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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Filosofia Rosacruz pelo Método Socrático: Vidas Passadas

Pergunta: As vidas passadas poderão ser lembradas?

Resposta: Embora muitas pessoas não sejam capazes de se lembrar de suas vidas anteriores, há algumas que podem. Todas as pessoas poderão ter essa possibilidade se se dispuserem a viver a vida para a obtenção de tal conhecimento.

Pergunta: Quais os requisitos que envolvem tais conhecimentos?

Resposta: Requer-se grande força de caráter, pois essa realização proporciona o conhecimento do destino que poderá estar pendendo, negro e sinistro, sobre nós na forma de trágico acidente.

Pergunta: Qual o bem que proporciona às pessoas comuns o desconhecimento antecipado desses fatos?

Resposta: Amavelmente a Natureza oculta-nos o passado e o futuro a fim de que não nos seja tirada a paz.

Pergunta: Como o desenvolvimento nos auxilia a sobrepormo-nos às dificuldades da vida?

Resposta: Na medida em que obtivermos maior desenvolvimento aprenderemos a nos sobrepor a todos os fatos com equanimidade, admitindo que todas as dificuldades resultam dos males passados. Há então um sentimento de gratidão no fato de que as obrigações decorrentes estão sendo anuladas, sabendo-se ainda que houve uma redução entre o ponto em que estamos e o dia da nossa libertação da roda do nascimento e morte.

Pergunta: Por que algumas pessoas se lembram de sua vida passada?

Resposta: Quando em uma existência uma pessoa morre na infância, com alguma frequência lembra-se da existência passada, no novo renascimento.

Pergunta: Por que a diferença de idade é a causa dessa possível recordação?

Resposta: Porque crianças ao redor dos quatorze anos ainda não jornadearam em um ciclo completo de vida. Esse impõe a formação de uma série completa de novos veículos entre a morte num corpo e o renascimento no seguinte.

Pergunta: O que constitui esse “ciclo inteiro de vida”?

Resposta: Quando uma pessoa em seus quatorze anos de vida abandona seu corpo físico, encontra-se funcionando no Mundo do Desejo, em seu Corpo de Desejos (vide Cap. III do Conceito Rosacruz do Cosmos). No tempo necessário também esse Corpo é abandonado naquele Mundo e a pessoa passa para o Segundo Céu (O Mundo do Pensamento) onde começará a funcionar em seu veículo Mental até que chegue o período em que o Espírito deve entrar em seu Lar: o Terceiro Céu, a Região do Pensamento Abstrato. Permanece aí até que esteja apto a uma nova imersão na matéria.

Pergunta: Como relaciona-se esse acontecimento cíclico com a memória de vidas passadas?

Resposta: O ser humano deixando cada um de seus veículos, incluindo o mental, deve construir uma nova Mente ao renascer, a qual naturalmente relaciona-se somente com a nova vida.

Pergunta: Aplica-se isso àqueles que morrem quando criança?

Resposta: As crianças simplesmente passam para as regiões superiores do Mundo do Desejo, retendo (ao contrário do que se passa com o adulto) seus Corpos de Desejos e veículo mental. Nessas regiões aguardam a ocasião para um novo renascimento, o qual usualmente efetua-se depois de um a vinte anos após a morte. Quando voltam a renascer surgem não com uma nova Mente e um novo Corpo de Desejos como acontece com o adulto, mas com o mesmo Corpo de Desejos e a mesma mente. Daí, se prestarmos atenção às crianças estaremos em condições de depararmos com a evidência de recordações de experiências e de relacionamentos com personalidades de prévias existências na Terra.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1973)

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O Vício da Limpeza e Higiene Corporal para Sua Saúde

O Vício da Limpeza e Higiene Corporal para Sua Saúde

Foi dito que a Limpeza está próxima da Piedade e todos parecem concordar inteiramente com isso; algumas das antigas Religiões até prescreveram certas abluções do corpo como parte dos Serviços religiosos de cada indivíduo, porque a humanidade, nos primeiros estágios da infância do seu desenvolvimento, não era excessivamente higiênica, comportando-se igual às crianças de hoje em relação ao banho e higiene. Elas preferem andar com as mãos e o rosto sujos, à provação de água e sabão, até que gradualmente adquirem o hábito e, afinal, gostem de água. Como acontece a uma criança, o mesmo ocorreu com o ser humano em tempos antigos. Ele realizou as abluções quando forçado pela ordenança religiosa e temendo a punição, caso isso fosse negligenciado. Portanto, encontramos no Tabernáculo no Deserto – a primeira igreja construída pelo ser humano, como ditada diretamente por Deus -, por exemplo, no mar fundido (ou Altar de Bronze) onde os sacerdotes eram ordenados a se lavar, antes de comparecer ao Serviço do Templo, e a penalidade por negligenciar tal dever era a morte. Ritos semelhantes prevaleceram também em outras religiões.

Mais tarde, tornou-se desnecessário exigir do ser humano a limpeza como dever religioso, porque ele a tornou como uma virtude acima de todas as outras. Com o passar do tempo, a prática se espalhou dos estratos mais altos da sociedade para os mais baixos e a limpeza do corpo tornou-se um fetiche, principalmente no mundo ocidental. Ninguém é respeitado se não tomar banho e/ou se higienizar de maneira regular, em intervalos frequentes. Obtemos respeito apenas na medida em que o nosso corpo esteja bem arrumado e bem vestido; ainda que, por dentro, esteja pior do que um sepulcro caiado e a Mente suja de impurezas.

O cuidado com os dentes também tem recebido atenção crescente e, quanto mais para o oeste, mais frequente é o uso da escova de dentes e de outros apetrechos para a higiene pessoal.

Não se pode negar que o exposto pareça muito louvável. A limpeza tem raízes na Religião e certamente só um pai estranho se alegraria ao ver seus filhos carregando sempre as marcas inevitáveis da sujeira, nas mãos, no rosto e/ou no resto do corpo, sem fazer qualquer esforço para removê-los com sabão e toalha. Também não podemos negar que muitas das doenças das quais a humanidade é herdeira estejam relacionadas a dentes defeituosos e que a falta de limpeza seja a principal causa da cárie dentária. O leitor pode, dessa forma, perguntar-se o que queremos dizer com nosso título: “O vício de limpeza”.

A resposta direta a tal pergunta é que, embora a própria limpeza seja uma virtude, ela se torna, como muitas outras coisas boas, um vício, mediante o exagero. A água é o solvente universal e, ingerida em pequenas doses, é boa; mas ingerida na hora errada, junto às refeições, por exemplo, ou de maneira excessiva, torna-se um veneno: dilui os fluidos digestivos e esfria o estômago de modo que a condição necessária ao tratamento adequado dos alimentos seja desajustada; se o hábito persistir, prejudicará a digestão permanentemente. Do mesmo jeito, quando a água é usada em excesso na parte externa do corpo ou em condições inadequadas, ela pode afetar seriamente a saúde.

Isso foi comprovado muitas vezes em nossa experiência em Mount Ecclesia. Várias pessoas que vieram aqui tinham o hábito, antes da chegada, de tomar banho duas, três e até quatro vezes por dia. Elas estavam, sem exceção, em uma condição muito grave, porque o excesso de água aplicado com toalha ou esponja esgotara a pele de sua substância gordurosa e o sistema vasomotor não conseguia operar adequadamente, fechando ou abrindo os poros conforme necessário.

Contudo, havia outro efeito causado pelo abuso de banhos, não visto ou entendido, a menos que se tivesse o conhecimento oculto necessário e visão espiritual para investigar o assunto apropriadamente. Outros podem conhecer a verdade da seguinte explicação por meio de sua própria experiência ao longo das curas pelo magnetismo.

Todos sabemos que, quando pegamos uma bateria galvânica colocamos um eletrodo dentro de uma bacia com água e seguramos o outro eletrodo com a mão, o fluxo de eletricidade através do nosso corpo torna-se bem mais forte ao pormos a outra mão na água do que quando segurarmos os dois eletrodos sem contato com a água. Quando essa evapora, suas moléculas são quebradas e cada fragmento é recolhido em um envoltório de Éter que atuará como almofada, sendo a base da elasticidade do vapor. Quando a condensação ocorre, o excesso de Éter desaparece e a água se torna líquida.

Embora a água tenha um grande anseio pelo Éter, não pode retirá-lo do ar, assim como não podemos absorver o nitrogênio, embora o respiremos continuamente. O fluido é volátil na proporção da quantidade de Éter que contém e temos um exemplo do intenso desejo da água por Éter na avidez com que ela absorve amônia anidra, um fluido tão volátil que ferve a 26 graus abaixo de zero. Isso mostra a razão por que a água causa um fluxo tão volumoso entre o eletrodo da bateria e o corpo, além de explicar muitos fenômenos, entre os quais o motivo de a umidade prestar um amplo auxílio material na transmissão de magnetismo bom, o fluido vital de quem realiza curas, ao paciente e na retirada de magnetismo ruim do corpo desse. Além do mais, é necessário e útil ao curador lavar-se em água corrente para que o Éter venenoso retirado do Corpo Vital do paciente não lhe prejudique. Quando tomamos banho em circunstâncias normais, removemos uma grande quantidade de Éter venenoso do nosso Corpo Vital, desde que fiquemos uma quantidade razoável de tempo no banho. Depois que nos lavamos, o Corpo Vital torna-se um pouco atenuado e, consequentemente, causa-nos uma sensação de fraqueza, porém se estivermos com boa saúde e não tivermos demorado no banho, a deficiência logo é compensada pelo fluxo de força que flui para dentro do corpo humano através do baço. Quando essa recuperação ocorre, sentimos um vigor renovado e o atribuímos ao banho, sem perceber o ato completo, como indicado acima.

