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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Breve Síntese Astrológica

Parece-nos conveniente fazer uma síntese da mensagem estelar, pois a falta desse conhecimento ocasiona, com frequência, alguma confusão ao Estudante Rosacruz, especialmente àquele que não estuda a Astrologia Rosacruz.

Sabe-se que os novos astrólogos se impressionam com as contradições. Quanto mais brilhante seja a sua inteligência, tanto mais profundo é o seu sentimento de mal-estar e de impotência diante delas.

Algumas vezes, na impossibilidade de conciliar uma influência indicada no horóscopo com outra diametralmente oposta, eles se tornam sarcásticos e céticos. Por exemplo: o Sol está em Leão, em Conjunção com Vênus; ao mesmo tempo Saturno se encontra na 5ª Casa. Segundo a Conjunção do Sol com Vênus, o nativo deveria ter a tendência em ser de uma natureza ardente e apaixonada, com grande magnetismo para atrair o afeto das pessoas do sexo oposto. Ao mesmo tempo, a presença de Saturno na 5ª Casa prevê tendências a desenganos no amor. À primeira vista essas indicações parecem contraditórias.

Outro exemplo: se Vênus está fortificado por um Trígono com Urano, fornece à pessoa a pureza de um Anjo. Mas, se, simultaneamente, Vênus está em Quadratura com Marte, ficamos desconcertados com a tendência a um extremo sensualismo.

A Filosofia Rosacruz nos fornece a chave desses prognósticos contraditórios (aqui está a importância de se conhecer o básico da Filosofia Rosacruz, assim como o motivo pelo qual o Estudante Rosacruz deve primeiro fazer o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz!), e a arte da síntese astrológica nos ensina a avaliar e a extrair o que há de verdade no simbolismo horoscópico. Se fosse possível achar um horóscopo sem indicações contraditórias, isso significaria que a pessoa nascida sob tal gênero de influência perseguiria durante sua vida inteira um certo modo de agir, inteiramente bom ou inteiramente mau, sem possibilidade de se desviar dessas influências. Se os Astros o impulsionassem ao caminho da retidão, sua integridade seria tão forte que nem sequer por um instante a tentação para agir mal teria guarida em seu consciente. Mas, pelo contrário, se os Astros o impelissem a vis ideais, as aspirações elevadas nunca poderiam penetrar em sua alma tenebrosa.

Os terrores da horrível teoria da escolha e da predestinação, por certo, nada seriam comparados com essa condição. Se ela realmente existisse, o desenvolvimento da Alma (produto do trabalho do Ego nos Corpos e que alimenta justamente o Tríplice Espírito, o próprio Ego) se tornaria impossível, pois, nesse caso, não havendo tentações para cometer o mal, não se adquiriria mérito algum manter-se numa vida de retidão; igualmente, se fôssemos irresistivelmente empurrados para o mal, ninguém teria direito de censurar-nos.

A faculdade de livre arbítrio, o poder escolher livremente, é uma condição essencial no desenvolvimento da Alma. Essa faculdade provém, justamente, das influências contraditórias inscritas no horóscopo. Graças a esse fator desconcertante e à vontade (do Ego, o primeiro princípio da Deidade) que nos sobrepõe ao horóscopo, é que existe um raio de esperança de vencermos as configurações, por mais aflitivas que sejam.

O bem está sempre pronto para lutar contra o mal. A vitória conquistada contra as tentações, comunica um mérito maior ao bem.

Assim, a Quadratura de Vênus com Marte nos incita à prática do mal, porém, o Trígono de Urano com Vênus nos provê da força necessária para dominar as paixões e adquirir a pureza.

Oxalá possamos utilizar as Quadraturas e Oposições que nos afligem, como alavancas de progresso que nos ergam à formação dos Trígonos, cujo valor saberemos, então, apreciar.

(Por Max Heindel, Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1978-Fraternidade Rosacruz-SP)

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Encarnações Divinas e o Primeiro Dia da Criação

No desenvolvimento da vida orgânica e do ser espiritual são necessários sete vastos Períodos geralmente chamados de dias criadores (ou Dias da Criação), abrangendo em sua totalidade todo o Ciclo Criador. Cada um desses Dias é seguido por uma Noite de duração proporcional durante a qual as experiências do Dia anterior são revisadas e sua essência é reunida ao enriquecimento da alma.

Se quiser saber mais sobre esse assunto é só clicar aqui: Encarnações Divinas e o Primeiro Dia da Criação

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Teologia Cósmica – Por um Estudante – Fraternidade Rosacruz

A base da Teologia Cósmica é que os Planetas são constituídos por uma Hierarquia de divindades subordinadas, cada uma com seu próprio Espírito inerente, e o Sol é o Pai Divino de todos.

A Teologia Cósmica abarca nesse Sistema Solar todos os organismos vivos que habitam os Planetas, cada um dos quais sendo uma imagem microscópica ou semelhança do Todo, o que é especialmente verdadeiro para a humanidade. O pensamento é o seguinte: todo o sistema, visto como unidade, é a Deidade em sua totalidade, no sentido cósmico, chamado macrocosmo ou ordem cósmica e universal, o todo-abrangente; e o ser humano, uma miniatura do todo, é um microcosmo.

1. Para fazer download ou imprimir (e ter acesso as figuras, que muito ajudam na compreensão):

Teologia Cósmica – Por um Estudante – Introdução

Teologia Cósmica – Por um Estudante – A Ideia Teísta

Teologia Cósmica – Por um Estudante – Quem é Deus?

Teologia Cósmica – Por um Estudante – O Sol, a Criação e a Relação com o Ser Humano

Teologia Cósmica – Por um Estudante – O Ser Humano é Intimamente Semelhante a Toda Vida Abaixo dele e a Toda Vida Acima Dele

Teologia Cósmica – Por um Estudante – Qual é a fonte dos elétrons, ou substância espiritual, e dos vários planos de consciência?

Teologia Cósmica – Por um Estudante – O Sol e o Deus Pai-Mãe

Teologia Cósmica – Por um Estudante – O Dia de Saturno

Teologia Cósmica – Por um Estudante – O Mal é uma Crença Fixa e Falsa da Mente Mortal

Teologia Cósmica – Por um Estudante – A Involução, a Evolução e a Epigênese

Teologia Cósmica – Por um Estudante – Os Ciclos e os Planos de Consciência

Teologia Cósmica – Por um Estudante – Encarnações Divinas

Em publicação…

2. Para estudar no próprio site:

INTRODUÇÃO

O Sistema Solar, como o próprio nome indica, é uma combinação de partes que formam uma unidade, um todo: um ajuste ordenado de acordo com uma lei comum, um grupo de Planetas ou Mundos tão relacionados entre si que indicam método em sua formação e movimentos. Como Sistema Solar, é completo em si mesmo, embora possa estar relacionado a outros Sistemas Solares em harmonia consigo próprio e apesar de todos os seus subsistemas, combinados, constituírem um Sistema maior. Sendo um Sistema de mundos, é cientificamente organizado e forma a base da Ciência da Astronomia. Ou seja, não sofre variabilidade, de modo que, se suas leis forem descobertas, poderemos saber exatamente o que procurar e nunca ficaremos desapontados com as expectativas.

A palavra “solar” designa o caráter do sistema e como esse adjetivo se refere ao Sol, indica que o Sistema Solar é dominado pelo Sol. A ciência afirma que o Sol originou e controla o Sistema Solar. Se o Sol puder ser visto como pai, este seria o nome da família: a família Solar.

O Sistema Solar está repleto de vida e movimento, eternamente em movimento, e a pergunta que devemos responder é esta: qual é sua causa? Três respostas são dadas. O ateísmo sustenta que esse processo é totalmente fortuito, o resultado de um mero acaso. Os teístas da escola exotérica consideram que os Planetas são compostos de matéria inerte, impulsionados e guiados em seus movimentos por um Ser inteligente e todo-poderoso que chamam de Deus, assim como o motor controlado pelo engenheiro impulsiona o maquinário da fábrica. Os teístas esotéricos afirmam que cada Planeta é um organismo vivo e possui alma inteligente, ela mesma a criadora ou geradora da forma, guiando-a em todos os seus movimentos, do mesmo jeito que o ser humano é uma alma viva que originou seu corpo e controla suas atividades. Essa última ideia é a base da Teologia Cósmica: os Planetas são constituídos por uma Hierarquia de divindades subordinadas, cada uma com seu próprio Espírito inerente, e o Sol é o Pai Divino de todos.

Contudo, a Teologia Cósmica vai mais longe e abarca nesse Sistema Solar todos os organismos vivos que habitam os Planetas, cada um dos quais sendo uma imagem microscópica ou semelhança do Todo, o que é especialmente verdadeiro para a humanidade. O pensamento é o seguinte: todo o sistema, visto como unidade, é a Deidade em sua totalidade, no sentido cósmico, chamado macrocosmo ou ordem cósmica e universal, o todo-abrangente; e o ser humano, uma miniatura do todo, é um microcosmo.

Então, se o ser humano é uma miniatura de todo o Sistema Solar, ele é o Sol, a Lua e os Planetas, tudo dentro de sua composição. Isso está de acordo com a Lei da Correspondência, reconhecida por todas as grandes Religiões do mundo e expressa nos Livros sagrados delas. Nossa Bíblia declara que Deus criou o ser humano à Sua própria imagem e semelhança. Se o ser humano é uma miniatura do todo, seu corpo inteiro pode ser adequadamente comparado ao espaço ocupado por todo o sistema, em miniatura, dividido em doze Signos ou Casas, desde Áries, na cabeça, até Peixes, nos pés. Ele é, então, uma Deidade em miniatura, em si própria, superior e inferior, com todo o seu corpo como o parque dos deuses, sendo o mundo em que vivemos o campo de operação, expressão e o teatro da experiência e evolução.

Como uma divindade minúscula, cada um de nós é um deus cósmico em formação; portanto, a missão que nos foi dada é desenvolver nossa individualidade para adorar em casa o deus centralizado em seu próprio ser; isto é, amar a Deus em espírito e verdade como somos ordenados pelo grande Mestre. Isso significa idealizar o Eu divino, o Ego, pela adoração, em tudo o que Ele representa, elevando o ser humano inteiro a esse ideal.

A humanidade nunca poderá ser o seu melhor nem atingir suas altas ambições em nenhuma esfera, submetendo sua vontade à de outro e isso é uma característica tanto na Religião quanto no mundo prático. Assim, a Bíblia nos proíbe de adorar o exército celestial, não porque não seja feito de divindades cósmicas, mas porque adorar qualquer ser externo é idolatria, mesmo que seja Jesus Cristo, que proibiu seus Discípulos de adorá-Lo. Todos os deuses lá fora são apenas símbolos, incluindo o Cristo, cujo ofício é ajudar, mas não controlar. Ceder à vontade de Deus, então, significa obedecer ao melhor de nós mesmos.

Todo esse assunto é um grande mistério. Os religiosos comuns descartam o místico e seguem a letra, principalmente porque não são suficientemente desenvolvidos para compreender a verdade interior e mais profunda. Eles são educadores de jardim de infância, em sua Religião: puramente elementares; contudo, não devem ser desprezados ou combatidos mais do que as crianças devem ser pelos graduados das universidades. A Lei é esta: primeiro, o natural; depois, o espiritual. No entanto, a adoração em espírito e verdade abraça o místico. São Paulo, o principal místico entre os Apóstolos, declarou que “Grande é o mistério da piedade, Deus Se manifestou em carne.[1]. Mais de uma vez ele disse que o grande mistério, escondido desde a fundação do mundo, fora-lhe revelado, que era “Cristo em vós, a esperança da glória[2].

Já foi dito que “um ser humano honesto é a obra mais nobre de Deus[3]; no entanto, Robert Ingersoll[4], invertendo o ditado, disse que “um Deus honesto é a obra mais nobre do ser humano”. Isso implica um conceito idealizado sobre a Divindade. Essa é a maneira usual de se pensar em Deus, o processo indutivo de argumentar que parte do efeito para chegar à causa. E não estaria incorreta, se o ser humano soubesse completamente e se controlasse perfeitamente. Entretanto, o procedimento a ser seguido é fazer o pensamento macrocósmico crescer, o que, como foi mostrado, é uma ciência e, portanto, absolutamente correto tanto em sua natureza quanto influência, para depois aplicá-lo ao microcosmo. As divindades cósmicas serão consideradas símbolos a serem seguidos, como aqueles que em outras épocas venceram a corrida, alcançaram seus destinos e, agora, como Irmãos Maiores, estão nos ajudando na corrida para alcançar um destino semelhante.


[1] N.T.: ITm 3:16

[2] N.T.: Cl 1:27

[3] N.T.: Alexander Pope (1688-1744) foi um dos maiores poetas britânicos do século XVIII. Famoso por sua tradução de Homero, da obra An Essay on Man (Ensaio sobre o Homem), Epistle IV, line 248 (1733-1734)

[4] N.T.: Robert G. Ingersoll (1833-1899) foi um livre pensador, orador e líder político estadunidense do século XIX, notável por sua cultura e defesa do agnosticismo.

A Ideia Teísta

A palavra Religião, de religare, ligar de novo, ligar de volta ou ligar rapidamente, significa ser ligado de novo ou ligado firmemente a Deus; e Teologia, a palavra de Deus, ou um tratado sobre Deus, indica que a concepção teísta está no fundamento da Religião e da Teologia. Quem é, o que é e onde está Deus são questões que têm interessado nossa raça mais profundamente do que qualquer uma outra ou do que todas as outras.

Existem duas ideias principais relativas a esse assunto: a antropomórfica e a cósmica. A antropomórfica também pode ser cósmica, mas de acordo com aqueles que afirmam essa ideia, ele não é. Deus é pensado como um grande Ser semelhante ao ser humano tanto em forma quanto em características, possuindo todas as paixões e desejos do ser humano, como raiva, ciúme, etc. Essa é uma concepção muito grosseira e indigna. Acredita-se que ele possua, no entanto, todos os atributos naturais e geralmente atribuídos à Deidade, como onipotência, onisciência e tudo mais, de modo que seja capaz de criar o universo, ou a ordem cósmica, de forma espontânea e sustentá-lo em seus movimentos.

O universo é pensado como matéria química e inerte — órgãos e não organismos; e todas as coisas que existem foram feitas do nada, imagina-se. Entre os antropomórficos existem duas ideias sobre onde Deus está. A classe teísta sustenta que Deus está dentro da Sua obra, fazendo com que Seu universo execute seus movimentos, em estreita analogia com o princípio do relógio cuja mola, que mantém as peças em movimento, está dentro e faz parte do mecanismo.

