O Ego e suas manifestações
Pode-se comparar o Ego a uma pedra preciosa, a um diamante bruto. Quando este é retirado da terra está muito longe de ser formoso. Uma crosta grosseira oculta «o esplendor que ela encerra, e antes que o diamante possa converter-se em uma gema, deve ser polido sobre uma pedra duríssima de esmeril. Cada aplicação contra o esmeril arranca uma parte da crosta e modela uma faceta através da qual entra a luz, refratando-se em ângulo diferente pela luz que as outras facetas refletem. O mesmo acontece com o Ego. Como diamante bruto entra na escola da experiência, sua peregrinação através da matéria. Cada vida é como uma aplicação da gema à pedra de esmeril. Cada Vida na escola da experiência arranca uma parte da crosta do Ego e permite a entrada da luz da inteligência sob um ângulo novo, dando uma experiência diferente. Assim como os ângulos da luz variam nas muitas facetas do diamante, assim também, o temperamento, o caráter do Ego difere em cada vida.
Desde a infância até aos 14 anos, a medula dos ossos não forma todos os corpúsculos sanguíneos. A maioria deles é subministrada pela glândula timo, que é maior no feto, e gradualmente vai diminuindo conforme vai-se desenvolvendo a faculdade individual de produzir sangue, ao crescer a criança. A glândula timo contém, por assim dizer, certa existência de corpúsculos proporcionados pelos pais. A criança que haure o sangue dessa fonte não compreende sua individualidade. Até que a própria criança elabore seu sangue, não pensará em si mesmo como um “eu”.
Quando a glândula timo desaparece aos 14 anos, o sentimento do “eu” expressa-se plenamente, pois então o sangue é produzido e dominado inteiramente pelo Ego.
Contrariamente à ideia geralmente aceita, o Ego é bissexual. Se o Ego fosse assexual o Corpo seria também necessariamente assexual, porque não é mais que o símbolo externo do espirito interno.
O Ego tem vários instrumentos: um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente. Estes são seus instrumentos, e de sua qualidade e seu estado depende a obra que poderá realizar para adquirir experiências.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 9/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Experiências em Previsão ou Profecia, Renascimento, Telepatia e Clarividência, Psicocinesia
Muito se fala de previsão, profecia, premonição, percepção de um acontecimento futuro que não se pode inferir pela força do raciocínio. Essa estranha faculdade humana tem sido também objeto de recentes investigações de ordem científica. São muito divulgadas as profecias de Nostradamus, que se tem cumprido. Estudam-se as profecias bíblicas. Menos conhecidas são as profecias de Mother Chifton, vidente inglesa. No domínio da Parapsicologia, o moderno e mais comentado caso é o de Edgard Cayce, nascido num sítio próximo de Hopkinsville, Kentucky, USA, em 1877 e falecido em 1945. As mais conhecidas obras que falam a seu respeito, são: THERE IS A RIVER, de Thomas Sugrue e MANY MANSIONS da dra. Gina Cerminara. Cayce não passara do curso primário, mas conhecia profundamente a Bíblia. Relia-a todos os anos. Rapaz devoto, trocou a vida do campo pelo trabalho na cidade, cerca dos 19 anos. Começou a trabalhar como vendedor. Aos 21 anos sofreu ataque de laringite e acabou perdendo a voz. A medicina e os medicamentos foram ineficazes: não pôde mais falar. Em estado de transe, sugeriu a própria cura.
Depois começou a fazer diagnósticos seguros, até mesmo a grandes distâncias do enfermo: ia, via o enfermo, dizia o que ele tinha e dava o diagnóstico, para os médicos curarem. Estudou astrologia espiritual e a empregava. Mais tarde ingressou em atividades filosóficas, ultrapassando os diagnósticos astrológicos e alcançando as vidas pregressas das pessoas. Finalmente vieram as profecias individuais e coletivas. Foi muito discutido e amplamente respeitado. O livro de Sherwood Eddy YOU WILL SURVIVE AFTER DEATH inclui relatórios de médicos que empregaram as respostas de Cayce aos seus consulentes, no decurso de muitos anos. Embora o método utilizado tenha sido o da hipnose, que a Filosofia Rosacruz condena, porque priva o Espírito da liberdade, além de outros prejuízos, Cayce convenceu muitos cientistas americanos e pessoas cultas, da realidade da reencarnação, da clarividência e outras formas de percepção supra sensórias. Oxalá isso leve o mundo ocidental à decisão de investigar e exercitar os meios naturais de desenvolvimento das faculdades latentes, pregados pela Filosofia Rosacruz.
O renascimento (preferimos esse termo ao de reencarnação, porque é mais completo) é a lei de evolução do espírito através de corpos de crescente eficácia e sexos alternados, até atingirmos, finalmente, a perfeição prevista por Cristo: “Sede vós perfeitos, como vosso Pai celestial”. Mais de um bilhão de seres humanos esposa essa realidade; portanto, 40% da população mundial. Há, seguramente, numa grande biblioteca, centenas de referências ao assunto: livros, poemas, estudos, antologias. O professor T.H. Huxley declara: “Somente num pensamento precipitado é que se pode negar o renascimento, sob fundamento de ser um absurdo”. Voltaire observou: “Não é mais de surpreender que se nasça muitas vezes: tudo na natureza é ressurreição!”. O brilhante e versátil Benjamin Franklin fez várias alusões ao princípio da reencarnação e até sugeriu, na idade de 23 anos, que seu próprio epitáfio deveria ser:
O corpo de Benjamin Franklin,
Tipógrafo,
À semelhança da capa de um livro velho,
De conteúdo gasto,
Destituída de suas letras douradas,
Jaz aqui, como alimento aos vermes.
Mas essa obra não será em vão;
Aparecerá mais uma vez, como ele acreditava.
Numa nova e mais elegante edição,
Revista e corrigida pelo Autor.
Quase todos os maiores poetas se alistaram nas fileiras dos adeptos da reencarnação, talvez porque são mais intuitivos. Figuram os nomes de Tennyson Browning, Swinburne, Bossetti, Longfellow, Whitman, Donne, Goethe, Milton, Maeterlinck; John Masefiel, o poeta laureado na Inglaterra, escreveu:
Sustento que, ao morrer, uma pessoa,
Sua alma novamente à terra voltará.
Envergando novo disfarce,
Outra mãe à luz o dará.
Com membros mais fortes e cérebro mais brilhante,
A velha alma a jornada recomeçará.
Notáveis literatos, filósofos e pensadores: Cícero, Virgílio, Platão, Pitágoras, César, Bruno, Oliver Wendell Holmes, Vitor Hugo, Thomas Huxley, sir Walter Scott, Ibsen. Spinoza, todos dão sua contribuição a essa verdade.
