Esse livro se refere ao nascimento místico e à morte do grande Espírito Cristo, abordados sob o ponto de vista de um Clarividente.
O mais pronunciado materialista deve se convencer da divindade do ser humano, após ler as revelações do autor sobre o significado profundo do Cristo e os princípios por Ele proclamados.
Esperamos que a leitura cuidadosa e atenta desse volume sobre a vida sagrada de Cristo incentive uma maior veneração pela Religião Cristã, tornando-a mais aceitável à razão por meio da obra inspirada desse autor, cujo principal objetivo, enquanto viveu, foi o de trazer o ideal de Cristo e a vida simples de servir mais próximo dos corações das pessoas.
Há 3 meios de você acessar esse Livro:
1. Em formato PDF (para download):
A Interpretação Mística do Natal – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz
2. Em forma audiobook ou audiolivro:
3. Para estudar no próprio site (ou para fazer download ou imprimir):
A Interpretação Mística do
Natal
Seis Dissertações Sobre a Questão do Natal do Ponto de Vista Místico, mostrando o Significado Oculto desse Grande Evento
Por
Max Heindel
Fraternidade Rosacruz
Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
Revisado de acordo com:
1ª Edição em Inglês, 1920, The Mystical Interpretation of Christmas, editada por The Rosicrucian Fellowship
10ª Edição em Inglês, 2012, The Mystical Interpretation of Christmas, editada por The Rosicrucian Fellowship
1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil
Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil
contato@fraternidaderosacruz.com
fraternidade@fraternidaderosacruz.com
ÍNDICE
CAPÍTULO I – A SIGNIFICÂNCIA CÓSMICA DO NATAL.. 6
CAPÍTULO II – LUZ ESPIRITUAL – O NOVO ELEMENTO E A NOVA SUBSTÂNCIA.. 10
CAPÍTULO III – O SACRIFÍCIO ANUAL DE CRISTO.. 16
CAPÍTULO IV – O MÍSTICO SOL DA MEIA-NOITE.. 21
CAPÍTULO V – A MISSÃO DE CRISTO E O FESTIVAL DAS FADAS. 26
CAPÍTULO VI – O CRISTO RECÉM-NASCIDO (incluído na 10ª edição) 31
O conteúdo desse livro foi enviado em forma de cartas periódicas pelo autor aos Estudantes. Elas abrangem somente cinco[1] das suas noventa e nove composições em forma de carta. A principal característica dessas lições é o nascimento místico e a morte do grande Espírito Cristo, abordados sob o ponto de vista de um Clarividente. O autor recebeu essas preciosidades raras da verdade por meio da iluminação divina. O materialista mais pronunciado deve se tornar convencido da divindade do ser humano, após ler essas revelações do autor sobre a significância espiritual do Cristo e dos princípios que Ele proclamou.
Dezessete desses folhetos foram impressos em forma de livro sob o título: A Teia do Destino, incluindo os temas: O Efeito Oculto das Nossas Emoções, A Oração – Uma Invocação Mágica e Métodos Práticos para se Alcançar o Sucesso. Nove foram publicadas sob o título: Maçonaria e Catolicismo, como visto por de trás do cenário. As restantes sessenta e oito lições publicaremos no segundo volume da coletânea, conforme o tempo o permita[2].
Nós temos a esperança de que a leitura cuidadosa e atenta desse volume sobre a vida sagrada de Cristo estimule uma maior veneração pela Religião Cristã, tornando-a mais aceitável à razão por meio da obra inspirada desse autor, cujo principal objetivo, enquanto viveu, foi o de trazer o ideal de Cristo e a vida simples de um serviço mais próximo dos corações das pessoas.
28 de outubro de 1920
Augusta Foss Heindel
Mais uma vez, no decorrer de um ano, estamos às vésperas do Natal. A visão de cada um de nós sobre essa festividade não é a mesma e nem semelhante entre uma e outra. Para o religioso devoto é um período santificado, sagrado e repleto de mistério, não menos sublime por ser incompreendido. Para o ateu é uma tola superstição. Para o puramente intelectual é um enigma, pois está além da razão.
Nas igrejas a história é narrada de como na noite mais santa do ano, Nosso Senhor e Salvador, imaculadamente concebido, nasceu de uma virgem. Nenhuma outra explicação é fornecida; o assunto é deixado a critério do ouvinte que o aceita ou rejeita, de acordo com o seu temperamento. Se a Mente e a razão prevalecem, a fé é excluída; se ele pode acreditar apenas no que pode ser demonstrado aos sentidos, então, é forçado a rejeitar a narrativa como absurda e desarmônica com as várias e imutáveis leis da natureza.
Várias interpretações diferentes foram fornecidas para satisfazerem a Mente, principalmente as de natureza astronômica. Elas estabelecem de como na noite de 24 para 25 de dezembro, o Sol começa sua jornada do sul para o norte. Ele é a “Luz do Mundo”. O frio e a fome inevitavelmente exterminariam a Onda de Vida humana se o Sol permanecesse sempre no Sul[4]. Por isso, é um motivo de grande regozijo quando ele começa sua jornada em direção ao norte. Ele é, então, aclamado o “Salvador”, pois vem “salvar o mundo”, vem para dar o “pão da vida”, quando amadurece “o grão e a uva”. Assim, “Ele dá a sua vida” na cruz (quando cruza) do equador (no Equinócio de Setembro) e começa sua ascensão no céu (norte). Na noite em que começa sua jornada em direção ao norte, o Signo de Virgem, a Virgem Celestial, a “Rainha do Céu”, está no horizonte oriental à meia-noite e é, então, astrologicamente falando, seu “Signo Ascendente”. Portanto Ele “nasce de uma virgem”, sem intermediários, sendo assim “concebido imaculadamente”.
Essa explicação pode satisfazer a Mente quanto à origem da suposta superstição, mas o dolorido vazio que existe no coração de todo cético, esteja ou não ciente do fato, deve permanecer até que a iluminação espiritual seja alcançada, a qual fornecerá uma explicação aceitável tanto ao Coração como à Mente. Derramar tal luz sobre esse mistério sublime será nosso esforço nas páginas seguintes. A Imaculada Concepção será o assunto de uma lição futura; por hora queremos mostrar como as forças materiais e espirituais fluem e refluem alternadamente no decurso do ano, e porque o Natal é verdadeiramente um “dia santo”.
Digamos que concordamos com a interpretação astronômica como sendo válida, desse ponto de vista, como o que se segue é verdadeiro, quando contemplamos o mistério do nascimento sob outro ângulo. O Sol nasce, ano após ano, na noite mais escura. O Salvador do Mundo Cristo também nasce, quando a escuridão espiritual da Humanidade é a maior. Há um terceiro aspecto de suprema importância, isto é, não há nenhuma futilidade nas palavras de S. Paulo quando ele fala do Cristo sendo “formado em você”[5]. É um fato sublime que todos somos Cristos-em-formação, de modo que quando compreendemos que temos que cultivar o Cristo interno antes que possamos perceber o Cristo externo, mais apressaremos o dia da nossa iluminação espiritual. Nesse sentido, novamente citamos o nosso aforismo preferido, de Angelus Silesius[6], cuja sublime percepção espiritual fê-lo proferir:
“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma segue extraviada.
Olharás em vão a Cruz do Gólgota,
Enquanto ela não se erguer dentro de ti mesmo novamente.”
No Solstício de Junho a Terra está mais distante do Sol, mas o raio solar a atinge quase em ângulo reto, em relação ao seu eixo no hemisfério norte, assim resultando no alto grau da atividade física. Nessa ocasião, as radiações espirituais do Sol são oblíquas nessa parte da Terra e são tão fracas como os raios físicos, quando esses são oblíquos.
Por outro lado, no Solstício de Dezembro, a Terra está mais perto do Sol. Os raios espirituais caem em ângulos retos na superfície da Terra no hemisfério norte, promovendo a espiritualidade, enquanto as atividades físicas diminuem devido ao ângulo oblíquo em que o raio solar atinge a superfície dessa parte da Terra. Por esse princípio, as atividades físicas estão no seu mais baixo nível e as forças espirituais no seu mais elevado fluxo na noite entre 24 e 25 de dezembro, por isso, ela é chamada a “noite mais santa” do ano. Por outro lado, no meio do verão é a época de divertimento para os duendes e para as entidades semelhantes compromissadas com o desenvolvimento material do nosso Planeta, conforme demonstrado por Shakespeare no seu Sonho de Uma Noite de Verão.
Se nadarmos quando a maré está mais forte, alcançaremos uma distância maior e com menos esforço do que em qualquer outra ocasião. É de grande importância para o Estudante esotérico saber e compreender as condições particularmente favoráveis que prevalecem na época do Natal. Sigamos a exortação de S. Paulo, no Capítulo 12 da Epístola aos Hebreus[7], jogando fora toda carga à mais, como fazem as pessoas que participam de corridas. Batamos no ferro enquanto ele está quente; isso significa que devemos, nessa época do ano, concentrar todas as nossas energias nos esforços espirituais e para colher o que não conseguiríamos obter em nenhuma outra ocasião do ano.
Lembremo-nos, também, que o autoaperfeiçoamento não deve ser a nossa única consideração. Nós somos Discípulos de Cristo. Se aspirarmos a tal distinção, lembremo-nos do que Ele disse: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”[8]. Há um sentimento muito grande de tristeza e sofrimento à nossa volta; há muitos corações solitários e doloridos em nosso círculo de conhecidos. Busquemo-los de maneira discreta. Em nenhuma outra época do ano eles serão mais acessíveis aos nossos apelos. Espalhemos a luz do Sol em seus caminhos. Desse modo, ganharemos suas bênçãos e também as dos nossos Irmãos Maiores. Por sua vez, as vibrações resultantes promoverão um crescimento espiritual impossível de ser atingido de qualquer outro modo.
No ano passado, nosso Curso de Cristianismo Místico, por correspondência, começou com uma lição sobre o Natal, do ponto de vista cósmico. Explicamos que os Solstícios de Junho e Dezembro, juntamente com os Equinócios de Março e Setembro, constituem os momentos decisivos na vida do Grande Espírito da Terra, assim como a concepção assinala o começo da descida do Espírito humano ao Corpo físico, resultando no nascimento, o qual inaugura o período de crescimento até que a maturidade seja alcançada. Neste ponto se inicia uma época de sobriedade e amadurecimento, juntamente com um declínio das energias físicas que terminam em morte. Este acontecimento liberta o ser humano dos tresmalhos da matéria e o conduz a um período de metabolismo espiritual, por meio do qual nossa colheita de experiências terrenas é transmutada em poderes anímicos, talentos e tendências, a fim de serem multiplicados e utilizados nas vidas futuras e, assim, termos condições para crescer mais rica e abundantemente com tais tesouros e sermos considerados dignos, como “administradores fiéis”, para assumirmos postos cada vez mais elevados entre os servos da Casa do Pai.
Essa ilustração se apoia sobre o firme alicerce da grande Lei de Analogia, tão sucintamente expressa pelo axioma hermético: “Assim como é em cima, é em baixo”. Baseados nisso, que é uma chave-mestra para todos os problemas espirituais, dependemos também de um “abre-te sésamo” para as nossas lições do Natal desse ano, que nós esperemos poder corrigir, confirmar ou completar os pontos de vista dos nossos Estudantes, conforme requeira cada caso.
Os corpos, originalmente cristalizados na terrível temperatura da Lemúria, eram demasiado quentes para conter umidade suficiente que permitisse ao Espírito acesso livre e irrestrito a todas as partes da anatomia deles, do mesmo modo que o Espírito consegue, atualmente, por meio do sangue circulante. Mais tarde, no começo da Atlântida, de fato os corpos continham sangue, mas se moviam com dificuldade, e teriam se ressecado rapidamente, em razão da alta temperatura interna, não fora o fato de prevalecer naquela atmosfera aquosa uma farta umidade. A inalação desse solvente atenuava grandemente o calor e abrandava o Corpo, até que uma quantidade suficiente de umidade pudesse ser retida dentro dele, permitindo a respiração na atmosfera comparativamente seca que mais tarde ocorreria.
Os corpos dos primitivos Atlantes eram de uma substância granulosa e fibrosa, não diferentes dos nossos atuais tendões e, também, semelhante a madeira; contudo, com o tempo, o hábito adquirido de comer carne, capacitou o ser humano a assimilar a quantidade de albumina suficiente para construir tecidos elásticos necessário à formação dos pulmões e das artérias, assim permitindo a livre circulação do sangue, conforme se verifica agora em todo o sistema humano. Na época em que aconteceram essas mudanças interna e externamente, o grande e glorioso arco de sete cores surgiu no céu carregado de nuvens para assinalar o advento do Reino do Homem, aonde as condições viriam a ser tão variadas como os matizes que colorem a atmosfera ao refratar a luz solar de uma só cor. Então, o primeiro aparecimento do arco-íris nas nuvens marcou o início da Era de Noé, com suas estações e períodos alternantes, dos quais o Natal é um deles.
Entretanto, as condições prevalecentes nesse período não são permanentes, como não o eram as dos períodos anteriores. O processo de condensação que transformou o nevoeiro ardente da Lemúria na atmosfera de umidade densa da Atlântida, e mais tarde se liquefez em água, que inundou as cavidades da Terra e impeliu a Humanidade para as montanhas e os altiplanos, ainda continua. Ambas, a atmosfera e a nossa condição fisiológica estão mudando, assinalando, aos que sabem ver e compreender, que a aurora de um novo dia no horizonte virá ou acontecerá em breve, uma era de unificação, mencionada na Bíblia como o Reino de Deus.
A Bíblia não nos deixa dúvidas a respeito das mudanças. Cristo disse que, como nos dias de Noé, assim deverá ser nos dias vindouros. Ambos, a Ciência e os descobrimentos, agora encontram condições que não existiam anteriormente. É um fato científico que o oxigênio está sendo consumido em quantidades alarmantes, alimentando os fornos e outros processos que necessitam desse combustível das indústrias; os incêndios nas florestas também sorvem em grande escala o nosso estoque desse elemento importante, além de aumentar o processo secante a que a atmosfera está naturalmente submetida. Eminentes cientistas ressaltam que chegará o dia em que o globo não poderá sustentar a vida que depende da água e do ar para existir. Suas ideias não nos afligem tanto, pois a data que apontam ainda está muito distante; mas, mesmo que seja assim, o destino da Época Ária é tão inevitável quanto o da Atlântida inundada.
