Arquivo de categoria Filosofia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Temos o direito de pensar o que quisermos, por não sermos responsáveis por isso?

Pergunta: Às vezes é afirmado que temos o direito de pensar o que quisermos e que não somos responsáveis pelos nossos pensamentos. Isso é verdade do ponto de vista oculto?

Resposta: Não, não é verdade. Pelo contrário, precisamos recorrer ao que é geralmente chamado de ocultismo para encontrarmos essa ideia expressa por Cristo no Sermão da Montanha, onde Ele nos diz: “O homem que olhou para uma mulher e a desejou já cometeu adultério”. Somente quando nos conscientizarmos de que o ser humano é o resultado do que pensa em seu coração, é que teremos uma concepção de vida muito mais clara do que se levarmos em consideração apenas os atos dos indivíduos, pois cada ato é o resultado de um pensamento prévio. Contudo, esses pensamentos nem sempre são só os nossos.

Quando tocamos um diapasão, se houver outro do mesmo tom por perto, não somente aquele irá soar, mas o outro também começará a fazê-lo, por afinidade. Da mesma forma, quando emitimos um pensamento e outra pessoa ao nosso redor tem um semelhante, estes se fundem e se fortalecem para o bem ou para o mal, de acordo com a natureza do pensamento. Não é mera fantasia quando na peça intitulada “A Hora Enfeitiçada”, o protagonista procura ajudar um criminoso a escapar do Estado de Kentucky, onde o último está sendo procurado pelo assassinato do Governador. O protagonista, um homem cujo poder de pensamento é considerável, acredita ter, provavelmente, incitado o criminoso. Ele revela a sua irmã que antes da hora do crime pensou que o assassino cometeria esse delito exatamente da maneira como foi consumado. Ele tem a impressão que o seu pensamento pode ter sido captado pelo cérebro do assassino e pode ter-lhe mostrado a forma de agir.

Quando participamos de uma banca de jurados e vemos o criminoso à nossa frente, observamos apenas o seu ato; não temos conhecimento do pensamento que o impulsionou. Se temos o hábito de gerar pensamentos maldosos sobre as pessoas em geral, eles poderão ser atraídos por um criminoso. Baseados no princípio de que quando temos à nossa frente uma solução saturada de sal, basta adicionar um único cristal para que esta solução salina se solidifique, assim, se um ser humano tiver saturado a sua Mente com pensamentos homicidas, o pensamento emitido por nós pode ser a última gota que fará o cálice transbordar, destruindo assim a última barreira que o impediria de cometer o ato.

Os nossos pensamentos são muito mais importantes do que os nossos atos, e se pensarmos sempre de forma correta, agiremos sempre corretamente. Nenhum ser humano pode pensar em amar os seus semelhantes, planejar como ajudá-los e socorrê-los espiritual, mental ou fisicamente, sem também concretizar esses pensamentos em algum momento da sua vida. Se nós cultivarmos sempre tais pensamentos, logo veremos o brilho do sol irradiando-se à nossa volta. Veremos que as pessoas virão ao nosso encontro com o mesmo espírito que manifestamos e, se pudermos compreender que o Corpo de Desejos (que circunda cada um de nós e se estende cerca de quarenta e um a quarenta e seis centímetros além da periferia do Corpo Denso) contém todas essas sensações e emoções, observaremos as pessoas diferentemente, pois entenderemos que tudo é visto através da atmosfera que criamos ao nosso redor e que cobre tudo o que visualizamos nos outros. No entanto, se virmos maldade e mesquinhez nas pessoas que encontramos, será bom olhar para dentro de nós para verificarmos se não é a atmosfera, através da qual olhamos, que nos faz ver dessa forma. Verifiquemos se não temos esses atributos indesejáveis dentro de nós, e depois procuremos expulsar esses nossos defeitos internos. O ser humano que é mal e mesquinho irradia essas características, e quem quer que ele encontre, parecer-lhe-á também maldoso, pois evocará nos outros exatamente as peculiaridades manifestadas em si, isso baseado no princípio de que a vibração de um diapasão tocado em certo tom fará vibrar outro de tom idêntico. Por outro lado, se cultivarmos uma atitude serena, livre de cobiça e que seja francamente honesta e prestativa, faremos com que as outras pessoas exteriorizem o melhor que há dentro delas. Portanto, conscientizemo-nos que só quando tivermos cultivado as melhores qualidades dentro de nós, é que poderemos esperar encontrá-las nos outros. Somos responsáveis pelos nossos pensamentos e somos, de fato, os protetores de nossos irmãos, pois de acordo com o que pensamos quando os encontramos, assim parecemos a eles e, em consequência, eles refletem a nossa atitude. Aplicando o princípio precedente, se quisermos conseguir ajuda para cultivar essas qualidades superiores, procuremos a companhia de pessoas que são realmente boas, pois seu estado mental será de grande auxílio ao suscitar-nos qualidades mais puras.

(Perg. 16 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Poder Espiritual: Muitos Anelam, mas Poucos Sabem no que Ele Constitui

Poder espiritual: muitos anelam, mas poucos sabem no que ele constitui

A Filosofia Rosacruz descreve surpreendentemente todo o processo pelo qual o ser humano, desde a condição de chispas divinas, abandonou sua pátria celeste e iniciou o processo de manifestação individual. O objetivo dessa manifestação era de transformar cada chispa, que possuí toda a divindade em potencial dentro de si (assim como uma semente é uma árvore em potencial), em um Deus dinâmico criador e desenvolvido.

Para essa aquisição grandiosa, teve que receber veículos que permitisse esse processo. Assim como Deus é tríplice (Pai, Filho e Espírito Santo) o ser humano, Sua imagem e semelhança, também se manifestou de modo tríplice: Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano (o Ego).

