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Livro: O Testamento de São João Batista – F PH Preuss

Cristo Jesus bem o disse: “Meu Reino não é deste mundo”.

E esse anúncio do Novo Reino foi perfeitamente compreendido por São João Batista, último Profeta em Israel, que servia de arauto da Nova Era, preparando e endireitando as veredas do Senhor dos Exércitos Espirituais. Pela sua boca falava o Espírito Santo, assim como sucedeu a todos os profetas surgidos até então.

Em São João Batista cerravam-se as portas do passado, do “Velho Homem”, tendo início a alvorada do “Novo Homem”. Estes acontecimentos estão bem representados pelas figuras de São João Batista e de Jesus. João, como preparador das veredas para o Novo Homem, pregava no deserto, batizando para o arrependimento com as seguintes palavras: “Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”.

1. Para fazer download ou imprimir:

O Testamento de São João BatistaFrancisco Phelipp Preuss – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

O TESTAMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA

Por

F. PH. PREUSS

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz de Santo André – SP – 1974

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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Sumário

INTRODUÇÃO.. 4

DIFERENÇAS ENTRE O BASTIMO DE ÁGUA E O BATISMO DE FOGO.. 5

A VERDADE COMO CONSTANTE CRIAÇÃO DE NOVAS PERSPECTIVAS. 17

ESCLARECIMENTOS À PARTE.. 19

INTRODUÇÃO

Conheço tua conduta: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar de minha boca.” (Ap 3:15-16).

O autor deseja, inicialmente, dirigir algumas palavras ao prezado leitor, a respeito da severidade com que são feitas certas afirmações no decorrer deste artigo. Elas não se destinam a nenhuma organização religiosa, e sim a todos aqueles que sinceramente desejam seguir a Ordem de Melquisedeque, isto é, a Ordem Sublime do Cristo Espiritual.

DIFERENÇAS ENTRE O BASTIMO DE ÁGUA E O BATISMO DE FOGO

A separação dos Mundos Espirituais e Material acentua-se cada vez mais. Soa, pois, a hora da decisão final, contra ou a favor de Cristo que neste final dos tempos encaminha suas ovelhas a pastos Espirituais, isto é, a um outro Reino, que não é deste mundo. Jesus bem o disse: “Meu Reino não é deste mundo[1]. E esse anúncio do Novo Reino foi perfeitamente compreendido por São João Batista, último Profeta em Israel, que servia de arauto da Nova Era[2], preparando e endireitando as veredas do Senhor dos Exércitos Espirituais. Pela sua boca falava o Espírito Santo, assim como sucedeu a todos os profetas surgidos até então. Em São João Batista cerravam-se as portas do passado, do “Velho Homem”, tendo início a alvorada do “Novo Homem”. Esses acontecimentos estão bem representados pelas figuras de São João Batista e de Jesus. São João Batista, como preparador das veredas para o “Novo Homem”, pregava no deserto, batizando para o arrependimento com as seguintes palavras: “Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.”[3].

As páginas que se seguem, portanto, têm como finalidade trazer, a visão interna do leitor, a diferença entre estes dois Batismos a que São João Batista se refere. Essa diferença deve, portanto, ser esclarecida, trazida à luz da razão e da lógica. Assim, se surgirem, durante os esclarecimentos que desejamos fazer a respeito deste acontecimento, já tão discutido pela massa, palavras um tanto severas, isto não significa que seja, mas, sim, que existe em nós o desejo de cooperar para um melhor entendimento da missão de Cristo em sua atividade libertadora, bem como do trabalho de São João Batista, que veio para preparar os caminhos do Senhor da Terra. Da missão transcendental de São João Batista, Cristo Jesus dá testemunho chamando-o de muito mais que profeta (Mt 11:9). Portanto, ser “muito mais que profeta” é estar acima da humanidade e, também, daqueles que anteriormente foram chamados para suas respectivas missões como profetas. Convém frisar que aquele que dá testemunho de São João Batista é o próprio Senhor Cristo, em quem depositamos inteira confiança. Os anais místico-esotéricos revelam que São João Batista é o próprio Elias renascido e, portanto, um Ser de grande evolução espiritual no círculo cósmico. Elias, segundo o Velho Testamento, cerca de 800 anos antes de Cristo, subiu aos céus num redemoinho de fogo[4], ante os olhos estupefatos de seus Discípulos. E esse mesmo Elias foi de novo enviado para preparar o caminho do Senhor, que viria para batizar com Fogo e Espírito. Se retornarmos ao Evangelho Segundo Lucas cap. 12 vers. 49 podemos complementar esse fato, com as seguintes palavras de Cristo: “Eu vim trazer fogo à terra, e como desejaria que já estivesse aceso!”. E nos versículos 50 e 51 lemos: “Devo receber um Batismo, e como me angustio até que esteja consumado! Pensais que vim para estabelecer a paz sobre a terra? Não, eu vos digo, mas a divisão.”.

Se imaginarmos a profundidade do momento em que foram pronunciadas tais palavras, que inspiram força e domínio espirituais sem par, e procurarmos senti-las ecoando em nosso íntimo, em nosso próprio Espírito – ou seja: em nós que somos de fato –, poderemos compreender perfeitamente esse instante supremo da mudança dos tempos, da substituição do velho Batismo pelo novo Batismo de Fogo e do Espírito, ocorrido logo após o singular Batismo pelo qual o Senhor, antes, haveria de passar: o Batismo de Sacrifício no Gólgota. Somente após esse Sacrifício tornou-se possível o Batismo prometido por Cristo, quando o fogo de seu espírito jorrou sobre o universo. Eis aí então, o lançamento sobre a Terra de Seu Fogo Espiritual, que vem para separar o joio do trigo ou, segundo outras palavras do evangelho, “os bodes das ovelhas[5]. Todo estudioso do ocultismo sabe perfeitamente, que somente através do sacrifício de sangue é possível a salvação, a libertação da matéria. Assim, Cristo Jesus, o Senhor, projetou sobre a humanidade, o Fogo do Espírito, sendo o primeiro ressurreto de sangue. Portanto, todo aquele que passa pelo Batismo de Fogo e Espírito, é estigmatizado, recebe os sinais do sacrifício de sangue. Muitos se admirarão de nossas palavras e julgá-las-ão obscuras. Nós, porém, dizemos: os tempos são chegados.

Muito do que estava em oculto será revelado; Cristo rasgou o Véu do Santo dos Santos, abrindo o caminho para todo aquele que queira vir e herdar a Sabedoria dos Tempos.

As Religiões de hoje em dia perdem cada vez mais sua força e valor efetivos, assim como sucedeu as Religiões do passado. Isto aconteceu devido ao avanço e a evolução das várias filosofias e ciências conquistadas, pela humanidade, até o presente. Conceitos rígidos e dogmáticos foram despejados de bordo do navio evolutivo por serem um lastro inútil que vinha pesando sobre a força mais lúcida em avanço. A espiral da sabedoria cada vez mais toca alturas fecundas no que se refere aos conhecimentos gerais, e mais se aproxima de verdades maiores, deixando de admitir conceitos obsoletos e ultrapassados. Os conceitos rígidos e dogmáticos estão sendo repelidos pela marcha inexorável da evolução. O Cristianismo, desde o seu início, vem sofrendo os impactos destruidores da inteligência humana, em detrimento da elevada posição espiritual oferecida a toda humanidade desde o advento do Novo Batismo. O intelecto humano, com suas mil e uma acrobacias, conseguiu arrastar em seus trilhos a quase totalidade dos seres humanos, numa direção totalmente antidivina, corrupta. O que revelaremos mais adiante, nesse humilde trabalho, vem propor aos seres humanos uma mudança completa no conceito do Batismo. Uma mudança que venha mostrar, positivamente, que é possível arrancar a humanidade desse beco sem saída onde se embrenhou. E para tanto, afirmamos, não falta auxílio das Hierarquias Criadoras, presidida por Cristo desde o Seu sacrifício, de modo a inverter a marcha degenerescente para um sentido regenerador.

Infelizmente, como bem atestam os fatos históricos, após o supremo sacrifício de Cristo, teve início a divisão da Cristandade. O Ensinamento Universal foi dividido por uma Igreja que se denomina Cristã Oriental e outra Ocidental. A cisma protestante, por sua vez trouxe a divisão da Igreja Ocidental em inúmeras outras igrejas que em nome de Cristo se digladiaram em sangrentas guerras religiosas, desde o século XV e XVII. E assim o Filho de Deus teve o seu ensinamento esfacelado, desvirtuado de seu verdadeiro sentido libertador. Dogmas, os mais diversos, dos quais Cristo jamais falou ou ensinou, foram inventados. Foi introduzido, no conceito religioso, o paganismo e a astúcia dos seres humanos, que malevolamente desejavam a todo custo dominar as massas, pretendendo fechar as portas dos Céus a todos àqueles que insistissem em seguir os puros ensinamentos do Cristo, em troca de um céu imaginário por eles inventado.

Nós, particularmente, afirmamos que é chegado o tempo de abolir o Batismo de Água, já na época de Cristo julgado insuficiente e transitório conforme atestam as próprias palavras de São João Batista: “Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” (Mt 3:11). Tornou-se necessário passar pelo Batismo do Novo Ser Humano (Fogo e Espírito), porquanto as velhas coisas encontravam-se no princípio do fim.

Os doutores da lei mosaica, convertidos apenas superficialmente ao Cristianismo, reintroduziram o Batismo de Água, aplicado pelos Israelitas no Mar Morto (Essênios).

Da mesma forma operou-se a introdução do paganismo no seio das igrejas, sinal inequívoco de regressão a idolatrias já condenadas pelo Antigo Testamento! O “Não farás para ti imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou nas águas que estão debaixo da terra[6] e, depois pelo Novo Testamento: “Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade[7]. Cristo não ensinou a aplicação de saliva ao adulto ou recém-nascido durante o batismal, levado a efeito entre os pagãos de Roma, pelas sacerdotisas conhecidas como Sibilas (Adivinhas da Mitologia Greco-Romana). Nos tempos atuais, quando se prega o ecumenismo atuais fariseus e escribas, interessados na separação por ideias e atitudes personalistas, demonstram cabalmente que, o que realmente buscam não é o único e verdadeiro Deus. Eis aí o grande mal de todos aqueles que desejam dominar a humanidade. Devemos lembrar-nos que no tempo de Cristo Jesus, um único Sumo-Pontífice dirigia o Sinédrio como todo-poderoso dos Judeus. E hoje, quantos pseudo-pontífices existem nesta variedade de Sinédrios, intitulados Cristãos?

Se dizemos tudo isso aqui, o fazemos com profunda dor e anelo intenso de ver acabarem-se por completo os erros e as intrigas entre os que se chamam Cristãos. Cristo trouxe, pelo Batismo de Fogo, novas condições atmosféricas e espirituais, a fim de limpar todo rebento da velha árvore, para que dê novos frutos. Portanto, insistimos em considerar apenas válido o Batismo de Fogo, preconizado por São João Batista e consumado em Cristo. Esse Batismo foi experimentado por Paulo de Tarso no caminho de Damasco quando, consoante o relato no Livro Atos dos Apóstolos[8], ele foi ofuscado até a cegueira completa durante dias, pela Luz de Cristo.

No Pentecostes[9] deu-se a mesma coisa. A mesma Luz que brilhou sobre São Paulo envolveu os Apóstolos em seus corações, ensinando-lhes a presença de Deus em seu interior.

No acima exposto não desejamos, absolutamente, condenar aqueles que se deixam batizar na Santa Trindade de Deus, e nem tampouco aqueles que conferem esse Batismo utilizando, em seus processos mágicos, a água. Todas as Religiões têm pleno direito de fazer uso de seus poderes mágico-ritualísticos em favor da fé que confessam. Assim, o Batismo nas igrejas Cristãs, mesmo com alguma modificação ritualística tem o seu valor como base de salvação e santificação. O Batismo apenas representa um valor a ser adquirido pelo batizando, isto é, a sua introdução na igreja Santa e Una, a “Igreja Invisível”, tão bem conhecida pela massa como Corpus Christi, a Santa Comunhão dos Eleitos. Daí poder-se falar de uma vida verdadeiramente Cristã.

Na realidade, as diferentes Igrejas pretendem, cada qual a seu modo, possuir as chaves de um reino de bem-aventurança, em perfeita união com Deus. Um leigo simples e inteligente ao ouvir tais declarações lança a seguinte pergunta: “Sendo assim, deve-se considerar totalmente impossível uma comunhão com o Criador sem a interferência da Igreja?”. Será necessário, para tanto, a intervenção episcopal?

Isto nos leva novamente ao tema do Batismo, o qual é considerado como o bálsamo supremo para aliviar o ser humano de suas penas e salvá-lo de suas maldades, ou melhor, da maldade cometida por seus primeiros pais, Adão e Eva, no Jardim do Éden. A existência cerimonial do Batismo explica-se por aquilo que se denomina “exorcismo do diabo”, o qual, a partir da “Queda do Homem”, passou a dominar o mundo.

Já dissemos anteriormente que as Escrituras apresentam dois diferentes Batismos: o primeiro pode ser definido como Arrependimento, segundo as próprias palavras de São João, o Batista. (Mt 3:11)[10]. Assim como São João Batista, os Israelitas Essênios no Mar Morto batizavam com água para o arrependimento dos pecados.

Logo em seguida vemos Jesus sendo batizado por São João Batista aos 30 anos de idade, tornando-se, a partir daí o Cristo Jesus, Aquele que não mais batizaria com água e sim com Fogo e Espírito, de acordo com o testemunho do próprio São João Batista.

Assim o Fogo do Espírito Santo foi aplicado a toda a Humanidade para salvação, e não mais para arrependimento. Essa é a grande diferença entre o Batismo de Água e o Batismo de Fogo e Espírito. Podemos dizer que o Batismo de Água provoca o conhecimento dos Mundos espirituais por sufocação, enquanto o Batismo de Fogo e Espírito Santo leva a uma comunhão direta com o Fogo do Cosmos do Espírito Universal. Esperamos que o amado leitor nos tenha acompanhado atentamente até aqui, não em espírito de aceitação ou negação daquilo que vimos expondo, mas, investigando juntamente conosco, desbravando corajosamente, sem quaisquer prejuízos, este grande emaranhado de erros e superstições em torno do Evangelho. Isto equivale a uma libertação de todo elemento estranho à verdade, venha ele de onde vier.

No Evangelho Segundo São Mateus, Cap. 3, versículo 11 encontra-se escrito, como já mencionamos: “Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.”. Esse pronunciamento vem de São João Batista; eis que, de maneira alguma poderá ser modificado ou torcido, tão positivo ele é. Dizemos: água é água e fogo é fogo! Alguns dos leitores bem poderiam inquirir a respeito da idoneidade de São João Batista. O Profeta Isaías, 748 anos antes de Cristo, fala no Capítulo 40, versículo 3, as mesmíssimas e célebres palavras de São João Batista, isto é, proclama a vinda de um precursor: “Uma voz clama: “No deserto, abri um caminho para Iahweh; na estepe, aplainai uma vereda para o nosso Deus.’”.

Completam-se estas mesmas palavras, após quase 750 anos, no Evangelho Segundo São Mateus, Capítulo 3, versículos 1, 2 e 3 com o seguinte: “Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizendo: ‘Arrependei-vos, por que o Reino dos Céus está próximo’. Pois foi dele que falou o profeta Isaías, ao dizer: ‘Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, tornai retas suas veredas.’”.

Dessa maneira bem podemos compreender que, assim como chegava o Reino dos Céus com a vinda do Senhor, haveria, naturalmente, uma mudança dos tempos, o que de fato se deu. Como prova disto, passamos novamente à palavra do Santo Livro, a Bíblia, que no Evangelho de São Mateus, Capítulo 3 e versículos de 13 a 17, diz o seguinte: “Nesse tempo, veio Jesus da Galileia ao Jordão até João, a fim de ser batizado por ele. Mas João tentava dissuadi-lo, dizendo: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?”. Jesus, porém, respondeu-lhe: “Deixa estar por enquanto, pois assim nos convém cumprir toda a justiça”. E João consentiu. Batizado, Jesus subiu imediatamente da água e logo os céus se abriram e ele viu o Espírito de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele. Ao mesmo tempo, uma voz vinda dos céus dizia: “Este é o meu Filho amado, em quem Me comprazo”.

Pelo diálogo acima, entre São João Batista e Jesus, damo-nos conta de que ambos tinham conhecimento do Batismo vindo das Alturas. Logo já sabia, antes, do Batismo de Fogo que sucederia ao Batismo de Água. Por isso testemunhou visualmente esse Batismo, quando viu abrirem-se os Céus e o Espírito Santo (Fogo) desceu como pomba, com o propósito de tocar o Mestre. Logo, impõe-se historiarmos as duas formas de Batismos, isto é, o de Água e o de Fogo, pois se trata de dois mundos ou estados de consciência diferentes. O Cristianismo popular até agora falou apenas da necessidade da água, tendo-a sempre utilizado em seus ritos.

O exposto nos suscita a seguinte pergunta: qual a razão do Batismo de Água, desde que já se havia anunciado o advento daquele que batizaria com Espírito? Em verdade, trata-se de dar ao candidato dos Mistérios[11] o conhecimento de seu estado espiritual. Os israelitas Essênios, que formavam uma comunidade à parte a qual pertencia São João Batista – filho de Isabel e Zacarias –, sabiam que quando se submerge alguém na água, os seus corpos sutis, por falta de condições biológicas de respiração de ar, abandonavam, em parte, o Corpo Denso (corpo físico), da mesma forma como acontece num afogamento. Antes de o indivíduo se afogar completamente, o Espírito se encontra consciente dentro de seu nível interno, conhecendo-se a si mesmo como um ser espiritual entre outros seres semelhantes, que se encontram em seu nível, estando só parcialmente ligado ao seu Corpo Denso. Acontece, porém, que esse quase afogamento, sem dúvida, era uma operação um tanto brutal, causando algum sofrimento. Os Essênios conheciam perfeitamente o ponto exato em que o candidato aos Mistérios podia ser novamente levado para fora da água, enriquecido com os conhecimentos obtido nos planos superiores. Dessa forma, o candidato tinha plena certeza da existência de uma vida espiritual, o que o levava a morrer para tudo quanto é material. Ele era um morto para o Mundo material, e nascido para os Céus. Esclarecido isso, pudemos agora dizer algo a respeito do Batismo de Fogo e Espírito, ao qual São João Batista se refere. Saibamos, outrossim, que não somente o iluminado São João Batista falava pelo Espírito Santo, como também todos os profetas do Antigo Testamento.

Vimos que na ocasião do Batismo do Senhor Jesus os Céus se abriram, e o Espírito Santo desceu como pomba sobre Ele. Aquilatamos esse acontecimento com uma maior compreensão espiritual: São João Batista tinha visão espiritual, tendo visto, portanto, a descida do “Fogo Espiritual do espaço universal” como pomba, o que esotericamente compreendido significa: paz, Reino dos Céus. Nesse mesmo instante foi conferido o Verbo a Jesus, e esse mesmo Verbo diz: “Este é o meu Filho amado, em quem Me comprazo”.

Cientificamo-nos da grande importância da manifestação pela luz, conforme relata o primeiro Capítulo do Evangelho Segundo São João. O Verbo-Deus manifestando-se como Luz ao mandato: fiat lux (Faça-se a Luz), pronunciado pela essência do Fogo-Luz, o Verbo Absoluto. Marquemos profundamente em nossas Mentes essa abstração, pois é a chave para muitos mistérios.

Sabemos perfeitamente que Jesus, em existências anteriores, vivera na Personalidade de Salomão, na Judeia, e como Krishina, na Índia, sendo ali conhecido como um Salvador. Nessas duas Personalidades habitava a Fogo do Espírito Santo, não havendo, porém, a manifestação mais abundante, plena, do Espírito do Verbo, o que se deu na Personalidade de Jesus de Nazaré, que se transformou, por isso, em Salvador do Mundo. Cristo, o Princípio da Criação, desde esse instante, passou a guiar a Humanidade por força da essência do Fogo (Luz), do qual era portador puríssimo o sangue de Jesus, que posteriormente foi derramado e infuso no globo terrestre. Ele é a Luz e o Amor do Pai, para que, auxiliados por essa Luz e Amor infinitos, os seres humanos de boa vontade dessem início ao seu trabalho de construção do novo Templo da Humanidade, tendo Cristo como Pedra Angular. A presença do Cristo Solar garantia, dessa maneira, a Terra e a Humanidade, o regresso ao Sol, a sua origem. Essa atuação irradiante da Luz Cósmica era decisiva, peremptória, não havendo, portanto, outra via, pois, o Céu se havia movido a favor da Salvação da Humanidade. O Mundo não haveria de perecer, mas seria salvo, e desse modo a essência do fogo, o Verbo, conferia a Jesus o Raio de sua excelsa atuação, a fim de que todos aqueles que cressem em Jesus, o Cristo, pudessem receber o Batismo de Fogo, com a finalidade da regeneração espiritual. Assim, todos morriam em Jesus, o Senhor, para renascer pelo Fogo do Espírito Santo em Cristo. Todo, pois, que aceita o sacrifício da Luz Universal, o Verbo por meio do Sangue de Jesus, traz em si, devido a esse derramamento de Sangue-Espírito, o sinal do Batismo de Fogo. Aquele que não traz esse sinal se encontra ainda preso às águas do Mar Morto do Antigo Testamento, tal como ainda hoje se encontram as Sinagogas e Igrejas, que se dizem orientadas pelo Espírito Santo (Jeová) e para simbolizá-lo mantêm sempre acesas luzes vermelhas em seus Altares. Cristo, porém, não mais se manifesta por meio de luz externa alguma; Ele está presente nas almas de todos os seres humanos como Luz Salvador-Interna, atuando verdadeiramente em todos aqueles que vivem consoante a Lei de Deus, o Senhor do Verbo.

Segundo as palavras do próprio São João Batista, o Batismo de Água vigorou até a vinda do Messias (Salvador). Ele havia sido empregado, cerimonialmente, para o arrependimento, desde a passagem dos israelitas no Mar Morto, até às águas do Jordão, como já mencionamos. Tudo não passava apenas de um Ritual, de uma confirmação do pacto feito entre Deus e o povo de Israel (ICo10:1-4)[12]. As palavras de São João Batista no Batismo de Jesus são totalmente radicais em sua oposição ao Batismo de Água, pois, como foi dito, Cristo liberta os seres humanos por um processo exclusivamente interno, coabitando, como Espírito Universal, como Energia Cósmica irradiante, com toda a Humanidade. Desde o seu advento, alimenta-se a Humanidade, então, pelo constante Batismo de Luz e Fogo, que desce em ondas rítmicas, como pomba (Paz) nas almas dos seres humanos, à semelhança do que se deu no Jordão, quando um Raio da Luz de Deus penetrou a alma do homem Jesus.

A partir daí, teve início o grande Plano de Redenção. Na Santa Ceia evidencia-se a vitória desse plano iniciado e em pleno andamento, a vitória da transformação, quando os doze Apóstolos recebem Pão e Suco da Videira (repare: não havia vinho, mas apenas pão, um produto vegetal, e o fruto da videira, outro vegetal. O suco recém-extraído da uva não contém um espírito proveniente da fermentação e decomposição, mas é um alimento vegetal puro e nutritivo), à semelhança do Corpo e Sangue de Deus. É de se lamentar, no entanto, que a maior parte dos que se dizem batizados não tenham sentido ainda essa grande verdade, continuando, portanto, presos às águas do Mar Morto. Ressaltamos bem o fato, como já foi uma vez explicado, que o Espírito Universal modificou, abruptamente, as condições cósmicas. O Céu se deu num amplo amplexo à Terra obscura. A continuidade do Batismo de Água somente poderia trazer, como efeito, da extremada subordinação à Lei e à letra, a separação da Cristandade em várias seitas.

Dessa forma a Humanidade se perdeu por caminhos ilusórios. Ao invés de preparar em si mesma, em sua alma, os caminhos do Senhor, continuou a crer mais na água morta que na espiritualização da Mente e da Alma. O Monte da Transfiguração tinha que ser alcançado na alma dos seres humanos, assim como aconteceu com Cristo, pois a iluminação interna provém d’Ele para todos. Chame-se essa Luz como quiser, dê-se-lhe o nome que se queira dar. Não importa. É a mesma Luz da Sabedoria de Deus, o “Filho Bem-amado”. Deus deseja residir na alma do ser humano, internamente e para tanto, não precisa cerimonial externo algum. A Humanidade deve se assemelhar a Deus. E Deus é Amor! Dessa forma, reconhecemo-nos uns aos outros na Luz e no Amor de Deus, para sermos reconhecidos no espírito que é de Deus. Todo aquele que confesse ter vindo Jesus-Cristo a sua carne, a sua alma, faz-se divino e nasce em Deus, e todo aquele que nega ter vindo Jesus-Cristo em sua carne e não libertado, o princípio espiritual divino, adormecido em seu interior, não é de Deus. Em verdade não há sinal externo que possa demonstrar a presença de Deus. Contudo acumulamos forças sobrenaturais facilmente reconhecíveis, se realmente pretendemos acompanhar a Deus em seus caminhos, em nossa alma, com aquela simples, quase infantil, compreensão de que Deus é Amor, e quem vive em amor, está em Deus e Deus nele. (IJo 4:16).

Esse amor sempre nos acompanha, onde quer que estejamos. “Ainda que eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois estás junto a mim” (Sl 23), mais próximo do que nossas mãos e nossos pés. À noite adormecemos com Ele, sonhamos com Ele, despertamo-nos com Ele, falamos cada palavra junto d’Ele. Em todos os nossos serviços, fazemo-Lo acompanhar-nos, numa constante transmissão de Amor, em inalterável serenidade e paz. Em tudo isso, reconhecemos a Sua presença. E se nos amamos uns aos outros, conforme o Seu mandamento, não tenhamos dúvida: Ele estará em nós, conferindo-nos o seu Batismo de Fogo e Espírito. A Água Viva brota de nosso interno Santuário, em transbordante amor para com tudo e com todos, trazendo-nos um vivo sentimento de união com todas as criaturas. Nessa universalidade divina, não há mais tempo, nem espaço, nem criatura, nem criador, nem razão, mas apenas Unidade, o Eterno “Eu Sou”, existência absoluta no Absoluto. Participamos deste elevado estado como Filhos de Deus, e como novas Criaturas. Trazemos em nossas testas o Sinal do “Filho do Homem”, isto é, o Triângulo ígneo representativo do Pai, Filho e Espírito Santo, que se manifesta como Amor.

Percebe-se em volta de todo aquele que se confessa a esse Amor Crístico, algo como que auréola, plena das mais santas vibrações transmitidas em forma de grande compaixão e amor-sacrifício por onde caminhem a dor, a miséria e o sofrimento. Lembremo-nos dos Profetas, Apóstolos e dos verdadeiros benfeitores da humanidade: Platão, Sócrates, Hipócrates, São Francisco de Assis, Santo Agostinho, Jacob Boehme, Max Heindel e tantos outros grandes idealistas, que através de seus ensinamentos fizeram ecoar nas fibras dos mais empedernidos corações o eterno hino do Amor. Através de todos eles circulava o Fogo do Espírito de Deus, pois do contrário não poderiam, com tanta energia, proclamar a presença Divina. Os escribas, pelo contrário, jamais puderam fazer vibrar os corações, pois não falava neles a Divina Luz, e sim a inteligência fundamentada apenas na lógica humana.

A VERDADE COMO CONSTANTE CRIAÇÃO DE NOVAS PERSPECTIVAS

Nunca houve possibilidade de determinar o que é a Verdade. Pode-se apenas dizer que ela é uma constante criação de novas perspectivas pelo Grande Todo. Portanto, impossível de ser conhecida apenas pelo raciocínio humano. Por isso, mesmo Cristo não respondeu a Pilatos quando este o interrogou: “Que é a Verdade?[13]. Nesse instante defrontam-se o tempo e a eternidade, o brilho da dialética do mundo e o eterno fulgor de outro mundo, pois não disse Cristo Jesus: “O meu reino não é deste mundo”? (Jo 18:36). E depois, o que adiantaria falar-lhe (a Pilatos) a respeito da Verdade se não estava interiormente amadurecido para reconhecê-la? E nos tempos atuais, de que nos adiantaria especularmos a respeito da Verdade ou de Deus, se O reconhecemos em nós mesmos? A ingratidão, o mal e a miséria cravaram tão fortemente suas espadas nos corações dos seres humanos, que esses não mais podem sentir a pulsação constante do Amor Infinito, que desce em ilimitada compaixão até nós, desde os planos do Ser Universal.

Para total infelicidade do gênero humano, esse Amor Divino encontra sempre a oposição do “amor” humano, egoísta e autoconservador. E assim a Humanidade se assemelha a um rebanho de cegos conduzido por um guia cego. Originalmente, a Humanidade foi criada como moradora do Jardim do Éden. Cintilava sua veste como pedras preciosas. Era ungida como Querubim, parecendo como pedra afogueada entre as estrelas do firmamento, palavras estas pronunciadas pelo Profeta Ezequiel (28:13 e 14)[14]. Devem ser lidas muitas vezes essas dramáticas acusações! Originalmente, a Humanidade foi criada para andar pelas mãos de Deus, numa perfeita ligação de amor. Nesta santa intimidade não é possível conhecer-se o mal, a separação e a dor, mas constantemente o sentimento da felicidade e a paz. Não se trata aqui, absolutamente de uma exaltação ou de arroubos místicos. Esse encontro com Deus é permanente. É Deus reconhecendo-se a Si mesmo em Sua criatura, e essa se encontrando a si própria no seu Criador. “Lumine de lumine, lumine de lumine…!”. Essa sensação de intimidade entre Deus e o ser humano não pode ser explicada, pois ela se realiza no mais recôndito, onde a percepção se torna sublime, transcendental e imaterial. Não é possível reconhecer a presença de Deus por meio de palavras, nem formular regras para conhecê-lo em nosso Espírito, pois o cálice transborda de alegria. Qual o Santo ou a Santa que alguma vez se expôs a uma sabatina de tal espécie? Isto seria blasfêmia. Conhecer a Deus somente é possível àquele que prova em si a Sua presença.

No entanto, saibamo-Lo ou não, Ele nos envolve em Sua Eterna Luz, à espera de nossa manifestação em sentido de orientador superior, a fim de que a Sua Plenitude e o Seu Espírito possam penetrar em nossa aura, em nossa Individualidade, em nossa inteligência. Este e o Seu eterno anseio. E quando a criatura conhece a dor, o sofrimento, estes não são causados por um afastamento de Deus, e sim pela própria criatura. Muitas vezes ouve-se alguém dizer: “Por que Deus permite isto ou aquilo?”. Então encontramos a única resposta: “Os seres humanos cerraram a passagem à Luz que tem como único objetivo alimentar as suas almas, a fim de que não mereçam, mas tenham a Vida Eterna”. Afirmamos veementemente: a criatura que se volta novamente a Deus, o Fogo do Amor Divino não tardará com o Seu Batismo. Assim, o Batismo de Fogo é sempre renovado, até que o derradeiro se cumpra, culminando no total renascimento da criatura para o Reino dos Céus. O Fogo trazido a Terra por Cristo está ardendo e toda criação geme como em dores do parto à esperada manifestação do Filho de Deus.

ESCLARECIMENTOS À PARTE

No 4º Capítulo, nos versículos 1 e 2 do Evangelho Segundo São João (o Discípulo que Jesus amava) lemos o seguinte: “Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e batizava mais que João — ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos”, e no versículo 9 o diálogo entre a mulher samaritana e Jesus dizendo-lhe: “Diz-lhe, então, a samaritana: “Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?”. (Os judeus, com efeito, não se dão com os samaritanos.)”. E logo o versículo 10, diz: “Jesus lhe respondeu: ‘Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!’”. (Nesse caso “Água Viva” não se deve compreender como um rio em movimento).

Nos versículos 13, 14 (Jesus lhe respondeu: “Aquele que bebe desta água terá sede novamente; mas quem beber da água que eu lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna”), Cristo ensina Sua eterna vida. E nos versículos 20, 21 e 22 (Nossos pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar”. Jesus lhe disse: “Crê, mulher, vem a hora em que nem sobre esta montanha nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus). Ele nos ensina sobre os Iniciados em espírito que trazem em si a Paz do Espírito do Pai, que reinará com Seus filhos na cidade luminosa de Jerusalém, com Cristo sendo o Sumo Pontífice, o “Rei de Salém”. Entende-se o termo judeu e israelita no sentido de “o iluminado pela água da vida para toda eternidade”. Falava Cristo, à mulher de Samaria, de uma água morta a qual jamais poderia matar a sede, referindo-se ao mesmo tempo a água que Ele oferecia, isto é, o Espírito da Vida que eliminava a sede para toda eternidade. Esta água não teria nada a ver com aquela de que os seres humanos e animais bebem, e sim com a Água corrente do Fogo do Espírito Santo com que o Salvador batizava, atuante no Corpo de Cristo. Sabemos destarte, que essa água é a portadora da Vida Eterna, transmitida por Cristo. Assim, tendo bem compreendido o que foi dito acima, torna-nos lógico que Cristo não necessitava de Batismo algum, pois, bem diz o Evangelho Segundo São Mateus, no Capítulo 3, versículos 14 e 15, ao se aproximar Jesus para ser batizado por São João Batista: “‘Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?’. Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Deixa estar por enquanto, pois assim nos convém cumprir toda a justiça’”.

Evidentemente não necessitava do Batismo, pois era o Senhor do Mundo! Em verdade, sempre houve entre os sumo-sacerdotes, desde a existência do Tabernáculo no Deserto, o Lavabo de Bronze (pia batismal) no qual se purificavam, antes de entrar na Sala Oeste onde brilhava a Glória da Shekinah, a luz vermelha, representativa do Espírito Santo, com quem entrava em contato. Note-se que se tratava aí de Comunhão com o Senhor Deus, quando eram recebidas as ordens para o povo. Nesse momento, havia entre aquele que se havia purificado (batizado) e Deus uma estreita relação, mesmo que o Pontífice não conhecesse a face do Espírito Santo. Como havia passado pela água do Lavabo de Bronze, exposta às forças cósmicas durante as lunações em que Jeová dominava, resultara a purificação do Corpo Denso, do Corpo Vital e do Corpo de Desejos do sumo-sacerdote, estabelecendo-se a comunhão entre Jeová e o sumo-sacerdote e, assim o Verbo que saía da boca do Senhor não era desvirtuado.

Nesse ponto convidamos o leitor a se deixar levar pela própria intuição, a fim de apreciar maiores conhecimentos espirituais que se seguem.

O ponto máximo dessa purificação pela água deu-se com o povo israelita, quando da travessia do Mar Vermelho. Ali, como um grande e único grupo humano, passando pelas Águas, foram guiados por uma coluna de fogo, provocando uma purificação em massa. Este acontecimento, bem o explica São Paulo, na sua Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 10, versículos de 1 a 4, com as seguintes palavras: “Não quero que ignoreis, irmãos, que os nossos pais estiveram todos sob a nuvem, todos atravessaram o mar e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual, e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo.”.

Estas palavras fundamentais de São Paulo mostram e explicam bem que a unidade deveria ser mantida pela relação existente entre a comunhão israelita e a posterior consagrada à crucifixão de Jesus-Cristo. Tanto antigamente como na atualidade, os candidatos à purificação recebem o “Pão e Suco da Videira”, símbolos da presença do alimento Divino para salvação. A essa altura relembramos que tanto as sinagogas como as igrejas ostentam em seus altares a mesma luz vermelha, símbolo da presença do Espírito Santo. Bem diz São Paulo que o Cristo se achava na nuvem, na coluna fogosa na passagem dos israelitas pelo Mar Vermelho. Isto nos mostra cabalmente a perfeita unidade de Deus, mesmo quando se fala em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. O Espírito Universal é “UM”, e não três nem cinco nem dez! Visto dessa forma o assunto torna-se claro. O Batismo de Água valorizava os preceitos e ensinamentos dados por Moisés por meio do Espírito Santo. E logo depois, quando o Cristo passou com o povo escolhido através do Mar, impôs-lhe o conhecimento do espiritual Fogo Invisível. O espiritualista, em seus Corpos purificados, reconhece a mesmíssima coluna fogosa em sua própria coluna espinhal, o Fogo Sagrado do Espírito Santo.

Notemos que, em tempos remotos, tudo se manifestava externamente, de forma inconsciente, devido ao estado involutivo da criatura humana. Essa, com o passar dos tempos, paulatinamente foi tomando consciência de uma vida externa – do Mundo material ao seu redor. E assim sendo, a vida espiritual se encontrava em quase completa escuridão, sendo desvendada por alguns poucos vanguardeiros que iam desenvolvendo órgãos de percepção espiritual. Semelhantemente, hoje em dia, esse reconhecimento interior de Deus se encontra velado para a maioria dos seres humanos, por não possuírem ainda órgãos aperfeiçoados necessários para tal finalidade. Deus fala hoje como antigamente as Almas dos seres humanos. Mas, a virtude de Deus não alcança aquele que não aceita, que não a cultiva em si mesmo. Falta-lhe a devida fé; falta-lhe o devido amor incondicional; falta-lhe a devida força para uma entrega total de si mesmo a esse Amor maior, sem a qual não se pode viver e nem se consegue a divina ascensão do próprio ser.

