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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Cura e as Vibrações Astrais

A Astrologia Rosacruz nos informa que a sexta Casa de um horóscopo está associada à doenças, enfermidades e à saúde, e o Regente natural desse departamento da vida é o Signo de Virgem, o símbolo da pureza e do serviço.

O maior de todos os curadores, Cristo, nasceu de uma virgem (pureza e serviço), e toda a vida d’Ele foi trilhada por esses preceitos.

Observemos agora outro Signo que está relacionado com a cura: Escorpião.

Vemos esse Signo representado por um escorpião (animal rastejante) e pela águia (animal que voa), ou mesmo pela fênix (ave que, mitologicamente, consegue ressurgir das próprias cinzas) e devemos nos esforçar e trabalhar internamente para que possamos elevar “nosso escorpião” (pois todos nós o temos em nosso horóscopo, em alguma Casa em particular) do nível rastejante à águia ou fênix, que sulca os céus cheia de majestade, alcançando a regeneração, palavra essa, intimamente associada à Hierarquia Planetária de Escorpião.

Dessa forma, trabalharemos espiritualmente para que nossa sexta Casa, a Casa da saúde (Virgem) seja regenerada (Escorpião).

É interessante notar que entre os Signos de Virgem (pureza e serviço) e Escorpião (regeneração) encontra-se Libra, como que formando uma ponte celestial, unindo-os. O Signo de Libra está associado ao equilíbrio e à justiça, atributos esses que devemos cultivar em nosso íntimo.

Interessante também notar como está sendo difundido entre a classe médica o axioma hermético: “a cura está intimamente associada à mudança de hábito”.

É inquestionável que determinados hábitos trarão consequências nocivas à nossa saúde: bebidas alcoólicas, tabaco (qualquer que seja o tipo, inclusive as drogas), vida sedentária, alimentação inadequada e outros conhecidos maus hábitos.

Contudo há outra mudança de hábito que não deve ser descuidada, a que diz respeito aos nossos desejos, emoções, sentimentos e, dado a nossa Mente estar “contaminada” pelo Corpo Desejos, os nossos pensamentos. A medicina já comprovou que pessoas pessimistas, tristes, magoadas, tensas, nervosas, invejosas, mentirosas, orgulhosas, raivosas, impacientes, intolerantes, gulosas, avarentas, sovinas, coléricas, egoístas e afins possuem uma tendência à queda do sistema imunológico e, consequentemente, tendência a ficarem enfermas ou doentes.

Servindo amorosa e desinteressadamente – portanto o mais anonimamente possível – o irmão e a irmã ao seu lado, esquecendo os defeitos deles e buscando servir a divina essência que está oculta em cada um de nós, e que é a base da Fraternidade (Aspectos benéficos do Signo de Virgem) e vivendo uma vida equilibrada (Aspectos benéficos do Signo de Libra) alcançaremos nossa regeneração (Aspectos benéficos do Signo de Escorpião). Essa é a receita!

(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz-SP de maio-junho/2002-Colaboração do Centro Rosacruz de Santo André-SP)

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Atitude Mental: Admitir como possíveis todas as coisas

Uma das atitudes mentais insistentemente recomendadas pela Filosofia Rosacruz é a de “admitir como possíveis todas as coisas”. Negar precipitadamente qualquer coisa sem examinar os ângulos, é imaturidade ou fanatismo. A adaptabilidade é um dos fatores mais expressivos da evolução. Contrariamente, o do Ego, ou seja, para nós, a qualquer forma de verdade estabelecida é limitador. Convém estarmos alertas com os condicionamentos mentais. Se, por um lado, o “Corpo Vital é o veículo conducente a Iniciação, por meio da repetição de novos e melhores hábitos”, por outro lado pode nos encarcerar na conservação de hábitos antigos e, desse modo, nos retardar a evolução. É importante notar que essa tendência de se ater as verdades convencionais é mais forte nos mais intelectualmente desenvolvidos. O intelecto é orgulhoso e tende a se conservar, lutando contra as novas ideias. Por isso disse Max Heindel que um dos últimos tropeços iniciáticos é o de Judas Iscariotes que simboliza a “Mente concreta”. De fato essa resistência às inovações é mais notável nos proeminentes cientistas que nos leigos. Simon Newcomb, eminente cientista norte-americano declarou, no começo deste século, que era impossível a qualquer máquina voar através de grandes distâncias. Longe dos primeiros voos dos irmãos Wright causarem sensação, provocaram reações de muitos redatores de jornais, que consideraram o relato das testemunhas como “impossível”. Não publicaram uma linha sequer. Passaram-se muitos anos antes que o povo compreendesse que os irmãos Orville e Wilbur tinham começado a conquista espacial prevista para a Era de Aquário, naquela manhã de dezembro de 1903. Levou muitos anos para que eles descobrissem mercado para sua máquina voadora. Numa carta aos inventores, em 1907, o Primeiro Lorde do Almirantado escreveu o seguinte: “O conselho do Almirantado é de opinião que vossa máquina voadora não é de utilidade prática para a Marinha”.

