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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Cérebro e a Mente

O Cérebro e a Mente

Como todos os outros corpos ou órgãos por meio dos quais os veículos superiores e nós, o Ego, trabalhamos, o cérebro teve início antes que o germe da Mente fosse dado ao ser humano. Na Primeira Revolução do Período Terrestre, recapitulação do Período de Saturno, antes que o ser humano tivesse um Corpo Denso químico, quando ainda era um pensamento-forma e não havia se cristalizado o suficiente para ser chamado de químico, o primeiro impulso foi dado para construir a parte frontal do cérebro.

Portanto, nosso cérebro remonta ao início do Período Terrestre; naquele tempo distante, a substância da qual o cérebro foi construído era material de desejo, matéria da finura e plasticidade do Mundo do Desejo. Havia, entretanto, apenas um impulso, um cérebro germinativo, por assim dizer, e foi somente na quarta Revolução e na terceira Época, a Lemúrica, que realmente construímos um cérebro físico, composto de matéria mineral. Isso foi feito por meio da separação dos sexos, conforme estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos e na Bíblia. Metade da força criadora foi canalizada para cima, construindo o cérebro e a laringe.

O objetivo desse cérebro era funcionar como um veículo para a Mente. Há uma distância muito longa entre os primórdios do cérebro, na Primeira Revolução do Período Terrestre, e o seu desenvolvimento atual. Mesmo assim, hoje, apesar do nosso maravilhoso progresso, estamos apenas tocando a orla daquilo que ele deve ser. Provavelmente, nenhuma pessoa que vive entre a humanidade comum de hoje está usando mais da metade da massa cinzenta do cérebro.

Os antigos, não considerando os Iniciados, não tinham conhecimento das funções do cérebro. A palavra cérebro não ocorre em uma única parte da Bíblia. Os hebreus, em comum com outras raças antigas, aparentemente não tinham ideia de que o cérebro fosse o órgão de expressão da Mente. Eles pensavam que a Mente estivesse nos rins. Davi, em um de seus Salmos, disse: “o Senhor prova o coração e os rins”. Substitua a palavra “Mente” por “rins” e ela se torna inteligível. Jeremias, ao falar dos hipócritas daquela época, disse (Jr 12:2) que eles tinham o Senhor em suas bocas, mas não em seus rins (Mentes). No entanto, mesmo antes que os hebreus localizassem a Mente nos rins, os antigos babilônios a colocaram no fígado. Tanto quanto pode ser verificado, eles foram os primeiros a entender a Mente como um órgão corporal.

Alcemon, o pitagórico de Crotona, que viveu por volta de 500 a. C., foi o primeiro a mencionar o cérebro como o veículo do pensamento; porém ninguém deu atenção às suas afirmações, embora Platão, que viveu cerca de 200 anos depois, tenha desenvolvido a mesma teoria, mas de uma forma puramente especulativa, sem dar nenhuma razão para sua crença como Alcemon fizera. Aristóteles afirmava que o cérebro era um órgão de resfriamento que gelava o sangue para o coração e descobrimos, assim, que ao longo dos séculos, a Mente, como órgão do pensamento, foi atribuída primeiro a uma parte do corpo, depois a outra…

Em tempos bem modernos, sustentava-se a teoria de que “o cérebro fosse uma glândula que segregava pensamento como o fígado segrega a bile”. E hoje ainda existem muitos que, embora não o expressem de forma tão direta como visto na frase que acabamos de citar, pensam realmente assim, pois afirmam que não é uma presença animadora no Corpo Denso que tem o poder de pensar, mas que a capacidade de pensar é inerente ao próprio cérebro, estando tal ideia, em última análise, apenas um pouco afastada da “secreção de pensamento”.

O cérebro é dividido em dois hemisférios e os dois, no que diz respeito à matéria cinzenta, são exatamente iguais em todas as aparências, porém há uma diferença: o centro da fala (a Área de Broca) se desenvolve apenas em um hemisfério. O outro fato curioso foi trazido à tona: todas as pessoas destras têm o centro da fala desenvolvido no hemisfério esquerdo e as pessoas canhotas, no hemisfério direito: no entanto, nas pessoas ambidestras o centro da fala está presente em ambos os hemisférios.

Outro fato interessante é que ninguém nasce com o centro da fala já desenvolvido. Em geral, todos os bebês ouvem e enxergam ao nascer, embora não focalizem bem a visão, mostrando que nascem com os centros de visão e audição já construídos no cérebro; contudo, a criança precisa esperar um tempo que varia de dez meses a vários anos, em casos extremos, antes que a faculdade da fala seja adquirida.

A Ciência Material não nos dá qualquer explicação sobre essa variação no uso dos sentidos; mas, se olharmos para o nosso Conceito Rosacruz do Cosmos, encontraremos o motivo. Lá, aprendemos que o ouvido é o órgão sensorial mais antigo e mais desenvolvido que temos. Em seguida, descobrimos que, na Época Polar, o tato era um sentido localizado. A Ciência Material não conseguiu encontrar no cérebro o centro do tato (apesar de sempre haver algumas hipóteses); ela se pergunta sobre sua ausência e diz que ainda não está localizado com certeza ; porém os Estudantes Rosacruzes da Fraternidade Rosacruz sabem que durante a Época Polar o tato estava localizado na Glândula Pineal e, desde então, foi distribuído por todo o corpo e a sensação do tato nunca mais estará localizada no cérebro, pois atingiu um estágio de relativa perfeição.

Nenhuma menção especial é feita no Conceito Rosacruz do Cosmos ao sentido do paladar, mas por um processo de raciocínio podemos chegar à conclusão de que foi um dos sentidos desenvolvidos em um estágio inicial da nossa evolução, pois o bebê demonstra muito rapidamente sua capacidade para reconhecer doces, quando colocados em sua boca.

A capacidade de nos expressar pela fala pertence apenas ao ser humano. Nenhum dos Reinos inferiores, em desenvolvimento da consciência, pode se expressar dessa forma. Ela foi adquirida na Época Lemúrica, mas devemos lembrar que nessa Época não usávamos palavras como fazemos hoje. Naquela Época, “sua linguagem consistia em sons parecidos com os da natureza”, diz o Conceito Rosacruz do Cosmos. A habilidade de usar palavras para expressar os sentimentos veio depois.

O Lemuriano era capaz de perceber a Luz através dos pontos sensibilizados que mais tarde se desenvolveram nos nossos olhos atuais. O Conceito Rosacruz do Cosmos não afirma qual sentido foi aperfeiçoado primeiro, mas podemos razoavelmente concluir que o olho foi construído antes que a faculdade da fala fosse aperfeiçoada, pois sabemos que a prática gera perfeição e a longa prática no uso do ouvido e do paladar, também ao construir esses centros em cada novo Corpo Denso que ocupamos, nos permitiu construí-los em um período mais curto do que os centros de faculdades adquiridos posteriormente.