No entanto, quando uma pessoa que não esteja com a saúde perfeita toma banho duas ou três ou até quatro vezes todos os dias (principalmente de banheira), um excesso de Éter é retirado do seu Corpo Vital. O novo suprimento que entra pelo baço também diminui devido à condição atenuada do Corpo Vital. Assim, é impossível que ela se recupere após repetidos esgotamentos e, como consequência, a saúde do Corpo Denso sofre; ela perde quase toda a força e gradualmente se torna, com certeza, inválida. Nesse estado delicado, ela é incapaz de comer, de assimilar alimentos verdadeiramente nutritivos e, com o tempo, sua condição pode tornar-se muito, muito grave.

É extremamente difícil lidar com esses casos, porque geralmente ocorrem com pessoas que tenham Signos Comuns nos ângulos do seu horóscopo, com muitos Astros nesses Signos ou com o Sol e o Ascendente. Esse tipo de pessoa se ofende com qualquer interferência em sua dieta e hábito de tomar banho, porque acredita que seja um modelo de limpeza, o que aos seus olhos é uma grande virtude. Supõe que não possa viver sem muitos banhos por dia e, como seu apetite é muito leve e delicado, deduz que saiba melhor que todos como cuidar desses requisitos; contudo, estão erradas em ambos os casos, como mostra o que foi exposto acima.

O primeiro passo para a saúde, em situações assim, envolve a cessação total do banho. O banho seco é o restaurador adequado e, para tal fim, é melhor usar um par de luvas grossas feitas de fio de linho retorcido. Isso pode ser adquirido em qualquer farmácia. Com isso, o corpo pode ser esfregado de manhã e à noite, até a pele apresentar um brilho saudável. Por esse processo, a cutícula supérflua é removida, mas o óleo e o Éter permanecem. Assim, o paciente se desenvolverá muito rapidamente, pois quando o Éter Químico aumenta, o poder de assimilação também revive e há um ganho imediato de força corporal. Se necessário, o paciente pode receber um quente e muito leve banho de esponja uma vez por semana, porém não deve tomar um único banho de banheira até que esteja totalmente recuperado.

Apesar de, muitos de nós, termos feito da banheira um ídolo, também adquirimos um fetiche pela escova de dentes. Em certo sentido, não é tão perigoso quanto a banheira, porque cada pessoa tem sua própria escova de dentes e os germes da doença que nela permanecem, apesar da lavagem mais cuidadosa, entram em contato somente com a pessoa a quem pertencem, enquanto os da banheira são uma ameaça para todos os que a usam. Esses organismos são inofensivos para uma pessoa com boa saúde, mas qualquer um que não esteja em pleno vigor e, portanto, suscetível a doenças, pode contrair uma infecção tomando banho em uma banheira, depois de outra pessoa. Por esse motivo, o banho de esponja deve ser preferido ao de banheira, exceto em famílias onde as condições dos integrantes sejam conhecidas e as devidas precauções sejam tomadas.

Contudo, voltando à escova de dentes, como já foi dito, ainda que possamos limpar esse pequeno instrumento com bastante cuidado, é absolutamente impossível torná-lo asséptico e, quanto mais o usamos, pior sua condição. Esse é um fato reconhecido por todos os dentistas e é uma ameaça da maior magnitude para a higiene do corpo, particularmente entre as pessoas que persistam em se alimentar de carcaças em decomposição de animais assassinados. O processo de putrefação, que começa no momento em que o animal é morto é enormemente acelerado pelo ambiente bucal, e as partículas de carne alojadas entre os dentes rapidamente se tornam uma fonte perigosa de infecção. Essas partículas não são removidas pela escova de dentes e são a causa de várias doenças de caráter muito grave. Daí a importância do uso do fio dental.

Todos nós sabemos como a mastigação é essencial para a digestão adequada; portanto, a importância dos dentes sadios não pode ser subestimada e o perigo à vida e à saúde dos dentes, causado por esses pedaços de carne em decomposição, é, logo, uma das mais graves ameaças à existência humana, seu conforto e bem-estar.

Cada dente perdido nos deixa mais sujeitos a doenças e à morte. A habilidade do dentista pode nos dar um dente novo; contudo, até o melhor produto está muito abaixo do padrão da natureza.

Assim que adotamos uma dieta vegetariana, escapamos de uma das mais graves ameaças à saúde: a putrefação de partículas de carne entre os dentes, como dito no parágrafo anterior, e esse não é um dos argumentos menos importantes para a adoção da alimentação vegetariana. Frutas, cereais e vegetais tem uma constituição que se desfaz muito lentamente; cada partícula contém uma enorme quantidade de Éter que a mantém viva e doce por um longo tempo, já o Éter que interpenetrou a carne e compôs o Corpo Vital de um animal foi eliminado com o seu espírito, na hora da morte.

Dessa forma, o perigo de infecção por alimentos vegetais é muito pequeno em primeiro lugar, mas muitos deles, longe de serem venenosos, são realmente antissépticos em um grau muito alto. Isso se aplica particularmente às frutas cítricas — laranjas, limões, toranjas e tantas outras, sem contar o rei de todos os antissépticos, o abacaxi, que tem sido usado com muita frequência e sucesso completo como a cura para a temida difteria, que é apenas outro nome dado à dor de garganta séptica.

Portanto, em vez de envenenar o trato digestivo com elementos putrefativos como as carnes fazem, as frutas limpam e purificam o sistema, e o abacaxi é uma das melhores ajudas para a digestão que o ser humano conhece. É muito superior à pepsina e nenhuma crueldade diabólica é usada para obtê-lo. Com esse tipo de alimentação, os perigos da escova de dentes podem ser evitados, pois o seu uso pode ser feito de maneira bem mais adequada, três vezes ao dia – ou todas as vezes que fizer uma refeição – e auxiliada pelo fio dental. E, logicamente, acompanhado sempre de uma boa enxaguada com água limpa.

(da Revista Rays from the Rose Cross de agosto de 1915 – traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Relação dos Tríplices Espíritos, Almas e Corpos em cada um de nós

A Relação dos Tríplices Espíritos, Almas e Corpos em cada um de nós

O ser humano é um tríplice Espírito que possui uma Mente, governando com ela um Tríplice Corpo que emanou de si mesmo para adquirir experiência. Esse Tríplice Corpo se transforma em Tríplice Alma, da qual se nutre, elevando-se assim da impotência à onipotência.

O Espírito Divino emanou de si Corpo Denso extraindo como fruto a Alma Consciente.

O Espírito de Vida emanou de si o Corpo Vital extraindo como fruto a Alma Intelectual.

O Espírito Humano emanou de si o Corpo de Desejos extraindo como fruto a Alma Emocional.

O Tríplice Espírito lançou uma tríplice sombra sobre o reino da matéria e desse modo o Corpo Denso foi evoluindo como contraparte do Espírito Divino, o Corpo Vital como réplica do Espírito de Vida, e o Corpo de Desejos como imagem do Espírito Humano.

Finalmente, e o mais importante de tudo, formou-se o degrau da Mente como enlace entre o Tríplice Espírito e seu Tríplice Corpo. Esse foi o começo da consciência individual e marca o ponto onde acaba a Involução do espírito na matéria e onde começa o processo evolutivo pelo qual o espírito é extraído da matéria. A Involução significa a cristalização do espírito em corpos distintos, mas a evolução depende da dissolução dos Corpos, da extração da substância da Alma deles e da amálgama alquímica dessa Alma com o espírito.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro de 1970)

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O Serviço pelo Exemplo: a verdadeira forma do Serviço prestado

O Serviço pelo Exemplo: a verdadeira forma do Serviço prestado

Servimos muito mais pelo exemplo que damos. A nossa alegria, a nossa fé, a nossa devoção, a nossa compaixão e a nossa conduta geral estão constantemente à vista do mundo e, não importa o que dissermos ou até mesmo fizermos, é essa própria conduta — no contexto em que nossas palavras forem proferidas e as nossas ações forem praticadas — que, a longo prazo, mais influenciará as pessoas com as quais entrarmos em contato.

