Arquivo de categoria Filosofia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Tudo o que for necessário para o seu crescimento e desenvolvimento sempre virá e na hora certa

Para quem embarcou na Jornada para o “Reino dos Céus” todas as ideias metafísicas são mais interessantes ou menos, têm seu lugar e uso. Todavia, o que mais o preocupa é o aquilo que deve fazer para ajudar a si próprio em seu progresso e como deve comportar-se em suas relações com seu ambiente e semelhantes a fim de obter o máximo de benefício espiritual. Para chegar a um entendimento adequado do que é necessário, vamos considerar um pouco o lado mundano da vida. Vemos os seres humanos do mundo lutando e esforçando-se para realizar suas diversas ambições e propósitos na vida; enfrentando decepções, sofrimentos, tristezas e problemas de inumeráveis tipos. Todas essas dificuldades, provações, decepções e sofrimentos têm seu proveito e espaço, na ordem Divina. Eles vêm para separar nossos corações do mundo, para afrouxar o domínio do mundo dos sentidos sobre nós, para nos fazer buscar a paz e descansar onde ela pode ser encontrada.

Quando um ser humano chega a ver que o mundo material e externo nunca dá e nunca pode dar a paz e felicidade permanentes, ele precisa de pouco para se iniciar no Caminho Celestial. No entanto, para quem começou há pouco tempo, ainda existem problemas e provações, pelo menos por um tempo, mas agora com um propósito diferente: aperfeiçoar o caráter. Nenhuma qualidade ou virtude, por mais desejável que seja, pode realmente se tornar parte do nosso caráter até que a incorporemos à nossa natureza, vivendo-a na vida cotidiana, às vezes sob condições árduas, difíceis.

Podemos pensar e meditar frequentemente sobre a virtude da paciência; contudo, a menos que tenhamos oportunidades frequentes para o seu exercício, sob as condições difíceis da vida diária, nunca seremos positivamente fortes nessa virtude. Assertiva essa válida para a humildade, a mansidão, a brandura e todas as outras virtudes Cristãs. O crescimento só vem do exercício. Assim, os vários problemas, decepções, tristezas e aborrecimentos da vida tornam-se apenas muitas oportunidades de exercitar a fé e o amor, a bondade e a paciência. Toda tentação simplesmente aponta para um ponto fraco em nossa natureza. Não poderia ser uma tentação, se fôssemos fortes. Toda tristeza, problema ou irritação afeta apenas uma parte do nosso orgulho, egocentrismo ou egoísmo.

O egoísmo, em algumas de suas muitas formas, é a causa primária de todos os nossos problemas — amor próprio, orgulho egoísta, vontade própria, opinião egoísta, egoísmo. Ele, em suas variadas formas, é o único inimigo que temos que vencer e, ao vencer, vencemos o mundo; como só podemos superar nossa natureza egoísta pelo poder da natureza do Cristo interior, quando completamos esta, a maior de todas as conquistas, nós nos tornamos um com a natureza de Cristo. Ao nos tornarmos unos com o Cristo, manifestaremos amor puro, altruísta e santo por todos os homens e, desse amor, florescerá natural e inevitavelmente toda a virtude Cristã. “O amor é o cumprimento da lei”.

A liberdade de Cristo, mencionada em vários lugares da Bíblia, é a liberdade ou emancipação obtida pelo desapego do mundo e pela superação do egoísmo. Vivemos então no mundo, mas não somos do mundo. A obtenção da perfeita tranquilidade de mente e coração, inabalável por qualquer agente, é a evidência da superação. É a base da paz duradoura e o fundamento de uma felicidade sempre crescente.

Desse modo, vê-se que a vida nada mais é do que uma grande escola espiritual. E cada um de nós está em uma classe, sozinho, e ela é composta pelas várias circunstâncias e condições de nossa vida, as situações mais adequadas para promover o crescimento espiritual. É um reflexo da nossa condição espiritual. O que vemos em nosso ambiente é uma imagem de nós mesmos. Portanto, se não gostamos de uma condição ou circunstância específica, devemos olhar para dentro de nós próprios e aprender a lição que ela pretende ensinar. Logo, fazemos uso dessa condição e a superamos. “Recusar-se a ser escravizado por qualquer coisa externa ou acontecimento, vendo isso como lição para nosso uso e educação: isso é Sabedoria. Ser paciente em todas as circunstâncias e aceitar todas as situações como fatores necessários em nosso treinamento significa elevar-nos, tornar-nos superiores a todas as condições dolorosas e superá-las com uma vitória que é certa, porque pelo poder da obediência à Lei elas serão totalmente mortas”.

A grande maioria da humanidade ainda está na turma do jardim de infância, aprendendo as lições simples e fundamentais da vida, progredindo lentamente ao longo do caminho evolutivo. Entretanto, para aqueles que, sabendo o que buscam, estão se esforçando para alcançar o estado Celestial, todos os dias trazem oportunidades para sacrificar o egoísmo, servir seus semelhantes e amá-los. Cada erro que eles cometem e toda queda contêm lições de humildade, paciência, coragem. Eis que todas as coisas são boas. “Todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam o Senhor, daqueles que são chamados de acordo com o Seu propósito.” Sim, e todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que Deus ama — Ele pode dar algo que não seja bom e nós podemos eliminar algo dado por Ele?

Esse entendimento não oferece uma base razoável para a fé ou a confiança no Pai Celestial? Não podemos perceber que a verdadeira sabedoria consiste em dar um dia de cada vez para Deus, deixando a ordem de todas as nossas vidas para Aquele que sempre busca nossa perfeição e felicidade? Nossa perfeição é realizada não tanto pelo que fazemos, mas por permitir que a Vontade Divina aja através de nós. É mais cedendo nossa vontade em obediência, “desejando fazer a vontade Dele”, do que por nossos próprios esforços em direção à perfeição. As Leis universais são perfeitas em sua operação e, mesmo quando impedidas por nosso entendimento imperfeito, levam-nos pelo caminho mais curto e fácil para alcançar a perfeição adequada da mente e do coração, que é a vontade do Pai Celestial para cada um de nós. Devemos acreditar que tudo o que for necessário para o nosso crescimento e desenvolvimento sempre virá e na hora certa. O caminho da vida é muito simples. É pela obediência, pela confiança. Temos nossa parte a fazer — é a obediência. Sempre podemos confiar que o Pai Celestial faça Sua parte. Cristo disse: “A semente brota, não sabe como; primeiro a folha, depois a espiga, depois o milho cheio na espiga”. Nosso desenvolvimento espiritual não é sentido pelo ser humano natural. É um crescimento interior, tão silencioso e gentil que escapa à observação comum. Somente comparando o presente com o passado somos capazes de discernir a mudança em nossa natureza. Cada passo nos aproxima do estado celestial. Emerson disse: “Nada se torna nossos lábios, senão pausas de louvor e agradecimento”. Não podemos escapar do bem.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Auxiliares Invisíveis e Médiuns

Auxiliares Invisíveis e Médiuns

Há duas classes de pessoas no mundo. Uma delas possui os Corpos Denso e Vital tão for­temente conectados que seus Éteres não podem ser extraídos em nenhuma circunstância, permanecendo sem­pre com o Corpo Denso, em todas as condições, desde o nascimento até a morte. Tais pessoas são in­sensíveis a qualquer manifestação supersensitiva da visão ou audi­ção e, por isso, geralmente são ex­cessivamente céticas, não acredi­tando que exista algo além daqui­lo que possam ver.

Há outra classe de pessoas, nas quais a conexão entre os Corpos Denso e Vital é frouxa, em menor ou maior intensidade, de forma que o Éter dos seus Corpos Vitais vibra a uma velocidade maior do que no primeiro grupo mencionado. Essas pessoas, portan­to, são sensitivas em maior ou me­nor grau para o mundo espiritual.

Podemos dividir novamente essa classe de sensitivos. Alguns são caracteres débeis, dominados pela vontade dos outros de forma passiva, tais como os médiuns que são presas de espíritos desen­carnados e desejosos de obter um Corpo Denso, depois que perderam seus próprios Corpos pela morte.