A classe deísta sustenta que Deus está distante dos mundos, fora do universo cósmico, assim como um oleiro está distante dos vasos que suas mãos criaram. Em ambos os casos, Deus é pensado como tendo, de alguma forma misteriosa, dado corda à maquinaria depois de tê-la feito e colocado em funcionamento; então caiu em um estado de transe, acordando apenas periodicamente para rebobinar as molas, por assim dizer. Essa é uma concepção extremamente mecânica e materialista, desprovida de qualquer ideia de vitalidade inerente à ordem cósmica.

Segundo os teístas exotéricos, o ser humano é considerado puramente humano, como um ser caído, perdido e indefeso, dependendo inteiramente de agentes estranhos, salvo pelo método vicário e imortalizado apenas como uma dádiva de Deus.

A outra ideia principal da Deidade é a concepção cósmica: a ideia de que o próprio cosmos é a expressão externa de Deus, assim como o corpo humano é a expressão externa do indivíduo, o ser espiritual; que todas as coisas foram geradas em vez de criadas e que, portanto, consistem de substância divina, sendo cada átomo dela permeado pelo Princípio da vida e que, de fato, não há inércia em parte alguma. Essa concepção cósmica de Deus implica a proximidade, ou omnipresença em todo o espaço, com todos os outros atributos, tanto naturais como morais e espirituais, inerentes ao cosmos.

Tem-se afirmado que essa ideia nos veio dos adoradores da Natureza, que concebiam que todo objeto na natureza possuísse alma, e de escritores como John Fisk ou outros. A adoração da natureza era pura superstição. O próprio Fisk é um defensor do teísmo cósmico, mas não no sentido puro e esotérico, nem no verdadeiro sentido cósmico. Fisk viveu e escreveu antes da descoberta do rádio, essa descoberta maravilhosa que revolucionou a ciência e a aproximou do misticismo.

Esses antigos adoradores da natureza, embora muito simplistas no que diz respeito à vida objetiva e, portanto, à civilização moderna e ao pensamento concreto, foram pensadores muito profundos no contexto da vida subjetiva e, de certa forma, perceberam a sabedoria que hoje harmoniza a ciência com as verdades divinas.

O antropomorfismo grosseiro, como referido acima, é o resultado lógico dos ensinamentos de Agostinho, o teólogo latino, que introduziu a cunha no esoterismo do Cristianismo primitivo, causando a degeneração do sistema cristão e lançando as bases do romanismo e do moderno Cristianismo ortodoxo. Essa heresia tem causado o conflito entre a ciência e o, assim chamado, Cristianismo. Esse aspecto da verdade se opôs diretamente a todas as descobertas da ciência moderna, como, por exemplo, àquela que revelou que o Sol seja o centro do nosso sistema solar, que a Terra gira em torno do Sol e descoberta newtoniana da lei da gravitação; além disso, à teoria da evolução e à do renascimento, como mantidas pelos místicos. E muito mais. O verdadeiro misticismo e a verdadeira ciência concordam absolutamente entre si; pois Deus, o autor de ambos, não pode Se contradizer.

Quem é Deus?

Tendo afirmado o fato de que Deus não é local, mas universal quanto à sua presença, tentaremos agora responder à pergunta: “quem é Deus?”.

Embora universal, Deus é centralizado, caso contrário Ele não poderia ser uma força dinâmica. Um organismo é essencial para a organização e para o poder dinâmico. A eletricidade, permeando o espaço, é apenas uma força estática; mas atrelada a um dínamo ou a uma nuvem de trovão, é uma força poderosa para a construção ou a destruição, para o bem ou para o mal. Todo organismo é um dínamo. A Divindade criativa ou operativa não é exceção a essa regra.

A forma do Deus criador é a do ser humano; pois de acordo com o relato bíblico da criação do ser humano, ele foi feito à imagem e semelhança de Deus. A esse respeito, Deus é antropomórfico. O que então, na natureza, responde a tudo o que foi dito sobre a imagem e a forma da Deidade em Seu sentido mais amplo e universal? Poderíamos dizer todo o céu estrelado, geralmente referido como o Zodíaco ou as constelações.

O astrônomo Herschel, após uma longa e cuidadosa investigação, declarou que o Zodíaco tinha a forma do ser humano. Todas as pessoas estão acostumadas a dizer que a ordem universal é uma manifestação de Deus; mas, para ser assim, ela deve ser o corpo em que Ele reside, pois o organismo físico do ser humano é a manifestação do ser humano interior. Não se poderia dizer que a ordem cósmica é uma manifestação da Divindade, considerada simplesmente obra de Sua mão, assim como não poderíamos dizer que qualquer mecanismo é a manifestação do mecânico que o inventou. Assim, o grande orbe central de todo o universo seria o coração da Deidade Cósmica Universal.

Em seu sentido mais restrito, como os místicos da Terra estão acostumados a pensar em Deus, Ele é o coração central do nosso Sistema Solar, o Sol. Todo o Sistema Solar, considerando-o como uma unidade, é a manifestação da Deidade, mas o Sol central é o coração e o princípio da vida. O salmista hebreu, Davi, declarou: “Jeová Elohim é um Sol e um escudo[1]. Esse pensamento corresponde à ideia sustentada por todos os antigos religiosos, abrangendo os hebreus e os primeiros Cristãos. E na moderna adoração ortodoxa do Filho de Deus, o Sol é reconhecido como a Divindade. O Cristo é reconhecido como o Logos ou Deus criador por Quem todas as coisas foram feitas; mas, como foi mostrado, criação é geração e tudo constitui a expressão externa do Logos, o Filho de Deus. A demonstração dessa concepção cósmica da Deidade vem a seguir.

O Sol

O Sol, como é conhecido pelos astrônomos modernos, é um imenso globo de matéria química, incandescente, quentíssimo; tão quente de fato, em sua superfície, que dissocia a substância que o compõe em Éter altamente atenuado, de modo que os vapores descendentes se tornam simples ou homogêneos; ascendendo da superfície, esse Éter torna-se diferenciado e complexo, uma massa concreta. É apenas nas regiões mais frias da sua atmosfera que os vapores, semelhantes aos da Terra, podem existir: quando estão mais próximos dos confins da coroa, esses vapores dão lugar a partículas e massas sólidas.

O diâmetro dessa vasta esfera é, em torno, de1.372.609,5 quilômetros e ela tem, em torno, de 4.023.360 de quilômetros de circunferência. É uma esfera perfeita, não achatada nos polos como a Terra (que não é esférica, mas geoide). Em volume excede a Terra 1.252.700 vezes. Sua densidade média é apenas um quarto da densidade da Terra; sua massa é, em torno, de 816.000 vezes a da Terra ou 700 vezes maior que a de todos os Planetas juntos.

Seu peso é, em torno, de 384.000 vezes maior que o do nosso Planeta natal. Como força elétrica dinâmica, estima-se que seja equivalente a 543 bilhões de motores a vapor de 400 cavalos de potência cada, ou 217 trilhões e 200 bilhões de cavalos de potência. Sua força principal é elétrica ou positiva, embora também tenha uma força negativa ou magnética. Seu campo magnético é apenas três milésimos tão intenso quanto o da Terra, de modo que, apesar de sua massa, possui um campo magnético comparativamente pequeno. Sua cor é branca; mas a luz que atinge a Terra tem um tom amarelado ou dourado que é causado por sua passagem pela nossa atmosfera.

Sua gravidade na superfície excede a da Terra em vinte e sete vezes e meia. Sua rotação axial, ou duração do dia, equivale a vinte e sete dos nossos dias mais dez horas e quatro minutos. Sua distância da Terra é, em torno, de 154.497.024 de quilômetros. Os maiores telescópios agora em uso o trazem para, em torno, de 160.934,4 quilômetros.

Um envelope vermelho e contínuo que envolve o Sol a uma extensão de três mil a quatro mil milhas (4.828,032 — 6.437,376 km), é chamado de “Sierra” ou cromosfera e é composta de gás hidrogênio. Além disso, externamente está a “coroa”, uma grande massa de matéria auto iluminada, estendendo-se para longe e tendo muitas vezes a extensão da cromosfera, irradiando-se em pontos de extensão indefinida.

Além da corona ou coroa, há um brilho fraco que se estende para longe no espaço e é chamado de luz zodiacal; ele pode ser considerado a aura do Sol. O Sol, visto pelo olho natural, limitado pela fotosfera, é então apenas uma pequena porção desse vasto luminar. A atmosfera do Sol consiste principalmente, se não totalmente, de vapores dos elementos químicos, como os que conhecemos, e geralmente se supõe que seja limitada pela cromosfera, mas alguns pensam que se estende até a coroa. Na atmosfera do Sol, como na da Terra, há uma absorção muito considerável de luz azul, de modo que o seu céu, como aquele acima de nós, é azul.

Alguns pensam que a aparência real do Sol seja azul ou azul-acinzentada e que, se a Terra não tivesse atmosfera alguma intervindo, sua luz apareceria nessa cor.


[1] N.T.: Sl 84:11

O Sol, a Criação e a Relação com o Ser Humano

Visto exotericamente, como todos os cientistas materialistas olham para as coisas, o Sol parece apenas uma vasta bola de substância química e os cientistas da escola acima afirmam que o Astro é isso e nada mais. Eles negam enfaticamente que seja um ser vivo e orgânico, afirmando que, se fosse, exigiria respiração, comida e tudo o mais de que tais seres precisam. Que é matéria química em sua manifestação externa, será prontamente admitido por todos.

Que é matéria viva é igualmente manifesto, pois todos os cientistas da atualidade admitem que toda substância química é viva. Que é organizado é igualmente evidente, pois possui forma definida. Mas, que possui um ser consciente, com tudo o que essa ideia implica, resta provar.

Sua matéria química e externa não se opõe à sua Personalidade consciente, pois a mesma coisa se aplica a todos os seres vivos e orgânicos. Cada partícula do Corpo Denso e grosseiro do ser humano é composta de matéria química. Isso também vale para o argumento negativo; mas, há muitas razões positivas que mostram que o Sol é conscientemente pessoal. O princípio básico da Personalidade é a consciência.

Potencialmente, a consciência existe na matéria inorgânica mais grosseira. Diz-se estar dormindo aí e na vida vegetal, sonhando; dizemos que está acordada na vida animal e é autoconsciente no ser humano. O princípio da Vida em todas as formas orgânicas, até na mais simples, o ser monocelular, é o elétron. Essa é a substância vital, ígnea e primordial, a quintessência da Deidade da qual todos os fenômenos vieram pelo processo de Involução. É o núcleo do átomo e o princípio vital da molécula, da célula e dos organismos mais complexos. Em seu estado primordial e indiferenciado, é a consciência total, a síntese de todos os planos da consciência.

Envolvida na matéria, é a consciência limitada nos vários planos de expressão, desde a mera consciência em potencial até o plano da superconsciência. Em seu plano inferior, este é o Corpo Vital, o princípio da vida na matéria grosseira. Não há, então, matéria inerte, porque a ausência de vida é impensável. E onde existe vida, a ausência absoluta de consciência é igualmente impensável. A partir dessa linha de raciocínio, fica evidente que o Sol é um ser vivo e consciente.

Esse raciocínio está em estrita harmonia com a ciência moderna, e o motivo pelo qual os cientistas materialistas negam isso é porque eles são governados pelo preconceito ou ainda não foram capazes de ajustar as descobertas modernas à chamada matéria inerte. O próximo ponto a determinar é o plano, ou planos, da consciência do Sol e, portanto, o caráter da sua Personalidade. Isso não pode ser demonstrado exotericamente, pois dependeria do testemunho dos sentidos e da Mente indutiva, ou concreta, e isso é uniformemente admitido como ilusório.

Na melhor das hipóteses, esse processo não passa de adivinhação e a conclusão alcançada dependerá do plano de consciência revelado pelo adivinhador. O método verdadeiramente científico é o esotérico, que observa o assunto do plano da Mente abstrata, em que apenas a verdade reside. Existe uma lei de correspondência manifestada em toda a natureza, em grande parte reconhecida pelos cientistas modernos, pelo menos em seu plano inferior, e conhecida pelos Místicos nos planos superiores durante muitas das eras passadas.

A fórmula hermética dessa lei é “Como em cima, assim é em baixo; como é embaixo, assim é acima”. Em sua relação com a humanidade, nossa Bíblia assim o expressa: “E disse Deus: façamos o homem à Nossa semelhança e imagem” (Gn 1:26); e está registrado que à Sua própria semelhança e imagem, Deus fez o ser humano, tanto masculino como feminino.

Se, portanto, pudermos analisar plenamente a complexidade do ser humano, não simplesmente como ele é encontrado hoje, mas em seu resultado como imagem e semelhança da Divindade, teremos definido Deus; e se, tendo definido Deus, puder ser demonstrado que o Sol possui todos os atributos da Divindade, teremos então mostrado que o Sol é a Deidade do nosso Sistema Solar e essa teologia é cósmica.

Nosso primeiro passo, então, será responder à pergunta proposta pelo rei Davi no Salmo VIII: “O que é o homem?” (Sl 8:4). A resposta de Davi a essa pergunta é: “Porque o fizeste um pouco menor do que a Ti” (Sl 8:5). A palavra traduzida como “Ti”, em hebraico, é Elohim, ou os deuses criadores; e a frase “um pouco menor”, de acordo com os melhores tradutores judeus, significa “por um pouco de tempo”.

O “homem” – ou o ser humano –, então, é potencialmente uma Deidade criativa, um Logos ou Cristo. Os Elohim são, também, os sete principais Planetas do nosso Sistema Solar; cada um, como o Sol, é um ser vivo, orgânico e consciente; cada um possui um espírito criador, ou melhor, é um espírito criador e isso é mostrado no Livro do Apocalipse 1:4 como “Os sete espíritos diante do trono”; cada um é o criador do seu próprio corpo e todos eles constituem sinteticamente o LOGOS, ou Palavra criadora de Deus.

São João, em sua Primeira Epístola, no capítulo terceiro, referindo-se ao ser humano em seu desenvolvimento último, diz: “seremos semelhantes a Ele, pois O veremos como Ele é”. E Jesus, o Cristo, disse de Si mesmo depois da ressurreição: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28:18). Esse é o ser humano cuja análise do ser demonstrará o Sol como nossa Divindade. Ao analisar a constituição do ser humano como um microcosmo, nós o encontramos como um ser composto de sete veículos, um veículo dentro de outro veículo, mas não como muitas caixas uma dentro da outra, cada uma separada e distinta da outra, não; no entanto, cada uma permeando a outra, estando o todo entrelaçado como um ser inteiro.

Desses veículos, o mais externo, o mais grosseiro, aquele que se manifesta à natureza senciente, é o Corpo Denso. Como já foi dito, esse é composto de substância química, o resultado da evolução desde o plano do mineral ou da cristalização.