Pudesse um Atlante ser transferido para nossa atmosfera ele seria asfixiado, como um peixe fora de seu elemento natural. Quadros vistos na Memória da Natureza provam que os aviadores pioneiros, daquela Época, de fato desmaiavam quando encontravam essas correntes de ar que desciam, gradualmente, sobre a terra que habitavam, e tais experiências suscitavam muitos comentários e especulações. Os aviadores de hoje já estão encontrando o novo elemento e experimentando a sensação de asfixia, do mesmo modo que experimentaram os seus ancestrais Atlantes e, por razões análogas, encontraram um novo elemento descendo do alto, o qual tomará o lugar do oxigênio da nossa atmosfera. Há também uma nova substância se introduzindo na constituição humana e que substituirá a albumina. Ademais, assim como os aviadores da Atlântida desmaiavam e eram impedidos, pela corrente descendente de ar, de penetrar na Época Ária, a terra prometida, dessa maneira prematura, também assim o novo elemento desafia os aviadores de hoje e a Humanidade em geral, até que todos tenham aprendido a assimilar seus aspectos materiais. E tal como os Atlantes, cujos pulmões não estavam desenvolvidos e sucumbiram na inundação, assim também a nova Era encontrará alguns sem o “Manto Nupcial”, e, portanto, incapacitados para entrar nela, até que se qualifiquem num período posterior. Por isso, é da maior importância para todos saber a respeito do novo elemento e da nova substância. A Bíblia e a Ciência, unidas, fornecem ampla informação a respeito do assunto.
Como mencionamos anteriormente, na Grécia antiga, a Religião e Ciência eram ensinadas nos templos de mistério, juntamente com as belas-artes e as habilidades manuais, como uma doutrina única de vida e de ser; contudo, essa condição foi temporariamente suspensa para facilitar determinadas fases do desenvolvimento. A união das linguagens religiosa e científica na Grécia antiga facilitava a compreensão dessas matérias; no entanto, hoje em dia, as complicações repousam no fato de que a religião traduziu e a Ciência simplesmente transferiu seus termos do Grego original, o que tem causado muitas divergências e uma perda do elo entre as descobertas da Ciência e os ensinamentos da Religião.
Para chegarmos a uma desejada compreensão das mudanças fisiológicas que continuam agora em nosso sistema, podemos lembrar que, segundo a Ciência, os lóbulos frontais do cérebro estão entre as estruturas humanas de mais recente desenvolvimento e que, proporcionalmente, este órgão é muito maior no ser humano do que em qualquer outra criatura. Agora, a pergunta: existe no cérebro alguma substância peculiar, e se existe, qual pode ser a sua significância?
A primeira parte da pergunta pode ser respondida por qualquer obra científica relativa ao assunto, mas o livro O Conceito Rosacruz do Cosmos fornece mais subsídios, conforme transcrevemos abaixo:
“O cérebro (…) é constituído pelas mesmas substâncias que as demais partes do Corpo, mas, além delas, tem o fósforo, peculiar somente ao cérebro. Conclusão lógica a tirar: o fósforo é o alimento particular mediante o qual o Ego pode expressar pensamentos… A quantidade desta substância é proporcional ao estado de consciência e ao grau de inteligência do indivíduo. Os idiotas têm muito pouco fósforo. Os profundos pensadores têm muito. (…) Portanto, é de suma importância que o Aspirante ansioso de se empregar em trabalhos mentais e espirituais dê ao cérebro esta necessária substância”.
A indiscutível religiosidade dos Católicos é verificável, em parte, na prática de comer peixe, alimento rico em fósforo, às sextas-feiras e durante a Quaresma. Ainda que o peixe pertença a uma ordem de vida inferior, O Conceito Rosacruz do Cosmos não aprova a sua matança, indicando ao Estudante certas verduras por meio das quais pode conseguir, fisicamente, abundância dessa desejável substância. Existem outros e melhores meios para essa obtenção, embora não mencionados em O Conceito Rosacruz do Cosmos.
Não foi por acaso que os instrutores da Escola de Mistério Grega denominaram assim essa substância luminosa que conhecemos por fósforo. Para eles era patente que “Deus é Luz” – a palavra grega designativa de luz é phos. Portanto, muito apropriadamente, eles denominaram a substância do cérebro, que é a avenida de ingresso do impulso divino, phos-phorus, literalmente “portador da luz”. Na medida em que formos capazes de assimilar essa substância, nos tornamos cheios de luz e começamos a brilhar a partir de dentro, nos circundando, então, de um halo como uma marca de santidade. O fósforo, contudo, é apenas um meio físico que possibilita a luz espiritual se expressar por meio do cérebro físico, sendo a luz, em si mesma, um produto do crescimento anímico. Entretanto, o crescimento anímico capacita o cérebro a assimilar quantidades crescentes de fósforo; assim, o método para a aquisição dessa substância, em maiores quantidades, não deve ser pelo metabolismo químico e sim pelo processo alquímico do crescimento anímico, o que foi totalmente esclarecido por Cristo quando Ele disse a Nicodemos:
“Pois Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo… Quem nele crê não é julgado; quem não crê, já está julgado.
… Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram mais trevas à luz…
… Pois quem faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam demonstradas como culpáveis. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus” (Jo 3:17-21).
O Natal é a época do ano da luz espiritual mais intensa que há. Durante esta Época de ciclos alternantes há marés altas e baixas de luz espiritual, como acontece com as águas do oceano. A primitiva Igreja Cristã marcou a concepção no mês de setembro, de modo que até hoje o evento é celebrado pela Igreja Católica, quando a grande Onda de Vida e luz espirituais começa a sua descida na Terra. O ponto máximo de maré é alcançado no Natal, que é verdadeiramente a época santa do ano, a ocasião em que essa luz espiritual é mais facilmente contatada e especializada pelo Aspirante, por meio dos atos de compaixão, gentileza e amor. As oportunidades para praticar esses atos não faltam, nem mesmo para os mais pobres, porque, conforme enfatizam frequentemente os Ensinamentos Rosacruzes, o serviço conta mais que os auxílios financeiros, que pode até ser prejudicial a quem o recebe. Todavia, a quem muito é dado, muito será exigido e, se alguém foi abençoado com abundância de bens do mundo, uma cuidadosa distribuição dos mesmos deveria, necessariamente, ser observada em qualquer oportunidade de servir. Recordemos, ainda, as palavras de Cristo: “Em verdade vos digo, sempre que fizerdes isto a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fazeis”[9]. Então, nós devemos segui-Lo como luzes ardentes e brilhantes, mostrando o caminho para a Nova Era.
Você já esteve ao lado do leito de um amigo ou parente que se encontrasse preste a passar desse Mundo para o além? Muitos de nós já tivemos essa experiência, pois qual o lar que não foi visitado pelo Pai Tempo? Nem é incomum a fase que se segue ao ocorrido, à qual devemos prestar atenção especial. A pessoa prestes a passar desse Mundo para o além, muitas vezes fica em estado de estupor[10]; então desperta e vê não apenas esse Mundo, mas também o Mundo em que está preste a entrar; é muito significante que nesses momentos ela vê as pessoas que foram suas amigas ou parentes durante a parte da sua vida – filhos, filhas, esposa (ou marido) ou qualquer pessoa que lhe tenha sido realmente muito próxima ou muito querida – postadas ao redor do seu leito e aguardando o momento da transição. A mãe poderá estender os braços: “Oh! É o João e como ele cresceu! Que rapaz esplêndido e enorme ele está!”. E, desse modo, ela reconhecerá, um após outro, todos os filhos já falecidos. Estes estão reunidos em volta da sua cama à espera que ela vá se unir a eles, animados pela mesma sensação que assalta as pessoas quando uma criança está prestes a nascer nesse Mundo: o regozijo pela chegada de alguém que eles sentem, instintivamente, ser um amigo que está voltando para eles.
Assim, o mesmo se dá com as pessoas que, tendo passado antes ao além, se reúnem para receber um amigo (ou uma amiga) que está prestes a cruzar a fronteira e se juntar a eles do outro lado do véu. Vemos, assim, que o nascimento em um Mundo é morte, sob o ponto de vista do outro Mundo, isto é, a criança que vem a nós morre para o Mundo espiritual, e a pessoa que sai do alcance dos nossos olhos, ao transpor o véu pela morte, nasce em um novo Mundo e se junta a seus amigos lá.
Como é em cima, assim é em baixo; a Lei da Analogia, que é a mesma para o microcosmo e para o macrocosmo, nos diz que aquilo que acontece aos seres humanos sob determinadas condições, também deve se aplicar ao super-humano, em circunstâncias análogas. Estamos nos aproximando do Solstício de Dezembro, os dias mais escuros do ano, a época em que a luz brilha com menos intensidade, quando o hemisfério norte se torna frio e melancólico. Porém, na noite mais longa e mais escura do ano, quando o Sol retoma o seu caminho ascendente, a luz de Cristo nasce de novo na Terra e o mundo inteiro se rejubila. Conforme a nossa analogia, quando Cristo nasce na Terra, Ele morre no céu. Assim como o Espírito livre está, no momento do nascimento, firme e fortemente enclausurado no véu da carne, que o restringe por toda a vida física, assim também o Espírito de Cristo é agrilhoado e tolhido, toda vez que Ele nasce na Terra. Esse grande Sacrifício Anual começa quando soam os nossos sinos de Natal, quando os alegres sons do nosso louvor e gratidão ascendem aos céus. No mais literal sentido da palavra, Cristo é aprisionado desde o Natal até a Páscoa.
O ser humano pode zombar da ideia de que existe, nessa época do ano, um influxo de vida e luz espirituais, não obstante, isso é um fato, creiamos ou não. Nessa época do ano, no mundo inteiro, todos se sentem mais leves, diferentes, algo como se um fardo fosse tirado dos seus ombros. O espírito de “paz na terra e boa vontade entre os homens” prevalece, e o espírito de que nós também deveríamos dar algo se expressa nos presentes de Natal. Esse espírito não pode ser negado, já que é evidente a qualquer observador; e isso é um reflexo da grande onda de dádiva divina. Deus tanto amou o mundo, que Ele deu Seu Filho único ou unigênito. O Natal é a época das dádivas, mesmo que a consumação do sacrifício aconteça apenas na Páscoa; aqui está o ponto crucial, o momento decisivo, o lugar onde sentimos que alguma coisa aconteceu e que garante a prosperidade e a continuidade do mundo.
Quão diferente é o sentimento do Natal daquele que se manifesta na Páscoa! Nesse último há uma expressão de desejo, uma energia que se expressa em amor sexual, visando à perpetuação de si mesmo como nota-chave; quão diferente disso é do amor que se expressa no espírito de dar ao invés de receber, que sentimos no Natal.
Agora, observe as igrejas; nunca suas velas brilham tanto quanto nesse dia mais curto e mais escuro do ano. Em nenhuma outra ocasião os sinos ressoam tão festivos, do que quando proclamam para o mundo a mensagem para o mundo esperançoso: “O Cristo nasceu!”.
“Deus é Luz”[11], diz o inspirado Apóstolo e nenhuma outra descrição é capaz de comunicar ou expressar tanto da natureza de Deus quanto essas três pequenas palavras. A luz invisível, que se encontra envolvida pela chama sobre o altar, é uma representação apropriada de Deus, o Pai. Nos sinos, temos um símbolo muito apropriado de Cristo, a Palavra, pois suas línguas metálicas proclamam a mensagem do Evangelho da paz e boa vontade, enquanto o incenso, simbolizando um maior fervor espiritual, representa o poder do Espírito Santo. Por conseguinte, a Trindade é simbolicamente parte da celebração que faz do Natal a época do ano de maior regozijo espiritual, sob o ponto de vista da Onda de Vida humana que está envolvida e trabalhando, atualmente, no Mundo Físico.
Todavia, não se deve esquecer, conforme dissemos no terceiro parágrafo desse capítulo, que o nascimento de Cristo na Terra é a Sua morte para a glória dos céus; que, quando nos rejubilamos pelo Seu regresso anual a nós, de fato Ele toma novamente sobre Si o pesado fardo físico que cristalizamos ao nosso redor, e que é agora a nossa habitação – a Terra. Nesse pesado corpo, Ele é incrustado e espera, ansiosamente, pelo dia da libertação final. Podemos compreender, naturalmente, que existem dias e noites, tanto para os maiores Espíritos quanto para os seres humanos; que, do mesmo modo que vivemos em nossos Corpos durante o dia, cumprindo o destino que nós mesmos criamos no Mundo Físico e somos liberados à noite para nos recuperarmos nos Mundos superiores, assim também existe essa alternância para o Espírito de Cristo. Parte do ano Ele habita o interior do nosso globo, e depois se retira para os Mundos superiores. Assim, o Natal é para Cristo o começo de um dia de vida física, o início de um período de restrição.
Qual deveria ser, portanto, a aspiração do místico devotado e iluminado, que percebe a grandeza do Seu sacrifício, a grandeza desse dom que está sendo concedido à Humanidade por Deus nessa época do ano; que percebe esse grande sacrifício de Cristo por nossa causa; essa dádiva de Si mesmo Se sujeitando a uma morte virtual para que possamos viver esse maravilhoso amor que está sendo derramado sobre a Terra nessa época? Unicamente a de imitar, mesmo que em pequena escala, as maravilhosas obras de Deus! Ele deveria aspirar fazer de si mesmo um servo da Cruz como jamais o fora antes; mais disposto a seguir o Cristo em todas as coisas, se sacrificando pelos seus irmãos e irmãs; colaborando, dentro de sua esfera imediata de trabalho, para a elevação da Humanidade, de modo a apressar o dia da libertação pela qual o Espírito de Cristo está esperando, gemendo e trabalhando penosamente. Estamos aqui falando de uma libertação permanente, do dia e do advento de Cristo.