Todos tivemos a experiência de termos sido influenciados pelo entusiasmo, pela exaltação, a alegria e a boa vontade de uma pessoa otimista e nos termos apercebido de estarmos, pelo menos durante o período imediatamente seguinte ao nosso contato com tal pessoa, alegres ou até mesmo enlevados e capazes de executar nossas tarefas com êxito maior do que costumeiramente. Tivemos também a experiência de estar deprimido, desanimado ou irritado por um pessimista ou por alguém que se tenha recusado a suportar sua parte nos encargos. As vibrações negativas emitidas por essas pessoas são rapidamente intensificadas e multiplicadas, e nossas reações em relação a elas variam sempre do ressentimento e do enfado até uma atitude desanimada. Como resultado, os nossos tristes estados de alma obstruem o nosso trabalho e se revelam prejudiciais ao nosso bem-estar geral e dos demais.

Quando, à luz desses exemplos, pensamos acerca do quanto podemos influenciar outras pessoas para o bem ou para o mal, a magnitude de nossa responsabilidade a esse respeito se torna óbvia, quando não assustadora. Desse modo, é certo que “nenhum homem é uma ilha” e há uma acentuada e contínua possibilidade de que o modo como cumprirmos nossas tarefas, até mesmo as mais mundanas, servirá de exemplo para alguém.

Talvez isso fique mais claro pelo modo como as crianças são influenciadas por qualquer um de nossos atos diários. As crianças, realmente, são eminentemente passíveis de serem ensinadas e abertas à sugestão e ao exemplo. Nisso é provavelmente onde reside a nossa maior responsabilidade e, caso desempenharmos todas as nossas obrigações como se crianças estivessem presentes e desejássemos que elas tirassem proveito de nossa conduta, deveremos cumprir o melhor nisso tudo. Os pais, os professores e outros que estejam em estreito contato com as crianças precisam estar cientes do fato de que se encontram “em exibição”. A mínima discrepância no “modo convencional” de comportamento — seja uma melhoria ou uma debilitação desse modo — será entendida, por parte das crianças, como digna de ser imitada. Pode-se estar certo de que, quando as crianças estiverem nas proximidades, até mesmo as reações, atitudes e atos mais corriqueiros serão perfeitamente ponderados pelos menores, desejosos e prontos a crer que é assim que a coisa deva ser feita.

Os adultos, certamente, não são tão permeáveis ao ensino quanto as crianças e a maior parte deles não é tão influenciável. Mas a analogia com as crianças ainda se mantém num ponto e existem, sem dúvida, alguns adultos — surpreendentemente muitos, na realidade — que sejam pouco determinados ou “inseguros” o bastante para fazer com que sejam alterados pela menor modificação, pressão ou exemplo exterior. Nunca saberemos quando essa pessoa estará perto; sendo assim, novamente é importante que estejamos desempenhando a nossa “melhor conduta” a todo momento.

Até mesmo quando não nos sentimos alegres, efusivos ou serenos, devemos, para beneficiar os que estejam em torno de nós, fazer todo o esforço para alevantar o nosso espírito ou, pelo menos, estabelecer uma frente de otimismo, calma ou entusiasmo, conforme se fizer necessário. Tal conduta será benéfica aos nossos companheiros e, ademais, poderemos ficar surpresos ao descobrir que, ao fazermos o esforço para parecer positivos diante dos outros, realmente começaremos a nos sentir mais otimistas e esperançosos dentro de nós mesmos.

Isso, naturalmente, é especialmente verdadeiro em momentos de crise, mas é importante também em todos os outros momentos. Durante as crises, é imperioso que todos nós mantenhamos as nossas condutas mais calmas e os semblantes mais otimistas — procurando e proclamando o bem em tudo o que possamos defrontar e fazendo todo o possível para que os nossos amigos e companheiros não sucumbam aos aspectos negativos desse confronto. Não importa o quanto estivermos desanimados: é de nossa responsabilidade tentar distrair os outros que possam estar deprimidos e, pelo exemplo e pela sugestão, levá-los a fazer todo o possível para ajudar a si próprios a superarem quaisquer problemas ou desventuras. Quanto mais nos dedicarmos desse modo, mais serviremos realmente pelo exemplo e menos tempo teremos para pensar a respeito de assuntos negativos de quaisquer espécies.

A importância do servir pelo exemplo é revelada até mesmo nos assuntos mais triviais. O simples ato de um homem, num ônibus, o ato de levantar-se para oferecer o seu lugar a uma mulher, poderá ser o catalizador para induzir outros a fazerem o mesmo. Certamente, isso ficará gravado na consciência de todos os cavalheiros e em circunstâncias futuras eles oferecerão também os seus lugares.

Até mesmo o ato de entrar numa sala ou caminhar por uma rua sorrindo, ao invés de ostentar um semblante deprimido ou expressões distraídas, tão comuns a muitas pessoas com quem nos encontramos diariamente, poderá ter um efeito animador e surpreendente nos que virem o sorriso ou a expressão de felicidade. É certo que esse ato iluminaria a fisionomia, pelo menos momentaneamente, e o efeito provavelmente seria um tanto mais duradouro. Quem, às vezes, em algum lugar, não teria visto, de passagem, a face radiante de uma pessoa feliz e ficado soerguido por essa mesma expressão? Não importa que não saiba a causa da alegria da pessoa — o que importa apenas é que viu e sentiu a sensação de alegria em alguém mais e a transferiu, a seu próprio modo, para si. Isso o fortaleceu rapidamente ou, talvez, tendo observado e sentido a coisa, tenha se capacitado a contribuir com algo de dentro de si em benefício dessa sensação e, assim, retendo o seu benefício durante um período mais longo. Devido a isso, alguns momentos — possivelmente muitos — no dia dessa pessoa foram iluminados, ficando possibilitada de comportar-se melhor, mesmo por apenas um breve período.

O serviço por meio do exemplo, inclusive, apresenta possibilidades de crescimento cíclico. A pessoa cujo sorriso vier a alegrar um transeunte provavelmente não terá meios de saber que a satisfação resultada na pessoa do transeunte, por sua vez, vá se comunicar a alguém mais e assim por diante. (A mesma característica de proliferação, de fato, também ocorre na transferência de emoções e sentimentos negativos, de uma pessoa em relação a outra). Isso é verdade em qualquer forma de comportamento ou ação: se uma pessoa for persuadida a imitá-lo, essa mesma pessoa, por sua vez, poderá muito bem servir de “influenciador” para outras mais e assim por diante, até que talvez inúmeras pessoas se comportem ou procurem agir da mesma forma que o primeiro indivíduo do ciclo. Em outras palavras, nunca saberemos até onde irão os efeitos de qualquer coisa que carreguemos emocional, verbalmente ou por intermédio da ação.

Muitos de nós, especialmente, talvez, na juventude, tivemos a experiência de ouvir alguém fazer apreciações em detrimento de outra pessoa, seja na presença ou não desse alguém e então percebido que quase todos ao derredor tenham concordado com o detrator ou, pelo menos, tenham permanecido passivos. Em seguida, notamos que alguém tenha falado em defesa da pessoa indigitada, dizendo ou afirmando com ênfase que o primeiro orador foi injusto em seu julgamento ou, um tanto mais amavelmente, que estivesse “mal informado”. O segundo orador assinalou as boas qualidades do indivíduo em questão e, gradualmente, os que se portaram veementemente em sua concordância com o primeiro orador começaram a concordar, ao contrário, com o segundo orador. O exemplo desse, aparecendo presumivelmente no momento certo, serviu para dirigir os pensamentos de todas as pessoas através de melhores canais, sendo que as vibrações que esse grupo particular passou a emitir foram muito melhores do que foram enquanto estava falando o primeiro orador. O seu exemplo e a sua franqueza na defesa do indivíduo caluniado melhoraram bastante, em relação a todos, uma situação que se tornara desagradável graças ao exemplo oferecido pelo primeiro orador. Esse desviou as pessoas para uma direção negativa, fazendo com que elas se prejudicassem e prejudicassem a pessoa de que falavam. O segundo orador modificou completamente a situação em torno de si e do grupo e fez com que todos os envolvidos melhorassem a si próprios, acentuando o bem ao invés do mal, quanto ao tema de seus pensamentos. Assim, pelo seu exemplo de corajosa refutação dos comentários difamatórios a respeito de outrem, o segundo orador foi útil tanto ao caluniador quanto aos circunstantes, que foram muito apressados em concordar com os sentimentos negativos, antes que suas melhores tendências e, o mais provável, suas consciências fossem convocadas. Ademais, os benefícios que advierem ao próprio orador, como resultado de sua ação, são, de fato, óbvios.

E, assim, vemos que o verdadeiro serviço, por sua própria natureza, quase sempre assume a forma de exemplo às outras pessoas. Naturalmente, muitos atos específicos de serviço podem e devem ser executados sem alarde ou até mesmo anonimamente. A conduta ostentatória ou a proclamação dos atos “altruísticos” de alguém altera imediatamente a atividade e isso se transforma não em um verdadeiro serviço, mas num exercício que visa a mostrar as características “generosas” ou “prestativas” de seu autor.

