O Que a Teoria de Renascimento Revela: mitiga o temor da Morte
Vejamos o que a crença no renascimento pode fazer por nós em nossa vida neste plano físico. Primeiramente revela o fato de que o ser humano sendo consciente de si e agindo de acordo com seus desejos, torna-se responsável por suas ações. Essas ações, sob a Lei de Consequência, (isto é, o efeito que resulta da causa) ajudam a modelar sua vida. Aprende que colhe bons frutos pela ação reta e dores e sofrimentos pelos maus atos.
Não pode escapar dessas consequências, pois se não aparecerem na vida atual, aparecerão em vida posterior como destino maduro a ser dissolvido, às vezes em situação mais difícil, quando é maléfico. Portanto, o ser humano tem muitos incentivos para se tornar melhor. O renascimento vem ao encontro da doutrina da Ressurreição, pois, por seu intermédio, o aguilhão da morte é removido e perdida a vitória do túmulo, porquanto o que desapareceu tornará a aparecer.
O renascimento revela a eternidade da vida, proporcionando alegria de viver e aspirações na evolução. Os fracassos nesta vida poderão tornar-se vitórias na vida futura por meio de novas oportunidades para vencer o que hoje nos cerceia.
As repetidas vidas no correto viver nos habilitam a conhecer de onde viemos, para onde vamos e porque estamos aqui, bem como o que o futuro nos reserva acerca da liberdade de escolha.
O renascimento revela a sabedoria de Deus e a justiça das Suas Leis, a Santidade da vida e, sobretudo, a grandeza do ser humano feito à imagem Divina.
A crença no renascimento não é coisa recente; existe na Índia desde tempos antigos; é encontrada no Budismo; contida no Corão, o livro sagrado de Islã; é conhecida dos Lamas do Tibete. Foi ensinada por Pitágoras e dos gregos foi transmitida à primitiva Igreja Cristã. É religiosa, filosófica, e também podemos dizer, científica.
Na verdade, a morte não existe. O que assim parece é uma perda temporária de consciência num período de transição, quando passamos de um degrau para outro superior na escada da evolução.
Erradicando o temor da morte de nossas vidas pelo conhecimento do renascimento, a transmutação e a transfiguração guiam o curso das nossas vidas para os portos celestes da paz e do amor.
“E quando tenha terminado meu trabalho na Terra
E meu novo trabalho no céu comece,
Esqueça eu os louros que ganhei
Enquanto trabalho pelos outros”.
Autor Desconhecido
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. São João 3:3
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz em 9/1975)
Pergunta: O assunto Espírito Santo não está claro. A questão do Espírito de Raça não faz sentido na plenitude maior que é o Espírito Santo que liberta e, sendo assim, é superior à própria influência de Cristo. Como pode o Espírito de Raça ser libertador?
Resposta: uma coisa é o Espírito Santo – ele sim é libertador, pelas razões abaixo – terceiro Aspecto da Trindade Divina, cuja atribuição, nesse Esquema de Evolução, foi dada à Jeová, um Anjo, o mais alto Iniciado do Período Lunar. Nesse Período ele alcançou a competência de criar um Corpo com material do Mundo de Deus, daí a sua atribuição. Isso fica claro nos Diagramas 8 e 14 do “Conceito”.
O Espírito Santo não é separatista. É tão unificador quanto os dois outros aspectos, o Pai e o Filho. Afinal, só alcançaremos o Pai e o Filho, via Espírito Santo. Se esse fosse separatista, seria impossível.
Vejamos as razões para isso. Jeová se tornou especialista em Corpos feitos com material da Região do Pensamento Abstrato – onde atualmente temos um veículo: o Espírito Humano. Atualmente, também, é nesse veículo que temos o foco da nossa evolução, por isso lemos no “Conceito”: “como Egos funcionamos na Região Abstrata do Mundo do Pensamento” (veja o Diagrama 4 do citado livro). É nessa Região que estamos nos focando quando fazemos os exercícios esotéricos preconizados no Capítulo VIII do referido livro. Afinal sem “desgrudar” a nossa Mente do nosso Corpo de Desejos (o que fizemos erroneamente, quando ganhamos o germe da Mente dos Senhores da Mente, a humanidade em geral, entre a primeira e segunda metade da Época Atlante, conforme vemos no Capítulo IV e XII) não há como ter “pensamentos sem a contaminação do desejo”. E aqui o auxílio do Espírito Santo é fundamental. Seja para aprendermos a funcionar conscientemente na Região Abstrata do Mundo do Pensamento (a região das Ideias), seja para dominar o nosso Corpo de Desejos (a primeira ajuda que recebemos – de um total de 3 – para adquirirmos toda a experiência por intermédio dos nossos instrumentos, a fim de alcançar o objetivo desse trabalho que é a união com o Eu superior.
Essa primeira ajuda nos prepara para a união com o Espírito Santo. Sem essa ajuda não chegamos a união com Cristo (!) – veja mais detalhes no Capítulo XVII).
E é aqui que entram as Religiões de Raça, criadas por Jeová, o Espírito Santo, e conduzidas pelos Espíritos de Raça, uma das inúmeras atribuições de um grupo de Arcanjos competentes para esse trabalho.
Veja: isso foi necessário porque nós, seres humanos, precisamos. Não foi criado porque “alguém quis”.
Antes de ganharmos o germe da Mente, nosso Corpo de Desejos era extremamente forte e o seu uso e abuso destruía o Corpo Denso em uma velocidade muitíssima maior que atualmente. Quando ganhamos o germe da Mente e, por livre e espontânea vontade, a atrelamos ao Corpo de Desejos, a situação piorou enormemente.
Junte-se a isso a conquista da consciência de vigília e a nossa decisão de “tomarmos o rumo da nossa evolução” começamos a fazer o mal, não somente para os nossos Corpos, mas para outras pessoas, as destruindo, física, moralmente e até espiritualmente (mais detalhes sobre isso veja quando criamos corpos e vivemos a partir da 3ª raça atlante e mesmo no início quando vivemos como Semitas Originais, Capítulo XII).
Só com um foco na obediência e na consequência clara do que acontece quando fazemos o mal a alguém é que conseguimos entender e aprender que o caminho do transgressor é duro e sofrido. Esse trabalho de fora foi necessário para, por livre arbítrio, escolhermos o caminho do bem.
Infelizmente, muitos de nós, ainda traz as reminiscências desse modo de aprender dentro de nós (e “vivemos” no Espírito de Raça). Exemplos: espírito de família, patriotismo, grupos que se identificam como separados dos outros, tribos, nações e, ainda, raças.
O “caráter libertador” que o irmão aludiu ao Espírito Santo é correto. Afinal o Espírito Santo não é “o Deus de Raça”, Espírito de Raça, Religiões de Raça. Essas são algumas das atividades que o Espírito Santo exerce, quando uma onda de vida, exatamente como a nossa, precisa de lições fornecidas “de fora para dentro”, a fim de alcançar a libertação por meio do domínio das suas ferramentas, seus instrumentos, no caso específico, do Corpo de Desejos.
Uma vez nos libertado desse grilhão que nos aprisiona – não o matando, mas aprendendo a usá-lo da forma como se deve – aí sim podemos dar um próximo passo e usar a 2ª ajuda (veja mais detalhes no Capítulo XVII).
Afinal de contas: como construir um Corpo-Alma – constituído dos 2 Éteres Superiores do nosso Corpo Vital – se o nosso Corpo de Desejos exige que o Corpo Vital seja quase todo preenchido de Éteres Inferiores para manter a vitalidade do nosso Corpo Denso? É impossível, né?
Como na Pedagogia: Objeto, Meio e Fim e a Órbita de Influência de Aquário
Como na pedagogia, a Escola Rosacruz, em seu trabalho, leva em conta três elementos:
1. O ser humano – objeto do aprendizado e regeneração;
2. A Filosofia – o meio; e,
3. Regeneração do ser humano e sua religação a Deus – o fim.
Embora todos os seres humanos tenham tido a mesma origem, como espíritos virginais diferenciados em Deus para a peregrinação na matéria e potencialização dos atributos divinos herdados, é sempre inevitável que cada espírito passe, ao longo de seu caminho evolutivo, por experiências diferentes. Desse modo foi formando um todo diferente, um microcosmo original, uma chispa divina que essencialmente é igual a seu Pai e seus Irmãos, porém dinamizou e modelou as qualidades divinas a seu modo. Daí ser ele um indivíduo, algo indivisível, distinto, um mundo próprio. E precisamente essa heterogeneidade do ser em evolução, pelo uso da Epigênese, ou seja, pela capacidade de criar coisas novas e originais, é que vai formando, no macrocósmico corpo de Deus, algo sempre novo. Desse modo, à medida que evoluímos, Deus também evolui porque “nele Vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. Isso exposto, justificamos porque a Escola Rosacruz, ensinando o Renascimento, a Lei de Consequência e a Epigênese, tem no indivíduo a base de sua mensagem. Cada indivíduo é um mundo à parte. O conceito de individualidade, na Escola Rosacruz, atinge muito mais profundamente a realidade universal do ser humano, porque a isenta de culpa dos condicionamentos hereditários e outras dependências passageiras, inerentes ao seu presente estado evolutivo.
De fato, o ser humano real, o indivíduo, está destinado a converter-se num “super-ser humano”, livre dos laços de sangue, de nacionalidade, de raça, de credo e todas as demais restrições até agora justificadas pela necessidade.
O ser humano é nos estados atual e futuro, um Prometeu e um Hércules. Agora nos achamos encadeados, pela transgressão às Leis geradoras da morte, ao mundo material, como Prometeu ao Cáucaso. Havendo trazido o fogo divino, sentimos interno anseio de libertação e nossa dignidade de príncipe nos anima a resistir e lutar; mas a parte humana exige a repetição dos perniciosos hábitos antigos e com isso vemos o abutre (a lei de Consequência) comer-nos todo dia (cada vida) o fígado, (centro do Corpo de Desejos) que se renova (renascimento), até que nos convertamos num Hércules, um “super-ser humano”, que vence os doze trabalhos (libertação da influência adversa de seu zodíaco e sublimação das qualidades de suas doze casas zodiacais). Diz-se que Hércules, quando foi libertar Prometeu, atravessou o grande oceano num pote ou caneco de barro. Aqui está vivamente figurada a resolução do Cristão que navega no frágil barco da carne, do corpo, pelas ondas ou vicissitudes do mundo.