Alexandre Graham Bell não foi mais feliz. Um artigo de fundo de um jornal dos Estados Unidos assim considerou sua invenção: “um homem de uns 46 anos foi preso em Nova Iorque por tentar extorquir dinheiro de pessoas ignorantes e supersticiosas, exibindo um aparelho que, dizia transmitir a voz humana a qualquer distância, através de fios metálicos. Ele chama o instrumento de telefone, naturalmente pretendendo imitar a palavra telégrafo e, com isto, conquistar a confiança daqueles que sabem do êxito que tem esse último aparelho. As pessoas bem-informadas sabem que é impossível transmitir a voz pelo fio e que, se isso fosse possível o aparelho não teria valor prático algum” (vide a obra de A.M. Low – “What’s the World Coming to?”). Tomemos, da mesma obra as palavras do professor Erasmus Wilson, em 1878: “Com relação à luz elétrica, muito se tem dito a favor e contra ela; mas creio que posso dizer, sem receio de contestação, que ao encerrar a exposição, em Paris, a luz elétrica deixará de existir e pouca coisa se ouvirá falar dela”.

Seria preciso dizer que Semmelweis foi expulso de Viena por cientistas que escarneciam de sua teoria sobre bactérias mesmo depois de suas ideias haverem salvado centenas de vidas? O valor de seu trabalho somente foi reconhecido 25 anos depois de sua morte. Quando a luneta de Galileu revelou as luas de Júpiter, seus companheiros astronômicos se recusaram a olhar pela luneta, porque eram de opinião que tais corpos não existiam e que a luneta devia ser, portanto, um embuste. Por que, então iriam olhar através dela?

Se os leitores querem a maior, reproduzo a opinião de um crítico literário acerca de uma obra: “Não a li e não gostei”.

Infelizmente, os tempos passam, a história protesta, os fatos gritam, mas os materialistas continuam assim, vencidos pelo convencionalismo, como Sigmund. Felizmente, ninguém pode deter a evolução. À medida que as necessidades internas e sociais exigem mudanças, elas vêm. Os Anjos do Destino e os Irmãos Maiores da humanidade, que vigiam e asseguram os destinos evolutivos, respeitando, no possível, o livre arbítrio individual suscitam as inovações necessárias. Demolem-se as velhas instituições e edificam-se novas sobre as suas cinzas segundo o mito de Fênix.

Deus opera continuamente para nosso bem. Quando a humanidade se preocupava com o número reduzido dos cavalos, que não daria para o transporte dos antigos troles, surgiu o petróleo, o automóvel, as estradas asfaltadas, e os cavalos foram pastar sossegadamente nos campos. Como dizem os Evangelhos: “olhai os lírios dos campos e os passarinhos do céu. Se Deus vela pela erva que hoje é e amanhã fenece; se olha pelos pássaros que não tecem nem guardam alimento, quanto mais a vós, homens de pouca fé! Sede, pois, como as crianças para entrardes no reino dos céus” (Lc 12:27-31).

(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de abril/1972-Fraternidade Rosacruz-SP)

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De Escorpião a Águia

Ainda hoje observamos, em muitas construções antigas de igrejas católicas, quatro estátuas em cima do frontispício, representativas  dos quatro Evangelistas –  São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João -, tendo aos pés os símbolos dos quatro Signos Fixos que outrora compunham a esfinge: Escorpião (representado por uma águia), Leão (por um leão), Touro (por um touro) e Aquário (representado por um ser humano). É uma influência da primitiva igreja, pois os antigos Pais da Igreja conservavam o conhecimento dos mistérios cristãos e sabiam muito bem a parte esotérica e a relação entre as forças cósmicas (astrologia espiritual) e a evolução humana. Os Evangelhos são Escolas de Iniciação diferentes: dentre as coletâneas feitas pelos diferentes Discípulos de Cristo-Jesus e por seus seguidores diretos, foram escolhidas apenas essas quatro, que hoje, divididas em capítulos, constituem os evangelhos. As demais foram consideradas apócrifas ou não inspiradas. Contudo, havia uma razão de ser nessa escolha. Tais evangelhos ou métodos iniciáticos formam as linhas angulares que determinariam o horóscopo e evolução do Cristianismo.