Contudo, tal condição, apesar de necessária, não era suficiente. O Ego também deveria possuir uma ferramenta material correspondente a cada Espírito que recebeu. Somente assim poderia viabilizar o desenvolvimento do inato potencial divino que possui. A ferramenta do Espírito Divino é o Corpo Denso, o físico. O modo pelo qual o Espírito Divino pode desenvolver sua potencialidade depende daquilo que o Ego extrai de experiências produzidas pelo Corpo Denso. A essência dessa experiência é denominada Alma Consciente (ou quintessência do Corpo Denso). Aquilo que o Ego extrai das experiências produzidas pelo Corpo Vital, constitui o alimento do Espírito de Vida. Esse alimento é denominado Alma Intelectual (ou quintessência do Corpo Vital). Finalmente, o que o Ego extrai do Corpo de Desejos constitui o alimento do Espírito Humano. Tal produto é denominado Alma Emocional (ou quintessência do Corpo de Desejos). O verdadeiro poder espiritual é exatamente o quanto de Alma pode-se produzir. Quanto mais Alma ou crescimento anímico (essência das experiências), maior será o poder espiritual do Ego. Todo o restante sobre o significado do que é poder espiritual, é fantasia ou vaidade.

O objetivo da vida é empregar todo o esforço possível para amalgamar ao Ego as experiências que constituem a Alma. De modo prático, isso é feito pelo trabalho que realizamos no mundo. Não é raro encontrarmos pessoas sonhadoras, anelando por dons espirituais, conhecimento da verdade e luz espiritual. Juntamente a esse forte desejo, também está a fraca compreensão e decisão de trabalho direcionado a renunciar as más intenções pessoais, que é condição sine qua non* para aquisição desse poder. Além disso, mesmo que um Mestre deseje iniciar um discípulo, este último deve possuir o poder para tal. Se faltar energia elétrica, jamais poderá acender uma lâmpada, mesmo que a pessoa tenha a lâmpada e os fios necessários para acendê-la.

Quando se diz que o trabalho de aquisição de poder espiritual se dá pelo trabalho no mundo, estamos referindo ao momento único pelo qual é possível realizar progressos espirituais: o momento em que o Ego está renascido aqui. Aqui, na Região Química do Mundo Físico, tão desprezada por alguns espiritualistas, o ser humano está em condições perfeitas e com a cadeia completa de Corpos (Denso, Vital, Desejos) e Mente, para aproveitar as oportunidades de testar a vontade do Tríplice Espírito. Isso permite o desenvolvimento de seu poder até que atinja maturação espiritual.

É Lei de Polaridade a seguinte afirmação: O poder espiritual se adquire durante o renascimento na matéria. A Escola de Sabedoria Ocidental, também conhecida como Fraternidade Rosacruz, é uma escola “inversa”. Quando um Discípulo ocidental descobre o que significa o poder espiritual, e o que ele deve fazer para adquiri-lo, jamais permanece em condição alheia ao mundo e a seu ambiente. Pelo contrário, inicia um processo de trabalho incessante jamais ocorrido em sua vida.

Novamente, não é raro encontrarmos pessoas que anelam poder espiritual ou a tão almejada união com Deus. Deste modo, iniciam uma vida de muita meditação, muito estudo, muita especulação, muito discurso, muito egocentrismo, poucos relacionamentos, pouco movimento e nenhum serviço. Conforme o tempo vai passando, o aspecto material torna-se totalmente abandonado e em desordem. O renascimento, momento pelo qual é a única condição em que o Ego pode se desenvolver em plenitude, é desperdiçada com justificativas metafísicas.

Essa condição nos faz lembrar o poema A Lenda Formosa, de Henry H. Longfellow e também a história do asceta. Essa última é descrita abaixo:

Um asceta estava meditando em uma caverna. De repente, um rato entrou e deu uma mordida em sua sandália. Aborrecido, o asceta abriu os olhos.

Por que você está perturbando a minha meditação?

Estou com fome – guinchou o rato.

Vai embora, rato louco – pregou o asceta. – estou procurando a união com Deus. Como se atreve a me perturbar?

Como espera tornar-se um com Deus – perguntou o rato – se nem mesmo consegue tornar-se um comigo?

A ingenuidade é filha da ignorância. É bastante nobre o desejo de busca por poder espiritual, mas é muito mais nobre ser capaz de compreender a responsabilidade e o equilíbrio necessário que esse poder exige.

“Falei eu com o meu coração, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houveram antes de mim em Jerusalém; e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento. E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor”. (Ecl 1:16-18)

O conhecimento deve ser mesclado com amor. A razão deve guiar o sentimento, do mesmo modo como um cano direciona o curso da água. Já o amor, permite que uma pessoa iniba sua tendência egoísta de fazer justiça a todo preço, afinal à lógica mostra que um pecador deve pagar o preço pelos seus erros. Sem um guia, o amor pode ser desperdiçado ou mal dosado; sem amor, a razão pode gerar ainda mais separatividade.

O poder espiritual somente será alcançado por aqueles que aprenderam a equilibrar os sentimentos com a razão (o lado místico com o lado ocultista; a cabeça e o coração). Sem esse equilíbrio, não poderá receber e acessar as verdades que os planos internos oferecem. Por mais estranho que possa ser, a incompreensão de toda a verdade, pela falta de poderes espirituais, favorece a evolução do próprio homem.

Não é raro verificar pessoas que já conhecem os mecanismos da Lei de Causa e Efeito e sobre o Livre arbítrio relatarem a seus familiares que atos errantes produzirão efeitos desastrosos no futuro (ex.: hábito de fumar e aparecimento de câncer; má alimentação e obesidade contribuindo para hipertensão ou diabetes). E que se isso ocorrer, não poderão fazer nada em seu favor, afinal, todos são livres e devem ter a responsabilidade de assumir as consequências futuras dos atos presentes.