Estamos nessa transição de Prometeu a Hércules. É a condição expressa por Paulo apóstolo quando se sentia exaltar, como espírito, mas reconhecia outra lei em seus membros. É o que disse o iniciado Goethe, quando, pela boca de um de seus personagens, sabia possuir duas almas em conflito: uma que ansiava voar aos céus e outra que se agarrava à Terra com passionais desejos.
Diz a Bíblia que a Lei e os Profetas vieram até João Batista. Depois deste vem a época de Cristo, do Amor. Todavia, como citamos acima, o Novo Testamento reconhece a penosa transição. Começamos um novo dia, mas pouco passamos da meia-noite. Temos de trabalhar, vigiando e orando, até que nos chegue a Alva. O egoísmo e as limitações geradas pelas religiões de raça e pelas leis ainda persistem em nós, em graus diferentes para cada indivíduo. O aspirante Rosacruz procura abreviar a libertação desses obstáculos, não pelo medo ao inferno ou de chamas eternas, não pela recompensa de um céu futuro, embora essas ideias sejam ainda justificáveis para aqueles que estão ao nível do cristianismo popular, mas pelo dever que lhe impõe a condição de Filho de Deus, iluminado pelo discernimento. A Escola Rosacruz é Cristianismo Esotérico, a Religião do Futuro, da Época de Aquário, que se vai iniciar daqui a uns 600 anos e cuja órbita de influência, segundo a precessão dos Equinócios, começou em meados do século passado. Sob o raio de originalidade e racionalidade de Urano, Aquário iniciou o evento da conquista do ar e do éter (rádio, TV, telégrafo, telefone, avião, conquistas espaciais etc.) e a tendência de tudo racionalizar trouxe comprometedora sombra de materialismo. Para atender a essas almas avançadas e orientá-las com uma religião científica, surgiu a Fraternidade Rosacruz. Ela mostra a constituição trina corporal do indivíduo (Corpos Denso, Vital e Desejos), sétupla (os corpos citados, dirigidos, através da Mente, pelo tríplice espírito individual) e decupla (com acréscimo da tríplice alma ou fruto da experiência do espírito sobre os corpos). Sua Antropogênese abrange uma anatomia oculta (os veículos mencionados, centros espirituais, posição, natureza) e fisiologia oculta (como se formaram funções, estado atual e futuro). Disseca o homem como ser humano e espiritual, história sua queda e prescreve os métodos mais racionais e seguros de desenvolvimento, transmutação e reunião final com Deus.
Assim, revela ao ser humano o que ele é (“Nosce te ipsum”), identifica-o com seu Criador, cuja Trindade em Um (Pai, Filho e Espírito Santo) se acha nele expressa em igual natureza e na proporção de seu estado de consciência, como tríplice Espírito, que trabalha através da Mente para dinamizar os atributos latentes de Vontade-Poder, Amor-Sabedoria e Movimento-Atividade.
Mostra-lhe os fins imediatos e mediatos: a regeneração para uma vida mais feliz, baseada no sentimento de verdadeira fraternidade e serviço amoroso e desinteressado; e seu destino de Filho Pródigo que é de tomar a resolução de voltar à Casa Paterna de onde veio, mas agora rico, pela consciência da riqueza herdada, através da experiência. O apóstolo o exprime bem na I epístola aos Coríntios, cap. XV: “passando da fraqueza à fortaleza, da corruptibilidade à incorruptibilidade, da mortalidade material à imortalidade do espírito, porque o primeiro Adão foi feito em alma vivente, mas o último Adão sê-lo-á em espírito vivificante”.
Finalmente, a Fraternidade Rosacruz facilita amorosa e desinteressadamente o MEIO de o ser humano atingir esses fins imediatos e mediatos, por meio do desenvolvimento paralelo e harmonioso da Mente e do Coração, da Razão e do Sentimento. Seus livros são vendidos a preços razoáveis; os cursos orais e epistolares, bem como os folhetos informativos, são gratuitos. Como Escola essencialmente cristã, sustenta-se dos donativos voluntários de seus membros. E os recursos recebidos ela os canaliza para esse relevante serviço da regeneração humana, na qual se funda a verdadeira felicidade.
Se você, leitor, não empreendeu ainda um estudo sério da Filosofia Rosacruz para conhecer a si mesmo (Antropogênese) e o Universo (Cosmogênese), faça-o agora. Se já o está realizando, contagie outras almas afins, que estão buscando também. Espalhemos a mensagem de Aquário a todos os companheiros. Nossa vida, nosso exemplo, farão ecoar o som que vibrará nos corações deles, como um diapasão, tocando, afeta outro afinado no mesmo tom.
Que o Senhor, através do nosso exemplo, se comunique aos outros, como a energia da Usina Central ilumina as casas. Basta apenas a resolução e ato de ligar a “chave” dentro de nós, para que a corrente de Deus se exprima em luz.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz em 11/1975)
Resposta: Há duas classes de pessoas no mundo, mencionadas na Lenda Maçônica como os Filhos de Seth e os Filhos de Caim, representados atualmente pela Franco-Maçonaria e o Catolicismo, a política e o sacerdócio – os que escutam a voz do intelecto e se deixam levar pela cabeça, e os que obedecem à voz do coração, seguindo suas emoções e sentimentos. Os Filhos de Seth, pessoas que trilham o caminho da devoção e seguem sua religião, não importa em que país estejam, não entram em contato com nenhuma Escola de Mistérios em toda a sua existência. Eles seguem seus mestres espirituais, dóceis como cordeiros, como a água que flui suavemente num canal artificial, e entre os seus líderes, desde o tempo de Abel, o pastor, encontramos grandes luzes como Salomão, que renasceu mais tarde como Jesus, e é atualmente o pilar espiritual invisível da Igreja, que ele finalmente guiará sob o abrigo do Reino de Cristo. Essas pessoas são os protótipos divinos, Adão e Eva, criados por Jeová, o Regente da Lua, a Rainha das águas do mundo e das emoções humanas. Nossas emoções são tão instáveis quanto a água, que é regida em seus fluxos e refluxos periódicos pela Lua.
A outra corrente da humanidade, chamada os Filhos de Caim, é a classe na qual a essência divina, o Ego, se faz sentir como um fogo ardente. O instinto criador original é agudo e perspicaz neles, pois quando a humanidade estava no berço, eles ouviram a voz dos Espíritos Lucíferos e comeram da Árvore do Conhecimento. Por essa razão tornaram-se iluminados. A Mente desenvolveu-se em detrimento do coração. De Caim, Tubal-Caim, e Matusalém descendem todos os artesãos do mundo. Foram os que construíram o Templo de Salomão sob a liderança de Hiram Abiff, o Mestre Maçom, que renasceu posteriormente como o Filho da Viúva de Naim, ressuscitado pela garra potente do Leão de Judá, e que atualmente trabalha na indústria e política sob o nome de Christian Rosenkreuz, a fim de conduzir seus companheiros ao reino de Cristo, onde as duas correntes se unirão – onde não haverá prelados nem reis, mas exclusivamente um, o Cristo justo, que exercerá o duplo cargo de Rei e Sacerdote.
Em toda grande comunidade humana, sempre há os que ficam para trás e os que vão à frente, e podemos encontrar indivíduos pertencentes a cada uma dessas duas correntes da humanidade entre os tipos inferiores, como também entre as pessoas mais civilizadas da Terra. Ao longo do caminho evolutivo há, podemos dizer, portões que levam ao caminho da Iniciação e que podem ser destravados por todo aquele que tenha a chave apropriada.
As fechaduras diferem nos diferentes pontos encontrados no caminho da evolução, tornando-se cada vez mais complexas, já que todos nós estamos aprendendo hoje, através da trilha evolutiva, lições que só eram ensinadas em eras passadas no processo de Iniciação nas Escolas de Mistérios.
A cada vida nascemos com um novo horóscopo. O nosso Ascendente e nossos Astros serão muito diferentes a cada vida, de acordo com as lições que temos de aprender e as dívidas do passado que temos de saldar.
Em uma vida podemos ter Marte como Regente, em outra podemos ser regidos por Vênus ou por qualquer um dos outros Astros. O Espírito deve aprender todas as coisas para se tornar perfeito, e deve, por conseguinte, evoluir sob a influência de todos os Astros para que todos os aspectos da sua natureza sejam igualmente equilibrados. Não obstante, a marca da nossa Estrela-Pai ou Fogo-Pai está sempre presente, e isto fez com que um espírito inerentemente marcial seja diferente de outro que venha do Raio de Júpiter, embora seus horóscopos possam ser bem semelhantes, como, por exemplo, no caso de gêmeos.
As crianças nascidas com o mesmo Tempo Médio de Greenwich em Madrid, Nova York ou Honolulu serão de tipos bem diferentes, marcadas por suas peculiaridades nacionais e raciais, mas mesmo assim seus horóscopos assemelhar-se-ão muito. Isto demonstra que não é o horóscopo em si que conta, mas a influência invisível devida à identidade do Fogo-Pai ou Estrela-Pai e, quando um homem ou uma mulher estão prontos para transpor o portão ou empreender o caminho que leva à Escola de Mistérios, ele ou ela sentirão a atração espiritual correta através da vibração da cor básica da aura. Se essa atração for respeitada, ela os levará, sem dúvida, ao lugar correto, onde não serão rejeitados.
Falando de um modo geral, pode-se dizer que todos os povos do Mundo Ocidental pertencem à Escola da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes, e que eles se enganam quando tentam entrar para uma escola pertencente ou que divulgue a filosofia oriental. Quando Moisés conduziu os Israelitas para fora do Egito, a terra do Touro, onde o animal era adorado quando o Sol, por Precessão, se encontrava no Signo de Touro, ele deu ao povo ao qual guiava, um novo símbolo, o do Cordeiro. Desde a época em que o Sol, por precessão, atravessou o Signo de Áries, o Cordeiro, tornou-se idolatria adorar o Bezerro de Ouro (Touro), ou, reverenciar as serpentes e os escorpiões, que eram os sacerdotes dessa dispensação (porque Escorpião é o Signo oposto a Touro). Então, veio Cristo, o Cordeiro de Deus, assim chamado para inaugurar uma nova religião; e ouvimos falar de um julgamento quando Ele voltar novamente sob o Signo de Libra, a balança, oposto a Áries, para julgar o mundo inteiro.