Assim, durante a vida pré-natal, fazemos o trabalho das primeiras Revoluções e Épocas iniciais e continua até nossos dias atuais, no que diz respeito aos centros de audição e paladar; assim, a criança nasce com a capacidade de ouvir e o paladar totalmente desenvolvido, porque os centros desses sentidos estão, aparentemente, embutidos no cérebro. O sentido da visão, sendo um desenvolvimento posterior, não é perfeito: embora o centro esteja embutido no cérebro e a criança possa ver ao nascer, é necessário um tempo mais longo do que a duração da vida pré-natal para aprender a usar os olhos físicos e focá-los corretamente.

Embora a fala aperfeiçoada possa não ser uma aquisição posterior à visão, é o único dos sentidos que não compartilhamos com o Reino animal e é necessário mais tempo para aperfeiçoá-lo. Carecemos da prática que nos capacita a construir o centro para a fala, na vida pré-natal, e a criança nasce enquanto ainda está no estágio Lemuriano de seu desenvolvimento. Como o antigo Lemuriano, ela enuncia os sons e continua a fazê-lo até que, com o tempo, tenha terminado o trabalho sobre aquele centro e, gradualmente, de maneira gaguejante e hesitante, aprenda a se fazer compreender por meio da palavra falada.

Também pode ser que as variações observadas no período necessário para o desenvolvimento do centro da fala dependam da evolução dessa espiral particular. Talvez isso nos dê uma pequena iluminação sobre a maneira pela qual os antigos Lemurianos eram capazes de se comunicar uns com os outros, usando apenas sons ululantes, quando nos lembramos da rapidez com que as mães podem interpretar os desejos do seu bebê a partir do caráter do choro.

O centro da fala é frequentemente destruído por acidente, doença, etc. Quando o acidente ocorre na infância, foi notado que, depois de um período variável (dependendo um pouco da idade da criança), a faculdade da fala é recuperada. O Ego constrói um novo centro na Área de Broca, no hemisfério oposto. Em todos os casos, na investigação por exame post mortem (o único meio de investigação aberto ao cientista material), o novo centro é aparente, porque o antigo pode ser visto em sua condição destruída.

O cérebro da criança é plástico, como o resto do corpo, e pode ser facilmente moldado para atender às necessidades do Ego; no entanto, nos adultos essa capacidade parece não existir. Em todos os casos de adultos em que foi possível investigar, após a morte, demonstrou-se que a recuperação parcial da faculdade da fala ocorreu por uma reconstrução daquele centro ferido e não pela instalação de um novo centro.

Todos nós conhecemos esta frase: “O pensamento sulca o cérebro”. Isso é literalmente verdade: a matéria cinzenta dobra-se repetidamente sobre si mesma e novas áreas do cérebro são formadas, como prateleiras em uma biblioteca, uma acima da outra. Se você deseja estudar um novo idioma, por exemplo, deve fazer uma nova prateleira e nós podemos, assim, organizar novas áreas do cérebro para realizar novas funções; contudo, a dificuldade com que isso é feito aumenta com o avanço da idade. Existem grandes áreas no cérebro que são lisas e sem sulcos; a dedução lógica é que não estamos usando essas partes. Isso nos dá uma ideia de como nossos cérebros podem desenvolver uma capacidade mental aumentada, no futuro, viabilizando que essas áreas lisas sejam cultivadas.

Vamos deixar o cérebro de lado, por enquanto, e dar uma olhada rápida na Mente. Na terceira Época ou Época Lemúrica, os pioneiros que se prepararam para a recepção da Mente receberam o seu núcleo dos Senhores da Mente, que irradiaram de si mesmos a substância que ajudou o ser humano a construir a Mente germinativa; mas a maioria da humanidade não estava pronta, naquela época, para esse novo passo e teve que esperar até a Época Atlante. A Mente é o nosso último veículo adquirido e o mais importante. Na grande maioria das pessoas, ela é informe e desorganizada: está em seu estágio mineral e tem poder apenas sobre os minerais. Poucos são capazes de ter pensamentos originais; tudo o que muitos de nós fazem é refletir os pensamentos de outras pessoas, estejam elas nos Mundos visível ou invisíveis.

“A Mente foi dada ao ser humano para que, pela obra do Ego através dela, o Pensamento e a Razão pudessem ser desenvolvidos, de modo que o desejo possa ser conduzido por canais que levem à obtenção da perfeição espiritual”. A Mente é composta da substância da Região do Pensamento Concreto e é, atualmente, uma essência semelhante a uma nuvem. Sendo o veículo mais jovem, ele tem um período de desenvolvimento mais curto do que nossos outros veículos e leva vinte e um anos, após o nascimento do Corpo Denso, para trazê-la à luz. É nosso desejo de conhecimento que nos impele a pensar; portanto, o egoísmo está na base de nossa capacidade de refletir.

A Mente é, temporariamente, extraída do Corpo Denso durante o sono, mas quando a morte acontece, ela é retirada permanentemente e permanece com o Ego, até que ele deixe o Segundo Céu e vá para o Terceiro, quando ela é dissolvida e sua a substância é deixada na Região do Pensamento Concreto.

Vamos olhar para frente e ver como será a Mente nos Períodos futuros. Como agora, durante o Período Terrestre, ela está em seu estágio mineral, atingirá o estágio de planta no Período de Júpiter; então se tornará viva e seremos capazes de trabalhar com vida, com plantas vivas, como os Anjos estão fazendo agora. Seremos capazes de criar vida pela imaginação e dar existência pelo pensamento a formas que viverão e crescerão como plantas; teremos a orientação do Reino vegetal nesse Período (nossos minerais atuais). No Período de Vênus, o Reino vegetal terá avançado para o Reino animal e nós daremos a eles formas vivas, com sentimento. No Período de Vulcano, nossas Mentes terão alcançado o estágio em que poderão criar ou propagar outras Mentes e nós daremos para a humanidade daquele Período a Mente germinativa.

Tendo visto uma breve revisão de várias fontes, da origem e do desenvolvimento do cérebro e da Mente, vejamos se podemos descobrir de que modo a Mente usa o cérebro como um veículo físico de expressão. Talvez devamos nos perguntar como nós combinamos os dois, porque nós, o Ego, estamos na base da Mente. Somos informados no Conceito Rosacruz do Cosmos de que o Éter Refletor é o meio pelo qual o pensamento é impresso no cérebro. Existem vários métodos pelos quais um pensamento pode atingir o cérebro. O primeiro, e mais geralmente usado, é o descrito no Conceito Rosacruz do Cosmos, em que estudamos os Éteres. Estamos todos perfeitamente familiarizados com este método — como o pensamento é lançado, já como forma de desejos, no Corpo de Desejos e, se a Força de Atração é despertada, então esse pensamento entra em espiral no Corpo de Desejos, é estimulada a forma de desejos, como se fosse acrescentada energia ao pensamento-forma e ela é revestida de matéria de desejo: então pode atuar no cérebro etérico e, por meio desse, no cérebro físico, para compelir a ação.

