Para quem embarcou na Jornada para o “Reino dos Céus” todas as ideias metafísicas são mais interessantes ou menos, têm seu lugar e uso. Todavia, o que mais o preocupa é o aquilo que deve fazer para ajudar a si próprio em seu progresso e como deve comportar-se em suas relações com seu ambiente e semelhantes a fim de obter o máximo de benefício espiritual. Para chegar a um entendimento adequado do que é necessário, vamos considerar um pouco o lado mundano da vida. Vemos os seres humanos do mundo lutando e esforçando-se para realizar suas diversas ambições e propósitos na vida; enfrentando decepções, sofrimentos, tristezas e problemas de inumeráveis tipos. Todas essas dificuldades, provações, decepções e sofrimentos têm seu proveito e espaço, na ordem Divina. Eles vêm para separar nossos corações do mundo, para afrouxar o domínio do mundo dos sentidos sobre nós, para nos fazer buscar a paz e descansar onde ela pode ser encontrada.
Quando um ser humano chega a ver que o mundo material e externo nunca dá e nunca pode dar a paz e felicidade permanentes, ele precisa de pouco para se iniciar no Caminho Celestial. No entanto, para quem começou há pouco tempo, ainda existem problemas e provações, pelo menos por um tempo, mas agora com um propósito diferente: aperfeiçoar o caráter. Nenhuma qualidade ou virtude, por mais desejável que seja, pode realmente se tornar parte do nosso caráter até que a incorporemos à nossa natureza, vivendo-a na vida cotidiana, às vezes sob condições árduas, difíceis.
Podemos pensar e meditar frequentemente sobre a virtude da paciência; contudo, a menos que tenhamos oportunidades frequentes para o seu exercício, sob as condições difíceis da vida diária, nunca seremos positivamente fortes nessa virtude. Assertiva essa válida para a humildade, a mansidão, a brandura e todas as outras virtudes Cristãs. O crescimento só vem do exercício. Assim, os vários problemas, decepções, tristezas e aborrecimentos da vida tornam-se apenas muitas oportunidades de exercitar a fé e o amor, a bondade e a paciência. Toda tentação simplesmente aponta para um ponto fraco em nossa natureza. Não poderia ser uma tentação, se fôssemos fortes. Toda tristeza, problema ou irritação afeta apenas uma parte do nosso orgulho, egocentrismo ou egoísmo.
O egoísmo, em algumas de suas muitas formas, é a causa primária de todos os nossos problemas — amor próprio, orgulho egoísta, vontade própria, opinião egoísta, egoísmo. Ele, em suas variadas formas, é o único inimigo que temos que vencer e, ao vencer, vencemos o mundo; como só podemos superar nossa natureza egoísta pelo poder da natureza do Cristo interior, quando completamos esta, a maior de todas as conquistas, nós nos tornamos um com a natureza de Cristo. Ao nos tornarmos unos com o Cristo, manifestaremos amor puro, altruísta e santo por todos os homens e, desse amor, florescerá natural e inevitavelmente toda a virtude Cristã. “O amor é o cumprimento da lei”.
A liberdade de Cristo, mencionada em vários lugares da Bíblia, é a liberdade ou emancipação obtida pelo desapego do mundo e pela superação do egoísmo. Vivemos então no mundo, mas não somos do mundo. A obtenção da perfeita tranquilidade de mente e coração, inabalável por qualquer agente, é a evidência da superação. É a base da paz duradoura e o fundamento de uma felicidade sempre crescente.
Desse modo, vê-se que a vida nada mais é do que uma grande escola espiritual. E cada um de nós está em uma classe, sozinho, e ela é composta pelas várias circunstâncias e condições de nossa vida, as situações mais adequadas para promover o crescimento espiritual. É um reflexo da nossa condição espiritual. O que vemos em nosso ambiente é uma imagem de nós mesmos. Portanto, se não gostamos de uma condição ou circunstância específica, devemos olhar para dentro de nós próprios e aprender a lição que ela pretende ensinar. Logo, fazemos uso dessa condição e a superamos. “Recusar-se a ser escravizado por qualquer coisa externa ou acontecimento, vendo isso como lição para nosso uso e educação: isso é Sabedoria. Ser paciente em todas as circunstâncias e aceitar todas as situações como fatores necessários em nosso treinamento significa elevar-nos, tornar-nos superiores a todas as condições dolorosas e superá-las com uma vitória que é certa, porque pelo poder da obediência à Lei elas serão totalmente mortas”.
A grande maioria da humanidade ainda está na turma do jardim de infância, aprendendo as lições simples e fundamentais da vida, progredindo lentamente ao longo do caminho evolutivo. Entretanto, para aqueles que, sabendo o que buscam, estão se esforçando para alcançar o estado Celestial, todos os dias trazem oportunidades para sacrificar o egoísmo, servir seus semelhantes e amá-los. Cada erro que eles cometem e toda queda contêm lições de humildade, paciência, coragem. Eis que todas as coisas são boas. “Todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam o Senhor, daqueles que são chamados de acordo com o Seu propósito.” Sim, e todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que Deus ama — Ele pode dar algo que não seja bom e nós podemos eliminar algo dado por Ele?
Esse entendimento não oferece uma base razoável para a fé ou a confiança no Pai Celestial? Não podemos perceber que a verdadeira sabedoria consiste em dar um dia de cada vez para Deus, deixando a ordem de todas as nossas vidas para Aquele que sempre busca nossa perfeição e felicidade? Nossa perfeição é realizada não tanto pelo que fazemos, mas por permitir que a Vontade Divina aja através de nós. É mais cedendo nossa vontade em obediência, “desejando fazer a vontade Dele”, do que por nossos próprios esforços em direção à perfeição. As Leis universais são perfeitas em sua operação e, mesmo quando impedidas por nosso entendimento imperfeito, levam-nos pelo caminho mais curto e fácil para alcançar a perfeição adequada da mente e do coração, que é a vontade do Pai Celestial para cada um de nós. Devemos acreditar que tudo o que for necessário para o nosso crescimento e desenvolvimento sempre virá e na hora certa. O caminho da vida é muito simples. É pela obediência, pela confiança. Temos nossa parte a fazer — é a obediência. Sempre podemos confiar que o Pai Celestial faça Sua parte. Cristo disse: “A semente brota, não sabe como; primeiro a folha, depois a espiga, depois o milho cheio na espiga”. Nosso desenvolvimento espiritual não é sentido pelo ser humano natural. É um crescimento interior, tão silencioso e gentil que escapa à observação comum. Somente comparando o presente com o passado somos capazes de discernir a mudança em nossa natureza. Cada passo nos aproxima do estado celestial. Emerson disse: “Nada se torna nossos lábios, senão pausas de louvor e agradecimento”. Não podemos escapar do bem.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
Auxiliares Invisíveis e Médiuns
Há duas classes de pessoas no mundo. Uma delas possui os Corpos Denso e Vital tão fortemente conectados que seus Éteres não podem ser extraídos em nenhuma circunstância, permanecendo sempre com o Corpo Denso, em todas as condições, desde o nascimento até a morte. Tais pessoas são insensíveis a qualquer manifestação supersensitiva da visão ou audição e, por isso, geralmente são excessivamente céticas, não acreditando que exista algo além daquilo que possam ver.
Há outra classe de pessoas, nas quais a conexão entre os Corpos Denso e Vital é frouxa, em menor ou maior intensidade, de forma que o Éter dos seus Corpos Vitais vibra a uma velocidade maior do que no primeiro grupo mencionado. Essas pessoas, portanto, são sensitivas em maior ou menor grau para o mundo espiritual.
Podemos dividir novamente essa classe de sensitivos. Alguns são caracteres débeis, dominados pela vontade dos outros de forma passiva, tais como os médiuns que são presas de espíritos desencarnados e desejosos de obter um Corpo Denso, depois que perderam seus próprios Corpos pela morte.