Mais tarde, por precessão, o Sol passou pelo Signo de Peixes, os peixes, e por dois mil anos, abstivemo-nos de comer carne em determinados dias, comendo peixe em seu lugar, enquanto adorávamos o Signo oposto Virgem, a Virgem Imaculada. Atualmente o Sol está entrando, por precessão, na órbita do Signo celestial de Aquário, o Filho do Homem e, na futura Era Aquariana, teremos um padrão totalmente diferente do que tivemos até hoje. De fato, devemos aprender a venerar o Cristo interno, e esse Cristo não é o mesmo para cada um de nós. Ele é o Salvador que nos conduzirá além da nossa atual condição.
A diferença é o raio planetário básico que está em cada um e em todos nós. Assim, há o raio horoscópico, governado pelo Astro que rege o nosso horóscopo em cada vida; há o raio individual, governado pelo sub-raio do nosso Fogo-Pai ou Estrela-Pai sob o qual nos originamos, e, finalmente, há o próprio Fogo-Pai ou Raio em si. É esse último que não é revelado senão na última Iniciação.
Nosso raio individual é-nos revelado no momento em que recebemos as instruções do discipulado, e o raio horoscópico torna-se evidente tão logo calcularmos nosso tema e soubermos interpretá-lo.
Esclarecemos esse ponto de um outro ângulo, ilustrando-o em cores. Há sete cores no espectro: vermelho, laranja, amarelo, etc., mas, dentro do vermelho também encontramos sete subrraios, vermelho-escuro, o vermelho-alaranjado, o vermelho-amarelado, etc. O mesmo sucede com o raio amarelo; nele encontramos o amarelo-vermelhado, o amarelo-escuro, etc. Da mesma forma, sob o raio de Marte, encontramos alguns que são Marte-Saturno, outros Marte-Sol, outros ainda Marte-Vênus, e assim por diante. Marte é, então, a Estrela-Pai, enquanto o nome do outro Astro designa o Raio individual. Por essa razão, encontramos nas Escolas de Mistérios espalhadas pelo mundo, pessoas nascidas com qualquer um dos doze Signos elevando-se e com qualquer um dos Astros governando. Também encontramos pessoas com raios individuais do Sol, Vênus, Marte, Mercúrio, etc., tanto nas Escolas de Mistérios Orientais como nas Ocidentais. Mas a Escola de Mistérios em si é colorida pela profunda e predominante influência planetária do Fogo-Pai, a Estrela-Pai, sob a qual se originou.
Podemos entender, baseados no fato que o Fogo-Pai só é revelado na última Iniciação, que a natureza básica de toda Escola de Mistérios não pode ser revelada abertamente ao público. Mas, devemos diferenciar entre uma Escola de Mistérios e uma associação como a Fraternidade Rosacruz e outras sociedades semelhantes, que são apenas escolas preparatórias para suas respectivas ordens ocultas. Tais escolas, como a Fraternidade Rosacruz e organizações semelhantes, seriam naturalmente dominadas pela influência astral advinda da nascente. Portanto, essa não pode ser dada.
Há muitas pessoas que pretendem saber tudo e que sorriem misteriosamente ou emitem falsas informações que não podem ser contestadas e desmentidas porque dizem respeito aos segredos da Iniciação. O autor sempre teve como princípio declarar honestamente e sem hesitação diante de qualquer pergunta que ele não podia responder: “Não sei”. Aparentar onisciência equivale a aparentar divindade. Embora o autor tenha encontrado muitos “professores”, encontrou pouquíssimos “possuidores”, e o consulente terá que esperar pela resposta a essa pergunta até que chegue o momento apropriado na Iniciação.
Mesmo no caso do raio individual, que é dado aos Discípulos no momento em que ingressam no caminho do discipulado, verificou-se que pessoas sob o Signo de Gêmeos, por exemplo, que se supunha serem regidas por Mercúrio, tinham em seu raio individual todos os outros diferentes Astros, e o mesmo acontecia com os que pertenciam aos outros Signos. O autor dedicou tempo e estudo esforçando-se por descobrir uma regra, mas isso provou ser totalmente inútil. Há apenas uma explicação fornecida pelos Irmãos Maiores, isto é, o raio individual é retido pelo Espírito ao longo de toda a série de suas vidas, e é perfeitamente independente dos raios horoscópicos que mudam de acordo com o seu nascimento, meio ambiente e as lições a serem aprendidas a cada vida.
(Perg. 156 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Nossa Capacidade de Servir nos conhecendo melhor
Em qualquer plano, à medida que ampliamos nossa capacidade, também se amplia nossa utilidade.
Se esta é uma verdade indiscutível para a vida terrena, o é mais ainda para a vida espiritual. Assim, podemos dizer que, se a cultura religiosa não torna alguém mais cristão, também não é somente a vivência que sustenta o Cristianismo. A fé que reside apenas na vontade e no sentimento corre um grande risco. Em momentos de crise faltará sustentação do intelecto para dizer: não estou entendendo nem sentindo como gostaria, mas conheço o suficiente para tirar uma conclusão. Dificilmente uma fé sobreviverá sem a base sólida ou suficientemente sólida da doutrina.
A tônica dos ensinamentos Rosacruzes é servir. Mas será que não corremos o risco de nos acomodarmos ao serviço amoroso e desinteressado que procuramos executar e muitas vezes realmente o executamos, esquecendo-nos de que se aumentássemos nosso conhecimento da doutrina Rosacruz e outros poderíamos servir mais e melhor, reconhecendo realmente todas as oportunidades que se nos apresentam sem deixar passar alguma que, às vezes, nem percebemos serem oportunidades de serviço? E se, aumentando nossa capacidade de servir nesse plano aumentamos proporcionalmente nossa capacidade de servir nos planos internos, será que temos plena consciência da nossa responsabilidade ao nos contentarmos em permanecer no “status” espiritual que julgamos ter, sem melhorar ou melhorando muito aquém do que poderíamos e deveríamos, já que temos o privilégio enorme de sermos chamados pelos Irmãos Maiores para colaborar com eles na redenção da humanidade?
Temos a tendência em achar que, se fazemos o máximo pelos outros está tudo certo. Mas será que esse máximo que fazemos é realmente do que seríamos capazes se ampliássemos nossas capacidades, se estudássemos mais, se procurássemos colocar em nossos atos um embasamento maior de conhecimentos da Filosofia?
Tudo na natureza está na divina ordem: se não somos Auxiliares Visíveis, jamais chegaremos a Auxiliares Invisíveis. Se não trabalhamos pelos nossos irmãos, aqui e agora, aqueles que, com palavras e gestos muitas vezes imploram nosso auxilio, que credenciais teríamos para trabalhar como Auxiliares Invisíveis? Se o mundo físico é o “baluarte da evolução”, temos de trabalhar nele, antes de trabalhar em outros mundos. Deus respeita tanto nosso livre arbítrio que, se não servimos aqui e agora por nossa livre e espontânea vontade, onde praticamente tudo depende de nós, Ele não nos levará a servir no outro lado. Se não queremos servir aqui, quem garante que o queiramos do outro lado?
À medida que servimos, nos tornamos aptos a receber maiores e melhores oportunidades de serviço. Precisamos estar atentos a essas oportunidades e aproveitá-las todas, para formarmos o nosso Corpo-Alma, nosso dourado manto nupcial, pois não sabemos quando Cristo virá nos chamar para as bodas místicas.
Na nossa retrospecção, examinemos mais cuidadosamente o que deixamos de fazer e, se o que fizemos foi tão bem feito como o deveria, por falta de capacidade nossa. E assim poderemos nos conhecer melhor e ampliar nossa capacidade para, cada dia, podermos ser de maior utilidade na Vinha do Senhor.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/75 – Fraternidade Rosacruz)
Pergunta: Consideram autênticas as profecias de “Mother Shipton”?
Resposta: Meio século antes que a América fosse descoberta, “Mother Shipton”, a vidente de Yorkshire, profetizou a descoberta de uma terra desconhecida na qual o ouro abundaria. Ela viu os automóveis e as ferrovias de hoje com os muitos acidentes que causariam; o telefone, o telégrafo, escafandristas, submarinos, aeronaves, e os grandes navios de ferro que substituiriam as embarcações de madeira. Ela previu as grandes convulsões políticas no mundo, principalmente na França, sua aliança com a Inglaterra e uma mescla das raças Anglo-saxônicas que poderá ainda acontecer apesar de seu conflito atual (1914-1918). Ela viu a emancipação dos judeus e sua elevação a cargos de proeminência, e uma expansão, sem precedentes, do conhecimento mesmo entre os pertencentes às mais humildes classes sociais, finalizando com a predição sobre certas elevações da superfície da Terra, por meio das quais regiões antigas submergiriam e uma nova terra surgiria. Previu o fim do mundo para 1991.
As últimas profecias farão, provavelmente, com que a maioria dentre nós sacuda a cabeça de maneira cética, mas, se analisarmos um pouco a questão, a ideia não nos parecerá tão absurda. Sabemos que já ocorreram elevações da crosta terrestre no passado, e os terremotos e erupções vulcânicas mostram-nos que as atividades subterrâneas não estão, em absoluto, extintas. O autor viu, durante muitos anos, grandes cavernas subterrâneas cheias de óleo e gás que correm numa mesma direção, desde o Maine, atravessando todo o continente americano em direção ao sudoeste abaixo da Califórnia do Sul e prolongando-se até o Oceano Pacífico ao sul.