A outra classe de sensitivos são caracteres fortes, ativos, que agem unicamente por seu foro ín­timo, de acordo com sua própria vontade. Eles podem se desenvolver e tornar-se clarividen­tes práticos, sendo seus próprios senhores, em vez de escravos de um espírito desencarnado. De al­guns sensitivos de ambas as classes é possível extrair uma parte do Éter que forma o Corpo Vital. Quando um espírito sem Corpo Denso obtém um paciente dessa natureza, desenvol­ve-o como “médium de materializa­ção”. O ser humano capaz de sair com o seu próprio Corpo Vital por um ato de vontade converte-se em um ci­dadão de dois mundos, independen­te e livre. Esse é conhecido frequentemente como “Auxiliar Invisível”. Há outras condições anormais nas quais o Corpo Vital é separado, total ou parcialmente, do Corpo Denso, como por exemplo quando coloca­mos uma perna em posição incômo­da, de maneira a obstar a circula­ção do sangue. Nesse caso, podemos ver a perna etérica pendurada embaixo do membro visível, como uma meia. Quando a circulação se restabelece e o membro etérico procura voltar à sua posição, notamos uma intensa sensação de formigamento; isso ocorre de­vido ao fato de as pequenas correntes de força, que todos os áto­mos irradiam através do Éter, ten­tarem interpenetrar as moléculas da perna e estimulá-las novamente à vibração. Quando uma pessoa está se afogando, o Corpo Vital também se separa do Denso e a do­lorosa, a intensa sensação do formi­gamento causada pelo reavivamento também é devida à causa antes men­cionada.

Enquanto estamos em estado de vigília, continuando nosso trabalho no Mundo Físico, o Corpo de Desejos e a Mente interpenetram am­bos: o Corpo Denso e o Corpo Vital, estabelecendo-se uma luta constan­te entre a natureza de desejos e o Corpo Vital. O Corpo Vital está continuamente ocupado na construção do organismo humano, enquanto os impulsos do Corpo de Desejos tendem a cansar e desgastar os tecidos físicos. Gradualmente, no decorrer do dia, o Corpo Vital perde terreno diante dos ataques do Corpo de Desejos. Pouco a pouco, acumulam-se os venenos da deterioração e o fluxo da força Vital se torna cada vez mais vagaroso, até que, por fim, somos incapazes de mover os músculos. Então o Corpo sente-se pesado e exausto. Afinal, o Corpo Vital sofre um colapso, por assim dizer: as diminutas correntes de força que penetram cada átomo parecem se encolher e o Ego é for­çado a abandonar seu Corpo às for­ças restauradoras do sono.

Quando um edifício foi mal con­servado, tendo que sofrer uma se­vera reparação, os inquilinos devem mudar-se para permitir que os operários tenham o campo livre. O mesmo ocorre quando o edifício de um espírito se tornou impróprio para seu uso ulterior: deve-se sair dele. Como foi o Corpo de Desejos que produziu os danos, é lógico concluir que ele também deva se retirar. Todas as noites, depois que nosso Corpo ficou cansado, os veículos supe­riores se retiram, ficando sobre o leito unicamente o Corpo Denso e o Corpo Vital. Começa então o pro­cesso de restauração, que dura mais tempo ou menos, de acordo com as circunstâncias.

Há ocasiões, não obstante, nas quais o predomínio do Corpo de De­sejos sobre nossos veículos mais densos é tão forte que ele se recusa a abandoná-los. Ficou tão interes­sado nos acontecimentos do dia que continua ruminando sobre eles de­pois do colapso do Corpo Denso, re­tirando-se apenas parcialmente. Nesse caso, pode transmitir visões e sons do Mundo do Desejo ao cérebro; contudo, como as ligações nessas condições estão naturalmente desa­justadas, disso resultam os sonhos mais confusos. Além disso, como o Corpo de Desejos impele à ação, o Corpo Denso é muito possivelmente sacudido quando o Corpo de Dese­jos não se retira por completo. Daí os sonos sobressaltados que geral­mente acompanham os sonhos de natureza confusa.

Existem realmente ocasiões nas quais os sonhos são proféticos e se realizam; mas surgem apenas de­pois de uma completa retirada do Corpo de Desejos, sob circunstân­cias especiais em que o espírito tenha, por exemplo, notado algum perigo em vias de se manifestar e, então, impri­me o fato no cérebro, “no momento do despertar”.

Pode também acontecer que o espírito se afaste num voo anímico e se esqueça de realizar o trabalho de restauração que lhe compete. Então o Corpo não estará em condições de ser ocupado pela manhã, continuando assim adormecido. O espírito pode ficar ao seu redor du­rante vários dias, ou até semanas, antes de penetrá-lo novamente e assumir a rotina nor­mal entre a vigília e o sono. Essa condição é chamada de transe e o espírito, ao regressar, pode se lembrar do que viu e ouviu nos Pla­nos suprafísicos, podendo também esquecê-lo, conforme o seu estado de desenvolvimento e a profundidade do estado de transe. Quando o tran­se é muito leve, o espírito geralmente permanece durante todo o tempo no quarto onde seu Corpo descansa e, ao voltar, pode contar aos seus familiares tudo o que disseram ou fizeram enquanto seu Corpo permanecia inconsciente. Quando é mais profundo, ao voltar o espírito geralmente está incons­ciente do que ocorreu ao redor do seu Corpo, mas pode relatar ex­periências obtidas no Mundo invisí­vel.

Há alguns anos, uma menina cha­mada Florence Bennett, de Kankakee, Estado de Ilinois, caiu num transe dessa espécie. Voltava ao seu Corpo depois de alguns dias, mas permanecia somente por poucas horas. O fenômeno durou aproximadamente três semanas. Du­rante as voltas ao Corpo, ela dizia aos seus parentes que em sua ausência ela parecia estar em um lugar ha­bitado por todas as pessoas que morreram. No entanto, afirmava que ne­nhuma delas falava sobre ter morrido e nenhuma parecia estar ciente de estar morta. Entre as pessoas que via estava um maquinista de trem, morto em um acidente. Seu Corpo ha­via sido mutilado no acidente. A menina o via lá, andando sem os braços e com lesões na cabeça. Tudo isso está de acordo com os fatos obser­vados pelos investigadores místicos. Pessoas feridas em acidentes con­tinuam aparentemente na mesma si­tuação até aprenderem que com um simples desejo de voltar a ter seu Corpo completo poderão obter um novo braço ou perna, pois a substância de desejos é rapidamente modelada pelo pensamento.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Stonehenge

Stonehenge

Os mitos da magia de Merlin e as lendas dos sacrifícios druidas, muito embora sem fundamento, lançaram um encanto sobre Stonehenge que apenas tem anuviado um mistério já grande e intrincado do mundo antigo. A maioria des­sas fantasias foi comprovada como ilusória por técnicas modernas como a do carbono-14, para determinação de datas, confirmando que a construção de Stonehenge começou aproximadamente há quarenta séculos, e a do computa­dor eletrônico, provando que as enormes pedras ou megalitos e os vários círculos ao seu redor não foram colocados arbitrariamente.

Tornou-se evidente que os pla­nejadores de Stonehenge não eram aborígenes curiosos e tradicional­mente incapazes de cultura, mas uma fração sensível e hábil de um povo altamente organizado que possuía suficiente conhecimento da geometria relacionada com o movimento da Lua e do Sol para associá-lo de maneira significativa.

Séculos antes da construção de Stonehenge, pedras enormes esta­vam sendo usadas pelo ser humano neolítico para construir catacum­bas e túmulos para sepultamento coletivo, assim como para cerimô­nias de veneração aos mortos. A migração desses construtores de túmulos megalíticos começou quando grupos de diferentes par­tes da Grécia e da Anatólia coloni­zaram a Espanha e Portugal entre 3400 a. C e 2500 a. C. O principal caminho de debandada da migra­ção nos 1000 anos seguintes es­tendia-se da Espanha e de Portugal, ao longo da costa atlântica da Euro­pa, Ilhas Britânicas e Escandiná­via.

Stonehenge é apenas uma das muitas estruturas megalíticas e centenas de túmulos que se encon­tram dentro de uma área de aproximadamente 40 quilômetros de Wiltshire, Inglaterra, ao longo dos rios Avon e Kennet. Uma das mais notáveis estruturas megalíticas da Europa é o longo túmulo West Kennet, perto do Rio Kennet. Trata-se do maior de to­dos os túmulos pré-históricos divi­didos em compartimentos e exis­tentes na Inglaterra ou País de Ga­les; foi usado, muito antes do ano 2000 a. C., pelo menos durante três séculos. Esse túmulo mede em torno de 107 metros de comprimento e diminui, em largura, em medidas aproximadas, de 23 metros para 15 metros.

