Resposta: À primeira vista, cada coisa ou ser que nasce parece uma vida nova desabrochando entre nós. Se prestarmos atenção, vamos vendo como essa forma cresce e vive, convertendo-se pouco a pouco em um fator nas nossas vidas durante dias, meses e, muitas vezes, anos. Mas sempre chega um momento em que a forma definha, morre e se decompõe. Para quem presta atenção fica a observação: a vida que vem, não sabemos de onde, passou ao invisível além e com tristeza perguntamos: De onde veio? Por que esteve aqui? Para onde foi?
Uma coisa é fato: a morte aqui é uma coisa certa, óbvia e… necessária! Velhos ou jovens, sãos ou enfermos, ricos ou pobres, todos, todos nós passamos através da sombra da morte aqui e em todas as idades paira a pergunta angustiosa sobre o “segredo da vida” ou o “segredo da morte”.
Infelizmente a maioria das pessoas tem a opinião de que nada podemos conhecer sobre assuntos tão obscuros como a morte, de onde viemos, porque estamos aqui e, muito menos, para onde vamos. Logicamente, não é bem assim, não é?
Toda pessoa, sem exceção – e aqui exceção quer dizer: posição social, econômica, financeira, escolar, intelectual, espiritual, idade, ou qualquer outra que se invente –, pode se tornar apta para obter informações diretas (sem nenhum intermediário, seja isso outras pessoas ou coisas) e definidas sobre tais assuntos tão obscuros. Toda pessoa pode investigar o estado de outra pessoa antes do nascimento aqui e depois da morte aqui.
Reforçamos: nunca houve e nunca haverá favoritismo e nem a exigência de “dons especiais”. Toda pessoa tem, inerente, a faculdade de conhecer tudo isso, mas… há um grande “mas” e um “mas” notável: essa faculdade está para todas as pessoas, se bem que na maioria delas tal faculdade está em estado latente; assim, para despertá-la é necessário um esforço persistente da própria pessoa e isso parece assim como um poderoso dissuasivo, ou seja, uma desculpa para se convencer a desistir; no entanto, não é não! O que ocorre é que são muito poucas pessoas se prestam a “viver a vida” (ou seja: a cumprir com o que ela mesma decidiu quando escolheu essa vida – nas suas condições atuais – ainda no Terceiro Céu, na fase de Preparativos para esse Renascimento nesse processo do Ciclo de Nascimentos e Mortes aqui, quando escolheu um dos Panoramas da Vida que estavam a sua disposição) e isso: “viver a vida” é a condição básica para despertar essa faculdade. Não se pode comprá-la e para alcançá-la não há caminhos fáceis. Difícil? Sim, difícil, mas nunca impossível a ninguém!
Assim, qual é o primeiro requisito? Ele é o fundamental: todo o Aspirante a esse conhecimento oculto deve possuir uma vontade ardente, uma sede abrasadora de conhecimento oculto, que consiga sobrepassar quaisquer justificativa que ela tenha para não se aplicar a conquista desse conhecimento por meio do estudo e da prática constante. Só que o resultado somente aparecerá à pessoa se junto (ao mesmo tempo, desde o início) à vontade intensa de aprender, tenha a mesma vontade intensa de ajudar ao irmão e à irmã que estão ao seu lado por meio do serviço amoroso e desinteressado (portanto, o mais anônimo possível) focando esse serviço na divina essência oculta em cada um de nós – que é a base da Fraternidade. É perigosa e frustrante a tentativa de obter esse conhecimento oculto a pessoa não for levada por esse motivo. O Estudante Rosacruz, trilhando o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, vai aprendendo a obter tal conhecimento oculto, de um modo seguro, direto, crescente e desenvolvendo seu autodomínio, indispensável para seguir para frente e para cima.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1972 – Fraternidade Rosacruz-SP)
Que razão pode haver para que não deixemos de seguir o intelecto? Ele nos trouxe apenas miséria no passado; ele nos afastou do puro, do bom, do belo. Ele nos fez expressar o que há de pior em nossa natureza. Tornou-nos frios e insensíveis e amorteceu nossas faculdades; sufocou o fogo do amor e da bondade fraternal que deveriam arder em cada peito humano; ele nos tornou orgulhosos, egocêntricos, egoístas e egoisticamente ambiciosos. Oh, já é hora de renunciarmos a esse falso salvador e perceber que ele não nos leva a Deus.