Sua explosão provocaria uma enorme fenda na Terra. Ao mesmo tempo, viu um arquétipo em fase de construção, que mostra a forma que terá a Terra nessa região quando um cataclismo ou uma série de cataclismos tiver destruído a atual configuração desse continente e do oceano adjacente. Talvez seja arriscado determinar quando começará essa remodelação da Terra, mas o arquétipo ou matriz moldada em matéria mental e representando o pensamento criador do Grande Arquiteto e de Seus construtores está tão próximo de conclusão que, ao julgar pelo progresso realizado durante os anos em que o autor observou a sua construção, parece seguro dizer que até a metade do século atual (1950), senão antes, as elevações ter-se-ão iniciado. Não seria de todo inconcebível se houvesse em 1991 um abalo de tal magnitude que justificasse a profecia da vidente, apontando esse ano como o do fim do mundo. Não obstante, o autor pode estar precipitando-se ao julgar que esses abalos sísmicos terão início na metade do século. Pode ser que demorem a acontecer, e que isso só ocorra no fim do século. Só o tempo dirá, mas é certo que os preparativos para uma grande mudança estão sendo feitos há séculos e estão agora quase completos no mundo invisível. Consequentemente, podemos esperar que a profecia de “Mother Shipton” se realize logo, como se realizaram as outras mencionadas no início deste artigo.
Transcrevemos a profecia para que os nossos leitores possam julgar por si próprios:
Carruagens sem cavalos andarão,
E, por desastres, muita dor no mundo causarão;
“Primrose Hill ” em Londres estará,
E no seu centro, a sede de um Bispado haverá;
Os nossos pensamentos num segundo,
Num piscar de olhos irão dar a volta ao mundo;
Grande muralha a água realizará
Embora estranho, a verdade surgirá,
Nas raízes das árvores será o ouro encontrado;
O homem percorrerá colinas
Sem cavalos ou burros ao seu lado;
Sob as águas os homens vão andar a percorrer, dormir, falar,
Em branco, em preto e em verde
Serão vislumbrados no ar.
Um grande homem virá e irá embora!
O ferro flutuará na água
Tão facilmente como um barco de madeira o faz agora;
O ouro, a riqueza será encontrada
Numa terra até agora ignorada.
O fogo e a água farão maravilhas igualmente.
A Inglaterra acolherá o Judeu finalmente,
O Judeu tão menosprezado
Nascerá de um Cristão determinado.
Uma casa de vidro deverá na Inglaterra passar.
No entanto, que pena!
A guerra estará novamente em cena.
Na terra do Turco e do Pagão,
Procurando destruir-se entre si,
Estado contra Estado ferozmente lutarão.
Mas, quando pelo Norte, o Sul se dividir,
Uma águia o seu ninho na boca do Leão vai construir.
Sangue, guerras e taxas tão pesadas
Pesarão em todas as moradas.
Por três vezes a querida França
Irá voltear numa sangrenta dança,
Antes que seu povo vá se libertar.
Verá três tiranos dirigentes,
Procedendo de dinastias diferentes,
Os três sucessivamente a governar.
Então, lutas cruéis serão travadas
Inglaterra e França, unidas, bem ligadas;
A oliveira da Inglaterra em seguida,
Em casamento com a vinha da Alemanha será cingida.
Os homens sob e sobre os rios irão andar.
Todos os filhos da Inglaterra o solo vão lavrar,
Serão vistos com livros na mão, estudando,
A cultura assim circulando
E a sabedoria também nos pobres brotando.
As águas escoarão por onde os trigais crescem,
E o trigo crescerá por onde as águas descem.
Nos vales abaixo, casas vão surgir,
Mas por granizo e neve irão se cobrir.
O mundo chegará ao fim, sem engano algum,
Em mil novecentos e noventa e um.
(Perg. 155 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Você sabe quais são os Perigos no seu Caminho?
“Apenas uma coisa é necessária”, disse Cristo a Marta. Nestas palavras encontramos uma das grandes verdades fundamentais da vida, e embora a grande maioria não pense ser necessária apenas uma coisa, muitas pessoas concordam que, mesmo sendo inúmeros os nossos desejos, na realidade as nossas necessidades são poucas.
Não obstante esta grande realidade, a complexidade de nossa vida atual é tal que a maior parte da humanidade se consome para a obtenção do conforto e do luxo que servem apenas para o corpo, enquanto deixa a alma definhar.
Mas esse conforto e esse luxo não são suficientes, não satisfazem depois de possuídos. Os seres humanos que atingiram a riqueza poderão dizer que o gozo da riqueza existia antes da sua obtenção e não depois da sua posse e que o dinheiro é, em verdade uma pílula amarga na boca do seu possuidor. O mesmo acontece com o prestígio social; a mulher que conseguiu sobressair em seu círculo social, verifica, quando chega a tal posição, que aí tudo é banalidade, vazio, não tendo valido o esforço despendido.
Verdade é que sempre há aqueles que clamam por riquezas, por prestígio social, que procuram avidamente essas coisas, apesar do grande preço exigido a sua alma. Procuram-nos como mariposas procurando a luz. Mas embora existam muitos lugares perigosos na vida social para seduzir as mariposas humanas, existem engodos mais fatais no caminho espiritual. A parábola do semeador, como todas as outras parábolas de Cristo, aqui tem sua aplicação.
Alguns grãos caem na estrada, outros sobre rochas, outros entre espinhos, etc., e somente uma pequena parte cai em solo fértil, onde produz abundância de frutos. Hoje em dia os seres humanos, em todo o mundo, correm daqui para ali, guiados por essa necessidade interna, por esse desejo insatisfeito de algo que não sabem o que é. Mas embora procurem, são surdos e cegos, não podem ver a luz interior, não ouvem o silencioso chamado interior; a concupiscência dos olhos e o orgulho da vida no mundo exterior são atrações muito fortes. Como toupeiras escondemo-nos na escuridão de uma existência vazia, longe da luz, longe do Pai de Luz, embora Ele esteja presente em toda a parte. Grande verdade exprimiu Davi poeticamente em seu Salmo 139:7-10: “Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Sol a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá”.
Deus é Luz, disse o apóstolo São João em mística vidência, e a luz está em toda a parte; só que não a vemos em nossa cegueira de coração.
Mas por vezes, no decorrer de nossas vidas, a luz latente que existe em nós, desperta. A centelha divina de nosso Pai invisível começa a brilhar e aos poucos despertamos à realidade de que somos filhos da luz.
Esta é uma grande crise pela qual passamos. É o ponto de retorno na peregrinação do filho pródigo, quando ele verifica sua condição, quando vê claramente que a riqueza mundana, todo prestígio social, a força de sua posição, são unicamente “vaidade”, e que apenas uma coisa é necessária, apenas uma coisa vale a pena, e essa coisa é: VOLTAR AO SEIO DO PAI.
No momento da conversão o Espírito manifesta o intenso desejo que existe em todas as fibras do seu ser com este grito que lhe queima a alma: “levantar-me-ei e irei para meu Pai”.Esta é a senha para entrar no “Caminho”. No outro extremo eleva-se a Cruz onde o espera a libertação. E o espírito santificado penetra nas esferas mais sutis com o grito de triunfo: “Consummatum est!”. Está terminado! Estou livre dos grilhões da carne, sou Espírito livre, uno com meu Pai. Mas ninguém pense que está a salvo depois de ter passado os portais da aspiração. Muitos fogos-fátuos lampejam pelo caminho, procurando distrair a atenção dos que buscam a verdadeira luz e nenhuma armadilha é mais perigosa nesse momento do que aquela que é lançada sobre o desejo ardente da alma pela perfeição. A seu respeito São Paulo nos previne em sua II Carta aos Coríntios 5: 1-9: “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.
E por isso também gememos, desejando ser revestido da nossa habitação, que é do céu; se,todavia, formos achado vestidos e não nus. Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor. Desejamos, antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor. Por isso trabalhamos, para que, presente ou ausente, possamos ser aceitos por Ele”.
Notemos particularmente que São Paulo reconhece o perigo de ser encontrado nu e por isso ele insiste que não queria ser despido, mas revestido e que para isso ele trabalhava.
Guiadas pelo desejo insensato de rápido desenvolvimento, as almas estão sendo constantemente seduzidas por pessoas inescrupulosas que se intitulam “Mestres” e que prometem resultados rápidos desde que seja paga a taxa de Iniciação. Muitos loucos correm para esses pseudo-mestres como mariposas para a Luz.
É verdade que, as vezes, obtêm resultados, sendo jogados nos Mundos invisíveis. Mas tendo descuidando o “trabalho” na vinha, como São Paulo advertiu, não conseguiram obter o “traje de bodas” ou a “casa nos céus”.
Faltam-lhes o veículo vital de consciência, necessário para se poder agir inteligentemente nas esferas superiores e dessa forma são incapazes de achar o caminho de volta ao Corpo Denso que abandonaram e sua morte, e, em geral, atribuída a “colapso cardíaco”. Tais estão, na verdade, “nus” e são condenados a sofrer até que tenha se escoado o tempo que deveriam viver, porque, de fato cometeram suicídio e os arquétipos de seus Corpos Densos continuam intactos, vibrando, tentando atrair a si substância física. Mas como o cordão prateado partiu-se, nenhum corpo pode ser constituído e eles experimentam um sofrimento que os suicidas descrevem como semelhante à tortura da fome ou como uma dor de dentes sentida em todo o corpo. “Aquele que não entra pela porta é ladrão e salteador”. Numa casa terrestre, é possível roubar e escapar, mas quem procura enganar a Deus verifica que o caminho do transgressor é duro, quando queimar suas asas na chama.
Não é estranho que seres humanos que compreendem a necessidade de se gastar anos para se aprender determinada ciência, arte ou profissão, que trabalham pacientemente dia a dia, ano após ano com assiduidade e aplicação a fim de obter o conhecimento de qualquer ciência material possam ser tão infantis ao ponto de pensarem que em pouco tempo poucos dias, semanas, ou meses no máximo um ano ou dois, possam dominar a ciência da alma dedicando-lhe, apenas dez minutos ou menos por dia? Eles ririam de alguém se oferecesse para iniciá-los nos mistérios da cirurgia em poucos meses, mas quando se trata da ciência da alma eles perdem todo o senso comum. Seu desejo de obter poderes ocultos é tão forte que obscurece a razão e como as mariposas voam para a luz, assim eles voarão para o “mestre” que prometeu fenômenos em curto prazo.