Cerca de 24 quilômetros ao sul, perto do rio Avon, há um aterro ao lado de Stonehenge, chamado de Cursus, que se supõe ter servido como uma espécie de alameda ou cercado cerimonial. Cobre uma área de 100 metros de largura por 2800 metros de comprimento. Uma mi­lha para o leste há uma enorme es­trutura circular chamada de Durrington Walls, com cerca de 500 me­tros de diâmetro, e Woodhenge, um tipo de Stonehenge feito de madeira. Woodhenge vir­tualmente desapareceu, porém foi descoberta, do ar, em 1925.

O mais importante local para reuniões de templo antes da cons­trução de Stonehenge parece ter sido Avebury. Esse conjunto con­sistia de dois, possivelmente três, círculos de pedra, cada um com cerca de 97,5 metros, aproximadamente, de diâmetro, uni­dos, por uma avenida com largura por volta de 15 metros, a uma estrutura de pe­dra e madeira chamada O Santuá­rio. A pouca distância, está Silbury Hill, que poderia ser chamada de a grande pirâmide da Europa.

Silbury Hill é um túmulo cônico e inclinado que se eleva a 39,6 metros, aproximadamente, com uma base de mais de 200 me­tros de diâmetro. Embora sua finalidade seja desconhecida, provavelmente fizesse parte do conjunto de Avebury. Presumivelmente, al­gumas das pedras de Avebury fo­ram usadas em Stonehenge. Se­melhante em magnitude a Avebu­ry, é o colossal conjunto de monólitos próximo a Carnac, na Grã-Bretanha, onde mais de 2000 pe­dras aprumadas, chamadas menires, foram alinhadas em uma enor­me extensão de terra.

Stonehenge foi construída du­rante muitas gerações, à semelhan­ça das catedrais góticas, séculos depois. A primeira de três fases foi provavelmente iniciada por caçadores nativos e fazendeiros do con­tinente, após 1900 a. C. Esses cons­trutores de Stonehenge cavaram um grande fosso circular de mais de 91,5 metros, aproximadamente, de diâmetro e amon­toaram a terra como barragem em ambos os lados.

Foi deixada uma entrada no lado noroeste, onde eles colocaram a chamada pedra espigão a uns 30,5 metros, aproximadamente, fora do círculo. Esse megalito de 35 toneladas foi alinhado de modo que o Sol nascente no Solstício de Junho apenas atingisse sua parte superior. Na parte in­terna da barragem, cavaram um anel com 56 covas equidistantes umas das outras, que mais tarde se tornaram conhecidas como as covas de Aubrey, devido ao seu descobridor. Quatro enormes marcos de pedra foram colocados no círculo das covas de Aubrey para formar um retângulo perpendicu­lar ao eixo leste do monumento, durante o Solstício de Junho.

Stonehenge II foi iniciada aproximadamente no ano 1750 a. C., aparentemente por uma raça diferente chamada de os homens de boca larga. Eles alargaram a avenida e a desviaram, em curva, para o rio Avon a 3 quilômetros, aproximadamente, de distância, provavel­mente para que fosse usada como estrada para o transporte de 80 pedras-lispes (um tipo “místico” de pedra) para o recinto cercado. Essas pedras chegavam a pesar cinco toneladas e são encontradas apenas nas Montanhas Prescelly, no País de Gales, o que representa uma viagem de quase 322 quilômetros até Stonehenge, mais da metade através do Canal Bristol. Os círcu­los de pedra eram uma característica desses “homens de boca larga” e eles planejavam formar dois círculos concêntricos com a pedra-lispe, as pedras internas com­binando com as externas e dando a impressão de uma roda com aros. Embora esse período cobrisse duas gerações, os círculos duplos de pedra-lispe jamais foram concluídos.

Cerca de 1700 a. C. teve início a terceira fase da construção de Stonehenge pelos representantes de uma nova geração. Eles demoli­ram o círculo incompleto de pedra-lispe, recolocando-as na mesma área, porém, com uma disposição diferente: 81 enormes blocos de arenito que eram dez vezes maiores do que as pedras-lispes. Esses blocos foram, sem dúvida, trazidos de Marlborough Down, cerca de 32 quilômetros ao norte de Sto­nehenge.

Quase no centro, erigiram uma ferradura com cinco blocos de are­nito, cada grupo constituído de duas colunas cobertas com uma verga. Essas receberam o nome de trílito, palavra grega que significa três pedras e exclusivamente apli­cável a Stonehenge. Em seguida, cercaram esses trílitos com um círculo simples de 30 colunas de arenito ligadas por vergas na ex­tremidade superior.

Aproximadamente cinquenta anos após a montagem dos blocos de arenito, um conjunto de 29 co­vas em formato de Z foi cavado na parte ex­terna e em volta do círculo de blo­cos de arenito, e um de 30 covas em Y, cavado em círculo ao redor das covas em Z. Quase que imediatamente após isso, as pedras-lispes foram novamente erigi­das em um oval dentro do trílito, em forma de ferradura. Um segundo círculo de pedra-lispe foi erigido entre a ferradura e o círculo de blocos de arenito. Com isso, a construção terminou perto do ano 1600 a. C.

De um simples círculo e retângu­lo orientados para o Sol nascente do Solstício de Junho havia surgido, em um período de mais de 300 anos, uma complexa catedral de pedras enormes em forma de círculos e ferraduras abobadados. O maior dos blocos de arenito pesa cerca de 50 toneladas e tornou-se necessária considerá­vel capacidade de organização e planejamento para transportá-lo para Stonehenge, onde muitos de­les ainda podem ser vistos. Toda­via, megalitos muito maiores fo­ram deslocados pelo ser humano primi­tivo em outras partes do mundo.

Um dos maiores obeliscos em existência é um monólito com cerca de 32 metros de altura, pesando mais de 400 toneladas, erigido por Thutmose III. Mesmo algumas, das mais de 600 estátuas na Ilha da Páscoa, são monólitos que pesam mais de 50 toneladas, como uma gigantesca de, aproximadamente, 9,7 metros de altura, que pesa 82 toneladas. O maior bloco de pe­dra lavrada pelo ser humano é um monstro de 1200 toneladas existen­te em uma pedreira em frente ao templo romano em Baalbek.

A maravilha de Stonehenge, por­tanto, não está apenas em seu ta­manho, mas em seus detalhes as­tronômicos e de construção, recen­temente descobertos. Se visuali­zarmos uma linha que parta do cimo da nossa casa e chegue à parte superior de uma árvore alta, ela apontará para algum ponto do céu no qual a Lua, o Sol ou outro corpo celeste poderá aparecer em algu­ma época do ano.

O Dr. Gerald Hawkins, Presiden­te do Departamento de Astronomia da Universidade de Boston, fez algo semelhante e anotou as observações que podem ser feitas entre as várias e enormes pedras de Stonehenge I, assim como as observações através dos arcos formados pelos blocos de arenito de Stonehenge III. Em seguida, colocou essa informação em um computador e descobriu que cada um dos 24 possíveis ali­nhamentos de Stonehenge I apon­tava para a Lua ou para o Sol em posição celeste significativa. Veri­ficou também que os alinhamentos de Stonehenge III, independentemente, proporcionavam mais oito posições.

Ele formou ainda a teoria de que as 29 covas em Z e as 30 em Y representam o mês lunar, quando os intervalos en­tre a Lua cheia resulta a média entre 29 e 30, 29 dias e 1/2. Elas poderiam proporcionar ao povo o meio de contar os dias e, simultaneamente, a possibilidade de predizer o ano de um eclipse.

A localização acidental de Sto­nehenge parece improvável, pois nesse hemisfério está localiza­da onde uma diferença de 48,2 quilômetros, aproximadamente, para o norte ou o sul mo­dificaria a geometria astronômica suficientemente para transformar o retângulo formado pelas quatro pedras-marcos em paralelogramo. Certos requintes de acabamento em pedras são invulgares na Euro­pa setentrional pré-histórica e outra evidência como a dos enta­lhes, recentemente descobertos, de armas na Idade do Bronze, em três dos blocos de arenito, sugere a in­fluência e a comunicação com a grande e contemporânea civiliza­ção mediterrânea da Creta Minotaura, da Grécia Messeniana e do Egito.

Há muita justificativa para se presumir que um grupo de pessoas mais altamente adiantadas ou al­gum arquiteto magistral da área do Mediterrâneo projetou e construiu Stonehenge com a ajuda dos habi­tantes locais e isso é particularmen­te plausível quando, em nossa pró­pria época, nativos que carregavam lanças ajudaram a construir cam­pos de aviação.

