iríamos ser imediatamente uma força poderosa para o bem no mundo para a rápida libertação do Cristo. Na verdade, como não conseguimos fazer isto, devemos nos empenhar ao máximo para fazer tudo o que é possível. Isto é, colocar linhas e princípios cósmicos em forma material para que todos que entrarem em seus portais sejam inspirados. Assim cada um de nós irá ajudar a formar o Templo Vivo e invisível, que é a verdadeira Igreja.
Nesta manhã nos reunimos para implantar a primeira pedra, a pedra que representa todas as cartas e todos os documentos, juntamente com os escritos e a literatura que temos até hoje aqui na Fraternidade Rosacruz. Mais tarde isto será a motivação para a construção deste prédio e o porquê de permanecer em pé. Permita Deus que esta pedra logo possa ser seguida por muitas outras. Que logo possamos começar e estar em condições de construir a verdadeira Sede Central de Mount Ecclesia.
A Bíblia nos conta da visita dos Reis Magos ao nosso Libertador. A lenda nos complementa dizendo que Gaspar, Belquior e Baltasar – os nomes destes sábios – pertencem às três raças que existiam na Terra. É muito interessante dizer isto, porque neste momento importante também estão presentes representantes das raças Lemúrica, Atlante e Ária.
A presença das diferentes raças no nascimento de Jesus foi esclarecedora para não ter preconceitos e provar que a Religião que Ele veio trazer é Universal. Como agora, inesperadamente e até o momento presente não foi notado a presença das três grandes raças em Mount Ecclesia, para prenunciar que este grande movimento também será universal, trazendo uma mensagem alegre, de uma compreensão melhor e uma sensação justa de fraternidade a todos que vivem na Terra.
Os membros foram, então, para um lugar onde havia areia e cimento e todos juntos, homens e mulheres, ajudaram a misturar o cimento e trazer a uma forma que estava enfeitada com folhas de palmeira e fizeram uma pedra que deverá ser o canto da Ecclesia quando nela for começada”.
A Companhia Elétrica de Oceanside era uma central pequena de energia e fornecia energia de baixa tensão para Mount Ecclesia três vezes ao dia. Isto era uma situação complicada, pois trazia muitos custos extras com ela. Assim a iluminação era feita por lâmpadas de óleo, os ditafones tinham motores que eram ligados de forma manual e a impressora era abastecida por um motor a gasolina. Contudo, em novembro de 1914 isto mudou. O Sr. F. H. Kennedy, o doador da bomba da água, ofereceu a Mount Ecclesia um motor à dínamo, para que pudessem construir uma própria central de energia. Max Heindel era um engenheiro experiente que, no início de 1900 quando chegou, trabalhou na Central Elétrica de Nova York. A instalação foi feita na parte subterrânea onde durante a primeira Escola de Verão serviu como refeitório, mas naquele momento estava sendo usado como depósito. Foi feito um quadro central com portas laterais. Max Heindel mesmo colocou os fios, porque em Oceanside morava apenas um eletricista amador e não havia dinheiro para chamar um profissional de San Diego.
Em dezembro as lâmpadas de óleo foram substituídas por lâmpadas elétricas e os ditafones, que deviam ser ligados manualmente, foram substituídos por aparelhos mais modernos. No dia 24 de dezembro Mount Ecclesia tinha um mar de luzes com energia da própria central.
Em fevereiro de 1915 não podiam mais ser colocadas as letras em Los Angeles para serem impressas em Mount Ecclesia. Era impossível fazer este serviço manualmente na Sede Central e, portanto, compraram uma máquina de composição.
A pequena revista Echoes from Mount Ecclesia, que estava sendo distribuída gratuitamente a dois anos, se tornou maior, mas os custos altos de postagem que se seguiram se tornaram um peso muito grande. Portanto, na edição de maio, como experimento, saiu um comunicado que a assinatura anual custaria US$ 1,00. A revista continha 43 páginas numeradas e o nome mudou para Rays from the Rose Cross.
Por causa do barulho a impressora foi transferida para a área sob a casa, e em junho compraram também uma prensa cilíndrica.
Durante a primeira Guerra Mundial (1914-1918) não houve Escolas de Verão em Mount Ecclesia e também não houve atividades para fora. Contudo, foram dadas aulas e Palestras aos soldados que estavam em Kamp Kearny – aproximadamente 32 km de Oceanside – e depois alguns soldados se tornaram membros da Fraternidade.
Durante os anos de Guerra, Mount Ecclesia teve dificuldades financeiras. Na Europa muitos estudantes foram obrigados a parar com a ajuda financeira, a venda dos livros diminuiu e os preços subiram.
Mesmo assim no dia 4 de julho houve festa. A última parcela de US$ 1000,00 havia sido paga e no dia 4 de julho o documento da hipoteca foi queimado, enquanto Max Heindel fazia a seguinte palestra intitulada: “Nossa Associação, seu progresso e florescimento”.
A casa onde os Heindel moravam era muito barulhenta e atrapalhava Max Heindel em seus afazeres. Ao mesmo tempo era de fácil acesso aos visitantes. Por isso fizeram uma casinha de três quartos ao pé do morro onde Max Heindel podia trabalhar sem ser incomodado.
Do livro ‘Mensagem das Estrelas’, que era pequeno e costurado, havia aparecido duas publicações. Contudo, nesta casinha ao pé do morro este trabalho foi revisto e ampliado. À noite, quando a Sra. Augusta Foss Heindel se juntava ao marido – após passar o dia recebendo os visitantes, fazendo os trabalhos de escritório, orientado os cozinheiros e jardineiros – ela ouvia o que seu marido havia colocado no ditafone. Isto era então discutido e a Sra. Augusta Foss Heindel depois complementava com seu conhecimento. O resultado foi um livro de 700 páginas.
Um dos trabalhadores que se juntou à Fraternidade Rosacruz através de uma agência de empregos foi Alfred Adams. Um homem de meia idade com uma saúde fraca, mas simpático, agradável e eficiente. Com o tempo melhorou sua saúde e ele se interessou mais pelos ensinamentos. Apesar de ter sido admitido para fazer a administração geral ele acabou ficando em Mount Ecclesia. De contador e estenógrafo ele chegou a gerente em 1919, quando Max Heindel faleceu. Neste tempo ele se tornou um grande apoio para a Sra. Augusta Foss Heindel até 17 de março de 1931, quando ele faleceu de um problema cardíaco aos 72 anos. Com o passar dos anos havia 8 funcionários no escritório. Eles não sabiam dos ensinamentos Rosacruzes e a maior parte do dia era usada para instruir e gerenciar estas pessoas.
Após reescrever o “Mensagem das Estrelas”, o livro “Astrologia Científica Simplificada” foi revisto. Este livrinho pequeno e costurado, Max Heindel havia escrito em 1909 quando estava morando em Seattle. Após a conclusão o livro ficou com 198 páginas e foi impresso em 1916.
No dia 13 de março a mãe de Max Heindel faleceu[243]. Ele escreve o seguinte sobre isto: “Alguns meses atrás, quando minha mãe – que morava em Copenhague, Dinamarca – faleceu, recebi cartas, do meu irmão e da minha irmã cartas, cheias de dor pela ‘perda’. Para mim ocorreu exatamente o oposto”.
“Eu a visitava, algumas vezes por ano, em meu Corpo Vital, por alguns instantes, mas eu não tinha coragem de me materializar ou de falar com ela, pois, poderia produzir um choque; que poderia resultar na morte, como consequência deste encontro. Além do mais, o uso tão egoísta dessa faculdade é estritamente proibido. Ou seja: eu estava longe da minha mãe, enquanto meu irmão e minha irmã estavam sempre convivendo com ela. Quando a morte veio, isto mudou: ela não estava mais em condições de se mostrar presente para eles; não podia conversar com eles ou confortá-los e dizer que não estava ‘morta’, como eles acreditavam. Contudo, ela aprendeu logo que bastava um simples PENSAR em mim, que já levava a vir para a Califórnia; e depois que ensinei a ela um determinado sinal, ela tinha acesso imediato a mim, a qualquer momento. Agora que ela está morta para o meu irmão e a minha irmã, ela está viva para mim, que tenho o privilégio de ajudá-la nesta difícil transição, mesmo vivendo ainda neste mundo. Por isto eu não sinto a dor da perda”[244].
Mas o falecimento se torna difícil se as pessoas que estão em volta o impedem, e isto foi provocado pela meia irmã de Max Heindel. Max Heindel nos conta o seguinte a respeito disto: “Esta classe [pessoas falecidas onde seu Corpo Vital e seu Corpo de Desejos estão tão interlaçados devido a sua maldade que são forçados a permanecerem nas regiões inferiores dos mundos invisíveis] pode ser encontrada por muitos anos após seu falecimento. É um fato curioso que essas pessoas, às vezes, são procuradas por antigos amigos, que já faleceram, porque necessitam de ajuda para entrar em contato com o Mundo do Físico. Eu lembro de um caso assim, que aconteceu alguns anos atrás, quando uma parente idosa [a mãe de Max Heindel] estava a ponto de falecer. Ela queria muito ver seu [2º] marido que tinha falecido alguns anos antes. Contudo, ele já alcançara o Primeiro Céu, seus membros e seu corpo já se haviam dissipado, ficando apenas a cabeça. Portanto, dificilmente ele poderia mostrar-se a ela quando da sua chegada, e muito menos influir nas condições de seu passamento, que não eram inteiramente do seu agrado. Certas coisas estavam sendo feitas a fim de retardar a separação do Espirito e da carne, o que ocasionou uma tremenda angustia à pessoa moribunda. Em sua ansiedade como marido, ele apelou para um amigo cuja união entre o Corpo Vital e o Corpo de Desejos permitia manifestar-se mais facilmente. Este Espírito pegou uma pesada bengala num canto do quarto e com um forte golpe arrancou um livro das mãos da filha da agonizante, o que apavorou de tal forma os presentes, que estes pararam com as lamentações, permitindo que a mãe passasse para o além”[245].
Na primavera de 1916 a antiga máquina de impressão foi substituída por uma mais moderna. Desta forma foi permitido dar um formato maior à revista Rays from the Rose Cross. À princípio Max Heindel tinha a ideia de escrever um jornal diário Rosacruz, mas, devido à Guerra muitos membros foram enviados para lá, onde alguns morreram. Também subiram os preços dos maquinários, papéis e similares, enquanto os salários dos tipógrafos eram muito altos. E como não havia membros que pudessem assumir esta função, este desejo ficou sem ser realizado.
Na última página da edição de maio de 1916 Max Heindel escreveu: “Contestando o Simbolismo! No lado interno da capa se encontra um símbolo antigo dos Rosacruzes que os Irmãos Maiores chamam de CADINHO. Usando a imagem, durante a meditação, poderá entender-se o seu significado … Quando publicarmos as descrições que merecerem prêmio, eu escreverei mais sobre este símbolo”.
Esta imagem também aparece nas edições de junho até outubro. Contudo, poucas pessoas parecem ter reagido ao convite, pois Max Heindel escreve na edição de setembro de 1916 na página 160: “Eu me pergunto se os estudantes perceberam o convite para a contestação de ‘símbolos’, pois, só recebemos algumas respostas e a data final de 1º de agosto já passou”.
Na edição de outubro de 1916, na página 169, Max Heindel escreve o seguinte: “A seguinte explicação do símbolo Rosacruz da contracapa feita por um estudante é, até o momento, a mais valiosa tentativa que recebemos. Eu confio que possa incentivar outros a cavar na mina dos mistérios escondidos e encontrar mais tesouros”. Para não interromper a biografia, esta explicação está no Adendo 10. Parece que Max Heindel não achou necessário ele mesmo escrever sobre o assunto como havia anunciado.
No vale San Luis Rey, aproximadamente uns 60 metros abaixo de Mount Ecclesia, fica a linha do trem de Santa Fé, que vai de Fallbrook até Bonsall. O vale tinha uma plantação de beterrabas do tipo para fazer açúcar que quando colhidas eram transportadas até os vagões, por trilhos laterais, e depois transportados até a fábrica de açúcar. Contudo, como consequência de uma enchente os trilhos, com suas ramificações, foram levados pelas águas, assim como fazendas, árvores e vegetação. Era horrível ver como barracões, galinheiros, cavalos, vacas e casas foram levados pelas águas turbulentas. Todas as pontes entre Los Angeles e San Diego foram levadas pela água. Oceanside parecia uma ilha e ninguém conseguia chegar até ela. Também não era possível enviar uma mensagem, pois todas as linhas telefônicas e de telegrama foram rompidas. Cinco pessoas faleceram com esta enchente e demorou três semanas para que Mount Ecclesia recebesse correspondência de novo.
Houve necessidade de um curso por escrito da Filosofia Rosacruz, porém, devido a muitas atividades Max Heindel não conseguia encontrar uma chance de iniciar o curso. Portanto ele se dirigiu a Sra. Kittie Skidmore Cowen que morava em Montana Home, em Idaho, que escrevia artigos baseado no Cosmo[246] para a revista Rays. Ele pediu que montasse um curso de 12 lições com perguntas. No início de 1917 este curso, introdutório no ensinamento Rosacruz, ficou pronto.
Para se tornar membro o aspirante deve primeiro terminar este curso, para que a pessoa saiba onde está se associando.
Em março de 1917 a poetisa Ella Wheeler Wilcox visitou Mount Ecclesia. Na Rays de maio de 1917 Max Heindel escreveu o seguinte:
“Autora Encontrada!
Em sua visita a Mount Ecclesia, ela me contou em uma conversa que era a autora deste maravilhoso poema:
Um barco navega para leste e outro para oeste,
Empurrados pelo mesmo vento;
É a posição das velas e não o sopro do vento
Que determina a direção em que eles vão.
Assim como os ventos do mar, são os caminhos do destino,
Onde o sol reaparece após a tempestade.
É a ação da alma que determina a meta
E não a calmaria nem a luta.
Alguns anos atrás encontrei esta poesia sem que o autor estivesse mencionado. Eu o citei com frequência, e muitas vezes me desculpando por não saber quem era o autor. Portanto, fiquei muito feliz em saber quem era o autor e a Sra. Wilcox também me contou a história de como chegou a ideia do poema. Ela contou que estava velejando de Nova York para Boston e enquanto estava sentada ao deck com o marido este comentou: ‘Não é interessante Ella, que vemos os barcos indos para as duas direções e todos são impulsionados pelo mesmo vento? ’. E a Sra. Wilcox reagiu, dizendo: ‘Oh, Robert, que tema interessante para um poema! Dê-me rápido um pedaço de papel para que eu possa escrever’. E em dez minutinhos ela escreveu este poema. ‘Isto’, assim falou ela, ‘aconteceu aproximadamente uns 20 anos atrás e foi publicada pela primeira vez no Munsey´s Magazine’.
Também é interessante saber que o Sr. Wilcox é o ‘pai’ de várias ideias espirituais que a Sra. Wilcox tão lindamente transformou em poemas.
Conforme disse ela, o casamento deles era a união perfeita, uma amizade forte entre duas almas, que somente aqueles que tiveram o privilégio de vivenciar podem apreciar. Não é uma pena que uma união ideal assim seja uma exceção e não uma regra? Talvez fosse interessante saber que a Sra. Wilcox há alguns anos estuda os ensinamentos Rosacruzes e aprecia muito o Conceito Rosacruz do Cosmos. Ela contou que combinou com o marido algum tempo antes dele falecer de ler um capítulo do livro todas as noites antes de irem dormir. Contudo, devido partida dele, este plano nunca foi realizado. O que a deixou com remorsos, porque esses ensinamentos seriam de maravilhoso proveito para o seu o marido na vida post-mortem”.
Pouco antes da Sra. Wilcox falecer, em 1919, foi publicado seu livro: “The Worlds and I”. Aqui está escrito que ela nasceu em 1855 em uma fazenda no Wisconsin, como a caçula de quatro filhos. A condição física dela na adolescência deixava a desejar, mas o desenvolvimento mental, emocional e espiritual era satisfatório. Em idade bem jovem ela começou a escrever poemas. Quando obteve seu diploma do ensino médio ela já era conhecida como poetisa em sua cidade natal. Com aproximadamente 28 anos ela se casou com Robert Wilcox. Eles tiveram um filho, que faleceu logo após o nascimento. Após o casamento entraram em contato com a Teosofia e já aderiram ao movimento. Durante toda a sua vida mantiveram interesse por assuntos psíquicos e espirituais. Pouco depois do casamento prometeram um ao outro que aquele que falecesse primeiro iria tentar voltar para se comunicar com o outro – se isto fosse possível; mas eles não duvidavam desta possibilidade. Em 1916 Robert Wilcox faleceu, após 30 anos de união e companheirismo com sua esposa. Ela sofreu muito, e esse sofrimento ficou cada vez mais forte conforme as semanas iam passando e ela não recebia uma mensagem dele. Ela visitou médiuns famosos em todo o país e alguns “sábios” de várias religiões e filosofias. Ela ficou em um retiro Teosófico e isto ajudou a acalmar, enquanto bons amigos a aconselharam a não confiar cegamente no espiritismo. Neste período ela foi para a Califórnia, porque havia ouvido dizer que lá as energias espirituais são mais fortes. Ainda em busca de ajuda em sua tristeza, fez uma visita a Max Heindel, não entendendo porque ainda não havia tido um contato do Robert. Ela descreve o encontro com Heindel da seguinte forma: “Durante uma conversa com Max Heindel, um líder da Filosofia Rosacruz na Califórnia, ele deixou claro para mim as consequências do meu sofrimento. Ele me garantiu que encontraria com o espírito do meu marido assim que aprendesse a controlar meu sofrimento. Eu respondi que me parecia estranho que o Todo Poderoso Deus não enviasse uma luz a uma alma sofredora para confortá-la quando mais precisava. Max Heindel me perguntou: ‘Você já esteve perto de um lago transparente e viu as árvores refletidas na água? E você já jogou uma pedra naquela água e viu como ficou turbulenta e deixou de refletir a imagem? Mesmo assim acima da água esperavam a luz e as árvores para se refletirem novamente, quando a água se acalmasse. Desta mesma forma Deus e a alma do seu marido estão esperando você se acalmar para poderem se mostrar a você’”.
Depois desta conversa ela retornou para casa e passou horas em oração e meditação. Após alguns meses as palavras de Max Heindel se tornaram em realidade’[247].
Os escritórios ficaram tão lotados, que foi necessário fazer um prédio separado para esta atividade. No dia 13 de março de 1917, às 14:00 horas (02:00 PM), após uma pequena cerimônia feita por nove Probacionistas, foi dado início à construção. Contudo, na metade perceberam que financeiramente não conseguiriam continuar e isto só seria possível se conseguissem arrumar uns mil dólares.
Em San Diego não foi possível fazer um empréstimo diretamente. A Sra. Augusta Foss Heindel, que fazia a administração financeira para sua mãe, esperava poder fazer um empréstimo dando os bens dela em garantia, mas para isto necessitava da autorização de sua irmã. Este foi concedido, resolvendo, assim, este problema e o prédio da administração pode ser finalizado.
O prédio da administração foi feito em alvenaria. Quando ficasse pronto teria um andar superior com uma área de 446 m². A intenção era colocar a sala de impressão no piso inferior e os escritórios em cima. Neste andar superior também iria ficar um quarto grande – separado em dois por meio de um biombo – para servir como quarto de dormir para o Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel. Isto para que Max Heindel não precisasse mais se cansar subindo e descendo para o bangalô ao pé do morro. Neste quarto não havia água, mas se fossem até à recepção havia uma torneira. Para tomar um banho precisavam ir por fora, até a torneira no refeitório. Quando o prédio ficou pronto Max Heindel conseguia chegar na sala de impressão, ao refeitório e comparecer aos rituais na capela, descendo apenas alguns lances de escada, o que antes custava um esforço enorme para ele.
Em maio o Sr. F. H. Kennedy veio fazer uma visita em Mount Ecclesia. Quando chegou à porta de entrada do escritório perguntou por Max Heindel. O pessoal o encaminhou à sala de impressão. Como de costume a máquina de linotipo estava quebrada. O Sr. Kennedy entrou na sala de impressão, que ainda estava na parte inferior do primeiro prédio. Lá ele viu Max Heindel deitado sob a máquina, enquanto o suor banhava seu rosto. O Sr. Kennedy cumprimentou seu amigo com um sorriso e um olhar de compaixão.
Após conversarem um tempinho, o Sr. Kennedy voltou para o escritório da Sra. Augusta Foss Heindel. Ela disse que nunca havia visto o rosto de alguém tão transtornado como o do Sr. Kennedy naquele momento. As lágrimas brilhavam em seus olhos pelo jeito que havia visto Max Heindel, e doía nele o fato de um homem tão culto ser forçado a deitar embaixo de uma máquina para fazer a manutenção necessária. Havia um rapaz mais jovem, mas ele não tinha o menor conhecimento de encaixar as letras e muito menos de fazer a manutenção. O Sr. Kennedy perguntou à Sra. Augusta Foss Heindel o endereço de alguém que fosse membro e que pudesse vir para Mount Ecclesia para ajudar na impressão. Ela conhecia apenas uma pessoa que tinha um pequeno conhecimento de tipografia. Contudo, era um homem pobre, pai de família com cinco filhos. Seu endereço foi anotado e o Sr. Kennedy tomou imediatas providências para trazer este homem com sua família para lá. Contudo, para que isto fosse possível precisava primeiro mandar construir uma casa [que mais tarde foi chamada de Ecclesia Cottage] e garantir um salário de um ano para ele.
Em junho de 1917 o novo prédio administrativo estava pronto. O Sr. Phillip Grell e a família vieram justamente em tempo de ajudar na mudança e instalar as máquinas na sala de impressão. Seu conhecimento, de fato, do trabalho e da manutenção das máquinas era muito pouco. E também não entregava um trabalho muito limpo. Após oito meses a família Grell deixou Mount Ecclesia e Max Heindel deitava novamente embaixo das máquinas.
Como agora havia mais espaço na sala de impressão compraram uma impressora maior e foi possível aumentar o tamanho da revista mensal. Tinham salas de depósito onde os livros ficavam bem guardados, sem ficarem misturados e amontoados. Portanto, eles mesmos começaram a encapar, em pequena escala, os livros.
Durante os anos da guerra [1914-1918] era muito difícil conseguir funcionários. O Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel iam pessoalmente para Los Angeles para procurar cozinheiros, ajudantes de cozinha, estenógrafos, jardineiros e auxiliares de impressão. Financeiramente isto também era inviável porque as viagens para Los Angeles aconteciam de uma a duas vezes por quinzena e eram caras no transporte e estadia em hotel. As pessoas que vinham desta forma nunca ficavam muito tempo, porque a vida no campo para eles era muito chata e o vegetarianismo não era desejável. Praticamente a cada três meses tinha um cozinheiro novo, que primeiro devia ser ensinado no vegetarianismo e logo depois partia. O mesmo problema acontecia com os ajudantes de impressão, que ou levavam bebida forte e perdiam o controle ou não se adaptavam a vida fora da cidade.
No dia 15 de julho de 1917 o casal Heindel saiu de férias[248]. Esta foi a primeira vez desde que a Fraternidade foi fundada há sete anos. Eles partiram no domingo à noite após o ritual no Pro Ecclesia. Eles entraram no ‘Carita’, um carro modelo Overland. Com este carro foram pelas estradas, que já haviam percorrido em outra ocasião. Pela linda San Luis Rey, passando pela velha Missão Franciscana, por sobre o Red Mountain e pelo lago Elsinore. Contudo, esta estrada não era a mesma de antes. Havia paz e alegria no ar, calma e sossego, um bálsamo para seus corpos e mentes cansados. Algo, interiormente, tinha mudado: eles se sentiam jovens, riam, brincavam e cantavam como crianças.
De Elsinor, sobre o asfalto lisinho, fizeram o percurso até Colton, a fonte principal de cimento da Califórnia. Depois para Riverside com seus laranjais imensos, onde o ar ficava impregnado com o cheiro de sua florada que ficava ao lado das frutas douradas. Isto é com toda a certeza uma região de muita beleza. Isto não era por causa das construções, apesar de serem em sua maioria muito artísticas e bonitas, mas pela natureza. Porque toda esta região do Sul da Califórnia é por direito um paraíso frutífero com suas lindas palmeiras, belíssimas magnólias, laranjeiras douradas e a profusão de flores variadas que alegravam à vista para onde se olhasse.
Cinquenta anos antes [aproximadamente 1870] não havia nenhuma árvore nesta região. A região entre Los Angeles e San Bernardino tinha o nome The Sixty Mile Desert [o deserto de 90 km], um terreno de caça para os colonizadores que moravam na redondeza.
De Riverside não fica longe ir para Redlands, uma cidadezinha turística. Aqui eles passaram pela famosa ‘smily heights’ situada numa montanha fina a uma altura de 150 m, que divide a região em dois vales amplos rodeados por montanhas de todos os lados. Quando se passa por esta costa, que tem vários pedaços com apenas 60 m de largura, não precisavam sair do carro para ter uma vista ampla sobre os dois vales com suas laranjeiras e outros pomares frutíferos, que se espalhavam até a encosta da montanha.
Eles visitaram San Bernardino, a cidade mais antiga da região, e um centro mineiro. Contudo, bastante desapontados, retornaram à costa procurando um pouco de ar mais fresco.
Neste ponto a Califórnia é única, pois mesmo sabendo onde se está pode se encontrar todas as temperaturas que desejar, tanto no verão como no inverno, e também não precisa ir longe para isso. Em Mount Ecclesia, por exemplo, é agradavelmente refrescante. Se quiser um lugar mais quente basta ir para o lago Elsenore a uns 70 km de Oceanside. Para brincar de jogar bolas de neve pode se ir, numa manhã de inverno, saindo de Los Angeles com um carrinho elétrico, para Mount Lowe a 1800 m acima do nível do mar. Ou, na volta, passar por Pasadena onde chapéu de palha e camisetas são o traje do dia. Ou para Venice-by-the-Sea, onde o oceano é azul, o sol brilha na praia e o visitante é convidado a dar um mergulho refrescante.
O retorno foi por Los Angeles e um de seus distritos mais belos, Hollywood. Depois subiram por Cohengue e logo já passavam pelo vale frutífero de San Fernando para as montanhas que os afastavam da costa. Universal City foi o primeiro ponto que chamou a atenção deles. Lá eles viram como os artistas faziam as filmagens. Imitações de castelos antigos espalhados pelas colinas para dar cor às histórias do tempo dos cavaleiros. Um contraste imenso entre o mundo velho e o novo formavam os caubóis que cavalgavam entre as colinas e o gado. Seguindo em frente passaram pelas cidades floridas como Lankershim, Van Nuys e Owensmouth do seu lado direito, aquecidas ao sol entre os bosques com frutas.
No princípio foi o ouro que atraiu as pessoas até Califórnia. Apesar de nesta região ter muitos minerais, isto se anula com a abundância dos grãos dourados, que é produzida nas grandes fazendas. Ou das frutas douradas: laranjas, limões e toranjas; ou o petróleo, que tem mais valor que o ouro.
A caminho de Santa Bárbara eles passaram por uma estrada longa, íngreme e cheia de curvas – chamada Conejo Grade – em direção à costa, onde, após um tempo, alcançaram Ventura, uma cidade importante do petróleo. Saindo de lá, seguiram pela rodovia, num comprimento de 38 km beirando o oceano. Neste trecho o ponto mais interessante para eles foi Summerland, assim chamado por ter sido um refúgio espiritual. Depois encontraram petróleo. Ao invés de subirem a região etérica dos Anjos, as pessoas foram cavar, com ganância e mãos pretas, no reino de Plutão para trazerem a substância viscosa para cima e alimentarem as fábricas.
Em Santa Barbara eles procuraram um lugar para ficar, pois queriam ficar um tempo lá, porque tinham ouvido falar muito desta redondeza.
A sobrinha deles, Olga [Borsum Crellin], os acompanhou nesta viagem e queria ser a motorista. Ela já havia tido algumas aulas no Maxwell que era usado para levar as correspondências para o correio de Oceanside. Rapidamente ela descobriu os segredos para dirigir a Carita, e Max Heindel achava isso cada vez mais fácil. Entre os trajetos curtos e longos períodos de descanso os dias passaram voando, proporcionando nova energia para voltar a Oceanside.
Em 1917 era impossível, para os astrólogos, conseguirem a Efemérides Inglesa, sendo que muitos fizeram essa queixa em Mount Ecclesia. Num dia quando Max Heindel e sua esposa estavam passando pelos trabalhos diários como de costume, Max Heindel disse a ela: “Bem, querida, o que mais nos falta? Será que você e eu, com nosso conhecimento de astrologia e matemática e nossa gráfica, não poderíamos fazer uma Efemérides Americana? ”.
Com este objetivo adquiriram o Nautical Almanac americano e francês e passaram as noites calculando as Efemérides. Max Heindel calculava as longitudes e sua esposa as declinações. Na revista de fevereiro de 1918 foi comunicado que as Efemérides tinham sido impressas; e no dia 10 de fevereiro que a Tabela de Casas para as longitudes de 47-48 e 49-60 graus estavam prontas, e iriam calcular as Efemérides a partir de 1860.
Com a publicação das Efemérides e da Tabela de Casas houve uma procura maior pelo livrinho Astrologia Científica Simplificada e cresceu o interesse pelo estudo de astrologia.
Em maio de 1918 Max Heindel tinha planos de instalar uma encadernadora de livros e começou a comprar as máquinas necessárias. O plano era ir de carro para San Francisco e lá visitar as lojas com máquinas de segunda mão. Depois de Bedelia, eles tinham comprado outro carro de segunda mão, um Paige de 7 lugares, espaçoso e grande. Para esta viagem convidaram duas senhoras, Dra. Ruth Woods e Sra. Mary L. Lyon. Max Heindel dirigia o carro, pois ele tinha medo que sua esposa fizesse estragos no mesmo. Depois de uma semana eles retornaram a Mount Ecclesia, após conseguirem encontrar uma máquina a custo muito reduzido. O casal Heindel e o Sr. Grell instalaram a máquina, e logo depois o Sr. Grell e família deixaram Mount Ecclesia.
Depois de algum tempo o Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel conseguiram encontrar um homem e uma mulher para a sala de impressão, por meio da agência de empregos, que já vieram imediatamente com eles no retorno para Mount Ecclesia. Eram ótimos funcionários que entendiam muito bem do tipógrafo e da máquina de encadernação. Infelizmente o homem era um alcoólatra e depois de alguns meses deixaram Mount Ecclesia.
Novamente, colocaram um anúncio para um tipógrafo. Neste anúncio foi colocado o endereço da irmã da Sra. Augusta Foss Heindel, que morava em Los Angeles. Neste endereço Max Heindel encontrou um tipógrafo de confiança, o Sr. N. W. Caswell. Juntamente com a jovem senhora Ethel Lanning deram seguimento ao trabalho na sala de impressão. Após alguns anos eles se casaram, e permaneceram trabalhando na sala de impressão.
Como mencionado anteriormente, em 1913, começaram os problemas com o fornecimento da água. Os problemas se complicaram com o não fechamento do portão para os reservatórios, fazendo com que o gado que pastava no vale, se espalhasse por Mount Ecclesia e acabava com a plantação lá. Max Heindel não queria começar uma disputa jurídica. E somente em 1918 a Administração conseguiu uma intimação judicial proibindo Max Heindel de fechar o portão e impedir a passagem. A intimação veio num sábado à tarde e ordenava o comparecimento ao tribunal na segunda-feira seguinte pela manhã. Max Heindel ligou para o advogado em San Diego solicitando que o defendesse.
Naquela segunda às 10:00 horas o Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel estavam no tribunal, mas o advogado não apareceu. Max Heindel precisou ir ao escritório dele para chamá-lo. Quando ele lá chegou ouviu a voz do seu conselheiro na sala ao lado. A secretária disse que o Sr. Adam Thompson havia saído da cidade. Ouvindo isto Max Heindel retornou ao tribunal, onde sua esposa o encorajou que ele mesmo fizesse sua defesa. O Juiz estava ciente que o Sr. Thompson havia saído da cidade e quando sua causa veio à tona pareceu estar a favor de Max Heindel, que venceu o processo contra a cidade de Oceanside. O Juiz não gostava da Administração, porque deram a entender que haviam comprado o advogado.
O fechamento das estradas que estava no terreno como o caminho que dava para os reservatórios ainda não havia totalmente finalizado quando chegou o Sr. Graves no escritório para trabalhar lá. Hiram Graves tinha sido detetive e tinha vários amigos em Oceanside e logo deixou perceber que muitas coisas, no que se referia à Administração da Cidade, não estavam em ordem. Ele juntou provas e os trouxe à tona, fazendo com que fossem obrigados a se retirar. Com isto escolheram novos representantes que estava muito disposto a compensar as falhas do passado, fazendo com que este caso finalmente se resolvesse em novembro de 1918.
Na sala de impressão também se trabalhava à noite para prepararem vários anos de Efemérides. Também foi empenhado muito trabalho nos escritos do Livro Mensagem das Estrelas,pois estava escrito na revista que já estava disponível.
Sem conversar antes sobre isto com sua esposa, Max Heindel foi até o advogado em San Diego em novembro e passou os direitos autorais dos livros e gravuras que estavam em seu nome para os de sua esposa.
Numa noite, no início de dezembro de 1918, durante os cálculos das Efemérides de 1920, Max Heindel insistiu com sua esposa que ela fizesse todos os cálculos da Efeméride sozinha. Ela estranhou isto, pois era costume que ela calculava as declinações e ele as longitudes. Então, ela perguntou: “Querido, porque você quer que eu faça todo o trabalho sozinha? Você está pensando em me abandonar? ”. Max Heindel respondeu: “Que nada querida, apenas quero poder dizer para as pessoas que você fez o cálculo totalmente sozinha. Quero que se orgulhem de você”. Isto a preocupou, porque ele também começou a organizar todos os seus papéis.
Depois que a família Grell havia deixado a Sede Central houve um período difícil, e não sobrou alternativa para Max Heindel a não ser ele mesmo fazer a manutenção. Ele estudou a encadernadora até conhecer minuciosamente o mecanismo. Para ter mais experiência ele mesmo manuseou a máquina no final de novembro.
Max Heindel estava começando a se animar, novamente, com o assunto da impressão, quando a impressora quebrou e, por isso, teve que procurar um profissional que entendesse disso. Parecia que todos os homens habilidosos tinham falecido na guerra. Por isto o Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel foram, numa quarta-feira dia 1º de janeiro em seu Paige, chamado Carita, para Los Angeles na tentativa de encontrar um novo tipógrafo. Eles conseguiram encontrar um casal. O homem era um experiente tipógrafo e a mulher tinha conhecimento na encadernadora.
Na sexta, dia 3 de janeiro às 5:00 horas da manhã, eles partiram de Los Angeles para parar no mercado e comprar verduras. Com o bagageiro lotado com verduras e outras coisas que já haviam comprado antes, chegaram ao final da tarde, famintos e cansados, na Sede Central.
No sábado, dia 4 de janeiro, tinha festa em Mount Ecclesia; festejaram o “Ano Novo” atrasado. Alguns amigos da redondeza também estavam lá, portanto, a biblioteca estava repleta de rostos felizes. Max Heindel também estava bem animado e cantou com sua voz forte, profunda e melodiosa algumas canções. Uma música que ele gostava bastante se chamava Ben Bolt[249]. Ele também cantou uma música conhecida dos marinheiros, Where are you going, my pretty maid, uma balada antiga que ele regia gesticulando[250]. Ele contou histórias e acontecimentos engraçados e surpreendeu os presentes com sorvete e bolo que havia comprado em Oceanside.
Domingo dia 5 de janeiro Max Heindel estava silencioso e pensativo, mas estava em bom estado de saúde. Sua atenção estava voltada para as lições dos estudantes. À noite ele fez uma palestra na Pro Ecclesia.
Também, na segunda-feira dia 6 de janeiro ele estava silencioso, mas em paz e feliz. Ele organizou os papéis em sua escrivaninha e fez anotações referente ao estoque da sala de impressão. Ele também queria que sua esposa estivesse com ele em seu escritório e, muitas vezes, pediu a ela para se sentar e conversar com ele. Quando ela disse que não queria atrapalhá-lo em seu trabalho ele respondeu: “Eu acho muito gostoso ter você aqui comigo e quando você me visita”.
Por volta das 16:00 horas Max Heindel havia escrito uma carta para a agência de correios para que entregassem uma vez ao dia as correspondências em Mount Ecclesia. Com esta carta ele foi ao escritório de sua esposa para mostrar a ela. Por volta de 16:30 horas, enquanto sua esposa lia a carta, ele estava se apoiando na escrivaninha dela com uma mão e, de repente, caiu ao chão, atacado por um mal súbito. Foi um tombo estranho, pois parecia que mãos invisíveis o seguravam e suavemente o colocavam no tapete. Quando a Sra. Augusta Foss Heindel se inclinou sobre ele, ouviu suas últimas palavras: “Comigo está tudo bem, querida”.
Ele perdeu a consciência e foi carregado ao seu quarto, que era ao lado do escritório da Sra. Augusta Foss Heindel. Enquanto ela ficou com ele, os funcionários foram para a Pro Ecclesia fazer o Ritual de Cura, para ele. Às 20:25 horas ele ainda abriu seus olhos e sorriu para sua esposa e, logo depois, faleceu.
Seu corpo foi deixado, durante três dias e meio, sem gelo e sem embalsamar, no escritório. Misteriosamente o corpo não demonstrava mudanças externas, e as bochechas mantinha sua cor natural, rosada como se em vida. Alguns amigos acreditavam que Max Heindel não tinha falecido. Sra. Augusta Foss Heindel tomou a decisão de que se não houvesse mudança até chegaram ao crematório de San Diego, ela deixaria o corpo por mais alguns dias no porão. Contudo, isto não foi necessário, porque quando fizeram o ritual na Pro Ecclesia, Max Heindel apareceu para sua esposa e garantiu a ela que tudo estava em ordem. Depois, o corpo foi cremado e suas cinzas enterradas junto às raízes da roseira, ao pé da Cruz.
Podemos comparar as pessoas com as ondas do mar: quando no mar uma onda se quebra e retorna, sempre se segue outra para tomar o seu lugar. Não faz diferença se a pessoa é ou não importante, sempre haverá outra pessoa que tome seu lugar para que o trabalho continue fluindo. Assim após o falecimento de Max Heindel sua esposa ganhou a liderança e foi apoiada pelo Sr. Alfred Adams.
Em novembro de 1918 Max Heindel tinha ido para San Diego para passar os direitos autorais dos livros e gravuras para sua esposa por meio de uma doação judicial. Quando após o falecimento de Max seu testamento foi oficialmente reconhecido, ficou claro que ele havia comprado a terra antes da Fraternidade se tornar uma pessoa jurídica. No documento estava escrito que ele administrava a terra para a Fraternidade. Contudo, quando este foi analisado e o testamento legitimado, o Juiz declarou que as terras da Fraternidade pertenciam a Sra. Augusta Foss Heindel, como herdeira, usando o fato que quando o testamento foi assinado a Fraternidade ainda não era uma Pessoa Jurídica.
Na primavera de 1919 vieram algumas pessoas, que já eram membros há algum tempo, para Mount Ecclesia. Eram: o Sr. W. J. Darrow, Contador, membro do Centro de Nova York, que ajudou na construção de um tanque de compostagem – mais tarde ele ajudou no escritório e na revista mensal; Sra. Netty Lytle, de Seattle: ajudou no setor da cozinha e mais tarde se tornou secretária esotérica; Sra. Mary B. Roberts, de Nova York: cuidou das atividades domésticas; Sra. Margareth Wolff: ficou com liderança do Setor de Cura e após seu falecimento foi substituída pela Sra. Roberts; um rapaz, Joseph Hoheisel, membro de Chicago e bom mecânico de automóveis – era o único que conseguia dirigir e fazer a manutenção da Paige; e Sam Erret[251] – ele, em especial, foi um achado que por muitos anos cuidou da sala de impressão, em particular da nova máquina de encadernação, a de dobrar e costurar livros que dava muitos problemas. Em Oceanside não havia ninguém que soubesse lidar com máquinas tão complicadas. Contudo, com a chegada do Sr. Erret isto ficou em ordem. Ele era quem deixava as coisas rodando.
O cachorrinho branco, chamado Smart, que Max Heindel havia adquirido em 1913 para espantar os coelhos da horta e mais tarde foi adotado pela Sra. Kitty Skidmore Cohen, uma estudante que veio na primeira Escola de Verão, voltou para Mount Ecclesia em 1919. A Sra. Cohen ficou viúva e decidiu retornar para permanecer na Sede Central e trouxe Smart com ela[252]. Ele dividia seu tempo entre os dois quartos, da Sra. Cohen e da Sra. Augusta Foss Heindel. Ele sempre permaneceu fiel à sua primeira dona, principalmente depois de uma experiência que ele teve quando a Sra. Cohen ficou umas semanas fora. Um vizinho tinha um buldogue muito agressivo que ficava acorrentado em seu quintal e onde Smart o atacou para pegar um pouco de ração. Após essa briga com o animal maior o Smart saiu muito machucado, e foi levado como uma massa sangrenta para o quarto da Sra. Augusta Foss Heindel. Uma enfermeira que estava de visita ajudou a cuidar dos ferimentos do pobre coitado, e enfaixar sua pata traseira quebrada. Depois disso a Sra. Augusta Foss Heindel cuidou dele; ele até podia ficar num cesto ao lado da cama dela durante a noite. Numa manhã ele estava andando sobre duas patas pelo quarto dela e foi engraçado de ver. Em pouco tempo ele ficou bom de novo. Smart ainda ficou alguns anos com eles e de repente sumiu.
Em novembro de 1919 mais um livro foi publicado. Foi a nova edição do livrinho: Astrologia Científica Simplificada.
A terra que foi comprada por Heindel consistia em 40 acres, aproximadamente 16 hectares, mas não chegava até a rodovia. Por volta de 1920 veio um novo fazendeiro como vizinho, que estava com problemas financeiros. Ele vendeu um pedaço de suas terras à Fraternidade que ficava exatamente entre rodovia e a Fraternidade. Assim a Fraternidade ganhou uma estrada diretamente até a ‘Highway to the Stars’, que vai até o famoso observatório Mount Palomar.
Após a compra deste pedaço de terra, alguns membros do conselho insistiram com a Sra. Augusta Foss Heindel para passar os 16 hectares que estavam no nome dela para o nome da Fraternidade. Mesmo o advogado desaconselhando, ela consentiu.
Em maio de 1920, Max Heindel apareceu para sua esposa e disse que, conforme solicitado pelo Mestre, era tempo de construir a Ecclesia ou Templo[253]. Enquanto Max Heindel vivia, alguns estudantes já haviam iniciado um fundo para a construção do Templo. Contudo, após juntarem alguns mil dólares, a maioria parou de contribuir. Quando em maio foi anunciado esta mensagem, o dinheiro começou a fluir de novo. Com isto o Sr. Lester Cramer, um arquiteto de Nova York, foi convidado a vir para Oceanside. Alguns anos antes ele também já havia estado em Mount Ecclesia e havia feito o desenho para o Templo, conforme indicações de Max Heindel.
No dia 29 de junho de 1920, numa quinta-feira bem cedo pela manhã, as pessoas começaram a chegar de carro de San Diego, Los Angeles e até da longínqua Sacramento. Alguns convidados já haviam chegado domingo e segunda-feira. Como não havia moradia suficiente, eles foram colocados em barracas.
No total eram 65 pessoas que, às 11:45 horas, se juntaram no ‘Ecclesia Point’ para inaugurar o terreno do Templo. Após cantar o hino de abertura, a Sra. Augusta Foss Heindel deu uma pequena introdução, dando ênfase a este sagrado passo.
Exatamente às 12:00 horas a Sra. Augusta Foss Heindel, os Discípulos, Probacionistas e Estudantes retiraram, cada um, uma pá de terra do local.
Após esta cerimônia a Sra. Augusta Foss Heindel falou sobre a construção do Templo de Cura que deveria ser construído em volta do Templo Simbólico, a Ecclesia.
As semanas que seguiram a inauguração do terreno foram de intensa atividade cavando buracos, preenchendo com concreto – misturando cimento, pedras, areia e água – até fazerem a fundação. Quase um mês depois, no dia do aniversário de Max Heindel, dia 23 de julho, exatamente ao meio dia, colocaram a pedra fundamental do Templo. Max Heindel já tinha feito a pedra no dia 26 de novembro de 1914. Na pedra foi colocada uma caixa com dizeres da Fraternidade. A Sra. Augusta Foss Heindel proferiu as seguintes palavras:
“Amigos, hoje estamos reunidos para dar continuidade ao que nosso querido líder, Max Heindel, começou no dia 26 de novembro de 1914. Naquele momento nos reunimos para fazer a pedra fundamental que hoje colocamos no lugar. O Templo é um símbolo físico que, quando nós entrarmos nele, nos dará um exemplo do que nós, como construtores do Templo Divino, tentamos alcançar. Nós conhecemos o uso simbólico do instrumento de construção. O pedreiro é descrito como aquele que mistura o cimento, coloca os tijolos e trabalha com as ferramentas que são de sua profissão. Dessa forma o prédio se constrói.
Nós também somos pedreiros (phree messen), usando outro material. Nós construímos com o material que os Irmãos Maiores nos fornecem e que nós acabamos de colocar nesta caixa, a gloriosa mensagem que nos foi passada pelos Irmãos Maiores por meio desse grande espírito cujo aniversário homenageamos hoje: nasceu em 23 de julho de 1865 e que era predestinado a dar uma visão mais ampla ao mundo, e que jamais foi transmitida anteriormente, dos ensinamentos de Cristo. Uma religião que será a pedra angular da nova raça que surgirá na Era de Aquário. Esse mensageiro nos contou que este será o último Templo Físico a ser construído sob orientação dos Irmãos Maiores.
A humanidade irá chegar a um estado de desenvolvimento, e, agora, está trabalhando com o objetivo de alcançá-lo, para que possa adorar no Templo verdadeiro: o Templo de Deus, não feito por mãos humanas, eterno nos Céus, que não foi feito com pedras, tijolos e argamassa, mas de corações amorosos, e com a sublimação de nossas naturezas inferiores para sermos pedras vivas.
É um privilégio ser um dos trabalhadores, ser uma das pedras vivas, escolhidos a obedecer aos últimos mandamentos do Cristo: ‘Pregar o Evangelho e curar os enfermos’. Este último mandamento já foi esquecido pela humanidade a muitos, muitos anos. Nós anunciamos o Evangelho, mas fizemos [com isto] apenas a primeira parte do mandamento que Ele deu a seus Discípulos. Na Igreja fracassamos em curar os enfermos. Havia uma divisão entre a ciência e a religião. Esta divisão originou o materialismo atual. Restabelecer esta divisão, a reaproximação da ciência com a religião é o que nós, trabalhadores e seguidores dos ensinamentos da Fraternidade Rosacruz, tentamos colocar em prática. Nós colocamos a pedra angular de um enorme e futuro trabalho. Os poucos de nós que agora aqui estão mal percebem o que isto vai significar para a humanidade. Muitos anos após nós termos abandonado estes corpos mortais, o conteúdo desta caixa continuará existindo. As vibrações que serão construídas junto com este prédio serão sentidas até os confins do mundo.
Dizem que quando Salomão construiu o Templo de Jerusalém, as vibrações de toda a cidade se purificaram e mudaram. Nós estamos nas mãos de Saturno, num ambiente cristalizado. Para nós era importante aprendermos nossas lições, porque nos encontramos neste mundo cristalizado e, portanto, necessitamos usar de cimento visível. Contudo, com este trabalho atingimos um estado onde será inútil lutarmos por mais tempo, pois o fundamento está colocado. Hoje colocamos esta pedra fundamental, que com seu conteúdo permanecerá intacto por muitos anos.
Amigos, vamos sair hoje daqui, novamente imbuídos de nos tornarmos instrumentos mais puros, melhores e limpos, onde possamos transmitir os Ensinamentos dos Rosacruzes ao mundo.
Nós estamos aqui, porque fomos escolhidos neste imenso trabalho de Cristo. Estamos aqui para prepararmos este Templo Invisível, usando o Templo visível apenas como instrumento de trabalho. Nós ainda não deixamos nossos corpos físicos, mas estamos nos preparando para encontrar o Cristo. Porque Ele prometeu que em seu retorno ‘Iremos encontrá-lo no Céu’. O que isto significa? Que precisamos preparar o ‘Traje Dourado de Bodas’, o Corpo-Alma onde todos nós possamos encontrar o Cristo em seu retorno.
Amigos, vamos cada um com uma pá cobrir esta pedra de cimento, com uma prece de agradecimento e pedir por forças, pureza e conhecimento para que possamos ser instrumentos para dar continuidade neste trabalho e podermos divulgar ao mundo a mensagem da Fraternidade, sabendo que Cristo é a verdadeira Pedra Angular”[254].
Rollo Smith também estava, novamente, presente na construção do Templo. Durante a construção as doações eram frequentes, o que garantia que os salários dos pedreiros fossem pagos à vista; conclusão: o trabalho fluiu rapidamente. O objetivo era terminar o templo antes do início do segundo decênio [18 de abril de 1920].
Para alojar os trabalhadores extras, compraram barracas de exército. Neles foram colocados pisos de madeira para que pudessem ser habitados durante todo o inverno.
Também foram ministrados cursos: Sra. Arline D. Cramer dava aulas da Filosofia Rosacruz e Sra. Margaret Wolff curso de Astrodiagnose. Também havia aulas de Astrologia e Expressão.
No Echoes de novembro está escrito que 5500 exemplares do Conceito Rosacruz do Cosmos, 5000 exemplares de Astrologia Científica Simplificada e 4000 exemplares de A teia do Destino foram impressos e encadernados.
As lições mensais que Max Heindel havia enviado aos estudantes, também, foram impressos em forma de livro, com os títulos: A Teia do Destino e Interpretação Mística do Natal, enquanto que o Livro Maçonaria e Catolicismo estava pronto para ser impresso.
Financeiramente, 1920 foi um ano difícil, pois em comparação a 1918 os preços triplicaram. Em 1918, por exemplo, a capa de um livro custava 7 centavos de dólar e uma resma de papel 11³/4 de centavos; e em 1920 a capa do livro custava 20 centavos e uma resma de papel 31¹/4 de centavos.
No dia 24 de dezembro os Discípulos e Probacionistas se reuniram no Templo às 22:30 horas para a inauguração do Templo e o Ritual da Lua Cheia. Depois disto o coral cantou, às 23:45 horas, ‘Venham todos reunidos’ enquanto os membros e visitantes saíam da Pro Ecclesia em direção ao Templo.
A Sra. Frances Ray tocou no pequeno harmônio[255] – pois não havia dinheiro para comprar um órgão grande – Parsifal, ‘a Marcha dos Cavaleiros do Graal’. Depois as pessoas cantaram ‘Noite Feliz’ com as palavras que Max Heindel colocou nesta melodia, onde se seguiu a história bíblica desta noite. Durante a leitura foram mostrados slides por cima do harmônio, em sua maioria reproduções dos grandes mestres. Depois a Sra. Louise D´Artell cantou com uma voz linda de contralto[256] ‘Abram as portas do Templo’. Logo após a Sra. Augusta Foss Heindel falou sobre o objetivo do trabalho e a necessidade de envolvimento pessoal; seguida por uma maravilhosa seleção musical na flauta pelo Sr. Moro, onde todos se prepararam para a prece silenciosa que foi acompanhada pelo solo na cítara de Eugene Miller. Depois disto todos cantaram ‘Oh, pequena cidade de Belém’, seguido da palavra de fechamento da Sra. Augusta Foss Heindel e as pessoas se retiraram em silêncio, enquanto a organista tocava suavemente.
O Templo ainda não estava inteiramente pronto, porque a encomenda das janelas, que já havia sido feita em setembro, ainda não tinha sido entregue. Contudo, chegou alguns dias após o Natal. Então foram colocados os lindos vitrais, e também a iluminação central de teto.
O Sr. Camille Lambert, um artista de Lille, França, enviou doze quadros a óleo para Mount Ecclesia para serem colocadas nas doze paredes acima dos vitrais. Estes quadros representam os doze Signos do Zodíaco. O Signo de Leão, que foi colocado acima do Altar, é um maravilhoso nascer do Sol com um esplêndido e pacífico leão que está deitado vigiando atentamente. Touro tem um lindo touro numa pastagem com árvores a florir na primavera. O Signo de Aquário, o aguadeiro, fica acima da porta de entrada.
Os bancos são de um branco puro. Nas extremidades laterais e no centro está o símbolo de um Signo em dourado. Cada Probacionista ou Discípulo deve se sentar no banco onde marca seu Signo solar. Estes bancos devem manter o mesmo lugar enquanto estiverem dentro do Templo. A grande cadeira de braços, onde a pessoa que vai fazer a leitura se senta, tem acima no encosto, um leão pintado de dourado. O piso é pintado de linóleo verde e o tapete marrom fica no piso do altar.
Alguns homens que ajudaram na construção do Templo ficaram tão entusiasmados com Mount Ecclesia que queriam permanecer lá. Contudo, havia uma falta grande de acomodações, tanto para funcionários como para visitantes, e também não havia dinheiro para construir mais. Havia sobras de madeira das estalagens que foram usadas para fazer o teto da Ecclesia. Por isto foi decidido que na casa “Ecclesia Cottage”, onde primeiramente a família Grell havia morado, iria ser construído mais um andar. O piso e a fundação eram firmes o bastante para tal.
Este andar foi finalizado pelo lado de dentro com painéis de madeira e na parte exterior com telhas que cobriam a maioria das tábuas reutilizadas. Depois ligaram o encanamento da água e assim esta casa tinha, no andar de baixo, seis quartos para os cavalheiros e no andar de cima sete quartos para as damas.
Nesse meio tempo o trabalho continuava, mas um ponto fraco que permanecia eram as acomodações. Como os funcionários aumentavam em número e a quantidade de visitantes, também, aumentava constantemente, precisava ser feito alguma coisa para fornecer a estas pessoas uma acomodação decente. Novamente foi solicitado o auxílio do Sr. Lester A. Cramer, que desenvolveu um alojamento moderno com vinte quartos, dos quais oito tinham banheira no quarto. A construção de um prédio assim demandava altos custos e, também, existia o medo de não se conseguir finalizar a obra. Felizmente o banco de Oceanside estava disposto a emprestar US$ 7.000,00, que foram liquidados em dois anos.
Em julho de 1922, a Sra. Maria Lange, de Los Angeles, faleceu com a idade de sessenta e oito anos. Devido a sua saúde ela tinha se mudado para Mount Ecclesia no início de 1920, onde permaneceu até falecer; ela trabalhava nas atividades domésticas[257].
Na quinta-feira, dia 7 de agosto de 1923 às 16:24 horas, foi inaugurado o terreno ao lado do Ecclesia Cottage. O Prédio – de princípio denominado ‘dormitório’, depois Guest Hall e por fim Rose Cross Lodge – foi construído de forma simples, ‘estilo missionário’ e tinha as medidas de 10,67 por 25 metros. Tinha um andar superior e foi feito com tijolos vazados que foram rebocados do lado de dentro e de fora. O custo total foi de US$ 15.000,00. No primeiro andar foi construído uma marquise, que por causa do tamanho serviria como sala de reunião para os encontros. Antes disso o refeitório era utilizado para este fim, mas parecia atrapalhar aqueles que trabalhavam na cozinha.
Neste período Mount Ecclesia recebia a eletricidade, gás e água da ‘San Diego Gas and Electric Company’ e as dificuldades neste setor ficaram para sempre no passado. Também o fornecedor de gelo, o verdureiro e padeiro estavam dispostos a entregar os produtos em Mount Ecclesia. Uma outra melhoria foi a estrada que, da Rodovia, vinha até a Sede Central.
Neste mesmo ano de 1923, o vizinho do lado leste do terreno vendeu alguns pedaços de terra. Para proteger Mount Ecclesia daquele lado, de outros vizinhos, conseguiram comprar, por um preço bem baixo, um lindo bosque de eucaliptos com o tamanho de 4 acres e meio.
No mesmo tempo foi construído do lado nordeste do Templo uma casa-germinada, cada uma com três quartos e uma garagem embaixo. Ganhou o nome de ‘Temple Cottage’ e era destinada aos casais: Swigart e Wilson. O Sr. Swigart e sua esposa Perl vinham de Yakima, Washington. Ele se tornou diretor geral, enquanto sua esposa ajudava no setor de cura.
Alguns meses antes o Sr. e Sra. Wilson chegaram. Harry Wilson, no setor financeiro, e Vera como secretária central. Após o falecimento do Sr. Swigart, em 1929, ele foi substituído pelo Sr. Wilson, que faleceu em 1939.
Em 1923, a Sra. Lida West, membro do Centro de Long Beach, começou a transcrever todos os livros da Fraternidade para o Braille, que foi oferecida de forma gratuita para os cegos e deficientes visuais dos Estados Unidos da América.
Em 1924, foi comprado uma nova impressora. Era uma impressora Stonemetz, com a finalidade especial de imprimir o Rays from the Rose Cross.
Também, em 1924, o Sr. Charles D. Cooper escreveu para a Sede Central uma carta onde incluía um cheque no valor de US$ 100,00, com o objetivo de comprar um órgão de tubos para o Templo. A chegada desta carta foi anunciada na revista de novembro, com a solicitação do mesmo para que os membros e amigos se juntassem a este projeto.
Um ano depois, em setembro de 1925, a Sra. Augusta Foss Heindel foi para vinte grandes cidades ao norte, leste e oeste, para dar cursos e Palestras. Pouco antes de sua partida, Max Heindel apareceu para ela e disse que assim que fosse financeiramente possível precisavam começar a construção de uma escola infantil, para que fosse inaugurada antes de 1930[258].
Em 1925, aumentou mais um pouco o terreno de Mount Ecclesia. Este se ligava ao pedaço adquirido em 1923, do bosque de eucaliptos. Neste mesmo ano foi montado – devido a intenso pedido – um curso complementar de 14 lições dos Ensinamentos Rosacruzes; alguns anos depois ainda foram acrescidos mais 7 lições neste curso.
Alguns anos antes já haviam iniciada a impressão das lições que, mensalmente, Max Heindel enviava aos estudantes. Estas lições foram compiladas em cinco livros diferentes, a saber: A Teia do Destino [1920]; Ensinamentos de um Iniciado [1927]; Coletâneas de um Místico [1922]; Os Mistérios das Grandes Óperas [1921]; Maçonaria e Catolicismo [1914], e uma brochura: A Interpretação Mística do Natal [1920].
Na revista de janeiro de 1926 foi anunciado que o Livro Cartas aos Estudantes também iria ser publicado no formato de livro, enquanto uma brochura de 24 páginas, das mãos da Sra. Augusta Foss Heindel, chamado: Evolução no ponto de vista Rosacruz, também publicado.
Na primavera de 1926 o Sr. E. W. Ogden doou à Sede Central um canteiro de cactos que foi comprado por ele e o Sr. Charles Swigard, em Pasadena.
Devido ao fato do Sr. Heindel ter aparecido para sua esposa em agosto de 1925 com a solicitação de que a Escola infantil fosse construída assim que fosse financeiramente possível, ela procurou os meios para conseguir isto[259]. Uma doação do casal J. C. Jenssen fez com que a construção fosse possível. Em setembro de 1926 a Escola Infantil foi inaugurada e oferecia lugar para vinte crianças entre a idade de quatro e sete anos. No início havia tanto interesse, que foi feita uma lista de espera, mas depois, quando no início da década de trinta chegou a crise, o interesse diminuiu; por este motivo a Escola foi fechada em 31 de março de 1931. Pouco depois da inauguração da escola a Sra. Augusta Foss Heindel partiu por dez meses, até 21 de julho de 1927, para dar cursos e palestras em diversos centros da América do Norte.
Na primavera de 1927 foram construídas duas casinhas para acomodar estudantes que vinham para Mount Ecclesia durante a Escola de Verão, oferecendo acomodação mais barata que na Rose Cross Lodge. Essas casinhas foram construídas ao longo de uma estradinha lateral que saía da Ecclesia Drive e circundava o jardim. Naquele tempo tinham incluindo as construções grandes e pequenas, construídas desde a inauguração, um total de trinta e dois prédios.
Um dos membros, o Sr. J. C. Stroebel, diretor da Estação de Rádio W. W. V. A. em West Virginia, ofereceu, na primavera de 1928, um tempo gratuito para a Fraternidade, para dar conhecimento aos ensinamentos em escala maior. O Presidente do Centro de Nova York, o Sr. Theodore Heline, deu uma apresentação na rádio do dia 15 a 19 de abril às 12:00 horas e às 19:30 horas. Era o mesmo Heline que depois se casou com uma membra da Fraternidade Rosacruz: Corinne Smith Dunklee[260]. Durante a vida de Max Heindel essa jovem senhora escreveu lindos artigos bíblicos. Por conselho de Max Heindel ela escreveu, mais tarde, com ajuda do marido, um curso bíblico sistemático em formato de livro[261].
No dia 23 de julho de 1965, em homenagem ao centenário do nascimento de Max Heindel, foi feito um banquete em Mount Ecclesia, onde a Sra. Heline fez uma homenagem a Max Heindel. Aqui segue a maior parte de seu discurso: “Prezados amigos, meu coração canta porque posso estar com vocês aqui hoje neste evento e posso fazer minha pequena homenagem ao nosso querido Max Heindel. Eu quero contar a vocês sobre o primeiro dia que estive com esse homem maravilhoso. Para contar isso preciso brevemente contar a minha história. Talvez vocês já desconfiaram que, devido ao meu sotaque, nasci no interior do Sul e sempre vivi lá. Eu era filha única e em minha juventude adorava a minha querida mãe. Ela sempre foi a minha fada-princesa. Ela era muito fraca e eu sempre tive medo de perdê-la um dia. Por isto eu tomei a decisão que se ela se fosse, eu tiraria a minha vida e a seguiria. Vocês entendem que eu não sabia nada sobre Renascimento e da Lei de Causa e Consequência. Eu procurava por respostas as perguntas que não sabia formular. Eu não sabia exatamente o que estava procurando e, portanto, não tinha a menor ideia de onde encontrar a resposta. Como vocês sabem o Sul é muito ortodoxo e conservador. Contudo, eu sabia que em algum lugar encontraria respostas mais corretas sobre as perguntas da vida e morte, do que a ortodoxia me dava, e estava convencida a encontrar estas respostas. Neste meio tempo minha mãe foi ficando cada vez mais fraca e eu tinha um medo constante de perdê-la. Alguns meses antes da sua última doença uma amiga me ligou e contou que havia encontrado um novo livro maravilhoso e estava convencida que era exatamente o que eu estava procurando todo esse tempo. Naquela mesma tarde fui à casa dela, e como vocês devem desconfiar, o livro era ‘O Conceito Rosacruz do Cosmos’.
Quando vi a imagem da Rosacruz na capa e li que nós mesmos, pela nossa vida pessoal, devemos aprender a transformar a rosa vermelha em branca, eu sabia que finalmente havia encontrado a mim mesma. Naquela noite, antes de ir dormir, a encomenda para este livro maravilhoso estava na caixa do correio, a caminho de Oceanside. Contei os dias para a chegada da encomenda e justamente neste período o médico veio dizer que minha mãe deveria fazer uma operação muito perigosa. Por isto eu vivia todos os dias com este livro. Eu dormia com ele embaixo do meu travesseiro, pois este livro parecia ser o único consolo que eu encontrava nesta vida.
Após a cirurgia o médico me contou que não havia mais esperança; que ela viveria mais alguns meses.
Eu permaneci fiel a meu livro. Então veio num certo dia um pensamento estranho em minha cabeça. Eu deveria tirar a minha vida e seguir a minha mãe, como eu havia planejado todos esses anos, ou deveria ir para Oceanside e dedicar a minha vida aos ensinamentos de Max Heindel? A pergunta já continha sua resposta. Eu tomei a decisão e dez dias após o falecimento da minha mãe eu tomei o trem, ‘O Conceito Rosacruz do Cosmos’ embaixo do meu braço, a caminho da Califórnia e de Max Heindel. Ele parecia ser o único consolo na face da terra para a minha tristeza.
Oh! Eu gostaria de descrevê-lo de forma justa de como eu o vi naquele primeiro dia aqui em Mount Ecclesia. Ele veio de braços abertos em minha direção e seu rosto atraente estava iluminado de ternura, simpatia e compaixão. Vocês devem saber que eu nunca havia tido contato pessoal com ele. Eu só o conhecia através do seu livro. Vocês conseguem entender minha surpresa e perplexidade quando ele pegou minhas mãos e ternamente disse: ‘Minha criança, estive muitas vezes com você, tanto durante o dia quanto à noite, durante esta prova tão difícil que você acabou de deixar para trás. Eu sabia que quando terminasse, você viria até mim. De agora em diante você sempre trabalhará neste meu projeto’.
Isto, amigos, foi um dia muito importante na minha vida. Este foi o dia que me entreguei inteiramente à vida espiritual e ao Ensinamento Rosacruz. Era meu direito conhecer este homem tão sábio e ser instruída sob sua liderança. Eu sempre considerei estes cinco anos como os mais bonitos e espiritualmente frutíferos anos da minha vida. Eu gostaria de estar em condições de descrever este homem maravilhoso, como eu o conheci. Quando penso em suas qualidades admiráveis; a qualidade que eu mais admirava nele era sua total humildade. Enquanto ele sempre, onde possível, queria ajudar e ser útil, ele sempre manteve a pessoa de Max Heindel apagada. Enquanto eu observava esta sua total dedicação a uma vida simples, eu pensava muito nas palavras de Cristo: ‘De mim mesmo eu nada sou; é o Pai que faz as obras! ’.
Queridos amigos, eu acredito que Max Heindel demonstrava a simbiose perfeita do místico e do prático. As tarefas menos importantes e mais simples ele realizava com tanto entusiasmo e alegria. Se fosse necessário ele descia e ia até no estábulo para ordenhar a vaca; porque, como vocês sabem, nós tínhamos naquele tempo em Mount Ecclesia somente um estábulo e uma vaca. Ele colhia o mel, porque nós tínhamos abelhas. Ele subia nos postes de telefone para consertar um fio quebrado. Ele plantava flores no jardim, tirava ervas daninhas e buscava as verduras. Ele fazia todas as coisas simples com a mesma atenção e espírito do que quando ia para o escritório, a sala de aula ou suas Palestras, para lá partilhar sua sabedoria. Ou talvez quando ia ao encontro de seu Mestre que o orientava em seu grande trabalho.
Normalmente era seu hábito aos sábados à noite ir à biblioteca para ter um encontro de “Perguntas e Respostas”. Lá tinha uma mesa enorme que ocupava toda a largura da sala e os estudantes se amontoavam naquela mesa, com Max Heindel, em pé em frente, respondendo às perguntas. Cada estudante podia fazer uma pergunta e devia ser por escrito. Então, Max Heindel juntava as perguntas e ia respondendo uma por uma. Por observá-lo atentamente me parecia que ele sempre sabia intuitivamente quem havia feito a pergunta e ele falava diretamente para a pessoa que havia feito a pergunta. No período que eu participei desses encontros maravilhosos ele nunca fez um erro quanto a identificação da identidade de quem fez a pergunta. Ele era sempre cuidadoso e atencioso para nunca ir a pergunta seguinte sem ter certeza que aquele que fez a pergunta estava totalmente satisfeito com a resposta. Foi durante um desses encontros esclarecedores, que eu percebi, pela primeira vez, a importância que as cores e a música iriam tomar no mundo, para preparar a chegada da nova Era. Max Heindel havia anunciado que estes encontros de perguntas e respostas iriam durar uma hora. Esta hora se estendia muitas vezes para duas, duas e meia, às vezes, três horas. Eram horas tão estimulantes, que parecia que o tempo voava.
Amigos, eu gostaria de poder dizer a vocês o que Mount Ecclesia significava para Max Heindel, do jeito que eu o conheci. Quanto ele amava este lugar. Ele conhecia o destino que estava planejado para seu trabalho. Em seu tempo havia um banco embaixo do Emblema Rosacruz iluminado. Era seu costume ir lá todas as noites antes de se deitar, ficar sentado lá por alguns minutos ou uma hora em meditação ou oração, espalhando amor e bênçãos e agradecendo este solo sagrado, e a todos que aqui moravam e tão fielmente cumpriam seu trabalho.
Eu gostaria de poder descrever o alívio em seu iluminado rosto quando ele olhava com tanta dedicação e admiração para o Emblema Rosacruz iluminado, que significava tanto para ele. Nunca o incomodava o fato de nos contar as coisas maravilhosas que estão predestinadas à Mount Ecclesia.
Muitas vezes ele falava da panaceia, da qual os Irmãos da Rosacruz são os guardiões da fórmula, que discípulos merecedores poderão utilizar para curar e confortar muitos que virão do mundo todo para este local.
Ele nos contava sobre seu sonho de um lindo teatro Grego, em pensamento construído no vale abaixo da Capela, onde poderão ser apresentadas obras com mensagens espirituais e verdades ocultas como as grandes obras de Shakespeare e outros inspiradores clássicos.
Ele também via o tempo em que Mount Ecclesia teria sua própria orquestra, de estudantes que ficariam aqui. E que neste mesmo teatro iriam apresentar obras dos mestres compositores, em especial Beethoven e Wagner, pois ele sabia que eram grandes Iniciados musicais. Ele também falou que aqui teriam aulas de Iniciação Musical.
Max Heindel gostava de falar dos Irmãos Maiores e de como eles, estudando a Memória da Natureza, podiam ver séculos atrás e ver como era o mundo. Foi por esta razão, como vocês sabem, que O Conceito Rosacruz do Cosmos foi divulgado”[262].
Em 1928 o harmônio, que era o órgão utilizado no Templo, estava difícil de ser tocado, por estar muito velho. O assim chamado ‘fundo do órgão’, que foi iniciado pelo Sr. Charles D. Cooper em novembro de 1924, tinha US$ 3.800,00, e, portanto, foi decidido comprar outro órgão com este dinheiro. No início de março foi comprado por US$ 4.000,00, em Santa Monica, na “Artcraft Organ Co.” um órgão, que o organista Francis Ray indicou. Demorou quatro semanas para o órgão ser montado no local e na Sexta-feira Santa, dia 6 de abril de 1928, o órgão estava pronto para ser inaugurado.
Em agosto de 1928 surgiu o livro ‘Astrodiagnose, um guia para a Cura’ escrito por Max Heindel e sua esposa. Max Heindel também foi mencionado nesta obra como autor, porque o livro foi escrito baseado em material diagnosticado por ele. Sua esposa preencheu apenas com o conhecimento dela do horóscopo, que ela utilizava para este fim. O ‘Conceito Rosacruz do Cosmos’, que logo após seu surgimento já extrapolou as divisas dos Estados Unidos da América foi, ao correr dos anos, traduzido para vários idiomas, assim como outras obras da Fraternidade. Isto teve como consequência que em Mount Ecclesia chegavam com frequência solicitações de cursos por escrito tanto da Filosofia quanto de Astrologia na língua do solicitante. Por este motivo foram contratadas secretárias internacionais e em 1925 eram cinco: duas espanholas, uma holandesa, uma alemã e uma francesa.
