Este livro temos uma representação simbólica da comunhão angelical com o ser humano por meio de flores.
Já no Prelúdio vemos uma descrição de como é a relação entre os Anjos, os Espíritos-Grupo de todo Reino Vegetal, e as flores.
1. Para fazer download ou imprimir (e ter acesso as figuras, que muito ajudam na compreensão):
Livro: Os Jardins Mágicos-Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
OS JARDINS MÁGICOS
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
3ª Edição em Inglês, Magic Gardens – 1971 – editada por The Rosicrucian Fellowship
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Dedicado à
MAX HEINDEL
cuja
apreciação
e encorajamento foram
os maiores responsáveis pela
geração dessa páginas.
Na Terra das Flores os sussurros do
céu podem se tornar audíveis para crianças;
pois também as hostes celestes
têm um jeito de “dizer isso com as flores”.
ÍNDICE
PRELÚDIO – O Senhor Deus plantou um Jardim.. 8
A FLOR DA PAZ – A Lenda do Jasmim.. 15
A ANÊMONA – A Alma dos Ventos. 18
O IDÍLIO DE NARCISO – Um Prelúdio para Aquelas que esperam ser Mamães. 21
A LEMBRANÇA DA ALMA – A Lenda do Alecrim.. 31
UMA DIVINA AVENTURA COM UM NARCISO E O MAR.. 35
SINOS ASTRAIS – O Ministério da Fúcsia. 42
UM CALENDÁRIO FLORAL – A Lenda da Poinsétia. 45
UMA MENSAGEM DE AMOR – Como Cresceu a Violeta Branca. 50
ALMAS-JUVENIs – A Mensagem do Amor-Perfeito. 53
O AMOR NASCIDO DA DOR – A Lenda da Flor da Paixão. 62
O CAMINHO DAS TREVAS – O Cereus que Floresce à Noite. 80
A LUZ DOURADA – Uma Lenda da Goldenrod. 83
A MISSÃO DA PAPOULA – Uma Folha do Coração da Noite. 87
VALE DAS LÁGRIMAS – Como Surgiu o Salgueiro Chorão. 92
IDEIAIS PERDIDOS – A Canção de uma Calçada da Cidade para uma Flor Destruída. 95
IMORTELLE – A Flor da Alma. 99
A COROA DA MATERNIDADE – O Lírio do Vale. 102
SACRIFÍCIO E SERVIÇO – Uma Lenda do Visco. 105
A ETERNA ROSA BRANCA – Uma Lenda da Noite Santa. 108
O carvalho falante
para o ancião falou,
mas qualquer árvore
me falará
sobre as verdades
que eu sei que conquistei.
Mas aqueles que querem falar e contar,
e aqueles que não querem ser ouvintes,
nunca ouvirão uma sílaba
dos lábios de nenhuma árvore.
– Mary Carolyn Davies
PRELÚDIO – O Senhor Deus plantou um Jardim
O Senhor Deus plantou um jardim
Nos primeiros dias claros do mundo,
E ele colocou lá um anjo guardião
Em uma vestimenta de luz desfraldada.
O beijo do sol para o perdão,
O canto dos pássaros para o júbilo,
Alguém está mais perto do coração de Deus em um jardim
Do que em qualquer outro lugar da Terra.
Por Dorothy Frances Gurney
Cada flor carrega uma marca Estrelada, declarou o clarividente iluminado, Paracelso. Do Zodíaco veem os verdadeiros segredos de Deus. Os Anjos Estrelares são os transmissores e as flores se tornam símbolos de suas comunicações. Quanto mais próxima for nossa comunhão com os Anjos, mais profundo será o nosso entendimento dos mistérios do Reino vegetal e maior será a nossa compreensão do ministério espiritual do mundo das flores.
Cada uma das Hierarquias Zodiacais cria seus próprios padrões de flores cósmicas nos reinos celestes. Esses padrões estão em conformidade com a forma, o tamanho, a cor e o tom – cada flor canta – com a nota-chave do seu Signo. Esses protótipos cósmicos são perfeitos em todos os detalhes. Nos céus mais elevados, eles vivem e florescem em uma beleza tão maravilhosa que inspirou muitas lendas que lhe proporciona uma forma humilde para trazer à Terra uma leve concepção de sua glória transcendente dos Mundos superiores e, também, o significado deles para os povos da Terra. Imbuídos de vida eterna, eles nunca desaparecem, mas vivem e florescem com um esplendor cada vez maior através dos tempos.
É a partir desses padrões perfeitos nos Mundos celestiais, que os Anjos constroem os reflexos que nós, que vivemos na Terra, conhecemos como flores e que, quando assim compreendidos, nos tornamos um dos mais sublimes mestres terrestres. Cada família de flores têm seu próprio trabalho especial para realizar. Cada planta traz, no fundo de seu coração, uma mensagem para a família humana.
Nos primeiros estágios de seu desenvolvimento, as flores, mesmo lindas, não tinham fragrância, pois o perfume é a alma da flor, e a alma só é adquirida por meio do serviço.
Cada família de flores foi formada pelos Anjos para representar alguma qualidade ou atributo específico a ser despertado no ser humano. À medida que as hostes angélicas imprimem esse ideal em um arquétipo floral, sua corporificação física se torna um arauto radiante dessa mensagem celestial. Portanto, as flores são, literalmente, um meio de contato entre os Iluminados e aqueles que vivem na Terra, sua fragrância se desenvolve e aumenta como um belo testemunho de seu trabalho como mediadores. À medida que o ser humano se tornar cada vez mais sensível, começará a interpretar essa linguagem das flores, e na medida em que o faz e vive de acordo com seu alto idealismo em seus contatos diários com seus semelhantes, o perfume de nossas amigas flores se intensifica, e as cores se tornarão mais requintadas e as pétalas delicadas terão maior durabilidade.
Cada planta traz em suas forças vitais a assinatura de sua criação estelar. Essa impressão criadora toma forma dentro do coração da semente, e aquele que possui a “visão abençoada” pode observar, dentro dela, a imagem completa da planta que mais tarde virá a ter uma expressão física na Terra. Da mesma forma, aqueles que possuem a “sabedoria interior” podem discernir a mensagem que as flores trazem sobre as realidades do céu, e que estão aguardando manifestação no plano físico.
À medida que o ser humano aprenda a responder aos ideais incutidos pelos seres angélicos nos corações das flores, ele também desenvolverá uma qualidade de alma que irradiará em fragrância rara e bela. Ele caminhará em uma aura de luz radiante e conhecerá a glória de uma vida imortal que nunca desaparecerá.
O JARDIM DA ALMA
Um jardim é uma coisa adorável
Deus sabe!
Terreno de rosas,
Piscina adornada,
Gruta coberta com samambaias.
A verdadeira escola de paz;
E ainda o tolo
afirma que Deus não está.
Não Deus! Nos jardins! quando a véspera é fria?
Não, mas eu tenho um sinal –
Tenho certeza de que Deus está em mim.
Por Thomas Edward Brown.
Porque o ambiente físico é apertado e limitado, e uma vez que a alma deve ter liberdade para crescer e se expandir, para estudar e sonhar, chegam regozijosas peregrinações em horizontes mais amplos, em campos de exploração mais extensos, distantes, irrestritos, livres. Na página em branco de um pergaminho infinito, o Dedo da Verdade imprime muitas lições indeléveis. Das altas esferas nos céus, essas lições são levadas para a terra, onde lutam para se expressar, muitas vezes nebulosas, outras vezes nítidas, mas nunca com a clareza cristalina que existe lá no alto.
Numa dessas viagens, avistei ao longe algo que parecia uma grande mancha de sangue carmesim no horizonte. Ao me aproximar, descobri um enorme jardim de rosas vermelhas. De todos os lados, elas acenavam com as lindas cabeças ou estendiam as mãos macias e aveludadas para me abraçar. Seus corações suntuosos emitiam um perfume glamoroso que me cativou, embora o excesso fosse enjoativo e repugnante. O forte aroma do ar era quebrado apenas pelo zumbido das asas dos pássaros de plumagem brilhante, enquanto passavam, gloriosamente coloridos, porém, curiosamente silenciosos.
Apesar das cores radiantes que marcavam esse jardim, ele era desprovido de qualquer som. Eu parecia sentir apenas uma vaga corrente subterrânea de inquietação que permeava todas as coisas, e acima da revelação de cores pairava um silêncio profundo e impenetrável.
A frente caminhava uma donzela, o próprio espírito do jardim encarnado em toda a sua beleza brilhante e apaixonada. Ela acariciou um cacho de rosas vermelhas, mas muito rapidamente, elas murcharam, e quando ela atirou para longe, num gesto de cansaço, elas caíram murchas a seus pés, estranhamente como cinzas de esperanças e sonhos desfeitos.
Enquanto eu ansiava intensamente por conhecer o mistério deste lugar sedutor, uma voz surgiu do silêncio: “Esse é o jardim do amor sensual em toda a sua beleza evanescente e fugaz; é o jardim da rosa vermelha que representa o amor que é apenas humano. Aqui, cada alma retorna muitas vezes e permanece por muito tempo, vagando por esse selva emaranhada de beleza carmesim. É somente após uma longa jornada através das lágrimas e sombras que o coração desperta para a compreensão de que as rosas que crescem aqui nunca podem se tornar imortais. O glamour desse jardim nunca pode ser eterno”.
Relutante em ir, porém, com um desejo inato de partir, me afastei, e assim que os meus olhos se afastaram das estranhas luzes do jardim carmesim, surgiu diante de minha visão outro recinto. Aqui o ar era mais claro, mais fino, mais raro. Ao contrário da apatia inquietante do Jardim das Rosas Vermelhas, a própria atmosfera estava carregada de um apelo impulsivo, clamoroso e suplicante que pressionou minha alma até que ela recuou tremendo, com medo de se aventurar mais longe.
Esse jardim também estava cheio de rosas, não carmesim como no outro, mas de um rosa brilhante. Havia uma grande quantidade delas crescendo de todas as maneiras concebíveis. Cada perfume com uma intensidade que parecia ter um apelo insistente em direção a algum objetivo superior. Inúmeros pássaros permaneceram aqui também. Eles eram com muitas tonalidades mais claras do que os do jardim carmesim e de suas gargantas musicais fluíram um refrão melodioso.
Aqui, também, vagou uma bela donzela incorporando o próprio espírito de seu entorno. Com sorrisos nos lábios e sonhos ternos nos olhos, ela juntou cachos de rosas e os segurou contra o rosto. Diferentemente das rosas vermelhas, estas não murcharam rapidamente, mas brilhavam com luzes revigoradas e puras como ideais recém-despertados.
“Eu poderia ficar aqui para sempre”, murmurei.
“Sim”, respondeu a voz, “pois esse é o Jardim das Rosas Cor-de-rosa; é o lar da aspiração, formado pela mistura da rosa vermelha do amor humano com a rosa branca da pureza. A alma deve passar por muitas experiências de vida antes de poder construir seu santuário de pureza. Muitas pétalas são rasgadas e despedaçadas durante a formação. Muitos construtores de rosas descobrem que suas flores apresentam um tom carmesim muito profundo para viver nesse jardim, então ele deve recomeçar a construí-la novamente. Mas, a cada dia as rosas ficam mais bonitas e as pétalas ficam mais brilhantes com novos ideais e novas aspirações manifestados”.
Mais uma vez fui impulsionada e impelida em direção ao que parecia ser uma estrela brilhante no horizonte, mas, quando visto de perto, provaram ser dois portões formados por luzes brilhantes que jogava para frente e para trás, e entre os quais fluíam correntes que pareciam um rio brilhante. Era a única entrada que dava a um outro jardim fechado. Maravilhada e calada, aproximei-me dos portões, quando mais uma vez a voz sussurrou: “Você não pode entrar aqui. Você deve primeiro ser libertada de todas as manchas da terra”.
Oh, o brilho indescritível desse jardim. Nada aqui além de rosas brancas! Uma infinidade de flores se fundi em uma rara harmonia de som; o ar estava tão trêmulo de luz que brilhava diante de olhos humanos como gotas de orvalho girando em fios de prata. Aquilo que teria sido apenas silêncio para os ouvidos humanos estremeceu com a melodia, e cada flor branca e perfeita exalava sua bênção em música universal.
Como uma figura de luz, o Espírito branco do Jardim, portando uma das flores perfeitas, aproximou-se dos portões perto dos quais ela parou e falou assim: “Essa rosa branca é imortal; é o ideal da realização da alma. Cada espírito deve construir seus próprios portões de luz individuais e, no brilho dessa luz, descobrir dentro de si a glória de seu próprio Jardim de Rosas Brancas, o lugar interior de paz. Ore – medite – compreenda – realize”.
Relutantemente, fui arrastada de volta aos caminhos da terra novamente. Abrindo minha janela para saudar o sol da manhã, uma rosa vermelha, uma rosa cor de rosa e uma rosa branca acenaram para mim do jardim abaixo, enquanto um passarinho cantava em uma árvore próxima.
A FLOR DA PAZ – A Lenda do Jasmim
“Oh, se de fato as nações tivessem plantado uma rosa
Ao invés de uma concha no caminho de seus inimigos”.
Os Anjos conversam entre si e com os mortais por meio da cor. Uma reunião de Anjos, quando envolvidos em orações de cura para a concessão de bênçãos sobre à humanidade, aparecem como uma glória de nuvens matizadas, que salpicam o céu nas horas do amanhecer ou no pôr do Sol.
Particularmente, em dias que foram reservados como feriados nacionais em comemoração daqueles que entregaram suas vidas nos campos de batalha de seu país, os Anjos que trabalham mais intimamente com o ser humano são, particularmente, ativos em transmitir pensamentos e orações pela paz em todo o mundo. Dentro de cada coração receptivo, eles instilam esse ideal e, em cada Mente receptiva, imprimem seu nobre impulso e poder. Os Anjos são auxiliados, nesse trabalho, por aqueles na Terra que abnegadamente colocaram suas vidas no altar do sacrifício para o bem de seu país.
O branco é a luz que impregna uma terra ao observar nacionalmente a sagrada memória de seus mortos em tempos de guerra. Acima das altas hastes de mármore que se erguem tão orgulhosamente em direção ao azul do céu, e sob as quais dormem os homenageados, os Anjos pairam em poderosas companhias de paz. Seus corais são do tempo em que a guerra não existirá mais. Eles cantam sobre o dia vindouro da fraternidade, quando os corações de toda a humanidade estiverem indissoluvelmente unidos por laços de amizade e amor. Enquanto cantam sobre esse mundo mais nobre e pacífico, sua semelhança é impressa nos Éteres em padrões ideais que se estendem pelos céus onde todos aqueles, cuja visão interior está ativa, podem ver e saber o que é. Nesta imagem celestial de promessa pode-se ver o regozijo das pessoas, o brilho de seus semblantes e o amor e a confiança que todos têm uns pelos outros. Seus belos domicílios são adornados com obras de arte e recobertos de cachos de frutas e flores. Pináculos delgados brilhando como silhuetas de tapeçarias antigas são formados entre as estrelas. É um reino de delícias pela beleza, harmonia e graça eternas, uma terra que nunca pode ser devastada por estilhaços ou bombas. Seus portões estão sempre abertos para quem deseja entrar e saborear aquela paz maravilhosa que ultrapassa todo o entendimento.
Foi uma imagem como essa que o profeta Isaías viu quando escreveu: “Eles transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices; nação não levantará espada contra nação, nem aprenderão mais a guerra. — Eles não ferirão nem destruirão em toda a minha montanha sagrada; porque a terra se encherá do conhecimento de Deus, como as águas cobrem o mar”.
Os Anjos também parecem extasiados de regozijo pela beleza divina desse ideal que eles elaboram acima da Terra e que, pelo poder e ritmo de suas canções celestiais, parecem incutir nas próprias almas dos seres humanos. Tão poderosas são suas radiações e tão intensos os ritmos, que toda a Terra está começando a sentir o significado de uma paz mundial.
Flutuando através das vastas extensões etéreas, hostes de Anjos reúnem algumas das flores mais belas, brancas e perfumadas que adornam a Terra da Paz Eterna. Essas flores eles trazem para os corredores habitualmente frequentados de poeira da terra. Eles são de brancura etérica e doçura celestial, pois de todas as flores, o Jasmim é o mais perfumado.
A brancura nevada da flor de Jasmim reflete a paz divina; sua fragrância, as orações dos Anjos. Do coração dessa flor oriunda de uma semente, flâmulas de boa vontade irradiam para todo o mundo; de suas pétalas são transmitidos os poderes.
Durante as horas silenciosas da noite, quando as estrelas sozinhas vigiam as cidades sepulcrais brancas construídas para a memória daqueles que morreram para a melhoria do ser humano, os Anjos fazem uma pausa para cantar sobre o dia que se aproxima, quando esses terrenos silenciosos não existirão mais. Então, será quando a fragrância do Jasmim, a flor da paz, pairando em uma magia branca e curativa acima do coração do mundo adormecido.
A ANÊMONA – A Alma dos Ventos
Ensine-me o segredo da tua formosura,
Que sendo sábio, eu posso aspirar a ser
Tão bonito em pensamento, e tão expresso
Verdades imortais para a mortalidade terrestre.
Embora, também, a capacidade da minha alma seja menor
Agradeço a você, ó doce anêmona[1].
Por Madison Cawein[2].
Quanto mais espiritual uma pessoa se tornam, mais completamente cada objeto de seu conhecimento exterior, corresponde simbolicamente à sua vida interior e ao desenvolvimento de seus poderes espirituais. Assim, o Reino da Flor reflete as qualidades do ser humano com quem ele é, na verdade, relacionados em um sentido mais profundo do que geralmente se reconhece. As flores são um verdadeiro livro inscrito com as assinaturas da alma. Neles são expressos os elementos mais sutis da natureza humana.
As flores que dormem no coração da Mãe Terra durante os longos meses de inverno e despertam com a chegada das forças da maré da primavera, revestindo toda a natureza com novos mantos de vegetação e cor, são símbolos apropriados dessa divindade inata dormindo dentro do coração de cada ser humano – que, quando despertado, faz com que ele se afaste do velho e se ligue ao novo.
Foi a compreensão dessa iluminação mística que animou o enlevado canto da alma de Isaías: “Levanta-te e cantai, vós que habitais no pó, porque o teu orvalho é como o orvalho das ervas”[3]. São Paulo fez referência a esse mesmo processo de transfiguração quando escreveu: “nem todos dormiremos, mas todos seremostransformados”[4].
Para comemorar esse extraordinário processo de transformação na vida do ser humano, os Anjos moldaram uma flor. Essa flor é formada pela doçura e pelo perfume dos ventos, e derrama sua beleza fragrante sobre o mundo na alegre Época da Ressurreição.
A anêmona, flor da transformação, está envolta em todo o mistério do período inicial, quando os Anjos caminhavam com os seres humanos e os instruíam na tradição das ciências celestiais. Adônis, de acordo com a antiga lenda, era o amado da deusa Vênus. Mesmo morto, o sangue fluiu de suas feridas e, ao tocar a terra, misturou-se com as lágrimas de luto de Vênus, e vejam! Lá surgiu em milagre a anêmona, a adorável e frágil flor dos ventos.
No sangue está o mistério dos processos de transformação do ser humano, cuja tônica é a pureza. O corpo de um ser Iluminado é sempre adornado com flores ou estrelas interiores. Esses são centros de luz ou ímãs de força espiritual. Assim, a anêmona é a representação daquela força formada dentro do próprio templo sagrado do ser humano por meio do poder redentor do amor, ou a deusa Vênus da antiga lenda.
Por um dia, a anêmona leva a mensagem desse extraordinário milagre da alma para a Terra e, então, suas tênues pétalas se fecham e o espírito da sua beleza é levado de volta ao céu, para adicionar nova vibração e significado à canção dos Anjos sobre a futura emancipação do ser humano.
Mas seja teu sangue uma flor
… Para tal mudança?
Daí uma flor, de cor rosa semelhante
Como aquelas árvores produzem, cujos frutos encerram,
dentro da casca flexível, seus grãos roxos.
Sandys’ Ovid, livro X[5].
O IDÍLIO DE NARCISO – Um Prelúdio para Aquelas que esperam ser Mamães
Parecia
Como se a água estivesse viva.
Ele mesmo,
Apaixonado por si próprio, permaneceu imóvel
De um olhar longo e firme, como o escultural mármore de Parian;
E viu, como em um espelho, dois doces olhos,
Seu próprio reflexo, como se fossem estrelas.
por Ovid.[6].
I
Muitas das fábulas da antiguidade são baseadas nos Mistérios Secretos. Os gregos contam a lenda da ninfa da floresta Narciso que, ao olhar longa e firmemente a sua imagem espelhada na água de uma lago cristalino, se apaixonou por seu próprio e lindo reflexo. Essa água mística sempre estava estranhamente parada e tinha a aparência de prata derretida. Para esse lugar tranquilo, os pastores nunca conduziam seus rebanhos, nem qualquer animal da montanha se aproximava dele: nem foi desfigurado com folhas ou galhos que poderiam cair nele.
A água é um símbolo do plano etérico ou reflexo da natureza. Todas as verdades espirituais são refletidas nessa água silenciosa prateada, e aquele que é suficientemente sábio, esteja ele nessa esfera terrestre ou nos reinos mais elevados, pode ler nessas reluzentes páginas. É aqui que linhas tênues de luz, como novelos emaranhados, marcam o contato da alma com a alma e mantêm intactos os padrões estabelecidos em muitos encontros de vida do passado.
Narciso, o jovem radiante, é aquele que aprendeu a ler esse pergaminho místico, visível somente para a visão cultivada impessoal. Quando Narciso se enamorou por sua bela personalidade, suas lágrimas caíram na água e distorceram a sua imagem. Os olhos, que ainda são canais para as lágrimas, não conseguem discernir as letras nessas folhas tênues. É aqui que os Egos, ao entrarem na vida terrena, encontram seu legítimo lugar, e onde as mães, que são suficientemente sábias, podem se encontrar e conhecê-los no seu íntimo.
Por amor a si mesmo, Narciso perdeu sua beleza radiante (seus contatos espirituais), e quando ele morreu, angustiadamente houve lamentação entre as ninfas aquáticas. É o amor pela personalidade, que sempre faz com que essas águas infinitas se turvem no esquecimento. O corpo de Narciso se desvaneceu, mas em sua memória os Anjos colocaram nas margens desse lago prateado uma flor que leva o seu nome e que, em seu esplendor e beleza perfumada, carrega a marca de sua história.
No gramado ele colocou a cabeça cansada,
A morte fechou os olhos que amavam o charme de seu dono
Nenhum cadáver estava naquele lugar, eles encontraram uma flor,
Amarela no centro, com pétalas brancas como a neve.
Por Ovid
“O visível é passageiro, o invisível é eterno. O céu se reflete na terra”. Assim falam os Anjos na beleza mágica das flores de Narciso.
II
“Os seres humanos são o que suas mães os fazem. Quando cada um sai do ventre de sua mãe, a porta dos presentes se fecha atrás dele”.
Por Emerson[7]
As largas colunatas de um antigo pórtico sinuoso, cintilam suave e branco no crepúsculo violeta-acinzentado que se aprofunda. A casa fala em tons baixos e abafados de mistério e respira romance cor-de-rosa. Tentáculos de videiras perfumadas se agarram suavemente à grande varanda e formam uma fricção com o céu azul através do qual as estrelas noturnas brilham como velas de prata.
Uma jovem mulher se senta perdida nas maravilhas incessantes do entardecer que se aproxima. Essa é a sua hora favorita do dia. O crepúsculo sempre traz o êxtase dos sonhos. Para ela, a noite é como um grande pássaro preto que, com penas macias e fofas, cobre o coração do dia e o embala para descansar. Fantasias arejadas voam por sua Mente como melodias, em parte cantadas e em parte tocadas em cordas enfadadas. Desde a infância tem sido assim. Ela sempre se esforçou para encontrar na alma alguma verdade rara que sempre a escapa, deixando apenas uma sombra de vaga insatisfação que ainda é tingida de alguma exaltação estranha.
“Oh, como eu espero”, ela meditou, “que o pequenino que está vindo para mim em breve, recolherá as madeixas da vida que as abandonei e as desvendei; espero que seja capaz de encontrar e, de alguma forma, dar ao mundo os significados internos das coisas que eu descobri e das quais sei que a forma externa é apenas um mero simbolismo – algo que será um acréscimo duradouro à beleza e à verdade do mundo”.
Ela então sonhou, e seus sonhos estavam perfumados enquanto as sombras caíram, e o inquieto pássaro negro da noite aninhava-se suavemente ao redor do coração do dia, entoando uma canção adormecida de extrema doçura.
Nos reinos dos não nascidos, um Ego, novamente, aguarda ansiosamente o retorno à Terra. Sonhos elevados de se tornar um artista famoso havia escolhido na vida terrena anterior. Mas esses sonhos não foram realizados. Obstáculos, um após o outro, frustraram suas aspirações. No entanto, nem tudo estava perdido. Das dificuldades e decepções, ele aprendeu a suportar bravamente a cruz da derrota e a coroa dos anseios impossíveis.
Durante o tempo de preparação para o renascimento nos reinos mais elevados, essa alma havia trabalhado para encontrar a razão de seu fracasso, de modo que pudesse, agora, construir de novo um corpo sobre bases melhores do que havia no passado. Recebendo o chamado para outra vida terrena, ele respondeu alegremente. A música em sua alma de artista respondeu aos sonhos de desejo dessa futura mãe. Mantendo as cores dos reinos mais elevados sempre em sua consciência, ele saiu mais uma vez com grande esperança e nobre propósito de trazer seus ideais à realização terrena.
III
O sol da tarde entrou pela janela, inundando o lindo apartamento com uma luz suave e dourada. O quarto era grande e magnificamente mobiliado. Com raras tapeçarias e com tesouros artísticos de muitas partes do mundo que o adornavam, evidenciando um bom gosto cultivado e grande riqueza.
Ao lado da janela aberta estava a dona desse rico domicílio, uma mulher jovem e bela. Seus olhos, vagando por seus belos bens, cintilavam de prazer, sua cor se intensificava e toda a sua atitude denotava exultação ao pensar na criança com quem logo seria capaz de compartilhar esses tesouros mundanos. Em breve, ela deveria receber sob sua guarda uma alma que estava empenhada em outra peregrinação na forma terrena.
Com orgulho, ela espera um filho, e muitos são os planos que ela faz para a vida dele. Sua posição social e riqueza ilimitada darão a ele oportunidades que poucos possuem. Ela pensa e planeja, a aspiração sendo sua companheira constante, à medida que os dias se estendem e se transformam nas semanas na qual ela está ajudando a construir a casa terrena para seu novo herdeiro.
Os acordes de sua aspiração se estendem até o plano onde as almas estão aguardando o renascimento; nesse reino, eles suscitam a resposta de um Ego de disposição semelhante, cuja ânsia de retornar à vida terrena é tão forte quanto o desejo dessa futura mamãe de proporcionar a oportunidade.
Um Ego fortemente atraído pelos desejos da Terra anseia pelo mundo da forma e as oportunidades que lhe são ofertadas para exercer as faculdades adicionais adquiridas, durante o intervalo de espera entre as vidas terrenas. Pela lei da atração, os desejos e as ambições mundanos, da futura mamãe e do Ego que aguarda o renascimento, atraíram os dois para uma união ainda mais estreita, até que cada um encontre a realização no outro.
IV
Novamente, uma mulher, jovem e bela, está pensando no tempo em que uma alma será confiada aos seus cuidados. Mas não há esperanças de grandes ambições, sem fantasias sonhadoras; apenas a vida simples e prática de todos os dias. Seus pensamentos não vagam além do presente ou, se o fazem, ela os traz de volta bruscamente. “Qual é a utilidade de perder tempo com conjecturas extravagantes?”, ela se pergunta. “A vida presente é tudo o que sabemos com certeza. Nossos cinco sentidos não podem nos dar mais. Vou ficar satisfeita com esta vida e vivê-la como a considero, deixando todas as especulações fantasiosas para aqueles que têm tempo para se dar ao luxo”.
E, assim ela viveu sua vida dia após dia, completamente inconsciente de que uma mãe, por meio de seus pensamentos, seus sonhos e suas aspirações estão moldando o caráter, a condição e a atmosfera da alma em que um Ego, quando entra, toma forma.
Dos muitos Espíritos que aguardam um retorno à vida terrena, não há nenhum para quem os planos internos guardem tanto tédio e monotonia quanto para o materialista. Tendo falhado em reconhecer a realidade dos Mundos espirituais, ele cegou sua própria consciência para sua existência. Não tendo, além disso, feito qualquer preparação para a vida após a morte, ele sai daqui cego e de mãos vazias e com muito pouco ou nada para trabalhar, enquanto está nos planos internos. Assim, esse intervalo torna-se um período de espera cansativa pelo retorno a outra experiência física.
Um Ego que esperou durante todo esse intervalo de tempo sombrio recebe o convite de uma futura mãe com alegria. Assim, a mulher que fechou os olhos à luz das coisas espirituais, abre a porta do seu coração para acolher essa alma que entra.
V
O Ego que vai renascer, ao se preparar para o trabalho da vida terrena vindoura, é obscurecido e permeado pelo Espírito Universal. Este mesmo Espírito inquieto demais e protetor encontra a mais sublime manifestação na Terra no amor materno. A mãe de Mente espiritualizada está sintonizada com o Princípio Feminino Cósmico e coopera, de forma compreensiva (sob permanentemente), com a Lei universal da Vida e do Amor. São as mães que se tornarão as portadoras da tocha da Nova Raça.
A futura mãe da Nova Era, vivendo no topo das montanhas do pensamento, frequentemente experimenta êxtases que quase impressionam até mesmo sua alma pura com sua beleza indescritível. Envolvida no esplendor do Espírito, com o qual ela está trabalhando conscientemente e para quem está moldando um novo corpo, ela se torna uma luz para todas as futuras mães, pela qual podem ver mais claramente o privilégio divino que é delas ao darem inclinação pré-natal a uma alma que chega. Ao sintonizar seus pensamentos e sua vida com o bom, o belo e o verdadeiro, faz dela uma vestimenta mística com a qual se envolve e, também, o Ego que se aproxima, com o qual está ligada por laços de outras vidas. Com muitos regozijos está se aproximando o dia em que toda mulher se ajoelhará diante desse santuário da Verdade e, assim, ganhará uma coroa de eterna imortalidade para sua fronte.
VI
A velha casa ainda respira romance em tons de rosa doce e sussurra mensagens misteriosas do passado. A pequena Tecelã dos Sonhos[8] ainda está sentada atrás das colunatas brancas e observa o mundo cada vez mais escuro. Como sempre, ela se deleita com o mistério e a beleza da vida.
Aquele que veio até ela nos últimos anos é, agora, um mestre da cor. Suas pinturas são poemas vivos. Ele parece ter captado todas as suas fantasias aéreas e as tecido em uma harmonia de luzes e sombras mais etéreas do que qualquer outra que o mundo já conheceu. Eles são ecos estremecedor de música que foram abafados apenas para cantar em tons coloridos. Eles mantêm a luz de fogos estranhos, um toque do sangue do coração, um perfume de flores imortais, uma sagrada beleza interior da alma. Para essa mãe, agora vem a felicidade adicional de perceber que ela havia usado suas próprias faculdades artísticas para ajudar o Ego que se tornou seu filho. Vivendo seu ideal todos os dias, ela impregnou sua consciência com sua verdade, isso tudo inconsciente, ela abriu a porta das dádivas para um Espírito maravilhoso entrar.
VII
Uma mulher de cabelos grisalhos e um rosto, no qual a decepção desenhou muitas linhas, está sentada ao lado da janela de um magnífico apartamento. Enquanto seus olhos vagueiam pelos tesouros à sua frente, ela pensa com tristeza no passado e se lembra de quantos anos atrás, ao lado daquela mesma janela, ela havia planejado um futuro tão brilhante para o filho que seria seu. Com o coração dolorido, ela revê sua juventude tão cheia de promessas.
Ainda está em sua lembrança que, com o passar dos anos, suas ambições pareciam se tornar insaciáveis. Ele cumpriu os planos que ela tinha para ele – e muito mais. No entanto, sua vida não foi cheia de sonhos mundanos a serem realizados, com o acúmulo de mais riquezas para seu tesouro já inchado e a conquista de uma posição social mais elevada, que ele não tinha tempo ou pensamento para o amor ou a mãe. Recentemente, ele sucumbiu a uma breve doença em um país estrangeiro.
“De que adianta!”, ela gemeu em seu coração. “Depois que todas as minhas ambições foram realizadas, o que eles me deram? Eu o havia planejado muito antes de vir até mim. Ele mais do que cumpriu minhas maiores esperanças de glória terrena. Ainda assim onde está a felicidade? Estou propensa a acreditar que aquele que busca conquistas mundanas é, afinal, apenas um caçador de arco-íris. Eu gostaria de poder viver minha vida novamente”.
As lágrimas caíram em seu rosto pálido. E ao longe, lágrimas de gotas de chuva caíram sobre o túmulo recém-construído e ecoaram: “Um caçador de arco-íris”.
VIII
Uma mãe que se gabava de sua lógica sadia, de seu bom senso e de sempre ter “os pés no chão” sentava-se observando com olhos de adoração uma menina esguia que se reclinava no divã. Por seus movimentos, pode-se perceber que a menina é cega. De repente, a menina exclamou: “Mãe, não é uma desgraça tão terrível ser cega fisicamente quando se pode ver luzes interiores tão maravilhosas como eu. Elas são tão brilhantes, tão deslumbrantes, e todas parecem estar dançando. Às vezes, ouço a música flutuante mais estranha e, no entanto, tudo parece estar dentro de mim. Não consigo descrever, mas nessas horas não tenho consciência de que possuo um corpo físico. Parece que vivo em pleno ar. Temos sofrido juntas tantas vezes por causa de minha enfermidade, e agora um pensamento tão estranho me ocorre, querida mãe; talvez eu tenha vivido outra vida em algum lugar, e talvez eu fosse como você é agora, cética em relação a todas as coisas que não podem ser provadas pelos cinco sentidos e condenando amargamente, como você faz, todos aqueles que tem outras crenças. Então, porque eu era cega para as coisas espirituais, e possivelmente retirei a luz dos outros, a Lei fez com que eu ficasse fisicamente cega agora. Tem uma parte de mim que ainda quer acreditar nas suas teorias materialistas, mas, minha mãe, quando essas experiências maravilhosas vêm a mim, então duvidar é inútil, eu sei”.
Com as vidas que são dedicadas a trabalharem juntas para o mais elevado, com corações transbordando de amor pela humanidade e com almas perfumadas com o aroma das boas ações, a mãe espiritualmente desperta e a sábia a quem ela concedeu renascer adequadamente, estão se aproximando do anoitecer de suas atividades terrenas. A vida tem sido para elas uma alegre canção de serviço, uma sinfonia de aspiração e idealismo na qual os tons de terra suaves e sombreados durante o dia se misturam com os tons triunfantes da noite. Suas vidas uniram a realização consciente de Auxiliares Invisíveis com seu maravilhoso ministério do dia. Elas possuem a chave que abre a porta de presentes para os Egos que aguardam uma oportunidade para novas experiências terrenas. Elas encontraram a luz direcionando para o novo dia da maternidade desperta, quando uma maior compreensão permitirá aos iluminados a viver e trabalhar em perfeita harmonia com a Lei Cósmica.
As mães, então, em reconhecimento do tempo sagrado quando estão preparando um novo templo que é o corpo para um Espírito que irá renascer, ascenderão com a bem-aventurada Maria à região montanhosa da consciência, lá para se encontrarem e reivindicarem os seus.
A LEMBRANÇA DA ALMA – A Lenda do Alecrim
Ali está o alecrim – que é para a recordação.
Por Shakespeare[9]
Frequentemente, há duas almas que caminham juntas pelas estradas da vida. Uma dessas duas está vestida com a luz da manhã e usa a beleza do nascer do sol. Ele irradia a alegria da primavera, o regozijo da criação. Seu hálito é o perfume das flores e a sua voz a música da esperança no coração da juventude.
Enquanto ele toca seu arco de luz sobre um violino mágico vibrante com harmonia, a música regozijosa transfigura a face de toda a natureza e ecoa através do espaço infinito. Uma luz difusa suaviza a paisagem, o mar cintila em uma cadência suave; e as flores se curvam sob o esplendor de uma nova beleza. Tudo se transforma. O mundo inteiro canta um hino de regozijo.
O jovem músico desenvolve seu arco como se fosse repiques de risadas: “Veja como a terra, o ar e o céu me obedecem! Onde quer que eu vá, tudo é meu. O belo fica mais belo ao meu toque; o justo infinitamente mais justo. Eu sou a alma de todas as coisas, pois sou a Alma do Regozijo”.
Outro, atraído pelo poder da música, se aproxima e se acerca dele com os braços estendidos. O companheiro da Alma do Regozijo permaneceu imóvel durante o feitiço lançado pela música fascinante. Seu olhar fixo contém o mistério de visões distantes, e seu rosto, a Tristeza e Angústia Profundas do conhecimento profundo. Há nele um perfume de flores estranhas, flores que cresceram em solidão nas alturas varridas pelo vento em meio a neves eternas.
No silêncio cada vez mais profundo, ele puxa o violino para perto do coração e começa a tocar. Primeiro, há uma nota de lamento terno que parece extraído das próprias cordas do coração, gradualmente se fundindo em um canto choroso e lamentoso. Por fim, o som se transforma em uma tempestade selvagem de agonia que, finalmente, termina em uma tremulação de resignação.
A face da natureza muda em uníssono com os humores do violino. Os ventos soluçam por entre as árvores, blocos de nuvens flutuantes obscurecem a lua, as ondas do mar batem sobre a costa como as batidas agonizantes de algum grande coração ferido. Enquanto a música desvanece no silêncio, uma estranha beleza sobrenatural envolve a noite. As nuvens desaparecem contra o céu escuro-azulado. Sobre caminhos ásperos e pedregosos, flores da primavera não plantadas por mãos humanas. O mar murmura uma canção de ninar envolta pela luz do luar mais formoso do que qualquer mortal conheça. Em todos os lugares, as flores desabrocham com uma beleza terna e ardente que é lustrosa com uma resplandecência que lembra as lágrimas.
À medida que essa música inusitada passa para outros reinos, a beleza sobrenatural da noite envolve o músico. Ele se levanta, uma chama viva estremecendo com anseios indizíveis e desejos não expressos, verdades insondáveis. Ele se volta para a Alma do Regozijo que está transfixada pela admiração.
“Você diz que torna o belo mais belo, o justo, infinitamente mais justo. Você sempre cria; você constrói de novo. Mas eu ressuscito, eu transmuto. O árido eu o torno belo. O horrível, o malformado, eu traduzo numa nova vida. Acho beleza onde antes não existia; arranco a paz das profundezas e faço com que ela viva nas alturas. Trago perfeição, conclusão. Mesmo você, Oh Alma do Regozijo, nunca poderá ser conhecida no seu íntimo sem mim, pois eu sou a Alma da Dor”.
Aquele que havia estado tão perto da Alma do Regozijo agora se vira e avança ansiosamente para encontrar esse Ser estranho, uma nova luz despontando em seus olhos. A Alma da Dor estende suas mãos em terna bênção dizendo: “Ó Espírito do Homem, eu te abençoo”.
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No silêncio profundo da alma, dormem muitos segredos esquecidos que o Espírito conheceu antes de renascer nesses véus cegantes de carne, altos anseios claros que intuitivamente tateia em seus momentos profundos, e que em tais momentos relampejam como vagas lembranças de algum tempo distante.
Antes que os Espíritos deixem sua morada celestial para outro período de experiência aqui, na sombria Terra, clara é a visão e esse conhecimento superior. É apenas o manto da mortalidade que obscurece o conhecimento dos verdadeiros valores da vida e causa as buscas incessantes e inquietas que levam à desilusão e à dor. Os Anjos estão tristes por causa dessa cegueira mortal e, assim, no fundo do coração de uma de suas flores de amor eles entoaram uma canção que é mais ou menos assim:
“A vida não é feita de prazer, mas de experiência. Quer suas notas mais profundas soem em alegria ou em lágrimas, a alma que carrega o legado mais rico em seu retorno a Deus é aquela que viveu plenamente cada momento da vida, extraindo ao máximo a essência de sua experiência e construindo-o, em ouro, a sua aura resplandecente”.
Assim canta o pequeno Alecrim, a flor da lembrança, para todos aqueles que farão uma pausa e ficarão quietos por um tempo suficiente para ouvir sua canção. “Só aquele que encontrou as lágrimas que brilham no coração por cada júbilo e êxtase e que medita à luz de cada dor é sábio o suficiente para ouvir o canto do Alecrim e recordar”. Assim, os Anjos cantam enquanto exalam uma bênção perfumada sobre suas pétalas estreladas.
UMA DIVINA AVENTURA COM UM NARCISO E O MAR
Eu vaguei por uma pista de luz dourada,
E encontrei um vale intocado, por ninguém trilhado,
E com o narciso para assistente
Eu desnudei minha alma para todos os bosques – e para Deus.
Por Stephen Moylan Bird[10]
Um dia, enquanto vagava pelo mar, símbolo daquela inquietante e maternal Sobre-alma[11], na qual despejo todas as minhas fantasias e que me devolve em sonhos tão raros que tateio por palavras para expressá-los, eu estava lendo um conjunto de desconhecidos e lindos poemas sobre o renascimento e pareciam apenas à beira da lembrança. O mar gritava com uma música estranha e insistente: “’Você não se lembra? Você não se lembra? Aproxima-te. Abaixe mais. Deixe-me pegar sua mão e levar para além das limitações físicas, através do vasto passado e acima de horizontes infinitos, para vistas do amanhã. Um poder maravilhoso é meu, que um dia também será seu para comandar”.
A única companheira de meu sonho era uma flor perfeita que se aninhava por perto e parecia palpitar em solidariedade com meu profundo amor pelo mar. Ao contemplar seu coração radiante, ela me devolveu reflexões místicas e indizíveis em Seu perfume.
Enquanto eu lia e refletia, decidi deixar de lado a minha flor companheira sonhar no centro de um lago calmo e adormecido entre as pedras. Logo minha consciência externa estava arrebatada em seguir as aventuras de uma alma para qual a morte e o nascimento não eram mais que um sono e um esquecimento. De repente, a subida da maré varreu as rochas e carregou minha florzinha para o mar. Corri pela praia, mas sem sucesso. Três ondas enormes rolaram sobre ela. À medida que cada onda a atingia, as pequeninas pétalas se dobravam como acontece com a dor. Desprezada, as lágrimas vieram, e eu estendi os meus braços com um grito: “Ó meu amado mar! Como você pode? Como você pode? Quando eu te amo tanto”.
Então, alguma coisa naquele momento me instigou para que me virasse e observasse o sol se pondo atrás das colinas que estava cintilando como grandes pilhas de folhas de junco esmagadas, peneiradas em canteiros de violetas. Maravilhosamente confortado, como sempre, por chegar perto do belo, me afastei. Olhando de relance para o lago aninhado entre as pedras, vi um objeto vagando à deriva. Aproximando-me, caí de joelhos na areia, pois ali estava a minha flor, sem nenhuma mancha ou hematoma, tão doce e bela como se tivesse se aninhado imperturbável no centro de algum calmo jardim. Estendi os braços com um grito de agradecimento ao meu amado mar.
A resposta veio em meio a um ressonante redemoinho azul claro de risos: “Você não se lembra? Você não se lembra? Aproxima-te. Incline mais. Deixe-me pegá-la pela mão e levá-la para longe acima de horizontes infinitos para as vistas do amanhã. Um poder maravilhoso é meu, que um dia também será seu para comandar”.
UMA LENDA DO HELIOTRÓPIO
Filhos de tão gentil nascimento,
Aqui essas flores se encontram,
Amor que nunca tocou a Terra completamente,
Eles – e você e eu.[12]
Por B. R. O. Low
Sobre a ampla e brilhante estrada da Vida, a alma de uma Mulher está em pé meditando. Em seu braço ela carrega uma cesta cheia de pacotes, e sobre ela fixa os seus olhos pensativamente. Depois de longo tempo, ela retira um pacote que tem uma estranha luminosidade; e sobre ele está gravado: “O que o Mundo Conhece como Amor”. Então, abre o pacote com muito cuidado e, por algum tempo, olha para aquele brilho um tanto estranho, depois o deixa de lado dizendo com tristeza: “Nada além de enfeites, nada além de algo superficialmente atraente ou glamoroso, mas de pouco valor real”. Ela escolhe outro pacote de luz cintilante, às vezes emitindo uma escrita brilhante e, novamente, em um exame mais minucioso, vê apenas um brilho pálido. Este está assinalado como “Ambição”. Depois de um tempo, ela também coloca este de lado com um suspiro cansado e examina por algum tempo e com seriedade o restante do conteúdo da cesta. Finalmente, ela escolhe um próximo ao fundo da cesta. Está rotulado como “Posses Mundanas”. Observando-o ansiosamente por um tempo ela também o vê, começando a desmoronar e desvanecendo. “Cinzas e frutos do mar morto”, ela murmura amargamente, jogando-o fora.
Ela abre outro pacote que está bem usado e parece ter sido muito manuseado. Este é chamado de “Fama”. É frio ao tocar, então ela tenta aquecê-lo colocando-o contra o coração dela. Não encontrando resposta, ela se vira e diz: “Não há felicidade aqui, devo procurar mais”. Vê um que parece estar encolhendo e, ainda assim, com admiração ela desembrulha o pacote acinzentado e lilás e se agarra ao último dos pacotes. Sobre este está gravado “Morte”. Enquanto ela o examina com curiosidade, surge dançando na sua frente o que parece ser uma bolha de Fadas, tudo fluindo com uma luz rara que não parece pertencer à Terra. Por um momento, ela paira bem acima de sua cabeça; então, enquanto ela se esforça para alcançá-la, ela flutua para os Éteres azuis; mas sempre que está prestes a desaparecer, ela desvia graciosamente e se aproxima da Terra novamente, iluminando a brilhante estrada da Vida pelo longo caminho por onde quer que sua sombra seja lançada.
Quando a luz incide sobre ela, o pacote cinza em suas mãos se derrete. “O meu sonho de amor que os Anjos me deram”, a alma da mulher chora baixinho. “O amor que sobrevive a eternidade e o imenso ciclo de vidas; o verdadeiro amor de alma pela alma que em seu idealismo e pureza não conhece limites e transmuta até a própria morte em vida”.
Ela cai de joelhos em adoração, enquanto aquela nova luz estranha precipita sobre ela, envolvendo-a com onda após onda de esplendor quase celestial.
Na região onde os Anjos aguardam em oração as decisões da alma de uma mulher, ressoa um cântico de louvor e ação de graças. Para comemorar a chegada deste novo ideal ao mundo, eles fizeram com que uma flor nascesse. Suas flores são tão emplumadas que dificilmente podem suportar a luz do dia, pois a flor não pode ser mais forte do que a concepção que a gerou. Azul é a cor do amor espiritual, portanto azul é o tom da cor com que esta flor, recém-chegada do Mundo celeste, sussurra sua mensagem à alma da mulher. Tão frágeis são as pétalas que é como se os Anjos as tivessem simplesmente emprestado à humanidade como promessa ou prenúncio de um sonho ainda não totalmente realizado. No momento, as flores em toda sua beleza perfeita podem viver na atmosfera terrestre apenas por um curto período; sob o pensamento dos humanos, e o toque logo murcham e escurecem, deixando apenas uma lembrança fugaz do ideal que simbolizam.
À medida que a beleza e pureza da mensagem que essa pequena flor retém na fragrância roxa de seu coração, torna-se mais profundamente implantada na alma da mulher, e à medida que a sagrada concepção da qual nasceu, derrama sua bênção por todo o mundo, essa pequenina mensageira dos Anjos, a mais etérea de todas as flores, gradativamente, perderá sua tênue fragilidade e alegrará por mais tempo os corações daqueles que aprenderam a ler seu significado na beleza perfeita de seu desabrochar.
O AMARANTO DOURADO
Sua coroa foi tecida com amaranto e ouro;
Amaranto imortal, uma flor que uma vez
No Paraíso, rapidamente pela árvore da vida
Começou a florescer.
Por Milton[13]
Quando o chamado da Terra soa no Céu, multidões de Espíritos somente com seus Átomos-sementes são reunidos pelos Anjos guardiões, e aqueles que estão prontos para uma nova experiência humana são preparados para responder aos chamados.
Os Egos, em seu estado de consciência no Mundo celeste, sabem que a bondade e a verdade, a vida e o amor são imortais. À medida que cada alma encontra seu lugar na longa descida processional para trilhar os caminhos da Terra novamente, o brilho desse conhecimento interior, sem entraves da carne, se espalha para longe até que as multidões aparecem transformadas em uma glória como de fogos descendo.
Um Anjo poderoso está diante dos confins exteriores do plano terrestre, segurando em suas mãos um cálice estrelado que pisca e cintila, como se estivesse definido com os mais brilhantes sóis dos céus. Envolto sobre esse cálice está uma bela flor que leva o nome de amaranto, que significa “eterno” ou “imortal”.
Cada Espírito que retorna, ao passar por trás dos véus da mortalidade, participa desse cálice e, enquanto ele bebe, o Anjo coloca em sua mão uma dessas frágeis flores douradas. Esse é o Cálice do Esquecimento, o cálice que faz com que o ser humano esqueça de que não existe a morte. Tudo é vida. A alma é imortal e cada extensão da terra é apenas uma página do livro da vida. Apenas por referência a todo esse livro, o significado das múltiplas experiências da vida pode ser razoavelmente interpretado e adequadamente compreendido. Mas, uma vez que há muito conteúdo nas páginas anteriores, que ainda não somos fortes o suficiente para ler com serenidade, é bom que nem tudo seja lembrado. Portanto, é que alguns que apreendem essas verdades interiores têm chamado esse cálice de Poção da Compaixão e o Anjo que o carrega, o Mensageiro da Caridade.
Para cada Ego que chega, esse Anjo benéfico dá uma flor dourada da imortalidade para servir como um lembrete da vida eterna, para que essa grande verdade jamais possa ser esquecida. Poucos mantiveram essa florzinha dentro de seus corações, onde ela vive e floresce em beleza perpétua. Esses são os professores de pessoas que percorrem o mundo proclamando verdades espirituais a todos os que desejam ouvir. Porém, a maior parte perdeu sua preciosa flor e tropeça cegamente nas estradas da vida terrena, o Espírito tateando incerto, sempre desejando recuperar sua herança perdida e inestimável de conhecimento.
Os gregos possuindo, como possuíam, muita compreensão do Mundo interior, coroaram seus heróis e seus mortos com uma grinalda amarantino, como um símbolo da eventual recuperação por todos os seres humanos dessa sabedoria interior.
SINOS ASTRAIS – O Ministério da Fúcsia
Eu já viajei muito nos reinos de ouro.
Por Keats[14]
As pequenas flores que “escrevem música no ar”
No branco silencioso do Céus, não há linha de demarcação entre o dia e a noite; todas as coisas e todos os seres são continuamente banhados por um brilho dourado e luminoso que não conhece superação nem lentidão no desenvolvimento ou progresso. No entanto, quando as sombras se alongam sobre a Terra:
“Galhos de carvalhos altos encantados por estrelas cuidadosas,
Sonhe, e então sonhe a noite toda sem se mexer”.
Uma quieta calma, após um ruído, cai sobre as “cortes do Céus”; os Anjos cantam com mais suavidade, e a música de seus movimentos parece respirar em cadências mais suaves. Esse é o único sinal naquela terra brilhante que indica que a escuridão da noite desceu sobre a Terra.
Além desse silêncio suavizado repica, em certos intervalos, a música dos sinos, música que muitas vezes pode ser ouvida mesmo na Terra por aqueles que ouvem seu toque. Esses sinos tocam em certos momentos específicos, quando a batida do coração da Terra está mais intimamente sintonizada com o coração dos Céus. Essas horas mortais são conhecidas como meia-noite e amanhecer.
Os sinos astrais emitem o chamado para que legiões de Espíritos saiam em missões de Amor e misericórdia em prol de todos aqueles que sofrem, e por outros que conquistaram o privilégio, por meio de tal serviço, de ascender aos reinos espirituais para receber instruções dos Anjos. É verdade que o poeta expressou essa visão ao se referir às “escadas do altar do grande mundo que se inclinam das trevas até Deus”[15].
Aqueles que ouviram a música desses sinos estão sempre conscientes da melodia etérica que soa para sempre em seus corações; com facilidade a alma se eleva em êxtase em resposta à memória que ela evoca.
Os Anjos também adoram ouvir essa música dos sinos das Fadas e, no ritmo de seus compassos, formaram uma flor que capta o eco e o espalha novamente pelo mundo. As flores fúcsia[16] são réplicas angelicais desses sinos astrais. Apenas à meia-noite e ao amanhecer elas ficam trêmulos com a melodia; as pétalas delicadas se dobram sob o influxo de harmonia, e os ternos pistilos[17] balançam ritmicamente enquanto ecoam, em música suave, o toque desses conjuntos de sinos celestiais.
Há certos grupos de Anjos que trabalham exclusivamente com o Reino Vegetal; permeiam a semente com o Éter de Vida para que os poderes adormecidos possam despertar em resposta às forças da mãe Terra. Eles moldam ternamente as folhas, pétalas, os estames[18] e os pistilos; suavemente eles colorem cada veia delicada, enquanto modelam padrões minuciosos e intrincados de rara beleza e graça. Os mortais seriam cautelosos ao lidar com esses raros dons dos Anjos, se acaso pudessem observar o amor reverente e o cuidado dispensado à formação deles.
Os Anjos ficam muito tristes diante da lamentável visão da mutilação impensada e intencional do seres humanos aos seus preciosos filhos das flores e, assim, quando os pequenos Sinos Fúcsias repicam sobre a Terra, um eco dos doces conjuntos de sinos astrais dos Céus, tropas de Anjos das flores voam em todo o mundo e reúnem as flores que foram machucadas e dilaceradas, ou deixadas de lado, pelos desatentos e incompreensíveis para murchar e morrer. Depois de imprimir uma bênção nas formas físicas cansadas e frágeis, os Anjos retiram ternamente as essências vitais e as carregam como fitas de teia de arrasto de volta aos Céus, para serem usadas novamente em seus gentis ministérios de construção de outros padrões de flores com os quais possa abençoar e embelezar a casa terrestre da humanidade.
Não está longe o tempo em que a ciência verificará essas verdades o suficiente para que cada um compreenda algo da dor e do regozijo experimentados pelos habitantes do Mundo das Flores.
E é a minha crença, que cada flor
Aproveite o ar que respira.
Assim canta Wordsworth[19], sumo sacerdote entre os poetas das flores. Mas, suas palavras são ignoradas, exceto por aqueles poucos que, com uma “visão abençoada” perceberam algo do ministério angelical de seu trabalho com a vida vegetal.
Enquanto isso, os pequenos Sinos Fúcsia fazem soar um chamado à meia-noite e ao amanhecer, convocando os Anjos da misericórdia para ministrar a todos os que afligem e sofrem nos distantes reinos da Terra das Flores.
UM CALENDÁRIO FLORAL – A Lenda da Poinsétia
Quando eles beberam profundamente
Dos copos cheios de orvalho,
Você pôde ouvir suas risadas douradas
Por todo o jardim.
Por Clinton Scollard [20]
Em tempos remotos, quando o ser humano caminhava na terra de mãos dadas com os Anjos, conhecendo apenas sua inocência imaculada e irradiando apenas sua beleza perfeita, e que nenhum pensamento maldoso ainda havia impregnado sua consciência e nem projetava suas sombras no ambiente externo, e as flores eram reflexos da consciência, todas brilhavam no mais puro branco, fazendo do mundo um verdadeiro jardim de sonho de beleza pura e perfumada.
À medida que o tempo passava e as vibrações de uma poderosa estrela abriram os portais da matéria para a entrada do ser humano, e o Espírito tornou-se mais firmemente enredado em sua forma material, as pétalas delicadamente sensíveis gradualmente captaram e mantiveram as cores dadas a elas pelos vários pensamentos e emoções da humanidade, e apenas as mais raras e belas almas-flores foram capazes de florescer em toda a sua pureza primitiva.
Mas, por muito tempo cresceu uma flor tão branca que competia com o sopro das neves da montanha; o pescoço do cisne era pálido ao lado dela. A tradição afirma que, onde quer que uma alma pura vivesse sem maculas no mundo, essas flores desabrochariam em abundância. Ao longo do caminho, impregnados de meditações elevadas, estas almas brilhavam tão formosamente quanto os pensamentos que refletiam.
Na primeira Noite Santa, quando os pastores estavam vigiando as colinas da Judeia, e a Estrela dourada os guiou em seu caminho para a manjedoura sagrada, seu caminho foi salpicado com essas flores brancas místicas, nas quais os raios da Estrela do Oriente transformaram em prata cintilante.
Quando o Santo carregava a cruz na subida íngreme do Gólgota, o chão estava acarpetado de branco com sua beleza. Elas se aglomeraram amorosamente ao redor de Seus pés machucados, como se de bom grado pudessem consertar os pregos cruéis e a coroa de espinhos. Silenciosamente, suas faces brancas assistiam o apelo mudo da encenação da Crucificação. As frágeis pétalas estremeceram em compaixão com os tremores cósmicos que ocorreram quando o Espírito Mestre rompeu seu cativeiro de carne.
Enquanto o sangue escorria devido a perfuração dos pregos e da coroa de espinhos, uma gota sagrada caiu profundamente no coração de uma pequena flor branca. Lá está aninhado. Quase imperceptivelmente, as pétalas se curvaram sob a homenagem; então suavemente, gentilmente elas flamearam em carmesim. Por todo o coração da Terra, essa força foi sentida, resultando em que, onde quer que essas flores místicas florescessem, elas mudariam de branco puro para vermelho-sangue.
A alma mais pura de todo o mundo das flores através dos tempos deve banhar seu coração no sangue do Cristo e dar ao mundo sua mensagem através da beleza das pétalas flamejantes.
I
É chegado o tempo de encerramento do ano-flor, e a cada mês de pétala foi transformado em fragrantes feixes de memória. Os Tecedores da Terra das Flores se reúnem em um conselho para decidir qual flor será considerada sagrada no Natal.
Que flor é justa o suficiente para representar o mês do Nascimento Cósmico? Em sedas pinhões de vento, mensagens foram enviadas às Deidades Guardiãs dos meses, pedindo-lhes que viessem e apresentassem suas reivindicações perante o conselho do Mundo das Flores.
Cantando a canção adormecida do inverno em notas fracas da luz do Sol cintilante, chega o pálido janeiro vestido com vestes de zibelina. Seus braços brancos como a neve estão carregados com frágeis sinos de jacinto que estremecem em música suave ao canto de saudade que sua alma deve sempre cantar do Silêncio e do Sono.
Perto do fim dos dias curtos, do outro lado da borda oeste de um céu baixo e escuro, fevereiro traça uma linha dourada, enquanto do coração cinza da Terra ela coleta gotas de lágrimas, transmutando-as em narcisos dourados de promessa para o mundo cansado. Milagres que ela traz à terra e ao céu, pois seu nome é Esperança.
Março envolve a Terra em véus de um verde vago e tenro, e permanece com as mãos entrelaçadas e ansiosas, enquanto a alma do mundo desempenha o prelúdio da vida ressuscitada. Violetas tão azuis quanto o céu para o qual eles deixaram seus olhos, brotam de seus pensamentos, pois o nome interno de março é Aspiração.
A virgem Abril, coberta de lágrimas cintilantes, se curva sobre o mundo cansado. Reunindo sua dor e tristeza, ela pressiona lábios de lírio sobre eles. Quando eles são preenchidos com uma consciência sagrada de paz, ela os molda na doçura do lírio e os comissiona a soprar sobre a humanidade o segredo de sua alma – a Conquista.
Maio, com uma risada alegre, sussurra profundamente no coração da floresta, fazendo-a abrir as portas de seu tesouro para ela. Em seguida, ela se envolve em guirlandas de Fadas para despertar o espírito da beleza. Pois maio é a alma da Harmonia que traz à vida as belezas latentes de todo o Mundo das Flores.
O jovem Junho, a Alma do Amor, numa música extática de sonhos, mergulha o pincel nos pigmentos do céu, no carmesim do crepúsculo, nas brumas brancas da madrugada, no rubor róseo do nascer do Sol e no âmbar do crepúsculo. Ela adiciona a isso o brilho suave da luz das estrelas e o doce sopro de sonhos que brotam dos corações humanos, quando, eis que o mundo conhece o nascimento de uma rosa.
Descansando preguiçosamente sobre almofadas azuis e nebulosas do céu, com colchas formadas por nuvens brancas e felpudas, respirando um incenso destilado dos corações de milhões de papoulas de tons suaves, repousa o calmo julho, a Casa do Repouso.
Elevando-se fileiras e mais fileiras de flores majestosas que moldaram suas pétalas com o ouro da luz do Sol e teceram em seus corações o amor de seu Deus, que representa o mês da glória que é o próprio sopro do Sol – majestoso agosto, a Alma da Beleza Perfeita.
Setembro, a mãe cósmica, cujo nome mais íntimo é Pureza e Paz, brilha no céu, construindo os tesouros de seus pensamentos secretos em ricos ramos de hastes douradas ondulantes para acariciar o mundo e torná-lo mais justo, enquanto ela o mantém em seu coração.
Na calma quietude, interrompida apenas por um suspiro intermitente por entre as árvores, outubro, a Alma da Meditação, inclina a cabeça. Antes de todos os lugares e ao redor dela, florestas magníficas estão derramando lágrimas douradas, em parte melancólicas, pela beleza decadente que vem, e lágrimas escarlate com medo pela desolação que se aproxima.
Com aparência semelhante e passo imponente chega novembro real, coroado pelo tesouro conquistado e atributos dourado, e carregando o crisântemo real. Este amado desabrochar de seu coração nasceu de uma consciência de excesso de orgulho. Novembro respira tentação, e tão sutilmente que até os Anjos mais brilhantes caíram diante dela.
Uma canção de conquistas proclama a chegada de dezembro, cujo coração é o Sacrifício. Suas flores são maravilhosamente altas e imponentes, com pétalas carmesim que envolvem um coração de ouro. Involuntariamente, os Tecedores da Terra das Flores prestam homenagem a eles, enquanto as belezas dos outros meses permanecem um pouco esquecidas. Durante todos os longos anos, a gota sagrada de sangue viveu no coração da pequena flor sussurrando dia a dia o significado místico de sua mensagem até que, preenchida com a alegria de saber, as pétalas flamejantes cresceram e o coração de ouro se expandiu no perfeição de sua beleza imponente. Pois, enquanto as pétalas brancas brilhavam com sangue carmesim, essa mais pura alma-flor despertou para a beleza de sua missão cósmica e sabia que também deveria assumir a cor do corpo e sair para o Mundo das Flores para trazer sua alma de volta para uma compreensão da pureza e do amor que se manifestam apenas nas pétalas do mais puro branco.
E assim acontece a cada ano, quando a vida de Cristo nasce na Terra na época do Natal, o espírito da Poinsétia[21] surge em lindos mantos sacrificais de vermelho para levar sua mensagem ao Mundo das flores e dos seres humanos.
UMA MENSAGEM DE AMOR – Como Cresceu a Violeta Branca
Junto a relva
Lá pode ser visto
Um pensamento de Deus
Em branco e verde.
É tão sagrado
E o cuidado tão humilde
Que você apreciaria
A Sua graça e o seu dom natural.
E não destruir
A flor viva?
Então você deve agradecer
e cair de joelhos.
Por Anna B. deBary
Há um grupo de espíritos por quem os Anjos são muito afáveis durante o intervalo entre as vidas terrenas. Esse grupo é composto de seres que estão se esforçando para vir ao mundo, mas são impedidos de fazê-lo pela Lei do Destino, uma vez que ainda há lições que devem, primeiro, ser aprendidas nas regiões iluminadas dos Mundos espirituais. Nesse grupo estão reunidos Egos que enfrentarão árduas lições em outro dia terrestre e que devem, portanto, estar bem-preparados para enfrentar as pesadas provações e situações difíceis que estão por vir. Os Anjos, sabendo disso, lhes concede muitos pensamentos amorosos e ternos cuidados para que eles utilizem durante esse tempo de preparação.
Entre uma futura mãe e o Ego, cujo corpo físico está se formando sob o coração, há uma faixa magnética como um cordão prateado reluzente. Esse “cordão” contém a história do relacionamento passado entre eles e os laços precedentes que ligavam a alma com a alma e a vida com a vida. Assim, não é no primeiro encontro terrestre entre Egos que acontece o relacionamento íntimo como mãe e filho.
Quando o Espírito se aproxima dos confins do Mundo Físico e, então, é forçado a voltar atrás, o reajuste às condições do plano interno torna-se, necessariamente, muito difícil. Tal pessoa está envolvida no pagamento de dívidas pesadas frustrando, deliberada e reiteradamente, os planos de outras pessoas, resistindo e derrotando a realização de esforços humanitários nobremente concebidos.
Sempre há muita dor, tristeza e angústias profundas associadas numa tentativa frustrada de reentrar na vida terrena novamente, e esse sofrimento aumenta tremendamente o vínculo entre o Ego e os futuros pais. Às vezes, até os Anjos devem ocultar o rosto da sombra que essa tristeza se molda, enquanto o cordão prateado que une mãe e filho é desconectado e flutua como uma teia de renda etérea atada fortemente pela névoa de lágrimas.
As almas que chegaram tão perto de um ambiente físico estão claramente conscientes da dor de seus pais terrenos e se esforçam para amenizar essa profunda tristeza, tanto quanto esteja ao seu alcance. Acompanhados pelos Anjos, muitas vezes, eles flutuam pelos lares que foram preparados para eles e deixam uma bênção de amor e graça como um lembrete gentil da presença deles. Mas, infelizmente, nem sempre é possível para os olhos marejados de uma tristeza profunda discernir a vinda deles ou para os ouvidos entorpecidos ouvirem seus sussurros suaves, que eles aprenderam com seus mestres Anjos a recolher a tênue teia do cordão prateado que prendia a mãe ao filho, ligando coração a coração, e que se tornou tão pesado com as lágrimas que o vínculo foi rompido.
A partir desse fio etéreo, os Anjos formaram frágeis pétalas de flores do mais puro branco e exalando em seus lábios uma fragrância delicada tão doce e profunda quanto o vínculo de amor entre uma mãe e seu filho, ainda não nascido. Essas pequenas flores delicadas foram espalhadas por toda a Terra como uma mensagem de amor do espírito aos não nascidos para as futuras mães. É assim que a Violeta Branca passou a viver no mundo dos seres humanos.
ALMAS-JUVENIS – A Mensagem do Amor-Perfeito
Uma verdadeira história para crianças e para adultos também.
Comemorativo do ministério de cura de M. W.
E há amores-perfeitos – isso é para pensamentos.
Por Shakespeare[22]
Essa é a história de um de nossos irmãos mais jovens que conheceu uma vida terrena, somente por alguns breves meses e, ainda assim, naquela época mostrou tanto amor e abnegação que as crianças e, também, os adultos, fariam bem em segui-los.
Amor-perfeito era uma gatinha cinzenta e desamparada com um rosto em forma de flor pensativamente triste, de olhos grandes e suaves que guardavam memórias de muitas experiências tristes. Pois os olhos dos animais contam suas numerosas vidas terrenas, do mesmo modo que os olhos dos seres humanos e para a sua história se faz necessário apenas saber como lê-los.
Um dia, enquanto tentava descobrir o que tinha o grande mundo, Amor-perfeito caiu e suas pequenas costas frágeis se quebraram. Sob o peso da dor, seus grandes olhos ficaram mais pensativamente tristes e o rosto em forma de flor se tornou mais fino e mais nitidamente definido.
Nesse tempo, uma Fada madrinha abençoada encontrou Amor-perfeito e a levou para morar em uma bela casa à beira-mar. Então, todos os dias difíceis acabaram, pois a bela senhora tinha uma verdadeira compreensão divina para com seus irmãos mais novos e não deixou nada por fazer para preencher os dias do Amor-perfeito com cuidado e ternura, para que a pequena vida pudesse colher todos os benefícios dessa experiência terrena. Mas, apesar de tudo, o corpinho ficou mais frágil e mais atenuado. O minúsculo Corpo Vital podia ser visto por olhos ocultos, às vezes, por estar quase livre da forma física, e foi somente através de sua resposta devotada ao amor e bondade derramados sobre ela para que fosse capaz de permanecer no plano terrestre.
Ao longo dos dias, enquanto a Fada madrinha estava envolvida em seus trabalhos de cura, Amor-perfeito se sentava na janela e observava os Auxiliares Invisíveis – ela pensava que eram Anjos – enchendo o quarto da Fada madrinha com belos pensamentos e imagens. Quando a Fada madrinha voltava para casa à noite, ela os reunia para o futuro trabalho, ajudando a aliviar as tristezas do mundo. Embora Amor-perfeito fosse incapaz de raciocinar sobre essas questões, instintivamente, ela sabia que aqueles lindos seres estavam trazendo amor e felicidade para sua Fada madrinha, pois quando ela entrava na sala, o seu rosto se iluminava como se o sol brilhasse por trás dela. Então, o pequeno coração batia muito rápido sob seu pequeno casaco cinza, e luzes dançantes brilhavam dentro de seus olhos ternos. Mas aqueles que não entendem, apenas viam uma pequena gatinha cinza ronronando no parapeito da janela.
Do lado de fora da janela, da casa da Fada madrinha, crescia uma linda roseira branca, e Amor-perfeito logo descobriu que ela usava as rosas para algum propósito especial em seu trabalho, já que as cuidava com muita cautela e sempre demonstrava a mais profunda satisfação e gratidão ao encontrar uma flor perfeita. À noite, Amor-perfeito estava acostumada a observar os Espíritos da Natureza modelando as flores. Nos dias solitários antes de encontrar a Fada madrinha, ela havia passado por todos e agora que descobriu o quanto a roseira significava para sua guardiã, ela escolheu torná-la sua responsabilidade particular. Nas noites de Lua Cheia, os Espíritos da Natureza eram especialmente ativos. Nessas horas, Amor-perfeito ficava sentada observando-os cuidadosamente durante toda a noite. Às vezes, seu corpinho ficava muito cansado e a dor das costas quebrada era quase insuportável. Mas não eram suas vigílias noturnas um serviço e um sacrifício de amor? Foi com esse espírito que Amor-perfeito, imóvel e em silêncio, observou os Espíritos da Natureza por horas, enquanto eles moldavam as pétalas tenras, e ficava com os olhos fixos nas belas Fadas enquanto exalavam fragrâncias nos corações das flores. Mas, de todo esse desempenho etérico, os olhos humanos não viam mais do que uma gatinha cinza olhando fixamente para a noite.
Devido a sua atenção amorosa que aquelas rosas cresciam, Amor-perfeito se sentiu ricamente recompensada quando viu sua Fada madrinha aparecer pela manhã para colher e levar com ternura as flores brancas perfumadas em sua bela missão de cura. Sempre que a oportunidade aparecia, Amor-perfeito andava ao lado de sua amada protetora, enquanto sua pouca força permitia, e quando ela não podia ir mais longe, ainda a seguia com seus olhos tristes até que a figura da amada se perdia de vista por completo, além das colinas. Voltando para casa sozinha, o corpinho de Amor-perfeito ficou tão cansado que ela foi forçada a descansar muitas vezes à sombra da grama alta à beira do caminho, mas o tempo todo o coraçãozinho batia feliz e o rosto melancólico iluminava-se com lembranças de ternas carícias e palavras gentis.
Apesar do grande amor que mantinha vivo o coração fiel de Amor-perfeito, o domínio sobre o corpo frágil diminuiu. Um dia a dor era quase insuportável, mas ela rastejou até onde cresciam as rosas brancas para observar a chegada da Fada madrinha. Exatamente, naquele dia ela chegou mais tarde do que o normal, pois muitas pessoas solicitavam seus serviços amorosos. Frequentemente, o pequeno corpo deficiente de Amor Perfeito tentava se erguer ao ouvir passos distantes, e a luz fraca brilharia de novo nos olhos sombreados. Mas quando o crepúsculo caiu sobre o mar, o corpinho cansado caiu para a frente na grama, e quando a Fada madrinha chegou, o coração gentil havia parado de bater. Com ternura, ela ergueu o corpo frágil e levou-a embora, pois na grandeza de seu coração ela encontrou lugar para todas as criaturas de Deus. Ninguém é tão pequeno e bastante humilde para escapar do amor dela.
Com reverência, ela colocou o corpinho de Amor-perfeito sob as rosas brancas, onde tantas vezes manteve suas longas vigílias. E agora, para aqueles que veem, quando a luz da Lua está cheia e os Espíritos da Natureza estão mais ocupados, muitas vezes, entre as sombras, surge uma pequena forma cinzenta saltando tão forte quanto as próprias Fadas, pois o pequeno dorso não está mais com a aparência irregular ou disforme. E muitas vezes, quando os belos Anjos estão enchendo a sala com pensamentos de amor pela Fada madrinha, o rostinho em forma de flor está ao lado deles. E eles também sorriem ternamente para isso, pois em seus grandes corações nenhum amor é pequeno por demais para passar despercebido ou não ser recompensado. Mas para aqueles que não podem ver tudo isso, há apenas um pequeno monte sob a grama, no qual as pétalas de rosa branca caem suavemente como flocos de neve perfumada.
Os belos serviços que os Anjos prestam ao ser humano não abrangem toda a sua missão na Terra. Nossos irmãos mais novos do Reino Animal também estão sob seus cuidados protetores. Aqueles que tratam dos negócios do Pai nos Mundos celestiais sabem que não há separação real entre os vivos e os mortos, por isso eles voltam frequentemente para inundar suas antigas moradas terrenas com amor e bênçãos. Em tênues formas de sombra, os animais também revisitam seus antigos lares e ficam perto daqueles a quem amavam durante a manifestação na Terra.
Naquela grande abertura de luz que divide o que é visto do que não é visto e do que é perceptível ou não, e que para o conhecimento da morte aparece como uma porta ou passagem, representa um ser glorioso que dirige e orienta a todos aqueles que passam de um lado para outro entre os Mundos internos do real e os externos que são seus reflexos. Esse belo ser é conhecido como a Maria Divina, a Senhora Abençoada com Mãos de Luz – mãos tão iluminadas por causa de seu ministério constante e amoroso por todas as coisas vivas. De suas mãos derramam raios de luz resplandecente que inundam eternamente essa Ponte de Transição entre os vivos e os mortos.
Na linguagem das flores, os Anjos tornam tangível essa verdade para todos aqueles que irão recebê-la, e assim eles moldaram a primorosa Amor-perfeito como um reflexo das multidões de rostos de bebês que muitas vezes pairam sobre os entes queridos a quem foram emprestados por tão breve estada. Em suas pétalas de veludo estão inscritas as orações amorosas de bebês que circundam a Terra quando os Anjos penduram as cortinas do crepúsculo, marcadas pelas estrelas dos céus.
E é assim que essa amada florzinha leva o nome de Amor-perfeito – pense em mim – pense em mim.
AS FLORES DE ACÁCIA
A luz que você carrega que ainda não vejo
Será um farol para você e para mim,
Ainda assim, serei seu guia.
— Mensagem da Mulher para o Homem
Ao final da tarde a luz minguante brilhava, refletida em um trecho do mar suave e longo. Faixas cinzentas de nuvens pairavam pesadas sobre o horizonte, encerrando o dia com aquela sensação de proximidade do infinito e aquela liberdade da alma que o espírito do mar sempre proporciona. Um homem e uma mulher estavam juntos na areia, olhando para a imensa porção de águas escuras, enquanto a maré vazante batia contra a costa fazendo um som característico, mas baixinho, como um coração aflito. O ritmo foi quebrado por uma gaivota grasnando baixinho pelo seu companheiro. Quando a luz da tarde foi se obscurecendo, uma longa linha dourada rastejou através do banco de nuvens e destacou em relevo os contornos de um barco se aproximando da costa. À medida que o barco se aproximava, o rosto da mulher se iluminava, enquanto uma sombra caía sobre as feições do homem. A mulher se voltou para o homem e, com um sorriso radiante, estendeu as suas mãos solicitantes para que fossem seguradas.
– “Você vem comigo?”, ela perguntou a ele.
Ele se virou e olhou fixamente para as águas cinzentas.
– “Você não está vendo a luz dourada que rapidamente rompe as nuvens cinzentas?
– Oh, mas você vem? – ela perguntou novamente – “pois, atrás daquela cortina de ouro que a cada dia estava mais transparente, já posso ver as Colinas Azuis da Realização agigantando-se contra o céu com sua crista brilhante de sonhos. Suas alturas são tão deslumbrantes que ainda não ouso tentar olhar para elas; mas se você vier comigo, juntos encontraremos seus picos mais elevados”.
– “Não consigo ver nada”, declarou o homem, “a não ser os bancos de nuvens suspensos sobre o mar. Por que devemos embarcar em águas desconhecidas em busca de uma aventura estranha, quando há tanto a fazer aqui? Por que você não pode ficar comigo e nos dar por satisfeitos com as coisas como elas são, sermos feliz no viver, amarmos e trabalharmos no mundo que conhecemos?”.
A mulher desviou seu olhar triste para longe, enquanto respondia:
– “Realmente, para compreender e fazer o nosso melhor trabalho com o que sabemos, devemos ter algum conhecimento do desconhecido. Meu trabalho deve alcançar os efeitos que são vistos e tocar as causas que não são vistas. Você não consegue perceber que não há barreira entre nós, exceto aquela que seu próprio pensamento inferior criou? Ambos estamos seguindo o mesmo caminho, só que você escolheu o lado que foi suavizado e nivelado pelos muitos renascimentos, enquanto eu estou seguindo o caminho solitário que poucos ousaram percorrer até agora. Enquanto seguirmos nossos caminhos separados, a Obra deve permanecer incompleta e iremos tropeçar, mutilados e incapacitados, devido a falhas miseráveis e aos equívocos. A realização perfeita do nosso compromisso só pode vir por meio de uma combinação harmoniosa do nosso duplo poder. Por muitos milhares de anos, através das estranhas complexidades da vida, nós nos tocamos e nos separamos, apenas para descobrir em cada novo encontro, sombreado por vagas lembranças e perturbado por sonhos, em parte, familiares. Por quanto tempo mais você vai atrasar na realização de um plano que é divino em sua plenitude?”.
– “Não entendo”, respondeu o homem; “Não consigo ver e não sinto o chamado estranho que lhe atrai. Parece-me que você é vítima de estranhas fantasias, de noções bizarras que não têm nenhum fundamento na realidade e na verdade. Você está disposta a esquecer o amor e o dever por sonhos utópicos”.
A mulher olhou para ele com compaixão enquanto ouvia, contudo, uma ternura ansiosa, meio maternal, tomou conta dela. Quando ele parou de falar, ela gentilmente respondeu:
– “Se eu não tivesse conhecido esse grande amor, nunca teria encontrado a chave que abre a porta dos mistérios da vida. Nenhuma mulher pode começar a compreender a divindade que dorme no âmago das coisas, até que tenha encontrado o seu próprio ser divino através do amor da alma”.
Seu rosto ficou extasiado enquanto ela continuava: “No caminho que leva ao topo daquelas Colinas Azuis da Realização posso ouvir a batida do coração de séculos, à medida que os homens e as mulheres da Onda de Vida Humana escalam juntos, e aquela luz indescritível que coroa seu ápice é um reflexo dos rostos daqueles que encontraram a verdade que lá habita. Há um cordão invisível e sutil que se estende entre o homem e a mulher, ligando-os sempre juntos, e até mesmo não percebido por muitos, mas, ainda assim, é a força mais poderosa em todo o universo. Quando o homem compreender essa lei, ele saberá que não pode machucar a mulher sem machucar a si mesmo. A mulher saberá que não pode se levantar sem puxar o homem.”. Com essas palavras, ela fez uma pausa e, olhando para ele com o amor de longos séculos brotando em seus olhos, ela continuou: “Nenhum dos dois pode ir sozinho. Há uma altura que só pode ser atingida quando o homem e a mulher sobem de mãos dadas”.
O barco se aproximou da areia e esperou como um estranho pássaro pronto para voar. A mulher se virou e olhou para o homem de forma minuciosa e com seriedade. Mais uma vez, ela falou com ternura:
– “A alma da mulher salta para as estrelas em um salto nas asas da intuição, e lá ela espera pacientemente enquanto o homem escala lenta e laboriosamente pela longa escada da razão e do intelecto, mas os dois devem se encontrarem e se reunirem para sempre no cume da Consumação Divina. Estarei sempre à sua espera, ó alma da minha alma”. Beijando-o na testa com reverência, ela se virou cambaleando em direção ao barco, cega pelas lágrimas.
Mudo, silencioso, com uma estranha dor no coração, o homem observou o barco deslizar sobre as águas cinzentas. À medida que aumentava a distância entre eles, sentiu sensivelmente puxando a corda que os unia e, ao mesmo tempo, uma estranha premonição angélica o emocionou, de que algum dia ele também viajaria por aquele mesmo caminho. Quase inconscientemente, ele se esforçou para imaginar as Colinas Azuis do Sonho contra o horizonte e, ao fazê-lo viu a grande névoa se abrir sobre o barco e uma estrela dourada brilhar sobre ele. Ao mesmo tempo, o cordão invisível se alongava e se alongava, mas ele sentia em seu coração que nunca poderia se quebrar.
Todos os dias, os Anjos enviam seus Auxiliares através do mundo terreno para reunir todos os ideais e concepções que nascem da humanidade. Eles estão sempre à espreita de belos sonhos que flutuam através dos Éteres; eles reúnem a essência de nobres aspirações e a fragrância de muitas ações que são desconhecidas e pouco divulgadas: esses eles carregam para os reinos que os Anjos chamam de lar, e lá eles são modelados em flores que os Anjos devolvem novamente à Terra. Cada flor nasce de uma bela concepção, ou tipificam algum ideal nobre que vive no coração da humanidade.
Para simbolizar o belo vínculo entre o homem e a mulher, os Anjos geraram a Acácia. E é por isso que foi escolhido por uma das Fraternidades místicas mais importantes, cujos ritos são fundados no amálgama dos princípios masculino e feminino, para uso cerimonial como um símbolo de Vida Eterna e de Amor.
O AMOR NASCIDO DA DOR – A Lenda da Flor da Paixão
Oh coração, oh sangue que congela
Sangue que queima,
Retornos da Terra
Por séculos inteiros de loucura,
Barulho e pecado,
Feche-os,
Com seus triunfos e suas glórias e o repouso – o amor é o melhor.
Por Robert Browning
As emoções pertencentes aos planos inferiores do Reino conhecido como Desejo, emitem suas notas de vida em uma massa rodopiante de forma e cor e, aqui também, os Anjos encontram trabalho para fazer. Fora desse redemoinho de sorrisos e lágrimas, de esperanças e decepções, de medo e dor, em que a maior parte da humanidade constrói tão inconscientemente, ainda assim, constantemente, os Anjos auxiliares estão ativamente empenhados em tecer padrões de flores que tomarão forma e crescerão na Terra. Muitas flores vivem e florescem como símbolos dessa influência gerada pelos pensamentos e desejos de homens e mulheres no mundo.
Há um vasto jardim onde as flores deslumbrantes florescem com uma beleza carmesim e exuberante. Até o Sol parece captar o reflexo de sua luz vívida e brilhante, com uma tonalidade mais avermelhado. Todo o ar está parado e carregado com um perfume lânguido, pois este é o jardim onde só crescem as flores da paixão. Nas primeiras horas da madrugada, quando a essência espiritual do céu está sendo soprada sobre a Terra e, assim, é mais fácil despertar a alma do ser humano para as realidades da vida, e novamente na hora mística do crepúsculo, quando a Terra mantém uma conversa silenciosa com as estrelas, uma bela Fada entra suavemente neste jardim e caminha ansiosamente por seus variados caminhos. Frequentemente, ela tenta pressionar as pétalas carmesim contra o peito, mas elas apenas deixam uma mancha de tonalidade escura e sombria, e preenchem seu coração com um estranho desejo. Ela deve se afastar por muito tempo desconsolada – pois o Espírito de Felicidade nunca pode encontrar aqui um lugar permanente para habitar.
As flores do jardim tornam-se mais abundantemente exuberantes e de uma beleza selvagem, enquanto a cada visita o Espírito de Felicidade se torna mais frágil e atenuado, até que, finalmente, sua presença gentil é como uma lembrança de alguma coisa doce.
Um dia ela entrou no jardim muito devagar, mas ainda se curvando ansiosamente sobre as flores brilhantes, com seus dedos frágeis mal tendo forças para fazer sua costumeira impressão escarlate em seu peito. Quando ela se vira cansada, cai inconsciente no chão, enquanto um pólen leve e nauseante penetra rapidamente sobre ela até que ela quase se perde de vista.
De repente, um vento frio sopra sobre o jardim e todas as flores da paixão inclinam docilmente em suas hastes, enquanto uma flor rara e branca, que não parece pertencer à Terra, permanece como uma presença sagrada no meio delas.
Sob essa nova influência, o Espírito de Felicidade revive e luta para ficar de pé. Ansiosamente, ela banha seu coração ferido na suavidade de seu perfume, e seus dedos perdem suas manchas carmesim em meio ao veludo de suas pétalas.
As Flores da Paixão inclinam cada vez mais em seus caules até que seus rostos estejam completamente escondidos na poeira, enquanto a estranha flor branca cresce mais alta e mais bela e enchendo o jardim com sua glória celestial.
“A Felicidade é um atributo da alma muito raro para ser tratado com ociosidade”, dizem os Anjos, inclinando sobre a borda do mundo, olham para o jardim prostrado abaixo. “A Flor do Amor não nasceu naquele dia mais cedo, pois a Felicidade não poderia mais ter sobrevivido em meio a tanta solidão e dor”.
Uma grande onda de luz inunda o jardim. Não se pode dizer se vem da flor branca que ergue seu rosto tão orgulhosamente para as estrelas, ou dos rostos dos Anjos com asas dobradas e mãos quietas que se ajoelham para orar.
UMA SINFONIA DE LÍRIOS
O sopro do crepúsculo caiu suavemente no jardim, como alguma melodia de fragrância assustadora e pouco lembrada. Uma sinfonia em branco e dourado, o jardim estava todo lindo e silencioso e sob o céu um pôr-do-sol tingido de opalina [23]. Lírios, lírios – havia lírios por toda parte. A partir de exóticos raros, impregnados pelo seu rico perfume, às pequeninas flores brancas com que os beijos da floresta em seus lábios.
Para a Mulher com o Coração de Lágrimas, eles trouxeram uma mensagem de paz de suas profundezas perfumadas. Em sua beleza pura e branca com corações dourados, ela os comparou a sua própria criança Lily, uma garotinha que costumava brincar por lá, há muito tempo. Mas foi então que a Mulher manteve a luz do verão em seu coração.
Uma noite, quando as estrelas estavam brilhando e os lírios inclinavam suas cabeças sob uma dor de gotas de orvalho peroladas, a alma da criança Lily foi levada aos cuidados de Deus tão suavemente, da mesma maneira como a doçura de seu jardim flutuou para cima nas asas da noite. Era por causa do coraçãozinho que os amava tanto, que os lírios se tornaram mais belos e as flores mais doces. Quando a Mulher com o Coração de Lágrimas os enrugou em sua dor, eles espalharam um perfume que era como uma bênção sobre ela. Às vezes, ela até imaginava que a alma de sua filha Lily respirava novamente em sua beleza e que o aroma de seu amor brotava de seus corações perfeitos.
Uma noite de outono, quando os ventos tocavam pequenas melodias menores com as folhas rugosas, e os lírios, como memórias assombradas, ficaram brancos e elevados e ainda assim, a Mulher com o Coração de Lágrimas viu quando se ajoelhou entre eles, uma criança adormecida, meio escondida em suas sombras perfumadas. Uma pequena criança abandonada talvez, mas semelhante em sua maravilhosa justiça para com a criança Lily de muito tempo atrás. O cabelo dourado estava emaranhado entre as pétalas brancas e macias. As mãos daquela criança agarraram uma quantidade de flores murchas contra o peito. Ela havia vagado por este santuário guardado apenas pelos Lírios sentinela. Mas eles não perceberam a diferença e se agruparam com tanto amor em torno dessa linda cabeça como se aninharam sobre o terno coração que por tanto tempo permanecera frio e quieto.
De alguma forma estranha, em que a tristeza se mesclava com uma espécie de doçura menor, e a ternura se mesclava com a dor, a pequenina sorriu com a essência de seus sonhos mais profundos do Coração de Lágrimas da Mulher. O sopro dos lírios sonolentos tomou conta dela em cadências de música oral, enquanto essas palavras em ritmos cadenciados de fragrância, despertavam em seu coração uma melodia persistente: “Quem receber uma dessas crianças em Meu nome, a Mim recebe.”[24].
Os sorrisos que cruzaram o rostinho eram para a Mulher com o Coração de Lágrimas como as carícias de um raio de sol em mármore delicadamente cinzelado. Os olhos que de repente se abriram e cruzaram com os dela, eram estrelas que haviam descido do céu, ainda retendo um pouco do azul de seu cenário celestial. Com toda a intuição de uma criança, ela sentiu o desejo do amor materno inclinar-se sobre ela. Estendendo suas mãozinhas desatentas de infância, mas feliz, sua risada infantil despertou um eco no Coração de Lágrimas da Mulher que se fechava de tristeza, já que a pequena sepultura foi feita como uma cicatriz na bela face do jardim. Ao reunir a criança em sua vida solitária, suas lágrimas caíram suavemente sobre os lírios esmagados e iluminaram-nos quando um novo amor despertou em seu coração.
Com o nascimento deste amor veio à luz de uma grande compreensão, aquela que se encontra inevitavelmente na sombra de um amor que é matizado com o divino. Ali ao lado da pequena cama onde os doces sonhos da criança Lily haviam adquirido forma tangível nas flores de Lírio que se curvavam sobre ela, a Mulher com o Coração de Lágrimas aprendeu que o Amor é a chave mágica da vida e de seus infinitos mistérios. A imutável lei da compensação foi investida de um poder e uma beleza que ela nunca havia conhecido antes.
Ela percebeu como é infinitamente bom saber que não há nuvem escura demais para que a luz do sol se dissolva e nenhum rosto tão belo que não esteja manchado de lágrimas e mesmo assim ser tão belo para eles. Só o amor purifica o pecado, torna a tristeza sagrada e põe a resignação como uma estrela na fronte da dor.
O incenso das esperanças enterradas retornou a ela, revivificado no glorioso tema que os Anjos cantam diante do Trono de Deus: “E agora permanece a fé, a esperança e o amor, porém, a maior destas virtudes é o Amor.”[25].
No panorama dos anos subsequentes, cheios de possibilidades se estendendo diante dela, a tonalidade da dor que sombreava todas as coisas, desapareceu. O mundo estava em tonalidades dourados. Ela sabia que os acordes de amor, pelo conhecimento da fraternidade de toda a humanidade, tocavam profundamente em seu coração, respirando através de sua alma a inefável harmonia, de sua unidade com o Infinito. Esta é a concepção divina do Amor.
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No decorrer da noite, os ventos vergaram os lírios sobre seus caules delgados, o pequeno monte abaixo deles estava coberto com a ternura verde da doçura do coração. E a fragrância do jardim parecia derreter em uma música – uma Sinfonia de Lírios.
A CATEDRAL DA NOITE
“Uma asa de Anjo bate em cada janela,
Mas apenas os ouvintes ouvem e se levantam.”
Por Anon
Os suaves portais de cor púrpura abrem no crepúsculo, e lá estava a vasta Catedral da Noite, empoeirada de anseios e sombreada por sonhos, repleta de pontas de chamas douradas que brilham e cintilam, e derramam seus segredos sobre o coração de um mundo adormecido.
O interior dessa imponente catedral é o lar de harmonia e ritmo inefável. A vasta extensão é apoiada por infinitas colunas panorâmicas espirais formadas em uma requintada simetria. Permanecendo como a alma de algum mármore raro transformado no Espírito da Juventude, da Inocência, da Alegria e da Beleza, elas emitem um etérico esplendor de Luz. Entre essas colunas, os corredores perfumados conduzem a um altar cintilando em sua brancura de neve como o mais puro alabastro[26]. Em perspectivas maravilhosas, essas colunatas como fadas, estendem-se ao longe, e são mais belas à medida que vão recuando, até se perderem sobre o altar em um êxtase branco e luminoso.
De repente, a luz se intensificou. As notas de um coro triunfal soaram ao longe, aproximando-se cada vez mais, até que toda a vasta catedral estivesse vibrando com a música. Gradualmente, cada átomo do espaço é preenchido – preenchido com os espíritos de crianças pequenas, alegres, radiantes, livres.
Nos seus lares físicos, enquanto os pequenos corpos estão repousando no sono, as almas flutuam pela silenciosa Catedral da Noite. Aqui, eles formam belas amizades com outras almas de crianças que também estão temporariamente libertas de seus corpos terrestres. Guiadas e dirigidas pelos Anjos, que são professores sábios e amorosos, eles estão aprendendo, por meio de brincadeiras alegres, a tecer com fios de ouro em suas vidas terrenas alguns reflexos tênues do Mundo celeste. Esses lindos Anjos reúnem esses espíritos em procissões longas e vestidas de branco, que percorrem seus incontáveis caminhos pela Catedral. Primeiro eles entram no Salão do Silêncio, guardado por imensos portões de ouro que sempre se abrem, convidando qualquer um a entrar, e nunca fechando a não ser ao som de uma palavra falada quando, por alguma magia estranha, eles se tornam barreiras imensas e impenetráveis, bloqueando as belezas primorosas que está além deles.
As paredes deste Sala são compostas por inúmeros mosaicos construídos de sonhos. Eles formam uma sinfonia de cores vivas e iridescentes (furta-cor). Alguns dos padrões são estranhamente fantasiosos, outros são cativantemente belos, enquanto outros são tão bizarros e estranhos que existem aqueles que ficam perdidos em admiração diante deles. Cada um que entra aqui, encontra um padrão para estudar. (Pois não somos todos sonhadores no coração?) Alguns desses sonhos cintilam e brilham com todo o esplendor de uma vida sempre crescente porque foram trazidos à fruição na Terra; outros, meio envoltos nas sombras do crepúsculo, estão lentamente desaparecendo nas coisas escuras esquecidas. Eles são incapazes de suportar porque nunca receberam vida no “mundo dos homens”. (O que se vê é que muitas das mais belas almas, mesmo assim, com desejo ardente estão se afastando).
O chão desta Sala do Silêncio é de luz suave e se compara a névoa de um dia de primavera que se eleva toda prata e creme do coração de um rio. As paredes se tornam mais claras e luminosas, à medida que mais alto eles se ascendem, até que se perdem em um esplendor indescritível no espaço infinito. Os padrões estão mudando constantemente à medida que novos sonhadores entram no Salão e lá inscrevem seus sonhos. Uma das principais verdades ensinadas pelos mestres Anjos é o valor inestimável da alma a ser adquirido frequentando a Sala do Silêncio, e a importância que assume em termos de conhecimento, orientação e conforto nos tempos que virão para toda a humanidade.
Ao deixar este Salão, muitas das crianças veem um belo Espírito, distinguível onde quer que ela vá por meio da joia usada em seu peito. Essa joia fica maior e aumenta a luminosidade a cada serviço prestado a um necessitado. Ao conceder tal ajuda, ela brilha com uma luz gloriosa. Este é o Espírito de Serviço. Ela nunca é encontrada sozinha, mas de todas as formas entre as multidões. Onde o escuro sombrio do outono, são mais longos e profundos, a luz da joia preciosa em seu coração brilha como uma estrela de amor caindo sobre um mundo cansado e acalmando-o em uma paz infinita.
Os raios brilhantes do Sol do Espírito de Amor resplandecem e transfiguram aqueles cujos corações e mãos estão aprendendo a seguir seus caminhos de ajuda ministerial. À medida que as almas avançam em conjunto, elas encontram a entrada para uma vasta sala, uma sala cujas dimensões são indescritíveis. Através de seus portais sempre abertos, os raios de uma Estrela brilhante lançam sua luz, e todos que cruzam seu raio de ação, nele devem entrar. O interior desta sala é formado por numerosas bainhas de pérolas. Os pisos que se estendem por uma distância infinita e as paredes cujos limites estão além da visão são todos mais iluminados com seu brilho suave. A luz aqui é tranquila e moderada como a luz de uma Lua nova brilhando nas florestas profundas. Roubando pelo ar, estão as melodias menores sonhadoras tocadas em harpas de ouro.
Alguns daqueles a quem a Estrela guiou até a porta veio com lamentos e gritos doloridos de dor; outros veem de boa vontade com sinais de gratidão pelo que eles reconhecem como uma oportunidade de aprender lições importantes e muito necessárias. Após sua permanência terrena, cada alma deve novamente cruzar este mesmo limiar, pois é aqui que a Lei de Causa e Efeito imprime seu registro na forma retratada. Os mortais conheceram esse lugar como a Sala da Tristeza e do Pesar Profundos. Suas joias mais preciosas são formadas pelas lágrimas cristalizadas da humanidade. Inúmeras pérolas belíssimas de sacrifício e renúncia podem ser encontradas aqui. Esses são mostrados àqueles que têm olhos para ver por meio dos Anjos que servem como professores. Todos os dias pérolas são adicionadas na bela estrutura; nenhum está perdida. É por isso que a sala deve ser tão grande e seus limites são incomensuráveis.
A coisa mais bonita nessa grande sala de luz é o Altar das Pérolas. Cada gema é perfeita em tamanho, cor e forma e é iluminada com uma beleza suave e amorosa. Essas são as lágrimas cristalizadas das mães. É nesse altar que os espíritos tristes se aproximam de Deus. É aqui que a próprio Sala da Tristeza e do Pesar Profundos vive quando está longe de sua casa no Mundo celestial. Nesse reino elevado, ela sempre se encontra perto do Espírito de Amor. É assim que a tristeza sempre paira sobre a glória branca do Amor. Esse é o ensinamento dos Anjos às almas das crianças visitantes, e esse conhecimento está profundamente gravado em seus corações para que as experiências terrenas, quando retornam, possam se tornar mais compreensíveis. Depois de tal instrução, muitos reconhecem, intuitivamente, a Sala da Tristeza e do Pesar Profundos como doce, justo e amigável, e assim perdendo todo o medo, saúdam-na com os braços abertos. A Sala da Tristeza e do Pesar Profundos está sempre vestido de branco, simbolizando o fato de que ela não se arrepende. Quando uma alma reconhece sua verdadeira missão, a tristeza desaparece porque se transmutou em amor. Os Egos dessas crianças são instruídos a lembrar que, para um Espírito desperto, a tristeza é apenas o cadinho no qual se testa a força de caráter.
Ao lado da entrada dessa vasta Sala da Tristeza e do Pesar Profundos encontra-se uma figura que parece a própria essência da luz. Cercado por um halo de vibração palpitante, que se estende muito além da linha de visão e penetrando profundamente no coração de tudo que toca, ele atrai um eco em esplendores refletidos. Muitas almas veem da Sala da Tristeza e do Pesar Profundos, algumas acompanhadas e outras sozinhas, mas este Espírito brilhante lança, em cada um e em todos, um raio de luz. Poucos entre eles têm consciência da luz que os circunda, e com exceção das almas raras e excepcionais podem ver o Espírito sublime.
Esse Espírito, raramente, é visível para aqueles que aparecem acompanhados; quando visto, é quase sempre, por quem anda sozinho. Os Anjos explicam que este é o sublime Espírito da Verdade. Em sua verdadeira casa, no Mundo celestial, ele vive mais perto de Deus do que qualquer outro Espírito, exceto o do Amor. Embora os Egos possam permanecer na luz que emana dele, porém, podem nunca se aproximar do grande Espírito. Quando alguém tenta alcançá-lo, ele sempre recua; no entanto, a LUZ SE TORNA MAIOR. Jamais, alguém estará consciente da plena glória desta grande luz, exceto aqueles que trazem em seus corações uma impressão da Sala da Tristeza e do Pesar Profundos.
Em grandes grupos, as almas das crianças se reúnem em torno do glorioso Altar Branco da Catedral. Este é o altar do Amor e é iluminado com a luz branca e pura que desce do próprio trono de Deus. A luz que emana deste altar inunda o edifício majestoso em todo o seu comprimento, largura e profundidade. Os Anjos explicam para as crianças como a luz sempre retrata o amor. Nunca pode haver luz sem amor, visto que o último é a causa do primeiro. Sempre que observarem a luz de um novo dia, eles devem se lembrar que é uma expressão do amor de Deus pelo mundo. Sempre que virem o Sol, o coração de nosso Sistema Planetário, eles devem saber que ele também é um símbolo do amor de Deus.
Pairando sobre esse altar está muitos almas aguardando a convocação para renascer. Cada um, como o chama o Anjo da Vida, reúne uma oferta do altar do Amor para levar em seu coração ao mundo, pois esses são os mais doces mensageiros de Deus para o ser humano. Além do altar do Amor está a entrada para o que parece ser o domínio da Terra Sombria. À medida que as crianças se aproximam dessa entrada, elas hesitam como se uma onda de dor as envolvesse; uma escuridão sombria permeia o espaço que é delineado por um friso suave de lágrimas. Incontáveis pequeninos envoltos nas sombras suaves são vagamente discerníveis, e o que parecia um grito lamurioso como de sons de arrependimento de orquestras formadas por sombras.
Os Anjos explicam que essa é a casa daqueles que estão esperando para retomar suas vidas terrenas, e que quando o Anjo da Vida os chamar, eles devem ir, cada um para o seu lar, onde serão estrangeiros e desconhecidos, e onde não serão bem-vindo. É por isso que, intuitivamente, evitam sair pelo fato de estarem envoltos em sombras. Eles não vivem tão perto do grande altar do Amor como aqueles que vão para os lares de amor, onde sua chegada é esperada com ternura e ansiosa expectativa. Esses pequeninos da Terra Sombria, às vezes, se esquecem de levar uma oferta do altar do Amor, quando vão para o mundo terreno, e por causa dessa falta em seus corações, suas vidas serão muito difíceis até que encontrem o amor por meio do serviço aos outros. Como semeamos, devemos colher: esses desafortunados semearam na escuridão; agora eles devem colher sombras até que a tristeza e o sofrimento os tenham levado à realização da Lei perfeita.
De repente, através do ar, são subtraídas harmonias inefáveis que surgem de um jogo sinfônico de cores. Lavandas suaves derretem em cinzas requintados, e tons de violeta se entrelaçam com rosa em tons mutáveis de beleza tão raros e delicados que parecem apenas sonhos delirantes. Cada cor respira na suave e indescritível fragrância musical – fechando os acordes meio lamentosos, apenas para se perder na distância com ecos de Fadas. Flutuando, mudando, tecendo e se separando, eles abrem perspectivas atraentes de um mundo de sonho à frente. Montanhas e prados, vales e planícies cobertos de flores se estendem em uma beleza estranha e sobrenatural iluminada e irradiada por um Sol dourado. A luz penetrou no coração de cada árvore e flor e deixou ali um raio de si mesma para testemunhar a glória da luz e do amor. O ar é tão luminoso com essas cores cintilantes que nenhum olho mortal poderia suportar o brilho por muito tempo.
Do coração desta terra dos sonhos vem uma figura feminina de majestade sobrenatural, mas não tão bela quanto os Anjos. Ela é assistida por muitas belas figuras que estão espalhando papoulas com cheiro de sonho ao longo de seu caminho. Doces imortais e o perfume de tranquilidade se mesclam com a fragrância de seus pensamentos em terna saudação. “Quem você acha que eu sou?”, ela pergunta. As crianças ficam em silêncio em um êxtase reverente. “Eu sou o Espírito da Morte”, responde ela.
Para as exclamações de alegria que saúdam esse anúncio, ela oferece mais informações sobre si mesma. “Sim, eu sei”, diz ela, “que a pobre humanidade iludida sempre me imaginou como uma criatura carregando uma caveira e ossos cruzados, ou em outras formas aterrorizantes que instilam nos mortais um medo geral de minha presença; mas se eles apenas entendessem, me reconheceriam como um amigo. Quanto mais o ser humano aprende de mim, mais ele saberá de si mesmo”.
Carinhosamente acariciando os grupos que se reuniam ao seu redor, ela continua: “Amo todos os que vêm a mim e levo cada um ao meu coração como uma mãe faz com um filho cansado. Afinal, quase todos são apenas crianças – alguns deles muito cansados e a maioria extremamente assustados com a mudança. Ensinem ao mundo, meus pequeninos, quando vocês voltarem, que não há nada a temer. A morte é apenas uma passagem de um sonho para a realidade – a realidade que está por trás do sonho. Todos esses que me atendem recebem e cuidam dos pequeninos que vêm da Terra e não têm nenhum dos seus entes queridos aqui para encontrá-los e ajudá-los a se acomodarem em seu novo ambiente. O serviço que presto com o maior prazer”, acrescenta baixinho, “é acalmar um coração cansado e dar descanso a uma alma cansada”.
A cortina de cores se levanta, novamente, revelando cenas de beleza fascinante e respirando música tão estranhamente doce que até mesmo os Anjos são obrigados a fazer uma pausa para ouvir; o Espírito da Morte diz às crianças que neste mundo de cores cada movimento emite um som. O ar é tão rarefeito e as vibrações tão suaves que as almas podem ouvir o som das coisas crescendo; as árvores, flores e a grama se unem em uma música de maravilhosa harmonia. Soma-se a isso a sinfonia composta pelos tons emitidos dos pensamentos e movimentos dos Anjos e de seus responsáveis.
Com relação a essa música dos reinos mais sutis, o Anjo da Morte diz a seus ávidos ouvintes: “Os Espíritos da Natureza também fornecem essa música ao mundo, mas aqueles que vivem na Terra estão tão imersos em sons da materialidade que não podem ouvir essa música celestial. Por causa de sua sensibilidade, os pássaros chegam perto o suficiente da música do Mundo celestial para sugerir que pelo menos ressoe essas harmonias celestiais.”.
“Dos tons de cores dos planos superiores, as flores captaram seus matizes variados, e os pensamentos de amor dos Anjos são transmitidos em sua fragrância. Seus pensamentos de amor, beleza e verdade assumem a forma de flores nessa esfera. Esses Anjos moldam essas flores terrestres e as devolvem para enriquecer sua vida. Além disso, os Anjos imprimem seus próprios pensamentos de amor nessas mesmas flores que se tornam, por assim dizer, uma emanação de seu próprio ser. Portanto, da próxima vez que inalar a fragrância de uma flor, lembre-se de que está recebendo uma mensagem de amor do Anjo que a criou. Também, o que foi dito sobre os belos pensamentos se aplica aos pensamentos poucos nobres. Eles também acabam sendo externalizados. Eles ficam congelados e áridos e acabam murchando e estragando as flores da bondade e da verdade. No entanto, em pouco tempo o Espírito de Amor irá permear o Mundo Físico de tal forma que todos os pensamentos rudes e inverídicos serão dissolvidos. Assim, a Terra se tornará sintonizada com as oitavas superiores, e seus habitantes verão e compreenderão muitas coisas que até então não sabiam. E o mais incrível acima de tudo, é que ninguém terá medo da morte. Todos perceberão sua verdadeira missão. Ajude-nos a tornar este dia mais próximo”.
Seu sorriso era como a fragrância branca do luar, onde uma vez mais as cores se separaram. Quando elas se fecharam novamente, o belo espírito desapareceu, não deixando nenhum som, exceto a música de sua partida.
Contudo, o tempo passa rápido e outras lições ainda precisam ser dadas aos filhos antes que o amanhecer que se aproxima os chame para retomar para suas vidas terrenas. Assim guiados por seus Anjos-professores, eles avançam em direção a um jardim onde muitos pessoas estão sendo instruído a utilizar os lindos tons de cores do pôr-do-sol na pintura. À medida que as multidões avançam, passam por um belo Espírito em pé meio na sombra e meio na luz. Devido a pressa, apenas alguns prestam atenção em sua presença. Nessa caminhada, em longos intervalos, alguém se afasta desta multidão e por um pequeno tempo, vai até lá para tocar a bainha de sua vestimenta. Quando isso acontece, uma alegria imensa ilumina seu semblante; de outro modo, fica entristecido por tantos que passam despercebidos por ela. Esse é o Espírito da Memória, cujo lugar deve permanecer por muito tempo nas sombras. Rara é a alma que toca suas vestes e, assim, carrega uma lembrança do Mundo celestial para a consciência da vida terrena. Para cada um que faz esse contato, há uma alegria no coração do Espírito da Memória, pois essas almas despertas tornam-se professores na Terra das verdades da vida eterna.
Aquele que veio ao Espírito da Memória é dotado de uma visão que vê a luz além das sombras, da mesma forma de quando vemos o arco-íris brilhando entre as nuvens de tempestade. Tal pessoa compartilha alegremente as tristezas da humanidade no esquecimento de si mesma. Ele caminha de boa vontade nos lugares sombrios para que outros que lutam ali possam receber mais luz solar. Com gratidão escolhe os caminhos difíceis, pois sabe que é seguindo o caminho da dor, que tão rapidamente se condicionou a estar diante do Santuário do Espírito.
Assim, os Egos que conhecemos enquanto crianças se encontram no meio de um jardim de Fadas que parece ser feito de arco-íris. Doze belos espíritos estão agrupados em um semicírculo perto da entrada. Os Anjos-professores explicam que esses são os Espíritos das Horas.
“Existem doze para as horas do dia e doze para as horas da noite. Eles cercam a Terra e seu círculo nunca é quebrado. Os doze Espíritos que guardam a noite estão agora no mundo onde formam o outro semiarco do círculo.”.
“Esses Anjos da Noite estão ocupados reunindo os belos pensamentos e as boas ações que deixaram sua impressão na Terra durante o dia. Retornando aos Anjos, que vocês veem trabalhando aqui e que os transformam em cores com as quais pintam o céu. Sob a orientação do Espírito do Amanhecer e do Espírito do Pôr do Sol, hostes de Anjos auxiliares que estão ensinando entidades desencarnadas a trabalhar com as cores da Terra. Embora pareçam transparentes, eles são, na realidade, muito mais intensos e cintilam e brilham com o esplendor da própria vida, aqui estão os vermelhos brilhantes da vida humana graduando-se na oitava superior dos tons de rosa; as forças laranja que magnetizam a existência física e fazem soar o apelo para o serviço à humanidade; verdes suaves que acalmam em doce compaixão; azuis de harmonia e felicidade derretendo-se no azul suave dos sonhos místicos, e alfazema que respiram tristezas divinamente nascidas, ascendendo às luzes violetas do espírito.
“Toda essa gama de cores é ofuscada pelos tons gloriosos do amor. Cada dia deve haver um pouco de ouro no pôr do Sol, porque tem havido pensamentos de amor no mundo, e este é seu reflexo dourado. Bem distante, no interior do jardim, estão outros seres que trabalham com cores que nenhuma palavra pode descrever. Eles não estarão disponíveis para uso na Terra até que as crianças que são atraídas aqui, noite após noite, tenham crescido e aprendido como aplicá-los em suas vidas terrenas. Então, a Terra será suficientemente rarefeita para entrar em contato com essas cores mais sutis”.
Próximo à entrada do jardim, um chafariz jorra águas perfumadas de matizes multicoloridos. Sobre as miríades de flores perfumadas em sua névoa calmante, sonhando estão algumas que se assemelham às místicas flores de lótus do oriente. Os espíritos que conhecemos quando crianças aprendem que essa é a Fonte da Esperança. Suas águas nunca se acalmam, pois, “a esperança é a última que morre”. As vestes do Espírito da Esperança são formadas por todas as esperanças multicoloridas que vivem no mundo, e as flores místicas em sua testa veem do coração das águas.
Enquanto as crianças se deleitam com as belezas arrebatadoras do jardim, elas veem vários internos de Terra Sombria se aproximando da fonte. Em resposta às suas indagações, os Anjos dizem-lhes que cada um, antes de ir para a vida terrena, fazem a visita na Fonte da Esperança. Como já aprendemos, as almas da Terra das Sombras, às vezes, não conseguem receber uma oferenda do Altar do Amor. Mas eles nunca partem sem participar das Águas da Esperança que estão em constante renovação.
Agora, o círculo das Horas está mudando em um ritmo de compassos majestosos. Os espíritos da noite são vistos à distância, e os Anjos das horas da manhã estão se aproximando da entrada do mundo, enquanto o amanhecer aparece no horizonte em uma glória multicolorida. O tom predominante de sua vinda soa a nota dourada do Amor, pois é o Amor que está chamando os Egos que ainda estão ligados por corpos terrestres e que, em resposta ao chamado, deslizam suave e silenciosamente para longe.
As mães sábias agem, suavemente, quando almas preciosas voltam para elas nos braços da manhã. Eles se curvam e veem a luz do céu que ainda permanece em seus olhos. Eles se ajoelham em adoração diante da fragrância angelical de seus lábios.
O CAMINHO DAS TREVAS – O Cereus que Floresce à Noite
“Verdades maravilhosas e tão maravilhosas variedades,
Deus escreveu naquelas estrelas acima,
Mas não menos nas flores brilhantes sob de nós
Suporta a revelação de Seu amor.”
Por Longfellow[27]
Os Anjos são divididos em grupos de acordo com seu talento e habilidade, da mesma forma que os seres humanos. E como nós, cada um desses vários grupos tem um diferencial distintivo ou uma função. No entanto, há uma diferença muito importante entre as características de identificação dos humanos e dos Anjos. Entre os Anjos, o significado de lealdade ao grupo é uma questão de realização e não um mero motivo decorativo a ser anexado à pessoa exterior. É, exclusivamente, uma qualidade da alma, um desenvolvimento do espírito e, portanto, só pode ser vista por aqueles que têm olhos para ver.
Há um grupo que realiza um serviço particularmente colorido e bonito para o ser humano, em reconhecimento, onde essas pessoas usam em suas testas uma joia de luz cintilante como uma estrela. Eles são daquele grupo que observa a tristeza causada pela morte na Terra, e que se dedicam em buscar o seu alívio. Seu serviço prossegue ininterruptamente e, em sua execução, eles são, entre todos os Anjos, os mais abençoados. O Anjo da morte é sempre seguido por uma sequência brilhante desses Anjos auxiliares que cantam as glórias da vida imortal. Eles enchem a câmara silenciosa da morte com uma torrente de luz e poder que chega como um suave bálsamo celestial aos corações dos aflitos – uma emanação daquela grande paz que ultrapassa todo o entendimento.
Muitas pessoas terão que testificar que em seus insuportáveis momentos de profunda separação e tristeza causados pela perda de um bem-amado, eles têm a consciência da presença desses mensageiros angélicos. Certamente, entre os muitos e variados ofícios de amor e serviço prestados aos seres humanos por esses irmãos angélicos, este é um dos mais belos e de longo alcance em seus efeitos. Eles não apenas aliviam a agonia da separação, mas colocam dentro do coração entristecido uma minúscula flor da esperança a ser nutrida no amor até que cresça, se expanda e floresça em uma certeza da consciência de que não existe morte.
Visto que esta é a realização mais gloriosa que o ser humano pode conhecer vivendo na Terra, a concepção da flor que a incorpora é de uma analogia esplendorosa. Essa flor é a do Cereus que desabrocha à noite.
“Esta transição é apenas uma morte que não é morte.”. Assim, canta as vozes angélicas a todos os corações receptivos, e durante todo o tempo, enquanto a flor da estrela brilhante da esperança cria raízes e, por fim, dá origem a novas flores. Mas isto não é tudo; ainda resta muito trabalho a ser feito antes que o véu do desespero, da dúvida e da incerteza que obscurece a visão das massas seja levantado. E enquanto isso for verdade, o lindo Cereus floresce apenas à noite e, apesar da beleza e magnitude de suas flores, vive apenas algumas horas na atmosfera opressiva e incompatível da Terra.
Isto é, somente quando as longas sombras da noite caem e a Terra se silencia na calma bênção da noite que se aproxima, é que as pétalas brancas do Cereus começam a se desdobrar. Quando a mística hora da meia-noite se aproxima, seu doce coração dourado é exposto às estrelas. Uma das mais perfumadas de todas as flores, sendo elevada com as orações dos Anjos, ela se ergue como uma sentinela branca de luz proclamando as boas novas de um novo dia que acaba de romper sobre o mundo em que “a morte será tragada pela vitória” e “Deus enxugará todas as lágrimas”.
Quando a compreensão do ser humano sobre esta verdade tiver se tornado clara e forte, e ele tiver aprendido a “andar na Luz assim como Ele na Luz está”, o belo Cereus, símbolo deste reconhecimento da vida imortal, possuirá força renovada que o capacitará para desdobrar suas pétalas macias, mesmo antes do Sol do meio-dia. Ainda assim, ele deve dobrar suas asas sobre a doçura de seu coração e esperar o dia em que o ser humano viverá na consciência de sua natureza eterna, após o que sua glória etérica e passageira se tornará imortal na Terra.
A LUZ DOURADA – Uma Lenda da Goldenrod
Goldenrod[28]
“Quando os emaranhados à beira do caminho pegarem fogo
No sol baixo de setembro,
Quando as flores dos raios de verão
Caírem e murcharem uma a uma,
Alcançando através de arbustos e sarças
Uma sobrancelha suntuosa de coração e fogo
Ostentando alto, o vento balançou a pluma,
Admirável com a riqueza da flor nativa –
Goldenrod!
A natureza encontra-se desalinhada, pálida,
Com ela febril em pedaços –
Dia a dia os pulsos falham
Mais perto de seu coração pulsante.
No entanto, porventura mantém esse apertado,
Armazenamento de ouro puro e genuíno
Rápido você volta forte e livre
Espécie de toda a riqueza a ser,
Goldenrod!”
Por Elaine Goodale Eastman
Assim como o indivíduo aprende a compreender e comemorar o mistério da mudança das estações, assim também os Anjos sabem e mantêm vigília sagrada nesses tempos sagrados. Entretanto, sempre devemos lembrar que a Onda de Vida Angélica atinge um plano muito mais elevado de consciência espiritual do que o ser humano. Consequentemente, os Anjos conhecem um significado mais profundo e recebem um influxo maior de êxtase espiritual na época dos quatro festivais solares sazonais.
Assim como o ser humano trabalhou em épocas passadas com o Reino Animal e o ajudou na formação de seus corpos, assim são os Anjos prestando ajuda ao Reino Vegetal.
Uma de suas tarefas mais gratificantes tem sido incorporar no Reino das Flores os mais elevados ideais e as mais nobres concepções do ser humano. Alegremente, eles tecem toda a fragrância e beleza de seus pensamentos e ações mais elevados em símbolos de flores de terna beleza.
O quão jubiloso é sua alegria quando descobre que alguém, apesar de ainda estar usando uma vestimenta de carne, é capaz de ver e compreender seu trabalho com as flores e, ainda, interpretar as mensagens místicas que estão inscritas em cada pétala colorida.
Há uma época do ano em que os cientistas chamam de Equinócio de Setembro e que o Místico conhece como a estação do grande influxo espiritual. Os Anjos, também, observam reverentemente este festival sagrado, pois eles têm o privilégio de ver, lá do alto nos reinos etéricos, aquele Raio de Luz Cósmica que desce gradualmente sobre a Terra, envolvendo e impregnando o Planeta até que, para os olhos não cegos pelo véu da mortalidade, tudo parece se tornar um corpo de ouro vibrante e radiante.
Essa Luz torna-se mais brilhante e mais poderosa até que penetra no próprio coração da Terra. É o momento em que os Anjos não podem mais conter seu grande regozijo pelo serviço de redenção que eles sabem, que está sendo realizado tanto para a humanidade como para o Planeta no qual ela habita. E, com isso, eles enchem o mundo todo com suas canções de regozijo.
Às vezes, há aqueles que são puros, o suficiente, para vislumbrar essa grande Luz e captar o ecoar desse coro angelical, e por isso chamamos esse tempo de êxtase espiritual de Noite Santa. Os Anjos dedicam, reverentemente, muito tempo no serviço de transmitir um pouco da essência desta Luz Divina em seu protótipo espiritual, as flores. Após a conclusão de seu trabalho e, em suas suaves plumas de brilho dourado, floresce a cada ano desde meados de setembro, outubro, novembro até meados de dezembro a flor que simboliza a emanação da própria cor de Cristo, a Goldenrod exala um reflexo dos raios do Sol.
Uma antiga lenda Gaulesa torna Setembro o sinônimo de paz, porque este foi o mês do nascimento da Mãe Imaculada daquele que cujo nome é Paz. Para comemorar essa verdade em flores, os Anjos deram à Terra uma preponderância de flores douradas desde os meados de setembro, outubro, novembro até meados de dezembro.
Um poeta que captou essa mensagem canta:
Oh, paz! a mais bela criança do céu
A quem foi dado o reinado silvestre.
Durante os meses em que a luz dourada do Cristo Cósmico está impregnando a Terra, os Anjos a envolveram com flores da mesma cor adorável. O principal deles é a Goldenrod que carrega a mensagem do novo ingresso de Vida e Luz, quando “a paz está na Terra e no ar”.
Essas flores brilhantes, tecidas pelos Anjos para espalhar as mensagens do amor de Cristo entre os seres humanos, foram apropriadamente escolhidas como a flor nacional pelos grandes pioneiros do novo mundo, cujo ideal é a Paz e cujo Sonho é a Fraternidade. E é assim que, durante os meses sagrados do Ingresso do Cristo na Terra, este sagrado símbolo de Sua vinda dá as boas novas em chuvas de flores e anuncia em sua beleza aquele coro angelical que logo ressoará: “Paz na Terra e boa vontade entre homens”.
A MISSÃO DA PAPOULA – Uma Folha do Coração da Noite
“A flor do sono balança sua cabeça por entre o trigal,
Pesada com sonhos como aquele com pão.”
Por Francis Thompson[29]
A longa linha de prédios brancos e regulares ficam tensos com o silêncio sob as mãos silenciosas da noite. Em sua beleza suave e mística, estrelas trêmulas iluminam a escuridão. O mundo dorme em meio ao silêncio flutuante. Dentro dos amplos salões há sombras grotescas e luzes suaves e sombreadas que aumentam e diminuem.
O silêncio flamejante é interrompido por tons ásperos de campainhas, ou o suave tom monótono do sono interrompido por soluços, respirações intermitentes de dor e passos apressados de enfermeiras vestidas de branco em suas missões suaves.
Deitado em um berço esplendido, uma figura envolta em bandagens se agita incansavelmente, tremendo e gemendo como se lutasse contra inimigos intangíveis e invisíveis aos olhos mortais. As luzes sombreadas brilham e cintilam com o sopro irregular do vento noturno, mostrando em contornos tênues as estranhas figuras curvadas sobre o corpo prostrado.
Através da luz suave, figuras tênues dançam em alegria demoníaca. Elevando-se acima da cama e incitando os seres estranhos a maiores esforços, há um espectro horroroso de se ver. A figura malformada parece fazer parte das sombras fantásticas que giram sobre o quarto mal iluminado. Dos braços oscilantes projeta-se uma varinha com um ponto vermelho brilhante e opaco. Quando esse ser estranho concentra seu olhar sobre esse ponto, a sala se enche instantaneamente de forças sinistras em uma atmosfera de vermelho escuro. Pegando as ondas dessas cores espessas, estes vários demônios pequenos se prendem nas mãos e nos pés de sua vítima, fazendo-o se contorcer em paroxismos[30] de agonia, para seu deleite sádico.
De repente, uma figura benéfica aparece em cena e quase paralisa os demônios. Uma luz em tons de rosa enche o quarto. Agora, o Espírito de Cura, como sempre, chega para lutar pelo corpo do homem. Envolto em uma aura de serviço amoroso, o Espírito medita: “Oh, corpo de homem, quão pouco você me compreendeu. Quão mais perto posso chegar até a natureza do que de você! A Terra me entrega seus segredos. Meu é o suave calmante que o atrai para as florestas. Vivo na fragrância perfumada que o saúda das colinas. As flores me conhecem e os animais me procuram. Mas você, oh homem sozinho, que a Mente colocou no caminho entre as flores e os deuses, me repele. Somente quando os limites da dor lhe prostrarem poderei provar meu poder. Venham, mensageiros do sono, meus servidores mais fiéis”.
Aqui o opalescente[31], na luz rosada se aprofunda, e inúmeras pequenas Fadas tropeçam nos travesseiros, espalhando pétalas perfumadas de sono sobre o corpo agora quieto. Gradualmente, os músculos ficam menos tensos e os traços distorcidos relaxam. Em vão os demônios jogam fora seus pensamentos malignos de vermelho escuro. Eles são instantaneamente capturados e transformados em tons de rosa suaves e sombreados de amor e cura à medida que a noite avança.
Mas os olhos mortais podem ver apenas enfermeiras vestidas de branco ocupadas com seus cuidados gentis.
Entre as sombras escuras de um quarto distante, o Espírito da Cura permanece desconsolado. Em vão os mensageiros tranquilizadores espalham pétalas perfumadas de sono pela cama. Seu brilho suave e rosado se transforma em tons persistentes acinzentado, e logo eles estremecem e se enrugam com uma doçura em declínio.
Até os demônios parecem ter se cansado de ver o sofrimento de suas vítimas, enquanto as artérias incham e inflamam sob suas cruéis barras carmesins.
Nenhum som praticado por ouvidos mortais consegue interromper o silêncio, exceto a respiração da enfermeira toda vez que ela se inclina sobre seu paciente com as mãos calmantes.
De repente, uma onda de luz paira sobre a cama, e de seu esplendor ecoa uma voz: “Pare com suas negociações sobre este último remanescente de minha mortalidade. Eu sou o Ego que moldou esses átomos na sua forma atual; assim, o poder de desintegrá-los é meu. Através de milhares de anos e grandes esforços, encontrei o caminho que leva à paz infinita. Pela luz do Conhecimento Cósmico, aprendi quão pobre é este frágil cortiço em que moro. Oh, minha casa, juntos trabalhamos e sofremos, e do seu coração minha alma construirá um templo mais nobre para habitar. A respeito desses átomos, antes que eu delibere a sua volta à ordem que é o caos, deixarei a marca da divindade”.
Quando a voz se cala, uma luz trêmula percorre o corpo. Por um instante ela repousa sobre a cabeça e forma uma auréola de glória quando o Cordão Prateado é rompido e uma alma ansiosa é libertada.
A Mente física sabe apenas que a respiração ofegante cessou e que a morte com sua solene majestade veio reivindicá-la.
A longa fila de edifícios brancos e regulares aguarda o despertar sob o céu da manhã. As estrelas desaparecem nas volumosas dobras brancas de suas vestes. O mundo está se agitando para o milagre do dia. Os primeiros raios do sol nascente entram por uma janela aberta e iluminam os cantos de sua escuridão habitual. Dentro do quarto reina um silêncio suave. Apenas algumas pétalas frágeis, como folhas de rosa murchas, pendem pesadamente acima da cama em evidência do combate que acabara de ser travado ali com tanta ferocidade.
Mas os olhos físicos veem apenas uma figura vestida de branco curvando-se ternamente sobre a forma silenciosa.
Os Anjos desejavam dar ao ser humano, por meio do mundo das flores, um símbolo das infinitas complexidades da noite, quando o corpo é colocado de lado para descansar e restaurar seus poderes, enquanto o espírito interior toma liberdade de voar para horizontes distantes. “Noites brancas”, diz Walter Pater[32], “não devem ser noites de negro esquecimento, mas passadas em contínuos sonhos apenas meio velado pelo sono”.
Estas noites brancas de lembrança! Quão abençoado é o privilégio deles. Conhecem o chamado do navio afundando, a dor das enfermarias do hospital, o grito do mineiro sepultado, a voz do campo de batalha, os presos delirantes em um prédio em chamas, as dúvidas ou a calma daqueles que fazem a transição da morte.
Ainda são poucos os que guardam essas horas na santa recordação e assim, a flor construída em torno desse ideal é tão frágil e tênue quanto essa memória flutuante. Suas pétalas agitam e caem com o menor balançar dos ventos. As atividades da prolongada recordação das noites do ser humano darão maior força e resistência à Papoula que, entretanto, oscila em toda a sua frágil beleza, indicativo das atividades aladas da alma humana quando separada e livre de seu caixilho físico do dia.
Se os ouvidos embotados da Terra não forem muito pesados, pode-se escutar e ouvir acima desses campos de flores cadenciadas e ondulantes a música das Fadas da Canção da Papoula: “Participe do meu sono e se lembre”.
VALE DAS LÁGRIMAS – Como Surgiu o Salgueiro Chorão
“Pelo pequeno rio
Mesmo assim, intenso e pardo,
O cantar dos graciosos salgueiros
Mergulhando suavemente.
Elas eram donzelas de água
Há muito tempo atrás
Que eles se inclinam tão tristemente
Olhando para baixo?
No crepúsculo enevoado
Você pode ver seus cabelos,
Donzelas de água chorando
Isso já foi tão justo”
Por Walter Prichard Eaton
Os longos e graciosos festões da Árvore do Salgueiro sempre foram expressivos de lamentação. Num dos salmos mais belos de Davi, que descreve a tristeza dos israelitas exilados, aprendemos sobre lamentações ao som de harpas, e que os instrumentos assim usados foram mais tarde pendurados no salgueiro. Assim, a árvore se tornou um emblema de tristeza e, portanto, muitas vezes se diz de quem está triste que “Ele pendurou sua harpa em um salgueiro”.
O Salgueiro sempre foi associado à tristeza que vem pela morte. Nos primeiros cerimoniais de sacrifício, as vítimas eram enfeitadas com seus galhos, e hoje em dia é uma das decorações favoritas daquele solo sagrado em que os corpos dos mortos amados são sepultados. Há uma razão especial para isso, que era conhecida e compreendida pelo ser humano antes que o véu que separa a terra dos vivos da dos mortos se tornasse tão denso como agora.
De todos aqueles que permanecem na Terra, muitos já aprenderam como é prudente e correto orar pelos entes queridos que passaram para o outro lado, mas, ainda, poucos sabem que um dos primeiros deveres impostos àqueles que fazem a passagem é orar pelos aflitos que ficaram conscientemente neste Mundo Físico. E é assim que orações de amor, força, cura e coragem são continuamente levadas de um lado para o outro entre o Céu e a Terra. A cada dia se conhece a agonia da despedida e a da dor, que só pode ser amenizada por meio desse intercâmbio de orações amorosas entre os que estão na Terra e os que estão no lado invisível da vida.
Essas orações de amor se elevam e descem em correntes de força viva ou de luz que repousa sobre a Terra em um esplendor contínuo, pois o pensamento é criativo e seu intercâmbio entre corações recém-separados é uma fonte de poder que os Anjos reúnem e usam em seus esforços para atenuar o véu que agora paira entre o visível e o invisível. A cada ano que passa, multidões crescentes dão alegre testemunho da eficácia dessa obra.
Para que os filhos da Terra ainda cegos, e para que possam ter uma percepção crescente dessa comunhão contínua entre o “aqui” e o “lá”, devem moldar a essência dessas orações de cura na forma da sombra dessa bela árvore. A intensidade das orações enviadas para o alto da terra é construída em suas raízes e tronco. As Mensagens amorosas das almas recém-libertas das limitações da escravidão física, inclina-se em uma terna e pendente bênção entrelaçadas em seus galhos para cair sobre corações que ainda estão solitários e rostos que ainda estão manchados de lágrimas.
O verde é a tonalidade da cor da simpatia e da compaixão, e é nos verdes mais suaves e ternos que os Anjos envolvem essa árvore, um símbolo de lágrimas. Diariamente sussurram, curvando-se sobre ela: “Não há morte para quem ama, porque o amor é vida e a vida é amor”.
A Árvore do Salgueiro deve suportar este sinônimo de lágrimas até que os filhos e filhas da Terra compreendam essa mensagem em que os Anjos imprimiram dentro de seu coração, pois somente a partir da separação na morte é que não poderá mais existir.
IDEIAIS PERDIDOS – A Canção de uma Calçada da Cidade para uma Flor Destruída
Eu usei este dia como uma roupa desgastada e malfeita
Impaciente por estar no meio disso,
E até, como eu o tirei dos meus ombros,
Essa joia ficou presa no meu cabelo.
Por Anon
A cada ano, um número crescente de pessoas estão percebendo a proximidade das hostes angélicas ao mundo dos seres humanos, porém, poucos ainda estão cientes do significado de seus serviços. Há muito tempo essa Terra teria sido dissolvida no caos se não fosse pelos cuidados amorosos deles.
É maravilhosa a visão das hostes luminosas acima de nossas cidades adormecidas durante as horas noturnas. Os maus pensamentos, as más palavras e ações dos seres humanos pairam acima, como grandes aves de rapina negras, prontas para descer novamente em forma de doença, carência, aflição e de vários outros males que o Ego nunca deveria conhecer.
Todas as noites surgem hostes de Anjos servidores para dissipar essas forças miasmáticas na glória do seu amor transformador. Atarefados durante as horas silenciosas eles precipitam chuvas de bênçãos douradas sobre a Terra adormecida, e quando as barras multicoloridas da aurora opalescente brincam no céu eles voam em seu caminho, cercados por uma mistura de cores e canções através do horizonte distante e são invisíveis para a visão humana nos esplendores das brumas etéricas. Seus olhos amorosos e brilhantes vasculham o mundo em busca de sofredores humanos que estão desamparados ou perdidos, e quando estão sempre prontos para curar e abençoar.
Uma noite, durante as vigílias silenciosas, um ser luminoso desceu com toda a glória de uma estrela cadente e inclinou-se sobre uma flor que tinha sido pisoteada e avariada, sendo esquecida em uma rua deserta da cidade. “Uma flor avariada significa ideais perdidos”, murmurou o Anjo. “Em algum lugar nessa noite, um coração está pesado de tristeza”.
O Anjo inclinou-se sobre a florzinha e, ao fazê-lo, tomou consciência da sonoridade musical, música que se elevava em ondas de estranha beleza tonal das profundezas inferiores. Então ele soube que estava ouvindo um eco das experiências do dia que acabara de encerrar, pois ainda perduravam na impressão o que havia acontecido nas ruas da cidade.
As extensas calçadas de uma metrópole são os teclados brancos da humanidade sobre os quais tocam os variados passos. Estendendo-se sempre calmos e quietos, eles absorvem e retêm essa música humana. Oh, o sofrimento agitado que estremece por meio de alguma nota! Aquele que tem uma boa audição pode ouvir a música de gotas de lágrimas caindo – caindo. Em alegres arpejos vêm os passos da juventude, tão leves quanto o brilho da manhã e tão perfumados de esperança quanto as flores da floresta antes que o Sol do meio-dia tenha roubado o orvalho de seus corações.
As vacilantes notas de tons menores de desespero, às vezes, se insinuam nas harmonias, tão prolongadas que as próprias calçadas são tocadas com simpatia. A corrida apressada da multidão, já sem fôlego, esperaria e ouviria se eles pudessem ouvir até mesmo o seu sussurro mais fraco. Mas, infelizmente, eles estão tão atentos, mediante ao simples conhecimento externo, que passaram descuidadamente, e somente as calçadas – os longos teclados brancos da humanidade – registram a canção da tristeza.
Em delicados trinados que estremecem com doçura humana, suavemente como a música da catedral soa os passos da futura mãe. Na beleza de sua passagem brilha o mistério de algum sonho encantado.
Formando um profundo subtom ao som da música, segue os passos dos solitários. Tantos são as notas que soam daqui que, às vezes, parece que os outros tons estão todos abarrotados. No entanto, são belos para os ouvidos atentos — aqueles tons de pés solitários. Alguns deles se misturam em raras combinações, produzindo uma música que o mundo nunca teria conhecido.
Em toda essa orquestra pulsante e ecoante, sempre soa uma nota insistente percorrendo as luzes e sombras, cantando em oitavas de maiores e prelúdios de menores – o Poderoso Acorde das Aspirações Insatisfeitas. Oh, a música ansiosa dessa multidão em busca, vagando sem rumo ou procurando ansiosamente! Um legato de súplicas inconscientes lamenta, por quê? Por quê? Por quê? seguido por um vasto crescendo de tons de soluço perguntando Onde? Onde? Onde?
À medida que as sombras se alongam, lá vem a música cansada e sem som, feita por pés cansados. Você já ouviu isso e se perguntou por que em todo o mundo de Deus deveria haver uma nota dissonante na hora que anuncia a passagem do dia quando toda a Terra está cercada de oração?
Você já ouviu o suspiro suave que sussurra no coração da noite na incessante correria da música dançante dos passos daqueles que, indiferentes à sua beleza incomparável, buscam apenas os lampejos do prazer?
Mas para aqueles que entendem – oh, a suave compensação da noite! A noite suave e inclinada com seu vasto coração de estrelas. E o réquiem da escuridão que acalma as feridas e as mágoas reunidas na correria do dia!
Ouça a música das calçadas com suas mil notas de rodapé. Ouça as notas vacilantes, esperançosas, cansadas, radiantes, sonhadoras e saudosas que juntas formam um coro que se mistura em uma unidade divina de estranha beleza, uma estupenda canção de sombra da cidade.
Assim que o Anjo ergueu a pequena flor e a colocou suavemente contra seu coração, ele suspirou suavemente, dizendo: “E aquele que eleva sua alma acima das mãos apegadas à Terra pode ouvi-la cantar”.
IMORTELLE – A Flor da Alma
“O alto que provou ser muito alto,
O heroico para a Terra demasiado difícil,
A paixão que saiu do chão
Para se libertar do céu,
pelo apaixonado e o poeta.
Bastando que Ele ouvisse uma vez
Nós vamos ouvi-la aos poucos.”
Por Robert Browning[33]
O ar estava muito quieto no Jardim da Alma; e uma tranquilidade tomou conta do lugar. A ampla Calçada da Meditação que se estendia em direção aos Portões do Conhecimento estava cercada, de ambos os lados, com o suave Jasmim da Memória. O Caminho da Retrospecção, margeado de ervas agridoces, escureceu-se no silêncio de distantes vagas que conduziam ao próprio Santuário da Oração. Aqui o ar era fresco e reconfortante, e cheio da fragrância dos lírios brancos que se amontoavam ao redor do Santuário e que elevavam seus rostos puros às estrelas, carregados com o incenso que ascende da aspiração sagrada.
Diante desse santuário, a Mulher com o Coração Cansado gostava mais de ficar. Aqui ela lutou para encontrar dentro de sua alma torturada uma doce paz que envolvia o santuário da Oração. No dia de Bach, quando suas forças permitiam, ela recomeçava a peregrinação que a conduzia às encostas longínquas do jardim, sempre nuas e frias.
“Foi aqui que enterrei meu sonho de felicidade”, ela sussurrou em meio às lágrimas.
Essa extremidade do jardim sempre foi estranhamente estéril. Em vão a Mulher do Coração Cansado havia plantado bálsamo e ternura sobre ele. Ela regou as plantas em crescimento com suas lágrimas, mas elas caíram e murcharam, deixando o lugar vazio e sem vida. Era como uma ferida no coração que nunca pode ser curada.
“Foi um sonho tão terno”, ela pensou, “todos velados nos mistérios que ocultam as coisas celestes do conhecimento humano, e tudo muito frágil e bonito para suportar o brilho manchado da Terra. Assim, os Anjos que me deram, o levaram de volta para o céu, que é seu lar legítimo e lá, algum dia, o encontrarei novamente”. Enquanto a Mulher do Coração Cansado se encontrava pensativa, ainda assim, estava consciente de uma presença brilhante pairando sobre dela. O ar ficou estranhamente doce e puro, como se tivesse acabado de vir do alto de alguma montanha. Ela soube então, que um Anjo estava diante dela, pois os Anjos tem acesso livre no ir e vir no Jardim da Alma.
Do silêncio uma voz sussurrou: “Você ainda não aprendeu que qualquer coisa grande e boa que foi dada à Terra nunca pode ser perdida? Seu sonho daquele puro e perfeito amor de alma por alma destrancou os portões do Céu, e no esplendor de sua luz você verá, através dos próximos anos, o amor nos corações dos homens e das mulheres se tornando uma coisa sagrada. O animalesco será elevado ao celestial e o sensual tornará divino. Mesmo que você deva sempre seguir seu caminho sozinha, seu coração encontrará paz em saber que o ideal que a sua alma acalentou ao longo dos anos solitários deve, um dia, se tornar real nos corações da humanidade”.
Quando a voz cessou, o jardim ficou muito quieto e parecia envolto em fragrância. Maravilhosa, a Mulher do Coração Cansado abriu os olhos e olhou a sua volta. O lugar que há muito era frio e estéril estava coberto com uma massa maravilhosa de Imortelles, a flor do despertar da alma.
Acho que Deus deve ter sorrido sobre o jardim.
A COROA DA MATERNIDADE – O Lírio do Vale
“Deus não poderia estar em todos os lugares e por isso fez as mães”
Um dia, o grande Anjo Gabriel, que é o criador de todas as flores que estão sobre a Terra, reuniu seus Anjos, enchendo suas mãos e corações de doce paz celestial, e mandou-os espalhar essa paz celestial sobre as dores do mundo. Ele, também, os instruiu para lhe trazer, no fim do dia, a coisa mais bonita da terra, para transformá-la numa flor rara e perfeita, e para devolvê-la a Terra, a fim de servir de auxílio e inspiração para as crianças.
Todos esses Anjos partiram, alegremente, para cumprir sua bela missão, exceto um dentre eles, mais jovem e tímido que os outros, foi ficando para trás, caminhando lentamente.
“O que é que vou dar?”, pensou, enquanto ele flutuava silenciosamente sobre os vales e colinas, envoltas em nuvens. “O mundo inteiro me parece tão bonito.”
As horas passaram rapidamente e os Anjos retornaram triunfalmente ao céu, um seguido do outro, trazendo, todos eles, uma coisa maravilhosa que tinham colhido da Terra. Um havia colhido a névoa perolada do amanhecer; outro trouxe o orvalho que repousa na pétala interna de uma rosa; outro trouxe a música que se eleva dentro de uma catedral e um outro capturou os sonhos do coração de uma filha jovem.
Quando as sombras da noite começaram a cair, o pequeno Anjo ficou cada vez mais triste e suas asas pareciam cada vez mais pesadas; então, passando perto de uma janela aberta, de repente ele parou e olhou para dentro da casa: uma jovem mãe ajoelhada, em profunda adoração ante uma pequena cama, onde um bebê estava dormindo. Um sorriso brotou do seu rosto fofinho e, como se o Anjo tivesse se inclinado para ouvir, a mamãe sussurrou: “Oh! Pequena flor bem-amada, que acaba de vir do paraíso, não olhe para trás nos seus sonhos, você foi separado, recentemente, dos Anjos da guarda? Traga ao meu coração um pouco de luz celestial, com a qual eu possa protegê-lo e orientá-lo”.
E quando ela se curvou para beijar o rosto sorridente dele, murmurou respeitosamente: “Meu Deus, eu Te agradeço pelo mais maravilhoso de todos os presentes: a coroa da maternidade”.
Quando ela olhou para cima, uma lágrima brilhante, com toda a beleza e glória do amor maternal, apareceu sob os cílios da criança adormecida. Houve, de repente, um farfalhar suave de asas e o pequeno Anjo, com a lágrima apertada em seu coração, retornou feliz, ao seu lar celestial.
Ao cruzar as “Portas”, o Anjo Gabriel estava sentado em seu grande trono branco, juntamente com os demais. “Então, pequeno Anjo retardatário”, grunhiu, ternamente, vendo-o se aproximar, “Qual é a coisa mais bonita que você me trouxe da Terra?”.
“Ah, Anjinho retardatário”, ele repreendeu com ternura, enquanto ela se aproximava, “qual é a coisa mais linda que você me trouxe da terra?”
Timidamente, ele deslizou para fora de seu coração, a lágrima de um amor de mãe.
Quando o Anjo Gabriel a viu, sua face ficou tão bonita, que mesmo os Anjos nunca a tinha visto assim. Ele, delicadamente, a pegou e a segurou em suas mãos, e foi cercado por um halo de luz de tal forma que todos os Anjos baixaram a cabeça e oraram.
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Ele ficou em silêncio por um longo tempo e, quando, enfim, ele estendeu suas mãos para eles, e disse: “O lírio do vale é o presente dos Anjos às mães do Mundo”.
SACRIFÍCIO E SERVIÇO – Uma Lenda do Visco
Toda a estrada
É rigorosa
Vida e morte
O toque do amor transfigura,
E tudo o que mente
Entre
O amor santifica,
Uma vez que a centelha celestial é acesa,
Uma vez no amor, dois corações unidos,
Nunca mais
Será que foi tudo
Como antes.
Por Robert Browning
Quando os Anjos retornam ao céu vindo de seu trabalho diário no mundo, muitas vezes, contam suas experiências uns aos outros. E muitas vezes o Anjo Gabriel, que é seu Mestre – pois os Anjos aprendem coisas maravilhosas o tempo todo, assim como as crianças da Terra – muitas vezes ouve essas histórias e, às vezes, também conta as coisas que encontrou no reino onde as lágrimas fluem.
Certa vez, quando ele reuniu seus Anjos auxiliares, contou essa história a eles no crepúsculo dos céus:
Um homem e uma mulher andaram de mãos dadas por muitos anos sobre a Terra e conheceram uma felicidade tão rara e bela que outros mortais não a compreendiam. Um dia, enquanto caminhavam juntos sob a sombra de grandes árvores, a mulher disse: “Rezo para que nos seja possível demonstrar que nosso amor é maior do que qualquer outro antes”.
O homem sorriu e respondeu: “Esse também é o desejo que guardo em meu coração”.
“Aqui”, disse o Anjo Gabriel, “estão as duas almas que procurei no mundo até encontrar”. E fez com que uma imagem se formasse no coração da mulher, na qual se diz estar caminhando sozinha. E fez soar um refrão na Mente do homem que ecoava: “Conhecer o maior amor é sacrificar a Personalidade e trabalhar apenas para o bem do todo”.
Eles se entreolharam longa e seriamente, e então a mulher perguntou ansiosamente: “Oh, diga-me, isso não quer dizer que eu posso suportar qualquer outra coisa!” O homem respondeu tristemente: “Significa apenas isso”.
Eles permaneceram em silêncio por um longo tempo e então o homem sussurrou baixinho: “Você é forte o suficiente para isso?”. Todas as tristezas do mundo pareciam sussurrando, enquanto a mulher murmurava soluçando: “Eu sou”.
Ela se agarrou a ele enquanto sussurrava tristemente: “E você – você pode continuar sozinho?”. A dor de todas as despedidas que já aconteceram pareceu preencher o silêncio enquanto o homem respondia lentamente: “Eu posso”.
Os caminhos por onde andaram juntos não os conheciam mais. Enquanto um esplendor radiante do Espírito envolvia seu trabalho, seus corações humanos estavam partidos pela tristeza daquela despedida.
“Eles vieram para os Mundos celestes?”, questionaram os Anjos ansiosamente, “Vamos encontrá-los e confortá-los”.
O Anjo Gabriel sorriu compreensivamente e respondeu: “Eles ainda não são heróis, pois ambos são jovens e tem muito o que fazer no mundo dos humanos, antes que possam conhecer um tempo de descanso, mas olhe para isso”, disse ele, segurando um caixão cheio de joias brilhantes. “Todos os dias, ao crepúsculo, a mulher, cansada e solitária, vem ao santuário de oração, e ali recolhi algumas das lágrimas que caem de seu coração; e todos os dias, ao crepúsculo, o homem com os pés doloridos e cansado, vem ao santuário de oração, e eu recolhi algumas das lágrimas que caem de seu coração. Eu guardo as lágrimas neste caixão, e quando o homem e a mulher vierem morar conosco, esse será meu presente para recebê-los”.
“Mas não há lágrimas aqui agora”, disseram os Anjos. “O caixão está cheio de pérolas que são preenchidas com um brilho maravilhoso”.
“Você não sabe”, disse o Anjo Gabriel, “que aquelas lágrimas foram formadas de sacrifício e serviço, as duas joias mais brilhantes da coroa do Mestre? E não há lágrimas no céu, quando eu as trouxe aqui elas se transformaram em joias como os atributos de que foram formadas.
“E agora que flor você dará aos filhos da Terra para comemorar minha história?”, perguntou Gabriel.
Os Anjos se reuniram ao redor do caixão de joias que pareciam refletir o brilho de seus rostos e pesavam muito. Quando voltaram para o Anjo Gabriel, uma massa de bagas branco-pérola brilhou em seus corações como lágrimas que brilham com o brilho terno de um amor que é divino.
Assim, o Visco é imortal como sempre pertencente aos amantes.
A ETERNA ROSA BRANCA – Uma Lenda da Noite Santa
“Branco como um silêncio incorporado;
Um verdadeiro êxtase de branco;
Um casamento de silêncio e luz,
Branco, branco como a maravilha imaculada
Da Eva recém-desperta no Paraíso;
Não, branco como o angelical de uma criança,
Que olha nos próprios olhos de Deus.”
Harriet McEwen Kimball[34]
O Espírito da Maternidade está onde os portais do tempo guardam as fronteiras da Terra Invisível, vestido com longos mantos de branco esvoaçante que se perdem na distância como sonhos sem fim. Em torno de sua linda cabeça está envolto um véu enevoado, tecido de fios de sorrisos e lágrimas que se prendem suavemente ao redor de sua garganta como leves apertos de mãos. Seus olhos são faróis acesos brilhando como estrelas gêmeas de esperança. Ao seu redor, e muito distante, brilha uma luz suave, que é um mero reflexo da luz do amor em seu coração. Em suas mãos ela segura uma maravilhosa rosa branca que parece ser feita de uma multidão de rostos de crianças. Cada pétala macia reflete um semblante brilhante, tornando um conjunto tão encantadoramente adorável e carregado de tanta ternura que todo o mundo cansado se torna mais brilhante por meio de sua luz.
Milhões de almas ansiosas que sentem o desejo de retornar à vida terrena estão constantemente lotando os portais do Tempo. Cada um fica sob a sombra da grande rosa branca, e a cada um a quem é concedida a oportunidade de caminhar novamente pelos caminhos da Terra, o Espírito da Maternidade concede uma pétala dessa rosa. Para cada pétala que é removida, outra vem tomar o seu lugar. Enquanto houver almas que anseiam pela experiência terrena, as pétalas não devem continuar a se renovar, pois, nunca murchando e nunca caindo, a Rosa Branca Eterna, em todos os seus requintados mistérios, idealiza além do mundo.
No coração da Noite Santa, todas as almas que irão encontrar seus lares terrestres no próximo ano, partem em viagem. Quando o mundo todo estiver cheio de amor e cada coração estiver transbordando de paz e boa vontade, será muito fácil para os corpos tênues dos Egos atraídos para a Terra penetrar nos corações e lares de sua escolha. Assim, na Noite Santa, uma nova onda de ternura envolve cada futura mãe; mãos macias a acariciam; rostos de flores curvam-se sobre ela; e belas lembranças a banham como acordes de uma música quase esquecida. A suave fragrância de pétalas de rosas brancas a traz para uma consciência mais nova e mais etérea.
Ah, a felicidade requintada que acena nessa Noite Santíssima para as mães, enquanto os Anjos cantam a chegada do Menino.
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Ao longo de um horizonte interminável, sombra de nuvens cinza-lavanda; aqui e ali a face brilhante de uma estrela pode ser vista. Um brilho prateado de névoa cobre todas as coisas, com apenas um ocasional respingo de luz malva olhando para anunciar o amanhecer que se aproxima. A névoa suave agita-se suavemente como uma cortina de um lado para o outro, abrindo os braços ternos para saudar o retorno das pequenas almas de suas jornadas amorosas. Milhares de Querubins felizes, seus rostos brilhando com um brilho de luar, deslizam por trás das brumas prateadas para aguardar seu chamado Estelar no próximo ano.
F I M
[1] N.T.: Belas e encantadoras, as anêmonas são flores da primavera. Por trás de seu nome incomum, mitologia grega: deriva da palavra “anemone” – junção de “Ánemos”, deus do vento, e “one”, sufixo que diz respeito à filha, ou seja, filha de Ánemos. Por isso, é conhecida também como flor do vento.
[2] N.T.: do poema: To a Wind-Flower.
[3] N.T.: Is 26:19
[4] N.T.: ICor 15:51
[5] N.T.: George Sandys, Ovid’s Metamorphosis (1632)
[6] N.T.: Pūblius Ovidius Nāsō (43 AC-17/18 DC), conhecido em inglês como Ovid foi um poeta romano que viveu durante o reinado de Augusto. Ele foi contemporâneo do mais velho Virgílio e Horácio, com quem é frequentemente classificado como um dos três poetas canônicos da literatura latina. O erudito imperial Quintiliano considerou-o o último dos elegistas amorosos latinos. Embora Ovídio tenha desfrutado de enorme popularidade durante sua vida, o imperador Augusto o baniu para uma província remota no Mar Negro, onde permaneceu até sua morte.
[7] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.
[8] N.T.: do Livro “The Weaver of Dreams” de Edna G. Thorne que é um conto surpreendentemente bem escrito, permeado por algo que evoca pena e tristeza, mas delicado e expressando uma bela filosofia cristã.
[9] N.T.: da obra Hamlet
[10] N.T.: Poeta americano (1897-1919).
[11] N.T.: termo cunhado por Emerson em: “The Over-Soul”, um ensaio de Ralph Waldo Emerson, publicado pela primeira vez em 1841. Com a alma humana como assunto principal, vários temas gerais são tratados: (1) a existência e a natureza da alma humana; (2) a relação entre a alma e o ego pessoal; (3) o relacionamento de uma alma humana com outra; e (4) o relacionamento da alma humana com Deus.
[12] N.T.: Heliotropo ou heliotrópio é uma variedade de calcedónia de cor verde-claro a verde-escuro, com pontuações vermelhas (devidas a jaspe ou a óxidos de ferro). O nome tem raiz grega, significando trópico solar.
[13] N.T.: John Milton (1608-1676), Paradise Lost. Paraíso Perdido (em inglês: Paradise Lost) é um poema épico do século XVII, escrito por John Milton, originalmente publicado em 1667 em dez cantos. Uma segunda edição foi publicada em 1674 em doze cantos, com pequenas revisões do autor. O poema narra as penas dos anjos caídos após a rebelião no paraíso, o ardil de Satanás para fazer Adão e Eva comerem o fruto proibido da Árvore do Conhecimento, e a subsequente Queda do homem.
[14] N.T.: John Keats foi um poeta inglês. Foi o último dos poetas românticos do país, e, aos 25, o mais jovem a morrer.
[15] N.T.: do poema: The Here and the Hereafter, de Alfred Tennyson, In Memoriam A.H.H. (1849)
[16] N.T.: Fúcsia, da fam. das onagráceas, que reúne 100 espécies na América Central e do Sul, arbustos em sua maioria, geralmente escandentes, ou árvores com flores solitárias ou em corimbos, quase sempre campaniformes, grandes, vistosas, carnosas e pêndulas, com os lobos do cálice maiores que as pétalas e longos estames, e bagas vermelhas, ger. comestíveis; brinco-de-princesa, lágrima, mimo. São especialmente cultivadas por seu alto valor ornamental; as flores contêm fucsina, e combinam uma, duas ou mais cores ao tom de cor-de-rosa homônimo (fúcsia).
[17] N.T.: corresponde ao conjunto de órgãos femininos das flores das Angiospermas: o estigma, o estilete, e o ovário.
[18] N.T.: O estame é o órgão masculino das plantas que produzem flores: Angiospermas. Um estame é constituído por três partes: antera, conectivo e filete.
[19] N.T.: William Wordsworth foi o maior poeta romântico inglês que, ao lado de Samuel Taylor Coleridge, ajudou a lançar o romantismo na literatura inglesa com a publicação conjunta, em 1798, das Lyrical Ballads.
[20] N.T.: (1860-1932) foi um poeta e escritor de ficção americano.
[21] N.T.: também designada pelos nomes de manhã de Páscoa (em Portugal), bico-de-papagaio, rabo-de-arara e papagaio (no Brasil), cardeal, flor-do-natal, ou estrela-do-natal é uma planta originária do México, onde é espontânea. É uma planta muito utilizada para fins decorativos, especialmente na época do Natal, devido às suas folhas semelhantes a pétalas de flores vermelhas.
[22] N.T.: William Shakespeare (1564–1616) – Hamlet, act 4, scene 5, lines 199-201; 204-20
[23] N.T.: é um cristal especial, criado pelo ser humano a partir de outras pedras como a Opala e a Dolomita
[24] N.T.: Mt 18:5
[25] N.T.: ICor 13:13
[26] N.T.: Alabastro é uma designação aplicada a dois minerais distintos: gesso e calcita. Atenção, não confundir este “gesso” com o gesso em pó ou Gesso de Paris; quando se fala aqui de alabastro de gesso, trata-se de um mineral estruturado e não o pó de gesso obtido por mistura
[27] N.T.: do poema Voices of the Night 1839
[28] N.T.: As goldenrods são plantas características no leste da América do Norte, onde ocorrem cerca de 60 espécies. Eles são encontrados em quase todos os lugares – nas florestas, pântanos, nas montanhas, nos campos e ao longo das estradas – e formam uma das principais glórias florais do outono, desde as Grandes Planícies até o Atlântico.
[29] N.T.: Francis Thompson (1859-1907) foi um poeta católico místico inglês.
[30] N.T.: espasmo agudo ou convulsão
[31] N.T.: A opalescência é a propriedade óptica de um material transparente ou translúcido que lhe dá um aspecto ou uma tonalidade leitosa, com reflexos irisados que recordam a opala
[32] N.T.: Walter Horatio Pater (1839-1894) foi um ensaísta e crítico literário inglês.
[33] N.T.: do poema Abt Vogler de Robert Browning (1812-1889) foi um poeta e dramaturgo inglês
[34] N.T.: Harriet McEwen Kimball (1834-1917) foi uma poetisa americana, compositora de hinos e filantropa.
No seu mais elevado aspecto, as Nove Sinfonias de Beethoven são uma interpretação musical dos passos iniciatórios conhecidos como as Nove Iniciações Menores. A Primeira, a Terceira, a Quinta e a Sétima Sinfonias são poderosas, vigorosas e imponentes, tipificando as características masculinas centradas na cabeça ou no intelecto. A Segunda, a Quarta, a Sexta e a Oitava Sinfonias são gentis, graciosas, ternas e belas, tipificando as características femininas centradas no coração ou na intuição. Quando um Aspirante à vida superior passa através de vários passos nas Iniciações, ele aprende a equilibrar as forças “da cabeça e do coração”. Sua união é conhecida como o Matrimônio Místico. É esse lindo rito que Beethoven descreve na sublime música da Nona Sinfonia.
É isso que trataremos nesse livro.
Há 2 meios de você acessar esse livreto:
AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN CORRELACIONADAS COM AS NOVE INICIAÇÕES
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês em 1963, Beethoven’s Nine Symphonies correlated with the Nine Spiritual Mysteries – Corinne Heline – Publicado pela New Age Bible & Philosophy Center
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – PRIMEIRA SINFONIA – DO MAIOR – OPUS 21. 12
CAPÍTULO II – SEGUNDA SINFONIA – RÉ MAIOR – OPUS 36. 19
CAPÍTULO III – TERCEIRA SINFONIA – MI BEMOL MAIOR – OPUS 55 – EROICA 27
CAPÍTULO IV – QUARTA SINFONIA – SI BEMOL MAIOR – OPUS 60 36
CAPÍTULO V – QUINTA SINFONIA – DÓ MENOR – OPUS 67. 42
CAPÍTULO VI – SEXTA SINFONIA – FÁ MAIOR – OPUS 68. 49
CAPÍTULO VII – SÉTIMA SINFONIA – LÁ MAIOR – OPUS 92. 58
CAPÍTULO VIII – OITAVA SINFONIA – FA MAIOR – OPUS 93. 66
CAPÍTULO IX – NONA SINFONIA – RÉ MENOR – OPUS 125. 73
UM ARAUTO MUSICAL DA NOVA ERA.. 78
O que segue é a descrição de Beethoven por um amigo do grande compositor, transcrito por Ernest Newman em seu livro intitulado “O Inconsciente Beethoven”[1]:
“Um grupo de amigos estava em um restaurante quando Beethoven entrou. Era um homem de média estatura com cabeça típica do Signo de Leão, cabeleira comprida e grisalha e olhos brilhantes e penetrantes. Ele se moveu como num sonho e sentou-se com olhar atordoado. Ao falarem com ele, levantou suas pálpebras como uma águia que acorda assustada e esboçou um sorriso triste. De vez em quando, tirava um livro de seu casaco e começava a escrever. Um dia, alguém perguntou o que ele estava escrevendo: ‘Ele está compondo, mas escreve palavras e não notas musicais. A arte se tornou uma ciência com ele e ele sabe o que pode fazer. Sua imaginação obedece à sua insondável reflexão.’”.
“Para um amigo íntimo, Beethoven uma vez descreveu seu método de trabalho: ‘Eu carrego minhas ideias comigo por longo tempo antes de escrevê-las. Minha memória é tão precisa que tenho a certeza de não esquecer um tema que me vem à mente mesmo no decorrer de vários dias. Eu o altero muitas vezes até ficar satisfeito e, então, começa o trabalho em minha cabeça. Como já estou consciente do que quero, a ideia fundamental nunca me abandona, ela sobe, ela cresce. Eu vejo diante de minha Mente a imagem em toda a sua extensão, como se estivesse numa simples projeção e nada deixa de ser feito a não ser o trabalho de escrever. Isso caminha de acordo com o tempo que tenho para escrevê-la, pois, às vezes, tenho vários trabalhos para fazer ao mesmo tempo, mas nunca confundo um com outro’. (…) Beethoven foi mais do que um simples músico. Foi um super-homem… Sua riqueza de ideias o coloca ao lado de Shakespeare e de Michelangelo, na história do espírito humano… Suas Sinfonias[2] são para ele o que o Sermão da Montanha é para a vida de Cristo Jesus; suas sonatas são a luta interna de Cristo Jesus no Jardim de Getsemani.
(…) Beethoven foi o Titã[3] do mundo musical. Outros músicos famosos podem ser comparados uns com os outros, mas Beethoven não tem comparação. Ele está sozinho. Ele foi o Prometheus[4] que foi erguido para trazer para nós a música espiritual do céu – música que cativa e encantará a humanidade enquanto o mundo existir. Este foi Beethoven.” [5]
Edmond Bordeaux em Ludwig Von Beethoven
“Diante da Sinfonia de Beethoven, nós estamos frente a um marco de um novo período na história da arte universal, pois, através dela, apareceu um fenômeno raríssimo no mundo da arte musical de todos os tempos.”[6]
Ludwig Van Beethoven nasceu em Bonn, Alemanha, em 16 de dezembro de 1770. Ele veio à Terra com uma missão definida. Citando as palavras de Johan Herder[7] em seus estudos filosóficos da História da Humanidade: “Deus age sobre a Terra por intermédio de seres humanos superiores escolhidos.”
Beethoven não nasceu para uma vida de facilidade e felicidade. Como a maioria das almas avançadas, desde a juventude, ele foi “um homem cheio de tristeza e familiarizado com a desgraça”, pois geralmente estava em pobreza desesperadora, cercado de pessoas incompatíveis e ambiente desarmônico. Ele disse para si mesmo: “Eu não tenho amigos, tenho que viver só; mas sei que em meu coração Deus está mais perto de mim do que de outros. Eu me aproximo d’Ele sem medo e sempre O conheci. Também não estou preocupado com minha música, que possa ser levada por um destino adverso, pois ela libertará aquele que a compreenda da miséria que aflige outros”.
O gênio musical de Beethoven tornou-se evidente muito cedo. Ainda bem jovem, ele foi mandado para Viena onde estudou por algum tempo. Fez sua primeira apresentação naquela cidade em 1795, tocando seu concerto para piano em si bemol maior.
“Na meia idade”, escreve Charles O’Connell[8] no livro Victor Book of the Symphony, “numa época em que o republicanismo era uma traição, ele ousou ser republicano, mesmo quando recebia o apoio de cortesãos e príncipes. Quando ser liberal era ser herege, ele viveu uma grande religião de humanista sem desrespeitar a ortodoxia estabelecida. Quando aristocratas perfumados olhavam de esguelha sua figura atarracada, de maneiras grotescas, traje ridículo, ele reagia rispidamente à mesquinhez. Grande demais para ser ignorado, pobre demais para ser respeitado, excêntrico demais para ser amado, ele viveu, uma das mais estranhas figuras em toda a história.”
“A tragédia o seguiu como um cão. Ficou surdo e seus últimos anos foram vividos num vazio de silêncio. Silêncio! De onde tirava os sons que o mundo todo adorou ouvir e ele deve ter ouvido antes de todos!”.
No início da civilização, as Iniciações foram instituídas com o propósito de nos ensinar sobre nossas faculdades e poderes latentes, de modo a nos capacitar para investigar a vida e o trabalho dos Mundos superiores, sobre os nossos veículos mental e espiritual e sobre a Terra.
Muitos clássicos literários contêm informação relativa às Iniciações, por exemplo, a Divina Comédia[9] de Dante[10] e o Paraíso Perdido e Recuperado[11] de Milton[12]. Beethoven os descreveu musicalmente em suas Nove Sinfonias.
O caminho da Iniciação conduz a uma investigação das maravilhas e glórias que pertencem aos planos internos deste Planeta. Nós somos muito mais do que um Corpo como é visto pelos olhos físicos. Somos compostos de outros veículos sutis que se interpenetram e, também, se estendem além da periferia do Corpo Denso. Assim, também a Terra está composta de mais que um globo físico. Ela tem veículos que a interpenetram e que se estendem para o espaço adentro. Por meio da Iniciação, nos tornamos ciente dos nossos corpos e veículos mais sutis e das funções deles e adquirimos conhecimento dos vários veículos da Terra e das funções deles.
Durante o século XIX, Egos humanos evoluídos renasceram para trazer à compreensão vários conceitos de verdade espiritual relativos à Iniciação – conceitos que foram deixados de lado e esquecidos durante os séculos do materialismo que envolveu o mundo. Essas verdades eram para ser revividas por aqueles que as aceitassem, de modo que pudessem ser fortalecidas e preparadas para os árduos e trágicos dias do século XX.
Richard Wagner, outro grande músico Iniciado, entendeu e apreciou a grande missão de Beethoven no mundo. Ele percebeu o sublime significado interno e o êxtase da alma na Nona Sinfonia. Ele a considerou a suprema dádiva musical para a humanidade. Quando construiu seu lindo santuário da música em Bayreuth, ele a inaugurou com as cordas imortais da celestial Nona de Beethoven.
Berlioz[13] escreveu sobre a Nona Sinfonia: “Qualquer coisa que se possa dizer desta Sinfonia, o fundamental é que, quando terminou seu trabalho e contemplou a grandiosidade do monumento que tinha acabado de erguer, Beethoven deve ter dito a si mesmo: ‘Deixe a morte vir agora, minha tarefa está cumprida’.”
A culminância do trabalho de Beethoven foi alcançada nas suas nove Sinfonias. Ele começou a primeira quando o mundo estava no limiar do século XIX. A Primeira Sinfonia foi escrita em 1802. A Nona e última foi completada e dada ao mundo em 1824. Com essa sublime composição, sua missão terrestre se aproximava de sua conclusão gloriosa. Seu chamado veio em 1827.
No seu mais elevado aspecto, as Nove Sinfonias de Beethoven são uma interpretação musical dos passos iniciatórios conhecidos como as Nove Iniciações Menores. A Primeira, a Terceira, a Quinta e a Sétima Sinfonias são poderosas, vigorosas e imponentes, tipificando as características masculinas centradas na cabeça ou no intelecto. A Segunda, a Quarta, a Sexta e a Oitava Sinfonias são gentis, graciosas, ternas e belas, tipificando as características femininas centradas no coração ou na intuição. Quando um Aspirante à vida superior passa através de vários passos nas Iniciações, ele aprende a equilibrar as forças “da cabeça e do coração”. Sua união é conhecida como o Matrimônio Místico. É esse lindo rito que Beethoven descreve na sublime música da Nona Sinfonia.
Cada Iniciação é acompanhada por música celestial – música que Beethoven trouxe para a Terra e traduziu para nós nas Nove Sinfonias. Quando o ser alcança o exaltado lugar da nona Iniciação, ele chega à mais elevada fase das Iniciações. Está pronto para se tornar um Adepto. Então, ele é capaz de chegar à presença do Senhor Cristo e receber Sua suprema bênção.
É reconhecido, sem sombra de dúvida que, em Beethoven, a maior e mais poderosa forma de música instrumental encontrou seu maior e mais poderoso expoente.
E. Markham Lee[14] em The Story of Symphonies
A primeira das Nove Sinfonias teve sua pré-estreia em Viena sob a direção do próprio Beethoven em 2 de abril de 1800. Essa foi a primeira da grandiosa e imortal série que é o monumento colossal da música deste tempo. O ano em que foi produzida sugere que foi o “canto do cisne” instrumental do século XVIII.
A missão de Beethoven foi a de servir como mensageiro da música cósmica. Era seu destino alcançar além da superfície deste plano e trazer para a humanidade a gloriosa música do espaço, e essa missão foi cumprida em suas Nove Sinfonias. Nessas composições, Beethoven, nas palavras do Sr. Lee, “reserva algumas de suas maiores e mais graves declarações. A perspectiva”, ele continua, “é invariavelmente grande, todo o método de concepção é de uma grandiosidade e de uma força titânica. Ele enfoca o assunto com seriedade e o resultado é grandioso e sereno.”
A nota-chave espiritual da Primeira Sinfonia é Poder. O número “um” – “1” – é indicado por uma coluna vertical, o primeiro símbolo da Divindade, como foi adorada pelo ser humano primitivo do início da civilização. O número “um” também significa o Ego, a Individualidade, cujo propósito de jornada através da evolução é manifestar sua divindade inata.
Fiel à forma sinfônica, essa Sinfonia está dividida em quatro movimentos[15]. Um Allegro[16], que é precedido por um Adágio[17] introdutório expressando poder, fornece as notas-chaves da composição. O segundo movimento, um Andante[18], e o terceiro, um Minueto[19] que é mais um Scherzo[20], sustentam uma convicção de uma fidelidade a esse poder que tudo permeia, mas que está latente. O Finale[21], num espírito de exaltação, chega a um clímax nas cordas triunfantes: “E Deus criou o Céu e a Terra e tudo o que está nela; Ele viu que Seu trabalho era bom”.
A Primeira Sinfonia é uma precursora das belezas e glórias dos Nove Graus de Iniciação pelos quais o ser humano se torna um “super-homem” e um “homem-deus”. Nela, Beethoven sobe às alturas e desce às profundezas de um modo que poucos no seu tempo puderam prever ou compreender. Aquele que consegue perceber os valores incorporados na estrutura interna dessa Sinfonia irá colocá-la entre as melhores inspirações desse magnífico gênio musical.
As composições de Beethoven seguem modelos pré-concebidos. Esse grande músico não fez nada sem um objetivo claro. Assim, por exemplo, não se pode considerar como acidental que a introdução da Primeira Sinfonia seja formada por doze compassos[22], cada um dos quais pode ser considerado como abrindo a porta a cada um dos doze Signos zodiacais, cujas forças desempenham seu papel na música verdadeiramente cósmica em sua expansão e natureza. Os doze compassos estão divididos em três grupos de quatro, cada grupo dos quais anuncia a melodia que se seguirá. Os quatro formam uma amalgamação das forças que fluem através dos quatro elementos da natureza: Fogo, Ar, Terra e Água.
O Adágio introdutório consiste em doze compassos, iniciando em Fá Maior e continuando em Dó Maior, tonalidades que têm rico poder tonal. Em contraste, o segundo tema expressa os atributos femininos de gentileza e
O Minueto, arauto do Scherzo, é um tempo rápido. Um crítico musical escreveu: “Ele se move livremente sobre extravagâncias divinas de modulação de um modo que perturbava os ortodoxos de 1800”.
O Finale é introduzido por três compassos nos quais os primeiros violinos revelam a escala ascendente do tema pouco a pouco. As progressões tonais e as passagens rápidas pressagiam o término da Idade Antiga e a busca para o começo da Nova.
No terceiro movimento, a música recapitula o trabalho dos dois movimentos anteriores num andamento acelerado que representa o júbilo do alcance espiritual. Esse movimento contém 353 compassos cujo valor numérico é 11, o número da perfeita polaridade. Tanto o Minueto como o Trio estão em Dó.
No Finale, que é descrito por um rondó[23], a métrica[24] numérica é oito, o número da sabedoria. “O primeiro motivo cadencia na dominante dentro de oito compassos e é seguido por um motivo acompanhado de mais oito compassos que levam ao completo final”.
Esse movimento se centraliza em um diálogo entre os sopros de madeira[25] e as cordas[26], tipificando os sentidos purificados, a Mente espiritualizada. Trompetes[27] e tímpanos[28] acrescentam forças amalgamadas do ser humano completo. Aqui, o três-oito-sete, que soma dezoito ou nove, indica as bases da Grande Obra.
O fraseado do Allegro é composto de quatro compassos e é dividido em dois-mais-dois que acentua o princípio fundamental da polaridade sobre a qual toda a criação está baseada e que forma a pedra angular de todos os ensinamentos da Iniciação. Beethoven aqui projeta princípios cósmicos ou fornece uma cópia do universo como é ensinado nas Escolas de Iniciação Musical que, como todos os antigos Templos de Mistérios, incluindo os da antiga Maçonaria, incluíam em seus currículos matemática e astronomia, além da música. O Allegro consiste em 288 compassos que soma o valor numérico nove, que é o “número do homem” e o “número da Iniciação”.
O segundo movimento compõe-se de 250 compassos, o valor numérico do sete, um número fundamental na evolução humana. Ele define o movimento que é introduzido por sete compassos não usuais. Mais adiante, há o retorno dos quatro compassos, após o qual é empregado um simples compasso para confirmar o começo da individualização.
Beethoven introduz nesse movimento um solo dos tímpanos independente. Ele está nos dizendo que o ser humano deve aprender a refletir o Espírito na ação. Esse fato é produzido pelo tema principal, sendo primeiramente dividido entre as cordas agudas e as graves, tipificando o caminho entre as naturezas inferior e superior. Mais adiante, o tema principal é outra vez repetido entre as cordas e as madeiras, assim definindo o caminho musical da transmutação pela qual o desejo é transmutado em Espírito.
A Iniciação nos Mistérios capacita a pessoa, quando envolvida por seus melhores e mais sutis corpos, a entrar e estudar as verdades maravilhosas que estão escondidas nas mais elevadas e sutis camadas da Terra.
Na Primeira Iniciação o candidato penetra nos planos internos da Terra. As forças e as atividades que se manifestam nesses planos, que são nove Estratos, correlacionam-se com cada uma das Nove Iniciações. Em cada uma dessas Nove Iniciações o candidato é ensinado a estudar essas várias atividades e a trabalhar com essas poderosas forças dos planos internos.
Quando a humanidade se tornar suficientemente clarividente para ser capaz de investigar esses planos, um admirável mundo novo será revelado a ela e a geologia será uma das mais fascinantes ciências materiais. Essa última expressão é um falso nome, pois, na realidade, não há uma ciência material, pois quando o coração de qualquer ciência é totalmente revelado, ela se torna verdadeiramente espiritual em sua natureza essencial. Assim, ela revela o amor e o cuidado de Deus por seu Planeta Terra e todas as Ondas de Vida em evolução que vivem nela. A música das Nove Sinfonias, quando musicalmente interpretada, abre novas visões de idealismo e compreensão até agora não sonhadas.
A Primeira Iniciação está relacionada com a Terra física. Na Memória da Natureza estão escondidos os maravilhosos segredos relativos ao longo período evolucionário deste planeta. Na Primeira Iniciação, aquele que se tornou capaz é ensinado a ler nos registros da Região Etérica do Mundo Físico e a aprender algo das maravilhas da história passada da Terra. Nesses registros, ele é capaz de ver as enormes florestas verdes e os gigantescos animais da Época Lemúrica. As majestosas florestas vermelhas da Califórnia são vestígios da antiga Época Lemuriana.