Schopenhauer definiu sua posição em termos explícitos: “Se um asiático me pedisse para definir a Europa, seria forçado a responder-lhe: é essa parte do mundo que se acha atormentada pela incrível desilusão de que o ser humano foi criado do nada e que seu presente nascimento é a primeira entrada na vida”.
A Bíblia, principalmente o Novo Testamento, contém muitas citações alusivas ao renascimento, algumas diretas, outras veladas.
A Parapsicologia registra dezenas de casos extraordinários, com provas suficientes para satisfazer o mais obstinado cético e, principalmente, o inteligente pesquisador científico. Um dos livros mais interessantes é “THE PROBLEM OF REBIRTH”, do ilustre Ralph Shirley, que se constitui, em grande escala, num exame das muitas facetas do problema. Apresenta um sem-número de casos interessantíssimos, dentre eles o da pequenina Alexandrina Samona, filha de médico; o de Shanti Devi; etc., cujo relato omitimos para não alongar demasiado a exposição.
Portanto, se alguém lhe diz, leitor, que não acredita no renascimento, apesar do testemunho e dos argumentos da Filosofia Rosacruz, endereço-o às conclusões parapsicológicas que provam, de sobejo, a realidade dessa Lei tão lógica.
A telepatia consiste na transmissão do pensamento, de um espírito para outro, sem o emprego dos sentidos.
Distingue- se da clarividência, que é a percepção dos objetos ou dos acontecimentos sem emprego dos sentidos – qualquer percepção direta de objetos externos. Vejam bem: telepatia é comunicação entre espíritos; clarividência é a comunicação entre espírito e objeto.
Se alguém pensa em um número entre um e cinco, e outra percebe corretamente qual o número — e se se repetir o fato sem que ocorram erros nem fraude, digamos, em cem experiências – teremos, certamente, um nítido exemplo de telepatia.
Na experiência telepática, aquele que concentra o pensamento num número, chama-se “transmitente”. O que procura descobrir o número é conhecido pelo nome de “receptor”. O número é referido como o “objeto”. A reação do receptor ao procurar designar o objeto, chama-se “invocação”, seja ela registrada graficamente, seja simplesmente oral. As invocações corretas designam-se como “pontos certos”.
Quanto à clarividência, registram-se casos interessantíssimos. Por exemplo, mencionado na obra “Phantasms of the living”: uma menina de 12 anos atravessava uma vereda do campo, quando, subitamente, teve uma “visão”: viu sua mãe estendida no chão da casa em que morava. A percepção foi nitidamente clara e dolorosa — tão clara que deu para ver um lenço orlado de rendas, no chão, ao lado da mãe, e tão dolorosa, para fazer com que a menina chamasse um médico, antes mesmo de voltar para casa. Não foi fácil convencer o médico de que devia ir imediatamente, pois, aparentemente, a mãe gozava de boa saúde e, além disso, supunha-se que estivesse ausente de casa nesse dia. Mas ele acabou acompanhando a menina, e de fato foram encontrar a mãe estendida no chão, no quarto que ela havia descrito. Todos os pormenores, inclusive o lenço orlado de rendas, eram justamente como ela havia visto. O médico descobriu que a mulher tinha sido vítima de um ataque cardíaco e era de opinião que ela teria sobrevivido se ele não tivesse chegado àquela hora.
Outro caso curioso, narrado pelo próprio professor e cientista Rhine, da Universidade de Duke, USA, e que o levou à pesquisa parapsicológica, foi o seguinte: “Nossa família fora despertada, certa madrugada, por um vizinho que desejava que lhe emprestássemos um cavalo e a charrete, para ir à aldeia próxima, a nove milhas dali. Justificou que a esposa tivera horrível sonho, no qual vira o irmão voltar para sua casa, lá na outra aldeia; desatrelou os cavalos, conduziu os animais para o cercado e depois foi à casa de feno e suicidou-se com um tiro de pistola. Vira-o puxar o gatilho e rolar sobre o feno, caindo depois num canto. Não houve meios de convencê-la de que era um simples pesadelo. Não havia telefone e acabaram indo para a casa do irmão, onde encontraram a esposa ainda esperando o marido. Dirigiram-se ao cercado e viram os cavalos desatrelados. Subiram à casa de feno e lá encontraram o corpo no lugar e posição que a irmã descrevera. A mulher havia tido uma nítida visão de tudo.
O próprio cientista e filósofo sueco, o famoso Emanuel Swendenborg, é exemplo de muitos casos de clarividência, registados na Parapsicologia. Em 1759, ele se achava em Göteborg e descreveu certo incêndio que naquele momento ocorria em Estocolmo, a 300 milhas dali. Fez o relato minucioso às autoridades locais. Citou o nome do proprietário da casa sinistrada e disse, até, a hora em que se extinguiu o fogo. A exatidão de seu relato foi confirmada, vários dias após, por um mensageiro do rei.
Outro caso registrado é o de uma atriz, a respeito dos dotes supra sensoriais de sua mãe: “Minha mãe e eu estávamos à mesa, tomando café e me contou um sonho muito vívido em que vira na sala de sua casa, em Verbacz (cidadezinha que pertencia à Hungria e agora pertence à Sérvia, a, em torno de, 9.600 quilômetros de Colorado, USA, onde estavam as duas), um caixão mortuário e sua mãe nele. Havia muitas pessoas na sala. Mamãe estava impressionada e resolveu escrever à sua irmã Lisl a respeito. Pueblo, Colorado, fica muito longe de Verbacz e naquele tempo não havia mala aérea para a Europa. Por isso demorou muito a resposta, confirmando todos os detalhes do sonho.
Muitos outros casos registrados poderiam ser narrados aqui, mas a falta de espaço nos impede de prolongar, mesmo porque o assunto nos é muito familiar e dispensa argumentação. O sexto sentido se desenvolve em grande número de pessoas, tem confirmado casos igualmente interessantes e o próprio leitor fatalmente deve ter ouvido casos assim. O valor de tais registros consiste apenas em mostrar aos nossos estudantes que não devem ter receio de admitir e falar sobre essas realidades, porque já são de domínio científico. Ainda mais: a comprovação gradativa que a ciência faz das realidades espirituais, contidas nos documentos e ensinamentos de várias escolas, levanta um crédito de confiança em tudo que elas ensinam, de há muitos séculos.
Nada há, na natureza, que permaneça no mesmo estado: ou evolui ou retrocede. Muitas vezes perguntam porque devemos renascer e evoluir constantemente. É uma condição inerente ao Espírito, feito à imagem e semelhança do Criador. Como semente, ele deve germinar, crescer, frutificar até atingir a estatura da Árvore-Mãe. Diríamos que o Espírito evoluinte é como o alpinista do romance “The White Tower”. Perguntaram-lhe “porque insistia em subir ao pico de uma montanha que ser humano algum havia atingido ainda; respondeu “Porque ele está lá – à minha espera”.