Essa mesma pessoa, no entanto, possui um filho que tem uma síndrome genética acompanhada de retardo mental. Por não ter habilidades espirituais, como a capacidade de realizar a leitura na Memória da Natureza, ele é incapaz de verificar que esse filho, em outras vidas, realizou atos bem piores em relação aos atos presentes de seus outros familiares ou amigos. Por desconhecer os pecados passados de seu filho, ele o acolhe com muito amor e consegue a união com ele (união que o Asceta não conseguiu com o rato).

A conclusão lógica desse fato é: será que o Aspirante está realmente preparado para ter poderes espirituais e conhecer a verdade? Um dos principais motivos de ação do ser humano atual é a justiça aliada ao egoísmo e se ainda lhe fosse dado poderes espirituais, jamais o equilíbrio das desarmonias que geramos no passado seria atingido. Sábios são os Líderes da humanidade que nos mostram pelo exemplo que somente pelo amor, desprendimento e muito trabalho, enquanto renascido aqui e agora, é que o ser humano poderá se tornar UM COM TODOS E COM DEUS, é lhe será possível despertar seus poderes espirituais.

*Sine qua non ou condição sine qua non originou-se do termo legal em latim para “sem o qual não pode ser”

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Quando morremos, tem como irmos diretamente para os Mundos espirituais sem passar pelo sofrimento no Mundo do Desejo?

Pergunta: Alguns escritores ensinam que é possível ir diretamente do Mundo Físico para os Mundos espirituais sem ter que atravessar as regiões inferiores do Mundo do Desejo, evitando assim todas as visões repulsivas e peculiares àquela região. No entanto, os Ensinamentos Rosacruzes dão a entender que seja necessário atravessar cada reino sucessivamente. Por que essa disparidade?

Resposta: Sabemos perfeitamente que algumas pessoas fazem afirmações como essa, em relação à transição do reino físico para o reino espiritual mais elevado, ao qual chamam de “subplanos atômicos”. Para ajudar na procura da verdade, citaremos a Lei de Analogia, “Como é em cima, assim é embaixo”, que é a chave mestra de todos os mistérios, tanto espirituais como físicos, pois essa Lei funciona em qualquer reino da natureza que investigarmos. Sabemos que seja impossível para um mergulhador chegar ao fundo do mar sem começar pela superfície e ir descendo através da água que se interpõe. É evidente também que seja impossível a um avião subir acima das nuvens sem atravessar primeiro o espaço de ar que se interpõe entre a terra e as nuvens. De forma semelhante, o Ego ascende gradualmente após a morte, atravessando os vários reinos espirituais rumo ao Terceiro Céu e, no tempo do renascimento, desce gradualmente, atravessa a Região do Pensamento Concreto, o Mundo do Desejo e o Éter, até chegar ao plano físico. Esses fatos são de conhecimento de muitos que já investigaram a questão e tão inquestionáveis ou incontestáveis para o cientista da ciência oculta quanto o fato de a Terra girar em torno do seu eixo é para o cientista materialista; quem afirmar o contrário estará simplesmente errado.

O autor não declara isso apoiado unicamente em sua própria experiência, pois ele está relacionado com centenas de pessoas que possuem a faculdade de atuar fora do corpo nos vários reinos espirituais. Nunca discutiu expressamente essa fase de experiência suprafísica com qualquer uma delas, porém suas referências contínuas nas situações que aconteceram ao passar através dos reinos inferiores do Mundo do Desejo e do Éter deram-lhe a certeza de que nenhum dos que conheceu chegou a subir à zona mais elevada do Mundo do Desejo ou à Região do Pensamento Concreto sem passar primeiro pelo Éter e pelas camadas inferiores do Mundo do Desejo; ou seja, a Região do Purgatório.

Além do mais, mesmo que houvesse tal atalho do mundo físico para os reinos espirituais mais elevados, acreditaríamos realmente que algum auxiliar de Deus o teria usado a fim de evitar cenas repugnantes e sofrimentos como os encontrados no Purgatório? Não, com certeza! Cristo nunca demonstrou repugnância em relação aos leprosos ou qualquer um que sentisse dor ou aflição. Ele sempre os procurou a fim de poder curá-los e ajudá-los. Que trabalho poderia ser feito por um Auxiliar Invisível no Primeiro Céu e na Região do Pensamento Concreto, onde não há dor, sofrimento ou tormento, mas tudo transpira felicidade e alegria? A sua presença seria desnecessária. O seu trabalho se realiza exatamente nas regiões em que esses escritores dizem poder ser evitadas. No entanto, caso houvesse esse atalho, nenhum Auxiliar Invisível que se valorize desejaria utilizá-lo. Na realidade, não há desvio no caminho que leva ao Céu.

(Pergunta nº 3 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. II)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Conservamos o mesmo temperamento durante todas as nossas vidas?

Pergunta: Conservamos o mesmo temperamento durante todas as nossas vidas?