Para alcançarmos essa aspiração na medida mais ampla, avancemos pelo ano que está a nossa frente plenos de autoconfiança e fé. Se até aqui temos sentido que não há esperanças sobre a nossa capacidade de trabalhar para Cristo, ponhamos de lado esse sentimento, pois afinal Ele nos disse: “Maiores obras que estas vós o fareis!”[12]. Ele, que era a Palavra da Verdade, teria dito tais coisas, se elas não fossem possíveis de serem alcançadas? Todas as coisas são possíveis àqueles que amam a Deus. Se realmente trabalharmos em nossa própria pequena esfera, não buscando coisas maiores até havermos feito aquelas que estão à mão, então descobriremos que um maravilhoso crescimento anímico pode ser atingido, de forma que as pessoas que nos rodeiam possam ver em nós algo que não saberão definir, mas que, não obstante, lhes será evidente – elas verão a luz do Natal, a luz do Cristo recém-nascido brilhando dentro da nossa esfera de ação. Isso pode ser conseguido; depende apenas de nós mesmos aceitá-Lo por meio da Sua palavra, cumprindo o que Ele ordenou: “Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai que está nos céus”[13]. A perfeição pode parecer uma longa caminhada; nós podemos perceber mais agudamente quando olhamos para Ele quão longe estamos de viver de acordo com nossos ideais. Mesmo assim, é pelo esforço diária, hora após hora, que finalmente chegaremos lá, e a cada dia algum progresso pode ser feito, algo pode ser realizado; de um modo ou de outro podemos deixar a nossa luz brilhar para que os seres humanos possam vê-la como faróis na escuridão do Mundo. Possa Deus nos ajudar durante o próximo ano a alcançar uma semelhança com Cristo maior do que jamais conseguimos antes. Possamos viver a vida de tal modo que, quando outro ano tiver passado, quando contemplarmos novamente as luzes do Natal e ouvirmos os sinos chamando para as cerimônias da Noite Santa, possamos sentir que não temos vivido em vão.
Cada vez que nos damos ao serviço em benefício dos outros, acrescentamos brilho aos nossos Corpos-Alma, que são feitos de Éter. É o Éter de Cristo que permite esse nosso globo flutuar, e recordemos que, se quisermos trabalhar por Sua libertação, devemos, juntos com uma quantidade suficiente de pessoas, desenvolver nossos Corpos-Alma até ao ponto em que essa quantidade de pessoas possa fazer flutuar a Terra. Desse modo poderemos tomar o Seu fardo e O livrar da dor da existência física.
Exotericamente, e desde tempos imemoriais, o Sol é venerado como o dador de vida, porque a multidão era incapaz de ver, além do símbolo material, uma grande verdade espiritual. Contudo, além daqueles que adoravam a órbita celeste, que é vista com os olhos físicos, sempre houve e continua a haver uma pequena, mas crescente minoria, um sacerdócio consagrado mais pela retidão do que pelos rituais, que viu e vê as eternas verdades espirituais, por trás das formas temporais e evanescentes que revestem essas verdades, nas mudanças das vestes cerimoniais, conforme o momento, e às pessoas a que foram, originalmente, destinadas. Para eles, a lendária Estrela de Belém brilha todos os anos como o Místico Sol da Meia-Noite, quando os três atributos divinos: Vida, Luz e Amor penetram em nosso Planeta no Solstício de Dezembro e começam a irradiar do centro do nosso globo. Esses raios de esplendor e poder espirituais inundam o nosso globo com uma luz sobrenatural que envolve todos sobre a Terra, do mais insignificante ao mais importante, sem distinção alguma. Todavia, nem todos podem participar desse maravilhoso dom na mesma medida; alguns conseguem mais, outros menos e alguns nem participam da grande oferta de amor que o Pai preparou para nós em Seu Filho Unigênito, porque ainda não desenvolveram o imã espiritual, o Cristo menino interno, que sozinho pode nos guiar ao Caminho, à Verdade e à Vida.
“Que adianta o Sol brilhar,
Se eu não tiver olhos para ver?
Como saberei que o Cristo é meu,
a não ser através do Cristo em mim?
Essa voz silenciosa dentro do meu coração
é o penhor do pacto
entre Cristo e eu – ela transmite
para a fé a força do Feito”
Essa é, sem dúvida, uma experiência mística que soa verdadeira para muitos de nossos Estudantes, tão verdadeira como a noite segue ao dia e ao inverno segue o verão. A menos que tenhamos Cristo dentro de nós, a menos que um maravilhoso pacto fraternal de sangue tenha sido consumado, não podemos ter parte no Salvador, embora os sinos de Natal nunca parem de soar. Contudo, quando Cristo se formar em nós, quando a Imaculada Concepção se tornar uma realidade em nossos próprios corações, quando nós nos prostrarmos aos pés do Cristo recém-nascido, para Lhe oferecer os nossos presentes, dedicando a natureza inferior ao serviço do Eu Superior, então, e só então, as festividades natalinas serão compartilhadas por nós, ano após ano. E, quanto mais arduamente tenhamos trabalhado na “Vinha do Mestre”, mais clara e distintamente poderemos ouvir a voz silenciosa dentro dos nossos corações, sussurrando o convite: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo… porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve.”[14]. Então, ouviremos uma nova nota nos sinos de Natal como nunca ouvimos antes, pois em todo ano não há dia mais feliz do que o do Nascimento de Cristo, quando Ele renasce na Terra, trazendo com Ele presentes para os filhos dos seres humanos – presentes que significam a continuação da vida física; porque sem essa vitalizante e energizante influência do Espírito de Cristo, a Terra permaneceria fria e árida; não haveria uma nova canção da primavera, nem os pequeninos coristas da floresta para alegrar os nossos corações à chegada do verão; a pressão gélida dos polos Boreais manteria a Terra agrilhoada e muda para sempre, nos impossibilitando de prosseguir em nossa evolução material, tão necessária para aprendermos a usar o poder do pensamento por meio de apropriados canais criativos.
O espírito de Natal é, pois, uma realidade viva para todo aquele que já desenvolveu o Cristo interno. O homem e a mulher comuns sentem esse espírito somente nas proximidades das festas natalinas, mas o místico iluminado pode vê-lo e senti-lo meses antes e meses depois do seu ponto culminante na Noite Santa. Em setembro ocorre uma mudança na atmosfera terrestre; uma luz começa a reluzir nos céus; essa luz parece permear todo o universo solar; gradualmente, vai crescendo em intensidade, parecendo envolver o nosso globo; então, ela penetra na superfície do Planeta e, pouco a pouco, se concentra no centro da Terra, onde os Espíritos-grupo das plantas residem. Na Noite Santa ela alcança o mínimo de seu tamanho e o máximo de seu esplendor. Então, começa a irradiar a luz concentrada, fornecendo nova vida à Terra para que essa prossiga com as atividades da Natureza no ano entrante.
Isso é o começo do grande drama cósmico “do Berço à Cruz”, que acontece anualmente durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro.
Cosmicamente, o Sol nasce na mais longa e escura noite do ano, quando o Signo zodiacal Virgem, a Virgem Celestial, está no horizonte oriental à meia-noite, para dar à luz o filho Imaculado. Durante os meses que se seguem, o Sol transita pelo violento Signo de Capricórnio onde, miticamente, todos os poderes das trevas se concentram em frenético esforço para matar o Portador-da-Luz, uma fase do drama solar que é apresentado, misticamente, no episódio da perseguição movida pelo Rei Herodes, e da fuga para o Egito, a fim de escapar da morte.
Quando o Sol entra no Signo de Aquário – o Portador-da-Água –, e em fevereiro (estando o Sol ainda em Aquário) temos a época das chuvas e tempestades; e do mesmo modo que o batismo misticamente consagra o Salvador à sua obra de serviço, assim também a abundância de umidade, que desce sobre a Terra, a torna amaciada e pronta para que possa produzir frutos que preservam a vida de todos os que nela habitam.
A seguir, o Sol transita pelo Signo de Peixes – os peixes. Nessa altura, os estoques de alimentos do ano anterior já foram quase totalmente consumidos, de forma que as provisões dos seres humanos ficam escassas. Temos, por conseguinte, o longo jejum da Quaresma, que misticamente representa para o Aspirante o mesmo ideal mostrado cosmicamente pelo Sol. Nesse momento do ano ocorre o carne-vale, o adeus à carne, pois todo aquele que aspira a vida superior precisa, algum dia, se despedir da natureza inferior com todos os seus desejos e se preparar para a Páscoa que, então, se aproxima.
Em abril, quando o Sol cruza o equador celestial e entra no Signo de Áries – o Cordeiro – a cruz se ergue como um símbolo místico que o candidato à vida superior precisa aprender e, em seguida, aprender a abandonar o veículo mortal e começar a escalada para o Gólgota, o lugar na caveira; e daí cruzar o limiar do Mundo invisível. Finalmente, imitando a subida do Sol para os céus do norte, ele precisa aprender que o seu lugar é com o Pai e, com todo fervor, deve se elevar até aquele exaltado lugar. Assim como o Sol não permanece naquele elevado grau de declinação, mas ciclicamente desce para o Equinócio de Setembro e Solstício de Dezembro a fim de completar novamente o círculo para benefício da Humanidade, do mesmo modo todo aquele que aspira se tornar um Caráter Cósmico, um salvador da Humanidade, precisa ser preparado para se oferecer, muitas vezes, como um sacrifício em benefício de seus semelhantes.
Esse é o grande destino colocado diante de nós; cada um é um Cristo-em-formação, se o quiser ser, porque como disse Cristo aos Seus Discípulos: “Aquele que crer em Mim fará também as obras que faço, e maiores ainda.”[15]. Além disso, e de acordo com a máxima: “A necessidade do ser humano é a oportunidade de Deus”, nunca houve tão grande oportunidade de imitar o Cristo, de fazer as obras que Ele fez, como nos dias atuais, quando todo o continente europeu vive sob o paroxismo de uma guerra mundial[16] e quando o maior de todos os cânticos de Natal: “Paz na Terra e boa vontade entre os homens”[17] parece mais longe de se concretizar do que nunca. Temos em nós o poder de apressar o dia da paz ao falar, pensar e viver em PAZ, pois a ação conjunta de milhares de pessoas transmite uma impressão ao Espírito de Raça, quando a ele é direcionada, especialmente quando a Lua está em Câncer, Escorpião ou Peixes, que são os três grandes Signos psíquicos mais apropriados para trabalhos ocultos dessa natureza. Usemos os dois dias e meio que a Lua transita por cada um desses Signos para propósito de meditar sobre a paz – “paz na Terra e boa vontade entre os homens”. Todavia, ao fazê-lo, estejamos certos de não tomar partido, a favor ou contra, por quaisquer das nações conflitantes; lembremos a todo instante que cada um dos seus membros é nosso irmão. Cada um merece o nosso amor tanto quanto o outro. Vamos manter o foco do pensamento de que nós queremos é ver a Fraternidade Universal ser realizada sobre a Terra, ou seja, “a paz na Terra e boa vontade entre os homens”, a despeito de terem os combatentes nascidos de um lado ou de outro das linhas imaginárias traçadas nos mapas, ou como eles se expressam nesse, naquele ou em qualquer outro idioma. Oremos para que a paz possa reinar sobre a Terra; uma paz duradoura e uma boa vontade entre todos os seres humanos, não importando quaisquer diferenças de raça, cor ou religião. Na medida em que tenhamos êxito em formular com os nossos corações, e não apenas com os nossos lábios, essa prece impessoal a favor da paz, anteciparemos a chegada do Reinado de Cristo para recordar que é a Ele que estamos todos destinados na época oportuna – o Reino dos Céus, onde Cristo é “Rei dos reis e Senhor dos senhores”[18].
Sempre que nos defrontamos com um dos mistérios da natureza que não conseguimos explicar, simplesmente acrescentamos um novo termo ao nosso vocabulário, uma espécie de truque para ocultar a nossa ignorância a respeito do assunto. Tal ocorre com a palavra ampère que utilizamos para medir o volume da corrente elétrica, o volt que empregamos para medir a força da corrente, e o ohm que empregamos para demonstrar o grau de resistência que um dado condutor oferece à passagem da corrente. Dessa maneira, depois de muito estudar a respeito de palavras e figuras, as Mentes mestras da Ciência elétrica tentam se persuadir e persuadir aos demais que compreenderam o que significa tais coisas após pensarem muito sobre tal penetrando no mistério dessa força difícil de descrever e que desempenha um papel tão importante no trabalho do mundo; mas, depois de tudo dito e eles entrarem em consenso, esses seres humanos iminentes admitem que as mais brilhantes luzes da Ciência elétrica não conhecem senão um pouquinho mais do que uma criança da escola primária, quando começa a experiência com pilhas e baterias.
O mesmo se passa com as outras Ciências; os anatomistas não podem distinguir o embrião de um cão do de um ser humano durante um longo período, e enquanto o fisiologista discorre com autoridade sobre o metabolismo, não pode deixar de admitir que as experiências de laboratório, pelas quais se esforça para imitar nosso processo digestivo, devem ser e são muito diferentes das transmutações que se operam no laboratório químico do corpo, pela alimentação que ingerimos. Isso não é dito para desacreditar ou menosprezar as maravilhosas descobertas da Ciência, mas para demonstrar que existem fatores por detrás de todas as manifestações da natureza – inteligências de diversos graus de consciência, construtivas e destrutivas, que desempenham parte importante na economia da natureza – e até que esses agentes sejam reconhecidos e suas atividades estudadas, nós não podemos ter um conceito adequado do modo como atuam essas forças da natureza, as quais chamamos: calor, eletricidade, gravidade, ação química, etc.. Para os que cultivam a visão espiritual, é evidente que os chamados mortos empregam parte de seu tempo em aprender a construir corpos sob a direção de certas Hierarquias espirituais. Eles são os agentes metabólicos e anabólicos; eles são os fatores invisíveis na assimilação e é, portanto, literalmente exato que seríamos incapazes de viver sem a importante ajuda daqueles que nós chamamos mortos.
Para conceber a ideia de como esses agentes trabalham e da sua relação conosco, podemos citar um exemplo mencionado no Livro Mistérios Rosacruzes: “suponhamos que um carpinteiro está construindo uma mesa, e um cachorro, que é um Espírito em evolução pertencente à outra Onda de Vida, está observando-o. Ele vê o processo de cortar tábuas; gradualmente a mesa é formada desse material e finalmente fica pronta. No entanto, ainda que o cachorro esteja atento ao trabalho do carpinteiro, ele não tem um conceito claro de como esse trabalho foi feito, nem do uso final da mesa. Suponhamos, ainda mais, que o cachorro estivesse dotado somente de uma limitada visão e incapaz de perceber o carpinteiro e suas ferramentas; veria somente as tábuas de madeira, gradualmente, sendo divididas em partes, depois se juntarem e ficarem dispostas de outra maneira até a mesa tomar forma e ficar pronta. Ele veria o processo da formação e o objeto terminado, mas não teria ideia que a ação ativa do carpinteiro foi necessária para transformar a madeira em mesa”. Se o cachorro pudesse falar, explicaria a origem da mesa como Topsy[19] se referiu a si mesma dizendo: “simplesmente cresceu”.
