O Correto Uso do Conceito Poder
A riqueza, o amor, o poder e a fama são quatro fatores determinantes de toda ação humana. Em si mesmos não são bons nem maus. Apenas não podem ser considerados como fins, mas como meios.
Infelizmente essa ordem foi subvertida: a humanidade luta para adquirir fortuna, poder, prestígio e apreciação como se fossem a razão de ser da própria vida ou a sua finalidade. Poucos, pouquíssimos mesmo utilizam esses talentos para espargir bem-estar, oportunidades.
Tomemos como exemplo a ideia de poder. No “Conceito Rosacruz do Cosmo”, Max Heindel afirma tratar-se de uma força cujo uso legítimo deve dirigir-se à elevação da humanidade. Quantas vezes encontramo-nos em situações em que o poder está em nossas mãos? De que maneira o usamos? Essa pergunta devemos nos fazer com frequência. Independentemente de nossa formação cultural ou de nossa posição socioeconômica sempre temos algum poder em nossas mãos, sempre exercemos autoridade sobre alguém, sobre nossos filhos, colegas, empregados e até animais.
Estamos empenhados em elevar os que se encontram em situação inferior ou, pelo contrário, procuramos usá-los com o objetivo de mantê-los escravizados aos nossos desejos pessoais? No ambiente de trabalho, aceitamos sugestões dos nossos subordinados ou negamos-lhes qualquer oportunidade de expressarem sua criatividade? É comum pessoas em posição de mando fazerem uso de ideias ou até apropriarem-se de criações de seus subalternos como se fossem de sua autoria. O pior é que nem sequer lhes reconhecem o mérito.
Não entendemos o poder se não como uma forma de distribuir justiça e oportunidades de crescimento a todos os seres humanos. A simples leitura de um jornal de grande empresa nos dá a ideia de como o poder é exercido no mundo. Nem sequer precisamos aprofundarmo-nos no texto. As manchetes, as chamadas sugerem como o poder é exercido de forma pessoal, egoísta e cruel. A afirmação, muito comum em nossos dias, principalmente na esfera política, de que o “poder corrompe” é absolutamente incorreta. Os seres humanos é que são corruptos antes de se guindarem ao poder. Apenas fazem mal uso dele. O poder em si mesmo não tem força para corromper ou redimir ninguém.
O aspirante à vida superior não pode deixar de meditar sobre esse assunto, pois alguma autoridade ele deve estar exercendo. Na pior das hipóteses ele a exerce em sua casa, sobre seus filhos. Se não agir com amor e equanimidade, causará infindáveis sofrimentos. Muitos adultos desajustados e infelizes foram crianças reprimidas, maltratadas e humilhadas. Sua criatividade inibida por uma educação ortodoxa e conservadora; sua liberdade violentada; seu direito de expressão amplamente negado. O resultado não poderia ser outro: um indivíduo amargurado, revoltado, tímido, preconceituoso, cuja tendência é descarregar todos esses sentimentos negativos em cima do cônjuge e dos filhos. Desse encadeamento formam-se legiões de infelizes.
Se isso ocorre no âmbito familiar, imagine-se nas consequências de um poder equivocadamente exercido em nível de governo. O desastre assume proporções aterradoras, infelicitando todo um povo.
Surge, então, um ponto interessante para meditação: quem não é justo e magnânimo nas pequenas coisas poderá sê-lo nas grandes? Vê-se, pois, como o uso distorcido do poder nos pequenos episódios do cotidiano já faz antever as futuras desgraças. O correto exercício do poder, portanto, deve principiar no seio da família. Ali se forja o mundo do futuro.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: Uma alma que nasceu como mulher permanece sempre mulher nas vidas futuras e nunca pode se tornar homem? Qual o período entre os renascimentos?
Resposta: Não, o espírito é bissexual e costuma expressar-se em suas vidas futuras alternadamente, uma vez como homem e outra como mulher. Há, no entanto, casos em que, de acordo com a Lei de Consequência, é preferível que um espírito se manifeste em várias vidas sucessivas com um sexo determinado.
A lei é a seguinte:
Como o Sol se move em sentido retrógrado entre as doze constelações com um movimento chamado precessão dos equinócios, o clima da Terra, a flora e a fauna vão sofrendo uma mudança lenta, criando assim um meio ambiente diferente para a raça humana e cada era sucessiva. O Sol leva cerca de dois mil anos para passar por um dos signos pela precessão e, nesse período, o espírito nasce geralmente duas vezes, um como homem e outro como mulher. As mudanças que ocorrem nos mil anos decorridos entre os renascimentos não são tão grandes que o espírito não possa extrair as experiências daquele ambiente, tanto como homem ou como mulher.