Resposta: O Ego pode ser comparado a uma pedra preciosa, um diamante em estado bruto. Quando é extraída da terra, a pedra está longe de ser bela; uma camada grosseira esconde o esplendor que ela encerra no seu interior. Antes que o diamante bruto se transforme numa gema, precisa ser polido por um duro rebolo de esmeril. Cada aplicação no esmeril remove dela parte da camada grosseira, e cada polimento revela uma faceta pela qual a luz penetra e é refratada num ângulo diferente ao do brilho refletido pelas outras facetas. Acontece o mesmo com o Ego. É um diamante em estado bruto que entra na escola da experiência, na peregrinação através da matéria, e cada vida é como uma fase no processo do polimento. Cada vida na escola de aprendizagem remove parte da aspereza do Ego e permite a entrada da luz da inteligência sob um novo ângulo, propiciando uma experiência diferente. Assim como os ângulos da luz variam em numerosas facetas do diamante, assim também o temperamento do Ego varia a cada vida. Em cada vida, só podemos manifestar pequena parte das nossas naturezas espirituais, realizar uma pequena parte da magnificência das nossas possibilidades divinas, mas cada existência nos torna mais completos e nossa índole tende a aperfeiçoar-se. De fato, é a ação exercida sobre a personalidade que é a parte principal da nossa lição, pois a meta é o domínio próprio, o autocontrole. Como diz Goethe:

“De todo o poder que mantém o mundo agrilhoado,
O homem se liberta quando o autocontrole há conquistado”.

(Pergunta nº 9 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. I – Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: O Corpo de Desejos está sujeito a doenças e necessita de alimento e reabastecimento?

Pergunta: O Corpo de Desejos está sujeito a doenças e necessita de alimento e reabastecimento?

Resposta: Em um certo sentido durante a vida terrena está; primeiro a doença se manifesta no Corpo de Desejos e Corpo Vital, cuja textura se torna mais tênue, pois não concentra o fluído vital na mesma proporção que o faz quando com saúde. Então, o Corpo Denso, o físico, fica doente. Quando ocorre a recuperação, os veículos superiores apresentam uma melhora antes que a manifestação de saúde se torne evidente no Mundo Físico.

Contudo, se o investigador está querendo saber a respeito das condições após a morte, o assunto é diferente. Embora uma pessoa possa ficar doente aqui, talvez acamada durante anos e incapaz de se movimentar, quando sucede a morte e ela sente a ausência do Corpo Denso, há imediatamente uma sensação de alívio, um sentimento de alegria acompanhado de uma sensação de leveza que lhe é incomum e, de repente, ela acorda e percebe que não está mais sentindo dor e é capaz de se movimentar. Se compreender as condições, também saberá que não é mais necessário que se alimente, pois, o veículo de desejos não precisa se reabastecer. No entanto, muitas pessoas não são conscientes do fato e, às vezes, nas Regiões inferiores do Mundo do Desejo, notamos que eles participam de todos os movimentos de uma vida doméstica comum. Daí os relatos de alguns investigadores espiritualistas que encontram essas condições no Mundo invisível e isso também explica muito sobre o que George du Maurier relatou a respeito da vida de Peter Ibbetson e da Condessa de Towers em seu romance que leva o nome do herói[1]. Recomendamos a leitura desse livro por oferecer uma excelente ilustração de como é o funcionamento da Memória subconsciente, quando o herói trata da época da sua infância e das reais condições nas regiões inferiores do Mundo invisível, nas quais suas experiências com a Condessa são incluídas.

(Pergunta nº 10 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)


[1] N.T.: Acesse esse Livro aqui: Livro: Peter Ibbetson – George Du Maurier

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Sua Vontade e a Sua Razão

A Sua Vontade e a Sua Razão

Sempre se diz que a inclinação do ser humano para o mal é mais forte do que para o bem. Indubitavelmente, isso é certo no estado presente da sua evolução, pois nesse momento as atividades e tendências animais, no ser humano, são muito fortes.

Quando o Aspirante à vida superior sincero se propõe à reforma de hábitos, sente agudamente a luta entre o espírito e a carne, embate que lhe ruge no peito com aquela violência que São Paulo descreve ao desafogar seus íntimos sentimentos, dizendo como a carne pelejava contra o espírito em seu coração e fazia o mal que ele não queria fazer, omitindo o bem que desejava realizar.

É uma luta gigantesca, a da construção silenciosa do Templo interno. E só com a ajuda da razão podemos vencê-la, como lemos no Evangelho Segundo São João 8:32: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

No ser humano comum, os princípios espirituais não se desenvolveram suficientemente para lhe dar consciência de si e isso mostra que o “conhecer a verdade” equivale a conhecer a si mesmo. Apesar das tendências animais serem proporcionalmente mais fortes do que as inclinações espirituais, há uma Luz divina e eterna dentro de nós, atraindo-nos poderosamente à Sua busca. Se resistirmos a esse íntimo apelo e preferirmos nos dirigir ao mal, essa atração não deixará, contudo, de existir. Mas também nunca poderemos alcançar a razão perfeita das coisas e de nós mesmos, se não nos dirigirmos a essa Chama interna, o Cristo interior. O ser humano só poderá ser completamente livre quando sua razão vibrar uníssona e harmoniosamente com a Razão divina e interna que, por sua vez, vibra com a Razão universal. Portanto, o ser humano só pode ser livre se obedecer à Lei, não por temor, como os antigos, mas pelo conhecimento elevado de que a Razão de Deus seja amorosa e justa. Até que cheguemos lá, estamos plantando em nossa alma um número infinito de sementes do bem e do mal das quais brotarão plantas belas ou disformes.

O calor necessário para o seu crescimento vem do fogo que se chama vontade. Se a vontade for boa, desenvolverá plantas belas; se for má, plantas disformes. Logo, o passo atual do ser humano é a purificação da vontade, cultivando-a para que se converta em potência espiritual e o único meio para purificar a vontade é a ação. Para consegui-lo, as ações têm que ser boas até que o agir bem torne-se um hábito. E o hábito se estabelecerá quando na vontade não houver mais desejo de agir mal.