A religião e o calendário são a mesma coisa na jovem história do ser humano. Desde que apenas duas pequenas pedras se fazem neces­sárias para marcar os alinhamen­tos celestes, é muito provável que, depois desses alinhamentos ini­ciais estarem estabelecidos, fosse desenvolvido o esforço para que se tornassem mais aperfeiçoados co­mo as catedrais góticas. Essas ca­tedrais medievais nasceram da ex­periência e do labor de gerações e, durante a época em que poucas pessoas sabiam ler, serviam como escolas, museus, igrejas, bibliote­cas, salões para concertos, templos de adoração… Stonehenge pode ter sido tudo isso e mais. Provavelmente, o ser humano primitivo não fazia diferença es­sencial entre a religião, a ciência, as artes e o governo; nossas mo­dernas instituições como igrejas, es­colas e museus simplesmente pareceriam inarmônicas para ele, em seu funcionamento e sua maneira de pensar.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Teologia cósmica (PARA NÃO PERDER O PONTEIRO SUBSTITUIR POR OUTRO TEXTO)

Teologia cósmica

O Sistema Solar, como o próprio nome indica, é uma combinação de partes que formam uma unidade, um todo: um ajuste ordenado de acordo com uma lei comum, um grupo de Planetas ou Mundos tão relacionados entre si que indicam método em sua formação e movimentos. Como sistema, é completo em si mesmo, embora possa estar relacionado a outros sistemas em harmonia consigo próprio e apesar de todos os seus subsistemas, combinados, constituírem um sistema maior. Sendo um sistema de mundos, é cientificamente organizado e forma a base da Ciência da Astronomia. Ou seja, não sofre variabilidade, de modo que, se suas leis forem descobertas, poderemos saber exatamente o que procurar e nunca ficaremos desapontados com as expectativas.

A palavra “solar” designa o caráter do sistema e como esse adjetivo se refere ao Sol, indica que o sistema é dominado pelo Sol. A ciência afirma que o Sol originou e controla o sistema. Se o Sol puder ser visto como pai, este seria o nome da família: a família Solar.

O sistema está repleto de vida e movimento, eternamente em movimento, e a pergunta que devemos responder é esta: qual é sua causa? Três respostas são dadas. O ateísmo sustenta que esse processo é totalmente fortuito, o resultado de um mero acaso. Os teístas da escola exotérica consideram que os Planetas são compostos de matéria inerte, impulsionados e guiados em seus movimentos por um Ser inteligente e todo-poderoso que chamam de Deus, assim como o motor controlado pelo engenheiro impulsiona o maquinário da fábrica. Os teístas esotéricos afirmam que cada Planeta é um organismo vivo e possui alma inteligente, ela mesma a criadora ou geradora da forma, guiando-a em todos os seus movimentos, do mesmo jeito que o ser humano é uma alma viva que originou seu corpo e controla suas atividades. Essa última ideia é a base da Teologia Cósmica: os Planetas são constituídos por uma Hierarquia de divindades subordinadas, cada uma com seu próprio Espírito inerente, e o Sol é o Pai Divino de todos.

Contudo, a teologia cósmica vai mais longe e abarca nesse sistema todos os organismos vivos que habitam os Planetas, cada um dos quais sendo uma imagem microscópica ou semelhança do Todo, o que é especialmente verdadeiro para a humanidade. O pensamento é o seguinte: todo o sistema, visto como unidade, é a Deidade em sua totalidade, no sentido cósmico, chamado macrocosmo ou ordem cósmica e universal, o todo-abrangente; e o ser humano, uma miniatura do todo, é um microcosmo.

Então, se o ser humano é uma miniatura de todo o sistema, ele é o Sol, a Lua e os Planetas, tudo dentro de sua composição. Isso está de acordo com a Lei da Correspondência, reconhecida por todas as grandes religiões do mundo e expressa nos Livros sagrados delas. Nossa Bíblia declara que Deus criou o ser humano à Sua própria imagem e semelhança. Se o ser humano é uma miniatura do todo, seu corpo inteiro pode ser adequadamente comparado ao espaço ocupado por todo o sistema, em miniatura, dividido em doze Signos ou Casas, desde Áries, na cabeça, até Peixes, nos pés. Ele é, então, uma Deidade em miniatura, em si própria, superior e inferior, com todo o seu corpo como o parque dos deuses, sendo o mundo em que vivemos o campo de operação, expressão e o teatro da experiência e evolução.

Como uma divindade minúscula, cada um de nós é um deus cósmico em formação; portanto, a missão que nos foi dada é desenvolver nossa individualidade para adorar em casa o deus centralizado em seu próprio ser; isto é, amar a Deus em espírito e verdade como somos ordenados pelo grande Mestre. Isso significa idealizar o Eu divino, o Ego, pela adoração, em tudo o que Ele representa, elevando o ser humano inteiro a esse ideal.

A humanidade nunca poderá ser o seu melhor nem atingir suas altas ambições em nenhuma esfera, submetendo sua vontade à de outro e isso é uma característica tanto na religião quanto no mundo prático. Assim, a Bíblia nos proíbe de adorar o exército celestial, não porque não seja feito de divindades cósmicas, mas porque adorar qualquer ser externo é idolatria, mesmo que seja Jesus Cristo, que proibiu seus Discípulos de adorá-Lo. Todos os deuses lá fora são apenas símbolos, incluindo o Cristo, cujo ofício é ajudar, mas não controlar. Ceder à vontade de Deus, então, significa obedecer ao melhor de nós mesmos.

Todo esse assunto é um grande mistério. Os religiosos comuns descartam o místico e seguem a letra, principalmente porque não são suficientemente desenvolvidos para compreender a verdade interior e mais profunda. Eles são educadores de jardim de infância, em sua religião: puramente elementares; contudo, não devem ser desprezados ou combatidos mais do que as crianças devem ser pelos graduados das universidades. A Lei é esta: primeiro, o natural; depois, o espiritual. No entanto, a adoração em espírito e verdade abraça o místico. São Paulo, o principal místico entre os Apóstolos, declarou que “Grande é o mistério da piedade, Deus Se manifestou em carne”. Mais de uma vez ele disse que o grande mistério, escondido desde a fundação do mundo, fora-lhe revelado, que era “Cristo em vós, a esperança da glória”.

Já foi dito que “um ser humano honesto é a obra mais nobre de Deus”; no entanto, Robert Ingersoll, invertendo o ditado, disse que “um Deus honesto é a obra mais nobre do ser humano”. Isso implica um conceito idealizado sobre a Divindade. Essa é a maneira usual de se pensar em Deus, o processo indutivo de argumentar que parte do efeito para chegar à causa. E não estaria incorreta, se o ser humano soubesse completamente e se controlasse perfeitamente. Entretanto, o procedimento a ser seguido é fazer o pensamento macrocósmico crescer, o que, como foi mostrado, é uma ciência e, portanto, absolutamente correto tanto em sua natureza quanto influência, para depois aplicá-lo ao microcosmo. As divindades cósmicas serão consideradas símbolos a serem seguidos, como aqueles que em outras épocas venceram a corrida, alcançaram seus destinos e, agora, como Irmãos Maiores, estão nos ajudando na corrida para alcançar um destino semelhante.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de 09/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Novo Elemento, você sabe qual é?

O Novo Elemento, você sabe qual é?

Nossa Terra nem sempre esteve envolta em ar tal como a conhecemos, porque quando estávamos sem ele, o mundo não era sólido. Em realidade, no Período Solar encontramos as ori­gens do novo elemento: o ar. Quando esse se uniu ao verdadeiro fogo invisível, o Globo de Saturno conver­teu-se em uma esfera resplandecente de neblina ígnea, sob estas palavras de ordem: “Faça-se a Luz” (Gn 1:3). Nós não desenvolvemos os pulmões até fins da Época Atlante do Período Terrestre.

Para o ser humano é demasiado difícil imaginar os vastos períodos de “tem­po” entre a introdução do novo ele­mento e o desenvolvimento de um órgão físico para usá-lo. O cresci­mento evolutivo é um processo muito lento, porque atravessa ciclos a fim de que as imperfeições sejam eliminadas.

Surge, contudo, a necessidade de dar um passo definido para frente e, a me­nos que nos conservemos na vanguar­da e FORMEMOS os veículos re­queridos, retrocederemos, retrogradare­mos, e, assim, os corpos que já são inúteis ao novo desenvolvimento vão cristalizar-se ainda mais.

