Resposta: Essa pergunta, se feita por um cético, proporciona-lhe uma grande satisfação, pois ele vê nela uma justificativa para sua ideia de que todas as seitas estão erradas em suas crenças e que a Bíblia é um conglomerado de bobagens, só que na verdade a caso é exatamente o contrário. Nós não defendemos a Divindade desse Livro, nem sustentamos que ele é a Palavra de Deus de capa a capa; reconhecemos o fato de que se trata de uma tradução deficiente dos originais e de que existem muitas interpolações, que foram inseridas em momentos diferentes para apoiar várias ideias, mas, no entanto, o próprio fato de tanta verdade ter sido reunida num espaço tão pequeno a faz uma fonte de constante admiração para o ocultista, que sabe o que esse Livro realmente é e o verdadeiro ocultista tem a chave do seu significado.
Há um fato que o cético não consegue perceber. A ideia dele é que se uma determinada interpretação é verdadeira, todas as outras interpretações devem necessariamente ser falsas. Esta ideia está enfaticamente errada. A verdade tem várias facetas e é eterna; a busca pela verdade também deve ser abrangente e interminável. Podemos comparar a verdade a uma montanha, e as várias interpretações dessa verdade a diferentes caminhos que conduzem ao cume. Muitas pessoas estão percorrendo todos esses caminhos e cada um pensa que seu caminho é o único enquanto está ainda percorrendo as primeiras partes do caminho; vê-se apenas uma pequena parte da montanha e pode-se, portanto, ter razão em clamar aos seus irmãos ou as suas irmãs: “Vocês estão errados; venham no meu caminho; esse é o único que leva ao topo.”. Mas à medida que todas essas pessoas vão caminhando mais e mais para cima, elas verão que os caminhos convergem no topo e que são todos um no final.
Pode-se dizer, com maior ênfase, que nenhum sistema de pensamento, que tenha sido capaz de atrair e reter a atenção de um grande número de pessoas durante um tempo considerável, ficou sem a sua versão da verdade; e quer percebamos isso ou não, existe em cada “seita” o cerne do Ensinamento Divino que, gradualmente, os leva para cima, em direção ao topo da montanha e, portanto, devemos praticar a máxima tolerância para com cada crença.
(Pergunta nº 73 do Livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Esta é a época do ano – março, abril, maio e junho, entre o Equinócio de Março e o Solstício de Junho – na qual o poder do desejo chega ao clímax. Com o brotar desse período do ano vem a intensa atividade para o progresso e desenvolvimento em todos os assuntos da vida.
À medida que o Sol transita pelo Signo de Áries, especializa a inteligência criadora. Você observará, naturalmente, a importância da Mente, guiando o desejo na criação, cuja espécie mais importante se encontra em nós. Achamo-nos influenciados nisso pela paixão de Marte, Regente do Signo de Áries. Porém, no nosso adiantamento de animal a ser humano, a Mente está gradualmente temperando o ferro e convertendo-o em aço. O poder criador pode ser governado pela inteligência tendo livre vontade para usá-las para o bem ou para o mal, conforme seja o caso.
No passado, a metade de nossa força sexual criadora começou a ser enviada “para baixo”, para gratificar nossos sentidos, além de prover Corpos para irmãos e irmãs que precisavam renascer. A outra metade começou a ser enviada “para cima”, para construir o cérebro e a laringe. Essa força ainda alimenta esses órgãos. O caminho para a Divindade requer que dirijamos “para cima”, tanto quanto possível, nossa força sexual total criadora. Possamos, com o tempo, criar por meio do poder da Mente, à medida que pronunciamos o fiat criador, a palavra criadora ou a palavra perdida.
Nossa condição unissexual, quando renascidos aqui, é temporária nesta fase da evolução. No futuro, dirigindo a força sexual criadora totalmente “para cima”, nos tornaremos espiritualmente hermafroditas. Objetivando nossas ideias e falando a palavra criadora, poderemos infundir-lhes vida e fazê-las vibrar de energia vivente.