Podem alguns estranhar que Escorpião seja ali representado pela águia, como o foi na esfinge misteriosa. É que Escorpião, representando as forças criadoras, em que se fundamenta todo o nosso poder potencial encerra vários símbolos. Cada um deles exprime um estágio evolutivo.

As forças ocultas no ser humano são um mistério, cujo conhecimento e domínio nos abre as portas da regeneração e libertação, para a reconquista da condição de filhos de Deus (religação ou Religião verdadeira).

Por isso rege o sexo e a força motriz emotiva. Por isso rege a oitava casa do horóscopo, que expressa regeneração ou degeneração, segundo os Astros e Aspectos de cada tema astrológico.

Na fase primitiva da evolução, Escorpião rasteja na paixão, escravizando o nativo às exigências dos sentidos. No aspecto espiritual, gira por detrás, com a cauda, mostrando o lado negativo em que vivíamos, como médiuns grandemente influenciados e dirigidos de fora. Aqueles que se iniciavam nos mistérios e alcançavam o desenvolvimento positivo das suas faculdades eram relacionados com a serpente, que pica pela frente, mostrando o aspecto positivo, independente. Nos mistérios egípcios, os Najas, ou serpentes, levavam uma serpente que parecia sair da raiz do nariz (lugar da consciência individual, do espírito divino). Esses eram desenvolvidos positivamente nos mistérios. Eram clarividentes voluntários. Os involuntários, que tinham a mesma condição dos médiuns espíritas de hoje, traziam uma serpente desenhada no ventre, na altura do “plexo solar”. Essas posições da serpente mostravam que, no desenvolvimento positivo é o espírito interno que alcança a possibilidade de voos d’alma, saindo e entrando do corpo, pela cabeça (entre as comissuras dos ossos parietais e occipital), ao passo que, no desenvolvimento negativo é um espírito estranho que expulsa o espírito residente e penetra no corpo pelos órgãos sexuais ou pelas paredes etéricas, rompidas, do plexo.

Na Bíblia temos várias passagens elucidativas desses dois estados. Os israelitas tomaram a palavra “Naja” e modificaram-na, com o sufixo, negativo feminino “OTH”, que nos dá NAIOTH e o final positivo masculino “IM” para a clarividência positiva. Saul foi a Naioth (foi tomado por espírito e divertiu os outros com tiradas proféticas).

Cristo-Jesus foi Naim e ressuscitou o Filho da Viúva (Iniciação de Lázaro).

Mercúrio, o símbolo da razão, também leva uma serpente a sair-lhe do chapéu; é indicação de que, com o chapéu de Mercúrio, a razão, chave evolutiva da presente época Ariana, o ser humano é livre e independente de influência externa para evoluir.

Quando, no antigo Egito, a pessoa levava duas serpentes a sair-lhe da fronte, indicava exercer dois poderes: de rei e de sacerdote.

Naja (Uraeus) é um emblema de Sabedoria. Cristo se refere aos detentores dessa Sabedoria quando aconselhou a sermos “sábios como as serpentes”. Na Índia, os guardiães dos mistérios eram chamados “nagas” ou serpentes. Nos “Eddas” de Islândia, vemos que Siegfried, investigador sincero, degolou a serpente, provou seu sangue e se converteu num sábio.

Ora, o veneno é um símbolo da força criadora. Siegfried o bebeu e tornou-se sábio. Quem usa o veneno (poder, força sexual) de forma indevida, pica por detrás e torna-se réu ou vítima do próprio veneno como o escorpião ao matar-se, diante do perigo. Contudo, quem usa essas forças de forma positiva e justa, pica pela frente, como a serpente (razão).