Nessa prospecção lembramo-nos de ter falado a respeito da atuação externa de Cristo, quando da passagem do povo judeu pelas águas do Mar Vermelho, o que equivaleu a um Batismo externo. Após muito vagar pelo deserto, surgiu o amadurecimento tão esperado, que lhe permitiu receber o Batismo interno ministrado por Cristo. A fim de atingir este amadurecimento, foram necessários longos anos de penúrias e de sofrimentos constantes, de contendas e perseguições, de reedificações do Tabernáculo no Deserto e do Templo de Jerusalém. Os Macabeus[15], organização militar da Judeia, já não mais resistindo aos exércitos bem mais fortes, inclusive os de Roma, não encontravam outra solução senão evadir-se pelo suicídio nas montanhas da Palestina. Estas tremendas provas porque passaram somente podia levá-los a uma seleção, a uma depuração, a uma preparação para o advento de Jesus, posteriormente Jesus-Cristo, que os conduziria a libertação por meio de um Batismo mais extraordinário. E essa libertação, ou seja, Salvação, somente podia ser lograda dentro do sangue da Humanidade, por meio do sacrifício de Jesus. Vejamos, porém, mais de perto esse importante acontecimento. O purificado sangue de Jesus era algo preciosíssimo, pois era cheio da força do Espírito Santo, e deste modo, o Espírito Universal podia penetrar, perfeitamente, em todas os Estratos da Terra[16], purificando-a. Assim, Jesus trazia às almas humanas o Batismo da Salvação, o Batismo do Sangue, sangue de Jesus no sangue do ser humano. As forças divinas puderam penetrar até o âmago da natureza humana, e Cristo fez-se um de nós! A partir de então, tornou-se possível receber as vibrações do Sol diretamente, pois o sangue de Jesus servira de veículo entre a Humanidade e as forças solares. Verdadeiramente a Luz não mais seria recebida por intermédio do Regente da Lua, ou seja, Jehovah (ou Jeová, Javé, Iahweh, Yaweh, YHWH), e sim do Arcanjo Solar, o Cristo que, manifestando-se pelo Corpo Denso e Corpo Vital de Jesus, na Terra, sofreu o derramamento de sangue no Gólgota; e através do sangue penetrou nosso Globo e se tornou Espírito Planetário da Terra.

Na Santa Ceia, esse mesmo Espírito testemunha pelos lábios de Cristo Jesus: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.”[17]. Note-se que Ele não disse: “isto representa o meu corpo”, e sim: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.”.

Da mesma forma tomando o cálice e dando graças deu-o aos Discípulos, dizendo: “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados.[18].

Desse momento em diante, a fase final da história da Salvação precipitava-se. O símbolo da Eucaristia é um dos mais belos e mais santos dentro dos Mistérios. O pão que Cristo tomara, e que apontara como sendo o Seu corpo, e o cálice da Nova Aliança representam, nesse sublime rito, a Terra e tudo que ela contém (nesse caso o pão feito de trigo, e o suco da videira). Eles receberiam, no ato final do grande Sacrifício Cósmico de Cristo, a vitalidade e a Luz do Mundo do Espírito de Vida, não somente do exterior como do interior da Terra. Deste modo o globo terrestre vem passando por uma alquimização constante, efetuada pela Luz de Cristo. Assim como Cristo penetrou nos corpos dos Discípulos por meio do “pão e do suco da videira”, tem penetrado também em todos aqueles que chegaram a compreender e aplicar a ciência da transmutação em seus corpos – a transmutação por meio do Amor espiritual, ou seja, impessoal).

Tal alquimia não admite fermento estranho na massa, pois, a própria vida-luz que o Discípulo traz interiormente é suficiente para o seu crescimento. Na Antiga Dispensação[19] os israelitas tinham de entregar o “pão ázimo”, isto é, não fermentado. Esse ensinamento significa que em tudo quanto há fermentação, existe o signo da morte. Da mesma forma, Cristo entregou (como os judeus na Páscoa) o pão não fermentado. Nisso entendemos que, aquele que toma o “pão e suco da videira” não fermentado – o Corpo de Cristo – jamais perecerá. A pureza do corpo espiritual jamais poderá fermentar. Entendemos assim, que Cristo, não somente na ocasião da Páscoa, fez a entrega do pão ázimo (Seu Corpo), mas o faz constantemente, até que o Espírito se faça presente em toda plenitude num corpo não fermentado.

As águas da morte haviam passado, e a pura espiritualização pelo fogo tomou o lugar de tudo aquilo que fermentava. O Fogo da Ressurreição nasceria em tudo o que continha a podridão do fermento. Na crucifixão foi entregue o Fogo do Espírito Triuno, para que a pureza pudesse ser extraída da impureza; e o ouro puro, da escória. Verificamos, assim, a constante presença de Deus, quando diariamente partimos o pão em memória d’Ele. Em cada partícula que tocamos com nossas mãos e ingerimos com devoção a Ele, recebemos o Batismo de Fogo, em virtude de seu Sangue Purificador. Unimo-nos a Ele todos os dias, a todo instante, pois o Espírito não fermenta e, assim, temos a Vida Eterna como ele nos prometeu.

Afirma-se daí, que a criatura jamais deveria pensar em si mesma como sendo apenas um ser feito de carne e osso e sim, participante do Espírito, jamais exposto à fermentação ou deterioração. Depende apenas de si o deixar-se fermentar ou não, o viver na luz da Vida Eterna ou nas trevas da corrupção, quer física, quer etérica ou emocional e intelectualmente. Os nossos Corpos superiores recebem sempre poderes de qualidades divinas por força da Ordem Divina, reinante em todo o Cosmos. Na parábola da videira encontramos referência sobre esta afirmação (Evangelho Segundo São João 15:1-5[20]).

Daí se infere que vivemos sob constante influxo de Forças Divinas que nos envolvem e interpenetram. Asseveramos, portanto, que a única condição para permanecermos nessas Forças Divinas (no Cristo) é o desejo, o anelo sempre contínuo de sermos tais como ramos de uma árvore alimentados por Sua vida. Assim como o Pai preserva a videira, com toda a certeza preservará os ramos que nela permanecem.

Por essa verdade absoluta tão bem explicada por Cristo ao transmitir o conceito da Eternidade do ser humano em Deus, existindo na Eterna Unidade, ou no Verbo Infinito, deve o candidato saber, e por fim sentir, o plano espiritual em seu Ego como Batismo de Fogo e Espírito, de maneira concisa e exata, para não mais desviar-se da profunda base existente na videira, no Fogo do Pai, do Filho e da constante criação do Espírito Santo em seu próprio Ego, Cristo no ser humano. Saibamos que o Fogo do Espírito Universal jamais conhecia limitações em qualquer extensão material, intelectual ou mesmo em si, como elemento do Absoluto. O ser humano, que é incluído em todas as partes divinas por causa de sua divina descendência, reconhece, assim como Deus mesmo, a sua ilimitação. Ressaltamos, porém, que existem limitações apenas para quem não consegue, em sua meditação espiritual ou em sua alma, conviver com a sua ilimitação. Essa frustração resulta de sua Mente não acessível ao ambiente em sua extensão iluminada, ainda não suficientemente aplicada ou aplicável em atividades puras. Todo espiritualista sabe, perfeitamente, que cada pensamento representa uma onda de “luz”, movimento luminoso que é qualidade da divina onipotência.

Essa linguagem encontramos em todos os livros sagrados, na música, literatura e na escultura, em que o Espírito de Deus é fator cooperante. É de suma importância a criatividade na obra artística, pois se percebe quanta força divina tem atravessado, ou tinha possibilidade de se manifestar na alma do artista e, com poder interno, podia expressar-se na pauta musical, na tela, ou na pedra de mármore.

Adicionemos ainda algumas palavras ao mesmo assunto, pois se trata do “Espírito Santo” em nossa Individualidade. Se pertencemos, como Egos, à substância de Deus, mesmo afastados da Luz Central existimos em qualidade espiritual nos Corpos divinos do Sistema Solar, como participantes de todos os sistemas e de suas qualidades, desde o mais sutil-abstrato, “Onisciência de Deus”, até o material mais grosseiro do mundo Planetário-Estelar.

Com essas reflexões entendemos pertencer ao princípio das coisas, a Deus, ao Caos, em exata harmonia com as leis coordenadoras d’Ele, embora sejam imensuravelmente elevadas à nossa compreensão mental. Porém, pelo pensamento abstrato, podemos compreender muito bem onde o nosso ser interior tem a sua função sublime e absoluta.

A esta altura esperamos que o prezado leitor haja alcançado o sentido do “Batismo de Fogo e Espírito” por meio dessas explicações. Atentemos, a seguir, as palavras de Cristo quando nos ensina: “Antes que Abraão fosse, Eu era[21]. A palavra de Cristo é verdade que conduz à totalidade da criação. Portanto, pertencemos a qualidade dos poderes de Cristo. Facilmente vislumbramos nessas palavras a nossa origem, coincidindo com Aquele a quem Ele pertencia, ou seja, Criador do Universo e, em particular, a evolução do Sistema Solar ao qual pertence o nosso globo terreno.

Devemos ainda exigir esclarecimento para retificar um erro grave que os dogmas cometem quando dizem que, após a crucificação, Cristo desceu ao inferno ou, a “mansão dos mortos”, ressuscitando no terceiro dia. Compreendamos que isto jamais aconteceu, pois Cristo incorporava em Si qualidades celestiais, mercê das quais jamais precisaria descer a um inferno ou “mansão dos mortos”! Ele era o Senhor da vida! A, palavra inferno tem o sentido etimológico de “o mais inferior”, designativo de um estado vibratório lento, que deve ser acelerado no processo de espiritualização dos veículos. Eis o que deve acontecer aos seres humanos, pois a Terra e a sua Humanidade deverão ser salvas.

O Batismo pelo Fogo e Espírito deveria realizar-se para que não sucedesse ao nosso Globo e Corpos a extrema condensação que a Luz sofreu. Entendamos que o Fogo deveria permear e sutilizar a Terra que perigava devido a sua vibração demasiado lenta. A Terra e seus habitantes foram salvos da destruição devido a poderosa atividade Solar incorporada no próprio Cristo. Analogamente devemos também acreditar na constante reaparição do globo terrestre, pois ele renasce ciclicamente, tal como nós, Espírito, renascemos com nossos Corpos aqui. Não é possível imaginarmos quantas vezes e em quantos Sistemas Solares o globo que habitamos já pode ter existido, pois se trata de uma constante evolução. As Galáxias estão a nossa disposição. Devemos lembrar-nos, de uma vez para sempre, que a Luz Divina (Deus é Luz) representa uma constante circulação, como se fosse o Sangue do Espírito do Todo Uno, indestrutível, eterno e de total potência. Existe sim, uma constante ação criadora da qual nos beneficiamos e que podemos chamar: a consciência do Batismo de Fogo e Espírito.

F I M


[1] N.R.: Jo 18:36

[2] N.R.: A Era de Peixes que se avizinhava

[3] N.R.: Mt 3:11

[4] N.R.: IIRs 2

[5] N.R.: Mt 25:32

[6] N.R.: Ex 20:4

[7] N.R.: Jo 4:24

[8] N.R.: Saulo, respirando ainda ameaças de morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote. Foi pedir-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de poder trazer para Jerusalém, presos, os que lá encontrasse pertencendo ao Caminho, quer homens, quer mulheres. Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “Saul, Saul, por que me persegues?”. Ele perguntou: “Quem és, Senhor?”. E a resposta: “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Mas levanta-te, entra na cidade, e te dirão o que deves fazer”. Os homens que com ele viajavam detiveram-se, emudecidos de espanto, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. Saulo ergueu-se do chão. Mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Conduzindo-o, então, pela mão, fizeram-no entrar em Damasco. Esteve três dias sem ver, e nada comeu nem bebeu. Ora, vivia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor lhe disse em visão: “Ananias!”. Ele respondeu: “Estou aqui, Senhor!”. E o Senhor prosseguiu: “Levanta-te, vai pela rua chamada Direita e procura, na casa de Judas, por alguém de nome Saulo, de Tarso. Ele está orando e acaba de ver um homem chamado Ananias entrar e lhe impor as mãos, para que recobre a vista”. Ananias respondeu: “Senhor, ouvi de muitos, a respeito deste homem, quantos males fez a teus santos em Jerusalém. E aqui está com autorização dos chefes dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome”. Mas o Senhor insistiu: “Vai, porque este homem é para mim um instrumento de escol para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis, e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome”. Ananias partiu. Entrou na casa, impôs sobre ele as mãos e disse: “Saul, meu irmão, o Senhor me enviou, Jesus, o mesmo que te apareceu no caminho por onde vinhas. É para que recuperes a vista e fiques repleto do Espírito Santo”. Logo caíram-lhe dos olhos umas como escamas, e recobrou a vista. Recebeu, então, o batismo e, tendo tomado alimento, sentiu-se reconfortado. (At 9:1-19)

[9] N.R.: Tendo-se completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso, que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimissem. Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos vindos de todas as nações que há debaixo do céu. Com o ruído que se produziu a multidão acorreu e ficou perplexa, pois cada qual os ouvia falar em seu próprio idioma. (At 2:1:6)

[10] N.R.: Eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.

[11] N.R.: Iniciações

[12] N.R.: Não quero que ignoreis, irmãos, que os nossos pais estiveram todos sob a nuvem, todos atravessaram o mar e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual, e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo.

[13] N.R.: Jo 18:38

[14] N.R.: “Estavas no Éden, jardim de Deus. Engalanavas-te com toda sorte de pedras preciosas: rubi, topázio, diamante, Crisólito, cornalina, jaspe, lazulita, turquesa, berilo; de ouro eram feitos os teus pingentes e as tuas lantejoulas. Todas essas coisas foram preparadas nos dias em que foste criado. Fiz de ti o querubim protetor de asas abertas; estavas no monte santo de Deus e movias-te por entre pedras de fogo.”

[15] N.T.: Foram os integrantes de um exército rebelde judeu que assumiu o controle de partes da Terra de Israel, até então um estado-cliente do Império Selêucida. Os Macabeus fundaram a dinastia dos Hasmoneus, que governou de 164 a 37 a.C., reimpuseram a Religião judaica, expandiram as fronteiras de Israel e reduziram no país a influência da cultura helenística. Seu membro mais conhecido foi Judas Macabeu, assim apelidado devido à sua força e determinação. Os Macabeus durante anos lideraram o movimento que levou à independência da Judeia, e que reconsagrou o Templo de Jerusalém, que havia sido profanado pelos gregos. Após a independência, os hasmoneus deram origem à linhagem real que governou Israel até sua subjugação pelo domínio romano em 37 a.C.

[16] N.R.: Ante a visão do Clarividente treinado, do Iniciado nos vários graus dos Mistérios, a Terra apresenta-se composta de camadas, à semelhança de uma cebola, cada camada ou Estrato cobrindo outra. Há nove Estratos e um núcleo central, dez no total. Tais estratos são revelados ao Iniciado gradualmente, um estrato em cada Iniciação, de modo que, ao final das nove Iniciações Menores domina todas as camadas, mas ainda não tem acesso aos segredos do núcleo central. Que é o assento da consciência do Espírito da Terra. Os Estratos não têm espessuras iguais; em realidade uns são muito mais delgados do que outros. Começando pelo mais externo, aparecem na seguinte ordem:

-Terra Mineral: é a crosta pétrea da Terra, com que lida a Geologia no tanto que lhe tem sido possível penetrá-la.

-Estrato Fluídico: a matéria desse Estrato é mais fluídica que a da crosta exterior, mas não é líquida e sim parecida a uma pasta espessa.

-Estrato Vaporoso: no primeiro e no segundo Estratos não há realmente vida consciente. Já nesse existe uma corrente de vida que flui e pulsa continuamente.

-Estrato Aquoso: estão as possibilidades germinais de tudo quanto existe na superfície da Terra.

-Estrato Germinal: existe a fonte primordial da vida, da qual brotou o impulso que construiu todas as formas da Terra.

-Estrato Ígneo: por estranho que pareça esse Estrato possui sensações. O prazer e a dor, a simpatia e a antipatia produzem aqui seu efeito sobre a Terra. Daqui até a superfície da Terra há certo número de orifícios em diferentes lugares. Seus terminais na superfície são chamados “crateras vulcânicas”.

-Estrato Refletor: nele todas as forças que conhecemos como “Leis da Natureza” existem como forças morais, ou melhor, imorais.

-Estrato Atômico: tem a propriedade de multiplicar as coisas que nele estão, porém, isto se aplica somente às coisas já formadas definitivamente.

-Expressão Material do Espírito Terrestre: aqui existem correntes em forma lemniscata, intimamente relacionadas com o cérebro, o coração e os órgãos sexuais da Onda de Vida humana.

-Centro do Ser do Espírito Terrestre: nada mais pode ser dito presentemente a respeito, salvo que é a semente primeira e última de tudo quanto existe tanto dentro como sobre a Terra.

[17] N.R.: Mt 26:26

[18] N.R.: Mt 26: 27-28

[19] N.R.: Primeira e Segunda Dispensação de um total de quatro.

[20] N.R.: Eu sou a verdadeira videira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo em mim que não produz fruto ele o corta, e tudo o que produz fruto ele o poda, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais puros, por causa da palavra que vos fiz ouvir. Permanecei em mim, como eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer.

[21] N.R. Jo 8:58

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Maçonaria Mística e a Flauta Mágica de Mozart – F PH Preuss – Fraternidade Rosacruz

Em A Flauta Mágica, onde existem muitas notas e simbologia Rosacruzes, Mozart nos eleva para a criação da Fraternidade Universal consciente. Na “Flauta Mágica”, Mozart descreve a senda que o candidato – pobre, nu e cego – percorre à procura da luz.

A ópera continua revelando os passos sequentes da senda, de muitas provas e alterações, pelas quais ele é submetido para, finalmente, tornar-se digno de entrar naquele Templo, que não é feito por mãos, mas que está eternamente nos céus, onde ele se encontra para sempre em divina união com a luz eterna.

Para fazer download ou imprimir:

A Maçonaria Mística e a Flauta Mágica de Mozart – F PH Preuss – Fraternidade Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

A MAÇONARIA MÍSTICA

E A FLAUTA MÁGICA DE MOZART

Resumido por

Corinne Heline

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

Cópia Datilografada: Traduzido do alemão por F. Ph. Preuss em 1976 da Revista “Das Rosenkreuz” e Resumido por Corinne Heline

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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SUMÁRIO

PRIMEIRO ATO.. 4

O ENREDO DA ÓPERA.. 5

SEGUNDO ATO.. 11

PRIMEIRO ATO

Mozart inicia a abertura de sua Ópera “Flauta Mágica”[1] com três acordes majestosos que correspondem aos três passos, ou graus fundamentais, que é a base de todos os ensinamentos místicos. Essa tríade é conhecida como o serviço da Loja Azul. Os três acordes descrevem as três batidas do candidato antes que ele tenha o seu pedido de iluminação atendido. A esses três acordes segue-se uma procissão em marcha solene, geralmente escrita para metais, a qual simboliza a “senda” do candidato. Na abertura, muitos acordes com temas diferentes foram genialmente entremeados por Mozart. Ele descreve aqui os maravilhosos e augustos ensinamentos, os três graus maçônicos superiores, os quais existem em todo ser humano. A abertura chega à sua máxima e triunfal expressão quando retrata exatamente a “senda”. O caminho é longo e o trabalho é exaustivo, mas no final – assim Mozart nos conta – o aspirante digno chega à culminância – ele se torna um “Iniciado”. Na abertura são descritos vários processos, pelos quais a pedra, áspera e tosca, se transforma até ficar completamente polida; ele finaliza com a repetição dos três acordes (batidas), através dos quais é mostrado que o solicitante procura maior sabedoria e luz. A senda é sem-fim, a procura é eterna!

O ENREDO DA ÓPERA

A cena inicial desenrola-se no Egito, num campo aberto, perto do templo de Isis. Tamino[2], um belo e jovem mancebo, em vestimentas elegantes, está sendo perseguido por uma grande serpente. Sua precipitação, perturbação e medo são expressivamente descritos nas agitadas passagens da orquestra. Com uma prece aos deuses para obter proteção, ele cai inconsciente ao chão. Aparecem três jovens cobertas por véus, cada uma com uma lança de prata para que possam matar a cobra. Após o que, elas cantam a beleza do mancebo num harmônico e melodioso trio. Essas três jovens representam, na obra máxima de um aspirante ao iniciar suas buscas, a purificação do corpo, a purificação dos desejos e os apetites, assim como a espiritualização do intelecto. Os grandes progressos que Tamino já alcançara na senda são comprovados pelo fato de que a cobra fora abatida no seu corpo tríplice, isto é, as paixões animais, que pertencem à natureza inferior, já foram vencidas.

Uma melodia lindíssima soa ao longe; ela é alegre, uma das características das obras de Mozart. Ela descreve perfeitamente o personagem que a canta: “O passarinheiro, sim sou eu, alegre, cantando e pulando…”

O seu traje é feito principalmente de penas e nas costas traz uma grande gaiola de pássaros. Tamino acorda e vê a cobra morta aos seus pés, contempla o recém-chegado com interesse e esse lhe diz que seu nome é Papageno[3] e que ele é um caçador de pássaros da Rainha da Noite; ele acrescenta, ainda, que todos os dias, quando leva os pássaros à Rainha, recebe das três meninas, suas servas, pão, vinho e figos doces.

Assim como Tamino é um aspirante à procura da luz, Papageno representa a massa humana, a qual pouco ou nada se interessa pelo que diz respeito à espiritualidade profunda, e que vive só para comer, beber, para ser feliz, com poucos pensamentos para o amanhã.

Papageno percebe que Tamino crê ter sido ele quem matou a cobra e reivindica imediatamente o mérito para si. Ele diz ter a força de um gigante e afirma ter matado a cobra com seu braço direito. Nesse instante, aparecem as três jovens veladas, que solicitam ao caçador de pássaros, que se vangloria, que abandone suas mentiras. Elas lhe dizem que nem pão nem vinho receberá nesse dia, mas somente água e uma pedra, e que, além disso, fechar-lhe-ão os lábios com um cadeado.

As Servas da Rainha dão a Tamino um quadro de Pamina[4] e contam-lhe que ela é a filha da Rainha. Quando ele vê a encantadora beleza, canta a fascinante ária: “Esta imagem é tão bela e encantadora, como olhos jamais viram!”. Ele expressa seu desejo de estar unido a ela para sempre. Pamina representa a natureza espiritual latente no homem, a qual é frequentemente apresentada como a sublime feminilidade. Quando um Discípulo se aperfeiçoa em sua busca, começa a sentir as perspectivas da maravilhosa e augusta beleza superior, e se consagra cada vez mais intensamente à realização da união com seu divino EU, o que constitui, no ocultismo, “as bodas místicas”.

As jovens (servas da Rainha) informam Tamino que ele fora escolhido para ser o libertador da bela Pamina, que desaparecera por magia de um mago malévolo.

Ecoa uma ensurdecedora trovoada, e o cenário escurece. Entre estrelas aparece a Rainha da Noite em seu trono. Seu recitativo, solene e sério, conta a perda de sua filha. Numa graciosa ária, em coloratura, canta que Tamino é inocente, sábio e piedoso e se ele tiver êxito em achar sua filha, poderia tomá-la como sua. Depois dessa promessa, o cenário escurece novamente.

O candidato ao atingir um certo grau em sua “senda” começa a desenvolver a clarividência. Esse novo grau de visão fá-lo capaz de visualizar algo dos mundos internos. A pergunta, feita admiravelmente por Tamino, é própria de todos os aspirantes que alcançam esse estado de consciência: “É verdade o que eu vejo? Ou perturbam-se os meus sentidos?”. As jovens dão-lhe, a seguir, uma flauta mágica, a qual – e elas prometem – o protegerá em qualquer dificuldade. Pois que a flauta suaviza as paixões dos seres humanos, e tem muito mais valor do que ouro e coroas e proporcionará, algum dia, paz a todos os seres humanos. Esta flauta mágica representa a divindade latente no ser humano; se o seu poder for desenvolvido satisfatoriamente, fá-lo-á capaz de ouvir seu próprio tom básico por toda a sua vida, parando, somente, na hora da morte.

As jovens livram os lábios de Papageno e ordenam-lhe que acompanhe Tamino. O medroso caçador de pássaros não se entusiasmou com essa ordem, pois não aspira a nada superior. Elas lhe dão alguns sinos mágicos que, como elas dizem, o protegerão de todo mal.

Ao ficar só, Tamino toca a flauta e dirige uma prece aos deuses, suplicando por bençãos e proteção quando ele for à procura de Pamina. Essa prece é acompanhada pela orquestra com um delicado “Obligato” de flauta.

O quadro seguinte é o de uma ala ricamente adornada num palácio egípcio. O mágico malévolo, Monostatos[5], um representante dos poderes negros, entra arrastando a semiconsciente Pamina. Ele a joga sobre um sofá e acena a três escravos que o ajudem a algemá-la. Esses três escravos representam os veículos humanos: o Corpo Denso, o Corpo de Desejos e a Mente quando usados para fins maléficos. São símbolos do prazer inferior, do medo e da ignorância, os quais acorrentam o espírito à personalidade.

Papageno entra em cena acompanhado por outros – para Mozart esse acompanhamento é caracterizado por frases diabólicas de violino. O homem dos pássaros reconhece imediatamente Pamina como a figura original do quadro que ele havia visto nas mãos de Tamino e narra-lhe sobre o jovem e vistoso mancebo que vem em seu socorro. Ela, por sua vez, sente-se encantada com as boas novas, porém adverte Papageno que, se for descoberto, morrerá morte muito cruel. Eles resolvem fugir imediatamente, titubeando, contudo, porque o passarinheiro, sentindo-se sobremaneira feliz devido à simpatia dela, confessa-lhe a sua solidão, dando-lhe a entender que ele mesmo a desejaria como sua pequena Pamina. Pamina admoesta-o a ser paciente, e diz-lhe que sabe que os deuses lhe mandarão uma companheira.

Os dois afastam-se, cantando o lindíssimo dueto sobre a delícia e a bem-aventurança do amor: “não há nada mais nobre do que o homem e a mulher”.

O cenário muda: três templos estão ligados entre si por corredores de colunas. O da direita ostenta a inscrição “TEMPLO DA RAZÃO, o da esquerda, “TEMPLO DA NATUREZA”, e o do meio, “TEMPLO DA SABEDORIA”. Esses três templos representam, na simbologia maçônica, a força masculina, a beleza feminina e a sabedoria (a união dos dois).

Quando Tamino indagou às três jovens como podia achar a montanha na qual Pamina está encerrada, elas lhe contaram que seria acompanhado por três belos mancebos, sábios e bons. Esses três jovens guiam-no aos três templos, abandonando-o depois com a exortação: “sede imperturbável, paciente e calado, considerai isso; enfim, sede homem, depois jovem, e tereis a vitória como homem”. Novamente só, Tamino procura entrar no Templo à direita, mas a entrada lhe é proibida por uma voz que lhe ordena “para trás”; experimenta entrar no Templo à esquerda, mas a entrada lhe é proibida da mesma maneira. Ele não se deixa perturbar e bate no portal do meio, o da “SABEDORIA”. Um sacerdote idoso aparece na entrada e o príncipe compreende que chegou ao Templo de Sarastro[6], o sumo sacerdote do sol, o mago sábio, que se acha em harmonia com as forças da luz. Tamino tenta, ansioso, saber algo sobre o paradeiro de Pamina. O sacerdote responde-lhe: “meu caro filho, não me é permitido dizer-te isso agora. O juramento e a responsabilidade tolhem-me a língua”, Tamino pergunta quando estará liberto desse juramento. O sacerdote responde-lhe numa das mais solenes árias da ópera: “Logo que te guiar ao santuário do laço da eterna amizade”.

Nessa ocasião, um coro se eleva pedindo a Tamino não interromper suas buscas pois que não demorará muito tempo até que encontre Pamina. Tamino responde numa ária que exprime sua alegria e gratidão pelo auxílio dos deuses, acompanhado por um sublime solo de flauta.

Quando Tamino se afasta, aparecem Papageno e Tamina, que são perseguidos por Monostatos e seus três escravos. Em desespero, Papageno toca os sinos mágicos que recebera das três jovens, para sua proteção. Imediatamente forma-se ao redor dos dois uma aura que não pode ser devastada pelo mago malévolo. Eles estão livres! É na verdade, possível a todas as pessoas encerrarem-se em si mesmas numa aura divina, onde nenhuma força negativa ou maléfica possa atingi-las. Papageno e Pamina cantam jubilosos um dueto em agradecimento ao auxílio divino, que lhes foi concedido por intermédio da sonoridade dos sinos; proclamam que, se todos soubessem fazer uso de tal magia, inimigos tornar-se-iam amigos, e o mundo inteiro seria o reino da beleza e da harmonia.

Um coro invisível anuncia a aproximação do sumo sacerdote Sarastro. Ele entra acompanhado por vários sacerdotes e Iniciados. Pamina relata que tentara fugir, pois temia o mouro Monostatos. Num ritmo apaziguante, conta-lhe Sarastro que algum dia compreenderá por que foi separada de sua mãe, e colocada sob os cuidados do Templo. Nesse instante entra o mouro arrastando Tamino atrás de si. O príncipe e a princesa reconhecem-se de maneira intuitiva e abraçam-se afetuosa e calorosamente. Sarastro pede aos sacerdotes para encaminharem Tamino e Papageno ao Templo da Provação. Os sacerdotes lhes cobrem as cabeças com véus e os acompanham para fora. Sarastro toma Pamina pela mão e guia-a ao Templo da Sabedoria. Ali, invoca os deuses e suplica-lhes que abençoem os jovens aspirantes à procura da luz:

“Ó Isis e Osiris, dai

o espírito da sabedoria ao jovem par!

Vós, que guiais os passos que caminham;

Fortalecei-os no perigo com a paciência!

Fazei que eles vejam os frutos da provação;

Se, porém, devem descer à sepultura,

Gratificai a virtude da ousada corrida,

Aceitai-os em vossa Santa Morada”.

SEGUNDO ATO

O segundo ato começa com uma marcha solene (geralmente com instrumentos de sopro) com o mesmo tema dos acordes iniciais da abertura. Como acompanhamento, aparecem os sacerdotes, guiados por Sarastro, que lhes diz que Tamino e seu companheiro esperam na entrada norte do Templo. Eles perguntam ao príncipe por que Tamino desejaria conhecer os mistérios.

Ele responde que sua finalidade é alcançar sabedoria para que possa se unir a Pamina. Acrescenta, ainda, que ele espera, com isso, fortificar as forças do amor e da comunhão no mundo e está pronto a sacrificar sua vida para atingir esse fim. A seguir, os sacerdotes perguntam a Papageno qual o objetivo de sua vida. Ele responde que não ambiciona sabedoria; deseja somente comer bem, dormir e brincar e, se possível, achar uma pequena companheira para si.

Aqui estão claramente revelados os dois caminhos da evolução. Há poucos, como Tamino, dedicados ao serviço da sabedoria. Mas muitos são como Papageno, só vivem para gozar a aquisição de bens materiais e ter vida alegre e voluptuosa.

As três jovens voltam e advertem Tamino da traição de Sarastro e dos sacerdotes. Tamino nega-se a ouvi-las. Sempre em épocas de crise espiritual unem-se as baixas forças físicas, tanto com os sentimentos quanto com as forças mentais, para uma experiencia decisiva que visa alterar, astutamente, o espírito humano da luz. A uma ordem severa de um dos sacerdotes, as três jovens afundam na terra. Novamente entram os sacerdotes. Eles louvam Tamino por sua coragem, força e perspicácia.

O segundo ato, em sua maior parte, é dedicado às tentações que Tamino e Pamina precisam vencer, para confirmar sua dignidade perante a Iniciação dos mistérios.

O cenário mostra um jardim maravilhoso. Pamina aparece novamente, perseguida pelo negro Monostatos. Ele descreve o seu desejo imperioso em relação a Pamina, exigindo que ela se entregue a ele. Ela, porém, afirma, com toda a energia, que antes prefere morrer. No auge dessa luta, aparece a Rainha da Noite e Pamina pede-lhe ajuda. A Rainha responde-lhe que seu pai, antes de morrer, dera o santo escudo do sol ao sumo sacerdote e que ela não pode libertá-la sem o poder do escudo. Contudo, entrega à Pamina um punhal, com o qual poderia matar Sarastro e ajudar a mãe a retomar o escudo sagrado. Numa ária-coloratura, a Rainha confirma seu ódio contra o sumo sacerdote e seu desejo de vingança, jurando destruir o templo e os sacerdotes.

A Rainha desaparece quando Pamina cai de joelhos rezando, pois sabe que não pode matar Sarastro. O mau Monostatos, que espreitava, volta. Rapidamente arranca de Pamina o punhal e exige que ela se entregue a ele, ou do contrário morrerá. Ela repete que prefere a morte. De repente, Sarastro encontra-se entre os dois. Ternamente toma a moça em seus braços, contando-lhe que fora separada da Rainha para seu próprio bem, porque ela queria encetar uma revolta para destruir o Templo, junto com seus santos servidores. Isso, declara ele, agora ela não seria capaz de fazer. “Tu e Tamino”, acrescenta, “sois destinados um para o outro”. “Juntos, tereis muitas bençãos e trareis muitos benefícios ao mundo.” A cena termina com a magnífica ária de Sarastro:

“Nestas santas galerias

Não se conhece a vingança;

E se um homem decair

O amor o levará ao seu dever

Anda suave na mão amiga

Contente e alegre num mundo melhor.

Nestes muros abençoados

Onde o homem ama o Homem,

Não pode traidor espreitar,

Porque perdoa-se ao inimigo.

Aquele, a quem tais ensinamentos

Não agradam, não merece homem se chamar.”

Cada grupo que estuda a atividade das leis divinas cria uma força dinâmica, utilizando-a para construir ou destruir. É de máxima importância, para os grupos, aprenderem que a primeira fase em sua obra é: “viver e deixar viver”. Recomenda-se cautela para impossibilitar imediatamente qualquer sinal de bisbilhotice, inveja, ciúme ou ódio. Se isso for negligenciado, haverá discordância, afastamento e, no fim, como consequência, a destruição. Uma lei fundamental diz que a verdadeira ação esotérica só pode ter sucesso se baseada na união espiritual. A pedra fundamental de todos os grupos ocultos pode ser achada nas palavras do sumo sacerdote Sarastro: “Nestas santas galerias não se conhece a vingança”. 

O quadro seguinte é o de uma galeria grande, Tamino e Papageno são acompanhados por dois sacerdotes que lhes pedem para ficar calados, aludindo que, se ouvirem trombetas, devem-se se dirigir à direção dos sons. Papageno, porém, não se cala. Tagarela sem parar, de alegria, apesar dos esforços de Tamino em fazê-lo calar-se. Entram depois os três jovens, que trazem uma mesa repleta de comida e vinho. Trazem, também, a flauta e os sinos mágicos. Papageno está encantado e começa a comer vorazmente, enquanto Tamino toca sua flauta. A esse som, aparece Pamina correndo rapidamente em sua direção. Ele se lembra de seu juramento e faz-lhe sinais para ir-se embora, entendendo que teria perdido seu amor. Ela canta com desânimo:

“Ah! Eu sinto que desapareceu

Eternamente a felicidade do amor.

Nunca mais voltareis vós, horas de prazer,

Ao meu triste coração!

 A cena seguinte passa-se perto das pirâmides. Entram Sarastro e seus sacerdotes. Numa procissão solene cantam uma invocação a Isis e Osiris. Tamino e Pamina são levados para o cenário, envoltos em véus, e lhes é anunciado que se devem separar para sempre. Quando tiram os véus de Tamino, Pamina corre impetuosamente em sua direção; porém, ele a rejeita, e Pamina, triste, abandona a galeria, para enfrentar seu desventurado destino. 

Amedrontado, Papageno vem à procura de Tamino. Bate numa porta e depois noutra. Vozes ásperas advertem-no de que ele não é digno de ser admitido. Mereceria trilhar para sempre os escuros abismos da terra, mas os deuses o dispensam do castigo, “jamais tereis, porém, o prazer de sentir a Iniciação”. Papageno responde: “Bem, então existe mais gente igual a mim” e, enquanto toca os seus sinos, canta a atraente ária: “Uma menina ou mulherzinha Papagena[7] deseja para si…”

A seguir, a cena se passa num jardim, ao alvorecer… Os três jovens vêm adorar o sol nascente. Pamina entra levando o punhal que a Rainha da Noite lhe dera, dizendo que vai acabar com a vida. Os três mancebos aconselham-na a esperar pacientemente a sua reunião com Tamino, o qual se aproxima, pois Deus a castigaria pelo suicídio.

A próxima cena mostra duas montanhas separadas. No interior de uma, vê-se um fogo chamejante, da outra, uma estrondosa catarata. Dois guardas, em armadura, cantam: 

“Aquele que trilha este caminho cheio de sofrimentos,

Purifica-se pelo fogo, pela água, pelo ar e pela terra,

Se supera o medo da morte

Impulsiona-se da terra aos céus

Iluminado será depois de

Consagrar-se aos mistérios de Isis.”

 À esquerda, entra Tamino, acompanhado por um sacerdote, e, à direita, Pamina acompanhada por outro. Sem demora, dão-se as mãos atravessando o fogo, incólumes. Tamino toca sua flauta mágica durante esse tempo. Depois passam ilesos pela prova da água. Quando acabam de passar, Sarastro acha-se na porta aberta do templo, e dá-lhes as boas-vindas ao venerável santuário!

Antes fora mencionado que o santo escudo do sol havia sido entregue pelo pai de Pamina ao sumo sacerdote. Isso se refere à aura iluminada de um Iniciado, ao maravilhoso traje nupcial, que cada neófito deve tecer para si mesmo, antes de chegar a ser um Iniciado. Esse traje, formado pelos dois éteres superiores de um aspirante, é muitas vezes denominado “a roupagem de um mestre em azul e ouro”, pois são essas as cores dos dois Éteres Superiores. Se um aspirante vestir este Traje Nupcial pode passar através de fogo, ar, água e terra.