Entretanto, uma pessoa que viva tranquilamente uma vida de sincero serviço espiritual dedicado a outrem não poderá deixar de ser um constante exemplo inspirador para seus colegas. Esses poderão estar completamente despercebidos dos detalhes do serviço que ele faz ou em benefício de quem. Em razão de sua espiritualidade e bondade interiores, que prontamente o levam a se compadecer e a prestar serviços, boas vibrações permeiam quase completamente a atmosfera ao seu redor; os que com ele entrarem em contato sentirão as suas finas qualidades e a elas reagirão, cada qual a seu modo. A sua verdadeira aura “toca” a de outras pessoas, resultando que elas, mesmo que momentaneamente, sejam fortalecidas e elevadas graças a isso e, frequentemente, tornem-se mais compassivas e prestimosas.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – setembro-1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Adaptabilidade, a Chave do Seu Progresso

Adaptabilidade, a Chave do Seu Progresso

A presente condição desequilibrada do mundo de hoje deve sua origem a uma causa principal, a saber, inadaptabilidade por parte do indivíduo com relação a aprender as lições apresentadas a ele pelos vários instrutores a cargo da evolução, sendo dadas todas com o objetivo de desenvolver os divinos poderes latentes do ser humano. Os poderes de Deus, latentes dentro de cada ser criado, são três em número, separados e distintos em suas naturezas intrínsecas, e, não obstante, positivamente necessários com o fim de produzir a manifestação.

O primeiro poder de Deus é a VONTADE, que se expressa como o poder de originar e de destruir, o poder de guiar toda a criação, o poder de dirigir e de projetar ideias e formas de pensamento na Mente, e o poder de expressar controle através do intelecto, em todos os aspectos, tais como o raciocínio, o juízo, o conhecimento, a indução, a dedução, a compreensão, etc.

O segundo poder de Deus é AMOR-SABEDORIA, e se expressa como atração, coesão, receptividade, imaginação, sentimento, intuição, memória, conservação, proteção, alimentação, nutrição e concepção.

O terceiro poder de Deus é a ATIVIDADE, que se expressa como a força de movimento que impede a inércia e produz germinação, desenvolvimento, crescimento, ação, dinamismo, expansão, originalidade, fertilidade, reprodução, Epigênese e criação.

Quase desde o princípio, uma classe de pessoas avançou lenta, mas persistentemente no desenvolvimento dos poderes da VONTADE, combinados com os da ATIVIDADE. Esta combinação produziu os gigantes intelectuais do presente, os homens e mulheres teimosos que põem o “eu” antes de tudo e cruelmente deixam de lado qualquer coisa que apareça diante deles como um obstáculo, sem ter em conta o que ou quem possa ser, amigos, família, inimigos, tudo deve desaparecer, tudo o que não faça promover seus logros. Os membros desta classe se encontram no campo das finanças, grandes associações de negócios e de companhias industriais e corporações multinacionais, seja em menor ou maior escala, dependendo da capacidade do indivíduo. Aquele que não ajude a esta classe de pessoas é para elas um estorvo, e deve ser eliminado.

São talentosos, espertos e usualmente afortunados, mas temidos por todos os que se põem em contato com eles com a suficiente intimidade como para descobrir suas cruéis e dominantes características. Seus brilhantes e faiscantes intelectos podem ser admirados, seu fenomenal êxito invejado, mas os indivíduos por si mesmos não são nunca verdadeiramente queridos, nem honradamente respeitados. Nem tampouco, por regra geral, são lembrados por muito tempo, e suas fortunas, algumas vezes massivas, nunca são realmente apreciadas pelos parentes, geralmente gastando o dinheiro obtido deles, pródiga e rapidamente depois de sua morte.

Uma segunda classe, ao começo de seu caminho evolutivo, desenvolveu os segundo e terceiro poderes que se manifestam como AMOR e ATIVIDADE. Com desprezo do primeiro poder, a vontade, que inclui a razão, o juízo, etc. Aqui temos aquelas pessoas que se omitem em todas as formas de convenção no que se refere ao coração, sacrificando tudo pelo ser amado, seja justo ou injusto, sem analisar aquele que é objeto de seus afetos, ou quantos são prejudicados por suas ações. O amor, para essas pessoas, é desculpa suficiente, com o fim de satisfazer seus urgentes desejos e qualquer quantidade de raciocínio por parte dos amigos, tem pouco ou nenhum efeito. Nunca estão realmente contentes, a menos que estejam realmente próximos do objeto de seus afetos, que pode ser um amigo, uma criança, um marido ou uma esposa. Contudo, eles não são realmente tão maus como parecem sendo débeis no poder da vontade, creem que o amor, a urgência que sentem tão fortemente, é uma excelente desculpa para fazer as coisas que outros consideram como delitos de menor importância. Frequentemente o encantador lado atrativo de tais pessoas os ajuda a obter muitas coisas que em outros menos sedutores não seria tolerado. Estas pessoas têm muito a ver com a corrupção da sociedade, desbaratando amizades, lugares, sociedades, até governos, e despertando emoções nos outros que em muitos casos são difíceis de controlar. Lançam-se a toda classe de satisfação sensual sem usar o juízo, e com pouca discrição. Para eles o presente basta. Para que se preocupar com o que o futuro possa deparar. Para eles o pensar produz danos, e não gostam da sensação de dor.

A terceira classe de pessoas são aquelas que desenvolveram seus PODERES de VONTADE, e a NATUREZA DE AMOR em prejuízo de seus poderes de atividade. A essa classe pertencem os sonhadores do mundo. Possuem tanto o intelecto como a imaginação bem desenvolvidos, mas carecendo de incentivo em grau considerável; passam o tempo imaginando toda classe de projetos que, se fossem postos em ação, seriam de grande benefício para a humanidade. Mas, como são inimigos de ir ao mundo e materializar seus planos, preferem passar a maior parte do tempo evocando novos planos. Esta classe de pessoas é raramente perigosa para a sociedade, mas são geralmente esquivados pelos seus semelhantes, em razão de sua aparente indolência. Seus amigos se cansam de ouvir o que lhes parece mais ou menos como contos de fadas para adultos, de modo que estas pessoas levam uma vida um pouco solitária, até que despertem, por assim dizer, e começam uma honrada investigação das causas de tudo.

Ao princípio, praticamente, as mesmas experiências sucederam a todos por igual. Mas, logo, devido a NÃO ADAPTABILIDADE, as experiências se fizeram mais variadas, até que no tempo presente são quase inteiramente individuais. Não obstante, em todos os casos tais experiências são ideadas para satisfazer as necessidades especiais daqueles a quem são dadas, seja em massa ou separadamente. Terremotos, tornados, fome, seca, epidemias e guerras, são exemplos das experiências em massa, enquanto que os vários sucessos de nossa vida diária contêm especiais e necessárias lições. Muitas vezes estas experiências podem parecer quase triviais, mas se as considerarmos atentamente, revelarão os pontos débeis de nosso caráter que necessitam ser fortalecidos. Então devemos permanecer adaptáveis e consentir em fazer esforços.

Àqueles que “cobiçam o êxito” lhes serão dadas oportunidades, seja para acumular ou para dar, quando seja necessária ajuda aos demais. Geralmente tais pessoas sofrem por sentir e dar. Se sua lição é aprendida, depois da devida meditação, aprenderão a dar com compaixão, e ao fazê-lo assim, estarão estabelecendo um equilíbrio entre a cabeça (Vontade), o coração (Amor) e a ação (Atividade).

Àqueles que creem que o amor é uma desculpa legítima para toda classe de delitos morais, ser-lhe-ão dadas oportunidades de “pensar retamente e bem”, antes de sucumbir à tentação de roubar aos demais, seus seres amados que legitimamente lhes pertencem. Com o fim de aprender esta lição, essas pessoas inspiradas pelo coração devem desenvolver o poder da razão, o que lhes dará o necessário equilíbrio para vencer a tais tentações.

Àquelas pessoas que gostam de “sentar e sonhar” em grandes coisas para ser realizadas mais tarde, quando creem que estão se esforçando, encontrarão suas lições na privação de todas as coisas que mais veementemente desejam e com desprezo, ainda que seja parcialmente velado sentido por seus associados. A fome, o sofrimento e a vergonha finalmente os compelem à ação, e a atividade assim desenvolvida, com o tempo lhes proporcionará o necessário equilíbrio que tão desesperadamente necessitam. Quando nos tornamos conscientes de que algo vai mal conosco e começamos seriamente a averiguar a causa, necessitamos somente examinar os acontecimentos diários de nossa vida para chegar à raiz de tudo, que é o desequilíbrio. Então, se formos prudentes, cultivaremos novos hábitos e começaremos a trabalhar diligentemente para desenvolver os poderes que nos faltam.

Gradualmente, perceberemos que é mais fácil nos adaptarmos às novas circunstâncias e a vida se tornará mais simples de viver, porque terá seu centro do Tríplice Espírito.