Ele teve sua origem durante o Primeiro Dia da Criação, ou Período de Saturno, quando, como pensamento-forma, brotou da Mente e do Coração da Deidade através do duplo processo de Involução e Evolução: primeiro descendo na matéria para o plano mais baixo e depois ascendendo desse plano através daquele maravilhoso processo de transmutação que chamamos de Evolução. Assim, temos o que encontramos hoje no ser humano em sua expressão mais externa.

Esse Corpo Denso e grosseiro é essencial como base da consciência desperta e um instrumento através do qual o Espírito Virginal manifestado aqui (o Ego, a Individualidade) residente, ou divindade interna, pode se manifestar, podendo adquirir experiência para posterior desenvolvimento. Imediatamente o envolvendo está o Corpo Vital, às vezes chamado de “o duplo”, pois é o molde no qual o Corpo Denso é formado; também o chamamos de Vital, referindo-nos à substância da sua composição; também é chamado de “fantasma”, porque, como visto por Clarividentes, ele paira sobre a sepultura do Corpo Denso por um tempo mais longo ou mais curto.

Esse Corpo Vital é o princípio da vida no plano físico, porque enquanto permanece envolvendo o Corpo Denso, esse último se une a ele e adquire consciência; em sua partida, a consciência no plano físico desaparece e o Corpo Denso se desintegra.

O Corpo Vital é composto de quatro Éteres, variando em sutileza entre si. O mais denso deles é o Éter Químico e é o meio para a assimilação da matéria grosseira introduzida no organismo para sustento físico; é, também, o meio para a excreção ou expulsão dos resíduos do Corpo Denso.

O Éter seguinte em sutileza é o Éter de Vida, o meio de propagação. O próximo Éter em sutileza é o Éter de Luz ou Luminoso, o meio da percepção sensorial. O último e mais refinado dos Éteres que compõem o Corpo Vital é o Éter Refletor e ele é o meio usado pela memória.

O Corpo Vital é essencial porque sem ele não poderíamos manifestar a vida nem exteriorizar os Corpos internos ainda mais elevados. Esse Corpo teve seu estágio incipiente durante o Segundo Dia da Criação, o Período Solar, em seu estágio arquetípico.

Esses dois planos constituem os dois veículos que temos no Mundo Físico. O próximo plano superior e mais refinado do nosso ser é chamado de Corpo de Desejos. Constitui a sede das emoções da Força de Repulsão, do Sentimento de Interesse e de Indiferença e da Força de Atração que representam três divisões gerais; mas, cada uma dessas divisões é subdividida em planos mais diminutos. O mais baixo desses planos, o da Força de Repulsão, é subdividido em três sub-planos. O mais baixo deles é a sede das Paixões e dos Desejos Sensuais ou inferiores; o sub-plano logo acima é a sede das impressões ou da Impressionabilidade; o mais alto desses sub-planos no plano da repulsão é a sede dos Desejos.

O plano do Sentimento é subdividido em dois sub-planos. Quanto mais baixo for o assento do Sentimento de Indiferença, maior será o registro do Sentimento do Interesse. O terceiro e mais elevado plano do Corpo de Desejos é o da Força de Atração, subdividido em três. O mais baixo desses sub-planos é o da vida da alma – Vida Anímica; o sub-plano logo acima é o da luz da alma – Luz Anímica; o sub-plano mais elevado no plano da Força de Atração é o do poder da alma – Poder Anímico.

O Corpo de Desejos, em seu sentido mais geral, é a sede das forças psíquicas e teve seu início durante o Terceiro Dia da Criação, ou Período Lunar; mas apenas como um pensamento-forma.

Os dois planos gerais que foram mencionados, o físico e o de desejo, constituem a Personalidade do ser humano, a chamada “natureza decaída”, e é aquela parte individual do ser humano que é mortal e condenada a se desintegrar. Indo ainda mais fundo na constituição do ser humano, chegamos à Mente.

Esse plano é subdividido em duas subdivisões gerais, a do Pensamento Concreto e a do Pensamento Abstrato, chamadas também de “Mente inferior” e “Mente superior”. A primeira dessas Mentes é o elo entre o divino e o humano; o imortal e o mortal estão subdivididos em quatro subdivisões. A mais baixa delas é a sede das Formas Arquetípicas, as concepções de forma.

A próxima superior é a sede dos Arquétipos da Vida Animal, ou a concepção do Corpo Vital. O próximo nível superior é a sede dos Arquétipos do Corpo de Desejos e da emoção. O sub-plano mais elevado da “Mente concreta” é a sede das Forças Arquetípicas e da Mente humana.

Sinteticamente, a “Mente concreta” é a sede do início do processo criador. É o ponto focal da “Mente superior” ou criadora, o ponto em que ela se espelha pela substância primordial no início da longa jornada através da matéria.

O plano superior da Mente é o do Pensamento Abstrato e é a esfera do Espírito Humano, o plano inferior do Ego. Esse veículo é dividido em três subdivisões, sendo a mais baixa a subdivisão que contém Ideias Germinais de Desejo e Emoção tanto no animal quanto no ser humano. O sub-plano dentro dele é aquele que contém a Ideia Germinal da Vida na planta, no animal e no ser humano. A mais interna dessas subdivisões da Mente abstrata é aquela que contém a noção germinal da forma no mineral, no vegetal, no animal e no humano. A Mente ou intelecto do ser humano teve sua origem durante o Quarto Dia da Criação, o Período Terrestre em que vivemos agora, porque antes dele a vida orgânica não tinha nem cérebro e nem Mente.

O Ser Humano é Intimamente Semelhante a Toda Vida abaixo dele e a Toda a Vida Acima Dele

Que todos os livros sagrados, tanto entre os orientalistas quanto entre os ocidentalistas, comecem com uma cosmogonia sempre foi um grande mistério para os teólogos ortodoxos. Eles estão acostumados a considerar isso como algo puramente arbitrário. Isso porque eles não têm a menor ideia da base cósmica da teologia e da Religião. Eles pensam na criação da ordem universal e na criação do ser humano como atos distintos, como duas criações separadas, sem conexão alguma entre si bem definida.

Sendo monoteístas, eles não têm uma concepção de “muitos deuses e muitos senhores”, como o grande Mestre afirma, ou que esses deuses e senhores já foram seres como você e eu somos. É essa ignorância que os levou a formar ideias únicas sobre a pessoa do Cristo, quanto à sua divindade essencial. Eles não pensam que Ele já atravessou um estágio evolutivo que denominamos “humanidade” no sentido que imaginam as pessoas comuns, mas é dito que Ele foi aperfeiçoado pelas coisas que sofreu, assim como todas as outras pessoas são aperfeiçoadas.

Eles confundem o Logos como Deus criador com o Absoluto, a Causa indiferenciada de todas as causas. Isso os levou a considerar o ser humano apenas como um humano que pode se tornar divino por um ato especial da Deidade, um presente imediato; mas, eles não podem dizer como. Assim, toda a teologia ortodoxa, de todas as escolas, é uma confusão, um enigma inextricável baseado em meros dogmas.

A conclusão lógica a ser retirada dos relatos da criação de todos os livros sagrados é palpável; mas, esses livros não são lidos logicamente e isso é um grande mistério que pode ser atribuído ao puro preconceito. Veja, por exemplo, o relato bíblico dessas criações. “No princípio Deus (os Elohim ou deuses criadores) criou os céus e a terra”. Então, mais tarde, “Deus disse: façamos o homem à nossa própria imagem e semelhança”. Claro, isso se refere ao ser humano em seu resultado como Elohim ou criadores de Mundo, porém mostra que intimamente o macrocosmo e o microcosmo são um, sendo o último um filho ou descendência do primeiro; isso também confere um fundamento cósmico a todas as coisas.

Os sete Mundos (Mundo de Deus, Mundo dos Espíritos Virginais, Mundo do Espírito Divino, Mundo do Espírito de Vida, Mundo do Pensamento, Mundo do Desejo e Mundo Físico) são realmente sete planos de existência; na esfera macrocósmica, sete planos dentro do espaço ocupado por nosso Sistema Solar; na esfera microcósmica, sete planos de existência dentro do ser humano. Esses são planos que estão acima ou dentro, planos cada um mais alto ou interno que o outro, expressando uma condição mais atenuada da substância que ocupa espaço. O Plano do Absoluto, que de fato não é um plano, mas o Todo-inclusivo, é a Fonte dos planos inferiores ou externos; e não é matéria diferenciada, mas uma contínua massa, o “manto sem costura”, por assim dizer. É uma substância espiritual absolutamente não-fenomenal. É o “Nada” (porque é totalmente vazia de objetos e fenômenos); é a Coroa que está à frente de tudo, que tudo produziu e a tudo governa. Nisso vemos a lei de correspondência entre o maior e o menor, o que está acima e o que está abaixo.

Costumava-se pensar que o espaço fosse um vácuo e os tradutores da versão bíblica do Rei Jaime o consideravam assim, pois declaravam que antes da criação a Terra era não apenas sem forma, mas também vazia e essa palavra, “vazia”, significa um vácuo.

Nessa suposição foi sustentado pelos teólogos que “do nada Deus criou todas as coisas”, uma ideia realmente impensável. Mas, com a descoberta da teoria ondulatória da luz, tornou-se necessário conceber uma substância de estrutura granulada e repleta de espaço; assim, surgiu o átomo como hipótese. Entre os místicos, o átomo sempre foi reconhecido, mas entre os cientistas materialistas é uma descoberta moderna. O átomo é o ponto geométrico repleto de vida e de tudo que a vida, em todos os planos, implica; nessa descoberta foi estabelecida a harmonia entre as esferas física e metafísica.

Essa substância criadora é chamada, pelos místicos, de elemento ígneo e, pelos cientistas modernos, de névoa ígnea; mas, em seu estado primordial, embora ainda indiferenciado, no estado absoluto, era o elemento aquoso, mas não a água comum como a conhecemos; porém sua quintessência, a água eterizada em seu mais alto estado de tenuidade. Isso está de acordo com a declaração da Bíblia: “E o Espírito de Deus movia-se (pensava profundamente) sobre a face das águas”. E assim foi dito que todas as coisas procederam da água. A primeira emanação do Absoluto foi a Luz: “E Deus disse: Haja luz, e houve luz”. O agente universal, ou a expressão da Deidade no plano do relativo, era a Luz, a primeira irradiação do Seu semblante, o princípio vivificante da Natureza. Em sua manifestação é o elemento ígneo.

O átomo, ou ponto geométrico, foi a primeira diferenciação do Absoluto, o primeiro passo no processo criador, sem o qual o fenomenal teria sido impossível. É o princípio vital do universo, bem como sua manifestação localizada. É, também, o princípio vital e a manifestação localizada do ser humano e de todos os outros seres vivos. Uma vida percorre tudo e essa vida é divina, embora Ela Se manifeste em planos abaixo do essencialmente Divino.

Todas as formas têm dimensões de extensão como comprimento, largura e espessura; mas o ponto, a base de tudo, não possui nenhuma dessas dimensões: é um mero ponto infinitesimal no espaço. E ainda, por ser a base de todas as formas, possui sinteticamente todas elas dentro de si, desde as massas nebulosas até as formas mais sólidas do plano concreto. Possui em possibilidade tudo o que existe nos Mundos metafísico e fenomenal, abrangendo tanto formas quanto forças, objetos e leis que os governam.

Na esfera microcósmica, refere-se ao ponto germinativo, a semente, a partir do qual o feto se torna criança antes de se desenvolver na matriz. Na esfera da Mente, representa o ponto de consciência produzido pela imagem na imaginação da Divindade criadora, seja Deus ou ser humano, referente à criação futura em qualquer um dos planos. É a estrutura arquetípica do Arquiteto divino.

Em relação à Divindade Cósmica, é a imagem de toda a criação e tudo o que ela abrange; no referente ao Ego humano, é a imagem do seu próprio corpo ainda a ser formado no plano concreto. O ponto, portanto, representa a esfera das formas arquetípicas, o Primeiro Dia criador, o Período de Saturno da Terra.

No processo criador, o espaço era necessário, mas não o espaço em sentido geral como o parquinho das formas ou o campo de suas operações, pois esse sempre foi apenas o interstício entre os átomos. O mais sutil dos átomos, aquele que permeia todo o espaço e é um ponto, está assim envolvido.

Possui espaço em escala muito reduzida como seu campo de ação individual, de modo que na primeira Onda de Vida do Absoluto as vibrações foram iniciadas entre os átomos e eles foram polarizados; assim, o movimento começou sendo o segundo passo na Criação, o segundo princípio da Criação. Dessa maneira, o ponto possui em si, estaticamente, todos os princípios criativos como poder, ou força, discernimento, ordem, coesão, fermentação, transmutação e desintegração. Nele estão todas as cores para a visão; todos os sons para o ouvido; todos os gostos para o paladar; todos os odores para o nariz; e toda sensação para o sentido do tato.

Toda a gama de Planos está sinteticamente abarcada no átomo, ou ponto. Isso novamente mostra a base cósmica de todas as coisas em todos os Planos. No processo de Involução do espírito na matéria há cinco Ondas de Vida, quatro além da primeira que forneceu o ponto e essas correspondem aos Quatro primeiros dias criadores. Essas Ondas de Vida, tomadas em conjunto, constituem a Grande Respiração tanto no macrocosmo quanto no microcosmo e dela são modificações.

Essa Grande Respiração é aquele movimento ondulatório que é a causa da Involução da matéria cósmica e indiferenciada no universo diferenciado. A cada Onda de Vida o Espírito desce cada vez mais fundo no vórtice da matéria concreta. Outras Ondas de Vida realizam o trabalho de Evolução pelo qual o Espírito envolvido na matéria grosseira é levado ao seu estado primário de indiferenciação; e assim, continuamente, dentro e fora, o trabalho criador continua para sempre.

Mas, Involução e Evolução são processos opostos: um sai do centro (força centrífuga) e o outro vai para o centro (força centrípeta), assim como é verdade na expiração humana, quando o ar sai, e na inspiração, quando entra. A Fonte da Grande Respiração, não a Sua origem, pois nunca Se originou e sempre esteve operante, é Deus no sentido absoluto, em Quem reside eternamente a autoconsciência absoluta, o autoconhecimento e a automaestria. “Meu Pai trabalha até agora e Eu trabalho”, disse o grande Mestre, e porque o Movimento primordial é incessante, as Ondas de Vida são uma necessidade e a criação é o seu resultado lógico.