A outra classe de sensitivos são caracteres fortes, ativos, que agem unicamente por seu foro íntimo, de acordo com sua própria vontade. Eles podem se desenvolver e tornar-se clarividentes práticos, sendo seus próprios senhores, em vez de escravos de um espírito desencarnado. De alguns sensitivos de ambas as classes é possível extrair uma parte do Éter que forma o Corpo Vital. Quando um espírito sem Corpo Denso obtém um paciente dessa natureza, desenvolve-o como “médium de materialização”. O ser humano capaz de sair com o seu próprio Corpo Vital por um ato de vontade converte-se em um cidadão de dois mundos, independente e livre. Esse é conhecido frequentemente como “Auxiliar Invisível”. Há outras condições anormais nas quais o Corpo Vital é separado, total ou parcialmente, do Corpo Denso, como por exemplo quando colocamos uma perna em posição incômoda, de maneira a obstar a circulação do sangue. Nesse caso, podemos ver a perna etérica pendurada embaixo do membro visível, como uma meia. Quando a circulação se restabelece e o membro etérico procura voltar à sua posição, notamos uma intensa sensação de formigamento; isso ocorre devido ao fato de as pequenas correntes de força, que todos os átomos irradiam através do Éter, tentarem interpenetrar as moléculas da perna e estimulá-las novamente à vibração. Quando uma pessoa está se afogando, o Corpo Vital também se separa do Denso e a dolorosa, a intensa sensação do formigamento causada pelo reavivamento também é devida à causa antes mencionada.
Enquanto estamos em estado de vigília, continuando nosso trabalho no Mundo Físico, o Corpo de Desejos e a Mente interpenetram ambos: o Corpo Denso e o Corpo Vital, estabelecendo-se uma luta constante entre a natureza de desejos e o Corpo Vital. O Corpo Vital está continuamente ocupado na construção do organismo humano, enquanto os impulsos do Corpo de Desejos tendem a cansar e desgastar os tecidos físicos. Gradualmente, no decorrer do dia, o Corpo Vital perde terreno diante dos ataques do Corpo de Desejos. Pouco a pouco, acumulam-se os venenos da deterioração e o fluxo da força Vital se torna cada vez mais vagaroso, até que, por fim, somos incapazes de mover os músculos. Então o Corpo sente-se pesado e exausto. Afinal, o Corpo Vital sofre um colapso, por assim dizer: as diminutas correntes de força que penetram cada átomo parecem se encolher e o Ego é forçado a abandonar seu Corpo às forças restauradoras do sono.
Quando um edifício foi mal conservado, tendo que sofrer uma severa reparação, os inquilinos devem mudar-se para permitir que os operários tenham o campo livre. O mesmo ocorre quando o edifício de um espírito se tornou impróprio para seu uso ulterior: deve-se sair dele. Como foi o Corpo de Desejos que produziu os danos, é lógico concluir que ele também deva se retirar. Todas as noites, depois que nosso Corpo ficou cansado, os veículos superiores se retiram, ficando sobre o leito unicamente o Corpo Denso e o Corpo Vital. Começa então o processo de restauração, que dura mais tempo ou menos, de acordo com as circunstâncias.
Há ocasiões, não obstante, nas quais o predomínio do Corpo de Desejos sobre nossos veículos mais densos é tão forte que ele se recusa a abandoná-los. Ficou tão interessado nos acontecimentos do dia que continua ruminando sobre eles depois do colapso do Corpo Denso, retirando-se apenas parcialmente. Nesse caso, pode transmitir visões e sons do Mundo do Desejo ao cérebro; contudo, como as ligações nessas condições estão naturalmente desajustadas, disso resultam os sonhos mais confusos. Além disso, como o Corpo de Desejos impele à ação, o Corpo Denso é muito possivelmente sacudido quando o Corpo de Desejos não se retira por completo. Daí os sonos sobressaltados que geralmente acompanham os sonhos de natureza confusa.
Existem realmente ocasiões nas quais os sonhos são proféticos e se realizam; mas surgem apenas depois de uma completa retirada do Corpo de Desejos, sob circunstâncias especiais em que o espírito tenha, por exemplo, notado algum perigo em vias de se manifestar e, então, imprime o fato no cérebro, “no momento do despertar”.
Pode também acontecer que o espírito se afaste num voo anímico e se esqueça de realizar o trabalho de restauração que lhe compete. Então o Corpo não estará em condições de ser ocupado pela manhã, continuando assim adormecido. O espírito pode ficar ao seu redor durante vários dias, ou até semanas, antes de penetrá-lo novamente e assumir a rotina normal entre a vigília e o sono. Essa condição é chamada de transe e o espírito, ao regressar, pode se lembrar do que viu e ouviu nos Planos suprafísicos, podendo também esquecê-lo, conforme o seu estado de desenvolvimento e a profundidade do estado de transe. Quando o transe é muito leve, o espírito geralmente permanece durante todo o tempo no quarto onde seu Corpo descansa e, ao voltar, pode contar aos seus familiares tudo o que disseram ou fizeram enquanto seu Corpo permanecia inconsciente. Quando é mais profundo, ao voltar o espírito geralmente está inconsciente do que ocorreu ao redor do seu Corpo, mas pode relatar experiências obtidas no Mundo invisível.
Há alguns anos, uma menina chamada Florence Bennett, de Kankakee, Estado de Ilinois, caiu num transe dessa espécie. Voltava ao seu Corpo depois de alguns dias, mas permanecia somente por poucas horas. O fenômeno durou aproximadamente três semanas. Durante as voltas ao Corpo, ela dizia aos seus parentes que em sua ausência ela parecia estar em um lugar habitado por todas as pessoas que morreram. No entanto, afirmava que nenhuma delas falava sobre ter morrido e nenhuma parecia estar ciente de estar morta. Entre as pessoas que via estava um maquinista de trem, morto em um acidente. Seu Corpo havia sido mutilado no acidente. A menina o via lá, andando sem os braços e com lesões na cabeça. Tudo isso está de acordo com os fatos observados pelos investigadores místicos. Pessoas feridas em acidentes continuam aparentemente na mesma situação até aprenderem que com um simples desejo de voltar a ter seu Corpo completo poderão obter um novo braço ou perna, pois a substância de desejos é rapidamente modelada pelo pensamento.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1975)
Stonehenge
Os mitos da magia de Merlin e as lendas dos sacrifícios druidas, muito embora sem fundamento, lançaram um encanto sobre Stonehenge que apenas tem anuviado um mistério já grande e intrincado do mundo antigo. A maioria dessas fantasias foi comprovada como ilusória por técnicas modernas como a do carbono-14, para determinação de datas, confirmando que a construção de Stonehenge começou aproximadamente há quarenta séculos, e a do computador eletrônico, provando que as enormes pedras ou megalitos e os vários círculos ao seu redor não foram colocados arbitrariamente.
Tornou-se evidente que os planejadores de Stonehenge não eram aborígenes curiosos e tradicionalmente incapazes de cultura, mas uma fração sensível e hábil de um povo altamente organizado que possuía suficiente conhecimento da geometria relacionada com o movimento da Lua e do Sol para associá-lo de maneira significativa.
Séculos antes da construção de Stonehenge, pedras enormes estavam sendo usadas pelo ser humano neolítico para construir catacumbas e túmulos para sepultamento coletivo, assim como para cerimônias de veneração aos mortos. A migração desses construtores de túmulos megalíticos começou quando grupos de diferentes partes da Grécia e da Anatólia colonizaram a Espanha e Portugal entre 3400 a. C e 2500 a. C. O principal caminho de debandada da migração nos 1000 anos seguintes estendia-se da Espanha e de Portugal, ao longo da costa atlântica da Europa, Ilhas Britânicas e Escandinávia.
Stonehenge é apenas uma das muitas estruturas megalíticas e centenas de túmulos que se encontram dentro de uma área de aproximadamente 40 quilômetros de Wiltshire, Inglaterra, ao longo dos rios Avon e Kennet. Uma das mais notáveis estruturas megalíticas da Europa é o longo túmulo West Kennet, perto do Rio Kennet. Trata-se do maior de todos os túmulos pré-históricos divididos em compartimentos e existentes na Inglaterra ou País de Gales; foi usado, muito antes do ano 2000 a. C., pelo menos durante três séculos. Esse túmulo mede em torno de 107 metros de comprimento e diminui, em largura, em medidas aproximadas, de 23 metros para 15 metros.