No entanto, há casos em que este período pode ser mudado. Nenhuma destas leis é tão inflexível como as leis dos Medas e dos Persas, pois elas são administradas por Grandes Inteligências em benefício da humanidade, de modo que as condições possam ser modificadas para atender às exigências dos casos individuais. Por exemplo, no caso de um músico. Ele precisa encontrar o material com o qual construirá o seu corpo, em um lugar específico.
Necessita de uma ajuda especial para formar os três canais semicirculares do seu ouvido, de modo que eles apontem, tão próximos quanto possível, para as três direções do espaço. Precisa também de ajuda para construir as delicadas fibras de Corti, pois a sua habilidade em distinguir as variações de tons dependerá destas características.
Em tais casos, quando uma família de músicos está em condições de dar à luz a uma criança, esse espírito pode ser conduzido para lá, embora devesse permanecer no Mundo Celestial ainda por uns cem anos. Mas, talvez outra oportunidade para renascer não se apresentasse antes de duzentos ou trezentos anos, se a lei fosse observada. Naturalmente, tal pessoa terá ideias muito avançadas e não será apreciada pela geração com a qual irá conviver.
Será mal interpretada, mas, mesmo assim, será melhor do que se tivesse nascido após o período estabelecido.
Neste caso, estaria atrasada no tempo.
É por isso que, frequentemente, constatamos gênios desconsiderados pelos seus contemporâneos, embora altamente apreciados pelas gerações seguintes, as quais podem entendê-los melhor.
(Perg. 14 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
O Sentido Metafísico da Expressão Corporal
A dança, como arte, ainda não foi entendida nos seus aspectos mais profundos. Seu aprendizado conquistou grande popularidade nos dias atuais, devido principalmente a razões de ordem estética. Pela cabeça de ninguém passa a ideia de que essa arte maravilhosa tenha conotações metafísicas.
Na expressão corporal encontramos a primeira forma de comunicação do ser humano. E como as primeiras sociedades humanas eram teocráticas, encontramos a dança inserida nos rituais religiosos, como meio de comunicação com a divindade. Mediante o do movimento o ser primitivo exprimia seus sentimentos e aspirações.
Platão, na Grécia, vislumbrava na dança a possibilidade de se erigir uma nova ordem social. Mas, à sua visão, essa arte só poderia atingir seus elevados objetivos se considerasse o ser humano em todos os seus aspectos: físico, emocional, mental e espiritual.
Com o passar do tempo a expressão corporal perdeu o sentido místico. Por ser considerada uma política pagã e mundana, acabou sendo abolida da ritualística nos templos, até permanecer como simples arte ligada apenas à beleza plástica.
No final do século passado surge nos Estados Unidos a figura de Isadora Duncan1, revolucionando a dança na tentativa de dar-lhe um alcance social.
A natureza foi a principal fonte de inspiração de Isadora, tendo ela, por ter vivido muitos anos no litoral, atribuído ao ritmo das águas a sua primeira ideia de movimento.
Essa mulher extraordinária foi uma autodidata, procurando inspiração artística e filosófica em luminares como Platão, Shakespeare e o grande poeta americano Walt Whitman. Ela imaginava, tal como Platão, que o filósofo e o dirigente político ideal, pois sua ação enseja a formação de valores em cada indivíduo. E esse objetivo, pensava, só se atinge por meio de um sistema educacional integrado em que o ser humano fosse tratado também como um ser integral. Chegou até a adotar quarenta crianças para ministrar-lhes uma educação especial, onde se destacava o uso de vestimentas adequadas (túnicas leves e sandálias) e alimentação vegetariana.
Sobre Walt Whitman, um de seus inspiradores, ela assim se expressou: “Descobri a dança. Descobri a arte que estava perdida há dois mil anos. O senhor conseguiu criar um magnífico e artístico teatro. Entretanto, nele falta algo que fez a grandeza do antigo teatro grego. É a arte da dança – o trágico “chorus grego”. Sem isto, ele tem apenas o tronco e cabeça, faltando-lhe pernas para ir adiante. Trago-lhe a dança. Trago-lhe a ideia que há de revolucionar totalmente a nossa época. Onde foi que a descobri? A beira do Pacífico, junto das ondulantes florestas de pinheiros da Serra Nevada. Eu vi a figura ideal da mocidade americana dançando no alto das Montanhas Rochosas. O poeta supremo da nossa terra é Walt Whitman. Em verdade, sou filha espiritual de Walt Whitman. Para as crianças da América quero criar a dança que seja a expressão da América. Trago para o seu teatro o sopro vital que lhe falta, a alma da dança. O teatro nasceu da dança. O primitivo ator foi um dançarino. Foi assim que nasceu a tragédia. E, enquanto o bailado, na espontaneidade de sua grandeza não voltar ao teatro, este não poderá viver a sua verdadeira expressão”.
