Muito se tem falado e escrito sobre o sangue redentor, derramado no Gólgota, em holocausto aos nossos pecados. Tal é a versão do cristianismo popular e não chegamos a compreender como o simples ato de derramamento de sangue de um mártir, tenha alcançado tão grande repercussão. Houve muitos mártires, antes e depois de Jesus-Cristo. Por que o sacrifício deles foi diferente? Ou estes sacrifícios não foram aceitos? Sabemos que muitos desses mártires foram canonizados e, portanto, foram reconhecidos. Qual, então, a diferença?
A explicação está no lado oculto, exposto pelo Cristianismo Esotérico. Oculto porque ainda não pode ser compreendido pela massa; no entanto, a disposição daqueles que se disponham a conhecer com mais profundidade os mistérios do Cristianismo.
O sangue é a mais alta expressão do Corpo Vital e através dele se manifesta o Espírito interno. Se, através da Filosofia Rosacruz, observamos os reinos em evolução na Terra, vemos que o sangue acompanha os níveis evolutivos.
No reino Vegetal o sangue é a seiva, cheia de força vital. Sua circulação depende do polo positivo do éter luminoso, que vem da luz solar. Na primavera e verão a circulação da seiva é ativa e promove a vida na planta, ajudando-a a retirar os meios de sobrevivência do solo, encaminhando-os para os galhos. Essa atividade é governada pelos Espíritos-Grupo dos vegetais, os Anjos, que são hábeis manipuladores da vida. Eles é que se incumbem de alimentar as partes carentes das plantas, mandando mais água às ramagens quando o demasiado calor ameaça queimá-las; e dosam a água em clima ameno. Quando vem o outono a seiva diminui e no inverno chega a paralisar-se (nos países frios) por falta de luz solar.
No reino animal, os insetos apresentam a circulação de um líquido, a linfa. Não têm Corpo de Desejos e sua ação é dirigida pelos Espíritos-Grupo dos Animais, os Arcanjos, cuja sabedoria explica a extraordinária ordem comunitária que se nota nos formigueiros e colmeias, etc.
Os animais de sangue Vermelho e frio (peixes, anfíbios e répteis) são mais evoluídos que os insetos e já possuem Corpo de Desejos separado, sentindo emoções, se bem que num grau pequeno. Menos dependentes dos Espíritos-Grupo Arcangélicos.
Os animais de sangue vermelho e quente (aves, mamíferos) sentem mais plenamente. Estão ainda menos dependentes dos Espíritos-Grupo. Os animais superiores (mamíferos), principalmente o cão, o cavalo etc., estão perto da individualização: seus espíritos individuais já estão parcialmente dentro da forma.
O ser humano passou por estágios semelhantes, pois as condições jamais se repetem, havendo a tendência geral de melhora constante, devido as espirais que se elevam.
E quando fizemos a transição para o reino humano, em fins da época Lemúrica, libertamo-nos da influência do Espirito-Grupo, o que amenizou sua orientação, passando a atuar como Espíritos de Raça. A influência do Espírito de Raça e através do ar da respiração.
Ele paira sobre a região ou país que rege, através do ar, unificando as aspirações de seus protegidos e insuflando-lhes o amor racial (nacionalidade), o patriotismo, etc. Essa transição, de Espírito-Grupo para Espírito de Raça é marcada por uma transformação sanguínea: o sangue do animal é nucleado; através do núcleo o Espirito-Grupo exerce influência direta. Quando passámos para o Reino Humano, o sangue continuou nucleado até meados da Época Atlante, porque não tínhamos o sangue quente. Só quando se liberou o ferro marciano para formarmos a hemoglobina do sangue é que preenchemos os requisitos de Espírito individualizado (laringe vertical, caminhar ereto, fígado e sangue quente). Entramos nos corpos e começamos a vida individual, eliminando os núcleos sanguíneos de influência externa e iniciando nosso livre arbítrio.
Daí por diante, na medida da evolução, o sangue se vai tornando, cada vez mais, uma expressão individualizada. Chegará a um ponto em que a transfusão será impossível, devido à elevada individualização.