Um estudo sobre Escorpião mostra como essa força age e a necessidade de ela ser transmutada, transubstanciada. Quando, pela regeneração da natureza criadora, transubstanciamos essa força dentro de nós, alcançamos a condição de águias, a que voa em busca das alturas, não com as asas de cera de falso desenvolvimento de um Ícaro, mas com asas reais, que nos torna possível deixar a prisão da ilha de nosso corpo.

Os alquimistas costumavam comparar o ser humano a um forno e representavam-no com uma chama inferior para queimar e sublimar em forma de vapor, a líquida natureza da força de Escorpião. De fato, sabemos que na medula espinhal do ser humano circula um gás, a força de Netuno que rege as faculdades supranormais. Esse gás pode converter-se no líquido passional que procura exteriorização pelo sexo ou pode ser incendiado pela aspiração e prática de ideais superiores, caso em que, eleva-se pelo tubo (medula) do forno (corpo humano) e vai fazer vibrar os dois centros espirituais da cabeça (da Gândula Pineal e da Pituitária), estabelecendo com a persistência do processo regenerativo, uma ponte vibratória entre esses dois centros.

Abrem-se, então, os olhos espirituais e alcançamos a visão dos planos internos da natureza, atualmente encobertos para os olhos carnais do ser humano comum.

Ora, o que cegou o ser humano foi a queda e o uso da bebida alcoólica e de outros excitantes. Por isso, a Fraternidade Rosacruz recomenda aos Aspirantes à vida superior o abandono da carne de mamífero, aves, peixes, répteis, anfíbios (que está impregnada pela paixão animal, pois como diz a Bíblia, “a alma do animal está no sangue”), das bebidas alcoólicas, do fumo (de qualquer tipo e de qualquer forma) e de outros tóxicos que dificultam o processo regenerativo.

O modelo divino do Tabernáculo no Deserto, dado a Moisés no Monte, previa precisamente a elevação humana da degeneração em que estavam, para a regeneração. O altar dos sacrifícios simboliza a força criadora voltada para satisfação egoísta de todos os desejos do ser humano. Ela deve ser queimada (sublimada) com sal (arrependimento). O odor que se elevava da queima agradava ao Senhor. Contudo, naquele tempo o ser humano não estava preparado ainda para o sacrifício de si mesmo e os Seres Superiores determinaram que sacrificassem suas posses (machos bovinos e ovinos) além dos dízimos. Com o advento de Cristo e a purificação dos estratos da Terra o ser humano alcançou a possibilidade de fazer de si mesmo, sob uma orientação racional, um sacrifício vivente. O Tabernáculo no Deserto, que era uma sombra das coisas que viriam, antecipava essa possibilidade expressa por São Paulo Apóstolo quando diz na sua Epístola aos Efésios 4:22 a 24: “que nos despojemos do homem velho e nos revistamos do homem novo, em novidade de espírito”. E, ainda mais, na sua Primeira Epístola aos Coríntios 15:42: “ressuscitarmos da corrupção para a incorrupção, de corpo animal para o corpo espiritual”. O Tabernáculo no Deserto é nosso corpo, o Templo de Deus Vivo, Interno. Se queremos trabalhar eficazmente a serviço da humanidade, alcançando, ao mesmo tempo, para nós, a verdadeira felicidade, é necessário que passemos além de seres humanos comuns, que funcionam apenas no pátio externo do Tabernáculo no Deserto, no lado inferior. Aprendendo a queimar os atos errôneos de cada dia, com o fogo da consciência, durante a retrospeção noturna, podemos lavar-nos e purificar-nos, a fim de entrar, durante o sono, no Santo (Sala Oriental) e lá trabalhar como Auxiliares Invisíveis inconscientes, a serviço da humanidade. Contudo, não basta isso, é necessário que durante o dia aproveitemos todas as oportunidades de bem agir. Só podemos ser eficientes Auxiliares Invisíveis quando aprendemos a ser, aqui e agora, Auxiliares Visíveis provados pela prática e não simplesmente em teoria e aspiração. Aí sim, o bem agir e uma retrospeção bem feita nos permite extrair a essência do serviço prestado, para oferecê-la aos semelhantes durante o trabalho noturno a que nos consagramos diariamente.