[1] N.T.: Boston, EUA
[2] N.T.: Trecho dos primeiros 4 capítulos do Livro Maçonaria e Catolicismo de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz
[3] N.T.: Mt 13:55 e Mc 6:3 – tekton na Bíblia é traduzido como carpinteiro.
[4] Essa conclusão foi tirada do Assertio Fraternitatis R.C. quam Rosae vocant a quodam fraternitatis eius sócio carmine expressa, assinado por B.M.I. Frankfurt 1.614, dados que aparecem nas anotações de Max Heindel e pesquisa própria.
[5] N.T.: Fraternidade Rosacruz em Oceanside, Califórnia, chamado Mount Ecclesia.
[6] N.T.: Max Heindel – Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas Vol. 2 – Pergunta nº 134
[7] N.T.: Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel – Cap. XIX.
[8] N.T.: Do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – “O Cristão Rosacruz” – Max Heindel
[9] N.T.: Do Diagrama 2 do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel
[10] Todas as informações são de Walter Hagen, “Magister Simon Studion”, em Max Miller e Robert Uhland – Schwabische debensbiderband 6, Stuttgart 1.957, pág. 86-100.
[11] A interdição do acesso às ordens sacerdotais a quem tenha certos defeitos físicos é comum tanto às principais Igrejas Cristãs como à Maçonaria. As antigas Constituições desta última, em língua francesa, enumeram os sete interditos da letra B, ou as sete categorias de pessoas que não são passíveis de Iniciação: (1) Gago; (2) Bastardo; (3) Zarolho; (4) Estrábico; (5) Coxo; (6) Corcunda; (7) Libertino, devasso.
[12] N.T.: Veja os Livros: Filosofia Rosacruz Perguntas e Respostas – Volume 1 – Pergunta nº 126 e Conceito Rosacruz do Cosmos – Cap. XIX.
[13] A.A. Santing. “De historische Rozenkruisers en hun verband met de vrymetselary” (NT: A história dos Rosacruzes e sua relação com a Maçonaria) uma revista trimestral de 5 de abril de 1930 até 1932. Depois impresso em forma de livro com o título: De historische Rozenkruisers per A.A. W Santing, Amsterdam sem ano pág. 108.
[14] Para uma visão completa daquele tempo veja: Die Utopie einer Christlichen Gesellschaft; Johann Valentin Andreae (1586-1654) parte 1. Stuttgart – Bad Canmstatt 1978, pág. 15-22. Também G.H.S. Snoek. De Rosenkruisers in Nederland; principalmente no início do século 17, pág. 5-8.
[15] Gilly, Carlos. Adam Haslmayr; Der erste Verkunder der Manifeste der Resenkreuze (NT: o primeiro manifesto dos Rosacruzes conhecido), Amsterdam: em de Pelikaan, 1994, pág. 32. Ver também: Cimelia Rodostanrotica; Der Rosenkreuzer im Spiegelder zwischen 1610 und 1660 enstandenen Handschriften und Drucke, catálogo de uma exposição da Biblioteca Philosophica Hermetica, Amsterdam e a Duke August Library in Wolfenbuttel: em de Pelikaan, 1995. Isso foi arranjado por Dr. Carlos Gilly, bibliotecário da primeira biblioteca mencionada, que desde 1985 trabalha numa “Bibliografia dos Rosacruzes”, multipartida, que compreenderá cerca de 1700 títulos, e este catálogo pode ser considerado o seu precursor.
[16] O próprio Haslmayr diz que no seu quinquagésimo aniversário ele se tornou presidiário do Presídio de St. Georgii. Isto foi no dia 31 de outubro de 1612, portanto, ele nasceu no dia 31/10/1562, conforme o calendário Juliano, o sistema antigo. Veja Gilly, Cimelia Rhodostaurotica, pág. 34. Conforme o novo sistema, o Calendário Gregoriano, o sistema atual era 10 dias depois, portanto, em 10 de novembro de 1562. A Áustria começou a utilizar o novo sistema por volta de 1584. Veja C.C. de Glopper-Zijderland, In tijd gemeten; Inleiding tot de chronologie (NT: A medição do tempo; Prefácio até cronologia), Den Haag 1999, pág. 17.
[17] Estas informações adicionais são de Schneider, Walter. “Der Schlern”, I. Innsbruck, 1996, Adam Haslmayr, ein Bozener Schulmeister, Musiker und Theosoph, PP. 42-51.
[18] Britisch Museum, London NR 19 JY 62
[19] J. Siebmachers großes und allgemeines Wappenbuch, IV, 5, rewritten by A. von Starkenfels, Nuremberg: 1904, pág. 105.
[20] N.T.: A arte espagiria significa: arte hermética, alquimia, arte de separar e unificar.
[21] Veja uma biografia curta em: Paulus, Julian “Alchemie und Paracelsus um 1600, Siebzig Portrats” em Telle, Joachim. Analecta Paracelsica, Stuttgart: Franz Steiner, 1994, PP. 335-342. Ainda: Hoppe, Gunther. “Zwischen Ausburg und Anhalt. Der rosenkreuzerische Briefwechsel dês Augsburger Stadtarztes Carl Wiedemann mit dem Plotzkauer Fursten August Von Anhalt” in Historische Verein fur Schwaben, Band 90, Augsburg 1997, pp. 125-157.
[22] N.T.: A abominação da devastada raça humana
[23] Antwort an die lobwurdige Bruderschafft der Theosophen Von Rosen Creutz N.N. von Adam Haslmayr – Resposta muito apreciada à Fraternidade de Teosóficos dos Rosacruzes.
[24] Gilly, Adam Haslmayr. Pág. 60
[25] Gilly, Adam Haslmayr. Pág. 34
[26] Gilly, Adam Haslmayr. Pág. 159
[27] Biblioteca Universitária Salzburg, MS MI 463, pág. 1-35, numa coletânea de informações R.C. das antigas possessões do advogado Christoph Besold. Como dito acima, infelizmente, faltam algumas páginas do manuscrito que, comparados com a primeira impressão da versão do Fama de 1615 de Kassel, correspondem às págs. 8 (parcialmente), 9-12 e 13 (parcialmente) e 33 (parcialmente) até 38 (parcialmente). Este texto contém frases e a forma correta de se escrever algumas palavras, conforme Gilly, Johann Valentim Andreae 1586-1986, catálogo de uma apresentação na Biblioteca Philosophica Hermetica, Amsterdam 1986, pág. 25-29. Veja, também, Pleun van der Kooij, Fama Fraternitatis. Het oudste manifest der Rozenkruisers Broderschap, bewerkt aan de hand van teruggevonden manuscripten, ontstaan voor 1614 (NT: o manifesto mais antigo da Fraternidade Rosacruz, trabalhado conforme manuscritos antigos encontrados e escritos antes de 1614), Haarlem 1998, pág. 11.
[28] Veja Julian Paulus, “Alchemie und Paracelsismus um 1600, Siebzig Portrats” in Joachim Telle, Analecta Paracelsica, Stuttgart 1994, pag 364. Também: Gilly, Cimelia Rhodostaurotica, pag 46-47. Também: Richard van Dulmen, Die Utopie einer christlichen Gesellschaft, Johann Valentin Andreae (1586-1654), Stuttgart-Bad Cannstatt 1978, pag 56-58. E Pleun van der Kooij, Fama Fraternitatis, pag 19. A Igreja Católica Romana no Sul da Alemanha começou a seguir o calendário Gregoriano à partir de 14/11/1583. O novo sistema ou calendário atual. Os protestantes somente em 15/11/1699. Hess, Andreae e Mogling eram luteranos. As datas do século 16 e 17 devem ser considerados 10 dias depois. Para evitar confusões todas as datas foram transpostas para o calendário atual.
[29] O 20º domingo da trindade é o 20º domingo após Pentecostes e coincide com 11 de outubro (respectivamente 21 de outubro no sistema atual) veja C.C. de Glopper-Zuiderland, In tijd gemeten (N.T.: Medindo no tempo), pág. 66-72.
[30] Julian Paulus, Alchemie und Paracelsismus um 1600, pag. 364 fala “funf sohne und funf tochter” (N.T.: cinco filhos e cinco filhas), portanto, 10 crianças. Aqui ele cita a certidão de óbito de Tobias Hess. Contudo, numa página do arquivo da Biblioteca Universitária de Tubingen que me foi fornecida pelo Dr. Gilly em 9/1/2000 com a constituição familiar de Hess, são citados 12 filhos com nome e datas de nascimento e falecimento, 6 rapazes e 6 garotas.
[31] Hans Schick, Die Geheime Geschichte der Rosenkreuzer, Ansata-Verlag, Schwarzenburg, Suíça 1980, pág. 107. É uma tese defendida em Estrasburgo em março de 1942, publicado em Berlim com o título Das altere Rosenkreuzertum; ein Beitrag zur Entstehungsgeschichte der Freimaurerei. Em 1984 apareceu uma edição fac-símile em Bremen-Huchting. Veja também, Utopie einer christlichen Gesellschafft pág. 56-59 e Paulus, Alchemie und Paracelsismus um 1600, pág. 364.
[32] N.T.: Quiliasmo: o mesmo que “milenarismo”. É a crença de que haverá no futuro, de acordo com o Apocalipse, um período dourado de 1000 anos que será regido por um governo divino.
[33] Brecht, Martin “Quiliasmus in Wurttenberg im 17, Jahrhundert” In Augsgewahlte Aufsatze, Band 2: Pietismus, Stuttgart: Calwer Verlag 1997, pág. 124 em diante.
[34] Gilly, Cimelia Rhodostaurotica, pág. 1
[35] Max Heindel precisava divulgar o conhecimento da Filosofia Rosacruz dentro do primeiro decênio do século 20. Veja Heindel, Leeringen van een Ingewijde (N.T.: Ensinamentos de um Iniciado), Haarlem 1931, pág. 115, 117.
[36] Fama Fraternitatis R.C., Kassel 1615, in Adolf Santing. De manifesten der Rozenkreusers, Amesfoort 1930, pág. 22, 26 e 29.
[37] Heiner Borggrefe, “Moritz der Gelehrte als Rosenkreuzer und die General-reformation der gantzen Welt” em: Moritz der Gelehrte; Ein Renaissancefurst in Europa. Begleitpublikation aus Anlass der Ausstellung in Lemgo, 1997 und Kassel 1998, pág. 339-344. Heiner Borggrefe, “Die Rosenkreuzer und ihr Umfeld” em: Moritz, etc. pág. 345-356. Bruce Th Moran, “Moritz von Hessen und die Alchemie” em: Moritz etc. pág. 357-360. Heiner Borggrefe, “Alchemie und Medizin” em: Moritz etc. pág. 361-369.
[38] Gilly, Adam Haslmayr. Veja também: Gilly, Cimelia Rhodostaurotica, pág. 30-39. Veja para a biografia de Guaranoni: Anton Dorrer, Franz Grass, Gustav Sauser und Karl Schadelbauer, “Hippolytus Guarinonius (1571-1654). Zur 300 Wiederkehr seines Todestag, Mit 17 Abbildungen” em: Schlern-Schriften, nr. 126, Herausgeber R. Klebelsberg, Innsbruck 1954.
[39] Da mesma forma que ocorreu com Tobias Hess também com Andreae e todas as outras datas foram transpostas para o Calendário Gregoriano, o novo estilo ou calendário atual.
[40] R. van Dulmen, Utopie, pág. 59
[41] N.T.: Casamento químico: Cristian Rosenkreuz. Ano 1459
[42] Veja o Adendo 12, Mapas Natais
[43] R. Kienast, Johann Valentin Amdreae und die vier echten Rosenkreutzer-Schriften, Leipzig 1926, pág. 139-142.
[44] R. Dulmen, Utopie. Pág. 65. Veja para melhor análise de Chymische Hochzeit: Regine Frey-Jaun, Die Berufung dês Turbutters, Zur “Chymische Hochzeit Christiani Rosencreutz” vom Johann Valentin Andreae (1586-1654), Bern 1989 e Heleen M. E. de Jong. ‘The Chymical Wedding in the Tradition of Alchemy’ em Das Erbe dês Christian Rosenkreutz, Johann Vanlentin Andreae 1586-1986 und Manifeste der Rosenkreuzerbruderschaft 1614-1616, Vortrage gehalten anlasslich des Amsterdamer Symposiums 18-20 November 1986, Amsterdam 1988, pág. 115-142.
[45] Em 1781 F. Nicolai de Berlim publicou uma coletânea com o Fama, Confessio e Chymische Hochzeit. ‘Nicolai escreve em seu Versuch uber die Beschuldigungen, welche dem Tempelherrn-Orden gemacht worden, und uber dessen Geheimniss, etc. (Berlim 1782) que Andreae é o autor de Allgemeine Reformation, o Fama e o Chymische Hochzeit e quando em 1799 apareceu a tradução em alemão feita por Seybold do Vita (autobiografia) de Andreae, onde reconhece que foi o autor de Chymische Hochzeit, confirmando assim as suposições de Nicolai. Veja Santing, Historische Rozenkruisers, pág. 95. A partir daí o Chymische Hochzeit também é considerado um manifesto dos Rosacruzes.
[46] Gilly, Cimelia Rhodostaurotica, pág. 49
[47] Tradução em holandês do original em Latim retirado da Biblioteca Philosophica Hermetica de Amsterdam.
[48] Martin Brecht, ‘Recht und Programm eines Reformes zwischen Reformation um Moderne’ em: Ausgewahlte Aufsatze, Band 2, Pietismus, Stuttgart 1979, pág. 47-48 e as notas 44-48 pág. 105: Conforme o livro de Andreae: De Christiani Cosmoxeni genitura Judicium, 1615, em 2 e 705-733. Seu Invitationes Fraternitatis Christi, parte 1, 1617 pág. 475-501 e 2, 1618, pág. 117-167. Seu Menippus, 1617, na última parte ‘Institutio mágico pro curiosis’ pag 237-279, no Theca pag 518-560, e também no seu Veri christianismi solidaeque philosophiae libertas, 1618, pág. 367-452.
[49] Gilly, Cimelia Rhodostaurotica, pág. 49.
[50] Gilly, Cimelia, pág. 73 diz que August Von Anhalt recebeu de Karl Widemann uma cópia do manuscrito do Confessio em agosto de 1614 que pertencia a M.L.H. Borggrefe, ‘Moritz der Gelehrte als Rosenkreuzer und die Generalreformation der gantzen weiten Welt’ ´prova na pág. 341 que M.L.H. também M.L.z.H. são as iniciais de ‘Moritz Landgravius Hassus’, Moritz Von Hessen, também chamado de Moritz o sábio. A conclusão que o Confessio circulava como manuscrito, foi deduzido por Santing em Manifesten, pág. 25-26, pelo fato que Gotthardus Arthusius de Danzig, mestre no Gymnasium (Escola Secundária) de Frankfurt escreveu seu ‘Antwort’ (NT: Resposta) datado do ‘finais de novembro de 1614’. Contudo, também pode ser, como diz Santing, o que naquele tempo acontecia, que o ano seguinte era registrado na página de título ou que Arthusius viu as provas de impressão do Kassel de 1915.
[51] Gylli, Cimelia, pág. 49
[52] R.van Dulmen, Utopie, pág. 224, anotação 16.
[53] Wolf-Dieter Otte, ‘Ein Einwand gegen Johann Valentinn Andreaes Verfasserschaft der Confessio Fraternitatis R.C.’ in Wolfenbutteler Beitrage; Aus den Schatzen der Herzog August Bibliothek, Herausgegeben Von Paul Raabe, Band 3, Frankfurt am Main 1978, pág. 103.
[54] R. van Dulmen, Utopie, pág. 93
[55] Regine Frey-Jaun, Die Berufung der Turbuters. Zur ‘Chymischen Hochzeit Crhiani Rosencreutz’ von Johann Valentin Andreae (1586-1654), Bern 1989.
[56] Adolf Santing diz no De historische Rozenkruisers, pág. 99-100, que o Assertio é um verdadeiro manuscrito dos Rosacruzes
[57] As informações sobre o Assertio vieram de: Santing, De Historische Rozenkruizers, pág. 267-270. Veja para Raphael Egli(nus): Manuel Bachmann e Thomas Hofmeier, Geheimniste der Alchemie, Bazel/ Muttenz 1999, pág. 233-242. Catálogo com o mesmo nome guardado em Basel, St. Gallen e Amsterdam na Biblioteca Philosophica Hermetica.
[58] Veja Adendo 1: Fama Fraternitatis R.C., Confessio Fraternitatis R.C. e Assertio Fraternitatis R.C.
[59] Veja Adendo 12: Mapas Natais, o mapa natal de Andreae.
[60] As informações bibliográficas vieram de Ulrich Neumann, ‘Olim, da die Rosen-Creutzerij noch florist, Theophilus Schweighart gennant, Wilhelm Schickards Freund und Briefpartner Daniel Mogling (1696-1635) em Friedrich Seck, Heraugsgeber, Zum 400. Geburtstag von Wilhelm Schickard, Sigmaringen 1995, pág. 93-115. Veja também Neue Deutsche Biographie, Band 7, pág. 613-614.
[61] Daniel foi batizado em 4 de maio de 1596. Também aqui todas as datas foram atualizadas pelo sistema atual, ou seja, calendário gregoriano.
[62] Neumann, Daniel Mogling, pág. 103,104
[63] R. van Dulmen, Utopie, pág. 227, anotação 21
[64] Neumann, Daniel Mogling, pág. 104
[65] Adendo 10, Símbolos, veja: a Het Collegium Fraternitatis
[66] [Pseudo] Theophilus Schweighardt [Friedrich Grick] Menapius, Rosae Crucis, Das ist Bedencken […], Z. pl. [Nurnberg] 1619. Veja Neumann, Olim, da die RosenCreutzerij noch florist, Theophilus Schweigart genannt, pág. 107.
[67] Confessio, Kassel 1615, pág. 80
[68] Francis Bacon, Het Nieuwe Atlantis. Traduzido, introduzido e providenciado com anotações por A.S.C.A. Muijer, Baarn 1988. Veja Santing, De historische Rozenkruisers, pág. 76 e Frances A. Yates, The Rosicrucian Enlightenment, Londres e Boston 1972, pág. 125-129.
[69] Karin Figala, Ulrich Neumann, ‘Ein Fruher Brief Michael Maiers (1568-1622) an Heinrich Rantzau (1526-1598), Einfuhrung, lateinischer Originaltext und deutsche Ubersetzing’ in Festschrift fur Helmut Gericke (Reihe ‘Boethius’, Band 2) Stuttgart 1985, pág. 327-357. Veja também Neue Deutsche Biographie, Dl. 15, pág. 703-704 e K. Figala e U. Neumann, ‘Author, cui nome Hermes Malavici. New Light on the bibliography of Michael Maier (1569-1622)
[70] Maier era luterano, portanto protestante. Como Maier circulava tanto em ambiente protestante como católico não ficou claro qual o calendário utilizado por ele. Portanto as datas, neste caso, não foram alteradas.
[71] J.B. Craven, Count Michael Maier, Dortor of Philosophy and of Medicine, Alchimist, Rosicrucian Mystic, 1568-1622. Life and Writings, Kirkwall 1910, reprinted 1968, London, pág. 65-67.
[72] Michael Maier, Laws of the Fraternity of the Rosie Crosse (Themis Aureae), Fac-símile reimpresso do original em inglês da edição de 1656, Los Angeles 1976; Craven, M. Maier, pág. 98-104.
[73] William H. Huffman, Robert Fludd and the end of the Renaissance, London en New York 1988, pág. 4-14. Veja também J. B. Craven, Dotor Robert Fludd (Robert du Fluctibus), The English Rosicrucian, Life and Writtings, Kirkwall 1902, reprint z.p. [Amsterdam] z.j.
[74] Robert Fludd, alias de Fluctibus, Utrisque Cosmi Historia , Tractatus secundus, DE NATURAE SIMIA SEU Technica macrocosmi historia. Oppenheim, 1618. Tratado 2, capítulo 6, parte 1. O texto em inglês pode ser encontrado em: Jocelyn Godwin, Robert Fludd, Boulder 1979, pag 6. A tradução francesa da segunda edição é de Pierre Piobb, Robert Fludd, Etude Du Macrocosme, Traite d´Astrologie Generale (De Astrologia), Paris 1907, onde o texto se encontra no livro 6, pág. 258-260.
[75] N.T.: por vezes grafado como Jacob Boehme
[76] Abraham Von Frankenberg, ‘Ausfuhrlicher Bericht’, em J. Böhme, Samtliche Schriften, Band 10, Stuttgart 1961, pág. 20-21, 27
[77] Will-Erich Peuckert, Die Rosenkreuzer, Jena 1928, pág. 288. Para uma descrição completa e documentada veja: Ernst-Heinz Lemper, Jakob Bohme, Leben und Werk, Berlim 1976. Também Gerhard Wehr, Jakob Bohme, Rohwohlt, Reinbek perto de Hamburgo 1971.
[78] Johann Georg Gichtel, Theosophia Practica (1º edição 1696), Swarzenburg 1979, com um prefácio de Agnes Klein. Prefácio pag 7-8. Veja também: Bernard Gorceix, Johann Georg Gichtel, Theosophe d´Amsterdam, Bordeaux 1974.
[79] C. W. Leadbeater, De chakra´s, Amsterdam z.j., pág. 40
[80] Seu batismo foi registrado, mas seu nascimento é incerto. Veja: Le Folklore Brabançon, 13º ano, nr 75-76. Dez 1933 e fev 1934. Número dublo inteiramente devotado a J.B. Helmont. Paul Neve de Mevergnies, Jean Baptiste van Helmont, philosophe par Le feu. Faculte de Philosophie et Lettres, Luik 1935.
[81] J.B. Helmont, Ortus Medicinae, Amsterdam 1648
[82] Snoek, Rozenkruisers, pag 96-100. Outra literatura consultada: M. Louis Stroobant, M. Nauwelars, M. Behaeghel, “J. B. van Helmont”, em Le Folklore Brabançon, dezembro 1933 e fevereiro 1934. Walter Pagel, Jo. Bapt. Von Helmont, Einfubrung in die philosophische Medizin dês Barocks, Berlim 1930. Paul Neve de Mevergnies, Jean-Baptiste von Helmont; Philosophe par le feu, Paris e Luik 1935.
[83] Veja para as datas: Milada Blekastad, Comenius Versuch eines Umrisses vom Leben, Werk und Schicksal des Jan Amos Komensky. Oslo 1969, pág. 16.
[84] Rozekruis Pers, Haarlem 1993. Literatura consultada: Milada Blekastad, Comenius.
[85] Ver a edição de Weimar, 1980, volume 16, pág. 436-437.
[86] Sammtlichte Werke de Goethe, em quarenta volumes. Segundo volume. Stuttgart e Augsburg: F. G. Cotta, 1855, pág. 360-363.
[87] A tradução portuguesa segue a tradução direta do alemão feita por Raul Guerreiro, um dos fundadores do Centro Rosacruz da Fraternidade Rosacruz em São Paulo, SP, Brasil.
[88] Max Heindel, Conceito – Cap. XIX – Existem várias biografias do Conde de St. Germain, como: Isabel Cooper-Oakley, The Comte de St. Germain, Londres, 1912, reeditado em 1927. Gustav Berthold Volz, Der Graf Von Saint-Germain, Paris, 1982. Jean Overton Fuller, The Comte de Saint Germain; last Scion of the House of Rakockzy, Londres, 1988.
[89] Cooper-Oakley, após a introdução
[90] Idem, pág. 5
[91] Idem, pág. 7
[92] N.T.: moeda padrão do antigo Sacro Império Romano-Germânico
[93] Idem, pág. 135
[94] Cartas do Sr. Peter Litrup, 6/11/1972 e 12/03/1975, funcionário do arquivo de Aarhus – Landsarkivet for Norrejylland, te Viborg – Arquivo de nascimentos da Catedral Luterana de Aarjus. Veja mais no livro “Mensagem das Estrelas, horóscopo nº 3 e Adendo nº 2” de Max Heindel.
[95] Landsarkivet for Norrejylland te Viborg. Não havia mais informações em: Geheimes Staatsarchiv Preussischer Kulturbesitz em Berlim; het Evangelisches Zentralarchiv em Berlim; e no Berliner Stadt Bibliothek em Berlim.
[96] Veja nota 96.
[97] Veja nota 97
[98] Veja nota 96. Ele faleceu em 18 de janeiro de 1929 em Copenhague, na Aboulevarden 29.
[99] Veja nota 96.
[100] Veja nota 96.
[101] Veja nota 97.
[102] Veja nota 97.
[103] Carta de Staden Kobenhavns statistiske kontor, folkeregistret, Kobenhavn. O último endereço de Anna Emilie foi Godshabsvej 83, Kopenhagen.
[104] Veja nota 18. Sra. Grasshoff faleceu em 13 de março de 1916 em Kopenhagen.
[105] Revista: Rays from the Rose Cross, março de 1966, pág. 38. Ensinamentos de um Iniciado, Londres 1955, pág. 153. Manuscrito da Sra. Heindel: Memoirs of Max Heindel and the Rosicrucian Fellowship, Oceanside, 1941.
[106] Veja nota 105. A data precisa não foi encontrada.
[107] The Corporation of Glasgow, Registration of births, deaths and marriages, Glasgow. Certidão retirada do cartório de Registros, datada de 22 de outubro de 1970, do casamento entre Charles Grasshoff e Catharine Wallace.
[108] Veja nota 109. Certidão retirada do cartório de Registros datada de 21 de outubro de 1970. O nascimento da Cathy foi às 9 horas da manhã.
[109] Veja nota 109.
[110] Veja Adendo 3: Florence Holbrook.
[111] Veja nota 100: – Cunard Line Limited, Southampton, England, carta de 12 de julho de 1968. ‘Nós pesquisamos todos os nossos arquivos, mas não encontramos nenhum homem comestes dois nomes [Grasshoff/Heindel] que serviu esta companhia como engenheiro conforme descrito pelo senhor. Uma das regras de nossa companhia é que os oficiais devem ser britânicos e, portanto, pode ser o caso de o Sr. Grasshoff/Heindel ter mudado seu nome para assumir a nacionalidade britânica, isto seria necessário se fosse trabalhar em nossa empresa na categoria de Engenheiro ou Eletricista Chefe. Provavelmente encontrará mais informações sobre este homem escrevendo para Summerset House em Londres’.
– Home Office, Londres, datado de 16 de agosto de 1968. ‘Fizemos uma busca profunda nas informações de naturalização, mas uma busca pelo nome britânico de uma pessoa sob o nome de [Grasshoff/Heindel] entre os anos de 1844-1914 não trouxe nenhuma informação.
– Board of Trade, General Register and Record Office of Shipping and Seaman, Cardiff, England. Carta de 17 de novembro de 1967. ‘Sentimos muito informar que não encontramos dados sobre Carl Louis von Grasshoff em nossos registros de Oficiais Engenheiros Certificados’.
– E uma carta de 14 de junho de 1968. Nossos registros de Oficiais Certificados foram pesquisados e infelizmente não encontramos nenhuma informação sobre Max Heindel’.
[112] Superintendent Registrar´s Office, Liverpool. Certidão datada de 8 de outubro de 1970 do nascimento de Wilhelmina Catherina Anna Grasshoff.
[113] Veja nota 109 para o nascimento de Louisa Charlotte Grasshoff. Ela faleceu em 9 de julho de 1960 em Reading, por trombose no cérebro, conforme informações do Reading Public Library, Massachusetts, USA datado de 2 de janeiro de 1970.
[114] Veja nota 14 para este nascimento. Nellie faleceu em 26 de fevereiro de 1951, em Reading, devido a um entupimento da artéria coronária, conforme um escritor do Reading Public Library, datado de 2 de janeiro de 1970.
[115] Veja nota 14 para informações das certidões de nascimento.
[116] Cartas da Sra. Wilhelmina Grasshoff e do Sr. Frank Crawford Reed, de Sudbury, Massachusetts, datado de 19 de junho de 1970 e dezembro de 1971.
[117] Veja nota 118.
[118] Lansarkivet for Sjaelland m.m., Kobenhavn; o arquivista Niels Rickelt comunicou no dia 1 de novembro de 1968 o seguinte: ‘Cathy Grasshoff, nascida Wallace, nasceu no dia 4 de janeiro de 1869 em Glasgow. Em 1897 aparece seu nome pela primeira vez como ‘esposa abandonada’. Seus endereços em Copenhague foram: 1897 1-9 de Korsgade 47 para Bangertsgade 5 em Sorensen. 1897 18-7 para Mollegade 3º andar a direita com Ruttgers. 1898 1-11 Jaegergade 10. Ela faleceu no dia 14 de outubro de 1902 no Hospital Frederiks com o endereço Jaegergade 10. A divisão da herança está no registro de heranças de Copenhague sob o nº 1900-2 afd K prot. 1ª pág. 529 nr. 912 e pág. 311. ‘A falecida morava junto com um trabalhador Carl Larsen, que, após o falecimento, saiu do apartamento. Ele pagou os custos do funeral e por isto ficou com os poucos móveis e a poupança no valor de 25 Kronen. No final do relatório consta o seguinte: (traduzido): O companheiro (Carl Larsen) acredita que o marido da falecida, Carl Grasshoff, está nos EUA’.
[119] The Boston Public Library, Census 1900 para Carl Grasshoff, via Sr. Ricardo Bianca de Mello do Brasil.
[120] Veja também nota 120, Engineering Societies Library, New York, 26 de agosto de 1968: ‘Sentimos muito dizer que não possuímos nenhuma informação a este respeito’. – Sra. Heindel; “The Birth of the Rosicrucian Fellowship; The History of Its Inception, Oceanside, dezembro de 1923, pág. 4. ‘ Entre os anos de 1895 e 1901 ele trabalhou como engenheiro consultor na cidade de Nova York’. [A primeira publicação surgiu em 1 de dezembro de 1923 e foi reeditada no Echoes de maio de 1952 até janeiro de 1953. As citações nas primeiras páginas contêm muitos erros, conforme consta de fontes oficiais].
[121] Veja nota 118.
[122] The Boston Public Library, Casamentos 10 de abril de 1895; e Censo de 1 de junho de 1900, via Sr. Ricardo Bianca de Mello, Brasil. Veja, também, nota 118.
[123] Veja nota 14. “The above children [Wilhelmina, Louisa, Nellie and Frank] went to New York on the S. S. (Significa Steam Schip; navio a vapor) Island the 7th of September 1898”.
[124] Veja nota 118.
[125] Conforme informações do Sr. J. Darrow e do próprio Max Heindel. O Sr. Theodore Heline escreveu isto em novembro de 1970.
[126] Clerk of San Diego County, San Diego, C.A., Deputy Clerk Barbara J. Kiya informou no dia 6 de novembro de 1969, cópia do testamento de Max Heindel e Augusta Foss Heindel onde se encontra esta informação.
[127] Sra. Augusta Foss Heindel, ‘The early History of the Rosicrucian Fellowship’, em Echoes from Mount Ecclesia, 1 de janeiro de 1948 até 1 fevereiro 1952.
[128] C. Jinarãjadãsa, ‘How Max Heindel came to Theosophy’, in The Theosophist Vol. 70, Nº 7, april 1949, pag 17 – “Letter from Max Heindel to Mr. C. W. Leadbeater on January 15, 1904”. Veja, também, Adendo 4: Carta de Max Heindel para Leadbeater, 1904.
[129] Carta da Sra. Olga Borsum Crellin, Venice, Califórnia em 9 de janeiro de 1970 – Veja também Adendo 5 – Sobre a casa da família Foss; veja: Leo Politi, Bunker Hill, Los Angeles; reminiscences of bygone days; Best West Publications, Palm Desert, Califórnia 1969 [3ª impressão], pág. não numerada. O livro contém outra foto da casa com uma curta descrição. O comentário que Max Heindel tenha escrito sobre astronomia é incorreta.
[130] Thomas G. Hansen, ‘Zodiacal Hierarchies’ na Rays from the Rose Cross, fevereiro 1981, pág. 72.
[131] Max Heindel, Blavatsky and The Secret Doctrine, Including an introduction by Mandy P. Hall, and a Biographical Skets of Max Heindel. 2nd ed., Santa Monica, Califórnia 1972.
[132] Veja nota 130. O Sr. Jinarãjadãsa palestrava em Chicago em 1909. A primeira edição de seu livro foi em 1921.
[133] Veja Adendo 6: Alma Von Brandis.
[134] Revista: Rays from Rose Cross, janeiro de 1916, pág. 18. Max Heindel fala aqui na terceira pessoa, que foi modificado na primeira pessoa do singular. Assim será todas as vezes subsequentes.
[135] Max Heindel, Livro: Teachings of an Iniciate, Oceanside 1955, pág. 154.
[136] Revista Rays from the Rose Cross, março de 1916, pág. 38,39.
[137] Veja capítulo 4.
[138] Sylvia Cranston & Carey Williams, assistente de pesquisa: A vida extraordinária e a influência de HELENA BLAVATSKY fundadora do movimento moderno teosófico. Den Haag 1995, pág. 28
[139] Idem, pág. 195 e 224.
[140] Norbert Klatt, Theosophie und Anthroposophie, Neue Aspekte zu ihre Geschichte, oGottingen 1993, pág. 61-64
[141] Klatt, pág. 64.
[142] Deutsche Theosophische Gesellschaft, (D.T.G.)
[143] Klatt, pág. 65.
[144] Klatt, pág. 66.
[145] Internationale Theosophische Verburderung, (I.T.V.)
[146] Theosophische Gesellschaft in Deutschland, (T.G.in D.)
[147] Veja descrição completa em Klatt, 61-67.
[148] Klatt, pág. 71-72.
[149] Klatt, pág. 83. Veja, também, The Inner Group Teachings of H.P. Blavatsky, Compiled and Annotated by Henk J. Spierenburg, San Diego 1995.
[150] Klatt, pág. 84.
[151] Klatt, pág. 87-88.
[152] Klatt, pág. 83-84.
[153] Max Heindel, do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume II.
[154] Emmet A. Greenwalt, California Utopia, Point Loma 1897-1942. San Diego 1978, pág. 121.
[155] Veja Adendo 7: Rudolf Steiner.
[156] Pauline Martha Styczek, (1868-1945), professora de ensino para crianças. Ela foi adotada como filha por Hubbe Schleiden, em 1908.
[157] Clemens Heinrich Ferdinand Driessen, (1857-1941), Juiz de Aalten (Holanda), advogado em Schenklengsfeld e, a partir de 1901, em Witzenhausen.
[158] Norbert Klatt: Theosophie und Anthroposophie, Neue Aspekte zur ihre Geschichte, Gottingen 1993, pág. 111, anotação 422.
[159] Gunther Karl Wagner, 1842-1930, químico, fundador da Pelikan Werke em Hannover.
[160] Klatt, pág. 11, nota 422.
[161] Zur Geschichte und aus den Inhalten der erkenntniskultischen Abteilung der Esoterischen Schule Von 1904, [GA 265], Dornach 1987, pág. 93/94.
[163] Max Heindel, Livro Maçonaria e Catolicismo.
[164] Klatt, pág. 111, note 422.
[165] Max Heindel, Conceito Rosacruz do Cosmos 2ª Edição, Chicago 1910 na re-dedicatória. Para verificação ver: Christoph Lindenberg, Rudolf Steiner, Eine Chronik, 1861-1925, Verlag Freies Geistesleben, Stuttgart 1988; pág. 263-269, novembro 1907 a março 1908.
[166] Carta de Max Heindel para Sra. Laura Bauer, datada de 14/16 de outubro de 1911. Veja Adendo 9: Troca de cartas entre Max Heindel, Laura Bauer e Hugo Vollrath.
[167] Informações recebidas oralmente de Irene Murray e Gene Sande, em abril de 1984.
[168] Max Heindel, Livro Ensinamentos de um Iniciado, Capítulo XX.
[169] Max Heindel, Livro Ensinamentos de um Iniciado, Capítulo XX.
[170] A tradição oral diz que uma carruagem aguardava Heindel na Estação. Informado por telefone pelo Sr. Harry Gelbfarb, no início de outubro de 2000.
[171] Ann Barkhurst, que em 1920 chegou à Fraternidade e que é muito bem informada, fala na Revista Rays from the Rose Cross, de abril de 1963, pág. 190-191 que o Irmão Maior que orientou Max Heindel se chamava George.
[172] Revista Rays from the Rose Cross, janeiro 1916, pág. 17.
[173] Boletim Echoes de Mount Ecclesia – The Rosicrucian Fellowship, junho 1914.
[174] Boletim Echoes de Mount Ecclesia – The Rosicrucian Fellowship, julho 1913.
[175] Veja re-dedicatória nas páginas adiante.
[176] Veja Adendo 9: Troca de cartas entre Heindel, Laura Bauer e Hugo Vollrath.
[177] Steiner, Marie, Rudolf Steiner, Marie Von Sivers, Briefwechsel und Dokumente, 1901-1925, [GA 262], Dornach 1967, pág. 123.
[178] Veja entre outros: Dr. Franz Hartmann, Ein Abenteuer unter Rosenkreuzern, Leipzig, a última (advertência) pág.: ‘Die Weltanschauung der Rosenkreuzer. In zehn Unterrichtsbriefe Von Max Heindel. Preis M. 12’
[179] Klatt, pág. 109.
[180] Klatt, pág. 113.
[181] Hans Hinrich Taeger, (Hrsg): Internationales Horoskope Lexikon, Freiburg i. Br. 1992, Band 2, pág. 873: ‘Hubert Korsch, 1883-1943, jurista, astrólogo, editor. Zenith (1930-1938)’
[182] Ellic Howe, Urania´s Children. The Strange World of the Astrologers, Londres 1967, pág. 115
[183] Max Heindel, Livro Coletâneas de um Místico, Capítulo I
[184] De fotocópia do texto original escrito à mão em Inglês. O original está na The Rosicrucian Fellowship
Headquarters, em Oceanside, CA, USA.
[185] N.T.: (traduzido para o português)
No manuscrito:
Dedicado ao meu estimado professor e valioso amigo, Dr. Rudolf Steiner e à minha mais que amiga, Dra. Alma Von Brandis, com reconhecida gratidão pela inestimável influência de crescimento anímico que exerceram na minha vida.
Na 1ª Edição: de novembro de 1909:
Ao estimado amigo, DR RUDOLF STEINER, com reconhecida gratidão pela valiosa informação recebida; e à minha amiga, Dra. Alma Von Brandis, com sentido agradecimento pela inestimável influência de crescimento anímico que exerceu na minha vida.
Na Re-dedicatória da 2ª Edição em 1910:
EM RE DEDICATÓRIA
“Do início de novembro de 1907 até final de marco de 1908, o escritor dedicou seu tempo à investigação dos ensinamentos do Dr. Steiner, que esteve ausente de Berlim praticamente todo o período. No último de seis contatos pessoais com Dr. S. o escritor mencionou que havia começado um livro sobre ocultismo; um compêndio sobre os ensinamentos do Oriente e do Ocidente.
Dr. S. exigiu que se algum dos ensinamentos por ele divulgados fosse usado, ele teria que ser mencionado como autoridade e fonte de informação. Consequentemente o escritor concordou em dedicar seu trabalho ao Dr. Steiner.
Durante janeiro, fevereiro e março de 1908, o Irmão Maior, a quem o escritor agora conhece e reverência como Mestre, apareceu algumas vezes em seu Corpo Vital e iluminou o escritor em vários pontos. Em abril e maio, após passar num teste – sem ter conhecimento do fato – o escritor foi convidado a viajar a um lugar onde se encontra o Templo da Ordem Rosacruz.
Lá ele encontrou o Irmão Maior em Corpo Denso, lá o conhecimento mais abrangente, filosófico sintético, presente neste livro – que na opinião de muitos estudantes da Inglaterra, do Continente e da América, engloba tudo o que foi ensinado publicamente sobre esoterismo no passado, além disso, muitos ensinamentos nunca antes publicados.
Portanto o manuscrito mencionado ao Dr. Steiner foi destruído, mas como o ensinamento mais completo dado pelo Irmão Maior complementa os ensinamentos do Dr. S. em muitas linhas, foi considerado melhor dedicar o livro ao Dr. S. do que parecer um plagiador. Para tanto havia pouco perigo porque um plagiador sempre tem menos informação do que o autor do qual rouba suas ideias, e será demonstrado que em comparação com trabalhos publicados anteriormente, este livro contém muito mais informações.
A dedicatória foi, portanto, um erro; induziu muitas pessoas que meramente lhe deram uma vista de olhos a deduzir que continha os ensinamentos do Dr. S., e, que este era o responsável pelo que aí estava escrito. Esta conclusão é obviamente injusta para o Dr. S. e uma leitura cuidadosa das páginas 8 e 9, demonstram que nunca houve a intenção de transmitir esta ideia. “O escritor não vê como transmitir em uma dedicatória a ideia real, portanto, decidiu retirar a mesma, com um pedido de desculpas ao Dr. S. por qualquer inconveniente que lhe possa ser causado pelas conclusões precipitadas relativamente à sua responsabilidade no Conceito Rosacruz do Cosmos”.
[186] Veja Adendo 9: a carta a Sra. Bauer datada de 14/16 de outubro de 1911.
[187] Isto se deduz do que Rudolf Steiner escreveu na pág. 305 em Die Verantwortung des Menschen fur die Weltentwicklung, Dornach, 1989. Veja também Adendo 7: Rudolf Steiner.
[188] Veja Adendo 7: Rudolf Steiner.
[189] Rudolf Steiner, Von Jesus zu Christus, [GA 131] Karlsruhe 6-10-1911, Dornach 1988.
[190] Nas anotações não publicadas de Max Heindel lemos o seguinte: ‘Na Alemanha e no navio, atravessando o Oceano Atlântico, fiz um esquema do Conceito Rosacruz do Cosmos. Em Nova York comecei a escrever, com a intenção de lá permanecer até finalizar o trabalho e encontrar um editor, para poder permanecer lá enquanto estivesse sendo impresso. O barulho desta cidade me forçou a sair de Nova York e me mudar para os arredores silenciosos dos Pitorescos Parques Nacionais em Buffalo. Lá terminei de escrever no dia 24 de agosto de 1908 e enviei cópias para diversos editores. A Broadway Publishing Co., de Nova York, se propôs a fazer a impressão. A proposta era mais do que satisfatória, mas o valor da venda estava muito alto. Portanto solicitei uma qualidade mais econômica’.
[191] Um projetor de slides que tem 2 lentes, normalmente uma em cima da outra. Apareceu em meados no século XIX.
[192] Equipamento que produz cópias a partir de matriz perfurada (estêncil) afixada em torno de pequena bobina de entintamento interno e acionada por tração manual ou mecânica.
[193] Max Heindel, Livro Cristianismo Rosacruz. Oceanside, CA, 1939.
[194] Boletim Echoes de Mount Ecclesia – The Rosicrucian Fellowship, setembro 1956, pág. 35.
[195] Veja para o Horóscopo da Constituição no Adendo 12, horóscopos.
[196] Carta do Sr. Edwin Moe de Seattle, datada de 7 de setembro de 1959.
[197] Max Heindel, do Livro Ensinamentos de um Iniciado, cap. 20.
[198] Veja Adendo 9: Cartas entre Max Heindel, Laura Bauer e Hugo Vollrath.
[199] Revista: Rays from the Rose Cross, outubro de 1955, pág. 482.
[200] Agatha Zegwaard (1882-1970), professora de Inglês, casada com o professor de matemática Martinus van Warendorp; começou a estudar os ensinamentos Rosacruzes em 1 de outubro de 1916. Por volta de 1920 ela inaugurou o primeiro Centro em Amsterdam – Holanda. Veja mais informações no Adendo 12.
[201] O Senhor George Schwenk (1896-1972) Sr., Ojai, CA numa carta datada de 15 de junho de 1968.
[202] N.R.: cidade portuária e sede do Condado de King, no estado norte-americano de Washington
[203] Max Heindel e Augusta Foss: Livro Astrodiagnose e Astroterapia, um guia de saúde. Cap. XI – uma lição como guia.
[204] N.R.: Cidade no noroeste dos Estados Unidos, no estado do Oregon.
[205] N.R.: Columbus é a capital do estado norte-americano do Ohio.
[206] 29 de novembro 1909.
[207] N.R.: em Los Angeles
[208] Max Heindel, Livro Ensinamentos de um Iniciado, cap. 20.
[209] ‘Falta de espaço’ logicamente não faz sentido. Max Heindel não queria ou não podia dar maiores explicações a respeito.
[210] Max Heindel, Livro Ensinamentos de um Iniciado, cap. 20 e 21.
[211] Max Heindel, Livro Ensinamentos de um Iniciado, cap. 22.
[212] Max Heindel, Livro Ensinamentos de um Iniciado, cap. 21
[213] N.T.: indivíduo que sabe estenografia ou que a pratica profissionalmente; taquígrafo, braquígrafo, logógrafo
[214] Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – de Max Heindel.
[215] Na certidão de casamento está escrito segundo casamento; mas foi considerado o segundo casamento como Max Heindel, na América.
[216] Boletim Echoes de Mount Ecclesia – The Rosicrucian Fellowship, março 1948.
[217] Boletim Echoes de Mount Ecclesia – The Rosicrucian Fellowship, abril 1948.
[218] Cidade localizada no estado norte-americano de Washington
[219] Região censo-designada localizada no estado norte-americano de Washington
[220] Livro Mistérios Rosacruzes – Primeira Edição, Chicago, 1911.
[221] Retirado do livro Oceanside, Crest of the Wave, Oceanside 1988, pág. 29 e 30 de Langdon Sullly e Taryn Bigelows. ‘Juiz J. Chauncey Hayes nasceu em Los Angeles em 1 de junho de 1852. Ele se mudou para San Luis Rey quando tinha 15 anos e, interrompendo apenas no período que estudou no Colégio de Santa Clara, passou os próximos 66 anos estimulando e desenvolvendo San Diego Country. Como único corretor de imóveis na região de Oceanside, ele vendia as parcelas de terras. Tinha pouca coisa que Hayes não sabia fazer. Ele era corretor de imóveis e A. J. Meyers o fundador da cidade. Anos depois ele foi banqueiro, editor do jornal local, agente cartorário, secretário geral da cidade, advogado, fornecedor de água e, por vinte anos, Juiz de Paz. Ele faleceu entre 1933/34 ’.
[222] Echoes from Mount Ecclesia, 10 de janeiro de 1914, nº 8, pág. 1 e 2.
[223] O Sr. A.H. Amick, o redator de Air Cooled News, a revista de Clube H.H. Franklin, escreveu para mim em 1972 que o modelo 1903 era o único que não tinha motor de partida. Pela amigável ajuda do Sr. Amick, recebi do médico Dr. George S. Boyer de Allentown, Pensilvânia, também sócio do Clube H. H. Franklin, no dia 15 de maio de 1972 a foto do carro dele de 1903 restaurado.
[224] O Sr. Heindel tinha n o costume de dar nomes de campeões para as coisas. As vacas foram nomeadas com nomes de vacas famosas, e o Franklin foi chamado de ‘Bedelia’ um carro francês de três rodas leves. Duas ‘Bedelias’ conquistaram o primeiro lugar em sua classe no Grand Prix em Le Mans, França, em 1912. A velocidade máxima era 110 km/h conforme Hans Kuipers em Old Racers, parte 2, Deventer 1967.
[225] Os Americanos consideram ver um Arco-íris como um sinal de sorte.
[226] Veja figura 62. Atrás da foto não tem os nomes. O Sr. Charles Weber escreveu em uma carta datada de 17 de maio de 2002, que a Sra. Marie-José Clerc contou a ele, que ela soube que o homem com o aparelho auditivo devia ter sido o Sr. Patterson e este está ao lado de Heindel. Com a ajuda de um mapa astrológico, indica que é o segundo homem depois de Heindel, o qual aparece a cabeça por cima da cruz.
[227] Max Heindel, do Livro: Ensinamentos de um Iniciado, Cap. 19
[228] Veja também a página de capa do Jornal San Diego Union, de 30 de outubro de 1911, seção 2, pág. 1, coluna 1, de Union-Tribune Publishing Co, San Diego.
[229] N.T.: Esses textos também podem ser encontrados no livro: Memórias sobre Max Heindel e a Fraternidade Rosacruz de Augusta Foss Heindel
[230] Veja seu horóscopo no Adendo 12.
[231] Título: Anjo ou Satanás?
[232] Esta data provavelmente não está correta. A Escola de Verão foi iniciada em 4 de junho; uma semana antes seria dia 28. Contudo, os encontros de Probacionistas são sempre na véspera da Lua Cheia ou Nova. A Lua Nova era no dia 4 de junho, portanto, a Reunião deve ter sido no dia 3 de junho.
[233] Echoes from Mount Ecclesia, 10 de junho de 1913, nr 1, pág. 1-2.
[234] Echoes, janeiro 1951.
[235] Echoes, 10 de agosto de 1913, nº 3, pág. 4.
[236] N.T.: também referido como Holstein-Frísia e popularmente conhecido como Gado Holandês, é uma raça de gado bovino.
[237] Echoes dezembro de 1913
[238] Charles Rann Kennedy: O Servo na Casa, uma peça em 5 atos, Amsterdam 1926.
[239] Echoes, janeiro de 1914, pág. 3-4
[240] Echoes, janeiro 1914, pág. 1-2.
[241] N.T.: é um aparelho fonográfico com fins comerciais, inventado por Thomas Edison, que grava em tubos de cera o ditado de cartas, que devem ser reproduzidas por datilografia.
[242] N.T.: região peninsular do Sul da Ásia onde se situam os estados da Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão. Esta região do sul da Ásia foi historicamente conhecida por Hindustão ou Indostão, nomenclatura hoje apenas utilizada no contexto da história da relação entre os povos europeus e o subcontinente.
[243] Staden Kobenhavns Statistiske Kontor, Folkeregistret, numa carta de 14 de outubro de 1970.
[244] Revista: Rays from the Rose Cross, julho 1916, pág. 73-74.
[245] Max Heindel do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Parte I; pergunta 47.
[246] Cosmo: na abreviação do Livro The Rosicrucian Cosmo-Conception; em Português: O Conceito Rosacruz do Cosmos.
[247] Revista: Rays from the Rose Cross, julho 1959, pág. 11. Ela nasceu no dia 5 de novembro de 1850 e faleceu de câncer no dia 30 de outubro de 1919.
[248] Veja: Revista Rays de setembro 1917, pág. 198 e seguintes.
[249] N.T.: O poema Ben Bolt foi composto por Thomas Dunn English (1819-1902) em 1842, de Filadélfia. Foi musicado, em 1848, por Nelson Kneass (1823-1868 ou 1869), um compositor de Filadélfia.
[250] Veja o Adendo 11.
[251] O Sr. Paul R. Grell, filho de Phillip Grell escreveu para o autor em 1989 que o havia conhecido pessoalmente e que seu nome se escrevia Erret e não Ehret. Veja a Revista Echoes, fevereiro de 1951, pág. 2.
[252] Ela faleceu no dia 16 de abril de 1951 após uma doença que durou por meses, está escrito na Rays de junho de 1951, pág. 243-245. Seu nascimento não é conhecido.
[253] Revista Rays, abril de 1931, pág. 222
[254] Que o leitor entenda que foi traduzido diretamente do texto em inglês. Que o texto é confuso, provavelmente, devido às emoções da Sra. Heindel, no dia do aniversário de seu marido recém-falecido.
[255] N.T.: Um harmônio ou harmónio é um instrumento musical de teclas, cujo funcionamento é muito similar ao de um órgão, mas sem os tubos que caracterizam este último.
[256] N.T.: Tipo de voz feminina mais baixo e pesado, com menor tessitura e também a mais rara.
[257] Veja: Rays setembro de 1922, pág. 199
[258] Veja: Rays from the Rose Cross, abril de 1931, pág. 222.
[259] Veja: Rays from the Rose Cross, abril de 1931, pág. 222
[260] Corinne Smith nasceu no dia 13 de agosto de 1882 às 15:15 L.M.T. em Atlanta, Fulton County, Georgia 33.44.56 N; 84.23.17 W. Os dados do nascimento me foram fornecidos pelo Sr. e Sra. Barkhurst.
[261] Estes seis livros, denominados New Age Bible Interpretation, estão disponíveis na Sede Central.
[262] Revista Rays from the Rose Cross, outubro de 1965, pág. 435 e seguintes
Antes mesmo da construção da Sede Central, Max Heindel tinha intenção de construir um Sanitarium[1]. No dia 6 de agosto de 1913 este plano foi iniciado em pequena escala. Com este objetivo foram construídas três casinhas, cada uma com dois quartos. Contudo, logo estas casinhas tiveram que servir para alojar pessoas que trabalhavam em Mount Ecclesia. Demorou até abril de 1929 para que, sob direção da Sra. Augusta Foss Heindel, e pelo Membros da Curadoria[2], fosse nomeado um comitê para avaliar a possibilidade de construir um Sanitarium.
O desenho mostra uma parte central com espaço para o escritório de administração, uma recepção, quatro quartos de tratamento, uma cozinha, um refeitório e no andar superior acomodação para os enfermeiros. Esta ala central continha em ambos os lados os alojamentos para pacientes, tendo oito quartos privativos e quatro quartos coletivos com capacidade para quatro camas cada. Cada ala era circundada por terraços em três lados. O desenho continha a primeira parte onde poderiam ficar vinte e quatro pacientes. Esta primeira parte foi desenhada de tal forma que facilmente poderia ser ampliada, se as condições assim exigissem.
Era intenção que o Sanitarium fosse administrado conforme as terapias naturais com atenção especial para fisioterapia, hidroterapia, luz e eletroterapia e massagem. Contudo, também osteopatia e tratamentos quiropráticos, banhos de sol, etc. Tudo isto baseado no método Rosacruz de Cura.
Um instituto que segue estas regras é, comparativamente falando, mais barato que um Sanitarium que tenha setor cirúrgico e médicos caros no quadro de funcionários. Foi feita uma estimativa que com a construção e a garantia de funcionamento pelo primeiro ano seria necessário um valor de US$ 50.000,00. A comissão acreditava que não seria ajuizado começar com menos da metade deste capital em mãos.
O local que planejavam construir o Sanitarium era entre Carey Road e Ecclesia Drive, onde também havia espaço para crescer de ambos os lados, conforme mostra o desenho[3].
No dia 11 de dezembro de 1929, às 10:46 horas, fizeram a pedra angular para o Sanitarium. Como é mostrado no desenho seria um bloco de cimento de aproximadamente 60 cm de comprimento, 40 cm de largura e 40 cm de altura. Visto por cima haveria uma abertura no centro de aproximadamente 40 cm de comprimento, 30 cm de largura e 18 cm de profundidade. Esse espaço era destinado a colocar uma caixinha de cobre onde ficariam as informações sobre o Sanitarium. No ato de fazer esta pedra estavam presentes 99 pessoas, que, durante a Cerimônia, ouviram o discurso do Sr. Prentiss Tucker.
Em janeiro de 1931 foi editado um pequeno jornal mensal chamado The Mount Ecclesia Herald. Os membros recebiam o jornal gratuitamente e os não membros podiam se abonar no jornal por um valor de 50 centavos de dólar ao ano. Foi considerado um jornal familiar onde todas as notícias que não cabiam na Rays seriam publicadas. Apesar de todo o entusiasmo o Herald [Heraut] teve vida curta. No número de dezembro de 1932 está escrito que o jornal existe pela graça dos leitores e que os meios financeiros acabaram, e que também os funcionários diminuíram pela metade. Provavelmente em março de 1933 foi publicado o último número. Abaixo do nome do jornal está escrito: ‘Quando tivermos alguma informação importante, especialmente para os estudantes, faremos pelo Herald. Ainda não estamos em condições de fazer o Herald [Heraut] ser publicado regularmente, mas faremos isso de tempos em tempos, conforme as circunstâncias assim pedirem’.
Na Rays from the Rose Cross está escrito que no dia 6 de janeiro de 1932 iniciaram as obras do Sanitarium. Contudo, que devido à falta de dinheiro, começaram apenas na primeira parte.
“No domingo à tarde do dia 7 de fevereiro de 1932 às 12:00 horas, a Pedra Fundamental foi colocada. Estavam presentes mais de 125 pessoas, entre os quais o Prefeito Martin e outros notáveis de Oceanside, e alguns maçons. O Diretor da Fraternidade, Juiz Carl A. Davis, liderou o encontro e fez a abertura. Depois houve diversos discursos pelas seguintes pessoas: Mary Roberts, a líder do Setor de Cura, Dr. J. A. Balsey, do Centro de Los Angeles e o Sr. William Albert, do Centro de San Diego. Logo após o arquiteto, Lester A. Cramer, ajudado por alguns maçons, colocou a pedra fundamental, que depois foi cimentada”.
Através dos jornais Rays e do Herald de 1932 vemos que a construção seguia rapidamente. Na Rays de julho de 1932, pág. 389, tem uma imagem do prédio quase acabado. Abaixo está escrito: “Em reunião extraordinária do Conselho de Mount Ecclesia realizada em 4 de junho, foi definido que a abertura oficial do Sanitarium será em dezembro. Esperamos que até lá e talvez antes disto, toda a mobília, com todos os equipamentos, incluindo funcionários, estejam concluídos. O prédio está praticamente pronto. Os terraços foram deixados para depois, pois não são necessários no início. Dentro de algumas semanas o acabamento será feito, incluindo o plantio do jardim. O prédio está bonito tanto por dentro como por fora. O lado de fora foi rebocado e pintado com tinta branca, a entrada principal de pedra artificial com pilares; arquitrave, friso e cornija. Os instrumentos e artigos hospitalares mais modernos serão adquiridos. Tem um sistema elétrico de chamada para os enfermeiros, e postos de enfermagem, uma cozinha hospitalar, etc.
O setor de obstetrícia ainda não está pronto, porque foi projetado para o futuro quando o médico e a enfermeira-chefe assim decidirem que é o momento. Na construção do prédio usamos US$ 21.000 e temos, aproximadamente, US$ 5.000 para o mobiliário, aparelhos fisioterápicos e reserva.
O médico e a enfermeira-chefe que irão assumir o comando já foram escolhidos; seus nomes serão divulgados em futuro próximo. Esperamos que alguns Centros queiram mobiliar um quarto específico. Estes quartos serão nomeados aos doadores. Também pensamos que alguns Centros queiram instalar as ‘camas de caridade’, pois virão pessoas que não possuem as possibilidades financeiras de pagarem seu tratamento e devemos tomar providências para isto. O Instituto inicia com uma reserva mínima e, portanto, não poderá dar tratamento gratuito, pelo menos, no começo, a não ser que isto seja possibilitado por meio de doações. Solicitamos a nossos membros e amigos, bem como aqueles não ligados a algum Centro, que façam agora e até o dia da inauguração, em dezembro, suas orações e meditações em direção ao Centro para que o arquétipo da inauguração possa ser realizado, o que será uma ajuda muito grande para fazer deste Instituto um sucesso após sua abertura. Por favor, não se esqueçam disto, porque é muito importante.
O material de propaganda, incluindo os preços para internação, tratamento e etc., ficarão prontos no verão e no outono serão enviadas informações a todos os estudantes, que tenham endereços de contato, para que possam se envolver, seja no encaminhamento de pacientes. Essas atitudes são muito apreciadas e necessárias de fato. A Instituição deverá se sustentar sozinha, pois não poderá ser financiado pelas doações que são utilizados para o trabalho em geral da Fraternidade.
As reservas atuais não serão suficientes, a não ser que seja complementada com doações, ou que nós consigamos pacientes suficientes para cobrir os custos e manter a Instituição funcionando. Por isso solicitamos a colaboração de todos, tanto por orações como por apoio material”.
Provavelmente foi devido à crise mundial e também o esgotamento das reservas, o motivo para que o Sanitarium não fosse inaugurado na data prevista em dezembro. Somente no Natal de 1938, portanto, sete anos depois, houve a inauguração, mas sobre isto escreverei mais à frente.
Além das dificuldades financeiras em Mount Ecclesia também havia dificuldades espirituais que, em 1931, chegaram a um clímax. Para dar a imagem completa da situação retornaremos a 1910. Naquele momento Max Heindel foi avisado pelo seu Mestre que: “por mais que as intenções sejam boas no início, assim que houver posições e poder, a vaidade das pessoas será tocada e, para muitos, a tentação será demais”[4].
Ainda durante a vida de Max Heindel já havia pessoas de olho nos direitos autorais dos livros dele. Por este motivo ele fez o testamento. Quando este foi aberto em 1919 apareceu que a Sra. Augusta Foss Heindel era a herdeira dele, também das terras da Fraternidade. Alguns membros do conselho insistiram com ela de fazer uma doação do terreno para a Fraternidade. Apesar do advogado da Sra. Augusta Foss Heindel aconselhá-la a manter o terreno em seu nome enquanto ela vivesse, ela aceitou fazer a doação, porque ela tinha toda a confiança no conselho.
No dia 10 de janeiro de 1913 Max Heindel fundou uma Corporação, conforme as leis da Califórnia, pois ele considerava que seria a melhor forma de proteger os direitos autorais e posses materiais da Fraternidade contra os apelos da família de sua primeira esposa. Os Membros da Curadoria[5] tinham o controle e seus sucessores eram nomeados por ELES MESMOS e não por VOTAÇÃO. Eles não tinham responsabilidade nenhuma de seus atos perante os outros Membros. Se ocorresse cristalização, ou Membros duvidosos entrassem nesse comitê, não poderiam ser removidos por Probacionistas. Sra. Augusta Foss Heindel se arrependeu logo de não ter seguido o conselho de seu advogado.
Após o falecimento de Max Heindel, o Sr. Alfred Adams estava ao lado da Sra. Augusta Foss Heindel no comitê. Após o falecimento do Sr. Kennedy e da Sra. Lyon, ambos Membros da Curadoria, empossaram dois novos em seus lugares. Após a escolha destes novos Membros houve desarmonia em Mount Ecclesia. Numa tentativa de retornar a harmonia acrescentaram mais dois Membros, para dar um total de sete. Contudo, a harmonia não se restabeleceu.
Em 1926 foi construída a Escola Infantil, e alguns dos Membros da Curadoria não concordavam com isto. Eles queriam primeiro construir o Sanitarium. Sra. Augusta Foss Heindel escreveu sobre isto em uma carta aberta datada de 13 de maio de 1931:
“Naquele tempo o espírito de trabalho contrário se mostrou de forma brutal. Desde outubro de 1929 um Membro da Curadoria [Pearl Williams] ganhou uma influência dominante sobre dois outros Membros. Apesar de ser um Membro fiel e eu mesma tentar impedir, foi feita uma autorização de US$ 50.000 para a construção do Sanitarium. Eu fui contra devido ao fato que o mundo todo estava atravessando uma crise financeira. Além disso, eu sabia que somente alguns doentes poderiam tirar proveito disto, enquanto em todos os lugares havia uma falta de professores e palestrantes. Para podermos instruí-los necessitávamos de mais salas de aula, assim como espaço no escritório e quartos para que pudéssemos alojá-los aqui na Sede Central. Assim surgiu uma divisão na Curadoria e desde este momento três Membros fizeram de tudo que estivesse em seu poder para me oprimir”.
Numa carta escrita em 1930, pelo Juiz Carl A. Davis e o Sr. Starret, Membros da Curadoria, foi oferecida à Sra. Augusta Foss Heindel um valor anual de US$ 2.500,00, mas ela não aceitou esta oferta.
No dia 17 de março de 1931 o Sr. Alfred Adams faleceu com a idade de 72 anos, o Membro de confiança que apoiou a Sra. Augusta Foss Heindel, após o falecimento de seu marido. A partir deste momento as dificuldades ficaram maiores. Um mês depois, em abril de 1931, a Sra. Augusta Foss Heindel declarou, na reunião da Curadoria, que ela não enviaria mais suas cartas e lições de Mount Ecclesia, e também não teria mais nenhuma participação ativa nos trabalhos. Ela iria continuar da Curadoria, mas agora não mais como Presidente e também não ficaria mais morando em Mount Ecclesia. A função de presidência foi assumida por Carl A. Davis.
Provavelmente, em maio a Sra. Augusta Foss Heindel ficou doente. Tão doente, que por quatro dias esteve entre a vida e a morte. No mês que ela se restabeleceu, em junho de 1931 ela decidiu não retornar a Mount Ecclesia. Ela alugou uma casa em Oceanside, onde a Associação por ela fundou e estabeleceu o Centro: Max Heindel’s Rose Cross Philosophies.
No dia 13 de julho de 1931 a Sra. Augusta Foss Heindel denunciou a Fraternidade perante a Justiça Federal de San Diego por usarem os direitos autorais sem permissão. O resultado disto foi que em outubro eles assinaram um contrato para regularizar esta controvérsia sobre os direitos autorais. Aqui ficou definido que ambos os lados discordavam sobre quem tinha os direitos autorais e que a Sra. Augusta Foss Heindel já havia constituído outra Associação para divulgar os ensinamentos. Foi decidido que a Fraternidade teria uma licença “irrefutável, irrevogável direito e autorização” para publicar, vender, etc. todos os livros, e que a Sra. Augusta Foss Heindel, durante sua vida, seria a proprietária dos escritos, e após o falecimento dela seriam de posse da Fraternidade. Nenhum dos dois lados poderia dar procuração para outra instituição, sem a autorização do outro. Com a exceção que a Sra. Augusta Foss Heindel poderia dar uma procuração a uma instituição fundada por ela mesma. A Fraternidade deveria pagar um valor de US$ 125,00 por mês, de forma vitalícia, para a Sra. Augusta Foss Heindel. Se ela terminasse o litígio com a Fraternidade, antes de 15 de janeiro de 1934, o valor subiria para US$ 208,33 por mês. Após isto foram tomadas medidas para mediação e foi avisado a todos os membros da Fraternidade que a questão estava solucionada.
Em 9 de outubro de 1934 foi assinado um outro acordo entre ambos os lados, no qual foram mantidos vários pontos do contrato de 1931: Que a Sra. Augusta Foss Heindel formou uma Associação chamada de ‘Max Heindel Rose Cross Philosophies’ que distribui os ensinamentos e tem 2050 membros; que a Fraternidade, após a ruptura, continua suas atividades com 4500 membros; que cada qual tem ativos; que a Sra. Augusta Foss Heindel e seus membros estão convidados a retornarem à Fraternidade. Isto foi aceito e ambas as partes decidiram se unirem novamente, e por consideração pagaram US$ 1,00 um ao outro, para compensar os prejuízos. Ficou decidido que a Sra. Augusta Foss Heindel transferia seus livros e outros equipamentos para a Fraternidade, por um valor acordado.
O contrato de 1931 foi prorrogado, com a exceção que a Sra. Augusta Foss Heindel não poderia mais ceder os direitos autorais a nenhuma outra instituição. O valor mensal pago para a Sra. Augusta Foss Heindel ficou estipulado em US$ 125,00 por mês. Além disso, ela teria direito a morar em Mount Ecclesia, sem custo, e seria a Presidente do Conselho e Editor Chefe da Revista mensal, e, ainda, assinaria todas as lições e cartas em nome da Fraternidade.
Também foi divulgado que: ‘Todas as partes têm o mesmo pensamento sobre a questão, que a separação foi um grande equívoco por uma grande parte das pessoas, que prejudicou e atrasou o andamento do trabalho. Para todos os envolvidos ficou claro que a repetição das condições desta separação deveria ser evitada no futuro devido ao fato de que Max Heindel foi escolhido pelos Irmãos Maiores da Ordem, para passar estas lições à humanidade e que a Sra. Augusta Foss Heindel dedicou anos de sua vida ajudando com a construção desta instituição. A ela foi garantido, com este acordo, que se ela não fizesse mais parte do trabalho no futuro e se retirasse desta responsabilidade seria ainda ‘Presidente Emérita’ e que o pagamento mensal, sua estadia e manutenção iria continuar enquanto ela vivesse. Que ela iria trabalhar juntamente com a Fraternidade para que os ensinamentos possam ser divulgados por todo o mundo da melhor forma”.
No dia 25 de dezembro, em homenagem ao retorno da Sra. Augusta Foss Heindel à Mount Ecclesia foi feita uma festa ‘encontro de boas-vindas e retorno a casa’. Depois a Sra. Augusta Foss Heindel foi nomeada Chairman e o Juiz Carl A. Davis manteve sua posição de Diretor e Presidente.
Não apenas na Sede Central, mas em outros lugares do mundo os membros tentaram chegar ao poder. Contudo, não iremos nos aprofundar nisto.
Quando Mary Hanscom, a pequena ajudante da Sra. Augusta Foss Heindel, caminhava pelo terreno num dia de 1935, ela encontrou um animal que se comportava de forma muito estranha. Era um cachorro, que estava petrificado, no meio do caminho. Seus olhos estavam marejados de sangue e seu corpo tenso de medo. Mary precisou conversar docemente com ele várias vezes até que ele teve coragem de reagir ao seu chamado amigável. Ele foi levado para os fundos do refeitório e alimentado. Ele devorava a comida, pois, o animal estava faminto. Após lhe darem um banho e escovarem, ele aparentou ser um cachorro bonito, e parecia com um misto de cão policial e airedale terrier[6]. Contudo, o cão estava doente e precisava ser operado de uma hérnia, o que foi realizado em 1936. Os custos desta cirurgia foram divididos entre os funcionários. Este querido cão de guarda foi chamado Plato, pois era muito esperto, bastava um pensamento para fazê-lo entender. Ele faleceu nos anos quarenta.
Mary Hanscom era artista. Ela pintou a figura do “auxiliar invisível”. Os rostinhos foram tirados de fotos de bebês de funcionários de Mount Ecclesia. Ela também esculpiu os dois painéis da porta do Templo. Ela faleceu no início dos anos oitenta.
No dia 5 de setembro de 1936 a Sra. Gertrude Smith, de Canandaigua, Nova York, perdeu a vida dela num acidente de carro e deixou para a Fraternidade um valor considerável, que deveria ser utilizado integralmente para o Sanitarium. O Setor de Cura havia trazido muito alívio para ela e em agradecimento ela queria concretizar o ideal de Max Heindel, e construir um grande Sanitarium. Demorou mais de um ano para que o dinheiro fosse repassado à Fraternidade.
Em março de 1937 deram início ao curso Bíblico, que quando finalizou continha 28 lições. É um curso por escrito baseado nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental.