No desenvolvimento do sexto sentido, previsto para a Era de Aquário, PSICOCINÉSIA é o domínio da natureza superior sobre a matéria. Decompondo a palavra, teremos: “psico” que se refere à alma, e “cinesia”, do grego “kinesis”, significando movimento, quer dizer, moção anímica, atividade anímica, pela qual exercemos domínio sobre a matéria. Há muitos anos um grande industrial me surpreendeu com esta declaração: “Se realmente viermos a saber como utilizar a força do espírito humano — e apontou para um cinzeiro sobre a mesa — poderemos, provavelmente, mover este cinzeiro, empregando apenas, habilmente, a força espiritual”. Acho, hoje, que ele disse pouco, ao pensar nos enormes blocos de pedra assentados e ajustados com perfeição nas pirâmides, em tempo que os seres humanos possuíam poder interno e não tinham máquinas. E mesmo com as quinas de hoje não poderiam erguer e colocar aqueles blocos tão pesados. Pensei nas gigantescas estátuas de pedra da Ilha de Páscoa. O ocultismo explica muito bem isto. Já possuímos o poder modelador da palavra na Lemúria e início da Época Atlante: com ele modelávamos a flora e a fauna. E está prometido que um dia usaremos a palavra criadora —a palavra perdida —além de outros poderes sobre a matéria, conforme disse nos evangelhos: “Se tiveres a fé do tamanho do um grão de mostarda, dirás a este monte: remove-te para lá e ele te obedecerá”. São muitas as citações de milagres bíblicos. Mesmo fora do campo religioso encontramos expressiva coleção de fatos: iogues que permanecem vivos vários dias, enterrados ou mergulhados na água; a eliminação de verrugas e outras intumescências da pele, sem recorrer a meios físicos.
Há também os casos de bruxarias e de baixo nível religioso, que trabalham com os elementares na levitação de objetos, arremesso de pedras, provocação de chuvas, relógios que param ou se quebram, como sinal de que alguém morreu; a sugestão sobre o corpo etc.
A Parapsicologia tratou com muito interesse deste assunto, fazendo experiências com dados especiais e cercando as provas de todas as cautelas, sujeitando as pessoas a restrições incomuns.
Pois bem: apesar de usarem meios mecânicos e restringirem a ação das pessoas, limitando os lances a meras induções mentais, notou-se que “algo mais”, além do movimento das máquinas de lançar dados, influía na queda e posição dos dados. Isso revelava a influência de “algo” imaterial sobre eles. Passaram, então, a investigar se essa influência era cerebral ou um processo mental não físico. Provou-se que a massa, o número e a forma não eram fatores determinantes nos testes de psicocinesia. Como bem disse o dr. Rhine, em poucas palavras: “Quase não resta dúvida de que a psicocinesia não é de origem física”.
Qual a explicação ocultista para o fato? Como disse Max Heindel: para toda ação há um agente. O poder mental, o desejo fortemente concentrado, submete elementais à vontade humana e logra agir sobre a matéria dos mais variados modos.
Os elementais são físicos, embora invisíveis ao ser humano comum. Seus corpos são etéricos. Mas, note-se bem: isso não é espiritualidade. É mera ação física, envolvendo emoção e pensamento. Espiritualidade é cultivo do Espírito, por meio de reforma de caráter. Todavia, fazemos concessões a tais experiências. Tudo o que existe é necessário, é efeito provocado pelo materialismo, é recurso para, a pouco e pouco levar as pessoas a atividades espirituais, convencidas que estejam da existência de coisas extraterrenas.
Em 1882, num protesto isolado contra a indiferença geral e materialismo da época, um grupo de eruditos fundou em Londres a “Sociedade Inglesa de Pesquisas Psíquicas”, com o objetivo de investigar tudo o que se relacionasse com a telepatia (transmissão do pensamento de espírito, sem emprego dos sentidos); telestesia (clarividência); assuntos mesméricos (magnetismo); previsão (profecia ou previsão de um acontecimento futuro sem a força do raciocínio); psicocinesia (domínio da natureza superior sobre o corpo); enfim, para estudar e compor uma ciência das manifestações que transcendem a princípios conhecidos. Por isso, a esse conjunto de pesquisas deram o nome de Parapsicologia, que quer dizer: “além da psicologia”. Em outros países, cientistas fortemente interessados nesses estudos imitaram o exemplo da Inglaterra. Nos U.S.A., em 1930, o homem que agora aparece como o incontestável guia nesse setor, J.B. Rhine, lançou um ataque em grande escala, com três outros membros da Seção de Psicologia da Universidade de Duke. Era a primeira vez, na história que um grupo de membros do corpo decente de uma universidade se arriscava a um trabalho pioneiro de tanta crítica.
Entrementes, a literatura, nesse campo, começou a aumentar. Estudiosos de vários países passaram a contribuir com livros e relatórios.
Experiências comprovadoras foram, meticulosamente, levadas a efeito em inúmeras universidades, inclusive as de Bonn, na Alemanha; de Cambridge, Oxford e Londres e em muitas escolas norte-americanas. Por volta de 1940, o professor Thouless, de Cambridge, declarava: “Deve-se considerar provada a realidade dos fenômenos com a mesma segurança que se tem das provas feitas com outras experiências cientificas”. Em 1954, o dr. Raynor C. Johson, um físico, escreveu: “É uma questão das mais profundas e da mais considerável importância poder agora afirmar que a telepatia, a clarividência e a previsão constituem, inegavelmente, fatos incontestáveis, cuja prova merece fé e está tão bem estabelecida quanto as leis básicas da física e da química. O Dr. Rhine e o Laboratório de Parapsicologia de Duke, USA, como resultado de milhares de experiências controladas, pelo método de “cartas”, têm provado que a telepatia e clarividência, representam, hoje em dia, uma realidade.
A dificuldade que os parapsicologistas tiveram de enfrentar foi a de determinar se os fenômenos de telepatia e de clarividência eram físicos ou suprafísicos. Se a percepção extra-sensorial fosse puramente física, então o espírito seria estritamente mecanístico e nesse caso o fator distância (espaço) teria certo efeito mensurável na ocorrência. Mas, as experiências posteriores provaram conclusivamente que a distância não mostra efeito algum sobre uma demonstração de percepção extra-sensorial. Isto os levou à conclusão que de há muito consideram impossível: o espírito é capaz de ultrapassar o tempo e o espaço, porque é superior a essas condições físicas interdependentes.