Se a Força de Repulsão for despertada no Corpo de Desejos, ocorrerá uma luta entre a força espiritual, na forma de pensamento, e o Corpo de Desejos; sabendo desse fato, devemos ser cuidadosos para que, quando nós, como Egos, desejamos despertar uma boa ação, a forma de pensamento que enviamos tenha por trás dela, e dentro dela, suficiente vontade e energia espiritual para que possa lutar por seu caminho, apesar da Força de Repulsão, assegurando o material de desejo necessário para se incorporar, em vez de ser expulsa do Corpo de Desejos. Se houver pouca vontade, poucas das nossas boas disposições se tornarão mais do que impulsos, pois a força espiritual está ausente.

Outro método pelo qual o Ego pode imprimir pensamentos no cérebro é por meio do sangue. O sangue é o veículo do Ego e carrega nossos sentimentos e emoções. É, em certo sentido, o veículo da memória subconsciente (ou Mente subconsciente) e está em contato com a Memória da Natureza, que é muito mais precisa do que a memória consciente (ou Mente consciente). As imagens do Éter Refletor são transportadas para os pulmões pelo ar que respiramos e a partir daí, transmitidas ao sangue; à medida que o sangue flui para todas as partes do corpo, incluindo o cérebro, uma impressão mais ou menos distinta daquilo que ele contém em seu depósito, incluindo o pensamento subconsciente, pode ser impressa no cérebro pelo Ego, caso se tornar necessário.

Outra maneira é pela memória superconsciente (ou Mente superconsciente) – também chamada de memória Supraconsciente -, inata ao Espírito de Vida, que é capaz de se imprimir diretamente no Éter Refletor do Corpo Vital sem a necessidade de se revestir de matéria de desejo: isso é a intuição ou a consciência que fala conosco. De uma quarta forma, o Espírito de Vida pode transmitir sua mensagem de sabedoria diretamente ao coração, que instantaneamente a transmite ao cérebro por meio do nervo pneumogástrico, resultando as primeiras impressões, os impulsos intuitivos do Espírito de Vida.

Tendo rastreado a origem e o desenvolvimento da Mente e do cérebro, olhado para o futuro e tido um vislumbre da evolução da Mente durante os três Períodos que virão e compreendido amplamente o quanto as nossas Mentes atuais permitirão a imensidão desse plano final, consideremos agora alguns dos métodos pelos quais o desenvolvimento da Mente e do cérebro pode ser realizado, ambos tendo como objetivo do desenvolvimento a evolução espiritual do Ego.

Vamos começar com o cérebro: todos nós conhecemos a conexão íntima que existe entre o cérebro, o sistema nervoso e o sangue. O sangue é o meio pelo qual o alimento é levado às várias partes do corpo e o tipo de alimento que comemos deve ter grande influência sobre o cérebro. O Conceito Rosacruz do Cosmos nos informa que “o fósforo é o elemento particular por meio do qual o Ego é capaz de expressar o pensamento e influenciar o Corpo Denso”.

O fósforo se encontra em maior concentração no cérebro e “a proporção e variação desta substância corresponde ao estado e estágio de inteligência do indivíduo… Portanto, é de grande importância ao Aspirante à vida superior que vai usar seu corpo, pois o trabalho mental e espiritual deve suprir seu cérebro com a substância necessária para esse propósito”. Mais uma vez, Max Heindel diz: “Além disso, devem ser selecionados os alimentos que são mais facilmente digeridos, porque quanto mais facilmente a energia dos alimentos é extraída, mais tempo o organismo tem para se recuperar, antes de ser necessário repor o fornecimento”.

É importante que os vários órgãos fornecidos com a finalidade de livrar o corpo dos resíduos devem ser mantidos em perfeito funcionamento (e isso inclui a pele), ou o sangue ficará envenenado e transportará esse veneno para o cérebro, produzindo lentidão mental e, às vezes, até estupor.

Sabemos, por nossos Ensinamentos Rosacruzes, que a força criadora construiu o cérebro em primeiro lugar e é razoável concluir que a mesma força melhorará o cérebro, se for direcionada para cima e não desperdiçada por ordem do Corpo de Desejos.

Para entender o próximo método de melhora do cérebro, vamos recordar o que foi dito no início deste artigo a respeito de diferentes áreas do cérebro serem dedicadas a diferentes linhas de pensamento. Todos nós temos, dentro de nossos cérebros, certas áreas dedicadas ao pensamento egoísta. O pensamento destrói o tecido e, como nos diz o Conceito Rosacruz do Cosmos, o tecido destruído, assim como todos os outros resíduos do corpo, é substituído por novo tecido pelo sangue.

O coração era um músculo involuntário, mas aos poucos está se tornando um músculo voluntário, desenvolvendo listras ou estrias cruzadas como os outros músculos voluntários. Essas listras cruzadas podem ser incrementadas por certos exercícios ocultos, de modo que o tempo necessário para desenvolver o coração e torná-lo um músculo voluntário pode ser bastante reduzido pelo treinamento oculto; quando o coração se tornar um músculo voluntário totalmente desenvolvido, a circulação do sangue passará do controle do Corpo de Desejos para o influência absoluta do Espírito de Vida; esse veículo poderá então cancelar o suprimento de sangue para as áreas do cérebro dedicadas a propósitos egoístas: já que os pensamentos egoístas destruirão os tecidos e nenhum suprimento novo de sangue será enviado para aquele lugar, eles irão se atrofiar, gradualmente. Ao mesmo tempo, as áreas dedicadas ao pensamento altruísta serão aumentadas pelo maior suprimento de sangue e, dessa forma, o cérebro se tornará um fator poderoso no desenvolvimento espiritual.

Resta ver como a Mente pode ser melhorada. A concentração é um dos grandes auxílios, já que, por meio dela, a Mente torna-se direcionada; também pelos estudos do pensamento abstrato, preservando o estado fluídico de adaptabilidade, ou seja, mantendo a Mente aberta para que não se cristalize em uma linha de pensamento, mas esteja sempre pronta a assimilar novas verdades. A Religião é uma forma de ajudar a melhorar a Mente. Quando nossa Mente era nova, ela se fundiu com o Corpo de Desejos e, assim, as Religiões de Raça foram dadas para emancipar a Mente do desejo. A Mente deve ser mantida em seu devido lugar, como um elo entre o “Eu superior” e a Personalidade; deve, assim, procurar dar as mãos para o “Eu superior”; dessa forma seremos salvos das experiências que surgem quando a Mente fornece uma aliança ao Corpo de Desejos.