Para Isadora Duncan a dança é um meio do ser humano descobrir seu corpo e conhecer-se a si mesmo. É importante o ser humano conhecer-se primeiro para melhor conhecer seus semelhantes. Isadora desencarnou em 1927.
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[1] N.R.: Isadora Duncan era o nome artístico de Dora Angela Duncanon. Precursora da dança moderna, ela propôs uma dança livre de espartilhos, meias e sapatilhas de ponta, apresentando-se com trajes esvoaçantes, cabelos soltos e pés descalços.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/85 – Fraternidade Rosacruz)
Pergunta: Por que é necessária a nossa passagem por esta existência física? Não poderíamos aprender as mesmas lições sem estarmos aprisionados e limitados pelas densas condições do mundo material?
Resposta: O Novo Testamento foi escrito originalmente em grego, e a palavra Logos significa tanto o verbo quanto o pensamento que precede o verbo, de maneira que quando São João nos diz, no primeiro capítulo do seu Evangelho: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”, podemos também traduzir aquele versículo como: No princípio era o pensamento, e o verbo estava com Deus, e Deus era o verbo. Tudo existe em virtude daquele fato (o verbo). Naquilo está a “vida”.
Tudo que existe no universo foi primeiro um pensamento. Então, aquele pensamento manifestou-se através de uma palavra, um som, que construiu todas as formas, sendo ele próprio a manifestação da vida dentro daquelas formas. Esse é o processo da criação, e o ser humano, que foi feito à imagem de Deus, cria, até certo ponto, da mesma forma. Ele tem a capacidade de pensar; ele pode exprimir seus pensamentos e, assim, quando não for capaz de executar sozinho suas ideias, pode conseguir o auxílio de outros para realizá-las. Mas, aproxima-se o tempo em que criará diretamente através da palavra emitida pela sua própria boca. Atualmente, ele está aprendendo a criar por outros meios, mas quando estiver capacitado a usar sua palavra para criar diretamente, ele saberá como fazê-lo. Esse treino é absolutamente necessário. No momento presente ele cometeria muitos erros. Além disso, ainda não é suficientemente bom – poderia dar forma às criações demoníacas.
Nos primórdios, quando o ser humano esboçava os seus primeiros esforços, ele usou os sólidos; a força muscular era o único meio do qual dispunha para executar seu trabalho. Com ossos e pedras colhidos no solo, produziu os primeiros instrumentos grosseiros com os quais manipulou objetos. Em seguida, numa rude canoa feita de um tronco de árvore, aventurou-se às águas, um líquido, e a roda d’água foi o seu primeiro maquinário. O líquido é bem mais poderoso que o sólido. Uma onda destruirá completamente o convés de um navio, arrancará os mastros e torcerá as mais sólidas barras de ferro como se fossem um fino arame; mas a potência da água é uma força estacionária, portanto, restrita a trabalhar em sua adjacência imediata. Quando o ser humano aprendeu a usar a força ainda mais sutil que chamamos ar, conseguiu erigir moinhos de vento para trabalhar por ele em qualquer lugar, e embarcações à vela estabeleceram a comunicação pelo mundo afora. Portanto, o passo seguinte do ser humano em seu desenvolvimento foi realizado pelo uso de uma força ainda mais sutil que a água e mais universalmente aplicável do que aquele elemento. O vento era inconstante e não se podia depender unicamente dele. Em consequência, o avanço realizado, até então, pela civilização humana tornou-se insignificante quando o ser humano descobriu como utilizar um gás ainda mais sutil chamado vapor; o qual pode ser produzido em qualquer e em todos os lugares, e o progresso do mundo tem sido considerável desde esse advento. O seu emprego, no entanto, requer um maquinário de transmissão de força, o que representa uma desvantagem. Mas essa foi praticamente eliminada pelo uso de uma força ainda mais sutil, mais facilmente transmissível, a eletricidade, que é, ao mesmo tempo, invisível e intangível.
Vemos que o progresso do ser humano no passado dependeu da utilização de forças de sutileza crescente, cada força conseguindo maior capacidade de transmissão que as outras antes disponíveis. Assim, podemos perceber facilmente que um progresso futuro dependerá da descoberta de forças ainda mais refinadas e mais facilmente transmissíveis. Sabemos que a telegrafia sem fio é realizada até sem o uso de fios. Mas, mesmo esse sistema não é o ideal, pois depende da energia gerada numa usina central, que é estacionária. Envolve o emprego de um maquinário de custo elevado e está, portanto, fora do alcance da maioria. A força ideal seria uma força gerada vinda do próprio ser humano no momento que desejasse e sem maquinário.