Nossa relação com as forças da natureza é semelhante àquela do cachorro com o invisível carpinteiro, e também nós somos tão capazes de explicar os mistérios da natureza, como Topsy o fez. Nós, cultamente, narramos às crianças como o calor do Sol evapora a água dos rios e oceanos, fazendo que esse vapor ascenda às regiões mais frias do ar onde se condensa em nuvens, que se tornam, finalmente, tão saturadas de umidade que elas gravitam em direção à terra em forma de chuva para encher os rios e oceanos, e novamente a água é evaporada. É tudo perfeitamente simples: um belo processo automático de movimento contínuo. Contudo, é só isso? Não há, nessa teoria, um número de omissões? Sabemos que sim, embora não possamos nos desviar muito do nosso assunto para discuti-lo. Uma coisa que está faltando explicar completamente é a ação das, nomeadamente, semi-inteligente Sílfides[20] que levantam as delicadas partículas da água volatilizada em vapor de água preparadas pelas Ondinas, e que as levam o mais alto possível antes que aconteça a condensação parcial e as nuvens são formadas. Essas partículas de água são guardadas pelas Sílfides, até que as Ondinas as forcem a libertá-las. Quando dizemos que há tempestades, na verdade, batalhas estão sendo travadas na superfície do mar e no ar, algumas vezes com a ajuda das Salamandras, para acender a tocha do relâmpago da separação entre hidrogênio e oxigênio, e enviar seu aterrorizante zigue-zague através da negra escuridão, seguida do poderoso troar do trovão na atmosfera clareada, enquanto as Ondinas, triunfalmente, lançam as resgatadas gotas de água sobre a terra, para que elas possam novamente se unir ao seu elemento materno.
Os pequenos Gnomos são necessários para construir as plantas e as flores. Seu trabalho é pintá-las com matizes inumeráveis de cores, que deleitam os nossos olhos. Eles, também, cortam os cristais em todos os minerais e elaboram as gemas valiosas que cintilam nos diademas preciosos. Sem eles não haveria ferro para nossas máquinas e nem ouro com que pagá-las. Eles estão em todas as partes e a proverbial abelha não é tão atarefada como eles. Enquanto para a abelha é dado todo o crédito pelo trabalho que ela faz, os pequenos Espíritos da Natureza, que desempenham uma parte imensamente importante no trabalho do mundo, são desconhecidos, salvo por alguns que são chamados de sonhadores ou loucos.
No Solstício de Junho e no hemisfério norte as atividades físicas da natureza estão no apogeu ou zênite, portanto, é na “Noite do meio do Verão” que se realiza o grande Festival das Fadas, que trabalharam para construir o universo material; nutriram o gado, cultivaram o grão e estão saudando com alegria e dando graças à onda de força, que é a sua ferramenta, para colorir as flores, na assombrosa variedade de delicados matizes requeridos por seus arquétipos, pintando-as em inúmeras tonalidades que são o prazer e o desespero do artista.
Na maior de todas as noites da alegre estação do verão, as Fadas se reúnem vindas dos pântanos e das florestas, dos estreitos e pequenos vales para o Festival das Fadas. Elas realmente cozem e preparam seus alimentos etéricos e, mais tarde, dançam em êxtases de alegria – a alegria de terem realizado o seu trabalho e desempenhado importante papel na economia da natureza.
É um axioma científico que a natureza não tolera o que é inútil; os parasitas e os zangões são uma abominação; o órgão que se torna supérfluo se atrofia, assim também acontece com o membro ou o olho que não é usado. A natureza tem um trabalho a fazer e necessita da colaboração de todos que se propuseram a justificar suas existências, pois todos são partes desse trabalho. Isso se aplica à planta, ao Planeta, ao ser humano, ao animal e também às Fadas. Elas têm seu trabalho a cumprir; elas são hostes ativas e suas atividades são a solução para muitos mistérios da natureza, como já foi explicado.
Nós estamos agora no outro polo do ciclo anual, quando os dias são curtos e as noites mais longas[21]; fisicamente falando, a escuridão cai sobre o hemisfério norte, mas a onda espiritual de luz e vida, que será à base do crescimento e progresso do próximo ano, agora está na maior altura e força. Na Noite de Natal, no Solstício de Dezembro, quando o celestial Signo da Virgem Imaculada está no horizonte oriental à meia noite, o Sol do novo ano nasce para salvar a Humanidade do frio e da fome, que continuariam se a manifestação dessa luz fosse suprimida. Nessa ocasião, o Espírito Cristo nasce na Terra e começa a fermentar e fertilizar os milhões de sementes que as Fadas prepararam e regaram para que possamos ter alimento físico. No entanto, “o ser humano não vive somente de pão”[22]. Importante como é o trabalho das Fadas, se torna insignificante comparado com a missão de Cristo, que nos traz, a cada ano, o alimento espiritual necessário para que avancemos no caminho do progresso, para que possamos alcançar a perfeição no amor com tudo o que ele implica.
É o advento dessa maravilhosa luz de amor que nós simbolizamos pelas lamparinas acesas no altar e pelo soar dos sinos do Natal que, a cada ano, anunciam as boas novas do nascimento do Salvador, pois no sentido espiritual, luz e som são inseparáveis; a luz é colorida e o som é modificado de acordo com o tom vibratório. A luz do Natal que brilha sobre a Terra é dourada, induzindo os sentimentos de altruísmo, alegria e paz, os quais nem mesmo a grande guerra consegue obscurecer.
A guerra passou e como normalmente damos mais valor ao que perdemos, esperemos que toda a Humanidade se una nesse Natal para o canto dos cantos: “Paz na Terra e Boa Vontade entre os homens”.
Temos repetido com frequência em nossa literatura, que o sacrifício de Cristo não foi um acontecimento que teve lugar no Gólgota, nem foi consumado de uma vez por todas em poucas horas, mas que os nascimentos e mortes místicas do Redentor são contínuas ocorrências cósmicas. Concluímos que esse sacrifício é necessário à nossa evolução física e espiritual durante a presente fase do nosso desenvolvimento. Como se aproxima a época do nascimento anual de Cristo, mais uma vez é-nos apresentado um tema para meditação, um tema que nunca envelhece e é sempre novo. Podemos tirar muito proveito refletindo sobre ele e dedicando-lhe uma oração, para que faça nascer em nossos corações uma nova luz que nos guie no caminho da regeneração.
O Apóstolo deu-nos uma maravilhosa definição da Divindade quando disse: “Deus é Luz”, pelo que a “Luz” tem sido usada para ilustrar a natureza do Divino nos Ensinamentos Rosacruzes, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. As Sagradas Escrituras de todos os tempos ensinam claramente que Deus é uno e indivisível. Ao mesmo tempo verificamos que, do mesmo modo que a luz branca una se refrata nas três cores primárias – vermelho, amarelo e azul – Deus também se revela em papel tríplice durante a manifestação pelo exercício de três funções divinas: criação, preservação e dissolução.
Quando Ele exercita o atributo criação, Deus se revela como Jeová, o Espírito Santo; Ele é o Senhor da lei e da geração, projetando a fertilidade solar indiretamente através dos satélites lunares de todos os Planetas em que seja necessário fornecer Corpos para seus seres evoluintes.
Quando Ele exercita o atributo preservação, com o propósito de sustentar os Corpos gerados por Jeová sob as leis da Natureza, Deus se revela como Redentor, Cristo, e irradia os princípios de amor e regeneração diretamente a qualquer Planeta onde as criaturas de Jeová requeiram essa ajuda para se libertarem das malhas da morte e do egoísmo, e alcançarem o altruísmo e a vida sem fim.
Quando do exercício do divino atributo dissolução, Deus aparece como o Pai; quem nos chama de volta ao lar celestial, para assimilarmos os frutos das experiências e do crescimento anímico que acumulamos durante o dia de manifestação. Esse Solvente Universal, o raio do Pai, emana então do invisível Sol Espiritual.
Esses processos divinos de criação e nascimento, preservação e vida, dissolução, morte e retorno ao Autor de nosso ser, nós os vemos em toda parte, em tudo o que nos cerca. Então, reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Trino em manifestação. Porventura já nos demos conta de que no Mundo espiritual não existem acontecimentos definidos, nem condições estáticas; que o começo e o fim de todas as aventuras, de todas as eras estão presentes no eterno “aqui” e “agora”? Do seio do Pai há um fluxo eterno de semeadura de coisas e eventos que incorporam o reino do “tempo” e do “espaço”. Lá gradualmente cristaliza-se e torna-se inerte, necessitando dissolução para que haja espaço para outras coisas e outros eventos.
Não há como escapar dessa lei cósmica, que se aplica a tudo no reino do “tempo” e do “espaço”, inclusive ao raio Crístico. Como o lago que se derrama no oceano volta a se encher quando a água que o abandonou se evapora e a ele retorna em forma de chuva, para tornar novamente a correr incessantemente em direção ao oceano, assim o Espírito do Amor que nasce eternamente do Pai se derrama incessantemente, dia após dia, hora após hora, no universo solar para nos libertar do Mundo material que nos prende em seus grilhões mortais. Portanto, onda após onda parte do Sol em direção a todos os Planetas, o que proporciona um impulso rítmico às criaturas que neles evoluem.
No sentido mais verdadeiro e literal, é um Cristo recém-nascido que saudamos em cada festa natalina, e o Natal é o mais importante acontecimento anual para a Humanidade, quer tenhamos consciência disso ou não. Não se trata meramente de comemorar o aniversário de nascimento do nosso amado Irmão Maior, Jesus, mas sim da chegada da rejuvenescente vida-amor do nosso Pai Celestial, por Ele enviada para libertar o mundo do glacial abraço da morte. Sem essa nova infusão de vida e energia divinas, logo pereceríamos fisicamente, frustrando o nosso progresso no que tange as atuais linhas de desenvolvimento. Precisamos nos esforçar por compreender muito bem esse ponto, a fim de que possamos aprender a apreciar o Natal, da maneira mais profunda possível; a esse respeito, como em muitos outros, podemos aprender uma lição observando nossos filhos ou recordando a nossa própria infância. Como eram fortes nossas expectativas quando da aproximação dos festejos natalinos! Como ansiosamente esperávamos pela hora de receber os presentes que pensávamos serem deixados pelo Papai Noel, o misterioso benfeitor universal que distribuía os brinquedos! Como nos sentiríamos se nossos pais nos dessem apenas as bonecas estragadas e os tamborzinhos já gastos do ano passado? A sensação seria certamente de infelicidade total, além de uma profunda quebra de confiança em tudo, sentimentos que os pais achariam cada vez mais difícil restaurar. Isso nada seria comparado à calamidade cósmica que se abateria sobre a Humanidade, se o nosso Pai Celestial deixasse de enviar como Presente Cósmico de Natal, o Cristo recém-nascido.
O Cristo do ano anterior não nos pode livrar da fome física, como as chuvas daquele ano não podem agora encharcar o solo e desenvolver os milhões de sementes que dormitam na terra, à espera que as atividades germinadoras da vida do Pai as façam crescer. Assim como o calor do último verão já não nos pode aquecer, o Cristo do ano passado não pode acender de novo em nossos corações as aspirações espirituais que nos impelem para cima em busca de algo mais. O Cristo do ano passado nos deu seu amor e sua vida sem restrições ou medidas. Quando Ele renasceu na Terra no Natal anterior, Ele impregnou de vida as sementes adormecidas, que cresceram e muito gratamente encheram os nossos celeiros com o pão da vida física. O amor que o Pai Lhe deu, Ele o derramou profusamente sobre nós, e do mesmo modo que a água do rio volta para o céu pela evaporação, assim também Ele se eleva outra vez ao seio do Pai, após esgotar toda a sua vida e morrer na Páscoa.
Entretanto, o amor divino jorra infinitamente. Como um pai se apieda de seus filhos, assim também nosso Pai Celeste se compadece de nós, pois Ele conhece a nossa fragilidade e dependências física e espiritual. Por conseguinte, esperamos mais uma vez, confiantemente, o nascimento místico do Cristo que virá com renovada vida e renovado amor. O Pai O envia a nós acudindo a fome física e espiritual que sofreríamos, se não tivéssemos d’Ele essa amorosa oferenda anual.
As almas jovens, via de regra, acham difícil separar em suas Mentes as personalidades de Deus, de Cristo e do Espírito Santo, de modo que algumas podem amar apenas a Jesus, o homem. Esquecem Cristo, o Grande Espírito, que introduziu uma Nova Era na qual as nações estabelecidas sob o regime de Jeová serão destroçadas, a fim de que a sublime estrutura da Fraternidade Universal possa ser edificada sobre as suas ruínas. No devido tempo, o mundo inteiro saberá que “Deus” é Espírito, para ser adorado em “Espírito e em verdade”. É bom que amemos Jesus e O imitemos; desconhecemos ideal mais nobre e alguém mais digno. Se pudesse ter sido encontrado alguém mais nobre, não teria sido Ele o escolhido para ser o veículo do Grande Unigênito, Cristo, em que reside a Divindade. Fazemos bem em seguir “Seus passos”.
Ao mesmo tempo devemos exaltar Deus em nossas próprias consciências, aceitando a afirmação bíblica de que Ele é Espírito e que não podemos tentar representar a Sua imagem, nem retratá-Lo, pois Ele a nada se assemelha, quer nos céus quer na Terra. Podemos ver os veículos de Jeová circulando como satélites em volta de diversos Planetas. Também podemos ver o Sol, que é o veículo visível de Cristo. Contudo, o Sol invisível, que é o veículo do Pai e fonte de tudo, esse só pode ser visto pelos maiores Clarividentes e apenas como a oitava superior da fotosfera do Sol, revelando-se como um anel de luminosidade azul-violeta por trás do Sol. Contudo, nós não precisamos vê-Lo. Podemos sentir Seu amor e essa sensação nunca é tão grande como na época do Natal, quando Ele nos está dando o maior de todos os presentes: o Cristo do novo ano.
F I M
[1] N.T.: na 10ª Edição foi acrescentada mais uma carta, totalizando seis cartas.
[2] N.T.: Depois de 1920: dezenove no livro Os Mistérios das Grandes Óperas; vinte e quatro sob o título: Coletâneas de Um Místico.
[3] N.T.: a riqueza da experiência.
[4] N.T.: para o hemisfério norte e para os extremos do hemisfério sul isso é um fato inquestionável. Para o restante do hemisfério sul, também, só que aqui seria pelo fortíssimo calor e pela fome, por sua resultante escassez.
[5] N.R.: Gl 4:4
[6] N.R.: Pseudônimo de Johannes Scheffler (1624-1667) – Místico cristão, filósofo, médico, poeta, jurista alemão.
[7] N.T.: Hb 12:1-2 – “também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador da fé, Cristo Jesus”.