O Conceito Rosacruz do Cosmos afirma que a oração pela Mente é a parte mais importante da Oração do Senhor, o Pai-Nosso. Afirma ainda: “o espelho da Mente contribui cada vez mais para o crescimento espiritual, à medida que os pensamentos que ele transmite para o Ego, e a partir dele, aperfeiçoam-no para um brilho máximo, aguçando e intensificando seu foco cada vez mais para um único ponto, perfeitamente flexível e sob o controle do Ego”. É de grande importância que tenhamos apenas o tipo certo de pensamentos em nossa Mente, porque pensamentos de caráter semelhante serão atraídos a nós pelos pensamentos que já estão em nossa Mente. Se tivermos pensamentos espirituais, eles crescerão e aumentarão, porque “semelhante atrai semelhante”. A Mente, assim como todos os outros veículos, pode ser espiritualizada pelo cultivo das faculdades da observação, discriminação e memória, devoção a ideais elevados, oração, concentração e do uso correto das forças vitais.

Por último, todo trabalho que fizermos em nosso Corpo de Desejos, purificando os desejos e emoções, será extraído do Corpo de Desejos em forma da Alma Emocional e nos Mundos celestes ela será amalgamada ao Espírito Humano, o que resultará em Mentes melhores em vidas futuras.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de jul/1918 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como é Importante Expressarmos a Gratidão

Como é Importante Expressarmos a Gratidão

A gratidão produz crescimento anímico. Devemos ser gratos por tudo que recebemos. Já ouvimos Estudantes argumentarem que os Aspirantes Rosacruzes estão na fase do dever e, portanto, não cabem em nossas mútuas ações e serviços o reconhecimento e a gratidão: não há sacrifício, pois fazemos prazerosamente.

É certo que agimos por dever e por amor desinteressado; mas que devamos dispensar a gratidão, isso não. Apenas não devemos exigir reconhecimento dos outros. Há de ser espontâneo. Contudo, que devemos aprender a ser gratos, isto é inegável e há razões ocultas para justificá-lo.

Vemos em “O Conceito Rosacruz do Cosmos” que a força mental pode ser dirigida a três direções. Tanto age dentro, como fora de nós. Quando age fora, pode ser para dar informações, como no caso da telepatia, ou para incentivar alguém, quando se quer fazer o bem.

No trabalho de Cura da Fraternidade Rosacruz fazemos uma ideia bem definida de ajuda e a vivificamos com um forte sentimento, um desejo de servir, de transmitir nossa vitalidade, decisão, otimismo, fé; enfim, todas as qualidades positivas de que precisam os doentes para vencer suas próprias limitações e ajudar-se na recuperação da saúde física e psíquica. Esse pensamento, sem o sentimento, seria vazio, fraco, frio, estéril.

Assim também, quando somos gratos a alguém, envolvemos o pensamento de gratidão com o sentimento correspondente e o enviamos ao nosso benfeitor, fazendo espontaneamente uma imagem mental dessa pessoa. Essa força vai até ele, lhe circunda a aura e a penetra, gravando-se em seu átomo-semente através do éter do ar que lhe penetra os pulmões e dali passa ao coração. Esse é o processo oculto-científico.

Após a morte do corpo, havendo passado pela purgação dos maus atos nas regiões inferiores do Mundo do Desejo, penetramos no Primeiro Céu e os acontecimentos bons da nossa passada existência começam a desfilar em ordem inversa. Ali, não só o que fizemos de bem, como o que recebemos de bem, voltam a ser sentidos. Numa cena em que ajudamos alguém, revivemos gostosamente o bem-estar que, em nós, o ato produziu, acrescido pelo sentimento de gratidão que o outro emitiu a nosso favor. Inversamente, todo sentimento de gratidão que tenhamos gerado pelos outros que nos ajudaram e favoreceram em diversas circunstâncias, tornamos a experimentar no estágio do Primeiro Céu.

Em decorrência, vemos que a gratidão, seja a nossa relação com os outros ou a dos outros em relação a nós, produz crescimento anímico. É desse modo que se vai alimentando o altruísmo, a filantropia e todos os sentimentos da vida superior da alma, para formação da vida, da luz e do poder anímicos. Primeiro é preciso vivermos nobremente, a fim de gerarmos a luz da alma e, por corolário, o poder da alma. É uma ordem lógica de desenvolvimento interno. A luz só pode nascer do bem. O lírio que nasce do lodo é símbolo da pureza que se extrai do sofrimento que passamos, por haver condescendido com as práticas inferiores de vida, e concluirmos que o “caminho do transgressor é muito duro”. Melhor é o caminho da virtude, que se alcança pela observação e equilíbrio, sem necessidade de passarmos pela experiência do mal.

Voltando à gratidão, observemos ainda que nos é recomendado, no exercício de retrospecção feito ao nos deitarmos para dormir, à noite, que devemos sentir fortemente o bem praticado ou recebido para imprimi-lo consciente e fortemente em nós. A razão é a que expusemos.

Em nossa oração diária, de íntima conversa com o Cristo interno e deste com o Pai, costumamos agradecer por tudo que recebemos. Isso aprendemos quando, mocinhos ainda, lemos sobre a vida extraordinária de Hellen Keller, que nasceu privada de visão, de audição e de fala e mesmo com essas limitações, ajudada por uma amiga, certamente uma companheira de outras vidas, aprendeu, tateando os lábios e a laringe de sua professora, várias línguas. Depois, ela se exprimia com o tato na mão da amiga e dirigia ao mundo mensagens de incentivo e de fé que abalaram vários continentes.

E nós? Temos tudo. Que fazemos como administradores dessas bênçãos de Deus? Por que não as usar adequadamente, agora e aqui, o melhor possível? Por isso agradecemos a Deus pelos olhos que nos permitem ver as belezas de sua criação, a luz, as cores, as mensagens evolutivas nos rostos das criaturas, os contrastes da natureza, as experiências legadas nos livros pelas gerações que se foram, poder ler a Filosofia Rosacruz.

Somos gratos pelos ouvidos que nos permitem ouvir o riso das crianças, o cantar dos passarinhos, a divina música, o modo de expressar dos seres humanos e dos animais, as vozes dos elementos da natureza.

Somos gratos pelo olfato que nos permite sentir o odor das flores e dos alimentos. Somos gratos pelo tato que nos permite sentir a aragem dos campos, a brisa do mar, a carícia de meus filhos, o conjunto de tudo que me rodeia, a percepção da densidade.

Somos gratos pelo paladar, que nos permite discernir entre o agradável e o desagradável, entre o sadio e o estragado, que nos permite incentivar as glândulas salivares e iniciar uma boa digestão.

Somos gratos pela saúde do corpo e pela enfermidade, que nos adverte, pela alegria e pela tristeza, pela sombra e pela luz, pelo feio e pelo bonito, esses contrastes que nós mesmos criamos, esse quadro que nós mesmos pintamos para aprender a apreciar a unidade branca, a pedra filosofal, e vender tudo o que temos para possuí-la. Aprender quando nos damos.

Disse Whitman: “Vede! Não me limito a dar. Ser grato é avaliar o que se recebe e o que se dá. Só o amor não basta. É preciso o entendimento. Os dois, mutuamente se ajudando, produzem o Amor-Sabedoria, a tônica do Filho, do Cristo, em nós. Isso, sem esmolas ou conferências. Dou-me a mim mesmo!”.