A Fraternidade Rosacruz não advoga inteiramente uma vida de celibato para os seus Estudantes Rosacruzes. Ao contrário, ela considera a união de duas pessoas com o objetivo de gerar Corpos de modo a proporcionar a tantos irmãos e tantas irmãs, que estão na imensa fila para renascer aqui, as vantagens e oportunidades especiais para um Renascimento como um dever religioso para o Místico ou Ocultista iluminado, o qual pode encontrar um Espírito semelhante, com o mesmo pensar.
Como os Egos mais avançados não podem nascer de pais que não se ocupam das suas partes espirituais, que se deliciam com os “prazeres do mundo”, que pregam e vivem no materialismo ou, ainda, que se negam e até abortam para não terem filhos, seria em verdade um erro para os Aspirantes à vida superior, os Estudantes Rosacruzes, viver inteiramente uma vida de celibato só pelo próprio benefício do seu adiantamento particular, quando as condições – físicas, emocionais, financeiros, psicológicas e espirituais – lhes permitem ter filhos. O uso da força sexual criadora nas poucas vezes que se requer quando é legitimamente utilizada para a propagação não interfere no desenvolvimento espiritual. Afinal, aqueles que fazem grandes sacrifícios pelo interesse dos demais ganharão a “Coroa da Glória”, pois “semeiam para o espírito e não para a carne”, como aprendemos nos nossos Estudos Bíblicos Rosacruzes.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/1977 – Fraternidade Rosacruz-SP)
O mundo inicia mais um ano falando só em crise.
O ano novo sempre renova as esperanças do ser humano. No entanto, desta vez as coisas mudaram de figura. A humanidade entra temerosa, sobressaltada por perspectivas nada animadoras: agravamento em grande extensão da crise econômica internacional e ameaças de guerras.
Raras vezes o limiar de um ano foi tão pouco festejado. A preocupação é generalizada, parecendo alcançar todos os países e suas respectivas camadas sociais.
Instrumentais técnicos e políticos, os mais complexos, são acionados no afã de minimizar-se as consequências da crise. O tom de certos pronunciamentos sugere até um estertor apocalíptico.
Vã é a sabedoria humana, pretendendo encontrar soluções humanas para problemas transcendentais.
As crises atuais estão provocando transformações na vida das nações; situações se invertem, costumes se modificam, estatísticas perdem validade, etc.
Em meio à aparente confusão reinante, uma coisa parece clara aos olhos do observador mais arguto: tudo passará por uma reformulação. Inclusive, muitos conceitos terão de ser revistos.
O ocultista, buscador da verdade, analista profundo das causas geradoras de todos os efeitos, considera como ponto pacífico o seguinte: os detonadores dos fenômenos ora agitando os povos são de natureza divina. A guerra (sempre há alguma em destaque), citando um exemplo, é meramente um instrumento. Razões de “ordem superior” determinam o curso dos acontecimentos.
Um mórbido egoísmo vem regendo o relacionamento entre as nações, provando que o tão decantado ecumenismo não passa de teoria. A situação de fato ratifica nossa afirmação. Além disso, há que se considerar a estratificação de certas posições, a acomodação a certos “status quo”, fatos que irremediavelmente produzem a cristalização. O progresso – e a ele nos referimos no sentido mais amplo e abrangente – não admite cristalizações.
As Leis Naturais trabalham a favor do progresso. Quando esse é ameaçado, aquelas promovem o restabelecimento do equilíbrio. Essa reordenação das coisas provoca certos abalos, interpretados pela falibilidade humana como sendo crises. Trocando em miúdos: a ação das Leis Divinas – a exemplo de um antisséptico em ferimento – tende a produzir dores e incômodos. Seu efeito, porém, é apenas regenerador. Como bem ressalta Max Heindel em várias de suas obras: “tudo trabalha para um BEM maior”.
Outro aspecto também não deve escapar à nossa observação: no interior e não no exterior do ser humano encontram-se as raízes do bem e do mal. O ser humano projeta seus pensamentos e sentimentos em forma de atos e palavras, influenciando seu meio ambiente imediato. Quando esses atos e palavras assumem configurações coletivas, suas implicações abrangem o mundo todo, beneficiando-o ou conturbando-o. Via de regra conturbam-no.
O mundo não será melhor enquanto o ser humano não se aprimorar interiormente, pelo cultivo de suas faculdades espirituais e potencialidades divinas.