Cerca de 24 quilômetros ao sul, perto do rio Avon, há um aterro ao lado de Stonehenge, chamado de Cursus, que se supõe ter servido como uma espécie de alameda ou cercado cerimonial. Cobre uma área de 100 metros de largura por 2800 metros de comprimento. Uma milha para o leste há uma enorme estrutura circular chamada de Durrington Walls, com cerca de 500 metros de diâmetro, e Woodhenge, um tipo de Stonehenge feito de madeira. Woodhenge virtualmente desapareceu, porém foi descoberta, do ar, em 1925.
O mais importante local para reuniões de templo antes da construção de Stonehenge parece ter sido Avebury. Esse conjunto consistia de dois, possivelmente três, círculos de pedra, cada um com cerca de 97,5 metros, aproximadamente, de diâmetro, unidos, por uma avenida com largura por volta de 15 metros, a uma estrutura de pedra e madeira chamada O Santuário. A pouca distância, está Silbury Hill, que poderia ser chamada de a grande pirâmide da Europa.
Silbury Hill é um túmulo cônico e inclinado que se eleva a 39,6 metros, aproximadamente, com uma base de mais de 200 metros de diâmetro. Embora sua finalidade seja desconhecida, provavelmente fizesse parte do conjunto de Avebury. Presumivelmente, algumas das pedras de Avebury foram usadas em Stonehenge. Semelhante em magnitude a Avebury, é o colossal conjunto de monólitos próximo a Carnac, na Grã-Bretanha, onde mais de 2000 pedras aprumadas, chamadas menires, foram alinhadas em uma enorme extensão de terra.
Stonehenge foi construída durante muitas gerações, à semelhança das catedrais góticas, séculos depois. A primeira de três fases foi provavelmente iniciada por caçadores nativos e fazendeiros do continente, após 1900 a. C. Esses construtores de Stonehenge cavaram um grande fosso circular de mais de 91,5 metros, aproximadamente, de diâmetro e amontoaram a terra como barragem em ambos os lados.
Foi deixada uma entrada no lado noroeste, onde eles colocaram a chamada pedra espigão a uns 30,5 metros, aproximadamente, fora do círculo. Esse megalito de 35 toneladas foi alinhado de modo que o Sol nascente no Solstício de Junho apenas atingisse sua parte superior. Na parte interna da barragem, cavaram um anel com 56 covas equidistantes umas das outras, que mais tarde se tornaram conhecidas como as covas de Aubrey, devido ao seu descobridor. Quatro enormes marcos de pedra foram colocados no círculo das covas de Aubrey para formar um retângulo perpendicular ao eixo leste do monumento, durante o Solstício de Junho.
Stonehenge II foi iniciada aproximadamente no ano 1750 a. C., aparentemente por uma raça diferente chamada de os homens de boca larga. Eles alargaram a avenida e a desviaram, em curva, para o rio Avon a 3 quilômetros, aproximadamente, de distância, provavelmente para que fosse usada como estrada para o transporte de 80 pedras-lispes (um tipo “místico” de pedra) para o recinto cercado. Essas pedras chegavam a pesar cinco toneladas e são encontradas apenas nas Montanhas Prescelly, no País de Gales, o que representa uma viagem de quase 322 quilômetros até Stonehenge, mais da metade através do Canal Bristol. Os círculos de pedra eram uma característica desses “homens de boca larga” e eles planejavam formar dois círculos concêntricos com a pedra-lispe, as pedras internas combinando com as externas e dando a impressão de uma roda com aros. Embora esse período cobrisse duas gerações, os círculos duplos de pedra-lispe jamais foram concluídos.
Cerca de 1700 a. C. teve início a terceira fase da construção de Stonehenge pelos representantes de uma nova geração. Eles demoliram o círculo incompleto de pedra-lispe, recolocando-as na mesma área, porém, com uma disposição diferente: 81 enormes blocos de arenito que eram dez vezes maiores do que as pedras-lispes. Esses blocos foram, sem dúvida, trazidos de Marlborough Down, cerca de 32 quilômetros ao norte de Stonehenge.
Quase no centro, erigiram uma ferradura com cinco blocos de arenito, cada grupo constituído de duas colunas cobertas com uma verga. Essas receberam o nome de trílito, palavra grega que significa três pedras e exclusivamente aplicável a Stonehenge. Em seguida, cercaram esses trílitos com um círculo simples de 30 colunas de arenito ligadas por vergas na extremidade superior.
Aproximadamente cinquenta anos após a montagem dos blocos de arenito, um conjunto de 29 covas em formato de Z foi cavado na parte externa e em volta do círculo de blocos de arenito, e um de 30 covas em Y, cavado em círculo ao redor das covas em Z. Quase que imediatamente após isso, as pedras-lispes foram novamente erigidas em um oval dentro do trílito, em forma de ferradura. Um segundo círculo de pedra-lispe foi erigido entre a ferradura e o círculo de blocos de arenito. Com isso, a construção terminou perto do ano 1600 a. C.
De um simples círculo e retângulo orientados para o Sol nascente do Solstício de Junho havia surgido, em um período de mais de 300 anos, uma complexa catedral de pedras enormes em forma de círculos e ferraduras abobadados. O maior dos blocos de arenito pesa cerca de 50 toneladas e tornou-se necessária considerável capacidade de organização e planejamento para transportá-lo para Stonehenge, onde muitos deles ainda podem ser vistos. Todavia, megalitos muito maiores foram deslocados pelo ser humano primitivo em outras partes do mundo.
Um dos maiores obeliscos em existência é um monólito com cerca de 32 metros de altura, pesando mais de 400 toneladas, erigido por Thutmose III. Mesmo algumas, das mais de 600 estátuas na Ilha da Páscoa, são monólitos que pesam mais de 50 toneladas, como uma gigantesca de, aproximadamente, 9,7 metros de altura, que pesa 82 toneladas. O maior bloco de pedra lavrada pelo ser humano é um monstro de 1200 toneladas existente em uma pedreira em frente ao templo romano em Baalbek.
A maravilha de Stonehenge, portanto, não está apenas em seu tamanho, mas em seus detalhes astronômicos e de construção, recentemente descobertos. Se visualizarmos uma linha que parta do cimo da nossa casa e chegue à parte superior de uma árvore alta, ela apontará para algum ponto do céu no qual a Lua, o Sol ou outro corpo celeste poderá aparecer em alguma época do ano.
O Dr. Gerald Hawkins, Presidente do Departamento de Astronomia da Universidade de Boston, fez algo semelhante e anotou as observações que podem ser feitas entre as várias e enormes pedras de Stonehenge I, assim como as observações através dos arcos formados pelos blocos de arenito de Stonehenge III. Em seguida, colocou essa informação em um computador e descobriu que cada um dos 24 possíveis alinhamentos de Stonehenge I apontava para a Lua ou para o Sol em posição celeste significativa. Verificou também que os alinhamentos de Stonehenge III, independentemente, proporcionavam mais oito posições.
Ele formou ainda a teoria de que as 29 covas em Z e as 30 em Y representam o mês lunar, quando os intervalos entre a Lua cheia resulta a média entre 29 e 30, 29 dias e 1/2. Elas poderiam proporcionar ao povo o meio de contar os dias e, simultaneamente, a possibilidade de predizer o ano de um eclipse.
A localização acidental de Stonehenge parece improvável, pois nesse hemisfério está localizada onde uma diferença de 48,2 quilômetros, aproximadamente, para o norte ou o sul modificaria a geometria astronômica suficientemente para transformar o retângulo formado pelas quatro pedras-marcos em paralelogramo. Certos requintes de acabamento em pedras são invulgares na Europa setentrional pré-histórica e outra evidência como a dos entalhes, recentemente descobertos, de armas na Idade do Bronze, em três dos blocos de arenito, sugere a influência e a comunicação com a grande e contemporânea civilização mediterrânea da Creta Minotaura, da Grécia Messeniana e do Egito.
Há muita justificativa para se presumir que um grupo de pessoas mais altamente adiantadas ou algum arquiteto magistral da área do Mediterrâneo projetou e construiu Stonehenge com a ajuda dos habitantes locais e isso é particularmente plausível quando, em nossa própria época, nativos que carregavam lanças ajudaram a construir campos de aviação.