E quando aprendemos a ser gratos, aprendemos a amar também, com sabedoria e discernimento. E vemos que nos libertamos de nós mesmos, porque em nós estavam os bloqueios, os diques que impediam o livre fluxo do amor divino, de nós para os outros.

Tínhamos um propósito definido, ao falar-lhes de gratidão.

Vejamos a vida de Max Heindel: toda sua vida, como exemplo vivo, foi de ajuda à humanidade; ele era grato por tudo que o Senhor lhe dera e empregava seus dons físicos, psíquicos e espirituais como um administrador zeloso e fiel. Multiplicou seus talentos de forma admirável. Não pensava em sua própria evolução, mas apenas em servir. Com tais singulares virtudes e desenvolvimento interno, foi o escolhido pelos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz. Eles, que veem nosso interno amadurecimento na cor e expansão da aura individual, sabiam-no preparado. Todavia, submeteram-no a uma prova. Sem ele saber, ele venceu. Depois disso Max Heindel foi Iniciado e conscientemente pôde investigar nos mundos invisíveis todas as verdades transmitidas pelo “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Além desse livro básico de nossa Fraternidade, deixou-nos inúmeras outras obras, complementos valiosos daquela, condensados de suas observações e experiências, que constituem um patrimônio inestimável de orientação à posteridade, um guia seguríssimo de desenvolvimento, de preparação para o mundo de Aquário, normas lógicas e objetivas de como devemos vencer a transição que nos anunciam os Evangelhos: “Assim como nos dias de Noé será no dia do Senhor”; em que a religião do Filho, a religião Cristã, brilhará em sua mais pura expressão, escoimada dos vícios e egoísmos gerados pelas religiões de raça que ainda nos maculam as formas religiosas.

A grande mensagem dos Irmãos Maiores, através de Max Heindel, foi apresentar o Cristianismo, em sua prístina pureza, como um sublime ideal que devemos atingir. E deu-nos os meios, o método para alcançar esse fim glorioso do desenvolvimento humano; ele deu a maior ajuda, a de preparar cada ser de modo a emancipar-se de todas as dependências, de erguer-se e caminhar com suas próprias pernas, de ser autossuficiente, uma lei em si mesmo, à luz dos conhecimentos das Leis divinas que regem a Criação, particularmente o ser humano. Como disse o Iniciado Goethe: “O ser humano se liberta de todas as forças que encadeiam o mundo quando alcança o domínio de si mesmo”.

Na época áurea da Grécia antiga já ensinou Sócrates o “conhece-te a ti mesmo” e seu iniciado discípulo, Platão, completou-o, descrevendo o ideal de “ser atleta, santo e sábio”. Hoje, a Fraternidade Rosacruz realiza publicamente esse Ideal, que naquela época estava limitado a poucos escolhidos, mediante o lema deixado por Max Heindel: “Corpo são, Coração nobre, Mente pura”.

Max Heindel deu-se a si mesmo, inteiro, e hoje trabalha nos planos internos, em seu Corpo-Alma, realizando, pelo serviço, uma colheita que um ser humano comum levaria muitas vidas para ceifar. Ser-lhe grato é fácil para nós, que sentimos os benefícios dessa Filosofia Rosacruz em nossas vidas. Mais fácil ainda para os que, mais desenvolvidos e havendo penetrado mais profundamente em sua obra e sua mensagem, avaliam-lhe melhor pelo que deu ao mundo.

E somos gratos também à sra. Augusta Foss Heindel, sua companheira de lutas e de realizações, profunda em Astrologia oculta e continuou a obra da Fraternidade até 1949.

Ao relembrar, nesta descolorida síntese, o valor da gratidão e a oportunidade de expressá-la a esse casal admirável, lembremo-nos de um irmão Probacionista que sempre dizia: “Há coisas que não se pode expressar com palavras. Somente a alma pode senti-las integralmente”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1965)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Natureza e o Simbolismo da Alma — de acordo com Ideias Antigas

A Natureza e o Simbolismo da Alma — de acordo com Ideias Antigas

Era um ditado de Aristóteles que, na infância, a alma do ser humano não difere em qualquer coisa da alma dos brutos; mas então ele admite que apenas um animal, o ser humano, possa refletir e deliberar; a última afirmação encontrou grande apoio entre os filósofos modernos. Assim, agora somos informados de que o bruto seja sensível, mas não autoconsciente, e poderes e faculdades são continuamente apontados no ser humano, os quais, afirma-se positivamente, não podem ser encontrados em alguém inferior a ele. As pessoas que fazem tais declarações já visitaram a câmara de pensamento dos animais inferiores, nós nos perguntamos, e, se não, como podem falar do mistério da mente com tanta certeza?

Platão usou esta classificação:  alma das paixões e alma das faculdades cognitivas; cada uma tendo sua própria sede no corpo e movimentos peculiares; até mesmo Aristóteles, seu oponente materialista, tem suas almas vegetais, almas sensíveis e almas racionais. Em toda a fisiologia e psicologia gregas estava o pressuposto de que tudo o que se movia sozinho tinha vida ou alma. A matéria foi admitida como essencialmente inativa e, portanto, tornou-se necessário supor um agente vital no qual (ou através do qual) a atividade se manifestasse; o mesmo era válido no caso da função física, da senciência e do intelecto, sendo essa a suposição sobre a qual repousava também os três tipos de alma de Platão e as três almas de Aristóteles, pois inclusive a teoria deste parece estar, e talvez literalmente, quase no mesmo nível.

Galeno limitou o termo alma ao agente das funções sencientes e inteligentes, fazendo da Natureza um simples operador físico; contudo, Aristóteles reinou sobre as escolas e sua doutrina das almas vegetais, almas sencientes e almas racionais, modificada de várias maneiras, pode ser localizada em muitas teorias fisiológicas e médicas até mesmo em nossos tempos. Era substancialmente um com o Archaeus, o princípio governante da filosofia de Paracelso, e o princípio animador, organizador de Harvey. Ainda mais tarde, Muller transformou a concepção em uma força orgânica que existe até mesmo no germe e cria nele a parte essencial do futuro animal, enquanto Haeckel e outros que tentam se afastar inteiramente do princípio das almas são ainda forçados a reconhecer, com ele, um princípio vital que subjaz a todas as manifestações físicas.

A alma cristã e imortal foi representada tanto pelo pavão quanto pela pomba e, mais frequentemente, pela última. Podemos ver os Discípulos de nosso Senhor representados como pombas na cruz absidal em São Clemente. As almas cristãs das pombas são encontradas em tabuletas murais tanto em fontes batismais quanto sarcófagos. Com menos frequência, elas aparecem como pavões e raramente em sarcófagos; no entanto, mesmo em tempos pré-cristãos, elas eram assim representadas nas paredes de câmaras sepulcrais e cenas do Paraíso de Osíris, em alguns sarcófagos. No museu do Vaticano estão duas pombas em uma cruz, rodeadas pelo monograma de Cristo em uma coroa de flores. Esse objeto pode ser visto com frequência.