E, quando alguém se tenha queimado, os outros tomam cuidado? Infelizmente, não! Para cada mariposa que cai, uma outra ou dez mais estão prontas para tomar o seu lugar. Os espelhos mágicos e as bolas de cristal encontram mercado fácil, ao passo que a verdade continua mendigando. É maior do que se julga, o número de pessoas enganadas por aqueles “mestres” inescrupulosos.
Na maioria dos casos os iludidos ficam com o prejuízo financeiro, mas às vezes, processos na justiça mostram que pessoas que se consideram inteligentes abrem mão de vultuosas somas a pedido desses pseudo-mestres e pseudo-espiritualistas. E também, por vezes o túmulo se fecha sobre um desses pesquisadores ou um hospício os segrega da sociedade.
Mas se a mariposa humana raciocinasse, e ouvisse a advertência e perguntasse: “Como posso distinguir a luz verdadeira da falsa?”, poderia confiantemente procurar a resposta nas Sagradas Escrituras. Não há nenhuma dúvida a respeito. Cristo deu aos Seus discípulos os poderes necessários para ajudarem a humanidade e preveniu-os para darem de graça o que de graça receberam. São Pedro, quando instado por Simão, o Mago, para que lhe vendesse seus poderes espirituais, amaldiçoou-o. Tudo o que davam, era sem retribuição, não tinha preço. Da mesma forma o verdadeiro instrutor não estabelece preço para seus ensinos, mas vive como viveram os apóstolos, de contribuições voluntárias daqueles a quem ajudavam.
Nem é necessário para quem não busca o ouro do mundo, enganar outros com promessas de fenômenos ou poderes a curto prazo. E fácil construir uma casa do tipo desejado se possuirmos o material. Podemos aumentá-la, acrescentando-lhe mais tijolos. Mas nem o vegetal, nem o animal, nem o ser humano, crescem dessa maneira. Seu crescimento vem de “dentro”, e cada um deve fazer seu próprio trabalho para isso. Não podemos comer o alimento de outro e dar a esse outro a força que retiramos do alimento comido.
Do mesmo modo não podemos assimilar as experiências de outro e dar-lhe o crescimento anímico resultante dessas experiências.
Portanto, fujam dos falsos mestres, adquiram seus poderes individualmente, pacientemente. Trabalhem, orem e esperem. No devido tempo a Luz do Cristo brilhará dentro de cada alma; nunca será necessário procurar por ela em outro lugar.
(Traduzido de “Rays from the Rose Cross” de junho de 1935 e publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)
“Amor e Simpatia” – O Único Remédio Para os Males do Mundo
“Estamos vivendo um momento crítico da história da humanidade”; “a decisão tem que ser tomada”, “qual o caminho?”, “estamos numa encruzilhada”; etc. etc., dizem-nos de todos os lados as várias escolas filosóficas, e as várias igrejas. Acreditamos que Max Heindel, o mensageiro dos Ensinamentos Rosacruzes, nos dá o mais sábio conselho: amor e simpatia. Aqueles que desenvolverem e cultivarem ao máximo esses sentimentos, ajudarão a equilibrar o mundo, porque estarão fortalecendo uma corrente de forças positivas, única couraça para protegê-los, e aqueles com quem comunguem, das forças negativas de desarmonia e ferocidade.
Quem cultiva em seu coração a simpatia e desenvolve a capacidade de amar, está ajudando a equilibrar o mundo. Quem dinamiza a capacidade de amar, tem encontro com a verdade.
A única e verdadeira felicidade neste mundo vem do amor. Mas do amor dinamizado, partindo que seja de um amor pessoal, particular, até atingir as proporções totais de um amor universal generalizado a todos e a tudo que nos cerca. Assim, quem tenha a felicidade de ter filhos, família numerosa, deveria tomar consciência da grata oportunidade que lhe foi dada de poder desenvolver e aperfeiçoar sua capacidade de amar, amparar, esclarecer, sacrificar-se, ser útil, com aqueles que lhe são mais chegados, mais queridos, o que lhe tornará mais fácil a tarefa. E quantos sacrifícios exige por vezes criar um filho, amparar pais, irmãos, parentes ou amigos, dar-lhes assistência numa doença, numa prova dura da vida! Agindo sem exclusivismos nem egoísmos, verificará que serão círculos e círculos de amor que se irão multiplicando geometricamente.
Lembremo-nos de uma frase de Max Heindel que constitui um aviso sensato: “nem todos podemos ser grandes luzes para o mundo, mas seja cada um a pequena luz que brilha no lugar em que foi posto”.
Épocas houve em que anseios espirituais nos levaram a uma certa ansiedade no desejo de procurar realizar obras altruístas, de auxílio e assistência. E quando corríamos de cá para lá na busca de campo de ação, sempre se manifestava a falta de oportunidade, até a inutilidade, por vezes, daqueles esforços que nos levará aqui e ali. Numa palavra, as portas não se abriam – se bem que seja válido o esforço que se faça em ser de algum modo útil. Parece que a própria vida se encarregava de lembrar-nos o velho ditado: a caridade bem ordenada em casa deve ser começada.
Contentemo-nos em ser “a pequena luz que brilha no lugar em que foi posta”. É sem dúvida a família que construímos, é o lugar em que fomos postos.
E pensar que estamos ajudando a construir núcleos de paz e amor para o mundo dando assistência e dedicação aos nossos lares e aos nossos filhos, parentes ou amigos, onde o amor, bondade, o equilíbrio, sedimentam-se dia após dia. Isto traz-nos imensa paz e felicidade. Estaremos colaborando na construção de focos de luz que irradiarão para o mundo.
Para isso há que procurar cada um tomar consciência de si próprio, de sua realidade interna sem cobri-la com falsos véus, ser autêntico, analisar suas falhas e qualidades, conquistar o necessário domínio próprio pela força de vontade em aspirar a corrigir falhas e fortalecer qualidades, melhorar-se cada vez mais para desenvolver os dons que potencialmente todos possuímos. O valor dessa conquista está no anseio e esforço que inquebrantavelmente empregamos para ela. Gandhi, o pacífico e bondoso apologista da resistência passiva, com que conquistou muitas melhorias para seu povo, dizia não achar valor algum nessa sua qualidade que apenas tinha nascido com ele – não era uma conquista de sua aspiração ou esforço.
Isso pode chegar a parecer um exagerado anseio de perfeição, mas o que revela é uma adorável humildade. Há outra qualidade tão necessária a quem quer viver uma vida superior, uma vida de amor. Na “Imitação de Cristo” nos é lembrado: e porque os seres humanos aspiraram em sua vaidade a um estado mais elevado que aquele onde Deus os queria, perderam rapidamente a graça. Pela falta de humildade quantos seres humanos de valor se desviam pelas veredas da vida, perdendo assim maravilhosas oportunidades de serem úteis a si próprios e a seus semelhantes.
Na reforma do caráter, na busca do aperfeiçoamento, é fundamental conquistar a necessária humildade de reconhecer seus erros e enganos e tentar corrigi-los.
Creio que o domínio e equilíbrio próprio são algumas das maiores conquistas que o ser humano deve perseguir, sem a qual não poderá expandir seus íntimos valores.
Observa-se na vida que, no meio termo, encontra-se o equilíbrio, exceto no amor, onde não há perigos de extremos: quanto maior mais equilibra.
O verdadeiro amor não fanatiza porque já não se apega a verdades temporais, a mestres, escolas ou igrejas. Não lhe interessam nomes, mas o AMOR CRISTÃO e saberá respeitar a visão e grau de evolução de quem quer que seja. Fará sentir a Verdade, que é uma só, em todos os lugares em todas as religiões, em todas as filosofias: bondade, justiça, lealdade, abnegação, sinceridade, o que forma os caracteres íntegros.
O amor universal reveste-se de todas as características do amor de pais, filhos, esposos e amigos: é aquele de que nos diz São Paulo na Bíblia “tudo crê, tudo espera, tudo suporta, nunca falha”.
Quando alcançado esse grau de amor, podem suceder desgraças, podem os seres humanos trazerem-nos os maiores desenganos e dores, que um coração infenso a rancores e ressentimentos permanecerá sereno.
O amor constrói; o ódio destrói. Santo Agostinho, em suas famosas “Confissões”, delineia numa frase, a síntese do que é a falta do amor: “como se houvesse maior inimigo do ser humano do que o próprio ódio que ele tem em seu coração”. O que pesa, o que realmente importa para a evolução, equilíbrio e felicidade do ser humano, é o que ele pensa e sente, não o que outros pensem ou sintam a seu respeito. A felicidade vem de dentro para fora, do AMOR que haja nos corações. Os que o têm, quando alvo no mundo de injustiças, ingratidões, injúrias, ataques ou abandonos, chegarão a poder sentir em seu coração muito embora a dor irreprimível dos erros de que foi alvo – uma imensa mágoa pelos erros que outros estejam cometendo, acarretando para si próprios inevitáveis sofrimentos, conscientes de que o verdadeiro mal está em quem os pratica, seguirão tranquilos sua caminhada.
Pondo em ordem seus pensamentos e sentimentos, projetando para aqueles que o rodeiam, simpatia e desejo de ser útil, justo e correto, o ser humano encontra a paz que o equilibrará neste mundo conturbado. Não serão as grandes obras, os grandes feitos, as grandes conquistas materiais que lhe trarão, mas os pequenos gestos de bondade, os pensamentos puros de tolerância e compreensão para com falhas e grandezas dos outros, a disposição constante de auxiliar de algum modo, com trabalho, companhia, palavras amigas de encorajamento e alegria.