Quando a Sra. Augusta Foss Heindel, no final de 1934, saiu de Oceanside e retornou para Mount Ecclesia, ela foi morar na casinha no pé do morro, conhecida como ‘The Heindel Cottage’, onde já havia morado com seu marido. Contudo, em 1937, a então saudável e ativa Sra. Augusta Foss Heindel de 72 anos, tornou-se um tanto difícil para ela subir e descer algumas vezes a ladeira que a separava do escritório e do refeitório. Por isso ela deixou construir, com suas economias, ao leste de Rose Cross Lodge, uma casinha branca. Esta casinha tinha quatro quartos e uma sala de estar grande. Em junho de 1937 esta casinha ficou pronta e, então, se mudou para lá. Com a inauguração ela ganhou dos trabalhadores de Mount Ecclesia um conjunto de persianas que ela desejava. Sua antiga moradia serviu para outros trabalhadores.
Em março de 1938 compraram uma nova impressora. Era um equipamento caro, o mais novo Heidelberg com injeção de tinta automático. Também em 1938 foi publicado: Princípios Ocultos de Saúde e de Cura, de Max Heindel.
Além do Sanitarium também havia necessidade de um Departamento de Cura, um espaço separado onde as cartas e solicitações dos pacientes pudessem ser recebidos e organizados por Signo Solar. Em abril foi iniciado a construção do mesmo. Contudo, também fizeram os preparativos para a construção do Sanitarium, do qual a grande maioria já havia sido construída em 1932. O primeiro passo foi reformar o prédio agradável que ficava no canto do terreno, que antes era a Escola Infantil, como alojamentos para os enfermeiros, que trabalhariam para o Sanitarium.
No dia 6 de julho de 1938 foi reiniciado a construção do prédio do Sanitarium que foi possibilitado pelo legado da Sra. Gertrude Smith. Agora havia dois prédios a serem construídos, sendo que o Departamento de Cura deveria ser o primeiro a ficar pronto. Isto se tornou possível em agosto. No sábado, dia 27 às 11 horas, houve a abertura oficial e os membros podiam visitar o prédio.
O Departamento de Cura foi construído no formato de uma cruz. No centro, onde os braços se encontram tem uma pequena capela redonda e no telhado foi inserido um vitral, com o desenho da estrela de cinco pontas, e no centro dela tem cinco rosas vermelhas. Composta de doze salas para as secretárias, e cada uma representa um Signo do Zodíaco. Os pedidos de cura e as cartas dos pacientes são separados por signo solar.
Também foi trabalhado com muito empenho no Sanitarium e as pessoas esperavam poder inaugurá-lo em dezembro. Realmente isto pareceu possível, e no domingo dia 25 de dezembro de 1938, de manhã às 10:00 horas, depois de terem se passado sete anos do início da obra, o Sanitarium foi inaugurado. Na Rays de 1938 e 1939 está escrito o seguinte sobre o prédio: “O Sanitarium é um prédio de um andar. A parte que foi construída em 1932, mas não finalizada e que tem o formato de uma cruz, foi ampliada. Pelo fato das leis estaduais não permitirem que em ambos os lados de Hospitais e Sanatórios tenha um declive, não será possível fazermos as asas da cruz como havíamos planejado. Mesmo assim seguiremos o desenho original da paisagem.
No piso térreo são os escritórios para recebimento e administração, as salas de tratamento – como de hidroterapia, massagem, música e cor, e ultravioleta, e o setor de coordenação física e a sala de Raio X, um laboratório de metabolismo e laboratório geral. Também há uma Capela onde poderá ter os rituais diários; um refeitório para os pacientes e também visitantes, e uma cozinha para o preparo das dietas. Os setores para diagnóstico médico e Astrodiagnose também ficam no piso inferior.
O piso superior tem quartos individuais e de duas pessoas para os pacientes, alguns com chuveiro, outros com banheira. Esses quartos olham para o oceano ao sul e ao norte para as montanhas de San Jacinto. Neste andar também tem uma biblioteca para os pacientes. Os três terraços com tetos solares são confortáveis e tem vista para Oeste, Sul e Leste”[7].
Durante a inauguração a Sra. Augusta Foss Heindel fez um discurso. Depois a Sra. Dorothy Whitelock descreveu as coisas práticas e o Juiz Carl A. Davis finalizou com uma prece. Dr. L. B. Rogers foi nomeado diretor do Sanitarium. Antes disto ele havia sido, por seis anos, diretor do Hospital de Hollywood e, antes ainda do Hospital São Francisco em São Francisco. Contudo, ele ficou apenas até julho de 1938, por meio ano, e depois o casal Patton-Sheppard ganhou a direção. Dr. Charles Sheppard, e sua esposa Dra. Elsa Patton Sheppard eram cirurgiões e haviam trabalhado em Portland, Oregon.
No dia 29 de janeiro de 1939 a Sra. Mary B. Roberts, que por dez anos havia trabalhado no setor de Cura, faleceu. Alguns dias depois o Sr. Stewart Louis Vogt, de Cincinnati, Ohio, que depois foi morar em Oceanside, também faleceu de ataque cardíaco no hospital local. Este homem era um artista que desenhou o ‘Ecclesia Drive’, o caminho que vai para o Templo, ele também ajudou a pintar o interior do Pro-Ecclesia e fez a pintura do que fica do lado direito: ‘Cristo ajoelhado no Getsemani’.
Durante a Escola de Verão o Sr. Lynn Vivian doou para a Sede Central 100 pés de laranja e toranja, que foi plantado por um dos estudantes da Escola de Verão, o Sr. Karl Stebbinger.
Em 1939 o refeitório também foi restaurado e aumentado e foram comprados novos equipamentos, entre os quais um refrigerador.
Em 1940 os estatutos foram modificados, para poder incluir que a associação seria regida conforme as leis de associações – “non-profit college incorporation Law” – o que significa que a associação não tiraria proveito financeiro de sua constituição. O nome, que em 1935 tinha mudado para ‘The Rosicrucian College’ voltou a ser ‘The Rosicrucian Fellowship’ e, novamente, foi tomada a decisão de ser uma igreja ou organização religiosa que divulga os ensinamentos Rosacruzes.
Um dos desejos de Max Heindel era ter sua própria orquestra. Este desejo também se realizou porque em novembro de 1940 Mount Ecclesia tinha sua própria orquestra, da qual Ernst R. George era o dirigente.
Em dezembro de 1940, o Sr. Charles D. Cooper, que foi membro da fraternidade por 42 anos, faleceu. Ele conheceu Max Heindel pessoalmente e assistia suas Palestras. Ele iniciou, em 1924, o fundo para o órgão de tubos e a tela de projeção.
No dia 28 de fevereiro de 1941, o Dr. Leon Patrick foi recepcionado com uma festa juntamente com sua esposa, porque a partir de 1º de março ele seria o novo diretor do Sanitarium. O Dr. Patrick tinha graduação de M.D. do ‘Californisch Eclectic Medical College’ de Los Angeles e uma graduação de D. O. no ‘Los Angeles College of Osteopathic Physicians and Surgeons’. No ‘Los Angeles Country Hospital’ ele era assistente cirurgião. Ele tinha vinte anos de experiência em Orange, Califórnia, e fez uma boa reputação como médico, nutrólogo e escritor.
Quando, em fevereiro de 1942, a Sra. Augusta Foss Heindel se afastou da posição de Presidente do Conselho houve novamente divisão e as dificuldades retornaram. No dia 16 de abril os membros de Non-sectarian Church, Weaver, Munson e Grow, começaram um processo judicial em San Diego. O processo era contra a Fraternidade Rosacruz. Eles representavam quinhentos membros e queriam uma explicação, que eles e outros membros tinham o direito de participar da escolha dos Membros da Curadoria e tentavam conseguir uma devolução de US$ 41.936,56, dizendo que os Membros da Curadoria[8] desfalcaram do Sanitarium no período de 1939-1942. O Juiz declarou que eles, como seguidores da “Fellowship”, tinham o direito de verificar a contabilidade, mas devido ao fato de não serem membros da ‘The Rosicrucian Fellowship’ não poderiam participar das eleições da Curadoria, e que o afastamento da Sra. Augusta Foss Heindel como Presidente era um ato legal.
Entre os dois partidos não existia divergência de opiniões sobre a melhor forma de divulgar os ensinamentos. A questão era somente sobre quem tinha o direito de usar a propriedade e ensinar a filosofia. Juntamente com o direito de usar a propriedade estão os direitos de incluir novos membros, receber as colaborações destes membros e da venda dos livros.
Em janeiro, alguns seguidores da Sra. Augusta Foss Heindel queriam constituir uma Organização Religiosa, o que foi realizada em 6 de julho de 1944. Então, a Sra. Augusta Foss Heindel fundou a “The Rosicrucian Fellowship Non-Sectarian Church”. Três meses depois, no dia 7 de outubro, a Sra. Augusta Foss Heindel declarou que o contrato, mencionado anteriormente, com “The Rosicrucian Fellowship” havia sido cancelado.
No dia 12 de janeiro de 1946 Mount Ecclesia ganhou uma linha de ônibus para Oceanside. O ônibus passava a cada quarenta e cinco minutos das seis da manhã até à meia noite. Isto foi uma grande melhoria, pois os visitantes não dependiam mais somente de táxis e os moradores de Mount Ecclesia também conseguiam chegar mais facilmente na cidade.
Em muitos aspectos a Sra. Augusta Foss Heindel passou por um período de adversidades. Assim no dia 21 de maio de 1943 ela teve um sério acidente de carro e ficou por três semanas no hospital, enquanto alguns membros assumiram a tarefa esotérica dela.
Apesar de não haver melhoramentos no relacionamento, a Sra. Augusta Foss Heindel continuou vivendo em Mount Ecclesia. Não apenas nas condições emocionais, mas também nas físicas ela tinha dificuldades, pois após o acidente não houve uma melhora completa e ela vivia com dor constante no ferimento dos quadris. Por isto ela caminhava com dificuldade e ela se movimentava em Mount Ecclesia com o auxílio de uma cadeira motorizada. A dor permaneceu até seu falecimento, em 9 de maio de 1949.
No Echoes de junho de 1949 lemos o seguinte: “Mais de quarenta anos esta alma corajosa direcionou todos os seus pensamentos e ações à divulgação dos ensinamentos. Nós, que ficamos para trás, não podemos lamentar egoisticamente sobre a sua libertação de um corpo que no correr dos anos foi se tornando flagelado pela dor, apesar de estarmos tristes de perder seus sábios conselhos, seu toque suave, e a coragem intrépida da nossa ‘mãe’ Heindel”.
Após a cremação, em San Diego, as cinzas foram enterradas ao pé da Cruz do Fundador em Mount Ecclesia.
Após a partida da Sra. Augusta Foss Heindel, no dia 9 de maio de 1949, a liderança ficou com os Discípulos e Probacionistas. Isto significa que nada mudou e que as controvérsias continuavam existindo.
No dia 20 de junho de 1952, após 7 anos, o Juiz se pronunciou sobre o caso que foi iniciado em 1945. A deliberação foi que a ‘Non-Sectarian Church’ teria o direito de:
Ambas as partes, que tinham plena convicção de estarem agindo corretamente, pareciam, no verão de 1952, estarem dispostos a iniciar negociações para uma fusão. As chances pareciam favoráveis. Contudo, quando, em agosto, um dos antigos membros da Curadoria [Pearl Williams], que era um dos instigadores contra a Sra. Augusta Foss Heindel, reapareceu, as esperanças foram por água abaixo. Ela tenta convencer o Conselho a reabrir o processo judicial. Contudo, isso não é feito.
Porque os membros americanos não viam como chegar a um acordo, os Centros Europeus, no inverno de 1952, decidiram enviar o Sr. Lachambre, Presidente do Centro de Paris, para a Sede Central, como representante deles com o objetivo de ajudar a encontrar a união. O Sr. Lachambre era advogado e conhecia as Leis da França e também as da Califórnia. No início de março de 1953 o Sr. Lachambre partir em direção a Mount Ecclesia para permanecer lá por quinze dias. Após sua chegada solicitou um encontro com ambas as partes, que ficou marcada para dia 8 de março. No início desta importante reunião o Sr. Lachambre pediu o auxílio dos Irmãos Maiores da Rosacruz. As vibrações eram tão fortes que ele não conseguiu proferir nenhuma palavra, e por isto, iniciaram com um minuto de silêncio.
Sua proposta era dissolver os dois grupos, determinar uma comissão de arbitragem que daria seguimento às questões em andamento e depois constituir uma nova Fellowship. Desta forma a confusão que o nome ‘Church’ [Igreja] iria se desfazer e a palavra ‘Corporation’ [Corporação] que provocou as complicações, também iria se desfazer.
Foi instituída uma comissão de arbitragem sendo: 2 integrantes da Corporação, o senhor Omar D. Dodson e a senhorita Perl Williams; 2 integrantes da Non-Sectarian Church, senhora Helen E. Cash e o senhor L. Johnson e como 5º integrante: o senhor Lachambre. O relatório da comissão de arbitragem foi elaborado no dia 15 de março em reunião geral dos Discípulos e Probacionistas [somente os que tinham direito a voto], 34 no total, que foram desta forma: 28 votos a favor, 1 contra (a presidente da Corporação, Perl Williams) e 5 abstinências.
Depois disso enviaram uma carta para todos os Discípulos e Probacionistas solicitando seu voto. Enquanto isto o senhor Lachambre voltou a Europa e pessoalmente comunicou aos Centros Europeus o ocorrido.
Infelizmente, pelo menos por enquanto, a fusão não se concretizou. Novamente a Corporação solicitou a revisão ao Juiz, mas este se recusou a rever sua decisão.
Neste meio tempo foi contratado um novo diretor para o Sanitarium, Dr. Raymond H. Houser D.C. Seu nome aparece pela primeira vez na Rays de julho de 1954, portanto sua contratação deve ter ocorrido em maio de 1954.
Aproximadamente dois anos após a tentativa de unificação do Sr. Lachambre, parece que em agosto de 1955 que ambas as partes manifestaram desejo de se reunificar, pelo menos conforme anunciado no Echoes de novembro de 1955. Parece que o primeiro passo foi dado pela Non-Sectarian Church. No Echoes de março de 1956 está escrito que um avanço positivo da reunificação com a Corporação estava agendado.
E no Echoes de abril de 1956 foi notificado que em 25 de março de 1956, às 12:00 horas, seria a assinatura da fusão. A Corporação seria fechada e a Non-Sectarian Church continuaria existindo enquanto seu nome se modificaria para: “The Rosicrucian Fellowship”.
No Echoes de maio foi reimpresso um artigo do jornal de Oceanside, o ‘Blade-Tribune’, e a última página do Echoes citado foi dedicado aos acontecimentos deste 25 de março:
“No domingo, dia 25 de março de 1956 às 11:00, horas iniciou-se o encontro dos administradores da Corporation, os administradores do Non-Sectarian Church e os advogados de ambos os grupos. Havia muitos membros presentes, que se encontravam no Sanitarium, na recepção e perto das janelas do lado de fora para tentar ver e ouvir o desenrolar dos fatos. O Sr. Dodson, presidente da Corporação, abriu o evento e logo passou a palavra para o Sr. Frank Bowman, Presidente da Non-Sectarian Church. Senhorita Pearl Williams fez a cerimônia de abertura e logo após o Sr. Bowman solicitou que cada integrante do Conselho da Corporação e da Non-Sectarian Church falasse umas palavras. Cada um disse o seu ponto de vista sobre a importância da assinatura dos papéis da unificação.
Astrologicamente, o melhor horário para a assinatura era exatamente às 11:57 horas. Conforme esta hora se aproximava a tensão aumentava. O horário foi observado com todo o cuidado e exatamente às 11:57 horas as assinaturas se iniciaram. Os Senhores Bowman e Dodson assinaram os primeiros papéis que depois foram entregues a Sra. Scarborough e o Sr. Robinson, os secretários dos respectivos grupos, que acrescentaram suas assinaturas. Também era necessário assinarem todas as cópias necessárias o que foi feito o mais rapidamente possível. As assinaturas tomaram exatamente dois minutos e finalizaram às 11:59 horas.
O Prefeito de Oceanside, o Sr. Richardson, fez um pronunciamento aos presentes. Ele fez uma bela explanação do relacionamento de Oceanside com a Rosicrucian Fellowship. Logo após o evento foi finalizado.
Após um almoço na Cafeteria [antes chamada de Refeitório] houve um momento de confraternização onde todos participaram. Foi servido sorvete com bolo apreciado por todos. Na lateral da Cafeteria tem uma torre onde fica pendurado o sino. Todos se reuniram lá e o primeiro de dois atos simbólicos foi realizado. Foi o enterro do machado. Fizeram um buraco fundo onde colocaram um machado, que foi muito bem enterrado lá no fundo. A ideia era, futuramente, fazer uma placa de reconhecimento, para marcar para sempre que as dificuldades na Sede Central fazem parte do passado[9].
Logo depois foi realizado o segundo ato simbólico. Na entrada do terreno, abaixo da placa do ‘The Rosicrucian Fellowship’ tem duas estátuas, representando leões, cada um de um lado da entrada. O Sr. Bowman colocou suas roupas de trabalho e começou a pintar os leões. Ele declarou que estava fazendo este ato simbólico para mostrar que ninguém é bom demais para trabalhar, pois estamos aqui todos juntos com o mesmo objetivo: trabalhar pela Fraternidade para dar ao mundo um verdadeiro conceito espiritual, e fazer que a visão de Max Heindel tenha um final bem-sucedido. Os leões ficaram bem mais bonitos; que eles nunca mais fiquem maculados.
Isto fechou os acontecimentos do dia. Um dia que nunca mais esqueceremos, um dia de valor histórico na história da Fraternidade”.
Aqui a controvérsia duradoura chegou ao final definitivo, que devem ter custado, para ambas as partes, mais de US$ 100.000,00, em custos processuais.
Em dezembro de 1957 foi colocado um órgão novo na Pro-Ecclesia, pois o antigo estava em tal estado que necessitava ser substituído. Não era um órgão de tubos, mas era um Hammond[10], um órgão elétrico no valor de US$ 1360,00. Foi pago US$ 600,00 à vista e o restante em valores mensais.
Para irrigar para os gramados, flores, arbustos e árvores compraram uma nova tubulação. Esta tem um comprimento de 120 m, saindo do ponto central. Esta tubulação foi uma doação dos amigos de Porto Rico.
Após esta ligação da tubulação de água foi colocada uma rede de esgotos saindo da parte que foi comprada de 1,2 ha do bosque de eucaliptos, na parte baixa do terreno, que ainda não fazia parte quando Heindel comprou o terreno. Esta rede de esgotos vai do Centro de Cura, para o Cottage do Templo até Carey Road. O cano tem um diâmetro de 20 cm. Os custos foram orçados por US$ 4000,00 e a mão de obra ficaria US$ 300,00. Em 1961, quando o trabalho foi finalizado, constataram que os custos totais ficaram em US$ 7.500,00. Praticamente todos os prédios foram ligados a esta rede de esgotos, exceto Heindel Cottage, a biblioteca e cinco casinhas, que estavam construídas num nível do terreno muito baixo.
Também, em janeiro, uma das estudantes aposentadas doou um ônibus de 12 lugares para substituir o velho. Isto em homenagem ao seu falecido marido.
No Echoes de junho de 1960 foi anunciado que Heindel Cottage, a casinha onde o Sr. e a Sra. Augusta Foss Heindel moraram um tempo, não estava mais em condições de moradia, mas seria reformado para servir de museu. Nesta casinha Heindel escreveu as lições aos Estudantes, que mais tarde formaram alguns livros.
O museu iria conter a escrivaninha de Heindel e outros objetos que lembravam ele e a esposa. Assim que fosse possível a casa e os arredores seriam reformados. No Echoes de março de 1962 está citado que Heindel Cottage foi demolida em fevereiro, apesar da dor no peito e algumas lágrimas de antigos funcionários.
Após a fusão houve um período tranquilo no que se refere à parte espiritual, mas financeiramente estava muito difícil. Em primeiro lugar havia uma dívida muito alta perante a justiça. Em segundo lugar era necessário muito dinheiro para fazer a manutenção dos prédios e terrenos. Em terceiro lugar havia o aumento constante do material, maquinário para a impressão e distribuição; e por último os custos de impostos que subiram muito. Por estas razões, em novembro de 1959, foi enviado aos membros com direito a voto uma solicitação de autorização para arrendar alguns acres de terra, um pouco mais de um hectare. A maioria votou a favor.
Em 1960, a Califórnia necessitou de um pedaço de terra para duplicar a Mission Avenue e a Fraternidade receberia uma compensação pelo Estado. Juntamente com isto veio a notícia que Mount Ecclesia ficaria isenta do pagamento de impostos sobre o patrimônio.
Mas em meados de 1961 a Fraternidade recebeu o comunicado que todos os prédios deveriam seguir as normas do “Oceanside Code Requirement”, as leis orgânicas de Oceanside às quais novos e velhos prédios construídos deveriam seguir. Isto significava um valor considerável em manutenção e reformas, pois antes desta Lei Mount Ecclesia tinha controle próprio sobre seus prédios, esgoto, eletricidade etc. Agora não podiam mais fazer tudo sozinhos, pois deveriam ser feitos por empreiteiras registradas ou pessoas diplomadas.
Devido à falta de moradia o Conselho de Mount Ecclesia, no dia 14 de outubro de 1961, decidiu que qualquer Probacionista que assim quisesse poderia construir (no máximo cinco) casinha, atrás do Edifício da Biblioteca – que era o primeiro prédio. Com a construção destas casinhas seria demolida Ecclesia Cottage.
Depois de ter sido feito a rede de esgoto no bosque dos eucaliptos e alguns membros se prepararem para construir algumas casinhas lá, a cidade de Oceanside recusou a autorizar qualquer nova construção, enquanto não estivessem todos os outros prédios de Mount Ecclesia conforme a nova Lei do Município e do Estado; ou que fossem demolidos. Rapidamente ficou claro que isto traria um enorme gasto. Contudo, antes desta proibição já tinham começado as obras. Com a ajuda de boas doações e empréstimos de associados puderam fazer os pagamentos.
Mas em junho de 1962 ficou claro que – para fazer as devidas restaurações, incluindo a demolição e reconstrução de alguns prédios – seria necessária mais ajuda financeira. Novamente, veio a ideia de arrendar os 3 acres, 1,2 hectare de terra no canto onde Carey Road e Mission Avenue se cruzam. Após uma pesquisa descobriram que se arrendassem este pedaço de terra iriam perder o direito de não pagar o Imposto sobre Patrimônio, enquanto que se fosse vendido isto não aconteceria. Portanto foi enviado aos associados, com direito a voto, uma carta explicativa e solicitando seu voto, onde mais da metade se manifestou favorável. O advogado de Mount Ecclesia recebeu a ordem do Conselho para conseguir autorização do Supremo Tribunal para negociar com uma refinadora uma área de 1.350 m² para construção de um Posto de Abastecimento e 3 acres ao lado de Carey Road para empreiteiros locais.
A venda de 1.350 m² ao Hancock Oil Co., rendeu US$ 35.000,00 menos 10% de comissão. No contrato de compra e venda tinha uma cláusula que o posto de gasolina não poderia ter uma oficina de conserto junto. Os empreiteiros compraram 2 acres pelo valor de US$ 30.000,00.
No dia 13 de janeiro de 1962 a Sra. Ethel Caswell, que foi funcionária da gráfica e setor de redação por muitos anos, faleceu. Ela ajudou Heindel a tipografar o Livro “Mensagem das Estrelas” e vários outros livros. Ela era casada com Ned Caswell, que conheceu em Mount Ecclesia. Com alguns intervalos, eles moraram por anos seguidos em Mount Ecclesia.
Alguns dias depois, no dia 18 de janeiro de 1962, Esther Kristina Kjellberg faleceu. Em 1927 ela foi diretora da Escola Infantil e em 1932 ela se tornou estudante. Mais tarde ela foi secretária dos departamentos: sueco, alemão e francês.
Nem todos os prédios podiam ser restaurados a ponto de satisfazerem a Lei, ou os custos eram tão altos, que economicamente era inviável. Por esta razão, em fevereiro de 1962, Heindel Cottage foi demolida, a casinha que Heindel e sua esposa haviam morado. Em julho de 1962 a biblioteca, o primeiro prédio construído em Mount Ecclesia, também foi demolido.
No dia 26 de janeiro de 1963 o Conselho decidiu destinar a parte ao norte da Guest House[11] e ao leste do – logo depois demolido – Temple Cottage para construção de casas. Seria permitido a alguns Probacionistas construírem neste local, mas após seu falecimento as casas seriam de propriedade de Mount Ecclesia para servir de moradia aos funcionários.
Também seria definida, pelo Estado, a parte do terreno que ficaria disponível para a duplicação da Rodovia. Esta linha vai de um determinado ponto na entrada da Carey Road, até o caminho que vai até o bosque dos eucaliptos e a antiga entrada. Amic Street, o antigo caminho que vai até o bosque de eucaliptos, deveria permanecer, mas seria prolongada até onde agora é terreno da Fraternidade. A Rodovia seria duplicada, o que significa que seria construída uma nova entrada.
No dia 1º de junho de 1963 o Conselho decidiu parar de usar o ônibus. Com isto houve uma economia anual de US$ 500,00 em seguro e manutenção. Após ser avaliado por um corretor local o ônibus foi vendido para um dos funcionários.
Em meados de 1963, Ecclesia Cottage foi demolida. Em setembro de 1964 a impressora Stonemetz foi substituída por uma Kelly de segunda mão. A partir de outubro até final de dezembro de 1964 a Fraternidade produziu uma série de doze “quinze minutos” de emissão de rádio na estação XEMO[12]. As emissões eram aos domingos, às 15:45 horas. No futuro esperavam também aparecer na TV.
No dia 7 de novembro de 1964 o Conselho se reuniu, principalmente para decidir sobre a oferta de US$ 35.345,00 feita pelo Departamento Estadual de Rodovias pelo pedaço de terras de Mount Ecclesia, que o departamento necessitava para duplicar a Mission Avenue. O caso já estava nas mãos do advogado da Fraternidade, que já havia feito uma cotação por um corretor de imóveis para definir se o preço estava de acordo com o mercado. Apesar do contrato ainda não estar assinado, o Conselho estava de acordo que o máximo possível do valor deveria ser utilizado para construir uma nova biblioteca, pois a antiga deveria ser demolida. O novo prédio seria de um único piso e teria espaço para a biblioteca, local para aulas e local para Palestras. Um prédio assim seria usado durante o ano todo, mas em especial para as Escolas de Verão e em ocasiões especiais, como, por exemplo, encontros de música ou apresentações.
Na reunião de 9 de janeiro de 1965 foi decidido aceitar a oferta de US$ 35.345,00 do Departamento Estadual de Rodovias. Também foi aceita a oferta de vender os livros do New Age sobre a Bíblia, escritos pela Sra. Corinne Smith Heline. Seria feito um acordo com o Sr. e Sra. Heline, da New Age Press, onde a Fraternidade se comprometia, no futuro, imprimir e distribuir estes livros juntamente com os da Fraternidade. Como na Fraternidade as interpretações da Bíblia tomam um lugar tão importante, isto foi considerado um acordo muito favorável e teve grande apoio. Durante cinco anos a Sra. Heline foi uma das estudantes de Max Heindel e suas interpretações das leituras sagradas eram baseadas no Conceito Rosacruz do Cosmos e outros livros escritos por Max Heindel. São três livros sobre o Antigo Testamento, três livros sobre o Novo Testamento e um sétimo livro: “Os Mistérios de Cristos”.
No final de 1964, início de 1965, foram construídas cinco casinhas para membros. No lugar onde antes estava Valley View Lodge, beirando o bosque dos eucaliptos, foi construído uma casinha com quatro quartos para quatro pessoas, com uma garagem no andar inferior.
Logo seria construído, onde antes havia casinhas, perto da Cafeteria, três alojamentos para solteiros, contendo: quarto, banheiro, chuveiro e cozinha. Entre a Cafeteria e estes alojamentos ainda tinha lugar para, no futuro, se construir mais casinhas, que teriam, como vantagem, a bela vista para o Templo e para as montanhas de San Jacinto.
Na primavera de 1966 o Estado começou a duplicar a Mission Avenue. No pedaço de terra que foi vendido as árvores foram leiloadas e as moitas removidas. A entrada também seria demolida, pois não era possível removê-la. Já havia desenhos para a nova entrada aproximadamente no mesmo local, mas um pouco mais distante da Avenida. Para aqueles que visitam o terreno ficaria praticamente igual ao que quando Max Heindel lá vivia, com o Prédio da Administração à esquerda e à direita o Emblema da Fraternidade iluminada. A nova entrada ficou pronta em janeiro de 1967.
No Echoes de setembro de 1967 está escrito que no outono os desenhos do novo Auditório ficariam prontos. O prédio seria destinado, principalmente, para apresentações musicais, teatrais e para recepções, etc.
Em fevereiro de 1968 a casinha atrás do Rose Cross Lodge, onde a Sra. Augusta Foss Heindel viveu seus últimos anos, foi demolida. Um incêndio na cozinha, provavelmente ocasionado por um curto circuito, destruiu parte da casinha e a parte sanitária já deixava a desejar há algum tempo. Por conselho da Seguradora o Conselho decidiu que era melhor demolir, pois reformá-la, conforme as leis atuais, seria muito caro.
No lugar onde esteve Templo Cottage foi construída uma casa nova. Num futuro próximo pretendiam construir mais uma casa ao lado. Também iriam começar logo com a plantação de uma cerca viva de oleandros[13] beirando Amick Street e Mission Avenue.
Mas o plantio foi adiado até aproximadamente abril de 1970, pois deveria primeiro ser colocados tubos, para irrigar esta área. Foi definido por plantar uma espécie de Pittosporum[14], porque formam uma cerca fechada e tem flores com um cheiro que lembra as laranjeiras.
Por volta de fevereiro de 1968 foi adquirida uma nova impressora, chamada ‘kwickprint’. Foi uma doação de dois Probacionistas. Desta forma ficou mais barato para imprimir em cores, os panfletos e outros materiais.
No Echoes de agosto de 1968 foi anunciado um novo livro com o título: O Cordão Prateado e o Átomo-semente. Este livrinho de 50 páginas é uma compilação das lições dos estudantes baseados nos escritos de Max Heindel. Contém algumas ilustrações interessantes, feitas de slides que foram usadas por Max Heindel e seus estudantes, antigamente.
Aproximadamente um ano depois, em julho de 1969, dois novos livros ficaram prontos para distribuição gratuita: A Força do Pensamento, uma compilação retirada de livros de Max Heindel. O segundo se chamava O Planeta Plutão.
Apesar das brochuras divergirem em cor e tamanho, todos os livros da Fraternidade são costurados com fios verdes e impressos com o emblema e letras nas cores vermelho e dourado. Este era um plano do Max Heindel. Dois livros com exatamente o mesmo formato, costura e emblema irão chamar mais atenção e interesse. Uma fileira inteira desta forma iria chamar mais atenção ainda. Sobre o significado dos símbolos nos livros, a Sra. Lizzie Graham escreveu na Rays de janeiro de 1919, na página 358[15].
No Echoes de março de 1971 foi anunciado uma nova publicação: é um livro contendo 100 páginas com horóscopos interpretados por Max Heindel, que foram publicados primeiramente na Rays. Estas explanações não haviam sido publicadas antes.
Na segunda-feira dia 15 de fevereiro de 1971, às 6:00 horas um dos antigos Probacionistas e colaboradores, Theodore Heline, foi libertado de seu corpo mortal.
Naquele momento ele estava internado no Hospital de Oceanside, onde estava internado a alguns dias.
Ele nasceu em 1883 em Marcus, Iowa, onde ele cresceu e se tornou ator de peças de Shakespeare. Já na juventude ele se interessou por assuntos ocultistas e em 1921, quando morava em Nova York, ele conheceu os Ensinamentos Rosacruzes. Em 1922 se tornou estudante e numa visita à Sede Central conheceu Corinne Smith Dunklee, Kitty Cowen, Mary Roberts e outros que lá trabalhavam ativamente. Em 1925 ele se tornou Probacionista e dedicou alguns anos dando aulas no Centro da Fraternidade, palestrando e dando entrevista em estações de Rádio. Em 1932 ele voltou a visitar a Sede Central, e iniciando com a edição de agosto ele foi, por um ano, redator da Revista: Rays from the Rose Cross. Neste período ele fez amizade com Corinne Smith, que trabalhava como assistente na redação, e logo depois se casaram. Após se mudarem para Los Angeles, ambos dedicaram seu tempo a escrever, fazer palestras, divulgar e publicar os livros da “New Age Bible Interpretation”. Em 1965 eles se mudaram para Oceanside onde viveram até o falecimento do Sr. Heline em 1971. Logo depois a Sra. Heline se mudou para Glendale, na Califórnia, e de lá para Santa Monica, onde faleceu em 26 de julho de 1975.
Os escritos de Theodore Heline descrevem sobre a explicação das peças de Shakespeare e sobre a visão ocultista sobre os negócios do Mundo e outros assuntos; dão um testemunho de sua habilidade como escritor, a sua intensa aproximação aos mistérios ocultos, e a sua dedicação como aspirante espiritual.
Em 1971 e 1972 foram divulgadas mais algumas publicações, como um cartão gráfico que dava as posições de: Saturno, Urano, Netuno e Plutão entre os anos de 1800 e 2000. Uma série de desenhos dos Signos do Zodíaco, em preto e branco. Um panfleto para distribuição gratuita com o título: Retrospecção e Concentração. Um livro de, aproximadamente, 60 páginas que contém todos os diagramas do Conceito, e uma brochura com quarenta e uma páginas com o título: A Morte e a Vida depois Dela e uma brochura com o título: Retardamento Mental.
Em 1972 surgiram mais publicações, onde a principal delas é o Conceito em Braille.
Em junho de 1972 adquiriram uma impressora offset. Para dar uma dimensão da quantidade de livros vendidos naquele ano, seguem aqui alguns números: The Rosicrucian Cosmo Conception: 4.646 exemplares; New Age Vegetarian Cookbook: 4.437 exemplares; Tables of Houses: 15.947 exemplares; Ephemerides: 4.437 exemplares e formulários de horóscopos: 286.000 exemplares.
De tempos em tempos são necessários concertos e manutenções. Assim, na primavera de 1971 pintaram, novamente, a Cafeteria e fizeram as manutenções necessárias na Entrada Principal. No verão de 1973, no Prédio da Administração e, em outubro de 1974, o antigo Sanitarium, que virou Casa de Hóspedes. Contudo, o acontecimento maior foi na quinta-feira dia 12 de novembro de 1974, às 12:45 horas, quando colocaram a primeira pá no chão para a construção do novo Prédio da Administração, exatamente a oeste do anterior que foi construído em 1917. Em tempo recorde de três meses, no dia 18 de fevereiro de 1975, ele foi inaugurado.
No prédio inteiro tem carpete em tons de azul, enquanto os funcionários podiam escolher a cor das paredes e cortinas. Principalmente tons pastel entre o verde claro e amarelo.
No Echoes de maio de 1975 está escrito: “O Conselho de Administração tomou a decisão de um dos passos mais importantes para a Fraternidade desde a compra desta terra feita por Max Heindel. Foi enviado à Comissão de Planejamento da Cidade de Oceanside um plano de desenvolvimento geral. Tudo o que o Conselho de Administração sugeriu foi aceito. Isto significa que todas as construções no futuro podem continuar sem serem bloqueadas pelo Município.
Cada centímetro do terreno tem um plano para que qualquer desenvolvimento ocorra de forma ordenada e estética. O plano será executado nos próximos dez a quinze anos.
Já estamos felizes com o novo prédio da administração, e agora, que ainda cheira a novo e estamos mobiliando, já começamos com a construção dos apartamentos dos funcionários. Deve ser uma construção com um andar superior, com seis quartos individuais, quitinetes e um banheiro. Terá um terraço ao norte onde poderão se sentar e observar a paisagem”.
O novo prédio da administração foi uma doação do Sr. Gene Franzman. O Sr. David Johnson me escreveu: “Este prédio foi uma doação de um amigo meu, o Sr. Gene Franzman. Ele era Probacionista e participava do Conselho de Administração, morava em Mount Ecclesia e trabalhava na Biblioteca da Fraternidade Rosacruz. Ele doou milhares de dólares para construir este prédio e morava dentro dele até que se mudar para San Diego. Ele era músico de profissão e empregou seu dinheiro da aposentadoria neste prédio para os funcionários. Ele tinha 90 anos quando faleceu em San Diego. Nos anos 70 e 80 ele trabalhava na Sede Central. Eu o conheci em Tucson, quando nós seguíamos os cursos do Rosacruz nos anos de 1967-1969. Ele se interessou tanto pelos ensinamentos que ele comprou uma igreja velha e a doou ao Centro, até que em 1970 ele deixou o Arizona. Como o número de estudantes diminuiu a igreja voltou para Gene, que a vendeu por volta de 1971. Naquele tempo ele se mudou para a Sede Central levando com ele o dinheiro da venda para construir este prédio”[16].
O Echoes de maio de 1975 continua: “Com o tempo será construído mais um prédio para os funcionários. Também tem espaço para mais trinta e duas casas ou chalés. Finalmente será construída uma nova biblioteca, um prédio para educação, uma de uso multifuncional – que poderá servir como local de aulas – e cafeteria ou uma combinação de ambas com portas dobráveis que quando necessário poderá aumentar o tamanho. Pense que tudo isto já está autorizado pelo Município e o alvará de construção já foi concedido. O Município solicitou que colocássemos encanamentos para água com 15 cm de diâmetro para melhorar a defesa contra incêndios. Logicamente faremos isto com prazer. Também foi decidido fazer uma nova entrada.
A parte exterior não foi esquecida. Com este plano que prevê todas as obras futuras, assim como onde se localizarão estradas e prédios, também é possível determinar o local de todas as árvores e o paisagismo. Incluindo aqui um parque para meditação, onde as pessoas podem ir para curtir a tranquilidade e a natureza. Também haverá, para os que tiverem mais disposição, um centro de recreação, uma quadra de tênis e basquete”.
Numa determinada noite, perto do final de abril de 1975, houve um incêndio no depósito, separado da grande parte central no prédio antigo da administração. Os bombeiros cobriram todas as máquinas de impressão e papéis para evitar danos de inundação. Isso foi feito com sucesso, como ficou claro na manhã seguinte quando todas as máquinas funcionaram normalmente. Felizmente todos os escritórios já haviam mudado para o prédio novo quando este incêndio aconteceu. É preciso pouca imaginação para saber o que aconteceria se ainda estivessem no prédio antigo.
Em março de 1976 foi construído um prédio anexo ao norte da Administração, porque a encadernadora e expedição necessitavam de mais espaço, e também para a estocagem dos livros.
Em 1963 Oceanside havia declarado que Rose Cross Lodge estava inabitável e depois disto foi se deteriorando cada vez mais, portanto, no verão de 1977 tomou-se a decisão de demolir o prédio. Em outubro as estradas asfaltadas no terreno ganharam uma nova camada de asfalto conforme as normas.
No Echoes de fevereiro de 1982 foi declarado que no quarto escuro da gráfica havia sido instalado uma nova câmera vertical. Este aparelho moderno permitia imprimir fotos tanto em preto e branco, quanto coloridas na Rays. Esta nova câmera podia fazer fotos de 7,5 cm até 50 X 60 cm.
Em setembro de 1981 iniciou em Mount Ecclesia o período do computador. Todos os dados dos membros efetivos, simpatizantes, doadores e os que compravam livros foram inseridos num computador de dez milhões de bytes.
No sábado, dia 2 de setembro de 1978, faleceu um rico senhor de Portland, Oregon, aos 92 anos, chamado Fred Meyer. O Sr. Meyer, que conheceu Max Heindel em meados de 1909, sempre fez doações para a Sede Central e após seu falecimento ele deixou US$ 200.000,00 para a Fraternidade, o valor mais alto do seu testamento. Conforme os dados do tribunal ele deixou um milhão de dólares para sua família e funcionários enquanto os outros US$ 48 milhões eram para formar um fundo de caridade. Este fundo era para fins religiosos, caridade, pesquisa, literatura e educacionais e dos quais uma parte era dirigida à Fraternidade Rosacruz. A Fraternidade não tinha conhecimento disto, até que um repórter do Blade-Tribune, no sábado dia 9, os comunicou disto, pois não haviam sido comunicados pelo executor do testamento de Oregon.
Em junho de 1982 veio uma doação de US$ 100.000,00 que deveria ser aplicada conforme algumas condições em um documento anexo que foi enviado no dia 14 de junho. A Associação Beneficente de Fred Meyer informou a Fraternidade Rosacruz que poderia haver uma doação regular para financiar projetos, prioritariamente no noroeste dos Estados Unidos.
Após analisarem cuidadosamente diversas ideias o Conselho de Administração decidiu aplicar os US$ 100.000,00 da seguinte forma:
No Echoes de fevereiro de 1983 foi anunciado que: “este ano, durante o encontro da Escola de Inverno, abriremos o ‘The Rosicrucian Fellowship Museum’ distribuído por três recintos na Casa de Hóspedes. Durante muitos anos juntamos várias peças utilizadas pelo Sr. e Sra. Augusta Foss Heindel e de outros pioneiros que trabalharam em Mount Ecclesia. Contudo, até pouco tempo não havia espaço para montar um Museu. Agora isto ficou possível. O Museu será aberto para membros e amigos da Fraternidade”.
Em fevereiro de 1983 foi colocada uma nova placa perto da entrada, que era vista a distância por quem caminhava e pelos carros que passavam na rodovia.
Em março a Fraternidade ganhou de presente da Jackson & Perkins Company de Medford, Oregon, 180 roseiras. Estas foram plantadas perto do Templo e do Departamento de Cura.
Em junho de 1983 decidiram publicar um ‘jornal de visão e introvisão espiritual’, chamado Mystic Light. Foi pensado em um jornal de qualidade com oito páginas, que conteria um artigo de Max Heindel, um artigo sobre astrologia e outros artigos que seriam para estimular tanto a Mente quanto o Coração. O preço da anuidade era US$ 10,00 e para dois anos US$ 18,00. Era intenção que uma parte desta publicação do Mystic Light fosse enviado pelo computador para milhares de pessoas que tivessem interesse em receber desse modo.
Isto durou até dezembro de 1983. Por questões financeiras e técnicas precisaram parar com a publicação. Contudo, Rays from the Rose Cross, que desde janeiro de 1982 era publicado a cada dois meses, voltou a ser mensal e encadernado em formato novo e chamativo.
No início de 1984 foram escritos alguns livros para crianças: O Horóscopo da Sua Criança – parte 1 e 2, de Max Heindel, e Histórias Aquarianas para Crianças.
Uma nova jardinagem, desenvolvida por paisagista, incluindo projeto de irrigação, foi colocada na primavera de 1986, em frente à Casa de Hóspedes. Todo este trabalho foi realizado pelos membros e funcionários da Fraternidade.
No outono de 1986 a Fraternidade ganhou outra doação de US$ 100.000,00 do Fundo Fred Meyer de Portland. Esta doação foi utilizada para fazer um novo sistema de distribuição de água.
No verão de 1987 o Centro New Age Bible de Santa Barbara ponderou sobre o fato de deixar a Fraternidade imprimir os livros de Corinne Heine. Aceitaram a oferta, porque a Sra. Heline havia sido estudante de Max Heindel.
Em janeiro de 1989 foi anunciado um novo livro. Foi escrito por Robert Lewis e o título era: “The Sacred Word and its Creative Overtones”. O escritor tenta, com a ajuda da música, colocar uma conexão entre a religião e a ciência através da música. Em abril foram impressos 1500 exemplares.
Na primavera de 1987 faleceram algumas pessoas que eram membros por muitos anos. Eram: Hede Deen, que foi secretária de Alemão por dezesseis anos e que era membro ativo no Centro de Nova York antes de se mudar para a Sede Central em 1960.
Pearl Williams veio em 1928 para a Sede Central e alguns anos depois retornou e permaneceu lá o resto de sua vida. Em verdade ela cobriu todas as funções em Mount Ecclesia. Senhorita Williams começou como secretária de Espanhol e por muitos anos foi redatora da Rays, Presidente e mais tarde Membro do Conselho.
Richard Parson se associou a Fraternidade Rosacruz no início dos anos trinta e trabalhou lá por vários anos. Ele e sua esposa Roma voltaram para a região de Oceanside em 1974. Richard Parson esteve no Conselho, fazia palestras durante as Escolas de Inverno e Verão e era tesoureiro, quando faleceu no início da manhã de Páscoa.
Um ano depois em maio de 1988, Hans Mader faleceu, deixando sua esposa Frieda. Por mais de quinze anos foi funcionário em Mount Ecclesia.
No verão de 1987 a sala da História, situada na ala norte da Casa de Hóspedes, ficou totalmente pronta. Esta sala continha muitas fotos, livros, manuscritos e artigos sobre o crescimento de Mount Ecclesia durante os anos que se passaram.
O jornal mensal Rays from the Rose Cross voltou a ser bimestral em janeiro-fevereiro de 1988. O conteúdo mudou de 48 para 64 páginas.
Em 1988 Oceanside comemorou seu centenário. Em homenagem a esta festa, a Historical Society de Oceanside fez um lindo livro de capa dura. Neste livro tem uma página inteira sobre a história de Mount Ecclesia e uma página dupla com a foto colorida do Templo de Cura.
A Cruz original, que foi plantada no dia 28 de outubro de 1911, foi totalmente renovada na primavera de 1991. Também o emblema iluminado – que foi inicialmente doado por Probacionistas de Seattle, Washington, transportado por trem em 1912 para a Sede Central – foi lindamente reproduzido, colocaram lâmpadas novas e uma estrela reluzente.
Também o topo do Templo de Cura foi trazido abaixo. Ele praticamente caiu em pedaços quando foi colocado na mesa que estava pronta para sua reforma. Após estudo cuidadoso e de olho no desenho original, este também foi substituído e colocado novamente em cima do Templo. Simbolicamente este emblema representa a Terra na próxima Era. Com suas nove luzes circundantes representam a condição do ser humano com o Traje de Bodas desenvolvido e substituindo o Cristo como espírito planetário.
A Cidade de Oceanside fez uma nova lei no dia 24 de abril de 1991 sobre terremotos, com o objetivo de proteger os moradores e propriedades de Oceanside. Relatórios científicos sobre possíveis terremotos na Califórnia de amplitude catastrófica originaram esta nova Lei.
A Prefeitura declarou que três prédios de Mount Ecclesia eram inseguros. Para contestar até que ponto a Prefeitura tinha razão os proprietários poderiam fazer seu próprio relatório. Isto significava que a Sede Central, assim como vários moradores de Oceanside, deveria contratar um engenheiro e os serviços de laboratório, para fazerem os relatórios que demonstravam que os prédios já continham aço suficiente em suas construções para contestar as exigências da Prefeitura. Se a Sede Central não fizesse isto dentro do tempo determinado teria apenas duas opções: ou demolir os prédios ou conseguir o valor necessário para deixar os prédios em condições adequadas conforme as exigências da Lei de Terremotos. Um engenheiro, que tinha as qualificações exigidas, fez um orçamento de US$ 11.000,00 para fazer os testes nestes prédios.
Foi comunicado aos membros em março-abril de 1992 que um pedaço das terras conhecido como ‘the Carpenter Property’ havia sido vendida. Era localizada na parte do pé do morro onde se localiza Mount Ecclesia. Este pedaço já estava arrendado a muito tempo para um Ferro Velho e estava na lista de impostos de patrimônio. O Conselho nunca considerou este pedaço de terra como pertencente a Mount Ecclesia.
No Echoes de março-abril de 1993 foi anunciado que a Sede Central adquiriu um sistema de Computador no valor de US$ 12.000,00 para substituir o velho sistema Micro V.
No Echoes de julho-agosto de 1994 foi anunciado que a restauração do Templo ficou pronta, com uma nova cúpula e topo. Os profissionais que trabalharam na reconstrução do metal contaram que perceberam que saía uma energia “elétrica” dela o que eles acharam muito interessante e incomum.
A Capela e a Cafeteria também ganharam nova pintura. Em dezembro também ficaram prontas as novas instalações de irrigação e o asfalto das estradas.
Em fevereiro de 1995 foi concedido o direito de inscrever o Templo de Mount Ecclesia como Monumento Histórico dos Registros Estaduais da Califórnia. O Templo foi construído em 1920, portanto, setenta e cinco anos antes.
Em julho de 1997 foi anunciado um novo livro chamado “Memoirs about Max Heindel and The Rosicrucian Fellowship”. Augusta Foss Heindel escreveu este livro em 1941 e foi, mais ou menos, publicado em quarenta e nove edições no Echoes, iniciando em 01 de janeiro de 1948. A publicação foi possibilitada por uma doação. O livro contém 125 páginas e com noventa fotos preto-branco e oito fotos coloridas.
Novo também era o livro Echoes from Mount Ecclesia 1913-1919, que foi possibilitado por uma doação em fevereiro de 1998. O Echoes tem 608 páginas e cinquenta e uma fotos históricas em preto-branco; à maioria diferente das que estão no Memoirs.
Em março de 2001 o administrador do website da Fraternidade começou com a publicação dos relatórios das reuniões da Curadoria, tanto o Executivo quanto o Esotérico que se tornou uma fonte de muita informação, incluindo os livros de Max Heindel e os panfletos da Fraternidade Rosacruz. Na reunião de março de 2002 foi decidido que estes relatórios seriam disponibilizados para os que tivessem a senha, mas os documentos legais, como o Estatuto e regulamento interno estariam disponibilizados para todos. Também foi decidido publicar no Echoes um relatório periódico da situação financeira. Para economizar nos custos de correio o Conselho decidiu diminuir o tamanho do Echoes, que continha oito páginas e também fotos coloridas.
No dia 13 de julho de 2002 Kenneth Ray deixou de ser o paisagista do terreno para se dedicar a um jardim especial como memória de Max e Augusta Heindel.
No verão de 2002 houve nova crise econômica que também foi sentida por Mount Ecclesia. No Echoes foi anunciado que no dia 15 de julho o Conselho enviaria uma carta para os 7000 membros dizendo que apesar de todas as tentativas de diminuir os custos ainda seria obrigado a vender ou arrendar uma parte das terras compradas (1,8 ha) em 1928. Por insistência dos Irmãos Maiores a Fraternidade nunca pediu dinheiro para se associar, fornecer informações ou promover o ensino. Tudo é financiado com doações, legados ou no lucro da venda dos livros, o aluguel dos quartos para funcionários ou visitantes, e a receita do Restaurante. A Fraternidade sempre ficou na beira do sustento, de modo que uma crise econômica causa consequências catastróficas para uma instituição que nunca focou no material.
No Echoes de jan-fev 2003 está escrito que do total de 5527 membros apenas 13% moram nos EUA. Mais adiante que 25% dos membros falam inglês e que do total de membros apenas 20% fazem aportes mensais.
No outono de 2003 Elizabeth Ray e seu marido Kenneth deixaram suas funções como secretária esotérica e jardineiro e se mudaram para Wisconsin.
Vemos pelo mundo que existem três grandes tentações que a maioria das pessoas consegue resistir com dificuldade: dinheiro, poder e sexo. Durante a candidatura da Curadoria em 2003 o Sr. Francisco Nacher de Madri, Espanha, conseguiu convencer uns vinte Probacionistas do Centro de Los Angeles para votarem nele. O resultado foi catastrófico. Dentro de pouquíssimo tempo aquela Curadoria demitiu alguns trabalhadores eficientes e confiáveis e em seu lugar colocaram outras pessoas. A Curadoria demitiu Charles Weber sem aviso prévio, suspendeu-o de ser membro pelo prazo mínimo de 5 anos e tirou-o da casa onde morava, acusando-o de “injúria e difamação de Max e Augusta Heindel”.Pelo fato de demitir Charles Weber a revista Rays from the Rose Cross deixou de ser publicada. Pela primeira vez em 91 anos desde que Max Heindel em junho de 1913 publicou seu primeiro Echoes from Mount Ecclesia, a Fraternidade Rosacruz não tinha mais jornal periódico dos Ensinamentos Ocidentais Ocultos. As flores e plantas tropicais do jardim secaram e morreram e o mato tomou conta. Pouco depois Mary Reed, da contabilidade, foi demitida e ninguém a substituiu.
Quando a situação foi comunicada aos membros através de e-mail, estes expressaram sua indignação parando com as contribuições voluntárias. Para obter dinheiro a Curadoria vendeu, em junho de 2004, quatro palmeiras enormes. Mais tarde estas palmeiras foram reconhecidas sendo plantadas ao longo da Rodovia. Em 2007 foi comunicado que todas estas palmeiras que vieram das Ilhas Canárias sofriam de uma doença incurável e que iriam sucumbir a isto.
Como consequência da insatisfação, Nadine de Galzain entregou uma petição ao Tribunal no dia 29 de abril de 2004, por má administração. No dia 1º de junho de 2004 o Tribunal enviou o Juiz aposentado David Moon para montar uma Comissão de arbitragem em Mount Ecclesia. Por força da Lei a Curadoria vigente foi desfeita e uma nova Curadoria temporária foi instituída com três membros de cada lado, para dar continuidade até que um definitivo fosse escolhido, o que aconteceria em 25 de fevereiro de 2005. O prazo de início da nova Curadoria seria dia 09 de abril de 2005.
Conforme o julgamento do Tribunal no dia 1º de junho de 2004, que entrou em vigor no dia 1º de julho de 2004, foi definido o seguinte: Os três escolhidos que tiverem mais votos ficarão na Curadoria por três anos. Os três que se seguirem em número de votos ficarão por dois anos na Curadoria e o restante permanecerá por um ano.
Esta Curadoria Temporária assinou um acordo em dezembro de 2004 que o Projetista Dan Jensen teria o direito de arrendar uma parte do terreno por 99 anos e lá construir um condomínio de flats.
No Echoes de abril de 2005 tem a boa notícia que a Fraternidade recebeu uma doação de US$ 13.000,00 em debêntures. Em um e-mail datado de 29 de dezembro de 2005 para a Curadoria está escrito: “Doação para a Fraternidade Rosacruz no valor de US$ 15.000,00.
Na carta tem, entre outros, o seguinte:
“É bom recebermos, mas, agora temos que dar. A Sede Central foi novamente atacada por Marie José Clerc, que fez um processo contra a Fraternidade e a maioria da Curadoria de 2004, e que neste ano em julho iniciou mais uma vez entrou com uma ação contra a Fraternidade e sete dos Membros da Curadoria. Como consequência destas ações na justiça foi e está sendo dispendido muito tempo e dinheiro em custas judiciais.
O objetivo principal de ambas as ações é destituir a Curadoria escolhida legalmente com base em tecnicidades obscuras e de menor importância.
…. Ainda que a Fraternidade possa usar esta doação onde melhor lhe convier, é desejo do doador que seja considerado preferencialmente o uso do dinheiro como se segue:
Sinceramente, um doador anônimo”.
Também foi anunciado neste Echoes de abril de 2005 que em janeiro de 2005 foi recebido um legado de uma herança de um velho membro no valor de US$ 93.000,00, o que significava que teria dinheiro suficiente para pagar todas as dívidas.
Charles Weber colocou de julho a dezembro 52 números do Rays from the Rose Cross que ele mesmo havia editado em seu website. No final de dezembro foi enviado a ele uma carta do advogado da Curadoria, ordenando que fossem retirados imediatamente esses Rays do seu website e que também não poderia utilizar o emblema Rosacruzes, consequentemente estes números foram retirados.
Na reunião extraordinária de 22 de outubro de 2006, Renate Shoemacker foi escolhida como Presidente substituindo Virgilio Rodriguez; Louis Blanco ficou Vice-Presidente, no lugar de Danielle Chavalarias, e Alexandra Porter substituiu a Danielle Chavalarias, como Presidente da Curadoria; com isso duas pessoas malquistas nesta história saíram de cena. Elas foram os líderes que tentaram vender uma grande parte das terras de Mount Ecclesia e ofereceram um contrato de arrendamento para um empreiteiro por 99 anos para construir flats. Montaram um contrato, sem o conhecimento dos membros da Fraternidade. Membros das famílias Chavalarias, Rodriguez e Manimat foram intimados a deixar suas moradias até 31 de dezembro. Daniella Chavalarias e Virgilio Rodriguez mantiveram suas posições como Membros da Curadoria. No outono de 2006 haviam apenas dez funcionários pagos trabalhando em Mount Ecclesia, dos quais três não eram membros, e mais cinco voluntários, dos quais quatro não eram membros. Dois voluntários eram pagos por um programa de subsídio para funcionários antigos de entidades sem fins lucrativos. Em janeiro de 2007 os funcionários registrados em Mount Ecclesia recebiam US$ 8,00 por hora, o salário mínimo da Califórnia.
O autor recebeu uma notícia de Marie-José Clerc, que no dia 5 de dezembro de 2006 ela ouviu o seguinte:
“- Que o caso judicial só seria finalizado quando ela assinasse os últimos documentos que foram enviados por e-mail.
– O acordo foi assinado e enviado para San Diego para ser registrado. Portanto, atingi meu objetivo principal: defender as terras da Fraternidade.
– Até este momento a ação judicial custou US$ 16.000,00. Ainda assim, terei de pagar os custos do Tribunal, mais alguns mil dólares”.
No Echoes de julho-setembro de 2007, Alexandra Porter, a Presidente da Curadoria, cita alguns pontos financeiros que estão programados. Como segundo ponto ela comenta a doença das palmeiras das Ilhas Canárias. Ela escreve que trinta Palmeiras das Ilhas Canárias estão infectadas desde 2004, e das quais sete já morreram. A Curadoria decide vender a maioria das palmeiras para a Junglescape Company, que também retiraria as palmeiras doentes para cobrir os custos. No início de novembro Ken Ray manda uma reação à Curadoria, por e-mail, com cópia a vários membros, que nos últimos quatro a cinco anos só morreram 5 palmeiras devido a doença Fusarium Wilt. Que não existe remédio contra esta doença, mas que com um cuidado especial poderia prolongar a vida das palmeiras infectadas por vários anos. Um membro havia deixado um especialista inspecionar as palmeiras e este não havia encontrado sinais da doença. Todas as árvores retiradas, excetuando as cinco mortas, foram vendidas. O empreiteiro que retirou as plantas comentou com um membro que elas não estavam doentes. Se conforme o Membro da Curadoria, Luis Blanco, foram retiradas 62 palmeiras, das quais cinco estavam mortas, significa que foram vendidas 57 por um preço médio de US$ 3.500,00 significando uma receita de US$ 199.500,00, descontando os custos das árvores mortas. Em julho foram vendidas mais, no mínimo, dez árvores.
No Echoes de julho-setembro de 2008 tem um demonstrativo financeiro do último trimestre, de março-maio 2008. Aqui aparece que a Sede Central finalmente gastou menos, US$ 50.819,00, do que arrecadou: US$ 67.846,08. Isto parece uma notícia muito boa, mas é realmente assim?
Por alguns anos já estava economizando o máximo. Está se trabalhando com falta de funcionários, não fazem mais cursos e também não estão mais imprimindo livros em Inglês ou Espanhol. Sob a liderança de Alexandra Porter vários membros americanos foram expulsos com uma atitude positiva. Cursos e Escolas de Verão não são mais organizados. No tempo de Max Heindel os Probacionistas e Estudantes recebiam lições mensais com uma carta anexa. Sra. Augusta Foss Heindel deu continuidade a isto. Mais tarde só havia uma carta mensal aos Probacionistas e Estudantes. Desde 2006 estas cartas se tornaram trimestrais. Portanto, não há motivo nenhum para contentamento. No dia 5 de julho de 2008 foi escolhido um novo Conselho com o Sr. Edgar Anderson como Presidente, o Sr. Jim Noel como Vice-Presidente, Sra. Madeline Burgess como tesoureira e o Sr. Jean de Galzain como secretário. A Srta. Alexandra Porter foi forçada a deixar a Sede Central e não poderá mais exercer nenhuma função lá. Com esta alteração chegou ao fim vários anos de má administração e podemos esperar que 2009 será um ano festivo para relembrar que um século atrás – no dia 8 de agosto de 1909 – The Rosicrucian Fellowship foi fundada e em novembro deste mesmo ano The Rosicrucian Cosmo Conception foi publicado.
Para os membros americanos da Fraternidade a situação sempre foi totalmente diferente do que dos outros membros. Muito rapidamente após a fundação da The Rosicrucian Fellowship os livros em Inglês de Max Heindel foram traduzidos para holandês, francês, alemão, italiano, português, espanhol e outras línguas e nos diversos Centros vendidos aos membros que tivessem interesse. Por este motivo, e porque os interessados podiam conseguir as lições em sua própria língua, a relação com Mount Ecclesia era mais uma formalidade do que uma necessidade.
Nos Estados Unidos os livros eram impressos e distribuídos pela Sede Central e que também poderiam ser comprados em livrarias. Apesar dos Centros nos Estados Unidos, a Sede Central permaneceu realizando uma função central. A forma como os americanos consideram Mount Ecclesia é, portanto, totalmente diferente do que, por exemplo, os europeus a veem. De fato, os Centros Europeus são autônomos e independentes da Sede Central, e por isso se sentem, financeiramente falando, menos responsáveis do que pelo próprio Centro. Também estão menos interessados pelo que acontece na Sede Central, porque também não tem a visão sobre o que acontece. Com a vinda do computador muita coisa mudou. Pela internet os trabalhos de Max Heindel foram traduzidos para muitas línguas, entre as quais: inglês e espanhol, ficando disponíveis para muitas pessoas. Membros e interessados começaram a trocar informações e também os membros americanos foram estimulados a fazerem sua parte. Além dos livros de Heindel em inglês, que se encontram na Internet, nove membros se dedicaram a redigitar a revista Rays from the Rose Cross e o jornal Echoes from Mount Ecclesia, que foram escritos sob a orientação de Max Heindel, fizeram um novo formato, mas tentaram manter o mais próximo possível do original. Para isto podemos agradecer, citando em ordem alfabética: Antonio Ferreira, Jamis Lopez, Margie Petit, Alexandra Porter, Elizabeth Ray, Jorge Rey e Lynne Ross que digitaram os textos e Allen Edwall pela informação técnica e Charles Weber pela formatação. Max Heindel considerava o Rays como um meio muito importante para divulgar os Ensinamentos Ocultos do Ocidente. A este desejo foi dado ouvidos através da Internet. Sem dúvida alguma, muitas outras iniciativas neste sentido serão tomadas no futuro. Até que ponto a Sede Central pode e quer dar sua colaboração para isto está fora de perspectiva. Ela é apenas um auxílio que tem o direito de existir enquanto cumprir com a sua função. As pessoas não devem se apoiar nisto. Max Heindel mesmo disse: “A Fraternidade Rosacruz não é apoiada e nem animada pelos Irmãos Maiores. Eles me deram os ensinamentos, com a condição que eu os espalharia com os meus melhores meios. Eles declararam que iriam também ajudar outros que se prontificaram a este objetivo. Pesquisadores destes ensinamentos se juntaram para um bem comum. Contudo, não existe nenhuma linha totalmente definida, nem organização fixa, e também não há intenção de formar uma, mas as pessoas podem adquirir este conhecimento onde acharem melhor”[17]. A Sede Central também não é uma obrigatoriedade para os membros e cada um faz as coisas à sua maneira, e aquilo que está ao seu alcance, de uma forma que no passar dos séculos, sempre foi trabalhado. Uma instituição como a Sede Central não pode funcionar sem regras, prédios e pessoas e para isto necessita de dinheiro. Contudo, aqui também estão suas restrições. Max Heindel também fala: “Nós não podemos deixar de ter uma organização na Sede Central. Contudo, a sociedade deve se manter livre disto, para que possamos ter o maior crescimento anímico possível e uma longa existência possa ser assegurada. É triste pensar que mesmo sendo este nosso ideal, a Fraternidade Rosacruz irá seguir o mesmo caminho que qualquer outra organização. Ela irá se prender a leis e abuso de poder irá fazer com que cristalize e caia em pedaços. Temos como consolo que em seus destroços algo maior e melhor irá nascer como em outras construções que já atingiram seus objetivos e agora estão em estado de declínio”[18].
Mas Heindel também nos diz que “um dia … no futuro, provavelmente quando o Sol estiver em Aquário[19], a Ordem Rosacruz nos seguirá. Ela também irá construir um Templo aqui, muito mais influente que nós um dia esperamos conseguir construir. O trabalho que agora é feito no Templo dos Rosacruzes, que está situado na Alemanha, irá prosseguir; talvez este Templo será realocado. O escritor [Heindel] não sabe com certeza, mas aquela estrutura é totalmente etérica”[20].
O futuro distante irá determinar onde será este lugar. Talvez seja no lugar que tenha o mesmo nome onde o Templo que hoje está na Montanha de minério, em Saksen, na Alemanha.
Mount Ecclesia fica a aproximadamente 3,5 km de Oceanside. Saindo da Estação deve se andar pela Main Street que se torna a State Highway 76. Antigamente esta estrada se chamava Mission Avenue. Perto da entrada tem uma bifurcação. A antiga Mission Avenue agora se chama Amick Street. A partir da entrada principal, ao lado de 2, 7 e 8 fica a Ecclesia Drive. A parte curta e reta a seguir se chama Temple Drive. A parte entre Ecclesia Drive e Temple Drive, onde tem algumas casas, se chama Melody Lane. O pinheiro em frente a 10 e 12 foi plantado por Max Heindel.
Na Figura 102, o mapa de Oceanside, pode se ver quase acima olhando da esquerda para a direita uma linha preta escura; esta é a Rodovia 76. Onde a curva dobra para baixo fica ao norte, nesta curva da Rodovia, Mount Ecclesia.
A maioria das pessoas pensa na “Iniciação” como uma cerimônia específica, muitas vezes pagando um valor expressivo, de uma ou outra Sociedade. Aqui não é assim. Aqui queremos dizer algo bem diferente, uma experiência interna com consciência absoluta que o candidato adquire a capacidade de entrar nos mundos espirituais conscientemente, em qualquer momento que ele ou ela desejar.
Max Heindel descreve a Iniciação da seguinte forma: “Quando chega o momento [da Iniciação] o candidato esteve cultivando internamente certas faculdades, acumulando certos poderes para servir e ajudar, dos quais é quase sempre inconsciente ou não sabe como usar corretamente. A tarefa do iniciador é, então, muito simples: mostra ao candidato as faculdades latentes, os poderes adormecidos, e inicia-o no seu uso, explicando-lhe ou demonstrando-lhe, pela primeira vez, como o candidato pode despertar essa energia estática, convertendo-a em poder dinâmico”[21].
Iniciação, portanto, é o resultado final de um processo espiritual curto ou longo no qual o ser humano com sua própria força entra nos mundos espirituais com a mesma consciência que se vive no Mundo Físico; também o candidato desenvolve a clarividência, mesmo que este último ainda não esteja sob seu controle.
Faz muita diferença se o candidato seguir o Método Ocidental da Escola de Pensamento Rosacruz ou de uma das outras seis Escolas dos Mistérios Menores. O Método Ocidental de Iniciação é baseado no Cristianismo e ensina o candidato desde o princípio a ficar sobre seus próprios pés e ser independente de outros. O candidato tem um Mestre que é mais considerado como um amigo, um orientador. Esse método também é para construir o Corpo Vital. Este Corpo Vital é uma cópia exata do Corpo Denso, que o interpenetra, mas estende-se uns 4 cm do Corpo Denso. O Corpo Vital tem em sua composição material da Região Etérica e é constituído por 4 Éteres:
Éter Refletor – memória
Éter de Luz – percepção sensorial
Éter de Vida – propagação
Éter Químico – assimilação e eliminação
O método oriental de Iniciação é baseado no Hinduísmo ou Budismo. O candidato tem um Mestre a quem deve obediência sem questionamento. Por eles o Corpo Vital é visto como algo insignificante, pois eles consideram que não pode ser desenvolvido como um corpo de consciência. Eles acreditam que devem desenvolver o Corpo de Desejos. O Corpo de Desejos tem o formato de um ovoide e interpenetra o Corpo Denso e estende-se em uns 40 a 50 cm. Não contém órgãos como o Corpo Vital. O Corpo de Desejos é composto de vórtices e ainda está em um estágio rudimentar[22].
Em seu livro Maçonaria e Catolicismo, Max Heindel descreve o caminho do Ocultismo Cristão ou Esotérico[23], guiado pelo seu conhecimento, em contrapartida do Cristão Místico[24] que é guiado pela sua fé. Ambas as formas são unilaterais e um dia terão de ser unificadas. Por este motivo a Fraternidade Rosacruz aconselha fortemente e tenta equilibrar o pensar e sentir e unificá-los.
Existem sete Escolas de Mistérios Menores que correspondem aos sete raios em que a humanidade está dividida. Cada Escola ou Ordem corresponde a um destes sete raios que podem ser comparados às sete cores do espectro. De fato, é nossa “Estrela-Pai”[25] que nos faz escolher de nosso interior para uma determinada forma de desenvolvimento pelo qual Max Heindel observa: ‘Em geral podemos dizer que todas as pessoas do Ocidente pertencem a Escola do Ocidente dos Rosacruzes e que elas cometem um engano quando vão a outra Escola – que pertence ou se orienta em base do Ensinamento Oriental[26]. As Escolas de Mistérios de cada Religião contêm as necessidades de seus membros pela raça ou povo que consideram elas como um ensinamento maior para levar seus praticantes para uma esfera maior, pelo menos se elas viverem a vida com esse intuito.
Todas estas sete Escolas dos Mistérios Menores compõem-se de doze irmãos, chamados Irmãos Maiores, e um décimo terceiro, que é o “cabeça”, e um número não determinado de Irmãos e Irmãs Leigos. Cada uma destas escolas tem nove graus. Se o Irmão ou Irmã Leigo passou pelas nove Iniciações ele (a) pode ser admitido em uma das cinco Escolas de Mistérios Maiores. Após a primeira das quatro Iniciações Maiores o candidato passa a ser chamado de Adepto. Após o Adepto ter passado as quatro Iniciações Maiores ele se encontra com o “Cabeça Central”, também chamado de “O Libertador”. Então o Adepto se torna um Irmão Maior.
Os “Cabeças” das sete Escolas de Mistérios Menores formam a Loja Branca enquanto os Hierofantes das 5 Escolas de Mistérios Maiores formam o Conselho Central[27].
Vamos descrever agora como a Fraternidade Rosacruz, como escola representante da Ordem Rosacruz, trabalha. Quando Max Heindel fala do ‘Mestre’ ele quer dizer um dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz que tem uma atenção especial para a Fraternidade Rosacruz. A Fraternidade Rosacruz é formada por todos os membros, que moram espalhados por todo o mundo. A Sede Central em Oceanside foi chamada à vida para espalhar o Ensinamento por meio de livros e lições. Não é um organismo que tenha autoridade sobre seus membros.