Algumas décadas atrás, Júlio Verne fez-nos vibrar ao fazer aparecer magicamente o submarino, a viagem ao redor da Terra em oitenta dias etc., estimulando, assim, a nossa imaginação. Hoje, todas as ideias concebidas por ele concretizaram-se, superando até a sua imaginação. Chegará o dia em que teremos à nossa disposição uma fonte de força igual àquela sobre a qual falamos acima. Bulwer Lytton, no seu “Raça do Futuro” (Coming Race), descreveu-nos uma força chamada “Vril”, que certos seres imaginários possuem e podem usar para locomover-se sobre a terra, através do ar e de outras várias maneiras. Tal força está latente em cada um de nós e, por vezes, referimo-nos a ela como emoção. Sentimos seu poder de longo alcance como temperamento quando desencadeado, e dizemos: “aquele ser humano perdeu o autocontrole”. Nenhum trabalho, por mais cansativo que seja, pode esgotar o corpo físico e prejudicá-lo tão seriamente quanto a enorme energia do Corpo de Desejos quando está solta num acesso de raiva. Atualmente, essa força enorme está, em geral, adormecida, e é bom que continue assim até que tenhamos aprendido a usá-la por meio do pensamento, que é uma força ainda mais sutil. Este mundo é uma escola que nos ensina a pensar e sentir corretamente, e assim tornar-nos aptos a usar estas duas forças sutis – o poder do pensamento e o poder da emoção.
Uma ilustração tornará claro como este mundo serve àquele propósito. Um inventor tem uma ideia. A ideia não é ainda um pensamento. É quase como um lampejo que ainda não tomou forma. Mas, gradualmente, ele a visualiza dentro da sua mente. Ele concebe em seu pensamento uma máquina, e diante da sua visão mental aparece aquela máquina com as rodas girando, conforme a necessidade requerida para a realização do trabalho. Em seguida, começa a esboçar o projeto da máquina, e mesmo no estágio de concretização surgirá certamente a necessidade de fazer modificações. Desse modo, vemos que as condições físicas mostrarão ao inventor em que ponto o seu pensamento não estava correto. Ao construir a máquina com material apropriado para a realização do trabalho, geralmente mais modificações serão necessárias. Ele poderá ver-se obrigado a inutilizar a primeira máquina, reformular inteiramente seu conceito e construir uma nova máquina. Desse modo, as condições físicas concretas permitirão detectar a falha do seu raciocínio; elas o forçarão a fazer primeiramente as modificações necessárias em seu pensamento original para concluir a máquina requerida. Se existisse apenas o Mundo do Pensamento, ele não chegaria a saber que havia cometido um engano, mas as condições físicas concretas mostram-lhe onde o seu pensamento estava errado.
O Mundo Físico ensina o inventor a pensar corretamente, e suas bem-sucedidas máquinas são a corporificação do pensamento correto. Nos empreendimentos comerciais, sociais ou filantrópicos, confirma-se o mesmo princípio. Se as nossas ideias concernentes aos vários assuntos da vida são errôneas, elas são corrigidas quando aplicadas nas chamadas experiências empíricas. Consequentemente, este mundo é uma necessidade absoluta para ensinar-nos como manipular o poder do pensamento e do desejo, sendo atualmente estas forças controladas, em grande parte, pelas nossas condições materiais. Mas, com o passar do tempo, e à medida que aprendermos a pensar corretamente, iremos adquirindo um tal poder mental que seremos capazes de emitir o pensamento correto imediatamente, em todos os casos, sem ter que passar pela experiência, e seremos também capazes de expressar o nosso pensamento através de uma manifestação real, como uma ação. Houve um tempo, num passado bem longínquo, em que o ser humano era ainda um ser espiritual e as condições da Terra mais moldáveis. Então, ele foi ensinado diretamente pelos Deuses a usar a palavra como meio de criação, e assim trabalhava formativamente sobre os animais e as plantas. A Bíblia diz-nos que Deus trouxe os animais para o ser humano e este os nomeou. Essa designação não se limitava simplesmente a chamar um leão de leão, mas era um processo formativo que conferia ao ser humano um poder sobre aquilo que ele nomeava, e foi só quando o egoísmo, a crueldade e o ódio desenfreado tornaram-no incapaz de exercer o domínio correto, que a palavra do poder, sobre a qual falam os maçons, perdeu-se. Quando a santidade tomar novamente o lugar da profanação, a palavra será reencontrada e tornar-se-á o poder criativo do ser humano divino numa era futura.
(Perg. 3 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Pergunta: No Capítulo XVII – subtítulo: O Voto do Celibato, do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, lê-se o seguinte parágrafo: “O voto de absoluta castidade relaciona-se unicamente com as Grandes Iniciações. Mesmo nestas, um só ato de fecundação pode ser necessário como um sacrifício, conforme aconteceu quando se “preparou o corpo para Cristo”. A religião Cristã ensina que Jesus, o Cristo, nasceu de uma virgem, o que é expresso, de outra maneira, como uma imaculada concepção. Tais ensinamentos, e sua estrita relação com a definição “divino”, indicam que o nascimento de Jesus foi assim, e como esses ensinamentos são considerados pelos Rosacruzes?