[8] N.R.: Mt 20:27; Lc 22:26; Mc 9:15
[9] N.T.: Mt 25:40
[10] N.T.: estado de inconsciência profunda, com desaparecimento da sensibilidade ao meio ambiente e da faculdade de exibir reações motoras. A pessoa não consegue pensar, falar, ver ou ouvir com clareza.
[11] N.R.: IJo 1:5
[12] N.R.: Jo 14:12
[13] N.R.: Mt 5:8
[14] N.R.: Mt 11:29-30
[15] N.T.: Jo 14:12
[16] N.T.: Refere-se à Primeira Grande Guerra
[17] N.T.: Lc 2:14
[18] N.T.: Apo 19:16
[19] N.R.: Personagem do romance A Cabana do Pai Tomás, (em inglês: Uncle Tom’s Cabin; or, Life Among the Lowly), livro da escritora estadunidense Harriet Beecher Stowe.
[21] N.R.: Para o hemisfério norte
[22] N.R.: Mt 4:4
É Domingo de Ressurreição. Um súbito silêncio e uma quietude momentânea invade a Natureza. Por uma fração de segundo o tempo se detém.
Se você é suficientemente desenvolvido espiritualmente, pode sentir, por um instante, o grande coração da Terra estremecer dolorosamente para, em seguida, palpitar alegre e jubilosamente.
Se nesse instante permanecemos alertas, podemos perceber como as ígneas Salamandras se detêm frente as suas chamejantes forjas sobre as quais fazem os carvões carmesins.
Também pode sentir a atividade vital suspensa nas múltiplas sementes que esperam obedientemente o despontar. Detém-se o fluir dos grandes rios subterrâneos, os vapores da Terra, a lava fluídica detém as suas tumultuosas expansões e os átomos minerais suspendem a sua vibração.
Se tudo isto está gravado em sua consciência no seu inteiro ser, em êxtase, entra em harmonia com o grandioso evento Cósmico que está tendo lugar no centro do Planeta Terra.
E perceberá como a superfície total da Terra se colore num instante em uma luz que não é alaranjada nem amarela; é cor de ouro. É um manto em forma de chuvisqueiro, vivo e palpitante, um halo dourado que envolve o mundo.
Por um instante, ante seus olhos assombrados, o globo interno explode numa dourada labareda de luz iridescente, da qual brotam milhões de luminosas línguas de fogo que se espargem no espaço infinito.
É Domingo de Páscoa! A verdade lhe está sendo revelada. O Grande Espírito Solar, o Cristo, se retira da Terra. Pode ser que você não O veja, mas pode perceber a glória e sentir o poder da Luz Celestial que O rodeia e que é uma parte do seu Divino Ser.
Afinal, como São Paulo nos ensina: “servir em novidade de espírito e não na caducidade da letra” (Rm 7:6).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz –fevereiro/1964 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Falando do Éter como elemento transmissor de forças, não se diz coisa alguma à mentalidade acadêmica, porque a força é invisível. Mas, para o investigador ocultista as forças não consistem apenas de denominações conhecidas como vapor ou eletricidade. São seres inteligentes, de diversos graus de evolução, tanto sub-humanos como supra-humanos. O que chamamos de “Leis da Natureza” são Grandes Inteligências que guiam e dirigem seres mais elementares, de acordo com certas regras determinadas para acelerar sua evolução.
Na Idade Média, quando muitas pessoas eram dotadas de clarividência negativa, era comum falar-se de Gnomos, Duendes, Fadas etc., que vagavam por montanhas e florestas. Esses eram os Espíritos da Terra. Também se mencionavam as Ondinas e as Ninfas, Espíritos da Água, habitantes dos rios e correntes hídricas; os Silfos ou Sílfides, que moravam nas neblinas, como Espíritos do Ar; etc. Contudo, não se falava muito das Salamandras, pois como são Espíritos do Fogo, não são percebidas com muita facilidade nem acessíveis a muitas pessoas.
Atualmente, as antigas lendas são consideradas tolas superstições. Mas, verdadeiramente, qualquer pessoa dotada de Clarividência pode perceber os pequenos Gnomos elaborando a verde clorofila das plantas e imprimindo às suas flores essa multiplicidade de matizes delicados que constituem o encanto dos nossos olhos.
Os cientistas têm procurado oferecer uma explicação convincente sobre a origem de certos fenômenos, tais como os ventos e as tempestades. Via de regra, fracassam nesse intento. Jamais obterão êxito enquanto recalcitrarem em apresentar soluções meramente mecânicas àquilo que realmente é uma manifestação da vida.
Se pudessem ver as legiões de Silfos ou Sílfides, conheceriam as causas da variabilidade dos ventos. Se conseguissem observar uma tormenta marítima do ponto-de-vista etérico, notariam que o que se chama “luta dos elementos” não é um conjunto de palavras vazias. O tumulto que ocorre no mar é realmente um verdadeiro campo de batalha entre os Silfos e as Ondinas. Os rugidos da tempestade são os gritos de guerra dos Espíritos do Ar.
As Salamandras são encontradas por toda parte e não se pode produzir ou acender fogo sem o concurso delas. Elas se encontram em atividade debaixo da terra, causando as explosões e as erupções vulcânicas.
Essas várias categorias de seres são sub-humanas. Todos eles alcançarão em tempos futuros um estágio evolutivo correspondente ao humano, ainda que em circunstâncias diferentes. Mas, atualmente, as maravilhosas inteligências às quais nos referimos como “Leis da Natureza” são as que dirigem as legiões de entidades menos evoluídas.
Para melhor compreender a natureza desses seres e suas relações conosco, consideremos a seguinte ilustração. Suponhamos que um mecânico esteja construindo uma máquina e um cão esteja observando. O animal vê o homem trabalhando, assim como nota os vários instrumentos empregados para dar a forma adequada aos materiais. Nota, também, como do ferro, do bronze e de outros metais vai surgindo, lentamente, a forma da máquina. O cão é um ser pertencente a uma evolução inferior à nossa e não compreende o propósito do mecânico. Entretanto, vê o trabalhador, como ele desenvolve seu trabalho e o resultado dessa atividade traduzido como uma máquina.
Suponhamos que o cão só fosse capaz de observar os materiais que lentamente mudam de forma, ajustando-se entre si e convertendo-se finalmente no engenho, mas não pudesse ver o trabalhador e seu trabalho. Nesse caso, o animal encontrar-se-ia na mesma circunstância, em relação ao mecânico, que nós nos encontramos em relação a essas “Grandes Inteligências” a quem chamamos de “Leis da Natureza”. Somos capazes de contemplar as manifestações de seus trabalhos como forças que modelam a matéria em distintas formas, mas sempre debaixo de condições imutáveis.
No Éter podemos observar os Anjos, cujo corpo mais denso é formado dessa matéria. Esses seres encontram-se um pouco mais adiantados do que os humanos, assim como nos encontramos em uma etapa superior à dos animais, evolutivamente falando. Nunca fomos animais, como os da fauna conhecida; entretanto, em uma fase anterior do desenvolvimento deste planeta, nosso estado de consciência era semelhante à do animal.
Naquela época os Anjos eram humanos, conquanto nunca tenham possuído um Corpo Denso tal qual o nosso, nem chegaram a viver em matéria mais densa que o Éter. Numa etapa futura, a Terra voltará novamente ao estado etérico e o ser humano, então, viverá uma existência análoga à dos Anjos atuais. Por isso a Bíblia afirma que “o homem foi feito um pouco menor que os Anjos.” (Hb 2-17).
O Éter é o canal ou via condutora das forças vitais e criadoras. E como os Anjos são os mais hábeis manipuladores do Éter, compreendemos facilmente por que são os guardiães das forças de propagação na planta, no animal e no ser humano. Na Bíblia, nota-se bom número de referências a essa verdade. Dois Anjos vieram a Abraão, anunciando o nascimento de Isaac. Eles prometiam filhos aos homens que obedecessem a Deus. Mais tarde, esses mesmos Anjos destruíram Sodoma por causa do abuso da força criadora. Anjos anunciaram aos pais de Samuel e Sansão o nascimento desses gigantes da inteligência e da força. E, a Izabel, o Anjo (não o Arcanjo) Gabriel anunciou o nascimento de João Batista, aparecendo mais tarde a Maria com a mensagem de que ela havia sido eleita para conceber a Jesus.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977-Fraternidade Rosacruz-SP)
Fogo com Ar-Condicionado
Chiado e Faísca, que faziam tudo juntos, tinham vivido a maior parte de suas vidas em fogueiras que as pessoas acendiam na praia. Eram Salamandras muito jovens e conheciam muito pouco do resto do mundo, mas, Chiado pelo menos, achava que sabia muito sobre todas as coisas.
Durante todo o verão, Chiado e Faísca tinham pulado de uma fogueira para outra. Competiram para ver quem conseguia provocar a chama mais alta ou a maior faísca. Eram muito bons para aparecer no ar no momento em que um fósforo era riscado, mas nem sempre eram cuidadosos sobre como os fósforos queimavam. Às vezes, o Mestre Salamandra tinha que lhes dar uma boa reprimenda por quase terem queimado os dedos das pessoas e, muitas vezes, tinha que pô-los em terra. Então, eles só podiam arder no carvão, enquanto seus companheiros se divertiam muito nas chamas altas e crepitantes.
Uma noite, Chiado e Faísca estavam no meio de uma fogueira muito grande e muito especial.
— Puxa! exclamou Faísca, diminuindo a língua de uma chama. Que belo fogo. Tomara que eles continuem pondo lenha nele a noite toda.
— Está muito quente, queixou-se Chiado, dando desconsolado um pontapé em uma brasa.
— Muito quente? Faísca olhou para ele espantada.
O que você quer dizer, muito quente? Você sabe que fogo é quente.
— Eu sei, eu sei, disse Chiado, mas gostaria que tivéssemos fogo como esse negócio que as pessoas chamam de ar-condicionado. Ele deve refrescar as coisas.
— Ar cond… Você ficou biruta. Você deve ter andado ultimamente rondando muitas chamas azuis.
— Não, não, não, resmungou Chiado. Eu só gostaria que houvesse fogo com ar-condicionado, só isso.
É tão fora de propósito?
— Bem, disse Faísca, eu acho que é fora de propósito. Mais ainda, acho que é loucura. Ora, vamos. Esqueça esse estúpido ar-condicionado e vamos nos divertir.
— Não, disse Chiado, endireitando os ombros. Eu vou dizer para o Mestre Salamandra que eu quero morar num fogo com ar-condicionado. Eles inventaram o raio e inventaram o granizo, com certeza podem inventar fogo com ar-condicionado.
— Chiado, disse Faísca. Você está doido! E é melhor não falar com Mestre Salamandra desse jeito. Ele vai pôr você numa chama de vela onde não terá condições de pular para cima e para baixo, de jeito nenhum.
— Não, ele não vai fazer isso, disse Chiado com firmeza. O Mestre Salamandra é esperto. Ele deve saber como fazer um fogo com ar-condicionado. Você vai comigo ou está com medo? Faísca suspirou.
— Não, eu não sou covarde, disse, sim, eu vou com você. Nós sempre fazemos tudo juntos e eu não vou recuar agora. Mas, continuo pensando que você está louco.
Então, Chiado e Faísca foram procurar Mestre Salamandra, que estava descansando depois de um dia duro, pois esteve reavivando raios de quinze tempestades diferentes. Ele não parecia muito satisfeito em vê-los.
— O que é que vocês, meninos, estão fazendo aqui? perguntou impaciente. Quem está cuidando das fogueiras?
— Oh, os outros estão fazendo tudo direito. Eles não precisam de nós, senhor, respondeu Chiado, o mais respeitosamente que pôde, a fogueira é muito quente. Nós queremos morar num fogo com ar-condicionado.
Mestre Salamandra arregalou os olhos para Chiado.
— Misericordiosos Fósforos! exclamou. O que é que esta nova geração vai inventar mais? Em nome de tudo quanto é explosivo, para que você quer um fogo com ar-condicionado?
— Senhor, disse Chiado de novo, é que aquela fogueira está muito quente. Um fogo com ar-condicionado vai fazê-la ficar mais fresca. O senhor deve saber como fazer isso. Por favor, senhor.
Mestre Salamandra olhou para Faísca.
— Você também está nesta loucura? Perguntou.
— Não senhor, respondeu Faísca. Eu também acho que é loucura. Não existe fogo com ar-condicionado. Mas como Chiado e eu sempre fazemos tudo juntos, achei que era melhor ficar de olho nele, porque eu acho que ele está ruim da cabeça.
Um som estranho, zangado veio da garganta de Chiado, mas ele engoliu-o.
— Hummmm, hummmm, murmurou Mestre Salamandra pensativamente. Sua preocupação com seu amigo certamente é digna de elogios. Mas, na realidade, existe mesmo fogo com ar-condicionado.
— Ah! gritou Chiado, virando-se triunfante para Faísca. Eu não disse? E você disse que eu era louco.
— Contudo, continuou Mestre Salamandra. Não creio que você possa gostar de morar nele. Não é muito confortável.
— Oh, sim, senhor, eu gostaria de morar lá. Por favor, mande-nos para lá, pediu Chiado.
— Você não sabe nada sobre ele, Chiado, avisou Mestre Salamandra.
— Oh, eu sei, senhor, eu sei. Por favor, mande-nos para lá.
Mestre Salamandra ficou pensativo por um longo momento e por fim disse:
— Muito bem, se você insiste. Acho que só vai aprender por experiência própria. Agora, você, Faísca, não precisa ir se não quiser. Você é muito boazinha em querer vigiar Chiado, mas estou avisando, lá para onde vocês vão, não é agradável.
— Eu — eu suponho que não é, senhor. Mas, de qualquer modo, eu vou com Chiado, disse Faísca lentamente. Eu ainda acho que devo ficar de olho nele.
— Talvez sim, disse Mestre Salamandra, talvez sim. Muito bem, dirijam-se para Longitude 158.2 Oeste, Latitude 73.4 Norte, amanhã de manhã. Lá vocês vão encontrar seu fogo com ar-condicionado.
Duas horas depois, Chiado e Faísca deslizavam rapidamente pelo ar, bem acima da Terra. Eles vinham de muito longe e ainda tinham um longo caminho pela frente. Tinham visto estrelas que nunca viram antes, e tinham corrido sobre correntes de vento nas quais nunca tinham corrido antes.
Uma vez, o caminho deles tinha sido bloqueado pela maior e mais feroz Salamandra que já tinham visto, que reclamou, querendo saber o que eles estavam fazendo no seu território.
Chiado estava tão assustado que nem podia falar, mas Faísca arquejou e conseguiu dizer:
— Nós vamos para a Longitude 158.2 Oeste, Latitude 73.4 Norte. O Mestre Salamandra nos enviou. Meu amigo quer morar num fogo com ar-condicionado e eu vou ficar de olho nele.