Essas Ondas de Vida agem tanto positiva quanto negativamente, proporcionando um período de atividade criadora que é seguido por um período de descanso, de cessação do processo criador por algum tempo. Isso é ilustrado em todos os planos e em todos os ciclos. Nossa noite e nosso dia o ilustram; durante o dia há atividade e à noite há descanso, a recuperação para as atividades do dia seguinte. O inverno e o verão novamente manifestam essa dinâmica. A idade das trevas, seguida das idades de ouro, é outra expressão cíclica dessa grande verdade. Em todos os planos, a vida e a morte são ilustrações dessa grande lei; a vida é o período de atividade para o desenvolvimento da alma; a morte, o período de descanso e recuperação para um novo nascimento.

Assim, os vários planos são abarcados pelo processo de Evolução e Involução. Há um grande significado na declaração bíblica da Criação — “E houve uma noite e uma manhã, Primeiro Dia”. Nem as esferas macrocósmicas nem as microcósmicas descem ou sobem por movimento uniforme; mas, por ciclos e planos. Essa é uma grande lei dentro do plano do relativo. Como o Sol é o grande doador de vida e a Lua é considerada um Mundo morto pelos orientalistas, esses dois movimentos são chamados respectivamente de “a respiração do Sol” e “a respiração da Lua”.

Ambos os períodos, diurno e noturno, eternamente sucessivos, fundem-se em um estado de força que está prenhe de ambas as fases, positiva (ativa) e negativa (passiva), que é quando nenhuma força está ativa, embora ambas existam em estado estático, ou potencial, de suspensão. Essa também é uma grande lei do estado relativo e se manifesta tanto no universal quanto no particular, em todos os planos e em todos os ciclos. A obra de diferenciação não estava completa até que veio uma divisão da sexualidade, simbolizada por Eva sendo retirada de uma parte de Adão.

A relação sexual é apenas um arranjo provisório, instituído como meio de geração no grosseiro plano animal. Como as coisas são, foi uma necessidade à sua maneira, mas nunca deveria ter descido ao plano da luxúria, que é o plano do pecado, da ilegalidade, da morte, da doença e de todos os males aos quais a nossa Onda de Vida está sujeita. Expressa a “Queda do Homem”. A obra da redenção é realizada por meio de uma vida regeneradora, pelo cultivo da vida acima da luxúria, pela proficiência de superar todos os desejos inferiores, incluindo a “concupiscência da carne”.

O resultado do processo Regenerador é a restauração ao estado de equilíbrio, à unidade com o Pai, à vida de dois sexos, ao estado andrógino, quando Adão possuía Eva dentro de si. O grande Mestre disse: “No céu não se casam nem se dão em casamento, mas são como os Anjos”. Agora, o estado de sexo duplo, no qual o homem e a mulher estão separados, pode ser chamado de período diurno; morrer para todo desejo pode ser chamado de período noturno; o resultado da restauração do homem e da mulher ao estado andrógino, quando ambos os sexos se fundem em um, mas nenhum está ativo, é o período de repouso absoluto ou restauração absoluta.

Essa lei é válida tanto nos ciclos mais diminutos quanto nos maiores e em todos os planos da vida, do vegetal ao humano; é válida no macrocosmo e no microcosmo. O ser humano é intimamente semelhante a toda vida abaixo e toda vida acima dele; sua linha de desenvolvimento é sempre assim, primeiro para baixo e depois para cima, para dentro do vórtice e para cima na espiral: sempre e ciclicamente.

Qual é a fonte dos elétrons, ou substância espiritual, e dos vários planos de consciência?

É universalmente admitido que o Sol é a fonte de luz e calor, que está no plano químico ou no plano etérico. Agora, muitos cientistas admitem universalmente que o elétron, ou o Éter, que nos planos superiores é o alimento do nosso ser espiritual superior, é uma radiação do Sol. Em resumo, todos os fenômenos, toda luz, todo calor e toda vida em todos os planos emanam do grande orbe central do nosso Sistema Solar. Novamente, se a consciência existe na substância, mais desperta ou menos de acordo com o plano alcançado, então e logicamente a consciência em todos os planos existe no Sol. O Sol, assim e inquestionavelmente, é um ser vivo e consciente, a fonte de toda vida e consciência; como tal, é a Deidade do nosso Sistema Solar.

O que é verdade para o Sol também é verdade para todos os orbes planetários, pois os vários Planetas e asteroides que compõem o nosso Sistema Solar saíram do Sol através do processo nebular, que no departamento macrocósmico corresponde ao processo de gestação no departamento microcósmico da natureza. Todas as esferas cósmicas nasceram do Sol como um bebê nasce da sua mãe. Os Planetas são filhos do Sol como todos os seres humanos que têm filhos de fato são pais.

Não é mera fantasia poética chamar nossa Terra de mãe, pois ela o é nos planos inferiores do nosso ser. A vida inerente a ela produz toda a vegetação que, em infinita variedade, cresce na superfície dela e que é tão essencial para a alimentação animal e humana. Os vários gases constituem sua aura e produzem a água e a atmosfera tão essenciais para a existência contínua de todos os seres que bebem e respiram.

O que é verdade para o Sol e a Terra a esse respeito também é verdade para cada um dos sete Planetas e para os subplanetas e asteroides — porque cada um é uma personalidade viva, que respira e é consciente em vários planos de tenuidade e com graus variados de espiritualidade. O Sol, o pai de tudo, sinteticamente abraça todos, e os Planetas e asteroides permitem a análise do ser do Sol. O próprio Sol, em relação ao nosso Sistema Solar, é o Deus Pai-Mãe, possuindo polaridade dual.

Do ser mais íntimo desse grande centro recebemos a mais alta espiritualidade de que somos capazes, assim como do seu invólucro mais externo recebemos o nosso Corpo Vital.

O Planeta Mercúrio, que está muito perto do Sol e, portanto, dizemos que habite no seio do Pai, é o meio através do qual os vários outros Planetas ou divindades recebem suas várias características; pode-se dizer que, através dele, eles se aproximam do Pai.

Esse pequeno Planeta é, assim e em sentido cósmico, o mediador entre o grande Pai e seus filhos planetários, o logos de nosso Sistema Solar, o Cristianismo cósmico.

Por essa razão ele sempre foi considerado o Mensageiro dos Deuses e suas irradiações despertam e alimentam a consciência Crística dentro de nós, pelo menos no plano da Mente. Ele é, portanto, o “deus do intelecto”. Para as almas não desenvolvidas, cuja consciência não ascende acima da Mente concreta, ele é o “deus do conhecimento concreto”, o conhecimento comum pertencente apenas a esse Mundo perecível, o Mundo material; mas, para as almas bem desenvolvidas, nas quais a consciência Crística foi despertada, ele é o “deus da sabedoria divina”. Embora essa sabedoria seja produzida no Sol, ela não chega até nós diretamente do Sol, pois como elemento ígneo ele nos consumiria, pois Deus é fogo que consome. “Ninguém pode aproximar-se do Pai senão pelo Filho”. Mas Deus não é apenas um Sol, Ele também é um escudo; isto é, Ele protege Sua grande Glória, que tudo consome, através dos Planetas.

A próxima Deidade planetária situada a partir do Sol é Vênus, a deusa Vênus, a bela estrela matutina e vespertina. Ele representa o elemento Amor do Sol. Os raios do Sol, focalizados nele e irradiados para o nosso mundo, despertam em nós a emoção da afeição, de modo que, junto a Marte, ele é corregente do Corpo de Desejos, tanto em suas manifestações inferiores quanto superiores. O amor é o grande unificador tanto na Natureza como na natureza humana. No processo criativo, a força positiva ou centrífuga é, como Ismael, o grande desintegrador, movendo “a mão de um homem contra outros homens”; mas o amor, como o de Cristo, atrai tudo para tudo o mais.

A influência dos raios de Vênus une elétron a elétron e compõe o átomo; une átomo com átomo, construindo moléculas; une molécula a molécula, compondo as células; une células com células e cria tecidos e órgãos; une órgãos a órgãos, construindo organismos… Levando esse princípio mais longe, ele rompe a tendência dos micróbios de se oporem uns aos outros e, assim, tornarem-se mortais mutuamente, unindo-os em uma fraternidade amorosa e vivificante. Entrando no plano da vida humana, faz com que as pessoas comparem notas, afundem as diferenças e gravitem juntas em um todo unido, despertando aquela afeição sagrada e divina dos pais por seus filhos, o que os leva a fazer todo e qualquer sacrifício pelo bem-estar deles; além disso, ela desperta em toda a vida senciente — dos pássaros aos animais — o amor e cuidado pela sua progênie, algo que se aproxima do amor materno.

Em qualquer lugar que esteja posicionado em um horóscopo, o raio de Vênus tende a eliminar as dificuldades e a criar e manter a harmonia. Sem a influência de Vênus, toda a Natureza, toda a natureza humana e toda a natureza senciente desmoronariam e dariam lugar ao caos universal.

Sobre as almas que ainda estão apenas no plano da consciência mortal, a influência dessa “Deusa do amor” amortece o senso de harmonia e beleza, de modo que a pessoa se torna preguiçosa, desordenada e carente de autorrespeito, sendo incapaz de sentir amor verdadeiro, tornando-se uma pervertida e licenciosa. Mas, nas almas bem avançadas, indicadas tanto por suas condições de nascimento quanto por suas vidas, Vênus desperta e alimenta as emoções superiores e o amor altruísta.

O próximo Planeta ou Deus é a Terra, o Planeta que representa nosso lar, o teatro de nossas atividades, a escola na qual recebemos nossa educação, a teórica e a prática, a esfera da nossa evolução e desenvolvimento. Este Mundo Físico constitui o plano de tudo o que é da Terra, terrestre, o invólucro externo do próprio Mundo e de todos os seres orgânicos sobre a face do globo. Assim, a Terra expressa o elemento terrestre do Sol. Nela, o Sol, focalizando seus raios, desperta em nós e alimenta a porção perecível da nossa complexa natureza. Como o Sol, cada um dos Planetas possui polaridade, a positiva, ou ativa, e a negativa, ou passiva, e ambas as expressões da vida terrena são assim manifestadas aqui. Ela é nossa Deusa Pai-Mãe e eleva essa relação dual até nós. O físico e denso, mesmo no plano de cristalização, tanto no macrocosmo quanto no microcosmo, é essencial para o processo de evolução.

Começamos a crescer no nível mais baixo, e a quintessência desse plano, expressa em termos de Espírito, é necessária como elemento constitutivo desse puro estado espiritual ao qual todos nós tendemos. Almas subdesenvolvidas no plano terrestre são intensamente terrenas, rudes, ignorantes, feias em forma e caráter, precisando de muitos renascimentos para trazê-las ao padrão de santidade. Mas, aquelas que estão no caminho reto e estreito para cima são esotéricas em pensamento, consciência e vida, apresentando muito da divindade do ser para a qual todo o sistema planetário se esforça para nos levar.

A Lua, o satélite da Terra, é geralmente classificada entre os Astros influentes em sua relação com a Terra. O elemento negativo, ou passivo, domina a Lua de modo que ela é considerada, assim como a Terra, um Astro mãe ou Deusa. Na relação da Terra com o Sol a Lua é um meio e no plano terrestre é a esposa ou deusa do Sol. Como esposa do Sol ela recebe o ofuscamento dele, ou fertilização, e seu principal atributo é o da fecundação. Ela constitui a matriz para o Pai-Sol depositar Sua semente para a geração de todas as gestações e nascimentos. Segundo o relato bíblico, foi Gabriel, o Anjo, quem anunciou a Isabel o vindouro nascimento de João, o Batista, e a Maria, o vindouro nascimento do Cristo na pessoa de Jesus, o Nazareno.

Marte, a Deidade avermelhada e ruiva, é o próximo Planeta que se estende da Terra e do Sol. Sua expressão especial do Sol é o vigor ou energia dinâmica. Ele rege a cabeça, positivamente, e as partes íntimas, negativamente, e essas são as sedes da força: uma força ligada aos arquétipos do cérebro ou da Mente e a outra às formas concretas que são geradas pela Mente e alcançadas pela involução. Marte se projeta em Áries e gera formas de matéria grosseira em Escorpião.

A força dinâmica de Marte é vista em toda a Natureza e sem ela não poderia haver progresso. A eletricidade disseminada no espaço é apenas uma força estática, um gigante adormecido; mas, quando está sob a influência do Sol torna-se uma força dinâmica e serve à humanidade iluminando o mundo, transformando a noite em dia, levando suas mensagens através dos continentes e sob os mares, impulsionando máquinas e, assim, unindo nações, aniquilando distâncias, construindo uma civilização evoluída.

Os leitos de carvão da terra são conservadores do calor do Sol e neles uma poderosa energia jaz latente, em alguns casos durante eras; mas, quando finalmente essa poderosa energia é liberada pelo processo de consumo do carvão outro poderoso gigante é liberado e, estendendo-se à utilidade, ele se torna um poderoso poder dinâmico. O calor aquece nossas casas, cozinha nossa comida, dá nova vida a corpos resfriados pelo frio, gera vapor e move nossos carros, barcos e fábricas; consequentemente, é outro grande civilizador. Essas e todas as outras forças dinâmicas que são controladas e guiadas em canais de utilidade sob a influência desse ígneo deus Marte são o bem mais valioso que a humanidade possui no caminho da civilização e do desenvolvimento da Onda de Vida humana; embora às vezes esse poder possa parecer brutal, ele, de modo geral, representa o progresso.

No entanto, se esses poderes escapam do controle da masculinidade superior e os servos se tornam os senhores, eles se tornam destrutivos, como no caso da guerra que devasta grandes extensões de território e dizima grandes cidades, consumindo as finanças das nações e esgotando o agregado do elemento humano. O poder dinâmico pode se tornar um flagelo tão grande quanto possível ou ser uma bênção para nossa Onda de Vida humana. Pode se tornar um fogo destruidor que é mais mortal do que todos os explosivos existentes.

Marte também é o deus do desejo. Ele concentra a vida solar no desejo e na emoção, despertando os espíritos animais. Assim, ele intensifica o espírito de Vênus do Corpo de Desejos. Ele também intensifica a mentalidade Mercurial, seja para o bem ou para o mal. Os tabus do Oriente orientam a todos no caminho de “matar o desejo”. Mas, o mundo ocidental, com desejos energéticos bem direcionados, operou transformações maravilhosas na Terra, criando uma civilização muito além de qualquer outra que já a precedeu. E aqui é a razão que não devemos “matar o desejo” e sim dominá-lo.

A próxima divindade planetária a partir do Sol é Júpiter, o gigante do céu. Ele é o deus do idealismo e, portanto, da Religião; focalizando os raios do Sol, transmite aos habitantes da Terra o ímpeto religioso do Sol. Sua influência em todos os planos é a mais benéfica de todos os Planetas do nosso Sistema Solar. Ele é o deus das grandes oportunidades não apenas no desenvolvimento da alma e na realização espiritual, mas, também, nas coisas temporais. Saturno representa limitações e infortúnios; se estamos familiarizados com os dados astrológicos, estamos acostumados a culpar esse Planeta “malévolo” por todos os nossos infortúnios; mas, na verdade, nossas bênçãos sob Júpiter superam em muitos nossos infortúnios, assim chamados, sob Saturno. Posicionado na Casa da prosperidade, Júpiter dá riquezas; na Casa da honra ele confere popularidade e renome.