Resposta: De acordo com os Ensinamentos Rosacruzes, é necessário fazer uma distinção rigorosa entre o Cristo e Jesus. Quando pesquisamos na Memória da Natureza, verificamos que o Espírito que nasceu no corpo de Jesus era um Ego muito avançado, que tinha atingido uma espiritualidade elevadíssima mediante muitas vidas de santidade e auto sacrifício, e é possível investigar os nascimentos anteriores desse Ego com a mesma facilidade com que pesquisamos as experiências passadas de qualquer outra entidade pertencente à raça humana. No entanto, procuraremos em vão por qualquer encarnação prévia do Cristo porque Ele não pertence absolutamente à nossa evolução. Ele foi o Iniciado mais elevado do Período Solar, e a humanidade comum desse passado longínquo evoluiu agora a um estado de alta espiritualidade. Podemos chamá-los de Arcanjos.
Até há 2.000 anos (excluir ‘atrás’), a Terra era governada com mão de ferro por Jeová e Seus Anjos, que eram o produto evolutivo de um período passado. Sob Seu regime, o temor gerado pela lei antepunha-se aos desejos da carne. Toda transgressão exigia olho por olho, dente por dente. Isto, não obstante, não proporcionava oportunidade para a evolução do amor e do altruísmo. “O perfeito amor expulsa todo medo”, e Cristo veio ao mundo para salvar a humanidade da lei e do egoísmo, por meio do cultivo do amor e do altruísmo.
Não obstante, há uma lei inexorável na natureza, segundo a qual ninguém pode criar um corpo com matéria que, através da evolução, não aprendeu a manipular e, no passado longínquo, quando os Arcanjos estavam no estágio humano, o mundo habitado por eles era composto de matéria de desejo. Da mesma forma que o nosso corpo físico denso é feito dos componentes químicos da nossa terra atual, o corpo mais denso de um Arcanjo é feito de matéria de desejo. Por muitos séculos, antes de vir realmente a nós, o Espírito de Cristo trabalhou na Terra externamente, purificando o Corpo de Desejos da Terra, para que pudéssemos obter material para criar desejos e emoções mais elevados e puros. Obviamente, isto seria realizado de maneira mais eficiente por um Espírito interno se houvesse um meio de garantir-lhe a entrada na Terra. Foi missão de José, Maria e Jesus fornecerem esse veículo constituído de um Corpo Denso e um Corpo Vital, aos quais o Corpo de Desejos e os outros veículos superiores do Cristo pudessem unir-se por um breve período, enquanto Ele cumprisse Sua missão.
Quando o ato gerador é realizado de uma forma baixa e brutal, quando é maculado pela luxúria e pela paixão, certamente degrada aqueles que participam desse ato de profanação. Por outro lado, quando os futuros pais se preparam por meio de orações e de aspirações elevadas para realizar o ato como um sacramento, indiferentes para com o gratificar-se, a concepção é imaculada. É evidente que não é a virgindade física que é considerada uma virtude, pois todos nós encontramo-nos nesse estágio durante os primeiros anos de vida. É a pureza e a castidade da alma que fazem o virgem puro, tanto o pai como a mãe.
Segundo os Ensinamentos Rosacruzes, endossados pelas pesquisas na Memória da Natureza, era essa a condição de José e Maria quando foi concebido o corpo que se formou ao redor do átomo-semente de Jesus. O Espírito Solar, Cristo, não poderia construir tal veículo. Além disso, teria sido um desgaste inútil de energia valiosa para esse grande Espírito ter de passar pelo útero e educar um corpo durante os anos de infância até atingir a idade madura, quando só então poderia ser usado. Por conseguinte, essa missão foi outorgada a Jesus que usou o corpo até a época do Batismo, quando sabemos que o Espírito desceu sobre ele na forma de uma pomba. A partir desse momento, Jesus deixou o seu corpo, que passou a ser habitado até o fim pelo Espírito de Cristo, após isso, durante os três anos de ministério, temos a ação de uma entidade composta, Jesus, o Cristo.