Essa Época foi seguida pelo cinzento e enevoado continente Atlante – Atlântida –, na Época Atlante. As formas dos animais se tornaram menores e a flora mais variada e delicada em sua textura e cor. Depois da Atlântida, a presente Época do arco-íris nasceu, uma Época em que o Sol brilha claro numa atmosfera oxigenada e a presente humanidade, a Quinta Raça Atlante – Raça Ária –, surgiu.
A majestade da Primeira Sinfonia é a descrição da tremenda transformação da Terra. Em seus quatro movimentos é como se o compositor estivesse colocando em música o fiat criador de Deus. A música cresce cada vez mais, culminando no voo do Finale que traduz em imortal som o pronunciamento do final dos seis dias da Criação registrado no Livro Gênesis de que tudo o que foi feito era bom[29], “era muito bom”.
Esta Sinfonia é música que transpira serenidade, beleza, jovialidade e coragem.
Philip Hale em “Boston Symphony Notes”
A segunda das Nove Sinfonias foi apresentada pela primeira vez em Viena em 5 de abril de 1803. Sua nota espiritual é Amor. O número dois expressa o feminino ou o princípio materno de Deus. Esse princípio se manifesta como amor supremo, poder que anima toda a Sinfonia, conferindo à música tal beleza e doçura que muitos devotos das Sinfonias de Beethoven declararam ser a mais bonita de todas. A proteção aconchegante do espírito materno brota em alguns de seus movimentos. Em outros, o espírito do sacrifício, inseparável do amor materno, encontra expressão em certas melodias ternas. O scherzo transpira felicidade tão refinada que é como uma brisa de ar perfumado. Tem o efeito de elevar e refrescar um espírito desanimado.
A surdez crescente de Beethoven serviu para livrá-lo das distrações do mundo físico, de modo que ele deve ter captado as harmonias celestiais que estão sempre vibrando através do nosso cosmos ordenado.
A qualidade tonal da Segunda Sinfonia é cheia de cores orquestrais que conferem à sua música uma qualidade e uma luminosidade desde o início até o final.
O primeiro movimento produz um efeito de um brilhante nascer do Sol. O larghetto[30] soa em cores suaves como um variado jogo de luz e sombra numa superfície clara. O scherzo brilha e faísca em júbilo vivaz e beleza, explodindo em contrastes dinâmicos no finale.
Sob apelos melódicos delicados e um tom de esplendor, essa Sinfonia está cheia de “episódios ousados” com insinuações de outros mundos e ecos tênues que confundiram os críticos da época.
Esse movimento, com suas súbitas explosões de acordes e modulações caprichosas, foi severamente criticado pelos revisores do tempo de Beethoven, mas foram também eles que reconheceram seus efeitos tonais como verdadeiramente magníficos. Beethoven sempre trabalhou dentro de estrutura de espaços ilimitados.
Berlioz, em seu comentário sobre essa Sinfonia, afirma que “o andante é uma canção pura e franca… cujo caráter não é removido do sentimento de ternura que forma o estilo nítido da ideia principal. É uma figura encantadora”, ele continua, “de prazer inocente que é dificilmente obscurecida por uns poucos acentos melancólicos”. Berlioz então descreve o scherzo como “francamente alegre na sua fantástica volubilidade como o andante foi completo e serenamente feliz; pois essa Sinfonia está sorrindo o tempo todo; as explosões do primeiro Allegro estão totalmente livres de violência; há só o ardor juvenil de um nobre coração no qual as mais bonitas ilusões da vida são preservadas imaculadas. O compositor ainda acredita em glória imortal, em amor e devoção. Que naturalidade em sua jovialidade… É como se você estivesse vendo os esportes mágicos dos espíritos graciosos de Oberon[31]”.
“O ‘Finale’, ele acrescenta, “é da mesma natureza”. “Um segundo scherzo em binário e sua jovialidade tem talvez algo ainda mais delicado, mas picante.”
Depois de uma das primeiras apresentações dessa Sinfonia em Leipzig[32] em 1804, um crítico de discernimento maior que o contemporâneo asseverou que era uma composição de ideias tão boas e ricas que permaneceria viva e que “sempre seria ouvida com renovado prazer mesmo quando mil coisas que hoje estão em moda estivessem enterradas”.
Como essa Sinfonia foi escrita sob circunstâncias de uma natureza depressiva, em virtude de enfermidades físicas que o compositor sofria e as notícias esmagadoras sobre Guilietta Guicciardi[33], uma aluna por quem tinha se apaixonado e que se casara com o Conde Gallenberg, os críticos não deixaram de comentar a contradição entre o sentimento pessoal melancólico do compositor e a música jovial e adorável que ele escreveu em sua Segunda Sinfonia.
A resposta à questão feita por essa circunstância é geralmente dada por um comentarista que concluiu que “em vista da tragédia daquele verão, esta Sinfonia deve talvez ser vista como um escape”.
Se Beethoven tivesse vivido para fins pessoais, tal explicação seria, com toda a probabilidade, completamente verdadeira. Mas Beethoven viveu para servir a objetivos universais e impessoais. Ele dedicou sua vida para trazer para a humanidade a cura e as forças redentoras da beleza através da mais elevada de todas as artes, a arte da música. Beethoven foi um Ego titânico funcionando dentro das limitações de uma forma pessoal. Quando ele se entregou para trazer do Mundo celeste suas comunicações musicais inspiradas, sua consciência ascendeu a níveis onde o que é puramente pessoal se perde no universal. Daí, concluímos sobre o caráter de Beethoven e sobre o propósito espiritual que, no caso da composição da Segunda Sinfonia, a alegria e o amor que ela irradia não é o resultado de um esforço desesperado da vontade de escapar da sua provação pessoal e atribulação, mas a renúncia às suas preocupações pessoais, sejam elas de natureza pesarosa ou de natureza exultante de alegria, a transmissão impessoal daquilo que o mundo do som era capaz de conferir ao homem através de um Ego qualificado para servir com tão exaltada capacidade.
Marion M. Scott[34], em “Master Musicians Series”, observa, com relação à Segunda Sinfonia, que, enquanto Beethoven andava nas campinas de Heiligenstadt[35], sua Mente perambulava pelos Campos Elíseos[36]. Em outras palavras, enquanto sua Personalidade estava andando aqui, na Terra, seu “Eu superior” estava voando lá em cima, nos Céus. Foi então que ele viu, nas palavras de Marion Scott, “como acontece nas cadeias de montanhas além do mar e nas cadeias de montanhas intermediárias uma radiante visão das montanhas distantes no horizonte – ele viu a Alegria”. Aquela visão, ele nos deixou na Segunda Sinfonia.
Como previamente foi dito, o tema principal da Segunda Sinfonia é Amor. Do amor brota confiança, serenidade, alegria e aquela grande paz que ultrapassa a compreensão. Todas essas qualidades são lindamente expressas através da Sinfonia que conclui na nota triunfante de que o Espírito é supremo e que é possível para ele permanecer liberto e intocado por todas as desarmonias e desilusões do mundo externo. Emerson[37] expressou isso muito apropriadamente quando escreveu: “É só o finito que tem trabalhado e sofrido; o infinito descansa em repouso sorridente”. Essa é a mensagem inspiradora da Segunda Sinfonia.
A Segunda Iniciação está conectada com o segundo envoltório da Terra chamado de Estrato Fluídico. Nele, estão refletidas as forças harmoniosas e pulsantes da Região Etérica do Mundo Físico. O trabalho dessa Iniciação tem a ver com o segredo dos Éteres, incluindo os seres que habitam essa Região. Neles, estão incluídos os Espíritos da Natureza que fazem muito para embelezar a Terra. A Região Etérica do Mundo Físico transcende a esfera de escuridão e morte. Aqui o ser se move em luz perpétua e numa região de vida imortal.
Existem quatro Éteres com os quais estamos relacionados. Os dois Éteres inferiores estão relacionados com a nossa vida no plano físico, na Região Química do Mundo Físico; quanto mais terreno for o nosso caráter, mais densos são estes dois Éteres no nosso Corpo Vital. Os dois Éteres superiores se relacionam com as nossas atividades espirituais e estéticas. Têm a ver com nossas faculdades superiores. Por isso, quanto mais sensível a nossa natureza, mais nos tornamos orientados para o desenvolvimento espiritual e mais rápido é o nosso avanço no caminho.
São Paulo se referiu ao nosso corpo como o Templo do Deus vivo. Os dois pilares que apoiam esse templo são os dois sistemas nervosos, o cérebro-espinhal e o simpático. Esses dois sistemas estão diretamente relacionados com as Iniciações. Diz-se que, nestes tempos caóticos e incertos, a grande maioria da humanidade está afetada de certa maneira por desajustamentos nervosos. Isso é porque nós não aprendemos a adaptar corretamente a nossa vida e as atividades ao fluxo e refluxo das forças etéricas. Quando entendermos essas forças internas e vivermos mais em harmonia com as leis que governam os planos Etéricos, nos tornaremos sensíveis e receptivos a essa bela e sutil influência. O corpo humano do futuro será enormemente diferente do que é hoje. Possuirá faculdades de tal ordem que dificilmente são imaginadas no presente.
O primeiro movimento com suas súbitas explosões de acordes caracteriza a Hierarquia dos Anjos, que é especialista na manipulação das forças Etéricas. Os Anjos, que prestam auxílio à Terra, entram em contato com ela através do plano Etérico. Embora estejam presentes no espaço que a envolve, sua presença não é sentida por causa da falta de visão Etérica. Essa oitava superior da visão se tornará bastante comum no curso da Era de Aquário. Uma maravilhosa irmandade e um companheirismo serão então estabelecidos entre os Reinos de Vida Humano e dos Anjos.
Na terna beleza e delicadeza, na doçura e pureza de muitas passagens dessa Segunda Sinfonia, Beethoven descreve algo da sublimidade dessa Região e a beleza e luz dos seres angélicos que a habitam.
Novamente citando o Sr. Scott, “Havia em Beethoven algo que transcendia a ética de Ésquilo[38] e Sófocles[39] – algo que o colocava ao lado do cego Homero[40] e Virgílio[41] cujos altos pensamentos refletiam o brilho de algum dia misterioso que ainda não chegou”. Como eles, ele podia passar pela tragédia para um conhecimento maior além, onde nascimento e morte, alegria e sofrimento são só lados diferentes da mesma moeda dourada da vida cunhada por Deus na eternidade.
O grande poder espiritual das Iniciações aumenta com cada grau ascendente. Na gloriosa música da Segunda Sinfonia, soa um eco e uma repetição desse eco daquela força espiritual que só atingirá sua perfeição e plenitude na música da Nona Sinfonia.
Beethoven se inspirou nas montanhas durante a composição dessa Sinfonia. Os picos mais altos que ele frequentemente contemplava com enlevo podem bem ser vistos como um reflexo físico do elevado reino espiritual no qual seu espírito era envolvido em êxtase, quando ele se empenhava em transcrever em música o elevado significado das Iniciações.
Na Segunda Iniciação, entramos na Região Etérica para estudar os mistérios das flores e das plantas e o ministério dos Anjos conectados com elas. A peculiar doçura da Segunda Sinfonia é fragrante com esses segredos raros.
Com a aproximação da Nova Era, nos tornaremos cada vez mais Clarividentes. Isso revelará um fascinante mundo novo. Seremos capazes de observar a vida e as atividades dos Espíritos da Natureza e, também, a dos mensageiros angélicos que dirigem e supervisionam nossas atividades através de todo o Reino de Vida Vegetal. Como resultado desse desenvolvimento, a botânica se transformará em uma das mais interessantes de todas as ciências.
Um dos mais fascinantes aspectos da botânica da Nova Era será a experimentação que lida com os efeitos do pensamento humano concentrado sobre a vida e o crescimento do Reino de Vida Vegetal. Algumas experiências importantes nesse assunto estão sendo conduzidas no mundo todo. Seus resultados certamente serão enormemente importantes e muito mais abrangentes do que podemos prever agora. Significará expansão de fronteiras em termos de consciência humana e uma amplitude de sua esfera de vida.
“O coração de Beethoven estava cheio de fogo divino e ele não conhecia a fronteira; todo o Céu e toda a Terra eram seus campos de exploração onde ele amava, sonhava, sofria imensamente e despejava seus sentimentos dentro de sua arte. Transformava tudo o que tocava, tornando luminoso com fogo divino. Em Viena, ouvi pela primeira vez uma de suas sinfonias, a Eroica. A partir daí, tive só um pensamento: estar em contato com este grande gênio e vê-lo pelo menos uma vez.”
Rossini[42]
“Seus gloriosos temas e a majestosa beleza de seu pensamento musical permitem que ela permaneça mais de cem anos após sua composição como uma das principais obras da criatividade musical.”
E. Markham Lee
“A música da Eroica é profunda, magnificamente ilustrativa de um heroísmo idealístico. Tipifica o puro espírito do heroísmo idealizado e universalizado. O Primeiro Movimento expressa o heroísmo da intrepidez dentro da qual a fé se torna o grande poder transformador que purifica e exalta. A Marcha Fúnebre não contém a representação da morte como tal, mas eleva, exalta e proclama os poderes da Vida Eterna, pois o amplo perfil do conceito de Beethoven não contém nenhuma sombra da morte.
O Scherzo expressa e mantém esta confiança e serenidade enquanto o Finale é ansioso e alegre com todo o conhecimento consciente do grande profeta musical, um brilhante prenúncio das forças do nascer do Sol mais tarde realizadas nos inspiradores compassos da Nona Sinfonia.”
John N. Burk em “Life and Works of Beethoven”
A Terceira das Nove Sinfonias, conhecida como Eroica[43], foi iniciada em 1803 e finalizada no ano seguinte. Foi apresentada pela primeira vez em Viena em 1805.
A nota-chave espiritual da Terceira Sinfonia é “Força”.O número três é formado pela união do “um” (poder) com o “dois” (amor). Nasce, dessa união, o terceiro atributo, a “força”. É esse poder anímico da força que se torna o tema básico da Terceira Sinfonia de Beethoven.
A verdadeira grandeza de Beethoven começou a se manifestar nesse estupendo trabalho. Aqui está a música de força concentrada e dinâmica. Sua concepção é tão vasta que a caneta era incapaz de acompanhar o esquema cósmico que foi revelado a ele em todas as suas proporções colossais. Cada compasso traz um heroico timbre. Essa não é uma música convencional, mas uma transcrição de celestiais melodias que, como uma melodia não interrompida, move-se em longas correntes de altos e baixos, uma poderosa sinfonia na qual as correntes da vida e da morte, ou vida transcendente, competem entre si em glória celestial.
Todos os críticos concordam com o espírito de universalidade que permeia essa Sinfonia. A magia tonal sobe aos picos das montanhas e desce aos vales subterrâneos, banhando toda a Terra com luz fulgurante. A recapitulação reafirma os temas num ritmo de crescente força e beleza.
A Terceira Sinfonia foi especialmente querida ao coração de Beethoven. Muitos dos que o conheceram intimamente disseram que essa Sinfonia, a Eroica, era sua favorita. A maioria dos comentaristas associaram essa Sinfonia a um significado político especial. No entanto, são os mais profundos e esotéricos aspectos nos quais estamos primeiramente interessados.
Essa sinfonia, como todas as Nove Sinfonias de Beethoven, está dividida em quatro partes designadas de Allegro, Marcha Fúnebre, Scherzo e Finale.
A natureza e sequência das quatro partes ocasionaram muitas e variadas especulações sobre o que o compositor tinha em mente quando criou a sinfonia. O alegre Scherzo que segue a Marcha Fúnebre tem deixado os comentaristas perplexos, mas, nas palavras de Robert Bagar e Louis Biancolli no livro “Concert Companion”, “ao musicólogo, ao historiador e ao romancista podem ser permitidas interpretações, mas a música permanece como um monumento à uma Mente grande e poderosamente expressiva cujos pensamentos e imaginações, quaisquer que tenham sido, se cristalizaram no brilhante e irresistível modelo de uma criação eterna”.
Com relação à impropriedade do alegre Scherzo vir imediatamente depois da Marcha Fúnebre que alguns sentiram, isso não apresenta dificuldade de interpretação à luz da profunda experiência anímica. Quando um Aspirante à vida superior entra sinceramente no Caminho da Transmutação da natureza inferior em superior, as experiências adquiridas são frequentemente cheias de falhas e frustrações, com dor e tristeza. Muitas vezes, os sons no coração do buscador, os solenes e enlutados tons da marcha fúnebre, retratam a renúncia do “Eu inferior”. Com o alcance dessa recém encontrada força anímica, no entanto, o Espírito renovado canta sua alegria e seu deleite, como expressado no Scherzo. Nas palavras de Davi, o doce cantor de Israel, “A tristeza permanece à noite, mas a alegria vem de manhã”[44].
O Iniciado músico Richard Wagner expressou-se sobre os valores internos e profundos incorporados nessa Sinfonia com tal inspiração espiritual que nós transcrevemos aqui. Em suas palavras inspiradas, o primeiro movimento “é para ser considerado em seu sentido amplo e nunca é para ser entendido, de forma alguma, como relacionado meramente a um herói militar. Se nós entendemos, no sentido amplo, por ‘herói’, o ser humano total e completo no qual estão presentes todos os sentimentos de amor puramente humanos, de dor, de força em sua mais alta suficiência, então nós iremos corretamente entender o que o artista desperta em nós nas acentuações de seu trabalho tonal. O espaço artístico desse trabalho está cheio de variados e crescentes sentimentos de uma individualidade forte e consumada, para a qual nenhum humano é um estranho, e inclui verdadeiramente dentro de si todo o sentimento humano, exprimindo isso de tal maneira que, depois de manifestar francamente toda a paixão nobre, termina dentro de uma enorme suavidade de sentimento, apegado à mais energética força. A tendência heroica desse trabalho artístico é o progresso em direção à conquista final”.
Para Wagner, o primeiro movimento “abraça, como num forno brilhante, todas as emoções de uma natureza ricamente abençoada no auge de uma juventude inquieta, contudo, todos esses sentimentos brotam de uma principal faculdade e esta é a ‘força’… Vemos um Titã lutando com os deuses”.
Do segundo movimento, com sua “força destruidora que alcança a crise trágica, o poeta musical reveste sua proclamação na forma musical de uma Marcha Fúnebre. A emoção subjugada por profunda aflição, movendo-se em tristeza solene, conta-nos sua história em tons agitados”.
Romaine Rolland[45] considerou a Marcha Fúnebre “uma das mais grandiosas coisas em música. É um cortejo”, ele observa, “das atribulações mundanas mais do que uma elegia para Napoleão”, e Pitts Sanborn[46] denominou-a “uma das mais tremendas lamentações concebidas em qualquer arte”.
Do terceiro movimento, Wagner diz: “força roubada de sua arrogância destrutiva – pela castidade de seu profundo pesar – o terceiro movimento mostra em si toda a sua flutuante alegria. Sua indisciplina selvagem modelou-se em fresca e alegre atividade; temos diante de nós agora esse adorável homem feliz que passa cordial pelos campos da Natureza”. Esse é o primeiro Scherzo de Beethoven e é considerado por muitos como sendo um entre os melhores.
No Finale, tremendas doses de força exultante são libertadas proclamando o alcance do autodomínio. É música dentro da qual cada átomo físico se afina com a música das esferas.
Como entendido por Wagner, o Finale representa o ser humano todo, isto é, “o ser humano profundamente sofredor e o ser humano feliz e alegre, os dois vivendo harmoniosamente nessas emoções em que a memória do sofrimento se torna a força formadora de nobres feitos”.
As citações wagnerianas nós devemos a Laurence Gilman em seu livro “Stories of Symphonic Music”.
A linguagem humana pode, no máximo, transmitir muito deficientemente a essência espiritual e o significado de trabalhos artísticos que brotam de uma consciência capaz de afinar com os mais altos planos espirituais através de uma Personalidade que possui a rara habilidade de transcrevê-las para uma clara audição humana. Que Wagner tenha a percepção de reconhecer valores internos na Terceira Sinfonia de Beethoven, mais completa e claramente que outros mortais, está amplamente demonstrado no esoterismo que forma a estrutura interna de todos os seus trabalhos imortais. Então, o que ele tem a dizer sobre a Terceira Sinfonia de Beethoven é mais do que uma coisa superficial, mais do que alcançar seu significado por uma mera audição.
Por exemplo, quando Wagner fala do Finale como sendo um resumo das tristezas e lutas do ser humano finalmente combinadas harmoniosamente em suas experiências criativas e alegres, das quais brota uma forma de arte que possui “força para nobres realizações”, ele está concordando com Pitágoras, que deu ao “três” o atributo da harmonia e também afirmou a verdade de que as experiências adquiridas estão sempre repletas de falhas, e o simbolismo do número “três” da Maçonaria que suporta os pilares da sabedoria, da força e da beleza.
Mais do que isto, Wagner fala do Finale como representativo do “ser humano total”, o “ser humano total que grita para nós a declaração de sua Divindade”.
Considerem essa afirmativa em relação ao campo vibratório do “três” dentro do qual a Terceira Sinfonia toma forma. Em toda parte, entre os antigos, o número “três” era considerado o mais sagrado dos números. Não há símbolo mais importante do que o triângulo equilátero usado como símbolo da Divindade. Platão viu nele a imagem do Ser Supremo e, de acordo com Aristóteles, o número “três” contém dentro de si o princípio e o fim. Era na Trindade que Platão se identificava com o Ser Supremo que criou o ser humano ou, nas palavras de Wagner, “o todo, o ser humano total, o ser humano que grita para nós a declaração de sua Divindade”. Nesse breve comentário de Wagner, nós temos uma declaração de um Iniciado interpretando o que um ser de eminente criatividade compôs para a audição de ouvidos que percebem menos.
Da Terceira Sinfonia, Pitts Sanborn tem para dizer: “O ‘três’ incorpora os desenvolvimentos com os quais Beethoven revolucionou a Sinfonia. Em amplitude e opulência, nenhum movimento sinfônico igualou ou mesmo se aproximou do inicial Allegro con brio, e podemos duvidar se algum o exceder subsequentemente. Ouvintes sensíveis, ouvindo-o pela primeira vez, poderiam bem ter gritado como Miranda: ‘Ó bravo novo mundo!’”.
A luta suprema que confronta todo ser humano é a conquista da Personalidade pelos poderes do espírito. Essa é a batalha na qual todo Ego está engajado muitas vezes em todo ciclo de vida e, quando a vitória é finalmente consumada, o Espírito se levanta livre, emancipado, vitorioso. É esse conflito e vitória que Beethoven descreveu tão magnificamente em sua “Eroica”. É sem dúvida por essa razão que Beethoven afirmou que essa composição era a sua Sinfonia favorita.
A Terceira Iniciação Menor está conectada com o terceiro Estrato da Terra conhecido como Estrato Vaporoso. Nesse Estrato está refletido o Mundo do Desejo. Aqui, compreendemos como nunca a relação entre nós e o Planeta em que vivemos. Aqui entendemos como a nossa indomável natureza de desejo influencia e libera certas forças sinistras dentro da correspondente camada na Terra. Também compreendemos como o controle dos desejos dentro de nós tende a impedir a operação das forças destrutivas dentro do corpo da Terra. Por exemplo: se a totalidade da humanidade tivesse um completo domínio sobre a sua natureza de desejos, haveria menos devastação pelo fogo, pela água, ciclones, erupções vulcânicas e outros violentos transtornos da natureza. Isso pode, à primeira vista, parecer estranho e inacreditável para aquele que não penetrou nos segredos internos da natureza e do ser humano. Foi o completo controle da natureza inferior nos três homens sagrados descritos no Livro de Daniel que os capacitou a se manterem vivos na “fornalha de fogo”[47]. Pela mesma razão, homens sagrados na Índia e em outros lugares atravessam florestas sem serem molestados por animais ferozes e répteis venenosos. Ao meditar sobre estes fatos, compreendemos mais profundamente o significado das palavras de Salomão: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que toma uma cidade”[48]. Richard Wagner expressou essa mesma verdade em Parsifal[49] dando como sua nota-chave “Grande é a força do desejo, mas maior é a força da superação”. Esse é o poder que forma o tema da Terceira Sinfonia de Beethoven.
Somente aquele que atingiu o completo domínio de si mesmo, tal como Beethoven descreve na “Eroica”, pode entrar com segurança e investigar os reinos do Mundo do Desejo da Terra.
Na Terceira Iniciação as magníficas cores do Mundo do Desejo se refletem no terceiro ou Estrato de Vapor da Terra e se transformam em um verdadeiro arco-íris de beleza translúcida. Muitas das cores ali refletidas nunca foram vistas no plano físico, pois suas frequências vibratórias são altas demais para serem captadas pela visão física. Ali, o candidato aprende a controlar os ritmos do desejo dentro de seu corpo e a transformá-los em poder espiritual. Nas Iniciações Maiores ele também aprende como controlar as correntes de desejo no Mundo externo como, por exemplo, em certos ajuntamentos de pessoas onde as emoções tendem a disparar como numa corrida; essa pessoa evoluída possui o poder de dominar essas emoções e, assim, evitar o desastre ou a tragédia.
“A Quarta Sinfonia é como uma donzela grega entre dois gigantes Nórdicos.”
Robert Schumann[50]
A Quarta das Nove Sinfonias foi composta no verão de 1806. Foi feita numa das mais agradáveis cercanias e sob condições de serenidade interna e externa. À sinfonia, que então surgiu, Romaine Rolland[51] se referiu poeticamente como “uma pura e perfumada flor que guarda como um tesouro o perfume daqueles dias”.
Foi dito anteriormente que o número “três” (força) é uma emanação masculina dos valores vibratórios combinados do número “um” (poder) e do número “dois” (amor). O número “quatro” (beleza) é uma emanação feminina formada pela mistura do número “um” (poder), número “dois” (amor) e número “três” (força). Assim, há uma íntima relação entre força e beleza. As duas principais colunas na entrada do Templo de Salomão têm gravadas as palavras força e beleza. É interessante notar que vários escritores encontram nas Sinfonias de Beethoven uma estreita relação entre a Terceira e a Quarta. A Terceira Sinfonia está centralizada em poder e força e a Quarta Sinfonia, em amor e beleza. “Em suas características masculinas”, escreve Alexander Wheelock Thayer[52], “Beethoven atinge o cimo das montanhas com fogo celestial; em suas características femininas, ele enche os vales com doçura celestial”. Esta, a proeminentemente feminina Quarta Sinfonia, ele ouve como a “sinfonia do sonho”.
No desenvolvimento da força anímica pura, a beleza está sempre latente em seu coração, e a essência da verdadeira beleza espiritual será sempre encontrada para possuir uma certa força interna. A Quarta Sinfonia tem sido chamada de Sinfonia da felicidade e seus quatro movimentos identificados com as qualidades de serenidade, felicidade, beleza e paz.
Considerando as quatro partes, o introdutório Adagio é caracterizado por uma doçura angelical; possui uma profunda e mística serenidade. “Sua forma é tão pura e o efeito de sua melodia tão angelical”, escreve Hector Berlioz, “e tão irresistível ternura que a arte prodigiosa através da qual essa perfeição é atingida desaparece completamente. Desde os primeiros compassos, somos tomados por uma emoção que chega ao final tão poderosa em sua intensidade, que só entre os gigantes da arte poética podemos encontrar algo comparável com essa sublime página do gigante da música”; ele conclui, “a impressão produzida por esse Adagio se parece com aquela que experimentamos quando lemos o comovente episódio de Francesca da Rimini[53] na Divina Comédia[54].
O segundo movimento, um Adagio em Mi bemol Maior, respira um fervor que outra vez alguns comentaristas procuraram ligar à vida amorosa pessoal do compositor. Mas aqui, Berlioz, como Wagner, percebe a verdadeira, sublime e impessoal fonte de inspiração de Beethoven. “O ser que escreveu tal maravilha de inspiração como esse movimento”, diz Berlioz, “não é um homem. Deve ser a canção do Arcanjo Miguel quando contempla a sublevação do limiar do Céu”.
O terceiro movimento (Allegro Vivace[55]) invoca um completo deleite. É brilhante e fascinante. Há felicidade nas cordas, nos instrumentos de sopro e no harmônico soar dos tambores. É uma verdadeira canção de beleza que a alma receptiva vem realizar como imortal em si mesma, não tendo nem começo nem fim. Nesse ponto, somos levados a exclamar com Wagner de que é música que não pode ser entendida de outra forma a não ser através da “ideia de magia”.
O Finale termina numa “brilhante perspectiva em que a harmonia dos Mundos visível e invisíveis se encontram e se comunicam. Ele respira uma doce e terna bênção de paz. É a paz que vem só para a alma que aprendeu a transmutar as dificuldades e problemas em pura beleza anímica. O mais alto significado do número “quatro” é essa habilidade do iluminado, ou cristianizado, se elevar sobre as limitações da vida humana e vagarosa, mas certamente, transformar o áspero Ashlar[56] em um perfeito cuboide.
A Quarta Iniciação está relacionada com a quarta camada da Terra chamada de Estrato Aquoso. Lá estão refletidas as forças da esfera mental da Terra conhecida como Região do Pensamento Concreto. A Terceira Iniciação tem a ver com a superação da natureza de desejo. O próximo passo na realização é a iluminação ou espiritualização da Mente. Isso envolve longos e árduos processos e necessita de muitas vidas para sua completa consumação. Para a pessoa comum, a Mente é escrava da Personalidade. A vida está completamente centrada no “Eu” ou naquilo que se relaciona com a vida pessoal. Quando o ser entra no Caminho, aprende a desligar a Mente da Personalidade gradualmente e a ligá-la com o Espírito. É então que a Mente se torna uma luz, uma luz que ilumina o mundo. A vida e o trabalho de tal ser traz a marca da imortalidade.
Um dos mais profundos livros da Bíblia e uma das mais belas lendas iniciáticas em toda a literatura mundial é o Livro de Jó. É a história do Grande Triunfo. Enquanto o Espírito está ligado aos três amigos, o Corpo Denso, o Corpo de Desejos e a Mente, a Personalidade está sujeita a todas as dificuldades e limitações da vida física tais como pobreza, doença e morte.
O acontecimento supremo na vida de Jó foi o aparecimento de Eliú[57]. Sua vinda vitoriosa representa a separação da Mente da Personalidade e sua união com o Espírito. Essa iluminação ou Cristianização da Mente é a realização relatada na Quarta Iniciação e descrita musicalmente na Quarta Sinfonia. Quando Jó alcança esse estágio de desenvolvimento espiritual, seu Corpo Denso é recuperado, sua saúde se restabelece e até a vida de seus filhos é restituída. Jó é agora, nas palavras do poeta, “o senhor de seu destino e o capitão de sua alma”[58].
Na Quarta Iniciação, as forças do Mundo do Pensamento estão refletidas na quarta camada, chamada de Estrato Aquoso. Esse reino não é composto de água como pensamos desse elemento, mas é cheio de uma névoa luminosa e prateada, na qual estão refletidos os modelos arquetípicos que estão por trás de todas as coisas criadas.
O Mundo do Pensamento Concreto, onde está o Segundo Céu, é o lar de todos esses modelos arquetípicos. É lá, entre as vidas na Terra, que o Ego passa muito tempo aprendendo como construir o Arquétipo que será o modelo do seu próximo corpo terreno.
É importante notar que é no plano mental que esses modelos arquetípicos são construídos, pois isso nos dá um conceito mais claro do tremendo poder do pensamento criador. Na Quarta Iniciação, o candidato aprende como usar o poder construtivo e criativo do pensamento e a realização de que, por esse modo, ele constrói ou destrói sua vida. Pelo poder do pensamento, ele pode se degradar ou se glorificar. Os movimentos metafísicos Cristãos estão prestando um importantíssimo serviço no mundo de hoje ao considerarem o poder do pensamento construtivo como seu ensinamento fundamental. É verdade que os pensamentos são coisas. A Bíblia expressa essa profunda verdade na citação: “Como um homem pensa em seu coração, assim ele é.”[59].
“O espírito de Beethoven está encarnado em sua música e aquele que ouviu a Quinta Sinfonia, ouviu Beethoven.”
Sir Oliver Lodge[60]
A Quinta Sinfonia é uma canção dos quatro Elementos: Fogo, Ar, Terra e Água. É surpreendente em sua intensidade e poder. As pessoas sensitivas que viviam nos dias de Beethoven disseram ter sido lançadas em convulsões pelas grandes marés de verdadeiro fogo cósmico.
Assim é como Wagner descreve a “gigantesca energia” do primeiro movimento desta sinfonia: “Ele (Beethoven) rouba as ondas do mar e deixa vazio o fundo do oceano que para as nuvens em seu curso, dissipa o nevoeiro e revela o puro céu azul e a face ardente do Sol”.
Nas suas quatro partes, a sinfonia canta a canção de cada Elemento. Enquanto cada uma dessas partes está separada e distinta da outra, elas estão magicamente ligadas por uma linha dourada de harmonia. Os críticos frequentemente comentam sobre a concordância rítmica dos quatro Elementos.
O primeiro movimento (Allegro con brio[61]) é a chave do Elemento Fogo. O segundo (Andante con moto[62]) está relacionado com o Ar. É o mais irregular dos quatro movimentos. O terceiro (Allegro) está intimamente ligado ao primeiro, embora não se torne, de modo algum, uma repetição dele. Ele exprime um misterioso caráter tremeluzente e aquoso. Então, no Finale, é como o corpo todo da Terra que se estende em triunfo para receber, unido e integrado, esse cósmico poder dos quatro Elementos.
A Quinta Sinfonia foi composta no final do ano de 1807 ou no início de 1808. Tanto ela como a sua sucessora, a Sexta Sinfonia, foram apresentadas pela primeira vez em 22 de dezembro de 1808 em Viena.
A nota-chave espiritual da Quinta Sinfonia é liberdade.
Das nove grandes Sinfonias de Beethoven, esta é, provavelmente, a mais popular. Foi considerada “infalível na concepção e sem falhas na construção… um sublime e resistente monumento ao gênio incomparável e habilidade executiva de seu autor”. É música que se eleva acima do pessoal e transitório na vida; não contém nenhuma referência à cena externa e passageira, mas incorpora, dos níveis cósmicos, uma força moral designada para reforçar o ser interno de todos os que a ouvem. É música pura, refinada e abstrata com o objetivo de agitar a alma do ser humano dentro da lembrança de sua natureza divina e imortal, e aumentar seus poderes para dar um passo para cima. E isso ela realmente faz, haja reconhecimento consciente do fato ou não. Aqui está uma estrutura tonal erguida para uma “declaração cósmica”. Ela fala de modo redentor ao espírito interno do ser humano porque seus modelos sonoros são completamente harmoniosos com as atividades do “Grande Ser do Universo” e Sua reflexão no ser humano microcósmico da Terra.
Cada um dos quatro movimentos é, por si mesmo, uma brilhante criação. Considerados em conjunto, constituem um trabalho de imponente grandiosidade.
O primeiro movimento, Allegro con brio, inicia com quatro notas em uníssono que Beethoven uma vez explicou que soam como o Destino batendo à porta. O segundo movimento, Andante con moto, carrega uma nota de tristeza; no entanto, é maravilhosamente lindo e é realçado mais adiante por um daqueles temas marciais que só Beethoven pôde conceber.
Considerando o primeiro e o segundo movimento juntos, eles são uma verdadeira explosão de desafio da vontade que cresce mais veemente e intensa até que as forças de resistência são derrotadas. Como um comentarista expressou, os dois primeiros movimentos são a canção de um Ego de forte vontade, determinado a quebrar os laços do destino e se elevar acima de suas limitações.
Destino, deve ser acrescentado, é outro nome para a Lei de Causa e Efeito. Não é uma abstração fria e isolada. É um poder vivo e ativo entretecido numa fábrica de vida. Assim como um ser humano ou uma nação semeia, assim eles devem também colher. O ser humano, tanto individual como coletivamente, ressente-se dessa verdade antes de estar espiritualmente acordado. Ele se recusa a aceitar o fato de que seus sofrimentos e desgraças são o resultado de seus próprios erros e más ações. A raiva, a amargura, a indiferença e a contradição que a alma desperta enfrenta estão representadas nos dois primeiros movimentos da Quinta Sinfonia.
Com o terceiro movimento, uma grande transformação ocorre. Agora, a música se torna linda e cheia de um estranho misticismo que pressagia grandes baixos e impenetráveis altos, até agora não alcançados e inexplorados. Aqui, gradual, mas inevitavelmente, tão suaves e lindas como as pétalas de uma flor que se abre, o espírito é despertado mais profundamente para o verdadeiro propósito e mistério da vida. Uma nova e mais profunda realização nasce, mas quando as leis da vida são entendidas e harmoniosamente aplicadas, vemos que não são más e sim boas.
O terceiro movimento, ou Scherzo, tem algumas passagens básicas eloquentes e suas figuras rítmico-tonais são cheias de velado mistério e pesadas com presságios escuros. Ele se insinua dentro do “orgulhoso e ardente” Finale perto da Coda[63] que é de surpreendente brilho, finalizando com um Presto.
Não há nada mais etereamente lindo em toda a música do que a transição do Scherzo para o Finale, dentro do qual essa realização nasce completamente no âmago da alma que desperta ou se ilumina. É então, com uma canção de júbilo, que o espírito se liberta por toda a existência e eternidade, para não mais ficar atado à Lei de Causa e Efeito. A música gloriosa do Scherzo e do Finale soa como a canção triunfante de alguém que alcançou a espiritualidade. Essa sublime “música de liberdade” é a divina herança de toda alma que aprende a se emancipar, passando da condição finita da vida pessoal para a condição infinita do ser eterno.
Nas palavras de Charles O’Connell, “No sentido amplo, essa não é a expressão do pensamento ou sentimento de um homem. Essa é a declaração de uma humanidade confusa e sarcástica – e finalmente triunfante. Essa é a voz do povo, de um mundo sofredor e débil; embora contendo dentro de si os elementos da grandeza final … certamente, a Quinta Sinfonia tem um apelo à natureza humana mais poderoso, direto e universal do que qualquer outra grande música existente”.
O Finale é de tal magnitude e riqueza que, em comparação com ele, há poucas peças musicais que possam ser tocadas sem ser completamente esmagadas.
E. Markham Lee em “The Story of the Symphony” escreve sobre a Quinta Sinfonia: “Colossal em seu poder majestoso, romântica em sua essência e titânica em suas ideias inerentes, a Sinfonia em Dó Menor levanta-se como uma das mais nobres e mais características dos trabalhos de Beethoven. Vinda no meio das suas nove Sinfonias, não é como suas companheiras e, por sua nobreza e majestade, mantém sua cabeça orgulhosa com uma dignidade que é bem capaz de sustentar. Beethoven começou a compô-la logo após terminar a Eroica e a mesma seriedade é óbvia”.
Essa poderosa, magnífica e ao mesmo tempo maravilhosa música descreve a gloriosa liberdade que só o espírito pode conhecer quando quebra a cadeia que o prende à Personalidade e desperta para o êxtase do puro espírito. Essa Sinfonia é a sublime canção da emancipação. É a interpretação musical da luta épica do ser humano em níveis anímicos. É uma exultante canção de triunfo na qual o ser emancipado quebra os laços do finito e passa vitoriosamente para a gloriosa liberdade do infinito.
A Quinta Iniciação está conectada com a quinta camada ou Estrato Germinal da Terra, como é determinado na terminologia Rosacruz. Nessa camada da Terra está refletida a mais elevada Região do Mundo do Pensamento que é conhecida como Região do Pensamento Abstrato. É nesse nível ou plano que a Mente está ligada ao Ego.
É de conhecimento geral que a origem da vida se encontra na semente. No entanto, geralmente não é compreendido que a origem do pensamento se encontra também na semente. No Estrato Germinal ou quinta camada da Terra, estão armazenados os pensamentos gerados por toda a humanidade. Se uma pessoa pensa intensamente por um período numa ideia específica, um pensamento-forma dessa natureza ficará implantado nesse reino. Lá, irá germinar e dará nascimento a um fruto semelhante. Sendo esses os efeitos do poder criativo da Mente, não só a pessoa que pensou irá colher os resultados dele, mas outros também serão influenciados ou afetados em vários graus de acordo com sua afinidade. Então, por exemplo, quando um poderoso indivíduo como um Alexandre, o Grande, ou um Napoleão direciona sua Mente para conquistar o mundo, o resultado pode afetar outros de Mente semelhante por séculos, sendo multiplicado muitas vezes. Naturalmente, a lei opera de maneira semelhante em aqueles que possuem pensamentos elevados e nobres. Os bons pensamentos gerados por São Francisco de Assis, por exemplo, não pararam de dar frutos, e assim ele continua sendo semeado em nosso mundo por um santo moderno como Mahatma Gandhi.
Quando uma pessoa está para começar uma nova peregrinação na Terra, ela é trazida a essa quinta camada para começar a construção de seu novo veículo, pois, como a pessoa vive hoje, ela está construindo o amanhã. É na Quinta Iniciação que se ensina a ler o registro das vidas passadas na Terra, na Memória da Natureza, e a projetar a vida futura.
Há uma linha de demarcação que separa as cinco primeiras Iniciações Menores das quatro últimas. Através das cinco primeiras Iniciações, o Aspirante à vida superior recapitula e leva à perfeição o trabalho que é fornecido ao noviço. Isso envolve purificação e controle da natureza de desejo e uma espiritualização que entrega a Mente receptiva e obediente aos ditames do Ego mais do que sujeita às inclinações e impulsos da Personalidade.
Quando se passa através das cinco primeiras Iniciações Menores, o Cristo interno do ser humano é despertado e começa a governar suas ações. Quando ele passa pelas quatro Iniciações Menores finais e elevados graus, o Cristo interno floresce completamente. De agora em diante, ele é um “homem-deus” que participa dos ritos sagrados iniciatórios.
A Quinta Sinfonia é geralmente conhecida como a Sinfonia da Vitória. Essa designação é mais significativa em sua interpretação espiritual. Ela significa muito mais do que uma vitória do “homem sobre o homem” ou de uma nação sobre outra nação, pois se refere à conquista de si mesmo. O mais sábio de todos os sábios bíblicos sabia bem o significado dessa conquista de si mesmo quando disse: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que conquista uma cidade”[64].
A quinta Iniciação marca um período de transição na vida do Aspirante à vida superior. É aqui que os últimos grilhões da vida pessoal são quebrados, de modo que o Ego pode se elevar, livre, nas alturas. Esse período de transição marca a fusão do temporal com o atemporal e do finito com o infinito. São Paulo descreveu esta mudança como “livrar-se do velho homem e despertar o novo”[65].
Em sua magnífica Quinta Sinfonia, Beethoven descreve esse período de transição no qual o apelo da carne é quebrado e o poder do Ego reina supremo. Nunca se pode compreender e apreciar totalmente a tremenda força e impacto da Quinta Sinfonia até que se esteja qualificado para interpretá-la espiritualmente. Então, é que o ser se levanta em Espírito sobre as praias de um vasto e encantado mar iluminado pela maravilha do mistério, sim, e com o terror, bem como a beleza, do novo e do inexplorado, enquanto acima, miríades de vozes celestiais são ouvidas cantando triunfalmente. O ser agora se levanta diante o limiar da vida eterna que o guia finalmente para uma união com o Abençoado que é a Luz do Mundo.
“Existe música no suspiro de um junco,
Existe música no alvoroçar de um riacho,
Existe música em todas as coisas, se o homem tiver ouvidos.
A Terra é somente o eco das esferas.”
Lord Byron[66]
A Sexta Sinfonia é uma das melhores peças musicais em toda classe de música absoluta. Beethoven nem uma vez transgrediu os grandes princípios da forma e do equilíbrio nessa Sinfonia. O movimento de abertura é um verdadeiro retrato campestre cheio de tônicas e dominantes da alegria do verão. O aroma do riacho com seu sonolento e repetido desenho na corrente das cordas é o refrão sempre soando na Natureza.
Romaine Rolland em “Beethoven”.
Beethoven foi um grande poeta que segurou a natureza com uma das mãos e o homem com a outra.
Autor Desconhecido
A Sexta Sinfonia foi terminada em 1808 e primeiramente apresentada em Viena no mesmo ano.
Há um triângulo cósmico composto por Deus, o Ser Humano e a Natureza. O ser humano é o pequeno deus no Grande Indivíduo. Quanto mais próximo o ser humano entra em sintonia com Deus, mais profundamente ele penetra nos mistérios da natureza.
É bastante significativo que, para a Sexta ou Sinfonia da Natureza, Beethoven tenha escolhido o tom de Fá Maior. Fá é a nota-chave musical da Terra e que verde é a sua cor. Estudantes de musicoterapia estão cientes do fato de que o uso de composições musicais nessa tonalidade produzirão efeitos benéficos sobre várias formas de tensão nervosa e sobre nítidos e prolongados efeitos da insônia. Qualquer pessoa que tenha ficado cansada ou debilitada por excesso de tensão e que tenha passado apenas uma só noite numa floresta de pinheiros, respirando sua suave fragrância, não duvida da força curadora da natureza nem dos efeitos rejuvenescedores da cor verde, pois, na verdade, essa é a cor da vida.
Em seu livro “Essais De Technique Et D’Esthetique Musicales”, Elie Poirée[67] observa que a Sinfonia Pastoral de Beethoven que está escrita em Fá Maior tem a “cor-auditiva” correspondente à cor verde. Compreendendo como ele compreendia a profunda importância espiritual das diferentes tonalidades, Beethoven escolheu com o maior cuidado a nota-chave de cada uma das nove Sinfonias.
Também deve-se notar o fato de que a nota-chave da Sexta Sinfonia está correlacionada com Virgem, o sexto Signo do Zodíaco. Virgem é um Signo feminino e pertence à triplicidade da Terra. Está, portanto, afinado com a Mãe Natureza. Seu símbolo é a virgem segurando um feixe de trigo. Entre as notas-chaves espirituais de Virgem, está o “Serviço” por meio do som e da beleza. Esses atributos também caracterizaram os motivos musicais da bela Sexta Sinfonia de Beethoven ou, como é popularmente chamada, a Sinfonia Pastoral.
Nessa Sinfonia, que é verdadeiramente “um Hino sublime à Natureza”, Beethoven procurou transcrever algo das harmonias existentes nas operações do triângulo cósmico de “Deus, Natureza e Ser Humano”. Daí, ela exprimir muito mais que uma viagem através dos bosques ou uma caminhada entre cenas silvestres. Na repentina tempestade de verão, tão graficamente expressa no quarto movimento, Beethoven está descrevendo a batalha pela supremacia entre os Espíritos da Natureza que sempre ocorre numa tempestade. O trovão é a voz do Ar, o relâmpago, do Fogo, e a chuva, da Água, sendo a tempestade a sua luta pelo domínio sobre a Terra. Essa é uma magnífica visão e um som magnífico para aqueles que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. A linda canção no Finale é uma transcrição direta para a percepção humana da música daqueles Seres Celestiais que guiam e dirigem a vida e as atividades de toda a natureza. Como Beethoven mesmo declarou, “Nos campos, parece que eu ouço cada árvore repetindo ‘Sagrado, Sagrado, Sagrado’”.
Do segundo movimento, o Andante, chamado pelo compositor de “Uma Cena perto de um Riacho”, Vincent d´Indy[68] diz: “É a mais admirável expressão da natureza genuína em existência”, acrescentando que “só há algumas poucas passagens em Siegfried e em Parsifal de Wagner que podem ser comparadas com ela”. A propósito da comparação aqui feita, pode ser lembrado que Wagner, em seu trabalho, procurou combinar em seus dramas musicais o que Beethoven procurou expressar em suas Sinfonias, e Shakespeare em seus dramas. Pode ser que Wagner, em suas passagens sobre a natureza, tenha se inspirado na Sinfonia Pastoral de Beethoven.
Ainda citando Vincent d´Indy em seu comentário sobre o segundo movimento: “Enquanto o fluxo do riacho proporciona base para todo o segundo movimento, melodias adoráveis brotam expressivamente e o tema feminino do Allegro inicial emerge de novo sozinho, como se estivesse inquieto com a falta de seu companheiro. Cada seção do movimento é completada pela entrada de um tema de algumas notas, puras como uma prece. É o artista que fala, que reza, que ama e que se delicia em coroar as partes de seu trabalho com um tipo de aleluia. Esse tema expressivo termina as exposições sobre os passos do desenvolvimento, no meio dos quais as tonalidades obscuras provocam uma sombra por cima da Terra. Então, seguindo os episódios leves do canto dos pássaros, o tema é repetido três vezes, para concluir com uma afirmação comovente”.
A mensagem dessa Sinfonia, como Beethoven disse, é “Uma aproximação ao conhecimento de Deus através da Natureza”.
Um escritor definiu admiravelmente a fé de Beethoven que era cósmica e não cega, dizendo: “A Natureza era a Divindade para Beethoven; dela, ele tinha aprendido a aceitar todos os fenômenos como reflexões da Mente de Deus. Ele se sentia um ser escolhido de revelação sobrenatural, um herói, um salvador que tinha sofrido e, elevando-se, tinha sentido a vida divina dentro dele… À doutrina da Natureza em Deus e Deus na Natureza, de Deus imanente no universo, ele acrescentou uma mística compreensão de Deus como habitando em um simples indivíduo artístico e criativo”.
Há uma grande Sinfonia soando para sempre através da natureza, uma rara Sinfonia de harmonia e beleza que é inaudível para os ouvidos humanos e invisível para os olhos humanos até que se tenha elevado a consciência ao ponto onde ela possa se comunicar com os poderes que funcionam no lado interno da vida. O som do vento nas árvores, o estrondo da tempestade, o tamborilar da chuva, o melancólico chamado do cuco e o terno som da canção do rouxinol que são tão graficamente transcritos nessa Sinfonia, não são mais do que um aspecto da beleza e da harmonia da natureza. Em sons musicais refinados e Etéricos, o compositor transmite a música rarefeita do brotar da tenra grama, o desdobrar das pétalas das flores, o movimento das novas forças vitais nas folhas que brotam, no movimento rítmico dos Espíritos do Ar e no canto alegre de seres angelicais – todas essas coisas delicadas e intangíveis que pertencem ao lado oculto da natureza, Beethoven expressou no segundo e terceiro movimentos com tal delicadeza e beleza que suas maiores interpretações provavelmente não conseguiram descrever.
Beethoven era um filósofo musical profundo que possuiu não só a faculdade de perceber o lado vital da natureza, mas também teve o incomparável dom de transcrever algo da linguagem espiritual para que todos a ouvissem. Todos, no entanto, não desenvolveram a sensibilidade para perceber os tons superiores espirituais que ele foi capaz de colocar dentro de suas composições divinamente inspiradas. Mas, eles estão lá esperando reconhecimento, enquanto a humanidade se eleva suficientemente em consciência para acompanhar o compositor aos planos dos quais ele retirou sua sublime inspiração. Nesse meio tempo, aqueles que não são ainda capazes de compartilhar completamente em tudo o que o compositor experimentou na criação de seus trabalhos imortais são, no entanto, beneficiários do que eles realmente ouvem num maior sentido vital do que geralmente é reconhecido.
A música origina-se no Mundo celeste e, se o ser humano está ciente do fato ou não, ela serve para preservar nele, embora de maneira muito tênue, alguma recordação das esferas divinas das quais ele veio e para as quais ele está destinado a voltar. Torna-se um fator importante prevenir o ser humano de cair no esquecimento de seu verdadeiro lar.
E assim, ouvindo a Sinfonia Pastoral de Beethoven, o Ego humano é realmente colocado em contato com mais do que impressões de natureza externa qualquer que possa ser o grau de sua percepção consciente do que é então conectado. Lá está; ela colide com seus veículos mais sutis e deixa uma impressão que é refinadora, sensibilizadora, construtiva e redentora.
Portanto, não é somente música da natureza, como esse termo é geralmente compreendido, que Beethoven deu ao mundo em sua Pastoral. Não é uma tentativa de descrever programaticamente cenas físicas e efeitos atmosféricos. Para aqueles que podem perceber as nuances espirituais desta criação sinfônica, melodias alegres de pássaros transportam comunicações angélicas, águas correntes carregam uma paz interior, os campos abertos expandem os horizontes, enquanto florestas são transformadas em grandes catedrais e montanhas em elevadas cidadelas de Deus.
A nota-chave espiritual da Sexta Sinfonia é “unidade”. Seis é um número que expressa luz, amor e beleza. Esses são os humores musicais prevalecentes da Sexta Sinfonia.
A Sexta Sinfonia está relacionada com a sexta camada da Terra. É o Estrato Ígneo. Nessa conexão, não temos que considerar o fogo no sentido literal, pois esta sexta camada é luminosa. O ocultista entende a diferença entre Fogo e Chama. Fogo é uma força espiritual e Chama é o aspecto material daquela força. Moisés esteve diante da sarça ardente que não era consumida, o que significa que ele esteve na presença do ser espiritual da Luz que queimava, mas não se consumia.
Essa sexta camada da Terra reflete as forças espirituais daquele plano elevado que é conhecido metafisicamente como o Mundo da Consciência Crística. É o plano no qual todo o sentido de separatividade foi transcendido e a verdadeira universalidade de toda a vida é realizada. Aqui, a unidade completa prevalece. Se, em obediência à admoestação de São João, nós andamos na luz como Ele está na luz, teremos fraternidade entre todos. Este é o efeito da música da Sexta Sinfonia que podemos supor que foi escrita sob a inspiração da sublime visão da inclusiva e harmoniosa fraternidade existente nesse plano espiritual elevado.
Beethoven estava sempre nutrindo em seu coração o ideal da fraternidade humana. Era profundo e intenso; isso tocava o incomum e o cósmico. Na Sexta Sinfonia estão projetadas essas qualidades com relação à Natureza, a exteriorização de Deus no qual nós vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. É sobre esse mesmo ideal de fraternidade que ele leva o ouvinte nas asas do êxtase para os altos planos da glória no Finale da sua Nona Sinfonia poderosa. É só quando esse estado de consciência está desenvolvido que as glórias internas da Natureza podem ser reveladas e o sublime trabalho da Sexta Iniciação pode ser empreendido com sucesso.
Como foi dito anteriormente, depois da quinta Iniciação, o trabalho se torna tão elevado que pouco pode ser dito sobre ele. Para interpretar algo sobre a Sexta Iniciação, Beethoven invocou o Espírito da Natureza. Ao estudar a natureza com reverência e devoção cada vez mais crescentes, mais seus sublimes mistérios são revelados ao ser humano, e mais próximo ele se afina com Deus. Um sábio mestre advertiu os aspirantes que procuram entrar nos profundos mistérios da vida dizendo que eles “estudassem a natureza, pois ela contém a marca da divindade”.
Beethoven considerava essa admoestação. É como ele expressou sua fé na sabedoria a ser aprendida, um texto que ele copiou de forma a tê-lo sempre com ele e, também, diante dele. Assim: “O ser pode corretamente denominar a Natureza de escola do coração; ela nos mostra claramente nossos deveres para com Deus e nosso vizinho. Portanto, eu desejo me tornar um discípulo dessa escola e oferecer a Ele o meu coração. Desejoso de instrução, eu tentaria obter aquela sabedoria que nenhuma desilusão pode rebater; eu ganharia um conhecimento de Deus e através desse conhecimento, eu obteria um antegozo da felicidade celestial”.
A Sexta Iniciação está relacionada com a Iniciação do Fogo. O segredo da vida está conectado com o fogo e é nessa Sexta Iniciação que a pessoa chega diante dessa poderosa verdade. Aqui, ela aprende a distinguir a chama do fogo. A chama é reconhecida pelos cinco sentidos físicos, enquanto o espírito do fogo é percebido só através das faculdades espirituais. Aquele que conhece os segredos da Iniciação do Fogo pode passar sem se queimar através da chama. Vários exemplos disso estão registrados no mais profundo dos livros ocultos, a Bíblia. Tal é a trasladação de Elias para o céu numa carruagem de fogo, a passagem dos três homens sagrados através do fogo como está escrito no Livro de Daniel e as línguas de fogo que estão colocadas nas cabeças dos Discípulos em Pentecostes. Essas são todas descrições dos vários estágios ou aspectos da Iniciação pelo Fogo, e todas relatam, em certo grau, o Sexto Mistério.
Os ciclos de renascimentos através dos quais o espírito individualizado tem que passar é o processo pelo qual as potencialidades divinas são despertadas e desenvolvidas em chama vivente. Essa é a luz a que São João se referiu quando disse: “Se nós andamos na luz como Ele está na luz, teremos fraternidade uns com os outros”. É só quando o ser humano desperta essa luz em si mesmo que ele pode conhecer o verdadeiro significado da fraternidade. A humanidade não pode oferecer ao Criador maior presente do que aquele de manifestar uma fraternidade universal e um mundo unido.
Beethoven compôs a Sétima das Nove Sinfonias em toda a exuberância de sua maturidade criativa, e cada um dos seus quatro movimentos transbordam a ardente essência de sua inspiração. O ouvinte é dominado pela abundância de sua beleza. Nesta Sinfonia, você sente o gênio de Beethoven como algo inesgotável, glorificado em sua própria força titânica, como se fosse uma divindade ignorando sua casta, orgulhoso de seu conhecimento de força invencível, liberto, despreocupado, salvo quando o Allegretto admite uma divina melancolia.
Pitts Sanborn[69]
A primeira apresentação dessa Sinfonia foi em Viena, em 8 de dezembro de 1813, fazendo assim um intervalo de cinco anos entre a Sexta e a Sétima. Durante esse período, Beethoven esteve aprofundando sua consciência espiritual e captando uma afinação mais próxima às forças da música celestial. O que ele produziu na Sétima Sinfonia oferece ampla evidência da verdade que a avaliação do Sr. Sanborn fez acima.
A nota-chave espiritual da Sétima Sinfonia é Exaltação. Sete marca a conclusão de um ciclo em termos de duração de tempo. A trindade do espírito (o Tríplice Espírito) se eleva triunfante sobre o quatro da matéria[70]. O espiritual se torna primário agora e o material, secundário. É esse triunfo do Espírito que é o glorioso tema da Sétima. Tanto Richard Wagner como Franz Liszt[71] olharam a Sinfonia como a “apoteose da dança”. O mais profundo espírito da dança representa ritmicamente a ascensão no caminho da Iniciação que termina em divina harmonia com a Eterna Luz. Do ponto de vista da interpretação, a Sétima Sinfonia é verdadeiramente uma Apoteose da Dança.
Wagner identificou essa Sinfonia com a dança em sua mais alta expressão como a realização do corpo em forma ideal. Ninguém melhor que ele sabia que a dança teve sua origem nos movimentos das esferas planetárias e que a missão de Beethoven era recapturar algo destas harmonias estelares.
No primeiro movimento (Poco sostenuto[72], vivace[73]), acordes exultantes e dominantes repetem esta canção triunfante acompanhada do inebriante ritmo do tema principal. Essa introdução desdobra os temas que se seguem numa sucessão de escalas ascendentes que foram descritas como escadas gigantes. Beethoven aqui está afinando os ouvidos humanos com os ritmos planetários. Ele traz à Terra insinuações da música das esferas pelas quais os sistemas solares são impelidos em seus movimentos. Assim, sua música se torna uma escada que vai até as estrelas. Ele carrega o ouvinte para as grandes alturas e profundezas, transcendendo a pequena e limitada esfera na qual o ser humano mortal se move em seu estado sem inspiração.
No segundo movimento (Allegretto), um tom de solenidade é introduzido. Ele passa de Lá Maior para Lá menor, já que é mais fácil recapturar os ecos da música celestial em tons menores. É como se o Espírito estivesse perplexo na realização da responsabilidade que vem com tal consecução. Esse tom solene e misterioso persiste por todo o movimento. Foi comparado a uma procissão através das catacumbas.
O terceiro movimento (Presto, presto meno assai) toca uma nota ainda mais exultante do que a que foi ouvida no primeiro movimento. Ritmos alegres e emocionantes são introduzidos pelas cordas com uma resposta alegre dos instrumentos de sopro. Há arpejos dançantes e um espírito de scherzo nele todo.
O Finale (Allegro com brio) é colossal e magnífico. É como se o Céu e a Terra se juntassem num poderoso coro de majestade e poder. É a voz do espírito extaticamente proclamando: “Estou livre, estou livre, para sempre e para toda a eternidade. Estou livre”.
Esse Espírito de exultante liberdade naturalmente trouxe à expressão a companhia da arte da dança. Wagner, que anteriormente se referiu à essa conexão, sentiu que não havia nada tão torpe e surdo que pudesse resistir à fórmula mágica; os galhos, as latas e as xícaras, o cego e o aleijado, etc., cairiam na dança.
A celebrada Isadora Duncan[74] dançou todos os movimentos dessa Sinfonia, exceto o primeiro, no Metropolitan Opera House em Nova York em 1908, e o Ballet Russo de Monte Carlo também transcreveu o trabalho todo em poesia do movimento. A coreografia que a Sinfonia evoca tem um caráter mais etérico e espiritual do que físico; isto foi declarado por um comentarista que pensou nela expressando uma dança cerimonial que deve ter sido realizada pelos coribantes[75], os sacerdotes de Cibele[76] em volta do berço do infante Zeus.
UMA VISÃO DO CAMINHO
Um viajante se aproxima de uma enorme e elevada montanha, cujo topo coberto de neve brilha à luz do Sol como uma coroa de diamantes. A subida dessa montanha é íngreme e perigosa, o caminho estreito e escarpado. Frequentemente, o viajante perde seu passo e cai de bruços no chão, mas sempre a silenciosa voz interior firmemente o impele “Para frente e para cima, para sempre”. Às vezes ele toma o caminho errado e tem que retroceder pelo longo e estreito caminho, mas sempre a voz interior, gentil, mas insistente, é ouvida dizendo: “Você nunca falhará enquanto persistir, pois a única falha está em parar de tentar”. Outra vez, o caminho leva através de escuras e estreitas fendas onde o Sol está longe da vista. É, então, que em sua visão mental ele pode ver o pico coberto de neve acima. O topo está rodeado por grandes conjuntos de rochas perpendiculares, escondendo toda a visão do caminho. Para concluir a subida, o viajante tem que possuir muita coragem, persistência e uma vontade que é dominada pelo Espírito.
Finalmente, o topo é alcançado e oh! a maravilhosa glória da vista! Lá em baixo, ao longe, estão as planícies e os vales rodeados por montes humildemente entremeados por cintilantes riachos. Há também grandes cidades nas quais a humanidade se ocupa com sua rotina diária, a maioria estando tão ocupada e tão descuidada para levantar seus olhos e pegar a inspiração dos lindos picos brancos lá em cima.
Quando o viajante eleva seus olhos, ele se enche de espanto, pois o topo no qual ele está, o qual ele pensou estar tão alto e ser o final, está diminuído por montanhas mais altas, cujos picos estão completamente longe da vista no imenso azul. As palavras do poeta místico Kalil Gibran[77] vêm à mente com um novo significado: “Quando você chega ao topo da montanha, então é que você começará a subir”.
É então que o viajante grita: “O que está além dos majestosos picos, cujas alturas se perdem nos céus?”. E a voz, em alegre exaltação, responde: “o infinito”. “E o que está além do infinito?”. Como uma bênção vinda de lugares distantes, em sons de doçura sobrenatural, a voz responde: “Um infinito de infinitos”.
Essa é a canção da alma da Sétima Sinfonia de Beethoven, o Espírito triunfante e exultante cantando: “Sempre para frente e para cima, pois o caminho da verdade não tem fim e a busca é eterna”.
A Sétima Iniciação Menor está conectada com o sétimo Estrato da Terra conhecido como Estrato Refletor. Esse estrato está correlacionado com o Mundo do Espírito Divino e está permeado com o poder espiritual desse Mundo celestial.
Fiel ao seu nome descritivo, o Estrato Refletor na Terra reage exatamente à natureza dos pensamentos e desejos do ser humano que podem ser construtivos ou destrutivos, pois, sob a Lei de Causa e Efeito, tanto os seres humanos como as nações colhem como semeiam. Assim age a Lei Divina ao operar no Mundo do Espírito Divino, que é a contraparte superior do Estrato Refletor da Terra.
A história oculta registra a submersão do Continente Atlante e a destruição de sua adiantada civilização, devido à muito difundida prática da magia negra. Nos tempos históricos, lemos sobre a queda da Babilônia, uma das mais famosas e bonitas cidades da Terra, seus jardins suspensos tendo sido classificados entre as Sete Maravilhas do Mundo. Em Pompéia, os arqueologistas descobriram evidências do descuido moral e depravação que existia entre os habitantes, que agiam por meio das forças localizadas no Estrato Refletor da Terra, no desastre natural que enterrou a cidade sob lava e cinzas. Também, na Bíblia, lemos a destruição de Sodoma e Gomorra, devido às maldades desenfreadas nessas cidades.
O ser humano é um ser sétuplo. O Tríplice Espírito está conectado com o Tríplice Corpo pelo elo da Mente. O propósito principal das peregrinações dele na Terra é capacitar o Tríplice Espírito a trabalhar sobre o Tríplice Corpo para refinar, sensibilizar e espiritualizar estes Corpos mais inferiores e transmutá-los em poderes anímicos.
Antes que esteja pronto para passar através do portal que se dirige a Sétima Iniciação Menor, grande parte desse trabalho tem necessariamente que estar realizado. No sétimo Estrato Refletor da Terra estão guardados os chamados sete grandes segredos da Natureza. Esses segredos estão conectados com os quatro elementos – Fogo, Ar, Água e Terra. Nesse grau, aprendem-se os muitos e variados modos nos quais esses elementos são transmutados com resultados que capacitam o controle das muitas Leis da Natureza. A Sétima Iniciação Menor é o Grau da Divina Sublimação. Quando se passa por esse Grau, o poder alcançado torna possível a jornada dentro dos lugares mais profundos da Terra e nas alturas do espaço interplanetário.
O Iniciado da Sétima Iniciação Menor é ensinado a investigar e compreender mais profundamente algo dos quatro poderes conhecidos como Fogo, Ar, Água e Terra. Esses poderes operam sob a direção dos altos seres celestiais. Muito pouco pode ser dito abertamente com relação a esse trabalho, exceto que, sob o poder do Fogo e do Ar, novos e maiores segredos são ensinados com relação à transmutação e, sob o poder da Água e da Terra são ensinados os mais profundos significados relativos ao equilíbrio e à polaridade.
Nessa elevada esfera para onde o Iniciado é trazido e colocado face a face com as verdades pertencentes a Sétima Iniciação Menor, ele se torna um verdadeiro trabalhador milagroso. Ele aprende o que é passar sem se molestar através do fogo e da água, a dominar a lei da gravidade e a trabalhar em harmonia com a lei da levitação. Ele agora é um verdadeiro mago branco, havendo aprendido a transformar os metais em ouro. Ele ganhou a liberdade da limitação que esse Planeta impõe a ele. É algo desse maravilhoso Espírito de Liberdade que é descrito na gloriosa e inesquecível música da Sétima Sinfonia.
Tal é a magia exercida pela música da Sétima Sinfonia de Beethoven, que o comentarista Philip Hale[78] fez a seguinte observação: “Toda vez que a música é tocada, toda vez que ela entra na Mente, ela desperta novos pensamentos e cada um sonha seus próprios sonhos”.
Há tal poder místico impregnado nessa Sinfonia que ela tem a magia de despertar na alma de um Aspirante à vida superior a visão dos passos que guiam progressivamente na escada ascendente da realização. Mais do que isso, ela realmente irradia energias tonais que emprestam uma força para a alma no caminho da Iniciação, para seguir os passos até que a busca seja finalmente consumada nas glórias celestiais do Reino Celeste.
Nunca a arte ofereceu ao mundo algo tão sereno como as Sinfonias em Lá e em Fá Maior e todos aqueles trabalhos tão intimamente relacionados a elas que o mestre produziu durante o período divino de sua surdez. O seu primeiro efeito sobre um ouvinte é colocá-lo livre de um sentimento de culpa, enquanto dá nascimento a um sentimento de paraíso perdido ao retornar ao mundo dos fenômenos. Desse modo, esses maravilhosos trabalhos preconizam arrependimento e reparação no sentido da divina revelação.
Nesta Sinfonia, há pensamentos musicais intensos, há passagens que, por um momento, soam as profundezas e alcançam as alturas… Sem a grandiosidade da Quinta Sinfonia ou o romance da Sétima, ela contém um final perfeito e um rico estoque de bom humor.
Romaine Rolland[79]
A Oitava Sinfonia teve sua primeira apresentação em Viena, em 20 de abril de 1813. Sua nota-chave espiritual é harmonia.
Os antigos declararam que o número oito contém a marca da divindade e isso é o que a Oitava Sinfonia representa. Berlioz[80] declara que o modelo dessa Sinfonia foi formulado no céu e caiu dentro do cérebro do compositor. Um crítico de arte, escrevendo sobre essa Sinfonia, diz que ela é um brinquedo divino na região do pensamento tonal. Mais adiante, ele diz que a Sétima é uma arte épica ao máximo, então a Oitava Sinfonia é arte lírica em sua plenitude. A Oitava tem sido chamada de “um épico de humor”. Suas quatro divisões são permeadas com um sopro de alegria e transbordam em excêntrico humor. Um leve e caprichoso espírito de felicidade se difunde completamente. É deliciosa em sua totalidade. Dizem que Beethoven olhava-a com ternura e se referia a ela como sua “pequenina”. Talvez fosse por causa de seu espírito despreocupado e, também, porque é a menor das nove.
As duas primeiras partes estão cheias de alegria e suas harmonias extasiantes continuam a tecer e a entretecer através de toda a terceira parte. Ao invés do usual Scherzo, esse terceiro movimento é um lindo e majestoso minueto. Embora delicadamente caprichoso, ele, ao mesmo tempo, toca uma nota mais grave. Foi comparado por alguns escritores a uma exultante risada. E é verdade. Ele soa uma gargalhada triunfante de uma alma emancipada que encontrou sua própria herança divina de imortalidade consciente e a divina bem-aventurança da liberdade cósmica. Como Pitts Sanborn diz “não é o riso de regozijo infantil ou de frivolidade desesperante e imprudente”. Pelo contrário, é o “vasto e interminável riso de que Shelley[81] fala em Prometheus Unbound[82]. É o riso de um homem que amou e sofreu e, escalando as alturas, alcançou o cume. Só uma ou outra nota de rebeldia se intromete momentaneamente; e, às vezes, em repouso lírico… uma intimidação da Divindade mais do que o ouvido descobre”.
O Finale sobe a alturas ilimitadas em ritmo e fantasia. Irregularidades repentinas e ritmos interrompidos servem para criar uma atmosfera de mistificação deliberada. É fantasia altamente carregada designada para levar o ouvinte além dos estreitos confins da mente concreta.
A Oitava Sinfonia é, no entanto, uma outra composição que o grande gênio criativo de Beethoven deu ao ser humano para ajudá-lo em seus objetivos espirituais, que era seu verdadeiro destino perseguir e cumprir.
George Grove[83], em seu trabalho “Beethoven´s Nine Immortals” descreve o poder de Beethoven de abstrair-se do mundo externo e viver num mundo de sonho dele próprio. Seu ideal, como o de todos os grandes heróis, teve pouco interesse no mundo e nas poucas pessoas em volta dele. Ele foi um pico de uma montanha solitária e elevada que olhava para os vales. Seus olhos testemunhavam um solitário homem espiritualmente faminto. Seu idealismo sobrepassava seu julgamento. Era difícil para ele aceitar coisas realmente diferentes das que ele idealizava. Nos seus últimos anos ele mergulhou em profunda ternura e doce melancolia, resultando no que ele denominou sua “tendência feminina”.
Beethoven foi um instrumento usado pelo Espírito da Música para se realizar mais do que um homem que meramente compôs música. Em sua música, sempre criando mundos, seu grande gênio foi mostrado em seus movimentos rápidos, pois eles refletem os ritmos das órbitas celestes que se movem com mais velocidade que a luz.
Gustav Nottebohn[84], em seus Esboços de Eroica, observa que Beethoven alcançou um tipo de melodia que alguns chamaram de absoluta e, compondo seus últimos trabalhos, ele ficava verdadeiramente “possuído”. Sua Mente Superior assumiu a direção. Então, não trabalhou do pormenor para o todo, mas começou do todo para o pormenor. Sob um estado subconsciente, uma composição era como um todo antes que ele começasse a pensar nos detalhes. Um poeta expressou essa mesma verdade nas palavras: “Você não teria me procurado a menos que já tivesse me encontrado”.
Referimo-nos repetidamente às Nove Sinfonias como música cósmica. Quando Beethoven as escreveu, elas eram obviamente para demonstrar musicalmente as verdades fundamentais da polaridade. As Sinfonias ímpares possuem a grandiosidade, a rapidez, a ousadia, a coragem, a inovação e todas as qualidades masculinas dominantes. As de números pares são doces, ternas, dóceis, calmas, características do feminino.
A Quinta em Dó Menor teria seguido a Terceira, ou a Eroica. Beethoven colocou em prática esboços como elas originalmente chegaram a ele, de acordo com seus biógrafos. Algo em sua natureza antecipou isso até que a mais gentil Sinfonia em Si Maior, a Quarta, inseriu-se num modelo divino que a colocou imediatamente depois da poderosa Terceira. Então, seguindo a Épica Quinta, segue-se a Sexta ou Sinfonia Pastoral como um companheiro contemplativo.
Outra vez, após um espaço de quatro anos, Beethoven produziu outro par de afinidades complementares: a Sétima, de força masculina, e a Oitava, de atributos femininos, as duas produzidas em 1862 em sequência.
Finalmente, quase dez anos mais tarde, apareceu a magnífica mistura de opostos, que tinham se alternado nas precedentes oito Sinfonias e culminou na grandiosidade da Nona.
A oitava Iniciação está relacionada com a oitava camada da Terra conhecida como Estrato Atômico. O poder dessa Iniciação é tal que um objeto situado nesse Estrato, quando usado como um núcleo, pode ser multiplicado à vontade. Era o poder dessa oitava Iniciação que o Senhor estava demonstrando aos Discípulos quando multiplicou os cinco pães e os dois peixes e alimentou cinco mil – com doze cestas cheias de sobra[85].
Muito pode ser dito sobre essa Iniciação, excetuando que o participante tem que ter conquistado domínio sobre si mesmo e sobre o Mundo material. Uma harmonia básica é um requisito para a entrada nesse elevado Rito. As essências da experiência adquiridas através das Iniciações que precederam são aqui transformadas em poder anímico de tal força que uma tão esperada harmonia se torna a nota-chave da vida. O ser nunca mais explodirá numa experiência emocional, nem será indevidamente sacudido por eventos dolorosos ou agradáveis. Ele achou agora para sempre aquela profunda e intensa calma e paz à qual São Paulo se referiu quando disse que de fato nenhuma das coisas do mundo exterior o comoviam.
A esfera celestial chamada no ocultismo de Mundo dos Espíritos Virginais está refletida no oitavo Estrato da Terra. É nesse nível de vida que Deus diferencia dentro d´Ele as entidades que constituem uma Onda de Vida evolutiva. É desse plano que esses seres divinos em embrião entram em sua jornada evolutiva eterna através do tempo, espaço e matéria. Nesse estágio, os Espíritos Virginais possuem só consciência divina. O fim a ser atingido através de sua Involução dentro da matéria é a autoconsciência, quando o processo evolutivo o leva de volta à consciência Divina.
Na oitava Iniciação, o Iniciado é levado para muito além do mundo humano. As palavras são inadequadas para descreverem as maravilhas e as glórias daquele Mundo espiritual no qual ele é permitido entrar. A sublime música da Oitava Sinfonia transcreve algumas das maravilhas daquele Mundo.
Toda alma iluminada canta sua própria canção de realização. Essa canção é, às vezes, uma expressão de aspiração, busca, agonia, desilusão e mesmo de completa escuridão. Então, como a agonia continua, segue-se uma nova, fresca e sempre profunda dedicação, que culmina eventualmente numa vitória de completa conquista de si próprio. Essa foi a canção de alma que Moisés cantou na vitória do Mar Vermelho, uma vitória que se referiu não tanto a uma ocorrência física, mas a uma transmutação perfeita em seu interior. Outras canções de alma de tal alcance são os imortais Salmos de Davi e a melhor de todas as canções de amor, o 13º capítulo da 1ª Epístola aos Coríntios[86]. Também a Canção do Cisne de Lohengrin naquele magnífico drama musical que leva o seu nome.
É essa mesma Canção de Realização que é ouvida na Oitava Sinfonia de Beethoven composta não em palavras, mas na linguagem tonal trazida inspiradamente do mundo celeste do som. O Finale dessa Sinfonia ressoa toda a profunda alegria do Ser Emancipado. É a Canção de Alma daquele que aprendeu, por sua divindade inata, a reivindicar sua herança que é a Liberdade Cósmica. Essa é a nota-chave da oitava Iniciação e o elevado tema musical da Oitava Sinfonia.
O elevado trabalho dessa oitava Iniciação está exemplificado na música dessa Sinfonia que é tão suave, linda e cheia de tal corrente de força que parece cantar a habilidade de acalmar a violenta tempestade ou de remover montanhas de seus lugares. A música da Oitava Sinfonia é a expressão do Feminino altamente aperfeiçoado, aquele poder espiritual que o alquimista descreveu como o Feminino em Exaltação.
(Com Coro Final “Ode à Alegria” – poema de Schiller)
A música é a entrada não corpórea no mundo superior do conhecimento que abrange a humanidade, mas que a humanidade não pode compreender. Por sua transparente beleza de ideia, há pouco no mundo da música que possa se aproximar desta obra prima em beleza melódica. Suas ideias são tão ricas em variedade, tão delicadas em orquestração e, também, tão profundamente simpáticas, que deve ser um ouvinte endurecido de fato aquele que escuta este movimento sem alguma percepção de uma visão dos céus se abrindo e um olhar distante no mundo além deste. Aqui, temos Beethoven como um expoente do sublime … Ninguém pode negar que aqui está uma obra prima inigualável na tremenda vastidão de sua concepção e inigualável por sua originalidade, poder e belezas prodigamente espalhadas.
Autor Desconhecido
Mais de dez anos se passaram depois da performance inicial da Oitava Sinfonia antes que Beethoven trouxesse à luz sua sucessora, a Nona e última, em 7 de maio de 1824. Durante esse intervalo houve, evidentemente, uma profunda preparação em seu interior para poder criar o glorioso clímax que é a Nona Sinfonia.
Quando os Senhores do Destino procuram um mensageiro cuja missão beneficiará o mundo e elevará a humanidade, muito tempo e cuidado são dedicados à sua escolha. Precauções especiais são tomadas para que o escolhido não se transforme em uma presa das seduções do mundo material. Beethoven foi um mensageiro escolhido. Ele nasceu na pobreza e se criou sob as mais adversas circunstâncias. Todos os anos de sua vida foram cheios de solidão, desapontamento e desilusão com as coisas do mundo exterior.
Um mensageiro assim escolhido para uma grande missão no mundo raramente conhece as alegrias do companheirismo humano, que é privilégio da maioria dos mortais. Ele tem necessariamente que viver uma vida mais ou menos isolada. Muito tempo tem que ser gasto sozinho para que possa alcançar aquelas alturas inspiradas que o capacitará a se tornar um canal claro e livre para seu objetivo.
No funeral de Beethoven foi dito: “ele não tinha esposa para chorar por ele, filho, filha – mas o mundo todo lamenta junto ao seu ataúde”. A vida de uma pessoa como ele não está centrada em um, mas em muitos. Então, quando Beethoven chegou ao apogeu da vida, chegou para ele, de acordo com a compreensão humana, a maior desgraça que pode acontecer a um músico – a perda da audição. No entanto, do ponto de vista espiritual, talvez isso foi sua maior bênção. Ele era um mensageiro da gloriosa música celestial das Hierarquias Criadoras. Essa música é tão sublime e etérea que os sons dissonantes e desarmônicos da Terra não podiam obstruir e prejudicar sua pureza e beleza. E, assim, quando Beethoven perdeu sua audição física, ele se tornou cada vez mais sensível às harmonias dos planos internos e, por isso, um transmissor mais perfeito para essa música celeste. Muito embora o espírito possa estar ciente de seu elevado destino, enquanto ele está confinado dentro do corpo humano, terá que lutar com as limitações de seu instrumento mortal. E, assim, havia momentos em que Beethoven dava espaço à melancolia e ao desespero, às vezes, voltando-se contra o destino.
O verdadeiro propósito do sofrimento é servir de agente purificador e redentor. No livro “Luz no Caminho” lê-se que “antes que os olhos possam ver, eles devem ter perdido seu senso de separatividade, e que antes que os ouvidos possam ouvir, eles devem ter perdido sua sensibilidade, e que antes que os pés possam estar na presença dos Mestres, eles devem ser lavados no sangue do coração”.
Como Edward Carpenter[87] escreve sobre Beethoven em seu livro Angel´s Wings:“Embora sua vida exterior, pela surdez, doença, pelas preocupações financeiras e pela pobreza fosse despedaçada em mil miseráveis fragmentos, em seu grande coração ele abraçou toda a humanidade; penetrou intelectualmente em todas as falsidades até atingir a verdade e, em seu trabalho artístico, deu um esboço aos religiosos, aos humanos, aos democráticos, aos amores, ao companheirismo, às individualidades ousadas e a todos os altos e baixos do sentimento, o esboço de uma nova era da sociedade. Ele foi de fato e deu expressão a um novo tipo de ser humano. O que essa luta deve ter sido entre suas condições internas e externas – de seu “eu real” com os solitários e pobres arredores nos quais estava encarnado – nós só sabemos através de sua música. Quando nós a ouvimos, compreendemos a tradição antiga de que, de vez em quando, uma criatura divina dos céus distantes toma uma forma mortal e sofre para que isso possa abraçar e redimir a humanidade”.
A nota-chave espiritual da Nona Sinfonia é Consumação. Nove é o mais importante número relacionado com o presente estágio de evolução da humanidade. É o número da humanidade. É, também, o número da Iniciação, aquele reto e estreito caminho pelo qual o ser humano retorna à união com Deus.
Notou-se previamente que as Sinfonias de Beethoven retratam uma variedade de experiências. Essas experiências são recapituladas nos passos sempre ascendentes ao caminho espiritual da realização, cada repetição proporcionando força aumentada e glória de desdobramento da alma, até a consumação alcançada na divina unidade tão magnificamente interpretada pela Nona Sinfonia.
Como foi dito anteriormente, as Sinfonias ímpares corporificam os atributos masculinos e as pares, os femininos, enquanto a última, ou a Nona, os dois atributos são trazidos em perfeito equilíbrio, um estado de unidade que, em linguagem esotérica, é chamada de Matrimônio Místico. Essa união marca o supremo alcance do ser humano sobre as coisas terrenas. Beethoven captou o lindo coro do Querubim na glória da Nona Sinfonia para que os ouvidos humanos pudessem sentir a poderosa efusão de seu poder espiritual.
O escritor John Naglee Burk[88], em seu livro “Life and Works of Beethoven”, se refere a esses ecos celestiais como “murmúrios misteriosos”; então, é como se os murmúrios do mundo celestial que Beethoven interiormente percebia se tornaram cada vez mais claros e mais fortes; enquanto o tema inicial se desenvolvia, há “um crescendo de suspense até que o tema em si é revelado… e proclamado fortíssimo pela orquestra toda em uníssono. “Ninguém”, ele acrescenta, “igualou esse poderoso efeito – nem mesmo Wagner que teve por essa página em particular uma mística admiração e que, sem dúvida, lembrou-a quando descreveu a serenidade elementar do Reno de maneira muito parecida na abertura de O Anel dos Nibelungos”.
“A Nona Sinfonia”, escreve Ralph Hill[89] em seu trabalho intitulado The Symphony, “é comparável aos vigorosos trabalhos como a Eroica e a Quinta Sinfonia, num plano psicológico tonalmente diferente que levanta questões mais amplas do que nas composições sinfônicas anteriores de Beethoven. Cada um de seus movimentos é incomparável em poder construtivo e na extensão e magnitude de suas ideias musicais. A abertura é de um mistério e intensidade. De uma região na qual tudo parece nebuloso e mal definido emerge o primeiro tênue prenúncio de um tema que é presentemente atirado violentamente com a força dos raios de Júpiter. Essa abertura portentosa é em seguida reformulada… e o tema todo é transferido, ainda fortíssimo, para o tom de Si Bemol. Por enquanto, é a terminação desse tema gigante que temos e esse, em sequências que se elevam, marcha para frente sem remorso até encontrarmos a transição para o segundo tema que se supõe conter leve semelhança com a Alegria, tema do Finale”.
“É difícil se encontrar algo mais requintado em toda a música”, escreve E. Markham Lee[90] no livro “The Story of the Symphony”, “do que o movimento de abertura, tão serenamente simples e ao mesmo tempo tão majestoso em suas ideias. Tecnicamente, sua complexa manipulação do material é maravilhosa e suas qualidades expressivas… são excelentes”.
O segundo movimento, um Scherzo, embora realmente não rotulado assim, foi considerado por muitos críticos musicais como uma das mais notáveis realizações de Beethoven. Um escritor se referiu a seu “ágil modo de andar” como “fortemente misturado com uma mística veia, um pouco como uma dança”. Berlioz o comparou ao ar puro e claro que acompanha o nascer do Sol numa manhã brilhante de maio.
“As palavras nos faltam”, escreve Markham Lee, “para comentar adequadamente o Adagio (terceiro movimento), uma das mais perfeitas e lindas peças de música orquestral que já foram escritas”. Bernard Shore[91], falando desse terceiro movimento em seu trabalho “Sixteen Symphonies”, afirma que é música que “deve estar nos céus” e nota como o incomparável Toscanini[92] ao apresentar essa parte “fez todo o esforço para transferir o toque de brilhante e incisiva vitalidade para a mais silenciosa e suave ternura. ‘No Paraíso!’, ele exclamava. As cordas acariciam particularmente sua música e nunca foi permitido que se tornassem apaixonadas – só etéreas.
Os três primeiros movimentos da Nona Sinfonia estão no mais alto plano de toda a música. O tema de abertura do primeiro movimento é grandioso em inspiração, vigoroso em poder. O Scherzo é talvez o melhor de Beethoven. O Adagio começa com uma melodia de extrema nobreza – perfeito em curva e de uma serenidade maravilhosa. O sentimento de misticismo devoto e admiração aumenta até o coro final”.
Beethoven experimentou uma grande liberdade interior de espírito, um grande estado enlevado de alma. Consequentemente, ele foi capaz de transcrever para a audição humana a mais sublime música que esse mundo já conheceu. Sigmund Spaeth[93] em seu livro “A Guide to Great Orchestral Music” exprimiu perfeitamente: “A Sinfonia alcançou em Beethoven o seu apogeu. Durante o século que veio após o dele, grandes músicos compuseram muita música bonita na forma, mas nós temos só que contemplar Beethoven para compreender que o zênite está ultrapassado e que toda a música daí por diante é música numa longa tarde”.
Ludwig Von Beethoven foi um dos mais importantes evangelhos da Nova Era que vieram à Terra. Em cada uma e em todas as suas composições magníficas soa a nota da liberdade, da emancipação, da igualdade e da eventual e permanente conquista do bem sobre o mal.
Beethoven também mostrou sua completa harmonia com os impulsos da Nova Era em seu ideal de feminilidade e no profundo respeito e reverência que ele dedicou ao sexo feminino. Ele nunca pôde entender como Mozart pôde usar seu grande gênio retratando tantas mulheres superficiais e frívolas. Beethoven deu ao mundo só uma ópera, Fidélio[94], o fiel. Em sua heroína, Leonora, ele dá um quadro perfeito da mulher da Nova Era. Na última das três aberturas de Leonora, que é ouvida no ato final da ópera, está uma rapsódia descritiva da exaltação do Divino Feminino que tem que ser despertado em toda a humanidade antes que as verdades gloriosas que pertencem à Nova Era possam se tornar realidade sobre a Terra. A ópera Fidélio conclui com um triunfante Coral retratando o alegre dia em que a liberdade e a fraternidade se tornarão universais. São essas mesmas notas de Liberdade, Fraternidade e Universalidade que são ouvidas no coral com o qual ele conclui seu trabalho final e supremo, a Nona Sinfonia.
O cantor está traduzindo sua canção em canto, sua alegria em formas e o ouvinte tem que traduzir o canto de volta em alegria original; então, a comunhão entre o cantor e o ouvinte é completa. A alegria infinita está manifestando-se em múltiplas formas, levando em si a servidão da lei e preenche nosso destino quando voltamos da forma para a alegria, da lei para o amor, quando desatamos o nó do finito e voltamos para o infinito.
Rabindranath Tagore[95]
Como mencionado anteriormente, Beethoven foi um mensageiro selecionado para transcrever a música cósmica para a audição humana. Essa “pressão interna levou-o a escolher uma vida de autoabnegação e retidão. Ele via através, por cima e além das ilusões e tentações do mundo numa época, e entre pessoas amplamente entregues à busca do prazer”.
Por música cósmica, queremos dizer música das Hierarquias Celestes. Foi a música triunfal soada pelos Querubins e Serafins na celebração dos Ritos do Matrimônio Místico da nona Iniciação que Beethoven gravou no magnífico Coral da Nona Sinfonia.
A humanidade não poderá vivenciar a alta exaltação espiritual desse Rito até que tenha aprendido a construir e a viver em um Mundo Unificado – um mundo em que a Paternidade de Deus e a Irmandade dos Homens se tornará realidade. Promover o ideal da fraternidade universal foi seu supremo objetivo; para esse fim, seu grande gênio estava completamente dedicado.
Para o Coral, Beethoven usou o poema de Schiller[96], Ode à Alegria. Esse poema, que foi escrito durante a Revolução Francesa, apresenta em seu tema a Fraternidade Universal.
Ó, amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!
Alegria, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce voo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
Alegremente, como seus sóis voem
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões, vocês estão ajoelhados diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do Céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora! [97]
Por razões políticas, Schiller não usa a palavra “Liberdade” e a substitui pela palavra alegria. Beethoven entendeu assim. Para ele, o poema era sua expressão de liberdade espiritual. Queria dizer a emancipação da alma; a liberdade do espírito de todas as limitações físicas e materiais. Significava liberdade para perambular à vontade através dos planos espirituais superiores, para contatar seres celestes que habitam aqueles planos e ouvir a gloriosa música das esferas.
No primeiro movimento, os céus emitem poderosos sons de evocação através do profundo misticismo do Ré Menor que é proclamado pela orquestra toda em uníssono. Mais tarde, o tema é repetido e a orquestra toca a mesma nota de triunfo em Ré Maior que nos diz musicalmente que as proclamações do coro celeste desceram ao plano terrestre.
O segundo movimento, Berlioz descreve em toda a sua inata beleza como parecendo com o “efeito do ar fresco da manhã e os primeiros raios do sol nascente de maio”.
O Adagio se expressa em variações de crescente complexidade e ornamentação melódica daquela rara e indescritível beleza que caracteriza Beethoven no seu apogeu. Cada movimento de suas Sinfonias é uma divina aventura em espírito. O Espírito, quando despertado (iluminado), não pode estar completamente satisfeito com apenas as dádivas que este plano físico tem para oferecer.
O Finale nos fala sobre isso. Ele questiona e procura avidamente por mais luz. Uma sugestão dessa alta realização cantada pelo tema coral ecoa suavemente nas madeiras de sopro. O tema é então gradualmente desdobrado em Ré Maior (ainda uma experiência no plano terrestre).
No quarto movimento, Beethoven, pela primeira vez, introduz palavras numa Sinfonia. A “Ode à Alegria” de Schiller é a base do Finale cantada por solo, quarteto e pelo coro. Beethoven usou essa Ode para expressar solidariedade humana. Esse coro sublime eleva a Terra para perto do Céu e aproxima os seres celestiais em comunhão mais íntima com os mortais. Ela soa a mais alta nota-chave da realização humana que é a emancipação própria.
A nona Iniciação conduz ao coração da Terra. Nesse centro, está refletido o plano espiritual mais elevado, o Mundo de Deus. Esse é um plano onde reside o Absoluto. Aqui, o Espírito se une com a matéria, o finito funde-se com o Infinito e Deus e o ser humano se encontram face a face.
É aqui que os Deuses de outros Sistemas Planetários comungam com o Deus deste Sistema. É aqui que os sagrados Mistérios da Criação são revelados. Nenhuma música que tenha sido dada a este Planeta pode traduzir a maravilha e a glória dessa sublime experiência, excetuando o magnífico Coral com o qual o mestre Beethoven conclui a Nona Sinfonia.
O diagrama 18 do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos” mostra a escada de ascensão celestial. Poucos existem sobre a Terra que tenham alcançado seus mais altos degraus. Somente aqueles que trocaram o pessoal pelo impessoal, o terrestre pelo celeste, o humano pelo divino e que se tornaram verdadeiramente indivíduos Cristianizados alcançando as mais elevadas esferas da consciência. Porém, esse é o alto e glorioso destino que está esperando por toda a humanidade até que ela se faça merecedora da ascensão divina.
Na Noite Santa, quando a nona Iniciação é celebrada, inumeráveis hostes angélicas enchem o ar com sua canção de êxtase. Os ecos dessa gloriosa música dos céus foram captados por Beethoven e dados ao mundo no sublime Coral de sua grande Nona Sinfonia.
No coração da Terra, há três centros de poder que se relacionam com os três centros principais no corpo-templo humano, que são a cabeça, o coração e os órgãos reprodutivos. Entre a cabeça e os centros reprodutores há uma íntima relação. Entre esses dois pontos focais das energias criadoras, há uma constante corrente de força vital sagrada. Ela toma a forma de lemniscata, o ponto de junção sendo o coração. Um modelo igual de energias criadoras divinas está em ação dentro do coração da Terra.
A participação na nona Iniciação é possível somente depois que as correntes acima descritas alcançaram um estado de perfeito equilíbrio, com a Mente espiritualmente iluminada, o Coração um transmissor da ainda pequena voz interna e o centro reprodutor um assento da força vital regenerada. Essa realização alcança o clímax se encontrando face a face com o supremo Senhor deste mundo, o Abençoado Cristo. É essa a gloriosa experiência que espera a alma que alcança o nono degrau da escada da vida, a nona Iniciação.
A única música que pode adequadamente descrever o êxtase da alma dessa experiência é a magia que Beethoven teve o sucesso de tecer na Nona Sinfonia. É só por meio dessa música celestial que sua importância espiritual pode ser entoada. É música que pode vir somente da mais profunda experiência espiritual da qual o ser humano é capaz de registrar em sua presente e limitada existência. É a principal dádiva sem preço de um mágico à humanidade para ajudar em sua realização consciente e inconsciente para cima, para recapturar algo mais do seu puro estado divino.
Com a composição da Nona Sinfonia, o trabalho de Beethoven estava completo; seu destino se cumpriu. Esse é o seu canto do cisne, sua mais magnífica realização. Essa composição incomparável, como foi dito anteriormente, foi dada ao mundo em 1824. Três anos mais tarde, em 1827, ele recebeu a chamada para subir. Então, sem dúvida, ele também se tornou capaz de estar diante da divina presença e ouvir as palavras benignas que têm soado através dos tempos, “Muito bem, servo bom e fiel! Vem alegrar-te com o teu Senhor!”[98].
F I M
[1] N.T.: da obra The Unconscious Beethoven (de 1927) de Ernest Newman (1868-1959) que foi um crítico musical e musicólogo inglês.
[2] N.T.: Composição musical para orquestra, em forma de sonata, dividida em três ou quatro partes (alegro, andante, scherzo ou minueto e final ou rondó).
[3] N.T.: Os titãs (masculino), na mitologia grega, estão entre as entidades que enfrentaram Zeus e os demais deuses olímpicos na sua ascensão ao poder.
[4] N.T.: ou Prometeu (em grego: “antevisão”), na mitologia grega, filho de Jápeto (filho de Urano; um incesto entre Urano e Gaia) e irmão de Atlas, Epimeteu e Menoécio. Algumas fontes citam sua mãe como sendo Tétis, enquanto outras, como Pseudo-Apolodoro, apontam para Ásia oriental, também chamada de Clímene, filha de Oceano. Foi um defensor da humanidade, conhecido por sua astuta inteligência, responsável por roubar o fogo de Héstia e dá-lo aos mortais.
[5] N.T.: da obra Ludwig Van Beethoven de Edmond Bordeaux Szekely (1905-1979) que foi um filólogo/linguista húngaro, filósofo, psicólogo e entusiasta da vida natural.
[6] N.T.: da obra Beethoven de Wilhelm Richard Wagner (1813—1883) que foi um maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão, primeiramente conhecido por suas óperas (ou “dramas musicais”, como ele posteriormente chamou).
[7] N.T.: Johann Gottfried von Herder (1744–1803) foi um filósofo, teólogo, poeta e crítico literário alemão.
[8] N.T.: Maestro e escritor americano (1900-1962)
[9] N.T.: A Divina Comédia (em italiano: La Divina Commedia, originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia por Giovanni Boccaccio) é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. A Divina Comédia propõe que a Terra está no meio de uma sucessão de círculos concêntricos que formam a Esfera armilar e o meridiano onde é Jerusalém hoje, seria o lugar atingido por Lúcifer ao cair das esferas mais superiores e que fez da Terra Santa o Portal do Inferno. Portanto o Inferno, responderia pela depressão do Mar Morto, onde todas as águas convergem, e o Paraíso e o Purgatório seriam os segmentos dos círculos concêntricos que juntos respondem pela mecânica celeste e os cenários comentados por Dante, num poema envolvendo todos os personagens bíblicos do Antigo ao Novo Testamento, que são costumeiramente encontrados nas entranhas do Inferno sendo que os personagens principais da Divina Comédia são o próprio autor, Dante Alighieri, que realiza uma jornada espiritual pelos três reinos do além-túmulo, e seu guia e mentor nessa empreitada, Virgílio – o próprio autor da Eneida.
[10] N.T.: Dante Alighieri (1265-1321) foi um escritor, poeta e político florentino, nascido na atual Itália. É considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana.
[11] N.T.: Paraíso Recuperado (em inglês: Paradise Regained) é um livro do século XVII do poeta inglês John Milton, publicado em 1671. É, por assim dizer, uma continuação de seu anterior livro “Paraíso Perdido”. O poema foi composto na casa de Milton em Chalfont St Giles em Buckinghamshire, e foi baseado no Evangelho de Lucas.
[12] N.T.: John Milton (1608-1674) foi um poeta, polemista, intelectual e funcionário público inglês, servindo como Secretário de Línguas Estrangeiras da Comunidade da Inglaterra sob Oliver Cromwell. Escreveu em um momento de fluxo religioso e agitação política, e é mais conhecido por seu poema épico Paraíso Perdido. Paraíso Perdido (em inglês: Paradise Lost) é um poema épico do século XVII, escrito por John Milton, originalmente publicado em 1667 em dez cantos. Uma segunda edição foi publicada em 1674 em doze cantos, com pequenas revisões do autor. O poema narra as penas dos Anjos caídos após a rebelião no paraíso, o ardil de Satanás para fazer Adão e Eva comerem o fruto proibido da Árvore do Conhecimento, e a subsequente Queda do homem. Após uma invocação à Musa, o poeta descreve brevemente a rebelião dos Anjos liderados por Lúcifer, a qual, fracassada, lhes custou o paraíso. Despertando no inferno depois de nove dias de confusão, estes deliberam sobre o que fazer, e Lúcifer, daí por diante chamado Satanás (do hebraico Satan: adversário), faz saber de um novo mundo e uma nova criatura – o homem – que seriam criados por Deus. Os demônios decidem corromper esse novo ser e desviá-lo do Criador, seu inimigo. Entrementes, no paraíso, Deus segreda a seu Filho a iminente transgressão do homem e todo o sofrimento que se lhe seguirá, e o Filho se oferece a si mesmo em sacrifício pela redenção da humanidade. Para assegurar que o homem seja responsável por seus atos, Deus envia um Anjo para notificar Adão e Eva do perigo; no entanto, a despeito da advertência, Eva é seduzida por Satanás, então no corpo de uma serpente, e come o fruto proibido, fazendo-o comer também a Adão. Os pais da humanidade são expulsos do Jardim do Éden e tomam conhecimento, como toda a sua descendência, do pecado e da morte; mas uma revelação do futuro consola o primeiro homem, que testemunha o nascimento e a morte do Cristo e a remissão dos nossos pecados.
[13] N.T.: Louis-Hector Berlioz (1803-1869) foi um compositor e maestro romântico francês.
[14] N.T.: Ernest Markham Lee (1874-1976) foi compositor, autor, conferencista, pianista e organista inglês.
[15] N.T.: Um movimento é uma parte independente de uma composição ou forma musical. Enquanto movimentos individuais ou selecionados de uma composição são realizados às vezes separadamente, uma execução do trabalho completo exige que todos os movimentos sejam executados em sucessão. Um movimento é uma seção, “uma grande unidade estrutural percebida como resultado da coincidência de um número relativamente grande de fenômenos estruturais”.
[16] N.T.: Allegro (“alegre” em italiano) – (120-128 BPM – batidas por minuto) – é um andamento musical leve e ligeiro, mais rápido que o allegretto (112-120 BPM – batidas por minuto) e mais lento que o presto (168-200 BPM – batidas por minuto, muito rápido). Costuma ser de maior dificuldade técnica que andante (176-108 BPM – batidas por minuto, ritmo de caminhada) ou adagio (66-76 BPM – batidas por minuto, devagar) por ter caráter mais contínuo e rápido que esses citados. É muitas vezes o movimento mais lembrado de Sinfonias e de concertos por ter uma movimentação musical mais engajadora e uma construção mais focada no desenvolvimento da invenzio apresentada do que em outros tempos mais melódicos (como adagio e andante).
[17] N.T.: Adágio é um andamento musical lento, por consequência composições musicais com esse tempo são conhecidas como adágios. O termo deriva de “ad agio” (comodamente). Costuma situar-se entre 66 e 76 batidas por minuto em um metrônomo tradicional, sendo, portanto, mais rápido que o lento e mais lento que o adagietto (72-76 BPM – batidas por minuto, bastante devagar, ligeiramente mais rápido que o adagio)e o andante. São comumente adágios o segundo mine e o segundo ou terceiro movimento de uma Sinfonia.
[18] N.T.: Denomina-se Andante o tempo depois de ter um andamento que se forma um trecho musical. É o andamento que vai determinar com precisão a duração do som ou do silêncio representado pelas figuras musicais.
[19] N.T.: Minueto ou minuet é uma dança em compasso de 3/4, de origem francesa ou uma composição musical que integra suítes e Sinfonias.
[20] N.T.: O scherzo (no plural scherzi, pronunciados isquêrtso, isquêrtsi) é um gênero musical de nome dado a certas obras ou a alguns movimentos de uma composição que possui maior duração, como uma sonata ou uma Sinfonia. Significa “piada” em italiano. Frequentemente se refere a um movimento que substitui o minueto como o terceiro movimento em um trabalho de quatro movimentos, como uma Sinfonia, sonata, ou quarteto de cordas.
[21] N.T.: Um Finale é o último movimento de uma Sonata, Sinfonia ou Concerto; o final de uma peça de música clássica não vocal que tem vários movimentos.
[22] N.T.: Na notação musical, um compasso é uma forma de dividir quantitativamente em grupos os sons de uma composição musical, com base em batidas e pausas.
[23] N.T.: O rondó é uma forma musical instrumental, que começou a ser mais claramente estabelecida em meados do Barroco Musical (2. med. séc. XVII), mas foi solidificada durante a transição entre Barroco e Classicismo Musical (1. med. séc. XVIII). No plano estrutural genérico, essa forma envolve a presença de diversas seções musicais (indicadas por letras maiúsculas) com variedade em número e conteúdo, começando e terminando com uma seção principal (A), que é normalmente reiterada durante peça, mas alternando com uma ou mais seções secundárias (B, C, D, etc.).
[24] N.T.: Métrica, em música, é a divisão de uma linha musical em compassos marcados por tempos fortes e fracos, representada na notação musical ocidental por um símbolo chamado de fórmula de compasso.
[25] N.T.: também chamado de naipe das madeiras em uma orquestra, é formado basicamente por instrumentos de sopro, como flauta, flautim, oboés, corne inglês, clarinetes, fagotes e contrafagotes. As flautas doces, por exemplo, são de metal, assim como o saxofone. E para quem estranha o saxofone estar nessa família, explicamos: apesar de feito de metal, suas características de funcionamento se assemelham às dos instrumentos do naipe de madeira. Já a flauta, até pouco tempo atrás, era de madeira, então mesmo quando surgiram as versões metálicas elas permaneceram nesta família. Com isso, podemos concluir que os instrumentos não são definidos pela matéria prima e sim pelo funcionamento, principalmente pelas palhetas e pelo sistema de chaves. Na orquestra, a família das madeiras fica no centro, em frente ao maestro e logo acima e atrás das cordas. Geralmente as flautas e oboés vem primeiro e os clarinetes e fagotes logo atrás, em frente aos metais. Esses instrumentos são responsáveis pela ligação entre as cordas e os metais e ajudam a manter a afinação da orquestra.
[26] N.T.: também conhecido como naipe de cordas. Diversos instrumentos utilizam as cordas para emitir música e eles são divididos em três categorias: a família das cordas friccionadas, a das cordas dedilhadas e a das cordas percutidas. Na primeira, o som resulta principalmente do atrito do arco com as cordas, a exemplo dos violinos, da viola, da rabeca, do armontino e do cello. Na segunda, é o dedilhar dos dedos ou das palhetas que extrai a música, como no violão, na guitarra, no alaúde, no baixo, no bandolim, no cavaquinho, na cítara, na harpa e no ukulelê. Por fim, na terceira categoria, o som é emitido quando as cordas são percutidas, como no piano, no cravo e no berimbau. Além dessa classificação, há uma enorme diferença no tamanho dos instrumentos. Isso ocorre porque quanto maior, mais grave é o som que emite (e vice-versa). Por isso, como o violino é o menor instrumento da sua família, é também o que produz o som mais agudo, seguido da viola, do violoncelo e do contrabaixo. Na orquestra, os violinos ainda são divididos em duas vozes, os primeiros e os segundos violinos, e localizam-se logo à esquerda do maestro. Já a viola fica à frente do regente, o cello à direita e o contrabaixo logo atrás do violoncelo.
[27] N.T.: que pertence ao naipe dos metais: é formado basicamente por instrumentos de sopro, como a corneta, a surdina, a trompa, o eufônio, o clarim, a vuvuzela, o berrante, o melofone, a bucina, entre outros. Mas os representantes mais conhecidos são o trompete, a trompa, a tuba e o trombone.
[28] N.T.: que pertence ao naipe da percussão: é dividido em dois grupos. O primeiro reúne instrumentos que emitem mais de uma nota musical, como marimba, tímpano, xilofone, glockenspiel, metalofone e carrilhão; e o segundo é formado pelos que produzem apenas uma nota, como pratos, triângulo, pandeiro e bombo.
[29] N.T.: Livro do Gênesis, Capítulo 1.
[30] N.T.: andamento musical moderadamente lento (60-66 BPM – batidas por minuto). Menos lento que o largo (40-60 BPM – batidas por minuto).
[31] N.T.: Oberon ou Oberão é o rei dos elfos, é um dos principais personagens de William Shakespeare, aparecendo em sua obra Sonhos de Uma Noite de Verão. Esposo de Titania.
[32] N.T.: é uma cidade independente do estado da Saxónia na Alemanha.
[33] N.T.: ou Julie Guicciardi (1784-1856) foi uma condessa austríaca e brevemente aluna de piano de Ludwig van Beethoven. Ele dedicou a ela sua Sonata para Piano nº 14, mais tarde conhecida como Sonata ao Luar
[34] N.T.: Marion Margaret Scott (1877-1953) foi uma violinista, musicóloga, escritora, crítica musical, editora, compositora e poetisa inglesa.
[35] N.T.: Heiligenstadt foi um município independente até 1892 e hoje faz parte de Döbling, o 19º distrito de Viena. Nos meses de verão, Heiligenstadt era um ponto turístico. Ludwig van Beethoven viveu lá de abril a outubro de 1802, enquanto enfrentava sua crescente surdez. Foi um momento difícil para o compositor.
[36] N.T.: A Avenue des Champs-Élysées é uma prestigiada avenida de Paris, na França.
[37] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.
[38] N.T.: Ésquilo foi um trágico grego antigo e, muitas vezes, é descrito como o pai da tragédia.
[39] N.T.: Sófocles (497 ou 496 A.C.- 406 ou 405 A.C) foi um dramaturgo grego, um dos mais importantes escritores de tragédia ao lado de Ésquilo e Eurípedes, dentre aqueles cujo trabalho sobreviveu. Suas peças retratam personagens nobres e da realeza.
[40] N.T.: Homero foi um poeta épico da Grécia Antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e Odisseia.
[41] N.T.: Públio Virgílio Maro ou Marão (70 A.C.-19 a.C.) foi um poeta romano clássico, autor de três grandes obras da literatura latina, as Éclogas (ou Bucólicas), as Geórgicas, e a Eneida.
[42] N.T.: Gioachino Antonio Rossini (1792-1868) foi um compositor erudito italiano, muito popular em seu tempo, que criou 39 óperas, assim como diversos trabalhos para música sacra e música de câmara. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão Il barbiere di Siviglia (“O Barbeiro de Sevilha”), La Cenerentola (“A Cinderela”) e Guillaume Tell (“Guilherme Tell”).
[43] N.T.: em italiano significa “heroica”.
[44] N.T.: Sl 30:5
[45] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.
[46] N.T.: John Pitts Sanborn (1879–1941) foi um crítico musical, poeta, romancista estadunidense.
[47] N.T.: Dn 3:16-18
[48] N.T.: Pb 16:32
[49] N.T.: Parsifal é uma ópera de três atos com música e libreto do compositor alemão Richard Wagner. A ópera se passa nas legendárias colinas do Monte Salvat, na Espanha, onde vive uma fraternidade de cavaleiros do Santo Graal. O mago negro Klingsor teria construído um jardim mágico povoado com mulheres que, com seus perfumes e trejeitos, seduziriam os cavaleiros e fariam com que eles quebrassem seus votos de castidade, e teria ferido Amfortas, rei do Graal, com a lança que perfurou o flanco de Cristo, e todas as vezes em que Amfortas olha em direção ao Graal sente a ferida arder. Tal redenção só poderia ser realizada por um “inocente casto” (significado da palavra “Parsifal”). Este, em sua primeira aparição na ópera, surge ferindo um dos cisnes que purificavam a água do banho de Amfortas, e a todas as perguntas que os cavaleiros lhe fazem responde dizendo que não sabe de nada, nem ao menos seu nome. Parsifal atravessa o jardim mágico de Klingsor e é seduzido pela amazona Kundry, que ora é uma fiel serva do Graal, ora é escrava de Klingsor. Ao beijá-la, sente os estigmas das feridas que afligiam Amfortas e, quando Klingsor atira a lança contra ele, a lança dá a volta em seu corpo, e todo o castelo mágico é destruído. Tempos depois, tendo os cavaleiros se convencido de que ele é o “inocente casto” que faria a salvação, Parsifal cura as feridas de Amfortas e o destrona, assumindo a nova condição de rei do Graal.
[50] N.T.: Robert Alexander Schumann (1810-1856) foi um pianista, compositor e crítico musical alemão.
[51] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.
[52] N.T.: Alexander Wheelock Thayer (1817-1897) foi um bibliotecário e jornalista americano que se tornou o autor da primeira biografia acadêmica de Ludwig van Beethoven, ainda após muitas atualizações considerada uma obra padrão de referência sobre o compositor.
[53] N.T.: Francesca da Rimini (Francisca da Polenta) (1255–1285) foi uma nobre medieval italiana, filha de Guido da Polenta, governante de Ravena, fonte de inspiração de Dante Alighieri, que a retratou na Divina Comédia. Seu pai, Guido da Polenta, era o governante da cidade e estava em guerra com a família Malatesta, de Rimini. Quando as famílias negociaram um acordo de paz, por conveniência, Guido concedeu Francesca em casamento para Giovanni Malatesta (Gianciotto), o filho mais velho de Malatesta da Verucchio, lorde de Rimini. Giovanni era um homem culto, porém de péssima aparência e tinha o corpo deformado. Guido sabia que Francesca não concordaria com o casamento de modo que ele foi realizado por procuração através do irmão mais novo, Paolo Malatesta, que era jovem e bonito. Francesca e Paolo não demoraram a se apaixonar. De acordo com Dante, Francesca e Paolo foram seduzidos pela leitura da história de Lancelote e Ginevra, e se tornaram amantes. Posteriormente foram surpreendidos e assassinados por Giovanni. Dante utilizou o romance de Lancelot, a fim de caber no âmbito do regime de amor poesia lírica, que emula Francesca no Canto V do Inferno.
[54] N.T.: A Divina Comédia (em italiano: La Divina Commedia, originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia por Giovanni Boccaccio) é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso.
[55] N.T.: Chama-se de andamento o grau de velocidade do compasso. No italiano, idioma utilizado tradicionalmente na música, andamento se traduz como tempo, frequentemente usado como marca em partituras. Por exemplo o Allegrissimo ou Allegro vivace – é muito rápido: 172–176 bpm (batidas
por minuto).
[56] N.T.: Ashlar é a melhor unidade de alvenaria de pedra, geralmente cuboide retangular, mencionada por Vitruvius como opus isodomum, ou menos frequentemente trapezoidal. Cortado com precisão “em todas as faces adjacentes às de outras pedras”, o silhar é capaz de fazer juntas muito finas entre os blocos, e a face visível da pedra pode ter a face da pedreira ou apresentam uma variedade de tratamentos: trabalhado, polido suavemente ou processado com outro material para efeito decorativo. Os blocos de Ashlar têm sido usados na construção de muitos edifícios como uma alternativa ao tijolo ou outros materiais. A palavra é atestada no inglês médio e deriva do francês antigo aisselier, do latim axilla, diminutivo de axis, que significa “prancha”.
[57] N.T.: ou Elihu é um crítico de Jó e seus três amigos no Livro de Jó da Bíblia Hebraica. Diz-se que ele era filho de Barachel e descendente de Buz, que pode ter sido da linha de Abraão (Gn 22:20-21 menciona Buz como sobrinho de Abraão). Eliú é apresentado em Jó 32:2, no final do Livro de Jó. Seus discursos compreendem os capítulos 32-37, e ele abre seu discurso com mais modéstia do que os outros consoladores. Eliú se dirige a Jó pelo nome (Jó 33:1, 33:31, 37:14) e suas palavras diferem daquelas dos três amigos em que seus monólogos discutem a providência divina, que ele insiste estar cheia de sabedoria e misericórdia. O prefácio do narrador Jó 32:4-5 e as próprias palavras de Eliú em Jó 32:11 indicam que ele estava ouvindo atentamente a conversa entre Jó e os outros três homens. Ele também admite seu status como alguém que não é um ancião (32:6-7). Como revela o monólogo de Eliú, sua raiva contra os três anciãos era tão forte que ele não conseguia se conter (32:2-4). Um “jovem raivoso”, ele critica tanto Jó quanto seus amigos: Tenho palavras para responder a você e seus amigos também. Eliú afirma que os justos têm sua parte de prosperidade nesta vida, não menos que os ímpios. Ele ensina que Deus é supremo, e que a pessoa deve reconhecer e se submeter a essa supremacia por causa da sabedoria de Deus. Ele extrai exemplos de benignidade, por exemplo, das constantes maravilhas da criação e das estações. Os discursos de Elihu terminam abruptamente e ele desaparece “sem deixar rastro”, no final do Capítulo 37.
[58] N.T.: do poema “Invictus” do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903).
[59] N.T.: Pb 23:7
[60] N.T.: Oliver Joseph Lodge (1851-1940) foi um físico e escritor inglês.
[61] N.T.: Em um ritmo rápido e com espírito (literalmente “com brilho”) (87 a 174 BPM)
[62] N.T.: Andamento com movimento, confortável, relaxado, sem pressa (69 a 84 BPM)
[63] N.T.: (que traduzindo do idioma italiano para o português quer dizer cauda) é a seção com que se termina uma música. Nessa seção o compositor ou arranjador poderá ou não utilizar ideias musicais já apresentadas ao longo da composição
[64] N.T.: Pb 16:32
[65] N.T.: Ef 4:22-23
[66] N.T.: George Gordon Byron (1788-1824), conhecido como Lord Byron, foi um poeta britânico e uma das figuras mais influentes do romantismo.
[67] N.T.: Elie Émile Gabriel Poirée (1850-1925) – compositor e crítico musical francês
[68] N.T.: Paul Marie Théodore Vincent d’Indy (1851-1931) foi um compositor e professor francês.
[69] N.T.: Nascido John Pitts (187-1941) foi um crítico de música, poeta e novelista estadunidense.
[70] N.T.: Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e a Mente.
[71] N.T.: Franz Liszt (1811-1886) foi um compositor, pianista, maestro, professor e terciário franciscano húngaro do século XIX. Seu nome em húngaro é Liszt Ferenc.
[72] N.T.: conhecido por suas longas escalas ascendentes e uma série em cascata de dominantes aplicadas que facilitam as modulações em C maior e Fá maior. (marca do metrônomo: semínima = 69)
[73] N.T.: Vivace é utilizado como um andamento musical indicando que um movimento tem cadência com vivacidade e, portanto, está em um andamento rápido. Difere do Allegro e outros movimentos rápidos por seu carácter dançante, geralmente também é escrito em 3/4 ,3/8 e variantes. Nas sonatas e concertos costuma ser o último movimento por ser mais leve.
[74] N.T.: Angela Isadora Duncan (1877- 1927) foi uma coreógrafa e bailarina norte-americana, considerada a precursora da dança moderna.
[75] N.T.: Coribantes eram divindades menores na mitologia grega, cujos centros de culto antigos encontravam-se nas ilhas de Rodes e Cós e no interior anatólico.
[76] N.T.: Cibele era uma deusa originária da Frígia. Designada como “Mãe dos Deuses” ou Deusa mãe, simbolizava a fertilidade da natureza.
[77] N.T.: Gibran Khalil Gibran (1883-1931), também conhecido como Khalil Gibran (em inglês, referido como Kahlil Gibran[a]) foi um ensaísta, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa, também considerado um filósofo, embora ele mesmo rejeitou esse título.
[78] N.T.: Philip Hale (1854-1934) foi um crítico de música norte-americano.
[79] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.
[80] N.T.: Hector Berlioz (1803-1869) foi um compositor romântico francês.
[81] N.T.: Percy Bysshe Shelley (1792-1822) foi um dos mais importantes poetas românticos ingleses.
[82] N.T.: Prometheus Unbound é um drama lírico em quatro atos de Percy Bysshe Shelley, publicado pela primeira vez em 1820. Trata-se dos tormentos da figura mitológica grega Prometeu, que desafia os deuses e dá fogo à humanidade, pelo qual é submetido ao castigo eterno e sofrimento nas mãos de Zeus.
[83] N.T.: Sir George Grove CB (1820-1900) foi um engenheiro e escritor inglês sobre música, conhecido como o editor fundador do Grove’s Dictionary of Music and Musicians.
[84] N.T.: Martin Gustav Nottebohm (1817-1882) foi um pianista, professor, editor musical e compositor que passou a maior parte de sua carreira em Viena. Ele é particularmente celebrado por seus estudos de Beethoven.
[85] N.T.: Cristo Jesus, ouvindo isso, partiu dali, de barco, para um lugar deserto, afastado. Assim que as multidões o souberam, vieram das cidades, seguindo-o a pé. Assim que desembarcou, viu uma grande multidão e, tomado de compaixão, curou os seus doentes. Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizendo: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas, Cristo Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. Disse Cristo Jesus: “Trazei-os aqui”. E, tendo mandado que as multidões se acomodassem na grama, tomou os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu e abençoou. Em seguida, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões. Todos comeram e ficaram saciados, e ainda recolheram doze cestos cheios dos pedaços que sobraram. Ora, os que comeram eram cerca de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. (Mt 14:13-21)
[86] N.T.: Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, eu nada seria. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria. A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará. Quanto às profecias, desaparecerão. Quanto às línguas, cessarão. Quanto à ciência, também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. Mas, quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, essas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade. (ICor 13:1-13)
[87] N.T.: Edward Carpenter (1844-1929) foi um poeta inglês, socialista, filósofo, antologista e um dos primeiros ativistas políticos.
[88] N.T.: (1891-1967) escritor estadunidense.
[89] N.T.: (1900-1950) foi um escritor sobre música inglês.
[90] N.T.: Ernest Markham Lee (1874-1956) foi um compositor, autor, conferencista, pianista e organista inglês.
[91] N.T.: (1896-1985) foi um violista e autor inglês.
[92] N.T.: Arturo Toscanini (1867-1957) foi um maestro italiano. Um dos mais aclamados músicos do século XIX e XX, ele foi renomado pela sua brilhante intensidade, seu inquieto perfeccionismo, seu fenomenal ouvido para detalhes e sonoridade da orquestra e sua memória fotográfica. Ele é especialmente considerado um competente intérprete das obras de Giuseppe Verdi, Ludwig van Beethoven, Johannes Brahms e Richard Wagner.
[93] N.T.: Sigmund Gottfried Spaeth (1885-1965) foi um musicólogo americano.
[94] N.T.: Fidelio (em português Fidélio), Op. 72b, é um Singspiel em dois atos, de Ludwig van Beethoven, com libretto de Joseph Sonnleithner e Georg Friedrich Treitschke baseado no libreto de Léonore ou L’Amour Conjugal (1798), peça em “prosa entremeada de canto”, de Jean-Nicolas Bouilly, baseada nas memórias do autor sobre os acontecimentos da França durante o Terror, quando ele era promotor público do Tribunal Revolucionário de Tours.
[95] N.T.: (1861-1941) foi um polímata bengali que trabalhou como poeta, escritor, dramaturgo, compositor, filósofo, reformador social e pintor.
[96] N.T.: Johann Christoph Friedrich von Schiller (1759-1805), mais conhecido como Friedrich Schiller, foi um poeta, filósofo, médico e historiador alemão. Schiller foi um dos grandes homens de letras da Alemanha do século XVIII e, assim como Goethe, Wieland e Herder, é um dos principais representantes do Classicismo de Weimar, e é tido como um dos precursores do Romantismo alemão. Sua amizade com Goethe rendeu uma longa troca de cartas que se tornou famosa na literatura alemã.
[97] N.T.: o original em alemão:
O Freunde, nicht diese Töne!
Sondern laßt uns angenehmere
anstimmen und freudenvollere.
Freude! Freude!
Freude, schöner Götterfunken
Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken,
Himmlische, dein Heiligtum!
Deine Zauber binden wieder
Was die Mode streng geteilt;
Alle Menschen werden Brüder,
Wo dein sanfter Flügel weilt.
Wem der große Wurf gelungen,
Eines Freundes Freund zu sein;
Wer ein holdes Weib errungen,
Mische seinen Jubel ein!
Ja, wer auch nur eine Seele
Sein nennt auf dem Erdenrund!
Und wer’s nie gekonnt, der stehle
Weinend sich aus diesem Bund!
Freude trinken alle Wesen
An den Brüsten der Natur;
Alle Guten, alle Bösen
Folgen ihrer Rosenspur.
Küsse gab sie uns und Reben,
Einen Freund, geprüft im Tod;
Wollust ward dem Wurm gegeben,
Und der Cherub steht vor Gott.
Froh, wie seine Sonnen fliegen
Durch des Himmels prächt’gen Plan,
Laufet, Brüder, eure Bahn,
Freudig, wie ein Held zum Siegen.
Seid umschlungen, Millionen!
Diesen Kuß der ganzen Welt!
Brüder, über’m Sternenzelt
Muß ein lieber Vater wohnen.
Ihr stürzt nieder, Millionen?
Ahnest du den Schöpfer, Welt?
Such’ ihn über’m Sternenzelt!
Über Sternen muß er wohnen.
[98] N.T.: Mt 25:23
O Estudante mediano está familiarizado com a escala diatônica de sete tons e com a escala cromática de doze tons na música.
Ele também está familiarizado com a escala de cores de sete tons conhecida como espectro.
Poucas pessoas, no entanto, sabem que à medida que a visão humana se sensibiliza e se desenvolvem instrumentos mais refinados para a investigação, uma escala de cores de doze tons será revelada.
Aqueles que possuem capacidade de explorar reinos internos veem neles muitas cores bonitas que são, atualmente, invisíveis para os olhos físicos comuns, algumas delas muito requintadas para descrição.
1. Para fazer download ou imprimir:
Luz, mais Luz – Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
LUZ, MAIS LUZ
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1962, Light, more Light – Issued by New Age Interpreter
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP
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LUZ, MAIS LUZ
No começo, no alvorecer de um novo Dia de manifestação, Deus disse: “Haja Luz”[1]. Esse foi o primeiro decreto criador. Foi a ação inicial tomada pelo Ser Divino, ao entrar em outro dos ciclos cósmicos, externos e eternamente recorrentes.
O aparecimento da luz foi, portanto, fundamental para todo o processo criativo do período extremamente longo que se seguiu. A reativação da luminosidade no coração de Deus, a nova liberação da Luz Divina, pôs em movimento a Substância Raiz Cósmica do espaço circundante, dentro de uma extensão específica e limitada pela vontade de Deus. Então, uma nova criação foi lançada no espaço sideral.
A luz que emergiu no começo, como registrada no Gênesis, também é a luz que prevalecerá no final deste Dia de Manifestação, conforme relatado por São João no Livro final das Escrituras Cristãs[2]. Quando São João foi elevado em espírito a um ponto de iluminação em que estava “na luz como Ele está na luz”[3], ele viu a Nova Jerusalém, a cidade em que “não havia noite”[4]. “Lá”, relata o Revelador, “não havia mais a necessidade do Sol ou da Lua para brilhar nela”, pois o “Cordeiro é a sua luz”[5].
Deus é luz. Ele é tudo em tudo. Ele é o começo e o fim, o Alfa e o Ômega da existência. É n’Ele que todas as coisas criadas vivem, se movem e têm o seu ser. Nos estágios evolutivos anteriores, todos os elementos da natureza e todas as criaturas vivas gravitavam natural e instintivamente em direção a essa luz. Numa fase posterior, com o surgimento do quarto reino, o humano, o instinto deu lugar à inteligência e a obediência, até então inconsciente da Lei cósmica, foi substituída pela consciência da individualidade, tendo a prerrogativa divina da liberdade para escolher o caminho a seguir. A partir de então poderia continuar seu curso em direção à Luz da qual surgiu ou se aventurar por um curso oposto e escuro. Essa é a condição do ser humano em seu atual estado de evolução. Ele está no ponto médio da sua jornada evolutiva. Nessa posição é livre para escolher a estrada superior ou a inferior e pode viajar na direção da luz ou reverter para a escuridão.
No Esquema de Evolução setenário o ser humano está evoluindo na metade, no quarto dos sete Períodos de tempo extremamente longo. Ele também está na quarta posição, a média, entre sete Reinos. Abaixo dele estão os Reinos mineral, vegetal e animal, representando etapas da consciência atravessadas no passado, enquanto acima estão os três reinos dos: Anjos, Arcanjos e Senhores da Mente, com os quais ele se relaciona diretamente em sua atual constituição sétupla e dos quais a exaltação ele está destinado a atingir, nas eras que se avizinham. Então, novamente encontramos o ser humano ocupando uma posição intermediária, momento em que o caminho escolhido determinará a direção futura da alma.
Aproximando-se da experiência atual, o ser humano agora se encontra em um período histórico e crucial para o futuro destino da onda de vida. Não é um apelo ocioso que os evangelistas ortodoxos estão fazendo, ao enfatizar essa época como “o tempo aceito”. Tampouco a afirmação de muitos e diversos observadores da cena atual de que o presente conturbado e instável seja um fatídico Tempo de Decisão.
Algo de suprema importância ocorreu, sem dúvida, na primeira metade do século XX. As guerras mundiais levaram o conflito secular entre forças opostas ao clímax. Embora essa disputa não tenha terminado com a inauguração do Milênio ou da Era de Ouro, ela derrotou um terrível mal que ameaçava varrer a humanidade para debaixo do seu domínio sinistro. As forças que se voltaram mais para o caminho da direita que para a esquerda seguiram a ascensão. Resta agora determinar se a vantagem obtida pode ser mantida e fortalecida, mesmo contra as poderosas forças materialistas empenhadas em manter o ser humano ligado ao cérebro e à Terra.
A Percepção e Utilização da Luz pelo Ser humano
Após a descida do Ego humano à encarnação física, seu ambiente externo se tornou cada vez mais claro e aberto à medida que a autoconsciência se desenvolvia e se tornava mais nítida no mundo exterior. Os primeiros lemurianos[6] perceberam pouco com seus olhos pequenos e piscantes, enquanto os atlantes[7] posteriores viviam em uma atmosfera cheia de neblina. A luz brilhante do Sol nunca foi vista. Ao entrar na Época Ária, a Época atual, quando a consciência se firmou decididamente na existência física, o ar se purificou e o ser humano começou a viver à luz do sol.
Contudo, ainda havia a escuridão da noite, exceto por alguma luz que brilhasse no céu estrelado. O ser humano primitivo esperou muito tempo pela luz de sua própria criação. Outros séculos se seguiram com a luz estando limitada a velas tremeluzentes, tochas acesas e fogueiras. No entanto, o espírito sempre apalpador do ser humano, em busca de luz e mais luz, levou-o, ao longo do tempo, à produção artificial de luz por gás e ainda mais tarde, em nossos dias, à conversão da energia elétrica em um iluminante universalmente disponível.
Essa tremenda mudança nas condições externas sob as quais a onda de vida humana vive hoje ocorreu em um breve momento, em relação aos milhões de anos em que o ser humano tem evoluído neste Planeta. Ele se desenvolveu com uma rapidez incrível, mesmo em termos de tempo histórico. Apenas tão recente quanto a virada do século, a iluminação elétrica para ruas, prédios públicos e casas ainda estava em sua infância. Hoje, essa luz baniu literalmente a escuridão da noite de nossas cidades e, agora, está a caminho de também iluminar os amplos espaços abertos do campo.
No entanto, tudo isso provou ser apenas um prelúdio para a apresentação de desenvolvimentos. Com a liberação da energia atômica, o ser humano deu mais um passo para levantar o véu da refulgência ofuscante da própria Deidade manifesta.
O ser humano transforma seu ambiente externo na medida em que estende seus poderes potenciais no âmbito físico, psíquico e espiritual. Ele constrói o olho físico para perceber a luz externa. Ele desenvolve a visão espiritual para perceber as atividades do Plano interior. À medida que a consciência se torna mais clara e forte, mais alta e ampla, a luz interior assume um brilho crescente que encontra sua contraparte no ambiente externo em que vive.
Até que ponto discernimos a luz que brilha nas trevas depende do nosso poder de visão. O que é luz para nós é escuridão para alguns insetos e a luz do Clarividente enxerga iluminação onde o olho normal percebe apenas escuridão.
Em nossa própria vida, a expansão da consciência, que vem com o advento da Era Espacial e segundo a grande aceleração em todos os aspectos da vida, o chamado é mais claro e alto do que nunca para luz, mais luz. Testemunhe as catedrais mal iluminadas do passado e as igrejas iluminadas do presente ou mesmo o edifício de vidro recém-construído na costa da Califórnia, em Palos Verdes. Também deve ser notado o rápido aumento do uso de vidro na construção de residências, escolas, edifícios comerciais e fábricas que podem ser vistos na cidade, na vila ou no campo. Em todos os lugares, o desejo de viver na luz está manifesto. É uma aspiração interior que encontra expressão externa.
O Segredo da Luz
Em 1947, surgiu um livro intitulado “O Segredo da Luz”. É de Walter Russell, eminente artista, cientista e filósofo. Dedicado “Ao Deus Único, o Universal” e endereçado “Para aqueles que buscam inspiração, conhecimento e poder mediante maior compreensão da Luz”.
O Sr. Russell equipara Luz a Deus. É um tratado profundamente científico e religioso. Escreve o Sr. Russell no prefácio: “Cristo Jesus disse: ‘Deus é Luz’; mas, nenhum ser humano daquela época entendeu o que Ele quis dizer. Chegou o dia em que todos os homens devam entender o que Cristo Jesus quis dizer, quando disse ‘Deus é luz’. Pois dentro do segredo da Luz há um vasto conhecimento ainda não revelado ao ser humano. A Luz é tudo o que existe; é tudo com o que temos de lidar, mas ainda não sabemos o que ela é. O objetivo desta mensagem é dizer o que ela é”.
Russell, em seguida, enumera uma longa lista de perguntas referentes aos mistérios da vida e às quais ainda não há respostas. Porém ele acrescenta: “Dentro do segredo da Luz está a resposta para todas essas perguntas, até agora não respondidas, e muitas outras que as eras ainda não resolveram. Essa revelação da natureza da Luz será a herança do ser humano nesta Nova Era, a Era de Aquário, vindoura e de maior compreensão. Seu desenvolvimento provará a existência de Deus por métodos e padrões aceitáveis pela ciência e pela religião. Estabelecerá um fundamento espiritual sob a presente base material da ciência. Os dois maiores elementos da civilização, a religião e a ciência, encontrarão então a unidade em seu casamento. Da mesma forma, as relações humanas se tornarão mais equilibradas por causa do maior conhecimento sobre a Lei universal que está por trás de todos os processos que a Luz usa para entrelaçar as formas padronizadas desse Universo de ondas elétricas”.
“Todos os departamentos da vida serão profundamente afetados por esse novo conhecimento da natureza da Luz: da universidade ao laboratório, do governo à indústria, de nação a nação”.
Esse novo conhecimento está agora literalmente caindo sobre nós. Os cientistas que trabalham nesse campo altamente especializado confessam que mesmo para eles a pesquisa está avançando tão rapidamente que é quase impossível mantê-la atualizada. O que pensar do leigo, então!
Em uma transmissão de rádio feita no dia oito de março, a Universidade da Califórnia, apresentando o “Explorador Universitário”, narrou a fabulosa história da invenção de um dispositivo que revolucionará o uso da luz. O assunto foi tratado novamente pelo mesmo patrocinador em 20 de maio, tendo em vista a enorme importância atribuída a essa descoberta e o amplo interesse que despertou em todas as regiões.
Uma Invenção Maravilhosa
“O incrível LASER” foi o título dado a esses relatórios. Laser é o nome dado ao novo dispositivo, e as letras são a abreviação de “Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation” (Amplificação de Luz por Emissão Estimulada de Radiação). Tem relação com a própria geração da luz. Antes dessa descoberta, disseram-nos, havia muito que pudéssemos fazer para iluminar, mas relativamente pouco podíamos fazer com a fonte de luz propriamente dita. Agora, “no ano histórico de 1900”, há uma ruptura na manipulação e no domínio do fenômeno da própria geração de luz.
O laser é descrito como uma haste de rubi não maior do que um lápis, ao redor da qual se anexa uma lâmpada espiral de flash. Os elétrons no cristal são ativados e acionam a lâmpada. Por meio desse pequeno e aparentemente simples dispositivo, um feixe de luz fraco pode ser intensificado e ampliado em grau aparentemente incrível. Ele gera um calor várias vezes maior que o Sol. A luz assim gerada não irradia em todas as direções, fluindo ao longo de linhas paralelas. É fortemente centralizada, tendo pouca difusão. Dizem que um feixe direcionado a uma tela que esteja a aproximadamente 1,60 km de distância produziria um ponto com apenas uns 30 centímetros de diâmetro e aumentaria em não mais de 16 km, quando chegasse à Lua, a 384.417,5 km de distância. Essa luz nunca foi gerada antes.
As possibilidades criativas que isso coloca nas mãos do ser humano são inimagináveis. Com isso, os chamados milagres já estão sendo realizados. Considere apenas a sua aplicação no campo da arte de curar. De acordo com o “Explorador Universitário”, um raio laser pode passar através de uma lente, penetrar no tecido do corpo e ser focalizado em um ponto predeterminado para realizar cortes delicados, costuras finas de ferida através da fusão da pele, esterilização ou cauterização de áreas extremamente pequenas ou ainda para radioterapia profunda. Que tudo isso nos dê uma pausa para refletir, profunda e reverentemente. Até esse dia de graça, as curas efetuadas pela realização de cirurgias internas e sem a ajuda de agentes físicos ou evidência externa do que estava sendo realizado eram possíveis apenas para o Grande Médico, o Pai das Luzes. Agora, o ser humano começa a seguir Seus passos adotando procedimentos semelhantes. A utilização de um agente não-material para realizar uma cura que antes exigisse operação interna agora substitui em grau importante o uso da instrumentação física.
Nesta aplicação das energias livres e disponíveis no armazém ilimitado da Natureza para fins de cura, temos uma contrapartida científica sobre o poder da oração e a ativação das energias divinas por meio da imaginação e da fé criativa. No primeiro caso, estamos lidando com a luz que pode ser vista com o olho físico; no segundo, com a luz percebida apenas pelo olho do espírito. Ambas emanam da mesma fonte divina, pois Deus é luz. Temos aqui um desenvolvimento que cumpre a afirmação de Walter Russell de alguns anos atrás, como citado anteriormente, de que, à medida que o ser humano penetra mais profundamente nos segredos da Luz, será revelada a ele a própria existência de Deus de forma possível “por métodos e padrões aceitáveis pela ciência e pela religião”. Além disso, estabelecerá um fundamento espiritual sob a presente base material da ciência, unindo assim “os dois maiores elementos da civilização, a religião e a ciência”.
Dessa maneira, pode-se dizer com segurança e sem exagero que neste domínio do fenômeno da luz outro estágio da época foi alcançado na ascensão progressiva do ser humano em direção à Luz e a um estado de cooperação consciente, inteligente e intencional com os Divinos Poderes, na criação do “Grande Homem”.
Assim, a intenção centralizada e voluntária das almas propositalmente dedicadas ao Caminho Iluminado prossegue simultaneamente nos Planos interno e externo do ser. Fora dessa ação focalizada e causadora das Mentes criativas, efeitos momentâneos no Plano da manifestação externa são inevitáveis. Evidências desse tipo já são discerníveis para o observador perceptivo, entre as quais temos boas razões para incluir o dispositivo que amplifica a luz em grau enorme e que multiplica sua aplicabilidade às necessidades e desejos humanos até então inimagináveis. Em outras palavras, a amplificação inimaginável da intensidade e luminosidade de um fraco feixe de luz nos promete que a consciência relativamente fraca que o ser humano agora possui da Luz universal em que está imerso esteja se aproximando de uma condição que penetrará realmente o véu da materialidade, revelando a Luz Divina onipresente e dissipando a ilusão de separação em que vivemos hoje.
O Esplendor do Período de Tempo centrado no Solstício de Junho
O progresso no caminho da luz pode ser grandemente acelerado pela devida observância dos tempos e estações do ano. A qualidade do tempo não é uniforme, como todos sabem por experiência. Há períodos planos e momentos exaltados. Muitos indivíduos viveram à luz de uma revelação ou pela inspiração de alguma verdade esclarecedora e libertadora que surgiu na consciência em um instante fugaz.
O Solstício de Junho, que agora está sobre nós, acima de todas as outras épocas do ano é a estação da luz para nós no hemisfério norte. Nesse Solstício, que ocorre 20, 21 ou 22 de junho (depende do ano), o Sol atinge sua maior ascensão norte. Toda a natureza se alegra em sua refulgência radiante. As marés da vida correm alto. Enquanto elas persuadem os que não pensam nem observam a permanecer sonhadores, despertam rapidamente as almas para aproveitar a vantagem que oferecem para subirmos mais alto.
Como um dos principais pontos de virada do ano, as condições astrais são especialmente propícias para acender a luz interior. A comunicação entre o Céu e a Terra, entre os Mundos visível e invisíveis e a luz externa e interna é mais favorável do que em qualquer outro momento. É como se os portões entre o Mundo interior e o exterior se abrissem.
Nesses pontos cruciais do ano, os processos que conduzem à eterificação final do nosso denso mundo material estão especialmente ativos. Há modificação na estrutura atômica da Terra. Algo dessa natureza ocorre em cada um dos pontos de virada sazonais; ou seja, durante os Solstícios de Junho e Dezembro e Equinócios de Março e Setembro. A Terra é, então, carregada com uma luz adicional. Isso continuará até que nosso Planeta se torne, em uma Era à frente, portanto, um balão de luz incandescente e dourada igual até mesmo ao Sol, seu e nosso Pai. Pelos fatos anteriores, agora é possível apreender melhor o que se tornou possível ao ser humano fazer com o laser que, lembrem-se, obtém sua incrível amplificação de luz como resultado da alteração da estrutura atômica do pequeno cristal que forma seu núcleo.
O Solstício de Junho inicia um verdadeiro festival de luz. No passado remoto, quando o ser humano ainda vivia em forte consciência psíquica com os Mundos espirituais, de onde veio, a resplandecente iluminação dos céus no Solstício de Junho despertou um desejo instintivo de parte do ser humano de participar desse fenômeno celestial de alguma maneira. Isso, ele fez ao acender fogueiras na mais alta eminência, em seu ambiente imediato. Esse tipo de celebração do Solstício de Junho sobreviveu ao longo dos séculos, com alguns vestígios que ainda permanecem em partes da Europa, onde o misticismo da antiguidade ainda não desapareceu completamente.
A luz, luz sobrenatural, é a base da estação do verão e esse fato concorda com os harmônicos divinos, em relação aos Dez Mandamentos[8] e o Sermão da Montanha[9], que foram dados na estação do Solstício de Junho. Cada um deles foi entregue em uma montanha. Eles vieram do alto. Para o povo da Antiga Dispensação, a luz suprema no caminho em direção à Luz foi a Lei emitida por Moisés. Para o da Nova Dispensação veio a luz adicional contida nos preceitos dados por Cristo, no Sermão da Montanha.
Agora, em nosso tempo, novas correntes de luz estão entrando na consciência humana e fornecerão ao mesmo tempo o poder e o entendimento de como viver melhor segundo o que esses dois grandes lançamentos que a Lei e o Amor nos trouxeram. A Sabedoria Antiga e os Mistérios Cristãos estão voltando silenciosa e discretamente à Luz. Dessas fontes virá um entendimento mais profundo e um reconhecimento mais claro do fundamento científico e religioso da orientação dada por Moisés, em termos de lei, e por Cristo, referente ao amor. Isso, por sua vez, dará força às almas aspirantes, moldando suas vidas de acordo com esses guias de conduta humana divinamente inspirados.
A Era da Luz
Estamos vivendo um tempo explosivo e expansivo. É a Era Atômica, a Era Espacial, a Era da Velocidade. É também a Era da Luz.
A última denominação não demorará muito para encontrar também uma adoção universal. A luz pode muito bem assumir o aspecto mais distinto do novo mundo transformador, agora no emocionante estágio do seu amanhecer luminoso.
O surgimento dessa nova era da luz não acontece apenas neste momento. Chega com hora marcada. Definitivamente, é inaugurada pelo Arcanjo Miguel, cujo semblante é descrito como sendo o do Sol e o esplendor fica próximo apenas ao do Cristo, o próprio Espírito do Sol.
Miguel é um dos sete Arcanjos que supervisionam o destino humano por um período que dura de duzentos a trezentos anos. O mais recente comando de Miguel nessa função foi iniciado no último quarto do século XIX. Desde então, uma luz intensificada tem sido focalizada na Terra por esse radiante Ser celestial. O fato de estar causando seu impacto na consciência humana é amplamente evidente e deve ser considerado, esotericamente, um fator importante no atual desenvolvimento científico da geração de luz mais abundante.
A última era de Miguel ocorreu nos séculos que inauguraram o período Cristão. Nas trevas espirituais que então prevaleciam, Miguel iluminou o caminho para a vinda da Luz do Mundo. Agora, em nossos dias, Sua regência é de importância semelhante. Ele está iluminando o caminho para o reaparecimento do Cristo.
Em Sua primeira vinda, o Cristo manifestou-Se à vista física. Na segunda, Ele aparecerá apenas à visão etérica. No momento, não é mais necessário que Ele volte à forma física, porque Sua obra redentora, através da encarnação terrena, tornou possível ao ser humano subir parte da escada do Ser e contatá-Lo visivelmente no próximo nível mais elevado da vida, o etérico.
Como observado anteriormente, os olhos humanos foram criados para que o espírito interno pudesse observar a luz circundante. Para poder enxergar a vida no plano etérico essa visão está agora em processo de apuração pela sensibilização. É com essa visão superior que o ser humano contemplará o retorno do Cristo e não como antes, na forma física; mas, em Seu traje etérico de Luz. Como São Paulo escreveu na sua Epístola aos Tessalonicenses, nós O encontraremos “no ar”[10]; isto é, nos Éteres luminosos.
Dias maravilhosos são esses em que vivemos! Porém com certeza nem tudo é doçura e luz na Terra. À medida que a luz penetre cada vez mais profundamente na escuridão, traz à tona antigos males ocultos que serão dissipados e transmutados. Que isso não seja motivo de desespero. É um desafio a ser cumprido, uma condição a ser corrigida, uma vitória a ser conquistada, uma promoção a ser ganha. O Cristo pronunciou a palavra consoladora e testificadora para um tempo trágico e conturbado como o nosso. Ele previu a aproximação inevitável desses males. Quando eles chegarem, disse Ele, então “olhem para cima, porque sua redenção estará próxima”[11].
Hoje, a humanidade está à beira de uma mudança histórica. Vastas possibilidades estão bem à frente para toda a raça humana. Eventos que têm a força suficiente para elevar a humanidade a um nível superior. Há uma grande tensão. Crises seguem crises, assim como oportunidades surgem após oportunidades. A partir dos planos internos, os eventos são projetados para criar um centro de forças favorável que servirá para elevar e libertar o espírito humano. Um novo princípio está sendo acelerado no ser humano, um que traz novas percepções das realidades eternas. A consciência de massa está sendo elevada por um processo que leva a nada menos que uma Iniciação planetária.
A jornada à frente está voltada para o leste. Em direção à luz. Ela nos leva ao Senhor Cristo, a Luz do Mundo, e através da Sua mediação, leva-nos à união com o Pai, o Deus da Luz. Verdadeiramente, “Os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem entraram no coração do ser humano as coisas que o Deus da Luz preparou para aqueles que O amam”[12].
[1] N.T.: Gn 1:3
[2] N.T.: Livro da Revelação ou Apocalipse
[3] N.T.: 1Jo 1:7
[4] N.T.: Apo 21:25
[5] N.T.: Apo 21:23
[6] N.T.: nós, quando vivemos na Época Lemúrica
[7] N.T.: nós, quando vivemos na Época Atlante
[8] N.T.: Ex 20:1-17
[9] N.T.: Mt 5 e Mt 7
[11] N.T.: Lc 21:28
O mundo está experimentando as convulsões que inevitavelmente acompanham a passagem da humanidade de uma Era para outra, quando o Velho cede lugar ao Novo.
Em uma forma de arte de beleza incomparável, Wagner traça o processo com discernimento profético, revelando as forças que levam à dissolução da velha Ordem e as que estão trabalhando sob os destroços externos, preparando o terreno para um amanhã melhor e mais brilhante.
1. Para fazer download ou imprimir:
Livro: O Ciclo do Anel de Richard Wagner – por Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
O CICLO DO ANEL DE RICHARD WAGNER
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1961, Part III from book: Esoteric Music of Richard Wagner: Richard Wagner’s Ring Cycle – Issued by New Age Interpreter
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP
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ÍNDICE
Introdução aos Pioneiros da Nova Era
PARTE IV – DIE GOTTERDAMMERUNG
O Ciclo do Anel de Wagner será apresentado pelo menos três vezes nesta temporada pela Companhia Metropolitana de Ópera de Nova York[1]. Essas produções têm muito mais a oferecer do que entretenimento e prazer estético. Elas são um comentário profundo sobre os tempos em que vivemos. Neste século, o mundo está experimentando as convulsões que inevitavelmente acompanham a passagem da humanidade de uma Era para outra, quando o Velho cede lugar ao Novo. Em uma forma de arte de beleza incomparável, Wagner traça o processo com discernimento profético, revelando as forças que levam à dissolução da velha Ordem e as que estão trabalhando sob os destroços externos, preparando o terreno para um amanhã melhor e mais brilhante.
A seguir, procuramos chamar a atenção do leitor para as características mais salientes dos dramas musicais, vistas do ângulo de sua história, significado evolucionário e cósmico.
Nos quatro dramas musicais que compõem o que se tornou conhecido como o Ciclo do Anel, Wagner previu o conflito que está destruindo o século XX, uma agitação que tem sua origem na insegurança econômica e uma perda cada vez maior de valores espirituais. Wagner também aponta para uma conclusão centrada na nova Ordem mundial que substituirá o caos existente. A Nova Era estará centrada em igualdade e bem universal, enquanto a velha estava situada no bem de um judeu, independentemente do bem-estar das massas.
Richard Wagner foi um prenúncio verdadeiro e dedicado da Nova Era. Tanto sua vida como sua arte gloriosa carregam a impressão do idealismo da Nova Era. No ano de 1848, ele foi exilado da Alemanha por causa de suas ideias radicais e atividades revolucionárias; ainda assim, a mensagem que deixou pode aparecer em qualquer periódico liberal de hoje.
“Vemos ou cheiramos nisto a doutrina do comunismo? Somos tão tolos ou perversos que declaramos que a necessária redenção da raça humana da escravidão mais grosseira e imoral que foi usada para estruturar o materialismo é o mesmo que colocar em prática a doutrina mais absurda e sem sentido, o comunismo? Não vemos que nesta doutrina de uma divisão matematicamente igual de propriedades e ganhos há uma tentativa impensada de se resolver o problema? Mas vamos, assim, descrever o problema como absurdo e sem sentido? Cuidado!”.
“O resultado de trinta e três anos de paz mostra a sociedade humana hoje em tal estado de ruína e pauperismo que até o final deste ano veremos ao seu redor as figuras medonhas da fome pálida! Tomemos cuidado, antes que seja tarde demais! Não demos esmolas, mas reconheçamos o direito, o direito humano concedido por Deus, ou nós poderemos viver o dia em que a Natureza, violada e zombada, vai se erguer em vingança brutal. Então seu clamor selvagem de vitória poderá anunciar o comunismo; e se durar apenas um breve período, porque é impossível que seus princípios prevaleçam, essa regra temporária seria o suficiente para destruir, talvez por muito tempo, todas as conquistas de uma civilização com dois mil anos de idade. Você supõe que eu lhe esteja ameaçando? Não, estou avisando!”.
No ato de abertura do primeiro drama musical do Ciclo, O Ouro do Reno, o brilho cintilante e derretido do ouro é visto flutuando livremente nas águas do rio Reno. Sua massa de beleza dourada simboliza a consciência do Bem. O anão Alberich — que, com seus gigantes, tipifica a Ordem antiga — tira o ouro das águas e o converte em um Anel, simbolizando assim o confinamento ou limitação do Bem. Entretanto, para fazer isso, ele precisa renunciar ao amor. Em outras palavras, deve sacrificar o bem da humanidade em geral ao engrandecimento de poucos.
Wotan, pai dos deuses, representa a mente das massas de uma Ordem cujos poderes estão diminuindo como resultado de seu mau uso. Sua esposa Fricka caracteriza as regras e regulamentos rígidos pelos quais essa Ordem foi mantida. Sua casa, o magnífico castelo gótico de Valhalla, a fortaleza da Ordem, foi construída para eles pelos gigantes. Wotan se alegra em seu trabalho — pois os de um estado passageiro não podem conceber algo superior a si mesmos e esperam com confiança uma existência eterna.
Desejando aumentar seu poder, Wotan, por astúcia e insinuações, apanha o Anel de Alberich. Antes de abandoná-lo, no entanto, o anão o amaldiçoa: “A morte será a porção de quem o possuir. Ele nunca conhecerá felicidade ou alegria, porém será consumido pelo cuidado e pela ansiedade; enquanto quem não o possuir será dilacerado pela inveja. Quem é dono do Anel se tornará seu escravo até o dia em que for devolvido a sua liberdade no rio Reno”. Podemos notar os efeitos trágicos dessa maldição quase todos os dias, nas manchetes de nossos jornais.
A turbulência mundial é o resultado de um conflito entre duas classes, os “que têm” e os “que não têm”. Desigualdades trágicas podem ser vistas em todas as nossas grandes cidades, onde a minoria vive de luxo, enquanto números incontáveis suportam as condições de pobreza das favelas. Situação semelhante é mantida em toda a América do Sul; nos países do Oriente Próximo e do Extremo Oriente isso, agora, atrai atenção geral. Uma civilização construída sobre essas desigualdades não pode e não vai durar. A consciência da Nova Era não permitirá que aqueles que possuem uma riqueza fabulosa gastem centenas de milhares de dólares em uma noite de prazer egoísta, quando milhões de outros seres humanos quase morrem de fome.
Dois temas musicais, o Amor de Golã e a Maldição do Ouro, estão entre os mais poderosos de todo o Ciclo do Anel. No final de O Ouro do Reno, Wotan e os deuses retornam a Valhalla, significando o apego mental das massas ao padrão estabelecido pela Ordem antiga. Há, no entanto, um raio de luz que se manifesta nesse retorno: eles devem voltar pela ponte do arco-íris. O arco-íris é simbólico e representa um novo dia cheio de beleza e luz. É uma promessa para o futuro. Isso está bem descrito na requintada Música do Arco-íris.
Enquanto Wotan refaz seus passos em direção a Valhalla, um brilho enevoado surge da terra; sob sua luz pode-se discernir a forma de Erda, deusa da terra e mãe dos três destinos: passado, presente e futuro. Seu tema musical é uma expressão da Sabedoria Antiga. Ela representa a Lei imutável e inescapável de Consequência, descrita biblicamente em Gálatas 6: 7 — “Tudo que o homem semear, isso também ele ceifará”. Erda emite um aviso a Wotan: “Fuja do anel amaldiçoado. Há ruína sem fim para você, em seu poder. Tudo que foi, eu conheço. Tudo que será, eu também conheço. Erda, a eterna, convoca-lhe. Tudo que existe chegará ao fim. A noite cairá sobre os deuses. Eu lhe aviso: desista do Anel”.
Quando a primeira cena de A Valquíria acontece, uma tempestade terrível atinge a floresta e curva as árvores poderosas. No centro do palco, há uma pequena cabana, a casa de Hunding e sua bela esposa, a jovem Sieglinde. À porta da cabana chega um estranho que está ensopado de chuva: é Siegmund, o Andarilho. Ele entra e se joga perto da lareira, diante de um fogo aberto. Quando Sieglinde aparece, ele pede abrigo noturno contra os elementos furiosos, dizendo a ela que foi atacado por inimigos que pegaram sua espada e, então, ele se perdeu.
Logo surge Hunding, sombrio, grosseiro, desconfiado. Quando descobre que o estrangeiro esteja em guerra contra seus parentes, imediatamente declara sua inimizade, jurando que, embora a hospitalidade seja concedida durante a noite, no dia seguinte eles devam se enfrentar em combate.
Hunding tipifica a convenção. Ele mantém as regras e regulamentos da Ordem antiga, demonstrando animosidade imediata em relação a tudo que pertença à Nova Ordem. Siegmund e Sieglinde são pioneiros do Novo Dia; portanto, há reconhecimento instantâneo um do outro, de seus ideais e objetivos comuns.
Quando Hunding se recolhe, Sieglinde retorna e pede a Siegmund que fuja enquanto ainda há tempo. Ele responde que seu nome seja Infortúnio e ela diz que ele não possa trazer mais tristeza à casa do que já existe ali. O preço do pioneirismo é sempre o ridículo, o mal-entendido e a perseguição.
Sieglinde informa ao estranho que, na noite de seu casamento forçado com Hunding, outro desconhecido enfiou uma espada no coração do grande carvalho diante da porta, prevendo que, quando um herói alcançasse o poder para retirar a espada, chamada Nothung, sua escravidão terminaria. Cheio de entusiasmo, Siegmund corre ao local e retira facilmente a arma mágica, quando Sieglinde grita: “Seu nome não é mais Infortúnio, pois agora você é o Vitorioso. Veja”, ela continua, “a tempestade acabou e a primavera chegou!”. De mãos dadas, eles caminham em direção às belezas da floresta.
A espada, que desempenha um papel muito importante em todo o Ciclo do Anel, caracteriza a verdade em sua pureza original. Ela pode ser usada bem e sabiamente apenas por aqueles que possuem a mente iluminada e dedicada. E de toda a música magnífica em A Valquíria, nenhuma é mais requintada do que a Canção do Amor e a Canção da Primavera, ouvidas nesta primeira cena.
Provavelmente as mais familiares e amadas de todas as músicas de Wagner, essas composições o tornaram imortal. As Valquírias são donzelas ousadas que, em corcéis de fogo, correm pelo ar para reunir os guerreiros que tiveram mortes de herói e carregá-los até o Valhalla. A música delas eleva nosso espírito a uma altura que transcende as limitações de tempo e espaço. É verdadeiramente “música infinita”.
Brunnhilde, a líder das Valquírias, simboliza o espírito da verdade. Suas simpatias vão imediatamente para Siegmund e Sieglinde, embora Wotan e Frika exijam que durante o próximo combate ela deva prestar assistência a Hunding. Ela se recusa e, na passagem alta da montanha onde a batalha acontece, é vista pairando sobre Siegmund para lhe proteger dos golpes de Hunding. O sucesso de Siegmund está quase garantido, quando surge um tremendo trovão e Wotan aparece no ar, acima de Hunding. O deus quebra a espada de Siegmund, deixando-o indefeso contra o golpe final de Hunding. Segue um silêncio ofegante, enquanto Siegmund está morrendo. É como se o próprio batimento cardíaco do universo estivesse quieto e toda a natureza prendesse a respiração, aguardando um evento sinistro.
Brunnhilde assenta a chorosa Sieglinde sobre seu corcel e corre para a floresta. Ela então sussurra para a donzela de coração partido: “Mantenha seu rosto sempre em direção ao leste. Seja sempre corajosa e ousada, pois você carrega em seu coração alguém que trará nova luz aos homens. O mundo ainda está preso à Ordem antiga, mas no horizonte surge um brilho de promessa”. O espírito da verdade não declarou, assim, que Siegfried, filho de Siegmund e Sieglinde, seja o portador da luz de um novo dia?
Depois que Brunnhilde esconde Sieglinde na floresta, ela volta e enfrenta Wotan, que está irado. De forma lamentosa, diz a ele que, ao ajudar Siegmund em vez de Hunding, estivesse vivendo mais perto de sua própria natureza superior do que ele mesmo. Wotan, de forma relutante, admite a acusação.
É significativo notar que em O Ouro do Reno os dois gigantes, Fafner e Fasolt, mantêm Freia, deusa do amor e beleza, em cativeiro e se recusam a deixá-la ir até que esteja tão completamente coberta de ouro que não possam vê-la.
Wotan diz a Brunnhilde que, por causa de sua desobediência, ele lançará um feitiço sobre ela — o que significa que a verdade não possa funcionar da maneira ideal, se o mundo estiver preso à antiga Ordem. Ele acrescenta que ela deva dormir em uma montanha alta, cercada por fogo mágico, para que apenas um herói possa despertá-la. Enquanto ela afunda no sono profundo, três vezes Wotan golpeia a pedra com sua lança, enquanto exclama: “Durma até que alguém chegue para despertar quem é mais livre do que eu”. Ao pronunciar essas palavras, o tema de Siegfried, anunciando musicalmente o libertador que está por vir, é ouvido na orquestra.
Na beleza celestial e mágica de sua Música do Fogo, Wagner deu livre reinado a seu gênio. É a música de um fogo sobrenatural que não queima, porém exalta; o fogo celestial do espírito que produz luz, não calor.
Wagner sempre se referiu a Siegfried como “o homem do futuro”. Todo o alto idealismo com o qual ele dotou a “Nova Ordem das Eras” ele concentrou em Siegfried, seu amado herói.
Dois dos números mais bonitos da ópera são o Filho da Floresta, tema musical de Siegfried, e a Canção da Espada. Em Filho da Floresta, Wagner uniu a beleza da infância ao encanto e harmonia da primavera. Canção da Espada é uma expressão alegre e brilhante do espírito de coragem e liberdade.
Quando Sieglinde morre, ela deixa Siegfried na floresta e coloca ao seu lado os dois pedaços de Nothung, a espada quebrada do seu pai. Aqui ele é descoberto por Mime, irmão do anão Alberich que renunciou ao amor para transformar o ouro do Reno em um anel. Fasolt e Fafner, os dois gigantes que possuíram o Anel pela última vez e um tesouro de ouro resultante, imediatamente começam a brigar por sua posse. Um mata o outro, após o que o vencedor coloca o tesouro dentro de uma caverna e se transforma em um enorme dragão que fica de guarda dia e noite. Essa é uma imagem adequada do egoísmo e da ganância que animam a velha Ordem, qualidades que mantêm a maior parte do mundo em escravidão.
Reconhecendo a magia possuída por Nothung, Mime planeja segurar Siegfried até que ele tenha idade suficiente para consertar a arma — pois o anão se vê matando o dragão e, assim, possuindo o Anel.
Siegfried cresce como um filho da natureza, no meio da floresta encantadora. Ele é capaz de domar animais selvagens porque não tem medo. Pela mesma razão, é fácil para ele refazer a espada quebrada. Quando isso é feito, ele decide matar o dragão e não tem dificuldade em eliminar o monstro que, morrendo, avisa sobre a traição de Mime. Tendo sido avisado, quando Mime lhe oferece uma bebida envenenada, o jovem também mata o falso e deixa seu corpo ao lado do dragão.
Tal ação delineia um passo importante no caminho do discipulado. Mime e o dragão simbolizam os aspectos mais baixos da natureza de desejos do homem. Alguns desejos devem ser eliminados completamente, como Mime foi; outros podem ser transmutados em qualidades mais elevadas da natureza espiritual do homem, como o dragão que auxilia Siegfried. A paixão então se torna compaixão, a intolerância cede à tolerância, o ódio se transforma em amor, o egoísmo é vencido pela abnegação e o espírito de competição é transmutado no de cooperação.
Depois que Siegfried mata o dragão, descobre que se apoderou de muitos segredos da natureza. Ele agora pode entender a linguagem dos pássaros. Assim, à medida que um discípulo refina e sensibiliza suas faculdades puramente humanas, as capacidades superiores tornam-se operacionais, especialmente a intuição. Ele aprende a ouvir sua voz mansa e a seguir sua orientação implicitamente. Na ópera, um passarinho conta a Siegfried que no topo de uma montanha distante jaz uma bela donzela que ele esteja destinado a despertar.
Wotan, a Mente de massa da antiga Ordem, está ciente da vinda de Siegfried. Temendo que seu poder sobre o mundo diminua, ele pede a Erda, deusa da Terra, que lhe diga como parar a “roda rolante”. Ela responde, perguntando por que motivo ele não obtém esse conhecimento de Brunilde, aquela que possui toda a verdade e toda a sabedoria. Wotan é forçado a confessar que, como Brunilde patrocinou uma nova Ordem de eventos, em vez de permanecer leal à antiga, ele a fez dormir. Erda responde tristemente: “Você deveria ser o defensor da verdade; contudo, foi falso, patrocinando o que é injusto e desleal”. Ela então prevê o declínio do seu poder e a chegada de uma nova Era.
Quando Siegfried finalmente chega ao pé da montanha, ele encontra seu caminho barrado pela lança de Wotan. Com sua espada mágica, ele quebra a lança do deus e se vê livre para atravessar. A aparência de Wotan é sempre acompanhada pelos temas de Escravidão e Sono Eterno (cristalização). No início da ópera, o poder de Wotan, a Ordem antiga, é maior. Nesse encontro, no entanto, a Nova Era se aproxima rapidamente, de modo que o poder de Siegfried, a Nova Ordem, permite que ele seja vitorioso.
Em uma carta escrita por Wagner, ele declarou: “Depois que se separou de Brunilde, Wotan na verdade nada mais é do que um espírito apagado; seu objetivo mais alto pode ser apenas deixar as coisas seguirem seu curso, abraçando seu próprio caminho, não mais interferindo definitivamente; por esse motivo, também ele se tornou o ‘Andarilho’. Dê uma boa olhada nele! Ele se assemelha a nós como um fio de cabelo; ele é a soma do intelecto do presente, enquanto Siegfried é o homem do futuro, o homem que desejamos, o homem que queremos e não podemos fazer; ele é o homem que deve se criar mediante a nossa aniquilação”.
Siegfried começa, de forma exultante, a subida da montanha junto da incomparável Música do Fogo. Wagner não estava descrevendo o fogo que queima; a saber, as ilusões e fantasias do mundo material. Ele descreveu o fogo espiritual que inspira, ilumina e exalta. O Caminho do Discipulado, comum a todas as religiões em todo o mundo, leva os aspirantes ao topo da montanha para ficar de frente com o próprio espírito da verdade, pois todas as religiões apontam o caminho para esse mesmo objetivo.
Siegfried passa ileso pelas chamas para se ajoelhar ao lado da Brunilde, adormecida, e a beija nos lábios, quando ela acorda e o aclama como “Senhor da Vida e do Mundo”. De modo contente, ele se dirige a ela como sua estrela e juntos, de mãos dadas, sonham com a nova e mais nobre Ordem, que está por vir.
A mais alta conquista de todos os verdadeiros discípulos é a imortalidade consciente. É nesse clímax que Brunilde e Siegfried cantam seu requintado dueto de amor, onde suas vozes flutuam para cima em êxtase, parecendo até mesmo tocar os reinos celestes:
“Amor iluminado
Rindo da morte”
O caos do mundo atual é motivado, em grande parte, pela terrível desigualdade entre os seres humanos. Isso provocou inquietação, o descontentamento das pessoas e contínuas revoltas entre nações e povos. O Planeta Terra está muito atrasado em relação ao desenvolvimento programado para ele. Hoje, deveria haver um Mundo Unido, manifestando harmonia, abundância e paz permanente.
Ao longo dos tempos, grandes apóstolos surgiram, tentando espalhar um evangelho de fé e liberdade. Na maioria das vezes, encontraram o ridículo, a perseguição e a morte. Richard Wagner foi um desses pioneiros da Nova Era. Ele usou seu gênio para esclarecer a humanidade sobre a causa encoberta na crescente turbulência mundial e a cura para ela. Toda a sua mensagem pode ser encontrada no Ciclo do Anel.
Quando alguém é escolhido para executar um serviço abrangente, ele é guiado ao topo da montanha da inspiração para receber sua comissão. Muitas vezes ela é fornecida em uma visão ou por mensagem direta. Em seguida, ele deve ser experimentado e testado, antes de receber a função de mensageiro confiável. Mesmo o Senhor Cristo, Aquele que mostrou o caminho à humanidade, teve que descer entre os seres humanos, está para realizar Seu maior ministério.
E assim aconteceu com Siegfried. Brunilde lhe dá lições de sabedoria sobre as alturas da inspiração; depois, ela o envia para as estradas e caminhos para proclamar as glórias do Novo Dia. Nesta missão, ele vai ao castelo onde vive o rei Gunther e sua irmã, Gutrune, com o mau Hagen, filho do anão Alberich. Hagen preparou Gunther e Gutrune para a vinda de Siegfried, contando-lhes sobre a gloriosa Brunilde e como ela treinou Siegfried para a função que lhe foi destinada. Além disso, Hagen sugere ao rei que ninguém menos que Brunilde seja a companheira adequada para ele; enquanto que, de Gutrune, extrai a promessa de exercer todos os seus artifícios femininos para ajudar a alcançar o fim desejado de conquistar Siegfried por si mesma.
A maldição do Anel ainda se mantém, embora esteja agora na posse de Siegfried. Hagen planeja afastar os jovens da proteção mágica de Brunilde e, assim, livrar-se de sua interferência, ficando livre para obter o Anel. “Então”, ele exclama alegremente, “eu serei o mestre do mundo inteiro!”. Hagen é um antigo conceito familiar que dominou ditadores em todas as épocas. Eles acreditavam que, se pudessem reprimir todo o reconhecimento dos valores espirituais e sufocar os fogos da liberdade, poderiam governar o mundo por meio de suas proezas humanas. Tal é o sonho daqueles que obteriam o poder dentro de uma ordem mundial em rápida desintegração.
Siegfried entra na presença de Gutrune, que lhe dá um copo de hidromel no qual Hagen jogou a “droga do esquecimento”. Enquanto leva a xícara aos lábios, um passarinho avisa sobre o seu conteúdo envenenado, mas ele não lhe dá atenção. Bebe e perde instantaneamente toda a memória da bela donzela que o espera no topo da montanha, porque sob o feitiço da poção ele se apaixona pela mulher sensual e atrativa que está diante dele. Quando Hagen lhe pergunta se entende a linguagem dos pássaros, ele responde, rindo: “Agora que escuto o riso das mulheres, não consigo mais ouvir os passarinhos”.
Não podemos servir a dois senhores ao mesmo tempo. Devemos fazer uma escolha entre a natureza superior e a inferior. Todos os que alcançam um lugar de destaque, riqueza ou liderança são confrontados com o teste sutil de fazer a escolha entre ganho pessoal e autoengrandecimento, por um lado, ou serviço disposto e auto apagamento, por outro. “Todo aquele que for chefe entre vós, que seja seu servo” é uma advertência sussurrada através dos tempos. Infelizmente, poucos têm sido aqueles que, em lugares altos, foram sábios o bastante e fortes o suficiente para cumpri-la.
Siegfried não apenas esquece Brunilde como, sob o disfarce de Gunther, ele a procura e leva ao vale. Lá, ela é forçada a se casar com o verdadeiro Gunther, enquanto ele próprio está casado com Gutrune. Hagen se alegra com o sucesso do seu esquema maligno. Em seguida, ele organiza uma caçada para o entretenimento de Gutrune e Siegfried, durante a qual mata este.
A Jornada do Reno e a Marcha Funeral de Siegfried são dois dos maiores números musicais que destacam o Crepúsculo dos Deuses. Ambos são compostos de vários temas que descrevem os eventos da vida de Siegfried desde o nascimento até a morte, quando estes se desenrolam diante do seu olhar moribundo, em ordem inversa. (Esta fase da ópera foi abordada em detalhes na MÚSICA ESOTÉRICA, com base na participação musical de Richard Wagner).
O esquife onde Siegfried foi posto é colocado no grande salão do castelo, com o Anel ainda brilhando em sua mão. Hagen o reivindica por si próprio. Quando Gunther proíbe que o pegue, ele puxa sua espada e mata seu companheiro de conspiração. Brunilde tira o Anel do dedo de Siegfried e o coloca por conta própria, dizendo: “Agora tomo minha herança por conta própria! Ó, Anel fatal, eu te pego na minha mão para que possa jogar fora. Irmãs Sábias das Águas, filhas sorridentes do Reno, devolvo o que a vós pertence. Levem para vós: as chamas limparão o Anel e a maldição será lavada no rio”.
Hagen pula no rio, gritando: “O Anel é meu! O Anel é meu! Mas ele está muito atrasado. As Donzelas do Reno já recuperaram o Anel. Dois dos espíritos da água o pegam e seguram sob as ondas, enquanto o terceiro devolve o Anel a seu devido lugar. Pela última vez, a música amaldiçoada soa debilmente e não é mais ouvida. As Donzelas do Reno nadam, enquanto cantam alegremente. O ouro do Reno novamente flui livre, porque não está mais sob a maldição do Anel.
A atual Era de materialismo está centrada no eu e meu: tem sido egocêntrica. A Nova Era estará centrada no “nós e nosso”: será altruísta. A Velha enfatizou a individualidade separatista; a Nova enfatizará a unidade coletiva. Chegará o dia em que a ganância e sua inevitável dor não existirão mais. Uma consciência mundial do Todo-Bem prevalecerá, mais uma vez, entre os seres humanos, como aconteceu quando estavam em paz e sem pecado.
Brunilde declara que acenderá a tocha com a qual queimará o esquife de Siegfried entre as torres do Valhalla, o reduto da Antiga Ordem. Então ela o faz. As chamas e a música aumentam cada vez mais, até a Terra parecer uma massa trêmula e crescente de labaredas com sons que sobem até se perderem entre as estrelas. A fumaça se afasta lentamente e as águas do Reno rastejam sobre as brasas fumegantes.
Wotan, o deus de um dia que acabou, olha tristemente para a destruição de Valhalla. Ele percebe que a Ordem Antiga está morta e que ele era o responsável por sua morte. Ele reconhece que seu poder começou a diminuir quando lançou o feitiço do sono em Brunilde (a verdade) e recorda a acusação de Erda, Deusa da Terra: “Tu deverias ser o defensor da verdade, mas foi falso e patrocinou o que é injusto e desleal”. Enquanto observa as brasas moribundas do seu adorado Valhalla, ele murmura consigo mesmo: “Eu não sou mais um servidor; eu sou apenas um observador”.
No entanto, é apenas um modo de vida e não a própria vida que chega ao fim — um modo que foi tão impedido por obstáculos de chegar ao progresso construtivo que o terreno precisou ser limpo para que uma estrada mais ampla pudesse ser construída.
Neste ponto, temos o motivo da promessa: alto, puro, exultante, acima do tumulto das formas estrondosas: é a Redenção pelo Amor, sem dúvida a música mais transcendente e magnífica de todo o Ciclo. É tão pungente e requintada que tira bastante do fôlego do ouvinte. É a melodia que canta no coração de todo pioneiro que trabalha pela liberdade e irmandade; a mesma música que soou no coração daqueles seres humanos corajosos que assinaram a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América em 1776. De fato, é a música que foi cantada por Anjos acima da pequena cidade de Belém, na noite em que nasceu o Abençoado Emancipador, porque é a palestra musical da “Nova Ordem das Eras”, centrada na Paternidade de Deus e na irmandade dos seres humanos.
Richard Wagner dedicou seu trabalho à grande mensagem do Ciclo do Anel com estas palavras: “Meu precioso conhecimento eu lego ao mundo. Não é mais ouro, nem pompa, casas ou tribunais, nem magnificência nobre, nem o engano dos tratados sombrios, nem a lei hipócrita de maneiras duras; entretanto, apenas uma coisinha tão valiosa nos dias bons quanto nos maus — e isso é o Amor”.
F I M
[1] N.T.: em 1961
A cura permanente necessita da remoção das condições que causam a doença.
Essas condições vão além do físico, usualmente, originada em vidas terrestres anteriores à presente.
Elas têm a ver com a vida mental e emocional do ser humano; elas são o resultado de alguma desobediência, intencional ou ignorante, da lei cósmica.
A doença está enraizada no pecado, e o pecado é o desvio da lei perfeita.
Não é, portanto, um castigo arbitrário imputado ao ser humano desobediente por uma deidade ofendida, mas o resultado inevitável de violações contra os caminhos verdadeiros e saudáveis da Natureza.
1. Para fazer download ou imprimir:
Livro: A Cura Definitiva e a Doença à Luz do Renascimento e dos Astros – por Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
A Cura Definitiva e a Doença à Luz do Renascimento e dos Astros
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
Healing and Disease in the Light of Rebirth and the Stars
1ª Edição em Inglês, 1940, editada por Corinne Heline
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
A Violação Contra os Caminhos Verdadeiros e Saudáveis da Natureza 4
A CONSTITUIÇÃO DO SER HUMANO.. 6
a música com relação ao bem-estar.. 13
A classificação das doenças. 16
A CAUSA ESPIRITUAL DAS DEFICIÊNCIAS FÍSICAS. 39
Se você me perguntasse o que estudar, eu diria: “você mesmo”; e quando você já estudou bem e me perguntasse o que mais estudar, eu responderia outra vez: “você mesmo”.
A cura permanente necessita da remoção das condições que causam a doença. Essas condições vão além do físico, usualmente, originada em vidas terrestres anteriores à presente. Elas têm a ver com a vida mental e emocional do ser humano; elas são o resultado de alguma desobediência, intencional ou ignorante, da lei cósmica. Esta verdade foi tornada clara por Cristo Jesus quando Ele perguntou a Seus Discípulos: “O que é mais fácil dizer: Teus pecados te sejam perdoados, ou dizer: Levanta-te e anda?”.