Grandes pensadores, grandes inteligências que nos legaram quase sempre fruto de seus íntimos anseios e sofrimentos – obras famosas, tais como Schopenhauer, Kierkegaard, Kafka, tendo aguda e clara visão de muitos problemas da alma humana, não encontraram paz e equilíbrio. Andaram perto da Verdade e não a tocaram, porque não encontraram o Amor que os libertaria da angústia. O Amor é como um foco de luz, que mal o buscamos tudo ilumina e aquece. “Quem vive em amor vive em Deus, e Deus nele” – esta afirmação de São Paulo nos dá a verdadeira dimensão do amor. É uma chave da porta da paz, uma chave universal, pois serve a crentes ou ateus, católicos ou judeus, protestantes ou budistas. Deus ou o que queiramos chamar-lhe, esse algo desconhecido de quem emanamos, que tudo criou, dita-nos claramente, através da consciência, que para termos paz e harmonia neste mundo só vivendo no bem e no amor. E só quando haja o amor cristão em seus corações, os homens terão paz e harmonia, quando, ainda que ignorando o Cristo, sintam despertar em seu íntimo os atributos que o caracterizam: a doutrina do amor ao próximo, a única que poderá unificar os seres humanos.
Durante muito tempo não achava a forma de orar ou pedir algo por meus filhos, certa de que cada um tem o seu caminho próprio (que desconhecemos) a percorrer, sua colheita daquilo que semeia. Mas um dia achei a fórmula mágica. Envolvendo-os em amor, elevo o pensamento às forças superiores que regem o mundo num intenso anseio de que eles se mantenham sempre pela vida afora no caminho do Bem e do Amor. Não se afastando desses princípios, estarão protegidos, serão certamente úteis e felizes. Prova alguma os derrubará na vida.
Dar amor é como uma sementeira de belas flores, que a seu tempo brotarão e desabrocharão, encantando-nos.
Quando ouvi de uma de minhas filhas que umas palavras escritas por mim em seu álbum de juventude a tinha feito chorar de emoção, quando um filho me conta que esta ou aquela frase ou atitude minha o comovera em silêncio até às lágrimas, 20 anos atrás, quem se comove agora profundamente sou eu, ao constatar a sensibilidade de seus corações, a receptividade ao amor e carinho que lhes dava.
É o amor que nos permite construir sólidas amizades que nos enriquecem e confortam a vida. É no intercâmbio de ideias, conhecimentos, dedicações, sacrifícios, alegrias e sofrimentos que pomos em atividade os íntimos valores, descristalizando-os, adaptando-nos a novas experiências e renovações.
Procurar desvendar os mistérios da nossa origem, de onde viemos, para onde vamos, para que vivemos, através dos muitos caminhos da espiritualidade, é cativante e útil. Mas a observação dos seres humanos nos mostra que a principal e básica procura deverá ser a do íntimo conhecimento e equilíbrio próprio, a formação de um caráter íntegro sem o qual todos os conhecimentos podem tornar-se absolutamente inúteis. Pessoas há que depois de passarem longos anos ligadas, integradas, numa Igreja ou Escola, caem nos mesmos erros e enganos dos seres humanos comuns que nunca se vincularam a qualquer caminho espiritual – porque lhes faltou a reforma básica que os tornassem caracteres íntegros. Não tiveram a coragem de se olhar intimamente, de encarar suas próprias falhas. Durante anos enganaram-se a si próprios e aos outros. Mas chega fatalmente dia em que surgirá qualquer prova colocando em evidência seu verdadeiro caráter, aquilo que não foi corrigido.
Que valor tem um profundo conhecedor de filosofias – e todas elas pregam o amor, a bondade, a justiça – se na vida não souber agir equilibradamente, dominando seus pensamentos, sentimentos e ações, com amor, bondade e justiça?
“De que servirá uma filosofia ou religião que não nos torne melhores seres humanos, melhores maridos e pais?”. Esta é na verdade uma pergunta de Max Heindel a ser meditada!
Em compensação, quem não tenha estudado filosofia ou religiões, mas tenha em si o dom de saber amar, esse assistirá sereno aos erros e enganos, injustiças e falhas que campeiam pelo mundo, com amor, bondade e tolerância.
Viver é uma arte. Já que desconhecemos o porquê, o para quê, nos foi dada a vida, procuremos dar-lhe um sentido, torná-la útil, vivendo numa atitude não de egoísta procura de meras satisfações pessoais – o que, aliás, gera afinal a insatisfação! – mas voltada para o interesse pelos que nos rodeiam. Muitos apagariam suas íntimas angústias se, por uma atividade de interesse pelas dos outros, deixassem de focalizar as suas! A frase bíblica “viver no mundo sem pertencer ao mundo” é um desafio ao aspirante a uma vida equilibrada. Na verdade, deve-se participar ativamente da vida material que nos rodeia neste mundo em que vivemos, tão cheio de belezas. Mas, ao se vislumbrar que há em nós um outro mundo, o mundo espiritual, cujos valores são muito mais importantes que os do mundo externo, tão falíveis, tão perecíveis, começa-se a ter melhor consciência do valor relativo deste plano.
Participando equilibradamente de todas as atividades possíveis na vida, sem excessos nem exageros, colhe-se a necessária experiência por meio da qual a vida do espírito vai manifestar-se melhor.
Então chegaremos a amar o mundo sem a ele nos prendermos, sentindo que há outro mundo dentro de nós, aquele que nos permite amar melhor o externo, porque nos deixa livres de apegos, preconceitos, ilusões.
Há que participar ativamente do mundo em que vivemos, e o podemos fazer intensamente e com alegria se, aprendendo a dominar sentimentos, soubermos agir equilibradamente. A rainha-mãe da Inglaterra mostrou muito bom-senso e conhecimento do valor da vida quando, recusando o retrato que um pintor lhe havia feito, disse: está muito bonito mas dir-se-ia que passei pela vida sem dela ter participado!
Vida espiritual não tem que ser isolamento do mundo.
Quando a consciência espiritual desperta no ser humano, ela deverá refletir-se em integridade de caráter, no seu comportamento externo, no modo como age e participa do mundo. Acredito que essa atitude externa de ativa e equilibrada participação será o que mais estimulará e desenvolverá a parte espiritual da humanidade.
Haverá assim um movimento de duas forças ativas que se fortalecem e equilibram, uma demonstrando a outra.
O mundo está cheio de injustiças, egoísmos, vaidades, ferocidade, mil aspectos que nos entristecem. Mas sendo cuidadosos em não participar desses fatos negativos, antes cultivando ao máximo o Bem e o Amor, além de formarmos uma corrente positiva que ajudará a equilibrar o mundo, poderemos desfrutar das coisas belas que nos rodeiam. Quem tenha uma certa sensibilidade, e cultive as superiores qualidades de caráter, sente que correm no mundo as correntes construtivas e destrutivas, do bem e do mal. Distingue facilmente onde se expressa uma mensagem de amor e onde há apenas especulações intelectuais, muitas vezes camuflando egoísmos e vaidades.
Afinal, para se viver em paz e com alegria no coração não é essencial penetrar nas especulações metafísicas, religiosas – e sempre no infinito das nossas especulações haverá pontos de interrogação. Deixemos isso para depois de termos aprendido a dar amor e simpatia, base das maiores alegrias, confortos espirituais e materiais, e a forma mais fácil de chegar perto da Verdade.
No decorrer dos anos, ao longo da vida, vão surgindo momentos marcantes de grande íntima alegria ou mágoa profunda, pelos acontecimentos da vida: a leitura de um autor cujo pensamento ilumine o nosso, um gesto de amizade, um ato de bondade, um belo espetáculo da natureza ou criado pelos seres humanos– a maldade deles, os horrores das guerras, etc. etc. São momentos de emoção que nos fazem parar na caminhada para uma tomada de consciência. Algo de novo foi acrescentado à nossa experiência, enriquecendo a nossa vida. E essas sucessivas tomadas de consciência vão formando como que degraus que nos vão traçando caminho. Se ele for o caminho do Bem e do Amor atingiremos uma plataforma estável onde nos fixaremos tranquilamente, de onde teremos uma visão mais ampla, uma nova dimensão do mundo que nos cerca.
Essa plataforma é conquista de cada um. É trabalho e esforço de cada um. Não se pode ensinar aos outros a fé em algo superior, como não se pode dar aos outros a chave do seu caminho. Cada um vai colhendo daqui e dali, das mais variadas fontes, as pedras e pedrinhas com que formará a sua estrada, que o levará ou não à plataforma da paz. Mas é preciso ter a aspiração de construir a estrada.
Creio que as mais úteis chaves que um pode dar a outro são Amor e Simpatia.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/75 – Fraternidade Rosacruz)
Pergunta: Tivemos algumas discussões nas nossas aulas a respeito da Alma. As opiniões continuam um pouco confusas. Qual a relação entre a Alma e a Mente? Estão as forças de ambas permanentemente ligadas ao Espírito? Qual o Corpo que será usado nos estágios posteriores de desenvolvimento, o Corpo Mental – evoluído a partir do veículo Mente – ou o Corpo-Alma?
Resposta: Como explicação, reportemo-nos ao Diagrama 15 do “Conceito”. Lá encontramos um gráfico mostrando todo o esquema da involução e da evolução. Não é um gráfico muito complicado, e o estudante que desejar conhecer a fundo o mistério da existência, faria bem em memorizar completamente esse diagrama.
Lendo no lado esquerdo do diagrama acima citado, aprendemos que, durante um estágio de evolução inconsciente, o Espírito desenvolveu um Corpo tríplice e cristalizou-se dentro dele.
Esse Corpo era constituído pelo Corpo Denso, o Corpo Vital e o Corpo de Desejos. No Período Terrestre, foi dado o foco da Mente, que se tornou a base sobre a qual a involução transformou-se em evolução. Em seguida, começou um estágio tríplice de evolução consciente, durante o qual o crescimento de uma Alma tríplice é realizado espiritualizando os três Corpos em Alma. Verificamos que, durante o restante do Período Terrestre, extraímos a Alma Consciente do Corpo Denso; no Período de Júpiter, a Alma Intelectual será extraída do Corpo Vital; e no Período de Vulcano, tornar-nos-emos inteligências criadoras pela amalgamação da Alma tríplice com a Mente.
Para tornar isto mais claro vejamos o Capítulo XVI do “Conceito” onde há um subtítulo sobre alquimia e o crescimento da Alma. Lemos o seguinte: “O Corpo Denso começou a desenvolver-se no Período de Saturno, passou através de Várias transformações nos Período Solar e Lunar e alcançará seu maior grau de desenvolvimento no Período Terrestre”.