Quando isto for conseguido por um número considerável de pessoas, as guerras cessarão. Estas pessoas saberão que unicamente o RETO PENSAR (Vontade), o RETO SENTIR (Amor) e o RETO ATUAR (Atividade) podem trazer paz duradoura a todas as nações da Terra.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – mai/jun/88)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: A eletricidade é estritamente física e o processo mencionado na Bíblia como a “segunda morte” pode ser compreendido mais facilmente sob esse ponto de vista?

Pergunta: A Filosofia Rosacruz faz referência a quatro Éteres: Químico, de Vida, Luminoso e Refletor. Para mim, eles constituem um campo elétrico. A dissolução do corpo físico parece ser uma função dos Éteres depois da morte, pois acredito ser a eletricidade a última fase da chamada matéria, onde a Física termina e a Metafísica principia. Contudo, ainda para mim, a eletricidade é estritamente física e o processo mencionado na Bíblia como a “segunda morte” pode ser compreendido mais facilmente sob esse ponto de vista. Parece-me que a base de tudo seja a eletricidade (simplesmente um aumento de vibração do mais inferior dos Éteres ao mais superior).

Resposta: No século XIX, todos os físicos admitiam a existência do Éter no espaço, como transportador da luz em forma ondulatória. Outros cientistas aventavam a hipótese da existência de uma espécie de Éter funcionando como veículo de forças ondulatórias eletromagnéticas. Hoje, entretanto, a eletricidade, o magnetismo e a luz estão incluídos no termo “espectro eletromagnético”. Os indivíduos de ciência também não admitem uma linha de demarcação real entre a matéria vivente-orgânica e a inorgânica, embora o ocultista saiba que a diferença esteja situada no Éter de Vida. Para o biofísico, contudo, a vida pertence ao fenômeno eletromagnético. Porém, não é correto correlacionar eletricidade e vida, embora alguns ocultistas o tenham feito. O abandono da “concha” etérica, depois da morte, poderia ser conceituado como uma “segunda morte”. O Ego, porém, muito raramente fica ciente desse processo, pois nessa ocasião sua atenção focaliza-se no “panorama” ou em suas primeiras experiências nos planos internos.

O Éter de Vida é o elemento que, antes de qualquer coisa, mantém a totalidade do corpo durante a vida. Depois da morte, não há algo que imponha a ação desse Éter às moléculas e átomos do organismo. Assim, o corpo se decompõe sob a ação das forças químicas pertencentes à esfera terrestre.

Outra interpretação da “segunda morte” pode ser sugerida pelo fato sucedido quando o Ego ascende das regiões inferiores do Mundo do Desejo, ingressando no Primeiro Céu (região superior do Mundo do Desejo). Sabemos que as alegrias próprias do Primeiro Céu sejam alegrias de ordem pessoal, consistindo na satisfação de todos aqueles desejos bons e inocentes, dos sonhos e aspirações não concretizados na vida terrestre. Isso leva o Ego a tomar a aparência corporal que mais o alegra, ressaltando-se o formato de uma cabeça (que tende a desaparecer rapidamente).

O passo seguinte consiste na entrada no Segundo Céu (Região do Pensamento Concreto), onde há uma espécie de morte, mas de nenhuma forma comparada à mudança de corpos.

É possível a aparição de Egos na Terra, quando ainda estejam no Primeiro Céu para a realização de um propósito especial, revestidos com a aparência dos antigos corpos usados na esfera física. Entretanto, isso raramente acontece após o ingresso no Segundo Céu.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro de 1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Significado Místico da Rosa

O Significado Místico da Rosa

Uma das mais queridas flores que o nosso Criador nos deu foi a Rosa. Por meio do consenso geral ela tem sido escolhida como a mais bonita entre as filhas de Flora. Na história de nossa raça, encontramos a Rosa associada à corrente de mil capítulos e, embora seja considerada nativa do Leste, atualmente participa da universalidade, abrindo suas pétalas ao Sol de praticamente todas as nações.

A sacralidade da Rosa tem sido sentida e reconhecida durante épocas passadas, desde as primeiras inscrições sobre pedras e peles, pelos nossos ancestrais das cavernas, até as inspirações imortais de Dante, Burton e Corelli. Muitos dos antigos encaravam a Rosa como emblema do silêncio, do amor, da alegria e da reserva.

Pode-se dizer que a Rosa representa o ápice do crescimento, da expansão e da evolução no reino vegetal. Através de muitas eras veio a assumir a presente perfeição de graça, beleza e fragrância de tal modo que hoje seja considerada o símbolo da alta espiritualidade — até mesmo do próprio Espírito, como está evidenciado na afirmação do Conceito Rosacruz do Cosmos de que a Cruz é representada com “uma única rosa no centro, simbolizando o Espírito que irradia de si os quatro veículos: o Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos, mais o veículo Mente”.

Cada pétala amorosa da Rosa, desprendendo o seu perfume místico, pode ser comparada ao crescimento anímico que surge por intermédio dos desejos, dos anelos, das aspirações e dos sofrimentos do Espírito habitante, vida após vida. A Rosa, assim como o Espírito Virginal, desabrocha e se desenvolve no sentido da perfeição. A fragrância apurada dessa flor encantadora lembra-nos do poder sagrado que se acha dentro do ser humano e que o impele a descobrir a realidade das coisas invisíveis.

Do mesmo modo como a Rosa expõe o seu coração ao Sol físico, assim o ser humano, o Espírito habitante e individualizado, volta-se para a Luz da Verdade espiritual, enquanto tudo ao seu redor denota escuridão e desespero. Na medida em que implora no Umbral Divino, pode-lhe surgir repentinamente aquela iluminação maravilhosa, limpadora e inspiradora.

Todas as perfeições físicas acabam desaparecendo; mas as virtudes divinas são infinitas. Os que forem subordinados à Beleza Espiritual deixarão uma herança duradoura. Assim como a Rosa, com sua beleza e fragrância, trouxe felicidade e alívio ao sofrimento do mundo físico, assim também o Espírito, manifestando-se a partir dos planos invisíveis, trouxe elevados conceitos e ideais para a humanidade. No grande Jardim do Senhor existem infinitas variedades de Suas flores; mas através de toda a variedade de raças, religiões e línguas permanece o fio condutor do progresso em direção ao próprio Ideal.

Cada ser humano é uma Semente no Grande Jardim do universo de Deus e, quando nutrida com amabilidade, desprendimento e compreensão, cresce e floresce até se tornar uma flor humana de estatura divina, não importando quanto tenha sido gravemente ferida pelas tempestades da intolerância, do preconceito e do fanatismo. Dessa maneira está surgindo uma Nova Raça, raça essa que está sendo preparada para viver na Nova Era.

“A rosa, como qualquer outra flor, é o órgão reprodutor da planta. Sua haste verde conduz o sangue da planta, incolor e desapaixonado. A rosa de cor sanguínea revela a paixão que se incorpora ao sangue da raça humana; na rosa, porém, o fluído vital não é sensual: ele é casto e puro. Assim, é um símbolo excelente do órgão reprodutor no estado puro e santo que muitos atingirão quando tiverem limpado e purificado o sangue dos desejos, quando se tornarem castos, puros e iguais ao Cristo.” — MAX HEINDEL

(Publicado na Revista Rosacruz de agosto de 1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O que acontece depois da morte?

Resposta: Depois de um tempo mais ou menos longo, chega na vida de cada indivíduo, o momento no qual se completam as experiências que o espírito pôde acumular em seu atual ambiente, e a vida termina com a chamada “morte”.

Essa “morte” pode ocorrer repentinamente, como, por exemplo, devido a um terremoto, no campo de batalha, ou por acidente.

Mas, na realidade, a morte nunca é “acidental”, ou imprevista pelas Forças Superiores. “Nenhum pássaro cai ao solo sem a Vontade Divina”.

Há, no percurso da vida, desvios do caminho, por assim dizer: por um lado a linha principal da existência continua para a frente; o desvio do caminho levará ao que podemos chamar “um beco sem saída”. No caso de o ser humano tomar esse caminho, sua vida em breve terminará com a morte. Estamos aqui com a finalidade de obter experiências, e cada vida tem uma certa colheita a amadurecer. Se organizamos nossa vida de modo apropriado a alcançar esse conhecimento, continuamos vivendo e constantemente nos chegarão oportunidades variadas. Mas, se nos descuidamos delas, e nos deixarmos levar por caminhos que não forem congruentes com o nosso desenvolvimento individual, seria um desperdício de tempo deixar-nos ficar em semelhante atmosfera.

Por isso os Grandes e Sábios Seres que estão por trás do cenário da evolução, encerram a nossa vida, para que possamos recomeçar em um círculo de influência diferente. A lei da conservação da energia não está confinada ao Mundo Físico, senão que opera também nos planos espirituais.

Não há na vida algo que não tenha o seu propósito. Agimos mal em rebelarmo-nos contra as circunstâncias, não importa quão desagradáveis sejam. Pelo contrário, deveríamos nos esforçar por aprender as lições nelas contidas, para que possamos viver uma vida longa e útil. Alguém poderá objetar, dizendo: “Você é inconsequente nos seus ensinamentos. Diz que realmente a morte não existe; que passamos a uma existência mais lúcida e que temos de aprender outras lições lá, numa esfera diferente de utilidade! Por que, então, devemos nos esforçar em viver aqui uma mais longa vida?”.