A doença está enraizada no pecado, e o pecado é o desvio da lei perfeita. Não é, portanto, um castigo arbitrário imputado ao ser humano desobediente por uma deidade ofendida, mas o resultado inevitável de violações contra os caminhos verdadeiros e saudáveis da Natureza. Estando fora de harmonia com as leis da vida, a doença aparece e serve como um aviso ao ofensor de que a restauração da saúde necessita de conformidade com a ordem divina. Deste modo, o ser humano se torna esclarecido, e doloroso apenas porque, na maior parte, ele não aprenderá senão por meio das experiências dolorosas e imediatas. Quando ele chega a reconhecer essas verdades e faz as correções e reajustes necessários, mediante as quais as causas da doença são removidas, os efeitos doentios desaparecem e a cura permanente se torna uma condição estabelecida.
Esta verdade nos foi fornecida pelo Cristo ao curar um homem paralítico. De acordo com o registro, como relatado em Jo 5:5-8; 14[1], Cristo Jesus encontrou uma multidão que estava doente ao lado da piscina de Bethesda, mas parece que havia apenas um entre eles que recebeu a cura. Isto não foi porque Cristo Jesus não quis curar a todos, mas porque Ele, evidentemente, descobriu apenas um em quem Ele reconheceu um espírito receptivo e a fé necessária para receber a cura que um ministério divino poderia conceder a ele.
E, assim, lemos que o Mestre disse ao que foi curado para pegar sua cama e andar, e que o homem curado assim o fez. Mais tarde, quando Cristo Jesus o encontrou no Templo, Ele disse: “Eis que estás curado; não peques mais, para que não te suceda algo ainda pior!”, lembrando-lhe que é uma violação da lei, física e espiritual, que origina a doença, enquanto a obediência a ela evita o seu aparecimento.
Novamente, no Evangelho de São João, lemos sobre o cego de nascença. À pergunta dos Discípulos quanto à causa, o Mestre respondeu: “Que as obras de Deus (o espírito interior) se manifestem”. É através do sofrimento, da dor e da limitação que o Ego desperta para a realização de sua Própria perfeição inata..
Os alunos de Paracelso vieram a ele com a pergunta: “Diga-nos, Ó Mestre, qual é o mistério da natureza e do ser humano! Qual é o mistério da doença e o que é vida e morte?”. A que o antigo sábio respondeu: “Se você decifrar o ser humano, então você deve entender essa linguagem oculta que é revelada ao estudioso, mas escondida do leigo”.
A linguagem oculta a que Paracelso se refere é a dos mistérios que estão escondidos nos grandes ciclos da vida e cujos significados estão escritos nos Astros, para serem decifrados por aqueles que desenvolveram a sabedoria interior. Bem-aventurados os olhos que veem e o coração que compreendem algo do trabalho maravilhoso dessas leis que governam a natureza e o ser humano.
À luz da Sabedoria Ocidental, o ser humano é infinitamente mais do que a forma externalizada contatada com os sentidos exteriores. O ser humano possui uma cadeia de veículos, os quais, exceto o Corpo Denso, são invisíveis à visão comum; mas que, no entanto, estão presentes se interpenetrando mutuamente e funcionando ativamente na manutenção da forma composta por meio da qual o Espírito se manifesta neste plano físico. Quando ocorre qualquer desajustamento entre qualquer um desses veículos, o resultado é uma desordem, de algum tipo, na Mente ou no Corpo, ou em ambos. A natureza e o grau dessas desordens determinam a natureza e o grau da doença resultante. Diagnosticar uma doença perfeitamente é desnudar o alinhamento imperfeito entre os Corpos do ser humano, visível e invisíveis. Portanto, o verdadeiro médico, como observa Paracelso, estuda o invisível com mais seriedade do que o visível.
O Corpo do ser humano é tríplice. Compreende o Corpo Denso (Denso), o Corpo Vital (que é sua contraparte etérica) e o Corpo de Desejos. Esses três veículos interpenetrados estão conectados ao Espírito ou Ego tríplice pelo elo da Mente, o veículo mental.
O Ego tem seu assento na posição relativa à raiz do nariz e usa o sangue como seu veículo especial. O veículo físico especializado do Corpo Vital é o sistema glandular; o do Corpo de Desejos é o sistema nervoso.
As causas profundas e ocultas que estão por trás do mistério da doença e cura – a origem de várias enfermidades, a sua duração e muitos outros problemas igualmente interessantes relacionados com esse assunto – podem ser resolvidas satisfatoriamente pelo ocultista por meio das Leis gêmeas do Renascimento e da Consequência.
Nós seremos muito auxiliados para ter uma compreensão mais adequada da complexidade e profundidade do nosso assunto, considerando, primeiro, as condições pré-natais sob as quais um Ego faz o trabalho preparatório para entrar em outra encarnação em um novo Corpo Denso. Este trabalho inicial começa com a criação do arquétipo que é igual ao Corpo Denso que será formado. Este padrão celestial vivo e vibrante determina o tamanho, a forma e aparência geral do Corpo e, também, a duração da vida útil aqui na Terra.
A qualidade e a força do arquétipo, sejam essas bem lembradas, são dependentes do Ego é da sua vida terrena anterior. Elas são formadas pelas forças vitais geradas no passado pelo próprio Espírito, sendo estas forças um extrato sintetizado do indivíduo, que são experiências anteriores das suas existências aqui na Terra. Quando uma vida terrena foi vivida em condições limitadas, negativas e desarmoniosas – e isso incluiria todo tipo de falta, mal e doença – as essências delas extraídas serão de qualidade correspondente. Uma vez que é fora desta essência que o novo arquétipo é formado, ele será composto de elementos gerados no passado e dos frutos de que reaparecem no próximo Corpo Denso usado pelo Ego.
Nós temos apenas que observar a média dos veículos humanos para perceber como imprudentemente a humanidade, como um todo, tratou seus instrumentos físicos e quão pouco reconhece pensamentos e ações como fatores causadores de saúde ou doença em seu corpo. Como um ser humano pensa, assim ele é. A lei de colher como nós semeamos se aplica em todos os planos do ser. Nós somos o que somos por causa do que fomos e podemos ser o que seremos quando chegarmos à realização do poder criativo do pensamento e adquirimos a capacidade de dirigi-lo, como quisermos. Não há nenhuma limitação colocada sobre o ser humano, mas é aquilo que ele impõe sobre si mesmo que o limita. Quando a maioria das pessoas aceitarem a Lei do Renascimento, sob esse ponto de vista, um emancipado e novo tipo de ser humano, seres humanos que serão verdadeiramente “herdeiros e coerdeiros com Cristo” virá a existir.
A Lei do Renascimento, que decreta que um Ego retorna à vida terrena uma e outra vez até que todas as lições do plano material tenham sido aprendidas, suas possibilidades totalmente exploradas e seus poderes completamente dominados, às vezes, é má interpretada por aqueles que não têm estudado completamente o assunto e entendem como imposição de limitações desnecessárias ao Espírito do ser humano. Mas corretamente compreendida, a Lei do Renascimento vem como uma verdade libertadora que aponta o caminho para as repetidas oportunidades de exercitar as nossas faculdades, dadas por Deus, até que estas sejam desenvolvidas na sua plenitude divina, de acordo com os processos ordenados de evolução da vida, em todos os planos do universo. É a Lei do Renascimento que permite ao ser humano se tornar, de fato, o “mestre de seu destino e capitão de sua alma”.
Depois de um tempo de estudos, nós devemos compreender que a evolução progride em harmonia com a escala musical e que cada Espírito encarnado responde, em certa medida da Alma, a um dos Sete Espíritos ante o Trono de Deus, ou astrologicamente falando, a um dos sete Planetas em nosso Sistema Solar (Esotericamente, somente sete Planetas são pertencentes ao nosso Sistema Solar[2]).
O Planeta ao qual o Ego é sintonizado determina o ritmo do arquétipo que, por sua vez, transmite essa mesma nota dominante aos demais veículos que compõem a personalidade (a persona, a máscara) por meio da qual o Espírito funciona durante a vida terrena. Embora uma nota planetária seja a predominante, os tons combinados dos outros seis Planetas também operam na formação do tecido celestial. Os corpos planetários são veículos onde os Espíritos Planetários habitam, e como seu movimento físico é contínuo, assim também é a atividade dos Espíritos que os animam. Suas radiações influenciam tudo dentro da esfera de suas operações, desde o átomo mais diminuto até a maior esfera dentro do nosso sistema solar. Quanto dessa influência o Ego pode receber e construir em seu padrão de vida depende de seu desenvolvimento, que por sua vez é determinado pela qualidade e pela quantidade da experiência acumulada no crescimento da alma durante os ciclos anteriores de encarnação.
Quando, por exemplo, soar a nota elevada de um Trígono entre o Sol e Netuno nos céus, se o Espírito ainda não despertou as qualidades latentes, tornando-o capaz de responder a esse impulso inspirador elevado, que quando apropriado e manifestado na vida individual leva ao estado exaltado de que conhecemos como Iniciação, nada, consequentemente, lhe acontecerá em termos de consciência. O efeito dessa falha em responder, quando tal tom foi soado, será uma ausência de tal tendência planetária no arquétipo da próxima encarnação. Se, a título de exemplo, uma pessoa reage às forças de uma Quadratura entre os mesmos dois Planetas e experimenta seus efeitos em condições de psiquismo e mediunidade negativos, as tendências para se manifestar novamente essas mesmas condições aparecerão na próxima vida terrena. Se as tentações de ceder à negatividade sob tal Aspecto forem dominadas, e se a consciência for elevada a níveis onde ela se mantenha intocada pela manifestação indesejável da Quadratura, um Aspecto semelhante não terá de ser experimentado na próxima vida terrestre. Se não for dominada, ela reaparecerá, pois, a fraqueza ainda deve ser superada. A vida na Terra é uma escola, e os Espíritos Planetários ante o Trono estão entre os nossos instrutores celestes. Eles não nos obrigam a viver de um modo ou de outro, mas impelem-nos a viver em harmonia com seus caminhos ordenados e em obediência às Leis do bem universal.
A nossa vida é exatamente como está assinalado pelos Astros. Se essa verdade for levada com cuidado na nossa Mente, a concepção errônea, mantida por quem não conhece, que a astrologia implica fatalismo é para sempre removida. Seja qual for o desenho formado pelas linhas de força que admitimos e dirigimos dentro de nosso ser, ele é impresso em nosso arquétipo atual e será transferido dele para o próximo. Esse padrão é refletido em nosso Corpo Denso, onde é expresso como saúde ou doença, dependendo se as forças foram atraídas para padrões de beleza e harmonia ou de feiura e discórdia.
Das penas autocriadas que seguem o desvio de forças, ou para falar astrologicamente, do infortúnio dos Aspectos astrais adversos, o ser humano liberta-se quando aprende os caminhos das leis e vidas divinas em obediência a elas. A libertação da escravidão dos “Aspectos adversos” vem com o despertar do Cristo Interno. A iluminação que se segue a tal despertar conduz a uma vida de amor e beleza: linhas de discórdia desaparecem do arquétipo e, em devido tempo, sua doença refletida no Corpo Denso também desaparece. O poder libertado do Cristo Interno também fortalece o ritmo do arquétipo, fornecendo um adicional vigor físico ao corpo e, por vezes, um prolongamento da vida. Quem honra seu pai e mãe, isto é, aqueles que vivem em obediência às leis do seu Criador, garantem maior duração de dias na vida terrestre. Um exemplo de vida prolongada pode ser citado no caráter bíblico do bom Rei Ezequias[3].
Como já foi dito, a evolução prossegue em harmonia com os ritmos da escala musical. O tom de um Astro em particular ao qual um Ego está sintonizado estabelece a nota-chave do arquétipo; e mais tarde, quando a matriz do Corpo Vital é colocada pelos Anjos do Destino dentro do útero do Corpo da mãe que espera o bebê, é ajustada para a mesma nota-chave musical que soa no arquétipo.
O Corpo Denso é moldado em uma réplica exata do Corpo Vital, o meio para o fluxo da força vital. O Corpo Denso, portanto, também é construído em harmonia com este mesmo ritmo musical. Quando este fato é reconhecido, torna-se claro como a relação harmoniosa do Ego com seus Corpos significa saúde e como uma dissonância entre ela e seus veículos produz a doença.
Estresse, raiva, excesso emocional de qualquer tipo, alimentos ricos e pesados usados em excesso, todos tendem a diminuir o tom inicial do Corpo Vital e, assim, perturbar o “equilíbrio musical” de todo o organismo. Os Corpos são mais facilmente suscetíveis a reações desarmoniosas e tais fraquezas também existem no arquétipo e são mais susceptíveis de reaparecer. Tais fraquezas são vistas no horóscopo radical da pessoa, já que ele é, na verdade, um retrato da alma. Onde há as Quadraturas e Oposições são os lugares em que a desarmonia é mais provável aparecer. Uma análise científica de todos os fatores envolvidos aponta para a natureza de uma doença mental ou física, que é susceptível de se manifestar. Lembre-se, no entanto, que o Cristo Interno despertado pode elevar o ser humano acima destas linhas que causam tal desarmonia.
Quando percebemos que a doença é realmente uma desarmonia musical – “doces sinos tocam fora de sintonia”[4], como o poeta escreveu – também começamos a entender alguma coisa sobre o papel em que a música assumirá na prática de cura do futuro. Se cada pessoa estivesse suficientemente sensibilizada para poder se elevar, em consciência, para onde pudesse ouvir a sua própria nota-chave, as palavras do Mestre, “Médico, cure a si mesmo”[5], teriam um novo e mais abrangente significado. Mas como isso não é possível e enquanto isso outros métodos devem ser empregados.
O alívio da doença vem quando o ritmo do Corpo Vital é elevado e fortalecido. A saúde ou harmonia é permanentemente restaurada quando as linhas de harmonia são definitivamente restabelecidas dentro do arquétipo. Assim, vemos como as “pílulas e os pós” inadequados se transformam à luz deste entendimento, e quão essencial é o poder do pensamento espiritual e da Mente transformada, como defendido pelo grande metafísico cristão, São Paulo.
Um dos meios mais poderosos de elevar o tom do Corpo Vital é mediante o uso de afirmações espirituais. Muitas partes da Bíblia são particularmente eficazes para alcançar esse objetivo, sendo o vigésimo-terceiro Salmo[6] e o primeiro capítulo do Evangelho de São João[7] exemplos familiares e notáveis. Determinada música, um poema ou trechos de um livro que se gosta muito também são úteis para alcançar esse resultado desejado.
Para sermos imunes à doença é necessário que a prática de elevar a consciência até um ponto em que ela entre em contato com o “tom” do espírito seja realizada fielmente em intervalos regulares, preferivelmente nas primeiras horas da manhã, assim que se despertar, e à noite ao se deitar. É melhor usar consistentemente a mesmo texto, assim, com o tempo, cada átomo de cada um dos nossos Corpos, visível e invisíveis, responderá instantaneamente ao “tom” do texto usado.
A respiração profunda, rítmica e harmoniosa é também um fator importante na reabilitação de ambos: o ser humano interior e exterior. A respiração é fundamental para a vida física, e à medida que aprendemos a elevar a consciência, também aprenderemos a respirar nos poderes do Espírito Santo; isso nos permitirá transcender as limitações da doença e até mesmo conquistar o último de todos os inimigos, a própria morte.
Todas as formas de doença podem ser divididas em duas classes, a saber, crônica e aguda. Um estudo da doença à luz do renascimento mostrou que as fraquezas mentais em uma vida costumam resultar em enfermidades físicas nas próximas; e vice-versa, os abusos físicos podem resultar em deficiências mentais. As atitudes da Mente, nebulosas e alheias, sejam elas quais forem, constroem linhas de força nos Átomos-sementes dos Corpos de Desejos e das Mentes, as quais são mais tarde transferidas para o “arquétipo”. Do arquétipo elas são, por sua vez, transmitidas aos próximos Corpos Vitais e Densos do Ego onde elas aparecerão como linhas de desarmonia ou doença, crônica ou aguda. Ali permanecem até que o Espírito interior tenha aprendido a lição imposta pela enfermidade. A causa será, então, removida após o que o efeito irá desaparecer permanentemente. Qualquer forma de cura que não remova a causa é obviamente temporária. Todo verdadeiro curador tenta despertar no paciente a percepção de sua própria divindade inata.
O paciente demonstra a saúde e integridade da Mente e do Corpo na proporção em que ele percebe seus poderes interiores e os utiliza corretamente. Se pudéssemos observar os veículos mais sutis, interpenetrando o Corpo Denso do ser humano, veríamos os processos de restauração acontecendo simultaneamente em toda a cadeia de veículos, desde aqueles dentro até aqueles fora do físico.
Há quatro elementos de que todas as coisas são compostas. Estes elementos são chamados de Fogo, Ar, Água e Terra. Todas as doenças podem ser classificadas sob uma ou outra destas quatro rubricas. Por exemplo, as enfermidades causadas pela indulgência alcoólica, cânceres e febres são de natureza do Fogo. As aberrações mentais e doenças causadas pelo uso excessivo de drogas, vêm sob o elemento Ar. Corpos malformados e crescimentos anormais pertencem ao elemento Terra. As doenças do estômago, do aparelho digestivo e dos sistemas assimilativo e glandular estão associadas ao elemento Água.
Existem quatro tipos fundamentais de pessoas que se correlacionam com os doze Signos zodiacais. Estes doze Signos podem ser subdivididos em quatro grupos de três cada, de acordo com o elemento a que pertencem. Esses quatro grupos compõem, o que conhecemos astrologicamente, como as quatro triplicidades. Um curador será mais bem-sucedido se lidar com doenças que estão sob o mesmo elemento que está o seu Signo Regente. Por exemplo: o médico que estiver sob o Signo de Leão, do elemento Fogo, terá maior habilidade para curar pacientes que estão sob um Signo de um elemento compatível e para curar doenças pertencentes ao elemento Fogo. A maioria dos curadores, se não todos, de todas as escolas, independentemente de reconhecerem ou não os fatores astrológicos, admitem que têm mais sucesso no tratamento de alguns pacientes e na cura de alguns tipos de doenças do que outros. O motivo disso ocorrer é o elemento comum que liga ou não o curador ao paciente, e também um terceiro fator, a doença a ser curada. Estes são os fatos que devem ser levados em conta, mesmo que eles ainda sejam desconhecidos pelos que praticam.
Um curador com o Sol no Signo Cardeal e de Fogo de Áries será bem-sucedido no tratamento de doenças agudas; já outro curador com o Sol no Signo Fixo e de Fogo Leão, terá sucesso no tratamento de doenças crônicas; um outro com o Sol no Signo de Fogo e Comum Sagitário servirá mais eficazmente como um (a) enfermeiro (a). Da mesma forma, um curador sob o raio dos Signos de Terra será bem-sucedido com o tipo de doença governada pelo seu Signo Regente: se esse for Capricórnio, serão doenças agudas; se Touro, crônicas; e se for Virgem, a cura que vem principalmente por meio de serviços de enfermaria. Sob o raio dos Signos de Ar, Libra governa doenças agudas; Aquário, crônicas; Gêmeos, a enfermaria. Sob o raio dos Signos da Água: Câncer, agudas; Escorpião, crônicas; e Peixes, a enfermaria.
À medida que nos aproximamos da era colaborativa do Signo de Ar Aquário, os grupos de cura vão sendo estabelecidos para trabalhar ao longo de linhas especializadas determinadas pela aptidão fundamental, como esta é determinável por referência à ciência dos Astros. Este conhecimento será aplicado em escolas de cura, em hospitais e na prática geral de cura. Haverá grupos de cura formados de doze, ou múltiplos deles, nos quais as forças combinadas e devidamente proporcionadas de todos os doze Signos zodiacais tornar-se-ão operacionais com um grau de eficiência que não é possível sem tal organização. Tal grupo se tornará um poder como grupo, e cada indivíduo nele, trabalhando inteligentemente ao longo de seu próprio raio especializado, funcionará com habilidade aprimorada como resultado de sua coordenação com os outros praticantes que possuem forças complementares que, em sua integralidade, servem a todos os seres humanos e à natureza. Os resultados de tais esforços concentrados serão tão notáveis e de tão grande alcance que muitos que se aproximarão para zombar permanecerão para elogiar.
O ser humano é um universo microcósmico. As leis que regem as esferas astrais igualmente se aplicam aos corpos do ser humano. Cada átomo no universo e no ser humano está em rotação contínua. Na saúde o movimento é da esquerda para a direita; na doença, da direita para a esquerda. O pensamento positivo e construtivo também produz o movimento no sentido horário; já o pensamento negativo e destrutivo, anti-horário.
Clarividentemente, qualquer crescimento anormal no corpo é visto composto de átomos de rotação negativa e fora de harmonia com a nota-chave do Corpo Vital.
O forte pensamento construtivo de um curador, reforçado por afirmações apropriadas entre ambos, curador e paciente, tem o poder de reverter esse movimento e, assim, desintegrar os átomos doentes, sucedendo, depois a restauração da saúde.
Dr. Alexis Carrel[8], em sua obra ricamente informativa e esclarecedora, Man, the Unknown, observou que “a ciência estuda, intensamente, o fígado, os rins e todas as suas funções no corpo do ser humano, mas esquece da única função significativa, que é o pensamento”.
A vida é vibração. É a Essência Eterna se manifestando e tem uma certa taxa de movimento. Quando a taxa vibratória cai abaixo de um determinado ponto, a doença é o resultado, e quando reduz ainda mais, segue a morte. Nesse ponto, a força de desintegração ultrapassa aquelas de atração e de coesão. A vibração oferece a chave para os segredos da saúde e da doença, da juventude e da idade, da morte e da sua rendição eventual para a vida imortal.
As pessoas sofrem hoje com doenças contagiosas. Epidemias repetidas afetam dezenas de milhões de pessoas. O medo desempenha um papel importante nesses momentos. Onde a doença em si leva a vida de centenas, talvez seja verdade que o medo reivindica as vítimas aos milhares. Em tais situações, o pensamento se torna, obviamente, o mais importante fator de cura e controle. Se as pessoas reconhecessem a importância da afirmação do Dr. Carrel, citada acima, e dessem atenção ao poder do pensamento, o problema do contágio seria amplamente resolvido. O medo tem efeito paralisante. Ele retarda o movimento dos átomos do Corpo Denso e da Mente. A harmonia rítmica entre os vários veículos é perturbada, produzindo o resultado inevitável da doença de qualquer tipo.
Quando uma epidemia varre uma cidade, a atmosfera psíquica assume um aspecto de chumbo; é cinza e pesada, com os pensamentos acumulados de medo das pessoas. As manchetes dos jornais e revistas aumentam isso ainda mais. Ao manifestar as emoções de medo por meio de gritos, em voz alta, os números dos que estão doentes e as fatalidades à medida que essas aumentam, só fazem crescer os números da epidemia. Só isso é uma influência sinistra de tremendo poder. É em grande parte responsável pela redução da consciência de uma comunidade durante uma epidemia, de tal forma que se torna uma tarefa de grandes proporções para o indivíduo que precisa se elevar acima dela. Quão verdadeiramente Jó falou para as multidões quando exclamou: “O que eu temi veio sobre mim”.
Quando esses fatos são conhecidos e se atuam sobre eles, medidas efetivas podem ser tomadas para evitar o medo e se permanecer imune ao contágio. Mantenha a Mente fielmente centrada. Sinceramente e com calma e confiança, medite sobre o Poder Divino que está sempre disponível e que é chamado para agirmos. Use tais afirmações para fortalecer o equilíbrio e a fé. O 23º e o 91º Salmos têm poderes maravilhosos para aliviar o medo. Deixe esses ritmos entrarem nos recessos do subconsciente pela repetição e pela meditação sobre suas certezas divinas. Evite ler sobre doenças ou discutir o assunto desnecessariamente, e nunca negativamente. Recuse-se a permitir que qualquer um dos detalhes fúnebres seja retratado em sua Mente. A faculdade da Mente em construir imagens (imaginação) é uma das ferramentas mais poderosa. Pode ser usada de forma construtiva ou destrutiva. Pode reconstruir um corpo doente ou derrubar um saudável. O poder de fazer uma ou outra coisa está dentro de nós mesmos.
Além disso, deve-se notar a este respeito que, de acordo com a lei justa de retribuição, aqueles que, consciente ou ignorantemente, implantam medos de contágio durante epidemias nos corações dos outros, se tornam vítimas de sua própria infelicidade na presente ou em outras vidas.
As doenças hereditárias podem ser completamente entendidas apenas à luz do renascimento. A Lei da Hereditariedade é a contrapartida da Lei espiritual do Renascimento. Quando forçado a incluir fatos explicáveis apenas por uma referência à Lei da Hereditariedade, o entendimento é uma falácia. Os atributos individuais imputados aos poderes da hereditariedade, na verdade, não o são; esse é um dos muitos equívocos limitantes que ainda não foram ultrapassados.
Embora seja verdade que os pais fornecem os átomos físicos ou constroem o corpo infantil de um Ego entrante, e que um corpo puro não pode ser fornecido por pais cujos corpos estão carregados de venenos e doenças, nunca se deve esquecer que o Ego encarnado não precisa estar sujeito a tais limitações. Possui o poder de anular a condição negativa passada a ele de acordo com a Lei da Hereditariedade. Pode refazer o seu Corpo Denso átomo a átomo. As qualidades do seu caráter não são produtos da hereditariedade ou do ambiente. Elas pertencem à alma individual, e a alma é filha de sua própria criação anterior. A razão pela qual recebe, pela hereditariedade, um corpo imperfeito é devido a sua própria necessidade de tê-lo assim; o Ego foi contra as leis de Deus e da Natureza no passado e, portanto, se vê na imperfeição física, até o momento em que cessem tais violações e obedeça à lei do bem-estar e da harmonia. Não há nenhum limite de tempo para que isso ocorra e é sempre o Ego que escolhe deixar o caminho da dor e seguir pelo caminho da alegria duradoura. Esse tempo pode ser agora.
Onde a semelhança de caráter entre pais e filhos parece indicar que a hereditariedade foi aplicada, a contrapartida a essa conclusão é o fato da quantidade de casos em que há extrema dissimilaridade. A explicação para a semelhança é a Lei da Atração que normalmente reúne Egos de níveis de desenvolvimento, gostos e interesses semelhantes.
Um Ego entra na vida terrestre trazendo com ele, de maneira latente, todos os poderes e habilidades que adquiriu nas vidas passadas, juntamente com o incremento que acrescentou durante seu período nos Mundos interiores, entre a última vida terrestre e a que se aproxima. O tempo entre vidas terrestres não é de ócio; é de uma atividade intensa e objetiva. Normalmente, o crescimento e o progresso são contínuos e ininterruptos. O corpo em que o Ego funcionará será construído, conforme mencionado anteriormente, de materiais fornecidos pelos pais. A qualidade desse material estará de acordo com as causas que o Ego colocou em movimento nas vidas passadas. Se nas vidas passadas ele incorporou linhas de discórdia ou fraqueza, ou tendências a certas doenças em seu Corpo, elas existirão em seu arquétipo atual e, pela Lei da Atração, ele gravitará para os pais que fornecerão materiais de natureza similar. Assim, o Ego formará um corpo suscetível a certas fraquezas específicas, mas de acordo com as causas criadas em vidas passadas por si mesmo, não porque ele tenha enfrentado o infortúnio de uma filiação sobre a qual ele não teve controle. Se assim não o fosse, então estaríamos negando a existência da justiça no Mundo e afirmando que encarnamos, bem ou mal, bom ou mal, por capricho e não de acordo com o destino; estaríamos negando o funcionamento da lei natural na esfera moral e a supervisão de um Pai Divino – Ele que é Amor e não faz acepção das pessoas proporciona a mesma oportunidade para todos os Seus filhos se tornarem perfeitos, do mesmo modo que Ele é perfeito.
Além da Lei geral da Atração, que coloca indivíduos semelhantes na mesma família, na mesma comunidade e em grupos raciais, também, normalmente, existem laços específicos de uma natureza íntima do passado que ligam os indivíduos em relações familiares. Há causas a serem colhidas; frutas agradáveis para serem colhidas, dívidas penosas a serem pagas – com mais frequência um pouco de cada uma dessas coisas.
Vamos repetir novamente – pois nunca será o bastante repetir isso – não se deve inferir do exposto até aqui que estamos impotentes devido ao nosso passado. Os vínculos infelizes forjados sob a Lei de Causa e Efeito, entre pessoas, podem ser sublimados, desde que promovamos uma realização da verdade que nos liberta. As cadeias das causas passadas e os laços da hereditariedade nos sustentam tanto quanto permitimos que façam isso: “Estamos presos sob a Lei (pensamento material); nós somos livres em Cristo (realização espiritual)” (Gl 5:1).
A prática do hipnotismo traz sérias consequências tanto para o praticante como para suas vítimas. Envolve interferência com o livre arbítrio do Ego. O hipnotizador projeta sua própria Mente no cérebro da outra pessoa e torna-a sujeita à sua vontade. Mesmo quando isso é feito com o propósito altruísta de libertar uma pessoa de um hábito que a escraviza, como drogas ou bebidas alcoólicas, não é justificável.
A cura não é permanente até que o próprio sofredor tenha vencido o vício por si mesmo e, portanto, quando um hipnotizador cura o corpo, ao expulsar a vontade do Ego, usando-o e suplantando-o com seu próprio poder de vontade, ele simplesmente priva o Ego da oportunidade de aprender a lição que algum dia deve dominar. O ganho aparente imediato é realmente uma perda. A lição a ser aprendida foi adiada; também, o poder da vontade da vítima foi enfraquecido pelo processo.
O livre arbítrio é a herança mais valiosa de um Ego, durante esta peregrinação terrestre. Uma pessoa que trabalha para suplantar a força de vontade de outra, mesmo quando os motivos possam ser definidos como bons, traz para si consequências desastrosas. Pelo poder da vontade, o Ego monta a escada da evolução que conduz à divindade. Essa vontade é enfraquecida no indivíduo que se submete ao hipnotismo, no qual o estado da vontade do hipnotizador suplanta a vontade dos hipnotizados, que estão completamente sob seu domínio. No entanto, uma pessoa não pode ser colocada “sob o feitiço” se sua própria vontade for mais positiva do que a do hipnotizador.
Quando o controle sobre outro é para fins de diversão ociosa ou para ganhar alguma vantagem egoísta, as consequências do erro são ainda mais graves. Aqueles que entregam sua vontade a outro têm a tarefa de recuperar o poder de vontade que se perdeu. Aqueles que tenham vitimado outros serão convocados sob a Lei da Justiça para ajudar suas vítimas a recuperar seus poderes enfraquecidos. Eles também estão sujeitos a graves enfermidades físicas em futuras encarnações. Tal é o destino frequente de um hipnotizador profissional. Através de um corpo deformado e inútil, o Espírito aprenderá a enormidade do erro em usar o corpo de outra pessoa indefesa, substituindo sua própria vontade pela de seu legítimo ocupante.
A prática generalizada do hipnotismo em nosso tempo, juntamente com o fluxo de literatura favorável ao assunto, é outra evidência das forças desintegradoras que ameaçam retardar nossa civilização e causar o colapso. A integridade no pleno significado dessa palavra é a grande necessidade do nosso tempo – integridade em nossa vida pessoal e pública, integridade na vida comercial, profissional e governamental. O ser humano deve se tornar um ser atuante harmonioso e único, antes de poder construir uma vida bem-sucedida e tornar-se uma unidade sintonizada com a construção de uma comunidade saudável, uma cultura saudável e uma civilização duradoura.
Atualmente, a ciência médica está muito menos materialista do que estava no século passado. Isso é confrontado com fatos que são convincentes para reconhecer que ela deve aprender como trabalhar com Mentes doentes muito mais do que com Corpos doentes.
A natureza e o comportamento da psique ou alma se tornaram um objeto de extensa pesquisa médica, e tem se desenvolvido tanto que fez da psiquiatria um ramo reconhecido pela prática médica. Embora a psique ainda seja popularmente considerada como um termo apenas para a Mente e não para o veículo superior da alma, aos poucos, a direção do pensamento científico médico está se afastando, proveitosamente, dos conceitos materiais que tinha e que consideravam o ser humano unicamente como um ser físico; agora está, gradualmente, aceitando a natureza do ser humano como ensinado nas doutrinas religiosas e na ciência oculta.
A pressão dos fatos da vida cotidiana está ajudando a se admitir de que algo além do material existe, confirmando que a Mente é superior à matéria e que para curar, se é necessário mais do que drogas e remédios. O incontável número de casos mentais que agora estão sendo tratados apenas em hospitais nos Estados Unidos, juntamente com outro grande número de casos não hospitalizados estimados entre sete e quatorze milhões, necessitaram de uma nova e crescente classe de curadores que nós conhecemos como psiquiatras ou terapeutas-mentais. O próximo desenvolvimento lógico na administração da cura permanente será a restauração da cura que combinava religião e ciência, como praticada pelo sacerdote-médico – o Cristo, o Curador dos Curadores, que veio à Terra para que os seres humanos pudessem ser completamente revigorados e confortados.
As doenças mentais são de vários tipos e gradações. A mais predominante é a psiconeurose, ou a neurose leve. Ela é caracterizada por emoções conflitantes e mal ajuste ao ambiente. Há deficiência na integração adequada entre Corpo, Mente e Alma. Os vários princípios, ou Corpos, do ser humano exterior e interior saem de um alinhamento perfeito e fracassam, às vezes, na tentativa de funcionar como uma unidade. Há uma divisão – daí a expressão “personalidade dividida”, ou esquizofrenia, como é tecnicamente denominada. Isso foi definido como uma divisão entre o sentido do real e o ideal, o estado da Mente de alguém que é incapaz de enfrentar certas realidades desagradáveis e, assim, se afasta de um mundo irreal.
Mais grave é a doença mental, anteriormente chamada de simples insanidade, mas na nova terminologia conhecida como psicose. O distúrbio mental daqueles que sofrem de psicose é devido a várias causas e condições. Um tipo de insanidade é conhecido, em termos médicos, como multipersonalidade, ou obsessão, em que a Mente, às vezes, sai da condição dita normal por algum motivo ainda não conhecido pela prática médica material. É um tipo de insanidade que antes era pronunciada incurável e, consequentemente, seus sofredores estavam comprometidos com instituições mentais para toda a vida. No entanto, na década de 1930 se descobriu uma forma de tratamento que, em muitos casos, se mostrou altamente eficaz. Isso é conhecido como o “tratamento de choque”, pois, com o uso de eletricidade, insulina ou Metrazol[9], o paciente é submetido a uma série de choques tão fortes quanto possível. Dessa forma, verificou-se que os pacientes, às vezes, eram sacudidos de volta ao estado dito normal. Ser jogado no “poço da cobra” é apenas outra forma de administrar esse choque. Era uma teoria entre médicos medievais que, uma vez que um choque desse tipo era suficiente para desencadear uma pessoa sã, também deveria ter o poder de trazer uma Mente louca de volta à normalidade.
Há verdade aqui, bem conhecida pelo ocultista. No caso da Personalidade múltipla, um Ego externo entrou em um Corpo que não é seu, ao expulsar o proprietário legítimo.
Portanto, o Corpo é usado por duas (ou mais) entidades. Enquanto a ciência material repudia essa “teoria do diabo”, como a denomina, reconhece os tratamentos de choque como expulsando algo; ou, pelo menos, como afetando algum tipo de rearranjo no mecanismo mental do paciente. O ocultista, por outro lado, vê-lo como um meio pelo qual uma entidade intrusiva é forçada a afrouxar seu poder sobre o Corpo Vital da vítima e, assim, transformar o Corpo em seu proprietário legítimo, pelo menos parcialmente ou por um breve período. O fato é que a retenção da entidade obsessiva é gradualmente enfraquecida por tratamentos repetidos desse tipo e, em alguns casos, as curas completas são alcançadas.
As obsessões podem ser divididas em duas classes: elementais e demoníacas. A primeira é a mais comum. Geralmente é causada por abuso das suas próprias forças criadoras sexuais em vidas anteriores. Tal prática, se prolongada, produz uma condição extremamente nervosa e negativa, que torna o sujeito uma presa fácil para os elementais da terra, da água e do ar. Foi essa forma de insanidade que o Médico Supremo curou quando expulsou entidades obsessivas de seres humanos aflitos e os enviou para suínos, que, quando então possuídos, se precipitaram de cabeça no mar e se afogaram. Os suínos simbolizam os elementos bestiais na natureza do ser humano, que devem ser expulsos para limpar sua casa de modo que o seu legítimo dono possa retornar.
Todas as obsessões demoníacas resultam da prática de alguma forma de magia negra, em vidas passadas. Por magia negra se entenda qualquer prática que escravize, de alguma forma outro ser, ou que limite o livre arbítrio de um indivíduo.
Como já foi dito anteriormente, não existe crime maior. O perpetrador de tais erros paga terrivelmente, por meio da dor e tristeza até que ele tenha aprendido a enormidade de seus pecados.
O tratamento da obsessão demoníaca, que é alarmantemente prevalecente na atualidade, exige um curador do Corpo, da Alma e do Espírito que seja altamente espiritual e possua visão espiritual.
Infelizmente, tais tipos de curadores são poucos. Portanto, nossos manicômios continuam cheios de pessoas com tais casos, ditos, incuráveis.
Na Bíblia essa desordem é frequentemente referida como a posse de demônios.
As pessoas que sofrem de obsessão perdem os benefícios que normalmente receberiam de sua experiência terrena, na medida em que são privados do uso de seus próprios Corpos. No entanto, essa não é toda a perda: a agonia que sofrem, como resultado de sua expulsão, se escreve em sua alma. Depois de terem contemplado, a partir do mundo interior, os crimes psicológicos que cometeram e que trouxeram sobre elas uma trágica calamidade, a voz da consciência lhes falará alto, em futuras vidas, advertindo-as contra a repetição desses pecados.
A questão surge, às vezes, sobre a justificativa de aliviar a vida de um indivíduo que implora se livrar de um corpo que o torna incapaz de receber a menor autoajuda. Do ponto de vista de uma única vida terrestre, os argumentos a seu favor podem parecer completamente plausíveis. Mas à luz do renascimento e da lei de Consequência, este é um erro que não pode ser tolerado. Não resolveria nenhum problema. O Ego deve nascer novamente e mais uma vez em um Corpo igualmente impotente até que as ações de transgressões passadas tenham sido aprendidas. Este não é o edito arbitrário de uma Deidade vingativa; é o trabalho inexorável da Lei da Justiça eterna. É o caminho do progresso. “Não vos iludais; de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá”[10].
O sangue é o canal direto do Espírito dentro do corpo do ser humano. Contém os segredos mais profundos da vida. Um “laço de sangue” significa uma ligação que é indissolúvel; isso só pode ser cortado mediante a liberação final de um Espírito de seu corpo. Esse fato foi confirmado por um relatório interessante da imprensa sobre um homem que havia doado seu sangue a um número considerável de pessoas que necessitavam de transfusões. Ele afirmou que sempre que alguém a quem ele tinha doado o sangue morreu, ele estava imediatamente ciente da passagem dessa pessoa e via a imagem dela. O que ele viu não era apenas uma imagem, mas o próprio espírito desencarnado.
No caso de transfusões de sangue, deve-se tomar um grande cuidado para garantir o tipo de sangue adequado e que o doador pertença, astrologicamente, ao mesmo Elemento que o paciente.
Um paciente que esteja sob um Signo de Fogo deve aceitar o sangue apenas de um doador do Signo de Fogo ou de Ar; um paciente do Signo da Água deve recorrer a alguém que pertence a um Signo da Água ou de Terra; um paciente do Signo do Ar, de um doador do Signo do Ar ou do Signo do Fogo; um paciente do Signo da Terra, de um que vem sob um Signo da Terra ou da Água.
Duas pessoas que entram em um relacionamento tão íntimo quanto à mistura de sangue costumam fazê-lo em liquidação de alguma dívida incorrida no passado. Aquele que frequentemente doa seu sangue dessa maneira provavelmente está expiando pelo sangue que ele derramou, talvez no decorrer de guerras onde ele agrediu as pessoas ferozmente.
No caso de uma pessoa altamente sensibilizada, por meio de uma vida limpa e sagrada, são necessárias precauções extras, pois, de outra forma, as reações podem ser graves ou mesmo fatais. Nesse caso, é desejável obter sangue de alguém que se abstenha de carne, tabaco e bebidas alcoólicas. Onde a taxa vibratória do sangue recém-infundido varia muito da do paciente, o Ego pode não ser capaz de conciliar a diferença e trazer a vida “alienígena” – pois “a vida está no sangue” – sob seu controle total, no qual o desenlace, ou mesmo a morte, é o resultado.
Toda enfermidade está conectada com um dos quatro elementos. Venenos são de origem do Fogo e no centro do Corpo de Desejos. O veneno é inofensivo para o Corpo quando os desejos mais inferiores são transmutados. Assim, a afirmação do Mestre a Seus Discípulos: “Pegarão serpentes com as mãos; e, se algo mortífero beberem, de modo nenhum lhes fará mal”[11].
Todas as fermentações operam sob o raio do Fogo. Bebidas alcoólicas têm o efeito de tornar o ser humano um escravo da sua natureza de desejos e uma ferramenta abjeta de Lúcifer. A casa de oração (o Corpo) se torna um covil de ladrões (venenos destrutivos). Uma das causas mais tenebrosas de todas as nações no mundo é o resultado de suas extensas condescendências às bebidas alcoólicas. Aqueles que se engajam na fabricação e distribuição de bebidas alcoólicas, ou que são, de alguma forma, responsáveis pelo seu tráfego, não vão escapar dos efeitos deletérios, que o hábito de bebida alcoólica tem sobre a onda de vida humana. Um dia eles irão ter que compartilhar e suportar a carga sobre essa conduta, devido ao estrago que eles estão causando na criação.
As epidemias são, em grande parte, uma reação de erros coletivos cometidos no passado. Os mais ou menos dez milhões que escaparam da praga entre 1919 e 1920[12] sofreram uma reação súbita por meio dos crimes em massa da Primeira Guerra Mundial. Não podemos tirar a vida de nossos irmãos e carregar a atmosfera com pensamentos destrutivos de assassinatos por ódio e vingança – muito maior do que gás venenoso do poder – sem que isso resulte em uma pesada dívida de miséria e morte.
A cólera, peste negra e varíola são mais prevalecentes entre os povos primitivos do que em povos mais evoluídos. Eles são ocultamente atribuídos, em grande parte, às práticas de vodu, magia negra, encantamentos e outros meios usados para subordinar a Mente de uma pessoa para fazer o que uma outra quer, sem o seu conhecimento ou contra a vontade da pessoa.
Segundo as palavras de um sábio, as fraquezas da alma são projetadas no corpo. No Átomo-semente, localizado no ventrículo esquerdo do coração, está gravado um registro inalterável da vida do ser humano. Por esse registro é julgado e seu destino fixado – de fato, como o salmista cantou: “o vosso coração viverá eternamente”[13].
Uma vez que o exterior reflete o interior, é nesse último que devemos procurar a causa raiz de qualquer manifestação no Corpo Denso. Essas causas não são verificáveis por um exame apenas no Corpo Denso, mas podem ser discernidas por alguém capaz de investigar as condições dos Corpos mais sutis. Para saber as causas encontradas nesses corpos sutis, dos efeitos manifestados no Corpo Denso é preciso possuir poderes espirituais para ler a Memória da Natureza, onde é gravado tudo desde o início dos tempos.
As pesquisas feitas no lado oculto da saúde e da doença fornecem uma luz surpreendente sobre a ciência da cura. Dos inúmeros fatos revelados, alguns podem ser citados, a título ilustrativo.
A percepção espiritual clara se expressará, em si mesma, como uma visão física perfeita. Uma persistente recusa de ver a verdade, quando apresentada, termina na cegueira. A hipermetropia advém de se ter negligenciado as oportunidades de servir e de se viver no futuro, descuidando-se do presente. Sobre a miopia, um esoterista escreve: “Entretanto, a limitação imposta pela miopia, se não fosse para perscrutar os assuntos de outras pessoas, então, por que a punição colocada em olhos e ouvidos inocentes?”. Um ponto de vista mental deformado, se mantido em tempo suficiente, produzirá uma distorção da visão física.
Do mesmo modo quanto à perda da visão, há razões semelhantes para explicar a surdez. Fechar, persistentemente, os ouvidos para as palavras da Verdade provocará a chegada de um tempo em que uma verdade falada cairá sobre os ouvidos incapazes de ouvir.
Um impedimento na fala indica blasfêmia, falso testemunho ou fofoca maliciosa no passado. As palavras podem matar ou ferir; o efeito disso é uma fala prejudicada, ou mesmo um dos tipos de imbecilidade total. A traição de uma confiança sagrada ou a violação de um voto pode, mais tarde, custar ao traidor uma lesão na língua ou, em casos mais sérios, sua perda completa.
A maioria das pessoas sofre, alguns mais outros menos, de dentes imperfeitos. Raramente eles permanecem em perfeitas condições até o fim de uma vida. A causa oculta dessa perda é a identificação na consciência de si mesmo com as coisas efêmeras da vida. Quando a consciência é transferida da realidade transitória para a realidade imutável, a mudança será refletida em condições de estabilidade relativa e permanência no Corpo Denso.
As afecções cardíacas resultam de afeições inferiores. Eis um exemplo bem-humorado, no entanto, o jovem doente chegou mais perto da causa real do que o diagnóstico do médico: ao ser informado, pelo médico, que ele tinha um coração ruim, que ele estava preocupado com angina de peito, o jovem até concordou com o médico, mas insistiu que não era essa a causa! As mágoas provêm de muitos amores. Um extravasamento sensual de afeições gera como efeito um coração fraco, que funciona mal. Um intenso amor pessoal, dirigido a um único indivíduo à custa de qualquer consideração para os outros, em que tal consideração se deve, tem o efeito de reduzir o tamanho do coração e originar distúrbios cardíacos.
O coração, o centro do princípio do amor, sofre quando esse princípio é subvertido da sua expressão mais elevada. “Como um ser humano pensa em seu coração, assim ele é”.
As doenças que afetam os braços e ombros resultam de se evadir das responsabilidades da vida e relegá-las a outros.
As mãos apresentam, mais do que o rosto, indicadores do caráter, da habilidade e do desenvolvimento. Elas revelam a natureza e a qualidade dos pensamentos e das ações do passado. Sendo uma expressão direta da Mente, elas se desenvolvem, assim como se desenvolve o pensador. Compare as mãos dos antropoides sem Mente com as do ser humano racional. O polegar, indicador da vontade, sabedoria e atividade, não está tão desenvolvido nos antropoides. Mesmo o de um gorila gigante é menor que o pequeno dedo de um ser humano, e sua capacidade de tocar os outros dedos da mão com seu polegar é muito pouca.
As mãos, como a Mente que elas expressam por meio de ações, são regidas por Mercúrio. O dedo mindinho é governado especificamente por esse Planeta. Quando a Mente está distorcida, o dedo mindinho é curvado. É assim em imbecis congênitos.
Um Ego nascido sem uma ou ambas as mãos, ou as perdeu como resultado de utilizá-las sem escrúpulos, como um cirurgião que executou experiências cruéis ou um soldado culpado de terríveis atrocidades. Os dedos podem ser perdidos como consequência em roubar, trapacear, apostar ou cometer outras práticas desonestas.
Os pés mutilados são um reflexo de liderar outros por caminhos errados. “Melhor lhe fora ser lançado ao mar com uma pedra de moinho enfiada no pescoço do que escandalizar um só destes pequeninos”[14].
As deficiências dos órgãos geradores resultam de um mau uso da força sagrada vital; também por interferência criminal em processos normais, como em abortos forçados, por exemplo. Sofrer a extração do líquido da coluna vertebral, um processo delicado e perigoso, é o efeito do uso indevido, em qualquer uma das muitas formas, dessa preciosa substância de vida e de vitimizar os outros por meio do poder que ela contém.
O fígado é o assento do Corpo de Desejos; consequentemente, suas numerosas afecções são rastreáveis pelas várias formas de desejos profanas e motivações egoístas.
Os problemas de estômago têm como causa o ter vivido para comer em vez de comer para viver. O glutão se torna uma pessoa irritável e que sofre com indigestão. Mesmo que isso seja remediado, a causa continua nas coisas superiores. Aquele que simplesmente junta os fatos, que acumula conhecimento até se saciar, faz por sua Mente o que o excesso de comida faz por seu estômago.
Falhar em assimilar o conhecimento e usá-lo com um propósito se torna a causa oculta de problemas intestinais. Como a Mente negligenciou selecionar com sabedoria e usar propositadamente o conhecimento que reuniu, então os intestinos falham no processo seletivo de absorção de elementos necessários para a manutenção do Corpo e rejeitando tudo o que é inútil e supérfluo. A relação pode ser notada astrologicamente, sendo Virgem o Signo do discernimento, que determina o trato intestinal.
O flagelo moderno do câncer pertence ao elemento fogo destrutivo e tem seu centro no Corpo de Desejos. Sua origem pode ser rastreada de forma oculta até um momento em que os desejos desenfreados dominaram. O antigo flagelo da lepra teve sua origem em uma causa semelhante. A paralisia vem da falta de compaixão no passado. É a limitação física decorrente da indiferença para as alegrias ou tristezas dos outros. O espírito impassível leva o Corpo a um estado semelhante.
A tuberculose é o efeito do pensamento e de uma vida materialista. Pensamentos endurecidos produzem tecido endurecido.
Hidropisia resulta da tendência habitual de exagerar.
Doenças diretamente atribuíveis à impureza do sangue tem como causa pensamentos sensuais, venenosos e destrutivos.
Tumores e cistos são manifestações físicas de acúmulo, apreensão e da natureza egoísta.
A morfina pertence ao elemento Ar e define seus ritmos destrutivos principalmente na mentalidade. Muitos casos de insanidade podem ser atribuídos ao uso excessivo de drogas no passado. Entre os casos pronunciados “irremediavelmente incuráveis” estão aqueles que levaram os outros a esse hábito devastador.
Os corpos paralisados seguem frequentemente as crueldades passadas infligidas sobre seres humanos ou animais – por exemplo, as terríveis atrocidades da Inquisição e os sofrimentos aos quais os animais são submetidos em laboratórios de vivissecção. O motivo superior não anula o ato da lei. A colheita será como a semeadura em todos e cada um dos aspectos do ato. O propósito nobre reagirá em um refinamento e um fortalecimento do caráter; a crueldade envolvida como resultado de uma natureza desequilibrada ou subdesenvolvida reagirá no organismo físico de uma mancha igualmente não natural. A lei é exata e inexorável. Onde o corpo está incapacitado, é provável que o Ego tenha ocupado uma posição de poder que tenha sido mal utilizada ao condenar os outros a torturas indescritíveis.
As linhas da causa alcançam o passado distante e unem as forças de vida de cada uma das nossas palavras e transferem para dentro a substância cristalizada na nossa habitação e ambiente corporais presentes. Se, portanto, não estamos satisfeitos com a nossa condição presente, faremos bem em lembrar que temos, por nosso próprio pensamento e ação no passado, nos tornados o que somos hoje; e que um pensamento e uma ação mais inteligentes hoje produzirão para nós um futuro melhor. Nenhuma influência externa é responsável por nossas limitações; ninguém pode influir no nosso progresso em direção à perfeição, se nós não quisermos. O Espírito interior é o único monitor do destino do ser humano. Nele reside todo o poder. A regeneração da sua natureza e a iluminação do Espírito prosseguem juntos.
O pensamento é o grande poder regenerador. “transformai-vos, renovando a vossa mente”[15], admoestou São Paulo. E novamente: “glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo”[16]. Aqui temos as duas afirmações fundamentais de cura definitiva fornecidas por um dos médicos supremos de todos os tempos.
Para conhecer a saúde contínua e radiante é necessário viver em constante comunhão com a divindade interior. Nessa relação, a liberdade de todos os laços da causalidade passada. Esse foi o ensinamento do Cristo e de todos os iluminados que vieram após Ele, independentemente do tempo, lugar ou credo.
FIM
[1] N.T.: 5Encontrava-se aí um homem, doente havia trinta e oito anos. 6Jesus, vendo-o deitado e sabendo que já estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: “Queres ficar curado?” 7Respondeu-lhe o enfermo: “Senhor, não tenho quem me jogue na piscina, quando a água é agitada; ao chegar, outro já desceu antes de mim”. 8Disse-lhe Jesus: “Levanta-te, toma o teu leito e anda!” (…) 14Depois disso, Jesus o encontrou no Templo e lhe disse: “Eis que estás curado; não peques mais, para que não te suceda algo ainda pior!”.
[2] N.T.: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno e Urano.
[3] N.T.: O rei Ezequias foi o 13º Rei de Judá, e reinou por 29 anos. Seguiu o exemplo do seu brilhante antepassado, o Rei Davi. Segundo a Bíblia, após a expulsão dos assírios, Ezequias experimenta um novo milagre. Tendo adoecido gravemente acometido do que a Bíblia chama de úlcera (alguns acreditam tratar-se de um câncer), o profeta Isaías veio lhe dizer que iria morrer. Não se conformando, Ezequias pôs-se a orar e Isaías retorna com outra mensagem de Deus informando um acréscimo de mais 15 anos à vida do rei.
[4] N.T.: Da obra Hamlet, Ato 3, Cena 1, página 7 de Shakespeare
[6] N.T.: Deus é meu pastor, não me faltará. 2Em verdes pastagens me faz repousar. Para as águas tranquilas me conduz 3e restaura minhas forças; Ele me guia por caminhos justos, por causa do Seu nome. 4Ainda que eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois estás junto a mim;1 Teu bastão e Teu cajado me deixam tranquilo. 5Diante de mim preparas uma mesa, à frente dos meus opressores; unges minha cabeça com óleo, e minha taça transborda. 6Sim, felicidade e amor me seguirão todos os dias da minha vida; minha morada é a casa de Deus por dias sem fim.
[7] N.T.: Os 5 primeiros versículos do 1º Capítulo: 1No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. 2Ele estava no princípio com Deus. 3Tudo que foi feito, foi feito por Ele e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele. 4N’Ele estava a Vida e a Vida era a Luz dos homens; 5a Luz resplandece nas trevas, mas as trevas não a compreenderam.
[8] N.T.: Alexis Carrel (1873-1944) foi um biologista francês.
[9] N.T.: Metrazol é um remédio utilizado como estimulante para os sistemas circulatório e respiratório; muito utilizado para tratamento de convulsões.
[10] N.T.: Gl 6:7
[11] N.T.: Mc 16:18
[12] N.T.: Refere-se à Gripe Espanhola
[13] N.T.: Sl 22:26
[14] N.T.: Lc 17:2
[15] N.T.: Rm 12:2
[16] N.T.: ICor 6:20
O Estudante mediano está familiarizado com a escala diatônica de sete tons e com a escala cromática de doze tons na música.
Ele também está familiarizado com a escala de cores de sete tons conhecida como espectro.
Poucas pessoas, no entanto, sabem que à medida que a visão humana se sensibiliza e se desenvolvem instrumentos mais refinados para a investigação, uma escala de cores de doze tons será revelada.
Aqueles que possuem capacidade de explorar reinos internos veem neles muitas cores bonitas que são, atualmente, invisíveis para os olhos físicos comuns, algumas delas muito requintadas para descrição.
1. Para fazer download ou imprimir:
Livro: A Terapia das Cores – por Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
A TERAPIA DAS CORES
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1962, Color Therapy – Issued by New Age Interpreter
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP
www.fraternidaderosacruz.com
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
ÍNDICE
O ESPECTRO E A AURA HUMANA.. 5
O VALOR TERAPÊUTICO DAS CORES. 10
TEMPLOS DE CORES DO FUTURO.. 13
A PSICOLOGIA DAS CORES NA VIDA DIÁRIA.. 17
As Cores na Educação da Nova Era. 19
Prognóstico Baseado nas Cores. 22
Meditação Baseada nas Cores. 26
Equivalentes Tonais de Forma e Cor. 31
Lumia — Uma Nova Forma de Arte. 35
O Estudante mediano está familiarizado com a escala diatônica de sete tons e com a escala cromática de doze tons na música. Ele também está familiarizado com a escala de cores de sete tons conhecida como espectro. Poucas pessoas, no entanto, sabem que à medida que a visão humana se sensibiliza e se desenvolvem instrumentos mais refinados para a investigação, uma escala de cores de doze tons será revelada. Aqueles que possuem capacidade de explorar reinos internos veem neles muitas cores bonitas que são, atualmente, invisíveis para os olhos físicos comuns, algumas delas muito requintadas para descrição.
No entanto, o poder e a magia da cor estão no limiar de revelações de longo alcance. À medida que os músicos da Nova Era estão experimentando uma escala musical de doze tons, os artistas, sintonizados com os ritmos da Nova Era, em breve começarão a trabalhar com um espectro de doze tons. O professor Nicholas Roerich[1], possivelmente o principal artista de nosso tempo em razão de sua alta realização espiritual, empregou, como somente um artista mestre poderia, cores astrais anteriormente desconhecidas em suas criações magníficas. Ele colocou a impressão de sua luminosidade em suas telas usando a luz de uma maneira nunca tentada. Para citar suas próprias palavras: “A cor soa o comando do futuro. Tudo de preto, cinza e enevoado já sublima a consciência da humanidade. É preciso refletir novamente sobre as lindas cores das flores que sempre anunciaram as épocas do renascimento”.
Talvez a definição mais profundamente mística de cor seja a dada por Goethe nestas palavras: “As cores são os sofrimentos da luz”. À medida que os ritmos vibratórios da luz branca e pura — que contém todas as cores dentro de si — são reduzidos, as cores se manifestam. Portanto, é definitivamente um fato que as cores nascem através dos sofrimentos da luz.
Existem três cores principais: azul, amarelo e vermelho. É através do azul que Deus-Pai manifesta o Princípio da Vontade, enquanto Cristo manifesta o Princípio da Sabedoria através do amarelo. Vermelho é a cor pela qual o Espírito Santo manifesta o Princípio da Atividade. Portanto, temos uma Santíssima Trindade de cores em toda a Terra.
As cores secundárias do espectro são laranja, verde, roxo e índigo. Laranja é uma combinação de vermelho e amarelo. Verde é uma combinação de amarelo e azul. Roxo é uma combinação de vermelho e azul. Índigo é uma combinação de laranja, verde, azul e roxo. Um estudo das várias combinações de cores em relação ao desenvolvimento físico, mental, moral e espiritual do ser humano é um assunto muito fascinante.
Vermelho
Laranja
Amarelo
Verde
Azul
Roxo
Índigo
Preto
Deus, o Pai do nosso universo, manifesta-Se através do Raio Azul; portanto, azul é uma cor infinita. O Glorioso que Se manifesta através do Raio Branco está além de todos os Planetas, estrelas e constelações. Ele, nós identificamos apenas como o Ser Supremo.
Do ponto de vista de seu valor terapêutico, os vermelhos são estimulantes e revigorantes para o Corpo Denso do ser humano. Os amarelos vitalizam e aceleram suas atividades mentais. Os verdes são tranquilos e calmantes para o sistema nervoso. Os azuis são inspiradores, dando tom espiritual a toda sua composição. Os roxos aceleram e sublimam todos os processos de seu Corpo, Mente e Espírito. Cada indivíduo possui seu próprio espectro, o índice de cores de seu personagem, conhecido como sua aura.
Uma pessoa de elevado idealismo, cujos pensamentos, palavras e ações são dedicados à melhoria do mundo, não terá em sua aura os vermelhos escuros do sensualismo, os cinzas sem graça do medo e do pessimismo ou os tons escuros e enlameados do ódio e da malícia. Sua aura será luminosa com vermelho claro e brilhante, amarelo claro, azul delicado, roxo vibrante.
A aura humana é um identificador preciso de caráter. Nela não pode haver subterfúgios, hipocrisia, engano. O sábio americano Ralph Waldo Emerson[2], certa vez, escreveu algo nesse sentido: “Eu não consigo ouvir o que você diz porque o que você ‘é’ está gritando muito alto nos meus ouvidos”. Em um estudo da aura humana, podemos parafrasear essa afirmação em: “Não consigo ouvir o que você diz, porque o que vejo em sua aura proclama bem alto o que você realmente é”.
Assim, é evidente que cada experiência e todo evento da vida de um ser humano estejam em sintonia com a cor. O poeta mais requintado da Inglaterra, John Keats[3], escreveu que a vida é uma cúpula de muitas cores iluminada pela luz branca da Eternidade.
Em todas as verdadeiras escolas esotéricas, os Estudantes aprendem uma técnica para criar e manter uma aura de luz como proteção do Corpo, da Mente e da Alma contra todas as influências malignas, sejam elas dirigidas consciente ou inconscientemente. Essa aura é uma armadura eficaz contra todas as formas de ataque psíquico ou invasão. Embora o método seja simples, ele fornece um meio eficaz e poderoso para afastar influências psíquicas adversas, como magnetismo mental malicioso, magia negra e vampirismo psíquico, sendo este último a retirada da força magnética.
O método consiste em formar uma imagem mental de si mesmo cercado por uma aura de pura, clara e cintilante de luz. Essa imagem deve ser alimentada com a determinação de que sirva ao propósito para o qual foi criada. Um pouco de prática nos permitirá sentir que na presença e no poder dessa luz branca esteja realmente a radiação do Espírito Divino — o Espírito que é o mestre de todas as coisas.
Um Mestre disse uma vez: “O ensino oculto mais elevado e mais profundo é o de que a luz branca nunca deve ser usada com a finalidade de um ataque ou ganho pessoal, mas pode ser adequadamente empregada por qualquer pessoa a qualquer momento para autoproteção contra influências psíquicas adversas, independentemente de quem as tenha usado. É uma armadura espiritual e pode ser empregada de maneira construtiva quando e onde for necessária” [4].
Em nossos escritos, tem sido frequentemente afirmado que a religião da Nova Era estará centrada na Iniciação. Tanto a cor quanto a música terão um papel importante em seu trabalho. Haverá Templos de Cores em que os Discípulos e os Iniciados receberão ensinamentos mais avançados do que o público em geral que não está pronto para receber. A instrução espiritual de toda a civilização contém “carne para os fortes e leite para bebês”[5].
Esses Templos de Cores consistirão em sete estruturas com as sete cores do espectro e cada edifício será dividido em sete compartimentos.
O desenvolvimento das cores sempre esteve em harmonia com a evolução humana. O mais primitivo dos povos não tinha senso de cor; ele estava ciente apenas do preto e do branco. Dizem que na época de Homero[6], por volta de 900 a.C., a humanidade se tornou consciente de três cores: vermelho, laranja e amarelo. Também no épico escandinavo, o Edda[7], o arco-íris é referido como tendo apenas três cores. Só na Idade de Ouro da Grécia a adorável luz verde foi claramente percebida. As cores mais altas e espirituais se tornaram visíveis muito mais tarde. Isso não ocorreu até o ser humano ter desenvolvido certas faculdades espirituais que lhe permitissem estudar as leis espirituais.
Entre os Templos de Cores do futuro, haverá um Templo Vermelho que consistirá em sete compartimentos, desde tons fundamentais de vermelho claro até delicados tons de rosa suave. Aí, um Discípulo aprenderá como transformar pureza em poder. Pensamos na pureza como uma virtude, nunca como um poder. No entanto, o Cristo ensinou que somente os puros de coração teriam a capacidade de ver Deus. Dizia-se de Sir Galahad[8], o Cavaleiro perfeito, tinha o poder de dez porque seu coração era puro.
No Templo Laranja será travada a batalha entre a personalidade (vermelho) e a sabedoria (amarelo). Essa será a arena da Grande Superação. Em um compartimento de laranja-ouro ou laranja-ouro luminoso, um Discípulo acabará por compreender o significado das palavras proferidas por Salomão, o grande rei da sabedoria: “Aquele que é lento para irar-se é melhor que o poderoso; e aquele que governa uma cidade, melhor do que aquele que toma uma cidade”.
O trabalho do Templo Amarelo será dedicado em grande parte ao desenvolvimento da Mente. Na pura glória de seu compartimento mais elevado, um Discípulo aprenderá o significado completo de iluminar ou Cristificar a Mente e compreenderá o significado da instrução de São Paulo para seus Discípulos: “Que essa Mente esteja em você, a qual também estava em Cristo-Jesus”[9].
Tanto os Discípulos quanto os Iniciados estudarão as maravilhas da vida no Templo Verde, onde aprenderão a extrair certas forças vitais da natureza e serão ensinados a transferir essas forças vitais para os Corpos Densos através do baço, com o objetivo de rejuvenescê-los e regenerar. Assim, eles serão capazes de superar as doenças e a cristalização agora vistas como os estragos da velhice. Em meio à glória da luz verde prateada que ocupa o compartimento mais elevado desse Templo, um Iniciado estará diante do próprio mistério da vida mesma e compreenderá o profundo significado das palavras do Mestre: “Eu vim para que tenham vida e vida em abundância”[10].
Trabalhos de lei espiritual serão estudados no Templo Azul. As operações dessa lei são hoje consideradas milagres. Banhados nos requintados tons de azul do compartimento mais elevado do Templo Azul, os Iluminados estudarão o funcionamento dessa lei nos reinos mais elevados com os quais o Planeta Terra está sintonizado.
Afirmamos anteriormente nesse texto que todo o poder do Raio Índigo ainda não se manifestou. Nos Templos de Cores da Nova Era, no entanto, esse Raio entrará em pleno funcionamento. Desse modo, os Iniciados viajarão à vontade pelo espaço cósmico para entrar em contato e comungar com os moradores de outros Planetas. Então, Saturno não será mais considerado o Planeta da obstrução como é hoje, mas será visto como o descobridor e o caminho para os Iluminados.
A lei espiritual que governa os reinos mais elevados continuará sendo estudada no Templo Roxo, mas agora essa lei será rebaixada, trazida para o plano terrestre e aqui manifestada. Sensibilizado pelo requintado Raio Orquídea de seus compartimentos superiores, o ser humano se tornará um cidadão autoconsciente de dois mundos. Ele será capaz de passar à vontade da Terra para o Céu e atender pedidos de serviço em qualquer domínio onde for necessário. Ele então se juntará a São Paulo e outras almas emancipadas no canto triunfante: “Ó morte, onde está o teu aguilhão? Ó sepultura, onde está a tua vitória?”[11].
Nesse estudo dos Templos das Cores do futuro, propositadamente, ilustramos os vários passos por meio de citações da Bíblia, porque desejávamos demonstrar quão verdadeiramente a Bíblia é o Grande Livro do Mistério da Vida.
Com tanta frequência ouve-se os Estudantes avançados observar: “Deixei a Bíblia para trás quando deixei a Igreja Ortodoxa. Agora que sou estudante de pensamento oculto ou superior, superei a Bíblia”. Tal declaração evidencia um completo mal-entendido do propósito e da mensagem da Bíblia. Nunca se pode superar esse livro maravilhoso. Quanto mais se desenrola o progresso espiritual, mais a Bíblia revela seus maravilhosos tesouros espirituais.
Para o ser humano, a Bíblia será o livro supremo da vida até o fim de sua evolução nesse Planeta. Não antes da conclusão desse grande ciclo encarnacional, ele compreenderá totalmente o significado da promessa bíblica: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”[12].
Pelo pedido da Sabedoria Divina, a Natureza circunda a humanidade com uma variedade infinita de cores, um fato maravilhoso que muitas vezes é dado como certo. A riqueza de cores da natureza é tanto o resultado de um projeto inteligente quanto as cores de uma tela. No entanto, elas nunca foram tão ricas e significativas como são hoje. A evolução pertence a toda a natureza e isso inclui seu esquema de cores, que passou por muitas mudanças desde o primeiro amanhecer da vida neste planeta.
Somente quando o ser humano se torna conhecedor da psicologia das cores ele começa a perceber a beneficência divina que adapta os tons naturais ao seu status no tempo, lugar e na circunstância. A própria humanidade é parte integrante do grande esquema da natureza; ela não é uma coisa à parte e intuitivamente toma para si o que a natureza fornece abundantemente. As tendências das cores usadas na vida cotidiana parecem triviais; mas na realidade, elas têm suas raízes profundas na psique humana.
Toda mulher possui uma afinidade com certas cores. Essas são as cores com as quais ela deve se cercar não apenas usando-as em seu vestuário, mas na decoração de sua casa; e, se possível, no seu escritório ou local de trabalho.
Nunca tenha medo de experimentar cores até encontrar a mais agradável. Ao subirmos a escada da conquista espiritual de modo mental, moral e físico, descobrimos que também estamos elevando nosso grau de sensibilidade à cor e à luz. A escritora certa vez conheceu uma jovem que era bastante materialista em sua visão da vida. Ela se vestia em grande parte com vermelho e tinha o apartamento pintado de vermelho claro. Mais tarde, tornou-se estudante de filosofia, passando a maior parte do dia nas bibliotecas da cidade em que vivia. Ela não sabia qualquer coisa sobre a psicologia das cores naquela época, porém intuitivamente mudou a decoração de sua casa para amarelos dourados e brilhantes. Mais tarde, ela se tornou uma estudante de metafísica e mudou suas cores para o mais suave azul e azul-marinho. Nos seus últimos anos, ela se tornou uma estudante profunda do ocultismo e escreveu muitas coisas sobre as verdades suprafísicas. Foi então que ela viveu, se moveu e se voltou apenas pelo delicado, quase tênues, tons da Nova Era simbolizados pelos tons das orquídeas, de roxo acinzentado passando por rosa púrpura até o roxo avermelhado forte. Tão bonito e espiritual foi a atmosfera do seu apartamento que qualquer um podia quase ouvir a música dos seus acompanhantes angelicais.
À medida que as pessoas percebem cada vez mais a importância de se cercar das cores psicologicamente certas, a decoração de interiores se torna uma profissão mais popular para homens e mulheres. Por exemplo, um decorador pegará uma sala com exposição ao norte e, em vez de paredes brancas ou cinzas que apresentam uma aparência fria e triste em uma luz norte, pintará as paredes de amarelo pálido e brilhante. A luz de um fogo ardente em uma lareira abrirá à sala uma atmosfera tão encantadora e aconchegante que a falta da luz solar direta dificilmente será perceptível.
Uma pessoa nervosa ou que sofra de insônia se beneficiará muito pintando o cômodo ocupado com os suaves tons de verde da floresta no início da primavera. Uma pessoa solitária, que não faz amigos com facilidade e deixa de atrair companheirismo, será beneficiada por um ambiente feito em tons de rosa, variando de matizes brilhantes a entretons de flor de pêssego. Para uma pessoa envolvida em trabalhos criativos ou para um estudante metafísico que fique muito tempo em oração ou meditação, recomenda-se o azul mais suave, uma cor que pareça conter em si a chave do infinito.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a cada ano tem-se demonstrado um interesse crescente pela experimentação de cores em várias escolas, tanto públicas quanto privadas. Em algumas de nossas cidades americanas, as escolas foram construídas de acordo com especificações elaboradas em conjunto por arquitetos, educadores e psicólogos. Os especialistas posteriores cuidaram para que a cor e a luz fossem adequadamente incorporadas nas estruturas. As lousas eram verdes, o giz era amarelo, as paredes tinham três tons delicados. Almoços infantis eram servidos em pratos de plástico de muitos tons. A luz entra nas salas através de paredes e tetos construídos em grande parte com tijolos de vidro. Assim, a beleza e o brilho estão chegando com o amanhecer de um dia verdadeiramente novo. Durante as próximas décadas, à medida que o ser humano chegar a uma percepção maior da potência da cor nos assuntos humanos, certamente ela será usada cada vez mais nas salas de aula.
O tema da cor seguirá o padrão do espectro solar, mas com a adição da flor de pêssego, do roxo, preto e branco. Nas primeiras séries serão dadas instruções em salas de escarlate claro e brilhante. À medida que as faculdades mentais das crianças sejam despertadas e estimuladas, as séries intermediárias serão ensinadas em salas de amarelo claro ou verde claro. Quando os Estudantes estiverem prontos para estudos científicos e abstratos, estes serão ministrados em salas decoradas com vários tons de azul, índigo e roxo. A essa altura, os estudos sobre percepção extra-sensorial terão se tornado uma parte essencial do currículo escolar regular. Os estudantes que estiverem prontos para estudar assuntos como o desenvolvimento de telepatia, clarividência, clariaudiência e afins receberão instruções em salas de cor malva mais suave e todas as requintadas tonalidades das orquídeas (do roxo acinzentado, passando pela rosa púrpura até o roxo avermelhado forte).
Declarações e sugestões de inovações tão interessantes e de longo alcance ecoaram mais de uma vez através dos tempos. Um poeta do século XI canta:
“Sol, Nuvem e Chuva geram o Arco —
Que moral está chamando aqui?”
As cores estão sendo usadas nas fábricas por seu efeito psicológico nos trabalhadores. Descobriu-se que ambientes mais claros significam maior produção de trabalho de alta qualidade e menos acidentes. Um caso grave de “tristeza” deve-se frequentemente à grande quantidade de cinzas ou marrons deprimentes nos arredores.
Em uma fábrica perto de Londres, a falta entre as mulheres empregadas subiu a um ritmo alarmante. Um especialista em cores foi chamado e percebeu que a iluminação fizesse o rosto das mulheres parecer azul e doentio. Um olhar no espelho e elas sentiram-se doentes. Uma camada de bege quente sobre as serpentinas de cor cinza-ferro neutralizou esse efeito e o problema das ausências foi resolvido.
Os seguintes e interessantes trechos da Revista Popular Science Monthly são ilustrativos da crescente conscientização da indústria sobre o poder e a eficácia das cores:
“As garotas de uma fábrica no centro-oeste com ar-condicionado reclamavam de sentir frio, embora a temperatura fosse mantida em 22,2º C. Quando as paredes verde-azuladas foram repintadas com uma cor quente de coral, no entanto, suas queixas cessaram. Em outra fábrica, os trabalhadores que levantavam caixas pretas de metal, cheias de canos de sarça, reclamavam que doía as costas. Em um fim de semana, o chefe pintou as caixas com um tom de verde pálido. Na segunda-feira de manhã, vários homens comentaram: ‘Essas novas caixas são leves e fazem uma diferença real’”.
Tais evidências dos poderes enganosos e persuasivos da cor não são novidade para a ciência. A pessoa comum subestima a temperatura de uma sala azul e superestima a temperatura de uma sala vermelha, julgando que os objetos de coloração escura sejam mais pesados do que realmente são. Nos últimos dez anos, a ciência da engenharia de cores aplicou esses e outros fenômenos de cor a trabalhos práticos de larga escala.
Enquanto o vermelho induz à ação, o verde — a cor da natureza — parece promover uma sensação de bem-estar. A Ponte Blackfriars[13], em Londres, era famosa por suicídios. Quando o ferro preto foi repintado de verde brilhante, os suicídios da ponte caíram em mais de um terço.
Os proprietários de navio economizam milhões de dólares por causa da descoberta feita pela Scripps Institution of Oceanography de que as cracas, organismos marinhos que sujam os navios ao se prenderem no casco, gostam particularmente de cores escuras e se instalam em número muito menor em cascos verdes claros ou brancos. Uma maneira simples, certamente, de diminuir a “conta de craca” anual de US$ 100.000.000,00 dos navios americanos.
A experiência em tempo de guerra desenvolveu um programa completo de cores para a indústria, com resultados tão impressionantes que centenas de fábricas estão adotando. Os gerentes atribuem aumentos de produção de 15% a 30% apenas à seleção científica de cores.
A consciência de massa expressa sua percepção das cores sobretudo em roupas, iluminação, decorações e outras mídias. E os eventos também têm seus elementos de cores próprias. Quando são de caráter universal e carregados de profundo significado, rapidamente se traduzem através da consciência humana em cores correspondentes no plano da expressão. As constantes conversas sobre guerra durante 1939 e seu surto real antes do final daquele ano fizeram do vermelho a moda predominante no uso de roupas. À medida que a guerra se espalhou em 1940, o vermelho ganhou popularidade. Chapéus, vestidos, casacos e bolsas escarlates eram visíveis em qualquer grande aglomeração. Isso estava de acordo com as exigências da natureza, pois o vermelho brilhante é a cor relacionada à força, coragem, iniciativa e atividade física. É a radiação do próprio valor, uma qualidade necessária para o êxito do julgamento do conflito.
Vermelho é uma cor marcial. Quando o deus da guerra paira sobre uma nação, ele acena uma bandeira vermelha. Quando pensamentos-formas de guerra envolvem um povo, sua reação psicológica se manifesta como predominância do escarlate no mundo da moda.
À medida que a guerra avançava, era necessário algo mais. O estresse e a tensão de 1942 e 1943 tendiam a quebrar o espírito de luta do ser humano. Os construtores da moral se tornaram outra necessidade. Aqui, novamente, a cor teve um papel indispensável. Os tons mais brilhantes que se possa imaginar vieram à tona; quanto mais flagrantes e vívidos, melhor. Então, seguiu-se uma temporada de roxos reais, fúcsias brilhantes e magentas ricas, frequentemente usados juntos nas combinações mais impressionantes. Alguns eram bastante chocantes e serviam para dar vibração ao espírito humano, elevando-o acima da dúvida e da tristeza, da depressão e do desespero. Eles tiveram o efeito de desviar o olhar mental para a direção do revestimento prateado das nuvens. Tudo isso foi um indicativo dos dias mais brilhantes do outro lado da provação.
O ano de 1944 foi um ano de cor pastel. As combinações de cores brilhantes e climáticas foram sucedidas por tintas requintadamente suaves e macias. A necessidade de seu efeito curativo havia chegado. Após longos meses de guerra, o suspense, a agonia de esperar por notícias e o desgosto evidenciado pela exibição muito frequente de uma estrela dourada — as pessoas não podiam mais tolerar o efeito galvânico de cores vivas. A vitória na frente de batalha já foi concedida, sua realização é só uma questão de tempo. Portanto, em vez de um incitamento contínuo à ação, uma atitude de equilíbrio era essencial para concluir o conflito e fazer as pazes. Essa postura foi a mensagem que os tons pastéis introduziram nesse importante trabalho.
As tonalidades da cor pastel encontraram uma bela expressão nas decorações da época de Natal de 1944. Em algumas de nossas mais famosas lojas de departamento nas grandes cidades, os temas decorativos para as vitrines e os interiores não estavam nos vermelhos e verdes convencionais, nem nos delicados tons de arco-íris. De acordo com essa tendência, houve pelo menos um exemplo importante em que o tradicional Papai Noel foi substituído por Anjos de prata. Comentando a mudança, o gerente de um desses empórios expressou a esperança de que essa inovação em seu esquema de cores diminuísse nos compradores de Natal o estresse e a ansiedade da tensão nervosa.
Com a conclusão da guerra em 1945, os pensamentos estavam sendo direcionados para curar as rachaduras que ela havia trazido e para efetivar unidades maiores entre pessoas e nações. Um Mundo se tornou quase um lema da época. Portanto, embora a necessidade de consolo e cura em matizes de cor pastel ainda estivesse presente e ficasse na vanguarda da moda, a cor que então veio a dominar foi um lindo azul, o azul descrito como azul empoeirado ou cinza. Esta é a sombra suave e enevoada de um céu de junho, a cor que pertence à cura, ao idealismo, aspiração e sonhos de dias melhores em um mundo melhor.
Pode-se dizer que o ano de 1946 viu o nascimento de um novo mundo, pois a bomba atômica soara a morte do antigo. O pensamento principal em muitas Mentes e a palavra em milhares de lábios era que tivéssemos chegado a um ponto de virada em que a escolha era entre um mundo ou nenhum. A consciência do povo estava tão preocupada como nunca com as relações internacionais. E mais uma vez a tendência no pensamento dos seres humanos se refletiu nos modos predominantes da estética. Citamos uma nota de moda daquele dia: “As estampas da primavera contam sua própria história. Existem as viagens de Gulliver e a influência chinesa foi fortemente marcada. Um estilista exibiu uma blusa chinesa com decorações russas para ser usada com uma faixa espanhola.” — Outra evidência de que nos vestimos como sentimos e pensamos.
Como dissemos, o vermelho foi a cor dominante durante os primeiros anos da guerra, o vermelho da destruição. Mas o vermelho também é a cor da iniciativa e da ação; portanto, para a construção de um novo mundo, o vermelho ainda tinha trabalho a fazer e estava em evidência. Agora, porém, ele apareceu em uma combinação apropriada à sua função construtiva. Amarelo dourado é a cor unificadora, aquilo que aglutina. Uma nota da moda nesse período afirma que o vermelho dourado (tomate) estava sendo mostrado extensivamente e fez com que a feira se tornasse extremamente popular. A influência do amarelo fundido com o vermelho se refletiu nos esforços para estabelecer as Nações Unidas como uma organização que funcionasse com sucesso; outra evidência das forças da cor que estão em ação sob a superfície, tornando-se expressamente manifestas em nosso ambiente cotidiano.
Agora, o ouro no coração da humanidade deve transmutar o vermelho da guerra e conquistar o vermelho dourado da estrela do dia em que a humanidade possa “andar na luz como Ele está na luz”[14] e assim ter uma comunhão verdadeira e duradoura, uns com os outros.
Em outubro de 1949 as últimas notas da moda listavam vermelho como a cor mais popular. Mulheres elegantemente vestidas usavam conjuntos completos de vermelho — chapéu, paletó, bolsa e sapatos. Azul marinho, preto e marrom, antes tão amplamente usados no inverno, estavam sendo substituídos pela cor marciana. Foi então lembrado que a última vez que o vermelho foi o decreto da moda foi no inverno de 1940 e 1941; e que, fiel à sua significação, anunciou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, imediatamente após o ataque do Japão a Pearl Harbor. Perguntou-se, então, se um retorno ao vermelho na moda feminina pressagiasse eventos de natureza semelhante ou se fosse apenas uma transferência dos anos sanguinários tão recentemente encerrados. “O tempo dirá” foi a conclusão do artigo.
E assim foi. Em 1950, os Estados Unidos se envolveram em outro conflito sangrento, na Coréia. As cores certamente falam uma linguagem profética, se pudermos interpretá-las corretamente.
Nesses dias de extremo perigo e estresse, se de repente a moda decretar que o vermelho brilhante seja o tom da cor predominante da próxima temporada, à luz dos prognósticos de cor do passado, poderíamos supor que o deus da guerra esteja pairando muito perto.
Até que chegue o momento em que algum inventor da Nova Era traga à Terra um verdadeiro órgãos de cores, os Aspirantes considerarão necessário fazer seu próprio trabalho de experimentação, seguindo os passos do músico ou clarividente que possa estabelecer algumas regras básicas e simples. Mostramos em outro lugar as correlações entre os esquemas de cores e atividades de vários tipos. Resta dar uma técnica simples para fazer uso pessoal e direto da cor, uma arte que possa ser combinada com a música que o próprio Aspirante escolher.
É sempre possível comprar lâmpadas coloridas da cor que se deseja usar. No entanto, os Estudantes da Verdade que estejam aprendendo a entender algo dos maravilhosos poderes de concentração e visualização estão começando, criativamente, a partir de “banhos de cores” diários na mediação, pois as cores físicas são as sombras mais simples das formações vitais e poderosas de cores do mundo espiritual.
As cores mais propícias à meditação espiritual estão na faixa entre as cores violeta e ametista; também azul-violeta e azul-escuro profundo do índigo; essas cores correspondem aos centros espirituais de força, na cabeça. Leonardo da Vinci disse que o poder da meditação aumentaria 10 vezes, se ela fosse feita sob os raios de luz violeta que caíam através dos vitrais de uma igreja tranquila.
O azul é uma cor calmante, tranquilizante e, portanto, excepcionalmente boa para meditação, especialmente em assuntos espirituais e altruístas. Incentiva uma tranquilidade mental altamente receptiva à inspiração espiritual. É especialmente a cor do humor devocional e estimula o desejo de exercícios devocionais. É a cor da Madonna – a Virgem Maria com o Menino Jesus.
No trabalho da meditação, o ambiente deve ser tão calmo quanto as condições permitirem e sempre, se possível, deve haver um plano de fundo para música relaxante e tranquila. Deve-se assumir uma postura completamente relaxada, reclinando-se em um sofá ou sentando-se em uma cadeira confortável. Depois que as tensões corporais são relaxadas, devemos visualizar a cor apropriada ao tema escolhido para a meditação e imaginá-la em ritmos suaves, como as ondas do mar. Primeiro, as ondas cobrem os pés; depois, sobem para os joelhos; a seguir, para a cintura, o coração, a garganta; finalmente, elas cobrem a cabeça. Assim, nós nos banhamos e lavamos nessa harmonia de cores por 10, 15, 20 ou mesmo 30 minutos de cada vez, fechando-nos completamente ao mundo exterior e vivendo em um verdadeiro mar de cores. O efeito é estimulante e renovador.
Até que nos familiarizemos completamente com a arte do banho de cor, é melhor manter a Mente completamente inativa. No entanto, depois de ficar à vontade com o processo, ele nos ajudará a meditar sobre algum poema inspirador e favorito ou uma passagem bem amada das Escrituras, como: “Fique quieto e saiba que Eu sou Deus.”[15]; “Ele me leva ao lado das águas tranquilas.”[16]; “Certamente, a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida e habitarei na casa do Senhor para sempre.”[17].
Esse método de meditação baseado nas cores é aplicável à cura de outras pessoas e de nós mesmos. Pode ser usado em clínicas de cura espiritual onde cada um dos 12 Signos, os nove Planetas (mais a Lua) sejam representados por um Curador que trabalhe com os pacientes cujos horóscopos sejam harmoniosos com o seu próprio[18]. Esses grupos de cura se tornarão centros focais para um influxo de tremendo poder espiritual: um poder tão vasto e um espírito tão poderoso que os que zombam permanecerão para louvar e, talvez, até orar!
Para o esoterista a visão de cores significa que o olho espiritual da Clarividência se tornou consciente das cores vivas, que são um fenômeno básico do Mundo do Desejo. No Mundo do Desejo – emoções, sentimentos e desejos são visíveis em formações objetivas —, nuvens de cores exibem as qualidades da vida da alma de toda a raça humana. Aqui também são vistas as formações de cores criadas pelas emoções cósmicas de Anjos, Arcanjos e outros seres cósmicos, bem como pelos animais e pelos espíritos da natureza que trabalham nos reinos vegetal e mineral.
No mais elevado dos Mundos suprafísicos pelos quais passamos nesse atual momento da evolução, o Mundo do Pensamento, a qualidade básica é o som, pois esse é o reino da Música das Esferas e aqui as canções arquetípicas da criação ressoam no espaço. O Mundo de Desejo e o Mundo do Pensamento não são separados um do outro. Em vez disso, eles se interpenetram e os padrões de cores vistos no Mundo do Desejo são, de fato, “animados” pelas harmonias do Mundo do Pensamento.
Onde pensamentos e emoções são complexos e altamente civilizados, o som e os padrões de cores são correspondentemente intrincados. Esses padrões do Mundo do Desejo, que variam a partir de simples manchas de cor como pequenas nuvens que, quando agrupadas, assemelham-se a massas ondulantes de nuvens, são nuvens de emoções coletivas que, às vezes, surgem e rolam sobre vastas multidões de pessoas. É nesses blocos de nuvens que os grandes Arcanjos que guiam a evolução das raças e nações podem, de vez em quando, ser vistos dirigindo suas acusações aos da raça ou nação — como muitos videntes os descreveram na literatura sagrada em todo o mundo.
A emocionante música marcial de canções patrióticas envia exércitos para a batalha em uma onda de escarlate, vermelho e dourado combinados com lâminas de luz reluzente e mutável, representando a justa indignação e um forte espírito de autodefesa. Não é de surpreender que essas lâminas de luz, na aura, sejam confundidas com lanças e espadas reais nas mãos de guerreiros sobrenaturais, embora geralmente essas lâminas circundem seus corpos em uma espécie de auréola. Tal é a representação da alta coragem moral, mas não da excitação de raiva mostrada como relâmpagos na aura contra um fundo preto e escarlate.
Onde os processos de pensamento são claramente definidos, como em um intelecto treinado, as formas de pensamento são nítidas e claras. A aura humana também revela essa linha de desenvolvimento, sendo nublada e indefinida nos contornos das pessoas comuns; porém clara de contorno, radiantemente transparente, brilhante e com cores vivas, nas pessoas de cultura superior.
Em um artigo não-assinado e publicado na Revista Rays from the Rose Cross, em outubro de 1915, supostamente escrito por Max Heindel, que era seu editor, lemos: “Quando aprendemos a controlar nosso senso de visão para poder olhar para um ser humano sem ver sua forma física, então sua fotosfera ou aura poderá ser vista em todo o seu esplendor, pois as cores da Terra são opacas em comparação aos fogos vivos e espirituais que cercam todo humano e dele emana. O jogo cintilante da aurora boreal nos dá uma ideia de como essa fotosfera ou sombra age; ela está em movimento incessante, dardos de força e chamas estão constantemente sendo disparados de todas as partes e particularmente ativos ao redor da cabeça; as cores e os tons dessa atmosfera áurica mudam a cada pensamento ou movimento”.
O pensamento-forma adequado, que tem a ver com ideias dissociadas de um sentimento ou emoção, também mostra que exista uma relação entre a forma (ou o desenho) e o tom, pois os tons arquetípicos soam continuamente no Mundo do Pensamento. Os cientistas ocultos indicam, há muito tempo, que deve haver uma analogia física muito conhecida nesse processo do mundo celestial. Se a areia for colocada sobre uma folha de vidro ou latão e, ao redor da sua borda, for friccionado um arco de violino, o som fará com que a areia forme padrões que, na ciência da acústica, são chamados de “as figuras de Chladni”[19]. As figuras variam quando a placa é curvada em um ponto ou outro.
Nas condições densas e rígidas do Mundo Físico, esses três processos — som, cor e desenho ou forma — são separados um do outro. No Mundo do Desejo, ocorrem simultânea e automaticamente, em consonância com as leis que governam os reinos internos. Assim, pode acontecer que, quando um Auxiliar Invisível estiver acordado no Mundo do Desejo, enquanto seu Corpo Denso dorme na Região Química do Mundo Físico, ele repentinamente pode perceber que a música está fluindo dos objetos a sua volta.
Talvez ele acorde em seu Corpo-Alma e se encontre em uma galeria de arte onde vê belas imagens de Cristo reproduzidas através dos poderes reflexivos do Mundo do Desejo. Enquanto ele as contempla, há uma explosão de música como a de um grande órgão de tubos. Ela é derramada pelas imagens e parece preencher todo o espaço. O que é essa música? É a dimensão mais alta das imagens, o equivalente a elas em termos de som — como é conhecido no céu superior, onde o som domina. Em outras palavras, os quadros de Cristo pintados com música.
Como vivemos o tempo todo não apenas no Mundo Físico, porém nas dimensões superiores da alma que o interpenetram, todos nós temos um profundo conhecimento intuitivo desses fatos sobre o Mundo do Desejo. Isso sempre foi conhecido pelos membros das Escolas de Mistério. Platão ensinou que o amor à beleza é apenas a lembrança da alma, daquilo que ela conhecia antes de ser envolta em carne.
O compositor russo Scriabin[20] estava profundamente interessado no estudo da cor e da música. No momento de sua transição, ele estava trabalhando no que esperava ser sua obra-prima, uma sinfonia na qual as duas seriam misturadas. Sua ideia era colocar uma tela no palco, acima da orquestra. À medida que a sinfonia fosse realizada, as cores apareciam simultaneamente na tela. Sua morte foi uma grande perda para a arte da Nova Era de combinar cor e música, pois ele foi um pioneiro talentoso nesse campo de empreendimento tão fascinante. A tabela a seguir é a correlação de Scriabin entre notas musicais e cores, como ele as viu.
Nota Musical | Cor Relacionada |
C | Vermelho |
C# | Violeta |
D | Amarelo |
D# | Brilho do Aço |
E | Azul Perolado e Brilho do Luar |
F | Vermelho Escuro |
F# | Azul Brilhante |
G | Laranja Rosado |
G# | Roxo ou Púrpura |
A | Verde |
A# | Brilho do Aço |
B |
Azul Suave |
“Você tem seus olhos, você tem seus ouvidos: olhe com seus olhos para as coisas da Natureza, ouça com seus ouvidos o que acontece na Natureza; o espiritual se revela através da cor e do tom, e quando você olha e ouve, você não pode deixar de sentir como ele se revela neles.”
No rádio, a pergunta foi feita recentemente: “O que é a verdade?”. Um cientista físico respondeu: “A verdade é apenas aquilo que possa ser evidenciado através da percepção sensorial”. Como o ser humano pode ser cego e covarde! Toda a Natureza está se esforçando para lhe revelar algo sobre os maravilhosos milagres que o cercam, mas ele se contenta em viver na estreita prisão de seus cinco sentidos.
As pessoas admiram o arco-íris com os olhos abertos. Contudo se você olhar para o arco-íris com um pouco de imaginação, poderá ver seres elementares. Tais seres elementares estão cheios de atividade e demonstram isso de maneira notável. Aqui, no amarelo, você vê alguns deles saindo do arco-íris, saindo continuamente. Eles se movem e, quando atingem a extremidade inferior do verde, são atraídos para o amarelo novamente. Para quem o vê com imaginação, todo o arco-íris manifesta um fluxo que sai do espírito e, desaparecendo, volta novamente para ele, por dentro. É como uma dança espiritual; de fato, uma valsa espiritual maravilhosa para observarmos. E você também pode ver como os Seres espirituais saem do arco-íris com um medo terrível e como entram com uma coragem invencível. Quando você olha para o vermelho-amarelo, vê o medo se esvaindo e, quando olha para o azul-violeta, sente existir muitíssima coragem e bravura no coração desses Seres.
Agora imaginem para si mesmos: diante de mim não existe um simples arco-íris! Seres estão saindo dele e entrando nele, aparecendo e desaparecendo — aqui, ansiedade e medo; lá, coragem… E agora, aqui o arco-íris recebe uma certa espessura e você será capaz de imaginar como isso dá origem ao elemento Água. Nesse elemento aquoso, os seres espirituais vivem, seres que são na verdade uma espécie de cópia dos Seres da Terceira Hierarquia”.
Todas as manifestações de cores que ocorrem nos reinos interno e externo desse Planeta Terra estão sob a supervisão e direção das três grandes Hierarquias, a saber: Sagitário, os Senhores da Mente; Capricórnio, os Arcanjos; Aquário, os Anjos.
Evidentemente, o poeta Robert Browning[21] havia desenvolvido algumas de suas faculdades ocultas, o que lhe permitiu penetrar nos reinos internos, quando escreveu:
“Apenas a obstrução do prisma mostra corretamente
o segredo do raio de sol:
Quebra sua luz em arco de joias para um cobertor branco.
Assim, pode surgir uma glória de um defeito.”[22]
Durante as últimas décadas, vários instrumentos foram inventados com o objetivo de sincronizar cores e tons. Entre as mais bem-sucedidas dessas invenções está a do Sr. Thomas Wilfred[23], chamado Clavilux. Muitas pessoas, lendo essas linhas, recordam o interesse agradável com que compareceram às apresentações do Clavilux. A descrição do trabalho do Sr. Wilfred foi obtida com permissão da edição de agosto de 1962 do The Journal of Borderland Research (O Jornal de Pesquisa da Fronteira), conforme abaixo.
“Uma forma de arte completamente nova, chamada Lumia, foi criada para a sala de recepção dos escritórios de Clairol, em Nova York, na Quinta Avenida, nº 666, pelo Sr. Thomas Wilfred. As cores em movimento são projetadas em uma tela de três metros para dar a ilusão de uma pintura abstrata sendo criada no espaço, à medida que os matizes e as formas passam por uma série predeterminada de padrões. As cores vivas, movendo-se lenta e constantemente pela tela, em combinação com tons mais delicados, criam uma experiência visual incomum que possa ser vista por segundos, minutos ou horas. A procissão das constelações de cores está programada para durar um ano, 34 semanas, 22 horas e 10 minutos; em seguida, ela recomeça, repetindo exatamente a composição.
A “luz móvel” é chamada Estudo em Profundidade, Obra 152. O Sr. Wilfred criou anteriormente 151 composições. Essas outras obras estão no Museu de Arte Moderna, no Museu Metropolitano de Arte, no Museu de São Francisco e muitas em coleções particulares. A composição Lumia de Clairol é a maior, terá a maior duração e é a primeira em um escritório”.
Uma composição Lumia registrada em 1955, presente do Sr. e da Sra. Julius Stulman para o Museu de Arte Moderna, em Nova York, é interessante:
“Lumia, a arte da luz, foi desenvolvida por Thomas Wilfred, que fez experimentos por anos, durante o primeiro quarto de século. Em 1921, ele completou seu Clavilux, um instrumento que consiste em vários projetores poderosos com um teclado semelhante a um órgão e que controla a forma, a cor e o movimento projetados em uma grande tela branca. Em 1922, em Nova York, Wilfred apresentou seu primeiro recital Lumia usando o Clavilux e, durante 20 anos, ofereceu recitais de Clavilux pelos Estados Unidos, Canadá e Europa. Em 1930, ele fundou o Instituto de Arte da Luz para o estudo e desenvolvimento desse novo método. O Instituto manteve laboratórios e um recital em Nova York até os anos da guerra.”.
Thomas Wilfred continua seu trabalho com Lumia, criando composições e gravando-as para repetição automática em instrumentos do tipo “Aspiração”, como mostrado no Museu de Arte Moderna. O artista descreve esse trabalho como um tema de 397 variações. Os ciclos de forma e cor têm duração diferente. Assim, toda vez que o ciclo da forma se repete, ele o faz com um tratamento diferente de cores — uma coincidência quase ocorre a cada duas horas e 32 minutos. Toda a composição tem uma duração de 42 horas, 14 minutos e 11 segundos.
Sobre Lumia, a arte da luz, diz Wilfred:
“O ser humano construiu com pedra, esculpiu em mármore, pintou com pigmentos moídos, soprou através de juncos, puxou cordas, cantou, dançou, escreveu e falou. Assim, nossas sete belas artes cresceram junto à nossa civilização. Suas ferramentas e meios de comunicação eram simples e próximos. Um meio, porém, desafiava as tentativas de aproveitamento do ser humano: a Luz, a maior força natural que nossos sentidos podem captar, a fonte e a manutenção de toda vida e crescimento.
Mas, com o advento da eletricidade, um caminho se abriu e agora uma grande e nova época começa na estética. Nasceu uma oitava forma de arte importante para se juntar às sete aceitas: a arte da luz. Foi nomeada Lumia. Aqui, a luz é o único meio de expressão do artista. Ele deve moldá-la por meios ópticos, quase como um escultor molda a argila; ele deve adicionar cor e, afinal, movimento à sua criação.
O movimento, que é a dimensão do tempo, exige que o artista seja um coreógrafo no espaço, um dançarino por procuração, cujo corpo não tem peso e pode assumir a forma desejada. Isso ele consegue manipulando as teclas deslizantes da forma, da cor e do movimento no console (mesa de controle) do órgão de um instrumento Clavilux. Um sistema de notação especial é usado. As teclas acionam combinações ópticas em uma bateria de projeções poderosas e o resultado é exibido em uma grande tela branca.
O compositor do Lumia também pode gravar suas obras para repetição automática em armários independentes que se assemelham a aparelhos de televisão. O objetivo do artista é transformar a tela em uma grande janela com vista para o espaço infinito, um palco imaginário de dimensões astronômicas e, por fim, tocar nesse palco uma música visual e silenciosa feita de forma, cor e movimento.
Mais informações podem ser obtidas com Thomas Wilfred, em West Nyack, Nova York”.
Talvez os sensitivos sejam os mais beneficiados pelos instrumentos de cores da Nova Era e a quantidade de sensitivos está se multiplicando rapidamente — o que significa que toda a população um dia necessitará da cura diretamente trazida do céu para a Terra dessa maneira. Filhos de anos tenros e aqueles que ainda não nasceram podem ser influenciados por cores que afetem a vida de suas mães. Os poderes latentes em cores e tons têm possibilidades quase infinitas para beneficiar a humanidade. Quando esse fato for largamente aceito, o trabalho com as cores e os tons será o fator mais importante nos programas de tratamento diário de hospitais e escolas. Quando pais, médicos e professores forem sábios o suficiente para empregar os valores construtivos das cores no lugar de tecidos opacos e das tendências atuais e flagrantes da música, uma nova era na cultura, na cura e na educação será aberta a todos, especialmente às crianças. Aqueles de inteligência média se tornarão precoces e os problemas de delinquência diminuirão rapidamente. Uma geração mais sábia e mais responsável abençoará a Terra.
Que a seguinte lista de composições ajude os Estudantes a selecionar músicas para seus períodos de meditação. Meditação de Thaïs de Massenet[24]; Ave Maria, Bach-Gounod[25]; Música do Graal de Wagner[26]; Missas[27] e Evangelhos[28] tocados por vários compositores; hinos favoritos de um humor terno[29].
Azul, azul-violeta, lavanda e roxo devem ser usados com as músicas de fundo devocionais acima mencionadas. A meditação para o desenvolvimento do poder interior exige música iniciática e tons de azul, índigo, violeta, roxo ou ametista. Abaixo, algumas composições sugeridas:
O Ciclo do Anel[30] — Wagner; Parsifal, Lohengrin[31] — Wagner;
Orfeu e Eurídice[32], Alceste[33] — Gluck; A Flauta Mágica[34] — Mozart;
Thaïs[35] — Massenet; Aida[36] — Verdi; as Nove Sinfonias de Beethoven[37];
O Lago dos Cisnes[38], A Bela Adormecida[39] — Tchaikovsky.
Além disso, existem ótimas gravações de leituras dos grandes clássicos da literatura e religião, tanto em prosa quanto em poesia, que sejam úteis à meditação, quando acompanhados de cores e composições musicais adequadas.
FIM
[1] N.T.: Nikolai Konstantinovich Rerich (1874-1947), Nicholas Roerich, na grafia inglesa, foi um pintor, escritor, historiador, poeta e professor espiritual (líder intelectual) russo.
[2] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.
[3] N.T.: John Keats (1795-1821) foi um poeta inglês.
[4] N.T.: Os instrutores da Ordem Rosacruz ensinam a seus Discípulos a se protegerem contra as influências malévolas dos demais, mediante a formação e manutenção de uma “aura protetora”, que é para o Corpo, a Alma e o Espírito uma verdadeira armadura impenetrável contra qualquer influência negativa dirigida consciente ou inconscientemente. Essa Aura proporciona um sensível, mas muito poderoso, meio de proteção contra todo o tipo de ataques ou influências psíquicas maléficas, não importa como nem de onde venham.
A formação desta “Aura Protetora” se realiza mediante um esforço de vontade formando uma imagem mental de si mesmo rodeado de uma Aura pura e clara de luz branca brilhante. A luz branca é o símbolo e a radiação do Espírito, e o Espírito tem absoluta potestade sobre todas as coisas. Com um pouco de prática se chega a sentir realmente a presença e o poder desta “Aura Protetora”.
Um Mestre disse: “o mais alto e mais profundo dos ensinamentos ocultistas é que a luz branca nunca dever ser utilizada para atacar ou para ganhos pessoais, mas ser pode ser usada para proteger a si mesmo contra as influências psíquicas adversas, não importa por quem foram exercidas. Essa é a armadura do Espírito, e pode ser empregada de tal maneira, quando e onde quer que seja necessário”.
O “fogo de Cristo” também tem uma elevadíssima potência protetora e é de grande ajuda quando se percebem presenças indesejáveis, pedindo a Cristo que nos rodeie com Seu fogo purificador e protetor.
[5] N.T. ICor 3:2
[6] N.T.: Homero foi um poeta épico da Grécia Antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e Odisseia.
[7] N.T.: Eddas, Edas ou simplesmente Edda, é o nome dado a duas coletâneas distintas de textos do séc. XIII, encontradas na Islândia, e que permitiram iniciar o estudo e a compilação das histórias referentes aos deuses e heróis da mitologia nórdica e germânica: A Edda em prosa e a Edda em verso.
[8] N.T.: Galahad (também conhecido por Galaaz ou Gwalchavad) é um personagem lendário das histórias do Ciclo Arturiano. Galahad era um dos Cavaleiros da Távola Redonda do Rei Artur e um dos três que conseguiu alcançar o Santo Graal. Era o filho de Lancelote e de Helena de Carbonek.
[9] N.T.: ICor 2:16
[10] N.T.: Jo 10:10
[11] N.T.: ICor 15:55-57
[12] N.T.: Jo 8:32
[13] N.T.: é uma ponte rodoviária e rodoviária sobre o rio Tamisa, em Londres, entre a Waterloo Bridge e a Blackfriars Railway Bridge, que leva a estrada A201.
[14] N.T.: IJo 1:7
[15] N.T.: Sl 46:10
[16] N.T.: Sl 23:2-4
[17] N.T.: Sl 23:6
[18] N.T.: Para isso utiliza-se a metodologia de Cura Rosacruz que é praticada nos Departamentos de Cura de Cada Centro Rosacruz autorizado pelo mundo.
[19] N.T.: Os nós de vibração de uma placa elástica fina formam linhas caracteristicas da frequência específica que foi animada. A materialização dessas linhas com um pó, geralmente o pó de lycopodium, forma as figuras de Chladni. O nome das figuras origina-se do físico alemão Ernst Chladni.
[20] N.T.: Alexander Nikolayevich Scriabin (1872-1915) foi um compositor e pianista russo que iniciou com um estilo de composição tonal semelhante à linguagem harmônica de F. Chopin e desenvolveu, de forma independente à Segunda Escola de Viena, mas através de suas crenças espirituais, uma linguagem musical altamente atonal que pode atualmente ser comparada com composições dodecafônicas e serialistas. Ele hoje é considerado uma das figuras mais importantes da escola russa de composição do início do período moderno, tendo influenciado outros compositores como Sergei Prokofiev e Igor Stravinsky.
[21] N.T.: Robert Browning (1812- 1889) foi um poeta e dramaturgo inglês.
[22] N.T.: do poema Deaf and Dumb de Robert Browning.
[23] N.T.: Traduzido do inglês-Thomas Wilfred, nascido em Richard Edgar Løvstrøm, foi músico e inventor. Ele é mais conhecido por sua arte leve, que ele chamou de lumia, e seus projetos para órgãos de cores chamados Clavilux. Wilfred não gostava do termo “órgão colorido” e cunhou a palavra “Clavilux” do latim, que significa “luz tocada por chave”.
[24] N.T.: Thaïs é uma ópera em três atos de Jules Massenet (1842-1912 – foi um compositor francês) para um libreto em francês de Louis Gallet, com base no romance homônimo de Anatole France. Foi apresentada pela primeira vez no teatro da Ópera de Paris em 16 de março de 1894, com a soprano norte-americana Sybil Sanderson, para quem Massenet escreveu o papel-título. Ambientada no Egito durante a época romana, conta a história de Athanaël, um monge cenobita que tenta converter Thaïs, uma cortesã de Alexandria e devota de Vênus, à Cristandade, embora sem muito êxito. A meditação, passagem mais famosa da ópera, é executada como interlúdio entre duas cenas do segundo ato, e faz parte do repertório clássico tradicional, sendo executada normalmente como peça de concerto.
[25] N.T.: A Ave Maria de Bach/Gounod é uma das composições mais famosas e gravadas sobre o texto em latim da Ave Maria. A peça é composta por uma melodia do compositor romântico francês Charles Gounod especialmente projetada para se sobrepor ao Prelúdio No. 1 em C maior, BWV 846, do Livro I de J.S. Bach, O Cravo Bem Temperado, escrito cerca de 137 anos antes.
[26] N.T.: da ópera Parsifal, ópera de três atos com música e libreto do compositor alemão Richard Wagner. Estreou no Bayreuth Festspielhaus em Bayreuth no mês de julho de 1882. É vagamente baseada em Parzival, atribuído a Wolfram von Eschenbach, um poema épico do século 13 do cavaleiro arturiano Parzival (Percival) e sua busca pelo Santo Graal (século XII).
[27] N.T.: Algumas das mais importantes Missas são a Missa em Si Menor, de Bach; a Missa Nelson, de Haydn; a Grande Missa em dó menor, de Mozart; a Missa Solemnis, de Beethoven; a Petite Messe Solennelle, de Rossini; a Deutsche Messe, de Schubert; a Missa em Fá Maior, de Bruckner e a Missa Glagolítica, de Janáček (esta, de maneira nada ortodoxa, é cantada em eslavo antigo). Compositores como Palestrina, Charpentier, Bach, Haydn, Mozart, Gounod e Bruckner escreveram um grande número de missas. Michael Haydn compôs mais de 40 missas.
Outra espécie de missa é o Réquiem, a Missa de Defuntos (o Requiem, de Mozart, o Requiem für Mignon, de Schumann, o Requiem, de Verdi, o Réquiem Alemão, de Brahms, o War Requiem, de Britten e o Requiem, de Webber).
Além disso, há obras sobre partes da missa ou outros textos litúrgicos, como o Gloria (Vivaldi e Poulenc), o Magnificat (Bach), o Te Deum (Charpentier, Purcell, Haydn, Mozart, Nunes Garcia, Berlioz e Bruckner), o Stabat Mater (Vivaldi, Pergolesi, Rossini e Dvořák) e o Exsultate, jubilate (Mozart), entre outros.
[28] N.T.: Alguns exemplos: A Paixão segundo Mateus BWV 244 (em latim: Passio Domini nostri Jesu Christi secundum Evangelistam Matthaeum; em alemão: Matthäus-Passion), mais conhecida em países católicos como Paixão segundo São Mateus, é um oratório de Johann Sebastian Bach, que representa o sofrimento e a morte de Cristo segundo o Evangelho de Mateus.
Baseado no Evangelho de São João: O Oratório de Natal BWV 248, é um oratório de Johann Sebastian Bach compilado para ser apresentado na igreja durante a época do Natal.
Paixão Segundo São Mateus composta em 1746 por Georg Philipp Telemann.
[29] N.T.: Exemplos: Hinos Rosacruz de Abertura e de Encerramento dos Rituais do Templo e de Cura.
[30] N.T.: Der Ring des Nibelungen (O Anel dos Nibelungos) é um ciclo de quatro óperas épicas do compositor alemão Richard Wagner. Elas são adaptações dos personagens mitológicos das sagas nórdicas e do Nibelungenlied.
[31] N.T.: Lohengrin é uma ópera romântica em três atos de Richard Wagner, que também foi responsável pelo libreto. A história de Percival (ou Parsival) e seu filho Lohengrin, o cavaleiro do cisne, provém da literatura medieval germânica, especialmente do Parzival, de Wolfram von Eschenbach, e da sua continuação anônima, Lohengrin, inspirada na saga de Garin Le Lorrain (ou Garin le Loherin), a qual integra a Gesta dos Lorenos, ciclo de cinco canções de gesta dos séculos XII e XIII, escritas em loreno românico.
[32] N.T.: é uma ópera de Christoph Willibald Gluck (1714-1787 – compositor musical alemão) baseada no mito de Orfeu, com libreto por Ranieri de’ Calzabigi.
[33] N.T.: Alceste, Wq. 37, é uma ópera de Christoph Willibald Gluck de 1767. O libreto foi escrito por Ranieri de ‘Calzabigi e baseado na peça Alcestis de Euripides.
[34] N.T.: é uma ópera (singspiel) em dois atos de Wolfgang Amadeus Mozart, com libreto alemão de Emanuel Schikaneder.
[35] N.T.: Thaïs é uma ópera em três atos de Jules Massenet (1842-1912 – foi um compositor francês) para um libreto em francês de Louis Gallet, com base no romance homônimo de Anatole France. Foi apresentada pela primeira vez no teatro da Ópera de Paris em 16 de março de 1894, com a soprano norte-americana Sybil Sanderson, para quem Massenet escreveu o papel-título. Ambientada no Egito durante a época romana, conta a história de Athanaël, um monge cenobita que tenta converter Thaïs, uma cortesã de Alexandria e devota de Vênus, à Cristandade, embora sem muito êxito. A meditação, passagem mais famosa da ópera, é executada como interlúdio entre duas cenas do segundo ato, e faz parte do repertório clássico tradicional, sendo executada normalmente como peça de concerto.
[36] N.T.: é uma ópera em quatro atos, com música de Giuseppe Verdi e libreto de Antonio Ghislanzoni.
[37] N.T.: as nove sinfonias de Ludwig van Beethoven são um dos pilares de sua obra, representando todas as suas fases composicionais e estéticas e sendo também um fundamento de toda a música sinfônica mundial. Sinfonia nº 1, em Dó Maior; Sinfonia nº 2, em Ré Maior; Sinfonia nº 3, em Mi bemol Maior, “Eroica”; Sinfonia nº 4, em Si bemol Maior; Sinfonia nº 5, em Dó menor; Sinfonia nº 6, em Fá Maior, “Pastoral”; Sinfonia nº 7, em Lá Maior; Sinfonia nº 8, em Fá Maior; Sinfonia nº 9, em Ré menor, “Coral” (é uma das mais aclamadas obras da história da música. Finalizada em 1824 após sete anos de composição, sendo a única sinfonia de seu terceiro e último período composicional, a obra prima conclui sua carreira reunindo toda a sua inspiração, criatividade e capacidade. A estreia ocorreu em Viena, regida por Beethoven que, agora plenamente surdo, voltava aos palcos após 12 anos de afastamento. A obra e o compositor foram ovacionados. A orquestração desta sinfonia é a maior de todas, incluindo agora também uma percussão mais encorpada e, é claro, o coro e os quatro solistas vocais. A escolha da poesia “Ode à Alegria”, de Friedrich Schiller, mostra a preocupação de Beethoven a respeito do conteúdo que sua sinfonia deveria oferecer. A poesia, assim como a música, é positiva, esperançosa e repleta de idealismo.).
[38] N.T.: é um balé dramático em quatro atos do compositor russo Piotr Ilitch Tchaikovski e com o libreto de Vladimir Begitchev e Vasily Geltzer.
[39] N.T.: é um balé de um prólogo e três atos do compositor russo Tchaikovsky, o libreto de Marius Petipa e Ivan Vsevolojsky, e coreografia de Marius Petipa baseado no conto de fadas do escritor francês Charles Perrault.
Cristo-Jesus nos ordenou: “Pregai o Evangelho e curai os doentes”.
A cura permanente demanda que esses dois mandamentos sejam obedecidos.
Por meio do “Evangelho” nós temos uma compreensão interna das leis da vida e do ser.
O propósito da vinda de Cristo foi ensinar ao ser humano como se salvar por meio da regeneração, e isto Ele ensinou tanto por exemplos assim como por preceitos, pois, de outra forma, seus ensinamentos não seriam bem-sucedidos.
“Todos as faltas, falhas, todos os erros praticados hoje se cristalizarão como doenças no amanhã. O Espírito é o construtor de seu próprio Corpo.
Os milagres de cura do Mestre são apenas para aqueles que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver”.
Assim escreveu o grande Paracelso.
1. Para fazer download ou imprimir:
Os Milagres de Cura de Cristo Jesus – Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
OS MILAGRES DE CURA DE CRISTO JESUS
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
The Healing Miracles of Christ Jesus
1ª Edição em Inglês, 1951, editada por Corinne Heline
O conteúdo desse livro é idêntico ao do Capítulo do mesmo nome na obra New Age Bible Interpretation, Vol. IV, New Testament, Part II de Corinne Heline
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
SUMÁRIO
“A PATOLOGIA OCULTA E A TEOLOGIA SÃO UMA SÓ”
A Cura de um Endemoninhado aos Pés do Monte Hermon
A Cura Definitiva da Sogra de Pedro
Cura da Filha de uma Mulher Cananeia
A Cura Definitiva de um Homem com a Mão Atrofiada
A Cura do Servo de um Centurião
A Elevação do Filho da Viúva de Naim
Cristo-Jesus nos ordenou: “Pregai o Evangelho e curai os doentes”. A cura permanente demanda que esses dois mandamentos sejam obedecidos. Por meio do “Evangelho” nós temos uma compreensão interna das leis da vida e do ser. Os primeiros seres humanos conheciam a si mesmos como Espíritos Virginais, feitos à imagem e semelhança de Deus. Encontravam-se sob a guarda dos Anjos e viviam em harmonia com a música das esferas. O parto era indolor, a juventude eterna e a morte desconhecida. Então, vieram os Espíritos Lucíferes e impregnaram o Corpo de Desejos do ser humano com um novo impulso – a força inferior e destrutiva do fogo; como resultado o ser humano perdeu, gradualmente, o contato consciente da Lei Cósmica. Ele se vestiu com “roupas de pele” e sua consciência focou-se apenas na vida pessoal, ao invés de focar na vida universal, como até então. E isto lhe abriu o caminho do sofrimento, por meio da doença, pobreza e morte.
O Antigo Testamento nos conta a história da vinda de Lúcifer, a Falsa Luz. O Novo Testamento nos apresenta a história de Cristo, a Verdadeira Luz, o Salvador do Mundo, que nasceu de uma Imaculada Concepção e que veio com a cura em Suas Asas.
O propósito da vinda de Cristo foi ensinar ao ser humano como se salvar por meio da regeneração, e isto Ele ensinou tanto por exemplos assim como por preceitos, pois, de outra forma, seus ensinamentos não seriam bem-sucedidos. Pelo despertar do Cristo dentro de si mesmo, o ser humano se ergue sobre e além de todas as limitações, dentro de uma consciência de paz, harmonia e plenitude. Aí então, ele se dará conta de uma nova vida, onde não existe mais o “sofrimento, nem lágrimas, nem morte, porque todas as coisas anteriores terão passado”[1].
O Supremo curador foi, também, o Mestre Ocultista. Seu ministério de cura leva em si um duplo propósito: curar o doente e ensinar, ao mesmo tempo, lições de profunda importância metafísica aos Seus Discípulos. Todas as curas bíblicas contêm uma chave de Iluminação ou Iniciação espiritual.
Se nós estudarmos, cuidadosamente, os vários métodos e palavras que Cristo empregou em Suas curas, nós descobriremos que ele utilizou todas as fases mais importantes de uma lei oculta. Ele não se concentrava somente nas imperfeições do instrumento físico exterior, mas tinha em conta, também, os corpos invisíveis, onde se encontram as origens de todas as doenças, assim como o início de todos os processos de cura.
Qualquer tipo de doença é o esforço da natureza em focalizar a atenção no elo frágil na corrente da perfeita harmonia entre o transformar e o ser. Se nós aprendermos a lição corretamente, a cura permanente é o resultado inevitável. A doença jamais nos deixará, se permanecermos onde atualmente nos encontramos. Esta verdade é enfatizada por meio do ministério de Cristo Jesus. Aquele que se recusa em dar atenção a isto permanecerá doente, “por causa da sua incredulidade”[2]. À luz desse entendimento, lembre-se que não existe esta tal coisa de doença incurável.
(Mc 8:22-25[3])
Todo órgão do corpo físico é uma réplica de uma concepção mental e é a projeção dessa concepção dentro de uma manifestação física. Os olhos representam a consciência do saber do Espírito. O Ego em suas muitas peregrinações terrestres frequentemente se esquece da perfeita consonância com o Mundo Ideal que ele uniu antes de sua descida ao renascimento, e a visão imperfeita que normalmente acompanha o amadurecimento através dos anos atestam este fato. Trancafiando-se deliberadamente longe das verdades espirituais, durante uma ou mais vidas, tenderá à cegueira física mais adiante em futura encarnação.
Cristo Jesus prefaciava cada uma de suas restaurações de visão com uma lição, que expressava a importância do conhecimento espiritual. “Tens olhos e não vês? E tendo ouvidos não ouvis? E não te recordas?”[4]. Estas Suas palavras precedem a cura de um homem cego, como nos está descrito no Evangelho segundo São Marcos 8: 22-25.
João se refere ao Cristo como o Pão da Vida. Os Discípulos lamentavam não entendê-Lo melhor porque eles não tinham pão – que é símbolo de sua falta de conhecimento espiritual.
Betsaida significa “a casa ou o lugar de pesca” e o peixe é a representação do Iniciado na Nova Dispensação inaugurada por Cristo Jesus e sublinhada no Novo Testamento. Que esta cura de um homem cego de Betsaida lida com o processo iniciatório é evidente, desde que observado o rito empregado pelo Mestre no evento. O homem cego (ou neófito) foi levado a um lugar sagrado fora da cidade e, ali, o Mestre focou sobre ele Suas grandes forças vitais. Sua visão abriu-se para as épocas evolutivas passadas e ele foi capaz de traçar o caminho da humanidade através das brumas do passado até a clara luz da presente Época Ária, e ele “viu todos os homens claramente”.
(Mc 10:46-52[5])
Das quatro curas de cegueiras, uma é relatada por São Mateus, como ocorrida em Cafarnaum, uma por São Marcos em Betsaida, uma por São João em Jerusalém, e a que vamos considerar agora é descrita nos três Evangelhos[6], como ocorrida em Jericó.
Jericó é a Cidade da Lua, símbolo da vida de sentidos. Aqui se conta a história de um Bartimeu, cego pela intensidade de suas reações emocionais: observe-se que ele lança de si sua capa antes de receber a cura. Então, imediatamente, “ele recebeu sua visão e seguiu Jesus no Caminho”. Através da purificação ele se tornou um dos seguidores do Mestre e iniciou sua caminhada nas sendas do discipulado. A cura em Betsaida e esta (em Jericó) representam graus diferentes de avanço espiritual. Uma, lida com a preparação para o noviciado e a outra define a consecução do desenvolvimento direto.
A promessa do Mestre ao neófito precedeu-se então, como agora e sempre, pelas palavras: “Aquele que quiser ser o primeiro entre vós, seja o servo de todos”[7].
(Mt 9:27-31[8])
Ninguém é tão cego como aquele que não despertou para as verdades espirituais. A fé é enfatizada muito mais no Novo Testamento porque seu atributo é uma das necessidades essenciais para a iluminação das verdades dos planos interiores; não no sentido da cegueira intelectual de reconhecer determinadas colocações supostamente autoritárias, mas no silêncio, na profunda convicção de que as coisas espirituais realmente existem, e que elas representam o Bem Definitivo.
Sem esta convicção nós não temos o incentivo suficiente para colocar em ação o necessário esforço para alcançar a liberação.
“Seja feita segundo a vossa fé”: assim disse o Grande Médico. Lembrando que em Nazaré Ele não foi capaz de realizar muitos trabalhos por causa da incredulidade do povo de lá.
Os praticantes de todas as escolas de cura definitiva percebem o poder curador da fé, e que a cura permanente é obtida pelo nível que a consciência do paciente vai se tornando centrada na realização do poder do Espírito para a cura.
Vontade, Imaginação e Fé são as três forças por meio das quais as maravilhas da mágica são realizadas.
Colocando-as em ação, a doença pode ser curada. Elas devem, entretanto, serem suficientemente desenvolvidas para alcançar tal resultado, mas nós lembramos que se nós temos uma fé do tamanho de uma semente de mostarda nós podemos efetuar milagres.
No acontecimento que estamos discutindo, a restauração da visão dos dois homens cegos ocorreu imediatamente após a “ressurreição” (ascensão, elevação) da Filha de Jairo, e se refere ao equilíbrio entre os dois polos do Espírito no ser humano, por meio da qual a escuridão da cegueira material e a ignorância são dissipadas para sempre e os poderes da vida eterna se manifestam aqui e agora.
(Jo 9:1-41[9])
A doença não é uma punição, mas é o inevitável resultado de uma violação das Leis da Natureza. O sofrimento que ela carrega provará, no seu devido tempo, ser uma restauração que nos iluminará no caminho das leis superiores. Quando o Ego desperta sua consciência para a sua falta de sintonia com as Leis Cósmicas, as doenças desaparecem e a harmonia, ou saúde, é restaurada. Este é o significado do evento vivido pelo Mestre relatado no capítulo 9, versículos de 1-7 do Evangelho segundo São João: “Ao passar, Ele viu um homem, cego de nascença. Seus Discípulos Lhe perguntaram: ‘Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?’. Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram”.
“Mas”, continuou o Mestre, “é para que nele sejam manifestadas as obras de Deus. Enquanto é dia, temos de realizar as obras daquele que me enviou; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Tendo dito isso, cuspiu na terra, fez lama com a saliva, aplicou-a sobre os olhos do cego e lhe disse: ‘Vai lavar-te na piscina de Siloé – que quer dizer ‘Enviado’’. O cego foi, lavou-se e voltou vendo”.
“O corpo mostra os defeitos da alma”. A cegueira é também o resultado do abandono de esforços para pensar corretamente, no passado. A perversão e a deturpação do ponto de vista mental produzirão sempre condições similares na visão física; assim como a surdez, de certo modo, resulta da recusa às instruções espirituais.
“O corpo sempre representa o passado; mas o passado pessoal de todo ser humano é um fragmento microcósmico de seu passado macrocósmico, e ambos estão impressos em seu corpo”. O Supremo Médico jamais observou as aparentes limitações do Corpo físico. Ele trabalhou sempre com o ser humano interior, lembrando que o espírito exerce seus próprios poderes dados por Deus, pois só desta forma pode manter-se em saúde permanente. Segundo a versão bíblica de Tyndale[10], Sua primeira pergunta ao homem foi: “Você realmente quer ter tudo?” A vontade é o polo masculino do Espírito. A fé pertence ao princípio feminino, simbolizado pela água limpa e pura. Quando estes dois se unem revela-se: “Tudo o que pedires em Meu nome, ser-te-á dado”.
Em todas as cerimônias de Iniciação pré-cristãs eram recomendados ao neófito como exercícios de preparação de purificação o lavar-se em um lago ou poço. Aquelas águas sagradas eram encontradas próximo ao Templo ou lugar santo. O poço de Siloé é um velho Templo Egípcio, termo familiar a todos os aspirantes ao Templo.
Familiar também ao antigo noviciado era ungir os olhos com lama que depois eram lavados nas águas sagradas. Este gesto ritualístico referia-se à abertura dos órgãos internos da visão, por meio dos quais o neófito capacitava-se em ver por sua própria vontade os mundos espirituais, embora não tivesse ainda a capacidade de neles atuar (Isto requer, ainda, preparação maior). A Glândula Pineal é também chamada de terceiro olho, mas a visão equilibrada requer um funcionamento harmonioso entre a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário. Destas glândulas, Urano rege o Corpo Pituitário e Netuno a Pineal: o Corpo Pituitário é, em potencial, predominantemente feminino, enquanto a Pineal é masculina. Seu despertar e forma de desenvolvimento determinam a natureza da visão interior que é alcançada pelo neófito.
O trabalho de transfiguração ou regeneração, do qual estas faculdades supranormais são mais que simples sinais, devem acontecer enquanto o Ego habita o Corpo físico. Todo Ego após estar fora da vestimenta carnal, devido ao processo denominado morte, desperta nos Mundos espirituais, e, portanto, possui o mesmo grau de força para ver e experimentar as realidades desses Mundos. Entretanto, este não é o mesmo poder daquele que é Iniciado nos Mistérios de Cristo e que, enquanto em seu Corpo físico, alcançou a consciência da alma separada do Corpo, antes que ocorresse o processo natural da morte. Para que isto ocorra, o neófito deve limpar suas naturezas moral e mental por seus próprios esforços, pois, de outra forma, somente limpará sua natureza inferior quando de sua estada no Purgatório. Então o Iniciado vive tanto o seu Purgatório e o seu Paraíso, enquanto ainda na Terra em seu Corpo de barro. Daí as palavras do Cristo: “Importa que façamos nossas obras enquanto é dia; vem a noite (a morte) quando ninguém pode trabalhar”.
Sua triunfante proclamação final ressoará através de toda a eternidade, um clarim chamará todo aquele que desejar seguir o Caminho do Cristo, o Caminho da Iniciação, que foi aberto pelo Grande Iniciador de todos, o Supremo Mestre da Terra, quando Ele declarou: “EU SOU A LUZ DO MUNDO”.
(Mt 8:1-4[11]; Mc 1:40-44[12] e Lc 5:12-14[13])
A lepra[14], cuja causa foi o uso desenfreado das forças sexuais criadoras nas remotas Lemúria[15] e Atlântida[16], é uma das mais terríveis entre todas as doenças.
“Um laço íntimo une o gerador com o que é gerado. As gerações passadas são utilizadas na construção do futuro corpo; estão entrelaçadas no corpo como as tendências a alguma enfermidade, influindo tanto na sua formação como nas forças vitais. O veneno das vidas passadas tem que ser, em algum tempo, trocado por sanidade. Esta batalha vem através de infecções. As epidemias das raças são os males do passado materializados. A Praga da Morte Negra[17] teve sua maior incidência nos países onde a prática da magia negra floresceu, através de feitiçarias e encantamentos passionais” (Paracelso[18]).
Talvez não haja uma fase mais interessante no renascimento do que aquela na qual se revelam as causas passadas das enfermidades. Toda doença é o resultado de uma causa anterior existente. Citando novamente o celebrado médico suíço Paracelso, que nos deu muita luz sobre o problema das doenças em relação ao renascimento, nós lemos: “Nenhum médico deve presumir conhecer o tempo da convalescença, porque não é dado ao ser humano julgar a ofensa de outro, e o templo interior contém mistérios os quais nenhum estranho não Iniciado é permitido enxergar. Se o julgamento terminou, DEUS enviará o Curador: se o paciente se recupera é sinal de que a ajuda foi enviada por DEUS. Se a recuperação não é conseguida, DEUS não enviou o médico”.
A lepra e o câncer são “doenças do fogo”, e têm sua matriz no Corpo de Desejos. Ambas as doenças são consequência de um desejo de natureza desgovernada, na presente encarnação ou em encarnações passadas. O câncer tem grande incidência na vida moderna, enquanto a lepra teve no passado, e pelas mesmas razões.
Ambos os Corpos e Mente do ser humano são compostos de átomos rotativos e circulantes. O mais forte controla o mais fraco. A Mente é superior à matéria, esta é a lei da natureza.
Quando há saúde, os átomos do Corpo giram positivamente da esquerda para a direita. Na matriz de uma doença, como o câncer ou a lepra, por exemplo, eles giram negativamente da direita para a esquerda. No último caso a taxa de rotação é muito baixa, e os átomos também se diferenciam na coloração daqueles que estão em estado saudável. Os átomos negativos da Mente produzem a destruição, a pobreza, a doença, a anarquia e a morte. Os átomos mentais positivos manifestam paz, saúde, felicidade, harmonia e plenitude. Todas as coisas ou evoluem ou involuem. A morte é a dissolução dos átomos do Corpo. A vida é evolução, e sua meta, em ciclos inter-relacionados, é o ser humano espiritualizado.
Durante a Dispensação do Antigo Testamento, a lepra era conhecida como “o dedo de DEUS”. O povo em geral conhecia sua antiga origem e a tornara familiar com sua gente – a função que você usa mal, torna-se sua inimiga. E dessa forma eles entendiam que a lei Jeovística era a reguladora da relação entre o ser humano e seu próprio corpo (Nm 12:10)
A Nova Dispensação, sob a égide do Cristo, trouxe a Graça para substituir a Lei, o Amor para suplantar e tomar o lugar do medo. “E tomado pela compaixão, Ele estendeu a mão e tocou-o, dizendo: Eu quero, sê limpo. E a lepra desapareceu dele e ele tornou-se limpo”. E o leproso, banido da sociedade e isolado devido ao mortal conceito chamado de incurável e intocável, foi capaz, por meio de sua fé, humildade e devoção ao Mestre, de separar os elos do passado e seguiu limpo dali em diante.
Que esta cura é uma simbólica e exaltada preparação espiritual está evidenciada pelo fato de que no Evangelho de São Mateus ela ocorre logo após as palavras do Sermão da Montanha, e pertence a uma das fases mais elevadas no ensinamento esotérico. São Marcos a inclui entre os primeiros trabalhos que sucedem o Rito do Batismo, e São Lucas a coloca logo a seguir ao trabalho profundamente esotérico da Pesca Maravilhosa.
Nem todos os leprosos que se aproximaram do Grande Curador alcançaram a cura, como veremos no caso dos dez leprosos como relatado em São Lucas. Nós podemos entender somente o fato sob a luz de causas passadas. Alguns não foram capazes de quebrar seus elos e ninguém pode fazer isso por nós. Os outros podem nos mostrar o caminho, mas nós mesmos devemos realizar o trabalho individualmente. Não foi difícil para o Mestre ler a aura do pedinte diante de Si e, então, saber que ele estava preparado para saldar seus débitos.
(Lc 17:11-19[19])
Nesse caso, o Mestre fez uma demonstração do fato familiar a todos os esoteristas que o ser humano decreta sua própria doença e seu próprio tempo para a cura. Os dez leprosos se aproximaram do Mestre e pediram a Sua misericórdia. Seu amor e sua ternura compassiva os envolveram a todos igualmente, mas apenas um voltou – curado.
Paracelso atesta a universalidade da Lei da Cura quando ele declara: “Nenhuma doença é incurável, exceto quando a morte está presente. Na sabedoria do futuro todas as doenças terão um fim. Os processos regenerativos em uma doença são devidos ao Eterno que existe no ser humano”.
A cura dos dez leprosos é registrada apenas no Evangelho de Lucas. Dez (10) é o número de equilíbrio e o Evangelho de Lucas é um tratado importante sobre o assunto para o esoterista.
(Mc 1:23-26[21] e Lc 4:31-37[22])
Há muita controvérsia entre os estudiosos da Bíblia sobre o aumento da crença da possessão demoníaca ocorrido na Palestina, no tempo de Cristo. Os ocultistas sabem, todavia, e não é sem fundamento histórico, que a demonologia era um tema muito familiar dos judeus daquele tempo, como também o era o conhecimento dos seus efeitos sinistros e de longo alcance. Os membros do Sinédrio[23] eram obrigados a conhecer trabalhos de magia, assim como saber lidar com as questões a ela concernentes. A possessão demoníaca estava incluída nessa categoria, além de ser bem conhecida como a causa de muitas doenças. Rabinos e sacerdotes eram instruídos nas artes do exorcismo. E mais, devido a isto, através de todo o Império Romano, a palavra “Judeu” era sinônimo de “mágico”, o que nos ajuda a compreender as frequentes cargas de feitiçarias que eram lançadas contra as nascentes comunidades Cristãs.
A obsessão era prevalecente e de crescimento marcante no mundo inteiro (e não só na Palestina), que estava entre as sete grandes razões para a vinda do Cristo, particularmente naquele tempo, a fim de quebrar o elo entre os seres humanos e os maus espíritos desencarnados, bem como com os espíritos elementais, limpando e purificando as correntes do Mundo do Desejo, e tornando assim a humanidade mais suscetível a um novo e mais elevado impulso evolutivo. A expulsão de demônios ocupou, consequentemente, um lugar de destaque no ministério de cura definitiva[24] do Messias, e sua importância é acentuada como essencial para o elevado treinamento de Seus Discípulos.
Os escritores dos Evangelhos trataram a obsessão de forma particular, sob diferentes aspectos e de modo variado, entre cada descrição daquele mal. As obsessões são, ainda hoje, males predominantes entre povos primitivos, e reconhecidas frequentemente por missionários, muito dos quais têm descoberto o poder do exorcismo usando o nome de Cristo-Jesus. A Senhorita Mildred Cable[25], uma missionária na China, fez observações muito interessantes relativas à obsessão, descritas como se segue:
“Nossa primeira paciente mulher em Hwochou Opium Refuge ficou interessada pelos Evangelhos, e em seu retorno para casa destruiu as imagens, reservando, entretanto, os santuários de ídolos belamente esculpidos que ela colocou no quarto do seu filho. Depois de, aproximadamente, seis meses nós fomos enviados por um mensageiro especial para ver a esposa do filho que tinha ocupado esse quarto. Quando nós chegamos, a garota estava cantando a estranha nota menor do possuído, a voz, como em todos os casos que eu vi, distinguindo-a claramente da loucura. Isso pode, talvez, ser melhor descrita como uma voz distinta da personalidade de alguém possuído. Parece como se o demônio usasse os órgãos da fala da vítima para o transporte da sua própria voz. Ela recusava usar roupas ou se alimentar, e por meio da sua violência aterrorizava a comunidade. Imediatamente quando nós entramos no quarto, ela parou de cantar, e bem devagar apontou o seu dedo para nós, permanecendo nessa postura, durante um tempo. Como nós nos ajoelhamos sobre o kang[26] para orar, ela tremeu e disse: ‘o quarto está cheio de givei (um termo usado pelas pessoas comuns de lá para indicar desencarnados que recebem de cada família certas oferendas)’. ‘Assim que um vai, outro chega’, ela disse. Nós nos esforçamos para acalmá-la e fazê-la repetir conosco: ‘Senhor Jesus, salve-me’. Depois de um esforço considerável, ela conseguiu pronunciar essas palavras, e quando ela assim o fez, nós ordenamos que o demônio a deixasse; seu corpo tremia, e ela espirrou umas cinquenta ou sessenta vezes; então, de repente, ela veio a si mesma, pediu roupas e comida e parecia perfeitamente ter retomado bem o seu controle. Tão insistentemente reiterou a afirmação de que os demônios estavam usando o santuário do ídolo como refúgio, que durante o processo que acabamos de mencionar, seus pais entregaram voluntariamente aos Cristãos presentes essas esculturas, e se uniram a eles para destruí-las. Daí em diante ela estava perfeitamente bem, uma jovem normal e saudável”.
Entre as curas definitivas individuais realizadas por Cristo-Jesus, e descritas no Novo Testamento, sete são de endemoninhados: cinco homens, um menino e uma menina. Em cada um desses casos o Mestre usou métodos específicos e diferentes para obter a cura, os quais enriquecem os estudos cuidadosos do curador definitivo espiritual. Como foi dito anteriormente, Cristo estava empenhado não só em curar definitivamente os enfermos, mas, ao mesmo tempo, em instruir Seus Discípulos como desenvolverem o mesmo trabalho por Ele realizado, e quando Ele os enviou dois a dois nos longos caminhos do serviço, Ele deu-lhes o poder sobre os espíritos impuros (Mc 6:7).
O primeiro ato de exorcismo é relatado por São Marcos e São Lucas, e ambos o citam entre os primeiros eventos do ministério da cura definitiva. Ocorreu em um domingo, na sinagoga, em Cafarnaum na Galileia. Cafarnaum era também conhecida como cidade de Jesus, porque Ele a utilizava como lar sempre que saía de Nazaré. Tornou-se também a cidade de quatro de Seus mais chegados Discípulos, e cenário de muitos de Seus grandes trabalhos.
As palavras que o Mestre endereçava aos endemoninhados mostram-nos, claramente, que ele falava não ao homem propriamente dito, mas a outro ser que, temporariamente, se apossara interiormente daquele homem.
É certamente digno de nota que todas as entidades obsessoras conheciam o Cristo, reconheciam Seu poder sobre elas, e sentiam que elas teriam que sujeitar-se-á Sua vontade para sempre. Essa entidade clamou: “Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré?” E, em resposta a firme determinação do Cristo, “Cala-te e sai dele!”, a entidade obedeceu-O e, de acordo com São Lucas, o médico, deixou o corpo daquele homem. Então, todos os que viram este fato falavam sobre uma nova autoridade, e sobre a lei de cura definitiva introduzida por Cristo, dizendo: “Ele ordena aos espíritos imundos e eles O obedecem”.
Neste caso, o espírito obsessivo parecia ter a inteligência de um ser humano, ainda apegado à Terra e aos prazeres dos sentidos, o que conseguiria somente usurpando os órgãos de um Ego incorporado. Daí poder utilizar-se da laringe humana e falar, além de usando o corpo possuído, parecer um humano, embora repleto de maldade.
(Mt 9:32-33[27])
No caso do surdo-mudo endemoninhado o demônio possuidor controlava os órgãos da fala e da audição, privando-o de seu uso. Tão logo expulso o mal, o homem pode falar e ouvir de novo normalmente. Então as pessoas que assistiram o evento chamarem Jesus de “Filho de Daniel” e de “Filho de Deus”.
A cura da obsessão ou expulsão de demônios acontecerá novamente, como nos tempos de Cristo, e transformar-se-á em um dos principais ministérios de cura definitiva[28] na Nova Era. Atualmente a obsessão é raramente curada definitivamente, porque é muito pouco entendida, em geral sendo classificada erroneamente como insanidade ou como várias desordens nervosas. Para obter sucesso com esta forma de doença, o curador deve possuir um elevadíssimo grau de espiritualidade. Muitas pessoas que estão confinadas, hoje em dia, em asilos para doentes mentais são deploráveis exemplos de obsessão. Geralmente este terrível mal é fruto de uma causa passada e frequentemente o resultado direto da prática do hipnotismo. Não há pecado maior que a privação, ainda que momentaneamente, da livre vontade de um Ego, sua mais inestimável herança.
(Mt 8:28-32[30]; Mc 5:1-20[31] e Lc 8:26-39[32])
“Seu nome é Legião”. Esta cura é de especial interesse uma vez que é descrita em São Mateus, São Marcos e São Lucas, com ligeiras variações de acordo com a fase de desenvolvimento que cada escritor deseja enfatizar. São Paulo aconselha os neófitos orarem sem cessar e, novamente, a vestirem completamente a armadura de Deus, ou em outras palavras, manterem-se totalmente envoltos na aura da oração. Isto é muito necessário ao aspirante quando inicia suas primeiras investigações nos planos internos. Este, então, é confrontado por testes muito mais sutis do que aqueles que ele enfrentou no mundo físico exterior, onde os maus impactos são amortecidos pela matéria densa. Nos planos interiores não existe esta barreira protetora. Há uma profusão de pensamentos, palavras e atos negativos que são constantemente gerados e postos em movimento sobre a Terra, enquanto outros são fortalecidos e usados como canais magnéticos de aproximação a espíritos terrestres que estão ainda imersos no mal de suas recentes vidas físicas.
Sucede que, frequentemente, essas entidades obsessoras apossam-se de alguém que não sabe como controlá-los ou comandá-los. A ajuda do Mestre é então necessária como neste exemplo bíblico: “Sai deste homem, espírito impuro”, ordenou o Cristo. Os maus espíritos não causam danos àqueles que são corajosos e amorosos e àqueles que sabem como usar o Nome de Cristo Jesus, o Sagrado NOME que é um talismã, quer nos planos internos, quer nos externos.
Assim que o Mestre soube o nome do espírito obsessor, este ficou totalmente sob Seu poder, e não teve escolha senão obedecê-Lo. Este foi um caso mais difícil que os anteriormente discutidos, onde o grande Mestre estava instruindo Seus Discípulos no poder secreto (vibração) existente nos nomes e como esse poder pode ser usado na cura e na elevação (física e/ou espiritual).
O homem de Gerasa (ou Jerasa) era controlado alternativamente por muitos demônios, todos exibindo as mais destrutivas características. A pobre vítima, em sua agonia e desespero, cortava-se com pedras, afligia e dilacerava seu próprio corpo. A transformação foi instantânea e completa. Com violência, a besta demoníaca foi possuída de grande medo e retirou-se; e o homem transformou-se em um ser humano normal, e sentou-se como uma criança aos pés de Jesus. Quando o Mestre retornou ao barco, ele O seguiu, somente pedindo-Lhe para permanecer perto de Sua maravilhosa Presença. Reconhecendo sua total dedicação, o Mestre indicou-o como Seu apóstolo e testemunha entre as pessoas daquelas terras; e em obediência aos desígnios do Mestre ele testemunhou em Gerasa e em todas as outras cidades de Decápolis as maravilhosas coisas que aprendeu com Cristo-Jesus e Seus trabalhos.
No antigo simbolismo Egípcio, o suíno era identificado como Marte, a natureza inferior e passional do ser humano. A presença de uma enorme quantidade de porcos, neste caso, talvez seja mais uma reminiscência de um ritual de cura para a obsessão, da antiga Babilônia, na qual a imagem de um animal, usualmente um porco, era colocada ao lado do paciente antes de o curador iniciar o exorcismo; esta inclusão tinha como finalidade determinar que o demônio penetrasse na imagem, que posteriormente era destruída. O Grande Senhor da Vida e do Amor jamais condenaria inocentes animais à morte. O que ele fez foi com que os maus espíritos retornassem ao seu próprio elemento, simbolizado pelo bando de porcos (vara). Ele não veio para destruir o mal, mas para ensinar-nos como elevá-lo com grande poder e transmutá-lo em bem, pois o maior pecador deve, certamente, transformar-se no maior santo.
Este acontecimento da legião de demônios ocorreu quase que imediatamente após o Mestre haver mostrado os poderes de Sua altíssima Iniciação sossegando as águas e acalmando a tempestade.
(Mt 17:14-21[33]; Mc 9: 14-29[34] e Lc 9:37-42[35])
Imediatamente após o glorioso Rito da Transfiguração (que foi testemunhado somente pelos mais avançados Discípulos: Pedro, Tiago e João), ocorreu a mais difícil de todas as curas de obsessão, e que os Discípulos, por si sós, seriam incapazes de realizar.
Embora os Discípulos já houvessem exorcizado com êxito muitos espíritos maus, eles ainda não tinham força suficiente diante desse último. “Frequentemente, tem-se que atirá-lo ao fogo e dentro da água, a fim de destruí-lo”. Eis uma chave mística. Esse menino, na vida anterior, fora um seguidor dos Mistérios, trabalhando nos Templos com os dois elementos: fogo e água. Sem sombras de dúvidas ele fez mal-uso de seus poderes e dedicou-se à magia negra, daí nessa vida, “desde criança” ter ficado sob o controle das poderosas forças do mal emanadas das Irmandades Negras. Por essa razão os Discípulos, apesar de seu elevado desenvolvimento, não podiam livrá-lo daqueles laços. Somente o Mestre, superior a todas as artes negras, podia realizá-lo.
“Por que não pudemos expulsá-lo?” – Perguntaram-Lhe os Discípulos quando Ele retornou. “Esta casta não é expulsa senão com muita oração e jejum”. Em outras palavras, é somente por meio de uma vida de completa dedicação à pureza que o tenaz aperto dos magos negros pode ser quebrado.
Este caso é, geralmente, conhecido como epilepsia. É significativo, neste momento, notar que Areteu[36], em seu Tratado sobre Doenças Crônicas considera a epilepsia como uma doença infame, porque ele pensava ser ela infligida somente sobre as pessoas que houvessem pecado contra a lua. Em seu livro “Os dias críticos”, Galen[37] afirma que a lua governa os períodos de ataques epiléticos (Os Milagres e a Nova Psicologia, Micklen).
(Mt 9:2-7[38]; Mc 2:3-12[39] e Lc 5:18-26[40])
Estudando a Bíblia vemos que o ensinamento explicita que o pecado, ou o agir erroneamente, é a causa direta das doenças. De acordo com o Livro do Levítico, a lepra era o resultado da calúnia. Miriam, certa feita, viu surgir-lhe a lepra logo depois de ter falado mal de Moisés durante os anos no deserto (Num 12).
Entre os primeiros cristãos acreditava-se que “as doenças provinham de sete pecados: calúnia, derramamento do sangue no fluxo menstrual, falso testemunho, falta de castidade, arrogância, roubo e inveja”. Cristo Jesus enfatizava, frequentemente, as mesmas verdades em Suas conversas com os Doze Apóstolos, como no caso em que, após curar um paralítico disse: “Tem ânimo, meu filho, teus pecados estão perdoados. Levanta-te toma o teu leito e vá para tua casa”, “Ele lhes perguntou: “O que é mais fácil dizer: teus pecados estão perdoados ou dizer levanta-te e anda?”.
A cura definitiva[41] só é alcançada no final do ciclo de causa, onde a doença é a parte conclusiva. Cristo-Jesus podia facilmente, devido aos Seus poderes cósmicos, curar instantaneamente qualquer pessoa de qualquer doença. Entretanto, se o enfermo não houvesse aprendido a lição concernente aos seus erros, sua enfermidade cedo ou tarde reapareceria. Somente quando o Átomo-semente no coração, que carrega a gravação de todos os esforços mal direcionados (pecados), tiver sido purificado pela repetição, reforma e restauração, Cristo dirá “Levanta-te, estás livre”. Isso porque o Mestre pode mandar “Levanta-te e anda”, mas somente o próprio ser humano pode tornar isso possível, a fim de que Ele declare: “Teus pecados estão perdoados”.
A paralisia, como todos os curadores espirituais sabem, é o resultado de alguma forma de medo. Um profundo e intenso medo centrado na Mente subconsciente[42], talvez por muitas vidas, impede e diminui as funções vitais, até que, finalmente, o corpo físico torna-se inerte e não responde mais às comunicações do Ego: ele se transforma em um paralítico.
Foi imediatamente após essa inspirada cura que aconteceu a chamada de São Mateus, que, entusiasmado com essa sublime manifestação do grande poder de cura do Mestre, renunciou, por vontade própria, à todas as coisas pertencentes a vida pessoal dele anterior, e alegremente O seguiu. Os posteriores eventos ocorridos em sua vida de apostolado dão ênfase e evidência de quão completa e inalterável foi sua dedicação.
(Mt 8:14-15[43])
Após a cura definitiva[44] do endemoninhado na sinagoga, em Cafarnaum, em um Dia do Sabbath, Cristo-Jesus retornou à casa com Pedro e André, acompanhado de Tiago e João. A casa estava toda enfeitada e o candelabro de sete braços estava aceso para a Santa Ceia, o almoço ao meio-dia. Essa festividade semanal fora idealizada especialmente para homenagear a presença do amado Mestre. Todavia, quando eles chegaram à casa, como Lucas descreve em seu Evangelho, “a sogra de Pedro estava acamada ardendo em febre”. Ele “acercou-Se dela e desaprovou a febre e essa a deixou, e tomando a mulher pela mão levantou-a, e ela imediatamente passou a servir a todos”.
Em cada evento de cura definitiva o grande Médico utilizava a Palavra de Poder, e, algumas vezes, aumentava esse Poder com o toque de Suas mãos. As mãos são portadoras da cura definitiva e do serviço. Quando o centro do coração é despertado, as mãos tornam-se poderosos canais para as forças de curas definitivas interiores.
Lágrimas, frio e condições físicas semelhantes pertencem ao elemento água, podem ser traços da falta de controle da natureza emocional. A febre relaciona-se com o elemento fogo e origina-se na falta de controle da natureza passional. Pensamentos destrutivos ou negativos, e mesmo a insanidade, pertencem ao elemento ar e representam uma falha no controle de algum processo mental (especialmente a imaginação), e estão intimamente ligados às energias criadoras. O corpo físico é a placa de ressonância dos veículos internos que registra fielmente tanto as notas dissonantes como as harmoniosas.
Cada enfermidade se correlaciona com um dos quatro elementos. Nenhuma doença do fogo pode existir nas forças da água, nem pode qualquer fraqueza relativa à água existir no elemento fogo. Todos os venenos originam-se no fogo e estão centrados no Corpo de Desejos, motivo pelo qual o espírito desses venenos não tem nenhuma força quando os desejos inferiores são transmutados. Para tal, aos Discípulos de Cristo que tinham completado a transmutação, Ele dizia: “Vocês poderão ingerir qualquer bebida mortal e ela não lhes fará mal algum”[45].
A febre é um meio de purificação por meio do Fogo, um processo de purificação da natureza dos desejos carnais. A experiência da sogra de Pedro foi uma dedicatória daquela mulher que imediatamente “levantou-se e pôs-se a servir”.
O amor, o serviço e o sacrifício formam o tríplice caminho que conduz ao trabalho de criação da espiritualidade do verdadeiro discipulado.
(Mt 15:21-28[46] e Mc 7:24-30[47])
Cristo-Jesus se retirou por um tempo e desejava que ninguém soubesse onde Ele tinha ido. São Marcos escreve que embora Cristo-Jesus tenha se isolado, pois “entrou em uma casa e não queria que ninguém O visse”, ainda assim, “Ele não pôde Se ocultar”. A compaixão de Seu grande coração sempre abarcava todo infortúnio e sofrimento e, então, Ele não podia permanecer distante quando Seu socorro fosse requisitado. E Ele jamais se ocultaria daqueles que O buscavam sinceramente, nem deixaria de dar atenção a um honesto pedido de ajuda em qualquer plano. “Creiam-Me, Eu estarei sempre com vocês”; é Sua promessa.
Uma mulher fenícia, de nome Justa, de acordo com os escritos de Clementino, viajara cerca de duzentos e cinquenta quilômetros ou mais em busca de Sua ajuda para a filha dela. Ela era seguidora do culto de Astarte, a deusa Lua, mas a fama do Divino Curador chegara até ela em sua longínqua moradia, e quando ela chegou ao local onde estavam os Discípulos, implorou-lhes que intercedessem por ela junto ao Mestre.
Ela foi levada diante de Sua Presença. Em resposta aos seus rogos, disse-lhe Ele: “Não fica bem tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos” – e nessas palavras podemos notar o nível espiritual daquela mulher. Ela não pertencia ao círculo interno de Estudantes, portanto, não estava preparada para receber o pão (ensinamentos profundos) dos filhos (grupo fechado). Ela havia feito, entretanto, a completa renúncia, e seguiria no Caminho que a levaria àquele círculo hermético, haja vista sua reposta: “Isso é verdade, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos!”.
Sua dedicação foi aceita e sua filha foi instantaneamente curada, tendo em vista o que declarou o Mestre: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como queres!”. Estas palavras carregam a elevada promessa da conquista que mais tarde ela alcançaria.
Nesta cura Cristo-Jesus demonstrou aos Seus Discípulos que, em verdade, o Espírito é todo-poderoso e que transcende a todas as barreiras de tempo e espaço. A menina foi curada por Sua palavra, muito embora ela estivesse a centenas de quilômetros de distância, e sem que Ele tivesse tido qualquer contato anterior com ela.
Fé, humildade e devoção sem reservas, abrirão sempre a porta para todo o aspirante neófito: “Grande é a tua fé! Seja feito como queres!”.
(Lc 14:1-6[48])
Cristo-Jesus, o Senhor do Amor, centralizou Seu serviço na suprema Lei que é o AMOR. Ele não perdia nenhuma oportunidade de ensinar e demonstrar esta verdade fundamental sempre e onde Ele podia. Nesta ocasião, como no Sabá[49] anterior, Ele procurou ensinar aos literalistas a preeminência do Amor sobre o código rígido e formal que continha somente a Lei que eles conheciam. Isso Ele conseguiu curando definitivamente um homem com hidropisia, contrariando as leis sabáticas que os literalistas interpretavam como proibição de qualquer tipo de trabalho no Sabá, ainda que fosse o divino serviço de qualquer tipo de cura.
A observância do Sabá foi um dos muitos costumes que os Hebreus herdaram da Caldéia. Os caldeus contavam cinco Sabás por mês e foram eles que dividiram o período semanal em sete dias, dedicando-os ao Sol, à Lua e aos demais Planetas. Essa divisão de tempo era usada na Caldéia desde os tempos de Abraão, que, como Príncipe dos Caldeus, deve ter-se familiarizado com isso antes de ouvir a Voz da Nova Revelação, chamando-o para seguir para a nova terra. Um calendário Assírio explica que Sabá significa “a conclusão de um trabalho, o dia de descanso da alma”. E determina que é ilegal cozinhar, trocar de roupas ou mesmo oferecer qualquer sacrifício no Sabá; e ao rei era proibido falar em público, dirigir sua carruagem, ou executar qualquer tipo de dever militar ou civil e ainda tomar remédio nesse dia.
Como havia cinco Sabás Babilônicos em cada mês, algumas vezes havia mais de um em uma só semana. Estes Sabás, entretanto, não eram dedicados a nada em particular, mas caíam, regularmente, nos sétimos, décimo quarto, décimo nono, vigésimo primeiro e vigésimo oitavo dia do mês, indiferentemente do dia da semana em que essas datas caíssem. Então as deidades astrais recebiam suas homenagens em sucessão regular, obedecendo a sequência de um Sabá mais sagrado do que um outro, em que uma especial reverência era devida a determinados deuses nos locais a eles sagrados desde remota antiguidade. Não só os assírios e judeus, mas também os fenícios mantinham a observância do Sabá babilônico.
É significativo que desses Sabás os judeus selecionaram para uma observância especial somente o Dia de Saturno (em inglês: Saturday e em português Sábado), o sétimo dia da semana. Sete é o número do término, envolvimento, descanso e da assimilação. Então, com o passar do tempo, suas leis Sabáticas expressaram mais e mais a rigidez dos princípios Saturninos em seus aspectos negativos ou formais. Cristo-Jesus veio trazer uma nova declaração, o poder e a luz de um Novo Dia e de uma Nova Era, baseada no Princípio Solar. Geralmente, é notado pelos Estudantes de astrologia que, na matéria em questão, a palavra “Satã” é derivada de Saturno, e no idioma árabe, “Shaitan” que significa “Aquele que se desespera”. O Árabe e o Hebreu têm muita semelhança assim como acontece com o Espanhol e o Português.
O Dia do Sol, regido pelo Cristo, carrega consigo um profundíssimo significado que a maioria dos indivíduos não compreende. O Sol é o centro da vida, da luz e do amor para o Sistema Solar inteiro e ao qual o Planeta Terra pertence. O Dia do Sol, portanto, deveria ser o dia em que nós nos dedicássemos em nos transformar em sóis em miniatura, centros de irradiação de amor, luz e felicidade tão extensa quanto nossa influência alcançasse.
Domingo é o primeiro dia, o Novo Dia, o princípio de uma nova semana, um momento para a assimilação das essências da alma extraídas das experiências da semana anterior; e essa assimilação é o ponto de partida de um novo processo, para o qual a pedra alquímica é um extrato. As novas Leis Solares de fraternidade, igualdade e unicidade que o Mestre defendeu, e que Ele imortalizou nos Sermão da Montanha, são ainda, mesmo tendo passado mais de dois mil anos, o centro de controvérsias onde quer que haja um indivíduo ou um grupo de indivíduos que tenha captado a visão de seu sentido e tenha conseguido colocá-lo em prática todos os dias de suas vidas. Tivesse a humanidade seguido as Leis Solares de Cristo em lugar das leis de Saturno dos escribas e fariseus o mundo não seria um lugar tão penoso como o é hoje.
Em outro Sabá, o Mestre tentava ensinar a supremacia do Amor sobre a Lei quando ele curou definitivamente e em público um homem com a mão atrofiada. Neste dia de Sabá Ele procurava atenuar o obscurantismo farisaico, curando definitivamente um homem com hidropisia na casa de um dos líderes fariseus, onde Ele fora participar do sagrado almoço de Domingo, mas seus corações e suas mentes estavam fechados para Seus ensinamentos, daí seu destino foi o de terem perdido todas as coisas colocadas diante deles pelo Cristo. A mesma sina aguarda os atuais seguidores das leis farisaicas, sejam judeus, cristãos ou pagãos.
Na lição que o Cristo provê imediatamente após a cura definitiva do homem com hidropisia Ele transmite e fornece a sutil ideia sobre sua causa e sua cura final. E isto é encontrado na parábola da humildade onde Ele adverte aqueles que vêm ao banquete para se contentar com os lugares mais inferiores até serem convidados pelo anfitrião para ocuparem lugares mais elevados. Ele, então, adiciona a fórmula para alcançar a verdade espiritual que todos os Senhores da Sabedoria têm guardada desde o princípio dos tempos, mas que, mesmo nos dias de hoje, é a mais difícil para o aspirante aceitar e seguir: “Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (Lc 14:11).
(Mc 3:1-5[50] e Lc 6:6-10[51])
Complementando os ensinamentos das profundas verdades ocultas através dos Seus serviços de cura definitiva[52], o Mestre também deixou algumas verdades práticas consistentes com a vida diária, como no caso do homem com a mão atrofiada. Suas palavras e atos não eram apenas para as pessoas de Seu tempo, mas para serem igualmente aplicados às necessidades do ser humano atual.
Os escribas e fariseus estão sempre conosco, e algumas vezes eles estão até dentro de nós. A intolerância e a condenação da ação dos outros são farisaicas. Ao vivermos apenas em estrito acordo com a letra da lei, nós estamos relegando o perdão, a compaixão e o amor a um segundo plano, que é a característica daqueles literalistas que o Mestre reprimia tão frequente e severamente.
Porque era Sabá, os fariseus se opuseram às atividades de cura definitiva que estavam sendo realizadas. O compassivo Mestre ficou triste devido à dureza de seus corações e os inquiriu: É permitido, no sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou destruí-la?”. Eles, porém, permaneceram calados diante da Sua questão. Muitas vezes o poder de nosso Cristo interno é subjugado pela rígida aderência à regulamentos que excluem a equação pessoal de piedade, amor e serviço exterior como preceitua o Caminho.
Em toda cura espiritual definitiva a fé é a essência primordial. Foi com muita frequência que Cristo usava esta palavra em Suas atividades; em outros casos, Ele fazia com que o paciente a demonstrasse. Ao homem com a mão atrofiada foi dito: “estenda-a”. Sem qualquer pensamento de recusa, o esforço foi feito – e sua mão se moveu e foi restabelecida completamente.
Nos anais da Maçonaria Mística conta-se esse mesmo caso como relatado por São Lucas, mas adicionando que a mão afetada e sem utilidade era a mão direita. As duas mãos simbolizam os dois caminhos do serviço nos Mundos ocultos. O ser humano, em seu estágio materialista atual, assassinou violentamente a força do Amor, permitindo-a murchar com o desuso. Quando o Supremo Senhor do Amor apareceu, Ele despertou o coração, e assim o fogo daquele coração como que queimou seus caminhos para fora até as mãos, e seu membro atrofiado foi curado definitivamente e tornou possível, uma vez mais, a manifestação do construtivo trabalho no mundo.
É significante notar essa conexão de que a mão atrofiada foi curada no interior do Templo.
(Mt 8:5-13[53] e Lc 7:1-10[54])
A história do Centurião de Cafarnaum está relatada tanto em São Mateus como em São Lucas. Este homem, investido de autoridade militar do governo romano, já havia aprendido, em seus contatos mundanos, a praticar dois princípios que o Mestre agregara aos ensinamentos de seus Discípulos, a saber, humildade ou auto esquecimento e fé vigorosa; verdadeiramente uma conquista inigualável. Assim, ele se qualificara também para seguir o Caminho, e fazer-se, imediatamente, recebedor da atenção e as mercês do Mestre. “Eu vos afirmo que nem mesmo em Israel vi tanta fé” foram as palavras do Mestre, descritivas do Centurião. O servo do Centurião, a quem este queria muito bem, encontrava-se doente, e ele havia enviado amigos para pedirem ajuda ao Grande Curador, uma solicitação prontamente atendida. Quando os mensageiros retornaram a casa, eles encontraram o servo com saúde.
Uma vida dedicada e centrada na humildade e serviços aos demais é a fórmula de trabalho para ao sucesso do discipulado, e seus resultados são sempre produtivos como demonstrado na resposta do Mestre à solicitação do Centurião.
Neste caso, nós temos outra instância de cura à distância, como vimos na história da mulher Cananéia e sua filha. O Espírito envolve todas as coisas e todos os lugares em sua manifestação ativa ou positiva, e a matéria é também Espírito, e a forma dos seres é o resultado das cristalizações em torno do polo negativo do Espírito, que é o Espaço. Por este motivo, os ocultistas declaram que Deus é Espírito e que nenhum ser humano pode ser, em realidade, d’Ele separado. A separação do Ser Humano de Deus, Matéria do Espírito, nada mais é que uma ilusão; a Unidade é a realidade, e o conceito de Unidade desenvolve-se em consciência, e daí a cura torna-se possível. Isto é o que Cristo demonstrou e ensinou aos Discípulos quando efetuou curas, mesmo estando o paciente bem distante.
O versículo oito[55] é uma descrição esotérica do longo e crescente treinamento preparatório que leva à conquista de si mesmo. Os soldados e servos são as faculdades interiores de cada ser humano. Quando um aspirante hodierno afirma: “Eu digo a alguém, vá e ele vai: e a outro vem, e ele vem; e ao meu empregado faça isto, e ele faz”, então ele também está preparado para receber as graças e benesses do Mestre e tornar-se consciente de que sua vida e seu serviço têm-se tornado fortalecidos a tal ponto de penetrar na aura de Sua divina e protetora Presença.
(Lc 13:10-13[56])
Novamente o ministério de cura continuou em um Sabá[57], em uma Sinagoga, e uma vez mais os líderes cegos pela cegueira espiritual continuaram a demonstrar sua rígida aderência às letras da lei enquanto se olvidavam do Espírito nela contido.
Esta cura refere-se a uma mulher que era incapaz de se manter em posição normal, ereta, havia já dezoito anos. Esotericamente, as curas que ocorreram na Sinagoga e no recinto do Templo têm todo um significado especial oculto não encontrado em outras ocasiões. Cabalisticamente, dezoito é a soma de um mais oito, que dá nove, que é o número da liberdade, da liberação e da iluminação. Essa mulher vivia inclinada para a terra (mortalidade), mas, agora, tendo encontrado o Cristo ela se liberta, se ergue, centrada não mais na vida mortal, mas no caminho do Espírito. “Ele lhe impôs as mãos e, instantaneamente, ela se endireitou e glorificava a Deus”.
Na escolha de Seus Discípulos, invariavelmente, as Escrituras dizem: “Ele os chamou e eles vieram até Ele”. É nessa passagem que nós descobrimos o primeiro requisito do Discipulado. Ele chamou e essa mulher veio e ela encontrou a “Luz que ilumina todos os homens”. Ele a chamou, Ele lhe falou, Ele lhe ensinou. Esses são os três primeiros passos dados por quem está preparado para receber um elevadíssimo acréscimo de consciência, e esses passos indicam abertura de seus sentidos às faculdades espirituais por meio dos quais o neófito descobre um novo mundo dentro de si mesmo e dentro da natureza.
(Mt 9:20-22[58], Mc 5:25-34[59] e Lc 8:43-48[60])
São Mateus, São Marcos e São Lucas contam a estória de uma mulher que sofria de uma enfermidade já por doze anos, e que se encontrava entre as muitas pessoas que se acercavam e se aglomeravam esperando que o Mestre passasse a caminho da casa de um nobre chamado Jairo.
“Se eu puder tocar suas vestes eu estarei totalmente curada”. Essas palavras atribuídas à mulher fazem parte de um mantra iniciatório. As vestes representam o Corpo-Alma em contraparte à personalidade. Para a cura total é necessário passar-se por meio dos portais da Iniciação, onde o neófito não mais “vê através de um espelho escurecido, mas face a face”.
Essa mulher e sua cura representam a elevação do polo feminino e com toda legitimidade pertence ao processo iniciatório, simbolicamente descrito na ressurreição da filha de Jairo. No mesmo sentido, a ressurreição do Filho da Viúva lida com o soerguimento do polo masculino e é uma parte do processo iniciatório descrito na Ressurreição de Lázaro.
A filha de Jairo tinha doze anos de idade. A mulher enferma foi afligida por sessenta e dois anos. As duas ocorrências são relatadas juntas nos três Evangelhos sinóticos.
A fim de entendermos o significado esotérico sublinhado na cura dessa mulher que foi afligida com um fluxo de sangue durante a maior parte de sua vida, vamos dar uma olhada no antigo ensinamento sobre o mistério do sangue. Goethe[61] nos diz que “o sangue é a mais peculiar de todas as essências”, e sua taxa vibratória indica o estado esotérico de cada indivíduo. O fluxo de sangue é o grande higienizador e purificador da natureza dos desejos. Aquele que está preparado para o elevado trabalho espiritual como um profeta, professor ou curador, frequentemente, suporta alguma experiência onde há uma grande perda de sangue. Após essa limpeza, ele encontra menos dificuldades para acalmar a natureza sensual, e silenciar os clamores de seu apetite. O sangue vermelho representa a natureza carnal e materialista do ser humano. Ao final, através da transmutação, o sangue se transformará em uma brilhante essência branca.
Toda doença no sangue se correlaciona com o elemento Fogo, e sempre resulta de uma estimulação demasiada do Corpo de Desejos, seja na presente encarnação ou em alguma anterior.
O Iniciador é sempre muito consciente de Suas responsabilidades, quando Ele instrui alguém sobre essas verdades veladas. Essa é a única passagem gravada onde Cristo-Jesus chamou uma mulher de “filha”. O Mestre se torna um verdadeiro pai e protetor desse “recém-nascido”.
São Mateus escreve Sua saudação a ela como “Ânimo, minha filha”. São Marcos e São Lucas, “Vá em Paz”. Essa Paz que ultrapassa todo entendimento, posto que só é encontrada como o centro do Bem Onipotente e Onipresente.
Eusébio[62], no sétimo volume de seu livro História Eclesiástica[63], nos diz que ele viu em Cesareia de Filipe[64] uma estátua erigida por essa mulher no portão de entrada de sua casa, representando o Cristo com suas mãos estendidas sobre ela ajoelhada em súplicas diante d’Ele.
(Mt 9:18-19[65], 23-26, Mc 5:22-24, 35-43[66] e Lc 8:41-42,49-55[67])
Essa linda história, que oculta o processo de Iniciação do leitor comum, é pontuada nos três Evangelhos de São Mateus, São Marcos e São Lucas.
A Iniciação é, verdadeiramente, morrer para a antiga vida pessoal e nascer para uma nova. São Lucas nos informa que a filha de Jairo, uma menina de doze anos, “estava à beira da morte”. Mas Cristo disse: “A menina não está morta, mas dorme”. Não existem colocações contraditórias quando interpretadas à luz dos Ensinamentos Ocultos, mas se referem à mesma experiência.
Cristo-Jesus procurou mostrar aos Discípulos a cura de muitas e variadas formas de doenças, suas causas pré-existentes e o método de lidar com cada uma. Na presença de Seus Discípulos mais avançados Ele deu assistência a três outros a alcançarem o iluminado estado da Iniciação.
O Ego que habitava o corpo da filha de Jairo era muito adiantado na evolução. Nela nós encontramos um Iniciado dos Antigos Mistérios, retornando como um dos pioneiros da Dispensação Cristã. Ela fora levada aos planos internos, recebendo os sagrados ensinamentos pertencentes ao mais elevado despertar de consciência, enquanto seus amados parentes mantinham sagrada vigília ao lado de seu invólucro físico. E, no devido tempo, Cristo, na presença dos pais da menina adormecida e de Pedro, Tiago e João (evidentemente aqueles que estavam preparados para entender essas verdades ocultas), assistiram a jovem no retorno e reentrada em seu corpo físico.
O Mestre recebeu a menina, quando esta retornou, com uma expressão de infinita beleza e ternura, revelando uma riqueza de entendimento ao ocultista. São Marcos nos diz que Ele disse: “Talita kum. A palavra ‘Talita’ em Aramaico é um diminutivo que significa “pequena ovelha”. Suas palavras para ela foram, pois “Pequena ovelha, levanta”. Cordeiro ou carneiro são usados nos Antigo e Novo Testamentos para descrever os Iniciados. A maioria dos grandes videntes da Era Mosaica era composta de “Pastores”. O Próprio Mestre veio como o Cordeiro de Deus, e na última Iniciação de São Pedro, Sua nota chave soou como “Alimenta minhas Ovelhas”[68].
No ciclo de vida de um indivíduo, a idade simbólica de doze anos é um ponto crucial para a criança. É quando a natureza dos desejos da juventude inicia seu despertar e as tendências e inclinações de vidas passadas começam a se manifestar. E num momento como esse, como na vida da filha de Jairo, uma “alma velha”, para alguém que teve muitas vidas de experiências na escola terrestre, essa idade marca o desenvolvimento definitivo da natureza espiritual. Em vez de despertar os desejos físicos, ocorre um avivar definitivo dos poderes passados na alma. Assim como alguém que trabalhou definitiva e conscientemente com o processo de transmutação por muitas vidas passadas. Esse foi a caso do menino Samuel quando começou a profetizar, e o caso do Mestre Jesus, quando, também com doze anos, ensinava aos anciãos no Templo. Experiências inspiradoras são claramente comuns mesmo entre adolescentes comuns, e psicólogos têm observado que se um indivíduo não se converte a uma religião nesse período da vida será como ele jamais tivesse tido tal experiência.
É significante observar-se que nos três Evangelhos sinóticos a elevação da filha de Jairo é precedida por casos de exorcismo de maus espíritos.
Nas experiências de Iniciação, a expulsão de demônios nada mais é que o “enfrentamento” com o Guardião do Umbral, que é uma entidade formada pela essência de todo o mal ou ações negativas de vidas passadas, e que o novo Iniciado deve encarar, vencer e dissolver (ao menos em parte) pela transmutação, antes que possa passar aos “reinos de luz” e ser agraciado com um “novo nascimento”.
Jairo era um nobre, um administrador da Sinagoga e, portanto, um homem com muita autoridade. Quando alguém alcança o grau que aquela jovem Iniciada alcançou, quase sempre é filho ou filha de um rei ou de um nobre por ter encontrado e reivindicado a verdadeira herança do Espírito, uma verdadeira demonstração de afinidade com o Pai: “Tudo o que é do Pai é meu”[69].
Tudo o que, nas escrituras, se relaciona com a elevação se refere, na verdade, à latente divindade interior do ser humano, que, quando despertada, transforma-o em um iluminado ou um ser espiritualmente esclarecido. Contudo, muitas das referências bíblicas de pessoas “mortas” ou “adormecidas” se referem às inclinações à materialidade.
Quando o Cordão Prateado, que liga o Ego ao corpo, se romper não será mais possível reanimar o corpo. O Mestre explicava claramente esse fato quando dizia quem tem olhos para ver, quem tem ouvidos para ouvir: “a menina não está morta, apenas dorme”, indicando que o Ego estava ainda unido ao Corpo, e, consequentemente, vivo.
(Jo 4:46-53[70])
Vimos que os Evangelhos de São Mateus, São Marcos e São Lucas contêm a história da cura da filha de Jairo, que são narrativas semelhantes, uma vez que simbolizam um dos primeiros e mais importantes trabalhos de purificação a serem alcançados. Não há, entretanto, nenhuma menção deste fato, em São João, porque seu Evangelho, o mais profundo e esotérico dos quatro, lida com trabalhos de importância maior ainda. Em lugar da ressurreição da filha de Jairo, São João nos apresenta a do filho de um homem nobre.
Os Evangelhos, quando estudados esotericamente, revelam o caminho da Iniciação nos Mistérios Cristãos, cada sinal representando algum atributo particular no processo de desenvolvimento. O filho de um homem nobre não é mencionado nos trabalhos de São Mateus, São Marcos e São Lucas. A razão disto pode ser encontrada no fato de que no processo de elevação espiritual o princípio feminino deve ser elevado e restaurado a partir de sua queda, como notado na restauração da filha de Jairo. Uma vez isto acontecido, então segue-se o estabelecimento de seu equilíbrio com o masculino. Os três primeiros Evangelhos dedicam-se ao primeiro caso, São João ao último.
A mística festa de casamento em Caná da Galileia, com que São João abre seu Evangelho, contém profundos ensinamentos considerando-se a harmonização desses dois princípios internos no Corpo do Aspirante à Iniciação. O filho do nobre representa alguém que em sua própria vida tinha realizado o serviço dado pelo Cristo. As Escrituras estabelecem que após a ressurreição o nobre e todos os ligados à sua casa tornaram-se seguidores de Cristo-Jesus.
Através de toda a Bíblia os mais profundos ensinamentos encontram-se ocultos sob uma gravação literal que forma a base dos credos ortodoxos.
Quando o princípio masculino (a cabeça: Hermes), representado pela ressurreição do filho do nobre, que não estava morto, mas próximo da morte, e o princípio feminino (o coração: Afrodite), tipificado na filha de Jairo, que não estava morta, mas dormindo, estão novamente em equilíbrio, a Cruz não estará mais longe de se ser o símbolo do Cristianismo. Ela será representada pelas duas colunas, Joaquim e Boaz, que adornam a entrada do Templo de Salomão e representam o Divino Hermafrodito. O neófito ou candidato não será mais o “Filho da Viúva”, mas se tornará o Mestre que encontrou a Luz no Leste.
(Jo 11:1-44)[71]
Os nove Mistérios Menores, também chamados de Mistérios Lunares, nos têm sido dados em algum momento da história do ser humano. A vinda do Cristo introduziu as novas ou Iniciações Solares no mundo, e é a essas grandes verdades, destinadas a servirem à humanidade durante o Grande Ano Sideral que se inicia com o Sol em sua última passagem por precessão através de Áries, que esses Mistérios pertencem. A religião do Cordeiro traz um profundo e enorme significado que, geralmente, não é entendido atualmente.
Lázaro era o mais avançado espiritualmente de todos os Discípulos que estiveram sob a tutela de Cristo-Jesus (Os demais só alcançaram esse estágio no Dia de Pentecostes).