As crianças subdesenvolvidas de Júpiter são religiosas pela esperança de recompensa ou são capciosas, apenas desempenhando um papel pela esperança de ganho. No plano superior, os filhos e filhas dessa divindade são pessoas santas. Os subdesenvolvidos esbanjam seu dinheiro mal ganho em coisas pertencentes ao plano do real em vez do ideal; os mais avançados não apenas têm tudo o que o coração poderia desejar, mas também o usam com benevolência e sabedoria. A classe inferior ganha notoriedade, enquanto os sábios adquirem fama honrosa ao longo da vida.

Saturno, o deus das limitações, vem a seguir quando nos afastamos do Sol. Através dessa divindade os raios do Sol são especializados em obstruções. Na mitologia grega ele é chamado de Cronos, que significa o deus do tempo e o tempo é limitação. No desenvolvimento da alma, são necessários obstáculos e limitações para evitar que a pessoa mergulhe de cabeça em caminhos destrutivos. “Tão perto e tão longe”; os prazeres dissipadores são apresentados a nós e, tendo falhado repetidas vezes em superá-los, a alma conclui que deve se purificar desses desejos baixos e, assim, o processo de auto purgação continua. Isso pode se referir a prazeres comuns, à obtenção de dinheiro ou posições, a honras buscadas…

Saturno é também o Satã da Bíblia, o grande tentador e provador, como no caso de Cristo Jesus e Jó. Não que ele seja malévolo, desejando a nossa queda. A malevolência é apenas aparente, a visão superficial do sujeito; mas, ele nos testa para ver se somos capazes de suportar os testes de discipulado e domínio. Ele não se alegra com nossos fracassos, mas os lamenta como qualquer instrutor lamenta o fracasso de um aluno. Na verdade, ele é um aliado de Deus, não um inimigo. “Meu filho, não considere levianamente a correção do Senhor (Saturno), nem desanime quando for reprovado por ele, porque o Senhor corrige a quem ama e açoita todo filho a quem repreende”.

Como o deus do Tempo, Saturno produz decrepitude e decadência. Em nossa juventude, o Sol derrama um fluxo constante e resistente de vida através do nosso organismo, dando aparentemente a promessa de imortalidade na carne. Todo jovem possui um excesso de vitalidade. Isso continua até o zênite da vida; mas, então, quando o Sol começa sua queda, quando desce em direção ao horizonte ocidental, quando a Natureza parece estar cansada e nos aproximamos da morte, assim, depois que o vigor completo foi alcançado, a decrepitude e a decadência começam quando o poder de Saturno supera o do Sol e nos aproximamos das sombras da morte em Escorpião. Essa lei de Saturno, e todas as outras, de fato, percorrem todos os departamentos da vida e, também, a natureza.

Os castigos de Saturno não são agradáveis, mas dolorosos; no entanto, eles produzem em nós os frutos pacíficos da justiça. Foi afirmado por Cristo Jesus, o maior dos Mestres, e o que é válido para Ele é também para todos nós. As obstruções despertam a resistência e a resistência desenvolve a força, em todos os planos.

Os recém-descobertos Planetas-deuses Urano e Netuno estão ainda mais distantes do grande centro, sendo o último o mais distante. Cada um, como todo o resto, são especializações das forças solares. Foi dito que eles são o início de outra oitava de Espíritos Planetários e, como tal, estão em um plano superior aos outros Planetas.

Urano é considerado a oitava superior de Vênus e, portanto, expressa o elemento de amor da Deidade no plano divino, que é puro e altruísta. Essa é a esfera do coração puro, em que vemos apenas Deus ou o bem, pois desse ponto de vista tudo é bom. A alma que pulsa em resposta às vibrações uranianas é como Deus, pois O vê como Ele é.

Urano rege os Éteres superiores, de modo que aqueles que vivem no plano dos Mundos inferiores são os mais afligidos de todos e sofrem mais com seus castigos. Comunidades, nações e o mundo em geral, embora existam no plano inferior, também são afligidos, assim como os indivíduos, mas de maneiras diferentes, por cataclismos por exemplo. Todas as visitas dessa divindade são repentinas e inesperadas, como insuficiência cardíaca em indivíduos ou terremotos em países.

Netuno, o mais distante e o último descoberto, é a divindade dos mares, oceanos e do elemento aquoso em geral. Diz-se que ele é a oitava superior de Mercúrio e, como tal, é o deus da Mente superior, da sabedoria divina. Ele é a divindade mais espiritual de todas, até onde sabemos.

Assim como Mercúrio é o Portador da Luz do Sol externo ou físico, Netuno é o Portador da Luz do Sol interno ou espiritual, que é do deus Vulcano. É missão especial de Netuno nos elevar ao plano dos deuses, os membros da Hierarquia do céu.

Os místicos declaram que além de Netuno existem três Planetas, mas se três, por que não cinco, perfazendo ao todo uma segunda oitava? Esses três deuses planetários regem os três Signos mais complexos ou altamente desenvolvidos; primeiro Virgem, que se relaciona com o processo de refinamento da nossa Onda de Vida humana e com a purificação da alma individual; a seguir, Libra, o Signo do casamento da alma e do espírito, ou da unidade com Deus; finalmente, Escorpião, o Signo da morte, mas para a imortalidade da alma individual.

O Sol: o Deus Pai-Mãe

Dissemos que o Sol do nosso Sistema Solar é o Deus Pai-Mãe, e Mercúrio, o Cristo ou mediador; mas, na relação do nosso Sistema Solar com os maiores, o Sol é, Ele mesmo, o LOGOS, o Cristo Cósmico.

Entre as constelações, ou aglomerados de estrelas, Touro parece ser aquela com o qual estamos mais intimamente relacionados, se é que não fazemos parte dela. No pescoço de Touro existem sete estrelas brilhantes chamadas Plêiades, que dizem exercer uma influência muito agradável sobre nosso organismo: “Podes atar a doce influência das Plêiades?” ou “Podes amarrar as lindas Plêiades?”, ou ainda: “Podes afrouxar as cordas de Órion?” (Jó 38:31). O centro desse aglomerado é Alcyone, e é dito ser o grande Sol central em torno do qual todo o nosso Sistema Solar, com outros Sistemas Solares, gira uma vez a cada vinte e cinco mil anos, um ciclo chamado de Precessão dos Equinócios. Se isso estiver correto, então Alcyone é o maior Deus Pai-Mãe.

Seguindo esse processo, podemos avançar e penetrar na profundidade abismal do espaço até alcançar o maior de todos os centros e o maior de todos os sóis, que, por excelência, é a Divindade do espaço universal, de duração infinita, de todos os ciclos e todos os sistemas; assim como o nosso Sol especializa sua influência por meio dos Planetas, esse Deus universal especializa seu Ser absoluto por meio dos vários sóis e Sistemas de Mundos.

O Dia de Saturno

Os dias da semana têm, respectivamente, o nome dos vários Planetas do nosso Sistema Solar. Sábado é o dia de Saturno – Saturday em inglês. De acordo com o relato do Gênesis, o sábado foi o sétimo e o último dia da semana. E como era o dia seguinte à conclusão do processo criativo, foi reservado como o dia de descanso ou sábado do hebraico Shabat, descanso, e durante toda a história do povo hebraico, foi observado como tal.

Na medida em que os Dias da Criação não são mais considerados como sete dias e noites literais, mas longos períodos de tempo, exceto por um grupo relativamente pequeno de ultraliteralistas, o sétimo Período é considerado a longa Noite cósmica ou Período de descanso, fechando o processo criativo e apresentando a nova Criação. Por todos os místicos, esse sétimo Dia é dividido em duas partes.

A parte do dia eles chamam de Período de Vulcano e a metade da noite é geralmente entendida como o Período de Saturno. Isso o torna a Era introdutória do novo processo de Criação ou do primeiro Dia da Criação e, como a Criação está eternamente em andamento, todos os começos dos sistemas solares são vistos como o Período de Saturno.

No último artigo desta série, discutimos as limitações de Saturno como “Tempo, o Velho Pai” e mostramos que ele é o Planeta da obstrução e da destrutividade; no entanto, há outras lições a serem aprendidas com o profundo conhecimento desse Planeta e das coisas para as quais ele dá suporte. Para algumas dessas lições nós gostaríamos de direcionar a atenção dos leitores deste artigo.

A primeira lição é a da transição da escuridão para a luz. Saturno é uniformemente considerado o Planeta da escuridão. A própria ideia de descanso indica isso. A noite é o período de descanso e o dia, o de atividade. Mas, como devemos entender o significado dessa transição? A noite não é apenas o período de descanso, mas também de recuperação: um estado preliminar para um novo dia, uma nova vida, um novo nascimento; em suma, uma ressurreição. Porém, o novo dia deixa Saturno e seu trabalho para trás e é o começo de uma condição muito maior que a de descanso. Em um sentido muito profundo, o descanso implica não apenas a noite, a escuridão ou a recuperação; mas a própria morte.

A morte, devidamente entendida, é um período de escuridão no que diz respeito às formas, um período de inconsciência, de recuperação, de reunir os resultados das complexas experiências da vida anterior, que preparam a inauguração de uma nova e mais alta forma de vida. O novo dia, ou período, é chamado domingo ou o dia do SolSunday, em inglês. Como domingo, ou o dia do Sol, foi o Dia da Ressurreição de Jesus, o Cristo, esse dia simboliza a ressurreição, pois o Dia de Saturno representa a morte.

Há uma questão muito debatida hoje sobre qual dia deve ser observado como cumprimento da exigência de YahwehI – Jeováde “guardar meu sábado[1]. Ultrassabatistas afirmam que o sábado deve ser observado; mas o cristianismo ortodoxo defende a observância semanal do domingo. Para ser fiel ao significado dos símbolos, a primeira classe argumenta que descanso, recuperação, escuridão e morte são ideias mais elevadas do que ressurreição, dia, luz e uma nova vida. Aqueles, ao adorar o sábado, inconscientemente adoram Saturno ou o Satã da Bíblia, o grande destruidor, o tentador, o acusador; os outros adoram o Sol, o doador da vida, o sustentador, a luz e o fornecedor de calor; em suma, a verdadeira Deidade do nosso Sistema Solar.

Se for perguntado, então, como a ideia de Saturno foi usada e comandada pelo Deus do Antigo Testamento, a resposta será simples e palpável. A escuridão sempre precede a luz e, vindo primeiro, é naturalmente a primeira a ser usada. Mas, a escuridão é elementar, provisória, efêmera. Representa o começo das coisas, as etapas da infância; porém, de acordo com a lei do crescimento ou evolução, deve ser seguida pelas ideias mais elevadas da humanidade, da vida superior. O advento do Cristo foi a separação dos caminhos. Adão foi feito uma alma vivente; Cristo, ou “o segundo Adão”, tornou-se um espírito vivificador. A ressurreição seguiu a morte de acordo com a lei do crescimento e tão certamente quanto o dia segue a noite. Apegar-se ainda ao dia de Saturno como o ideal mais elevado é voltar ao antigo hebraísmo, ao estado da infância, é inverter os ponteiros do mostrador do tempo. Para a atual Era, a Era de Peixes, a próxima Era, a Era de Aquário,  vai melhorar a Humanidade, assim manter o dia de Saturno e respeitar na vida tudo o que isso implica retardar a evolução, impede o crescimento da Humanidade e faz da sepultura o lugar de descanso de tudo o que o ser humano é: Corpo, Alma e Espírito.

É verdade que os sabatistas esperam uma ressurreição futura, algo que ainda virá, e isso no sentido literal de ressurgir de sepulturas terrenas e de corpos físicos, de Corpos Densos. Mas, essa literalização é destrutiva para toda espiritualização da Humanidade. A ressurreição não é um evento futuro, mas está aqui e agora. “Se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima[2], são as palavras do inspirado São Paulo. Cada manhã é uma ressurreição; cada avanço feito em qualquer plano ou departamento do nosso ser maravilhosamente complexo é uma ressurreição. São Paulo buscou o poder da ressurreição e disse que ainda não o tinha alcançado, mas que estava lutando para alcançá-lo.

O poder da ressurreição foi expresso pelo grande Mestre quando, depois de ter saído do túmulo, declarou que todo poder ou autoridade Lhe havia sido dado[3]. Esse mesmo poder foi proporcionado ao ser humano no momento da sua criação. E os Elohim disseram: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre o gado, sobre toda a terra e sobre todo réptil que se arrasta na terra[4]. Esse domínio sobre o céu, a terra e todas as obras das mãos de Deus não foram realmente dados ao ser humano naquela época, nem ele ainda o alcançou; foi dado apenas como uma possível conquista e essa conquista virá como o resultado de uma vida ressurreta.

Ultrassabatistas alegam que as escrituras não defendem o respeito ao domingo e esse é o seu desafio. Hoje, porém, essa autoridade existe na observância do “Dia do Senhor” pela Igreja Apostólica (Católica ou Protestante); mas, na ausência disso a Natureza, que é o livro mais inspirado de Deus, prova essa transição de maneira mais conclusiva. Em toda parte da natureza isso é observado. A cópula, a concepção e a gestação, em todos os planos, vegetal, animal ou humano, representam o Período de Saturno da escuridão e da morte; enquanto o nascimento a seguir é o período do Sol de ressurreição em estágio mais elevado. São Paulo, ao discutir o princípio da ressurreição, usa essa mesma figura. Mas alguém dirá: “Como os mortos são ressuscitados e com que tipo de corpo?”. “Tu és um tolo; aquilo que tu semeias não produzirá a menos que morra; e aquilo que tu semeias não é o corpo que deve ser, mas um grão nu, pode ser acaso de trigo ou outro tipo; mas Deus dá o corpo como Lhe agrada e cada um semeia o próprio corpo.[5].

Nenhuma disputa deve ser oferecida contra o sábado ou o domingo. Os princípios envolvidos em ambos são essenciais: um representa a involução e o outro, a evolução; um é elementar, o outro é avançado. Existem vastas multidões de pessoas que ainda não estão suficientemente amadurecidas para superar o processo literalista. Elas precisam observar o sábado ou o dia de Saturno e encontrar sua Religião sobre as ideias envolvidas nesse caso; outras são mais avançadas e precisam situar sua Religião na concepção da ressurreição, mesmo que seja uma interpretação literal de ressurreição. Cada classe representa um estágio de desenvolvimento.