No único tabernáculo de marfim preservado na sacristia da Catedral de Sens, vemos uma pinha tomando o lugar da cruz ou do diagrama de Cristo e, de cada lado dela, um pavão, representando não apenas as almas dos cristãos, mas as dos mártires, pois cada pavão tem um pequeno ramo de palmeira preso no pescoço.

O símbolo egípcio convencional para a alma era, como todo arqueólogo sabe, um gavião com cabeça humana. Nos últimos tempos e entre os romanos, as almas dos que partiram para o Paraíso de Osíris eram representadas como pombas e pavões. Em uma pintura afresco que existiu em Pompéia, uma cópia da qual foi gravada em Nápoles em 1833, almas simbolizadas como pombas e pavões são representadas empoleiradas em árvores sagradas — a palmeira e o pessegueiro, no Paraíso de Osíris e Isis. Nesse afresco estava também representada a garça, símbolo, segundo o Visconde de Ronge, da primeira transformação da alma neste misterioso Paraíso.

Havia, então, para esse propósito, certo significado idêntico e ligado ao símbolo do pavão e da pomba. A pomba de Vênus foi crucificada em uma roda de quatro raios ou cruz solar; a pomba, também chamada de Inyx, apresenta relação com esses símbolos e ocorre na história de Semiramis, sendo descrita como tendo fugido e transformando-se em pomba, quando foi conquistada por Esturobates, que havia ameaçado pregá-la na cruz, que é identificada com a roda de quatro raios na crucificação eterna de Ixion, ou a roda da execução descrita por Píndaro.

A pomba crucificada em uma cruz-de-roda ou cruz solar; basicamente, uma cruz dentro de uma circunferência é curiosa como um antigo símbolo pré-cristão, mas nos símbolos cristãos duas pombas na cruz são frequentemente vistas. No entanto, é mais do que provável que haja outro significado para o símbolo da pomba e não apenas o de representar a alma. O batismo de Jesus no Jordão foi um batismo da água e do espírito, porque, quando Jesus saiu da água, o Cristo Universal desceu sobre ele como uma pomba, mas não em forma de pomba e, a partir de então, foi animado por um espírito diferente, imbuído de sabedoria cósmica. Da mesma forma, quando o espírito desceu sobre os Discípulos na Celebração Pentecostal, eles também foram dotados de poderes espirituais não anteriormente possuídos por eles e apenas aqueles que têm tais faculdades evoluídas podem realmente entrar na classificação que lhes dá o direito ao símbolo da pomba, tal como foi depois dado aos Discípulos de Cristo. Portanto, é razoável supor que esse símbolo só tenha sido oferecido a iniciados cujos poderes espirituais foram desenvolvidos para serem usados a Serviço da Humanidade.

Porém, se pudermos aplicar o Mito de Argus como um índice para o significado do símbolo do pavão, isso nos mostrará a alma desperta que usa seus poderes para um propósito mais básico. Argus, de acordo com a mitologia, tinha cem olhos, era dotado de um poder de observação maravilhoso e penetrante; clarividência, na verdade. Mas ao invés de usar este poder da alma para o benéfico Serviço à Humanidade, ele prostituiu sua visão espiritual para aprisionar um semelhante e, por isso, Mercúrio, o deus da sabedoria, decapitou-o e colocou seus olhos nas plumas do pavão. Em outras palavras, o uso indevido de seus poderes espirituais para um propósito vil fez com que ele fosse privado deles e se tornasse uma criatura indefesa, arrogante e vaidosa como um pavão, algo lamentável, apesar de toda sua linda plumagem.

Conhecimento é bom, se for do tipo certo e usado corretamente para propósitos altruístas e úteis; contudo, é extremamente perigoso ser sábio como uma serpente, se não for inofensivo como uma pomba.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro de 1918 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Espíritos Esclarecidos e o Vegetarianismo

Os Espíritos Esclarecidos e o Vegetarianismo

O vegetarianismo, tão velho como o mundo, foi sustentado pelos grandes espíritos; não nasceu da imaginação de um cérebro doentio, mas corresponde a uma realidade científica.

Desde os tempos mais remotos, os moralistas, legisladores, chefes de escolas científicas, filosóficas ou religiosas condenaram os excessos alimentares, pregando a seus concidadãos, discípulos ou adeptos a abstinência de toda carne (mamífero, aves, peixes, répteis, anfíbios, “frutos do mar” e qualquer outro do reino animal). Sem remontar à época dos magos, dos sábios da Índia, da China primitiva e do Egito, momento em que o vegetarianismo desfrutava grande prestígio, lembremos que entre os hebreus, os nazarenos praticavam a completa abstinência de carne.

Os pelasgos viviam de frutas; os pitagoristas alimentavam-se de frutas, queijo, legumes variados, pão e mel. Pitágoras, ele próprio, que morreu centenário, dizia, falando da carne: “Temei, ó, mortais, poluir vosso corpo com uma alimentação abominável”.

Platão não tolerava o uso da carne, senão para os soldados. Ele a proibia aos cidadãos de sua República ideal: “Sua alimentação”, preconizava ele, “será de farinha de trigo e de cevada, sob a forma de pão e pastéis. Usarão também sal, azeitonas, queijo, cebola, hortaliças cruas, figo, ervilha e fava. Assim, tranquilos e cheios de saúde, chegarão até à velhice e deixarão a seus filhos a herança de uma vida feliz”. Muito frugal, Platão nutria-se, sobretudo, de figos.

Os neoplatônicos da Escola de Alexandria, Longin, Jamblique e Porfírio, mantiveram a doutrina do mestre e condenaram a carne.

Tais ideias foram professadas por outros sábios. Crísipo, Socion e Sextus sugeriram-nas a Sêneca, que foi partidário do regime vegetariano.

Plutarco afirmava o seguinte.

  1. Nada há de mais natural que a repugnância que se experimenta ao comermos a carne dos animais.
  2. Só os homens primitivos a puderam suportar, por uma cruel necessidade.
  3. O uso de carne induz à ingratidão, barbárie e sensualidade desordenada.
  4. O homem não tem a constituição dos animais onívoros. Ele então acrescenta: Falais de dragões selvagens, panteras e leões, mas vós mesmos nada deveis a esses animais em crueldade, pois o morticínio é para eles uma necessidade, visando à nutrição, ao passo que para vós é um regalo, além do que tendes de usar os artifícios dos temperos para dissimular a repugnância.

Ovídio fez uma profissão de fé vegetariana que pôs na boca de Pitágoras. Depois de ter condenado a morte dos animais, ele diz: “Não era assim naquele tempo que denominamos a idade de ouro, em que o homem se contentava com as hortaliças e as frutas que abundavam na Terra, não maculando a boca com o sangue dos animais”.

Ninguém ignora com que força os Pais da Igreja se têm levantado contra o uso da carne. “Seguimos o exemplo dos lobos e dos tigres!”, exclamava São João Crisóstomo. “Ou, antes, somos piores do que eles, pois Deus nos honrou com o senso da equidade”.