A cena final da ópera começa quase em completa escuridão. A Rainha da Noite e suas três jovens aproximam-se, acompanhadas por Monostatos que leva uma tocha acesa. Eles pretendem destruir o Templo e seus sacerdotes; como recompensa por seu auxílio, Monostatos receberia a mão da encantadora Pamina. De repente, ouve-se um trovão ensurdecedor. Imaginaram terem sido destituídos de seu poder, e com um grito de pavor afundam os cinco na terra.

Novamente o palco se torna feericamente iluminado e o Templo, em luz radiante, é visto no alto de uma colina. Nele aparecem Sarastro, os sacerdotes, os três jovens, Tamino e Pamina. Como foi antes mencionado, os três mancebos representam os três veículos inferiores do ser humano: o Corpo Denso, o Corpo de Desejos e a Mente. Numa existência terrestre o ser humano acumula conhecimentos, os quais deixam a sua impressão na natureza composta, para a posteridade. Por um processo alquímico, que é ativo tanto durante uma vida terrestre como também durante o tempo da presumida morte e Renascimento, a essência das experiências é alquimicamente extraída da personalidade e incluída na alma tríplice. Nessa ópera franco-maçônica, os três aspectos da alma são identificados como as três características do espírito: “poder, sabedoria e beleza”.

A “Flauta Mágica” finaliza com o coral dos sacerdotes:

“Santificados sede vós, Iniciados!

Superastes o tormento da noite

Bendito sê tu, Osiris,

Louvor a ti, ó Isis

Venceu o celso poder

Recompensado com a coroa eterna,

da beleza e da sabedoria”.

 Na “Flauta Mágica”, Mozart descreve a senda que o candidato – pobre, nu e cego – percorre à procura da luz. A ópera continua revelando os passos sequentes da senda, de muitas provas e alterações, pelas quais ele é submetido para, finalmente, tornar-se digno de entrar naquele Templo, que não é feito por mãos, mas que está eternamente nos céus, onde ele se encontra para sempre em divina união com a LUZ ETERNA.

FIM


[1] N.T.: A Flauta Mágica (original em alemão Die Zauberflöte Loudspeaker.svg? KV 620 é uma ópera (singspiel) em dois atos de Wolfgang Amadeus Mozart, com libreto alemão de Emanuel Schikaneder. Estreou no Theater auf der Wieden em Viena, no dia 30 de setembro de 1791. Algumas de suas árias tornaram-se muito conhecidas, como o dueto de Papageno e Papagena, e as duas árias da Rainha da Noite.

[2] N.T.: o príncipe

[3] N.T.: o caçador de pássaros

[4] N.T.: filha da Rainha da Noite

[5] N.T.: mouro a serviço de Sarastro

[6] N.T.: sacerdote de Ísis e Osíris

[7] N.T.: prometida a Papageno

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Maçonaria Mística e a Flauta Mágica de Mozart

O caminho é longo e o trabalho é exaustivo, mas no final – assim Mozart nos conta – o Aspirante digno chega à culminância – ele se torna um “Iniciado”. Na abertura são descritos vários processos, pelos quais a pedra, áspera e tosca, se transforma até ficar completamente polida; ele finaliza com a repetição dos três acordes (batidas), através dos quais é mostrado que o solicitante procura maior sabedoria e luz. A senda é sem-fim, a procura é eterna! Mais detalhes? Leia aqui: Maçonaria Mística e a Flauta Mágica de Mozart

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Livro: As Sete Igrejas do Apocalipse

A busca sobre as fontes do Apocalipse de São João tem, por muito tempo e frequentemente, ocupado as Mentes daqueles preocupados com a pesquisa de materiais externos. Essas fontes foram buscadas nas tradições orais, nos escritos apócrifos da cristandade antiga, nos documentos e tradições da Gnose judaico-cristã e até mesmo em experiências fantásticas e anormais baseadas em fenômenos atmosféricos. Mas o próprio conteúdo do Apocalipse está em rígida oposição a todos esses esforços, pois no texto dele, a explicação se repete mais de uma vez que o escritor do Apocalipse “viu e ouviu” o que ele contém “no espírito”.
O escritor do Apocalipse nunca se cansa de apontar, da maneira mais inequívoca que se possa imaginar, que o conteúdo do Apocalipse nada tem a ver com a horizontalidade espacial e temporal da tradição, boato ou plágio, mas que ele passou a existir simplesmente e apenas no caminho vertical da revelação do mundo espiritual.
Assim, por exemplo, o texto do Apocalipse começa com uma declaração definitiva sobre sua fonte, sua autoria e a forma como se originou: “A Revelação de Jesus Cristo, que Deus deu a Ele, para mostrar aos Seus servos … e Ele o enviou e manifestou por seu anjo a Seu servo João ”(Ap 1:1). Nessas palavras é caracterizado de maneira distinta e solene o caminho pelo qual o Apocalipse nasceu.

É o caminho da descida de Deus a Cristo-Jesus, de Cristo-Jesus ao Anjo do Apocalipse, do Anjo a São João e de São João aos leitores, ouvintes e guardiões das “palavras desta profecia.”.

As “Sete Cartas” às sete “Igrejas” referem-se não apenas a o futuro, mas também ao passado. Nessas Cartas julgava-se não apenas o que era então o tempo presente e as três futuras Épocas culturais (‘Igrejas’), mas também as três culturas do passado.
No entanto, antes de começarmos a estudar o conteúdo das Cartas às Sete Igrejas, devemos obter uma ideia mais definida da fonte da Revelação (o Apocalipse) de São João. Isso, também, está de acordo com a intenção do escritor, pois nas frases iniciais do Apocalipse ele não apenas indica essa fonte, mas no primeiro capítulo também mostra a figura espiritual daquele que invocou a Revelação (Ap 1:12-16).
Essa figura era “semelhante a um Filho do Homem”, portando os sinais das forças planetárias cósmicas, da mesma forma que seriam realizadas no “homem do futuro” (o “Filho do Homem”) durante o Período de Júpiter. Pois o arquétipo do “homem de Júpiter” – o “Filho do Homem” do futuro – deve ser retratado assim: a arbitrariedade deixará de ser possível em sua vida de pensamento. Fluxos de pensamento fluirão para sua cabeça assim como o cabelo cresce “por si mesmo”. E esses fluxos de pensamento fluindo do cosmos não serão unilaterais, eles não terão nenhuma “coloração” distinta, mas serão, em um sentido profundo e verdadeiro, “sintéticos”. Assim como a luz branca é uma combinação das sete cores, o pensamento cósmico do futuro será “branco” – “branco como lã, branco como a neve” (Ap 1:14).

1. Para fazer download ou imprimir:

F. Ph. Preuss – As Sete Igrejas do Apocalipse

2. Para estudar no próprio site:

As Sete Igrejas do Apocalipse

Por

F. PH. PREUSS

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz do Rio de Janeiro – RJ – 1963

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

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PRÓLOGO

Ao falar sobre o Apocalipse, deseja o autor destas linhas esclarecer aos leitores que, reúnem-se, nesse último livro do Novo Testamento, todos os conhecimentos Iniciáticos até hoje conhecidos e que, literalmente, podem ser entregues ao público. A Justiça divina colocou, esse incomparável LIVRO dos sagrados conhecimentos, no fim dos quatro Evangelhos, antepondo ainda a esses o Velho Testamento com os seus incomparáveis ensinamentos das Leis da antiguidade.

A mais elevada Luz Espiritual foi posta por João de Patmos sobre o pergaminho, quando recebeu do Mensageiro de Deus, o Arcanjo Miguel, os ditames sobre o Apocalipse.

Para aqueles que procurarem conhecer esse livro tão somente por meio da inteligência, jamais o conseguirão, pois, ser-lhes-á fechado com sete selos. Nesse sentido, pode-se dizer que o Arcanjo, com seu Senhor, o Cristo, não desejavam intencionalmente utilizar-se apenas da inteligência. Queriam muito mais. Desejavam dos leitores dos versículos que soubessem interpretar no Céu a crônica da Terra. Por isso que foi escrito tão só para aqueles cuja inteligência já se tenha libertado do ilogismo e do dogmatismo. Em verdade, o Apocalipse, em sua estrutura figurada, mostra, incontestavelmente, o ilogismo a todos aqueles que procuram conhecê-lo tão somente pelo intelecto. Entretanto isso não acontece com o estudante que tenha conhecimentos espirituais, cuja lógica mental não o desvia da sabedoria, pois obterá esclarecimentos acima da inteligência comum que o ligam às Verdades Superiores contidas nas letras que não foram escritas. Um Escriba ou um Fariseu, jamais poderá penetrar na compreensão da Escritura, pois, sabe ler somente a letra. O Espiritualista sabe que os enigmas ilógicos são fontes de grande sabedoria, chaves para a lógica transcendental. É de se admirar que esse monumental livro não tenha sido destruído pelos Escribas e Fariseus, que se intitulavam doutores das Escrituras. Não foi queimado tão importante livro porque sabiam ser o autor do Apocalipse o mesmo que se recostava no peito do Senhor, e ainda mais, o escritor do Evangelho, João.

Disse Lutero, o grande reformador da Igreja Católica, eminente personalidade da teologia no seio do catolicismo, quando traduzira os sagrados livros e chegando ao Apocalipse: “seria melhor não mencionar este livro por faltar-lhe toda a lógica”. Lutero falou a verdade, visto tratar-se de um teólogo e se perguntássemos a qualquer componente de uma escola teológica, receberíamos a mesma resposta.

O místico e o ocultista dispensam a esse livro a máxima reverência. Esses, como sabem perfeitamente tratar-se de um livro Iniciático-místico-espiritual, desejam antes de tudo perceber a aparente irrealidade, isso é, a parte mística de sua forma enigmática, para depois, pela inteligência, transformá-la em lógica. Para o Ego, as verdades são perfeitas e claras, o que, entretanto, não acontece com o intelecto. O que para o intelecto não é lógico e cabível nos planos espirituais, devido à sua falta de comunicabilidade com os superplanos, isso mesmo é para o Ego compreensão e facilidade. O Ego trata da luz espiritual e o intelecto somente da luz refletora, a inteligência humana não divina.

Assim pode-se dizer que o Apocalipse não foi escrito para aqueles que se limitam a julgá-lo tão somente pelo intelecto. Para esse fim, é necessária uma inteligência lúcida, facilmente desdobrável, não acorrentada aos limites de qualquer direção, como o faz a lógica intelectual. O Ego está sempre desejoso de se expandir em todas as direções de seu hemisfério, que se constitui na soma da Universalidade – DEUS.

Deve-se dizer, ainda, sobre esse livro que, além de revelar-nos o passado, mostra-nos, também, cronologicamente, os acontecimentos passados, presentes e futuros. O grande ensinamento em torno das revelações do Apocalipse é este: “livrar a humanidade, dos pensamentos caóticos em favor dos de caridade; pôr um freio à desagregação moral, em prol da libertação benfeitora dos homens de sentimentos religiosos e nobres.” Os Céus aguardam a firmeza dos Espiritualistas porque o diabo foi solto. Isso podemos ver todos os dias. Os tempos mudaram rapidamente para a decadência nesses últimos cem anos, formando uma Babilônia bem pior do que a antiga. Esperam as Hierarquias o esclarecimento de uma inteligência espiritualizada da humanidade desta época; esse é o objetivo do Apocalipse em seus enigmas para que sejam inteligentemente decifrados, compreendidos e aplicados devidamente.

Em seguida, o autor destas páginas desenvolve seus conhecimentos obtidos pelos seus estudos esotéricos, após haver meditado sobre eles, incluindo seus próprios conhecimentos para poder, assim, cooperar com o leitor em seus estudos esotéricos, O autor parte do princípio de que a verdade deve ser transmitida, custe o que custar. Não se pode fazer segredo de seus conhecimentos. Todos os seres humanos têm o direito de receber o Maná dos Céus. Mesmo assim, não se atém à vanglória de ensinar a última palavra nesse assunto, pois, outros poderão atingir maiores alturas. Afirma, porém, que empregou o melhor de sua sinceridade nos estudos e meditações, e se sentirá bem recompensado se assim for entendido.

EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA

Tendo apreciado o que se lê no prólogo, seguimos no estudo dos versículos 12 e 13 do primeiro capítulo do Apocalipse, que assim diz:

Voltei-me para ver a voz que me falava; ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um Filho de Homem, vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um cinto de ouro. Os cabelos de sua cabeça eram brancos como lã branca, como neve; e seus olhos pareciam uma chama de fogo.”.

Vejamos o que o Apocalipse explica nestas duas frases: a involução humana desde o princípio de sua manifestação, quando tudo era matéria-espiritual, quando Deus se manifestou como o Verbo nas diversas densidades que evoluem, aperfeiçoando a alma humana ao máximo de sua qualidade, para depois, uma vez alcançado tal grau de perfeição, adquirir pela força de seu espírito, que dissolve todas as inferioridades, o ingresso no Corpo de Deus com seu próprio corpo divino, que é o seu Ego.

Analisando o versículo 12 que diz: “Voltei-me para ver a voz que me falava”, verificamos em que estado de consciência se achava o Apocalipse. Ele diz que desejava ver a voz que falava. Não se diz que se quer ver a voz; pode-se ouvir uma voz. Nesse ponto está caracterizada a faculdade que São João possuía. Claro é que a voz partia de uma entidade espiritual para a parte espiritual daquele que a ouvia. Nos planos superiores vê-se a voz, ao mesmo tempo que se ouve, pois, ali não existem olhos e nem ouvidos terrenos, se tratando tão somente de ouvidos e de olhos espirituais. Eis a razão por que João diz que “Voltei-me para ver a voz”. Ver e ouvir os planos da Cor e da Harmonia Celestiais que se constituem nas Regiões superiores do Mundo do Desejo e do Mundo do Pensamento.

Segue a frase: “ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro”. Vejamos o que se pode dizer sobre esta frase. Não se deve ler no sentido literal: “voltar-me” e sim “inspirado pelas circunstâncias profundas num ambiente espiritual, vi sete Candelabros”. Por que deveríamos dizer assim? Porque a alma e o Espírito não necessitam de se voltar para ver. O Espírito não tem olhos físicos. A direção das dimensões tem aspecto diferente. O que está aqui, pode estar lá como em cima ou embaixo, dependendo apenas experimentarmos com inteligência o que se quer pesquisar. Claro é que o Apocalipse usa uma linguagem que só pode ser compreendida pelo pesquisador que possua meios para se infiltrar em sua Mente, embora seja uma linguagem enigmática. Esse fato explica o versículo 3, que diz assim: “Feliz o leitor e os ouvintes das palavras desta profecia, se observarem o que nela está escrito, pois o Tempo está próximo.”.

Expliquemos: nem todos sabem ler o sentido educacional dos mistérios do Apocalipse, razão por que fala com realce: feliz o leitor, possuidor que são da sabedoria para lerem aquilo que se esconde atrás da palavra. Devem-se, também, guardar as coisas que se ouvem para vivermos nos mistérios do Verbo, pois, o tempo está próximo. Qual é o tempo próximo para o Iluminado? O passado se revelou a ele no presente, como também o futuro. Para o inteligente que saiba ler ou ouvir as palavras que guarda, os tempos estão presentes, porém, “presentes” não no sentido literal da palavra e sim que o futuro já lhe foi revelado no presente. Vira o Apocalipse aquilo que é do futuro e, assim, todos nós recebemos o conhecimento sobre o futuro, no presente.

Ao Esoterista foi reservado o conhecimento daquilo que é do futuro. Feliz ele é, portanto, pela razão de se aventurar ao estudo para que a alma ouça e sinta a luz que atravessa a palavra. O Verbo de Deus se manifestou a São João, e São João a nós.

A seguir, procuremos dar explicações sobre os sete candelabros de ouro. “Ouro” sempre significa a máxima pureza e, em nosso caso, a espiritualidade. Encontramos 7 Espíritos: 7 candelabros que guiam a humanidade através dos 7 Períodos, ou Dias de Manifestação, cada um com 7 Revoluções, com 7 Épocas do nosso Globo Terrestre. Sete Espíritos Arcangélicos dirigem a humanidade desde o princípio até o fim pelos eons dos tempos, alcançando, assim, a sua perfeição. São João vê, nessa visão, o Filho do homem, o “homem perfeito”, em forma de Arquétipo.

O versículo 13 afirma do seguinte modo o que foi exposto acima: “…e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um Filho de Homem, vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um cinto de ouro.”.

Lembremo-nos da palavra de Cristo: “Passarão o céu e a terra. Minhas palavras, porém, não passarão[1]. Dessa maneira, o Arquétipo foi formado antes que a Terra surgisse juntamente com o ser humano. Passará em seu curso que evolui pela mística contagem Rosacruz dos 7x7x7. O Arquétipo do “Homem da Terra” ou “Filho do Homem Perfeito”, é o ser humano primitivo, o “Espírito do Homem”, Adão. Terá que passar pelos Períodos, pelas Revoluções e pelas Épocas alcançando, assim, a perfeição individual para novamente ingressar como Filho do Homem no Espírito Universal.

Três importantes acontecimentos aguardam ao peregrino em sua caminhada evolucionante, a saber:

  1. Aperfeiçoamento na peregrinação.
  2. Encontro com o Filho de Deus em seu próprio íntimo: as Núpcias com Cristo.
  3. Após a união com   Cristo se reencontra com o Pai, ingressando no seu   Corpo Universal, no Período de Vulcano.

Aprofundando-nos em nossa contemplação sobre essa espiritualidade, perguntamos: qual é o caminho que nos conduzirá a esse ponto? Respondemos: O Apocalipse nos mostra um Ritual fundado em tempos remotos que nunca foi esquecido pelas Religiões avançadas e que jamais o será, em virtude de seu valor divino, pois, está no próprio Corpo de Deus. E como se manifesta Deus no Seu Ritual entregue à humanidade? Vejamos o que foi ordenado a Moisés: colocar um Candelabro de Ouro na Casa de Deus, no Tabernáculo no Deserto. O caminho da oração passava pelo Candelabro de Ouro de 7 braços para o encontro, mais tarde, com o Shekinah, a Luz Eterna em cor vermelha, ou seja, a Luz Criadora, do Espírito Santo, a parte feminina   da   onipotência, tal como denominação dos Cabalistas. A oração fervorosa ante o Candelabro resultava no transporte do seu íntimo às alturas. Lembremo-nos dos tempos de Moisés, quando o Corpo Vital não estava ainda tão firmemente ligado ao Corpo Denso, como em nossos dias. Existia ainda uma ligação com os planos superiores, porque a parte etérica se achava, ainda, em atividade nesses planos. O desligamento do Corpo Vital, durante a oração, se processava com mais facilidade do que hoje e o Ritual procurava infundir a sua ação espiritual naquele que se achava em oração, porque conexão existente entre o Corpo Vital e o Corpo Denso se afrouxa durante a oração.

O Símbolo Rosacruz tem 7 Rosas vermelho-sangue fulgurantes representando os 7 Candelabros de Ouro do Apocalipse. A Estrela Dourada radiante com cinco pontas nos fala da pureza; a cor de ouro simboliza a espiritualidade, qualidade futura do Corpo perfeito. Coincide isso com o fato de que os antigos Rosacruzes eram chamados “Cavalheiros de Ouro”, ou como Christian Rosenkreuz os denominava: “Cavalheiros da Pedra de Ouro”. As 7 Rosas estão arranjadas com uma coroa em cujo centro, pela peregrinação, se desenvolve o “homem invisível”, o “Filho do Homem”, o “Lápis Filosoforum” dos Alquimistas. Assim, pode-se dizer que, mais tarde, pelos próprios sacrifícios em seu Corpo, os Candelabros lentamente concentrarão as suas faculdades dominantes no Espírito e se apagarão no exterior para se iluminar no interior, invisivelmente. Os 7 Candelabros no aliar do corpo serão sublimados a favor do nascimento da Rosa Branca, invisível na Cruz do Corpo.

A seguir transcreveremos, novamente, o versículo 13 para entrarmos em maiores detalhes sobre ele: “…e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um Filho de Homem, vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um cinto de ouro.”.

Devemos dar maior expressão a respeito dos Candelabros. Sem Altar não existe o Candelabro, nem Sacerdote e nem Ritual. A Ordem Rosacruz tem no seu Templo um Altar com as 7 Rosas vermelho-sangue e o seu Ritual com o celebrante, achando-se esse, pela recitação do Ritual, à disposição de Deus para transmitir as Forças Divinas àqueles que se encontram no Templo. Claramente ensina o versículo para que se una aos 7 Candelabros ou às 7 Rosas, alguém semelhante ao Filho do Homem, trajado com vestes talares. Sabemos que só um Sacerdote pode usar vestes talares. O talar, em perfeita brancura e na altura do peito cingido com uma cinta cor de ouro, se obtém pelas purificações constantes no curso de renascimento em renascimento. A cinta, com a cor do Sol, demonstra a Força Universal Solar em transmissão à Terra, captada na hora do Ritual pelo Sacerdote e entregue à multidão. Devemos nos lembrar de que o Templo etérico invisível se alimenta, constantemente, das forças cósmicas de onde, por sua vez, são transmitidas para o Mundo visível àqueles que se acham congregados a esse Templo. Assim sendo, não existe dúvida sobre o ponto em que deve haver Sacerdotes. Afirmamos isto baseados no versículo 6, que diz o seguinte: “…e fez de nós uma Realeza e Sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele pertencem a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.”.

Cristo manda dizer a São João, por seu Mensageiro Solar Miguel, que escreva essas ordens. Não temos mais dúvidas de que devemos ter Sacerdotes a quem precisamos respeitar. Viu São João o Sumo-Pontífice com uma peculiaridade impressionante. Ela o descreve no versículo 14, assim: “Os cabelos de sua cabeça eram brancos como lã branca, como neve; e seus olhos pareciam uma chama de fogo.”.

Em seguida, diz o versículo 15: “Os pés semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz como voz de muitas águas”.

O versículo 16 fala ainda sobre o Sumo-Pontífice com tremenda majestade: “Na mão direita ele tinha sete estrelas, e de sua boca saía uma espada afiada, com dois gumes. Sua face era como o sol, quando brilha com todo seu esplendor.”.

Passo a passo, nos inteirando da significação dos versículos, encontramos as seguintes explicações: “Os cabelos de sua cabeça eram brancos como lã branca, como neve”, um ancião de quem não se sabe a idade; “Os pés semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha”, sem cinzas, pois, passara pelos séculos dos séculos, de Globo em Globo, chegando à Terra e se tornando Deus-Homem. “a voz como voz de muitas águas” – a sonoridade da Harmonia das Esferas.

O Apocalipse se achava à frente do Sumo-Pontífice, o Cristo-Solar. Esse tem, como sinal de Seu Reino, a coroa dos mundos – o Sol. Em Sua majestade, dirige a evolução e tem por símbolo de Sua dinastia, domínio e justiça as 7 estrelas em Sua mão direita. Cristo domina desde o Período de Saturno até o de Vulcano, desde o começo até o fim. Dirige os 7 Períodos em que Ele se acha como dador da Luz e da Vida. Sumo-Pontífice Ele é, pois, e tem em Si a voz de muitas águas – a Harmonia das Esferas – com dupla ação: a Harmonia que edifica e destrói a desarmonia. Da boca, lhe saía uma afiada espada de dois gumes, isto é, o Verbo cheio de entusiasmo e de Força Criadora, constante e dinâmica.

Os olhos são incomuns, fogosos, vendo tudo, ultrapassando as deficiências das criaturas; olhos que não perdoam a malignidade mental, a hipocrisia e a mentira, por serem opostas à Verdade. Olhos que fulminam o mal, mesmo tendo por Lei a tolerância. São olhos dos quais ninguém pode se ocultar. O Filho mostra na espada flamejante de Sua boca o Poder Criador e a vontade pelos olhos cheios de Luz. Esse é o protótipo de Sacerdote que São João viu, o Sumo-Sacerdote que constitui Sacerdote na Terra. Onde estão estes Sacerdotes? Poucos se encontram. Os Templos estão cheios de Escribas e Fariseus, de ídolos mortos-vivos; bonecos vivos e mortos vestidos com panos de seda de cores múltiplas e de ouro puro. O Sumo-Pontífice, porém, está vestido simplesmente com panos brancos e com uma cinta cor de ouro, e nada mais. O resto é vitalidade. Se um verdadeiro Sacerdote se levanta contra os Fariseus cegos, guiando outros cegos, o que fazem dele?

Enxotam-no do seu lugar, do seu Templo e crucificam-no. Acontece que, embora crucifiquem o Cristo todos os dias, a espada de dois gumes persiste nos escolhidos do Sumo-Pontífice. Estes continuam a se sacrificarem, como fizera Cristo pela humanidade. A sua linguagem é Fogo cheio de Vida e de entusiasmo, pois, sem esses atributos não existe sacrifício, nem instituição sacerdotal. Isto mostra o que São João viu, com referência ao Supremo Sacerdote, cujas qualidades devem estar nos que são os responsáveis pelo culto no Templo. Entusiasmo é o Verbo pronunciado com poder criador adquirido dos Planos Superiores em transmissão aos seres humanos, purificando-os de seus pecados. O Templo do Senhor é o Cosmos e cada sacerdote deve ser uma pedra no Templo Universal de seu Mestre. Bem fez Cristo ao responsabilizar o Apóstolo Pedro, pela Sua    Igreja Universal. O que foi feito na Igreja universal, já sabemos. Quem passar com Cristo pelo fogo   da    fornalha purificadora da evolução conseguirá   o   sacerdócio   por força do Verbo Divino que fala em seu coração, ou seja, o Templo Invisível de Deus. O resto será posto fora de ascenção, por falta do Verbo Vivificador.

A espada de dois gumes, bem afiada, vem nos dar como uma advertência, uma ordem, no sentido de que nos inteiremos da espiritualidade, para que possamos dar ao nosso Ego um ambiente divino. Caso contrário, este sucumbirá, se retardando a uma época anterior. Hoje seremos ensinados pelo Verbo Divino do Sumo-Pontífice e pelos Seus Sacerdotes, no sentido de que nos ambientemos e alimentemos do Corpo Divino de Cristo. Esse é o milagre que se opera em todo aquele que se beneficia da espada e dos olhos flamejantes em si mesmo, pela unificação das forças procedentes de seu corpo.

O Apocalipse é muito claro em sua expressão. Ele não nos ensina a nos tornarmos “doutores feitos em seminários e academias”, doutores de religião, títulos auferidos pelos seres humanos. Esses já conhecidos antes da era do Senhor, Ele dizia conter ninhos de víboras em seus corações. Destes jamais se necessitam em nossos tempos. Chegou o momento dos espiritualistas. A atividade do Verbo Divino deve ser demonstrada, assim como a sua Justiça e a sua Verdade. O Batismo de fogo do Espírito Santo cheio de entusiasmo da Páscoa, descrito nos Livros Sagrados, a vida íntima de cada Cristão esclarecido deve, como mais tarde poderemos verificar pela descrição das Cartas às 7 Igrejas, acabar com a maldade da indiferença da onda de vida humana. Os espiritualistas sabem e não se cansarão jamais de ensinar que Cristo é um Ser vivo, pois, aquele ídolo semelhante a um homem crucificado, não existe. Cristo vive e sempre será o soberano, tendo por Trono o Globo Solar. Diz São João: “Sua face era como o sol, quando brilha com todo seu esplendor.”. Estamos convencidos da presença de Cristo junto a São João ao pronunciar essa verdade.

Os espiritualistas sabem perfeitamente que, quando se fala de Jesus, não se refere a Cristo. Jesus é o filho de Maria e de José. Jesus é o renascimento do Espírito de Salomão. Aceitamos o ensinamento, segundo o qual os Corpos Denso e Vital de Jesus, aos 30 anos de idade, se achava a tal altura de desenvolvimento para receber a Iniciação antiga pelas águas do Rio Jordão e logo sentir o Batismo de Fogo do Espírito Santo que nunca mais o abandonou. Desde então, o Regente do Sol e da Terra, Cristo, passou a viver naquele Corpo Vital de Jesus. Compreendemos que na morte de Jesus os sofrimentos deste foram sentidos por Cristo, uma vez que estava intimamente ligado com ele. Cristo não podia morrer, pois, possuía – como possui – realmente, o Poder da Vida; era é o Espírito da Vida, e não da morte. Tem em Si o poder da transformação da morte em vida, como muitas vezes lemos nos Evangelhos. Explica-se isto o versículo 18: “o Vivente; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da Morte e do Hades.”.

Cristo em Jesus teve ou sentiu a morte igual às dos seres humanos da Terra. O Corpo Denso de Jesus era feito de “barro”, ao passo que Cristo é do Sol, onde não existe a morte. Assim, pela Sua transferência a uma criatura terrena, transmutou as disposições biológicas, espiritualizando o Corpo de Jesus ao ponto de transformá-lo em incorruptível, o que não se verifica geralmente com os corpos dos seres humanos. Ele mudou completamente as densidades físicas do Corpo de Jesus, razão pala qual, como já sabemos, não mais foi achado esse Corpo Denso, depois da crucificação, Cremos, então, como o versículo 18 diz: “…estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da Morte e do Hades”, que não podendo Cristo e nem Jesus morrer, logicamente Eles se acham constantemente em nossas vidas e em atividades vivificantes, e ninguém mais pode morrer ou seja aniquilado no inferno. Afirma isto o versículo 17: “Ao vê-lo, caí como morto a seus pés. Ele, porém, colocou a mão direita sobre mim assegurando: ‘Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último’”.

Cristo nos ensina algo imensurável, nos mostra o Seu Poder infinito. Um círculo sem começo e sem fim, o Alfa e Ômega… constante; tudo que era, tudo que é e tudo que será. A sempre existência e a impossibilidade da morte. “São João caiu a Seus pés como morto”. Não pôde suportar a formidável visão, e o que fez Cristo? Colocou a Sua mão direita sobre São João, uma benção equivalente a um Batismo Espiritual, a transmissão de poderes espirituais, ordenando-lhe não mais temer. Na mesma hora, sentira São João a perda da sensação da morte, e ressuscitou. Soube, daí, a não existência da morte e do Hades, pois, lhe disso o Supremo: “Eu sou o Primeiro e o Último”. Significa isto evidentemente que Ele salvará a todos e só depois será o “último”.

Após essa visão, São João saiu fortalecido, escrevendo o versículo 19 que Cristo lhe ordenara: “Escreve, pois, o que viste: tanto as coisas presentes como as que deverão acontecer depois destas.”.

Averiguemos o que São João teria visto na presença de Cristo. Por força de sua consciência interna, foi transportado e ensinado a ver os acontecimentos do passado, do presente e do futuro. Passaram-se ante a sua visão os panoramas dos Períodos, das Revoluções e das Épocas, desde o começo até o fim. E por que tudo isso foi ensinado? Foi ditado a São João que ensinasse os acontecimentos futuros. Os Ensinamentos do Apocalipse devem ser ensinados aos Esoteristas e a todos aqueles que, de boa vontade, se tornem capazes de utilizar tais prescrições em suas almas, aprimorando, assim, seus renascimentos em tempos futuros. As Religiões futuras não mais ensinarão a necessidade do sofrimento para se alcançar o Reino de Deus. A aceitação da Força Divina de Cristo, por si só, destrói o sofrimento e um novo Ser se levanta dos escombros do passado. Aquilo que hoje se refere à morte, deve ser destruído, diz Cristo, pois, “estive morto, mas eis que estou vivo”. Vivo dentro de cada um. Somos ressuscitados desde que Cristo ressuscitou da morte, e cada um ressuscitará a seu tempo, pois, “Eu sou o primeiro e serei o último”.

PRIMEIRA CARTA: À IGREJA DE ÉFESO

Prosseguindo nos estudos sobre os ensinamentos de São João, passamos a explicar o primeiro versículo do segundo capítulo: Éfeso representa o primeiro ciclo da civilização da nossa Época Ária. Todas as Épocas estão subdivididas em 7 civilizações. Presentemente, estamos no quinto ciclo, ou seja, na Igreja de Sardes.

Logo no começo do primeiro versículo, observamos o seguinte: “Ao Anjo da Igreja em Éfeso, escreve:…”.

Observa-se estar a Carta dirigida a um Anjo e não a uma das Igrejas, como mais tarde acontece com as demais. Dirige-se a carta a um Anjo, o Líder de uma civilização que tem como nota dominante a natureza de seu próprio Líder, levando-a até que a aurora de uma outra civilização ressurja. Lembremo-nos de Jeová, o Deus de Raça, guiando os povos até a chegada de Cristo. Dirige-se essa carta a um Anjo que guia a civilização no surgimento da Época Ária, logo depois da submersão da Atlântida no Oceano Atlântico,

O versículo continua assim: “Assim diz aquele que segura as sete estrelas em sua mão direita, o que anda em meio aos sete candelabros de ouro.”. 

Cristo rege os 7 Períodos, as 7 Revoluções de cada Período e, também, as 7 Épocas com os seus respectivos ciclos. Anda no meio dos candelabros da Igreja de Éfeso com a Sua Luz Espiritual, em defesa da evolução para iluminar internamente a humanidade. Os 7 candelabros têm a sua representação nos corpos, as “Luzes das Flores de Lotus”, assim conhecidas pelos hindus e denominados por Max Heindel de “Centros Espirituais”. Deve-se dizer a respeito desses Centros, que eles giram e fulguram em diferentes coloridos. Na civilização hindu, ou seja, na Igreja de Éfeso, os Centros Espirituais não estavam em condições de girarem assim como hoje, em nossa civilização atual. A inteligência não estava bem desenvolvida e, por isso, havia uma vidência negativa ou involuntária. A alma, naquela época, não estava autodinamicamente apta para se projetar aos Planos Superiores, como acontece com os seres devidamente educados sob o controle da Mente e da vontade. Somente os seres humanos santos conheciam as leis internas e sabiam se manifestar nos Planos Superiores. Observaram as Leis Divinas e trouxeram, das Hierarquias Angelicais, ensinamentos favoráveis aos seres humanos para o Mundo Físico e Mundo do Desejo. Eram intermediários entre os Deuses e os seres humanos.

O versículo 2 diz isto claramente: “Conheço tua conduta, tua fadiga e tua perseverança: sei que não podes suportar os malvados: puseste à prova os que se diziam apóstolos — e não são — e os descobriste mentirosos.”.

O versículo 3 reza assim: “És perseverante, pois sofreste por causa do meu nome, mas não esmoreceste.”.

Examinando ambos os versículos acima e respeitando a visão de São João, que na sua exaltação espiritual via o passado, verificamos o seguinte: aqueles que pereceram nas águas da Atlântida haviam exercido práticas espirituais invertidas, contrárias às Leis Divinas. Pela consciência espiritual, uma faculdade normal daqueles tempos, cada um se sentia autossuficiente em suas práticas transcendentais, pois, conheciam as Leis da Natureza, se sujeitando à uma vontade.

Os de Éfeso eram perseverantes por conhecerem a benignidade das Leis Divinas e foram os que se salvaram da malignidade atlante, preservando-se, em Éfeso, das máculas de seus antecessores. Respeitaram a Divindade e sujeitaram-se às Leis da Natureza, ignoravam o egoísmo, procurando viver como seres humanos em união com Deus.

Quanto aos falsos apóstolos-profetas, eles foram facilmente conhecidos e rejeitados, pois, entraram na penumbra atlante, imprópria, o que, entretanto, não se verificou com os verdadeiros profetas que desejavam o oposto, isto é, a vida com Deus, tendo anseios de Deus e dos Planos Superiores. Nesse ciclo, tudo que não era transcendental tinha o significativo de uma ilusão. Pseudos-guias da humanidade ensinaram a inutilidade da Terra e dos que nela viviam. Não acreditavam na beneficência de uma Terra santificada que os alimentava e nem se interessaram em cultivá-la para o seu próprio conforto. Viviam uma vida contemplativa, sem conforto e aguardavam a felicidade com a quase aniquilação e martirização de seus corpos precários, Naturalmente, tal forma de vida não os coordenava com as leis da evolução, que requeriam lutas e conquistas para os tempos futuros.

Fala nesse sentido o versículo 4, advertindo com todo rigor: “Devo reprovar-te, contudo, por teres abandonado teu primeiro amor.”.

Logo a seguir ensina o versículo 5: “Recorda-te, pois, de onde caíste, converte-te e retoma a conduta de outrora. Do contrário, virei a ti e, caso não te convertas, removerei teu candelabro de sua posição.”.

Procuremos desvendar esses dois versículos, vendo o que significa “abandonar o primeiro amor”. Estamos no mundo do Amor de Deus e em nossas vidas transcendentais, amamos a Deus. A vida dos Atlantes era oposta a Deus, era egocêntrica, como já explicamos linhas acima. Não se amavam uns aos outros, isto é, não amavam a criação de Deus na Terra e Suas leis na natureza; abandonaram a Deus e Sua soberania na criatura, como também a Hierarquia que os guiava por ordem superior. Eles amavam somente a si mesmos.

A Época Ária começou da mesma maneira como terminara a anterior, mas notava-se uma atividade oposta. Tal como os Atlantes procuravam subjugar as Leis da Natureza com a sua astúcia, sujeitando a força divina na natureza às suas ordens e destruindo e anulando a vontade de Deus em Sua criação, os Hindus, também, se afastaram do Amor de Deus ao abandonar a luta pela conquista da evolução, tornando a Terra sem valor e desprezada, não obstante toda sua beleza. Os atlantes tomaram conta da Terra com o seu egoísmo e os hindus abandonaram-na por desinteresse. Na imaginação do Hindu formou-se a descabível ideia de que a Terra não tinha valor e não compensava lutar por ela. A vida na Terra era somente uma ilusão, pois, o Corpo Denso seria mais tarde abandonado, tendo a vida seu prosseguimento em corpos superiores, no Nirvana. Acreditavam ao mesmo tempo na santidade de todas as criaturas, surgindo daí a idolatria das vacas e dos elefantes santos. Não tocavam nesses animais para não caírem em desgraças. Aliás, ainda hoje na Índia existe essa crendice. Tudo era divino, menos o próprio corpo, por se tratar de concepção que o qualificavam de ilusório. Martirizavam, assim, o Corpo Denso, julgando-o um instrumento inútil. Assim aconteceu por força das concepções errôneas de que a Terra devia ser abandonada, Terra essa de que foi feito o precioso veículo denso pelas Hierarquias, pela Vontade e pelo Amor de Deus.