O plano evolutivo se desenvolve sempre com recapitulações maiores e menores. É o que observamos. Sabemos que na fase inicial, o feto humano tem sangue nucleado, porque seu desenvolvimento depende exclusivamente de trabalho externo. Quando o espírito penetra no ventre materno, entre 18 e 21 dias após a concepção, ele começa a dissolver os núcleos do sangue, até que este seja uma expressão individual. Ao nascer, não tendo capacidade para formar os corpúsculos sanguíneos, recolhemos na glândula Timo os corpúsculos fornecidos pelo sangue de nossos pais, para servirem de base na formação do sangue individual. Por isso a glândula Timo é grande na criança que nasce. Depois, a medida que vamos utilizando a essência do sangue dos pais, até chegar a puberdade, ela vai diminuindo. Nesse período a criança, devido a influência do sangue dos pais, tem muita afinidade com eles, sente tudo o que se passa com eles: é a ligação sanguínea. Ao chegar a puberdade, a criança começa a formar seu sangue através da medula óssea e Marte começa a atuar em seu horóscopo individual, dando nascimento ao Corpo de Desejos e início à personalidade, desligando o filho dos pais e explicando porque se vai ele tornando bem diferente deles. É um período de autoafirmação e de conflitos com os pais, mormente quando estes são muito protetores. Ao chegar aos 21 anos (início da capacidade mental individualizada), a Mente regula a temperatura sanguínea para estabelecer normalidade na ação do Espírito interno.
Esta fase, do nascimento à maioridade (21 anos) é uma recapitulação do período evolutivo em que, libertados da ação do Espírito-Grupo, tínhamos, contudo, a influência familiar muito forte. Havia a endogamia (casamento em família, união entre irmãos). O sangue era comum, homogeneizado, para conservar a união da Tribo. Isto fazia com que fôssemos clarividentes involuntários: através do sangue comum guardávamos a lembrança dos ancestrais desencarnados, conservando essa linha de experiência da Tribo (daí a palavra linhagem). Isso explica porque a Bíblia afirma terem os patriarcas vivido centenas de anos. Não que pessoalmente tenham vivido tanto; é que suas experiências se conservaram através dos descendentes.
Quando o casamento começou a ser feito fora da tribo, essa memória interna desapareceu e se diz que os Patriarcas (os cabeças das linhagens) ”morreram”. Desde em tão o casamento em família foi considerado com horror e no Oriente proibiam uniões de parentes próximos, estabelecendo que os primos se chamassem irmãos, para que, na convivência, não pensassem em casamento. No entanto, alguns povos persistiram algum tempo no hábito da endogamia (casamento dentro da Tribo), o que retardou a sua evolução. Os ciganos, com esse hábito, até hoje guardam certa clarividência negativa.
Enquanto essa influência tribal era diluída aos poucos, ainda seus membros tinham certa ligação entre si. Um sinal dessa ligação é o hábito dos sufixos: ”son”, “daughther” (Johnson, Stevenson, Mary-daughter). Pela influência do sangue, a família estava acima do indivíduo e este se sentia, antes, um filho de fulano, do que ele próprio.
Nas Américas não temos Espírito de Raça. Estamos exercitando uma individualidade sadia, não movida pelo egoísmo separatista, em detrimento da ordem social e dos interesses familiares, senão uma ação individual autêntica, fraternal e colaboradora, pela união divina e não sanguínea, como objetiva o Cristo: “um só rebanho e um só pastor” – uma família universal, pelos laços do Cristo interno que identifica superiormente os homens, acima dos preconceitos e influências do sangue, da raça, da cor, da classe, da religião etc.
Que a evolução pode ser contada pela história do sangue, é uma experiência que hoje podemos comprovar em laboratório, pela hemólise: se inoculamos sangue humano em uma ave, ela sucumbe, porque a consciência humana, muito mais evoluída, presente no sangue inoculado, no esforço de afirmar-se e libertar-se, mata a ave, incapaz de superá-la. Que a consciência ou alma está no sangue, a Bíblia o confirma em Levítico 17:14: “A alma de toda a carne está no sangue”. Ora, se a alma é a expressão de nosso nível evolutivo e está presente no sangue, compreendemos que o sangue se transforma na medida de nossa evolução. Ainda mais, todo nosso comportamento se reflete no sangue. Harvey, o descobridor da circulação sanguínea, afirmou que uma circulação deficiente ocasiona enfermidade. O ocultismo vai muito além. Ele diz que uma vida moral, sadia, otimista, torna o sangue limpo e ativo. Contrariamente, uma vida imoral, pessimista, ansiosa, suja o sangue e torna a circulação pobre. A astrologia confirma que os bons Aspectos de Júpiter e Vênus asseguram boa circulação arterial e venosa, enquanto os Aspectos adversos indicam sangue pobre, sujo, circulação deficiente.
