Arquivo de categoria Método e Leis cósmicas que regem a evolução

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Sentido Metafísico da Arte

O Sentido Metafísico da Arte

A Arte é uma forma de expressão do ser humano. Por intermédio dela revela-se seu nível de consciência.

Em seu estágio primitivo o ser humano procurou conhecer as coisas que o rodeavam e reproduzi-las dentro de suas limitadas possibilidades. O ser humano das cavernas deixou difusas marcas de sua existência, incapazes, porém, de permitir aos modernos pesquisadores um estudo mais acurado de sua consciência. Com o passar do tempo a capacidade de percepção daquele ser primitivo foi se aprimorando e formas mais detalhadas foram gravadas nas rochas, embora revelando uma Arte ainda bem rudimentar.

Como a evolução interna do ser humano faz evoluir também todos os campos onde ele atua, essa manifestação artística tornou-se mais clara e compreensível. O gradativo refinamento da mente e dos sentimentos conduziu a uma dinamização das faculdades criativas. Ele passou a criar não só com perfeição, mas também com beleza. O artista, sempre voltado para o belo, liga-se aos planos superiores da natureza, a verdadeira fonte de todas as suas aspirações.

A verdadeira Arte é indissociável da sensibilidade. Somente uma alma sensível pode captar sons e cores em sua verdadeira pátria, nas regiões denominadas de Primeiro e Segundo Céus nos ensinamentos da Sabedoria Ocidental.

Assim como o Mundo Físico é a região das formas, o Mundo do Desejo e o Mundo do Pensamento são, respectivamente, o plano da cor e do som. Diz Max Heindel no Conceito Rosacruz do Cosmos que a música celeste é um fato e não mera figura de retórica. Pitágoras fala na “Harmonia das Esferas” e Goethe, no prólogo de Fausto, faz menção a essa sinfonia celestial.

Na realidade, a diferença vibratória entre o Mundo do Pensamento e o Mundo Físico é tão acentuada que daquele chegam apenas ecos a esse plano. O som original não resiste à queda de vibração, não podendo ser percebido em sua inteireza por ouvidos físicos. As belas sinfonias de Beethoven, por exemplo, são pálidas reproduções do que o grande mestre conseguiu captar nas dimensões superiores da natureza. Eis porque é válido dizer-se que a “música é a linguagem dos Anjos”.

É importante destacar que o primeiro órgão de sensibilidade desenvolvido pelo ser humano foi o ouvido.

No longínquo Período de Saturno — o primeiro estágio da nossa manifestação — uma Hierarquia Divina, os Senhores da Chama, deu-nos o germe daquele que seria nosso atual Corpo Denso e também a capacidade de desenvolvimento da audição. São João, no primeiro capítulo do seu Evangelho, diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”. Sendo o som um poderoso fator desde o princípio da criação, é inegável a importância do desenvolvimento da audição.

As experiências do poeta assemelham-se às do músico. A poesia é expressão dos mais íntimos sentimentos da alma. As palavras ordenam-se conforme as leis da harmonia e ritmo que regem a expressão do espírito da música.

O artista tendo a faculdade de ver, ouvir e sentir a natureza de maneira diferente, mais ampla e aperfeiçoada do que o comum das pessoas, poderá expressá-la nas Artes plásticas, na música, poesia, transmitindo até vislumbres de sua origem divina aos apreciadores de suas obras. Ele o faz também porque sente a necessidade de eternizar seus pensamentos e sentimentos.

O indivíduo, qualquer que seja seu grau de evolução, não quer se submeter ao temporal, mas sim transcendê-lo. Isso é válido tanto para o primitivo ser humano das cavernas como para o da Renascença ou do Modernismo.

O indivíduo procura perpetuar-se na literatura, na música, na dança, nas Artes plásticas. O dançarino, naquele breve momento, projeta-se no tempo. O mesmo ocorre com o músico, porque aqueles momentos de execução de um número musical ficam gravados nos registros da natureza. Aquele instante é uma eternidade. Aliás, quem entende de eternidade é o próprio espírito. Na arquitetura o ser humano quer tornar a necessidade do “habitat” numa obra de Arte que perdure além do tempo.

A Arte é uma forma de educação permanente. Um povo cercado de beleza sob a forma de jardins, florestas, edifícios, esculturas e música torna-se refinado em seus sentimentos e unido em suas aspirações.

A manifestação artística é uma linguagem universal. É o mais abrangente canal de comunicação de sentimentos. Goethe denominou-a de “a magia da alma”. Schiller afirmou: “A Arte restitui ao indivíduo a sua dignidade”. E Carlyle: “Em toda a obra de Arte discernirás a Eternidade, contemplando através dos tempos a Divina Manifestação visível”.

Na Grécia antiga floresceu uma magnífica civilização e sua maior característica era tudo expressar com requintada beleza. Orfeu adormecia os animais fazendo soar docemente a sua lira. Nas grandes obras de escultura resplandeciam a beleza e harmonia como na representação de Eros e Psiché — a Alma e o Amor. Aquela magnífica civilização produziu artistas, filósofos, poetas, até hoje considerados verdadeiros mestres da Sabedoria.

Max Heindel afirma no Conceito: “A Religião, a Arte e a Ciência são os três meios mais importantes da educação humana. São uma trindade numa unidade. Não podemos separá-las sem torcer o ponto de vista de qualquer coisa que investiguemos. A verdadeira Religião compreende a Ciência e a Arte, porque ensina a viver belamente em harmonia com as leis da natureza. A verdadeira Ciência, no mais elevado sentido, é artística e religiosa porque nos ensina a reverenciar e a nos conformar com as leis que governam nosso bem-estar e explica porque a vida religiosa conduz à saúde e beleza. À verdadeira Arte é tão educativa como a Ciência e de influência tão aperfeiçoadora como a Religião”.

“Na arquitetura encontramos a mais sublime representação das linhas de força cósmica do universo. Enche o observador espiritual de uma poderosa devoção e adoração, nascida da concepção da grandeza e da majestade de Deus. A escultura e a pintura, a música e a literatura, imbuem-nos de um transcendental amor de Deus, o manancial e a meta de todo este formoso mundo”.

“Nenhuma outra coisa, a não ser esse ensinamento integral poderá corresponder permanentemente às necessidades humanas. Noutro tempo, entre os gregos de Religião, a Arte e a Ciência eram ensinados conjuntamente nos Templos de Mistérios. Tornou-se necessário, para melhor desenvolvimento de cada uma delas, separá-las durante algum tempo”.

“A Religião reinou suprema na Idade Média. Durante esse tempo escravizou a Ciência e a Arte, atando-as de pés e mãos. Logo veio o período da Renascença e a Arte floresceu em todos os seus domínios. A Religião era muito forte ainda, e a Arte bem depois degenerou, à serviço da primeira. Por último, chegou a vez da moderna Ciência que, com mão de ferro, subjugou a Religião. Tal estado de coisas não pode continuar. Deve produzir-se a reação. Se assim não fosse a anarquia dominaria o Cosmos. Para evitar tal calamidade a Religião, a Ciência e a Arte devem reunir-se numa expressão do Bom e do Verdadeiro, mais elevado do que antes da separação”.