Eis, pois, a explicação sobre a advertência de que trata o versículo 4: “Devo reprovar-te, contudo, por teres abandonado teu primeiro amor.”.

Quanto ao versículo 5, adverte com repreensão: “Recorda-te, pois, de onde caíste, converte-te e retoma a conduta de outrora. Do contrário, virei a ti e, caso não te convertas, removerei teu candelabro de sua posição.”, ou seja, o ciclo da civilização hindu. Só pela contemplação a Terra não poderia ser fertilizada porque o “homem feito de barro” deveria se utilizar dele em benefício de seu próprio corpo. Podia se beneficiar do fruto da Terra, do Espírito que a vivificava. Mostra o versículo a ordem de conquistar a bondade inerente à Terra e receber os benefícios do Espírito que anda no meio dos candelabros. Mesmo em nossos dias em que a civilização anda com passos largos, a Índia tende para as contemplações e idolatria das vacas santas. Nos últimos séculos essa tendência foi modificada. Swami Vivekananda[2] e Gandhi[3] emanciparam politicamente a Índia e, religiosamente, acharam caminhos para a concepção da Religião de Cristo. As novas gerações progrediram de acordo com a civilização, sem abandonar ao mesmo tempo a contemplação espiritual, formando, assim, uma fortaleza de paz em sua inteligência. Surge uma nova linhagem budista por reencarnação e se inicia uma lenta e perfeita revogação da desfavorável implantação das antigas castas e de suas leis dogmáticas e restritas. A abolição das castas por Gandhi mostra a influência do ocidente, como também da Religião Cristã, no oriente. A nova performance das ideias nos espíritos hindus une e amplia a vida social e científica de um grandioso povo com a evolução de todos os povos. O candelabro, que se achava na escuridão durante séculos, está agora brilhando com uma Luz Crística.

Segue-se o versículo 6, que confirma a exposição anterior: “Tens de bom, contudo, o detestares a conduta dos nicolaítas, que também eu detesto.”.

“Nicolaítas” quer dizer: “profetas falsos”. “Nicolaíta” foi uma palavra usada no tempo do Apocalipse, na Civilização Greco-Romana, tendo São João a empregado ideologicamente nos tempos passados. Ele chama de “profetas falsos” da velha Índia, os sacerdotes nicolaítas, pois, também no tempo de São João existiram sacerdotes sem escrúpulo, com a inverdade na boca, hipócritas e egoístas. Sabiam, com artifícios, enganar os crentes. Em nossos dias, embora estejamos longe da velha Índia e da Grécia, acontecem, infelizmente, as mesmas coisas, pois, existem ainda entre nós os nicolaítas. À margem da crença Cristã, existem a idolatria, as danças dos rituais da magia negra, a macumba com os sacrifícios dos animais que lembram a Atlântida; a primitiva Índia, o Egito e a Babilônia com os sacrifícios de animais em louvor a Deus; os Templos de Delfos da Grécia com a necromancia e a adivinhação dos obsidiados Druidas.

O Espírito se dirige a Éfeso com a certeza de ter se colocado em oposição aos nicolaítas, quando diz que Ele e os de Éfeso os odeiam. O ódio exprime, nessa situação, a luta contra as magias em detrimento da evolução. A luta dos espiritualistas se trava contra todos os artifícios nos cultos e, também, na política. Cristo dirigia a Sua palavra contra os sacerdotes, dizendo-lhes haver ninhos de víboras em seus corações. A política tem sua magia especial, a demagogia, o diabolismo da palavra. A massa popular facilmente se subordina à palavra diabolicamente aplicada, ajoelha-se e a adora.

Os primeiros sete versículos mostram, em seu resumo, os defeitos da vida contemplativa, deixando de realizar as obras necessárias em prol da futura geração do ciclo subsequente, isto é, da Igreja de Esmirna. A civilização acreditara na falsidade dos nicolaítas, para os quais a Mente se curvou. O Ego, em sua vontade de instrumentar seus corpos inferiores para as realizações materiais e espirituais, foi frustrado pela Mente inferior. As fraquezas do corpo carnal, os desejos e as emoções das partes inferiores do Corpo de Desejos, junto à Mente, tomaram posição contra a parte superior e positiva de uma vida verdadeiramente divina e abstrata. A vida consciente do Ego não chegou ao seu florescimento positivo. Grandes provas, tais como catástrofes e guerras, foram impostas à retardante humanidade, a fim de lhe abrir uma Mente com qualidade e discernimento.

O Apocalipse em seu versículo 7, formula uma advertência e, logo, uma sentença: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: ao vencedor, conceder-lhe-ei comer da árvore da vida que está no paraíso de Deus.”.

Muito bem! Aquele que tem ouvidos para ouvir os que falam por meio das profecias, ouça, porque fala o Espírito da Verdade às almas: “Aquele que vencer o mal, receberá o alimento do fruto da Árvore da Vida que se acha no Paraíso de Deus”, A “Arvore da Vida” é o Pai no Paraíso, que se constitui na absoluta pureza, de Quem o vencedor se alimenta. Somente aquele que tiver vencido a maldade, a ignorância e a Mente inferior e mentirosa, poderá, como vencedor, viver no Paraíso e desfrutar do alimento dado pela Árvore da Vida.

Mencionemos, a seguir, a quem as cartas foram dirigidas:

  1. Carta a Éfeso: Época Ária e Civilização Hindu.
  2. Carta a Esmirna: Época Ária e Civilização Babilônia-Assírio-Caldaica.
  3. Carta a Pérgamo: Época Ária e Civilização Persa-Greco-Romana.
  4. Carta a Tiatira: Época Ária e Civilização Romano-Celta.
  5. Carta a Sardes: Época Ária e Civilização Teuto-Anglo-Saxônica.
  6. Carta a Filadélfia: Época Ária e Civilização Aquária, depois da Anglo-Saxônica.
  7. Carta a Laodiceia: Época Ária e a última Civilização.

Após as 7 Cartas dirigidas às 7 Igrejas, ou sejam, às Civilizações durante a Época Ária surgirão, pela Lei da Precessão Solar, as 6ª e 7ª Épocas da 4ª Revolução do Período Terrestre. Cada Época com suas 7 Civilizações.

SEGUNDA CARTA: À IGREJA DE ESMIRNA

As palavras do versículo 8: “Ao Anjo da Igreja em Esmirna, escreve: Assim diz o Primeiro e o Último, aquele que esteve morto, mas voltou à vida.”.

Já sabemos que Cristo é o primeiro e será o último através dos séculos dos séculos. Mas, diz que foi morto, todavia, essa morte é bem diferente da nossa. Cristo não podia e nem pode morrer, senão jamais poderia viver. Não poderia Ele viver e nem o Cosmos, em sua complexidade e, por conseguinte, nem também em nós viver. Se, porém, admitimos a entrada do Espírito Solar na lenta vibração existente na Terra, significa, sem dúvida, um sofrimento para Ele. Como a Fraternidade Rosacruz corretamente ensina: “O Cristo sofre na Cruz da Terra”. O Seu Corpo é do Sol e não da Terra. A Sua morte temporária começou na mesma ocasião em que tomara o Corpo Denso e Vital de Jesus, quando do Batismo de Água no Rio Jordão. A Luz do Espírito de Vida tomou posse de um corpo terreno com vibrações opostas às do Sol. Bem sabemos o que aconteceu no ato da crucificação, quando Aquele magnificente Espírito Solar, ao se libertar do corpo terreno do sublime homem Jesus, iluminou de tal maneira o globo terrestre que chegou a ofuscar completamente a visão dos presentes, parecendo que o Sol se obscurecera.

Voltando nossas explicações sobre a Carta à Igreja de Esmirna, vemos que essa se dirige à Civilização Assírio-Babilônio-Caldaica, em cuja época não existiam sentimentos elevados. Formara-se uma luta pelo material, conquistando-se apenas valores terrenos em contraste com a Igreja de Éfeso, que era contemplativa. Foi conquistada a torre da Babilônia, representando a vida real-material. Essa civilização começou por procurar um Deus real, visível aos seus olhos: o Sol, a Lua e todas as Estrelas. A contemplação espiritual positiva era privilégio de poucos sacerdotes, em divergência ao ciclo anterior, onde existia a contemplação negativa das massas humanas. Naqueles tempos o Espírito Solar guiava, com a sua Hierarquia, a evolução na Terra, por fora, externamente. A Mente recebia melhores meios para se desenvolver e progredia, como ainda hoje progride, graças à constante influência das Forças Divinas suprassensíveis. Cristo se interpenetra incessantemente em nosso ser; pode-se, assim, atestar que a Sua constante morte, sempre presente em nossa existência, proporciona e beneficia a nossa evolução, a nossa existência em geral. Vivemos graças ao Seu enorme sacrifício. Ele morre para que vivamos. Bem diz o versículo: “o Primeiro e o Último, aquele que esteve morto, mas voltou à vida.”.

A salvação dos seres precede a “morte” do Espírito nas criaturas e só depois deverá vir a vivificação, a Ressurreição. Cristo se infunde no ser humano imperfeito e ressuscita nele o “Homem Divino”. O “Homem Espiritual” se encontra de maneira confusa, morto, mas deve viver em união com Cristo e, dessa forma, haverá salvação. Cristo vive assim no ser humano, como o ser humano vive em Cristo. Os espiritualistas sabem perfeitamente da união com Cristo ao falar sobre a comunhão. Não existe vida espiritual d’Ele separada. A desgraça da humanidade, em suas múltiplas formas, mostra não existir ainda união com Ele. As forças lucíferas, com a sua falsa luz, regem as Mentes dos responsáveis pela evolução, desde Babilônia até hoje.

O versículo 9 diz o seguinte: “Conheço tua tribulação, tua indigência — és rico, porém! — e as blasfêmias de alguns dos que se afirmam judeus, mas não são — pelo contrário, são uma sinagoga de Satanás!”.

Os Espíritos do bem e do mal surgem sempre com os seus defeitos e suas beneficências. Parece que um fio vermelho passa através dos tempos desde a criação até onde entramos, perfeitos, no Corpo de Deus. A falsa Mente deseja ignorar as Leis Divinas, procurando sempre impressionar pela ignorância caótica em que os semi-intelectuais facilmente caem. Deus, em Sua Onipotência, não quer em absoluto a submissão cega de Seus filhos, pelo contrário, deseja que eles conheçam as Leis Criadoras Universais que passam pelos próprios corpos desde os tempos remotos até o infinito. Os espíritos lucíferos rejeitaram esta Lei Divina e, por isso, fala o versículo: “Conheço tua tribulação, tua indigência”. A falsa luz blasfema contra tudo que é divino, empregando a mentira; Lúcifer é inteligente, dizendo de si mesmo ser judeu, um adiantado da evolução, um Iniciado, um criador. Diz bem o Apocalipse sobre esses “iniciados” pertencentes à Sinagoga de Satanás pela expressão da falsa luz de seus intelectos. Já nos tempos remotos babilônicos, se separaram os “homens de boa dos de má vontade”. O versículo faz referência aos de boa vontade: “és rico, porém!”. São ricos porque rejeitaram a má influência lucífera, seguindo as Leis Divinas Iniciáticas, a Inteligência Superior. A história nos mostra, com toda clareza, a destruição da Babilônia material, assim como em grande parte, a da intelectual. A Sinagoga de Satanás foi rejeitada e deu riquezas aos que se iniciaram de coração, como judeus.

Diz o versículo 10 o seguinte: “Não tenhas medo do que irás sofrer. Eis que o Diabo vai lançar alguns dentre vós na prisão, para serdes postos à prova. Tereis uma tribulação de dez dias. Mostra-te fiel até à morte, e eu te darei a coroa da vida.”.

Promete-nos esse versículo, para o futuro, uma vida coroada, uma vida diferente não igualável às passadas. Diz o versículo sobre as vidas passadas, que não podiam trazer a nossa soberania, antes que passássemos por sofrimentos e tribulações, caminhando sobre estes com as esperanças de conseguirmos a Coroa da Vida. O que é a Coroação da Vida? Não admitir e nem se entregar aos maus pensamentos, nem às sensações do Corpo de Desejos e emoções inferiores. Bem diz o versículo sobre esta particularidade de sofrimentos quando preconiza que “Eis que o Diabo vai lançar alguns dentre vós na prisão”, isto é, nos amarrar em nossas vaidades, em nosso egocentrismo, em apegos convencionais e nos aproveitarmos da ignorância do próximo para o nosso próprio bem estar.

Faz referência o versículo sobre tribulações de 10 dias. É claro que não se trata de 10 dias comuns. A conciliação entre o mal e o bem, não existe. Nós, Espíritos que somos, temos que nos salvar do mal e quanto tempo levaremos até recusá-lo, depende do reconhecimento de que o Salvador está constantemente batendo na porta do nosso coração. Ele bate 10 dias, desejoso de nos arrebatar do diabo que nos prendeu com suas algemas. A luta poderá durar um ciclo, ou mais, até que o Salvador nasça em nossas almas. Quem tiver passado fielmente os 10 dias até a morte das más qualidades desta civilização, receberá a Coroa da Vida, a soberania sobre esta e terá o ingresso à Nova Era. Isto acontece de civilização em civilização. A luta constante em si mesma e por si mesma sublima com o tempo todos os conhecimentos passados. Acolhidos são estes pelo Ego para mais tarde, em uma civilização posterior, aumentar o processo da purificação e de múltiplas coroações, como explica o Apocalipse.

Segue-se o versículo 11 com uma ameaça: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: o vencedor de modo algum será lesado pela segunda morte”.

Diz o versículo que “aquele que não vencer, sofrerá dano”, que significa a “segunda morte”. Qual é a primeira morte? A morte do Corpo Denso, necessitando, de tempos em tempos, renovação por sequentes renascimentos. A segunda morte se refere ao Corpo de Desejos. E por que morreria este? Já sabemos da intenção do Supremo Espírito que fala pelo Apocalipse, no sentido de que nos preparemos para a Iniciação. Para esse fim, devemos ativar o nosso Corpo de Desejos com sentimentos elevados e pensamentos puros. Como espiritualistas, conhecemos práticas meditativas e atividades caritativas que proporcionam aos corpos a devida elevação. Purifica-se o Corpo de Desejos e recebe a Mente a sua consequente luz. Estes são os fatores para a Iniciação.

Se acontecer o contrário, todos os Corpos não receberão o devido alimento e se agarrarão aos sentimentos infernais e pensamentos corruptos, razão por que ficarão esfomeados, atrofiados e, como resultado final, sofrerão a morte. Isso representa a segunda morte, o que equivale à perda da personalidade.

TERCEIRA CARTA: À IGREJA DE PÉRGAMO

Esta carta nos faz lembrar Moisés ao levar o povo escolhido, os Semitas Originais, do Egito para fora das muralhas construídas com o suor e sangue dos oprimidos. Embora a massa humana estivesse ausente da influência egípcia, as forças malignas espirituais dos antigos opressores continuaram a repercutir na Mente desse povo. A falsa luz lucífera reinava ainda em muitas inteligências e, assim, reconstituíram cultos a deuses de barro e de ouro. Balaão continuava o influenciar mortalmente às várias tribos israelitas. As leis de Jeová não tinham ainda se apoderado da maioria do povo e por isso, houve, em parte, a idolatria, como também a prática de Balac da magia negra. Estendeu-se essa corrupção até a chegada de Cristo, o Supremo Iniciado do Sol. Na história, encontramos constantemente defeitos de uma civilização anterior nas subsequentes. Formas mentais do passado se mesclam com as novas, prejudicando a mentalidade e suas expressões mais elevadas. E assim, não só as leis de Jeová corriam perigo, como também, por intermédio dos israelitas, a futura doutrina de Cristo. A luta no âmbito material, bem como nos transcendentais da Magia Branca e Negra, tomaram posições contrárias. As Leis de Jeová, mesmo com características de leis, tiveram por base o Amor, como mais tarde se manifestou por Cristo.

Quanto à diversidade de concepções da Igreja de Pérgamo com a Egípcia, lemos no versículo 12 o seguinte: “Ao Anjo da Igreja em Pérgamo, escreve: Assim diz aquele que tem a espada afiada, de dois gumes”.

A espada representa a justiça e essa se pronuncia com o Verbo. Por sua vez, o Verbo impõe força à justiça, edificando, fazendo justiça de um lado e, ao mesmo tempo, destruindo o outro. Ajustando-se um lado, aniquila-se o outro, qual seja a injustiça. A Lei de justiça consiste em edificar. Sobre a mentira, não há possibilidade de construir, razão por que o Verbo da justiça se torna perigoso a ela, e seus adeptos serão, implacavelmente, destruídos. A Justiça Divina em seu poder benigno, destrói em sua função a tudo quanto se lhe antepõe.

Esclarece bem nesse sentido o versículo 13: “Sei onde moras: é onde está o trono de Satanás. Tu, porém, seguras firmemente o meu nome, pois não renegaste a minha fé, nem mesmo nos dias de Antipas, minha testemunha fiel, que foi morto junto a vós, onde Satanás habita.”.

Cumpre-nos explicar o que João de Patmos, São João Evangelista, nos ensina minuciosamente. Cristo se refere à sua fiel testemunha nos tempos de Antipas como o último Profeta dos Israelitas, qual seja, São João Batista. O adversário de Batista era o Antipas, chamado Rei Agripa e, também, Herodes. A função de São João Batista era clamar pelo deserto dos sentimentos corruptos, quando pregava o arrependimento e, finalmente, batizar e levar a coletividade às cercanias da justiça e do amor de Cristo.

São João Batista, mais tarde, conforme o Evangelho Segundo São Mateus, cap. 14, vers. 3 ensina, foi encarcerado por ordem de Antipas Agripa Herodes[4]. E não é difícil saber a causa: Herodíades, a mulher de Herodes, não era sua esposa legítima. Era casada com o irmão de Herodes, chamado Felipe e tinha uma filha, Salomé. São João Batista revoltou-se contra Herodes, reclamando que respeitasse a esposa de Felipe. O versículo 4 mostra-nos a revolta com as seguintes palavras: “Não te é permitido tê-la por mulher”.

Herodes, como soberano da Judéia, ordenou o encarceramento do Profeta. Sua intenção era matá-lo, mas não podia fazê-lo porque temia a revolta do povo, porém, a ocasião não se fez demorar, pois, o drama se apresentou com a festa natalícia do soberano. Os acontecimentos se precipitaram e encontramos na personalidade de Herodíades, uma sacerdotisa pagã dotada de conhecimentos das práticas da Magia Negra. Conhecia muito bem a força espiritual do asceta João, que era oposta à sua. Os tempos de Cristo já haviam chegado às portas e o novo advento surgia com os milagres do Batismo. Lembramo-nos das Iniciações de São João Batista há cerca de 500 anos A. C., quando vivia como profeta Elias. Já naqueles tempos Elias falava sobre o Salvador. Cristo, por sua vez, dizia aos Seus Discípulos que Elias se achava presente, os quais sabiam da identidade com São João Batista. Herodíades sabia da espiritualidade do Profeta e não tendo a faculdade de atraí-lo com a sua magia sexual, se apoderou dela um insensato ódio planejando daí a destruição dele. Ela sabia que, se pudesse obter partes do Corpo Vital em união com ele, aumentariam suas forças mágicas.

Aconteceu, na festa de aniversário de Herodes, que Salomé dançou diante de todos e agradou o soberano, tendo esse, como recompensa, prometido lhe dar o que pedisse. Salomé, instigada por sua mãe, pediu a cabeça do Profeta, no que foi atendida. Herodíades, recebendo a sangrenta cabeça de João Batista, procurou se aproveitar da parte etérica do Corpo, mas, em virtude da sublime vibração desse, não logrou realizar a sua intenção. As vibrações do Mago Branco não podiam ser aproveitadas pela Magia Negra.

Verificamos, a seguir, as explicações do versículo 13, seu ensinamento e a conclusão a que chegamos: o Trono de Satanás tinha ligação com a personalidade que se achava no Trono da Judéia, Herodes, a sua ilegítima mulher, e com a filha dessa, Salomé. Jorrou na caverna do Diabo o sangue daquele que conservava o Verbo Divino como Profeta, João, o Batista. Esse não negava os preceitos da máxima Verdade, o Cristo, e a Justiça do Velho Testamento e, por isso, foi decapitado. A história do acontecimento dramático mostra nitidamente três movimentos eclesiásticos daqueles tempos. De um lado, os Israelitas divididos em duas direções, uma, composta de esoteristas, ou seja, a linhagem dos Essênios e semelhantes a esses, e a outra, constituída de Escribas e Fariseus, escravos da letra e da hipocrisia. A luta entre as duas linhagens era constante. A Sabedoria ensinada no deserto não podia penetrar na ferocidade dos Escribas e Fariseus. Uns acreditavam nas Leis de Deus, e os outros, nas convenções prescritas dos tronos de sacerdotes falíveis.

Além desses dois movimentos, encontramos o terceiro constituído dos que se sustentavam dos sacrifícios do sangue proveniente da vida dos animais e dos seres humanos: o Paganismo, a Magia Negra e a Idolatria. Três movimentos ou cultos que se mesclaram constantemente.

O versículo 14 nos faz entender o acima descrito: “Tenho, contudo, algumas reprovações a fazer: tens aí pessoas que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balac a lançar uma pedra de tropeço aos filhos de Israel, para que comessem das carnes sacrificadas aos ídolos e se prostituíssem”.

Já sabemos que Herodíades e sua filha Salomé, se entregaram ao culto de Balaão. Nas orgias, as mulheres dançavam e se prostituíam. Salomé, conforme ensina o Evangelho Segundo São Mateus, cap. 14, vers. 3, dançou no aniversário do Herodes. Herodíades se prostituiu, pois, era esposa de Felipe e não de Herodes. Essas festas surgiram no Egito e passaram para a época e templos da Grécia e de Roma. São João, o Israelita, não só seguira as leis que proibiam a prostituição, como também, sendo profeta e não casado, conservou as forças sublimes que possuía em seu corpo. O fogo espiritual serpentino de sua coluna vertebral estava todo em seu poder e se dirigia contra o veneno luciférico da serpente Herodíades.

Nas orgias de Balac, comiam-se animais sacrificados aos deuses. Os Israelitas, entretanto, atenderam estritamente às Leis, não se servindo das carnes e das bebidas destinadas aos deuses e nem se prostituíram. As festas sensuais não conseguiram contaminar os Filhos de Israel daquele tempo, preservando seus sentimentos dentro do espírito de sua Religião.

A divergência, então existente, estava nas qualidades de São João Batista que preparara o caminho do Senhor, divulgando a Doutrina de Cristo, pregando o Batismo e o Arrependimento dos Pecados, isto é, o Novo Evangelho, antes do Seu advento. Muito claro está que se tratava de um revolucionário no culto e no ritual religioso daquela época. Mais tarde, o próprio Salvador disse que iria sofrer as mesmas ou parecidas consequências de São João Batista.

Esclarecendo melhor os sentimentos decadentes daqueles tempos, quando lemos o versículo 15 que trata sobre a revolta contra o Clero, a saber: “Do mesmo modo tens, também tu, pessoas que seguem a doutrina dos nicolaítas”.

Quem são esses que sustentam a doutrina dos nicolaítas? Os Escribas, os Fariseus e o Clero. Não só o Clero egoísta usurpava o povo, como também aqueles que se arregimentaram na casta dos políticos e da força armada. Era com o suor que o povo sustentava esses nicolaítas. Raramente o Clero se interessava amorosa e religiosamente pelos que sofriam, a não ser com pretexto para obter regalias.

O versículo 16 demonstra como o Espírito deseja lutar contra as castas divergentes da verdadeira religião e contra os nicolaítas em geral: “Converte-te, pois! Do contrário, virei logo contra ti, para combatê-los com a espada da minha boca.”.

Na sequência dos versículos, vemos algo surpreendente. Desenrola-se um acontecimento dramático. A primeira fase é uma ameaça à civilização anterior à aparição de Cristo. Claro é que tal ameaça se dirige a qualquer civilização. Ele disse: “Converte-te, pois!”. Cristo não fala mansamente e sim dá uma ordem! Essa frase não dá margem para não se arrepender da vida errada. Devemos, portanto, acreditar na ordem, porque o bom senso e a razão assim o exigem, senão, como a frase bem o diz: “virei logo contra ti”. Aí está a força da espada que alcança todos aqueles que não se arrependerem. A espada de Sua boca, isto é, o Verbo benigno-destruidor atinge a deplorável inteligência humana para destruí-la. Justifica-se essa destruição dos ídolos vivos e mortos. Os mortos e os ídolos não servem para levar a civilização à frente. Os nicolaítas e suas camarilhas guerreiam contra as exigências do “homem interno”, o Ego. O Verbo divino, porém, pouco a pouco, abria Caminho para a alma e o coração dos oprimidos, dos humildes de espírito. O Reino de Cristo a eles falava.

No versículo 16 temos a sensação de que uma tempestade purificadora se aproxima. O Temporal Espiritual faz sentir a sua imperiosa potência, destruindo a infestada moral e a intelectualidade perversa imposta pelos dirigentes do culto e da política.

Observando em seguida o versículo 17, após o Temporal Espiritual, nos ocorre um sublime sentir de alívio, um tema sinfônico transcendental: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas: ao vencedor darei do maná escondido, e lhe darei também uma pedrinha branca, uma pedrinha na qual está escrito um nome novo, que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”.

Vejamos o significado dessas palavras. Chega-nos do Espírito uma promessa: “ao vencedor darei do maná escondido…”, no sentido de uma recompensa por uma boa conduta. Se o versículo faz referência a um “vencedor”, é porque antes houve uma luta. Isso mesmo, o vencedor luta antes contra a obscuridade mental e a cristalização dos sentimentos. A Mente devia ser sempre assim, como um cristal puro, favorecendo a transparência da função divina do Ego nos Corpo de Desejos, Corpo Vital e Corpo Denso. Tendo em mira o objetivo do Ego em entregar de sua vida Cósmica o Amor Paterno e não tendo meios adequados para se manifestar, por estar impura a Mente, é facilmente compreensível a sua impossibilidade de levar a criatura às alturas onde ele, o Ego, coopera e tem seu verdadeiro âmbito. Quem vence, então, nesse sentido, incorpora em si qualidades tais, que receberá como recompensa o Maná escondido, imaterial, isto é, o alimento espiritual. Fala o versículo sobre o “maná escondido” que ninguém vê. Todavia, a qualificação, o desligamento entre as partes inferiores e as superiores, dão o direito ao alimento divino, podendo a alma conhecer e ver com que será alimentada.

Prosseguindo, promete o Espírito dar uma Pedra Branca, sobre a qual será escrito um Novo Nome que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.

A Ciência Oculta ensina a intangibilidade do Ego. Essa é a Pedra que ninguém conhece e por ninguém é encontrada. Não tendo colorido algum, sendo de perfeita brancura e sobre a qual será escrito um Novo Nome, terá a consciência divina aquele que se transportar da imperfeição à perfeição.

Quem é perfeito? Somente aquele que se conhece dentro das Forças Universais, capaz de criar de si mesmo, vivificar a si próprio nos planos espirituais, como também se tornar um auxiliar das Hierarquias Criadoras. Esse reconhecimento das forças criadoras em si mesmo se constitui no Novo Nome, conhecido tão somente por aquele que O recebe.

Nesse ponto, encerra-se a carta dirigida à Igreja de Pérgamo.

Resumindo em poucas palavras tudo quanto fora dito: o Espírito dirigente desse ciclo de civilização espera a rejeição dos ídolos, da corrupção dos sentimentos, da insensatez, da injustiça, provocada por uma Mente astuta, enfim, a limpeza geral, a catarse da Alma para que possa obter a livre atividade do Ego, chamado então o “Eu Sou”, o Novo Nome que foi escrito sobre o Ego.

QUARTA CARTA: À IGREJA DE TIATIRA

A terceira carta, dirigida à Civilização de Pérgamo, finaliza com o ensinamento da promessa em dar a pedra branca aos que vencerem as inferioridades da Mente e os instintos inferiores do corpo emocional. Foi ensinado estabelecer sentimentos positivos e elevados, como também pensamentos sublimes para mais tarde as almas encontrarem a união preciosa de seus Egos.

Terminada a Civilização de Pérgamo e havendo entrado na Igreja de Tiatira, a Civilização Teuto-Celta-Anglo-Saxônica, percebemos nessa, remanescentes características dos cultos do velho Egito, como também da Civilização Greco-Romana. As almas retinham ainda rituais dos tempos passados, que foram mesclados com os novos.

Percebe-se essa tendência quando lemos o versículo 18: “Ao Anjo da Igreja em Tiatira, escreve: Assim diz o Filho de Deus, cujos olhos parecem chamas de fogo e cujos pés são semelhantes ao bronze”.

Por esse versículo, manifesta-se pela primeira vez Aquele que fala, o FILHO DE DEUS. É uma surpresa acharmo-nos não só à Sua frente pela Sua palavra, como também em Sua presença. O Filho de Deus se manifesta a SI mesmo, apresentando-se em Sua majestade. Sentimos a Sua descida entre nós, chegando das Alturas para os seres humanos terrenos. Somente nessa civilização percebemos a Sua presença real, o que antes não acontecia. Por que razão? Por faltarem entre os seres humanos as devidas qualidades. Faltava o nexo, a união entre a alma e o Ego, o “EU SOU”. Somente depois de terem as almas conseguido unir-se com o “Eu superior”, o Filho de Deus descer à Terra desejoso de formar a Sua existência nas almas avançadas. Em Jesus-Cristo apresenta-se o Cristo, o “Deus no ser humano”. Coaduna-se por Lei Cósmica Deus e o ser humano. Praticamente, por assim dizer, não teria cabimento a separação entre Deus e a sua criatura, pois, se assim fora, existiria a desunião e o Egoísmo divinos. O que existe, no entretanto, é que as partes ainda falhas, isto é, ainda não desenvolvidas para a percepção divina, desviam o Ego de sua verdadeira Vida Divina. Até a 4ª Civilização não foi possível efetuar-se a ligação entre “Deus e o ser humano”, por expressar ela excessiva forma de personalismo. Isso excluía automaticamente o sentimento do Universalismo. A escravatura era o efeito daqueles que viviam a vida autocrática em prejuízo da coletividade, Deus estava “longe” e inacessível, razão por que se faziam imagens e se esculpiam deuses na Grécia e em Roma para que a multidão vivesse mais perto deles.

O anseio da massa em se comungar com um Deus e a maturidade dos espíritos pelos sofrimentos impostos pelos seus opressores, culminaram na descida do Filho de Deus, na 4ª Civilização. Não podia surgir somente em Espírito, pois, se assim sucedesse, não poderia se fazer conhecido. Não poderia, também, conhecer as dificuldades humanas, nem agir como Deus em forma humana realizando os milagres em Seus irmãos. Tinha de estabelecer de Si mesmo uma ponte entre as almas dos humanos e Deus. O Filho de Deus tinha o dever da promulgar uma doutrina em que não mais existisse a separação entre a criatura e Aquele que a criou.

Imaginando a forma descrita no versículo 18, perguntamos: Quem teria força suficiente para resistir aos Olhos de Chama de Fogo? Olhos flamejantes em espírito, invadindo todos os corpos, Corpos comuns não suportariam, mas aqueles dotados de uma preparação especial, almas equipadas com o poder e enriquecidas suportá-los-iam indubitavelmente. Essa imagem foi vista nos Céus e, assim, os Céus reclamam e proclamam em cada alma a vontade desses “olhos”. Assim como o Filho de Deus se apresenta ao Apocalíptico, igualmente deseja revelar-se a cada Ego.

O versículo fala ainda sobre os “pés semelhantes ao bronze polido”. Os “pés” fazem entender as partes inferiores que, uma vez atingido o estado de luminosidade, de luz incandescente, ou como o mesmo versículo bem o diz: “semelhante ao bronze polido” ou ainda como “se tivessem sido tirados de uma fornalha”, estariam automaticamente superadas.

Os tempos do Filho não mais se adaptam a tudo que é corrupção. As inferioridades e a escuridão não têm mais lugar. Isso é o que nos ensina aquele majestoso Ser que reluz com divino esplendor, propondo ao entendido unir-se totalmente com o “Eu superior”.

Prosseguindo, temos o versículo 19 que diz: “Conheço tua conduta: o amor, a fé, a dedicação, a perseverança e as tuas obras mais recentes, ainda mais numerosas que as primeiras”.

Fazendo uma retrospecção sobre o aprendizado até este ponto, encontramos o seguinte quadro:

Refere-se a 1ª Carta ao abandono do “primeiro amor”, mostrando a deficiência da vida contemplativa com o consequente abandono da terra e dos seus respectivos produtos, seu abençoado fruto.

A 2ª Carta apregoa a quem passar pelo ciclo satisfatoriamente e tenha nivelado de forma favorável à sua vida emocional, não sofrendo a “segunda morte” e o aniquilamento de seu Corpo de Desejos.

A 3ª Carta ensina que aquele que passar pelas provas anteriores, perseverando e insistindo em aumentar as qualidades da Mente e do Corpo Emocional, receberá a “pedra branca” com o novo nome, a consciência do seu Ego.

A 4ª Carta, em apreciação, que representa a 4ª Civilização da 5ª Época, ou seja, a Ária, mostra-nos com toda majestade, conforme bem o diz o versículo 18, o Filho de Deus na Terra.

O versículo 19 resume em si tudo o que se passou até essa civilização. Expomos a seguir os seguintes pormenores: reconheço os teus esforços em benefício da tua evolução. Sei como suportaste os sofrimentos até conseguires retomar o amor pela Terra, quando estavas em contemplação dos planos superiores. Sei que tiveste desviada a beleza dos Céus para poder te aplicares, material e fisicamente, na transformação da Terra crua. Elogio a tua paciência e provações que sofreste contra aqueles que desejaram desviar a tua atenção do Teu Deus e da Tua . Tens te beneficiado da tua Mente, última conquista, última obra tua, conseguindo atrair a mim o Filho de Deus em teu EU. Foste comigo libertado da escravidão e de toda a inferioridade.

Até este ponto, encontramos no Apocalipse a satisfação sobre os efeitos conseguidos, mas, surge um contraponto em detrimento ao exposto no versículo 20, que diz: “Reprovo-te, contudo, pois deixas em paz Jezabel, esta mulher que se afirma profetisa: ela ensina e seduz meus servos a se prostituírem, comendo das carnes sacrificadas aos ídolos”.

A seguir, damos algumas explicações, recapitulando os ensinamentos já mencionados, tendo em vista a importância de que se revestem.

Sabemos como foi possível ao Filho de Deus manifestar-se. Havia chegado a época em que os corpos humanos puderam receber maior afinidade com o Espírito, começando uma completa modificação para aqueles que estavam preparados para uma vida divina. O homem-animal-emocional tem que ser posto fora de ação para que, futuramente, possa se abrir nele o Reino dos Céus. Esse Reino foi primeiramente visto por São João em sua clarividência. Ninguém pode ver à vontade, mas, nos “Olhos de Fogo” e na “Espada saindo da Boca’, São João pôde vê-lo. Uma nova forma de vida, cheia de luz, aproximava-se, impondo uma experiência divina. A vontade dirigida pelo intelecto, por um intelecto puro e não pela destrutiva emoção. Mas, essa Mente deve ser educada. Já na velha Atlântida tinha a sua função, mesmo agindo astuciosamente. O intelecto acha-se hoje em nebulosidade, incerto, em atividade de uma lógica estreita, restrita e encurralada em limites, o que, aliás, não acontece com uma Mente poderosa que desconhece completamente qualquer limitação e vive em Deus. Entretanto, se a Mente caminhar sem nexo divino, os sentimentos, pensamentos e ideais sublimes facilmente destruir-se-ão pela injustiça da lógica sem luz. A história nos mostra claramente esse defeito da humanidade. Metodicamente ensinava-se, e ensina-se atualmente, a injustiça nas academias da lógica. O Apocalipse chama esse fenômeno da Mente ilógica, sem escrúpulo e sem verdade, de prostituta Jezabel. A Mente fria e somente cerebral, não se interessa pelo que é belo, filantrópico, cordial e verdadeiro. Com a sua luz falsa, procura mostrar-se interessante em seu vocabulário fascinante, porém, vazio, atraindo tudo quanto é benigno, para depois enganar.

A Igreja de Sardes (Época Ária e Civilização Teuto-Anglo-Saxônica) é a mais baixa das civilizações, O que se passa em nossa coletividade, no civismo em comum, é de entristecer. Jezabel reina com toda a sua perversidade e mesmo aqueles que a conhecem encontram dificuldades para se esquivar dela. Poucos são os que podem salvar-se. Muitas são as escolas que ensinam calculadamente a intelectualidade fria, os preceitos do “eu” inferior. Jezabel, a Mente falsa, profetisa de um falso deus, cria milhares de ídolos mentais com os quais sacrifica a verdade, alimentando-se das deformações das verdadeiras ideias e dos pensamentos desvirtuados do seu valor real.

Chegamos ao versículo 21, que diz: “Dei-lhe um prazo (a Jezabel) para que se converta; ela, porém, não quer se converter da sua prostituição”.