Eis porque meios exclusivamente físicos e exteriores não bastarão para transformar o panorama mundial. Nem a fria álgebra dos economistas, muito menos a eloquente e rebuscada retórica política possui força suficiente para, pelo menos, amenizar as crises que afligem a humanidade.
A despeito de tudo, não nos alarmemos. Inteligências Superiores, conhecidas como Hierarquias Criadoras, zelam amorosamente pelo nosso desenvolvimento. Se mantivermos o necessário equilíbrio, atravessaremos incólumes as dificuldades presentes. E com uma vantagem: enriquecidos por valiosas experiências.
Deixemos de lado os temores. Seja nossa única preocupação trabalhar mais eficientemente em benefício dos demais. O resto virá por acréscimo.
Construamos nosso futuro.
Vivamos o novo ano!
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Na cabeça há três pontos que são o assento particular de cada um dos três aspectos do Espírito (veja-se o Diagrama 17).
Já no cérebro, aproximadamente na posição indicada pelo Diagrama 17, há dois pequenos órgãos chamados Corpo Pituitário e Glândula Pineal. A ciência médica não sabe quase nada a seu respeito nem de outras glândulas do Corpo.
Diferentemente do primeiro aspecto, o segundo e terceiro aspectos têm outros pontos de sustentação secundários.
O Corpo de Desejos é expressão deturpada do Ego. Manifesta em “egoísmo” o que é a “individualidade” do Espírito. A individualidade não procura o seu em detrimento dos demais, enquanto o egoísta procura tudo possuir sem ter em conta os demais. O assento do Espírito Humano é, primariamente, a Glândula Pineal (também chamada de Epífise Neural) e secundariamente, o cérebro, ou antes, o Sistema Nervoso cérebro-espinhal, que domina os músculos voluntários.
O amor e a unidade do Mundo do Espírito de Vida encontram sua contraparte ilusória na Região Etérica, com a qual estamos relacionados pelo Corpo Vital, o originador do amor sexual e da união sexual. O Espírito de Vida assenta, primariamente, no Corpo Pituitário (também chamada de Hipófise) e, secundariamente, no coração, o regente do sangue que nutre os músculos.
O inativo Espírito Divino – o Observador Silencioso – encontra sua expressão material no passivo, inerte e insensível esqueleto do Corpo Denso, o obediente instrumento dos outros Corpos. Não tem o poder de atuar por iniciativa própria e tem sua fortaleza no impenetrável ponto da raiz do nariz.
Em pura realidade, o Espírito é um só, porém, observado do Mundo Físico, o Ego refrata-se em três aspectos que se expressam da forma indicada.
A ciência chama à Glândula Pineal “terceiro olho atrofiado”. Nenhum daqueles órgãos está se atrofiando. Isto é um manancial de perplexidades para os cientistas. A Natureza nada conserva inútil. Em todo o Corpo encontramos órgãos em desenvolvimento ou em atrofia. Sendo estes assim como marcos milenários no caminho seguido pelo ser humano até o seu estado atual de desenvolvimento, indicando futuros aperfeiçoamentos e desenvolvimentos. Por exemplo, os músculos que os animais empregam para mover a orelha existem também no ser humano. Muitas poucas pessoas podem movê-los, estão atrofiando. O coração pertence à classe dos que indicam desenvolvimento futuro. Como já indicamos, está a converter-se num músculo voluntário.
O Corpo Pituitário e a Glândula Pineal pertencem a outra classe de órgãos, que atualmente não degeneram nem se desenvolvem: estão adormecidos.
Num passado remoto, o ser humano estava em contato com os mundos internos, e esses órgãos eram o meio de ingresso. Estavam relacionados com o Sistema Nervoso simpático ou involuntário. No Período Lunar, última parte da Época Lemúrica e primeira da Atlante, o ser humano via os mundos internos. As imagens se apresentavam a ele completamente independentes da sua vontade. Os centros dos sentidos do Corpo de Desejos giravam em direção contrária à dos ponteiros de um relógio (seguindo negativamente o movimento da Terra, que gira em torno do eixo, nessa direção) como atualmente os dos médiuns. Na maioria dos seres humanos esses centros são inativos, mas o desenvolvimento apropriado pô-los-á em movimento, na mesma direção em que giram os ponteiros de um relógio, com se explicou anteriormente. Essa é a parte difícil no desenvolvimento da clarividência positiva.