Pensamos que seria útil aos nossos Estudantes conhecer as principais experiências catalogadas nas principais obras da matéria e assim dispor, como conhecimento geral, meios de confirmação científica do que estudam na filosofia – essas verdades básicas expostas na literatura oculta, desde vários milênios e que agora irrompem de sob a casca de materialismo, enfeitados com nomes científicos. Isso é previsto por muitos. Antes de sua morte, ocorrida em 1923, o formidável matemático e engenheiro-eletricista Charles Steinmetz, anunciou ao mundo que a ciência, quando voltasse finalmente para as descobertas do espírito, haveria de ter um progresso maior, em cinquenta anos, do que o que tivera em toda a sua história passada. Se esse grande gênio estivesse vivo, provavelmente concordaria em que o gongo finalmente soou. O meio século decisivo já está em plena marcha.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de Abril/72)
Onde Havemos de Nos Encontrar
(O Eu Superior falando para o Eu Inferior, dentro de nós)
Escuta-me! Por que havemos de continuar estranhos, um ao outro, por mais tempo? Por que duvidas de Mim, do Meu Amor e de Meu cuidado por Ti?
Aprende a ver-Me e ouvir-Me em tudo que te rodeia. Sente a Minha proximidade, cada vez que pulsa o teu coração! Vê! Estou em ti e desejo que Me conheças.
Desde longo passado tens vivido em obscuridade, separado de Mim em teus pensamentos conscientes. Não te condeno por isso; o que chamas de erros é para Mim o processo pedagógico empregado pela Vida para desenvolver-te e tornar-te consciente de Minha Vida, Sabedoria, Alegria e Paz.
Condenas-Me em muitas coisas porque não vês nem compreendes o objetivo com que tudo faço. Quando vires como vejo, não mais Me condenarás, pois todas as coisas agem conjuntamente com o bem consoante Minha vontade.
Se pudesses encontrar-Me agora, condenar-Me-ias severamente por muitas coisas. Mas quando puderes encontrar-Me já não o farás, porque tua Mente se iluminará. Por ora, procura não ofender-Me nem condenar-Me: é-te conveniente, para que não sejas medido com a medida que medires. Sê prudente, a fim de não prejudicares teu normal desenvolvimento anímico.
Sou Amor e te amo. Não compreendes porque deturpaste o sentido de amar. O porque é justo; não para punir-te, senão teu amor é egoísta; o meu é perfeito.
Vejo que sofres e não te livro disso porque é o único meio de desenvolver-te, por enquanto.
A ignorância não te permite concordar comigo: tuas blasfémias não me comovem. Não há outra forma, até que aprendas e te ilumines e te unas a Mim. Tu criaste as trevas dentro de Minha Luz: o desânimo dentro de minha Vontade; o sofrimento dentro de minha Harmonia. Permito isso para que aprendas a conquistar e a viver conscientemente na Luz. Sabes que em nenhum outro lugar tantos Me encontraram como na Câmara do sofrimento, no leito da aflição e numa profunda obscuridade? Assim, enquanto não estiveres preparado, terei de manter-te nesses lugares, para que neles Me encontres.
Não podes prescindir de Mim porque sou tua vida e meu reclamo é tal que não encontrarás sossego enquanto não me encontrares. Procuro-te porque te amo.
Marquei nosso encontro na tristeza, sofrimento e escuridão, embora fujas dele com desespero. E como não te manténs tranquilo ali, não Me podes encontrar, para liberar-te de vez. Como faremos então, se ainda os únicos lugares de encontro são os que consideras maus? Onde desejas encontrar-Me não posso estar, pois na prosperidade, na alegria, o teu “eu” ocupa o teu trono e não me dá oportunidade de manifestação. Vês como tenho razão?
Aceita, pois, voluntariamente, o lugar de encontro, até que tenhas condições de encontrar-Me e de entronizar-Me nos momentos felizes. Então, sim! Eu e tu nos tornaremos unos, poderemos encontrar-nos em todos os lugares e condições, pois deixarás de ser o “eu” para seres EU SOU. Passando para o lado real da Vida, teu “eu” perderá a realidade que possuía no lado oposto ao dos sentidos.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 5/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Semente de um Novo Ser Humano: nossas crianças atuais
É interessante observar que a semente de um novo ser humano está começando a nascer entre nós. Olhem as crianças! Como são diferentes se nós a comparamos com nós próprios quando éramos jovens. Elas têm uma nova mentalidade, uma nova resistência nervosa e novas qualidades espirituais. Não os levemos para trás com nossas ideias fixas e antiquadas. As crianças deste novo dia têm olhos mais brilhantes, um aspecto mais claro, a Mente mais perspicaz; elas não são absolutamente do tipo musculoso. São mais vivas e interpretam a vida sob um ponto de vista mais espiritual. Elas aplicam a inteligência nos seus trabalhos diários. Elas têm os mesmos problemas que nós tivemos, mas elas os veem sobre um plano mais elevado. Elas têm um entendimento intuitivo maior e mais profundo sobre a vida e nós devemos estar preocupados com o nosso próprio desenvolvimento se quisermos acompanhá-los. Devemos ainda dar-lhes instrução espiritual, conselhos e ensinar-lhes a pureza do coração.
Se entendermos que cada um de nós é uma parte componente da raça humana, nossa visão da vida mudará completamente. Trazer crianças para este mundo é uma boa maneira de fazer-nos sentir ligados à humanidade como um todo. Alguns nunca conceberiam crianças se dependesse meramente do instinto primitivo da multiplicação. Eles desejariam trazer uma criança para este mundo se por esse meio sentissem que estavam fazendo uma contribuição para a raça humana, como uma coisa mais perfeita é mais refinada do que antes. A pessoa altamente desenvolvida tem sempre o desejo de levar adiante alguma coisa nova e sentir a responsabilidade de fazer o melhor para ajudar o aprimoramento e a perfeição da raça humana.
Tudo o que fizermos sinceramente em serviços elevados – tanto no trabalho de um ideal como para um ser humano – se reflete sobre nós mesmos, não somente agora, como nas vidas que virão. Se pudermos educar nossas crianças, despertando-as para o sentido da responsabilidade tanto individual como racial, estaremos inspirando-as a viver saudável, bela e inteligentemente para benefício das futuras gerações. Devemos trabalhar continuamente através dessas.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
“Por Seus Frutos os Conhecereis”
Nem sempre a criatura humana é realmente aquilo que pensa ser ou que deseja ser.
Há muito de engano ou de ingenuidade entre a verdade e as supostas verdades, com as quais nos revestimos.
Muitas vezes não é por maldade que uma pessoa procura aparentar o que não é, mas pelo desejo de parecer melhor aos olhos dos outros, porém isso não deixa já de ser um princípio de virtude, pelo menos uma tentativa de virtude, consciente ou não. Porque até o falso, aquele que finge e engana os incautos, ele está tangendo o bem ao procurar parecer um ser humano bom. Verdade que se o fizer em prejuízo alheio, a dívida que fará diante da verdade será bem grande e em encarnações futuras terá que resgatá-la, respondendo dolorosamente pelo seu procedimento de agora.