A religião e o calendário são a mesma coisa na jovem história do ser humano. Desde que apenas duas pequenas pedras se fazem necessárias para marcar os alinhamentos celestes, é muito provável que, depois desses alinhamentos iniciais estarem estabelecidos, fosse desenvolvido o esforço para que se tornassem mais aperfeiçoados como as catedrais góticas. Essas catedrais medievais nasceram da experiência e do labor de gerações e, durante a época em que poucas pessoas sabiam ler, serviam como escolas, museus, igrejas, bibliotecas, salões para concertos, templos de adoração… Stonehenge pode ter sido tudo isso e mais. Provavelmente, o ser humano primitivo não fazia diferença essencial entre a religião, a ciência, as artes e o governo; nossas modernas instituições como igrejas, escolas e museus simplesmente pareceriam inarmônicas para ele, em seu funcionamento e sua maneira de pensar.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1975)
Teologia cósmica
O Sistema Solar, como o próprio nome indica, é uma combinação de partes que formam uma unidade, um todo: um ajuste ordenado de acordo com uma lei comum, um grupo de Planetas ou Mundos tão relacionados entre si que indicam método em sua formação e movimentos. Como sistema, é completo em si mesmo, embora possa estar relacionado a outros sistemas em harmonia consigo próprio e apesar de todos os seus subsistemas, combinados, constituírem um sistema maior. Sendo um sistema de mundos, é cientificamente organizado e forma a base da Ciência da Astronomia. Ou seja, não sofre variabilidade, de modo que, se suas leis forem descobertas, poderemos saber exatamente o que procurar e nunca ficaremos desapontados com as expectativas.
A palavra “solar” designa o caráter do sistema e como esse adjetivo se refere ao Sol, indica que o sistema é dominado pelo Sol. A ciência afirma que o Sol originou e controla o sistema. Se o Sol puder ser visto como pai, este seria o nome da família: a família Solar.
O sistema está repleto de vida e movimento, eternamente em movimento, e a pergunta que devemos responder é esta: qual é sua causa? Três respostas são dadas. O ateísmo sustenta que esse processo é totalmente fortuito, o resultado de um mero acaso. Os teístas da escola exotérica consideram que os Planetas são compostos de matéria inerte, impulsionados e guiados em seus movimentos por um Ser inteligente e todo-poderoso que chamam de Deus, assim como o motor controlado pelo engenheiro impulsiona o maquinário da fábrica. Os teístas esotéricos afirmam que cada Planeta é um organismo vivo e possui alma inteligente, ela mesma a criadora ou geradora da forma, guiando-a em todos os seus movimentos, do mesmo jeito que o ser humano é uma alma viva que originou seu corpo e controla suas atividades. Essa última ideia é a base da Teologia Cósmica: os Planetas são constituídos por uma Hierarquia de divindades subordinadas, cada uma com seu próprio Espírito inerente, e o Sol é o Pai Divino de todos.
Contudo, a teologia cósmica vai mais longe e abarca nesse sistema todos os organismos vivos que habitam os Planetas, cada um dos quais sendo uma imagem microscópica ou semelhança do Todo, o que é especialmente verdadeiro para a humanidade. O pensamento é o seguinte: todo o sistema, visto como unidade, é a Deidade em sua totalidade, no sentido cósmico, chamado macrocosmo ou ordem cósmica e universal, o todo-abrangente; e o ser humano, uma miniatura do todo, é um microcosmo.
Então, se o ser humano é uma miniatura de todo o sistema, ele é o Sol, a Lua e os Planetas, tudo dentro de sua composição. Isso está de acordo com a Lei da Correspondência, reconhecida por todas as grandes religiões do mundo e expressa nos Livros sagrados delas. Nossa Bíblia declara que Deus criou o ser humano à Sua própria imagem e semelhança. Se o ser humano é uma miniatura do todo, seu corpo inteiro pode ser adequadamente comparado ao espaço ocupado por todo o sistema, em miniatura, dividido em doze Signos ou Casas, desde Áries, na cabeça, até Peixes, nos pés. Ele é, então, uma Deidade em miniatura, em si própria, superior e inferior, com todo o seu corpo como o parque dos deuses, sendo o mundo em que vivemos o campo de operação, expressão e o teatro da experiência e evolução.
Como uma divindade minúscula, cada um de nós é um deus cósmico em formação; portanto, a missão que nos foi dada é desenvolver nossa individualidade para adorar em casa o deus centralizado em seu próprio ser; isto é, amar a Deus em espírito e verdade como somos ordenados pelo grande Mestre. Isso significa idealizar o Eu divino, o Ego, pela adoração, em tudo o que Ele representa, elevando o ser humano inteiro a esse ideal.
A humanidade nunca poderá ser o seu melhor nem atingir suas altas ambições em nenhuma esfera, submetendo sua vontade à de outro e isso é uma característica tanto na religião quanto no mundo prático. Assim, a Bíblia nos proíbe de adorar o exército celestial, não porque não seja feito de divindades cósmicas, mas porque adorar qualquer ser externo é idolatria, mesmo que seja Jesus Cristo, que proibiu seus Discípulos de adorá-Lo. Todos os deuses lá fora são apenas símbolos, incluindo o Cristo, cujo ofício é ajudar, mas não controlar. Ceder à vontade de Deus, então, significa obedecer ao melhor de nós mesmos.
Todo esse assunto é um grande mistério. Os religiosos comuns descartam o místico e seguem a letra, principalmente porque não são suficientemente desenvolvidos para compreender a verdade interior e mais profunda. Eles são educadores de jardim de infância, em sua religião: puramente elementares; contudo, não devem ser desprezados ou combatidos mais do que as crianças devem ser pelos graduados das universidades. A Lei é esta: primeiro, o natural; depois, o espiritual. No entanto, a adoração em espírito e verdade abraça o místico. São Paulo, o principal místico entre os Apóstolos, declarou que “Grande é o mistério da piedade, Deus Se manifestou em carne”. Mais de uma vez ele disse que o grande mistério, escondido desde a fundação do mundo, fora-lhe revelado, que era “Cristo em vós, a esperança da glória”.
Já foi dito que “um ser humano honesto é a obra mais nobre de Deus”; no entanto, Robert Ingersoll, invertendo o ditado, disse que “um Deus honesto é a obra mais nobre do ser humano”. Isso implica um conceito idealizado sobre a Divindade. Essa é a maneira usual de se pensar em Deus, o processo indutivo de argumentar que parte do efeito para chegar à causa. E não estaria incorreta, se o ser humano soubesse completamente e se controlasse perfeitamente. Entretanto, o procedimento a ser seguido é fazer o pensamento macrocósmico crescer, o que, como foi mostrado, é uma ciência e, portanto, absolutamente correto tanto em sua natureza quanto influência, para depois aplicá-lo ao microcosmo. As divindades cósmicas serão consideradas símbolos a serem seguidos, como aqueles que em outras épocas venceram a corrida, alcançaram seus destinos e, agora, como Irmãos Maiores, estão nos ajudando na corrida para alcançar um destino semelhante.
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de 09/1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
O Novo Elemento, você sabe qual é?
Nossa Terra nem sempre esteve envolta em ar tal como a conhecemos, porque quando estávamos sem ele, o mundo não era sólido. Em realidade, no Período Solar encontramos as origens do novo elemento: o ar. Quando esse se uniu ao verdadeiro fogo invisível, o Globo de Saturno converteu-se em uma esfera resplandecente de neblina ígnea, sob estas palavras de ordem: “Faça-se a Luz” (Gn 1:3). Nós não desenvolvemos os pulmões até fins da Época Atlante do Período Terrestre.
Para o ser humano é demasiado difícil imaginar os vastos períodos de “tempo” entre a introdução do novo elemento e o desenvolvimento de um órgão físico para usá-lo. O crescimento evolutivo é um processo muito lento, porque atravessa ciclos a fim de que as imperfeições sejam eliminadas.
Surge, contudo, a necessidade de dar um passo definido para frente e, a menos que nos conservemos na vanguarda e FORMEMOS os veículos requeridos, retrocederemos, retrogradaremos, e, assim, os corpos que já são inúteis ao novo desenvolvimento vão cristalizar-se ainda mais.