Os gregos, porque recebiam uma formação integral, conheciam o sentido metafísico das Artes. Era costume entre as mulheres da Grécia antiga, quando grávidas, ficarem retiradas, permanecendo tranquilamente em seus lares. Rodeavam-se do Belo, ocupavam-se de forma útil e agradável lendo ou estudando filosofia e Arte. Tinham plena certeza de que criando essa atmosfera espiritual a criança por nascer seria dotada de formas belas e caráter elevado.

A dança, ocupava em lugar de destaque no sistema educacional grego, a ponto de Platão crer que através dela seria possível surgir uma nova ordem social. Na expressão corporal encontramos a primeira forma de comunicação do ser humano. E, como as primeiras sociedades humanas eram teocráticas encontramos a dança inserida nos rituais religiosos como meio de comunicação com a divindade. Com o passar do tempo perdeu o sentido místico. Acabou sendo considerada uma prática pagã e mundana e daí foi abolida da ritualística nos templos.

A Arte não escapa ao momento ideológico e espiritual que a sociedade está vivendo. Assim, com o advento da Idade Média, as Artes em geral passaram a servir a Religião.

A estrutura social predominante na Idade Média era rígida, condenando cada indivíduo a um destino hereditário. Como havia total insegurança do povo quanto ao futuro, somente a vida religiosa oferecia algum conforto.

A cultura era accessível a apenas uma minoria, representada pelo clero. O ser humano medieval era letrado, supersticioso e extremamente místico. E todo ideário artístico-filosófico greco-romano foi abandonado por ser considerado resquício de paganismo. Entretanto, o pensamento de Aristóteles acabou sendo redescoberto na Idade Média por São Tomaz de Aquino. A filosofia aristotélica abrange a natureza de Deus (metafísica), do ser humano (ética) e do estado (política).

Como já dissemos, o indivíduo medieval era extremamente místico. Esse misticismo, levado a tais níveis, dotava as pessoas de Clarividência negativa a ponto de poderem observar os espíritos da natureza. Eram comuns as narrativas de duendes, fadas, etc.

No Hemisfério Norte, o verão é o tempo em que aparecem os duendes e demais entidades semelhantes, a quem cabe trabalhar pelo desenvolvimento material do nosso planeta. E, na noite de São João, no Festival das Fadas, esse processo chega ao seu ponto culminante como demonstrou Shakespeare em “Sonhos de Uma Noite de Verão”.

Algumas lendas que inspiraram os contos infantis, como por exemplo o da Branca de Neve e os Sete Anões, têm sua origem na Idade Média.

A Arte medieval era simples e refletia sempre o sentimento religioso. Só temas sacros eram representados, com algumas exceções. Os templos eram ornamentados com afrescos contando a História Sagrada e figuras de santos. Na música destacava-se o Canto Gregoriano e as peças teatrais eram encenadas nas igrejas abordando sempre temas religiosos.

Por falar em igrejas, é necessário lembrar a importância da Arte gótica no período medieval. O gótico nasceu na França, no século XII. As catedrais de Canterbury (Inglaterra) Notre-Dame (Paris) e a de Milão são um exemplo notável dessa Arte. Há quem afirme haver uma correlação entre à forma das catedrais góticas (com arcos ogivais formando o interior), as pirâmides e a junção das palmas das mãos quando se ora. Seriam uma maneira de catalisar energias cósmicas?

Lenta, quase imperceptivelmente, algumas mudanças começaram a surgir. Os “Mistérios” foram gradativamente restaurados, graças a ação dos Alquimistas e trovadores. Através da poesia trovadoresca ou Provençal algumas verdades profundas eram transmitidas às pessoas, como se fossem parábolas, em jogos realizados nos castelos. Na lenda de Tannhauser encontramos menção a esses jogos.

As ciências, vez por outra, encontravam uma fresta por onde pudessem manifestar-se. Assim é que Roger Bacon, filósofo inglês, versado também em matemática e ciências naturais, realizou experiências no campo da ótica e da propagação das forças. Bacon faleceu em 1292.

Mas o grande acontecimento dessa época deu-se no século XIII, quando Christian Rosenkreutz fundou a Ordem dos Rosacruzes com o “objetivo de lançar uma luz oculta sobre a mal-entendida Religião Cristã e para explicar o mistério da vida e do ser humano desde um ponto de vista científico, em harmonia com a religião”.

Diz Max Heindel no Conceito: “Vários séculos se passaram desde o nascimento de Christian Rosenkreutz e muitos consideraram um mito a existência do fundador da Escola de Mistérios dos Rosacruzes. Todavia, seu aparecimento marcou o princípio de uma nova era na vida espiritual do Ocidente”.

“Esse excepcional Ego tem surgido em contínuas existências físicas num ou noutro dos países europeus”. Trabalhou com os alquimistas durante séculos antes do advento da moderna ciência. Foi ele que por um intermediário inspirou as agora mutiladas obras de Bacon. Jacob Boehme e outros, dele receberam a inspiração que tão espiritualmente iluminou seus livros. Nas obras do imortal Goethe e de Wagner encontramos a mesma influência. Todos os espíritos inquietos que se recusam a subordinar-se à ciência e à ortodoxia da religião, que fogem das escravidões e procuram penetrar nos domínios espirituais sem pretensões de glória ou vaidade, inspiraram-se na mesma fonte, como fez e faz o grande espírito que animou Christian Rosenkreutz”.

O que ocorreu na Europa por volta do século XIII foi algo muito mais importante do que se possa imaginar. Alguns artistas e pensadores tornaram-se pioneiros da Renascença ao reverenciarem os ideais artísticos da Antiguidade. A Renascença não foi um fenômeno súbito do século XIV, uma ressurreição do interesse pela cultura clássica da Grécia e Roma. O Renascimento pode ser considerado uma fase de reação às doutrinas aristotélicas. As ideias de Platão foram difundidas e adotadas pela nova visão humanista e racional do mundo e da ciência.

Na Idade Média a vida girava em torno da sacralidade, do divino. Deus era o centro e a razão de todas as coisas. No Renascimento essa visão se modifica. O ser humano passou a ver o mundo em função de si próprio, elegendo-se como o novo centro do Universo. O desenvolvimento desse humanismo se fez com a recuperação do patrimônio filosófico e artístico da civilização greco-romana.

A expansão marítima, ampliando o conhecimento do mundo, deu dimensões universais ao pensamento. Surgiram os estados centralizados em forma de monarquias absolutistas. Com o aparecimento de uma nova classe social — a burguesia — desintegrou-se a velha estrutura feudal. O capitalismo suplantou o feudalismo. Apareceram as cidades. Em busca de novas técnicas de produção diferentes campos começaram a ser pesquisados.