Ora, Júpiter rege a benevolência, o otimismo, o altruísmo, o idealismo, etc. Vênus governa a coalizão, o amor, a compreensão, a adaptabilidade, etc.
Se o sangue é puro e a circulação ativa, a ação do Espirito nos corpos é muito mais eficaz e sua evolução mais rápida. Como a memória está no sangue, que registra as cenas pelo éter da respiração, ao pensar o sangue aflui ao cérebro e leva para lá todas as imagens d’a memória, possibilitando um perfeito correlacionamento de ideias e de recursos internos. Um sangue puro defende perfeitamente o sistema, promove normal digestão e assegura harmonia geral do corpo. Como decorrência, sendo a mais alta expressão do Corpo Vital, começamos a torná-lo mais positivo e refinado, podendo ter acesso à memória supraconsciente e de lá trazer ao coração, como intuição, a sabedoria interna.
E o sangue impuro? Cheio de impurezas, de medo, de ira, frequentemente provoca anormalidades físicas, morais e mentais. O medo retrai o sangue para o interior do corpo, provocando a palidez, fazendo cair a temperatura do sangue até a ponto de expulsar o Ego. A ira esquenta o sangue e igualmente chega a expulsar o Espirito interno, que não pode agir senão em equilibrada temperatura sanguínea, já que seu ”assento” no corpo é o sangue.
O tema do sangue assume, assim, um caráter geral. O sangue redentor deve acontecer em cada um de nós, pela gradual libertação de todos os fatores externos. Em tal ascese, nossa consciência se expande e ocorre uma transformação física: o coração começa a formar estrias e a tornar-se cada vez mais controlado pelo Corpo Vital, ou melhor, controlado pelo Cristo interno que atua do Espirito de Vida, através de sua contraparte, o Corpo Vital. Então o Cristo interno poderá dirigir a circulação sanguínea para ‘os centros espirituais e a desvia-la dos centros do egoísmo, para redimir-nos da “queda”.
De fato, quando o gênero humano descambou, houve uma transformação em seu sangue e circulação. O sangue passou a fluir mais para o hemisfério esquerdo, onde estão os centros do egoísmo, do personalismo. A isto a Bíblia refere alegoricamente, dizendo que queríamos construir uma torre que fosse até o céu: a torre de Babel.
Babel ou Babilônia significa contusão, que o Senhor estabeleceu entre os trabalhadores da Torre, para que não pudessem termina-la, fazendo com que cada um falasse uma língua diferente. Quer dizer: jamais podemos alcançar a realização espiritual (o céu) através do meio separatista do egoísmo (a língua do personalismo).
Com a libertação individual, que afeta o sangue, o coração, dirigido pelo Divino interno, poderá aos poucos alimentar com o sangue os centros de altruísmo localizados no hemisfério direito cerebral, que esotericamente chamamos: ”A Nova Jerusalém” – o novo lugar de onde nos virá a paz interna. Essa Nova Jerusalém é citada no livro da revelação de João Evangelista (Apocalipse) como “a noiva ataviada que desceu dos céus” para o casamento com o cordeiro (requisito para a Iniciação).
Através dos graus Iniciáticos menores o sangue sofrerá ainda outras mutações, até que desapareça todo vestígio de humanidade, de ignorância, de erro. É o símbolo da degola de João Batista, quando foi sucedido pelo Cristo. Enquanto estivermos na personalidade (João Batista) deveremos nascer do ventre materno (nascer da água da placenta). É o iniciado menor, “chamado filho de mulher.
“Dos filhos de mulher – disse Cristo – João Batista é o maior” (quer dizer que ele devia ter alcançado a 9ª Iniciação Menor). “Mas o menor no Reino dos Céus (a primeira Iniciação Maior, já é ”Filho do Homem”, porque não tem mais necessidade do ventre materno para formar seus veículos: domina as leis da Terra e manipula as forças do metabolismo para constituir seus veículos, por método alquímico) é maior do que João”.
Voltando, agora com estes recursos de compreensão, ao sangue redentor de Jesus-Cristo, que tinha ele de diferente?
Jesus, embora tenha nascido de Maria, passou pelas Iniciações Maiores no seu preparo de 30 anos. Era o Ser mais evoluído entre nossa humanidade. Com isto ele atingiu o centro de nosso Planeta e entrou em ligação com o Espírito Planetário. Só Ele podia ter um sangue, cuja consciência podia servir de veículo ao Cristo para adentrar nosso Planeta, até o Centro e, de lá o Cristo purificar este Globo conspurcado pelas paixões acumuladas dos homens. Nenhum outro sangue poderia fazê-lo, porque a evolução está no sangue e a consciência de Jesus tinha atingido o Centro do Globo. Logo, só este sangue poderia servir de veículo ao Cristo, no grande ato redentor da humanidade. E aquele Corpo Vital sublime permaneceu, para meio de ingresso ao planeta, quando o Raio Crístico retorna pelo Natal, todos os anos.