Desse modo — afirma Max Heindel com o conhecimento de causa — o maior criminoso pode transformar-se radicalmente. É um trabalho de repetição no bem, de automatização do certo, deixando de lado, procurando esquecer o lado inferior, que morrerá de inanição, aos poucos, e um dia chegará em que, suficientemente equilibrados para nos dirigir seguramente no Mundo do Desejo, somos visitados pelo Mestre e convidados a entrar no Santíssimo (Sala Ocidental). Esse extremo ocidental do Tabernáculo no Deserto é a nossa cabeça, onde estão os dois Querubins (Glândula Pineal e Pituitária ligando suas asas, ponte vibratória) sobre a arca, onde estão as tábuas da lei (a observância consciente e espontânea nas leis naturais), a vara de Aarão (o fogo espinhal de Netuno, com todo seu poder potencial) e o Maná (o Espírito).

Contudo, essa transubstanciação é assunto delicado. Por isso fazemos o presente artigo, na esperança de reforçar e assegurar uma boa compreensão do que sairá em julho.

O ser humano precisa de conhecer-se sobre o assunto (Nosce Te Ipsum), por um estudo criterioso de seu horóscopo, tomar consciência de seus pontos frágeis e fortes e depois trabalhar vigilantemente por sua regeneração, seguindo um roteiro pessoal. Os pontos frágeis, principalmente os complexos impulsos emocionais e sexuais, não são sublimados pelo combate. Cristo recomenda mui oportunamente que “não resistamos ao mal”, isto é, que não pensemos nele, que não lhe demos consideração pois, cada vez que pomos uma ideia na consciência fortificamo-la com nossa atenção. Consegui bons resultados, mantendo-me sempre ocupado em coisas nobres e prazerosas. Os Santos são muitas vezes representados pisando uma serpente. São Jorge matou o dragão, também nós, para dominar a força emocional de Escorpião, devemos unicamente estar alertas contra seu automatismo astuto e sutil e pensar e agir unicamente no que seja construtivo.

Há muitas coisas por aí a conspirar contra nosso aperfeiçoamento. Não faz mal. Não podemos ficar num convento. A oficina de aperfeiçoamento é aqui mesmo, no meio da tentação. É a única forma de provarmos para nós mesmos se estamos seguros para enfrentar provas maiores. Estejamos alertas contra as insidiosas sensações e imagens que, pela televisão, pela revista, podem acumular-se e insidiosamente incitar-nos a natureza inferior. Olhemos o lado bom de cada coisa, desconcertando o mecanismo do subconsciente instintivo. Isto é, vigiar e orar.

E, como ainda não somos santos, cuidadosamente demos vazão ao vapor da natureza emocional que se acumular, porque senão estoura a caldeira. Escorpião rege esse impulso de liberação e devemos ser prudentes. Contudo, entre ser prudentes e condescendentes com o instinto, vai uma grande distância.

Há, ainda, o perigo do recalque, isto é, não sublimar natural e inteligentemente a força instintiva e apenas querer contê-la à força de vontade ou por inibição. Isso é realmente um perigo. Na Lenda de Parsifal, Klingsor, buscando ser um dos cavaleiros do Graal (ser repentinamente elevado), mutilou-se, vedando a si mesmo a satisfação instintiva.

Contudo, com a vista espiritual o Guardião do Castelo percebeu-lhe o íntimo tenebroso e passional e não lhe permitiu o ingresso. É o problema da circuncisão debatido por São Paulo apóstolo. O Corpo de Desejos é distinto do Corpo Denso, se bem se expresse através dele, como Klingsor fazia com Kundry, quando a despertava antes que os cavaleiros do Graal o fizessem, utilizando-a em propósitos egoístas. Klingsor morava no “vale”, indicativo da parte baixa do corpo, onde se situam os órgãos sexuais, expressão inferior da força emocional. O Castelo do Graal estava no “monte”, isto é, na cabeça. Os cavaleiros são o gás netuniano. Atraídos e seduzidos pela flores-deusas deixam-se exterminar por Klingsor.

Parsifal foi tentado e venceu a prova. Contudo, teve, ademais, que provar seu valor altruístico, sofrendo e servindo, usando seu poder em benefício dos demais e nunca para si.

Assim, também nós, temos tudo isso dentro do nosso reino interno e é mister alcançar o mérito de Parsifal não insensatamente como Anfortas, mas sabiamente, como “serpentes” que desejam transmutar-se em águia.

E das cinzas da queima da natureza inferior elevar-se-á, gloriosamente, em repetidos renascimentos, cada vez mais luminosos, a Fênix!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1966)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Eterno Momento: viver aqui e agora

O Eterno Momento: viver aqui e agora

A linha é uma sucessão de pontos; a vida, uma sucessão de agoras.