Os religiosos exotéricos atrapalham-se em dizer que Cristo “atrasou-se dois dias” antes de ir socorrer Lázaro. O ocultista sabe que Cristo estava ciente de que somente o corpo de Lázaro estava no túmulo, enquanto o espírito dele se encontrava nos planos interiores recebendo o trabalho iniciatório nos profundíssimos Mistérios Cristãos. O Mestre Jesus fora iniciado nesses Mistérios no Rito do Batismo, e Lázaro, o seguinte em consecução espiritual, quando na passagem de sua suposta morte.
Cristo-Jesus descreveu essa Iniciação nas palavras: “Esta doença não leva à morte, mas à Glória de Deus”. Em outras palavras, Lázaro se tornou o canal mais perfeito para receber e disseminar a glória de Deus sobre a Terra.
Maria e Marta, as duas irmãs de Lázaro, estavam entre as mais avançadas espiritualmente entre as mulheres Discípulas de Cristo. Por isso, estavam habilitadas a tomar parte nessa Iniciação ou Rito da Ressurreição de seu irmão, assim como ocorreu com o pai e a mãe da filha de Jairo. Maria simboliza o caminho místico, ou a fé no coração; Marta, o caminho do ocultismo, ou a mente racional. A união do coração (amor) com a cabeça (conhecimento) gera a Sabedoria, a verdadeira essência da alma. Lázaro representa essa dupla combinação harmônica, que eleva o neófito a um estado de consciência que é o mais transcendental já possuído pela humanidade comum.
“Marta foi encontrá-lo, porém Maria permaneceu na casa (João 11:20). Marta, a Mente, está sempre procurando a luz através de exterioridades. Maria, o coração, em silêncio, volta-se para seu interior para encontrar os Reinos dos Céus.
Cristo-Jesus disse para Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida; aquele que crê em Mim, ainda que morto, viverá; e aquele que vive e crê em Mim, jamais morrerá. Crês nisto? “.
E Marta respondeu: “Sim, Senhor. E acredito que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”.
Dito isso, ela se retirou e foi chamar, secretamente, sua irmã, Maria, e lhe disse: “O Mestre está aqui, e te chama”.
Essas palavras do Mestre para Marta são chamadas de passaporte humano para a imortalidade. Elas não são palavras dirigidas somente para Marta, irmã de Lázaro; elas são o chamado do Cristo à razão ou Mente racional ou concreta de toda a humanidade. “Transforme-se pela renovação de sua Mente”. Essa é a execução para unir a Mente com o “Eu Sou”, a consciência onde reside a realização da ressurreição à vida eterna.
A gloriosa mensagem da interpretação da Bíblia para a Nova Era é que essa consciência pode ser despertada aqui e agora; não é necessário aguardar a morte para trabalhar nessa transformação. “Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto (para a materialidade) viverá” – em um renovado: corpo, ambiente e conceito de vida – uma ressurreição em um novo ser em todos os planos de consciência. Verdadeiramente um passaporte humano para a imortalidade.
Em João 11:38-39; 41-44 lemos:
38 Comoveu-se de novo Jesus e dirigiu-se ao sepulcro. Era uma gruta, com uma pedra sobreposta. 39 Disse Jesus: “Retirai a pedra! “ (…) 41 Retiraram, então, a pedra. Jesus ergueu os olhos para o alto e disse: “Pai, dou-te graças porque me ouviste. 42 Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que me enviaste”. 43 Tendo dito isso, gritou em alta voz: “Lázaro, vem para fora!” 44 O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com um sudário. Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o ir embora”.
Todo grande nascimento tem lugar em uma gruta ou em um estábulo: o Cristo pode nascer interiormente somente por meio de um trabalho de regeneração do “homem inferior”. Em Capricórnio, o Cristo nasce na gruta da natureza inferior pela purificação. Em Virgem, Ele nasce na gruta do coração através da transmutação. “Lazare deuro exo! – Lázaro vem para fora! Desatai-o e deixai-o ir”. Essas palavras místicas carregam a mensagem da vitória espiritual de Lázaro.
Os fariseus e sacerdotes estavam cientes da extensão dos Ensinamentos dos Mistérios. Na verdade, Arthur Weigall, mundialmente renomado egiptologista, já falecido, declarou que suas pesquisas sobre religiões antigas o convenceram que o Novo Testamento descreve um ritual no qual um criminoso condenado foi executado como um sacrifício, como na antiga Babilônia, e que Jesus, quando condenado à morte, foi crucificado de acordo com os mandamentos daquele ritual.
Um caso idêntico na história da Grécia fala-nos de Ésquilo que, embora avisado em sonho por Dionísio por escrever uma tragédia, não obstante foi ameaçado de morte por uma multidão irada onde uma de suas peças estava sendo produzida, sob a acusação de que ele havia revelado alguns segredos dos Mistérios. Ele salvou sua vida refugiando-se no altar de Dionísio na orquestra, e mais tarde, obteve sucesso em provar, diante do Areópago, que ele não tinha conhecimento de que o que dissera era secreto. Jesus, entretanto, não procurou Se defender, uma vez que Ele, propositalmente, revelou os Segredos de Israel, e por sua própria vontade sofreu a extrema punição.
(Lc 7:11-15)[72]
A elevação do Filho da Viúva, como contada por São Lucas, contém também contornos da iluminação ou cristianização de Lázaro. Naim (o nome de uma cidadezinha) significa Nove, e a morte do Filho da Viúva é mística fraseologia descritiva de alguém que havia trilhado o Caminho tortuoso que o levara da morte (do pessoal) à ressurreição (do impessoal). Daí uma pessoa não ser mais “o filho da viúva”. São Lucas explicitamente estabelece que após ele se elevar Cristo “o entregou à sua mãe”. O equilíbrio entre os dois polos do Espírito, masculino e feminino, foi alcançado. Essa é a suprema conquista dos Mistérios Cristãos, demonstrado nos Ritos dos tempos de outrora, mas consumados nos Mistérios estabelecidos por Cristo. Por isso é que Cristo é a Luz do Mundo, a meta de todos os Ensinamentos antigos. O equilíbrio do Espírito foi perdido sob o velho regime; mesmo os Mistérios se degeneraram tornando-se quase que, em muitos casos, inexpressivos (e frequentemente cruéis) rituais. Cristo-Jesus pontuou o caminho de volta: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Tornar-se Cristianizado ou Iniciado em Seu nome é o supremo propósito da evolução na Terra.
O filho da viúva é uma expressão alegórica que faz referência a alguém que se esforça em desenvolver as polaridades do Espírito interno. Desde os dias do antigo Egito até nossos dias, os membros da Ordem Maçônica são assim conhecidos.
O “filho da viúva de Naim” se refere a alguém que tenha passado pelos nove Mistérios Menores e agora está preparado (como estava Lázaro) para ser elevado por Cristo às Grandes Iniciações dos Mistérios Cristãos. Isto é ultimado no trigésimo terceiro grau (33; 3 x 3=9). É prefigurado no décimo oitavo grau (18; 1+8=9).
Iniciando com o Grau da Rosacruz (18º grau) e continuando através do 33º grau, o Candidato trabalha definitivamente na transmutação de sua própria personalidade, em seu Templo feito sem mãos, mas eterno nos céus. Esse é seu manto dourado de bodas, ou o perfeito Corpo-Alma. Com a consumação desse Trabalho ele não é mais o Filho da Viúva. A Polaridade é alcançada e sua “cura definitiva” é completa.
(Mc 7:31-35[73])
Nós estamos sob o jugo da Lei enquanto permanecemos na ignorância de sua verdadeira natureza, mas na sabedoria do Cristo nós nos tornamos livres, porque não existe mais nenhuma dissonância entre nossa nota-chave e a nota- -chave do Universo. Esse é o entendimento dos ensinamentos de São Paulo, o grande metafísico bíblico.
“Eis que Eu faço todas as coisas novas”[74], declarou Cristo. Quando formos suficientemente dignos para nos livrarmos das ligações do destino maduro[75] passado, contataremos a Lei da Libertação. A escolha é nossa, rejeitar ou aceitar, permanecermos sob o jugo ou sermos livres. Todas as curas definitivas[76] bíblicas foram ordenadas de acordo com o merecimento do beneficiário.
“Todos as faltas, falhas, todos os erros praticados hoje se cristalizarão como doenças no amanhã. O Espírito é o construtor de seu próprio Corpo. Os milagres de cura do Mestre são apenas para aqueles que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver”. Assim escreveu o grande Paracelso[77].
O impedimento da fala deve-se ao mau uso da sagrada força da vida. Um defeito ou a perda da linguagem é a consequência da blasfêmia, ou injúria lançada contra outros por meio de maledicências, ou a traição à crença sagrada. “A língua é um pequeno órgão repleto de males mortais”[78]. Outras mostras da aplicação da Lei podem ser observadas na perda de dedos, como um resultado de destino maduro, consequência de práticas desonestas; a perda das mãos, como resultado da devassidão cometida, frequentemente, durante as guerras, por exemplo; a perda dos pés é resultante de se ter andado por caminhos errados e liderando outras pessoas para tais caminhos; a deformação do corpo se deve à perpetração de crueldades, tais como as hediondas punições nas câmaras dos horrores da Inquisição; defeitos de coluna, pelo uso das forças espirituais para propósitos de magia negra ou coisa semelhante; problemas no estômago ou digestivos, por gulodice ou apetite descontrolado; desordens cardíacas são devidas ao enorme egoísmo e amor pessoal com o qual se falhou no atendimento ao bem-estar dos outros; e a tuberculose é resultante de pensamentos e vida materialistas. Muitas vezes as consequências derivadas do destino maduro ocorrem no período da vida seguinte; na maioria das vezes elas acontecem nas encarnações posteriores, depois dos intervalos pós-morte, quando, então, o indivíduo pode nascer inocente quanto a um período de vida conhecido por ele já sofrendo dessas retribuições trazidas do passado.
No caso do homem surdo e gago, descrito no Evangelho de São Marcos, Cristo-Jesus tocou seus ouvidos e sua língua, e olhando para os céus (símbolo do Eterno), Ele exclamou: “Efatá”, que significa “Abre-te”. E ele escolheu seguir o Cristo no céu de uma nova vida, livre das limitações e restrições da velha vida. Sua escolha pode também ser a nossa com os mesmos resultados.
“Efatá” ou “abre-te”, esotericamente se refere à clarividência, à clariaudiência e ao poder de falar a Palavra despertada no Discípulo. Esse ato simbólico do Cristo é relembrado tanto na Igreja Grega como na Romana no Rito do Batismo, onde o sacerdote toca os ouvidos e a boca do penitente com o dedo com que tocou seus próprios lábios, pronunciando a palavra: Efatá.
A Igreja primitiva se referia a Efatá como o mistério de Apertio, ou Abertura, e o conectava aos Mistérios de Cristo-Jesus com o Rito do Batismo, onde o Discípulo recebia também os poderes de estender sua visão e audição. Era possível para o Arcanjo, que nós conhecemos como o Cristo, envolver todos os átomos cristalizados com os poderes de seu próprio Mundo, o Reino do Espírito de Vida, onde tudo é vida, luz e amor. Por isso as curas foram instantâneas em todos os casos em que Ele escolheu realizá-las. Tais eram as forças que emanavam d’Ele e suas radiações tão poderosas que mesmo quem tocasse apenas em suas vestes se curava. Esse fato se evidencia novamente na cura da orelha de Malco[79], quando da prisão do Mestre no Getsemani.
Após o exercício prolongado de Seus poderes, o glorioso Espírito Cristo se afastava para um período de solidão no convívio dos Essênios, a fim de que Suas poderosas vibrações não esmagassem o corpo humano de Jesus, que Ele adotara, quando do Batismo, e o utilizou durante todo o Seu ministério sobre a Terra. Durante esses recolhimentos do ministério público, Ele se afastava daquele corpo mortal, deixando-o aos cuidados dos Essênios, que trabalhavam sobre ele em Sua ausência. Isso era um trabalho especializado dos Essênios, pois eles eram capazes de fazê-lo, em face dos poderes espirituais que irradiavam de si mesmos. Almas avançadas invariavelmente trabalham por projetar suas forças vibratórias. Ora, Cristo também expulsou os maus espíritos com a palavra, curou a todos os que estavam doentes e aqueles cujo destino maduro os dava como curáveis, e isso pode ser entendido por meio do que diz Isaías, o profeta: “Ele tomou sobre Si nossas enfermidades e curou nossas doenças” (Mt 8:17).
Paracelso nos adverte para que nos lembremos que o motivo da doença e da cura definitiva pode ser compreendido somente quando considerado à luz do destino maduro, e seus efeitos não só no corpo físico, mas também nos diversos veículos invisíveis que o interpenetram. “Há um duplo poder ativo no ser humano”, diz ele, “um visível e um invisível. O corpo visível tem suas forças naturais e o corpo invisível tem, também, suas forças naturais – e o remédio para toda doença ou injúria que possa afetar o veículo físico está contido no corpo invisível, porque esse é o assento das forças que infundem vida naquele e sem o qual a forma não teria vida”.
A formação dos corpos visível e invisíveis está dividida em sete ciclos. O primeiro dos sete é pertinente, principalmente, à formação dos Corpos Denso (físico) e Vital, que se correlaciona com o desenvolvimento do sistema glandular. O segundo ciclo se refere ao desenvolvimento do Corpo de Desejos. É ígneo, e se correlaciona com a química do sistema circulatório sanguíneo. O terceiro ciclo é alusivo ao desenvolvimento da Mente. É aéreo. O pensamento agora se torna o supremo poder criador. No subconsciente ele estabelece hábitos, que são uma tendência à cristalização do Corpo etéreo ou Vital. O quarto ciclo é um resumo ou síntese de todos os sete. Ele recapitula o passado e, agindo dessa forma, ele normalmente toca o destino maduro que foi formado durante as existências anteriores na Terra, e que agora são “agendados para serem pagos”.
Os vinte e oito anos de idade marcam o completar desses quatro ciclos setenários quando, no sentido oculto, se considera que a verdadeira vida mental do Ego começou. Marca o final do amadurecimento dos quatro “invólucros” etéreos, que são a matriz do crescimento físico.
“Porque você deve entender que existem sete vidas no ser humano, das quais nenhuma delas alcança a verdadeira vida que está na alma”. Essas sete vidas são os sete períodos setenários desde nascimento até os quarenta e dois anos de idade, conhecida como “meia idade” pelo ocultista, e marca o tempo de profundas e fundamentais mudanças dirigidas a uma nova visão em que se encontrou “a verdadeira vida que está na alma”. Os sete devem ser transformados antes que o total desenvolvimento se realize. Cristo-Jesus expulsou sete demônios de Maria Madalena, o que traz uma referência a esse alcance sétuplo. Após essa experiência ela se transformou na mais adiantada entre os Discípulos do Mestre e foi a primeira de todos eles a ser capaz de elevar sua consciência suficientemente para reconhecê-Lo, quando Ele retornou para as bênçãos do Dia da Páscoa.
“O verdadeiro médico deve entender e perceber”, escreveu ainda Paracelso. “Se ele não enxerga o paciente de maneira astral ele não poderá prescrever qual será a força oposta curativa, que deverá despertar no interior do espírito do paciente. O verdadeiro curador não olha apenas para as causas no visível, ele procura entender o invisível”. Verdadeiramente, o ser humano jamais conhecerá a perfeita saúde, até que aprenda a viver em harmonia com as leis da vida. Ainda nas palavras de Paracelso: “A doença é a expressão de luta que está sendo travada entre o ser humano oculto contra as condições degeneradas de sua natureza”.
Toda verdade é una e eterna, e os ensinamentos do Cristo atravessaram os séculos nos testemunhos dos sábios e dos virtuosos até os nossos dias. As seguintes palavras do Dr. Alexis Carrel[80], um verdadeiro professor da Nova Era, em seu livro tão popular, “O Homem esse Desconhecido”, vão diretamente ao ponto em estudo: “A ciência” – diz ele – “estuda intensivamente o fígado, os rins e todas as funções físicas do ser humano, tudo enfim, exceto sua única e mais importante função, que é o Pensamento”. Isso soa como uma nota-chave para o processo da Nova Era. “Cristianizai vossas mentes”[81], exortou São Paulo. Quando isso é feito, seguem-se a purificação e a perfeição do Corpo. As correntes das causas passadas e jugo da hereditariedade nos prenderão tão somente se nós permitirmos que tal aconteça. Nós estamos sob o jugo da lei; nós seremos livres em Cristo.
“Vai e não peques mais para que mal pior não caia sobre ti”[82]. Essas palavras bem expressam a íntima conexão existente entre a doença e o pecado, sendo o pecado, neste caso, tudo aquilo que não está de acordo com os poderes construtivos da natureza, ou, em outras palavras, com a Lei Divina. Iluminação e regeneração são unas no processo de cura. Conhecer a saúde contínua e radiantemente é viver em constante comunhão com a divindade interior. Essa foi a mensagem do Cristo, assim como é a de todos os verdadeiros Mestres que tanto O precederam como os que vieram após Ele.
Este corpo físico é reflexo do Plano Divino, assim como o universo que se manifesta ao nosso redor. Ele é composto de moléculas envoltas por um ponto central de luz ou poder espiritual que controla as taxas vibratórias ou movimento. Todos os elementos do Universo estão dentro do ser humano. O microcosmo é a criança do macrocosmo. A interação desarmoniosa, ou doença, manifesta-se no Corpo Vital antes de ser notada no Corpo Denso. O tom do veículo vitalizante é reduzido; ele é “dissonante” por parar de vibrar em harmonia com a nota-chave de seu padrão arquetípico.
Atitudes positivas e pensamentos construtivos rapidamente restauram o tom normal do Corpo Vital, e, por outro lado, o medo é o maior inimigo para a restauração da saúde. O Salmo 23[83] nos dá o mágico poder para eliminar o medo. Deixe o ritmo de suas declarações conferir suas harmonia e poder em todo o teu ser. Ele o tornará saudável e curado. “O Senhor é meu pastor… não temerei…Não temerei mal algum porque Tu estás comigo”.
O verdadeiro curador espiritual possui faculdades com as quais os veículos internos do paciente e suas relações com o físico podem ser examinados. “Se nossos Estudantes de medicina” – escreve Franz Hartmann[84], notável escritor ocultista e médico –, “empregasse uma parte do tempo aplicado no estudo das ciências externas, que praticamente não usam, no desenvolvimento de suas percepções interiores, eles se tornariam capazes de ver determinados processos dentro do organismo do ser humano, que são para eles meras matérias especulativas e que não são discerníveis por meios físicos”.
Não está tão distante o dia em que a medicina ortodoxa, como a ciência ortodoxa como um todo, e também a religião ortodoxa, experimentarão o despertar espiritual que os guindará a novos elevados serviços. Uma ativa aceleração está a caminho. Cada vez maior é o número de almas que despertam esforçando-se grandemente para seguir na direção do ideal enunciado pelo Nosso Abençoado Senhor quando Ele nos diz:
“Sê perfeito, como é
FIM
[1] N.T.: Apo 21: 4
[2] N.T.: Mc 6:6
[3] N.T.: 22E chegaram a Betsaida. Trouxeram-lhe então um cego, rogando que Ele o tocasse. 23Tomando o cego pela mão, levou-o para fora do povoado e, cuspindo-lhe aos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: “Percebes alguma coisa?”. 24E ele, começando a ver, disse: “Vejo as pessoas como se fossem árvores andando”. 25Em seguida, Ele colocou novamente as mãos sobre os olhos do cego, que viu distintamente e ficou restabelecido e podia ver tudo nitidamente e de longe.
[4] N.T.: Mc 8: 18
[5] N.T.: 46Chegaram a Jericó. Ao sair de Jericó com os seus Discípulos e grande multidão, estava sentada à beira do caminho, mendigando, o cego Bartimeu, filho de Timeu. 47Quando percebeu que era Jesus, o Nazareno, que passava, começou a gritar: “Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim! ”. 48E muitos, o repreendiam para que se calasse. Ele, porém, gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem compaixão de mim! ”. 49Detendo-se, Jesus disse: “Chamai-o! ”. Chamaram o cego, dizendo-lhe: “Coragem! Ele te chama; levanta-te”. 50Deixando a sua capa, levantando-se e foi até Jesus. 51Então Jesus lhe disse: “Que queres que Eu te faça? ”. O cego respondeu: “Rabbuni! Que eu possa ver novamente! ”. 52Jesus lhe disse: “Vai, a tua fé te salvou”. No mesmo instante ele recuperou a vista e seguia-O no caminho.
[6] N.T.: Mt 20:29-34; Mc 10: 46-52 e Lc 8:35-43
[7] N.T.: Mt 20:27
[8] N.T.: 27Partindo Jesus dali, puseram-se a segui-lo dois cegos, que gritavam e diziam: “Filho de Davi, tem compaixão de nós!”. 28Quando entrou em casa, os cegos aproximaram-se dele. Jesus lhes perguntou: “Credes vós que tenho poder de fazer isso?”. Eles responderam: “Sim, Senhor”. 29Então tocou-lhes os olhos e disse: “Seja feito segundo a vossa fé”. 30E os seus olhos se abriram. Jesus, porém, os admoestou com energia: “Cuidado, para que ninguém o saiba”. 31Mas eles, ao saírem dali, espalharam sua fama por toda aquela região.
[9] N.T.: Ao passar, Ele viu um homem, cego de nascença. 2Seus Discípulos Lhe perguntaram: “Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?” 3Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas é para que nele sejam manifestadas as obras de Deus. 4Enquanto é dia, temos de realizar as obras daquele que me enviou; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar. 5Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. 6Tendo dito isso, cuspiu na terra, fez lama com a saliva, aplicou-a sobre os olhos do cego 7e lhe disse: “Vai lavar-te na piscina de Siloé – que quer dizer ‘Enviado’”. O cego foi, lavou-se e voltou vendo. 8Os vizinhos, então, e os que estavam acostumados a vê-lo antes, porque era mendigo, diziam: “Não é esse que ficava sentado a mendigar? “. 9Alguns diziam: “É ele”. Diziam outros: “Não, mas alguém parecido com ele”. Ele, porém, dizia: “Sou eu mesmo”. 10Perguntaram-lhe, então: “Como se abriram os teus olhos?” 11Respondeu: “O homem chamado Jesus fez lama, aplicou-a nos meus olhos e me disse: ‘Vai a Siloé e lava-te’. Fui, lavei-me e recobrei a vista”. 12Disseram-lhe: “Onde está ele?” Disse: “Não sei”. 13Conduziram o que fora cego aos fariseus. 14Ora, era sábado o dia em que Jesus fizera lama e lhe abrira os olhos. 15Os fariseus perguntaram-lhe novamente como tinha recobrado a vista. Respondeu-lhes: “Ele aplicou-me lama nos olhos, lavei-me e vejo”. 16Diziam, então, alguns dos fariseus: “Esse homem não vem de Deus, porque não guarda o sábado”. Outros diziam: “Como pode um homem pecador realizar tais sinais?” E havia cisão entre eles. 17De novo disseram ao cego: “Que dizes de quem te abriu os olhos?” Respondeu: “É um profeta”. 18Os judeus não creram que ele fora cego enquanto não chamaram os pais do que recuperara a vista 19e perguntaram-lhes: “Este é o vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como é que agora ele vê?” 20Seus pais então responderam: “Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego. 21Mas como agora ele vê não o sabemos; ou quem lhe abriu os olhos não o sabemos. Interrogai-o. Ele tem idade. Ele mesmo se explicará”. 22Seus pais assim disseram por medo dos judeus, pois os judeus já tinham combinado que, se alguém reconhecesse Jesus como Cristo, seria expulso da sinagoga. 23Por isso, seus pais disseram “Ele já tem idade; interrogai-o”. 24Chamaram, então, uma segunda vez, o homem que fora cego e lhe disseram: “Dá glória a Deus! Sabemos que esse homem é pecador”. 25Respondeu ele: “Se é pecador, não sei. Uma coisa eu sei: é que eu era cego e agora vejo”. 26Disseram-lhe, então: “Que te fez ele? Como te abriu os olhos?” 27Respondeu-lhes: “Já vos disse e não ouvistes. Por que quereis ouvir novamente? Por acaso quereis também tornar-vos seus Discípulos?” 28Injuriaram-no e disseram: “Tu, sim, és seu Discípulo; nós somos Discípulos de Moisés. 29Sabemos que Deus falou a Moisés; mas esse, não sabemos de onde é”. 30Respondeu-lhes o homem: “Isso é espantoso: vós não sabeis de onde ele é e, no entanto, abriu-me os olhos! 31Sabemos que Deus não ouve os pecadores; mas, se alguém é religioso e faz a sua vontade, a este ele escuta. 32Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos de um cego de nascença. 33Se esse homem não viesse de Deus, nada poderia fazer”. 34Responderam-lhe: “Tu nasceste todo em pecados e nos ensinas?” E o expulsaram. 35Jesus ouviu dizer que o haviam expulsado. Encontrando-o, disse-lhe: “Crês no Filho do Homem?” 36Respondeu ele: “Quem é, Senhor, para que eu nele creia?” 37Jesus lhe disse: “Tu o estás vendo, é quem fala contigo”. 38Exclamou ele: “Creio, Senhor!” E prostrou-se diante dele. 39Então disse Jesus: “Para um discernimento é que vim a este mundo: para que os que não veem, vejam, e os que veem, tornem-se cegos”. 40Alguns fariseus, que se achavam com ele, ouviram isso e lhe disseram: “Acaso também nós somos cegos?” 41Respondeu-lhes Jesus: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas dizeis: ‘Nós vemos!’ Vosso pecado permanece.
[10] N.T.: A Bíblia de Tyndale geralmente se refere ao conjunto de traduções bíblicas de William Tyndale. A Bíblia de Tyndale é creditada como sendo a primeira tradução para o inglês a trabalhar diretamente com os textos hebraico e grego.
[11] N.T.: 1Ao descer da montanha, seguiam-no multidões numerosas, 2quando de repente um leproso se aproximou e se prostrou diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, tens poder para purificar-me”. 3Ele estendeu a mão e, tocando-o disse: “Eu quero, sê purificado”. E imediatamente ele ficou livre da sua lepra. 4Jesus lhe disse: “Cuidado, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferta prescrita por Moisés, para que lhes sirva de prova”.
[12] N.T.: 40Um leproso foi até Ele, implorando-lhe de joelhos: “Se queres, tens o poder de purificar-me”. 41Movido de compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: “Eu quero, sê purificado”. 42E logo a lepra o deixou. E ficou purificado. 43Advertindo-o severamente, despediu-o logo. 44dizendo-lhe: “Não digas nada a ninguém; mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece por tua purificação o que Moisés prescreveu, para que lhes sirva de prova”. Ele, porém, assim que partiu, começou a proclamar ainda mais e a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade: permanecia fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-Lo.
[13] N.T.: 12Estava Ele numa cidade, quando apareceu um homem cheio de lepra. Vendo a Jesus, caiu com o rosto por terra e suplicou-lhe: “Senhor, se queres, tens poder para purificar-me”. 13Ele estendeu a mão e, tocando-o, disse: “Eu quero. Sê purificado!” E imediatamente a lepra o deixou. 14E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse: “Vai, porém, mostrar-te ao sacerdote, e oferece por tua purificação conforme prescreveu Moisés, para que lhes sirva de prova”. 15A notícia a Seu respeito, porém, difundia-se cada vez mais, e acorriam numerosas multidões para ouvi-Lo e serem curadas de suas enfermidades. 16Ele, porém, permanecia, retirado em lugares desertos e orava.
[14] N.T.: Lepra, hanseníase, morfeia, mal de Hansen ou mal de Lázaro é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae (também conhecida como bacilo-de-hansen) que causa danos severos a nervos e à pele. A denominação hanseníase deve-se ao descobridor do microrganismo causador da doença, dr. Gerhard Hansen. O termo lepra está em desuso por sua conotação negativa histórica.
[15] N.T.: tempo na evolução onde passamos pela Época Lemúrica.
[16] N.T.: tempo na evolução onde passamos pela Época Atlante.
[17] N.T.: Peste negra é o nome pela qual ficou conhecida, durante a Baixa Idade Média, a pandemia de peste bubônica que assolou a Europa durante o século XIV, e dizimou entre 25 e 75 milhões de pessoas (mais ou menos um terço da população europeia), sendo que alguns pesquisadores acreditam que o número mais próximo da realidade é de 75 milhões, aproximadamente metade da população daquela época.
[18] N.T.: ou Paracelsus – Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1521) – físico, botânico, alquimista, astrólogo e ocultista suíço-germânico.
[19] N.T.: 11Como ele se encaminhasse para Jerusalém, passava através da Samaria e da Galileia. 12Ao entrar num povoado, dez leprosos vieram-lhe ao encontro. Pararam à distância 13e clamaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”. 14Vendo-os, ele lhes disse: “Ide mostrar-vos aos sacerdotes”. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram purificados. 15Um dentre eles, vendo-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, 16e lançou-se aos pés de Jesus com o rosto por terra, agradecendo-lhe. Pois bem, era um samaritano. “Tomando a palavra, Jesus lhe disse: “Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros nove? 18Não houve, acaso, quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?”. 19Em seguida, disse-lhe: “Levanta-te e vai; a tua fé te salvou”.
[20] N.T.: Peste negra é o nome pela qual ficou conhecida, durante a Baixa Idade Média, a pandemia de peste bubônica que assolou a Europa durante o século XIV e dizimou entre 25 e 75 milhões de pessoas (mais ou menos um terço da população europeia), sendo que alguns pesquisadores acreditam que o número mais próximo da realidade é de 75 milhões, aproximadamente metade da população da época.
[21] N.T.: 23Na ocasião, estava na sinagoga deles, um homem possuído de um espírito impuro, que gritava 24dizendo: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus” 25 Jesus, porém, o conjurou severamente: “Cala-te e sai dele”. 26Então o espírito impuro, sacudindo-o violentamente e soltando grande grito, deixou-o.
[22] N.T.: 31Desceu então a Cafarnaum, cidade da Galileia, e ensinava-os aos sábados. 32Eles ficavam pasmados com seu ensinamento, porque falava com autoridade. 33Encontrava-se na sinagoga um homem possesso de um espírito de demônio impuro, que se pôs a gritar fortemente: 34”Ah! Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus”. 35Mas Jesus o conjurou severamente: “Cala-te, e sai dele!” E o demônio, lançando-o no meio de todos, saiu sem lhe fazer mal algum. 36O espanto apossou-se de todos, e falavam entre si: “Que significa isso? Ele dá ordens com autoridade e poder aos espíritos impuros, e eles saem!” 37E sua fama se propagava por todo lugar da redondeza.
[23] N.T.: O Sinédrio é o nome dado à associação de 20 ou 23 juízes que a Lei judaica ordena existir em cada cidade.
[24] N.T.: Cura do Corpo, da Alma e do Espírito
[25] N.T.: Alice Mildred Cable (1878-1952) nasceu em Guildford, Inglaterra. Ela foi uma missionária protestante cristã na China.
[26] N.T.: O kang é uma tradicional e longa (2 metros ou mais) plataforma para uso geral: trabalho, entretenimento e dormir, usado na parte norte da China.
[27] N.T.: 32 Logo que saíram, eis que lhe trouxeram um endemoninhado mudo. 33 Expulso o demônio, o mudo falou. A multidão ficou admirada e pôs-se a dizer: “Nunca se viu coisa semelhante em Israel!”.
[28] N.T.: a cura do Corpo, da Alma e do Espírito.
[29] N.T.: também escrito como: Gadarenos
[30] N.T.: 28Ao chegar ao outro lado, ao país dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois endemoninhados, saindo dos túmulos. Eram tão ferozes que ninguém podia passar por aquele caminho. 29E eis que se puseram a gritar: “Que queres de nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?”30Ora, a certa distância deles havia uma manada de porcos que estava pastando. 31Os demônios lhe imploravam, dizendo: “Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos”. 32Jesus lhes disse: “Ide”. Eles, saindo, foram para os porcos e logo toda a manada se precipitou no mar, do alto de um precipício, e pereceu nas águas.
[31] N.T.: 1Chegaram do outro lado do mar, à região dos gerasenos. 2Logo que Jesus desceu do barco, caminhou ao seu encontro, vindo dos túmulos, um homem possuído por um espírito impuro: 3habitava no meio das tumbas e ninguém podia dominá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes já o haviam prendido com grilhões e algemas, mas ele arrebentava os grilhões e estraçalhava as correntes, e ninguém conseguia subjugá-lo. 5E, sem descanso, noite e dia, perambulava pelas tumbas e pelas montanhas, dando gritos e ferindo-se com pedra. 6Ao ver Jesus, de longe, correu e prostrou-se diante d’Ele, 7clamando em alta voz: “Que queres de mim, Jesus, Filho de Deus altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes! “ 8Com efeito, Jesus lhe disse: “Sai deste homem, espírito impuro! “ 9E perguntando-lhe: “Qual é o teu nome? “ Respondeu: “Legião é o meu nome, porque, somos muitos”. 10E rogava-lhe insistentemente que não os mandasse para fora daquela região. 11Ora, havia ali, pastando na montanha, uma grande manada de porcos. 12Rogava-lhe, então, dizendo: “Manda-nos para os porcos, para que entremos neles”. 13Ele o permitiu. E os espíritos impuros saíram, entraram nos porcos e a manada — cerca de dois mil — se arrojou no mar, precipício abaixo, e eles se afogavam no mar. 14Os que os apascentavam fugiram e contaram o fato na cidade e nos campos. E correram a ver o que havia acontecido. 15Foram até Jesus e viram o endemoninhado sentado, vestido e em são juízo, aquele mesmo que tivera a Legião. E ficaram com medo. 16As testemunhas contaram-lhes o que acontecera com o endemoninhado e o que houve com os porcos. 17Começaram então a rogar-lhe que se afastasse do seu território. 18Quando entrou no barco, aquele que fora endemoninhado rogou-lhe que o deixasse ficar com Ele. 19Ele não deixou, e disse-lhe: “Vai para tua casa e para os teus e anuncia-lhes tudo o que fez por ti o Senhor na sua misericórdia”. 20Então partiu e começou a proclamar na Decápole o quanto Jesus fizera por ele. E todos ficaram espantados.
[32] N.T.: 26Navegaram em direção à região dos gerasenos, que está do lado contrário da Galileia. 27Ao pisarem terra firme, veio ao seu encontro um homem da cidade, possesso de demônios. Havia muito que andava sem roupas e não habitava em casa alguma, mas em sepulturas.28Logo que viu a Jesus começou a gritar, caiu-lhe aos pés e disse em alta voz: “Que queres de mim, Jesus, filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes”. 29Jesus, com efeito, ordenava ao espírito impuro que saísse do homem, pois se apossava dele com frequência. Para guardá-lo, prendiam-no com grilhões e algemas, mas ele arrebentava as correntes e era impelido pelo demônio para os lugares desertos. 30Jesus perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” — “Legião”, respondeu, porque muitos demônios haviam entrado nele. 31E rogavam-lhe que não os mandasse ir para o abismo.32Ora, havia ali, pastando na montanha, uma numerosa manada de porcos. Os demônios rogavam que Jesus lhes permitisse entrar nos porcos. E ele o permitiu. 33Os demônios então saíram do homem, entraram nos porcos e a manada se arrojou pelo precipício, dentro do lago, e se afogou.34Vendo o acontecido, os que apascentavam os porcos fugiram, contando o fato na cidade e pelos campos. 35As pessoas então saíram para ver o que acontecera. Foram até Jesus e encontraram o homem, do qual haviam saído os demônios, sentado aos pés de Jesus, vestido e em são juízo. E ficaram com medo. 36As testemunhas então contaram-lhes como fora salvo o endemoninhado. 37E toda a população do território dos gerasenos pediu que Jesus se retirasse, porque estavam com muito medo. E ele, tomando o barco, voltou. 38O homem do qual haviam saído os demônios pediu para ficar com ele; Jesus, porém, o despediu, dizendo: 39”Volta para tua casa e conta tudo o que Deus fez por ti”. E ele se foi proclamando pela cidade inteira tudo o que Jesus havia feito em seu favor.
[33] N.T.: 14Ao chegarem junto da multidão, aproximou-se dele um homem que, de joelhos, lhe pedia: 15”Senhor, tem compaixão de meu filho, porque é lunático e sofre muito com isso. Muitas vezes cai no fogo e outras muitas na água. 16Eu o trouxe aos teus Discípulos, mas eles não foram capazes de curá-lo”. 17Ao que Jesus replicou: “Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando vos suportarei? Trazei-o aqui”. 18Jesus o conjurou severamente e o demônio saiu dele. E o menino ficou são a partir desse momento. 19Então os Discípulos, procurando Jesus a sós, disseram: “Por que razão não pudemos expulsá-lo?”. 20Jesus respondeu-lhes: “Por causa da fraqueza da vossa fé, pois em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível”. [21] “Quanto a essa espécie (de demônio), não é possível expulsá-lo senão pela oração e pelo jejum”
[34] N.T.: 14E, chegando junto aos outros Discípulos, viram uma grande multidão em torno deles e os escribas discutindo com eles. 15E logo que toda a multidão O viu, ficou admirada e correu para saudá-lo. 16Ele perguntou-lhes: “Que discutíeis com eles?”. 17Alguém da multidão respondeu: “Mestre, eu te trouxe meu filho que tem um espírito mudo. 18Quando ele o toma, atira-o pelo chão. e ele espuma, range os dentes e fica ressequido. Pedi aos teus Discípulos que o expulsassem, mas não conseguiram”. 19Ele, porém, respondeu: “Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos suportarei? Trazei-o a mim”. 20Levaram-no até Ele. O espírito, vendo a Jesus, imediatamente agitou com violência o menino que, caindo por terra, rolava espumando. 21Jesus perguntou ao pai: “Há quanto tempo lhe sucede isto?”. — “Desde pequenino, respondeu; 22e muitas vezes o atira ao fogo ou na água para fazê-lo morrer. Mas, se tu podes, ajuda-nos, tem compaixão de nós”. 22Então Jesus lhe disse: “Se tu podes! …Tudo é possível àquele que crê!”. 24Imediatamente, o pai do menino gritou: “Eu creio! ajuda a minha incredulidade!”. 25Vendo Jesus que a multidão afluía, conjurou severamente o espírito impuro, dizendo-lhe: “Espírito mudo e surdo, Eu te ordeno: deixa-o e nunca mais entres nele!”. 26E, gritando e agitando-o violentamente, saiu. E o menino ficou como se estivesse morto, de modo que muitos diziam que ele tinha morrido. 27Jesus, porém, tomando-o pela mão, ergueu-o, e ele se levantou. 28Ao entrar em casa, perguntaram-lhe os seus Discípulos, a sós: “Por que não pudemos expulsá-lo?”. 29Ele respondeu: “Essa espécie não pode sair a não ser com oração”.
[35] N.T.: 37No dia seguinte, ao descerem da montanha veio ao seu encontro uma grande multidão. 38E eis que um homem da multidão gritou: “Mestre, rogo-te que venhas ver o meu filho, porque é meu filho único. 39Eis que um espírito o toma e subitamente grita, sacode-o com violência e o faz espumar; é com grande dificuldade que o abandona, deixando-o dilacerado. 40Pedi a teus Discípulos que o expulsassem, mas eles não puderam”. 41 Jesus respondeu: “Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei convosco e vos suportarei? Traze aqui teu filho”. 42Estava ainda se aproximando, quando o demônio o jogou por terra e agitou-o com violência. Jesus, porém, conjurou severamente o espírito impuro, curou a criança e a devolveu ao pai.
[36] N.T.: Areteu da Capadócia, é um dos mais notórios médicos da Grécia Antiga; no entanto, apenas alguns detalhes de sua vida são conhecidos. Existe alguma incerteza com relação à sua idade e país de origem, mas parece provável que exerceu a Medicina no século I, durante o reinado de Nero ou Vespasiano. É geralmente denominado “o Capadócio”.
[37] N.T.: de Galen’s Critical Days (De diebus decretoriis) era um texto que fundamenta a medicina astrológica.
[38] N.T.: 2Aí lhe trouxeram um paralítico deitado numa cama. Jesus, vendo tão grande fé, disse ao paralítico: “Tem ânimo, meu filho; os teus pecados te são perdoados. “ 3Ao ver isso alguns dos escribas diziam consigo: “Está blasfemando”. 4Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: “Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações? 5Com efeito, que é mais fácil dizer ‘Teus pecados são perdoados’, ou dizer ‘Levanta-te e anda’? 6Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem poder na terra de perdoar pecados. . . “ disse então ao paralítico: “Levanta-te, toma tua cama e vai para casa”. 7Ele se levantou e foi para casa.
[39] N.T.: 3Vieram trazer-lhe um paralítico, transportado por quatro homens. 4E como não pudessem aproximar-se por causa da multidão, abriram o teto à altura do lugar onde Ele se encontrava e, tendo feito um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico. 5Jesus, vendo sua fé, disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. 6Ora, alguns dos escribas que lá estavam sentados refletiam em seus corações: 7”Por que está falando assim? Ele blasfema! Quem pode perdoar pecados a não ser Deus? “ 8Jesus imediatamente percebeu em seu espírito o que pensavam em seu íntimo, e disse: “Por que pensais assim em vossos corações? 9O que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, toma o teu leito e anda?’ 10Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem poder de perdoara pecados na terra, 11Eu te ordeno — disse Ele ao paralítico — levanta-te, toma o teu leito e vai para a tua casa”. 12O paralítico levantou-se e, imediatamente, carregando o leito, saiu diante de todos, de sorte que ficaram admirados e glorificaram a Deus, dizendo: “Nunca vimos coisa igual!”.
[40] N.T.: 18Vieram então alguns homens carregando um paralítico numa maca; tentavam levá-lo para dentro e colocá-lo diante dele. 19E como não encontravam um jeito de introduzi-lo, por causa da multidão, subiram ao terraço e, através das telhas, desceram-no com a maca no meio dos assistentes, diante de Jesus. 20Vendo-lhes a fé, ele disse: “Homem, teus pecados estão perdoados”. 21Os escribas e os fariseus começaram a raciocinar: “Quem é este que diz blasfêmias? Não é só Deus que pode perdoar pecados?” 22Jesus, porém, percebeu seus raciocínios e respondeu-lhes: “Por que raciocinais em vossos corações? 23Que é mais fácil dizer: Teus pecados estão perdoados, ou: Levanta-te e anda? 24Pois bem! Para que saibais que o Filho do Homem tem o poder de perdoar pecados na terra, eu te ordeno — disse ao paralítico — levanta-te, toma tua maca e vai para tua casa”. 25E no mesmo instante, levantando-se diante deles, tomou a maca onde estivera deitado e foi para casa, glorificando a Deus. 26O espanto apoderou-se de todos e glorificavam a Deus. Ficaram cheios de medo e diziam: “Hoje vimos coisas estranhas!”
[41] N.T.: Cura do Corpo, da Alma e do Espírito
[42] N.T.: A memória involuntária ou Mente Subconsciente está, atualmente, fora de nosso controle. Relaciona-se totalmente com as experiências desta vida. Consiste das impressões dos acontecimentos no Corpo Vital. Tais impressões podem ser modificadas ou até apagadas, utilizando a doutrina do perdão dos pecados.
[43] N.T.: 14Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra deste, que estava de cama e com febre. 15Logo tocou-lhe a mão e a febre a deixou. Ela se levantou e pôs-se a servi-lo.
[44] N.T.: Cura do Corpo, da Alma e do Espírito
[45] N.T.: Mc 16:18
[46] N.T. 21Jesus, partindo dali, retirou-se para a região de Tiro e de Sidônia. 22E eis que uma mulher cananeia, daquela região, veio gritando: “Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim: a minha filha está horrivelmente endemoninhada”. 23Ele, porém, nada lhe respondeu. Então os seus Discípulos se chegaram a ele e pediram-lhe: “Despede-a, porque vem gritando atrás de nós”. 24Jesus respondeu: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 25Mas ela, aproximando-se, prostrou-se diante dele e pôs-se a rogar: “Senhor, socorre-me!” 26Ele tornou a responder: “Não fica bem tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos”. 27Ela insistiu: “Isso é verdade, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos!” 28Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como queres!” E a partir daquele momento sua filha ficou curada.
[47] N.T.: 24Saindo dali, foi para o território de Tiro. Entrou numa casa e não queria que ninguém soubesse, mas não conseguiu permanecer oculto. 25Pois, logo em seguida, uma mulher cuja filha tinha um espírito impuro ouviu falar d’Ele, veio e atirou-se a seus pés. 26A mulher era grega, siro-fenícia de nascimento, e lhe rogava que expulsasse o demônio de sua filha. 27Ele dizia: “Deixa que primeiro os filhos se saciem porque não é bom tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorrinhos”. 28Ela, porém, lhe respondeu: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas das crianças! “ 29E Ele disse-lhe: “Pelo que disseste, sai: o demônio saiu da tua filha”. 30Ela voltou para casa e encontrou a criança atirada sobre a cama. E o demônio tinha ido embora.
[48] N.T.: 1Certo sábado, ele entrou na casa de um dos chefes dos fariseus para tomar uma refeição, e eles o espiavam. 2Eis que um hidrópico estava ali, diante dele. 3Tomando a palavra, Jesus disse aos legistas e aos fariseus: “É lícito ou não curar no sábado?” 4Eles, porém, ficaram calados. Tomou-o então, curou-o e despediu-o. 5Depois perguntou-lhes: “Qual de vós, se seu filho ou seu boi cai num poço, não o retira imediatamente em dia de sábado?” 6Diante disso, nada lhe puderam replicar.
[49] N.T.: Sabá ou sabat é o dia semanal de descanso e/ou tempo de adoração que é observado em diversas crenças. O termo deriva do hebraico shabat, “cessar”, que foi pela primeira vez usado no relato bíblico do sétimo dia da Criação. A observância e lembrança do sabá é um dos Dez Mandamentos (o quarto na tradição original judaica, a cristã ortodoxa e maioria das tradições protestantes, o terceiro nas tradições luterana). Tido como sábado, dia do descanso da religião judaica.
[50] N.T.: 1E entrou de novo na sinagoga, e estava ali um homem com uma das mãos atrofiada. 2E o observavam para ver se o curaria no sábado, para o acusarem. 3Ele disse ao homem da mão atrofiada: “Levanta-te e vem aqui para o meio”. 4E perguntou-lhes: “É permitido, no sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matar?”. Eles, porém, se calavam. 5Repassando estão sobre eles um olhar de indignação. E entristecido pela dureza do coração deles, disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu, e sua mão estava curada.
[51] N.T.: 6Em outro sábado, entrou ele na sinagoga e começou a ensinar. Estava ali um homem com a mão direita atrofiada. 7Os escribas e os fariseus observavam-no para ver se ele o curaria no sábado, e assim encontrar com que o acusar. 8Ele, porém, percebeu seus pensamentos e disse ao homem da mão atrofiada: “Levanta-te e fica de pé no meio de todos”. Ele se levantou e ficou de pé. 9Jesus lhes disse: “Eu vos pergunto se, no sábado, é permitido fazer o bem ou o mal, salvar uma vida ou arruiná-la”. 10Correndo os olhos por todos eles, disse ao homem: “Estende a mão”. Ele o fez, e a mão voltou ao estado normal.
[52] N.T.: Cura do Corpo, da Alma e do Espírito
[53] N.T.: 5Ao entrar em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião que lhe implorava e dizia: 6“Senhor, o meu criado está deitado em casa, paralítico, sofrendo dores atrozes”. 7Jesus lhe disse: “Eu irei curá-lo”. 8Mas o centurião respondeu-lhe: “Senhor, não sou digno de receber-te sob o meu teto; basta que digas uma palavra e o meu criado ficará são. 9Com efeito, também eu estou debaixo de ordens e tenho soldados sob o meu comando, e quando digo a um ‘Vai!’, ele vai, e a outro ‘Vem!’, ele vem; e quando digo ao meu servo: ‘Faze isto’, ele o faz”. 10Ouvindo isso, Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: “Em verdade vos digo que em Israel não achei ninguém que tivesse tal fé. 11Mas eu vos digo que virão muitos do oriente e do ocidente e se assentarão à mesa no Reino dos Céus, com Abraão, Isaac e Jacó, 12enquanto os ‘filhos do Reino’ serão postos para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”. 13Em seguida, disse ao centurião: “Vai! Como creste, assim te seja feito!” Naquela mesma hora o criado ficou são (Mt 8:5-13).
[54] N.T.: 1Quando acabou de transmitir aos ouvidos do povo todas essas palavras, entrou em Cafarnaum. 2Ora, um centurião tinha um servo a quem prezava e que estava doente, à morte; 3Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-lhe alguns dos anciãos dos judeus para pedir-lhe que fosse salvar o servo. 4Estes, chegando a Jesus, rogavam-lhe insistentemente: “Ele é digno de que lhe concedas isso, 5pois ama nossa nação, e até nos construiu a sinagoga”. 6Jesus foi com eles. Não estava longe da casa, quando o centurião mandou alguns amigos lhe dizerem: “Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres em minha casa; 7nem mesmo me achei digno de ir ao teu encontro. Dize, porém, uma palavra, para que o meu criado seja curado. 8Pois também eu estou sob uma autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e a um digo: ‘Vai!’, e ele vai; e a outro ‘Vem!’, e ele vem; e a meu servo ‘Faze isto!’, e ele o faz”. 9Ao ouvir tais palavras, Jesus ficou admirado e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse: “Eu vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. 10E, ao voltarem para casa, os enviados encontraram o servo em perfeita saúde (Lc 7:1-10).
[55] N.T.: em São Lucas. Note: em São Mateus é versículo 9.
[56] N.T.: 10Ora, ele estava ensinando numa das sinagogas aos sábados. 11E eis que se encontrava lá uma mulher, possuída havia dezoito anos por um espírito que a tornava enferma; estava inteiramente recurvada e não podia de modo algum endireitar-se.12Vendo-a, Jesus chamou-a e disse: “Mulher, estás livre de tua doença”, 13e lhe impôs as mãos. No mesmo instante, ela se endireitou e glorificava a Deus. 14O chefe da sinagoga, porém, ficou indignado por Jesus ter feito uma cura no sábado e, tomando a palavra, disse à multidão: “Há seis dias para o trabalho; portanto, vinde nesses dias para serdes curados, e não no dia de sábado!” 15O Senhor, porém, replicou: “Hipócritas! Cada um de vós, no sábado, não solta seu boi ou seu asno do estábulo para levá-lo a beber? 16E esta filha de Abraão que Satanás prendeu há dezoito anos, não convinha soltá-la no dia de sábado?” 17Ao falar assim, todos os adversários ficaram envergonhados, enquanto a multidão inteira se alegrava com todas as maravilhas que Ele realizava.
[57] N.T.: Sabá ou sabat é o dia semanal de descanso e/ou tempo de adoração que é observado em diversas crenças. O termo deriva do hebraico shabat, “cessar”, que foi pela primeira vez usado no relato bíblico do sétimo dia da Criação. A observância e lembrança do sabá é um dos Dez Mandamentos (o quarto na tradição original judaica, a cristã ortodoxa e maioria das tradições protestantes, o terceiro nas tradições luterana). Tido como sábado, dia do descanso da religião judaica.
[58] N.T.: 20Enquanto ia, certa mulher, que sofria de um fluxo de sangue fazia doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla da veste, 21pois dizia consigo: “Será bastante que eu toque a sua veste e ficarei curada”. 22Jesus, voltando-se e vendo-a, disse-lhe: “Ânimo, minha filha, a tua fé te salvou”. Desde aquele momento, a mulher foi salva.
[59] N.T.: 25Ora, certa mulher que havia doze anos tinha um fluxo de sangue 26e que muito sofrera nas mãos de vários médicos, tendo gasto tudo o que possuía sem nenhum resultado, mas cada vez piorando mais, 27tinha ouvido falar de Jesus. Aproximou-se d’Ele, por detrás, no meio da multidão, e tocou-lhe a roupa. 28Porque dizia: “Se ao menos tocar as suas roupas, serei salva”. 29E logo estancou a hemorragia. E ela sentiu no corpo que estava curada de sua enfermidade. 30Imediatamente, Jesus, tendo consciência da força que d’Ele saíra, voltou-se à multidão e disse: “Quem tocou minhas roupas? “ 31Os Discípulos disseram-lhe: “Estás vendo a multidão que Te comprime e perguntas: ‘‘‘Quem me tocou ?’ 32Jesus olhava em torno de si para ver quem havia feito aquilo. 33Então a mulher, amedrontada e trêmula, sabendo o que lhe tinha sucedido, foi e caiu-lhe aos pés e contou-lhe toda a verdade. 34E Ele disse a ela: “Minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz e esteja curada desse teu mal”.
[60] N.T.: 43Certa mulher, porém, que sofria de um fluxo de sangue, fazia doze anos, e que ninguém pudera curar, 44aproximou-se por detrás e tocou a extremidade de sua veste; no mesmo instante, o fluxo de sangue parou. 45E Jesus perguntou: “Quem me tocou?” Como todos negassem, Pedro disse: “Mestre, a multidão te comprime e te esmaga”. 46Jesus insistiu: “Alguém me tocou; eu senti que uma força saía de mim”. 47A mulher, vendo que não podia se ocultar, veio tremendo, caiu-lhe aos pés e declarou diante de todos por que razão o tocara, e como ficara instantaneamente curada. 48Ele disse: “Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz”.
[61] N.T.: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) – autor e estadista alemão que também fez incursões pelo campo da ciência natural.
[62] N.T.: Eusébio de Cesareia (ca. 265-339) (chamado também de Eusebius Pamphili, “Eusébio amigo de Pânfilo”) foi bispo de Cesareia e é referido como o pai da história da Igreja porque nos seus escritos estão os primeiros relatos quanto à história do cristianismo primitivo.
[63] N.T.: A História Eclesiástica (em latim: Historia Ecclesiastica ou Historia Ecclesiae) de Eusébio de Cesareia foi uma obra pioneira do século IV por tratar de um relato cronológico do desenvolvimento do cristianismo primitivo entre o primeiro e o quarto século. Ela foi escrita em grego koiné e sobreviveu também em manuscritos em latim, siríaco e armênio. O resultado foi a primeira narrativa extensiva escrita de um ponto de vista cristão
[64] N.T.: Cesareia de Filipe (em latim Caesarea Philippi) era uma antiga cidade, localizada no sopé sudoeste do monte Hermon na atual região arqueológica de Banias. Por volta do ano 20 a.C. o rei Herodes, o grande, construiu aos pés do monte Hermon um templo branco de mármore, e dedicou a César Augusto. Quando Herodes morreu a cidade ficou nas mãos de seu filho, Herodes Filipe, que a ampliou, e embelezou, e a chamou de Cesareia de Filipe, para alcançar graça diante seu imperador Tibério César, e distingui-la da outra Cesareia, a capital romana na Judeia e porto marítimo muito mais conhecida, que ficava na costa. É hoje um local arqueológico perto da fronteira Israel-Síria, junto à nascente do rio Jordão.
[65] 18Enquanto Jesus lhes falava sobre essas coisas, veio um chefe e prostrou-se diante dele, dizendo: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe-lhe a mão e ela viverá”. 19Levantando, Jesus o seguia, juntamente com os seus Discípulos. (…) 23Jesus, ao entrar na casa do chefe e ver os flautistas e a multidão em alvoroço, disse: 24”Retirai-vos todos daqui, porque a menina não morreu: está dormindo”. E caçoavam dele. 25Mas, assim que a multidão foi removida para fora, Ele entrou, tomou-a pela mão e ela se levantou. 26A notícia do que aconteceu espalhou-se por toda aquela região.
[66] 22Aproximou-se um dos chefes da sinagoga, cujo nome era Jairo, e vendo-O, caiu a seus pés. 23Rogou-lhe insistentemente, dizendo: “Minha filhinha está morrendo. Vem e impõe sobre ela as mãos, para que ela seja salva e viva”. 24Ele o acompanhou e numerosa multidão O seguia, apertando-O de todos os lados. (…) 35Ainda falava, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, dizendo: “Tua filha morreu. Por que perturbas ainda o Mestre?”. 36Jesus, porém, tendo ouvido a palavra que acabava de ser pronunciada, disse ao chefe da sinagoga: “Não temas; crê somente”. 37E não permitiu que ninguém o acompanhasse, exceto Pedro, Tiago e João, o irmão de Tiago. 38Chegaram à casa do chefe da sinagoga, e Ele viu um alvoroço. Muita gente chorando e clamando em voz alta. 39Entrando, disse: “Por que este alvoroço e este pranto? A criança não morreu; está dormindo”. 40E caçoavam d’Ele. Ele, porém, ordenou que saíssem todos, exceto o pai e a mãe da criança e os que o acompanhavam, e com eles entrou onde estava a criança. 41Tomando a mão da criança, disse-lhe: “Talitha Kum” — o que significa: “Menina, Eu te digo, levanta-te”. 42No mesmo instante, a menina se levantou, e andava, pois já tinha doze anos. E ficaram extremamente espantados. 43Recomendou-lhes então expressamente que ninguém viesse a saber o que tinha visto. E mandou que dessem de comer à menina.
[67] 41Chegou então um homem chamado Jairo, chefe da sinagoga. Caindo aos pés de Jesus, rogava-lhe que entrasse em sua casa, 42porque sua filha única, de mais ou menos doze anos, estava à morte. Enquanto Ele se encaminhava para lá, as multidões se aglomeravam a ponto de sufocá-lo. (…) 49Ele ainda falava, quando chegou alguém da casa do chefe da sinagoga e lhe disse: “Tua filha morreu; não perturbes mais o Mestre”. 50Mas Jesus, que havia escutado, disse-lhe: “Não temas; crê somente, e ela será salva”. 51Ao chegar à casa, não deixou que entrassem consigo senão Pedro, João e Tiago, assim como o pai e a mãe da menina. 52Todos choravam e batiam no peito por causa dela. Ele disse: “Não choreis! Ela não morreu; está dormindo”. 53E caçoavam d’Ele, pois sabiam que ela estava morta. 54Ele, porém, tomando-lhe a mão, chamou-a dizendo: “Criança, levanta-te!”. 55O espírito dela voltou e, no mesmo instante, ela ficou de pé. E ele mandou que lhe dessem de comer.
[68] N.T.: Jo 21:17
[69] N.T.: Jo 16:15
[70] N.T.: 46Ele voltou novamente a Caná da Galileia, onde transformara água em vinho. Havia um funcionário real, cujo filho se achava doente em Cafarnaum. 47Ouvindo dizer que Jesus viera da Judéia para a Galileia, foi procurá-lo, e pedia-lhe que descesse e curasse seu filho, que estava à morte. 48Disse-lhe Jesus: “Se não virdes sinais e prodígios, não crereis”. 49O funcionário real lhe disse: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!”. 50Disse-lhe Jesus: “Vai, o teu filho vive”. O homem creu na palavra que Jesus lhe havia dito e partiu. 51Ele já descia, quando os seus servos lhe vieram ao encontro, dizendo que o seu filho vivia. 52Perguntou, então, a que horas ele se sentira melhor. Eles lhe disseram: “Ontem, à hora sétima, a febre o deixou”. 53Então o pai reconheceu ser precisamente aquela a hora em que Jesus lhe dissera: “O teu filho vive” e creu, ele e todos os da sua casa.
[71] N.T.: 1 Havia um doente, Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e de sua irmã Marta. 2 Maria era aquela que ungira o Senhor com bálsamo e lhe enxugara os pés com seus cabelos. Seu irmão Lázaro se achava doente. 3 As duas irmãs mandaram, então, dizer a Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”. 4 A essa notícia, Jesus disse: “Essa doença não é mortal, mas para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de Deus”. 5 Ora, Jesus amava Marta e sua irmã e Lázaro. 6 Quando soube que este se achava doente, permaneceu ainda dois dias no lugar em que se encontrava; 7 só depois, disse aos Discípulos: “Vamos outra vez até a Judéia!” 8 Seus Discípulos disseram-lhe: “Rabi, há pouco os judeus procuravam apedrejar-te e vais outra vez para lá?”. 9 Respondeu Jesus: “Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo, 10 mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele”. “Disse isso e depois acrescentou: “Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo”. 12 Os Discípulos responderam: “Senhor, se ele está dormindo, vai se salvar!” 13 Jesus, porém, falara de sua morte e eles julgaram que falasse do repouso do sono. 14 Então Jesus lhes falou claramente: “Lázaro morreu. 15 Por vossa causa, alegro-me de não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos para junto dele!” 16 Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros Discípulos: “Vamos também nós, para morrermos com ele!” 17 Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias. 18 Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns quinze estádios. 19 Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria, para as consolar da perda do irmão. 20 Quando Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria, porém, continuava sentada, em casa. 21 Então, disse Marta a Jesus: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 22 Mas ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá”. 23 Disse-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. 24 Sei, disse Marta, que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia!” 25 Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. “ 26 E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês nisso?” 27 Disse ela: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo”. 28 Tendo dito isso, afastou-se e chamou sua irmã Maria, dizendo baixinho: “O Senhor está aqui e te chama!” 29 Esta, ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro. 30 Jesus não entrara ainda no povoado, mas estava no lugar em que Marta o fora encontrar. 31 Quando os judeus, que estavam na casa com Maria, consolando-a, viram-na levantar-se rapidamente e sair, acompanharam-na, julgando que fosse ao sepulcro para aí chorar. 32 Chegando ao lugar onde Jesus estava, Maria, vendo-o, prostrou-se a seus pés e lhe disse: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”. 33 Quando Jesus a viu chorar e também os judeus que a acompanhavam, comoveu-se interiormente e ficou conturbado. 34 E perguntou: “Onde o colocastes?” Responderam-lhe: “Senhor, vem e vê!” 35 Jesus chorou. 36 Diziam, então, os judeus: “Vede como ele o amava!” 37 Alguns deles disseram: “Esse, que abriu os olhos do cego, não poderia ter feito com que ele não morresse?” 38 Comoveu-se de novo Jesus e dirigiu-se ao sepulcro. Era uma gruta, com uma pedra sobreposta. 39 Disse Jesus: “Retirai a pedra!” Marta, a irmã do morto, disse-lhe: “Senhor, já cheira mal: é o quarto dia!” 40 Disse-lhe Jesus: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?” 41 Retiraram, então, a pedra. Jesus ergueu os olhos para o alto e disse: “Pai, dou-te graças porque me ouviste. 42 Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que me enviaste”. 43 Tendo dito isso, gritou em alta voz: “Lázaro, vem para fora!” 44 O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com um sudário. Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o ir embora”.
[72] N.T.: 11Ele foi em seguida a uma cidade chamada Naim. Seus Discípulos e numerosa multidão caminhavam com ele. 12Ao se aproximar da porta da cidade, coincidiu que levavam a enterrar um morto, filho único de mãe viúva; e grande multidão da cidade estava com ela. 13O Senhor, ao vê-la, ficou comovido e disse-lhe “Não chores!” 14Depois, aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse ele, então: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” 15E o morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe.
[73] N.T.: 31<Cristo Jesus> Saindo de novo do território de Tiro, seguiu em direção do mar da Galileia, passando por Sidônia e atravessando a região da Decápole. 32Trouxeram-Lhe um surdo que gaguejava, e rogaram que impusesse as mãos sobre ele. 33Levando-o a sós para longe da multidão, colocou os dedos nas orelhas dele e, com saliva, tocou-lhe a língua.34Depois, levantando os olhos para o céu, gemeu, e disse Effatha, que quer dizer “Abre-te!” 35Imediatamente abriram-se -lhe os ouvidos e a língua se lhe desprendeu, e falava corretamente.
[74] N.T.: Apo 21:5
[75] N.T.: Destino maduro refere-se à consequência que necessariamente deverão ser vivenciadas pela pessoa. No entanto, a Filosofia Rosacruz, uma Escola de Mistérios Ocidentais, ensina-nos que sempre há certa margem para a pessoa colocar coisas novas em movimento. Em outras palavras, é possível modular a intensidade de um destino maduro, desde que a lição que se deve aprender tenha sido aprendida e o reequilíbrio com as forças da natureza, tenha sido reestruturado. Ver mais no Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. II.
[76] N.T.: Cura do Corpo, da Alma e do Espírito.
[77] N.T.: ou Paracelsus – Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1521) – físico, botânico, alquimista, astrólogo e ocultista suíço-germânico.
[78] N.T.: Tg 3:5
[79] N.T.: Malco é um personagem secundário no Novo Testamento da Bíblia, mencionado em Jo 18:10 como o servo do sumo sacerdote Caifás que havia sido golpeado na orelha por Simão Pedro durante a prisão de Cristo Jesus no Getsemani. De acordo com os evangelhos, quando Jesus estava para ser preso, um dos Discípulos puxou a espada e feriu o servo de Caifás que estava entre os soldados. No entanto, Cristo Jesus repreendeu ao seu Discípulo, curou a orelha de Malco.
[80] N.T.: Alexis Carrel (1873-1944) foi um biologista francês. Nasceu em Lyon, estudou medicina na Universidade de Lyon e graduou-se em 1900. Depois emigrou para os Estados Unidos.
[81] N.T. Ef 4:23
[82] N.T. Jo 5:14
[83] N.T.: “O Senhor é meu pastor, não me faltará”.
[84] N.T.: Franz Hartmann (1838-1912) escritor e médico alemão, estudioso das doutrinas de Paracelso, Jakob Böehme e a Tradição Rosacruz.
[85] N.T.: Mt 5:48
Esse livro traz o foco de significância esotérica da vida e missão do Senhor Cristo em Seus quatro aspectos: cósmico, planetário, histórico e místico.
O Livro é dividido em cinco partes, cada uma com uma completa abordagem, embora essencialmente correlacionadas:
1. Para fazer download ou imprimir:
Corinne Heline – O Mistério dos Cristos
2. Para estudar no próprio site:
O MISTÉRIO DOS CRISTOS
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1961, Mystery of the Christos, editada por Corinne Heline
1ª Edição em Espanhol, El Misterio de los Cristos
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
www.fraternidaderosacruz.com
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
Sumário
PRIMEIRA PARTE – OS MISTÉRIOS DO SAGRADO NASCIMENTO
CAPÍTULO I – O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DA ÉPOCA DO ADVENTO
CAPÍTULO II – O CÂNTICO DO NASCIMENTO CÓSMICO
CAPÍTULO III – OS DOZE DIAS SANTOS.
CAPÍTULO IV – A FESTA DA EPIFANIA.
Primeira Semana: Oração e Meditação.
Segunda Semana: Pureza e Transmutação.
Terceira Semana: Despertar e Espiritualizar a Mente.
Quarta Semana: Sublimação e Unificação.
CAPÍTULO VI – A MAGIA DO NATAL.
O Ministério dos Anjos no Tempo do Natal
CAPÍTULO VII – A SAGRADA FAMÍLIA, UM SÍMBOLO CÓSMICO.
Os Quatorze Degraus do Desenvolvimento Iniciático.
A Fuga para o Egito e o Retorno.
A TRANSFIGURAÇÃO, COMO ACONTECIMENTO DO ENLACE ENTRE OS MISTÉRIOS NATALINOS E OS PASCOAIS.
OS SAGRADOS MISTÉRIOS NATALINOS.
OS SAGRADOS MISTÉRIOS PASCOAIS.
SEGUNDA PARTE – OS SAGRADOS MISTÉRIOS DA PÁSCOA
CAPÍTULO VIII – SIGNIFICAÇÃO ESPIRITUAL DA ESTAÇÃO QUARESMAL.
CAPÍTULO IX – O ESOTERISMO DA PÁSCOA.
CAPÍTULO X – ETAPAS PREPARATÓRIAS, DESDE LÁZARO ATÉ O GETSEMANI
Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira da Semana da Paixão.
CAPÍTULO XI – A MAGIA DA SEXTA-FEIRA SANTA.
CAPÍTULO XII – A SEXTA-FEIRA E A VIA DOLOROSA.
Primeira Estação: Cristo Jesus é condenado à morte.
Segunda Estação: Cristo Jesus carrega a Sua cruz.
Terceira Estação: Cristo Jesus cai pela primeira vez.
Quarta Estação: Cristo Jesus se encontra com Sua mãe.
Quinta Estação: Simão Cireneu ajuda a Cristo Jesus levar a Cruz.
Sexta Estação: Verônica enxuga o rosto de Cristo Jesus.
Sétima Estação: Cristo Jesus cai pela segunda vez.
Oitava Estação: As Filhas de Jerusalém choram por Cristo Jesus.
Nona Estação: Cristo Jesus cai pela terceira vez.
Décima Estação: Cristo Jesus é despojado de suas vestes.
Décima-primeira Estação: Cristo Jesus é pregado na cruz.
Décima-segunda Estação: Cristo Jesus morre na cruz.
Décima-terceira Estação: Cristo Jesus é descido da cruz.
Décima-quarta Estação: Cristo Jesus é colocado no sepulcro.
CAPÍTULO XIII – A CRUZ, UM SÍMBOLO UNIVERSAL.
A Rosacruz: a Cruz da Transmutação.
CAPÍTULO XIV – O SUPREMO MISTÉRIO: O SACRIFÍCIO DO GÓLGOTA.
Meditação para a Sexta-feira Santa.
CAPÍTULO XV – O INTERVALO ENTRE A SEXTA-FEIRA SANTA E O AMANHECER DE PÁSCOA.
CAPÍTULO XVI – O AMANHECER DA PÁSCOA.
CAPÍTULO XVII – O INTERVALO ENTRE A RESSURREIÇÃO E A ASCENSÃO
TERCEIRA PARTE – A TRILHA DA SANTIDADE OU O CAMINHO DE CRISTO
ESTUDO DO CAMINHO ATRAVÉS DOS DOZE PORTAIS ZODIACAIS 182
Meditação espiritual para Libra
A Trilha da Santidade por meio de Libra
A Trilha da Santidade por meio de Escorpião
Parábola bíblica para Escorpião
Meditação Espiritual para Escorpião
A Trilha da Santidade por meio de Sagitário
Parábola bíblica para Sagitário
Meditação Espiritual para Sagitário
A Trilha da Santidade por meio de Capricórnio
Parábola bíblica para Capricórnio.
Meditação Espiritual para Capricórnio
A Trilha da Santidade por meio de Aquário
Parábola bíblica para Aquário.
Meditação Espiritual para Aquário
A Trilha da Santidade por meio de Peixes
Ensinamento Bíblico para Peixes
Meditação Espiritual para Peixes
A Trilha da Santidade por meio de Áries.
Meditação Espiritual para Áries
A Trilha da Santidade por meio de Touro.
Meditação Espiritual para Touro.
A Trilha da Santidade por meio de Gêmeos.
Meditação Espiritual para Gêmeos.
A Trilha da Santidade por meio de Câncer.
Meditação Espiritual para Câncer.
A Trilha da Santidade por meio de Leão.
Meditação Espiritual para Leão.
A Trilha da Santidade por meio de Virgem.
Meditação Espiritual para Virgem.
QUARTA PARTE – APROFUNDAMENTO NO ESCLARECIMENTO DO MISTÉRIO DOS CRISTOS
CAPÍTULO XXXI – TESTEMUNHO DOS PRIMEIROS PAIS DA IGREJA.
CAPÍTULO XXXII – ABRAÃO E MOISÉS CONTATAM COM O UNO CÓSMICO
CAPÍTULO XXXIII – SALMOS E PROVÉRBIOS.
CRISTO EM SEUS VÁRIOS ASPECTOS: CÓSMICO, PLANETÁRIO, HISTÓRICO E MÍSTICO
CAPÍTULO XXXV – O CRISTO CÓSMICO.
CAPÍTULO XXXVI – O CRISTO PLANETÁRIO.
CAPÍTULO XXXVII – O CRISTO HISTÓRICO.
CAPÍTULO XXXVIII – O CRISTO MÍSTICO.
CAPÍTULO XXXIX – AS SETE CHAVES DO MISTÉRIO DE CRISTO.
Chave Número Um: A Imaculada Concepção.
Chave Número Dois – O Santo Nascimento.
Chave Número Quatro – A Transfiguração
Chave Número Cinco – Getsemani
Chave Número Seis – A Crucifixão
Chave Número Sete – A Ressurreição
QUINTA PARTE – O CICLO ANUAL COM CRISTO
CAPÍTULO XL – SINTONIZADOS COM O RITMO DOS DOZE
Outubro – Novembro – Dezembro.
Minha gratidão é aqui estendida para Elizabeth Hill e Ann Barkhurst por sua inestimável assistência editorial e pelas revisões para a preparação dessa publicação; igualmente a Frances Paelian por suas ilustrações artísticas.
Esse volume, que pode ser considerado o sétimo da série: INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA PARA A NOVA ERA, bem como os outros seis volumes já publicados, estão dedicados, com humildade e agradecimento, antes de tudo, a
Meu reverenciado e amado amigo
MAX HEINDEL
Cujo alento para que eu empreendesse essa obra e cuja inspiração e assistência para sua consecução foram incalculáveis.
A história do Deus Sol e a história
mesma – Lyman E. Stove
PRIMEIRA PARTE – OS MISTÉRIOS DO SAGRADO NASCIMENTO
CAPÍTULO I – O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DA ÉPOCA DO ADVENTO
A época do Advento[1] é conhecida como um tempo de purificação e preparação. É o momento em que o candidato se sincroniza mais intensamente com os regozijos do próximo fluxo de Cristo no Natal, que se aproxima. E se você sabe algo sobre o significado da Iniciação Cristã Mística, entrará com uma compreensão muito mais profunda nas disciplinas da época do Advento.
Os primeiros Discípulos de Cristo observavam a este período como muito apropriado para receber novas revelações do alto, particularmente propício para o seu desenvolvimento espiritual. Realizavam uma preparação específica para o que eles esperavam receber quando o Advento alcançasse seu cume no momento da Noite Santa.
Note que em harmonia com as influências zodiacais, o Advento ocorre quando o Sol está passando pelo Signo de Sagitário. Esse é o Signo do verdadeiro êxtase da alma e da vidência. Os antigos devotos, frequentemente, se referiam a esse período de Sagitário como o “Festival de Luz”, uma vez que é o momento em que a radiação da luz de Cristo permeia a Terra de forma mais completa!
Normalmente, o Advento começa no último domingo de novembro e culmina na áurea glória do Solstício de Dezembro. Para o cristão esotérico abarca as três etapas ou graus que alcançam seu máximo à meia-noite da Noite Santa. Este período de preparação e progresso se refere não somente às quatro semanas de Advento, mas também a determinados estágios de desenvolvimento espiritual relacionados com estas quatro semanas.
Durante a semana que segue o Primeiro Domingo do Advento o trabalho é preparatório ou de Primeiro Grau: Grau da Anunciação. A Virgem Maria foi a primeira, da nossa humanidade, a alcançar o poder simbolizado pelo Primeiro Grau; um fato compreendido pelos primeiros cristãos e que é o motivo pelo qual Maria ocupe um lugar tão importante nas meditações e cerimônias relacionadas com o Advento.
O grau da Anunciação se relaciona, especialmente, com o cultivo da pureza: pensamentos, sentimentos, palavras e atos. A maioria dos Estudantes, no entanto, têm uma ideia muito vaga sobre o significado desta qualidade, como um dos aspectos mais importantes do desenvolvimento espiritual. Eles não sabem que a pureza, longe de ser uma condição estática, é uma dinâmica na força da vida do Aspirante. Cristo enfatizou quando ele disse: “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”. Aos Iniciados das escolas de mistérios antigas eram submetidos a longos períodos de teste para o cultivo de pureza de espírito, alma e corpo, uma vez que afeta todo o ser humano, influenciando em cada pensamento, palavra e ato.
Isso explica porque o Grau de Anunciação é também chamado de Grau de Pureza.
Uma das etapas iniciais na purificação do Corpo Denso e do Corpo de Desejos do ser humano se relaciona à alimentação. Nenhum Aspirante sincero pode aceitar o sacrifício dos irmãos menores do reino animal para satisfazer os seus apetites corporais e seu conforto. Com a eliminação da ingestão de carne se produz a sensibilização do veículo físico. Isso resulta em uma maior receptividade para as impressões da alma e o pensar espiritual. Então, chega um momento em que os Aspirantes desejam alimentar seus Corpos apenas com os frutos da terra, da qual a natureza oferece em abundância.
À medida que se progride em direção à obtenção do Grau de Pureza ou Anunciação, o Aspirante descobre, dentro de si, uma força crescente para superar os pensamentos e as emoções negativos e destrutivos; e quando esses tenham sido dominados, sua consciência permanece focada no bem, no verdadeiro e no belo. Esse Grau encontra a expressão perfeita na divina Maria. Sua vida foi tão pura e perfumada como um lírio. A contemplação de sua vida é, portanto, de um valor primordial para o cultivo de pureza, o Primeiro Passo no Caminho da Realização.
O lugar importante ocupado por Maria, em relação aos Discípulos do Advento, não termina com a primeira semana, mas continua, com um significado cada vez mais profundo ao longo do restante do período.
Com o crescimento de pureza, as faculdades mais elevadas dos outros centros se desenvolvem gradualmente. E, quando entram em atividade, fornecem a capacidade de perceber os Mundos celestes e seus seres gloriosos. Foi depois de Maria ter desenvolvido e alcançado o grau Anunciação, que ela se tornou consciente da sempre presente companhia dos Anjos. Tão estreita foi sua associação com o reino angélico que ela era conhecida pelos primeiros cristãos como a Rainha dos Anjos e dos Homens.
O Segundo Grau é, naturalmente, atribuído à Segunda Semana do Advento. Esse é o Grau da Imaculada Conceição. Aqui, novamente, a Virgem Maria aparece como a encarnação suprema dessa conquista sublime. É durante esse período que Maria, assistida pelo exército angelical, vem à Terra para conceder sua bênção para toda a humanidade. Sua “Eu sou a Imaculada Conceição” carrega a promessa de uma conquista de uma condição que todos irão alcançar um dia. Quando se alcança o Segundo Grau, já não existe a morte, e o ser humano mortal alcança a imortalidade.
Ao atingir este Grau, Maria se tornou o protótipo para a Imaculada Conceição. Aqui está a razão do porquê um ramo da igreja cristã declarar que até mesmo o Corpo físico de Maria foi levado para os Mundos celestiais, com toda a beleza e pureza que tinha conseguido durante a sua condição terrena.
Quando a humanidade, como um todo, alcance esse elevado nível de desenvolvimento, não haverá mais doenças, deformidades ou desalinhamentos, tão comuns na atualidade; e o ser humano comprovará que, na verdade, foi criado à imagem e semelhança de Deus. Maria leu nos registros sobre o que havia de vir no futuro e comprovou que ela tinha que servir como um protótipo da Imaculada Conceição, que toda a humanidade terá que, finalmente, demonstrar quando, segundo suas próprias palavras, todo mundo se levante e a chame de bem-aventurada.
O Terceiro Grau, atribuído às duas últimas semanas do Advento, é o Grau do Santo Nascimento. Aqui nos aproximamos, pelo coração, dos Mistérios Cristãos. Cristo veio como o indicador supremo do Caminho. O que Ele alcançou deve ser alcançado, algum dia, por todos os seres humanos. O alemão místico Angelus Silesius expressou isso assim: “Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém, se Ele não nascer em você, sua alma seguirá perdida.”.
Como mencionado, o menino Cristo nasceu em uma manjedoura, onde os animais comiam, porque não havia lugar na pousada. Isso esconde um dos segredos mais profundos dos Mistérios Cristãos. A cena do presépio, do Nascimento, simboliza o nascimento de Cristo no ser humano. Mesmo após o Grau de Purificação, o santo bebê não pode ser removido do presépio (natureza inferior) para encontrar o seu lugar na pousada (centro craniano ou natureza superior). A ação alquímica desse processo consiste em elevar o fogo espiritual espinhal, a partir da base da coluna até o coração (Jerusalém, a Cidade da Paz) e, de lá, para a cabeça (Belém, a Casa do Pão). Na cena do presépio, geralmente, retrata Maria e José ajoelhados e em adoração, cada um junto a um Anjo. Eles representam as forças masculinas e femininas, despertas e iluminadas, em interação harmônica. Quando essas forças estão entrelaçadas, vivificam os centros cranianos localizados na Glândula Pineal, carregada masculina ou positivamente, e o Corpo Pituitário, carregada feminina ou negativamente. O resultado dessa interação é a iluminação espiritual. O terceiro ventrículo no cérebro, que liga as duas Glândulas, se converte no presépio onde Cristo nasce e descansa. O quarto está preparado para ele na pousada. Sua aura enche de tal modo o Corpo que se converte em um verdadeiro templo de luz. A realização do Cristo Interno por um Aspirante é a triunfante consumação da busca, e o culminar do processo evolutivo correspondente ao atual Período Terrestre.
Os pastores no campo e os sábios que foram para adorar o menino Jesus são uma parte importante do processo espiritual, representado pela época de Advento. A Bíblia diz que os pastores estavam vigiando seus rebanhos durante a noite, quando os Anjos lhes apareceram e ordenaram para que seguissem a estrela que os levariam a Belém. Os pastores eram os Aspirantes ou neófitos que tinham alcançado o Grau de Purificação e, portanto, tinha chegado a comunhão com seres de Mundos celestiais, que lhes orientaram a seguirem a estrela, seu próprio Eu Superior, até ao lugar do Santo Nascimento.
Os sábios do oriente seguiram a estrela também trazendo com eles presentes raros e preciosos para depositá-los aos pés do Menino Jesus. Estes sábios eram Discípulos que tinham passado o primeiro e segundo Graus dos Mistérios Cristãos. Eles vieram com seus presentes brilhantes, símbolo da essência sublimada do Corpo físico que, em conjunto com as forças espiritualizadas do Corpo Vital, Corpo de Desejos purificado e da Mente espiritualizada, cria um Corpo de luz radiante. Este é o “dourado vestido de bodas”, com o qual cada Discípulo deve se revestir antes de entrar na presença de Cristo. O perfume no vaso dourado que Maria Madalena colocado aos pés do Mestre tem o mesmo significado.
Cada candidato que trilha o Caminho estreito dos Mistérios Cristãos aprende a seguir a estrela gloriosa de sua própria natureza superior, que sempre o guia ao longo do caminho que conduz a Jerusalém e depois a Belém.
Como já mencionado, a época do Advento atinge seu clímax na Noite Santa do Solstício de Dezembro. Um pensamento-semente para a meditação nesse tempo é o desejo de imitar os sábios que seguiram a estrela que conduz ao Cristo menino.
CAPÍTULO II – O CÂNTICO DO NASCIMENTO CÓSMICO
A Iniciação Terrestre, pela qual o ser humano aprende o supremo Rito da Purificação ou da conquista da matéria pelo espírito, é uma parte da cerimônia mística da época do Solstício de Dezembro. Para o Iniciado, o Natal significa a vitória sobre o último inimigo, a morte, e nascimento na glória da vida imortal.
Esse processo de espiritualização se obtém, em grande parte, mediante o som. Cristo mesmo, mediante Sua poderosa entonação, fornece a nota-chave da Grande Obra. Essa entonação corresponde ao Verbo do Evangelho de São João, por meio do qual todas as coisas foram feitas. Em outras palavras, foi o tom musical inicial, entoado pelo grande Espírito do Sol, Cristo, que construiu todos os Mundos do Sistema Solar, a que esse Planeta Terra pertence. Portanto, Ele é, verdadeiramente, o Senhor e Salvador dessa Terra e ante o qual todos os joelhos devem se dobrar. Sua nota-chave foi a que modelou nosso esquema planetário; consequentemente, nossa vida evolutiva está harmonizada com Seu Ser, no sentido mais profundo que há. Literalmente, n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser.
As quatro Sagradas Estações acentuam esse som planetário. Os tons do Equinócio de Março e do Solstício de Junho são expiradores (centrífugos) em sua ação, ou seja: radiantes e construtores, qualitativamente. Os tons do Equinócio de Setembro e do Solstício de Dezembro são inspiradores (centrípetos), ou seja: sustentadores e desenvolvedores. É do coração da Terra de onde a nota-chave do Cristo emana na sagrada época do Solstício de Dezembro.
A poderosa entonação do Verbo, ressoando cosmicamente nessa época, eleva e harmoniza cada átomo do Planeta e vem acompanhada por uma manifestação repentina de luz que todos se envolvem por uma radiação divina que não ocorre, nem sobre a terra, nem sobre o mar, em outra época do ano. Hostes que formam uma multidão de seres celestiais se unem com as resplandecentes legiões de Anjos e Arcanjos nesse majestoso coro, o nosso Senhor, até que cada coisa animada, cada árvore do bosque e cada diminuta planta em crescimento balança e se inclina com esse elevado êxtase de música e luz. Abundam numerosas e deliciosas lendas relativas à influência das forças espirituais sobre o reino animal durante esse período extremamente benigno. Todas essas lendas têm uma base real, dado que os animais são extremamente sensíveis às atividades dos planos internos.
Ao longo dos tempos, tem sido durante o Solstício de Dezembro que as portas do Templo se abrem, e aqueles que aspiram a se harmonizar com a Grande Luz do Mundo entram nele. A exigência essencial para essa admissão é o concentrar a consciência tão completamente na vida, de modo que não possa haver nenhuma reação negativa, e harmonizar cada átomo do Corpo com o ritmo do som do Cristo de tal maneira que o Espírito responda somente ao superior, formoso e verdadeiro.
Quando o neófito vitorioso é absorvido, mais e mais, na Luz Eterna, começa a discernir algo das palavras do cântico planetário e escuta o mantra musical supremo do qual está harmonizado o Planeta Terra. Esse cântico é traduzido para os ouvidos humanos nas palavras: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”[2].
Durante a época de Natal, esse cântico supremo é transportado pelas inumeráveis hostes aos espaços estelares, de onde o coro triunfante é reforçado pelas vozes dos que pertencem à onda de vida humana e que alcançaram já esse tão exaltado nível de consciência.
O último inimigo a vencer é a morte. Isso sempre foi um ensinamento do Templo e é a meta da mais elevada busca do ser humano na Iniciação do Solstício de Dezembro. Da aura da Sua glória transcendental, o Mestre, que é o modelo de nossa vida divina, se inclina sobre nós nessa época sagrada e nos atrai para esse caminho estreito iluminado, enquanto toda a Terra ressoa com o eco da música de Suas palavras, que nós ouviremos quando tenhamos realizados, por nós mesmos, esse elevado objetivo: “’Muito bem, servo bom e fiel! … Vem alegrar-te com o teu senhor”[3].
CAPÍTULO III – OS DOZE DIAS SANTOS
Normalmente, cremos que 25 de dezembro, celebrado como o Natal, termina o festival espiritual da estação do Solstício de Dezembro. Não é bem assim. Isso só marca o começo ou a entrada em um período de profundo significado. Esse período é o intervalo de Doze dias entre o Natal e a Décima Segunda Noite que envolve o coração espiritual do ano que entra. Esses Doze dias foram denominados, muito adequadamente, “o Santo dos Santos do ano”.
Esse trabalho foi elaborado para os Estudantes comprometidos com os Mistérios Cristãos, com o objetivo de lhes ajudar, pondo-os em harmonia com as Doze forças zodiacais liberadas sobre o Planeta Terra durante essa temporada.
Cada Dia Santo está sob a direta supervisão de uma das Doze Hierarquias zodiacais, e cada uma das quais projeta sobre o Planeta um protótipo de como será o mundo quando o trabalho, combinado de todas elas, tenha terminado. Também, os Doze Discípulos estão correlacionados com esses Doze Dias Santos; igualmente o estão os Doze centros espirituais por meio dos quais operam as Doze forças no Corpo-templo do ser humano.
O Estudante compromissado fará, portanto, uso desse Sagrado Período visualizando o trabalho das Hierarquias através dos centros internos do seu Corpo om os que aquelas estejam sincronizadas. Se tem fé e persiste, ano após ano, nesse elevado esforço, não deixará de obter a justa compensação na forma de um grande desenvolvimento espiritual.
Desde o momento do Solstício de Dezembro, quando a luz de Cristo penetra no coração da Terra, o Planeta é impregnado pelas poderosas radiações solsticiais que continuam, ainda que um pouco reduzidas, ao longo dos Doze Dias Santos. Durante esse tempo, as atividades nos planos internos são variadas e maravilhosas. A primitiva igreja cristã concluía seu ministério esotérico na mística Décima Segunda Noite com o Rito do Batismo, uma de suas mais elevadas Iniciações. Os neófitos modernos, que tem obtido a Iluminação, sabem que é possível entrar em comunhão com os seres divinos e com o Senhor da Luz. Uma experiência assim foi a que inspirou o Evangelho de São João, frequentemente conhecido como o “Evangelho do Amor”.
O dia 26 de dezembro está dedicado à Hierarquia de Áries, a Hierarquia que estabelece o modelo cósmico para a vida durante o mês em que o Sol transita pelo Signo de Áries. De 20 de março a 21 de abril, Áries projeta sobre o mundo o arquétipo de uma Terra perfeita. Esses são o novo céu e a nova Terra visualizados por São João e descritos em seu sublime Apocalipse[4].
De acordo com todos os calendários Áries apresenta o Novo Ano Solar. Por isso, se chama o “Signo da Consciência Ressuscitada”. Quem alcançou esse grau de consciência vê somente a divindade em todas as pessoas, coisas, circunstâncias, condições e em todos os eventos. O motivo da dedicação durante o período de Áries é ver o lado Divino.
O Discípulo correlacionado com Áries é São Tiago, irmão de São João. Este foi o primeiro em responder o chamado do discipulado e o primeiro que percorreu o caminho do martírio; foi um verdadeiro pioneiro espiritual. Durante o mês de Áries o Aspirante deveria estudar a vida de São Tiago e se esforçar em emular suas virtudes.
O centro corporal relacionado com Áries é a cabeça e a Hierarquia projeta o arquétipo da cabeça humana em toda sua divina e maravilhosa perfeição. Recomenda-se ao Estudante visualizar a cabeça com seus órgãos espirituais despertos e iluminados, e com todas as suas faculdades e funções totalmente desenvolvidas.
O pensamento-núcleo bíblico para meditar, tanto no dia 26 de dezembro como durante o mês solar de Áries, de 20 de março a 21 de abril, é a citação:
“Eis que eu faço novas todas as coisas” (Ap 21:5)
Sugerimos fortemente que os Estudantes meditem sobre os significados ocultos dessa passagem, enquanto os ritmos vibratórios de Áries estão permeando a Terra.
O dia 27 de dezembro e o mês solar de maio, de 21 de abril a 22 de maio, estão dedicados à Hierarquia de Touro. Essa é a Hierarquia que preside o reino dos arquétipos cósmicos e o modelo que projeta sobre a Terra é o das formas perfeitas. O amor e a harmonia são as forças que continuamente derrama sobre o nosso Planeta.
O Discípulo correlacionado com Touro é Santo André, cuja característica distintiva é a humildade. Esse é um dos atributos mais importantes que deveria ser cultivado por todos os Aspirantes. Quando se a desenvolve até um certo grau, ela se converte em um extraordinário poder anímico.
A garganta é o centro Corporal correlacionado à Touro. Nos Corpos da Nova Era, a garganta será um centro luminoso do qual emanará a Divina Palavra Criadora.
Durante o dia 27 de dezembro e durante o mês solar de maio a dedicação consiste em se converter a si mesmo em um canal mais perfeito para a recepção e disseminação do Amor e da Harmonia em todas as variadíssimas experiências da vida, sejam alegres ou tristes, exaltadas ou deprimentes.
O pensamento-núcleo bíblico a meditação durante o segundo dos Doze Dias Santos e seu mês correspondente é:
“…aquele que permanece no amor, permanece em Deus” (IJo 4:16)
Sugerimos fortemente que os Estudantes meditem sobre os significados ocultos dessa passagem, enquanto os ritmos vibratórios de Touro permeiam a esfera terrestre.
O dia 28 de dezembro e o mês solar de junho estão dedicados à Hierarquia de Gêmeos. O modelo cósmico para a Terra, projetado por essa Hierarquia, é o de uma grande paz, uma paz que sobre passa toda a compreensão e que será a herança da vindoura raça crística.
As características que devem ser cultivadas durante o período de Gêmeos são a mesma paz e o mesmo equilíbrio que se refere São Paulo e que lhe permitiram dizer: “Nenhuma dessas coisas (do mundo externo) me comovem”. Igualmente o salmista canta aos mais elevados atributos de Gêmeos:
“Em verdes pastagens me faz repousar. Para as águas tranquilas me conduz.”[5]
O Signo de Gêmeos rege as mãos. Essas são visualizadas como centros florais, fragrantes, luminosos e adornados com preciosos dons de cura e concedendo bênçãos.
O Discípulo correlacionado com Gêmeos é São Tomé. Tão intimamente se identificou com Cristo que suas dúvidas, próprias em uma Mente mortal, foram transcendidas por meio de uma dinâmica realização dos poderes crísticos latentes dentro dele. Realizou muitos e maravilhosos milagres logo depois de ter havido essa transformação.
O pensamento-núcleo bíblico a meditação do dia 28 de dezembro e durante o mês solar de junho (de 22 de maio à 22 de junho) é:
“Tranquilizai-vos e reconhecei: Eu sou Deus” (Sl 46:11)
Sugerimos fortemente que os Estudantes meditem sobre os significados ocultos dessa passagem, enquanto os ritmos vibratórios de Gêmeos permeiam o Planeta Terra.
O dia 29 de dezembro e o mês solar de julho (de 22 de junho a 23 de julho) estão dedicados à Hierarquia de Câncer, que mantém sobre a Terra o modelo cósmico da exaltação do divino feminino em toda a Criação. Esse Signo é o lar da gloriosa Mãe do Mundo, um elevado Iniciado da Hierarquia de Câncer. Esse Ser, e o princípio que representa, é reconhecido e deificado por todas as grandes religiões do mundo.
Áries trata com a vida; Touro com a forma; Gêmeos com a Mente; Câncer com a alma – a alma como reveladora da verdade. Por isso a dedicação durante o mês de Câncer é a busca dessa luz, ainda nunca vista sobre a terra nem sobre o mar.
O Discípulo correlacionado com Câncer é Natanael[6]. É um Místico em quem não existe o engano.
O centro Corporal governado por Câncer é o Plexo Celíaco [7], chamado, às vezes, de “o sol do estômago”. Antes da vinda de Cristo esse centro era considerado muito importante em relação ao desenvolvimento para a Iniciação. Na nova Raça Crística o Plexo Celíaco será dirigido novamente pelo espírito, porque o Sistema Nervoso Simpático se transformará na coluna feminina do Corpo-templo humano.
Para o dia 29 de dezembro, e durante o mês solar de julho, esse é o pensamento-núcleo bíblico para a meditação:
“…se caminhamos na luz como ele está na luz, estamos em comunhão uns com os outros” (IJo 1:7).
Aspirantes que, com muita fé, meditem sobre os significados ocultos dessa passagem, enquanto os ritmos vibratórios de Câncer permeiam nossa esfera, serão recompensados com o conhecimento sobre a fraternidade.
O dia 30 de dezembro e o mês solar de agosto, de 23 de julho a 24 de agosto, são dedicados à Hierarquia de Leão. O padrão cósmico mantido por essa hoste de Seres celestiais é aquele em que a Terra é permeada pelo poder do amor, pois a sabedoria divina se acha presente em toda a natureza, enquanto essa Hierarquia mantém o movimento rítmico sobre o nosso Planeta. Todas as atividades deveriam ser motivadas por esse poder. Cada pensamento deveria irradiar amor; cada palavra deveria vibrar com amor; cada ato embelezado pelo amor.
Judas é o Discípulo correlacionado com Leão. Aqui está indicado o grande poder transformador do amor.
Existe uma íntima relação entre Judas e São João. Judas tipifica a personalidade; São João, o espírito. Existe um profundo significado no fato de que Judas, depois de trair o Cristo, tirar a sua própria vida. A personalidade deve sempre se amainar para que o espírito possa brilhar. São Paulo exorta aos Aspirantes ao Caminho Cristão a que se desfaçam do “homem velho e a que se revistam do novo”.
Quando a personalidade se torna subordinada ao Espírito, a natureza inferior do ser humano – relacionada completamente com a vida pessoal que é efêmera – deve, portanto, morrer como o fez Judas, e ser substituída por esse amor de natureza superior que evidenciou São João, o Amado, o Discípulo que nunca conheceu a morte e que, dos Doze Imortais, foi o mais próximo a se aproximar do coração do Mestre.
O centro do Corpo correlacionado com Leão é o coração. À medida que este centro desenvolve suas latências divinas, ele se tornará mais e mais poderoso e luminoso, até que sua radiação resulte em ser a “estrela matutina que brilha no dia perfeito”.
E o amor é o tema do pensamento-núcleo bíblico para meditar em 30 de dezembro e durante o mês solar de agosto:
“O amor é o cumprimento da Lei” (Rm 13:10)
A dedicação para o dia 31 de dezembro e para o mês solar de setembro, de 24 de agosto a 23 de setembro, é à Hierarquia de Virgem. O amor de Leão conduz ao serviço de Virgem.
Este divino Ser que conhecemos como a Mãe Divina é o protótipo de todas as Madonas de todas as grandes religiões; ela é a instrutora dessas elevadas Iniciadas femininas em certos graus de seus desenvolvimentos.
Durante a época em que o raio de Virgem permeia nossa esfera, esta Hierarquia mantém o Planeta em um padrão cósmico elevado de uma Terra limpa profundamente e rejuvenescida. Em certo ponto, a pureza humana conquistada se torna um extraordinário poder anímico – uma verdade ressaltada pelo Senhor Cristo quando disse: “Os puros de coração verão a Deus”[8].
O Discípulo correlacionado com Virgem é Tiago o Justo, irmão de Judas e Simão. Durante muitos anos ele foi reverenciado como o responsável máximo da primitiva Igreja em Jerusalém e foi bem conhecido por sua pureza de caráter e consagração ao serviço altruísta.
O trato intestinal é o centro do Corpo físico do Corpo-templo do ser humano correlacionado com Virgem. O Aspirante visualiza o trato intestinal manifestando um perfeito funcionamento.
Do Evangelho Segundo São Mateus – Capítulo 23, Versículo 11 – provém o pensamento-núcleo bíblico para meditar no dia 31 de dezembro e durante o mês solar de Virgem:
“…o maior dentre vós seja o servo de todos” (Mt 20:27, 23:11 e Mc 10:32)
Os Aspirantes ao desenvolvimento interno são urgidos a meditar no profundo significado dessa magnífica passagem, enquanto os ritmos vibratórios da Hierarquia de Virgem permeiam esse Planeta.
A dedicatória para o dia 1º de janeiro e o mês solar de outubro, que vai de 23 de setembro a 24 de outubro, corresponde à Hierarquia de Libra. O padrão cósmico mantido por essa Hierarquia é o de um mundo formoso. Sua marca se vê em cada paisagem, em cada árvore, em cada planta, em cada arbusto e em toda forma dos vários reinos da natureza. A beleza e a harmonia são a marca de Libra. Por isso, tudo quanto vem sob sua influência desse Signo celestial expressará esses divinos atributos. Quando a humanidade receba mais completamente sua influência, serão abolidas a miséria, enfermidade, discórdia e dor.
O Discípulo correlacionado com Libra é Judas Tadeu. Esse Discípulo foi um ministro da beleza. Muitos, e de longo alcance, foram os resultados das obras que ele fez com sua devoção.
O centro no Corpo humano correlacionado com Libra são as glândulas suprarrenais. Essas glândulas, quando funcionam adequadamente, criam um absoluto equilíbrio físico e psicológico por meio de cada órgão e de seus processos.
A meditação para o primeiro de janeiro e para o mês solar de Libra é o pensamento-núcleo bíblico do Evangelho Segundo São João 8:32:
“…e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”
Grandiosos são os significados ocultos dessa passagem. Um Aspirante deveria meditar sobre eles durante o dia 1º de janeiro e em cada um dos dias em que Libra enfoca seu ritmo sobre a Terra.
Para o dia 2 de janeiro e o mês solar de novembro, de 24 de outubro a 23 de novembro, a dedicação é à Hierarquia de Escorpião. O padrão cósmico que essa Hierarquia está trabalhando para estabelecer na Terra é a obtenção por meio da transmutação da matéria em espírito. Por meio desse processo as essências sublimadas da Mente e do Corpo emergem com as forças do Espírito.
São João, o Amado, é o Discípulo correlacionado com Escorpião. A transmutação foi a nota chave de sua vida. Progrediu tanto na divina ciência da transmutação da matéria em espírito que nunca conheceu a morte.
O centro físico correlacionado com Escorpião é o sistema reprodutor. No Aspirante sincero esse se torna o centro da transmutação. Como se disse antes, existe um estreito relacionamento entre Judas (a personalidade) e São João (o Espírito). Judas deve morrer para que São João reine supremo.
Também existe uma forte conexão entre o Coração (Leão) e o sistema reprodutor (Escorpião). Enquanto a personalidade dominar, o primeiro fica sob controle do segundo. Quando a personalidade tenha sido exaltada na individualidade espiritualizada, então é o coração que regerá. No Corpo do ser humano Cristificado a paixão humana foi transmutada no amor divino.
“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5:8)
Esse é o pensamento-núcleo bíblico para meditar no segundo dia de janeiro e durante o mês solar de novembro. Urge-se ao Aspirante para que se concentre no profundo significado do segundo dia de cada ano novo e enquanto as vibrações rítmicas de Escorpião fluem sobre a Terra.
A dedicação para o dia 3 de janeiro e durante o mês solar de dezembro, de 23 de novembro a 22 de dezembro, é à Hierarquia de Sagitário, os Senhores da Mente. O padrão cósmico mantido por esses gloriosos Seres é o da Terra como um vasto altar irradiando a dourada aura da suprema Luz do Mundo.
O Discípulo São Filipe se correlaciona com Sagitário. Antes de encontrar ao Senhor, não tinha nenhum conceito do que significaria em sua vida uma Mente espiritualizada ou Cristificada. Ele era essencialmente um mentalista. Contudo, uma vez que a luz de Cristo se derramou sobre ele, alcançou o mérito de ser contado entre os Doze Imortais.
Sagitário opera por meio do plexo sacro, o centro do Corpo localizado na base da coluna vertebral. A medula espinhal, que conecta o plexo sacro com o cérebro, tem sido denominada, “o Caminho do Discipulado”. Quando um Aspirante vive uma vida motivado unicamente pela pura e santa aspiração, o fogo espinhal armazenado dentro do plexo sacro se desperta e ascende, através da medula espinhal, em direção aos dois órgãos espirituais localizados na cabeça, a Glândula Pineal e a Glândula Pituitária[9]. É por meio desse processo que o ser humano se Cristifica. Esse é o motivo de Sagitário sempre ser simbolizado pela luz, a luz da Mente espiritualizada.
Quando corretamente utilizadas e transmutadas em valores anímicos, as experiências da vida diária se convertem em degraus pelos quais o Aspirante obtém sua sintonização com a Luz Divina universal, a Luz que ilumina a cada ser humano que vem ao mundo. Era sobre isso que o Mestre falava quando Ele disse:
“Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14)
Esse é o pensamento-núcleo bíblico para o dia 3 de janeiro e durante o tempo em que a Hierarquia de Sagitário derrama seus ritmos vibratórios sobre Terra. Indizíveis bênçãos esperam àqueles que meditem nessa promessa.
A dedicatória para o dia 4 de janeiro e o mês solar de janeiro, de 22 de dezembro a 20 de janeiro, é à Hierarquia de Capricórnio. Esses são os Seres arcangélicos de quem Cristo é o máximo expoente, e de quem provém o maravilhoso poder pelo qual o ser humano mortal pode elevar a Sua semelhança. É também o Signo da aparência material da deidade na Terra.
O padrão cósmico que a Hierarquia de Capricórnio mantém é o da vida em seu esplendor, quando o espírito de Cristo se manifeste em toda a humanidade. Então, nosso Planeta responderá a sua própria nota-chave musical, entoada primeiro pelos Anjos e Arcanjos, naquela Noite Santa, quando cantaram “Paz na Terra e boa Vontade entre os homens”.
O Discípulo correlacionado com Capricórnio é São Simão, irmão de São Tiago e de São Judas Tadeu. Ainda que Simão fosse próximo ao Senhor por laços familiares, foi relutante em aceitar a divindade do Mestre. Contudo, quando ele, finalmente, foi despertado por Cristo, sua dedicação foi total. Seu único desejo era servir o Senhor e nem a vida nem a morte podiam lhe afastar desse ideal.
O centro dual do Corpo correlacionado com o Signo de Capricórnio está localizado nos joelhos. No ser humano Cristificado esses pontos se tornarão gloriosos vórtices girantes de luz.
Da Epístola de São Paulo aos Gálatas, 4:19, provém o pensamento-núcleo bíblico para a meditação no dia 4 de janeiro e durante o mês solar de janeiro:
“…até que Cristo seja formado em vós”
Os Aspirantes deveriam meditar sobre a passagem acima até que seu interno significado se encontre em harmonia com os ritmos vibratórios com os quais a Hierarquia de Capricórnio faz vibrar a Terra.
A dedicação durante o dia 5 de janeiro e o mês solar de fevereiro, de 20 de janeiro a 19 de fevereiro, é à Hierarquia de Aquário. Durante esses dois períodos essa Hierarquia mantém sobre a Terra um modelo dos ideais de Paternidade de Deus e da irmandade do ser humano, o fundamento para um tipo de amizade destinado a se expandir até que abarque a todos. Esse ideal deveria ser mantido no Santo dos Santos da alma e nunca o danificar, nem o profanar por pensamentos indignos, palavras ou ações. Aquário, o divino aguador dos céus, trabalha para que esse ideal seja uma realidade.
Através da benigna influência da Hierarquia de Aquário, o amor será a força que motivará todas as vidas. Neste maravilhoso dia a humanidade emancipada demostrará, como São Paulo profetizara, que “o amor é o cumprimento da lei”.
Em outras palavras, que cada lei estará fundamentada no amor, e o amor, por sua vez, produzirá o cumprimento de cada lei.
Aquário é o lar dos Anjos e o que está escrito acima descreve adequadamente a vida rejubilante desses Seres celestiais.
O Discípulo correlacionado com Aquário é São Mateus, o publicano rico e pecador que, ao escutar a voz do Senhor deixou tudo e O seguiu prazerosamente. Renunciou a todas as suas possessões materiais e mais tarde recebeu como recompensa uma compreensão espiritual que encontrou expressão em seu imortal Evangelho que leva seu nome – uma preciosa herança para toda a humanidade.
Os dois tornozelos são os órgãos duais correlacionados com Aquário. São as duas colunas do Corpo-templo do ser humano e deveriam ser visualizados em coordenado movimento e em forma simétrica.
O pensamento-núcleo bíblico para meditar no dia 5 de janeiro e durante o mês solar de fevereiro é do Evangelho Segundo São João, 15:14:
“Vós sois meus amigos”
Se um Aspirante se concentra no sutil significado dessas quatro breves palavras, e as mantém vivas em sua consciência, enquanto os ritmos de Aquário vibram acima e através da Terra, obterá uma grande iluminação.
A dedicatória para o dia 6 de janeiro e o mês solar de março, de 19 de fevereiro a 20 de março, é à Hierarquia de Peixes. Essa Hierarquia trabalha para trazer em manifestação o princípio de unificação em toda a criação. Ralph Waldo Emerson deu uma perfeita descrição pisciana quando disse “O imperfeito adora minha própria Perfeição. A vida não é uma colcha de retalhos, senão uma gloriosa e divina unidade”.
Peixes é o último Signo antes do nascimento do novo ano, um período de recapitulação e de autoexame. Marca o pôr do sol de uma vida anterior e o amanhecer de uma nova vida.
O modelo cósmico que prevalece sobre a Terra por essa Hierarquia é o do ser humano perfeito, criado à imagem e semelhança de Deus e manifestando a divindade de seu interior. O ser humano feito a Semelhança de Deus é a nota chave de Peixes, do mesmo modo que é também modelo cósmico de Áries. De fato, o aperfeiçoamento do ser humano é e tem sido o divino trabalho de todas as Doze Hierarquias Criadoras desde o começo da evolução humana. Quando chegue a seu término, será sob o ministério da Hierarquia Pisciana.
São Pedro é o Discípulo correlacionado com Peixes – Pedro, o instável, o homem “onda” quem, depois de haver despertado o princípio do Cristo Interno por meio da fé, se converteu na Pedra da Iniciação sobre a qual se fundamenta a igreja.
O centro dual do Corpo correlacionado a Peixes são os pés e na raça humana esse centro tem de ser despertado. Na visão de Fátima, as crianças descreveram particularmente as rosas formosas florescendo nas mãos e nos pés da Bendita Senhora.
Esse Corpo, feito à imagem e semelhança de Deus, será luminoso com as estrelas cintilantes, ou flores despertas dentro dos centros vitais. Esse Corpo glorioso é o vestido dourado de bodas a que se refere São Paulo como o Corpo celeste glorioso. Foi a sua visão desse luminoso veículo na Memória da Natureza que fez São Paulo dizer que “o homem é um pouco inferior aos Anjos”[10] e ainda não é evidente o que ele será.
Para meditar no dia 6 de janeiro, enquanto os ritmos vibratórios de Peixes impregnam a Terra, e durante o mês solar de março, se tem o seguinte pensamento-núcleo bíblico:
“Deus criou o homem a sua imagem e semelhança” (Gn 1:27)
Durante os Doze Dias Santos entre o Natal e as seguintes Doze Noites, a Terra está impregnada pela luz do Arcanjo Cristo. A fragrância de Sua aura transcendente permeia o Planeta com um sutil perfume, como uma mescla das mais belas rosas e os mais puros lilases. Contudo a radiante luz e a fragrância curadora definitiva são absorvidas lentamente pela Terra nesse sagrado intervalo, fazendo desse período um momento ideal para a dedicação da alma no Caminho da Santidade.
CAPÍTULO IV – A FESTA DA EPIFANIA
A festa da Epifania é a culminação dos Doze Dias Santos. Observa-se o último dia, 6 de janeiro, e comemora a chegada dos três sábios para depositar os presentes aos pés do Cristo Menino.
Os eventos na vida de Cristo representam etapas sucessivas no Caminho da Iniciação para os Discípulos cristãos. Os três homens sábios representam o Corpo, a Alma e o Espírito; seus presentes, a suprema dedicação ao Mestre. A mirra significa a amargura da dor e da pena, antes de que a natureza inferior do Aspirante tenha sido transformada; o incenso, o caminho da transmutação; o ouro, o espírito que refina a natureza inferior e, finalmente, a submete.
Epifania é uma palavra grega que significa “manifestação”, “proclamação”. A festa da Epifania é uma preparação para a manifestação ou proclamação do ser humano Crístico. Ela possui uma tamanha potência espiritual que sua influência se estende por um período de quatro semanas.
A primeira semana está dedicada inteiramente à preparação dos Discípulos. Suas notas-chave são oração e meditação e o trabalho se estende desde o dia 6 até o dia 12 de janeiro. São Paulo aconselhava a seus Discípulos orar sem cessar. Muitos Discípulos modernos são conscientes de que é possível manter a consciência da oração ainda que esteja se dedicando às atividades do Mundo externo.
Toda noite, o candidato formal se ocupa do exercício de Retrospecção, revisando os eventos do dia e se comprometendo a si mesmo a uma conduta melhor e mais nobre no dia seguinte. Revive igualmente os eventos do ano que acaba de terminar, reconhecendo suas debilidades e fracassos e planejando utilizá-los como degraus durante o ano que se inicia.
A segunda semana começa no dia 13 e termina no dia 19 de janeiro e suas notas-chave são pureza e transmutação. Esse trabalho se realiza sobre a natureza de desejos, pois um verdadeiro Aspirante Cristão disciplina sua natureza de desejos por meio de duas armas.
É um vício danoso de várias Escolas modernas ridicularizar os ideais de pureza e castidade. Alguns chegam até a afirmar que não foram ensinados por Cristo, e isso apesar do fato de que foi Ele quem disse aos Seus Discípulos que seria o puro de coração que veria a Deus.
Pureza era o primeiro requisito exigido aos Cavaleiros do Graal; só quando desenvolviam essa virtude, a convertendo em poder, eram dignos de se apresentar ante ao Santo Cálice.
Os exercícios disciplinares se centram, agora, na Mente, de 20 a 26 de janeiro. As notas-chave para esse período são: o despertar e a espiritualização no plano mental.
A Mente daquele que busca deve se manter sempre alerta e ativa. O velho provérbio “as mãos ociosas são a oficina do demônio” é igualmente válido para uma Mente ociosa, já que é fácil que se converta em uma porta aberta à admissão de entidades desencarnadas. As consequências que podem sobrevir são muitas e trágicas.
Os Aspirantes hão de praticar o discernimento e a discriminação em seu pensamento e, portanto, aprender a diferenciar entre o que é permanente e o que é evanescente. Devem tentar buscar valores duradouros na música, na literatura, no drama e em qualquer outra forma de cultura, redução da tensão ou diversão. Certo é que os pensamentos persistentes de uma pessoa evidenciam que essa pessoa é ou chegará a ser.
“Finalmente, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso ou que de qualquer modo mereça louvor.” (Fp 4:8)
O trabalho da quarta semana se estende desde o dia 27 de janeiro até os primeiros dias de fevereiro. Suas notas-chave são sublimação e unificação. O objetivo dessa última semana consiste em sublimar as qualidades da natureza inferior e, logo, as elevar até sua união com as do Espírito.
É literalmente possível desenvolver a pureza até tal grau que se converta em um poder espiritual. Parsifal possuía esse poder de pureza. Isso lhe tornava capaz de converter em pó o magnífico Castelo de Klingsor, e, desse modo, fazer desaparecer seus prazeres sensuais. Quando um Discípulo moderno comprova a nulidade das ilusões terrenas, ele possui o poder de desterrá-las da sua vida para sempre. Quando eleva seus pensamentos mais e mais, vão se tornando Crísticos e seus fatos se centram em Cristo. Tal Discípulo será digno de servir o Senhor no Seu regresso.
O que está escrito acima é somente um bosquejo das disciplinas com o iniciar de um Ano Novo, e logo continuar ao longo dele, o seguinte e todos os anos de uma vida e, quem sabe, de várias vidas terrenas.
Quando se buscam as coisas do espírito, ao princípio parece que a vida se torna vaga e há falta de interesse para todo aquele que não tenha experimentado nunca a verdadeira fome espiritual, fome de uma tal intensidade que excede em muito qualquer semelhante físico e, por fim, conduz o Aspirante a uma clara compreensão da afirmação do Mestre: “Eu tenho um alimento que não tens notícia”.
Quando um candidato prossegue essa gloriosa busca pelo eterno e desenvolve em seu interior poderes crescentes, pertencentes à consciência espiritualizada, comprova, mais completamente, a lei divina que subjacente nas palavras de Cristo, quando diz:
“Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.”[11]
O assunto da Virgem e do Menino é tão remoto no tempo que não é possível saber quando começou. Representa o ideal supremo da maternidade perfeita para a humanidade, tal como foi materializada pela Virgem Maria, a Mãe Imaculada de Jesus, o que cedeu seus dois Corpos para o Cristo.
Na aurora da civilização humana, os primeiros Templos de Mistérios se estabeleceram no continente lemuriano[12]. Os pioneiros da raça seguinte foram levados até eles para treiná-los, a fim de que servissem de líderes e orientadores dos seres humanos. Entre as primeiras visões que foram fornecidas a esses pioneiros para seus estudos e interpretações, estava a da Virgem com o Menino.
O tempo passou. O continente lemuriano desapareceu, e a Atlântida surgiu das águas. Os pioneiros de uma nova raça foram conduzidos aos Templos de Mistérios, para lhes dar o ensinamento e o treinamento que os qualificassem como líderes e orientadores dos menos evoluídos que eles. Repetindo a prática feita no continente lemuriano, quando os manuscritos eternos da Memória da Natureza foram desenvolvidos ante eles, uma das primeiras imagens que tiveram que estudar e interpretar foi a da Virgem com o Menino.
Depois aconteceu o nascimento da nossa Quinta Raça Atlante. Durante sua evolução, os guardiães da Humanidade deram a cada nova civilização uma religião, perfeitamente adaptada ao desenvolvimento desse povo, ao cumprimento e a sua missão como fator da evolução humana. Todas e cada uma das religiões mundiais, foram abençoadas por uma Alta Iniciada Feminina que tem tido o privilégio de ser a Mãe Imaculada, do Iluminado Ser, que veio como indicador do caminho para aquela raça. A última das ditas religiões, a culminação de todas, alvoreceu com a chegada do Cristo. A isto devemos a encarnação do mais glorioso Mestre Iniciado, que nunca tinha vindo na Terra em corpo feminino: Maria de Belém, mãe de Jesus.
Foi esse mesmo modelo eterno da Virgem que São João viu na Memória da Natureza, durante sua sublime visão e que descreveu como uma mulher vestida de Sol, os pés sobre a Lua e coroada com a glória de doze estrelas, expressão da comunhão consciente com as doze Hierarquias Zodiacais: Peixes, lar dos Mestres da Terra, que agora retornam como Senhores da Compaixão, que eles administram a humanidade e que a eleva; Aquário, lar dos Anjos; Capricórnio, lar dos Arcanjos; Sagitário, lar dos Senhores da Mente; Escorpião, lar dos Senhores da Forma; Libra, lar dos Senhores da Individualidade; Virgem, lar dos Senhores da Sabedoria; e Leão, lar dos Senhores da Chama (Luz e Amor). Aqui estão enumeradas as oito das doze Hierarquias. Durante a época do Solstício de Dezembro ou Natal, essas Hierarquias impregnam a Terra com as harmonias dos coros celestiais. As quatro Hierarquias restantes estão tão elevadas, que sua música pode ser ouvida somente pelos Mestres da Terra. São Câncer, lar dos Querubins; Gêmeos, lar dos Serafins; Touro e Áries, ambas tão exaltadas que seus nomes fazem tempo que se perderam na memória humana. Sabe-se, no entanto, que Touro mantém o modelo cósmico de toda a forma terrestre, enquanto que Áries, uma Hierarquia ígnea, mantém o segredo da vida, em si mesma. Todas as religiões conservam, pelo menos, um fragmento dessa verdade, posto que o fogo é simbólico da Deidade em todas as crenças do mundo.
O Antigo Testamento ensinava o seu povo a caminhar para a Terra Prometida, sob a orientação de uma coluna de nuvens durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite. No Novo Testamento, Cristo, o Supremo Mestre do mundo, declarou: “Eu sou a Luz do mundo”.
Há um profundo significado no fato de que o tema imemorial da Virgem com o Menino, tenha permanecido ao longo de todo o desenvolvimento da raça humana. É a imagem arquetípica do futuro desenvolvimento espiritual da humanidade, já que simboliza o nascimento da consciência crística dentro do próprio ser humano. O feminino representa uma alma despertada e iluminada; e a consciência crística só pode nascer em uma alma com tais características.
Portanto, para o ser humano moderno, o verdadeiro significado da época do Natal consiste no nascimento, dentro de si mesmo, da consciência Crística. Esse é o maior presente de Deus para a humanidade durante esse tempo. Assim, na Noite Santa do Nascimento, o Aspirante confirma sua consagração para amar e servir do modo mais completo, a todos os que encontre em sua vida diária, porque dessa maneira receberá, de uma forma cada vez mais crescente, a Luz do Cristo dentro de si mesmo. Até que esse nascimento não tenha ocorrido em seu interior, não poderá conhecer os profundos júbilos de um verdadeiro Nascimento espiritual.
Dissemos que, tanto nos Templos Iniciatórios da Lemúria, como nos da Atlântida, a consciência dos candidatos era conduzida para que pudessem estudar os Registros da Memória da Natureza, e que ali viam a gloriosa missão da Mãe e do Menino. Naqueles longínquos dias, a cura constituía uma parte importante na religião do povo; sua ciência e sua arte eram a ciência religiosa e a arte religiosa. Cada templo tinha seu próprio santuário para as curas. Ali, se a consciência do paciente era projetada na Memória da Natureza então, com isso, recebia as forças curativas emanadas da Sagrada figura da Mãe Divina.
Dissemos, também, que depois da morte desses continentes pré-históricos e da diferenciação da humanidade em raças e nações, foi enviado a essas, periodicamente, um alto Iniciado em forma feminina, a qual devia se converter na mãe do Mestre daquela Era. Em todos os casos houve um nascimento santo precedido de uma anunciação angélica, e uma Imaculada Concepção (não uma concepção milagrosa, note bem isso).
O Mestre feminino para o Egito teve o nome de Isis e deu à luz, na referente data de 25 de dezembro, culminação do período do Solstício de Dezembro, o sagrado bebê Hórus. O Solstício de Dezembro se celebrava no Egito com majestosas procissões e vívidas pompas, rendendo várias homenagens para a divina Mãe Isis e a seu recém-nascido filho Hórus. Os Iniciados emergiam de um relicário secreto, cantando: “A Virgem pariu. A Luz está crescendo”.
Rama, na Índia, um dos primeiros mensageiros como manifestação corporal de um ser imortal, da humanidade, recebeu sua iluminação na noite referente ao Solstício de Dezembro e, mediante seu poder, curou todos que foram até ele. Criou cerimônias sagradas em comemoração a esse santificado período, que ele denominou “Noite Santa”. A data da encarnação de Rama foi perdida na névoa da aurora da civilização.
Krishina, frequentemente denominado o Cristo da Índia, nasceu, do mesmo modo que Jesus, em um ambiente tosco e humilde. Seu nascimento ocorreu enquanto sua mãe e seu pai adotivo realizavam uma viagem mística para as colinas. É interessante ressaltar que, no lugar de pastores de ovelhas, eram pastores de vacas os que chegaram à cova para adorar ao menino. Essa religião foi originada quando o Sol, por Precessão, estava em Touro, o Signo do touro. Por isso, naquele tempo, as vacas eram consideradas animais sagrados, coisa que se prolonga até hoje na Índia.
A Noite Santa era saudada na Grécia com cânticos acompanhados de flautas. Quando o galo cantava, os neófitos, portando tochas acesas, desciam à uma capela subterrânea onde rendiam homenagem à imagem de um menino que tinha a sua frente, nas mãos, nos joelhos e nos pés uma cruz brilhante de ouro. O menino era conduzido em procissão sete vezes ao redor do templo oculto, sendo logo devolvido ao santuário subterrâneo com o acompanhamento de um coro triunfal que cantava: “Nesse momento Kore (a Virgem) deu à luz a Eón (a nova era ou ano)”.
O Solstício de Dezembro se celebra em Roma a Saturnália (de Saturno, cuja influência predomina quando o Sol passa por Capricórnio). Esse festival comemorava o matrimônio de Cibele (a Terra) e Átis (o Sol). Sua saída cerimonial da câmara nupcial representava o novo nascimento (Iniciação) do místico, do santuário subterrâneo da Deusa Mãe. E acontecia entre o regozijo dos amigos e companheiros que já haviam passado por uma experiência similar.
Quando ocorreu o Santo Nascimento na Palestina, o Sol tinha passado, por Precessão, de Touro para Áries, o Signo do cordeiro. Daí que foram pastores de ovelhas os que adoraram ao Menino Jesus. É interessante também notar que, enquanto o Sol estava, por Precessão, em Touro, um Signo feminino, a adoração de uma deusa foi essencial. Quando o Sol, por Precessão, passou para Áries, um Signo masculino, prevaleceu a adoração de uma deidade masculina (os Estudantes sabem que assim estamos falando do Sol em março, quando cruza o equador celeste. Nesse ponto de cruzamento do Equinócio de Março parece retroceder através das constelações, a razão de um grau a cada setenta e dois anos, aproximadamente. E o mesmo ocorre nos outros três pontos do círculo solar: o Solstício de Junho, o Equinócio de Setembro e o Solstício de Dezembro. Nos Equinócios, o Sol cruza o equador celeste, mas nos Solstícios parece permanecer parado antes de se dirigir, novamente, seu curso para o norte ou para o sul, segundo o caso).
Na próxima Era de Aquário, quando o Equinócio de Março ocorrer em Aquário, não dominará nem o masculino, nem o feminino. Receberão reconhecimento idêntico, tanto nos assuntos materiais, como nos espirituais.
Mitra, o santo da Pérsia, nasceu também no referente dia 25 de dezembro. Igualmente recebeu a homenagem e os presentes de homens sábios que profetizaram seu glorioso destino em serviço de seu povo.
Os escandinavos tinham um cerimonial muito formoso para adorar ao deus do Sol, Baldur, cuja mãe era a virgem Friga ou Freya. Esse santo nascimento ocorreu também na culminação do Solstício de Dezembro.
No México, o grande deus Quetzalcoatl nascia de uma Iniciada virgem e era denominada a Rainha dos Céus. Em sua história figuram, tanto uma anunciação como uma concepção imaculada.
Essa suprema Deusa Mãe, adorada por todo o universo, é o grande e ilustre Ser que dirige a Hierarquia de Virgem, os Senhores da Sabedoria. Todas as virgens Iniciadas realizam um treinamento e uma preparação sob a supervisão dessa Mãe Celestial. A Palestina viu a mais exaltada de todas elas, Maria de Belém, mãe de Jesus. Ela foi mais que nenhuma outra jamais foi no mundo: foi e é um grande Mestre Espiritual, que entregou a seu filho as riquezas de sua profunda sabedoria.
A missa crística dos primeiros cristãos celebrava a Noite Santa do Solstício de Dezembro quando Jesus, Senhor do amor, desceu à Terra para trazer aos seres humanos os novos Mistérios Crísticos, os quais lhes ensinam como desenvolver em seu interior a Árvore Vivente da Luz. O ser humano aprende, assim, a imprimir em seu próprio Corpo, por meio do amor e do serviço, os símbolos do ouro do Menino sagrado. São Paulo, um dos primeiros Aspirantes que seguiu os passos de seu Mestre, proclamou essa verdade aos seus próprios Discípulos quando disse: “trago em meu corpo as marcas de Jesus”[13]. São Paulo não se referia aqui às feridas nem às marcas infligidas por seus perseguidores sobre seu Corpo físico, como a igreja ortodoxa interpreta, mas se referia às glórias da estrela de fogo crística, que queimava dentro dele e brilhava com tal refulgência que, durante algum tempo, esteve cego como consequência desse resplendor. Foi essa estrela crística, criada para brotar nele por Cristo, e nascida quando ia a caminho de Damasco, a que, mais tarde, descreveu como “corpo celestial”. É sempre esse corpo-estrela, esse corpo celestial, o que leva as marcas de Cristo que, algumas vezes, se sobrepõe ao “corpo terrestre” em uma estigmatização visível para todos.
Paracelso diz que todas as constelações do céu se encontram dentro do ser humano. “O Sol é a cabeça”, escreve, “e os outros Planetas do Sistema Solar estão dentro do cérebro”.
Durante a Noite Santa, as portas do Templo estão abertas, as luzes do altar, resplandecentes, e se escuta o hino de Capricórnio em meio ao soar dos sinos de Natal, soando desde o plano da paz. Então, o neófito, que foi considerado “digno e bem qualificado” devido ter o Cristo Interno despertado, aprende o verdadeiro significado da Missa Crística, a Festa da Luz.
Para os sensitivos, o período de Natal se caracteriza por uma profunda tranquilidade interior, como se todo o mundo estivesse envolto na luz branca de uma grande benção. E isso é o que realmente ocorre nessa estação, a mais bendita do ano: as correntes de desejos da Terra são acalmadas e as forças espirituais crescem de maneira envolvente. É como se o céu se inclinasse para baixo e a Terra se elevasse; um caminho estreito de luz conecta os dois e, sobre ele, os Anjos e Arcanjos desfilam em brilhantes formações de luminoso esplendor, cantando em tons jubilosos: “Paz na Terra e boa vontade entre os homens”.
Quando essas forças celestiais varrem a Terra, tomam a forma de redemoinhos de uma beleza simétrica que adotam a semelhança da Virgem e do Menino. Ao longo dos Mundos etéricos, na Memória da Natureza, está impressa a marca mais sagrada da Terra: a Estrela de Ouro e a Mãe com o Menino.
Vários séculos depois de Cristo vieram à Terra Mestres artistas para perpetuar o significado e o propósito da Virgem Ideal, tal como se visualiza nos planos internos durante o período entre encarnações. Um deles foi Correggio[14], cujo estúdio era um santuário e assegurava que, quando estava trabalhando em um lenço da Virgem, estava real e simbolicamente de joelhos. De tal santidade era a atmosfera de seu estúdio que foi descrito poeticamente como repleto da pureza de meninos em oração.
Fra Angélico[15] foi outro desses pintores divinamente iluminados. É dito que ele vivia meio no mundo dos Anjos, meio no dos seres humanos. Há lendas que asseguram que os Anjos posavam frequentemente para ele. A excelente qualidade espiritual de suas Virgens e Anjos parece confirmar esse fato. Suas figuras eram mais etéricas que físicas, mais divinas que humanas.
Contudo, estava reservado à Rafael[16] o projetar em sua máxima perfeição e com seu máximo poder espiritual o ideal da gloriosa Virgem. Rafael foi o emissário de uma grande fraternidade mística e criou sua obra de acordo com o que via nos registros da Memória da Natureza. Sua famosa Virgem Sistina[17], que muitos críticos consideraram como a maior pintura do mundo, é utilizada nas escolas de cristianismo esotérico como tema de meditação. Meditar sobre essa famosa pintura assegura um efeito curativo sobre o observador e é um meio de cura espiritual. Quando essa pintura é contemplada e estudada produz um efeito sobre a alma humana já que essa alma sonhará durante a noite com a imagem da Virgem e receberá, assim, um verdadeiro impulso curativo.
Temos no Cristo Jesus o grande exemplo do que deveria nascer na alma humana. Essa alma humana, fecundada exteriormente do universo espiritual, está representada simbolicamente pela Virgem. Essa é, além disso, uma imagem da alma humana nascida do Universo Espiritual, que pode possuir o poder interno da visão, e que origina um nascimento espiritual, o nascimento do ser humano superior dentro do ser humano terreno. É nos dito que, desse modo, se pode contemplar a atividade criadora do mundo produzida novamente.
O Anjo Gabriel e suas hostes são os guardiães de todas as mães e futuras mães, e seus recém-nascidos, tanto no reino humano, como no reino animal. Ele foi o companheiro e mestre da bem-aventurada Maria ao longo dos anos de sua vida nesse Planeta. E é eminentemente significativo, portanto, que Gabriel seja o guardião das forças da natureza durante o intervalo entre 21 de dezembro e 21 de março, posto que esse é o período em que as correntes, recém-nascidas, se tornam ativas e enchem os planos internos com sua vibração e poder. Até o final desse intervalo manifestação no plano físico é vista como uma forma de uma onda de beleza impregnada.
Todo ano, na época do Natal, hostes de Anjos e Arcanjos, sob a direção de Gabriel, projetam sobre o Mundo o arquétipo da Virgem Eterna. A humanidade, intuitivamente, é consciente do poder que irradia desse arquétipo e, por isso, o assunto principal de devoção no Natal é a Mãe e o Menino. A mais formosa música natalina se inspira na Virgem e no Infante Sagrado.
É esse o tempo mais apropriado do ano para atravessar os portais da Iniciação, quando é possível se elevar a planos mais altos e acompanhar os coros celestiais. Afortunado aquele cuja estrela-chamada lhe anuncia nesse tempo que sua peregrinação terrena terminou e está liberado para passar para uma vida mais ampla, por meio do que se chama morte. Então realiza sua ascensão para as harmonias de coros transcendentes. Há uma estreita afinidade entre a Iniciação e a morte, consistindo a diferença principal em que, com a morte se deixa o veículo físico permanentemente, enquanto que com a Iniciação se abandona só temporariamente, enquanto se trabalha nos planos internos e, quando esse trabalho termina se reintegra com a vestimenta terrena, com o objetivo de reassumir os deveres da vida diária.
São Paulo nos diz que o último inimigo a vencer é a morte. A Iniciação possui a chave dessa afirmação, posto que a morte é “superada” pelo desenvolvimento da consciência do Iniciado. A Iniciação é a chave da vida eterna. E é por meio da Iniciação que o ser humano pode chegar a conhecer o milagre e a glória da Virgem Eterna.
CAPÍTULO VI – A MAGIA DO NATAL
O Natal é a época mágica do ano. É a mais encantadora das estações. Até mesmo o ar parece se estremecer e centelhar de felicidade e antecipação.
O que se aprendeu, por meio da profunda comunhão interna, contatando os planos ocultos da natureza, reconhece que as festividades sagradas do ano se observam nos Mundos internos, e que esses transmitem suas impressões ao Mundo Físico externo. Isso é especialmente certo no tempo do Natal. As celebrações jubilosas, a cor, a música e o regozijo que acontece no Mundo externo não são senão um pálido reflexo dos fenômenos correspondentes no Mundo espiritual. Quando Cristo chega ao coração da Terra, nessa formosíssima estação, o brilho de Sua imensa emanação impregna o Planeta inteiro com seu esplendor.
Essa radiação penetra realmente o Mundo Físico exterior, mas a densidade da matéria torna muitas pessoas cegas às suas refulgências. Muitos sensitivos, no entanto, sentem a luz que emana. Mesmo que não a vejam, são conscientes da elevada exaltação e da rica inspiração que coloca o período natalino à parte do resto do ano.
O tremendo amor-luz, com que Cristo impregna o Planeta todo ano pelo Natal está alterando, gradualmente, a vibração atômica da Terra, e esse grande derramamento de amor-luz, todo ano, é o verdadeiro presente de Natal de Cristo para o Mundo. Por meio d’Ele, o Planeta vai se eterizando e se sensibilizando até o ponto de poder responder a novos e cada vez mais elevados ritmos vibratórios. Gradualmente, pois, o ritmo Crístico, palpitando na Terra, se tornará tão potente que todas as vibrações dissonantes serão eliminadas: a terrível praga da guerra, que agora separa os seres humanos dos seres humanos e as nações das nações não será mais possível; a enfermidade, a miséria e, finalmente, até mesmo a morte, serão vencidas. Cada átomo do globo responde ao divino influxo com sua vasta pulsação, rítmica como a música, para quem possa ouvir. Seu eco é repetido pelo jubiloso tilintar dos sinos de Natal, pois não há outra época em todo o ano em que os sinos toquem tão rejubilosamente como nesse tempo.
Os Anjos devem amar também essa época com um amor especial, já que se aproximam da Terra e entoam seus mais deleitosos cânticos. Noite e dia, multidão deles, pairam sobre o Planeta, derramando suas bênçãos sobre tudo o que tem vida, bênçãos que, logo, tem sua contraparte física no incenso que perfuma muito lugares de culto nessa época sagrada. Os antigos Iniciados Cristãos tinham muito contato com as celebrações nos planos superiores, e muitas das cerimônias que estabeleceram na igreja refletem os rituais Iniciáticos dos Mundos internos. Os Mestres músicos captaram melodias da música angélica e as tem transladado à Terra em inspiradas canções que perdurarão enquanto a Terra exista… “Alegria ao mundo, o Senhor chegou” é um canto angélico que expressa um mistério cósmico pertencente aos Anjos e aos seres humanos. Entre os grupos angelicais que cantam sobre a Terra no tempo do Natal, há um ser feminino cuja luz áurica se estende pelo vasto espaço: “A rainha dos Anjos e dos seres humanos”, que adiciona sua melodia à dos seres celestiais, ao mesmo tempo que derrama suas bênçãos, especialmente sobre as mães e os bebês, já que conserva em sua sagrada memória e o compreende melhor que nenhuma outra mãe, o profundo sacrifício que supõe esse tempo santo. Sua nota-chave musical ressoa na Ave Maria, e todos os que a ouvem são influídos, consciente ou inconscientemente, por sua benção.
Em cada uma das quatro festividades sagradas, os seres celestiais impregnam os Mundos etéricos com uma radiação divina. Cada uma dessas estações possui sua própria cor característica, relacionada com sua própria nota-chave musical, ambos, há muito tempo, empregadas nas cerimônias dos Templos de Iniciação.
Todos estamos familiarizados com o vermelho e o verde da estação natalina, tal como se celebra no ocidente. O verde é a cor da nova vida. Geralmente é associado com a primavera, quando a nova vida vegetal se faz presente no hemisfério norte da Terra. No entanto, é no tempo do Natal quando essa nova vida se agita, dentro do Planeta, e é por isso que os antigos videntes usavam como motivo decorativo em suas celebrações no meio do inverno. O vermelho é a cor de Marte. É também a cor da atividade, que se agita através do Planeta, quando o raio do Cristo “renasce” em seu interior. Marte está exaltado em Capricórnio e as festividades natalinas se celebram quando o Sol entra nesse Signo, em 21 de dezembro. O lugar de exaltação de um Astro é onde as forças espirituais se concentram. O vermelho pertencente ao Natal não é um tenebroso carmim, mas a pura e clara cor produzida pela transmutação do denso vermelho da paixão no mais claro tom de compaixão. Isso sucede com a mudança do pessoal ao impessoal, do individual ao universal.
A magia do Natal se caracteriza por um espírito de boa vontade universal. Todos nós nos vemos animados com impulsos amistosos e generosos. Há poucos tão egoístas que não dão algo, de si mesmos ou de seus bens, aos outros. As comunidades, grandes ou pequenas, concebem diversos projetos em auxílio aos necessitados, aos enfermos e aos desgraçados. Os hospitais e os orfanatos celebram essa magia com carinho e amor, bons desejos e proteção. A aspiração de todos, por onde for, é iluminar pelo menos um pequeno lugar, proporcionando esperança e alegria a todos os menos afortunados. Esse sentimento de Fraternidade Universal encontra seu símbolo mais alegre no papai Noel. Ele é o que visita anualmente, no Natal, os telhados de todo o mundo, repartindo, entre todos, presentes e desejos de felicidade. Se lhe conhece por diferentes nomes nos países, mas seu espírito é sempre o mesmo, porque não é mais que a personificação da boa vontade universal que Cristo traz à Terra, e que cada vez se vai convertendo em uma força mais poderosa que comove a consciência do ser humano em todo o Mundo.
Mas, por cima dessa beleza, cor e do regozijo que animam a mágica do Natal, por toda a atividade, o bulício e a confusão, ressoa no ar um cântico mais terno e formoso que o canto dos Anjos e Arcanjos: a voz do mesmo Cristo, nos reiterando que, qualquer coisa que façamos para aliviar a carga, para sanar as feridas, para mitigar o sofrimento ou para iluminar os dias de qualquer ser humano ou de qualquer criatura vivente, é a Ele que fazemos. Ele mesmo O expressou assim: “Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me”.
Enquanto o Ritual do Natal pertence a tempos imemoráveis, a Festa da Corrente de Natal se observou, pela primeira vez, no começo da civilização Ária. O protótipo da Árvore de Natal foi a “Árvore celestial do Sol” dos primeiros seres humanos que compuseram a civilização Ária.
Foi na pura e rarefeita atmosfera ariana de onde o Sol saiu, pela primeira vez, tão claro, que o ser humano pôde perceber o tremendo caudal de luz que os seres transcendentes difundiam sobre a Terra. O ser humano comparou esse abano de luz com uma árvore e seus ramos estendidos. Segundo uma tradição indiana, “a Árvore do Sol está no centro da Terra, de onde surge com um amanhecer e à medida que o Sol ascende para o seu zênite, vai crescendo, até que seus ramos mais altos o alcançam, ao meio-dia, quando chega ao alto dos céus; diminui logo com o declinar do dia e, no pôr do Sol, se submerge de novo na Terra”. Em uma ou em outra forma, existem em quase todos os países lendas sobre a “Árvore do Mundo”, cujas origens se remontam àquela mística “Árvore de Luz”.
Os místicos são, certamente, conscientes de que entre o reino das árvores e o reino humano existe uma simpatia peculiar. Os altares mais primitivos consistiam de uma pedra e uma árvore frutífera que crescia ao seu lado. Esses altares estavam quase sempre associados à Deusa Mãe, a qual se consagravam. Os arqueólogos que escavaram na zona do Templo de Diana, em Éfeso, descobriram as fundações de vários templos superpostos e, em seu estrato inferior, encontraram somente um altar de pedra e indícios claros de uma árvore sagrada associado a ele.
No brilho da Era do Arco-íris, as árvores obscuras, vitais, poderosas e sempre verdes da Época Lemúrica e Época Atlante cederam o posto às árvores aéreas, portadoras de alimento e adornadas com flores, da Época Ária.
Enquanto ocorria a mudança, o ser humano conservava vestígios de sua antiga clarividência negativa, e podia mesmo se comunicar com os Espíritos da Natureza, se bem que já havia perdido contato com as grandes Hierarquias dos Anjos e dos Arcanjos, que ocupavam áreas de consciência espiritual que já lhe estavam inacessíveis.
Muito depois, em plena Época Ária, incluída já a atual Era de Peixes, muitas raças conheceram as fadas dos campos e das águas, as inspiradoras sílfides das falésias e montanhas e os gentis espíritos da amigável brisa. Mas, entre eles, haviam sentido mais profundamente seu parentesco com as dríades[18] ou espíritos das árvores. Os bosques estavam impregnados de uma presença persistente, que lhes fazia tremer, algumas vezes, e a reverenciá-las, outras vezes.
A consciência das árvores, no entanto, é algo real e definido, e suas alterações de disposição de ânimo podem ser captadas facilmente pelo místico. Os Anjos, como os seres humanos, sentem tanto a alegria como a dor. Umas vezes é o tronco de uma grande árvore que vai tremer, agitando suas folhas chorosas, como um rompante de lágrimas. Outras, a estrutura total da árvore se faz luminosa, em pleno êxtase. Esse regozijo estático do reino das árvores alcança seu clímax na manhã do Domingo da Ressurreição.
Os sensitivos ouviram, frequentemente, gritos enternecedores brotando de seus troncos, nas vésperas de sua destruição. Em um caso, os gritos eram tão persistentes que se investigou e se comprovou que a árvore ia ser destruída no dia seguinte. Esforços foram feitos para salvá-la, mas não deram resultados. O espírito da árvore sabendo disso, lamentava a sua destruição prematura.
Cada árvore é liderada por um Deva ou um Anjo. Esse Anjo é, literalmente, o guardião da árvore e se lhe denomina, frequentemente, o “espírito” da árvore. Ele supervisiona todos os processos vitais que ocorrem em sua esfera, incluindo as atividades dos Espíritos da Natureza, em qualquer parte de seu organismo.
Quando o grande Raio do Cristo descende à Terra em setembro, o reino vegetal absorve uma boa quantidade da Sua radiação. Os bosques parecem coroados de um halo dourado, quando esse Raio luminoso alcança a Terra e sua luz se derrama por entre as folhas das árvores. Quando a horta mística da Noite Santa se aproxima, a corrente dourada penetra até o coração dos seus troncos, de onde brilha como a chama de um altar. No tempo do Natal, cada árvore é uma mensageira que proclama o retorno anual do Senhor Cósmico de Amor e de Luz.
Existe uma lenda antiga e maravilhosa que relata que, no silêncio daquela hora sagrada, quando os Anjos cantavam formas poéticas ao Cristo-Menino, os animais quadrúpedes domesticados dobravam seus joelhos e inclinavam suas cabeças. Pois nesse momento é quando os pequeninos da natureza interrompem suas atividades e, em alegre procissão, rendem homenagem ante a luz do altar que flameja no interior da árvore que os acolhe. Assim, pois, tanto a natureza como todo o ser vivente, reverenciam a chegada do Rei recém-nascido.
Alguns pensam que o símbolo mais formoso e mais profundo, entre os relacionados com o Natal, é a árvore. A Estrela dourada que, geralmente, adorna seu topo representa a Estrela do Leste, que chama a todos os seres humanos a reverenciar Àquele ao qual o místico recebe com gratidão e complacência, à meia-noite, como ao Sol recém-nascido. As luzes e cores sobre a árvore festiva, representam as emanações da aura desse Sol recém-nascido, que impregnam e iluminam toda a Terra, por dentro e por fora.
A árvore, adornada de tal modo, ano após ano, em Sua honra, chega, gradualmente, a emanar uma benção e uma bem-aventurança, não só no tempo do Natal, mas ao longo de todo ano. Isso é facilmente discernível para o sensitivo que se aproxima dela. Nisso está a importância de utilizar árvores de Natal vivas, em lugar das imitações.
Todo ser humano é um Cristo em formação. Por isso, todos os símbolos natalinos representam diferentes graus de desenvolvimento espiritual. No corpo humano, templo do espírito do ser humano, existe um bom número de centros esperando serem despertados e vitalizados. Quando isso ocorre, esse corpo se converte em uma verdadeira Árvore de Natal, radiante, iluminado, “caminhando na luz como Ele na luz está”[19]. Um sensitivo, ao perceber essa verdade, escreveu: “O corpo está coberto de luzes que esperam serem acendidas pela flamejante tocha do amor”.
O mundo moderno está voltando, cada ano com maior reverência e compreensão, a vivificar as festas e cerimônias dos primeiros cristãos. A Festa de Advento, desde sua fundação no século I, não foi tão destacada como durante os últimos anos.
O Advento ocorre, de acordo com uma lei cósmica, quando a Hierarquia de Sagitário dirige suas radiações para a Terra, já que ela favorece o idealismo elevado e fortalece as aspirações espirituais. As luzes multicores que se veem por todo lugar e a alegre música que se escuta por toda parte se combinam, no plano externo, para refletir a sublime beleza, a intensa atividade e a música e cor verdadeiramente gloriosas que inundam os mundos internos. É, então, também quando os Anjos se aproximam da Terra mais que me qualquer outra época do ano.
Durante esse intervalo, o Aspirante sério dedica tanto tempo como lhe é possível a se purificar e se preparar, por meio do jejum e da oração, para chegar a uma maior sincronia com o Festival do Natal. Esse trabalho preparatório, atualmente, começa no Equinócio de Setembro, quando a Regência da Terra é assumida pelo Arcanjo Miguel, que preside os processos de purificação e regeneração de toda a progênie terrena. Desde o Equinócio de Setembro até o Solstício de Dezembro, Miguel e as hostes se encarregam de limpar os Corpos de Desejos e Mental da Terra. Se não fosse por essas atividades de verdadeira limpeza que os Seres celestiais executam, a obscura, sombria e cheia de temor e tristeza da atmosfera psíquica, gerada pelos maus pensamentos, emoções e atos do ser humano, se tornaria tão densa que a humanidade ficaria submergida nela sem nenhuma esperança, com seu enlace com as vivificantes forças do espírito totalmente rompido. Isso não ocorre porque o supremo trabalho de Cristo consiste em lutar contra essas forças do mal e da obscuridade, luta simbolicamente representada por Miguel que mata o dragão, já que Miguel é quem segue a Cristo na Hierarquia da Luz. A vitória da luz sobre as trevas ocorre todo ano, enquanto o Sol passa por Libra, Escorpião e Sagitário. O Místico Cristão o compreende assim e sabe como se sincronizar com as influências de Miguel e de suas hostes. Desse modo recebe uma tremenda ajuda, por parte da luz interior, que nunca lhe falta, e que está no seu próprio ser, para sua vitória pessoal sobre as trevas.
Quando chega o Solstício de Dezembro, cumprindo Miguel o seu trabalho anual, devolve a Regência da Terra a Gabriel, o Arcanjo da ternura e do amor. Gabriel é o glorioso ser que tipifica o espírito da maternidade, já que é o guardião das mães e seus filhos. Toda a vastíssima tropa de Anjos da natureza trabalha sob sua orientação durante essa estação.
Começando no Equinócio de Setembro, a radiação dourada de Cristo, que vai sendo derramada sobre a Terra, gradualmente penetra nas suas capas atmosféricas e, logo, o globo terreno inteiro até que, no Solstício de Dezembro, alcança o seu coração. Então o maior milagre da natureza ocorre: se produz uma magia branca, um silêncio total, e uma terna reverência impregna a atmosfera da Noite Santa, enquanto os Anjos da natureza, junto com outros elevados seres, combinam suas forças e invertem as correntes cósmicas. Durante os seis meses anteriores, se moveram ao longo do arco descendente; durante os seis meses seguintes, que culminarão no Solstício de Junho, se elevarão ao longo do arco ascendente. A poderosa onda dessa força mágica revigora a vida toda; e essa mesma maré ascendente de força espiritual, eleva o fogo espinal do espírito no corpo humano. Assim, pois, para aqueles que fizeram a preparação devida, esse fogo pode ser elevado até a cabeça e produzir um estado de verdadeira iluminação.
Esse processo cósmico ocorre mediante o poder da harmonia musical e do ritmo. É uma ação da Palavra Criadora, do Verbo, do qual São João afirma que tem existido desde o Princípio e que por Ele tudo foi criado.
A nota-chave musical desse Planeta é harmonizada com o conto dos Anjos: “Glória a Deus nas alturas, e paz na Terra aos homens de boa vontade”. É a anunciação harmoniosa e rítmica dessa palavra planetária, ressoando, uma e outra vez, por toda a Terra, e produz o milagre da Noite Santa.
As forças celestiais imensas que atuam entre o Céu e a Terra nessa época bendita, ressoam com uma beleza insuperável. Um eco suave dessa celestial harmonia, captada por Franz Schubert, foi transcrita para os ouvidos humanos nos compassos maravilhosos de sua Ave Maria. Essa composição, em certo sentido, pode se considerar como a nota-chave musical da estação natalina. Sua música produz como resultado um tremendo poder espiritual, particularmente durante essa época do ano em que parece como se devolvesse o eco dos ritmos celestiais dos espaços cósmicos.
Durante esse tempo encantado, um tríplice nascimento é produzido:
Agora o Discípulo compreende porque, então, não houve um lugar na hospedaria e porque Cristo teve de nascer em um presépio onde os animais comem. Agora ele comprova que o trabalho supremo de sua vida consiste em abrir as portas da hospedaria, preparar um lugar para Cristo e se transformar o presépio em um berço de luz. Sabe que esse berço é o Terceiro Ventrículo, na cabeça, que está rodeado pelas forças que irradiam das Glândulas Pituitárias e Pineal sensibilizadas, simbolicamente representadas, respectivamente, por Maria e José. Ao se converter em um Iluminado, se converte em um Cristo, e a glória desse novo nascimento é saudada pelas multidões angélicas desde o alto.
Os três nascimentos vão acompanhados por jubilosos coros de seres celestiais, que proclamam isso, várias vezes, transformadores acontecimentos, transcritos na nota-chave musical da Dispensação Cristã: “Glória a Deus nas alturas, e paz na Terra aos homens de boa vontade”.
O dia 21 de dezembro, a nota-chave planetária troca de Sagitário para Capricórnio. A chave de Sagitário é o êxtase divino, expresso na fraternidade que regozija, na repentina crescente de cores claríssimas e na harmonia da estação do Advento. A nota-chave de Capricórnio e a consumação divina. A Terra está submergida na luz branca da consagração, quando as correntes de vida planetárias se invertem, e a força do Cristo Cósmico começa a subir para o Sol. Essas forças vão crescendo do dia 21 de dezembro até a meia-noite do dia 24, no qual adquirem sua máxima potência, mas não declinam logo. As poderosas radiações solsticiais da força espiritual envolvem a Terra até a décima segunda noite seguinte, um intervalo considerado pelos primeiros cristãos e destinado a ser revivido hoje.
O cântico dos Anjos, enquanto o Sol se dirige para o sul, está expresso em tons menores. À meia-noite do dia 24 de dezembro, a Noite Santa, seus coros se transportam a tonalidades maiores, quando entoam, cheios de regozijos, a nota-chave da Terra: “Glória a Deus nas alturas, e paz na Terra aos homens de boa vontade”.
CAPÍTULO VII – A SAGRADA FAMÍLIA, UM SÍMBOLO CÓSMICO
O relato do Natal é familiar na história e se canta em todas as partes do mundo. O Místico Cristão, além de aceitar a versão literal, tal como aparece nos Evangelhos, encontra nela significados mais profundos. Aceita a Maria de Belém como um dos mais ilustres Mestres que já tenha vindo à Terra. Sabe que José foi um dos primeiros Mestres Iniciados do Templo de Mistérios e que o Menino Jesus era o Ego mais avançado que já encarnou na Terra. O Menino Jesus, com o auxílio da divina Maria, construiu o Corpo físico mais perfeito que já havido sido construído nesse mundo, e que serve como modelo supremo para toda a humanidade.
O Místico Cristão, que aceita essas verdades, comprova, além disso, que todo ser humano é um Cristo em formação. Compreende que cada personagem da história natalina representa determinada fase do seu próprio desenvolvimento interior e que cada experiência desses personagens formará parte de sua própria experiência espiritual, à medida que aprenda a se elevar, cada vez mais, no Caminho da Santidade.
É a compreensão da história natalina o que inclina o Aspirante sério a se voltar para estudar e meditar, cada vez com mais entusiasmo e reverência, essas profundas verdades internas. O Mestre nos indicou que existe uma elevada meta para alcançarmos, quando disse: “não somente as coisas que Eu faço, vós fareis, mas coisas maiores que Eu”.
Sobre a entrada dos antigos Templos de Mistérios, como já dito antes, se achava a inscrição: Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás todos os mistérios do universo”. À luz dessa profunda verdade esotérica, estudaremos a inspiradora história natalina, a vida e as experiências da Sagrada Família, tal e como são descritas.
Em cada Corpo-templo humano existem duas correntes de força magnética: a primeira, de potência masculina ou positiva; a segunda, negativa ou feminina. Às vezes, são citadas como os dois polos do Corpo. Na linguagem mística se fala delas como dos elementos Fogo e Água, e são representadas por duas colunas, uma coroada pelo Sol e a outra pela Lua. Na maioria das pessoas, essas duas correntes não funcionam de modo harmonioso; há um desequilíbrio que provoca distorções e desajustes no Corpo. A função do caminho Iniciático consiste em fazer essas duas correntes a se correlacionar harmoniosamente. As várias etapas desse caminho estão representadas pelos acontecimentos mais importantes da vida do Supremo Iniciador do Caminho, o próprio Cristo.
A potência negativa ou feminina está centrada no coração, sede da intuição; a positiva ou masculina, na cabeça, sede do intelecto. A iluminação obtida com o Grau da Anunciação proporciona a faculdade para ver o Corpo perfeito que resultará do equilíbrio total e harmonioso entre as forças masculina e feminina. Até que isso seja conseguido, o ser humano não materializará um Corpo ajustado ao arquétipo divino, que existe externamente nos céus. É a visão desse glorioso Corpo-templo, construído a imagem e semelhança de Deus, a que fornece a nota-chave espiritual desse objetivo: “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra”.
Da mesma forma que o Grau da Anunciação proporciona uma visão gloriosa, o Grau da Imaculada Concepção imprime essa visão no Corpo. A vibração de cada átomo se eleva, como consequência da nova onda de poder espiritual. O organismo inteiro é elevado até uma harmonia maior com o arquétipo. O Corpo-templo é literalmente renovado, e se converte em uma habitação mais santa para o Espírito, para nele viver e trabalhar. A nota-chave espiritual deste Grau está contida nas proféticas palavras de Maria: “Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada”.
Nesse Grau, uma nova luz arde no Coração e uma nova radiação emana da Mente. Coros de angélicos ministrantes, juntos com o Grande Único Compassivo, nos planos internos, desde os que estão continuamente examinando o Mundo em busca da aparição dessa nova luz no interior do Coração e da Mente de um ser humano, saúdam o descobrimento com cantos celestiais cheios de alegria vibrante. Aqueles, dentre os seres humanos, que experimentam o nascimento dessa nova luz, começam a estar sob a mais próxima e terna orientação dos seres espirituais. Como consequência desse desenvolvimento e de sua expressão, a vida cobra novos e mais profundos significados. Maria simboliza a corrente feminina, que tem seu assento no Coração; José representa a corrente masculina, que tem seu assento na Cabeça. Em qualquer plano em que essas duas correntes de força se unam harmoniosamente, se manifesta um novo elemento. Esse terceiro elemento constitui um nascimento sagrado ou o despertar de um novo poder, o poder da vontade. Esse poder da vontade criadora espiritualizada é a Pedra Branca mágica, já que, mediante seu posterior desenvolvimento, o ser humano se converte em um Super-ser humano, um filho ou uma filha do Rei. No momento desse nascimento, os Anjos ministrantes rodeiam a Terra cantando: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. Isto é, paz no Corpo-templo do ser humano, e boa vontade porque chegou a conhecer, verdadeiramente, essa grande e gozosa fraternidade entre Anjos e seres humanos, que sobrepassa toda compreensão. Quando isso for alcançado por todos os seres humanos, o amor, a bondade e a harmonia reinarão supremos sobre a Terra.
Um Templo é um lugar de dedicação. E é o lugar onde o Aspirante, que pretende percorrer o Caminho da Santidade, vai para meditar e orar. Tais seres humanos devem, necessariamente, viver de acordo com normas e disciplinas, observando-as com uma fidelidade muito maior que quem ainda se sente satisfeito com o mundo, tal qual é. Os pensamentos têm que ser cuidadosos, para não admitir influências negativas ou destrutivas. As palavras têm que vigiadas, com o objetivo de não ferir nunca por meio do seu uso. As ações têm quer serem valorizadas por sua capacidade de ajudar e de construir positivamente. Tal controle sobre os pensamentos, as palavras e os atos não podem se manter com sucesso, a não ser por meio de longos períodos de estrita disciplina e de muita oração e meditação. O Aspirante há de se retirar, com frequência, a um lugar de dedicação para renovar seu propósito e restaurar sua força interna. Se seus esforços são sérios e sinceros, com toda segurança, o dia chegará em que receberá, como recebeu o Menino Jesus, a benção do Sumo Sacerdote e da Suma Sacerdotisa (as forças masculina e feminina) e sobre ele se projetará um novo nome para a alma, que lhe harmonizará com seus próprios poderes internos, e o proverá da chave mágica para invocar a orientação e a proteção dos que estão no alto.
Durante as primeiras etapas do desenvolvimento espiritual, o Aspirante experimentará, frequentemente, “fugas para o Egito”, ou deslizamentos para as trevas. A vida interior ficará, temporariamente, bloqueada. Sentirá que ficou sem a orientação espiritual. Isso lhe produzirá um sentimento de solidão e abandono sem esperanças alguma, a partir da qual o seu Espírito clamará, cheio de agonia, como fez o salmista no mesmo estado de sua evolução. Contudo, se persiste em seus esforços por reconquistar a luz, tornará a colocar o pé no Caminho, como fez a Sagrada Família que, mesmo tendo fugido para o Egito, país simbólico das trevas, regressou cheia de graça, acompanhada por hosanas dos coros angélicos. Trata-se de um ponto difícil no Caminho. Muitos caem aqui e voltam para os atrativos do mundo. O místico Max Heindel nos deu a seguinte alentadora admoestação: “O único fracasso consiste em não seguir tentando”. Essa verdade é tão importante como a afirmação bíblica de que “o vento é suave para a ovelha tosquiada”.
A humanidade está dividida em duas classes: a que segue o caminho do Coração e a que segue o caminho da Cabeça. Os Aspirantes mais centrados no Coração são tocados mais facilmente por suas emoções. Salvo se estiver equilibrado e assegurado pelos poderes da Mente, sua casa estará, literalmente, construída sobre a areia, e os ventos e tempestades a destruirão. Os predominantemente mentais, com seus poderes centrados na razão, constroem suas casas sobre a rocha, mas também, nesse caso, estarão sujeitos a destruição por obra dos furacões. Mediante os Ensinamentos no Templo, o Aspirante aprende a combinar os poderes da Mente e do Coração, da razão e da intuição, do masculino e do feminino, de seu próprio interior. Quando isso for alcançado, a emoção constrói asas com a razão, e a Mente se torna iluminada pela luz do espírito. Com isso, alcança-se um grau maior de perfeição, um novo poder, recém-encontrado, e a uma expansão de consciência que, desde esse momento, conduz à consagração da vida inteira ao serviço do Reino de Deus na Terra. Qualquer outro interesse que possa ser apresentado temporalmente receberá a mesma resposta que o Menino Jesus deu quando seus pais o encontraram no Templo, ensinando aos sacerdotes: “Não sabem que hei de me ocupar das coisas do meu Pai?”.
O Batismo era uma fórmula de Iniciação e constituía o acontecimento mais ilustre da Semana Santa. A Virgem Santa e os demais Discípulos femininos eram sempre participantes importantes nesse rito sagrado. Para os que eram dignos de participar nesse cerimonial, os céus se abriam a sua visão embelezada, e eram muitas atividades transcendentes que se faziam visíveis e audíveis.
Em todos os antigos Mistérios, o rito do Batismo era simbólico de “conduzir à visão”. É esse momento quando o candidato desenvolve um maior grau de equilíbrio entre as forças masculina e feminina de seu Corpo-Templo; os princípios de Maria e José são conduzidos a uma interação mais harmoniosa. O Aspirante adquire, então, a capacidade de pensar com seu Coração e a amar com sua Mente. É necessário que esse desenvolvimento aconteça nesse tempo especial, pois, com a aquisição do desenvolvimento da visão, o Aspirante é capaz de ver nos planos internos e a contatar com os seres elevados que lá habitam. Para funcionar, sem perigo, quando se contatam com os Mundos internos, é imprescindível estabelecer uma relação equilibrada entre as forças positivas e negativas do próprio ser. Para esse estágio de evolução, o conselho de Max Heindel a seus Discípulos era: que mantivessem “sua cabeça nas estrelas e seus pés no chão”. Se esse conselho fosse seguido, muitas das tragédias que afligem o Aspirante, nesse ponto do Caminho, seriam evitadas.
O simbolismo pictórico, representado pelo candidato em pé entre as duas colunas, às portas do Templo, algumas vezes sozinho e outras vezes acompanhado de um Mestre, se refere a esse ponto especial no Caminho. Aqui é também onde escutará a voz que foi ouvida por Jesus no dia do seu Batismo, já que se trata de uma benção do Templo, transmitida a todos os participantes dignos desse rito sagrado: “Esse é meu Filho amado, em quem me comprazo”[20].
O Batismo forma a ligação que conecta os Mistérios da Água, do Natal, com os Mistérios do Fogo, da Páscoa. Aqui vamos buscar o significado da afirmação de uma antiga lenda que diz que quando Jesus imergiu no Rio Jordão, grandes bolas de fogo apareceram sobre a superfície das águas.
Quando um Aspirante experimenta um elevado estado de exaltação, esse é sempre seguido por uma sutil tentação. A tentação, portanto, geralmente, constitui o oposto do Batismo. Depois do Batismo de Cristo-Jesus, sublime ocasião de dedicação e consagração, vem Sua tentação no deserto e, depois da glória de sua Transfiguração, vem a agonia do Getsemani. Essa sequência constituiu, em todas os momentos, o Caminho do Discipulado, para que o Discípulo compreenda completamente o poder do discernimento, ou seja, a habilidade para distinguir o verdadeiro do falso, o real do irreal.
A queda dos Anjos se relata na descrição da Guerra nos Céus.
A queda da humanidade se relata na versão bíblica da expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden.
Os Arcanjos, no entanto, não “caíram” nunca. Ainda que possuam o Corpo de Desejos, transmutaram o desejo em poder espiritual e seus Corpo de Desejos em um corpo de luz. Era necessário, pois, que o Salvador dos Anjos e dos seres humanos viesse de uma Hierarquia Arcangélica. Os Espírito Lucíferos compreenderam bem isso e sentiram grande angústia ante a vinda à Terra do Arcanjo Cristo. São Marcos, em seu Evangelho, refere que o espírito do mal disse a Cristo: “Sei quem Tu és: o Santo de Deus” (Mc 1:24).
Imediatamente após Seu Batismo, Cristo se retirou ao deserto durante quarenta dias. Tinha que se familiarizar com o uso do Corpo físico e aprender a funcionar nele, sem que ficasse destroçado pelas poderosas radiações de Seu exaltado espírito. Nesse momento é quando Lúcifer se aproximou d’Ele e o tentou, com a esperança de que Sua encarnação em um Corpo físico tivesse Lhe deixado vulnerável.
A tentação de Lúcifer foi tripla: física, mental e espiritual. Ele ofereceu a Cristo todos os reinos da Terra, provavelmente a mais sutil das tentações. Muitas pessoas têm abandonado o Caminho por causa da riqueza, da fama, do prestígio e do poder terreno, do que por quaisquer outros motivos, como simboliza a parábola de Cristo sobre o jovem rico.
De novo Lúcifer tentou o Mestre com a promessa de poderes mágicos para converter as pedras em pães. Incontáveis milhões de seres humanos estão empregando, agora, seus poderes mentais para atrair mais posses terrenas, todos sem pensar ou indiferentes ao fato de que, trabalhando assim, se colocam, cada vez mais, abaixo da influência de Lúcifer.
Finalmente, Lúcifer transportou Cristo até o pináculo do Templo e lhe ordenou se jogar dali, depois que ordenasse aos Anjos que o protegessem. Quando se começa a despertar os poderes internos inerentes ao espírito, são muitas e muito sutis as tentações para utilizar esses poderes em benefício próprio. Mas Cristo declarou: “Por Mim mesmo, nada posso fazer” (Jo 5:30). No iluminado manual do discipulado de Mabel Collins, intitulado “Luz no Caminho”, se recomenda aos Aspirantes matar toda ambição pessoal, mas trabalhar como os que são ambiciosos. Verdadeiramente “Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho… E poucos são os que o encontram (Mt 7:14). O completo desapego pessoal é a nota-chave do verdadeiro Caminho do Discipulado.
Quando o candidato alcança esse ponto do Caminho da Santidade, já alcançou o equilíbrio entre as duas polaridades. Com essa etapa chega o completo florescimento dos órgãos espirituais da cabeça, do Corpo Pituitário e da Glândula Pineal. Esses dois órgãos são, então, as luminosas lâmpadas do Corpo-Templo. A Glândula Pineal coroa a coluna de fogo masculina, a coluna de José; a Glândula Pituitária (ou Corpo Pituitário) coroa a coluna feminina ou de água, a coluna de Maria. Quando a luz que emana dessas duas glândulas se unem no terceiro ventrículo, que se encontra entre ambas, esse ponto da cabeça se converte em um verdadeiro presépio de luz, ponto focal da atividade do princípio Crístico da vida do candidato. A primeiríssima manifestação desse princípio ocorre, como já se falou antes, no Grau do Nascimento sagrado. No Grau da Transfiguração esse divino princípio Crístico criador se multiplica por mil em sua potência. A luz que se expande, mais além da periferia da cabeça, forma o halo radiante dos santos. Gradualmente, esse halo se estende até que envolve o Corpo inteiro e forma o que se denomina “o dourado vestido de bodas”. A criação desse Corpo-Alma luminoso é o requisito necessário para se ter acesso aos graus superiores dos Mistérios.
Uma das evidências do discipulado avançado consiste na faculdade de entrar, instantaneamente, em contato com o Mestre, à margem do tempo e do espaço. A comunhão de Maria com seu Senhor bendito era dessa natureza. Sua alma puríssima recebia, instantaneamente, a impressão de qualquer emoção ou pensamento d’Aquele.
Durante a Transfiguração, o Mestre apareceu em toda a sua resplandecente glória de Seu Corpo arcangélico à vista de Seus Discípulos, que eram já capazes de elevar sua consciência até o ponto de poder percebê-lo. Maria, ainda que não fisicamente presente, experimentou todo o gozo do êxtase daquele momento sublime.
Na Entrada Triunfal, Cristo chegou montado em um jumento e foi saudado pelos aplausos de Seus seguidores, que levavam folhas de palmeiras, jogavam flores ao longo do caminho e gritavam hosanas ao que vinha em nome do Senhor[21] (Lei Espiritual). Essa procissão é simbólica. Representa o Caminho do candidato que saiu triunfante do Grau de Transfiguração. Cavalga sobre um jumento, que simboliza a consecução da sabedoria anímica, e recebe as aclamações dos que, previamente, alcançou esse Grau, assim como os de menor desenvolvimento e que estão lutando para alcançá-lo. Foi São João, o Discípulo amado, quem experimentou a exaltação desse Grau na noite de sábado precedente à entrada triunfal em Jerusalém. São João foi o primeiro Discípulo a receber os profundos Mistérios Cristãos, trazidos à Terra por Senhor Cristo, e a primeira entrada triunfal foi inaugurada, precisamente, para celebrar essa elevada consecução.
Maria e os demais Discípulos femininos do Mestre estavam entre os que se alinhavam ao longo desse caminho sagrado, e observaram a gloriosa procissão quando entrava em Jerusalém. Sentiram a grande onda inundante de entusiasmo que apreendeu às multidões e se manifestou em ondas de adoração e devoção, que rodearam a Seu amado Mestre nesse momento da Entrada Triunfal. Elas compreenderam perfeitamente ambos os significados, o externo e o interno, desse acontecimento. E aproveitaram a ocasião que se lhes brindava aos que se beneficiaram de Seu ministério amoroso, para lhe expressar sua homenagem e sua reverência. Comprovaram, também, o profundo significado daquele dia. Sabiam que a vida de Cristo bosquejava o Caminho da Iniciação para o ser humano, e que a Entrada Triunfal marcava a consumação da Grande Obra, ou seja, da entrada no Templo da Luz.
A Festa da Eucaristia se denomina, esotericamente, a Festa da Polaridade. Esse aspecto da celebração foi destacado pelo Cristo no momento de partir o pão (a potência feminina ou de água) quando diz: “Isto é o meu corpo que é dado por vós”[22]. Depois, tomando cálice (a potência masculina ou de fogo), disse: “Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado em favor de vós”[23]. Só os que alcançaram esse Grau de Iniciação puderam participar com Cristo, ao redor da mesa sagrada, e receber d’Ele os profundos Mistérios que ele comunicou. Como foi dito anteriormente, o domínio dos opostos proporciona equilíbrio e igualdade. Isso se refere, não somente ao equilíbrio perfeito entre os princípios masculino e feminino no interior do Corpo, mas também à igualdade entre o homem e a mulher em seus relacionamentos pessoais no mundo externo. Antes de que tal igualdade possa ser alcançada no mundo exterior, de um modo total, tem que ser conquistadas por todas as naturezas internas de todos os indivíduos que compõem o corpo social da humanidade. Essa foi a consecução daqueles que se reuniram com Cristo na Sala Superior, na véspera de Seu sacrifício no Gólgota. Aquele grupo compreendia tanto homens como mulheres.
O candidato que se eleva à visão mais elevada para receber, de cima, um derramamento divino, deve logo descender ao jardim da dor do mundo para compartilhar algo das bênçãos que vem do alto com os que são menos afortunados. As notas-chave do Getsemani são Sacrifício e Altruísmo. Antes de alcançá-los, o candidato tem que retornar, uma e outra vez, a esse jardim até que, como fez Cristo, possa dizer: “Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita!”[24]. Só quando essa entrega tenha sido total e suas pegadas sejam impressas permanentemente na alma, deixará o Getsemani, que tão familiar é agora para a humanidade.
Em toda a simbologia bíblica não há um momento mais impressionante que aquele em que Abraão foi ordenado a sacrificar o seu filho amado Isaac. Quando Abraão (o candidato) decidiu obedecer ao mandamento divino e fez sua entrega ao que supunha ser a vontade de Deus, acabou o trabalho interno que devia ser realizado e, consequentemente, o sacrifício material já não era necessário. O cordeiro pego no matagal, que ocupou o lugar de Isaac como vítima sacrificial, simboliza o poder adquirido, sublimado pelas forças animais no poder espiritual, mediante o sacrifício. Essa história simboliza o ponto crucial no Caminho da Santidade e, geralmente, é um dos menos compreendidos de todos os relatos bíblicos. Nesse aspecto é como a história de Jonas e a baleia, que também tem a ver com os processos relacionados com a Iniciação.
A Maria bendita estava tão completamente harmonizada com Cristo que era uma com Ele em cada alegria e em cada dor. Ainda que ela não estivesse presente fisicamente no Jardim do Getsemani, a agonia do Mestre imprimiu sua pegada em seu coração, e ela também passou aquele instante de oração e súplica para que a Sua carga e dor que gravitava sobre Seu coração, assim como a debilidade e ignorância da humanidade, pudessem ser mitigadas.
Enquanto suas dores no Jardim atormentavam o coração de Maria com agonia e aflição, nosso bendito Senhor, correspondentemente, era consciente de seu amor e de suas súplicas, que O rodeavam com toda a doçura e poder de uma benção angélica.
O Juízo marca um ponto crítico no Caminho. O candidato, até esse momento, vai desenvolvendo poderes que excedem muito aos que tem um indivíduo comum. A tentação que agora se lhe apresenta é a de que empregará esses poderes para a consecução de suas ambições pessoais ou para o benefício e benção de seus irmãos e irmãs. Cristo veio como indicador do Caminho a toda a humanidade. E experimentou pessoalmente cada uma das etapas ou Graus pelos quais o candidato há de passar ao longo do seu próprio Caminho. Como Cristo enfrentou cada prova? Durante o julgamento ante Pilatos, rodeado de uma multidão enraivecida que vociferava epítetos cheios de ódio e clamava pela sua crucifixão, tinha entre Seus poderes o de convocar legiões de Anjos para a Sua libertação, mas não fez uso de tal poder. Não salvou a Si mesmo, mas sim ofereceu a Si mesmo como um sacrifício vivente por todo o Mundo. Poucos, incluindo agora, compreendem esse sacrifício em seu significado cósmico e universal. Incluindo Seus Discípulos, naquele momento, tinham um pobre conceito da imensa missão que vinha a cumprir. Eles pensavam que ia se sentar sobre um trono em Jerusalém e se tornar rei de toda a Terra. Não compreendiam que se converteria no Regente Interior dessa Terra e que Seu reinado não poderá se manifestar plenamente até que uma grande parte da humanidade chegue a viver de acordo com a ideia que Ele propôs e com os preceitos que Ele estabeleceu. No coração desse ideal e desses ensinamentos jaz o serviço do sacrifício, baseado em um amor desinteressado por cada um e por todos. Ao contrário do que algumas correntes populares de ensinamentos indicam, o Caminho do verdadeiro desenvolvimento espiritual não consiste em atrair para si mesmo o máximo de bens materiais, mas na realização da verdade de que “o amor e o serviço desinteressado ao próximo é o caminho mais curto, mais seguro e o mais agradável que nos conduz a Deus”.
A Maria bendita, acompanhada por outros Discípulos femininos do Mestre, se mesclaram entre a turbulenta e excitada multidão que acompanhou o Mestre durante o assim chamado Julgamento, que não foi senão uma imitação burlesca com o nome da justiça. Exteriormente aquelas santas mulheres pareciam tranquilas e sossegadas, contrastando com o perturbado gentio que se agitava desordenadamente aos seus arredores. Interiormente, estavam realizando o trabalho que sabiam ser muito mais útil ao Mestre, enviando grandes correntes de amor para aliviar e acalmar as tumultuosas e enraivecidas turbas, ao mesmo tempo que oravam, fervorosamente, para que ignorância e cegueira dessas turbas fossem perdoadas.
Há um significado profundo no fato de que, a caminho do Gólgota, Cristo se encontrasse com Sua mãe e com outras santas mulheres. Quer dizer que as mulheres estavam, interiormente, com uma tristeza e angústia muito intensa pelas desumanas indignidades e pelas torturas infringidas no bendito Mestre. Sabendo disso, Cristo derramou sobre elas Sua divina compaixão e as envolveu na ternura de amor do Seu grande coração. Desse modo, se restabeleceram e se fortificaram de modo que fossem capazes de resistir até o final.