Toda essa evolução não poderia expressar-se através de formas artísticas da época medieval, dominadas pela religiosidade. Uma nova Arte se desenvolveu para exprimir o mundo novo. As formas artísticas adotadas assemelham-se às da Antiguidade Clássica. A cruz latina que durante toda a Idade Média fora o motivo básico das plantas das igrejas cedeu lugar à cruz grega (com os ramos de igual comprimento) para que as construções se tornassem simétricas em relação a um ponto central. Muitos arquitetos, considerando o círculo uma forma geométrica perfeita, viam-no como o mais adequado às obras dedicadas a um Deus perfeito. A basílica de São Pedro e a famosa igreja de Florença são de estilo renascentista.

O Renascimento não se limitou apenas ao campo da ciência, Artes e letras. Passou a influenciar, também, a educação, a política e a própria religião. Passou a vigorar um intenso humanismo. Viver a vida e conhecê-la tanto quanto possível generalizou-se como atitude.

Alguns iluminados renascentistas expressaram em suas vidas aquela formação integral que a Grécia antiga oferecia, quando ciência, Arte e religião se completavam harmoniosamente. Assim é que Michelangelo foi escultor, pintor, arquiteto e poeta. Leonardo da Vinci foi artista, filósofo e cientista. Outros gênios daquela época revelaram em suas obras notáveis conhecimentos ocultos.

Max Heindel em “Iniciação Antiga e Moderna” afirma: “O pintor Raphael empregou seu maravilhoso domínio do pincel para exteriorizar a luz dos mais profundos conhecimentos esotéricos em seus melhores trabalhos: “A Madona Sistina” e o “Matrimônio da Virgem”. Cópias dessas admiráveis pinturas encontram-se em qualquer lugar onde se vende quadros. No original nota-se uma tonalidade particular no halo dourado atrás da Madona e da Criança que, ainda que excessivamente grosseiro para uma pessoa dotada de visão espiritual, é, não obstante, uma imitação tão exata e fiel da cor básica do Primeiro Céu, como é possível obter-se com pigmentos e cores terrenas. Uma observação atenta de seu fundo revelará o fato de que esse halo amarelo é composto de uma infinidade de figuras desses seres que chamamos de Anjos, com cabeças e asas. O papa está representado apontando a Senhora e o Cristo menino.

Examinando-o atentamente vê-se que a mão com que aponta tem seis dedos. Não há indícios históricos afirmando que o papa teria tal deformidade. Os seis dedos da mão foram pintados deliberadamente pelo autor. Qual foi seu propósito nós podemos verificar se examinarmos seu quadro “Matrimônio da Virgem” no qual pode-se notar anomalia semelhante. Maria e José estão representados com o menino Jesus no momento de sua fuga para o Egito e um rabino está nas proximidades. O pé esquerdo de José é o detalhe mais adiantado e evidente do quadro e tem seis artelhos. Nos dois casos os seis membros representam o sexto sentido, faculdade que se obtém por meio da Iniciação. Por esse sutil sentido o pé de José foi guiado em sua fuga para manter a salvo aquele tesouro sagrado. No outro caso, o papa tem um sexto sentido indicando que não era “um cego guiando outros cegos”, mas alguém possuidor de uma visão espiritual”.

Há um trabalho de Michelangelo, na igreja de San Pietro in Vincoli, em Roma, que deixa todo mundo intrigado. Nele Moisés está representado com cornos (chifres). Sabemos pelo estudo dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental que Moisés foi o arauto da Idade de Áries, o cordeiro. Eis porque Michelangelo demonstrando grande sabedoria pintou-o com cornos.

Por ser uma expressão do espírito, a Arte reflete um momento peculiar da sociedade. E a sociedade europeia passava por transformações. Os monarcas absolutistas tornaram-se poderosos e opulentos graças, principalmente, às riquezas das colônias do Novo Mundo.

Essa nova ordem de coisas, política e social, provocou a renovação do estilo renascentistas. Surgiu o barroco, estilo originário da Itália e cujo apogeu alcançou os séculos XVII e XVIII.

Embora inspirado na arquitetura antiga, o barroco era muito exuberante em suas formas. Caracterizava-se pela grandeza excessiva, artificialidade, ornamentação extravagante e ampla utilização: de recursos clássicos como a coluna, a cúpula, esculturas de cenas mitológicas, abundância de detalhes decorativos na superfície. A capela do Santo Sudário (Turim), a abadia de Alcobaça (Leiria, Portugal), várias igrejas da Bahia, Minas Gerais e Pernambuco são construções de estilo barroco.

A música, após a Idade Média, evoluiu admiravelmente. Para termos uma ideia dessa evolução, retrocedamos no tempo. Quando a Terra ainda se encontrava em formação, o ser humano valia-se do ritmo para expressar-se musicalmente. É interessante acrescentar que o ritmo está ligado à formação dos Corpos Denso e Vital.

A expressão musical foi se aprimorando a ponto de ao ritmo agregar-se a melodia. Com o advento do Cristo surgiu um terceiro elemento: a harmonia. Por volta do ano mil da nossa Era ela passou a aparecer com mais frequência, formando a tríade melodia, harmonia e ritmo. Até então a harmonia não era muito usada em composições musicais. As apresentações eram realizadas somente com voz humana ou com instrumentos, porém, tocados isoladamente.

Na Renascença ocorreu a redescoberta de técnica da harmonia, conhecida apenas pelos iniciados da Grécia antiga.

(Publicado na revista Serviço Rosacruz – 10/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Alerta aos Amigos Estudantes

Alerta aos Amigos Estudantes

No caminho da espiritualidade os Ensinamentos Rosacruzes são como um farol para os Estudantes, uma luz que ilumina os nossos passos, dando-lhes segurança, firmeza e coragem para enfrentar o mundo material em que nascemos.

Porém ao Iniciar esse caminho é fundamental que o Estudante atenda ao chamado bíblico: “transformar o ‘velho homem’ num ‘novo homem’”. O que representa essa transformação? Deixar de lado todos os hábitos mesquinhos, egoístas, ambiciosos, corrigir todos os grandes e pequenos defeitos de nossa personalidade e cultivar sentimentos de bondade, tolerância e uma permanente disposição de amar o próximo.

Enfim, aprender a cultivar a autoanálise e o domínio próprio, interrogando a própria consciência. Tudo nessa vida é transitório, e só um caráter íntegro, uma consciência tranquila e um coração cheio de amor são a verdadeira felicidade.

Sem essa transformação, sem este cultivo maravilhoso do amor, os mais profundos conhecimentos filosóficos perdem o valor essencial da objetividade.

O grande chamado que, pessoalmente, sentimos para o caminho Rosacruz foi precisamente esse objetivo na simples e profunda pergunta de Max Heindel: “de que servirá uma filosofia que não nos torne melhores homens e mulheres?”.

É de valor básico que nos tornemos melhores seres humanos, para bem assimilar e difundir fundamentalmente pelo exemplo de nossas vidas, os valiosos Ensinamentos Rosacruzes.