Cristo nos está ajudando, com Sua descida anual à Terra até a segunda volta, a formar o corpo espiritual, o Corpo-Alma, que nos possibilitará a transição para o ar. Por isso afirmou que aparelhará lugar. E São Paulo completa: os que vivem em Cristo. Essa realmente é a condição. E, se por um lado temos o livre-arbítrio para desleixar tão importante trabalho evolutivo, pois, na medida que evoluímos, influímos em todo o nosso ambiente, ajudando a apressar o novo advento, por outro também podemos nos aplicar conscientemente a esse trabalho, como fazem os autênticos Aspirantes Rosacruzes, os candidatos à classe adiantada da humanidade a que aludiu o versículo 12 do capítulo 11 de Evangelho Segundo São Mateus: “O Reino dos Céus conquista-se pela violência e os valentes o arrebatam”, embora a tradução fiel seja esta: “Invadiram o Reino dos Céus e os invasores tornaram-se donos d’Ele”. Quanto aos demais, que rejeitarem a ajuda dos Senhores do Destino pelos diversos meios, a esses atrasados ficará a advertência contida no Evangelho Segundo São Mateus 24:37: “Pois assim como nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do ser humano”.

Não há lugar, portanto, para comodismos, procrastinações, irresponsabilidades e indiferença. A cada um será dado segundo o seu mérito individual e não pelos que os “mestres” externos e humanos possam prometer. A direção é clara: de dentro para fora, de baixo para cima, sempre.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1964)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que é estar entre os Escolhidos? Há injustiça de Deus nisso?

O que é estar entre os Escolhidos? Há injustiça de Deus nisso?

Ninguém vem a mim, a não ser que meu Pai o chame.

(Jo 6:44)

Não há injustiças nem erros da parte de Deus. Os quatro excelsos Seres a quem chamamos os Anjos Arquivistas ou Anjos do Destino se acham, em seu elevado estado evolutivo, acima dos erros e dão a cada um e a todos exatamente o de que necessitam para o seu desenvolvimento. Temos a prerrogativa da liberdade e por ela estamos aprendendo a nos dirigir e nos credenciarmos a serviços mais elevados. São nossos atos os determinadores do destino, em seus aspectos positivo e negativo. Somos nós mesmos que determinamos a amplitude e a natureza de nossa ação na Terra. Tal fato está fora de questão: tudo está no devido lugar e as mudanças para melhor ou pior dependem de novas causas que colocamos em ação.

Se estamos conscientemente na Fraternidade Rosacruz, significa que procuramos um compromisso maior em relação ao processo evolutivo, e isso é um bom sinal. A simples oportunidade que nos oferecem de conhecer a portadora de tão elevada Filosofia Cristã revela mérito e responsabilidade com o próximo.

E agora? – Nos perguntamos.

Chegamos à Fraternidade Rosacruz, recebemos todos os esclarecimentos de que necessitávamos, temos ampla liberdade para assistir as reuniões, palestras, seminários, fazer os cursos, examinar, deduzir para, finalmente, concluir que realmente nos serve. Mais que isso, temos a nossa disposição explicação lógica, simples e objetiva de tudo o que é essencial relacionado com o ser humano e o mundo. Nada nos pede e tudo nos oferece.

Fazemos os cursos, lemos os substanciosos livros de Max Heindel e de toda literatura da Fraternidade Rosacruz, assistimos regularmente as reuniões, participamos dos Rituais de Serviço: do Templo, de Cura, dos Equinócios e Solstícios, de Véspera da Noite Santa.

Sim, e agora? Basta isso para nos elevar de estado anímico?

– Não! – Respondemos. Estamos procurando viver seus princípios e o reconhecemos, de um nível Cristão, o método de desenvolvimento mais avançado até agora exposto ao mundo, capaz de transformar um grande pecador num indivíduo virtuoso, desde que se esforce sincera e persistentemente no método que ela oferece?

Contudo, será mesmo que nós estamos nos esforçando devidamente? Estaremos nós vivendo seus princípios?

Bem, dentro de nossas possibilidades de tempo, podemos justificar, dizendo que a vida está muito dura, que o tempo é escasso; mas estamos fazendo, de fato, o que é possível?

Na verdade, mesmo diante do fiel testemunho de nossa consciência, sabemos que estamos fazendo pouco. O que se observa é maior interesse INTELECTUAL do que a busca pelo despertar de uma VIVÊNCIA. Apesar de triste, tal fato é compreensível.

Cristo dizia que “muitos serão os chamados e poucos os escolhidos” (Mt 22:14). A seleção é justa. Deus não se engana.

É certo que o conhecimento intelectual ajuda e é necessário. A Filosofia Rosacruz se destina, especialmente, a satisfazer a razão dos que não encontram o Cristo pela fé para que, uma vez satisfeita à razão, o coração comece a “falar”. A Mente compreende, se satisfaz, nos entusiasmamos e, então, é que nossa vida começa a mudar para melhor. Quando muda!

Há o perigo de ficarmos apenas na compreensão dos Ensinamentos Rosacruzes e de não construirmos a ponte que ativa o Coração. Além disso, se existe uma boa distância, um abismo entre a compreensão e a prática, há também a responsabilidade maior de quem sabe o que é bom e não o pratica, se tornando, perante sua consciência e Deus, maior transgressor que o ignorante, um criminoso detentor de uma riqueza que deveria fazer circular em benefício dos outros, porque nada lhe pertence.

A Filosofia Rosacruz, assim como as demais bênçãos que nos chegam, por mérito, dos planos invisíveis, são meios de elevação pelo serviço.

Vejamos bem isso. Nossa vida é muito curta aqui e ela representa a sementeira dos frutos que vamos colher e assimilar no estado post-mortem. Além disso, os frutos assimilados determinarão as condições de nossas vidas futuras, até que possamos nos libertar do ciclo de renascimentos e mortes, que, para nós, é uma Lei!

A questão é muito pessoal. Sabemo-lo muito bem. Veja o que cada um está fazendo com tão grande riqueza. Ou não a aprecia devidamente e, nesse caso, sua oportunidade fica transferida; ou, embora reconhecendo-a de grande valia, não tem forças para dominar sua natureza inferior, se deixando ficar nos mesmos hábitos e comodismo, ou se esforça e avança.