Deveríamos entender que as grandes Hierarquias, que nos ajudaram em nossa evolução, trabalham sempre de acordo com as leis que estabeleceram para nossa orientação e não contra elas já tendo desenvolvido o método de construir um corpo pela união do homem e da mulher, não pensariam em suspender essa lei da mesma forma que não pensariam por um único momento em suspender a lei da gravidade. Podemos imaginar facilmente o caos que adviria se as pessoas, casas, veículos e demais coisas não estivessem solidamente fixadas na terra e rolassem no espaço. De maneira semelhante, podemos imaginar o desastre que resultaria para a nossa estrutura social, se a lei da fecundação também fosse abolida. De fato, os relatos inseridos tornam claro que José tinha a intenção de repudiar Maria. Tal seria o procedimento natural de um marido comum que não acreditasse ou desconhecesse um milagre. Temos uma prova adicional da alteração dos tradutores em relação à genealogia de Jesus que é reconstituída até José, e se ele não fosse o pai, isso seria um absurdo; pois não se poderia dizer que Jesus procedera do tronco da linhagem de Davi.
Contudo, há outros meios de proporcionar um corpo ao Adepto, sem que seja necessária sua passagem pelo útero. Antes de descrevermos esse método, queremos deixar claro que o termo “Adepto” não deve ser aplicado aos egotistas ou charlatães, que assim se intitulam nos anúncios de jornais ou entre a turba de incautos. O verdadeiro Adepto é aquele que atingiu um alto grau de espiritualidade, e para melhor entendermos esse estágio, podemos comparar o vidente comum com o Iniciado.
O vidente é uma pessoa que desenvolveu a visão espiritual. Se ele não tem controle sobre tal faculdade, vê as coisas no mundo invisível sempre que elas se apresentem a ele. Não pode escolher o que vê nem quando ver, não tem o poder de afastar uma cena que lhe seja desagradável. O vidente voluntário é aquele que pode, à vontade, evocar paisagens e cenas dos mundos invisíveis e dirigir sua visão espiritual para qualquer objeto ou acontecimento pelo tempo que desejar.
A maioria das pessoas, que não pensa realmente no assunto, acredita que todo aquele que for capaz de ver coisas nos mundos invisíveis é, por assim dizer, onisciente, sabendo tudo a respeito do que ali se passa. Na realidade, a capacidade de ver coisas nos mundos invisíveis não traz consigo a faculdade de conhecer tudo que concerne a ele, assim como a visão de uma máquina no mundo físico não nos confere o conhecimento de como ela funciona.
O Iniciado tem não somente a habilidade de ver as coisas dos mundos invisíveis, mas também a faculdade de abandonar o seu corpo conscientemente e operar ou pesquisar esses elementos. Assim, gradualmente, ele adquire um conhecimento sobre o trabalho que faz internamente e de como unir essas forças, que chamamos de leis da natureza, à carruagem do progresso evolutivo.
O Adepto é aquele que vê e sabe e, além disso, tornou-se hábil no uso das leis da natureza para a produção daquilo que, aos olhos da pessoa comum, parece mágica.
Na realidade, é apenas a aplicação mais elevada das mesmas leis que regem o curso ordinário da vida.
Estamos todos familiarizados com o fato que o alimento proporcionado ao nosso sistema é largamente desperdiçado devido à nossa ignorância a respeito das reais exigências desse veículo, associado ao fato de que a maioria de nós come mais o que agrada ao paladar do que aquilo que alimenta o sistema. Isto interfere no metabolismo e o alimento é muito mais desperdiçado do que assimilado.
Mesmo a parte do alimento que assimilamos nem sempre se transforma em tecido sadio, mas em carne flácida, que representa um peso morto em nosso organismo, e o Corpo Vital está em luta constante para expulsar os resíduos supérfluos indesejáveis. Após uma lauta refeição, o vidente pode observar ao redor da região abdominal do glutão, uma faixa preta, de consistência elástica e gelatinosa, formada de éter. Este é o veneno gerado pela fermentação do alimento prejudicial ingerido em excesso, que é expelido pelo Corpo Denso através das correntes radiantes do Corpo Vital, no esforço que faz este último veículo para limpar o sistema obstruído.
Também desgastamos tecido orgânico ao entregarmo-nos aos prazeres por meio de movimentos e emoções desnecessárias, levando o Corpo Denso a um envelhecimento e a morte antes do tempo.
O Adepto é diferente. Ele sabe como controlar suas ações e emoções, poupando-se a toda tensão física desnecessária. Ele sabe também quais os elementos requeridos para a conservação do seu corpo e a quantidade exata a ingerir. Assim, ele assegura a máxima nutrição e o mínimo de desgaste.
Por essa razão, ele pode manter o seu corpo com uma aparência jovem e saúde plena por centenas de anos.
Dizem os Irmãos Leigos dos Rosacruzes, que Christian Rosenkreuz está usando hoje um corpo que vem sendo preservado por vários séculos. Isso pode ou não ser assim, o autor não tem meios de o saber, pois o nosso augusto líder nunca é visto pelos Irmãos Leigos que se reúnem no Templo para o Serviço da meia noite. Sua presença é apenas sentida, e é o sinal para o início do trabalho.