Não se iludam os Estudantes pensando que se aprofundando no estudo da filosofia, sem que ao mesmo tempo reformem seus sentimentos e hábitos negativos, alcancem aquela firmeza, segurança e coragem de pessoa iluminada pela luz dos Ensinamentos — esse farol de valor inestimável.

Sem isso, amigos, de pouco ou nada lhes servirão os melhores conhecimentos filosóficos, nas primeiras provas que a vida lhes traga. Ao contrário, com esse cultivo do bem e do amor alicerçados nos Ensinamentos Rosacruzes prova alguma os abaterá.

Cultivemos em nós a sinceridade, a humildade, a bondade e o desejo de que nossas vidas sejam vidas úteis no meio em que vivamos. Max Heindel nos disse também: “O único remédio para os males do mundo são AMOR e SIMPATIA”.

Ajudemos a melhorar os “males do mundo” melhorando a nós próprios, aprendendo a amar e a dar graças a DEUS pelo caminho encontrado.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Mito de Fausto e a Lenda Maçônica

O Mito de Fausto e a Lenda Maçônica

Na lição do mês passado terminamos a nossa consideração final do Mito de Fausto[1]; e analisando-a como um todo, notamos que transmite a mesma ideia da Lenda Maçônica. De um lado, temos Fausto e Lúcifer; do outro, Margarida e os sacerdotes. Margarida mostra a fé na igreja, mesmo nas horas mais sombrias. Essa fé é o seu conforto e a sua segurança e, definitivamente, ela a faz alcançar o objetivo do espírito. Ela alcança seu lar celestial pela fé. Seus pecados de omissão e comissão são devidos à ignorância; mas quando ela vê o poder maligno incorporado ao caráter de Lúcifer que lhe oferece a liberdade da prisão e da morte, então, ela se recusa a fugir em sua companhia; e assim se redime, o suficiente, para merecer um lugar no Reino celestial. Da mesma forma, uma ala da igreja, os Filhos de Seth, são dependentes, atualmente, do perdão dos pecados, ao invés dos seus próprios méritos. Estão procurando a salvação por meio da fé, já que seus poderes para demonstrar por obras são pequenos.

Em Lúcifer e Fausto encontramos a réplica dos Filhos de Caim, que são construtores, fortes e ativos no trabalho do mundo. O mesmo espírito que infundiu em Caim o desejo de fazer com que “duas folhas de erva crescessem onde antigamente crescia apenas uma” – o instinto criativo, independente e divino que fez com que os Filhos de Caim em todas as épocas liderassem o trabalho no mundo – também é visto em Fausto; e a prática gloriosa com a qual ele empregou nos poderes do mal, isto é, fazendo-as construir uma nova terra, livre, onde um povo feliz e livre pudesse morar em paz e alegria, dá-nos uma visão do que o futuro nos reserva.

Pelo nosso próprio esforço, empregando os poderes do mal para fazer o bem, nos libertaremos das limitações tanto das igrejas como do estado, que agora nos mantêm em servidão. Ainda que as convenções sociais e as leis terrenas sejam agora necessárias para nos impedir de violar os direitos dos outros, dia virá em que o espírito nos animará e nos purificará, da mesma maneira que o amor de Fausto por Helena purificou-o e incentivou-o a empregar as forças de Lúcifer da maneira correta. Quando sentirmos o desejo de trabalhar por nossa própria vontade, quando nos gratificarmos pelo serviço que prestamos aos outros, como estava Fausto quando, com sua visão agonizante, ele pode contemplar a terra que se elevava do mar, então não necessitaremos mais em encarar as características restritivas das leis e convenções, pois teremos nos elevados acima deles pelo cumprimento de todas as suas exigências. Somente dessa maneira poderemos nos tornar realmente livres. É muito fácil dizer aos outros o que deve ser feito ou não, mas é muito difícil impor-nos o cumprimento da obediência, ainda que, intelectualmente, possamos aceitar os ditames do convencionalismo. Como diz Goethe:

“De todo o poder que mantém o mundo agrilhoado,

O ser humano se libera quando o autocontrole há conquistado”.

O mito de Fausto nos diz que há um estado utópico reservado para nós, quando nós tenhamos trabalhado pela nossa salvação usando as forças titânicas internas para nos tornar realmente livres. Que todos nós possamos nos esforçar nas nossas ações diárias para acelerar a chegada desse dia.

(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 35)

[1] N.T.: Fausto (em alemão Faust) é um poema trágico do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, dividido em duas partes. Está redigido como uma peça de teatro com diálogos rimados, pensado mais para ser lido que para ser encenado. É considerado uma das grandes obras-primas da literatura alemã. A criação da obra ocupou toda a vida de Goethe, ainda que não de maneira contínua. A primeira versão foi composta em 1775, mas era apenas um esboço conhecido como Urfaust (Proto-Fausto). Outro esboço foi feito em 1791, intitulado Faust, ein Fragment (Fausto, um fragmento), e também não chegou a ser publicado. A versão definitiva só seria escrita e publicada por Goethe no ano de 1808, sob o título Faust, eine Tragödie (Fausto, uma tragédia). A problemática humana expressada no Fausto foi retomada a partir de 1826, quando ele começou a escrever uma segunda parte. Esta foi publicada postumamente sob o título de Faust. Der Tragödie zweiter Teil in fünf Akten (Fausto. Segunda parte da tragédia, em cinco atos) em 1832.

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Porque Entrar pela “Porta Estreita”: mais fácil servir

Porque Entrar pela “Porta Estreita”: mais fácil servir

Ao terminar o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz, a maioria dos Estudantes sente um forte impulso para indagar: como se pode servir?

O serviço não é apenas um simples exercício da alma. É a responsabilidade assumida pela aquisição do conhecimento. Quando o neófito se acerca do portal do Templo do amor, sente uma transformação total em si mesmo: há confusão, alegria, otimismo, entusiasmo, jovialidade, saúde da alma e do corpo, fortaleza… até convencer-se plenamente de que é um ser humano novo. Do entusiasmo e confusão passa a uma serenidade profunda, uma majestosa dignidade que o faz compreender o valor do Eu Superior como ente espiritual.

Amigo, se você quer “Servir”, há mil maneiras diferentes de fazê-lo, como melhor apraz a seu coração. Em sua profissão, no trato diário com os familiares, na fábrica, no escritório ou na oficina, os preceitos Rosacruzes encontram campo para serem vividos e empregados. Eles constituem um “código de elevada moral”.

Se você quer servir, frequente o Grupo ou Centro Rosacruz mais próximo. Cada Centro tem a missão de orientar aqueles que pela primeira vez sentem o anseio de conhecer os ensinamentos transmitidos ao mundo por Max Heindel. Nele reúnem-se Estudantes da Filosofia, que espontaneamente assumiram a responsabilidade de difundir tão sagrados conhecimentos. Eles oferecem parte de seu tempo, datilografando, mimeografando, escrevendo e proferindo conferências sobre Astrologia, Bíblia e Filosofia, atendendo aqueles que chegam em busca da panaceia espiritual. Visitam os necessitados e os doentes. Traduzem folhetos. Reúnem-se em um dia da semana para orar em benefício dos enfermos do mundo todo, cumprindo assim os dizeres do nosso ritual: “Um só carvão não produz fogo, mas quando se juntam vários carvões…”.

