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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: A Bíblia ensina a imortalidade da alma de uma forma autoritária. A Filosofia Rosacruz ensina o mesmo abertamente, apelando à razão. Não há provas positivas sobre a imortalidade?

Pergunta: A Bíblia ensina a imortalidade da alma de uma forma autoritária. A Filosofia Rosacruz ensina o mesmo abertamente, apelando à razão. Não há provas positivas sobre a imortalidade?

Resposta: O consulente está errado quando diz que a Bíblia ensina a imortalidade da alma. Não é mencionada uma única vez a palavra imortalidade ou céu no sentido de uma possessão do ser humano no Antigo Testamento. Lá encontramos, explicitamente, que: “O céu, mesmo os céus são do Senhor, mas a Terra, Ele a deu aos filhos dos homens” (Sl 115:16). É explicitamente anunciado que “a alma que peca, morrerá”. Se a alma fosse imortal, isso seria uma impossibilidade. No Novo Testamento, a palavra “imortal” ou “imortalidade” é somente usada seis vezes. Ela é destacada como alguma coisa pelo que lutar, ou algo que é um atributo de Deus.

No entanto, no que diz respeito ao Espírito, o caso é diferente e, mesmo quando esse é o tema, a palavra imortal não é usada. A imortalidade está subentendida, da mesma forma que a doutrina do Renascimento, em muitas passagens; mas a doutrina do renascimento se evidencia mais do que a da imortalidade do Espírito humano, pois a doutrina do Renascimento foi ensinada definitivamente pelo menos uma vez no Evangelho Segundo São Mateus capítulo 11, versículo 14, em que o Cristo disse de João Batista: “Esse é Elias”. Nesse ensinamento, a doutrina da imortalidade foi novamente mencionada, pois, se o Espírito Elias renasceu como João Batista, ele deve ter sobrevivido à morte física. O ensinamento da imortalidade era, naquele tempo, um dos ensinamentos ocultos e mesmo até hoje é dificilmente aceito, e assim o será até quando o ser humano entre no Caminho da Iniciação e lá veja por si mesmo a continuidade da vida.

No entanto, podemos afirmar, em resposta à pergunta, que tudo depende do que se entende por “prova positiva”, e quais são as qualificações da pessoa que pede a prova para poder julgá-las? Não podemos provar um problema de trigonometria a uma criança, mas se ela se desenvolver, aprendendo os preliminares necessários, lhe será fácil prová-la o problema. Também não podemos provar a existência da cor e da luz a um cego de nascença; são fatos que ele não pode apreciar, porque não possui a faculdade requerida. Mas, se adquirir a faculdade da visão, por meio de uma cirurgia, não será necessário lhe provar esses fatos, pois ele constatará a sua veracidade. Da mesma forma, ninguém pode apreciar as provas da imortalidade do Espírito até que, por si mesmo, esteja capacitado para percebê-las; então, será fácil para ele obter a prova positiva da imortalidade do Espírito, da sua existência antes do nascimento e da sua permanência após a morte. Enquanto ele não estiver assim qualificado, deve se satisfazer com deduções razoáveis que podem ser obtidas de várias outras maneiras.

(Pergunta nº 80 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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Cabeça – Coração

Cabeça–Coração

Em torno desse tema, debatem-se, milenarmente, quase todos os seres humanos, e, de modo especial, os filiados as diversas escolas, espiritualistas ou não.

Uns acham que a Cabeça tem maior importância.

Outros inclinam-se para o Coração.

Entretanto, a Ordem Rosacruz, através da Fraternidade Rosacruz, essa última fundada em 1909, por seu fiel mensageiro, Max Heindel, lançando luz sobre tão magno problema, nos esclarece que a importância está no equilíbrio.

Equilibrar a Cabeça e o Coração é tocar no ponto fundamental para a realização integral do homem ou da mulher.

É de suma importância o equilíbrio das funções intelectual e cardíaca. Essas funções equilibradas permitem, portanto, a harmonia. Assim, quando o Coração sente, a Razão sanciona, não deixando de aparar, todavia, os excessos. E, quando a Cabeça pensa, o Coração faz com que a Razão sinta o problema, evitando, desse modo, que ela se torne tirânica.

Conclui-se, então, que tanto um, como o outro, atuando isoladamente, nem sempre produz bons resultados. Por esse motivo, nada mais importante do que o conjunto, ambos funcionando em estreita e íntima colaboração, tendo em vista o progresso e felicidade do ser humano.

Nenhuma delas deverá, pois, querer se trajar de mais importante do que a outra. E, aquele que assim opinar, pendendo para um lado ou para o outro, mesmo que esteja imbuído da melhor intenção, revela estar vivendo, ainda, uma das fases de desenvolvimento unilateral.

Contudo, o esforço que cada um empreende, é algo respeitável. Produzirá, seguramente, resultado positivo. Contudo, se for empregado como a Escola Rosacruz orienta, o candidato dará largos passos, por meio do equilíbrio das funções.

Razão e Sentimento em perfeita consonância, no campo da ação. Após o equilíbrio, resta agir intensamente. O ser humano tem, agora, unidade para tanto. Está, portanto, apto às grandes realizações.