No entanto, em conversa com alguns Irmãos Leigos que estiveram a serviço no templo por vinte, trinta e quarenta anos de suas vidas, ficamos sabendo que os Irmãos Maiores, aos quais nos referimos como sendo os nossos Mestres, têm hoje exatamente a mesma aparência que tinham há trinta ou quarenta anos. A julgar pelos padrões humanos ordinários, diríamos que os Irmãos Maiores atualmente aparentam ter mais ou menos quarenta anos, e isto é uma prova dos ensinamentos dados anteriormente.
Sabemos que os Adeptos podem preservar seus corpos por séculos, talvez milênios, mas eles também têm o poder de criar novos veículos se, por qualquer razão, isso se tornar conveniente, e este é um dos métodos descritos pelos Irmãos Maiores.
Segundo uma lei da natureza, a vida celular inerente a cada partícula de alimento deve ser sobrepujada pelo Ego antes de ser assimilada. (Vide o capítulo sobre assimilação no “Conceito Rosacruz do Cosmos”). Portanto, é impossível a um Adepto formar um extrato dos elementos com os quais deve construir um corpo, plasmá-los em um veículo e depois abandonar o antigo corpo pelo novo. Primeiramente, ele deve absorver esses elementos em seu próprio corpo para que se harmonizem com o átomo-semente e sejam adequadamente assimilados. Então, depois de terem sido incorporados por ele da forma prescrita pelas leis da natureza, ele pode extraí-los novamente e usá-los para criar um novo corpo. Consequentemente, o Adepto inicia essa tarefa intensificando a sua dieta e extraindo dela o excesso de alimento. Possuindo um absoluto autocontrole, ele também tem o poder de controlar e subjugar os elementos vivos do alimento que ele usará, gradualmente, para criar um corpo. Este veículo é geralmente colocado em um aposento no qual ninguém tem acesso. Quando está concluído, e o Adepto deseja realizar a mudança, ele simplesmente sai do seu corpo antigo e penetra no novo.
O uso desse método fornece a solução para os mistérios que cercam os primeiros anos de vida e as vidas anteriores de homens como o Conde St. Germain, Cagliostro etc. Eles eram Adeptos que deixavam um meio onde não eram mais úteis e passavam para outra esfera de ação. Os corpos que deixavam abandonados não tinham identificação, e ninguém suspeitaria que o Espírito que neles habitava, não havia passado pelo processo “post-mortem” normal.
É também uma lei da natureza que ninguém pode criar um veículo a menos que tenha aprendido a fazê-lo através da evolução. Apesar de grande e poderoso, Cristo, o Espírito Solar Cósmico, não podia criar um Corpo Denso, seja através de um útero ou pelo método mágico acima descrito, pois nunca tivera essa experiência na vida celeste onde são criados os arquétipos de corpos, e nem Ele havia passado pelas experiências reais pelas quais a humanidade passou durante o decorrer das eras. Portanto, era necessário que alguém fosse escolhido para criar-Lhe um corpo. Esta honra e privilegio coube a José, Maria e Jesus, que forneceram o Corpo Denso e zelaram por ele durante os primeiros anos até a maturidade, juntamente com o Corpo Vital necessário para manter vivo o instrumento denso e assim completar a união com o Corpo de Desejos de Cristo.
Quando corretamente entendido, percebe-se o quanto é verdadeira a afirmação de que Jesus nasceu de uma virgem e que a concepção foi imaculada. O erro está em confundir Jesus com Cristo. Lembremo-nos que o Anjo Gabriel ordenou que Ele devia ser chamado Jesus. Christos significa “ungido”, e refere-se a um cargo, uma função e não a uma pessoa. Por essa razão, é só depois do Batismo, ao ser ungido pelo Espírito, que ele é chamado Jesus Cristo, ou em inglês (the anointed Jesus), o ungido Jesus. Também é um erro considerar o nascimento de Jesus como único. Temos a palavra de Cristo que as coisas que Ele fez, nós também as faremos e até maiores. A Imaculada Concepção, o Batismo (o batismo ou unção), o período de serviço e ministério, a Cruz e Coroa, tornar-se-ão, por sua vez, experiências pessoais para cada um de nós, pois todos somos Cristos em formação e devemos crescer um dia até a plena estatura da Divindade.
(Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Pergunta Nº 76 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: Se a vida na Terra é tão importante e realmente a base de todo o crescimento da nossa alma, sendo este o resultado das experiências por nós adquiridas aqui, por que a nossa existência terrena é tão curta em comparação à vida nos Mundos Internos, que corresponde, aproximadamente, a mil anos entre duas vidas neste plano?