“O Corpo Vital teve início na segunda revolução do Período Solar, foi reconstruído nos Períodos Lunar e Terrestre e alcançará a perfeição no Período de Júpiter, que é o seu quarto estágio, assim como o Período Terrestre é o quarto estágio para o Corpo Denso”.
“O Corpo de Desejos teve início no Período Lunar, foi reconstruído no Período Terrestre, será novamente modificado no Período de Júpiter e alcançará a perfeição no Período de Vênus”.
“Examinando-se o Diagrama 8 do Conceito, vê-se que o globo mais inferior do Período de Júpiter está situado na Região Etérica. Seria, portanto, impossível empregar o veículo físico Denso ali, porque só o Corpo Vital pode ser usado na Região Etérica. Contudo, não se deve supor que, transcorrido tanto tempo para completar e aperfeiçoar o Corpo Denso, desde o começo do Período de Saturno até o final do Período Terrestre, esse veículo seja abandonado para que o ser humano possa funcionar em veículo “mais elevado'”.
“Nada é desperdiçado na Natureza. No Período de Júpiter as forças do Corpo Denso serão aplicadas ao Corpo Vital concluído. Este veículo possuirá, então, os poderes do Corpo Denso, além das próprias faculdades, e será, portanto, um instrumento muito mais útil para a expressão do Tríplice Espírito do que se construído unicamente às suas próprias forças”.
“De modo semelhante, o Globo D do Período de Vênus está situado no Mundo do Desejo (veja o Diagrama 8), onde nem o Corpo Vital nem o Denso podem ser usados como instrumentos de consciência. Portanto, as essências dos Corpos Denso e Vital aperfeiçoadas serão incorporadas ao Corpo de Desejos concluído, o que o converterá num veículo de qualidades transcendentais, maravilhosamente adaptado e sensibilíssimo ao menor desejo do espírito interno, tão superior às nossas presentes limitações que escapa à nossa mais elevada concepção”.
“Todavia, até a eficiência desse esplêndido veículo será superada no Período de Vulcano quando sua essência, mais as dos Corpos Denso e Vital, forem adicionadas ao Corpo mental. Então, este se converterá no mais elevado dos veículos humanos, contendo em si a quintessência do melhor que em todos eles havia. Se o veículo no Período de Vênus está tão além de nossa presente compreensão, quanto mais estará o veículo posto ao serviço dos divinos seres do Período de Vulcano!”.
“Durante a Involução, as Hierarquias Criadoras ajudaram o ser humano a despertar à atividade o Tríplice Espírito, o Ego, para construir o Tríplice Corpo e adquirir o elo da Mente. Agora, contudo, no sétimo dia (usando a linguagem da Bíblia), Deus descansa. O ser humano deve elaborar sua própria salvação. O Tríplice Espírito deve completar a obra do plano iniciado pelos Deuses”.
“O Espírito Humano, despertado durante a Involução no Período Lunar, será o mais proeminente dos três aspectos do espírito na evolução do Período de Júpiter, período correspondente ao Lunar no arco ascendente da espiral. O Espírito de Vida, cuja atividade começou no Período Solar, manifestará sua atividade principal no correspondente Período de Vênus, e as influências particulares do Espírito Divino serão as mais fortes no Período de Vulcano, já que foi vivificado no correspondente Período de Saturno”.
“Todos os três aspectos do espírito estão constantemente ativos durante a evolução, mas a atividade principal de cada aspecto será desenvolvida nesses Períodos particulares, porque a obra que ali executarão há de ser trabalho especial”.
“Quando o tríplice Espírito desenvolveu o tríplice Corpo e conseguiu controlá-lo através do foco da Mente, começou também a desenvolver a tríplice Alma trabalhando de dentro. A maior ou menor Alma que o ser humano tenha, depende da quantidade de trabalho efetuado pelo espírito em seus Corpos. Isto foi explicado no capítulo que descreve as experiências ‘post-mortem'”.
“A parte do Corpo de Desejos trabalhada pelo Ego fica transmutada em Alma Emocional e, por fim, é assimilada pelo Espírito Humano, cujo veículo especial é o Corpo de Desejos”.
“A parte do Corpo Vital trabalhada pelo Espírito de Vida converte-se em Alma Intelectual que edifica o Espírito de Vida, porque este aspecto do Tríplice Espírito tem sua contraparte no Corpo Vital”.
“A parte do Corpo Denso que tenha sido trabalhada pelo Espírito Divino chama-se Alma Consciente e, por fim, submerge-se no Espírito Divino, porque o Corpo Denso é a sua emanação material”.
“A Alma Consciente cresce pela ação, pelos impactos externos e pela experiência”.
“A Alma Emocional cresce pelos sentimentos e emoções geradas pelas ações e experiências”.
“A Alma Intelectual, como um mediador entre as outras duas, cresce pelo exercício da memória. Esta liga as experiências passadas às presentes e os sentimentos por elas engendrados, criando assim a “simpatia” e a “antipatia”, que não têm existência independente da memória, porque os sentimentos que resultassem somente das experiências seriam evanescentes”.
“Durante a Involução, o Espírito progrediu através do crescimento dos Corpos, mas a Evolução depende do crescimento da Alma, isto é, da transmutação dos Corpos em Alma. A Alma é, por assim dizer, a quintessência, o poder ou força do Corpo, de modo que quando um Corpo foi completamente construído e alcançou a perfeição através dos diversos estágios e Períodos na forma já descrita, a Alma é totalmente extraída dele e absorvida por um dos três aspectos do espírito que primeiramente gerou tal Corpo. Assim:
A Alma Consciente será absorvida pelo Espírito Divino na sétima revolução do Período de Júpiter.
A Alma Intelectual será absorvida pelo Espírito de Vida na sexta revolução do Período de Vênus.
A Alma Emocional será absorvida pelo Espírito Humano na quinta revolução do Período de Vulcano”.
E isso é tudo no que concerne à evolução da Alma.
Voltemo-nos agora para a Mente e os vários estágios que a levam à perfeição.
Lemos no Capítulo XVI – subtítulo: A Palavra Criadora do “Conceito”: Atualmente, contudo, a Mente não está enfocada de maneira a dar uma imagem certa e clara daquilo que o espírito imagina. Está mesmo desfocada, o que produz quadros confusos e imprecisos. Daí a necessidade da experimentação, que demonstra as impropriedades da primeira concepção e produz novas imaginações e ideias, até que a imagem produzida pelo espírito em substância mental seja reproduzida em substância física”.
“No melhor dos casos só podemos formar imagens mentais que tenham relação com a Forma, porque a Mente humana não teve início senão no Período Terrestre, pelo que está presentemente no estado ou forma mineral”. Por isso, em nossos labores estamos limitados às formas, aos minerais. Podemos imaginar maneiras e meios de trabalhar com as formas minerais dos três reinos inferiores, mas nada, ou muito pouco, podemos fazer com os Corpos viventes. Na verdade, podemos enxertar um ramo vivente numa árvore, ou uma parte viva de um animal ou ser humano em outras partes vivas, mas isto não é trabalhar com a vida, e sim com a forma somente. Modificamos as diferentes condições, mas a vida que antes habitava a forma ainda continua a fazê-lo. Criar vida está além do poder do ser humano, até que sua Mente se torne uma coisa viva”.
“No Período de Júpiter, a Mente será até certo ponto vivificada. Então, o ser humano poderá imaginar formas que viverão e crescerão como as plantas”.
“No Período de Vênus, quando sua Mente tiver adquirido ‘Sentimento’, poderá criar coisas viventes, com a capacidade de crescer e sensibilizar-se”.
“Quando alcançar a perfeição, ao final do Período de Vulcano, será capaz de imaginar e dar existência a seres que viverão, crescerão, terão sentimento e pensarão”.
“A onda de vida que atualmente forma a humanidade começou sua evolução no Período de Saturno. Os Senhores da Mente eram, então, humanos. Trabalhavam com o ser humano, que nesse Período era mineral. Agora nada têm a ver com os reinos inferiores, pois estão relacionados somente com o nosso desenvolvimento”.
“Os animais atuais começaram sua existência mineral no Período Solar, tempo em que os Arcanjos eram humanos. Por isso, os Arcanjos são os dirigentes e guias da evolução que agora é animal, nada tendo a ver com as plantas e os minerais”.
“Os atuais vegetais começaram sua existência mineral no Período Lunar. Os Anjos eram, então, humanos, pelo que no presente estão relacionados especialmente com a vida que habita os vegetais. Guiam-na até que atinja o estado humano, mas nada têm a ver com os minerais”.
“A humanidade atual terá a seu cargo a nova onda de vida que começou sua evolução no Período Terrestre, e que agora anima os minerais. Atualmente trabalhamos com eles por meio da faculdade da imaginação, dando-lhes formas, convertendo-os em barcos, pontes, estradas de ferro, casas, etc.”.
“No Período de Júpiter guiaremos a evolução do reino vegetal, por isso, o que atualmente é mineral terá então uma existência análoga à das plantas. Deveremos trabalhá-las assim como, no presente, os Anjos trabalham o nosso reino vegetal. Nossa faculdade imaginativa estará tão desenvolvida que, por seu intermédio, teremos a habilidade não só de criar formas, mas também de insuflar-lhes Vitalidade”.
“No Período de Vênus a atual onda de vida mineral terá alcançado um outro grau. Então faremos pelos animais desse Período o que fazem atualmente os Arcanjos com os nossos animais, dando-lhes formas viventes e sensíveis”.
“Por último, no Período de Vulcano, será nosso privilégio dar-lhes uma Mente germinal, como os Senhores da Mente fizeram conosco. Os minerais de hoje serão a humanidade do Período de Vulcano, e o ser humano terá passado através de estágios análogos aos que percorrem agora os Anjos e Arcanjos. Teremos alcançado, então, um ponto na evolução um pouco superior ao dos atuais Senhores da Mente. Recorde-se que em nenhuma parte se repete uma condição exatamente igual. Devido à espiral, sempre existe aperfeiçoamento progressivo na evolução”.