O desenvolvimento da mediunidade é muito mais fácil; é simples revivificação da função negativa que possuía o ser humano no antiquíssimo passado, pela qual o mundo externo refletia-se nele e cuja função era retida pela endogamia. Nos atuais médiuns essa faculdade é intermitente. Sem razão alguma aparente, podem “ver” umas vezes e outras não. Ocasionalmente, o intenso desejo do interessado permite ao médium pôr-se em contato com a fonte de informação que procura e nessas ocasiões vê corretamente. Contudo, nem sempre se porta honestamente. Tendo de pagar despesas de aluguel e outras, quando lhe falta o poder (sobre o qual não tem o menor domínio consciente) recorre à fraude e diz qualquer absurdo que lhe ocorra para satisfazer o cliente e não perder o dinheiro, desacreditando aquilo que noutras ocasiões realmente viu.
O Aspirante à verdadeira visão e discernimento espiritual deve, antes de tudo, dar provas de desinteresse. O Clarividente idôneo não tem “dias livres” nem, de nenhum modo, é como um espelho negativo, dependente dos reflexos que de qualquer forma o possam atingir. Em qualquer momento, pode olhar e ver os pensamentos e planos dos demais, sempre que dirija sua atenção especialmente para isso.
É fácil de compreender o grande perigo que traria à sociedade o uso indiscriminado desse poder, se estivesse em mãos de qualquer indivíduo, visto que por meio dele, podem ser lidos os mais secretos pensamentos. O Iniciado, pelo voto mais solene, obriga-se a não empregar jamais esse poder para servir seus interesses individuais, sequer em grau mínimo, nem para salvar-se de qualquer dor ou tormento. Pode dar de comer a cinco mil pessoas, se o deseja, mas não pode converter uma pedra em pão para aplacar a própria fome. Pode curar os outros da paralisia ou da lepra, mas não pode usar a Lei do Universo para curar suas próprias feridas mortais. Está ligado a um voto de absoluto desinteresse e, por isso, é sempre certo que o Iniciado, ainda que possa salvar os outros, não pode salvar-se.
O Clarividente educado, o que realmente tem algo a dar, não aceitará jamais nenhum donativo ou qualquer compensação para exercer sua faculdade. Contudo, dará e dará desinteressadamente, tudo o que considere necessário ou compatível com o destino gerado ante a Lei de Consequência pela pessoa a quem vá ajudar.
Usa-se a clarividência desenvolvida para investigar os fatos ocultos. É a única que serve realmente para esse objetivo. Portanto, o Estudante deve sentir um desejo santo e desinteressado de ajudar a humanidade e não um desejo de satisfazer uma tola curiosidade. Enquanto esse desejo superior não exista, não se pode fazer progresso algum em direção à clarividência positiva.
Nas idades transcorridas desde a Época Lemúrica, a humanidade construiu, gradualmente, o Sistema Nervoso cérebro-espinhal, o qual está sob o controle da vontade. Na última parte da Época Atlante, o sistema já estava tão desenvolvido que foi possível ao Ego tomar posse plena do Corpo Denso. Isto, como já foi descrito, efetuou-se quando o ponto do Corpo Vital se pôs em correspondência com o ponto da raiz do nariz do Corpo Denso. O Espírito interno despertou para o Mundo Físico, e a maior parte da humanidade perdeu a consciência dos mundos internos.
Desde esse tempo, a conexão entre a Glândula Pineal, o Corpo Pituitário e o Sistema Nervoso cérebro-espinhal foi se realizando lentamente e já quase está completa.
Para voltar a obter o contato com os Mundos internos tudo se resume em despertar, de novo, o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal. Quando isso se realizar o ser humano possuirá, novamente, a faculdade de perceber os Mundos superiores, porém em mais alto grau do que antes, porque estará em conexão com o Sistema Nervoso Voluntário e, portanto, sob o domínio da vontade. Essa faculdade de percepção abrir-lhe-á todas as fontes do conhecimento. Comparados com estes meios de adquirir conhecimento, todos os demais métodos de investigação não são mais do que brinquedos de crianças.
O despertar desses órgãos se efetua por meio da educação ou treinamento esotérico, que agora descreveremos, tanto quanto se possa fazer publicamente.
