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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

“Vigiar e Orar”: Você Pratica no Seu Dia a Dia?

Vamos refletir sobre o poder de “Orar e Vigiar” e para que isso se aplica no nosso desenvolvimento espiritual.

A Bíblia é, ao mesmo tempo, um livro aberto e fechado, isto é, guarda em cada citação, no mínimo sete gradações de verdade igualmente válidas, segundo o nível de consciência da pessoa que a estuda. Conduz, por assim dizer, o Estudante Rosacruz, de porta em porta, à compreensão cada vez mais profunda do trecho em exame. E esse despertar nos vem de diversos modos, ora como um lampejo iluminador, ora numa percepção de outro ângulo por algo que lemos ou ouvimos. De toda a maneira é sempre um despertar interno, um abrir de consciência que nos leva, dali adiante, a perceber todas as outras coisas um pouco mais profundamente. Mas esse despertar não nos vem da Mente, senão do pensador: a Mente é um veículo nosso, um Ego ou Espírito Virginal da Onda de Vida humana manifestado aqui, que através dela reflete as nossas conclusões.

Quanto mais nos abrimos como Espíritos Virginais manifestados aqui como Egos humanos que somos, mais fielmente escutamos internamente. Quanto mais abrimos mão de “nossas ideias, de nossos pontos de vista”, tanto mais ouvimos a novidade que vem de dentro de nós, que nos renova a percepção e nos liberta do círculo vicioso dos conceitos pessoais.

Meditemos, por exemplo, sobre a exortação “Orai e Vigiai” (Mt 26:41). O alcance da compreensão de cada um de nós está limitado pelo que se entende por orar e por vigiar. Uns acham que orar é recitar fórmulas pré-estabelecidas e que tais palavras têm um poder mágico, independentemente do nível de consciência de quem pronuncia essas palavras. Outros usam afirmações e negações de verdades fixadas por outrem ou redigidas mentalmente por eles. Outros, ainda, “conversam” honesta e sentidamente com Deus.  E ainda outros nada pensam, nada dizem; simplesmente buscam Deus em seu íntimo, na convicção de que isso basta para preencher o verdadeiro sentido de oração.

São degraus, eles todos respeitáveis. Uns mais eficientes que outros. No entanto, muitos pedem e não recebem, porque não sabem pedir. Não é que Deus faça distinções e exija normas. É que muitos de nós não se endereça a Deus, não sai de si mesmo ao encontro de Deus. Não é que devemos vencer a relutância de Deus. A verdade é que devemos vencer a nossa própria relutância. Relutamos e não saímos de nós mesmos: quando oramos para ser visto pelos outros como um devoto; quando falamos muito e bonito, para satisfazer a nossa própria vaidade intelectual. Mas Deus não vê a embalagem, senão o conteúdo… a intenção.

A nosso ver, a mais alta forma de oração é o contato com o Cristo Interno. E até que o consigamos, é a busca, em nosso íntimo, de nossa centelha divina: fechamos “nosso aposento” e O buscamos, dizendo simplesmente: “Senhor, aqui está o teu servo (a natureza humana); fala que eu escuto; enche meu vaso” (ISm 3:10).

Isto pode ser feito em qualquer lugar. Quando temos de esperar alguma coisa, aproveitemos um minuto e façamo-lo. Porém, na tranquilidade e com tempo é melhor. Então podemos nos relaxar, meditar sobre algo elevado, edificante, e depois, naquela atitude de escuta, de calma expectativa, com a Mente e as emoções esvaziadas, esperamos que Deus se comunique conosco.

Quem já recebeu uma centelha que seja dessa mensagem divina, pode comprovar que a verdadeira direção humana vem de sua Fonte Divina. E passa a buscá-la em todas as oportunidades e circunstâncias, quer como um namorado saudoso que não vê a hora de reencontrar a amada, quer como uma namorada saudosa que não vê a hora de reencontrar o amado, quer como um esposo preocupado que se vai desabafar e aconselhar com a esposa ou um amigo (ou amiga) prudente, quer como uma esposa preocupada que se vai desabafar e aconselhar com o esposo ou um amigo (ou amiga) prudente.

Vigiar é se manter num estado de consciência em que seja possível ser dirigido por Deus. É uma questão de sintonia, como uma “chave de onda” de rádio, que nos liga com a faixa de onda correspondente. É claro, pois, que para Deus conversar conosco devemos ter equilíbrio emocional, emoções e pensamentos construtivos. As águas revoltas, como que despedaçam a imagem do céu; só no espelho tranquilo de um lago podemos ver refletidas as estrelas do firmamento. Assim também Deus se mira e fala em nós. A falta de controle emocional, os pensamentos negativos, as piadas maliciosas e mentiras com as quais condescendemos, no que chamamos “interesses e imposições comerciais”, debilitam e acabam por destruir o que de bom temos em nós.