Entretanto, o fato de fingir-se melhor, se o indivíduo não é um degenerado, este fato vai estabelecer um contato da criatura de má-fé com a verdade, dando-lhe alguma possibilidade para o bem. Acontece, porém, que se aquela alma começa a perceber a luz, sua obrigação muda para com a vida. Uma vez compreendendo ou sentindo já seus erros, sua obrigação é deixar de errar. O destino do reincidente é muito doloroso quando erra conscientemente.
Quem persiste no erro, já tendo vislumbrado a verdade, quem se acomoda às circunstâncias porque já está acostumado a elas, quem não se «esforça para progredir quando já compreende um pouco o progresso, essa pessoa tira de si a oportunidade de progredir, cristalizando suas próprias possibilidades. Para quem já viu um pouco da Luz, é dever voltar-se para ela e esforçar-se para disciplinar seus negativismos, tornando-os em virtude.
E isso não é difícil. Muitas vezes mesmo, forçando um sorriso num momento amargo, o gesto de flexionar os lábios para disfarçar a mágoa, pode acabar exercendo influência na própria mágoa, desfazendo-a. Obrigue-se a sorrir que você acabará esquecendo seus dissabores e todos lhe sorrirão. No fim, acabamos sendo sinceros em nossa alegria e as tristezas se dissiparão.
O essencial em tudo é a sinceridade. Sinceridade de propósitos e de ações. Pode-se cair muitas vezes, mas se formos sinceros em nosso desejo de melhorar, levantaremos cada vez na certeza de que poderemos acertar sempre mais e mais. Principalmente se formos perseverantes. De nada nos adiantará nos enganarmos, porque cedo ou tarde cairemos em contradição e nossos atos falarão por si. Cristo Jesus disse: “Por seus frutos os conhecereis”. Se formos sinceros conosco mesmos, se nos dedicarmos a uma vida Superior, apesar de o nosso corpo de desejos muitas vezes tentar trair-nos, com o tempo aprenderemos a andar no mundo e a não ser mais do mundo. Assim, seremos conhecidos pelos nossos frutos, podendo ajudar aos nossos irmãos com mais eficiência e sabedoria. Pois só nos elevando poderemos ajudar a elevar os outros.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 5/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Eu Te Amo
(O Eu Superior falando para o Eu Inferior, dentro de nós)
Eu Sou a Fonte, o Manancial, a Origem, e tu és a corrente ou Eu mesmo em ação. Tanto precisas de Mim para existir, como Eu de ti, pois, do contrário Eu permaneceria não manifestado.
Não me conheces ainda, tal como Sou, dentro de ti. Ainda acreditas em algo fora de Mim. Ainda temes e duvidas, porque não Me recebes nem confias inteiramente em Mim. Daí que Eu não possa expressar-Me através de ti, tal como Sou.
E quando não Me é permitido expressar-Me, como Sou, deixo de ser o que sou e Me torno desvirtuado para tua consciência. Quando estiveres bem amadurecido para a Minha Sabedoria e Amor, verás somente a Mim, pois sou Universal e Me encontrarás em tudo. Por isso, quem Me conhece, conhecerá também o Pai. Então já não me chamarás de bem ou mal, nem me condenarás ou dividirás em partes, a Minha natureza. Abrir-Me-ás inteiramente o coração, receber-Me-ás como tua Fonte; dar-Me-ás completa expressão; consagrar-Me-ás todo o teu corpo, mente e tudo o que em ti exista! Eu serei tudo direito e teu bem: não terás outro Direito nem outro Bem que não seja Eu. Abandonarás tudo o que, fora de Mim, te ensinarem a obedecer e adorar como bem e somente a Mim escutarás, à medida que Eu brotar dentro de Teu ser.
Terás, então, cumprido o mandamento: “Não terás outros deuses perante Mim”.
Minha Sabedoria tornar-se-á tua própria inteligência; Meu Amor será a tua realização; Minha Fé, tua força interna; Minha Paz, tua permanente satisfação. Então entrarás em Minha Alegria e Me permitirás viver para Ti, sem jamais pensares em viver fora de Mim.
A vida que levaste e ainda em grande parte levas, não é a Minha Vida. Não estou nela, pois falas e ages de acordo com o que não te dei. Formaste hábitos e te conformaste com regras e leis externas, feitas por tuas conveniências e vícios ou por outros em quem não vivo.
Percebes muito bem que não és completo como ente separado: por isso procuras apoio em valores externos, no intuito de conservar teus vícios. Teu coração, porém, não está nisso, porque Eu não o estou. Estabeleces contratos e fazes promessas que não podes cumprir.
Apegas-te pelos afetos a outros, para prendê-los a ti. Não podes ser livre, de modo que Eu te faça uma expressão de Minha vida, porque segues as leis de outros deuses.
O caminho que segues, leva-te à obscuridade e sofrimento. Definhas em insatisfações, por falta daquele Amor que só Eu te posso dar. Distingues pessoas e coisas e as tomas, exigindo que te amem e respeitem. Mas nisso te frustras, porque só o Meu Amor pode satisfazer-te inteiro o coração! Não me entristeço em ver-te fraco, desanimado e na escuridão, pois nessas condições que criaste é que um dia Me deixarás entrar, para viver Minha Vida em Ti.
Enquanto encontrares prazer e satisfação nos valores externos, não te farei receptivo ao meu Amor, nem serás guiado por Minha Sabedoria. Sigo-te de perto, embora, penses encontrar-te a sós. Tens escuridão porque desviaste teus olhos da Luz em que resido. Encontras-te em tua própria sombra e olhas para o espaço vazio à tua frente, esperando um meio de obter do exterior aquilo que te satisfaça os desejos. Mas todas as tentativas, nessa direção, resultarão estéreis. Sou a fonte de tua vida: enquanto não te dirigires a Mim, que vivo em teu íntimo, e não receberes de Mim a Água Viva, deixando-a livremente correr de ti para os outros que se encontram em teu caminho, encontrarás um terrível vácuo, que todo o mundo e suas atrações jamais poderão preencher.
Sou a Fonte que te moverá em todos os atos; o Poder que em ti produzirá a espontânea atividade; sou o Amor que te motiva e impele ao Conhecimento da Vida total.
Na infância de tua compreensão comecei a apelar-te pela criação de coisas que te causassem prazer. Dei-te os sentidos para apreciares as cores, as formas, o gosto, perfumes e sensações. Em tudo isso despertei-te puros desejos, a fim de te capacitar a receber-Me, quando chegasse o tempo de Me insuflar em ti.
Penetro todas as coisas que Eu crio e nelas permaneço: sou a Beleza, a Vida e o Espírito delas. Sou a Estética que nelas se compraz, pois Eu, em ti, nos outros e em todas as coisas, encontro prazer com o encontro e diálogo da Essência.