Na maioria dos seres humanos, a maior parte da força sexual que, de modo legítimo, deve ser usada pelos órgãos da geração, emprega-se na gratificação dos sentidos. Nesses seres humanos há muita pouca corrente ascendente (Diagrama 17).
Quando o Aspirante à vida domina cada vez mais esses excessos e dedica sua atenção a pensamentos e esforços espirituais, o Clarividente educado pode verificar que a força sexual não utilizada começa a subir. Ao subir, em volume cada vez maior, segue o caminho indicado pelas flechas no Diagrama 17, atravessa o coração e a laringe, ou a medula espinhal e a laringe, ou a ambos ao mesmo tempo, passando diretamente entre o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal para o ponto obscuro da raiz do nariz, onde o “Vigilante Silencioso”, o mais elevado Espírito, tem Seu templo.
Essas correntes não seguem um dos caminhos com exclusão do outro. Geralmente, seguem pelos dois, passando um volume maior de corrente sexual por um deles, de acordo com o temperamento do Aspirante. Nos que procuram a iluminação seguindo linhas puramente intelectuais, a corrente sexual passa especialmente sobre a medula espinhal e a parte menor segue o caminho que passa pelo coração. No místico, que antes “sente” do que conhece, essas correntes seguem preferivelmente o caminho que passa pelo coração.
Seguindo essas vias, o intelectual e o místico desenvolvem-se anormalmente. Para completar-se plenamente, cada um terá que dedicar sua atenção ao desenvolvimento daquilo que antes descuidou. O objetivo dos Rosacruzes é dar ensinamentos que satisfaçam a ambas as classes, se bem que os seus esforços principais se dirijam às Mentes muito desenvolvidas, de maior necessidade.
Essas correntes, em si mesmas, ainda que assumissem as proporções de um Niágara, e fluíssem até o sinal do dia de juízo, seriam inúteis se fossem tão só um complemento. Elas são prévio requisito para o trabalho consciente nos Mundos internos e, por isso, dever ser cultivadas em alguma extensão antes de começar o verdadeiro treinamento esotérico. Durante certo tempo, é indispensável ao Aspirante uma vida moral, dedicada a pensamentos espirituais, antes de ser possível começar o trabalho que proporcionará o conhecimento direto dos domínios suprafísicos e o habilitará a converter-se, no sentido mais elevado, num auxiliar da humanidade.
Quando o candidato tenha vivido desse modo o tempo suficiente para estabelecer a corrente de força espiritual, está apto e capacitado para receber instruções esotéricas. São fornecidos a ele, então, alguns exercícios para pôr em vibração a glândula pituitária. Essa vibração faz a glândula pituitária chocar e desviar ligeiramente a linha de força mais próxima (Diagrama 17). Esta se choca com a próxima, e o processo continua até que a força da vibração se esgota. Isto se efetua de maneira parecida ao tocar-se uma nota num piano: ela produzirá certo número de sons harmônicos, a intervalos apropriados, os quais, por sua vez, farão vibrar as cordas correspondentes do piano.
Quando a vibração crescente do Corpo Pituitário desvia suficientemente as linhas de força e estas alcançam a Glândula Pineal, realiza-se o objetivo procurado: estabelece-se uma ponte entre ambos os órgãos. É a ponte entre o Mundo dos sentidos e o Mundo do Desejo. Construída essa ponte, o ser humano torna-se Clarividente e pode dirigir seu olhar à vontade. Os objetos sólidos podem ser vistos por dentro e por fora porque o espaço e a densidade deixaram de serem para ele obstáculos para a observação.
Não é ainda um Clarividente exercitado, ou educado, mas é Clarividente à vontade, um Clarividente voluntário. É uma faculdade muito diferente da do médium, geralmente um Clarividente involuntário, isto é, que só pode ver o que se lhe apresenta e que, no melhor dos casos, pouco mais tem além da mera faculdade negativa. Construída essa ponte, a pessoa estará sempre certa de poder pôr-se em contato com os mundos internos, estabelecendo ou rompendo à vontade a conexão com eles. Gradualmente, o observador aprende a dirigir a vibração do Corpo Pituitário, de maneira a poder pôr-se em contato com qualquer das regiões dos Mundos internos que deseje examinar. A faculdade está sob completo domínio da sua vontade. Não é necessário pôr-se em transe, ou fazer algo anormal para elevar sua consciência até o Mundo do Desejo. Basta-lhe somente querer ver, e vê.