Quando o Probacionista atinge o equilíbrio Cabeça-Coração, encontra-se, sem a menor sombra de dúvida, às portas do Discipulado. Não importa o seu tempo de Probacionismo. Aliás, quanto menos tempo gastar para ingressar no grau seguinte, demonstra maior capacidade evolutiva. Não mais se prende a este ou aquele aspecto, exatamente porque se tornou um todo harmônico, em plena atividade. Seu desenvolvimento passou a ser total, tendo deixado para trás o sentido parcial das coisas. Assim, acaba de ampliar seu campo de realizações.

Ao discorrer a respeito do presente tema, dissemos logo no começo, quase todos os seres humanos. Não falamos todos, porque não seria justo incluir os Discípulos, Irmãos Leigos, Adeptos, etc. Esses são Seres que já conquistaram o equilíbrio, razão pela qual não há o que falar em desajuste de ditas funções. Então, esta é a verdade, em condições de ensinar a outros como equilibrá-las.

Examinando trabalhos dos Iniciados, neles constatamos haver completa fusão da sabedoria e do amor. Nas Cartas de São Paulo, por exemplo, o conteúdo delas é todo sabedoria-amor. Não pode haver trabalho sábio, sem que seja feito amorosamente. E, por outro lado, não existe trabalho amoroso que não encerre profunda sabedoria.

Tomemos os Evangelhos e, a cada passo, sentimos de perto o extraordinário equilíbrio da Cabeça-Coração, demonstrado pelos Evangelistas. A mesma coisa verificamos no Livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Seria difícil dizer que nessa obra foi colocado mais amor do que sabedoria ou mais sabedoria do que amor. O que podemos perceber, entretanto, é que ambos foram colocados em alto grau.

Assim como não se chega à Iniciação sem primeiro alcançar o equilíbrio Cabeça-Coração, acrescido de intensa e desprendida ação, absurdo seria acreditar que existe Iniciado inconsciente. Na Iniciação, fornecida pela Ordem Rosacruz, cada um terá que percorrer o Caminho de Iniciação Rosacruz, palmo a palmo, sem o que tal Iniciação jamais se consumará.

Lembrem-se que o candidato é quem se carrega ou se prepara, através da própria jornada que empreende. Realizada a Iniciação, o Iniciado tem a consciência de vigília concernente à mesma. Um valor real ela encerra, tanto no Mundo visível, como nos Mundos invisíveis. Ajudado por Deus, é uma conquista sublime que o Ego alcança!

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 09/1964 – Fraternidade Rosacruz)

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A Iniciação Vista por Fernando Pessoa

A Iniciação Vista por Fernando Pessoa

Do grande gênio da poesia, Fernando Pessoa, que nasceu em Lisboa, em 13 de junho de 1888, desprende-se a profundidade infinitamente poética de um homem rosacruciano, cuja obra e ideal se situam num dos mais elevados planos da vida espiritual. Vamos ver como ele descrevia a Iniciação.

Em Pessoa, não podemos separar o pensador do poeta genial: ambos se radicam numa complexa e luminosa unidade, incisiva, constante, onde aparece invariavelmente a questão do “ser”, da autenticidade espiritual, da irremediável separação do “Eu superior”, do Eu-testemunha-silenciosa de todos os atos na Terra; em Pessoa é difícil distinguir os poemas que revelam o seu máximo expoente espiritual, e os que se nos afiguram menos explícitos – e isto porque nesse gênio do pensamento e da beleza poética, tudo é reflexão, tudo é nostalgia de um passado e de uma ausência que todos os seres com preocupações espiritualistas conhecem de perto, mas que só alguns gênios da poesia e da arte de pensar e sentir revelam e decifram na sua integral verdade.

Deixamos, pois, aqui, para o momento de meditação, alguns trechos do poema “No túmulo de Christian Rosenkreuz” (in Obras Completas de Fernando Pessoa, Ática editora, 1973):

Quando, despertos deste sono, a vida,
Soubermos o que somos, e o que foi
Essa queda até Corpo, essa descida
Até à Noite que nós a Alma obstrui,

Conheceremos, pois toda a escondida
Verdade do que é tudo que há ou flui?
Não: nem na Alma livre é conhecida…
Nem Deus, que nos criou, em Si a inclui.

Deus é o homem de outro Deus maior;
Adam Supremo, também teve Queda;
Também, como foi nosso Criador,

Foi criado, e a Verdade lhe morreu..
De além o Abismo, Sprito Seu, Lha veda,
Alguém não há no Mundo, Corpo Seu.

(…) Mas se a Alma sente a sua forma errada,
Em si, que é Sombra, vê enfim
luzido o Verbo deste Mundo,
humano e ungido
Rosa perfeita, em Deus crucificada. (..)

(…) Ah, mas aqui, onde irreais erramos
Dormimos o que somos, e a verdade.
Inda que enfim em sonhos a vejamos,
Vemo-la porque em sonho, em falsidade.
(…) Calmo na falsa morte e nós exposto,
O livro ocluso contra o peito posto,
Nosso Pai Rosacruz conhece e cala.

(Do Ecos de Mount Ecclesia e publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/86)

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