Os dois são necessários em sua relatividade: o mais elevado, para trabalhar internamente como Deus, desejando e atuando por seu próprio prazer, como um ímã espiritual que atrai para cima a parte inferior; o menos elevado, para ganhar experiência pelo toque com o mundo concreto e, assim, evoluir para o mais alto até que os dois se tornem um. KAPH, a décima primeira letra do alfabeto hebraico e a primeira da superior série simbólica, ilustra esse grande princípio adotado na dupla ideia da morte seguida pela vida. A palavra significa literalmente “a Palma da mão” e denota força.

Eva foi a primeira na transgressão e por seu poder de persuasão induziu Adão a seguir seu exemplo. Nisso ela demonstrou seu poder superior; mas, na queda resultante, o seu desejo se dirigia ao marido, de modo que ela se perdeu nele. A mente carnal luta contra a espiritual e a espiritual, contra o carnal e nos estágios elementares a mente carnal é vitoriosa sobre a mente espiritual. No estágio mais avançado, o Ego, ou Cristo interno, liberta a natureza caída, assim como o Cristo expulsou os “sete demônios de Madalena”[6]; é então que, o “homem natural”, purgado de todos os desejos, torna-se casado com o “homem espiritual”.

É assim que o sábado, tendo feito sua obra de morte e destruição, introduz o domingo com sua glória de ressurreição e absorve em si a quintessência do sábado, tornando-se assim mais rico. A criação, que é geração, incluindo tudo o que entendemos por esse termo, é a donzela prostituta, a trabalhadora do mal, porque os que praticam o mal o fazem à noite. É a morte das envolturas, a morte do corpo, “porque no dia em que dela comeres, morrendo tu morrerás[7]. Esse é o trabalho preparatório do primeiro Dia da Criação, mas a regeneração é a redenção da Criação, o novo nascimento ou nascimento de Deus (o Sol).

Essa transição da escuridão para a luz é o maior dos mistérios. “Grande é o mistério da piedade, Deus manifestou-Se em carne[8]. Saturno transmutado em Sol, engolido pelo Sol, as duas forças, masculina e feminina, nessa união andrógina, agindo e reagindo, dão origem aos Novos Céus e à Nova Terra, onde habita a retidão. Essa é a consumação do processo de expiação no cosmos; o princípio corre por toda parte, da Deidade à ameba e da ameba de volta a Deus.

Outra lição a ser aprendida dos princípios envolvidos na ideia de Saturno é a lição da Lei e sua transição para os princípios eternos que estão envolvidos no ser aperfeiçoado.

Muito está sendo dito por ministros, pastores e padres a partir de seus púlpitos em todo o mundo Cristão sobre o contraste que existe entre a Lei e o Evangelho ou entre os estados de estar sob a lei e estar sob a graça. Mas, pelas conclusões tiradas é evidente que eles têm apenas uma concepção muito superficial da verdade real. Essa nebulosidade decorre do fato de que eles não têm conhecimento da base cósmica da Religião e da Teologia, não entendem adequadamente as lições mais profundas da própria Bíblia, pois praticam o Cristianismo popular.

A lei se relaciona com o estado de limitação, de tempo, de localidade, de finito. Saturno, sendo o “deus da limitação”, é o “deus da lei”. Ele é referido pelo grande Mestre como o “deus deste mundo”. É o domínio de Satanás que torna a lei uma necessidade. Onde não há lei não há pecado. A lei é feita para os injustos, não para os justos. É um mero arranjo provisório para conter o mal, até que a iluminação divina nos eleve acima da lei, quando nos tornaremos uma lei para nós mesmos. Sendo restrição, uma força negativa, impede o crescimento e trabalha para a morte. “Porque a letra <lei> mata.[9]. Legalismo e literalismo são gêmeos e ambos são descendentes de Saturno. Os legalistas estão sob a lei e não sob o princípio envolvido no Evangelho; no entanto, muitos podem se imaginar convertidos a Cristo ou nascidos de Deus.


[1] N.T.: Ex 20:8

[2] N.T.: Col 3 :1

[3] N.T.: Mt 28:18

[4] N.T.: Gn 1:26-28

[5] N.T.: ICor 15:36

[6] N.T.: Lc 8:2

[7] N.T.: Gn 2:17

[8] N.T.: ITm 3:16

[9] N.T.: IICor 1:3

O Mal é uma Crença Fixa e Falsa da Mente Mortal

O processo de Involução (a parte do Esquema de Evolução que começa no Período de Saturno e vai até a metade da Época Atlante, nesse Período Terrestre) não implica necessariamente a queda da Humanidade (a “Queda do Homem”) em pecado, doença e morte reais — no cultivo e no domínio do espírito de luxúria. Mas, uma vez que o espírito de limitação foi instituído, havia a responsabilidade de descer ao plano e domínio da Mente concreta. Essa condição se impôs a nós durante a Época Atlante e cresceu a tal ponto e a um estado de tal virulência que se diz que Deus se arrependeu de ter feito o ser humano (Gn 6:6).

Existe uma escola de pensamento hoje que combate a ideia da “Queda do Homem”, afirmando que o ser humano surgiu da condição mais baixa de vida e de forma e que o processo tem sido um avanço contínuo. Rejeitando o processo de Involução, os adeptos dessa filosofia lutam por uma geração espontânea de formas de vida. Os chamados cientistas, entre eles, podem ser encontrados examinando a água em barris de chuva ou poços de lodo na esperança de descobrir o processo.

Outros fazem testes com substância protoplasmática no esforço de produzir vida e formas. Mas, esse esforço é uma luta para produzir algo do nada, o que obviamente é impossível. A única solução viável para a questão da origem das formas de vida é a da Involução, que explica as formas de vida como tendo irradiado do grande luminar central, que é o Deus do nosso Sistema Solar. Sob essa hipótese também havia a possibilidade da “Queda do Homem”.

Com uma Humanidade degenerada em Suas mãos, caída em um estado tão baixo em todos os sentidos, a grande obra da Deidade foi resgatar e redimir a Humanidade, uma tarefa estupenda mesmo para um Deus. A Lei, então, com suas severas penalidades, tornou-se uma necessidade; época em que os cataclismos foram introduzidos como assistências na obra de salvação humana. No desenvolvimento inicial de todos nós, antes que Urano fosse descoberto ou sua influência nefasta fosse sentida em grande extensão, Saturno era o “deus da lei e dos cataclismos”. Mesmo hoje, o reinado de Saturno como o “deus do mal” e da destruição não foi totalmente superado. Ele ainda é considerado, por muitos, o grande malévolo devido o reino da lei ainda ser dominante, na verdade, uma necessidade para muitas pessoas.

Os quatro Evangelhos, como um agente salvador, tem estado ativo desde a introdução do Cristianismo e cada vez mais no sempre crescente espírito de reavivamento e nos seus resultados. Mas, a mensagem do Evangelho para a igreja e o mundo hoje é baseada na concepção exotérica do Cristo Salvador. Ele é o Salvador que foi, e de um modo nebuloso ainda é, de uma forma comercializada, literalmente um pagador da nossa dívida com a Lei, por causa da nossa pecaminosidade, tanto a atual quanto a herdada de “nosso pai”, Adão. A graça é, portanto, um dom imediato e a imortalidade, que é o seu resultado, também.

De fato, não há mal, nem natural, nem cívico, nem moral. O mal é a ilusão da Mente mortal, uma condição mental que foi produzida por termos “comido” da Árvore do Conhecimento do bem e do mal. O que a Humanidade considera o mal é, em grande parte, resultado da ignorância, se não totalmente. É verdade que dizem ser o resultado da ordem divina “Não comereis dela” e, assim, o pecado também é visto como a transgressão da Lei.

Distinguir entre o bem e o mal é uma base necessária para o crescimento moral; o crescimento moral é essencial para o desenvolvimento da alma e a experiência espiritual. Era bastante apropriado, portanto, que, como condição necessária para o desenvolvimento inicial, a cegueira fosse nosso guia. As crianças são assim educadas; elas são ensinadas, por exemplo, a acreditar em Papai Noel. Existe um verdadeiro Papai Noel, mas não como elas são instruídas a acreditar. Esse é uma ilusão que serve a um bom propósito no desenvolvimento educacional da criança. Mais tarde, ela descobre que o verdadeiro Papai Noel é seu pai ou seu responsável e, assim, capta o espírito (de gentileza) e cultiva a benevolência de um “Papai Noel” para seus filhos e para os infelizes que não têm pais ou têm pais pobres demais para dar presentes para seus filhos.

Na nossa ignorância, em seu estágio bruto, somos ensinados pela linhagem divina a acreditar na existência real do mal como sendo o antípoda do bem. Mais tarde, percebemos que isso é apenas um pouco de romance, mas tem um respaldo sólido e, pois, no desenvolvimento que se segue nós ganhamos uma experiência que só a lei e a letra poderiam dar. Acreditar no mal moral tem a sua sequência na crença no mal natural; então, somos instruídos a acreditar que no dia em que comermos do fruto proibido “morrendo morreremos”; assim, através da Mente iludida, nós nos tornamos vítimas da doença, de acidentes, de perdas e mortes.

Isso tudo é elementar. Deus não vê o mal. Seu “olho é puro demais para contemplar a iniquidade[1]. Ele está além da idade da ignorância e do romance e vê as coisas em sua verdadeira luz. O coração puro não vê o mal, mas vê Deus ou o bem, apenas. O ponto de vista tem muita relação com esse assunto do mal. “Para os puros todas as coisas são puras, mas para os impuros (ignorantes) nada é puro[2]; “Aquele que é nascido de Deus não peca e não pode pecar porque é nascido de Deus[3]. Ver o mal é ser mau e Deus é absolutamente puro. Essa ideia, embora horripilante para almas rudes, é verdadeira; é simplesmente o método de Deus para o desenvolvimento humano do estado juvenil para o estado superior.

Essa concepção é a quintessência do Evangelho como um poder para salvar ou elevar da ilusão do mal para a clara luz do Sol da verdade e da liberdade. A verdade enganosa, assim chamada, é escravidão; ela estreita, limita, produz uma consciência mórbida; mas, a Verdade liberta. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará[4]. A verdade é o objetivo ideal, mas a ilusão leva a ela e, então a ilusão é necessária. O real e o ideal andam de mãos dadas com o real dominando por um tempo, mas acabando por se tornar subserviente ao ideal. A lei, o domínio de Saturno, é universal em nosso mundo, abrangendo todos os departamentos da vida. A violação de seus mandatos na Natureza é a base de todo o mal natural: no governo artificial é o crime, a base das instituições e punições penais que vão das mais triviais até a prisão perpétua ou até mesmo a perda da própria vida; na esfera moral é a base de uma consciência acusadora e da concepção ilusória de uma Geena (o suposto inferno de fogo eterno aonde as almas são enviadas para sofrer), de um tormento sem fim como resultado de uma maldade incorrigível. Mas, com a crescente inteligência da Humanidade, particularmente ao longo da linha da verdadeira ciência e, mais especialmente, da ciência esotérica e cósmica, o “reino da lei” está relaxando e a graça a está, gradualmente, o substituindo.

A verdadeira ideia do Evangelho e o real significado da graça estão crescendo rapidamente. Quanto ao mal natural, a Mente está substituindo a terapêutica como agente de cura; quanto ao cívico, os tribunais de justiça estão estendendo o privilégio de liberdade condicional e os executivos estão mais frequentemente comutando sentenças e perdoando criminosos; quanto ao mal moral, os tormentos de um inferno sem fim como punição merecida para os culpados estão sendo substituídos por instituições purgatoriais e remediadoras, a Geena e o Hades da Bíblia, corretamente entendidos.

O mundo, incluindo todos os tipos literais de religiosos, ainda está sob o domínio da lei em todos os seus movimentos de reforma e propaganda. Desconhecendo as leis da vibração superior, ou da ajuda divina e superior, a igreja depende do “espírito do dinheiro” para sustentar o ministério, o missionário e todos os seus empreendimentos de organização, de respeitabilidade e de forças civis para inaugurar a temperança e as reformas para lidar com o mal social. Na verdade, Saturno rege todos os departamentos da igreja, bem como o estado.

Mas, os dias sagrados, os sábados e domingos, as leis em todos os departamentos, o pecado, a doença e a morte, Satanás, o Inferno e todos os outros inimigos da Humanidade, com todos os desejos desordenados, ambições baixas e motivos egoístas, serão gradualmente conquistados e abolidos para que “o novo Céu e a nova Terra[5] possam ser introduzidos. O processo de superação é o processo de elevação do inferior ao plano do superior, ou não seria redenção, mas morte e não daria início ao “dia do Sol”, mas permaneceria na sepultura durante um dia interminável de Saturno.

A mediação será então para sempre dispensada, não sendo mais necessária, pois cada alma se tornará como Deus, vendo-O como Ele é, será um Ego consciente de Cristo, um coerdeiro, junto ao Cristo, da herança do mais alto céu. Então, até mesmo o Cristo despojará Sua coroa diante do trono eterno para que “Deus seja tudo em todos[6].

Estando “mortos em delitos e pecados[7], o processo de redenção é pela morte, um morrer para a carne, para que possamos ressurgir em vida nova, a vida do Espírito. O pecado mata e para morrer para o pecado é preciso morrer para si mesmo. O décimo segundo termo do alfabeto hebraico ilustra isso de forma impressionante, a letra LAMED. A palavra significa literalmente um “aguilhão” e significa uma surra ou castigo. Dessa palavra surgiu o termo “lamm”, que significa bater com força. Essa ideia é expressa em todos os planos, em processos multiformes e nos mitos e lendas de todos os religiosos, tanto orientais quanto ocidentais. Uma das primeiras lendas da Bíblia é a de LAMECH, que matou um jovem que o feriu — a morte precedendo uma vida mais elevada e divina.

Caim matou Abel e Abel renasceu como Set; Sansão matou o Leão e da sua carcaça foi extraída doçura; o Cristo foi crucificado por Seus inimigos… Isto é Satanás, que morre para a carne a fim de alcançar uma gloriosa ressurreição, a elevação da alma à unidade com o Ego ou o Pai interior. Em todos os lugares, onde uma semente viva tenha sido plantada adequadamente, ela morre ou permaneceria sozinha; mas na morte do seu invólucro, o germe ou divindade interior brota e produz uma nova e mais elevada forma de ser.

Essa é a Lei da Graça, ou o favor imerecido, devidamente compreendida. Assim, o “dia de Saturno” se funde naturalmente com o “dia do Sol” como a noite se funde com o dia e a morte, com o renascimento.