Cristo, o Supremo Iniciador, declarou: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”[25]. Não há outro caminho. Aqui, certamente, o caminho se torna estreito e o candidato se dá conta de que não há outra opção senão se agarrar na cruz. Não são poucos os que, chegados a esse o ponto do Caminho da Santidade, retrocedem por não serem capazes de enfrentar a severidade dessa última prova. O ser pregado na cruz e depois elevado nela, frente a uma multidão escarnecedora, precisa renunciar a qualquer laço pessoal que possa impedir uma completa sintonia com a vontade divina. Traduzido aos termos familiares na experiência do Discípulo, o Rito da Crucifixão representa a capacidade de afrontar, impavidamente, os mal-entendidos, o ridículo, a perseguição, não somente do povo em geral, mas especialmente dos mais próximos e mais queridos. Supõe a capacidade de renunciar a posição, a fortuna e o prestígio. Supõe a perda, se for preciso, das posses, dos amigos, da reputação e, incluindo, mesmo da vida. Todas as coisas devem ir desaparecendo até que só reste a realização espiritual. Então, o candidato compreende o que o Mestre queria dizer quando disse que, se quisesse ser Seu Discípulo, que tomasse a sua cruz e o seguisse. São Francisco de Assis alcançou esse ponto do Caminho quando recebeu a inspiração para compor essa sublime oração que não deixou, desde então, de ser utilizada por inúmeras almas, desejosas de viver mais plenamente, à maneira do supremo exemplo para o mundo, o próprio Cristo:
Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
A Virgem bendita caminhou com Cristo ao longo de todo o Caminho e permaneceu ao pé da cruz até o fim. Isso significa que trilhou todas e cada uma das etapas do Caminho da Iniciação e esperava a Grande Libertação com o Senhor. Muitos Discípulos seguiram o Caminho da Cruz, mas somente durante parte do caminho; alguns se quer se aventuraram; e São Pedro, um dos mais avançados entre os Discípulos, o negou e o seguiu de “longe”. A Maria bendita permaneceu cheia de fé até o final. Ela se converteu no Discípulo feminino mais avançado de Cristo e assim se tornou a Mestre e a líder dos demais. Foi entre seus amorosos braços que o Corpo totalmente deteriorado encontrou abrigo quando foi retirado da cruz. Por sua fortaleza e fé, sua sublime coragem e seu amor divino, a mais brilhante coroa concedida pelas hostes angélicas é sua.
A Escola de Mistérios Cristã ensina que o último inimigo a vencer é a morte e que, mediante o Grau final da Ressurreição, o candidato ascende ao Filho, consciente da imortalidade. Quando Cristo passou do Grau de Crucifixão ao da Ressurreição, exclamou: “Deus meu, Deus meu, como me glorificou!”[26], pois essa é a tradução correta. A Ressurreição é, verdadeiramente, o Grau da Glória. Nesse nível, o candidato passa a experimentar um amor que a tudo abarca e uma luz que é imortal. Ainda que tenha que viver várias vidas de serviço sobre a Terra, nunca mais experimentará nenhuma interrupção de consciência entre as atividades no plano externo, e nos internos. A morte, tal e como se a entende, não existirá para ele. Quando Cristo passou por esse Grau para a salvação da humanidade, entoou, triunfalmente, as palavras: “Eu sou a ressurreição e a vida”[27].
De acordo com os relatos bíblicos, Cristo fez Sua primeira aparição à Maria Madalena no místico amanhecer daquele primeiro dia da Páscoa. Mas os Registros da Memória da Natureza nos informam que Cristo apareceu, em primeiro lugar, até os embelezados olhos da Maria bendita. Tão elevada e tão sagrada foi aquela divina união da alma com a alma e o coração com coração, que nunca poderia ser descrita por meras palavras.
Só quando o Aspirante moderno aprende a trilhar, por si mesmo, o Caminho, quando chega a conhecer como elevar sua consciência o suficiente para contatar algo como o milagre daquele dia de Páscoa, é que pode alcançar, parcialmente, aquele êxtase divino e sua indescritível beleza. Só quando se esforça por trilhar essa mesma Via, adquire a faculdade de contatar, parcialmente, a magia do amanhecer da Páscoa, com o êxtase divino e a glória transcendente experimentados por Maria nesse o mais sublime de todos os dias.
Em sua novela ocultista Zanoni[28], Sir Bulwer Lytton dá a seguinte inspirada descrição do trânsito da alma desde essa margem até a outra:
“O espaço inteiro parecia imergido na luz solar eterna. Elevou-se desde a Terra … como algo imaterial, como uma ideia de alegria e luz! Ante ele os céus estavam se abrindo e viram multidões de beleza, legião após legião, e um “bem-vindo” brotou, em miríades de melodias, do imenso coro. Você, cidadão do céu, Bem-vindo! A Terra, purificada pelo sacrifício, é imortal apenas através da sepultura. Isso está morrendo. E, radiante entre os radiantes, a imagem estendeu seus braços e murmurou: “Amigo da eternidade, isso está morrendo”.
Os catorze Graus dos Mistérios Cristãos, desde a Anunciação até a Ressurreição, constituem a base dos Ensinamentos fornecidos nas catorze Estações da Cruz. Nas antigas Escolas de Mistérios Cristãs, essas estações marcavam as etapas concretas do processo Iniciático, e seu caráter não era meramente simbólico, como geralmente se pensa hoje. As Sete Etapas das antigas Escolas de Mistérios, os místicos cristãos as estenderam para catorze. Cada candidato entrava no grau particular que ele estava preparado. Só os dois Discípulos mais avançados de Cristo estiveram qualificados para passar por todos os catorze Graus. Esses foram: Maria de Belém, a Virgem bendita, e São João, o divino, o mais amado dos Discípulos. Por isso, ambos foram considerados, pelos primeiros Iniciados cristãos e seus seguidores, como personificação das colunas do Templo. Converteram-se, por assim dizer, nos dois pilares do Templo de Iniciação e em uma expressão exterior perfeita, do desenvolvimento que ocorre no interior do Corpo-Templo do ser humano. Alcançar tal estado constitui o objetivo principal do trabalho que deve ser realizado ao longo do Caminho que conduz à Santidade.
Os Mistérios do Natal e da Páscoa estão intimamente relacionados. Os sete primeiros Graus, desde a Anunciação ao Batismo, se relacionam com o elemento feminino ou Água, enquanto que os sete Graus restantes, que vão desde a Transfiguração até a Ressurreição, se relacionam com o elemento masculino ou Fogo. O trabalho básico dos Mistérios Cristãos consiste na obtenção da polaridade ou equilíbrio. Sendo assim, disso se deriva, naturalmente, que o Natal e a Páscoa são as duas celebrações mais importantes da Dispensação Cristã.
A Transfiguração marca o começo dos gloriosos Mistérios do Fogo, da Páscoa, que encontram sua culminação no glorioso resplendor da alvorada do dia da Ressurreição.
Cristo não é somente o Senhor da Terra, mas também o Regente Espiritual do Sol e o Grande Hierofante dos Mistérios Cristãos ou Solares. Esses Mistérios compreendiam os ensinamentos secretos da Igreja Cristã Primitiva. A humanidade está começando a comprovar parte do imenso poder que emana, por radiação, do Sol físico, e como a Terra fica transformada graças a essa energia. Contudo, será o ser humano da Nova Raça Aquária o que receberá e transmitirá as radiações espirituais do Sol.
No momento da Transfiguração, Cristo apareceu à vista de Seus três Discípulos mais avançados, vestido com o radiante esplendor de Seu brilhante corpo solar, e isso constituiu um marco importante nos três anos de Seu ministério. Desde então, os acontecimentos mais importantes de Sua vida adquiriram um aspecto mais cósmico que pessoal. Ele estava se preparando para se converter no Regente e Salvador do Planeta inteiro. No momento da Ressurreição de Lázaro, estava iniciando um João, o mais avançado de Seus Discípulos, e cujo nome Iniciático foi Lázaro, nos Novos Mistérios Cristãos. Durante a Última Ceia, instruiu a Seus Discípulos nos fundamentos da que será a religião na Era de Aquário.
No Jardim do Getsemani, Cristo executou o difícil processo de se harmonizar completamente a Si mesmo com os ritmos vibratórios da Terra, como uma preparação para Seu elevadíssimo serviço a todo o Planeta.
Desde a cruz, no Gólgota, ele penetrou no coração da Terra para se converter, ali, em seu Espírito Planetário Interno, e Senhor de todos os seres criados, tanto no interior como no exterior da esfera terrestre.
No momento da Sua Ressurreição, forneceu à humanidade o mais glorioso de todas as mensagens pascoais: Ele demonstrou que a morte não é mais que uma transição, e de que, chegará um dia em que não formará parte das experiências do ser humano nesse Planeta. Regozijosamente proclamou a todo o Mundo o mais transcendental de todos os temas da Ressurreição: “A vida é eterna e o amor é imortal”.
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No primeiro dia da semana, muito cedo ainda, elas foram à tumba, levando os aromas que tinham preparado. Encontraram a pedra do túmulo removida, mas, ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que, estando perplexas com isso, dois homens se postaram diante delas, com veste fulgurante. Cheias de medo, inclinaram o rosto para o chão; eles, porém, disseram:
“Por que procurais Aquele que vive entre os mortos? Ele não está aqui; ressuscitou. Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galileia: ‘É preciso que o Filho do Homem seja entregue às mãos dos pecadores, seja crucificado, e ressuscite ao terceiro dia’.
E elas se lembraram de suas palavras”.
Lucas 24:1-9.
SEGUNDA PARTE – OS SAGRADOS MISTÉRIOS DA PÁSCOA
CAPÍTULO VIII – SIGNIFICAÇÃO ESPIRITUAL DA ESTAÇÃO QUARESMAL
A Estação Quaresmal é um tempo de trabalho anímico, com o fim de se preparar para receber o influxo dos Mistérios Pascoais, o mesmo que a Estação de Advento é um tempo de preparação para a recepção dos Mistérios Natalinos. A Estação Quaresmal é um período de quarenta dias que precede a Páscoa. Como isso está de acordo com o calendário, o Místico Cristão compreende que há um significado oculto no valor numérico desse período. O número quarenta representa um tempo de preparação para a culminação de qualquer esforço espiritual elevado. Os israelitas, por exemplo, vagaram durante quarenta anos pelo deserto, simbolizando, assim, uma meta buscada, mas não encontrada até que se fizeram dignos de penetrar na Terra Prometida. Ou, em outras palavras, até que se tornaram dignos de se converter nos pioneiros de uma nova raça e de uma nova Era. O que nesse período de preparação se consegue, atualmente, depende do esforço realizado pelo Ego. Em casos raríssimos pode se completar a preparação somente em quarenta dias. Pode ocupar quarenta anos e, em alguns casos, até quarenta encarnações.
Para os primeiros Iniciados nos Mistérios Cristãos, a Quaresma não era tão só um período de quarenta dias do jejum parcial e orações dominicais como hoje o são para a igreja. Era um extenso período de provação, que começava com a entrada do Sol em Capricórnio no Natal e continuava durante os meses seguintes, enquanto o Sol passava por Aquário e Peixes e entrava em Áries, o Signo dos novos começos, em que a vida sobe para o alto com o milagre da Ressurreição.
Durante esse período era produzido um profundo exame do coração: os acontecimentos do ano anterior eram recapitulados, e a essência das experiências adquiridas era assimilada pela alma. Esse processo de autoexame encontrava sua expressão cerimonial nos rituais da Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da quaresma, quando as palmas que acenaram com regozijo o Domingo de Ramos anterior eram queimadas e suas cinzas espalhadas sobre as cabeças dos penitentes. Assim se simbolizava que as quedas do ano anterior serviam aos elevados ideais, esses que a alma despertou no Domingo de Ramos.
O sábado, enquanto regido pelo mestre Saturno, acontecia o que se chamava de “escrutínios”. Quer dizer, que o Mestre examinava os Corpos internos dos Discípulos para comprovar os efeitos das disciplinas que estavam praticando.
Os principais objetos de estudo e meditação durante esse período preliminar eram os livros de Jó e de Jonas. Nenhum desses dois Livros pode ser compreendido em seu verdadeiro significado, até que se estude eles como manuais de Iniciação, que se referem a determinados processos de desenvolvimento que, mais tarde, foram ampliados por Cristo durante os períodos dos três anos de Sua vida pública.
Os principais acontecimentos da vida de Cristo Jesus, desde a Anunciação à Ascensão, configuram o Caminho da Iniciação que foi fornecido a todos os povos e a todas as raças, por meio das diferentes religiões do mundo. É esse o motivo pelo qual muitos ocultistas dizem a história de Cristo, tal e como é relatada nos Evangelhos, é um mito que deve ser lido alegoricamente e que não é histórica, mas o símbolo desse caminho de perfeição que toda a humanidade acabará recorrendo. Essa interpretação, no entanto, esquece que à Suprema Luz do Cristianismo Esotérico, ao glorioso Ser arcangélico, o Senhor Cristo que, já naquele remotíssimo passado, rico em Eons, que compreende o Segundo Dia da Criação e designado na terminologia oculta como Período Solar, se consagrou a Si mesmo como guardião do nosso Planeta Terra; e que, comprido o tempo, desceu a nossa esfera planetária para tomar, Ele mesmo, um forma humana na pessoa do Mestre Jesus, encarnação que ocorreu no momento do Seu Batismo, quando a voz do alto proclamou: “Esse é meu Filho amado, em quem me comprazo”[29].
Nos Mistérios Natalinos e Pascoais tratamos de seguir o Caminho da Santidade, que o Cristo percorre anualmente, durante Seu ministério em favor desse mundo e sua humanidade. Como foi dito, toda a natureza que, em sua totalidade, constitui o Corpo dessa Terra se altera harmonicamente com a subida e a descida de Cristo, e o Caminho do Progresso Espiritual ou Iniciação para o ser humano, segue o mesmo processo. Por isso, quando aprendemos a nos pôr em uma mais estreita e íntima relação com Cristo, nos encontramos, consequentemente, mais harmonizados com o espírito interno das mudanças de estação, e melhor realizamos o trabalho particular em cada uma das quatros estações do ano.
Além da vida de Cristo reproduzir as experiências dos pioneiros Mestres do Mundo e das etapas Iniciáticas procedentes dos antigos Mistérios, Ele, não só acrescentou a tudo que era antigo um significado mais profundo, mas também o colocou em prática no plano histórico, para que o mundo o veja e o contemple. Por isso os Mistérios Crísticos constituem a suprema consecução a alcançar mediante o desenvolvimento futuro da humanidade.
Assim como a soma do trabalho realizado durante a época do Advento consistia nos três graus: a Anunciação, a Imaculada Concepção e o Santo Nascimento, o trabalho realizado durante a Quaresma, consiste também de três Graus: o Getsemani, o Julgamento e a Crucifixão. Os três Graus que preparam o candidato para executar os Mistérios Natalinos tão formosos e ternos, já que o trabalho está, então, centrado no amor do coração e, neles o candidato penetra no segredo pertencente à coluna feminina do Templo, que é, simbolicamente, o elemento Água da natureza.
Nos três Graus que preparam o candidato para os Mistérios Pascoais, o trabalho é difícil e a autodisciplina dura, já que se dirigem ao desenvolvimento e a expressão de uma vontade firme e concentrada. O candidato aprende a desvelar o segredo pertencente à coluna masculina do Templo que é, simbolicamente, o elemento Fogo da natureza. Dedica, pois, todo o poder de sua vontade e resolve utilizar toda a força que dispõe para realizar com sucesso o trabalho exigido. E, então, é quando aprende, em verdade e de fato, o que significa “caminhar sozinho”.
No primeiro Grau ou Getsemani, o Caminho se estreita e se torna tão inclinado como telhado de um campanário, sem nada à vista salvo a cruz que o coroa. Toda a pureza, todo o amor e toda a fé que foram incorporados à alma, durante a preparação para receber os Mistérios Crísticos, devem ser postos em jogo, junto com a força e firmeza de propósito que cresceram no seu interior durante a presente época da Quaresma.
O objetivo dos Mistérios Natalinos consiste em guiar o ser humano ao longo do Caminho que conduz à consciência Crística e à dedicação da vida ao serviço do próximo. O objetivo dos Mistérios Pascoais consiste em iniciar o ser humano no estado da imortalidade consciente e lhe tornar capaz de conseguir a libertação do Corpo físico, não somente durante as horas de sono, nem entre vidas terrenas, mas em qualquer momento que deseje, para se converter, assim, em um Auxiliar Invisível consciente, quantas vezes seja necessário, tanto nesse plano com nos planos do espírito. É necessária uma preparação árdua e difícil para alcançar essa meta. O Rito do Getsemani exige uma vida de pureza e altruísmo. O cerimonial da Quarta-feira de Cinzas, que marca o início da Quaresma, inclui a colocação das cinzas da contrição sobre a cabeça do penitente ajoelhado. O ato simboliza a dedicação e o altruísmo supremos, necessários para que o candidato possa passar ao Grau conhecido como Getsemani.
O Rito da Agonia no Horto poderia se denominar, com propriedade, o Rito da Transmutação. A agonia do Cristo produziu Seu esforço por reduzir, às condições limitadoras da Terra, Sua elevada taxa vibratória, com o objetivo de se converter no Espírito Planetário Interno da mesma Terra. Quando o ritmo terreno foi Lhe aberto, todas as poderosas, sinistras e abundantes correntes do mal, existentes em nosso mundo, se precipitaram para Ele. E Ele, não só sentiu seu enorme peso, mas que viu, em uma visão caleidoscópica, sua origem e seu objetivo. As debilidades, quedas e os caprichos da humanidade se abrasaram como chamas, ao mesmo tempo em que a voracidade, o egoísmo e o ódio gravitaram sobre Ele com cargas pesadíssimas. A dor, a angústia e o sofrimento causados pelas más ações dos seres humanos Lhe penetraram até o mais profundo do Seu doce e compassivo coração.
O limite da agonia, inclusive para um Arcanjo, ocorreu sobre Ele quando passaram ante Sua visão as imagens do futuro, e viu quão poucos, dentre a imensa quantidade de pessoas que constituem a humanidade, reconheceriam o verdadeiro significado de Sua vinda e o objetivo real que Ele apontava. Contemplou com profunda dor como o obscuro véu do materialismo cegaria o mundo moderno, e a conseguinte falta de discernimento, intranquilidade e temor. A cegueira e a ignorância das massas sobre a Sua missão, a cristalização e a compreensão cada vez mais estreita por parte dos que, inicialmente, foram concebidos como canais dedicados a Seu serviço, fizeram culminar Seu Rito de Agonia com essa súplica: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita!”[30].
O Getsemani não aconteceu no Horto das Oliveiras por casualidade. Aconteceu ali porque esse Horto é uma das áreas da Terra carregadas mais elevadamente de vibrações (positivas). O que Cristo fez naquele Horto, altamente magnetizado, o fez sob a vibração dos Anjos. Foi um momento em que todo o programa da evolução recebeu um novo e poderoso impulso.
No Grau do Julgamento, as provas que o candidato há de superar estão de acordo com a sua posição espiritual. Quanto mais se avança no Caminho, mais sutis e penetrantes são as provas. Nenhuma poderia se comparar, em severidade, com as sofridas por Cristo Jesus, já que ninguém possui a Sua força e Seu poder espirituais.
Mais uma vez, no Grau do Julgamento, o candidato comprova a imensa importância de seu longo treinamento no altruísmo. Se não foi realizado apropriadamente o trabalho preparatório, não obterá êxito ao pretender passar por esse importante Grau. Poucos foram capazes de caminhar por esse longo e estreito caminho. Em um inspirado manual, se diz ao se referir a esse trabalho elevado: “Antes de que os ouvidos possam ouvir, hão de perder sua sensibilidade. Antes que a língua possa falar na presença do Mestre, há de perder seu poder de ferir; antes que os pés possam permanecer na presença do Mestre, hão de ser lavados com o sangue do coração”.
O Terceiro e último Grau que conduz à liberação é o da Crucifixão. Nesse Grau o candidato se encontra frente a um dos mais sagrados Mistérios, e que há de permanecer para sempre selado para o profano. Seu significado secreto pode só ser aludido muito breve aqui; seu objetivo interno e verdadeiro só pode ser revelado àqueles que buscam e encontram a luz em seu próprio interior, essa chama do grande amor branco que excede a toda compreensão.
Alguns já alcançaram esse ponto avançado do Caminho e se voltaram para trás, não tendo a suficiente força para seguir adiante, com Cristo, o caminho do Gólgota. Outros, chegaram a ser “pregados” na cruz, e falharam, porque não puderam suportar o momento em que a cruz seria erguida. Estreito é o Caminho e sutis são as provas até o mesmo final.
Os estigmas nas mãos, nos pés e na cabeça estão na mesma posição relativa que os extremos da estrela de cinco pontas. Os cinco cravos são os cinco sentidos, que atam o espírito na cruz do Corpo Denso. Platão diz: “Cada prazer e cada dor são uma espécie de cravo que une a Alma ao Corpo”. O espírito está muito intimamente ligado à forma pelos cinco sentidos e, nesses pontos, o poder do fogo espiritual é muito potente. A “extração dos cravos” desses pontos produz as cincos chagas sagradas.
O padecimento produz a ascensão do fogo criador ao longo do tríplice cordão espinhal. Quando ascendeu certo tempo, Netuno acende o fogo espinhal espiritual. Esse fogo faz vibrar as Glândulas Pineal e Pituitária na cabeça e, quando a onda vibratória golpeia o seio frontal, desperta os nervos cranianos ou a Coroa de Espinhos à vida. Mais tarde, a Coroa de Espinhos se converte em um halo luminoso, e a túnica escarlate se transforma em outra de cor púrpura real.
Quando o espírito de Cristo ficou libertado do Corpo de Jesus e passou para o centro da Terra, Sua alma imensa envolveu o globo inteiro de um incomparável brilho, tão intenso que a luz do Sol pareceu obscura.
Cada sacrifício comporta sua compensação espiritual. Todo ser humano que morre no campo de batalha, por qualquer causa que considera importante para ele mesmo, renasce em um nível superior de consciência. A posição evolutiva do Ego avança quando o sangue, que é seu veículo direto, se limpa das impurezas fluindo do Corpo no momento da morte. Todo Ego, durante os imensos ciclos de peregrinação terrena, vive pelo menos uma vida na qual o espírito abandona o Corpo, enquanto o sangue flui. Cristo, por meio do Seu sacrifício na cruz, foi elevado às Grandes Iniciações que pertencem ao Reino do Pai.
O candidato vitorioso, que segue a Cristo até o final do caminho, chega à Glória da Grande Liberação. Então já é livre para passar, pela vontade, do plano físico aos reinos espirituais. A Coroa de Espinhos se converte em um halo de luz, já que conquistou o maior dos dons da vida: a imortalidade consciente. Passando triunfalmente aos planos internos, se une às multidões brancas que rodeiam ao Cristo e que elevam suas vozes entoando o eco das palavras pronunciadas pelo Mestre no momento de Sua Grande Liberação: “Meu Deus, Meu Deus, como me tens glorificado!”.
O vitorioso, pois, conhece toda a glória da alvorada de sua própria Ressurreição.
CAPÍTULO IX – O ESOTERISMO DA PÁSCOA
As profundas radiações espirituais da época da Páscoa produzem uma aceleração dos impulsos espirituais, incluso nos ignorantes e despreocupados, enquanto que os que compreendem algo de sua profunda importância, prestam reverente atenção a sua íntima contemplação.
Contemplando um calendário, se aprecia uma diferença entre a observância do Natal e a da Páscoa. O festival natalino acontece sempre em uma data fixa, enquanto que a Páscoa cai, às vezes, tão cedo como em meados de março e, por outras vezes, tão tardio como em meados de abril. A causa dessa variação está em que o Domingo de Páscoa acontece, sempre, no primeiro domingo depois da primeira Lua Cheia que segue ao Equinócio de Março. Esse procedimento foi estabelecido por pessoas que compreendiam perfeitamente o esoterismo da estação pascal.
A Páscoa real ocorre no Equinócio de Março, quando o Sol passa da latitude sul para a latitude norte, e Cristo se liberta do Seu trabalho. Então, esse Ser radiante penetra nos planos espirituais da Terra para trabalhar ali com as Hierarquias celestiais e com os membros da humanidade que foram transportados pela morte à mais altas esferas de atividade.
Durante essa elevada estação, as forças de Peixes (março) e Áries (abril) se fundem em uma maravilhosa combinação de Água (Peixes) e Fogo (Áries) que possui, em todos os planos da existência, a chave do Matrimônio Místico. Toda a natureza conhece o gozo dessa união. Sua magia proporciona um brilho adicional às flores, uma nota exuberante ao canto dos pássaros e a promessa dos frutos mais abundantes. Esses poderosos impulsos de fogo estão sob a supervisão das Hierarquias de Áries e de Leão. Esses impulsos, no entanto, de muitíssima potência para ser enfocados diretamente na Terra, se encomendam à Hierarquia de Sagitário, que os distribui entre a humanidade. As grandes Águas da Vida dessa união mística estão sob a orientação da Hierarquia de Câncer, os Querubins, que entregam essas forças às Hierarquias de Escorpião e Peixes, as que, por sua vez, dispersam sobre a Terra.
Era nessa época do Equinócio de Março que os antigos, que compreendiam essas verdades do mundo interno, estabeleciam rituais elaborados relativos à fusão do Fogo e da Água. Incluso, atualmente, nesse mundo moderno, onde se perdeu a chave dessas verdades internas, restaram pedaços de suas fórmulas, de modo que, parte das celebrações pascais da igreja consistem na infusão da água sagrada com o novo fogo sagrado. Na união “apropriada” dessas duas forças está onde se deve buscar a chave da transmutação. A transmutação é o grande trabalho em que Cristo e os Seres celestiais dos planos internos, junto com os mais avançados da onda de vida humana, tanto dentro como fora de seus Corpos, se ocupam, durante o intervalo que conhecemos desde meados de março e nos meses de abril, maio, junho, julho, agosto e até meados de setembro. O trabalho do Templo dos Mistérios na Terra está, também, conectado com esse segredo da Transmutação. Na próxima Nova Era trabalharemos com essa Lei da Transmutação, com o mesmo conhecimento com o que, agora, trabalhamos com as leis que governam a eletricidade.
O mago Mefistófeles atuava com essa lei quando transformou o velho erudito Fausto em um exuberante jovem na cúspide de sua juventude florescente. Foi a compreensão desse segredo mágico da transmutação que São João descreveu em sua visão do Novo Dia, quando disse que “As coisas antigas se foram”[31]. Referia-se à idade, enfermidade e morte que, mediante o poder da Transmutação, deixam de obstruir a manifestação total do espírito imortal do ser humano.
Como se disse anteriormente, o Domingo de Páscoa só se celebra corretamente depois da Lua Cheia que segue o Equinócio de Março. A Páscoa se celebra no domingo, que é o dia do Sol, e o Sol é o lar do Cristo Arcangélico. A projeção sobre a Terra dos poderosos raios espirituais do Sol, o domingo, proporciona maior impulso vibratório ao ser humano do que em qualquer outro dia da semana.
Segundo os anais das antigas Escolas de Mistérios Cristãs, suas mais elevadas revelações e suas visões de maiores êxtases foram recebidas sempre no domingo.
As Hierarquias antes referidas, que disseminam esse poderoso impulso transmutador sobre a Terra, o fazem dirigindo do Sol para baixo sobre a orientação do Espírito Solar, o Cristo. Essa força, no entanto, não é suficientemente potente para produzir seu efeito total sobre a humanidade, e por isso a Lua Cheia se converte no canal para sua disseminação final. Por causa disso, a humanidade, em seu conjunto, ignora esse grande influxo que nós conhecemos como a celebração da Maré de Páscoa, até que a Lua Cheia aconteça depois do Equinócio de Março.
A grande massa da humanidade continua respondendo, amplamente, a esse influxo como a uma tendência instintiva ou um desejo de participar de alguma reunião espiritual. Muitos dizem que vão à igreja só uma vez ao ano, e é na Páscoa. Existe, também, o impulso de vestir roupas diferentes, com a mesma natureza, se cobrir com novos tecidos e se pintar com cores para participar de algum tipo de serviço comemorativo ou desfile. Isso é, em grande parte, o conceito que o mundo moderno tem da Páscoa. Os Seres Poderosos e únicos, no entanto, são persistentes e infalíveis em Seu ministério para o Planeta Terra e, ano após ano, esse poderoso impulso espiritual eleva e espiritualiza, gradualmente, a Terra e tudo que nela vive. A humanidade comprovará um dia que, graças ao processo de transmutação que ocorre na época da Maré Pascal, será possível, não só se vestir com um novo traje, mas, como São Paulo disse, “a remover o homem velho e revestir-vos do Homem Novo”[32]. Esses são o verdadeiro e elevado significado e, também, o objetivo da estação pascal; e todo ano, uma maior quantidade de seres desinteressados aprendem a se tornar servidores mais eficientes de Cristo em Seu grande trabalho, quando canta Sua triunfante canção de Páscoa: “Eu sou a ressurreição e a vida”.
CAPÍTULO X – ETAPAS PREPARATÓRIAS, DESDE LÁZARO ATÉ O GETSEMANI
Tendo passado a Quaresma na profunda meditação sobre os próximos Mistérios da Páscoa, o candidato está já preparado para penetrar nos mesmos Divinos Mistérios, tal e qual se celebram anualmente nos planos internos, nesse tempo sagrado do ano, quando o Arcanjo Cristo retorna ao Seu lar no Sol Espiritual. Conhecer esses Mistérios é penetrar no mais profundo da mais iluminadora de todas as revelações espirituais jamais feitas aos seres humanos: o Mistério de Cristo. Algo da verdade sobre a Páscoa pode se captar mediante o estudo de seus aspectos externos; mas, só por meio de uma aproximação espiritual pode se descobrir seu significado transcendentalíssimo. Na igreja primitiva a Quaresma era o tempo de uma preparação séria e profunda, para enfrentar as provas e os testes da Semana da Paixão que, passados com êxito, conduziam ao progresso nos sempre ascendentes Graus da Iluminação.
A cristandade ortodoxa, ao haver perdido as chaves da Iniciação, acentua a Páscoa histórica; a cristandade esotérica, por sua vez, enfatiza seu aspecto Iniciático em termos de desenvolvimento espiritual individual. A ortodoxia se centra na Paixão de Cristo, enquanto que o cristão esotérico se concentra sobre os efeitos da Paixão dentro de si mesmo, reconhecendo que ele também é um Cristo em formação. Daí a afirmação de Orígenes[33], o Mestre alexandrino dos Mistérios Cristãos durante a terceira centúria, de que os “sucessos da Palestina resultam inúteis para nós, a não ser que acontecem em nosso interior”. E, nesse mesmo sentido, as palavras do santo medieval Angelus Silesius[34]:
“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,
Se não nasce dentro de ti, tua alma segue extraviada.
Olharás em vão a cruz do Gólgota,
Enquanto ela não se erguer dentro de ti mesmo.”
Do mesmo modo que os Antigos, os Grandes Mistérios, inaugurados por Cristo, se dividem em três etapas ou Graus principais.
O Primeiro é o Rito da Purificação, que se relaciona com a limpeza da natureza inferior da vida sensível. Conduz ao que, normalmente, se chama de “viver a vida”. Cada etapa do Caminho leva consigo uma compensação espiritual. A desse Primeiro Grau consiste na faculdade de servir como Auxiliar Invisível Consciente. Muitos exemplos de Discípulos que alcançaram esse Grau, e seus poderosos anelos, são mencionados no livro o Ato dos Apóstolos.
O Segundo Grau é o Rito da Iluminação. Por meio dele certas correntes nos veículos internos do ser humano são colocadas em movimento, o que despertam as faculdades da clarividência e clariaudiência positivas. Tanto nos Evangelhos como nos Atos dos Apóstolos podemos encontrar muitos exemplos de tal conquista.
O Terceiro Grau é o de Mestre. Sua consecução é o Matrimônio Místico entre a personalidade e o espírito, que se torna, assim, consumado. As forças do “eu” pessoal se sublimam de tal modo que se pode alcançar sua perfeita união com o espírito interno. Os céus e a Terra, em uníssono, rendem obediência a quem alcançou tal Grau e que, na verdade, se converteu em Mestre de tudo que ele lida.
O exemplo relativo a esse Grau está disfarçado no relato das Bodas de Caná na Galileia, com o qual São João inicia seu Evangelho. Como essa boda pertence ao Terceiro Grau, diz-se que aconteceu no “terceiro dia”. A palavra “Caná” significa “sanar” ou “avançar” e a palavra “Galileia” significa “a brancura da neve”. São João começa seu Evangelho com a festa das bodas, porque informa, aos que podem discernir o seu significado interno, o ponto do Caminho que ele mesmo chegou.
Há “chaves” colocadas nos relatos bíblicos das vidas dos seguidores de Cristo e que, para os leitores Iniciados, indicam o Grau específico que já progrediram e que, além disso, serve para bosquejar o processo de desenvolvimento dos Aspirantes esotéricos que tentam tomar o Caminho da Cruz e seguir o Caminho do Discipulado Cristão.
A maior parte dos Evangelhos está dedicada ao trabalho dos homens e mulheres Discípulos de Cristo, e ao esforço que fizeram para alcançar a iluminação nos Mistérios Cristãos durante a espiritual Maré Pascal. Esses dias foram denominados a “Grande Semana”, por causa da imensa significância dos acontecimentos a eles associados, e também a “Semana Santa”, por causa da profunda santidade dos Mistérios a que se refere.
A Semana Santa começa com a Entrada Triunfal em Jerusalém e termina com a glória da Ressurreição, quando a morte é, verdadeiramente, transformada em vida. Entre esses dois acontecimentos se encontram as Estações da Cruz, que constituem a Via Dolorosa ou o Caminho da Dor. Vem depois do Domingo de Ramos e da Páscoa. Sucedem às hosanas que acompanham a Entrada, e precedem à Ressurreição, onde a consciência de Cristo, que estava despertando no Domingo de Ramos, se eleva à onda de glória da vida iluminada e ressurreta da alvorada da Páscoa. O ideal, antes vislumbrando, se torna realidade.
O excelso trabalho da Iniciação desenvolvido durante a Semana da Paixão é inaugurado no sábado anterior à Entrada Triunfal com a Iniciação de Lázaro. Devido à trajetória ascendente da evolução humana as antigas fases da Iniciação, assim como certos aspectos da religião de Jeová, estavam morrendo. Cristo veio para “tornar novas todas as coisas”. As forças que liberou com a Sua vinda eram necessárias para salvar a humanidade de se extraviar em um materialismo que estava destinado a se tornar mais e mais denso durante os séculos vindouros. Contudo, em um processo ordenado de crescimento, o novo cresce e incorpora os valores conquistados pelo antigo. Por isso, os processos prevalecentes no ritual antigo e os que começaram a ser instaurados se combinaram no Rito iniciador de Lázaro, resultando essa mescla no nascimento dos Novos Mistérios Cristãos. Esse acontecimento, portanto, assinala o começo dos Mistérios da Semana Santa ou os profundos ensinamentos espirituais sobre os quais foi fundada a Igreja Cristã inicial.
O grande poder que a Igreja Cristã inicial obteve, o poder de curar definitivamente e de fazer milagres, derivava do conhecimento dos Mistérios. Logo, quando os interesses mundanos foram invadindo a igreja e o pensamento materialista obscureceu sua consciência, se perdeu o contato com a fonte original do poder, e caiu em uma impotência relativa, situação que vai sendo prolongada durante séculos e que continua nos dias de hoje. Até que a igreja não torne suas, novamente, as verdades da Iniciação, não recuperará o poder suficiente para conduzir à humanidade para a regeneração necessária, o qual a qualificará para estabelecer uma ordem cristã sobre a Terra. No entanto, sempre houve alguns, tanto dentro como fora da igreja, que conservaram a luz interior e preservaram a Sabedoria dos Ensinamentos Iniciáticos para a humanidade. São os que conhecemos como santos ilustres, cujas vidas e atos escreveram gloriosas páginas da história, ao longo dos tempos.
O trabalho do Primeiro Grau, dos três que se compõe os Mistérios Cristãos, constitui a Purificação. Afeta, primordialmente, o Corpo de Desejos. O trabalho do Segundo Grau constitui a Iluminação e afeta, especialmente, o Corpo Vital. O Rito do Terceiro Grau, denominado o do “Mestre”, unifica as forças do Corpo de Desejos e do Vital, de tal modo, que o espírito iluminado pode estabelecer contato com o Mundo interno e entrar em contato, consciente, com os seres que pertencem aos reinos supra-humanos e infra-humanos.
No Rito da Purificação é ensinado ao neófito como viver a vida casta e inofensiva. Se o Aspirante permanece fiel aos princípios estabelecidos para esse Grau, experimenta, em seu momento, um despertar de certos centros latentes do Corpo de Desejos. Obtendo isso, adquire conhecimentos, de primeira mão, relacionados aos planos situados mais além do alcance dos sentidos físicos.
A etapa seguinte do desenvolvimento esotérico, a do Segundo Grau ou Rito da Iluminação, consiste em conseguir que os recém-despertados centros do Corpo de Desejos impressionem ou sensibilizem os centros correspondentes do Corpo Vital. Com tal fim, o Aspirante há de praticar certos exercícios de concentração e meditação até que a clarividência e a clariaudiência se desenvolvam.
Esses resultados eram obtidos nas Iniciações pré-cristãs de maneira bem distintas. Nos antigos Ritos do Egito e da Babilônia, por exemplo, derivados originalmente dos Ritos Atlantes, o (espírito) do candidato à Iniciação era extraído de seu Corpo físico pelo Mestre Supervisor, junto com seus Corpos de Desejos e Vital e, nos planos internos, os centros ativos do Corpo de Desejos ativavam os do Corpo Vital durante o período de três dias e meio. Era, assim, necessária uma situação anormal, dirigida pela Mestre Iniciado, para conseguir o fim proposto.
Com a vinda do Cristo essa situação foi alterada e se tornou possível para o ser humano obter o mesmo desenvolvimento, mas no estado de vigília e sem a necessidade de estados anormais, nem de supervisões elevadas. Depois de despertar do estado de transe o neófito era considerado, nas Iniciações pré-cristãs, como alguém que tinha ressuscitado dos mortos. Verdadeiramente, era um “recém-nascido”, posto que adquiriu faculdades supranormais e poderes que antes precisava.
O pensamento materialista e sensual tende a entrelaçar de tal modo os Corpos de Desejos e Vital que torna a Iniciação extremamente difícil, se não impossível. Tal era o estado da humanidade, em geral, no momento da vinda de Cristo Jesus. Seu trabalho consistiu em liberar o ser humano dessa barreira que lhe privava do desenvolvimento espiritual. O início de tal conquista se obtém mediante a concentração e meditação, aos quais se somem os exercícios vespertino da Retrospecção; os três tomavam parte dos ensinamentos da Igreja primitiva. Durante a concentração, o polo masculino do espírito ou a vontade é predominantemente ativo; durante a meditação o fator dominante é o polo feminino ou imaginação. Mediante esses exercícios os centros do Corpo de Desejos podem se imprimir no Corpo Vital sem dissociar esse do Corpo físico. Atualmente, devido ao materialismo prevalecente, a dificuldade em extrair ambos os veículos, como se fazia no modo pré-cristão, é tão grande que poderia chegar a ser catastrófico. Seu resultado, como muita frequência, seria a loucura ou até a morte.
Para receber a nova forma da Iniciação Cristã foi eleito o mais avançado entre os seguidores de Cristo. Foi o Discípulo amado do Mestre, cujo nome de Iniciação foi Lázaro. Lázaro significa “aquele a quem Deus ajuda”. Foi seu elevado estado de desenvolvimento o que lhe capacitou para responder a chamada: “Lázaro, vem para fora!”; e, logo, a grande recomendação de seu Mestre: Desatai-o e deixai-o ir embora”[35].
Foi o emparelhamento produzido entre o velho e o novo com a ressurreição de Lázaro, que resultando em tão grande regozijo entre o povo que fez Cristo Jesus, no Domingo de Ramos, começar a sua entrada triunfal em Jerusalém, no dia seguinte do acontecimento Iniciático.
Cada acontecimento da vida de Cristo Jesus, durante a Semana da Paixão, representa alguma fase da Iniciação nos Mistérios Cristãos. A Entrada Triunfal representa as alegrias, assim como o Calvário simboliza os sofrimentos. Para as massas que presenciavam a procissão do Domingo de Ramos, esta não era senão a atribuição das honras ao grande Mestre que, durante os últimos três anos, realizou tais milagres entre eles, que havia feito os cegos enxergarem, os paralíticos andarem e curar definitivamente os doentes. Contudo, para os Cristãos esotéricos seu significado era mais profundo. Para eles era a manifestação externa da santa alegria que experimentará toda a humanidade quando alcance a consciência crística, tornada possível graças ao recentemente instaurado novo procedimento de Iniciação nos Mistérios Cristãos.
As hosanas da multidão que bordeavam o caminho, ao longo do qual o Mestre passou durante Sua Entrada Triunfal, não eram senão o eco dos coros angélicos que saudaram o nascimento de Jesus. Então cantavam: “Paz na Terra e Boa Vontade para os Homens”; no dia de Sua entrada em Jerusalém para os acontecimentos finais de Seu ministério terreno, cantavam: “Bendito seja o Rei que veio em nome do Senhor; paz nos céus e glória nas alturas”. Portanto, anunciavam o amanhecer da Nova Dispensação, sob a qual, cada ser humano está destinado a se converter em rei de seu próprio reino espiritual e a caminhar no nome do Senhor ou na Lei do Amor, da Luz e da Verdade.
A cena da Entrada Triunfal foi Jerusalém, a cidade da Paz, que representa o coração ou o centro do amor no Corpo, o primeiro aonde começa a viver o Espírito de Cristo. O jumento, sobre o qual Cristo cavalgava, simboliza a Sabedoria Antiga. E as palmas espalhadas sobre o caminho representam as consecuções vitoriosas. Portanto, Cristo encenou, por meio da Sua Entrada Triunfal, algo que apontava à glória da Nova Era, quando as verdades dos Mistérios Cristãos se converterão na religião universal da humanidade.
O mestre enviou a dois dos seus Discípulos, Pedro e João, para preparar a Sua entrada, lhes dizendo que “fossem ao povo antes deles”, onde encontrariam um jumentinho; que o trouxesse e, sobre ele, Cristo cavalgaria para Jerusalém.
O “povo à frente” é o Caminho, que sempre se estende ante o Aspirante; e o jumentinho, símbolo da sabedoria, que nunca tinha sido montado, é o recém-liberado impulso espiritual, que deu nascimento aos Mistérios Cristãos. O fato de que esses Discípulos sabiam o caminho do povo e como trazer o jumentinho significa que eles já tinham sido iniciados no Caminho Cristão da Iluminação Espiritual.
O Mestre passou todas as noites da Semana Santa, no lar amado de Seu seguidor mais avançado espiritualmente, Lázaro, e suas duas irmãs, Marta e Maria. Ele dedicou a segunda-feira santa para instruir a esses Discípulos nas fases mais profundas do trabalho Iniciático.
É interessante notar que desses três Discípulos duas eram mulheres. E isso é mais notável ainda se se considera o status inferior à que as mulheres eram relegadas naqueles tempos, especialmente nos países do Oriente. Contudo, vindo, como veio, a elevar a humanidade toda, quis deixar bem claro que as duas polaridades, a masculina e a feminina, chegarão a se equilibrar. Ele mesmo estendeu Sua consideração às mulheres e ao elevado lugar que, justamente, deviam ocupar, reconhecendo antecipadamente a posição que assumirão no mundo na Nova Era Aquariana, de igualdade e companheirismo entre os sexos, e que se tornará uma realidade totalmente manifesta.
As duas discípulas femininas representam os dois caminhos: Marta, a mentalidade e o caminho do trabalho. Marta estava sempre ocupada “em muitas coisas”; Maria tipifica o caminho do coração, a trilha da devoção. Renunciava a tudo para se sentar aos pés do Mestre. Das duas, o Mestre observou que essa última tinha feito a melhor eleição.
Como já dissemos, os centros sensibilizados do Corpo de Desejos imprimem sua impressão sobre os pontos correspondentes do Corpo Vital, de acordo com os determinados processos que ocorrem ao longo do desenvolvimento espiritual. Um Corpo preparado de tal modo adquire uma luminosidade que é o mais precioso presente para Cristo, posto que significa uma vida de dedicação e, portanto, qualificada para servir, no plano externo e no interno, como Auxiliar Visível e Invisível. Aí se pode encontrar o verdadeiro significado da quebra do jarro de alabastro por Maria aos pés do Mestre, ungindo-os com azeite perfumado. Na simbologia cristã primitiva um jarro representava a alma. A afirmação de que o perfume do jarro encheu toda a casa significa que seu perfumado Corpo-Alma vestia a luminosa brancura do jarro de alabastro que Maria dedicou ao serviço do Senhor.
A segunda-feira da Semana da Paixão, como foi dito, o Senhor passou em Betânia com Lázaro, Marta e Maria. Os profundos ensinamentos fornecidos às duas irmãs, durante esse tempo, estão formosamente descritos na alegoria da cena que se Lhe ofereceu na casa de Lázaro, e a que se refere o capítulo 12 do Evangelho Segundo São João. Os processos Iniciáticos estão frequentemente velados com as ceias ou banquetes, posto que alcançar tal exaltação de consciência é, verdadeiramente, um banquete para a alma, além de toda a compreensão.
Ainda que Marta, a neófita, estava preparada para sua promoção espiritual por seu serviço, o texto leva a entender claramente que ainda não a estava para participar na alimentação Iniciática. Lázaro, o “recém-nascido”, se sentou à mesa com o Mestre e participou com Ele, livremente, do pão dos céus e das águas da vida eterna.
Maria estava no mesmo limiar do Templo da Luz, como indica sua cerimônia de dedicação, consistente em ungir os pés do Mestre durante a ceia.
Na terça-feira, o Mestre começou a fornecer aos outros homens e mulheres lições mais avançadas, condizentes ao glorioso Rito da Ressurreição. O Livro dos Provérbios foi o texto empregado nessa ocasião, uma vez que seus poderes são fórmulas místicas e ritualísticas que, recitadas ou cantadas repetidamente, são tais, que podem estimular e elevar certas correntes do Corpo Vital, que são ativados no processo Iniciático.
Na quarta-feira, Judas sucumbiu à tentação dos sumos sacerdotes, que tipificam a razão ou Mente mortal humana, não iluminada pelo poder do espírito. As trinta moedas de prata se referem, numericamente, à tríade (3+0) composta pelo Corpo Denso, o Corpo de Desejos e a Mente inferior concreta. Quando esses Corpos e Veículos – ou princípios – atuam no nível inferior, como sucedeu com Judas ao executar a grande traição, se destroem sempre a si mesmos, como ocorreu com ele, ao se suicidar. Esse fracasso de Judas indica que não havia conseguido passar pelo Primeiro Grau ou Rito da Purificação.
A Quinta-feira Santa
Para preparar o Rito da Eucaristia, que ocorreu na Quinta-feira Santa, Cristo orientou a dois de Seus Discípulos para ir à cidade, onde encontrariam a um homem com um cântaro de água. Deviam segui-lo até uma casa onde deveria se preparar uma grande “habitação superior” para a chegada do Mestre e Seus Discípulos. Iriam celebrar juntos, ali, a ceia da Páscoa.
Essas instruções são, realmente, um anagrama crítico pertencente ao desenvolvimento esotérico do Aspirante. O homem que leva um cântaro de água faz referência a Aquário, o Signo Portador de Água, regente da Nova Era, na qual o espírito da verdadeira iluminação será derramado de novo sobre a carne, e cuja preparação ocorreria nesse momento. A “habitação superior” é a cabeça, a qual, quando está “mobiliada e pronta”, graças ao despertar dos centros espirituais de seu interior, proporciona a visão dos Mundos internos e superiores. Com a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário despertos e ativos, se levanta o véu do Sanctum Sanctorum e o ser humano se encontra na presença de seu próprio Eu Superior, como criado a imagem e semelhança de Deus e capaz de manifestar os poderes do ser humano Crístico.
À luz dessa leitura simbólica podemos deduzir qual era o estado espiritual de São Pedro e São João, os dois Discípulos enviados à frente, pelo Mestre. Ambos estavam aptos a entrar na “sala superior”. O privilégio de preparar o caminho para qualquer um que, em qualquer tempo futuro, desejasse seguir seus passos era deles dois.
O Lava-pés
Quiçá a humildade, a vontade e a disposição para servir a todos e a cada um seja a mais importante lição que há de aprender o candidato à Iniciação. Até que essa lição não seja dominada, o ser humano não se encontra suficientemente qualificado para governar e lidar, com segurança, com os poderes que a Iniciação lhe confere. Há uma lei fundamental da evolução que estabelece que os mais avançados só podem continuar a progredir se se detém para servir os mais atrasados e para lhes ajudar a alcançar níveis superiores. Autossacrifício está no coração de toda a verdadeira realização. E foi por obediência a essa lei cósmica a razão pela qual o Lava-pés precedeu o mais excelso dos ensinamentos que o Mestre forneceu ao círculo de Seus mais próximos Discípulos ao longo de todo Seu ministério terreno. “Se eu não te lavar – respondeu Ele quando São Pedro repreendeu o Mestre dizendo que Ele não devia se humilhar assim – não terás parte comigo”[36]. A humildade e o esquecer-se de si mesmo são as palavras de passe para uma realização mais elevada. É aquele que se anula o que alcança tudo.
Cristo conhecia o destino elevado que aguardava São Pedro, quando seu orgulho e sua impetuosidade fossem substituídos pela serena humildade. Consequentemente, São Pedro se converteu na figura central da cena do lavatório com a qual se dá, a todos os Discípulos de todos os tempos, a suprema lição, objetiva, da humildade, como requisito prévio para a realização espiritual.
Devido ao velho costume de lavar os pés dos pobres nesse dia, no cumprimento do “novo mandamento”, a igreja o denominou a Quinta-feira do Mandato, termo derivado do latim “mandatum”, que significa “mandamento”.
A Última Ceia
“Se tu te elevas a Cristo para celebrar a Páscoa com Ele, Ele te dará o pão da benção, Seu próprio corpo; e te entregará Seu próprio sangue”, escreveu Orígenes, o místico cristão primitivo.
A Última Ceia ou o Rito da Eucaristia tem sido parte de todos os ensinamentos Iniciáticos que foram dados aos seres humanos em todos os tempos. No Egito, os místicos pão e vinho significavam as bênçãos do deus Sol, Ra[37]. Na Pérsia, a Eucaristia formava parte dos Mistérios de Mitra[38]. Na Grécia, o pão estava consagrado a Perséfone[39] e o vinho a Adônis[40]. Também se refere a esse rito um velho fragmento do índio Rig-Veda[41]: “ temos bebido soma – disse – nos tornamos imortais; temos entrado na luz; temos conhecido aos deuses”.
Cada época, cada povo ou cada religião recebeu esse sacro ritual do pão e do vinho, e sempre observou como o cerimonial proporcionou os mais elevados ensinamentos que, nesse momento, podiam ser transmitidos. A cada era e a cada religião posteriores, ao se ampliar a revelação divina, o ritual eucarístico foi adquirindo significados mais profundos, alcançando seu mais profundo significado espiritual quando Cristo, o Supremo Mestre do Mundo, celebrou o Rito com Seus Discípulos na Sala Superior, à meia-noite da Quinta-feira Santa, imediatamente antes da Sexta-feira Santo ou o Dia da Paixão. Então, Cristo ensinou a Seus Discípulos como manifestar os poderes do Grau de Mestre.
Na célebre carta de Plínio a Trajano, escrita em 112 D.C., se diz que, em determinados dias, os cristãos primitivos celebravam duas reuniões: uma, antes do amanhecer, na qual cantavam os hinos a Cristo e se comprometiam, mediante um “sacramento”, a não cometer nenhum crime; e outra, ao anoitecer, na qual ocorria o Ágape ou o Banquete do Amor.
O suco da videira (o vinho místico) simboliza o Corpo de Desejos, limpo e transformado, do Discípulo. O pão representa o puro e luminoso Corpo Vital. Mediante a combinação das duas forças espirituais desses dois veículos, devidamente separados, podem se manifestar os poderes correspondentes ao Mestre. Cada um dos santos homens e mulheres que participaram na Última Ceia com Cristo, purificaram seus Corpos de Desejos e Vital, de tal modo que foram capazes de receber e transmitir os poderes crísticos para a cura e a iluminação espiritual de todos aos que lhe foi dado servir.
Vivendo uma vida pura e inofensiva durante um período, cuja duração varia segundo o desenvolvimento anterior existente, a conservação da força criadora da vida produz uma força vital de ordem superior que irradia do Corpo e que pode ser dirigida e utilizada à vontade nos serviços para com os outros. Essa emanação etérica, na noite da Última Ceia, alcançou nos Discípulos um grau de luminosidade que nunca antes havia sido alcançado. Cada um deles entregou essa emanação anímica a Cristo no momento da Última Ceia. Dirigindo essa força para Si mesmo e a incrementando com Seus próprios poderes divinos, Cristo apareceu ante eles em toda a glória do Corpo de Sua Transfiguração. Então, derramou essa poderosa corrente de energia sobre o pão e o vinho, magnetizando-os com a magia da alquimia espiritual, até que ambos brilharam com o esplendor de joias indescritíveis.
Nas celebrações posteriores da Eucaristia pelos cristãos primitivos, os poderes divinos desenvolvidos pelo cerimonial magnetizavam o pão e o vinho, de tal modo e até um grau determinado que as substâncias assim santificadas eram empregadas, frequentemente, para curar aos enfermos. Por isso a Eucaristia era denominada, propriamente, “a medicina da imortalidade”.
A Ceia daquela primeira noite de Quinta-feira Santa foi concluída com o Pai-Nosso, uma oração de imenso poder, se for empregada corretamente, e com o “beijo da paz”. Com ela se expressavam a unidade e a harmonia que conseguiram alcançar e a reserva em comum do poder espiritual que geraram, com o objetivo de derramar o impulso de Cristo pelo mundo, para o seu consolo e sua redenção. Alcançaram a verdadeira fraternidade, que é o primeiro requisito para o êxito efetivo do grupo. Aqui se encontra a resposta à pergunta, tantas vezes formulada: “Judas esteve presente na Última Ceia”?
Santo Ambrósio, o bispo de Milão no quarto século, escreve que no ritual praticado pelos primeiros cristãos, o pão era partido e agrupado formando uma figura humana, representando, assim, o Corpo de Cristo feito em pedaços por causa do mundo, com o objetivo de que a humanidade caída pudesse ser salva.
As Iniciações Menores são em número de nove e se correlacionam com os Nove Mistérios da vida de Cristo Jesus, que são:
O Corpo humano é o templo do Espírito interno e cada etapa da expansão da consciência produz o correspondente desenvolvimento no Corpo físico. Desde o ponto de vista da anatomia oculta, o pão consagrado representa a nova força vital que foi produzido no Corpo, como consequência da conservação e transmutação da sagrada força criadora.
O Cálice do Santo Graal representa o novo órgão etérico que já começou a se formar nos Corpos dos pioneiros da Nova Era. Esse órgão tem seu centro de poder na laringe, a qual se converterá no instrumento para pronunciar a Divina Palavra Criadora. Esse poder se adquirirá quando a força vital criadora, centrada agora na base da espinha dorsal, for elevada até o ponto mais alto, na cabeça, e o processo físico criador for sublimado em sua contraparte espiritual.
O “cálice da flor” ou o novo órgão espiritual que está se formando na garganta, formará um elo que conectará diretamente a cabeça e o coração, promovendo como resultado a capacidade do ser humano de pensar com o coração e amar com a cabeça. Esse novo órgão permitirá recuperar a memória das vidas passadas. Essa recuperação não será, então, mais difícil do que agora quando recordamos acontecimentos sucedidos alguns anos atrás nessa vida. Cristo se referia a esse desenvolvimento quando disse: “já não beberei do fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo do Reino de Deus.”[42]
O significado oculto do Santo Graal permanece o mesmo através dos séculos, como bem indica a seguinte citação de Apuleio, filósofo romano do segundo século. Descrevendo essa taça como símbolo do órgão no desenvolvimento na garganta, disse que, na procissão dos Mistérios, “alguém transportava um objeto que alegrava o coração, um invento requintado, sem comparação com nenhuma criatura vivente, ser humano, pássaro ou animal qualquer; um maravilhosamente inefável símbolo dos Mistérios, para que fosse contemplado no profundo silêncio. Tinha a forma de uma pequena urna ou taça de ouro polido; seu caule se prolongava lateralmente, projetando como um riacho comprido; ao seu redor uma serpente de ouro enrolada, dobrando seu corpo em curvas e se erguendo.”.
A haste ou o caule desse órgão, na forma de taça, está formado pela essência do fogo kundalini[43] da espinha dorsal, quando se eleva, como uma serpente, para a garganta e para a cabeça, e se converte no cálice de uma luminosa flor. A serpente é um símbolo universal da sabedoria oculta. Por isso o Iniciado era chamado de “serpente” nos mistérios egípcios. Na Escola Cristã o Iniciado é denominado de “Filho do Homem” e, quando os Mistérios que ela ensina florescerem completamente, entraremos no Signo de Aquário ou Era do Filho do Homem.
No exaltado estado de consciência alcançado durante o cerimonial da Ceia, os Discípulos puderam ver os “registros cósmicos” e contemplar ali os acontecimentos que ocorreriam nos anos que lhe restavam de vida. Então, tiveram a possibilidade de aceitar ou não, livremente, esses acontecimentos. O fato de escolherem aceitá-los, difíceis como eram para suportar, evidencia o elevado estado que alcançaram, já que, em todos os casos, o previsto conduzia à diversas perseguições e, frequentemente, ao martírio. Contudo, renunciaram ao “eu” pessoal; saíram como almas Crísticas, tão fortificados que não importava o que lhe pudesse suceder com o Corpo físico; a alma seguia adiante, segura e serena, para o triunfo certo.
O Rito da Agonia no Jardim
Da Sala Superior, o Mestre se encaminhou, diretamente, a Getsemani. A agonia que ali experimentou marca outra etapa em Seu Caminho ascendente, tal e como ocorre na vida de cada Aspirante, quando vive uma experiência idêntica, em sua viagem ao longo do Caminho que conduz à iluminação.
A Agonia de Getsemani pode se denominar, também, o Rito da Transmutação. Ele traz a elevação de consciência adquirida na Sala Superior e a aquisição do poder que leva consigo, para a seguinte etapa ascendente no Caminho que requer que essa luz adicional e essa força sejam aplicadas na transmutação do mal e das trevas existentes, tanto no nosso interior como no mundo, no bem e na luz. No caso de Cristo Jesus, a agonia que experimentou foi o resultado de abrir Seu puro e perfeito Corpo ao influxo das correntes do mal, de todas as categorias, que Ele atraiu, procedentes do Mundo exterior. E recebeu essas forças em Seu interior com o objetivo de elaborá-las alquimicamente e irradiá-las, novamente, ao Mundo, transmutadas em forças de retidão. Tal é sempre o trabalho dos redentores dos seres humanos, sejam da natureza do Salvador do Mundo, sejam de categoria inferior, mas que dedicam suas vidas ao amante e desinteressado serviço aos outros.
O Mestre confiou que seus três Discípulos mais avançados – Pedro, Tiago e João – lhe ajudassem em Seu Rito de Transmutação. Entretanto, dado que ainda não eram suficientemente puros e altruístas, “dormiram”, ou seja, permaneceram interiormente estranhos ao trabalho que estava acontecendo no Jardim da Dor.
O Getsemani se localizava no Monte das Oliveiras porque, como já foi dito, era o lugar, de toda a Terra, carregado da mais elevada espiritualidade. Era o ponto mais indicado para que a agonia redentora pudesse ser suportada e consumada. O fato da Terra possuir áreas onde as forças espirituais estão fortemente focadas e serem mais elevadamente carregadas, corresponde ao nosso corpo humano que, também, possui centros localizados de percepção, tanto espirituais como físicos.
O que Cristo realizou no divinamente influenciado Jardim do Getsemani, sob as vibrações dos Anjos e dos Arcanjos, é de uma imensa importância para toda a humanidade: marca o momento em que a evolução planetária, em seu conjunto, recebeu um novo e poderoso impulso, destinado a conduzi-la a outra etapa em seu sempre ascendente caminhar.
São Pedro experimentou esse Rito de Agonia depois da sua tripla negação, quando, cheio de contrição, regressou ao Jardim e enfrentou seu próprio Getsemani. Ali, naquele lugar altamente carregado e em comunhão com hostes invisíveis, São Pedro, por meio do arrependimento e da purificação do coração, elevou sua consciência tão alto que o permitiu estar logo preparado e recebeu auxílio para a elevada Iniciação que lhe esperava no intervalo entre a Ressurreição e a Ascensão.
São João, o amado, e Maria, a Virgem Santa, fizeram frequentes peregrinações ao Monte das Oliveiras, vibrante de poder espiritual, quando o Mestre já não caminhava aos seus lados em Corpo físico. Ali, as portas do céu se abriam e os Anjos e Arcanjos desciam para se comunicar com os seres humanos. As lendas místicas da igreja primitiva contêm muitas referências de reuniões celebradas por Maria, com os Discípulos, no Jardim das Oliveiras, reuniões relacionadas, sempre, com algum aspecto do trabalho de Transmutação.
A oliveira possui raras propriedades ocultas e é uma das árvores frutíferas mais altamente sensibilizadas. Cresce somente em áreas especialmente favorecidas. Se encontra entre as pioneiras do Reino Vegetal e, ao longo do tempo, se tornou associada à cura e regeneração, qualidades essas inseparavelmente unidas ao processo de Transmutação. Por isso há outras lendas que asseguram que tanto a cruz como a coroa de espinhos, símbolos da consecução que segue ao processo de Transmutação, foram feitas de madeira da oliveira.
CAPÍTULO XI – A MAGIA DA SEXTA-FEIRA SANTA
Os quatro Evangelhos são fórmulas de Iniciação. São Mateus, São Marcos e São Lucas começam com o Natal ou o Sagrado Nascimento porque são as fórmulas dos Mistérios Menores. O Evangelho de São João começa com o Rito do Matrimônio, porque é uma fórmula dos Mistérios Maiores ou Cristãos e o mais profundo Tratado de Iniciação nunca antes dado aos seres humanos. O Evangelho não deveria ser considerado simplesmente como um livro de texto, válida como é essa apreciação, mas como uma força espiritual. Aos Estudantes esotéricos das Escolas de Mistérios ocidentais se lhes ensina a meditar, diariamente, sobre partes desse Evangelho.
Durante o Equinócio de Setembro, a natureza toda se encontra sob a influência da mística união dos princípios da Água e do Fogo. Os frutos dessa união são: a beleza, a harmonia e a perfeição. Nesse tempo, a natureza manifesta essa beleza porque a união se consumou pela obra das grandes Hierarquias Estelares. O ser humano há de encontrar, também, nesse sagrado Rito a chave dos Grandes Mistérios ou Mistérios Cristãos, mas há de aprender a realizar esse Grande Trabalho sozinho. Cristo se referia a esse Rito de Matrimônio Místico quando disse ao Mestre Nicodemos, que já estava familiarizado com o trabalho dos Mistérios Menores, que devei nascer da Água e do Fogo antes de que pudesse entrar no Reino dos Céus, ou seja, nos Mistérios Cristãos ou Maiores.
Cada um dos acontecimentos da vida do Senhor Cristo, dados nos Evangelhos, representa uma determinada etapa ao longo do Caminho da Iniciação. O formoso cerimonial da Sexta-feira Santa expressa a consumação da consecução cristã. O mundo cristão ortodoxo observa esse dia como um tempo de vigília dolorosa. O místico cristão, por sua vez, experimenta, nesse dia, uma estranha alegria espiritual. Ele vê a Crucifixão como um meio para um grande final maior, e a Agonia do Calvário se perde de vista ante a contemplação do supremo gozo que a segue. Compreende que a Crucifixão do Corpo há de preceder, sempre, a liberação do espírito. Um Mestre disse uma vez aos seus Discípulos: “Só em momentos de intensa angústia encontrarás tuas armas, e a teus irmãos na Grande Causa”.
O músico iniciado Richard Wagner[44], que compreendeu muitos aspectos do esoterismo cristão, teve grandes vislumbres do profundo significado desse maravilhoso dia em seu sublime drama Parsifal[45]. Essa obra transcendental deve ser considerada como um tratado sobre a magia da Sexta-feira Santa. Muita da formosura e muito do mistério desse dia, Richard Wagner os incorporou às passagens musicais da influência da Sexta-feira Santa que compôs para o último ato de seu sublime drama musical.
Cada Aspirante que pretende trilhar o Caminho é um Parsifal em um determinado estágio de evolução. Também ele, como Parsifal, conhecerá o caminho da cruz e, se for paciente e persistente em fazer o bem, também como Parsifal, conhecerá as revelações sobrenaturais anímicas que constituem a magia espiritual da Sexta-feira Santa.
A cena do regresso de Parsifal, uma brilhante manhã de primavera, constitui uma das belezas da natureza. É Sexta-feira Santa e uma benção de paz impregna toda a paisagem.
Existe uma estranha contradição entre o êxtase da natureza na primavera e o cerimonial da quaresma, observado nessa estação pela igreja ortodoxa. Os lugares de culto se cobrem sombriamente de preto ou de roxo, enquanto os penitentes se ajoelham, cheios de lágrimas de contrição, meditando sobre a Paixão de Cristo. A natureza, pelo contrário, veste suas melhores galas e, por todas as partes se escutam cantos de alegria e regozijo. Parsifal descreve o primeiro como “o dia da mais obscura agonia divina” e o segundo, dizendo “Quão formosos estão os prados essa manhã! Expressam o infinito amor de Deus!”.
Quando o ser humano caiu[46], isto é, quando perdeu seu ajuste perfeito com a sua consciência espiritual, perdeu também o equilíbrio dos dois polos de seu espírito interno, o masculino e o feminino, ou seja, o equilíbrio entre o Coração e a Cabeça. Essa falta de equilíbrio trouxe consigo a dor, a pobreza, a enfermidade e a morte ao Mundo. A cruz na qual Cristo Se permitiu ser crucificado é o grande símbolo cósmico dessa grande perda de igualdade entre as duas polaridades da natureza, humanamente representadas pelo homem e pela mulher. A cruz se encontra em todos os países, e é utilizada por todos os povos, porque toda a humanidade experimentou essa falta de equilíbrio durante os primeiros dias de sua viagem evolutiva.
Pendendo da cruz, o qual, de acordo com a tradição esotérica cristã, foi por sua vez, literal e simbólico, um fato histórico e uma dramatização espiritual, Cristo abriu o caminho para a Iniciação, por meio da qual toda a humanidade pode recuperar sua plenitude interior e por meio dessa plenitude ou integração, redescobrir o estado edênico, de inesgotável bem-estar e de vida imortal.
A natureza já manifesta o “ilimitado amor de Deus” como polaridade. Todo ano, o Sol ao cruzar, no Equinócio de Março, do sul para o norte (crucifixão), as latitudes setentrionais inauguram sua estação da ressurreição, e a natureza toda mostra o gozo e a formosura de uma união alquímica perfeita de forças vitais. Parsifal se refere a esse, o Grande Mistério da Páscoa, quando batiza a arrependida Kundry[47] com as palavras: “Regozija-te com toda a natureza harmoniosamente redimida”.
Kundry é o divino feminino, que caiu por causa da instabilidade emocional, tal como se representa no madeiro horizontal da cruz. Logo, acompanhada pelo triunfante Parsifal, penetra no Templo, entre o alegre toque dos sinos. Juntos, passam através das colunas, que substituíram a cruz, e que simbolizam a Iniciação por meio da polaridade. Essas duas colunas substituirão a cruz, como símbolo universal da religião, na Era de Aquário, que agora amanhece.
Parsifal disse da natureza, sobre a influência da Sexta-feira Santa:
Em verdade, encontrei flores maravilhosas
que pretendiam enroscar suas gavinhas em torno do meu colo;
e, nunca antes pareceram tão frescas
a erva, a folhagem nem as flores;
nem pareceu tão doce sua fragrância
nem me falou tão atrativamente
Essa é a magia da Sexta-feira Santa, meu senhor – disse Gurnemanz.
– Como pode ser isso assim? – Pergunta Parsifal – em vez de alegria e flores, a natureza deveria mostrar prantos e sentir dor nesse dia de agonia.
Gurnemanz explica que a grande glória da Maré da Páscoa se deve às lágrimas dos pecadores, que choram de contrição, caindo sobre a Terra como um orvalho sagrado, para se converter em flores.
– Por isso floresce. Todos os seres viventes se regozijam, escutam a voz do Salvador, e O adoram.
– Os bosques e campos – continua – não podem olhar para o Cristo na cruz, mas podem olhar para o ser humano arrependido. No desenvolvimento das flores pode se encontrar a contraparte, na natureza, do processo de transmutação que ocorre na vida de cada indivíduo.
Gurnemanz continua expondo o mistério íntimo dessa sagrada estação:
Cada folha de erva, cada pequeno ramo e cada pequena flor,
sabe que esse dia não pode acontecer nenhum dano,
senão que, assim como Deus, cheio de misericórdia,
Se lembrou do ser humano e por ele morreu,
o ser humano, nesse dia, será menos ousado
e andará com cuidado.
Agradecidas se animam todas as coisas
que vivem um momento e desaparecem
e, absolvidas de tudo, esperam
e bendizem esse Dia de Inocência.
No requintado encanto anímico que Wagner teceu com sua música de Sexta-feira Santa, fundiu toda a tristeza e a dor do religioso exotérico, com o êxtase manifestado pela natureza na primavera. É música que tipifica a culminação do grande processo de transmutação, por meio da qual a personalidade (Kundry) se eleva até a identificação com o espírito (Parsifal). É a fusão alquímica que eleva o Aspirante até o Terceiro Grau, ou o Grau do Mestre descrito na ópera na coroação de Parsifal. Essa coroação é acompanhada pela música etérea da Terra, que combina os motivos eucarísticos e os do Graal.
A descida da Pomba na Sexta-feira Santa, para encher e abençoar o Graal, com o objetivo de nutrir e sustentar os cavaleiros durante mais um ano, se refere aos acontecimentos que pertencem ao Grau do Mestre, e que ocorreu nesse dia nos Templos de Mistérios dos planos internos. Segundo a lenda antiga, é esse o dia santíssimo naquele em que a natureza exterioriza o maravilhoso atributo de suas flores. Também o reino animal responde ao acelerado ritmo vital do Planeta, se aproximando uns aos outros e todos ao ser humano. Tudo na natureza, pois, contribui para a santificação da Sexta-feira Santa. O místico sabe que se trata de um dos dias mais santos do ano, uma vez que as portas do Templo se abrem, par a par, para receber aos “qualificados e dignos” de passar pelo portal da glória.
Tudo isso Wagner incorporou a sua música da Sexta-feira Santa que, como a alquimia da natureza, revela vida de onde somente parece haver a morte. Essa música extraída da fonte dos Mistérios nos mostra o ser humano elevado ao divino, a esse Mundo mais além do nosso Mundo, e que é a única realidade. Incluído, sobre o não iluminado, derrama esse “outro Mundo” sua magia, com indescritível amor.
Com a coroação de Parsifal se fecha o ciclo da iluminação. A música dilui na obsedante beleza do motivo do Graal, se tornando cada vez mais etérea, enquanto os Anjos abrem caminho com suas asas através das neblinas douradas, e se perdem à visão e aos ouvidos dos seres humanos. O ser humano terminará por compreender que, na margem desse Templo Musical de Parsifal, pode construir uma dourada ponte de som, pela qual pode se comunicar com as hostes angélicas e arcangélicas.
Richard Wagner, o músico profeta da Nova Era, expôs à luz, com seu Parsifal, um antigo Mistério Cristão que, por sua vez, oculta e revela muitas coisas sobre o esotérico profundo e o elevadamente espiritual, que compõem a magia da Sexta-feira Santa.
CAPÍTULO XII – A SEXTA-FEIRA E A VIA DOLOROSA
Durante a Sexta-feira Santa as sucessivas etapas do Caminho do Discipulado se desenvolverão, simbolicamente, nos acontecimentos que ocorreram ao longo da Via Dolorosa ou “O Caminho da Dor”. “Aquele que não tome a sua cruz e me siga – disse o Mestre – não é digno de Mim”.
A Paixão de Nosso Senhor na Sexta-feira Santa alcançou o coração dos Mistérios. As quatorze estações da cruz representam certas etapas que pertencem ao desenvolvimento espiritual, se relacionando, além disso, cada uma delas, com um determinado centro do Corpo. Cada trecho desse Caminho, que cada discípulo pisou, estava conformado pela situação da sua própria alma. Somente quando a divina Maria, Maria Madalena e João alcançaram o nível espiritual necessário foi que eles puderam percorrer o Caminho até o final. Por isso os três, e somente eles, são representados junto à cruz de onde pendia o Corpo atravessado de Cristo. O número três significa também que cada um deles tinha passado pelo Terceiro Grau ou o do Mestre.
Nos três julgamentos, de Anás, de Caifás e de Pilatos, na flagelação, na coroação de espinhos, nas três vezes que Cristo caiu sob o peso da cruz, e nos três encontros com as santas mulheres durante a ascensão do Calvário, o candidato à Iniciação nos Mistérios Cristãos descobre as experiências que correspondem com a sua própria ascensão ao Monte da Iluminação, desde que tomou sua cruz e seguiu a Cristo.
Os diferentes acontecimentos que menciona o Evangelho e que ocorreram durante a Semana da Paixão, nas vidas dos homens e das mulheres que compunham o grupo mais íntimo do Mestre, entre Seus seguidores, levam todos uma referência velada a certa fase do seu próprio desenvolvimento, em conexão com um ou mais dos três Graus pertencentes à Escola Cristã de Mistérios. Cada estação da cruz se converte, pois, em uma pedra miliar no Caminho do Aspirante cristão, quando caminha ao longo da Via Dolorosa, e que é o que os Padres da missão da Califórnia chamavam de “El caminho del Rey”. Ao seu fim, as dores do Caminho se transformam no êxtase de regozijo da Ressurreição.
Os principais obstáculos do Caminho estão representados pelo juízo ante Anás ou Mente mortal; depois, pelo juízo ante Caifás ou ambição mundana; e, por fim, pelo juízo ante Pilatos ou a debilidade e vacilação da Mente, quando é chamada para tomar uma postura a favor da verdade, com risco de prejudicar a posição ou o prestígio pessoal aos olhos dos parceiros ou benfeitores não iluminados.
A flagelação representa os transtornos e, às vezes, a dor que acompanha o nascimento ou despertar dos sucessivos centros superiores do Corpo, situados ao longo da espinha dorsal, à medida que o fogo serpentino começa a subir, desde o sacro até o crâneo. A coroação de espinhos tem um significado análogo, e se refere, especificamente, à revivificação de determinadas áreas da cabeça. Por ter um significado similar, esses dois acontecimentos são citados, geralmente, juntos.
Com a subida do fogo espinhal até a cabeça, os nervos craneanos se sensibilizam progressivamente. Esses nervos rodeiam a cabeça como uma coroa e, no Grau do Mestre, irradiam um verdadeiro halo luminoso.
Três vezes o lastimado Senhor caiu sob o peso da cruz. O que aconteceu com ele, fisicamente, representa as correspondentes quedas morais nas quais a humanidade frágil sucumbe, uma e outra vez, enquanto percorre o Caminho da Dor até a Luz. Como Indicador do Caminho para toda a humanidade, Ele não se omitiu, ao logo de todos os incidentes da Sua vida, a nenhum aspecto do mesmo. O ser humano cai sob o peso que os véus da matéria que é colocado sobre o seu espírito; cai devido aos desejos terrenos; e cai por causa da influência a que sucumbe sua Mente espiritual não iluminada. Três vezes cai por causa dos obstáculos que surgem de seu Corpo Denso, de seu Corpo de Desejos e da sua Mente.
Enquanto o Mestre subia o Calvário, ele se encontrou por três vezes as santas mulheres. Essas representam a atividade do Princípio Feminino, do Amor-Sabedoria, que trabalha para purificação do Corpo Vital e do Corpo de Desejos e pela espiritualização da Mente.
Depois da terceira queda, Simão Cireneu pegou a cruz e a levou pelo resto do Caminho. Esse fato, traduzido à termos de consecução espiritual, indica que seus votos de dedicação ao Discipulado ocorreram ali e então e, ainda com ele, tomou sua cruz pessoal e seguiu a Cristo até o lugar da Liberação. Simão, que já havia superado o Rito da Purificação, estava preparado para assumir o trabalho conducente do Segundo Grau, o da Iluminação.
Segundo uma lenda mística, o Mestre encontrou Verônica, a qual limpou Seu rosto com um pano, enquanto Ele subia no Calvário. Depois de ter feito isso, ela observou, com admiração tão intensa de assombro, que Suas feições foram impressas no pano. Esse fato se refere à experiência de uma das mulheres Discípulas, que alcançou a capacidade de imprimir os centros de seu Corpo de Desejos sobre os do seu Corpo Vital, com o qual, se converteu em Clarividente capaz de ler nos Registros Cósmicos. Essa é a marca do Segundo Grau.
Segundo os Evangelhos, Prócula, esposa de Pilatos, teve “um sonho com relação a esse homem justo e bom”. Isso é outra maneira de se dizer que ela era capaz de funcionar conscientemente nos planos internos, à noite, quando se encontrava fora do Corpo, e que tinha lido no Registro da Memória da Natureza, a verdade sobre a missão de Cristo como Salvador da humanidade. Sua experiência é também evidência da consecução do Segundo Grau.
As Estações da Cruz indicam os lugares nos quais Cristo Jesus se deteve, enquanto transportava Sua carga, ao longo da Via Sacra, até o Calvário ou Monte da Liberação. Originalmente, essas Estações eram só sete, e se conheciam como “as sete quedas”. Durante a ocupação da Terra Santa pelos turcos, a localização dessas Estações na Via Sagrada sofreu algumas mudanças e, com isso, se perdeu grande parte do significado esotérico que elas levavam consigo.
O mais profundo significado dessas Estações não se originou com o Cristianismo. Estão relacionadas com a natureza do ser humano e o processo que se relaciona com o desenvolvimento de sua natureza divina. Seus significados são, portanto, comuns, tanto aos Mistérios antigos como aos Mistérios Cristãos. Nos Mistérios de Elêusis[48], por exemplo, existia uma Via Sagrada que conduzia desde a cidade de Atenas, costa acima, até perto de Elêusis. Essas estações ou “pequenas capelas”, como eram chamadas, representam determinados estados de desenvolvimento, e a nenhum discípulo lhe era permitido ir mais à frente, por esse Caminho, senão somente até o nível de consecução em que estava autorizado. Dentro de cada pequena capela, o Discípulo recebia as instruções que lhe ajudavam a chegar até a próxima Estação. Na Alta Idade Média os devotos cristãos iniciaram a prática de reproduzir em suas igrejas as Estações da Cruz, por meio de cenas da Paixão, pintadas ou esculpidas. Foi, também, frequente a colocação de relicários ou pequenas capelas, representativas das diferentes Estações, ao longo do caminho que conduzia à igreja. Quando se começou a fazer isso existia um conhecimento da importância mística dessas Estações, mas, gradualmente, se foi perdendo, exceto para uns poucos, à medida que o pensamento materialista foi invadindo o terreno da verdadeira compreensão esotérica. Hoje servem, no melhor dos casos, pouco mais que como pequenos objetos de veneração, que estimulam o devoto a rezar, mas também dão lugar, em muitos casos, à crenças e práticas supersticiosas.
As Estações que, ao princípio, foram sete, se duplicaram mais tarde. Esotericamente representam o Caminho do desenvolvimento, por meio do despertar dos sete centros energéticos, em seu duplo aspecto, positivo e negativo, que florescem no interior ou sobre a cruz que representa o corpo humano. As experiências da vida de Cristo, que marcam as quatorze Estações, são as seguintes:
Em toda literatura esotérica os sete centros se descrevem assim:
O primeiro está situado na base da espinha dorsal. Aí dorme o fogo espinhal espiritual. Quando em estado latente sua cor é vermelha escura, mas despertado sua cor se torna vermelha rubi clara.
O segundo está situado no Plexo Celíaco. Quando em estado latente sua cor é vermelha alaranjado, mas sua cor se modifica durante o processo de transmutação e se torna em um suave tom verde vernal claro.
O terceiro se relaciona com o baço o qual, como um sol em miniatura, irradia a luz dourada. No princípio do desenvolvimento possui um tom verde dourado que logo se converte em puro dourado.
O quarto, o centro cardíaco ou cordial, emite o amarelo resplendente que, em posteriores estágios de transmutação, passa a se tornar azul etéreo.
O quinto está colocado sobre o pescoço, exatamente sobre a laringe. Sua cor é azul e, através dele, quando se completa o desenvolvimento, faíscam cores de prata cintilante.
O sexto se encontra perto do centro da cabeça, em direção à coroa. Quando entra em atividade plena emite desenhos caleidoscópicos de beleza indescritível. Suas cores primárias são: rosa, amarelo, azul e púrpura.
O sétimo está na parte mais elevada da cabeça. Totalmente desperto forma uma coroa ou halo que irradia uma refulgente luz branca.
O colocar em atividade ou despertar dos dois centros inferiores corresponde ao Primeiro Grau ou o da Purificação; assim como o baço e o coração correspondem ao Segundo ou o da Iluminação. O centro do pescoço é a porta que comunica a personalidade com o espírito e alcança seu pleno desenvolvimento só quando a personalidade se espiritualiza, ou, em outras palavras, quando está disposta a sempre obedecer às ordens do espírito. Os centros da cabeça correspondem ao Terceiro Grau ou o Grau do Mestre.
Segundo a compreensão esotérica da igreja primitiva, os Discípulos que percorriam o Caminho do Calvário não encontraram o Mestre durante o Caminho, mas que O seguiram. Essa é a interpretação correta, já que Cristo foi o Supremo Indicador do Caminho para toda a humanidade. As Estações indicam as Etapas mais importantes, conducentes à Iniciação.
Por meio da experiência transformadora da Iniciação, o ser humano morre para o mundo exterior e nasce para a vida interior do espírito. A Primeira Estação representa a suprema dedicação. O princípio de todas as coisas é o “Um”. Assim como é “Una” a grande Chama Branca que contém as sete cores, em poder, em força ou em suspenso, do mesmo modo, a dedicação pré-iniciatória se converte na semente de onde brotou, na forma devida, todas as forças espirituais latentes na consciência do Discípulo.
Depois da suprema dedicação, a cruz se converte no objeto familiar para o Aspirante. Ela lhe faz frente à todas as experiências de sua existência diária e deixa sua marca, tanto sobre a vida exterior como sobre a vida interior. É nessa Estação quando o Caminho se torna pesado, que muitos retornam para o mundo, e deixam de caminhar com Cristo.
Assim como o “Um” pertence à esfera do infinito, o “Dois” pertence à do finito. “Dois” representa a descida do espírito na matéria. A Segunda Estação tipifica a encruzilhada da decisão, a situação vacilante desde a que o Discípulo, ou retorna para os velhos caminhos, ou se encaminha para frente em busca de uma identificação maior com o espírito.
Considerar as Estações somente pelo seu significado histórico, como os incidentes na vida de um único homem, é perder a perspectiva de seu verdadeiro significado para toda a humanidade. Se Cristo é o Supremo Iniciador, Seu Caminho há de ter, claramente, um significado para todos. Esotericamente, cada queda ao longo da Via Dolorosa é o símbolo de uma experiência na vida do Discípulo onde e quando pode cair ou falhar. É, portanto, importante conhecer a natureza dessas provas, a fim de se poder enfrentá-las com conhecimento de causa.
O “Um”, somado a “Dois”, produz o “Três”. Os antigos sábios definiram a aparição da Triplicidade como “o mundo da Emanação”. É por meio das forças do “Três” que o espírito desce para habitar a carne. O ritmo manifestado pelo “Três” depende da harmonia existente entre o “Um” e o “Dois”, e nisso está a chave da futura evolução do ser humano. A Primeira Queda representa o estado atual da evolução humana, onde o ser humano está profundamente envolto no mundo da matéria.
Pitágoras chamou o número “Quatro” de “sagrado”, porque significa a Alma. Daí o inspirado cântico: “O Quatro do Um e o Sete do Quatro”.
A Cabala estabelece que a primeira celebração é a da Grande Mãe. A Mãe representa o Divino Feminino ou a faculdade criadora de imagens, e o princípio amoroso do espírito do ser humano. Como é a realização do Divino Feminino e o consequente desenvolvimento dos poderes espirituais, os quais o Discípulo aspira, nas primeiras etapas da busca, encontra a Mãe, o “perfeito modelo de realização”.
Nos primeiros estágios do processo Iniciático o trabalho a ser desenvolvido se refere, alternativamente, aos polos masculino e feminino do espírito. No Livro do Mistério Desvelado se afirma que o Pai e a Mãe contêm todas as coisas e que todas as coisas estão contidas neles e que, quando os pecados se multiplicam no mundo e o santuário se torna poluído, o macho e a fêmea se separam. Essa separação representa o atual imperfeito e desequilibrado estado de desenvolvimento humano. Por isso, o primeiro trabalho do Caminho da Iniciação consiste em restaurar o equilíbrio perdido.
“Cinco”, portanto, é o número da mudança ou da transição. É o número do bem em formação. É chamado o “número dual”, porque representa as naturezas superior e inferior em sua luta pela supremacia. Aqui o Caminho se estreita e a cruz se agiganta.
O Cântico dos Cânticos de Salomão é uma exaltação do Divino Feminino. Em nenhuma outra obra escrita aparece mais vividamente descrito o êxtase puro da alma do “Um” Iluminado: “Minha amada é minha e eu sou seu”. Esse inspirado cântico, pois, descreve a união dos dois polos, masculino e feminino, do espírito.
No “Cinco” ocorre a luta entre o humano e o divino. No “Seis” as forças da construção criadora trabalham para o estabelecimento de uma harmoniosa interrelação. “Seis” é amor humano dedicado à Vênus. Mediante o sofrimento gerado pelo amor humano, a alma ressuscita e nasce. O número “seis” anuncia a preparação por meio da purificação. Sob seus poderes, nasce a iluminada visão da clarividência.
A ascendência à Sexta Estação se consegue somente por meio da Purificação. Na Sétima o futuro progresso depende da força de vontade e da firmeza do propósito.
“Sete” é o lugar do sábado ou do descanso, não da cessação de atividade. É de onde o Discípulo se eleva, de uma ordem inferior para outra superior, e prossegue para a vitória espiritual e o Adeptado. Nesse ponto se sintetizam as experiências da vida e suas essências se convertem em poderes úteis da alma. Desde esse ponto, o progresso futuro, ainda que difícil, é contínuo e ininterrupto.
A separação entre os princípios masculinos e femininos é a causa de toda a dor, da tristeza e da morte existentes no mundo. Essa separação trouxe consigo a submissão do feminino e é por isso que choram as filhas de Jerusalém. O Mestre Supremo e Suas obras mostraram os poderes perfeitos dos dois polos em equilíbrio. A cruz que transportou e o Caminho que seguiu até ao Calvário simbolizam o meio para a restauração de toda a humanidade. “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” é o um cântico de um profundo significado místico. O lamento das filhas de Jerusalém (o despertar da alma) surge do fato de que o ser humano não mais se aproximou desse ideal Crístico.
“Oito” é o número “livre” ou da ressurreição, e ostenta os elevados poderes do raio dourado de Cristo.
A Terceira Queda está relacionada com os poderes da Mente não iluminada. São Paulo se refere a esses como “poderes das trevas”. Se a qualidade anímica feminina não fosse submetida às forças puramente mentais, a Mente do ser humano não iluminado não haveria jamais adquirido os poderes desproporcionados que hoje possui. A Mente é o Caminho e sua “cristianização” é o trabalho mais importante de toda a evolução humana.
O número “Nove” representa a escala evolutiva que vai do ser humano até Deus; por isso foi denominado o número do ser humano e o número da Iniciação ou da “cristianização” do ser humano.
Da hora sexta até a hora nona a Terra se obscureceu, enquanto o Mestre, unido a Sua cruz, se convertia no Supremo Indicador do Caminho para toda a humanidade, demonstrando um perfeito equilíbrio espiritual. O “Nove” supõe o começo dessa união de poderes, e a Mente, como foi dito acima, é o caminho da realização. “Que Cristo se forme em ti” é o primeiro mandamento cristão.
A Décima Estação destaca o princípio da Grande Renúncia, simbolizada pela separação do Mestre de Sua inigualável veste. Essa formosa vestimenta representa a consciência ativa de Deus, esotericamente comparável à essência extraída de todas as boas obras de nossas vidas terrenas, e que é perceptível pela visão interna como o Corpo-Alma, ou o “dourado traje de bodas”, um halo luminoso que rodeia todo o Corpo e se estende amplamente ao seu redor como uma glória brilhante, tal e como se pode comprovar em vários santos ilustres durante suas vidas terrenas. Cristo renunciou a essa gloriosa vestidura da alma para que suas poderosas emanações impregnassem a parte etérica da Terra. O ser humano continua ainda recebendo a cura física e a inspiração espiritual provenientes daquela força originária de Cristo, pois Seu sacrifício não afetou somente a seu Corpo, mas também a sua Alma. Foi um derramamento de luz e amor, da qual a Terra e sua humanidade se beneficiarão até o fim dos tempos.
O número “Dez” significa a verdadeira substância do ser. Todos os números conduzem a ele. Os números seguintes são meras combinações dos números que o precedem. O “Dez” é formado pelas potências masculinas (1) e feminina (0), e representa o homem e a mulher trabalhando de acordo com as leis da geração. A sublime pureza da alma, simbolizada pela vestidura inigualável e pela renúncia, por meio da sua entrega a seres menos avançados, se encontram formosamente representadas como a elevada consecução da Décima Estação.
A Décima-primeira Estação marca a total e completa renúncia à vida pessoal em favor da vida espiritual, do mesmo modo que a Décima marca seu início.
O filósofo esotérico Franz Hartmann[49] escreveu: “a mulher representa a formosura e a vontade da raça humana; mas nem um dos dois, nem o masculino nem o feminino, são perfeitos. Só é perfeito o ser em que o masculino e o feminino estão unidos”.
A cruz é o símbolo da prevalente desunião entre os princípios masculino e feminino na humanidade; e o espírito interno ou o Cristo Interno está cravado nessa cruz de limitação até que se libera a si mesmo, por meio da Iniciação, para que se obtenha o equilíbrio perfeito.
De igual modo que a cruz (+) representa a falta de equilíbrio entre o masculino e o feminino, o número “Onze” (11) representa o equilíbrio, a meta suprema da raça humana. Por isso o “Onze” é denominado o Número do Mestre. Quando as forças do “Onze” se tornam totalmente ativas no ser humano esse adquire o poder de mudar o seu entorno, de originar novas circunstâncias, de criar um novo Corpo e uma nova vida; tudo isso em harmonia com a imagem divina, cuja semelhança foi ele mesmo modelado no princípio.
A renúncia a tudo o que pertence ao plano físico proporciona a divina compensação de um campo de ação e de poderes ilimitados nos Mundos espirituais superiores. Quando a Alma se desliga da materialidade, adquire a liberdade correspondente do seu próprio e verdadeiro Mundo.
Por isso os antigos definiam os poderes do “Onze” dizendo: “ Em minha mão, todas as coisas permanecem em perfeito equilíbrio. Eu uno todos os opostos, cada um com seu complemento”.
Por meio da Iniciação, o Discípulo morre para o finito, para o pessoal, para o material, para renascer de novo no milagre e na glória do infinito, do impessoal e do espiritual. O mortal é transmutado em imortal, o terreno em celestial. Com as palavras “está consumado”, o glorioso espírito de Cristo se libertou para funcionar nos Mundos da imortalidade. Tal é também a consecução do Discípulo quando alcança esse lugar do Caminho. A morte foi enfrentada e vencida. Nunca mais o espectro terrível poderá alcançá-lo. Transcende o tridimensional. A consciência dele é focada em uma dimensão superior.
O final da peregrinação do ego na esfera terrestre é trazer à manifestação a força do Cristo nele latente. O número “Doze” entoa a nota-chave dessa consecução.
A Décima-terceira Estação é o Grau da Grande Libertação. Quando o Corpo sagrado foi libertado da cruz, foi posto nos braços da Sua mãe bendita. Em outras palavras, por meio do equilíbrio o Ego se liberta da cruz da materialidade e é elevado à sublime exaltação da união com o Divino Feminino.
A Cabala diz que “quando o macho se une a fêmea, ambos constituem um corpo completo e todo o universo se encontra em estado de felicidade, porque todas as coisas recebem bênçãos desse Corpo perfeito. E isso é um arcano[50]”. Ou seja, que essa é a suprema consecução na evolução da raça humana.
Por meio da emanação do poder do “Doze” se aprendem lições através do ritmo masculino do “Um” e do ritmo feminino do “Dois”. O “Doze”, agrupado ao redor do “Um”, forma uma unidade que vibra para o “Treze”. Nele jaz o segredo da paz, da abundância e do poder para toda a humanidade. Na fórmula do “Treze” se encontra a chave oculta das palavras do Mestre: “onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, ali estou Eu no meio deles”[51].
Grande parte do trabalho de Cristo e Seus Discípulos está relacionado com a mística fórmula do “Treze”. A nova Dispensação se estabeleceu sob seus poderes. A Décima-terceira Estação governa a transição de um estado inferior para outro superior. Suas forças são, portanto, especialmente ativas nesses dias em que a Era Aquariana está se aproximando. Como apontando para esse fato, treze estrelas que compõem a urna celestial, onde está a constelação de Aquário, o portador da água celeste, está derramando as águas da vida sobre a Terra.
Cristo foi colocado em um “sepulcro novo” no qual não tinha sido sepultado nenhuma outra pessoa antes. O princípio masculino se debilita com a morte ou desequilíbrio, para que possa, novamente, logo ser elevado, em equilíbrio com o feminino. O número “Quatorze” representa as forças combinadas do masculino “Um” com o feminino “Quatro”. Aqui o “Quatro” é a porta de entrada aos planos superiores. Esse foi o trabalho do Grau demonstrado pelo Supremo Mestre ao longo da Via Sacra, e simbolicamente perpetuado nas Estações da Cruz.
A colocação de Cristo Jesus no “sepulcro novo” indica que Aquele que foi colocado nele acabava de experimentar a Morte Mística, que conduz a uma nova Iniciação, ou melhor, a uma Iniciação de um grau superior à de qualquer outra que houvesse precedido. Pois a missão de Cristo na Terra foi a de fundar a nova Escola de Mistérios Cristãos. Essa tumba, portanto, não foi um lúgubre sepulcro de morte, mas a porta de acesso a uma vida mais abundante.
As Quatorze Estações ou Graus de estados de consciência em expansão e ascensão progressiva tem seu desenvolvimento paralelo nas estrelas interiores ou centros florais que adornam o Corpo do ser humano iluminado. “Depois disso, tive uma visão: havia uma porta aberta no céu”[52]. Tal é a expressão bíblica para essa exaltada vivência.
Entre os mais próximos e queridos a Cristo, só uns poucos tiveram a suficiente fortaleza para lhe seguir em todo o caminho. Entre os que tentaram alguns retornaram por não ter a suficiente fortaleza para fazer a suprema renúncia de perder sua vida para ganhá-la. Outros O traíram nessa etapa, porque não tiveram a suficiente força de caráter e a convicção que os tornariam capazes de permanecer firmes ante um fim aparentemente inglório para o seu Mestre, e as provocações e sarcasmos da crucifixão se amontoaram ante eles. A prova que aqui enfrenta o candidato à seguinte etapa do Caminho há muito poucos os que estão preparados para passar por ela com êxito.
Nas palavras de Max Heindel: “Essa etapa é para aqueles que fecham seus olhos a todas as coisas da Terra, aqueles que já não se preocupam com os elogios ou as censuras dos seres humanos, mas que focam no seu Pai nos céus. Aqueles que estão dispostos a manter a Verdade e só a Verdade. Aqueles que vem com o coração e vem nos corações dos seres humanos, que podem discernir neles o Cristo Interno, o Filho de Deus vivo”.
CAPÍTULO XIII – A CRUZ, UM SÍMBOLO UNIVERSAL
“A cruz é um hieróglifo sublime que possui poderes e virtudes misteriosos”. É um “símbolo de devoção e sacrifício”.
Esse símbolo está desenhado na face estrelada dos céus, o mais velho símbolo sobre a terra: a cruz. Ela é formada pelos quatro Signos Cardinais do Zodíaco: Câncer ao norte e Capricórnio ao sul formam a barra vertical; Áries ao leste e Libra ao oeste formam os braços horizontais.
Esses quatro Signos compreendem os trinta graus do Zodíaco mais próximos dos Solstícios (norte e sul) e dos Equinócios (leste e oeste). Sobre o agitado e ocupado coração desse pequeno Planeta brilha a permanente guia da luz da grande cruz dos céus.
É interessante destacar que a Dispensação de Áries-Libra proclamava a primeira vinda do Senhor Cristo, “o cordeiro, que era sacrificado desde a fundação do mundo”[53]. Os astrólogos espirituais predisseram que Sua segunda vinda ocorrerá durante a Dispensação de Capricórnio-Câncer.
O primeiro símbolo a receber a homenagem e a adoração do ser humano foi uma coluna vertical. Representava a força masculina na natureza, a força geradora positiva. Mais tarde foi adicionada, à coluna vertical, a barra horizontal, formando a cruz. A barra horizontal representa a força feminina, passiva ou produtiva, na natureza e na mulher. A cruz que coroa os campanários de muitas igrejas proclama que esse é um mundo de homens na qual a posição da mulher é secundária. A desigualdade entre o homem e a mulher tem sido a causa de muita dor e muito sofrimento ao longo de todos os tempos, de modo que até a sua associação com o Cristo, a cruz foi o símbolo da dor e do castigo durante muitos séculos. Antes de terminar a Era de Aquário, a cruz será substituída pelas duas colunas verticais, como símbolo universal, já que a Nova Era é para testemunhar a perfeita igualdade entre as forças masculinas e femininas, simbolizada pelas duas colunas, uma junto a outra.
A Maçonaria aceitou, em princípio, essa igualdade. A cruz é utilizada poucas vezes por ela, sendo as colunas verticais o símbolo mais familiar na Loja. Denominam-se Jachin e Boaz[54] e são importantes nos trabalhos de qualquer Grau. Se os maçons aceitassem esse ideal na prática, tão bem como o fazem simbolicamente, as portas de suas Lojas se abririam para as mulheres do mesmo modo que abrem para os homens.
A origem da cruz parece coincidir com a mais antiga história da humanidade. Foi objeto de reverência e adoração entre os povos mais primitivos e é motivo decorativo no mais lindos templos e catedrais das nações mais avançadas do mundo. A Grande Pirâmide de Gizé[55], no Egito, mostra duas figuras arredondadas que sustentam, entre ambas, uma cruz que tem uma serpente suspensa. A serpente sobre a cruz foi um símbolo comumente empregado em todo o Egito e representava a Sabedoria esotérica. Sua forma tradicional de cruz foi denominada “cruz ansata”[56], com um círculo sobre ela. Era chamada de “a chave da vida” e era enterrada com os sacerdotes, reis e rainhas.
A cruz Tau foi sagrada para os hebreus[57]. Tau, a vigésima-segunda e última letra do alfabeto hebreu, significa vida eterna. Era costume estampar, sobre a frente dos prisioneiros libertados, o sinal de Tau para evidenciar sua liberdade e inocência. Segundo a história bíblica antiga foi por meio de uma Tau pintada com sangue nos umbrais de suas portas que o Anjo da Morte sabia onde a décima praga do Egito não fosse aplicada, ainda quando os hebreus eram mantidos na escravidão.
A cruz foi, também, o objeto de adoração na China, Índia e Pérsia, e entre os índios da América do Norte e do Sul. Os templos druidas foram construídos com plantas cruciforme, como indicam as ruínas que ainda são conservadas na Escócia e Irlanda.
O caduceu[58] foi, essencialmente, uma cruz grega. Nele o braço horizontal está substituído por duas asas, e duas serpentes se enroscam ao redor do braço vertical. É considerado, frequentemente, como o báculo de Mercúrio. Nesse sentido é significativo que Mercúrio foi o deus da Iniciação e que, na Grécia, a Iniciação alcançou, indubitavelmente, elevados níveis de sublimidade. Os Aspirantes modernos reconhecem no caduceu o símbolo mais perfeito, jamais concebido, da Iniciação.
Nos tempos da vinda do Cristo, a cruz, geralmente, era usada com um cordeiro deitado a seus pés. Era para anunciar Sua vinda, pois essa foi sempre associada ao cordeiro (Áries). No Novo Testamento Ele se refere a Si mesmo como o “bom pastor”[59], e uma das Suas mais formosas parábolas é a da Ovelha Perdida, também conhecida como a parábola das Noventa e Nove[60]. Desde a partida de Cristo da Terra muito tempo se passou antes de que se colocasse sobre a cruz uma figura humana, o que constituiu o “crucifixo”, tão familiar entre os devotos modernos.
A nota-chave da consecução espiritual é o sacrifício. O ser humano primitivo sacrificava, frequentemente, o seu próximo. Depois, quando avançou mais, o sacrifício de animais substituiu o dos seres humanos. Cristo veio para ensinar a lição, mais nobre ainda, de que o ser humano deve se oferecer a si mesmo sobre o altar do sacrifício. Que o serviço amoroso e desinteressado ao próximo é o mais seguro e o mais agradável caminho para Deus é o mantra de uma Escola Esotérica Cristã. Foi, pois, devido a esse conceito de sacrifício próprio dado ao ser humano que a figura humana foi colocada na cruz e se converteu no símbolo universal de devoção.
Uma figura humana colocada assim tem sido o hieróglifo da Iniciação, desde tempos imemoráveis; mas era conhecida como tal somente por uns poucos que reconheciam o próprio sacrifício como a única chave para tal elevado estado de iluminação.
Os antigos diziam a verdade quando afirmavam: “os mistérios de Deus estão contidos na cruz”. Do mesmo modo que o conceito de Cristo vai se diferenciando ao longo do tempo, em determinados aspectos, quando comparado com o que prevalecia nos séculos passados, o mesmo ocorre com Sua imagem, em relação à cruz. Comparando os crucifixos da Era de Peixes, que está terminando, com os da Era Aquário, que está prestes a iniciar, veremos que cada um exterioriza Cristo e a sua cruz de acordo com a fase dominante que passa a cristandade nesse momento. Como Peixes é o Signo da dor e do sofrimento, a agonia sangrenta do crucificado passou a ser Seu símbolo. Representava o caráter especial das experiências pelas quais a humanidade estava passando. Assim como Peixes enfatiza a morte, a Era de Aquário enfatizará a vida imortal. A cruz, como símbolo da entrante Nova Era não levará, pregado nela, nenhuma figura humana; em seu lugar aparecerá Cristo ressuscitado, majestoso, sobre a formosamente simbólica Rosa Cruz, o emblema da consecução espiritual da Nova Era.
A simbologia foi sempre a linguagem dos sábios, já que os símbolos podem conter e revelar verdades importantes. E todas as verdades tem duas interpretações: uma interna, para os poucos; outra externa, para a maioria das pessoas. São Paulo descreve isso, falando da “carne para os adultos fortes e leites para os bebês”[61]. Ainda que envoltas em símbolos, as verdades profundas são sempre claramente discerníveis para aqueles que estão preparados para discerni-las.
Como dissemos, o crucifixo é a cruz de Peixes, a marca dessa Era de dor e sofrimento. A Rosacruz pertence à futura Era de Aquário e se refere à glória da vida eterna consciente. A cruz em si simboliza a religião, enquanto que a rosa representa a ciência. Anuncia, pois, o formoso dia em que a religião será científica e a ciência se tornará espiritualizada.
Na Grécia antiga a rosa estava dedicada à Aurora, deusa do amanhecer, e significava a ressurreição a uma nova consciência de vida. Essa flor significou, sempre, o secreto; daí a frase latina sub rosa com o significado de sob a rosa ou confidencial. Na Europa medieval era costume pintar rosas no teto das habitações nas quais se celebravam determinadas assembleias; isso significava que o que fosse tratado nelas nunca devia ser divulgado. Existe também um antigo hieróglifo maçônico que mostra um homem de pé, ante uma porta fechada, e com uma rosa na mão, e ele está sendo advertido de que, até que a rosa não se abra completamente, a porta também não se abrirá. Aparentemente, existia uma íntima conexão entre a Ordem Rosacruz e a primeira Ordem dos Cavaleiros Templários.
Insistimos em que o caduceu é o símbolo profundo da verdade iniciática. Sua haste vertical simboliza, para o alquimista, o cordão espinhal dentro do corpo humano. Ao longo da medula espinhal existem certos centros que, nas Escolas de Sabedoria orientais se conhecem como “flores de lótus” e nas Escolas de Sabedoria ocidentais, se conhecem como rosas, florescendo sobre a cruz do corpo. As serpentes entrelaçadas ao redor da haste do caduceu simbolizam os dois sistemas nervosos, o cérebro-espinhal e o simpático. Quando os centros se põem em atividade, são produzidas alterações em ambos os sistemas nervosos. Os alquimistas falam das duas colunas, do Sol e da Lua; os dois elementos, o ouro e a prata; os servidores Vermelho e Branco…tudo o qual se refere aos processos de transmutação que se produzem quando se aprende a percorrer o caminho do verdadeiro Discipulado. As sete rosas sobre a cruz simbolizam determinadas consecuções espirituais, tais como a clarividência, clariaudiência, dom da profecia, capacidade de abandonar o corpo à vontade e para pronunciar a palavra divina. A formosa saudação Rosacruz: “que as rosas floresçam em vossa cruz” é a oração mais amada pelo Aspirante, para que todos conheçam a glória dessa realização.
Na simbologia Rosacruz a cruz branca, com suas sete rosas, está colocada sobre um fundo azul. Esse fundo indica infinitude, enquanto as rosas sobre a cruz denotam as ilimitadas possibilidades oferecidas pelo caminho da Rosacruz. Cada um dos quatro extremos da cruz termina em três semicírculos. Todos juntos simbolizam as doze Hierarquias Criadoras que rodeiam o universo do qual o Planeta Terra é parte. Os seres celestiais que compreendem essas Hierarquias se dão a si mesmo no serviço amoroso para ajudar a toda a humanidade em seu assenso para a “Cristificação”.
“Desaparecendo a pessoa de Jesus, viu-se, em Seu lugar, uma cruz de luz sobre a qual uma voz celestial pronunciou essas palavras: a cruz de luz é chamada de: o Verbo, o Cristo, a Porta, o Regozijo, o Pão, o Sol, a Ressurreição, Jesus, o Pai, o Espírito, a Vida, a Verdade e a Graça”.
Albert Pike do livro Moral e Dogma
A mais alta consecução da Rosacruz se simboliza por meio de uma cruz branca, pura e simétrica, com uma rosa branca aberta em seu centro. Representa a realização do Grande Trabalho Branco, em que o Corpo e a Mente se tornaram completamente espiritualizados. A rosa branca representa o Auxiliar Invisível Consciente. Para ele, o corpo físico já não é mais uma prisão; ele é livre para ir e vir, a vontade, com disposições de amor e graça. Sabe que o fogo não pode queimar seu espírito nem a água pode afogá-lo; desce até as entranhas da Terra e se eleva aos espaços longínquos para levar ajudar e socorro a todos que necessitam. A Nova Era Aérea incrementará enormemente o trabalho dos Auxiliares Invisíveis. Toda noite, antes de dormir, os Aspirantes Rosacruzes repetem a seguinte oração: “que essa noite, enquanto meu corpo descansa docemente no sono, possa eu trabalhar fielmente na vinha de Cristo, já que meu espírito não necessita de descanso”.
Próximo ao fim do ciclo Aquário-Leão a cruz será substituída por duas colunas verticais, como símbolo universal, tal e como falamos anteriormente. Esses dois pilares representarão a Aquário e a Leão. A nota-chave de Aquário é a lei, e a de Leão é amor. Em uma civilização baseada nesses dois preceitos a visão do profeta será uma realidade: “a terra será repleta do conhecimento da glória do Senhor <lei espiritual>, como as águas cobrem o fundo do mar” (Hb 2:14). Entre essas duas colunas passarão o homem e a mulher, de mãos dadas, em perfeita igualdade, em direção aos Templos Iniciáticos da Nova Era.
Os quatro braços da cruz representam os quatro elementos: Fogo, Ar, Água e Terra; também simbolizam os quatro Signos Fixos do Zodíaco: Touro-Escorpião e Aquário-Leão. Já fizemos referência ao trabalho dessas quatro Hierarquias durante os últimos dias dessa Era de Peixes. As nações estão liquidando seus destinos maduros sob Touro-Escorpião, e estão sendo preparadas para a Era de Aquário por Aquário-Leão. Isso é igualmente certo para os indivíduos, que estão limpando os registros dos seus destinos maduros e se preparando para a Era Área.
As quatro bestas simbólicas a que se referem a Bíblia representam[62], também, os quatro Signos Fixos. Esses quatro Signos trabalham sobre os quatro princípios inferiores do ser humano (físico, etérico, emocional e mental), por meio da purificação e transmutação. Touro, simbolizado pelo touro, e cujo elemento é o sal, trabalha sobre o físico. Escorpião, simbolizado pela águia, e cujo elemento é o mercúrio, trabalha sobre o etérico. Leão, simbolizado pelo leão, e cujo elemento é o enxofre, trabalha sobre o emocional ou de desejos. Aquário, simbolizado pelo homem, e cujo elemento é o azoth, trabalho sobre o veículo mental inferior (azoth é uma cifra que representa a quintessência dos outros três elementos). Desse modo, por meio dos processos de purificação e transmutação, sob o ministério dessas Hierarquias, as essências espirituais dos três veículos inferiores do ser humano são incorporadas ao seguinte: a Mente superior. Conseguido isso, o ser humano viverá, se moverá e terá seu ser em um veículo feito de substância mental. As maravilhas de tal desenvolvimento só podem ser compreendidas, agora, tenuamente. Quando refletimos sobre os milagres já realizados por meio da Mente humana, ainda que seus poderes latentes apenas tenham sido fomentados, adquirimos uma vaga ideia de suas quase infinitas possibilidades. Por exemplo: o ser humano será capaz de viajar em seu Corpo Mental até os mais longínquos Sistemas Solares, ou visitar as estrelas mais distantes, com o só pensar nisso.
Nas primeiras páginas do maior livro de texto sobre a vida, a Bíblia, lemos que Adão e Eva perderam o Jardim do Éden, onde viviam, por causa da descida à materialidade. Nas últimas páginas da Revelação[63], último livro da Bíblia sagrada, São João descreve os redimidos Adão e Eva e o jardim celestial em que habitarão, e cujas portas não estarão vigiadas por um guardião Querubim. Pelo contrário, estarão totalmente abertas pelo Supremo Iniciado da hoste Arcangélica, o bendito Senhor Cristo.
Na dispensação de Capricórnio-Câncer, o primeiro simboliza o ser humano Crístico, o novo Adão; enquanto que Câncer simboliza a Eva Crística, a nova Eva. Esses são os pioneiros regenerados, que se unirão a Cristo quando venha, e lhe ajudarão a construir o novo céu e a nova Terra, como se descreve no Livro da Revelação.
O princípio feminino ou reprodutor do homem está crucificado. O que devia ser um sacramento de castidade foi degradado pela paixão e luxúria. A mulher, contraparte objetiva desse princípio feminino no Mundo externo, foi também crucificada ao longo do tempo. Com a chegada de dispensação Aquário-Leão se verá restabelecida a seu posto, em um completo estado de igualdade com o homem.
Todo órgão do corpo humano possui uma potência masculina e outra feminina, uma das quais predomina. Constitui um fato de profundo significado oculto que quando o corpo mude para adquirir as condições da Nova Era, cada órgão feminino experimentará um desenvolvimento espiritual subsequente: o coração se converterá na verdadeira luz de corpo, tão lúcida e brilhante que a forma toda se fará luminosa com seu resplendor; a circulação do sangue será controlada pelo espírito; o ser humano será capaz de, voluntariamente, trasladar o sangue de uma determinada área do corpo para outra em que seja necessária; o sangue não será, como agora, um líquido roxo – quando externado – mas que se consistirá em uma essência branco-dourada (a igreja possui muitas e formosas lendas de Santos, cujo sangue se tornou branco); o sistema nervoso simpático, que é o sistema nervoso feminino, se converterá em uma segunda medula espinhal, se convertendo o ser humano de novo em um andrógino (macho-fêmea). A força criadora será dirigida à laringe e a criação será feita mediante o poder da palavra falada. A Palavra Perdida da maçonaria será falada, novamente.
A construção deste veículo humano glorificado começará na Era Aquário-Leão. Receberá um desenvolvimento posterior durante a dispensação Capricórnio-Câncer, e alcançará seu mais elevado estado de desenvolvimento durante a dispensação Sagitário-Gêmeos. A Hierarquia de Sagitário é conhecida, no idioma esotérico, como Senhores da Mente, e funciona totalmente em veículos de pura substância mental. Irradiam de si mesmo aqueles germes de Mente que, muito tempo atrás, constituíram o mais precioso presente outorgado ao ser humano. Eles continuarão seu ministério próximo ao reino humano, até que cada um dos seus membros esteja preparado para funcionar em um corpo composto da sutil matéria mental.
Assim como, sob o ministério de Sagitário, o ser humano funcionará e viverá em um Corpo de substância pura mental, sob Gêmeos aperfeiçoará o poder andrógino em seu interior, ou seja, que levará a um perfeito equilíbrio, no Templo do seu próprio Corpo, às forças masculinas e femininas. Deus, o Pai desse Sistema Solar, é o líder supremo da Hierarquia de Sagitário, e o mais elevado Iniciado dos Senhores da Mente.
O sacrifício produz sempre uma compensação espiritual. Quanto maior o sacrifício, maior a recompensa. O bendito Cristo, por causa do Seu sacrifício máximo pela redenção do mundo, foi elevado ao plano da dispensação Sagitário-Gêmeos, como se evidencia pela Sua exclamação na cruz: “Deus meu, Deus meu, como me há glorificado!”.
Esse é só um pequeno vislumbre da exaltada consecução que a humanidade espera. São Paulo, indubitavelmente, captou algo durante o milagre da sua visão, quando disse: “Tu fizeste o homem um pouco inferior aos Anjos; Tu o coroaste de glória e honra” (Hb 2:7).
CAPÍTULO XIV – O SUPREMO MISTÉRIO: O SACRIFÍCIO DO GÓLGOTA
O Mestre foi crucificado entre os dois ladrões, os quais, em termos de experiência Iniciática, significam o Corpo de Desejos e a Mente inferior, que tendem, por natureza, a se apropriar da luz que pertence ao espírito.
As Cinco Feridas Sagradas que Cristo Jesus recebeu com a Sua crucifixão aludem a certas envolturas que oprimem ao espírito na casa-cárcere da carne, e que o Discípulo aprende a eliminar quando aprende a seguir o Mestre no Rito da Morte Mística, na imensa glória da alvorada de Ressurreição.
“Desde a hora sexta houve trevas…até a hora nona” São as horas desde às doze até às três, e indicam o período em que o espiritual se impõe ao pessoal e a natureza superior obtém sua vitória final sobre a inferior. A igreja, em sua solene vigília desse dia, dá ênfase especial a esse intervalo sagrado, entre às doze e às três da Sexta-feira Santa.
Durante essas horas, a luz começa a declinar no Mundo exterior. Similarmente, em termos de experiência Iniciática, é o tempo durante o qual o interesse pelas coisas externas decresce pouco a pouco, e o que pertence ao espírito cresce e se torna mais intenso e vívido. Há três horas cruciais desde que a força transformadora, que foi despertada nos centros de fogo do Corpo Templo, produza “uma luz tal como nunca brilhou na Terra ou no mar”. No Corpo da Terra, os três centros – situados nos polos norte e sul e no equador – durante a Maré da Páscoa, se convertem nos depósitos de tremendas energias espirituais.
Quando o espírito de Cristo se desprendeu da cruz, uma gloriosa luz dourada flamejou ao longo do Corpo de Desejos da Terra. Então, o que ocorreu, quiçá possa ser imaginado melhor, foi como os efeitos produzidos no Mundo Físico por uma explosão de um engenho atômico. Da mesma forma que essa explosão pode fazer “evaporar” torres de aço e arrasar cidades inteiras em um só clarão, as energias de tão tamanha categoria, como as que obedecem a Cristo, podem flamejar em um só momento nos mundos psíquicos e “evaporar” os cúmulos de antigos miasmas, gerados durante muito longo tempo pela humanidade não regenerada. Desde o momento em que Cristo produziu tal desprendimento de energia, a humanidade tem vivido em uma atmosfera mais sã, no aspecto psíquico. Por meio desse ato cósmico maravilhoso de redenção se tornou para cada ser humano mais fácil contatar com o seu “Eu superior”, aspirar a valores superiores e se libertar a si mesmo do poço de autossugestão e degeneração que havia caído.
Contudo esse ato redentor de Cristo não se limitou àquela liberação “atômica” de energia. Desde esse mesmo momento, no qual se converteu no Regente da Terra, Ele tem servido a humanidade, em escala planetária, renovando todo ano o derramamento de Seu espírito purificador, quando ressuscita anualmente, com toda a natureza, no Equinócio de Março ou Páscoa, e sobe novamente ao trono do Pai no Solstício de Junho ou Ascenção, depois de ter trabalhado na e com a Terra desde o Equinócio de Setembro até o Equinócio de Março ou Maré da Páscoa. Esse é o ritmo redentor do Cristo Cósmico. Esse é o Seu trabalho com a humanidade, desde a Sua vinda ao nosso Planeta por meio dos Corpos do Mestre Jesus, e assim continuará até que a humanidade alcance um ponto em que seja capaz de se encarregar, ela mesma, do trabalho da redenção coletiva, sem a necessidade de Sua ajuda imediata. Uma vez conhecida essa verdade e tudo o que ela implica, quem ama a Cristo converte em sua máxima aspiração ao se qualificar a si mesmo para se fazer digno de compartilhar fraternalmente Seus sofrimentos, fazendo o possível para aproximar o dia em que chegue ao fim esse Seu sacrifício que Ele segue realizando para que todo ser humano tenha vida e a tenha em abundância.
Graças a essa ajuda cósmica que Cristo tem prestado à humanidade e que as portas da Iniciação estão abertas para todos que querem trilhá-la. Antes de Sua vinda a Iniciação era possível somente para uns poucos e, como já foi dito, em condições anormais que já não são necessárias. O sublime Rito do Gólgota rasgou o véu (do Templo). Uma nova força espiritual começou a intervir na evolução humana. Valendo-se dela, todos os seres humanos podem obter a Iniciação nos Mistérios e a entrada consciente no reino do Espírito.
Assim, pois, o processo Iniciático se tornou possível para todos, graças às forças liberadas por Cristo sobre a Terra, transmitidas à humanidade por meio dos centros de fogo planetários mencionados acima. Um dos efeitos dessa energia liberada é a de afrouxar a conexão entre os Corpos de Desejos e o Vital do ser humano. Quando isso é alcançado, o ser humano já não tem a necessidade de receber a Iniciação no estado de transe, fora do Corpo, mas em condições completamente normais.
Ao abandonar o Corpo de Jesus, Cristo penetrou no coração da Terra. Isso elevou a vibração dela e sincronizou mais seu Corpo físico com o Mundo do Espírito Divino; iluminou o Corpo Vital do Planeta, o habilitando para, desde então, transmitir as energias crescentes vindas do plano universal ou Crístico, que os Rosacruzes denominam de Mundo do Espírito de Vida; do mesmo modo, o Corpo de Desejos da Terra se converteu em um canal mais limpo para transmitir à vida dela as forças do Mundo do Pensamento Abstrato, ou o plano da Mente espiritualizada.
Como já dissemos, a crucifixão do Cristo não terminou com Sua morte na cruz do Calvário. Seu espírito continua sofrendo na cruz da matéria e continuará até que o Mundo inteiro e toda sua humanidade hajam sido redimidos. Ele é, verdadeiramente, a alma do mundo, crucificada. E, até que a humanidade, por meio de uma vida elevada e nobre, não alcance a estatura espiritual que lhe permita levar sua própria cruz, o Redentor do Mundo não cessará. Aproxima-se o tempo em que todo joelho se dobrará e toda voz O proclamará o Senhor dos senhores e o Rei dos reis.
Mediante Seu sacrifício sublime na cruz, a favor de toda a humanidade, Cristo alcançou uma Iniciação maior do que as correspondentes aos Mistérios Cristãos: foi elevado até a consciência espiritual do Deus Pai. As últimas palavras de Cristo na cruz se referiam a essa experiência exaltada, segundo a verdadeira tradução das mesmas, pois não se queixou nelas por ter sido abandonado, mas que agradeceu com exaltação a Sua elevação.
Entre os poderes conferidos por essa Iniciação se encontra a capacidade de se alinhar, por livre vontade, entre as doze Hierarquias Zodiacais. A porta zodiacal de acesso para tais viagens celestiais é Câncer, e o plano inferior no qual se pode transpassar essa porta se encontra no Mundo do Espírito de Vida, denominado, às vezes, o Lar do Cristo.
Aos pés da cruz, Maria, a mãe de Jesus, passou ao Terceiro Grau ou o Grau do Mestre. Um hino cristão primitivo contém a promessa que ela fez ao Mestre de velar com Ele até o místico amanhecer do dia de Páscoa. É outra maneira de dizer que durante o intervalo entre a Crucifixão e a Ressurreição, Maria foi capaz, graças aos poderes que lhe haviam sido conferidos com o Grau de Mestre, de acompanhar a Cristo nos Mundos internos, de onde obteve o conhecimento, em primeira mão, da missão planetária de Cristo e da maneira em que isso ocorria na escala cósmica.
Como na paixão de Cristo se representaram as provas mais importantes, pertencentes ao Caminho da Iniciação, o Discípulo que aspire a trilhar esse Caminho há de experimentar provas similares às que obstruíam o caminho de Cristo naquele dia cheio de acontecimentos. Encontrará as humilhações, o ridículo e a perseguição, incluindo a deserção de seus seres mais queridos, como ocorreu a Cristo. Essas disciplinas têm por objetivo fazer com que se ganhe força interior para se permanecer só. São sucedidas por provas ainda maiores, tais como a de carregar nas costas a própria e pesada cruz, em uma subida, até o seu calvário pessoal. Conjuntamente, as provas representam as etapas definidas ao longo do caminho da Iniciação, etapas que culminam com a libertação final do Espírito, da cruz do Corpo físico, a realização das atividades espirituais durante os três dias e meio nos Mundos internos e, finalmente, a triunfante ressurreição.
A Sexta-feira Santa, quando se comemoram os acontecimentos da Semana da Paixão, que alcança seu clímax nas três horas de agonia de Cristo, é o dia mais transcendental do ano. O trabalho interno realizado por Ele foi, então, e é agora de suprema importância para toda a humanidade. Cada vez se vai reconhecendo mais sua imensa transcendência, como mostra da observância, no aumento dessas três horas, por parte da igreja. Antigamente, esses ensinamentos estiveram confinados por muito tempo nas mãos da igreja católica, mas agora formam parte, regularmente, das cerimônias da Semana Santa em muitas igrejas protestantes. Em todo caso, o profundo significado esotérico da Vigília das Três Horas intensifica a compreensão espiritual do sacrifício realizado por um Ser Cósmico no plano da história humana, relacionando-o com o processo específico do desenvolvimento espiritual na vida interna de cada Aspirante. As três horas de agonia descrevem os três estágios da progressiva liberação do próprio Espírito, da cruz da matéria, na qual ele permanece crucificado durante sua encarnação física.
Assim, vemos que as três horas se relacionam com as três etapas na subida do fogo espinhal espiritual desde a base da espinha dorsal, através dos três mais importantes centros do Corpo. A primeira hora se relaciona com o despertar da força ígnea no Plexo Celíaco e seu ascenso até o centro cardíaco; a segunda hora, com a subida dessa força até o centro da garganta; a terceira hora, com a sua continuação até o alto da cabeça. Porque o ser humano é o meio, e a espinha dorsal é o caminho até a meta da perfeição. Toda a experiência da vida está ordenada para conduzir a esse processo, e todo corpo humano pode se converter, verdadeiramente, em um templo sagrado e inviolável do Deus Vivo, no qual o Espírito possa reinar. Então, luminoso e sereno, desde essa eminência, buscará a luz eterna e o amor imortal.
A primeira hora se correlaciona com o período preparatório para o Primeiro Grau, que se refere à limpeza e purificação do Corpo de Desejos, como temos dito, e que por isso se denomina o Grau da Purificação. Nesse Grau hão de ser submetidos todos os fatores negativos da natureza de desejos, que não são senão auto-alucinações, tais como a inveja, os ciúmes, a raiva, o ódio e o ressentimento, e que hão de ser reconhecidos como o que realmente são.
A vida de Cristo Jesus é o modelo da Iniciação do Novo Testamento. Também o Tabernáculo constava de três partes: a primeira, um pátio exterior, continha o Altar no qual se queimavam os corpos dos animais sacrificados. Aquela cerimônia simbolizava a limpeza e purificação da natureza inferior do ser humano. O vencer as qualidades negativas acrescenta a virtude do altruísmo; e a completa subjugação do “eu” é a pedra angular de todo trabalho ocultista, um processo longo e difícil. Isso justifica o longo período de provação que exigiam Pitágoras e outros mestres da Sabedoria, pois a falta de discernimento é a causa do fracasso de muitos Aspirantes. Seu trabalho não estará completo até que possam dizer como Cristo: “As palavras que vos digo, não as digo por mim mesmo, mas o Pai, que permanece em mim, realiza suas obras”[64].
Durante a Segunda Hora ou Grau, quando o fogo espinhal está sendo elevado até o centro de poder situado na garganta, o caminho se estreita e as tentações se tornam cada vez mais difíceis. As tentações da primeira hora são manifestas, francas, claramente definidas. No entanto, as provas da Segunda Hora ou Grau estão, muitas vezes, sutilmente cobertas por uma máscara de beleza, estando seus espinhos dissimulados por pétalas de rosa. Nesse Segundo Grau, como se representa em Parsifal[65], uma das mais sublimes lendas Iniciática de todos os tempos, o cavaleiro Parsifal é tentado pela beleza das meninas-flores, enquanto se divertem nos exóticos jardins de cores e fragrâncias inusitadas. O discernimento é a principal lição do Aspirante, durante a Segunda Hora na cruz. Há de aprender, como fez São Paulo, a distinguir o real do irreal, o verdadeiro do falso.
Ao longo desse período os aspectos negativos do desejo são destilados e transformados nos poderes anímicos adicionais, já que o trabalho do Segundo Grau consiste na Transmutação ou Iluminação. Na segunda sala interna do Tabernáculo o fogo do altar era alimentado somente com o mais puro azeite de oliva. É significativo também notar que em Parsifal o segundo ato desemboca no terceiro com a música da Transformação e que, nesse terceiro ato, o cavaleiro Parsifal se converte em Rei do Templo do Graal e no Mestre dos cavaleiros.
Durante a Terceira Hora ou Grau, o fogo espiritual é elevado desde a garganta até o ponto situado na parte superior da cabeça. É a coroação da Grande Obra. Do mesmo modo, na terceira e suprema sala do Tabernáculo estava colocado o Santo dos Santos. Quando esse fogo espinhal ilumina o centro da cabeça do Aspirante, esse é conduzido ao lugar mais sagrado, posto que encontrou a chave que abre as portas do céu, e pode dizer como Cristo: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue”[66]. Sua Terceira Hora na cruz foi resumida pelo Mestre com essas palavras: “Como me tem glorificado”[67].
Esse Terceiro Grau, correspondente à Terceira Hora, é o Grau da Glorificação ou do Mestre, cujo trabalho consiste em aprender a focar, à vontade, a consciência nos diferentes planos internos ou Mundos celestiais. Mais tarde, o Aspirante há de ser capaz de manter a continuidade da consciência, sem dúvidas nem falhas. Passa do estado de vigília ao do sonho, sem nenhum intervalo de inconsciência e ao regressar ao Corpo conhece suas experiências extrafísicas e é capaz de recordá-las tão vividamente como recorda os acontecimentos do dia anterior. Essa continuidade de consciência deve se manter também durante a transição chamada morte. Um ser assim pode passar, plenamente consciente, de um plano de expressão ao outro. Essa é a mais elevada significação da Ressurreição de Cristo e muitos Discípulos avançados, ao longo e ao largo do mundo, estão agora trabalhando para alcançar tal desenvolvimento. Isso se converterá em uma faculdade de todos os seres humanos durante a Nova Era. Com sua obtenção desaparecerão todo o temor e todo o mistério, relacionados com a morte, e o Espírito, radiante, triunfante, livre para sempre, deixar a pedra das limitações físicas e se elevará para saudar o começo de uma nova vida.
Quando o Aspirante meditar sobre o Mistério da Sexta-feira Santa e sobre o Amanhecer da Páscoa que o faça à luz dessas verdades. Por meio da reverente e profunda meditação sobre as elevadas consequências dessas Três Horas seu conhecimento sobre o trabalho nos planos internos aumentará, e resultará no desenvolvimento maior dos seus poderes anímicos. Logo, olhando para o futuro distante, para o tempo que virá, as palavras de São João se tornarão realidades: “desde já somos filhos de Deus, mas o que nós seremos ainda não se manifestou”[68].
O segredo do Mistério do Gólgota foi que Cristo podia se converter no Espírito Planetário. Os acontecimentos do Natal marcam Sua entrada divina anual, enquanto os acontecimentos da Páscoa marcam Sua divina consumação.
CAPÍTULO XV – O INTERVALO ENTRE A SEXTA-FEIRA SANTA E O AMANHECER DE PÁSCOA
Ao redor do sepulcro vazio, linha após linha e círculo após círculo, se amontoavam hostes de seres gloriosos. Eram as Hierarquias Celestiais, que envolvem esse universo, começando pelos Anjos e Arcanjos e terminando nos Querubins e Serafins. Todos cantavam triunfalmente: “Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão?”[69].
Esses mesmos seres celestiais se reuniram ao redor do presépio em Belém, na primeira Noite Santa, cantando: “Paz na Terra e boa vontade entre os homens”[70]. Então celebraram o dia formoso que trouxe Cristo Jesus para trabalhar sobre a Terra. Em torno do sepulcro vazio celebraram um dia, ainda mais ditoso, que tinha trazido Cristo Jesus para trabalhar sobre e no interior da Terra, como seu Espírito planetário interno, posto que agora seria capaz de atuar, tanto no ser humano, como no Planeta, e não somente de fora, mas também de dentro.
Uma antiga lenda diz que a cruz do Gólgota se erigiu exatamente no centro da Terra e que aquele lugar era a tumba de Adão (a humanidade primitiva) que submeteu à humanidade à influência dos Espíritos Lucíferos e a escravidão da morte. O bendito Cristo Jesus veio para ensinar o ser humano como vencer essa influência lucífera e se livrar da exigência da morte.
Junto ao sepulcro o enorme conjunto de exaltados seres impregnava a Terra de deslumbrante luz. Contemplando essa visão sublime, e caminhando na luz, estavam os denominados “mortos”. Durante o intervalo que vai desde a tarde da Sexta-feira Santa, em que o Senhor foi despregado da cruz, até que Ele fez sua aparição no mundo externo, na alvorada da Páscoa, trabalhou com esses “mortos”, lhes ensinando e lhes bendizendo.
“pois será melhor que sofrais — se esta é a vontade de Deus — por praticardes o bem do que praticando o mal. (…)
Eis por que o evangelho foi pregado também aos mortos, a fim de que sejam julgados como os homens na carne, mas vivam no espírito, segundo Deus.”
(IPe 3:17 e 4:6)
Em seu extraordinário livro “Os Três Anos”, Emil Bock[71] escreve: “Por meio da descida de Cristo aos infernos, lhe foi devolvida a humanidade ao ‘mais alto’ como fonte de imortalidade. A descida aos infernos resgatou para o ser humano o ‘mais alto’; a subida resgatou ‘essa margem’ para o divino”.
Quando floresciam os antigos Mistérios, sempre houve Mestres que falaram as seus Discípulos mais avançados sobre a vida do Grande Ser. Esse último, por sua vez forneceu Seus ensinamentos a todos que quiseram escutá-las. As circunstâncias, então, eram as mesmas de hoje: poucos escutavam e, menos ainda, acreditaram. Hoje, também existem, comparativamente, poucos que acreditam nas Irmandades Místicas e na realidade da instrução do Templo Esotérico.
Na hora da morte os Egos mais avançados passam para os planos espirituais mais elevados. Nos planos inferiores dos Mundos internos se encontram os que ainda levam traços do pó da terra, junto com os que se negam a crer em uma continuação da vida, após a morte. No linguajar esotérico essas esferas se denominam Regiões Inferiores do Mundo do Desejo. São o Purgatório da igreja católica. E foram nessas paragens que Cristo passou o intervalo entre a tarde da Sexta-feira Santa e a alvorada da Páscoa. Há, agora, sobre a Terra alguns indivíduos que trazem gravada em sua memória a glória da Sua presença e o milagre de Suas palavras. Essas pessoas privilegiadas dedicam suas vidas a difundir Seus ensinamentos e Sua missão.
A memória é uma posse muito importante, tanto da Mente como do Espírito. Seu cultivo e seu desenvolvimento ocupam um lugar importante nas atividades do Discipulado. Dividimos a Mente humana em três áreas: a consciente, a subconsciente e a supraconsciente[72]. As experiências da vida diária se associam com a área consciente; a memória das vidas passadas, com a subconsciente. Estão sendo feitos muitos experimentos interessantíssimos na área do subconsciente, para descobrir a memória das encarnações passadas. A memória do futuro, que pode ser definida como consciência cósmica, se correlaciona com a memória supraconsciente. Dificilmente pode se fazer ideia dos poderes obtiveis quando a Mente se desperta totalmente, nem do que esses poderes significarão para a humanidade.
Foi dito aqui que os Discípulos modernos estão aprendendo a ter uma ponte sobre o abismo que, geralmente, existe entre a vigília e o sono, a vida e a morte, a encarnação presente e a passada. Um dos exercícios mais eficazes para recuperar essa recordação consiste em repassar, com fé e persistentemente, em ordem inversa, os acontecimentos de cada dia, antes de dormir, todas as noites. Os sucessos, visto assim, podem se avaliar aos efeitos de fortalecer o que é bom e eliminar tudo o que seja de natureza oposta. A prática contínua dessa revisão noturna otimizará, também, a faculdade da memória. Essa será estimulada e revitalizada e se tornará mais retentiva. Pouco a pouco as experiências do Mundo interno aparecerão mais claras, mais ordenadas e mais sequenciais, até que, por fim, será possível se recordar dos acontecimentos durante o sono com a mesma facilidade com a que se recordam os em estado de vigília. Quando a memória for incrementada e se unifique assim, ligará uma ponta do abismo no outro.
A memória, trabalhando por meio da Mente consciente, constrói uma ponta entre o estado do sono e o de vigília.
A memória, trabalhando por meio da Mente subconsciente, preenche o vazio entre as encarnações presente e as passadas.
A memória, trabalhando por meio da Mente supraconsciente, preencherá, infalivelmente, o vazio do esquecimento que se estende entre a vida e a morte.
Os vários procedimentos para o desenvolvimento da memória se encontram entre os ensinamentos fornecidos por Cristo, durante aquele maravilhoso intervalo entre a Sua Ressurreição e Sua Ascensão.
Desde a Sexta-feira Santa até o amanhecer da Páscoa, os ensinamentos do Mestre nos planos internos se referiram ao início do Caminho. Entre a Ressurreição e a Ascensão os ensinamentos se referiram à consumação do trabalho no Caminho da Luz, quando uma nova e glorificada raça haja passado em sua vida diária por ambas as experiências, a da Ressurreição e a da Ascensão.
Quando o ser humano tenha alcançado o grau de desenvolvimento, a transição da vida terrena para o outro mundo será uma aventura gloriosa e consciente. O Ego, vivo e alerta, não conhecerá o medo. Por outro lado, em um estado de exaltação, poderá passar alegremente para a próxima, mais longa e ampla vida. Poderá se unir aos coros dos Anjos e Arcanjos, dos Querubins e Serafins, e entoar: “Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão?”.
O acontecimento culminante do Sábado Santo ocorreu à meia-noite, com a observância do profundo Rito do Batismo. Estava relacionado com o Segundo Grau ou o Rito da Iluminação. Aqueles que aspiravam passar ao santuário interior desse Grau, iniciaram uma rigorosa preparação, ao cuidado de Mestres, no início da Quaresma, e eram conhecidos como “os que vão a ser iluminados”. Uma quantidade de homens e mulheres santos, destacadamente mencionados nos Evangelhos, passaram esse Grau no sábado à noite e puderam saudar ao Sol daquele importantíssimo amanhecer de Páscoa, como irmãos recém-nascidos, do Cristo Ressuscitado. Entre eles estavam as mulheres às que Cristo apareceu naquele cedo amanhecer.
A água tem uma afinidade especial pela substância etérica; daí que, quando o Corpo Vital de um candidato à Iniciação se sensibilize suficientemente, por meio de uma vida santa e pura, a imersão do seu Corpo Denso na água tende a soltar a firme ligação que mantém unidos, normalmente, os Corpos Denso e Vital. Quando ocorre a separação entre ambos e se desperte os centros do Corpo Vital, a consciência se abre nos planos internos e a alma enfrenta as experiências transcendentais que deixam uma marca permanente para o resto da vida. Ao afrontar, não devidamente preparado, o Rito do Batismo, suporia se encontrar em uma situação cheia de perigo, pois o influxo do poder espiritual que acompanha o Batismo, assim como pode proporcionar a iluminação ao devidamente preparado, acarretará a destruição dos veículos indevidamente limpos e qualificados.
Certos centros dos Corpos invisíveis do ser humano são especialmente sensíveis à influência espiritual que acompanha o Rito do Batismo. Quando o oficiante dessa cerimônia está suficientemente avançado, dirigirá seu olhar interior para esses centros e acondicionará o trabalho às características do desenvolvimento do Aspirante. A posse por São João Batista dessa faculdade, foi o que lhe revelou a exaltada posição de Jesus e o fez se sentir indigno de batizar a uma alma já iluminada. As palavras da invocação empregada pelos primeiros cristãos na cerimônia do Batismo eram como uma melodia para o ansioso e expectante devoto: “Abre teus olhos e ouvidos e penetra no doce sabor da vida eterna”.
Ainda que a igreja tenha esquecido, já há muito tempo, as verdades internas associadas às cerimônias que continua praticando, muito do seu simbolismo permanece perfeitamente, como pode rapidamente se comprovar a quem se familiarize com os processos implicados na recepção dos diversos Graus que pertencem aos Mistérios Cristãos e conduzem ao Monte da Iluminação. O que segue ilustra isso: a Quaresma culmina com o Sol em Peixes, quando os raios desse Signo da Água se derramam sobre a Terra. Esse é o último ato das Hierarquias Zodiacais antes de se produzir a liberação do fogo celeste, por meio do Signo de Áries, que provoca o nascimento do ano novo espiritual ou Rito da Ressurreição na Páscoa. Então, ocorre uma união alquímica entre a Água de Peixes e o Fogo de Áries, resultando em um incremento de luz e de poder para a vida abundante. No indivíduo isso supõe misturar, no Corpo de Desejos, do Fogo, elemento à que esse pertence. Para comemorar esse fato alquímico, que ocorre na natureza durante a Páscoa, a igreja atualmente conserva o ritual do Sábado Santo, quando se bendiz o “novo fogo”, enquanto é conduzido, em procissão, e logo se “mistura” com a água benta que, desde então, se denomina, corretamente, “Água Pascoal”. Nenhuma água pode ser denominada assim, salvo à que mistura, simbolicamente, o fogo bento com a água benta.
Durante a procissão, o “eleito”, que recebe as bênçãos do “novo fogo”, canta triunfante: “Cristo é a nossa luz”, e a isso outro cantor responde: “Que Sua luz ilumine nossos corações”. Na igreja primitiva, a pia batismal tinha a forma de tumba, para representar a morte do velho e o nascimento do novo, que ocorria ao celebrar o Rito do Batismo.
Assim de rico e verdadeiro é o simbolismo que a igreja moderna conservou em muitos dos seus ritos, ainda que muito poucos dos que os observam compreendem seu significado espiritual interno. Verdadeiramente, a luz que a Iniciação proporcionava nesses Mistérios se perdeu em nosso tempo, não só para as multidões, mas para a maior parte dos que ensinam e dirigem. Faz muito tempo que os sacerdotes deixaram de serem recrutados entre os Iniciados, com o resultado de que, ainda que persistam as antigas e verdadeiras fórmulas, o espírito que as informava se perdeu no tempo.
O texto utilizado pelos Aspirantes no Sábado Santo era o Cântico dos Cânticos, de Salomão, já que ele descreve o Matrimônio Místico. A igreja, posteriormente, acrescentou o capítulo treze do Evangelho de São João, para o estudo contemplativo desse dia santo. Ele era empregado durante a cerimônia do Lavatório dos Pés do recém-batizado.
No Ritual do Sepulcro Vazio, Cristo, como indicador do caminho para toda a humanidade, ensinou a Seus seguidores o último e mais difícil trabalho que deve se executar no Mundo Físico. Esse trabalho consiste na transmutação da matéria em espírito. Quando o ser humano tiver aprendido, adquirirá o domínio da enfermidade, da idade e da morte. Na terminologia esotérica essa consecução se alcança com a Iniciação pertencente à Terra, o mais denso dos Quatro Elementos. É a última das Quatro Grandes Iniciações ou Iniciações Maiores. Quando a luz dessa sublime iluminação estiver dispersada, altares a Cristo serão erigidos, tanto em nossos laboratórios físicos, como em nossas igrejas. O espírito que está subjacente e por trás da matéria será reconhecido.
Com a Iniciação da Terra chega à liberação da Roda de Nascimentos e Mortes. A necessidade de renascer já não mais existe, porque todas as lições da Terra já foram aprendidas. O espírito do ser humano é, pois, livre para continuar seu desenvolvimento em outras esferas elevadas, ou permanecer com a humanidade para ajudá-la a alcançar o nível que ele também já alcançou. Tais seres são os graduados da humanidade, os Mestres da Sabedoria e nossos Irmãos Maiores de Compaixão.
São Pedro também passou pelo Ritual da Morte Mística naquele amanhecer de Páscoa, antes de receber o Grau de Mestre. Junto com a Virgem Maria e São João chegou à tumba vazia e, segundo o Evangelho, entrou só, ficando de fora os outros. Esse incidente, traduzido simbolicamente, destaca o fato de que os dois que ficaram de fora já tinham experimentado a entrada no “sepulcro” e a saída triunfante dele. Nesse momento estavam ajudando a São Pedro a passar à exaltação gloriosa de consciência que eles já possuíam.
Por meio do processo da Iniciação, a mortalidade se veste de imortalidade. Esse é seu único objetivo e essa é sua única meta. Para a consciência do Iniciado a vida e a morte não são senão aspectos diferentes do progressivo desenvolvimento do espírito. Sabendo disso, o cerimonial dos enterros, entre os primeiros cristãos, era um rito glorioso. A vida era seu tema. Colocavam no ataúde folhas de hera e de louro e um texto completo dos Evangelhos sobre o coração. Aqueles que estavam esperando eram portadores de ramos de oliveira e palmas e a procissão até a tumba era caracterizada não por luto ou lamentação, mas pelo som de regozijosas hosanas. O vestuário era de acordo com esse sentimento; nada escuro como a tumba, mas brilhante como a luz que saúda a alma, pelo seu nascimento nos planos espirituais. As tumbas dos primeiros cristãos tinham uma forma de cruz, como reconhecimento pelo fato de que o corpo da mortalidade que se abandona é a cruz da matéria, de que a alma fica liberada com a morte e o corpo do qual o espírito se libera, quando alcança a luz da Iniciação.
Durante o intervalo entre a Crucifixão e a Ressurreição (desde a tarde da Sexta-feira até a manhã do Domingo) o espírito de Cristo trabalhou no interior do Planeta Terra, como se há dito antes. “Desceu aos infernos”. Tal é a frase do Credo para significar Sua entrada nas regiões inferiores do Mundo do Desejo da nossa Terra, onde Ele foi levar Seu Evangelho às almas desencarnadas e também no plano das trevas. Cristo, portanto, veio para ajudar, não somente a humanidade encarnada, mas também a seus membros desencarnados. Sua missão se estendeu ainda mais, à redenção dos Espíritos Lucíferos caídos, cujo plano de atividade é o Mundo do Desejo, e até dos demais reinos de seres viventes sobre a Terra, que experimentaram o atraso na sua evolução, como consequência da “Queda do Homem”, seu irmão maior. Tal é o aspecto de inclusão total de Seu trabalho redentor.
As primeiras horas da manhã da primeira Páscoa várias mulheres chegaram ao sepulcro vazio, além da bendita mãe Maria e de Maria Madalena. Eram: a irmã da mãe da Virgem; a também Maria, mãe de Judas (Tadeu) e São Tiago (o Menor); Salomé e Joana, esposa do mordomo de Herodes, Chuza. Todas as mulheres estavam ali, se preparando para entrar na Morte Mística e experimentar a iluminação que segue o Rito da Ressurreição. Os dois Anjos que vieram ao sepulcro vazio representam o purificado Corpo de Desejos e o luminoso Corpo Vital do candidato que está preparado. A consecução mais elevada que aguardava a essas mulheres pode ser deduzida das palavras que o Mestre lhes dirigiu, ordenando-as: “Ide a Galileia e ali me reunirei com vocês”[73]. Segundo o Zohar, “a ressurreição completa começará na Galileia. A ressurreição dos corpos – continua afirmando – será como o se abrir das flores. Não haverá a necessidade de comer ou beber, porque seremos alimentados pela glória do Shekinah”.
Os essênios, que tão reverentemente preservaram os conhecimentos dos Mistérios Pascais, continuaram entoando orações e hinos de louvor durante a noite do Sábado Santo e do Amanhecer de Páscoa, ao longo dos anos em que seu grupo permaneceu ativo.
CAPÍTULO XVI – O AMANHECER DA PÁSCOA
O Rito da Ressurreição é o Rito da vida impessoal. Durante a experiência da Morte Mística, o Discípulo se conscientiza das ilusões da matéria e das limitações da vida finita. A consciência da Ressurreição produz a comprovação da unidade de toda a vida em Deus. A pedra da separação foi removida. Por isso, quem passou por essa sublime experiência sabe que nenhum dano pode afetar a uma parte sem ferir o todo, e que nada bom pode suceder a alguém sem que, ao mesmo tempo, beneficie a todos.
Quem chega a conhecer a glória da ressurreição não pode mais ferir e nem matar, nem sequer a seus irmãos menores do reino animal, posto que eles são expressões viventes da mesma vida que vive e se move e tem seu ser no ser humano. Com a consciência da ressurreição a paixão do Corpo de Desejos não regenerado se converte na compaixão do espírito, que tudo abarca. O recém-nascido é banhado na dourada refulgência do Cristo Ressuscitado, e se faz um com Ele, na comprovação de que a morte se converteu na vitória da vida eterna.
A meditação sobre a experiência transcendental da Ressurreição proporciona uma compreensão e reverência maiores pelo significado interno daquela saudação que os Cristãos esotéricos se dirigiam, durante a radiação do amanhecer da Páscoa, à luz de sua própria iluminação interior: “Cristo é nossa Luz”.
Durante os anos seguintes, a noite de Sábado Santo e a manhã do dia da Páscoa foram os tempos de Iniciação para as almas avançadas, cujas vidas e obras se mencionam nos Evangelhos. E deve ter ocorrido muitas outras, não mencionadas, conforme atestam as palavras do Evangelho de São João: “Muitas outras coisas Jesus fez na presença dos Seus Discípulos, que não estão escritas nesse livro”[74]. Ainda mais tarde, São Gregório escreveu um formoso hino descrevendo a santa dedicação de Maria à mística saída do Sol, enquanto antigas lendas asseguram que foi a ela a quem o recém-ressuscitado Mestre apareceu primeiro.
Maria, a Virgem, passou pelo Terceiro Grau ou Grau do Mestre aos pés da cruz; e Maria Madalena, ao amanhecer do primeiro domingo da Páscoa, quando encontrou o Mestre no jardim.
Nesse Grau, a consciência é elevada aos planos espirituais superiores. Isso só é possível sob a supervisão de um Mestre. Por isso, antes que tal elevação da consciência ocorresse, Maria não reconheceu a seu Mestre em Seu resplandecente corpo espiritual, e só quando a ajudou a elevar gradualmente sua consciência aos planos em que Ele estava funcionando, ela O reconheceu em Sua glória transcendente. Foi, então, quando ela se prostrou de joelhos, com humildade, e se dirigiu a Ele como “Rabôni”, que significa “elevadíssimo Mestre”.
No Evangelho de São Lucas se recorda o passeio memorável para Emaús. Cleofás, pai de São Tiago (o Menor) e Judas (Tadeu), junto com outro dos Discípulos caminhavam para a pequena aldeia, na periferia de Jerusalém, quando, repentinamente, apareceu a eles o Mestre e os acompanhou até sua casa, onde abençoou seu jantar. Entretanto, até o momento em que Ele partiu o pão para eles, esses não reconheceram Sua verdadeira identidade. No cerimonial da Última Ceia O haviam visto derramar Sua radiante força vital sobre o pão, até convertê-lo em um foco luminoso de poder curativo. Nessa segunda vez, partiu o pão da mesma maneira e por isso reconheceram que quem estava entre eles não era outro que o próprio Cristo ressuscitado. Ainda que não houvessem alcançado o suficiente desenvolvimento para reconhecê-Lo, ao se encontrarem com Ele no caminho, se se tivessem feito credores, sem dúvida alguma, a caminhar em Sua presença e companhia, O reconheceriam no nível em que então Ele funcionou. Imediatamente Cristo desapareceu da vista deles e eles se dirigiram, apressadamente, a Jerusalém para proclamar a regozijosa notícia de Sua aparição.
À Noite da Páscoa, os Discípulos mais intimamente associados ao Mestre se reuniram na Sala Superior, que ainda vibrava com a força nela liberada durante a Santa Ceia. E, enquanto recebiam aos dois de Emaús e escutavam, ansiosos, seu regozijoso relato, Cristo apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco. Olhem para minhas mãos e meus pés” – e adicionou – “Sou Eu mesmo”.
Tudo isso não é senão uma descrição enigmática do que ocorreu. O Mestre estava, então, ensinando a Seus Discípulos como “soltar os cravos”, por assim dizer, do Corpo físico. Existem outros pontos pelos quais os dois Corpos estão ligados, mas os das mãos e os dos pés são os mais difíceis de se soltar. Daí a dor e as “feridas sagradas” ou “Estigmas”, na linguagem da igreja. E, como o trabalho de separar o Corpo Vital do Denso pertence ao Terceiro Grau, o da Iluminação, está claro que os reunidos, aos que Cristo apareceu, estavam sendo preparados para esse Grau dos Mistérios Cristãos.
São Tomé não estava entre eles. Ainda não havia alcançado o Segundo Grau, o da Clarividência. Entretanto, no sábado seguinte, na mesma Sala Superior, Cristo ordenou à São Tomé incrédulo, aparecendo a ele, que colocasse suas mãos nas “marcas dos cravos”. Feito isso, ele acreditou, ou seja, obteve o conhecimento, de primeira mão, que lhe abriu as portas da Iniciação do Segundo Grau.
Na segunda-feira da Páscoa o Mestre apareceu de novo aos seus Discípulos mais avançados, junto ao Lago de Tiberíades. Estavam no grupo São Pedro, São Tiago, São João, São Natanael e São Felipe. São Pedro, ao que se refere ao ocorrido, anunciou sua intenção de pescar. Seus companheiros concordaram e, subindo na barca, se lançaram ao Lago. Durante toda a noite nada pescaram. Ao amanhecer, viram a Jesus, de pé, na margem. Dirigindo-se a eles, lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”[75]. Assim o fizeram e a pesca foi abundante. Quando São Pedro soube por São João que era o Mestre que estava entre eles, se lançaram às águas para ir ao Seu encontro e levou logo a rede, repleta de peixes, para a terra.
Esse incidente é descrito no capítulo 20 do Evangelho Segundo São João, o mais esotérico de todos os Evangelhos, escrito pelo Discípulo mais próximo e mais amado do Mestre. A experiência nele descrita é toda espiritual e ocorreu nos planos internos. O Lago simboliza o plano etérico e a barca, o Corpo-Alma, no qual o ser humano funciona em dito plano. O peixe é o símbolo dos Mistérios Ocultos ou verdade esotérica. O número de peixes pescados, 153, fornece o valor numérico de nove, o número da evolução humana, e indica que a humanidade inteira será salva quando Cristo Cósmico for universalmente reconhecido como Salvador do Mundo.
São Pedro estava, então, recebendo as instruções para alcançar o Terceiro Grau ou o Grau do Mestre. A ele, e aos que se encontravam com ele, o Mestre estava ensinando como “Lançar a rede à direita do barco” ou, em outras palavras, como se sintonizar com as correntes da direita ou positivas da Terra. Essas correntes estão sob o domínio de Mercúrio, deus da Sabedoria, regente das emoções.
Então, os novos Discípulos alcançaram os poderes do Grau de Mestre que os capacitaram, nas palavras do Evangelho Segundo São Marcos, a expulsar demônios “em Meu nome”. E falaram novas línguas, pegarão serpentes e se beberem algum veneno, não lhes fará nenhum mal; imporão as mãos aos doentes e esses ficarão curados (Mc 16:17:18).
Desde o primeiro grande derramamento do Fogo no Pentecostes, a humanidade tem se voltado, invariavelmente, para o mundo do materialismo, o que faz com que os poderes do espírito se tornem cada vez menos aparentes. Contudo, desde seu longo “enterro” está destinada a experimentar uma ressurreição universal no Novo Dia que já está amanhecendo. Um outro tempo de “milagres” está se avizinhando; um segundo Pentecostes se aproxima. Do cântaro de Aquário está sendo derramado sobre a Terra um novo fogo do céu, destinado a despertar a humanidade para novas realizações espirituais, e a criar as circunstâncias que tornarão possível o retorno do Espírito de Cristo, para completar a consciência dos seres humanos, do mesmo modo que Ele se manifestou a Seus associados durante os dias de Sua primeira vinda.
A Ressurreição de Cristo não é só um acontecimento histórico para uma mera celebração eclesiástica. É um festival cósmico recorrente. É um incremento anual, tanto físico como espiritual, de vida, para a experiência presente e para o desenvolvimento futuro do ser humano. Só quando essa experiência for assimilada interiormente, a humanidade poderá compreender o significado transcendental dos sagrados Mistérios da Páscoa.
CAPÍTULO XVII – O INTERVALO ENTRE A RESSURREIÇÃO E A ASCENSÃO
Uma das fases mais importantes da missão de Cristo sobre a Terra consistiu em disponibilizar os Mistérios Cristãos para a humanidade. Os Pais da Igreja primitivos fazem muitas referências a esses ensinamentos secretos. Orígenes[76], um dos mais importantes entre eles, alude frequentemente aos ensinamentos ocultos, o mesmo que Tertuliano[77], que devia estar familiarizado com eles, já que alega ter sido um Iniciado dos Mistérios de Mitra, antes de encontrar o Cristianismo.
Quando Cristo disse a alguns eleitos “siga-me” estava formulando o primeiro Caminho do Discipulado, que conduz aos Mistérios Cristãos. O Aspirante moderno, ao contemplar as magníficas igrejas dos nossos dias, com todo conforto, espaço e luxo, dedicadas à memória de distintos Discípulos, estão inclinados a esquecer da vida que esses homens e mulheres viveram, quando estavam sobre a Terra. Foram empurrados, de um lugar para outro, pelas mais horríveis perseguições, vivendo em covas e sem se atrever a mostrar seu rosto em nenhuma praça pública. Nenhum visitante de Roma pode se esquecer das catacumbas, escuras e sombrias passagens subterrâneas, de muitos quilômetros de comprimento, nas quais muitos Cristãos primitivos viveram durante muitos anos. Aparentemente a única recompensa a tantos anos de sacrifício e força eram os animais selvagens no circo ou o martírio na cruz de seu próprio Gólgota. No entanto, apesar disso, aqueles bravos homens e mulheres possuíam uma coragem interna e uma alegria anímica como poucas pessoas tinham jamais conhecido. Encontraram essa “grande paz que sobrepassa todo o entendimento”. Aprenderam a dizer, como São Paulo: “nenhuma dessas coisas me comove”[78], porque alcançaram uma das mais difíceis consecuções no Caminho do Discipulado: encontraram o Reino dos Céus dentro deles mesmos.
Durante a Semana da Paixão, o intervalo entre o Domingo de Ramos e o dia da Páscoa, que se chama Semana Santa, Cristo deu a Seus Discípulos muitos princípios-chaves relativos ao trabalho do Discipulado no Mundo Físico externo[79]. Durante semana entre a Páscoa e o seguinte domingo ou Oitava de Páscoa, chamada de Semana Pascoal, Ele lhes proporcionou muitos princípios-chaves relativos ao trabalho do Discipulado nos Mundos internos ou espirituais.
Foi durante aquele amanhecer místico no princípio de manhã da Páscoa quando os seguidores de Cristo viram, pela primeira vez, a fulgente glória do corpo solar do Mestre.
Aos três Discípulos mais adiantados foi permitido contemplar aquele corpo de luz no Monte da Transfiguração, mas esse privilégio só o puderam alcançar, a maior parte dos Seus Discípulos, no Rito da Ressurreição ou alvorada da Páscoa.
Durante os três anos de ministério de Cristo na Terra Ele apareceu no corpo físico do Mestre Jesus. Esse instrumento humano, para esse plano terrestre, era uma pálida sombra comparado com a luminosa radiação do corpo solar de Cristo, que é Seu veículo no Sol espiritual e no plano de Capricórnio, morada dos Arcanjos.
Foi durante esse tempo maravilhoso para o espírito, que vai da Ressurreição à Ascensão, quando os Discípulos viam, diariamente, o Cristo em seu glorioso corpo, que São João descreve como “mais branco que a neve e mais brilhante que o Sol”[80]. Os acontecimentos que ocorreram durante esse transcendental período de quarenta dias, como já foi dito, se realizaram, em sua maior parte, nos planos espirituais e só os Discípulos capazes de funcionar, conscientemente, nos Mundos superiores puderam participar desses eventos. Esses sublimes acontecimentos, descritos nos últimos capítulos do Evangelho de São João, eram parte da preparação, mediante a qual os Discípulos foram acondicionados para o mais elevado sucesso espiritual da vida humana, descrito biblicamente como a Festa de Pentecostes.
No amanhecer da Páscoa, quando Cristo apareceu à Maria Madalena – uma das mais elevadas Discípulos femininos – na glória de Seu corpo arcangélico, ela provou a extensão de seus poderes de clarividência. Logo, na mesma manhã, as Escrituras nos informam: “Depois disso, Ele se manifestou de outras formas” (Mc 16:12).
O ser humano possui outros Corpos, de substância mais tênue que o físico. O Corpo Vital é composto de material da Região Etérica do Mundo Físico; o Corpo de Desejos é composto de material do Mundo do Desejo; a Mente, de substância do Mundo do Pensamento Concreto; e os veículos espirituais, da substância espiritual de seus Mundos. O Mestre Iniciado pode atrair, facilmente, para Si átomos pertencentes a esses Mundos, revestindo-se de um Corpo dessa determinada substância. Com a mesma facilidade pode dissolver esse Corpo, quando já não lhe é mais necessário, e devolver os átomos à substância universal de onde vieram, o que explica o mistério do sepulcro vazio, tanto tempo objeto de disputas entre as distintas igrejas. Todos que transcenderam o elevado estado de Iluminação, conhecido como Iniciação da Terra, obtiveram o completo e absoluto controle de todos os átomos e pode dissociá-los e desagregá-los à vontade, que é o que fez o Cristo antes de Sua Ressurreição, já que não necessitava daquele Corpo físico, por ter concluído Sua missão na Terra.
O Mestre apareceu àquelas mulheres revestido em Seu Corpo Vital, pois a visão delas não era tão profunda como a de Maria Madalena. No caminho de Emaús, segundo as Escrituras, “seus olhos, porém, estavam impedidos de reconhecê-lo”[81]. Logo, seguem dizendo: “Então seus olhos se abriram e O reconheceram”[82]. Essas afirmações se referem ao desenvolvimento da clarividência. O poder da clarividência e a faculdade de abandonar o corpo físico à vontade, como um Auxiliar Invisível, são duas das fases mais familiares do Discipulado Cristão e, nos livros do Novo Testamento há, frequentemente, referência a essas duas etapas.
A noite de Páscoa, durante o acontecimento já descrito, quando o Mestre apareceu aos Discípulos na Câmara Superior, com as portas e janelas fechadas e trancadas, estava lhes ensinando que a matéria física não pode nunca constituir uma barreira intransponível para o Corpo do Espírito. É essa uma verdade que podem atestar muitos Estudantes dos fenômenos psíquicos.
No dia seguinte, no Mar da Galileia, Cristo ensinou aos Seus mais avançados Discípulos como desenvolver e empregar certas correntes espirituais internas. O desenvolvimento e o emprego apropriado das mesmas protegerão sempre o Discípulo das furiosas investidas psíquicas, da influência sinistra de desencarnados apegados à Terra e dos terrores da obsessão. Nenhum Discípulo deve se arriscar a trabalhar nos planos psíquicos se não aprendeu como se proteger com o escudo e a armadura da luz branca e pura.
“Já amanhecera. Jesus estava de pé, na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus.
Então Jesus lhes disse:
‘Jovens, acaso tendes algum peixe?’.
Responderam-lhe: ‘Não!’.
Disse-lhes:
‘Lançai a rede à direita do barco e achareis’.
Lançaram, então, e já não tinham força para puxá-la, por causa da quantidade de peixes. Aquele discípulo que Jesus amava disse então a Pedro:
‘É o Senhor!’.
Simão Pedro, ouvindo dizer ‘É o Senhor!’, vestiu sua roupa — porque estava nu — e atirou-se ao mar. Os outros discípulos, que não estavam longe da terra, mas cerca de duzentos côvados, vieram com o barco, arrastando a rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas, tendo por cima peixe e pão.
Jesus lhes disse:
‘Trazei alguns dos peixes que apanhaste’.
Simão Pedro subiu então ao barco e arrastou para a terra a rede, cheia de cento e cinquenta e três peixes grandes; e apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.
Disse-lhes Jesus:
‘Vinde comer!’.
Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: ‘Quem és tu?’, porque sabiam que era o Senhor.” (Jo 21:4-12)
Aqui, como já foi dito, está contida um dos mais profundos ensinamentos dados por Cristo durante todo o Seu ministério. É a continuação do trabalho profundo esotérico, antes aludido, da Segunda-feira da Páscoa. Sua ação não se desenvolveu no plano físico, mas no Mundo interno em que os Discípulos atuavam em seus veículos espirituais. Dado que o peixe é um habitante das profundidades, sempre foi o símbolo religioso dos acontecimentos esotéricos profundos. Esse símbolo foi utilizado amplamente pelos primeiros Cristãos, durante o período de sua intensa perseguição. Não se tratada de homens que pescavam e vendiam peixes como meio de vida, mas de Discípulos treinados sob a orientação de São João Batista para receber os ensinamentos esotéricos profundos que Cristo ensinaria. Um princípio-chave desse fato está na menção que se faz do favo de mel. Se se tratasse de um evento físico natural, certamente não resultaria muito apetitosa a comida composta de peixe e mel. Essa última é utilizada, desde tempos imemoriáveis, nas cerimônias de Iniciação. Nos antigos Mistérios, quando o Aspirante tinha passado com êxito em determinadas etapas, ele era jubilosamente recebido, dando a ele boas-vindas, pelos seus companheiros iniciados, que compartilhavam com ele a ambrosia, bebida de ação de graças, composta de mel e algumas ervas. Portanto, mediante o uso simbólico do peixe e do mel, significa que os mais adiantados entre os Discípulos do Mestre foram apresentados nas mais profundas verdades esotéricas dos primeiros Mistérios Cristãos.
Durante o intervalo entre a Ressurreição e a Ascensão os Discípulos foram recompensados pelos longos anos de sacrifício e renúncia. As maravilhosas glórias daqueles dias santos encheram de revelações divinas as horas de íntima e terna comunhão com o Senhor ressuscitado. Só os que estavam suficientemente evoluídos para funcionar, conscientemente, nos planos internos puderam experimentar a glória do intervalo entre a Ressurreição e a Ascensão. Esses dias sagrados se situam, verdadeiramente, entre o céu e a Terra. Nunca poderiam ser descritos com meras palavras. São João se refere a eles nas palavras finais de seu Evangelho: “Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam”[83].
Os dias santos culminaram com a Ascensão. Sempre o Mestre deu ênfase a Seus Discípulos sobre o milagre daquele dia em que desenvolveram todos os poderes crísticos em si mesmo, acontecimento ao que Ele chamava “ser investido com os poderes do alto”[84]. No grande dia de Pentecostes se converteram em seres inspirados e iluminados, mensageiros e mestres do perfeito Caminho de Cristo.
No Rito da Ascensão, Cristo reuniu ao Seu redor os Seus mais avançados Discípulos e, enquanto os abençoava, O viram se elevar, cada vez mais, aos planos espirituais, tão longe que, finalmente, nem sequer sua visão clarividente pode segui-lo, enquanto hostes de Anjos cantavam regozijosos: “assim como O haveis visto se elevar, assim regressará”.
Durante o período de quarenta dias que vai desde a Ressurreição até à Ascensão, os Discípulos, não só viveram uma experiência espiritual riquíssima e reconfortadora, senão que Cristo mesmo foi um canal para o fluxo e refluxo renovador do crescente poder espiritual. Foi dito diversas vezes, ao longo do Livro A Interpretação da Bíblia para a Nova Era, que cada acontecimento importante na vida de Cristo representa uma etapa Iniciática no desenvolvimento espiritual do ser humano. Esses sucessos representam, também, progressivas Iniciações na vida do Mestre.
Com a Ascensão, Cristo passa aos mais elevados planos espirituais da esfera terrestre que, biblicamente, se descrevem como “o Trono do Pai”. Converte-se, assim, em um canal para o derramamento das forças das Doze Hierarquias Zodiacais, incluindo os Serafins, Querubins e Senhores da Chama. Com a Ascensão, ou Solstício de Junho, cada átomo da Terra fica impregnado da luz-glória desse divino poder espiritual. No Solstício de Dezembro, o coração da terra se torna luminoso com a luz de Cristo.
No entanto, Suas emanações são tão elevadas que a maioria da humanidade o percebe muito parcialmente ou não percebe nada. A estação do Natal se celebra universalmente, mas a festa do Solstício de Junho passa quase sempre despercebida. E, ainda que isso é certo no plano físico, é muito diferente no Mundo espiritual.
Ali os Anjos e Arcanjos celebram as festividades. A beleza, o esplendor e o poder espiritual que impregnam, tanto o céu como a Terra, nessa elevada época, não podem se descrever adequadamente pela linguagem humana, mas está além do que pode se ver pela visão humana.
A exaltada glória da festa da Ascensão pertence a um elevado estado do ser que a humanidade, no desenvolvimento continuado, alcançará um dia no curso de sua própria ascensão até a Iluminação.
Há uma lenda que conta que, pouco depois da Ascensão, Cristo, no plano celeste, estava rodeado por muitos profetas do Antigo Testamento contemplando, encostados na beira do mundo, aos Discípulos na Terra, atarefados em ensinar e curar a multidão que os seguiam, quando um dos profetas disse a Cristo: “é uma lástima que hajas deixado o mundo tão cedo, quando ainda há tanto trabalho”. Cristo replicou: “Eu não deixei a Terra. Enquanto houver Discípulos que façam o que Eu fiz e digam o que Eu disse, estarei entre eles”.
Não é essa a prova mais impressionante e desafiante para o Discípulo, a todo tempo, e a todo momento? O praticar uma dedicação e uma consagração tão completas, que os pés não caminham senão por Seus caminhos, que as mãos ministrem em Seu nome, e que os lábios não falem senão d’Ele, constitui o verdadeiro significado do Discipulado. Quem quer que passe nessa prova, será considerado digno de participar do mesmo glorioso intervalo de comunhão com o Senhor Cristo, do mesmo modo que os primeiros Discípulos desfrutaram naquele primeiro período entre a Ressurreição e a Ascensão.
TERCEIRA PARTE – A TRILHA DA SANTIDADE OU O CAMINHO DE CRISTO
ESTUDO DO CAMINHO ATRAVÉS DOS DOZE PORTAIS ZODIACAIS
Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida
(Jo 14:6)
Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à Vida. E poucos são os que o encontram.
Mt 7:13-14
Ali haverá uma estrada — um caminho que será chamado caminho sagrado. O impuro não passará por ele. Ele mesmo andará por esse caminho, de modo que até os estultos não se desgarrarão.
Is 35:8
Tais veredas não as conhece o abutre, nem as divisa o olho do falcão; não as percorrem as feras arrogantes, nem as atravessa o leão.
Jo 28:7-8
Mas, já que ele conhece o meu proceder, que me ponha à prova, dela sairei como ouro acrisolado
Jo 23:10
… dar-vos-á o pão da angústia e água racionada; aquele que te instrui não tornará a esconder-se, sim, os teus olhos verão aquele que te instrui. Teus ouvidos ouvirão uma palavra atrás de ti: “Este é o caminho, segui-o, quer andeis à direita quer à esquerda”.
Is 30:20-21
Este é o único (Caminho), meu filho, a Trilha (que conduz) à Verdade, (a Trilha) sobre o qual os nossos predecessores puseram seus pés e, assim fazendo, encontraram o Bem.
Solene e suave é esse Caminho, mas difícil de percorrer pela alma quando ainda está no corpo.
Pois, primeiro, você tem que lutar consigo mesmo, produzindo uma grande dissensão, e conseguir que a vitória faça parte (de você mesmo).
Pois, há um embate um contra os dois, o primeiro tentando escapar e por último tentando arrastar para baixo.
E há grande disputa e batalha (horrenda) destes contra o outro, aquele que quer fugir e os outros que querem ficar.
A grande disputa e batalha (horrenda) destes contra o outro, aquele que quer fugir e os outros ficarem.
Um anseia por ser livre; os outros amam sua escravidão.
Você, (meu) filho, deve primeiro deixar seu corpo para trás, antes que ele chegue ao fim, e sair vitorioso na vida de conflito, e então, como um triunfante, dirigir seu caminho de volta para casa.
Hermes Trismegisto
Sacrifício, estudo, entrega, ascetismo, verdade, perdão, bondade e alegria constituem os oito caminhos da retidão. Os quatro primeiros podem se seguir pela soberba, mas os outros quatro só se dão nos verdadeiramente grandes.
El Mahabharata
Todos os povos celebram o ano novo relacionando-o com o passo do Sol por determinado ponto da Eclíptica[85]. Existem quatro pontos dessa classe que os astrônomos chamam de Equinócios e Solstícios. Alguns povos celebram o ano novo no Equinócio de Março; outros no de Setembro; e alguns outros no Solstício de Junho ou de Dezembro.
Os antigos hebreus desenvolveram dois calendários: um secular e outro sagrado. O ano novo, no antigo calendário secular, começava com o mês de Tishri[86], aproximadamente, no Equinócio de Setembro. O ano novo sagrado que, aparentemente, adotaram dos babilônios, mas que foi sancionado por Moisés (Ex 13:4), caía, aproximadamente, no Equinócio de Março. Sua Páscoa se celebrava como uma festa dessa estação. As festas hebreias dependiam da posição relativa da Lua e do Sol, e a Lua Nova constituía o primeiro dia de cada mês.
Essa correlação enfatizava a influência Jeovística lunar e, assim, foi fixada pelos Iniciados, que compreendiam a correlação entre as forças espirituais e materiais. O Dia da Expiação, o ano novo civil, e o do Juízo se celebravam na época do Equinócio de Setembro, e nele se seguem sendo celebrados. Estavam sintonizados com as forças que fluíam, através do universo, nesse tempo, com particular intensidade, incidindo sobre a Terra de um modo especial. A constelação na qual o Sol cruza o equador celestial em setembro é Libra, o Signo da balança no simbolismo astrológico, e associada aos ideais de justiça e equilíbrio.
Desde a vinda do Cristo é dado maior ênfase espiritual ao Sol, ao calendário solar e ao Equinócio de Março, mas isso não alteraram as verdades conhecidas pelos antigos Iniciados. E assim, e pelas razões que se exporão nas próximas páginas, para os neófitos na Trilha da Santidade conducente à Iniciação em Cristo, ainda existe a alma do ano novo, celebrada em setembro, quando o Sol cruza o equador no Signo, que não é na constelação, de Libra.
À luz da lenda astrológica cristã que tende, naturalmente, a correlacionar os fenômenos astrológicos com os ensinamentos bíblicos, antes da “Queda do Homem”, Virgem e Escorpião estavam unidas em uma única constelação. Depois da “Queda do Homem” foram separadas e, entre ambas se intercalou a Libra. As marcas astronômicas dessa lenda são ainda discerníveis no céu: a constelação de Libra é uma das mais extensas, alcançando, em seu estado natural, desde os aproximadamente vinte e quatro graus de Virgem, todo o Signo de Libra, e os primeiros cinco graus do Signo de Escorpião; tudo isso medido nos tempos atuais e quando o Equinócio de Março está, aproximadamente, no 10º grau de Peixes.
Acreditamos que os Estudantes observaram que distinguimos Constelações de Signos. As constelações são as estrelas visíveis aos nossos olhos. Os Signos são divisões matemáticas, arbitrárias, do espaço, medidos desde o Equinócio de Março, ao longo da Eclíptica e constituídos por segmentos de trinta graus, o primeiro dos quais se chama Áries; o segundo, Touro; o terceiro, Gêmeos, e assim ao longo de todo o Zodíaco. Houve um tempo em que essas divisões matemáticas do espaço ao longo da Eclíptica, ou caminho do Sol, coincidiam com o Zodíaco natural, tal como aparece no céu. Os gregos, da mesma forma que os povos da antiguidade, utilizaram primeiro o Zodíaco natural, mas logo recorreram às divisões matemáticas iguais, por razões de conveniência astronômica.
Dizia-se que Hiparco[87] foi que liderou essa alteração, mas os arqueólogos demonstraram que os babilônios utilizavam doze subdivisões do Zodíaco muito antes dos tempos de Hiparco. É, portanto, evidente que os babilônios calcularam a dimensão da Precessão dos Equinócios antes que Hiparco. No que se refere à civilização europeia, foi nos idos do século II a.C. que o sistema moderno de Signos do Zodíaco suplantou o antigo sistema, de divisões desiguais do Zodíaco e, desde então, é o que se vem usando.
Para os gregos, Virgem era Astreia[88], a Virgem dos Céus. Sustentava em sua mão a balança do Juízo (Libra) que se estendia no céu, ocupando o espaço do que, agora, chamamos de Escorpião. Outro sistema, e pela mesma razão, denomina a Libra “a pinça” de Escorpião.
Libra, pois, como uma pedra muito pequena, está no lugar da decisão anímica, apontando, de um lado, para a trilha da pureza, da castidade e da imaculada concepção, simbolizada por Virgem, e do outro lado, para a geração, simbolizada por Escorpião, o Signo da oitava Casa, que estabelece que toda a forma concebida no modo atual, mediante a geração, deve morrer.
Todo neófito deve chegar a essa bifurcação do Caminho, como uma prova, antes de ser julgado digno de receber a luz que a sua alma anseia. Os egípcios representavam esse estado de consciência por meio da figura de um homem com os olhos vendados, caminhando para um precipício, onde um enorme crocodilo o esperava. Nenhum outro símbolo poderia descrever melhor o estado atual da humanidade. Cego pelos seus cinco sentidos, de onde as fauces abertas do materialismo (o crocodilo) estão preparadas para o engolir.
A personificação da Justiça (Libra) é representada, convencionalmente, com os olhos vendados, dada que sua ação é impessoal. Não influenciada pela preferência nem pelo prejuízo mental, percebendo com clara visão interior, os efeitos das causas anteriores em sucessivos ciclos de renascimento. Quando a visão espiritual se converta em uma faculdade comum de toda a humanidade, a Justiça deixará de ser representada com os olhos vendados. E, pelo contrário, contemplará, sem medo e compassivamente, o ser humano e seu mundo, com os olhos abertos.
Nas outras constelações do Zodíaco encontramos, simbolizada, a “Queda do Homem”. O Cristianismo Esotérico reconhece que essa “Queda” constituiu um fenômeno cósmico desse globo físico em relação tanto com o universo, como com a humanidade que nele habita. Dado que cada ser humano é um cosmos em miniatura, também ele encarna a história da queda planetária. Quando entra no Caminho da Iniciação, conhecido na Bíblia como a “Trilha da Santidade”, começa a marcar seu caminho de retorno, desde a Queda cósmica até o Éden.