Como é de conhecimento dos Estudantes ocultistas, os atlantes, embora fossem dotados de órgãos respirató­rios incipientes, eram muito habilido­sos e encontraram meios de se deslo­car em sua densa e aquosa atmosfera. Com o passar do tempo, o desejo de explorar o que estivesse além do seu “horizonte” conhecido ensejou a invenção de naves aéreas. A arca é uma distorci­da reminiscência desse fato. Alcançavam, assim, o novo elemento para o qual estavam construindo pulmões. Nossos astronautas levam consigo uma boa carga de oxigênio para alcançar certa distância além da Terra, pois não podem viver em uma atmosfera mais rarefeita. No momento em que nos falta o ar, o Ego vê-se obrigado a abandonar o Corpo Denso.

O ar contém Éter, o quádruplo canal através do qual trabalham as forças espirituais. O ar atua como um con­dutor dessas correntes de energia. Como Estudantes da Fraternidade Rosacruz es­tamos familiarizados com a ideia de o ar estar impregnado de vibrações planetárias que inicialmente penetram os pulmões quando o bebê dá seu primeiro gemido. Esse momento é o ponto culminante do tra­balho dos Senhores do Destino, cuja cooperação com o plano evolucioná­rio conduziu o Ego ao lugar e tempo específicos para cumprir seu destino com os outros Egos que devam ser seus futuros pais terrestres.

Os Éteres contidos no ar registram cada pensamento, emoção e ato, transmitindo essas impressões aos pul­mões, de onde são injetados no sangue. Esses registros são os árbitros do futuro destino.

A essência do bem praticado converte-se em alma e essa, por sua vez, é incorporada ao espírito. No livro Mistérios Rosacruzes, Max Heindel afirma o seguinte: “Dessa maneira, os registros respiratórios de nossos bons atos constituem a alma que se salva”. O oposto também é verdadeiro: “O registro de nossas más ações também deriva de nossa respiração, no mo­mento em que são cometidas. A dor e o sofrimento que elas provocam obrigam o espírito a eliminar seu registro no Purgatório. A recordação do sofrimento é transformada pelo espírito em consciên­cia moral, para desistirmos da repeti­ção do mesmo mal em vidas posterio­res”.

Nós não compreendemos suficiente­mente que o ar que respiramos depois de estar em íntimo contato com nosso aspecto terrestre ou físico encontra-se carregado da tonalidade do nosso verdadeiro eu. O ar que conduziu os Éteres ao nosso corpo está impregnado com nossas emoções e pen­samentos, sendo logo expelido e lan­çado à atmosfera, já bem carregada. Eis o porquê de algumas pessoas parecerem “exalar” ou irradiar amor; enquanto outras, independentemente da aparência, envenenam o am­biente onde vivem.

Isso evidencia uma das razões pelas quais os Estudantes ocultistas deveriam selecionar, na medida do possível, os locais que frequentam, pois, a “má atmosfera” atrai forças negativas que dela se alimentam, aumentando o estímulo da natureza inferior. Algumas vezes é difícil compreender quão infimamente relacio­nados estão os departamentos e funções da nossa vida.

“Através” do ar, Jeová e seus Anjos puderam auxiliar o ser humano em certo período do seu desenvolvimento. Diz-se que “Jeová soprou um alento nas narinas do ser humano”. Essa é uma forma alegórica de afirmar que os Espíritos de Raça foram designados para ajudar o débil e inexperiente Ego humano a utilizar seus pulmões. É muito interessante o fato de que os Espíritos de Raça, funcionando no ar, limitem as tendências cristalizantes do Corpo de Desejos.

Está sob a responsabilidade de Jeová a geração de Corpos Densos e Seus Anjos regem Suas Leis nesse particular. Efetua-se esse trabalho mediante o Éter de Vida, acessível ao corpo humano por meio do ar inala­do. A habilidade dos Anjos em administrar as Leis da procriação torna-se mais clara ao recordarmos que o Cor­po Vital seja seu veículo mais inferior. Assim como nós manipulamos, dando o contorno desejado, madeira, metais e tantas outras coisas, de maneira análoga os Anjos, que nunca se subtraíram à Guia Divina, como aconteceu com a humanidade, operam o Plano Divino com maior facilidade do que o ser humano, quando esse trabalha com o mineral.

Os Espíritos raciais ou tribais, uma das funções dos Arcanjos, mantêm seu controle so­bre uma nação ou tribo mediante o ar inspirado pelo seu povo e a única for­ma de nos libertar, em alguma extensão, dessa potestade jeovista, é desenvolver as virtudes cristãs. Enquanto usarmos corpos físicos, ne­cessitaremos dos serviços de Jeová, permitindo-nos renascer até che­garmos ao Adeptado, condição em que poderemos criar novos corpos por meio de nossa vontade divinamente inspirada.

Na Época Lemúrica, vivíamos pró­ximos ao ígneo centro da Terra. Os atlantes habitavam as concavidades, pouco mais longe do centro. A raça ariana foi impelida pelos dilúvios a procurar as regiões elevadas onde agora vive. Os cidadãos da próxima Época habitarão no ar. Assim como os atlantes aprenderam a desenvolver pulmões, estamos lentamente forman­do um Corpo-Alma, o Dourado Vesti­do de Bodas, no qual funcionaremos nas condições etéricas da Nova Galileia. A união das duas correntes de evolução espiritual, a Igreja e o Estado, marcará o princípio da Nova Galileia.

O simples processo de respirar tem importantes implicações: podemos funcionar em um Corpo Denso pelo Éter Químico; propagar nossa espécie pelo Éter de Vida; construir um Corpo-Alma pelo Éter Luminoso e registrar pensamentos, emoções e atos, desde o instante do nosso nascimento, pelo Éter Refletor. A capacidade da Na­tureza de economizar eficazmente é fabulosa, demonstrando a sabedoria do Criador.

No presente, a inter-relação do nosso Corpo Denso com a ação recíproca e a função espiritual é um mistério que algum dia será revelado.

Em um artigo escrito por Max Heindel, em fevereiro de 1918, em Rays from the Rose Cross, abordou-se os perigos de se queimar incenso. É certo que os ingredientes devem ser selecionados por sua co­nhecida afinidade para atrair entida­des desencarnadas e elementais; contudo, “se o incenso foi elaborado por uma pessoa ignorante ou egoísta, constitui um veículo para espíritos de natureza similar, que se revestem com a fumaça e o odor, pe­netrando nos corpos presentes no lu­gar onde se processa a queima”. Pode nosso ar contaminado ser uma porta de entrada para espíritos inferiores? Isso pelo menos nos fa­z compreender a necessidade de purificarmos nossos pensamentos e começarmos a trabalhar em harmonia com as Potestades Divinas, exercitando nosso potencial divino e nosso aprendizado na Vinha do Senhor.

Somos afortunados em conhecer os ensinamentos da Fraternidade Rosacruz, porque nos indicam a for­ma de nos preparar para o uso mais perfeito do Éter, o elemento da Nova Era.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Páscoa mostra que ainda a humanidade dorme, enquanto Cristo sofre

A Páscoa mostra que ainda a humanidade dorme, enquanto Cristo sofre

A Páscoa (passagem), em seu aspecto cósmico, marca a libertação anual do Cristo, crucificado em nosso Planeta. É a ascensão do Senhor do Amor aos reinos celestiais. Os grandes Iniciados místicos, em sua refinada sensibilidade, percebem o coro angélico saudando-O gloriosamente. A infusão de Sua energia na Terra, a cada novo ciclo, inaugura um período de crescimento, promovendo a intensificação das atividades nos reinos vegetal, animal e humano. As plantas crescem e florescem, os animais se multiplicam, e o ser humano sente-se fortalecido, para enfrentar os combates da vida, deles extraindo o “pão da alma”.

O Aspirante Rosacruz deve se esforçar ao máximo para compreender que ocorre, realmente, nessa época do ano. Uma importante lição a ser aprendida é a de não existência da morte; o que há é uma transição de uma esfera de atividade para outra.

Como espíritos em busca de experiência estamos crucificados no Corpo Denso. As condições restritivas da materialidade, as enfermidades a que está sujeito o organismo humano, as vicissitudes naturais dessa existência constituem sofrimento intenso para o espírito. A chamada morte, portanto, não nos deve causar horror.

Nada mais é do que uma libertação, uma passagem (Páscoa) para planos superiores de consciência. Sabemos pelo relato evangélico como, no Getsemani, Cristo se sentiu tomado de pavor e angústia. São Tiago, São João e São Pedro dormiram. Hoje, o quadro não é muito diferente. Apesar de todo progresso religioso e moral, grande parte da humanidade ainda dorme, enquanto Cristo sofre.