No período de Saturno nos foi dado o protótipo de um Corpo-Químico-Físico com a sua incorporada parte do Espírito Divino; no Período Solar, o protótipo do Corpo Vital com a sua parte superior de que se alimenta, ou seja, o Espírito de Vida, e no Período Lunar, as Hierarquias formaram o protótipo do seu Corpo de Desejos com a sua parte superior do Espírito Humano. Chegou a hora do Período Terrestre, no qual recebemos a Mente. Já se movimentou o nosso Globo por 3 1/2 Períodos de sua evolução total, desde o Período de Saturno, e cerca de 3 1/2 Revoluções, tendo já passado por 4 Épocas, encontrando-nos, atualmente, na 5ª, Civilização Ária das 5 Épocas, ou seja, na Igreja de Sardes.

Na Igreja de Tiatira, a Mente foi intimada a arrepender-se e abandonar a idolatria, pois, livrando-se dessa, alcançaria a luz, e a nuvem que ainda se acha à sua frente, desapareceria, recebendo então, a libertação para os planos superiores. Atrás da nuvem, existe a verdade.

Analisando o versículo 22, fala-nos ele sobre coisas horríveis que possam advir: “Eis que vou lançá-la num leito, e os que com ela cometem adultério, numa grande tribulação, a menos que se convertam de sua conduta”.

Essa advertência é dirigida à nossa civilização, qual seja, a Teuto-Anglo-Saxônica. Diz no referido versículo o Espírito das Igrejas: “Eis que vou lançá-la num leito”. Isso quer dizer que a Mente será imobilizada, cristalizada ou impossibilitada de pensar. Não só a nuvem existente turvaria a luz que se acha à sua frente, mas, também, a escuridão mental, a loucura e o cretinismo forçariam a Mente a recuar de seu verdadeiro estado. As futuras civilizações requererão da Mente sério empenho no conhecimento da música e da matemática, obrigando-a a pensar em cousas abstratas. Não queremos com isso dizer que não existam almas em nossa civilização atual que se dediquem a tais atividades. De fato, existem, entretanto, em nosso caso, necessário se torna que haja por parte da maioria dos seres humanos maior empenho nesse sentido, tendo em vista a futura civilização. A Mente só poderá adquirir a máxima capacidade quando tiver treinado devidamente as qualidades mencionadas. Os ocultistas em nossos dias já fazem, em parte, esse treinamento.

Pelos acontecimentos do último milênio, pode-se demonstrar os danos causados pelo pensamento mal dirigido. As guerras da Era Cristã mostram-se mais ferozes do que na idade do Paganismo. Inventaram, os mentalistas, e continuam inventando, terríveis engenhos para aniquilarem os seus semelhantes. A loucura tem suas raízes naqueles que pensam em matar. Não é com a Mente que se pensa? O resultado provém da causa e depois, quando se examina as estatísticas de enfermidades ocasionadas por pensamentos inadequados, verificamos as moléstias envolverem cerca de oitenta por cento dos nossos semelhantes. De todas essas coisas adverte-nos a Civilização de Tiatira, antecessora da nossa. Não obstante, muito pouco aprendemos, pois entramos mais ainda no materialismo e na discordância comum. No que concerne à parte de civilização, demos um passo à frente, porém, atrasamos cultural, estética e religiosamente.

Como complemento ao versículo 22, diz o seguinte, o 23: “Farei também com que seus filhos(?) morram, para que todas as Igrejas saibam que sou eu quem sonda os rins (a Mente) e o coração; e a cada um de vós retribuirei segundo a vossa conduta.”

Farei também com que seus filhos(?) morram”, isso é, os filhos da Mente, aqueles que foram criados na prostituição e não os do verdadeiro matrimônio por sentimentos da Verdade. As invenções malignas, como já sabemos, originam-se de uma inteligência desviada. Esses são “os seus filhos” que devem ser reconhecidos por todas as Igrejas futuras como os seus antepassados, que se perderam no labirinto dos erros do mal pensar. Diz o Espírito que “matará esses filhos do mal”. O que significa essa advertência? Já falamos sobre esse ponto anteriormente. Não obstante, julgamos necessário dar ainda as explicações abaixo.

A Mente que tenha se desvirtuado de sua verdadeira função não mais direito terá de se aplicar em futuras civilizações, conforme já se faz sentir presentemente. Essa Mente infrutífera será posta em letargia. O Espírito, com a sua Hierarquia, não conseguirá levar as Mentes incapacitadas para a frente. Se falássemos de uma genética mental, diríamos de um incesto destruidor, determinando a aniquilação da Mente. Olhando os hospitais de demência infantil, como também os de adultos, encontramos uma demonstração clara e insofismável daquilo que o Espírito ensina a respeito dos “filhos da Mente prostituída”.

Diz o Espírito “sondar a Mente e os corações”. Bem, aí está claro. Aquela Mente não contaminada, sabe da caridade porque o seu coração vibra em amor. Essa venceu o curso, sendo levada, portanto, em constante ascensão nos tempos. Recebe, como propalado foi, “segundo as suas obras”, em nosso caso, o aumento das faculdades mentais.

Seguindo o Apocalíptico no versículo 24, vemos aproximar-se um acontecimento fúnebre. Fala o Espírito: “Quanto a vós, porém, os outros de Tiatira que não seguem esta doutrina, os que não conhecem “as profundezas de Satanás” — como dizem —, declaro que não vos imponho outro peso”.

Expliquemos: “Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira”, isto é, os da Igreja Greco-Romana. Aqueles que continuarem a usar a mentira, não se sujeitando à verdade de uma Mente pura que o seu Ego lhe deseja impor, tais abomináveis intelectuais, intérpretes de negociatas com a palavra de Deus, que preferiram negociar com as profundezas de Satanás, corrompendo, assim, a Mente e fazendo confusão entre o bem e o mal, “não vos imponho outro peso”. O peso dessa carga já é suficiente para não alcançar a era que segue a esta.

Afirma esta explicação o versículo 25: “o que tendes, todavia, segurai-o firmemente até que eu venha”.

Refere-se o versículo 24 àqueles de pensamentos desvirtuados que terão, por insuficiência mental, a falta de meios necessários para se dominarem na nova Era, a Igreja de Sardes. Vem nos ajudar o versículo 25, dando-nos uma coragem propícia. Diz sobre “o que tendes, todavia, segurai-o”, armazenando em nossa Mente, juntado em todos os ciclos até hoje, que não devemos perder até que Ele venha.

Procuremos ampliar nossos conhecimentos com o versículo 26: “Ao vencedor, ao que observar a minha conduta até o fim, conceder-lhe-ei autoridade sobre as nações”.

As obras, a que o versículo se refere, significam o “Espírito de Amor”. Aquele que vencer os males, tendo incorporado em si as obras do bem, destruindo a maldade de sua Mente, “conceder-lhe-ei autoridade sobre as nações”. Terá poder sobre as nações em que sentido? “Aquele que contém em si as obras de amor desconhecem a separação entre os seres humanos, entre as nações e entre toda a onda de vida humana”. O adiantado da civilização, revestido de uma cultura interna, desconhece o que se denomina pelo vocábulo “separação”. Não existe essa separação e sim a “união” com a qual dominará sobre ou dentro das nações, vivendo em todas elas, onde imperará a verdadeira Fraternidade. Essa civilização ainda não existe, porém, virá com o ciclo chamado pelo Apocalíptico de “Igreja de Filadélfia” ou de “Época de Aquário”, como a denominam os esoteristas.

O versículo 27 dá expressão positiva e sem reservas quanto ao comportamento daqueles que firmemente se propõem viver em seu íntimo sob a luz da justiça. Diz o versículo o seguinte: “com cetro de ferro as apascentará, como se quebram os vasos de argila”.

Levando a efeito a aprendizagem durante os diversos ciclos, o ser entregou os respectivos requisitos à sua Mente a fim de conhecer de perto a justiça, Fala-se no versículo sobre “cetro de ferro”, cetro da justiça com o qual não somente Cristo rege a totalidade dos seres, mas, também, cada um haverá de se reger a si próprio. Esse será um fiel das potências Hierárquicas, pois, rege em si a favor de Deus. Esse será chamado o “justo”, reduzindo a pedaços, como se fossem objetos de barro, todo o convencionalismo, a hipocrisia, a mentira e a injustiça. Feitos de barro, por não ter resistência alguma, desfazendo-se facilmente em pó e nem se conhecendo mais, se foi ou não um objeto.

Cristo, por Sua vez, recebera ordem de Seu Pai para salvar a humanidade. Derrubar as concepções errôneas ideológicas das sociedades que se dizem temporárias e não temporárias eternas. Parece que as castas prepotentes ainda não se extinguiram. Esotericamente, pode-se dizer já estarem se extinguindo tais sociedades erradas. Entretanto, esotericamente, ainda existem seus esqueletos, faltando-lhes a alma. “Já está posto o machado à raiz das árvores”; assim ensina o Apocalipse. Espera-se dos espiritualistas que ajudem o Espírito das Igrejas a derrubar os vasos feitos de barro.

Chegamos, finalmente, ao versículo 28 da Igreja de Tiatira em que ouvimos a seguinte promessa: “conforme também eu recebi de meu Pai. Dar-lhe-ei ainda a Estrela da manhã.”.

O versículo 29 diz: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.

Que promessa extraordinária. Aquele que tiver cumprido a ordem, ou as ordens, imprescindíveis que são para a passagem à Nova Era, adquirido os poderes da alma e da Mente, unindo-se com o seu Ego, apresentando-se ao seu Cristo interno, da mesma forma como a estrela da madrugada se apresenta ao Sol nascente.

Chegamos, assim, ao término da 4ª Carta dirigida à Igreja de Tiatira.

QUINTA CARTA: À IGREJA DE SARDES

Na 4ª. Carta dirigida à Igreja de Tiatira, nos ensinou o “Espírito possuidor de Olhos como de Fogo”, que temos o poder e vontade em nosso divino Ego e que, como portadores dessas qualidades, acabemos com os preconceitos gerais, tais como os familiares, os coletivos, os religiosos e os de doutrinas, cujos derivados terminem em “ISMO”, a saber: nacionalismo, racismo, materialismo, idealismo, socialismo, catolicismo, rosacrucianismo e milhares e milhares de “ismos”. E por que motivo devem acabar? O Poder da Vontade em sua pureza divina e a Mente colocada em sua luz mais bela e justa, não mais necessitarão dessas instituições julgadoras, caritativas e educadoras. Tais “ismos” não significam outra coisa, senão fraquezas e, desse modo, ídolos mortos da Mente. Disse Cristo a esse respeito mui claramente: “E todo aquele que tiver deixado casas ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por causa do meu nome, receberá muito mais e herdará a vida eterna.[5]. Com essas palavras ficou, indubitavelmente, demonstrada a nossa universalidade, a nossa divindade infinita, senão jamais poderíamos entrar na infinitude divina, na qualidade de Ego que somos.

A Igreja de Sardes trata da Civilização Teuto-Anglo-Saxônica que se iniciara com a presença de Cristo e cujo término se dará quando o Sol, por Precessão, entrar no Signo de Aquário. Assim como a Era Teuto-Celta foi anteposta à Greco-Romana, a Teuto-Saxônica antecede à Igreja de Filadélfia, ou seja, à 6ª Civilização.

Como todas as civilizações nos fizeram cientes de não haver evolução repentina, mesmo que as constelações estelares mostrem as suas culminações exatas, reconhecemos, pelas forças que se conjugam antes de um ciclo acabar e um novo começar, a atração de suas qualidades. As almas que entram na arena de sua existência trazem, por Lei do Destino, afinidades com a civilização vindoura. Outras, aferradas ainda aos ciclos anteriores, mostram características de concepções passadas. Assim, existem mesclas e com essas as revoluções no campo civilizado. Resíduos anímicos desfavoráveis da velha Roma foram levados à Celta, Igreja de Sardes, à qual foram impostos o imperialismo, o materialismo e a brutalidade do capitalismo, como também a idolatria. Parece que no primeiro milênio Cristão nada se sabia daquilo que se chama Cristianismo. No começo e até a metade do segundo milênio, eram os regentes “homens sem coração”, assemelhando-se mais a monstros em corpos humanos. Tinham esses “monstros-Cristãos” a mesma tendência daqueles que viviam na velha Roma, como pagãos. Os próprios Cristãos eram os que por “amor a Deus” colocaram em cena os massacres religiosos e raciais, constituindo-se num de seus mais agradáveis divertimentos incendiar os corpos vivos dos que eram condenados como feiticeiros. O pretexto era “salvar” as suas almas enquanto seus corpos sofriam no fogo. Contrastando com tais acontecimentos horripilantes, faziam-se sentir almas de boa-fé que procuravam sua salvação na doutrina de Cristo. Os Templários, cavaleiros existentes anteriormente às Cruzadas, usavam embaixo de suas pesadas couraças um talar branco com uma cruz vermelha e, por serem opostos à doutrina teológica, o Clero exterminou-os. Os Templários eram esoteristas. O Clero era contrário, devido a um rito que não compreendera. Quando um cavaleiro ingressava na estirpe dos Templários, tinha que demonstrar visivelmente a sua aversão ao Catolicismo, isto é, ao paganismo católico. Traziam-lhe um crucifixo que, ao ser posto no chão, tinha que ser pisoteado, demonstrando o cavaleiro, assim, ser contrário a um deus morto. Antes dos Templários, os Muçulmanos, já 500 anos depois de Cristo, revoltaram-se contra as exigências contrárias aos Ensinamentos de Cristo Jesus. A célebre “Távola Redonda”, antecessora dos Rosacruzes, estivera em constante luta contra a hierarquia dos clérigos, por estarem esses destituídos do senso religioso. Dos múltiplos sofrimentos, renascera uma nova forma de pensar. O grito para salvar o Cristianismo surgia de todos os cantos. A música e a pintura trouxeram louvores a Deus, não superadas até hoje. Sociedades de ensinamentos Místicos surgiam por toda a parte. Menestréis e Alquimistas levantavam a sua voz. Em 1378, como que de repente, fez-se ouvir Cristian Rosenkreuz, Angelus Silesius, Jacob Boehme, Paracelso, Bacon, Swedenborg e muitos outros que ergueram bem alto a bandeira a favor de Cristo; figuram ainda nessa lista contra os hipócritas, o célebre Huss e Martin Lutero. Retrocedendo para os tempos logo depois de Cristo, houve sérias divergências entre os Israelitas. A aceitação da doutrina de Cristo Jesus separou a sociedade, pois, no começo até o apóstolo São Pedro rejeitou a São Paulo. Os circuncidados, também chamados circuncisos, não aceitaram como judeus aqueles não circuncidados. Naqueles tempos havia em Jerusalém somente judeus crentes, não pagãos. Os pagãos não eram considerados como crentes, como hoje, também o Catolicismo não aceita outras crenças como religiosas. Os doze Apóstolos eram circuncidados, israelitas lutando por aquela ainda não definida nova Sociedade de Cristo. A divergência não só se verificava entre os da , mas também entre os bárbaros romanos e os bárbaros pagãos teuto-anglo-saxões. Na floresta de Teutoburgo, no ano 9 D.C., os exércitos romanos foram liquidados, o que valeu por uma limpeza no cérebro dos mandatários romanos, senhores do mundo da idade em transição. Os judeus Cristãos tomaram posição contra os romanos. De um lado lutaram os Apóstolos fiéis aos conceitos de Cristo, pelo amor e perdão, do outro, ao mesmo tempo postos em pânico os poderosos de Roma, pela destruição de seus exércitos. O poderio romano foi destruído nos dois planos, isto é, de um lado, a impotência dos exércitos e do outro, pelos israelitas Cristãos e pagãos-Cristãos, no próprio coração do Império. Roma foi derrotada no seu plano real-materialista, como também no anímico-espiritual. Roma se rendeu. O Cristianismo pregado pelos Apóstolos tomou posição no Reino Romano, pondo Cristo-Rei no seu devido lugar de culto; os deuses feito gente, os Césares do Paganismo Idólatra, perderam as suas “cadeiras divinas”. Foi ordenado pelo “homem descoroado” a aceitação da Religião Cristã. A coletividade se sujeitou a essa ordem, para a qual, entretanto, não estava madura. Por ordem governamental, recebera o batismo de água, mas, intimamente, continuava a idolatria do paganismo. Com esse recurso, César ganhou uma batalha ideológica. Favoreceu o constante crescimento das fileiras Cristãs, não esperando uma revolta aberta contra o seu regime. Ele permaneceu no seu trono e com ele, mais um trono. Deus, na concepção do paganismo, precisava de um representante na Terra. Os Neo-Clérigos Cristãos, cheios de egoísmo da velha concepção pagã, colocaram e colocam ainda hoje, pessoas falíveis sobre um trono de ouro, forrado de seda púrpura, dizendo ter direito de julgar os seres humanos na Terra, por ter a primazia de ensinar a única Religião Universal.

Após esse ligeiro histórico, chegamos à Carta dirigida à Igreja de Sardes, que vem demonstrar não haver falhas no Império de Cristo. Deus não poderia e nem pode revogar as Suas Leis. O Seu plano deve ser posto em execução dentro das marchas das Igrejas, ou ciclos; as dívidas contraídas no passado devem ser apagadas, pois, não haverá no futuro possibilidades para as extinguir. Os irrealizáveis renascimentos frustrariam a transformação dos corpos inferiores em superiores. Os constantes renascimentos sempre trazem melhoramentos. A conformação terrena com o lado biológico, geológico e geográfico, futuramente, não mostrará a densidade como é a de hoje. Consta que aqueles que não pagarem as suas dívidas, enquanto houver possibilidades, sofrerão retardamento em sua evolução, o que seria uma recompensa amarga da justiça divina.

Adverte sobre esse acontecimento o primeiro versículo do terceiro capítulo, a saber: “Ao Anjo da Igreja em Sardes, escreve: Assim diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas. Conheço tua conduta: tens fama de estar vivo, mas estás morto.

“Sardes” é a nossa civilização, razão porque devemos valorizar e aproveitar ao máximo os seus ensinamentos.

No segundo capítulo já se falava sobre as 7 estrelas, significando os 7 Períodos, desde o de Saturno até o de Vulcano.

Quanto ao terceiro capítulo, esse se refere aos 7 Espíritos de Deus sobre os quais trataremos a seguir. Para esse fim, devemos nos lembrar dos Períodos e como os 7 Espíritos se manifestam nos diversos Astros. Preliminarmente, torna-se necessário que saibamos de que material foi feito o ser humano. Em cada Período se apresenta um novo material especial. Coerentes, os materiais formados do próprio Espírito de Deus ligados entre si, formarão o ser humano. A união dos corpos entre si se aperfeiçoa com o avanço de Período para Período. Unem-se os corpos e veículos adquiridos com os que serão juntados, representando, assim, os 7 Espíritos de Deus.

Elucidando o acima exposto verifica-se, conforme ensinam os Ensinamentos Rosacruzes, ter sido, no Período de Saturno, emanado o protótipo ou pensamento-forma do Corpo Denso – formado de material da Região Química do Mundo Físico –, que significa o primeiro Espírito de Deus dado à humanidade. No Período Solar, recebemos o segundo Espírito, ou seja, o protótipo do Corpo Vital – formado de material da Região Etérica do Mundo Físico. Na terceira Estrela, Período Lunar, recebemos o protótipo do Corpo de Desejos – formado de material do Mundo do Desejo –, representando o terceiro Espírito de Deus. Na quarta Estrela, o Período Terrestre, adquirimos o quarto Espírito o protótipo da Mente – formado de material da Região Concreta do Mundo do Pensamento. Assim, vamos adiante para as restantes três Estrelas, ou sejam, os Períodos de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, que desvendam os Espíritos ocultos em nosso ser. No fim das 7 Estrelas, teremos em nós os 7 Espíritos em perfeita harmonia. Seremos perfeitos, assim como perfeito é Ele, Deus.

Isso tudo está bem detalhado no Diagrama Os Sete Dias da Criação, que correspondem aos Sete Grandes Períodos Cósmicos, extraído do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, de Max Heindel, conforme abaixo:

Passamos, agora, a recapitular os nomes dos Corpos-Espíritos obtidos nos respectivos Períodos-Estrelas, devido à importância de que se revestem:

No Período de Saturno apresenta-se a primeira Estrela com o Primeiro Espírito, o pensamento-forma do Corpo Denso com o Espírito Divino no ser humano.

No Período Solar, surge a segunda Estrela com o Segundo Espírito, o pensamento-forma do Corpo Vital, com o Espírito de Vida.

No Período Lunar, a terceira Estrela com o Terceiro Espírito, o pensamento-forma do Corpo de Desejos, com o Espírito Humano.

No Período Terrestre, apresenta-se a quarta Estrela com o Quarto Espírito, o pensamento-forma da Mente.

Conforme demonstração acima, manifesta-se em cada Período um Corpo inferior ligado ao seu veículo superior, perfazendo, assim, dois veículos em cada Estrela, ou seja, um total de 6 Espíritos durante os três Períodos: Saturno, Solar e Lunar, os quais, adicionados à Mente, que se apresentara no Período Terrestre, temos então os 7 Espíritos de que trata o versículo primeiro.

Explicaremos, a seguir, a segunda frase do primeiro versículo: “…Conheço tua conduta: tens fama de estar vivo, mas estás morto.

Nessa frase, o Apocalíptico concentra os seus conhecimentos mui resumidamente sobre as ocorrências passadas. Dividi-la-emos, a seguir, em três partes para melhor compreensão:

  1. Conheço a tua conduta:
  2.  “…tens fama de estar vivo” e
  3. “…,mas estás morto”.

1ª: – Qual é a sua conduta? É aquela oriunda da execução dos nossos serviços, por meio de obras, fatos e atos, no plano material, como também no espiritual, desde o Período de Saturno até hoje. Quanto mais serviço executado dentro das civilizações, tanto mais cultura interna obtida.

2ª: – O último serviço por nós executado foi receber um “nome” que ninguém conhece, exceto aquele que o recebeu, o “Eu Sou”. Em outras palavras, o “Conhece-Te a Ti Mesmo”, a inteligência dizendo de si mesmo: “Eu tenho a Existência” em mim mesmo; sou individual (indivisível), separado das outras individualidades. Esse reconhecimento foi a última obra adquirida, embora o conhecimento sobre si mesmo se aperfeiçoe nos próximos ciclos. Mas, já temos o “nome” com que vivemos, que está em nosso Ego. O Ego é essencial e não tendo corpos diferentes, se constitui na verdadeira Vida. Vem de onde? Do Cristo, da Trindade Una de Deus. Sua Vida é a nossa, recebida por Sua Luz, se tornando a vida de cada ser humano. Vivemos à custa de Cristo em nossos Egos.

3ª: – A terceira frase do versículo diz: estão mortos os que vivem. De fato, a Igreja de Sardes parece morta, pois, todas as maldades que cometemos, e recebemos em troca a dor, vistas pelas experiências superiores, não podem ser chamadas de “vida”. O Espírito está praticamente morto nesta época decadente. Se não existissem alguns de boa-vontade e de grandes qualidades espirituais, a humanidade já há muito tempo teria deixado de existir. Hoje em dia é fácil a extinção das pessoas em massa. Estamos vivendo quase que afogados no materialismo cristalizante. Parece ser o mundo uma necrópole, arrebanhando desde já os vivos. São João Evangelista, na visão que tivera, pôde observar os quadros dos acontecimentos do século XX, vendo a cristalização da Mente. Em nossos dias existem computadores que sabem calcular, multiplicar, somar, subtrair, testar qualidades de material e até descobrir se alguém mente ou diz a verdade. Tanto assim que podemos nos empolgar pelo adiantamento da técnica; por outro lado, entretanto, se coloca uma sombra na Mente por causa da falta de sua aplicação nos assuntos em apreço. Façamos uma comparação grotesca: se conseguíssemos construir uma máquina e aplicá-la em nosso aparelho digestivo, aconteceria um fenômeno curioso. De repente, não mais teríamos esôfago, estômago e nem os restantes órgãos necessários, uma vez que se atrofiariam por falta de uso. A mesma coisa acontece com o cérebro, por falta de exercício em assuntos ligados a ele. A cérebro-eletrônico faz tudo, aciona-se um dispositivo apenas, e o resto se fará, corretamente, sem o auxílio de qualquer controle. Todavia, se desejarmos controlá-la, a máquina executará, também, o mesmo serviço. A consequência da falta de raciocínio se mostra na imoralidade de todas as classes e na sociedade em geral. Olhando as manobras da perniciosa política do mundo inteiro, verificamos em suas alocuções a farsa da paz. Todos pensam em guerra, em imensos necrotérios. Tudo está invertido. A nossa civilização é exatamente aquilo que disse São João: “vivemos, mas estamos mortos”.

Com a versão acima, chegamos ao segundo versículo que diz: “Torna-te vigilante e consolida o resto que estava para morrer, pois não achei perfeita a tua conduta diante do meu Deus”.

Como complemento, segue o terceiro versículo advertindo: “Lembra-te, portanto, de como recebeste e ouviste, observa-o e converte-te! Caso não vigies, virei como um ladrão, sem que saibas em que hora venho te surpreender”.

Procuremos entender o significado desses versículos: o nosso tempo atual está em constante convulsão. Torcem e se retorcem os mentalistas cerebrais para salvar as suas mentiras de época em época, para que sobrevivam. O desequilíbrio constante é uma demonstração clara e insofismável do falecimento da intelectualidade. O mundo parece um grande manicômio. Distanciaram-se os intelectuais dos sentimentos elevados, do Deus-Amor, com o qual deveriam agir e usufruir em abundância. O Supremo deu essa herança em equilíbrio à fria intelectualidade cerebral. Deus não deu ao ser humano a política financeira, nem a guerra   atômica. Se continuarmos, portanto, a levar a vida tão somente pelo intelecto, como vem sendo feito pela   maioria, perderemos ainda aquilo que está confirmado de bem em nossa Mente. Se os pensamentos forem inadequados, não passando mais ideias construtivas pela Mente, perderemos ainda aquilo que juntamos em vidas passadas. Aquele que não for obediente, lhe “será tirado até aquilo que ainda tenha”. Isso faz entender esta frase: “Torna-te vigilante e consolida o resto que estava para morrer”. Diz ainda o seguinte: “pois não achei perfeita a tua conduta diante do meu Deus”. Quais são as obras deste último milênio?   Vejamos a educação recebida nos últimos tempos. A educação das massas baseia-se sobre o medo, a superstição, o terror da incerteza, da desconfiança e da mentira. Essa é a nossa educação. Uma Mente embebida, encurralada nesses predicados negativos, que coisa boa poderá trazer? Perde-se na escuridão e na estupidez. O versículo bem o diz que “pois não achei perfeita a tua conduta diante do meu Deus”. O discernimento é, por si, só benigno e torna-se cooperador nas obras diante de Deus, porém, faltando essas, não há cooperação. O espiritualista está desejoso de receber a sua libertação no corpo divino e conhecer a linguagem inteligente do Absoluto. Aquele que ora, que medita e é caridoso, sendo um cooperador positivo e não somente um espectador, um laborioso na vinha, assim como foram os Apóstolos, esse naturalmente já se firmara no concerto luminoso, tendo, também, destruído a sua só intelectualidade. Cristo o confessará junto ao Seu Pai.

Em outras palavras, explicaremos mais uma vez os dois últimos versículos: Tudo que é mau, mostra em sua face o sinal da morte. A Mente pura sobrevive na Igreja de Sardes e entra pelas portas da Igreja de Filadélfia. Filadélfia somente existirá para aqueles que fortalecerem suas almas, que estejam providos de uma Mente pura e de uma vontade inquebrantável. Para o resto, as portas de Filadélfia se fecharão. O Espírito humano necessita, no futuro, da libertação da qual se utilizará para prestar maiores serviços na Universidade Cósmica.

Chegamos, assim, ao quarto versículo do terceiro capítulo, a saber: “Em Sardes, contudo, há algumas pessoas que não sujaram suas vestes; elas andarão comigo vestidas de branco, pois são dignas”.

O quinto versículo diz: “O vencedor se trajará com vestes brancas e eu jamais apagarei seu nome do livro da vida. Proclamarei seu nome diante de meu Pai e dos seus Anjos.

O versículo 6º. fala assim: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.

Recapitulemos, em parte, certos efeitos das lutas travadas até hoje para que possamos adaptar a nossa vida atual àquela que virá.

Na terceira Carta foi prometida a “Pedra Branca”, a Consciência do Ego, da qual resulta passar da inconsciência para a consciência; do semi-humano ao divino-humano, o “Eu Sou”.

Na quarta Carta deve-se salvar a Mente, unindo-a ao Ego. Esse trabalho será o mais importante, senão jamais existirão as vestes dos poucos que possam salvar-se, conforme salienta o terceiro versículo. Poucos conseguirão as “vestes brancas”; somente alguns, diz o quarto versículo, isto é, aqueles que não se contaminaram e nem se desviaram do plano divino. Poucos são os que mostram em sua aura a vestimenta necessária às Bodas Químicas, a união com Cristo, o Corpo-Alma. Aqueles poucos, dignos de suas vestimentas, entrarão, conforme bem o diz o quinto versículo, em perfeita harmonia nos tempos futuros. Confirma o Espírito que não riscará, de modo algum, o seu Nome do Livro da Vida. O Livro da Vida está no Corpo do Pai, e Cristo confessará diante de Seu Pai e dos Seus Anjos, o Nome daquele que venceu o mundo.

O sexto versículo ensina que já é hora de se ouvir com ouvidos mais puros as boas novas, pois, o tempo está iminente e o “Senhor virá como um ladrão”[6], à noite, quando ninguém O espere. Não olvidemos, pois, Filadélfia está às portas.

SEXTA CARTA: À IGREJA DE FILADÉLFIA

A 6ª Carta é a penúltima na Sinfonia dos 7 Ciclos, com a qual se aproxima a procissão da evolução para o ingresso no “Sanctum Sanctorum”, chegando-se, então, ao máximo para que seja libertada a alma na vindoura perfeição. Mostra-nos a carta o modo de aprovação em conhecer a vida feliz do futuro, quando não haverá o empecilho da inferioridade. As ligações com o passado deixarão de existir, pois, serão dissipadas, e as almas estarão perfeitamente aptas para entrar no Templo da Fraternidade, ou seja, Filadélfia. Os irmãos da caridade, da benignidade, do amor, enfim, todos aqueles de boa vontade, encontrarão a mesa já preparada para cear com o Senhor. Em Filadélfia, a discórdia não terá mais lugar, havendo compreensão até mesmo para os erros, os quais não atingirão àqueles da benignidade. Os conceitos de restrições unilaterais não existirão mais e os dogmas terão sido extintos. A religião do futuro será a Fraternidade, em cuja época todas as religiões de hoje terão desaparecido. Não haverá distúrbios nem mal-entendidos como se verifica hoje, em consequência das interpretações de ser esta ou aquela a religião privilegiada de Deus, outorgando direitos a alguns para encontrar os Céus e arremessando outros ao inferno, eternamente. Não poderá mais o sacerdote que, privilegiado hoje se julga por um sacramento, transmitir bênçãos a quem achar ele por bem fazê-lo, porque naquela época todos viverão dentro do verdadeiro sacramento, que é o de Deus, e não do ser humano. Não obstante, ainda haverá remanescentes entre a massa humana que não andarão corretamente e não compreenderão os tempos em que se encontram. Haverá, portanto, em Filadélfia e até na 7ª Igreja de Laodiceia, atrasados, deficientes ou, por assim dizer, maldosos. Todavia, não poderão naquela época como agora, satisfazer suas paixões e inferioridades, pois, serão reconhecidos por suas próprias maldades. A Fraternidade não poderá ser ludibriada pelo egoísmo, por isso que, tudo quanto for contrário a ela será automaticamente rejeitado. O “EU SOU”, vivendo nas almas, reconhecerá quem for deficiente em qualidade. Até em Filadélfia os escolhidos separar-se-ão dos ineptos por faltar a esses à luz do intelecto.

Compreende-se o acima mencionado lendo o versículo 7º do Capítulo 3: “Ao Anjo da Igreja em Filadélfia, escreve: Assim diz o Santo, o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, o que abre e ninguém mais fecha, e fechando, ninguém mais abre”.

Claro está que, quem fala é Cristo, a Verdade. Aquele que tem a verdade em Si, sempre a teve e sempre a terá, não modificando jamais o seu aspecto por ser absoluto. O Absoluto não se pode modificar, por ter todos os aspectos possíveis em Si e por ser a origem de todas as coisas manifestas e as não manifestadas. Acha-se a Verdade na Chave de David. O Apocalíptico, pela primeira vez, fala sobre algo palpável quando se refere a uma chave. A chave é geométrica, relacionando-se com a Verdade. A sua configuração é a de um hexagrama, ou seja, uma estrela de seis pontas e que era encontrada no escudo do Rei David; um triângulo perfeito para cima e outro para baixo. A perfeição dessa estrela jamais poderá ser igualada na forma ou na estética. As medidas são exatas e manifestam uma beleza extraordinária. Tal simetria nos proporciona um sentimento de perfeição divina. Hermes Trismegisto (“três vezes sábio”) proferiu o célebre axioma que já conhecemos: “Como é acima é abaixo”. Essa máxima verdade pode ser aplicada na Chave da David, pois, a ponta de baixo se apresenta em cima, e girando esse emblema para qualquer lado sempre mostrará una ponta para cima e a outra para baixo. As linhas se cruzam nas mesmas distâncias e nunca perdem o seu valor matemático. As forças sempre se encontram no mesmo nível, expressando a sua resistência mecânica inexpugnável. Deus é tão perfeito acima como é abaixo. Não existe diferença, pois, as forças são iguais em qualquer parte. Deus é perfeito em Si, como o é no ser humano. Dentro do microcosmo, que é o ser humano, está o MacrocosmoDeus. As bases divinas são iguais acima como abaixo, e se virarmos a estrela, encontraremos as mesmas bases. As laterais não são auxiliares na forma; aparentemente são, mas, na realidade, são bases, dependendo apenas de girarmos o emblema. Em sua feição abstrata, já dissemos tratar-se da verdade, de Deus, e pelo lado material, conforme o desenho se apresenta, vemos harmonia em todas as direções. No plano abstrato, a direção não existe, pois, o Absoluto não tem medidas de direção, entretanto, temos a chave de David e para conhecermos a sua função, devemos desenvolver a força de aplicação em nós mesmos. Deus infiltra-se pelas partes de cima, colocando Sua ponta no nível mais baixo, para depois formar novo triângulo, colocando a Sua ponta no nível mais alto. Em sua configuração, encontramos duas pontas exatas em oposição. Deus em Sua espiritualidade, liga-se com a Sua ponta voltada para baixo; a mataria, para levantar-se com a mesma força ao ponto mais alto no ilimitado de Si mesmo. Ensina, a estrela, a união de Deus em seis diferentes direções, unidas com as Suas criações; em nosso caso, com a humanidade. Falando pela Bíblia, podemos dizer, com respeito à chave de David, o seguinte: “Assim como Deus vive no homem, também, o homem vive em Deus”.

“O Verbo-Espírito-Adam-Terreno” é igual ao Divino-Homem-Espiritual. A lógica dessas interpretações não é outra, senão que o espiritualista se habitue à convivência de Deus nele. O Ritual Rosacruz ensina perfeitamente esse fato. A chave está em nós mesmos, e com ela podemos abrir e fechar. Outro não será capaz de abrir onde nós abrirmos e nem de fechar onde nós fecharmos. E o que é que devemos abrir e fechar? A portinhola que nos abre e nos fecha os Céus, ou seja, a Glândula Pineal que se constitui na passagem pela qual nos projetamos às Alturas.

Só nós mesmos podemos abri-la e fechá-la. Cada um de nós possui a sua chave. O aspirante sabe como se projetar ao espaço por sua porta. Uma outra pessoa não pode ensinar-lhe esse serviço. Muito bem diz o versículo: “o que abre e ninguém mais fecha, e fechando, ninguém mais abre”. Essa é a lição. Ninguém e nenhuma força externa saberão abrir, a não ser o próprio Espírito, o Ego. Existe uma particularidade nesse ensinamento: O aluno valoroso, coordenador de suas forças, em suas experiências, será de uma forma qualquer ensinado por seu Mestre. O Mestre conhece a possibilidade de seu aluno que nem sempre sabe a sua posição à frente do suprassensível e assim, proporciona-lhe o ensinamento indireto de que necessita.

Em nossas explicações, chegamos a um ponto mui delicado. Devemos fazer um ligeiro retrospecto sobre os acontecimentos em nós mesmos. Foi ensinado ter o Ego que se comunicar com as partes superiores por intermédio de uma alma pura, após haver queimado suas impurezas. O prêmio se constitui na chave de David. As 5 Cartas levaram o candidato durante as 5 Igrejas a adquirir os elementos necessários para o ingresso no 6º Ciclo. Os Corpos e a Mente se coordenam na seguinte cronologia:

VeículosIgrejas
Corpo Densona Igreja de Éfeso
Corpo Vitalna Igreja de Esmirna
Corpo de Desejosna Igreja de Pérgamo
Mente Concretana Igreja de Tiatira
Mente Abstratana Igreja de Sardes

Durante as 5 Igrejas anteriores, reúne-se a essência dessas que culmina numa 6ª qualidade, o Amor. Cristo apresentou-se à Mente concreta em forma humana por demonstrações externas e tocava na Mente abstrata quando transformava o ódio em amor, por exemplo: ao andar sobre as águas. Efetuou as demonstrações, mas não pôde convencer a Mente que duvidava. Ficou o amor em suspenso nas almas adiantadas. A Igreja de Filadélfia requer a demonstração concreta e externamente em ações daquilo que existe em suspensão interna. Cristo deve ser encontrado face a face, assim como se o próprio semblante fosse o de Cristo, o qual deve olhar em nossos semblantes, como se   fossemos   o   Seu    próprio espelho.