Lendas sagradas relatam que antes da guerra nos céus e a queda de Lúcifer e seus Anjos, o Sol estava diretamente sobre o equador da Terra e a Lua sempre Cheia. Não havia mudança de estações. Era a Idade de Ouro.
Coincidindo com a queda de Lúcifer, um acontecimento cósmico, o eixo da Terra se inclinou para a sua posição atual. Agora tem uma inclinação de vinte e três graus e meio em relação ao equador. Essa alteração de posição induziu às mudanças das estações. A natureza da queda conduziu também a um descenso gradual, desde o estado etérico, no qual o ser humano vivia no Éden, ao estado da matéria densa que temos atualmente.
À medida que o ser humano vai se redimindo, por meio da regeneração, a Terra irá se endireitar e se eterizar mais e mais.
De modo que a nossa Terra se encontra entre a atração de Virgem e seu Regente (Mercúrio), por uma parte, e de Escorpião e seu Regente (Marte), por outra parte. Que a vitória final será a de Mercúrio sobre Marte (a Mente sobre a matéria) é indicado pelo fato de que a Terra, em sua evolução, passou já pelo que os ocultistas chamam de metade marciana do Período Terrestre e entrou na metade mercuriana. Paralelo à evolução do Planeta está o progresso dos reinos da natureza que evolucionam aqui, e cuja cúspide o constitui a vida da humanidade, a onda de vida astrologicamente relacionada com a constelação de Peixes.
As doze constelações do Zodíaco são mais que uma mera coleção de estrelas que adornam o céu. Cada constelação é o lar de inteligências espirituais, possuidoras da Sabedoria e do Poder mais além de toda a compreensão humana. Todo ano, quando o Cristo Arcangélico realiza Sua viagem para a Terra, enquanto a orbe solar completa seu circuito do Zodíaco (visto pelos habitantes da Terra), essas poderosas Hierarquias juntam suas forças espirituais com a de Cristo para sustentar e nutrir o que vive sobre o globo terrestre.
Quando o Sol entra em Libra, no Equinócio de Setembro, o sublime Cristo alcança a superfície exterior da Terra. Então, ocorre uma aceleração cósmica. Lentamente, durante novembro e dezembro, o raio do Cristo penetra nos diversos planos internos do Planeta, até alcançar o centro da Terra, no Natal. Pela visão superior, o raio do Cristo é dourado, como o Sol espiritual do qual emana. Constitui, verdadeiramente, a trilha da santidade para todo Discípulo que, sinceramente e com firmeza, se dedicou à busca durante o período do Equinócio de Setembro. Em algum futuro Solstício de Dezembro, ele receberá a luz divina, recém-nascido no coração da Terra. É o tempo da dedicação ao Caminho do Cristo.
Antes de alcançar a meta, cada Aspirante deve aprender a lição cósmica de Libra:
“Então compreenderás a justiça e o direito, a retidão e toda boa obra”
(Pb 2:9).
Distinguir o real do ilusório, o verdadeiro do falso é também a nota-chave bíblica de Libra.
O trabalho principal encomendado a um Discípulo em sua dedicação pela trilha consiste em estabelecer contato com o Deus vivo interno. A Hierarquia de Libra, os Senhores da Individualidade, estão divinamente qualificados para ajudar nessa atividade. As provas do Discípulo nesse ponto são dirigidas ao desenvolvimento da sua faculdade de discernimento, uma das posses mais importantes na Trilha do Discipulado.
Os construtores sobre a rocha e sobre a areia
Assim, todo aquele que ouve essas minhas palavras e as pôr em prática será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha. Por outro lado, todo aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande sua ruína!”.
Aconteceu que ao terminar Jesus essas palavras, as multidões ficaram extasiadas com o seu ensinamento, porque as ensinava com autoridade e não como os seus escribas.
(Mt 7:24-29)
Libra é o Signo que marca a linha na qual se há de tomar uma decisão. Aqui o Aspirante se vê à frente de duas trilhas: a positiva e a negativa. É também a estação do ano em que a Terra está equilibrada entre a luz e a obscuridade, entre o verão e o inverno.
Na vida do Senhor Supremo o acontecimento correlacionado com Libra é Sua Tentação, quando teve que escolher entre uma promessa de tudo o que o mundo pode oferecer e a glória do céu. “Foi tentado em todos os aspectos…mas permaneceu sem pecado”. E assim se converteu no Indicador do Caminho para toda a humanidade. Seguir Suas etapas e superar todas as fascinações do mundo é se converter em um novo Adão, um pioneiro da Nova Raça e da Nova Era. Por isso, na astrologia esotérica, se denomina Libra “o Signo do Novo Adão”.
A parábola dos dois construtores está correlacionada com Libra. O construtor tolo é o que constrói sua casa sobre a areia, só para que, no final, seja destruída pelo vento e pela enxurrada. Sendo uma pessoa que não entrou em contato com a sua divindade interna, está presa por toda corrente de pensamento negativa que se interponha em seu caminho. Está centrado na lei material, ascendendo e descendendo à mercê dos acontecimentos de sua vida, puramente objetiva.
O construtor sábio é o que constrói sua casa sobre a rocha, de modo que suporte qualquer tormenta que a ataque. Esse ser humano encontrou o Cristo Interno e é, portanto, imune às circunstâncias exteriores. Sabe que é mais forte do que qualquer coisa que possa lhe suceder. Apesar do rigor dos ventos e das enxurradas, declara triunfante: “Estou tranquilo e sei que eu sou Deus”. Verdadeiramente, sua casa foi construída sobre firmes alicerces e permanecerá para sempre.
Sobre Libra existe um ir e vir das forças opostas de seus dois Regentes: Saturno, a lei do materialismo, e Vênus, a lei do amor. Aqui é onde cada indivíduo se encontra no lugar da eleição e se decide a construir sobre a areia ou a rocha, sob o teor de sua necessidade ou sabedoria.
Quando um Discípulo da Trilha da Santidade segue o raio dourado do Cristo até o coração da Terra, emprega o período de Escorpião como tempo de transmutação. Tenta sublimar o mal em bem, a obscuridade em luz, o negativo em positivo, em cada fase da vida cotidiana. Dedica-se a si mesmo à tarefa de transmutar o pouco endurecido de sua natureza inferior no ouro puro do espírito. O laboratório que ocorre esse grande trabalho é a espinha dorsal, às vezes denominada A Trilha do Discipulado. Quando seu fogo purificador é despertado, atua, primeiro, na base da mesma. Quando ascende, o fogo espiritual se une com o fogo espiritual correspondente de cima, crescendo ambos gradualmente em volume e fortaleza, até que o Corpo inteiro do Discípulo se encha de luz. Alcança, então, a Iluminação, que fica visível a todos os que possuem a visão interna. E é então quando, pela primeira vez, sua natureza inferior é, literalmente, consumida pelo fogo celestial, se convertendo a si mesmo em uma tocha que ilumina seu próprio caminho até o coração da Terra, onde habita o esplendor de Cristo. Quando mais sincera seja sua dedicação, tanto mais avançará na Trilha a cada retorno da estação, até que, finalmente, seja declarado digno de participar da Festa da Luz que ocorre na Noite Santa.
Tanto biblicamente como astrologicamente se diz que Escorpião tem duas notas-chaves, o qual ilustra quanto se tem dito sobre esse Signo: para o neófito “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”[89]; e para os iluminados: “Mostra-me coisas que são mantidas secretas desde a fundação do mundo”.
Em seguida, deixando-os, saiu fora da cidade e dirigiu-se para Betânia. E ali pernoitou. De manhã, ao voltar para a cidade, teve fome. E vendo uma figueira à beira do caminho, foi até ela, mas nada encontrou, senão folhas. E disse à figueira:
– “Nunca mais produzas fruto!”.
E a figueira secou no mesmo instante. Os discípulos, vendo isso, diziam, espantados:
– “Como assim, a figueira secou de repente?”.
Jesus respondeu:
– “Em verdade vos digo: se tiverdes fé, sem duvidar, fareis não só o que fiz com a figueira, mas até mesmo se disserdes a esta montanha: ‘Ergue-te e lança-te ao mar’, isso acontecerá”.
Mt 21:17-21
Escorpião é um Signo de tremendo poder. Suas forças atuam em uma faixa que vai desde as fases mais íntimas da degeneração, até as fases mais excelsas da regeneração. Quando alguém aprende a se sintonizar perfeitamente com os poderes de Escorpião, se converte em um operador de milagres, tanto no plano físico como no espiritual. A parábola relacionada com esse Signo é uma das mais controvertidas de toda a Bíblia. Há profundas verdades escondidas nela.
Na simbologia espiritual a figueira representa a geração. Cristo, o Senhor da Vida e do Amor, jamais amaldiçoaria nem faria secar ou morrer a nenhum ser vivente, já que Sua palavra e Seu contato só pode dar a vida. A parábola não contém uma maldição, mas a enunciação de uma verdade eterna. A lei da geração não é permanente. Não estava no plano original. Por isso seu emprego incorreto trouxe a guerra, enfermidade, velhice e morte. Por sua causa Adão e Eva perderam o Jardim do Éden. O Livro da Revelação[90] fala de cento e quarenta e quatro mil que levam a marca de Cristo sobre as testas, e aos que se permite transpor os umbrais do Templo. São os pioneiros, os que transmutaram a geração em regeneração.
A geração, tal como se pratica hoje, é uma fase, transitória, do presente ciclo evolutivo. Na Nova Era, que já amanhece, os pioneiros trocarão o irreal pelo real, o transitório pelo permanente. O prazer será substituído pelo amor e a imortalidade ocupará o lugar da mortalidade. Nas palavras de São Paulo: o ser humano encontrará, dentro de si mesmo, a Cristo, que é a “esperança da glória”[91]. Esse foi o significado das palavras do Senhor bendito quando disse à figueira: “Nunca mais produzas fruto”, e a figueira secou.
No Signo de Escorpião se percebe uma visão caleidoscópica do estado evolutivo da humanidade. A sublimação da geração em regeneração se simboliza não pelo escorpião se arrastando pela terra e com o aguilhão da morte em sua cauda, mas pela águia, voando em linha reta para o coração do Sol.
Desde o princípio do Período Terrestre a Hierarquia Criadora de Escorpião dá à humanidade modelos de pensamentos-forma cósmicos. Mediante esses modelos o ser humano aprendeu a construir suas encarnações características. Por isso, os membros da Hierarquia de Escorpião se denominam Senhores da Forma. O Cérebro-Mente do ser humano não é nada mais do que um instrumento para se submergir nesses arquétipos de pensamento. Nos tempos antigos da evolução humana os Estudantes dos Templos de Mistérios eram capazes de contatar diretamente com essas Hierarquias celestiais e de observar o imenso serviço que estão prestando à onda de vida humana. Por essa razão, a mensagem das estrelas se incluía entre os estudos do Templo, e a nenhum Estudante se lhe permitia receber essa instrução sem uma árdua e longa preparação.
Transmutação é a nota-chave dominante de Escorpião. Durante o período entre o Equinócio de Setembro e o Solstício de Dezembro, quando a força dourada de Cristo vai penetrando, pouco a pouco, nessa esfera, o Arcanjo Miguel, o segundo em glória e poder depois de Cristo, se encarrega de limpar e transmutar uma acumulação de desejos perversos do ser humano, que flutua, como uma obscura nuvem miasmática, sobre a Terra. Juntos, ambos, purificam e transmutam os pensamentos-forma negativos do ser humano, que povoam a atmosfera mental do Planeta. Graças a esse trabalho é possível o ser humano obter matéria mental e de desejos mais pura, para a construção de sua Mente e do Corpo de Desejos. Esses, por sua vez, incidem e fortalecem os Corpos Vital e Denso.
Escorpião é o Signo misterioso do Zodíaco. Possui dois símbolos: um escorpião, com um aguilhão da morte em sua cauda, e uma águia que pode voar mais perto do Sol que nenhuma outra ave. Esses dois símbolos representam dois aspectos, amplamente divergentes desse Signo: sob a influência do escorpião o ser humano pode descer às profundidades da degradação; sob a influência da águia, sua natureza inferior é transmutada, de modo que pode alcançar grandes alturas espirituais.
Outro aspecto paradoxo de Escorpião é constituído pelas influências do Fogo e da Água, exercidas por meio desse Signo, por isso dois elementos, devido a que Escorpião, um Signo de Água, está regido por ígneo Planeta Marte. Essa é uma indicação a mais das místicas propriedades de Escorpião e do papel que joga na Regeneração que deve preceder à Iluminação. Essa última só se pode obter depois que os princípios do Fogo e da Água sejam conduzidos à uma união harmoniosa.
Tal união foi demonstrada quando o raio ígneo do arcangélico Cristo tomou posse do Corpo do Mestre Jesus. Como membro da onda de vida humana, esse último pertencia à Hierarquia de Peixes e estava, portanto, sincronizado com o princípio aquoso. O que resultou como o ser composto, conhecido como Jesus-Cristo foi a demonstração suprema de um antigo ideal que toda a humanidade alcançará, em certo grau, quando tenha aprendido a misturar os princípios do Fogo e da Água. Cristo ensinava essa verdade a Nicodemos, quando lhe disse: “A não ser que o homem nasça da água e do espírito, ele não pode entrar no Reino de Deus”, dado que o espírito pertence ao princípio do fogo.
As condições externas nunca podem ser dominadas até que as forças discordantes ou opostas, dentro de si mesmo, tenham sido harmonizadas. Uma vez isso alcançado e, por certo tempo guardado em segredo, o mistério de Escorpião será revelado. A geração deverá ser transmutada em regeneração, de modo que seja impossível a repetição de tragédias como as de Caim e Abel ou a de Salomão e Hiram Abiff. Os fatores que separam a esses dois ramos opostos da humanidade se converterão no princípio que os une a todos em harmonia. Nos muitos mitos e lendas, tanto religiosos como profanos, se expõe esse princípio. Contudo, somente mediante o estudo da ciência espiritual dos Astros pode se alcançar o significado com clareza e definitivamente.
Os antigos egípcios, que eram realmente versados nos profundos mistérios da ciência dos Astros, forneceram os ensinamentos sobre a polaridade por meio de cenários (quadros, pinturas), de modo que, quem não as pudessem compreender nos termos científicos, conseguissem compreendê-las intuitivamente, por meio dos símbolos apropriados. Seu hieróglifo ou representação de Escorpião era um esqueleto dentro de uma tumba aberta, tudo isso coroado por um arco-íris. No horóscopo, Escorpião governa a oitava Casa, a Casa da Morte. Contudo, a casa da morte é, também, a Casa da regeneração. Nela se encontram, tanto o escorpião, como a águia. As formas impuras e imperfeitas estão sujeitas à morte. Isso é, afortunadamente, verdade, posto que nem tudo pertence a esse plano da imortalidade. Tão somente a essência da experiência mortal, misturada e incorporada à natureza superior do ser humano, assimilada e transformada em sua alma, se torna imortal. É mediante o poder de Escorpião, para produzir a regeneração, que o espírito encarnado é capaz de utilizar as formas físicas e as mortes incidentais que levam consigo, como pedras miliares da trilha para uma vida superior, e até o renascimento nos veículos possuidores de elementos imortais.
Voltando ao esqueleto como representação simbólica dos poderes de Escorpião vemos que representa, também, o trabalho da lei de Retribuição ou de Destino Maduro. Nesse sentido ela é representada com uma gadanha para segar a humanidade ou, em outras palavras, para eliminar as forças passageiras. No entanto, também revela que, apesar de que a vida esteja identificada com essas formas, não depende dela para existir. Entre as formas eliminadas aparecem novas mãos e novos pés, indicando a supremacia do espírito sobre a matéria e apontando à cíclica lei de Renascimento. O arco-íris que coroa a tumba simboliza a imortalidade. Além disso contém outra indicação de caráter regenerador de Escorpião: a promessa de um tempo em que a dor, a enfermidade e a morte já não existirão
***
Enquanto o Sol passa por Sagitário a dourada força de Cristo penetra mais profundamente na Terra, e os planos internos se tornam mais intensamente iluminados com Sua luz gloriosa. Para o espaço exterior esse Planeta pareceria como ouro líquido. Toda a luz e toda a cor das observâncias do Natal, no entanto, não são senão um débil reflexo de sua luz e cor em tal época. Se o Discípulo da Trilha da Santidade aprendeu a trabalhar bem com as forças da transmutação, sob a influência de Escorpião, se sentirá atraído para esse grande e glorioso resplendor.
Cada acontecimento das celebrações do Natal simboliza o desenvolvimento de uma faculdade específica no interior do Discípulo. E, quando tenha despertado esses poderes, experimentará uma sincronização crescente com as atividades cósmicas do período do Solstício de Dezembro.
Conforme escrevemos acima, Sagitário era representado por uma série de lâmpadas acesas. Se o Discípulo é persistente e confia em seus esforços, todo ano, durante essa época, será consciente do aumento da força e luminosidade das sete luzes (centros) no interior de seu próprio corpo-templo. Quando esses sete centros alcançam todo o clímax de sua glória, o Discípulo é considerado digno de seguir a Trilha da Santidade até o coração da Terra, e de permanecer ali na presença da Luz do Mundo. Receberá, então, a benção de Cristo, e ouvirá entonar o mantra utilizado em todos os Templos de Iniciação, antigos ou modernos: “Bem feito, bom e fiel servo…entra na glória de teu Senhor”.
O Grande Banquete
Disse-lhe o servo: “Um homem estava dando um grande jantar e convidou a muitos. À hora do jantar, enviou seu servo para dizer aos convidados:
– ‘Vinde, já está tudo pronto’.
Mas todos, unânimes, começaram a se desculpar. O primeiro disse-lhe:
– ‘Comprei um terreno e preciso vê-lo; peço-te que me dês por escusado’.
Outro disse:
– ‘Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me dês por escusado’.
E outro disse: ‘Casei-me, e por essa razão não posso ir’.
Voltando, o servo relatou tudo ao seu senhor. Indignado, o dono da casa disse ao seu servo:
– ‘Vai depressa pelas praças e ruas da cidade, e introduz aqui os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos’.
– ‘Senhor, o que mandaste já foi feito, e ainda há lugar’.
O senhor disse então ao servo:
– ‘Vai pelos caminhos e trilhas” e obriga as pessoas a entrarem, para que a minha casa fique repleta. Pois eu vos digo que nenhum daqueles que haviam sido convidados provará o meu banquete’”.
Lc 14:16-24
Sagitário é o Signo do idealismo elevado, da inspiração e aspiração, dos sacerdotes e poetas, profetas e videntes. Sob sua influência, uma Mente iluminada e desperta se esforça para se elevar entre as estrelas. É, também, o Signo da preparação para a iminente Sagrada Festa de Cristo. Daí que a parábola correlacionada seja a do Grande Banquete. Essa festa simboliza as oportunidades para uma vida espiritual, que tão graciosamente brotam ante nós. Os convidados representam a humanidade comum, aqueles pelos quais Cristo fez Seu supremo sacrifício e para os que abriu a Trilha da Iluminação com Seu convite: “Vem, agora todas as coisas estão prontas”.
A nota-chave dessa parábola não pode ser descoberta pelo Aspirante, até que aprenda a viver uma vida impessoal. Nesse sentido as palavras do Senhor Cristo são simples e diretas: “Se alguém vem a mim e não odeia seu próprio pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo.”[92]. Por “odiar” entendamos “não depender indevidamente”. Cristo disse que há de se renunciar a qualquer dependência excessiva de qualquer parentesco, para que seja possível a sintonia com O Mais Elevado. Porque o verdadeiro Discípulo está no mundo, mas não pertence ao mundo.
Toda emoção negativa ou destrutiva há de ser substituída por sua oposta. O ódio não cessa com o ódio, mas com o amor. O amor é o único verdadeiro solvente. A vontade de Deus é um imenso reconciliador. Até que não renunciemos totalmente do nosso eu inferior, não seremos dignos de escutar o nosso Senhor nos dizer: “Vem, tudo já está preparado”. Então, tenderemos o privilégio de nos sentar ao Seu lado e de participar no Grande Banquete ou, em outras palavras, na glória celestial.
Ninguém pode participar nesse Banquete sem ter realizado a união entre os princípios masculino e feminino em seu interior, sem haver equilibrado as forças da cabeça e do coração. Dessa união mística nascem quatro crianças: dois filhos, o Fogo e o Ar; e duas filhas, a Água e a Terra. Os quatro representam a essência transmutada, da vida pessoa de um Aspirante, após as energias da cabeça e do coração serem elevadas e unidas ao espírito radiante. Essa é a Grande Obra Branca do alquimista, a Pedra Branca da Revelação, a Rosa Branca dos Rosacruzes. O mês de Sagitário, de 23 de novembro à 22 de dezembro, é o tempo de preparação para participar no Grande Banquete, no qual será revelado o mais sagrado significado da Maré de Natal.
Sagitário, como Escorpião, é de natureza dupla. Seu símbolo pictórico é um centauro, metade cavalo e metade homem. O primeiro representa a natureza inferior do ser humano; o segundo, a superior. O espírito imortal está, permanentemente, aspirando às alturas, apesar de parecer o contrário. Desde o tempo em que a humanidade escolheu o caminho da materialidade (Escorpião), ao invés do caminho do espírito (Virgem), Sagitário foi o Signo da promessa, da esperança e da aspiração.
Basílio Valentine[93], um dos primeiros Iniciados Rosacruzes, ilustrou a história da Iniciação em uma série de gravuras. Nelas, Sagitário está representado por um determinado número de lâmpadas, permanentemente acesas; um entalhe ou gravação que convida a humanidade a superar a materialidade e obter a união com a divindade, com o que participará do verdadeiro êxtase espiritual.
É interessante destacar que, enquanto o fogo espinhal espiritual ascende, desde o nível da geração até o plano da regeneração, o ponto no qual a primeira etapa é superada se encontra no plexo sacral, localizado na base da espinha dorsal e regido por Sagitário.
Esse Signo está governado por Júpiter, o Planeta da benevolência e da expansão. Assinala a trilha para nascimento do Cristo Interno de cada indivíduo. E também o nascimento do Cristo Cósmico, que ocorre anualmente na Noite Santa, quando o Sol abandona Sagitário para entrar no primeiro decanato de Capricórnio.
O símbolo pictórico de Sagitário mostra a metade humana do centauro apontando sua flecha para as estrelas. Essa pictografia foi modificada pela representação do Cupido, o deus do amor, originariamente representado com sua flecha apontando para a Glândula Pineal ao invés de apontar para o coração. Mais tarde, no entanto, quando o ser humano perdeu a consciência de seu elevado objetivo espiritual e os afetos se centraram mais no pessoal, a flecha do Cupido se dirigiu para o coração, ao invés de se dirigir para o centro espiritual, localizado na cabeça.
Sagitário está relacionado com a letra hebreia Vau[94], que significa sol ou olho. Essa letra representa a brancura e o brilho, a luz espiritual do Gênese e da Revelação. É a luz que brilha na obscuridade, mas aquela em que a obscuridade não a envolve.
Vê-se, pois, que a mensagem das estrelas revela o caminho da evolução para toda a humanidade. Para as massas adormecidas o caminho dá voltas e mais voltas, até alcançar o cume da montanha da consecução; enquanto que, para as almas despertas existe um atalho curto, estreito e direto para o cume da montanha.
Sagitário governa a Mente superior do ser humano; a Mente capaz do raciocínio abstrato. Sua nota-chave bíblica se encontra na admoestação de São Paulo: seja em ti essa Mente, que está também em Cristo[95].
Na mitologia grega a virgem Ariadne[96] conduziu a Teseu para fora do labirinto com a ajuda de um fio. Tanto a virgem como seu fio foram perdidos pelo ser humano moderno, mas a elevada intuição de Sagitário trabalha para encontrar, posto que a intuição espiritual (fio) é, de fato, a essência da razão. Quando, depois de ter circundado todo o Zodíaco, o espírito liberado retornar ao ponto inicial encontrará a virgem dos céus lhe esperando, como Ariadne esperava Teseu no antigo mito.
Como já foi dito, a força dourada de Cristo toca a periferia da Terra no Equinócio de Setembro, passa através do Mundo do Desejo em novembro (Escorpião) e através da Região Etérica do Mundo Físico em dezembro (Sagitário), para alcançar o coração do Planeta no momento do Solstício de Dezembro (Capricórnio). Essa penetração final da força de Cristo até o centro da Terra marca a Noite Santa do ano, quando uma calma e um silêncio profundos impregnam a Terra inteira. Logo segue uma poderosa onda de todas as forças vitais do Planeta. É essa nova infusão de vida na natureza a que foi maravilhosamente descrita em várias lendas da Noite Santa, nas quais se assegura que, incluindo os membros dos reinos vegetal e animal, todos rendemos humilde obediência à mística hora da meia-noite.
Quando essa poderosa força de Cristo entra na Terra, é liberado um impulso que acelera a vida e espiritualiza as condições de toda a esfera terráquea. Como esse trabalho, sanador e redentor, vem se repetindo ano após ano, a Terra passará de um estado discordante para um estado de harmonia universal. O ódio, a inimizade e o conflito, finalmente desaparecerão. Então, aquela imagem gloriosa, descrita por Isaías a tanto tempo atrás, se converterá em uma realidade: “Ele julgará as nações, ele corrigirá a muitos povos. Estes quebrarão as suas espadas, transformando-as em relhas, e as suas lanças, a fim de fazerem podadeiras. Uma nação não levantará a espada contra a outra, e nem se aprenderá mais a fazer guerra”[97].
O Semeador
E disse-lhes muitas coisas em parábolas:
“Eis que o semeador saiu para semear. E ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho e as aves vieram e a comeram. Outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra. Logo brotou, porque a terra era pouco profunda. Mas, ao surgir o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou. Outra ainda caiu entre os espinhos. Os espinhos cresceram e a abafaram. Outra parte, finalmente, caiu em terra boa e produziu fruto, uma cem, outra sessenta e outra trinta. Quem tem ouvidos, ouça!”.
Mt 13:3-9
A Bíblia é um dos maiores Livro de Mistérios de todos os tempos. Há poucos que se dão conta de suas insondáveis profundidades. Cristo disse: “a fim de que vendo, vejam e não percebam; e ouvindo, ouçam e não entendam” (Mc 4:12).
Na mais antiga simbologia a palavra “barco” se referia à alma, e a palavra “mar” se referia às correntes psíquicas. Diz-se que Cristo Jesus se sentou em uma barca e ensinava o povo que estava na margem. Isso significa que ensinava aos que estavam nos planos internos e aos que estavam nos planos externos, posto que sua missão era instruir tanto os encarnados como os desencarnados.
Quando Cristo terminou de expor a Parábola do Semeador, disse: “Quem tem ouvidos, ouça”. O semeador é o Mestre; as sementes são as verdades que vai disseminando. Os Estudantes e os Discípulos, que são a terra, as recebem de acordo com sua capacidade de compreensão e, de acordo com ela, usam os ensinamentos. Também disse o Senhor que alguns receberam (e produziram) trinta ou, em outras palavras, só puderam aceitar uma interpretação literal. Outros receberam (e produziram) sessenta e são os que alcançaram os significados mais profundos. O compreender que a Bíblia é o livro de texto supremo da vida há de ser uma das primeiras conquistas do verdadeiro Discípulo Cristão.
Depois Ele acrescentou que houve outros que receberam (e produziram) cem; esses são os Iniciados, que captaram as verdades em sua totalidade. Eles são a boa terra, na qual as sementes caem, crescem e produzem fruto. Algumas sementes, no entanto, caem sobre o caminho e são devoradas pelos pássaros, ou seja, são captadas pelos emocionalmente inseguros e, por isso, não lhes puderam proporcionar um porto seguro espiritual.
Aconselha-se a todo Discípulo que aprenda a contatar com seu próprio ser interior e, por meio da oração e meditação, a despertar e a incrementar seus poderes. Um Aspirante capaz converte esse centro (interno) no ponto focal a partir do qual trabalha para atrair o bom, o verdadeiro e o formoso. Há de ter cuidado, no entanto, de não se ver circunscrito pela estreiteza do pensamento ou o fanatismo da interpretação. Esse centro, o mais recôndito de si mesmo, se não for cultivado com persistência e perseverança, a pessoa tenderá a ter que enfrentar a decepção e a desilusão. Quando isso sucede, o neófito não só abandona as coisas do espírito, mas também obstrui o caminho para os outros. A advertência bíblica no Evangelho Segundo São Lucas em 9:62 ratifica isso: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus”.
De acordo com a parábola, outras sementes caíram entre as rochas e morreram por falta de umidade. Esse é o símbolo da pessoa puramente mental, aquela cujo coração ainda não foi despertado. A Mente, só, nunca poderá resolver os problemas da vida, nem ensinar a outros como fazê-lo, porque isso só se pode conseguir por meio do amor de um coração espiritualizado.
Algumas das sementes caíram entre espinhos e os espinhos cresceram e as afogaram. Os espinhos representam os desejos inferiores. Desde os dias da antiga Atlântida, a Mente humana está mais intimamente ligada à natureza de desejo do que ao espírito, o que contrário ao plano divino. Por isso, em uma grande maioria, a humanidade é mais motivada pelo desejo do que pela razão. Essa motivação egoísta deu origem a atual situação caótica do mundo: as raças, as nações e os indivíduos estão tão desgarrados pela dissenção e confusão que a humanidade se aproxima de um estado geral de pânico e desespero.
Um dos objetivos principais das sucessivas vidas sobre a Terra é que o ser humano liberte sua Mente dos laços de sua natureza de desejos para que a Mente se converta em um instrumento do espírito. Há de voltar uma e outra vez até que tenha aprendido a lição. As pessoas cujas vidas estão mais motivadas pela razão que pelo desejo são exceções e, entre elas, as que se guiam pelo intelecto espiritualmente iluminado são extremamente raras.
Por fim, parte das sementes caíram em terra boa e frutificaram produzindo cem por um. Isso se refere aos poucos que alcançaram o equilíbrio entre o Coração e a Mente, estado superior que é o ideal Crístico para toda a humanidade. Quando um Aspirante aprende a equilibrar essas duas forças, é digno de receber e disseminar os Mistérios do Reino de Deus.
O Corpo físico da Terra alcança sua maior taxa vibratória quando o Sol entra em Capricórnio. O símbolo pictórico desse Signo é uma cabra[98]; e a cabra era o animal sacrificial durante a Era de Áries, quando o Solstício de Dezembro caía na constelação de Capricórnio. Esses antigos sacrifícios foram sublimados até seus equivalentes espirituais, mas seu significado esotérico, a significação conhecida pelos candidatos à Iniciação, foi sempre o mesmo. Para os antigos, uma cabra simbolizava sabedoria porque, geralmente, se reconhecia que o êxito na Trilha só podia ser obtido por meio do sacrifício.
Nas primitivas cerimônias israelitas se sacrificavam duas cabras pelos pecados do povo. A uma se dava a morte ante o altar e, a outra era carregada com todos os pecados do povo e era enviada ao deserto, depois dos sacerdotes terem dirigido a ela suas imprecações. A cabra sacrificada representava o reto e estreito Caminho da Iniciação, alcançada por uns poucos, enquanto a outra fazia referência ao lento progresso do ser humano, o motivo do impulso evolutivo carente de auxílio. O Rito das Duas Cabras aponta, também, a uma verdade que subjaz à consecução por meio viático[99], tal como foi protagonizada por Cristo Jesus à última hora, quando carregou sobre Si mesmo todos os pecados da humanidade. Como esses pecados se tornaram extremamente pesados para poder ser suportado por todas as pessoas do mundo, sem ajuda, não puderam ser liquidados sem a assistência divina.
Saint Germain[100] representava Capricórnio como uma imagem que mostrava uma brilhante aurora boreal em ambos os lados de um fundo negro e, sobre a qual brilhava uma estrela solitária.
Em seu formoso canto de amor, Salomão compara os dentes de sua amada a um rebanho de cabras[101]; e com um rebanho de ovelhas junto aos vinhedos de Engadi[102], nome que significa “fonte das cabras” e que, por sua vez, se refere às águas da vida eterna. Isso dá uma significação mais profunda às muitas referências bíblicas sobre a água da vida: Davi tinha sede das águas de Belém; os israelitas deixaram, durante algum tempo, suas próprias águas naturais, trocando-as por outras estranhas e frias; Cristo disse à mulher, junto ao poço de Samaria, se ela pudesse beber da água que Ele tinha para lhe dar nunca mais teria sede. Todas essas referências estão relacionadas com o simbolismo espiritual de Capricórnio.
Misticamente falando, há dois “portais”, através dos quais os Egos entram na encarnação e dela saem. Cosmicamente, essas portas são as de Câncer e Capricórnio. Os Egos se cobrem de vestimentas de carne por meio das forças de Câncer e da Lua, pois Câncer é o Signo da Virgem Cósmica e a Lua é seu Regente. Por meio das forças do Signo oposto do Zodíaco, Capricórnio, que é regido por Saturno, o colhedor, ocorre a dissolução do Corpo mortal dos Egos e sua liberação para que possam voltar aos planos superiores. Essa corrente de almas, ascendendo e descendendo, através dessas duas portas celestiais, é a realidade cósmica que Jacó contemplou em sua visão. O relato bíblico disse que Jacó[103] viu Anjos subindo e descendo por uma escada, mas os escritores bíblicos empregaram o termo “anjo” no mesmo sentido que agora utilizamos para designar muitas classes de seres imateriais, incluindo os Egos desencarnados.
Cada constelação tem seu lado sombrio, que pertence, não às estrelas, mas à Terra em que essa sombra cai. O Capricórnio ainda não “desperto” manifesta um grande desejo de adquirir poder pessoal. Os nativos desse Signo, frequentemente, buscam o poder para si mesmos, seja poder material, seja espiritual. Os capricornianos estão, pois, inclinados a ser ambiciosos, não tanto por coisas em si mesmas, como pelo poder inerente a sua posse.
As notas-chaves bíblicas de Capricórnio são: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra”[104].
Sobre Capricórnio foi escrito como se estendesse sobre três distintos estágios da evolução humana: o escravo, o condutor de escravos e o dono.
A constelação de Aquário é o lar da onda de vida angélica. Os Anjos, quando trabalham na Terra, utilizam os planos etéricos do Planeta como campo mais apropriado. Os Corpos dos Anjos estão formados de Éteres, e por isso só são visíveis para os que desenvolveram a visão etérica. Muitas crianças a possuem e, por isso, tem o conhecimento, de primeira mão, dos seres angélicos. E, do mesmo modo, estão familiarizados com os Espíritos da Natureza que, como os Anjos, funcionam em corpos etéricos.
Os Anjos são especialistas em trabalhar com a substância etérica. Constroem muitos e os mais variados modelos de flores belíssimas no azul e no dourado dos Éteres superiores; e os Espíritos da Natureza os transladam para a Terra formando as flores que enriquecem o reino vegetal em todo mundo.
Quando o Sol está transitando por Aquário, o Senhor Cristo, em Sua passagem anual pela Terra, centra Suas atividades na Região Etérica do Mundo Físico. Derrama Seu amor e Suas bênçãos, tanto sobre os Anjos como sobre as almas dos desencarnados da humanidade terrestre que estão vivendo e trabalhando nesses planos. São esses também o lar das crianças, os Egos dos que morreram na infância e os Anjos os instruem e os acompanham.
Nos planos etéricos se encontram os Templos de Iniciação que existiram antigamente nesse Planeta, mas que se perderam quando a humanidade mergulhou na materialidade. Referências frequentes ao Templo Crístico, situado na Região Etérica do Mundo Físico, foram feitas exatamente sobre Jerusalém. Os Anjos estão intimamente associados aos Templos de Iniciação. Podem entrar livremente em tais santuários e são felizes em servir nesses sagrados recintos.
Diz-se que um Anjo guardião paira sobre a cadeira de cada cavaleiro que se senta à mesa Redonda no templo do Rei Arthur. Nas lendas sobre o Santo Graal, que contém profundas verdades espirituais, porque o trabalho dos templos do Santo Graal é parte do trabalho do Templo dos Mistérios Crísticos. A profunda significação dessas lendas foram veladas pelos poetas e artistas, que as relatam da forma e com os costumes da primeira vez que apareceram. As lendas do Graal se centram no Cálice Sagrado. Os mais profundos mistérios da cristandade esotérica se central no Graal. Os mais profundos ensinamentos de Cristo foram transmitidos durante a última Ceia, quando revelou a Seus Discípulos Mistérios relacionados com o Rito da Sagrada Comunhão.
Como foi dito no capítulo sobre “A Trilha da Santidade por meio de Capricórnio” se ensina como os Discípulos se convertem em Auxiliares Invisíveis, para ajudar aos que vivem no Mundo Físico. Quando a Trilha da Santidade passa por Aquário, o trabalho do Discípulo se amplia: então aprende a auxiliar sob a orientação dos Anjos e a trabalhar com seres que habitam na Região Etérica do Mundo Físico ou celestiais.
Um Discípulo qualificado, que aprendeu a seguir a Cristo ao longo da “Trilha da Santidade por meio de Aquário”, é capaz, em tal estágio de desenvolvimento, de entrar conscientemente nos planos etéricos. Ali pode observar os variadíssimos e formosos serviços prestados pelos Anjos no benefício da humanidade e de todas as formas de vida existentes no Planeta. Assim, pois, o Discípulo se encontra em um mundo encantado, um mundo tênue onde está a origem das notícias sobre as Fadas; porque as regiões dos Éteres superiores é, verdadeiramente, um mundo das Fadas. Das atividades observadas nesses planos é onde muitos buscadores iluminados e místicos tecem seus mais formosos escritos, relativos às verdades espirituais. Um encantador exemplo disso constitui O Pássaro Azul, de Maeterlinck[105].
Durante o mês em que o Sol transita por Aquário, os Éteres superiores se tornam mais dourados e luminosos, porque a força de Cristo está sendo dirigida sobre a superfície da Terra para preparar Sua triunfante libertação pascal.
O Bom Samaritano (Lc 10:25-37)
Aquário, o Signo da fraternidade, da irmandade e da cooperação, se correlaciona com a parábola bíblica do Bom Samaritano.
Havia um homem que, por motivos comerciais, ia de sua casa, em Jerusalém, para Jericó. Em seu camelo transportava muitas joias preciosas e muito ouro. No caminho foi assaltado por ladrões, que lhe roubaram todos seus bens, incluindo o camelo. Depois de ter sido brutalmente golpeado, foi abandonado no caminho para que morresse. Enquanto jazia ali, clamando por ajuda, aproximou-se um sacerdote, mas passou ao largo pelo outro lado do caminho. Depois passou um levita que, mesmo o vendo, fez de conta que não ouviu a solicitação de ajuda. Por fim, chegou um samaritano.
Nos dias de Cristo os samaritanos eram considerados como totalmente indignos e vistos como materialistas que não acreditavam em Deus. As crianças judias não podiam brincar com as crianças samaritanas ou frequentar as mesmas escolas. A situação era similar ao do atual problema racial.
Contudo, o samaritano parou, lavou as feridas do homem com vinho e bálsamo, e fez os curativos. Depois o colocou sobre o seu cavalo e, caminhando a pé ao lado, o levou até um próximo povoado. Lá foi atrás de um médico, encontrando lhe deu duas moedas e lhe disse: “Cuida dele e qualquer coisa que exceda esse valor, quando eu regressar lhe darei”.
Cristo concluiu a parábola dizendo: “Qual dos três pensais que era o próximo do que caiu nas mãos dos ladrões?”. “O que fez o bem” – foi a resposta. A isso o Senhor respondeu: “Ide e façais o mesmo”.
Quiçá em nenhum lugar exista uma interpretação mais formosa de amizade que a dada na Parábola do Bom Samaritano. Emerson[106] escreveu que quem tem amigos, há de sê-lo também. A verdadeira avaliação da riqueza não se baseia nas coisas, mas na amizade. O amigo mais rico é o que tem o maior número de amigos fiéis e leais. No fim de uma peregrinação terrena as posses mais raras e preciosas serão as que se baseiam na amizade.
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O símbolo pictórico de Aquário é o Portador de Água, um homem derramando as águas da vida, de um recipiente, sobre a Terra, para refrescá-la e renová-la.
Aquário rege a nascente Nova Era. O Sol, por Precessão, já tocou a aura de sua influência eletrizante, fazendo com que a vida humana, em todos os seus aspectos, esteja experimentando uma aceleração tremenda. Por meio do seu Regente planetário, Urano, Aquário governa as forças sutis da natureza. Por isso, sob sua inspiração, o mundo material está sendo transformado pelas impulsionadoras forças de luz e poder, como as que encontramos na eletricidade e no átomo, recém-revelado. De um modo correlativo estão sendo ativados determinados processos que aceleram e despertam poderes latentes na Mente e na Alma do ser humano, e, simultaneamente, restauradas os Ensinamentos da Iniciação para ele.
O Portador de Água é um andrógino, um ser em que os princípios masculino e feminino foram combinados equilibradamente. O resultado fisiológico de tal estado de equilíbrio é uma relação perfeitamente simétrica entre os Sistemas Nervoso Simpático e o Cérebro-espinhal. Na terminologia iniciática se fala de tal desenvolvimento como o Matrimônio Místico. Uma versão bíblica desse processo é o milagre de Caná, quando Cristo converteu a água em vinho. Saint Germain fornece uma concepção simbólica dessa fase da Iniciação, quando a representa como um mar tormentoso, sobre ele brilhando oito estrelas deslumbrantes; uma figura feminina nua se ergue, com um pé na terra e outro no mar; em suas mãos sustenta dois cálices: de um flui a bondade e do outro a caridade, qualidades que substituem a amizade e a fraternidade; sobre sua cabeça há uma estrela de oito pontas, cujo centro forma uma pirâmide, com uma parte branca e a outra preta, simbolizando, com isso, os dois aspectos da lei oculta; junto à mulher há uma planta com três flores abertas e sobre ela paira uma borboleta com as asas estendidas. Todo esse símbolo aponta à riquíssima vida e aos amplos poderes que Aquário proporcionará à humanidade. Sob esse Signo é como o ser humano caminha para o momento de se converter em um “super-homem” e, por meio de seu poder, a humanidade inaugurará o nascimento de um quinto reino: o reino das Almas.
São Paulo se referia à maneira natural de atuação da lei espiritual, quando dizia que há leites para os bebês, mas carne para os seres humanos fortes. Todas as grandes religiões do mundo têm duas fases do Ensinamento: as das profundas verdades esotéricas, compartilhadas somente com os poucos preparados para recebê-las, e uma versão simplificada das mesmas, destinadas às massas. Assim, como no Equinócio de Março se move para trás, através de cada Signo do Zodíaco, a religião dada ao povo, geralmente, está em harmonia com o Signo vigente. As verdades esotéricas profundas chegam sob o Signo oposto, o do Equinócio de Setembro. Por exemplo, na religião aquária, para as massas, se centrarão na Paternidade de Deus e na fraternidade entre os seres humanos; os Ensinamentos esotéricos, reservados aos poucos, estarão centrados no Signo oposto, Leão, cuja nota-chave se descreve na Bíblia, com as palavras de São Paulo: “Amar é o cumprimento da Lei”[107].
Sob Leão, o coração iluminado ou santo se converterá no centro luminoso do Corpo, e o poder do amor será o principal motivo da vida. Compartir e não cobiçar será a principal aspiração do mundo dos negócios e a cooperação ocupará o lugar que hoje ocupa a competição. A tolerância sucederá o fanatismo e a reabilitação substituirá a pena capital. Cada um colocará o interesse do próximo ao mesmo nível do seu, e o ideal supremo da vida consistirá em servir, reciprocamente, com amor. A nota-chave bíblica dessa nova civilização aquária se encontra nas palavras de Cristo: “Vós sois meus amigos”[108].
Aquário é a 11ª Casa, o Signo da amizade, da fraternidade e da irmandade. A próxima Era de Aquário transladará a ênfase do desenvolvimento espiritual do indivíduo para o grupo. Isso já é perceptível na atenção crescente que se presta nas instituições educadoras, na preparação dos alunos para servir à sociedade. Nas Escolas Ocultas é evidente uma tendência similar. A conhecida afirmação de Cristo “onde dois ou três se reúnem em Meu nome, Eu estarei no meio deles”[109] adquire um profundo significado à luz do desenvolvimento aquariano.
Aquário tem dois Regentes: Saturno e Urano. O primeiro governa o velho, o que pertence ao passado. Urano governa o novo, o que pertence ao futuro. Os antigos representavam a Aquário como um Árvore da Vida com dois ramos, um terminado em uma figura representando a velhice, o produto de Saturno; o outro terminado na figura formosamente jovem, levando em suas mãos o Santo Graal, que simboliza a “realização” obtida sob a influência de Urano. No presente estágio da evolução humana, tanto o indivíduo como a coletividade se encontram em um período de transição, passando, gradualmente, de uma velha ordem estabelecida para uma nascente civilização. O velho está se desmoronando; o jovem está em processo de formação. Consequentemente, nada é mais permanente, nem estável. Tudo se encontra em um estado de fluidez. E a desordem e os conflitos que varrem o mundo proveem das condições deslocadoras e distorcidas que acompanham o passo de uma próxima ordem. A função de Saturno, o Regente do lado material de Aquário, é confirmar, limitar tudo isso e proporcionar formas fixas e confiáveis, de modo que pelas forças da vida, tanto do indivíduo como da sociedade, possam se canalizar eficazmente para o plano material. Essa é sua contribuição construtiva à vida, tal e como se expressa nesse plano de existência. No entanto, como a vida evoluinte está continuamente expandindo seus poderes, as formas que Saturno proporciona hão de ser substituídas, periodicamente, por outras de maior elasticidade e maiores dimensões e, por isso, junto a Saturno, em Aquário está Urano, cuja missão consiste em desmembrar formas inadequadas e cristalizadas para que outras ocupem seu lugar. Urano destrói só o que foi convertido em um obstáculo para o progresso e a evolução da vida; por isso ele é denominado o Transformador. Também é conhecido como o “Planeta do Cristo”, pois sua influência é da voz da Revelação que, associada ao impulso redentor de Cristo, declara: “Eis que faço nova todas as coisas”[110].
Por todas as partes podemos observar as evidências da próxima Era de Aquário: nas ousadas aventuras submarinas, nas aéreas e nas que se preparam para viajar ao espaço, se revelam os impulsos uranianos que estão começando a impregnar a Terra inteira. As crianças falam de viagens à Lua, a Vênus ou à Mercúrio, com a mesma naturalidade com que, há poucos anos, se falava de viajar a cidades do próprio país. Da mesma forma que a preparação da exploração dos outros Planetas necessita de longos e árduos estudos e severa disciplina, assim também são necessárias preparações similares para o Discípulo da Nova Era. Do mesmo modo que os cientistas tentam explorar os planos externos dos outros Planetas, que correspondem ao Corpo físico da Terra, os Discípulos da Nova Era estão sendo, também, preparados para entrar nos Corpos mais sutis, do ponto de vista espiritual, tanto da Terra como dos outros Planetas.
As forças dos dois Éteres superiores estão se tornando mais e mais poderosas, no que tange a sua influência sobre a humanidade. O Éter Luminoso ajuda a desenvolver a percepção extrassensorial, enquanto que o Éter Refletor desperta, nos Discípulos, as forças latentes na preparação à Iniciação. Não está longe o dia em que a palavra Iniciação será familiar, e na qual o trabalho Iniciático será restituído ao lugar que lhe corresponde, como a suprema consecução da vida espiritual.
Uma prova dessa tendência é proporcionada pelo fato de que, em certo número de igrejas ortodoxas, estão sendo formados grupos para estudo e desenvolvimento das faculdades espirituais latentes no ser humano, ainda que as considere como pertencentes, exclusivamente, ao campo da metafísica e, por isso, estranhas à religião, tal e como agora se concebe.
Quando o Sol está transitando por Peixes, durante o mês de março, a força dourada de Cristo volta a surgir, desde o centro da Terra, e alcança a superfície do Planeta em uma antecipação da ressurreição pascal. Como é o Signo da dor e da renúncia, Peixes tipifica também a Crucifixão. Assim como o Cristo Cósmico experimenta a dor da renúncia e da crucifixão ao penetrar na Terra, na época do Equinócio de Setembro, do mesmo modo experimenta o espírito da Terra certo vazio, quando o espírito de Cristo abandona o corpo planetário na época do Equinócio de Março.
Quando a força de Cristo se eleva e penetra nas envolturas de desejos da Terra, as tentações se tornam mais sutis e as provas, mais severas. A admoestação dada pelo Mestre ao Discípulo para todos os momentos é: “Se alguém quiser Me seguir, que se negue a si mesmo, tome a sua cruz e Me siga”[111]. É nesse momento que o Discípulo há de aprender a segui-lO, ao longo da reta e estreita trilha que conduz ao Gólgota. Max Heindel compara essa trilha à torre de uma igreja, que se faz mais e mais estreita, até que não resta mais nada onde se apoiar, a não a cruz na ponta, e que constitui um exemplo muito apropriado. Assim é que, para cima, a maior parte das igrejas aparecem como um símbolo vívido da trilha do discipulado. As igrejas, atualmente, perderam as verdades conducentes a essa trilha, e as há de encontrar, para ser capaz, de novo, de exercer o poder e a influência que teve durante os primeiros séculos de existência.
A cruz da renúncia há de ser aceita por todo o verdadeiro Discípulo que deseja caminhar sobre a Trilha da Santidade. Seu Corpo-Alma não pode ser construído até que adquira o domínio de si mesmo e renuncie, de vontade própria, aos assim chamados prazeres do mundo sensível. Os poderes anímicos que se adquirem por meio do autodomínio capacitam ao assim iluminado trocar a cruz pela coroa.
Como já dissemos, a constelação de Peixes será a morada da raça humana, quando todos os seus indivíduos hajam alcançado a perfeição. Os que aprendem a caminhar na Trilha da Santidade e seguir a Cristo até esse último e elevado objetivo, concluíram seus ciclos terrestres de encarnações. Suas dívidas de destino maduro foram saldadas e todos os laços terrenos, cortados. Tais seres são conhecidos como “os Compassivos”, os “Irmãos Maiores”, que já não necessitam das lições terrenas. São livres para passar a uma existência gloriosa na constelação de Peixes. No entanto, esses grandes seres podem voltar, por vontade própria, na obediência ao preceito espiritual de que aquele que mais ame é aquele que melhor serve. Frequentemente renunciam aos privilégios e às oportunidades daquele plano, com o objetivo de servir aos membros menos adiantados da raça humana. Humildade, obediência e serviço são as notas-chaves das suas vidas.
Uma renúncia desse tipo é a que representa a vida de Maria de Belém que, havendo aprendido todas as lições terrenas e, havendo sido igualada aos Anjos para reinar com eles, retornou e este Planeta para ensinar à humanidade um dos supremos Mistérios do céu: a da Imaculada Concepção. Sabendo que seria mal compreendida, ridicularizada, perseguida, persistiu em seu desejo de proporcionar à humanidade um ideal que, dois mil anos depois, apenas poucos compreendem e que é totalmente desconhecido pela grande maioria. Trabalhando de acordo com a lei do serviço descendeu à mortalidade dizendo: “Faça-se segundo a Tua palavra”. Tal estado de realização espiritual, construído por meio do sacrifício, da humildade do espírito e de uma perfeita harmonia com a lei da obediência, é o que espera do ser humano perfeito.
O Aspirante que reflete, seriamente, sobre isso na meditação para os doze Signos, correlacionará a meditação pisciana com as experiências dos Doze Imortais, durante o tempo que precede, imediatamente, a “crucifixão” anual de Cristo. Logo, quando sua dor e tristeza se consomem na glória do amanhecer da Páscoa, o Discípulo que alcança o domínio do seu “eu pessoal” e que caminha na Trilha da Santidade, por meio de Peixes, até o fim, se dará conta de que trocou sua cruz na glória dourada de seu “vestido de bodas” no qual ele funciona, livre e triunfante, com o Cristo que sai.
Renúncia
A Quaresma, estação na qual o Discípulo se submete a disciplinas restritivas em benefício da vida superior, chega sob o Signo de Peixes. O objetivo supremo que é dado ao ser humano aspirar se alcança somente por meio de uma série progressivas de renúncias. Na etapa do Discipulado a natureza dos pioneiros faz muita falta, tal como indicou Cristo quando disse: “Aquele que ama a seu pai e a sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim; e o que ama a seu filho ou a sua filha mais que a Mim, não é digno de Mim; e o que não toma a sua cruz e Me segue, não é digno de Mim”[112].
Os laços baseados somente no sangue não podem substituir nunca uma irmandade espiritual, tal e como Cristo veio a estabelecê-la. Recorde quando Ele perguntou: “Quem é minha mãe?” e “Que são meus irmãos”, e quando respondeu à pergunta dos seus: “Porque aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão e minha mãe”[113].
O que é pedido a nós é que abandonemos o inferior pelo superior, alargar o parentesco até que inclua toda a humanidade. Isso só pode ser conseguido quando a personalidade separatista e egocêntrica se torne submetida ao controle do espírito, o qual reconhece sua unidade essencial com todos os espíritos, porque está indissoluvelmente aparentado, por meio da paternidade de Deus.
A humildade é a verdadeira marca da iluminação. Quanto mais sábia é uma pessoa, mais é sensível e modesta. Quanto mais aprende, menos sabe que sabe. Um verdadeiro astrônomo permanece reverente ante as vastas extensões de céus estrelados, sabendo que existem infinitos mundos mais além da sua visão. Um verdadeiro ocultista se inclina, em reverente submissão, ante uma infinitude de sabedoria que excede sua capacidade de compreensão; sente-se como uma criança brincando na areia, à margem de um mar ilimitado e misterioso.
Um magnífico exemplo de humildade pode ser encontrado em São Pedro, o pisciano dos Discípulos. São Pedro considerava sua maior honra em seguir a Cristo e a servir Sua causa. Quando chegou a hora em que São Pedro devia segui-Lo na crucifixão, manifestou sua própria indignidade para ser colocado na cruz de pé, como foi Cristo e pediu para ser crucificado de cabeça para baixo. E isso para um homem cujas emanações espirituais se dizia que eram tão potentes que quando a sua sombra passava pelos enfermos, esses eram curados instantaneamente.
Peixes é um Signo de Água e água está correlacionada com a natureza emocional. Quando alguém obtém o domínio sobre as suas emoções, é porque obteve o controle do elemento Água. Essa é a lição que Cristo ensinava a São Pedro quando lhe ordenou que caminhasse sobre as águas. Naquele momento, no entanto, São Pedro ainda não tinha dominado suas emoções. Se Cristo não o salvasse, ele afundaria. Mais tarde, quando já era regente de suas paixões, São Pedro caminhou sem medo para se reunir com Cristo. Isso é conhecido no esoterismo como Iniciação pela Água. Depois dessa experiência, São Pedro experimentou a mais transcendente beatitude de sua vida.
Pitágoras acostumava levar seus Discípulos mais avançados às margens de um lago e ali, por meio do poder combinado e concentrado de todos, agitar a superfície do lago e, logo, acalmá-la, até que na água se refletisse a formosura do céu. Aconselhava-os a acalmar suas Mentes até que nenhum menor pensamento as alterasse. Quando o Aspirante consegue isso, se revela toda a glória de seu verdadeiro “eu”.
Repetindo o que dizemos anteriormente, os egípcios, com seu assombroso conhecimento da ciência das estrelas, conceberam uma série de figuras que descrevem, simbolicamente, o percurso do Cristo Solar ao longo dos doze Signos do Zodíaco.
Saint Germain comparava a influência do Signo a um brilhante cometa que refulge misteriosamente, através do céu, e ilumina, momentaneamente, a Terra, que flutua sobre um mar de profunda negritude, sob o qual há duas mãos entrelaçadas.
O símbolo astrológico de Peixes consiste em dois peixes juntos, mas com as cabeças em sentidos opostos. Um peixe só é utilizado amplamente como símbolo do Iniciado, porque vive nas misteriosas profundidades. No relato de Jonas e da baleia, aquele permaneceu três dias dentro dela, o qual é uma alegoria da Iniciação. A história é uma descrição velada da indução aos Mistérios Menores, tal e como se observam nos templos pré-cristãos. Esse mesmo modelo se repetiu na vida de Cristo, que permaneceu três dias nos planos internos da Terra, no intervalo entre a Crucifixão e a Ressurreição. Devemos recordar, também, que o símbolo do peixe foi utilizado como senha entre os primeiros cristãos e foi usado também como símbolo místico.
Peixes tem dois Regentes: Júpiter e Netuno. Júpiter é o Planeta da lei e da ordem. Sob sua influência, a Era de Peixes tem presenciado o desenvolvimento da igreja esotérica, na qual a água (Peixes) e o pão (Virgem) representam as duas proeminentes características. Cristo Jesus rasgou o véu do templo da Iniciação no umbral da Era de Peixes, abrindo a porta a “qualquer um que deseja entrar nela”. Os que respondem a esse chamado chegam sob a influência de Netuno, o Regente espiritual de Peixes. Sob Netuno aprendem a trilhar o caminho estreito que conduz à liberação, o tipo de liberdade que pertence aos Filhos de Deus, de que falava São Paulo.
No que se refere ao desenvolvimento humano, o trabalho da Era de Peixes é dirigido à purificação de sua natureza de desejos. Esse foi o motivo da batalha para obter o controle das emoções e da alma ter sido a prova principal dos santos medievais e dos personagens pertencentes às lendas do Santo Graal. O objetivo principal do trabalho pisciano consiste na transmutação das emoções inferiores em poder anímico, por meio da devoção, representada pelas estáticas visões dos devotos religiosos enclausurados.
Peixes é o último dos doze Signos zodiacais e contém o resumo final da experiência do destino maduro, pertencente a um ciclo completo. Por esse motivo ele é designado como o Signo das lágrimas e da dor. Vênus, o Planeta do amor pessoal, está Exaltado em Peixes. Quando o amor pessoal dos nativos desse Signo é egoísta e possessivo, o Jardim do Getsemani se mostra a eles muito familiar. A nota-chave bíblica para esse aspecto de Peixes é: “Que se faça a Sua vontade, não a minha”. As portas do Jardim da Dor só podem se manter fechadas por meio do esquecimento de si mesmo e da renúncia total.
Os dois peixes orientados que representam o Signo de Peixes contêm um profundo significado esotérico. Em sua significação mais elevada representam o estado do equilíbrio perfeito. Nas duas colunas do corpo-templo humano (os dois sistemas nervosos) as forças da direita e da esquerda se influenciam harmoniosamente, dando lugar ao equilíbrio entre cabeça e coração. O espírito contata com o mundo objetivo por meio do Sistema Nervoso Cérebro-espinhal, enquanto que o mundo subjetivo é contatado por meio do Sistema Nervoso Simpático. Quando a interação entre o interno e o externo está perfeitamente equilibrada, o Ego se encontra em seu lar em ambos os mundos.
Só dois Signos têm Júpiter e Netuno como em Exaltação: Câncer e Peixes. Júpiter governa as forças da alma; Netuno, os poderes do espírito. A peregrinação zodiacal sob Peixes unirá a essência divina da alma com os poderes do espírito. Esse ideal supremo foi dado à humanidade pela Hierarquia de Câncer, e sua consecução se produzirá sob a orientação de Peixes. A humanidade que haja alcançada a perfeição, fará sua morada na constelação de Peixes, perfeitamente descrita pela imagem de um homem e uma mulher, de pé, de mãos dadas e no interior de uma guirlanda de sempre-vivas. Tais seres conseguiram a vida imortal e a eterna juventude. A nota-chave bíblica de Peixes, emitida pela primeira vez pela Hierarquia de Peixes, no Grande Fiat Criador, “Deus criou o homem a Sua imagem e semelhança”, ressoará então triunfante ao longo e em toda a Terra.
Um antigo aforismo astrológico diz que o nativo de Peixes está, por um lado tão próximo do monte da pureza e da bondade e, do outro, tão próximo do abismo da autodestruição, que Anjos e demônios estão alertas para impulsioná-lo rapidamente para a trilha que eleja. O hieróglifo que acompanha essa descrição representa uma formosa mulher: um gênio está ajoelhado a seus pés e lhe oferece as riquezas da Terra, enquanto um Anjo está próximo da sua cabeça lhe oferecendo seus tesouros celestiais, descrevendo-se, assim, vividamente, a dupla natureza de Peixes. Os nativos desse Signo podem alcançar até as alturas da inspiração e muitas das almas mais dotadas desse mundo caíram abaixo dele. Contudo sucede, frequentemente, que seus dotes são mal gastos, por causa da indulgência com as desenfreadas emoções piscianas.
Peixes é o Signo da décima-segunda Casa. Aquele que nasce sob essa configuração está completando uma série de vidas terrenas e está, por isso, muito ocupado, desembaraçando-se de suas dívidas de destino maduro engendradas no passado. A vida do pisciano é, frequentemente, rica em variedade de experiências e carregada de pesadas responsabilidades. Vênus, está em Exaltação nesse Signo e proclama que as dores de Peixes produzem, geralmente, as mais tenazes ataduras pessoais. Peixes regenerado significa a morte do “eu pessoal” e a vida da alma imortal. A morte mística nesse Signo ocorre sob as forças de Netuno, o Planeta da Iniciação. Aqueles que passam por essa experiência se convertem nos pioneiros da Nova Era.
À medida que o Discípulo viaja ao longo da Trilha da Santidade, que conduz ao plano espiritual, as experiências com que depara vão se tornando mais e mais maravilhosas e transformadoras. Nesse nível de existência não há véu que separe os vivos dos “mortos”, nem barreiras para a comunicação com os seres celestiais. Ali se pode observar a maravilhosa tarefa dos Espíritos da Natureza e compreender que suas atividades estão sob o que os cientistas chamam de “leis naturais”. E, na manhã da Páscoa, entre as triunfantes hosanas dos Anjos e Arcanjos, Cristo, diante da Sua liberação da encarnação anual na Terra, aparece em Sua radiante glória. No Templo dos Mistérios Crísticos, a gloriosa procissão da Páscoa se configura em torno da Sua luminosa presença, não como um mero espetáculo, mas para que Seu poder e majestade se derramem sobre tudo o que seja digno de ser contado entre Seus santificados companheiros.
O Místico Cristão não deve comemorar a Páscoa só como um fato histórico que ocorreu no Gólgota, posto que sabe que o sacrifício de Cristo é um acontecimento anual, que cada ano é sepultado na Terra, da qual surge em cada Páscoa, para ascender aos céus e restaurar Suas forças, ates de retornar a essa esfera físico no próximo Equinócio de Setembro.
Quando ocorreu a crucificação no Gólgota, Cristo abandonou o Corpo de Jesus, no qual havia funcionado durante os três anos de Sua vida pública, e transferiu Seu espírito para o Corpo planetário da Terra para, desde esse momento, se converter no seu regente. Há um profundo significado naquelas palavras que disse aos Seus Discípulos depois da Ressurreição: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue”[114].
Quando a onda de vida humana sucumbiu à sedução dos Espíritos Lucíferos, o ritmo atômico do Corpo físico do ser humano foi alterado, e o espírito ígneo espinhal se tornou harmonizado com as forças lucíferas e recebeu a impressão desses seres ígneos. É a missão do Cristo anular essa situação e substituir o ritmo e a impressão dos Lucíferes por Seus próprios ritmos e impressão, pois Cristo também, como Arcanjo, é um ser ígneo. Quando isso acontecer, a vibração atômica do Corpo do ser humano se tornará imune à enfermidade e à morte. Os seres humanos da Nova Era levarão, dentro de si mesmo, a imagem do Cristo.
A Hierarquia de Áries contém um modelo arquetípico do ser humano, como criado “à imagem e semelhança de Deus”. Esse modelo se tornará cada vez mais manifesto durante a Nova Era. Como já foi dito, as seis constelações que estão sobre o Equador trazem consigo os modelos cósmicos do que há de se manifestar sobre a Terra; as seis constelações que estão abaixo do Equador contêm esses modelos em miniatura, por assim dizer, e as Hierarquias dessas seis constelações meridionais trabalham com a humanidade para conseguir a plena realização desses modelos aqui na Terra. Por exemplo: a Hierarquia de Áries mantém o modelo perfeito do novo ser humano Crístico, enquanto que Libra, o Signo oposto a Áries e o lar dos Senhores da Individualidade, está fazendo descer esse modelo cósmico de Áries, e ajudando o ser humano a trazê-lo à manifestação.
Esse é o conhecimento que tem impulsionado os grandes Mestres do Mundo para ajudar à humanidade a manifestar esse modelo nesse plano. O trabalho é árduo. Contudo, através das Eras, essas almas valentes, que são suficientemente fortes para trilhar a Trilha da Santidade até os planos espirituais, estão exacerbados e preconizam “um novo céu e uma nova Terra” habitados por uma humanidade Crística. Sabem, como Cristo o sabia, que “o Verbo era Deus”.
O Jovem Rico
Aí alguém se aproximou dele e disse:
“Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?”.
Cristo Jesus respondeu: “Por que me perguntas sobre o que é bom? O Bom é um só. Mas se queres entrar para a Vida, guarda os mandamentos”.
Ele perguntou-Lhe:
“Quais?”
“Estes: Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho; honra pai e mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Disse-lhe então o moço:
“Tudo isso tenho guardado. Que me falta ainda?”.
Cristo Jesus lhe respondeu: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me”.
O moço, ouvindo essa palavra, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens.
Então Cristo Jesus disse aos seus Discípulos:
“Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no Reino dos Céus. E vos digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”.
Ao ouvirem isso, os discípulos ficaram muito espantados e disseram:
“Quem poderá então salvar-se?”.
Cristo Jesus, fitando-os, disse:
“Ao homem isso é impossível, mas a Deus tudo é possível”.
Pedro, tomando então a palavra, disse:
“Eis que nós deixamos tudo e te seguimos. O que é que vamos receber?”.
“Em verdade vos digo que, quando as coisas forem renovadas, e o Filho do Homem se assentar no seu trono de glória, também vós, que me seguistes, vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por causa do meu nome, receberá muito mais e herdará a vida eterna. Muitos dos primeiros serão últimos, e muitos dos últimos, primeiros.”
(Mt 19:16-30)
A Parábola do Jovem Rico contém o ensinamento apropriado para a meditação de Áries.
Essa parábola bíblica é um dos ensinamentos do Mestre que mais mal interpretada tem sido. Não é o uso, mas o abuso das riquezas o que engendra o mal e a infração. Cristo, que é o Mestre de todos nós, disse: “Porque a quem muito é dado, muito será exigido”[115]. O dono de uma grande riqueza tem uma grande responsabilidade. Ele atesoura riquezas, e desperdiçá-las em diversões ou em prazeres tresloucados ou em gratificar a vaidade, gera uma pesada carga de destino maduro[116], que há de ser liquidada, algum dia, em alguma parte, por meio da dor e da angústia.
Os que estão destinados a herdar grandes fortunas deveriam ser instruídos, muito cuidadosamente, sobre o seu verdadeiro valor e finalidade. Se se omite essa informação, os pais, geralmente sofrem, devido a que seus filhos não compreendem, com exatidão, sua responsabilidade para com os demais.
Quando um ser humano é esclarecido sob a sua responsabilidade concernente à riqueza, ele se considera como um administrador do vasto depósito divino da abundância. Compreende que não é nada mais do que um canal para fazer fluir e esparramar auxílios, com as que abençoar e elevar àqueles com os quais se relaciona. Tal dedicação converte esse indivíduo em um ser ungido. Dedicando-se ao supremo bem, atrai só o Supremo Bem, e sua vida se converte em uma inspiração e um exemplo a se seguir.
É difícil para a pessoa média dissociar as coisas do espírito que há nelas e as subjazer. Ralph Waldo Emerson[117], o grande escritor americano, escreveu: “as coisas estão sobre a sela e cavalgam sobre a humanidade”[118]. Isso é aplicável, com certeza, ao nosso mundo moderno. O verdadeiro objetivo e propósito da vida humana, no entanto, é o de que o ser humano sublime de tal modo seus pensamentos e emoções relativos às posses materiais, que possa se identificar com o espírito que jaz sobre e por trás de suas posses físicas. Esse espírito é o poder de Deus, o Deus-Todo; e a união com Ele atrai tudo o que é elevado e nobre, formoso e verdadeiro. Esse foi o ideal que o Mestre previa para o jovem discípulo quando lhe disse: “Vende tudo o que tens…e vem e me siga”. A chamada de Áries não é para o “eu pessoal”, mas para o “Eu Sou”, com o objetivo de fortalecê-lo e afirmar sua divindade por meio da aquisição do domínio sobre todas as coisas.
Dado que é o Signo inicial do Zodíaco, Áries é o lugar de todo começo. No ciclo anual do passo solar através dos doze Signos, Áries indica o princípio do ano espiritual. Há sido considerado assim incluído pelas nações que começam seu ano civil em outro ponto do círculo zodiacal. Moisés fixou o começo do ano (Ex 12:2) no mês de Abib (março-abril), porque era o mês da brotação do trigo e dos demais cereais. Também foi ordenado à Moisés que o sacrifício do cordeiro pascal ocorresse quando a Lua Nova estivesse em Áries. No momento do passo anual do Equador pelo Sol, esse estava junto à estrela El Natik, palavra que significa: “perfurado, ferido ou assassinado”. A Lua Cheia estava, então, junto à estrela Al Sheraton, palavra que significa, também, “contundido ou ferido”. A cruz do Equador pelo Sol prefigurava a crucifixão de Cristo Jesus, já que os céus proclamam a chegada dos grandes acontecimentos do destino da humanidade.
As palavras-chaves para Áries são pureza e sacrifício, e seu símbolo, o cordeiro ou o carneiro. Como a vinda do Senhor Cristo à Terra ocorreu durante a Dispensação de Áries, Ele foi denominado o Bom Pastor. A representação familiar o mostra com um cordeiro nos braços.
Durante os primeiros anos da Dispensação Cristã, como já foi dito, o símbolo mais empregado não foi o Cristo crucificado, mas uma cruz com um cordeiro deitado sobre os seus pés. Até o quarto século não foi substituído o cordeiro pela figura humana, cravada na cruz.
No momento em que o Sol cruza o Equador, quando transita do Hemisfério Sul para o Hemisfério Norte, a força de Cristo passa dos planos físicos para os planos espirituais da Terra. O Corpo físico da Terra é como o do ser humano: está interpenetrado pelos veículos mais tênues que se estendem no espaço mais além daquele.
Repetindo, durante os seis meses do ano nos quais o Sol está atravessando os seis Signos sob o Equador, a força de Cristo impregna a região corporal da Terra. No Equinócio de Março, quando o Sol cruza o Equador, e durante os seis meses nos quais atravessa os seis Signos sobre o Equador, a força de Cristo impregna os planos espirituais ou superiores da Terra. Esses planos são o lar dos chamados mortos, uma região onde eles continuam durante algum tempo suas atividades normais em um ambiente de encantadora e radiante beleza. Ali é, também, onde os Anjos e os Arcanjos executam vários serviços em favor do Planeta e de sua progênie.
Quando o Sol entra em Áries anuncia a gloriosa ressurreição, começando a estação anual da transmutação. Então, as águas brancas de Peixes se mesclam com os fogos vermelhos de Áries, união que se manifesta, no Hemisfério Norte, na onda primaveril de flores e cânticos. Também é, para o ser humano, a época da transmutação, a época mais apropriada para seguir empurrando a pedra de sua velha vida e alcançar todo o poder da consciência “ressuscitada”. E, assim, quando a natureza substitui a obscuridade do sonho invernal pelo resplendor da primavera, no Hemisfério Norte, e Cristo transcende a agonia do Gólgota, por meio da exaltação do amanhecer da Ressurreição, o Discípulo que tem seguido, com fé e persistência, a Cristo, ascendendo atrás d’Ele pelo íngreme e estreita Trilha, obtém sua própria ressurreição por meio do despertar dos poderes crísticos dentro de si mesmo. É uma época na qual se pode produzir em seu Corpo-templo uma transformação maravilhosa: uma nova força emana do líquido branco de seus nervos e se mistura com uma nova essência nas correntes vermelhas de seu sangue, união que produz a luz dourada que impregna e rodeia o Corpo de um ser iluminado. São João se referia a uma transformação desse tipo quando escreveu que nós, algum dia, “caminharemos na luz, como Ele na luz está”[119]. Vermelho e branco são as cores de Áries, e também são as cores da transmutação, tanto no ser humano como na natureza.
Quando o Sol passa pelo Signo de Touro no mês de maio a força de Cristo ascende mais e mais até a aura espiritual da Terra. O Discípulo que está caminhando pela Trilha da Santidade segue a estrela da luz ascendente de Cristo e penetra em uma esfera na qual se encontra interiormente harmonizado e fortalecido pelo poder criador da música. Os seres celestiais que habitam esse plano falam uma linguagem musical. Cada um dos seus gestos produz música. Elas modelam e vestem toda classe de formas por meio dos tons musicais. Nesse plano todas as coisas que crescem, amadurecem por meio do poder da música, e as cores variadas das flores são produzidas a partir das variações do tom. A música é certamente o supremo poder criador nesse elevado Mundo.
A constelação de Touro é o lar dos arquétipos cósmicos de tudo o quanto existe na Terra. Esses arquétipos são refletidos pelo seu Signo oposto, Escorpião, o lar dos Senhores da Forma. Essa Hierarquia ensina a construção das formas em tudo no plano físico. E da constelação de Touro emana o tom misterioso que Deus utilizou para a Criação, essa Palavra criadora por meio da qual “todas as coisas foram feitas e nada do que tem sido feito, foi feito sem ela”[120]. Essa é a nota-chave bíblica de Touro.
Os Senhores de Touro guardam o arquétipo cósmico de um órgão maravilhoso, destinado a se converter em uma parte do futuro Corpo humano. Esse novo órgão, semelhante a uma rosa dourada, estará situado na garganta e será o centro por meio do qual o ser humano da Nova Era pronunciará a palavra criadora. Mediante o seu poder, a geração se converterá em regeneração e o ser humano será capaz de modelar a substância a sua vontade. No plano onde as forças de Touro são mais ativas e luminosas, pode-se vislumbrar essa perfeição e meditar sobre ela. Então se percebe o glorioso desenvolvimento que lhe espera no futuro e compreende o sentido das palavras do salmista: “Tu o fez um pouco inferior aos Anjos e o corou de glória e honra” (Sl 8:6).
Parábola Bíblica para Touro
Os Talentos (Mt 25:14-30)[121]
Touro é essencialmente a Hierarquia do destino maduro. Nos últimos dias dessa Era, tanto os indivíduos como as nações estão limpando suas dívidas de destino maduro, precisamente sob esse Signo, assistido pelo seu oposto Escorpião, para a preparação do futuro Novo Dia. A guerra foi acertadamente descrita como uma operação da catarata espiritual. E, se bem que é um terrível flagelo, é também um meio de limpeza inexorável. Por isso nossos dias estão cheios de guerras e de rumores de guerra.
A Parábola dos Talentos é uma lição sobre o renascimento e sobre o destino maduro. Um grande nobre foi a uma país longínquo para reclamar o seu reino. Antes de partir chamou os seus dependentes e lhe confiou a cada um deles uma certa quantidade de talentos. Depois de uma longa ausência, ele voltou e os convocou para que eles pudessem lhe prestar contas. O primeiro devolveu os talentos, mas duplicados. “Bem feito, bom e fiel servidor”, comentou o amo. O segundo apresentou seus talentos com um pequeno ganho, de modo que recebeu, também, a benção do amo. O terceiro servo, que havia recebido só um talento e o havia enterrado, lhe devolveu a seu chefe dizendo: “Tive medo e fui esconder meu talento na terra, assim que aqui tem o que é teu”. Ao que seu amo respondeu: “Tu, servo preguiçoso e malvado…ponham esse servo improdutivo para fora, nas trevas”. A isso seguiu a norma crítica do Mestre: “Porque ao que tem lhe será dado, mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado”.
Essa parábola se refere ao ciclo de vidas terrenas. O propósito de cada peregrinação consiste em que cada ser humano conquiste mais poder anímico, mais vida anímica e mais luz anímica.
Cada talento que o ser humano traz de suas encarnações anteriores há de ser incrementado, ou sua vida será estéril. O primeiro servo, a quem foi dado dez talentos, representa a alma velha que, através de muitas encarnações, conseguiu uma rica colheita de poderes anímicos. Em cada nova vida aprende novas lições, especialmente por meio da meditação, da contemplação e do trabalho, avançando, tanto nos planos internos como no externo. O segundo servo, que recebeu cinco talentos, representa uma alma mais jovem na escola evolutiva de Deus. Está aprendendo suas lições principalmente por meio das atividades nos planos físicos. Sua vida se centra, principalmente, nos cinco sentidos. Note-se que cinco é um número da atividade, enquanto que dez é a união do “1” (masculino) com o “0” (feminino), trabalhando ambos harmonicamente. Esse segundo servo representa o estado evolutivo da grande massa da humanidade.
O terceiro servo, que por medo enterrou o único talento que recebeu, representa os que ainda não estão totalmente despertos espiritualmente e se encontram centrados somente nos interesses do “eu mortal”. O fato de ser jogado na obscuridade exterior não é uma maldição, mas o modo de trabalhar da lei divina, pois somente por meio do sofrimento e do trabalho o ser humano pode despertar a natureza superior. Como Mabel Collins diz em seu Luz no Caminho: “Antes que os pés possam pousar ante a presença do Mestre, hão de ser lavados com o sangue do coração”.
Quando o Sol passa de Áries para Touro, uma pessoa sensitiva percebe uma mudança na atmosfera psíquica da Terra, das muitas carregadas radiações masculinas de Áries ao suave e carinhoso padrão do Signo de Vênus, governado por Touro. A Lua, também feminina por natureza, está em Exaltação nesse Signo, que enfatiza ainda mais a terna e amável disposição dos nativos de Touro. Por isso, sob essas influências, se celebra o Dia das Mães precisamente no segundo domingo de maio, quando os atributos femininos dos céus estão no Ascendente.
Os antigos representavam um Touro como uma suma sacerdotisa sentada em um trono, com um halo ao redor da cabeça e um livro aberto sobre os joelhos. Um véu cobria seu rosto, simbolizando a ocultação dos Mistérios da multidão ainda não despertada. A divindade feminina possui segredos sagrados da vida que nunca são revelados até que se aproxime um buscador com as mãos limpas e o coração puro. O véu dos sacerdotes nunca se levantará enquanto o ser humano guerreie com o seu próximo e continue matando para comer, por esporte, por vaidade ou para praticar crueldades como as de vivissecção. Toda vida é sagrada e tudo seguirá assim até que o ser humano seja digno de levantar o véu da Isis e penetrar nos mais profundos mistérios da vida.
Os nativos de Touro são atraídos pelas atividades por meio das que encontram expressões nas qualidades venusianas. E como Touro é um Signo de Terra, sua expressão tende para a prática das artes. A profissão da cura está favoravelmente influenciada por Touro, especialmente no que se refere à conservação do Corpo Denso nas perfeitas condições para seu Espírito interno.
A nota-chave de Touro é: “Eu possuo”. A nota-chave de Vênus, Regente de Touro, é: “Eu amo”. Um taurino não desenvolvido se inclina para um amor possessivo que limita a liberdade de seus objetivos provocando desgostos, discórdia e dor em seus relacionamentos. Desse modo se criam as grandes dívidas de destino maduro.
Sob a Hierarquia de Touro a humanidade está colhendo uma pesada mortalidade que obedece a causas passadas. Sob o Signo oposto, Escorpião, está sendo liquidada a dívida, em escala planetária, mediante guerras, desordens sociais e desastres telúricos.
Sob Touro, no entanto, as forças transmutadoras existentes na natureza são ativadas para transformar a vida do Discípulo. Cada personagem bíblico ilustra as características de um Signo zodiacal. Uma personalidade que tipificou as características de Touro foi Maria Madalena. Maria, irmã de Lázaro, tipificou a Câncer, enquanto a bendita Virgem Maria veio sob o Signo de Virgem. De modo que as três Marias, mais intimamente associadas à vida e ao ministério de Cristo Jesus, correspondem aos três Signos femininos mais destacados do Zodíaco. Maria Madalena, atrativa e sedutora, estava centrada nas correntes de desejos da Terra; mas quando Cristo tocou em sua trajetória vital, a chama da rosa da paixão se transformou na chama branca da alma. Essa transformação foi o que a fez merecedora do privilégio de ser, entre todos os Seus seguidores, a primeira a ver o Senhor ressuscitado e a de ser enviada por Ele para transmitir aos demais a mais transcendental mensagem de todos os tempos: “A morte não existe”.
Quando o Sol transita pelo Signo de Gêmeos, a constelação imprime no Corpo-templo humano uma dupla influência. Governa todas as dualidades do Corpo: Pulmões, ombros, baços e mãos, em particular. Contém, também, o arquétipo cósmico do perfeito andrógino, onde as potencialidades masculinas e femininas estão em equilíbrio. Essa é a consecução dos Iniciados nos Grandes Mistérios de Cristo. Essa aquisição produz a imunidade ante a enfermidade e a passagem do tempo. E como sua consciência não se interrompe, esteja ou não na carne, nunca experimentam a morte, tal como nós a concebemos, já que sua consciência está centrada na imortalidade ininterruptamente.
A onda de vida Arcangélica alcançou um status no qual pode funcionar em Corpos perfeitamente polarizados. Isso não é possível para os Anjos, menos evoluídos, nem para a humanidade. É, no entanto, possível para os membros daqueles reinos ao descerem de seu elevado estado a formas inferiores de expressão. A “Queda dos Anjos” se correlaciona na Bíblia com a “Guerra nos Céus”, quando Lúcifer e seus seguidores foram expulsos de seu plano[122]. A “Queda do Homem” ocorreu, segundo o Livro do Gênesis, quando Adão e Eva (a humanidade infantil) perderam o Jardim do Éden. A redenção de ambas as quedas exigiu poderes mais elevados do que ambas as ondas de vida possuíam. Tinham que proceder do nível arcangélico. E vieram: Cristo, o mais elevado dos Arcanjos, se converteu no Mestre e redentor de ambos, os Anjos caídos e a humanidade. Essa é uma das mais profundas verdades associadas com o Mistério de Cristo.
O arquétipo do andrógino perfeito foi projetado pela Hierarquia de Gêmeos a seu Signo oposto, Sagitário. A Hierarquia de Sagitário (Senhores da Mente) transmite esse iluminador ensinamento aos mais avançados pioneiros da Terra. Depois da vinda de Cristo o desenvolvimento posterior da Mente humana deixou de estar a cargo de Escorpião e passou a ser responsabilidade de Sagitário. Considerando as maravilhas da Mente, seus poderes criadores, sua capacidade de percorrer toda a Terra em um instante e contemplar a vastidão do espaço cósmico – ainda que, no momento, só uma fração dela está em atividade – podemos ter um leve vislumbre da transcendente glória da Hierarquia de Sagitário, cujo veículo mais denso, correspondente ao nosso Corpo Denso, está composto de material mental. Isso indica, também, os poderes sublimes que aguardam o ser humano quando alcançar tal desenvolvimento.
Para uma alma que despertou a meta suprema no desenvolvimento da Mente é a cristificação. Essa consecução é, no entanto, patrimônio de muitos poucos. A maior parte da humanidade está, ainda, embebidos no materialismo da Mente concreta, que geralmente foca em propósitos mundanos e em interesses pertencentes ao excludente “eu”. Enquanto forem tais os assuntos que chamam a atenção do ser humano, haverá uma carência de percepção espiritual e uma escassa constatação das realidades pertencentes aos Mundos internos e à Mente universal. Nem haverá nenhuma continuidade de consciência; algumas vezes ocorrendo somente o temor ante as experiências enfrentadas no Mundo espiritual durante o intervalo entre vidas. O resultado de uma consciência tão sumamente isolada das realidades espirituais é o materialismo, que condiciona o mundo de hoje. Esse, no entanto, não é mais do que uma fase temporal no desenvolvimento da humanidade. A comprovação das realidades espirituais, que subjaz a todas as manifestações físicas e temporais, vai se tornando cada vez mais clara e mais forte à medida que vai se derramando mais luz sobre a trilha dos que lutam pela santidade.
Enquanto o Sol transita pelo Signo de Gêmeos, a luz de Cristo se difunde em uma aura esférica ao redor da Terra, o que capacita os Iniciados na Trilha da Santidade a alcançar a presença de poderosos seres, conhecidos como Serafins, cuja grandeza e poder sobrepassam qualquer descrição. Sob seu sublime ministério, os ensinamentos relativos ao mistério da polaridade são transmitidos, com que se aprende a interação entre as energias masculinas e femininas (os elementos positivos e negativos da natureza), e constituem a força motriz de tudo, desde o átomo até o Planeta. Os alquimistas medievais se referiam a essa perfeita união, essa polaridade, como a combinação do fogo e da água. Essa união está vividamente simbolizada em Jachin e Boaz, as duas colunas de cobre que ficavam à frente do Templo de Salomão, e é o tema do glorioso canto Iniciático de Salomão. É a polaridade a que Salomão se refere ao dizer: “Meu amado é meu e Eu sou sua; ele se nutre entre os lírios”[123].
Quando um iluminado segue a Trilha da Santidade que conduz a essa exaltada esfera, é-lhe permitido estudar as maravilhas do Corpo andrógino, a forma que o Corpo humano adotará em uma etapa futura de seu desenvolvimento. Como foi dito, a Hierarquia de Gêmeos, ou sejam, os Serafins, projeta sobre a Terra esse glorioso arquétipo cósmico. E, quando a humanidade estiver preparada para recebê-lo, suas forças descerão, transportadas até o ser humano pela Hierarquia de Sagitário. Quando o ser humano conhece as maravilhas desse arquétipo cósmico e os milagres do Corpo de Sagitário, construído inteiramente de matéria mental, começa a compreender algo do destino exaltado que lhe espera. Com profunda reverência e grande humildade entoa, em seu interior, a nota-chave bíblica de Gêmeos: “Esteja tranquilo e saiba que Eu sou Deus”[124].
O Homem Rico e Lázaro[125]
Foi dito que Gêmeos, os gêmeos, é o Signo dos opostos: positivo e negativo, alto e baixo, branco e preto. Sob a influência dessa Hierarquia a humanidade conhece o caminho da luz e o caminho das sombras, como conheceram Lázaro e o homem rico na parábola bíblica.
O homem rico tinha grandes posses terrenas, enquanto Lázaro era um mendigo que vivia na miséria. Ambos simbolizam os dois polos da riqueza e da pobreza, o “tem” e o “não tem”, uma classificação que é causa de inumeráveis guerras ao longo da história. O homem opulento da parábola se vestia de linho puro e púrpura real. Todos os dias se dedicava a se divertir e se distrair, enquanto Lázaro, em sua extrema miséria, acudia cada dia para mendigar as migalhas de sua mesa.
Idênticas situações existem no mundo hoje em dia. Contudo, tais iniquidades não podem durar, posto que vivemos em um mundo regido pela lei moral. O ajuste de contas, no entanto, requer maior tempo do que compreende uma só encarnação terrestre. Isso é o que ensina a parábola, que revela o modo de operar a lei, tanto nos planos externos como nos internos.
Lázaro e o homem rico morrem. O primeiro foi transportado para os Céus, enquanto o segundo foi para o Purgatório a fim de sofrer pelo seu ócio, sua improdutividade e perda de tanto tempo. Essa justiça não é, no entanto, de natureza vingativa. O ser humano colhe o que semeou. Ainda que Lázaro vivia na pobreza, as sementes que ele semeou produziram uma rica colheita em comparação com a produzida pelo homem rico, que falhou na hora de fazer o uso correto de suas riquezas e aproveitar a ocasião que foi lhe dada, de prestar um serviço a alguém menos afortunado que ele. O modo de operar da lei é simplesmente corretivo. Reconhecendo a colheita de sua própria semente, o ser humano obtém a compreensão e a compaixão e se dá conta que é um com toda a humanidade.
A parábola ensina, também, que a natureza da experiência do ser humano após a morte está determinada por sua vida sobre a Terra. Quando o homem rico sentiu sede, viu o estado de felicidade de Lázaro no seio do Pai Abraão e suplicou a esse que permitisse a Lázaro lhe dar um gole de água para matar a sede. A isso, Abraão replicou: “Entre nós e vós existe um grande abismo”. Essa barreira é formada por uma vibração. Se uma pessoa do Purgatório pudesse elevar sua consciência ao plano celeste, não continuaria confinada no plano inferior do Mundo do Desejo.
A parábola mostra, ainda, outro ensinamento. O conjunto das experiências humanas está constituído, principalmente, pelas emoções do prazer e da dor. Fiona MacLeod, uma excelente escritora inglesa, disse que no paraíso não há lágrimas, há em um certo jardim um grande lago cinza, cujas águas se renovam constantemente com as lágrimas de dor, sofrimento e remorso vertidas na Terra. Se alguém, no entanto, se ajoelha e lava seus olhos nessas águas, se salvará. Desde esse momento seus cantos serão tão doces que serão ouvidos no Paraíso.
Aceitada com conhecimento, a dor constrói o degrau na escada da realização. Porque a dor torna a compaixão mais profunda e a simpatia mais ampla e incrementa a humildade e a beleza do próprio caráter, que são as características de tudo o que se encontra na verdadeira trilha do Discipulado.
Gêmeos é o Signo dos gêmeos. No plano material significa dualidade; no plano espiritual, polaridade. Os antigos atribuíam a Gêmeos duas brilhantes estrelas: Cástor e Pólux. E ensinavam que Mercúrio, Regente de Gêmeos, conferiu a imortalidade a essas duas estrelas em dias alternados, indicando assim o caráter dual do Signo. Sob a influência de Gêmeos o ser humano oscila facilmente de um extremo a outro: do material ao espiritual, do pessoal ao impessoal.
A nota-chave de Gêmeos é a versatilidade. Seus nativos se caracterizam por sua habilidade em fazer muitas coisas muito bem. Gêmeos avançando, frequentemente, se dedica a escrever e a falar sobre assuntos espirituais e, às vezes, se converte em um curador espiritual.
Gêmeos é um Signo mental e a Mente pode conduzir tanto na direção das trevas como na direção da luz. São Paulo sabia disso perfeitamente e por isso acentuou em todos os seus ensinamentos o ideal de que “Cristo se forme em vós”[126]. Até que a Mente se cristifique ela está ameaçada por grandes perigos. E contra isso São Paulo cita: “a Mente carnal é inimiga de Deus”[127].
O antigo hieróglifo representativo de Gêmeos foi a figura de um sumo sacerdote sentado em um trono, em cujos pés se ajoelhavam duas esfinges, uma branca e outra negra. Outro símbolo, assim, insistindo na dualidade do Signo de Gêmeos.
De acordo com a natureza de Gêmeos, aqueles que estão fortemente influenciados por esse Signo, frequentemente enfrentam a necessidade de eleger entre um dos dois caminhos; por isso resulta essencial para eles o cultivo dos poderes do discernimento, poderes acentuados em Virgem, também regido por Mercúrio. Hão de cultivar a estabilidade e a fixidez de propósitos, já que são muito facilmente influenciáveis. O nativo de Gêmeos necessita muito tempo para se concentrar e meditar sobre a frase: “Está tranquilo e sabe que Eu sou Deus”[128].
O embaixador angélico de Mercúrio na Terra é Rafael, o guardião e diretor dos movimentos de cura no mundo. Preside os elevados ensinamentos do Templo, sendo a mais importante delas a do poder curador da Mente. Esse conhecimento está tendo ampla aceitação e prática nos tempos atuais.
Uma formosa lenda conta que, ao final de cada dia, o Anjo Sandalfon recolhe todas as orações de ajuda e de cura que foram emitidas a partir da Terra e as põe ante o trono de Deus de onde, por meio de Sua terna benção, se transformam em um imenso dossel de flores perfumadas. Essa lenda teve uma refinada expressão nos seguintes verso de Longfellow:
E ele recebe as orações,
Que, em suas mãos, se convertem em flores,
Em guirlandas de vermelho e púrpura;
E sob o grande arco do portal,
E nas ruas da Cidade Imortal,
Tudo se enche com sua fragrância.
O mesmo pensamento é aplicável a Rafael, o Anjo da cura, o qual, devido a sua proximidade com a nossa raça, é denominado “o amigo do ser humano”.
Rafael, o embaixador de Mercúrio, representa em seu próprio ser os Senhores de Mercúrio, que estão exercendo agora um papel cada vez mais ativo nos trabalhos de Iniciação da humanidade. Preside os Mistérios, o trabalho Iniciático da onda de vida humana até o fim do Período Terrestre. Os mensageiros de Mercúrio ajudam a todos os que tem aspiração à Iniciação e, segundo Max Heindel, prestarão ao ser humano cada vez mais auxílio, à medida que o tempo passa. Muitas pessoas sensitivas estão sendo já conscientes da sua presença, pois os Senhores de Mercúrio pertencem a nossa onda de vida que, originariamente, morou no Sol. Estão, no entanto, muito mais avançados que a primitiva humanidade e Rafael é seu protótipo ante o trono de Deus.
O Sol, em seu anual trânsito através de Câncer, alcança o ponto mais alto de sua ascensão setentrional no Solstício de Junho. Sua radiação física alcança o máximo no hemisfério Norte, por isso, lá, os dias são mais longos e as noites são mais curtas. É o meio-dia mais elevado do ano e sua nota-chave é luz.
Câncer é o Signo mais feminino do céu. Em harmonia com esse fato, o Signo contém um pequeno grupo de estrelas organizadas de modo que se assemelham a um presépio. Do coração de Câncer brotam as águas da vida eterna onde as sementes da forma germinam e animam todos os reinos da Terra. O Solstício de Junho ocorre quando o Sol entra em Câncer e está sintonizado com o princípio da fecundidade. Por isso, obedecendo a esse princípio ativo da natureza, as sementes eclodem para um novo ciclo de manifestação. A luz, a liberdade e o regozijo são as qualidades dominantes da época do centro do verão, para o hemisfério Norte. De acordo com isso muitos povos, especialmente na Europa, celebram esse tempo com música, danças e festas exuberantes.
A Hierarquia de Câncer é conhecida na Bíblia como os Querubins. O trabalho dessa Hierarquia consiste em guardar os lugares sagrados. Flutuavam sobre o Sanctum Sanctorum[129]. O recipiente com o maná da Arca da Aliança é um símbolo do Cálice do Graal individual de cada ser humano e de sua sagrada força vital. A humanidade perdeu o Jardim do Éden por causa do mal-uso da sua força vital e, desde então, os Querubins guardam as portas do Éden para evitar que a humanidade não regenerada possa encontrar, prematuramente, a possibilidade de penetrar nele. Dizem que a Virgem Maria e os Discípulos, desde o Pentecostes, se comunicam com os Querubins, querendo com isso significar que aprenderam essas verdades sagradas, lecionadas por essa Hierarquia Divina.
Quando o Sol alcança o ponto máximo em sua ascensão, o Espírito de Cristo chega até o Trono do Pai. Sua atividade, então, é focada sobre os Planos mais elevados da aura terrestre, onde oferece uma nova iluminação e bênçãos renovadas aos seres celestiais que ali habitam, assim como ocorre com as almas que em sua evolução, entre duas encarnações físicas, alcançaram esses elevados níveis. De acordo com tudo isso, é também nessa época que o ser humano iluminado, seguidor de Cristo na Trilha da Santidade, pode se elevar conscientemente a esses Planos, contatar os habitantes celestiais e seguir aprendendo sobre as Forças da Natureza. Ali se compreende como os Espíritos da Natureza da água e do fogo, as ondinas e as salamandras, respectivamente, trabalham na primavera e no verão no crescimento das plantas; e como os do ar e da terra, as sílfides e os gnomos, respectivamente, trabalham no outono e no inverno na morte e na desintegração das plantas. Naquele exaltado Plano, o que segue a Trilha da Santidade se vê à frente do verdadeiro mistério da vida. Só os puros de coração alcançam esse nível. Os que tenham as mãos manchadas de sangue não poderão, jamais, levantar o véu desse lugar sagrado. Aquele que quer descobrir o segredo da vida não o alcançará até que, tanto suas mãos como seu coração, sejam castos e limpos. Só a esses será permitida a constatação da unidade de toda a vida.
Essas são as verdades que pertencem, especialmente, à Hierarquia de Câncer e não é possível sua transmissão direta no Plano terrestre. Por esse motivo são transferidas pelos Querubins à Hierarquia de Capricórnio, o Signo oposto a Câncer e o lar dos Arcanjos que, por ser de uma categoria inferior à dos Querubins e, portanto, estar suas consciências mais próximas às do ser humano, as disseminam entre aqueles que as desejam e estão preparados para recebe-las. Esse foi o motivo de ter sido no período de Capricórnio, quando as forças dessa Hierarquia impregnaram a Terra para que descendesse a nascer nela o Mestre Jesus, da semente de Davi e que converteu no suporte de Cristo.
Parábola Bíblica para Câncer
O Filho Pródigo (Lc 15:11-32)[130]
De acordo com a Astrologia Esotérica todas as almas que renascem passam pelas portas de Câncer. Nas águas de Câncer se formam os germens da vida que animam a cada indivíduo dos reinos mineral, vegetal, animal e humano. Esse impulso vital eleva, progressivamente, do mineral para o vegetal, do vegetal para o animal, do animal para o ser humano e do ser humano para o Anjo, já que toda a evolução está sob a supervisão da Hierarquia.
A Parábola do Filho Pródigo se refere à Câncer. É uma história sobre a evolução. Apresenta-nos dois irmãos, um mais velho, que jamais abandonou a casa paterna e outro mais novo, que vai para um país longínquo. Inicialmente o pai lhe diz: “tudo o que eu tenho é teu”. Esse irmão representa a natureza superior do ser humano, que está sempre sintonizada com tudo o que é bom, nobre, formoso, puro e verdadeiro. O outro irmão abandona a casa paterna e gasta mal tudo o que tem em uma vida desenfreada, terminando por disputar a comida dos porcos que ele cuidava. Esse representa a natureza inferior do ser humano que sucumbe às tentações sensuais e aos caprichos do mundo.
Como é de aplicação universal, essa parábola se encontra em todo ensinamento espiritual fornecido ao mundo. Foi já um importante ensinamento nos Mistérios do antigo Egito. No simbolismo da Loja Azul maçônica é dada outra versão, levemente diferente. Nela o candidato, pobre, nu e cego, depois de gastar mal e inutilmente tudo que tinha, eleva seus olhos para a casa do Pai e começa sua viagem para o leste, em busca da luz. Ali está sentado o Mestre excelso que, quando o candidato se revela digno disso, lhe é instruído como alcançar, também, a maestria.
A humanidade, em geral, está representando o papel do Filho Pródigo, pois a raça humana deu as costas à verdadeira luz e, em sua perseguição por objetivos materiais, vive literalmente na casca da existência. Isso provocou o nascimento do medo, do caos, da incerteza, dos conflitos e das revoltas sociais que enchem a Terra. E que aumentarão até que a humanidade comece a voltar atrás e se dirigir para a luz que brilha nele.
Quando o Filho Pródigo retornou, o Pai lhe recebeu entusiasticamente. O filho disse: “Pequei e já não sou digno de me chamar de filho novamente. Trata-me como um dos seus servos”. No entanto, o Pai o recebeu com um forte abraço, o vestiu com o melhor traje e pôs em seu dedo um anel de ouro.
A maior tranquilidade para o ser humano, em meio ao caos da vida, é saber que nunca lhe faltará o cuidado amoroso e a proteção do seu Pai. “O assédio dos céus” sempre o seguirá. Nas palavras do salmista: “Se subo aos céus, tu lá estás; se me deito em um tumba, aí te encontro” (Sl 139:8). Nenhum ser humano pode cometer tantos crimes ou se degradar de tal maneira que não possa contar com a amorosa recepção do Pai, quando eleve seus olhos e começa sua caminhada em direção a Ele. O pródigo regenerado se vestirá com a roupa da nova vida e lhe será dado o anel de ouro, o amor e a proteção.
A proximidade do Pai foi, magnificamente, expressada por Elizabeth Barret Browning[131]:
E eu sorri para agradecer a grandeza de Deus fluindo
em torno de nossa imperfeição
E a nossa ansiedade, o seu descanso.
As duas naturezas do Filho Pródigo foram bem descritas por Emerson: “Só o finito trabalhou e sofreu; o infinito se esticou em um descanso sorridente”. E São Paulo ilustrava a trilha que leva o ser humano da irrealidade para a próxima afirmação: “as coisas que são vistas são temporais, mas as que não são vistas são eternas”.
Câncer é o Signo mais profundamente místico, o principal Signo feminino. A Lua, Regente de Câncer, é o lugar da Exaltação, tanto de Júpiter como de Netuno, e sua nota-chave é fecundidade. Nas águas cósmicas de Câncer se encontram os germens que animam as formas pertencentes a todos os reinos da natureza. Câncer governa, também, o lar e a família, e suas qualidades tendem a desenvolver os atributos do caráter que permitem aos pais dirigir com amor e harmoniosamente seu lar.
O misticismo de Câncer vem em parte de Júpiter, Planeta da simpatia e generosidade expansivas, mas muito mais de Netuno, a oitava superior de Mercúrio e o Planeta da divindade. O Solstício de Junho ocorre quando o Sol entra nesse Signo, momento em que a brilhante e a branca azulada estrela fixa Sirius mais derrama sua influência espiritual sobre a Terra. Como Signo mãe cósmica, Câncer é o portal por meio do qual os Egos humanos veem ao renascimento.
Por causa da influência de Júpiter, nessa época, as artes criativas recebem uma inspiração especial, no tempo em que Júpiter converte esse período em um dos mais apropriados para que as almas iluminadas passem, através das portas da luz, aos Mundos internos e neles experimentem a vida imortal. Os três princípios do Tríplice ser humano estão governados pela Lua, por Júpiter ou por Netuno. A Lua afeta o seu Corpo Denso, Júpiter a sua Alma e Netuno o seu Espírito.
A humanidade em geral responde à Jeová, por meio da influência do Sol físico; os Iniciados nos Mistérios Menores o fazem através do Sol espiritual, o Corpo do Cristo Cósmico; e os Iniciados dos Mistérios Maiores, por meio de Vulcano, que equivale ao Corpo solar do Pai. Os astrônomos não descobriram, ainda, o Planeta Vulcano. No entanto, chegará a ser conhecido pelo mundo como consequência das investigações científicas, quando muitos indivíduos se tornem suficientemente sensitivos para receber suas vibrações. Essa foi a condição sob a qual os Planetas Urano, Netuno e Plutão começaram a se expressar nos veículos superiores do ser humano.
Os antigos representavam Câncer como uma mulher com a Lua a seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. Esse símbolo foi empregado por São João na Revelação[132] para representar o triunfante regresso do feminino caído, a Eva do Gênesis, a seu estado divino original. Essa figura exaltada feminina representa os Grandes Iniciados da Hierarquia de Câncer conhecidos como Querubins. Um dos mais altos Iniciados dessa Hierarquia é a Mãe Cósmica do universo a que esse Planeta Terra pertence.
A Lua, como Regente de Câncer, significa geração; Netuno, Exaltado em Câncer, significa regeneração. A transmutação da geração em regeneração é o novo nascimento do qual Cristo falou a Nicodemos quando foi falar com o Mestre “à noite”[133]. A nota-chave de Câncer é encontrada naquelas palavras de Cristo: “…Salvo que um homem nasça de novo, não poderá ver o Reino de Deus…quem não nascer da água (Lua em Câncer) e do espírito (Júpiter em Câncer), não poderá entrar no Reino de Deus (Netuno em Câncer)”. Esse é um dos mais explícitos ensinamentos sobre a Iniciação fornecidos por Cristo durante os três anos de ministério. Todo mundo conhece o nascimento natural sob a Lua em Câncer, mas são poucos os que aprendem a caminhar pela “trilha apertada e estreita” da renúncia da carne e da dedicação do espírito, implícita na Exaltação de Júpiter e Netuno em Câncer. Essa é, certamente, a verdadeira e única chave para a elevação da consciência por meio da qual o ser humano é transportado do nascimento natural “aquoso” para a divina sintonia do nascimento “ígneo” espiritual.
Foi dito que, enquanto o Sol transita pelos Signos de Câncer e Leão durante os meses de julho e agosto, Cristo ascende ao Trono do Pai, onde se banha em Sua transcendente glória. Ali se renova e se revitaliza, atraindo mais e mais forças espiritualizadas para prosseguir o Seu ministério terreno quando volte a penetrar nos reinos da humanidade, no Equinócio de Setembro. Durante sua permanência nos céus o Planeta Terra, clarividentemente observado, aparece luminoso por Suas radiações; e o observador comprova, no mais profundo do seu ser, o significado de Sua afirmação: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue”[134].
Quando o Sol atravessa os Signos de Câncer e de Leão, o iluminado que caminha na trilha da santidade ascende aos mais altos reinos desse Planeta e entra em uma mais profunda consciência de poder transcendente. Começa a compreender que o amor, em seu mais elevado aspecto, não é uma paixão ou um sentimento, mas uma fase da própria divindade. São Pedro foi imbuído de uma força amorosa dessa natureza. Ele mesmo se referiu a ela quando disse ao aleijado, às portas do formoso Templo: “Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareu, põe-te a caminhar! ”[135]. E foi essa mesma força a que, de tal modo, animou a São Paulo que, apesar de todas as suas perseguições e encarceramentos, pode pronunciar aquelas palavras formosas: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos Anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine”[136].
Quando o Aspirante alcança esse grau de realização espiritual, Cristo é tudo para ele e tudo está n’Ele. Servir como Ele serviu e amar como Ele amou se convertem em sua principal aspiração. A nota-chave bíblica de Leão ressoa nas palavras: “O amor é o cumprimento da lei”[137]. É permitido a ele acessar a Memória da Natureza, ver o sagrado e iluminado coração e assimilar algo dos mistérios profundos que contém. E, então, começa a entender a íntima conexão existente entre a Hierarquia de Cristo e o centro de luz do corpo humano, chamado coração. Uma das primeiras imagens na Memória da Natureza que o Aspirante estuda simboliza o Cristo, em pé, diante de uma porta chamando-o. Em Sua mão está uma luz e Ele diz: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa”[138]. Essa passagem lembra a realista representação feita por Holman Hunt[139]. Seu quadro imortalizou essa atividade da busca do nosso Redentor. Há, sensatamente, que pensar que a criação dessa obra prima fui inspirada pela elevada dádiva que o artista recebeu, tanto consciente como inconscientemente. Os Discípulos que trabalham nos planos internos, frequentemente, param diante desse quadro e meditam sobre seu profundo significado, pois a porta ante a qual está o Cristo representa o coração humano.
Na próxima Era de Aquário, à medida que a influência amorosa de Leão vai penetrando mais profundamente na Terra, mais buscadores se tornarão conscientes da proximidade do Cristo e escutarão Suas palavras de súplica que ressoam pelos corredores do tempo: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa”.
O Banquete de Bodas do Filho do Rei
A constelação de Leão pertence à Triplicidade de Fogo. Luz, amor, autoridade e controle estão entre as suas notas-chaves. O coração rege o Corpo-Templo humano e é o centro do amor. O coração do Discípulo aumenta sua luminosidade com sua espiritualização crescente até que, finalmente, caminha na luz como Cristo, que está na luz. Como consequência dessa irradiação, chama a atenção e ganha lealdade. A Hierarquia de Leão está implantando esse ideal no mais profundo de cada ser humano ao focar seu poder de amor sobre a Terra.
A parábola relativa à Leão é a do banquete de bodas do filho do rei[140]. Havia “ um rei que celebrou as núpcias do seu filho. Enviou seus servos para chamar os convidados para as núpcias, mas estes não quiseram vir. Tornou a enviar outros servos, recomendando: ‘Dizei aos convidados: eis que preparei meu banquete, meus touros e cevados já foram degolados e tudo está pronto. Vinde às núpcias’. Eles, porém, sem darem a menor atenção, foram-se, um para o seu campo, outro para o seu negócio, e os restantes, agarrando os servos, os maltrataram e os mataram. Diante disso, o rei ficou com muita raiva e, mandando as suas tropas, destruiu aqueles homicidas e incendiou a cidade. Em seguida, disse aos servos: ‘As núpcias estão prontas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às encruzilhadas e convidai para as núpcias todos os que encontrardes’. E esses servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons, de modo que a sala nupcial ficou cheia de convivas. Quando o rei entrou para examinar os convivas, viu ali um homem sem a veste nupcial e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem a veste nupcial?’ Ele, porém, ficou calado. Então disse o rei aos que serviam: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o fora, nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes’. Com efeito, muitos são chamados, mas poucos escolhidos”[141].
A festa de bodas é, naturalmente, a Iniciação. Não há estação na qual os portais do céu se abram mais ou na qual a luz brilha com maior intensidade que durante o tempo em que as forças de Leão estão focadas sobre a Terra. O leão, símbolo do Signo de Leão, representa o fogo cósmico no interior do ser humano. Quando esse fogo é elevado à cabeça, esse órgão se converte no centro regenerador do Corpo-Templo. Esse é o significado mais elevado do leão rampante[142], que simboliza o mais elevado aspecto da Iniciação. Na magnífica cerimônia da loja maçônica, o leão, em pé, e com uma garra estendida, era o que elevava o herói maçônico Hiram Abiff[143] das trevas da morte até a glória da vida imortal.
A Iniciação, tal e como existia antes da vinda de Cristo, era um processo bem diferente da atual. A Iniciação antiga era chamada de A Trilha dos Mistérios Iluminados e consistia em uma solene cerimônia que representava importantes acontecimentos na vida dos grandes Mestres do mundo, desde o nascimento até a sua ressurreição. Com a vinda do Cristo, a Iniciação experimentou uma mudança e agora é chamada de A Trilha dos Mistérios Solares. A Iniciação Cristã ainda representa importantes acontecimentos da vida do Senhor: Nascimento, Batismo, Transfiguração, Ressurreição e Ascensão. Contudo, agora são experiências realizáveis e vitais no interior da consciência e do Corpo do Discípulo. Daí que agora, sob Cristo, seja muito mais difícil a Iniciação do que era antes da Sua vinda. Por isso São Paulo, um dos maiores expoentes dos Mistérios Cristãos, deu a seus Discípulos um tipo de mantra, aplicável a todos no tempo moderno, quando lhes disse: “Que Cristo seja formado em vós”[144]. As diversas escolas de metafísicos como o Novo Pensamento, a Ciência Cristã e outras, que preconizam a manifestação do Cristo Interno, são etapas preparatórias que conduzem à realização suprema na vida do ser humano: a Iniciação nos Mistérios trazidos à Terra por Cristo.
Outra importante diferença entre os Mistérios pré-cristãos e os ensinados por Cristo consiste em que nos tempos antigos cada cidade tinha seu próprio Templo de Iniciações onde se observavam os Mistérios. Durante a Idade de Ouro da Grécia não se permitia ocupar um cargo público a nenhum homem que não fosse iniciado nos Mistérios. Todos esses Templos terrenos foram fechados e os verdadeiros Templos de Mistérios estão, agora, situados na Região Etérica do Mundo Físico. Por isso, cada Aspirante há de tecer, antes, seu próprio “traje de bodas”[145] para poder entrar, já que em seu Corpo Denso não é mais possível entrar lá.
Os Éteres estão divididos em quatro graus de densidade. Como já foi dito, enquanto o ser humano pertencer à terra, é terreno, e vive para comer, beber e ser feliz, seu Corpo Vital se compõe, principalmente, dos dois Éteres inferiores[146]. Quando começa a renunciar ao caminho da carne e a aspirar às coisas do espírito, então, atrai cada dia em maior quantidade os dois Éteres superiores[147].
Em nossos dias, o elevado e sagrado significado da Iniciação foi perdido, para a maioria das pessoas. Consequentemente, o reconhecimento do profundo significado espiritual dos antigos Templos de Mistérios é muito pequeno ou completamente nulo. Não se tratava de cerimônias ao alcance de qualquer um, como irrefletidamente se crê. Eram acessíveis só aos que tinham se qualificado devidamente para participar neles. Essa é a verdade expressa na parábola do Banquete de Bodas do Filho do Rei. Só podiam entrar nele os revestidos com o “dourado vestido de bodas”. Esse traje não pode ser dado por ninguém. Há de ser tecido por si mesmo. E isso só se consegue fazer “vivendo a vida”, por meio da sublimação dos desejos inferiores em poderes do espírito e mediante à prestação de serviços amorosos e desinteressados a todos os demais seres humanos e a todos os seres viventes. Essa é a verdade destacada pela Cristandade esotérica. Enquanto que a ortodoxa põe todo o peso da salvação do ser humano sobre os ombros do Cristo, a Cristandade esotérica põe tal salvação onde deve estar: sobre os ombros do próprio ser humano.
É durante o tempo em que a Hierarquia de Leão está derramando suas forças sobre a Terra, que é mais fácil para o Aspirante se dedicar, novamente, a prosseguir na trilha para tecer a luminosa vestimenta que lhe há de abrir a essas correntes de luz e a essas radiações de amor. Quando esse traje for totalmente tecido, será considerado digno de participar do banquete do matrimônio místico e de ser contado entre os filhos do Rei. Quando a alguém é permitida essa assistência, pode estar em Sua presença, olhando-O face a face e o conhecendo tal qual Ele é.
Um sábio antigo declarou que “como acima é embaixo e como embaixo é acima”. Todos os verdadeiros Templos de Mistérios do plano físico foram construídos em harmonia com o modelo zodiacal existente nos céus. Nesse círculo de doze constelações, Câncer e Leão formam as duas colunas da entrada do Templo Cósmico. Em plena correspondência com isso, duas colunas simbólicas foram colocadas em todos os templos de Mistérios entre as quais todo Aspirante à iluminação tem de passar. Esses dois pilares tiveram muitos nomes ao longo do tempo e seu significado se destacou na literatura dos Mistérios de todas as nações. Foi dito que representam os elementos água e fogo; ou os dois metais preciosos, o ouro e a prata; e até, simbolicamente, os Corpos estelares do Sol e da Lua. Câncer é chamada de mãe e Leão de pai das almas.
Entre essas duas colunas hão de passar o homem e a mulher, de mãos dadas, em completa igualdade, para receber a gloriosa herança que essa Era prepara para seus pioneiros. A habilidade maçônica (a construção) há de se dar conta de que seus mistérios mais secretos jamais serão compreendidos até que o Divino Feminino seja restabelecido em seu estado original de igualdade com relação à polaridade oposta masculina.
Os antigos representavam a Leão como um sumo sacerdote sentado em uma carroça que transportava duas esfinges, uma branca e outra preta. Um símbolo similar fazia referência à Gêmeos, mas nesse caso as duas esfinges estavam ajoelhadas à frente do sumo sacerdote, significando que é ele quem há de eleger entre seguir a trilha da luz ou das trevas. Em Leão a decisão já está tomada. Tanto a natureza inferior como a superior foram submetidas.
As notas-chaves de Leão são: autoridade, governo e triunfo. Um dos símbolos de Leão é uma espada, sinal de conquista e vitória. Como indicada em várias passagens bíblicas, a espada representa, também, a força criadora interna do indivíduo. No Gêneses, por exemplo, está o relato da expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden por terem comido do fruto proibido da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Como consequência do pecado dos dois, os Querubins ficaram de guarda, na entrada do Jardim, empunhando uma espada de fogo para evitar que o ser humano tivesse acesso à Árvore da Vida, o que lhe faria adquirir o segredo do Corpo Vital e aprendesse a imortalizar sua imperfeita forma física.
Esses mesmos seres celestiais foram representados no Templo de Salomão, mas ali uma flor completamente aberta substituía a espada. Assim, pois, foi apresentada, com uma maravilhosa simbologia, o objetivo do elevado Iniciado, cujo Corpo se descreve, misticamente, como jardim de flores. Nesse jardim as duas flores centrais são: o Coração, a estrela do dia do Corpo, e a Glândula Pituitária, o mais elevado dos dois centros espirituais da cabeça. É por meio dessas duas flores centrais, quando despertas, que as poderosas forças de Leão trabalham em todo o Corpo.
Na vida de Cristo, Sua entrada Triunfal corresponde às régias radiações de Leão. Nesse momento, o Espírito de Cristo estava magneticamente carregado da fulgente glória do Pai, que tinha descido à Ele, enquanto o Sol transitava pelo Signo real nos céus. Isso produziu as populares e instintivas hosanas que acompanharam Sua entrada.
Aquela cena triunfante foi o início dos acontecimentos culminantes do ministério de Cristo na Terra, seguidos da Sua assunção da regência desse Planeta para a redenção do mundo. Simboliza, também, a festiva procissão de um Candidato que alcançou a entrada em um Templo de Luz. Por isso, se escutou um canto angélico dos céus: “Bendito o que vem em nome do Senhor” (a lei). Ou seja, o que caminha na luz espiritual e no amor.
A ciência conhece o Sol tão somente em seu aspecto físico. A ciência esotérica conhece duas esferas solares, ou Corpos espirituais, que interpenetram aquele. O primeiro deles é o veículo do Logos Solar, que conhecemos como o Cristo Cósmico; o outro, de frequência vibratória ainda mais elevada, é o celestial Corpo do Pai do nosso Sistema Solar.
A humanidade comum responde, principalmente, à influência do Sol físico, cujas emanações se relacionam com Jeová e as Religiões de Raça estabelecidas sob Sua influência. Foi durante o regime de Jeová que os Mistérios Menores forma estabelecidos pelos Senhores de Mercúrio. Com a vinda de Cristo uma nova Era foi inaugurada, durante a qual o ser humano já não tem que obedecer a lei externa, mas a interna, pois a principal missão de sua vida consiste em despertar sua divindade interior, seu Cristo Interno. Sob a influência de Mercúrio foram inaugurados os antigos Mistérios, como dissemos anteriormente. Cristo trouxe os quatro Mistérios Maiores, um bosquejo dos quais é dado a cada um dos quatro Evangelhos do Novo Testamento. Netuno, o Planeta da divindade e da Iniciação, proporciona à humanidade a ajuda necessária para intuir esses Mistérios Maiores que contém as mais elevadas verdades que está capacitada para vislumbrar atualmente. Logo virá a Religião do Pai. Quando os pioneiros forem qualificados para a mais elevada iluminação inerente a essa religião, o Planeta Vulcano emergirá à vista e à compreensão humanas, como consequência da lei segundo a qual, na sequência temporal, os acontecimentos externos seguem aos mesmos acontecimentos ocorridos antes nos planos internos. Isso implicará na revelação de glória e um poder muito maior do que atualmente a Mente humana pode compreender ou do que a língua humana pode descrever.
Enquanto o Sol está em Leão, o Espírito de Cristo se regenera e renova graças às glórias do Reino do Pai. Como o supremo atributo de Cristo é o sacrifício por natureza, quando o Sol passa por Virgem, o Signo do serviço, uma necessidade cósmica o impulsiona para deixar o Reino do Pai e descender, novamente, à Terra, que contata quando o Sol passa por Libra.
A Trilha da Santidade, seguindo o raio de Cristo, abandona também a região espiritual da Terra, enquanto o Sol passa por Virgem. Sendo o amor a nota-chave de Leão e o serviço por meio da pureza a de Virgem, aquele que caminha por essa parte da Trilha, atravessando os planos da mais elevada vibração dessa esfera, há de ter desenvolvido a pureza como um poder interno. De modo geral, a qualidade de tal poder não se reconhece, embora Cristo tenha declarado que só os puros de coração verão a Deus. Nesse sentido, as seguintes palavras de Tennyson[148] em Sir Galahad[149] são bem descritivas:
Minha força é como a força de dez,
Porque meu coração é puro.
Esse é o atributo que fez Parsifal[150] imune ao ataque do malvado Klingsor[151]. A lança de ódio que o mago negro lançou contra Parsifal foi desviada de seu curso. Nesse instante e em virtude desse mesmo poder Parsifal fez o sinal da cruz e produziu o colapso completo do castelo maldito de Klingsor.
Assim como Virgem contém o segredo da Imaculada Concepção, por meio de seu Signo oposto Peixes, esse dom foi trazido à Terra e explicado pela suprema Mestra feminina Maria de Belém. Foi concebida imaculadamente sob a Hierarquia de Sagitário (Arcanjos) e nasceu no Mundo Físico sob a proteção espiritual da Hierarquia de Virgem.
O candidato que é digno de alcançar o sobrenatural plano de Virgem, se encontra ante o mistério da Imaculada Concepção e aprende que esse dom divino não foi outorgado somente a um indivíduo, mas que Maria e Jesus foram os modelos que a humanidade toda está destinada a emular. Nessa morada celestial, os espiritualmente iluminados ouvem os Anjos cantarem sobre o dia em que, em um novo céu e em uma nova Terra, a Imaculada Concepção será a herança da onda de vida humana inteira.
Como já se foi dito, a Hierarquia de Touro projeta o arquétipo cósmico da forma; a Hierarquia de Câncer, o da vida; a Hierarquia de Virgem, o do poder por meio do qual a vida anima a forma. Essas três constelações, o Triângulo Feminino dos céus, governam todos os reinos da vida sobre a Terra.
Temos que entender que aquele que segue a Trilha da Santidade, por meio dos seis Signos Zodiacais situados acima da linha do Equador, alcançaram o nível de iluminação que o faz digno de se situar ante os sublimes Mistérios das quatro Grandes Iniciações. O Discípulo que percorre essa Trilha, por meio dos seis Signos situados abaixo da linha do Equador, está sendo preparado para receber o trabalho dos nove Mistérios Menores.
As Dez Virgens (Mt 25:1-13)[152]
As dez virgens levaram suas lamparinas quando foram receber o noivo; mas, como ele tardava, elas dormiram. Por fim, à meia-noite, um grito foi ouvido: “O noivo se aproxima”. As virgens despertaram e cinco delas descobriram que não havia azeite suficiente nas suas lamparinas e, assim, pediram um pouco emprestado as suas irmãs. No entanto, as virgens prudentes disseram: “’De modo algum, o azeite poderia não bastar para nós e para vós. Ide antes aos que vendem e comprai para vós”. Enquanto as virgens néscias estavam comprando o azeite, o noivo chegou; as cinco virgens prudentes foram com ele ao matrimônio e a porta se fechou. Quando as virgens néscias voltaram e pediram para que a porta fosse aberta, o noivo respondeu: “’Em verdade vos digo: não vos conheço”.
As virgens néscias são aquelas que gastam mal sua sagrada força vital (o azeite) por meio de prazeres sensuais e mundanos e não possuem luz interior para receber o noivo quando chega. Em outras palavras: não são dignas de receber a vida do Cristo Interno.
A maior parte das chaves mais importantes para a interpretação bíblica está escondida no sagrado significado dos números. Dez é o número do homem e da mulher trabalhando juntos enquanto percorrem a Trilha do discipulado. Cinco é o número dos sentidos físicos e também é a da atividade mediante a qual as lamparinas internas se mantêm acesas. Uma antiga declaração, muito anterior à literatura bíblica, disse: “Aprenda a calcular corretamente para ter azeite para a sua lamparina”. Enquanto o ser humano estiver submetido à sedução dos cinco sentidos, será incapaz de descobrir o verdadeiro propósito e significado da vida. Quando supera essa atração, se converte na estrela de cinco pontas e compreende o real significado das palavras do Mestre: “Eu sou a Luz do Mundo”.
O azeite perdido pelas cinco virgens néscias é sua própria divina essência criadora interna. Quando essa força ascende pela espinha dorsal, a verdadeira trilha do discipulado, e alcança a cabeça, ilumina os dois órgãos espirituais situados nela, a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário, e ambos começam a brilhar com enorme resplendor. Realizado isso, o Discípulo leva, em seu interior, sua própria lamparina acesa e está em todo momento preparado para receber o Noivo.
Aquele que está iluminado por essa luz nunca deixa de atrair a atenção do Mestre. Como diz o provérbio: “Quando o Discípulo está pronto, o Mestre aparece”.
O diagrama acima é chamado de A Roda de Ezequiel[153]. Representa a roda do destino maduro da evolução humana. Ao longo dos vastos ciclos de encarnações, cada Ego passa, várias vezes, por distintos lugares para ser pesado e comprovar, nos pratos de Libra, se escolherá a elevada trilha do Espírito, representada por Virgem, ou a trilha inferior dos sentidos, simbolizado por Escorpião.
Os processos evolutivos são lentos. O caminho pelo qual uma alma humana se converte em uma alma crística é longo e árduo. E somente mediante a escolha pode ser encurtado. O poeta escreveu:
A cada ser humano é aberto um caminho,
E caminhos, e um caminho,
E a alma elevada ascende pelo caminho elevado,
E a alma inferior vá tateando pelo caminho inferior,
E, entretanto, no nebuloso caminho horizontal,
Os outros, vão daqui para ali.
No entanto, a cada ser humano é aberto
Um caminho elevado e um inferior
E cada ser humano decide
O caminho que sua alma seguirá.
(Os Caminhos de John Oxenham)
A Imaculada Mãe de todas as religiões do mundo está representada nos céus pela constelação de Virgem. Esse Eterno Feminino é a Isis do Egito, a Istar da Babilônia, a Minerva da Grécia, a Maia da Índia e Maria de Belém. A líder feminina da Hierarquia de Virgem é a Mãe Cósmica do Planeta. Para o ser humano representa a personificação da exaltação do princípio feminino divino. Os supremos Mestres femininos que vieram à Terra como as Virgens das grandes religiões terrestres foram conduzidas a essa exaltada existência para nos instruir sobre o Mistério da Imaculada Concepção.
A representação pictórica de Virgem é uma jovem com um feixe de espigas de trigo em uma mão e uma joia preciosa na outra: a formosa e branco-azulada estrela Espiga[154], uma estrela de primeira grandeza. As radiações espirituais dessa estrela eram conhecidas por muitos povos antigos. Construíram templos dedicados a sua luz celestial, onde podem receber sua benção em especial. Quando Espiga for novamente contatada, dessa vez por uma raça mais sensível e espiritual, o ser humano conseguirá compreender o profundo significado de sua Imaculada Concepção. Como Mãe Cósmica, o trabalho de Virgem consiste em guiar a humanidade pelas trilhas da pureza e acelerar seus veículos superiores por meio de correntes etéricas de intensidade muito maior que todas as até agora geradas em seu Corpo.
Espiga representa um feixe de espigas de trigo, e isso juntamente com as estrelas são símbolos associados à Virgem e às várias Mães. E não são meros símbolos ornamentais, mas sim verdadeiras insígnias dos poderes alcançados por aqueles que atingiram um nível espiritual em que as forças criativas masculina e feminina se uniram.
Belém significa a casa do pão. Uma das mais formosas histórias relativas ao matrimônio místico é a narração bíblica sobre Rute e Boaz[155]. Rute foi a Belém colher trigo (o pão da vida) e deu como uma oferenda à Boaz, colocando-o aos seus pés. Por causa desse presente ela foi considerada digna de receber ensinamentos de Boaz, seu mestre espiritual. E logo, sob sua orientação, alcançou o exaltado Rito do Matrimônio Místico.
Esotericamente se sabe que o trigo foi um presente de Vênus à Terra. É uma planta capaz de se reproduzir a si mesma sem polinização já que contém, em si mesma, a dual força criadora, uma propriedade como a do Cristo, que possui em Seu interior o poder andrógeno. Nesse aspecto é curioso observar que o trigo e o Cristianismo estão estreitamente conectados e onde não crescer o trigo, não florescerá o Cristianismo.
Segundo a formosa lenda grega os deuses e as deusas abandonaram todos a humanidade, um a um, depois da queda dela na materialidade, exceto Astreia, a deusa da justiça, que permaneceu com os seres humanos. No entanto, as condições pioraram de modo que chegou um momento em que ela teve que ir embora e foi elevada aos céus, de onde foi transmutada na constelação de Virgem. Desde então segue guiando e abençoando a humanidade.
Virgem é o sexto Signo e o significado numérico de seis é a da entrada em uma nova vida por meio do serviço. Na verdade, se diz que: “o saber sagrado está presente nos números. O número velava o poder dos Elohim”. E Virgem é um Signo mental, cujo Regente é Mercúrio, onde também está em Exaltação. Ele proporciona a acuidade mental que em sua expressão inferior inclina para a crítica, mas em sua expressão superior torna possível a análise construtiva.
A primeira etapa na conservação da força vital se baseia no autocontrole; a segunda, na transmutação. A conservação se obtém graças ao princípio masculino da vontade; a transmutação, por meio da elevação do princípio feminino do amor. Esse trabalho era representado pela simbologia antiga de uma donzela (Virgem) fechando a garganta de um leão (o Signo de Leão).
O nativo de Virgem que já alcançou a iluminação necessária responde à exaltação de Mercúrio nesse Signo, que transforma o conhecimento em sabedoria, já que sabedoria é conhecimento anímico. Virgem encarna o princípio feminino, sempre associado ao sacrifício. Voluntariamente, se submete a si mesmo, como polo negativo da energia divina, a uma vibração inferior para que o princípio masculino, o polo positivo, obtenha uma forma que possibilite se manifestar. É o princípio feminino que se sacrifica em benefício do mundo, para que por meio do descenso de Cristo a Terra e os seres humanos possam recuperar a luz perdida e obter uma vida mais abundante.
Virgem é o Signo da pureza e do serviço. Sua pureza inclui a do alimento para nutrir o Corpo e a do pensamento para embelezar a vida. “quem se humilha será exaltado”[156]. A nota-chave bíblica de Virgem é “o maior entre vós seja o servo de todos”[157]. O serviço, simbolizado pelo grão dourado de trigo, enche os armazéns espirituais do nativo de Virgem, onde os ladrões não podem penetrar e nem roubar.
Virgem é também o Signo da cura total[158], um poder que se obtém por meio de uma vida pura e espiritual. É o Signo da Mãe Terra (Virgem é um Signo de Terra) que protege e alimenta a seus filhos, como fazia Diana (Artêmis) dos gregos. Todas as crias dos animais vivem os primeiros meses sob a benéfica influência do aspecto maternal de Virgem. No Cristianismo Virgem é, acima de tudo, o Signo da Imaculada Concepção.
Cristo, Senhor do Sol e Regente da Terra, não pertence ao tempo, mas sim à eternidade. Ele mesmo declarou: “Eu e o Pai somos um”[159] e “Antes que Abraão existisse, EU SOU”[160].
Atanásio[161], um dos primeiros pais da Igreja, afirmava expressamente que Cristo é, ao mesmo tempo, criador e senhor do Sol. “Nosso Senhor do Sol” é uma expressão que foi usada nas pregações da Igreja até o século V d. C. e foi incluída na liturgia, sendo logo transformada em “Nosso Senhor Deus”.
O Gêneses relata a história da criação com brevidade algébrica. Contudo, São João, o mais profundo intérprete de Cristo em Seu aspecto cósmico, declara que esse divino Ser estava presente ao começar a criação e que todas as coisas vieram à existência mediante Sua atividade criadora. Esse tema foi mais amplamente elaborado por Lactâncio[162], um comentarista do século IV. Como não era teólogo, mas retórico, nunca lhe foi dado um lugar entre os líderes da Igreja, e por isso seus comentários estão entre os mais significativos, em alguns aspectos.
Citamos uma parte aqui:
“Dado que Deus tinha perfeita previsão no propósito e perfeita sabedoria na ação, antes de começar Seu trabalho do mundo, para que pudesse emanar d’Ele mesmo como uma corrente e fluir em seu largo curso, produziu um Espírito como Ele mesmo, dotado do poder de Deus Seu Pai. Deus, pois, quando começou a estruturar o mundo situou a esse Seu primogênito e mais elevado Filho como a cabeça de toda a obra e, ao mesmo tempo, o nomeou conselheiro e criador para projetar, ordenar e completar todas as coisas, já que Ele é perfeito na previsão, inteligência e no poder. Deus, portanto, o inventor e provedor de todas as coisas, antes de iniciar a formosa fábrica do mundo, engendrou um santo e incorruptível Espírito, ao qual chamou de Seu Filho”.
Em sua Epítome das Instituições, Lactâncio desenvolveu ainda mais esse assunto. E escreveu:
“Deus, no princípio, antes de criar o mundo, engendrou do manancial de Sua própria eternidade e de Seu próprio e eterno espírito, um Filho incorruptível e leal, como corresponde ao poder e a majestade de Seu Pai. Ele é o Poder, a Razão, a Palavra e Sabedoria de Deus…associado ao poder supremo…pois todas as coisas foram feitas por Ele e nenhuma coisa foi feita sem Ele”.
O seguinte extrato de uma carta originária do Conselho de Antioquia mostra as crenças da Igreja primitiva, provavelmente originárias do tempo dos Apóstolos: “Reconhecemos que o único Filho engendrado é o Deus invisível, engendrado antes de toda a criação, a Sabedoria, a Palavra e o Poder de Deus, que foi antes que os mundos… como o conhecemos no Antigo e no Novo Testamento. Contudo, se alguém acha que nós falamos de dois deuses quando pregamos que o Filho de Deus é Deus, entendemos que esse indivíduo deva sair do cânone eclesiástico… Nós cremos que Ele esteve sempre com o Pai e cumpriu a vontade de Seu Pai criando o universo”. Em seguida, o Conselho cita o Evangelho Segundo São João (1:3) e a Epístola de São Paulo aos Colossenses (1:16) para demonstrar que o mundo foi criado por Cristo como “realmente existente, atuante, sendo, por sua vez, o Verbo de Deus por meio do qual o Pai fez todas as coisas…Nem foi o Filho um mero expectador nem estive simplesmente presente, mas atuou eficientemente na criação do universo. E foi Ele quem, cumprindo a ordem de Seu Pai, apareceu aos Patriarcas…”
Barnabé, um destacado Discípulo de São Paulo, disse em sua Epístola apócrifa que “o Senhor suportou sofrer pelos nossos pecados, ainda que Ele fosse o Senhor do mundo ao qual Deus Lhe disse, antes da construção do mundo… façamos o homem a nossa imagem e semelhança, e que tenha domínio sobre os animais da terra e sobre as aves do ar e os peixes do mar. E, quando o Senhor viu o homem que havia formado e viu que era bom, disse, cresça e multiplica e encha a terra. E até aqui falou a Seu Filho”.
Os primeiros Pais da Igreja, alguns dos quais receberam seus ensinamentos diretamente dos Doze originais, reconheciam a necessidade desse resplandecente Ser Solar que adquiriu a aparência humana para que o ser humano pudesse estabelecer contato com Ele.
Referindo-se ao Espírito Solar, Irineu, um célebre Pai da Igreja grega do século II, disse que “pode ter vindo a nós em Sua incorruptível glória, mas nós não conseguimos suportar a grandeza da Sua glória”. E Orígenes, outro Pai grego (185-243 d.C.) escreveu: “O qual (o Verbo), estando no princípio com Deus, se fez carne para que pudesse ser compreendido pelos que não eram ainda capazes de olhá-Lo em Seu aspecto de Deus, que estava com Deus e que era Deus”. E acrescentou: “Descendo até a quem não era capaz de olhar o brilho cintilante de Sua divindade, se fez humano”.
Novamente citamos a Lactâncio: “As Escrituras ensinam que o Filho de Deus é o Verbo ou a Razão de Deus”, e acrescentou afirmando: “Se alguém se assombrasse de que Deus foi engendrado por Deus mediante a voz e o alento, deixaria de se maravilhar ao conhecer os sagrados anúncios dos profetas”.
Tertuliano, um célebre escritor eclesiástico e Pai da igreja latina (150-250 d.C.) explicou: “Deus não pode entrar em conversações com o ser humano sem assumir os sentimentos e os afetos humanos, por meio dos quais pode moderar a grandeza da Sua majestade, que resultou insuportável para a debilidade humana… ainda que fosse necessária para o ser humano”.
São Clemente de Roma, que viveu no século I d.C., e que ficou conhecido como o terceiro bispo de Roma, depois de São Pedro, disse de Cristo: “O brilho de cuja majestade é muito mais elevado do que o dos Anjos, pois que recebeu de herança um nome mais magnífico”.
O Senhor Cristo é o mais avançado dos Arcanjos, que estão, na evolução, um degrau acima dos Anjos. No livro apócrifo de Hermes (século II d.C.) aparece essa afirmação: “O Filho de Deus é mais antigo que qualquer outra criatura, de modo que esteve na Criação recomendando a Seu Pai”. Deus o Pai é o mais elevado Iniciado da Hierarquia de Sagitário, chamada de Senhores da Mente. Cristo é o mais elevado Iniciado da Hierarquia de Capricórnio, o lar dos Arcanjos.
Esse grande Ser esteve com o Pai nos momentos da Criação; e no segundo dia, no Período Solar, se consagrou a Si mesmo como Regente da Terra e salvador da humanidade. Deve se observar, pois, como esses dois Seres trabalharam em harmonia durante a criação desse Planeta e de tudo o que nele existe. Os Doze Discípulos originais, junto com os Discípulos desses, como foi dito pelos Pais da Igreja dos três primeiros séculos, eram Iniciados, capazes de estudar os registros da Memória da Natureza, onde estas verdades estão indelevelmente gravadas.
Por isso São Paulo se refere à Cristo na Epístola aos Colossenses (1:15) como “o primogênito (o primeiro engendrado) de toda criatura”. Deduz-se disso que São Paulo queria dizer que Cristo não foi criado, mas que existia antes da Criação; em outras palavras, que era autoexistente com o Pai.
Justino Mártir, um Pai da Igreja grego do século I, chama expressamente a Cristo “o primeiro engendrado de Deus, antes de todas coisas criadas”. Orígenes faz uma afirmação similar indicando que a doutrina relativa à natureza cósmica de Cristo era um ensinamento generalizado entre os fundadores da Igreja primitiva. Disse Orígenes, pondo essas palavras na boca de Deus: “Hei-te engendrado a Ti antes de toda criatura inteligente”; e acrescentou: “Cristo foi a imagem do Deus invisível, engendrada antes de toda criatura e inacessível à morte”.
O tema Crístico, como uma formosa sinfonia, ressoa ao longo do Antigo Testamento e seus ecos são encontrados nos escritos dos primeiros devotos cristãos. De acordo com Tertuliano e Irineu foi Cristo que falou com Adão no Jardim do Éden. Irineu disse, também, que foi Cristo quem aconselhou Noé com a relação à destruição provocada pelo Dilúvio.
Os Egos que veem à Terra como grandes mensageiros espirituais, frequentemente chamados Filhos do Destino, são tratados com especial cuidado e proteção por parte dos planos internos, ainda que suas vidas estejam, geralmente, cheias de dor e dificuldades, já que é o sofrimento o que sensibiliza e refina a natureza do ser humano. Tais seres são, frequentemente, conscientes do ministério angélico, como se observa nas vidas de Abraão e Moisés, que foram escolhidos e preparados para se converter nos líderes da quinta raça[163].
Justino Mártir e Clemente de Alexandria – esse último, Pai da Igreja Primitiva do século II, e conhecido, principalmente, como fundador da Escola Teológica de Alexandria – sustentaram que foi Cristo que apareceu para Abraão e lhe disse: “Eu sou o Deus Todo-poderoso. Caminha ante Mim e seja perfeito” (Gn 17:1). Esses Pais, junto com Tertuliano e Orígenes, asseguravam, a si mesmos, que também foi Cristo que apareceu para Abraão na “Planície de Mambré”[164]. Ali ele O chama de Senhor e Juiz da Terra. Cipriano, um eclesiástico e mártir da igreja africana do século III, considerava que foi Cristo o Anjo que chamou à Abraão quando ia sacrificar seu filho Isaac.
Foi depois do último contato de Abraão com o espírito do Cristo Cósmico que ele obteve a clarividência, expansão de consciência e crescente profundidade em seu conhecimento espiritual. Seu desenvolvimento conduziu ao nascimento de Isaac, tal e como tinha sido anunciado pelos visitantes angélicos[165], tendo em conta que Isaac significa regozijo espiritual onipresente que, uma vez adquirido, já não pode ser afetado pelas vicissitudes da vida humana. Isso é o que o salmista pensava quando cantou: “Ainda que eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois estás junto a mim” (Sl 23 (22): 4).
Cipriano atribui a Cristo a condução do povo de Israel durante a travessia do deserto, tal como é relatado em Êxodo 13:21 e 14:9: “E Iahweh ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para lhes mostrar o caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, …”. “Então o anjo de Deus, que ia adiante do exército de Israel, se retirou e passou para trás deles”. Pensava, também, que Cristo era o Anjo prometido no Êxodo, capítulo 23: “Eis que envio um Anjo diante de ti para que te guarde pelo caminho… (v. 20)… obedeça sua voz (v. 22)… pois Meu nome está nele (v. 21)”.
Todo Discípulo preparado para o serviço, na Dispensação de Cristo, encara, ao longo da Trilha, de uma forma ou de outra, com a grande prova, igual àquela que Abraão onde lhe foi pedido para sacrificar seu filho amado. Nesse momento, o Discípulo há de ser capaz de dizer como Cristo: “não a Minha vontade, mas a Tua seja feita!”[166]. Foi o Confortador, o Senhor Cristo, quem ajudou à Abraão durante essa suprema prova, feito esse destacado por Orígenes e Cipriano, contemporâneo seu. Realmente, a Abraão não se lhe exigiu o sacrifício, mas sim a decisão de renunciar a tudo pelo seu Senhor. Isso é belamente demonstrado na sequência bíblica, ao dizer que o cordeiro substituiu à Isaac, já que o cordeiro era o símbolo da futura dispensação Ária, quando o Senhor Cristo descenderia e, em corpo humano, faria o supremo sacrifício. Com essa prova, Abraão demonstrou seu mérito e sua capacidade para estudar as verdades profundas, diretamente, na Memória da Natureza.
A polaridade é o ensinamento fundamental subjacente no Cristianismo esotérico. O Grande Sacerdote Melquisedeque a ministrou à Abraão durante o ritual da Sagrada Ceia, com o fim de prepará-lo para a sua missão como condutor da iminente quinta raça raiz[167]. Esse mesmo ensinamento foi o último transmitido durante o ministério do Cristo na Terra, aos Seus Discípulos, durante a Última Ceia, na quinta-feira Santa, que precedeu o Seu sacrifício no Gólgota. Esse ritual se contempla agora tão somente como um mero cerimonial. Poucas pessoas têm a ideia do poder que pode se conferir a seus receptores, quando sua celebração ocorre com o conhecimento e dignamente.
O poder oculto do fruto da vida foi conhecido pelos Pais Primitivos, como demonstram a seguinte passagem do mártir Justino: “As palavras sangue da uva foi empregada de propósito, para indicar que Cristo tem sangue, não da “semente do homem”, mas do Poder de Deus. Pois, da mesma maneira que o ser humano não produz o sangue da uva, pois quem a produz é Deus, do mesmo modo esse parágrafo anunciou que o sangue de Cristo não havia de ser de origem humana, mas do poder de Deus; e essa profecia demonstra que Cristo não é homem de acordo com a lei comum”. Eusébio, historiador da igreja no século IV, escreveu sobre esse mesmo texto: “Os homens são redimidos pelo sangue da uva, que contém a Deus habitando nele, e é espiritual”.
Tais afirmações evidenciam que o “sangue da uva” possui um profundo significado. Refere-se à purificação e à transmutação do “sangue do homem”. Cristo disse a Seus Discípulos: “Eu sou a videira e vós os ramos”[168]. Um Aspirante consagrado se põe, mediante o pão e o suco da uva, na maior e mais perfeita sintonia com Cristo e, por ele, é capaz de manifestar maiores poderes dentro de si.
Justino Mártir e Clemente de Alexandria insistem em que foi Cristo quem apareceu a Jacó no sonho em que viu uma escada que que subia da Terra até o céu, com ao Anjos de Deus subindo e descendo por ela. Sobre ela estava o Senhor, que disse: “…“Eu sou Iahweh, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaac” (Gn 28:13). Cipriano, citando o Gêneses (35:1), escreve “…crendo, como os Pais fizeram, que o Deus de que se fala, que apareceu à Jacó quando fugia de Esaú, era Cristo.”.
Como foi dito no terceiro volume do Livro A Interpretação da Bíblia para a Nova Era, os mestres iluminados, ao longo de todo o tempo, compreenderam e ensinaram a seus Discípulos que o trabalho da Escola de Mistérios e as várias formas de Iniciações não eram, senão, etapas preparatórias para a vinda do Supremo Mestre do Mundo, o Senhor Cristo. Essa afirmação segue sendo correta quanto aos Mestres clarividentes da Dispensação do Antigo Testamento, pois se preparavam, a si mesmos e a seus seguidores, para servir, mais tarde, a Cristo. Durante seus sonhos, foi ensinado a Jacó a ler na Memória da Natureza. Ali viu a escala involucionária-evolucionária que se estende dos céus à Terra e da Terra aos céus, com uma multidão de espíritos descende para a encarnação e subindo novamente ao céu, depois de ter aprendido suas lições terrenas.
A Trilha do Discipulado é similar em todas as épocas. Os Aspirantes têm que enfrentar as mesmas provas e obter as mesmas vitórias. Só mudam os detalhes, ao longo das sucessivas épocas. Esse Caminho de Iniciação está descrito, com excepcional fidelidade, na vida de Jacó.
É dito em Gêneses (32:25) que, quando Jacó foi abandonado, “E alguém lutou com ele até surgir a aurora.”. Ao concluir o incidente, ficou claro que Aquele que havia prevalecido sobre Jacó estava investido de autoridade sobre-humana, posto que deu a Jacó seu novo nome de Israel: “porque foste forte contra Deus e contra os homens.”[169]. A experiência aqui relatada está repleta de significado. Justino Mártir, Clemente de Alexandria e Irineu destacaram que o Senhor Cristo foi o Mestre e o Guardião de Jacó.
A experiência de Jacó, lutando toda a noite com um Anjo, e não o deixando até receber uma benção, se parece muito com a Trilha do Discipulado. Os poderes espirituais, latentes no interior de cada Aspirante, se tornam suficientemente dinâmicos para se manifestar em sua vida. A admoestação de São Paulo a seus Discípulos era: “Que Cristo se forme em vós”. Isso há de se alcançar por todo Candidato antes de se converter em pioneiro na Dispensação Cristã. Por meio disso, a vida de Jacó se tornou completamente transformada. Ele se separou de Esaú (a natureza inferior) para sempre; e, de acordo com essa mudança interna, não mais se chamou Jacó, mas Israel (os que vem a Deus). Jacó já era um conquistador heroico e um servo fiel. Ele se qualificou como trabalhador da Vinha de Cristo, que disse: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos. ” (Mc 10:44).
Referindo-se ainda ao versículo do Gênesis 32:24, que diz que “Jacó foi abandonado e ali lutou com um homem”, Orígenes escreveu: “Quem senão podia ser, quem é denominado, por sua vez, Deus e homem, o que lutou e disputou com Jacó, senão Aquele que falou muitas vezes e de várias maneiras aos Pais (Hb 1:1), o Santo Verbo de Deus, chamado Senhor e Deus, que também bendisse a Jacó e lhe chamou dizendo: ‘Tu prevaleceste com Deus’”? Os homens, pois, daqueles tempos, vislumbraram ao Verbo de Deus, como ocorreu aos Apóstolos do Senhor, que disseram: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida.” (IJo1 :1). A Palavra de Vida que também Jacó viu e disse: “Vi a Deus face a face”.
Desde ali, Jacó subiu à Betel para construir ali um altar, aonde ele consagrou a Deus sua vida. Muitos que passam por essa exultante experiência são conscientes da presença de Cristo e do terno derramamento de bênçãos ao seu redor. Betel significa a casa de Deus e é em Betel onde o candidato vitorioso faz a sua dedicação absoluta.
Hipólito, um escritor eclesiástico do século III, e discípulo de Irineu, fez a seguinte afirmação sobre Cristo, tal como se descreve na profecia de Jacó (Gn 49:9)[170] e no Apocalipse (5:5)[171]: “Dado, pois, que o Senhor Jesus Cristo é Deus, com base na Sua régia e gloriosa condição, se falou d’Ele como um leão”.
Quatro dos mais célebres Pais da Igreja – Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Irineu e Tertuliano – afirmam que não foi outro senão Cristo quem apareceu à Moisés na sarça ardente. Esse fenômeno era um reflexo do Cristo Cósmico, se acercando mais e mais à Terra, antes de Sua encarnação humana. Cristo é o Senhor do Sol e o chefe dos Espíritos Solares, os Arcanjos. A Dispensação Cristã[172] está guiada pela Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama. Por isso a Iniciação do Fogo está diretamente conectada com os Mistérios Crísticos. Esse fogo não é uma chama que arde, mas uma luz que purifica e transmuta. A sarça que “ardia” não se consumia porque ardia nessa luz. Essa experiência de Moisés é uma expressão velada da exaltação produzida pela Iniciação do Fogo.
De acordo com muitos Pais da Igreja, Justino Mártir acreditava que foi Cristo quem falou com Moisés, de fora da sarça, e condenou a quem confunde Deus Pai com Seu Filho. “Aqueles que afirmam que o Filho é o Pai não estão convencidos, nem em conhecer o Pai, nem em compreender que Deus do universo tem um Filho que, sendo Unigênito Verbo de Deus, é também Deus. E que, formalmente, apareceu a Moisés e aos outros profetas em forma de fogo, como imagem corpórea”.
Clemente de Alexandria é outra das autoridades que asseguram que foi Cristo quem disse à Moisés: “Eu sou o Senhor teu Deus, que lhe retirei da terra do Egito.”[173]. Esse poder de Cristo é o que retira sempre o Aspirante do Egito, país que representa, simbolicamente, a submissão aos sentidos e à obscuridade da Mente mortal.
Foi permitido a Moisés ver a Terra Prometida, país que jorrava leite e mel (a Dispensação Cristão do ciclo Aquário-Leão). O santo Orígenes nos diz que foi Cristo quem deu a Moisés as Tábuas da Lei sobre a montanha sagrada, quando lhe ensinou a ler no registro da Memória da Natureza. Ele viu, então, que a civilização da Quinta Raça Raiz ia ter seu fundamento nas leis que seriam conhecidas como Os Dez Mandamentos. Viu, também, que o mesmo Cristo traria uma extensão dessas Leis, que foi os preceitos do Sermão da Montanha. A humanidade da Quinta Raça Raiz está, ainda, muito longe do desenvolvimento previsto para ela no plano divino. Só alguns membros da humanidade alcançaram o ponto de sua evolução no qual se vive totalmente de acordo com os Dez Mandamentos; e, mesmo assim, tem apenas uma ideia do valor espiritual do Sermão da Montanha.
Como foi exposto nos volumes do Livro A Interpretação da Bíblia para a Nova Era, a polaridade é a nota-chave do Cristianismo Místico. As duas colunas da polaridade são formadas pelos Dez Mandamentos (a coluna masculina) e o Sermão da Montanha (a coluna feminina). Para o ser humano Crístico que virá da Raça Leonina-Aquariana, conforme ele se eleva a dimensões superiores de desenvolvimento, os Dez Mandamentos serão a base sobre a qual se constituirá a vida cotidiana, enquanto o Sermão da Montanha será sua estrutura superior, por meio do qual ele ascenderá a maiores níveis de desenvolvimento.
Às vezes se levanta a pergunta do porque não é citado Jesus no Antigo Testamento. Seu nome está nele, sob outra forma. O equivalente hebreu do nome grego Jesus é Josué. Em Números 13:16, Josué foi chamado de Oseias, que significa Jeová é o Salvador.
Esse é exatamente o sentido da palavra Jesus em Mt 1:21: “Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados”. O fato de que Josué nascesse com um nome de tão elevado poder vibratório é, em si mesmo, uma evidência de sua elevada condição espiritual.
No caminho para Jericó, Josué encontrou com um ser brilhante com uma espada flamejante[174]. Tão impressionado ficou pelo seu esplendor que se prostrou, ante ele, no solo. Esse visitante espiritual, segundo o Livro de Josué, era “capitão das hostes do Senhor”, e lhe ordenou a ficar descalço porque a terra sobre a qual estava era terra sagrada. E assim fez Josué. Essa passagem na Bíblia diz que quando Josué levantou os olhos, “e viu um homem que se achava diante dele, com uma espada desembainhada na mão. Josué aproximou-se dele e disse-lhe: ‘És tu dos nossos ou dos nossos inimigos?’. Ele respondeu: ‘Não! Mas sou chefe do exército de Iahweh e acabo de chegar’. (…) ‘Que tem a dizer o meu Senhor a seu servo?’”. (Js 5:13-15).
Comentando a passagem bíblica acima, Orígenes disse: “Josué, portanto, não só sabia que vinha da parte de Deus, mas que era Deus, posto que, se não soubesse, não O havia adorado. Porque, quem é capitão do exército do Senhor senão Nosso Senhor Jesus Cristo?”. Isso coincide com a opinião de outros Pais da Igreja, no sentido de pensar que quem apareceu, tanto em forma humana, como em forma de Anjo, a cada um dos Patriarcas, foi Cristo.
Josué obteve o equilíbrio perfeito no seu interior, o que indica ter alcançado Iniciações elevadas, e por isso se diz que ele fez parar o Sol e a Lua[175]. Era o discípulo mais avançado de Moisés, e seu sucessor como Mestre e condutor de Israel, assim como um emissário da futura Dispensação Cristã.
A elevação de Elias aos céus em um carro de fogo é a descrição de outro espírito iluminado, que estava sendo preparado, por meio da Iniciação de Fogo, para trabalhar, tanto nos planos internos, como nos externos, se antecipando à vinda do Cristo. Essa foi, igualmente, a Iniciação dos Três Homens Santos que foram introduzidos em um forno ardente e saíram incólumes, como lemos no Livro de Daniel[176]. Esse Livro contém, em sua totalidade, muita informação sobre a Iniciação de Fogo.
O Livro de Daniel está estreitamente relacionado com o trabalho da Hierarquia do Signo de Fogo, Leão. É a Iniciação de Fogo que conserva o umbral dos Mistérios Cristãos, que o Supremo Mestre se referiu quando disse a Nicodemos: “Quem não nascer da água e do espírito (Fogo), não poderá entrar no Reino de Deus”[177], a nova ordem de Cristo.
Com relação aos Três Homens Santos (Iniciados) que foram introduzidos no forno ardente, Tertuliano faz a seguinte afirmação: “Jesus foi visto pelo rei da Babilônia no forno, com os mártires, já que era essa a quarta pessoa, como Filho do Homem; o mesmo lhe foi revelado expressamente à Daniel quando lhe disse que o Filho do Homem viria, como juiz, entre as nuvens do céu; a Escritura ensinou, assim mesmo, de antemão, que os gentis conheceriam mais tarde, na carne, Àquele a quem Nabucodonosor viu, muito antes, sem carne, o reconhecendo no forno e o considerando como o Filho de Deus.”.
Hipólito afirmou que “Davi escreveu os Salmos proféticos relativos ao verdadeiro Cristo, e expulsou todas as coisas que lhe sucederam em seus sofrimentos…e como esse Cristo se humilhou e adotou a forma do servidor Adão”.
Justino Mártir cita todo o Salmo 72[178] para demonstrar que Cristo era o Rei da Glória e disse que foi escrito em Sua honra e de ninguém mais. Em suas Apologias assegura que, em muitos aspectos, o rei a que se refere o Salmo não era Davi nem Salomão, mas o próprio Senhor Cristo. Cita, como exemplo, o Salmo 24: “Levantai, ó portas, os vossos frontões, (…) para que entre o rei da glória! Quem é este rei da glória? É Senhor, o forte e valente, Senhor, o valente das guerras”. Isso é uma referência a Cristo e Seus Anjos e Arcanjos que sempre O acompanham.
No Salmo 72, o Iniciado cantor está lendo os registros místicos relativos ao regozijoso dia em que Cristo seria proclamado Regente da Terra e Salvador do mundo. Nesse tempo de regozijo todo o joelho dobrará ante Ele e toda voz O proclamará o Senhor dos Senhores e o Rei dos Reis.
As dimensões dessa obra não possibilitam um estudo detalhado dos Salmos, mas se pode apreciar que, ao longo de todo o livro e de acordo com os ensinamentos dos Pais da Igreja, a dor e a alegria, o sofrimento e a exaltação do Tema de Cristo soa e ressoa com um cântico dentro de outro cântico.
Cipriano se refere à Cristo como o Primogênito, a sabedoria de Deus por meio do qual todas as coisas foram feitas. Como confirmação de seus assertos, cita Provérbios 8:22-31, como segue:
Senhor me criou, primícias de sua obra, de seus feitos mais antigos. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes da origem da terra. Quando os abismos não existiam, eu fui gerada, quando não existiam, os mananciais das águas.
Antes que as montanhas fossem implantadas, antes das colinas, eu fui gerada; ele ainda não havia feito a terra e a erva, nem os primeiros elementos do mundo.
Quando firmava os céus, lá eu estava, quando traçava a abóbada sobre a face do abismo; quando condensava as nuvens no alto, quando se enchiam as fontes do abismo; quando punha um limite ao mar: e as águas não ultrapassavam o seu mandamento, quando assentava os fundamentos da terra. Eu estava junto com ele como o mestre-de-obras, eu era o seu encanto todos os dias, todo o tempo brincava em sua presença: brincava na superfície da terra, e me alegrava com os homens.
Muitos dos Pais da Igreja foram, a esse respeito, da mesma opinião que Cipriano.
Foi interpretado por alguns que o construtor do Provérbio 9:1 é o Cristo Cósmico, pelo que tudo foi feito: “A Sabedoria construiu a sua casa, talhando suas sete colunas”. A ciência espiritual interpreta os sete pilares como os sete planos de substância e de consciência, os Sete Dias (Períodos) da Criação que abarcam um ciclo evolutivo completo.
O Rei Salomão, o Sábio, foi o mais elevado Iniciado da Dispensação do Antigo Testamento. O maravilhoso Cântico dos Cânticos de Salomão é como uma amostra de sua profunda sabedoria. Revela o equilíbrio perfeito; essa cadência rítmica da nivelação absoluta não foi nunca mais expressa tão belamente em nenhuma outra língua: “Meu amado é meu e eu sou sua, do pastor das açucenas”.
A cristandade esotérica ensina que existe uma íntima relação entre esse elevadíssimo Iniciado da Antiga Dispensação e o Mestre Jesus, o mais elevado Iniciado da Dispensação do Novo Testamento. A missão desse último consistiu em ceder a Cristo seu corpo humano perfeito para que o utilizasse durante os três anos de Seu ministério já que, segundo os vários Pais cristãos, era necessário que Cristo assegurasse seu brilho radiante em uma forma humana, porque nenhum ser humano poderia suportar o poder e o esplendor de Sua presença.
O Deus que apareceu, bem em forma humana, bem em forma de Anjo a alguns Patriarcas, foi Cristo Jesus.
Orígenes
Os Profetas ocuparam uma posição única no Antigo Testamento: foram mensageiros e canais entre os planos internos e externos. Toda religião tem um ensinamento interno e outro externo, essa para as massa e aquela para uns poucos. Os Profetas foram os intérpretes dos significados ocultos. Suas mensagens se centraram praticamente no Messias e na preparação da Sua vinda.
Entre os mais ilustres dos ditos Profetas se encontra Isaías. As páginas de seu sublime livro estão cheias de predições sobre Cristo e a gloriosa Dispensação que estabeleceria em uma nova Terra. A clarividência de Isaías não só previu a vinda do Cristo, como também a de João, o precursor do Senhor, e a da Virgem mãe de Jesus, como deixam claro as seguintes passagens:
Uma voz clama: “No deserto, abri um caminho para Iahweh;
na estepe, aplainai uma vereda para o nosso Deus.
Seja entulhado todo vale, todo monte e toda colina sejam nivelados; transformem-se os lugares escarpados em planície, e as elevações, em largos vales.
Então a glória de Iahweh há de revelar-se e toda carne, de uma só vez, o verá, pois, a boca de Iahweh o afirmou”.
Is 40:3-5
Pois sabei que o Senhor mesmo vos dará um sinal:
Eis que a jovem concebeu e dará à luz um filho
e pôr-lhe-á o nome de Emanuel.
Is 7:14
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado,
ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este nome: Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-paz.
Is 9:5
Um ramo sairá do tronco de Jessé,
um rebento brotará das suas raízes.
Sobre ele repousará o espírito de Iahweh,
espírito de sabedoria e de inteligência,
espírito de conselho e de fortaleza,
espírito de conhecimento e de temor de Iahweh:
… Antes, julgará os fracos com justiça, com equidade
pronunciará uma sentença em favor dos pobres da terra.
… Então o lobo morará com o cordeiro,
e o leopardo se deitará com o cabrito.
O bezerro, o leãozinho e o gordo novilho andarão juntos
e um menino pequeno os guiará.
… Ninguém fará o mal nem destruição nenhuma em todo o meu santo monte,
porque a terra ficará cheia do conhecimento de Iahweh,
como as águas enchem o mar.
Is 11:1, 2, 4, 6, 9
A maravilhosa visão de Ezequiel é a mais significativa declaração sobre o Cristo que viria:
Olhei para os animais e eis que junto aos animais de quatro faces havia, no chão, uma roda.
O aspecto das rodas e a sua estrutura tinham o brilho do Crisólito. Todas as quatro eram semelhantes entre si. Quanto ao seu aspecto e à sua estrutura, davam a impressão de que uma roda estava no meio da outra. Moviam-se nas quatro direções e ao se moverem, nunca se voltavam para os lados.
Ez 1:15-17
Aqui Ezequiel estava estudando o trabalho dos quatro Anjos Arquivadores[179]: Touro, Escorpião, Aquário e Leão. Touro e Escorpião são as Hierarquias sob as quais o destino maduro planetário está sendo liquidado. Descreve-se nos Livros dos Profetas como o trabalho, a dor e a desolação que predizem que virá sobre a Terra. Muitas destas profecias resultam em nosso tempo estranhamente familiares, pois o destino maduro planetário está sendo liquidado agora e sua purgação continuará até que o registro do destino maduro da Terra seja totalmente limpo.
Aquário é descrito como o Filho do Homem, um Signo simbólico da Era Crística que virá. Leão é o lar da Hierarquia dos Senhores da Chama, ou seja, da luz e do amor. Ambos os Signos proclamam que quando o Filho do Homem venha, será a suprema luz do mundo e o amor será o poder motivador de toda a humanidade.
As seguintes passagens, tomadas de vários Profetas do Antigo Testamento, foram compreendidas pelos intérpretes bíblicos ao logo dos séculos como referentes à Cristo:
Ele julgará entre povos numerosos
e será o árbitro de nações poderosas.
Eles forjarão de suas espadas arados,
e de suas lanças, podadeiras.
Uma nação não levantará a espada contra outra nação
e não se prepararão mais para a guerra.
Cada qual se sentará debaixo de sua vinha e debaixo de sua figueira,
e ninguém o inquietará, porque a boca de Iahweh dos Exércitos falou!
Mq 4:3-4
Eis que vou enviar o meu mensageiro para que prepare um caminho diante de mim. Então, de repente, entrará em seu Templo o Senhor que vós procurais.
Ml 3:1
Eis que dias virão — oráculo de Iahweh
— em que suscitarei a Davi um germe justo;
um rei reinará e agirá com inteligência e exercerá
na terra o direito e a justiça.
Jr 23:5
Eu continuava contemplando, nas minhas visões noturnas, quando notei, vindo sobre as nuvens do céu, um como Filho de Homem. Ele adiantou-se até ao Ancião e foi introduzido à sua presença. A ele foi outorgado o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será destruído.
Dn 7:13-14
O Profeta Joel, lendo o registro na Memória da Natureza e observando nela os maravilhosos acontecimentos que sucederiam na Era por vir, previu o grande dia da vinda do Senhor (o cumprimento da lei espiritual) com as seguintes palavras inspiradas:
Depois disto, derramarei o meu espírito sobre toda carne.
Vossos filhos e vossas filhas profetizarão,
vossos anciãos terão sonhos,
vossos jovens terão visões.
mesmo sobre os escravos e sobre as escravas,
naqueles dias, derramarei o meu espírito.
Jl 3:1-2
Um cuidadoso exame dos Profetas proporcionará inúmeras referências de natureza semelhante. O modelo desses livros proféticos é, em geral, o mesmo. Tratam de três temas principais: a dor e a desolação produzidos pelo destino maduro planetário; o amanhecer esperançoso da vinda do Messias; e o estabelecimento da nova Dispensação por Cristo.
A escola dos Profetas do Antigo Testamento foi sucedida pela Ordem dos Essênios, membros da qual são citados no Novo Testamento. E, de novo, o trabalho dessa Ordem sagrada consistiu em preparar a vinda do Senhor Cristo. Os pais da Iniciada Maria e os de João Batista foram membros dessa Ordem. Com o cumprimento da missão do Cristo na Terra, sua função terminou e desapareceram, enquanto à história se refere, sendo absorvidos pelas primeiras comunidades cristãs. Seu importante papel como custódios dos Mistérios imemoráveis, por meio dos ensinamentos Iniciáticos aos primeiros Cristãos, se perdeu por parte da Igreja pouco depois da sua fundação.
Os Cristãos esotéricos, no entanto, sempre reconheceram aos Essênios como os possuidores e transmissões da Sabedoria do Templo e dos poderes proféticos que degradaram depois de seus imediatos predecessores os Profetas Hebreus. Esse fato apareceu à luz recentemente e está sendo exposto publicamente graças ao descobrimento dos escritos essênios conhecidos como ao Papiros do Mar Morto.
Hipólito afirma que o Senhor Cristo foi a inspiração de todos os Profetas. O Livro de Zacarias, um dos mais místicos entre os Livros proféticos, anuncia a vinda de Cristo, ao que denomina “a RAMA”, assim como o estabelecimento de Seu Reino na Terra, Sua morte e Sua segunda vinda.
Temo-nos referido ao ciclo Aquário-Leão, durante o qual uma nova preparação para a Sua vinda será inaugurada. Alguns místicos Cristãos predizem que Cristo voltará durante o seguinte ciclo Capricórnio-Câncer. Zacarias se refere ao santo “remanescente”, os pioneiros que estarão preparados para receber o Senhor Cristo e para trabalhar com Ele. Esses pioneiros despertarão dentro de si mesmo o princípio Crístico, essa divindade latente em cada indivíduo e que se desperta por meio de um sincero esforço por imitar a Cristo. Esse despertar produz uma transformação da consciência que afeta à vida e, finalmente, o Corpo do Aspirante. Zacarias descreve esse processo como duas oliveiras com uma vela brilhando entre elas, ante o ungido Uno. Essa ação transformadora produz uma grande mudança nos Sistemas Nervosos Cérebro-espinhal e Simpático, que tem uma conexão direta, respectivamente, com os Corpos de Desejos e Vital do ser humano. Quando estão em equilíbrio, o desenvolvimento espiritual é facilitado enormemente (esse assunto será estudado com detalhe no 3º Volume do Antigo Testamento). A vela luminosa entre as duas oliveiras é o fogo espiritual espinhal que, quando se eleva até a cabeça, desperta órgãos poderosos espirituais ali situados. Zacarias compara uma cabeça assim despertada com um cálice de ouro, pois esses órgãos espalham uma luminosidade dourada que se manifesta como uma aura radiante ao redor de todo o Corpo. O profeta descreve a tais pioneiros como seres santos que vem do norte, do leste, do sul e do oeste à Nova Jerusalém.
Como foi dito antes, a segunda vinda do Cristo poderá ocorrer durante o próximo ciclo Capricórnio-Câncer. Então, Cristo retornará sob o Seu próprio Signo de Capricórnio, do mesmo modo que os pioneiros sob Câncer ascenderam com Ele até Seu próprio Mundo, o Mundo do Espírito de Vida ou da consciência Crística, o Mundo da grande unidade. Ali se comprova totalmente que todas as coisas são parte de Deus e que Deus é parte de todas as coisas. Então, os pioneiros da Nova Era poderão proclamar com Cristo: “Meu Pai e Eu somos um!”.
O Livro de Malaquias é o último do Antigo Testamento. E as palavras de seu capítulo final contem a promessa das promessas: “Mas para vós que temeis o meu nome, brilhará o sol de justiça, que tem a cura em seus raios.”[180]. Essas inspiradas palavras são como uma ponte de luz entre o trabalho preparatório do Antigo Testamento e sua sublime culminação no Novo Testamento.
O inefável conhecimento dos Mistérios concernentes à Cristo, o verdadeiro Deus, é secreto.
Orígenes
Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo.
Eu te glorifiquei na terra, concluí a obra que me encarregaste de realizar. E agora, glorifica-me, Pai, junto de ti, com a glória que eu tinha junto de Ti antes que o mundo existisse.
Jo 17:3-5
Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.
ICor 1:24
O Verbo de Deus, mostrando a grandeza do conhecimento do Pai, que só é abarcado e conhecido em toda a Sua extensão, primeiro por Ele e, em segunda instância, por aqueles cuja razão foi iluminada por Ele, que é o Verbo e Deus, disse: “Ninguém conhece o Filho, etc.” (Mt 11:27), pois ninguém pode conhecer Àquele que é não criado e engendrado antes de ser criada toda a natureza, em seu mais amplo sentido, tão bem como o Pai que o engendrou; ninguém pode conhecer o Pai como o Verbo animado, que é Sua sabedoria e Sua verdade.
Orígenes
À medida que nos aproximamos dos vários aspectos do Mistério de Cristo, parece que escutamos, novamente, a voz do Anjo que disse à Josué: “tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa”[181]. O Mistério do Cristo é tão sublime, e de importância tal, que transcende toda definição humana. Seus significados são tão profundos que não podem ser expressos com meras palavras; tão só podem ser percebidos no silêncio da contemplação espiritual.
Todas as religiões reconhecem a natureza trina da Deidade. No Cristianismo a constituem o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A essa Trindade, os Rosacruzes lhe designam os seguintes atributos: o Poder, ao Pai; o Verbo, ao Filho, o Cristo Cósmico; o Movimento, ao Espírito Santo. Em relação com sua visão, na Ilha de Patmos, São João, o Revelador, disse: “Vi então o céu aberto: …Seus olhos são chama de fogo…e o nome com que é chamado é Verbo de Deus” (Apo 19:11-13). Nos versículos iniciais de seu Evangelho, São João descreve, com frases portadoras de uma potência vital criadora raramente detectada por um leitor comum, ou por quem escuta suas palavras: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Tudo foi feito, foi feito por Ele e nada do que tem sido feito foi feito sem Ele”[182].
São Paulo expressa o mesmo pensamento na Epístola aos Colossenses 1:15-19, quando fala de Cristo como “a Imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda criatura, porque nele foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis: Tronos, Soberanias, Principados, Autoridades, tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste. Ele é a Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo. Ele é o Princípio, o Primogênito dos mortos, (tendo em tudo a primazia), pois nele aprouve a Deus fazer habitar toda a Plenitude”.
No Livro da Revelação, repete também São João a afirmação sobre o Cristo de que Ele já existia no princípio da manifestação: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim”[183]. No Antigo Testamento, Isaías faz uma afirmação similar, aplicável somente a Cristo: “Assim diz Iahweh, o rei de Israel, Iahweh dos Exércitos, o seu redentor: Eu sou o primeiro e o último, fora de mim não há Deus”[184].
Orígenes chama a Cristo “o vapor do poder de Deus e o eflúvio puro da glória do Onipotente, a fulgência da luz eterna e o espelho imaculado da energia de Deus”.
No Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos, Max Heindel afirma que: “No primeiro Capítulo de São João, esse grande Ser é chamado Deus. Desse Ser Supremo emanou o Verbo, o Fiat Criador, ‘sem o qual nada do que foi feito se fez’. Esse Verbo é o Filho unigênito nascido do Pai (o Ser Supremo) antes de todos os mundos, mas positivamente não é o Cristo”. Max Heindel faz, aqui, uma distinção entre o Cristo Cósmico e o Cristo em Seus aspectos planetário e histórico. “Grande e glorioso como Cristo é, elevando-se muito acima da mera natureza humana, Ele não é esse Exaltado Ser. Certamente o ‘Verbo se fez carne’, não no sentido limitado da carne de um Corpo, mas carne de tudo quanto existe nesse e em milhões de outros Sistemas Solares”[185].
O Verbo é uma assinatura ou vibração de tremendo poder. Está composto de quatro letras (em hebreu), duas femininas e duas masculinas. Toda a criação está composta de quatro elementos básicos, chamados: Fogo, Ar, Terra e Água. As doze Hierarquias Criadoras que rodeiam esse universo e são responsáveis pelos processos contínuos de criação, trabalham com esses quatro elementos. O Fogo e o Ar são elementos masculinos ou positivos; a Água e a Terra são femininos ou negativos.
As Hierarquias de Touro, Virgem e Capricórnio, que trabalham por meio do elemento Terra, estão centradas no Verbo, o aspecto Filho ou feminino de Deus. As Hierarquias de Áries, Leão e Sagitário, que trabalham com o elemento Fogo, estão centradas no Poder ou aspecto masculino de Deus. Desse modo, o Espírito atua sobre a matéria para criar. As Hierarquias de Gêmeos, Libra e Aquário estão centradas no Movimento ou terceiro aspecto de Deus. Pitágoras dizia que “o que deixa de se mover, deixa de viver”.
Esse movimento significa harmonia ou tom. Os tons, combinados, das doze Hierarquias Zodiacais produzem a Música das Esferas. Assim que todas as coisas são criadas pelo Verbo (tom ou música). “O céu foi feito com a palavra de Iahweh, e seu exército com o sopro de sua boca”[186], diz o Salmista. Cada coisa criada possui sua própria nota-chave individual. As divinas Hierarquias formam o arquétipo humano, molde do corpo físico, nos elevados planos espirituais; e cada arquétipo humano tem sua própria nota-chave, que soa enquanto a vida física continua. No atual estado da humanidade, tão só quem alcançou a consciência do Iniciado pode ouvir essa nota-chave musical. À medida que o ser humano desenvolva seu ouvido espiritual, ele vai se tornando capaz de escutar o canto de sua própria alma.
As três Hierarquias de Câncer, Escorpião e Peixes, trabalhando por meio do elemento Água, estão ensinando a humanidade a Lei do Equilíbrio. Essa lei expressa o segredo do perfeito equilíbrio e, em sua integridade, só é conhecida na Terra pelos Mestres. Por não ter alcançado ainda o equilíbrio, os seres humanos, em geral, ainda que possam observar sua atuação na natureza, não são capazes de apreciar seus efeitos dentro de si mesmos. O melhor exemplo de equilíbrio pode se observar, perfeitamente, quem sabe, no fluxo e refluxo do mar. Quando o ser humano for capaz de manifestar em si mesmo uma polaridade completa, terá vencido a enfermidade, o tempo de vida aqui e a morte.
É sugerido aos Estudantes Rosacruzes ter como assunto de meditação os cinco versículos inicias do Evangelho Segundo São João, os quais lhes ajudam a constatar que o Verbo é o centro focal, por meio do qual as doze Hierarquias Criadoras derramam suas forças para a Criação.
Há um poder específico em cada nome, e eis a razão porque ninguém deveria ter um nome que não combinasse psiquicamente com a ele. Cada vez que se pronuncia um nome forças ficam registradas na personalidade de seu portador, de modo harmônico ou desarmônico. A palavra nome tem quatro letras: “M” e “E” que são femininas; “N” e “O”, que são masculinas. Amen está composta de 4 letras, transpostas. Os cânticos, nas primeiras igrejas cristãs eram, realmente, invocações solicitando a proteção e a benção das forças estelares. Foi encomendado aos Discípulos curar em nome do Senhor Cristo; e a palavra Amen se utilizava para rodear os oficiantes da proteção divina. O Verbo é o centro divino criador para a disseminação do amor e da luz do Cristo Cósmico.