Cabe, àqueles conscientes desse processo cósmico, realizar algo para apressar o dia da libertação. Então, exclamaremos num só: Consumatum Est.

(publicado na Revista O Encontro Rosacruz da Fraternidade Rosacruz de Santo André-SP de abril/1982)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Tempestades da Insegurança

Tempestades da Insegurança

Em um mundo onde os valores espirituais aparentam soçobrar ante as tempestades da insegurança, da falência moral e dos distúrbios sociais; em um mundo onde a indigência e a ignorância afloram em todos os quadrantes evidenciando o contraste brutal, o chocante paradoxo –  o ser humano empreende milagres tecnológicos, mas sente-se incapaz de equacionar seus problemas mais comezinhos, de enfrentar seus desafios cotidianos; em um mundo onde o materialismo ameaça pisotear as mais belas flores do sentimento humano, lhes sufocando a dulcíssima fragrância; em um mundo de “ISMOS” antagônicos e radicalizantes, buscando desesperadamente uma hegemonia mentirosa e levando de roldão tantos quantos se deixem iludir pelo canto de suas sereias; neste mesmo mundo, em dolorosa fase de transição, ser membro de uma Escola Filosófica como a Fraternidade Rosacruz constitui um invulgar privilégio.

Enquanto a humanidade comum se vê às voltas com o terrível pesadelo que é a própria atualidade, procurando debelar as chamas devoradoras das neuroses e dos vícios, das guerras e das carências, tentando em vão encontrar-se nos valores efêmeros e nas condições exteriores, a Filosofia Rosacruz exorta-nos a procurarmo-nos dentro de nós mesmos.

O método Rosacruz de desenvolvimento difere de todos os outros métodos em um aspecto básico: procura desde o início libertar o aspirante da dependência de fatores externos, tornando-o confiante em si mesmo no mais alto grau. Capacita-o a suportar com estoicismo e serenidade as ondas devassadoras da adversidade e da incerteza. Conscientiza-o da transitoriedade dos fenômenos que pululam no mundo físico. Desperta-lhe uma fé inabalável na Justiça Divina, fé, essa, nascida do conhecimento espiritual e da vivência dos princípios preconizados pela Escola dos Irmãos Maiores.

Vinte séculos contemplam um Cristianismo puro e perfeito, porém mal compreendido e distorcido pelos seres humanos que o adequaram a seus interesses e conveniências. Dois milênios testemunharam a concretização da profecia de Cristo: “Eu não vos trago a paz, mas uma espada”.

Contudo, em contraposição, agora, no prelúdio da Era de Aquário, qual um milagre messiânico, surge a Fraternidade Rosacruz, para restaurar sua autenticidade original. E no contexto de seus ensinamentos, exorta o aspirante a procurar o Reino dos Céus dentro de si mesmo, no seu templo interno, no sacrário de seu coração.

A Fraternidade Rosacruz é o ponto de apoio no Mundo Físico de um grande trabalho de regeneração humana, encetado e inspirado desde os planos internos. Cada Grupo e Centro constitui um fulcro de espargimento das mais elevadas energias espirituais. Talvez, face às nossas limitações humanas, façamos uma ideia muito vaga do que representa realmente um Grupo ou Centro de Estudos. Ainda não nos encontramos em condições de avaliar as dimensões de um trabalho tão supremo. Porém, o simples fato de estarmos conscientes de que em alguma extensão ele beneficia a humanidade, induz-nos a sentir uma alegria incomum por estarmos aqui reunidos, irmanados e solidários trilhando o Caminho Rosacruz de desenvolvimento espiritual.

Ao longo desse tempo, muitos foram os obstáculos transpostos. E por certo, outros maiores ainda deverão ser superados no futuro. É mister unirmo-nos cada vez mais. Amarmo-nos como verdadeiros amigos. Redobrarmos a vigilância sobre as arremetidas do eu inferior e, nos prepararmos para mais renhidas batalhas.

Convictos de que o ideal merece nossos maiores sacríficos, cremos firmemente que não tombaremos em meio ao caminho, pois em nossa lida sincera, somos fortalecidos continuamente por Cristo, o Senhor do Amor.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1973)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Páscoa: um dia, como Cristo em formação, seremos libertados da prisão do Corpo Denso e da Personalidade

A filosofia oculta ensina: o ser humano é realmente “feito à imagem e semelhança” (ESPIRITUAL) de Deus, sendo dotado, em potencial, de todos os Seus poderes. Assim, o espírito é tríplice, como Deus. Seu Espírito Divino corresponde ao atributo da Vontade, em Deus: seu Espírito de Vida corresponde ao aspecto Sabedoria, de Deus, e o seu Espírito Humano corresponde ao princípio da Atividade, no seu Criador. Isso demonstra que o princípio Crístico encontra-se no interior do ser humano e a sua contraparte é o Corpo Vital, ou etérico.

É o trabalho especial, por assim dizer, o programa de nossa época, permitir o desenvolvimento do nosso Cristo interno, a fim de que possa brilhar através das trevas de nosso mundo materialista e de nossos corpos inferiores, tecendo o Vestido Dourado de Bodas, o “soma psuchicon” mencionado por São Paulo.

O Espírito de Vida contém registros indeléveis de todas as faculdades, talentos e sabedoria alcançados pelo Tríplice Espírito nas vidas passadas. Esse registro, chamado hoje de “Memória Supraconsciente”, manifesta-se como consciência, caráter e, às vezes, como “orientador” compelindo-nos à ação vez por outra frontalmente contrária à nossa razão e desejos. Pode também, imprimir sua mensagem diretamente no Éter Refletor do Corpo Vital. Essa mensagem é levada pelo sangue até o coração, de onde é transmitida ao cérebro através do nervo pneumogástrico. O impulso é chamado de “intuição” e traz ao corpo humano, chamado por São Paulo de “veste da corrupção”, as frequências de alta vibração do Mundo do Espírito de Vida, instando a Personalidade a obedecer a Lei do Amor, que é o Caminho da Libertação.

Astrologicamente falando, o poder da intuição é governado pelo Planeta Urano, e pelo Signo Aquário.

Pessoas que têm esses aspectos fortemente marcados em seus horóscopos, são notavelmente intuitivas. Elas lutaram nas vidas passadas para cultivar um interesse e um amor impessoal, abrangendo não somente a família, a comunidade ou povo, mas sim TODOS OS SERES HUMANOS, sem diferença de casta, credo ou cor. É objetivo da humanidade ocidental ampliar, fortalecer, e intensificar o impulso da INTUIÇÃO, porque ela há de tomar o lugar da razão, como o tribunal mais elevado do ser humano. Isso ajudará, e muito, para se chegar a uma solução dos problemas que a humanidade enfrenta hoje, e que são o resultado da escravidão do ser humano às ordens de sua mente, impregnada de desejos egoístas e inferiores.

Para esquematizar o método próprio para o desenvolvimento da faculdade da intuição, o Aspirante deve conhecer, em primeiro lugar, o funcionamento do Corpo Vital, — a contraparte do Espírito da Vida.

É composto de quatro Éteres, e interpenetra os átomos do corpo físico. Os dois Éteres inferiores – Químico e de Vida – são o canal das forças responsáveis pela assimilação, crescimento e propagação. Os dois Éteres superiores, — o Luminoso e o Refletor — são formados novamente em cada vida, e sua qualidade depende da natureza e quantidade de serviço que o indivíduo prestou aos seus semelhantes. Purificamos os nossos Corpos de Desejos através da oração, pureza de pensamentos, e concentração, sensibilizando ao mesmo tempo o Corpo Vital, enquanto que amando e servindo aos nossos semelhantes, tecemos o Dourado Manto Nupcial formado pelos dois Éteres superiores — o elo entre o Espírito de Vida (morada do Cristo) e o coração. Há uma correlação entre esses fatores: quanto maior e mais luminoso o Dourado Manto Nupcial, mais forte é a faculdade da intuição. Funcionamos nesse veículo luminoso quando o nosso corpo físico repousa adormecido e saímos do corpo, consciente ou inconscientemente. É através desse mesmo veículo que o ser humano é “ressuscitado” e pode “ascender” aos mundos superiores após a “morte”. Assim, despertamos a voz interna, formando esse veículo resplandecente do qual São Paulo falava e atingimos a libertação, no mais profundo sentido da palavra.