[1] N.T.: Hab 1:12

[2] N.T.: Tit 1:15

[3] N.T.: IJo 3:9

[4] N.T.: Jo 8:32

[5] N.T.: Apo 21:21

[6] N.T.: ICor 15:28

[7] N.T.: Ef 2:1

Involução, Evolução e Epigênese

Cientistas modernos adotaram a teoria da Espiral para as formas, os ciclos, os movimentos e tantos outros fenômenos como hipótese de trabalho. Essa ideia tem sido conhecida não como teoria, mas como verdade científica pelos místicos de todas as eras passadas. A evolução não ocorre em círculos, muito menos em linha reta. O círculo nunca nos faria avançar; a linha reta nos levaria a qualquer lugar, ou melhor, a lugar nenhum. Todas as formas são espirais.

A vegetação, da menor à maior, cresce em espiral. Todas as frutas são em forma de espiral; o mesmo se aplica a ovos de todas as variedades. Todos os organismos que possuem o Corpo de Desejos — insetos, peixes, animais e seres humanos — são moldados dessa forma. No ser humano há uma relação espiral entre o quadril, o ombro e a mandíbula; em alguns casos, esse fenômeno é bastante acentuado. Os Astros também apresentam características espirais.

Todos os movimentos são em espiral, seja uma bala projetada de uma arma, um ciclone se movendo sobre a terra, um redemoinho no riacho, a rebentação do oceano ou os movimentos das esferas umas sobre as outras.

Todos os ciclos são espirais, do mais minucioso ao maior possível. O período da Criação, tomado como um todo, é uma vasta espiral. Os sete Períodos criadores são, cada um, uma espiral e cada um faz sete voltas em sua ascensão em direção ao ápice. Cada uma das Eras precessionais é uma espiral; os séculos também, assim como os anos, meses, dias, horas, minutos e assim por diante, até o menor ponto infinitesimal de tempo. Esse é o processo universal de gestação e nascimento, pois ambos são movimentos, forças e formas. A vida, a morte e o renascimento, que se repetem continuamente, seja do ser humano ou dos mundos, expressam o movimento espiral.

Como mostrado no artigo anterior, os fenômenos não ocorrem apenas em espiral, mas em ciclos de atividade e de repouso: dias e noites, vida e morte; avanços e aparentes retrocessos; fluxo e refluxo; verão e inverno; e durante os períodos de descanso, os frutos dos períodos de atividade são reunidos e guardados com o propósito de enriquecer o ser e intensificar a autoconsciência.

Hierarquia Celestial

O trabalho de envolvimento da vida e o desdobramento dos órgãos, tanto internos quanto externos, superiores e inferiores, é realizado não apenas pela Deidade Suprema de maneira geral, mas Deus é auxiliado pelas Hierarquias Criadoras, Seres que avançaram do estágio humano para o estágio de glória e todos incorporados no Absoluto. Cada um tem o seu próprio trabalho designado para realizar, um trabalho exatamente adequado ao seu estágio de progresso. Todos esses Seres, por mais gloriosos, por mais avançados que sejam como Divindades ou Criadores de Mundos, são frutos de ciclos criadores anteriores e avançaram do estágio mais baixo possível das formas de vida.

Esses seres angélicos estão em vários estágios de desenvolvimento, desde aqueles que atingiram o estágio mais elevado até aqueles que possuem menos consciência do que a Humanidade comum; todos são ajudantes de uma forma ou de outra e por meio da ajuda prestada estão ajudando a si mesmos a avançar para alturas mais elevadas, assim como avançamos nesta vida ao contribuir com o progresso dos outros. Eles não são apenas ajudantes dos desdobramentos iniciais da vida, mas ajudam uns aos outros, auxiliando os seres angélicos superiores nos planos inferiores. Nem todos ajudam em todos os momentos, mas cada classe aguarda o seu tempo até que haja trabalho adaptado a ela.

No Reino de Deus a ajuda mútua é um dos grandes princípios, mas em nosso estágio de desenvolvimento pouco é praticado nessa direção, pois cada um está muito ocupado com seus próprios assuntos para dar um pensamento útil a seu irmão ou a sua irmã; mas, à medida que a Onda de Vida humana avança, o altruísmo também avança e o egoísmo gradualmente se dissipa.

O crescimento da alma, na melhor das hipóteses, é extremamente lento; começou na manhã da criação e prossegue Era após Era através de muitas vidas, até o fim dos tempos. Existem, no entanto, almas avançadas e retardatárias; aquelas que avançaram ao longo do “caminho reto e estreito” por meio de exercícios especiais, auxiliadas pelos seres angélicos, e que venceram a corrida muitas Eras antes dos soldados rasos e esses, que, nada sabendo da possibilidade de tal vantagem, e talvez não se importando, elaboram seu destino na forma ampla da vida comum; os retardatários são aquelas almas que retrocedem na corrida, ficando para trás de Era em Era, e que têm até a quinta Revolução desse Período Terrestre para alcançar o ritmo nesse Esquema de Evolução; caso contrário perderam as condições de continuarem evoluindo nesse Esquema de Evolução. Desses alguns ainda estão no estado da Onda de Vida animal, mas deveriam estar no plano humano. Entre os pioneiros do antigo Ciclo Criador, que assumem sua tarefa neste ciclo, como se retomassem o trabalho de um dia anterior, exatamente de onde pararam, alguns ultrapassaram os novos iniciantes e se tornaram os Irmãos Maiores do nosso ciclo, sendo uns mais avançados do que outros.

Ao longo do caminho há todos os estágios de desenvolvimento, desde a alma vegetal e mais baixa, ainda inconsciente ou cuja consciência está no estado de sonho, até o Senhor da Mente mais elevado que, como luz celestial e brilhante, permanece diante do Trono Eterno. Existem todos os graus de seres humanos nesta vida, desde o recém-nascido ao centenário; dos mais estúpidos e ignorantes aos Mestres de Sabedoria; e o que é verdadeiro para a vida orgânica e microcósmica é igualmente verdadeiro para os organismos macrocósmicos ou esferas.

Esse trabalho de ajuda externa, feito pelos vários planos de Espíritos angélicos, prossegue de plano em plano como Espíritos grupais que sempre carregam suas cargas cada vez mais altas, até que o plano do humano seja alcançado e o ser humano se torna uma individualização autoconsciente do Ser Espiritual, ganhando independência à medida que a Vontade se torna cada vez mais livre do domínio da carne, quando ele não precisa mais de ajuda externa e se torna uma lei para si mesmo. Nesse estágio, a experiência, transmutada em Sabedoria é o seu instrutor e ele, como as “filhas do Rei”, torna-se então “todo glorioso por dentro” e rapidamente desenvolve poder e autoridade semelhantes aos dos deuses.

Essa consumação é o resultado de um processo duplo: o primeiro consiste na construção gradual dos vários invólucros ou corpos do espírito inerente, por meio dos quais ele deve se manifestar nos vários planos de consciência correspondentes ao veículo. Esse processo costuma ser chamado de período de Involução e significa o envolvimento do Espírito na matéria, em vários graus de tenuidade.

No ser humano, é o trabalho de preparação para a experiência humana em todos os vários planos do Ser, porque sem um corpo a experiência e a consciência são inviáveis. O último processo, o período de existência consciente, consiste em utilizar os veículos para a aquisição de experiência, sabedoria e poder: é a transmutação do ser humano em Deus. Este processo é chamado de Evolução, o que significa a evolução de todos os invólucros de volta ao Espírito puro.

O ser humano, sendo uma individuação da Deidade e possuindo uma vontade independente, é uma Individualidade, de modo que, não apenas não há dois iguais, mas também não há dois que agem da mesma forma sob as mesmas circunstâncias ou situações semelhantes. Os animais são controlados por um Espírito-Grupo; eles não possuem independência de vontade e ação. Eles são governados pelo instinto, não pela intuição. Às vezes, mostram feitos maravilhosos, como a abelha na construção dos alvéolos no favo; mas, todas as abelhas agem exatamente da mesma forma em seu trabalho e produzem de maneira igual as mesmas formas.

O mesmo comportamento se aplica ao castor, à formiga e a muitos outros insetos e animais construtivos. Eles nunca fazem qualquer melhoria em seu trabalho; o tempo passa e ele permanece o mesmo. O Divino ainda não foi individualizado neles. Não há gênio entre eles, pois o gênio é a expressão de uma Mente divina e, em conexão com a imaginação, faz do ser humano um criador dentro de si mesmo. O castor é um construtor sob controle; o ser humano é um construtor independente, de modo que é capaz de uma variedade infinita em todas as suas realizações. O instinto não é engenhoso, mas o gênio é.

Se algo acontecer e estragar as células do favo de mel, as abelhas o descartam e começam a construir de novo; mas, o ser humano, sendo um criador, é capaz de converter a derrota em sucesso. O ser humano, assim, não apenas evolui, pois, evolução significa mero desdobramento de possibilidades latentes, o simples crescimento ou desenvolvimento, como a evolução de um pássaro a partir de um ovo. Todas as formas inferiores de vida evoluem, mas o ser humano procede pelo processo de Epigênese.

A força dentro dele, que faz com que sua evolução seja mais do que um mero desdobramento de poderes latentes, que faz a evolução de cada indivíduo ser radicalmente diferente da de todos os outros, que fornece o elemento de originalidade e dá escopo à potência criativa que o ser em evolução deve cultivar por seus próprios recursos independentes para eventualmente se tornar um Logos ou uma Deidade criativa — essa força é o Gênio, o elemento desperto em nós por Deus.

Muitos cientistas avançados de hoje consideram a Epigênese um fato demonstrável; mas, os cientistas em geral, lidando apenas com os fenômenos, com a forma, reconhecem apenas a Evolução.

Muitos dos filósofos avançados do nosso tempo reconhecem tanto a involução quanto a evolução. Mas, os místicos combinam todos os três em sua filosofia — Involução, Evolução e Epigênese. A Epigênese não entra em conflito com a evolução, como alguns supõem. Max Heindel, no “Conceito Rosacruz do Cosmos, mostra que sem a Involução é impossível compreender a origem da Humanidade; sem a Evolução não podemos entender o constante desenvolvimento da Onda de Vida humana; e sem a Epigênese não podemos conceber porque o ser humano se desenvolve como o faz.

Os Ciclos

Como foi observado anteriormente, há em um vasto ciclo criador sete ciclos menores de duração uniforme, constituindo, cada um deles, uma noite e um dia criadores. Cada um desses ciclos é subdividido em sete ciclos menores de duração uniforme e possuem, também, respectivamente, sua noite e seu dia de igual duração; como o tempo nunca cessa, esses sete ciclos internos constituem uma espiral com o tempo sempre se movendo para cima em direção ao ápice. Também observamos que cada uma dessas noites e dias criadores recebe o nome de um dos Planetas do nosso Sistema Solar e que o Período de Saturno inicia o Tempo. Isso nos dá sete Mundos, bem como sete ciclos e cada Mundo corresponde a um ciclo. Cada um desses Mundos corresponde ao Planeta que lhe dá nome e possui um grau diferente de vibração, o que significa um estágio diferente de densidade que vai da pura substância espiritual até a matéria densa.

Embora nos refiramos a sete Mundos, deve-se entender que esses não são Mundos separados ou distintos, mas Mundos dentro de Mundos e, como no caso de nosso organismo, existem Corpos dentro de Corpos, desde o Corpo Denso até o Espírito Virginal. Eles correspondem exatamente, sendo o último a miniatura do primeiro e estando envolvido nele. O Sistema Solar é, portanto, uma unidade composta de um número infinito de unidades menores ou Sistemas Solares, desde o átomo até o Sol universal; como Deus é o Sol, tudo isso está contido em Deus e, de acordo com essa visão, “Deus é tudo em todos”. A separação, ou diferenciação dos Mundos, um do outro, ocorreu depois do Período de Saturno, cada um tendo nascido em sua estação de acordo com o surgimento de novas condições no Esquema de Evolução.

Os Mundos mais elevados, ou mais espirituais, muito naturalmente foram os primeiros a nascer e são os últimos a desaparecer, porque saíram diretamente do puro Espírito e ao mesmo retornarão. Com o passar do tempo, à medida que a Involução continuou, Mundos mais densos surgiram como veículos para a experiência, até que finalmente todo o sistema foi concluído, inclusive os três Mundos mais densos nos quais nossa atual evolução está sendo consumada e o elo de conexão entre os Mundos espirituais e superiores e o Mundo material, inferior, Região Química do Mundo Físico. À medida que esses Mundos servem, cada um, a seu propósito particular, como uma célula desgastada do nosso Corpo Denso que percorreu o seu curso, sua existência termina e, assim, com o tempo, todo o sistema é reabsorvido no centro cósmico Uno e Universal, quando outra longa Noite se segue, preparatória de um novo Ciclo criador. Assim, o processo de criação continua incessantemente, dia após noite, sistema após sistema.

Planos de Consciência

Antes do início da longa jornada do Espírito individualizado através da matéria, como Espírito Virginal, virgem porque não se encontrava contaminado pela matéria, ele estava no Mundo ou esfera do Espírito Virginal – o Mundo dos Espíritos Virginais –, que está próximo ao mais elevado dos sete Mundos, sendo o mais elevado o Mundo de Deus, onde não há diferenças, mas a eterna imutabilidade e, no entanto, é a Fonte eterna de toda a Criação.

Nessa época, possuía consciência divina e universal, mas não autoconsciência. Para obtê-la, era necessário que ele se envolvesse em um Corpo Denso e grosseiro; ou seja, que se tornasse humano, como conhecemos hoje o humano. Sem essa condição, ele não poderia associar-se a uma Alma, ou invólucro espiritual, nem poderia ter o Poder da Alma, o Poder anímico, fruto do seu trabalho no Tríplice Corpo. Finalmente, sem se manifestar na carne, jamais poderia se tornar um Logos ou uma Mente criadora. Teria, portanto, permanecido para sempre em sua morada nativa, possuindo apenas potencialmente essas vastas possibilidades, e Deus, o Pai-Mãe, teria sido para sempre um “Pai sem filhos”. Assim, a majestade do sexo não teria ganhado expressão. A ideia de uma Deidade eternamente inativa e de um espaço eternamente perdido e vazio é dificilmente concebível.

Deus anseia eternamente por Sua prole e os filhos cósmicos e microcósmicos são o resultado. O Espírito Virginal desceu primeiro ao plano do puramente humano e depois ascendeu de volta a Deus; na sua descida e ascensão Ele se tornou uma Deidade Criativa.

De acordo com o livro “Conceito Rosacruz do Cosmos, no início da Manifestação, Deus diferenciou dentro de Si esses Espíritos Virginais (que se tornaram seres humanos) como centelhas de uma Chama (Radiações) da mesma natureza e capazes de serem transformadas em Chamas ou Deuses.

