Arquivo de tag hipocrisia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Renovação: o motivo pelo qual devemos nos transformar em novos seres humanos, em “novidade de Espírito”

Renovação é um termo muito empregado na atualidade. Exprime, talvez, o objetivo das lutas que observamos quotidianamente na arena do mundo. À palavra renovação associamos, intuitivamente, outro vocábulo: adaptação. A adaptabilidade é um fator favorável a qualquer tipo de mudança. Nós, as estruturas sociais, políticas e religiosas não podem se renovar sem a existência dessa faculdade que permite um ajustamento harmonioso as novas condições.

Não podemos negar ou ignorar as transformações que atualmente vem se operando no mundo. Uma força irresistível nos impele para novos rumos. É o curso natural desse Esquema de Evolução. Na Natureza (que é Deus em manifestação) tudo progride lenta, mas, seguramente. A inércia inexiste. Contudo, na atualidade esse avanço parece se processar num ritmo bem acelerado.

Analisando, detida e acuradamente tal fato, nos parece que estamos atravessando uma fase de transição para uma nova Era. Transformações profundas se avizinham. Isto fornece toda a margem a esse clima de insegurança e incerteza observado nos dias de hoje. Alguns conseguem se entrosarem com facilidade às inovações; outros, porém, preferem se conservarem refratários a quaisquer movimentos que visem revolucionar o “status quo” vigente.

Deparamos, então, com um conflito entre duas facções (que nada tem a ver com a idade, posição social ou econômica, grau de escolaridade ou outras segmentações que são comuns nesses casos): os conservadores, representantes das velhas estruturas; e os arrojados, desejosos de erigir um novo mundo. Lamentamos o fato de, muitas vezes, essas duas facções permanecerem extremamente radicais e intransigentes em seus objetivos. Eis porque surgem lutas, às vezes, marcadas até por derramamento de sangue. E aqui sim, se reflete nas segmentações: o diálogo entre idosos e jovens, professores e alunos, pais e filhos, homens e mulheres, geralmente, resulta em fracasso ou, no mínimo, em geração de separatividade. Uma facção não reconhece os méritos do outro. Não aceitam um intercâmbio de valores. Há um terceiro caminho conciliador que uma minoria procura trilhá-lo. Os arrojados, levados pelo seu entusiasmo, refutam em utilizar as experiências e o cabedal de conhecimento do polo contrário, como base para as transformações pretendidas. Desejam prescindir de algo que eles mesmos conquistaram em vidas passadas. É impossível fugir dessa realidade. No ímpeto de ganhar terreno tendem, muitas vezes, para a violência física e psicológica: o desprezo, o egoísmo, o orgulho, a hipocrisia, o etarismo. Convenhamos: sobre a violência ninguém edifica coisa alguma, a não ser ódio, misérias e ressentimentos.

Por outro lado, lamentamos profundamente a atitude dos conservadores, pela sua teimosia intransigente em não aceitar a verdade de que tudo na vida é suscetível de uma transformação para melhor. Tudo pode e deve ser aprimorado. Aquilo que não se renova acaba por se cristalizar, perdendo sua utilidade. Inadaptar-se às novas condições é comodismo, é inercia, é apego a uma rotina agradável, porém sumamente prejudicial. Somos Espíritos Virginais da Onda de Vida humana manifestados aqui, e como tal nos encontramos acima de estruturas, de formalismos, de tradições e de convenções. Não devemos nos apegar a ninguém e a nada, a não ser a um Ideal elevado que gradativamente nos leve a perfeição: o Cristianismo Esotérico.

Pitágoras, de certo modo, tinha razão ao afirmar em seus famosos “Versos Áureos” que “o bem consiste, muitas vezes, no meio termo”. Como Aspirantes à vida superior, Estudantes de uma profunda Filosofia Rosacruz, compreendemos a necessidade de nos conservarmos sempre dispostos a aceitar todas as inovações edificantes. Não vacilemos em substituir o antigo pelo novo desde que seja para melhorar. Porém, é mister darmos o devido valor àquilo que foi construído no passado, pois constitui-se na base para as conquistas presentes, como essas se refletirão no futuro.