Como é de conhecimento dos Estudantes ocultistas, os atlantes, embora fossem dotados de órgãos respiratórios incipientes, eram muito habilidosos e encontraram meios de se deslocar em sua densa e aquosa atmosfera. Com o passar do tempo, o desejo de explorar o que estivesse além do seu “horizonte” conhecido ensejou a invenção de naves aéreas. A arca é uma distorcida reminiscência desse fato. Alcançavam, assim, o novo elemento para o qual estavam construindo pulmões. Nossos astronautas levam consigo uma boa carga de oxigênio para alcançar certa distância além da Terra, pois não podem viver em uma atmosfera mais rarefeita. No momento em que nos falta o ar, o Ego vê-se obrigado a abandonar o Corpo Denso.
O ar contém Éter, o quádruplo canal através do qual trabalham as forças espirituais. O ar atua como um condutor dessas correntes de energia. Como Estudantes da Fraternidade Rosacruz estamos familiarizados com a ideia de o ar estar impregnado de vibrações planetárias que inicialmente penetram os pulmões quando o bebê dá seu primeiro gemido. Esse momento é o ponto culminante do trabalho dos Senhores do Destino, cuja cooperação com o plano evolucionário conduziu o Ego ao lugar e tempo específicos para cumprir seu destino com os outros Egos que devam ser seus futuros pais terrestres.
Os Éteres contidos no ar registram cada pensamento, emoção e ato, transmitindo essas impressões aos pulmões, de onde são injetados no sangue. Esses registros são os árbitros do futuro destino.
A essência do bem praticado converte-se em alma e essa, por sua vez, é incorporada ao espírito. No livro Mistérios Rosacruzes, Max Heindel afirma o seguinte: “Dessa maneira, os registros respiratórios de nossos bons atos constituem a alma que se salva”. O oposto também é verdadeiro: “O registro de nossas más ações também deriva de nossa respiração, no momento em que são cometidas. A dor e o sofrimento que elas provocam obrigam o espírito a eliminar seu registro no Purgatório. A recordação do sofrimento é transformada pelo espírito em consciência moral, para desistirmos da repetição do mesmo mal em vidas posteriores”.
Nós não compreendemos suficientemente que o ar que respiramos depois de estar em íntimo contato com nosso aspecto terrestre ou físico encontra-se carregado da tonalidade do nosso verdadeiro eu. O ar que conduziu os Éteres ao nosso corpo está impregnado com nossas emoções e pensamentos, sendo logo expelido e lançado à atmosfera, já bem carregada. Eis o porquê de algumas pessoas parecerem “exalar” ou irradiar amor; enquanto outras, independentemente da aparência, envenenam o ambiente onde vivem.
Isso evidencia uma das razões pelas quais os Estudantes ocultistas deveriam selecionar, na medida do possível, os locais que frequentam, pois, a “má atmosfera” atrai forças negativas que dela se alimentam, aumentando o estímulo da natureza inferior. Algumas vezes é difícil compreender quão infimamente relacionados estão os departamentos e funções da nossa vida.
“Através” do ar, Jeová e seus Anjos puderam auxiliar o ser humano em certo período do seu desenvolvimento. Diz-se que “Jeová soprou um alento nas narinas do ser humano”. Essa é uma forma alegórica de afirmar que os Espíritos de Raça foram designados para ajudar o débil e inexperiente Ego humano a utilizar seus pulmões. É muito interessante o fato de que os Espíritos de Raça, funcionando no ar, limitem as tendências cristalizantes do Corpo de Desejos.
Está sob a responsabilidade de Jeová a geração de Corpos Densos e Seus Anjos regem Suas Leis nesse particular. Efetua-se esse trabalho mediante o Éter de Vida, acessível ao corpo humano por meio do ar inalado. A habilidade dos Anjos em administrar as Leis da procriação torna-se mais clara ao recordarmos que o Corpo Vital seja seu veículo mais inferior. Assim como nós manipulamos, dando o contorno desejado, madeira, metais e tantas outras coisas, de maneira análoga os Anjos, que nunca se subtraíram à Guia Divina, como aconteceu com a humanidade, operam o Plano Divino com maior facilidade do que o ser humano, quando esse trabalha com o mineral.
Os Espíritos raciais ou tribais, uma das funções dos Arcanjos, mantêm seu controle sobre uma nação ou tribo mediante o ar inspirado pelo seu povo e a única forma de nos libertar, em alguma extensão, dessa potestade jeovista, é desenvolver as virtudes cristãs. Enquanto usarmos corpos físicos, necessitaremos dos serviços de Jeová, permitindo-nos renascer até chegarmos ao Adeptado, condição em que poderemos criar novos corpos por meio de nossa vontade divinamente inspirada.
Na Época Lemúrica, vivíamos próximos ao ígneo centro da Terra. Os atlantes habitavam as concavidades, pouco mais longe do centro. A raça ariana foi impelida pelos dilúvios a procurar as regiões elevadas onde agora vive. Os cidadãos da próxima Época habitarão no ar. Assim como os atlantes aprenderam a desenvolver pulmões, estamos lentamente formando um Corpo-Alma, o Dourado Vestido de Bodas, no qual funcionaremos nas condições etéricas da Nova Galileia. A união das duas correntes de evolução espiritual, a Igreja e o Estado, marcará o princípio da Nova Galileia.
O simples processo de respirar tem importantes implicações: podemos funcionar em um Corpo Denso pelo Éter Químico; propagar nossa espécie pelo Éter de Vida; construir um Corpo-Alma pelo Éter Luminoso e registrar pensamentos, emoções e atos, desde o instante do nosso nascimento, pelo Éter Refletor. A capacidade da Natureza de economizar eficazmente é fabulosa, demonstrando a sabedoria do Criador.
No presente, a inter-relação do nosso Corpo Denso com a ação recíproca e a função espiritual é um mistério que algum dia será revelado.
Em um artigo escrito por Max Heindel, em fevereiro de 1918, em Rays from the Rose Cross, abordou-se os perigos de se queimar incenso. É certo que os ingredientes devem ser selecionados por sua conhecida afinidade para atrair entidades desencarnadas e elementais; contudo, “se o incenso foi elaborado por uma pessoa ignorante ou egoísta, constitui um veículo para espíritos de natureza similar, que se revestem com a fumaça e o odor, penetrando nos corpos presentes no lugar onde se processa a queima”. Pode nosso ar contaminado ser uma porta de entrada para espíritos inferiores? Isso pelo menos nos faz compreender a necessidade de purificarmos nossos pensamentos e começarmos a trabalhar em harmonia com as Potestades Divinas, exercitando nosso potencial divino e nosso aprendizado na Vinha do Senhor.
Somos afortunados em conhecer os ensinamentos da Fraternidade Rosacruz, porque nos indicam a forma de nos preparar para o uso mais perfeito do Éter, o elemento da Nova Era.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1975)
A Páscoa mostra que ainda a humanidade dorme, enquanto Cristo sofre
A Páscoa (passagem), em seu aspecto cósmico, marca a libertação anual do Cristo, crucificado em nosso Planeta. É a ascensão do Senhor do Amor aos reinos celestiais. Os grandes Iniciados místicos, em sua refinada sensibilidade, percebem o coro angélico saudando-O gloriosamente. A infusão de Sua energia na Terra, a cada novo ciclo, inaugura um período de crescimento, promovendo a intensificação das atividades nos reinos vegetal, animal e humano. As plantas crescem e florescem, os animais se multiplicam, e o ser humano sente-se fortalecido, para enfrentar os combates da vida, deles extraindo o “pão da alma”.
O Aspirante Rosacruz deve se esforçar ao máximo para compreender que ocorre, realmente, nessa época do ano. Uma importante lição a ser aprendida é a de não existência da morte; o que há é uma transição de uma esfera de atividade para outra.
Como espíritos em busca de experiência estamos crucificados no Corpo Denso. As condições restritivas da materialidade, as enfermidades a que está sujeito o organismo humano, as vicissitudes naturais dessa existência constituem sofrimento intenso para o espírito. A chamada morte, portanto, não nos deve causar horror.
Nada mais é do que uma libertação, uma passagem (Páscoa) para planos superiores de consciência. Sabemos pelo relato evangélico como, no Getsemani, Cristo se sentiu tomado de pavor e angústia. São Tiago, São João e São Pedro dormiram. Hoje, o quadro não é muito diferente. Apesar de todo progresso religioso e moral, grande parte da humanidade ainda dorme, enquanto Cristo sofre.