Recomendava Clemente de Alexandria: “Guardai-vos desses alimentos. Não vos basta uma tão grande variedade de frutas, leite e toda sorte de alimentos secos? Aqueles que se reúnem em torno de mesas intemperantes cevam suas doenças e desenvolvem uma que considero vergonhosa, a que denominaria de demônio do ventre”.

Sem dúvida poderão objetar que tais ensinamentos, oriundos da antiguidade, não se poderiam aplicar aos nossos climas nem à nossa existência, devido à agitação dos tempos modernos. Dirijamo-nos, então, aos modernos.

Voltaire, nas Cartas de um indiano, comprazia-se em desvendar as baixezas da cozinha europeia, insistindo prazerosamente nos sabores nauseabundos da carne e da gordura dos animais.

Diderot e J. J. Rousseau defenderam resolutamente o vegetarianismo. O autor de Emile observava que os camponeses comiam menos carne e mais verduras do que as mulheres das cidades. Esse regime parecia mais favorável a elas e a seus filhos. Aos “necrófagos” eu aconselharia meditar sobre a seguinte página do poeta inglês Schelley.

“A anatomia comparada nos mostra que o homem se assemelha aos animais frugívoros e nada tem dos carnívoros; nem as garras para se apoderar da presa nem os dentes cortantes para a despedaçar viva. Somente pelo preparo, à custa de inteligentes manobras da arte culinária, é que se consegue tornar a carne mastigável e digestível.”

“Concito aqueles que aspiram a uma vida saudável e feliz que façam uma experiência imparcial do vegetarianismo. Não obstante a excelência desse regime, é somente entre os seres humanos esclarecidos que se pode esperar que sacrifiquem seu apetite e seus preconceitos… pois as pessoas de vistas curtas, vítimas de doenças, preferem acalmar seus tormentos com drogas a preveni-los com um regime atóxico, equilibrado e saudável.”

Schelley insiste, em seguida, nas enormes vantagens econômicas e sociais de uma reforma alimentar.

Lamartine, o mavioso poeta francês, criado por sua mãe nos princípios do vegetarianismo, conta que aos doze anos viveu só de pão, laticínios, verduras e frutas. “Minha saúde”, disse ele, “não foi menos perfeita por isso nem meu desenvolvimento menos rápido e é provavelmente a esse regime que eu devo esta pureza de estilo, esta sensibilidade requintada de impressões, esta doçura serena de humor e de caráter que conservei até esta época”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1965)

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Pergunta: Na Sexta Época: os atrasados humanos, que não tiverem desenvolvido o Corpo-Alma à altura da segunda chegada, também serão etéricos, possuindo apenas os dois Éteres inferiores?

Pergunta: Agradeceria sua opinião sobre eu estar certo ou errado no seguinte: de acordo com os ensinamentos da Fraternidade, a Terra toda será etérica na Sexta Época, a Nova Galileia, incluindo humanos, animais, plantas e minerais. De fato, o processo de eterificação já está em andamento, tendo nós passado o nadir da materialidade “alguns milhões de anos atrás”. Isso significa que mesmo os atrasados humanos, que não tiverem desenvolvido o Corpo-Alma à altura da segunda chegada, também serão etéricos, possuindo apenas os dois Éteres inferiores. Assim não sendo, a Terra não seria toda etérica. Os pioneiros, pelo contrário, só terão os Éteres superiores compondo seu Corpo-Alma, e habitarão a atmosfera da terra do futuro podendo assim “Encontrar o Senhor no Ar”.

Resposta: Não cremos que aos humanos que não tenham desenvolvido um Corpo-Alma lhes seja permitido permanecer na Terra chegando à Sexta Época. Parece-nos ter sido deixado bastante claro nos Ensinamentos da Fraternidade que o Corpo-Alma, o Traje Dourado de Bodas, será essencial para os humanos poderem viver na Nova Galileia. Extraímos da “Coletâneas de um Místico” uma informação bem pertinente sobre o assunto.

“Tem sido ensinado em nossa literatura que quatro grandes épocas de desenvolvimento precederam a ordem atual das coisas; que a densidade das condições atmosféricas da Terra e as leis naturais prevalecentes numa época eram tão diferentes das de outras épocas quanto a constituição fisiológica correspondente da humanidade de uma época o era da de outras.”.

“…Carne e sangue teriam torrado no terrível calor de então (Lemúrica), e embora adequadas às presentes condições, diz-nos São Paulo que não poderão herdar o Reino de Deus. E então manifesto que antes que possa ser inaugurada uma nova ordem de coisas, a constituição da humanidade deve ser radicalmente alterada, sem se falar da atitude espiritual. Éons serão necessários para regenerar a inteira raça humana e adequá-la à vida em Corpos Vitais.

Por outro lado, nem um novo ambiente vem à existência num momento, mas terra e povo envolvem-se juntos desde os menores e mais primitivos primórdios. Quando as névoas da Atlântida começaram a dissipar-se alguns de nossos antepassados tinham desenvolvido pulmões embrionários e foram forçados para as terras altas muito antes de seus companheiros. Vagaram ‘na vastidão deserta’, enquanto “A Terra Prometida” estava emergindo das brumas mais leves, e ao mesmo tempo seu pulmão em desenvolvimento propiciava-lhes a viver sob as atuais condições atmosféricas.

“Mais duas Raças nasceram nas bacias da Terra antes que uma sucessão de inundações as dirigissem para as terras altas; a última deu-se quando o Sol (por precessão) entrou no Signo de Água Câncer, há cerca de dez mil anos, conforme relataram os sacerdotes egípcios a Platão. Vemos assim não haver mudança improvisada em constituição ou ambiente para a inteira Raça humana ao alvorecer de uma nova época, mas um sobrepor-se de condições que tornam possível para a maioria, por ajuste paulatino, ingressar nas novas condições, embora a mudança possa parecer repentina ao indivíduo quando a alteração preparatória tiver sido realizada inconscientemente”.

No livro “Interpretação Mística do Natal”, diz Max Heindel: “Assim como os Atlantes cujos pulmões estavam subdesenvolvidos pereceram no dilúvio, também a nova idade encontrará alguém sem o ‘Traje de Bodas’, portanto despreparado para entrar, até qualificar-se em ocasião posterior”.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – nov/dez/88)

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Pergunta: A cruz constitui apenas um símbolo de sofrimento, como dão a entender as religiões cristãs populares? Não teria um significado mais transcendental?

Pergunta: A cruz constitui apenas um símbolo de sofrimento, como dão a entender as religiões cristãs populares? Não teria um significado mais transcendental?

Resposta: Como todos os símbolos, a cruz tem muitos significados. Platão revelou um deles, quando afirmou: “A alma do mundo está crucificada”.

Quatro ondas de vida se expressam neste mundo através dos quatro reinos: mineral, vegetal, animal e humano. O reino mineral é representado pelas substâncias químicas, de qualquer classe que sejam. Assim, a cruz feita com qualquer material simboliza esse reino.