Coloquei-Te num corpo constituído de tal forma que, por meio dele pudesses tornar-te consciente de todas as coisas que criei e habito. Esse encontro produz a consciência. Tua visão do mundo formal e as divisões que conheces, é que te fazem parecer ente separado. Enganas-te Filho: esses meios servem a Meu propósito de aumentar a tua apreciação do que EU SOU, até que nos tornemos UM.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 4/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Oração
O tema é tão amplo, que talvez nunca possamos encará-lo sob todos os aspectos. Tão profundo que a maioria de nós não o alcança em toda a sua profundidade. Assim, seguindo o que Cristo falou, “orai incessantemente” queremos fazer o possível para que possamos dar subsídios para que todos consideremos a prece em seus mais variados aspectos, para que possamos realmente orar e orar incessantemente.
São Lucas, ao descrever a Transfiguração nos diz “Estando Ele orando, transfigurou-Se diante deles”. Parece-nos, pois, que o primeiro passo para que possamos nos transfigurar é orar. A transfiguração que podemos chamar de reforma íntima, começa com a prece. Somente orando, seja em que forma for: pensamentos, palavras ou ações conseguiremos nos transformar em melhores seres humanos.
Não são as fórmulas decoradas e ditas apressadamente que nos conduzem a Deus. Nem devemos pensar que orar é sinônimo de pedir e que a única finalidade da prece é contar a Deus das nossas necessidades ou agradecer os benefícios recebidos. É claro que Cristo ao dizer: “Pedi e recebereis para que vossa alegria seja completa”, se referia aos pedidos que fazemos a Deus para podermos solucionar nossos problemas espirituais ou matérias. No Pai Nosso que Ele mesmo ensinou também pedimos pelas mossas necessidades. Mas se somente fizermos isso, a nossa comunhão com Deus que é realmente a finalidade da prece estará apenas iniciando.
Mesmo se dissermos “Obrigado Senhor” por um benefício recebido, e ficarmos somente no “faça o favor e muito obrigado” estaremos somente tendo um contato com Ele que, mesmo sendo muito útil para nós, não permite um maior desenvolvimento espiritual.
Sabemos também que muitas pessoas não conseguem orar como gostaria, porque “o pensamento voa” e não lhe permite a tão sonhada devoção. E isso é muito mais comum do que se imagina. O pensamento abstrato para a maioria de nós requer muito treino e talvez nem consigamos atingi-lo nesta vida.
Mas se não sabemos rezar como gostaríamos de fazê-lo, como agir? A nosso ver, se começarmos a sentir realmente o que dizemos nos nossos rituais e em outras orações que fazemos, mesmo em se tratando de ORAÇÕES QUE SE SABE DE COR, aos poucos conseguiremos orar como realmente deve ser ungida do sentimento e amor. Também se nossa imaginação não estiver constantemente em movimento, planejando ou fazendo contas, focalizando fatos muitas vezes desagradáveis e nos dispusemos a ficar em silêncio e disponibilidade para ouvir o que nosso Cristo Interno tem a dizer estaremos orando. Se nos compenetrarmos realmente de que “o serviço amoroso e desinteressado é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus” e realmente nos preocuparmos em Servir, também estaremos orando. Podemos orar com nosso trabalho, se este for feito, digo, oferecido a Deus e feito com amor, dedicação e alegria. Aos poucos, se começarmos com boa vontade iremos aprendendo a orar incessantemente, uma vez que sabemos que a chave do Corpo Vital é a repetição e que se repetirmos coisas boas, principalmente se o fizermos conscientes e conscienciosamente aos poucos iremos nos desenvolvendo espiritualmente.
Não importa quanto tempo ou quantas vidas levemos para isso. Em toda a caminhada, por mais longa que seja, há um primeiro passo. Compete a nós darmos esse passo. E Deus que nunca falha, nos ajudará a aprendermos a rezar e a fazê-lo cada vez melhor até que toda nossa vida seja uma oração.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Uma Virtude Espiritual
Em primeiro lugar, lembremo-nos da afirmação categórica de Max Heindel: “É parte de nosso trabalho pôr em prática nossas próprias linhas de esforço tanto como indivíduos como associação”. Max Heindel mesmo, mensageiro autorizado da Ordem Rosacruz, disse que depois de ter vivido um curto tempo na Alemanha, quando recebeu as instruções básicas expostas no “Conceito Rosacruz do Cosmos”, recebeu pouca instrução de seu Mestre. Em verdade ele constantemente se perguntava se seria correto chamar de “Mestre” ao irmão Maior, já que este dava unicamente uma palavra ocasional de conselho, e na maior parte das vezes deixava-o resolver seus próprios problemas e à sua maneira. Se aconteceu a Max Heindel, quanto mais então a todos os estudantes!
Ninguém tomará decisões por nós; devemos nós próprios tomá-las, em cada trecho do Caminho. Isto significa que os Irmãos Maiores da Rosacruz deixaram a Max Heindel e aos estudantes a liberdade de levar adiante o trabalho segundo seu melhor juízo e opinião. Mais tarde, na aurora da Era de Aquário, explicou o sr. Heindel: aparecerá publicamente um Mestre para dar um novo impulso à Obra.
Entretanto, nos aproximadamente seiscentos anos que medeiam entre nós e a Era de Aquário propriamente dita, o trabalho preparatório seguirá adiante com as linhas básicas assentadas na Filosofia Rosacruz. É supremamente importante compreender que o estudante Rosacruz não está “sob obediência”, no sentido em que estão os monges da igreja e a maioria dos cultos orientais. Os Irmãos não temem nem condenam a liberdade intelectual, nem os erros que resultam de seu exercício. Por suposto, todos cometemos erros e alguns até sérios. Mas, é muito melhor cometer erros no exercício da divina liberdade do que seguir cegamente os passos do Mestre, ou instrutor – ainda que o Mestre em questão fosse um Irmão Maior da Rosacruz e sublime Hierofante dos Mistérios.
Max Heindel disse que a Fraternidade Rosacruz é uma “escola preparatória”. Obviamente chegará o tempo em que o estudante da escola preparatória se graduará entrando para um colégio ou universidade para o qual esta escola o preparou. No caso, a “universidade” é a Ordem Rosacruz nos planos internos, onde o candidato “cola grau” como lrmão ou Irmã Leiga. O sr. Heindel escreveu que a meta e o propósito do método Rosacruz de desenvolvimento é emancipar o aspirante da dependência dos demais e fortalecê-lo de tal modo que possa confiar em si mesmo e permanecer só; de outra maneira o espírito se converte em presa dos demais tão logo quando entre nos mundo invisíveis e seja abandonado a seus próprios recursos. No processo de chegar a confiar em si mesmo, um grande obstáculo é removido do caminho do progresso, de modo que seja capaz de desenvolver a maior eficiência possível no serviço à humanidade, como colaborador consciente da Ordem Rosacruz, tanto exotérica como esotericamente.