Se você, caro leitor (a), estudou mesmo o ”Conceito Rosacruz do Cosmos”, poderá meditar proveitosamente sobre este artigo, a fim de ponderar a grande responsabilidade de sua vida, de seus pensamentos, emoções, palavras e ações, na espiritualização de seus corpos, na transubstanciação de seu sangue, até que possa atingir o centro mesmo de seu SER.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro de 1976)
Liberdade ou Direito de ser Livre
“Livre vontade não é a liberdade de fazer o que quiser, senão o poder de fazer aquilo que deve ser feito, mesmo que seja contrário a um violento impulso. Eis aí, em verdade, o que é Liberdade” – K. B. MacDonald.
A liberdade que ganhamos pela obediência às leis é a única que conta. Se ESCOLHERMOS obedecer às leis, não podemos perder nossa liberdade. Porém, o ser licencioso e insultar à lei da terra, fará com que percamos nossa amada liberdade. O objetivo das leis na terra é dar o direito de ser livres a todos para a execução de nossas atividades, com segurança. É mais importante ainda considerar as Leis de Deus na natureza, pois elas tornam possível a evolução. Estamos num estado de mudança constante e, a seleção do justo ou errado pode mudar nosso destino. Não há descanso no caminho que nos conduz para o Criador.
Quando compreendemos o que é justo e verdadeiro, trabalhando constantemente para chegar à nossa meta, nosso progresso não será perturbado por repetidos erros e não teremos muito que retificar.
Então usaremos nosso tempo na Terra, que parece curto, trabalhando pela libertação do espírito.
Quando um Ego se acha pronto para retornar à Terra, se lhe permite escolher entre distintas vidas, porém uma vez feita a escolha não pode haver evasivas no que se refere aos acontecimentos principais durante essa vida particular na Terra. Temos livre vontade no que concerne ao futuro, porém o destino maduro está envolto na vida que escolhemos e não poderá ser evitado. O ser humano pode exercitar o livre arbítrio em muitos casos, porém se acha atado pelo destino que formou pelas dívidas criadas em vidas anteriores.
As grandes Inteligências, que têm a seu cargo esse assunto, sabem que requisitos são necessários para o ajuste de nossas obrigações. Entre as múltiplas relações que tivemos no passado, eles selecionam certo número de possíveis existências. Essas são mostradas ao Ego que está pronto para renascer e, portanto, pode selecionar uma ou várias delas. Escolhe, entre todas essas oportunidades, as que estão disponíveis no tempo particular desse renascimento, e amiúde existem grandes quantidades dessas oportunidades.
Uma vez feita a seleção, a vida do Ego seguirá a linha escolhida, porém: “não nos deixemos enganar pela ilusão de que o destino nos impele a agir mal em todo o tempo. A lei trabalha sempre, e apenas, para o bem, e o mal, em cada vida, é o primeiro a ser expurgado depois da morte, e apenas a tendência de fazer o mal em particular permanece com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo de expurgação”. Não existe nunca a obrigação de fazer o mal.
É bom saber, e isso deve dar-nos uma certa firmeza em nossos esforços para resistir ao mal, pois nunca somos destinados para fazer o mal, senão que, cada ato mal feito, é um ato de livre vontade. Nossa consciência nos avisa, e somos livres para resistir, sempre que elejamos, entre o justo e o injusto. Nossa consciência nos impele para frente, para fazer tudo o que é construtivo e bom, pois a consciência é o resultado da dor e sofrimento experimentados em vidas anteriores.
Um fator muito importante e evidente em nossas múltiplas existências é a Epigênese. Brota do livre arbítrio e se manifesta como ação original. Essa divina e criadora atividade é a base da evolução da humanidade. A medida que o tempo avança haverá mais e mais oportunidade para esse divino atributo.