É de particular importância para quem deseja desenvolver a faculdade da intuição notar no “Pai Nosso” — que é uma fórmula algébrica para a elevação e purificação de todos os veículos do ser humano — a petição do Espírito da Vida, para a sua contraparte, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores”. Essa oração ensina a doutrina da remissão dos pecados nas palavras “perdoai as nossas dívidas” e a doutrina da Lei de Consequência nas palavras “como nós perdoamos”, fazendo de NOSSA ATITUDE PARA COM OS OUTROS a medida de nossa emancipação. É óbvio, dessa maneira, que o Estudante desejoso de obter a intuição ensejada pelo Espírito de Vida (Cristo) deverá e com bastante assiduidade cultivar uma atitude de PERDÃO!

Num futuro remoto, quando a humanidade, como um todo, tenha desenvolvido suficientemente seus poderes coletivos mediante um RETO VIVER COLETIVO, o Cristo estará finalmente livre, podendo retirar-se definitivamente do Planeta.

Da mesma forma, quando um indivíduo desenvolver os seus atributos divinos suficientemente poderá sair de seus veículos físicos, de sua “prisão” e estará apto a executar maiores trabalhos nos Mundos invisíveis, vestido como já vimos do seu luminoso veículo etérico.

A Páscoa é assim: não somente o tempo da Libertação do nosso Espírito Planetário o Cristo, um sacrifício que deveria evocar em nós o máximo de gratidão e confiança.

É também a magna segurança para as nossas almas de que algum dia cada ser humano, como Cristo em formação, será libertado da prisão do Corpo Denso e da Personalidade.

O Espírito Interno, que é o “Homem Real”, aprende vida após vida, em ciclos sem número, a viver de acordo com as Leis de Deus, transcendendo finalmente a ilusão dos sentidos, e se libertando, no mais profundo sentido da palavra, da ignorância, do sofrimento e da morte, e entrando num outro estado de consciência, glorificado, iluminado e cheio de paz.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1975-Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Procurando a verdade: o risco de usar métodos errados e como esse conceito muda durante a nossa vida

Procurando a verdade: o risco de usar métodos errados e como esse conceito muda durante a nossa vida

Há 2.000 anos Pilatos indagou: “O que é a verdade?”.

As distintas formas de fé religio­sa existentes são tentativas huma­nas de materializar seus concei­tos internos sobre a verdade. A religião avança à medida que a visão hu­mana se expande. O espírito inter­no clama por uma revelação mais completa. Uma nova Revelação surge em resposta a esse clamor e um conceito mais elevado de Deus começa a desabrochar na Mente do ser humano. Até hoje a religião não logrou alcançar uma oitava su­perior, mas nossas ideias relativas a ela são mais profundas. Cristo afirmou: “A verdade vos libertará”. A verdade é eterna e nossa busca por ela deve ser perdurável também. O Ocultismo não conhece “a fé de uma vez para sempre e relativa a to­das as coisas”. Todas as Escolas de Ocultismo baseiam-se nas mes­mas verdades fundamentais, passí­veis de serem apreciadas sob dife­rentes ângulos, dando a cada um uma vi­são diferente. Assim, elas se com­pletam.

Portanto, com o que atingimos por ora não é possível alcançar a verdade essencial. Em resposta à pergunta de Pila­tos, devemos primeiro notar que a verdade seja um princípio subjetivo. Não pode ser encontra­da no objetivo, se bem que esse conte­nha manifestações dela.

O erro consiste em pretender­mos descobri-la totalmente nas coisas externas ou em alguma par­te fora de nós mesmos. Nossa ideia sobre o que é verdade modifica-se à medida que progredimos, porque, à proporção que ascen­demos, novas fases dela nos são apresentadas, etapas que não foram percebidas anteriormente.

Onde, pois, encontraremos a ver­dade? Não podemos encontrá-la neste mundo fenomenal, pontilha­do de ilusões, no qual temos de proceder a constantes correções e mudanças, consciente ou incons­cientemente. Sabemos que nossa visão nos engana, quando faz as coisas parecerem unidas no final de uma rua, por exemplo.

Com referência à indagação so­bre onde encontraremos a verdade, a resposta só pode ser uma: dentro de nós mesmos.

É um assunto relativo ao próprio desenvolvimento interno, excluin­do-se de qualquer outra fonte. A promessa de Cristo, “se vivermos a vida, conheceremos a doutrina”, é verdadeira no senti­do mais literal. Os livros e os mes­tres podem despertar nosso inte­resse e nos incentivar a viver a vi­da. Contudo, só na medida em que julgarmos cuidadosamente suas ideias, antes dos preceitos constituírem parte de nossa vida interna, caminharemos na direção correta.

Conforme Max Heindel nos rela­tou, os Irmãos Maiores não lhe en­sinaram tudo diretamente desde o primeiro curto período em que lhe proporcionaram o material para es­crever O Conceito Rosacruz do Cosmos. A cada pergunta formu­lada, o Mestre indicava-lhe a dire­ção em que poderia encontrar a informação necessária. Pelo uso de nossas próprias faculdades conseguiremos sempre os melhores dados ou informações.

A aspiração é o primeiro passo a ser dado para sairmos da escravidão para a liberdade, porquanto à medida que um ser humano deseje ascender, será libertado.

Somente por nossa aspiração à virtude dominamos os vícios. A fi­delidade aos mandatos espirituais nos livra da sensualidade. A indi­ferença, entretanto, fará estiolar a mais bela flor do espírito.

Todo desenvolvimento oculto começa no Corpo Vital com o cultivo de faculdades objetivas e comuns tais como a observação, o discernimento, a razão, a justiça, o senso comum e o cultivo do inte­lecto. Todas essas qualidades, quando combinadas com oração e devoção, conduzem a estágios mais avançados, na jornada evolu­tiva. Essa preparação interna do Estudante deve ser realizada sem considerar as circuns­tâncias externas.

Os dois Éteres inferiores do Cor­po Vital, o Químico e o de Vida, decrescem em quantidade e densi­dade à proporção que os dois su­periores formam o Corpo Denso. Então um poder maior flui através nosso ser. Isso, às vezes, causa dis­túrbios no corpo denso, pois os Éteres inferiores mantêm a saúde física. Essa condição, não obstan­te, é transitória e tende a desapa­recer. Observe-se, portanto, como é de máxima importância para os Estudantes de Ocultismo persistir em suas aspirações.

Se alguém tentar adquirir pode­res ocultos sem ideais elevados ou objetivos altruístas, o resultado fí­sico será deplorável. Um grande número de males físicos entre os Estudantes de Ocultismo deve-se a esse fato.

Todo pensamento egoísta ou de ódio imprime-se no sangue e nos pulmões, retardando o processo regenerativo. Por outro lado, os pensamentos de amor, jus­tiça e harmonia constroem o Cor­po Vital e aumentam a vitalidade do Corpo Físico. A regeneração, na maior parte dos indivíduos, ocorre em um grau vibratório muito baixo, porque, por via de regra, o homem comum injeta continuamente os mesmos pensamentos negativos em sua corrente sanguínea. Daí estar sempre acompanhado de do­res e enfermidades.

No Estudante de Ocultismo, esse processo regenerativo se efetua muito mais rapidamente. E em mui­tos casos, a corrente sanguínea po­de ser praticamente regenerada em curto tempo. Alguns dos velhos pensamentos, não obstante, estão sujeitos a reintroduzirem-se na corrente. Por isso, o processo segue repetindo-se até que esteja­mos completamente purificados de toda escória.

Temos de trocar a roupagem de nossos corpos impuros pela bri­lhante veste que estamos tecendo dia-a-dia. Esse é o processo alquímico do qual resulta a saúde perfeita. Quando formos “ouro pu­ro”, quando a corrente sanguínea carregar só o puro, como os pen­samentos de Cristo, então aparen­temente operaremos milagres. Com a energia restante curaremos os demais, dissiparemos a desarmo­nia, a tristeza e o sofrimento, irradiaremos amor, paz e bons pensa­mentos. Então, transcenderemos os la­ços familiares e raciais sem deixar de cumprir todos os nossos deveres, porque nos teremos puri­ficado desses sanguíneos. Nós nos sentiremos, então, universais.

O coração, grande distribuidor de sangue, não alimentará prefe­rências, mas amará a tudo e to­dos sem considerar religião, cor ou casta.

Cristo disse: “Deveis nascer de novo”. Esse renascimento esten­de-se ao físico, conforme o axioma hermético “como é em ci­ma, assim é embaixo”.