É certo que fazemos tais afirmações. E elas são perfeitamente consequentes com as afirmações que acabamos de mencionar. Mas há lições que devem ser aprendidas AQUI, e temos de educar nosso corpo físico através dos pouco úteis anos da infância, atravessando o período ardente e impulsivo da juventude, até chegar à maturidade do homem ou da mulher, antes de que esse veículo mostre sua verdadeira utilidade espiritual. Quanto mais tempo vivamos depois de alcançar a maturidade, quando começamos a considerar o lado sério da vida, e começamos realmente a aprender as lições que determinarão o crescimento da nossa alma; quanto mais experiência consigamos acumular, mais rica e proveitosa será a nossa colheita. Depois, em uma existência posterior, estaremos muito mais avançados e capazes de empreender tarefas que estaríamos impossibilitados de realizar numa vida de mais curta amplitude de atividades. Além disso, é muito doloroso para o homem morrer na juventude, com esposas e filhos jovens, a quem ele ama, com ambições de grandeza sem realização, com amigos à sua volta e com interesses todos concentrados sobre o plano material da existência. É triste para o coração da mulher, apegada ao seu lar e aos filhinhos a quem criou, abandoná-los, sem que haja talvez alguém para cuidar deles, sabendo que terão de lutar sozinhos durante todos os anos da infância, quando tão necessários são seus ternos carinhos, ou até vê-los sofrer abusos, sentindo-se incapaz de intervir. Todas essas coisas são tristes e farão o espírito “apegar-se à Terra” por um tempo muito maior do que o comum.

E tudo isso, junto às outras razões anteriormente mencionadas, faz desejável viver-se uma vida bastante longa antes de passar para o além.

A diferença entre aqueles que passam para o além em idade avançada e aqueles que abandonam esta terra na primavera da vida, pode ser ilustrada pela forma em que o caroço de uma fruta se adere à polpa enquanto está verde. É preciso um grande esforço para extrair o caroço de um pêssego verde. Tal é a intensidade com que se adere à fruta que pedaços da polpa ficam presos ao caroço quando ele é extraído à força. Assim também o espírito se prende à carne na metade da vida e uma parte do seu interesse material continua e o retém preso à Terra depois da morte. Por outro lado, quando a vida foi inteiramente vivida, quando o espírito teve de realizar suas ambições, ou comprovar sua futilidade, quando os deveres foram cumpridos e a satisfação se estampa na fisionomia de um homem ou mulher de idade avançada, ou quando a vida foi malbaratada e as dores da consciência surtiram seu efeito no ser humano, apontando-lhe os erros, quando o espírito aprendeu verdadeiramente as lições da vida, como deve acontecer quando se chega à velhice, então pode ser comparado à semente da fruta madura, que salta fora, sem um vestígio de polpa. Assim, pois, repetimos que embora nos esteja reservada uma existência mais brilhante, para todos os que viveram bem, não obstante, é melhor viver uma vida longa e da maneira mais intensa possível…

Também sustentamos: não importa quais sejam as circunstâncias da morte de uma pessoa. Nunca é acidental. Ou foi produzida por suas próprias negligências em aproveitar as oportunidades de crescimento, ou doutro modo, porque a vida foi aproveitada até seu limite possível.

Há uma exceção a essa regra: se vivemos de acordo com o esquema que nos foi traçado, se assimilamos todas as experiências que nos foram designadas pelas Inteligências Criadoras (para o nosso desenvolvimento), deveremos viver o máximo. Mas, geralmente “nós mesmos” abreviamos nossas vidas por não aproveitarmos as oportunidades, podendo também acontecer que “outros seres humanos” interfiram em nossa existência, para abreviá-la ou terminá-la, tão repentinamente como no caso chamado “acidente”. Os Anjos do Destino, valendo-se disso, encerram nossa vida aqui. Em outras palavras, os homicídios, ou acidentes fatais originados pela imprudência humana, são em realidade os únicos fins-de-vida não planejados pelos Guias Invisíveis da humanidade. Jamais alguém foi impelido a assassinar, ou a fazer um outro mal qualquer, pois doutro modo não haveria uma retribuição justa aos seus atos. Cristo disse que o mal deveria acontecer, mas “desgraçado daquele pelo qual o mal se produza”. Para harmonizar isso com a Lei da Justiça Divina,” acrescentamos: “Aquilo que o homem semear, isso também colherá”, devendo haver livre-arbítrio a respeito dos maus atos.

Também há casos em que uma pessoa vive a sua vida de maneira tão proveitosa, ensejando tantos benefícios para a humanidade e a si própria, que verá seus dias prolongados além do limite determinado.

Quando a morte não é repentina, como em casos de acidentes, ocorrendo em casa (ou hospital) em consequência de uma enfermidade, silenciosa e pacificamente, as pessoas moribundas sentem, geralmente, cair sobre elas um manto de grande obscuridade momentos antes do encerramento da vida. Muitos saem do seu corpo sob essas condições, e não voltam a rever a luz até entrar no plano suprafísico.

Porém, existem muitos outros casos, nos quais as trevas se desfazem antes da saída definitiva do corpo. Então o moribundo vê ambos os mundos ao mesmo tempo, estando consciente da presença dos seus amigos, tanto os mortos como os vivos. Sob tais condições acontece frequentemente que uma mãe vê alguns dos seus filhos já falecidos podendo exclamar alegremente: “Oh! — aqui está Joãozinho, aos pés da minha cama; mas como ele cresceu!” Os familiares vivos podem ficar admirados, ou embaraçados; pensando que a mamãe está sofrendo de alucinações. Mas em realidade ela é então mais clarividente do que eles. Vê aqueles que passaram anteriormente para além do véu; e que acodem para lhe dar as boas-vindas; ajudando-a a fim de que se sinta confortada no novo mundo.

Cada ser humano é um indivíduo, separado. E, como as experiências da vida de cada um diferem das de todos os outros no intervalo que vai do berço ao túmulo, assim podemos também racionalmente concluir que as experiências de cada espírito variam das de outro qualquer espírito, quando cruza as portas do nascimento ou da morte. Em continuação, relatamos o que foi transmitido como “mensagem espiritual” pelo falecido professor James, de Harvard, em Boston, na qual descreve o que sentiu quando estava passando o portal da morte. Não podemos atestar sua autenticidade, já que não a investigamos pessoalmente.

O professor James tinha prometido comunicar-se com seus amigos depois de sua morte, e todos os investigadores do psiquismo estavam e ainda estão alertas, esperando receber uma comunicação dele. Diversos sensitivos anunciaram que o professor James havia se comunicado por intermédio deles. Porém a mais notável comunicação foi a apresentada em Boston. Foi a seguinte:

“Se isto é a morte, somente sei que caí adormecido, para despertar na manhã seguinte, e ver que tudo ia bem. Eu não estou morto somente ressuscitei!”.

***

“Senti que fui sacudido fortemente em toda a minha constituição, como se uma forte atadura fosse arrebentada. Por um momento fiquei ofuscado e perdi a consciência. Quando voltei a mim estava de pé, ao lado do meu corpo físico que tão bem e fielmente me serviu. Dizer que fiquei surpreso não indicaria adequadamente a sensação que sobreveio a todo o meu ser. Então compreendi que alguma mudança maravilhosa havia ocorrido.

“De repente, tornei-me consciente de que meu corpo estava rodeado de muitos dos meus amigos e um desejo invencível apoderou-se de mim: falar-lhes e tocá-los, para fazer-lhes saber que eu ainda vivia. “Aproximando-me um pouco mais deles e daquilo que se parecia tanto comigo, e ao mesmo tempo não era eu mesmo, estendi minha mão para frente e toquei-os. Mas eles não me perceberam.

“Então aconteceu que o pleno significado da grande mudança que havia se produzido refletiu-se sobre os meus sentidos novamente despertados. Compreendi então que uma barreira intransponível me separava dos seres queridos e que essa grande mudança era, certamente, a morte. Uma sensação de tristeza e um desejo de descanso apoderou-se de mim. Pareceu-me ser transportado pelo espaço e perdi a consciência, para despertar-me num país tão diferente, e ao mesmo tempo tão estranhamente parecido com aquele que eu, há pouco, deixara atrás. Não me foi possível analisar minhas sensações quando voltei a recuperar a consciência, mas compreendi que, embora morto, eu ainda vivia.

“Quando pela primeira vez tornei-me consciente do meu novo ambiente, repousava em um belíssimo parque, e entendia, como nunca me fora possível, o que significava estar em paz comigo mesmo e com todo o mundo.