Mesmo estando muito assustado, Chiado produziu um som estranho e zangado, mas Faísca e a Salamandra o ignoraram.
— Ele vai precisar mesmo de ter cuidado. Esse garoto biruta – fogo com ar-condicionado, bolas! Imagino quem é que vai tomar conta de vocês. Bem, podem atravessar meu território. Eu não invejo vocês.
Finalmente, chegaram à Longitude 158.2 Oeste, Latitude 73.4 Norte e mergulharam para pousar na Terra. O solo estava coberto por uma coisa branca, e as únicas cores que podiam ver por quilômetros ao redor, eram o branco do solo e o cinza de um céu pouco amistoso.
— Como é que isto tudo é tão branco? Perguntou Chiado. Que negócio é este?
— Isto deve ser neve, disse Faísca. Eu ouvi falar nisto. É qualquer coisa como água, só que mais fria. Se você puser muito disto em um fogo, o fogo apaga.
— Ah! estremeceu Chiado. Faz frio também. Brrrr. Eu não gosto daqui. Este não deve ser o lugar certo. Eu não vejo fogo algum.
— É aqui mesmo, sim, disse Faísca, que também não estava contente. Olhe ali.
No chão, havia uma coisa branca com o formato de metade de uma bola de baseball, como as que as crianças humanas jogam nas praias. Um fio de fumaça estava saindo de uma abertura.
— Venha, disse Faísca. É melhor resolver isto.
— Lá? disse Chiado recuando.
— Onde então? Mestre Salamandra disse que a gente não ia gostar disto aqui. Talvez agora você acredite nele. Venha.
Faísca deslizou através daquela construção branca. Chiado não teve outro remédio senão segui-la. O lugar onde eles entraram era úmido e frio, frio de amargar. Fez as duas Salamandras sentirem-se tão fracas, que nem tiveram energia suficiente para acender um vagalume.
Dentro, muitas pessoas estavam amontoadas em redor de um fogo, que as salamandras acharam sem personalidade alguma. Não troava, não estalava, não subia alegremente pelo ar. Mas, também não era quente, pelo menos comparado com uma fogueira.
— Aí está o seu fogo com ar-condicionado, disse Faísca. É justamente o que você queria. Você deve estar contente agora. Não posso entender por que você não parece ser feliz.
— Oh, não amole! resmungou Chiado. Eu não sabia que ia ser assim. Por que este lugar é tão frio?
— Eu pensei que você queria que fosse frio, retorquiu Faísca. Faz frio porque aqui é o Círculo Ártico e nós estamos em um iglu, que é o mais próximo do ar-condicionado que se pode ter.
— Como é que você sabe? perguntou Chiado.
— Porque eu presto mais atenção na aula de geografia do que você, disse Faísca indiferentemente. Bem, vamos entrar no fogo. Foi para isso que viemos.
Então, Faísca e Chiado entraram no fogo, mas perceberam que não tinha graça nenhuma. O fogo era tão fraco que Chiado, pulando nele para cima e para baixo, quase o apagou.
— Devagar, avisou Faísca. Você agora não está numa fogueira. Você não pode pular para cima e para baixo como lá.
— Eu sei que não estou numa fogueira, rosnou Chiado, e eu preciso pular para cima e para baixo porque eu estou com frio.
— Você queria ficar com frio, lembrou-lhe Faísca, pouco simpaticamente. E se você apagar esse fogo, não haverá mais fogo algum, aí sim, é que você vai sentir frio.
E, com essa feliz observação, Chiado e Faísca acomodaram-se para morar no seu fogo com ar-condicionado. Dia após dia, eles se movimentaram com cuidado dentro dele, sem nunca subir ou pular, nunca escorregando pelas línguas de fogo, nunca espalhando faíscas chiando para todos os lados. Algumas vezes, ficavam com frio e outras ficavam gelados mesmo — mas, certamente, não podiam se queixar de estar com calor!
Até que uma manhã, Chiado não pôde nem se mexer. Ficou encolhido numa brasa e nem prestava atenção à Faísca, que estava fazendo alguns exercícios de aquecimento.
— Vamos, Chiado, levante-se, insistia Faísca. Você vai ficar mais quente se você se mexer um pouco.
— Está frio demais para eu me mexer, murmurou Chiado, com voz tão fraca que Faísca quase não podia entendê-lo. Eu vou ficar sentado aqui.
Faísca olhou para ele, preocupada.
— Você não pode ficar sentado, disse, você vai morrer de frio.
— Eu sei, murmurou. Eu não me importo.
— Chiado! exclamou Faísca, realmente alarmada. Você tem que se importar. Você não pode simplesmente morrer de frio! Vamos — Levante-se!
— Deixe-me em paz! murmurou Chiado, mal abrindo a boca.
— Levante-se, ordenou Faísca, agarrando Chiado e levantando-o.
Mas, quando ele o largou, Chiado despencou outra vez.
— Deixe-me em paz! murmurou outra vez.
— Não, eu não vou deixá-lo em paz! Gritou Faísca quase chorando. Levante-se e fique em pé!
Mais uma vez Faísca pôs Chiado de pé. Ela o arrastou para lá e para cá no fogo.
— Vamos, Chiado, mexa-se, ordenou. Mexa-se! Mexa-se!
— Não, murmurou Chiado. Deixe-me em paz!
— Pare de dizer isso!, gritou Faísca. Eu não vou deixar você em paz. Eu não vou deixar você morrer de frio. Agora, ande, continue andando. Um — dois — três — quatro, um — dois — três — quatro!
Durante todo o dia, Faísca arrastou um Chiado relutante para lá e para cá em um fogo fraquinho. Chiado não cooperava nada, ele só queria se esparramar no chão e morrer de frio.
Até tarde da noite, Faísca ficou arrastando Chiado para lá e para cá. Tentou tudo o que podia para aquecer Chiado. Insultou-o, fez piada sobre o fogo com ar-condicionado, xingou-o. Mas, Chiado não ficava em pé sem que Faísca o segurasse, e tudo o que dizia era: Deixe-me em paz! Deixe-me em paz!
Então, quando Faísca completamente exausta, estava quase desistindo, um brilho quente encheu o iglu.
— Bom trabalho, Faísca, estou orgulhoso de você, disse Mestre Salamandra. Eu vim assim que recebi sua mensagem por pensamento, e acho que cheguei na hora certa. Chiado certamente estaria perdido sem você para cuidar dele.
Dizendo isso, Mestre Salamandra fez duas chamas e numa embrulhou Faísca e na outra Chiado. As chamas eram quentes — ardentemente quentes como a maior fogueira. Num instante as duas salamandras estavam quentinhas e fortes de novo, como se nunca tivessem estado num fogo com ar-condicionado.
Chiado quase se esqueceu que há um minuto a única coisa que queria era morrer de frio. Mas, lembrou-se o suficiente para dizer:
— Obrigado, Mestre Salamandra. E obrigado, Faísca. Vocês dois salvaram a minha vida.
— Oh isso não foi nada, disse Faísca embaraçada.
— Não, Faísca, isso foi muito, disse Mestre Salamandra com voz severa. Chiado fez um jogo muito perigoso quando pensou que sabia melhor do que eu, o que era melhor para ele. Se você não tivesse sido tão leal com ele, Faísca, na certa ele teria morrido de frio. Você quase perdeu a sua vida por causa da tolice de Chiado. Espero que ele tenha aproveitado a lição.
— Aprendi a lição, sim, senhor, disse Chiado com voz tão humilde como ninguém ainda o tinha ouvido usar. De agora em diante, prometo ouvir o que as pessoas mais sensatas e com muita experiência disserem, e pensar com muito cuidado sobre as coisas que eu quero fazer.
— Ótimo, Chiado. Espero que seja verdade. E agora, disse Mestre Salamandra, acho que é hora de voltarmos para a nossa praia. Amanhã é sábado e haverá muitas fogueiras. Vamos embora.
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. VII – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)
A Nuvem Ruidosa
A nuvenzinha cinza-claro estava muito infeliz. Ela era tão pequena e tão cinza-claro. Nos dias bonitos, ela mal podia ser vista por causa do brilho do sol e do resplandecente céu azul. Nos dias feios, ela mal podia ser vista porque todas as grandes nuvens escuras de tempestade a empurravam para fora do caminho.
A nuvenzinha cinza-claro queria tanto ser uma nuvem ruidosa. Queria ser escura e assustadora e fazer com que todos que a vissem fugissem e se escondessem.
Contudo, mesmo que se esforçasse muito por mudar, continuava exatamente do jeito que era. Mesmo que se esforçasse muito para ficar escura, continuava exatamente o mesmo cinza-claro. Mesmo que se esforçasse muito para ser barulhenta, continuava silenciosa como sempre.
Derramava algumas lágrimas, esperando que, ao menos, elas causassem um pouco de chuva, mas apenas caiam dois ou três pingos que nem eram percebidos pelas pessoas lá embaixo. A pobre nuvenzinha ficava cada vez mais infeliz.
Por fim, as Sílfides e as Salamandras que vinham observando a nuvenzinha, não aguentaram mais vê-la assim infeliz. Se puseram a trabalhar. A nuvenzinha ficou muito animada ao ver que estava ficando cada vez mais escura. Ventos sopravam em volta dela e clarões de relâmpagos e tremendos estrondos de trovões vinham deles. Uma chuvarada caia dela para a Terra. A nuvenzinha cinza-claro tinha se tornado uma nuvem ruidosa.
Então, veio uma tempestade. As pessoas lá embaixo disparavam para suas casas ou abriam os guarda-chuvas. As senhoras que mexiam nos jardins corriam para dentro. As pessoas que assistiam ao jogo de futebol, colocavam jornais na cabeça. Às estradas ficaram molhadas, os carros ficaram molhados, e os policiais que dirigiam o trânsito ficaram encharcados.
Ninguém podia acreditar que toda aquela chuva, raios e trovões vinham daquela nuvenzinha. Não conseguiam entender como ela era tão escura e barulhenta, quando tudo em volta no céu era azul.
Cientistas corriam para fora de seus laboratórios para examinar seus aparelhos. Contudo, os aparelhos só lhes diziam que havia uma nuvem ruidosa no céu, o que eles já sabiam. Os aparelhos não diziam por que uma nuvenzinha ruidosa estava provocando tamanha tempestade, quando todo o céu estava azul.
A nuvem ruidosa, sentindo-se muito poderosa e muito barulhenta, choveu, trovejou e relampejou até que tudo de fora ficou encharcado e tudo de dentro ficou muito quente, porque as janelas estavam fechadas.
Depois, ela se afastou da cidade e foi para o campo. Encontrou um prado de margaridas, crisântemos e rainhas-margaridas, todas murchas e tristes porque não tinham recebido chuva há muitas semanas. A nuvem ruidosa era bastante grande para chover em todo o prado, o que ela fez com prazer. As flores estavam com sede e beberam e beberam. Logo levantaram as cabeças, estenderam suas folhas, realmente muito agradecidas à nuvem ruidosa.
A nuvem ruidosa passou acima das montanhas. Ali ela encontrou algumas nuvens enormes, escuras, carrancudas e frias. Elas riram quando a nuvenzinha apareceu. Acharam que ela era uma nuvenzinha muito boba, tentando achar um lugar entre elas que eram tão grandes e poderosas.
Todavia, quando a nuvenzinha deixou cair uma nova chuvarada e alguns trovões de quebrar os tímpanos, elas pararam de rir.
— Nada mau, disseram com admiração. Nada mau mesmo.
A nuvenzinha também achou que estava muito bem, quando viu sua chuva se transformar em chuva de pedra no alto das montanhas. Ela ribombou, troou e fez tanto barulho quanto pode, e as montanhas lá embaixo pareciam mesmo sombrias e assustadoras.
Pouco depois, a nuvenzinha, ainda chovendo, dirigiu-se para o deserto. É claro que todos sabiam que no deserto nunca chovia nessa época do ano.
— Meu Deus! exclamou um professor que estava examinando um cacto com uma lente e nem imaginava que uma nuvem ruidosa pudesse estar a menos de 800 km de distância.
— Santo Deus! exclamou um viajante, com uma mochila nas costas, que estava com muito calor, muita sede e desejando poder ter mais água no seu cantil.
— Por Deus! exclamou um senhor enorme, gordo que estava tomando sol ao lado da piscina e estava todo satisfeito antes de se encontrar, de repente, ensopado da cabeça aos pés.
A nuvem ruidosa move-se daqui para lá sobre o deserto, fazendo com que muita gente ficasse olhando para o céu, sem acreditar o que estava acontecendo e, quando ficaram encharcados, disseram:
— Isto não está acontecendo!
Finalmente, depois de atravessar todo o país, a nuvem ruidosa se achou sobre uma das grandes cidades perto do oceano. Ela já estava ficando cansada, mas ainda queria produzir uma tempestade gigantesca. Juntando todas as suas energias, relaxou-se com um relâmpago que iluminou todo o céu e um violento ribombar de trovão e de chuva muito forte.
As pessoas nos escritórios fecharam as janelas rapidamente. As pessoas que estavam lavando os carros fecharam as torneiras e correram para dentro. As crianças que estavam no recreio voltaram correndo para dentro da escola.
A nuvem ruidosa fez tanto barulho que as pessoas não podiam ouvir seus rádios. As crianças não podiam ouvir as professoras ensinando aritmética.
Os cachorros não podiam ouvir seus donos chamá-los. As secretárias não podiam ouvir os chefes ditando. Um maestro, que estava ensaiando um concerto, não podia ouvir a música que sua orquestra estava tocando.
A nuvem ruidosa continuou com seu terrível temporal de raios e trovões por dez minutos. Foi o suficiente para que os meteorologistas pudessem descobrir que nenhum de seus mapas geográficos, aparelhos, livros e artigos científicos explicassem por que uma nuvenzinha escura podia estar isolada em um céu azul e causar tanta agitação.
Repórteres de televisão e de jornal, excitados, escreveram artigos sobre o tempo mais incrível daquele dia. Um avião cheio de cientistas já tinha deixado a capital e estava perseguindo aquela estranha nuvem ruidosa que estava causando tanta perturbação.
Mas, a nuvem ruidosa, muito orgulhosa de si mesma, satisfeita e feliz, estava também muito cansada. Já chegava. Tinha sido muito feliz por ter seu desejo satisfeito e ter sido uma nuvem ruidosa por algum tempo. Agora, estava bem contente para voltar a ser uma nuvenzinha comum cinza-claro, vagando no céu, quase despercebida.