A essa tarefa dedicam-se os mais esforçados, pois o Estudante desejoso de servir sabe que, para se tornar um auxiliar atuante, deve reunir em si mesmo as condições expressas nos ensinamentos Rosacruzes. Assim, logrará a realização de um serviço completo. A Rosacruz oferece só uma resposta ao Estudante: Quem penetrar no caminho esotérico deve manter sua conduta sob vigilância, vivendo conforme as Leis Divinas, como preceituam os Irmãos Maiores.

Todo Estudante Rosacruz deve conscientizar-se do seguinte: um membro sincero e ativo nunca ingere bebidas alcoólicas, não fuma, nem come carne, pois conhece a importância da vibração de sua nota-chave e de como pode transmiti-la, não só através da palavra e do pensamento, como também da ação. A vibração emanada de uma simples carta pode ser portadora de um oásis de paz para quem a recebe. Tal é o poder do ritmo e da vibração que alguém emite quando “vive a vida”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1976)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As dissonâncias que marcam o destino do nosso Planeta Terra e o nosso comportamento

As dissonâncias que marcam o destino do nosso Planeta Terra e o nosso comportamento

Atualmente, entre o comportamento da pessoa espiritualmente consciente e o comportamento do ser humano mundano, existe uma brecha intransponível. A diferença entre a luz e as sombras torna-se cada dia maior.

Encontramos irmãos que querem fazer “algo” para o bem da comunidade e irmãos que visam somente seus propósitos e interesses e, com um impulso louco, querem aproveitar todos os prazeres e experimentar todas as sensações, não sabendo que o amanhã pode trazer-lhes consequências dolorosas e desastrosas.

Sentem-se impunes, pois não conhecem a lei de Deus, a Lei da Consequência.

Podemos perceber na arte e na música, atuais, um desequilíbrio emocional, um grande frenesi que está sendo alimentado e provocado pelos ritmos alucinantes e pelas drogas.

O destino da Terra está marcado por essas dissonâncias. A música e a arte são um espelho verdadeiro dos sentimentos de cada época. Observando a arte atual, não podemos admirar-nos pela intranquilidade e pelos desastres que também acontecem na natureza. Os incêndios que consomem as florestas, as inundações e os terremotos mostram uma mudança radical e destrutiva. São os resultados de uma exaltação doentia, de uma vibração dissonante, fanatismo, racismo, terrorismo, causando desequilíbrio na natureza. A humanidade sofre, se apavora e morre. Um grande grito de angústia parte do coração humano: Meu Deus, Onde Estás? Mas, este grito não é suficiente, não podemos esperar milagres sem merecê-los. Temos que achar o caminho, galgá-lo e, humildemente, procurar o equilíbrio que deve existir entre o coração e o entendimento.

É aqui que encontramos, atualmente, um outro tipo de desequilíbrio existente, que é o mental. Os grandes passos da ciência e tecnologia resultam num grande orgulho intelectual. Achamos que somos donos do mundo; nossas realizações não têm limites e podemos usar os frutos do nosso intelecto para fins egoístas, dominando e atormentando os outros à nossa vontade, não acreditando que haja uma força, um poder maior que pode dar um “basta” para toda esta superioridade humana. Há tropeços pelos quais precisamos passar para visualizar nossos erros e achar o caminho. Quando, um dia, a humanidade reconhecer suas limitações, descobrirá que bateu na porta errada e, vencida e quebrada, começará a procurar o verdadeiro caminho.

Se tiver humildade e amor, despindo a vaidade do intelecto, conscientizando-se da inutilidade de satisfações puramente emocionais, poderá achar o caminho superior. Os guias da humanidade estão ansiosos para estender a mão e para nos ajudar. Depende de nossa escolha, se aceitamos essa ajuda ou não. Somos livres tanto para nos elevarmos como para nos destruirmos.

A finalidade de nossa existência é encontrar e desenvolver o nosso Eu-Superior. Não é uma tarefa fácil, porque as forças das trevas toldam, fortemente, o caminho. Velhos hábitos nos tentam, sombras da nossa inferioridade cegam os nossos olhos. Devemos afirmar e seguir aquela voz silenciosa que está presente em todo ser humano e que é o resultado dos acertos, das boas ações durante muitos renascimentos, aquela voz que se pode tornar mais e mais nítida, se persistirmos no bem e ouvirmos seus conselhos.

A nossa fé em Deus não deve ser em vão. A nossa parte deve ser feita, não com sonhos nem com fantasias, mas com trabalho dedicado e com uma vontade inabalável para ajudar a construir um novo mundo, um mundo melhor e, “com todo o nosso poder possamos elevar as almas, a fim de que vivam em Harmonia e na Luz de uma Perfeita Liberdade”.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Início: Sacrifício, primeiro princípio básico necessário ao trabalho do Grupo

O Início: Sacrifício, primeiro princípio básico necessário ao trabalho do Grupo

Sabemos já que, em seu trabalho anual, Cristo nos dá o exemplo do Sacrifício: primeiro princípio básico necessário ao trabalho do Grupo.

Um segundo princípio: o Serviço, poderá ser observado em toda a Natureza, com seus milhares de seres visíveis ou invisíveis aos nossos olhos.

Todos aqueles que estão em harmonia com a Natureza trabalham com o propósito de manter a existência e a evolução da espécie.

Os elementos da Natureza servem-se mutuamente. A chuva fertiliza a terra, que, por sua vez, faz germinar a semente que serve de alimento.

Há, na Natureza, uma transformação e um renovar-se constante por meio do trabalho.

De fato, onde não há trabalho, há estagnação.

Além disso, temos que considerar o que ainda não aprendemos ver.

Pequenos seres como os Gnomos, Salamandras, Ondinas e Silfos, invisíveis à nossa vista comum, trabalham incansavelmente sobre os quatro elementos da Terra, procurando manter as condições apropriadas à vida de todos os seres.

Essas considerações podem mostrar-nos claramente que “o Serviço é o preço a pagar não somente para o progresso de todos, como também por mera imposição de existir”.

Nestes tempos que estamos vivendo, em que fatos inusitados e sumamente imprevistos ocorrem, um dos aspectos que devem chamar a nossa atenção é que nenhuma atividade humana pode se processar isoladamente. Como o aprender e, principalmente na Escola Rosacruz, é um fator importante de integração do ser humano na Sociedade, vejamos por exemplo como nasceu o trabalho em grupo:

“No dia seguinte João estava lá outra vez com dois de seus Discípulos e, olhando para Jesus que passava disse: Eis o Cordeiro de Deus!”.

“Os dois Discípulos, ouvindo dizer isto, seguiram a Jesus. Voltando-se Jesus e vendo que eles o seguiam, perguntou-lhes: “Que buscais? Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde assistes? Ele respondeu: Vinde e vereis. Foram, pois, e viram onde assistia, e ficaram aquele dia com ele: era mais ou menos a hora décima’’.