No ciclo Crístico completo, do qual se descreve nessa obra, estudamos o trabalho da Santíssima Trindade em relação com a atividade de Cristo, durante os meses de junho, julho e agosto, enquanto o Sol passa pelos Signos zodiacais de Gêmeos, Câncer e Leão. Esse trabalho se incorpora, no calendário eclesiástico, na festa do Domingo da Santíssima Trindade[187]. Temos observado como a atividade dos Serafins (Hierarquia de Gêmeos) se dirige para a Terra durante o mês de junho, sob a orientação do Espírito Santo. Durante o mês de julho as forças transmutadoras dos Querubins (Hierarquia de Câncer) são dirigidas para baixo, por mediação do próprio Cristo. Durante o mês de agosto, a força amorosa dos Senhores da Chama (Hierarquia de Leão) é dirigida para a Terra pelos poderes do Pai. Os três trabalham juntos, em tal harmonia e unidade que são, literalmente, três em um e um em três. Quando o ser humano desperta à vida superior, gradualmente, espiritualiza sua vontade, adquire sabedoria e sublima a força vital no interior do seu próprio ser.
O Pai canaliza o princípio da Vontade; Cristo, o princípio da Sabedoria; o Espírito Santo, o princípio da Atividade. Esse último, literalmente, infunde a vida às formas. Trabalha para isso com o princípio vital, presente em toda a Criação; e é o guardião da força sagrada ou o princípio criador de Deus. Por isso, toda coisa vivente está sob Sua guarda. O Pai cria e o Cristo formula, enquanto que o Espírito Santo ativa a forma.
Vemos, assim, porque o único pecado imperdoável é o pecado contra o Espírito Santo. Esse pecado consiste no mau uso da força criadora, manifestada no indivíduo. Não é, pois, Deus quem estabelece o castigo por sua comissão. Ao contrário, é o próprio ser humano que atrai para si a dor, o sofrimento, a enfermidade e a morte, como consequência de não haver respeitado o sagrado da força criadora existente em seu interior. E essas consequências seguirão afligindo o ser humano até que aprenda a viver, verdadeiramente, a natureza divina do Espírito Santo, conservando a força vital dentro do seu próprio corpo.
À medida que nos aproximemos da Era de Aquário, o trabalho do Espírito Santo se fará mais perceptível e será melhor compreendido. Um dos Seus cometidos principais consiste em iluminar a humanidade sobre o propósito da missão do Senhor, em relação ao Planeta Terra e a todas as criaturas que nele habitam. Cristo se referia ao Espírito Santo, quando disse: “se eu não for, o Paráclito não virá a vós. Mas se eu for, enviá-lo-ei a vós. (…) e vos anunciará as coisas futuras”[188].
Quando o ser humano alcançar esse elevado desenvolvimento que lhe faça apto a receber as quatro Iniciações Cristãs[189], trazida à Terra pelo próprio Cristo, será capaz de ver esses três Seres divinos desenvolvendo Suas atividades cósmicas. Esse estado, no entanto, pertence a um dia muito longínquo da evolução humana. Mesmo os Discípulos de Cristo que receberam somente a primeira dessas Iniciações Cristãs no dia de Pentecostes. A meditação sobre essa gloriosa perspectiva inclinará ao Aspirante a se dedicar, no futuro, ao amor e ao serviço altruísta, e acurtará o tempo que resta, até que possa se unir às almas consagradas às quais essas Iniciações lhes foram conferidas, como avançados que são da onda de vida humana.
O assunto sobre o Cristo Cósmico é tão profundo que, tão somente para intuir levemente a natureza desse exaltado Ser, se faz, não só conveniente, mas necessário, o considera-lO desde os vários pontos de vista. Aqui está uma citação das mais iluminadoras e esclarecedora, de Max Heindel:
“É do Sol que provém toda partícula de energia física, e é do invisível Sol espiritual que nos chega toda a energia espiritual.
Presentemente, não suportamos fixar o Sol de modo direto. Isso poder-nos-ia cegar; mas, podemos fitar seus raios refletidos pela Lua. De igual modo, o ser humano não podia suportar o impulso espiritual direto proveniente do Sol. Por isso, tal impulso teve inicialmente que ser enviado por meio da Lua, através das mãos e pela mediação de Jeová, seu regente. Essa é a origem das Religiões de Raça. Mais tarde, chegado o tempo em que o ser humano já podia suportar aqueles impulsos mais diretamente, Cristo – o atual Espírito Planetário da Terra – veio preparar essas condições. A diferença entre o Cristo Planetário e o Cristo Cósmico pode ser melhor compreendida numa ilustração: imagine-se uma lâmpada colocada no centro de uma esfera oca de metal polido. A lâmpada, naturalmente, emitirá raios luminosos em todas as direções, refletindo-se ao mesmo tempo a si mesma em todos os pontos diferentes da esfera. O mesmo se dá com o Cristo Cósmico, o mais alto Iniciado do Período Solar, na emissão de Seus Raios. Ele é no Sol espiritual e o Sol é trino. O Sol externo, o Sol físico, este podemos ver. Por detrás desse – ou oculto neste – acha-se o Sol espiritual, donde irradia o impulso espiritual do Cristo Cósmico. Envolvendo esses dois, há o que chamamos Vulcano, que pode ser visto apenas como uma semiesfera, e do qual se diz no ocultismo ser o corpo do Pai. Aí estão, pois, o Pai, como o Espírito de Vulcano; Cristo, como o Espírito do Sol; e Jeová, como o Espírito da Lua, essa refletindo tanto a luz física quanto a espiritual.
Antes do advento de Cristo, todos os impulsos espirituais alcançavam o ser humano por meio da Lua, como Religiões de Raça. Somente pela Iniciação era possível receber diretamente o impulso espiritual solar. Um véu se estendia à porta do Templo.
Chegado o momento em que o Espírito de Cristo podia entrar na Terra – quando já nos havíamos adiantado bastante – então, um Raio do Cristo Cósmico desceu e aqui encarnou no corpo de nosso Irmão Maior Jesus. Depois do sacrifício do Gólgota e após a morte daquele corpo que serviu ao Seu propósito, Ele entrou na Terra e se converteu em seu Espírito Planetário Interno”[190].
Raio do Sol Deus, por cujo poder
a Terra nasceu no espaço, vindo a Ti
para aprender o segredo de um amor
que escolhe o sofrimento quando quer ser livre.
Oh, grande Espírito Solar, oprimido dentro da Terra,
sofres; Seus estreitos limites Te aprisionam;
buscam canais humanos para Teu amor;
pede mãos humanas que te liberem.
Para que o homem aprenda a se dar a TI,
a ser um canal humano para o Teu amor,
por onde fluía, para libertar a Terra.
Oh Cristo, Teu amor encontra eco em nossos corações.
Nossas mãos Te liberarão da carga que levas.
Oferecemo-nos como canais para o Teu amor.
Oferecemo-nos para que Tu sejas livre.
(Autor desconhecido)
O Cristo Planetário é um glorioso Arcanjo, o supremo entre as hostes arcangélicas. A Hierarquia de Capricórnio é o lar dos Arcanjos; mas, durante o período de Sua missão nesse Planeta, Cristo e Suas hostes ministrantes estabeleceram seu lar na parte espiritual do Sol, dado que todo corpo celeste tem uma capa espiritual que se estende no espaço muito mais além da sua forma visível. Do mesmo modo, cada ser humano possui uma prolongação espiritual, além do seu veículo físico.
Desde os primórdios da civilização, as religiões mais primitivas rendem homenagens a esse grande Ser que habita no Sol. Os grandes sacerdotes dos Templos de Mistérios ensinaram aos seus mais avançados Discípulos a verdade sobre esse glorioso ser solar, e esperavam que chegaria o tempo em que descenderia à Terra e se converteria no regente do Planeta. Contudo, chegou um dia em que já não puderam vê-lo e, então, supuseram que Sua encarnação humana era iminente. De país a país, de profeta a Mestre, de Mestre à Discípulo, foi transmitida a boa nova de que o Senhor Bendito, Aquele que seria o Salvador do Mundo, estava muito próximo da Terra.
Nos tempos pré-cristãos os seguidores de Zoroastro renderam culto ao Sol. Sua adoração, no entanto, não se dirigia à orbe visível nos céus, mas ao Espírito Solar, ao Logos Solar, ao que chamavam de Ahura Mazda[191], a Dourada Aura de Luz que seria, mais tarde conhecido como Cristo. Por meio de grandes processos cósmicos, esse exaltado Ser foi se aproximando da Terra, e essa aproximação pode ser seguida, clarividentemente, de maneira cada vez mais efetiva. Uma amostra clara de que Cristo estava chegando foi proporcionada quando Moisés recebeu Sua revelação no fogo que brilhava sobe o Monte Sinai.
Por fim, o grande dia chegou. Um intenso silêncio abrangeu todas as coisas. O batimento do coração da natureza parecia ter parado por causa daquela paz que excedia toda comparação. A elevada exaltação das hostes celestiais parecia estar muito perto. Então, os céus se abriram e a pomba branca e pura do Espírito Santo desceu e pousou sobre a cabeça do Mestre Jesus, enquanto se ouvia a voz de Deus proclamando: “Este é o meu Filho muito amado em quem me sinto totalmente compadecido”.
Ocorrera o mais maravilhoso dos acontecimentos, pois o Senhor Cristo tomara posse do Corpo que, tão amorosamente e com tanto sacrifício foi preparado para recebê-lo. O veículo do Mestre Jesus, o mais maravilhoso de perfeito que a Terra podia produzir, se converteu no lar do Senhor Cristo, durante os três anos de Seu ministério terreno. Milagre dos milagres! O mais exaltado dos Arcanjos encarnou para falar e caminhar com os seres humanos! Foi isso, três anos mágicos que deixaram, para sempre, sua inefável marca, tanto na onda de vida humana, como no Planeta.
O Cristo só começou a pertencer à Terra quando ocorreu o Batismo no Rio Jordão. Ele veio para a Terra procedente de Mundos suprafísicos, fora da esfera terrestre. Tudo que aconteceu desde o Batismo no Rio Jordão até Pentecostes era necessário para que Cristo, o ser celestial, se transformar em Cristo, o ser terrestre… Um elevadíssimo ser, não terrestre, desce à esfera terrestre até que, por Sua influência, à Terra inteira se transforma totalmente; ou seja: Cristo é uma força na Terra toda.
Depois do Batismo e da Crucifixão o acontecimento mais importante na instância de Cristo na Terra foi a Transfiguração. Recapitulemos, brevemente, a situação do Senhor Cristo em relação à Divina Trindade: o Deus do nosso Sistema Solar, que inclui a Terra, opera por meio dos poderes trinos do Pai, Filho e Espírito Santo, cujos três aspectos são: Vontade, Sabedoria e Atividade, respectivamente.
No momento da Transfiguração, Cristo, por meio da Sabedoria – segundo princípio da Deidade Solar – foi elevado a uma sintonização ou unificação com o Verbo ou segundo princípio do Ser Supremo. Essa sintonização divina fez com que Seu semblante resplandecesse mais que o Sol e, ao mesmo tempo, Sua túnica parecia mais branca que a neve.
Alguns Mestres do mundo alcançaram a glória da transfiguração. Constituiu o clímax de suas vidas e, após isso, passaram a outras esferas. Não foi o que aconteceu no caso de Cristo Jesus. Aqui a Transfiguração ocorreu no início do Seu ministério. A fase mais importante não aconteceu depois desse sublime acontecimento.
Como já dissemos, há quem sustente que a Crucifixão de Cristo tem que ser interpretada como uma representação simbólica de uma etapa superior no processo Iniciático. Isso é mesmo desse jeito; mas foi também um fato histórico. Nunca se insistirá bastante nem com suficiente ênfase sobre o fato de que a particularidade da missão redentora de Cristo foi constituída pela manifestação, em um corpo humano e no plano físico, de algo que, até então, só havia acontecido em outros planos, nos rituais Iniciáticos celebrados no Templo de Mistérios, e tinha sido experimentado, portanto, na vida de todo Discípulo, ao longo do Caminho que conduz à Iluminação. Se não se aceita o aspecto histórico da encarnação de Cristo, essa perde todo seu significado. O acontecimento do Gólgota foi o sucesso mais impressionante jamais conhecido na Terra, já que marcou uma mudança de rumo na evolução, tanto do ser humano como de todo o Planeta.
Esse Planeta, da mesma forma que o ser humano, está composto de um Corpo Denso e várias camadas de densidade decrescente: Etérica, de Desejos, Mental e espiritual. Essas camadas interpenetram o Corpo Denso e se estendem mais além de sua superfície. O homem Adão significa terra. “És pó e ao pó voltará”, é a afirmação bíblica, se referindo ao Corpo Denso. Literalmente, o Planeta em que vivemos é a nossa Mãe Terra.
Pouco antes da vinda de Cristo, a humanidade tinha alcançado o nadir da sua evolução. A história corrobora essa afirmação: a maldade, a luxúria, o egoísmo e a mesquinhez geral tinham poluído de tal modo a atmosfera psíquica da Terra que já não existia material adequado para construir Corpos de Desejos limpos. A missão do Cristo consistiu em alterar esse estado de coisas. De outro modo, a humanidade não tinha conseguido obter todo o progresso espiritual que deveria. Durante o intervalo entre Sua Crucifixão e Sua Ressurreição, Cristo limpou e purificou o Corpo de Desejos (que é o Mundo do Desejo) da Terra, e continua, desde então, fazendo esse trabalho cósmico. Quando Seu espírito abandonou Seu corpo, Ele penetrou no coração da Terra, momento em que Sua aura brilhou tanto que, como assegura o relato bíblico, “a Terra se obscureceu”. Essa luz dourada de Cristo se derramou ao longo e além da órbita planetária, elevando sua taxa vibratória.
O acontecimento histórico que ocorreu no Gólgota jamais se repetiu. Contudo, Seu sacrifício pela redenção da humanidade, repetimos, não começou e nem terminou com Sua imolação. O sacrifício continua, em escala planetária, e se repete anualmente, em um recorrente ministério cíclico. Todos os anos, em setembro, o Cristo Cósmico, o Espírito Solar, desce do alto – onde ascende no Solstício de Junho – e inicia uma nova penetração na esfera terrestre. Começando na camada exterior, desce, gradualmente, até alcançar o coração do Planeta no Solstício de Dezembro. Entre o Equinócio de Setembro e o de Março atua no Corpo da Terra, recarregando-a com Seu impulso vital, o que ajuda a humanidade em sua evolução ascendente. Durante a outra metade do ano, do Equinócio de Março ao de Setembro, nos ajuda desde muito longe dos confins da Terra, enquanto renova, no Trono do Pai, Suas energias gastas, com o objetivo de preparar a próxima liberação de força redentora na corrente vital do ser humano e do Planeta.
Cada vez que Cristo penetra na esfera terrestre incrementa, quantitativamente, os dois Éteres espirituais superiores. Um deles é o formoso Éter dourado do plano celestial. São Paulo afirma que, no retorno de Cristo, o ser humano lhe saudará O encontrando no ar, se referindo à Região Etérica do Mundo Físico, o Mundo mais inferior que descenderá em Sua Segunda Vinda. Graças à assistência recebida pela humanidade desde o descenso do Senhor ao plano físico, é agora possível, para “todo que queira”, se encontrar com Ele, na metade da “escada”. Contudo, para fazer isso, é necessário ao ser humano incorporar a seu ser os Éteres superiores que compõem o seu Corpo-Alma. O caminho mais curto, mais seguro e mais rápido para desenvolver esses dois Éteres Superiores consiste em viver uma vida de amoroso e desinteressado serviço aos demais. Assim o ser humano consegue formar seu Corpo-Alma com esses dois Éteres superiores, azul e dourado. Será, pois, possível, para todos os que prepararem um veículo como esse, sair ao encontro de Cristo na Sua Segunda Vinda.
Todo ano, quando Cristo infunde na Terra Suas energias vitais, Sua Luz e Seu amor o ritmo do Planeta inteiro se acelera. Gradualmente, vai se sintonizando com Sua própria nota-chave, tal como a entoam os Anjos a cada Natal: “Paz na Terra e boa-vontade entre os homens”. Algum dia os seres humanos aprenderão a converter suas “espadas em arados” e suas “lanças em podadeiras” (Isaías 2:4); e não haverá mais guerras. O Místico Cristão não se desanima pelo caos e pela dissolução que parece predominar por toda parte, pois sabe que o momento mais obscuro é, sempre o que precede a aurora. Ao longo do horizonte percebe o arco da promessa. Pois ele sabe que, todo ano, ao penetrar na Terra, o Espírito de Cristo as linhas de separação entre raças, nações são debilitadas. Chegará o dia feliz em que o Planeta cobrirá uma humanidade unificada, e o dia em que as ideias da paternidade de Deus e da fraternidade entre os seres humanos serão uma realidade.
Adão e Eva do relato bíblico representam a humanidade primitiva, que vivia no Jardim do Éden, situado na Região Etérica do Mundo Físico. Quando seus membros caíram no encantamento da vida sensual, por causa da influência dos Espíritos Lucíferos, sua taxa vibratória reduziu, até alcançar a da matéria física. Dessa maneira a humanidade perdeu o Paraíso em sua infância. Não foi arrojada do jardim etérico por uma deidade vingativa, mas que perdeu esse lugar de residência por sua aceitação de uma influência que a alinhou com o Mundo do Desejo. A Queda e suas terríveis sequelas foram a consequência da atuação de leis fixas, e não de um arbitrário decreto do Criador.
A ilimitada indulgência nas propensões animais, que se seguiu a introdução dos impulsos dos Espíritos Lucíferos na natureza de desejos do ser humano, produziu o endurecimento do Corpo Vital e a percepção de sua contraparte material, “cobrindo-se com peles”, como ressalta a Bíblia. O descenso à existência física trouxe dor e sofrimento, enfermidade e morte. A atenção prestada pela humanidade às tentações dos Espíritos Lucíferos e seu distanciamento do modo de viver estabelecido por Jeová para seu estado de desenvolvimento, está recorrida na afirmação bíblia de que Adão e Eva “comeram da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”. Antes disso, as criaturas da Terra só conheciam o Bem. Depois da Queda se viram obrigados a trabalhar no caminho de regresso até aquele bem que, quando alcance, será de um nível de manifestação mais elevado, devido às lições aprendidas ao longo de dolorosas experiências.
O Corpo Vital está composto de quatro Éteres de densidades diferentes. Os dois Éteres inferiores se ocupam das funções vitais, enquanto que os Éteres superiores cuidam das qualidades anímicas. Como consequência do descenso do ser humano à materialidade, os dois Éteres superiores têm permanecido longo tempo latentes, evitando assim a imortalidade de um veículo físico imperfeito. Por essa razão é mais fácil para o ser humano viver uma vida mundana que uma vida espiritual. A preponderância dos Éteres inferiores sintoniza o Corpo Vital com as vibrações terrestres, o que necessita de grande esforço para desenvolver as qualidades anímicas, tais como o discernimento e a força de vontade.
Em Seu descenso anual à Terra, Cristo traz consigo nova provisão dos dois Éteres superiores. E, durante sua nova entrada na Terra, limpa toda a camada externa do Mundo do Desejo; assim que a substância de desejos de que o ser humano pode dispor, para incorporá-la a seu Corpo de Desejos é, cada vez, de maior pureza.
Cristo está construindo na Região Etérica do Mundo Físico a Nova Jerusalém, que será o lar da humanidade durante a Dispensação Crística. Muitas pessoas com a visão etérica podem contatá-lo nela e contemplar a maravilhosa preparação que está ocorrendo. Como já foi dito, o Corpo Denso não pode funcionar na Região Etérica do Mundo Físico, pelo que, aqueles que hão de se reunir com Ele “no ar” estão construindo o Corpo-Alma composto dos dois Éteres superiores. Nem enfermidade, nem a dor, nem a velhice, nem a morte ocorrem na Região Etérica do Mundo Físico, esse plano luminoso onde a humanidade se reunirá com o seu Senhor. É sabido que já está aparecendo para aqueles que são capazes de contatá-lo a esse nível, o qual indica o começo de Sua Segunda Vinda.
“Por essa razão também, Nosso Senhor, nos últimos tempos, abarcando todas as coisas dentro de Si, vem a nós, não como poderia vir, mas como nós somos capazes de contemplá-lo; porque Ele poderia ter vindo em Sua incorruptível glória, mas nós não poderíamos nunca suportar a grandeza dessa Sua glória.”
Irineu (185 D.C.)
“Jesus nasceu da genealogia de Davi, segundo a carne (Rm 1:3) e como Filho de Deus, no tocante a Sua primeira essência.”
Orígenes
“Tomou a forma de um servo e, ainda que Ele fosse de uma natureza invisível, por ser igual ao Pai, tomou uma aparência visível e veio com aspecto humano.”
Orígenes
“O Unigênito Verbo de Deus, que é Deus dos deuses, se despojou a si mesmo, segundo as Escrituras, descendo voluntariamente ao que não era, e se revestindo com essa gloriosa carne. Depois, se diz que foi exaltado e recebeu o nome que está acima de todo nome, como se, por causa de Sua natureza humana, não o tivera, e fosse quase como um favor. Contudo, a realidade é que não se tratou de um donativo de algo que originariamente não o pertencia. Nada mais longe da verdade. Deveria ser melhor considerado como uma recuperação do que lhe pertenceu desde o princípio substancialmente e, portanto, como uma grande perda. Por isso quando, já encarnado, estava submetido à natureza humana, disse: Pai, me glorifica com a glória que eu tinha, etc. (Jo 17:5), porque Ele existiu sempre na glória, com Seu Pai, antes de todos os tempos e antes da criação do mundo.”
Hipólito
“Espera Àquele que está mais além dos tempos, eterno e invisível, que, por nós, se fez visível; que era inatingível; que era inacessível ao sofrimento e sofreu por nós; que padeceu de várias maneiras por nós.”
Inácio, em sua Epístola para Policarpo
“Ele é, em todos os sentidos, também, um homem criado por Deus; e, por isso, subserviente à toda a humanidade dentro d’Ele, o invisível se tornou visível, o incompreensível se tornou compreensível, o impossível se tornou possível, e o Verbo se tornou homem.”
Inácio, em sua Epístola para Policarpo
“Cristo é o homem e Deus, formado com ambas naturezas para que pudesse ser mediador entre nós e o Pai.”
Cipriano
No começo da evolução humana, relatada biblicamente na história de Adão e Eva, a raça humana caiu sob a influência dos Espíritos Lucíferos, e deixou de poder viver na Região Etérica do Mundo Físico, o Jardim do Éden. Uma decaída na sua taxa vibratória a projetou para a condição material densa, ainda existente, sob a qual o ser humano ficou submetido aos sentidos e as suas conseguintes limitações e dores. Houve, no entanto, alguns seres humanos que não sucumbiram às tentações dos Espíritos Lucíferos, mas que permaneceram como puros Anjos. Ente eles estavam esses Egos sublimes que conhecemos como o Mestre Jesus e Sua mãe perfeita, a Maria bendita. Por isso, na Assunção, Maria pode ser trasladada facilmente da Região Química do Mundo Físico para a Região Etérica. Os Anjos não têm nem sequer a ideia da paixão humana, assim que Maria, estando livre das manchas terrenas, se encontrava em seu lar com os Anjos.
Naquela noite santa em que o Ego, a quem conhecemos como Jesus, veio viver na Terra, as forças espirituais que a acompanharam foram tão poderosas que, apesar do transcurso de milhares de anos, continua ressoando em seu eco, em comemoração daquele nascimento. A elevada força espiritual que envolveu o Planeta, naquela maravilhosa ocasião, é a causa de numerosas e formosas lendas. É dito que os roseirais floresceram repentinamente, no meio da neve; que estranhas flores encantadas, portadoras de rostos angélicos gravados em suas pétalas, brotaram com superabundância; que, nos estábulos e nos campos de todo o mundo, o gado se ajoelhou em oração, enquanto que Anjos entoavam um hino de paz e de boa vontade entre os seres humanos.
Repetimos que cada acontecimento na vida do Mestre representa uma etapa na Trilha do Discipulado. A Apresentação no Templo representa a dedicação. Um Aspirante se dedica a si mesmo muitas vezes, obtendo a cada vez uma compreensão mais profunda, e recebendo maiores compensações espirituais.
Ana e Simão eram, ambos, Iniciados do Templo. Possuíam a faculdade de ler na Memória da Natureza. Ali souberam da sublime missão do Mestre Jesus e da parte que lhe correspondia à Maria em seu desenvolvimento. Maria era capaz de ler, ainda mais além, nesses registros na Memória da Natureza. Previamente, havia compreendido algo da missão do Mestre, mas então compreendeu o sacrifício que supunha e a dor e sofrimento que ia acontecer com ele. Essa foi a espada que atravessou seu coração. Os mistérios das Sete Dores da Virgem Bendita começam com a Apresentação no Templo.
A Bíblia é o mais formoso livro de Angeologia ou Angelologia. Foi um Anjo quem disse a José que levasse o Santo Menino e sua mãe para o Egito, e os Anjos lhes acompanharam durante o trajeto. Quando o perigo passou, os Anjos os acompanharam de volta, ao seu lar em Nazaré. A anunciação dos nascimentos de Jesus e de Maria foi feita pelos Anjos. Durante a infância de Maria, seu lar foi um santuário angélico. Os Anjos foram seus companheiros e mestres durante seus anos no Templo. O momento de seu trânsito dessa esfera terrestre, foi anunciado pelos Anjos. E em sua Assunção se elevou para viver no plano desses espíritos luminosos.
Não só o nascimento de Jesus foi proclamado pelos Anjos, como também Sua infância esteve protegida por sua santa presença. Eles derramaram suas bênçãos no momento do Batismo, e prestaram sua força a Cristo Jesus, no momento da Tentação. Revoaram entre as glórias da Transfiguração, e apareceram nas sombras do Getsemani. Derramaram suas bênçãos sobre o Gólgota, seu regozijo na Ressurreição e, depois da Ascenção, proclamaram a feliz notícia de que retornaria mais uma vez.
O ministério dos Anjos sobre o mundo é formoso e variado. Elevam, fortalecem e bendizem de mil maneiras diferentes. Desgraçadamente, no entanto, poucos seres humanos têm a consciência de sua proximidade ou de sua ajuda. As marés do mundo sensível cresceram tanto que cegaram os olhos das multidões, incluindo até a interrupção dos que creem na existência do mundo angélico. As crianças são conscientes, com frequência, da presença dos Anjos, e desfrutam de sua amante proteção; mas, à medida que os anos passam e suas Mentes vão se centrando mais e mais nas coisas do Mundo terreno, as amáveis visões parecem que se evaporam ou são consideradas como extravagâncias da imaginação. Só a castidade e a pureza podem restabelecer a sua clara visão. Se todos fôssemos puros como eram o Mestre Jesus e Sua bendita Mãe, os Anjos e os seres humanos se confundiriam em uma vasta e gloriosa irmandade. “Só os puros de coração verão a Deus”, é o ditado Bíblico. E, do mesmo modo é que só os puros de coração verão e se comunicarão com os Anjos.
A Sagrada Família permaneceu três anos no Egito. Muitas e muitas formosas lendas existem sobre a vida e as obras do jovem Jesus, durante aquele tempo. Estava em total sintonia com a Mente Una, o imanente poder de Deus, latente em toda coisa criada, que, seja o que for que tocasse ou olhasse se tornava imbuído de uma nova e vibrante vida. A lenda narra que modelava pássaros de barro que começavam a viver e se punham a voar quando lhes impunha as mãos. Curou leprosos e fez com que os aleijados caminhassem e que os cegos enxergassem, e expulsou muitas entidades obsessoras. Em todo momento e em todo lugar, Sua presença era uma benção para todos que se aproximavam d’Ele.
Concluído os três anos, a Sagrada Família retornou a seu lar em Nazaré. Logo, como era costume na época, Maria e José foram à Jerusalém para a Páscoa, pois Jesus completara os doze anos. Quando os dias de festa terminaram, empreenderam sua viajem de retorno. Ao sentir a falta de Jesus pensaram que estaria com as demais crianças de seu grupo; mas, quando chegou a noite e não o encontraram, regressaram à Jerusalém para buscá-lo. “Aos três dias o encontraram no Templo, sentado no meio dos doutores”. Quanto ocultam essas palavras e quanto revelam! Nos antigos Mistérios as cerimônias da Iniciação se estendiam durante três anos, e a Iniciação sempre estava relacionada com o Templo. Jesus alcançara a idade que marca o nascimento do Corpo de Desejos. Como seu desejo era a pureza em si, essa emanava uma aura dourada que fazia que até os sábios se maravilhassem de seu brilho.
Jesus retornou à Nazaré com seus pais e lhes foi obediente. “O menino crescia e seu espírito se fortalecia e se enchia de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele”.
Desde os dezoito até os trinta anos Ele ensinou e serviu. Em muitos países são contadas histórias de um jovem Mestre encantador que fazia trabalhos milagrosos e “exteriorizava uma sabedoria tal que nunca antes fora acessível às Mentes humanas”. Desde a China, o Egito, a Babilônia, a Índia, a Grécia, a Pérsia e outros países onde havia os Templos de Mistérios, chegam esses relatos admiráveis. “E Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em favor de Deus e dos seres humanos”.
Um dos padrões numéricos mais frequentemente citados na Bíblia é o doze e um. No céu há doze Signos Zodiacais que circundam o Sol central. No governo esotérico do mundo há doze Grandes Mestres ao redor do Cristo Cósmico. Cristo irradia Seu amor e Sua sabedoria infinitos sobre cada um desses Mestres, que lhes dão expressão, adaptada à época e às diferentes classes de pessoas às que estão para servir. Uma vez que essa origem universal de todos os sistemas religiosos seja conhecida, a separatividade dará lugar à unidade entre os seguidores das distintas doutrinas. Cristo é, em obra e em verdade, o que Ele mesmo declarou, quando disse: “Eu sou a luz do mundo”, e “ninguém chega ao meu Pai, senão por Mim”. Essa verdade libertadora é o tema dominante do terceiro volume do livro Interpretação da Bíblia para a Nova Era que é, quem sabe, o mais significativo da série.
O tema principal do Antigo Testamento é a vida de Jacó, rodeado de seus doze filhos. Sua influência se estende a todos os Livros que o compõe. O tema central do Novo Testamento constitui Cristo e Seus doze Discípulos. Sua influência se estende, também, a todos os textos que o formam.
O sublime acontecimento denominado o Batismo marca o início da era de Cristo na Terra. Larga e cuidadosa foi a preparação desse portentoso sucesso. Como já foi dito, dos elevados Iniciados do Templo, Joaquim e Ana foram eleitos pela angélica anunciação para se converter em pais do mais elevado Mestre que nunca tinha vindo ao mundo em um corpo feminino: a Maria bendita. Com sua assistência e a dos Anjos, o Mestre Jesus construiu o mais puro e perfeito corpo que se podia formar com matéria física, corpo que cedeu para o glorioso Arcanjo Cristo no momento do Batismo, quando os céus se abriram e se escutou a voz de Deus, bendizendo a esse exaltado Ser que, desde esse momento, atua na Terra como Cristo Jesus (ou Jesus-Cristo). No entanto, nem sequer aquele, o mais perfeito veículo físico, podia suportar, por longo tempo, a tremenda radiação de um espírito arcangélico. Assim, era necessário que Cristo Jesus saísse desse corpo, frequentemente, por algum tempo para que Seu Corpo Denso fosse restaurado. Entre os que atendiam essas necessidades estavam os Essênios, uma seita santa que, durante vários séculos, tinha feito os preparativos para a vinda do Senhor.
O Mestre Jesus, como consequência de seu supremo sacrifício, se converteu no “primeiro fruto” da humanidade. Ele continuou ativo, desde então, trabalhando por meio dos planos espirituais, especialmente com toda organização, todo grupo e todo indivíduo que aceita a Cristo como Salvador do Mundo. Ele estará com Cristo, novamente, quando o Cristo estabelecer a Nova Dispensação, como estarão os Discípulos Maria e José, os santos e os primeiros seguidores da igreja Cristã.
“Quem assim deseje” pode vir. Esse oferecimento de Cristo não foi feito somente para as pessoas daquele tempo; é aplicável a toda pessoa, qualquer que seja a idade, clima, raça ou nação. Quem quer que o deseje, pode vir e se preparar, por meio da pureza e da vida espiritual, para se contar entre os pioneiros que serão julgados dignos de retornar com Cristo e Lhe ajudar a estabelecer a Nova Dispensação, o edifício do novo céu e da nova Terra.
Que Cristo se forme em vós.
Cristo em vós, a esperança é de glória
São Paulo
Jesus disse a Seus seguidores como e o que deviam fazer para seguir o Seu caminho, de modo que pudessem chegar a ser como Ele era; Ele que estava tão distante como a sabedoria e como o poder; pois no coração de cada ser humano há uma divindade, seu próprio deus interno, que os Cristãos, em uma troca mística de mentalidade, chamam o Cristo imanente.
Nossas doutrinas nos falam de uma larga linha de tais Mestres, cada um dos quais se fez um com sua divindade interna, com o deus interior, o Cristo imanente; e assim, havendo se unido com sua divindade interna, alcançaram todo o conhecimento necessário, porque eles o viam e por isso podiam ensinar a verdade.
Dr. G. de Purucker em A História de Jesus
O Espírito de Deus cai sobre mim, como a gota de orvalho sobre uma rosa,
Só se eu, como a rosa, abrir a ele meu coração;
A alma onde Deus habita, – que templo seria mais santo? –
Se converte em um habitat ambulante de majestade celestial.
Em toda a eternidade não poderia haver um tom mais doce,
Que o bater do coração humano em uníssono com Deus.
Detenha! Para onde corres? Sabe que o céu está em ti;
Busca a Deus em qualquer outra parte e nunca verás Seu rosto.
Olha! Na noite silenciosa nasceu um menino a Deus,
E restaurou tudo o que estava perdido.
Se tua alma pudesse, pois, se transformar em uma noite silenciosa,
Deus nasceria em ti e tudo se tornaria perfeito.
Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém
E não dentro de ti mesmo, tua alma permaneceria perdida.
Em vão olhas a cruz do Gólgota
Se não se ergue também dentro de ti.
Angelus Silesius[192]
O mistério de Cristo é quádruplo. Em primeiro lugar está o Cristo no Sol, que é o Senhor e o Orientador de todas as grandes Religiões da Terra. Em segundo lugar está o Cristo que encarnou na Terra no momento do Batismo de Jesus e que, no dia culminante do Seu sacrifício, se converteu em seu espírito planetário interno. Logo depois está o Cristo que há de nascer dentro de cada ser humano. E, por fim, está o Cristo histórico. E foi a esse quádruplo Mistério Crístico a que se referia São Paulo ao dizes: “Olha, que os mostro um mistério”.
Esse mistério quádruplo está sob a orientação da Santíssima Trindade. O Cristo no Sol está sob a orientação do Senhor Deus (o Pai). O Cristo que encarnou no Batismo está sob a direção do Filho, o Cristo Cósmico. O Cristo que há de nascer no ser humano está sob a orientação do Espírito Santo. O Espírito Santo foi sempre o grande mistério da Trindade. A humanidade da Nova Era irá incrementando seus conhecimentos sobre a extensão de Sua natureza e Seu trabalho.
A próxima etapa importante na evolução humana é o nascimento do Cristo no ser humano. O trabalho que resultará a esse nascimento está causando muitas desarmonias, intranquilidades e desordens. Nenhum ser humano pode ser pioneiro do novo tipo de ser humano até que Cristo nasça dentro de si mesmo. A chamada feita pelo Espírito Santo a todos os que já estão preparados e desejando escutá-la é para a completa dedicação ao serviço do Senhor Cristo. Essa é a missão do Espírito Santo relativa aos Cristãos do novo tipo de ser humano e que fez o Senhor declarar: “Eu não vou, o Consolador não virá a vós; mas se eu for, eu enviarei ele a vós…e Ele os mostrará as coisas por vir”.
Desde o momento em que Espírito Santo ativou o princípio Crístico no interior dos Discípulos, eles tiveram somente pensamentos Crísticos; falaram somente palavras Crísticas e fizeram somente obras Crísticas. Aqueles seres humanos que eram tímidos e covardes, se tornaram valentes. São Tomé já não mais duvidou; São Pedro já não mais temeu; São João deixou de permanecer longe e, nem as perseguições, nem os cárceres, nem sequer a morte, puderam dissuadi-los. Seu único objetivo na vida foi servir ao Senhor Cristo e seguir Seus caminhos.
Um dia, quando São Pedro e São João se retiraram ao templo para orar, na “porta Formosa”, chegaram junto a um homem aleijado de nascimento. São Pedro lhe disse: “Ouro e prata não os tenho; mas o que tenho eu lhe dou”. Imediatamente as forças voltaram aos joelhos e pés daquele homem e, se levantando, entrou com eles no templo com grandes demonstrações de alegria. São Pedro e São João recordaram as palavras de Cristo durante Seus últimos dias juntos a eles, quando disse ao Espírito Santo: “Ele manifestará minha glória porque tomará do meu e os mostrará” (Jo 16:14).
A glória do Cristo despertado em seu interior brilhava ao redor de suas cabeças como um halo de luz dourada. No elevado estado de consciência que alcançaram não havia diferenças nem desarmonias, porque habitavam na realização da unidade eterna. Por isso entendiam todos os idiomas e podiam falar em todas as línguas. Compreendiam, igualmente, o profundo significado das palavras que Cristo lhes havia dirigido: “Quando Ele vir, o Espírito da Verdade, o guiará na verdade toda (Jo 16:13). Os Discípulos se converteram, literalmente, em “super-homens” ou “homens-deuses”.
Tal é o significado do místico Cristo interno, esse nível elevado percebido por São Paulo quando escreveu aos Gálatas (4:20): “Meus filhos, outra vez me causais dores de parto, até que Cristo forme em vós”. Esse Cristo Místico é a divindade que está latente em cada ser humano. Essa realização da unidade de toda a vida proporciona um novo significado à Paternidade de Deus e a irmandade dos seres humanos. O conhecido escritor e poeta americano Henry van Dyke expressou com essas formosas linhas a imanência da realidade Crística:
Nunca mais terás que me buscar.
Estou contigo para sempre;
Levanta a pedra e me encontrarás,
Parta a madeira e eu estarei ali
Essa imanência de Cristo será o ensinamento fundamental da Nova Era. É significativo chamar a atenção sobre o fato de que as igrejas liberais e os grupos universais que buscam a verdade, baseadas na Nova Era, ressaltam sobre qualquer coisa a despertar do princípio Crístico dentro de cada indivíduo. Contudo, como se pode executar isso?
A perfeição do Corpo Denso está baseada na supervivência do mais apto. O crescimento do Corpo-Alma está baseado na lei do sacrifício. Em tempos passados, foi ensinado ao ser humano a sacrificar suas posses materiais. Existem instruções e mais instruções no Antigo Testamento para que entregassem os primogênitos de seus rebanhos e os colocassem no altar dos sacrifícios. Ainda hoje muitas igrejas impõem a seus seguidores a lei do dízimo. No entanto, os Cristãos Místicos compreendem que essa lei há de ser abandonada; eles têm que aprender a se colocar eles mesmos sobre o altar como oferenda sacrificial.
O despertar do Cristo Interno, como todos os processos de nascimento, é lento e gradual. Primeiro, o Aspirante há de fazer sua dedicação ao ideal de Cristo. Se é sério e sincero nessa dedicação, então se encontrará a si mesmo adquirindo maior sintonia com esse ideal. Isso lhe resultará em ser mais fácil ter pensamentos Crísticos e pronunciar palavras e realizar atos em sintonia com uma vida Crística. Será consciente de uma sensação de bem-estar que não tinha sentido nunca antes; a mesma sensação que alcançaram os primeiros Cristãos, mesmos dentro das obscuras catacumbas e enfrentando a perseguição e a morte. Por outro lado, o despertar do Cristo Interno tem compensações que nenhuma condição ou circunstância humana pode destruir. Nem podem ser compensados, quem o experimenta, por posses materiais.
Preparando a Sua segunda vinda, o Senhor Cristo está se aproximando mais e mais da Terra. Em alguns momentos está na Região Etérica do Mundo Físico, e muitas almas avançadas estão se tornando conscientes das bênçãos que resultam de Sua proximidade. Alguns há que sentem a necessidade de se ajoelhar em adoração e homenagem ante Ele e a escutar os sons de Sua voz bendita. Isso ocorre, às vezes, em momentos que o Corpo Denso está em repouso e dormindo. Contudo, também, uma pessoa também pode ouvi-La durante um momento rápido de consciência durante as horas de um dia atarefado. E isso pode ocorrer para fortalecê-la antes de enfrentar uma crise ou para mitigar determinadas agonias profundas. Qualquer que seja o motivo e ocorra quando ocorra, a vida já não pode ser a mesma para essa pessoa, depois do momento dessa Sublime Presença. Qualquer coisa que faça levará o selo da divindade e estará permanentemente motivada pelo desejo de maiores oportunidades de servir “em Seu nome”.
As atividades de uma pessoa assim afortunada continuarão até que a morte perca seu aguilhão com a comprovação de que não é senão um trânsito da Região Química do Mundo Físico para a Região Etérica do Mundo Físico. Então descobrirá que enquanto vivia na Região Química do Mundo Físico era dispensada de servir nos planos superiores e que, depois do que é chamado morte vive na Região Etérica do Mundo Físico, mas segue sendo, agora, dispensada de trabalhar na Região Química do Mundo Físico. Aprende, assim, que essa vida e a “outra” são dois aspectos de um grande e glorioso todo, da qual o Senhor Cristo é, por sua vez, o centro e a circunferência.
Ao longo das páginas de Interpretação da Bíblia para a Nova Era se faz referência frequente ao Caminho da Iniciação que segue a linha dos principais acontecimentos da vida do Senhor Cristo desde o Seu Nascimento até a Sua Ressurreição e Ascensão. A mesma interpretação é apresentada extensamente nesse volume com relação aos quatro aspectos de Cristo: o Cósmico, o Planetário, o Histórico e o Místico. O último é o mais importante quanto ao desenvolvimento humano, já que se refere ao Cristo Interno.
O Sagrado Nascimento se refere ao princípio Crístico despertado no ser humano. Quando esse novo nascimento ocorre no indivíduo, um novo e enorme poder emana de sua Mente e um imenso Amor irradia do seu coração. Os valores humanos se invertem completamente. Os interesses do ser humano que não busca o despertar do Cristo Interno estão centrados no lado objetivo da vida. Contudo, após o despertar do Cristo Interno, esses interesses se centram, especialmente, no lado subjetivo. Então se compreende melhor as palavras de São Paulo: “As coisas que se veem são temporais; mas as coisas que não se veem, são eternas”[193].
Com a Apresentação no Templo do neófito, um momento para a consagração e a dedicação, a força de seu Cristo Interno é vivificada, fortalecida e aumentada. Essa realização é seguida pela Fuga para o Egito, já que o Caminho do Discipulado está sempre alternado entre sol e nuvens. Longfellow[194], o amado poeta, expressou assim essa ideia:
Em cada vida há de cair alguma chuva,
e algum dia há de ser nublado e triste.
Então, o ser humano pode enfrentar a dor com a mesma fortaleza com que enfrenta a alegria; e aprende a lição a que São Paulo se referia ao dizer: “Nenhuma dessas coisas me comove”[195]. Se uma pessoa é sincera e honesta em seu autoexame e suas autoanálises, então reconhecerá que aprendeu as lições mais valiosas nos momentos mais sombrios de sua vida e não nos mais radiantes.
Uma vez superada a prova no Egito, o seguinte passo é o Retorno a Nazaré. O Aspirante, em companhia dos Anjos, é conduzido à Nazaré para crescer em fortaleza e conhecimento.
Por meio do Ensinamento no Templo, o Cristo Interno se converte na força dominante de sua vida. “A boca fala daquilo de que está cheio o coração”[196]. Então, seu maior desejo é o compartilhar sua incomensurável realização interior com todos os que desejam recebê-la. Tão logo obtenha isso, disporá das oportunidades e da habilidade necessárias para comunicar seu conhecimento espiritual.
Por meio do Rito do Batismo, a força espiritualizada da Mente e do Amor radiante do Coração se juntam em uma identificação divina. O nascimento do Cristo Interno foi completado e o Aspirante já é um indivíduo Crístico. O Batismo anuncia o começo de uma nova vida, uma vida na qual a personalidade é secundária porque a consciência reina suprema. A cabeça do, agora, iluminado é coroada por um halo de luz, quando o Espírito Santo em forma de pomba pousa sobre ele para bendizê-lo, enquanto a voz de Deus declara: “Este é o meu Filho amado, em quem Me comprazo”[197]. São Paulo, que trilhou esse caminho, sabia assim que “Deus mitiga o vento para a ovelha tosquiada”. Quem analisa essas etapas comprovará que isso é correto.
Depois do Sagrado Nascimento e da Apresentação no Templo vem a prova da Fuga para o Egito. Segue o Retorno à Nazaré que, por sua vez, conduz às etapas superiores do Ensinamento no Templo e do Rito do Batismo. Quanto maior é a realização, mais sutil é a tentação. Quanto mais estreito é o Caminho, mais inclinado ele é. O Rito do Batismo é seguido pela prova mais difícil das enfrentadas até então: a conhecida como a Grande Tentação.
Quando as energias da cabeça e do coração permanecem unidas em fusão harmônica, se desata no Aspirante uma força dinâmica de atração. Essa força atua nos planos físico, espiritual e mental e o Discípulo se torna plenamente consciente do significado da promessa de Cristo: “E o que pedirdes em meu nome, eu o farei”[198]. Sabendo que esse poder é seu agora, há de enfrentar uma decisão terrível: empregará esse poder para atrair para si os prazeres e comodidades, a opulência, a adulação e a proeminência que são postas ao seu alcance, ou dará as costas a tais sugestões e se conformará em se dedicar a uma vida abnegada, utilizando o seu poder para a redenção do ser humano e para o aperfeiçoamento do Reino de Deus na Terra? Esse é o ponto em que o Caminho se estreita ao máximo. Desgraçadamente, muitos que tem tentado seriamente a ascensão dão meia-volta daqui e deixam de caminhar com Cristo. Porque, incluindo as almas valentes que saíram vitoriosas, hão de repetir, continuamente, como fez Cristo, quando disse: “Afasta-te de mim, Satanás!”[199].
Uma vez demonstrado que possui o valor suficiente para passar com êxito pela Grande Tentação, o Aspirante está preparado para o rito denominado A Transfiguração, uma realização seguida de elevadíssima exaltação do Festival do Amor. Por meio desse rito se passa para a vida eterna. Sua Mente está de tal modo espiritualizada e seu Coração de tal modo iluminado que, literalmente, pensa com o Coração e ama com a Mente. É, portanto, digno de participar do Festival do Amor. As essências desses exaltados Mente e Coração, “o pão e o vinho” do Festival, transcendem o tempo e o espaço; podem ser enviados aos confins da Terra com o fim de bendizer e curar definitivamente. Por meio dessas essências desenvolvidas em seu interior, os Discípulos foram instruídos pelo Senhor Cristo a consagrar e espiritualizar esses elementos (“pão e vinho”) e utilizá-los para a elevação do seu irmão, o ser humano. Isso esclarece o significado das Suas palavras: “Eu sou o pão da vida”[200], “meu sangue é a água da vida eterna”[201], e outras similares.
Quando passa a experiência da Transfiguração, o Aspirante alcança o topo do desenvolvimento humano. Então, já pode irradiar o poder espiritual dinâmico nele engendrado, com uma grande luz, tanto se trabalha no plano físico, como se trabalha no plano mental ou no espiritual. Sua luz já não está “oculta embaixo da cama”[202]. Tendo alcançado o grau supremo de seu desenvolvimento está preparado – ou deveria estar – para a prova formidável do Getsemani.
O Caminho do Discipulado é largo e árduo. São necessários muitos anos, incluindo aqui muitas vidas para alcançar a última meta. E, alcançada essa, deve renunciar a tudo. Qualquer fama, prestígio, respeito ou poder que o Discípulo adquiriu deve ser deixado de lado. Há de estar disposto a descer à obscuridade e a declarar como Cristo: “Eu sozinho nada posso”[203]. Quando o Senhor permitiu ser conduzido ao Getsemani e, logo, ser pregado na cruz, tanto Ele mesmo como Sua missão se converteram como sendo fracassos para os seres humanos. Proporcionalmente, é para poucos indivíduos que se exige enfrentar essa prova, já que são poucos os que alcançam o ponto em essas provas se faz necessária. O Getsemani de Abraão foi o pedido para sacrificar o seu filho Isaac. E somente quando esteve disposto a essa renúncia suprema ele foi digno e pode caminhar e falar com os Anjos.
A renúncia absoluta e o desprendimento total foram exigências, tanto nos tempos antigos como nos modernos, para todos os que pretendem trilhar o Caminho do Discipulado. Frequentemente, durante as provas experimentadas, um Discípulo repete o pedido de Cristo: “Pai, se é possível, afasta de mim esse cálice”[204]. Se triunfa, no entanto, acrescentará: “Entretanto, que não se faça a minha vontade, senão a Tua”[205].
Depois do Getsemani vem a Crucifixão, que é um rito, tanto de pena e dor como de glorificação. O Discípulo, que renunciou a tudo, se encontra como alguém que tem ganhado a tudo. Os poderes do Céu e da Terra atuam, também, em sua oferta para a vida. Uma lei fundamental do desenvolvimento oculto e que Cristo ensinou aos Seus Discípulos estabelece que “ao que tenha, se lhe dará…mas ao que não tenha, até o que tenha ser-lhe-á tirado”[206].
A Ressurreição e a Ascensão são as etapas finais para se elevar à Grande Luz. Quem as sobrepassa, se torna realmente “Cristificado”. E se reunirá com o Senhor no Éter no momento de Sua segunda vinda e lhe servirá até o fim da Era em um exaltado estado de imortalidade consciente.
Espírito de imortal beleza, Sol de inacessível amor, ensina a humanidade a te conhecer em Teus mundos e, conhecendo-te a Ti, a ver Teu trabalho artesanal na pétala da flor, no ramo perfumado, e na voz canora, e no desenho intrincado e delicado do escaravelho, na serpente e no pássaro; e lhe ensina finalmente a te encontrar em si mesma, glória transcendente do ser humano, feita Deus.
Mary Gray
A obra A Interpretação da Bíblia para a Nova Era está centrada no ensinamento fundamental de que o Senhor Cristo veio à Terra como o Supremo Indicador do Caminho para toda a humanidade. Seu propósito foi o de ensinar o ser humano como despertar o Cristo Interno em seu próprio ser, pois, como São Paulo afirma, todos somos Cristos em formação. Os acontecimentos principais durante a permanência do Senhor na Terra representam as principais lições para a alma, que cada um dever aprender para desenvolver sua divindade latente. Não houve a necessidade de Cristo passar por todas essas experiências, mas Ele escolheu faze-las para demonstrar que o ser humano pode enfrenta-las e sair vitorioso. Foi nos dado o modelo perfeito. São Paulo disse do Senhor: “ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado”[207].
O Caminho do Discipulado é áspero e escarpado. No entanto, quando um buscador desperto se torna consciente do Cristo Interno, nada mais dessa vida que não esteja relacionado com essa busca tem valor para ele. Uma vez participado do alimento celestial, todas as delícias do mundo juntas se tornam totalmente insípidas, pois ele compreende o verdadeiro sentido das palavras do nosso bendito Senhor: “Tenho para comer um alimento que não conheceis”[208] e “quem beber da água que eu lhe darei, nunca mais terá sede”[209].
São João, o mais elevado Iniciado da Dispensação do Novo Testamento, também se referiu assim à realização de Cristo: “Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas o que nós seremos ainda não se manifestou”[210].
O Senhor Cristo se dedicou ao serviço transcendente de guiar a humanidade a seu estado sobrenatural. Por isso os místicos Cristãos veem um profundo significado na mais reconfortante de Suas promessas:
“E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!”[211]
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Aqui daremos um breve resumo das chaves, sete ao todo, no que é mais importante para esclarecer os Mistérios de Cristo. Os Estudantes farão bem em estudar cuidadosamente essas sete chaves, ao mesmo tempo em que leem sua descrição na versão da Bíblia; e logo, por meio de uma longa e devota meditação, as converterem em fatores ativos e vitais em suas vidas diárias.
A Imaculada Concepção é o Rito sagrado por meio do qual o fogo que arde na personalidade humana se transmuta na luz do espírito puro. Durante o processo de transmutação, o fogo vermelho de Marte, a força de desejos gerada pelos Espíritos Lucíferos, é substituída pela força dourada do Sol, a força pura do amor de Cristo. Essa é a transformação mais importante que ocorrerá na onda de vida humana durante a próxima Era.
Nos tempos antigos da evolução humana se desenvolveram certos centros nas correntes do Corpo de Desejos do ser humano. Esses centros se encontram, em sua maioria, latentes na maior parte das pessoas, já que só podem despertar por meio do desenvolvimento espiritual. E só alcançaram seu total esplendor naqueles que receberam as Iniciações Maiores. No entanto, doze desses centros estão latentes no Corpo de todas as pessoas. Quando se despertam e funcionam se convertem nas doze gloriosas luzes.
Os centros estão situados nas partes distintas do Corpo Denso: dois se encontram nos pés; dois nos joelhos; um, na base da espinha dorsal; dois no fígado, três no Plexo Celíaco, no coração e na garganta; e dois no crâneo. Os Cristãos Místicos os descrevem como “as rosas que florescem na cruz do Corpo”. Não alcançam sua total luminosidade até depois de alcançada a Primeira das Iniciações Maiores ou Iniciações de Cristo. Os centros abaixo do diafragma não se ativam completamente até que o Discípulo receba as quarto Iniciações Maiores ou Cristãs. Por isso a humanidade não está ainda familiarizada em com seu funcionamento, nem com os processos envolvidos na sua ativação. Os centros situados acima do diafragma vão se ativando à medida que se vai recebendo as nove Iniciações Menores e, por isso, suas atividades e seu funcionamento são mais conhecidos. Há ainda outros centros que hão de ser ativados conforme processos posteriores de desenvolvimento espiritual, mas os tratados aqui são os mais importantes para o ser humano no seu atual estado de evolução.
Quando o centro situado na base da espinha dorsal começa a se mover, sua cor vermelha escuro vai se tornando cada vez mais clara, à medida que a própria natureza vai se purificando e espiritualizando, até se converter em uma radiação pura, tingida de um laranja dourado. As forças desse centro colaboram nos processos de transmutação e purificação que ocorrem em todo o Corpo.
Com a animação do centro situado no Plexo Celíaco se desenvolve uma grande reverência para o Corpo Denso, como templo apropriado para o Espírito interno. Quando essa comprovação acontece, todas as atividades do Corpo Denso se mesclam e se harmonizam com os princípios superiores. As radiações desse centro são de um verde vívido, a cor da natureza nascente, e servem para estimular todos os processos vitais.
A rosa só pode florescer no coração quando a compaixão se desenvolveu até o ponto de incluir a todas as criaturas viventes; esse centro não pode se converter em uma luz transcendente até que sua força motriz seja o amor. A flor dourada no coração do Discípulo não pode alcançar seu desenvolvimento total enquanto alimente seu Corpo com a carne dos irmãos menores ou utilize seu couro, sua pele, suas penas, plumas ou qualquer parte ou componente de seus corpos para gratificar sua vaidade. Há de se conservar santo e proporcionar um amoroso cuidado às criaturas menores antes de que a rosa abra suas pétalas radiantes. Quando, finalmente, se abre, esse centro se assemelha a uma explosão solar em miniatura, de um dourado esplendor.
A rosa do centro da garganta, aonde reside o poder da fala, não se desenvolverá completamente até que, por seu meio, deixem de se pronunciar palavras desconsideradas, descorteses ou destrutivas. O neófito há de fazer a suprema dedicação de sua voz a serviço de Cristo. Há de poder dizer: “Nada peço para mim e de mim mesmo dou aos demais”. Uma tal dedicação desenvolve as pétalas dessa rosa que adquirem uma cor radiante azul suave, a qual a inspiração acrescenta tons prateados.
Em outros escritos nós temos referido às duas luzes na cabeça. A glândula pituitária se converterá, um dia, em uma perfeita criadora de imagens, enquanto que a glândula pineal será o santuário aonde a vontade habita, como serva do espírito. Ambos os centros estão banhados de lindas sombras violeta, às que a aspiração acrescenta o deslumbrante brilho do ouro. Nesses centros se encontram o mistério relativo da origem do Rosário.
Quando os nove centros do corpo se despertam, o Discípulo veste o “dourado vestido de bodas” e se põe disposto para ir ao encontro do Noivo e penetrar no Festival do Matrimônio.
A Virgem Maria e seu marido José eram Iniciados do Templo. Tendo aprendido todas as lições pertencentes à vida objetiva, haviam se consagrado permanentemente ao serviço do Templo. Para cumprir o plano divino, no entanto, tiveram que renunciar a essa vida e voltar par a o mundo laico para se converter em uma família. Assim que se dedicaram a criar o ambiente adequado para os anos de formação do menino que seria conhecido como o Mestre Jesus.
Durante aquela primeira noite mágica de Natal uma luz dourada focou sobre o mundo todo. Hostes de Anjos e Arcanjos, cantando exultantes hosanas, desceram à Terra e se misturaram com os seres humanos, tornando-se visíveis a muitos deles. Naquele glorioso dia dourado Maria foi arrebatada ao céu e, entre aclamações de regozijos, foi lhe confiada a custódia do Sagrado Infante.
Quando o Mestre Jesus desceu às águas do rio Jordão, aconteceu o grande sacrifício de abandonar os Corpos Denso e Vital que tinha construído, para que Cristo pudesse usá-lo durante os três anos de Seu ministério. Uma vez mais, como na Noite Santa, os céus se encheram com os ecos das hosanas angélicas e a voz de Deus foi escutada proclamando: “Este é o meu Filho amado, em que me comprazo”[212].
O Evangelho Segundo São Marcos se inicia com o Rito do Batismo. O Evangelho Segundo São João se inicia com o do Matrimônio Místico, no qual a água se converte em vinho. Há uma íntima relação entre esses dois acontecimentos. O Rito do Batismo foi observado pelos Discípulos no Sábado Santo que precedeu à Ressurreição. Mediante ele, cada um aprendeu a dissociar, por livre vontade, o Ego do Corpo Denso. No Rito do Matrimônio Místico Cristo ensinou a Seus Discípulos como equilibrar as forças da Mente e do Coração; em outras palavras, como manifestar a polaridade por meio da qual se pode fazer milagres, como o de transformar a água em vinho. Esse Rito é uma preparação para as maravilhas do Pentecostes.
Durante o curso do Seu ministério Cristo se esforçou para ajudar a Seus Discípulos mais avançados – São Pedro, São Tiago e São João – a compreender algo do profundo mistério de Sua missão. Deu-lhes a evidência de Seus poderes sobrenaturais em Sua glória celestial. Ensinou-lhes como elevar suas consciências até poder contemplar a radiação de Seu corpo de Arcanjo. Quase aturdidos por Seu ser transfigurado, caíram ante Ele de joelhos em sinal de reverência e adoração.
Orígenes[213] disse o que se segue com relação à exaltada experiência vivida pelos Discípulos privilegiados, contemplando a glória de Cristo no monte: “Perguntá-los-ei se quando Ele se transfigurou ante aqueles que Ele mesmo havia levado até o alto da montanha, O viram na forma de Deus naquela que Ele existia antes; pois bem, para os que estavam abaixo, Ele tinha a forma de um servo, mas aqueles que O seguiram seis dias mais tarde, não tinha esse aspecto, senão a forma de Deus”.
Como se disse ao longo do capítulo dedicado a Cristo no Antigo Testamento, muitos dos mais avançados mestres e profetas dessa Dispensação prepararam a seus Discípulos para a vinda do Cristo. Quando São Pedro, São Tiago e São João contemplaram, com reverente assombro, o sublime espetáculo do Cristo transfigurado, viram a Moisés e Elias de pé junto a Ele, dois dos mais elevados Iniciados dos dias do Antigo Testamento, que haviam trabalhado preparando a seus seguidores para a vinda do Cristo.
Era missão do Cristo identificar-se a Si mesmo como o destino da Terra e da sua humanidade. Este era o trabalho final que ocorreria ante da Crucifixão. E foi durante essa prova terrível que Ele conseguiu Sua plena identificação com o destino da onda de vida humana.
Cristo havia compartido a mais extraordinária experiência de Seu ministério com os mesmos Discípulos avançados, São Pedro, São Tiago e São João. Agora os chamou para compartilhar também com Ele a hora mais obscura e agonizante de Sua permanência na Terra. Esperava que eles dessem uma assistência durante esse trabalho. No entanto, esse trabalho foi para Cristo, nosso glorioso modelo, como é para todo Aspirante que trilhe o Caminho: ninguém, salvo o Pai, compartilhou com Ele essa hora mais obscura. Por isso o Evangelho diz que Seus mais iluminados Discípulos dormiram. Não estavam à altura de fazer a guarda, motivo pelo qual foram chamados.
Sua incapacidade para medir as demandas da trágica ocasião e a perda com isso proporciona a oportunidade de prestar um serviço inimaginável é uma advertência para todos os que se dedicam a Cristo. Salvo que hajam adquirido a necessária preparação, não serão conscientes do que está ocorrendo e não prestarão atenção à chamada de Seu Senhor e Mestre.
O Batismo anunciou o começo do ministério do Senhor Cristo para a Terra e para o ser humano; enquanto que a Crucifixão marcou o momento mais importante do mencionado ministério. Na Crucifixão, ele que veio como o mediador entre os céus e esse plano, penetrou no coração da Terra e se converteu em seu Espírito Interno. Desde então, Seu ministério tem sido tanto desde dentro, como desde a esfera exterior. O coração da Terra é Seu centro planetário. Todo ano, a força de Cristo penetra nela com intensidades e volumes crescentes e isso faz com que cada vez mais Ele encontre um lugar no coração humano. Essa foi a maravilhosa revelação que sobreveio à São Paulo no caminho para Damasco e que ele logo incorporou aos ensinamentos que distribuiu a seus discípulos.
Aos que asseguram que Cristo, como pessoa, nunca viveu, que Sua vida não é senão um recurso simbólico do Caminho da Iniciação, e que a Crucifixão é também simbólica, não conhecem a verdadeira essência da Cristandade esotérica ou mística.
Mil anos com o Senhor não são senão como se fosse um só dia. No Segundo Dia da Criação, a que ser refere o Gênesis (Período Solar), os Arcanjos estavam passando por uma etapa de sua evolução, similar a nossa atual condição humana. Seus veículos mais densos eram de matéria desejos (o Corpo Vital não se manifestou até o próximo Período, o Lunar; enquanto que o Corpo Denso não se manifestou até o presente Período Terrestre). Cristo era o líder dessa onda de vida Arcangélica, e era o guardião da Terra em formação. Eons passaram até que o planeta estivesse preparado para abrigá-lo no seu centro.
Quando o Sol passava, por Precessão dos Equinócios, pelo Signo de Áries, o Cordeiro veio como o Bom Pastor para as ovelhas que estavam extraviadas. Quando o Sol passava, por Precessão dos Equinócios, no Signo de Libra, aproximadamente há dez mil anos atrás, começaram os preparativos para Sua vinda. Foram enviados mestres Iniciados às mais diferentes partes do mundo, todos com uma mensagem similar: formar um círculo próximo de Discípulos para esse glorioso acontecimento que é a vinda da Luz do Sol, que haveria de se converter na Luz do Mundo. À medida que o tempo passava a preparação foi se tornando mais definida. Na China apareceu Lao Tsé e a adoração de Kwan Yin, que representa a Divindade Feminina. No Egito, a adoração se centrou em Osíris e Isis; na Babilônia, em Izdubar e Isthar; na Grécia, em Apolo e Atena; na Índia, Buda e sua mãe Maia; na Pérsia, Zoroastro[214] e Ainyahita[215]; e, finalmente, na Palestina, Jesus e a Virgem Maria. Ao longo de todos os tempos esses discípulos que eram conscientes da “encarnação por vir” estiveram preparando-a. E acrescentamos aqui, também, os três Magos do Oriente.
Santo Agostinho reconheceu essa preparação, ponto a ponto, para a vinda do Cristo. Disse: “o que hoje se denomina Religião Cristã existia entre os antigos e nunca parou de existir, desde a origem da onda de vida humana até que o mesmo Cristo chegou, e o ser humano começou a chamar Cristianismo a verdadeira religião que já existia antes”. O Cristianismo continuou a partir das revelações prévias que haviam acontecido.
Existia uma relação íntima entre os Mistérios Cristãos primitivos e os Mistérios de Mitra, na Pérsia. Diz-se que Tertuliano havia sido iniciado na Escola Persa, antes de contatar o Cristianismo. São Jerônimo, por sua vez, escreve sobre os mistérios com tal conhecimento que é muito provável que pertencera a seu círculo íntimo. Como em todas as Escolas Esotéricas, os Mistérios de Mitra constavam de sete graus. Os sete graus eram nomes simbólicos de aquisições específicas. O Primeiro Grau, que sempre trará do domínio pelo ser humano da sua natureza inferior, era conhecido como O Corvo. O Segundo era O Ocultista; o Terceiro, O Guerreiro; o Quarto, O Leão. O Quinto era o mais importante e o mais profundo em seus efeitos. A essas alturas o Iniciado havia já adquirido o completo autodomínio e era dado o nome do país ao qual pertencia. Por isso, na Escola de Mitra, a um Iniciado de Quinto Grau, se lhe chamava O Persa.
Com a vinda do Cristo, os Mistérios assumiram uma forma mais exaltada que nunca antes havia tomada, porque na Escola de Mistérios Cristãos, os sublimes ensinamentos de Cristo foram somados aos dos Antigos Mistérios. Esses Mistérios incrementados serão a pedra angular da nova Religião de Aquário. Como já foi dito, o nome Iniciático de São João foi Lázaro e ele foi o primeiro a ser Iniciado nesses Mistérios sublimes. Por meio deles, a morte foi vencida e as portas da imortalidade foram abertas, e quem segue seus passos poderão entrar no glorioso privilégio de ser um dos Discípulos que Cristo mantem junto ao Seu coração.
Durante o intervalo entre a Crucifixão e a Ressurreição, Cristo trabalhou para purificar o Corpo de Desejos do Planeta, um Corpo que a humanidade tinha infestado de mal, de tal modo que, a evolução do ser humano estava se atrasando enormemente. Já não havia substância de desejos apropriada para formar Corpos de Desejos puros. A obscura capa miasmática que rodeava a Terra criava umas condições que faziam com que muitas pessoas fossem presas fáceis de entidades obsessoras na Terra, as quais a Bíblia chama de “maus espíritos” que deviam ser expulsos.
No momento da crucifixão Cristo rasgou o véu do Templo da Iniciação, tornando-a possível para “qualquer um que quisesse vir” e compartilhar as águas da vida eterna. Isso está belamente simbolizado pela afirmação bíblica de que “o véu do Templo se partiu em dois”[216]. Como foi dito antes, à luz do Cristianismo Esotérico está claro que a missão de Cristo, nessa primeira vinda, não foi concluída com a Crucifixão. Isso ocorreu quando Ele, verdadeiramente, se converteu no Cristo Planetário.
No Equinócio de Setembro de cada ano Ele renasce na esfera física terrestre e trabalha nela durante os seis meses nos quais o Sol passa pelos Signos Zodiacais situados abaixo do Equador. Então, limpa e purifica o Mundo do Desejo do Planeta, em cujas atividades Lhe ajudam Miguel e sua hostes de Arcanjos. Assim, ano após ano, os seres humanos podem incorporar a seus Corpos Densos material de desejos cada vez mais puro. Desde o tempo da Páscoa até o Equinócio de Setembro, enquanto o Sol transita pelos Signos ao norte do Equador, o Senhor Cristo trabalha na envoltura espiritual da Terra, impregnando-a de forças espirituais elevadas provenientes das Hierarquias Zodiacais que rodeiam o Sistema Solar. Esse é o processo cósmico por meio do qual o que está sendo elaborado é o “dourado vestido de bodas” da Terra.
Cristo jamais voltará a descer em um Corpo Denso para caminhar entre os seres humanos. Da próxima vez Sua atividade será centrada na Região Etérica do Mundo Físico, biblicamente conhecido como o Jardim do Éden. Aqueles que servem com Ele nessa edênica morada construíram o seu próprio “vestidos de bodas”; em outras palavras, construíram o Corpo-Alma, capaz de funcionar conscientemente na Região Etérica do Mundo Físico. Tal veículo só pode ser confeccionado de uma maneira: por meio da dedicação de si mesmo ao serviço dos outros.
Quando a humanidade se tornar Crística, os elementos físicos da Terra irão, progressivamente, se refinando até que toda a onda de vida humana, literalmente “viva, se mova e tenha o seu ser” na Região Etérica do Mundo Físico. Então, o objetivo do nascimento e da existência desse Planeta será cumprido. Cristo haverá completada Sua sublime missão e uma onda de vida humana crística viverá entre as glórias de “um novo céu e uma nova Terra”[217].
O momento mais importante de todos os acontecimentos mundiais foi o do Gólgota. Ele se situa entre os nove Mistérios Menores pré-cristãos e os quatro Mistérios Maiores estabelecidos pelo próprio Senhor Cristo. Quando as Escolas de Mistérios pré-cristãs ensinaram a seus Discípulos a se preparar para o “Grande Uno que havia de vir”, tais ensinamentos iam acompanhados pela visão de um homem pregado a uma cruz. Quando o sangue de Cristo fluiu no Gólgota, Ele se converteu no Senhor interno da Terra, já que Ele é o Senhor dos céus. Como tal espírito interno Ele está no mais íntimo contato com toda a humanidade. Ele torna mais fácil para os seres humanos o despertar do princípio Crístico residente no interior de cada ser humano. Na medida em que os seres humanos aprendam a ativar esse princípio irão adquirindo o caráter de salvadores do mundo, e compartirão com Cristo o Seu trabalho de redentor. E, consequentemente, se converterão em precursores de Sua segunda vinda.
O Arcanjo Miguel, mensageiro líder do bendito Senhor, tem por missão proporcionar aos pioneiros da Nova Era uma compreensão mais profunda do Cristo Cósmico em relação, tanto com a humanidade, como com o Planeta, assim como do papel desenvolvido pelo Cristo Planetário na evolução da humanidade. A compreensão disso será a base para a nova religião da Nova Era.
Quiçá a fase mais importante do acontecimento do Gólgota foi a demonstração dada por Cristo ao ser humano de que o amor é uma força, um poder. O ser humano havia considerado muito tempo o amor com uma paixão, um sentimento ou um ideal; mas, Cristo demonstrou como o poder do amor pode fazer milagres. É o poder que faz a Terra girar sobre seu eixo e descrever sua órbita ao redor do Sol. A “lei de atração” de que falam os astrônomos não é senão outro nome do poder do amor.
O Senhor Cristo utilizou esse poder quando deixou o plano dos Arcanjos para se converter no Regente da Terra; e logo, quando fez o sacrifício do Gólgota em benefício dos seres humanos. E continua o fazendo quando Sua brilhante presença fica aprisionada no interior do Planeta durante os seis meses todo ano, para renovar suas forças e produzir a redenção da onda de vida humana. Sem dúvida alguma, a definição mais exata do poder do amor se encontra em suas próprias palavras: “prova de amor maior não há do que doar a sua vida pelos seus amigos”[218].
Aqueles que queiram se converter em pioneiros no trabalho de estabelecimento pelo Cristo na Nova Galileia hão de incorporar o poder do amor de seu interior, vivendo vidas de tal pureza e serviço altruísta que os qualifiquem para assumir a direção da Terra e continuar a redenção da humanidade. Só por meio de tal serviço poderá Cristo ser libertado de Seu laço voluntário com a mortalidade e poderá voltar a subir no seu lar arcangélico no que Ele é o supremo Iniciado.
Através das eras é ensinado aos Discípulos que o Grau da Ressurreição marca a culminação do Caminho da Iniciação. Assinala, igualmente, o triunfo definitivo da vida sobre a morte. Os antigos diziam que os seres humanos conhecem só a morte, enquanto os deuses conhecem somente a metamorfose. A transmutação da morte na vida eterna se realiza no Grau da Ressurreição. Cristo, o sublime indicador do Caminho da Iniciação, deixou Suas vestimentas na tumba vazia para simbolizar a supremacia e a autoridade do espírito sobre a personalidade limitada e associada somente com a encarnação física.
É ensinado aos Discípulos avançados dos antigos Mistérios – e aos verdadeiros Discípulos dos nossos dias – a ter, conscientemente, uma ponte sobre o abismo aparente entre a vigília e o sono, entre a vida e a morte. São Paulo se refere a essa consecução quando diz que o último inimigo a ser vencido pelo ser humano é a morte, um estado de consciência que caracteriza os avançados que caminham pela trilha da Iluminação. Isso será uma herança comum da onda de vida humana no final do presente Período Terrestre, já que na conquista final da morte, o espírito se liberta do peso da mortalidade.
Os Cristãos místicos reconhecem que o Gólgota é um acontecimento histórico e, por sua vez, um processo anual, e que continuará sendo até que um número suficiente de pessoas se tenha “Cristianizado” para executar o trabalho redentor. Enquanto Cristo continua Seu serviço cíclico, inumeráveis seres celestiais lhe outorgam sua reverência e adoração em alegres hosanas. E, em resposta, Ele entoa as majestáticas palavras: “Todo poder me foi conferido nos céus e na Terra”.
As Iniciações ou Mistérios Menores alcançam seu clímax no Grau da Ressurreição. Os Grandes Mistérios (ou as Iniciações Maiores), os de Cristo, introduzem um grau mais elevado com o Rito da Ascensão. Aqueles que alcançam esse grau são capazes de seguir a Cristo até o seu próprio lar, no Mundo do Espírito de Vida, o plano da exaltada unidade expressa por Cristo ao dizer: “Eu e meu Pai somos um”. Esse estado foi alcançado pelos Discípulos no dia de Pentecostes. Algum dia será alcançado pela humanidade, por meio da primeira das Iniciações Maiores, estabelecida por Cristo durante Sua primeira vinda na Terra. Repetindo: o nível alcançado pela humanidade no final do presente Período Terrestre corresponderá ao trabalho da primeira Iniciação Maior ou Primeira Iniciação Crística. Quando os Discípulos manifestaram seus poderes no Pentecostes se converteram em “homens-deuses”.
O trabalho da segunda das Iniciações Maiores se manifestará pela humanidade durante o Período seguinte, o de Júpiter, quando ambos, ser humano e Planeta transcendam o estado físico da matéria. Então, funcionarão em veículos etéricos e as condições da Terra serão similares às que existiam no Jardim do Éden. Não haverá mais enfermidades, velhice e nem morte. Tendo incorporado ao veículo etérico superior as essências do Corpo Denso do ser humano, o primeiro se terá convertido em um instrumento extremamente sensível, com possibilidades muito maiores que a nossa atual compreensão. Sua Mente estará tão espiritualizada que manifestará o poder inato de Deus, lhe habilitando para trabalhar com a vida, tal como essa se expressa atualmente no reino vegetal. Esse poder está sendo usado, atualmente, pelos Anjos para criar e tornar possível o crescimento nos seres de natureza vegetal. O ser humano será, igualmente, capaz de transmitir imagens de sua própria Mente para a consciência dos demais de modo que, se está descrevendo uma determinada cena, seu ouvinte verá uma reprodução exata dela. Quem está sendo instruído pelos seres angélicos já sabe que o desenvolvimento da consciência pictórica é uma parte essencial de seus ensinamentos.
Com o Rito da Assunção, a Virgem Maria foi elevada para viver com os Anjos. Na maravilhosa beleza de seu lar etérico, ela possui as faculdades que prevalecerão durante o Período de Júpiter. É, portanto, o modelo perfeito para o Discípulo da Segunda Iniciação Cristã, e para toda a humanidade, durante o Período seguinte.
Por meio da terceira das Iniciações Maiores, uma alma a ela exaltada adquire poderes e capacidade que não seriam conhecidas pela humanidade até que conclua o Período de Vênus. Nesse estado avançado de desenvolvimento o Corpo de Desejos do ser humano será perfeito. As essências espirituais, tanto do Corpo Denso como do Corpo Vital, serão incorporadas a um veículo ainda mais tênue, enquanto o desejo se converterá em luz. Literalmente o ser humano viverá, se moverá e terá seu ser em um corpo de luz. Durante o Período de Júpiter o ser humano desenvolverá a consciência pictórica, como já temos dito. Contudo, durante o Período de Vênus a consciência lhe proporcionará a capacidade de imprimir vida nessas imagens, criadas pela consciência pictórica jupiteriana.
São João, o amado, é o perfeito modelo da humanidade do Período de Vênus e do Discípulo que alcança a Terceira Iniciação de Cristo. Por isso São João, o modelo venusiano, é o Discípulo que chegou mais perto do coração amante de Cristo. Seu maravilhoso Evangelho é uma declaração inigualável sobre o ilimitado poder do amor.
Durante o Período de Vulcano, que corresponde à quarta das Iniciações Maiores (as de Cristo), o ser humano alcançará a perfeição divina. As essências espirituais de seus Corpos Denso, Vital e de Desejos serão incorporadas ao veículo mental, de modo que possuirá “essa Mente que esteve também em Cristo Jesus”. Essa força criadora de vida terá o seu foco no coração, o centro do amor. Sua laringe se converterá em um órgão de criação, por meio do poder da palavra falada. E, assim, a geração será exaltada até a regeneração. Cristo é o modelo do ser humano perfeito do Período de Vulcano. Ele é, também, o primeiro Iniciado a passar pelas glórias da quarta e última das Iniciações Maiores. E a esse exaltado estado final se referia Davi, um Iniciado elevado da Dispensação do Antigo Testamento, em suas inspiradas palavras:
“…que é um homem, para dele te lembrares,
e um filho de Adão, que venhas visitá-lo?
E o fizeste pouco menos do que um deus,
coroando-o de glória e beleza.”
(Salmo 8:5-6).
Nos momentos atuais só muito poucas pessoas tem uma compreensão espiritual das festas eclesiásticas normalmente celebradas. Ainda que a igreja de Roma e a igreja da Inglaterra celebrem muitas dessas festividades, seu significado oculto se perdeu há muito tempo. Como foi dito nos volumes anteriores da obra Interpretação da Bíblia para a Nova Era, o Mistério Cristão do Templo está situado nos Éteres, sobre a cidade de Jerusalém. Nessa elevada e sagrada área tais festas têm sua origem e ali é onde continuam se celebrando com todo seu esplendor e majestade. Durante sua observância se derrama sobre a Terra um poder espiritual dinâmico. Esse é um dos muitos canais empregados por Cristo para a espiritualização do Planeta.
Quando o Sol entra em Libra, que anuncia a chegada de outubro, a força dourada do Cristo passa pelos reinos terrestres enquanto esse sublime Ser inicia, novamente, o Seu sacrifício anual EM um evento denominado A Crucifixão Cósmica. A isso São Paulo se refere na Epístola aos Romanos 8:22: “Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente”. Nessa época do Equinócio de Setembro um Discípulo deve renovar sua decisão de percorrer o caminho do Senhor, a despeito de quaisquer vicissitudes e obstáculos que possam afetar seu caminhar.
Durante novembro o Espírito do Cristo impregna o Mundo do Desejo da Terra. Então, o Discípulo deve se esforçar para purificar sua natureza inferior com o objetivo de ajudar o Grande Uno em Seu trabalho de limpar o Mundo do Desejo da Terra. Deve, especialmente, tentar se converter em um canal de serviço mais eficiente, como Auxiliar Invisível e como auxiliar visível.
Durante os primeiros dias da manifestação humana, uma parte do trabalho realizada pela Hierarquia de Escorpião, que preside o mês zodiacal de novembro, consistiu em despertar o Ego no ser humano, assim lhe ajudando a completar sua individualização. Durante o estado presente da evolução humana, o Discípulo, trabalhando sob a orientação dos Senhores da Individualidade (Libra) e os Senhores da Forma (Escorpião), aprende a transformar a presunção em humildade e a sacrificar o “Eu” pessoal ao impessoal “nós”; em outras palavras, a viver o ideal do maior bem para o maior número.
A época do Advento se estende ao longo do mês de dezembro e é conhecida como o Festival da Luz. Os impulsos espirituais da estação preparam a humanidade para o derramamento de forças celestiais que acompanham o renascimento anual do Cristo Cósmico em nossa esfera terrestre. Depois do Advento temos o Solstício de Dezembro, que ocorre entre 21 e 24, e que culmina no grande Festival de 25 de dezembro. O Natal há de seguir sendo uma observância externa para o Aspirante até que Cristo nasça em seu interior. E dependente do nível em que experimente esse despertar, será capaz de participar no elevado êxtase espiritual da mais sagrada das estações.
Os Doze Dias Santos começam em 26 de dezembro e alcança seu clímax em 6 de janeiro, com a Festa da Epifania. Essa festa comemora a chegada dos três Homens Sábios com seus ricos presentes para o Menino no presépio. No Caminho do Discipulado, a Festa da Epifania significa a tríplice dedicação do Discípulo de seu espírito, sua alma e seu corpo, acompanhados de presentes de amor, vida e serviço, ao Cristo Menino. A influência espiritual dessa festa se estende a todo o mês de janeiro. Durante esse mês, o Discípulo tenta cultivar esses atributos espirituais e se conscientizar deles, por meio de uma mais profunda dedicação a Cristo.
Em fevereiro começa uma preparação especial para a estação Quaresmal, quando o Aspirante experimenta disciplinas específicas para ir tornando o espírito o elemento mais importante de cada pensamento, palavra e obra. A palavra fevereiro vem do latim Februaris, nome dado à festa romana da Purificação que se celebrava no décimo quinta dia do segundo mês do ano. Durante os primeiros dias de fevereiro a igreja celebra, igualmente, a Festa da Purificação como trabalho inicial da época da Quaresma. Um Discípulo místico Cristão a observa como tempo de tríplice purificação, tratando de purificar o seu Corpo Denso com alimentos mais puros; seu Corpo de Desejos por meio de atos virtuosos; e sua Mente por meio de pensamentos castos de palavras de verdade.
Essas disciplinas são uma orientação de preparação para a grande transmutação que é o momento culminante de cada observância anual. Tanto a Mente como o Corpo do Aspirante se sensibilizarão, se participar do derramamento extático dessa celebração cósmica. Por isso a igreja abençoa os círios que serão utilizados durante o ano seguinte. Para um Místico Cristão as velas simbolizam a “luz do mundo”, o bendito Cristo. Na Quaresma se consagra a si mesmo de novo ao serviço de Cristo e se esforça para ser portador da luz que, segundo São Pedro, está também no próprio Cristo.
A Ressurreição cósmica ocorre em março, quando o Espírito de Cristo se libera da esfera terrestre e passa para os planos espirituais mais elevados. As Hierarquias, tanto de Áries como de Peixes, se unem aos Anjos e Arcanjos na triunfante celebração desse acontecimento. O ritmo de seu hino cósmico foi plasmado por Händel em seu Aleluia[219]. Os cerimoniais pré-cristãos que celebravam o regresso da primavera, para o hemisfério norte, e a vitória da luz sobre as trevas estavam também sintonizados com esses mesmos ritmos.
O Equinócio de Março é para o Discípulo um dos pontos culminantes do ano. Suas notas-chaves são a liberdade e a emancipação, que conduzem a uma vida mais extensa. É, também, o tempo em que o Cristo Cósmico se liberta dos grilhões que O tem mantido escravo durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Assim que é o momento mais propício para que um Discípulo avançado rompa os laços que lhe atam e penetre na regozijosa liberdade do espírito.
A igreja celebra a festa eclesiástica da Anunciação em março, quando a natureza celebra o festival cósmico da Anunciação, pois há uma íntima relação entre o ser humano e a natureza. A natureza é Deus em manifestação. O ser humano é um deus em formação. Por isso um se reflete no outro. Os rituais mais santos observados pelo ser humano estão sintonizados com as mudanças de estação. Os poetas cantam louvando o santo Espírito da primavera enquanto o esplendor do verde e do amarelo-ouro da natureza evidencia que as forças da vida estão retornando e respondem no triunfo do impulso cósmico da Ressurreição.
Um seguidor avançado do Caminho compreende que chegou o momento de fundir a dor e as lágrimas de sua vida pessoal (Peixes) com as forças transformadoras de Áries. Se assim o faz, se une ao imponente coro, respondido, como um eco, pelos Anjos e Arcanjos e que canta: “Cristo ressuscitou porque Cristo nasceu em mim”.
O mês de abril é denominado o mês da Ressurreição. E é então quando as forças que surgem novamente alcançam sua culminação na natureza e se converte em uma gloriosa sinfonia de beleza e cor.
A Sexta-feira Santa é o dia mais santo para o Místico Cristão. Os Cristãos ortodoxos a celebram com penitência e luto, porque seus pensamentos estão centrados nos sofrimentos e na crucifixão do Salvador. Os Cristãos místicos, no entanto, a celebram com um profundo regozijo e agradecimento internos, porque indica a liberação do Senhor após meio ano de encarceramento nos limites físicos da Terra, e Sua ascensão triunfal a Mundos mais elevados. Compreendem que Seu sacrifício e Sua Ressurreição são um serviço redentor pela humanidade, um serviço que não terminará nunca, até que a humanidade, como um todo, seja espiritualmente livre.
Quando Cristo ascende nesse dia santo, os planos internos tomam a aparência de uma massa fundida de refulgente ouro. Na lenda do Santo Graal, é ensinado aos cavaleiros que na Sexta-feira Santa descende do céu uma pomba para encher o cálice sagrado com a água da vida, para que possam, assim, os cavaleiros receber o alimento espiritual ao longo do ano seguinte. E, assim, é como o Senhor, em Sua Ascensão, vai derramando Seu amor e Seu Espírito para alimentar todo o ser vivente sobre o plano terrestre. Se não fosse por esse fornecimento anual, o trigo não produziria grão nem as videiras dariam fruto. À luz desse fato pode-se ver que o Cristo expressou, literalmente, uma profunda verdade quando, durante a última Ceia, disse a Seus Discípulos: “Esse (o pão) é meu corpo que será entregue por vós…Esse é o cálice do novo testamento em meu sangue, que será derramado por vós”[220].
Participando do sagrado Rito da Eucaristia na Sexta-feira Santa, se está participando do corpo e do sangue espirituais do bendito Senhor, já que os ritos potencializam as energias espirituais. Depois dessa participação, o Aspirante deve se esforçar por despertar mais completamente o processo de transmutação em seu interior. Deve se esforçar para se despojar do velho e se vestir do novo, sendo seu ideal o se elevar do ser humano terreno para o ser humano celeste. Desde esse momento há de demonstrar que, verdadeiramente, está feito à imagem e semelhança de Deus.
Uma das festas mais formosas do ano é a Ascensão, que se celebra, aproximadamente, quando o Sol passa de Touro (maio) para Gêmeos (junho). Então, grupos e grupos de seres celestiais se prostram em adoração ante a exaltada presença de Cristo e mesmos as estrelas se unem em uma sinfonia que proclama a Sua majestade e glória. Durante essa festa sagrada, Sua irradiação penetra na Terra e a impregna com a refulgência que excede toda descrição, tornando brilhante, tanto Mundo Físico como os Mundos Espirituais. E, como a natureza está em perfeita harmonia com essas correntes crescentes de Cristo, esse período de quarenta dias entre a Ressurreição e a Ascensão, é de tal conteúdo espiritual que se converte, no momento apropriado, em material para que o Discípulo desenvolva em seu interior os poderes da Clarividência, Clariaudiência e outras faculdades do espírito, que pertencem ao verdadeiro Discipulado.
O oitavo dia depois da Ascensão é celebrado a Festa de Pentecostes, que sintetiza as experiências dos primeiros Discípulos que viveram intimamente com Cristo, durante o período mencionado. O dia de Pentecostes homens e mulheres se converteram em homens e mulheres Crísticos, adequadamente equipados para o trabalho de estabelecer Seu Reino na Terra. O santo dia comemorativo de tal acontecimento é, de fato e em verdade, o domingo branco da alma (Pentecostes); e constitui a máxima consecução possível nesse Planeta.
Na igreja exotérica, a oitava de Pentecostes se comemora a tríplice atividade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É conhecido como o domingo da Trindade e marca o fim das festas espirituais do ano. Daqui em diante não são mais observadas festas até o começo da época do Advento. No entanto, o significado esotérico do domingo da Trindade, há muito tempo, foi esquecido, ainda que siga sendo importante, já que a igreja conta todos os domingos desde o da Trindade até o Advento como primeiro, segundo, terceiro domingo, etc. “depois da Trindade”.
Os Cristãos esotéricos, no entanto, compreendem algo do significado da celebração da Trindade. Sabem que o domingo da Trindade simboliza, por assim dizer, o trabalho supremo do Cristo no ciclo anual e que durante os meses de junho, julho e agosto Cristo trabalha em uníssono com o Deus Trino e com as três Hierarquias de Gêmeos (Serafins), Câncer (Querubins) e Leão (Senhores da Chama) preenchendo, energizando e espiritualizando a Terra e tudo o que nela existe.
Quando o Sol entra em Gêmeos, no mês de junho, Cristo passa ao Terceiro Céu que, na terminologia Rosacruz, está no Mundo do Pensamento Abstrato. É a esfera mais elevada que é alcançada pela humanidade no ciclo de renascimento e em seu atual estado de desenvolvimento. O Primeiro Céu é o mundo da cor; o Segundo Céu é o mundo do som; o Terceiro Céu é o mundo das Ideias Abstratas. É esse um mundo de luz branca pura em que uma alma iluminada aprende a escutar a Voz do Silêncio.
Durante o mês de junho Cristo se converte em um canal para as radiações emitidas pelos Serafins, a Hierarquia de Gêmeos. Contata-os por meio do Espírito Santo, o terceiro aspecto da Trindade. Uma das notas-chave de Gêmeos é a atividade; essa é, também, a nota-chave do Espírito Santo. Por meio da sua atividade, os Serafins traspassam os mistérios do Espírito Santo ao Signo oposto, Sagitário, os Senhores da Mente. Ali esperam que o ser humano desenvolva sua iluminação até ser capaz de compreender e aplicar o imenso poder do Espírito Santo em sua vida diária. Ainda assim a humanidade só é capaz de perceber debilmente os mistérios relacionados com o princípio e os poderes do Terceiro Aspecto da Trindade.
Durante o período de trânsito do Sol pelo Signo de Gêmeos, o Discípulo fará bem ao dedicar o maior tempo possível a meditar sobre o princípio da polaridade, pois é o mês mais apropriado do ano para receber as revelações esotéricas sobre essa matéria profundíssima. Se for possível, o Zohar, “o Livro da Luz”, como foi inicialmente conhecido, é recomendável para os estudos sobre esse tema.
Quando o Sol entra em Câncer, no mês de julho, Cristo ascende a seu próprio lar, o Mundo do Espírito de Vida, o plano em que a unidade e a harmonia reinam supremas; é, também, o nível de consciência contatado pelos Discípulos no dia de Pentecostes. E será alcançado pela porção mais avançada da humanidade no final do presente Período Terrestre. Nesse momento do ano, por meio do trabalho do Cristo Cósmico, o Filho, o Verbo e o Segundo Aspecto da Trindade, nosso bendito Senhor, contata a Hierarquia de Câncer, os Querubins. Esses seres celestiais são os guardiões de todos os lugares sagrados no céu e na Terra e contém, dentro de si, o grande mistério da vida. Sob a direção de Cristo, esse sagrado mistério se traspassa desde Câncer ao seu Signo oposto, Capricórnio, ficando a cargo dos Arcanjos.
Por essa razão os Salvadores do Mundo, que vêm à Terra proclamando o mistério do Sagrado Nascimento, nascem sob o Signo de Capricórnio. A observância conhecida eclesiasticamente como a Festa de São João, que foi o precursor de Cristo, ocorre durante o Solstício de Junho.
Em julho, a alma da Terra se submerge em puro êxtase. Os céus se curvam para baixo, enquanto a Terra é elevada para cima. Com esse divino intercâmbio de forças espirituais se consume o Matrimônio Místico entre o Céu e a Terra. Durante um intervalo de quatro dias as correntes de desejos são silenciadas para que as forças espirituais possam reinar supremas e a Terra se encha com a pura luz do espírito. Todo Discípulo que aprende a se sintonizar com esse poderoso influxo ascenderá a um nível de consciência espiritual nunca sonhado. Se se dedica muito tempo à meditação durante esse período, descobrirá igualmente um profundíssimo e esclarecedor significado da fórmula fundamental da Criação, fornecida por São João:
“No princípio era o Verbo
Ele estava, no princípio, com Deus.
Tudo foi feito por Ele
e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele.”
(Jo 1:1-3)
Quando o Sol alcança o ponto mais elevado em sua ascensão para o norte, Cristo ascende, igualmente, ao Mundo espiritual denominado o Trono do Pai. É conhecido na terminologia Rosacruz como o Mundo do Espírito Divino, o lar do Deus desse Sistema Solar. Deus é Amor e Deus é Luz. Amor e Luz são as notas-chaves da Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama. Sob a supervisão dos Senhores da Chama e junto aos poderes do Pai, o Primeiro Aspecto da Trindade, Cristo trabalha com o poder supremo do amor, a força estabilizadora da Terra. Para isso, se converte no canal da força, graças à qual a Terra gira em torno do seu eixo e em torno do Sol. Esse poder do amor é traspassado pela Hierarquia de Leão ao seu Signo oposto, Aquário: por isso é que esse será o poder que animará a nova Era de Aquário.
Durante essa época, o Discípulo deve se esforçar para converter o amor na força motivadora de sua vida. Ele deve aspirar a embelezar cada uma das suas palavras, pensamentos e obras com a sua magia. O décimo terceiro capítulo da Segunda Epístola de São Paulo aos Coríntios, um dos maiores cantos da alma ao amor, é o mantra perfeito, tanto para a meditação como para o esforço, durante o período em que o Sol transita pelo Signo real de Leão.
Em setembro o Senhor Bendito sai da glória dos Mundos celestes mais elevados e começa a sua descida para os planos físicos. Durante todo o mês a terna e anelante beleza da natureza é diferente de todos os outros momentos, porque Cristo está se aproximando da Terra como uma galinha que acolhe seus pintinhos, com a mesma dor amorosa que sentiu quando chorou por Jerusalém, há muitos anos atrás. Ele verteu aquelas lágrimas porque sabia do longo tempo de dor e de sofrimento que a humanidade havia de viver por ter buscado a escuridão ao invés de buscar a luz. Seu imenso coração se angustiou pelas nuvens obscuras que cobririam Jerusalém, o verdadeiro coração do Planeta, ao que se havia dedicado a servir e sobre o que estava derramando todo Seu imenso amor.
Setembro é outro mês de preparação para o Discípulo. Uma das notas-chave de Virgem é sacrifício. Um Discípulo sério, que se prepara por meio do sacrifício e da autorrenúncia, para participar no festival do Solstício de Dezembro, frequentemente meditará sobre a nota-chave espiritual de Virgem: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9:35).
Com o Sol entrando em Libra e as forças de outubro impregnando a Terra, chega o festival do Equinócio de Setembro. No caminho de Damasco, foi concedido a São Paulo o que ele viu na Memória da Natureza: o ciclo Crístico. Quando compreendeu a verdadeira importância desse sacrifício anual do Espírito do Sol, ele se transformou, de principal perseguidor de Cristo, em um dos Seus mais ilustres mensageiros. À luz da compreensão da missão de Cristo na Terra, São Paulo fez a suprema dedicação com as palavras: “Pois não quis saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado.”[221]. Essas palavras deveriam ser a verdadeira cruz da dedicação do Discípulo quando medita, cada vez mais profundamente, sobre o sacrifício anual do Senhor Bendito.
O Aspirante ao Caminho da Realização é, às vezes, elevado acima do monte da exaltação e sua fortaleza renovada, para poder logo servir nos vales mais abaixo. Quem segue esse ciclo anual de Cristo com fé e ano após ano, aprende a se sintonizar com a elevada glória das três festividades da Santa Trindade, sendo logo conduzido a fazer uma profunda dedicação de si mesmo e, com isso, a adquirir uma força espiritual que permita cumprir seu cometido e assumir suas responsabilidades durante os próximos meses de junho, julho e agosto. Se progride espiritualmente em tudo o que esse período lhe proporciona, se tornará consciente do derramamento de bênçãos que emanam da Virgem Cósmica, a mais elevada Iniciada da Hierarquia de Virgem, os Senhores da Sabedoria. Durante o curso desse mês de preparação, o Discípulo compreenderá claramente em seu interior, o significado da formosa oração de São Francisco de Assis, e ele o fará mais útil como canal para a descida das forças de Cristo nos meses vindouros:
“Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado
Compreender do que ser compreendido
Amar que ser amado
Pois, é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado;
E morrendo que se vive
Para a vida eterna”
Quando o Discípulo considera o ciclo anual à luz de Cristo e Sua missão, compreende que todo mês é, para ele, como um santuário bendito. E se, mês após mês, se esforça para encontrar o mais profundo significado da vida de Cristo e de Sua obra, entrará em tal sintonia com o seu Senhor que poderá cantar como Salomão, o iluminado vidente do Antigo Testamento: “Meu amado é meu e eu sou dele”[222]. Indefectivelmente, essa dedicação conduzirá a que Cristo se converta de tal modo em parte da sua vida pessoal, que cada um dos seus pensamentos, palavras e obras não será senão reflexo dos d’Ele. Finalmente, alcançará a gloriosa realização com a unidade com o Senhor, que São Paulo, o vidente do Novo Testamento, expressou com suas exultantes palavras: “n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”[223].
FIM
[1] N.T.: – do latim Adventus: “chegada”, do verbo Advenire: “chegar a”
[2] N.T.: Jo 14:6
[3] N.T.: Mt 25:21
[4] N.T.: O livro do Apocalipse (O livro da revelação”) e também chamado de Apocalipse de São João, é um livro da Bíblia — o livro sagrado do cristianismo — e que foi escrito por São João na ilha Patmos.
[5] N.T.: Sl 23:2
[6] N.T.: Natanael aparece no Evangelho de São João, nos capítulos 1 e 21. Nos outros 3 Evangelhos ele não é mencionado, contudo se retém que seja a mesma pessoa chamada nos sinóticos (São Mateus, São Marcos e São Lucas) com o nome de Bartolomeu.
[7] N.T.: O Plexo Celíaco, também conhecido como Plexo Solar, é uma complexa rede de neurônios que, no corpo humano, está localizada atrás do estômago e embaixo do diafragma perto do tronco celíaco na cavidade abdominal a nível da primeira vértebra lombar (L1).
[8] N.T.: Mt 5:8
[9] N.T. ou epífise neural e hipófise, respectivamente
[10] N.T.: Hb 2:7
[11] N.T.: Mt 6:33
[12] N.T.: na Época Lemúria
[13] N.T.: Gl 6:17
[14] N.T.: Correggio é como era conhecido o pintor italiano Antônio Allegri Correggio (c.1489- 1534). Foi um pintor da Renascença italiana, contemporâneo de Leonardo da Vinci e Raphael di Sanzio.
[15] N.T.: Giovanni da Fiesole, nascido Guido di Pietro Trosini, mais conhecido como Fra Angelico, (1387-1455) foi um pintor italiano, beatificado pela Igreja Católica.
[16] N.T.: Rafael Sanzio (Raffaello Sanzio; 1483-1520), frequentemente referido apenas como Rafael, foi um mestre da pintura e da arquitetura da escola de Florença durante o Renascimento italiano, celebrado pela perfeição e suavidade de suas obras.
[17] N.T.: ou Madona Sistina
[18] N.T.: Ninfa das florestas, cuja vida dura tanto quanto a vida da árvore.
[19] N.T.: 1Jo 1:7
[20] Mt 3:17, Mc 1:9
[21] N.T.: Mt 1:7-11
[22]N.T.: Lc 22:19
[23]N.T.: Lc 22:20
[24]N.T. Lc 42:22
[25]N.T.: MT 24:16 e Mc 8:34 e Lc 9:23
[26]N.T.: Mt 27:46 e Mc 15:34
[27]N.T. Jo 11:25
[28]N.T.: Zanoni é o título do mais famoso romance ocultista do escritor inglês Edward Bulwer-Lytton. Trata metaforicamente da alma e da busca pelo ideal, sob os princípios Rosacrucianos.
[29] N.T.: Mt 3:17
[30] N.T.: Lc 22:42
[31] N.T.: Apo 21:4
[32] N.T. Ef 4:22-24
[33] N.T.: Orígenes (184 d.C.-253 d.C.), cognominado Orígenes de Alexandria ou Orígenes de Cesareia ou ainda Orígenes, o Cristão, um dos maiores teólogos e escritores do começo do cristianismo. Com ele iniciou-se o posterior constante diálogo entre a filosofia e a fé cristã e uma tentativa de fusão das duas.
[34] N.T.: Pseudônimo de Johannes Scheffler (1624-1667) – Místico cristão, filósofo, médico, poeta, jurista alemão.
[35]N.T.: Jo 11:43-44
[36] Jo 13:12
[37] N.T.: Rá ou Ré é o deus do Sol do Antigo Egito.
[38] N.T.: Mitra ou Amigo é o deus do Sol, da sabedoria e da guerra na mitologia persa.
[39] N.T.: Na mitologia grega, é a deusa das ervas, flores, frutos e perfumes.
[40] N.T.: Nas mitologias fenícia e grega, era um jovem de grande beleza. Adônis passou a despertar o amor de Perséfone e Afrodite. Mais tarde as duas deusas passaram a disputar a companhia do menino, e tiveram que submeter-se à sentença de Zeus. Este estipulou que ele passaria um terço do ano com cada uma delas, mas Adônis, que preferia Afrodite, permanecia com ela também o terço restante. Nasce desse mito a ideia do ciclo anual da vegetação, com a semente que permanece sob a terra por quatro meses. Adônis tornou-se o símbolo da vegetação que morre no inverno (descendo ao submundo e juntando-se a Perséfone) e regressa à Terra na primavera (para juntar-se a Afrodite).
[41] N.T.: Rig Veda ou Rigveda, também chamado Livro dos Hinos, é uma antiga coleção indiana de hinos em sânscrito védico o Primeiro Veda.
[42] N.T.: Mc 14:25
[43] N.T.: Deriva de uma palavra em sânscrito que significa, literalmente, “enrolada como uma cobra” ou “aquela que tem a forma de uma serpente”
[44] N.T.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) foi um maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão.
[45] N.T.: Parsifal é uma ópera de três atos com música e libreto do compositor alemão Richard Wagner. Estreou no mês de julho de 1882. É vagamente baseada em Parzival, atribuído a Wolfram von Eschenbach, um poema épico do século 13 do cavaleiro arturiano Parzival (Percival) e sua busca pelo Santo Graal (século XII).
[46] N.T.: se refere à “Queda do Homem”.
[47] N.T.: a amazona Kundry, que ora é uma fiel serva do Graal, ora é escrava de Klingsor.
[48]N.T. Os mistérios de Elêusis (também conhecidos como mistérios eleusinos) eram ritos de iniciação ao culto das deusas agrícolas Deméter e Perséfone, que se celebravam em Elêusis, localidade da Grécia próxima a Atenas. Eram considerados os de maior importância entre todos os que se celebravam na antiguidade. Estes mitos e mistérios se transferiram ao Império Romano e sinais dele podem ser notados em práticas Iniciáticas modernas. Os ritos e crenças eram guardados em segredo, só transmitidos a novos Iniciados.
[49] N.T.: Franz Hartmann (1838-1912) foi um célebre escritor e estudante do ‘Sem-conceito’, alemão, estudioso das doutrinas de Paracelso, Jakob Böehme e a Tradição Rosacruz.
[50]N.T.: mistério, enigma, secreto
[51]N.T.: Mt 18:20
[52]N.T.: Apo 4:1
[53] N.T.: Apo 13:8
[54] N.T.: Boaz e Jachin (pronuncia-se Jaquim) são duas colunas de cobre, e que ficavam à frente do Templo de Salomão, o primeiro Templo em Jerusalém. Em alguns templos maçônicos existem réplicas das colunas de Boaz e Jachin, em que se faz referência às letras B (Boaz) e J (Jachin) nas respectivas colunas, porém tais réplicas podem variar dependendo dos seus ritos.
[55] N.T.: Pirâmide de Quéops (ou Khu-fu), também conhecida como a Grande Pirâmide de Gizé ou simplesmente Grande Pirâmide, é a mais antiga e a maior das três pirâmides na Necrópole de Gizé, na fronteira de Gizé, no Egito. É a mais antiga das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e a única a permanecer em grande parte intacta.
[56] N.T.: Ankh, conhecida também como cruz ansata, era na escrita hieroglífica egípcia o símbolo da vida. Conhecido também como símbolo da vida eterna. Os egípcios usavam-na para indicar a vida após a morte:
[57] N.T.: a letra tau, de onde deriva a cruz Tau, no alfabeto hebreu antigo:
[58] N.T.: O caduceu ou emblema de Hermes (Mercúrio) é um bastão em torno do qual se entrelaçam duas serpentes e cuja parte superior é adornada com asas. É um antigo símbolo. É frequentemente confundido com o símbolo da medicina, o bordão de Esculápio ou bastão de Asclépio.
[59] N.T. Jo 10:1-18
[60] N.T.: 4”Qual de vós, tendo cem ovelhas e perder uma, não abandona as noventa e nove no deserto e vai em busca daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5E achando-a, alegre a coloca sobre os ombros 6e, de volta para casa, convoca os amigos e os vizinhos, dizendo-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida!’ 7Eu vos digo que do mesmo modo haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento. (Lc 15:4-7)
[61] N.T.: ICor 3:1-2
[62] N.T.: ver Livro de Daniel no capítulo 7.
[63] N.T.: ou Apocalipse
[64]N.T.: Jo 14:10
[65] N.T.: Parsifal é uma ópera de três atos com música e libreto do compositor alemão Richard Wagner. É vagamente baseada em Parzival, atribuído a Wolfram von Eschenbach, um poema épico do século 13 do cavaleiro arturiano Parzival (Percival) e sua busca pelo Santo Graal (século XII). Foi sua última ópera completa. Wagner descreveu Parsifal não como uma ópera, mas como um Festival para a Consagração do Palco. A grafia de Parsifal feita por Wagner em vez do Parzival que ele usou até 1877 é informada por uma etimologia errônea do nome Percival derivando-a de uma origem supostamente persa, FalParsi significando “tolo puro”. A ópera se passa nas legendárias colinas do Monte Salvat, na Espanha, onde vive uma fraternidade de cavaleiros do Santo Graal. O mago negro Klingsor teria construído um jardim mágico povoado com mulheres que, com seus perfumes e trejeitos, seduziriam os cavaleiros e faria com que eles quebrassem seus votos de castidade, e teria ferido Amfortas, rei do Graal, com a lança que perfurou o flanco de Cristo, e todas as vezes em que Amfortas olha em direção ao Graal sente a ferida arder. Tal redenção só poderia ser realizada por um “inocente casto” (significado da palavra “Parsifal”). Este, em sua primeira aparição na ópera, surge ferindo um dos cisnes que purificavam a água do banho de Amfortas, e a todas as perguntas que os cavaleiros lhe fazem responde dizendo que não sabe de nada, nem ao menos seu nome.
Parsifal atravessa o jardim mágico de Klingsor e é seduzido pela amazona Kundry, que ora é uma fiel serva do Graal, ora é escrava de Klingsor. Ao beijá-la, sente os estigmas das feridas que afligiam Amfortas e, quando Klingsor atira a lança contra ele, a lança dá a volta em seu corpo, e todo o castelo mágico é destruído. Tempos depois, tendo os cavaleiros se convencido de que ele é o “inocente casto” que faria a salvação, Parsifal cura as feridas de Amfortas e o destrona, assumindo a nova condição de rei do Graal.
[66]N.T.: Mt 28:18
[67]N.T.: Mt 27:46 e Mc 15:46
[68] N.T.: IJo 3:2
[69] N.T.: ICor 15:55-57
[70] N.T.: Lc 2:14
[71] N.T.: do alemão Die drei Jahre (1948); em inglês: The Three Years e em espanhol: Los Tres Años de Cristo Jesús.
[72] N.T.: Consciente: a memória a que temos acesso consciente – a chamada memória voluntária ou Mente Consciente. Deriva de imperfeitas e ilusórias percepções dos sentidos. Subconsciente: quando o ato correspondente a um pensamento-forma tenha se realizado, ou esgotado sua energia em vãs tentativas de realização, gravitará de volta ao seu criador, trazendo consigo a recordação indelével da jornada. Seu êxito ou fracasso imprimir-se-á nos átomos negativos do Éter Refletor do Corpo Vital, onde, por vezes denominada Mente Subconsciente, formará parte do registro da vida e atos do pensador. Não só das coisas materiais, mas também das condições existentes em nossa aura a cada momento. O mais fugaz sentimento, pensamento ou emoção é transmitido aos pulmões, de onde é injetado no sangue. O sangue é um dos produtos mais elevados do Corpo Vital, tanto por ser o condutor de alimento para todas as partes do corpo quanto por ser o veículo direto do Ego. As imagens nele contidas imprimem-se nos átomos negativos do Corpo Vital, para servirem como árbitros do destino do ser humano no estado pós-morte. A memória (também chamada Mente) tanto consciente – ou voluntária – quanto subconsciente – ou involuntária, relaciona-se totalmente com as experiências desta vida. Consiste das impressões dos acontecimentos no Corpo Vital. Há também a memória supra consciente. Esta é o repositório de todas as faculdades e conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores, ainda que às vezes só latentes na presente vida. Este registro é indelevelmente gravado no Espírito de Vida. Comumente se manifesta, embora não em toda extensão, como consciência e caráter, que anima todos os pensamentos-forma, umas vezes como conselheiro e outras compelindo à ação com força irresistível, mesmo contrariando a razão e o desejo.
[73] N.T.: Mt 26:32
[74] N.T.: Jo 21:25
[75] N.T.: Jo 21:6
[76] N.T.: Cognominado Orígenes de Alexandria ou Orígenes de Cesareia ou ainda Orígenes, o Cristão (Alexandria, Egito, c. 185 — Cesareia, ou, mais provavelmente, Tiro, 253), foi um teólogo, filósofo neoplatônico patrístico e é um dos Padres gregos. Um dos mais distintos pupilos de Amônio de Alexandria, Orígenes foi um prolífico escritor cristão, de grande erudição, ligado à Escola Catequética de Alexandria, no período pré-niceno.
[77] N.T.: foi um prolífico autor das primeiras fases do Cristianismo, nascido em Cartago na província romana da África Proconsular. Ele foi o primeiro autor cristão a produzir uma obra literária (corpus) em latim. Ele também foi um notável apologista cristão e um polemista contra a heresia. Ele organizou e avançou a nova teologia da Igreja antiga. Ele é talvez mais famoso por ser o autor mais antigo cuja obra sobreviveu a utilizar o termo “Trindade” (em latim: Trinitas) e por nos dar a mais antiga exposição formal ainda existente sobre a teologia trinitária. É um dos Padres latinos.
[78] N.T.: Hb 20:24
[79] N.T.: Região Química do Mundo Físico
[80] N.T.: Ap 1:14-16
[81] N.T.: Lc 24:16
[82] N.T.: Lc 24:31
[83] N.T.: Jo 21:25
[84] N.T.: Lc 24:49
[85] N.T.: Em astronomia, eclíptica é a projeção sobre a esfera celeste da trajetória aparente do Sol observada a partir da Terra. A razão do nome provém do fato de que os eclipses somente são possíveis quando a Lua está muito próxima do plano que contém a eclíptica. O eixo eclíptico, por sua vez, é a reta perpendicular à eclíptica que passa pelo centro da Terra.
[86] N.T.: Tishrei ou Tishri é o primeiro mês do calendário civil hebraico, e o sétimo mês do calendário religioso, sendo um mês lunar de 30 dias. Inicia-se em setembro no hemisfério norte.
[87] N.T.: Hiparco (190 a.C- 120 a.C.) foi um astrônomo grego, construtor de máquinas, exímio cartógrafo e matemático da escola de Alexandria, nascido em 190 a.C. em Niceia, na Bitínia, hoje Iznik, na atual Turquia. Viveu em Alexandria, sendo um dos grandes representantes da Escola Alexandrina, do ponto de vista da contribuição para a mecânica. Trabalhou sobretudo em Rodes (161-126 a.C.). Hoje é considerado o fundador da astronomia científica e também chamado de pai da trigonometria.
[88] N.T.: Astreia ou Astrea é uma divindade menor; “donzela ou virgem das estrelas”, na mitologia grega, é filha de Zeus e Têmis. Tanto ela quanto sua mãe são personificações da justiça. Ela pregava a sabedoria e ensinava atividades caseiras aos homens, como caçar, plantar, entre outras.
[89] N.T.: Mt 5:8
[90] N.T.: O Livro do Apocalipse
[91] N.T.: Cl 1:27
[92] N.T.: Lc 14:26
[93] N.T.: Basilius Valentinus, também conhecido pela versão portuguesa de seu nome, Basílio Valentim (Mogúncia, 1394) foi um alquimista do século XV. Ele foi cônego do priorado beneditino de São Pedro em Erfurt, Alemanha. Não se tem certeza se este era mesmo o seu verdadeiro nome; durante o século XVIII foi levantado a hipótese de tratar-se de Johann Thölde. Até mesmo o ano de seu nascimento não é dado como certo. Ele demonstrou que o amoníaco podia ser obtido pela ação dos álcalis no cloreto de amônia, e como o ácido clorídrico poderia ser produzido da salmoura ácida. Foi ele quem primeiro descreveu um método de obtenção de antimônio (em 1492). Suas obras mais conhecidas são Doze Chaves de Basílio Valentim e A Carruagem Triunfal do Antimônio.
[94] N.T.: também chamada waw ou vav é o nome dado à sexta letra do alfabeto hebraico.
[95] N.T.: ICor 1:1
[96] N.T.: Teseu foi mandado a Creta, voluntariamente, como sacrifício ao Minotauro que habitava o labirinto construído por Dédalo e tão bem projetado que quem se aventurasse por ele não conseguiria mais sair. E seria, então, devorado pelo Minotauro. Teseu resolveu enfrentar o monstro. Foi ao renomado Oráculo de Delfos para descobrir se sairia vitorioso. O oráculo disse-lhe que deveria ser ajudado pelo amor para vencer o Minotauro. Ariadne, a filha do rei Minos, lhe disse que o ajudaria se este a levasse a Atenas para que ela se casasse com ele. Teseu reconheceu aí a única chance de vitória e aceitou. Ariadne, então, deu-lhe uma espada e um fio de lã (Fio de Ariadne), para que ele pudesse achar o caminho de volta, e deste fio ficaria segurando uma das pontas. Teseu saiu vitorioso e partiu de volta à sua terra com Ariadne, embora o amor dele por ela não fosse o mesmo que o dela por ele.
[97] N.T.: Is 2:4
[98] N.T.: Os ovinos (ovelhas) e os caprinos (cabras) fazem parte da mesma família, a Bovidae. Há quatro milhões de anos as ovelhas ainda eram cabras, não eram separadas geneticamente como uma espécie diferente como é hoje, descobriram os pesquisadores.
[99] N.T.: A comunhão eucarística dada àqueles que estão prestes a morrer.
[100] N.T.: Max Heindel cita o Conde Saint Germain, que no século 18 mantinha relações diplomáticas com o Governo Francês com o objetivo de impedir a Revolução Francesa (1789-1794), uma reencarnação de Cristian Rosenkreuz (Livro O Conceito Rosacruz do Cosmos – Cap. XIX). A primeira prova de sua presença é uma carta que apareceu em Haia em 1735, que ele enviou de lá em 22 de novembro para o físico britânico Hans Sloane (1660-1753), carta essa que está no Museu Britânico, onde contém uma cópia no livro de Cooper-Oakley. Sobre ele foi dito: ‘M. de St. Germain não comia carne, não bebia vinho e vivia conforme regras de vida muito rígidas. E mais: ‘ Ele parece ter 50 anos, não é gordo nem magro, tem um belo semblante intelectual, veste-se de forma simples, mas com bom gosto; ele usa os diamantes mais lindos em caixa de rapé, relógio e fivelas’. Sua personalidade é envolvida em muitas anedotas.
[101] N.T.: Cântico dos Cânticos 4:2
[102] N.T.: Cântico dos Cânticos 1:14
[103] N.T.: Gn 28:10-19
[104] N.T.: Mt 5:4
[105] N.T.: O Pássaro Azul (L’Oiseau Bleu) é uma peça do dramaturgo belga Maurice Maeterlinck, escrita originalmente em francês.
[106] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803- 1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.
[107] N.T.: Rm 13:10
[108] N.T.: Joa 15:14
[109] N.T.: Mt 18:20
[110] N.T.: Apo 21:5
[111] N.T.: Mt 16:24
[112] N.T.: Lc 14:26
[113] N.T.: Mt 12:46-50
[114] N.T.: Mt 28:18
[115] N.T.: Lc 12:48
[116] N.T.: tipo de dívida que não pode ser paga por meio da doutrina do Perdão dos Pecados.
[117] N.T.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense. Desenvolveu sua filosofia “transcendentalista”, exposta em obras como Natureza, Ensaios e Sociedade e solidão. O transcendentalismo é, para Emerson, um esforço de introspecção metódica para se chegar além do “eu” superficial ao “eu” profundo, o espírito universal comum a toda a espécie humana.
[118] N.T.: do poema Ode.
[119] N.T.: IJo 1:1
[120] N.T.: Jo 1:3
[121] N.T.: Pois será como um homem que, viajando para o estrangeiro, chamou os seus próprios servos e entregou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois, a outro um. A cada um de acordo com a sua capacidade. E partiu. Imediatamente, o que recebera cinco talentos saiu a trabalhar com eles e ganhou outros cinco. Da mesma maneira, o que recebera dois ganhou outros dois. Mas aquele que recebera um só o tomou e foi abrir uma cova no chão. E enterrou o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, o senhor daqueles servos voltou e pôs-se a ajustar contas com eles. Chegando aquele que recebera cinco talentos, entregou-lhe outros cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me confiaste cinco talentos. Aqui estão outros cinco que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’“ Chegando também o dos dois talentos, disse: ‘Senhor, tu me confiaste dois talentos. Aqui estão outros dois talentos que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’ Por fim, chegando o que recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim, amedrontado, fui enterrar o teu talento no chão. Aqui tens o que é teu’. A isso respondeu-lhe o senhor: ‘Servo mal e preguiçoso, sabias que eu colho onde não semeei e que ajunto onde não espalhei? Pois então devias ter depositado o meu dinheiro com os banqueiros e, ao voltar, eu receberia com juros o que é meu. Tirai-lhe o talento que tem e dai-o àquele que tem dez, porque a todo aquele que tem será dado e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o fora nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’
[122] N.T.: Apo 12:7-9
[123] N.T.: Ct 2:16
[124] N.T.: Sl 46:10
[125] N.T.: (Lc 16:19-31) Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e cada dia se banqueteava com requinte. Um pobre, chamado Lázaro, jazia à sua porta, coberto de úlceras. Desejava saciar-se do que caía da mesa do rico… E até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu que o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, em meio a tormentos, levantou os olhos e viu ao longe Abraão e Lázaro em seu seio. Então exclamou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo para me refrescar a língua, pois estou torturado nesta chama’. Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que recebeste teus bens durante tua vida, e Lázaro por sua vez os males; agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. E além do mais, entre nós e vós existe um grande abismo, a fim de que aqueles que quiserem passar daqui para junto de vós não o possam, nem tampouco atravessem de lá até nós’. Ele replicou: ‘Pai, eu te suplico, envia então Lázaro até à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos; que leve a eles seu testemunho, para que não venham eles também para este lugar de tormento’. Abraão, porém, respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam’. Disse ele: ‘Não, pai Abraão, mas se alguém dentre os mortos for procurá-los, eles se arrependerão’. Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam nem a Moisés nem aos Profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não se convencerão’ “.
[126] N.T.: Gl 4:19
[127] N.T.: Rm 8:7
[128] N.T.: Sl 46:11
[129] N.T.: Era o segundo compartimento do Tabernáculo no Deserto, a Sala Oeste, chamada o Santo dos Santos ou Sanctum Sanctorum. Atrás do segundo véu, dentro desta segunda divisão, nenhum mortal poderia passar a não ser o Sumo-Sacerdote e, mesmo assim, somente numa ocasião do ano chamado o Dia da Expiação, após a mais solene preparação e com a maior reverência e devoção. O mais Santo de Todos era revestido com uma solenidade de outro mundo; era revestido de uma grandeza sobrenatural. O Tabernáculo inteiro era o santuário de Deus, mas, neste lugar, sentia-se o imponente poder de Sua presença, a morada excepcional da Glória de Shekinah, e qualquer mortal tremeria dentro deste recinto sagrado, como devia acontecer ao Sumo-Sacerdote no dia da Expiação. No mais ocidental extremo deste recinto, o extremo oeste do Tabernáculo, encontrava-se a “Arca da Aliança”.
[130] N.T.: Disse ainda: “Um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, ajuntando todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa. E gastou tudo. Sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai. Ele estava ainda ao longe, quando seu pai viu-o, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho, então, disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!’ E começaram a festejar. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’ Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado!’“
[131] N.T.: foi uma poetisa inglesa (1806-1861)
[132] N.T.: Apo 12-1
[133] N.T.: Jo 3:2
[134] N.T.: Mt 28:18
[135] N.T.: At 3:6
[136] N.T.: ICor 13:1
[137] N.T.: Rm 13:10
[138] N.T.: Apo 3:20
[139] N.T.: William Holman Hunt (1827-1910) foi um pintor inglês.
[140] N.T.: também dito: Parábola do Banquete de Casamento ou Parábola do Grande Banquete ou Parábola da Festa de Casamento ou Parábola do Casamento do Filho do Rei em Mt 22:1-14: Jesus voltou a falar-lhes em parábolas e disse: ”O Reino dos Céus é semelhante a um rei que celebrou as núpcias do seu filho. Enviou seus servos para chamar os convidados para as núpcias, mas estes não quiseram vir. Tornou a enviar outros servos, recomendando: ‘Dizei aos convidados: eis que preparei meu banquete, meus touros e cevados já foram degolados e tudo está pronto. Vinde às núpcias’. Eles, porém, sem darem a menor atenção, foram-se, um para o seu campo, outro para o seu negócio, e os restantes, agarrando os servos, os maltrataram e os mataram. Diante disso, o rei ficou com muita raiva e, mandando as suas tropas, destruiu aqueles homicidas e incendiou-lhes a cidade. Em seguida, disse aos servos: ‘As núpcias estão prontas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às encruzilhadas e convidai para as núpcias todos os que encontrardes’. E esses servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons, de modo que a sala nupcial ficou cheia de convivas. Quando o rei entrou para examinar os convivas, viu ali um homem sem a veste nupcial e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem a veste nupcial?’ Ele, porém, ficou calado. Então disse o rei aos que serviam: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o fora, nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes’. Com efeito, muitos são chamados, mas poucos escolhidos”.
E em Lc 14:15-24: Ouvindo isso, um dos comensais lhe disse: “Feliz aquele que tomar refeição no Reino de Deus!”. Mas ele respondeu: “Um homem estava dando um grande jantar e convidou a muitos. À hora do jantar, enviou seu servo para dizer aos convidados: ‘Vinde, já está tudo pronto’. Mas todos, unânimes, começaram a se desculpar. O primeiro disse-lhe: ‘Comprei um terreno e preciso vê-lo; peço-te que me dês por escusado’. Outro disse: ‘Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me dês por escusado’. E outro disse: ‘Casei-me, e por essa razão não posso ir’. Voltando, o servo relatou tudo ao seu senhor. Indignado, o dono da casa disse ao seu servo: ‘Vai depressa pelas praças e ruas da cidade, e introduz aqui os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos’. Disse-lhe o servo: ‘Senhor, o que mandaste já foi feito, e ainda há lugar’. O senhor disse então ao servo: ‘Vai pelos caminhos e trilhas” e obriga as pessoas a entrarem, para que a minha casa fique repleta. Pois eu vos digo que nenhum daqueles que haviam sido convidados provará o meu jantar’“.
[141] N.T.: Mt 22:2-14
[142] N.T.: apoiado sobre as patas traseiras.
[143] N.T.: O construtor Mestre do Templo de Salomão, era Filho de uma Viúva, um artífice habilidoso. Uma das encarnações de Christian Rosenkreuz.
[144] N.T.: Gl 4:19
[145] N.T.: Corpo-Alma ou o dourado vestido de bodas.
[146] N.T.: Éter Químico e Éter de Vida
[147] N.T.: Éter Luminoso e Éter Refletor
[148] N.T.: Alfred Tennyson, 1º Barão de Tennyson (1809-1892), foi um poeta inglês.
[149] N.T.: “Sir Galahad” é um poema escrito por Alfred Tennyson e publicado em 1842 em sua coleção de poesia. É um de seus muitos poemas que lidam com a lenda do Rei Arthur e descreve Galahad experimentando uma visão do Santo Graal.
[150] N.T.: Parsifal é uma ópera de três atos com música e libreto do compositor alemão Richard Wagner. É vagamente baseada em Parzival, atribuído a Wolfram von Eschenbach, um poema épico do século 13 do cavaleiro arturiano Parzival (Percival) e sua busca pelo Santo Graal (século XII). A ópera se passa nas legendárias colinas do Monte Salvat, na Espanha, onde vive uma fraternidade de cavaleiros do Santo Graal. O mago negro Klingsor teria construído um jardim mágico povoado com mulheres que, com seus perfumes e trejeitos, seduziriam os cavaleiros e faria com que eles quebrassem seus votos de castidade, e teria ferido Amfortas, rei do Graal, com a lança que perfurou o flanco de Cristo, e todas as vezes em que Amfortas olha em direção ao Graal sente a ferida arder. Tal redenção só poderia ser realizada por um “inocente casto” (significado da palavra “Parsifal”). Este, em sua primeira aparição na ópera, surge ferindo um dos cisnes que purificavam a água do banho de Amfortas, e a todas as perguntas que os cavaleiros lhe fazem responde dizendo que não sabe de nada, nem ao menos seu nome. Parsifal atravessa o jardim mágico de Klingsor e é seduzido pela amazona Kundry, que ora é uma fiel serva do Graal, ora é escrava de Klingsor. Ao beijá-la, sente os estigmas das feridas que afligiam Amfortas e, quando Klingsor atira a lança contra ele, a lança dá a volta em seu corpo, e todo o castelo mágico é destruído. Tempos depois, tendo os cavaleiros se convencido de que ele é o “inocente casto” que faria a salvação, Parsifal cura as feridas de Amfortas e o destrona, assumindo a nova condição de rei do Graal.
[151] N.T.: o mago negro na obra: Parsifal – vide Nota 3.
[152] N.T.: Então o Reino dos Céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco eram insensatas e cinco, prudentes. As insensatas, ao pegarem as lâmpadas, não levaram azeite consigo, enquanto as prudentes levaram vasos de azeite com suas lâmpadas. Atrasando o noivo, todas elas acabaram cochilando e dormindo. Quando foi aí pela meia-noite, ouviu-se um grito: ‘O noivo vem aí! Saí ao seu encontro!’ Todas as virgens levantaram-se, então, e trataram de aprontar as lâmpadas. As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando’. As prudentes responderam: ‘De modo algum, o azeite poderia não bastar para nós e para vós. Ide antes aos que vendem e comprai para vós’. Enquanto foram comprar o azeite, o noivo chegou e as que estavam prontas entraram com ele para o banquete de núpcias. E fechou-se a porta. “Finalmente, chegaram as outras virgens, dizendo: ‘Senhor, senhor, abre-nos!’ Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: não vos conheço!’ Vigiai, portanto, porque não sabeis nem o dia nem a hora.
[153] N.T.: Ez 1:15:23
[154] N.T.: Espiga é uma estrela binária e a mais brilhante da constelação de Virgem, e a décima quinta mais brilhante do céu.
[155] N.T.: mais detalhes veja na Bíblia: Livro de Rute e I Crônicas.
[156] N.T.: Lc 18:9; Mt 23:12; IPe 5:6
[157] N.T.: Mt 20:26; Mc 9:27
[158] N.T.: a cura que resolve a causa da doença ou enfermidade e que não trabalha somente nos efeitos, exatamente como exerce a Cura Rosacruz.
[159] N.T.: Jo 10:30
[160] N.T.: Jo 8:58
[161] N.T.: Atanásio de Alexandria foi um teólogo cristão, um dos “padres da Igreja”, um defensor do trinitarismo contra o arianismo e um líder da comunidade de Alexandria no século IV.
[162] N.T.: Lucio Célio Firmiano Lactâncio (ca. 240-ca. 320) foi um autor entre os primeiros cristãos que se tornou um conselheiro do primeiro imperador romano cristão, Constantino I, guiando sua política religiosa que começava a se desenvolver e sendo o tutor de seu filho. Lactâncio teve um papel fundamental na construção do Constantino Décimo Terceiro Apóstolo de Jesus, o apóstolo imperador, o apóstolo da espada, o apóstolo das glórias terrenas e da Igreja Triunfante na Terra, não nos céus. Foi de Lactâncio a inspiração de que o “tamanho da igreja e sua presença em todo o império”, seria de grande valor político para Constantino. Foi dele a ideia de colocar a chamada Cruz de Constantino como novo Emblema do Império, substituindo a Águia.
[163] N.T.: A quinta raça da Época Atlante, os Semitas Originais.
[164] N.T.: Gn 18:1
[165] N.T.: Gn 18:1-15
[166] N.T.: Lc 22:42
[167] N.T.: A quinta raça da Época Atlante, os Semitas Originais.
[168] N.T.: Jo 15:5
[169] N.T. Gn 32:29
[170] N.T.: Judá é um leãozinho: da presa, meu filho, tu subiste; agacha-se, deita-se como um leão, como leoa: quem o despertará?
[171] N.T.: Um dos Anciãos, porém, consolou-me: “Não chores! Eis que o Leão da tribo de Judá, o Rebento de Davi, venceu para poder abrir o livro e seus sete selos”.
[172] N.T.: 3ª e 4ª das quatro Dispensações pelas quais passamos.
[173] N.T.: Ex 20:2
[174] N.T.: Js 5:13
[175] N.T.: Js 10:13
[176] N.T.: Dn 3:21-23
[177] N.T.: Jo 3:5
[178] N.T.: 1De Salomão. Ó Deus, concede ao rei teu julgamento e a tua justiça ao filho do rei; 2que ele governe teu povo com justiça, e teus pobres conforme o direito. 3Montanhas e colinas, trazei a paz ao povo. Com justiça 4ele julgue os pobres do povo, salve os filhos do indigente e esmague seus opressores. 5Que ele dure sob o sol e a lua, por geração de gerações; 6que ele desça como chuva sobre a erva roçada, como chuvisco que irriga a terra. 7Que em seus dias floresça a justiça e muita paz até ao fim das luas; 8que ele domine de mar a mar, desde o rio até aos confins da terra.9Diante dele a Fera se curvará e seus inimigos lamberão o pó; 10os reis de Társis e das ilhas vão trazer-lhe ofertas. Os reis de Sabá e Seba vão pagar-lhe tributo; 11todos os reis se prostrarão diante dele, as nações todas o servirão. 12Pois ele liberta o indigente que clama e o pobre que não tem protetor; 13tem compaixão do fraco e do indigente, e salva a vida dos indigentes. 14Ele os redime da astúcia e da violência, o sangue deles é valioso aos seus olhos. 15(Que ele viva e lhe seja dado o ouro de Sabá!) Que orem por ele continuamente! Que o bendigam todo o dia! 16Haja abundância de trigo pelo campo e tremulem sobre o topo das montanhas, como o Líbano com suas flores e frutos, como a erva da terra. 17Que seu nome permaneça para sempre, e sua fama dure sob o sol! Nele sejam abençoadas as raças todas da terra, e todas as nações o proclamem feliz! 18Bendito seja Iahweh, o Deus de Israel, porque só ele realiza maravilhas! 19Para sempre seja bendito o seu nome glorioso! Que toda a terra se encha com sua glória! Amém! Amém! 20Fim das orações de Davi, filho de Jessé.
[179] N.T.: Também chamados de: Anjos do Destino ou Senhores do Destino ou, ainda, Anjos Relatores.
[180] N.T.: Mq 3:20
[181] N.T.: Ex 3:5
[182] N.T.: Jo 1:1-3
[183]N.T.: Apo 21:6
[184] N.T.: Is 44:6
[185] N.T.: Capítulo V – A Relação do Ser Humano com Deus
[186] N.T.: Sl 33:6
[187] N.T.: comemorada no domingo seguinte ao Domingo de Pentecostes.
[188] N.T.: Jo 16, 7-13
[189] N.T.: ou seja, as quatro Iniciações Maiores.
[190] N.T.: Do Livro Cristianismo Rosacruz – Conferência nº 16 – A Estrela de Belém: um Mito Místico.
[191] N.T.: também chamada de Aúra Masda, Ormasde ou Ormuz
[192] N.T.: Pseudônimo de Johannes Scheffler (1624-1667) – Místico cristão, filósofo, médico, poeta, jurista alemão.
[193] N.T.: IICor 4:18
[194] N.T.: Henry Wadsworth Longfellow (1807–1882) foi um poeta estadunidense.
[195] N.T.: At 20:24, versão inglesa
[196] N.T.: Lc 6:45
[197] N.T.: Mt 3:17
[198] N.T.: Jo 14:13
[199] N.T.: Mt 16:23 e Mc 8:33
[200] N.T.: Jo 6:35
[201] N.T.: Jo 6:54
[202] N.T.: Lc 8:16-18
[203] N.T.: Jo 5:30
[204] N.T.: Lc 22:42; Mt 26:39; Mc 26:39
[205] N.T.: Lc 22:42; Mt 26:39; Mc 26:39
[206] N.T.: Mc 4:25; Mt 13:12
[207] N.T.: Hb 4:15
[208] N.T.: Jo 4:32
[209] N.T.: Jo 4:14
[210] N.T.: IJo 3:2
[211] N.T.: Mt 28:20
[212] N.T.: Mt 3:17 e Mc 1:11
[213] N.T.: Orígenes (184 d.C.-253 d.C.), cognominado Orígenes de Alexandria ou Orígenes de Cesareia ou ainda Orígenes, o Cristão, um dos maiores teólogos e escritores do começo do cristianismo. Com ele iniciou-se o posterior constante diálogo entre a filosofia e a fé cristã e uma tentativa de fusão das duas.
[214] N.T.: ou Zaratustra
[215] N.T.: ou Anahita
[216] N.T.: Mt 27:51
[217] N.T.: Apo 21:21
[218] N.T.: Jo 15:13
[219] N.T.: O Messias (Messiah) (HWV 56, 1741) é um oratório de Georg Friedrich Händel com 51 movimentos divididos em 3 partes, durando entre cerca 2h 15min e 2h 30min. Deve notar-se, desde já, que o tempo varia em função das diferentes interpretações (como qualquer outra composição musical que se mede por compassos e não por minutos). Embora o 42.º movimento (o célebre “Aleluia”) seja reconhecível por qualquer pessoa (mesmo não sabendo a que obra pertence ou que compositor a escreveu), a obra “O Messias” não é tão conhecido na sua totalidade como merecia. A maior parte das vezes, os programas de concertos apenas escolhem alguns movimentos (recitativos, árias e corais), perdendo assim o sentido integral e unitário da obra. Se a “fama” e o grau de popularidade fossem critérios válidos de apreciação estética, considerar-se-ia a mais famosa criação de Händel.
Após 41 movimentos e no final da 2ª Parte, é apresentado o mundialmente conhecido coral Aleluia, onde, em tese, se demonstra toda a alegria pela vitória do Messias sobre a morte e o pecado, após a concretização das profecias enunciadas na 1ª Parte. O coro, apoiado principalmente no agudo das vozes femininas (soprano, altos, etc.), demonstra felicidade da vitória do Messias e tal também apoiada na repetição contínua de certas expressões como Hallelujah e esta é repetida, próximo ao final desse movimento, após uma breve pausa de 3 segundos, termina a ser cantada extensivamente por aproximadamente 12 segundos:
… / For the lord God omnipotent reigneth / Hallelujah
… / And He shall reign forever and ever
… / King of kings forever and ever / And Lord of lords / hallelujah
… / Forever and ever and ever and ever / (King of kings and Lord of lords)
… / Hallelujah / hallelujah / Hallelujah
[220] N.T.: Mt 26:26-28, Lc 22:24-25
[221] N.T.: ICor 2:2
[222] N.T.: Ct 2:16
[223] N.T.: At 17:28
As páginas da Bíblia encerram uma mensagem para todas as almas sedentas, independente do estágio que se esteja no caminho da realização.
Há esperança, conselho e inspiração para as Mentes mais fechadas e tradicionalistas, e ao mesmo tempo, há palavras gloriosas de luz para o intelecto questionador e liberal.
Há, na Bíblia, tanto ensinamentos e conforto para as doutrinas mais simples como para doutrinas mais elevadas e para o maior Iniciado que este Planeta é capaz de produzir.
É um erro dizer que a Bíblia não é nada mais do que um livro antigo de um passado de dois mil anos.
A Bíblia é um livro de mistérios, um maravilhoso livro de tremendo poder, um código contínuo e vigente criado por grandes Iniciados e seus Discípulos por meio de milhares de anos de esforço.
Pertence igualmente ao Passado, ao Presente e ao Futuro.
1. Para fazer download ou imprimir:
A Bíblia – O Maravilhoso Livro das Épocas – Corinne Heline
2. Para estudar no próprio site:
A BÍBLIA: O MARAVILHOSO LIVRO DAS ÉPOCAS
Por
Corinne Heline
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Traduzido e Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1954, The Bible: wonder book of the ages, editada por Corinne Heline
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
ÍNDICE
Parte I: Destaques importantes sobre Iniciação no Antigo Testamento 5
CAPÍTULO I – Abraão – O modelo cósmico para o ser humano da quinta raça raiz 7
CAPÍTULO II – Jacó e Moisés – Filhos iniciados da sabedoria antiga. 14
CAPÍTULO III – Davi e Salomão – Acrescentando revelações de verdade e sabedoria 20
A Missão de Salomão para o Mundo. 23
Iniciação Suprema de Salomão. 27
CAPÍTULO IV – Sons de Iniciação. 30
Cântico dos Cânticos – um canto matrimonial místico. 33
Parte II: Destaques importantes sobre Iniciação no Novo Testamento 39
GetsÊmani: O jardim da Aflição. 57
Correspondências astrológicas desde a Anunciação até a Ascensão. 66
CAPÍTULO VII – Os doze imortais 70
CAPÍTULO VIII – O CAMINHO DE DAMASCO.. 85
A LUZ GLORIOSA EM DAMASCO.. 89
O CAMINHO DA ILUMINAÇÃO INTERIOR. 93
Parte III: O Mistério do Cristo no Cosmos 102
CAPÍTULO IX – Os Doze Caminhos Através do Zodíaco. 104
CAPÍTULO X – O Mistério de Cristo nos Céus 112
CAPÍTULO XI – O Cristo Cósmico e o Cristo Planetário. 122
CAPÍTULO XII – O Ciclo do Ano com Cristo. 128
O Primeiro Trimestre: Janeiro, Fevereiro e Março. 128
O Segundo Trimestre: Abril, Maio e Junho. 129
O Terceiro Trimestre: Julho, Agosto e Setembro. 130
O Quarto Trimestre: Outubro, Novembro e Dezembro. 133
A Bíblia é o maravilhoso livro das épocas. Suas páginas encerram uma mensagem para todas as almas sedentas, independente do estágio que se esteja no caminho da realização. Há esperança, conselho e inspiração para as Mentes mais fechadas e tradicionalistas, e ao mesmo tempo, há palavras gloriosas de luz para o intelecto questionador e liberal. Há, na Bíblia, tanto ensinamentos e conforto para as doutrinas mais simples como para doutrinas mais elevadas e para o maior Iniciado que este Planeta é capaz de produzir.
É um erro dizer que a Bíblia não é nada mais do que um livro antigo de um passado de dois mil anos. A Bíblia é um livro de mistérios, um maravilhoso livro de tremendo poder, um código contínuo e vigente criado por grandes Iniciados e seus Discípulos por meio de milhares de anos de esforço. Pertence igualmente ao Passado, ao Presente e ao Futuro.
Seus segredos foram cuidadosamente colocados no texto bíblico, espiral dentro de espiral, de tal modo que quanto mais espiritual o ser humano se torna, mais profundos significados se revelarão para ele.
Como está escrito no Zohar, “Infeliz é o homem que somente enxerga no Torah (a Lei) simples recitações de palavras comuns! …. Cada palavra do Torah contém elevados significados e mistérios sublimes… A observação simples é capaz de revelar somente as vestimentas do Torah e seus versos… O homem mais instruído não presta atenção à vestimenta, mas ao corpo que a envolve”.
A Bíblia acompanhará o ser humano para as mesmas portas da Nova Era, onde descobrirá que suas páginas revelam um conceito totalmente novo a respeito dos mistérios da vida espiritual, como este livro maravilhoso é o verdadeiro livro da Vida sobre o qual serão baseadas as ciências da alma da Nova Era de Aquário.
Quando se lê a história da Bíblia sob a luz das interpretações da Nova Era, em que se relacionam todos os personagens e eventos ao ser humano individual, para que estas qualidades e atributos sejam cultivados ou erradicados, ocorre que as Escrituras se convertem em PALAVRAS VIVAS, aplicadas imediatamente aos problemas pessoais atuais da vida diária. Os aspectos históricos, então, retrocedem a um segundo plano. A Bíblia deixa de ser um livro de um passado diferente e morto e passa a ser um guia para um presente vivo e pulsante.
Abraão cujo nome significa “pai das multidões” foi o primeiro dos mestres iniciados enviados a nova Quinta Raça Raiz que habitaram a Terra depois da destruição do continente Atlântico pelo Dilúvio. Ele veio de Ur, cidade da “luz”, e se estabeleceu em Haran, “um lugar alto”. Sarah e Lot viajaram com ele. Sara, significa “princesa” e representa o princípio do feminino ou do amor, e Lot, identificado principalmente com Sodoma, que representa a natureza inferior. Assim, Abraão viaja para a nova terra, acompanhado por ambos os elementos superiores e inferiores que estão dentro de sua própria natureza.
Como um pioneiro, Abraão representa astrologicamente, Saturno, que preside o princípio da manifestação e quem as forças modelam a forma da substância que emerge do Caos.
Os espiritualmente iluminados sempre consideraram que cada lugar mencionado na Bíblia representa o aqui e agora, e cada personagem mencionado é você, você mesmo. Assim, por exemplo, as duas esposas de Abraão, Sarah e Hagar, tipificam respectivamente as naturezas superior e inferior do ser humano, e os dois filhos que nasceram, representam os atributos e as obras resultantes das atividades destas duas naturezas opostas no ser humano. Agar e seu filho Ismael, personificam o ser inferior e Sara e seu filho Isaac, caracteriza o superior. O nome Isaac significa alegria, a alegria que vem ao mais alto Ego com a vida verdadeira.
Abraão foi inicialmente conhecido como Abrão (Abram) e sua mulher Sarah como Saray. A partir da primeira Iniciação de Abraão a letra H (Abram antes da Iniciação; após a Iniciação seu nome passou a ser escrito como Abraham) se incluiu em seu nome, a letra “H”, uma letra feminina, que quando adicionado ao nome de Abram e Saray, indica que em sua experiência iniciatória eles despertaram o princípio feminino dentro de si ou princípio intuitivo. O despertar desse princípio dá origem a Isaac que, no recente contexto significa a alegria que a alma experimenta quando se estabelece ações retas e harmoniosas com a Super-Alma.
Abraão (ou Abraham) personifica o que se poderia chamar de arquétipo da quinta Raça Raiz. Portanto, os principais eventos que ocorreram em sua vida, como é relatada na Bíblia, devem ser imitados em seu significado essencial por todo o indivíduo que pertence à está presente Raça Raiz.
Abraão alcançou tão elevada condição na realização espiritual que pôde se comunicar face a face com mesmo Senhor dos Céus. No entanto, quanto mais alta a alma ascende, mais sutis serão as tentações, e mais severos serão as provas e testes que deverão ser superadas. Isso é bem verdade, pois “muitos retrocederam e não mais caminharam com Cristo”[1]. Em seu progresso espiritual, Abraão finalmente enfrentou uma de suas maiores provas no Caminho Iniciático, a denominada Grande Renúncia. Assim como se lê em Gênesis 22:7-12:
“Isaac dirigiu-se a seu pai Abraão e disse: ‘Meu pai!’. Ele respondeu: ‘Sim, meu filho!’. — ‘Eis o fogo e a lenha,’, retomou ele, ‘mas onde está o cordeiro para o holocausto?’. Abraão respondeu: ‘É Deus quem proverá o cordeiro para o holocausto, meu filho’, e foram-se os dois juntos. Quando chegaram ao lugar que Deus lhe indicara, Abraão construiu o altar, dispôs a lenha, depois amarrou seu filho e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Abraão estendeu a mão e apanhou o cutelo para imolar seu filho. Mas o anjo de Iahweh o chamou do céu e disse: ‘Abraão! Abraão!’. Ele respondeu: ‘Eis-me aqui!’. O anjo disse: ‘Não estendas a mão contra o menino! Não lhe faças nenhum mal! Agora sei que temes a Deus: tu não me recusaste teu filho, teu único’.”
Esta passagem revela uma completa renúncia de si mesmo para Deus. Ele tinha a vontade, a coragem e a força para passar por esse teste com sucesso. Deste modo, ele abriu a porta para um eflúvio de poder e iluminação que não é nem sonhado por aqueles que ainda não foram testados e provados neste nível. Ele não questionou a fé para obedecer ao comando do Senhor (Lei), não importava o custo. Este é o caminho da pessoa qualificada para tomar parte dos grandes planos de Deus para o ser humano. A sentença de Cristo que diz “aquele que encontrou sua vida, a perderá; e aquele que perdeu sua vida por minha causa, a encontrará”, é um ensinamento do Templo que pertence às eras.
Novamente em Gênesis 22:13 lemos:
“Abraão ergueu os olhos e viu um cordeiro, preso pelos chifres num arbusto; Abraão foi pegar o cordeiro e o ofereceu em holocausto no lugar de seu filho.”.
O carneiro é o símbolo de Áries. Tal símbolo foi chamado por muitos anos de “o cordeiro da apresentação”. Em seu aspecto superior, as palavras-chave para Áries são: pureza, serviço e sacrifício. É o Signo da ressurreição. Peixes é o último Signo do Zodíaco, é um lugar de pesar, um jardim de lágrimas, o Getsemani no Caminho. Suas portas se fecham e apenas abrem no primeiro Signo zodiacal, Áries, anunciando a chegada do recém-nascido. Abraão agora chegou até este ponto em seu desenvolvimento Iniciático.
Uma das supremas experiências espirituais da vida de Abraão foi seu encontro com Melquisedeque, que foi um dos maiores mestres iniciadores. Ele foi um dos principais Altos Sacerdotes da Atlântida e Mestre daqueles indivíduos remanescentes que sobreviveram da destruição pelo Dilúvio. Noé e sua família são os nomes genéricos daqueles sobreviventes.
Melquisedeque deu a Abraão os profundos ensinamentos espirituais que mais tarde se tornaram conhecidos no mundo Cristão como a Missa Cristã, e que o Cristianismo Ortodoxo o denomina como a Sagrada Comunhão. Uma versão superior desse mesmo mistério espiritual foi o último e mais sublime ensinamento que o Senhor Cristo deu aos mais avançados Discípulos durante seus três anos de ministério na Terra. Uma revelação ainda maior desse sagrado mistério tornar-se-á o centro dos ensinamentos e do ritualismo da Religião da Nova Era Aquariana.
Depois que tudo isso aconteceu, a palavra do SENHOR veio a Abrão em visão, dizendo: “Não temas, Abrão! Eu sou o teu escudo, tua recompensa será muito grande.”[2]. Então disse Abrão: “Meu Senhor Iahweh, que me darás? Continuo sem filho… e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliezer?”[3]. Essa questão guarda a chave do entendimento de um dos mais ocultos capítulos da Bíblia. Uma interpretação bem resumida: o nome Eliezer significa “ajuda de Deus”. Tal nome simboliza o despertar dos poderes do Ser Divino interno. Eliezer é um mordomo e um fiel devoto da família de Abraão, que aqui representa o corpo. Ele é da cidade de Damasco, cidade que na simbologia bíblica significa um centro de iluminação e um lugar onde as flores são vigorosas e perpétuas. Privado da descendência, aquilo que Abraão pergunta ao Senhor é, em efeito, o que ele deveria fazer, pois verificou que seu Deus interno está agora funcionando como um espírito de luz que agora está no comando de seus atributos e faculdades.
Tal experiência nos mundos internos confirma a mensagem da escritura que mostra que seu encontro com o Senhor foi uma VISÃO. Além disso, a promessa feita a Abraão pelo Senhor de que o herdeiro que ele buscava nasceria de suas próprias entranhas, ou de seu ser interior, denota o aspecto espiritual dessa experiência. Sua descendência espiritual seria impossível de contar, assim como as estrelas do céu. Abraão acreditou sem embargo que a “mente mortal”, que são os sentidos físicos, a parte incrédula do ser humano, cederia espaço para a percepção clara de sua alma de verdade nos planos da consciência ao qual ele tinha agora ascendido.
O Senhor também prometeu que daria a sua descendência a Terra que se estende “Desde o deserto e o Líbano até o grande rio, o Eufrates <toda a terra dos heteus>, e até o Grande Mar, no poente do sol.”[4]. Abraão, então, perguntou como ele saberia que esta seria a sua herança. O Senhor respondeu enigmaticamente: “Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.” (Gn 15:9).
Assim ele fez. Mas este não foi um sacrifício sanguinário pelo qual se viu chamado a realizar. Toda experiência relatada neste capítulo ocorreu nos planos internos ou no nível suprafísico. Para se aprender o significado interno em seus mínimos detalhes, deve-se considerar que as palavras que descrevem tais experiências trazem termos simbólicos. Lembre-se sempre que as maiores verdades espirituais nunca são passadas de maneira escrita, mas transmitidas oralmente de Mestre para Discípulo de acordo com o entendimento e méritos deste último. Na medida em que são ou podem ser transmitidas de modo escrito, símbolos e cifras de vários tipos são também utilizados, pois eles traduzem da melhor maneira aquilo que as palavras sozinhas não podem fazer.
Assim sendo, como referências escritas são feitas para as mais exaltadas experiências da alma, e como a natureza das palavras é obscura e enigmática, exceto para aqueles que já conseguiram um estado de consciência que penetra a alma das coisas e possibilita observações e corroborações inteiramente novas. Quando se lê a Bíblia a luz do conhecimento esotérico, as cerimônias das Religiões exotéricas são apenas frações mutiladas dos verdadeiros rituais que se encontram nela.
Regressando ao tema do sacrifício animal, não foi exatamente essa oferenda de Abraão. As “asas que a alma forja para uma ascensão elevada” não se constroem da agonia e morte de qualquer coisa vivente, mas mediante simpatia, compaixão e por um amor unificante e que abraça a todos. Isso inclui todas as criaturas de Deus, do mais alto ao mais baixo. Essa é a única maneira de construir as qualidades internas da alma necessárias para que um Iniciado, como Abraão, alcançasse uma realização superior.
Apliquemos a chave astrológica aos sacrifícios que foi ordenado a Abraão. Um bezerro é um símbolo do Signo de Touro e seu sacrifício significa a renúncia de todos os desejos primários e do amor egoísta. A cabra é o símbolo de Capricórnio. Isso significa o sacrifício do poder mundano e da ambição. O carneiro é o símbolo de Áries e representa a ressurreição dos poderes vitais, por meio da castidade e pela transmutação. A rolinha e o pombo são os símbolos de Libra, a Balança, e se refere às experiências sutis que testam a sensatez do estado de realização.
Deve-se também notar que o sacrifício de Abraão ocorreu em Mambré que quer dizer fortaleza, e na cerca de Hebrón que significa unidade.
Pondo-se o Sol, um profundo sono caiu sobre Abraão; e eis que grande espanto e grande escuridão caíram sobre ele. Então disse a Abraão: “e eis que foi tomado de grande pavor. Iahweh disse a Abrão: ‘Sabe, com certeza, que teus descendentes serão estrangeiros numa terra que não será a deles. Lá eles serão escravos, serão oprimidos durante quatrocentos anos.’” (Gn 15:12-13).
Este é um resumo de tudo o que pode ser dado publicamente a respeito do processo de certa Iniciação. Isso relata o êxtase do espírito que acompanha “a grande escuridão”. Quando Abraão perde a consciência no plano físico, está acordado nos planos etéricos internos. Então no Livro de Recordação de Deus se lê que os quadros cósmicos de eventos futuros conectados as pessoas de Áries, aqueles que serão liderados por ele. A semente de Abraão, os frutos do espírito, não está em sua morada durante sua estadia na Terra. Eles são desconhecidos, são passageiros estão ao serviço da matéria e sujeitos a suas limitações até que o quaternário inferior da forma (400 anos) tenha sido transcendido por um poder trino do espírito.
E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades (Gn 15:17).
O calor, a fumaça e o fogo são inseparáveis dos processos de depuração que levam a iluminação. Está muito claro que Abraão passou com muito sucesso através do “crisol” e se qualificou para um serviço mais alto, e “no mesmo dia” celebrou a aliança com o Senhor que lhe disse que a sua descendência a Terra que se estende: “Desde o deserto e o Líbano até o grande rio, o Eufrates <toda a terra dos heteus>, e até o Grande Mar, no poente do sol.”[5].
O poder escondido do fruto da videira era reconhecido pelos primeiros Padres, como se pode concluir a partir do estudo das seguintes passagens dos escritos de Justino Mártir: “A palavra sangue da uva foi usada com o propósito de expressar que Cristo possui sangue não proveniente da semente humana, mas do poder de Deus. Desta maneira, o homem não produz o sangue da videira, mas Deus o produz. Assim, esta passagem anuncia que o sangue de Cristo não era de origem humana, mas do poder de Deus, e tal profecia revela que Cristo não é um homem, engendrado do homem, segundo as leis comuns dos homens”.
Um historiador eclesiástico do século quarto, fez um comentário desta passagem: “… Os homens são redimidos pelo sangue da uva que é espiritual e em que Deus mora”.
Conclui-se, a partir dessas declarações, que aquilo que é referido como “o sangue da uva” possui um grande significado. Esse sangue se refere à purificação e à transmutação do sangue comum. Cristo disse a seus Discípulos: “Eu sou a videira, vocês são os ramos”[6]. Por meio do pão e do vinho, um verdadeiro Aspirante se coloca em sintonia mais perfeita e mais próxima de Cristo e pode tanto desenvolver como manifestar poderes Crísticos dentro de si mesmo.
Tanto Justino Mártir como Clemente de Alexandria afirma que foi Cristo que apareceu a Jacó em um sonho. Neste sonho, ele viu uma escada que se estendia da Terra até o Céu, com Anjos do Senhor, subindo e descendo por ela. Acima dela estava o Senhor, que disse: “Eu sou o Senhor Deus de Abraão, teu pai e Deus de Isaac.” (Gn 28:13). Cipriano, citando Gênesis 35:1 escreve: “… Acreditando, como todos os Padres acreditaram que foi Cristo, o Deus, que falou e apareceu a Jacó quando este fugia de Essau – ou Esaú”.
Conforme mencionado no terceiro volume de nosso livro A Interpretação da Bíblia para a Nova Era, os Mestres iluminados ao longo das eras têm ensinado seus Discípulos sobre o trabalho das Escolas de Mistérios, sendo que suas várias formas de Iniciações não eram senão passos preparatórios para a vinda de um Mestre Supremo do Mundo, o Senhor Cristo. Esta afirmação se mantém verdadeira em relação aos mestres profetas da Dispensação do Antigo Testamento. Eles e seus seguidores estavam se preparando para que mais tarde, pudessem servir a Cristo. Em seus Sonhos, era ensinado a Jacó ler na Memória da Natureza. Ali, ele viu a escada de involução e evolução que se estendia desde o Céu até a Terra, com multidões de espíritos que descendiam para reencarnarem e ascendiam para Céu depois que as lições da Terra tinham sido aprendidas.
O Caminho do Discipulado tem sido similar de tempos em tempos. Os Aspirantes devem enfrentar e superar provas similares e percorrerem o mesmo caminho. Há apenas mudanças particulares no curso de épocas sucessivas. O caminho Iniciático é descrito com excepcional precisão e fidelidade na vida de Jacó. Em Gênesis 32:25-26 registra que quando Jacó foi deixado sozinho “lutou com ele um homem, até que a aurora surgiu”. Ao final deste incidente, ficou claro que foi Aquele que prevaleceu sobre Jacó, o novo nome de Israel, que significa aquele que preserva. “Porque”, disse Ele, “como um príncipe tem lutado com Deus e com os homens” (Gn 32:29). A experiência aqui relatada é de profundo significado: que o Senhor Cristo foi o Mestre e Guardião de Jacó, conforme relatado por Justino Mártir, Clemente de Alexandria e Ireneo.
A experiência de Jacó de lutar a noite toda com o Anjo e não permissão de que ele fosse embora, até que recebesse uma benção, é bem conhecida na Senda do Discipulado. Os Poderes Espirituais latentes em cada Aspirante tornam-se suficientemente vibrantes que logo se tornam evidentes em sua vida. “Deixe que Cristo seja formado em você” foi a séria exortação de S. Paulo aos seus Discípulos. Isto é um requisito necessário antes que alguém possa se tornar um pioneiro da Dispensação de Cristo.
Isto se levou a cabo na vida de Jacó. Ele abandonou para sempre Essau – ou Esaú (a natureza inferior) – Gn 33:12. Em concordância com a mudança interna que, então ocorreu, ele não mais foi mais chamado de Jacó, mas sim de Israel, um nome que também significa “aquele vê a Deus”. Jacó agora era um herói conquistador e um dedicado servo. Ele estava qualificado para se tornar um trabalhador no vinhedo do Senhor Cristo, que declarou: “Aquele que quiser ser o maior entre vós seja o servo de todos”[7].
Novamente ao verso do Gênesis que diz: “Jacó foi deixado sozinho e lutou com ele um homem”, Orígenes escreve: “Quem mais pode ser do que Aquele que é chamado de homem e Deus, que lutou e argumentou com Jacó, aquele que falava em diferentes ocasiões e de diversas maneiras com o Pai” (Hb 1:1). A Palavra sagrada que é chamada Senhor e Deus, que também abençoou Jacó e chamou a ele de Israel, dizendo: “Tu tens prevalecido com Deus”. “Foi assim que os homens daqueles dias mantiveram a Palavra de Deus, como nossos apóstolos disseram: “O que era desde o princípio, o que ouvimos o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram a Palavra da vida” (1Joa 1:1) cuja Palavra da Vida, Jacó, também viu e acrescentou: “Eu vi Deus face a face”[8].
Passada tal experiência fragorosa, que terminou com a vitória de Jacó, este ascendeu para Betel, onde construiu um altar e dedicou sua vida a Deus. Muitos que passaram por esta experiência exaltadora possuem a consciência da presença de Cristo e do derramamento de Sua terna benção sobre seus Discípulos valentes. Betel significa “a casa de Deus” e é como um candidato vitorioso que realiza completa dedicação.
Hipólito, um escritor eclesiástico do terceiro século e pupilo de Ireneo, pronunciou a seguinte declaração com referência a Cristo, em relação à profecia de Jacó (Gn 49:9) e, também, do Livro do Apocalipse (5:5): “Agora, uma vez que o Senhor Jesus Cristo, que é Deus, por causa da realeza e glória, foi descrito, antes, como um leão”.
Quatro dos mais distintos Padres da Igreja (Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Ireneo e Tertuliano), afirmaram que não foi outro, senão o Cristo que apareceu a Moisés no episódio da sarça ardente. Tal fenômeno foi reflexo do Cristo Cósmico, conforme Ele se aproximou mais da Terra, antes de Sua encarnação humana. Cristo é o Senhor do Sol e Chefe dos espíritos de Fogo, os Arcanjos. A Dispensação Cristã está intimamente guiada pela Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama. Assim, a Iniciação de Fogo é diretamente ligada aos Mistérios de Cristo. Este fogo não é uma chama que queima, mas uma luz que purifica e transmuta. A sarça que “queimava” tornou-se chama com a luz, por isso não foi consumida. Esta experiência de Moisés é uma forma velada de exaltação que acompanha a Iniciação do Fogo.
A Iniciação de Fogo está muito relacionada aos processos de Purificação e Transmutação. Todos os altos processos preparatórios Iniciáticos são acompanhados por música celestial. Richard Wagner, um real iniciado musical, trouxe a Terra, pela sua música, algo da magnificência e esplendor que acompanha a Iniciação pelo Fogo. Por meio de seus dramas musicais, como A Valquíria e Siegfried, deu ao mundo a glória da Música de Fogo. A sublimidade destas ressonâncias celestiais e, também, dos acordes finais de O Crepúsculo dos Deuses, soa como ecos e ressonâncias das tonalidades dos reinos mais altos do céu.
Justino Mártir, em concordância com muitos Padres da Igreja, acreditou que Cristo falou com Moisés desde a sarça, e isto estava em desacordo com aqueles que confundiram Deus-Pai com seu Filho. “Aqueles que pensam que sempre foi Deus-Pai que falava com Moisés, considerando que Aquele que falou com ele foi o Filho de Deus, a quem também é chamado um Anjo (e um Apóstolo), estão convencidos tanto pelo espírito profético e pelo próprio Cristo, de que não conhecem nem o Pai nem o Filho. Aqueles que dizem que o Filho é o Pai, não possuem nenhuma certeza de conhecer o Pai nem de entender que o Deus do Universo tem um Filho, ao qual, sendo a Palavra unigênita de Deus, é também Deus. E formalmente Ele apareceu a Moisés e aos profetas em forma de fogo como uma imagem incorpórea”.
Clemente de Alexandria é outra autoridade que relata que foi o próprio Cristo que disse a Moisés: “Eu sou o Senhor Deus que os trouxe da terra do Egito.”[9]. É o poder de Cristo que sempre move o Aspirante para fora do Egito, a simbólica terra de escravidão dos sentidos e da obscuridade da Mente mortal.
A Moisés se permitiu ver a Terra Prometida, a terra que fluía leite e mel (a Dispensação de Cristo do ciclo Aquário-Leão). Santo Orígenes nos diz que foi Cristo que deu a Moisés, na Montanha Sagrada, as Tábuas da Lei, quando ele aprendeu a ler os Arquivos da Memória da Natureza. Ele viu que a civilização da Quinta Raça Raiz teria seus fundamentos baseados nas leis conhecidas como os Dez Mandamentos. Mais adiante, ele viu que o mesmo Cristo traria a extensão destas leis, a qual pronunciou mediante os preceitos enunciados no Sermão da Montanha. A Humanidade da Quinta Raça Raiz ainda está longe dos preceitos de desenvolvimento programados pelo divino plano. Poucos membros alcançaram o status de evolução que está em acordo com os Dez Mandamentos. Menor número de membros aprendeu algum conceito da importância espiritual do Sermão da Montanha.
Conforme enunciado na série A INTERPRETAÇÃO DA NOVA ERA, polaridade é a palavra-chave do Cristianismo Místico. As duas colunas da polaridade são formadas pelos Dez Mandamentos (a coluna masculina) e o Sermão da Montanha (a coluna feminina). Para o homem Crístico que virá da Raça Léo-Aquariana, conforme ele se eleva a dimensões superiores de desenvolvimento, os Dez Mandamentos serão a base sobre a qual se constituirá a vida cotidiana, enquanto o Sermão da Montanha será sua superestrutura.
A elevação de Elias aos céus em um carro de fogo é a descrição de outro espírito iluminado, que estava sendo preparado, por meio da Iniciação de Fogo, para trabalhar, tanto nos planos internos, como nos externos, se antecipando à vinda do Cristo. Essa foi, igualmente, a Iniciação dos Três Homens Santos que foram introduzidos em um forno ardente e saíram incólumes, como lemos no Livro de Daniel[10]. Esse Livro contém, em sua totalidade, muita informação sobre a Iniciação de Fogo
O Livro de Daniel está estreitamente relacionado com o trabalho da Hierarquia do Signo de Fogo, Leão. É a Iniciação de Fogo que conserva o umbral dos Mistérios Cristãos, que o Supremo Mestre se referiu quando disse a Nicodemos: “Quem não nascer da água e do espírito (Fogo), não poderá entrar no Reino de Deus.”, a nova ordem de Cristo.
Frequentemente nos referimos à Bíblia como “O maravilhoso Livro das Épocas”. Isto é evidenciado pelo fato de que quanto mais se avança no caminho espiritual, mais se revelam os maravilhosos segredos escondidos nas Escrituras. Como indicado previamente, conforme o ser humano ingressa na iluminação da Era de Aquário, compreende que a Bíblia não é apenas um Livro Supremo da Luz, mas um Livro que desperta na sua consciência os profundos mistérios e verdades inimagináveis.
Muitas verdades eternas sobre Davi e Salomão estão encobertas no registro bíblico. Ambos possuíam poderes Iniciáticos de alto grau. Para evitar que verdades espirituais pudessem ser profanadas ou abusadas por pessoas incapazes de captar e aplicar adequadamente tais verdades que foram entregues ao mundo, elas foram encobertas por símbolos pouco atrativos ou por histórias que estavam em consonância com o desenvolvimento primitivo e sensual então prevalecente.
Um antigo ensinamento expressa que: “Se você conhece a doutrina, você deve viver a vida”. Sendo tal declaração verdadeira, alguém deve concluir que Davi e Salomão – duas almas qualificadas para assumirem um papel de liderança espiritual de seu povo – não foram culpados pela conduta repressora da interpretação literal de alguns relatos bíblicos atribuídos a eles. Por exemplo, mulher na vida de Davi indica estágios definitivos de seu desenvolvimento espiritual, ao invés de uniões poligâmicas como parece indicar uma leitura literal. Foi dito que Salomão teve setecentas mulheres e trezentas concubinas. Numericamente, a soma de sete e três resulta em dez, o número da realização espiritual. Tal é o significado do número que é empregado por todo o Antigo Testamento.
Salomão é referido como o mais alto iniciado da Dispensação do Antigo Testamento. O grande amor que ele professava pelas mulheres não deve ser considerado como uma cega paixão pessoal, mas como um meio de transmitir o fato de ter experimentado o êxtase, pelo fato de ter alcançado a união com o exaltado Princípio Feminino, estado este que é um requisito para o alto grau iniciatório que ele alcançou. Por outro lado, as várias mulheres na vida de Salomão, esotericamente, representam os diversos passos no progresso de um Aspirante, assim como Miguel simboliza os poderes marciais de Marte que foram dados como uma armadilha para Davi: Eglah[11], o pessoal e amor íntimo de Vênus; Camaam[12], a expansividade da consciência Jupteriana; Hagith[13], a Lei e a ordem da natureza bem desenvolvida de Saturno; Abital os atributos incrementados da fé e a sabedoria, geralmente associadas a Mercúrio. O matrimônio de Davi com Abigail simboliza um elevado estado de consciência espiritual (1Sm 25:2-42).
Abigail implora por Nabal, o tolo, que representa a natureza inferior do ser humano. Nabal refuta compartilhar com Davi certas qualidades espirituais, as quais um tolo mortal não possui compreensão. Após ter enviado Homens de Davi e participar de uma orgia alcoólica, Nabal viveu apenas dez anos. A morte de Nabal (a natureza baixa) foi seguida da união com Abigail (a graça de Deus) e Davi (o bem-amado). Isto significa a união com o “eterno feminino, que nos incita sempre para cima e para frente” – por esta exemplificação da coroação de Davi em Hebraico (a unidade) como Rei de Judá (amor e aclamação). Davi começou o verdadeiro trabalho vocacional somente após esse CASAMENTO MÍSTICO.
Davi, agora como Rei de Judá, se preparou durante sete anos para uma posição mais elevada: Rei de Jerusalém, a Cidade da Paz. Foi-lhe ensinado a ler nas gravações da Memória da Natureza e a estudar os arquétipos do mais altíssimo Templo de Mistérios, externalizado, mais tarde, por seu filho Salomão.
Assim como existe certos centros espirituais no corpo do ser humano, há também centros correspondentes de energia espiritual que vem do Planeta Terra. Por incontáveis milhares de anos, os locais onde os Templos de Mistérios foram constituídos eram exatamente nas localizações de tais centros terrestres. Cada um destes Templos emana verdades espirituais avançadas para as pessoas que permanecem dentro de sua área de radiação. Jerusalém, a Cidade da Paz, foi um destes locais de emanação de poder.
Esotericamente, Jerusalém está bem no coração da Terra. De acordo com o testemunho da Clarividência, ela foi escolhida e consagrada pelos mais Sábios que estavam sob a liderança dos líderes angélicos, desde o início da civilização humana. Foi nesta Cidade que Melquisedeque, o Sacerdote Misterioso e um dos mais exaltados membros da Grande Fraternidade Branca, trabalhou e ensinou. Ele trouxe para a Raça Ariana a sabedoria sagrada dos Atlantes antes de sua inundação final (registrada biblicamente como Dilúvio). Neste lugar sagrado, chamado por ele de Salém, Cidade da Paz, Melquisedeque iniciou Abraão, o primeiro mistério que culminou na Santa Ceia do Senhor, o Banquete de Pão e Vinho. Mais tarde, esta mesma eminência se tornou o local para o Templo de Salomão e, também, onde Abraão passou pelo supremo teste no Rito da Renúncia, quando lhe foi ordenado para sacrificar seu próprio filho Isaac.
Quando esta cidade sagrada passou pelas mãos dos Jesuítas, eles a renomearam JEBU e estabeleceram sobre essa cidade um Templo dedicado ao culto de Astarte[14]. Aproximadamente no ano de 1.000 A.C., depois de se tornar rei, tanto de Judá como de Israel, Davi foi inspirado a fazer da cidade sua capital, e a renomeou como Cidade de Davi. De Jerusalém, localizada em uma colina que permite observar o amplo território circundante, sempre houve um poderoso eflúvio de energia espiritual. E apesar de ser o coração central de toda a Terra e a casa de Judá, do Signo real de Leão, apropriadamente, se tornou a cidade do Rei.
Além disso, Jerusalém foi o centro de foco dos primeiros Mistérios Cristãos – pelo qual o trabalho de Davi e seus serviços celebrados no Templo de Salomão constituíram sua preparação. E foi destinado a se tornar o centro dos Mistérios Cristãos na preparação para a segunda vinda de Cristo. De fato, este local sagrado foi uma MECA de Iniciados de ambas as Dispensações: do Velho e do Novo Testamento. Foi o palco de atividade de todos os profetas do Antigo Testamento, com exceção de Amós e Oséias. Dentro deste contexto, os Livros do Antigo Testamento foram concebidos e não escritos. Ambos, José e a Mãe Sagrada foram acolhidos no tempo de Jerusalém.
Jerusalém foi também o cenário da maior parte do trabalho do Mestre, de seus Discípulos e de seus seguidores diretos. Muitos destes receberam sua preparação nas comunidades localizadas próximas de sua elevada irradiação espiritual, como por exemplo, o Monte das Oliveiras onde Davi passou por um de seus testes de regeneração e onde Cristo Jesus fez sua última e completa renúncia – de acordo com a vontade do Pai. E foi no ponto de maior carga espiritual da cidade que a crucificação e a ressurreição de Cristo Jesus ocorreram.
De acordo com a lenda, o nascimento de Salomão foi presenciado por uma Hoste de Anjos cantando corais triunfantes, assim como ocorreu no nascimento de Jesus. Também se diz que o Arcanjo Gabriel, guardião das mães e das crianças estava presente para derramar sua benção sobre o infante.
Natan, um profeta de Deus que guiou Davi nos caminhos da Verdade, foi um mestre guia e guardião do jovem Salomão. Assim, a criança cresceu e se desenvolveu em um ambiente de sabedoria e retidão, qualificando-se, desta maneira, para desempenhar seu grande trabalho de elevação da Humanidade.
Um dia, quando Salomão tinha aproximadamente treze anos de idade, a Corte se reuniu no majestoso Salão dos Cedros, quando um Anjo apareceu e colocou uma folha de ouro nas mãos do Rei Davi. Sobre esta folha estava escrito perguntas de caráter místico. Davi anunciou: “Aquele que responder essas perguntas se tornará Rei de Israel depois de mim”. Davi anunciou: “O que é tudo e o que é nada?”. Quebrando o silêncio que procedeu a questão, Salomão respondeu: “Deus é tudo e o mundo é nada”. Davi continuou: “O que é que mais importa e o que menos importa?”. Mais uma vez Salomão respondeu: “Paz é o que mais importa e medo é o que menos importa”.
O trabalho mais notável de Salomão foi à construção do Grande Templo dos Mistérios. Ensinamentos emanados serviram para toda a atual Quinta Raça Raiz durante sua duração evolutiva. O Monte Moriah, assim como o Monte das Oliveiras previamente descrito, foi uma área de grande poder espiritual. Sobre este lugar, Salomão foi instruído a construir o Templo e dedicá-lo ao serviço do divino propósito de trazer redenção à Humanidade. Foi-lhe ordenado que o Senhor Cristo deveria ser recebido dentro deste Templo e que o maravilhoso significado de missão deveria ser comunicado para o mundo daquele lugar. A Humanidade, no entanto, não viveu de acordo com os divinos princípios de Salomão e, mais tarde, os servidores do Templo não reconheceram o esperado Messias quando Ele veio. Assim, o dia da Crucificação iniciou a ruína do Templo. Foi apenas uma questão de tempo até a sua completa destruição.
Jesus, prevendo o destino de Jerusalém e do Templo, clamou a tragédia que sucedeu a ambos. Ele sabia que os habitantes da cidade tinham falhado em alcançar o alto destino que tinha sido preparado para eles. Assim, quando Ele viu os longos séculos pela frente, também viu um futuro cheio de conflitos e guerras devastadoras antes do dia da redenção. Davi e Salomão, ambos iniciados, viveram na Terra com o propósito de trabalhar para regeneração da raça humana na antecipação da gloriosa vinda do Senhor Abençoado. Não foram eles que falharam. Ao invés disso, foi toda a Quinta Raça Raiz.
Graças aos seus poderes Iniciáticos, Salomão era capaz de controlar os habitantes dos reinos superiores e inferiores. Foram-lhe abertos os quarenta e nove caminhos da sabedoria, segundo a lenda mística descreve (4 mais 9 resultam em 13, o número iniciatório que pertence a então Dispensação Cristã que se aproximava). Ele, até mesmo, transmutou os brutais poderes dos demônios em poderes que serviam para o bem da Humanidade. Ele controlava Espíritos da Natureza e por sua vontade, podia mandá-los para os mais remotos confins do mundo. Salvou muitas pessoas que estavam escravizadas pela Lei e obsessão.
O macrocosmo é um reflexo do microcosmo. O Corpo Denso do ser humano, seu templo, é um reflexo do Templo solar do Universo. O Mestre ensinou que era este templo humano que deveria ser destruído e então, por meio da Iniciação, ser reconstruído em três dias. Na maçonaria Mística, este é o Templo erigido por dois reis e pelo filho da viúva. Este último, de nome Hiram de Khurum, se tornou o Mestre construtor – seu nome significa ELEVADO, BRANCO, ASCENDIDO. O Rei Salomão representa o coração. O Rei Hiram de Tiro, a cabeça. Hiram, o mestre construtor é um filho da viúva, simboliza o Aspirante que trabalha para unir o poder amoroso do coração com o intelecto da cabeça.
Cada candidato maçônico é instruído a manter suas ferramentas de trabalho na coluna de Joaquim, a cabeça. Boaz, a coluna feminina do coração, é um pilar caído que não pode ser levantado até que o poder do amor se equilibre com a razão. Somente quando o amor for verdadeiro, “o cumprimento da lei” fará com que a coluna de Boaz seja reerguida e retome sua posição. Estas são as duas colunas que guardam a entrada de todos os Templos Iniciáticos, e todo neófito deve passar por entre ambas em sua busca pela verdade.