Após a fundação da Ordem, no final do século XIII, potenciais Iniciados foram inspirados pessoalmente pelos Irmãos Maiores. Os Iniciados a seu modo indicavam outros que liam seus escritos de como seguir o caminho. Pelo fato da Igreja Católica Romana, e depois as outras Igrejas Cristãs, não aceitarem outra opinião que não fosse a sua, como foi escrito no Capítulo 1, era perigoso demais falar publicamente a sua opinião. Por esta razão isto ocorria às escondidas, através de símbolos alquímicos. Apesar de serem homens que escreviam estes textos, não significa que não havia mulheres que eram iniciadas. Contudo, o Iniciado que puder escolher virá em corpo feminino ou masculino, e é inclinado a escolher este último; pois aí terá um Corpo Denso positivo e um Corpo Vital negativo.
No início de 1600 o tempo parecia maduro para dar mais conhecimento à Ordem e seus Ensinamentos, e a partir de 1900 parecia necessário que se espalhasse de forma aberta e clara. Desde aquele momento Max Heindel falou, de forma clara, o que este ensinamento abrange e todo aquele que tiver interesse pode se associar para aprendê-lo, apesar de que é também possível através de auto estudo adquirir este conhecimento.
Quando o candidato decide se associar é preciso completar doze lições[28], baseadas no Conceito Rosacruz do Cosmos. O objetivo é que aí o candidato tenha conhecimento dos objetivos e metas da Fraternidade antes de dar o próximo passo.
Quando estas doze lições foram finalizadas o candidato pode se cadastrar como Estudante Regular. Neste período, que dura dois anos, é esperado que ele se aprofunde mais nos Ensinamentos Rosacruzes. Se houver interesse após estes dois anos o candidato pode se candidatar a Probacionista.
Este é o primeiro momento que o candidato à Iniciação, mesmo sendo inconsciente, entra em contato com um dos Irmãos Maiores. Um deles era o Mestre, que Max Heindel comenta. Para o momento do compromisso de Probacionista o candidato mesmo faz uma escolha entre duas até quatro opções de horário que são calculados astrologicamente a partir de seu mapa natal.
Depois de ter escolhido o momento mais propício, o futuro Probacionista, na presença do (não visível) Irmão Maior, faz um juramento a SI MESMO, NÃO à Ordem Rosacruz. Esta promessa inclui se tornar vegetariano (inclui aqui não comer carne animais: mamíferos, aves, peixes ou outros tipos quaisquer), não usar couro, penas e nem peles animais ou qualquer outra parte dos corpos de animais, bebidas alcóolicas, cigarros, qualquer tipo de fumo ou drogas lícitas ou ilícitas; e tentar viver a vida de acordo com os princípios promulgados pela Religião Cristã. No exato momento em que o candidato lê o juramento em voz alta, na privacidade de seu quarto, o Irmão Maior está presente, embora invisível para o candidato. O Irmão Maior não só atua como testemunha, mas durante a leitura do juramento a mão direita do Mestre está sobre a do candidato, fazendo com que os seus Éteres se misturem, e permitindo a este, até certo ponto, vibrar de acordo com aquele simultaneamente. Se o Probacionista efetua fielmente os seus exercícios diários, mantém a sua ligação com o Mestre, por meio do seu relatório mensal que dever ser feito a tinta permanente – não esferográfica – o que ajuda a manter este vínculo.
Também aqueles que não são membros, mas conscientemente buscam viver a vida superior, ou aqueles que inconscientemente o fazem, como, por exemplo, os eruditos, os comerciantes, ou aqueles que administram um empreendimento, estão no caminho do desenvolvimento espiritual e encontrarão o caminho para o Templo, conforme diz Max Heindel. Pois, apesar da Fraternidade Rosacruz ser um instrumento especial da Ordem Rosacruz para o crescimento anímico e um dos Irmãos Maiores dedicar atenção especial a ela, a Fraternidade não tem a exclusividade, conforme diz Max Heindel.
Depois segue um período de no mínimo cinco anos onde o candidato deve continuar se desenvolvendo e que também será provado. As provas são necessárias para dar a chance de melhorar seus pontos fracos. Sobre estes cinco anos de provas que o Michael Maier já falava em 1617[29].
O candidato deve tentar levantar seu nível vibratório e isto acontece através de purificação de seu Corpo Vital. Para auxiliá-lo nesta tarefa o Probacionista é aconselhado a fazer dois exercícios que no Conceito Rosacruz do Cosmos estão descritos como Retrospecção e Concentração[30].
O exercício de Retrospecção, que Pitágoras[31] já conhecia, é feito antes de dormir. É uma retrospectiva em ordem contrária dos acontecimentos do dia que passou. Aqui o candidato se julga a si mesmo. Sentindo arrependimento ou alegria sobre os acontecimentos, vivendo assim aqui na terra o Purgatório e o Primeiro Céu. Desta forma, após a morte sobra mais tempo para se trabalhar nos mundos espirituais.
O exercício de Concentração é realizado ao acordar. Sem fazer movimentos desnecessários, inicia-se fazendo uma meditação sobre algum assunto, que pode ter como consequência o aparecimento de imagens do Mundo do Desejo e assim aumentar a compreensão deste determinado objeto: uma visão clarividente, pode-se dizer.
O próximo passo é separar os dois Éteres superiores dos dois Éteres snferiores[32]. Os dois Éteres inferiores são necessários para manter o Corpo Denso e por isso devem permanecer sempre com o Corpo Denso, senão traria a morte como consequência. Os dois Éteres superiores – por São Paulo chamados de Corpo-Alma[33], e no Evangelho Segundo São Mateus 22:11-12 de Traje de Bodas – servem como veículo nos Mundos espirituais. Após cinco anos o candidato pode pessoalmente pedir este exercício ao Irmão Maior. Quando Max Heindel era vivo, este questionamento era feito a ele, e Max Heindel, por sua vez, pedia ao Irmão Maior. O Sr. e a Sra. Barkhurst se filiaram à Fraternidade em 1922 e guardaram tudo sobre o discipulado do que ouviram nestes longos anos. Em 1984 eles me passaram estas informações. Neste dossiê do casal Barkhurst eu acrescentei uma carta da Sra. Juanita M. Owen de Los Angeles para o Sr. F.H.C. Kreiken de Den Haag, datada de 28 de agosto de 1960. Nesta carta tem o seguinte: ‘Uma pessoa que recebeu seu exercício de discipulado de Max Heindel em Seattle me contou como aconteceu. Ele tinha dois quartos num hotel e levava uma pessoa de cada vez para seu quarto. Ali ele fazia o mapa natal e enquanto fazia a estrela ele a virava para o Mestre e conversava em voz alta com ele. Este o mostrava como fazer a estrela de cinco pontas, iniciando num ponto determinado e não voltando neste ponto até que a estrela estivesse completa. Ela mesma não conseguia naturalmente ver o Mestre, já que este estava em seu Corpo Vital, mas Max Heindel se virava para ele e falava em voz alta’.
Quando em 1911 a Fraternidade Rosacruz tinha sua própria Sede Central os Discípulos recebiam suas lições em casa. Um exemplo disto é uma carta que Max Heindel escreveu para o Sr. J. H. M. Laurenze, 812, South Figueroa Street, Los Angeles. Max Heindel já tinha contato com ele há muito tempo e avisou o Sr. Laurenze de um acidente de trem que ele não seria ferido. Veja mais informação: Conceito Rosacruz do Cosmos, Cap. 16; Cristianismo Rosacruz, Cap. 10; Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume I, pergunta 153; Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume II, pergunta 117:
“Oceanside, Califórnia, 8 de dezembro de 1908.
Prezado Sr. Laurenze,
Recebi seu pedido para instrução individual, e verifico que já enviou os doze boletins mensais requeridos. Por isto estou feliz em repassar ao Irmão Maior, depois que você fizer o que Ele solicita.
Durante o último ano você foi ensinado, por meio dos exercícios noturnos, a julgar a si mesmo e eu espero que em seu comportamento tenha mais a elogiar do que a censurar. Para testar seu julgamento o Mestre quer que você lhe escreva uma carta na qual irá contar de forma sincera o que você acha de seus atos. Você deve se julgar por cada ato de louvor de ajuda ao próximo e pelo seu crescimento espiritual no último ano, e também se censurar onde foi negligente.
Não tenha escrúpulos para falar de suas boas ações, e deixe a modéstia à parte. Também não deve se julgar mais pesadamente do que seus defeitos o merecem. Escreva como se estivesse falando de outra pessoa, totalmente imparcial. Pois, o objetivo não é informar o Mestre, Ele já sabe, mas ele quer lhe testar até que ponto seu julgamento pessoal tem pré-julgamentos. Ele terá o mesmo tratamento se você diminuir seus louvores ou se supervalorizar seus defeitos.
O Mestre tem dois motivos para este julgamento de si mesmo. O primeiro é que o Mundo do Desejo é extremamente enganador. Portanto é necessária uma percepção absoluta da verdade. Se pudermos AQUI julgar-nos o nosso envolvimento com outros, LÁ teremos menos problemas com desilusões.
Se o Irmão Maior nos inicia nos mundos invisíveis é para nos dar mais possibilidades de ajudar outras pessoas do que quando estamos confinados pelas nossas condições atuais. É lógico que, se não utilizarmos nossas chances AQUI, provavelmente também não sejamos úteis LÁ. Se AQUI não ajudamos e sermos atenciosos com os outros, provavelmente LÁ também nós esqueceremos de ajudar. A carta que nós escrevemos ao Mestre irá nos mostrar em quais pontos podemos melhorar.
Quando escrevo sobre “ajudar outros” quero dizer, principalmente, por meio de serviço. Quem é rico pode escrever um cheque volumoso para a caridade, e ainda assim ser um cidadão indesejado. Um pobre pode ajudar um vizinho com algumas moedas e conquistar grandes tesouros no céu. O tamanho da doação não importa. O que importa é se damos de uma carteira recheada ou de um coração recheado, pois com a mesma medida que nós medimos seremos medidos.
Outra pergunta que devemos responder, se conseguimos diminuir nossas faltas: somos menos impacientes em relação à nossa família? Somos melhores pais e mães que antes? Somos menos exigentes tanto no trabalho quanto em casa? Somos mais leais em relação ao nosso patrão? Etc.
Nos assuntos espirituais nós nos sentimos realmente interessados nas coisas superiores? Realmente abandonamos a satisfação dos desejos inferiores? Alguns param de comer carne por motivos egoístas de saúde; isto deve ser para o Discípulo algo de pouca importância. Ele deve parar esta prática por compaixão as pobres criaturas que são torturadas, e depois sacrificadas, para satisfazer as necessidades dos comedores de carne. Os estimulantes têm um efeito degenerativo ao nosso sistema nervoso: Você já os superou?
Quanto ao trabalho para a Fraternidade Rosacruz: você colaborou com uma pedrinha para a causa? Nós não queremos dizer apenas em dinheiro – cada um que se dedica de coração não irá esquecer esta parte – mas também com ajuda pessoal. O que você fez para espalhar o conhecimento dos Rosacruzes? Você ainda é uma pessoa que consegue se desenvolver independentemente, que não está presa a alguma outra ordem?
Da mesma forma que um navio é preparado para navegar os oceanos soltando as cordas que o prendem ao cais, assim também o Discípulo é preparado a soltar as amarras físicas por meio de um exercício que será dado pelo Mestre. Se um capitão inexperiente conduzir o navio irá bater nos rochedos. Apenas quando o candidato estiver em condições de conduzir seu próprio navio, ele terá menos chance de naufragar nas ilusões do Mundo do Desejo. O capitão será testado para ter certeza que é alguém de confiança para conduzir o navio e, provavelmente, não se tornar uma ameaça para outros navios. O (a) candidato (a) também é questionado a provar que é uma pessoa de confiança antes que o Irmão Maior confie a deixá-lo (a) navegar sozinho (a), desimpedido pelo Corpo Denso.
Queira, por favor, ler esta carta diariamente, até o dia 22 de dezembro. Naquele dia escreva sua carta ao Mestre. Conte a ele o que tem feito para merecer instruções individuais. Não se sinta intimidado, pois não é esperado que sejas um santo, mas sim que mostre que tem feito o melhor que pode.
Escreva sua carta em duplicidade, mantenha uma cópia consigo e guarde esta carta consigo para que possa ler várias vezes o que escreveu. Mande o original, num envelope selado para mim. Eu o enviarei ao Mestre. A resposta poderá levar meses para ser enviada pois se espera o momento mais propício astrologicamente. Portanto, mantenha a tranquilidade, continue seus exercícios. Assim que eu receber instruções eu o encaminharei para você.
Sinceramente,
Max Heindel”
Após o falecimento de Max Heindel a Sra. Augusta Foss Heindel assumiu esta função. Ela não era iniciada e por aconselhamento de outros fez algumas alterações e mesmo assim, consequências danosas não deixaram de acontecer. Sobre o exercício do Discípulo, Max Heindel fala o seguinte: “Os raios de Sol são absorvidos pelo espírito humano, que tem seu acento na parte central da testa; os dos Astros são absorvidos pelo cérebro e pela medula espinhal, enquanto os raios da Lua penetram nosso corpo através do baço. Estes raios são tricolores. Nos raios da Lua que nos fornece a força vital, é o feixe azul a vida do Pai, que causa a germinação; o raio amarelo é a vida do Filho, que é o princípio ativo da nutrição e crescimento, e o raio vermelho é a vida do Espírito Santo que estimula à ação, e espalha a energia que foi acumulada pelo raio amarelo. Este princípio é principalmente ativo na propagação.
Os vários reinos absorvem esta força vital de forma diferente, conforme sua constituição. Os animais têm 28 nervos espinhais[34]. Eles estão sintonizados com o mês lunar de 28 dias e são dependentes do Espírito-Grupo, que lhes infunde os raios dos Astros necessários para desenvolver a consciência. Eles [os animais] não têm a menor capacidade de absorver os raios solares diretamente.
O ser humano está num estado de transição: tem 31 pares de nervos espinhais[35] que o sintonizam com o mês solar. Contudo, os nervos da cauda equina (literalmente cauda de cavalo), ao final da nossa espinha, ainda são muito subdesenvolvidos para servir como entrada do raio espiritual solar. Na medida em que desenvolvemos nossa força criadora, elevando nossos pensamentos, desenvolvemos estes nervos e despertamos os poderes do espírito. Sem a liderança de um Mestre é perigoso experimentar este desenvolvimento. O leitor é aconselhado a não tentar seguir alguma instrução em livros publicados ou métodos conseguidos em troca de dinheiro, porque estes exercícios normalmente levam à demência”.
Max Heindel diz que nunca devemos temer que o Mestre se esqueça de alguém, e isto ficou claro para mim quando na manhã do dia 10 de julho de 1987 às 7:00 horas o Mestre em seu Corpo Vital me mostrou o exercício no meu corpo.
Nas últimas duas páginas de Iniciação Antiga e Moderna, Max Heindel resume o exercício do discipulado da seguinte forma: “Este estágio do desenvolvimento do místico, exige uma reversão do percurso normalmente seguido pela força criadora, que é descendente, para a dirigir no sentido inverso, fazendo-a ascender. Fluirá então para cima, ao longo da medula espinhal, cujos três segmentos são regidos, respectivamente, pela Lua, Marte e Mercúrio. Na medula espinhal onde os raios de Netuno ascendem o fogo regenerador espiritual, que fará vibrar a glândula pituitária e a glândula pineal, levando-as a uma vibração maior. Esta vibração fará despertar a visão Etérica. E, repercutindo nos seios da face queima a ligação com o Corpo Denso. O sagrado fogo espiritual que desperta este centro da sua milenar letargia, começa a vibrar em direção aos outros centros da estrela estigmatizada de cinco pontas, que são a cabeça, as mãos e os pés. Também eles são vitalizados, e todos os veículos se iluminam [separando os dois Éteres superiores, o Corpo-Alma] o “Dourado Manto Nupcial”. Então num esforço final, o grande vórtice do Corpo de Desejos, localizado no fígado, liberta-se da energia marciana contida nesse veículo e impulsiona para cima o veículo sideral, que se projeta através do crânio (Gólgota) e ascende, então, para as esferas mais sublimes”[36].
Após ter passado por uma prova que acontece de forma inconsciente, o Irmão Maior faz o exercício no corpo do candidato para o discipulado, numa manhã, logo ao acordar. Esse exercício deve ser feito todas as manhãs uma ou mais vezes, conforme o tempo disponível, a partir de então. Pois, da mesma forma que um esportista treina e alimenta seu corpo regularmente, o candidato à Iniciação faz os exercícios espirituais e cuida para que tanto seu corpo espiritual quanto seu Corpo Denso ganhem a alimentação necessária.
Após um determinado tempo, e também após passar por uma determinada prova que para cada pessoa é diferente[37], chega o momento em que o candidato pode ser iniciado no primeiro grau dos Mistérios Menores. Contudo, antes que esta Iniciação possa ocorrer, o candidato encontra, no Umbral dos Mundos Espirituais, um demônio, construído por ele mesmo, e chamado “Guardião do Umbral”. Esta criatura é a somatória de todas as más ações cometidas nas vidas passadas e ainda não redimidas. O candidato deve primeiro reconhecer que este monstro é parte dele (a) mesmo (a) e prometer dissolvê-lo o mais rápido possível. Para um homem este monstro tem a forma de uma mulher, e para uma mulher a de um homem. Bulwer Lytton dá uma boa descrição das características físicas deste Guardião do Umbral em seu romance Zanoni[38]. Max Heindel dá uma explicação bem detalhada do significado esotérico do Guardião do Umbral no terceiro capítulo do livro A Teia do Destino, onde cita o seguinte: “O verdadeiro Guardião do Umbral é um ser Elemental que é a soma de todos os maus pensamentos e ações durante toda a nossa evolução. Este Guardião guarda a entrada para os mundos invisíveis e desafia o nosso direito de entrar neles. Este Elemental deve ser redimido ou transmutado. Nós devemos gerar a força de vontade de tal forma que possamos enfrentá-lo e dominá-lo antes de podermos entrar nos Mundos Invisíveis de forma consciente[39].
Apenas uma vez na vida o candidato tem a chance de ver e enfrentar este Elemental. Se isto, por qualquer razão, não for conseguido, deverá esperar uma próxima vida antes de ter a chance de enfrentá-lo novamente. Um exemplo disto já foi mencionado no capítulo oito, quando Rollo Smith encontrou este Guardião e não conseguiu enfrentá-lo. Aqui segue novamente o texto deste acontecimento que está descrito na lição dos Estudantes de maio de 1938: “Ele, Smith, era um Probacionista bem desenvolvido que desde o início ajudou nas construções. Quando o primeiro prédio estava quase pronto [por volta de novembro de 1911] ele podia ocupar um quarto no andar superior. Numa certa manhã, durante o café da manhã, ele estava muito abatido. Quando perguntaram se ele estava doente Smith respondeu que havia passado uma noite terrível com um demônio que não o queria deixar dormir. Ele estava com muito medo e brigou com o monstro com todas as suas forças. Ele achou que era um Elemental. Max Heindel então falou que era seu Guardião do Umbral e que ele, Max Heindel, tentou chamar sua atenção para dizer para não ter medo, mas que Smith ficou cego pelo medo e não aceitou sua ajuda. Então Smith perguntou quais eram as consequências de seu medo, por ter lutado e se recusado a reconhecer o Guardião. O Sr. Heindel respondeu, que ele perdeu a chance de vencer o Guardião e que nesta vida não o incomodaria mais”[40].
Até aqui, em grandes linhas, a descrição de um processo que leva vários anos, às vezes uma vida ou até mais, antes do candidato chegar ao momento de sua primeira Iniciação, que depende do desejo do candidato e do destino que lhe é reservado para esta vida. Assim como diz na Bíblia: “São muitos os convidados, mas poucos os escolhidos” (Mt 22:14).
No final, todos chegaremos à perfeição[41], e todos, estando conscientes disto ou não, seguimos o caminho em espiral para cima. Aqueles que querem ir mais rápido tentam encurtar o caminho, procurando um atalho. Desta forma o candidato segue um caminho íngreme para cima, que é bem difícil de seguir. As qualidades que devemos adquirir nos mostra Cristo Jesus por sua forma de viver. As duas qualidades principais são altruísmo e serviço. Contudo, se a pessoa auxilia alguém e pensa em depois ser retribuído, já não existe mais o altruísmo. Outro seria se a pessoa se sentir ofendida porque aquele que ajudou não a agradece. Isto significa que o candidato irá cair muitas vezes, mas na mesma quantidade de vezes terá que se levantar para seguir adiante, e isto requer coragem e persistência. Max Heindel descreve, em seu trabalho, vários dilemas nos quais o candidato irá confrontar, e conforme for seguindo o caminho ficarão cada vez mais sutis. Também parece que o candidato será colocado em prova cada vez mais e de forma inconsciente antes de dar o próximo passo. Cada pessoa ganhou o livre arbítrio e precisa usá-lo. Max Heindel diz, com insistência, que o Irmão Maior desde o princípio faz questão de deixar o candidato em seus próprios pés. Por isto todos os exercícios são feitos de forma individual e nunca em grupo. Os resultados conquistados desta forma são também pessoais que podem ser utilizados a qualquer momento.
Quando o candidato alcança um ponto é uma arte não retroceder e esta chance existe; daqui a pouco mostrarei um triste exemplo disto.
O que Max Heindel fala sobre Iniciação está descrito em seus livros, principalmente nos capítulos 16 e 17 do Conceito Rosacruz do Cosmos. É impossível dar todas as facetas disto em uma biografia. Contudo, algumas questões serão iluminadas, que conforme o tempo vai passando ficarão mais difíceis de acessar ou poderão se perder.
Max Heindel tentou verificar se determinados pontos teriam uma chave astrológica. Algumas vezes ele as encontrava, mas outras vezes não[42]. Já foi falado que para determinar o momento em que o candidato faz seu juramento de Probacionista é calculado com base em seu Mapa Natal. São dados, ao Candidato, duas ou até quatro datas propícias onde ele (a) possa escolher o que for mais conveniente para fazer o juramento a si próprio, na presença do Mestre, que está invisível, mas, às vezes, perceptível. Aqui se procura uma posição da Lua em graus e minutos e sua correspondência com o Sol do Mapa Natal. Muitas vezes a Lua encontra-se no mesmo Signo do Sol, na sua Triplicidade, ou então em um Signo pelo qual existe afinidade. Assim um Signo de Fogo tem afinidade com Signos de Ar, também com um de Terra, mas nunca com um de Água. O horário é arredondado para quinze minutos e pela luz, pelo menos no que se refere à Europa, entre 6:00 e 22:30 horas, horário do Meio da Europa. Se a Lua está no seu fluxo lunar negativo ou positivo não importa. Dois de meus conhecidos fizeram uma escolha num horário que foi calculado de forma errada. Um deles fez um procedimento errado durante o processo e foi corrigido pelo Mestre. Podemos nos perguntar se faz sentido o cálculo do melhor horário. A resposta me parece confirmatória. O que transparece é que do cálculo da progressão do candidato o MC[43] estava harmônico com o Sol, ao Regente da 8ª Casa ou do co-Regente da 8ª Casa. Caso o Ascendente primário não faça Aspecto, pode ser que esteja em desarmonia com o Sol ou Marte. O Sol progredido está harmônico com Saturno, ou o Regente da 8ª Casa. O Astro progredido da 8ª Casa está harmônico com o Ascendente, ou o Regente do Ascendente ou com a Lua. O Astro progredido da 8ª Casa estava em harmonia com um Astro da 12ª Casa, ou do Sol, ou não fazia Aspecto.
A solicitação para o discipulado, no tempo de Max Heindel, sempre acontecia perto do Natal, mas o momento que o candidato podia começar com os exercícios acontecia em qualquer dia do ano conforme mostram as informações[44]. Porque a Sra. Augusta Foss Heindel trouxe algumas mudanças nos exercícios, e eu apenas tenho as informações da Sra. Barkhurst e minha própria data, não consigo tirar nenhuma regra geral. Foi encontrado que o Ascendente primário fazia um Aspecto harmônico com o Sol, o Sol Progredido fazia um Aspecto harmônico com a cúspide da 8ª Casa e também Aspecto harmônico com o Ascendente e o Regente da 8ª Casa, às vezes, harmônico com a cúspide da 12ª Casa.
Encontrar os dados sobre Rollo Smith (oficialmente Ralph) não foi uma tarefa fácil. Nos EUA, Rollo não é um nome raro, e Smith é um sobrenome muito comum. Felizmente obtive ajuda de Norman Schwenk nesta busca. Primeiramente parecia que moravam dois Rollo Smith em Los Angeles. Em sua Certidão de Casamento[45], datada de 17 de junho de 1903, o procurado Smith diz que naquele momento estava com 35 anos e que nasceu em Ohio; e sua esposa Pearl Blythe, que ela tinha 21 anos e nasceu em Texas. Daqui tiramos que ele nasceu por volta de 1867/68. Durante o Censo de 1910[46] foi declarado que Rollo Smith tinha 41 anos, Pearl 28 anos, que estavam casados há seis anos e não tinham filhos. Conforme esta informação Rollo Smith também devia ter nascido por volta de 1867/68.
No ‘The Hemet News’ de 10 de janeiro de 1930 tem a seguinte notícia:
ANÚNCIO DE FUNERAL DE RALPH SMITH
No domingo às 11:45 horas será realizado na Capela do Kingham Funeral Company uma cerimônia para Ralph Smith, 68 anos, que faleceu quinta-feira às 10:30 horas em sua casa na North Franklin Street. O Sr. Smith já sofria de tuberculose a mais de 20 anos. Por 19 anos ele foi um fiel membro da Fraternidade Rosacruz. A Cerimônia será ministrada por J. H. Exon.
Quando faleceu, em 9 de janeiro de 1930, ele, conforme o jornal, tinha 68 anos. Portanto ele deveria ter nascido por volta de 1862 e ser cinco anos mais velho do que considerado anteriormente, conforme sua certidão de óbito[47]. Um conhecido, do qual não é possível ler o nome e endereço na Certidão de Óbito, declarou que Rollo Smith nasceu em 9 de novembro de 1862 em Clarkville, no Município de Clinton em Ohio. Que ele era divorciado, seu pai se chamava Sidney e sua mãe Saun, que era comerciante de profissão e faleceu de tuberculose.
No livro Mensagem das Estrelas e Astrodiagnose não encontramos seu horóscopo. Foi questionado diversas vezes, durante vários anos para a Sede Central em Oceanside, onde poderia encontrar seu horóscopo, sem resultado.
Na foto de grupo vemos que Smith é alto, magro o que faz pensar em um Ascendente de Aquário ou Gêmeos. No Adendo 12 o Mapa Natal é o resultado usando as progressões de sua data de casamento e de óbito.
Na Revista Rays from the Rose Cross de maio de 1916 na página 9 e 10 tem uma pergunta que está no Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, volume II, pergunta 138[48] e cuja história também se encontra no Livro Princípios Ocultos de Saúde e Cura, capítulo 7. Na citado Rays de maio de 1916 tem, nas páginas 16 e 17, a descrição de dois mapas de um casal, onde após pesquisas chega-se à conclusão que o Sr. X é a mesma pessoa que o Dr. W. Seu Mapa também está no Adendo 12. Deixamos agora o próprio Max Heindel falar e fazemos um resumo do que está escrito nas fontes acima:
“Uma vez um Estudante e Irmão Leigo de uma Escola de Mistérios, sempre será Estudante e Irmão Leigo”. Falarei de um caso que demonstra isto. Muitos anos atrás vi numa reunião de ocultismo [Teosofia] na Costa do Oceano Pacífico [Los Angeles] um homem que chamarei de X. Ele era visivelmente rico e importante, enquanto eu era pobre e insignificante, portanto, habitávamos lugares diferentes e não nos conhecíamos. Anos depois, quando fui levado para o Templo, na Alemanha, após minha Iniciação, eu encontrei alguns Irmãos Leigos, dentre os quais o Sr. X. Conversamos por um tempo sobre assunto de interesse de ambos. Ele me contou onde morava e que gostaria de me receber, como convidado, o que também era do meu interesse. Quando voltei à América eu estava bem ansioso para encontrá-lo em seu Corpo Denso, já que ele poderia ensinar a mim e explicar muitas coisas, já que eu, um jovem neófito, ainda não tinha condições de trazer para minha consciência física as minhas experiências espirituais.
Quando um ano depois eu cheguei à cidade do Sr. X, amigos em comum me contaram que ele me aguardava e desejava muito me conhecer. Imagine que eu conhecia o Sr. X, mas ele, o Sr. X, nunca havia se encontrado comigo fisicamente. Quando nos encontramos caminhamos um em direção ao outro, como velhos amigos, e nos cumprimentamos. Ele parecia também me reconhecer e me chamou pelo nome. Tudo mostrava que ele sabia o que havia acontecido quando ambos estávamos fora do corpo. Pois, no Templo ele havia me contado que ele se lembrava de tudo o que acontecia com ele fora do corpo. Isto eu acreditei logicamente, pois ele tinha um grau muito mais elevado do que eu, que havia chegado ao primeiro há pouco. Algum tempo depois eu disse algo que fez ele me olhar interrogativamente, pois eu havia mencionado algo que aconteceu enquanto estávamos no Templo. Ele deixou claro que não sabia do que eu estava falando. Eu já havia dito tanto, que deveria contar o resto para não ser considerado um louco. Eu contei então que ele garantiu que se lembrava de tudo, o que ele negou.
No final de nossa conversa ele me pediu para com urgência descobrir que se ele era um Irmão Leigo da Ordem Rosacruz, porque ele não se lembrava do que acontecia fora do corpo.
Eu sabia que ele estava presente em vários Rituais do Templo; ele havia participado. Ainda assim em seu Corpo Denso ele não se lembrava de absolutamente nada do que acontecia fora do seu corpo.
Um tempo depois de perguntar e pesquisar descobriu-se que em uma vida anterior ele havia conquistado a admissão ao Templo. Contudo, o uso dos cigarros, álcool e uso de drogas nesta vida haviam adormecido tanto seus sentidos que para ele era impossível trazer à consciência física as experiências dos mundos invisíveis.
Quando estava de novo em meu Corpo Denso e contei isto a ele, ele fez um esforço grande para se livrar destes maus hábitos. Após um tempo ele percebeu que não conseguia ficar sem os cigarros, álcool e as drogas.
Fora de seu corpo ele ainda pode ir e vir para onde quiser e ainda participar junto com os outros Iniciados da Ordem. Contudo, em seu corpo ele está debilitado devido a seu cérebro doentio. Parece-me que levará várias vidas vivendo da forma correta para que ele esteja novamente em estado de formar um cérebro sensitivo que permita as transmissões espirituais”.
No mesmo exemplar da Rays de maio de 1916[49] tem a descrição do mapa do Sr. X, que é chamado de Sr. W, e sua esposa. Acima do artigo tem os dois mapas com o título ‘O laço que une’. Que aqui se fala da mesma pessoa fica claro rapidamente pela descrição de Max Heindel sobre o mapa. Assim ele diz o seguinte:
“O homem tem tanto a fisionomia de Libra quanto de Escorpião. Marte e Mercúrio o fazem maior do que um típico escorpiano e Mercúrio faz a fronte mais escura. A Oposição de Netuno e Marte faz sua pele ser flácida. Todo o Signo de Sagitário está na 2ª Casa, portanto Júpiter é seu Regente, que está em Trígono com o Sol. Também Vênus está na 2ª Casa e este é um dos Aspectos mais favoráveis no que se refere às finanças em todo o Zodíaco. Podemos, portanto, considerar que, quaisquer que sejam os problemas nesta família, a causa não será a falta de dinheiro, o que em muitas vezes é a questão. A profissão deste homem é dada pelo Ascendente Escorpião com o Sol e Marte nele. Marte é o Regente da 6ª Casa, que dá o tipo de trabalho. Ele é médico, cirurgião, mas é estranho um homem de uma profissão tão estudada com os dois indicadores da Mente – isto quer dizer a Lua e Mercúrio – sem Aspectos. Quanto à Mente tem que haver alguma coisa errada e este é o fato. Isto mostra que a Mente vai para esta direção [da doença]. Fora isto, a Quadratura de Urano e Vênus mostra que ele tem um caráter muito nervoso e Netuno em Touro, o Regente da garganta, mostra que ele toma seu próprio remédio… algo que todos os médicos sabem ser muito perigoso. Ele, portanto, é viciado em morfina. Ele já foi internado algumas vezes em uma clínica, mas nesta parte ele é doente mental”.
Este homem nasceu em 1882. Quando Max Heindel o conheceu na Teosofia, em 1904, ele tinha aproximadamente 22 anos, em 1908, 26 anos.
Aqui o resultado, ao que se refere à Iniciação que foram tirados dos Mapas, está no Adendo 12. O momento da prova ou o momento em que a Iniciação ocorre, ou não, logo depois, é possível verificar em várias pessoas. Assim Steiner falhou quando colocou a Teosofia acima dos Ensinamentos Rosacruzes, e isto foi em 20 de outubro de 1902[50]. Max Heindel diz, ele mesmo, que foi ‘provado’ em abril e maio de 1908[51]. E também cita e descreve a data e os acontecimentos onde ele recebeu suas Iniciações. O momento da prova de Rollo Smith foi aproximadamente 25 de novembro de 1911.
Após analisar as progressões no que se refere à Iniciação destes mapas, podemos concluir o seguinte:
Rudolf Steiner: Prova por volta de 20-10-1902, quando ele se tornou Secretário Geral da Sociedade Teosófica da Alemanha. Mercúrio progredido a 149:58 do MC (Meio do Céu ou 10ª Casa); Vênus progredido 149:40 do Ascendente (ASC); Marte progredido 105:09 de Vênus; Urano progredido 72:24 do MC (vai para 72) e 72:26 no ponto médio de Mercúrio/Netuno. Saturno progredido, a 156:29 de Mercúrio, é o Guardião do Umbral, o provador, e Mercúrio, que é o Regente da 8ª Casa da Iniciação, e Netuno é o Planeta dos Mundos espirituais e da Iniciação.
Rollo Smith: esteve diante de seu Guardião do Umbral, que impede a passagem para os Mundos Espirituais, um dos últimos dias em que ajudava Max Heindel na sua primeira construção. Isto deve ter acontecido por volta de 24 de novembro de 1911. Naquela data havia as seguintes progressões: o Ascendente primário, Touro 12:04:16 estava, então, 40:16 da Lua e 139:51 de Saturno. Saturno progredido em Sagitário 5:16:00 estava no Ascendente, que deve ser considerado de forma bem ampla, mas o Sol progredido em Sagitário 6:53:21 estava a 84:29 de Netuno e 90:06 de Marte, portanto praticamente em Quadratura (desarmônico).
Max Heindel:
1ª Iniciação, aproximadamente, em 20 de maio de 1908: Arco primário 2:41:40; Hora Sideral primária 3:17:24. Ascendente primário Virgem 3:11:45 em Semi-Sextil (harmônico) com o ponto médio Ascendente/Sol em 3:27. A cúspide da 8ª Casa, Áries, 4:02:35 está a 40:09 de Plutão. Os Planetas Progredidos: Sol em Virgem 11.25.18 estava a 35.51 da Lua. A Lua 18.55.10 estava a 167.13 do ponto médio da Lua/Ascendente; Mercúrio Progredido em Virgem 18:05:27, retrógrado, estava a 44:38 do ponto médio do Sol/Ascendente e 12:15 de Marte. Vênus Progredido em Leão 1:05:26 estava a 19:53 de Mercúrio. Marte Progredido 2:56:27 estava em Sextil exato (harmônico) com o ponto médio Sol/Lua.
2ª Iniciação em 9 de abril de 1910: Arco primário 2:48:18; Hora Sideral primária 3:24:02. O MC primário de Touro 23:23:58 está 71:57 da Lua. O Ascendente Virgem 4:19:59 estava a 143:43 de Netuno. Cúspide da 8ª casa Áries 5:17:25 estava a 119:43 da Lua e 105:15 de Júpiter. Os Astros Progredidos: O Sol em Virgem 13:15:05, nada. A Lua em Peixes 17:20:36, nada. Mercúrio em Virgem 16:16:15 estava a 74:46 de Urano e 155:42 de Netuno. Vênus Progredido em Leão 3:15:42 estava em Conjunção com o ponto médio Sol/Ascendente (está 3:27) e 17:42 de Mercúrio. Marte Progredido em Libra 4:09:50 estava a 20:01 de Saturno.
3ª Iniciação, aproximadamente, 22 de novembro de 1910: (portanto apenas 7 meses depois da 2ª Iniciação); Arco primário 2:50:33; Hora Sideral 3:26:17. O Ascendente primário Virgem 4:39:11, estava então 79:55 de Vênus e 144:05 de Netuno. A Cúspide da 8ª casa, Áries 5:42:52 estava em Trígono (harmônico) com a Lua 5:34:23 em Leão. O Sol Progredido 13:51:17 em Virgem estava 20:40 de Saturno e 96:11 de Júpiter. A Lua Progredida 26:18:56 em Peixes estava 159:31 de Marte e 96:17 de Júpiter. Vênus Progredido 3:58:43 em Leão estava então a 80:12 de Saturno e 79:50 de Plutão. Marte Progredido 4:34:03 em Balança estava, portanto a 140:26 de Plutão.
4ª Iniciação, aproximadamente, 6 de julho de 1913: Arco primário 2:59:59; Hora Sideral 3:35:43. Ascendente Primário, Virgem 6:11:56, estava então 47:59 de Saturno. A Cúspide da 6ª casa, Sagitário 28:31, estava 72:03 de Netuno. O Sol Progredido, 15:24:01 Virgem, estava 39:43 do Ascendente em 75 graus de Urano. Urano Progredido, Câncer 3:30:46, estava então no ponto médio Sol/Ascendente, Leão 3:28:03, enquanto o Saturno em trânsito estava a 54:26 do Ascendente, 83:34 de Marte e 47:59 da Lua.
No que se refere às provas, que antecedem a primeira Iniciação serão citados aqui somente as Progressões que se aplicam a situação:
STEINER: Regente da 8ª Casa, Mercúrio, está desarmônico com a 10ª Casa. Vênus, Regente da 12ª Casa está desarmônico com o Ascendente. Marte, Regente do Ascendente, está desarmônico com Vênus que é Regente da 12ª Casa. Urano que é Regente da 4ª Casa, está harmônico com a 10ª Casa e harmônico com o ponto médio entre Mercúrio e Netuno. Saturno, o provador, está harmônico com o ponto médio de Mercúrio e Netuno.
SMITH: O Ascendente primário está harmônico com Saturno, o provador. O Sol, que está na 8ª Casa, está harmônico com Netuno, e desarmônico com Marte, que é o Regente da 8ª Casa.
MAX HEINDEL: Seu Ascendente está harmônico com o ponto médio Ascendente/Sol. A cúspide da 8ª Casa está harmônico com Plutão, que é o Regente da 10ª Casa. O Sol está harmônico com o ponto médio entre Lua e Ascendente. Mercúrio está desarmônico com o Sol e o ponto médio entre Sol e o Ascendente. Mercúrio, do Ascendente está harmônico com Marte. Vênus, que é Regente da 4ª Casa, está harmônico com Mercúrio. Marte, por fim está harmônico com o ponto médio entre Sol e Lua.
REGRA: A 8ª Casa simboliza o Mundo espiritual; a 12ª Casa a Iniciação, assim como Netuno. O Ascendente significa o Corpo Denso e a 10ª Casa também está envolvido com o desenvolvimento Espiritual. Pode ser que isto seja apenas com Steiner e Max Heindel, pois iria significar uma manifestação pública. Pode se concluir que sempre faz parte: o Regente da 8ª Casa ou Astro ali localizado, ou a Cúspide da 8ª Casa. Aspectos com a 10ª Casa ou Netuno. A 12ª Casa, ou Astro na 12ª Casa com o Ascendente. O Ascendente, o Regente do Ascendente ou o Astro no Ascendente com Saturno.
Sempre tem uma relação com o Ascendente, a 8ª Casa e 12ª Casa, talvez também com a 10ª Casa, e com Saturno, o provador. Isto também é visto na 2ª e 3ª Iniciação de Max Heindel.
Aos Líderes, classes[53] e estudiosos da Europa.
Nós, Irmãos da Ordem Rosacruz, oferecemos a todos que leem este, nosso Fama em mente Cristã, nosso cumprimento, amor e oração.
O único sábio e misericordioso Deus nestes últimos dias derramou abundantemente a Sua graça e clemência sobre a Humanidade, conduzindo-nos cada vez mais ao conhecimento perfeito de Seu Filho, Jesus Cristo, e da natureza, para que possamos justificadamente bendizer o tempo venturoso em que vivemos. Não só nos revelou a metade até então desconhecida e oculta do mundo, mas também muitas obras e criaturas da natureza, jamais vislumbradas anteriormente. Além disto, favoreceu a emergência de seres humanos de grande sabedoria para renovar, transformar e aperfeiçoar todas as artes (tão maculadas e imperfeitas de nossa época)[54], para que o ser humano possa finalmente compreender sua própria nobreza e dignidade, e por que é chamado de Microcosmos, e até onde se estende seu conhecimento da natureza.
O mundo inculto não ficará muito satisfeito com isto, preferindo zombar e escarnecer. Também o orgulho e a vaidade dos eruditos são tão grandes que não conseguirão entrar em acordo. Se pudessem se reunir e examinar a multiplicidade de revelações brindadas ao nosso século, poderiam compilar um Livro sobre a Natureza ou um método perfeito de todas as Artes. Porém, tamanha é a oposição entre eles que se mantêm ao curso antigo e temem abandoná-lo, estimando ao Papa, a Aristóteles e Galeno; se tais autores que tinham apenas uma pequena amostra de conhecimentos em lugar da clara e manifestada Luz e Verdade estivessem vivos, agora deixariam com alegria suas falsas doutrinas. Porém, aqui há demasiada debilidade para semelhante grande obra. Ainda que em teologia, física e matemática a verdade se manifeste por si mesma, o velho inimigo se mostra com sutileza e artimanhas, quando obstaculiza todo bom propósito com seus instrumentos e criaturas vacilantes.
Visando uma reforma geral, o muito piedoso e altamente iluminado Pai, nosso Irmão C.R.C., um alemão, o chefe e fundador da nossa Fraternidade, trabalhou muito durante muito tempo para realizar uma reforma tão grande.
Devido a sua pobreza (embora descendesse de pais nobres), aos cinco anos de idade foi posto em um convento, onde aprendeu os idiomas: grego e latim. Ainda em sua fase de crescimento, por seu próprio desejo e pedido, se associou a um Irmão P. a. L., que decidira viajar para a Terra Santa.
Apesar do Irmão P.a. L. jamais ter chegado a Jerusalém, pois faleceu na Ilha de Chipre, nosso Irmão C.R.C., também não retornou, mas continuou sua viagem e seguiu para Damasco, com a intenção de alcançar Jerusalém.
Todavia, devido a fadiga do corpo provocada pela longa viagem, prolongou a sua estada naquela cidade e, graças à sua perícia em Medicina, foi bem acolhido entre os turcos.
Por acaso, ele ouviu falar dos sábios de Damcar[55] na Arábia, das maravilhas de que eles eram capazes, e das revelações que lhes haviam sido feitas sobre toda a natureza. Tal notícia despertou o espírito nobre e culto do Irmão C.R.C., que se interessou, bem menos por Jerusalém do que por Damcar. Também não conseguiu refrear seu desejo, e se colocou ao serviço dos mestres árabes, sendo negociada uma determinada soma para conduzi-lo a Damcar.
Chegou a Damcar com apenas 16 anos, e tinha uma estatura característica da Alemanha. Como ele mesmo testemunha, os sábios o receberam não como um desconhecido, mas como alguém que há muito era esperado. Chamaram-no pelo seu nome, e revelaram-lhe certos segredos do seu período no Monastério, sobre os quais ele só podia ter conjeturado e isto o surpreendeu. Ali ele aprendeu melhor o idioma árabe; e, assim, no ano seguinte, traduziu o Livro M. para o latim clássico, que depois carregou consigo. Nesta cidade desenvolveu sua Medicina e sua Matemática, de que o mundo teria justo motivo para se alegrar, se houvesse mais amor e menos inveja.
Decorridos três anos, tornou a embarcar com a devida aprovação, no Sinus Arabicus para o Egito, onde apesar de não permanecer por muito tempo, aprendeu algo mais sobre plantas e criaturas. Depois navegou todo o Mar Mediterrâneo e chegou a Fez, no Marrocos, para onde os árabes o tinham enviado.
Deveríamos nos envergonhar diante da atitude benevolente desses homens sábios, que ainda que distantes compartilhavam as mesmas ideias, desprezando todos os libelos, e compartilhando a sua ciência benevolentemente através do selo do segredo.
Anualmente, os árabes e os africanos enviam emissários uns aos outros, procurando compartilhar uns com os outros as suas artes, e conhecer seus resultados; se tivessem a felicidade de descobrir coisas melhores, ou então, suas experiências teriam enfraquecido suas razões. A cada ano algo era esclarecido, pelo qual a Matemática, a Medicina e a Magia (na qual os de Fez, no Marrocos, eram muito hábeis) eram corrigidas.
Atualmente, a Alemanha não carece de homens eruditos, magos, cabalista, médicos e filósofos, mas falta amor e bondade entre eles, e a grande maioria monopoliza tais segredos em proveito próprio.
Na cidade de Fez, nosso Irmão C.R.C. entrou em contato com os chamados Habitantes Elementares, que lhe revelaram muitos de seus segredos. Igualmente poderíamos nós os seres humanos recolher muitas coisas se houvesse uma unidade semelhante, e um desejo de investigar e compartilhar os segredos existentes em redor de nós e dentro de nós mesmos.
Sobre Fez, ele confessava frequentemente; que a magia por eles praticada não era, todavia, pura e que sua Cabala fora profanada por sua religião; porém apesar disto ele sabia como fazer um bom uso dos conhecimentos que eles possuíam e encontrou ainda um melhor fundamento para sua fé; em tudo de acordo com a harmonia do mundo e maravilhosamente dentro dele em todos os períodos do tempo.
Por isso ele reconhecia que em cada semente de qualquer classe existe interiormente uma árvore inteira e boa, ou então frutos; assim de forma semelhante está incluído dentro do pequeno corpo do ser humano um grande e completo mundo cuja religião, saúde, partes do corpo, natureza, linguagem, palavras e trabalhos estão de acordo, simpatizando, em igual melodia com DEUS, o Céu e Terra. Aquilo que não está de acordo com isto é erro, falsidade e do Diabo, que é a única causa primeira, média e última de hostilidades, cegueira e obscuridade no mundo. Também alguém pode examinar várias e até mesmo todas as pessoas sobre a face da terra e descobrir que o bom e o justo está sempre em harmonia consigo mesmo, porém que tudo o resto é manchado por milhares de equivocadas falsidades.
Após dois anos em FEZ, nosso Irmão C.R.C. viajou em um veleiro com muitas coisas valiosas para a Espanha, alimentando a esperança de poder compartilhar as experiências proveitosas de suas viagens com os ilustres homens da Europa, que o acolheriam com alegria, e passariam a ordenar e dirigir seus estudos de acordo com aquelas bases firmes e eficazes. Por conseguinte, debateu com os alumbrados eruditos da Espanha, mostrando-lhes os erros de suas Artes, como deveriam ser corrigidos, e de onde colheriam o verdadeiro indício do erro no futuro, e em que ponto deveria concordar com as fontes do passado; e também como os erros da Igreja e de toda a Philosophia Moralis deveriam ser reformadas. Ele lhes mostrou ainda novas plantas, novos frutos e animais, os quais estavam de acordo com o que ensinava a filosofia antiga e propôs para eles, uma nova axiomática[56], com a qual tudo podia ajustar-se completamente.
Porém, para eles tudo isso era motivo de zombaria. E por ser algo novo para eles, temiam que, se agora tivessem que aprender coisas novas e reconhecer seus muitos anos de erros, aos quais já estavam acostumados e com os quais havia ganho tanto dinheiro, sua fama de sábio poderia sucumbir-se. Aqueles que amam a inquietude poderiam muito bem responder.
Ouvia sempre a mesma antífona que lhe era entoada também por outras nações, e sua emoção foi tanto maior porque ocorria ao contrário de suas expectativas e por estar disposto a comunicar graciosamente todas as suas artes e segredos aos eruditos; se pelo menos aspirassem empenhar-se para haurir no conjunto das faculdades, das ciências, das artes, em toda a natureza, uma axiomática precisa e infalível. Tal axiomática, como um globo, devia orientar-se de acordo com um centro único, e seria utilizada pelos sábios, como era costume entre os árabes, como uma regra. Deveria existir na Europa uma sociedade que possuísse bastante ouro e pedras preciosas que poderia conceder aos reis, para suas utilidades imprescindíveis e objetivos lícitos. Tal sociedade também se encarregaria da educação dos príncipes, que aprenderiam tudo o que Deus concedeu aos humanos de saber, a fim de habilitá-los, em todas as ocasiões de necessidade, a dar um conselho àqueles que dele precisassem, tal qual os oráculos pagãos.
Na verdade, devemos reconhecer que o mundo já estava gerando uma grande reviravolta, e sentia as dores do parto. Engendrava também gloriosos e virtuosos homens que rompiam com as trevas e a barbárie, deixando-nos um rastro a seguir. Eram a ponta do triângulo de fogo[57], o brilho de cujas chamas não cessam de aumentar e que, indubitavelmente, iluminará o último incêndio que abrasará o mundo.
Outrossim, um destes Theophrastus[58] (Paracelso), o fora por tendência e vocação, embora não tivesse aderido à nossa Fraternidade, lera zelosamente o livro M, iluminando e aguçando sua genialidade. Também foi interceptado em sua marcha por uma multidão confusa de homens eruditos e pseudo-sábios. Nunca pode transmitir em paz sua meditação sobre a natureza, precisando consagrar mais espaço em suas obras para desacreditar os imprudentes do que para revelar-se em toda a sua completude. Todavia, encontramos, nele, profundamente, a harmonia que comentamos. Indubitavelmente, teria comunicado aos homens de ciência, se fossem mais dignos, uma arte superior às sutis vexações. Assim buscou uma vida livre e reservada, distante dos prazeres e da insensatez mundana.
Porém, não esqueçamos nosso Amado Pai, Irmão C.R.C. que após duras e penosas viagens, constatando que suas verdadeiras instruções não foram aceitas, regressou à Alemanha, país que amava cordialmente. Neste país, ainda que pudesse ter se vangloriado com sua arte, especialmente com a transmutação dos metais[59], estimava muito mais o Céu, seus habitantes e a humanidade, do que glórias e pompas mundanas.
Entretanto, construiu para si uma confortável morada onde meditava e refletia sobre Filosofia e suas viagens, sintetizando tudo num verdadeiro memorial. Nesta casa envolveu-se por muito tempo com pesquisas matemáticas e construiu muitos instrumentos de precisão, dos quais poucos foram para nós conservados, conforme compreenderão mais adiante.
Após cinco anos, tornou a aspirar a reforma nas artes e nas ciências. Duvidando da possibilidade de qualquer outra ajuda e de qualquer outro apoio, de espírito assíduo, pronto e perseverante, ele decidiu empreendê-la por sua conta, na companhia de um pequeno número de adjuntos e colaboradores. Para lograr este fim convidou três Irmãos de seu antigo convento (que ele amava tanto); o Irmão G.V., o Irmão J.A. e o Irmão J.O., cujos conhecimentos, ultrapassavam o saber daquela época. Tais Irmãos prestaram um juramento supremo de fidelidade, diligência e silêncio, rogando-lhes que registrassem cuidadosamente por escrito todas as instruções que lhes transmitisse, a fim de que os futuros membros, cuja admissão deveria efetuar-se depois graças a uma revelação particular, não se equivocassem a respeito de uma letra sequer.
Desta maneira teve início a Fraternidade dos Rosacruzes, com apenas quatro pessoas, que desenvolveram a linguagem e escrita mágicas, com um grande dicionário, o qual ainda usamos diariamente para louvar e glorificar a Deus, extraindo daí uma grande sabedoria. Escreveram também a primeira parte do Livro Mysterium. Porém, devido ao seu trabalho ser excessivamente árduo, a grande afluência de enfermos em busca de cura começava a estorvá-los e ainda que seu novo edifício (chamado Sancti Spiritus) já estava concluído, resolveram ampliar sua confraria e para este fim foram escolhidos como novos membros o primo-irmão do Fra. Rosa-Cruz, um pintor de talento, Fr. B., seus secretários, G.G. e P.D., todos de nacionalidade alemã, com exceção de I.A.; no total, oito membros, todos virgens que fizeram o voto do celibato. Eles deviam escrever um livro onde deviam registrar todas as aspirações, desejos e esperanças que a humanidade jamais foi susceptível de alimentar.
Ainda que livremente reconheçamos que o mundo tenha evoluído bastante nos últimos cem anos, estamos seguros que nossa axiomática não será superada até o final do mundo e que também o mundo em suas eras futuras não verá nada diferente, porque nossa rota[60] abarca tanto o dia em que Deus pronunciou “Fiat” (Faça-se) quanto o dia em que Ele pronunciou pereat (Pereça). Por isto não precisamos nos preocupar com o Diabo. O relógio de Deus marca com precisão cada minuto, quando nossos relógios escassamente marcam as horas precisas.
Também cremos firmemente que nossos irmãos e nossos pais se houvessem vivido nesta época haveriam tratado com mais rigor ao Papa, a Mahomet (Islam), e aos escritores, artistas e sofistas; não simplesmente com suspiros desejando o fim da miséria.
Estes oito Irmãos catalogaram e ordenaram todas as coisas de forma harmônica. Não se demandava então outro trabalho de grande vulto. Cada qual havia sido bem instruído, estando qualificado para ministrar os segredos de sua arte e filosofia. Ainda que desejassem compartilhar por mais tempo a companhia uns dos outros, haviam combinado, a princípio, que deveriam separar-se e dirigir-se a vários países distintos; não apenas para compartilhar sua axiomática com outros homens ilustres, senão para que eles próprios, noutros países, observassem algo ou algum equívoco, devendo comunicá-los uns aos outros.
Seu acordo era o seguinte:
Comprometeram-se mutuamente a observar esses seis artigos. Cinco Irmãos partiram para diversas partes. Somente permaneceram os Irmãos B. e D. com o Pai, Fra. R.C. durante um ano inteiro. Quando, ao cabo de um ano, eles também partiram, J.O. e seu primo ficaram junto dele, para que assim em todos os dias de sua vida tivesse a companhia de dois de seus Irmãos.
E, por mais maculada que estivesse a Igreja, sabemos que os Irmãos nela pensavam e aspiravam profundamente pela purificação da mesma.
Todos os anos se reuniam com alegria e faziam uma coletânea completa do que haviam feito. Havia um grande júbilo entre eles, em compartilhar o relato verídico e sem artifícios de todas as maravilhas e milagres que Deus não cessou de espalhar pelo mundo. Todos podem estar certos que pessoas como estas, cujo encontro era obra da máquina celeste, escolhidas pelo espírito mais sábio que viveu em séculos, viveram entre eles e em sociedade na mais perfeita concórdia, na mais total discrição, o mais caridosamente possível.
Vivendo tal estilo de vida, ainda que suas existências transcorressem livres de dores e enfermidades não podiam viver por mais tempo que o determinado por Deus.
O primeiro Irmão desta augusta Fraternidade que morreu, e isto ocorreu na Inglaterra, foi o Irmão J.O., tal como o Irmão C. há tempos havia-lhe predito. Ele era muito culto e conhecia com profundidade a Cabala, como demonstra o livro H., de sua autoria. Na Inglaterra era muito famoso, pois havia curado o jovem Conde Earl de Norfolk que sofria de lepra. Os Irmãos decidiram que o lugar de seus enterros devia permanecer secreto, até onde fosse possível. Atualmente não sabemos nada do que sucedeu a alguns deles, mas, o posto que desempenhado por eles era ocupado por um sucessor competente. Porém, confessaremos publicamente por essas dádivas para a glória de Deus, que seja qual for o segredo que tenhamos aprendido no livro M. (ainda que nossos olhos contemplem a imagem e configuração de todo o mundo), não nos foram revelados nossos infortúnios, nem a hora da morte, que somente é conhecida pelo próprio Deus, o qual desta maneira nos conservaria num estado contínuo de preparação. Esta questão será tratada mais explicitamente em nosso Confessio na qual também enunciaremos as 37 causas pelas quais revelamos agora nossa Fraternidade, fazendo a oferta livre, espontânea e gratuita de mistérios tão profundos, e a promessa de mais ouro do que o fornecido pelas duas Índias ao rei da Espanha: porque a Europa está grávida, e ela vai dar à luz um robusto rebento que seus padrinhos cobrirão de ouro.
Após a morte do Irmão J.O., o Irmão R.C. não cessou suas atividades, e assim que pôde convocou os demais Irmãos, e supomos que foi nesta época que foi feita a sua tumba. Embora nós, os mais jovens, ignorássemos até então, absolutamente, a data da morte do nosso bem-amado Pai R.C., e não estivéssemos de posse a não ser dos nomes dos fundadores e de todos aqueles que os sucederam até nós, soubemos, todavia, guardar em memória um mistério que A., o sucessor de D., o último representante da segunda geração, que viveu com muitos dentre nós, confiou a nós, representantes da terceira geração, num misterioso discurso sobre os cento e vinte anos.
Confessamos, aliás, que após a morte de A. nenhum de nós conseguiu o menor detalhe a respeito de R.C. e sobre seus primeiros irmãos, exceto o que é relatado em nossa Biblioteca Filosófica, entre outras, nossa Axiomática, obra capital para nós, o Rota Mundi, a obra mais sábia, e Proteus[61], a mais útil. Não sabemos, portanto, com certeza se os representantes da segunda geração possuíam a mesma sabedoria que os da primeira, e se tiveram acesso a todos os mistérios.
Contudo, lembremos ainda ao atento leitor que foi Deus quem preparou, aprovou e ordenou o que aprendemos aqui mesmo, sobre a sepultura de Fr.C., e que proclamamos agora publicamente. Nós lhe somos tão fielmente dedicados que não tememos a revelação, numa obra impressa, de nossos nomes de batismo, de nossos pseudônimos, de nossas assembleias, de tudo o que se deseja saber de nós, contando que, em contrapartida, as pessoas se dirijam a nós, com modéstia, e que as respostas sejam cristãs.
Agora vem o verdadeiro e fundamental relato do altamente iluminado homem de Deus, Fra. C.R.C., que é o seguinte:
Após a morte física de A., na Gallia Narbonensis[62], sucedeu-o nosso amado Irmão N.N., que adotou seu nome, após vir a nosso encontro para fazer o solene juramento de fidelidade e segredo, nos informando confidencialmente que A. lhe havia assegurado, que esta Fraternidade não permaneceria tão oculta, mas que seria benéfica, útil e recomendável a toda a nação alemã; que de forma alguma envergonhava-se de seu estado[63].
No ano seguinte após N.N. haver concluído seu aprendizado, planejou viajar, munido de tão respeitável viático e da bolsa de um Fortunato, todavia, sendo um bom arquiteto idealizou restaurar e modernizar esta morada para torná-la mais adequada aos propósitos da Irmandade. Nesta reforma, interessou-se por uma placa memorial que havia sido fundida em bronze (messing)[64] e sobre a qual estava inscrito os nomes dos primeiros membros da Ordem e algumas outras inscrições. Pretendia deslocá-la para uma câmara mais conveniente, pois onde ou quando Fra. C.R.C., nosso amado pai e fundador havia morrido ou em que país fora enterrado fora conservado em segredo pelos Irmãos que nos antecederam sendo por nós desconhecido.
Na placa mencionada estava cravado um grande prego, maior que os outros; assim quando foi arrancada com força, trouxe consigo uma grande pedra proveniente da parede fina, o rebote de uma porta escondida, destapando-a. Então derrubamos com alegria e esperanças o resto da parede, desobstruindo a porta. Sobre a porta estava escrito em caracteres de grande formato: post 120 annos patebo (após 120 anos serei aberto), seguido da data antiga.
Demos graças a Deus e, aspirando consultar em primeiro lugar, a Rota, nossa obra sobre os Ciclos, detivemos nosso trabalho.
Mas tornamos a nos referir à nossa Confessio Fraternitatis[65], pois o que aqui publicamos é para auxiliar aqueles que são dignos, contudo para os indignos (segundo a vontade de Deus) ela terá pouca utilidade. Da mesma forma como nossa porta se abriu de modo maravilhoso ao cabo de tantos anos, na Europa, uma porta também deverá se abrir, logo que o muro de tijolos seja afastado: ela já é visível; são muitos os que as esperam com intensidade.
Na manhã seguinte abrimos a porta, e aos nossos olhos surgiu uma galeria abobadada de sete lados e cantos, cada um deles medindo, aproximadamente, 1,5 metros de largura por 2,5 metros de altura. Embora o Sol jamais brilhasse dentro dela, estava iluminada com uma outra luz, a qual aprendera a fazê-lo com o próprio Sol, e estava situada na parte superior e no centro do teto. No meio, e em vez de lápide, havia um altar redondo coberto por uma chapa de bronze, tendo nela gravado: A.C.R.C hoc universi compendium vivus mihi sepulcrum feci (Este compêndio do universo, construí durante minha existência para ser meu túmulo).
A volta do primeiro círculo, ou borda, constava: Jesus mihu omnia (Jesus é meu tudo). No centro viam-se quatro figuras encerradas em círculos, cujas inscrições eram as seguintes:
Estava tudo claro e resplandecente como também os sete lados e os dois heptágonos; então, reunidos, ajoelhamo-nos e rendemos graças ao único, sábio e poderoso Deus, que nos ensinara mais do que poderia haver descoberto todas as mentes humanas e então glorificamos seu Santo Nome.
A galeria foi dividida em três partes: a superior ou teto, a parede ou lado e o piso ou chão. Em relação ao teto, não nos deteremos muito por enquanto, porém estava dividido em triângulos, dispostos nos sete lados até o centro luminoso, porém o que nele estava contido , vós, se de acordo com a vontade de Deus aspireis pertencer a nossa Fraternidade, contemplareis com seus próprios olhos; contudo cada lado ou parede estava subdividido em dez figuras, cada qual com suas várias estampas e sentenças particulares, conforme fielmente exibido e explicado no Concentratum (Compendium) , aqui em nosso livro.
O piso também estava dividido em triângulos, porém devido estar descrito nele o poder e a regência dos governantes inferiores (os Astros) não podemos descrever isto por recear o abuso de um mundo cheio de maldade e afastado de Deus. Porém, aqueles que estão previstos e têm o antídoto celestial, que sem medo pisam e destroem a cabeça da velha e maligna serpente que nos nossos dias está muito presente.
Cada lado ou parede possuía uma porta ou armário onde estavam diversos objetos especialmente todos os nossos livros que de todas as formas já possuímos. Entre eles estava o Vocabulário de THEOP: PAR.HO. (Teofrastus Paracelsus de Hohenheim) e com os quais, sem artifícios, estudamos diariamente. Também encontramos o Itinerariom e Vitam (O livro de viagem e Biografia de C.R.C.), dos quais muito deste relato é baseado. Em outro armário estavam espelhos de várias virtudes, como noutro lugar havia pequenos sinos, lâmpadas acesas e mais que tudo havia maravilhosos cantos artificiais que foram construídos com o objetivo de que se algo chegasse a suceder com a Ordem ou a Fraternidade, acabando-se depois de centenas de anos, poderia tudo restaurar-se novamente por meio desta única abóbada.
Como até aquele momento ainda não havíamos percebido os restos mortais do corpo de nosso cuidadoso e sábio pai, removemos o altar a um dos lados e levantamos uma forte placa de bronze. Encontramos um corpo perfeitamente conservado, intacto e sem deterioração alguma. Artificiosamente parecia como se estivesse vivo com todos seus ornamentos. Em sua mão portava um livro de pergaminho, com letras douradas, chamado T (296), que depois da Bíblia, é nosso maior tesouro e compreensivelmente não está sujeito ao julgamento do mundo. Ao final deste livro acha-se o seguinte:
Elogium: Granum Pectori Jesus Insitum
C. Ros. C. ex nobili atque splendida Germaniae R.C. familia oriundus, vir sui seculi divinis revelationibus subtilissimis imaginationibus, indefessis laboribus ad coelestia, atque humana mysteria ; arcanave admissus postquam suam (quam Arabico, & Africano itineribus Collegerat) plusquam regiam, atque imperatoriam Gazam suo seculo nondum convenientem, posteritati eruendam custo divisset et jam suarum Artium, ut et nominis, fides acconjunctissimos herides instituisset, mundum minutum omnibus motibus magno illi respondentem fabricasset hocque tandem preteritarum, praesentium, et futurarum, rerum compendio extracto, centenario major non morbo (quem ipse nunquam corpore expertus erat, nunquam alios infestare sinebat) ullo pellente sed spiritu Dei evocante, illuminatam animam (inter Fratrum amplexus et ultima oscula) fidelissimo creatori Deo reddidisset, Pater dilectissimus, Fra: suavissimus, praeceptor fidelissimus amicus integerimus, a suis ad 120 annos hic absconditus est.
Tradução:
Uma semente foi plantada no peito de Jesus
C. Ros. C. originou-se na nobre e famosa família alemã da R.C.; um homem aceito nos mistérios e segredos do céu e da terra através das revelações divinas, cogitações sutis e da persistente labuta de sua vida. Em suas viagens pela Arábia e África, reuniu um tesouro ultrapassando o dos Reis e Imperadores; não o achando, porém, adequado para a sua época, conservou-o secreto para ser descoberto pela posterioridade, e nomeou os herdeiros leais e fiéis de suas artes, e também de seu nome. Edificou um microcosmo correlacionado em todos os movimentos ao macrocosmo, e finalmente redigiu este compêndio das coisas passadas, presentes e futuras. Em seguida, tendo já ultrapassado um centenário, embora não atribulado por nenhuma enfermidade, que jamais sofrera em seu próprio corpo e tampouco permitirá que outros a sofressem, mas chamado pelo Espírito de Deus, entre os últimos amplexos de seus irmãos, entregou sua alma iluminada a Deus seu Criador. Um pai amado, um Irmão afetuoso, um Mestre leal, um Amigo sincero, aqui permaneceu oculto por seus discípulos durante 120 anos.
Haviam assinado, logo abaixo:
Secundi Circuli. (Do segundo círculo):
Ao final estava escrito o seguinte:
Ex Deo Nacimur, in Jesu Morimur, per Spiritum Sanctum Reviviscimus
(De Deus nascemos, em Jesus morremos, pelo Espírito Santo revivemos)
O Irmão C.R.C. nasceu em 1378 e viveu 106 anos. Assim, morreu em 1484. Sua tumba foi descoberta 120 anos depois, ou seja, no ano 1604.
Nessa época já havia morrido os Irmãos O. e D., porém, onde se encontrará o lugar de suas sepulturas? Não duvidamos que o mais velho dos irmãos, no instante de seu sepultamento, foi objeto de cuidados especiais e que também teria tido uma sepultura secreta.
Também esperamos que o nosso exemplo estimulará outros irmãos, a procurar com mais cuidado pelos nomes que revelamos com tal finalidade, e a encontrar o local de suas tumbas. Célebres e apreciados, geralmente, por sua arte médica, nas mais antigas gerações, eles podem talvez, com efeito, contribuir para ampliar nosso Gaza[66], ou pelo menos para compreendê-lo melhor.
Quanto ao Minutum Mundom (pequeno mundo), nós o encontramos conservado noutro pequeno altar. Realmente mais admirável do que possa ser imaginado por qualquer homem de discernimento. Todavia nós não o descreveremos enquanto não tiver creditado um voto de confiança a nossa Fama Fraternitatis. Em seguida tornamos a cobrir o túmulo com as placas, e sobre elas colocamos o altar e tornamos a fechar a porta, fechando todos os nossos selos, antes de decifrar algumas obras, baseando-nos nas diretrizes de nossa Rota – nosso tratado sobre os ciclos – (entre outros, sobre o livro M. Hoh[67], cujo autor é o doce M.P., e que é útil como um tratado de atividades domésticas). Em seguida, segundo o nosso costume, separamo-nos novamente, deixando nossas joias a seus herdeiros naturais. E assim aguardamos a resposta e julgamento dos eruditos e dos não eruditos sobre as nossas revelações.
Ainda que conheçamos a amplitude de uma reforma geral divina e humana que contentará tanto os nossos desejos quanto as esperanças de todos os seres humanos, não é mau, com efeito, que o Sol, antes de seu despertar, projete no céu uma luminosidade mais clara ou escura; que alguns se anunciem e se reúnam para promover nossa irmandade pelo seu número e pelo prestígio do cânon filosófico idealizado e ditado pelo nosso Pai C., ou mesmo para deleitar-se com humildade e amor de nossos alienáveis tesouros, curando as misérias deste mundo e não lidando com tanta cegueira com as maravilhas divinas.
Porém, para que cada Cristão também possa apreciar a nossa piedade e probidade, professamos publicamente o conhecimento de Jesus Cristo nos termos claros e nítidos em que Ele, nesta época tem sido proclamado na Alemanha e onde certas províncias famosas o mantêm e o proclamam atualmente contra todos os entusiastas, heréticos e falsos profetas. Nós também celebramos os Sacramentos instituídos pela primeira Igreja reformada, com as mesmas fórmulas e cerimônias.
Na política reconhecemos o Império Romano e a IV Monarquia[68], como nosso regente e como regente dos cristãos.
Apesar do conhecimento que possuímos em relação às mudanças que irão ocorrer e de nossa profunda aspiração em divulgá-las àqueles que são instruídos por Deus, eis nosso manuscrito, que está em nosso poder. Nenhum ser humano nos colocará fora da lei, nem nos entregará aos indignos, sem a permissão do Deus único.
Colaboraremos secretamente com esta causa benéfica segundo a Vontade divina. Porque nosso ouro não é cego como acreditam e profetizam os pagãos, porém, Ele é a joia da Igreja e a Honra do Templo.
Nossa filosofia não é tampouco nenhuma novidade: ela é conforme a que herdou Adão após a queda e que foi praticada por Moisés e Salomão. Ela não questiona ou refuta diferentes teorias porque a verdade é única, sucinta, sempre idêntica a ela própria, pois, adequando-se a Jesus em todas as suas partes e em todos os seus membros, ela é a imagem do Pai como Jesus é seu retrato, é um equívoco dizer que o que é verdadeiro em Filosofia é falso em Teologia. O que Platão, Aristóteles e Pitágoras estabeleceram, o que Enoch, Abraão, Moisés e Salomão confirmaram, naquilo que está em concordância com a Bíblia, o grande livro das maravilhas, corresponde e descreve uma esfera, ou um globo em que todas as partes estão equidistantes do centro, ciência em que trataremos mais profundamente na Conferencia Cristã.