Agradeceu às Sílfides e às Salamandras por sua grande ajuda e flutuou preguiçosamente por cima do oceano. Em breve, bem alto no céu, ela desapareceu da vista das pessoas. A nuvenzinha cinza-claro tinha passado um dia muito feliz, do qual nunca mais se esqueceria.
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. VII – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)
O Espírito de Natal
“O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre”.
(Sl 121:8)
Essa passagem do livro dos Salmos revela o conhecimento esotérico do autor, de especial interesse para nós, agora, nos festejos natalinos.
Revela que o mistério do nascimento e da morte por meio do qual o Espírito sobe e desce através da evolução e involução seja uma expressão da eternidade. O Espírito, morrendo para o mundo celeste, entra no Mundo Físico pelo nascimento e vice-versa: saindo do Mundo Físico pela morte, nasce ou entra no mundo celeste. A involução traz o Espírito à matéria por sua cristalização em corpos, ao passo que a Evolução o liberta da matéria pela espiritualização dos veículos, transformando-os em alma.
Não podemos, com nossa mente ainda em estado mineral, conceber o princípio da imersão do espírito na matéria. No entanto, apesar dessa limitação, podemos definir o Ser Ilimitado como o ABSOLUTO ou Raiz da Existência, do qual procede o Ser Supremo. Desse Grande Ser é emanado o Verbo, o Fiat Criador, o Filho Unigênito, nascido de Seu Pai (o Ser Supremo) antes de todos os mundos (mas que não é, absolutamente, o Cristo). Esse Verbo trouxe todas as formas de vida à existência e sem Ele “nada do que se fez seria feito”. No princípio do Dia de Manifestação Cósmica, os três aspectos do Ser Supremo eram o PODER idealizando o VERBO que modelou a Substância Raiz Cósmica e o MOVIMENTO que preparou essa Substância Raiz. Do Ser Supremo procederam os Sete Grandes Logos contendo em si mesmos todas as Grandes Hierarquias que foram se diferenciando cada vez mais, à medida que se difundiam pelos vários Planos Cósmicos.
No Mundo mais elevado do Sétimo Plano Cósmico está o Deus do nosso Sistema Solar e os Deuses de todos os outros Sistemas Solares do Universo. Esses Grandes Seres são também tríplices em Sua manifestação, sendo os seus aspectos a Vontade, a Sabedoria e a Atividade.
Antes da manifestação, Deus, nossa Chama Central ou Sol Espiritual, incorporou em Si o Princípio Universal da Vida em forma de Espírito Virginal. Durante a manifestação, Deus diferenciou DENTRO de Si mesmo esses Espíritos Virginais como centelhas de uma Chama. Tendo natureza idêntica à do seu Criador, essas centelhas poderão tornar-se Chamas por meio da Evolução, por terem sido feitas à imagem de Deus. Assim, o ser humano tornou-se uma chama individual, ou Ego, revestida dos germes da Vontade, da Sabedoria e da Atividade. O ser humano, como Espírito, saiu de Deus pela Involução, encerrando-se em substâncias de diferentes densidades para poder agir nos diferentes mundos e, tendo adquirido agora a consciência de si mesmo, procura retornar ao seu Criador. Os corpos velhos e decaídos, destituídos de serventia, são abandonados. Mas o valioso conhecimento adquirido por meio de tais instrumentos são os tesouros ou dádivas que o filho oferece a seu Pai, quando regressa à casa paterna.
O Ser Supremo dos Planos Cósmicos é refletido no Deus dos nossos Mundos; assim, em nossas existências, o Verbo torna-se Cristo e o Princípio Criador torna-se o Sol Central e Espiritual do nosso Sistema Solar. É essa chama central de amor que estamos tentando produzir em nossos corações a fim de sermos semelhantes a Ele, transformando-nos conforme Sua Imagem. O ser humano saiu desse centro e a Ele retornará.
Paracelso afirmou que o sangue humano contém um espírito ígneo e aéreo que tem seu centro no coração, onde é mais condensado, de onde se irradia e aonde novamente retorna. Ele estabeleceu a correspondência universal “Como em cima, assim é embaixo”, pois o espírito ígneo do mundo interpenetra a atmosfera, vindo de seu centro, o sol, irradia do centro da terra e retorna àquele centro. De novo, vemos a saída e a entrada.
A Filosofia Rosacruz afirma que tudo se originou de uma semente primordial e que cada corpo ou veículo do ser humano tem seu próprio Átomo-semente do qual cresce e se desenvolve. Esses Átomos-sementes são implantados na matriz microcósmica (o útero materno) pelo Ego, no processo de renascimento, e são recuperados pelo Ego, por ocasião da morte dos seus veículos, tornando-se o núcleo de outra expressão ou nascimento. O Átomo-semente do corpo físico, durante a vida, está situado no ápice do ventrículo esquerdo do coração; depois da morte, sobe pelo nervo pneumogástrico e se retira pela comissura existente no crânio, entre os ossos occipital e parietal. O Átomo-semente do Corpo Vital está localizado no baço, cujo órgão etérico está intimamente relacionado com a distribuição da força solar pelas partes do corpo, sendo para o sistema nervoso o mesmo que a eletricidade é para o sistema telegráfico. Esse baço etérico é, no corpo, o centro do qual a vida é irradiada.
Como Estudantes da doutrina Rosacruz, nossa finalidade é o estudo do ser humano por intermédio da religião, da arte e da ciência. Isso é feito pela involução ou descida do espírito na matéria (um processo de cristalização) e pela evolução, que é a ascensão do espírito a partir da matéria e o seu retorno à natureza original com o correspondente acréscimo de conhecimento ou poder (resultante de sua viagem ou experiência). Em geral, a involução termina e começa a evolução quando o Ego está completamente dentro de seus diferentes veículos, atingindo a CONSCIÊNCIA DE SI MESMO. Estamos agora nesse estado e procuramos “despir” o espírito de suas vestes; isto é, espiritualizar a matéria tão depressa quanto possível e acrescentar esse poder à glória do ser espiritual, quando retornarmos ao lar celestial. Nosso trabalho fundamental é o aperfeiçoamento do corpo físico para nos habilitar a trabalhar no Corpo Vital a fim de extrairmos dele o veículo constituído dos dois Éteres superiores. Quando o Dourado Manto Nupcial estiver tecido, Ele poderá agir no internamente e nós possuiremos então a CONSCIÊNCIA DO CRISTO MENINO em nós como uma verdade viva, pois devemos SENTIR para realmente CONHECERMOS.
Todo poder procede do centro para fora e o centro do corpo é o coração, a sede dos sentimentos dos quais o maior é o AMOR. Pela transmutação do amor físico em amor espiritual nós construímos o corpo para o Cristo entrar em nós. Quando atingirmos isso, AGIREMOS RETAMENTE porque SENTIREMOS RETAMENTE e PENSAREMOS RETAMENTE. Nossa compreensão intelectual dos Planos Cósmicos dos Mundos, Regiões, Períodos, Épocas e muito mais, em relação ao ser humano, tem sido satisfeita em grande extensão. O progresso desde o Absoluto até seu estado atual de ser humano inteligente é razoável e, agora, crendo em nosso coração naquilo que nossa razão sancionou, nós começaremos a viver a vida religiosa: “AMARÁS o Senhor teu Deus com todo o teu CORAÇÃO, com toda tua ALMA e com toda a tua MENTE; e ao PRÓXIMO, como a TI MESMO”.
O progresso é sempre acompanhado de sofrimentos e dificuldades; quando nos aproximarmos do tempo em que Cristo viaja para o centro da terra, a natureza fica inquieta, o que transtorna os Gnomos, as Ondinas e as Salamandras, resultando um tempo tempestuoso. As condições cristalizadas da Terra estão sendo quebradas à proporção que as forças etéricas a penetram, preparando-a para o nascimento do Cristo Menino pelo Natal. Aí, o Espírito de Cristo renasce para nós, quando o Sol do nosso Sistema Solar, por sua declinação começa sua jornada à parte norte dos céus.
O Sol agora passa pelo Signo de Sagitário, o terceiro aspecto e o mais espiritual da Trindade Reprodutora. Nossos pensamentos estão naturalmente voltados para o nascimento do Espírito de Natal e nossas aspirações elevam-se ao Abstrato. O Fogo da Mentalidade Espiritual é libertado pelos Senhores da Mente, a Hierarquia Criadora de Sagitário que constituiu a humanidade do Período de Saturno, a fim de nos ajudar a construir uma mente organizada em seu estado mineral.
Damos as boas-vindas ao Espírito do Natal, do CRISTO RENASCIDO, com dádivas de amor aos outros, pois Ele, o nosso Redentor, veio a nós saindo de Seu Pai. E nós, tendo-O recebido, como gratidão deveremos dar-nos NÓS MESMOS AOS OUTROS. Proporcionalmente a essa dádiva construiremos o templo que o Cristo usará.
Viver a Vida do Cristo não é questão de doutrina; é, antes, UM ESTADO DE CONSCIÊNCIA. A Consciência Crística, como força ou poder, procura caminho para exprimir-se através da vida e da consciência do indivíduo.
Que o Espírito de Cristo neste Natal traga a todos a grande realização do mágico mistério do AMOR.
“Elevo os meus olhos para os montes; de onde me virá o socorro? Meu socorro vem do Senhor, que fez o Céu e a Terra” (Sl 121:1-2).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – dezembro de 1971)
O Início: Sacrifício, primeiro princípio básico necessário ao trabalho do Grupo
Sabemos já que, em seu trabalho anual, Cristo nos dá o exemplo do Sacrifício: primeiro princípio básico necessário ao trabalho do Grupo.
Um segundo princípio: o Serviço, poderá ser observado em toda a Natureza, com seus milhares de seres visíveis ou invisíveis aos nossos olhos.
Todos aqueles que estão em harmonia com a Natureza trabalham com o propósito de manter a existência e a evolução da espécie.
Os elementos da Natureza servem-se mutuamente. A chuva fertiliza a terra, que, por sua vez, faz germinar a semente que serve de alimento.
Há, na Natureza, uma transformação e um renovar-se constante por meio do trabalho.
De fato, onde não há trabalho, há estagnação.
Além disso, temos que considerar o que ainda não aprendemos ver.
Pequenos seres como os Gnomos, Salamandras, Ondinas e Silfos, invisíveis à nossa vista comum, trabalham incansavelmente sobre os quatro elementos da Terra, procurando manter as condições apropriadas à vida de todos os seres.
Essas considerações podem mostrar-nos claramente que “o Serviço é o preço a pagar não somente para o progresso de todos, como também por mera imposição de existir”.
Nestes tempos que estamos vivendo, em que fatos inusitados e sumamente imprevistos ocorrem, um dos aspectos que devem chamar a nossa atenção é que nenhuma atividade humana pode se processar isoladamente. Como o aprender e, principalmente na Escola Rosacruz, é um fator importante de integração do ser humano na Sociedade, vejamos por exemplo como nasceu o trabalho em grupo:
“No dia seguinte João estava lá outra vez com dois de seus Discípulos e, olhando para Jesus que passava disse: Eis o Cordeiro de Deus!”.
“Os dois Discípulos, ouvindo dizer isto, seguiram a Jesus. Voltando-se Jesus e vendo que eles o seguiam, perguntou-lhes: “Que buscais? Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde assistes? Ele respondeu: Vinde e vereis. Foram, pois, e viram onde assistia, e ficaram aquele dia com ele: era mais ou menos a hora décima’’.
“André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar e que seguiram a Jesus”.
“Ele procurou primeiro seu irmão Simão, e lhe disse: Temos achado o Messias (que quer dizer Cristo)”.
“E o levou a Jesus. Jesus, olhando para ele, disse: Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cephas (que significa Pedro)”.
“No dia seguinte, resolveu Jesus ir à Galileia, e encontrou a Filipe. E disse-lhe: Segue-me. Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e Pedro. Filipe encontrou a Natanael e declarou-lhe: Temos achado aquele de quem escreveu Moisés na Lei, e de quem falaram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair coisa que boa seja? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê. Jesus, vendo Natanael se aproximar, disse dele: Eis um verdadeiro Israelita, em que não há dolo. Perguntou-lhe Natanael: De onde me conheces? Respondeu Jesus: Antes de Filipe chamar-te, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. Replicou-lhe Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”.
“Disse-lhe Jesus: Por eu te dizer que te vi debaixo da figueira, crês? Maiores coisas do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem” – Joa 1:35-41.
Muitos anos depois, Max Heindel, o fundador da Fraternidade Rosacruz, disse em uma de suas cartas aos estudantes: “Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente, induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor e Luz do Mundo”.
(Publicada na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/86)
Pergunta: Por favor digam-me alguma coisa a respeito dos Espíritos da Natureza. Já foram eles vistos por alguém?
Resposta: Existem diferentes classes de Espíritos da Natureza com estados de consciência correspondentes. Aqueles que nos são mais familiares são os Gnomos, as Ondinas, os Silfos e as Salamandras. Os Gnomos são espíritos da terra, chamados folcloricamente de duendes, anões, fadas, etc.
Seus corpos são compostos principalmente de Éter Químico combinado com pequena quantidade de Éter de Vida.
Não voam, são terrestres. Podem ser queimados. Envelhecem como acontece com os seres humanos, vivendo somente umas poucas centenas de anos. Os Gnomos trabalham com o Reino Vegetal, dando-lhe o verdor e as estonteantes variedades e coloridos das flores. Talham os cristais e fazem as pedras preciosas, ordenando ainda as partículas minerais na formação do ferro, prata, ouro etc. Seus próprios alimentos etéricos, eles os assam e cozinham.
As Ondinas são espíritos da água. Habitam os córregos, os rios e todo corpo aquoso. Seus corpos compõem-se dos Éteres de Vida e Luminoso.
Sua longevidade é maior do que a dos Gnomos, chegando a viver milhares de anos.
Os Silfos são os espíritos do ar. Seus corpos compõem-se também dos Éteres de Vida e Luminoso, estando sujeitos também a mortalidade. Sua vida têm a duração de milhares de anos.
As Ondinas separam as águas na superfície do mar nas pequeníssimas partículas de vapor que os Silfos levam para o ar, tão alto quanto seja necessário para a condensação em nuvens. Os Silfos mantêm as nuvens reunidas, até que forçados pelas Ondinas, libertem-nas. As batalhas travadas no ar entre essas duas classes de Espíritos da Natureza chamamos de tempestades.