Cristo não gostava dos mornos, instruiu para sermos quentes ou frios. Ninguém pode servir a dois senhores: ou a Deus ou a Mamon, o Deus da cobiça. Ruy Barbosa, referindo-se a questões de direito, afirmou: “diante do erro, ou somos a favor ou contra. A neutralidade é criminosa”.

Definamo-nos. O mundo precisa de seres humanos, de Cristãos autênticos. Ninguém pode se enganar. Em nossa vida particular, íntima, em nossa relação com a família, companheiros de trabalho e demais como na Fraternidade Rosacruz temos um dever a cumprir. A tônica da Fraternidade Rosacruz é SERVIÇO, num amplo sentido. Façamos a nossa parte. Ofereçamos nossos préstimos. Há sempre o que oferecer. Particularmente nossos irmãos que lutam na condução do movimento precisam de nosso apoio.

Lembremos a parábola dos talentos: a boa administração dos bens mentais, emocionais e materiais que Deus nos oferece e que nos capacita e eleva à condição de ESCOLHIDOS, com os recursos pessoais maiores e apoio externo superior, para mais elevados serviços da “Vinha do Cristo”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 06/1966 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Até onde os filhos dependem dos pais?

Até onde os filhos dependem dos pais?

Tonico e Vanda eram dois primos que se estimavam muito. Frequentavam a mesma escola, mas Tonico era mais inteligente, idealista, ligeiro e travesso, ao passo que Vanda era infantil, gostava de brinquedos e coisas comuns das crianças de menor idade.

Certo dia, Tonico foi visitar seus tios, que residiam por perto. Titio era assinante e apreciador da revista “Mecânica Popular”, que sempre trazia ideias e explicações práticas de muito valor. Tonico pegou uma das revistas, começou a folheá-la e viu o esquema de um carrinho. Ali estava descrito todo o material necessário [para a construção] e as dimensões do brinquedo. O título dizia: “Faça você mesmo este brinquedo”. Tonico pôs sua cabecinha para funcionar e, se bem pensou, melhor realizou. Virou e revirou a revista, olhou detidamente o desenho a fim de gravá-lo bem, procurando guardar de memória as minúcias do carrinho. Assim fez porque sabia que o tio, considerando-o um molequinho ainda, não lhe emprestaria a revista. Um tanto pensativo despediu-se da titia e da priminha, dizendo-lhes ter um “assunto” a providenciar. Titia estranhou um pouco o ar compenetrado do pequeno, mas nada disse.

A primeira coisa que Tonico fez foi recorrer aos colegas de escola e amigos da vizinhança, diligenciando obter quatro rodas. Nenhum dos amigos as possuía. Pensou então no cofrinho em que guardava as pequenas economias, tirou o dinheiro, desenhou com o compasso uma circunferência do tamanho requerido e correu a um carpinteiro próximo de sua casa, mandando-lhe fazer as rodas. E a madeira, os pregos e outros materiais para a execução? Lembrou-se de que em um canto da casa havia caixas vazias de madeira. Talvez servissem. Poderia inclusive reaproveitar alguns pregos. O resto, quem sabe, encontrasse na caixa de ferramentas do papai. Foi ao quarto de despejo e de lá trouxe a caixa de ferramentas; juntou os caixões e concentrou tudo no quintal. Com auxílio de um formão velho e um martelo despregou as tábuas dos caixotes.

As marteladas chamaram a atenção da mamãe, que encontrou Tonico no quintal, cercado de tábuas e ferramentas.

— Meu Filho! O que você está fazendo? Mexendo nas ferramentas do papai e estragando as caixas que ele havia guardado! Você vai ver com ele!

— Mas, mamãe… — balbuciou Tonico, meio assustado pela reprimenda — eu estou fazendo um carrinho para mim.

— Ora, meu filho, era só pedir e eu lhe compraria um carrinho mais bonito ainda e sem a necessidade dessa trabalheira toda. Além de tudo, você pode se machucar…

Tonico ficou desapontado, mas nada respondeu. Recolheu as caixas ainda inteiras, empilhou as tábuas, repôs as ferramentas no quartinho de despejo e se recolheu, acabrunhado. Passou o resto do dia assim, desanimado. Mamãe e ele não se falavam. Tonico se deixou ficar num canto, cabisbaixo, sem vontade para qualquer coisa, sentindo-se frustrado em seu desejo tão entusiasticamente acalentado!

Dali por diante, embora criança, criava coisas interessantes; contudo, ficavam só na sua Mente. Receava ser novamente advertido. Não faria mais coisa nenhuma. Mamãe ralhava e o papai não deixaria. Francamente, perdera até o entusiasmo pelos estudos! Por que não lhe deixavam fazer o que estava certo?

Assim, uma criança perdeu a oportunidade de manifestar espontaneamente seus talentos e ideias originais por incompreensão dos pais. Impediram-lhe a expressão da Epigênese, que é a capacidade de desenvolver o poder criador que todos temos.

Dar algo pronto à criança, sem a necessidade de que ela lhe acrescente uma contribuição, algo que não exija esforço, é antipedagógico e prejudicial ao seu desenvolvimento não só do ponto de vista da moderna psicologia educacional, mas principalmente à luz da Filosofia Rosacruz.

Os pais devem oferecer aos filhos, além dos livros que lhes incentivam o poder criador, material esparso e diversificado para lhes excitar a imaginação e levá-los a fazer o que possam, em desenho, modelagem… Dar ferramentas e pregos aos meninos; linhas, agulhas, panos às meninas; massa de modelar, papel e lápis de cor a ambos os sexos. Que façam desenhos para exercitar o senso de proporção e sejam encorajados à execução posterior de brinquedos e vestidinhos de bonecas sob a orientação cuidadosa e inteligente da mamãe e do papai.