Quanto ao que se refere em nossa época ao enorme sucesso da arte ímpia e maldita dos fazedores de ouro, que incita de forma muito singular uma multidão de lisonjeadores evadidos das prisões e maduros para o cadafalso a cometer grandes vilezas abusando da boa-fé e da ingenuidade de muitos indivíduos, a ponto de alguns acreditarem em sua probidade, que a transmutação metálica é o ápice e o cimo da Filosofia, que é necessário dedicar-se completamente a ela e que a fabricação de massas e de lingotes de ouro agrada de forma especial a Deus – mediante preces irrefletidas, mediante expressões doentias e inúteis, eles esperam conquistar um Deus cuja onisciência penetra em todos os corações, eis o que proclamamos publicamente: tais concepções são falsas. Testificamos que para os verdadeiros filósofos, a fabricação de ouro não é senão um “parergon”, um trabalho preliminar, de pouca importância, um entre milhares de outros tantos os que têm em seu repertório, e que são muito mais importantes.
Assim afirmamos as palavras de nosso bem-amado Pai C.R.C.: phy:aurum nici quantum aurum (Oh! Ouro, nada mais do que ouro!). Aquele a cujos olhos toda a natureza se revela não se deleita por poder fabricar ouro e domesticar demônios, mas segundo as palavras de Cristo: se alegra por contemplar o céu abrir-se, os Anjos do Senhor subir e descer, e seu nome inscrito no Livro da Vida.
Também testificamos que sob o nome de Chymia (Alquimia) foram apresentados muitos livros e ilustrações no Contumeliam Gloriae Dei (para a Glória de Deus), como os denominaremos em sua devida época, dando aos puros de coração um Catálogo, ou registro deles.
E rogamos a todos os homens de ciência que redobrem sua prudência à leitura destes livros: o inimigo não cessa de semear seu joio, até encontrar alguém mais forte que os extirpe.
Assim, de acordo com a vontade e pensamentos do nosso Pai C.R.C., nós seus Irmãos pedimos novamente aos sábios e eruditos de toda a Europa que leiam estas nossas Fama, traduzidos em cinco idiomas, y Confessio, em latim, e que, se lhes aprouver, poderão deliberar considerando essa nossa oferta, e julgarem a época atual com todo o desvelo, e declararem a sua opinião por impresso, seja como uma Communicatio consilio, ou sigulatim (conjuntamente ou isoladamente).
Ainda que neste momento não tenhamos mencionado nossos nomes e reuniões, as opiniões de todos, não importa a língua que professem, chegarão com certeza até as nossas mãos. E todos aqueles que indicarem seu nome receberão uma resposta de alguma forma, ou pessoalmente ou, se tiverem algum problema com isto, por escrito. Proclamamos que aquele que nutra a nosso respeito seriedade e cordialidade, ao dirigir-se a nós será por isso beneficiado em corpo e alma; todavia aquele que seja falso em seu coração, ou os ambiciosos de riquezas, não nos causará nenhum mal, mas atrairá para si a ruína e a destruição absoluta.
Em relação a nossa morada, ainda que cem mil pessoas tenham dela se aproximado e quase a contemplado de perto, permanecerá para sempre intocável, indestrutível e oculta para o mundo perverso. Sub Umbra Alarum Tuarum Jehova (À sombra de Tuas Asas, oh! Jeová).
OS IRMÃOS DA FRATERNIDADE ROSACRUZ
Estimado leitor,
Aqui, caro leitor, deverá encontrar, incorporado em nossa Confessio, trinta e sete razões sobre o nosso propósito e intenção, as quais, se for de teu agrado, poderá procurá-las e compará-las em conjunto, levando em conta dentro de ti mesmo se elas são suficientes para te atrair. Em verdade, é nossa maior preocupação induzir qualquer pessoa a acreditar naquilo que ainda não é aparente, mas quando isso for revelado no total resplendor do dia, suponho que estaremos envergonhados de tais questionamentos.
Como agora, de fato, podemos chamar o Papa de anticristo, sem receio de punição capital, assim, certamente, sabemos que o que aqui mantemos secreto, no futuro será trovejado em alta voz. Deseje conosco, caro leitor, de todo coração, que isso ocorrerá rapidamente.
A Fraternidade da Rosacruz
Capítulo 1
Não considere apressadamente, ó mortais, o que vocês tenham ouvidos sobre à nossa do Fama R.C. sobre nossa Fraternidade; não acredite, nem obstinadamente duvide. É Jeová quem, vendo como o mundo está desabando em ruínas, e perto de seu fim, de fato o apressou novamente para seu início, invertendo o curso da Natureza e, assim, o que até aqui tem sido buscado com grande esforço e com trabalho diário Ele deverá deixar exposto para aqueles que não pensam em tal coisa, oferecendo-o ao desejoso e forçando-o ao relutante, para que ele possa se tornar para os bons aquilo que suavizará os problemas da vida humana e romperá a violência dos golpes inesperados da Fortuna, mas para o ímpio se tornará aquilo que aumentará seus pecados e suas punições.
Nós acreditamos que tenhamos suficientemente revelado para você no Fama a natureza de nossa Ordem, na qual seguimos a vontade de nosso mais excelente Pai, nem possamos ser por qualquer pessoa suspeita de heresia, nem de qualquer tentativa contra a comunidade, nós, por meio disto, de fato condenamos o Oriente e o Ocidente (significando o Papa e Maomé) por suas blasfêmias contra Nosso Senhor Jesus Cristo, e oferecemos ao chefe principal do Império Romano nossas preces, segredos e grandes tesouros de ouro. Contudo, por causa dos eruditos, pensamos melhor em adicionar algo mais a isto, e dar uma melhor explanação, se houver qualquer coisa demasiadamente profunda, oculta e assentada na obscuridade no Fama, ou por alguma razão não conseguiu ser traduzido adequadamente em alguma língua, por meio do que esperamos que os eruditos estejam mais afeitos a nós, e mais dispostos a aprovar nosso desígnio.
Capítulo 2
Concernente ao aperfeiçoamento e acréscimos da filosofia temos – tanto quanto no momento é necessário – declarado que a mesma está doente; ou melhor, embora muitos (não sei como) debatem que ela esteja sadia e forte; para nós é certo que ela dá seu último suspiro.
Mas, como usualmente, até no mesmo lugar onde surge uma nova doença, a Natureza descobre um remédio contra a mesma, assim, em meio a tantas enfermidades da filosofia, de fato aparecem os meios corretos, e que são para nossa Pátria, suficientemente oferecidos, pelos quais ela poderá se tornar sadia novamente, e poderá parecer nova ou renovada para um mundo renovado.
Não existe para nós, entretanto, nenhuma outra filosofia daquela que é a mais importante de todas as faculdades, ciências e artes, a qual (se contemplarmos nossa época) contém muito da Teologia e da Medicina, mas pouco da Jurisprudência; a qual pesquisa o Céu e a Terra através de primorosa análise, ou, para dela falar com brevidade, a qual de fato manifesta suficientemente o ser humano Microcosmos, a respeito do que, se alguns dos mais bem dispostos na multidão dos eruditos responderem ao nosso fraternal convite, deverão encontrar dentre nós muitas outras e maiores maravilhas do que aquelas em que de fato até agora acreditavam, se maravilhavam e professavam.
Capítulo 3
Se nós declaramos brevemente nosso propósito acerca disso significa que devemos trabalhar cuidadosamente para que a surpresa de nosso desafio possa lhe ser tomada, para mostrar claramente que tais segredos não são frivolamente estimados por nós, e para não propagar amplamente uma opinião entre os incultos de que a narrativa que diz respeito a esses segredos é uma tolice. Pois não é absurdo supor que muitos estejam confundidos pelo conflito de pensamentos que é ocasionado por nossa inesperada afabilidade, para os quais (até agora) são desconhecidas as maravilhas da Sexta Época, ou que, em razão do curso retrógrado do mundo[70], não conseguem ver nem o futuro e nem o passado. Preenchidos pelas preocupações de seu tempo vivem de nenhuma outra maneira no mundo a não ser como pessoas cegas, que, à luz, nada discernem a não ser o que podem tocar.
Capítulo 4
Nossa opinião, sobre a primeira parte, é que as meditações de nosso pai Cristian acerca de todos os assuntos que a partir da criação do mundo foram inventados, produzidos e propagados pela engenhosidade humana, através da revelação de Deus, ou através do serviço dos Anjos ou dos Espíritos, ou através da sagacidade do entendimento, ou através da experiência da longa observação são tão grandes, que se todos os livros perecessem, e pelo consentimento de Deus todo-poderoso todos os escritos e todo saber se perdessem, ainda assim, a posteridade seria capaz de lançar uma nova base para as ciências e de erigir uma nova cidadela pelo arco triunfal da verdade; o que talvez seja fácil de fazer, como se alguém começasse a lançar abaixo e destruir o velho edifício em ruínas, e então aumentar o pátio de entrada, trazendo depois luz para dentro dos aposentos privativos, mudando então as portas, as escadarias e outras coisas de acordo com nossa intenção.
Como conceitos tão exaltados poderiam parecer a nós tão humildes? Não nos foram oferecidas para apenas tomarmos conhecimento? Não foram intencionadas como ornamento de seu tempo? Não gostaríamos de encontrar a Paz, na única verdade, que os mortais tanto buscam por caminhos tortuosos ou labirintos, se Deus realmente quisesse que o sexto candelabro acendesse apenas para nós? Não nos seria suficiente não temer nem a fome, pobreza, doenças, nem a idade? Não seria algo excelente sempre viver como se você tivesse vivido desde o começo do mundo, e fosse ainda viver até o fim dele? Viver igualmente em um lugar em que nem os povos que habitam além do Ganges pudessem ocultar qualquer coisa, nem aqueles que vivem no Peru pudessem ser capazes de manter seus desígnios em segredo de ti? Igualmente ler em um único livro para discernir, compreender e lembrar de tudo o que em outros livros (que até aqui existiram, existem agora, e daqui para frente deverão surgir) esteve, está e deverá ser aprendido a partir deles? Igualmente tocar e cantar de forma que em vez de pedras rochosas você pudesse extrair pérolas, em vez de animais selvagens, espíritos, e em vez de Plutão[71], você pudesse acalmar os poderosos príncipes do mundo?
Ó mortais, os desígnios de Deus são diferentes e também é diferente seu benefício. Em benefício de vós foi decretado que se aumentasse e se expandisse o número de nossa Fraternidade neste tempo, o que com muita alegria empreendemos, pois obtivemos até aqui este grande tesouro sem nossos méritos, sim, sem qualquer esperança ou expectativa. O mesmo, pretendemos com tal fidelidade colocar em prática, de forma que nem a compaixão, nem a piedade por nossos próprios filhos (que alguns de nós na Fraternidade, tem) deverão nos mover, uma vez que sabemos que estas coisas boas inesperadas não podem ser herdadas, nem promiscuamente conferidas.
Capítulo 5
Se, agora, houver alguém que, por outro lado, reclame de nossa discrição – considerando a segunda parte, [da primeira frase do capítulo 3] – de que oferecemos nossos tesouros tão espontânea e indiscriminadamente, e de que em vez disso não damos maior consideração aos devotos, aos sábios ou às pessoas principescas do que às pessoas comuns, com ele não estamos de nenhuma maneira zangados. Pois, a acusação não é sem importância, mas, além disso, afirmamos que de nenhuma forma fizemos de nossos segredos propriedade comum, ainda que eles ressoem em cinco línguas dentro dos ouvidos dos incultos. Tanto porque, como bem sabemos, eles não farão juízos grosseiros, como também porque o valor daqueles que deverão ser aceitos em nossa Fraternidade não será medido por sua curiosidade, mas pela regra e padrão de nossas revelações.
Mil vezes os indignos poderão clamar, mil vezes se apresentarem, contudo, Deus ordenou a nossos ouvidos que eles não ouvissem nenhum deles, e circundou a nós, Seus servidores, de tal forma com Suas nuvens, que contra nós nenhuma violência pode ser feita; pelo que agora não mais somos contemplados por olhos humanos a menos que tenham recebido força emprestada de uma águia.
O Fama tinha que ser publicado na língua mãe de todos, para que estes não fossem privados do conhecimento dele, os quais (embora sejam iletrados) Deus não excluiu da felicidade desta Fraternidade, que é dividida em graus; como aqueles que vivem em Damcar, que têm uma ordem política muito diferente dos outros árabes; pois lá de fato governam apenas pessoas de discernimento, os quais, com a permissão do rei, fazem leis particulares, de acordo com cujo exemplo o governo também deverá ser instituído na Europa (de acordo com a descrição estabelecida por nosso Pai Cristian), quando ocorrerá aquilo que deve preceder.
Quando nossa Trombeta ressoar a plena voz e com nenhuma prevaricação de significado; quando, a saber, aquelas coisas sobre as quais alguns poucos agora sussurram e obscurecem com enigmas, abertamente preencherão a Terra, mesmo como após muitos secretos aborrecimentos de pessoas pias contra a tirania do papa, e após tímida reprovação, ele com grande violência e através de uma grande investida foi derrubado de seu assento e pisoteado copiosamente; cuja queda final está reservada para uma época em que ele deverá ser rasgado em pedaços com garras, e um gemido final deverá encerrar seu zurro de jumento, o que, como sabemos, já está manifesto para muitos homens eruditos na Alemanha, conforme as suas indicações e secretas congratulações prestam testemunho.
Capítulo 6
Vale a pena relatar e proclamar o que aconteceu durante todo o tempo desde o ano de 1378, o ano quando nosso Pai Cristian nasceu, até agora, quais alterações no mundo ele viu nesses cento e seis anos de sua vida, o que ele deixou para ser empreendido por nossos Pais e por nós após sua feliz morte.
A brevidade, que de fato observamos, não permitirá neste momento fazer um relato detalhado disso; é suficiente para aqueles que não desprezam nossa proclamação, termos tocado nisso, para desta forma preparar o caminho para sua maior associação e união conosco. Verdadeiramente, para quem é permitido contemplar, ler e a partir daí ensinar a si mesmo aqueles grandes caracteres que o Senhor Deus inscreveu no mecanismo do mundo, e que Ele repete através das mutações dos Impérios, e com base neste conhecimento, se desenvolve, sem sombra de dúvida, mesmo não estando consciente disto, já é um dos nossos. E como sabemos que ele não negligenciará nosso convite, assim, de maneira semelhante, juramos de nosso lado que ele não será iludido. Prometemos ainda que a retidão e as esperanças de nenhum ser humano deverão enganar aquele que se fizer conhecido para nós sob o selo do sigilo e desejar nossa familiaridade. Contudo, para o falso e para os impostores, e para aqueles que buscam outras coisas que não a sabedoria, testemunhamos publicamente por estas dádivas, não podemos, em nosso prejuízo, ser a eles revelados, nem sermos por eles conhecidos sem a vontade de Deus, mas eles deverão certamente ser participantes daquela terrível cominação mencionada no Fama, e seus desígnios ímpios deverão cair para trás sobre suas próprias cabeças, enquanto nossos tesouros deverão permanecer intocados, até que o Leão surja e os reclame como seu direito, receba-os e os empregue para o estabelecimento de seu reino.
Capítulo 7
Então, nós mortais devemos estar seguros de uma coisa: Deus decretou para o mundo antes de seu fim, o que atualmente em consequência disso deverá suceder, um influxo de verdade, luz, e grandeza tal como Ele ordenou que deveria acompanhar Adão ao partir do Paraíso e abrandar a miséria do ser humano. Pelo que deverá cessar toda falsidade, escuridão e escravidão que pouco a pouco, com a revolução do grande globo, se infiltrou nas artes, nas obras e na governança dos seres humanos, obscurecendo a maior parte delas.
De lá surgiu essa inumerável diversidade de opiniões, falsidades e heresias que tornam a escolha difícil para os seres mais sábios, vendo que por um lado, foram estorvados pela reputação dos filósofos e por outro, a verdade das descobertas os colocam em dúvida. Se, portanto, todas estas coisas, como cremos, puderem ser definitivamente removidas, e em vez delas uma única e mesma regra for instituída, então, realmente restarão agradecimentos para eles que se esforçaram nisso, mas o resultado de tão grande obra deverá ser atribuído à bem-aventurança de nossa época.
Como agora confessamos que as muitas elevadas inteligências através de seus escritos serão um grande auxílio para esta Reforma que está por vir, assim de maneira nenhuma arrogamos a nós esta glória, como se tal obra fosse somente imposta a nós, mas testemunhamos com nosso Cristo Salvador que tão logo as pedras se ergam e ofereçam seu serviço, não haverá então falta de executores do desígnio de Deus.
Capítulo 8
Para fazê-Lo conhecido, Deus enviou mensageiros à frente que deveriam testemunhar Sua vontade, a saber, algumas novas estrelas que apareceram em Serpentarius e Cygnus[72] (303), cujos poderosos sinais de um grande Conselho demonstraram como para todas as coisas que a engenhosidade humana descobre, Deus invoca seu conhecimento oculto. Igualmente o Livro da Natureza, que embora permaneça aberto verdadeiramente diante de nossos olhos, pode ser lido somente por muito poucos, menos ainda compreendido.
Como na cabeça humana há dois órgãos de audição, dois de visão e dois de olfato, mas apenas um de fala, e sendo inútil esperar a fala a partir dos ouvidos, ou a audição a partir dos olhos, assim existiram épocas que o ser humano via, outras que ouvia, outras ainda que sentia o cheiro e o sabor. Agora, resta que em um curto tempo que se aproxima velozmente, distinção deva igualmente ser dada à língua, para que o que anteriormente viu, ouviu e sentiu o cheiro deva finalmente falar, depois que o mundo tiver superado a intoxicação de seu envenenado e entorpecido cálice, e com um coração aberto, de cabeça descoberta e pés descalços vá feliz e alegremente adiante para encontrar o sol se erguendo pela manhã.
Capítulo 9
Do mesmo modo que Deus espalha esses caracteres e letras, em Suas Sagradas Escrituras, igualmente Ele os imprime muitíssimo manifestadamente na maravilhosa obra da criação, nos Céus, na Terra, e em todos os animais, da mesma forma que o matemático prevê os eclipses, nós prognosticamos os obscurecimentos da igreja, e quanto tempo eles deverão durar.
Tomamos emprestado dessas letras nossa escrita mágica e, por conseguinte construímos para nós mesmos uma nova linguagem, na qual a natureza das coisas também é expressa. De forma que não é de se admirar que não sejamos tão eloquentes em outras línguas, muito menos neste latim. Pois sabemos que de maneira nenhuma estão em conformidade com aquela de Adão e Enoch, mas que foi contaminado pela confusão de Babel.
Capítulo 10
Nós não podemos de mencionar que, embora ainda existam algumas penas de águia[73] em nosso caminho, as quais de fato obstruem nosso propósito, de fato exortamos ao exclusivo, único, assíduo e contínuo estudo das Sagradas Escrituras. Aquele que extrai todo seu prazer desta forma, deverá saber que preparou para si mesmo uma excelente maneira de entrar em nossa Fraternidade. Pois este é o teor total de nossas Leis, que como não há nenhum aspecto naquele grande milagre do mundo que não esteja relacionado à memória, assim estão mais próximos e são mais parecidos conosco aqueles que de fato fazem da Bíblia a regra de sua vida, o fim de todos os seus estudos e o compêndio do mundo universal.
Destas pessoas exigimos não que isso devesse estar continuamente em sua boca, mas que deveriam apropriadamente aplicar sua verdadeira interpretação a todas as épocas do mundo. Não é nosso costume assim depreciar o oráculo divino, pois, embora haja inumeráveis comentadores do mesmo, alguns aderem às opiniões de seu grupo, alguns zombam da Escritura como se ela fosse um tablete de cera, para ser utilizado indiferentemente pelos teólogos, filósofos, doutores e matemáticos.
Em vez disso, somos testemunhas que desde o começo do mundo não foi oferecido ao ser humano um mais excelente, admirável e benéfico livro do que a Bíblia Sagrada. Abençoado é aquele que a possui, mais abençoado é aquele que a lê, mais abençoado de todos é aquele que verdadeiramente a estuda profundamente e a compreende, pois está mais relacionado com Deus aquele que tanto a compreende quanto a obedece.
Capítulo 11
O que nós dizemos com horror, devido à aversão aos impostores, contra a transmutação dos metais e a medicina suprema do mundo, desejamos ser assim compreendidos que esta tão grande dádiva de Deus, nós de nenhuma maneira desprezamos, mas como ela nem sempre traz consigo o conhecimento da Natureza, embora esse conhecimento produza tanto isso quanto um número infinito de outros milagres naturais, é correto que estejamos antes determinados a obter o conhecimento da filosofia, nem tentemos obter excelente aptidão com a tintura dos metais antes de obtê-la com a observação da natureza.
Deve necessariamente ser insaciável aquele que nem a pobreza, nem a doença, nem o perigo podem mais alcançar, que, como alguém elevado acima de todos os humanos, dominou aquilo que de fato angustia, aflige e atormenta os outros. Alguém assim, contudo se voltará novamente para coisas vãs, construirá prédios, fará guerras e tiranizará, porque possui suficiente ouro e uma fonte inesgotável de prata.
Deus julga de uma maneira completamente diferente, exaltando o humilde e lançando o orgulhoso na obscuridade; ao silente ele envia seus Anjos para com eles conversar, mas, os tagarelas ele os dirige ao deserto, que é o julgamento devido ao impostor romano que agora despeja suas blasfêmias de boca aberta contra Cristo, e que não ainda em plena luz do dia, através do que a Alemanha detectou suas cavernas e passagens subterrâneas, não para de mentir, para que por meio disso possa completar a medida de seu pecado e ser considerado digno do machado.
Portanto, um dia ocorrerá que a boca dessa víbora deverá ser cerrada, e sua tripla coroa deverá ser reduzida a nada, acerca dessas coisas trataremos mais completamente quando nos encontrarmos.
Capítulo 12
Concluindo nosso Confessio, devemos seriamente adverti-lo que descarte, se não todos, pelo menos a maioria dos livros imprestáveis de pseudo-alquimistas. Para eles é um jogo de abuso da Santíssima Trindade a coisas vãs, ou enganar os seres humanos com símbolos e enigmas monstruosos, ou lucrar com a curiosidade dos crédulos. Nossa época de fato produz muitos desses, um dos maiores sendo um ator de palco[74], um homem com suficiente engenhosidade para a fraude.
O inimigo da felicidade humana se mistura com a boa semente, para desta forma, tornar a verdade mais difícil de ser acreditada, que em si mesma é simples e despojada, enquanto a falsidade é orgulhosa, arrogante e colorida com um brilho de aparente sabedoria divina e humana.
Fuja dessas coisas, você que é sábio, e recorra a nós, que não buscamos seu dinheiro, mas o oferecemos de muito boa vontade nossos grandes tesouros. Não andamos a caça de seus bens com tinturas mentirosas inventadas, mas desejamos torná-lo coparticipante de nossos bens. Não rejeitamos as parábolas, mas o convidamos às simples e claras explicações de todos os segredos. Não buscamos ser recebidos por você, mas o convidamos para nossas casas e palácios mais do que majestosos. Através de nenhum impulso próprio, mas (para que você não desconheça) como que forçados a isto pelo Espírito de Deus, comandados pelo testamento de nosso mais excelente Pai, e impelidos pela ocasião deste momento presente.
Capítulo 13
Vocês, mortais, para quem Deus irradia uma luz similar àquela que Ele gera e vendo que sinceramente reconhecemos Cristo, execramos o papa, nos entregamos à verdadeira filosofia, levamos uma vida digna, e diariamente chamamos, suplicamos, e convidamos muitos mais para nossa Fraternidade, para os quais a mesma Luz de Deus igualmente se mostrou?
Não considera que, tendo ponderado acerca dos dons que estão em você, tendo medido sua compreensão da Palavra de Deus, e tendo avaliado as imperfeições e inconsistências de todas as artes, poderá finalmente no futuro deliberar conosco acerca da remediação delas, cooperar na obra de Deus e ser útil para a constituição de sua época?
Em cuja obra estes proveitos se seguirão, de forma que todos esses bens que a Natureza dispôs em todas as partes da Terra deverão totalmente em algum momento lhe serão dados, como ponto central entre o Sol e a Lua. Então deverá ser você capaz de expulsar do mundo todas aquelas coisas que obscurecem o conhecimento humano e retarda a ação, tal como descrito pelo caminho circular[75].
Capítulo 14
Você, contudo, para quem é suficiente ser útil apenas por curiosidade de qualquer prática, ou que está deslumbrado com o brilho do ouro, ou que embora agora íntegro, poderia ser desviado por inesperadas grandes riquezas para uma vida efeminada, ociosa, luxuosa e pomposa, não disturbe nosso silêncio sagrado com o seu clamor.
Mas, pense que embora haja um remédio que poderia curar totalmente todas as doenças, aqueles que, contudo, Deus deseja testar ou punir não deverão ser favorecidos com tal oportunidade, de forma que se fôssemos capazes de enriquecer e instruir o mundo todo, e liberá-lo de inumeráveis tribulações, nós, contudo, nunca nos manifestaríamos para qualquer ser humano, a menos que a Deus isso favorecesse. Isto estará tão longínquo daquele que contra a vontade de Deus pensa em ser um coparticipante de nossas riquezas, que mais rapidamente perderá sua vida nos buscando, do que atingirá a felicidade por nos encontrar.
FRATERNIDADE ROSACRUZ
Ao leitor: Quem quer que seja você, que duvida da Ordem dos Irmãos da Rosacruz; leia isto, e que lendo este poema[77] ficará convencido.
Frankfurt[78], da gráfica de Johannes Bringer, 1614
Muitos duvidam da existência dos Irmãos da Rosacruz. Eles não querem acreditar no Fama, que foi espalhado por toda a Terra e assim torna conhecido o trabalho de nossos irmãos por toda a parte. Contudo, aquele que não quer acreditar na pura verdade não poderá ver, apesar de ser uma tarde ensolarada. Veja, eu que estou escrevendo sou um dos Irmãos. Eu faço parte, apesar de pequena, desta piedosa Irmandade. Nossa Ordem existe escondida, no interior da Alemanha, mas também é conhecida no exterior. Esta Ordem é recentemente – muito poucos a formavam inicialmente – formada por dez homens, grandes em conhecimento e habilidades. Porque a Ordem tem novas regras e por isso, você poderia dizer que é uma nova Ordem. Muitos querem participar da nossa comunidade, mas poucos o conseguem, e ainda com dificuldade. Nós escolhemos apenas aqueles, que passaram por um longo período de provas, aqueles que passaram pela sua própria justiça. A Ordem os prende por fortes disposições, para que sempre cumpram suas promessas com fidelidade. Um amigo pode, se quiser, ser nosso companheiro, sendo ele merecer de nossa amizade. Nós vivemos em um convento. E quando nosso Pai o fundou há muito tempo lhe deu o nome de ‘Espírito Santo’. Com o passar dos anos ela mudou, mas ainda assim nossas memórias o guardam bem. Aqui vivemos juntos com vestes sagradas. A autoridade do Papa já não repousa mais sobre nós, como antigamente. Somos rodeados por bosques e propriedades: um rio conhecido corre lentamente perto de nossa propriedade. Não longe de nós fica uma cidade conhecida que nos fornece tudo que necessitamos. Com toda a liberdade vivemos aqui, em nosso terreno. Mesmo assim nós não somos totalmente conhecidos, nem pelos vizinhos. Apesar de diariamente pessoas virem à nossa porta para mendigar, todos, sempre, partem com uma rica esmola; sim, mesmo aqueles que sofrem com uma doença séria são, muitas vezes, ajudados com nossa assistência médica. Por este motivo toda a redondeza nos quer bem e ninguém iria danificar nossas posses. Quase citei o lugar onde vivemos, mas por motivos óbvios não irei traí-lo. Para que não fiquemos desconhecidos do mundo, viajamos muito pelas regiões do mundo e retornamos. Acabei de concluir minha terceira viagem e permaneço na não insignificante Hagenau[79].
Chuva e neblina me mantiveram aqui, portanto, não consigo prosseguir minha viagem planejada. Dentro de um ano terei completado esta viagem, a mim atribuída, onde visitarei determinados povos e regiões. Neste meio tempo serão enviadas várias cartas aos Irmãos, em sinais secretos, contando o que descobrimos, nos diversos lugares. Quando viajamos não incomodamos ninguém. Aqueles, dos quais podemos utilizar de sua hospitalidade por uma noite, compensamos sempre com muita gratidão, com presentes e dinheiro, para que bons anfitriões sempre queiram fazer algo mais por nós. Ricos quiseram carregar este fardo e também pobres, que são recompensados com a devida assistência, até que os Irmãos enfim, por razões fundadas, mereçam o descanso para em seguida continuarem sua vida em paz.
Nós gostamos de aprender. Para adquirirmos conhecimento procuramos, secretamente, por tudo o que há de bom. Assim não acontece nada na Europa que nossos olhos não vejam claramente. Todos os novos livros, que possam ser publicados, onde quer que seja, chegam por meio dos vendedores de livros em nossas mãos. Nós executamos vários tipos de artes, tanto para nossa aprendizagem, como para transformar o ócio em: pensar, falar e escrever. Também temos bastante tempo para aprender línguas; sim, gostamos de ouvir uma língua diferente. Com os franceses, italianos, espanhóis, poloneses e outros povos conversamos em sua própria língua. Acima de tudo deixamos nos guiar por observar atenciosamente a natureza, que nos ensina muito, também porque fazemos experiências. O que uma cabeça inteligente descobre é observado minuciosamente pelos nossos Irmãos. Temos muito em nossa posse, que foi obtido de antepassados em árduo trabalho, que se poderia exceder a compreensão dos outros. Às vezes me inspiro na antiga arte da poesia e incluo, para me manter ocupado, mais palavras. Vivemos conforme regras acordadas entre nós, e uma paz abençoada nos une em amor fraternal. Somos todos, um em espírito e um em vontade, e nossos corações batem em unanimidade piedosa. Se ninguém sabe algo, mas logo os outros sabem, nenhum entende isso como sua propriedade exclusiva. Diariamente o nosso líder nos chama em determinada hora e diz que cada um de nós deve trazer uma ideia ao centro. Sobre isso rapidamente são discutidos os prós e os contras; o que é bom e imediatamente é reforçado por todos e o que é mau, rejeitado. Então, cada um conta o que viu, leu, pensou e ouviu, sendo um de cada vez, para depois registrar, minuciosamente, em um livro para que os descendentes possam tomar conhecimento. O Pai reconhece uma competência específica para um determinado trabalho que precisa ser feito. Aí um irmão vai executar o trabalho com zelo e obedientemente o que foi especificado para ele. Contudo, aos outros Irmãos eles podem pedir conselho; que não os deixam na mão, mas os ajudam tanto quanto podem com palavras e ações. Sim, também tem para eles uma biblioteca muito bem equipada disponível e que contém milhares de livros. Nenhum esforço, por mais pesado e cuidadoso que possa ser, nos cansa. Cada um realiza a tarefa que lhe foi incumbida. Não nos falta nada, tudo está disponível em abundância, porque nós nos satisfazemos com muito pouco, cuidamos de nosso corpo de uma forma consistente com a natureza. Por isto somos saudáveis e temos uma vida longa. No entanto, se as condições e desgaste nos forçarem a uma questão legítima, você verá que tudo será resolvido de uma forma discreta e digna. Ah, se todas as pessoas que desejam viver em comunidade se portassem de forma semelhante. Com certeza iriam melhorar em benevolência e amor. Não iriam mais cometer tantos erros e nem ações vergonhosas. Nós criticamos de forma injusta, e o que falamos, mesmo sendo bom, é compreendido de forma errônea. Por todos os lados somos caluniados. Nós sabemos isto, mas deixamos de lado. Ele, quem disse a todos os cantos sobre as nossas artes mágicas, se enganam e não sabem nada sobre nossa vida. Eu não nego que, às vezes, fazemos coisas que surpreende as pessoas, mas tudo isto acontece conforme as leis da natureza. Por exemplo, o que fazemos com a química é estudado por nós todos os dias. Se alguém pensa que isto se dá com a ajuda do diabo, ai! Quanto ele se engana com isto. Pois esta forma [de trabalhar] é, para nós, limpeza da alma e das mãos, de preferência, que possa servir, solenemente, à Deus. Nós vivemos uma vida cheia de respeito à Deus; somos obedientes a todas as pessoas. O que mais você quer? Nosso colégio é uma forma de academia, com desejo à ciência, repleto de santa piedade. Virá um tempo em que a utilidade de nossa Ordem será consciente, em todos os lugares da Terra onde o povo de Deus está. Nós fazemos grandes coisas que, no tempo certo, serão admiradas, e que apenas pela sua utilidade irão provar sua confiança. Nós não somos gastrônomos ou nuvens imóveis, mas em nosso descanso nos reforçamos trabalhando duro. E este trabalho tem como objetivo o bem comum e serve no mais alto grau em louvor ao Cristo. Contudo, não quero esconder que abusaram do nome de nossos Irmãos, e divulgaram algumas coisas, dizendo que é de nossa autoria; mas nós negamos isto. Quem ler estes textos atenciosamente logo perceberá o engano, pois não correspondem com o nosso Fama. Talvez alguém tenha se dito um Irmão, enquanto não faz parte de nosso círculo. Assim, há algum tempo um impostor em Neurenberg[80] disse muitas coisas falsas perante a população, até que foi desmascarado como ladrão e enganador; foi pendurado, como uma carga triste, a uma cruz. Um outro exemplo: em Augsburg prenderam um vagabundo, que foi flagelado e lhe tiraram as orelhas. Aqui também acrescento que o povo fala mal dos Rosacruzes, pois assim nos chamamos, homenageando nosso primeiro Pai, e dizem que é uma seita. Com que nome ele, nosso primeiro Pai era chamado, nós queremos manter em segredo – e temos motivos para isto – e não vamos traí-lo. Quem também invente fábulas sobre nosso nome, não se fazem por merecer. Parem de perturbar aqueles que moram em outros lugares; as falsidades são trazidas à luz, com pequenas indicações com grandes prejuízos para os falsários. Seja cuidadoso ao acreditar o que se fala sobre nós, se não quiser ser enganado. Porque, afinal, quem não sabe que tudo está cheio de astúcia e que um enganador coloca em todos os lugares seus males. Também a Ordem Jesuíta nos coloca emboscadas e espreita dia e noite por nossa moradia. Quando conseguimos escapar a estes olhares sanguinários destes lobos, precisamos nos manter por dias a fio cautelosamente escondidos. Santo Deus proteja e preserve nosso grupo enquanto eles O adoram corretamente e faz o trabalho ficar agradável. Afastam de nós os inimigos ferozes e furiosos, para que eles não consigam prejudicar os muito bons. Realmente, queremos ficar conhecidos no mundo todo e esperamos que isto possa ser realizado em breve. Contudo, muitas coisas impedem este desejo. Por enquanto é aconselhável continuar sendo desconhecidos, mas que aqui e lá tenhamos muitos amigos entre os quais nossa virtude e confiabilidade sejam conhecidas. Assim nós, enquanto eles não nos conhecem, entramos em contato com os estudiosos. Filósofos, médicos, teólogos e que fazem a química, os conhecem bem. Se eu divulgar seus nomes, ah! Qual valor teria o meu livro. Enquanto você não quer ser acusado por um veredito mais pesado, negando a mim e meus amados do Rosacruz. Contudo, o que eu faço? Para que as pessoas não digam que fiz algo não permitido, coloco aqui minha caneta e levanto minha mão da mesa. B.M.I. o mais novo Irmão da Rosacruz escreveu isto, enquanto ele estava em Hagenau, onde permaneceu alguns dias devido a chuva constante, 22 de setembro no ano de Cristo 1614.
Adendo 2 – Certidão de Nascimento de Max Heindel
Max Heindel escreve, no Livro Cristianismo Rosacruz, Conferência nº 17 – O Mistério do Santo Graal: ‘O verso a seguir apareceu alguns anos atrás na Revista London Light, e foram guardados por mim como um tesouro’. Com a ajuda da: British Library, in Londres, Biblioteca da Universidade de Washington, Seattle, e Biblioteca da Universidade de Chicago, Illinois, foi possível encontrar a autora do Poema abaixo e sua biografia.
Florence May Holbrook nasceu em 1860 em Peru, no Estado Illinois, EUA, sendo filha de um Juiz Edmund S. Holbrook e de Anna Case Holbrook. Ele foi um dos pioneiros na região de Peru e fez parte do desenvolvimento da Cidade. Ele recebeu muito dinheiro como Corretor de Imóveis, igualmente seus dois irmãos que também eram pioneiros em Peru. Entre 1862 e 1865 a família se mudou de Peru.
Florence teve sua educação em Peru, Joliet e Chicago, incluindo um curso na Universidade de Chicago onde se formou em Literatura em 1879. Foi professora entre 1879 e 1889 na Escola Secundária de Oakland em Chicago, onde, nos últimos três anos, foi diretora. Também foi Diretora da Escola Primária Forestville, em Chicago, de 1889 a 1924, onde tinha um grupo de 27 professores e tinham mais de mil e trezentos alunos; e, por algum tempo, no Colégio de Phillips Junior, em Chicago. Como Pacifista ela foi uma das integrantes em 1917 do Navio da Paz de Henry Ford que viajou à Europa. Também insistiu com os Americanos que quando encontrasse alguém pronunciar a palavra ‘paz’ ao invés do coloquial “hello” ou “howdy”.
Após a Primeira Guerra Mundial ela viajou à Europa e, em 1929, ela foi à Rússia em viagem de estudos, juntamente com a Comissão John Dewey.
Ela era muito conhecida na Literatura Educacional em seus dias. Seus trabalhos mais conhecidos são: Book of Nature´s Mith; Round the year in Mith and Song; Northland Heroes; Elementary Geography; The Hiawatha Alphabet e uma dramatização de Hiawatha. Após uma doença de vários meses ela faleceu em casa, em Chicago, no dia 30 de setembro de 1932.
O Poema: A PRAYER, tem 6 estrofes. Pode ser encontrado em Al Bryants Sourcebook of Poetry, Zondervan Publishing House, Grand Rapids 1968, pág. 547, mas faltam as estrofes 4 e 6.
O mesmo Poema, mas com outro título: Understanding (Compreensão), foi publicado anonimamente em Poems that Touch the Heart, por A. L. Alexander (compilador), 1956, pág. 372. Contudo, aí faltam as estrofes 5 e 6.
O texto completo foi publicado por Max Heindel no livro mencionado acima, e diz o seguinte:
A PRAYER
Not more of light I ask, O God,
But eyes to see what is:
Not sweeter songs, but ears to hear
The present melodies:
Not more of strength, but how to use
The power that I possess:
Not more of love, but skill to turn
A frown to a caress:
Not more of joy, but how to feel
Its kindling presence near,
To give to others all I have
Of courage and of cheer.
Not other gifts, dear God, I ask,
But only sense to see
How best these precious gifts to use
Thou hast bestowed on me.
Give me all fears to dominate,
All holy joys to know;
To be the friend I wish to be,
To speak the truth I know.
To love the pure, to seek the good,
To lift with all my might
All souls to dwell in harmony,
In freedom´s perfect light.
ORAÇÃO ROSACRUZ
Não te pedimos mais luz, ó Deus.
Senão olhos para ver a luz que já existe;
Não te pedimos canções mais doces,
Senão ouvidos para ouvir as presentes melodias;
Não te pedimos mais força,
Senão o modo de usar o poder que já possuímos;
Não mais Amor, senão habilidade
Para transformar a cólera em ternura;
Não mais alegria, senão como sentir
Mais próxima essa inefável presença,
Para dar aos outros tudo o que já temos
De entusiasmo e coragem.
Não te pedimos mais dons, amado Deus,
Mas apenas senso para perceber
E melhor usar os dons preciosos
Que já recebemos de Ti.
Faze que dominemos todos os temores,
Que conheçamos todas as santas alegrias,
Para que sejamos os Amigos que desejamos ser,
Para transmitir a Verdade que conhecemos;
Para que amemos a pureza,
Para que busquemos o Bem,
E, com todo o nosso poder, possamos elevar
Todas as Almas, a fim de que vivam em
Harmonia e na Luz de uma Perfeita Liberdade.
A foto de Florence May Holbrook – fornecida pela Universidade de Washington Libraries, Seattle, Washington, EUA – é originalmente do Educational History of Illinois, enviada por John Williston Cook: The Henry O Shepard Company, Illinois 1912.
As informações vieram de:
The British Library escreveu para o autor em 8 de fevereiro de 1983: “O Periódico chamado London Light, nº 1, volume 1, de 28 de agosto de 1880, tem como subtítulo: ‘Um período ilustrado sobre: política, teatro, música, comédia, esporte e sociedade’”.
O exemplar de posse da Biblioteca do Jornal tem doze páginas, que contém assuntos de interesse comum ao público em geral. Relatórios sobre a sociedade, militares e casamentos, juntamente com histórias curtas. Os editores eram as Sras. Allingham & Holloway, 108 Shoe Lane, Fleet Street, London, E.C.
Tradução em português: Los Angeles, Califórnia, 15 de janeiro de 1904. Ao Sr. C. W. Leadbeater Prezado Sr.: Antes que o Sr. deixe a Califórnia, gostaria de agradecê-lo pelas suas Palestras, pois tirei muito proveito de todas elas. Curiosidade me levou a assistir a primeira palestra; sua declaração de que todo ser humano tem dentro de si o poder da clarividência – que, assim eu pensava, poderia ser de grande utilidade para mim – me fez ir assisti-la. A segunda Palestra assisti na esperança de conseguir alguma informação de como desenvolver essa capacidade tão desejada. Contudo, quando o Sr. disse, em sua segunda Palestra, que este poder não poderia ser usado para benefício próprio – eu falei internamente – que bem faria a um ser humano se não puder tirar proveito próprio disto. No dia seguinte pedi na biblioteca o livro Astral Plane, este era o plano que eu queria descobrir para onde as pessoas poderiam ir, para com vantagem para elas mesmas, poder descobrir os segredos dos outros. Não consegui este livro. A bibliotecária não tinha um, nem para empréstimo e nem para venda. Mas consegui o Karma e o Reincarnation com a Sra. Besant. Quando terminei de ler estes trabalhos, entendi porque as qualidades ocultas devem ser utilizadas com respeito, como meio de ajudar a humanidade e não para ganhos pessoais. Eu vi que tinha um lugar neste grande plano cósmico, e isto tudo se tornou tão real para mim, que não necessitava de mais nenhuma prova. Acreditei em cada palavra que li. Estava, então, totalmente mudado quanto a forma de mentalidade do que nas duas primeiras Palestras, quando assisti sua Palestra sobre Reencarnação. Desde então, eu literalmente devorei a Teosofia. E também a coloquei em prática na minha vida parando de usar álcool e tabaco, apesar de até pouco tempo não saber, que era uma das prescrições de Buda, mas pior que isto; eu era um sensualista e um mentiroso. E eu nunca tomei consciência de que poderia fazer algo a respeito. E que meus pensamentos poderiam causar danos e que eu poderia bani-los. Contudo, quando descobri que poderia controlar meus pensamentos, comecei com um objetivo claro à minha frente. E me alegro em dizer que em minhas horas de vigília estou praticamente livre destes pensamentos. Quando puder dizer o mesmo de minhas horas de sono estarei realmente feliz. Contudo, não duvido, que com a persistência, isto tudo será eliminado. Especialmente porque a alguns dias iniciei a prática de viver com alimentação vegetariana, após ter lido seus argumentos em Glimpses of Occultism. Espero que minha longa carta não o tenha entediado. Pois, apesar do tamanho não contém um décimo do que gostaria de dizer, se eu pudesse encontrar as palavras para me expressar. É maravilhoso, que mal posso realizar, que eu pensava ser apenas um verme vivendo hoje e, como eu acreditava estaria morto para toda a eternidade quando viesse a falecer, que viverei eternamente. Pode imaginar que eu me sinto grato e sinto a necessidade de expressar a minha gratidão a você que abriu meus olhos para o alto e nobre destino à minha frente? Quero agradecer novamente e desejar uma boa viagem. Sinceramente, Max Heindel | Original em Inglês: Los Angeles, Cal., Jan. 15. 1904 Mr. C.W. Leadbeater: Dear Sir. Before you leave California I desire to thank you for your lectures, all of which I have attended with great benefit to myself. Curiosity drew me to hear your first lecture; your statement that every man had in him clairvoyant faculties – which I reasoned would benefit me personally – prompted me to attend. Your 2nd lecture, in the hope of getting some information on how to develop this much desired and desirable power and when in your 2nd lecture you said that this faculty should not be used for selfish purposes. – I sneered inwardly – what good would it do a man if he did not use it to his own interests. The next day I applied for the Astral Plane at the library, that was the plane I wanted to find out about where one could go and, with advantage to himself, learn other people’s secrets. However, I did not get it – the librarian had none to loan or for sale; they were all out. But I got Mrs Besant’s Karma and Reincarnation and when I had read them I understood why occult powers must be used reverently as a help to humanity and not for personal gain. I saw that I had a place in this great cosmic scheme and it seemed all so real to me that I needed no argument. I believed every word I read and it was in a frame of mind very different indeed from what it had been at the first two lectures that I presented myself at your lecture on Reincarnation. I have since then been literally devouring Theosophy and I have put in practice in my life by discontinuing the use of intoxicants and tobacco, though I did not know until the other day that that was one of the Buddha’s precepts, but worse than that I was a sensualist and a liar and I never had any idea that I could help it or that my thoughts did any harm or that I could banish them, but when I found out that I could control my thoughts I set out with a steady purpose and rejoice to say that my waking hours are very nearly free from obscene thoughts; if I could but say the same of my sleeping hours I would be happy indeed but I have no doubt that by persistent effort I shall soon have it entirely obliterated, specially as I have started a few days ago to live on a vegetable diet after reading your argument in Glimpses of Occultism. I hope my long letter has not tired you, for long as it is it does not cover a tenth of what I would like to say if I could find words to express myself. It is wonderful I can scarcely realize it that I who thought myself a mere earthworm living today and as I believed dead for all eternity when I died, that I am to live forever. Do you wonder that I feel grateful and feel the need of expressing my gratitude to you who opened my eyes to the high and noble destiny in front of me? Once more, I thank you and wish you god speed. Yours truly Max Heindel |
Retirado de: The Theosophist, ano 70, nº 7, abril de 1949, pág. 17 até 19.
Solicitado uma cópia da carta original ao arquivo da Sociedade Teosófica de Adyar, Madras em 1983 e novamente em 1991, e também à Sociedade Teosófica da Austrália, em Sydney, em 1996, infelizmente não trouxeram resultados. A carta não foi encontrada.
[Traduzido do Inglês]
Sra. Olga B. Crellin
822 Pacific Avenue
Venice, California 90291
9 de janeiro 1970.
Ao Sr. Ger Westenberg
Galjoenstraat 51
Zaandam, Nederland
Prezado Sr. Westenberg,
Eu sou Olga Borsum Crellin, a sobrinha da Sra. Augusta Foss Heindel, e moro em 822 Pacific Avenue, Venice, California.
Augusta Foss Heindel nasceu em Mansfield, Ohio, no dia 27 de janeiro de 1865, às 20:35 horas. Ela se casou com Max Heindel no dia 10 de agosto de 1910. Ela faleceu no dia 9 de maio de 1949, em Oceanside. Ela era filha de William e Anna Richt Foss. Ela tinha cinco irmãs e um irmão. Eles eram:
Anna Marie (nascida em 24 de maio de 1857; falecida em 16 de janeiro de 1859).
Henriette Foss Knoth (nascida em 8 de março de 1859; falecida em 20 de outubro de 1914).
Catherine Foss Borsum (nascida em 19 de janeiro de 1861; falecida em 30 de janeiro de 1949).
Anna Magdaline Foss (nascida em 21 de setembro de 1862; falecida em 14 de junho de 1946).
John Henry Foss (nascido em 8 de julho de 1867; falecido em 2 de agosto de 1933).
Louisa Foss Brockway (nascida em 28 de novembro de 1869; falecida em 19 de junho de 1946).
Todos nasceram em Mansfield, Ohio. Nos anos de 1880 se mudaram para Califórnia.
O pai da Sra. Augusta Foss Heindel nasceu em Morgendorf [81], Nassau, na Alemanha. Ele nasceu no dia 6 de março de 1831 e faleceu no dia 18 de janeiro de 1896, em Los Angeles. Ele se mudou para a América em 1853, quando tinha 22 anos. Seu nome era escrito inicialmente como Voss[82]. A mãe dela nasceu no dia 4 de junho de 1827, como Anna Marie Richt, em Neuwid[83] Alemanha. Ela faleceu em 2 de maio de 1912 em Los Angeles. Se casou com William Foss em 6 de julho de 1855.
Anna Foss faleceu em Los Angeles; Henriette Knoth e Henry Foss em Santa Monica; Augusta Heindel em Oceanside; Catherine Borsum, em Venice e Louisa Brockway, em Los Angeles. A primeira Anna Marie faleceu como criança em Mansfield, Ohio.
A casa da família ficava em 315 South Bunker Hill Avenue, em Los Angeles, Califórnia. William e Anna moraram lá até o falecimento, assim como sua filha Anna Magdaline. Uma foto e pintura da casa estão no livro de Leo Politis ‘Bunker Hill Los Angeles’, juntamente com uma descrição: reminiscences of bygone days [lembranças de dias passados], publicado por Desert-Southwest, Inc. em 1964. Uma segunda edição deste livro, em maio de 1965, tem uma descrição corrigida da casa de William Foss.
Espero que isto o possa ajudar.
Atenciosamente,
Olga Borsum Crellin
Artigo do jornal: ‘Town and Country Review’, [data desconhecida], “Biographical Sketches” [página 30]: “A vida de Augusta Foss Heindel (Sra. Max Heindel) ”, do arquivo de Harry Gelbfarb. O Oceanside Public Library informou no dia 4 de abril de 2007 que eles não possuíam o jornal, mas que no New York Public Library havia uma microfilmagem do mesmo.
“A dezoito quilômetros ao sul da cidade de Mansfield, Ohio, havia uma cabana feita de toras, abandonada por vários anos, à venda. Esta cabana ficava no meio de um pomar de macieiras numa fazenda afastada. Ninguém queria comprar ou alugar a propriedade porque as pessoas falavam que havia fantasmas que a assombravam. Em 1860 um casal corajoso comprou a fazenda. William Foss e sua esposa Anna Marie Right e seus três filhos pequenos não tinham medo de fantasmas. A saúde precária dele moveu estas pessoas da cidade para a vida no campo. No ano após o início da Guerra Civil, para estes dois inexperientes era muito difícil assumir esta responsabilidade de agricultores. Para manter a pobreza longe o marido trabalhava numa ferraria nas proximidades e, às vezes, passava dias fora de casa para trabalhar em sua profissão de veterinário, enquanto sua esposa, de temperamento forte e enérgica, ficava sozinha cuidando da fazenda. Anna Foss nunca reclamava sobre a vizinhança, pois em tudo ela via a beleza. Quando terminava sua longa jornada diurna ela passava suas noites solitárias sentada na varanda olhando as estrelas ou lendo, à luz de uma vela feita por ela mesma, no único livro que possuía: a Bíblia. Para ela parecia que o livro e as estrelas traziam uma mensagem misteriosa.
No dia 27 de janeiro de 1865 nasceu sua quarta filha. Como um raio de sol Augusta Foss entrou nesta família. Ela estava sempre feliz, saudável e personalidade adorável. Era uma criança incomum, esta filha, que nasceu nestas condições. Ela cresceu com uma ânsia incomum para pesquisar o mistério da vida e da existência. Na escola se destacava em todas as classes. Seu pai, de origem alemã, achou que sua filha era inteligente demais e dava importância demais a seus livros para ser uma boa dona de casa. Por isto, aos catorze anos foi tirada da escola para ajudar sua mãe com o preparo da comida e a limpeza da casa. Quando ela completou vinte anos a saúde do pai dela piorou drasticamente o que fez a família decidir se mudar para a Califórnia. Lá a vida se abriu para a Augusta quando foi trabalhar no comércio para sustentar a si e seus pais. Durante o dia ela trabalhava como vendedora e à noite ela se fazia perguntas como: porque estamos aqui? De onde viemos? E para onde vamos? Isto fez com que se associasse ao Hermetismo, onde conheceu a astrologia e a teosofia.
Augusta Foss era ativa na comunidade de Oceanside, onde morou desde 1911. Ela era membro do comitê de Planejamento, Presidente do Clube de Beleza, membro de honra do Clube de Senhoras do Comércio, o Clube das Senhoras de Oceanside, da liga dos escritores do Ocidente, o Bosque de Peter Pan e escrevia muitos artigos para revistas de astrologia e ocultismo”.
De seu testamento sabemos que Alma Von Brandis nasceu no dia 24 de julho de 1859, em Chicago, Illinois. Por causa de um incêndio que devastou Chicago em 1871, o Chicago Historical Society não pode fornecer o momento exato de seu nascimento, mas sim por outra fonte de informação dos registros da Igreja. Fora a foto que me foi enviada em fevereiro de 2012, o genealogista Chris Aprato de Los Angeles me forneceu vários documentos em 2003, onde consta que o nome de solteira dela era Wunsche (Wuensche).
O pai dela era o farmacêutico Charles Wunsche, que nasceu em 1826, em Saksen, Alemanha. Lá ele se casou com Dorotte, nascida em 1816 em Hannover. Eles tiveram um filho, August O., que foi eletricista em Chicago e uma filha, chamada Alma. Alma se casou no dia 4 de maio de 1886 em Los Angeles com Gottfried Von Brandis, que nasceu na Alemanha em 1852. Ele era comerciante que tinha uma bicicletaria, por um tempo teve um varejo em artigos de decorações de interiores e era vendedor de seguros. Ele faleceu em 18 de fevereiro de 1904, aos 52 anos, em South Pasadena, de nefrite crônica.
A Faculdade Estadual de Qualidade da Competência Médica [The California State Board of Medical Quality Assurance] confirmou que ela era uma osteopata reconhecida em 1905, na Califórnia. Alma Von Brandis se tornou membro da Sociedade Teosófica de Los Angeles em 1904. No verão de 1905 ela foi à Europa e assistiu palestras do Dr. Steiner. Ela ficou muito impressionada pelos ensinamentos de Steiner, que naquele tempo dizia fazer parte da Ordem Rosacruz, e insistiu para que Heindel fosse para Viena conhecê-lo. Contudo, devido a seu problema no coração e falta de interesse, Max Heindel não se interessou. Em 1907 ela voltou à América e conseguiu convencê-lo. Pagou sua viagem e ambos partiram para a Europa. Em 1908 esta amizade sincera foi desfeita.
Seu testamento foi feito em 12 de setembro de 1946 em Los Angeles. Ela declarou ser viúva e não ter filhos, irmãos, irmãs ou outros parentes próximos. Faith Verhaar, proprietária da casa e amiga, iria cuidar do serviço de funeral e cremação. O Security-First National Bank de Los Angeles era o responsável para executar o testamento. Seus escritos deveriam ser entregues para a Sra. Steiner-von Sievers, em Dornach.
O Sr. Norman Macbeth de Springfield Valley, no estado de New York, que a conheceu pela primeira vez em 1945, me informou por carta datada em 15 de setembro de 1983, o seguinte: ‘Por volta de 1948 ela contratou o Sr. Arnold Wadler para trabalharem juntos nas anotações que ela fazia, enquanto trabalhava com Rudolf Steiner. Ele chegou a conclusão que os papéis estavam terrivelmente misturados e na maioria ilegíveis, e ela também não tinha mais lucidez o suficiente para contar-lhe algo confiável. Ela tinha uma amizade com um ou dois membros da Sociedade Antroposófica de Los Angeles, mas nunca participava de reuniões. Por volta de 1948, a Sra. Brandis fez seu testamento deixando tudo para a Sociedade. Entretanto, pouco depois ela refez o testamento deixando tudo para a dona da casa. Quando ela faleceu seus pertences foram avaliados em poucos mil dólares, que foi dividido ao meio, em comum acordo entre a Sociedade e a dona da casa. Seus papéis não foram guardados e pelo que entendi poucos anos antes de sua morte se perderam ou foram destruídos’. Ela faleceu em 16 de novembro de 1950, aos 91 anos de idade de pneumonia, em Los Angeles.
No nr. 264 da coletânea de trabalhos de Rudolf Steiner: Zur Geschichte und aus den Inhalten der ersten Abteilung der Esoterische Schule 1904-1914 [sobre a história e o conteúdo da primeira parte da Escola Esotérica 1904-1914], Dornach 1984, lemos na pág. 449: ‘Alma Von Brandis (data de nascimento e morte desconhecidos). Membro da Sociedade Alemã desde 1906 e estudante esotérica de Rudolf Steiner. Morou primeiramente em Berlim e depois na América e por um tempo também em Dornach. No ano de 1919 ela doou, juntamente com amigos americanos, um valor considerável em dinheiro para a continuação dos trabalhos do grupo de plásticos e madeiras’.
Aqui segue a dedicatória de um dos livros de capa vermelha de primeira edição do The Rosicrucian Cosmo-Conception, feita por Max Heindel, oferecida a Alma Von Brandis. Depois este livro foi do Sr. Ernst Esch, morador de Amorbach, Alemanha. Ele faleceu em 1968. Sua viúva deu o livro em 2004 ao marido de sua sobrinha, Ronald R. Kistner de Kirchhain, Alemanha, que a seu tempo doou o livro para a Sra. Elizabeth C. Ray, moradora de Sun Prrie, Wisconsin, USA.
Tradução:
À
Minha querida amiga
Dra. Alma Von Brandis
Uma oferta de agradecimento
Thanksgiving 1909 [Dia Nacional de Ação de Graças, na 4ª quinta-feira de novembro]
Max Heindel.
Rudolf Joseph Lorenz Steiner nasceu no dia 25 de fevereiro de 1861, em Donji-Kraljevec. Naquele tempo ficava na Hungria; agora na Croácia. No dia 27 ele foi batizado; ele faleceu em 30 de março de 1925, em Dornach na Suíça. Ele era doutor em filosofia e estudou Goethe e Nietzsche.
Ele estudou em Viena e conheceu, durante suas viagens para lá, um homem chamado Felix Koguzki (1833-1909). Este colecionava ervas nas montanhas que desidratava e vendia aos farmacêuticos de Viena. Ele era correto, possuía um ‘quarto repleto de literatura de misticismo-ocultismo’, e possuía, conforme Steiner, um ‘conhecimento dos tempos primitivos’, que ele passou para Steiner[84]. Com ele aprendeu muitos segredos da natureza. Ele é considerado o que auxiliou, inicialmente, o desenvolvimento ocultista de Steiner; naquele tempo Steiner devia ter uns 19 anos.
Por volta dos seus 21 anos, próximo do inverno de 1881/82, ele conheceu a pessoa que ele considera seu mestre. Sobre a identidade desta pessoa Steiner é muito reservado. Apenas em cinco[85] locais é feito um comentário, de forma resumida, que sintetizou assim: ‘Felix foi de certa forma apenas o precursor de outra pessoa, que funcionou como um agente intermediário para atingir a alma do jovem [Steiner] – que já tinha pé firme no mundo espiritual – que ativou as coisas regulares e sistemáticas, que as pessoas devem conhecer do mundo espiritual. Ele utilizou os trabalhos de Fichte para dar forma a algumas reflexões, de onde resultou a semente do livro De Wetenschap van de geheimen der ziel[86], que ele [Steiner] escreveu posteriormente… ‘e todas as coisas que cresceram para o De Wetenschap van de geheimen der ziel foram, naquele tempo, discutidos em conexão com as proposições de Fichtes. Um homem de profissão incomum e considerado tão insignificante quanto Felix … Era um desses homens poderosos que, desconhecidos para o mundo, vivem sob uma ou outra profissão para cumprirem com uma missão’. Para a pergunta do jovem Steiner de como devemos espiritualizar as coisas materiais, ele respondeu que para vencer o inimigo devemos primeiro compreendê-lo’.
Em Viena havia uma loja da Sociedade Teosófica, onde Steiner passou algum tempo no verão de 1880 para conhecer seus ensinamentos; ele tinha então 19 anos.
No verão de 1882, com 21 anos, Steiner ganhou a incumbência de publicar os escritos científicos de Goethe; em 1886 foi procurado, pela Editora Weimar, para fazer a publicação dos trabalhos completos de Goethe. No dia 30 de setembro de 1890 ele se torna funcionário do Goethe e Arquivo de Pintores, em Weimar.
Em 1891 ele se torna Doutor em Filosofia com a Tese: Die Grundfrage der Erkenntnistheorie mit besonderer Rucksicht auf Fichtes Wissenschaftslehre [A questão básica da epistemologia com especial referência à teoria da ciência de Fichte].
No verão de 1892, quando tinha 31 anos, ele se mudou de um lugar sombrio de dois quartos, onde morou por dois anos, para o piso térreo da casa de uma viúva chamada Eunike e seus cinco filhos, para auxiliá-la na educação. Rapidamente surgiu uma amizade profunda com uma mulher, oito anos mais velha que ele, Anna Eunike Schultz (1853-1911). No dia 31 de outubro de 1899 os dois se casaram[87].
Na primavera de 1894 Steiner tinha 33 anos, quando, então, ele fez contato com a irmã de Friedrich Nietzsche, Elisabeth Forster-Nietzsche, para escutar a opinião dele, o que resultou em um livro no ano seguinte, Friedrich Nietzsche, ein Kampfer gegen seine Zeit (Friedrich Nietzsche, um lutador contra o tempo).
Em 1896 finaliza o trabalho de Steiner na obra de Goethe e Arquivo de Pintores; no ano seguinte ele deixa Weimar e se muda para Berlim.
Em meados de setembro de 1900, Steiner tem, então, quase 40 anos, quando, por incumbência dos Teósofos de Berlim, foi solicitado pela Sra. Swiebs para fazer uma Palestra sobre Nietzsche, no dia 22 de setembro, falecido em 25 de agosto, na casa do Conde e Condessa von Brockdorff, na rua Kaiser Friedrichstrasse 54ª, onde também ficava a Biblioteca da Teosofia. Daqui originou uma série de Palestras no inverno, que prosseguiram nos invernos de 1901/02. Isto levou a ser convidado a assumir a liderança da Sociedade Teosófica de Berlim no final de 1901. Após aceitarem sua condição de que Marie von Sivers[88] estivesse a seu lado, Steiner também se associou à Sociedade Teosófica em Adyar[89], no dia 11 de janeiro de 1902. No dia 17 de janeiro de 1902 ele assumiu a presidência da Sociedade de Berlim.
Em 1902, na Alemanha, havia várias cidades onde existiam Lojas da Sociedade Teosófica em Adyar: Tingley e de Franz Hartmann, principalmente em Leipzig. Então Richard Bresch, um membro da Loja de Leipzig, sugeriu ao Conde Von Brockdorff o seguinte: ‘Agora que Dr. Steiner é Presidente do Centro de Berlim, ele também pode ser o Secretário Geral da Alemanha’. Steiner aceitou esta oferta e assim foi fundado, no dia 20 de outubro de 1902, a filial da Alemanha com cem integrantes e com ele como Secretário Geral[90]. Em comemoração à essa ocasião Annie Besant veio para Berlim, Rudolf Steiner e Marie von Sivers foram inscritos, por ela, no dia 23 de outubro de 1902 como alunos na Escola Esotérica[91]. Rapidamente[92] após a fundação, mas antes de ser oficialmente Diretor, em maio de 1904[93], Steiner foi solicitado a dar aulas de Esoterismo, para pessoas que já estavam inscritas na EST (Escola Esotérica de Teosofia). Steiner acreditava[94]que deveria trabalhar com simbolismo-cultual, isto como um meio prático para adquirir confiança no mundo astral ou de desejo. Marie von Sivers diz, em seu ensaio Era Rudolf Steiner Maçom[95], sobre uma pessoa, que tinha dado a impressão à Steiner, que ele sabia das coisas espirituais mais do que todos os Maçons. Particularmente, ela disse que se tratava de um tcheco. Que esta pessoa era ligada ao Memphis-Mizraim-Maçonaria fica claro no Mein Lebensgang. ‘Se a oferta, a partir da Sociedade, foi retraída, então, eu obtive o fornecimento do simbolismo-cultual, sem um ponto de conexão histórico’. Esta oferta deve ter ocorrido por volta de 1903/04, pois a partir de maio de 1904, iniciou-se uma forma de trabalhar com simbolismo-cultual por meio de suas Palestras[96].
Steiner afirma, enfaticamente, que não existe outra maneira de entrar nos mundos superiores a não ser pelas representações simbólicas. Literalmente ele diz: ‘Nas diversas correntes de ocultismo contemporâneas permanece, frequentemente, a opinião, como se houvesse em nosso tempo outro modo de atingir os mundos superiores além da utilização do imaginário e do simbólico[97].
Que Steiner escolhe a Maçonaria Egípcia de Yarker (1833-1913) não é surpreendente, porque Yarker participou da inauguração da Sociedade Teosófica em 1875 e a Sra. Blavatsky o nomeia Membro Honorário. Ele, por seu lado, a nomeia o mais alto grau da Maçonaria Egípcia, em homenagem ao livro dela Isis Ontsluierd (Isis revelada) em 1877. Também houve negociações conjuntas para instalar um ritual para a Sociedade Teosófica, mas este plano não se materializou[98].
No dia 24 de novembro de 1905 tanto Steiner como Marie von Sivers se associaram, pagando 45 Marcos, cada um, à Ordem John Yarkers Memphis e Mizraim[99]. O representante para a Alemanha era Theodor Reuss (1855-1923). No dia 3 de janeiro de 1906 Steiner fechou um acordo com ele sobre ‘as modalidades para formar uma oficina de trabalho independente’[100]. Esse acordo incluía, entre outros, que Steiner era aquele que determinaria quem poderia participar da Mystica Aeterna Kapittel; que Steiner deveria pagar para Reuss 40 marcos por cada novo integrante; que após o pagamento do 100º membro, Steiner ganharia a jurisdição sobre toda a Ordem[101]. O 100º membro se associou no final de maio de 1907 e, no dia 24 de junho a liderança do Rito Mizraim, na Alemanha, passou para Steiner. Isto durou até agosto de 1914, quando houve a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
Numa carta para A. W. Sellin, datada de 15 de agosto de 1906, em Berlim, Steiner diz entre outros: ‘Este ritual não é outro, do que um espelho do que é o Mundo Superior. Este ritual não é outro do que é reconhecido pelo ocultismo desde 2300 anos e que foi preparado pelos Mestres da Rosacruz para os Europeus. Minhas fontes são apenas o ocultismo e o Mestre’.
Assim surgiu, na Escola Esotérica, uma segunda divisão, onde todos os membros pertenciam à primeira divisão, mas não o contrário. E também tinha uma terceira divisão na Escola Esotérica do qual temos conhecimento que lá só tinham doze estudantes provados (que passaram por provas) de Steiner[102].
O que Steiner entendia por Iniciação ele diz no Philosophie und Anthroposophie: ‘Iniciação significa nada menos que a habilidade da pessoa para subir cada vez mais degraus de conhecimento e por meio disto adquirir uma visão mais profunda da essência do Ser no Mundo’[103].
Assim como foi descrito no Capítulo 3, alguns membros da Teosofia estavam bastante críticos em relação ao que Steiner divulgava, pois isso não era nem teosófico e nem dos Rosacruzes, mas uma mistura. Também o fato de não informar suas fontes não foi bem aceito. Aqui também se acrescenta que, em 1909, apareceu o livro The Rosicrucian Cosmo Conception (O Conceito Rosacruz do Cosmos) de Max Heindel, que deixou Steiner irado, atestado nos cinco comentários citados detalhadamente de Steiner logo a seguir. Parece que este incidente, vendo seus comentários em 1913, 1914, 1917, 1918 e 1921, o perseguiu sua vida inteira – Steiner faleceu em 1925 – e o deixou amargurado. Steiner se conscientizou que não poderia ser representante nem da Teosofia e nem dos Rosacruzes e fica claro, primeiramente, quando ele funda a ‘Sociedade Antroposófica’, e em segundo com seu comentário: ‘Nosso movimento, que inclui uma área muito mais ampla que a dos Rosacruzes, deve simplesmente ser caracterizado como o espírito de comunidade do século XX’[104]. E em terceiro e último, um comentário que Steiner fez em uma Palestra, feita em Dornach no dia 11 de outubro de 1915: ‘Também me aconteceu que uma fraternidade ocultista, um dia, me fez uma proposta de me envolver com a propagação de uma mensagem ocultista tipo Rosacruciana; eu a deixei sem resposta, apesar de ser um movimento Ocultista muito respeitado. Preciso dizer isto para demonstrar que conosco existe um caminho independente que encaixa nos tempos atuais’[105].
O Rito Mizraim, que foi proibido em agosto de 1914 devido à Primeira Guerra Mundial, provavelmente não teve o efeito que Steiner esperava, porque depois da Guerra, em 1918, não voltou a ser praticado.
Abaixo segue os cinco comentários, citados anteriormente, de Steiner:
“Houve… um anúncio de uma livraria com as seguintes palavras: ‘Dr. Steiner já deu um início na Alemanha, mas por sua representação com direção plutocrática e autocrática devido a sua unilateralidade não é possível desenvolver seu progresso social e mental. Por isto foi necessário encontrar uma forma mais moderna e popular, que torna possível, estes tesouros antigos, ficarem menos dogmáticos, de livre acesso e sem tutela clerical, se tornarem acessíveis para a opinião geral. Estas aulas escritas da Pesquisa dos Rosacruzes dão uma visão geral dos Ensinamentos Rosacruzes e do Conceito Rosacruz do Cosmos. A origem de seu surgimento se deu em solo alemão. Por ter uma atmosfera muito mais propícia, os Ensinamentos Rosacruzes foram elaborados na Califórnia’.
É necessário que fiquem atentos, que abram os olhos e como teosóficos não fiquem dormindo. Aqui se aconselha para ver o que realmente foi elaborado na Califórnia. Que se possa, se assim quiser, fazer um julgamento justo, enquanto eu leio aqui uma carta de alguém que abriu seus olhos.
‘Prezado Senhor. Posso me atrever a me dirigir ao Senhor com uma, ou talvez mais perguntas? Primeiramente quero comunicar, que estou aqui por pouco tempo e minha moradia é Salina, Kansas, USA. Lá, duas amigas e eu deixamos, um tempo atrás, nos enviar um livro recomendado pela uma biblioteca esotérica de Washington, DC, que se chama: Rosicrucian Cosmo-Conception or Christian Occult Science, de Max Heindel. Na introdução, nos chamou a atenção pela forma notável que o Sr. Max Heindel se refere ao nome Rudolf Steiner, qual ensinamento, em linhas gerais, se compara ao seu ensinamento, etc., etc. Em resumo, a introdução me deu, e também às minhas amigas, indicação para ler seu livro Teosofia e Iniciação e seus resultados. É um mistério para nós que algumas frases inteiras do Cosmo-Conception, quase palavra por palavra, com frases que se encontram em seu livro. Assim, nos veio a seguinte ideia: O Sr. Heindel por acaso tirou do Sr. os ensinamentos que ele tenta divulgar na América, especificamente na Califórnia? ’.