Os espíritos do fogo ou Salamandras, também participam dessas batalhas aéreas. Suas atividades produzem o fogo, estando assim presentes nas descargas elétricas as quais chamamos relâmpagos. O contato desse vapor d’água com o frio do ar, dá origem às partículas que as Ondinas juntam com outras e arrojam triunfalmente sobre a terra na forma de chuva.
Os corpos das Salamandras também duram milhares de anos e são compostos de Éter Refletor.
Esses Espíritos da Natureza são sub-humanos, entretanto em circunstâncias diferentes, atingirão o estágio evolutivo correspondente ao humano.
As quatro classes trabalham com nossa própria onda de Vida, prestando serviço inestimável.
Os Espíritos da Natureza já tem sido visto por muitas pessoas dotadas de visão etérica. Câmaras fotográficas munidas de filmes sensíveis estão em condições de fotografá-los.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1971)
FRATERNIDADE ROSACRUZ
Ritual do Serviço do Solstício de Junho
1) Preparar o ambiente com músicas elevadas
2) Um membro, de preferência de sexo oposto ao do orador, convida os presentes a cantarem, de pé, o Hino Rosacruz de Abertura
3) O Leitor ilumina e descobre o Símbolo Rosacruz e apaga as luzes, exceto a que o ilumina e auxilia na leitura:
4) Em seguida dirige aos presentes a saudação Rosacruz:
Queridas irmãs e irmãos: (Fixa o Símbolo)
“Que as rosas floresçam em vossa cruz”
(Todos respondem: “E na vossa também“
(Todos sentam, menos o oficiante)
5) Leitura do Ritual do Solstício de Junho:
Estamos agora no Solstício de Junho, estação durante a qual a manifestação física sobre a Terra atinge o seu máximo.
Todos os anos uma onda espiritual de vitalidade penetra na Terra por ocasião do Solstício de Dezembro para impregnar as sementes adormecidas na Terra e para dar nova vida ao mundo em que vivemos. Este serviço é feito durante os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, enquanto o Sol transita pelos Signos zodiacais de Capricórnio, Aquário e Peixes, respectivamente.
Do ponto de vista cósmico, o Sol nasce quando Virgem, a Virgem Celestial, desponta no horizonte à meia-noite de 24 de dezembro, trazendo consigo a Imaculada Criança. Durante os meses que se seguem, o Sol passa pelo violento Signo de Capricórnio onde, segundo o mito, todos os poderes das trevas se concentram numa frenética tentativa de matar o portador da Luz, o que é uma fase do drama solar, que é representado misticamente na história do rei Herodes e na fuga do Menino para o Egito, para escapar à morte.
Quando o Sol entra no Signo de Aquário, o aguador, em Fevereiro, temos o tempo das chuvas e das tempestades; e assim como o Batismo consagra misticamente o Salvador à sua obra de Serviço, assim também as correntes de humildade que descem sobre a Terra amaciam-na, para que possa produzir os frutos que preservarão as vidas dos que vivem sobre ela.
Vem depois a passagem do Sol pelo Signo de Peixes, os peixes. Nessa ocasião, as reservas do ano precedente estão quase consumidas e o alimento do ser humano é escasso. Temos então o longo jejum da Quaresma que representa misticamente, para o aspirante, o mesmo ideal mostrado cosmicamente pelo Sol. Há, nessa ocasião, o Carnaval, o “carne-vale” dos latinos, que significa o adeus à carne, pois todo aquele que aspira à vida superior, deve, em alguma ocasião, dizer adeus à natureza inferior com todos os seus desejos e preparar- se para a Páscoa que então se aproxima.
Em Abril, depois de o Sol cruzar o Equador Celeste e entrar no Signo de Áries, o cordeiro, a Cruz se ergue como o símbolo místico do fato que o candidato à vida superior deve aprender a renunciar ao envoltório mortal e começar a subida ao Gólgota, “o lugar do crânio” e daí atravessar o limiar do mundo invisível. Finalmente, imitando a ascensão do Sol aos Signos do céu setentrional, para permitir com os seus raios quentes o crescimento das sementes no solo que foi revitalizando pela onda Crística durante os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, o candidato deve aprender que o seu lugar é com o Pai e que por fim, deverá subir até esse exaltado lugar.
Assim é que, presentemente, durante a estação que culmina a 21 de junho, o Grande Espírito de Cristo atinge o Mundo do Espírito Divino, o Trono do Pai. Durante os meses de Julho e Agosto, enquanto o Sol está em Câncer e Leão, o Cristo está reconstruindo Seu Espírito de Vida, veículo que Ele trará ao mundo e com ele rejuvenescerá a Terra e os reinos de vida que evoluem sobre ela.
Sem esta onda mística anual de energia vital do Cristo Cósmico, a vida física seria uma impossibilidade. Não haveria pão nem vinho físicos, nem a essência espiritual transubstanciada preparada alquimicamente com o sangue do coração do discípulo. A existência física é a escola ou laboratório no qual aprendemos a transmutar o metal básico das nossas naturezas inferiores no brilho esplendoroso da Pedra Filosofal, tornando assim possível a nossa libertação para esferas mais elevadas, onde o nosso exaltado Ideal, o Cristo, está presentemente.
Existem agentes por trás de todas as manifestações da Natureza – inteligências de diferentes graus de consciência, construtores e destruidores, que desempenham importantes papéis na economia da Natureza. O Solstício de Junho é o tempo de atividade dos duendes da terra e das entidades similares, no que se refere ao desenvolvimento material no nosso planeta, como muito bem o mostrou Shakespeare no seu imortal “Sonho de uma Noite de Verão”.
Pela ação semi-inteligente dos Silfos, são elevadas da superfície do mar, as partículas extremamente divididas de água evaporada, preparadas pelas Ondinas. Os Silfos transportam-nas tão alto quanto podem antes que sobrevenha a condensação parcial e sejam formadas as nuvens. Eles conservam consigo essas partículas de água até serem forçados pelas Ondinas a soltá-las.
Quando falamos que está havendo um temporal, estão sendo travadas batalhas na superfície do mar e no ar, algumas vezes com a ajuda das Salamandras que acendem as centelhas que unirão o hidrogênio e o oxigênio separados, e enviam suas setas inspiradoras de medo, em ziguezague, pelos céus escuros acompanhadas dos enormes estrondos de trovão que reboam na atmosfera, enquanto que as Ondinas triunfalmente, arremessam as gotas de água recuperadas à terra, para serem novamente devolvidas ao seu elemento materno.
Os pequenos Gnomos se ocupam com as plantas e com as flores. É seu serviço tingi-las com os inúmeros matizes de cores que deleitam nossos olhos. Eles também talham os cristais em todos os minerais e modelam as preciosas gemas que brilham nos diademas de ouro. Sem eles não haveria ferro para nossas máquinas, nem ouro para comprá-las; estão presentes em toda parte e a proverbial abelha não é mais operosa do que eles; à abelha, no entanto, é dado crédito pelo trabalho que faz, enquanto que os pequenos Espíritos da Natureza que representam tão importante papel no serviço do mundo, são desconhecidos, menos para uns poucos que são chamados de loucos ou sonhadores.
No Solstício de Junho as atividades físicas da Natureza estão no seu máximo, e por isso a “Noite de São João” é o grande Festival das Fadas que trabalham na construção do universo material, que alimentam o gado, que amadurecem o grão e que saúdam com alegria e agradecem a crista da onda de força, que é a ferramenta que usam para modelar as flores, então estonteante variedade de delicadas formas conforme seus arquétipos e para tingi-las de inúmeras matizes que fazem a delícia e o desespero dos artistas!
Nessa grandiosa noite, todos esses pequenos servidores se reúnem para o Festival das Fadas, vindos dos pântanos e das florestas, dos vales e das clareiras. Realmente eles cozinham e fazem os seus alimentos etéricos e posteriormente dançam em êxtases de alegria – a alegria de terem cumprido suas importantes tarefas na economia da Natureza.
É um axioma científico que a natureza não tolera nada que não tenha seu uso; os parasitas e os zangões são uma abominação; o órgão que se tornou inútil, atrofia-se: assim acontece com a perna ou com o olho que não são mais usados. A Natureza tem serviço a fazer e exige o trabalho de todos para que justifiquem sua existência e para que continuem fazendo parte dela. Isto se aplica tanto à planta e ao planeta como ao homem, aos animais e também às fadas. Todos têm seu serviço a cumprir; todos são trabalhadores e suas atividades são a solução para muitos dos múltiplos mistérios da Natureza.
Devemos tentar compreender perfeitamente estes ensinamentos a fim de que possamos aprender a apreciar esta estação do ano com exatidão.
Que calamidade cósmica seria se nosso Pai Celestial deixasse de prover os meios para o nosso sustento e existência física, todos os anos! O Cristo do ano passado não nos poderá salvar da fome física assim como a chuva que caiu no último ano não poderá molhar o solo para inchar as milhões de sementes que agora repousam na terra à espera das atividades germinais da Vida do Pai, para começarem a crescer; o Cristo do ano passado não poderá novamente acender em nossos corações as aspirações espirituais que nos incitam a avançar no caminho como também o calor do último verão não nos poderá aquecer agora. O Cristo do ano passado deu-nos o Seu Amor e a Sua Vida até ao último alento, sem medida nem limite; quando Ele nasceu na Terra, no último Natal, Ele dotou de vida as sementes adormecidas que cresceram e gratuitamente encheram os nossos celeiros com o pão da vida física; Ele prodigalizou sobre nós o amor que o Pai Lhe deu e quando esgotou totalmente Sua Vida, Ele morreu na Páscoa para novamente subir ao Pai, como um rio, por evaporação, sobe ao céu. Mas o Amor Divino circula interminavelmente; assim o nosso Pai Celeste nos ama como um pai ama seus filhos, pois Ele conhece a nossa dependência e a nossa fraqueza física e espiritual.
Devemos, portanto, aproveitar vantajosamente as oportunidades que são oferecidas a nós nesta estação que hoje se inicia para que a próxima vinda do Espírito de Cristo nos encontre mais bem adaptados para responder com maior facilidade às poderosas vibrações espirituais com as quais seremos então banhados.
Concentremo-nos agora sobre Amor Divino e Serviço.
6) O período de concentração deve se prolongar por uns 5 minutos
7) Após o que recobre o Símbolo e acende as luzes
8) Todos cantam o Hino Rosacruz de Encerramento
9) Proferir a seguinte exortação de despedida:
“E agora, queridas irmãos, que vamos partir, de volta ao mundo material, levemos a firme resolução de expressar, em nossas vidas diárias, os elevados ideais de espiritualidade que aqui recebemos, para que, dia a dia, nos tornemos melhores homens e mulheres, e mais dignos de sermos utilizados como colaboradores conscientes, na obra benfeitora dos irmãos Maiores, a Serviço da Humanidade”.
QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ
Salvando um idoso de morrer queimado
Certa noite, alguns Auxiliares Invisíveis foram orientados a ajudar um idoso que corria o risco de morrer queimado. Esse homem era dono de uma fazenda a poucos quilômetros da cidade. Ele sofria de reumatismo e estava muito apreensivo, porque o homem que vivia na fazenda vizinha desejava comprá-la. Este vizinho, porém, havia feito uma oferta para comprá-la por um valor bem abaixo do real valor. O fazendeiro idoso se recusou a vender sua fazenda. E o fazendeiro vizinho pretendia queimá-la, pois sabia que o fazendeiro idoso não teria condições de reconstruir e, assim, conseguiria comprar suas terras por um preço menor.
Os Auxiliares Invisíveis foram até a fazenda e encontraram o fazendeiro idoso assustado, dizendo-lhes que havia sido ameaçado por alguém que lhe dissera que queimaria sua fazenda. O velho fazendeiro não conseguia se locomover e não sabia o que fazer. O Auxiliar Invisível disse a esse homem que não precisaria se preocupar com o fogo.
Ninguém poderia incendiar sua casa além de si mesmo.
“Como você pode impedi-los de fazer isso?”, o fazendeiro perguntou
“Levante-se e coloque algumas roupas”, ordenou o Auxiliar Invisível.
O fazendeiro idoso sorriu e balançou a cabeça negativamente. “Eu não ando há seis meses”, disse ele.
“Isso é porque você não tentou”, o Auxiliar Invisível respondeu.
O fazendeiro se virou e seus olhos se arregalaram quando viu que conseguiu se levantar da cama, aí ele se vestiu e pegou o rifle.
“Aquele que vive pela espada morre com isso”, observou o Auxiliar Invisível.
“Você não vai precisar disso”.
Neste momento ouviram uma voz vindo de fora. “Eles vão incendiar minha casa”, disse o homem.
“Deixe-os tentar fazê-lo, porque não vão queimar”, disse o Auxiliar Invisível.
O homem e os Auxiliares Invisíveis olharam pela janela e viram uma luz. Então, o Auxiliar Invisível pediu que os homens não se movessem, e os Auxiliares Invisíveis e o fazendeiro saíram e identificaram quem eram as pessoas. Era o mesmo homem que morava na fazenda vizinha e alguns de seus amigos. As pessoas também observaram que os vizinhos deixaram um carro esperando na estrada.
O Auxiliar Invisível disse a esses homens que, se não assinassem a confissão contando o que tentaram fazer, eles permaneceriam onde estavam para que todos pudessem vê-los.
O homem escreveu sua confissão, e todos os demais assinaram, incluindo o menino que estava no carro. A marca do carro, a placa e número de licença também foram anotados. O Auxiliar Invisível pegou o papel e disse ao fazendeiro que ele guardaria, pois tinha receio que alguém pudesse roubá-lo. Depois ele disse “Bom dia” e, os Auxiliares Invisíveis desapareceram da visão de todos, mas eles não foram embora.
Assim que os homens deixaram o local, os Auxiliares Invisíveis entregaram ao velho fazendeiro o papel da confissão e pediram que mostrasse a alguém ou mesmo que informasse a alguém que estava de posse do documento, pois do contrário, alguém poderia matá-lo para conseguir o papel da confissão.
Em seguida, os Auxiliares Invisíveis deixaram o velho fazendeiro e alcançaram os homens que haviam tentado incendiar a casa. Como eles não estavam materializados, os homens não puderam vê-los, quando conversavam entre eles dentro do carro. O homem que tinha planejado queimar a casa do velho fazendeiro disse: “Eles não eram humanos, e o velho homem tinha Deus ou o diabo com ele, e eu que vou vender as terras antes que alguém veja essa confissão”.
O Auxiliar Invisível havia dito às Salamandras que ficassem quietas, e foi por isso que o vizinho não podia acender o fogo. As Salamandras são Espíritos da Natureza que causam todos os tipos de incêndios.
(IH – de Amber M. Tuttle)