Cabe, àqueles conscientes desse processo cósmico, realizar algo para apressar o dia da libertação. Então, exclamaremos num só: Consumatum Est.
(publicado na Revista O Encontro Rosacruz da Fraternidade Rosacruz de Santo André-SP de abril/1982)
Tempestades da Insegurança
Em um mundo onde os valores espirituais aparentam soçobrar ante as tempestades da insegurança, da falência moral e dos distúrbios sociais; em um mundo onde a indigência e a ignorância afloram em todos os quadrantes evidenciando o contraste brutal, o chocante paradoxo – o ser humano empreende milagres tecnológicos, mas sente-se incapaz de equacionar seus problemas mais comezinhos, de enfrentar seus desafios cotidianos; em um mundo onde o materialismo ameaça pisotear as mais belas flores do sentimento humano, lhes sufocando a dulcíssima fragrância; em um mundo de “ISMOS” antagônicos e radicalizantes, buscando desesperadamente uma hegemonia mentirosa e levando de roldão tantos quantos se deixem iludir pelo canto de suas sereias; neste mesmo mundo, em dolorosa fase de transição, ser membro de uma Escola Filosófica como a Fraternidade Rosacruz constitui um invulgar privilégio.
Enquanto a humanidade comum se vê às voltas com o terrível pesadelo que é a própria atualidade, procurando debelar as chamas devoradoras das neuroses e dos vícios, das guerras e das carências, tentando em vão encontrar-se nos valores efêmeros e nas condições exteriores, a Filosofia Rosacruz exorta-nos a procurarmo-nos dentro de nós mesmos.
O método Rosacruz de desenvolvimento difere de todos os outros métodos em um aspecto básico: procura desde o início libertar o aspirante da dependência de fatores externos, tornando-o confiante em si mesmo no mais alto grau. Capacita-o a suportar com estoicismo e serenidade as ondas devassadoras da adversidade e da incerteza. Conscientiza-o da transitoriedade dos fenômenos que pululam no mundo físico. Desperta-lhe uma fé inabalável na Justiça Divina, fé, essa, nascida do conhecimento espiritual e da vivência dos princípios preconizados pela Escola dos Irmãos Maiores.
Vinte séculos contemplam um Cristianismo puro e perfeito, porém mal compreendido e distorcido pelos seres humanos que o adequaram a seus interesses e conveniências. Dois milênios testemunharam a concretização da profecia de Cristo: “Eu não vos trago a paz, mas uma espada”.
Contudo, em contraposição, agora, no prelúdio da Era de Aquário, qual um milagre messiânico, surge a Fraternidade Rosacruz, para restaurar sua autenticidade original. E no contexto de seus ensinamentos, exorta o aspirante a procurar o Reino dos Céus dentro de si mesmo, no seu templo interno, no sacrário de seu coração.
A Fraternidade Rosacruz é o ponto de apoio no Mundo Físico de um grande trabalho de regeneração humana, encetado e inspirado desde os planos internos. Cada Grupo e Centro constitui um fulcro de espargimento das mais elevadas energias espirituais. Talvez, face às nossas limitações humanas, façamos uma ideia muito vaga do que representa realmente um Grupo ou Centro de Estudos. Ainda não nos encontramos em condições de avaliar as dimensões de um trabalho tão supremo. Porém, o simples fato de estarmos conscientes de que em alguma extensão ele beneficia a humanidade, induz-nos a sentir uma alegria incomum por estarmos aqui reunidos, irmanados e solidários trilhando o Caminho Rosacruz de desenvolvimento espiritual.
Ao longo desse tempo, muitos foram os obstáculos transpostos. E por certo, outros maiores ainda deverão ser superados no futuro. É mister unirmo-nos cada vez mais. Amarmo-nos como verdadeiros amigos. Redobrarmos a vigilância sobre as arremetidas do eu inferior e, nos prepararmos para mais renhidas batalhas.
Convictos de que o ideal merece nossos maiores sacríficos, cremos firmemente que não tombaremos em meio ao caminho, pois em nossa lida sincera, somos fortalecidos continuamente por Cristo, o Senhor do Amor.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1973)
A filosofia oculta ensina: o ser humano é realmente “feito à imagem e semelhança” (ESPIRITUAL) de Deus, sendo dotado, em potencial, de todos os Seus poderes. Assim, o espírito é tríplice, como Deus. Seu Espírito Divino corresponde ao atributo da Vontade, em Deus: seu Espírito de Vida corresponde ao aspecto Sabedoria, de Deus, e o seu Espírito Humano corresponde ao princípio da Atividade, no seu Criador. Isso demonstra que o princípio Crístico encontra-se no interior do ser humano e a sua contraparte é o Corpo Vital, ou etérico.
É o trabalho especial, por assim dizer, o programa de nossa época, permitir o desenvolvimento do nosso Cristo interno, a fim de que possa brilhar através das trevas de nosso mundo materialista e de nossos corpos inferiores, tecendo o Vestido Dourado de Bodas, o “soma psuchicon” mencionado por São Paulo.
O Espírito de Vida contém registros indeléveis de todas as faculdades, talentos e sabedoria alcançados pelo Tríplice Espírito nas vidas passadas. Esse registro, chamado hoje de “Memória Supraconsciente”, manifesta-se como consciência, caráter e, às vezes, como “orientador” compelindo-nos à ação vez por outra frontalmente contrária à nossa razão e desejos. Pode também, imprimir sua mensagem diretamente no Éter Refletor do Corpo Vital. Essa mensagem é levada pelo sangue até o coração, de onde é transmitida ao cérebro através do nervo pneumogástrico. O impulso é chamado de “intuição” e traz ao corpo humano, chamado por São Paulo de “veste da corrupção”, as frequências de alta vibração do Mundo do Espírito de Vida, instando a Personalidade a obedecer a Lei do Amor, que é o Caminho da Libertação.
Astrologicamente falando, o poder da intuição é governado pelo Planeta Urano, e pelo Signo Aquário.
Pessoas que têm esses aspectos fortemente marcados em seus horóscopos, são notavelmente intuitivas. Elas lutaram nas vidas passadas para cultivar um interesse e um amor impessoal, abrangendo não somente a família, a comunidade ou povo, mas sim TODOS OS SERES HUMANOS, sem diferença de casta, credo ou cor. É objetivo da humanidade ocidental ampliar, fortalecer, e intensificar o impulso da INTUIÇÃO, porque ela há de tomar o lugar da razão, como o tribunal mais elevado do ser humano. Isso ajudará, e muito, para se chegar a uma solução dos problemas que a humanidade enfrenta hoje, e que são o resultado da escravidão do ser humano às ordens de sua mente, impregnada de desejos egoístas e inferiores.
Para esquematizar o método próprio para o desenvolvimento da faculdade da intuição, o Aspirante deve conhecer, em primeiro lugar, o funcionamento do Corpo Vital, — a contraparte do Espírito da Vida.
É composto de quatro Éteres, e interpenetra os átomos do corpo físico. Os dois Éteres inferiores – Químico e de Vida – são o canal das forças responsáveis pela assimilação, crescimento e propagação. Os dois Éteres superiores, — o Luminoso e o Refletor — são formados novamente em cada vida, e sua qualidade depende da natureza e quantidade de serviço que o indivíduo prestou aos seus semelhantes. Purificamos os nossos Corpos de Desejos através da oração, pureza de pensamentos, e concentração, sensibilizando ao mesmo tempo o Corpo Vital, enquanto que amando e servindo aos nossos semelhantes, tecemos o Dourado Manto Nupcial formado pelos dois Éteres superiores — o elo entre o Espírito de Vida (morada do Cristo) e o coração. Há uma correlação entre esses fatores: quanto maior e mais luminoso o Dourado Manto Nupcial, mais forte é a faculdade da intuição. Funcionamos nesse veículo luminoso quando o nosso corpo físico repousa adormecido e saímos do corpo, consciente ou inconscientemente. É através desse mesmo veículo que o ser humano é “ressuscitado” e pode “ascender” aos mundos superiores após a “morte”. Assim, despertamos a voz interna, formando esse veículo resplandecente do qual São Paulo falava e atingimos a libertação, no mais profundo sentido da palavra.