“Vigiar e orar” é isto. Não pense que pelo simples fato de se ingressar numa Escola esotérica como a Fraternidade Rosacruz, por honesta e eficiente que seja, em estudando, ouvindo, respondendo-lhe às lições dos Cursos de Filosofia, Bíblico e/ou Astrologia de formação, conseguimos grande avanço. Por esse engano é que muitos antigos Estudantes Rosacruzes chegam a desanimar e até desistem de trilhar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz. O estímulo e a orientação vêm de fora, por amor de quem nos deseja elevar. Mas o proveito vem de dentro, de nossa assimilação e prática da verdade. Não é a verdade objetiva que nos liberta, mas a compreensão, a vivência da verdade, a apropriação da verdade e sua expressão prática na vida cotidiana.

Podem objetar que isto seja impossível. Não é fácil realmente, mas é possível. Disse o Cristo aos apóstolos, que os lançaria ao encontro das pessoas comuns, como ovelhas no meio de lobos e, por isso, que “fossem mansos como as pombas, porém prudentes como as serpentes” (Mt 10:16).

O valor e o progresso nos advêm desses pequenos méritos diários. Herói não é o que realiza num gesto denodado um ato grandioso; é o que vence as pequenas provas de todos os dias e persiste no bem, até chegar, degrau e degrau, àquele objetivo de todo Estudante Rosacruz a espiritualidade: o encontro consigo mesmo, a entrega de sua vida ao “Eu superior”, a cujos pés deporemos os despojos de nossas batalhas, como o fez Abrahão e Melquisedeque, porque então, o Cristo interior será nosso “Rei e Sumo Sacerdote” (Hb 7:2-4 e 7:10).

(Publicada na Revista Serviço Rosacruz de setembro/1971-Fraternidade Rosacruz-SP)

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Como se deve orar

Como se deve orar

Como se deve orar? Aprendemos a técnica da oração com os místicos cristãos, desde São Paulo até São Bento, e até essa multidão de apóstolos anônimos que durante vinte séculos iniciaram os povos do Ocidente na vida religiosa. O Deus de Platão era inaccessível na sua grandeza; o de Epíteto confundia-se com a alma das coisas e Jeová era um déspota oriental que inspirava terror e não amor. O cristianismo, pelo contrário, colocou Deus ao alcance do ser humano. Deu-lhe uma face; fê-lo nosso Pai, nosso Irmão e nosso Salvador. Para atingir Deus, já não há, necessidade de um cerimonial complexo nem de sacrifícios sangrentos. A oração tornou-se assim fácil, e sua técnica simples.

Para orar, basta somente o esforço de nos elevarmos até Deus; tal esforço, porém, deve ser efetivo e não intelectual. Uma meditação sobre a grandeza de Deus, por exemplo, não é uma oração, a não ser que seja, ao mesmo tempo, uma expressão de amor e fé. E assim a oração, segundo o processo de La Salle, parte de uma consideração intelectual para logo tornar-se efetiva. Seja curta ou longa, seja vocal ou apenas mental, a prece deve ser semelhante à conversa que a criança tem com o seu pai. “Cada um apresenta-se conforme é”, dizia um dia uma pobre irmã de caridade que há trinta anos queimava a sua vida ao serviço dos pobres. Em suma: ora-se como se ama todo o nosso ser.

Quanto à forma, a oração varia desde a curta elevação a Deus até à contemplação; desde as simples palavras pronunciadas pela camponesa que se ajoelha perante a cruz na encruzilhada dos caminhos até a magnificência do canto gregoriano sob as abóbadas de uma catedral.

A solenidade, a grandeza e a beleza, não são necessárias para a eficácia da oração. Poucos homens têm sabido orar como São João da Cruz ou como São Bernardo de Clairvaux, não havendo necessidade de ser-se eloquente para ser atendido; quando se aprecia o valor da oração por seus resultados, nossas mais humildes palavras de súplica e de louvor são tão aceitáveis ao Senhor de todos os seres como as mais belas invocações. Fórmulas, recitadas maquinalmente são, também, de qualquer forma, uma oração. Sucede o mesmo que acontece com a chama de um círio. Basta, para isso, que essas fórmulas inertes e essa chama material simbolizem arroubo de um ser humano para Deus. E também se ora por meio da ação, pois já S. Luís Gonzaga dizia que o cumprimento do dever é equivalente à oração. A melhor maneira de comunicar-se com Deus é, incontestavelmente, cumprir integralmente a Sua vontade.

Pai Nosso, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como nos céus”. Fazer a vontade de Deus consiste, evidentemente, em obedecer às leis da vida, tais como elas se encontram gravadas nos nossos tecidos, no nosso sangue e no nosso espírito.

As orações que se elevam como “uma pesada nuvem da superfície da Terra” diferem tanto umas das ou outras como diferem as personalidades daqueles que rezam; contudo, consistem em variações sobre estes dois mesmos temas – amargura e amor. É inteiramente justo implorar o auxílio de Deus para obter-se aquilo de que temos necessidade; no entanto, seria absurdo pedir a realização de um capricho ou solicitar aquilo que devemos procurar por nosso esforço.