Esta é uma carta de alguém que pesquisa os fatos e chega a uma conclusão. Isto deve ser respondido por mim com o fato que o Max Heindel, sob outro nome, como Grashoff, esteve entre nós, acompanhou e anotou tudo de muitas das minhas palestras. E realmente é assim, que iniciou na Alemanha uma direção, e depois de uma forma notável foi encontrada por Max Heindel uma forma mais moderna…
Depois esta pessoa foi embora e de seu modo, transformou as minhas palestras, e a trouxe como algo novo a público.
Nós passamos por coisas excêntricas. Nosso trabalho é considerado plutocrático, autocrático e é proposto que a atmosfera etérica da Califórnia as fez amadurecer, e ser transmitida de uma forma totalmente diferente. Provavelmente irão traduzir este livro de Max Heindel para o Alemão e me enfrentar com palavras que são minhas; por isto, solicito que pesquisem as coisas de forma mais profunda”.
“Mas com isto também veio à luz, partindo de um lugar, de onde as pessoas ficaram muito ferozes contra o encolhido, errado, repreensivo, e nosso ensinamento foi falsificado sem nosso conhecimento. Um homem, que veio da América, após várias semanas e meses, tomou conhecimento dos nossos ensinamentos, copiou-os e depois, em forma diluída, levou para a America e lá divulgou uma Teosofia Rosacruciana, que copiou de nós. Ele mesmo disse, que aprendeu muito conosco, depois foi chamado ao encontro do Mestre e aprendeu mais com ele. Este profundo conhecimento, que ele aprendeu nas não publicadas palestras, ocultou a informação que aprendeu de nós. Que algo assim aconteça na América … as pessoas podem ficar como o velho Hillel[107] e ser indulgente; não podemos nos despojar disto, mesmo que isto volte para a Europa. Num lugar onde as pessoas mais se viraram contra nós, foi feita uma tradução, e sem o nosso conhecimento foi levado para a América. E esta tradução foi introduzida da seguinte forma: ‘É verdade, uma filosofia Rosacruz foi trazida à luz na Europa, mas de uma maneira intolerante, jesuítica. E isso só poderia prosperar, ainda mais, no ar puro da Califórnia’”.
“Isto me faz pensar em outra situação, isto [o acontecido] é apenas uma miniatura daquilo. O fato mais genial é este, que um senhor, que vivia na América, mas é um bom Europeu, e foi chamado por um velho membro para vir à Alemanha e por aqui ficou e assistiu todas as possíveis palestras, ainda com todo o zelo, tentou pegar todas as anotações possíveis de palestras anteriores, pedindo para este e aquele. Após ter guardado bem tudo o que conseguiu juntar partiu para a América. Lá ele disse, que esteve aqui, que me conheceu, mas que não conseguiu satisfazer suas perguntas e queria se aprofundar mais. Por isto pode se encontrar com ele mais coisas, que ainda não existe em meus livros. Pois quando ele havia esgotado tudo o que conseguiu adquirir comigo, ele foi chamado por um Mestre, que mora em algum lugar dos Alpes da Transilvânia. Este deve ter ensinado muito a ele, que ele acrescentou a seu livro. Na verdade, tudo o que ele acrescentou a seu livro veio do que ele ouviu e copiou das minhas palestras! Então, o livro foi denominado O Conceito Rosacruz do Cosmos. Surgiu na América e chamou muito a atenção; este livro, que era um resumo de tudo que ele ouviu de mim, e daquilo que o Mestre dos Alpes da Transilvânia o contou. As pessoas não precisavam controlar o que era meu; não poderiam, pois foi falado em nossas palestras mais restritas. Não foi suficiente que este livro surgiu em inglês-americano, mas também houve uma Editora Alemã que traduziu este livro e publicou como Weltanschauung der Resonkreuzer. O editor é dr. Vollrath”.
“Em nossa Sociedade se junto um certo Sr. Grasshoff. Ele seguiu, por um tempo longo, nossas palestras em várias cidades: estava presente em todas. Pode se levantar a pergunta de porque este homem foi aceito. Veja bem, não é possível excluir determinadas pessoas, ainda mais quando são apresentadas por pessoas de confiança. Deveria se poder antecipar os tempos! Imagine que entra um Sr. Grasshoff, e eu diria: ‘Não podemos aceitá-lo. Contudo, porque não? Bem, porque você no futuro irá trair nossa Sociedade’. Isso não pode ser dito assim, pois, isto só aconteceria no futuro, e ainda não aconteceu. – Portanto estas pessoas são aceitas na Sociedade; isto fala por si.
Este Sr. Grasshoff assistiu todas as palestras que ele conseguiu assistir. Ele emprestava todas as anotações que foram feitas pelos membros. Ele copiava tudo. O que as pessoas não queriam emprestá-lo ele conseguia através de sua pessoa de confiança [Alma von Brandis] que o introduziu. Depois, passado algum tempo, ele voltou para a América, de onde veio e escreveu um lindo livro. Neste livro ele colocou tudo em seu devido lugar o que ele havia ouvido em todas as palestras, e o que havia encontrado nos livros; também o que havia compilado das palestras restritas. Contudo, não foi isto que ele disse. Ele escreveu uma introdução para o livro onde explicou tudo: Eu ouvi isto do Dr. Steiner, mas senti que ainda não estava pronto. Então recebi a incumbência de visitar um Mestre nos Alpes da Transilvânia e este Mestre, então, me ensinou o mais profundo, o que ainda me faltava. Contudo, como já disse, antes de tudo, o que contém neste livro saiu de minhas palestras e livros e, também, das anotações que outros membros forneceram a ele.
Este livro surgiu na América. Contudo, o que aconteceu? Este livro – tinha o título Rosicrucian Cosmo-Conception, até o título era roubado! – Surgiu na América. Agora, as pessoas podem dizer: ‘Ah, isto é a América; as pessoas não podem esperar algo diferente de lá longe’. Contudo, apareceu uma Editora aqui na Alemanha, dirigida por alguém chamado Hugo Vollrath. Este estava disposto a traduzir o livro para o alemão e publicar em lições diversas. E acrescentaram uma introdução, que uma parte do conteúdo também veio à luz na Alemanha, mas, necessitava amadurecer na América, mais precisamente na atmosfera da Califórnia! Um escândalo desses não seria possível na vida literária daqui. Eu contei estas coisas em palestras públicas. É um escândalo que deveria ser publicado em todos os lugares, se tivesse sido examinado com o devido cuidado que deveria ter sido. Eu gostaria de juntar o nome das pessoas que sabem disto! Poucos se interessam por isto. Desta forma, na verdade estes fatos podem voltar a se repetir”.
“Assim, por exemplo, viveu entre nós uma pessoa… boa, como ele se chamava naquele tempo? Em seus livros ele dizia ser Max Heindel, mas aqui tinha outro nome, Grasshoff ele se chamava. Este homem copiou tudo que podia de minhas palestras e dos livros. Disto ele escreveu algo místico, um livro Rosicrucian Cosmo-Conception. Depois ele incluiu numa segunda edição, também o que estava em meu ciclo de palestras e que ele havia copiado como anteriormente. Então ele contou a seus compatriotas lá na América, que ele realmente havia adquirido o primeiro nível aqui, mas para atingir o segundo, ele esteve nas profundezas da Hungria, com um Mestre. Dele, ele declarou então, recebeu o conhecimento, que na realidade apenas foi copiado do ciclo de palestras que ele conseguiu, pela astúcia e que é puro plágio! Alguns de vocês deve se lembrar que, então, aconteceu algo engraçado, que isto foi retraduzido para o alemão, com a observação que algo parecido poderia ter na Europa também, mas que era melhor recebido quando surge embaixo do sol da América”.
Para finalizar uma citação de uma carta de Steiner, provavelmente no final de fevereiro de 1911, enviada para Eduard Selander em Helsinki:
“Pois, existem realmente motivos para perigo, quando [publicar ao mundo exterior o que foi divulgado em um ciclo de Palestras] isto não pode acontecer. Eu só relato este perigo devido ao que aconteceu nos últimos tempos, do lado americano, uma grande parte de minhas comunicações teosóficas foram publicadas, simplesmente de forma inédita e não autorizada. Isto não é um problema, apesar de ser plágio. Isto me deixa indiferente, por mim as pessoas podem plagiar tanto quanto quiserem. No que se refere à teosofia, nem chega perto. O que realmente incomoda, é que minhas comunicações foram de tal maneira modificadas e a visão tão distorcida que é escandaloso. Se eu não puder publicar as coisas como realmente devem ser, então sim, será uma grande perda. Também fica a dúvida, que nem todos os nossos teósofos conseguem discernir e que na Europa Ocidental tenham teósofos que consideram verdadeira esta forma distorcida”[108].
Antes de Max Heindel ir para a Alemanha, por causa de sua fome espiritual, por seu longo vínculo com a Sociedade Teosófica e por seu afinco nos estudos dos escritos Teosóficos, ele tinha conhecimento profundo de seus ensinamentos. Da mesma forma que as pessoas citadas no capítulo 3 tinham conhecimento para formarem uma opinião, o próprio Max Heindel também estava em condições de formar sua opinião. Esta opinião ele deu a Alma von Brandis quando disse que sua ida à Alemanha para conhecer os ensinamentos de Rudolf Steiner havia sido sem êxito.
Max Heindel foi abençoado com um ótimo raciocínio e uma memória excelente. Seu intuito de escrever um livro sobre o ocultismo do Oriente e do Ocidente fez com que juntasse a maior quantidade de material possível. Uma comparação do livro Conceito Rosacruz do Cosmos de Heindel com os trabalhos e palestras de Steiner até maio de 1908 – uma pesquisa feita pelo Senhor Charles Weber[109] – demonstra que existem várias passagens que também tem nos escritos de Steiner – literalmente ou similarmente. Contudo, são passagem dos escritos de Steiner que não são de Steiner. Alguns exemplos: A lenda dos Maçons – a história de Hiram Abiff e a construção do Templo de Salomão – Max Heindel descreve em Maçonaria e Catolicismo; Steiner em Die Tempellegende und die Goldene Legende [GA 93]. Esta história pode ser encontrada na Bíblia [IICr 2-9]; na maçonaria, e nos trabalhos de Charles William Heckethorn Secret Societies of All Ages and Contries[110], London, 1875. A versão em alemão surgiu em Leipzig em 1900[111]. Aqui também tem a descrição dos mistérios escandinavos e dos Druidas. Steiner possuía este livro. Em GA 93, na pág. 358 está escrito: ‘O livro, que se encontra na biblioteca de Rudolf Steiner, possuía anotações feitas por ele, e provavelmente foi utilizado por ele em suas palestras’.
Max Heindel diferencia Estudantes, Probacionistas e Discípulos. Esta divisão também se encontra em Steiner. Sua origem está na Teosofia, entre outros no The Inner Groupteachings of H. P. Blavatsky to her personal pupils[112] (1890-1891), Henk J. Spierenburg, San Diego, 2ª Edição de 1995.
E quanto ao exercício noturno – que é encontrado tanto em Max Heindel e Steiner – este se origina de Pitágoras. Em 1904 foi Florence M. Firth, que depois surgiu sob o pseudônimo de Dion Fortune, e editou novamente o De Gulden Verzen van Pythagoras[113], com uma introdução de Annie Besant. Versos 40 até 46: ‘Não deixe que o sono sele seus olhos após ter se deitado, até que tenha revisado todos os seus atos do dia. Onde agi de forma errada? O que eu fiz? O que deixei de fazer? Se durante esta pesquisa descobrir o que fez de errado, se repreenda seriamente sobre isto. E se tiver feito algo de bom, então, se rejubile. Faça todas estas coisas de forma rigorosa, meditem bem sobre elas; você deve se amar de todo o seu coração. Elas te levarão ao caminho da virtude piedosa’[114]. Existe uma grande diferença, na verdade. Os Rosacruzes fazem o exercício de trás para frente – da noite para o amanhecer – para que a pessoa veja, primeiramente, as consequências e depois a causa.
Devemos ter em mente que tanto Steiner quanto Max Heindel se baseiam na literatura Teosófica; que Steiner tinha informações sobre o Rosacruzes por meio do seu contato com o Irmão Leigo que ele chama de ‘Mestre’; e que Max Heindel também teve acesso à fonte dos Rosacruzes por meio do Irmão Maior no Templo, que fica ao pé das Montanhas Erz. Estas informações, colocadas de forma organizada na América, parecem, quando olhadas de forma superficial, com os ensinamentos de Steiner; o próprio Max Heindel diz isso em sua 2ª Edição do Conceito Rosacruz do Cosmos. Estudando minuciosamente observa-se que existem grandes diferenças[115].
Se for correto, como Max Heindel diz, que Steiner não poderia ser representante da Ordem Rosacruz, porque ele misturava as orientações Oriental e Ocidental e que Max Heindel foi aceito, devem aparecer provas sobre isto[116]. Neste ponto teria sido mais fácil se as anotações feitas em Alemão do Manuscrito que Max Heindel escreveu no Templo estivessem disponíveis.
Como apologia, seguem aqui alguns exemplos:
“Eu”, a primeira pessoa do singular, a persona, vem da palavra Grega egó e do Latim ego, como está descrito no Groot Woordenboek der Nederlandse Taal[117]. O Filósofo alemão Gotlieb Fichte (1762-1814) partiu de uma ‘consciência’, o eu consciente, o ego. Contudo, aqui não considera como sinônimo de ‘pensamento’, a ‘inteligência’. No The Theosophie des Rosenkreuzers[118] de Steiner está descrito os sete aspectos e nove estágios da pessoa. Abaixo traduzidos, com as denominações dadas por Max Heindel no Conceito Rosacruz do Cosmos[119]. Observe que a Constituição do Ser Humano, por Max Heindel, utiliza sete e dez!
Rudolf Steiner | Max Heindel | Rudolf Steiner | Max Heindel |
1 Corpo Físico | Corpo Denso | 10 ——— | Mente |
2 Corpo Etérico/Vital | Corpo Vital | 9 Homem Espiritual | Espírito Divino |
3 Corpo Astral | Corpo de Desejos | 8 Espírito de Vida | Espírito de Vida |
4 o EU | Mente | 7 Próprio Espírito | Espírito Humano |
5 Próprio Espírito | Espírito Humano | 6 Alma Consciente | Alma Consciente |
6 Espírito de Vida | Espírito de Vida | 5 Alma Intelectual | Alma Intelectual |
7 Homem Espiritual | Espírito Divino | 4 Alma Emocional | Alma Emocional |
3 Corpo Astral | Corpo de Desejos | ||
2 Corpo Vital | Corpo Vital | ||
1 Corpo Físico | Corpo Denso |
Sobre isto Steiner ainda cita o seguinte: “O ‘Eu’ fica no Espírito, só depois começa o trabalho nos corpos”.
Max Heindel considera a Mente como um elo, um foco ou um espelho do Triplo Espírito, o EGO. No Diagrama 5[120] Max Heindel ainda escreve: ‘O ser humano é um Espírito Tríplice que possui uma Mente, com o qual governa um Tríplice Corpo, que emanou de si mesmo, para adquirir experiência. Este Tríplice Corpo se transmuta em uma Tríplice Alma da qual se alimenta, elevando-se, por esta forma, da impotência à onipotência’.
No livro citado[121] Steiner diz sobre o caminho Rosacruz: ‘Este é um caminho que foi indicado pelo fundador do movimento esotérico Rosacruz, denominado, exteriormente, como Christian Rosenkreuz. Este não é um caminho não-Cristão; é apenas um caminho Cristão conforme as relações modernas, que fica, na verdade, entre o Cristão e o caminho da Yoga. … O caminho puramente Cristão é um caminho difícil para o ser humano atual; por isto este caminho dos Rosacruzes foi instituído para este ser humano, que precisa viver nos tempos atuais’[122].
Em sua Palestra de 1907 Steiner diz o seguinte: ‘Mas o estudante Rosacruz ganhou e continua ganhando suas determinadas instruções, e ele tinha que respirar de uma determinada maneira, em um determinado ritmo e ter formas bem detalhada de pensamento. Assim, seu modo de respirar é modificado’[123].
Max Heindel diz o seguinte: ‘O método [da Fraternidade Rosacruz] é definido, cientifico e religioso. Eles foram pensados pela Escola Ocidental da Ordem Rosacruz e por isto são particularmente adequados para os ocidentais’[124].
Max Heindel, em seu livro Cristianismo Rosacruz publicado em 1909, avisa exatamente dos perigos de exercícios respiratórios para o desenvolvimento espiritual[125].
No Capítulo 18 do Conceito Rosacruz do Cosmos, Max Heindel explana sobre os dez estratos da Terra; isto quer dizer: o coração da Terra e nove estratos em volta dele. Além de falar de cada um dos nove estratos, que envolvem o coração ou o centro da Terra, Max Heindel também conecta esses nove estratos às nove Iniciações de Mistérios Menores. E tem mais quatro Iniciações nos Mistérios Maiores, que também são descritas no Capítulo 18.
No Vor dem Tore der Theosophie de 1906, Steiner dá uma exposição da constituição da Terra. Ele dá uma constituição de nove camadas, da qual a nona é chamada de Centro da Terra. Portanto, uma camada a menos do que a de Max Heindel. Apesar de ambos darem praticamente o mesmo nome a cada camada e também o mesmo significado, Steiner fala da nona camada, que ele chama de Centro: ‘O Centro da Terra: é essencialmente o que, pela influência dele nasce a magia negra na Terra. Daqui sai o espírito do mal’[126].
Max Heindel fala do décimo estrato, o Centro: ‘O Centro do Ser do Espírito da Terra: nada mais pode ser dito presentemente a respeito, salvo que é a semente primeira e última de tudo quanto existe tanto dentro como sobre a Terra, e corresponde ao Absoluto’[127].
Max Heindel fala que o fogo espiritual sobe através da espinha, faz com que a hipófise e a epífise entrem em vibração originando, assim, a clarividência, e atingindo o seio frontal queima a conexão com o Corpo Denso e depois atinge os centros das mãos e dos pés. Depois, com um último impulso, quando a grande espiral do Corpo de Desejos no fígado for liberada, a energia marciana, que a continha, empurra o veículo sideral através do crânio para cima, para sair para os Mundos Invisíveis.
O Cordão Prateado, diz Max Heindel, prende o Espírito ao seu Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente por meio de seu Átomo-semente que fica no coração, plexo solar, fígado e seio da face, respectivamente. Se este Cordão se romper na ponta do coração, este cessa de bater. Assim que o panorama da vida passada for gravado no Corpo de Desejos o Cordão Prateado irá se romper no ponto dos dois seis. A parte inferior do Corpo Vital voltará ao Corpo Denso, e só depois disto o ser humano estará realmente morto[128].
Steiner diz, em sua Palestra de 29 de dezembro de 1903, em Berlim: ‘O que prende o Corpo Astral com o Corpo Físico e seus órgãos, e o que os conduz novamente de volta? Existe um tipo de ligação, que é uma união entre o material físico e astral. Isto é chamado de fogo kundalini[129]. Se você tiver uma pessoa dormindo, então consegue seguir no Mundo Astral este Corpo Astral. Você tem uma conexão de Luz para lá, que é onde fica o Corpo Astral. Assim este lugar sempre será encontrado. Se o Corpo Astral se afasta, então o fogo kundalini ficará cada vez mais fino’[130].
Destas palavras tiramos que Steiner apelida o Cordão Prateado como um fogo espinhal. Conforme o antropósofo Sr. A. Dooyes de Bussum, que me indicou este texto, é a única vez que Steiner cita o Cordão Prateado.
Em 1911 Steiner diz: ‘Em sentido mais restrito o movimento Rosacruz teve seu início no Século XIII. Então, esses poderes trabalhavam com muita força e desde aquele tempo existe uma corrente que diz que Christian Rosenkreuz continua trabalhando nos mundos espirituais. … isto agora aparece no movimento Teosófico. Em sua última discussão exotérica o próprio Christian Rosenkreuz disse isto’[131].
Na mesma Palestra: ‘Assim vem do Corpo Vital de Christian Rosenkreuz uma grande força que pode trabalhar em nossa alma e em nosso espírito. É nossa função conhecer esta força. E como Rosacruzes nós apelamos a esses poderes[132]’.
Também em 1911 Steiner diz: ‘Nosso movimento, que é muito mais amplo que o Rosacruzes, deve simplesmente ser a Ciência Espiritual do Presente, como ciência com orientação Antroposófica do Século Vinte’[133].
Devido à grande procura pelo Conceito Rosacruz do Cosmos na América, a 3ª Edição surgiu em novembro de 1911 com um índice e uma revisão ampliada do capítulo 19. Onde está escrito: ‘No Século XIII surgiu, na Europa, um Mestre muito elevado cujo nome simbólico é Christian Rosenkreuz – Cristão; Rosa; Cruz’.
Max Heindel diz: ‘[J.B.] van Helmont não se intitulou um Rosacruz; nenhum verdadeiro Irmão faz isto publicamente’[134].
Ele continua nas páginas 429/430: ‘Para evitar más interpretações desejamos esclarecer aos estudantes que não somos Rosacruzes pelo fato de estudarmos seus ensinamentos, nem tampouco nossa admissão ao Templo qualifica-nos a adotarmos esse título … Os graduados nas várias escolas de Mistérios Menores escalam as cinco escolas de Mistérios Maiores. … Os Irmãos da Rosacruz estão entre estes compassivos seres, de modo que é um sacrilégio arrastar o nome Rosacruz no lodo, usando-o como título próprio, quando nada mais somos do que estudantes de suas elevadas doutrinas’.
Max Heindel continua: ‘Os Irmãos Maiores aprendem que Christian Rosenkreuz tem um Corpo Denso … apesar do escritor [Max Heindel] ter conversado pessoalmente com os Irmãos Leigos de alto grau, nunca um deles disse que viu Christian Rosenkreuz. Nós todos sabemos que ele é o 13º integrante da Ordem e com sua entrada no Templo a sua presença é sentida, mas não se vê ou o ouve, isto conforme informaram as pessoas às quais o escritor teve a coragem de perguntar’[135].
Para concluir, Max Heindel diz em 1915: ‘A Fraternidade Rosacruz é a precursora da Era de Aquário. Ela divulga a Sabedoria da Religião Ocidental conforme formulado pelos Irmãos Maiores da Rosacruz e editado por Max Heindel no Conceito Rosacruz do Cosmos’[136].
Steiner separa dois Guardiões do Umbral, a saber: um pequeno e um grande Guardião[137]. O pequeno Guardião que se encontra na porta do Mundo Espiritual, conforme Steiner, nosso sósia, também chamado o ‘sétimo ser’. Também o encontramos quando morremos fisicamente. Ele também se manifesta entre a morte e o novo nascimento, mas aí não consegue afligir o ser humano. Sua função é cuidar para que a pessoa não seja extraviada no Mundo Espiritual. Após o encontro com o pequeno Guardião, encontramos o Grande Guardião no Umbral. Este impulsiona o estudante a continuar a trabalhar energicamente. Ele se torna um exemplo para ser seguido e se transforma finalmente na figura do Cristo.
Max Heindel diz: ‘O verdadeiro Guardião do Umbral é um ser elemental que é uma composição de todos os nossos pensamentos e ações negativas, de toda a nossa evolução, que não transmutamos e criamos nas regiões invisíveis’[138]. E em outro lugar: ‘Este sempre aparece como um ser do outro sexo, porque todas as nossas tentações e o mal que fazemos, tudo o que é condenável, do nosso lado escondido vem de nós’[139].
Em Aus der Akasha Forschung. Das Funfte Evangelium[140], Steiner dá sua orientação sobre Jesus. Ele distingue um Jesus do Evangelho de Lucas, o assim chamado Jesus de Nathan, uma alma primordial que viveu apenas uma única vez na Terra e teve como pais José e Maria[141]. E, outro Jesus do Evangelho de Mateus, o assim chamado Jesus de Salomão que viveu mais vezes na Terra e também teve como pais José e Maria. Neste último Jesus, o ‘EU’ de Zaratustra estava encarnado, por isto quando tinha aproximadamente doze anos rapidamente conseguia absorver tudo o que os outros à sua volta sabiam. A mãe deste Jesus de Salomão faleceu, assim como o pai do Jesus de Nathan, quando este tinha 24 anos. Os José e Maria que permaneceram se casaram e os dois Jesus se fundiram em um Jesus que, por volta dos trinta anos, recebeu o Espírito de Cristo.
No Capítulo 15 e 19 do Conceito Rosacruz do Cosmos Max Heindel escreve que Jesus pertence à nossa onda de vida, por volta do tempo que é descrito nos Evangelhos, foi filho único de José e Maria, após muitas vidas na Terra, foi regenerado e é o mais elevado de nossa humanidade. Próximo em estatura espiritual é Lázaro, que no final do Século XIII nasceu como Christian Rosenkreuz. Durante o batismo no Jordão Cristo desceu ao corpo de Jesus e trabalhou por aproximadamente três anos em seu corpo como Cristo Jesus. Por isto Jesus se tornou o mais alto Iniciado da onda de vida humana e depois vem Lázaro que foi Iniciado por Cristo quando ‘ressuscitou dos mortos’.
Para finalizar esta somatória: Steiner distingue dois lugares onde fica a ‘Memória da Natureza’, que ele chama de ‘Akashico’. Ele diz: ‘Enquanto o Akashico é encontrado no devachan [Região Divina] ele se estica para baixo até o Mundo Astral [Desejos], fazendo com que aqui, frequentemente, tenha imagens do Akashico como um tipo de fata Morgana espelhado. Contudo, estas imagens são muitas vezes inconsistentes e pouco confiáveis…’[142].
Max Heindel diz que há três lugares onde se encontra a ‘Memória da Natureza’[143]. A primeira na 7ª Região do Mundo Físico, o Éter Refletor, onde os médiuns e iniciantes ‘veem’. A 2ª Região fica na 4ª Região do Mundo do Pensamento Concreto. Aqui os Iniciados ‘veem’. A 3ª encontra-se na 7ª Região do Mundo do Espírito de Vida. Aqui só os Adeptos e Irmãos Maiores conseguem ‘ver’. Veja o diagrama 2 para ter uma visão sobre estas regiões[144].
No Adendo 7 foram transcritas cinco citações onde Steiner se refere à Max Heindel. Embora eles falem por si, mais alguns comentários: ‘O Templo dos Rosacruzes se encontra na Alemanha, ao pé das Montanhas Erz. Max Heindel, portanto, não saiu da Alemanha. Como Steiner chega aos Alpes da Transilvânia, que fica no meio da Romênia, é desconhecido’.
O Conceito Rosacruz do Cosmos nunca teve grandes alterações. Na segunda edição apenas em um lugar, no capítulo 19, foram acrescentadas seis páginas – sobre atuação na Iniciação. Em três lugares na terceira edição onde no subtítulo foi alterado de ‘Ciência Oculta Cristã’ para ‘Cristianismo Místico’ e ‘pesquise todas as coisas – Paulo’ foi alterado para ‘Sua Mensagem e Missão: Mente Pura, Coração Nobre e Corpo São’; o último capítulo foi novamente ampliado com 4 páginas; e foi acrescentado um índice. Max Heindel nunca, como Steiner reivindica, acrescentou coisas depois que foram ensinadas em sua Escola Esotérica. O que foi ensinado lá para Max Heindel em seu período na Alemanha pode ser lido em dois livros[145].
Steiner diz que até o título ele copiou dele. Aqui ele quer dizer seu livro chamado Kosmogonie, em Inglês seria ‘Cosmogony’ o que é bem diferente de ‘Cosmo-Conception’.
Em três lugares Max Heindel diz que Steiner não foi escolhido como mensageiro da Ordem Rosacruz.
Primeiramente: ‘Um mensageiro provou em 1905 que não era de confiança’[146].
Em Segundo: ‘Para divulgar os ensinamentos, composto de tal forma que satisfaz tanto a Mente quanto o Coração, deveria ser encontrado e preparado um mensageiro. Deveria possuir algumas qualidades especiais. O primeiro escolhido falhou ao passar por uma prova após terem sido investidos vários anos em seu preparo para um determinado serviço…. Sua segunda escolha para um enviado recaiu sobre o escritor [Max Heindel], apesar dele mesmo não saber disto… Três anos depois quando ele foi para a Alemanha… os Irmãos da Ordem Rosacruz o colocaram à prova para ver se ele seria um mensageiro de confiança para divulgar os ensinamentos que eles estavam dispostos a confiá-lo’[147].
E em sua carta para a Sra. Bauer, datada de 14/16 de outubro de 1911: ‘Desde que o Dr. Steiner se tornou Secretário Geral da Sociedade Teosófica[148], ele deixou de ter relacionamento com os Rosacruzes. Antes deste tempo ele recebia algumas orientações de um Irmão Leigo, assim como eu desde então, e ele nunca teve contato direto com os Irmãos Maiores e nesta vida ele nunca terá este contato…’[149].
Que Steiner não irá conseguir isto nesta vida, vem do fato que a pessoa só passa pela prova uma vez a cada vida, e respectivamente se encontra com o Guardião do Umbral. Para maiores informações veja o último capítulo deste livro: MÉTODO OCIDENTAL DE INICIAÇÃO.
Em suas primeiras Lições aos Estudantes parece que Max Heindel ainda não sabia nem da posição de Steiner e nem da dele mesmo. Diz ele – isto se passou quando ele no verão de 1908 deixou o Templo na Alemanha: ‘A este respeito [não desperdiçar os dons espirituais para ganhos materiais] recebi dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz a Missão Especial de Mensageiro ao Mundo da Língua Inglesa’[150]. Então, ele ainda devia ver Steiner como o mensageiro para os que falavam Alemão[151]. Somente depois ele recebeu informações sobre isto. Inicialmente foi dito a ele que os Irmãos já o observavam há alguns anos como possível mensageiro, caso o primeiro falhasse. Max Heindel considerou alguns anos literalmente e achou que era em 1907, o ano em que foi para a Alemanha. Contudo, algum tempo depois ele ouviu como realmente foi. Que Steiner não foi considerado ineficaz em 1905, mas quando foi escolhido como Secretário Geral da Teosofia, e isto ocorreu em 20 de outubro de 1902.
[O original está em inglês]
Viena, 30 de novembro de 1910.
The Rosicrucian Fellowship
Seattle, Washington, USA
PO Box 105
Prezados Srs.
Há vários anos sou muito interessada no tema dos Rosacruzes. A, aproximadamente, uma semana recebi um comunicado sobre o anúncio do livro Conceito Rosacruz do Cosmos de Max Heindel. Eu foquei no título e solicitei à minha livraria para encomendar o livro. Dentro de alguns dias devo recebê-lo. Contudo, eu gostaria de poder traduzir este livro para o alemão, para que meus compatriotas possam aproveitar esta informação. Por esta razão solicito as condições para poder traduzi-lo, na esperança de que suas condições sejam admissíveis para a publicação na Alemanha.
Aguardo sua resposta favorável o mais rápido possível.
Atenciosamente,
Laura Bauer
Viena, XIX/I. Iglaseegasse 13, Áustria
Laura Bauer
Iglasseegasse 13
Viena
[O original está em Inglês]
20 de dezembro de 1910.
Cara Senhora,
Sua carta do dia 30, com a solicitação de traduzir o Conceito Rosacruz do Cosmos para o alemão, chegou às minhas mãos. Esta autorização eu a dou com prazer, mas com a condição de que me seja enviada uma cópia do manuscrito, para que eu possa fazer sugestões de algumas denominações. Por exemplo: O Corpo Vital deve ser traduzido como ‘Lebensleib’ e o Éter Vital como ‘Lebensether’.
Quanto aos direitos de publicação; eu não estou interessado no dinheiro, como a senhora pode perceber comparando o livro com o seu preço. Eu aceito um diminuto valor do lucro, mas a Editora deve aceitar publicar um livro bom por um preço razoável para que possa ser acessível às pessoas de baixa renda. Se o livro for muito caro, muitas almas famintas ficarão sem e, então, o seu trabalho e o meu não farão todo o bem que poderia.
Acabo de fazer um registro de 64 páginas, que será publicado no próximo mês e poderá ser vendido separadamente para aqueles que já adquiriram a primeira ou segunda edição do Conceito Rosacruz do Cosmos. Solicitarei uma terceira edição, onde acrescentarei um índice. Portanto será possível para a senhora fazer a primeira edição no alemão, igual à terceira do americano, traduzindo cada página numa folha separada. A Página 20 será igual nas duas línguas e terá, nos dois livros, as mesmas palavras e a paginação será na mesma sequência tanto no índice americano quanto no alemão, para que, quando em trabalhos futuros indicar uma determinada página, um estudante alemão possa buscar, na versão alemã do Conceito Rosacruz do Cosmos, a mesma página mencionada que foi sugerida no artigo.
Eu confio que se fizer o trabalho que pretende realizar, estas orientações lhe serão úteis.
Seu, em fraternidade,
Max Heindel
[O original é em inglês]
Viena, 26 de janeiro de 1911.
Prezado Senhor,
Antes que minha segunda carta pudesse chegar até você, já havia recebido sua resposta amigável. Fiquei muito feliz com o conteúdo. Esta é a língua de um verdadeiro Rosacruz; sua carta e seu trabalho confirma isto, quanto mais eu leio, mais valioso se torna para mim. Eu quero traduzi-lo. Eu já havia conversado com um Editor alemão[153] antes de escrevê-lo a primeira carta. Eu contei então que havia enviado uma carta ao senhor e coloquei as minhas condições para aceitar. Ontem recebi a resposta dele de que não está interessado em publicar o livro porque temia os custos. Na mesma noite escrevi para o meu Editor[154], com quem eu sempre faço parceria, e ofereci minha tradução. Nosso preço acordado é 16 páginas por 25 marcos.
O trabalho que inclui 542 páginas, sem o índice (na qual o senhor agora está trabalhando) totaliza, sem a diagramação, 850 marcos. Como gostaria de seguir seu exemplo ofereci minha tradução por 650 marcos, incluindo os diagramas, que eu mesma posso desenhar, porque tenho boas habilidades em desenho. Não sei como é o mercado americano e se este preço é razoável para um Editor americano.
Como escrevi ontem só receberei a resposta dentro de alguns dias. Contudo, não gostaria de deixá-lo esperando por tanto tempo. Eu gostaria de pedir, prezado senhor, se o meu Editor alemão também estiver apreensivo quanto aos custos, se o senhor conseguiria encontrar um Editor para publicar a versão em alemão, pois tenho certeza que aí, também, devem existir editores alemães. Talvez o senhor possa cuidar disso já que eu não conheço o mercado americano.
Então gostaria de fazer mais uma proposta. Não seria mais fácil para o senhor me dar o direito de traduzir todos os seus trabalhos? Pelo fato de estar tão interessada em todos os seus trabalhos penso que poderemos, de forma excelente e proveitosa, trabalhar juntos, já que há diferenças no modo e nos sentimentos quando suas obras são apresentadas em alemão.
Espero, prezado senhor, que o senhor não encontre muitos problemas com a minha tradução, e que a enviarei sem falta. Se meu próprio conhecimento for falho, eu tenho um conhecido próximo que, tem conhecimento e tem habilidade com estes termos.
Eu mal posso contar como me sinto feliz que, por meio do seu trabalho, eu possa estar em condições de trabalhar com algo da linha dos Rosacruzes. Dentro de alguns dias enviarei a resposta do meu Editor.
Espero ter conseguido expressar em inglês o que quero dizer,
Sua, muito devotadamente,
Laura Bauer.
[PS] Meu primeiro Editor solicitou o valor exato que o senhor deseja receber. Provavelmente, o segundo Editor também irá questionar isto. Por gentileza, poderia me passar esta informação?
Laura Bauer, Viena, XIX/1, Iglaseegasse 13.
Em agosto de 1911 a Sra. Bauer enviou as primeiras cem páginas de sua tradução para Max Heindel, que ele recebeu na primeira semana de outubro. Algumas semanas depois, no dia 19 de setembro de 1911, ela enviou uma segunda remessa, acompanhada de uma carta, onde consta o seguinte, entre outros: ‘De um estudante do Dr. Rudolf Steiner ouvi uma objeção, feita contra o emblema da rosa cruz, na parte superior do seu trabalho, o mesmo que está no cabeçalho das cartas enviadas pelo senhor; que a grinalda de rosas está de cabeça para baixo, e que as pessoas dizem que a ponta apontando para baixo é sinal de magia negra. Para dirimir diferenças de opinião sobre o assunto, quando fizermos a publicação em alemão, espero que o senhor não tenha objeção se virarmos a grinalda e colocarmos a rosa no lado de cima’.
A resposta de Max Heindel para ela foi a seguinte:
14 de outubro de 1911.
16 de outubro de 1911.
Prezada Sra. Bauer,
As primeiras 100 páginas do manuscrito eu recebi uma semana atrás e nesta manhã terminei a revisão. Por meio desta envio-as de volta. Hoje já chegou a segunda remessa e a retornarei o mais breve possível, mas estou muito ocupado com o início das construções de nossa nova sede e outras atividades, portanto é difícil encontrar tempo para fazer tudo o que deve ser feito.
Deixe-me parabenizá-la com a tradução. Achei que a senhora o fez de forma brilhante, em especial quanto ao poema de Sir Launfal[155]. Eu solicito que a última frase da página 9 e todas as da página 10 a senhora deixe sem traduzir. Então usarei esta página para fazer uma declaração de reconhecimento pelo seu trabalho, pois sou da opinião que os alemães precisam saber que eles devem muito agradecer o seu trabalho.
Quando escrevi o livro[156], era meu objetivo usar apenas as palavras mais simples do inglês e sempre usar a mesma palavra para o mesmo significado. A mesma ideia eu gostaria que fosse utilizada com o idioma alemão e fiz melhoramentos neste sentido, com a qual eu espero que a senhora seja gentil de aceitar. A senhora sabe que não é a ‘letra’ que importa e sim o espírito ou significado da frase. Pelo resto percebi que os cristãos aceitam melhor ‘Wiedergeburt’[157] do que ‘Reinkarnation’[158]. Shakespeare diz: ‘Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume’. Eu sou do tipo que me adapto aos costumes gerais, pelo menos enquanto não forem contra os meus princípios. Por favor, utilize ‘Wiedergeburt’, onde isto for possível.
‘Samenatom’[159] é bom, mas me parece que ‘Keimatom’[160] expressa melhor a ideia de ‘Sprießungsfähigkeit’[161], e que é o princípio básico.
‘Leib’, ‘Träger’ e ‘Körper’[162] são preferíveis do que ‘Vehikel’[163], pelo fato desta denominação ser mais compreensível para as pessoas.
‘Bildende Urkräfte’[164], conforme a senhora usou duas vezes, é uma ótima tradução para Forças Arquetípicas; por favor, utilize em todos os lugares onde aparecem.
Nós falamos de ‘Floresta Virgem’ quando a senhora escreve ‘Ur-wald’[165] e da mesma forma dizemos ‘Espíritos Virginais’ como ‘Ur-geister’.
Sua expressão ‘Äther-Zone’[166] é realmente uma expressão melhor do que ‘Äther-region’[167]; mas a não ser que utilizemos em todo o contexto e retiremos totalmente a palavra ‘Region’, eu acredito que é melhor não alterar, para não confundir a forma de pensar do estudante utilizando duas expressões.
Sua expressão ‘Verstand’[168] é talvez a melhor forma de expressar ‘mind’, mas, então, devemos traduzir ‘Intellectual Soul’ como ‘Verstandes-seele’[169] para evitar confusão.
Na página 63 do livro fiz uma correção, pois emitia uma alegação negativa à profissão médica e soava negativamente sobre sua elaboração. A senhora perceberá que na 3ª Edição foi colocado a mesma ideia, mas com outras palavras que irão atrair o apoio e a benevolência dos médicos.
Em relação ao que o aluno do Dr. Rudolf Steiner disse: não me importo nem um pouco! Desde que ele se tornou Secretário Geral da Teosofia o Dr. Rudolf Steiner não tem mais relação nenhuma com os Rosacruzes[170]. Antes deste tempo, ele recebia alguma orientação de um Irmão Leigo, assim como eu tenho recebido; desde então ele nunca esteve em contato com os Irmãos Maiores e nunca mais irá conseguir isto durante esta vida, porque seu desejo excessivo à posição e poder o fez abandonar os ensinamentos ocidentais e a largar o trabalho pioneiro que eu estou fazendo agora para destituir da Sra. Besant – que apenas no nome é cabeça de uma organização e absolutamente não tem controle sobre sua ‘escola interna’. Quando publiquei a primeira edição do Conceito, ainda não tinha total conhecimento de sua posição, e seu ciúme fez com que esquecesse totalmente das normas gerais de cortesia de um cavalheiro. Pois ele nunca me agradeceu pela versão autografada do livro que enviei a ele.
Portanto não aceitarei nenhuma alteração no símbolo, em especial dar uma concessão às ideias de um homem que absolutamente não tem conhecimento da Ordem da qual ele, falsamente, se diz membro. ‘Ninguém pode servir a dois senhores’, disse Cristo, e quando ele [Dr. Rudolf Steiner] aceitou o ensinamento hindus da Teosofia, e tentou misturá-la com o conhecimento superficial da Sabedoria Ocidental, que ele havia aprendido do Irmão Leigo citado anteriormente, ele se lançou no oceano da especulação. Em três ocasiões em que eu pude questionar sobre: 1º, sobre contradições em seu livro Theosofie; em 2º, em uma contradição sobre seu Akasha Kroniek e; em 3º, sobre seu desconhecimento de fisiologia comum, que foi repetido várias vezes numa palestra onde ele apontava para a parte de trás da cabeça toda vez que falava da hipófise, como se ficasse lá, sendo que sua clarividência deveria mostrar a ele este equívoco. Em todas estas ocasiões ele se desculpou perante mim diante de várias pessoas por seu equívoco, confirmando sua absoluta inconfiabilidade. Acima disso ele avisou a mim e a outros que ele não é responsável pelo que seus estudantes dizem. Se o símbolo for modificado por causa do que um de seus estudantes disse, o Dr. Rudolf Steiner, provavelmente, iria declarar que está incorreto e por isso repito que não aceitarei nenhuma alteração.
Eu acredito que não teremos problemas em conseguir a autorização para traduzir o poema de Lowell e fico feliz que queira traduzir tudo isto. Eu irei verificar tudo o mais rápido possível. Se eu esquecer, por favor, lembre-me novamente.
Ao que se refere a traduzir outros trabalhos, penso que provavelmente deixarei a seus cuidados, mas vamos primeiro terminar este livro, para que eu possa ver como o Editor irá fazer seu trabalho.
Com os melhores cumprimentos,
Max Heindel
A primeira versão de Die Weltanschauung der Rosenkreuzer foi publicada pelo ‘Theosophisches Verlagshaus’ em Leipzig, Alemanha. Sem data, mas foi em outubro de 1912. No final da Introdução ‘Aan de goed verstaander’[171] traduzido erradamente como ‘Ein Wort na den Weisen’[172] Max Heindel escreveu na pág. 10: ‘Para finalizar esta introdução, aproveito para apreciar o trabalho de tradução, que eu corrigi e melhorei no aspecto dos termos técnicos, para que fossem usados os mesmos termos que os Irmãos Maiores – a quem devo todo o meu conhecimento – me ensinaram originalmente na Alemanha. Eu sinto a necessidade de agradecer a maravilhosa tradução dos poemas; ela conseguiu manter o espírito, quanto as palavras e o ritmo, uma obra de arte de difícil realização’.
Max Heindel
Abaixo do ‘Credo ou Cristo’ do Die Weltanschauung der Rosenkreuzers lemos o pseudônimo da Sra. Bauer: S. von Wiesen; em holandês S. van der Weiden. Não muito distante do próprio nome que significa Agricultor.
Laura Bauer-Ficker nasceu no dia 27 de janeiro de 1874, em Viena, Áustria. Ela era Católica Romana, separada e mãe de ‘alguns’ filhos e trabalhava como professora em uma escola primária. Faleceu no dia 6 de fevereiro de 1934, aos 60 anos, de edema pulmonar e encefalomalacia. No dia 9 de fevereiro de 1934 ela foi enterrada em Dobling em Viena em sepultura própria[173].
Hugo Vollrath era proprietário do ‘Theosophisches Verlagshaus’ [Editora Teosófica] em Leipzig, Alemanha. Ele se tinha dado um título de Doutor ilegalmente e se chamava Walter Heilmann e Dr. Johannes Walther. Ele adquiriu uma má reputação por causa de falsificação e fraude.
A partir do primeiro momento que ele foi indicado para publicar o Conceito Rosacruz do Cosmos em alemão, ele começa a pechinchar o preço. Primeiramente a Sra. Bauer pediu 25 marcos pela tradução das 16 páginas, o que para 542 páginas chegava a 850 marcos, sem incluir os diagramas. Contudo, ela acaba concordando com 650 marcos e Vollrath tenta tirar mais 50 marcos de Max Heindel, mas não consegue.
Da Editora Inglesa Fowler & Co, assim como da Francesa e Holandesa, Max Heindel recebe, como royalty, 50 exemplares por 1000 livros publicados, e ainda 45% de desconto.
Após ter conseguido permissão de Max Heindel, na carta datada de 23 de dezembro de 1910, para traduzir o Conceito para o alemão, a Sra. Bauer pergunta em sua próxima carta, datada de 26 de janeiro de 1911, se pode ter o direito de traduzir os próximos livros, mas Max Heindel ainda quer esperar um pouco mais.
No dia 30 de janeiro de 1912 a Sra. Augusta Foss Heindel escreve para a Sra. Bauer que no dia 2 de junho de 1911 Max Heindel tinha recebido uma carta do Sr. Vollrath onde ele pergunta se ele pode publicar o livro Conceito Rosacruz do Cosmos. É dada a autorização à Vollrath para publicar 2000 exemplares, entretanto: a execução, o preço e a data de publicação deveriam ser acertados com a Sra. Bauer. No entanto, eles ainda não haviam recebido nenhum exemplar como prova de que havia sido publicado. Max Heindel tinha direito a um royalty de 100 exemplares, mas Vollrath só queria enviar 10. E também queria dividir o livro em 10 partes, vendendo por 1 marco cada parte, ou todo o livro por 10 marcos, o que deixou Max Heindel furioso. A situação piorou quando Vollrath alegou que tinha até 25 de março de 1912, para lançar o livro no mercado e enviar à Max Heindel os 10 exemplares.
Quando a Sra. Augusta Foss Heindel, em sua carta datada de 19 de julho de 1912 à Vollrath, ameaça procurar outro Editor – que já havia demonstrado interesse – se Vollrath não publicar os livros imediatamente. Ele responde em 5 de agosto de 1912 que a Sra. Bauer já está corrigindo a prova do livro, e que é esperado que o Conceito seja publicado em novembro, o que parece ter acontecido no final de outubro de 1912. Contudo, Max Heindel não recebe nenhum exemplar como prova disto.
Em sua carta para Max Heindel, Vollrath reclama constantemente que não apenas a Sociedade Antroposófica, mas também ambas as organizações Teosóficas na Alemanha, reagiram de forma fulminante contra o livro e que ele mal consegue vender um exemplar.
Em sua carta de 9 de outubro de 1912, de Vollrath para Max Heindel, ele mostra um seu outro lado. Em uma carta em separado, fechada Vollrath diz que Heilmann tinha estabelecido um “Rosenkreuzer Gesellschaft” (Fraternidade Rosacruz), de acordo com o exemplo da Fraternidade Rosacruz. Também pergunta sob quais as condições para que membros possam se associar à Fraternidade. Ele também solicita o envio de outros livros de Max Heindel, para que ele possa traduzi-los. Ainda escreve que ele, Heilmann, fez um acordo com Vollrath para que as pessoas que não consigam pagar possam adquirir o Conceito por um preço reduzido.
No dia 29 de janeiro de 1913 a Sra. Augusta Foss Heindel escreve para Vollrath que se antes de 25 de março de 1913 ele não enviar exemplares, como prova de que o livro foi publicado, eles irão tomar medidas para bloquear o direito dele de publicar o Conceito.
Como prova que realmente foi publicado, Max Heindel finalmente recebe no dia 1º de março de 1913 os 10 exemplares prometidos. Contudo, não eram livros encadernados, conforme combinado. Vollrath havia separado o Die Weltanschauung der Rosenkreusers em 10 livrinhos separados, com capa de papel. Estes, ele vendia a 1,50 marcos cada, ou todos os 10 por 15 marcos. Em comparação: 15 marcos era equivalente a $ 4 dólares. Enquanto um livro encadernado americano (3ª edição) custava $ 1,50.
Em sua carta de 8 de abril de 1913, Max Heindel confirma o recebimento e conta que um estudante já traduziu, gratuitamente, alguns capítulos do livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas e, dentro de alguns meses, esperava estar completa toda a tradução. Ele oferece a Vollrath a autorização para publicar 2000 exemplares, encadernados conforme o modelo americano, que deveriam estar prontos dentro de um ano e que não poderiam custar mais do que $2 cada, e que deveria enviar 100 exemplares gratuitamente, sem custos de transporte.
Em sua carta datada de 29 de abril de 1915, Vollrath reclama pela enésima vez que o Conceito na Alemanha tem uma venda péssima e solicita autorização para publicar uma versão mais ‘popular’ e barata pelo preço de 6 marcos. Ele promete dar a Heindel 40% de desconto. Posteriormente fica claro que estes livros já haviam sido publicados fazia muito tempo e estavam sendo vendidos de forma completa.
Mais duas vezes ouvimos a Sra. Bauer: numa carta datada de 7 de maio de 1920 ela pede dinheiro à Sra. Augusta Foss Heindel para os filhos dela e para ela mesma. Sra. Augusta Foss Heindel a envia um cheque de $ 50 para auxílio.
Pela última vez, ouvimos dela em uma carta da Sra. Augusta Foss Heindel datada de 2 de fevereiro de 1921 onde ela responde a Sra. Bauer que assim como na Europa, também na América a situação econômica havia piorado. Que ela sentia muito que não poderia mais ajudá-la financeiramente porque a doação anterior havia sido feita de uma propriedade pessoal em Los Angeles, que agora ela não possuía mais. E que ela não poderia fazer uma doação do dinheiro recebido como auxílio voluntário dos membros. Para finalizar, Augusta Foss escreve que ela esperava que Vollrath fosse imprimir os outros livros de Heindel, apesar dele não ter sido correto em relação a eles. Excetuando a segunda edição do Conceito Rosacruz do Cosmos e A Mensagem das Estrelas, que já haviam sido traduzidos gratuitamente por um membro, e que já estavam nas mãos de outra Editora.
Como complemento ao seu Pandora, Mögling escreveu ‘no período de meio dia’, no início de março de 1617, para Caspar Tradel, Dr. em Direito, seu Speculum Sophicum Rhodostauroticum, sob o codinome Theophilus Schweighardt[174]. Neste trabalho tem três gravuras, dos quais dois representam o Templo dos Rosacruzes. A descrição do simbolismo destas gravuras foi descrita em sua maior parte por Wilhelm Begemann[175] e em parte por Peter Huijs[176].
No meio da parte superior está escrito ‘oriens’, o Leste, o lugar onde o sol nasce. Abaixo, numa nuvem com asas as letras hebraicas HVHJ para Jeová, sob quais asas a Fraternidade fica à sombra. Desta nuvem sai uma mão segurando uma corda, fixa em um prédio quadrado sobre quatro rodas, o Templo, no Fama denominado como ‘Sancti Spiritus’[177]. Entre duas rodas tem a palavra ‘moveamur’, que significa: vamos continuar. Do lado esquerdo da porta tem o desenho de uma rosa e do lado direito uma cruz. Acima das duas janelas redondas, encontram-se duas janelas quadradas, encostadas ao lado uma da outra. Na janela da esquerda encontra-se um homem apontando, com seu dedo indicador direito, para um globo. Desta janela saiu um pássaro com uma carta com a inscrição ‘ad I.D.C.’ que significa ‘Julianus de Campis’. Na janela da direita pode se ver alguns utensílios alquímicos. Desta janela também partiu um pássaro com uma inscrição ‘Nostro T.S.’, ‘Nosso Theophilus Schweighardt’, que parece ter sido aceito pela Ordem. Acima das duas janelas está escrito ‘Jesus nobis omnia’, Jesus é nosso tudo.
Do lado esquerdo das duas janelas quadradas tem uma janela redonda da qual se projeta um braço direito segurando uma espada. Acima da espada tem a palavra ‘cavete’, cuidado. Abaixo do braço está escrito: ‘Jul. de Campi.’, Julianus de Campis escreveu em 1615 uma Sendbrief oder Berricht An alle welche von der Neuen Bruderschafft des Ordens vom Rosen Creutz genannt, etwas gelesen, oder von andern per modum discursus der sachen beschaffenheit, vernommen, portanto uma ‘Carta ou recado para todos os que leram ou ouviram de outros por meio de uma conversa sobre a Nova Fraternidade, nominada Ordem Rosacruz, ou da natureza da coisa’.
Do lado direito do prédio tem uma ponte levadiça erguida pela metade. Abaixo dela está escrito ‘SI DIIS PLACET’, por favor Deus. A porta está aberta com uma brecha e acima dela está escrito ‘VENITE DIGNI’ ‘entrem quem são dignos’. Projetado de uma janela redonda do lado direito tem uma trombeta ressoa abaixo as letras C.R.F., Christian Rosenkreuz Frater, Irmão Cristão Rosacruz.
Nas torres nos cantos tem homens com uma folha de palmeira na mão direita; na antiguidade clássica significava vitória, e na mão esquerda um escudo com as letras hebraicas de Jeová.
No telhado tem uma cúpula oitavada guarnecida de asas. Acima dela tem um campanário, com um sino pendurado dentro dela.
Acima do Templo tem escrito ‘Collegium Fraternitatis’ e o ano 1618. Collegium significa um grupo de pessoas com as mesmas intenções ou interesses e que para isto formam um corpo, que aqui se chama ‘Fraternidade’.
Nos dois cantos superiores brilham as estrelas em Serpentarius, a Serpente, e Cygna, o Cisne, e abaixo escrito ‘VIDEAMINI’, mostre-se agora. A Constelação da Serpente tem o ano de 1604. Naquele ano Kepler descobriu uma nova estrela no extremo inferior da Serpente, que faz parte desta Constelação; em 1602 já haviam descoberto uma estrela nova na Constelação do Cisne. Conforme a predição no Fama, 1604 também foi o ano em que o túmulo de Christian Rosenkreuz foi encontrado pelos Irmãos, descrito na pág. 114 da primeira edição.
No meio da parte inferior tem a palavra ‘occidens’, o Oeste ou terra da noite onde ficam aqueles a quem o Fama se dirige. Estes são os Chefes de Estado e estudiosos da Europa, dos quais a maioria não vê e nem compreende do que se trata. Assim anda o poder do mundo, na forma de um soldado, diante do edifício. O cavaleiro nobre tem a cabeça totalmente virada. O caminhante estudioso ou mascate à esquerda, com seu conhecimento como sobrecarga em suas costas, tem seu chapéu de tal forma na cabeça que não consegue ver o edifício.
Apenas três pessoas percebem o edifício. A pessoa em baixo ajoelhada, à direita, e tem sua esperança, sua âncora, fincada em Deus. Ele vê o edifício como complemento de sua viagem à sua frente. Toda a presunção está longe dele, porque ele diz: ‘ignorantiam meam agnosco’, eu reconheço minha ignorância. E ele implora: ‘Juva Pater’, ajude-me Pai.
A segunda pessoa que percebe o edifício é o homem, abaixo à esquerda, que está segurando uma corda e sendo puxado para cima do ‘puteus opinionum’, poço das opiniões, onde ‘per multa discrimina rerum’, ele caiu devido a várias causas.
A terceira pessoa que percebe o edifício é o homem, à direita, onde está escrito ‘Festina Lente’, apresse-se lentamente, tenha calma, mas jogou este aviso ao vento e caiu.
Do lado esquerdo no meio tem a Arca de Noé em cima do monte Ararat, conforme descrito na Bíblia, no Livro do Gênese, Capítulo 8, de onde voam duas pombas. No texto do livro mostra que aqui há uma comparação. Assim como Noé deixou voar as pombas para receber o recado, assim também o candidato para Iniciação deve enviar sua carta e esperar até que ele ou ela receba a resposta.
De ‘septentrio’, o Norte, à esquerda, um pássaro voa em direção aos Irmãos e também de ‘meridies’, o Sul, à direita, com cartas e inscrições ‘Ad Fratres’, aos Irmãos, e ‘Fratri’ Irmãos.
Do lado esquerdo do Templo tem uma casa, com as letras maiúsculas escritas ‘NOTA’. Esta palavra tem muitos significados. Assim como ‘colocar sua atenção em algo’, ou como ‘indicação’. Contudo, também significa ‘criptografia’. Talvez aqui signifique o que Max Heindel disse, a saber, que ‘os Irmãos moram em uma casa, mas fora desta casa e dentro desta casa e através desta casa, tem o que as pessoas chamam de Templo’[178].
O templo fica perto de uma cidade, circundada por bosques, e à esquerda do Templo corre um rio, que está descrito no Assertio.
A figura 109 é um símbolo antigo dos Rosacruzes que os Irmãos Maiores chamam de ‘O Cadinho’. Nas publicações de maio até outubro de 1916 da revista Rays from the Rose Cross este símbolo estava no lado interno da capa. Era o assunto de uma competição para explicar seu significado. Em outubro foi publicada a explicação, fornecida por um dos estudantes.
A declaração significativa de ‘O Cadinho’ – um verdadeiro recipiente para derretimentos – parece advir de uma máxima antiga: ‘Per ignem ad lucem’ (através do fogo à luz). O significado deste velho símbolo Rosacruz é tanto microcósmico como macrocósmico, assim como demonstra a junção das estrelas de cinco e seis pontas. A junção de cinco e seis mostra o décimo primeiro Signo do Zodíaco, que representa Era de Aquário, e uma junção dos Estados Unidos da América que mostra a transição para uma nova Era.
As sete pontas do Cadinho podem simbolizar os Períodos; a constituição Setenária do ser humano; o espectro de cores visíveis; a escala musical; ou as Sete Hierarquias que estavam presentes no início do Período Terrestre e que estão descritas no Conceito Rosacruz do Cosmos (diagrama 9).
Quando nós somamos a estas sete (7) pontas piramidais, os dois (2) triângulos internos, lembrando das 2 Hierarquias sem nome, temos o total de nove (9) ou o ‘número da humanidade (144), que é o número dos Anjos’ da revelação, que em hebreu significa ADM ou Adão; e na tradução grega do Velho Testamento, o Septuaginta, dos 12 vezes 6 tradutores tribais e os 72 dias necessários para fazer a tradução. O número da humanidade também é encontrado no total das linhas de divisórias internas.
Um bom nome para ‘O Cadinho’, considerando numericamente, é “Acre de Deus”[179]. Um olhar sobre as figuras que compõem esta medida de superfície em varas quadradas (160) e os pés quadrados (43.560) abre o resultado de 7 e 9. E o título não é enterrado na terra para alcançar o seu renascimento.
Como o pentagrama, ‘O Cadinho’ também é um esboço do ser humano – braços cruzados e pernas aqui manifestando o Andrógino para o espírito – uma reconciliação das leis opostas, ou paz na unidade. Observe o seu lugar no círculo celeste com a cabeça em Áries, o ombro esquerdo e direito em Touro-Peixes, as mãos em Câncer-Capricórnio, e os pés em Virgem-Escorpião. Como um todo, que é indicação para Aquário como indicado pela sua estrutura serrilhada.
A rosa selvagem perfumada, com suas potências mágicas, substituiu a espada flamejante do Jardim do Éden. A flor pode denotar a Rosa de Natal (Helleborus Niger), às vezes, chamada da erva de Cristo, que mais tarde dá lugar à Pasque Flower[180], ou a Estrela de Lírio de Belém, formas de plantas que não são apenas significativas no nome, mas cuja disposição das partes florais segue a ordem do cinco e seis. Ou, se preferir, deixe a flor aberta com o seu coração virado para o sol, símbolo da flor do casamento místico sobre a Árvore da Vida (prenúncio de frutos de ouro), não muito diferente daquele emblema da pureza da flor de laranjeira, um primo da rosa.
Referindo-se ao recinto delimitado pelo hexágono, no centro da qual está colocado o coração cruzado no cálice; sua forma não faz recordar uma das celas do grupo dos favos formado por aquela criatura do ar, Hymenopterous[181], Apis mellifica[182]? Estas denominações clássicas da abelha doméstica pareceram interessante em conexão com a orientação do regente de Touro [Vênus] e a Lua na oitava esfera em Escorpião, marcando as fases do passado e condições atuais que devem ser substituídas pelos ideais de serviços Mercúrio-Júpiter, intuitivamente percebido por muitos. Dentro da área do Número Seis Perfeito, os elementos carbonizados tornam-se o cristal tingido de azul – ou rosa diamante – e os metais mais básicos submetidos a uma sublimação similar. Os desejos naturais e emoções conflitantes são transmutadas na unificação do amor Crístico. O tronco ereto é o estandarte[183], o alcance da chama que indica para o céu.
Ao estudar este símbolo, lembra-se do Caduceu na sua polaridade eletromagnética. Podemos identificar ainda mais a tocha ou vara, com a vara de Aarão que floresceu.
Agora, por um momento, virando a figura de cabeça para baixo, você vai discernir a cabeça de bode como do Sátiro[184] e seu atributo Tirso[185] da equipe de Baco. Nesta posição, a planta é invertida, a tocha virada, revelando o ser humano em seu estado não regenerado – um deus caído.
Novamente na posição vertical – a partir de ângulos diversos – ‘O Cadinho’ apresenta várias superfícies refletoras ou espéculos como exemplificado quando o pássaro de Júpiter quer ver sua imagem no espelho. Marte como um reflexo para trás e fase inferior de Vênus, com o ideal de Saturno espelhado em Júpiter, um planeta por sua vez que aumenta a energia dinâmica e bruta de Marte para a maior motivação do que Vênus eleva e ilumina as sombras de Saturno. A Mente incipiente (Saturno) e a luz da razão (Mercúrio) têm uma relação, como também os símbolos generativos Marte e da Lua. Marte-Mercúrio mostra o ponto que a divisão do Período Terrestre mais definitivamente indicado no Caduceu – um processo emancipador do animal para a alma intelectual – de servidão a autodomínio, como explicado na Filosofia Rosacruz. Mercúrio e a Lua (significadores da Mente) estão em proximidade. E a Lua (a Mente inferior instintiva) representa uma revolução com o mesmo nome, na última parte do qual, a humanidade do Período de Saturno dotado da parte superior do Corpo de Desejos do ser humano em formação com o núcleo de uma personalidade separada. A Lua reflete os raios do Sol (sua oitava) e Mercúrio executa um serviço semelhante que está sendo designado como o Sol físico portador da Luz.
Além dos Astros em vista, Urano e Netuno são, respectivamente, simbolizados pelo coração crucificado da Terra (afeição altruísta) e a tocha acesa (consciência cósmica) ou Divindade. O deus da guerra, semeador discordante no espaço, e o Ceifador Cronos ou TEMPO, são a ocasião em ambos os lados da câmara de aço desse vaso alquímico, caso contrário o campo hexagonal de simpatia e antipatia correlacionada com o Sexto Estrato da Terra (Veja Conceito Rosacruz do Cosmos – Diagrama 18).
O Mensageiro dos Deuses, Mercúrio e nosso satélite que vagueia, a Lua, estão devidamente posicionados nos instrumentos de movimento, os pés. As luzes caídas na figura são obviamente o Astro Lucífero (Marte) e a oitava esfera (Lua), enquanto o refletor mais exaltado é Mercúrio apesar da sua posição serviente.
Misturando as auras nesta atmosfera ensanguentada (ou ar), vemos os Espíritos Lucíferos marciais (reforçados pelas Forças das Trevas) dispostos contra as Legiões Lunares sob a Deus de Raça Jeovístico, e dentro da esfera de influência dos Mercurianos (Iniciadores): promovendo a mais importante ajuda para permitir ao Ego a aliar-se à sua natureza superior e, assim, manter o equilíbrio de poder.
Os Astros que difundem mais luz do Sol em nosso ser – o amor (Vênus) e a benevolência (Júpiter) – estão perto do trono da estrela do dia: radiante Vênus e com proporções generosas Júpiter, cujos nomes são dados para os próximos Períodos evolutivos – Júpiter seguinte ao Terrestre. Como focos, eles transmitem à humanidade receptiva, as ondas de sabedoria radioativas, e são liberadas enfrentando um pentágono (o caldeireiro do Cadinho) correspondente na terminologia Rosacruz ao Quinto ou Estrato Germinal da Terra (a Região do Pensamento Abstrato) em que queima a chama do criativo Espírito Humano – uma chama que é alimentada e vitalizada pelo altar – ou óleo essencial da planta.
Preeminente, acima de todos, o Sol, uma expressão física do Deus Trino no nosso Sistema Solar, acelerando em seu curso em espiral, a própria evolução e uma emanação de V-U-L-C-A-N-O (como os místicos dizem), a fonte invisível de vida – e LUZ.
[1] N.T.: Ou Sanatorium: se refere a um centro médico para tratamento de doenças diversas não contagiosas.
[2] N.T.: Board of Trustees
[3] Retirado do Rays from the Rose Cross, dezembro de 1929, pág. 598.
[4] Max Heindel no Livro Ensinamentos de um Iniciado, Cap. II
[5] N.T.: Board of Trustees
[6] N.T.: airedale terrier, oriunda do Reino Unido, é a maior raça entre os cães do tipo terrier.
[7] Rays, novembro 1938, pág. 515; fevereiro 1939, pág. 92.
[8] N.T.: Board of Trustees
[9] Nunca foi feito esta placa de reconhecimento
[10] Órgão eletromecânico desenvolvido e construído por Laurens Hammond.
[11] O antigo Sanitarium
[12] XEMO, que se designava a si própria como: “O grande farol Cristão da costa do Pacífico”, uma estação de Rádio que tinha orientação religiosa, que alcançava de Tijuana, Baja Califórnia, México e todo o sul da Califórnia.
[13] O oleandro (Nerium oleander), também conhecido como loendro, loandro, aloendro, loandroda-índia, alandro, loureiro-rosa, adelfa, espirradeira, cevadilha ou flor-de-são-josé, é uma planta ornamental extremamente tóxica. Suas flores podem ser brancas, róseas ou vermelhas. É uma planta pouco exigente se tratando de temperatura e umidade.
[14] Gênero que agrupa cerca de 200 espécies de fanerógamas da família Pittosporaceae. São árvores e arbustos que crescem de 2–30 m de altura.
[15] Veja o Adendo 10: O Símbolo da Capa dos Livros.
[16] Esta informação me foi passada por e-mail no dia 27 de janeiro de 2007 pelo Sr. David B. Johnson.
[17] Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Volume I, pergunta 180 – Max Heindel.
[18] Do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Capítulo XXI – Max Heindel.
[19] Conforme cálculos de Max Heindel, no Livro Astrologia Cientifica Simplificada, a Era de Peixes começou aproximadamente a 498 A.c. e a Era de Aquário iniciará aproximadamente 2.156 anos depois, portanto, por volta de 2.654. Esta data foi calculada pela International Astronomical Union em 1929 em Leiden – Holanda, também por volta de 2600.
[20] Echoes, dezembro de 1914
[21] N.T.: Do Capítulo XIX, Iniciação do Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos de Max Heindel
[22] O desenvolvimento e características do Corpo Vital e do Corpo de Desejos estão explicados em dois livros de Max Heindel: The Vital Body (O Corpo Vital) e The Desire Body (O Corpo de Desejos).
[23] Na primeira e segunda edição do ‘Conceito Rosacruz do Cosmos’ tem o título The Rosicrucian Cosmo Conception or Occult Christianity (1909 e 1910) e 3ª (1911) e outras edições como subtítulo: Mystic Christianity. De fato, a última é errônea, mas foi escolhida a palavra Mística porque naquele tempo, e hoje ainda, com a palavra ocultismo imediatamente se pensa em espiritismo, uma forma negativa de desenvolvimento. Por isto aqui utilizo a palavra ‘esotérico’ como sinônimo de ocultismo.
[24] Max Heindel, no Livro: Iniciação Antiga e Moderna, Parte 2 – Capítulo: 1 e 7.
[25] Max Heindel, no Livro: Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas Volume II – Pergunta 156.
[26] Idem, pág. 441
[27] Veja capítulos 18 e 19 do Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos para mais detalhes.
[28] NT: é o Curso Preliminar de Filosofia
[29] Michael Maier, Silentium post Clamores etc., Frankfrut 1617, citado por J. B. Craven em Count Michael Maier, Kirkwall 1910, pág. 67. “Igualmente aos Pitagóricos, os Rosacruzes também pedem um juramento de silêncio e segredo. Os ignorantes consideram isto uma ficção; mas isto vem dos cinco anos de provas onde aqueles, mesmo que candidatos especiais, são submetidos antes de serem admitidos aos mistérios maiores …”.
[30] Max Heindel, Conceito Rosacruz do Cosmos. Veja também de Max Heindel, Cristianismo Rosacruz, Conferência 11.
[31] Dion Fortune [sinônimo de Florence M. Firth]: Os versos dourados de Pitágoras, vers. 40-46; veja Adendo 8.
[32] Max Heindel, do Livro: Coletâneas de um Místico, Capítulo 1.
[33] I Coríntios 15:44-46
[34] ‘O número de nervos espinhais nos mamíferos é muito variável’. Escreveu o Prof. Dr. Wensing do Grupo de Investigadores de Morfologia de Utrecht, Holanda em junho de 1983. ‘Todos os mamíferos têm sete vértebras cervicais e oito nervos cervicais, a quantidade de vértebras torácicas e, portanto, os nervos torácicos variam muito. O cavalo, por exemplo, tem 18 nervos torácicos enquanto muitos outros animais têm 13 e o ser humano tem 12. Também a quantidade de nervos lombares e sagrados varia. Assim os carnívoros têm 7, o cavalo e o bovino 6, e o ser humano tem 5 nervos lombares. O número de nervos e ossos do sacro é 5 no ser humano, 4 nos bovinos e cavalos e 3 nos carnívoros. A quantidade de nervos e ossos da cauda é considerável em muitos animais. Conclusão: no ser humano o número de nervos raquidianos não é notavelmente grande. Outros mamíferos têm mais de 31-33 (dependendo das vértebras do cóccix) nervos raquidianos do que encontrados nos seres humanos. O cavalo, por exemplo, tem mais de 40 nervos espinhais’.
[35] Max Heindel, no Livro: Os Mistérios Rosacruzes
[36] O mesmo texto é encontrado no Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume II, pergunta 78.
[37] Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume II
[38] Sir Edward Bulwer Lytton, Zanoni, Amsterdam, 1924, pág. 249-250.
[39] Max Heindel, no Livro: A Teia do Destino.
[40] Chamado: Anjo ou demônio?
[41] Max Heindel, no Livro Cristianismo Rosacruz, Conferência nº 9, primeira página
[42] Max Heindel, no livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume II
[44] O dossiê do Sr. e Sra. Barkhurst.
[45] Mariage License of the County of Los Angeles; datada de 23 de junho de 1903.