Vivo conscientemente e bem o aqui e agora, pois nisso vejo toda a ciência do viver.

Não me volto ao passado. Apenas lhe conservo a experiência. Só me preocupei com ele quando era infeliz, complexada, insatisfeita. Então me voltei, rebusquei-o muito bem para encontrar as causas de minhas condições e as desarraiguei para sempre, à luz da Filosofia, dos Ensinamentos Bíblicos e da Astrologia Rosacruz. Depois disso “tomei do arado e não mais olhei para trás”. Quando me assalta a vontade, lembro-me da mulher de Lot, transformada em estátua de sal ao voltar os olhos para a cidade destruída por Deus.

Realmente: reviver coisas desagradáveis só nos reacende sentimentos indesejáveis e cristalizantes. E mesmo as coisas agradáveis. Que proveito há em rememorar nossos triunfos? Não será vaidade? Devemos partir para conquistas mais altas.

Conservo as experiências. Elas são a essência, a Fênix renascida das cinzas de tudo que queimei. Elas me permitem relacionar as causas aos efeitos e deduzir atos progressivamente melhores. Este conhecimento me evita sofrimentos desnecessários, quando pela Vontade, aplico-o a novas ações.

Quanto ao futuro, também não me preocupa. Os devaneios roubam agoras preciosos que poderiam ser preenchidos com realizações. Os momentos passados edificaram minhas atuais condições; igualmente, meus agoras continuarão a edificar o meu caráter. E caráter é destino.

O futuro depende do agora. Assim, penso, sinto, ajo, no agora.

“A cada dia os seus cuidados”, “Não faço planos”. Muitas vezes os fiz e quase sempre tudo veio diferente…. Sei o que me convém, como ser espiritual, e ajo de forma a realizá-lo. Porém, é Cristo, em mim, quem vai dispor os tijolinhos de meus esforços diários; Ele é o Arquiteto do Templo que lhe edifico silenciosamente.

Desligo-me de toda ansiedade e preocupações. Atenta e responsável a tudo que me incumbe e me é possível, não deixo pendências que me perturbem depois. Tenho inteira confiança nas Leis de Deus, ativas no Micro e no Macro. Entrego-me à direção de meu verdadeiro Ser, sobreposta que estou aos pensamentos negativos e sentimentos de medo e restrição. “Quem deseja salvar sua alma é quem a perde”.

Aqui e agora busco a Deus e seu Reino no íntimo de todas as coisas e pessoas. Aqui e agora, sou feliz!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Mito da Fênix

O Mito da Fênix

A mitologia nos conta a história da Phoenix, uma fantástica ave que vivia cerca de 500 anos e depois se queimava, renascendo das cinzas, continuamente.

Pois bem, ela continua renascendo. Esse mito é um símbolo do Espírito que renasce para a escola da vida de tempos em tempos, depois de haver purgado os erros que cometeu e trazendo as cinzas das experiências passadas, como consciência.

A ave é símbolo do espírito. O místico símbolo de Escorpião é representado no seu lado positivo e levado pela Águia que se eleva aos céus, depois de haver rastejado como escorpião nos apegos materiais. Nos dramas místicos de Richard Wagner, o Iniciado, “Parsifal” e “Lohengrin”, é o cisne que representa essa ideia. Em “Parsifal”, Amfortas amenizava as dores ferida do erro na água do lago purificada pelo cisne (região superior do Mundo do Desejo). Em “Lohengrin”, o cisne aparecido a Elza era o Iniciado que pode, com bico do desenvolvimento positivo e consciente, investigar tanto abaixo da superfície (Mundo Físico) como acima (planos superiores ao Mundo do Desejo). No batismo do Jordão, um raio do Cristo Cósmico desceu para habitar o Corpo de Jesus, na forma de uma pomba, símbolo usado pela igreja católica para representar o Espírito Santo.

O renascimento é ensinado pelas diversas escolas de ocultismo. Não é propriedade de ninguém, mas uma verdade cósmica evidenciada pela analogia em todos os reinos e ensinada por todos que puderam lhe comprovar diretamente a realidade. Realmente, qualquer indivíduo que desenvolva o sexto sentido latente poderá ver quando o Ego desce ao renascimento do 18º ao 21º dia após a fecundação da mulher e quando deixa o Corpo Denso, pela morte deste, levando consigo os veículos superiores.