***

“Sei que será com a maior dificuldade que serei capaz de exprimir a vocês as minhas sensações quando me apercebi plenamente que havia despertado para uma nova vida. Tudo era silêncio. Nenhum som alterava essa quietude. A escuridão me rodeara. Com efeito, pareceu-me estar envolto por uma densa neblina, e meu olhar não penetrava além dela. Logo mais percebi um fraco resplendor de luz que lentamente se aproximou de mim. Então, para minha surpresa e alegria, distingui a face daquela que fora minha estrela guia nos primeiros dias da minha vida terrena.”

Um dos espetáculos mais tristes que o vidente pode presenciar é o das torturas a que, com frequência, submetemos os nossos amigos moribundos. Isso devido à nossa ignorância quanto à maneira de tratá-los naqueles momentos. Conhecemos a “ciência do nascimento”. Obstetras se especializaram durante muitos anos, desenvolvendo uma extraordinária perícia na assistência ao pequenino forasteiro em sua entrada neste mundo. O engenho de Mentes esclarecidas está focalizado no problema de tornar a maternidade mais fácil: não se poupam trabalhos, nem dinheiro, nesses esforços para a segurança de alguém que nunca vimos. Contudo, quando um amigo de toda a vida, uma pessoa que serviu seu próximo nobremente em sua profissão, seja na sociedade ou na Igreja, está para abandonar o cenário da sua atividade para seguir para outro campo de ação; quando uma mulher que trabalhou com não menos elevado propósito, criando sua família e desempenhando seu encargo nos trabalhos do mundo — tem que deixar esse lar e a família; quando alguém que amamos toda a nossa vida chegou ao momento de despedir-se de nós e dar-nos seu último adeus, então permanecemos ali parados, sem saber absolutamente como ajudá-lo. E talvez façamos exatamente aquilo que é mais prejudicial ao bem-estar e conveniência daquele que está de partida.

Provavelmente não haverá forma de tortura mais comumente imposta aos que morrem do que a que é causada quando administramos estimulantes. Essas drogas têm o efeito de atrair o espírito que ora se retira forçando-o a voltar novamente para dentro do seu corpo, para nele permanecer e sofrer por mais algum tempo. A câmara mortuária deveria ser um lugar da mais absoluta quietude, de paz e de oração (porque desde aquele momento e durante três dias e meio depois o espírito está passando por um Getsemani, e necessitando de todo o auxílio que se lhe possa prestar. O valor da vida que acaba de esvair depende grandemente das condições que então prevaleçam em torno do corpo, e até as condições da sua vida futura serão afetadas pela nossa atitude durante aqueles momentos, de modo que se alguma vez tivemos a pretensão de ser defensores da vida dos nossos irmãos neste mundo, muito mais deveríamos sê-lo na hora da sua morte.

As autópsias, os exames post-mortem, o embalsamamento, ou a cremação, realizados nesse período mencionado, não somente perturbam mentalmente o espírito que se vai como podem até mesmo causar-lhe dor, pois ainda subsiste uma ligeira conexão entre ele e o veículo abandonado.

Se as leis sanitárias julgarem necessária alguma providência para evitar a decomposição, enquanto se espera a hora da cremação, o corpo poderia ser conservado em câmara frigorífica, até que o período de “três dias e meio” seja transcorrido. Depois desse lapso de tempo o espírito já não sofrerá mais, não importa o que possa ocorrer ao seu corpo.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio de 1976)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Por que os ocultistas nos falam de Mestres e de Iniciações, quando outras escolas — místicas — parecem ensinar que o ser humano pode aprender sozinho e alcançar Deus sem a necessidade de Iniciação e de Mestres?

Resposta: Se todos nascessem com o mesmo temperamento, haveria necessidade de um único caminho para eles. Todos precisariam das mesmas experiências a fim de elevar a sua consciência até a união com Deus. No entanto, como cada um é fundamentalmente diferente de todos os outros, as experiências necessariamente diferem, e certas linhas gerais de orientação revelam-se necessárias a fim de obter os resultados desejados para todos. Por conseguinte, restritamente falando, há tantos caminhos que levam a Deus quanto há espíritos separados em evolução.

De forma geral, podemos dizer que há dois caminhos. Um que leva à união pela fé, e outro que é o caminho da salvação pelo trabalho. Em um certo ponto, esses dois caminhos convergem, e aquele que foi crescendo exclusivamente pela fé, descobre a necessidade de elevar-se também pelo trabalho, enquanto que a pessoa que foi evoluindo pelas obras, independentemente da crença, vê-se compelida pela experiência, pela qual ela está passando, a também ter fé. Uma pessoa pode aprender a falar uma língua estrangeira por meio da gramática e outros recursos similares, embora nunca tenha visitado o país onde essa língua é falada, mas é provável que sua pronúncia torne o que diz ininteligível para um nativo. No entanto, com o auxílio de alguém que já tenha visitado o país, ela poderá aprender de forma muito mais eficiente e em muito menos tempo.

De forma semelhante, isso acontece na vida mística. Alguns progrediram mais que outros, já visitaram a terra da alma e alcançaram a união mística com Deus, e o seu auxílio é de valor inestimável para aqueles que estão se esforçando por trilhar o caminho. Tendo chegado antes, são capazes de dirigir de forma inteligente aqueles que buscam elevar-se, embora esses, naturalmente, devam percorrer cada passo do caminho. Os degraus a serem galgados durante o caminho representam o que chamamos de Iniciação. Uma ilustração ajudará a esclarecer o assunto. Suponhamos que Deus se encontre no cume de uma montanha muito elevada, e que a humanidade esteja espalhada pela planície embaixo. Caminhos espiralados circundam a montanha desde o sopé até a meta almejada no cume. Esse é o caminho da evolução seguido pela maioria da humanidade que gradualmente galga as encostas íngremes em direção ao cume sem esforço perceptível. Contudo, há também uma escada que conduz diretamente da base até o topo. Esse é o caminho da Iniciação que é escalado somente através de um grande esforço consciente.

O caminho em espiral da evolução passa em pontos diferentes pela escada da Iniciação. Desse modo, alguns que ainda estão avançando pelo caminho da evolução, os pioneiros, por exemplo, podem estar mais à frente em direção à verdade do que aqueles que seguem ao longo do caminho da Iniciação a partir de uma espiral inferior. Mas os últimos, naturalmente, logo alcançarão um ponto mais elevado se perseverarem. As raças mais atrasadas do Oriente iniciaram seu caminho evolutivo num ponto inferior àquele já alcançado, através da evolução, pelos pioneiros do Ocidente. Sendo mais jovens, portanto, mais fracos, é realmente necessário que tenham um Mestre para ajudá-los na primeira parte da estrada acidentada, o que não é necessário àqueles que atingiram o estágio comum evolutivo dentre os povos Ocidentais. Além disso, quanto mais alto subirmos, seja por evolução ou Iniciação, tanto mais claramente veremos a luz que brilha no topo, que é Deus, e sentir-nos-emos mais fortalecidos e aptos para enfrentar e galgar sozinhos o caminho.

Em consequência disso, após um certo tempo, torna-se desnecessário ter Mestres para ajudar-nos, que serão substituídos pelos Irmãos Maiores conhecidos no Ocidente como amigos e conselheiros. O Mestre do Oriente incita seu discípulo, elogia-o quando age certo, e castiga-o quando é negligente. No Ocidente, os Irmãos Maiores nunca incitam, nunca elogiam e nunca censuram. O impulso vem de dentro do próprio discípulo que é ensinado a avaliar-se. Em certos estágios do caminho, eles pedem-lhe que escreva opiniões imparciais sobre a própria conduta, para que perceba até que ponto aprendeu a julgar-se corretamente. Assim, em todos os aspectos, eles instruem o discípulo a caminhar sozinho, sem apoiar-se neles ou depender de alguém. Quanto mais alto atingirmos, piores serão as consequências de uma queda, e somente quando cultivarmos o equilíbrio e a autoconfiança, juntamente com o fervor da devoção, é que estaremos realmente aptos para prosseguir.

Com relação a essas iniciações: não há qualquer tipo de cerimônia relacionada à verdadeira Iniciação. O cerimonial complexo das ordens pseudo-ocultas, de ordens fraternais ou de igrejas, como as que são vistas hoje no mundo visível, não se assemelham em nada à verdadeira Iniciação. Essa não ocorre nunca no reino físico, e não há nenhuma cerimônia vinculada a ela.

Tampouco consiste em um ritual lido por alguém, em palestras, pregações ou algo semelhante. Nenhuma palavra é proferida durante o processo. Sei que isso é verdade nos graus inferiores por ter eu mesmo passado por ele, e não seria lógico supor que tais cerimônias fossem realizadas nos graus superiores. Além disso, tendo conversado com Irmãos Leigos que alcançaram graus mais elevados, a verdade dessa suposição é corroborada por eles.