Mas, ah! Que doce amor e reverência brotam do coração, das profundezas do nosso ser. Simpatia e compaixão tão grandes que envolvem o mundo. Esses são os momentos em que o coração tem equilíbrio. Aspiração tão grande que parece que a alma é elevada ao próprio trono de Deus. O gênio oculto na natureza de alguém, toda a eloquência da alma, derrama-se em alegria indizível. De boa vontade gostaríamos de reunir toda a humanidade sob esse cuidado protetor e lhe contar sobre a paz e a alegria que encontramos. Esses são os momentos em que o coração tem equilíbrio. Esse é um salvador que nos conduzirá à salvação e a Deus.
Mas, devemos nos considerar sozinhos? Olhe para o ser humano intelectual, enquanto ele caminha entre seus companheiros, frio, insensível, um gelado iceberg. Externamente, ele pode ser todo sorrisos e polidez atraente, mas por dentro as forças de repulsão têm pleno domínio. Devemos ser assim? Devemos nos movimentar no mundo silenciando as almas de todos que encontramos?
Devemos ajudar a esmagar os sentimentos mais delicados do mundo? Devemos ajudar a embotar e silenciar as almas sensíveis que tantas vezes encontramos? Ah! Quão proibitiva é tal vida! Inútil para nós mesmos, pouco inspiradora para os outros.
Então, olhe para a alma terna e amorosa, movendo-se entre seus semelhantes. Uma palavra amável, uma carícia suave, uma simpatia sentida na alma e outras almas sentem um toque de amor, alegria e contentamento. Que inspiração! Uma marca ardente de amor para atiçar as brasas fumegantes de seus companheiros! Um farol que salva outras almas do naufrágio. Ah! Sejamos assim, vivamos de modo a iluminar o mundo com a nossa própria presença. Não há amor verdadeiro que não induza o amor nos outros; não há verdadeira alegria que não cause nos outros a sua emoção. Então amemos com o coração e não com a cabeça; e sirvamos com o coração, não com a mente. Não há profundidade tão grande que o coração cheio de amor não possa sondar; não há meta tão grandiosa que o coração não possa alcançar. Fora de nós e dentro de nós, ao nosso redor e acima de nós, habita a vida sempre pulsante de Deus. O coração, e somente o coração, pode conhecer sua presença e sentir a emoção que varre tudo mais para o lado.
É somente o coração que sempre leva a Deus. Olhe para a grande Vida enquanto ela pulsa diante de nós. As plantas ficam verdes por um tempo e depois morrem para voltar. Os animais habitam conosco por alguns curtos anos e passam para o grande Além, enquanto outros tomam o seu lugar.
Geração após geração da humanidade sobe e desce em uma sequência sem fim. Nações vêm e vão como ondas na água. Os continentes são mantidos acima do oceano por um espaço de tempo e afundam abaixo. Sóis e Planetas nascem e desaparecem na fonte de onde vieram. Vida, em toda parte, vida! E o que é Aquilo que está por trás da cena, que mantém todas as coisas em equilíbrio rítmico? Pergunte ao coração, pois Deus só pode falar do fundo da alma.
Ah! Somos parte d’Aquele que tudo rege! Essa é a nossa casa e daí chama a nossa Mãe Infinita. Por muito tempo nos afastamos do seio da nossa Mãe Deus, mas nunca deixamos o seu carinhoso e protetor cuidado. Agora, Ela está chamando: “Casa, volte para casa”; e nossos corações ecoam: “Venha para casa”. E vamos para casa com um canto de alegria, atendendo ao chamado do amor da nossa Mãe. E nossos corações transbordam de amor compassivo por milhões que lutam cegamente. Então, estenderemos nossas mãos para nossos irmãos necessitados e arrancaremos de seus olhos todas as ataduras! Vamos levá-los todos para sua Casa celestial, não vamos deixar um único para vagar sozinho. E ali, naquela Presença tão calma e doce, nós nos ajoelharemos pela última vez e repetiremos: “Pai Nosso que está no Céus”.
(Publicado no Echoes nº 8 de Mount Ecclesia de 10 de janeiro de 1914– e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz-Campinas-SP-Brasil)