Por que devemos considerar que temos que compartilhar com nossos amigos no Caminho esse fruto espiritual à medida que vá chegando a nós? Os mais fortes têm o dever de ajudar aos que sejam débeis. Os estudantes se convertem em Mestres. Os servidos se convertem em servidores. Note-se, particularmente que o estudante NÃO SE OBRIGA NEM AINDA COM OS IRMÃOS MAIORES DA ROSACRUZ. A razão pela qual não se deve obrigar a si mesmo é para que não reduza sua própria liberdade de pensamento e ação. Se a liberdade é preciosa aos olhos dos Irmãos da Rosacruz, obviamente eles não podem ser um partido para o zelo desviado e a devoção fanática do estudante ignorante que deseja “vender-se a si mesmo” como escravo. A tal estudante o Mestre poderá unicamente responder: “Desejas vender-te a mim como meu escravo? Talvez, mas eu não desejo comprar-te. Sou um objetante consciente de toda sorte de escravidão”.
Porque, pôr-se a si mesmo sob obrigação é, em verdade escravizar-se; e, portanto, os Irmãos da Rosacruz proíbem a qualquer estudante se obrigar com Eles ou qualquer outra pessoa. Nenhum estudante, nem Probacionista ou iniciado está sob obrigação com algum Irmão Maior da Rosacruz individualmente, e nem ainda à Ordem como um todo. Todos são agentes livres. Os Irmãos Maiores nos quereriam ver rebeldes e questionantes do que inquestionavelmente obedientes. Podemos rebelar-nos, questionar; podemos desafiar e acusar. Isto não nos fará perder o amor dos Irmãos Maiores da Rosacruz. Mas, o que com toda certeza nos cortará a linha espirituais de comunicação com a Ordem é a atitude de aderência infantil e submissão irracional à autoridade dogmática. Max Heindel expõe o assunto convincentemente: “Qual é o caminho para as alturas da realização religiosa e onde podemos encontrá-lo? A resposta é: QUE NÃO SE ENCONTRA EM LIVROS. Os livros são úteis na medida que nos subministrem pábulo para a meditação sobre os temas tratados. Podemos chegar ou não às mesmas conclusões que os autores dos livros, mas, contanto que levemos as ideias apresentadas a nosso ser interno e ali as consideremos cuidadosamente e com espírito de oração, o que resultar do processo será completamente nosso, e mais próximo da verdade que qualquer coisa que pudéssemos obter de alguém mais ou em quaisquer outras formas.
Portanto, o caminho para o estudante seria: não aceitar nem desprezar e nem obedecer cegamente a nenhuma autoridade, mas, esforçar-se por estabelecer o tribunal interno da verdade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 7/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O Poder Criador do Pensamento
Quando o Ego entrou pela primeira vez na posse de seus veículos, na Época Lemúrica, não possuía cérebro, nem laringe. Para suprir essa deficiência, metade da força criadora sexual, anteriormente empregada na propagação foi dirigida para cima, a fim de construir aqueles órgãos; pelo primeiro, poder-se-ia produzir o pensamento e, pelo segundo, comunicá-lo aos outros. Deste modo, vemos que o pensamento é criador, por derivar da força criadora.
Igualmente, é criadora a voz; isto é, a palavra falada, pela mesma razão, tem o poder de criar, porque tem sua origem na força criadora. Daí deduzimos que, ao conservarmos a força sexual, teremos maior quantidade de poder aproveitável no processo de raciocínio e; do mesmo modo, nossas Mentes serão muito mais poderosas do que as das pessoas que malbaratam a força criadora. Esta força, não obstante, deve ser empregada em trabalho construtivo, mental ou físico, ou transmutada em serviço a favor da raça; de outro modo causaria perturbação. Se permanecer meramente recalcado, produzirá, com o tempo, desordens mentais, emocionais e nervosas.
O ato de pensar é um processo muito complicado. Envolve, não somente o emprego do cérebro etérico, o Corpo de Desejos e a Mente. O processo é o seguinte: como egos, funcionamos diretamente na Região do Pensamento Abstrato, dentro das nossas auras. Daqui, observamos as impressões causadas pelo mundo exterior sobre o Corpo Vital, por meio da cadeia de veículos e suas faculdades, chamadas sentidos.
Essas impressões, junto com os sentimentos e emoções por elas geradas no Corpo de Desejos, são imaginadas na Mente. Dessas imagens mentais, formamos nossas conclusões acerca das coisas observadas; tais conclusões são as ideias.
Pelo poder da vontade, nós, como egos, projetamos uma ideia através da Mente; aí, toma forma concreta, como pensamento-forma, ao atrair ao seu redor matéria mental da Região do Pensamento Concreto. O pensamento é o poder que usamos para criar imagens e pensamentos-formas, de acordo com as ideias interiores. O Pensamento-forma, em geral, se envolve em matéria de desejo, obtida do Corpo de Desejos, recebendo um influxo de Vida. Este pensamento-forma composto, fica, então, capaz de agir sobre o cérebro etérico, impulsionando a força vital através dos centros cerebrais e dos nervos, levando-a até aos músculos voluntários, para gerar a ação. Por conseguinte, o pensamento é a mola real de toda atividade humana.
Os efeitos de temor e de inquietação sobre o Corpo de Desejos são muito prejudiciais ao nosso desenvolvimento anímico. Na inquietação, as correntes de desejo não se desenvolvem em grandes linhas curvas, tal como se realiza em condições normais, mas saturam o Corpo de Desejos de redemoinhos, e só redemoinhos, em casos extremos.
Esta última condição impede a pessoa de tomar uma resolução que poderia corrigir a causa de seu temor e de sua inquietude. Tal estado pode comparar-se ao da água a ponto de congelar-se, sob a ação de uma temperatura muito baixa.
O temor, que se expressa em ceticismo, cinismo e pessimismo, pode comparar-se à água, quando congelada, porque os corpos de desejos das pessoas, que habitualmente abrigam estes pensamentos, estão imóveis, e nada pode alguém fazer, ou dizer, que possa alterar essa condição.
Cada vez que alguém abriga um destes pensamentos, ajuda a congelar as condições do Corpo de Desejos e a formar uma armadura azul-acinzentada, em que se encerra, privando-se, muitas vezes, do amor, simpatia e ajuda de todo mundo.
Daí, vem a necessidade de nos esforçarmos para sermos alegres e otimistas, mesmo em circunstâncias adversas, sob pena de criarmos severas condições no futuro.
A Mente subconsciente é fator muito importante no desenvolvimento do ser humano. Em cada respiração, o ar que inspiramos leva consigo um exato e detalhado quadro do que nos rodeia. O mais ligeiro sentimento, ou emoção, é transmitido aos pulmões, donde passa ao sangue. O sangue é o mais elevado produto do Corpo Vital. Os quadros nele contidos imprimem-se nos átomos negativos do Corpo Vital, para servirem como árbitros do destino do ser humano, no estado post-mortem. Quando uma pessoa cria um pensamento-forma, de natureza construtiva ou destrutiva, e projeta-o no mundo, efetua o seu trabalho, de acordo com a sua natureza, ou, então, gasta inutilmente sua energia em vã tentativa. Em qualquer dos casos, retorna ao seu criador, trazendo consigo a indelével recordação da viagem. Seu êxito, ou fracasso, imprime-se nos átomos negativos do Éter refletor e forma parte do arquivo da Vida e ação do pensador, arquivo que, por vezes chamamos “mente subconsciente”.