A seguir temos o 8º versículo que diz: “Conheço tua conduta: eis que pus à tua frente uma porta aberta que ninguém poderá fechar, pois tens pouca força, mas guardaste minha palavra e não renegaste meu nome”.

 Prosseguindo com o 9º versículo completamos o anterior: “Vou entregar-te alguns da sinagoga de Satanás, que se afirmam judeus, mas não o são, pois Mentem; farei com que venham prostrar-se a teus pés e reconheçam que eu te amo”.

Simplifiquemos a redação do último versículo: “Farei vir e prostrarem-se aos teus pés aqueles que se declaram judeus e não o são”. Esses pertencem à Sinagoga de Satanás, pois, são mentirosos e para que saibam que meu amor está convosco.

Anteriormente, falamos sobre a “porta e a chave de David, que abre e fecha”. O versículo 8º trata sobre uma porta aberta que ninguém fecha. Temos que reavivar as explicações ditas anteriormente. É de suma importância para os tempos da 6ª Igreja a precipitação dos acontecimentos em movimento contínuo. Parece ser obrigação de cada um que saiba projetar-se pela porta aberta ao espaço. Quem consegue fazer isso? Aquele que não negou a palavra de Deus, guardando o Seu nome no Coração; aquele que, mesmo envolvido em fraquezas, não se esquecera que o seu coração guardava o amor. Deus é Amor e sem essa faculdade, diz o versículo, não poderemos ter ingresso em Filadélfia. O Espírito Divino espera dos Espíritos de Vida e Humano, que dominem nas órbitas de suas faculdades, passando livremente pela porta aberta de sua força de amor, criando no futuro sem cooperação do Corpo Denso.

A seguir, diz o versículo a respeito dos judeus que não o são, sendo antes mentirosos e pertencentes à Sinagoga de Satanás.

Como sempre, também nesse versículo não devemos ler a palavra de forma literal. Quem são os judeus que se confessam na Sinagoga de Satanás? São os mentirosos, os intelectuais, os escribas, enfim, os que prostituem e deixam prostituir a sua Mente. Somente o intelectual sabe dar um segundo sentido à palavra. Portanto, os que são apenas cerebrais, faltam-lhes o coração e, por isso, não são sinceros. São esses os judeus pertencentes à Sinagoga de Satanás. Resulta da mentira a incapacidade de passar pela porta. O hipócrita não crê nos sentimentos elevados, pois, o seu próprio coração está fechado. Satanás não tem coração e os que nele creem retardam-se na evolução. Muitos dos intelectuais e, também, aqueles emotivos de pouca inteligência, gostam de falar em amor. Deve-se, portanto, tomar todo cuidado contra esses, pois, nem um nem outro servem à vida positiva. Escolas de espiritualidade fictícia infundem no caráter a emoção, e como eles não raciocinam, não podem, também, tirar conclusões sobre os acontecimentos externos e nem a respeito dos fenômenos psíquicos. São criaturas que se entregam passivamente sem se responsabilizar por aquilo que lhes possa ocorrer. A sua inteligência é cega. Quanto aos outros, isto é, os que prostituem e deixam prostituir a sua Mente, se desarmonizam, conforme já temos demonstrado. Ambas as classes, por isso, tornar-se-ão ineptas para a vindoura estrutura dos acontecimentos.

Diz, ainda, o 8º versículo: “…pois tens pouca força, mas guardaste minha palavra e não renegaste meu nome”. À primeira vista, encontramos nessa frase uma atmosfera oposta. A questão de “pouca força” refere-se à vida real material e o resto, das coisas irreais. Acontece o seguinte: Aqueles que não se esforçarem para adquirir as fortunas terrenas têm pouca força na vida material, mas, são justamente os que guardaram e guardam o Verbo Divino-Amor, que não renegaram e não negam o nome incorporado no Pai, o Cristo. Depois dessa certeza do Verbo Divino incorporado nas almas que rejeitaram a materialização, virá a grande esperança como o versículo 9º deve ser entendido: “Vão se prostrar ante os pés daqueles que guardavam o nome de Deus em seus corações”. Vão se reconhecer àqueles que adquiriram a faculdade de guardar o nome de Deus. Se imaginarmos a atividade do coração, livre de todos os sentimentos inferiores, isto é, em sua qualidade divina, em seu poder perfeito, fácil será para a nossa alma sentir que tudo ao nosso redor se prostra aos nossos pés. Exemplificando o sentido de “prostração”, seria colocar à nossa frente o próprio Cristo. A Sua exaltação de uma ternura potencialíssima, faria com que nos prostrássemos ante Seus pés, visto o Seu íntimo tocar o nosso. Prostrar-nos-íamos tomados por Sua ilimitada Alma Divina, por não podermos suportar o Seu Amor. Isso mesmo acontecerá com todos aqueles que hoje falam gloriosamente das faculdades intelectuais, adorando o intelecto como se fosse Deus. Esses mesmos vão se prostrar ante a Ternura Divina. Vejamos, pois, o que ensina o 10º versículo: “Visto que guardaste minha palavra de perseverança, também eu te guardarei da hora da tentação que virá sobre o mundo inteiro, para colocar à prova os habitantes da terra”.

Esse versículo se caracteriza por sua mensagem indubitável sobre um acontecimento considerado mui sério. Não se fala de uma destruição da Terra, nem da extinção de seus habitantes e sim de uma provação, de uma tentação aos povos e de seu comportamento nessa ocasião. Quando na Igreja de Filadélfia, a Fraternidade Espiritual, teremos já purificado os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente. Em Sardes, prepara-se a união dos corpos sob a égide do Ego, mas, passarão ainda por essa preparação, almas de pequena envergadura. Em Filadélfia, serão submetidas à prova de qualificação para a Igreja de Laodiceia. Graças à paciência de que fala o versículo, há sempre uma possibilidade de se recuperar falhas da alma. A Fraternidade em Filadélfia proporcionará ainda essa possibilidade a todos, cujo caráter não conseguirá utilizar até lá a força unificadora da caridade. Assim, procura essa época dar o último retoque aos Filhos da Terra na iminência das mudanças dos ciclos. Serão levados os adiantados de Filadélfia à Laodiceia e mesmo lá, como mais tarde verificaremos, haverá novamente uma espécie de purificação antes da entrada em uma nova Revolução Cósmica, achando-se esta já sob o Signo de Capricórnio. A situação dos espiritualistas torna-se cada vez mais séria, em vista do aperfeiçoamento de suas qualidades. Os tempos que virão requerem qualidades cada vez mais sublimadas. Com respeito ao perdão de que hoje se fala, mais tarde será uma ilusão, por causa da impossibilidade em se obter remissão da inferioridade. Assim como não é possível a uma pedra flutuar em cima d’água, assim também acontecerá com as almas desprovidas de qualidades para esse ciclo.

Estamos chegando aos três últimos versículos, como seguem.

11º: “Venho logo! Segura com firmeza o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”.

12º: “Quanto ao vencedor, farei dele uma coluna no templo do meu Deus, e daí nunca mais sairá. Escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da Cidade do meu Deus — a nova Jerusalém, que desce do céu, de junto do meu Deus — e o meu novo nome”.

13º: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.

Simplesmente admiráveis são esses versículos. Se alguém quisesse compor uma sinfonia, somente poderia fazê-lo com notas feitas de Astros. O horizonte todo seria a sua pauta que se estenderia ao infinito. Sistemas Solares com todos os seus milhares e milhares de luzes seriam os instrumentos, e Deus mesmo, o divino regente de toda essa magnificente orquestra. Mas, chegamos à realidade dos versículos que se constituem nos movimentos impregnantes de um gigante: “Venho logo”. Esse “logo” é muito forte, pois, pode até amedrontar-nos. Isso quer dizer que o tempo do Espírito está quase presente, não demorará e breve ouviremos a batida na porta. E quando soar a batida não haverá tempo para se esperar, pois, ou abri-la-emos ou depois não mais nos será permitido fazê-lo. Se abrirmos a porta, saindo com a nossa coroa, entraremos no tempo futuro e Aquele que bateu em nossa porta, nos espera observando o fino ouro da nossa alma. Verifica a nossa perfeição e que ninguém conseguiu tirar a pedra preciosa da nossa coroa, ou seja, a vontade acumulada durante os passados ciclos. A Época Ariana tem ensinado as almas a manterem a coroa como sinal de “passe” para os tempos posteriores, a Era da Nova Jerusalém, a Igreja da Paz.

O 12º Versículo diz: “Quanto ao vencedor, farei dele uma coluna no templo do meu Deus”. Imaginando o Universo, o Templo de Deus, e nele sendo utilizado como coluna, temos a certeza do nosso corpo Divino. Imaginando um Templo com os nossos sentidos, sabemos da presença de uma base muito sólida. Sobre essa solidez, levantam-se as colunas. A mesma coisa acontece e acontecerá, ainda, nos tempos em que progride a Nova Jerusalém, acumulando forças para poder cooperar como uma coluna. O material deve ser bastante sólido. Os tempos passados deram à alma a devida têmpera. A Abóboda do Templo pousa sobre os tampos passados; as colunas chegaram lentamente através do passado à sua perfeição. Só assim, diz o versículo, seremos utilizados, ficando para sempre no corpo do Templo do Universo. O Nome de Deus será inscrito em nossas almas, o Seu Poder inteirado em nós e, também, o nome da Cidade, o Espírito da Paz. A Cidade de Deus chama-se a Nova Jerusalém, a Paz do Espírito descendo das Alturas.

Antigamente, quando teve começo a Terra, existia um paraíso. Éramos inocentes, vivíamos em paz e em perfeita harmonia, sem vontade própria. Deus e Seus Anjos guiavam-nos e éramos instrumentos em Suas mãos, impondo-nos, no decurso da involução e evolução, capacidades sujeitas à Sua vontade, sem a nossa cooperação. Mudaram-se os tempos até que chegamos a agir com autodeterminação, senhores dos nossos feitos, culpas e felicidades. Durante os ciclos passados e os futuros, aumentará a nossa vontade em conhecer as leis, desejosos de agirmos em uníssono com elas. Formamos em nós, sistematicamente, o Paraíso perdido, porém, agora o fizemos de maneira consciente, e não como antigamente, sem o devido conhecimento. Desta vez, conforme o próprio versículo 12 diz, “desce do céu” sobre aqueles que se prestam como colunas, a Nova Jerusalém. O Céu descerá com o Paraíso de Deus à Terra.

O Espírito das Igrejas dar-nos-á, nessa ocasião, também, o seu nome. Já conhecemos esse nome antes, que é Amor. No começo da Terra foi dado esse nome, mas, ninguém o conheceu. Deus amava a Seu Filho, fê-lo descer para que soubessem quem era e o que era Amor. Foi rejeitado na Igreja de Tiatira e morto, porém, pelo Amor foi ressuscitado; pela morte e pela ressurreição, inscreveu-se nos corações.

Aplicando uma parábola, poderíamos dizer: Em verdade, Cristo inscreveu-se com Seu Nome Amor nos corações, mas, não cresceu. Deixaram-no lá como uma criança, privando-o do necessário alimento. Alguns deram-lhe ainda tão pouco alimento, que quase o mataram de fome. Outros até mataram-no quando ainda era pequenino.

Essa parábola é o espelho da nossa Igreja de Sardes. Pulsa o Cristo em nossas vidas com toda boa vontade, bate à nossa porta desejoso de cear conosco e com o Seu Pai. A Sua Escritura é constante e não para de escrever o Seu Nome, a Sua aliança conosco em frente de Sua testemunha, o Pai. A nova aliança sempre foi e sempre será o Amor.

O último versículo é sempre uma recapitulação dos anteriores, pois, representa sempre uma advertência por sermos dignos dos ensinamentos, devendo, portanto, pormos em prática a Lei Divina: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.

SÉTIMA CARTA: À IGREJA DE LAODICEIA

Essa carta é a última da série sobre as 7 Igrejas do Apocalipse. Mostra-nos aqui, o Apocalíptico, os defeitos ainda existentes na última fase da Época Ária, à qual ele se dirige com palavras severas, principalmente aos insubordinados ao plano divino. Repreende os mal-intencionados inteligentes, como também aos preguiçosos da Mente. Anuncia, essa Carta, uma vida íntima com Cristo, devendo, portanto, ser desfeita a inferioridade e extintos o materialismo e o egoísmo. Ensina a Religião do coração com o Senhor, em que a alma produz o sacerdócio, indicado como Iniciado no Templo Vivente do Espírito Universal. Ensina-nos, esse capítulo, a Santa Ceia do Senhor com os escolhidos na Mesa de Seu Pai, iluminados pela Luz Absoluta que será irradiada do Trono de Deus. Satisfazendo-se, nessa mesa, aqueles que se cuidarem na evolução; os que sabiamente puderem somar os ensinamentos necessários para os tempos imediatamente posteriores à Época Ária. A Igreja de Laodiceia representa, enfim, um prelúdio de novos acontecimentos; venturas da alma iluminada nos ciclos posteriores.

Com o fim do ciclo de Laodiceia, a humanidade terá completado uma viagem evolutiva pelos seguintes campos de sua existência:

Faltarão, ainda, para alcançar a Noite Cósmica as 5ª, 6ª e 7ª Revoluções, e após a última dessas, o novo renascimento da Terra no Globo Espiritual do Período de Júpiter.

Grupos Étnicos ou civilizatórios que apareceram na Terra durante a Quinta Época
1Ariano, que se dirigiu para o sul da Índia
2Babilônico-Assírio-Caldaico
3Perso-Greco-Latino
4Céltico
5Teuto-Anglo-Saxônico
Desenvolvimento futuro – Os dois últimos grupos étnicos ou civilizatórios da Quinta Época, conforme Max Heindel
6Eslavo (Dois grupos étnicos ou civilizatórios mais se desenvolverão na nossa Época atual, um deles é o Eslavo. Quando, no transcurso de algumas centenas de anos, o Sol, pela precessão dos equinócios, tenha entrado no Signo de Aquário, o povo russo e os povos eslavos, em geral, alcançarão um grau de desenvolvimento espiritual que os levarão muito além de sua condição atual. Será a música o fator principal para atingir esse objetivo porque, nas asas da música, a alma por ela exaltada pode voar até o próprio Trono de Deus, lugar ao qual o intelecto não pode chegar. O desenvolvimento assim obtido não é permanente, por ser unilateral e não estar em harmonia com a lei da evolução. Para ser permanente, o desenvolvimento baseado na lei de evolução deve ser equilibrado. Por outras palavras, a espiritualização deve expandir-se através ou, pelo menos, ao mesmo tempo que o intelecto. Por esse motivo, a civilização eslava será de vida curta, mas grande e feliz enquanto durar, porque terá nascida da dor e do sofrimento sem conta. A lei de Compensação a levará ao oposto a seu devido tempo. Dos eslavos descenderá um povo que formará o último dos sete grupos étnicos ou civilizatórios da Época Ária.)
7Americano (New Atlantis) (Da mescla das diferentes nacionalidades, como atualmente se desenvolve na América, virá a “semente” para o último grupo étnico ou civilizatório, ao começar a Sexta Época. Do povo dos Estados Unidos descenderá o último de todos os grupos étnicos deste esquema evolutivo, que começará seu curso ao princípio da Sexta Época.)

Para o término da Época Ária faltam ainda duas Civilizações, conforme Max Heindel nos ensina, isto é, a eslava e a anglo-saxônica, as quais desenvolverão ao máximo a Mente abstrata. As presentes lutas no plano material entre os povos europeus, tendo de um lado os eslavos e do outro os anglo-saxões, encabeçados pelos americanos, é uma amostra perfeita dos acontecimentos futuros. Verifica-se, nessas lutas, a tendência para sobrepor-se em qualidade propriamente ditas às dificuldades das ideologias materialistas, procurando cada uma delas aumentar a capacidade atômica e as suas atividades nos conceitos material e político. Isso quer dizer que os cientistas se mobilizam em conhecimentos abstratos, colocando-os à disposição do bem ou mal-estar dos povos em geral.

Mesmo que os povos se amarrem ao materialismo e, também, na decadência moral, verifica-se no lado oposto os efeitos benéficos da ciência em seu prelúdio. O futuro transformará o cientista em um benfeitor imaterial. O espiritualista conhece de antemão os planos em que a humanidade terá que viver futuramente pela ciência já adquirida. O que importa realmente, dentre os distúrbios de nossa era, é adquirir em todos os campos o essencial, a parte abstrata.

Filadélfia mostra-nos o manancial fraterno, do qual, forma-se ao mesmo tempo o plano abstrato da Mente. Basta citar as 5 Revoluções em que a Mente deve ter sublimado, em parte, os materiais densos e superado a parte etérica do passado. Dessa maneira, a Mente abstrata encontrará a sua própria potência sentindo-se, por assim dizer, em seu elemento. A Terra diminui gradativamente a sua densidade e os EGOS encontrarão um ambiente mais sutil. Na 5ª. Revolução, os EGOS adquirirão atividades espirituais mais substanciais para que possam atuar adequadamente. Essas possíveis atividades são subsequentes ao ambiente mais espiritualizado. Uma vez ausente a cristalização e as formas físicas tenham se metamorfoseado, haverá ascensão mais pura no caráter biológico dos organismos viventes. Esclarecendo essa verdade, deve-se citar as palavras do Cristo: “Não se casar e nem ser casado”. As limitações do passado do indivíduo terão acabado. Não existirá o ambiente familiar no sentido de hoje, não havendo, também, mais sangue e nem carne. Depois das 5 Revoluções, haverá a preparação para o Período de Júpiter iniciado pela Igreja de Laodiceia. O Período de Júpiter lembra-nos o Lunar a respeito do Corpo Vital, cujo veículo mais denso, naquela época, era o Corpo Vital, como o será, também, no futuro Período de Júpiter. A maior densidade achava-se na Região Etérica e, consequentemente, os corpos tinham a sua densidade no mesmo plano. Porém, mesmo havendo aí um paralelo em qualidades, a consciência aqui será diferente, devido ao desenvolvimento do ser humano no Período Terrestre em que se efetuou a consciência do Ego. No Período Lunar existia uma consciência negativa, ao passo que no Terrestre desenvolveu-se a inteligência consciente, e no Período de Júpiter, existirá a consciência superada, isto é, a Consciência Cósmica. Isso se verificará pela ascensão constante aos planos superiores, lembrando os tempos do Período de Vênus, em que não mais haverá Corpo Vital, como aquele mais denso, e sim um Corpo de Desejos superior ainda àquele que existirá no Período de Júpiter. No Período Lunar não existia a Mente revelada, a qual encontrou a sua aplicação no Período Terrestre até a Igreja de Sardes, e daí para a frente com maior intensidade. No Período Lunar não existia Corpo Denso, assim como no de Júpiter, também, não haverá mais esse veículo, pois, tudo será superado. Em contraposição, encontramos a Mente abstrata por falta do Corpo Denso. Conclui-se daí, perfeitamente, a diferença entre os Corpo Vitais do Período Lunar e os do de Júpiter. Caracterizando ainda a diferença entre os Éteres do Período Lunar e os do de Júpiter, aprimoramo-nos em constatar que, como faltará no Período de Júpiter o Corpo Denso, a mesma coisa se sucederá com o “Corpo Vital-químico” e, também, com o “Éter de vida” do Corpo Vital, como atualmente existe. Em outras palavras, haverá uma redução de dois Éteres especiais que não mais existirão por falta de um corpo-químico no qual exercem presentemente suas funções.

Façamos, a seguir, nesta altura dos ensinamentos, uma retrospecção sobre a Mente desde o Período Lunar até hoje.

No Período Lunar, os Líderes da Humanidade, na qualidade de Anjos, ensinaram-nos funções, todas elas submetidas à vontade deles. Representavam elas, portanto, dentro dos corpos da humanidade um simples reflexo da vontade dos nossos Dirigentes. As forças cósmicas secundaram essas funções através de suas irradiações. Podia-se comparar aquela função com o nosso sistema nervoso involuntário de hoje. A respiração, digestão, assimilação, excreção, o metabolismo em geral, não agem sobre o sistema motor, que responde à consciência da nossa vontade. Verificamos que a inteligência superior, o Ego, toma conta das funções que estão ao alcance da nossa vontade. Apreciando esse fato, ressaltamos a semelhança do trabalho dos Anjos no Período Lunar com a função do Ego em nosso tempo.

No Período Terrestre, até as três e meia Revoluções, forma-se a Mente concreta em que as influências luciféricas se empenham para emancipá-la da Hierarquia Angélica.   As leis originais cósmicas   serão   postas   sob a custódia   da    própria inteligência, começando ao mesmo tempo um recesso da consciência superior. Não obstante, verifica-se uma lenta cristalização da Mente, resultando na inconsciência dos planos superiores. Formou-se uma inteligência, espiritual. Essa forma da Mente e sua deficiência começou na Época Atlante, caracterizando-se pelo domínio das circunstâncias gerais   apuradas pelas condições da época, não cogitando sequer obedecer à Religião. Subjuga-se a Religião às leis estipuladas pelos legisladores com as Mentes já diminuídas de valores   pela sua astúcia.

O Período Terrestre   tem   uma   significação   dupla:   a influência na primeira parte marciana e a segunda mercuriana. As primeiras três e meia Revoluções pertenceram ao desenvolvimento do Corpo de Desejos e de sua purificação, conhecendo sentimentos elevados, para depois, na parte mercurial, com   a   chegada    de Cristo, tirar vantagens dos sentimentos com uma Mente já   inclinada a superar a sua parte maligna e astuta. Portanto, depois de Cristo surgirá uma onda de Egos adiantados que, por presenciarem em seu íntimo os ensinamentos e as obras do Espírito de Vida, não se subordinarão aos Anjos Lunares e, muito, menos aos Lucíferos de Marte, tomando o caminho da Mente abstrata. Lentamente, a Alma Consciente e a Alma Intelectual colocam-se a favor da Era de Cristo.

Com essas apreciações verificamos as profecias da 7ª Carta dirigida à Igreja de Laodiceia, estando assim redigido o versículo 14 do Capítulo terceiro: “Ao Anjo da Igreja em Laodiceia, escreve: Assim fala o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da criação de Deus”.

Vejamos o significado dessas poucas palavras: O “Amém”, o princípio da criação, acha-se presente em Laodiceia. Se assim é entendido o “Amém”, sabemos tratar-se do fim da época. Ele se coloca como o último dos 7 ciclos da Época Ária; Cristo diz de Si mesmo o Alfa e o Ômega. Quer dizer, não somente o alfabeto das letras resumido na santa palavra “Amém”, como também o Alfa do Cosmos, as Estrelas em seu avanço. No corpo do Cristo Cósmico encontramos todas as criações, desde o átomo até o infinito não criado Deus. Ele achava-se antes do Período de Saturno, como Cristo se encontrava antes do Período Solar. É uma constante escala ascendente sem fim na parte divina. Tratando-se do princípio das coisas, da criação, fala o Alfa e o Ômega, que criou ou emanou de Si (diferenciou em Si mesmo) a onda humana com tudo que ela necessita para o desenvolvimento dela. Ele é a Luz e a Vida.

Os Budistas conhecem, também, a santa palavra quando cantam o Mantra “Aum”, correspondente ao nosso “Amém”. Sempre achamos no fim de qualquer oração o pequeno VerboAmém”, e por quê? Significa esse “Amém” a mesma coisa que o “Assim Seja”? Não. “Amém” é uma vibração envolvendo as nossas partes sensíveis em cumprimento a uma atividade espiritual para o espiritual, ao passo que o “Assim Seja” trata simplesmente do desejo para que se cumpra a oração. “Amém”, já por si só, é uma oração. Sabemos que a letra “a” está no princípio, a primeira letra, aliás, que o recém-nascido profere e, quando morremos pronunciamos o “om”. Que lei extraordinária!… Encontramos no começo da vida e de todas as coisas o “Alfa” e no fim o “om”. O princípio se une com o fim quando pronunciamos Aom, Aum ou Amém, constituindo – se, essa última, a expressão dos ocidentais. O oriental diz Aum ou Aom. É um círculo sem começo e sem fim. Sempre e em qualquer ponto pode existir o começo, como também o fim. O “Amém” do Apocalíptico está no começo, seguindo constantemente em si mesmo por todas as cadeias até o fim.

Nesse ponto, pode-se perguntar: Que finalidade terá o “Amém” no 7º Ciclo, no fim da 4ª Revolução Terrena? Respondemos: O Espírito nos acompanha desde o começo em nosso auxílio, procurando a aproximação por todos os tempos. Em Laodiceia estará mais perto de nós, incorporando uma parte de si em nós mesmos. Por causa da constante imperfeição, muitas qualidades divinas estavam afastadas. Depois do aperfeiçoamento, ligadas com o “Amém”, o Adam Espiritual e inconsciente do começo, une-se no fim quando se salva a si mesmo, apresentando-se como o Adam Espiritualizado. Esse Adam Humano encontra-se com o Amém-Deus.

A seguir, temos os versículos 15 e 16, advertindo, pela última vez, aqueles de má vontade, quais sejam, os intelectuais e os lerdos: “Conheço tua conduta: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque és morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar de minha boca”.

Verificamos que, embora tenha havido um grande progresso na espiritualização, existirão, todavia, no futuro, elementos com caráter ainda não definido. Não conseguiram ainda convencer-se de seus defeitos. Mostram-nos os versículos a existência de seres com o intelecto ainda sem a possibilidade de discernir, julgar, colocando-se numa neutralidade, que chegam a paralisar a ação mental. Os versículos dizem de suas qualidades, que não são “quentes” nem “frios”. Tendo, pelo menos, a compreensão de que a sua qualidade é fria, só por esse reconhecimento poderão tornar-se quentes, positivos. A aceitação da parte positiva da Mente, levará o candidato à Iniciação dos tempos vindouros distantes.

O Versículo 16, com a sua expressão “morno”, registra terminantemente a inaptidão daqueles sem caráter. Não almejam avanço, não são rebeldes, não são sábios, nem ladrões, são indiferentes. São vomitados da boca. Formam uma indigestão, um câncer para os tempos luminosos, representando seres cristalizados. Não são quentes nem frios, e sim mornos, lerdos. Em que camada de gente encontramos essa espécie? Entre os ignorantes, os hipócritas intelectuais, os que querem se valer por saber portar-se apenas esteticamente. A sua cara em geral é muito bonita, porém estão destituídos de alma. O Espírito de Laodiceia espera não só desse próprio ciclo, mas também do nosso, que se convençam do melhor, a fim de não serem vomitados da remodelação e ampliação do caráter. Quem tem ainda objeções, mistificações e desculpas das suas fraquezas é simplesmente um ignorante na questão apocalíptica. É um ignorante, um analfabeto no Espiritualismo, como o é em seus objetivos. O místico e o ocultista representam a vanguarda da vida após a 7ª Civilização, em que existirá a verdadeira Igreja universal e não a Católica Apostólica Romana ou as Protestantes dogmáticas, que se julgam, cada uma, a única verdadeira e universal, as quais serão completamente transformadas pela Igreja da Fraternidade de Filadélfia, o mesmo acontecendo com todas as seitas religiosas existentes atualmente.

Chegamos ao versículo 17, agravando-se as repreensões: “Pois dizes: sou rico, enriqueci-me e de nada mais preciso. Não sabes, porém, que és tu o infeliz: miserável, pobre, cego e nu”.

Antes de qualquer explicação em torno desse versículo, devemos salientar que os seus ensinamentos não só dizem respeito à Igreja de Laodiceia, mas também às civilizações desde Tiatira em diante. Portanto, as repreensões servem tanto para nós, como para as civilizações que surgirão. Passemos ao ensinamento do versículo.

Muitos ainda retardam a educação espiritual, permanecendo num estado de corrupção intelectual. São orgulhosos e se incham do pouco que possuem, não percebendo a desgraça, a miséria e a pobreza do seu interior. Esse miserável estado é a nudez na presença do Espírito, não estando, pois, adequadamente vestido para se apresentar perante seu Mestre e Salvador. A aura é turva e não tem brilho algum. Carece-lhe, pois, o brilho da verdade.

Fala perfeitamente nesse sentido o Versículo 18: “Aconselho-te a comprar de mim ouro purificado no fogo para que enriqueças, vestes brancas para que te cubras e não apareça a vergonha da tua nudez, e um colírio para ungires teus olhos e poderes enxergar”.

O Senhor espera que os de Laodiceia envidem o máximo esforço para comprar d’Ele e que se unam com Ele em comunhão espiritual, pois está desejoso de vender o Ouro de graça a quem possa comprar com o valor de sua alma. Quando o Supremo Senhor oferece Ouro refinado por fogo, quer dizer a qualidade espiritual mais pura existente, o Ouro dos Céus, para que enriqueçamos internamente, tornando-nos luminosos por dentro e por fora. Ele diz que nos dará novos vestidos em perfeita brancura, ou seja, corpos translúcidos. Não haverá mais sombra em nós, desaparecendo completamente a nossa nudez.

Deseja, o Supremo, Santificado seja o Seu Nome: que possamos ungir nossos olhos com um santo colírio; que vejamos as coisas por dentro e por fora, e que tenham os nossos olhos visão ilimitada. Quando do término de Laodiceia, os veículos superiores devem ter atingido um ponto tal de desenvolvimento, que culminará na sublimação do Corpo Denso, funcionando depois tão somente o Corpo Vital.

O Versículo 19 é rigoroso e definido: “Quanto a mim, repreendo e educo todos aqueles que amo. Recobra, pois, o fervor e converte-te!”.

Em todas as Igrejas se fala do arrependimento. Nesta também, mas fala-se igualmente de castigo por sermos amados por Ele. Presenciamos uma ação extrema dentro da tolerância divina, por querer salvar-nos. Parece paradoxo que sejamos amados e castigados ao mesmo tempo. O Espírito repele aquele que não aceita o Seu amor. A paciência terá alcançado o seu fim, não aceitando mais as bofetadas, nem dando mais a face esquerda e nem a direita. Acabou a paciência. Ele virá castigar-nos. A advertência é para que sejamos zelosos. Já nos prometeu as vestes brancas, porém, mais não pode nos prometer. Ofereceu comprarmos d’Ele ouro purificado pelo fogo dos tempos. Ofereceu, também, o Seu Amor, senão a ascensão será impossível.

Os versículos 20, 21 e 22 finalizam a Sinfonia de Deus: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo. Ao vencedor concederei sentar-se comigo no meu trono, assim como eu também venci e estou sentado com meu Pai em seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas”.

Cristo bate à porta, à porta do coração, em nossa consciência, em nossa inteligência, batendo nas veredas da verdade.

Quem passou vitoriosamente à frente, achando-se na Vanguarda, ouvirá a Voz e abrirá a porta dos Céus. Abrindo a porta que leva ao Céu, encontrará o Espírito que reina na Cidade de Jerusalém. A chave de David abriu-lhe a porta e desde então, flutua na Luz do Reino de Cristo, em que sentar-se-á com Ele e ceará no Trono de Deus a alimentação dos Deuses. Essa é a ceia, a comunhão com Deus. O pão das Igrejas não mais existirá, estando transpostas as limitações, pois, a transfiguração criou um novo corpo, ou seja, o corpo de Luz alimentado pelo fogo do Trono do Universo-Deus. Os corpos anteriores que receberam invisivelmente a Luz-Vital iluminam o interior das almas em comunhão com Ele, aqueles que foram salvos dos tempos passados. Os vencedores encontrarão a Paz na Cidade da Nova Jerusalém.

Bem-aventurados aqueles que ouvirem o que o Espírito disse através das Igrejas.

Apresentamos, com a melhor clareza de que fomos capazes, os Ensinamentos Iniciáticos dados por João de Patmos. Procuramos usar sempre uma linguagem mais simples possível para que, mesmo os não conhecedores dos termos esotéricos, tenham uma clara visão sobre a fulgurante mentalidade do Autor do Apocalipse. Repetimos os ensinamentos muitas vezes sobre o mesmo ponto de vista ou sobre um ângulo diferente. A repetição teve a sua razão de ser quando procuramos fixar a Mente em derredor de algo muito importante. As Escolas Esotéricas em geral, procuram ensinar seus alunos com o método da repetição, cuja razão consiste em gravar na alma maior consciência do que se quer ensinar. Sabemos que as impressões não morrem, de maneira que, numa vida futura, as impressões gravadas trarão o seu benefício. Quem se dedica à leitura da Bíblia, dos Evangelhos e da literatura espiritual, geralmente de tempo em tempo, querendo ou não, recebe esclarecimentos iniciáticos. Tivemos exclusivamente o interesse de transcrever aquilo que achamos razoável, convencidos, embora, de nossa pequena capacidade para dar melhores esclarecimentos; contudo, esperamos que os nossos leitores se inteirem mais nesse assunto tão imprescindível à nossa civilização, a fim de que possam receber ensinamentos completos nesse sentido. O autor, em que pese a sua fraca compreensão sobre o imenso monumento do Apocalipse, deseja ser, contudo, um cooperador de todos aqueles que estejam interessados na compenetração dos enigmas de tão majestoso livro. Ciente, também está de que, sendo apenas um simples Noviço Rosacruz, não poderia dar maiores ensinamentos além do que se lhe foi confiado até o momento.

Finalizando, permitam-nos insistir com a   mesma   frase   do Espírito das Igrejas:

“QUEM TEM OUVIDOS, OUÇA O QUE O ESPÍRITO DIZ ÀS IGREJAS”


[1] N.R.: Mt 24:35

[2] N.T.: Swami Vivekananda (1863-1902), nascido Narendranath Dutta foi o principal discípulo do místico do século XIX Sri Ramakrishna Paramahamsa e fundador da Ordem Ramakrishna. É creditado pelo crescimento da consciência inter-religiosa, trazendo o hinduísmo para o status de uma das principais religiões do mundo a partir do final do século XIX.

[3] N.T.: Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948) foi um advogado, nacionalista, anticolonialista e especialista em ética política indiano, que empregou resistência não violenta para liderar a campanha bem-sucedida para a independência da Índia do Reino Unido, e por sua vez, inspirar movimentos pelos direitos civis e liberdade em todo o mundo. O honorífico Mahātmā (sânscrito: “de grande alma”, “venerável”), aplicado a ele pela primeira vez em 1914 na África do Sul, é agora usado em todo o mundo.

[4] N.T.: Herodes, com efeito, havia mandado prender João. E o mandara prender, acorrentar e lançar no cárcere…

[5] N.R.: Mt 19:29

[6] N.R.: 1Tl 5:2

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Livro: Uma Defesa a Favor de Judas Iscariotes Relativa a Traição de Jesus Cristo 

A personalidade de Judas Iscariotes representa uma das mais impressionantes figuras da história de Jesus Cristo.

Desde o princípio da cristandade, jamais uma criatura foi tão odiada. Este ódio, faz-se sentir ainda hoje, decorridos mais de dois mil anos.

Este ódio criado no seio da cristandade vem encontrando sua continuidade durante séculos, gerando seus efeitos desfavoráveis dentro da própria comunidade cristã.

Dizemos desfavorável porque, não se pode conceber, absolutamente, que houvesse ou haja ódio em Cristo, o Senhor do AMOR.

Vamos ver onde está a origem desse sentimento tão negativo para com essa figura importante.

1. Para fazer download ou imprimir:

F. Ph. Preuss – Uma Defesa a Favor de Judas Iscariotes Relativa a Traição de Jesus Cristo

2. Para estudar no próprio site:

Uma Defesa a Favor de Judas Iscariotes Relativa a Traição de Jesus Cristo

Por

F. PH. PREUSS

Fraternidade Rosacruz

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz de Santo André – SP – 1974

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

Sumário

Parte I – Contextualização

Parte II – A Traição

PARTE I – CONTEXTUALIZAÇÃO

A personalidade de Judas Iscariotes representa uma das mais impressionantes figuras da história de Jesus Cristo.

Desde o princípio da cristandade, jamais uma criatura foi tão odiada. Este ódio, faz-se sentir ainda hoje, decorridos quase dois mil anos. Verificamos este fato pela simples razão de se fabricarem bonecos que são dependurados em árvores e queimados logo após serem surrados.

A alegria das crianças é enorme, quando veem Judas receber o merecido castigo.

E este ato, é feito com pleno consentimento dos adultos, que trazem até seus filhos esta velha tradição que pode ser historicamente confirmada. Na atualidade há um sensível declínio dessas práticas grotescas nas grandes cidades. Se bem que não estejam totalmente apagadas. Este ódio criado no seio da cristandade vem encontrando sua continuidade durante séculos, gerando seus efeitos desfavoráveis dentro da própria comunidade cristã. Dizemos desfavorável porque, não se pode conceber, absolutamente, que houvesse ou haja ódio em Cristo, o Senhor do AMOR.

Tendo em vista dar algumas explicações a respeito da atitude de Judas, devemos levar em consideração os atuais tempos materialistas nos círculos farisaicos em contradição flagrante com o Divino Cristo Espiritual e Ideal.

A ocupação real de Judas era zelar pelo bem-estar físico de Cristo e os demais companheiros, sendo ele o caixa, esmoler e provedor dos pobres. Há-se, também, de se ter em mente que TODOS os Discípulos foram escolhidos por Cristo, inclusive Judas. Cada um deles representava, em suas qualidades internas, uma atividade necessária na marcha da evolução. Iniciava-se, portanto, com a vinda de Cristo, um novo ciclo dessa atividade, uma Nova Era, um movimento maravilhoso e surpreendente, ao qual o Sumo Pontífice e sua hierarquia não tinham acesso. Não compreenderam eles, porém, a mudança dos tempos, isto é, o princípio de uma nova atividade da alma humana, que procurava afastar-se das leis exteriores da vida, firmando-se na lei interior. A hierarquia clerical fora golpeada pela mansidão do Cristo. E o que fazia essa hierarquia? Refugiava-se nas más compreendidas leis mosaicas, as quais executavam rigorosamente.