O pedido importuno, obstinado e agressivo é bem-sucedido. Um cego, sentado à beira do caminho, lançava as suas súplicas cada vez mais alto, apesar das pessoas que o queriam mandar calar. “A sua fé curou-te”, disse Jesus que passava. Na sua forma mais elevada, a oração deixa de ser uma petição. O homem declara ao Senhor de todas as coisas que O ama, que Lhe agradece as dádivas e está pronto a realizar a Sua vontade, seja ela qual for.

A oração torna-se contemplação. Um velho camponês estava sentado sozinho no último banco da igreja vazia, “Que esperais?”, perguntaram-lhe. “Olho para Ele”, respondeu o homem, “e Ele olha para mim”. O valor de uma técnica avalia-se por seus resultados. Toda a técnica da oração é boa, quando põe o ser humano em contato com Deus.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1971)

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Qual a atitude Rosacruz para com a oração, à luz das recomendações bíblicas?

Pergunta: Qual a atitude Rosacruz para com a oração, à luz das recomendações bíblicas?

Resposta: Num certo trecho, a Bíblia nos manda orar constantemente. Em outro, Cristo repudia a prática, dizendo que não deveríamos imitar aqueles que acreditam ser ouvidos pela quantidade de palavras proferidas. É evidente que não pode haver qualquer contradição entre as palavras de, Cristo e as de Seus Discípulos, portanto, devemos reconstruir as nossas ideias sobre a oração, de tal forma que estejamos sempre orando, sem empregarmos vastas quantidades de expressões verbais ou mentais. Emerson disse:

“Embora teus joelhos nunca se dobrem,
De hora em hora ao céu tuas preces sobem,
E sejam elas para o bem ou para o mal formuladas,
Ainda assim são respondidas e gravadas”.

Em outras palavras, cada ato nosso é uma oração que, sob a Lei de Causa e Efeito, nos traz os resultados adequados. Obtemos exatamente o que queremos. A expressão oral, sob forma de palavras, é desnecessária, mas uma ação sustentada num certo sentido indica o que desejamos, mesmo que nós mesmo não o realizemos e, com o tempo, mais cedo ou mais tarde, de acordo com a intensidade do nosso desejo, realiza-se aquilo pelo qual rezamos.

As coisas assim adquiridas ou atingidas podem não ser o que real e conscientemente desejamos. De fato, às vezes conseguimos algo que teríamos sem dúvida dispensado, algo que consideramos uma desgraça, um tormento, mas o ato-oração nos trouxe isso e teremos que conservá-lo até que consigamos nos livrar dele de forma legítima.

Quando lançamos uma pedra para o ar, o ato só se completará quando a reação trouxer a pedra de volta ao solo. Nesse caso, o efeito segue a causa tão rapidamente que não é difícil relacionar os dois.

No entanto, se dermos corda a um despertador, a força fica armazenada na mola até que um certo mecanismo a liberte. Então, se produz o efeito – o som da campainha – e, embora tenhamos mergulhado no sono mais profundo, a reação ou o desenrolar da mola ocorreu da mesma forma. Similarmente, atos que há muito esquecemos em algum momento irão produzir os resultados consequentes, e assim obteremos uma resposta aos nossos atos-orações.

Contudo, há a verdadeira oração mística – a oração em que encontramos Deus, face a face, como Elias o encontrou. Não é no tumulto do mundo, no vento, no terremoto, ou no incêndio que O encontramos, e sim quando tudo se aquieta, e uma voz silenciosa nos fala vinda de dentro. O silêncio requerido para esta experiência não é um mero silêncio de palavras. Nem há as imagens interiores que passam geralmente diante de nós na meditação.

Tampouco há necessidade de pensamentos, mas todo o nosso ser assemelha-se a um calmo lago tão límpido quanto um cristal. Nele, Deus Se espelha, e experimentamos a unidade que torna a comunicação desnecessária, seja por palavras seja por qualquer outro meio. Sentimos tudo aquilo que Deus sente. Ele está mais próximo de nós do que nossas mãos e nossos pés.

Cristo nos ensinou a dizer: “Pai nosso que estais no céu”, etc. Esta oração encerra a mais sublime forma de expressão encontrada sob forma de palavras, mas a oração da qual me refiro pode, no instante da união suprema, ser expressa numa única palavra não pronunciada: “Pai”. O devoto, quando está realmente submerso em oração, nunca vai mais longe. Ele não faz pedidos, para que? Não tem ele a promessa: “O Senhor é meu Pastor, não me faltará?”. Não lhe foi dito para buscar primeiro o Reino do Céu, e que tudo o mais lhe será acrescentado? Talvez sua atitude possa ser melhor entendida se fizermos a comparação com um cão fiel olhando para a face do seu dono com uma devoção muda, com toda a sua alma transparecendo através de seus olhos cheios de amor. De forma semelhante, naturalmente com intensidade muito maior, o verdadeiro místico olha para o Deus interno e se derrama todo em muda adoração. Desse modo, podemos orar sem cessar, internamente, enquanto trabalhamos como servos diligentes no mundo externo; pois nunca esqueçamos que o objetivo não é desperdiçar nossas vidas sonhando. Enquanto rezamos a Deus internamente, devemos também trabalhar para Deus externamente.

(Perg. 166 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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