“O Espírito Divino absorverá o Espírito Humano ao fim do Período de Júpiter, e o Espírito de Vida ao finalizar-se o Período de Vênus. A Mente aperfeiçoada, incorporando tudo quanto foi adquirido durante sua peregrinação através dos sete Períodos, será absorvida pelo Espírito Divino ao fim do Período de Vulcano”.
Das explicações precedentes, torna-se claro que há uma evolução distinta da Alma e outra evolução igualmente distinta da Mente. Não obstante, elas não são inteiramente independentes uma da outra, mas trabalham em perfeita união, como por exemplo, o coração e os pulmões que trabalham juntos para manter o ritmo do Corpo. Portanto, não será nem o Corpo Mental nem o Corpo-Alma que usaremos nos estágios posteriores do nosso desenvolvimento, mas um veículo composto que conterá, de maneira crescente, a essência de todos os nossos Corpos, que formarão, então, um traje composto do Espírito, tão maravilhoso e glorioso que fica além de nossa mais fantástica concepção neste presente momento.
(Perg. 160 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
A Arte de Conhecer
“Não sabeis que Deus que sois o Templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (ICor 3:16).
Estas palavras foram escritas aos Coríntios por Saulo de Tarso, mais conhecido por seu nome romano de Paulo, o Apóstolo. Em seu sentido espiritual, tais palavras têm alto significado. São Paulo bem o pode fazer, mercê do seu elevado padrão cultural que possuía como estudante de Gamaliel; era um cidadão romano sofisticado e discípulo da cultura greco-hebráica.
Sua íntima associação com São Pedro foi o início do desenvolvimento da religião Cristã como um ensinamento, uma teologia, uma fé. Poderíamos dizer que São Pedro foi o historiador que narrou as ações do Cristo, enquanto que São Paulo foi o organizador daqueles que acreditavam no que São Pedro ensinava.
Pode-se dizer que a comunidade cristã teve seu começo no ponto de confluência dos mundos oriental e ocidental, os Judeus e os Gentios. Este encontro e essa mescla de culturas foi em grande parte, trabalho de São Paulo.
Foi São Pedro quem disseminou os Ensinamentos do Cristo, mas foi São Paulo quem procurou explicá-los. Crê-se que São Pedro foi martirizado no reinado de Nero, enquanto que a tradição diz que São Paulo foi decapitado em Roma, e que ambos os eventos ocorreram cerca do ano 65 depois de Cristo. Assim, os primeiros seguidores do Cristo deram sua vida, como o fez seu Mestre, para que outros pudessem ter vida mais abundante.
A arte pode ser definida como a adaptação de meios para se conseguir um fim. Aqui é aplicada como o maravilhoso conhecimento da realização de Deus no interior do indivíduo. É realmente verdade que se nos conhecemos, conheceremos a Deus; daí o valor do aforismo: “Homem, conhece a ti mesmo”. Neste sentido a arte é uma ciência e é tão elevadora em sua influência, como a religião. Portanto, temos a religião, a arte e a ciência, numa trindade educacional do ser humano.
Vivendo neste mundo e sendo governados pelas leis da natureza, se nós as conhecermos, podemos com elas cooperar inteligentemente, usando-as como valiosos serviçais. Sendo a natureza o símbolo visível do invisível. Deus, podemos utilizar as vantagens oferecidas, crescendo, por seu intermédio, em força e poder, da escravidão ao domínio.
O saber não é atingido sem esforço persistente e sem a convicção que somos feitos à imagem de Deus; tudo está latente em nós, aguardando o desenvolvimento pelos métodos apropriados. Adquirimos o saber na proporção exata ao esforço que despendermos para o adquirir.
Há duas classes de saber: o exotérico e o esotérico; o que é visto e o que não é visto. Em ambos, contudo, o supremo motivo para sua pesquisa deve ser um desejo ardente de BENEFICIAR a HUMANIDADE, desprezando a si mesmo para TRABALHAR PARA OUTROS. Este é o “saber artístico” que faz nascer o mais valioso de todo o saber, isto é, A SABEDORIA uma combinação de cabeça e o coração.
Devemos primeiro procurar compreender o conhecimento inferior antes de podermos aspirar com sucesso ao conhecimento superior. Intentar conhecer os Mundos Invisíveis e os veículos sutis, tendo pouco conhecimento dos veículos com os quais trabalhamos diariamente e do ambiente em que vivemos, é rematada tolice. É por isso que para nós é essencial a construção de um CORPO SÃO. Subamos a escada com segurança, degrau a degrau, não tentando um novo passo enquanto não estivermos perfeitamente seguros e equilibrados no lugar em que nos encontramos.
A maioria dos nossos fracassos na vida, provém de tentarmos obter as coisas antes de estarmos preparados para elas, “avançando o sinal”, por assim dizer, pois estamos numa época de impaciência e não podemos nem sabemos esperar. Tais nascimentos prematuros, sendo contrários à natureza produzem penas sofrimentos e tristezas.
Devemos também lembrar-nos que o conhecimento traz consigo a RESPONSABILIDADE, pois “a quem muito é dado, muito será EXIGIDO” (Lc 12:48). Se persistirmos em usar nosso conhecimento egoisticamente, nossa magia se transforma de branca em cinzenta e depois em negra, e por fim é-nos retirado, a menos que nos arrependamos enquanto é tempo.
O saber pode ser definido como conhecimento prático, dependendo, portanto, da capacidade mental individual, que é um produto da Mente. A Mente foi dada ao ser humano na Época Atlante para que ele tivesse propósito para agir na Época Ariana, foram desenvolvidos o pensamento e a razão pelo trabalho do Ego através da Mente, para conduzir o Desejo por caminhos que o levassem à obtenção da perfeição espiritual, meta da evolução.
Esta faculdade de pensar e de formar ideias, obteve-a o ser humano a expensas do controle sobre as forças vitais, isto é, as forças da natureza.
Nós, como Egos, agimos diretamente na substância sutil da Região do Pensamento Abstrato, que temos especializada dentro da periferia de nossa aura individual. Daí vemos as impressões causadas pelo mundo exterior sobre o Corpo Vital por meio dos sentidos, juntamente com os sentimentos e emoções gerados por essas impressões no Corpo de Desejos e REFLETIDAS NA MENTE. Dessas imagens mentais formamos nossas conclusões na substância da Região do Pensamento Abstrato. Tais conclusões são as IDEIAS. Pelo poder da vontade projetamos a ideia através da Mente, onde ela toma forma concreta como PENSAMENTO-FORMA atraindo em torno de si substância mental da Região do Pensamento Concreto. Pela atividade desses pensamentos-forma nós adquirimos o que designamos por CONHECIMENTO.
O Espírito, por meio da parte da força sexual ou ENERGIA CRIADORA dirigida “para dentro”, construiu o cérebro para acumular CONHECIMENTO do Mundo Físico. Essa força é a que, ainda hoje, constrói e alimenta o cérebro. A força que é exteriorizada com o propósito de criar outro ser chamamos AMOR. O ser humano exterioriza somente parte do seu Amor; o resto ele conserva egoisticamente para construir seus órgãos de expressão internos para aperfeiçoar-se. Com parte do seu poder anímico criador ele, egoisticamente, ama outro ser porque deseja sua cooperação na propagação. A outra parte do seu poder anímico criador ele utiliza para pensar, porque DESEJA CONHECIMENTOS.
Atualmente a Mente pode apenas modelar essas imagens, pois está no grau de evolução “mineral”; criar VIDA está fora do poder do ser humano até que sua própria Mente se torne VIVA.
No Período de Júpiter a Mente humana será vivificada em certa extensão e então o ser humano poderá imaginar formas que VIVAM e cresçam como as plantas. No Período de Vênus, quando a Mente humana tenha adquirido SENTIMENTO, o ser humano poderá criar coisas vivas que cresçam e “sintam”. Finalmente a perfeição humana será atingida no final do Período de Vulcano e o ser humano poderá “imaginar”, trazendo à “existência” criaturas que vivam, cresçam, sintam e pensem. O ser humano terá adquirido completo PODER ANÍMICO e MENTE CRIADORA como fruto de sua peregrinação pela matéria. Avançou da impotência à onipotência, da ignorância à Onisciência.
Logo, a arte de conhecer é o aformoseamento da Mente, à medida que o ser humano transmuta o Corpo em Alma e a Alma em Espírito.
Esta parte do ano é aquela em que estamos a meados da última parte da TRINDADE CRIADORA, enquanto o Sol atravessa o Signo intelectual de Gêmeos. Este ano já passamos pelas criações do Espírito Humano (Jeová) por meio de Áries; pelas criações do Espírito de Vida (Cristo) por meio de Touro e agora estamos sujeitos às criações do Espírito Divino (o Pai) por meio de Gêmeos; assim o Corpo, a Alma e o Espírito são, respectivamente, criados.
É essencial que o Princípio Paterno aja pelo Princípio Jeovístico, ou seja, pelo Confortador que agora está conosco.
Agora é, portanto, a ocasião em que a Mente em evolução deve receber maior consideração, o que bem pode ser feito pela prática de pensar NOS OUTROS E PARA OS OUTROS. A Ordem do Dia é: “trabalhar para que a Mente egoísta se torne altruísta em suas atividades”.
Tendo a Mente surgido do poder criador da força sexual transmutada em poder anímico pelo AMOR, isto se torna na “chave mágica” pela qual a Mente pode evoluir. O Amor foi a grande dádiva que nos fez Cristo, o Espírito da Vida, o qual, por seu poder, produz a Alma Intelectual, resultado do CONHECIMENTO adquirido por intermédio do Corpo Vital, que é a base por onde o Aspirante principia. Logo, a Arte de Conhecer oportunamente nos elevará com o Cristo até o Pai nesta parte especial do ano.
“Apenas uma coisa o mundo necessita: SABER. Apenas um bálsamo existe para as dores humanas, apenas um caminho conduz aos céus: SIMPATIA E AMOR” (Credo ou Cristo do livro Conceito Rosacruz do Cosmos – Max Heindel).”.
“Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para reassumir” (Jo 10:17).
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)