O Novo Testamento, com relação a Judas, comete tantos erros quanto o Velho Testamento, com respeito às leis de Moisés. Referem-se à Judas como sendo ele um legítimo traidor de Cristo, o que não é uma realidade. A narrativa da traição nos Evangelhos, mostra-nos, de fato, uma traição, mas… com toda legalidade espiritual. O amigo leitor não deverá se admirar com essas palavras, pois, no decurso das explicações, daremos confirmação às mesmas. A própria Sagrada Escritura apresenta ao pesquisador sincero, bem como aos atuais fariseus, profuso material de estudos, provando que, sem o Sacrifício do Senhor, Ele nunca teria sido chamado de: Salvador, o Messias da humanidade. O que desejamos demonstrar é que, a chamada traição foi preparada pelo próprio Cristo! A Profecia tinha que ser cumprida; portanto, Judas levou a traição à efeito com pleno consentimento do Senhor.

Daremos, a seguir, provas do que acima dissemos.

Leiamos as palavras de Cristo, no Evangelho de São João, capítulo 15, versículo 16, quando falando aos Discípulos, diz o seguinte:

“Não fostes vós que me escolheram a mim, ao contrário, EU vos escolhi a vós para que deis frutos e que o vosso fruto permaneça”.

Por essas palavras compreendemos que o Senhor escolhera a Judas para que também desse os seus devidos frutos, cooperando dessa forma com AQUELE que o havia escolhido. O homem de Cariotes havia sido escolhido para realizar um serviço especial dentro do plano estabelecido. Cristo assim o fez porque o conhecia perfeitamente e sabia que, somente ele poderia executar tal classe de serviço, ou seja: a traição, tão necessária ao cumprimento das profecias. No Salmo 22, podemos encontrar o vaticínio do mesmo acontecimento.

Agora perguntamos: teria Judas Iscariotes razões especiais para agir dessa forma com relação ao Senhor? Caso ele não houvesse levado a efeito tal traição, o que teria acontecido a humanidade? Porventura teria sido salva? O capítulo 15, versículo 14, ensina-nos o seguinte:

 “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que EU vos mando”.

O versículo 19, diz:

“Se vós fosseis do mundo, o mundo vos amaria; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele Eu vos escolhi, por isso o mundo vos odeia”.

Estes versículos nos mostram claramente a atividade espiritual de Cristo sobre os seus Discípulos. Eles haviam sido escolhidos para confirmar e participar da Vida Espiritual com o Mestre. Não apenas deveriam ser iluminados pela presença da AURA DO CRISTO SOLAR, como também dar início a transmutação de seus corpos, constituindo-se dessa forma, numa vanguarda espiritualizante de uma futura humanidade. Na perfeita obediência atenderam à própria libertação espiritual (Pentecostes), em virtude das qualidades recebidas da AURA DE CRISTO. As amarras impostas pela lei até então, haviam chegado a seu fim. A constante transmissão das forças solares sobre os Discípulos, devia ser extraordinária, pois, o Hierofante, Cristo, lhes transmitia, francamente, o Espírito de Vida, consumando esse trabalho na Iniciação de Pentecostes. Cristo lhes havia dito que não mais eram do mundo, e que, todos sofreriam como Ele, profecia então cumprida, porquanto todos sofreram a morte de Cruz, exceto São João, que foi exilado para a Ilha de Patmos. Repetimos novamente: Cristo havia escolhido seus Discípulos, e conhecendo perfeitamente as capacidades internas de cada um, dava-lhes os devidos ensinamentos e os iniciava. Este fato nos faz sentir que a Escola Essênia encontrava em Cristo, a lógica e natural sequência dos ensinamentos espirituais para o mundo moderno. A cristandade tinha que se iluminar com a Luz que se encontrava no mundo (Cristo), Luz esta que constantemente era irradiada dos planos estelares. Na escolha dos Discípulos, notamos que o próprio Judas recebeu do Senhor a mesma consideração dada aos demais, recebendo, como eles, obrigações e deveres, sendo respeitado como qualquer outro.

Parte II – A Traição

Após esta digressão que se fazia necessária, voltamos ao assunto em pauta:

A TRAIÇÃO

Na Santa Ceia, quando estavam todos reunidos na mesa, Cristo, dando o pão molhado à Judas, perante os demais Discípulos, diz o seguinte: “Aquilo que deves fazer, faze-o já”.

Cristo tinha conhecimento de Sua Missão, e, portanto, era natural a Sua obediência às Escrituras, que, cerca de 1.000 anos antes já havia anunciado: “Eis que teu Rei virá a ti, justo e salvador, pobre e montado sobre um jumento, um asno, filho de jumenta” (Zacarias, Capítulo 9, Versículo 9-10).

O mesmo fato é também descrito cerca de 1.000 anos depois, no Evangelho de Lucas, no Capítulo 19, Versículo 33 e 35: “Quando eles (os Discípulos) soltaram o jumento, seus donos lhes perguntaram: Porque o soltais?

Responderam: Porque o Senhor o precisa. Então o trouxeram e, pondo suas vestes sobre ele, ajudaram Jesus a montar”.

Mui importante de observação é que, Zacarias, 1.000 anos antes, profetizara a mesma coisa que Lucas, Discípulo de Jesus, descreve em seu Evangelho.

Em sua exaltação espiritual, Zacarias fala com o Senhor – isso é evidente! E assim decorrem-se os acontecimentos, como se impressos numa chapa fotográfica, em negativo, e revelada com a chegada do Salvador, inclusive o drama final de Jesus e Judas.

A declaração de Zacarias no Capítulo 11, Versículo 10 é impressionante:

“Tomei a minha vara (Justiça e Suavidade) para desfazer o pacto que havia estabelecido com todos os povos”.

A consequência do desfeito da união entre Deus e seus povos é relatada no Versículo 12 de Zacarias:

“Eu lhes disse (à Hierarquia); se parece bem aos vossos olhos, dai-me o que me é devido, senão, deixai-o” (trata-se das 30 moedas).

No 13º Versículo fala o Senhor a Zacarias: “Arrojo isto no oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles”.

A expressão: EM QUE FUI AVALIADO, é muito significativa. Quem diz isso é o Senhor.

“Tomei (o Profeta) as trinta moedas de prata, arrojei-as na Casa do Senhor” (Zacarias aí faz o papel de Judas).

Esse Versículo coincide ainda com o Versículo 5 do Capítulo 27 de São Mateus: “Então, Judas, atirando para o Santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se”.

A essa altura, verificamos que Judas rompeu bruscamente os laços que o ligavam a seu povo, pois, impôs-se a si mesmo a justiça, que lhe foi negada na hora em que, arrependido, acusa-se perante os sacerdotes de haver acusado sangue inocente. Esta passagem firma-se, ainda, com o Capítulo 11, Versículo 14 de Zacarias: “Então quebrei a minha segunda vara, os laços, para romper a irmandade entre Judá e Israel”.

Lembremo-nos que Judá representa todo o povo Judeu, e os Israelitas representam os escolhidos, os adiantados. Judas provocou a separação entre aqueles que seguiam a lei e os que aceitaram os princípios cristãos, chamados de Israelitas-cristãos. Ao mesmo tempo, coincide que Pilatos, por não achar falha em Cristo, quebra a sua varinha e lava as mãos, em sinal de inocência no caso.

Lendo a seguir São Mateus 26, Versículo 2, encontramos o seguinte:

“Sabeis que daqui a dois dias celebrar-se-á a Páscoa, e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado”.

Havia, naquela mesma hora, uma reunião no Sinédrio, deliberando tirar a vida de Jesus. São Mateus, Capítulo 26, Versículo 4, diz o seguinte:

“Então os principais dos sacerdotes e anciães do povo, reuniam-se no palácio do Sumo-sacerdote, Caifás, e deliberavam tirar a vida de Jesus, prendê-lo por dolo e matá-lo”.

Na verdade, como ensina a Escritura, não havia necessidade de criar-se um pretexto para prender Jesus, pois, os sacerdotes e Cristo sempre se encontravam no Templo ou nos arredores de Jerusalém. Deve haver, assim, por base da traição, algo mais importante, mais transcendental. Vejamos que em Zacarias está apontado o drama de Cristo. Tentemos desvendar a palavra traição. Segundo o dicionário, é: um ato secreto, de um inimigo da vítima, que deve ser traída.

Novamente levamos o leitor a Escritura pela qual Zacarias predisse a traição do Senhor. No Capítulo 11, Versículo 11 de Zacarias e também no Profeta Jeremias, e ainda conforme o Evangelho de São Mateus, Capítulo 27, Versículo 9, e Capítulo 26, Versículo 12, onde Cristo falando aos Discípulos diz: “Derramando este perfume sobre o meu corpo, ela (Madalena) o fez para o meu sepultamento”.

Verificamos que, não somente Cristo sabia de Sua morte, como também Madalena e os Discípulos, pois Ele declarava todas estas coisas perante eles. Nessa mesma hora crítica, poderíamos perguntar: – Se todos sabiam da hora dramática de Cristo, porque não se ausentaram de Jerusalém, sendo que, Judas, ainda não O havia traído ou entregue? O Capítulo 26, Versículo 14 de São Mateus, explica:

“Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes indo ter com os sacerdotes propôs: Que me quereis dar, eu vo-lo entregarei?

E pagaram-lhe trinta moedas de prata”.

Confirma-se aí o colóquio de Zacarias com o Senhor.

Verificamos que coincide, tanto da parte de Cristo como da dos Discípulos, inclusive Madalena, o Sinédrio e os Profetas, saberem, pela mesma fonte, da Paixão em processamento e sua procedência. O veredito espiritual foi a condenação e o sacrifício pela morte de cruz, como porta de salvação para a humanidade. E assim também deveria ser o veredito humano, em cumprimento à profecia. A Plenipotência Divina apresentou-se por meio do corpo físico de Jesus e das Escrituras antiga e nova. A Paixão, sem dúvida, foi coordenada e admitida pela Hierarquia Espiritual. No caso de Judas, apóstolo do Cristo, não se deve encontrar anátema, mas sim a coordenação harmônica dos acontecimentos em propósito. A coragem de Judas faz-se sentir ainda mais impressionante em face de seu auto aniquilamento. As afirmações acima recebem ainda maior apoio quando lemos o Versículo 18 do mesmo Capítulo 26: “Ide à cidade, ter com certo homem, e dizei-lhe: O MESTRE MANDA DIZER: O MEU TEMPO ESTÁ PRÓXIMO; EM TUA CASA CELEBRAREI A PÁSCOA COM OS MEUS DISCÍPULOS”.

Nota-se, nestas palavras proféticas de Cristo, enviadas a seu amigo, (o evangelista não diz o seu nome) que o acontecimento máximo de sua existência está próximo, acontecimento este ligado à história do Mestre e de toda humanidade. O Capítulo 26, Versículo 21 de São Mateus, diz:

“Enquanto comiam declarou Jesus: Em verdade vos digo, que um dentre vós me traíra”.

Sentimos que os acontecimentos se precipitam, chegando à sua máxima culminância na Paixão, em seu ato final.

Um deles teria que ser o instrumento para esse fim e entre eles pairava a grande interrogação:

“Serei porventura eu?” (Versículo 22).

O Versículo 23 coloca os Discípulos entre a alternativa de trair o Mestre, quando diz: “Aquele que mete comigo a mão no prato, esse me trairá”.

Houve então silêncio e suspense, pois, não se sabia ainda, qual dentre eles teria coragem de tal prova. E Cristo, cheio de mansidão e pena, diz:

“O Filho do Homem vai como está escrito a seu respeito, mas, ai daquele por intermédio de quem será traído. Melhor lhe fora não ter nascido”.

Essas palavras não se tratam, absolutamente, de uma ameaça, como geralmente é entendido nas Igrejas populares. O Versículo 25 define o acontecimento: “Judas perante todos, mete a mão no prato do Mestre dizendo: Então sou eu Mestre? Prontamente responde Jesus: Tu o disseste”.

Com isso os Discípulos ouviram a sentença antes proferida por Jesus. O Versículo 47, fala da chegada de Judas com uma turba, armada de espadas e cacetes.

Entretanto, o Versículo 48 fala a respeito da amizade do Mestre para com o seu Discípulo. Ambos tinham ciência dos acontecimentos. O citado Versículo diz o seguinte:

“Ora o traidor havia dado este sinal: Aquele que eu beijar, este prendei”.

O Versículo 49 diz: “E logo aproximando-se de Jesus, disse-lhe: SALVE MESTRE, e o beijou”.

O Versículo 50 ainda diz: “Jesus disse a Judas: AMIGO, para que viestes?”.

Ambos sabiam que se tratava de suas mortes. É muito difícil crer que um traidor verdadeiro beije sua vítima, e nesse caso, o próprio Mestre que o escolhera!

Também, seria difícil crer que o Mestre Jesus chamasse a seu Discípulo de amigo, se não o fosse realmente. Porém, Cristo tinha razões suficientes para chamá-lo de amigo. Nos Evangelhos segundo São Marcos e São Lucas, os acontecimentos são idênticos. No Evangelho segundo São João encontramos algumas diferenças, que a seguir veremos. Em São João, Capítulo 13, Versículo 23, 24, 25 e 26, encontramos o seguinte:

“Ora ali estava aconchegado a Jesus um dos Discípulos que Ele amava”.

A esse, Simão Pedro fez um sinal dizendo: “Pergunte a quem Ele se refere? Então aquele Discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e tendo-o molhado, deu-o à Judas, filho de Simão Iscariotes”.

Podemos constatar nesse diálogo, como resposta à pergunta do Discípulo amado, e ainda de Simão Pedro que fizera o sinal, que Jesus apontou, inequivocamente aquele que O havia de trair.

Esse apontamento o fez Jesus abertamente, perante todos os Discípulos. Judas recebeu o pão molhado por Jesus à vista de todos que perceberam a sua tragédia, e, no entanto, ninguém o deteve quando saiu a dar cumprimento àquilo que havia sido ordenado por Jesus.

O Versículo 27, diz o seguinte:

“E após o bocado, imediatamente entrou nele (em Judas) Satanás: O que pretendes fazer, faze-o depressa”.

Nesse Versículo vemo-nos perante um enigma, pelo que o próprio Jesus se fez culpado da tragédia, pois, somente após ter dado a Judas o pão molhado, entrou nele Satanás. E ainda mais: Jesus ainda ordena a Judas, conforme as palavras do Evangelista: “O que pretendes fazer, faze-o depressa”. Judas recebeu o bocado molhado diante de todos, como sinal de que a hora havia chegado e nenhum discípulo foi contrário. Todos concordaram, senão, o teriam detido com toda certeza. Mas tal acontecimento era essencial, não se podendo contradizer a escritura, pois a salvação da humanidade era o alvo da chegada de Cristo à Terra, não podendo ninguém agir contra essa definição. Se aceitarmos a versão de que somente após haver recebido o bocado, entrou Satanás em Judas, é lógico que antes do bocado não estava nele. Pela lógica poderíamos dizer que Jesus era cumplice de Satanás e que Judas era vítima de uma cilada. CLARO ESTÁ QUE NÃO PENSAMOS ASSIM! Mas, tratando-se de um processo comum, o advogado teria que atender a lógica do caso, chegando à conclusão que acusamos de blasfema. Já dissemos que por detrás do caso há um enigma, e que, da forma descrita pelos Discípulos evangelistas, quase de forma semelhante há realmente uma traição, consentida e justificada por todos.

Outra pergunta pode ser feita: Jesus sendo justo e vidente, deu o bocado à Judas. Mas se o tivesse dado a outro Discípulo, teria esse cumprido a ordem?

Qual deles teria tanta coragem, tratando-se de trair o FILHO DO HOMEM, que se sujeitava ao PAI?

Mais um pormenor: A hora máxima de Jesus e Judas foi quando Jesus se dirigia a Judas com as palavras: “O que pretendes fazer, faze-o depressa”. Esta é uma ordem, não a Judas, mas ao Espírito do Mal, Satanás. É muito esquisita esta versão, mas foi a última vez que Cristo falou ao Espírito do mal, subordinando-o à sua vontade, a Sua Ordem. E Satanás obedeceu.

Procurando penetrar ainda mais no drama de Jesus e de Judas encontramos o seguinte quadro: “Ele (Judas) tendo recebido o bocado, saiu logo, e era noite”.

Quando ele saiu, disse Jesus: Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado Nele.”

Se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de glorificar (São João, Capítulo 13, Versículo 30, 31, 32).

Estes Versículos constrangem o simples pensador, pelo fato de Cristo ser glorificado no Pai, como também o Pai em Cristo por meio de traição de Judas. Se torna embaraçoso à nossa compreensão a palavra “traição”, em se falando da glorificação do Pai e do Filho por seu intermédio, pois, não se pode crer que os “Dois” se façam glorificar por meio de traição de Judas e em sua consequente morte. Pela lógica, e humanamente pensando, uma traição não é gloriosa e nem tampouco pode trazer glória alguma.

Admitindo-se haver uma glorificação entre o Pai e o Filho, não teria Judas também recebido sua devida recompensa? Sem dúvida, pois, a Lei Universal recompensa. Vemos morto de um lado Jesus e de outro Judas. Dois homens que ajudaram a completar a marcha da evolução humana, a favor da evolução cósmica. Não podemos, por conseguinte, excluir uma pessoa por meio da qual se completa um ciclo evolutivo. Julgando humanamente o caso, cremos que, como estavam as Leis Divinas em operação, tendo o Cristo que afastar-se do corpo de Jesus, a palavra “traição” não se apresenta em desafetos ou mesmo em exageros emocionais. A situação era definida e clara. A Lei Divina regia os acontecimentos e não homens. Vemos assim, de um lado, o sacrifício de Jesus, morto, e do outro lado de Jerusalém, Judas Iscariotes, Discípulo de Jesus também morto, em favor da libertação dos homens.

FIM

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Livro: Concentração e Meditação – Estudo segundo a Filosofia Rosacruz

A primeira prática a efetuar-se é a fixação do pensamento em um ideal e assim mantê-lo, sem permitir que se desvie.

Tarefa sumamente difícil, ela deve ser realizada regularmente pelo menos até que se possa alcançar algum progresso.

O pensamento é o poder que empregamos na formação de imagens, cenas, pensamentos-formas, de acordo com as ideias internas.

É o nosso poder principal, e temos de aprender a mantê-lo sob nosso absoluto controle de modo a produzirmos não absurdas ilusões induzidas pelas circunstâncias exteriores, mas sim imaginações verdadeiras geradas pelo espírito, internamente.

Ouvimos com frequência pessoas exclamarem petulantemente: “Oh! Não posso pensar em cem coisas ao mesmo tempo! ”.

Na realidade era exatamente isso o que estavam fazendo e que lhes causou o aborrecimento de que se queixam.

As pessoas vivem pensando constantemente em cem coisas diferentes daquela que têm em mãos. Todo êxito é alcançado através da concentração persistente no objetivo desejado.

Tendo praticado a Concentração durante algum tempo, enfocando a Mente sobre um objeto simples, construindo um pensamento-forma vivente através da faculdade imaginativa, o Aspirante pode aprender pela Meditação tudo o que se refere ao objeto assim criado.

1. Para fazer download ou imprimir:

F. Ph. Preuss – Concentração e Meditação – Estudo segundo a Filosofia Rosacruz

2. Para estudar no próprio site:

CONCENTRAÇÃO E MEDITAÇÃO

ÍNDICE

I – A CONCENTRAÇÃO E A MEDITAÇÃO Nas Escolas Esotéricas.

II – A FORMA E DURAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO.

III – A REGULARIDADE, HORA E O LUGAR DA CONCENTRAÇÃO – A ABSTRAÇÃO

IV – AS Condições importantes na concentração: O SILÊNCIO E A HIGIENE (Física e Mental).

V – O AMOR, A PUREZA E O SONO – Fatores importantes na Concentração 

VI – O OBJETO que deve motivar a Concentração (“sobre o quê” e “no quê”) 

VII – A ATENÇÃO: A chave mestra na Concentração e na Introspecção – A MEDITAÇÃO: consequente a Concentração.

VIII – A INTUIÇÃO: o que é – AS Suas relações com a Concentração e a Meditação

IX – o Local e as condições físicas propícias a Concentração: o Relaxamento nervoso, a Respiração, a Calma, a Concentração isolada ou junto de outrem, A CASTIDADE, o Lugar da Concentração.

X – A ALIMENTAÇÃO – os Venenos – O Grande Remédio – A alimentação.

XI – OS Outros Recursos de Grande Valia: AS Leituras Espiritualistas, A Música apropriada, A Arquitetura, Outros recursos complementares.

XII – CONCLUSÕES: O plano das Hierarquias – O EGO e a Divindade.

I – A CONCENTRAÇÃO E A MEDITAÇÃO Nas Escolas Esotéricas

No curso da evolução, nas Escolas Esotéricas, são imprescindíveis a CONCENTRAÇÃO e a MEDITAÇÃO. Destes dois exercícios depende o conhecimento dos planos superiores, como também, o melhor conhecimento da vida em comum no meio em que se vive, seja isto física, social ou intelectualmente. Todas as escolas esotéricas ensinam estes dois exercícios, ainda que outras acrescentem as mesmas a retrospecção, como exercício matutino de meditação.

Em geral, os candidatos infelizmente não se desenvolvem assim como deseja a escola, e por isso as suas faculdades psíquicas não alcançam os resultados almejados, e, portanto, deficientes, pois a maior parte dos candidatos se limita apenas a leitura dos livros. O trabalho de concentração foi ensinado a fim de que o próprio candidato faça suas pesquisas e consiga, com o tempo, seu mecanismo superconsciente para adquirir conhecimentos espirituais.

Devemos salientar, com todo o rigor, que a autolibertação do EGO de seus corpos inferiores não pode se processar sem a aconselhada e devida concentração, bem como a meditação.

Se o candidato não sujeita seus pensamentos à sua vontade, não coordena os mesmos num corolário progressivo e ampliado, de forma harmônica e de beleza geral, desde que a LUZ DIVINA paira sobre todas as coisas as quais se revelam pela atividade meditativa, não pode chegar a consciência dessa luz que deseja se manifestar. As hierarquias astrais-celestiais introduziram em suas escolas esotéricas a concentração, ou seja, a fixação mental de alguma coisa em um único ponto, ou dirigir a Mente em um único ponto de atenção, para depois, automaticamente, passar à meditação, isto é, ampliar aquilo que se tem fixado pela concentração. Sem a devida fixação da Mente do que se deve concentrar não haverá meditação. Esta é, verdadeiramente, a arte de se conhecer pela concentração aquilo em que se medita. Se se concentra numa rosa, não se deve pensar, ao mesmo tempo, em um cavalo, pois, a Mente deve fixar-se na rosa. Deve se conseguir que a MENTE OBEDEÇA A VONTADE, pois sem a devida vontade a Mente fugirá do assunto. O principal objetivo durante a meditação está em que a Mente não se AFASTE DO ASSUNTO QUE O ESPÍRITO DESEJA FOCALIZAR, não o deixando escapar.

Caso haja fuga de pensamentos, o que via de regra acontece aos neófitos por falta de suficiente atenção sobre o caso, pois a vontade ainda não atua sobre a Mente, deve o pensamento ser laçado, assim como se laça um cavalo rebelde. Cada vez que o pensamento foge deve ser laçado, até que se sujeite o mesmo à vontade do EU e, uma vez isso conseguido, não mais escapará e a meditação e a concentração tornam-se uma maravilha na vida do candidato. Este é o segredo na técnica da concentração, mostrando também, o modo de se habilitar as futuras iniciações, adquirindo conhecimento direto sobre a própria natureza, assim como conhecimento geral.

Os alunos perguntam, geralmente, que posição se deve tomar ou qual a melhor para se concentrar. Depende em primeiro lugar, da disposição que se tem para concentrar, pois, às vezes, os nervos não deixam fazê-lo ou quando o estômago esteja sobrecarregado, o mesmo acontecendo quando se pensa em negócios, ou ainda, quando se encontra doente, sofrendo dores.

São estas as contraindicações, pois a concentração só se fará com a exclusão de todos os tipos de fenômenos psíquicos ou patológicos, estes mencionados. Precisa-se deste modo, de muita calma, do abdômen descarregado, do corpo sem dores, etc. Se, porém, deseja-se concentrar não estando doente e se a cabeça estiver quente, deve-se banha-la com água fria tanto tempo até que se ache calma. Para livrar os intestinos dos efeitos produzidos por alimentos queimados deve-se fazer lavagens. Se houver dores, melhor será não se concentrar; mesmo assim pode-se tomar um banho morno prolongado, durante uma hora. Dores em geral diminuem com banho de água morna de 37 graus centígrados. Logo depois, pode-se experimentar a concentração.

Caso esteja cansado, convém tomar um banho de chuveiro frio. Em todo o caso, para o espiritualista é mais importante utilizar-se de banhos ou de higiene em geral à noite, antes de deitar-se, devendo assim proceder sempre que se sentir refrescado e nunca exausto.

A respeito dos cônjuges, deve-se dizer que uma cama em comum para os dois precisa ser evitada, pois, difícil será a concentração em conjunto com o seu par.

Nenhum dos dois poderá concentrar na presença um do outro. Também o trabalho noturno, extra corporal, ficará prejudicado, pois, não somente o Corpo Denso se ligará ao outro pelo mais ligeiro contato, como também a mescla dos corpos etérico (Vital) e de Desejos de ambas as partes será desfavorável ao serviço espiritual. Como os Corpos Vital e de Desejos se alongam para fora do Corpo Denso, penetram nestes reciprocamente em seu companheiro. Obviamente, aí está o perigo, pois pode o corpo etérico não se refazer suficientemente, podendo até mesmo ser atraído pelo componente mais forte, diminuindo assim as qualidades dos corpos superiores, como também do Corpo Denso.

Com essas explicações vê-se porque razão é preciso que se separem os cônjuges para o devido exercício de concentração.

Antes de tudo, deve-se dizer que a concentração não é fácil. É bastante difícil e requer muito tempo até que se apresentem os resultados, existindo mesmo pessoas que se concentram quase uma vida inteira com pouca eficiência, para mais tarde lograr êxito. O aluno deve demonstrar sempre boa vontade, até que consiga resolver este problema, devendo sempre se lembrar de que, numa vida futura, a concentração se tornará mais fácil, devido a ter-se aplicado nesta vida, assim terá mais afinidade em vidas futuras. A persistência é imprescindível.

II – A FORMA E DURAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO

Para que se possa concentrar é preciso um objeto, sobre o qual se dirija a Mente. Este objeto pode ser visível ou imaginário. Em geral, para o neófito, é mais fácil dirigir-se a um objeto a sua vista. Os olhos devem somente fixar o objeto que se acha a sua frente.

Este é um treinamento não só para a concentração como também para a vontade; se esta faltar, os olhos se afastam gradativamente de seu objetivo. A vontade deve atuar para que os olhos não se desviem e se não a tiver para dirigir os olhos e a atenção sobre o objeto, constantemente a Mente estará ocupada e não poderá conter outros pensamentos através de si, para que o objeto que vê não se desvie. Vale dizer que na concentração existe uma série de fatores que se entrelaçam desfavoravelmente quanto a sua finalidade. Se o candidato conseguir fixar-se num objeto sem desviar os olhos por cinco minutos e não desfocar a atenção, estará bem concentrado.

Outra forma de concentrar é com um objeto imaginário, subjetivo. A concentração sobre uma rosa em nossa frente é o caso objetivo, porém se não tivermos a rosa, á a forma subjetiva. Podemos fechar os olhos e não abandonar mais a imagem da rosa até que a mesma se manifeste ante os nossos olhos internos e quanto mais forte for a nossa imaginação apresentar-se-á em nosso interior a referida flor. Este fenômeno não deve ser confundido por um ignorante em questões metafísicas como uma alucinação ou histeria.

A concentração e meditação foram impostas aos espiritualistas, para criarem em si fenômenos inexistentes na vida material. Assim é o caso de nossa rosa. Esta pode se criar por si. A nossa vontade é então dirigida para criar uma rosa e logo que se tenha obtido sua imagem interna, podemos meditar sobre ela.

Estes exercícios requerem tempo para atingir, ou melhor, apresentar resultados e temos que praticar a concentração todos os dias, se for possível, na mesma hora e no mesmo lugar, pois, sem praticar não existirá aperfeiçoamento em qualquer ensinamento e, praticando, teremos a satisfação de conduzir nossas faculdades a fim de obter a visão interna.

Muita importância se deve dar aos exercícios e se adverte o seguinte: NÃO EXISTE

CONCENTRAÇÃO SEM ATENÇÃO SOBRE O QUE SE CONCENTRA. Inútil é querer se concentrar sem a devida ATENÇÃO naquilo em que se deseja concentrar, não adiantando vontade alguma se a mesma não for persistente, não permitindo mesmo que a rosa em a qual concentramos de repente se transforme em um cavalo e, como já mencionamos, a rosa tem que permanecer rosa e isto só é possível com a devida ATENÇÃO sobre o pensamento que a forma.

Se tirarmos a atenção da forma, a Mente transformá-la-á em outro objeto, pois, esta última não é bastante firme, dando seus pulos espetaculares como cavalos sem freios. Não é possível concentrar-se definitivamente sobre a rosa, se se pensa, ao mesmo tempo, no bolo que se vai comer logo a noite no aniversário de alguém da família. A concentração requer repetimos: – ATENÇÃO SOBRE AQUILO QUE SE CONCENTRA. Esta é a chave e praticamente não há outra. Com atenção o pensamento não se desvia e, se aparecerem outros, serão automaticamente desviados, concentrando-se somente naquilo que é desejado, pois, se desviada a atenção, jamais se formará a visão interna. Com o tempo, o intelecto se sujeita à vontade e se torna um instrumento bondoso e lúcido com o EGO. O candidato, assim exercitando, aprenderá o que é ATENÇÃO, a qual muitas vezes é difícil de fixar, porém, mais tarde apresentar-se-á como sendo de perfeita naturalidade, pois quem presta atenção nas coisas é o EGO e não a inteligência nem o sentimento, os quais são seus meros instrumentos.

Quem aspira, quem ouve e quem vê é o EGO e não os órgãos sensoriais, os quais são comandados pelo mesmo para manifestarem onde e quando for preciso. Existem diferenças entre as funções do organismo, mas quando se pensa que é o EGO que o dirige, verifica-se a união deste com o EGO DIVINO.

III – A REGULARIDADE, HORA E O LUGAR DA CONCENTRAÇÃO – A ABSTRAÇÃO

Realçamos uma vez mais a importância do manejo da concentração, quando dizemos que a nossa Mente deve ser “estéril” para outros pensamentos e ativa apenas para aqueles que iniciamos a pensar. Deve somente ser atendidos aqueles pensamentos que se correlacionam com o objeto em mira.

Um sábio certa vez dissera que a concentração e a meditação são como o óleo que se despeja de um vasilhame a outro. Tem um fluxo constante e igual até que se tenha esgotado, no nosso caso, o material pensante.

Isto quer dizer que se deve prestar muita atenção para que o fluxo não diminua e permaneça constante, de igual intensidade, não intermitente, sem alternâncias de tensão, sempre igual.

É um bom exemplo e deve ser praticado com todo o carinho. Se com o tempo for obtido bom resultado ou êxito razoável em seus esforços, uma vez que o pensamento já não mais se desvia, o tema poderá ser modificado, não precisando permanecer no mesmo, pois, o principal é que quando percebamos a fuga do pensamento, encontremo-lo de novo. Percebendo a referida fuga, devemos pular atrás dele como se fosse um canário escapando de sua gaiola.

O pensamento é rebelde, difícil de domar assim como um cavalo novo e o Estudante, por certo, terá grandes dificuldades para domina-lo em seus exercícios. Todas as ciências são aprendidas em tempo regular e normal, e no estudo da matemática, medicina ou engenharia ou tantas outras, obtém-se ao término do curso o diploma, mas, com relação a concentração e meditação, leva-se muitas vezes uma vida inteira para que se possa receber pelo seu esforço o diploma. Cada um deve verificar o seu próprio progresso, pois os outros raramente podem dizer se o candidato conseguiu ou não o seu objetivo e somente ele, o candidato, deverá vencer as dificuldades, uma vez que a Mente já não mais aceita o desvio do pensamento.

Assegura-se, porém ao Estudante que isto é possível, dependendo tão somente da aplicação da ATENÇÃO sobre o caso.

A felicidade que se experimenta durante os exercícios e depois deles é indescritível e não poderá ser comparada a nenhuma outra existente no mundo. Sentirá o Estudante uma alegria interna além de toda a nossa compreensão, uma vez que a alma recebe as irradiações em toda a sua pureza dos centros espirituais do corpo humano. Pode-se assim demonstrar que a concentração representa a PORTA para o ALÉM e sem os exercícios nunca existirá essa possibilidade.

Muitos Estudantes alegam não ter tempo ou lugar para realizar a concentração. Representa, sem dúvida, uma esfarrapada desculpa. Em hipótese alguma precisamos acreditar que somente em casa pode-se exercitar. São desculpas, porém a verdade é esta: QUEM DESEJA SE CONCENTRAR, SABERÁ ENCONTRAR TEMPO E LUGAR, e se não houver lugar em casa, temos jardins, ruas, um cantinho numa igreja, e se não houver tempo durante o dia, à noite estará a nossa disposição, existindo, ademais, domingos, feriados e dias de festas quando não se trabalha. Pode-se estar fora de casa e pensar sobre a grandeza de DEUS e da natureza que é sua manifestação, estar à beira de um riacho ou de um lago, de um rio, do mar ou de uma montanha ou em qualquer lugar afastado da civilização e comungar com o nosso DEUS, concentrando-se em sua obra, criando-se possibilidades, pois ELE quer que tenhamos vontade e como filhos D’ELE que somos, conversemos com ELE. Percebe-se que nossa Mente procura ao invés, evitar, criar dificuldades, pois a ocasião para se concentrar sempre estará presente se assim desejamos.

Gostamos de mentir a nós mesmos, com evasivas; porém, uma vez mais afirmamos que a concentração representa a porta pela qual nos dirigimos ao além. Max Heindel, em suas dissertações, alegava, razoavelmente, que se deve concentrar não se deixando perturbar mesmo nas mais difíceis circunstâncias, ainda que ocorra nas proximidades uma estrondosa detonação, pois a concentração deve ser tão profunda que não possa mudar sua ação interna.

Pois bem, esta possibilidade só se pode esperar daquele que já tenha atingido a abstração em todas e quaisquer circunstâncias, achando-se em união com Deus. Ter-se-á que trabalhar duramente para alcançar esta possibilidade utilizando os exercícios expostos neste trabalho.

Aquele que sabe se concentrar encontra esta faculdade e como disse Max Heindel, aquele que não chegar a abstração, não conseguirá por outros meios.

Todos os grandes pensadores espiritualistas tiveram a dificuldade da completa abstração e aqueles que se iniciam a instruir-se nessa doutrina, demorarão muito tempo até dominar os pensamentos. Por isso, nenhum candidato deve esmorecer em sua vontade de adquirir a abstração, pois enorme será a recompensa e muito grande a felicidade, ingressando mais cedo ou mais tarde na fonte da vida. Se alguém em vidas passadas tinha por hábito a meditação por pertencer a organizações espiritualistas, nesta vida terá muito mais facilidades para consegui-lo e o candidato de hoje, que inicia estes exercícios, adquire desde já para vidas futuras a possibilidade de sua exaltação espiritual. Digno de louvores o aluno que tem compreendido a razão de sua vida no presente e que faz esforços para vidas futuras. Depende desta vida a quantidade de conhecimentos adquiridos pelo EGO para que seja mais fácil sua autonomia sobre questões espirituais.

IV – As Condições importantes na concentração: O SILÊNCIO E A HIGIENE (Física e Mental)

Os filósofos dizem que se precisa do silêncio para se conseguir sucesso nos exercícios espirituais. Neste sentido deve o aluno periodicamente afastar-se do meio ambiente costumeiro, viver uma vida pura e, na solidão do silêncio, experimentar a grandeza existente na união de todas as coisas na imensidão do horizonte que se lhe apresenta. Sente no silêncio de seus sentimentos, na inteligência, na espiritualidade e na vontade o que não pode sentir em presença da atual civilização e da pouca cultura comum. O afastamento aconselhado de quando em quando resulta no fortalecimento dos conhecimentos espirituais, os quais mais tarde, mesmo diante das maiores dificuldades da vida civilizada não serão perdidos. Quem nunca se tem entendido com Deus na solidão, não obterá tão facilmente esta divina emanação em meio à perturbadora civilização.

É imprescindível a higiene interna e externa do neófito, ou seja, viver puro interna e externamente. A alimentação vegetariana, ou ainda, se possível, a frugífera, tem papel importante na vida do espiritualista.

O Adepto, que se dedica à evolução humana, fisicamente se alimenta de frutas ou cereais e, mesmo que não se possa exigir de um aluno as mesmas regras exigidas de um Adepto, deve ele cada vez mais aprimorar-se nessa conduta. O aluno de hoje terá amanhã a orientação e responsabilidade daquele, e se hoje se fala das possibilidades para edificar em si o futuro Adepto, razoável será que desde já comece a cumprir as regras, não tão difíceis, mas ao alcance de cada qual.

V – O AMOR, A PUREZA E O SONO – Fatores importantes na Concentração

Os sentimentos de amor, uma das mais sensíveis atividades de nossa vida deve ser cultivada de maneira que os sentimentos impuros, inconvenientes, odiosos, enfim, todos os que são desfavoráveis ao coração caiam por terra da mesma maneira como as flechas caem quando atingem um escudo de aço. Somente sentimentos elevados ajudam a concentração, pois assim a Mente permanece calma e sem essa a mesma não obterá resultado. A higiene mental deve ser cultivada, devendo a Mente alimentar-se somente de pensamentos sublimes.

