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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Céu dentro de Nós

A Fraternidade Rosacruz é uma Escola de Cristianismo Esotérico, isto é, diferente do Cristianismo Exotérico ou Popular. Ela procura transferir as realidades do Cristianismo para o interior de cada indivíduo, visando convertê-lo no centro de uma realidade espiritual, num microcosmo, feito à imagem e semelhança de Deus em realidade. Afinal: “Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?[1].

Esse reino interno de Cristo é concebido por Virgem, a Virgem Celestial, em cooperação com José. Virgem é o símbolo da pureza e do serviço e mostra que o Cristo se forma pela pureza e serviço amoroso e desinteressado, mediante o esforço bem orientado da vontade humana consciente (José).

A história de Cristo Jesus é a nossa. Jesus nasceu em Bethlehem (“casa do pão”), o Corpo Denso. Somos nós, o Espírito interno, que aguardamos a nossa purificação ou o nosso batismo, a fim de que comecemos, de fato, a dirigir nosso destino. Depois é tentado, transfigurado e, finalmente, entra em Jerusalém (Jer-u-salém, “onde haverá paz”), e ali Seu primeiro ato foi expulsar os mercadores do Templo, mostrando que para haver paz dentro do Templo do nosso Corpo é preciso limpá-lo dos desejos, sentimentos e das emoções inferiores.

Nessa trajetória, Cristo Jesus pregou e curou, vivendo os mandamentos básicos da Sua mensagem e mostrando os meios de elevação para cada um de nós: autoaperfeiçoamento e serviço amoroso e desinteressado ao próximo, esquecendo os defeitos desse e focando na divina essência oculta nele, que é a base da Fraternidade. Por isso chamou os hipócritas fariseus de “túmulos caiados de branco por fora e podre por dentro[2].

Para nós, Estudantes Rosacruzes, Cristo é o ideal que buscamos atingir, ajudados pelos Ensinamentos Rosacruzes, tal como foram fornecidos pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, conhecedores da natureza humana e que nos previnem racional e devocionalmente como realizar essa gigantesca tarefa.

Não é uma Escola para a maioria, compreendemos, mas para verdadeiros Aspirantes à vida superior que buscam a realização pelo Cristianismo Esotérico, escolhidos por seus valores morais, pela sinceridade de propósito, provados na prática do trabalho coletivo. Não é certo que “pelos frutos se conhecem árvores[3]?

O Cristianismo Popular (Exotérico) ainda não compreendeu esse sentido ativo que ele deve imprimir a cada seguidor. “Ajuda-te que Deus te ajudará[4]. “Tome o Reino de Deus por assalto[5].

No Evangelho segundo S. Lucas (6:45) estudamos: “O homem bom, do bom tesouro do coração, tira o bem; e o mau, do mau tesouro tira o mal porque a boca fala do que está cheio o coração”. O que presenciamos atualmente que amostra nos dá dos corações dos seres humanos?

No entanto, os erros dos outros não justificam os nossos. Dizer que somos compelidos a errar por força das circunstâncias ou do meio em que vivemos é uma desculpa irrazoável. Afinal, a “ocasião não faz o ladrão”, mas, simplesmente, mostra o que a pessoa realmente é. Afinal, a ocasião faz o ladrão só quando há uma decisão para ser um ladrão; assim, não é a ocasião, mas o possível ladrão que decide. Portanto, a decisão continua a ser determinada pela pessoa e nunca pela circunstância. Uma pessoa pode e deve ser um Cristão consciente em qualquer meio, embora pareça difícil manter a coerência interna e externa. É uma questão de prudência e de boa compreensão do Cristianismo Esotérico.