Como já indicamos no começo desta obra, o neófito deve aprender a ver no Mundo do Desejo ou, melhor dito, deve aprender a interpretar ou compreender o que vê ali. No Mundo Físico os objetos são densos, sólidos e sua forma não muda instantaneamente. No Mundo do Desejo, as formas mudam da maneira mais fugaz e instável. Isto é manancial de confusões sem conta para o Clarividente involuntário e negativo e até mesmo para o neófito que nele penetra sob a direção de um instrutor. Porém, os ensinamentos do instrutor cedo colocam o discípulo em condições de perceber a Vida que produz a mudança nas formas e, assim, o discípulo, conhecendo a razão da instabilidade não dá atenção a isso.
Há também outra distinção importantíssima a fazer. O poder de perceber os objetos de um mundo não é idêntico ao poder de agir dentro dele. O Clarividente voluntário pode ter recebido algum treinamento e distinguir o verdadeiro do falso no Mundo do Desejo. No entanto, é uma condição parecida à de um prisioneiro atrás da janela gradeada que o separa do mundo externo: pode vê-lo, mas não pode funcionar nele.
Portanto, a educação ou treinamento esotérico abre a visão interna do Aspirante. Há seu tempo, receberá exercícios que organizarão um veículo capaz de funcionar nos mundos internos de maneira perfeitamente consciente.
(Quer saber mais? Faça os Cursos de Filosofia Rosacruz (todos gratuitos) e/ou consulte o Livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel)
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Diálogo entre o Místico e o Cristo Interno
Há dois caminhos: o ocultista (mental) e o místico (do coração). Cada pessoa tem predominância de uma dessas tendências. Contudo, no fim de um deles há de encontrar e desenvolver o outro. O místico chega a um ponto de iluminação quando está empenhado no labor espiritual. Ele se retira em meditação para inebriar-se nas vivências internas. Está vigilante quando sente internamente o Cristo se lhe manifestar:
Cristo Interno: “Dá-me de beber de teu amor, para que eu possa saciar minha sede”.
Místico (saindo de sua admiração): “Quem és tu?” (Pois até aquele momento não tivera experiência desse gênero).
Cristo Interno: “Sou aquele de quem estás separado há muito tempo. Se tivesses sabido quantas vezes te pedi amor, que me servisses. Então me poderias pedir da água viva que só eu te posso oferecer”.
Místico: “Podes, acaso, oferecer-me algo superior ao que tenho recebido?”
Cristo Interno: “Tua vivência é humana, incompleta e instável. Posso dar-te algo muito mais elevado, completo e permanente, que te levará à união comigo”.
Místico: “Sacia-me, então, de vez, para que eu não precise mais da penosa aprendizagem tradicional”.
Cristo Interno: “Não. Deves continuar no mundo, servindo e aprendendo. A intervalos deves voltar a mim”.
Místico: “Já não tenho apegos, nem ligações mundanas”.
Cristo Interno: “Sei de tua aprendizagem em vidas anteriores. Já ultrapassaste o estágio comum, mas ainda não estás preparado para o próximo”.
Místico: “Vejo que me penetras n’alma. Preparei-me pela senda mística e tu dizes que devo cultivar também a senda ocultista, para alcançar a paz (Jerusalém)”.
Cristo Interno: “Em verdade, esses dois caminhos apenas conduzem a uma meta maior. O místico sente a verdade, mas por falta de desenvolvimento da razão, está sujeito a enganos. Vim trazer a Luz da Verdade libertadora. Chegou a hora em que o ideal há de ser Amor-Sabedoria, unindo Coração e Mente, para amarmos e concebermos Deus como verdadeiro espírito. Procuro aqueles que possam adorar-me desse modo”.
Místico: “Sei que o Cristo (Cósmico) há de voltar e estabelecer esse ideal”.
Cristo Interno: “Pois sabe: esse ideal se realiza internamente em cada alma preparada. Para ti já voltei. Eu sou o Cristo: o que fala contigo”.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – 02/1978)