Parece ser, então, que estamos sujeitos a fatos maiores, porém, temos liberdade nos detalhes de nossas vidas, isto é, que temos muita liberdade no modo em que desejamos aprender nossas lições, sempre que, em verdade, as estejamos aprendendo, e existe a oportunidade para um trabalho novo e original, o qual chamamos Epigênese.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental promovem a liberdade pessoal dos indivíduos quando seguem os Ensinamentos da Filosofia Rosacruz. Ninguém deve obedecer a mestres, cada qual deve seguir seus próprios ditames internos. Aqueles que aspiram conhecer os ensinamentos internos e vivem no Mundo Ocidental não podem encostar-se ou depender de mestre ou guias. Não tendo um mestre sobre o qual encostar-se, o estudante tem que obter poder espiritual por sua própria iniciativa. Portanto, é óbvio, que cada qual tem que assumir a responsabilidade de suas próprias ações. Como existiria muito pouco progresso sem essa responsabilidade que mencionamos, devemos desejar assumi-la, sempre que aparecer a oportunidade. Desde logo, temos que estar certos em cumprir com as tarefas que se nos apresentem.
Quando fazemos o melhor que podemos e admitimos que as consequências de nossas próprias ações são nossas mesmo, ainda assim cometemos erros no cumprimento de nosso dever, então podemos aprender muito e ganhar em compreensão. Um coração compreensivo é muito desejável e difícil de se obter.
Desde o tempo em que a humanidade surgiu da densa atmosfera da Atlântida, entrou no mundo como um agente livre, com expressão das leis da natureza e de seu prévio e próprio destino adquirido. Desde então, o ser humano teve que aprender a se sustentar por si mesmo. Isto não é adquirido facilmente. Mais e mais reponsabilidades têm sido colocadas sobre seus ombros. Manter-se por si e assumir as consequências de suas próprias ações pode, às vezes, não ser muito agradável, porém é inevitável. Para desenvolver nossos poderes latentes espirituais, e assim tornar-nos ativos, temos que trabalhar, e enquanto trabalhamos temos que orar, pois assim nos manteremos em contato com os Mundos Superiores e receberemos a força necessária para seguir adiante.
O desenvolvimento futuro da humanidade dependerá mais e mais de sua própria iniciativa, e isso só leva a cabo quando o ser humano é livre. No princípio da evolução do ser humano, este vivia em pacífica ignorância, porém, desde que cresceu em conhecimento, começou a compreender muitas coisas. Durante inúmeras vidas aprendeu pela experiência e assim trocou sua ignorância pelo conhecimento da virtude.
O estudante sincero sabe, em seu interior, que o maior ladrão de sua liberdade é o tornar-se escravo de seus próprios desejos e apetites, e lamenta como São Paulo: “Porque o bem que quero, isto não faço; mas o mal que não quero, isto eu faço”. Para nos convertermos em verdadeiramente livres, temos que trabalhar pela nossa própria salvação, utilizando os poderes latentes, para o bem da humanidade.
Existem seres nos Mundos superiores sempre prontos para ajudar, se puderem fazê-lo, sem tirar esse nosso direito de liberdade. Copiando Max Heindel, no Livro: “Carta aos Estudantes”: “…porque embora ninguém possa interferir com o livre arbítrio da humanidade, e embora seja contrário ao plano divino o coagir, de alguma maneira, para que alguém faça o que não quer fazer, não existem barreiras contra as sugestões em assuntos que a ele possam agradar. É devido à sabedoria e ao amor desses grandes seres que o progresso em linhas humanitárias é a palavra de aviso de hoje em dia”.
O Mineral, a Planta e o Animal, todos os reinos, estão sujeitos à vontade dos Espíritos-Grupo; o ser humano é o único que possui livre vontade e iniciativa. À medida que o tempo avança, ele se fará cada vez menos susceptível às influências externas. “A Liberdade, é a herança mais preciosa da alma”, e podemos fazer pleno uso dessa herança sempre que sejamos cuidadosos em não interferir com o direito dos demais.
À medida que nossa consciência se desenvolve, temos que aprender a fazer o que é justo, conscientemente e de nossa própria vontade. Pode ser que seja necessário, para um Ego, selecionar uma vida cheia de duras lições para aprender, e essa nova existência pode estar cheia de calamidades, porém, ele pode escolher entre viver essa mesma vida honestamente e com humana dignidade, ou chafurdar-se na lama de modo vergonhoso. Ninguém pode interferir no modo em que ele trabalha em seu destino.
Copiando Max Heindel nas Cartas aos Estudantes: “Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor é a Luz do mundo”, e “onde está o Espírito do Senhor, aí há Liberdade” (IICo 3:17).
“Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus Discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Joa 8:31-32).
(Publicada revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/86)