Depende apenas de cada um de nós a formação do veículo que nos capacitará a perceber a verda­de nos Planos internos. Harmoni­zando nossas vidas com os princí­pios divinos, de acordo com a ver­dadeira religião, estaremos cons­truindo o Corpo-Alma, o Dourado Traje de Bodas.

Uma vida de amor e serviço aos demais constrói o Corpo-Alma. Esta vivência não só atrai e elabora os dois Éteres superiores, o Refle­tor e o Luminoso, como a seu tempo produzirá uma separação que os diferenciará dos dois Éteres inferiores. Depois de completada essa separa­ção, o Corpo-Alma encontra-se pronto para os voos da Alma. Isso constitui a cor azul-dourada do amor, que distingue o santo do ser humano comum.

Estamos recebendo ajuda para cons­truir este Corpo-Alma, ajuda do Cristo, o Espírito Interno da Terra, por meio de suas emanações etéricas que, brotando do centro do globo, atra­vessam nossos Corpos Vitais. Mes­mo depois de separados os Éteres superiores e inferiores, o Corpo-Alma prossegue crescendo, con­tanto que seja alimentado. Tal qual outro corpo, necessita de alimen­tação para crescer e permanecer em condições saudáveis. Porém se deixamos de alimentar o Cristo Interno, experimentaremos uma grande fome espiritual, muito mais intensa e dolorosa que a fome fí­sica. Conforme se ampliam nossos conceitos sobre a verdade, o Corpo Vi­tal demanda uma classe de alimen­to mais elevado, em forma de boa literatura, arte, música e uma vida de compaixão e serviço ao próxi­mo. Um conceito puramente inte­lectual da verdade não é suficiente, devendo-se consistir em um sentimento interno e espiritual. A razão e o discernimento são faculdades intelectuais; no entanto, o intelecto mais desenvolvido falharia sem assimilação espiri­tual: o coração e a Mente têm que cooperar entre si. Nem todos te­mos a mesma acuidade mental, donde a verdade concebida pela Mente não pode ser idêntica para todos. Contudo, o espírito é uno e quem é espiritualmente cons­ciente conhecerá a verdade. Evi­dentemente, existe uma grande di­ferença entre o conhecimento da verdade e a posse de um mero co­nhecimento mental dela.

O caminho da preparação pes­soal é o preço que pagamos pela verdade. A obtenção consciente dela é o resultado de viver a vida estri­tamente moral, consoante às normas espirituais. Não há outro meio.

Emerson disse: “O homem deve aprender a descobrir e observar esse facho de luz que resplandece através de sua Mente, oriundo de um lugar muito mais iluminador que o firmamento dos poetas e sá­bios”.

O dilema naturalmente surge na Mente do Estudante: quantos co­nhecem a verdade, quando a en­contram?

Em Cartas aos Estudantes, Max Heindel nos dá a resposta quando trata do exercício de Retrospecção. Segundo o Mestre, se for possível que esse exercício seja pra­ticado sinceramente pelas pessoas mais depravadas, durante seis me­ses e ininterruptamente, elas serão regeneradas. Os mais zelosos tes­temunham os benefícios dessa prá­tica, particularmente em relação às faculdades mentais e à memória.

Ademais, por esse juízo impar­cial de si mesmo, noite após noite, o Estudante aprende a distinguir o verdadeiro do falso em um grau im­possível de se obter por outros meios. Dentro de nós encontra-se o único tribunal da verdade. Se nos habituarmos a colocar nossos problemas diante desse tribunal, per­sistentemente, com o tempo desen­volveremos um sentido superior da verdade, facultando-nos a perceber se uma ideia avançada é falsa ou verdadeira. A menos que estabele­çamos esse tribunal interno da ver­dade, vagaremos de um lugar a outro falando mentalmente durante toda nossa vida, conhecendo um pouco mais no final do que no princípio ou, talvez, menos. Portanto, o Estudante nunca deve rejeitar ou aceitar, nem seguir às cegas qualquer pes­soa, mas procurar estabelecer o tribunal dentro de si mesmo.

Temos outro método pelo qual podemos diferenciar a verdade da imitação. Há pessoas, exímias fa­bricantes de imitações de artigos legítimos, tentando enganar compradores incautos. Esses, a menos que disponham dos meios para conhe­cer o artigo genuíno, correm o ris­co de serem ludibriados. Nesse as­pecto o buscador da verdade corre o mesmo risco. O colecionador amiúde guarda seu tesouro em um lugar especial, deleitando-se com ele a sós. Frequentemente, anos mais tarde ou após sua morte, descobre-se que algumas das peças guar­dadas e muito apreciadas eram grosseiras imitações sem valor algum; assim também, aquele que encontra algo que entende por verdade pode enterrá-lo em seu próprio peito, percebendo depois de muitos anos que houvesse sido en­ganado por uma imitação. Por isso, torna-se necessária uma prova fi­nal para eliminar toda possibilida­de de decepção. A questão é: como descobri-la e aplicá-la? A resposta é tão simples como efi­ciente: pelo método.

Os colecionadores descobrem que uma peça seja pura imitação por­que a exibem para quem conhece a original. Se expõem seus acervos ao público, ao invés de mantê-los em segredo, prontamente saberão se têm peças falsas ou legíti­mas. Assim como a preocupação em ocultar os objetos colecionados favorece e estimula a fraude por parte dos comerciantes de rarida­des, inescrupulosos, da mesma for­ma o desejo de guardar para si os conhecimentos pode facilitar o trabalho dos traficantes das imita­ções ocultas do saber. Como po­deríamos comprovar o valor de uma ferramenta, senão pelo uso? Nós a compraríamos, se o vendedor exigisse que a mantivés­semos guardada, em vez de utilizá-la? Seguramente que não!

Insistiríamos em empregá-la em nosso trabalho para constatar se serviria ao fim que lhe destina­mos. Uma vez comprovada sua utilidade, nós nos sentiríamos satisfei­tos em tê-la adquirido.

Considerando esse princípio, por que comprar certos artigos, se os comerciantes fazem questão de ocultá-los? Se fossem legítimos, não haveria necessidade de man­tê-los em segredo. E, a menos que possamos utilizá-los em nossas vi­das diárias, não terão valor algum.

Todo aquele que encontra a ver­dade deve empregá-la no trabalho do mundo para assegurar que sua legitimidade resista à prova e dar aos outros a oportunidade de compartilhar o tesouro encontrado.

Portanto, é mister observarmos a exortação do Cristo: “DEIXAI QUE BRILHE VOSSA LUZ”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Trabalho Individual do Espírito: você, de fato!

Não nos foi possível desenvolver nossos poderes, enquanto não construímos os nossos três veículos inferiores os Corpos: Denso, Vital e de Desejos. É deles que nós obtemos o alimento com o qual nutrimos e desenvolvemos nossos poderes potenciais.

Esse alimento-essência é chamado de Alma. Do Corpo Denso nós extraímos, automaticamente, a Alma Consciente, mediante a prática da ação reta em relação aos impactos externos, pelas experiências e observações. Esse pábulo ou alimento transmuta os poderes latentes do Espírito Divino (o veículo espiritual mais elevado em que nós nos manifestamos) em forças dinâmicas que se manifestam como vontade, inteligência, sabedoria, o princípio “Pai”, o poder de “fazer”, a força positiva do ser.

Do Corpo Vital extraímos o alimento-essência que chamamos de Alma Intelectual, também automaticamente, por meio do discernimento entre as coisas importantes, essenciais, reais da vida e as irreais, sem importância, não essenciais.

O que se chama de Alma Intelectual alimenta e transmuta em poderes dinâmicos as forças do Espírito de Vida (o segundo mais elevado veículo espiritual em que nós nos manifestamos), que são a imaginação, a intuição, o poder receptor, o poder de assimilar a natureza amorosa, o princípio “Mãe”.

Finalmente, pelo refreamento dos instintos animais, pela devoção aos sentimentos e desejos elevados e sublimes, pelas emoções geradas através da ação reta e por experiências purificadoras, nós, automaticamente, extraímos do Corpo de Desejos o alimento-essência conhecido como Alma Emocional. Com ele alimentamos e desenvolvemos as potencialidades do Espírito Humano (o terceiro mais elevado veículo espiritual em que nós nos manifestamos; note: manifestação tríplice, como Deus que nos criou): o poder criador (físico e mental), a fecundação, a expansão, a germinação e o crescimento; transformando-os em forças dinâmicas sob o domínio da nossa vontade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1975)

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