“André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar e que seguiram a Jesus”.

“Ele procurou primeiro seu irmão Simão, e lhe disse: Temos achado o Messias (que quer dizer Cristo)”.

“E o levou a Jesus. Jesus, olhando para ele, disse: Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cephas (que significa Pedro)”.

“No dia seguinte, resolveu Jesus ir à Galileia, e encontrou a Filipe. E disse-lhe: Segue-me. Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e Pedro. Filipe encontrou a Natanael e declarou-lhe: Temos achado aquele de quem escreveu Moisés na Lei, e de quem falaram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair coisa que boa seja? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê. Jesus, vendo Natanael se aproximar, disse dele: Eis um verdadeiro Israelita, em que não há dolo. Perguntou-lhe Natanael: De onde me conheces? Respondeu Jesus: Antes de Filipe chamar-te, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. Replicou-lhe Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”.

“Disse-lhe Jesus: Por eu te dizer que te vi debaixo da figueira, crês? Maiores coisas do que estas verás.  E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem” – Joa 1:35-41.

Muitos anos depois, Max Heindel, o fundador da Fraternidade Rosacruz, disse em uma de suas cartas aos estudantes: “Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente, induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor e Luz do Mundo”.

(Publicada na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Natal e a Evolução

O Natal e a Evolução

Nessa época do ano, nós, aspirantes aos Mistérios da Sabedoria Ocidental, voltamos nossos pensamentos ao grande Drama Cósmico que se desenrola na Terra, ano após ano.

Aprendemos, pelos iluminadores ensinamentos dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, que o Natal constitui uma das quatro fases anuais na vida do nosso Espírito Planetário Interno (um Raio do Cristo Cósmico), sendo este, análogo ao nosso próprio nascimento físico.

Os místicos nascimentos e mortes do nosso Salvador são contínuas ocorrências cósmicas: um sacrifício contínuo, necessário para nossa evolução física e espiritual durante a presente fase do nosso progresso.

Assim como o lago que desagua no mar enche-se de novo quando a água evaporada retorna em forma de chuva, para fluir incessantemente rumo ao oceano, assim o Espírito do Amor nasce eternamente do Pai.

E o faz dia após dia, hora após hora, fluindo sem cessar em direção ao universo solar, com a finalidade de redimir-nos do mundo de matéria que nos tem enredado em suas garras mortais. Onda após onda, é assim emitida do sol a todos os Astros, ensejando um impulso rítmico às criaturas que neles evoluem (do Livro Coletâneas de um Místico de Max Heindel).

Na santa época do Natal, os fogos espirituais da Terra são mais brilhantes, de tal maneira que é o melhor período para absorvermos os benefícios do nosso crescimento anímico, assim como para investigar e estudar os mistérios da vida.

Portanto, “cabe-nos”, como asseverou Max Heindel, “aproveitarmos a oportunidade, de forma a utilizarmos o tempo presente com a melhor vantagem possível, paciente e persistentemente. Sabemos que essa grande onda de luz espiritual estará conosco durante as épocas vindouras. E, naturalmente se fará mais e mais brilhante, à medida que a Terra e nós mesmos evoluirmos a graus superiores de espiritualidade.”

Possamos, todos e cada um de nós, empenharmo-nos novamente para que nossa luz alumie a grande Árvore Cósmica do Natal, de modo a ser observada pelos seres humanos, atraindo-os às verdades que sabemos de vital importância para o desenvolvimento da humanidade.

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro de 1976)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Estando Só

Estando Sozinhos

 A maioria das pessoas no mundo não conhece a verdade sobre as realidades espirituais. Assim, se queremos achar a Verdade, frequentemente precisamos quebrar as crenças comuns e procurar a verdade dentro de nós mesmos. A maioria não quer negar a si mesmo; pegar a sua cruz e seguir Cristo. Assim, se queremos seguir Cristo e o caminho da Iniciação, nós precisamos querer estar sozinhos.

“Então, disse Jesus a seus Discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” (Mt 16:24).

“Entrai pela porta estreita: porque larga é a porta, espaçoso é o caminho que conduz à perdição e muitos são os que entram por ela. E porque estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” (Mt 7:13-14).

Quebrar as crenças e ações convencionais traz dificuldades. Max Heindel notou que crianças passam indiferentes pelas árvores estéreis, mas, logo que a árvore dá frutos, atiram pedras e os roubam. Assim são os seres humanos também: se andamos com a multidão e fazemos o que ela faz, não seremos molestados, mas no momento em que fizermos o que eles bem sabem no coração estar certo, seremos reprovados, mesmo que não externem a sua censura – acham faltas em nós apenas para que possam se justificar diante dos seus próprios olhos. Muitos líderes sentem seus poderes ameaçados se indivíduos não seguem seus ditados, assim pressionam todos os que não se juntam à multidão (estejam certos ou errados).

Críticas e pressões recebemos, como resultado de sair do populacho, por nos afastarmos da comunidade e entrar no monastério onde possamos viver a vida espiritual, sem ser perturbados. Mas, Max Heindel afirma que só podemos receber a palma da vitória se superarmos o mundo e não fugirmos dele. O meio ambiente onde fomos postos pelos Anjos do Destino, foi nossa própria escolha quando estávamos a ponto de retornar para o nosso ciclo de vida no terceiro céu, e éramos Espírito Puro sem estar cegos pela matéria. Não há dúvidas de que necessitamos lições importantes, e estaríamos seriamente errados se tentássemos escapar completamente. A comunidade nos oferece oportunidades de serviço, que não estão presentes nos monastérios ou no cume de uma montanha, e o serviço é um componente importante no caminho da Iniciação.

Quando procuramos a verdade e caminhamos pela senda da Iniciação, encontramos forças das quais não devemos fugir para que possamos ser fortalecidos para a batalha que nós encaramos. Encontrar oposição e crítica nos obriga a nos julgar e aprender. Se sabemos no coração que aquilo que fizemos é certo, a crítica dos outros não deve nos preocupar. Lincoln observou: “É difícil considerar o ser humano miserável, já que ele sente o valor em si, e alega à semelhança da grandeza de Deus que o fez”. No que se refere à oposição e pressão por parte daqueles que querem que sigamos a multidão, nós devemos nos fortalecer com a verdade, para que possamos claramente distinguir e conscientizar o certo e o errado, esclarecendo para os outros porque nós acreditamos naquilo que fizemos.

São Paulo advertiu os seguidores de Cristo em sua Epístola aos Efésios 6:11-14: “Revesti-vos de toda armadura de Deus, para poderdes ficar contra as ciladas do mal. Portanto, tomais toda armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, depois de terdes vencido tudo, permaneceis inabaláveis. Estais, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos com a couraça da justiça”.

Somos confortados com realizações e nas provas, Deus está conosco e, “se Deus é por nós, quem é contra nós?  (Rm 8:31).