Em decorrência, podemos entender a razão pela qual os segredos da verdadeira Iniciação não podem ser revelados. Não é uma cerimônia externa, mas uma experiência interna. O Iniciador, tendo evoluído à consciência pictórica externa do Período de Júpiter, fixa a sua atenção em certos fatos cósmicos, e o candidato, que se tornou apto para a Iniciação por ter desenvolvido certos poderes internos em si (os quais, contudo, estão ainda latentes), assemelha-se a um diapasão soando em consonância com a vibração das ideias emitidas pelo Iniciador através de imagens. Portanto, ele não somente é capaz de ver as imagens — qualquer um poderia vê-las — mas é capaz de responder à vibração. Ao vibrar em resposta ao ideal apresentado pelo Iniciador, seu poder interno latente converte-se em energia dinâmica, e a sua consciência é, então, elevada ao grau seguinte da escada da Iniciação.

Isso pode parecer confuso à primeira vista, mas se lerem e relerem o que acima foi exposto, absorverão a ideia e entenderão melhor o que seja uma Iniciação na descrição mais acessível que pudemos fazer para quem ainda não a tenha experimentado. Não existe nada de secreto que não possa ser revelado, mas é secreto justamente porque não há palavras físicas inventadas até hoje que possam descrever adequadamente uma experiência espiritual em linguagem concreta. É verdade que a Iniciação ocorre num templo particularmente apropriado às necessidades de um determinado grupo de indivíduos que vibrem numa determinada oitava, e lá também há outros presentes. Contudo, reitero que não é o que essas pessoas possam dizer ou fazer que constitui a Iniciação, que é uma experiência interna por meio da qual os poderes latentes que amadureceram internamente são transmutados em energia dinâmica.

Vejamos, agora, a diferença entre a Iniciação que obedece à linha ocultista e a Iniciação mística. Percebemos logo, mediante tudo que foi exposto desde o começo, que elas são, e devem ser, exatamente opostas.

O ocultista, que experimenta a Iniciação sob o aspecto intelectual, vê a conexão das causas espirituais com fatos materiais, enquanto a consciência do místico, que recebeu os fatos espirituais, tem seu conhecimento dirigido para a conexão desses fatos com os efeitos do plano material. Tudo isso com o intuito de fundir ambos os aspectos e permitir que o ser humano se desenvolva normalmente. As iniciações Rosacruzes, tendo sido destinadas aos atuais pioneiros da humanidade, esforçam-se por fundir o místico com o oculto. Contudo, visto que o mundo Ocidental desenvolveu mais o intelecto em detrimento dos sentimentos, um pouco mais de ênfase é colocada talvez no aspecto místico. Aqui, os Irmãos Maiores orientam sempre os seus discípulos a olhar para Cristo. Embora os autênticos Mestres Orientais sejam também muito devotados ao serviço da humanidade, não podem orientar seus discípulos da mesma forma, pois, do ponto de vista do aspirante Oriental, a Luz de Cristo está ainda invisível. Por isso, são forçados a ensinar os seus tutelados a fazer exatamente o que disserem e, com o decorrer do tempo, quando atingirem nosso nível, Cristo também aparecerá a eles.

(Pergunta nº 70 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol. II)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O “EU” Universal: como nos expandir

O “EU” Universal: como nos expandir

O grande universo está sempre aberto para nós, mas estaremos nós sempre abertos para ele? Estaremos livres para nos expandirmos, para aspirarmos grandes alturas, para nos elevarmos em pensamento além dos limites materiais sobre os quais devemos construir a nossa presente vida? Ou estaremos tão ligados a problemas relativamente inconsequentes do cotidiano aos quais damos tanta importância que não percebemos a grandeza que existe além deles?

A resposta a essas perguntas depende inteiramente do grau com que for regida a nossa personalidade superior ou inferior. Se for a personalidade inferior que comanda, estaremos tão presos às suas reivindicações que muito tempo e muitos talentos preciosos serão desperdiçados.

Em cada ato egoísta afundamo-nos um pouco mais no pântano material tornando, às vezes, difícil sairmos dele. Estamos, na verdade, olhando para baixo, desviando nossa visão dos mundos elevados, sem saber que tesouros eles escondem.

Se, porém, nossa personalidade superior estiver nos controlando, tudo o que diz respeito ao egoísmo não nos influenciará. Estaremos no processo de construir nossos corpos espirituais utilizando os dois Éteres superiores. Portanto, o desejo vulgar, forte e possessivo, característico do egoísmo e do mal não se encontrará em nós e nos sentiremos mais leves do que quando estávamos ainda presos à Personalidade Inferior. Olhamos para cima e para fora e, por vezes, achamos que realmente estamos “no Mundo (Físico), mas não pertencemos a ele”.

Há um universo interno e um externo aos quais podemos nos apegar, mas não alcançaremos nenhum se não estivermos soltos para “voar alto”.

O universo externo abrange o infinito. O universo interno é aquele que aparece quando o Cristo, dentro de nós, desperta.

A pessoa que só pensa em si não tem ideia do que perde, até que comece a abandonar sua maneira egoísta de ver as coisas. Ao invés de se preocupar só com problemas pessoais, que cerceiam a própria liberdade, procurar voltar sua atenção para problemas amplos e gerais e ficará, muitas vezes, surpresa ao ver até que grau seu horizonte se abre. Toma conhecimento da beleza que a cerca, tanto na Natureza, como em muitos dos seus companheiros. Vê cenas que lhe são familiares com novos olhos e começa a ver ao seu redor coisas que jamais havia percebido antes.

O pôr-do-sol, apreciado com admiração, torna-se significativo como uma evidência da grandeza do Criador, assim como flores, árvores e pássaros. A pessoa começa a ver qualidades em alguns velhos conhecidos e a “divina chama interior” vai crescendo nela.

Há um interesse cada vez maior em ajudar as pessoas e isto faz com que utilize e aumente seus talentos muito mais do que quando os usava para seu próprio benefício. À medida que a pessoa desperta para ser útil, seu potencial criativo e seu círculo de influência aumentam. Em resumo, a pessoa cresce e ao fazê-lo seu universo interior se expande e ela se torna mais ligada ao universo externo.

Depois que tivermos aprendido as lições através de muitos outros Períodos de Manifestação, teremos nos tornado semelhantes a Deus e capazes de construir os nossos próprios Sistemas Solares. Embora muitos e muitos anos tenham que se passar e um incrível grau de progresso humano tenha que ser alcançado antes que possamos atingir esse estágio, não é tão difícil poder começar a levá-lo em consideração, no atual ponto de nosso desenvolvimento. É, afinal, nossa meta, para a qual estamos trabalhando — ápice da perfeição humana como foi imaginada para um futuro Dia de Manifestação.

Como podemos esperar construir e manter um Sistema Solar nosso, se não começarmos agora a responder criativamente àquele no qual vivemos? Como seremos capazes de compreender as dificuldades para aguentar o nosso Sistema Solar se não dominarmos, primeiro, os enigmas do dele?

Podemos discutir isso agora desde que, no desenrolar natural dos acontecimentos, ao término do Período de Vulcano, tenhamos aprendido o que deveríamos aprender. Logicamente nesse trajeto muitas lições profundas serão aprendidas e cuja essência pertencem aos ainda distantes Períodos de Júpiter, Vênus ou Vulcano, porém, não seremos capazes de trabalhar em nenhum desses Períodos se não tivermos, primeiro, absorvido e dominado nossas lições terrenas.

A lição terrena que mais devemos avaliar e a que parece a mais difícil de se aprender, é o cultivo daquele sentimento de amor e fraternidade universal — o verdadeiro Cristianismo Esotérico. Amor é a essência do universo — o fator base que une tudo que existe. Uma vez que o ditado hermético diz “como é em cima é embaixo”, conclui-se que qualquer que seja a natureza do nosso Sistema Solar, é inevitável que ele se baseará também no princípio do amor absoluto.

Para cultivar esse amor temos que sair dos “casulos” do interesse próprio que tecemos ao nosso redor e tomar conhecimento do que existe além disso, esforçando-nos para penetrar na “divina chama interior” e todo nosso conceito de humanidade se desenvolverá. Talvez estejamos amedrontados e com razão, pelos danos causados pela poluição em nosso meio ambiente e no próprio Planeta, mas, agindo com força e coragem e juntando-nos a outros que pensam da mesma maneira, possamos ainda mudar o curso das coisas e consertar muito do que foi feito erroneamente. Talvez estejamos deprimidos ao ver a pobreza e o sofrimento em que vivem tantos dos nossos irmãos, mas, devemos olhar para o futuro ajudando e sobretudo orientando cada ser a trabalhar conscientemente de modo a garantir melhorias de ordem material e também maturidade espiritual, no entendimento da missão evolutiva de cada um.

Quanto mais nos expandirmos além do pequeno e pessoal “eu”, mais amplos serão nossos horizontes e mais certos estaremos da redução das limitações anteriores de nossa capacidade de aprender, conquistar, compreender, discriminar, interpretar, julgar e concluir.

Aumentaremos e refinaremos nossos pontos de vista e nossa compreensão à medida que formos capazes de “sair para fora” de nós mesmos e abandonarmos aquele pequeno “eu'” cheio de problemas e solicitações pessoais.

Para nossa alegria e certeza em Deus, surgirá aquele “eu” completo, de dimensão universal, para o qual estamos destinados.

(Publicada na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – jul/ago/88)

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