A criança é eminentemente imitativa; se dissermos ou fizermos perto dela apenas o que é digno de imitação, veremos que ela começará a fazer tudo o que fazemos, acrescentando a isso o seu modo de ser. O contrário é também verdadeiro. Não podemos nos queixar de que os filhos digam ou façam o que aprenderam com nossos maus exemplos.

É comum vermos uma criança manifestar opiniões e agir em conformidade com o que viu ou ouviu dos pais. Não queremos afirmar que a criança seja NADA; isto é, que a educação lhe dê tudo. Ela traz uma bagagem do passado que é diferente da dos pais e afeta o seu comportamento, não podendo, portanto, atribuir aos genitores toda a responsabilidade por seus erros. Entretanto, a educação pode não só incentivar o que há de bom, como corrigir o que há de mau em latência, dentro de uma criança. A astrologia espiritual nos indica os pontos débeis e fortes do caráter de nossos filhos com mais segurança do que um teste psicológico.

Assim, também em relação aos vícios. Do que vale ao pai proibir o fumo, quando sempre tem um cigarro dependurado na boca? Proibir a bebida alcoólica, quando bebe durante as refeições sua cerveja, vinho ou uma venenosa batida de limão? Para a criança, os pais são os melhores seres do mundo e quando tiverem oportunidade farão o que os viram fazer.

Tanto erramos pela ação como por omissão. Prejudicamos nossos filhos, embora dizendo que os amemos, quando apenas nos amamos, tanto pelos maus exemplos como pelos bons que não apresentamos. Bem disse Pestalozzi: “É preciso, primeiramente, educar os pais”. Outro erro frequente é o da proteção exagerada, o mal-entendido carinho que nos leva a fazer tudo pelos filhos, esfriando com essa atitude errada o que de bom pudessem manifestar ou contribuindo ainda mais para a inércia e o comodismo a que tenham tendência.

Ouvimos há pouco tempo o caso de uma moça que se casou e, voltando da viagem de núpcias, investiu-se furiosa contra a mãe, dizendo: “Por que não me disse que o casamento é uma droga?”. A mesma moça, indo à casa da mãe jantar, sai logo em seguida, deixando à genitora o trabalho de lavar a louça. A mãe se queixa que a filha seja egoísta. Nós então lhes fizemos esta pergunta: a senhora a educou para ver o casamento como ele é ou para cooperar na cozinha? “Oh, confesso que não”, respondeu, “Eu sempre a poupei”. Bem, está aí a explicação.

A finalidade da educação é preparar os filhos para extrair do mundo, positivamente, os frutos que ele possa dar, para receber as coisas como são e retirar de tudo o proveito que aí sempre existe, segundo as normas Cristãs.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1966)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como o Tempo que usamos no Dia a Dia é Determinado

Como o Tempo que usamos no Dia a Dia é Determinado

Geralmente na vida cotidiana consideramos o tempo medido pelo movimento dos ponteiros de um relógio, seja de pulso, seja de parede.

O orgulho com que muitas pessoas se referem à precisão de seu relógio mostra o quanto um conhecimento preciso do tempo é valorizado pelas civilizações desenvolvidas. Quando paramos para pensar quão dependentes nós somos, todos os dias das nossas vidas, de um conhecimento sobre o tempo correto, nós começamos a entender o débito que todo mundo tem para com o astrônomo que forneceu esse conhecimento. Entretanto, apesar do uso que fazermos do relógio para saber as horas e o dia, realmente muito pouco conhecemos de como o tempo é determinado.

Muitos anos atrás o relógio solar era usado para mostrar a hora solar, sendo que a hora do meio-dia era indicada quando a sombra estava na linha norte-sul. Contudo, o tempo mostrado dessa maneira não é exato, pois o Sol não está no centro da órbita da Terra, e o tempo entre os segundos sucessivos em que a sombra se aproxima do norte e do sul é diferente em várias épocas do ano. Consequentemente, os relógios eram feitos para funcionar de tal maneira que a duração de um dia fosse a mesma ao longo do ano e de igual duração a média do dia, conforme mostrado pelo relógio solar. Isso é chamado de tempo médio.

O sol, no entanto, é tão grande que não é fácil observá-lo com precisão, de modo que o astrônomo, frente a alguns propósitos, precisa do tempo mais preciso e exato, para olhar as estrelas.

As estrelas se movem pelo céu, assim como o Sol se move. Observando atentamente, foram determinados os horários exatos em que certas estrelas cruzam uma linha norte e sul no céu. Esse tempo é conhecido como a centésima parte de segundo por cerca de mil estrelas.

Geralmente, um telescópio especial, conhecido como instrumento de trânsito, é usado para determinar o tempo. Está configurado de tal maneira que só pode apontar ao longo de uma linha norte e sul nos céus. Uma dessas mil estrelas é, então, observada nesse telescópio e o instante em que está exatamente no meio do campo de visão é observado e registrado por um dispositivo de registro automático.

Se o relógio que o astrônomo usa mostra a hora em que ele sabe que a estrela cruzou o centro do campo de visão, então está mostrando a hora correta. Caso contrário, rápido ou lento, lhe é mostrado o quando está errado.

Geralmente, um número das chamadas “estrelas do relógio” são observadas para que média seja obtida. Tais observações, normalmente, são feitas uma ou duas vezes por semana. Podemos dizer que, para o astrônomo, essa passagem da estrela selecionada é como um apito do meio-dia que aguardamos para acertar nossos relógios. Se nossos relógios não estiverem de acordo com o apito, nós os acertamos. Da mesma forma, o astrônomo compara seu relógio com as estrelas.