É de particular importância para quem deseja desenvolver a faculdade da intuição notar no “Pai Nosso” — que é uma fórmula algébrica para a elevação e purificação de todos os veículos do ser humano — a petição do Espírito da Vida, para a sua contraparte, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores”. Essa oração ensina a doutrina da remissão dos pecados nas palavras “perdoai as nossas dívidas” e a doutrina da Lei de Consequência nas palavras “como nós perdoamos”, fazendo de NOSSA ATITUDE PARA COM OS OUTROS a medida de nossa emancipação. É óbvio, dessa maneira, que o Estudante desejoso de obter a intuição ensejada pelo Espírito de Vida (Cristo) deverá e com bastante assiduidade cultivar uma atitude de PERDÃO!
Num futuro remoto, quando a humanidade, como um todo, tenha desenvolvido suficientemente seus poderes coletivos mediante um RETO VIVER COLETIVO, o Cristo estará finalmente livre, podendo retirar-se definitivamente do Planeta.
Da mesma forma, quando um indivíduo desenvolver os seus atributos divinos suficientemente poderá sair de seus veículos físicos, de sua “prisão” e estará apto a executar maiores trabalhos nos Mundos invisíveis, vestido como já vimos do seu luminoso veículo etérico.
A Páscoa é assim: não somente o tempo da Libertação do nosso Espírito Planetário o Cristo, um sacrifício que deveria evocar em nós o máximo de gratidão e confiança.
É também a magna segurança para as nossas almas de que algum dia cada ser humano, como Cristo em formação, será libertado da prisão do Corpo Denso e da Personalidade.
O Espírito Interno, que é o “Homem Real”, aprende vida após vida, em ciclos sem número, a viver de acordo com as Leis de Deus, transcendendo finalmente a ilusão dos sentidos, e se libertando, no mais profundo sentido da palavra, da ignorância, do sofrimento e da morte, e entrando num outro estado de consciência, glorificado, iluminado e cheio de paz.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1975-Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP)
Procurando a verdade: o risco de usar métodos errados e como esse conceito muda durante a nossa vida
Há 2.000 anos Pilatos indagou: “O que é a verdade?”.
As distintas formas de fé religiosa existentes são tentativas humanas de materializar seus conceitos internos sobre a verdade. A religião avança à medida que a visão humana se expande. O espírito interno clama por uma revelação mais completa. Uma nova Revelação surge em resposta a esse clamor e um conceito mais elevado de Deus começa a desabrochar na Mente do ser humano. Até hoje a religião não logrou alcançar uma oitava superior, mas nossas ideias relativas a ela são mais profundas. Cristo afirmou: “A verdade vos libertará”. A verdade é eterna e nossa busca por ela deve ser perdurável também. O Ocultismo não conhece “a fé de uma vez para sempre e relativa a todas as coisas”. Todas as Escolas de Ocultismo baseiam-se nas mesmas verdades fundamentais, passíveis de serem apreciadas sob diferentes ângulos, dando a cada um uma visão diferente. Assim, elas se completam.
Portanto, com o que atingimos por ora não é possível alcançar a verdade essencial. Em resposta à pergunta de Pilatos, devemos primeiro notar que a verdade seja um princípio subjetivo. Não pode ser encontrada no objetivo, se bem que esse contenha manifestações dela.
O erro consiste em pretendermos descobri-la totalmente nas coisas externas ou em alguma parte fora de nós mesmos. Nossa ideia sobre o que é verdade modifica-se à medida que progredimos, porque, à proporção que ascendemos, novas fases dela nos são apresentadas, etapas que não foram percebidas anteriormente.
Onde, pois, encontraremos a verdade? Não podemos encontrá-la neste mundo fenomenal, pontilhado de ilusões, no qual temos de proceder a constantes correções e mudanças, consciente ou inconscientemente. Sabemos que nossa visão nos engana, quando faz as coisas parecerem unidas no final de uma rua, por exemplo.
Com referência à indagação sobre onde encontraremos a verdade, a resposta só pode ser uma: dentro de nós mesmos.
É um assunto relativo ao próprio desenvolvimento interno, excluindo-se de qualquer outra fonte. A promessa de Cristo, “se vivermos a vida, conheceremos a doutrina”, é verdadeira no sentido mais literal. Os livros e os mestres podem despertar nosso interesse e nos incentivar a viver a vida. Contudo, só na medida em que julgarmos cuidadosamente suas ideias, antes dos preceitos constituírem parte de nossa vida interna, caminharemos na direção correta.
Conforme Max Heindel nos relatou, os Irmãos Maiores não lhe ensinaram tudo diretamente desde o primeiro curto período em que lhe proporcionaram o material para escrever O Conceito Rosacruz do Cosmos. A cada pergunta formulada, o Mestre indicava-lhe a direção em que poderia encontrar a informação necessária. Pelo uso de nossas próprias faculdades conseguiremos sempre os melhores dados ou informações.
A aspiração é o primeiro passo a ser dado para sairmos da escravidão para a liberdade, porquanto à medida que um ser humano deseje ascender, será libertado.
Somente por nossa aspiração à virtude dominamos os vícios. A fidelidade aos mandatos espirituais nos livra da sensualidade. A indiferença, entretanto, fará estiolar a mais bela flor do espírito.
Todo desenvolvimento oculto começa no Corpo Vital com o cultivo de faculdades objetivas e comuns tais como a observação, o discernimento, a razão, a justiça, o senso comum e o cultivo do intelecto. Todas essas qualidades, quando combinadas com oração e devoção, conduzem a estágios mais avançados, na jornada evolutiva. Essa preparação interna do Estudante deve ser realizada sem considerar as circunstâncias externas.
Os dois Éteres inferiores do Corpo Vital, o Químico e o de Vida, decrescem em quantidade e densidade à proporção que os dois superiores formam o Corpo Denso. Então um poder maior flui através nosso ser. Isso, às vezes, causa distúrbios no corpo denso, pois os Éteres inferiores mantêm a saúde física. Essa condição, não obstante, é transitória e tende a desaparecer. Observe-se, portanto, como é de máxima importância para os Estudantes de Ocultismo persistir em suas aspirações.
Se alguém tentar adquirir poderes ocultos sem ideais elevados ou objetivos altruístas, o resultado físico será deplorável. Um grande número de males físicos entre os Estudantes de Ocultismo deve-se a esse fato.
Todo pensamento egoísta ou de ódio imprime-se no sangue e nos pulmões, retardando o processo regenerativo. Por outro lado, os pensamentos de amor, justiça e harmonia constroem o Corpo Vital e aumentam a vitalidade do Corpo Físico. A regeneração, na maior parte dos indivíduos, ocorre em um grau vibratório muito baixo, porque, por via de regra, o homem comum injeta continuamente os mesmos pensamentos negativos em sua corrente sanguínea. Daí estar sempre acompanhado de dores e enfermidades.
No Estudante de Ocultismo, esse processo regenerativo se efetua muito mais rapidamente. E em muitos casos, a corrente sanguínea pode ser praticamente regenerada em curto tempo. Alguns dos velhos pensamentos, não obstante, estão sujeitos a reintroduzirem-se na corrente. Por isso, o processo segue repetindo-se até que estejamos completamente purificados de toda escória.
Temos de trocar a roupagem de nossos corpos impuros pela brilhante veste que estamos tecendo dia-a-dia. Esse é o processo alquímico do qual resulta a saúde perfeita. Quando formos “ouro puro”, quando a corrente sanguínea carregar só o puro, como os pensamentos de Cristo, então aparentemente operaremos milagres. Com a energia restante curaremos os demais, dissiparemos a desarmonia, a tristeza e o sofrimento, irradiaremos amor, paz e bons pensamentos. Então, transcenderemos os laços familiares e raciais sem deixar de cumprir todos os nossos deveres, porque nos teremos purificado desses sanguíneos. Nós nos sentiremos, então, universais.
O coração, grande distribuidor de sangue, não alimentará preferências, mas amará a tudo e todos sem considerar religião, cor ou casta.
Cristo disse: “Deveis nascer de novo”. Esse renascimento estende-se ao físico, conforme o axioma hermético “como é em cima, assim é embaixo”.