A Evolução é o processo de abertura que deve atingir esse fim. Nos Espíritos Virginais estão encerradas todas as possibilidades do seu Pai Divino, inclusive o germe da Vontade independente que os torna capazes de dar origem a novas fases. As possibilidades latentes na Vontade são transformadas em poderes dinâmicos e faculdades disponíveis durante a Evolução, tais como são expressas em todas as formas vivas que se situam abaixo do ser humano em todos os planos inferiores, enquanto a Vontade independente institui projetos novos e originais, como expressam os seres humanos que se expressam como gênio, e são incorporadas na Epigênese.

Quando o Espírito Virginal se envolve no Plano imediatamente abaixo daquele do Espírito Divino e assim começa sua longa peregrinação, sua consciência, que vimos ser divina, torna-se totalmente cega, de modo que se torna completamente alheia às condições externas, como é o ser humano no mais profundo transe. Esse estado de inconsciência continua ao longo deste Plano e do Período que envolve.

Esse Período, como será mostrado mais tarde, é o Período de Saturno. No segundo, ou Período Solar, correspondente ao Plano do Espírito de Vida, a consciência se eleva ao estado de sono profundo ou sem sonhos. Durante o terceiro, ou Período Lunar, que é o terceiro degrau descendente na matéria e corresponde ao Mundo ou Plano do Pensamento, a consciência eleva-se ao estado de sono com sonhos. No meio do quarto Período, o Plano Terrestre, ao qual agora chegamos como Onda de Vida humana, a consciência alcançou o estado de totalmente desperta, a consciência de vigília.

Essa é uma consciência pertencente apenas ao mais baixo dos sete Mundos. Durante a metade restante deste Período, a Metade Mercurial, e todos os Períodos restantes — de Júpiter, de Vênus e de Vulcano —, a consciência, tendo sido totalmente despertada, continuará a se expandir à medida que a Alma avança para frente e para cima de volta para Deus, de modo que incluirá todos os seis Mundos acima do plano Físico, Mundos pelos quais anteriormente desceu através da Involução.

Enquanto o Espírito Virginal descia, assim, à matéria para formar para si os invólucros essenciais pelos quais poderia se expressar no plano do físico e do mental, as energias vitais inerentes a ele eram dirigidas por Seres superiores que ajudavam a voltar sua energia inconsciente para dentro, de modo a lhe permitir construir os seus próprios veículos. Durante todo esse tempo, o Espírito Virginal foi um feto indefeso e inconsciente sendo gestado no ventre da Natureza.

Mas, depois, quando veio o nascimento no Mundo objetivo, no plano do humano, e o Espírito Virginal avançou suficientemente e se equipou com o Tríplice Corpo, os olhos da sua consciência foram abertos e agora, como ser humano, seu olhar foi invertido: do Mundo interior para o Mundo exterior, para que as suas energias o conquistem.

Como ser humano, tornou-se agora potencialmente um Elohim, um construtor de Mundos: “Pois tu o fizeste um pouco menor do que os Elohim”. Para alcançar essa exaltada possibilidade, o ser humano deve necessariamente avançar pela Região Química do Mundo Físico, pelo Mundo do Desejo e, mais tarde, pelo Mundo Mental até atingir o plano do Ego, despertando sua consciência à medida que avança, ganhando total experiência e poder, conquistando a onisciência, a onipotência e todos os outros atributos divinos.

Assim, foi dado um esboço do Esquema da Evolução, de acordo com a Filosofia Rosacruz. Embora seja obscuro, é compreensível, especialmente por aqueles que avançaram o suficiente ao longo do caminho para se interessar profundamente pelos grandes problemas envolvidos. Que o conhecimento desse Esquema de Evolução, especialmente o seu domínio, é altamente importante, ficará evidente quando considerarmos que quanto melhor conhecermos os segredos ocultos da Natureza, com cujas leis e princípios temos de lidar, mais perfeito será o nosso poder sobre a Natureza.

Ignorar as forças ocultas é ser tão indefeso quanto um bebê nos braços de sua ama. Pouco a pouco essas Forças da Natureza estão sendo dominadas, como se vê na energia a vapor, no telégrafo elétrico, na energia elétrica, na luz elétrica, no telefone, na telegrafia sem fio, na telefonia e em muitos outros aparelhos da descoberta moderna no mundo prático. Mas, nos planos superiores, essas forças ocultas aparecem em possibilidades maravilhosas como na Clarividência, Clariaudiência, telepatia e forças espirituais afins. Conhecer e ser capaz de trabalhar com essas forças é tornar-se um colaborador da Deidade, usando possibilidades e poderes amplamente divinos.

Além disso, essas forças ocultas têm um lado sombrio e um lado positivo, trabalhando para a destruição e para a construção; elas se manifestam tanto na força satânica quanto na Divina. O raio não apenas opera ou pode controlar a maquinaria do Mundo, mas, na ignorância sobre o seu poder destrutivo ou sobre os seus modos de operação, alguém pode ser vítima de sua corrente mortal e o mesmo é válido para todas essas forças. A magia branca, ao elevar a Humanidade, eleva o mago; a outro, ao afligir sua vítima, aflige a si mesmo, criando material mortal para agoniar tanto esta vida quanto as futuras; é importante, assim, conhecer o uso de uma e se proteger da outra.

Encarnações Divinas

Tudo o que foi dito sobre a criação do Mundo e expressa o assunto em seus termos mais gerais também pode ser dito sobre a Involução e Evolução dos germes que ocorreram na humanidade, pois os dois foram concebidos, gerados e nascidos juntos.

É verdade que nossa Bíblia se refere ao ser humano, criado à semelhança e imagem de Deus, como a “obra-prima” da Deidade e o produto do sexto dia da criação, mas essa referência destina-se ao ser humano não como é hoje, muito menos como tem sido, mas como ele será em seu pleno desenvolvimento.

Como os Mundos, a vida microcósmica primeiro desceu por Involução ao plano de cristalização e depois ascendeu por Evolução, através dos planos do vegetal, do animal e do humano bruto, até o plano que agora ocupa, que, em seu estado normal, é ainda um humano puro, mas está avançando do humano para o divino. O Espírito dentro dos Corpos já esteve envolto em mineral, quando, como no caso da terra, a consciência estava em estado de transe profundo. Em seguida, avançou para o plano de vegetal, onde possuía um Corpo Vital e a consciência estava no estado de sono sem sonhos.

Ele então ascendeu ao estado animal, abrangendo toda aquela vida orgânica possuída por um Corpo de Desejos, em que a consciência foi despertada, mas não era autoconsciência, pois o Espírito ainda não estava individualizado, mas era governado de fora, de maneira parecida como os Espíritos-Grupo fazem hoje com a Onda de Vida animal. Finalmente, o espírito residente foi revestido de corpos humanos de carne e sangue, que são apenas transmutações da essência da vida mineral, vegetal e animal.

Dias de Criação

No desenvolvimento da vida orgânica e do ser espiritual são necessários sete vastos Períodos, como afirmado anteriormente, geralmente chamados de dias criadores, abrangendo em sua totalidade todo o Ciclo Criador. Cada um desses Dias é seguido por uma Noite de duração proporcional durante a qual as experiências do Dia anterior são revisadas e sua essência é reunida ao enriquecimento da alma.

Esses dias criadores recebem o nome dos Astros do nosso sistema solar na ordem do processo criador. A segunda metade do último dia criador, de acordo com o relato bíblico, é o sábado, cujo nome vem do Planeta Saturno; mas, de acordo com os místicos esse é o primeiro Dia, pois introduz o Tempo. O segundo Dia, o domingo, recebe o nome do Sol; o terceiro Dia, ou segunda-feira, o da Lua; o quarto Dia, ou a primeira metade do Dia terrestre, o de Marte; a segunda metade recebe o nome de Mercúrio; o quinto Dia, o de Júpiter, chamado pelos nórdicos de Thor, refere-se à quinta-feira; o sexto Dia, ou sexta-feira, tem o nome de Vênus; e o último Dia, que é a primeira metade do sábado, o de Vulcano, o deus do submundo.

Esses Astros específicos regem os vários dias da semana correspondentes. Embora os dias da semana recebam o nome dos Astros, os Períodos criadores mencionados não têm referência a eles, exceto no sentido mais amplo; mas, todos se referem à Terra, como o Período de Saturno da Terra, o Período Solar da Terra e assim por diante. O trabalho geral a ser realizado é indicado pelo Astro nomeado, pois o trabalho de Saturno deve ser realizado durante o Período de Saturno na Terra; o trabalho do Sol durante o Período Solar da Terra, etc.

Cada um dos Dias criadores é subdividido em sete períodos menores chamados de Revoluções e correspondem ao trabalho que deve ser feito durante todo o Dia criador, sendo o trabalho a ser feito durante a Revolução correspondente. Assim, como o trabalho de Saturno é realizado durante o longo Período de Saturno, um trabalho similar deve ser feito na Terra durante o subperíodo de Saturno do longo Dia terrestre e assim por diante.

Ao mostrar o trabalho a ser feito, então, durante o longo Dia de Saturno, que é um trabalho geral, mostramos de maneira específica o trabalho especial a ser realizado durante cada Revolução.

O que é indicado aqui sobre o Período de Saturno e as sete Revoluções de Saturno é verdadeiro para cada um dos outros Períodos e Subperíodos, como por exemplo o Período Solar, ou segundo Dia criador, está ligado de maneira geral ao trabalho do Sol, enquanto a primeira ronda do Sol tem relação com o trabalho específico do Sol e a da Lua, com o trabalho específico da Lua durante o segundo Dia criador…

Durante os sete longos Dias criadores e os quarenta e nove Revolução criadores, todo o trabalho de construção do Mundo e construção do ser humano — nos detalhes mais minuciosos, começando dos Espíritos Virginais que são inexperientes e não estão desenvolvidos, descendo e subindo, primeiro ao plano mineral e então, de volta, ao plano dos Espíritos Virginais, mas agora totalmente desenvolvidos e totalmente conscientes como Deidades criadoras — será completo.

Os literalistas de hoje têm muito a dizer e escrever sobre o “Plano das Eras de Deus”, mas o período abrangido e a obra a ser realizada, segundo eles, são tão insignificantes que parecem apenas uma gota em um balde, em comparação com o verdadeiro plano de Deus, apenas um instante de tempo dentro de uma época inteira, quando comparado à duração de um Ciclo criador. É tão vasto que está além da nossa capacidade de compreensão.

O Primeiro Dia da Criação

Esse, conforme explicado acima, é o Dia de Saturno, ou a segunda metade desse Dia. Entre os antigos hebreus, o sábado é uniformemente ensinado como sendo o sétimo ou último Dia criador, o Dia em que Deus terminou todas as Suas obras e entrou em descanso, o longo período de descanso do povo de Deus quando, eles completaram sua longa jornada através da matéria. Mas, como mostrado em artigo anterior, essa Noite deve preceder o Dia e a morte deve introduzir a vida; como Saturno é o deus da noite e da morte, ele deve ser o introdutor do primeiro Dia.

Assim, ele é representado na mitologia grega como o “Velho Pai-Tempo”, o deus que introduziu o tempo, o plano do limitado dentro do ilimitado, de modo que podemos ver prontamente que ele representa o Primeiro Dia Criador. Ele geralmente é representado como um homem velho, cheio de anos e maduro para se reunir com o grande depósito da eternidade.

Ele está sentado ao lado de uma mesa sobre a qual se vê uma ampulheta cujo objetivo é medir o tempo. Sobre o seu ombro está uma foice, indicando que o tempo ceifa todas as coisas para a eternidade. Nisso ele representa sinteticamente, como de fato ele controla, todo o tempo e, portanto, é o “Deus deste Mundo”. Sendo o deus do tempo, é sua missão construir e destruir todas as formas com o propósito de reconstruí-las em um plano superior da grande espiral. Esse trabalho reconstrutivo, no sentido mais geral, é o trabalho de construção de seres humanos e Mundos, como vimos acima, trabalho trazido de um Ciclo criador anterior.

De acordo com o relato bíblico, o trabalho geral feito durante o Período de Saturno foi um mero trabalho de concepção, um processo de reflexão introdutório à produção de luz. De acordo com a tradução do rei James, no início dos tempos “a terra estava vazia e vaga[1]. Em certo sentido, isso era verdade, pois não havia formas ou organismos de natureza concreta como os que conhecemos; e ainda havia uma forma bem definida, uma vasta massa nebulosa que estava situada dentro do “grande abismo” do espaço. Antes que a criação realmente começasse, o espaço estava preenchido com a substância que compunha essa vasta nebulosa, mas em uma condição sem forma. Sendo sem forma, essa substância era fria e elétrica, um zero absoluto, de fato.

Mas, com o início da forma, o estado magnético da eletricidade foi introduzido e, assim, o calor permeou a forma. O Espírito, que é elétrico, é informe e imutável, portanto, eterno e sempre existente; mas, assim que assume a forma, por mais etérea que ela possa ser, Ele é trazido para dentro do alcance do Tempo, perde Sua espiritualidade essencial e é transmutado da condição de frio intenso à de calor incandescente. Antes do processo criador “as trevas cobriam o abismo[2]; isso porque sem forma o espaço fica cheio de escuridão, pois fica em estado negativo.

A escuridão não é uma entidade como a luz, mas é a ausência de luz e na ausência de forma não pode haver luz. A luz é radiante ou refletida, seja a luz do Sol ou da Lua, mas em ambos os casos deve haver forma. Mas, com a gestação da nebulosa, a luz começou — luz e calor implicam-se mutuamente. Assim, no primeiro passo do processo gestativo, a forma bruta e a luz passaram a existir juntas. “Deus disse: “Haja luz” e houve luz. Deus viu que a luz era boa, e Deus separou a luz e as trevas[3].

Deus chamou à luz “dia” e às trevas “noite”. Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia[4]. A escuridão pertence ao estado indiferenciado; a luz pertence à criação; é, portanto, uma medida do tempo assim como medimos por dias e noites. O primeiro Dia criador, então, foi a introdução do tempo, a transição da escuridão, da morte e frieza de Saturno para a luz cósmica que é vida e calor.

E, no entanto, a escuridão no estado indiferenciado é luz indiferenciada, pois o estado indiferenciado é o estado do indizível; é o estado do Espírito em Sua absoluta pureza. É escuridão apenas para o nosso sentido limitado da visão que, por causa de sua limitação, é incapaz de perceber a luz no plano do Espírito; “O homem psíquico não aceita o que vem do Espírito de Deus. É loucura para ele; não pode compreender, pois isso deve ser julgado espiritualmente.[5], assim diz o inspirado S. Paulo.


[1] N.T.: Gn 1:2

[2] N.T.: Gn 1:2

[3] N.T.: Gn 1:3-4

[4] N.T.: Gn 1:5

[5] N.T. 1Cor 2:14

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