O madeiro inferior da cruz representa o reino vegetal, porque as correntes dos espíritos coletivos que vivificam as plantas provêm do centro da Terra.

O madeiro superior simboliza o ser humano, porquanto as correntes vitais que o sustentam são irradiadas do Sol, perpassando-lhe a coluna vertebral (vertical). Dessa forma, o ser humano constitui uma planta invertida. Assim como a planta recebe seu alimento pelas raízes, em linha ascendente, o ser humano ingere sua alimentação pela cabeça, em linha descendente.

A planta é casta, pura, e destituída de paixão. Dirige seu órgão reprodutor em direção ao Sol. O ser humano, ao contrário, dirige seus órgãos geradores para baixo, em direção à Terra; respira o vivificante oxigênio e exala o venenoso dióxido de carbono. Este é absorvido pela planta nutrindo-a. O vegetal, em troca, devolve-lhe o elixir da vida, o oxigênio.

Entre os reinos vegetal e humano encontra-se o animal, cuja medula espinhal horizontal é perpassada pelas correntes dos Espíritos-Grupo particulares a esse reino, pois tais correntes circulam em torno da Terra. O madeiro horizontal da cruz, por conseguinte, simboliza o reino animal.

Em âmbito esotérico, a cruz nunca foi considerada como um símbolo de sofrimento ou instrumento de tortura. Só a partir do século VI é que surgiram os primeiros quadros representando o Cristo crucificado. Anteriormente o símbolo do Cristo era um cordeiro aos pés de uma cruz, indicando que, quando o Cristo “nasceu”, o Sol transitava pelo Signo astrológico de Áries (o cordeiro). Os símbolos das diversas religiões expressaram-se sempre dessa forma.

Quando o Sol, devido à Precessão dos Equinócios, transitava pelo Signo de Touro (o touro), surgiu no Egito o culto ao Boi Ápis, no mesmo sentido em que hoje adoramos o Cordeiro de Deus.

Em tempos remotos falava-se no deus Thor, que conduzia suas cabras gêmeas ao céu. O Sol, nessa época, transitava pelo Signo de Gêmeos, os gêmeos.

Quando o Cristo “nasceu”, o Sol encontrava-se em torno do 5º grau de Áries, o cordeiro. Eis porque nosso Salvador é chamado de “Cordeiro de Deus”. Contudo, nos primeiros séculos da era cristã discutiu-se muito sobre a legitimidade de instituir o cordeiro como símbolo do nosso Salvador. Alguns sustentavam que o Sol transitava pelo Signo de Peixes (os peixes). Para eles, o peixe seria a representação mais exata do Cristo. Como reminiscência dessa disputa, a mitra dos bispos conserva a forma de uma cabeça de peixe.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977)

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Como se deve orar

Como se deve orar

Como se deve orar? Aprendemos a técnica da oração com os místicos cristãos, desde São Paulo até São Bento, e até essa multidão de apóstolos anônimos que durante vinte séculos iniciaram os povos do Ocidente na vida religiosa. O Deus de Platão era inaccessível na sua grandeza; o de Epíteto confundia-se com a alma das coisas e Jeová era um déspota oriental que inspirava terror e não amor. O cristianismo, pelo contrário, colocou Deus ao alcance do ser humano. Deu-lhe uma face; fê-lo nosso Pai, nosso Irmão e nosso Salvador. Para atingir Deus, já não há, necessidade de um cerimonial complexo nem de sacrifícios sangrentos. A oração tornou-se assim fácil, e sua técnica simples.

Para orar, basta somente o esforço de nos elevarmos até Deus; tal esforço, porém, deve ser efetivo e não intelectual. Uma meditação sobre a grandeza de Deus, por exemplo, não é uma oração, a não ser que seja, ao mesmo tempo, uma expressão de amor e fé. E assim a oração, segundo o processo de La Salle, parte de uma consideração intelectual para logo tornar-se efetiva. Seja curta ou longa, seja vocal ou apenas mental, a prece deve ser semelhante à conversa que a criança tem com o seu pai. “Cada um apresenta-se conforme é”, dizia um dia uma pobre irmã de caridade que há trinta anos queimava a sua vida ao serviço dos pobres. Em suma: ora-se como se ama todo o nosso ser.

Quanto à forma, a oração varia desde a curta elevação a Deus até à contemplação; desde as simples palavras pronunciadas pela camponesa que se ajoelha perante a cruz na encruzilhada dos caminhos até a magnificência do canto gregoriano sob as abóbadas de uma catedral.

A solenidade, a grandeza e a beleza, não são necessárias para a eficácia da oração. Poucos homens têm sabido orar como São João da Cruz ou como São Bernardo de Clairvaux, não havendo necessidade de ser-se eloquente para ser atendido; quando se aprecia o valor da oração por seus resultados, nossas mais humildes palavras de súplica e de louvor são tão aceitáveis ao Senhor de todos os seres como as mais belas invocações. Fórmulas, recitadas maquinalmente são, também, de qualquer forma, uma oração. Sucede o mesmo que acontece com a chama de um círio. Basta, para isso, que essas fórmulas inertes e essa chama material simbolizem arroubo de um ser humano para Deus. E também se ora por meio da ação, pois já S. Luís Gonzaga dizia que o cumprimento do dever é equivalente à oração. A melhor maneira de comunicar-se com Deus é, incontestavelmente, cumprir integralmente a Sua vontade.

Pai Nosso, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como nos céus”. Fazer a vontade de Deus consiste, evidentemente, em obedecer às leis da vida, tais como elas se encontram gravadas nos nossos tecidos, no nosso sangue e no nosso espírito.

As orações que se elevam como “uma pesada nuvem da superfície da Terra” diferem tanto umas das ou outras como diferem as personalidades daqueles que rezam; contudo, consistem em variações sobre estes dois mesmos temas – amargura e amor. É inteiramente justo implorar o auxílio de Deus para obter-se aquilo de que temos necessidade; no entanto, seria absurdo pedir a realização de um capricho ou solicitar aquilo que devemos procurar por nosso esforço.

O pedido importuno, obstinado e agressivo é bem-sucedido. Um cego, sentado à beira do caminho, lançava as suas súplicas cada vez mais alto, apesar das pessoas que o queriam mandar calar. “A sua fé curou-te”, disse Jesus que passava. Na sua forma mais elevada, a oração deixa de ser uma petição. O homem declara ao Senhor de todas as coisas que O ama, que Lhe agradece as dádivas e está pronto a realizar a Sua vontade, seja ela qual for.

A oração torna-se contemplação. Um velho camponês estava sentado sozinho no último banco da igreja vazia, “Que esperais?”, perguntaram-lhe. “Olho para Ele”, respondeu o homem, “e Ele olha para mim”. O valor de uma técnica avalia-se por seus resultados. Toda a técnica da oração é boa, quando põe o ser humano em contato com Deus.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1971)

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