Por outro lado, a elevação da pessoa não é tarefa impossível. Muitas a realizaram e nós também podemos levá-la a efeito. Uma história para ilustrar essa possibilidade: contam que certo embaixador, na antiguidade, visitou o rei de Esparta, que lhe mostrou toda a cidade. No fim da excursão o visitante estranhou: “Mas, onde estão as famosas muralhas de Esparta? O rei lhe respondeu: “Volte amanhã que lhe mostrarei”. No dia seguinte o rei levou o visitante às planícies fora da cidade, onde os Espartanos faziam exercícios, com escudos e lanças reluzindo ao Sol. Mostrando os soldados, disse o rei: “Eis as muralhas de Esparta. Cada homem é um tijolo”. E nós dizemos: “orai e vigiai[6], agindo como um real Cristão, no próprio aprimoramento interno e na prestação do serviço amoroso e desinteressado ao irmão e a irmã que estão ao seu lado, sempre focando na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade –, o melhor possível cada dia que passa e verá como se forma um “homem novo[7] de pequenos esforços, constantemente alinhados num plano de regeneração. Ao mesmo tempo passaremos a constituir, cada um de nós, um tijolo na obra de reerguimento do mundo, de que a pedra angular é o Cristo.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1963-Fraternidade Rosacruz-SP)


[1] N.R.: (ICor. 3:16)

[2] N.R.: Mt 23:27

[3] N.R.: Lc 6:44

[4] N.R.: Mt 7,7-8

[5] N.R.: Mt 11:12

[6] N.R.: Mt 26:41 e Mc 13:33

[7] N.R.: Ef 4:22-24 e Cl 3:10-11

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Algumas Palavras sobre a Simbologia do Natal em Nós

Algumas Palavras sobre a Simbologia do Natal em Nós

Estamos nos aproximando do Natal, época de grande significado para nós, Estudantes Rosacruzes.

Façamos um pequeno histórico da vida do ser humano e de sua relação com o acontecimento ocorrido há dois mil anos, a fim de entendermos a ligação entre Deus e a humanidade e outras coisas.

Por certo, o caro leitor já deve ter pensado no significado mais profundo do Natal e na sua importante ligação com a vida dos seres humanos. De fato, existe algo de profundamente grande nesse elo entre o Natal e a humanidade.

Falam os Evangelhos de um ser de elevada evolução, Jesus de Nazaré, nascido em Belém, cidade da Palestina. Nasceu Ele, por falta de estalagem, em lugar humilde, uma manjedoura onde se dava alimento aos animais.

Pensemos no que isso representa em nossa vida. Não é só um fato ocorrido há mais de dois mil anos, encarado apenas historicamente e sem relação alguma com a atualidade. Nada disso. Pensemos bem nessas coisas e não nos será difícil descobrir que elas dizem respeito a nós mesmos.

Em primeiro lugar, o nascimento de Jesus em uma manjedoura simboliza a profunda humildade que os seres humanos devem considerar em sua vida. Jesus foi o perfeito exemplo e Cristo demarcou, com os fatos do Seu ministério, os passos que toda a humanidade, a seu tempo, deverá percorrer conscientemente para voltar ao Pai.

Desde o Período de Saturno, os Espíritos Virginais (a Hierarquia Zodiacal de Peixes) têm, vida após vida, desenvolvido e aperfeiçoado seus veículos, inclusive a Mente, que proporcionará ao ser humano, cada vez mais, a consciência de si mesmo como indivíduo. Através da Mente e do desenvolvimento da razão, chave dessa Época, a Ária, iremos descobrir dentro de nós uma réplica da história de Jesus e mais profundamente sentiremos a relação que existe entre nossas vidas e a daquele amado Irmão Maior da humanidade.

A meditação sobre o Natal vai levá-lo a reconhecer algo muito sério que a grande maioria dos irmãos e irmãs não alcançou ainda e o Cristianismo popular, por isso (em parte), não explica.

Bethlehem (Belém) significa “casa de carne” em hebraico (“casa do pão” em grego antigo) e é o símbolo do corpo material, que é composto de elementos químicos. Mesmo já domesticados, dentro desse corpo existem os “animais dos nossos instintos”, porque a manjedoura de nosso coração não abriga apenas sentimentos elevados. Ali, sob o influxo divino evolutivo, destinado um dia a abrigar um “Cristo adulto”, nasce Jesus, o espírito interno que surge mais definidamente dentro de nós, após tantos anos de escravidão, filho de José, a Vontade educada, e de Maria, a Imaginação pura. Desses dois atributos primeiros da Divindade surge o Verbo que se fez carne.

Quanto mais não podemos deduzir de tão sublimes ensinamentos à luz da Filosofia Rosacruz, que tudo nos alumia? Em tão curto espaço não poderíamos nos estender.

(por David Dias dos Santos, publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1966)

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