O cérebro necessita alimento assim como o Corpo Denso, enquanto o coração se alimenta de amor e de puros sentimentos, os quais vêm refletir na possibilidade de se concentrar, assim como meditar e mesmo orar.

Para a higiene corporal como fator de evolução, existe mais uma questão importantíssima, a saber, a do dormir. Em primeiro lugar, deve o candidato dormir sozinho a fim de evitar o contato ou de um filho, ou da esposa, ou vice-versa. Deve além do mais, ler livros apropriados, de preferência de autoria de mestres espirituais, assim como ouvir boa música, pois, óbvio é que, quem não se educa permanece na ignorância, que é pecado. O espiritualista deve adquirir conhecimentos em larga escala e em todos os setores da vida e da cultura.

Pois bem, mister se faz que recapitulemos: um organismo cansado e doente não deixa a Mente agir favoravelmente aos exercícios fazendo com que as formas mentais fujam imediatamente, não conseguindo à vontade ligar-se às mesmas, borrando-se consequentemente as impressões. Claro também é que, se durante o dia o cérebro se cansou na luta pela sobrevivência, os pensamentos serão confinados por vibrações destrutivas e isoladas, sem qualidades, prejudiciais à concentração, não se obtendo resultado algum. Se preocupações inundam nossa Mente por motivo de sentimentos de medo ou de aparentes desavenças, o corpo emocional não se acalma, verificando-se de novo prejuízos aos exercícios. Sabe-se que a doença rouba boa parte dos éteres luminoso e refletor necessários ao saneamento do corpo e nesse caso a concentração será inútil. Outras condições também desfavoráveis surgem durante a concentração. Frequentemente pensamentos eróticos, mesclando-se e prejudicando o fluxo de pensamentos aparecem, fazendo surgir quadros sensuais os quais devem ser combatidos com a indiferença, pois também prejudicam a concentração. Os espíritos luciféricos têm interesse em dominar-nos pela sensualidade e sabendo-se disso, imediatamente devem ser desviadas suas maléficas vibrações por meio de pensamentos diferentes, de orações ou mesmo lavar a cabeça com água fria assim como os órgãos genitais. Os espíritos luciféricos não desejam nossa Mente livre de sua bufonaria, mas sim infiltrar sua falsa luz; porém, se nos aplicamos constantemente em uma higiene mental, os aspectos eróticos desaparecerão. Neste ponto deve-se frisar, com ênfase, que a vida conjugal em convivência noturna numa só cama é de acentuada desvantagem, pois não só os corpos físicos ficam diretamente ligados como também os corpos etéricos e de desejos.

VI – O OBJETO que deve motivar a Concentração (“sobre o quê” e “no quê”)

Sobre o que se deve concentrar?

Esta é uma pergunta que frequentemente o aluno se faz. Já mencionamos anteriormente alguns esclarecimentos sobre o assunto. Continuemos, todavia. Deve o aluno orientar-se por quadros internos e o objeto em mira depende da altura do seu temperamento, de sua cultura, da sua profissão, enfim de circunstâncias várias. Uns concentram-se bem sobre objetos à frente de seus olhos por ser mais fácil, outros preferem sentimentos já existentes na alma, havendo ainda os que procuram concentrar-se sobre um pensamento e desenvolve-lo, pela meditação, seguindo-o a fim de conhecer o resultado. Trata-se em verdade de familiarizar-se à concentração, não mais se separando de seu pensamento. Para ilustrar este tema, cita-se um diálogo entre um Mestre de Sabedoria e um discípulo a respeito da meditação sobre um búfalo.

Um discípulo da milenar sabedoria que vivia às margens de um sagrado rio um dia procurou um famoso sábio e pediu-lhe que o instruísse no método da melhor concentração. O sábio respondeu: – “pensa sobre Deus, sua grandeza, sua harmonia, sua luz”. O aluno respondeu: – “Mestre, mui querido Mestre, eu não posso fazer isto, pois é muito difícil para minha cabeça que é tão dura; – dê-me uma tarefa mais fácil”. Falou o mestre: – “não tenha receio, eu lhe darei um caso mais fácil; preste atenção. Coloque uma estatueta do Deus Krishina em sua frente, sentado na posição de lótus (pernas cruzadas, inconveniente para os ocidentais), fixe-a e não veja outra coisa senão a estátua”. Respondeu o aluno: – “Mui querido Mestre; isto é ainda bem mais difícil; se devo cruzar as pernas doem-se os joelhos e os quadris e se penso na dor não posso pensar na estatueta. De que maneira posso ficar quieto, pensando sobre tantos detalhes, se não me é possível pensar em uma só coisa!” Aí falou o Mestre: – “coloque uma fotografia do seu pai em sua frente, sente como quiser e mira-a um só momento”. O aluno retorquiu dizendo: – “Querido mestre; isto também é muito difícil, pois, meu pai sempre me amedronta; é ele um homem mau que me bate duramente e meus pés já começam a tremer no simples pensar sobre ele. Humildemente eu lhe imploro, Mestre, dê-me outra coisa ainda mais fácil que, seguramente, eu conseguirei”. Falou o Mestre: – “então me diga o que você mais estima em sua casa?”. Respondeu o aluno: – “tenho em casa uma fêmea de búfalo a qual criei com todo o meu carinho. Todos os dias me dá ela leite e manteiga; gosto muito dela e penso sempre nela”. O Mestre aconselhou-o: – “entre neste quarto e se encerre nele. Sente num canto do mesmo e pense continuamente em sua vaquinha de búfalo, medite sobre ela e não pense em outra coisa. Comece já!”,

Encantado pelo conselho, cheio de alegria e confiança, voltou o discípulo ao quarto e fez o que lhe aconselhou o Mestre, com verdadeiro arrebatamento. Durante três dias não se mexeu, esquecendo-se até mesmo de comer e de beber. Não estava mais consciente do seu corpo nem do ambiente, completamente absorto que estava na figura do búfalo. No terceiro dia, o Mestre, desejoso de saber o estado do aluno, encontrou-o em profunda e perfeita meditação. Chamou-o em voz alta: – “Como você está se sentindo? Venha cá fora para tomar uma refeição”. Respondeu o aluno: – “meu Mestre, estou muito grato ao senhor, mas acho-me em meditação e não posso sair daqui. Cresceu demais o meu corpo e não poderei com meus chifres sair por essa pequena porta. Eu amo tanto o meu búfalo que nele me transformei”.

O Mestre vendo que o discípulo se achava em completa concentração, chamou-o dizendo: – “você não é um búfalo; muda o objeto de sua concentração e meditação e modifique a forma do animal à sua essência que é a sua própria e verdadeira substância”. O discípulo modificou então o pensamento segundo os conselhos recebidos, tendo assim, alcançado a união perfeita com o espírito, que é o objetivo, o alvo da vida. Verifica-se, pois, por essa narração o que se deve manifestar em nós como o significado da meditação. Deve-se chegar ao ponto de se identificar com a coisa sobre a qual se medita. Se um dia chegarmos a meditar sobre Deus, de que modo Ele se identifica conosco, sentir-nos-emos integrados na essência divina.

Exemplifiquemos algo “sobre o que”, “como” e “no que” se deve concentrar.

Concentrar-nos-emos sobre uma rosa, a qual é um objeto a nossa vista. Fixemo-la. O pensamento dirige a Mente naquilo que se concentra.

A concentração somente se realiza quando se toma a devida atenção sobre o objeto, senão o mesmo foge imediatamente da nossa visão. Se a concentração for perfeita, sentiremos quase palpável a rosa, sua forma, sua cor e seu perfume. Tenhamos em Mente que existindo uma regra quase rígida para se concentrar, mecaniza-se a Mente, a atenção focaliza o pensamento sobre o objeto experimentando-se uma sensação que nada tem a ver com o intelecto. Estaremos impressionados pela beleza da flor, seu colorido, e assim sentiremos algo que está acima do intelectual, algo que inculca à nossa observação uma simples sensação da alma que por sua vez, transmite à consciência uma essência espiritual. Sentiremos, assim, muita felicidade, a qual não é uma sensação da inteligência e sim do espírito. É este o ponto o qual a concentração faz o ser humano sentir-se no espírito, uma vez que este se integrou no objeto, pois deseja sentir-se a sua totalidade, as partes externa e interna. Adquirida pelo EGO esta sensação, forma-se a exaltação, a união com a essência da rosa ou de Deus, ou “Deus da rosa”, que é também o nosso. Sentimo-nos, pois em presença do EGO que nada tem a ver com o “eu inferior” oriundo da emoção do Corpo de Desejos. Tem-se assim, absorvido o intelecto no EGO, bem como a emoção.

As qualidades da rosa, sua forma, seu colorido e seu perfume transformam-se em “ESSÊNCIA DA ROSA”, que somente o EGO sente e neste instante desaparece o mundo e se abre o céu, o céu dos Evangelhos que fala: “O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÓS MESMOS”. Este fenômeno é a realização da “UNIÃO COM DEUS”. Reafirmamos que, sem a concentração diária, sem aplicação da meditação, não existe a libertação em Deus.

Expliquemos mais ainda: o EGO deseja ser dono de seus corpos físicos, etéricos, emocionais e do intelecto, subordinando-os a sua ordem e sua vontade, posto que é divino e não humano.

O EGO deseja a unificação com Deus e com o Cosmos e não com o ser humano material, a casca do mesmo. Por estas premissas observamos que para o EGO praticamente não existe a lei de CAUSA E CONSEQUÊNCIA, pois este é sempre divino, sendo inatingível por leis que regem as regras materiais. A lei de CAUSA E EFEITO se manifesta no grosseiro mundo material, sendo anulada na proporção do avanço do EGO neste plano material. A concentração define este fato perfeitamente durante a sua exaltação em Deus, pois o EGO se unifica a Ele. Por outro lado, o EGO que é espírito puro não tem mais controle total sobre o seu corpo inferior nem sobre os átomos do material a sua disposição em nosso globo, mas com o tempo, todos os corpos materiais reagirão a demanda do EGO. Nesta fase alcançaremos aquilo que a bíblia diz: “SEJAIS PERFEITOS COMO VOSSO PAI NOS CÉUS É PERFEITO”, ou “O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÓS”.

VII – A ATENÇÃO: A chave mestra na Concentração e na Introspecção – A MEDITAÇÃO: consequente a Concentração

Devemos cuidar de que as imperfeições devem ser eliminadas pelo EGO. A Concentração e a Meditação tendem a expulsar com a ajuda do Homem Divino, o EGO, as imperfeições além de causa e consequência às quais não pertencem aos céus e sim ao Mundo Físico, ao mundo inferior, onde se manifestam devido as transgressões das leis da natureza. Óbvio que, onde não existe transgressão não existe a lei de causa e consequência e se a mesma existisse nos planos espirituais, estaria também o Arquiteto do Universo sujeito à mesma e isto nós sabemos, não é assim, pois se não formarmos mais “destino maduro”, jamais esta lei entrará em ação.

Vamos novamente falar sobre temas de meditação em seus vários aspectos, sobre suas funções e sobre suas diversificações. Voltemos a rosa. Falemos de sua forma, colorido, perfume, enfim, de seu conjunto fenomenal percebidos pelos órgãos sensoriais. Falemos de fatos subjacentes a estes fenômenos, da maneira como a alma os aceita ou sente suas impressões. Falemos como se processa a exaltação, a nossa união com o corpo do Espírito do Cosmos quando não mais se sente separados de Deus. Falemos que somente pela meditação a alma se separa dos mundos materiais, intelectuais e emocionais, para depois ingressar na sua consciência espiritual, no corpo divino de Deus. Vamos, pois dar um passo mais para frente em relação ao que chamamos exaltação. Que regime deve nortear-nos a esse fim?

Falamos anteriormente da concentração sobre as coisas que vemos, que se formam na imaginação, sobre coisas existentes. Agora temos em mente apenas coisas abstratas, que não se apresentam na vida real, de fenômenos subjetivos, não existentes, formado em nosso interior.

O EGO tem a tendência de criar em nossos sentimentos coisas que lhe agradam, para, assim, obter a sua libertação. O que o EGO faz pode despertar nossa alma, obrigando-a sentir fenômenos tais como TERNURA, AMOR MATERNO, IMAGINAR-SE DENTRO DO CORPO DE CRISTO, DESCER COM CRISTO DA CRUZ, ELEVAR-SE EM SEU CORPO DENSO,

ABENÇOAR A TERRA OU CURAR O CEGO. Essas meditações representam a verdadeira ação do EGO e são alguns exemplos que se propõe à meditação. O aluno poderá encontrar outros assuntos bem melhores e mais eficientes, bastando tão somente que sejam reais para a vida espiritual e irreais para a vida física, procurando sempre tirar o máximo proveito da meditação a qual faz a alma sentir-se fora da vida real. Deve procurar algo que seja impalpável na parte sensorial e quanto mais abstrato o tema escolhido, mais eficaz será para o conjunto divino e melhor para a purificação dos corpos. Recapitulemos novamente uma questão essencial que nunca deve ser esquecida. Reprisamos mesmo essa ideia por ser a mesma de máxima importância para a iniciação: “NÃO PERCA NUNCA A ATENÇÃO NAQUILO EM QUE SE CONCENTRA, POIS DE OUTRO MODO, SEU TRABALHO SERÁ EM VÃO”.

A ATENÇÃO É A CHAVE DA SUA LIBERTAÇÃO NOS PLANOS SUPERIORES. As retrospecções à noite, bem como a concentração matutina, por sua vez, não terão valor algum caso não seja feito com a devida atenção e, na falta desta, A LUZ DOS SEUS OLHOS

INTERNOS JAMAIS SE ABRIRÃO. A ATENÇÃO forma a introspecção. Assim, mais cedo ou mais tarde resultam em faculdades suprassensíveis, normais, sem necessidade de meditar.

Adverte-se nesta altura que, mesmo que a alma tenha possibilidades de se aplicar, o objetivo somente será alcançado por meio da meditação.

VIII – A INTUIÇÃO: o que é – AS Suas relações com a Concentração e a Meditação

Vejamos mais um capítulo que resulta da prática da concentração.

A Mente se esforça para conhecer as coisas do modo mais claro, sendo a mesma um órgão, digamos, apurador, possuidora que é de um discernimento positivo, não tendo necessidade de calcular, raciocinar ou mesmo de decifrar enigmas que se lhe apresentem, pois, a mesma se torna mais pura e mais poderosa por seu conhecimento imediato. Não há ademais, especulação, suposição ou dúvida, e pela exatidão do conhecimento que resulta de sua iluminação, funde-se a mesma na INTUIÇÃO, a inteligência superior. A meditação leva nossa alma por esta razão do campo meditativo ao conhecimento contemplativo e ainda, ao plano da intuição onde as inspirações fluem ao lado do EGO. A INTUIÇÃO, que está intimamente ligada à inspiração, é contrária à lógica da Mente a qual, apesar de tudo, tem suas limitações, pois haverá sempre um ponto final no sentido da exata lógica pela falta de material sobre que pensar. Na Mente superada, na intuição e na aceitação desta pelas aspirações ou infiltrações de sentimentos espirituais, não haverá limitação, pois encontra-se o espírito na espiritualidade sem limitações.

Daremos agora uma explicação sobre as diferentes qualidades do EGO em presença do intelecto e da intuição.

Vemos que o intelecto está subordinado à vontade do EGO durante a meditação, exercendo esta sua função sobre o objeto mediante a atenção, tornando-se conhecedor das coisas meditadas, caso esteja o intelecto sujeito a ele como um instrumento em seu poder.

Praticamente o intelecto está sendo atraído pelo EGO iluminando-se pela subordinação a ele.

Forma-se então a intuição, abrangendo o hemisfério do EGO e se tona um veículo valioso para as pesquisas suprassensíveis. O intelecto nestas condições se sujeitará cooperando conscientemente com o EGO. Verifica-se isso quando o candidato se encontra fora do seu Corpo Denso, onde as funções serão exercidas com perfeita lógica, inteligência e consciência da situação em que se acha o candidato, podendo dizer para si mesmo: “EU ME ACHO FORA DO CORPO DENSO, POIS VEJO ESTE DEITADO NA CAMA”.

Há ainda outras experiências de lógica que aqui não é preciso descrever. O resultado deste conhecimento é que o EGO consegue levar a Mente inferior as alturas, formando o que poder-se-ia chamar de “inteligência abstrata” no reino da Mente abstrata, enquanto que no mundo da mente concreta funciona a lógica com seus erros, pois a Mente tem os seus chamados “pontos de vista”, seus ângulos de concepções diversas.

Por isso há infrutífera polêmica sobre as coisas e, note-se bem, “ONDE HÁ POLÊMICA A VERDADE NÃO SE FAZ PRESENTE”, pois nos planos onde se revela a vida espiritual, a lógica se apresenta como VERDADE.

Sabemos perfeitamente que somente no mundo existe sombras, enquanto que nos planos superiores existe a luz. As funções sensoriais normais não sabem distinguir o que é luz espiritual; assim o cérebro com sua inteligência não atinge o máximo da VERDADE, podendo-se exemplificar com o seguinte: ao ouvir alguém, música em um auditório, fá-lo com os ouvidos que é função sensorial; porém, se “ouvir” em seu íntimo alçado aos planos superiores, não haverá necessidade de ouvidos sensoriais. Ouve-se com a alma, e todos os alunos do rosacrucianismo experimentam este fenômeno, uns de modo mais perfeito, outros menos por não estarem ainda desenvolvidos.

IX – o Local e as condições físicas propícias a Concentração: o Relaxamento nervoso, a Respiração, a Calma, a Concentração isolada ou junto de outrem, A CASTIDADE, o Lugar da Concentração

Frequentemente os alunos perguntam qual seria o lugar ideal para realizar a concentração.

Antes de tudo deve-se dizer que, para que se possa concentrar, o corpo deve estar em condições apropriadas para tal cometimento e um organismo cansado ou nervoso não se presta para este fim. Os nervos perturbados por excesso de trabalho, seja intelectual ou físico, não permitem uma concentração profunda, pois não podem prodigalizar a necessária paz, o que significa necessitar-se da mais absoluta calma. Pode-se obtê-la com diferentes exercícios tais como, respiração bem profunda para que se possa relaxar os músculos tensos e diminuir, pela respiração, o anidrido carbônico aglomerado no sangue, sendo que, com poucas respirações, porém profundas, consegue-se um bom efeito. Somente nestas condições é que se deve pensar na meditação. O lugar deve ser adequado a nossa quietude interna, calmo, onde outras pessoas durante a meditação não tenham acesso. Deve-se meditar sozinho.

Mais tarde, quando se possa isolar intimamente de modo completo, então se pode concentrar na presença de outrem, porém, a meditação solitária, encerrado em um cômodo fechado é, sem dúvida, a melhor. É muito agradável também meditar em um jardim, na presença de árvores e de flores, pois podem aparecer durante a meditação os “espíritos da natureza”, curiosos em saber o que se passa com a pessoa ali presente. Em uma praia, bem cedo, antes mesmo do sol se levantar no horizonte, em um mato onde ainda dormem os pássaros; enfim, na natureza onde só Deus respira é o lugar ideal para aquele que deseja meditar. Em todo o caso, sempre haverá um lugar, um cantinho em casa ou fora, para que se possa isolar dos demais e aprofundar-se em seus pensamentos.

Para se obter resultados positivos na concentração é indispensável também a condição de castidade. Mesmo que não se possa obrigar o aluno a estas condições, deve o mesmo de antemão saber esforçar-se para cumprir com esta obrigação no futuro. Nada pode ser feito forçadamente.

Sempre se precisa de preparações para conseguir esta ou aquela finalidade e assim procedendo, mais tarde a castidade tornar-se-á uma naturalidade. Casados não devem ter camas em comum e o uso de camas separadas ou mesmo de quartos separados é o ideal, caso em que a meditação se torna mais perfeita, pois, se dormem juntos, o corpo etérico, bem como o de Desejos se infundem um no outro, perturbando assim o precioso trabalho noturno fora do seu corpo. Mas não somente por isso devem os cônjuges ter quartos ou camas em separado; a higiene também exige esta condição, pois a mais ligeira aproximação de corpos, principalmente em caso de doença ou de qualquer impedimento de bem-estar, prejudicará o companheiro quando em suas funções superiores. Acontece e isto se deve dizer sem reservas, que um organismo enfraquecido rouba funções vitais do companheiro mais enriquecido de vitalidade. Se um dos cônjuges a noite deseja concentrar-se ou meditar, será logicamente frustrado, pois a atenção que prestaria em não acordar o outro não permitiria realizar os exercícios com a devida perfeição. A fusão dos corpos superiores de ambos os componentes não deixa livre a ação do EGO. Supondo-se e diga, enfaticamente, que um dos cônjuges tem o costume de roncar, como é que se pode concentrar? A mesma ficará prejudicada, podendo dizer, perdida, ou que, representa um retardamento em nossa educação espiritual. Uma vez mais advertimos com severidade: casados, não usem camas em comum, pois são Estudantes do Espiritualismo.

X – A ALIMENTAÇÃO – os Venenos – O Grande Remédio – A alimentação

É sabido que, muito difícil será ao aspirante desenvolver suas faculdades espirituais alimentando-se inadequadamente, sendo a carne o alimento mais contraindicado. Em primeiro lugar, a pessoa que ingere carne se faz culpada pelo assassínio de seus irmãos menores e o EGO sentirá todos os sofrimentos físicos que o animal sentiu na hora da morte.

Tendo o EGO que se submeter à função assimilativa da alimentação inadequada que não tem justa procedência, embora seu objetivo primordial seja a espiritualização do seu corpo físico, usa deste processo de transformar as células muito sólidas, tornando-as assimiláveis ao seu organismo; assim, ao invés do EGO usar suas funções para evoluir, restringe-se a transformação de corpos com evidente finalidade desfavorável. Se um animal carnívoro se alimenta de outro, devia-se exigir, com o mesmo direito, “que um ser humano se alimentasse de outro ser humano”. O animal é inocente por não ter inteligência e sua vida é de instintos adequados a ele, assim, tem o direito de se alimentar do que é de sua posse e de sua natureza. O ser humano tem inteligência e pode ler em todos os livros sagrados as palavras “NÃO MATARÁS” e, se mata a lei de causa e consequência o castigará certamente assim como o responsabilizará pelo sofrimento que causou a um animal, engendrando em consequência, sofrimento no corpo e carne humanos que é a justa recompensa pela transgressão do mandamento e questão.

Finalmente, o ser humano não é um animal no sentido literal como os cientistas hodiernos gostam de se expressar e sim ser humano, gente, constituído de faculdades superiores à de um animal, dotado de uma inteligência para compreender o sofrimento que se causa a um animal na hora que se destrói o seu corpo. O Espiritualista que une seu íntimo com Deus pela concentração e meditação jamais pode usar na alimentação o corpo que Deus deu a um animal. Todos os profetas disseram a mesma coisa, pois Deus não quer animais sacrificados, deseja-os no coração do ser humano, podendo-se dizer que o próprio Cristo se sacrificou como consequência de que o ser humano deveria sustar a matança de animais, fosse para sacrifica-los a ídolos ou para alimentar-se.

Se fosse justo que os animais se alimentassem da sua espécie, seria lógico que também o ser humano se alimentasse dos seus semelhantes e isto jamais seria possível, jamais poderia haver razão para tal. Assim, a recusa formal de alimentos de carne de animais torna-se imprescindível ao candidato à espiritualidade. O ser humano foi colocado na sua qualidade de humano para proteger os animais que o servem em sua economia. A ética determina que nos sujeitemos às condições de protetores de nosso próximo e o animal também o é.

Cabe-se aqui fazer uma narração em torno de um fato vivido pelo autor. Em uma rua muito acidentada por salientes pedras, quatro animais atrelados tinham dificuldades em puxar uma carroça para frente. O desalmado carroceiro que dirigia batia sem cessar nos animais já exaustos. Em dado momento, o carro chegou a uma elevação da rua, a qual não podia ser ultrapassada, devido ao alto obstáculo que apresentava. O carroceiro, em seu assento, chicoteava sem cessar os pobres animais. Nesta altura, o autor tirou do bolso papel, lápis, fingindo tomar nota do número da carroça, no propósito de defender os animais. Observado que foi pelo carroceiro, este desceu e, virando-se para o autor dirigiu-lhe as seguintes palavras: – “se você não parar de escrever, eu lhe ponho debaixo deste carro”. Embora apreensivo devido as palavras recebidas, percebia o autor que os quatro animais, sem o peso do truculento carroceiro, pois estava ele em discussão com o autor, fizeram um esforço excepcional, tirando a carroça fora do obstáculo.

O carroceiro vendo o sucedido correu atrás dos cavalos e prosseguiu viagem.

Verifica-se por esta curta narração do que é capaz uma boa dose de sentimento de proteção aos pobres animais, que sem mais chicotadas desumanas, conseguiram livrar-se do obstáculo.

A ética do ser humano puro para o oculto reflete na bondade com que trata os animais que necessitam do seu amor, pois lhes falta inteligência para se defenderem de seus adversários e de seus inimigos, especialmente o ser humano.

O discípulo dos ensinamentos secretos abençoa os animais como se abençoasse um familiar seu. Ele ama as criaturas de Deus, não podendo sua carne servir-lhe de alimento. A carne impede ao místico livrar-se facilmente do seu corpo, pois as baixas vibrações da mesma, quando ingerida, não permitem tal fato, uma vez que está intimamente ligada ao espírito-grupo do animal o qual continua agindo sobre a mesma no estômago e intestinos do Estudante e sendo estranho para o EGO, procura este transforma-la, como se disse anteriormente. Todo o sistema orgânico deve vibrar em harmonia, em uníssono com o Cosmos e a presença de carne dificulta sobremodo o EGO executar sua ação. O corpo praticamente sofre um envenenamento, o qual o EGO tem que se anular com esforços inauditos, tornando mesmo precária a concentração, devido o referido envenenamento resultante da ingestão de cadáveres bem como impossibilitando a exaltação em Deus.

Cumpre-nos ainda falar sobre o FUMO e o ÁLCOOL. Assim como a carne envenena o sangue (o precioso veículo do EGO), assim também o álcool e o tabaco o envenenam. O EGO fica subjugado ao corpo devido a luta que trava contra os venenos; a circulação nas glândulas superiores (tireoide, pineal e pituitária) que servem ao EGO nos trabalhos espirituais para se afastar do corpo, diminuem consideravelmente, obstruindo sua saída do organismo, pois este amarra o EGO devido as inadequadas condições.

Em geral, os candidatos conseguem a concentração só por um ou dois minutos. Outros dizem que nem sequer chegam à meditação, pois dormem ou os pensamentos tumultuam o cérebro, não podendo fixar os pensamentos por um único momento e isto mostra que o corpo do candidato está envenenado. Se o corpo permanece puro, os pensamentos correm em uma única direção. Deve-se também salientar que não somente com alimentos se envenena o corpo e o sangue, porém, emoções e pensamentos nefastos envenenam o Corpo de Desejos, descontrolando os centros nervosos, impedindo o candidato de pensar por não poder o EGO exercer sua função nos preciosos corpos superiores, falando as emoções e não a inteligência nem o juízo. A moléstia do Corpo de Desejos e do intelecto ocasiona a impossibilidade da coordenação das funções gerais de toda a arquitetura humana, pois o edifício humano se queda abalado em sua estrutura, em seus fundamentos básicos.

É necessário, pois evitar estes envenenamentos e o grande remédio contra estes males é o AMOR, endereçado a tudo e a todas as coisas que se manifestem, pois, sem bondade e sem caridade não existe satisfação na vida em geral, particularmente para aquele que se dirige diretamente a Deus pela meditação. Com o amor ninguém se perde e sim frente à emoção, à crítica ou ao julgamento errado.

XI – Os Outros Recursos de Grande Valia: AS Leituras Espiritualistas, A Música apropriada, A Arquitetura, Outros recursos complementares

A leitura de textos espiritualistas de mestres do esoterismo cria possibilidades para meditar, uma vez que, automaticamente, o aluno se coloca no mesmo plano daqueles que falam através das palavras. A Bíblia e seus Evangelhos são trabalhos de eminentes pensadores que desejaram demonstrar suas faculdades espirituais obtidas durante suas meditações e em suas exaltações. O amor constante faz o organismo sentir-se melhor, faz sentir que Deus está presente e que ninguém, assim procedendo, falhe em sua caminhada ao Cosmos.

  • Falemos agora sobre a Música. O EGO nasce no mundo embalado pelas harmonias das esferas e jamais poderia o mesmo manifestar-se na matéria se as harmonias não o levassem a este plano. Somos ligados à música celestial nesta nossa existência presente, bem como no passado e no futuro. Verificamos que a música é fator importantíssimo, pois sem a mesma não existiria a CRIAÇÃO e o candidato, quando se afasta do seu corpo em trabalhos espirituais percebe esta música, essa harmonia celestial. Sabendo-se que a música envolve constantemente nosso EGO, pode-se mesmo dizer que a nossa vida se baseia nas sonoridades e é uma verdade que, infelizmente, não está sendo suficientemente acolhida em nossa vida cotidiana. A música faz parte tanto de nossas funções psíquicas como física e isso se pode demonstrar pelo fato de que, em muitas reuniões musicais, os ouvintes se sentem extremamente felizes e os semblantes traduzem os sentimentos obtidos através da música. A vida deveria mesmo dirigir-se por música, o alimento abstrato de nossa alma, sabendo-se que as harmonias a moldam, formando dentro de nós o bem-estar, a felicidade só existente nas regiões onde os compositores se inspiram. Estes são veículos das harmonias, transcrevendo-as inteligentemente nas pautas musicais, a fim de que outros saibam interpreta-las novamente, invocando assim o plano da harmonia do Espírito de Vida, o qual sendo harmonia cósmica dentro de nossa alma, de nosso espírito, de nosso corpo, engendra, pela música, o nosso caráter. O espiritualista procura sempre formar sua alma nas altas camadas divinas e isso fá-lo sentir os sublimes matizes da harmonia, fá-lo exaltar num mar de tranquilidade, a felicidade originada pela música são de ordem transcendental e os compositores conhecidos pelos nomes de Bach, Haendel, Mozart, Haydn, Pergolesi, Vivaldi e muitos outros pertencem, sem sombra de dúvida, a chamada música transcendental ou, como dizem, “música erudita”.
  • Em contraste com a essa música que desperta nossa alma, que nos faz sentir superados em nossas emoções, vamos encontrar nas chamadas melodias populares e nas primitivas canções o ritmo provocante e excitante que nos afasta da satisfação espiritual.

São estas as melodias emocionais e sensuais usadas nas baixas camadas de sentimentos egoísticos. A música dos povos primitivos chega ao ponto de não possuir melodias, feitas somente de ritmos, os quais não são transmitidos ou executados por instrumentos de corda ou sopro de tom suave e sim, de preferência, por instrumentos de percussão, utilizados nas religiões primitivas para provocar danças sensuais e delirantes. Em nossos tempos observamos ainda, entre espiritualistas primitivos, o uso da música de percussão ligada a instrumentos de sopro de estridente sonoridade. Ao som dessa música o candidato é conduzido a sensações sexuais e de orgia criadas pelo Corpo de Desejos. Outra forma de música primitiva é a que se ouve entre os povos orientais da Ásia Menor, a qual se caracteriza pela mesma melodia monótona como o deserto, devido ao sol quente e constante, à falta de ar refrescante, triste como o camelo que, no mesmo ritmo, balança sua corcunda, levando o triste beduíno ao próximo oásis. A música oriental é uníssona em conjunto, mas sem harmonização, uma vez que não existe na mesma o sustenido, só o bemol menor. Não há elevação, não servindo mesmo para proporcionar à alma a exaltação. Na península ibérica persistem os remanescentes das melodias dos mouros, encontrando-se ali as mesmas melodias monótonas.

Pode-se mesmo afirmar que, entre os povos ali radicados, quase não há expressão de música clássica, nem no romantismo, nem no lirismo, nem mesmo no classicismo moderno. Existem sim as melodias emotivas, as quais não servem para a espiritualidade. Estas explicações sobre a música são dadas como oportunidade, esperando-se dos leitores que se concentrem nos fatos atrás demonstrados, para que possam formar uma opinião a respeito. A verdade é que, para o espiritualista, não serve QUALQUER MÚSICA e sim a MÚSICA VERDADEIRA. Ainda com relação a música, devemos dizer que, quando transmitida por aparelhos mecânicos, tais como gramofone, rádio, alto-falante, televisão, enfim, toda a sorte de máquinas falantes, não servem ao fim objetivado. Se não houver direta afinidade entre as pessoas que ouvem com ditas máquinas, não existirá emanação psíquica entra o operador e o ouvinte e isso quer dizer que temos que ter em nossa frente o cantor ou o instrumentista para sentirmos a vitalidade da música do mesmo. Se transmitida por uma máquina, o volume da voz ou a sonoridade do instrumento seria admissível, porém, a transmissão por disco ou fita magnética, os quais tiram os valores indispensáveis para sentir a verdadeira essência musical, não é aconselhável.

Sempre foi a direta transmissão do executante ou do cantor para o ouvinte a mais eficaz.

Num orador, por exemplo, poder-se-á melhor avaliar a sua influência sobre os ouvintes, pois a palavra viva emitida, os sentimentos expressados em verbos, a fisionomia que se sujeita aos sentimentos da alma, os gestos percebidos (expressões da vida interna) sensibilizam o auditório enquanto que a transmissão por processos mecânicos será sempre deficiente no que toca à referida sensibilidade sentimental.

  • A respeito da mímica ou gestos em relação à música, deve-se dizer alguma coisa.

Nos ritos antigos das religiões do Egito, Grécia e Roma, a dança fazia parte das cerimônias sagradas. Ouvia-se a música e, no mesmo instante, a interpretação da mesma pelos dançarinos que, com gestos e movimentos dos braços e pernas ou de todo o corpo, pretendiam demonstrar a alma da música, a qual transmitia inspirações às bailarinas que por sua vez, transformavam os sentimentos em movimentos de seus belos corpos. Pelos seus gestos percebia-se o entusiasmo transfigurando-se em halos de espiritualidade.

Os orientais têm, por excelência, o costume de fazer-se entender por palavras acompanhadas de gestos de suas mãos ao mesmo tempo. Não se devem confundir gestos de crianças que aprendem na escola quando recitam versos. Percebe-se que não são espontâneos e as crianças assim ensinadas, não tem entusiasmo próprio para que possam demonstrar sua vida íntima, a exemplo do que acontece com os adultos. Seria melhor não ensinar as crianças os movimentos artificiais de expressão anímica.

  • Relativamente à interação da palavra e da música, podemos dizer que nunca se vai ouvir em uma universidade, em um senado ou em um ministério, um discurso antes gravado em uma fita cassete, assim como nunca se vai à igreja ouvir missa gravada em discos, nem nunca se ouve em qualquer ambiente antes de qualquer cerimônia, tocar discos para a sua preparação ou para se isolar do exterior. E por quê? Devido a inviabilidade de se conseguir resultados seguros a respeito.

Arquitetura

Falemos por fim sobre a Arquitetura. Quando a Mente ingressa em um plano da geometria, na estética e no poder inerente da construção, observando-se uma pirâmide, um templo grego ou romano, sentimos a grandeza do idealizador dessas construções.

Se admiramos noventa e nove colunas em um templo da antiguidade, um verdadeiro mar de colunas, mostrando a arquitetônica divina, somos arrebatados por essa grandiosa expressão de força e dinâmica existente em monumental edifício. Mostra a vontade e o trabalho do intrépido arquiteto que desejou dessa maneira, mostrar que Deus é Infinito. De uma robusta base sobem colunas aos céus e sobre essas pousam os capiteis, tornando-se, novamente, colossal a base de pedras que finalizam a obra. Sem a devida meditação não teria sido feita essa construção identificada com o vigor, com o poder e a infinita força de Deus. Observando-se as enormes mesquitas, as igrejas e catedrais do Cristianismo romano, o gótico da renascença e do barroco, novamente, encontramos a fabulosa força consubstanciada em tais monumentos, oriunda de uma concentração e meditação silenciosas. Não temos suficientes palavras de admiração àqueles pensadores que, se sabiam se concentrar nas construções aqui no Mundo Físico, melhor o faziam no mundo espiritual.

XII – CONCLUSÕES: O plano das Hierarquias – O EGO e a Divindade

Tudo que aqui foi dito mostra que a meditação e a concentração são exigências das Hierarquias Superiores. Lembremo-nos que a humanidade se perdeu em um tortuoso labirinto, do qual não sairá tão depressa. Ela se deteve no materialismo, verdadeiro beco sem saída. Sendo o dever da humanidade evoluir de acordo com as leis do Cosmos, os mestres superiores sabem como educar cada indivíduo, assim como a coletividade. Os pensadores mais lúcidos e perfeitos fazem com que a coletividade cresça em sua função intelectual, moral, física e social. O Cosmos aplica naqueles que tem afinidades com as ideias superiores sua qualidade infinita.

Na hora da concentração e meditação estas forças superiores se fazem sentir, brotando a harmonia das flores espirituais em seu filho Ser Humano.

Devemos pensar, constantemente, sobre nós mesmos, não sentir a nossa essência, o Ego, à parte de Deus e sim junto a ELE. Por essa razão, o espiritualista, em sua meditação, pergunta: – QUEM SOU EU? E, como resposta, encontrará o conhecimento das significativas palavras: – TU ÉS INFINITO, ETERNO E IMORTAL.

Assim nas constantes pesquisas das ideais advindas do Cosmos, O EGO se encontra no seio desta grandeza, sente sua existência infinita no corpo de Deus, integrando-se no mesmo, em profunda consciência espiritual em sua exaltação divina.

FIM

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