[46] Thirteenth Census of the United States: 1910 – Population; for the township or other division of county: ‘San Antonio Township’, district 336, Location 522, number of family 528. (2 de maio de 1910).
[47] Certification of Vital Record; State of California; Department of Health Service; County of Riverside, City Hemet certificate 80-001120, local registered No 4 Full Name: Rollo Smith.
[48] A pergunta 25 é sobre o mesmo assunto.
[49] Rays from the Rose Cross, May 1916, páginas: 16 e 17. “The tie that binds”.
[50] Veja Adendo 9 a carta para Sra. Bauer, datada de 14-16 de outubro de 1911. ‘Desde que ele assumiu como Secretário Geral da Sociedade Teosófica perdeu sua relação com os Rosacruzes’.
[51] Livro Conceito Rosacruz do Cosmos, 2ª Edição, 1910
[52] Traduzido da versão de Kassel 1615: foi utilizado a tradução para Holandês de 1617, ambos impressos por Adolf Santing, Os Manifestos dos Rosacruzes, Amersfoort 1930; a versão revisada e acrescentada do texto em Alemão de Kassel 1914 com tradução para o Holandês por Pleun van der Kooij em: Fama Fraternitaties, Haarlem 1998.
[53] Naquela época havia 4 ‘classes’: nobreza, clero, burgueses e camponeses.
[54] Toda a Ciência naquela época era chamada de ‘arte’.
[55] R. Kienast escreve em seu livro: Johann Valentin Adreae und die vier echten Rosenkreutzer-Schriften, Leipzig 1926, pág 113,114, que Damcar, naquela época era escrito como Damar, fica em Iémen, um pouco ao sul de Sana e perto de Orthelius na Carta 113 e Carta Mercator 3c [duas cartas do início do século 17]. Adolf Santing no De Manifesten der Rozenkruisers, Amersfoort 1930, pag 58, acrescenta que Ortelius é um pseudônimo de Abraham Wortels e Mercator de Gerard Kremer. Gilly em Cimelia Rhodostaurotica, pág 80, acrescenta que uma famosa Carta Marina de Martin Waldseemuller, Strassburg 1516, tem escrito a palavra Damar. ‘Em tempos depois’, fala Santing, ‘o nome se muda para Dsemar, Dsimar e Damar’. Agora, 2009, se chama Dhamar, situado no Iémen, 14.33.03 N. Br. e 44.23.31 O.I.
[56] Pode ser traduzido como máximas.
[57] Os Signos do Zodíaco podem ser divididos pela Astrologia em 4 grupos de 3 Signos, denominados: Fogo, Terra, Ar e Água. Aqui se fala da Conjunção de Júpiter e Saturno no triângulo de fogo que são os Signos de: Áries, Leão e Sagitário.
[58] Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus Von Hohenheim (1493-1541) que se nomeou depois Paracelsus. Assim, Paracelso ou Paracelsus é o pseudônimo de Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim; ele foi um médico, alquimista, físico, astrólogo e ocultista suíço-alemão.
[59] Através da alquimia podia transmutar um metal nobre em, por exemplo, ouro.
[60] Rota Mundi, a roda do Mundo; uma cronologia harmoniosa do mundo em forma de uma tabela do tempo artística na qual todos os fatos históricos ocorridos estavam desenhados como também as profecias das que ainda virão. Isto foi descrito pela primeira vez por Raimundus Lullis (1235-1315) em seu Ars Magna.
[61] Deus Grego que conhecia o futuro, mas só revelava seu conhecimento se fosse forçado a isto.
[62] Gallia Narbonensis era uma província Romana no Sudeste da França. Narbona é hoje a cidade Narbonne.
[63] N.T.: A Alemanha, naquela época, era protestante e sofria o ataque dos exércitos católicos que vinham do Sul da Europa.
[64] Messing é uma junção de cobre e zinco. Quando tem de 30-40% de zinco é chamado de cobre amarelo; com no máximo 15% é chamado de cobre vermelho.
[65] No Fama o Confessio é mencionado três vezes; essa é a segunda vez.
[66] ‘Tesouro’, conforme a tradução holandesa de 1617. Veja Santing, De Manifesten der Rozenkruizers, pág. 228, linha 10 de cima.
[67] Mystische Hochzeit, O casamento místico.
[68] A IV Monarquia, era na época a Alemanha, Borgondia, Lombardia e Sicília com a liderança pelo Ksar Alemão, conforme Ir. A. A. W. Santing, com uma nota pessoal na pág. 121 em seu livro: De Manifesten der Rozenkruizers, Amersfoort 1930.
[69] Traduzido da Edição em Latim de Kassel 1615. Aqui foi usado: 1- A tradução em Holandês do Latim de E. Tinga, 1953/54; 2- A tradução em Alemão do Latim de Dr. F. Sander 1955; 3- A tradução em Alemão do Latim de K. Wurffel, 1978; 4- A tradução em Alemão do Latim de Karl Krane, 1978; todos conhecidos do Sr. P. van der Kooij. 5- A compilação em Holandês de P. van der Kooij, 1984.
[70] Precessão dos Equinócios; na Astrologia elas determinam as Eras, por exemplo, a próxima será a Era de Aquário em 2.360.
[71] Aqui, o senhor das profundezas
[72] A Serpente e o Cisne – A constelação de Serpentarius e Cygnus. Em 1602 foi encontrada uma nova estrela no Cisne e em 1604, Kepler descobriu uma nova estrela no pé da Serpente.
[73] Gilly diz em Joh. Valentin Andreae, Katalog einer Ausstellung, Amsterdam 1986, pág. 61: ‘As penas de águia, escritas no Confessio Fraternitatis, simbolizam naturalmente a Dinastia Austríaca, o que quer dizer principalmente a Monarquia Espanhola, como único e último pilar de apoio ao papado decadente. Veja também o livro apócrifo Ezra IV, capítulo 11 e 12.
[74] Aqui se refere ao médico Alemão de Hannover, Heinrich Khunrath (1560-1605) e seu livro: Amphiteatrum Sapientiae Solius Verae, Christiano-Kabbalisticum, Divino-Magicum, nec non Physico-Chymicum, que em 1609 apareceu em Hanau.
[75] Epiciclos e excêntricos (astronômicos).
[76] Traduzido da versão em Latim de Frankfort 1614. Aqui foi usada a tradução em holandês do Latim de A. A. W. Santing de seu De historische Rozenkruisers, Amsterdam [1977]. 2 Tradução do alemão Assertio oder Betatigung der Fraternitat R.C., Danzig 1616.
[77] O Assertio foi escrito originalmente como um poema em Latim.
[78] Frankfurt am Main, Frankfurt sobre o Meno ou Francoforte do Meno, mais conhecida simplesmente como Frankfurt ou Francoforte, é uma cidade alemã
[79] Aproximadamente 30 km ao norte de Strasbourg ou Estrasburgo, agora francesa, antigamente território alemão.
[80] Nurenberg, Nuremberga ou Nurembergue é uma cidade independente alemã.
[81] Morgendorf perto de Koblenz 50.29 N.B., 7.46.30 O.L. Nassau perto de Koblenz 50.18 N.B., 7.36 O.L.
[82] N.T.: Aquele S esquisito do alemão que parece um B.
[83] Neuwied perto de Koblenz 50.26 N. Br., 7.28 O.L.
[84] Rudolf Steiner, Beelden uit mijn jeugd (Imagens da minha adolescência), Zeist 1991, pág. 23. Rudolf Steiner, Mein Lebensgang (Minha jornada de vida) [GA 28] Dornach 1982, pág. 61.
[85] F. Rittelmeyer, Mein lebensbegegnung mit Rudolf Steiner (Início da minha vida com Rudolf Steiner), 1928, 10ª edição, 1983, pág. 103; Rudolf Steiner/Marie Steiner-von Sievers, Briefwechsel und Dokumente (Rudolf Steiner/Marie Steiner-von Sievers, troca de cartas e documentos) 1901-1925 [GA 262], Dornach 1967, Aufzeichnungen Rudolf Steiners geschrieben fur Edouard Schrure in Barr im Elsass, setembro de 1907, pág. 7, 8; Beitrage zur Rudolf Steiner Gesamtausgabe. Zur Kindheit und Jugend Rudolf Steiner. (Contribuições para despesas totais de Rudolf Steiner. Para a infância e juventude Rudolf Steiner) Nº 83/84, Dornach, Ostern 1984; Rudolf Steiner, Beelden uit mijn jeugd, (Imagens da minha juventude) Zeist 1991, pág. 23, 24; Rudolf Steiner, Briefe Band II (Rudolf Steiner, Coletânea de cartas) 1890-1925, Dornach 1987, pág. 50, carta nr. 269 para Friedrich Eckstein, Weimar, [fim] novembro 1890; Rudolf Steiner, Het Kristendom als mystiek feit (O Cristianismo como fato místico) e De mysterien van de oudheid (Os mistérios da antiguidade), com introdução de Eduard Schuré, Amsterdam 1912, página da introdução XV.
[86] Die Geheimwissenschaft im Umriss (A Ciência Secreta em esboço), Leipzig 1910, GA 13.
[87] O trabalho cooperativo intenso entre Steiner e Marie von Sivers foi o motivo dela se afastar de Steiner, na primavera de 1904, mas não se divorciou dele. Veja Christoph Lindenberg: Rudolf Steiner, Reinbek [rororo], 3ª edição 1994, edição de bolso, pág. 62.
[88] Marie von Sivers, também escrito como Sievers (1867-1948). Steiner se casa com ela no dia 24 de dezembro de 1914. Ela faleceu no dia 27 de dezembro de 1948.
[89] Norbert Klatt, Theosophie und Anthroposophie (Teosofia e Antroposofia), pág. 75.
[90] Hella Wiesberger, Rudolf Steiner esoterische Lehrtatigkeit (Ensinamento Esotérico de Rudolf Steiner), Dornach 1997, pág. 10 e 107.
[91] Rudolf Steiner, Mein Lebensgang (Minha jornada de vida), [GA 28], Dornach 1982, Capítulo 32, pág. 103.
[92] Wiesberger, pág. 11 e 107.
[93] Wiesberger, pág. 108.
[94] Wiesberger, pág. 239.
[95] Citado de Wiesberger, pág. 169.
[96] Veja Rudolf Steiner, Die Tempellegende und die Goldene Legende (A legenda do Templo e a legenda Dourada), [GA 93] Dornach 1982, 9 de dezembro de 1904, pág. 91 e seguintes.
[97] Rudolf Steiner: Mythen und Sagen. Okkulte Zeichen und Symbole (Mitos e Lendas. Sinais e Símbolos Ocultos), [GA 101], Keulen 29-12-1907, Dornach 1987, pág. 242.
[98] Wiesberger, pág. 170/1 e 280/1.
[99] Em: Zur Geschichte und aus den Inhalten der Erkenntniskultischen Abteilung der Esoterischen Schule (Sobre a história e os conteúdos da Escola Esotérica de conhecimento – Departamento de culto) 1904-1914, [GA 265], Dornach 1987, tem na pág. 79 uma cópia do recibo.
[100] Wiesberger, pág. 169.
[101] Zur Geschichte, etc., pág. 68.
[102] Wiesberger, pág. 23.
[103] Philosophie und Anthroposophie, GA 35, 24-10-1908.
[104] Rudolf Steiner, Von Jesus zu Christus (De Jesus para Cristo), [GA 11], Karlsruhe 6-10-1911, Dornach 12, pág. 58.
[105] Rudolf Steiner, Die okkulte Bewegung im neunzehnten Jahrundert, mit ihre Beziehung zur Weltkultur. (O movimento oculto no século XIX, com a sua relação com a cultura mundial.) [GA 254] Treze Palestras ministradas em Dornach entre 10 de outubro a 7 de novembro de 1915, Dornach 1986, pág. 49.
[106] N.T.: Rudolf Steiner, a partir da pesquisa Akasha. O Quinto Evangelho. Dezoito palestras, ou realizadas entre 1913-1914 em vários Estados, Dornach, 1922)
[107] N.T.: O ancião
[108] Rudolf Steiner/Marie Sivers, Briefwechsel und Dokumente (NT: Rudolf Steiner/Marie Sivers, Troca de cartas e documentos) 1901-1925, [GA 262] Dornach 1967, pág. 302.
[109] Charles Weber, The Heindel-Steiner Connection (N.T.: A Conexão Max Heindel-Steiner), Oceanside, California, 2ª Edição 2000.
[110] N.T.: Sociedades Secretas de todas as Épocas e Países
[111] C.W.Heckethorn, Geheime Gesllschaften, Geheimbund und Geheimlehren (N.T.: Sociedades secretas, estados secretos e ensinamentos secretos), Leipzig 1900; em 1997 surgiu uma réplica da edição de 1900, em Stuttgart.
[112] N.T.: Os Ensinamentos de grupos internos de H. P. Blavatsky para seus alunos pessoais
[113] N.T.: Os versos dourados de Pitágoras
[114] De Gulden Verzen van Pythagoras en andere Pythagoreesche fragmenten, uitgezocht em gerangschikt door Florence M. Firth, Amsterdam 1921, pág. 9. Título original The Golden Verses of Pythagoras and other Pythagorean Fragments, selected and translated by Florence M. Firth, London 1905. (N.T.: Os versos dourados de Pitágoras e outros fragmentos Pitagóricos, selecionados e organizados por Florence M. Firth).
[115] Os leitores aqui interessados são indicados ao trabalho de H. J. Spierenburg, um Teósofo de Den Haag, que fez uma pesquisa muito ampla entre outros sobre as denominações das Regiões Cósmicas e Hierarquias com as denominações feitas por A.A. Bailey, Dr. A. Besant, H.P. Blavatsky, F.L. Gardner, M. Heindel, C. Jinarajadasa, Dr. G. de Purucker, A.P. Sinnet, Dr. R. Steiner, K. Tingley e os cabalistas. Veja mais em três artigos dele: Dr. Steiner over Helena Petrovna Blavatsky, em Teosofia de outubro de 1985; Dr. Rudolf Steiner over de Mahatma´s, parte I e parte II, em Teosofia, de maio 1986 e agosto 1986. E Dieter Ruggeberger, Theosophie und Anthroposophie im Licht der Hermetik (N.T.: Teosofia e Antroposofia na luz da Hermética), Wuppertal 1999.
[116] Max Heindel, Leeringen van een Ingewijde (N.T.: Ensinamentos de um Iniciado), Haarlem 1931, pág. 115. E na carta à Sra. Bauer datada de 14/16 de outubro de 1991; veja: Adendo 9. Veja também: Rudolf Steiner, Vor dem Tore der Theosophie (N.T.: Ante os Portões da Teosofia), [Tb 659 & GA 95]. Dornach 1991 – Edição de bolso – pág. 49.
[117] Van Dale, Groot woordenboek der Nederlandse Taal (N.T.: O Grande Dicionário da Língua Holandesa), Utrecht 1999.
[118] Rudolf Steiner, Die Theosophie des Rosenkreuzers, Vierzehn Vortrage, gehalte in Munchen vom 22. Mai bis 6. Juni 1907 (N.T.: Teosofia dos Rosacruzes, catorze palestras; realizou-se em Munique de 22 de maio até 06 de junho de 1907), [GA 90], Dornach 1962, pág. 30-31.
[119] Diagramas 4 e 5 (em todas as Edições) do Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Fraternidade Rosacruz.
[120] N.T.: do Livro: O Conceito Rosacruz do Cosmos – Fraternidade Rosacruz
[121] N.T.: Die Theosophie des Rosenkreuzers
[122] Rudolf Steiner, Die Theosophie des Rosenkreuzers, pág. 151
[123] Rudolf Steiner, Die Erkenntnis des Ubersinnlichen in unserer Zeit und deren Bedeutung fur das heutige Leben. (N.T.: O conhecimento do suprassensível em nosso tempo e sua importância para a vida contemporânea) [GA 55], Dornach 1959, pág. 199
[124] Max Heindel, Sprokkelingen van een mysticus (N.T.: Livro Coletâneas de um Místico), Haarlem 1934, pág. 219.
[125] Max Heindel, Rozekruiserschristendom (N.T.: Cristianismo Rosacruz), Rotterdam mesmo ano, introdução 11, pág. 4-7.
[126] Na 14ª Palestra, Stuttgart, 4 de setembro de 1906. Edição de bolso nº 659, 1991, pág. 147. Em uma Palestra, dada quatro meses antes, no dia 21 de abril de 1906 em Munique, sobre ‘o interior da Terra’, Steiner explica primeiro as sete camadas da Terra. Quando ele as explicou, em relação às sete Iniciações (nos Mistérios Menores), ele fala que existem mais duas camadas. A 8ª ‘fragmentada’. ‘Nesta região é onde está todas as coisas que são discordantes, tudo o que é imoral, todo o descontentamento. Tudo lá se separa. É o oposto do amor. Se o Mago Negro consegue entrar lá – e do que está dentro de seu alcance – então, o mal nele ficará ainda maior … A nona e última camada é, como se fosse, a moradia do Espírito Planetário’ – R. Steiner, Das christlische Mysterium (Os Mistérios Cristãos), [GA 97], Dornach 1981, pág. 279-282.
[127] Livro: O Conceito Rosacruz do Cosmos, Capítulo 18.
[128] Veja: Iniciação Antiga e Moderna, as últimas duas páginas; Conceito Rosacruz do Cosmos, Capítulo III e Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Parte I, pergunta nº 113 – Max Heindel, O Cordão Prateado e o Átomo-semente, Capítulo 4.
[129] N.T.: Kundaliní é uma energia física, de natureza neurológica, concentrada na base da coluna; O termo é feminino, deve ser sempre acentuado e com pronúncia longa no í final. Muitos por a considerarem sagrada, grafam o nome com “K” maiúsculo.
[130] Uber die astrale Welt und das Devachan (Sobre o mundo astral e o Devachan), [GA 88], Dornach 1999, pág. 237-238.
[131] Rudolf Steiner, Das esoterische Christentum und die geistige Fuhrung der Menschheit (N.T.: Cristianismo Esotérico e a liderança espiritual da humanidade), [GA 130], Dreiundzwanzig Einzelvortrage aus dem Jahren 1911 und 1912, gehalten in verschiedenen Stadten (N.T.: Vinte e três palestras individuais a partir de 1911 e 1912, realizada em diferentes cidades), Dornach 1995, Das rosenkreuzerische Christentum (O Cristianismo Rosacruz), Neuchatel, 27 de setembro de 1911, pág. 58.
[132] A mesma fonte citada no item anterior, pág. 57.
[133] Em: Rudolf Steiner, Von Jesus zu Christus (N.T.: De Jesus para Cristo), [GA 131], Ein Zyklus von zehn Vortragen mit einem vorangehenden offentlichen Vortrag gehalte in Karlsruhe vom 4. bis 14. Oktober 1911 (N.T.: Um ciclo de dez palestras com uma palestra pública anterior realizada em Karlsruhe outubro 04-14, 1911), pág. 58.
[134] Max Heindel, De Wereldbeschouwing der Rozenkruisers (N.T.: Conceito Rosacruz do Cosmos), Den Haag 2000, pág. 209.
[135] Max Heindel, De Wijsbegeerte der Rozenkruisers in Vragen en Antwoorden deel 2 (NT: Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, volume 2), Den Haag 1990, pág. 201.
[136] Max Heindel, De Wijsbegeerte der Rozenkruisers in Vragen en Antwoorden deel 2 (NT: Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, volume 2), Den Haag 1990, pág. 410.
[137] Rudolf Steiner, Wie erlangt man Erkenntnisse der hoheren Welten (N.T.: Como saber o conhecimento dos mundos superiores). [GA 10] 1903/04. Os últimos dois capítulos. E Rudolf Steiner, De wetenschap van de geheimen der ziel (N.T.: A Ciência dos segredos da Alma), [Tb 601] Capítulo 5.
[138] Max Heindel, Het web van het lot (N.T.: A Teia do Destino), Amsterdam 1928, Capítulo 3, pág. 21.
[139] Max Heindel, Vragen en Antwoorden (N.T.: Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas), Volume 2, pág. 404.
[140] N.T.: A partir de pesquisas Akasha. O Quinto Evangelho
[141] Palestras dadas em 1913, em Kristiana [GA 148]
[142] Die Theosophie des Rosenkreuzers, Pág. 43.
[143] Max Heindel, Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume 2, pergunta 66.
[144] No Livro: Conceito Rosacruz do Cosmos.
[145] Rudolf Steiner, Zur Geschikte und aus den Inhalten der ersten Abteilung der Esoterische Schule, 1904-1914. (N.T.: Sobre a história e os conteúdos da Escola Esotérica, 1904-1914 Primeira Divisão) [GA 264] Dornach 1984. E: Zur Geschikte und aus den Inhalten der erkenntniskultischen Abteilung der Esoterische Schule, 1904-1914. (N.T.: Sobre a história e os conteúdos da Escola Esotérica, 1904-1914 de conhecimento Departamento de culto) [GA 265], Dornach 1987.
[146] Do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Max Heindel.
[147] Max Heindel, De mysterien van het Rozenkruis (N.T.: Os Mistérios Rosacruzes), Amsterdam 1926, pág. 6.
[148] Isto foi em 20 de outubro de 1902.
[149] Veja esta carta no Adendo 9 – Troca de cartas entre Max Heindel, Laura Bauer e Hugo Vollrath.
[150] Max Heindel, Sprokkelingen van een mysticus (N.T.: Coletâneas de um Místico), Haarlem 1934, pág. 13.
[151] Veja Adendo 9, a carta para a Sra. Bauer, datada de 14/16 de outubro de 1911
[152] Uma cópia das 2 cartas datadas 23-12-1910 e 14/16-10-1911 já estavam em meu poder, mas no dia 24-12-2002 recebi do Sr. Charles Weber, de Oceanside, cópias da troca completa de cartas.
[153] Max Altmann em Leipzig, o editor de Steiner que, após conversar com Steiner sobre isto, foi obrigado a se retirar. Veja capítulo 4 para mais informações.
[154] Hugo Vollrath, em Leipzig.
[155] N.T.: Escrito por James Russell Lowell (1819-1891) foi um poeta romântico, crítico, satírico, escritor, diplomata e abolicionista dos Estados Unidos da América.
[156] The Rosicrucian Cosmo-Conception, ou O Conceito Rosacruz do Cosmos.
[157] N.T.: Renascimento
[158] N.T.: Reencarnação
[159] N.T.: Átomo-semente
[160] N.T.: Átomo de germe
[161] N.T.: habilidade de brotar
[162] N.T.: Carne, Transporte, Corpo
[163] N.T.: Veículo
[164] N.T.: Forças Construtoras
[165] N.T.: Selva
[169] N.T.: Alma Intelectual
[170] No dia 20 de outubro de 1902
[171] N.T.: Ao bom entendedor
[172] N.T.: Uma Palavra ao Sábio
[173] Uma cópia dos dados originais me foi dada pelo Sr. A. G. Gstaltner, Jr. de Viena.
[174] U. Neumann, Daniel Mogling, pág. 104.
[175] W. Begemann, ‘Bemerkungen zu einigen Rosenkreuzerschriften’ in Felix Seckt (Herausgeber), Zirkelcorrespondenz unter den Johannis-Logenmeister der Grossen Landesloge der Freimaurer von Deutschland, (N.T.: ‘Comentários sobre alguns escritos Rosacruzes’ em Felix Seckt (Editor), Correspondência circular entre Johannis- Mestre da Loja do Grande National Lodge dos Maçons da Alemanha), Berlin 1896, Heft 4, pág. 249-299.
[176] P. F. W. Huijs, ‘Compêndio dos Escritos Rosacruzes em Imagens’, uma introdução, de John van Schaik, De Rozekruisers ontsluierd, (N.T.: Rosacruzes desvendados) Zeist 1994, pág. 88-91.
[177] Fama Fraternitatis R.C. etc, Kassel 1615, pág. 102.
[178] Veja: Max Heindel, no Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas parte II, pergunta 134.
[179] N.T.: Acre de Deus é um termo em Inglês para um cemitério, especificamente terra de enterro. A palavra vem do Alemão Gottesacker (Campo de Deus) uma designação antiga para um cemitério. A utilização de “acre” não está relacionada com a unidade de medição “acre” e pode ser de qualquer tamanho. No início do século 17, o termo foi usado como uma tradução do alemão, mas até o final do século, ela foi aceita como um termo em Inglês.
[180] N.T.: nome comum de flores pertencentes à família da Pulsatilla.
[181] N.T.: A ordem Hymenoptera é um dos maiores grupos dentre os insetos, compreendendo as vespas, abelhas e formigas.
[182] N.T.: a abelha-europeia
[183] N.T.: Labarum: a bandeira de Constantino o Grande, com a coroa, a cruz e o nome de Jesus enfeitado.
[184] N.T.: Sátiro na mitologia grega, era um ser da natureza com o corpo metade humano e metade bode. Equivale ao fauno da mitologia romana.
[185] N.T.: Um tirso era um bastão envolvido em hera e ramos de videira e encimado por uma pinha.
“Quando investigamos o significado de qualquer mito, lenda ou símbolo de valor oculto é absolutamente necessário entendermos que, assim como todo objeto do mundo tridimensional deve ser examinado de todos os ângulos para dele obtermos uma compreensão completa, igualmente todos os símbolos têm também certo número de aspectos. Cada ponto de vista revela uma fase diferente das demais, e todas merecem igual consideração.
“Visto em toda sua plenitude, este maravilhoso símbolo contém a chave da evolução passada do ser humano, sua presente constituição e desenvolvimento futuro, mais o método de sua obtenção. Quando ele se apresenta com uma só rosa no centro simboliza o espírito irradiando de si mesmo os quatro veículos: os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente significando que o espírito entrou em seus instrumentos, convertendo-se em Espírito Humano interno. Contudo, houve um tempo em que essa condição ainda não havia sido alcançada, um tempo em que o Tríplice Espírito pairava acima dos seus veículos, incapaz de neles entrar. Então a cruz erguia-se sem a rosa, simbolizando as condições prevalecentes no começo da terça parte da Época Atlante. Houve também um tempo em que faltava o madeiro superior da cruz. A constituição humana era, pois, representada pela Tau (T), isto na Época Lemúrica, quando o ser humano só dispunha dos Corpos Denso, Vital e de Desejos e carecia da Mente. O que predominava, então, era a natureza animal. O ser humano seguia os seus desejos sem reserva. Anteriormente ainda, na Época Hiperbórea, só possuía os Corpos Denso e Vital, faltando o de Desejos. Então o ser humano, em formação, era análogo às plantas: casto e sem desejos. Nesse tempo sua constituição não podia ser representada por uma cruz; era simbolizada por uma coluna reta, um pilar (I).
“Este símbolo foi considerado fálico, indicando a libertinagem do povo que o venerava. Por certo é um emblema de geração, mas geração não é absolutamente sinônimo de degradação. Longe disso. O pilar é o madeiro inferior da cruz, símbolo do ser humano em formação, quando era análogo às plantas. A planta é inconsciente de toda paixão ou desejo e inocente do mal. Gera e perpetua sua espécie de modo tão puro, tão casto, que propriamente compreendida, é um exemplo para a decaída e luxuriosa humanidade, a qual deveria venerá-la como um ideal. Aliás, o símbolo foi dado às raças primitivas com esse objetivo. O Falo e o Yona, empregados nos Templos de Mistério da Grécia, foram dados pelos Hierofantes com esse espírito. No frontispício do templo colocavam-se as enigmáticas palavras: “Ser humano, conhece a ti mesmo”. Este lema, bem compreendido, é análogo ao da Rosacruz, pois mostra as razões da queda do ser humano no desejo, na paixão e no pecado, e dá a chave de sua liberação do mesmo modo que as rosas sobre a cruz indicam o caminho da libertação.
“A planta é inocente, porém, não virtuosa. Não tem desejos nem livre escolha. O ser humano tem ambas as coisas. Pode seguir seus desejos ou não, conforme queira, para aprender a dominar-se.
“Enquanto foi como as plantas, um hermafrodita, ele podia gerar por si, sem cooperação de outrem; mas ainda que fosse tão inocente e tão casto como as plantas, ele era também como elas: inconsciente e inerte. Para poder avançar, necessitava que os desejos o estimulassem e uma Mente o guiasse. Por isso, a metade de sua força criadora foi retida com o propósito de construir um cérebro e uma laringe. Naquele tempo o ser humano tinha a forma arredondada. Era curvado para dentro, semelhante a um embrião, e a laringe atual era, então, uma parte do órgão criador, aderiu à cabeça quando o corpo tomou a forma ereta. A relação entre as duas metades pode-se ver ainda hoje na mudança de voz do rapaz, expressão do polo positivo da força geradora, ao alcançar a puberdade. A mesma força que constrói outro corpo, quando se exterioriza, constrói o cérebro quando retida. Compreende-se isso claramente ao sabermos que o excesso sexual conduz à loucura. O pensador profundo sente pouquíssima inclinação para as práticas amorosas, de modo que emprega toda sua força geradora na criação de pensamentos, ao invés de desperdiçá-la na gratificação dos sentidos.
“Quando o ser humano começou a reter a metade de sua força criadora para o fim já mencionado, sua consciência foi dirigida para dentro, para construir órgãos. Ele podia ver esses órgãos, e empregou a mesma força criadora, então sob a direção das Hierarquias Criadoras, para planejar e executar os projetos dos órgãos, assim como agora a emprega no mundo externo para construir aeroplanos, casas, automóveis, telefones, etc. Naquele tempo o ser humano era inconsciente de como a metade daquela força criadora se exteriorizava na geração de outro corpo.
“A geração efetuava-se sob a direção dos Anjos, que em certas épocas do ano, agrupavam os humanos aptos em grandes templos, onde se realizava o ato criador. O ser humano era inconsciente desse fato. Seus olhos ainda não tinham sido abertos, e embora fosse necessária a colaboração de uma parceira, que tivesse a outra metade ou o outro polo da força criadora indispensável à geração, cuja metade ele retinha para construir órgãos internos, em princípio não conhecia sua esposa. Na vida ordinária o ser humano estava encerrado dentro de si, pelo menos no que tangia ao Mundo Físico. Isto, porém, começou a mudar quando foi posto em íntimo contato, como acontece no ato gerador. Então, por um momento, o espírito rasgou o véu da carne e Adão conheceu sua esposa. Deixou de conhecer-se a si mesmo, quando sua consciência se concentrou mais e mais no mundo externo, perdendo ele sua percepção interna, a qual não poderá ser readquirida plenamente enquanto necessitar da cooperação de outro ser para criar, e não tenha alcançado o desenvolvimento que lhe permita utilizar, de novo e voluntariamente, toda sua força criadora. Então voltará a conhecer-se a si mesmo, como no tempo em que atravessava o estágio análogo ao vegetal, mas com esta importantíssima diferença: usará sua faculdade criadora conscientemente, e não será restringido a empregá-la só na procriação de sua espécie, mas poderá criar o que quiser. Outrossim, não usará os seus atuais órgãos de geração: a laringe, dirigida pelo espírito, falará a palavra criadora através do mecanismo coordenador do cérebro. Assim, os dois órgãos, formados pela metade da força criadora, serão os meios pelos quais o ser humano se converterá finalmente em um criador independente e autoconsciente.
“Mesmo presentemente, o ser humano já modela a matéria pela voz e pelo pensamento ao mesmo tempo, como vimos nas experiências científicas em que os pensamentos criaram imagens em placas fotográficas, e noutras em que a voz humana criou figuras geométricas na areia (em cima de uma placa de vidro), etc. Em proporção direta ao altruísmo que demonstre, o ser humano poderá exteriorizar a força criadora que retiver. Isto lhe dará maior poder mental e o capacitará a utilizar-se de tal poder na elevação dos demais, ao invés de tentar degradá-los e sujeitá-los à sua vontade. Aprendendo a dominar-se, cessará de tentar dominar aos outros, salvo quando o fizer temporariamente para o bem deles, jamais para fins egoísticos. Somente aquele que se domina está qualificado para orientar aos demais e, quando necessário, é competente para julgá-los no modo que melhor lhes convenha.
“Vemos, portanto, que, a seu devido tempo, o atual modo passional de geração será substituído por um método mais puro e mais eficiente que o atual. Isto também está simbolizado pela Rosacruz, em que a rosa se situa no centro, entre os quatro braços. O madeiro mais comprido representa o corpo; os dois horizontais, os dois braços; e o madeiro curto superior representa a cabeça. A rosa está colocada no lugar da laringe.
“Como qualquer outra flor, a rosa é o órgão gerador da planta. Seu caule verde leva o sangue vegetal, incolor e sem paixão. A rosa de cor vermelho-sangue mostra a paixão que inunda o sangue da raça humana, embora na rosa propriamente dita o fluido vital não seja sensual, mas sim casto e puro. Ela é, por conseguinte, excelente símbolo dos órgãos geradores em seu estado puríssimo e santo, estado que o ser humano alcançará quando haja purificado e limpo seu sangue de todo desejo, quando se tenha tornado casto e puro, análogo a Cristo.
“Por isso os Rosacruzes esperam, ardentemente, o dia em que as rosas floresçam na cruz da humanidade; por isso os Irmãos Maiores saúdam a alma aspirante com as palavras de saudação Rosacruz: “Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz”; e é por este motivo que essa saudação é usada nas reuniões dos Núcleos da Fraternidade pelo dirigente, ocasião em que os Estudantes, Probacionistas e Discípulos presentes respondem à saudação dizendo: “E na vossa também”.
“Ao falar de sua purificação, São João (IJo 3: 9) diz que aquele que nasce de Deus não pode pecar, porque guarda dentro de si a sua semente. Para progredir é absolutamente necessário que o aspirante seja casto. Todavia, deve-se ter bem presente que a castidade absoluta não é exigida enquanto o ser humano não tenha alcançado o ponto em que esteja apto para as Grandes Iniciações, e que a perpetuação da raça é um dever que temos para com o todo. Se estivermos aptos: mentalmente, moralmente, fisicamente e financeiramente, podemos executar o ato da geração, não para gratificar a sensualidade, mas como um santo sacrifício oferecido no altar da humanidade. Tampouco deve ser realizado austeramente, em repulsiva disposição mental, mas sim numa feliz entrega de si mesmo, pelo privilégio de oferecer a algum amigo que esteja desejando renascer, um corpo e ambiente apropriados ao seu desenvolvimento. Desse modo estaremos também o ajudando a cultivar o florescimento das rosas em sua cruz”[2].
Sobre os símbolos nos livros, a senhorita Lizzie Graham escreveu, na Rays de janeiro de 1919 na página 358, o seguinte: “Quantas vezes não olhamos para a capa do Conceito Rosacruz do Cosmos e as outras publicações e percebemos que é um bom projeto e bem singular. E nos perguntamos quem o desenvolveu e se tem algum significado. O que segue são os pensamentos de alguém que, por várias vezes, tentou interpretá-lo.
Do lado inferior da capa tem duas flores-de-lis, simbolizando a Trindade Divina: Pai, Filho e Espírito Santo. Contudo, como na Época aqui proposta somente o Pai e o Espírito Santo estavam ativos, temos apenas duas folhas da flor pintadas de vermelho e, portanto, indicando energia.
Vemos os seres criados como duas linhas subindo, por um tempo, com dois Corpos ativos, os Corpos Denso e Vital. Contudo, depois de um tempo o Corpo de Desejos é acrescentado, representado pelo vermelho das linhas que sobem[3].
Apesar das linhas parecerem iguais, elas são totalmente diferentes. A do lado esquerdo, em nossa literatura conhecidos como os filhos de Caim, estão repletos de energia positiva e são os artesãos no mundo, os maçons, que abrem o seu caminho através da vida ultrapassando os obstáculos, pois sabem que isso reforça o caráter. Eles trabalham com o intelecto, demonstrado pela lâmpada que tem nove raios saindo da chama, que escolheram o caminho positivo, por meio do estudo esotérico.
O outro lado desenvolve o lado coração da vida. A chama divina tem apenas oito raios, um caminho negativo (passivo). Eles, que seguem este caminho, querem um líder, alguém para seguir, alguém para adorar. Eles são as pessoas da Igreja e que obedecem aos ensinamentos de seus líderes.
As linhas de vida seguem para cima, lado a lado, até que chega um ponto em que os sábios e os amorosos que lideram a nossa evolução decidem que, para continuar esta evolução, é necessário unir as duas linhas, e tem o plano de conseguir isto por meio da construção de um Templo, para os crentes, pelos artesãos e que as duas linhas irão se unir em um místico mar fundido. Podemos ver este impulso maravilhoso pelo cálice que em ambos os lados sobe, preenchido com o vermelho do vinho da vida. Pode se ler esta história na construção do Templo do Rei Salomão. Este plano foi frustrado pela traição dos filhos de Seth que ficam do lado direito. A seguir eles se afastaram um do outro mais do que em qualquer tempo antes.
Um estado grave é demonstrado pelo fato de alguns caírem no materialismo. Contudo, a raça humana continua vivendo e progredindo, o crente e o cientista, o místico e o ocultista, cada um seguindo seu caminho, independente do outro, até que foi atingido um estado tal de materialismo que os líderes espirituais viram um grande perigo para o futuro. Para impedir que o plano de desenvolvimento fosse frustrado, foi permitido a destruição em massa de corpos dos seres humanos. Veja a ruptura em ambos os lados. Contudo, este desastre tem o efeito desejado; vemos, agora, uma grande força e ambos os lados se viram novamente em direção um do outro, onde logo conseguirão se unir.
Embaixo vemos mais um símbolo, tão pequeno que pode ser negligenciado facilmente. Aqui está uma cruz preta pequena, que representa o Corpo Denso. Numa ampliação da cabeça da cruz vemos um coração. Coração e Cabeça se reconciliaram, e a consequência pode ser vista no feixe de propagação, no Corpo-Alma resultante.
Mas, outro símbolo está bem no meio, a Rosacruz. O braço inferior representa a vida vegetal, que recebe o alimento pela raiz. Um dia, fomos como as plantas. Os braços que cruzam são o símbolo de nossa passagem pelo estágio animal, com sua espinha horizontal. O braço superior representa a Mente que é a característica do ser humano, e a linda estrela simboliza o Dourado Manto Nupcial que nos tornará divinos”.
Como a Sede Central recebeu algumas perguntas de porque a rosa branca não está desenhada na versão do Emblema da Fraternidade que aparecem nos livros, cartas, envelopes e etc., foi explicado na edição do Echoes de julho de 1985: “A rosa branca simboliza pureza de coração e também a laringe com a qual o ser humano, quando estiver puro, falará a palavra criadora; é a parte mais sagrada do emblema. Ela atrai e emite uma força que deve ser admirada com muito respeito. Por esta razão consideramos inadequado imprimir a rosa branca na versão do emblema que é utilizado em produtos materiais, comerciais e anexos dos trabalhos da Fraternidade. O emblema que permanece na Capela e no Templo em Mount Ecclesia, que contém a rosa branca, é coberto por uma cortina que a tira da vista, e apenas durante algumas ocasiões como nos rituais do templo e de cura. O emblema na Capela do Setor de Cura, que também contém uma rosa branca, está constantemente descoberto. Contudo, esta capela é visitada apenas por pessoas que sinceramente e conscientemente rezam pela sua cura, ou por aqueles que urgentemente pedem por auxílio espiritual”.
Where are you going my pretty Maid?[4]
Celebrated
English Ditty
Of the olden time
With
New symphony & accompaniment
By
R. Gaythorne
London composed by I. Nathan.
W. Marshall & Co.
7 Prince St.
Oxford Circus. W.
‘Where are you going, my pretty maid?
Where are you going, my pretty maid?’
‘I´m going a milking’, ‘sir’, she said,
‘sir’, she said, ‘sir’, she said.
‘I´m going a milking’, ‘sir’ she said.
‘Shall I come with you, my pretty maid?
Shall I come with you, my pretty maid?’
‘Oh, yes, if you please’, kind ‘sir’, she said.
‘sir’, she said, ‘sir’, she said.
‘Oh, yes, if you please’, kind ‘sir’, she said.
‘What is your father, my pretty maid?
What is your father, my pretty maid?’
‘My father ´s a farmer’, ‘sir’, she said.
‘sir’, she said, ‘sir’, she said.
‘My father ´s a farmer’, ‘sir’, she said.
‘Shall I marry you, my pretty maid?
Shall I marry you, my pretty maid?’
‘Oh, yes, if you please, kind sir’, she said.
‘sir’, she said, ‘sir’, she said.
‘Oh, yes, if you please, kind sir’, she said.
‘And what is your fortune, my pretty maid?
And what is your fortune, my pretty maid?’
‘My face is my fortune, sir’, she said,
‘sir’, she said, ‘sir’, she said.
‘My face is my fortune, sir’, she said.
‘Then I can´t marry you, my pretty maid,
Then I can´t marry you, my pretty maid.’
‘Nobody axed you, sir’, she said,
‘sir’, she said, ‘sir’, she said.
‘Nobody axed you, sir’, she said.
TRADUÇÃO
Para onde está indo, minha querida menina?
“Para onde está indo, minha querida menina?”
“Para onde está indo, minha querida menina?”
“Eu vou tirar leite, senhor”, disse ela.
“Senhor”, ela disse, “senhor”, ela disse
“Posso ir com você, minha querida menina?
Posso ir com você, minha querida menina?”
Claro, se o senhor assim quiser, senhor, disse ela.
O que o seu pai faz, minha querida menina?
Meu pai é fazendeiro, senhor, disse ela.
Posso me casar com você, minha querida menina?
Com certeza, se o senhor assim quiser, senhor, disse ela.
E qual é a sua fortuna, minha querida menina?
Meu rosto é a minha fortuna, senhor, disse ela.
Então não poderei me casar com você, minha querida menina.
Ninguém pediu isto, senhor, disse ela.
BEN BOLT[5] Or Oh! Don´t you remember
A
Ballad
Ent. Sta. Hall
London
Published by R. Mills,
140 New Bond St.
Oh! Don´t you remember sweet Alice, Ben Bolt,
Sweet Alice with hair so brown;
She wept with delight when you gave her a smile,
And trembled with fear at your frown:
In the old churchyard, in the valley, Ben Bolt,
In a corner obscure and alone,
They have fitted a slab of granite so grey,
And sweet Alice lies under the stone.
Oh! Don´t you remember the wood, Ben Bolt,
Near the green sunny slope of the hill;
Where oft we have sung ‘neath its wide spreading shade,
And kept time to the click of the mill:
The mill has gone to decay, Ben Bolt,
And a quiet now reigns all around,
See the old rustic porch with it roses so sweet,
Lies scatter´d and fallen to the ground.
Oh! Don´t you remember the school, Ben Bolt,
And the master so kind and true;
And the little nook by the clear running brook,
Where we gather´d the flow´rs as they grew:
On the master´s grave grows the grass, Ben Bolt,
And the running little brook is now dry,
And of all the friends, who were school mates then,
There remain Ben, but you and I.
TRADUÇÃO
BEN BOLT
Ou
Oh, você não se lembra?
Uma balada
Oh, você não se lembra da doce Alice, Ben Bolt,
A doce Alice dos cabelos castanhos?
Ela chorou de alegria quando você lhe deu um sorriso,
E tremia de medo de seu olhar severo:
No antigo cemitério, no vale, Ben Bolt,
Em um canto escuro e sozinho,
Colocaram uma laje de granito tão cinza,
E Alice se encontra sob aquele granito.
Oh! Você não se lembra do bosque, Ben Bolt,
Perto da encosta verde da colina ensolarada;
Onde várias vezes cantamos em sua sombra tão ampla,
E marcávamos o tempo com o clique do moinho:
O moinho está em decadência, Ben Bolt,
E agora domina o silêncio por toda parte,
O antigo portão rústico com suas rosas
Agora está caído no chão.
Oh! Você não se lembra da escola, Ben Bolt,
E o mestre tão amável e sincero
E o pequeno recanto junto ao rio de águas límpidas
Onde nós colhíamos as flores, que cresciam lá?
Na sepultura do mestre cresce a grama, Ben Bolt,
E o riozinho agora está seco
E de todos os amigos, que foram colegas de escola,
Somos nós Ben, os únicos que sobramos.
Aqui segue alguns mapas natais de pessoas e acontecimentos presentes nesta biografia, pelo que eu primeiramente focalizo ao leitor que é conhecedor de Astrologia[6].
Deve se notar que foi utilizado o sistema de Casas de Campanus, que Plutão é conhecido como pertencente à Áries, e é utilizado 35 Aspectos, onde o funcionamento é demonstrado da melhor forma possível. Estes Aspectos estão fundados no trabalho de Johannes Kepler ‘A Harmonia do Mundo’, livro 4, capítulo 5[7].
A Lua foi calculada para sua posição exata (eliminação da paralaxe); os Mapas de: Studion, Hess, Haslmayr, Andreae e Fludd foram calculados com o ajuste do tempo, o que é necessário para aquele período, e as datas foram transformadas para o calendário gregoriano ou tempo moderno.
Na tabela acima estão exibidos: os graus, símbolos, operação + ou – e a órbita. Os símbolos dos Aspectos, para os que não existiam, foram desenvolvidos por mim. As progressões e eventuais correções do momento do nascimento foram calculados pela chave: 1 ano tropical ou solar é igual a 1 dia solar.
Adendo 12 – Mapas Natais: Simon Studion
Simon Studion nasceu, pelo calendário antigo, no dia 6 de março de 1543, entre 6 e 7 horas em Urach, 48.30.00 N.Br. e 9.24.12 O.L. Conforme nosso tempo moderno isto foi 10 dias depois, portanto, no dia 16 de março de 1543. Oficialmente o calendário antigo ou Juliano terminou em 15 de outubro de 1582. Então entrou o calendário gregoriano, ou moderno, porque o antigo estava 10 dias atrasado. Embora nem todos os países fizesse a mudança para o calendário moderno, todos os programas de computador calculam automaticamente os nascidos antes de 15 de outubro de 1582 para o calendário moderno. Isto significa que para Simon Studion devemos inserir a data conforme o calendário antigo, e também suas progressões.
Para calcular a data exata do nascimento foram utilizadas as seguintes informações:
Adendo 12 – Mapas Natais: Tobias Hess
Em seu elogio a Tobias Hess – um homem sem igual-imortal[12] – Johann Valentin Andreae escreveu sobre seu amigo Tobias Hess: ‘É preciso imaginar um homem de postura ereta, com uma testa sem rugas, olhos vivos, nariz afilado, um rosto amigável, mãos delicadas, membros poderosos e sempre cheio de movimento’. Ele nasceu em 10 de fevereiro de 1568[13], em Neurenberg. Seu pai era Frederik Hess, senador em Neurenberg. Ele estudou direito e seguiu esta profissão por um tempo. Ele também aprendeu Hebreu, Grego e Latim e se dedicava à poesia, história, mecânica e matemática. Ele também tentou construir um movimento perpétuo. Sua mãe despertou nele o interesse pela medicina, por meio de seu farmacêutico. Ele também se tornou um excelente teólogo. Ele tinha uma memória louvável e citava páginas inteiras da Bíblia, tanto em Alemão quanto em Latim. ‘Nesse meio tempo sua Casa se tornou bem povoada, graças à fertilidade de sua esposa’, conforme Andreae, pois ele teve 12 filhos. Ele tinha diversos problemas com as autoridades, tanto por suas ideias quanto pelas práticas ilegais dos métodos de cura de Paracelso. Apesar de até o fim estar bem mentalmente, ele fica acamado. Ele permanece muito tempo doente, se definha totalmente e acaba falecendo no dia 4 de dezembro de 1614.
O Senhor Gilly fez todo o possível para descobrir se em algum lugar estava mencionado o horário de nascimento, infelizmente não conseguiu descobrir. Ele conseguiu me enviar as informações sobre Hess e sua família que se encontravam nos arquivos da Biblioteca da Universidade de Tübingen.
Não foi encontrada nenhuma gravura de Tobias Hess; a descrição acima de Andreae faz pensar em um Ascendente de Signo de Ar. De seu casamento é falado que não era feliz. Tendo Aquário como Ascendente tem o regente da Casa 7 na 1, o que indica uma esposa dominante. Tentamos corrigir seu mapa com auxílio dos acontecimentos. Isto parece especulativo para os céticos, mas os Astros e seus Aspectos sugerem muito sobre este homem especial. Tendo Sagitário no MC com Júpiter nele demonstra seu interesse em estudar direito, enquanto o regente (naquela época co-regente) de Aquário em Virgem demonstra interesse em medicina; e com Marte na 6ª Casa, a prática para isso. O Sol na primeira Casa demonstra que ele não tinha medo. A 9ª Casa é a dos processos, ações judiciais. O regente desta, Marte na 6ª Casa (160 graus) está harmônico com o Ascendente demonstrando que ele como advogado estava pronto para lutar. Também mostra que por meio de seu trabalho, praticar a medicina sem autorização, também teria problemas com a justiça.
Andreae descreve Hess como uma pessoa muito pacífica, sempre disposto a ajudar outras pessoas e tido como alguém que perdoava seus oponentes. Aqui acrescentamos Netuno harmônico ao Ascendente que traz a ideia de que ele era um Irmão Leigo da Ordem Rosacruz e, igualmente a Max Heindel, tinha uma mensagem a trazer por meio do Fama Fraternitatis RC e do Confessio Fraternitatis RC. Se Hess escreveu totalmente sozinho ou com a ajuda de Andreae e outros, sobre isto os historiadores não são unânimes. Contudo, o que todos concordam é que Hess era o ponto central em todo caso.
Tobias Hess nasceu no dia 10 de fevereiro de 1568 em Neurenberg, que fica 49:47:10 LN e 11:04:40 LE. O horário do nascimento é desconhecido. Conforme as descrições pessoais de Andreae, Aquário pode ser seu Ascendente. Então Sagitário estaria no MC o que encaixa muito bem, tanto para um advogado quanto um médico. Se isto é certo vai aparecer nas Progressões. Como o tempo, naquela época, era determinado por meio de um relógio de sol, devemos aplicar corretores de horário. Considerando um nascimento às 7:12:04 LMT encontramos as seguintes Progressões para umas quatro ocasiões onde as datas são conhecidas:
Após encontrar estas progressões seu nascimento deve ter sido às 7:12:04 LMT, gerando o Mapa Natal acima. Isto coincide com um GMT de 6:27:46 e uma Hora Sideral de 16:29:16.
Adendo 12 – Mapas Natais: Adam Haslmayr
Adam Haslmayr nasceu no dia 31 de outubro de 1562, conforme o calendário antigo em Bozen no Tirol, que hoje se chama Bolzano, 46.29.13 NL e 11.23.09 LL Conforme nosso calendário o nascimento foi 10 dias depois, portanto, em 10 de novembro de 1562, Áustria, onde o Sul do Tirol pertencia então, mudou para o calendário novo por volta de 1584.
Encontrar o horário do nascimento de Haslmayr é dificultado porque não existe nenhuma gravura dele, e também não há uma descrição de sua personalidade. Apenas sabemos que ele foi organista por profissão, professor, contador e praticava o método de cura de Paracelso.
Para determinar o horário do nascimento foram usados os seguintes dados:
Adendo 12 – Mapas Natais: Johann Valentin Andreae
Johann Valentin Andreae nasceu, conforme nosso tempo atual ou calendário Gregoriano, no dia 27 de agosto de 1586, em Herrenberg 48.35.25 NL, 8.52.15 EL. Conforme sua autobiografia Vita, foi entre as 6 e 7 horas. Este mesmo horário encontramos na Bíblia da Família e no registro do Batismo. Schick diz que Andreae tinha contato por escrito com Johannes Kepler[14]. O desenho do Mapa Natal no Collectaneorum mathematicum de Andreae foi, provavelmente, calculado por Kepler, e, portanto, para 6:30 h[15].
Para determinar a hora correta foram utilizados os seguintes acontecimentos, todos calculados conforme o calendário Gregoriano, que são dez dias depois porque Württemberg só mudou para o Calendário Gregoriano em 1700.
Mais duas considerações:
Adendo 12 – Mapas Natais: Carl Louis Fredrik Grasshoff (Max Heindel)
Conforme o registro do batismo de Aarhus na Dinamarca, Carl Grasshoff – que na América mudou seu nome para Max Heindel – nasceu no dia 23 de julho de 1865. Não foi indicado um horário, mas isto pode ser tirado de seu próprio cálculo de Mapa Natal, que se encontra no Mensagem das Estrelas, traduzido para o holandês com o título Astrologiehandkboek; de boodschap der sterren[16] e também Handboek voor astrologie[17], mapa natal número 3. Para o correto cálculo de suas três Iniciações, foi utilizado, primeiramente, as informações dos acontecimentos abaixo para o cálculo da hora exata de seu nascimento. Para tanto foram utilizados:
O resultado destas correções dá a hora de nascimento em 4:32:08 LMT, 3:51:20 GMT e 00:35:44 ST; uma hora que é praticamente a mesma que o próprio Max Heindel utilizou. Seu Mapa Natal é o demonstrado acima.
Baseado neste Mapa, acertado pelo horário, segue então o cálculo das progressões durante suas Iniciações, dos quais infelizmente nem todas as datas são conhecidas.
1ª Iniciação: aproximadamente em 20 de maio de 1908 – Arco primário: 2:41:40; Hora Sideral (ST) progredida: 3:17:24; Ascendente primário Virgem 3:11:45 Semisextil Ascendente/Sol = 3:27; Cúspide 8: Áries 4:02:35 estava 40:09 em Plutão. Os Astros progredidos: Sol em Virgem 11:25:18, estava 35:51 com a Lua. A Lua 18:55:10 estava 167:13 de Lua/Ascendente; Mercúrio progredido em Virgem 18:05:27, Retrógrado, estava 44:38 Sol/Ascendente e 12:15 de Marte. Vênus progredido em Leão 1:05:26 estava 19:53 de Mercúrio. Marte progredido 2:56:27 estava em exato Sextil de Sol/Lua.
2ª Iniciação: aproximadamente, em 19 de abril de 1910 – Arco primário 2:48:18; Hora Sideral (ST) progredida 3:24:02. O MC primário em Touro 23:23:58, estava 71:57 com a Lua. O Ascendente Virgem 4:16:59, estava 143:43 com Netuno. Cúspide 8, Áries 5:17:25 estava 119:43 com Lua e 105:15 com Júpiter. Os Astros progredidos: Sol em Virgem 13:15:05, nada. Lua em Peixes 17:20:36, nada. Mercúrio em Virgem 16:16:15, estava 74:46 com Urano e 155:42 com Netuno. Vênus primário em Leão 3:15:42 estava em Conjunção com Sol/Ascendente. (3:27) e 17:42 Mercúrio. Marte primário em Libra 4:09:50 estava 20:01 com Saturno.
3ª Iniciação: aproximadamente 22 novembro de 1910 (portanto apenas 7 meses após a 2ª Iniciação) – Arco primário: 2:50:33; Hora Sideral (ST): 3:26:17. O Ascendente primário em Virgem, 4:39:11, estava a 79:55 de Vênus e 144:05 de Netuno. A Cúspide da 8ª Casa, Áries 5:42:52, estava em Trígono com a Lua (5:34:23 Leão. O Sol primário (13:51:17 Virgem) estava 20:40 de Saturno e 96:11 de Júpiter. A Lua primária (26:18:56 Peixes) estava 159:31 de Marte e 96:17 de Júpiter. Vênus primário (3:58:43 Leão) estava 80:12 de Saturno e 79:50 de Plutão. Marte primário, finalmente, estava 4:34:03 Libra, portanto 140:26 de Plutão.
4ª Iniciação: aproximadamente 6 de julho de 1913 – Arco primário: 2:59:59; Hora Sideral (ST): 3:35:43. O Ascendente primário: Virgem 6:11:56, estava 47:56 Saturno. A cúspide da 6ª Casa, Capricórnio 28:31, estava 72:03 de Netuno. O Sol primário, 16:24:01 Virgem, estava 39:43 com o Ascendente e 75 graus com Urano. Urano primário, Peixes 3:30:46, estava Semisextil com o ponto médio de Sol/Ascendente (Leão 3:28:03), enquanto Saturno, em trânsito, estava 54:26 com Ascendente, 83:34 com Marte e 47.59 com a Lua.
Adendo 12 – Mapas Natais: Cathy Wallace
Conforme o ‘Registro de Nascimentos do Distrito de Clyde’ Cathy Wallace nasceu no dia 4 de janeiro de 1869, às 9:00 h GMT na Carrick Street 63, em Glasgow, 55:51:29 NL; 4:15:58 WL. Como de conhecimento geral, naquele tempo, os horários de nascimento eram arredondados e muito duvidosos. Por este motivo corrigimos o Mapa Natal dela utilizando as seguintes informações:
Adendo 12 – Mapas Natais: Augusta Foss
Ela nasceu no dia 27 de janeiro de 1865, às 17:15:37 LMT (Hora Local), 22:45:40 GMT e 1:44:29 Hora Sideral, a 18 km ao Sul de Mansfield (Bellville?), no Estado de Ohio (40:37:12 N.L. e 82:30:39 W.L.. O Mapa Natal dela está no Livro Astrodiagnose e Astroterapia, Capítulo XI. Neste capítulo a Sra. Heindel, como se chama posteriormente, descreve as progressões de um resfriado que ela pegou e que se tornou uma pneumonia dupla. Uma situação muito crítica, dado que o médico britânico Dr. Alexander Fleming ainda tinha que descobrir a penicilina em 1929. Ela cita como causa disto a progressão da Lua em Virgem (28:26) em Quadratura com Urano (25:55) em Gêmeos, em uma órbita bem ampla. Como a Lua caminhava quase 11:49 por ano, ou 1 grau por mês, a duração foi, aproximadamente, de 2 meses e meio. Depois ela cita Marte Progredido 21:01 em Gêmeos em Quadratura com Vênus em Peixes à 22:32. Marte, então, caminhava 1 grau por ano, o que significa uma duração de 1 ano e meio. O Mapa também não está calculado de forma correta; por exemplo: Mercúrio está conforme os cálculos dela em Capricórnio à 13:44, que deveria ser 13:09. Por isto o Mapa será corrigido considerando os seguintes acontecimentos.
Adendo 12 – Mapas Natais: Rudolf Joseph Lorenz Steiner
Rudolf Steiner nasceu no dia 25[18] de fevereiro de 1861 em Donji-Kraljevec, antigamente na Hungria, hoje na Croácia em 45:59:02 L.N. e 15.43.37 L.E. Allan Leo publicou em A Thousand and One Notable Nativities[19] os dados no nascimento de Steiner e cita Marie von Sivers como fonte de informação. Na Croácia tem três cidades com o nome Kraljevec, mas a revista Rudolf, da Antroposofia de junho de 2011, fornece na pág. 14 seu local de nascimento e também a casa. Em 1861 valia o LMT (Hora Local). O Mapa Natal foi corrigido utilizando os seguintes acontecimentos e Aspectos.
Os seis acontecimentos descritos foram utilizados para calcular a hora exata do nascimento, o que confirma ser 23:15:00 LMT, com 22:08:24 GMT e ST 9:37:59. O que dá o Mapa Natal acima.
Ainda uma sucinta explicação: Anna Eunike, a primeira esposa, é indicada por Vênus. O Ascendente e Vênus indicam o casamento. Vênus Progredido em Quincúncio com o MC mostra que o casamento, com uma mulher mais velha naquele tempo, deve ter dado um rebuliço. O segundo casamento com Marie von Sievers é indicado pelo Ascendente Progredido, Sagitário 107:57 com Mercúrio, que está na 5ª Casa, namoro, e é Regente da 7ª Casa, casamento. A destruição com o incêndio no Réveillon é demonstrada bem significativamente por MC Progredido 167:42 com Marte, fogo. Para o falecimento olhamos para a 8ª Casa, com seus Regentes Mercúrio e Lua. Naquele momento Marte, Regente do Ascendente, estava em Quadratura com Lua; o Ascendente Progredido em Quadratura com Mercúrio/Netuno. Steiner falou que ele foi envenenado3. De qualquer forma, Netuno simboliza o secreto e o veneno.
Os Irmãos Maiores da Rosacruz provaram Steiner. Max Heindel diz que Steiner falhou na prova quando ele escolheu ser o Secretário Geral da Sociedade Teosófica na Alemanha, e isto aconteceu em 20 de outubro de 19024. Naquele dia haviam muitos Aspectos progredidos ativos, mas se destaca o Aspecto Ascendente Progredido 105:45 de Mercúrio e 108:45 de Netuno. Vênus em Quincúncio com Ascendente, mas principalmente Saturno Progredido (Virgem 3:14:33 R) 106:45 com o ponto médio de Mercúrio e Netuno. Saturno é o Guardião do Umbral, o provador, e Mercúrio, que pertence a 8ª Casa do ocultismo, e Netuno é o Astro dos Mundos Espirituais e da Iniciação.
Adendo 12 – Mapais Natais: Fraternidade Rosacruz – SEDE MUNDIAL – Fundação da Fraternidade Rosacruz
A Fraternidade Rosacruz foi fundada durante uma Palestra de Max Heindel no domingo à tarde, 8 de agosto de 1909, às 15.00.00 PST em Seattle, WA, EUA, 47:36:23 N. L., 122:19:51 O.L. A GMT era então 23:00:00 e a ST 11:57:54.
Adendo 12 – Mapais Natais: Fraternidade Rosacruz – Compra do Terreno, em Oceanside, Califórnia, EUA
O terreno, onde pouco tempo depois se encontraria a Sede Central da Fraternidade Rosacruz, Mount Ecclesia, foi comprada no dia 3 de maio de 1911 às 15:30 horas PST, que é 23:30:00 GMT e ST 6:23:27; no banco de Oceanside, 33:11:45 N. L. e 117:22:43 W.L.
Adendo 12 – Mapais Natais: Fraternidade Rosacruz – Cerimônia de Inauguração de Mount Ecclesia
No dia 28 de outubro de 1911 às 12:40 PST (20:40:00 GMT e 15:14:55 ST) o terreno foi inaugurado ficando uma Cruz. Mount Ecclesia fica à 33:11:45 N.L. e 117:22:43 W.L.
Adendo 12 – Mapas Natais: Rollo Smith
Conforme sua certidão de óbito[20], Ralph Smith nasceu no dia 9 de novembro de 1862 em Clarksville, no Município de Clinton, em Ohio (39:24:05 N.L e 83:58:53 O.L.). Naquele tempo não havia o costume de se anotar o horário do nascimento. Na foto de grupo, Rollo se destaca bem acima das outras pessoas. Ele era bem comprido e magro, sofreu por mais de 20 anos de tuberculose, do que faleceu no dia 9 de janeiro de 1930. De resto era de conhecimento que ele tinha a profissão de marceneiro; mais tarde se tornou empresário e que se casou no dia 17 de junho de 1903. Seu Mapa Natal não aparece nem na Mensagem das Estrelas e nem no Astrodiagnose e também não consta dos arquivos de Mount Ecclesia. Para o cálculo de seu horário de nascimento existem apenas dois eventos conhecidos.
O Resultado dá o Mapa acima com uma LMT de 13:00:00, GMT de 18:35:56 e Hora Sideral de 16:14:42.
Rollo Smith enfrentou seu Guardião do Umbral, que barra o acesso aos Mundos Espirituais, em um dos últimos dias em que ajudava Max Heindel com a construção do primeiro Prédio. O que deve ter sido por volta de 24 de novembro de 1911. Arco Primário 3:31:15. Então estavam ativas as seguintes progressões: Ascendente Primário, Touro, em 12:04:16, estava então a 40:16 da Lua e 139:51 de Saturno. Saturno Progredido, Libra 5:16:00, estava 132:34 do Ascendente, o que deve ser considerado de forma ampla, mas o Sol Progredido em Capricórnio 6:53:21 estava 84:29 de Netuno e 90:06, portanto quase exato em Quadratura com Marte.
Adendo 12 – Mapas Natais: Sr. X, alias Dr. W
Este Mapa, com sua descrição, está publicado na Rays from Rose Cross de maio de 1916, nas páginas 16 e 17. Com o recálculo aparecem alguns erros de distração. Quando o Mapa é calculado para 38 N.L, e 94 O.L. às 6:00 LMT, dá uma GMT de 12:16:00 e uma Hora Sideral de 8:26:57, e aparece que no cálculo feito na Rays from Rose Cross houve um erro de soma na posição da Lua que foi arredondado não para 00:41 e sim para 00:51, e com Marte não com 17:20, mas está 17:30. Na 11ª e 12ª Casas, conforme o sistema de Placidus, nunca pode ter 0 grau com a Hora Sideral e Latitude Norte. Arredondando deveria ser na 7 Virgem na 11ª Casa (Libra) e na 12ª Casa.
Calculando o Mapa novamente conforme Campanus e corrigindo a Lua para Parallax fica conforme acima. A posição geográfica mostra que ele nasceu na região de Hutchinson, Kansas, EUA, que fica ao norte de Wichita.
No Ascendente está 29:46 Libra, com o Regente Vênus. Este faz um Aspecto (harmônico) de 165 graus com Júpiter, que está em Câncer. Júpiter, por sua vez, está em Trígono com o Ascendente, o que demonstra o interesse, entre outros, pela profissão de médico. Contudo, também Escorpião está no Ascendente, com seu Regente Marte nele e o Sol, o que demonstra interesse em cirurgias. O Aspecto harmônico (164:53) entre Vênus e Júpiter, que está em Câncer, faz com que a pessoa goste de comer bem, portanto este homem tinha uma postura “rechonchuda”, conforme Max Heindel escreve. Contudo, este Aspecto também dá, com Vênus, que está na 2ª Casa, a das Finanças, com o Sol também harmônico, que o homem tinha abundância em dinheiro.
Netuno é o Astro que simboliza os Mundos espirituais. Netuno harmônico com Mercúrio (156 graus) demonstra poder espiritual neste homem. Netuno está adverso com o Ascendente, o que demonstra seu vício em estimulantes e anestésicos fazendo com que ele não conseguisse lembrar o que acontecia à noite, quando ele deixava seu Corpo. Netuno também está em Oposição à Marte, o Regente do Ascendente. Uma Oposição é um aspecto de escolha entre o bem e o mal. Se Netuno estivesse em Quadratura com Marte, com certeza, este homem teria se sentido atraído para a magia negra. Por sorte, este não é o caso, mas sim é um sinal de que este homem precisa tomar muito cuidado para não escorregar para este lado.
Adendo 12 – Mapas Natais: um Guardião do Umbral
Este Horóscopo número 2, do Livro Mensagem das Estrelas, considerando o assunto único, merece ser comentado aqui. Resumidamente Max Heindel diz: “Este Horóscopo demonstra um dos estados mentais mais marcantes que eu já encontrei. No outono de 1910 um amigo me contou uma história triste de um jovem que estava entravado em sua cama, ficava deitado de bruços e apoiado nos cotovelos, olhando fixamente para um canto de seu quarto, como que hipnotizado enquanto seu corpo tremia e ele soluçava e gemia. Atendendo ao pedido do meu amigo fui visitar o infeliz jovem e vi que o objeto que atraía tanto sua atenção, com a mesma força que uma serpente enfeitiça um pássaro para depois devorá-lo, era um elemental, tão terrível, como nunca havia visto antes. Parecia uma massa gelatinosa e disforme, com vários pontos onde havia olhos verdes enormes. Em intervalos de alguns segundos saía algo pontiagudo de pontos inesperados, parecendo espadas, que perfuravam o jovem. Depois, mesmo o monstro não tendo boca para poder rir, parecia convulsionar de prazer pela dor e pavor que provocava. Em outro momento parecia que um dos olhos se transformava em uma tromba que se aproximava do jovem e fixava seu olhar com uma força vinculativa e intensidade aterrorizante”.
“De pé ao lado da cama, enviei uma corrente de força para a base do crânio da pobre vítima e o atraí para mim com muita força para tentar quebrar o encantamento. Contudo, o demônio tinha a consciência do jovem tão forte em seu poder que havia o risco de romper a ligação entre a alma e o Corpo. Por isto parei com a minha tentativa de ajudá-lo, apoiado pela minha inexperiência de lutar com o elemental em seu próprio terreno. Contudo, naquela noite os Irmãos Maiores me aconselharam a ser cuidadoso e pesquisar primeiro a natureza do monstro antes de tomar qualquer ação. Pesquisando na ‘Memória da Natureza’ trouxe à luz que numa vida anterior o espírito do jovem havia sido um Iniciado da Ordem Jesuíta. Que então ele era um fanático fervoroso, muito cruel e insensível, mas muito impessoal, com nenhum outro objetivo em sua vida a não ser servir à Ordem. Sacrificava, sem qualquer escrúpulo, a saúde, a riqueza, a reputação ou a vida de outros para que a Ordem fosse beneficiada. Ele mesmo teria se imolado de livre vontade, pois era sincero até o âmago de sua alma. O amor era tão estranho à sua natureza quanto o ódio, mas o sexo tinha um poder desmedido sobre ele. Isto dilacerava sua alma forte, embora nunca o tenha dominado. Era demasiado orgulhoso para mostrar sua paixão, mesmo para quem o pudesse satisfazê-la. E assim desenvolveu o vício secreto. Não se deve pensar que ele se tornou um escravo daquele vício. Ele, o espírito imortal, lutava contra sua natureza inferior com preces, castigos, jejuns e todos os outros meios concebíveis. Às vezes, achava que havia dominado, porém, quando menos esperava, o animal dentro dele se reanimava e a guerra se travava mais violenta do que nunca. Muitas vezes ele ficou tentado a mutilar-se, mas desprezava este método por considerá-lo indigno de um homem, especialmente quando esse homem havia tomado os votos do sacerdócio. Finalmente sucumbiu ao esforço. O vigor da virilidade foi seguido do período da meia-idade, com saúde delicada. Dores constantes aumentavam seu sofrimento mental, e a compaixão surgiu do sofrimento. Não era mais indiferente às torturas das vítimas do Santo Ofício. Sendo por natureza fanática e entusiasta em qualquer sentido que despendesse energias, o pêndulo logo oscilou para o outro extremo. À semelhança de São Paulo, lutou para proteger aqueles a quem ele próprio havia perseguido anteriormente, o que lhe valeu reprovação do Santo Ofício. Finalmente, com o corpo alquebrado, mas com o espírito corajoso, caiu vítima da tortura que infligira a muita gente”.
“Pela sinceridade de sua natureza, e pela última parte de sua vida, ele conquistou o direito de ser admitido em uma Escola de Mistérios, e preparou-se para o privilégio de trabalhar como Auxiliar Invisível em vidas futuras. A Lei de Associação levou-o a renascer no seio de uma família americana, de que antes fora amigo, dela recebendo uma constituição nervosa adequada ao elevado grau vibratório requerido para sua experiência. Ele se tornou vítima da corporificação demoníaca de seus antigos atos, a terrível criatura conhecida pelos místicos como ‘Guardião do Umbral’. Pelo qual o neófito deve passar para poder entrar conscientemente nos Mundos invisíveis. Esta pavorosa forma extraiu o seu ser dos atos cruéis cometidos pelo homem em sua vida passada. Alimentou-se das maldições de suas vítimas torturadas e saturou-se com o odor do sangue e suor delas, como é costume dos elementais. Era um monstro, no pleno sentido da palavra. A morte de seu progenitor deixou-o latente, mas, no novo horóscopo estava marcado o tempo para retribuição no relógio do destino”.