Depende apenas de cada um de nós a formação do veículo que nos capacitará a perceber a verdade nos Planos internos. Harmonizando nossas vidas com os princípios divinos, de acordo com a verdadeira religião, estaremos construindo o Corpo-Alma, o Dourado Traje de Bodas.
Uma vida de amor e serviço aos demais constrói o Corpo-Alma. Esta vivência não só atrai e elabora os dois Éteres superiores, o Refletor e o Luminoso, como a seu tempo produzirá uma separação que os diferenciará dos dois Éteres inferiores. Depois de completada essa separação, o Corpo-Alma encontra-se pronto para os voos da Alma. Isso constitui a cor azul-dourada do amor, que distingue o santo do ser humano comum.
Estamos recebendo ajuda para construir este Corpo-Alma, ajuda do Cristo, o Espírito Interno da Terra, por meio de suas emanações etéricas que, brotando do centro do globo, atravessam nossos Corpos Vitais. Mesmo depois de separados os Éteres superiores e inferiores, o Corpo-Alma prossegue crescendo, contanto que seja alimentado. Tal qual outro corpo, necessita de alimentação para crescer e permanecer em condições saudáveis. Porém se deixamos de alimentar o Cristo Interno, experimentaremos uma grande fome espiritual, muito mais intensa e dolorosa que a fome física. Conforme se ampliam nossos conceitos sobre a verdade, o Corpo Vital demanda uma classe de alimento mais elevado, em forma de boa literatura, arte, música e uma vida de compaixão e serviço ao próximo. Um conceito puramente intelectual da verdade não é suficiente, devendo-se consistir em um sentimento interno e espiritual. A razão e o discernimento são faculdades intelectuais; no entanto, o intelecto mais desenvolvido falharia sem assimilação espiritual: o coração e a Mente têm que cooperar entre si. Nem todos temos a mesma acuidade mental, donde a verdade concebida pela Mente não pode ser idêntica para todos. Contudo, o espírito é uno e quem é espiritualmente consciente conhecerá a verdade. Evidentemente, existe uma grande diferença entre o conhecimento da verdade e a posse de um mero conhecimento mental dela.
O caminho da preparação pessoal é o preço que pagamos pela verdade. A obtenção consciente dela é o resultado de viver a vida estritamente moral, consoante às normas espirituais. Não há outro meio.
Emerson disse: “O homem deve aprender a descobrir e observar esse facho de luz que resplandece através de sua Mente, oriundo de um lugar muito mais iluminador que o firmamento dos poetas e sábios”.
O dilema naturalmente surge na Mente do Estudante: quantos conhecem a verdade, quando a encontram?
Em Cartas aos Estudantes, Max Heindel nos dá a resposta quando trata do exercício de Retrospecção. Segundo o Mestre, se for possível que esse exercício seja praticado sinceramente pelas pessoas mais depravadas, durante seis meses e ininterruptamente, elas serão regeneradas. Os mais zelosos testemunham os benefícios dessa prática, particularmente em relação às faculdades mentais e à memória.
Ademais, por esse juízo imparcial de si mesmo, noite após noite, o Estudante aprende a distinguir o verdadeiro do falso em um grau impossível de se obter por outros meios. Dentro de nós encontra-se o único tribunal da verdade. Se nos habituarmos a colocar nossos problemas diante desse tribunal, persistentemente, com o tempo desenvolveremos um sentido superior da verdade, facultando-nos a perceber se uma ideia avançada é falsa ou verdadeira. A menos que estabeleçamos esse tribunal interno da verdade, vagaremos de um lugar a outro falando mentalmente durante toda nossa vida, conhecendo um pouco mais no final do que no princípio ou, talvez, menos. Portanto, o Estudante nunca deve rejeitar ou aceitar, nem seguir às cegas qualquer pessoa, mas procurar estabelecer o tribunal dentro de si mesmo.
Temos outro método pelo qual podemos diferenciar a verdade da imitação. Há pessoas, exímias fabricantes de imitações de artigos legítimos, tentando enganar compradores incautos. Esses, a menos que disponham dos meios para conhecer o artigo genuíno, correm o risco de serem ludibriados. Nesse aspecto o buscador da verdade corre o mesmo risco. O colecionador amiúde guarda seu tesouro em um lugar especial, deleitando-se com ele a sós. Frequentemente, anos mais tarde ou após sua morte, descobre-se que algumas das peças guardadas e muito apreciadas eram grosseiras imitações sem valor algum; assim também, aquele que encontra algo que entende por verdade pode enterrá-lo em seu próprio peito, percebendo depois de muitos anos que houvesse sido enganado por uma imitação. Por isso, torna-se necessária uma prova final para eliminar toda possibilidade de decepção. A questão é: como descobri-la e aplicá-la? A resposta é tão simples como eficiente: pelo método.
Os colecionadores descobrem que uma peça seja pura imitação porque a exibem para quem conhece a original. Se expõem seus acervos ao público, ao invés de mantê-los em segredo, prontamente saberão se têm peças falsas ou legítimas. Assim como a preocupação em ocultar os objetos colecionados favorece e estimula a fraude por parte dos comerciantes de raridades, inescrupulosos, da mesma forma o desejo de guardar para si os conhecimentos pode facilitar o trabalho dos traficantes das imitações ocultas do saber. Como poderíamos comprovar o valor de uma ferramenta, senão pelo uso? Nós a compraríamos, se o vendedor exigisse que a mantivéssemos guardada, em vez de utilizá-la? Seguramente que não!
Insistiríamos em empregá-la em nosso trabalho para constatar se serviria ao fim que lhe destinamos. Uma vez comprovada sua utilidade, nós nos sentiríamos satisfeitos em tê-la adquirido.
Considerando esse princípio, por que comprar certos artigos, se os comerciantes fazem questão de ocultá-los? Se fossem legítimos, não haveria necessidade de mantê-los em segredo. E, a menos que possamos utilizá-los em nossas vidas diárias, não terão valor algum.
Todo aquele que encontra a verdade deve empregá-la no trabalho do mundo para assegurar que sua legitimidade resista à prova e dar aos outros a oportunidade de compartilhar o tesouro encontrado.
Portanto, é mister observarmos a exortação do Cristo: “DEIXAI QUE BRILHE VOSSA LUZ”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1975)
Não nos foi possível desenvolver nossos poderes, enquanto não construímos os nossos três veículos inferiores os Corpos: Denso, Vital e de Desejos. É deles que nós obtemos o alimento com o qual nutrimos e desenvolvemos nossos poderes potenciais.
Esse alimento-essência é chamado de Alma. Do Corpo Denso nós extraímos, automaticamente, a Alma Consciente, mediante a prática da ação reta em relação aos impactos externos, pelas experiências e observações. Esse pábulo ou alimento transmuta os poderes latentes do Espírito Divino (o veículo espiritual mais elevado em que nós nos manifestamos) em forças dinâmicas que se manifestam como vontade, inteligência, sabedoria, o princípio “Pai”, o poder de “fazer”, a força positiva do ser.
Do Corpo Vital extraímos o alimento-essência que chamamos de Alma Intelectual, também automaticamente, por meio do discernimento entre as coisas importantes, essenciais, reais da vida e as irreais, sem importância, não essenciais.
O que se chama de Alma Intelectual alimenta e transmuta em poderes dinâmicos as forças do Espírito de Vida (o segundo mais elevado veículo espiritual em que nós nos manifestamos), que são a imaginação, a intuição, o poder receptor, o poder de assimilar a natureza amorosa, o princípio “Mãe”.
Finalmente, pelo refreamento dos instintos animais, pela devoção aos sentimentos e desejos elevados e sublimes, pelas emoções geradas através da ação reta e por experiências purificadoras, nós, automaticamente, extraímos do Corpo de Desejos o alimento-essência conhecido como Alma Emocional. Com ele alimentamos e desenvolvemos as potencialidades do Espírito Humano (o terceiro mais elevado veículo espiritual em que nós nos manifestamos; note: manifestação tríplice, como Deus que nos criou): o poder criador (físico e mental), a fecundação, a expansão, a germinação e o crescimento; transformando-os em forças dinâmicas sob o domínio da nossa vontade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1975)