No entanto, o tempo obtido das estrelas dessa maneira não é um tempo médio, que é o que queremos. Porém, é uma questão simples, mudar do tempo das estrelas para o tempo médio.

Tendo feito essa transformação, outro relógio, o relógio de tempo médio, é corrigido para mostrar o tempo médio e executado de acordo com ele. Esse relógio de tempo médio é um circuito telegráfico que transmite as batidas pelo fio no tempo determinado. As batidas são feitas para parar em um determinado momento, por exemplo, às 12 horas. A última batida foi precisamente naquele momento. Dessa forma, um sinal é enviado por todo o país e qualquer pessoa que esteja no escritório de telégrafo pode definir seu relógio.

A realização real das observações e o cálculo do tempo delas são um pouco mais complicados do que a simples declaração feita acima, mas o princípio no qual os métodos se baseiam é o indicado. Uma determinação cuidadosa do erro de relógio em um observatório moderno pode levar de duas a três horas e é correta até quase o centésima de segundo. Essa precisão não é necessária para uso comum, mas o astrônomo tem a oportunidade de usá-la em certas linhas de investigação.

N.T.: Essa maneira de medir o tempo é conhecida como Tempo Médio de Greenwich (Greenwich Mean Time), cuja sigla é GMT. Atualmente, também há um método chamado UTC (Tempo Universal Coordenado) que não se define pelo Sol ou as estrelas, mas é sim uma medida derivada do Tempo Atômico Internacional (TAI) – calculado em 70 laboratórios do mundo por 400 relógios “atômicos” (batizados assim porque o segundo é definido pelo ritmo de oscilação de um átomo de césio). Devido ao fato do tempo de rotação da Terra oscilar em relação ao tempo atômico, o UTC sincroniza-se com o dia e a noite de UT1, ao que se soma ou subtrai segundos de salto (leap seconds), quando necessário. Os segundos de salto são definidos, por acordos internacionais, para o final de julho ou de dezembro como primeira opção e para os finais de março ou setembro como segunda opção. Até hoje somente julho e dezembro foram escolhidos como meses para ocorrer um segundo de salto. A entrada em circulação dos segundos de salto é determinada pelo Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS), com base nas suas medições da rotação da terra. No uso informal, quando frações de segundo não são importantes, o GMT pode ser considerado equivalente ao UTC. Em contextos mais técnicos é geralmente evitado o uso de “GMT”.

Na prática não há diferença de horário entre Greenwich Mean Time e Universal Time Coordinated.

(Publicado na: Rays From The Rose Cross – jan. /1916 – Traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Ouvimos falar de almas novas. No entanto, todas não tiveram início nessa vida terrena ao mesmo tempo; ou algumas procederam de uma onda de vida anterior?

Pergunta: Ouvimos falar de almas novas. No entanto, todas não tiveram início nessa vida terrena ao mesmo tempo; ou algumas procederam de uma onda de vida anterior?

Resposta: A explicação detalhada para essa pergunta importante é fornecida no Conceito Rosacruz do Cosmos, particularmente no Capítulo IX, onde se lê sobre atrasados e recém-chegados; contudo, podemos dizer brevemente que a onda de vida humana, agora em evolução na Terra, compreenda bilhões de Espíritos Virginais. Sempre há uma quantidade desses renascidos aqui no Mundo Físico e outro tanto evoluindo nos Mundos invisíveis. Em certos períodos do nosso desenvolvimento 50% habitam a Terra revestidos de seus Corpos Densos e terrenos. Relembramos também que, além desses, que pertencem unicamente ao raio terreno, há outras hostes habitando Marte, Mercúrio, Vênus e os demais Planetas. No entanto, o total do vasto grupo de Espíritos Virginais que, agora, está evoluindo no nosso Sistema Solar, iniciou sua evolução no Período de Saturno, em uma existência semelhante à da onda de vida mineral. Entretanto, as diferenças logo se evidenciaram; alguns se revelaram mais adaptáveis e diligentes que outros e é evidente que esses progrediram mais rapidamente no caminho do que os seus irmãos que se tornaram, por isso, os atrasados. À medida que avançamos ao longo do curso evolucionário, o número de pioneiros se reduziu cada vez mais e o grupo dos atrasados aumentou proporcionalmente. Atualmente, encontramos os pioneiros da onda de vida humana evoluindo na Terra, no lado ocidental do Planeta, renascidos em corpos vivendo deste lado, e nos referimos a eles como sendo almas mais velhas, porque têm mais experiência, enquanto os irmãos e irmãs que renascem e vivem no lado oriental do Planeta, podem ser chamadas de almas mais novas, por terem menos experiência e desenvolvimento.

Devemos notar, contudo, que essa é apenas uma regra geral. Há muitas almas jovens que foram atraídas para o ocidente por laços de bondade e serviço ou ódio e desejo de vingança relacionados a vidas passadas. Também encontramos almas velhas no lado oriental e aí nasceram para ajudá-los a se elevarem a um nível superior; portanto, a cor da pele não é uma indicação da idade alma, da mesma forma que a cor da capa de um livro não revela a sua natureza. Assim, devemos compreender que os termos “povos mais ou menos desenvolvidos” e “almas mais velhas ou mais novas” não devem, de forma alguma, ser considerados um reflexo ou uma indicação de superioridade ou inferioridade. Os Senhores de Vênus e os Senhores de Mercúrio, que nos ajudaram em nossa evolução, são também Espíritos pertencentes à nossa onda de vida e eles evoluíram tão incomensuravelmente além da nossa presente condição que podem olhar para nós como um jovem amadurecido observa seus irmãos menores.

(Pergunta nº 34 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas” – Vol. 2)

Idiomas