Cristo sabia que seus seguidores seriam perseguidos por causa das suas crenças e ainda assim Ele os encorajou para que permanecessem fiéis, porque Ele sabia que o benefício espiritual excederia o sofrimento causado pelas provas terrenas.

No Sermão da Montanha Cristo Jesus disse: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e vos perseguirem, e mentindo, dizendo todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5:11-12).

São Paulo acrescenta: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós peso eterno de glória, além de toda compreensão” (IICo 4:17).

Permanecendo em qualquer circunstância por tudo que é reto e verdadeiro, desenvolvemos forças internas que nos capacitarão a ajudar e elevar o mundo da sua escuridão espiritual e do seu sofrimento. No fim a Verdade e a Retidão terão a Vitória.

Quando nos superarmos, quando não mais formos guiados por leis ou por outras pessoas, obteremos responsabilidade de guiar a nós mesmos e desenvolveremos a luz dentro de nós. São Paulo conhecia as tentações que surgem nesta altura e disse: “Porque vós irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então a liberdade para dar ocasiões à carne, mas servi-vos uns aos outros pela caridade. Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Gl 5:13-14) – e “Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos” (Gl 6:10).

Max Heindel advertiu: “O maior perigo do aspirante, no caminho, é deixar-se envolver na armadilha do egoísmo e, a única salvação é cultivar a fé, devoção, compaixão e amor”.

Cristo, compaixão e amor.

Cristo enviou seus Discípulos prevenindo-os: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10:16).

E como nós partimos visando seguir os passos do Cristo e favorecer o que é Verdade e justo, cresceremos em força tendo como lema: “Se for Cristo salve-se a si mesmo”.

(Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross, de Elsa Glover – publicado revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Liberdade ou Direito de ser Livre

Liberdade ou Direito de ser Livre

“Livre vontade não é a liberdade de fazer o que quiser, senão o poder de fazer aquilo que deve ser feito, mesmo que seja contrário a um violento impulso. Eis aí, em verdade, o que é Liberdade” – K. B. MacDonald.

A liberdade que ganhamos pela obediência às leis é a única que conta. Se ESCOLHERMOS obedecer às leis, não podemos perder nossa liberdade. Porém, o ser licencioso e insultar à lei da terra, fará com que percamos nossa amada liberdade. O objetivo das leis na terra é dar o direito de ser livres a todos para a execução de nossas atividades, com segurança. É mais importante ainda considerar as Leis de Deus na natureza, pois elas tornam possível a evolução. Estamos num estado de mudança constante e, a seleção do justo ou errado pode mudar nosso destino. Não há descanso no caminho que nos conduz para o Criador.

Quando compreendemos o que é justo e verdadeiro, trabalhando constantemente para chegar à nossa meta, nosso progresso não será perturbado por repetidos erros e não teremos muito que retificar.

Então usaremos nosso tempo na Terra, que parece curto, trabalhando pela libertação do espírito.

Quando um Ego se acha pronto para retornar à Terra, se lhe permite escolher entre distintas vidas, porém uma vez feita a escolha não pode haver evasivas no que se refere aos acontecimentos principais durante essa vida particular na Terra. Temos livre vontade no que concerne ao futuro, porém o destino maduro está envolto na vida que escolhemos e não poderá ser evitado. O ser humano pode exercitar o livre arbítrio em muitos casos, porém se acha atado pelo destino que formou pelas dívidas criadas em vidas anteriores.

As grandes Inteligências, que têm a seu cargo esse assunto, sabem que requisitos são necessários para o ajuste de nossas obrigações. Entre as múltiplas relações que tivemos no passado, eles selecionam certo número de possíveis existências. Essas são mostradas ao Ego que está pronto para renascer e, portanto, pode selecionar uma ou várias delas. Escolhe, entre todas essas oportunidades, as que estão disponíveis no tempo particular desse renascimento, e amiúde existem grandes quantidades dessas oportunidades.

Uma vez feita a seleção, a vida do Ego seguirá a linha escolhida, porém: “não nos deixemos enganar pela ilusão de que o destino nos impele a agir mal em todo o tempo. A lei trabalha sempre, e apenas, para o bem, e o mal, em cada vida, é o primeiro a ser expurgado depois da morte, e apenas a tendência de fazer o mal em particular permanece com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo de expurgação”. Não existe nunca a obrigação de fazer o mal.

É bom saber, e isso deve dar-nos uma certa firmeza em nossos esforços para resistir ao mal, pois nunca somos destinados para fazer o mal, senão que, cada ato mal feito, é um ato de livre vontade. Nossa consciência nos avisa, e somos livres para resistir, sempre que elejamos, entre o justo e o injusto. Nossa consciência nos impele para frente, para fazer tudo o que é construtivo e bom, pois a consciência é o resultado da dor e sofrimento experimentados em vidas anteriores.

Um fator muito importante e evidente em nossas múltiplas existências é a Epigênese. Brota do livre arbítrio e se manifesta como ação original. Essa divina e criadora atividade é a base da evolução da humanidade. A medida que o tempo avança haverá mais e mais oportunidade para esse divino atributo.

Parece ser, então, que estamos sujeitos a fatos maiores, porém, temos liberdade nos detalhes de nossas vidas, isto é, que temos muita liberdade no modo em que desejamos aprender nossas lições, sempre que, em verdade, as estejamos aprendendo, e existe a oportunidade para um trabalho novo e original, o qual chamamos Epigênese.

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental promovem a liberdade pessoal dos indivíduos quando seguem os Ensinamentos da Filosofia Rosacruz. Ninguém deve obedecer a mestres, cada qual deve seguir seus próprios ditames internos. Aqueles que aspiram conhecer os ensinamentos internos e vivem no Mundo Ocidental não podem encostar-se ou depender de mestre ou guias. Não tendo um mestre sobre o qual encostar-se, o estudante tem que obter poder espiritual por sua própria iniciativa. Portanto, é óbvio, que cada qual tem que assumir a responsabilidade de suas próprias ações. Como existiria muito pouco progresso sem essa responsabilidade que mencionamos, devemos desejar assumi-la, sempre que aparecer a oportunidade. Desde logo, temos que estar certos em cumprir com as tarefas que se nos apresentem.

Quando fazemos o melhor que podemos e admitimos que as consequências de nossas próprias ações são nossas mesmo, ainda assim cometemos erros no cumprimento de nosso dever, então podemos aprender muito e ganhar em compreensão. Um coração compreensivo é muito desejável e difícil de se obter.

Desde o tempo em que a humanidade surgiu da densa atmosfera da Atlântida, entrou no mundo como um agente livre, com expressão das leis da natureza e de seu prévio e próprio destino adquirido. Desde então, o ser humano teve que aprender a se sustentar por si mesmo. Isto não é adquirido facilmente. Mais e mais reponsabilidades têm sido colocadas sobre seus ombros. Manter-se por si e assumir as consequências de suas próprias ações pode, às vezes, não ser muito agradável, porém é inevitável. Para desenvolver nossos poderes latentes espirituais, e assim tornar-nos ativos, temos que trabalhar, e enquanto trabalhamos temos que orar, pois assim nos manteremos em contato com os Mundos Superiores e receberemos a força necessária para seguir adiante.