Muitas das lendas são relacionadas ao Mar Fundido. Este mar, em forma de flor, era (e é) sustentado por doze bois. Como um filho da viúva (o neófito), se converte em um mestre construtor mediante a alquimia da transmutação dentro de si mesmo e seu “mar fundido” se converte em um Cristal onde os esboços do passado, do presente e do futuro estão indubitavelmente impressos. Esta habilidade lhe capacita transformar seu veículo físico em um “veículo florescido” de um Iniciado – um labor realizado sob a liderança de um instrutor das doze Hierarquias Zodiacais. Foi essa a realização que colocou Salomão entre os Seres mais Sábios de todas as eras. E o “mar” sobre o qual ele parou para saudar a Rainha de Sabá, simboliza seu “mar fundido” pessoal.
O trono de Salomão foi confeccionado com fino ouro de Ophir, incrustado com mármore e com joias raras. Em cada um dos seis degraus que conduziam ao trono, havia dois leões de ouro e duas águias de ouro colocados cara a cara, indicativo da Era Leão-Aquário e que seus pioneiros haviam aprendido a construir a gloriosa luz do corpo tipificado pelo Templo de Salomão. Nenhum trabalhador ficou doente, durante os sete anos que o Tempo estava sendo construído, nem se deterioraram as condições perfeitas de suas ferramentas. “Quando completado, o Templo brilhava como uma colina de ouro assentada sobre uma montanha de prata. O Altar de Bronze se ampliou tanto que podia abarcar a TERRA. O Mar Fundido envolvia o espírito de todas as ÁGUAS. As cortinas agarravam e sustentavam a tremula sombras dos ARES azuis; e os candelabros, a glória do FOGO celestial”. Aos arredores do Templo estava um bosque com árvores de ouro que sustentavam frutos perpétuos que caíam apenas quando um inimigo se aproximava. Dentro do santuário uma vara de marfim, que a seu toque gerava injúrias e doenças aos impuros, mas era, provadamente, inofensiva aos puros. O muro transparente dentro do interior do santuário permanecia claro como um Cristal pela aproximação dos retos, mas se escurecia quando os indignos se aproximavam dele.
Na dedicação do Templo, essas palavras eram faladas pelo Senhor, a manifestação espiritual da lei: “Ouvi a oração e a súplica que me dirigiste. Consagrei esta casa que construíste, nela colocando meu Nome para sempre; meus olhos e meu coração aí estarão para sempre.” (1Rs 9:3). A lenda diz que Salomão colocou uma chave de ouro na porta da Sala Santo dos Santos no ritmo da música dos cantos celestiais: “Abra bem a porta de entrada do Santo dos Santos, que o Rei da Glória pode ir a seu descanso”.
“A rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão e veio pô-lo à prova por meio de enigmas. Chegou a Jerusalém com numerosa comitiva, com camelos carregados de aromas, grande quantidade de ouro e de pedras preciosas. Apresentou-se diante de Salomão e lhe expôs tudo o que tinha no coração, mas Salomão a esclareceu sobre todas as suas perguntas e nada houve por demais obscuro para ele, que não pudesse solucionar.” (1Rs 10:1-3).
A vinda dessa bela rainha da sabedoria foi uma coroação triunfal para a vida de Salomão. A sabedoria, pela qual ele canta como sendo mais valiosa que os rubis, foi, finalmente, sua posse pessoal. Antes dessa conquista, ele jamais poderia escrever o CÂNTICO DOS CÂNTICOS, a Música do casamento Místico, descrita como “uma canção de amor purificada por Lírios”. Essa canção proclama a mescla final da natureza inferior com a superior, à sublimação do material para o espiritual. Este é o mais alto ponto de alcance da divina alquimia. Esta realização ocorre dentro da consciência e da vida do Discípulo, pois, lhe põe em comunhão com os planos celestiais onde a perfeição de cantar se converte em suas experiências pessoais.
O nome Sabá significa SETE e tem interpretações sétuplas: “o Belo, o Velho, o Um, o Dador, o Perigoso, o Primeiro e o Último”. Ela era a Rainha de todas as flores Árabes; Balkirs, seu nome significa BENÇÃO. Salomão se preparou durante três anos para sua chegada. Ele construiu dois muros poderosos que iniciava na fronteira de Israel e terminava nos muros de Jerusalém. Um muro era de prata e outro de ouro, e entre eles estava o lago de Cristal pelo qual todo o mundo refletia. Foi desta a maneira que ele aguardou sua chegada. Sabá veio vestida com sete véus sutis como se fossem tecidos de ar, e se aproximou de Salomão, que permanecia parado sobre este lago de Cristal como se ele estivesse sobre a água. Seus presentes ao rei foram pérolas sem preço, enquanto os presentes de Salomão para a rainha foram oito rosas verdes da Mística árvore de Damasco, todas germinadas em flores e jarras contendo águas de vida eterna do poço de Siloé – sendo esta última, uma frase pertencente de um antigo Templo de Mistérios Egípcios.
“Quando a rainha de Sabá viu toda a sabedoria de Salomão, o palácio que fizera para si, as iguarias de sua mesa, os aposentos de seus oficiais, as funções e vestes de seus domésticos; seus copeiros, os holocaustos que ele oferecia ao templo de Iahweh, ficou fora de si e disse ao rei: ‘Realmente era verdade o quanto ouvi na minha terra a respeito de ti e da tua sabedoria! Eu não queria acreditar no que diziam antes de vir e ver com meus próprios olhos, mas de fato não me haviam contado nem a metade: tua sabedoria e tua riqueza excedem tudo quanto ouvi. Felizes das tuas mulheres, felizes destes teus servos, que estão continuamente na tua presença e ouvem a tua sabedoria!’” (1Rs 10:4-8).
Na grande tenda do rei, os convidados que se reunira, para a recepção dos presentes, foram encobertos por invisíveis hostes de coros angélicos. Salomão saudou a justa rainha com as palavras: “Você é santa como a Arca de Deus; seu corpo é Sua casa”. Por estas palavras de saudação do rei, muitos dos convidados titubearam e partiram, mas Balkris, Rainha de Sabá, se inclinou, se manteve firme e sozinha no meio da tenda real.
“Muitos são os chamados e poucos são os escolhidos”.[15]
Muitos outros também vacilaram e partiram incapazes de percorrer o caminho do Mestre – o caminho estreito e reto da Iniciação que leva aos portais do Templo Místico, onde dádivas são concedidas ao Aspirante triunfante que está dedicado a sabedoria e aprendeu a glória da casa não feita pelas mãos, mas sim por eternidades do céu. Ao terminar de construir essa “casa” que ganha os tributos do Mestre e adquire a habilidade de viajar a terras estrangeiras – a suprema realização para os pioneiros da raça humana.
Salomão reinou desde Jerusalém em toda Israel, durante o período cabalístico de quarenta anos. No momento de sua transição, seus olhos contemplaram uma visão do futuro: a destruição do tabernáculo terreno porque este era transitório e não permanente. Outro grande Iniciado Cristão disse: “Coisas visíveis são temporais; coisas não visíveis são eternas”[16]. Salomão, Rei da paz, levantando ao alto o sagrado anel que tinha um nome indizível, advertiu: “Edificai um Templo invisível e eterno”.
Tanto os Salmos como o Livro dos Provérbios do Antigo Testamento foram usados de diferentes maneiras nos magníficos Templos cerimoniais. Eles, no entanto, não eram apenas lidos ou falados, mas sempre cantados e oficiados, normalmente acompanhados por ritmos graciosos da dança sagrada. Era ensinado aos Aspirantes que tal som, ou entonação, era a emanação ou benção de Deus, o Pai; a harmonia era a emanação ou benção do Cristo Cósmico; e o movimento rítmico era a emanação ou benção do Espírito Santo. Era assim que em todos os Templos cerimoniais se expressava o poder da Santíssima Trindade.
Os Salmos expressam vários níveis de realização espiritual.
O Salmo nonagésimo primeiro é um canto de proteção. Pelo seu uso, o Discípulo aprende como inundar seu corpo com uma luz pura e branca de poder que nenhum mal pode tocá-lo, pela repetição continuada da afirmação de proteção segura e poderosa: “Mil cairão ao teu lado, dez mil a tua direita, mas nenhum chegará a ti”.
O Salmo vigésimo terceiro é um de promessa. “Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos.”. Estes inimigos não são meros inimigos pessoais que nos desejam mal; são, também, os inimigos mais perigosos que existem dentro de nós mesmos: pensamentos errados, falsos apetites e emoções descontroladas, especialmente as emoções destrutivas de medo, ódio, malícia e os desejos mais ásperos da personalidade não regenerada. “Unges a minha cabeça com óleo” (o despertar dos órgãos espirituais da cabeça). “O meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor (a Lei espiritual) por longos dias.” (Sl 23:5-6).
O Salmo 24 é um canto de Regozijo: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é este Rei da Glória?”. A resposta a essa questão é que o Senhor é o Rei da Glória; mas o Aspirante entende que esse canto também se refere ao “Cristo Interno”, pois cada ser humano é espírito, é um feito à imagem e semelhança de Deus.
Muitas vezes, em nossos escritos, temos nos referido as gloriosas procissões que ocorriam nos mundos internos e que eram liderados pelo próprio Cristo. Aqueles que são merecedores ganham permissão para testificar essas procissões e tomar parte delas. Isto, no entanto, não pode ocorrer antes do despertar do Cristo dentro da própria natureza do Aspirante. É por isso que este Salmo possui dois significados: o gozo que se conhece quando o Espírito de Cristo entrou no coração do Discípulo e o reconhecimento que, por este evento, ele se tornou merecedor de permanecer na presença de nosso supremo Senhor Cristo, enquanto ele ouve o coro jubilante dos Anjos: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, e o Rei da Glória fará sua entrada”.
Nos Templos antigos, os Provérbios foram empregados como poderosos mantras de cura. A ciência oculta entende que o corpo humano é composto por certos grupos conhecidos como femininos ou negativos. O primeiro grupo está sob o domínio ou regência do cérebro e do sistema nervoso central. O segundo grupo está sob a regência do coração e do sistema nervoso simpático. O que causa a maioria das enfermidades é a interação desarmônica entres esses sistemas. Conforme o Discípulo progride espiritualmente, ambos os sistemas gradativamente começam a funcionar em perfeita harmonia. Uma relação perfeita entre esses dois sistemas é conhecida como a Balança, ou Polaridade no sentido espiritual, e com isto, o corpo se torna impenetrável a enfermidades. Esse é o segredo dos corpos perfeitos dos Mestres da Sabedoria e os altos Iniciados, que já conquistaram elevada estatura espiritual e estão além da enfermidade e morte.
Em Provérbios podemos ler a seguinte verdade: “A sabedoria já edificou sua casa, ela já lavrou seus sete pilares.” (Pr 9:1). E para o Discípulo ansioso e pronto, é dado o mandamento: “Vinde, come do meu pão e beba do meu vinho que eu preparei.” (Pr 9:5).
Por isso Provérbios e Eclesiastes são especialmente os livros didáticos de iluminação pelos quais se personifica a Sabedoria como um princípio feminino de Deus, enquanto o Entendimento, como se utiliza nos Provérbios, é um princípio masculino. A Sabedoria é o fluir da revelação cósmica, mas o Entendimento é alcançado por meio da razão e do trabalho Iniciático. Por isso o Livro dos Provérbios inicia com a seguinte instrução: “Obtenha sabedoria e entendimento.”(Pr 1:2). Esta é, em verdade, a nota chave de toda a obra. Salomão declara repetidamente que a Sabedoria é o principal objetivo de sua busca.
É significativa que a música do Templo esotérico era tanta masculina como feminina, e era tocada em instrumentos harmonizados aos seus respectivos ritmos. O canto usado no Livro dos Provérbios foi programado para vibrar diretamente sobre as duas correntes que fluem dentro do Corpo Vital. Assim, o tema musical, tanto do Livro dos Provérbios quanto de Eclesiastes, pode ser chamado de polaridade e equilíbrio.
O equilíbrio perfeito entre os polos do espírito humano nunca poderá ser efetuado, até que o inferior feminino tenha sido elevado através de uma vida pura e de aspirações. Este termo, “inferior feminino”, se refere à natureza emocional que ainda se mantém sujeita a vida dos sentidos e sob o jugo de objetivos e propósitos egoístas. Na maioria das escrituras antigas a “alma” ou espírito (Ego) humano era chamado de feminino, e, assim, o aspecto inferior da natureza da alma era chamado de “feminino caído” que deve ser elevado e redimido.
Os cânticos do Livro dos Provérbios utilizados na Igreja primitiva ocorriam, principalmente, aos domingos entre o Solstício de Dezembro (Natal) e Equinócio de Março (Páscoa), sendo essa época do ano a mais propícia para transmutação e a mais santa das estações. O ritmo dual do Livro dos Provérbios, que vibra sobre as duas correntes do Corpo-Alma e os dois sistemas nervosos, é claramente reconhecido em muitos de seus versos, como, por exemplo, no Livro dos Provérbios 14:1; 15:20; 19:26; 6:20- 21.
“Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos”.
“O filho sábio alegra seu pai, mas o homem insensato despreza a sua mãe”.
“O que aflige o seu pai, ou manda embora sua mãe, é filho que traz vergonha e desonra”.
“Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei da tua mãe”.
“Ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço”.
A palavra Sabá significa sete, e a visita da Rainha de Sabá a Salomão constitui a preparação para as delícias da alma do Matrimonio Místico, que é o motivo espiritual do Cântico dos Cânticos.
Para aqueles, cujos olhos estão abertos ao verdadeiro significado da Missão, esta antiga lenda de Sabá e de Salomão, contêm muitas premissas relacionadas com o propósito da preparação, necessários para a feliz conclusão da Missão. Salomão, o Sábio Vidente, encontrou o Caminho e aprendeu a caminhar ali, preparando-se para a futura encarnação Daquele que deveria vir como uma mais completa e perfeita demonstração “do Caminho, da Verdade e da Vida”. Este sublime livro, “Cânticos do Cânticos” atribuído a Salomão, canta, em seus inspirados compassos, o que é necessário para a preparação e para o Caminho.
Neste cantar, o autor alquimista expressou, de maneira alegórica, a fórmula para fabricar a Pedra Filosofal. O relato em si mesmo é completamente simples. Ele nos conta que o Rei Salomão, ao visitar seu vinhedo no Monte de Líbano, se surpreende ao ver uma moça Sulamita. Ela foge dele. Mais tarde, no entanto, ele a visita, disfarçado de ovelha, e consegue ganhar seu amor e a clama como sua rainha. O poema abre com um recital de seu casamento no palácio real.
O Cântico de Salomão tem duas principais características, uma masculina e outra feminina. A primeira responde pelo nome de Shelomah (Pacífica), a segunda responde pelo nome de Shulamith (perfeito). É de notar que ambos os nomes são variações da mesma palavra raiz, sendo que essa variação indica diferença do gênero. Shulamith é a forma feminina de Salomão. Na tradução inglesa os dois caracteres não podem ser diferenciados tal como são diferenciados em Hebreu.
Esses dois polos do ser espiritual eram reconhecidos em todos os antigos Templos de ensinamentos e eram simbolizados nas duas colunas ou pilares que se erguiam antes dos Templos dos Mistérios. Na entrada do Templo de Salomão, se elevavam dois pilares, Jachin e Boaz, que juntos simbolizavam a Força e a Estabilidade e, também, a Beleza; eles eram, também, conhecidos como as duas Colunas da Vitória. Sempre o candidato deveria passar entre estes dois pilares na busca pela Luz, a Luz que está no Leste.
O Cântico Místico de Salomão é um delineamento poético e alegórico dos passos ou graus que levam ao desenvolvimento da consciência cósmica, parcialmente evidenciada nos clarividentes. Estes níveis, às vezes denominados “véus” nas Escolas de Mistérios, são sete em números e são enumerados deste modo:
Primeiro grau: A Missão
Segundo grau: O Despertar do Amor (o Místico)
Terceiro grau: A Realização do Conhecimento (O Oculto)
Quarto grau: O Desprendimento
Quinto grau: A Unificação
Sexto grau: A Aniquilação
Sétimo grau: A Consumação
A nota exultante que soa na Canção do Rei Salomão toma forma real nas palavras preciosas que são repetidas, frequentemente, em todas as partes: “Meu bem-amado é meu e eu sou dele”, enquanto a frase que completa o canto “O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios” (Ct 2:16), é característica do Caminho que culmina na Consumação divina.
Essa culminante mescla dos dois polos do Espírito que constitui o Matrimônio Místico é representada nos versículos que S. João abre seu Evangelho: “O Verbo estava com Deus”; e sua música acompanha cada verso do lindo canto nupcial de Salomão. Velado para aquele que não está pronto para experimentar a Missão, sob a aparência de uma canção de um terno amor humano, o Cântico dos Cânticos é para o iluminado uma revelação do Santo dos Santos, no qual ele permanece na Luz Eterna que agora não mais vista “como por espelho, obscuramente”, mas com clareza transcendente, “Face a Face”.
Mais do que qualquer outro livro, o Livro do Jó é o único, no Antigo Testamento, que se adapta às necessidades e requisitos do Discípulo do mundo moderno. O Discípulo pode aceitar esse livro como um manual de instrução, um texto para meditação e como um exemplo de santidade e fortaleza espiritual de comportamento cotidiano.
Há duas leis supremas que governam o Planeta Terra. Uma é a Lei do Espírito, a outra é a Lei da Materialidade. Cada ser humano possui o livre-arbítrio e a habilidade de escolher entre a lei que deseja estar sob jugo, seja no âmbito da casualidade material ou na liberdade de toda escravidão pelo Espírito. Os frutos de sua vida serão evidenciados por essa escolha.
No livro de Jó os dois caminhos são representados por Elifaz – o caminho do Espírito – e por seus três amigos – o Caminho da Materialidade. Os três amigos são conhecidos por nós, pois eles representam à enganosa sedução dos sentidos humanos que se expressam através do Corpo Denso, dos desejos (ou Corpo de Desejos) e pela Mente material ou “mortal”.
A Bíblia manifesta claramente que Deus ama quem castiga. Na verdade, o castigo não é um indicativo de punição, mas sim o meio pelo qual é possível trazer seus filhos de volta ao caminho da regeneração. O Livro de Jó pode ser denominado, adequadamente, como o Padrão Cósmico Típico de aperfeiçoamento do ser humano através do sofrimento. Membros de sua família são tirados dele. Todas as suas posses materiais são perdidas e, também sua reputação, e até seu nome. Por fim, Jó acaba atacado por uma enfermidade repugnante. Foi neste momento que sua esposa lhe aconselha a “amaldiçoar a Deu e morrer”. Isto representa o caminho estreito em que muitos acabam se suicidando equivocadamente, tentando escapar dos problemas da vida.
O interessante é que é neste mesmo ponto crítico que ocorreu uma coisa maravilhosa na vida de Jó: a chegada de Elifaz, que representa o despertar da espiritualização da Mente, que é conhecido no Cristianismo esotérico como a Cristificação da Mente. Aqui o Cristão aprende a ter apenas pensamentos Cristãos, falar somente palavras Cristãs e a realização somente de obras Cristãs. S. Paulo se referia a isto como a grande transformação: “morrendo o homem velho e nascendo o homem novo” (Col 3:9-10). Para ele isto ocorreu, exatamente, na estrada de Damasco. Ele entrou nesta estrada como um inimigo amargo e perseguidor de Cristo e dos Cristãos. No entanto, ele abandonou este jeito de ser e se tornou um dos servos mais devotos do Cristo. Seu nome permanecerá como uma das mais brilhantes luzes do Cristianismo, por todo o tempo.
Com a transformação de Jó, sua família retornou para ele, seus bens foram restituídos e multiplicados por dez. Sua reputação foi reestabelecida e seu corpo ficou totalmente curado. Finalmente, ele compreender o significado das palavras: “O homem é feito a imagem e semelhança de Deus”.
Deus é Amor – Deus é Todo Bondade – e quanto mais o ser humano se tornar semelhante a Deus, maior bondade será manifestada em sua vida. Quando alguém percebe a si próprio rodeado por más companhias ou submerso em um ambiente desarmônico, se este for um verdadeiro sábio, não procurará mudar tais condições com recursos e tentativas externos, mas procurará a solução dentro de si mesmo. Semelhante atrai semelhante e aquilo que doamos, inevitavelmente, retornará para nós.
Voltamos a repetir que, de todos os Livros do Antigo Testamento, o Livro de Jó é o que mais se adéqua as necessidades do Discípulo moderno, como manual de meditação e para viver a vida. Na atualidade, o Discípulo, assim como Jó, vive no meio de provas e confusão; é o tempo todo invadido por forças do mal que vem de dentro e de fora. Tais como as questões feitas por Jó, o Discípulo também as faz; e novamente, como Jó, ele receberá as respostas necessárias que virão do alto. Se persistir, terá sua recompensa: domínio de si mesmo e do mundo por meio da continuada comunhão com a Sabedoria do Eterno.
Os quatro Evangelhos apresentam quatro registros distintos da vida e da missão de Cristo Jesus. Eles se diferem tanto na abordagem como no tratamento deste assunto mais profundo. Os céticos que apresentam a denominada “maior crítica” consideram algumas dessas variações como inconsistências, e em alguns casos, como contradições. Tais variações poderiam, então, provocar algumas dúvidas a respeito da autenticidade dos registros do Novo Testamento como um todo. No entanto, quando os Evangelhos são estudados juntos e separadamente, sob a luz da Iniciação, será possível perceber que seus conteúdos, ainda que separados, suportam os ensinamentos como um todo. Essa noção ocorrerá em um nível ainda nem sonhado pelos comuns intérpretes desses documentos sagrados.
Assim, por exemplo, S. Mateus e S. Lucas iniciam seus registros com o nascimento do menino Jesus. Este fato é inteiramente omitido nos Evangelhos de S. Marcos e S. João. S. Marcos inicia seu Evangelho com o Batismo de Jesus, momento em que Cristo se encarnou em forma humana. S. João abre seus registros, não com uma apresentação do Mestre Jesus, mas do Verbo – o Verbo que é identificado com o Cristo Cósmico. Em seguida, segue a apresentação do Cristo em conexão com o milagre realizado nas bodas de Canaã, quando Ele transformou água em vinho.
Das muitas referências que S. Paulo faz aos vários mistérios conectados com a vida e trabalho de Cristo Jesus, não há dúvida de que, como resultado das muitas experiências profundas que ele próprio experimentou, em relação aos Mundos Espirituais, ele reconheceu que a natureza de muitas delas estavam fora do alcance daqueles que ainda não tinham realizado a preparação suficiente para essa assimilação e aceitação. Ele expressou tal reconhecimento nas palavras que são, frequentemente, citadas: “Dá-se leite para as crianças e carnes para os fortes” (ICor 3:2).
Qualquer pessoa que fizer um estudo cuidadoso das Epístolas de S. Paulo não pode deixar de notar a extensão pela qual elas lidam com as atividades do plano interno. Ele escreve, por exemplo, “Eu fui arrebatado ao terceiro céu, se no corpo ou fora dele, eu não sei” (IICor 12:2). Esta é uma experiência familiar a muitos Discípulos de nossos dias.
Naquele momento de transcendental iluminação ocorrido com S. Paulo na estrada de Damasco, o mundo externo foi tão obscurecido que toda a sua atenção foi totalmente voltada para a vida e atividades do mundo interior. Então, por isso, lhe foi permitido ir até a presença do Senhor Cristo e entender o significado da missão que Ele havia empreendido ao se tornar o Regente planetário interno desta Terra e o significado profundo disto para o futuro da Humanidade e para a redenção da Terra.
S. Paulo, que antes de sua experiência de Damasco foi um arqui-inimigo de Cristo e Seus seguidores, mais tarde se tornou uma pessoa com a maior e profunda dedicação e o mais ardente missionário de todos os seguidores do Mestre.
S. Paulo enfatiza que é devido ao Cristo, um ser divino encarnado em forma humana, ter sofrido como um ser humano sofre que Ele é o único capaz de se compadecer por todos aqueles que são fracos e oprimidos. Seu amor e compaixão são de tal natureza e se expressa com tamanho poder e universalidade que O faz ser o Salvador e Redentor do mundo. Como um poeta lindamente expressou: “A rosa não produz toda a sua fragrância até que suas pétalas sejam esmagadas. A verdadeira simpatia só é emanada de um coração compadecido”.
Foi a incapacidade de compreender o significado interno dos eventos da vida de Cristo Jesus que fez com que houvesse as provocações feitas por muitos que O seguiram enquanto ele carregava Sua cruz para o Calvário: “Ele salvou os outros, mas não pode salvar a si mesmo”[17]. Mas foi a missão de Cristo mostrar ao ser humano o caminho e ensiná-lo como seguir Seus passos. “Aquele que quiser me seguir”[18], Ele disse aos seus Discípulos, “negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e me siga”[19].
E assim, como o supremo Guia do Caminho era para Ele carregar a cruz até as encostas do Gólgota para sua própria crucificação. Foi também no padrão divino que Ele viveu a traição no plano físico, que ilustra, na vida do ser humano, como a natureza inferior está sempre traindo a superior, ou o Cristo Interno, até que chegue o tempo em que a natureza inferior seja transmutada, e finalmente, destrua a si mesmo, assim como Judas, o traidor, o fez.
Um estudo, do que se pode denominar o conteúdo interno do Evangelho, traz a luz os sucessivos passos que devem ser percorridos no caminho que leva a Iniciação. Os passos totalizam 12. Eles são estabelecidos nos principais eventos registrados da vida de Cristo Jesus. Eles têm início na Imaculada Concepção, Ressurreição e Ascensão. A vida de Cristo, como está delineada nos Evangelhos, corresponde ao padrão cósmico para todos os processos que abrangem a evolução espiritual.
O primeiro passo no caminho está descrito no Evangelho de S. Mateus e S. Lucas. Os passos mais avançados são registrados por S. Marcos e S. João. Conforme previamente observado, S. Marcos inicia seus escritos com a vida de Jesus, com o Batismo feito por S. João, o Precursor. S. João, o mais avançado de todos os Discípulos do Mestre, inicia seu registro com a descrição do milagre em Canaã.
Se todas as Escolas de Mistérios que ensinam o caminho da Iniciação fossem abolidas da Terra, seus trabalhos secretos seriam passíveis de serem descobertos na Bíblia. Pelo reconhecimento de tal fato é que as principais ferramentas da Loja Maçônica são: a Bíblia, o Esquadro e o Compasso. Dentro de seu simbolismo, a Fraternidade Maçônica preserva os elementos essenciais para os processos iniciatórios e como estes são delineados de muitos pontos de vista do livro supremo da vida, as Escrituras Cristãs.
Em suas interpretações iniciatórias, os quatro Evangelhos são transmissores das quatro correntes de energia que se manifestam no plano físico em elementos conhecidos como fogo, água, ar e terra. Esta verdade foi bem compreendida e ensinada pelos Cristãos dos: primeiro e segundo séculos.
Citamos de uma fonte não identificada: “Na Palestina, S. Mateus O proclamou como Aquele que colocou a pedra final no Reino de Deus, da qual foram lançadas as bases em Israel”. Em Roma, S. Marcos O apresentou como um Conquistador que fundou Seu direito divino como o Rei do Mundo sobre Seus poderes miraculosos. Na Grécia, S. Lucas O descreveu como um Divino Filantropo encarregado de levar a cabo a obra da divina graça e compaixão pelos piores pecadores. Na Ásia Menor, S. João O retratou como a Palavra tornada carne – a Luz e Vida Eterna que desceu até o mundo temporal:
Cristo, o Messias de Israel…………………………………………. Mateus
Cristo, o Poderoso Senhor da Natureza………………………. S. Marcos
Cristo, o Amigo e Pastor de toda a Humanidade…………. S. Lucas
Cristo, a Vida e Luz do Mundo…………………………………. S. João
Do que foi descrito acima, se torna aparente que as diferenças nos quatro Evangelhos, que, para algumas pessoas, comprovam as inconsistências, são variações de apresentações de diferentes estados de desenvolvimento na vida do Aspirante. Assim, um Evangelho amplia os outros em seus recitais da vida e missão de Cristo. Nisto, eles provêm evidência irrefutável da sabedoria insondável que é incorporada nesta e em todas as partes das Sagradas Escrituras.
Os 12 principais eventos da vida de Cristo Jesus e suas correspondências na vida do Aspirante são as seguintes:
1. Anunciação | 7. Tentação |
2. Imaculada Concepção | 8. Transfiguração |
3. Nascimento | 9. Getsemani |
4. Viagem para o Egito | 10. Crucificação |
5. Ensinando no Templo | 11. Ressurreição |
6. Batismo | 12. Ascensão |
Em S. Lucas 1:26-27 lemos: “E, no sexto mês, foi o Anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria”.
Entre os primeiros Iniciados Cristãos, não era a pessoa de Maria que era adorada, glorificada e exaltada; o objeto de veneração era a emanação feminina do Cristo Cósmico que é inata, potencialmente divina dentro de cada ser humano e a realização pelo qual é o supremo trabalho da Iniciação.
O princípio feminino é criador na natureza, deste modo, a Anunciação Angélica era que a Virgem ou Mãe Santa daria à luz a um menino. Em sua aplicação universal, a Anunciação deve ser compreendida como o nascimento do Cristo místico no coração do ser humano regenerado.
Em S. Lucas 1:38-39 “Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o Anjo ausentou-se dela. E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá”.
Dentro da vida de cada neófito de sucesso, o processo da Anunciação é promulgado. Ele se torna consciente, depois de certo período de preparação, de mudanças particulares que ocorrem dentro de si como um resultado da incorporação de Éteres Superiores em sua natureza, como consequência de uma vida devotada ao propósito do serviço espiritual.
A Imaculada Concepção pode ocorrer somente após um Aspirante a vida superior ter se dedicado a viver em obediência a lei espiritual e ao espírito do Cristo Interno. O intervalo entre a Anunciação e a Imaculada Concepção é um período de provas, quando o neófito precisa ser preparado, no que tange ao uso de seus poderes espirituais despertados. As provas consistem em averiguar se ele utilizará seus poderes para benefício próprio ou se os devotará para promover o bem dos outros. Neste estágio, muitos vacilam e nunca passam além do primeiro estágio, a Anunciação. Um exemplo de alguém que foi forte o bastante para alcançar o segundo passo, a Imaculada Concepção, foi Maria, a mãe de Jesus. Após o sucesso, ela proclamou em êxtase: “A Minh’alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegrou em Deus meu Salvador. Pois Ele me contemplou na humildade da sua serva. Pois desde agora e para sempre me considerarão bem-aventurada” (Lc 1:46-55).
Foi por meio da exaltação do princípio feminino que Maria se tornou a noiva do Espírito Santo. Uma sublime experiência similar espera cada um e a todos que decidem seguir os passos que conduzem até a Imaculada Concepção, passos percorridos por aqueles que já caminharam adiante e nos abriu o caminho.
Os passos ou níveis de Iniciação são similares, em seu delineamento, em todas as Escolas de Mistérios. Suas diferenças referem-se principalmente ao método de desenvolvimento que podem variar de acordo com os requisitos particulares e estágios evolucionários das raças que essas Escolas são designadas a servir. Foi por isso que os grandes Mestres do mundo nasceram de mães virgens e suas vindas foram proclamadas pela Anunciação Angelical. Eles, também, foram concebidos de modo imaculado e os nascimentos ocorreram em grutas, cavernas ou estábulos. O exaltado Ego de um Mestre do mundo é cuidadosamente preparado pelos Seres Divinos responsáveis pela evolução da Humanidade. Deles é um santo Nascimento e, como tal, é sempre um acontecimento acompanhado por alegres hosanas de Anjos e Arcanjos.
Para incutir os passos de realização na consciência da Humanidade, o nascimento é representado como ocorrendo em um lugar escuro, ou onde animais ferozes são alimentados, simbolizando um nascimento espiritual desde os elementos mais baixos e não regenerados da natureza mortal da Humanidade.
Simbolicamente, o neófito deve deixar Nazaré, o lugar onde o tempo é utilizado para a vida pessoal, e entrar no caminho que conduz a Belém, “Casa do pão”, em preparação para o Nascimento Sagrado. No presente estado de consciência em massa, a Mente está tão ocupada com preocupações materiais que o espírito não pode nunca encontrar uma completa hospitalidade. A cabeça, ou o interno, está tão cheio de materialismo que o espírito deve procurar acomodação em vários lugares, até encontrar.
Por várias e amplas razões muitos ainda não percebem que o tempo de nascimento de Jesus é uma estação de grande regozijo tanto nos planos internos como no externo. A encarnação física de Jesus foi feita com o propósito de auxiliar, no ser humano, o nascimento de seu próprio Cristo Interno, assim, deste modo, ele também poderá vir a conhecer, pessoalmente, a sublime experiência da Noite Santa. Este é o trabalho da Nova Dispensação Cristã. Os portais desta Nova Era foram abertos na noite do nascimento do Mestre Jesus. A Terra, então, respondeu a um novo ritmo que era estabelecido pelos Anjos que proclamaram: “Paz na terra e boa vontade entre os homens”[20].
Mt 2:13-16.
“Após sua partida, eis que o Anjo do Senhor se manifestou em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar”. Ele se levantou, tomou o menino e sua mãe, durante a noite, e partiu para o Egito. (…). Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo”.
Os Evangelhos, como previamente mencionado, são fórmulas de Iniciação de vários degraus que abarcam variações em seus registros. Assim, por exemplo, S. Lucas não faz menção da fuga para o Egito, um evento que simboliza a ascensão temporária do ser humano sobre a divina natureza. A Fuga para o Egito representa a terra da escuridão e materialismo, reflete na vida do neófito lutando, em seus primeiros passos, no desenvolvimento para a Iniciação, como relatado por S. Mateus. O Evangelho de S. Lucas, que expressa uma fase mais alta de realização, passa diretamente dos Rituais do Templo da preparação até os quatro passos conhecidos como Os Ensinamentos do Templo.
Lc 2:40-42; 46-49:
E o menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele. Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para a festa. Terminados os dias, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. (…) Três dias depois, eles o encontraram no Templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; e todos os que o ouviam ficavam extasiados com sua inteligência e com suas respostas. Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos”. Ele respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
Num ponto de vista pessoal ao episódio do Templo, Jesus representa o espírito interno desperto e iluminado, e os Rabinos, a Mente intelectualizada ou a faculdade mental desprovida que não consegue penetrar em qualquer coisa além do reino dos cinco sentidos. Maria, a mãe, tipifica o feminino ou forma-imagem da qualidade da alma, a quem o espírito acha necessário, às vezes, admoestar: “Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”.
A idade de doze anos é um tempo importante na vida de uma criança. É o tempo que inicia a puberdade e, também, em Egos avançados, o nascimento do Corpo de Desejos, o despertar da Alma. A luz espiritual que foi gerada no curso das vidas passadas irradia da cabeça da criança no nascimento como os artistas místicos retratam esse fato, não apenas em Jesus, mas também em S. João Batista, o menino Samuel e outros personagens bíblicos de alta realização espiritual.
O Ensinamento no Templo marcou um estágio definido do despertar dos poderes do menino Jesus. Nós lemos: “Maria conservava todas essas coisas em seu coração”. Ela relatou estes acontecimentos a S. Lucas que registrou os mesmos com excepcional maestria em seu Evangelho.
Mc 1:10-11:
“E, logo ao subir da água, ele viu os céus rasgando e o Espírito, como uma pomba, descer até Ele, e uma voz dos céus: ‘Tu és o meu Filho amado, em Ti me comprazo.’”.
Todos os ritos místicos Iniciáticos incluem o cerimonial de purificação com água. O festival dos Mistérios Eleusinos da Grécia[21], incluíam banhos; o Tabernáculo do Deserto possuía um Lavabo de Bronze; e na vida do grande Condutor da Humanidade da Religião Cristã, Cristo Jesus, é o seu Batismo que marca o próximo grande passo que devemos alcançar se seguirmos seu caminho.
O uso e aplicação da água é símbolo da purificação espiritual. O Batismo marca o estágio e que o coração do neófito já despertou para as necessidades de interesses dos outros. Ele não pode mais viver sozinho ou com propósitos egoístas. Seu coração se transborda de simpatia e suas mãos de ações práticas para aliviar o sofrimento e para confortar aqueles que estão em desespero e sofrimento. Quando uma pessoa experimentou o despertar espiritual que vem com o verdadeiro Batismo, seus interesses e atividade não podem mais ficar limitados a sua própria família ou limitado círculo, mas deve encontrar uma expansão que estende para uma área cada vez mais ampla, até que abarque o mundo e toda a Humanidade. Amor e compaixão, então, se manifestam em atitude de redenção. Há sofrimento por aqueles que violam a lei, civil e moral, pelos criminosos condenados à morte, pelas misérias da vida em suas profundas depressões e pela crueldade infligida aos nossos irmãos menores do reino animal. Com o fluxo espiritual no momento do verdadeiro Batismo, a realização se manifesta na consciência que a família humana é única dentro da Divindade toda-abrangente que nos anima e, consequentemente, o bem de alguém é o bem para todos e a dor de um é a dor de todos. Uma sensação profunda de responsabilidade é, então, aceita, abarcando todas as maneiras possíveis que concorda com amor, verdade e justiça.
“Apresente seus corpos para um sacrifício vivo, sendo aceitável perante Deus” exorta aquele que é admitido e passa pelo ritual do Batismo. Sobre sua cabeça pousa a pomba do poder espiritual e aonde ele vai, se dissipam as nuvens da escuridão e da ignorância, de tal maneira que ele também escuta a voz de Deus dizendo: “Tu és meu filho amado”.
Lendas místicas dizem que, no momento do Batismo, grandes esferas de fogo apareceram sobre as águas do Rio Jordão. Isto estabelece o significado interno de que as faculdades poderosas, a Mente e o Coração foram unificados na vida de Jesus, o protótipo espiritual ideal da Humanidade. Esta mescla é o ideal supremo da evolução humana e sua culminação ocorreu no maior Iniciado dessa Terra, em que ocorreu a declaração: “Este é meu filho amado, em quem Eu me comprazo”.
O Ego conhecido como Jesus deixou seu corpo no Batismo e o Arcanjo, o Cristo, desceu como uma pomba para habitar aquele corpo durante três anos de Seu Ministério terreno. O Corpo de Jesus foi o meio pelo qual Cristo pode ingressar na Terra. O Plano de redenção foi possível devido àquela união. Como S. Paulo escreveu, em um senso muito literal: “Há um só Deus, e um só entre Deus e os homens, um homem Cristo Jesus” (1Tm 2:5).
Em Mt 4:1-11 lemos:
“Então Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto, para ser tentado pelo diabo. Por quarenta dias e quarenta noites esteve jejuando. Depois teve fome. Então, aproximando-se o tentador, disse-lhe: ‘Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães’. Mas Jesus respondeu: ‘Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’. Então o diabo o levou à Cidade Santa e o colocou sobre o pináculo do Templo e disse-lhe: ‘Se és Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus’. Tornou o diabo a levá-lo, agora para um monte muito alto. E mostrou-lhe todos os reinos do mundo com o seu esplendor e disse-lhe: ‘Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares’. Aí Jesus lhe disse: ‘Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto.’. Com isso, o diabo o deixou. E os anjos de Deus se aproximaram e puseram-se a servi-lo.”.
De todas as lições que Cristo passou no drama de Sua vida, nenhuma é mais importante do que a Tentação. Igualmente, nenhuma outra experiência é tão mal compreendida como essa experiência. Em verdade, Ele foi submetido aos testes do corpo, da Mente e da alma, para que pudesse deixar à raça humana um exemplo divino de inspiração incessante, d’Aquele Único Ser que foi tentado em todas as coisas e, mesmo assim, permaneceu sem pecado, conforme S. Paulo afirma.
A reação que o neófito tem frente à Tentação mostra claramente o nível que está no Caminho, mas esta não é a única razão das provas do Caminho. As provas são importantes porque elas permitem o desenvolvimento moral, a força mental e espiritual, assim como o exercício físico e o labor desenvolvem a saúde e a força do Corpo Denso. Cristo Jesus deu-se a Si mesmo para ser nosso Exemplo, a fim de que nós pudéssemos saber a maneira exata de sofrer a Tentação, ou provas, ou qualquer tipo de ocasião de teste no Caminho.
Assim como Cristo Jesus foi tentado depois de Seu Batismo, experiência essa que constituiu uma Iniciação, igualmente o neófito será tentado, ou testado, depois de cada iluminação ou elevação no Caminho. Esses testes vêm para ele com o propósito de lhe mostrar suas próprias fraquezas. Falhas em qualquer um destes testes não significam que ele deve retornar aos caminhos do mundo, mas significa que ele deve se esforçar ainda mais, para superar suas debilidades e defeitos e, deste modo, quando for “tentado” novamente, ou testado, ele poderá permanecer firme.
Todas as tentações, ou testes, pertencem a três categorias gerais: do corpo, da alma e da Mente. A Iniciação simbolizada no Batismo de Cristo Jesus confere, sobre o neófito, novos poderes da alma e da Mente, que vem da realização que toda a vida é una em Deus, e que ele não deve, jamais, usar tais poderes egoisticamente, não importa o tamanho da necessidade, mas somente para beneficiar seu próximo.
É agora que a ambição pessoal, de repente, floresce e de modo bastante inesperado, o neófito acredita que ele superou todos os desejos do mundo. Ele renunciou conscientemente tais desejos insignificantes e sem real valor, e sabe que tornou possível, para ele, satisfazer todos os desejos e assim ele deve depurar seus sentimentos e emoções para ter certeza de que apenas o amor de Deus e para com a Humanidade motivarão suas ações. Isto não é sempre fácil de determinar, porque muitas ambições pessoais são inocentes em si mesmas e são consideradas maléficas em relação à orientação espiritual do neófito no Caminho. Autorrespeito, por exemplo, é mantido, mas não pode ser confundido com vaidade ou egoísmo. O corpo é conscientemente cuidado, porque ele é o templo de seu deus interior, mas a saúde física e o bem-estar não são o objetivo da vida; o corpo é visto como um instrumento do espírito. A alma é encorajada a apreciar as artes, os ofícios e a contemplar as belezas da Natureza, mas tudo isto é visto em relação a Deus como sua verdadeira fonte e origem e, se entende o gênio criativo como um aspecto em si mesmo do Poder Criador da Suprema Unidade em quem o ser humano vive, se move e tem o seu ser. O intelecto deve ser treinado e seu poder cultivado, por meio da educação e da razão, mas a aquisição do conhecimento pode ser um falso deus, a menos que isto esteja relacionado com toda a vida; e quanto mais poderoso for o intelecto, mais será a necessidade de humildade para que a Mente não fique fechada a novos aspectos da verdade e da consciência. Para o intelecto, a regra é sempre a seguinte: “Que a Mente seja em você o que também foi em Cristo Jesus, que fez de Si mesmo, nenhuma reputação… e se tornou servidor de todos, até a morte”.
Essas são sutis tentações que o Discípulo iluminado encontra pelo Caminho e Cristo Jesus mostra como elas devem ser enfrentadas. Ele renunciou-se completamente e entregou sua vontade ao serviço dos outros, mas com total conhecimento de Sua Divindade instaurada sempre alerta.
Cada fase sucessiva do desenvolvimento espiritual carrega uma prova especial e específica, de acordo com o temperamento e grau de espiritualidade do indivíduo; ainda, porém, por mais variados que possam ser estes testes, o exemplo de Cristo mostra o caminho da vitória. A espiritualização da Mente, por meio da completa dedicação a verdade e ao Espírito, constitui a armadura inexpugnável do neófito que não lhe protege apenas por um dia, mas a todo tempo, pelas pequenas, insidiosas tentações da vida comum, que são as mais perigosas na medida em que são dificilmente reconhecíveis como tal. Daí a advertência de um dos mestres da sabedoria: “Orar sem cessar”.
Mc: 9:2-8:
“Seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e os levou, sozinhos, para um lugar retirado sobre uma alta montanha. Ali foi transfigurado diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, de uma alvura tal como nenhum lavadeiro na terra as poderia alvejar. E lhes apareceram Elias com Moisés, conversando com Jesus. Então Pedro, tomando a palavra, diz a Jesus: ‘Rabi, é bom estarmos aqui. Façamos, pois, três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias’. Pois não sabia o que dizer, porque estavam atemorizados. E uma nuvem desce, cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: ‘Este é o meu Filho amando: ouvi-O’. E de repente, olhando ao redor, não viram mais ninguém: Jesus estava sozinho com eles.”.
Foi a partir da Transfiguração que o trabalho de Cristo Jesus e toda a sua vida na Terra realmente começaram. Tendo experimentado as provas da tentação que, para Ele, elas não foram meramente pessoais, mas experiências cósmicas, o Corpo Denso pelo qual Ele apareceu como um homem entre os homens foi completamente transmutado em espírito. Este corpo não foi Seu próprio corpo, mas um corpo dado para Ele utilizar pelo Mestre Jesus, o mais puro e mais perfeito corpo humano já produzido pela raça humana. Séculos se passaram em sua preparação, por meio de hereditariedade controlada e cuidadosa, entre as mais belas e mais fortes famílias que viveram naquelas épocas, famílias de príncipes da Casa de Davi, de quem o herdeiro do trono foi sempre chamado de Messias.
Na repentina revelação Crística, pela Glória Arcangélica que estava, então, dentro do corpo do Mestre Jesus, os Discípulos souberam que estavam na presença de um Poder Cósmico. Anteriormente, outros Iniciados também contemplaram da mesma Glória, mas longe do Sol, ou em ocasiões raras como a presença Arcangélica no templo ou em locais sagrados da Terra, tais como o Campo de Ardath na Babilônia ou no Monte Sinai e outros.
Certos Iniciados que viviam em outros lugares do mundo estavam, também, conscientes da Presença no Monte da Transfiguração na Galileia. Mas estes três Discípulos, Pedro, Tiago e João, viram diretamente a Glória juntos a eles, ajoelharam-se e foram envolvidos por ela, imediatamente. Foi à mesma Glória Solar, conhecida por todos os Iniciados de todas as Escolas de Mistérios, tanto no Oriente como no Ocidente, mas agora brilhou como uma Luz sobre a Terra em si, não uma Luz do astro solar sozinho. Nos últimos séculos, os Iniciados contemplariam, novamente, esta Glória no Sol e experimentariam Sua Imagem projetada na Terra, onde seu “Raio” concentrou e inflamou.
Foi o Cristo Cósmico, localizado no meio da Glória Solar, que ensinou a Seus Discípulos os mistérios mais profundos da nova fé na nova Era, a Era de Peixes, que eles iriam, então, transmitir ao grupo de Discípulos mais próximos do futuro.
De todos os Quatro Evangelhos, o Evangelho de S. Mateus fornece a mais detalhada noção deste sublime evento. Para se entender o que é ali revelado, nós devemos compreender que Cristo vem de um lugar que nós chamamos de o Mundo do Espírito de Vida, que é outro nome dado para o Reino da Consciência Universal ou Consciência Crística. Este mundo é o Seu lar. No monte da Transfiguração, Ele apareceu para seus três mais avançados Discípulos, trajando uma vestimenta de gloriosa luz que pertence àquele alto plano celeste; os três estavam ali com Ele, em consciência, embora para a visão física, eles todos estavam em pé sobre o plano terrestre, no que diz respeito ao corpo.
S. João, mais tarde, descreve este brilho transcendente da seguinte maneira: “Nós contemplamos a Sua Glória, a Glória como a do Unigênito do Pai”[22].
Neste mundo universal, as figuras cósmicas são encontradas como pertencentes ao nosso Esquema de Evolução, um completo e imperecível registro de tudo o que foi experimentado pelo ser humano e os estelares que pertencem a esse Esquema de Evolução, desde o alvorecer da criação; pois este é o mais elevado dos mundos que possui o Livro da Memória de Deus e no qual os Anjos podem ler. Os Discípulos foram levados, conscientemente, a este plano superior. Quando nós olhamos para o passo correspondente do Caminho, na vida do neófito, descobrimos que a transfiguração marca um alto grau ou uma grande realização. A essência da vida conservada e transmutada dentro do corpo, verdadeiramente, ilumina com radiação espiritual, que é uma luz na escuridão, significando sabedoria no meio da ignorância. Ele compreende de uma maneira nova e diferente as palavras do maior dos três Discípulos, que compartilharam o Mistério da Transfiguração com o Cristo: “Se andarmos na Luz como Ele na Luz está, seremos fraternais uns com os outros”(IJo 1:7).
Sobre o Monte da Glória, a benção ouvida no Batismo, no início dos três anos de ministério, é ouvida novamente: “Este é meu Filho amado, em quem Me comprazo” (Mt 3:17 e 17:5); mas esta benção marca uma nova e mais elevada fase do Trabalho do Cristo. No Batismo, quando a Voz falou sobre o Jordão, as palavras foram para a multidão. Aqui, sobre o Monte da Transfiguração, a Voz fala para os três mais avançados Discípulos, aqueles que estavam prontos para a visão cósmica e para o serviço cósmico. Desta Transfiguração, o Cristo foi para o Getsemani e para a consumação de Seu trabalho na Terra.
Após a transfiguração, que marca a culminação de um padrão cósmico de desenvolvimento, restavam, agora, os passos que levam à Liberação.
Em S. Marcos 14:26-28; 32-34 lemos:
“Depois de terem cantado o hino, saíram para o monte das Oliveiras. Jesus disse-lhe: “Todos vós vos escandalizareis, porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão. Mas, depois que Eu ressurgir, Eu vos precederei na Galileia”.
“E foram a um lugar cujo nome é Getsemani. E Ele disse a seus discípulos: ‘Sentai-vos aqui enquanto vou orar’. E, levando consigo Pedro, Tiago e João, começou a apavorar-se e a angustiar-se. E disse-lhes: ‘A minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai.’”.
A palavra Getsemani é formada por duas palavras em Hebraico: GATH “espremer” e, também, “amargura”, e SHEMEN, “óleo” (compreensão e sabedoria). A Sabedoria é sempre carregada de dor, até que o Discípulo tenha desenvolvido uma elevada consciência em que dor não tem poder sobre ele, nem para feri-lo, nem para instruí-lo. O “corpo diamante” do adepto é impenetrável à dor e ao sofrimento e é, também, indestrutível. Cristo Jesus já habitava esse corpo quando Ele foi para o Getsemani e para o Caminho da Cruz, com o propósito de mostrar à Humanidade o Caminho da Sabedoria.
Este é um dos verdadeiros e profundos mistérios da vida, onde a origem da aflição e do sofrimento não é compreendida, enquanto o ser humano somente anseia pela felicidade e tranquilidade, sem se esforçar.
O místico ainda sabe que o Jardim da Aflição e da Crucificação deve sempre preceder a jubilosa hora do amanhecer da Ressurreição e a branca glória do dia da Ascensão.
Na medida em que o espírito se desapega, sua intimidade divina que é imagem e semelhança de Deus que, por sua vez, é amor, o Getsemani deixa de ser um local pessoal de aflição e se converte em um local de pesar para as dores do mundo, como foi para o Cristo. Suas plantas são regadas com suas lágrimas de sofrimento da Humanidade, e para angústias das multidões de criaturas indefesas que vivem e que não podem falar a voz da Humanidade. Assim, conforme uma pessoa avança no Caminho da alta realização espiritual, ela se torna cada vez mais sensível às dores de todas as coisas vivas existentes. Ela sente cada espasmo de dor como se fosse seu, e os armazena em seu coração.
A lição suprema Getsemani é aprender a ficar sozinho e dizer: “Não se faça a minha vontade, mas a Tua”. Muitas vezes temos de seguir Jesus Cristo em tal Monte sozinho e beber deste cálice, até que a lição tenha sido aprendida.
Devemos jogar fora o conteúdo do cálice que é impuro, pois é por meio da dor acumulada da compaixão, que bem perto desfalece o coração, e, deste modo finalmente podemos morrer para o eu pessoal e viver, daí por diante, com o único fim de dar-nos a nós mesmos, sem reservas, para a cura e serviço no mundo. Quando, por uma espécie de alquimia divina, isto for realizado, a paixão transformada em compaixão, a consciência despertada para a compreensão divina trará consigo o poder de aliviar os cansados e curar os enfermos.
Não é mais possível culpar os outros pelos nossos sofrimentos, julgar duramente, criticar ou odiar. O Discípulo pede um único privilégio: o sacrifício de si próprio sobre o altar da Humanidade; sem esperar favores, agradecimentos e compreensão, tanto daqueles que estão mais próximos e como dos mais queridos.
Ele deseja apenas viver para servir. Este é um ideal extremamente elevado, mas é o único que devemos aceitar como uma meta em nossa vida, antes de estarmos preparados para a última libertação do Getsemani.
Em S. Lucas capítulo 23, versículo 24 lemos:
“Então Pilatos julgou que devia fazer o que eles pediam”.
Na Crucificação estamos de frente com um dos mistérios santos que deve permanecer selado ao profano. Na preparação para este rito sagrado, Cristo Jesus foi espancado e açoitado. Suas vestes foram rasgadas e retiradas de seu corpo e UM CERTO MANTO FOI COLOCADO SOBRE ELE. Uma coroa de espinhos foi colocada sobre Sua cabeça e foi pressionada sobre Suas têmporas tão forte que o sangue fluiu dali.
Do evento de flagelação e coração com espinhos até o carregamento da cruz e a crucificação no Gólgota, Cristo Jesus nos mostra o mistério da estigmatização. As mesmas feridas que Ele sofreu aparecem sobre o corpo do místico devoto que medita, profundamente, sobre o Caminho do Calvário e ele sente fisicamente estas feridas que foram produzidas psicologicamente. A maior parte da dor é sentida pelas feridas da cabeça, que são sentidas como se uma coroa de espinhos fosse pressionada sobre o crânio. Tal dor resulta do despertar dos nervos cranianos; estes são os mais sensíveis nervos do corpo. É o fogo ascendente espiritual que produz tais efeitos de dor, que são particularmente notadas nas mãos, nos pés e no lado, correspondendo às cinco sagradas feridas do corpo de Nosso Senhor.
Nas escolas de Mistérios, tais feridas são também sentidas, no entanto, elas permanecem invisíveis, pois o Iniciado caminha pela Via Dolorosa secretamente, embora, de fato, totalmente visível, mas não visto pela multidão cega.
Em Mateus 27:27-29 lemos:
“Em seguida, os soldados do governador, levando Jesus para o Pretório, reuniram contra ele toda a coorte. Despiram-no e puseram-Lhe uma capa escarlate. Depois, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em Sua cabeça e um caniço na mão direita. E, ajoelhando-se diante dele, diziam-Lhe, caçoando: ‘Salve, rei dos judeus!’.”.
O manto escarlate é a insígnia da realeza, mas para o místico isso simboliza exatamente as palavras do Cristo de que aquele que quiser ser o maior entre todos os homens deve ser o servo de todos. A verdadeira realeza é aquela que se sacrifica pelo nosso próximo. Escarlate é a cor do sangue da vida derramado em sacrifício, não um sangue sacrificado em morte, mas um sacrifício vivo. Ele segura a cana com Sua mão direita, o que é representativo de um cetro de um Rei, significando o poder do Iniciado que caminha de modo justo, ou o caminho positivo e justo do poder sobre o mal. No Evangelho de S. Marcos, Jesus é golpeado na cabeça com uma cana, indicativo da fase de desenvolvimento em que a “vara do poder” golpeia o cérebro com sua força ardente.
Apenas os Evangelhos de S. Mateus e S. Marcos mencionam a cana e a coroa de espinhos. Ambos representam as primeiras manifestações dos poderes do Cristo despertados, a Força ardente do Espírito de Vida, que, primeiro flagela o corpo e converte-o em um templo de divindade interior. O processo culmina na crucificação simbólica do Iniciado, onde a Força ardente do Cristo, tendo transmutado o aparente corpo “morto”, o levanta para a Vida eterna.
O Cristo sublime, o supremo Indicador do Caminho, enquanto Ele está na cruz, é o perfeito símbolo, de modo geral e em particular, do Caminho da verdade e de realização espiritual para toda a Humanidade – o caminho do progresso para toda a raça humana.
Em S. João capítulo 20, versículos de 1 a 2 lemos:
“No primeiro dia da semana, Maria Madalena vai ao sepulcro, de madrugada, quando ainda estava escuro, e vê que a pedra fora retirada do sepulcro. Corre então e vai a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus amava, e lhes diz: ‘Retiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram’.”.
Em S. João capítulo 20, versículos de 11 a 14 lemos:
“Maria estava junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para o interior do sepulcro e viu dois anjos, vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado, um à cabeceira e outro aos pés. Disseram-lhe então: ‘Mulher, por que choras?’. Ela lhes diz: ‘Levaram o meu Senhor e não sei onde O colocaram!’. Dizendo isso, voltou-se e viu Jesus de pé. Mas não sabia que era Jesus.”.
O Corpo de Cristo ficou na tumba por toda a sexta-feira, durante todo o sábado e uma parte do domingo. Deste modo, delinearam-se os “três dias místicos” da grande fórmula iniciadora, segundo o qual, o Discípulo é anunciado como renascido, ou ressuscitado para uma nova vida, ou vida superior, o grau mais elevado de consciência e poder espiritual.
Este sublime capítulo do Evangelho de S. João pode ser mais bem denominado como a exaltação do feminino que aponta para o futuro, quando o grande trabalho estará completamente realizado.
Saulo de Tarso e Maria Madalena podem ser considerados como exemplos idênticos no que se refere ao poder de transmutação que reside na consciência Crística. S. João, entre os Discípulos, representa o poder feminino completo e desabrochado, misticamente indicado na gentileza e beleza de seu semblante. Tais poderes fizeram-no o Discípulo mais espiritualizado de todos, como o Discípulo mais amado do Mestre e, foi natural o fato de ele ter sido o primeiro a compreender e aceitar a verdade sobre a Ressurreição.
Toda a Humanidade espera por este evento, a Ressurreição, que é a culminação da evolução na Terra. Para o neófito, a Ressurreição para os reinos elevados significa o poder de funcionar, conscientemente, fora do Corpo Denso, sem a presença da morte física. Todo Aspirante vitorioso, em que se produz a Ressurreição, ouve a proclamação do Anjo do Senhor (Lei Espiritual): “Ele não está aqui, pois ressuscitou” (Mt 28:6) (Mc 16:6) (Lc 24:6).
Tal como S. Paulo disse, verdadeiramente: “Tu és o herdeiro e todos somos Seus co-herdeiros” (Rm 8:17). Mas a mais abençoada de todas as suas promessas é essa: “Não apenas essas coisas, mas coisas ainda maiores do que estas vocês poderão fazer.” (Jo 14:12).
“Todo o poder é dado para Mim no Céu e na Terra”(Mt 28:18), foram as palavras da saudação de Cristo aos seus Discípulos quando Ele estava no cenáculo superior sagrado, após a Ressurreição. Isto significa que por meio do Seu sacrifício no Calvário, Ele agora tinha se tornado o verdadeiro Senhor e Espírito Planetário da Terra.
O Cristianismo Esotérico ensina que o Gólgota não foi o fim. Na verdade, foi o início do sacrifício redentor anual de Cristo para todo o nosso Planeta.
Durante o intervalo sagrado que constitui os “quarenta dias” místicos entre a Ressurreição e a Ascensão, Cristo se ocupou de muitas obras relacionadas não somente com a raça humana, mas com todas as ondas de vida que vivem na Terra. Este trabalho incluiu as várias raças e Espíritos-Grupo que são os guias das várias ondas de vida em evolução. Para cada um, Ele deu um novo ímpeto de altruísmo e unidade, e Ele também acelerou o tom vibratório de cada um, que vibra no padrão cósmico ou arquétipo. Na realidade, com Sua vinda, toda a Terra canta uma nova canção.
“Vão para a Galileia e Eu encontrarei vocês lá”(Mt 28:16). Cada aparição aos Discípulos sustenta um significado profundo e uma promessa de maiores poderes espirituais.
“E, levantando as suas mãos, os abençoou, e quando Ele os abençoou, Ele estava à frente deles e foi levado para o céu”(At 1:10).
Na “ressurreição dos mortos”, a cerimônia mística ensina que a morte não existe, e pela “Ascensão” ensina-se que a vida eterna é a herança do Iniciado. “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Irei preparar um lugar para vocês” (Jo 14:2).
No Grau da Ascensão, o Cristo abriu o caminho, deste modo, qualquer pessoa pode ascender com Ele e compartilhar a elevada comunhão dos reinos espirituais.
Não é o Cristianismo apenas que ensina o caminho da Iniciação. A fórmula da Iniciação foi incorporada em todas as grandes Religiões do mundo, nos principais eventos das vidas dos Grandes Mestres e Salvadores onde esse ensinamento é o acontecimento principal.
Conforme a nova Era de Aquário se aproxima mensageiros dos reinos da Luz vem para estabelecer uma comunhão íntima entre o Cristo, os Discípulos e todos aqueles na Terra que aspiram seguir o ritual místico com seus doze passos ou graus, tal como se há indicado acima.
No mundo da alma, o verdadeiro Discípulo ainda experimenta, hoje, o sofrimento e a crucificação de toda a raça humana, e o Cristo, também, continua sofrendo a crucificação permanente. Ele está, todavia, conosco até o fim dos tempos, como Ele disse, e a Libertação que ele oferece para nós é a Consumação da Cruz. As Litanias da Crucificação são cantos de Iniciação que tratam sobre a fórmula Iniciática, como é descrita nos Evangelhos. A nota chave desta realização é:“Que o Cristo se forme em ti”.
A análise esotérica dos Evangelhos mostra que os acontecimentos marcantes da vida de Cristo são em número de doze e se enumeram assim:
1 – Anunciação | 7 – Tentação |
2 – Imaculada Concepção 3 – Nascimento | 8 – Transfiguração 9 – Getsemani |
4 – Fuga para o Egito 5 – Ensinamentos no Templo | 10 – Crucificação 11 – Ressurreição |
6 – Batismo | 12 – Ascensão |
Estes doze passos sustentam uma conotação astrológica interessante, por isso que se diz, verdadeiramente, que a primeira Bíblia do ser humano foi o Zodíaco, em que ele aprendeu a ler as verdades espirituais. Lá ele decifrou os sinais enigmáticos de que revela a vida dos Deuses Salvadores e, por ela, o Iniciado Cristão lê a história da vida do Cristo.
A roda zodiacal dos céus é feita por doze constelações de Signos, onde os Astros (o Sol, a Lua e os Planetas) viajam ao redor do céu, conforme podem ser vistas, tendo a Terra como referência. Antigos astrônomos descobriram que tais Signos celestiais pareciam ter influência sobre questões terrenas, e assim, se originou a ciência da Astrologia. Observou-se que as influências dos Astros eram mais fortes em alguns Signos do que outros. O Signo em que o Astro expressava seus maiores potenciais é que o REGIA e é considerado seu lar, onde o Astro revela sua pureza de influência, sem qualquer mescla com outras qualidades de diferentes naturezas. Do mesmo modo, um Astro é, igualmente, forte no SIGNO DE SUA EXALTAÇÃO, embora de um modo diferente do que a regência. As qualidades de Exaltação de um Astro somente alcançam plenitude por meio da Iniciação, que liberta, dentro da Alma, o correspondente aspecto das forças astrais.
É interessante notar que a EXALTAÇÃO e a RESSURREIÇÃO foram utilizadas pelos primeiros Padres da Igreja em termos intercambiáveis, que compreendia a relação entre o desenvolvimento espiritual do ser humano e as estrelas no céu, acima dele. Eles sabiam que na Consciência de Cristo, a Humanidade aprenderia a cooperar, inteligentemente, com os Poderes Cósmicos, cujas ações do destino do ser humano eram reveladas no horóscopo.
Quando astrólogos falam de Astros e Signos que os regem, eles se atêm, principalmente, a assuntos físicos e materiais. O esoterista, que estuda o lado oculto da ciência das estrelas, fala sobre a Exaltação dos aspectos de um Astro considerando a sua natureza espiritual, conforme os seguintes assuntos:
Anunciação; a Imaculada Concepção | A Lua Exaltada em Touro | A Lua governa o princípio formativo ou feminino e a Hierarquia dos Anjos que tem a seu encargo a geração. |
O Nascimento | Marte Exaltado em Capricórnio | Transmutação do desejo, que desperta a vida de Cristo dentro da pessoa. |
Fuga para o Egito | Saturno Exaltado em Libra | Saturno é o tentador ou provador. Libra a balança ou portão do julgamento. |
Ensinando no Templo | Mercúrio Exaltado em Virgem | Mercúrio rege Virgem. Esotericamente, o Templo é o Corpo; Virgem é castidade e pureza da Mente e da Alma. Mercúrio Exaltado em Virgem é a Sabedoria obtida por meio da pureza de Mente, do Corpo e da Alma. |
Batismo | Júpiter Exaltado em Câncer | Câncer é a porta do nascimento e os portões do céu. As senhas para entrar são: amor, unidade e fraternidade. O Batismo pela água é símbolo do Batismo pelo Espírito. |
Tentação; Transfiguração | Urano Exaltado em Escorpião | O poder de geração quando exaltado leva a regeneração. Esta é a mais poderosa das exaltações presentes no desenvolvimento do ser humano. |
Getsemani; Crucifixão | Vênus Exaltado em Peixes | Amor na casa do sofrimento. O amor pessoal se eleva a exaltação do amor impessoal, abarcando toda a vida. Cada Ego conhece o Jardim do Gólgota da vida amorosa. É por meio do sofrimento que a paixão é exaltada em compaixão e o amor por um, pelo amor por todos. |
Ressurreição | O Sol Exaltado em Áries | Elevando o fogo espiritual da coluna espinhal (a força da vida cósmica) para cabeça, ajuda a construir o corpo celestial, no qual o ser humano é ressuscitado da tumba da carne. |
Ascensão | Netuno Exaltado em Câncer | A divindade chamada de Cristo Interno eleva o ser humano aos altos reinos suprafísicos, onde o espírito pode entrar em muitas moradas preparadas por ele pelo Cristo Cósmico. |
Nada foi dito, até o momento, sobre a recente descoberta do Planeta Plutão que rodeia o Sol, mas com órbita além da órbita de Netuno e que muitas vezes se cruzam. Os astrônomos supõem que esse Planeta mais externo pode eventualmente ter sido uma lua de Netuno e que poderia retornar de volta para este Planeta um dia. Hoje, porém, como um Planeta independente, deve ser considerado como uma potência no horóscopo, mas a sua verdadeira natureza é ainda indeterminada. Alguns astrólogos acham que é da natureza de Marte, constituindo uma “oitava” daquele Planeta, enquanto outros veem nele a “oitava” da Terra. A “oitava” de um Planeta é considerada como sendo seu “alter-ego” ou “Eu Superior” que é uma maior reflexão de si mesmo. Como oitava da Terra, Plutão teria influência especial sobre as condições que afetam a profundidade da nossa evolução planetária, ou seja, a parte esotérica do nosso desenvolvimento.
Plutão se move de modo tão lento em torno do Sol que permanece na mesma posição por um longo período de tempo; com isso ele forma os mesmos aspectos em milhares de temas astrológicos. Estes aspectos se “colocam em marcha” pelas forças transitórias, com os Planetas rápidos, as lunações, os eclipses, os asteroides e os cometas, precipitando, assim, grandes movimentos de massas e alterações revolucionárias. Igual situação é verdadeira com respeito aos outros Planetas em seus relacionamentos com Plutão.
Os astrólogos Iniciados devem, eventualmente, resolver todos esses problemas. Haverá uma Nova Astrologia na Nova Era que lidará com configurações cósmicas, não apenas para os Planetas de um sistema, mas com a inter-relação dos muitos sistemas solares e seus Planetas e até mesmo considerando influências daquelas galáxias.
“Cristo Jesus escolheu os doze antes de ter vindo ao mundo. Ele escolheu doze poderes e os recebeu dos doze Salvadores do Tesouro da Luz. Quando Ele desceu ao mundo, os lançou como chispas no ventre de suas mães, de tal modo que o mundo inteiro pudesse ser salvo”.
Pitis Sophia
Os doze Discípulos representam os doze principais atributos a serem desenvolvidos no ser humano, alcançado pelo despertar do poder do Cristo Interno. Isto ocorre pelos muitos estágios exemplificados nos eventos das vidas dos Doze Discípulos, conforme relatado no Novo Testamento. Tais eventos não são compreendidos como meras lembranças da vida pessoal de cada Discípulo. Em verdade, tudo o que está escrito revela fórmulas sobre como trilhar o Caminho da Realização. A Bíblia é de significado universal. Os registros biográficos são secundários. Seu significado primário está nas entrelinhas e refere-se ao caminho de desenvolvimento espiritual de todo ser humano.
Isso não quer dizer que a história dos Discípulos também não tenha significado histórico. As doze “Chispas” que encarnaram nos doze Apóstolos referem-se aos poderes cósmicos emanados do Zodíaco. Também mostram as doze grandes Religiões do mundo e seus Mestres fundadores, que são Salvadores. Assim, de acordo com os Evangelhos e a correlação material dos documentos esotéricos, tais como os de Pitis Sophia, Cristo enviou a Terra doze Salvadores ou Fundadores das doze Religiões mundiais, que O cercava, assim como os doze Signos rodeiam o Sol. Os estudiosos da Bíblia geralmente não conseguem enxergar a verdade esotérica na mensagem de Pitis Sophia, que revela todos os grandes Salvadores do mundo como precursores de Cristo. Eles vieram a Terra antes d’Ele, com o objetivo de preparar o Caminho. Deste modo, o Mestre de Nazaré encarnou e eles também renasceram para serem Seus auxiliares e emissários imediatos para o Mundo. A vida dos Apóstolos, então, não só possui um significado para os Cristãos, mas para todas as demais Religiões do mundo.
Em Mateus 19:28 lemos:
“Disse-lhe Jesus: ‘Em verdade vos digo que, quando as coisas forem renovadas, e o Filho do Homem se assentar no seu trono de glória, também vós, que me seguistes, vos sentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.’”.
Este versículo mostra a realização final do caminho do discipulado, quando, pela regeneração ou Iniciação é mostrada a vida de Cristo. Aqui, a natureza carnal é deixada de lado, tendo sido transmutada em poderes do Espírito. Isso ocorre quando o velho dá lugar ao novo, o natural dá lugar ao sobrenatural. Para os primeiros Discípulos, essa realização ocorre no dia de Pentecostes. Nele, aprendemos o significado essencial de todos os eventos da vida do Aspirante que poderia, de outro modo, permanecer obscura, visto que Pentecoste é a sua meta, hoje, como era nos tempos de Cristo.
Os Zelotes eram uma seita da Galileia, patriota por natureza, que numa intensidade terrível, odiava tudo que era romano. Reuniam-se com a sombria determinação de libertar sua amada terra da tirania Romana, sendo o fogo e a espada o meio que acreditavam em poder alcançar tal propósito. Simão era um zelote. Ele tinha disposição intensa e dedicava seu corpo e alma para realizar as tarefas dos Zelotes. Ele se tornou um dos guias da seita. Como a maior parte dos patriotas e bandos revolucionários, tal seita se degenerou na multidão e atraiu para si, ladrões e foras da lei, que agiam nem sempre por patriotismo. Mesmo assim, os Zelotes mantinham o comum objetivo de libertar sua nação dos romanos.
Então, chegou até Simão a influência do gentil Nazareno. A partir daí tudo mudou. Ao encontrar Cristo Jesus, Simão, que havia alimentado amarguras animalescas e ódio racial, não mais alimentou tais sentimentos e captou os mais nobres impulsos que despertaram em seu ser. Ele agora incorporou em seu coração a lei do Novo Regime: amor aos inimigos, resistir ao mal e sobrepujar o mal com o bem.
Tal é a lei que governará a Nova Era e sua palavra-chave é o Amor. Este é o nível em que seu Amor é aplicado aos problemas cotidianos que irão determinar a adequação do Discípulo para entrar na fase Aquariana da Dispensação de Cristo que está sendo introduzida agora.
O Mestre, como todos os grandes professores espirituais, ensina a necessidade de transmutar o mal em bem, e dá instruções de como realizar tal façanha. Agindo sob sua instrução, cada Escola de Mistérios, celebra um ritual à meia noite em que o miasma do mal do globo é aglomerado e transmutado em bondade. Isso não é figurativo, mas algo que ocorre literalmente. O trabalho é feito todas as noites, a meia noite, em todos os lugares, por todo o globo, através das vinte e quatro horas do dia. É um trabalho contínuo, incessante, como é sugerido no mosaico característico do piso do Templo Maçônico.
O Discípulo Simão, o grandioso Zelote, presenciou a obra da renovação realizada por Cristo e seu círculo de Iniciados e, desta maneira, mudou de ressentido patriota para amoroso e terno Discípulo, desejoso de receber e suportar o ridículo, a mortificação e a perseguição de seus antigos amigos e associados com o único fim de poder dar sua vida a seus amigos semelhantes.
Judas é o símbolo da limitação e da incompletude que age como um incentivador negativo ao progresso. “A Natureza aborrece o Vazio” (Nature abhors a vacuum) e cada alma humana, quando se torna sensitiva ao seu vazio espiritual, procura por preenchê-la por si mesmo. Todas as coisas trabalham juntas para o bem, S. Paulo diz: “O maior pecador pode se tornar o mais santo”.
Judas representa a natureza inferior no ser humano, que trai, a todo tempo, o elevado Cristo Interno. Essa traição causa grande dor e paixão, e deve sempre ocorrer no Jardim da Agonia (Getsemani). No caminho do progresso espiritual, é necessário ser um preâmbulo a Crucificação que traz a liberação, a liberdade e a realização. Isto pode ser realizado apenas pelo mau ou pela limitação (Judas), destruindo a si mesmo, para que a divina natureza possa se revelar. Matias, um homem santo, é escolhido para substituí-lo.
A lenda diz que a mãe de Judas foi avisada em sonho que ele se tornaria o filho da perdição. Ela então, o colocou em uma cesta e o lançou o ao mar. Ali o bebê foi encontrado por um rei, que o adotou e o criou como seu filho; mas Judas matou seu irmão (filho do rei) e foi compelido a fugir. Ele se tornou um pajem para Pôncio Pilatos e depois tratou de seguir o Cristo.
Judas representa a aquisição de posses, o amor ao poder que cresce da possessão das coisas materiais. Ele era o Discípulo que cuidava do dinheiro – da bolsa. Intenso, apaixonado, seus olhos se enchiam com estranhas luzes e seus cabelos eram como uma chama vermelha. Foi acusado na infância de ter sido possuído pelo demônio. Ele é também ligado, em alguns sentidos, a Maria Madalena, em termos de amor sensual, os dois representam o caminho da transmutação, pelo qual a natureza mortal e baixa é deixada de lado em favor da nova e Cristificada vida.
Um poeta canta sobre a juventude de S. João, o Discípulo amado, que “ao se tornar adulto, foi como uma bela e rápida tempestade”. “Filhos do Trovão” foi como o Mestre chamou João e seu irmão Tiago. Foi a extraordinária intensidade interna que levou Tiago a se tornar o primeiro a entregar sua vida e, também, deu a João, o lugar do Discípulo mais amado de Cristo. Isso significa que seu avanço espiritual foi tamanho que lhe permitiu ser aquele que mais se aproximou do Espírito de Cristo. Desde cedo, os olhos de águia de João visualizaram o resplendor dos Anjos e seu coração ouvia seus gloriosos cantos. Nas sombras de suas asas, as chamas brancas do amor nasceram dentro dele e este amor se transformou em poder. Mais tarde este poder foi vertido em seu Livro, o que é o maior tesouro da memória do Ministério de Cristo na Terra. Por meio do seu amor, foi capaz de ver a glória daquelas mansões que o Mestre preparou para aqueles que O ama, e fazem de si merecedores de lá habitar. Foi no espírito do seu amor, que era como o dos Anjos, que ele foi capaz de tocar a palavra-chave que soou a liminar “Amai uns os outros, assim como Eu vos amei”, e na Sua promessa, “E, quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim”.
Foi em Éfeso que S. João se preparou para o grande trabalho de cura e de ensinar, após sua separação dos Discípulos. Lá ele viveu e ensinou multidões ansiosas pelo significado do AMOR COMO UM PODER. Os Anjos cantam hosanas quando, pela primeira vez, ele se encontrou com o Senhor, e essas hosanas foram proclamadas quando seu radiante espírito deixou a Terra para reunir nos mundos celestiais com seu bem-amado Mestre. A fragrância emanada de suas palavras de despedida, ditas para seus Discípulos, ainda permanece como a respiração das raras e exóticas flores: “Filhinhos, amai-vos uns aos outros”.
S. Tiago, irmão de S. João, foi o primeiro dos Discípulos. Estava entre os primeiros a seguir o Mestre e foi que sofreu o martírio.
Em Mateus 4:21-22 lemos: “Continuando a caminhar, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com o pai Zebedeu, a consertar as redes. E os chamou. Eles, deixando imediatamente o barco e o pai, o seguiram.”.
A rede do pescador, na simbologia esotérica, se refere à sabedoria extraída das experiências do cotidiano. O pescador é aquele que se despertou espiritualmente para o significado e propósito da existência física. O Novo Testamento contém muitas referências do trabalho dos Discípulos com redes. Por vezes, estas são quebradas e novamente, são emendadas. Elas representam à substância extraída que é o Corpo-Alma, o etérico Corpo da Nova Era que é necessário para todo ser humano.
S. Tiago representa a suprema qualidade da esperança que “nasce eternamente no peito do ser humano”. Foi pelo poder da esperança que S. Tiago foi capaz de deixar seu pai, apesar dos protestos do mesmo, dizendo: “Eu devo ir, pois Jesus chegou”.
Banhado nesta luz branca da esperança que vem do Altar mais elevado da Alma, S. Tiago foi capaz de passar calmamente pela amarga experiência de perseguição e martírio.
Antes do poder de Herodes o ter alcançado, para “matar Tiago pela espada”, os Discípulos plantaram na Terra a semente da nova fé Cristã. Lendas Místicas declaram que após o martírio de S. Tiago, os Discípulos colocaram seu corpo em um barco que foi impulsionado por Anjos até alcançar à costa da Espanha, e ali, uma enorme pedra se abriu, por si mesma, para recebê-lo – uma referência das verdades da Iniciação e da nova pedra branca que ele ensinou. Nesta lenda, temos outra faceta do Mistério do Graal, em que o castelo, construído por homens e Anjos, permaneceu em algum lugar e por muito tempo nas montanhas da Espanha, antes que fosse agraciado pelos altares de Glastonbury no tempo do Rei Arthur e seus cavaleiros; mas alguns dizem que esse castelo ficou primeiro na Grã-Bretanha.
Judas significa louvor. Este Discípulo, deste modo, representa uma das mais importantes qualidades que deve ser desenvolvida por aquele que está buscando a luz interior. Toda a verdadeira instrução espiritual enfatiza a necessidade de cultivar o espírito de louvor. A lei do louvor é a lei do crescimento; assim, aquilo que louvamos, multiplicamos. Quanto mais uma pessoa se espiritualiza, mais ela se torna capaz de praticar o louvor em seu dia a dia. Isso é exemplificado pelo Livro dos Salmos. Conforme o Salmista se tornava mais afinado com a música das esferas, mais ardente se tornava seus cantos de louvores, até que sua própria vida ressoava com um olhar: “Bendize ao Senhor, ó minha alma, e tudo que em mim bendiga Seu Santo Nome!” (Salmo 102 (103)).
Assim, louvar é aquilo que associamos com Judas, o primo de Jesus e filho de Maria que era a irmã da Virgem e sua colaboradora no culto Misterioso dos Essênios, a Comunidade dos Eleitos.
Tomé representa a dúvida e o ceticismo que necessariamente nasce durante o treinamento intelectual. Dúvida e ceticismo são dois dos maiores impedimentos enfrentados pelo moderno Aspirante, na aquisição direta do conhecimento. As palavras do Mestre para Tomé: “não sejas incrédulo, mas crê”, ainda estão ecoando através dos Éteres. Não podemos esperar progressos longos no Caminho, enquanto o estágio de Tomé de desenvolvimento não passe.
Tomé estava no limiar da compreensão, como por exemplo, quando testemunhou a ressurreição de Lázaro, mas na ocasião em que o Mestre foi preso em Getsemani, ele foi dominado pela dúvida e conflito, e no momento da Crucificação, ele fugiu. Na sua Mente tortuosa, ele carregou a memória do corpo quebrado e do lado ferido, mas em seu coração, ele reteve como uma música escondida, as cadências divinas: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”.
No final da triste semana da Paixão do Mestre, ele retornou a Jerusalém, onde os Éteres já eram vibrantes com os ritmos dos hinos Iniciáticos alegres da Ressurreição: “Eu sou a Ressurreição e a Vida”. Aqui, sua dedicação foi completa. Com as palavras, “Meu senhor e meu Deus”[23] um novo Tomé surgiu ao mundo, e seu coração incendiou e seus lábios se tocaram com aquela Luz que nasceu da sintonia do amor que é eterno.
Na Índia, existe uma seita numerosa, com milhares de membros que se intitulam: “Os Cristãos S. Tomé”, testemunhando os dias em que grandes trabalhos e milagres foram realizados pelo iluminado santo Discípulo que fundou esta Ordem.
A história da vida de S. Mateus revela que era um publicano pecador, e por meio do encontro com Cristo, se tornou um dos maiores e gloriosos Santos e Apóstolos que escreveu o Evangelho que carrega seu nome. Mateus, o cobrador de impostos, simboliza aquisição e posse. Essa qualidade manifestava-se primeiramente no plano físico, mas em sua equivalência transmutada, passou a manifestar uma virtude correspondente na alquimia da iluminação espiritual. Por meio de tristeza e sofrimento, a qualidade de aquisição e posse foi elevada de um nível para outro, até se tornar o poder pelo qual ele era um coletor, pela experiência, de sabedoria, em essência.
Em sua luxuosa vila, ao lado das águas azuis do lago da Galileia, S. Mateus celebrou sua renúncia da vida antiga e sua dedicação para a nova vida, servindo um grande banquete. Este banquete foi frequentado por muitos publicanos e pecadores, amigos e companheiros da vida antiga e, também, agraciada e abençoada pela presença do gracioso Senhor. Por isso, o banquete constitui um verdadeiro evento espiritual em que os atributos da vida antiga não regenerada foram elevados e transformados pela presença e poder de Cristo.
A transformação de S. Mateus ocorreu pela experiência gloriosa de participar do Sermão da Montanha do Senhor. Desde então, seus olhos foram elevados com um mistério especial e de seus lábios ecoaram a nova palavra do Espírito de Vida. Em contraste com sua luxuosa vida que viveu, antes de encontrar o Mestre, S. Mateus se tornou uma pessoa absolutamente sóbria e ascética que, de seus lábios e corpo, gradualmente iniciou a emanar uma luz transcendente que eram como uma irradiação divina do Mestre. Sua grande obra foi concentrada amplamente na Etiópia, onde trabalhou por aproximadamente 23 anos. S. Mateus significa o grande propósito e poder de transmutação da vida humana.
André é o Discípulo que representa a humildade e a auto abnegação. Foi o primeiro a ser escolhido e mesmo assim, jamais se tornou um dos mais íntimos do círculo espiritual dos Apóstolos. Contentou-se sempre em brilhar a Glória refletida de seu irmão mais novo, S. Pedro. Sonhos e anseios pelas coisas do espírito o elevaram, cedo, a ser um dos seguidores de S. João Batista. Deste modo, ele se preparou para um serviço mais elevado e profundo que era servir ao Mestre Supremo. A Bíblia misticamente descreve sua preparação quando cita que ele estava lançando redes quando Cristo Jesus chegou.
André foi um dos escolhidos por um Grande Iniciador para servir no milagre dos peixes e pães. O propósito deste milagre era ensinar aos Discípulos como manifestar a substância física de um dado núcleo, bem como demonstrar a fraternidade de compartilhar. Após receber os grandiosos poderes conferidos aos Discípulos no Pentecostes, saíram pelo mundo para promoverem a Grande Obra. André cruzou os sete mares e as lendas místicas relatam que ele foi o primeiro a dar, para a Escócia, a nova e bendita Palavra de Vida. A cruz de Santo André é um “X”, desenhado em vermelho fogo, é o símbolo do sangue sacrificado: no lugar onde se é torturado e martirizado, grandes árvores floridas surgem adornadas com flores oriundas do sangue derramado. Pela simbologia Maçônica e Cristã esotérica, podemos encontrar repetidamente o ensinamento que onde sangue de sacrifício foi derramado, uma recordação viva cresce em forma de uma árvore florida.
O caminho sangrento desenhado pelas pegadas impressionantes de Hiram Abiff, de acordo com os escritores maçônicos, descreve esse “X” da Cruz de Santo André, e a árvore de florescência sagrada em sua memória é a Acácia. A simbologia ilustra o processo de Iniciação.
S. Pedro, o hesitante, o vacilante, “’o homem-onda’ que mais tarde tornou-se o ‘homem-pedra’”, é um exemplo daquele que alcançou o domínio sobre as fraquezas pessoais e a indecisão. Sua história revela que teve mais falha e limitações do que qualquer outro Apóstolo. Ainda assim, finalmente conseguiu desenvolver os atributos espirituais transcendentais que cada verdadeiro Discípulo aspira.
S. Pedro, primeiramente, recebeu ensinamentos na escola esotérica de S. João Batista. Quando Cristo o encontrou, estava voltado, totalmente, em emendar redes. Ele tipifica a ação e serviço e, finalmente, o alcançar o lugar elevado onde ele simboliza a fé – fé como um poder, não apenas uma abstração. É sobre esse poder recém-descoberto da fé, que a Igreja da Nova Era, ou corpo do Iniciado, é construído.
Quando o amor, a fé e a esperança se tornam manifestadas como trabalhos realizados dentro da consciência do Aspirante moderno, então, eles, também se tornarão capazes de acompanhar Cristo nas Suas obras mais elevadas e maravilhosas, como Pedro, Tiago e João, os Discípulos que simbolizam essas qualidades. Nossas maiores falhas se tornarão nossos passos que nos guiará a um maior desenvolvimento, como ocorreu com Pedro. Ele não pode jamais esquecer sua negação a Cristo, e em sua própria crucificação ele pediu para que fosse crucificado de cabeça para baixo, como não merecedor de morrer do mesmo modo que seu Senhor.
A mais preciosa história de S. Pedro foi seu encontro com o Mestre naquela alvorada luminosa, após a Ressurreição, quando lhe foi permitido renovar e dedicar novamente sua vida, como uma resposta mais profunda ao Mestre que lhe perguntou: “Me amas?”[24]. Magnificamente, Pedro cumpriu o mandamento do Mestre de apascentar suas ovelhas. Reza a lenda sagrada que até mesmo sua sombra tinha o poder de curar; mas sabemos que não era sua sombra, mas as maravilhosas emanações anímicas de seu Amor a Cristo que curava. Estas emanações caíam sobre todo aquele que chegava perto dele.
A vida de S. Pedro se desenvolvia entre a luz e a sombra, isto é, a escuridão do conflito e erro, entre provas e debilidades, produzindo arranques intermitentes de glória até que finalmente ele se rendeu a morte em um radiante branco resplendor de fé que foi verdadeiramente divino.
Tudo que era fraco e humano, finalmente, foi erradicado em uma grande explosão de fogo espiritual que consumiu a carne. Sua vida ilustra, talvez como em nenhuma outra, a verdade da afirmação de um vidente moderno: “o único e verdadeiro fracasso é deixar de tentar”. Mais do que qualquer dos Discípulos, S. Pedro é o Apóstolo do esforço incessante. Devido suas muitas e variadas experiências, da sabedoria e da compreensão que elas produziram que S. Pedro é conhecido como o guardador das chaves do paraíso e do inferno. O estudante de ocultismo sabe que o real propósito da vida não é felicidade, mas adquirir experiência.
Dentre os doze, Natanael foi um sonhador e místico, “um israelita em que não há dolo” (Jo 1:47) foram as palavras que o Mestre utilizou para descrevê-lo. Era Natanael, filho de Tolomé, e por isso chamado Bar-Tolomé ou Bartolomeu, sendo seu nome Natanael Bar-Tolomé. Seu pai era um encarregado dos parreirais e foi em meio a sombras frescas e fragrâncias de sua casa, num morro, que Natanael sonhou seus sonhos, até que, para ele, o canto dos pássaros foi misturado com ao dos coros dos Anjos e os brilhos das estrelas, que, para ele, pareciam tochas de fogo apontando as escadas do céu. Assim, filosofando e vivendo seus sonhos que foram menos reais para ele do que o mundo precioso que o rodeava, este jovem Galaad[25] de espírito se preparou para a eterna busca. Filipe, seu amigo, sabedor da profunda ansiedade de Natanael para a vinda de um iluminado para iluminá-lo em sua busca, um dia o chamou com entusiasmo apaixonado e fervor ao anunciar que havia “encontrado o Messias” (Jo 1:45).
Natanael significa pureza. Ele havia conseguido dominar o eu inferior, em preparação para a chegada do Grande Mestre. Por toda a Bíblia, o figo simboliza a geração. “Enquanto estava debaixo da figueira, eu te vi” (Jo 1:48), disse o Mestre no primeiro momento da saudação; e previu: “verás as portas do céu e os Anjos do Senhor subindo e descendo” (Jo 1:51), referindo-se aos poderes da Iniciação que ele viria desenvolver. Pureza é o requisito supremo da Iniciação e nenhum verdadeiro poder espiritual pode ser alcançado sem ela. Natanael se tornou um dos curadores mais maravilhosos entre os Discípulos, e foi por esta razão que foi apedrejado até a morte pelos sacerdotes da antiga Religião, pois temiam o seu poder.
As forças de cura são forças de vida e pureza, tal como a de Natanael, que é o fruto da vida regenerada e que aumenta a força de cura mil vezes. Devido a ele ter alcançado este estado de pureza, os poderes pessoais são elevados pelas forças cósmicas que se alinham com as próprias potencialidades universais do Discípulo.
Filipe era o Discípulo de Betsaida, que em Hebreu, significa a casa das redes. Esotericamente, isso significa o despertar ou infundir-se com espiritualidade. A história de vida de Filipe contém o processo ou fórmula para espiritualização da Mente. Este é um longo e árduo processo de aceitação da divindade do Senhor. Muitas vezes, durante este processo de despertar espiritual, a Mente grita e protesta: “Mostra-nos o Pai e isso bastará”. Difícil é o ensinamento que nos faz compreender a resposta do Mestre: “Não crês que eu estou no Pai e o Pai em Mim?”.
Filipe era filho de um pai Hebreu e uma mãe Grega. Tornou-se o primeiro evangelista para o mundo Grego. Ele foi a mão que abriu a porta para o Cristianismo na Europa; e foi nomeado o Hermes de Cristo.
A maior influência em sua vida, com exceção do Mestre, foi a amizade de Natanael. Eles constituem um inseparável dois – o Davi e o Jônatas (1Sam 20:16) do Novo Testamento. Eram inseparáveis na vida e juntos, enfrentaram o martírio. Filipe trouxe Natanael para Cristo e Natanael viu a passagem do espírito luminoso de Filipe, em seu martírio, ao encontro do Mestre. Filipe viajou pela Terra, compartilhando a luz dos novos ensinamentos do Messias que ele tão ardentemente defendia, e por causa da multidão de seus seguidores e das muitas curas maravilhosas que realizava, ele foi crucificado em frente ao Templo. Fortalecido por uma visão do Cristo glorioso e pela presença terrena de seu amado Natanael, o espírito radiante de Filipe deixou seu corpo na Terra, voando a caminho ascendente da alegria daqueles que permaneceram fiéis até a morte.
S. Tiago e Judas eram filhos de Maria, uma irmã da virgem e Cléofas. Ambos passaram sua infância na mesma casa com Jesus, na comunidade essênica, mas a aceitação de Sua divindade e missão, só foi aceita por eles, sem reservas, depois da Ressurreição e Ascensão. S. Tiago recebeu de sua mãe a notícia da Ressurreição e declarou que ele não beberia ou comeria até que ele visse o Mestre ressuscitado. Logo o Salvador apareceu para ele e lhe disse: “traga a mesa, a comida e a bebida como evidência da nova vida”.
S. Tiago se tornou o mais devoto dos Discípulos e, até sua morte, foi líder da nova igreja em Jerusalém. Tão nobre e fino era seu caráter que era altamente estimado até por aqueles que não tinham reverência pelo novo Messias. Acredita-se que ele era o líder dos Essênios em Jerusalém, antes de ele se tornar chefe da nova igreja.
Inimigos da nova seita Cristã induziram o santo Tiago a aparecer no parapeito do Templo, perante a multidão reunida, durante a semana de Páscoa, sob a ideia de que deveria dizer algo sobre o Mestre que tanto amava. Conforme ele falava fervorosamente sobre Jesus como o Messias de Deus, a multidão iniciou seu apedrejamento; ele caiu terraço abaixo, onde morreu, sem qualquer malícia sobre seus perseguidores, do mesmo modo que seu Mestre havia morrido anteriormente. Assim, seu grande espírito passou para os reinos internos com as palavras daquela prece sublime sobre seus lábios: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”.
Foi tão amado este Mestre Essênio pelo povo, que a notícia de sua morte causou pânico e horror entre os seres humanos devotos de todas as partes. Disseram que Jerusalém tinha sofrido grande tristeza devido a este crime. Durante este tempo, ou logo após os exércitos romanos destruírem a cidade, tanto Judeus como Cristãos disseram que foi a morte do santo Tiago que trouxe a catástrofe como punição de Deus.
Três são os passos principais de instrução e disciplina, fornecidos tanto pelas Escolas Iniciáticas antigas como pelas modernas. Estes passos exigidos pelos candidatos e, entre os Cristãos primitivos, eram conhecidos como: Dedicação, Purificação e Iluminação; também por: Preparação, Purificação e Perfeição. Eles esboçam o trabalho da Provação, Discipulado e Iniciação, como são conhecidos entre as escolas atuais.
S. Paulo, um dos Cristãos primitivos mais ilustres, forneceu diversas informações sobre as experiências que marcam o progresso do Aspirante no Caminho da Santidade. Para S. Paulo, foi o Caminho de Damasco que o levou para a culminação da Glória da Iluminação. Foi corretamente mencionado que a Bíblia possui significados alegóricos em suas histórias e, portanto, o Caminho de Damasco significa o Caminho da Luz, porque o desabrochar Iniciático de S. Paulo ocorreu neste Caminho. Isso não significa que a história de S. Paulo constitui um mito ou algo que nunca ocorreu. É, de fato, uma história verdadeira e sua verdade é estampada em cada aspecto descrito, mas também pode ser observada como uma pintura que revela experiências de iluminação em que todo Aspirante alcançará.
Isto é uma verdade para todo ser humano. A vida do mais humilde, desde o nascimento até a morte, pode ser levada em toda a sua totalidade e sublimes mistérios podem ser derivados de suas numerosas experiências. Compreendemos o modo como isto pode ocorrer quando nos conscientizamos dos padrões de vida existentes nos céus e, que a vida na Terra, nada mais é que uma sombra que se funde no tempo e espaço, de acordo com tais padrões divinos. Imperfeita como a vida pode ser, não obstante, o padrão divino pode ainda ser inferido a partir dos contornos das sombras.
A Estrada de Damasco foi o começo do Caminho de Saulo, que se tornou Paulo. Se alguém for cético sobre os ensinamentos das Verdades da Iniciação e dos mistérios contidos na Bíblia, permita-o estudar cuidadosamente a respeito das Três Jornadas de S. Paulo, conforme descrito no Livro dos Atos e em suas Epístolas contidas no Novo Testamento. Então, este cético encontrará um significado novo e profundo nas palavras de S. Paulo: “Dá leite para as crianças e carne para os mais fortes”.
Foi dito, verdadeiramente, que “S. Paulo foi uma das maiores vozes que o mundo já ouviu. Por quarenta anos depois da Transfiguração, sua vida foi uma sublime e terrível aventura”.
Sua vida foi uma potente pintura caleidoscópica de eventos sensacionais. Vemo-lo como Saulo, resguardando as capas daqueles que apedrejaram Estevão; seu primeiro encontro com o Discípulo Pedro; nós observamos sua grande iluminação na Estrada de Damasco; depois, como Apóstolo Paulo, num dado momento foi apedrejado e escarnecido, num outro, foi adorado como um deus. Ouvimo-lo articulando com os Atenienses no Areópago, e, então, subir nas asas da inspiração, conforme ele canta seu cântico imortal, em que o amor prevalece sobre a fé e a esperança; um hino de êxtase que traduz as canções dos Anjos para nós e carregado com uma beleza e poder que lhe assegura um lugar nos corações dos seres humanos de todos os tempos que virão.
Mais tarde, encontramos S. Paulo no Sinédrio. Vemo-lo lançando a víbora ao fogo, e finalmente, sua nobre cabeça abaixo do carrasco, na penumbra púrpura dos grandes pinheiros de Roma. Assim, observamos S. Paulo, o intrépido, o corajoso, o vitorioso, cuja máxima de vida foi adotada centenas de anos mais tarde, por uma grande fraternidade oculta como um abre-te-sésamo para seu Templo, que continham as palavras: “Eu desejo nada além de Cristo Jesus e Ele crucificado”.
Cada quadro da vida de S. Paulo atinge uma nota chave específica e marca uma fase de desenvolvimento específico. Um progresso similar do avanço da alma, passo a passo, caracteriza o Aspirante que consegue atingir a exaltada estatura espiritual de S. Paulo. Saulo, o perseguidor de Estevão, tem pouca semelhança com S. Paulo, o autor da canção divinamente inspirada de amor, excetuando-se apenas no fervor de seu temperamento. Foi a mudança de caráter e consciência que levou a mudança do nome de Saulo para Paulo, este espírito ávido e árduo, onde, esotericamente, esses nomes são a expressão vibratória da ideia que elas representam.
Saulo de Tarso foi totalmente erradicado da consciência de S. Paulo que escreveu no final de sua Epístola a Timóteo, a epístola que descreve o objetivo superior para todos os Discípulos modernos, seus filhos em espírito: “Eu lutei a boa luta, eu mantive a fé, eu terminei a jornada”.
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S. Paulo colocou chaves místicas em cada uma de suas Epístolas, como uma ajuda aos seus Discípulos que entram no Caminho na busca pela compreensão profunda do mistério da vida. Quatorze dos vinte e sete Livros que compõem o Novo Testamento testificam o trabalho do grande evangelizador, e “cada letra de S. Paulo é uma pintura de S. Paulo” (Adolf Deissman). Quando organizado em ordem cronológica, as treze Epístolas de S. Paulo podem ser classificadas em quatro grupos:
A……. I e II Tessalonicenses
Escritas durante a Segunda Jornada 51 D.C.
B……. I e II Coríntios, Gálatas e Romanos
Escritas durante a Terceira Jornada 52 a 56 D.C.
C……. Filipenses, Éfeso, Colossenses e Filipenses
Escritas durante a prisão em Roma 59 a 61 D.C.
D……. Tito, I e II Timóteo
Escritas antes do Martírio
Saulo nasceu na cidade de Tarso, provincial de Cicília, durante os dias mais emocionantes do Império Romano. Ele era da tribo de Benjamin (Câncer) que sempre permaneceu fiel a Judeia (Leão). Aproximadamente no mesmo tempo em que Saulo nasceu, Anjos proclamavam o nascimento da Criança Santa em Belém. O mundo estava passando por um estado de transição na preparação para a Nova Dispensação, a chegada de Cristo Jesus. Saulo, o jovem, foi educado de acordo com a doutrina farisaica. Sua primeira visita a Jerusalém foi realizada quando tinha trinta anos, quando ele foi estudar com Gamaliel, o maior de todos os doutores da Lei. Observe essa idade e a compare com a de Jesus, que aos 12 anos ensinou no templo. Estes são os anos da adolescência, que em um plano superior de desenvolvimento, marcam o despertar da Alma Emocional. Leal a seita dos Fariseus, desdenhoso e desafiante aos ensinamentos do novo culto dos Nazarenos, estava indignado das presunçosas aclamações em nome de seu Mestre e determinado a exterminá-los a qualquer custo. Por herança e preceito, essa era a atitude instalada dentro de Saulo de Tarso; esta era a sua base que o levou a se tornar S. Paulo, o Cristão, cuja vida, após a conversão, foi dedicada ao propósito: “para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus”[26].
Nomeado pelo Sinédrio para perseguir os Judeus que se tornaram seguidores do Nazareno, Saulo viajou para Damasco para eliminar a heresia das comunidades dos Judeus que lá viviam. Ele quase completou sua jornada e estava próxima da cidade antiga, quando um evento ocorreu que o transformou em outro homem e colocou sua vida em um novo e perigoso curso.
Em Atos dos Apóstolos, 9:3-9, lemos:
“Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saul, Saul, por que me persegues?’. Ele perguntou: ‘Quem és, Senhor?’. E a resposta: ‘Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Mas levanta-te, entra na cidade, e te dirão o que deves fazer’. Os homens que com ele viajavam detiveram-se, emudecidos de espanto, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Saulo ergueu-se do chão. Mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Conduzindo-o, então, pela mão, fizeram-no entrar em Damasco. Esteve três dias sem ver, e nada comeu nem bebeu.”.
É de grande significado que este evento ocorreu no ambiente áurico da cidade de Damasco. Mesmo naquele tempo Damasco era uma das mais antigas vivas cidades do mundo, uma cidade que nunca conheceu a morte. Muitas cidades belas, poderosas e grandes floresceram na antiguidade, mas Damasco sobreviveu a todas.
No oriente de Damasco, na terra erma, havia comunidades místicas, onde os iniciados se comunicavam com Deus dentro do coração e com os anfitriões dos céus, governantes dos elementos e dos egrégios Anjos e Arcanjos. Seus hinos ecoam a música das esferas e se diz que um de seus cantos da luz da alvorada veio até nós pelos versos iniciais do Evangelho de S. João. Em Damasco, estas comunidades eram similares aos Essênios do Mar Morto da Palestina, e havia constante comunicação, em uma peregrinação de idas e vindas.
Na cidade de Damasco, havia uma comunidade de chefes de família, assim como sugere o Livro dos Atos dos Apóstolos, com condições similares as da Sagrada Família em Nazaré e, em suas casas, se veneravam os Sagrados Mistérios desde antes da preparação da vinda de Cristo. Para estes, S. Paulo foi encaminhado para que pudessem cuidar dele durante o período de três dias de cegueira externa, de onde sua alma interior foi despertada.
Damasco é uma cidade preciosa e mística que todo o Aspirante se aproxima quando está realizando um contato iluminado com o Cristo. Abrão, como Saulo, se dirigiu a esta cidade excepcional quando se preparou para a realização interna que alterou seu nome para Abraão, igualmente a Saulo, que se converteu em Paulo, depois deste derrame torrencial de poder espiritual;
Saulo, um nome Judeu famoso, e Paulo, um nome Latino com origem e forma grega, representa as duas naturezas do ser humano, denominados: a baixa (carnal) e alta (espiritual) naturezas. Saulo de Tarso, o intolerante, o vingativo, o perseguidor, surge de sua experiência como Paulo, o novo homem. Nele, o velho Adão morreu e o Cristo Interno nele nasceu. Sua ambição se tornou humildade; seu sectarismo dogmático se transformou em uma fraternidade e compaixão que abraça a todos. Seu intenso zelo pela família de Israel foi absorvido em amor pela Humanidade. Seu futuro brilhante foi trocado por uma carreira unificante de sofrimento e renúncia, enquanto honras e adulações foram alegremente trocadas por escárnio e prisão. Renunciou, voluntariamente, a tudo aquilo que o mundo lhe oferecia para que se tornasse o menor dentre os apóstolos de Cristo, e “deste modo, pudesse salvar alguns”.
De que maneira se realizou está completa transformação? Em seu trabalho sobre a vida de S. Paulo, Adolf Deissman ficou perto da verdade oculta quando disse que a Religião de S. Paulo é o “Cristianismo Místico” e que sua jornada para Damasco marcou o início de sua internalização de Cristo. Por três dias e três noites Paulo não enxergou a luz com seus olhos, não comeu e nem bebeu. Durante este intervalo místico, seus olhos se abriram e sua consciência focalizou nos planos internos espirituais. Sua luz, neste período, não foi provinda do Mundo Físico, mas dos reinos celestes superiores.
Foi essa grande e gloriosa visão que trouxe iluminação a S. Paulo e o fez ser dedicado de corpo e alma, sem reservas ou hesitação, para um trabalho voluntário e profundo. Foi este evento estupendo que ele se referiu quando disse: “Não me mostrei rebelde à visão celeste”[27].
Muitos tentam realizar o caminho que leva a mística cidade de Damasco, mas poucos conseguem, com êxito, cruzar seus portais. A luz dos céus é, primeiramente, a chama interna do espírito despertado; é a luz que nunca falha em atrair o Mestre que virá abrir o caminho para instruções e iluminação mais aprofundada.
A aquisição do conhecimento, em primeira mão, sobre a vida e as condições nos mundos suprafísicos, o contato com os Grandes Seres que guiam o destino da Humanidade, a partir dos reinos espirituais, e a obediência a suas instruções são os requisitos necessários para a verdadeira Iniciação Espiritual. Tal iluminação é possível hoje, mas uma posição espiritual mais elevada do indivíduo que a grande maioria da Humanidade comum é essencial e são poucos os que realmente conseguem preencher estes requisitos de uma dieta pura, pensamentos construtivos e harmoniosos e uma vida pura e casta. Estes são requisitos fundamentais e não podem ser ignorados ou sobre passados.
Durante o intervalo sublime de cegueira das condições do mundo exterior, Paulo foi esclarecido sobre a real missão esotérica de Cristo Jesus e sobre o início da Nova Dispensação Cristã. Após anos de escárnios e perseguições aos seguidores do gentil Nazareno, a resplandecente luz de iluminação clareou sua alma e teve o privilégio de vislumbrar acontecimentos que ocorreram ao longo dos séculos. Vislumbrou o novo céu e uma nova Terra, na qual o companheirismo e a fraternidade eram uma realidade; um tempo em que Isaias, outro Iniciado, havia declarado o que iria ocorrer, onde os seres humanos trocariam suas espadas por foices e suas lanças por arados[28]. Quando em palavras repetidas posteriormente por um profeta ulterior – “o conhecimento da lei espiritual (o Senhor), cobrirá toda a Terra como as águas cobrem o mar”[29].
Após sua experiência iniciática, na comunidade de Damasco, Paulo foi para o deserto da “Arábia”, como ele diz, onde permaneceu por três anos[30]. Por isso, compreendemos que ele foi para o, conhecido como, deserto da Peréia[31], a qual se refere, vagamente, em suas epistolas. Indubitavelmente ele fez peregrinação para a comunidade do Mar Morto e, também, para outros lugares.
Durante seu confinamento na Arábia, Paulo se comunicou, incessantemente, com o Cristo Ressuscitado e com os Grandes Seres que dirigem e governam a evolução da Humanidade em seu avanço em direção à libertação. Este foi o verdadeiro início de Paulo na Escola de Deus, a Escola do Universo, e de seus Mistérios divinos. Ele aprendeu a ler no grande Livro da Memória da Natureza descrito por Enoque, que está localizado no estrato etérico da aura da Terra, e, ainda mais maravilhoso, que também é encontrado em reinos mais superiores[32]. Ele viu tudo isso e compreendeu a admirável fórmula de Iniciação que foi difundida ao mundo na vida de Cristo Jesus, em Sua Morte, Sepultamento, Ressurreição e Ascensão. No mesmo maravilhoso Livro de Deus ele leu os futuros eventos que ocorreriam em sua própria vida aqui na Terra.
No Livro dos Atos 9:22, lemos:
“Saulo, porém, crescia mais e mais em poder e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo.”.
Já, no mesmo Livro dos Atos 9:15-16, lemos:
“Mas o Senhor insistiu: ‘Vai, porque este homem é para mim um instrumento de escol para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis, e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome’.”.
A experiência de S. Paulo nos Mundos suprafísicos, nos três dias e noites em Damasco, deixou impressões, de vários modos, em cada uma das suas Epístolas, cartas que proclamam a imortalidade, cujas páginas brilham com o esplendor da vida eterna. Cada uma de suas Epístolas contém mensagens tanto internas como externas. Em cada uma delas colocou alimento leve para crianças e alimento sólido para os fortes.
O trabalho principal de S. Paulo está dividido em três fases de viagens. Sempre há três passos que conduzem para a culminação final da Grande Obra, que são delineados em qualquer Escola de Iniciação. Demonstramos que, antigamente, estes três passos eram denominados de: Preparação, Purificação e Perfeição; que correspondem a etapas modernas atuais que conhecemos como: Probacionismo, Discipulado e Iniciação. S. Paulo ocultou esses passos em sua descrição dos eventos ocorridos e dos trabalhos realizados durante as suas três jornadas.
A primeira jornada durou dois anos, a segunda três e a terceira quatro. Assim o total é de nove anos, número este que novamente refere-se a uma chave mística dos nove passos ou níveis maçônicos conhecidos como: Aprendizado, Companheirismo e Mestre. Na vida do Supremo Iniciador, tais passos estão representados pelo: Nascimento, Batismo e Transfiguração. Passadas estas experiências, sempre seguem as grandes obras ou ministérios. Todo neófito que percorre o Caminho encontra “provas” que o confrontam. Essas provas encontram correspondência histórica com a vida de S. Paulo, como: a prova ante Félix, a prova ante Festus e a prova ante Agripa. Esta foi a maneira como S. Paulo passou estes testes que lhe deu a autoridade para declarar: “Desde já está me reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, justo Juiz, naquele Dia; e não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a Sua Aparição”[33].
Foi durante o trabalho de sua segunda peregrinação que S. Paulo começou a escrever suas inigualáveis Epístolas; a primeira delas foi enviada a igreja de Tessália. O amor manifesto, pelo forte laço entre o mestre espiritual e seus pupilos, é expresso nas linhas: “Tanto bem vos queríamos que desejávamos dar-vos não somente o Evangelho de Deus, mas até a própria vida, de tanto amor que vos tínhamos”[34].
A Epístola dos Tessalonicenses contém a mensagem da Ressurreição para uma Nova Vida em todos os seus significados internos, a saber: a habilidade de funcionar conscientemente fora do Corpo Denso, fato este que ninguém descreveu com mais precisão do que este grande Iniciado Cristão.
Ele descreve de modo muito simples o Caminho da Iniciação:
Na Primeira Epístola aos Tessalonicenses 4:13 e 17 lemos:
“Irmãos, não queremos que ignoreis o que se refere aos mortos, para não ficardes tristes como os outros que não têm esperança. (…) em seguida nós, os vivos que estivermos lá, seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor, nos ares. E assim, estaremos para sempre com o Senhor.”.
Alguém que tenha adquirido a habilidade de funcionar nos reinos mais sutis ou reinos etéricos, sabe da verdadeira imortalidade do espírito, a continuidade da vida. A morte que ele encontra nada mais é do que uma transição de um plano de atividade para outro. Foi esta realização imortal que fez S. Paulo declarar: “Oh, morte, onde está sua vitória? Oh, morte, onde está seu aguilhão?” (ICor 15:55). Aquele que alcançou este estado de consciência, não mais deve dizer: “Eu acredito” ou “Eu penso”; ele proclama triunfante como S. Paulo: “Eu sei, pois eu vi”. Então vem a realização: “A morte não o há tocado; ainda que sua morada pereça”.
Esta realização trará a Humanidade uma das bênçãos supremas que lhe aguarda na Nova Era Etérica que está diante de nós.
Corinto, a cidade dos prazeres frívolos e de errantes, significa as sutis tentações dos sentidos. A vida alegre e dissoluta desta cidade se manifesta ao redor do belo Templo de Vênus. Ali, todos os tipos de prazeres, inocentes e maldosos, florescem. Não havia outra cidade onde mais se necessitava a manifestação da influência da Dispensação Cristã.
Em Atos dos Apóstolos 18:9-11 lemos:
“Uma noite, disse o Senhor a Paulo, em visão: ‘Não temas. Continua a falar e não te cales. Eu estou contigo, e ninguém porá a mão sobre ti para fazer-te mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade’. Assim, permaneceu ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.”
As Epístolas aos Coríntios são cheias de significados místicos e internos, compreendidos em todo o seu dignificado somente por aqueles que estão seguindo o mesmo caminho e determinados a seguir similar consecução.
A Primeira Epístola aos Coríntios ensina ao neófito a morrer diariamente na subjugação de seu corpo, ou natureza inferior; e que esta é sempre o primeiro e fundamental ensinamento dado por qualquer escola verdadeira de misticismo.
A Segunda Epístola aos Coríntios contém mensagens mais profundas, dadas apenas para aqueles que encontraram a transformação por meio do VIVER A VIDA.
Em IICor 5:17 lemos:
“Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova”.
Nos ensinamentos dados por Hermes Trismegisto[35] há instruções similares aos dados por S. Paulo, em ICor 15, em que ele fala de corpos incorruptíveis, de corpos naturais e corpos celestiais. Hermes diz com referência a esta transformação: “Posto que temos uma corrente de água e terra, a de fogo e de ar fluindo em nós, que renova nossos corpos e mantém nossas casas unidas”.
“Recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um”[36]. Aqui, S. Paulo está recontando, para aqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir, o processo e o número de suas Iniciações. Quarenta menos um é igual a 39, que numericamente resulta: em 3 e 3 vezes 3 ou 9 – os passos das realizações que pertencem a terceira jornada ou graus de Mestre. Novamente ele está descrevendo a mesma realização de Maestria, quando diz em IICor 12:2-4:
“Conheço um homem em Cristo que, há quatorze anos, foi arrebatado ao terceiro céu — se em seu corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe! E sei que esse homem — se no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe! — foi arrebatado até o paraíso e ouviu palavras inefáveis, que não é lícito ao homem repetir.”.
Na Epístola aos Gálatas, talvez a mais profunda esotérica de todas as Epístolas, S. Paulo proclama que ele “não fala com carne e sangue”[37].
Em Gálatas 1:17 lemos: “Nem subi a Jerusalém aos que eram apóstolos antes de mim, mas fui à Arábia, e voltei novamente a Damasco”.
Estes versículos se referem novamente aos ensinamentos sobre os planos internos do Templo de Mistérios e ao trabalho Daqueles Seres Iluminados que ministram lá. S. Paulo nos diz que estes ensinamentos que foram revelados para ele, podem ser dados apenas de modo privado para aqueles que possuem “reputação”, o que significa para aqueles qualificados para recebê-los. Isto é um sinal de ratificação dos ensinamentos do Mestre para não jogar pérolas aos porcos.
As Epístolas aos Gálatas encerram com as expressões mais místicas de S. Paulo em Gálatas 6:17: “Doravante ninguém mais me moleste. Pois trago em meu corpo as marcas de Jesus”. Estas palavras não se referem às marcas físicas de golpes, apedrejamentos e açoites, mas a certas marcas de luz que é discernida apenas pela visão espiritual. Aqueles que possuem estas marcas são os que estão Cristificados, os elegidos do Senhor que tomam seu lugar a sua mesa santa em comunhão com o Salvador.
A Epístola aos Romanos foi escrita perto do final da terceira jornada. A gloriosa confirmação do teste de S. Paulo pelos três grandes trabalhos ou jornadas, estava, pois, perto do fim. Permanecendo na luz branca do Mestrado, ele tocou a palavra-chave deste trabalho elevado com as Palavras: “ofereçais vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.” (Rm 12:1).
Allen R. Brown, em seu livro intitulado “Paulo o semeador”, que é um estudo sobre o objetivo e significado da Epístola aos Romanos, apresenta uma interpretação muito próxima a fornecida por esse livro: a Interpretação da Bíblia da Nova Era, quando diz: “Paulo utiliza as palavras ‘em Cristo’ 150 vezes; estas palavras não se referem ao Jesus histórico, mas denotam uma relação contínua com o Cristo presente no coração; Paulo não está consumando o sofrimento de Cristo (Cl 1:24), mas leva em seu próprio corpo o sofrimento de Cristo”.
Todas as “Interpretações da Bíblia da Nova Era” lida com o despertar dos poderes Crísticos dentro do ser humano. “Até que Cristo se forme em vós”: esta declaração do Grande Iniciado Cristão contém a solução para todos os problemas do universo, quando completamente compreendidos e desenvolvidos, inaugurarão o Novo Céu e a Nova Terra. Quando S. Paulo iniciou sua última Jornada, para chegar a sua última prova e, assim, libertar seu glorioso e brilhante espírito na morte, ele estava completamente absorvido em atrair o interesse do Centurião (que, junto a um bando de soldados o acompanharam até o Portão de Ostain em Roma[38]) para o trabalho da Nova Dispensação Cristã. Até o último pensamento de sua Mente foi trazer os outros ao serviço do Cristo.
Chegando a seu destino, sob as grandes sombras dos pinheiros, ele pediu um tempo para meditação e oração. Eles que o assistiram assumir a forma de uma cruz e, com seus braços estendidos, direcionou em Hebreu algumas presenças invisíveis. Este Glorioso Ser, que deu Sua Benção a S. Paulo em sua primeira iluminação, estava presente para abençoá-lo e acelerar seu caminho assim que ele entregou seu corpo em Seu nome, em uma total dedicação e inabalável devoção até o final. Sempre foi fiel a suas próprias palavras: “Se vamos viver em Cristo, devemos abandonar a nós mesmos e morrer com Ele”.
Os portadores de tirso[39] são muitos, mas os verdadeiros místicos são poucos[40]. Reto é o caminho e a porta é estreita e poucos há que a encontram. Este é o caminho para a cidade mística de Damasco, com o seu tesouro espiritual. É apenas para aqueles que, como o Grande S. Paulo, aprenderam a “morrer em Cristo”.
O Batismo proclamava o início do ministério terrestre do Senhor Cristo e a Crucificação, o ponto alto da Sua missão sacrificial. Na Crucificação, Ele que veio como um mediador entre Deus e o ser humano, entre os Céus e a Terra, penetrou no coração do Planeta e tornou-se seu Espírito Planetário. Desde então, o Seu ministério continuou tanto dentro e como fora do nosso Corpo planetário.
O coração da Terra é o Seu centro planetário. A cada ano, o Seu Espírito penetra nele com intensidade e volume cada vez maiores, tornando, assim, mais fácil, a este impulso espiritual, entrar e encontrar uma morada no coração do ser humano. Esta foi a revelação maravilhosa que S. Paulo experimentou no caminho de Damasco, e que, mais tarde, foi incorporada na instrução dada aos seus Discípulos.
Aqueles que defendem que Cristo, como uma personalidade, nunca viveu e que a história de Sua vida é apenas uma representação simbólica do caminho Iniciático, perdem o ponto crucial do Cristianismo Esotérico ou Místico.
Mil anos com o Senhor são como um dia. No Segundo Dia da Criação, como registrado em Gênesis, e conhecido no ocultismo como o Período Solar, os Arcanjos estavam passando por uma fase de desenvolvimento que corresponde a nossa atual evolução humana. No entanto, os seus veículos ou corpos não eram como o nosso, mas eram formados de uma substância não menos densa do que a do desejo ou plano astral. (O próximo veículo mais denso, o Corpo Vital, não veio à existência até o próximo Dia da Criação, ou Período Lunar, nem o Corpo Denso até o dia seguinte, o nosso atual Período Terrestre). O Cristo era e é a própria cabeça da Onda de Vida Arcangélica, e foi naquele passado longínquo acima referido como o Período Solar que Ele dedicou a Si mesmo a servir e guiar a Terra, bem como toda a sua progênie no seu desenvolvimento evolutivo. Então, eras e eras se passaram antes que a nossa Terra estivesse pronta para recebê-Lo no seu centro.
Quando o Sol estava passando por precessão através de Áries, o Signo do Cordeiro, o Cristo veio como o Bom Pastor às ovelhas que tinham perdido o seu caminho.
Os preparativos para a Sua vinda começaram quando o Sol passou por precessão através de Libra, o Signo oposto Áries, aproximadamente a 10 mil anos antes. Seres humanos Iniciados foram enviados, como instrutores, para diferentes partes do mundo, cada um com uma mensagem semelhante, a fim de preparar um círculo interno de Discípulos para esse glorioso evento: a vinda da Luz encarnada do Sol que era para ser a Luz do Mundo.
Quando o Sol entra em Libra no Equinócio de Setembro a glória de Cristo toca a aura externa do Planeta Terra, e ocorre uma aceleração cósmica. Pouco a pouco, durante os meses de novembro e dezembro o Espírito de Cristo penetra no interior do Planeta, camada por camada, até atingir o coração da Terra, na época do Natal. O Raio do Cristo é dourado, quando é visto pela visão espiritual, como o Sol Espiritual de onde Ele emana, e é verdadeiramente esta luz que ilumina o Caminho da Santidade para o Discípulo que sincera e seriamente inicia a busca[41], no período do Equinócio de Setembro. Futuramente, em algum Solstício de Dezembro, ele receberá a Luz Divina, o renascer no coração da Terra, pois o Solstício de Dezembro é o tempo para a dedicação da alma ao Caminho de Cristo.
Antes que ele possa alcançar este objetivo, o Aspirante deve aprender a lição cósmica de Libra: “Então você entenderá o que é justo, direito e certo e aprenderá os caminhos do bem” (Pr 2:9). A lição ensinada por Libra no Equinócio de Setembro é: distinguir, ou seja, separar aquilo que é real daquilo que é ilusão.
Para o Discípulo que está no Caminho de Cristo, é dada uma das mais importantes lições, uma lição que é fundamental para todas as fases posteriores: descobre-se que ele próprio é um Deus em formação, feito à imagem e semelhança de seu Pai, em sua verdadeira e essencial individualidade; e ele procura ver a si mesmo, conhecer a si mesmo, como Deus o vê e conhece. A isso se chama: estabelecer contato com o Deus interior. Neste trabalho, a Hierarquia de Libra, os Senhores da Individualidade, está divinamente qualificada para ajudá-lo. Eles são mais que professores. Eles testam e experimentam a alma, e as provações do Discípulo neste momento têm o objetivo de desenvolver o seu poder de discernimento, um atributo dos mais importantes para Aspirante no Caminho do Discipulado, quando as tentações assumem a natureza da sutileza mais enganadora.
No Caminho da Santidade, o Discípulo utiliza o período de Escorpião para a transmutação, enquanto segue o dourado Raio do Cristo para o coração da Terra. Então, em cada fase da sua vida diária, ele se esforça para sublimar: o mal em bem, a escuridão em luz, os negativos em positivos. Ele consagra-se, a si mesmo, a tarefa de transmutar o metal básico de sua natureza inferior no ouro puro do espírito. O laboratório físico onde ele realiza essa “Grande Obra” é o sistema nervoso central, especialmente a medula espinhal e o cérebro, os quais são comumente conhecidos como o Caminho do Discipulado.
Quando o fogo do espírito é despertado no Discípulo pela primeira vez, ele é sentido na base da coluna vertebral. À medida que o fogo do espírito ascende, este se unirá com o correspondente que vem de cima para baixo; gradualmente ambos se intensificam em volume e força, até que todo o corpo se enche de luz. Assim, ele alcança uma iluminação que é visível para aqueles que possuem visão interna.
É então, quando, pela primeira vez, a sua natureza inferior é, literalmente, consumida pelo fogo celestial, e ele próprio se torna uma tocha, tornando-o capaz de caminhar em sua própria luz através do Caminho de Luz, traçado por Cristo, em direção ao interior da Terra, onde o esplendor de Cristo habita em plenitude. Quanto maior sua sinceridade, mais ardente será sua devoção, mais intensa a sua aplicação e mais ele penetra no Caminho, em cada Semana Santa que ocorre, até que, finalmente, ele será declarado digno de participar da Festa da Luz que se celebra na Noite Santa.
Biblicamente, bem como astrologicamente, Escorpião, o Signo que o Sol entra em torno de 20 de outubro, tem duas palavras chaves para o neófito: a primeira sendo “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”[42] e a segunda, para o Discípulo iluminado: “publicarei coisas que têm sido mantidas em segredo desde a fundação do mundo”[43].
Quando o Sol passa por Sagitário, no mês de dezembro, Cristo ilumina os reinos internos e forma um verdadeiro traje espiritual para o nosso Planeta. Visto com visão espiritual, a partir do espaço sideral, a Terra aparece como uma bola de ouro fundida. O Discípulo que vê este resplendor, a partir da superfície do Planeta, caminha em um oceano de luz dourada. Todo o brilho e cor das festividades de Natal são apenas um pálido reflexo da luz e da glória dos reinos planetários internos quando a Glória de Cristo está operando ali dentro. Se um Discípulo no Caminho da Santidade tem trabalhado fiel e efetivamente com as forças da transmutação, sob a influência de Escorpião, ele se encontrará atraído para aquele grande e glorioso esplendor.
Cada evento das celebrações sagradas do Natal simboliza o desenvolvimento de um poder espiritual específico dentro do próprio Discípulo. À medida que esses poderes são despertados, ele experimenta uma intensidade cada vez maior de unidade íntima com as atividades cósmicas que ocorrem durante o Solstício de Dezembro.
Sagitário tem sido simbolizado por uma série de lâmpadas acesas, e o Discípulo que tem sido persistente em seus trabalhos espirituais agora descobre que estas lâmpadas foram acesas dentro de sua própria aura, e até mesmo dentro de seu próprio corpo-templo. Estas são as lâmpadas que iluminam o seu percurso para o centro da Terra. Lá ele estará na presença do Senhor Cristo, a Luz do Mundo. Lá ele receberá a Sua bênção e O ouvirá entoar o mantra que tem sido utilizado em cada Templo de Iniciação, antiga ou moderna: “Muito bem, servo bom e fiel… entra tu para a alegria do teu Senhor”[44].
A força Crística dourada, descendo da fonte do Sol, tocando a partir do lado externo da atmosfera terrestre no Equinócio de Setembro, como antes mencionado, passa pelo Mundo do Desejo durante novembro (Escorpião), passa pela Região Etérica do Mundo Físico durante dezembro (Sagitário) e chega ao centro da Terra no Solstício de Dezembro (Capricórnio).
Quando a força do Cristo penetra no centro da Terra, uma profunda calma e quietude permeiam a natureza. Essa é a Noite Santa de todo ano.
Segue-se um poderoso aumento das forças de vida do Planeta. Essa nova infusão de vida na Natureza é belamente descrita nas lendas da Noite Santa, em que é dito que mesmo os animais e as plantas fazem reverência ao Menino Cristo à meia-noite mística sagrada.
Ano a ano a Glória do Cristo penetra a Terra com seu poder de harmonia e de cura. Ano a ano a Terra é vivificada com a vida cósmica. Pouco a pouco, o ódio, a inimizade e o conflito estão sendo superados, e pouco a pouco o espírito da fraternidade vai crescendo. Finalmente, o ideal imaginado por Isaías há muito tempo se tornará uma realidade: “De suas espadas forjarão relhas de arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e nem se aprenderá mais a fazer guerra.” (Is 2:4).
A constelação de Aquário é o lar da Hierarquia de ministério dos Anjos, adorada em todas as lendas sagradas de todas as Religiões. O campo de atuação dessa Hierarquia é a Região Etérica do Mundo Físico e, uma vez que o Corpo de um Anjo é formado por Éter, ele se torna visível mesmo para pessoas que tenha um mínimo de visão suprafísica. Muitas crianças tiveram um conhecimento em primeira mão dos seres angelicais e espíritos da natureza, que, como os Anjos, habitam os reinos vizinhos.
Os Anjos são especialistas em trabalhar com a substância Etérica e as Forças Vitais. Eles moldam os muitos e variados padrões florais nas cores azuis e douradas dos Éteres Superiores; e são esses padrões que as Fadas transmitem para a Terra como flores para enfeitar a Terra.
Quando o Sol está em Aquário, a Força de Cristo concentra suas atividades na Região Etérica do Mundo Físico. Ele derrama o Seu amor e Suas bênçãos sobre os Anjos e as almas desencarnadas da Humanidade da Terra que estão vivendo e servindo nestes reinos. Aqui também é uma parte da pátria celeste de crianças que morreram na infância; e aqui eles são ensinados e acompanhados pelos Anjos. Tais espíritos das crianças não vivem sempre nesse reino etérico, já que o seu verdadeiro lugar é nas regiões mais altas do Mundo da Alma, do Mundo do Desejo; no entanto, em momentos especiais, eles são trazidos por seus instrutores angelicais para dentro dos Éteres superiores, onde eles podem aprender as alegrias da natureza e das Fadas.
É também na Região Etérica do Mundo Físico que são encontrados os Templos Iniciáticos que, nos tempos antigos, também existiram em forma física. À medida que a Humanidade perdeu a luz interior eles foram removidos de nosso plano de manifestação e continuaram a existir apenas no nível etérico. Por isso, atualmente eles se tornaram assuntos de lenda e de poesia. No entanto, agora, o tempo se aproxima para serem externalizados novamente. Nesse meio tempo, para o Discípulo iluminado os Templos Etéricos são acessíveis, e aparecem como algo real na Região Etérica do Mundo Físico, assim como são as estruturas físicas neste plano físico.
Um desses Templos, o mais bonito para todos os Cristãos, está localizado em cima da cidade de Jerusalém. Os Anjos estão intimamente associados ao trabalho conduzido ali, e em todos os Templos situados nos planos internos. Eles são livres para entrar à vontade nestes santuários, e se regozijam em servir nesses lugares sagrados, pertencentes aos filhos da Terra.
Diz-se que um Anjo da Guarda pairava acima da cadeira de cada cavaleiro que se sentava à mesa-redonda no Templo do Rei Arthur. Isso é uma lenda, mas profundas verdades espirituais estão escondidas em lendas e, especialmente, nas lendas do Graal da Idade Média. O Templo do Graal é realmente uma parte da Escola de Mistérios Cristãos. O significado mais profundo das lendas espirituais é velado por poetas e artistas, que os relaciona com os costumes da época em que apareceram pela primeira vez. Não há mistério mais profundo no Cristianismo do que o do Santo Graal, pois pertence à história da Última Ceia e se refere às profundas verdades cósmicas transmitidas por Cristo aos seus Discípulos, e, especialmente, para S. João, o Discípulo bem-amado, que “repousava sobre seu peito” (Jo 13:23-25).
Através do serviço da Hierarquia de Capricórnio, o Discípulo aprende a ministrar como um Auxiliar Invisível às pessoas que ainda vivem encarnadas no Mundo Físico. Esse trabalho é ampliado, à medida que o Caminho da Santidade passa através de Aquário. Aqui o Discípulo aprende, sob a orientação dos Anjos, como trabalhar com os seres que habitam os reinos internos.
O Discípulo qualificado, que tem seguido a Cristo até aqui é agora capaz de entrar CONSCIENTEMENTE nos reinos Etéricos. Lá ele observa os mais variados e belos serviços realizados pelos Anjos para o benefício não só da Humanidade, mas de todos os reinos da Terra. Muitos dos segredos da natureza são revelados a ele, tanto por meio das atividades dos espíritos da natureza como por meio das Fadas. Deste modo ele se encontra em um mundo encantado, um mundo tênue, onde conhecimento das Fadas tem a sua origem, pois o reino dos Éteres superiores é verdadeiramente a terra das Fadas. Muitos escritores inspirados ou místicos teceram fantasias sobre as maravilhas desta região. Um exemplo maravilhoso é o livro Blue Bird (Pássaro Azul) de Maeterlinck[45], que, embora seja uma fantasia de uma criança representa, verdadeiramente, a natureza e as características da Região Etérica do Mundo Físico.
Quando o Sol passa através de Aquário a glória de Cristo já está subindo para fora da Terra, em preparação para sua Libertação na Páscoa. Durante o mês de março, com o passar Sol pelo Signo de Peixes, que é o Signo da dor e do sofrimento, a Igreja Cristã entra nos sacrifícios quaresmais, e na participação do sofrimento de Cristo no Gólgota. Peixes é o Signo da Crucificação, o Signo do Messias. A Crucificação do Cristo Cósmico começa quando o Sol está em Libra, no Equinócio de Setembro, quando a Glória desce para o “Hades”[46] do Planeta Terra. As observâncias comemorativas do mundo Cristão na Páscoa, quando o Sol caminha em direção ao Solstício de Junho, não é a Sua Crucificação, mas Sua Ressurreição cósmica. O Planeta Terra fica, então, consciente de certo vazio, um vazio espiritual, enquanto a Glória Cósmica se afasta. Esta é a origem da mistura de tristeza e da alegria no tempo pascal do Equinócio de Março.
À medida que o Discípulo viaja pelo CAMINHO DA SANTIDADE, que conduz aos reinos espirituais, as experiências vividas se tornam cada vez mais maravilhosa e transformadora. Nesses níveis celestiais da existência, não há véu que separa aqueles que vivem na terra daqueles que habitam os planos internos de luz. Deste plano suprafísico, junto com os Anjos e com reinos ainda mais elevados, é possível testemunhar e entender as ações das almas humanas durante o período que vai da morte no plano físico até o renascimento em uma encarnação. Aqui, também, é onde pode se observar o funcionamento dos Espíritos da Natureza e reparar como suas atividades são as bases do que a ciência se refere como as leis da natureza. Aqui em cada manhã de Páscoa, em meio à hosanas triunfantes dos Anjos e Arcanjos, o Cristo, após a Sua liberação a partir da encarnação anual na Terra, aparece em glória radiante. No Templo dos Mistérios Cristãos a procissão gloriosa de Páscoa é formada em torno de Sua presença luminosa, não como um mero espetáculo, mas como um meio pelo qual se transmite um poder transcendente sobre todos aqueles que foram considerados dignos de serem contados entre Sua companhia santificada.
O Cristão Místico comemora a Páscoa, não apenas como um evento histórico, mas como uma ocorrência espiritual anual. Ao longo do ano solar, depois de Sua descida ao coração da Terra na época do Natal, Ele começa, novamente, no período entre a Páscoa e a Ascensão, a ascender ao trono do Pai, que está nos céus, para restaurar os seus poderes antes de, mais uma vez, iniciar o seu retorno à esfera física no Equinócio de Setembro.
Foi no momento da Sua crucificação que o Cristo deixou o corpo de Jesus, no qual Ele tinha funcionado durante Seu ministério de três anos entre os seres humanos, e transferiu o Seu próprio Espírito para o corpo planetário para, assim, se tornar o seu Regente. Há um significado profundo nas palavras que Ele pronunciou aos Seus Discípulos depois da Ressurreição: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue”[47].
Quando a raça humana sucumbiu à sedução de espíritos de Lúcifer, o ritmo atômico do corpo físico do ser humano foi alterado de tal modo que o fogo espírito vertebral entrou em sintonia com as forças lucíferas e recebeu a impressão destes Seres de fogo. É a missão de Cristo neutralizar essa condição, substituindo pelo Seu ritmo e impressão àquelas dos Lucíferos – já que Cristo, como um Arcanjo, é também um Ser de Fogo. Quando isso tiver sido realizado, a vibração atômica do corpo do ser humano irá torná-lo imune à doença e morte. Os indivíduos da Nova Era, trazem em si mesmo a imagem gloriosa de Cristo.
A Hierarquia de Áries contém um padrão arquetípico do ser humano como ele foi criado “à imagem e semelhança de Deus”. Este padrão se manifestará cada vez mais na Nova Era. As seis constelações acima do equador (setentrionais) contêm, por assim dizer, esses padrões em miniatura e as Hierarquias dessas constelações meridionais trabalham com a Humanidade para trazer tais padrões para serem cumpridos aqui na Terra. Por exemplo, a Hierarquia de Áries conserva este padrão perfeito do ser humano Cristificado. Libra, o Signo oposto a Áries é o lar dos Senhores da Individualidade, diminui este padrão cósmico de Áries e está ajudando o ser humano a manifestá-lo.
Esse é o conhecimento que tem motivado os grandes mestres do mundo para ajudar a Humanidade a trazer o padrão divino a ser manifestado neste plano. O trabalho é árduo. Mas, ao longo dos séculos, as almas corajosas que têm sido fortes o suficiente para prosseguir no Caminho da Santidade nos reinos espirituais, retornam inflamadas com o que elas contemplaram como “um novo céu e uma nova terra”, habitados por uma Humanidade Cristificada. Elas sabem, como o Cristo sabia, que, em verdade, “o Verbo era Deus”.
Quando o Sol passa por Touro, durante o mês de maio, a força de Cristo sobe cada vez mais alta, acima da aura espiritual da Terra. O Discípulo que está trilhando o caminho da Santidade segue na esteira da Luz ascendente de Cristo e entra numa esfera onde encontra a si mesmo, interiormente, harmonizado e fortalecido pelo poder criativo da música. Os Seres Celestiais que habitam este reino falam uma linguagem musical. Cada um dos seus movimentos emana música. Eles moldam e formatam todos os tipos de forma por meio de tons musicais. Neste reino todas as coisas que crescem são alimentadas pelo poder da música, enquanto as várias cores das flores são produzidas por variações no tom. A música é, certamente, o poder criativo supremo deste reino elevado.
A constelação de Touro é o lar dos padrões cósmicos para tudo quanto existe na Terra. Esses padrões são prefigurados pelo seu Signo oposto, Escorpião, casa dos Senhores da Forma. Esta Hierarquia ensina a construir formas a partir do plano físico; e da constelação de Touro ressoa o tom misterioso que Deus usou na criação, a Palavra criadora, pela qual: “tudo o que foi feito, foi feito por Ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele”. Esta é a nota chave bíblica de Touro.
Os Senhores de Touro mantêm o padrão cósmico do órgão mais maravilhoso destinado a se tornar parte do futuro corpo humano. Este novo órgão, semelhante a uma rosa dourada, será localizado na garganta, e será o centro através do qual a Palavra Criadora será projetada pelo ser humano da Nova Era. Por seu poder, a geração se tornará regeneração, e o ser humano será capaz de moldar uma substância sobretudo o que desejar. No reino onde os poderes taurinos são mais ativos somente um iluminado pode contemplar uma visão desta perfeição e meditar sobre ela. Ele percebe o desenvolvimento glorioso que o espera no futuro e percebe o significado literal das palavras do salmista: “Tu o fizeste um pouco menor que os Anjos, e de glória e de honra o coroaste”[48].
Quando o Sol se eleva em direção ao seu ponto mais setentrional no céu em junho, ele transita pelo Signo de Gêmeos, a constelação que define uma dupla impressão sobre o corpo-templo humano. Ele rege as dualidades do corpo: pulmões, ombros, braços e mãos, em particular. Ele também mantém o padrão cósmico do andrógino perfeito no qual as potências masculinas e femininas estão em equilíbrio. Isso é a realização dos Iniciados dos Grandes Mistérios de Cristo. Esta realização traz imunidade contra doença e velhice. E uma vez que a consciência permanece intacta, independente se esses Iniciados estão encarnados ou desencarnados, a morte como nós a conhecemos nunca é vivida por eles, porque a sua consciência está centrada na ininterrupta imortalidade.
A vida Arcangélica alcançou o estado onde funciona em corpos perfeitamente polarizados. Isso não é verdade nos reinos angélico e humano, menos evoluídos. É, por consequência, possível aos membros desses reinos quando descem do seu elevado estado para formas inferiores de expressão. A queda dos Anjos é registrada biblicamente no relato da guerra no céu, quando Lúcifer e seus seguidores foram expulsos dali, e a Queda do Homem ocorreu, de acordo com o relato de Gênesis, quando Adão e Eva (a Humanidade infantil) foram expulsos do Jardim do Éden. A redenção, a partir destas quedas, necessita um poder maior do que estava disponível para qualquer uma destas ondas de vida. Tinha que vir a partir da vida Arcangélica. E assim se fez. O Senhor Cristo, o mais evoluído dos Arcanjos, tornou-se o professor e redentor de ambos: os Anjos caídos e a Humanidade. Esta é uma das verdades mais profundas associadas ao mistério de Cristo.
O padrão do andrógino perfeito foi projetado pela Hierarquia de Gêmeos no seu Signo oposto, Sagitário. A Hierarquia de Sagitário (Senhores da Mente) fornece este ensinamento esclarecedor aos pioneiros mais avançados da Terra. Após a vinda de Cristo, o maior desenvolvimento da Mente humana passou da orientação de Escorpião para a orientação de Sagitário. Considerando-se as maravilhas da Mente, os seus poderes criativos e sua capacidade de envolver o mundo em um instante de tempo e contemplar a vastidão do espaço cósmico – apesar de, atualmente, apenas uma fração do que é ativo – temos um fraco vislumbre da glória transcendente da Hierarquia de Sagitário, cujo veículo inferior, correspondente ao Corpo Denso do ser humano, é composto de substância mental. Ele também indica os poderes sublimes que aguardam o ser humano quando este atinge aquele desenvolvimento.
Para uma alma desperta, o propósito supremo de cultivar a Mente é que ela se tornará Cristificada. Até o momento esta é a realização de alguns poucos entre nós. A maioria está mergulhada no materialismo da Mente concreta, que é focada principalmente em atividades mundanas e interesses do eu separado. Enquanto tais preocupações reivindicarem a atenção do ser humano, haverá uma falta de percepção espiritual e uma realização escassa das realidades que pertencem ao mundo interno e à Mente universal. Nem haverá qualquer continuidade da consciência e pouco, se alguma, indicação das experiências vividas nos Mundos Espirituais, durante os intervalos entre vidas terrenas. O resultado de consciência, vedada a partir de realidades espirituais, é o materialismo que condiciona o mundo hoje. Isso, no entanto, é apenas uma fase temporária da evolução da Humanidade. Como há um acréscimo de luz no caminho daqueles que se esforçam para a santidade, a realização das realidades espirituais se tornará mais clara e mais forte. O impulso insistente desses Aspirantes a se tornarem dignos de andar no Caminho da Santidade vai trazer mais e mais luz.
O Sol, em seu trânsito anual, quando chega a Câncer atinge o ponto mais alto de sua ascensão norte, no momento do Solstício de Junho. Então, sua radiação física alcança o máximo nível no hemisfério norte, de modo que os dias são mais longos e as noites mais curtas. É o meio-dia mais elevado do ano, e a sua tônica é LUZ.
Câncer é o Signo feminino mais importante dos céus. Em harmonia com este fato, o Signo contém um pequeno aglomerado de estrelas dispostas que se assemelha a uma manjedoura. Do coração de Câncer surgem as águas da vida eterna, em que são germinadas formas-sementes que animam todos os reinos da Terra. O Solstício de Junho ocorre quando o Sol entra em Câncer (em torno de 21 de Junho) e, também, está em sintonia com o princípio da fecundidade. É em obediência a este princípio ativo na natureza que as sementes irrompem em um ciclo de manifestação. Luz, liberdade e alegria são qualidades dominantes da temporada do verão. Consequentemente, muitas pessoas, em especial na Europa, observam esta época do ano com música, dança e festividades exuberantes.
A Hierarquia de Câncer é conhecida, biblicamente, como os Querubins. É ministério desta Hierarquia guardar lugares sagrados. Eles pairam acima do Santo dos Santos[49]. Através dos processos de Iniciação ao Aspirante é ensinado a construir este Santo dos Santos dentro de si mesmo. O pote dourado de maná, dentro da Arca da Aliança, é um símbolo do Cálice do Graal do próprio indivíduo e da sua própria força sagrada de vida. A Humanidade perdeu o Jardim do Éden por mau uso dessa força de vida, e, a partir desse momento, os Querubins guardam os portões do Éden para que a Humanidade não regenerada não tente voltar, prematuramente. A Bem-Aventurada Virgem Maria e os Discípulos alegaram terem comungado com os Querubins depois de Pentecostes, o que significa que eles tinham aprendido estas verdades sagradas dessa Hierarquia Divina.
Assim como o Sol atinge sua maior ascensão[50], o Espírito de Cristo ascende ao trono do Pai. Sua atividade, então, é focada no mais elevado nível da aura planetária da Terra, onde Ele traz mais iluminação e renovadas bênçãos para os Seres celestiais que habitam este reino; e, também, para as almas que, em seu progresso espiritual, entre as encarnações físicas, subiram para este elevado plano. Em harmonia com isso, também é no verão que um ser iluminado, que está seguindo o Cristo no caminho da Santidade, eleva a consciência a este reino para comungar com seus habitantes celestes e aprender mais sobre as forças da natureza. Aqui se percebe como os elementais do Ar e da Terra, os Silfos[51] e Gnomos, trabalham no outono e inverno com a vida vegetal, desintegrante e moribunda. É neste plano exaltado que o que segue o Caminho da Santidade fica diante do mistério real da própria vida.
Só os puros de coração alcançam este plano. Aqueles cujas mãos estão manchadas com o sangue nunca pode levantar o véu deste lugar santo. Aquele que procura descobrir o segredo da vida nunca vai encontrá-lo até que suas mãos e o seu coração estejam castos e limpos. Somente para este virá a realização da unidade de toda a vida.
Estas são verdades que pertencem particularmente à Hierarquia de Câncer, e não é possível transmiti-la, diretamente, para o plano terrestre. Por isso, elas são passadas pelos Querubins à Hierarquia de Capricórnio, o Signo oposto a Câncer e lar dos Arcanjos que, sendo de uma posição hierárquica inferior à dos Querubins e, portanto, mais perto da consciência para a Humanidade, as disseminam àqueles da Terra que estão prontos e dispostos a recebê-los.
Assim, houve um tempo em que as forças de Capricórnio permearam a Terra para que fosse possível a encarnação do Mestre Jesus, da descendência de Davi, que se converteu no portador do Cristo.
Diz-se que quando o Sol transita o Signo de Câncer e Leão, durante julho e agosto, o Cristo ascende ao trono do Pai, onde Ele se banha na transcendente glória do Pai. É aqui que Ele renova e revitaliza a Si mesmo, atraindo as maiores e mais elevadas forças espirituais para continuar o Seu ministério terreno quando Ele voltar para o reino da Humanidade no Equinócio de Setembro. Durante Sua estada nesses elevados céus, os clarividentes observam que a Terra aparece iluminada com Suas irradiações; e o observador alcança uma profunda compreensão do significado de Sua afirmação de que “Todo o poder me foi dado no céu e na terra”[52].
Quando o Sol transita pelos Signos de Câncer e Leão, um ser iluminado que trilha o Caminho da Santidade ascende aos mais altos reinos espirituais deste Planeta e entra em uma consciência mais profunda do poder transcendente. Ele começa a entender que o amor, em seu aspecto mais elevado, não é paixão ou sentimento, mas uma fase da própria divindade. Foi com esse poder do amor que S. Pedro estava imbuído. Ele próprio se referiu a este poder do amor quando ele disse ao homem coxo ao lado da porta do Templo, chamada Formosa: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”[53]. Novamente, foi esse mesmo poder que S. Paulo, tão animado, apesar de todas as perseguições e prisões, foi capaz de pronunciar por meio dessas palavras sublimes: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”[54].
Quando um Aspirante atinge esse grau de realização espiritual, o Cristo é tudo em todos, para ele. Servir como Ele serviu, e amar como Ele amou se torna sua maior aspiração. A tônica bíblica de Leão é soada com as palavras “o amor é o cumprimento da lei”[55].
Enquanto o Sol está em Leão, o espírito de Cristo é revigorado e reformado pelas glórias do Reino do Pai. É neste contexto que as linhas de Tennyson em Sir Galahad são descritas: “Minha força é como a força de dez, porque meu coração é puro”[56].
Este é o atributo que tornou Parsifal[57] imune ao ataque contra ele pelo malvado Klingsor[58]. A lança do ódio que o cavaleiro negro atirou em Parsifal foi desviada do seu curso. Nesse mesmo momento, e pela virtude deste poder, Parsifal fez o sinal da cruz e provocou o completo colapso para o castelo do mal, construído por Klingsor.
Embora Virgem detenha o segredo da Imaculada Conceição, é através do seu Signo oposto, Peixes, que este presente foi trazido para Terra e demonstrado pelo Mestre supremo feminino: Maria de Belém. Foi sob a Hierarquia de Sagitário (Arcanjos), que a própria Maria foi concebida imaculadamente; e foi sob a tutela espiritual da Hierarquia de Virgem que ela nasceu no Mundo Físico.
Um candidato que é digno de tocar o reino celestial de Virgem encontra-se diante do mistério da Imaculada Conceição e descobre que este dom divino não foi concedido a apenas um indivíduo, mas que Maria e Jesus foram os padrões do tipo que a Humanidade como um todo está destinada a imitar. Nesta morada celestial aqueles que são espiritualmente iluminados ouvem os Anjos entoando sobre o dia em que, em um novo Céu e uma nova Terra, a Imaculada Conceição será a herança de toda a raça humana.
Como mencionado anteriormente, a Hierarquia de Touro mantém o padrão cósmico da forma; a Hierarquia de Câncer, da vida, a Hierarquia de Virgem, o poder pelo qual a vida anima a forma. Estas três constelações, o Triângulo Feminino dos céus, administram todos os reinos de vida na Terra.
Atente-se que aquele que segue o Caminho da Santidade através dos seis Signos zodiacais acima do equador alcançou esse lugar elevado de iluminação onde ele é considerado digno de estar diante dos mistérios sublimes das quatro maiores Iniciações. O Discípulo que trilha este caminho, como é descrito nos seis Signos abaixo do equador, está sendo preparado para receber o trabalho dos nove Mistérios Menores.
A Bíblia é um dos maiores livros de mistérios de todos os tempos. Muito poucos percebem suas profundezas infinitas. Cristo disse às multidões desatentas: “a fim de que vendo, vejam e não percebam; e ouvindo, ouçam e não entendam” (Mc 4:12).
Entre os milhares de livros que foram escritos sobre a vida de Cristo, não há mais que dois ou três que mencionem os mistérios mais profundos sobre Ele, ou seja, o Mistério de Cristo no Cosmos. Até porque, em nosso tempo, talvez, não seja essencial que este mistério fosse ensinado abertamente.
Hoje entramos na Era Espacial e o Cristo Cósmico será a figura central da vindoura Religião da Era de Aquário. Nós, que temos o privilégio de começar aqui e agora a estudar estas verdades cósmicas profundas, preparando-nos para sermos os pioneiros da Era que está se aproximando, devemos aceitar essa responsabilidade. Essas são as responsabilidades do Discípulo da Nova Era ensinadas pelo Cristo Ressurreto ou por Seus emissários.
Entretanto, avaliando o Caminho de Cristo através das estrelas nós devemos nos esforçar e, ao mesmo tempo, investigar os padrões do discipulado da Nova Era, o “Aquele que Despertou”, que aprende a andar no mesmo Caminho de Luz que Cristo andou mostrando o Caminho para aqueles que devem vir após Ele.
O Mistério de Cristo é tão sublime e tão poderoso em Sua importância que transcende qualquer definição humana. Tão profundo é o Seu significado que nunca pode ser dosado ou expresso por meras palavras; só pode ser sentido no silêncio da contemplação espiritual.
No livro Conceito Rosacruz do Cosmos[59], Max Heindel nos informa que: “No primeiro CAPÍTULO de S. João, este grande Ser é chamado Deus. Deste Ser Supremo emanou o Verbo, o Fiat Criador, ‘sem o qual nada do que foi feito se fez’. Este Verbo é o Filho unigênito nascido do Pai (o Ser Supremo) antes de todos os mundos, mas positivamente não é o Cristo”. Aqui Max Heindel faz uma distinção entre o Cristo Jesus Cósmico em Seus aspectos planetários e históricos; e continua: “Grande e glorioso como Cristo é, elevando-se muito acima da mera natureza humana, Ele não é esse Exaltado Ser. Certamente o ‘Verbo se fez carne’, não no sentido limitado da carne de um corpo, mas carne de tudo quanto existe neste e em milhões de outros Sistemas Solares”.
O Pai canaliza o princípio da Vontade; Cristo canaliza o princípio do Amor-Sabedoria; o Espírito Santo canaliza o princípio da Atividade. O Espírito Santo infunda, literalmente, as formas com vida. O Espírito Santo trabalha com o princípio da vida, que está presente em toda a criação; e é o guardião da força sagrada, o princípio criativo de Deus. Portanto, todos os seres viventes estão sob a sua tutela. Deus cria e Cristo manifesta, enquanto o Espírito Santo ativa a forma.
A diferença entre Cristo da Terra e o Cristo Cósmico é mais bem entendido por meio de uma ilustração. Imagine uma lâmpada no centro de uma grande esfera oca de metal polido. A lâmpada envia raios de luz de si para todos os pontos da esfera e os refletirá em vários lugares. Do mesmo modo, o Cristo Cósmico – o mais elevado Iniciado do Período Solar – envia Seus raios emitidos.
O Sol do nosso Sistema Solar é o tríplice. Podemos ver o Sol físico. Por trás dele, ou escondido por ele, está o Sol espiritual, de onde vem o impulso do Espírito do Cristo Cósmico. Além, e externo, a esses dois está algo que chamamos de Vulcano – não um Planeta – que pode ser visto apenas como um meio globo. No ocultismo nós dizemos que é o corpo do Pai. Quando tínhamos nos desenvolvido o suficiente, Cristo veio e encarnou aqui na Terra; então um raio do Cristo Cósmico veio aqui e encarnou no Corpo do nosso Irmão Maior Jesus. Após o sacrifício no Gólgota Ele entrou na Terra, e tornou-se Seu Espírito Planetário Interno.
O Cristo Planetário é um Arcanjo glorioso, supremo entre a Hoste Arcangélica. A Hierarquia de Capricórnio é o lar dos Arcanjos; mas durante o período de Sua missão nesse Planeta, Cristo e Seus ministros Arcangélicos faz Seus lares no revestimento espiritual do Sol – pois cada corpo celestial tem um revestimento espiritual estendendo além do espaço da sua parte visível. Do mesmo modo, cada ser humano tem uma extensão espiritual, além do seu veículo físico.
Desde bem do início da civilização, a maioria das Religiões primitivas prestavam homenagens a esse Grande Ser residente no Sol. Os Sumos Sacerdotes dos Templos de Mistérios ensinaram seus mais avançados Discípulos a verdade em relação a esse glorioso Ser Solar, e eles procuravam o momento quando Ele desceria à Terra e tornaria o Redentor do mundo. Aqueles que eram clarividentes podiam ver o Senhor do Sol, a quem eles prestavam homenagem para esse grande Ser residente no Sol, e, assim, eles sabiam que Sua encarnação entre a Humanidade era iminente. De nação para nação; de profeta para mestre; de mestre para instrutor; de instrutor para Discípulo se passavam as boas novas de que o Senhor Abençoado, que era o Salvador do mundo, estava perto da Terra.
Quando nós falamos de uma elevação espiritual no espaço interno é para ser entendido que “para cima” e “para dentro” são virtualmente sinônimos; ainda, no mesmo tempo, para a visão do clarividente, a Glória do Cristo realmente tem a aparência de uma “elevação” ascendente para o Sol a partir da superfície da Terra; assim como o Divino Hermes do antigo Egito dizia: “como é encima, é embaixo”.
O Caminho do Discipulado também segue de fora para dentro, que, também, é para cima. Max Heindel comparou esse Caminho à torre de uma igreja que se torna cada vez mais estreita e fina até que no cume é um ponto, suportando a cruz. Cristo disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”[60].
A cruz da renúncia, simbolizada na Quaresma e no período da Páscoa, deve ser aceita por cada verdadeiro Discípulo que se esforça para percorrer o Caminho da Santidade. Seu Corpo-Alma nunca poderá ser construído até que ele adquira domínio sobre si mesmo, e deseje privar-se dos tão conhecidos prazeres do mundo dos sentidos. Os poderes da alma alcançados pelo esforço próprio capacitam o iluminado a trocar a cruz por uma coroa.
Diz-se que a constelação de Peixes será o lar da Onda de Vida humana quando todos alcançarem a perfeição. Peixes é chamada a constelação da Onda de Vida humana, assim como a de Aquário é a dos Anjos. Aqueles que seguem a Cristo até o mais elevado objetivo se libertam do ciclo de encarnação mortal; eles estão livres da roda de nascimentos e mortes. “Não saem mais”, e é então, que como seres espirituais, por assim dizer, agrupam-se entre as estrelas da constelação de Peixes.
Seus débitos de destino maduro estão pagos e todos os seus vínculos terrestres são desfeitos. Tais humanos são conhecidos como Seres Compassivos, os Irmãos Maiores da Onda de Vida humana que não mais necessitam de lições terrestres. Eles estão livres para passar para uma existência gloriosa dentro da constelação de Peixes. Entretanto, esses grandes Seres podem retornar, por livre vontade, e em obediência ao preceito de que aquele que ama deve servir melhor, frequentemente eles desistem dessas oportunidades bem-aventuradas daquele plano divino, para servir os seres humanos menos evoluídos que estão, ainda, lutando nas labutas com seus próprios destinos maduros. Humildade, obediência e serviço são as notas chaves de suas vidas.
Tal renúncia é ilustrada na vida de Maria de Belém, que, tendo aprendido todas as lições da Terra e tendo sido exaltada a reinar com os Anjos, retornou para esse Planeta para ensinar a Humanidade um dos mais supremos mistérios celestes, que é o da Imaculada Concepção. Sabendo que ela poderia ser mal compreendida, perseguida e injuriada, ainda assim ela persistiu, para que pudesse ser, para a Humanidade, um Exemplo tão próximo da divindade que, até hoje, passados quase dois mil anos, ainda é dificilmente compreendida por uns poucos e permanece inteiramente desconhecida pela maioria. Trabalhando sob a lei do serviço, ela descendeu à mortalidade, dizendo: “Faça-se segundo a tua palavra”. É isso que se espera de um ser humano perfeito: tal elevado estado de realização espiritual, construído por meio de sacrifício, humildade do espírito e perfeita harmonia com a lei da obediência.
O Aspirante que reflita seriamente sob o significado dos 12 Signos Zodiacais que envolve nosso cosmos próximo consegue correlacionar corretamente a meditação de Peixes com as experiências dos 12 imortais durante a estação que precede a “crucificação” anual de Cristo. Assim como a dor e o sofrimento no Gólgota são tragados pela glória dourada da manhã de Páscoa, o Discípulo que conseguiu suplantar seu “eu pessoal” e que percorre, até o final, o Caminho da Santidade, por meio de Peixes, descobrirá que ele trocou sua cruz pela glória dourada do “vestido de bodas” no qual funciona, livre e triunfante, com o Cristo Ressurreto.
A história da Humanidade, desde o Sacrifício de Cristo no Gólgota pode parecer ter alcançado pouco desenvolvimento até agora; mas esse momento é a Era de Peixes, que como nós temos informado, é o Signo da estabilização das dívidas dos destinos maduros. As dívidas que o ser humano deve para outro ser humano e nações devem para outras nações devem, agora, serem pagas, e à medida que essa Velha Era de Peixes desapareça no tempo a Nova Era de Aquário tomará o seu lugar; uma harmonia que estende a todo o mundo será alcançada, com um governo mundial das nações, pleno em fraternidade e em paz, pois Aquário é o Signo do Filho do Homem.
As gotas de sangue físico que foram derramadas no Monte na Crucifixão não eram os verdadeiros agentes da salvação da Terra. Esses são as Redentoras asas ígneas de luz e poder, que são a Glória do Cristo, enchendo internamente e passando por através do Planeta. A Luz Arcangélica é Seu verdadeiro sangue, e é esta que salva.
Agora, todo ano quando Raio de Cristo resplandecente ascende, uma vez mais, do centro da Terra, Sua elevação é sentida na Natureza, como uma força atrativa; e quando chega a uma certa altura Suas forças são focadas, novamente, no Mundo do Desejo do Planeta. As intensas emoções da Humanidade são, agora, o campo especial de Seu ministério e durante o tempo da Páscoa, a Humanidade sente que uma grande tranquilidade preenche sua alma desde uma fonte desconhecida. Pela intensificação desse poder, ano a ano, a Humanidade, lenta, mas com toda a segurança, vai se convertendo em um Cristo em formação.
A ressurreição cósmica ocorre em março, quando o Espírito de Cristo é libertado da esfera terrestre e entra, novamente, nas esferas celestiais. É quando as Hierarquias de Áries e Peixes se juntam aos Anjos e Arcanjos em triunfante jubilação para esse evento. O ritmo dos seus hinos cósmicos encontra uma transcrição aqui na Terra no Coro Aleluia de Händel[61]. As cerimônias pré-Cristãs celebrando o retorno da Primavera e a vitória da luz sobre as trevas estavam sintonizadas com esses ritmos.
O Equinócio de Março é um dos mais elevados pontos do ano para o Discípulo. Suas notas chaves são a liberdade e a emancipação que conduz a uma vida mais ampla. É também o momento em que o Cristo Cósmico é libertado dos grilhões terrestres que Ele se aprisionou, durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Por isso, é o momento mais propício para um Discípulo avançado romper os laços que o prendem e entrar na liberdade jubilosa do espírito.
A Igreja observa a Festa eclesiástica da Anunciação, em março, quando a natureza comemora a Festa cósmica da Anunciação, pois há uma íntima relação entre o ser humano e a natureza. A natureza é Deus em manifestação.
O ser humano é um deus em construção. Entretanto, um se reflete no outro. A maioria dos rituais sagrados observados pelo ser humano estão em sintonia com as transições das estações do ano. Os poetas cantam em louvor o espírito de regozijo da primavera, enquanto o verde e dourado do esplendor da natureza fornece a evidência de que as forças vitais, que retornam, estão respondendo em um triunfante impulso de ressurreição da própria natureza.
Um avançado seguidor do Caminho entende que chegou o tempo de fundir a tristeza e as lágrimas propostas pela vida pessoal (Peixes) com os fogos transformadores de Áries. Concomitantemente a essa realização, ele se junta ao poderoso coro que é ecoado e repetidamente ecoado pelos Anjos e Arcanjos: “O Cristo ressuscitou, porque Cristo ressuscitou agora dentro de mim”.
Os antigos persas denominavam o mês de abril como o mês do paraíso, e os primeiros pais Cristãos declaravam que era durante essa estação de encantamento quando o Sol entrava em Áries que Deus moldou o Planeta Terra, e tudo que nele habita. Abril é, geralmente, considerado um mês de ressurreição.
Quando o Senhor Cristo faz Sua ascensão aos reinos internos, esses assumem a aparência de uma massa fundida de ouro brilhante. Na lenda do Santo Graal, os Cavaleiros diziam que na Sexta-feira Santa uma pomba descia do céu para repor a água da vida no Cálice Sagrado, e que eles eram capazes de retirar a nutrição espiritual dele ao longo do ano que se seguia. Por isso, é que o Senhor ressuscitado derrama o Seu amor e espírito para nutrir todos os seres vivos sobre o Planeta Terra. Se não fosse por esta reposição anual, os campos seriam estéreis e as árvores e videiras não produziriam frutos. À luz desse fato, pode-se observar que o Senhor Cristo proferiu uma profunda e literal verdade quando disse aos Seus Discípulos na Última Ceia: “Isto (pão) é o meu corpo que é dado por vós: … Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós”[62].
Uma das mais lindas festividades do ano é a da Ascensão, que acontece quando o Sol passa por Touro (maio) indo para Gêmeos (junho). É quando falanges após falanges de Seres Celestiais se ajoelham para adorar a presença exaltada de Cristo, e mesmo as estrelas se unem em uma sinfonia proclamando Sua majestade e glória. Durante essa festividade divina Sua radiação permeia a Terra com uma refulgência impossível de descrever, tornando resplandecente, ambos, os reinos espirituais e físico. Como a natureza está em perfeita harmonia com as correntes elevadas do Cristo durante os quarenta dias entre a Ressurreição e a Ascensão, o período é de um significado espiritual tão elevado que é um esperançoso tempo para o Discípulo despertar, dentro de si mesmo, os poderes de Clarividência, clariaudiência e outros dons do espírito pertencentes ao verdadeiro discipulado.
Durante o mês de junho, Cristo torna-se um canal de radiações enviadas pelos Serafins, a Hierarquia de Gêmeos. É lá que o Cristo entra em contato com o Espírito Santo, o terceiro aspecto da Trindade. Uma das notas chaves de Gêmeos é ATIVIDADE; repare: é também uma das notas chaves do Espírito Santo. Por meio dessa atividade os Serafins transmitem, para baixo, os mistérios do Espírito Santo para o Signo oposto a Gêmeos, qual seja, Sagitário, os Senhores da Mente. Aqui, então, eles aguardam que o ser humano se desenvolva e se ilumine até o ponto onde ele seja capaz de compreender e aplicar os poderes do Espírito Santo em seu cotidiano. No momento, a Humanidade só é capaz de absorver fracamente os mistérios relacionados com o princípio e os poderes do terceiro aspecto da Trindade.
Enquanto o Sol entra em Câncer, no mês de julho o Senhor Cristo ascende ao Seu próprio mundo, o Mundo do Espírito de Vida. Esse é o reino onde a unidade e a harmonia reinam supremas; também, é a esfera de consciência que os primeiros Discípulos de Cristo contataram no Dia de Pentecostes. Isso será alcançado por toda a Humanidade avançada no fim do presente Período Terrestre. Por meio da operação do Cristo Cósmico, é aqui que o Filho ou o princípio da Palavra e o segundo aspecto da Trindade, nosso Abençoado Senhor, contata a Hierarquia de Câncer, Querubins. Esses Seres celestiais são os guardiões de todos os lugares Sagrados no céu e na Terra. Eles guardam até mesmo o maior mistério da vida. Sob a orientação do Senhor Cristo esse mistério sagrado é transmitido para baixo, de Câncer para o seu Signo oposto, Capricórnio, e fornecido para os Arcanjos. Foi por essa razão que o Salvador do Mundo, que veio para a Terra proclamando o mistério do Espírito Santo, nasceu sob o Signo de Capricórnio. A observância conhecida eclesiasticamente como a Festividade de S. João Batista, o precursor do Cristo, ocorre durante a estação do Solstício de Junho.
Em julho a alma da Terra está impregnada de puro êxtase. O céu se inclina, enquanto a Terra é elevada. No intercâmbio divino de forças espirituais o Casamento Místico entre o céu e a Terra é consumado. Em um intervalo de quatro dias, as correntes de desejos são acalmadas de tal modo que as forças espirituais vão se tornando cada vez mais operantes. A Terra vai, então, sendo literalmente inundada com a luz pura e branca do espírito. O Discípulo que aprende como se sintonizar com esse influxo poderoso receberá um despertar jamais sonhado de consciência espiritual.
À medida que o Sol atinge o ponto mais alto de sua ascensão norte[63], o Cristo também sobe para o reino espiritual descrito na Bíblia como o trono do Pai. Isso é conhecido na terminologia Rosacruz como o Mundo do Espírito Divino, a morada do Deus desse Sistema Solar. Deus é Amor e Deus é Luz. AMOR e LUZ são notas chaves da Hierarquia de Leão, os Senhores da Chama (Amor). Sob a supervisão dos Senhores da Chama, e unido com os poderes do Pai, o primeiro aspecto da Trindade, o Senhor Cristo trabalha com o supremo poder do amor, a força estabilizadora da Terra. Aqui Ele se torna o canal daquele poder, enquanto Ele roteia a Terra sobre o seu eixo e a gira, em sua órbita, em torno do Sol. Esse poder do amor é transmitido para baixo pela Hierarquia de Leão para o seu Signo oposto, Aquário; assim, será esse o poder que animará a nova Era Aquariana.
Nessa estação, as influências cósmicas fornecem o maior auxílio para o Discípulo Aspirante para fazer do amor a força dominante e motivadora da sua vida. É tempo para embelezar cada palavra, pensamento e ato seu com essa magia do coração.
O décimo terceiro capítulo da Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, uma das maiores canções de amor da alma, é o mantra perfeito tanto para meditação como para a motivação, durante o período em que o Sol está transitando pelo Signo majestoso de Leão.
Em setembro, o Senhor Cristo volta da glória dos mais elevados céus e começa Seu descenso para os reinos físicos[64]. Por todo esse mês, a ternura, a beleza ansiosa da natureza se manifesta diferente de em qualquer outra estação, pois o Cristo está começando a cobrir a Terra com sua terna tristeza e Ele sente como sentiu quando chorou em Jerusalém a muito tempo atrás[65]. Suas lágrimas foram derramadas porque Ele sabia o longo tempo de dor e sofrimento por meio dos quais a Humanidade deveria passar, tendo escolhido a escuridão ao invés da luz. Seu grandioso coração se entristeceu com as nuvens negras que envolveriam Jerusalém, mesmo o coração do Planeta que Ele tinha dedicado em Seu próprio serviço e em que Ele tinha derramado Seu imenso amor.
Setembro é outro mês de preparação para o Discípulo. Uma das palavras chaves de Virgem é SACRIFÍCIO. Um Discípulo fervoroso, preparando-se por meio do sacrifício e da renúncia de si próprio para tomar parte das festividades dos últimos meses do ano que se avizinha[66], medita frequentemente sobre a nota chave de Virgem: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”.
Quando o Sol entra em Libra, que anuncia a chegada de outubro, a força dourada do Cristo passa pelos reinos terrestres enquanto esse sublime Ser inicia, novamente o Seu sacrifício anual, um evento denominado A CRUCIFICAÇÃO CÓSMICA. A isso S. Paulo se refere na Epístola aos Romanos 8:22: “Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente”. Essa estação do Equinócio de Setembro é um tempo para o Discípulo renovar sua dedicação para percorrer no caminho do Senhor a despeito de quaisquer vicissitudes e obstáculos que podem afetar seu caminhar.
Durante novembro o Espírito do Cristo permeia o Mundo do Desejo da Terra. Esse é um tempo propício para que o Discípulo trabalhe na purificação da sua natureza inferior e, assim, se torne mais habilitado para auxiliar os Seres Superiores em seus trabalhos de purificação do Mundo do Desejo da Terra. Um esforço suplementar é, então, feito para torná-lo um servidor consciente mais eficiente tanto nos planos internos como nos externos da vida.
Em estágios evolutivos anteriores do desenvolvimento humano, a Hierarquia de Escorpião, que preside o mês zodiacal de novembro, auxiliou o despertar do Ego[67] no ser humano[68] e, fazendo isso lançou o ser humano na estrada da individualização. Durante o presente estágio de evolução humana o Discípulo, trabalhando sob a orientação dos Senhores da Individualidade (Libra) e dos Senhores da Forma (Escorpião), está aprendendo a substituir a sua capacidade de fazer valer a própria opinião diante de outras pessoas pela humildade e pelo sacrifício pessoal do “eu” pelo impessoal: “nós”; em outras palavras, atualmente vive-se o ideal de O MAIOR BEM PARA O MAIOR NÚMERO. A Estação do Advento se estende pelo mês de dezembro e é anunciada como uma Festividade de Luz. O impulso espiritual da estação prepara a Humanidade para o derramamento das forças celestiais acompanhando o renascimento do Cristo Cósmico em nossa esfera terrestre. Esse período é seguido pela estação do Solstício de Dezembro que se estende de 21 de dezembro a 24 de dezembro e culmina com o dia seguinte, o 25 de dezembro, no Natal, o dia mais profundamente reverenciado em toda a Cristandade. A observância da festividade dessa estação santa nunca cessará para os Aspirantes, até que o Cristo tenha nascido dentro de nossas próprias almas. O quanto desse êxtase o Discípulo tenha experimentado nesse momento depende do degrau que ele tenha alcançado, e o regozijo pela sua participação cada vez mais crescente da mistura nessa estação entre o terreno e o divino é sentido com uma intensidade nunca alcançada em outro momento do ano.
[1] N.T.: Jo 6:66
[2] N.T.: Gn 15:1
[3] N.T.: Gn 15:2
[4] N.T.: Js 1:4
[5] N.T.: Js 1:4
[6] N.T.: Jo 15:5
[7] N.T.: Mt 20:27 e Mc 10:43
[8] N.T.: Gn 32:30
[9] N.T.: Ex 20:2
[10] N.T.: Dn 3:21-23
[11] N.T.: também escrito como: Egla ou Eglá – 2Sm 3-5
[12] N.T.: também escrito como: Chimham ou Quimã – 2Sm 37-42
[13] N.T.: também escrito como: Haggith, Aggith ou Hagite – 2Sm 3-4
[14] N.T. personagem do panteão fenício e na tradição bíblico-hebraica conhecida como deusa dos Sidônios (I Reis 11:2).
[15] Mt 22:14
[16] 2Cor 4:18
[17] N.T.: Mt 27:42
[18] N.T.: Mt 16:42
[19] N.T.: Mt 16:42
[20] N.T.: Lc 2:14
[21] NT: eram ritos de Iniciação ao culto das deusas agrícolas Demeter e Perséfone, que se celebravam em Elêusis, localidade da Grécia próxima a Atenas.
[22] N.T.: Jo 1:14
[23] N.T.: Jo 20:28
[24] N.T.: Jo 21:15-19
[25] N.T.: Um dos Cavaleiros do Rei Arthur, buscador do Santo Graal, reconhecido por sua pureza e coragem.
[26] N.T.: Ef 3:19
[27] N.T.: At 26:19
[28] N.T.: Is 2:4
[29] N.T.: Hab 2:4
[30] N.T.: Gl 1:17-18
[31] N.T.: região leste do Rio Jordão
[32] N.T.: refere-se ao Mundo do Espírito de Vida, onde está a Memória da Natureza, em toda sua plenitude e clareza.
[33] N.T.: IITm 4:9
[34] N.T.: ITs 2:8
[35] N.T.: Hermes Trismegisto (em latim: Hermes Trismegistus; “Hermes, o três vezes grande”) era um legislador egípcio, pastor e filósofo, que viveu na região de Ninus por volta de 1.330 a.C. ou antes desse período; a estimativa é de 1.500 a.C a 2.500 a.C.
[36] N.T.: IICor 11:24
[37] N.T.: Gl 1:16
[38] N.T.: At 27:1-44
[39] N.T.: Um tirso (em grego: thyrsos; em latim: thyrsus) era um bastão envolvido em hera e ramos de videira e encimado por uma pinha. Na mitologia grega (assim como na romana), era usado pelo deus Dioniso (ou Baco) e pelas seguidoras do deus, as ménades (ou bacantes). A hera e a videira eram de resto as plantas emblemáticas deste deus. Segundo os textos gregos, as ménades utilizariam os tirsos como uma espécie de arma, sendo conhecidos os cortejos frenéticos em honra a Dionísio (os tíasos) aos quais estas se entregavam.
[40] N.T.: do Diálogo Platônico “Fedão” ou Fédon, seguindo: “E no meu modo de entender, são estes, apenas, os que se ocuparam com a filosofia, em sua verdadeira acepção”.
[41] N.T.: pelo desenvolvimento espiritual
[42] N.T.: Mt 5:8
[43] N.T.: Mt 13:34-35
[44] N.T.: Mt 25:21
[45] N.T.: Maurice Polydore Marie Bernard Maeterlinck1 (1862 -1949) foi um dramaturgo, poeta e ensaísta belga de língua francesa, e principal expoente do teatro simbolista.
[46] N.T.: profundezas
[47] N.T.: Mt 28:18
[48] N.T.: Sl 8:5-7 – Hb 2:7
[49] N.T.: Sala no extremo Oeste do Tabernáculo do Deserto
[50] N.T.: para o Hemisfério norte
[51] N.T.: ou Sílfides
[52] N.T.: Mt 28:16-20
[53] N.T.: At 3:6
[54] N.T.: ICor 13:1
[55] N.T.: Rm 13:11
[56] N.T.: Sir Galahad é um poema escrito por Alfred Tennyson, poeta inglês
[57] N.T.: obra-mestra de Richard Wagner, baseado na lenda de Parsifal, cuja origem está envolta no mistério em que se desenvolveu a infância da raça humana; Parsifal simboliza a nova raça, que se eleva pela geração pura, em harmonia com as leis da natureza.
[58] N.T.: o mago negro, o “cavaleiro negro”, na obra Parsifal; simboliza a natureza inferior.
[59] N.T.: CAPÍTULO V – A Relação do Ser Humano com Deus
[60] N.T.: Mt 16; 24 – Mc 8:34 – Lc 9:23
[61] N.T.: Georg Friedrich Händel, célebre compositor da Alemanha, naturalizado cidadão britânico; 42º movimento (o célebre “Aleluia” – HALLELUJAH CHORUS) da obra: o oratório Messias (Messiah)
[62] N.T.: Lc 22:19-20
[63] N.T.: o ponto mais alto de ascensão norte é no Solstício de Junho.
[64] N.T.: reinos do Mundo Físico: Região Química e Região Etérica do Mundo Físico.
[65] N.T.: quando da sua primeira vinda.
[66] N.T.: outubro, novembro e dezembro.
[67] N.T.: o Espírito Virginal manifestado, nós
[68] N.T.: nos seus Corpos: Denso, Vital e de Desejos e o veículo: Mente.