O pensamento destrói tecidos no Corpo Denso. É bem sabido, pela ciência, que os pensamentos negativos, destrutivos, tais como medo, angústia, sexualidade e sensualidade, destroem o poder de resistência do corpo, expondo-o a enfermidades. Uma pessoa de natureza boa e jovial ou, devotadamente religiosa, que tem fé e confia na providência divina, não cria, com frequência, pensamentos negativos; como resultado, possui uma vitalidade maior e melhor saúde do que as sujeitas à inquietude. Por meio de pensamentos de amor, benevolência e bondade, despertamos qualidades semelhantes nos outros e atraímos pessoas que possuem as ditas qualidades.
Este sutil poder do pensamento pode ser empregado, também, para curar as enfermidades. Por outra parte, pelo pensamento abstrato, o ser humano está capacitado a elevar-se do mundo material e a entrar em contato com Deus.
Se emitimos pensamentos de otimismo, de bondade, de benevolência, de utilidade e de serviço, estes pensamentos, gradualmente, colorirão a nossa atmosfera, de tal modo que chegaremos a expressar fielmente estas qualidades e virtudes. E, como nossos corpos são construídos pelo ego ou espirito, eles se tornam a expressão da nossa atitude mental; nossos pensamentos reagem sobre o nosso corpo físico e sobre o nosso meio ambiente, trazendo-nos saúde e bem-estar material. Isso ilustra o poder criador do pensamento. É um meio de provar a verdade proferida por Cristo: “Se procurarmos o Reino de Deus e sua justiça, todas as demais coisas serão acrescentadas”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/72 – Fraternidade Rosacruz SP)
A Importância das Escolas de Mistérios
Antes que estudemos os efeitos, deveríamos conhecer algo acerca das causas. No Conceito Rosacruz do Cosmos, lemos: “O destino do ser humano é ser uma inteligência criadora, e para isso está fazendo sua aprendizagem todo o tempo. Durante sua vida celeste aprende como construir toda classe de corpos, inclusive o humano”. Como é em cima, é embaixo. Está aprendendo a construir diferentes veículos nas regiões celestes, também está aprendendo a construir todos seus veículos aqui na terra. Se bem que construa conscientemente nas regiões celestes, constrói inconscientemente aqui a maior parte das vezes. É o propósito desta vida aprender construí-los conscientemente.
Quantas monstruosidades de injustiças teriam se pudéssemos construir os veículos conscientemente agora, com nossa inteligência inferior e egoísta. Assim é que as Hierarquias que têm a seu cargo a evolução humana têm que nos manter trabalhando de dentro primeiro.
O véu que esconde o passado está agora sendo levantado por aqueles que têm feito o esforço necessário. Para eles o passado está sendo descoberto e estão desenvolvendo a capacidade de ver no futuro e aspirar a uma vida mais espiritual. É incrível a quantidade de ajuda que estas almas aspirantes estão recebendo das Escolas de Mistérios dos planos invisíveis. Os Essênios eram algumas destas almas, e a sua história é assim: por volta do século segundo antes do nascimento de Jesus, retirado nas montanhas não distantes da margem ocidental do Mar Morto, estava um grupo de pessoas das quais ninguém parecia saber muito. São algumas vezes conhecidos na história, como os IRMÃOS DE BRANCO; outros os têm chamado os Filhos da luz. Eram altamente desenvolvidos e viviam aparte do resto do mundo, ainda que dessem seus tributos em moeda ao governo romano. O propósito dos Essênios foi preparar o caminho para a vinda de Cristo.
Foram eles os que fizeram o grande sacrifício e ajudaram a preparar a Palestina para Sua vinda. Eles também formaram o núcleo dos seguidores e Discípulos de Cristo por todos os lugares. Os Essênios esperavam a primeira vinda de Cristo, como agora estamos nós esperando Sua Segunda Vinda. Se não houvesse sido por seus esforços e sacrifícios não teria havido ouvidos prontos a escutar ao Cristo quando começou Seu Ministério, iniciando a Nova Dispensação de Amor para suplantar a antiga dispensação da lei. Entre esses Essênios estiveram alguns dos mais altos Iniciados desse tempo, incluindo Maria e José. Se não houvesse sido pela ajuda dessas Invisíveis Escolas de Mistérios, não teriam podido chegar a ser Iniciados. Mediante a profunda compreensão da necessidade de purificação ensinada nessas escolas, puderam construir veículos mais perfeitos, necessários para funcionar nos reinos superiores. A Maria e a José foram dadas a oportunidade de fazer o grande sacrifício de preparar-se para dar à luz um Corpo Denso PURO para que o Cristo morasse nele. Eles se separaram de sua comunidade e foram para o Norte fixar sua residência em Nazareth, até que Jesus nasceu.
Max Heindel nos diz que Jesus foi ao Sul pouco depois que alcançou a idade de treze anos e se uniu aos Essênios, com os quais trabalhou e passou todos os treze anos iniciáticos. Ao tempo em que ele finalizou seu desenvolvimento, tanto da cabeça como do coração, estava pronto. Quando o Sol por precessão passou a Áries, ao grau em que se fez possível que o Grande Espírito do Sol, o Cristo, descesse do Sol à terra, teve lugar o batismo, durante o qual Jesus abandonou seus Corpos Denso e Vital, e o Cristo tomou posse deles e funcionou neles durante os três anos de seu Ministério sobre a Terra. Os Essênios dispersos foram os que se uniram a Ele e formaram o grupo de Seus primeiros seguidores. Depois da destruição de Jerusalém, desapareceram do país tão misteriosamente como vieram. Depois os encontramos mais a oeste, e no século XVI os encontramos na Europa, não como Essênios, mas como Rosacruzes, com Christian Rosenkreuz, o Cabeça.
Assim, os Rosacruzes são trabalhadores invisíveis e a real Escola Rosacruz está no Mundo invisível.
Manifestam-se através de diferentes canais no tempo das grandes crises, quando são necessárias fortes medidas, posto que eles apareçam para preparar o caminho para a vinda de Cristo. Eles também ajudam as nações jovens a iniciar-se no Cristianismo. Se nos diz que foram eles que tiveram êxito em conduzir e guiar os precursores que se estabeleceram em nosso continente, e deram forma a nosso governo. Também ouvimos falar da Misteriosa Ordem dos Rosacruzes trabalhando hoje em dia no mundo.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)