O desenvolvimento futuro da humanidade dependerá mais e mais de sua própria iniciativa, e isso só leva a cabo quando o ser humano é livre. No princípio da evolução do ser humano, este vivia em pacífica ignorância, porém, desde que cresceu em conhecimento, começou a compreender muitas coisas. Durante inúmeras vidas aprendeu pela experiência e assim trocou sua ignorância pelo conhecimento da virtude.

O estudante sincero sabe, em seu interior, que o maior ladrão de sua liberdade é o tornar-se escravo de seus próprios desejos e apetites, e lamenta como São Paulo: “Porque o bem que quero, isto não faço; mas o mal que não quero, isto eu faço”. Para nos convertermos em verdadeiramente livres, temos que trabalhar pela nossa própria salvação, utilizando os poderes latentes, para o bem da humanidade.

Existem seres nos Mundos superiores sempre prontos para ajudar, se puderem fazê-lo, sem tirar esse nosso direito de liberdade. Copiando Max Heindel, no Livro: “Carta aos Estudantes”: “…porque embora ninguém possa interferir com o livre arbítrio da humanidade, e embora seja contrário ao plano divino o coagir, de alguma maneira, para que alguém faça o que não quer fazer, não existem barreiras contra as sugestões em assuntos que a ele possam agradar. É devido à sabedoria e ao amor desses grandes seres que o progresso em linhas humanitárias é a palavra de aviso de hoje em dia”.

O Mineral, a Planta e o Animal, todos os reinos, estão sujeitos à vontade dos Espíritos-Grupo; o ser humano é o único que possui livre vontade e iniciativa. À medida que o tempo avança, ele se fará cada vez menos susceptível às influências externas. “A Liberdade, é a herança mais preciosa da alma”, e podemos fazer pleno uso dessa herança sempre que sejamos cuidadosos em não interferir com o direito dos demais.

À medida que nossa consciência se desenvolve, temos que aprender a fazer o que é justo, conscientemente e de nossa própria vontade. Pode ser que seja necessário, para um Ego, selecionar uma vida cheia de duras lições para aprender, e essa nova existência pode estar cheia de calamidades, porém, ele pode escolher entre viver essa mesma vida honestamente e com humana dignidade, ou chafurdar-se na lama de modo vergonhoso. Ninguém pode interferir no modo em que ele trabalha em seu destino.

Copiando Max Heindel nas Cartas aos Estudantes: “Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor é a Luz do mundo”, e “onde está o Espírito do Senhor, aí há Liberdade” (IICo 3:17).

“Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus Discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Joa 8:31-32).

 (Publicada revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/86)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

E o Véu do Templo rasgou-se de Alto a Baixo

E o Véu do Templo rasgou-se de Alto a Baixo      

É tempo de Natal. Mais uma vez o Espírito de Cristo, amorosamente, esparge sua energia em nosso Planeta, renovando-o espiritualmente. A época é muito propícia ao recolhimento e introspecção.

Perguntemo-nos sobre nossas vidas. Inquiramo-nos sobre o que temos feito das oportunidades colocadas em nossas mãos. Elas estão sendo aproveitadas edificantemente, tais como os talentos da parábola evangélica, multiplicando-se por seu emprego justo e apropriado?

Não neguemos: temos tido oportunidades. A despeito das cruezas e incertezas da era que vivemos, podemos considerar-nos privilegiados. Quantas bênçãos e oportunidades de crescimento anímico são postas ao nosso alcance.

Contemplemos essa admirável Filosofia Rosacruz! É uma fonte inesgotável de sabedoria, assentada sobre bases adequadas ao nosso desenvolvimento. O  aspecto racional dela projeta luz sobre os mais intrincados problemas da vida, facultando-nos encontrar Deus em todas as coisas e em nós mesmos. Enseja-nos respostas. Delineia-nos um caminho. Disciplina o fluxo das nossas energias.

O aspecto devocional da Filosofia Rosacruz fortalece nossa fé no supremo BEM. Alenta-nos nos difíceis momentos dos desafios: “O único fracasso é deixar de lutar”. Prepara-nos, inspira-nos, revela-nos nossa vocação espiritual.

Ensina-nos, a Filosofia Rosacruz, a dignidade do bom relacionamento, evidenciando a regra de ouro: “não fazer a outrem o que não queremos que nos façam”. Exorta-nos à pureza, advertindo que “o salário do pecado é a morte”.

Estimula o estudo como um meio de conhecermos as Leis da Natureza: “O único pecado é a ignorância, e a única salvação o conhecimento aplicado”. Das entrelinhas de seus ensinamentos faz emergir o Evangelho do Serviço: “O serviço amoroso e desinteressado para com os demais é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus”.

Seu método de desenvolvimento, se observado com fidelidade, conduz ao portal do Templo da Iniciação. Basta “viver a vida” e amar a todos os seres da criação.

Mas nem sempre essas preciosíssimas oportunidades estiveram ao alcance de todos.

Nos tempos pré-cristãos, o caminho Iniciático era uma realidade para uma minoria. As portas do Templo eram abertas exclusivamente para uns poucos escolhidos, preparados e guiados pelos Hierofantes. A natureza de desejos era muito forte e o egoísmo constituía o denominador comum do relacionamento humano. Um número insignificante de pessoas mostrava-se em condições de acercar-se das realidades espirituais por meio da Iniciação.

Com o advento do Cristianismo, as coisas passaram por substanciais modificações. Quando o sangue fluiu no Gólgota, o “véu do templo rasgou-se de alto a baixo”. E o Cristo tornou-se assim o regente da Terra, iniciando um trabalho de, periodicamente, infundir energia e purificar o Corpo de Desejos planetário. O fim desse ciclo está condicionado ao nosso próprio adiantamento. Abria-se, assim, o caminho da Iniciação para todos aqueles que se dispusessem a trilhá-lo, acumulando para tanto o necessário mérito; agora, só ele conta.

Sensibilizados pelo Amor Universal, sentimos brotar em nosso interior as primícias dessa ação cósmica: a caridade, o sentimento de empatia, o espírito de sacrifício, a fraternidade.

Diariamente somos prodigalizados com inúmeras oportunidades de servir.

Que fazemos delas? A menos que as traduzamos em obras, continuaremos a retardar o dia da libertação, o “consumatum est” coletivo.

O Cristo Cósmico aguarda pacientemente o nascimento, em cada um de nós, de sua réplica microcósmica. É um trabalho árduo, exigindo paciente persistência em praticar o bem. As oportunidades estão aí, mas o mundo com suas ardilosas solicitações ainda nos exerce um perigoso fascínio. O nascimento do Cristo em nós, por certo, resultará de um parto doloroso. Um dia, porém, deverá acontecer.

É Natal. Meditemos sobre isso.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/74)

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