Quando nos dizemos uma escola filosófica de cristianismo esotérico, às vezes causamos estranheza.

Desavisadamente pensam alguns que a Fraternidade Rosacruz é uma espécie de espiritismo, que ensina também o renascimento, com o nome de reencarnação. Preferimos o termo “renascimento” porque é mais apropriado, mas esta identidade não significa sermos espíritas. O renascimento é ensinado desde muito antes de Cristo. A diferença entre a Fraternidade Rosacruz e o Espiritismo é a do método do desenvolvimento interno. O espiritismo busca re-despertar a faculdade negativa da mediunidade que tivemos no passado. Naquela fase de nossa evolução (Época Lemúrica) tínhamos a visão dos Mundos internos ou espirituais, hoje invisíveis aos nossos olhos carnais.

Víamos os Anjos guardiães da humanidade. Depois, com o abuso sexual, com o casamento fora da família e da tribo e com o uso do álcool, perdemos essa faculdade.

Formou-se então o sistema nervoso cérebro-espinhal ou consciente, com nosso estado atual de vigília.

Pelo exposto vemos, então, que a mediunidade, relativamente fácil de ser desenvolvida, porque já a possuíamos no passado, representa uma retrogradação evolutiva. O caminho é para frente e para cima.

Portanto, embora muito mais difícil, o desenvolvimento positivo é que tem de ser conquistado, conforme ensina a Escola Rosacruz, e pelo método apropriado aos ocidentais.

Além disso, vale acrescentar, o desenvolvimento positivo ou consciente conserva e valoriza a liberdade espiritual do homem, enquanto a mediunidade o transforma num instrumento de forças que não pode controlar.

Outro motivo de estranheza é entre os católicos e protestantes. Alegam eles que o renascimento não é ensinado na bíblia e, assim, como podemos considerar-nos cristãos?

De fato, o renascimento não foi ensinado publicamente na Bíblia.

Isto fazia parte do plano evolutivo da humanidade. Os Senhores do Destino sabiam que teríamos de passar por esta fase de conquista material, em que o cristianismo assumiria sua forma inicial meio materializada. É explicável. A transição não poderia ser brusca, como não o é nenhum processo da natureza. “Natura non facit saltum”. Por isso, adoramos a Deus por imagens materiais, em vez de em espírito. Mas isto não quer dizer que o renascimento não tenha sido ensinado na Bíblia. Foi exposto simbolicamente. A Bíblia, se interpretada ao pé da letra, torna-se infantil e ridícula às vezes, como sucede na história da costela de Adão. O Cristo ensinava por meio de parábolas, para, “ouvindo, não o entendessem”. Depois, secretamente, explicava o sentido aos seus discípulos. Nas passagens da visita de Nicodemos e da criança cega, temos claras alusões ao renascimento. Nicodemos visitou-O à noite (em sonho consciente) e foi-lhe dito: “necessário vos é nascer de novo”. As igrejas explicam que esse nascer de novo é a transmutação do homem velho em homem, novo, segundo disse São Paulo, o Apóstolo.

Também tem esse sentido para nós, mas refere-se, por outro lado, ao renascimento. Na passagem da criança que nasceu cega, perguntaram a Jesus: “quem é culpado; ela (a criança) ou os pais, por haver nascido cega?”. E Jesus respondeu: “foi para que se manifestasse a obra do Pai”. E dizem as igrejas simplesmente: é vontade de Deus que soframos. Acham os leitores racional esta resposta? O Deus amantíssimo, todo amor e justiça, teria vontade de criar uma nova alma, cega, para dar mostras de Seu Poder ? Para os tempos anteriores a Cristo seria admissível, pois reinava a religião do temor, do castigo. Mas Cristo veio inaugurar o Amor e o Perdão e essa passagem pertence ao Novo Testamento.

A Filosofia Rosacruz dá-lhe o sentido lógico e correto: e para que se cumpra a lei de causa e efeito, que não pode dispensar o renascimento, porque, aquilo que o Ego semeia numa vida, se não colheu nela mesma, terá de colhê-la em outra posterior. Em conclusão, a Phoenix mitológica é símbolo do espírito mais avançado, que renasce em mais ou menos 500 anos, em vez de 1000 anos, média para os indivíduos comuns.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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