Para finalizar Heindel diz: “Com tantos bons Aspectos [em seu horóscopo] para ajudá-lo, é provável que ele não sucumba, de forma que quando o Sol progredido alcançar o Aspecto de Conjunção com Júpiter radical no horóscopo, e quando a Lua tiver saído da Quadratura com o Sol radical, uma condição evidentemente melhor pode ser esperada. Entretanto, o jovem deverá lutar sozinho contra o demônio criado por ele mesmo. Se o vício secreto não tivesse exaurido a vitalidade em sua vida anterior, o nascimento sob um Signo mais forte ter-lhe-ia proporcionado maior poder de resistência física e vitória mais certa”[22].
Então, este jovem de dezessete anos, nasceu no dia 3 de abril de 1893, às 9:00 CTS, o que resulta em uma GMT de 14:57:00 e uma Hora Sideral de 21:45:38. Ele nasceu em 43:00 N. L. e 90.50 W. L., o que confere com Dodgeville, um pouco ao leste de Madison, no Estado do Wisconsin.
Adendo 12 – Mapas Natais: Agatha van Warendorp-Zegwaard
Agatha Zegwaard nasceu, conforme a Certidão, no dia 24 de agosto de 1882 às 21:00 horas LMT em Nieuwer-Amstel, então chamada de Amstelveen, localizada em 52:18:24 N. L e 4:51:16 L.L. Isto dá um GMT de 20:40:35 e Hora Sideral de 19:12:04.
Ela era professora de inglês e se casou no dia 25 de julho de 1907, em Amsterdam, com Marinus van Warendorp que era professor de matemática e nascido em 21 de junho de 1877, às 2:00 horas LMT, em ´s-Gravendeel. Conforme era costume na época de um casal de professores, apenas um deles poderia continuar lecionando.
No dia 1 de setembro de 1910 a Senhora Van Warendorp se tornou vegetariana. Juntamente com uma amiga ela lia livros em inglês, mas queria parar com isso. O último livro em inglês que decidiram ler juntas, iniciando no dia 1 de outubro de 1916, foi O Conceito Rosacruz do Cosmos. Um ano depois a Senhora Van Warendorp se tornou membro da Rosicrucian Fellowship; no dia 2 de junho de 1919 ela se tornou Estudante Regular e adquiriu o direito de iniciar um Centro de Estudos[23].
Em 1913, quatro anos após o surgimento na América, a holandesa e teosofista, Senhorita A.J.J. Hattinga Raven, já havia traduzido o The Rosicrucian Cosmo-Conception para o holandês[24]. Apesar de já terem holandeses como membros da Sede Central, ainda não existia um Centro de Estudos[25].
Por volta de 1920, a data exata não é conhecida, ela iniciou um Grupo de Estudos em Amsterdam. Este Grupo de Estudos, que mais tarde se tornou um Centro, ficava na Overtoom 534. Senhora Van Warendorp liderava, com o apoio de seu marido. A relação com os membros era muito amigável; eles as chamavam de ‘moeke en onkel’ (NT: mãezinha e tio). Os primeiros membros da Holanda foram: André Peters, Klaas Wout e Jaap Kwikkel e o alemão Hugo Petzold, que em 1921 se filiou ao Centro de Amsterdam. Lá ele seguia as lições em holandês[26]. Em 1925 ele retornou a Dusseldorf e junto com Adolf Brinkmeyer – que até então era o único membro da Alemanha – Wilhelm Teich e Ernst Huser, fundaram o primeiro Centro da Alemanha.
No dia 14 de fevereiro de 1955 o Sr. Van Warendorp faleceu de leucemia. No início dos anos vinte a Senhora Van Warendorp começou com experimentos de contemplação de cristais o que resultou em uma confusão mental e ataques epiléticos. Quando eu a conheci em 1956, onde ela morava com a família Brohm na Vogelenzangstraat 45 em Amsterdam, não era mais possível ter uma conversa normal com ela. Ela faleceu no dia 14 de janeiro de 1970.
Por volta de abril/maio de 1924 os irmãos Jan e Wim Leene, que moravam em Haarlem, se filiaram para estudarem os Ensinamentos Rosacruzes sob a liderança da Sra. Van Warendorp. O mais velho Zwier Willem Leene nasceu no dia 7 de maio de 1892 às 15:30 horas em Haarlem; ele faleceu no dia 9 de março de 1938 de um ataque cardíaco. Seu irmão mais novo Jan Leene, também nasceu em Haarlem, no dia 16 de outubro de 1896, às 20:00 horas; ele faleceu no dia 17 de julho de 1968 por atrofiamento das forças. O pai deles, Hendrik Leene, que era comissionário, e sua mãe, Elsina Arp, moravam então em Korte Heerenstraat 18 em Haarlem[27].
A quantidade de associados do Centro de Amsterdam, tanto quanto dos outros Centros pelo País, cresceu rapidamente. Por isto foi decidido em 1925 fazer uma Editora com uma Livraria anexa, que ficava na Alberdingk Thijmstraat 4, em Amsterdam. No dia 15 de fevereiro de 1928 esta deixou de existir. Em seu lugar surgiu, na mesma data, a ‘Publicatie-Bureau van het Rozekruisersgenootschap’ (NT: Serviço das Publicações da Fraternidade Rosacruz), situado na Engelszstraat 11, em Haarlem. O segundo departamento era a Redação da Revista mensal, iniciada em dezembro de 1927: Het Rozekuis. Este departamento ficava em Kleverlaan 90, em Haarlem. Como terceiro departamento o ‘Abonnement em Advertentie administratie HET ROZEKRUIS’ (NT: Administração de Assinaturas e Anúncios da ROSACRUZ), situada em Kweektuinstraat 18, em Haarlem. Neste tempo havia na Holanda quatro Centros: Amsterdam, Haia, Haarlem (por volta de 1927, Kleverlaan 90, sob liderança de Jan Leene e seu irmão Wim[28]) e Baarn.
Em dezembro de 1929 a Senhora Van Warendorp precisou ser internada no hospital por causa de uma infecção nos rins e os irmãos Leene assumiram a liderança do Centro de Amsterdam, em 1930. Quando a Senhora Van Warendorp, após algumas semanas, retornou do hospital, os irmãos se recusaram em devolver a administração, que havia levado para Haarlem. Sobre esta questão a Sra. Augusta Foss Heindel foi questionada e esta deu seu apoio aos irmãos Leene.
Como dito anteriormente, havia um Centro em Haarlem, situado na Kleverlaan 90, depois na Hedastraat 36 e em 31 de agosto de 1929 na Bakenessergracht 13, onde mais tarde foram adquiridos mais prédios na Bakenessergracht, onde hoje ainda existe a Lectorium Rosicrucianum.
Pelo trabalho intenso que isto trazia consigo e porque o atacado em têxtil, que os irmãos haviam herdado do pai, não rendia mais, Jan Leene e, mais tarde, também o Wim, decidiram se dedicar exclusivamente ao trabalho da Fraternidade e também se sustentavam através dela. As propriedades no Centro de Haarlem e os planos de ampliação fizeram com que se formasse uma empresa jurídica. Assim em 1933 foi que surgiu a ‘Max Heindel Stichting’ (NT: Fundação Max Heindel).
Em 1919, logo após o falecimento de Max Heindel, que foi sucedido por sua esposa, surgiram dificuldades na Sede Central da Rosicrucian Fellowship e se formaram dois partidos. Cada um dos partidos tentava convencer os membros, tanto nos Estados Unidos da América quanto fora dela, que tinham o direito tanto à distribuição quanto à literatura. Em outubro de 1934 houve uma tentativa de finalizar a questão, pois, se esse problema realmente piorasse, implicaria em dificuldades para o quase autônomo Centro de Haarlem. Portanto foi decidido pelos membros que o Sr. Damme, Presidente do Centro de Haia, como representante da Holanda, fosse aos Estados Unidos da América.
Da Sede Central de Oceanside foi enviada uma carta no dia 25 de janeiro de 1935 para todos os Estudantes, Probacionistas e Discípulos da Holanda e também àqueles que seguiam o Curso Preliminar[29]. Nesta continha, entre outros, o seguinte:
“O Sr. C.L.J. Damme, Presidente do Centro de Haia, que neste momento visita a Sede Central, nos trouxe um relatório verbal e por escrito da situação atual da Holanda e ele nos deixa levando as seguintes instruções:
É desejo da Sede Central e do Conselho Administrativo, que o Sr. C.L.J. Damme leve um relatório completo da situação atual da Sede Central.
O Conselho Administrativo também o incumbiu de fazer uma Reunião Geral onde ele pode repassar o Relatório da Sede Central. Nós solicitamos a todos os nossos amigos a ouvirem este convite e colocar de lado todos os sentimentos de divisão. Isto se refere a todos os Estudantes, Probacionistas e Discípulos[30]. Nesta grande reunião que será no Centro de Haarlem na Bakenessergracht 13, o Sr. Damme tem a incumbência de trazer a solicitação da Sede Central e nos relatar a reação dos presentes.
Nós definimos o dia 5 de abril de 1935, às 8 horas, para esta Conferência no local citado acima.
Ao Sr. Damme foi passada uma lista completa de todos os membros da língua holandesa para que ele possa enviar uma cópia desta carta para todos os amigos que tem amor pelos nossos ensinamentos”.
O Centro de Haarlem também enviou, em janeiro de 1935, a todos os membros de língua holandesa do Rosicrucian Fellowship onde estava escrito, entre outros, o seguinte:
“Dando ouvidos a uma solicitação interna por volta do Natal [1934], anunciamos que a Fundação da Sede Central da Fraternidade Rosacruz da Holanda como primeiro passo decidiu se decentralizar definitivamente da The Rosicrucian Fellowship”.
As três figuras líderes deste ato foram os senhores J. Leene, seu irmão Z.W. Leene e o Sr. C.L.L. Damme. Numa carta aos membros datada de 27 de março de 1935 escreveram, entre outros, o seguinte:
“À Sede Central da Holanda foi solicitado uma ajuda internacional para salvar a Fellowship de uma queda. Cada Estudante e Probacionista deve se filiar a nós sem demora para o serviço de limpeza, que se tornou possível pelo mandato que o Conselho Holandês da Ordem Rosacruz na qual a liderança esotérica será temporariamente concentrada na Holanda”.
Algumas semanas antes, no dia 11 de março, a Fellowship dirigiu uma carta aos membros de língua holandesa onde estava escrito que o Centro de Haarlem NÃO a representava e que agia por iniciativa própria e, provavelmente, estavam iniciando um movimento separatista, o que se tornou fato. Pois, no dia 25 de setembro de 1935 o Centro de Haarlem ganhou, por Decreto Real, o reconhecimento de seus estatutos e, portanto, direitos reconhecidos. Os membros que permaneceram fiéis à Fellowship queriam tomar medidas para brigar juridicamente contra o nome ‘Fraternidade Rosacruz’ – que Jan Leene continuou usando – mas a Sra. Augusta Foss Heindel os desaconselhou a fazê-lo. Portanto existiam dois movimentos na Holanda: The Rosicrucian Fellowship e separada dela ‘Rozekruisers genootschap’ (NT: Fraternidade Rosacruz).
Jan Leene, alias John Twine, Jan van Rijckenborgh
Conforme o Registro Civil Jan Leene nasceu no dia 16-10-1896, às 20 horas AMT em Haarlem, 52:22:54 N. L. e 4:38:00 L.L. O Ascendente estava então em Gêmeos, 29:51, no limite com Câncer. A hora do nascimento foi corrigida utilizando os seguintes acontecimentos:
O nome ‘Rosacruzes’ não é protegido. Ele teve um poder de atração irresistível sobre muitas pessoas e ainda tem. Existem, portanto, várias organizações que utilizaram o nome ‘Rosacruzes’. Para alguém de fora fica difícil saber a qual tipo de movimento ele se refere. Por esta razão segue aqui um pequeno resumo das principais organizações que utilizam o nome Rosacruzes em seu brasão.
Esta é a Escola de Mistérios Ocidental da Rosacruz, que foi fundada por CHRISTIAN ROSENKREUZ por volta de 1290 no centro da Alemanha, que após ter trabalhado em silêncio por três séculos, divulgou mundialmente sua existência por volta de 1600 através do Fama Fraternitatis R.C., o Confessio Fraternitatis R.C. e o Assertio Fraternitatis R.C., conforme descrito detalhadamente no Capítulo 1.
Max Heindel escreve: “No século XIII um elevado instrutor espiritual, usando o simbólico nome Christian Rosenkreuz – Cristão Rosacruz – apareceu na Europa para iniciar esse trabalho. Fundou a misteriosa Ordem dos Rosacruzes objetivando lançar uma luz oculta sobre a mal-entendida Religião Cristã, e para explicar o mistério da Vida e do Ser do ponto de vista científico, em harmonia com a Religião.
Muitos séculos decorreram desde o seu nascimento como Christian Rosenkreuz, o Fundador da Escola de Mistérios Rosacruzes, cuja existência é, por muitos, considerada um mito. Todavia, seu nascimento como Christian Rosenkreuz marcou o princípio de uma nova era na vida espiritual do mundo ocidental. Esse Ego excepcional tem estado, desde então, em contínuas existências físicas, num ou noutro dos países europeus. Toda vez que seus sucessivos veículos perdem sua utilidade, ou as circunstâncias tornam necessária uma mudança de campo em suas atividades, toma um novo Corpo. Ainda mais, hoje em dia está encarnado. É um Iniciado de grau superior, ativo e potente fator em todos os assuntos do Ocidente, se bem que desconhecido para o mundo.
Trabalhou com os alquimistas séculos antes do advento da ciência moderna. Foi ele que, por um intermediário, inspiraram as, agora mutiladas, obras de Bacon[31]. Jacob Boehme[32] e outros receberam dele a inspiração que tão espiritualmente iluminou suas obras. Nos trabalhos do imortal Goethe[33] e nas obras-primas de Wagner[34] encontramos a mesma influência. Todos os espíritos intrépidos, que se recusam subordinar-se a qualquer ciência ou religião ortodoxa, que fogem das escravidões e procuram penetrar nos domínios espirituais sem pretensões de glória ou de vaidade, tiram sua inspiração da mesma fonte, como fez e faz o grande espírito que animou Christian Rosenkreuz.
Seu próprio nome é a Corporificação da maneira e dos meios pelos quais o ser humano atual é transformado em Divino ‘Super Ser Humano’”[35].
Uma organização de alquimistas. Também eles se tornaram conhecidos do público através de um livro intitulado: Die Warhaffte und volkommene Bereitung des Philosophischen Steins, Der Bruderschaft aus dem Orden des Gülden – und Rosen-Creutzes, etc.[36], Breslau 1710 (2ª Edição 1714), por S. R. uma abreviação do nome de ordem de Sincerus Renatus [o renascido sincero], pseudônimo do pastor Silesiano Samuel Richter de Hattmoansdorf, perto de Landshut, na Alemanha, que era seguidor de Paracelsus e Boëhme. O livro não foi escrito pelo próprio Richter, mas por um ‘Professor de Arte’ como ele o chama, mas que permanece anônimo. Carlos Gilly descobriu que os estatutos, contidos ali, são uma tradução de um manuscrito datado de 1678 de Andreas Segura, Osservationi inviolabili da osservarsi dalli Fratelli dell’ Aurea Croce o vero dell” Aurea Rosa Precedeni La solita professione. Eles não são de origem alemã, mas sim italiana[37]. Os Rosacruzes Dourados consideram sua origem dos antigos alquimistas, que, conforme eles, já se reuniam em algum tipo de associação. Entre eles era obrigatório o sigilo. A posição social dos candidatos não era relevante, apesar de procurarem um maior respeito. Eles tinham nove graus e 52 regras. O livro é um tratado da alquimia. Eles queriam continuar em silêncio, individualmente, com o objetivo de conseguir “a fabricação do pó vermelho de projeção”, ou a chamada “pedra da sabedoria”. Isto através do êxtase ou pesquisa experimental. Na liderança estava um imperador ou czar, e os membros estavam divididos entre estudantes-herdeiros e irmãos[38].
A História de sua Ordem está impressa no prefácio do Compass der Weisen, Berlim, 1779. Este inicia com Adão e continua com Noé, Enoc, Moisés, Hermes, etc., da qual a Constitutions (1723) de James Andersons (Pastor e Maçom 1678-1739) utilizou como exemplo. O Prefácio fala da história dos Rosacruzes e de Christian Rosenkreuz: ‘Todos os meus Irmãos mais velhos sabem, que Christian Rosenkreuz é na verdade um de nossos mais importantes irmãos, mas não era o fundador de nossa ordem. Esta já foi fundada há milhares de anos antes de Rosenkreuz nascer’.
À cabeça estava o Superior Desconhecido. A célula matriz era denominada ‘o círculo’, que era constituído de 9 membros. Seus membros eram divididos em nove graus. O objetivo era fazer ouro e eles trabalhavam em grupos. Eles desenvolviam receitas alquímicas que vieram do Superior Desconhecido[39].
Em sua juventude iniciou a escrita de seus poemas, peças de teatro e romances. Em 1797 fundou uma revista política, L´Invisible, que sobreviveu por 107 números, graças a um anel mágico, conforme d´Olivet, que o fazia ficar invisível para observar o trabalho do legislador e as intrigas do palácio real. Em 1800 ele se apaixonou, mas dois anos depois a jovem senhorita faleceu. Ele pensou em suicídio, até que recebeu a visita de sua falecida amada. Em seu manuscrito ele relata como este choque o levou a buscar o ocultismo. Em 1805 ele se casou com a diretora da escola de meninas que tinha três filhos. Contudo, parece que o espírito da primeira amada assombrava este casamento. Em 1811 ele curou, por meio da hipnose, Rodolpho Grival que em sua vida inteira havia sido surdo-mudo. Em 1813 ele publicou sua tradução de “Os Versos Dourados” de Pitágoras, e acrescentou comentários. Outro trabalho dele é denominado A Recuperação da Língua Hebraica, onde ele desenvolveu suas ideias sobra a língua original. Em 1824 ele escreveu sua obra prima, Histoire philosophique du genre humain [História Filosófica do Gênero Humano].
Finalmente Fabre d´Olivet se ‘reconectou’ com o espírito de sua amada, e inspirado por ela ele funda em 1824 o Universal Theodoxical Cult, uma ordem com ritos próprios, graus e parâmetros.
Em 19 de outubro de 1824 ele declarou, em um de suas reuniões, que sua amada Julie havia renascido e estava no corpo de uma menina de doze anos e passou o resto de sua vida procurando por ela[40]. Seus livros inspiraram Josephin Péladan[41].
Ele fundou, em 1858, na Philadelphia, a Ordem Templária dos Rosacruzes. Randolph pode ter sido filho de uma dançarina negra e de um médico branco da Virgínia. Contudo, também existe a história que seu pai era um empresário importante que se casou com uma linda mulher de Madagascar e que pertencia à família Real de Madagascar. E outra história que ele era um filho ilegítimo de um aventureiro branco da Virgínia e da mais bonita do que virtuosa negra. Seu verdadeiro pai nunca se identificou. Com cinco anos ele se tornou órfão e foi criado por sua meia irmã. Ele gostava do mar; primeiro ele foi camareiro num navio, mais tarde se tornou proprietário de um navio. Ele fez longas viagens. Ele escreveu alguns romances, entre os quais Master Passion e Asrotis. Em 1840 ele se filiou à ‘Hermetic Brotherhood of Luxor’, defensores do espiritismo, que então se difundia na América. Na Guerra Civil ele se aliou ao Norte. Seus dados heroicos chamaram a atenção até de Abraham Lincoln. Após algumas viagens pela França, Eliphas Levi lhe concedeu o mais alto grau do Fraternitas Rosae Crucis. Por esse meio, ele se relacionou com Papus. Randolph fundou o Hermetic Brotherhood of Light na América. Em 1868 ele se desligou e fundou seu próprio círculo mágico Eulis Brotherhood, que foi fortemente influenciado pelo O.T.O. [OrdoTempli Orientis; Ordem Templária do Oriente][42] e logo atraiu muitos seguidores. Excetuando a influência por Levi e Kenneth R. Mackenzie, ele também foi influenciado pelo romance Rosacruciano The Salamandrine, de Charles Mackay, que foi publicado em 1852. Suas visualizações ele descreveu no manuscrito Magia Sexualis, que somente em 1931 foi traduzido para o francês, e em 1972 surgiu uma impressão em holandês. Conforme o título sugere o assunto é magia sexual. Sobre sua morte em 1875 existem duas versões: a primeira que durante um experimento mágico ele teve um choque de retorno (o que quer que isso possa significar); a outra é que ele tentou, através de uma maneira mágica, atirar em sua inimiga mortal Sra. Blavatsky, o que com o conhecimento dela teve um efeito contrário e provocou sua própria morte[43].
Podia haver no máximo 144 membros e todos deveriam ser maçons. Membros Honorários eram, entre outros, Kenneth R. H. Mackenzie, Hargrave Jennings (1817-1890), Edward Bulwer Lytton (1813-1873)[45], escritor de Zanoni (1842); Eliphas Levi, pseudônimo do ex-padre Alphonse Beverly Constant (1810-1875), escritor de livros sobre magia, Pascal Beverly Randolph[46], praticante de magia sexual; Arthur Edward Waite (1857-1942); Dr. med. William Wynn Wetscott (1848-1925), F. Leigh Gardner (1857-19?); Theodor Reuss (1855-1923).
Um grupo de alemães Rosacruzes fictício, sob a liderança de Anna Sprengel, que forneceu todo o material para ele. Os membros eram: Dr. med. William Robert Woodman (1828-1891), Samuel Liddell MacGregor Mathers (1856-1918), o poeta William Butler Yeates (1865-1939), Aleister Crowley (1875-1947), praticante de magia negra; Arthur Machen (1863-1947), poeta e escritor de histórias de fantasmas; Bram Stoker (1847-1912), escritor de Drácula[48].
Kellner nasceu em Viena, onde tinha uma enorme fábrica de químicos. Ele pesquisava principalmente a celulose, um produto que extraído da lignina[49], chamado lignosulfato, era usado para tratamento de tuberculose. Seu amigo Franz Hartmann utilizava em sua clínica. Kellner era membro de várias vertentes. Provavelmente também da Hermetic Brotherhood of Luxor e ele deve ter sido iniciado no lado “esquerdo” (magia negra) do tantrismo. Sua morte prematura em 1905 em seu laboratório, em casa, é atribuída às práticas mágicas e alquímicas. Nos anos de 1890 ele planejou, juntamente com alguns amigos (entre eles Franz Hartmann e Theodor Reuss), formar uma organização secreta conforme a ideia da tradição mágica dos rosacruzes e dos maçons místicos. Assim, em segredo, no dia 1 de setembro de 1901 fundaram a Ordem dos Templários Oriental. Parece que até o dia de sua morte ele foi o líder da Ordem. Ele também cuidou da base financeira. E para a ordem externa Reuss e Hartmann devem ter utilizado, para este fim, o Memphis-Mizraim-Ritus de Yarker da Grã-Bretanha, de forma ampliada. Kellner também entrou neste Rito e atingiu o mais alto grau (90º ou 95º). Primeiramente após o falecimento de Kellner e após Reuss assumir o O.T.O., este se tornou público em 1906. Kellner foi sucedido por Carl Albert Theodor Reuss (1855-1923), com o pseudônimo de Merlin Peregrinus[50]. Ele nasceu em Augsburg, onde seu pai era negociante, depois de ter gerenciado uma loja de miudezas. Reuss finalizou seu curso de farmacêutico, mas se tornou cantor de ópera e deve ter conhecido Richard Wagner e suas crenças místicas em 1873 e, através de Wagner, deve ter sido apresentado a Ludwig II, o Rei de Beieren (sobre isto faltam comprovações históricas). Por razões desconhecidas Reuss perdeu sua voz (provavelmente por falta de talento) e ele se tornou jornalista, político e escritor.
Aos 21 anos, durante sua estadia em Londres, ele se tornou maçom da Pilger Loge, mas pela sua linha política de esquerda, foi expulso quatro anos depois, com idade de 25. Ele trabalhou (não durante a Guerra de 1914-18) como correspondente externo e redator de diversos jornais ingleses e alemães. Excetuando seu interesse na linha esquerda radical ele tinha interesse em movimentos esotéricos – e igualmente a Annie Besant, da Inglaterra, que também era da Esquerda Radical – ele se tornou membro da Teosofia em 1885, após um encontro com a Sra. Blavatsky. Em 1896 ele esteve presente na inauguração do Movimento Teosófico na Alemanha, sob liderança de Franz Hartmann como Vice-Presidente. Reuss fez renascer nos anos 1890 a Ordem dos Illuminaty do Século 18 e tentava reunir todas as direções, inclusive Rosacruzes sob o mesmo teto e fundou, com auxílio de amigos, em 1901, a Grosse Freimaurerloge von Deutschland des Illuminaten-Ordens. Na virada do século Reuss havia se tornado membro na Inglaterra da Societas Rosicruciana in Anglia (SRIA), e maçom de alto grau (Royal-Arch) no sistema do John Yarker (1833-1913), cujos ritos Reuss incluiu no OTO. Existem muitas conexões cruzadas invisíveis. Por exemplo: Yarker e o Movimento Teosófico. Yarker conheceu a Sra. Blavatsky na América, em 1879. Quando ela tornou Yarker Membro Honorário (Honorary Fellow) da Associação dela, Yarker em contrapartida deu a ela, após Isis Revelada, o título de ‘princesa coroada’, o grau mais elevado para membros femininos do Memphis-Mizraim-Ritus. Por volta de 1905 Steiner se tornou membro. Alguns outros membros eram Crowley, Papus e Spencer Lewis.
Esse havia lido livros de Eliphas Levi e o Le vice suprême de Péladan e sua aproximação com o ocultismo era para ele uma revelação. Ele conheceu Péladan e seu irmão, o médico Adrien, que tinha contato com os Hermetistas em Toulouse, que se auto denominavam um grupo Rosacruz. Juntamente com seu secretário Oswald Wirth ele adquiriu uma maravilhosa coleção de livros esotéricos e manuscritos. Para ‘abrir’ seu espírito ele usava morfina e cocaína e desta forma entrou no ‘caminho da esquerda’ da magia negra, sobre a qual ele escreveu vários livros.
Na direção desta organização tinha um conselho com doze membros onde, entre outros, o Papus (pseudônimo de Gérard Analect Vincent Encausse, 1865-1919), J. Péladan e, mais tarde, Marc Haven (pseudônimo do médico Dr. Emmanuel Lalande, 1868-1926) e Paul Sédir (pseudônimo de Yvon Le Loup, 1871-1926) fizeram parte. Eles tinham graus universitários e títulos de doutor[51].
Ele se distanciou dela em 1890 porque ele achava o grupo muito oriental, anticatólico Romano e de magia negra, e fundou, juntamente com seus seguidores em março de 1892, a Ordre de La Rose-Croix Du Temple et Du Gral, de onde surgiu a Ordre de La Rose-Croix Catholique. Péladan se tornou o Imperador. Uma organização parecida foi apareceu pelo médico alquimista Lapasse em Toulouse em 1850. O Salão Rosacruz, estabelecido por Péladan, em Paris, em março de 1892, se tornou um ponto de encontro de escritores e artistas, como o compositor Erik Satie (1866-1925), que se distanciou do grupo mais tarde. Péladan escreveu alguns livros onde tentou juntar, em um único ensinamento, as ideias cabalísticas, bramânicas, islamíticas, cristãs e filosóficas. Ele era um admirador de Wagner, praticava magia sexual e, em 1908, se entregou para o Catolicismo Místico[53].
Ele recebe instruções de um Irmão Leigo da Ordem até o período de outubro de 1902, mas decidiu no dia 20 de outubro de 1902 se tornar Secretário Geral da Alemanha do Movimento Teosófico, pelo qual a Ordem se distanciou dele e decidiram testar outro candidato. Contudo, também a Teosofia mostrou sua mistura dos ensinamentos Orientais com os Ocidentais. Por este motivo Steiner fundou, em 1913, o Movimento Antroposófico. Através do símbolo dos Maçons da Ordem Memphis-Mizraïm de John Yarker, e com Theodor Reuss (1855-1923), como representante na Alemanha, Steiner tinha a ideia, em 1903/4, que os membros podiam atingir a Iniciação e fez um acordo com Reuss, em 1906. Contudo, este método aparentava não trazer resultado, porque após a Guerra (1918), o Rito Mizraïm, que foi proibido durante a Guerra, não foi mais reintroduzido[54].
Baseado em: Fratres Roseae et Aureae Crucis ou Rosacruzes Dourado de 1710 e a Escola de Mistérios do Egito (aprox. 1500 a.C., o período de Tutmosis III); o O.T.O., uma iniciação no ‘Grupo Rosacruz’ de Toulouse; graus adquiridos no Rito Escocês (Maçonaria), o Teósofo Dr. Harvey Spencer Lewis (1883-1936) fundou, em 1916, o Antiquus Arcanus Ordo Rosae Rubeae et Aureae Crucis (Ancient Mystical Order Rosae Crucis; AMORC), em San José, Califórnia, de onde ele foi o primeiro Imperador[55]. Este é um movimento humanitário que tenta dar ao ser humano, enquanto encarnado, saúde, felicidade e paz. Tenta passar conhecimento sobre psicologia e ciências naturais.
Reuben Swinburne Clymer (1878-1966) fundou em, aproximadamente, 1920, perto de Quakertown o grupo: Fraternitas Rosae Crucis (FRC) de Rosicrucian Fraternity na America.
Ele tirou seu sistema de Pascal Beverly Randolph[56].
No dia 25 de setembro de 1935 o Centro da Fraternidade Rosacruz de Haarlem conquistou por Decreto Real reconhecimento de seu Estatuto e também seu direito de existência e, assim, Jan Leene (pseudônimo John Twine e Jan van Rijckenborgh), seu irmão Zwier Wim Leene e o Sr. C.L.J. Damme fundaram Het Rozekruisers Genootschap. Este nome era utilizado pela Fraternidade na língua holandesa desde seu início, mas nunca haviam registrado. Foi cogitado brigar na justiça pelo nome, mas por conselho da Sra. Augusta Foss Heindel desistiram da ideia. Com o passar do tempo este nome teve alterações: em 1936 ‘Orde der Manicheeën’ (Ordem dos Maniqueus); em 1941 Jacob Boëhme gezelschap (Companhia de Jacob Boëhme); em 1946 Lectorium Rosicrucianum, Geestesschool van het Gouden Rozekruis (Escola Espiritual da Rosacruz Dourada).
Jan Leene trabalhava junto com Hendrikje Huizer (Sra. Henry Stok-Huyzer), que nasceu às 3:00 horas (a.m.) no dia 5 de fevereiro de 1902 em Rotterdam na Slotboomstraat[57]. Ela usava o pseudônimo Catharose de Petri. À procura de vestígios restantes de Katharen ela viajou diversas vezes para o Sul da França. Em 1956 Jan van Rijckenborgh e Catharose de Petri encontraram o Sr. Antonin Gadal, que se auto denominava último patriarca dos Katharen através dos séculos que mantinham a sequência em segredo. O Sr. Gadal passou a mestria ao Sr. Van Rijkenborgh e o Diaconato a Sra. De Petri[58]. Após o falecimento do Sr. Jan Leene/Jan van Rijkenborgh, no dia 17 de julho de 1968, a liderança espiritual passou a ser da Sra. Stok/Catharose de Petri, o que durou até seu falecimento no dia 10-09-1990. Desde 22 de março de 1970 a administração diária está numa ‘Liderança Espiritual Internacional’ de sete senhores de diversos países Europeus, juntamente com a Sra. E.T. Hamelink-Leene, a filha do Sr. Jan Leene.
Jan Leene vem de uma família de Protestantes; seu pai era de uma vertente de protestantes e sua mãe de outra[59]. O Teólogo Prof. Dr. A. H. de Hartog teve grande influência sobre ele, o pai do escritor Jan de Hartog. Este era um pensador livre e através dele conheceu os trabalhos de Jacob Boëhme. Os Ensinamentos Rosacruzes de Max Heindel também o atraíram. Ele pensava, entretanto, que devia ir além. Ele foi muito influenciado pela Hermetismo e abraçou os trabalhos da teósofa Alice Ann Bailey (1880-1949). Os ensinamentos dos Katharen já foram mencionados, mas também os Gnósticos estão misturados em seus ensinamentos. Jan Leene faleceu em 1968[60].
1865 | 23/julho | Nascimento de Carl Louis Grasshoff em Aarhus |
15/outubro | Batizado na Catedral Luterana de Aarhus | |
1867 | 20/julho | Nascimento de Louis Julius August, irmão de Carl |
1868 | 8/abril | Falecimento do seu pai por uma explosão na padaria |
1872 | 6/novembro | Mudança para Copenhague |
26/novembro | Nascimento de Anna Emilie, meia-irmã de Carl | |
1873 | aproximadamente | Acidente quando pulava por sobre uma calha |
1884 | aproximadamente | Mudança para Glasgow, Escócia, trabalhando em loja de tabaco |
1885 | 15/dezembro | Casamento com Cathy Wallace, nascida em 4/1/1868; mudança para Liverpool |
1886 | 15/junho | Sra. Grasshoff casa com Fritz Povelsen |
5/novembro | Nascimento da filha Wilhelmina; Carl se torna marinheiro | |
1888 | 6/novembro | Nascimento da filha Louise |
aproximadamente dezembro | Mudança para Copenhague | |
1889 | 5/novembro | Nascimento da filha Nelly |
1891 | 15/janeiro | Nascimento do filho Frank |
1893 | Carl se muda sozinho para a América e começa trabalhando em uma Central Elétrica em Nova York. Depois se muda para Somerville perto de Boston onde primeiro é corretor de seguros e mais tarde mecânico de uma cervejaria | |
1895 | 10/abril | Carl se casa com Louisa Anna Peterson que é oito anos mais velha, dinamarquesa e com quatro filhos |
1898 | 7/setembro | Seus quatro filhos partem de Copenhague em direção à América. |
1899 | aproximadamente | Separação; Carl se muda com os quatro filhos para Roxbury |
1903 | Carl vai para Los Angeles em busca de emprego e muda seu nome para Max Heindel | |
dezembro | Assiste palestras de Leadbeater em Los Angeles; se torna membro do Movimento Teosófico; se torna vegetariano; amizade com Augusta Foss, nascida em 27/01/1865 em Mansfield, Ohio | |
1904/5 | Vice-Presidente do Movimento Teosófico em Los Angeles | |
1905 | Verão | Ficou muito doente; amiga Alma von Brandis vai para Europa |
Após se recuperar da doença Heindel deixa o Movimento Teosófico | ||
1906 | abril | Própria tournée de palestras sobre Cristianismo Místico e Astrologia |
1907 | Outono | Max Heindel vai junto com Alma von Brandis para a Europa |
1908 | abril | Briga com Alma von Brandis |
abril/maio | Max Heindel passa por sua prova pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz | |
Primeira Iniciação; escreve o Conceito Rosacruz do Cosmos | ||
Verão | Retorno à América e reescreve o manuscrito do Conceito | |
setembro | Max Heindel se muda para Buffalo e termina o seu manuscrito | |
novembro | Fundação do Primeiro Centro Rosacruz em Buffalo | |
1909 | Verão | Viagem por Seattle |
8/agosto | Fundação da ‘The Rosicrucian Fellowship’ às 15:00 horas. | |
Max Heindel e William Patterson vão para Chicago para impressão do Conceito e Cristianismo Rosacruz | ||
novembro | Publicação do The Rosicrucian Cosmo-Conception e as Palestras de Cristianismo Rosacruz. Palestras, e fundação do Centro em Yakima | |
1910 | Impressão de Astrologia Científica Simplificada | |
Viagem para Portland, Palestras e Fundação de um Centro | ||
fevereiro | Viagem a Los Angeles; visita a Augusta Foss | |
27/fevereiro | Fundação do Centro de Los Angeles | |
abril | Max Heindel fica seriamente doente; 2ª Iniciação em 9/abril. Escreve Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. I | |
10/agosto | 3º Casamento com Augusta Foss em Santa Ana. Max Heindel escreve Os Mistérios dos Rosacruzes | |
novembro | Estabelecimento da Sede Central em Ocean Park. Heindel fica seriamente doente. Aproximadamente em 22/novembro tem a 3ª Iniciação | |
1911 | fevereiro | Planeja a aquisição de um terreno para Sede Permanente em Los Angeles |
3/maio | Aquisição de 40 acres (16 ha) às 15:30 horas em Oceanside | |
Os Mistérios dos Rosacruzes de Max Heindel é publicado | ||
28/outubro | Primeira estaca no solo às 12:40 horas e plantaram a Cruz. | |
30/outubro | Início das obras no primeiro prédio | |
1912 | Primavera | Instalação própria de água. |
Probacionistas de Seattle, Washington, fazem um emblema iluminado para a sinalização e transportam por trem para a Sede Central. | ||
13/dezembro | The Rosicrucian Fellowship se torna Pessoa Jurídica | |
1913 | 3/junho | Primeiro Encontro de Probacionistas (Não em 25/maio?) |
Mudança da Cruz de preta para branca | ||
4/junho | Primeira Escola de Verão | |
Junho | Início da Publicação do Echoes | |
aproximadamente 6/julho | Max Heindel tem a 4ª Iniciação. | |
6/agosto | Fabricada a pedra fundamental do Sanatório (Centro de Cura) | |
27/novembro | Início da obra da Pro-Ecclesia; esta fica pronto em 24/dezembro. | |
24/dezembro | Inauguração da Pro-Ecclesia | |
1914 | 12/abril | Primeira Celebração de Páscoa em Mount Ecclesia |
23/junho | Primeiro Ritual de Cura. Publicação de: “Como reconheceremos Cristo em seu retorno?” e “Maçonaria e Catolicismo” | |
26/novembro | Inauguração do Restaurante; Colocação da Pedra Fundamental da Ecclesia ou Centro de Cura; Central de energia própria | |
1915 | julho | Pagamento da última parcela da hipoteca do terreno |
Verão | Construção do Heindel’s Cottage. Nova Edição de Mensagem das Estrelas e Astrologia Científica Simplificada; Publicada em 1916 | |
1916 | 13/março | Falecimento da mãe de Max Heindel. |
maio | Início da publicação de Rays from the Rose Cross | |
1917 | março | Max Heindel se encontra com a poetisa Ella Wheeler Wilcox |
13/março | Início da construção da nova administração. Finalizado em junho | |
maio | Início da construção da Ecclesia Cottage | |
15/julho | Viagem de Férias. Cálculo das Efemérides e das Tabelas de Casas. | |
1918 | maio | Planejamento de Instalações de Encadernadora de livros. Na Rays é Publicado As últimas horas de um espião. |
1919 | 6/janeiro | Max Heindel faleceu de ataque cardíaco às 20:25 horas. Sra. Augusta Foss Heindel é a sucessora. |
1920 | 29/janeiro | Às 11:45 horas a primeira estaca colocada no chão do Centro de Cura. |
Publicado O Significado Místico do Natal e A Teia do Destino. | ||
23/julho | Colocação da Pedra Angular feita por Max Heindel em 25/11/1914. | |
1921 | Impresso Os Mistérios das Grandes Óperas | |
1922 | 24/dezembro | Inauguração do Templo. Publicação de Contos de um místico. |
1923 | 7/agosto | Início da construção da Rose Cross Lodge; aquisição de 4,5 acres (20 ha) terras de um vizinho |
1/dezembro | Publicado o livro da Sra. Augusta Foss Heindel O surgimento da Fraternidade Rosacruz, em inglês. | |
1924 | março/abril | Novo sistema de eletricidade |
novembro | Aquisição de um órgão para o Templo | |
1925 | Planejamento de construção de uma escola para crianças; ficou pronto em setembro/1926 e fechou em março de 1931. Depois o prédio se chamou West Hall. | |
setembro | Sra. Augusta Foss Heindel faz uma tournée de palestras em 20 grandes capitais nos Estados do Nordeste e Oeste. Aquisição de mais um pedaço de terra. | |
1926 | janeiro | Publicação de Evolução sob o ponto de vista de um Rosacruzes da Sra. Augusta Foss Heindel. Em inglês e holandês: Cartas aos Probacionistas de Max Heindel e em inglês Ensinamentos de um Iniciado. |
1928 | agosto | Astro-diagnose da Sra. Augusta Foss Heindel é publicado em inglês e o livro de Max Heindel Princípios ocultos de saúde e cura. |
1929 | 11/dezembro | Colocada a pedra fundamental do Sanatório. |
1931 | abril | Sra. Augusta Foss Heindel se retira da função de Presidente e se muda para Oceanside. Publicado em inglês Iniciação Antiga e Moderna de Max Heindel. |
maio | Sra. Augusta Foss Heindel fica muito doente. | |
junho | Sra. Augusta Foss Heindel funda a ‘Max Heindel Rose Cross Fellowship’. | |
1932 | 6/janeiro | Início da construção do Sanatório; a abertura foi no Natal de 1938. |
1933 | Duas Palestras de Max Heindel de 1905 publicadas: Sra. Blavatsky e o Ensinamento Oculto e Explicação Mística da Páscoa. | |
1934 | 25/dezembro | As partes fazer as pazes e a Sra. Augusta Foss Heindel volta para a Sede Central |
Ela manda construir uma casa que fica pronta em junho de 1937. | ||
1937 | Da coletânea de trabalhos de Max Heindel surge Espíritos e Forças Naturais. | |
1938 | abril | Início da construção do Setor de Cura |
Retomada da construção do Sanatório que foi iniciado em 1932. | ||
27/agosto | Inauguração do Setor de Cura | |
25/dezembro | Inauguração do Sanatório | |
1939 | Pela primeira vez publicado, em inglês, e em forma de livro as Palestras sobre Cristianismo Rosacruz de Max Heindel. | |
1940 | Da coletânea de trabalhos de Max Heindel surge Os Mistérios das Glândulas endócrinas. | |
1941 | Sra. Augusta Foss Heindel escreve Lembranças de Max Heindel e da Fraternidade Rosacruz, que foi publicado em 1997. | |
1942 | fevereiro | Sra. Augusta Foss Heindel foi retirada de suas funções. |
1943 | 21/maio | Sra. Augusta Foss Heindel tem um acidente de automóvel e se torna cadeirante. |
1944 | 6/julho | ‘The Rosicrucian Fellowship Non-Sectarian Church’ fundada por Sra. Augusta Foss Heindel e seus seguidores em janeiro de 1943 foi reconhecida como Pessoa Jurídica. |
1947 | Publicado o Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas Volume II | |
1949 | 9/maio | Falecimento da Sra. Augusta Foss Heindel |
1950 | Da coletânea de trabalhos de Max Heindel surge o Corpo Vital e Arquétipos. | |
1951 | Entre 1951 e 1971 foram publicadas sete partes de Histórias Aquarianas para crianças. | |
1953 | Da coletânea de trabalhos de Max Heindel surge o Corpo de Desejos. | |
1956 | 25/março | Final do conflito; às 12:00 horas é enterrado o machado de luta. |
1959 | janeiro | Doação de um ônibus para 12 lugares para a Sede Central |
1960 | A Sede Central é isentada de pagar o IPTU | |
1961 | Membros podem construir casas no terreno da Sede Central | |
1962 | fevereiro | A Heindel’s Cottage é demolida. |
Verão | Venda de 2,3 acres de terra | |
1963 | Existem planos de duplicar a rodovia e fazer uma nova entrada, que fica pronta entre 1965/67. | |
Verão | Demolida a Ecclesia Cottage | |
1964 | novembro | Construção de 5 casas |
1965 | Da coletânea de trabalhos de Max Heindel surge Visão Etérica e o que Ela revela. | |
1968 | Da coletânea de trabalhos de Max Heindel surge Cordão Prateado e Átomo-semente. | |
1968/72 | São publicados diversos livros. | |
1971 | Falecimento de Theodore Heline aos 87 anos | |
Publicação de O Horóscopo de seu filho, de Max Heindel, em duas partes e A morte e a vida após. | ||
1974 | 12/novembro | Início da construção do prédio da Administração, finalizada em 18/2/75. |
1975 | 26/junho | Falecimento da Sra. Corinne Heline. |
1976 | março | O prédio da Administração é ampliado. |
1978 | 2/setembro | Doação do Sr. Fred Meyer de Portland no valor de $ 200.000. |
1982 | Verão | Instalação de três painéis solares para aquecimento da água |
Aquisição do primeiro computador | ||
1983 | janeiro | Abertura do ‘Museu Rosicrucian Fellowship’ |
fevereiro | Colocado uma nova placa na entrada. | |
junho | Surge o primeiro número do jornal Mystic Light, mas em dezembro do mesmo ano parou de ser editado por dificuldade financeira. | |
1986 | abril | Impresso o livro de Robert C. Lewis: The Sacred World and its Creative Overtones |
Outono | Mais uma doação do Fred Meyers Fonds no valor de $100.000 para Nova tubulação de água. | |
1987 | Verão | A Fellowship decide publicar os livros de Corinne Heline |
Também o Quarto de ‘Antiguidades’ ficou pronto. | ||
1988 | A cidade de Oceanside comemora seu centenário. | |
1991 | 24/abril | Oceanside emite uma Lei de Terremotos; Mount Ecclesia deve demolir três prédios devido esta Lei e realizar algumas obras de manutenção de alto custo. |
1992 | abril | Venda de um terreno situado na baixada |
1993 | Primavera | Substituição do computador velho. |
1994 | Verão | A restauração do Centro de Cura ficou pronto. |
1995 | fevereiro | Oceanside declara o prédio de 75 anos do Centro de Cura como Monumento Histórico |
1997 | Verão | Publicação de Memórias de Max Heindel e a Fraternidade Rosacruz, escrito pela Sra. Augusta Foss Heindel em 1941, que contém 90 fotos históricas. |
Os livros de Max Heindel também são colocados em CD-ROM e também um programa de astrologia e as efemérides de 1900-2000. | ||
1998 | fevereiro | Publicado Echoes from Mount Ecclesia de 1913-1919 que contém 51 fotos do passado. |
2001 | março | O administrador da website começou a publicar num site oficial os Relatórios das Reuniões e também os livros de Max Heindel e panfletos. |
2002 | 7/março | A diretoria decide proteger os Relatórios por uma senha de proteção, mas os documentos legais como Ata de Constituição e Regulamentos Internos ficaram disponíveis. Também é decidido publicar um resumo Financeiro regularmente. |
2/abril | A diretoria decide economizar nos custos de correio e decide diminuir o Echoes de oito para no máximo quatro páginas. | |
13/julho | Kenneth Ray decide deixar de ser jardineiro para dedicar todo o seu Tempo desenvolvendo um jardim em homenagem a Max e Augusta Heindel. | |
Verão | Devido a problemas financeiros são implementadas medidas drásticas de economia. A diretoria analisa a possibilidade de vender ou alugar 1.8 ha de terras adquiridas em 1925. | |
2003 | outubro | Kenneth e Elizabeth Ray se demitem das funções de jardineiro e Secretária esotérica. |
Outono | Um golpe do espanhol Francisco Nacher resultou em demissão imediata e expulsão de Charles Weber no dia 24/novembro, que durante 9 anos havia sido o redator da Rays e também responsável pela manutenção do jardim. Também foram retiradas mais dez pessoas de suas funções e a publicação da Rays foi descontinuada. | |
junho | Nadine de Galzain entra com um processo contra a Fraternidade. | |
Diretoria foi dissolvida legalmente e foi nomeado um Juiz para fazer mediação; foi nomeada uma comissão intermediária. A Diretoria vendeu quatro grandes palmeiras que foram retiradas em 8/6. | ||
julho | Por maioria dos votos os membros aprovaram o novo regulamento. | |
dezembro | Mount Ecclesia recebe uma doação de $ 12.000. | |
2005 | janeiro | Mount Ecclesia recebe uma herança de $ 93.800. |
fevereiro | No dia 28/fevereiro é escolhida uma nova Diretoria que assumiria a função em abril. O prazo é de um, dois ou três anos, dependendo da quantidade de votos. | |
dezembro | Entre julho e dezembro Charles Weber publica as 52 edições da Rays, editados por ele em seu Site pessoal. No final de dezembro a Diretoria ordenou que fosse imediatamente retirado do site e que ele deixasse de usar a logomarca, o que ele obedeceu. | |
2006 | julho | Alguns membros digitam o Echoes e a Rays de 1913-1919 e publicam na Internet. |
22/outubro | A Diretoria retira Danielle Chavalarias e Virgilio Rodriguez de suas funções de Presidente e Vice-Presidente. Membros das famílias Chavalarias, Rodriguez e Manimat são retirados de suas funções e solicitados a deixar suas moradias até dezembro. D. Chavalarias e V. Rodriguez permaneceram membros da Diretoria. | |
Outono | A equipe de Mount Ecclesia era de 10 funcionários pagos (dos quais 3 não eram membros) e 5 voluntários, dos quais 2 recebem subsídio. | |
5/dezembro | Marie-José Clerc declarou que a ação contra a Diretoria não foi receptiva e que ela atingiu seu objetivo assinando um acordo, a saber a proteção das terras contra arrendamento ou venda. | |
2007 | Verão | A presidente Alexandra Porter e a Comissão decidem vender as 5 palmeiras que estavam mortas por causa de Fusarium Wilt para cobrir as despesas com a retirada delas. |
2008 | Primavera | A Presidente demite alguns funcionários de confiança, se recusa a fazer a Escola de Verão e proíbe alguns membros a fazerem cursos ou Palestras em Mount Ecclesia. A constante contenção de custos faz com que tenham poucos funcionários, não conseguem mais dar cursos e acaba o estoque de livros em Inglês e Espanhol para vender. |
5/julho | É escolhida uma nova Diretoria onde, entre outros, Edgar Anderson é Presidente e Jim Noel Vice-Presidente enquanto Alexandra Porter é mandada embora, fazendo com que um novo caminho seja trilhado. | |
N.T.: | ||
2009 | Comemorado o Centenário da The Rosicrucian Fellowship | |
2011 | 3/17 julho | Comemorado o Centenário de Mount Ecclesia, celebrado de três modos: 1.) A Aquisição do terreno, em 3 de maio de 2011; 2.) O Centenário da Escola de Verão, em julho de 2011; 3.) A Centésima Consagração das terras à Grande Obra dos Irmãos Maiores da Rosa Cruz, de 28 a 30 de outubro de 2011. Reconsagraremos as terras pelos próximos cem anos à Grande Obra de promover os Ensinamentos Rosacruzes para ajudar no desenvolvimento espiritual da humanidade. |
2011 | 28 outubro | Comemorado o Centenário do Dia do Fundador: plantação de 2 palmeiras em frente à Casa de Hóspedes |
2012 | 28 outubro | Dia do Fundador: plantação de 28 palmeiras, 16 árvores frutíferas e vários arbustos |
2013 | Comemoração dos 700 anos de fundação da Ordem Rosacruz. Max Heindel nos disse em uma palestra proferida em 10 de dezembro de 1914 (Echoes 19) que uma onda de desenvolvimento espiritual foi iniciada na Ásia Oriental cerca de 600 anos antes de Cristo, influenciando todas as religiões, antes de chegar à Galileia onde tomou a forma presente da Religião Cristã, que se espalhou no Mundo Ocidental para prover os símbolos místicos que explicariam seus mistérios mais profundos aos pioneiros que estão trilhando o caminho em direção ao oeste. Cerca de 700 anos atrás, um posto avançado dos Mistérios Cristãos foi então fixado nos Éteres sobre a Alemanha, onde a Ordem da Rosa Cruz foi fundada em 1313, e começou a ensinar aos pioneiros que já estavam prontos. Quando Max Heindel hasteou a Bandeira Rosacruz sobre Mount Ecclesia, na fronteira mais ocidental do Novo Mundo (Costa do Pacífico), ele compartilhou a notícia que a Fraternidade Rosacruz tinha sido criada como o Centro Exotérico encarregado de preparar a transferência da Ordem Rosacruz em direção ao oeste. Ele disse que quando o Sol atingisse Aquário, em cerca de 480 anos, a própria Ordem realocar-se-ia em algum ponto da vizinhança. À medida que lemos sobre outros movimentos Rosacruzes e grupos metafísicos, podemos reconhecer a influência da Ordem a partir do início dos anos 1300. Contudo, a Fraternidade Rosacruz é a única associação com a missão específica de preparar pioneiros para o trabalho do Pai, do Filho e do Espírito Santo e para a Iniciação à Vida Eterna. | |
2013 | 27 fevereiro | O Centro Rosacruz de Los Angeles, EUA, celebra 100 anos. O Centro de Los Angeles teve início em 27 de fevereiro de 1913. Foi o primeiro Centro na Califórnia onde Max Heindel, ele mesmo, fez várias conferências antes de fundar Mount Ecclesia. Os Irmãos Maiores lhe disseram que ali não seria a Sede da Associação, embora suas conferências fossem sempre assistidas por um auditório cheio. Desde então, nesse magnífico Centro, muitos seguidores continuaram esse grande trabalho, por meio de serviços, aulas e oficinas, sempre se esforçando em disseminar os Ensinamentos |
2013 | junho | O Echoes From Mount Ecclesia celebra 100 anos. Em junho de 1913, Max Heindel fez o primeiro registro dos acontecimentos em Mount Ecclesia nas páginas do boletim que ele denominou “The Echoes From Mount Ecclesia”. Essa tradição de compartilhar as notícias da Sede e do mundo com nossos membros continuou ininterrupta até os dias de hoje. Lembremos as palavras de Max Heindel: “Embora o corpo de estudantes da FR esteja espalhado pelo mundo, livre de juramentos ou promessas no que diz respeito à sua vinculação com a Fraternidade, a força titânica de uma ardente aspiração nos une em um mesmo propósito: construir, sem o ruído de martelos, o Templo da Alma que é a verdadeira Igreja. Por conseguinte, todos olham para Mount Ecclesia como o foco físico das forças que objetivam elevar todos à estatura de Cristo, o “Amigo do Homem”, e todos estão ansiosos por notícias sobre as atividades da Sede, particularmente em relação à Escola de Filosofia e de Cura pronta a ser aberta. Há pouco espaço nas cartas e lições para conter os Ensinamentos. Portanto, este boletim será dedicado a notícias”. |
2014 | junho | Substituição da linha principal de gás, de 70 anos atrás, que se rompeu. |
2015 | dezembro | Novos Estatutos foram votados. |
2016 | agosto | Construída a sala que foi batizada como Sala de Conferências Max Heindel (sala multiuso, adicionando duas portas e uma parede, para uso em cursos, oficinas, seminários e aulas e também como um local para atividades de levantamento de fundos, venda de livros usados e outras), depois que o canto noroeste de nossa Loja de Livros de 4.000 pés quadrados foi esmagado por um antigo pinheiro, que foi arrancado do solo por uma violenta ventania. |
Senhora Blavatsky e a Doutrina Secreta
Cartas aos Probacionistas
Cartas aos Estudantes
Como reconheceremos Cristo em seu retorno?
As últimas horas de um espião
Ensinamentos de um Iniciado
Mistérios das Grandes Óperas
Os Mistérios dos Rosacruzes
Significação Mística do Natal
Iniciação Antiga e Moderna
Palestras do Cristianismo Rosacruz
A Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas 1
A Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas 2
Ensinamentos de um Iniciado
Maçonaria e Catolicismo
Algumas questões da primeira parte do Conceito Rosacruz do Cosmos de Max Heindel
Visão Etérica e o que ela revela
O Mistério das Glândulas Endócrinas
Interpretação Mística da Páscoa
Espíritos e Forças da Natureza
Princípios Ocultos de Saúde e Cura
Arquétipos
Princípios dos Rosacruzes para a Educação Infantil
A Escala Musical e o Esquema de Evolução
A Missão de Nosso Senhor Jesus Cristo
O Cordão Prateado e os Átomos-sementes
Aprisionados à Terra
Evolução sob o Ponto de Vista dos Rosacruzes
O Surgimento da Fraternidade Rosacruz
Memórias de Max Heindel e a Fraternidade Rosacruz
Histórias Aquarianas para Crianças
Na Terra dos Mortos que Vivem
Rex e Zendah
Echoes de Mount Ecclesia 1913-1919
Manual dos Rituais da Fraternidade Rosacruz
Cantos de Luz
Livro de Culinária Vegetariana da Nova Era
Rays from the Rose Cross [Raios da Rosacruz]
Saladas e Menus Vegetarianos
Registro total dos livros de Max Heindel
Anotações Científicas
Lições da Escola Dominical da Fraternidade Rosacruz
Rituais de Solstícios e Equinócios
ASTROLOGIA
Astrodiagnose, um Manual de Cura
Astrologia e as Glândulas Endócrinas
Ajudas Astrológicas
A Mensagem das Estrelas
O Horóscopo de seu Filho, parte 1
O Horóscopo de seu Filho, parte 2
Sistema de Palavras-Chave
Estudos de Astrologia
Astrologia Científica Simplificada
Efemérides Científica Simplificada
Tabela de Casas Científica Simplificada
F I M
[1] Com um fundo de azul celeste, na parede ocidental, encontra-se uma estrela dourada de cinco pontas, e cada ponta contém treze raios. Nela está fixada uma cruz branca, com uma guirlanda contendo sete rosas vermelhas. No centro da cruz, uma rosa branca. Somente durante os rituais o emblema é aberto. Em outros momentos é mantido coberto por uma cortina.
[2] Texto Retirado do Livro: Conceito Rosacruz do Cosmos, O Simbolismo da Rosacruz, de Max Heindel.
[3] Algumas palavras nestes parágrafos foram escritas no singular e foram alteradas para o plural.
[4] N.T.: Canção popular tradicional ou canção de ninar conhecida no Reino Unido. De acordo com o Dicionário Oxford de Citações (5º ed. 1999), uma impressão inicial do texto está contida em Archaeoligica Cornu-Britannica (1790) por William Pryce. O cenário musical por Isaac Nathan, da melodia habitual para esta canção, antecede 1864, o ano da sua morte. É possível que Nathan tenha composto a melodia, no entanto, poderia ser um arranjo de uma melodia preexistente.
[5] N.T: Escrita pelo americano Nathaniel Parker Willis (1806-1867) e musicada pelo americano Thomas Dunn English (1819-1902).
[6] Os cálculos astrológicos foram executados com o auxílio do programa Astrolab 3.008 de Ole Eshuis, Amsterdam.
[7] Este livro surgiu primeiramente em latim com o título Harmonice Mundi em Linz em 1619. Uma tradução para o Alemão feita por Max Caspar surgiu em 1940 como banda 6 do Gesammelte Werken von Johannes Kepler. Uma re-edição surgiu com o título: Was die Welt im Innersten Zusammenhalt. Antworten aus Kepler Schriften. Mit einer Einleitung, Erlauterungen und Glossar. Herausgegeben von Fritz Krafft, Wiesbaden 2005 [ISBN 3-86539-015-3]. Uma tradução em inglês surgiu como: The Harmony of the World, by Johannes Kepler, traduzido por E.J. Aiton; A.M. Duncan; J.V. Field; em Philadelphia em 1997 [ISBN 0-87169-209-0]. É o quarto livro, capítulo 5 denominado: ‘Sobre os efeitos dos aspectos influentes e seus graus em número e ordem de influência’.
[8] N.T.: Meio do Céu – cúspide da 10ª Casa
[9] N.T.: Naometria (“medição do templo”) é um livro de profecias atribuídas a Simon Studion e publicado em 1604. Suas duas mil páginas cobrem previsões baseadas em numerologia que incluem a destruição do Papado. Foi dedicado a Frederico I, duque de Württemberg.
[10] N.T.: LMT (Local Mean Time) – Tempo Médio Local é uma forma de tempo solar que corrige as variações de tempo aparente local; a formação de uma escala de tempo uniforme a uma longitude específica. Esta medição do tempo foi utilizada, para o uso diário, durante o século 19, antes de que os fusos horários fossem introduzidos, a partir do final do século 19; ele ainda tem alguns usos na astronomia e navegação.
[11] N.T.: GMT ou TMG é um acrônimo para Greenwich Mean Time, que, em português, significa Hora Média de Greenwich (mais comumente chamado de Hora de Greenwich), e que é conhecido como o marcador oficial de tempo. O fuso horário é contabilizado a partir do meridiano de Greenwich: para oeste, o fuso é negativo; para leste, será positivo.
Assim, num lugar do planeta onde o fuso-horário é GMT-02:00, o horário GMT será diminuído de 2 horas. Desta forma, 17h GMT numa região GMT-02:00 será 15h no horário local desta região. No dia 1 de Janeiro de 1972, o GMT foi substituído pelo UTC, como referencial de tempo universal.
[12] Johann Valentin Andreae, Memorialia, benevolentium honori, amori et condolentiae data. Argentorati, sumptibus haeredum Lazari Zetneri, Anno M.DC.XIX. Tobiae Hessi, viri incomparabilis, immortalitas, MDCXIX. A tradução em holandês foi fornecida pela Bibliotheca Philosophica Hermetica em Amsterdam.
[13] Isto é conforme o calendário Gregoriano ou atual; conforme o calendário Juliano é 10 dias antes. Isto também vale para o século XVII.
[14] Hans Schick, Die geheime Geschichte der Rosenkreuzer (A História Secreta dos Rosacruzes), Schwarzenberg CH 1980, pág. 116.
[15] J.V. Andreae, Collectaneorum mathematicum decades XI, Tubingen 1614, figura 42 (e não 36 como J.W.. Montgomery em Cross and Crucible, Den Haag 1973, escreveu em sua nota de rodapé 120 da pág. 51).
[16] N.T.: Manual de Astrologia: A Mensagem das Estrelas
[17] N.T.: Manual de Astrologia
[18] Steiner não nasceu no dia 27, neste dia ele foi batizado. Veja entre outros: Christoph Lindenberg; Rudolf Steiner, Rowohlt pocket, nr. 1090, Stutgart 1988, pág. 8.
[19] Londres, mesmo ano, 3ª Edição, pág. 42 sob o nr. 753. Leo informa que recebeu o momento do nascimento de von Sievers e também referência seu livro How to judge a Nativity, parte 2, 388 e 247. Este livro mais tarde foi intitulado como The Art of Synthesis, Londres 1912. Na pág. 206-211 tem o Mapa de Steiner e descrição, calculado para 27 de fevereiro de 1861.
[20] Do Estado da Califórnia, departamento de Health and Services, County of Riverside, ato 3355 (Com agradecimentos a Norman Schwenk).
[21] Do Estado da Califórnia, County of Los Angeles, Marriage License nr 1337 (Com agradecimentos a Norman Schwenk).
[22] Do Livro Mensagem das Estrelas, horóscopo número 2, de Max Heindel e Augusta Foss Heindel. Veja também o livro A Teia do Destino, parte 3 e 4, de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz.
[23] As informações sobre Martinus van Warendorp são do Registro de Cidadãos de Amsterdam, do Registro de Cidadãos de s-Gravendeel e do Serviço Central de Genealogia em Haia. As informações de Agatha Zegwaard são, para o nascimento e falecimento, do Cartório de Amstelveen e Bussum. A data em que se tornou vegetariana, associação, etc. foram retirados de seu caderno de anotações, que estavam na posse de Jaap Kwikkel, que eu recebi posteriormente ao seu falecimento e que depois foram doados à Biblioteca Philosophica Hermetica em Amsterdam. Muitos dados eu recebi do Sr. Jaap Kwikkel e também retirei de sua biografia denominada Herinneringen (NT: Lembranças), escrito em Nijverdal de 1986-1988. Datilografado em 442 páginas em formato A4 e distribuído com algumas cópias somente para os filhos. Seu filho Michel me permitiu fazer uma cópia. Aqui são importantes: páginas 141-153: Membro dos Rosacruzes; pág. 208-215: As intrigas de Jan Leene; páginas 308-310: Senhora Van Warendorp. Jaap Kwikkel nasceu em 23-03-1896 às 1:15 horas conforme sua mãe, às 4:00 horas conforme os dados do Registro e conforme ele mesmo às 3:00 horas em Zaandam, onde ele possuía uma loja de ervas. Ele faleceu no dia 1-12-1990 no meio da tarde em Nijverdal.
[24] O título era: Rozenkruizers Cosmologie, of Mystiek Christendom (NT: Cosmologia dos Rosacruzes ou Cristianismo Místico) traduzido do Inglês por A. J. J. Hattinga Raven, editado em 1913 por: N.V. Editora Teosófica, Amsteldijk 79, Amsterdam. A 2ª Edição de 1924 foi publicada pela mesma Editora, mas se chamava então “Gnosis”, situada em Celebesstraat 65, em Amsterdam. O proprietário era o Sr. W. Symons. Mais tarde a Editora se mudou para o Voltaplein 1.
[25] Quando o Centro da The Rosicrucian Fellowship de Amsterdam se tornou um charter (com certificado de reconhecimento) não é conhecido. Existiam alguns pequenos grupos que se denominavam “The Rosicrucian Fellowship”, mas não eram filiados e tiveram uma existência curta. Veja Ferdinand Maack, “Das Rosenkreuz”, A. A. W. Santing, Notities bij de geschiedenis der R + Cr beweging in de 20e eeuw (NT: Anotações da história de R + Cr no início do Século 20), Hamburg 1923, pág. 15-16. Jaap Kwikkel, Herinneringen, Nijverdaal 1988, pág. 142, 153. Rays from the Rose Cross, julho de 1921, pág. 119.
[26] Veja também: 1927-1967, 40 Jahre Rosenkreuzer-Bewegung in Deutschland (NT: 1927-1967, 40 anos do Movimento Rosacruzes na Alemanha). Eine Denkschrift der Rosenkreuzer-Gemeinschaft, Deutsche Zentralstelle Darmstadt, Fruhjahr 1967 (NT: um pensamento da Comunidade Rosacruz, Central Alemã em Darmstad, no ano de 1967), Pág. 3.
[27] Dados de nascimento fornecidos pelo Cartório de Registros de Haarlem. Veja também a genealogia Leene/Leenties, levantada por Jan Jans Leenties, 25 de março de 2002 na internet.
[28] Jan e Wim foram, em 1924, seguir as lições, o que durou meio ano. Após terem feito isto se tornaram “Estudantes Regulares” o que durou 2 anos. Depois puderam se tornar Probacionistas. Isto deve ter ocorrido por volta de 1927/28. Como Probacionista pode iniciar um Centro de Estudos.
[29] Todas as cartas sobre esta questão estão em meu arquivo pessoal.
[30] O fato de citar os Estudantes é uma exceção, porque apenas os Probacionistas e Discípulos têm direito a voto.
[31] N.T.: Francis Bacon (1561-1626) – político, filósofo e ensaísta inglês.
[32] N.T.: por vezes grafado como Jacob Boëhme (1575-1624) – filósofo e místico luterano alemão
[33] N.T.: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) – autor e estadista alemão que também fez incursões pelo campo da ciência natural
[34] N.T.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) – maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão
[35] Max Heindel, no Livro: Conceito Rosacruz do Cosmos, Cap. XIX
[36] NT: O Warhaffte e preparação perfeita da Pedra Filosofal, A Irmandade da Ordem do florim – e Rosa Cruzes, etc.
[37] Catálogo da Exposição Magia, alchemia, scienza dal ‘400 al ‘700 L´influsso di Ermete Trismegisto em maio de 2002 em Veneza, parte 2, págs. 225-228. Este manuscrito (BN codex XII – E – 30 ff. 226r-242v), que se encontra na Bibliotheca Nazionale em Nápoles, é descrito por Gilly no mesmo catálogo sob o número 87, pág. 221-224.
[38] Adolf A.W. Santing, ‘Os Rosacruzes históricos e sua conexão com os maçons’ em Bouwstenen, ano 5, nr. 1, abril de 1930 até ano 7, nr. 4, julho de 1932. Também foi reeditado sob o título: ‘Os Rosacruzes Históricos’, pela Editora W.N. Schors, Amsterdam mesmo ano [1977], pág. 130-162.
[39] Idib, pág. 195-254. Veja também Karl R. H. Frick, Die Erleuchleten, Graz 1973, pág. 419-424.
[40] Karl R.H. Frick, Licht und Finsternis II, pág. 402-404, 429-430.
[41] Veja item 10.
[42] Veja item 9.
[43] Frick, Licht und Finsternis II, Pág. 429-437.
[44] Frick, Licht und Finsternis II, pág. 346.
[45] No que se refere a Bulwer Lytton não existe arquivo histórico de filiação à maçonaria e nem a qualquer grupo de Rosacruzes. Parece não ter tido nada contra ser membro honorário da SRIA. Veja Frick, Licht und Finsternis II, Pág. 350.
[46] Veja item 5.
[47] Frick, Licht und Finsternis II, pág. 355.
[48] Literatura: Licht und Finsternis II, pág. 452-355; Ellic Howe, The Magicians of the Golden Dawn, Oxford 1972; R.A. Gilbert, The Golden Dawn; Twilight of the Magicians, Welling-borough, Northamptonshire 1983 e R.A. Gilbert, The Golden Dawn Scrapbook; The Rise and Fall of a Magical Order, York Beach 1997.
[49] N.T.: A lignina é uma macromolécula tridimensional amorfa encontrada nas plantas terrestres, associada à celulose.
[50] Literatura: Helmut Moller e Ellic Howe, Merlin Peregrinus; Von Untergrund des Abendlandes, Wurzburg 1986. Karl R.H. Frick, Licht und Finsternis II, pág. 462-475.
[51] Frick, Licht und Finsternis II, pág. 391, 393.
[52] Veja item 10.
[53] Frick, Licht und Finsternis II, pág. 393.
[54] Veja para uma explicação completa Adendo 7.
[55] H. Spencer Lewis, Rosicrucian Questions and Answers; with complete history of the Rosicrucian Order, San Jose 1954, Capítulo 8. A Ordem foi fundada no Canadá.
[56] Christopher McIntosch, The Rosicrucians, Northamptonshire 1987, pág. 135.
[57] Dados de nascimento adquiridos no Registro Civil de Rotterdam, com agradecimentos ao Sr. F. Vermeulen.
[58] Konrad Dietzfelbinger, Die Geistesschule des Goldenen Rosenkreuzes – Lectorium Rosicrucianum; eine spirituelle Gemeinschaft der Gegenwart (A escola de pensamento do Rosacruz Dourado – Lectorium Rosicrucianum; uma comunidade espiritual da presença), Andechs 1999, pág. 96 e Antonin Gadal, Op Weg naar de heilige Graal (A Caminho do Santo Graal), Haarlem 1960, pág. 148.
[59] Entrevista com Henk Leene, o filho de Jan Leene, em 24 de agosto de 1998 em Oz, França por Frans Smit.
[60] Veja também o Adendo 12 ‘Agatha van Warendorp-Zegwaard’.