A renovação externa constitui uma necessidade, contudo, se encontra fundamentada na renovação interna. Jamais uma comunidade sofrerá uma benéfica transformação, se os membros que a compõem não se renovarem internamente. Se não cultivarem as virtudes Cristãs, se não aprimorarem o seu caráter, se não agirem como verdadeiros alquimistas, “transformando os metais impuros em ouro”, todas as suas realizações externas levarão a marca de suas imperfeiçoes. Tão somente construirão castelos sobre a areia.

O objetivo primordial de cada um de nós deve ser, antes de tudo, se renovar internamente. Transformemo-nos, pois em novos seres humanos, em “novidade de Espírito” (Rm 7:6). Aproveitemos a benção de estarmos renascidos aqui, nesse momento maravilhoso onde estamos sob a Órbita de Influência da Era de Aquário, estando, ainda na Era de Peixes. Ou seja: temos o dobro de lições a aprender, com o dobro de facilidades para utilizar!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – novembro/1968 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Não dê esmolas diante de outras pessoas

Não dê esmolas diante de outras pessoas

Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa, Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz tua mão direita; para que a tua esmola fique em segredo: e teu Pai, que vê em segredo, te recompensará”. (Mt 6:1-4)

Aqui encontramos também a distinção feita entre o “exterior” e o “interior”, entre a forma de conduta humana e a realidade da consciência espiritual.

O desejo de quererem ser vistos é um dos traços mais comuns dos seres humanos; esse traço pertence essencialmente à personalidade e ao velho regime de estado de separação e cumprimento externo da lei, que será descartado inteiramente sob a religião unificadora de Cristo. O altruísmo é a nota-chave da nova ordem das coisas, e toda recompensa por nosso serviço a Deus mediante o serviço a nosso próximo será somente o crescimento espiritual interno que não é visto pelos demais seres humanos.

A hipocrisia, a falsa assunção de virtude, foi tratada por nosso Mestre, que podia ler o coração e conhecer imediatamente se o ser humano era sincero. Aos hipócritas Ele lhes disse:

Comeis nas casas das viúvas, e por pretexto fazeis longas orações: por isso levareis um julgamento mais sério… dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas tendes descuidado dos preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé: isso tinha que ser feito, e não deixar o outro… limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro, estes estão repletos de avareza e cobiça… sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia”.

Felizmente, o próprio Espírito é sincero e desinteressado e, à medida que ganha domínio sobre a personalidade, ele pode dar aos outros o amor sem pensar em agradecimentos. A chispa individualizada de Deus compreende que é parte do Todo, e que a ideia separatista é uma ilusão adquirida durante a nossa permanência através da materialidade. Quando amamos e servimos aos demais mantemos o fogo interior aceso brilhantemente e dessa maneira se sente o impulso para compartilhar com outros o que temos, se não for feito pensando na aparência exterior, nós obtemos uma recompensa invisível para o desenvolvimento da consciência.

Na vida do Sir Launfal encontramos o Cristo Ideal expressado nas palavras do leproso:

“Melhor para mim é a côdea de pão que o pobre me dá,

e melhor a benção deste

Ainda que de mãos vazias de sua porta me deva afastar.

As esmolas que só com as mãos ofertadas, não são as verdadeiras.

Inúteis são o ouro e as riquezas dadas

Só porque lhe parece um dever fazê-lo.

Mas o que parte sua pobreza

E dá para quem está fora de sua vista

Esse fio de Beleza, sustentador Universal,

Que tudo penetra e o une.

A mão não consegue abarcar todas suas esmolas,

O coração estende seus braços ansiosos

Porque um Deus acompanha a doação e provê a alma

que antes estava padecendo na escuridão. ”

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross Nov-Dez/1983 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)

Idiomas