Resposta: Tudo que existe no mundo, feito pela mão do ser humano, é pensamento cristalizado; as cadeiras nas quais sentamos, as casas nas quais moramos, os vários confortos materiais como o telefone, o navio, a locomotiva, etc. foram antes um pensamento em sua Mente. Se ele não tivesse emitido aquele pensamento, a criação nunca teria aparecido. De forma similar, as árvores, as flores, as montanhas e os mares são formas de pensamento cristalizado das forças da natureza. O ser humano, quando deixa este corpo após a morte e entra no Segundo Céu, torna-se um com as forças da natureza. Ele trabalha sob a direção das Hierarquias Criadoras, criando para si mesmo o meio necessário para o próximo passo do seu desenvolvimento. Aí ele gera, na “substância mental”, os arquétipos da terra e do mar. Maneja a flora e a fauna, tudo que há em seu meio é criado por ele como pensamento-forma. Na medida em que muda as condições, assim elas lhe aparecerão quando renascer.
Mas, dar forma às coisas na matéria mental é bem diferente do que trabalhá-las concretamente. Na atualidade, somos pensadores medíocres e, por isso, levamos tão grande período de tempo para modelar os pensamentos-forma no Segundo Céu. Além disso, temos que aguardar um período considerável antes que esses pensamentos-forma se tenham cristalizado no atual e denso meio físico, ao qual temos que voltar. Portanto, é necessário que fiquemos no Mundo Celestial por um período bem mais longo daquele que permanecemos na Terra. Quando tivermos aprendido a pensar corretamente, seremos capazes de criar coisas aqui no Mundo Físico num tempo bem mais curto do que aquele que levamos para produzi-las penosamente. Nem será necessário permanecer à margem desta vida terrena por tanto tempo como ficamos hoje.
(Perg. 4 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Nesta época de transição o mundo nos parece mais uma arena, onde os credos, as ideologias e os interesses econômicos se chocam e provocam sofrimentos. Os aspirantes, diante desse quadro redobram seus esforços, numa tentativa muitas vezes desesperada de equilibrar a situação. Todas as capacidades e energias são exigidas quase que diuturnamente. Poucos estão encontrando tempo para a leitura e estudo das obras espiritualistas.
Quando muitos podem aliar uma prece ao trabalho, e adormecem enquanto se esforçam por fazer o exercício de Retrospecção.
Sabemos que isso vem preocupando os estudantes. Entretanto, não devem se desencorajar julgando-se “perdidos no Caminho”. O serviço nunca representa imobilismo. Trabalho é adoração, e é possível que os passos dados sejam bem maiores do que se pensa.
Em todas as suas obras, Max Heindel ressalta a importância do serviço como fator de evolução: “Ele é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus”. O importante, também, é o coração estar pleno de amor fraternal.
Vivendo a vida superior, embora nunca tenha lido um livro, uma pessoa terá acesso a conhecimentos impossíveis de serem recebidos em qualquer universidade no mundo. O caminho para a fonte dos mistérios é a sensibilidade, a doçura e o amor à todas as criaturas.
Os alquimistas do passado, inclusive os Rosacruzes, afirmaram que a Grande Obra, primeiramente realiza-se com as mãos. É o próprio ser humano que celebra o ofício religioso e o oferece sacrifício no seu templo. Segundo o ritual do Serviço do Templo da Fraternidade Rosacruz, o sacrifício deve representar um esforço, uma obra concreta.
Os grandes místicos e santos, deixaram-nos esta mensagem: “só os olhos do amor podem conhecer a verdade”.
O amor que se eleva do nível meramente pessoal e cresce no serviço, torna-se um Amor Altruísta. É luz gerada para toda a humanidade, uma fagulha convertida em chama.
A verdadeira iluminação, como toda experiência real, é mais a inspiração e a vivência de uma atmosfera espiritual, do que propriamente a aquisição de informações.
Não há o que o amor não possa realizar.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Humildade: só com ela se alcança a verdadeira paz e harmonia
Alcançar a verdadeira humildade é uma das coisas mais difíceis de atingir na vida.
O ser humano sempre está sujeito a se vangloriar. Sempre sente prazer, considera-se bom, abnegado e serviçal. Com esses sentimentos no seu subconsciente pode transformar o trabalho dele em uma farsa. Trocar o ouro do espírito pelo brilho metálico da verdade.
Como se pode extirpar esse cancro que se aloja no íntimo do ser humano e compromete a obra dele para a perfeição? Orai e vigiai, aconselhou São Paulo, com o coração devoto, porque se uma oração carece de sentimento profundo de devoção, torna-se um exercício automático que não fornece ajuda nem sustentáculo. Devemos lembrar eternamente, que Deus está dentro de nós, e os nossos acertos são obras Dele. Sem essa Divina manifestação, de onde viria nossa glória?
A vaidade humana pode frustrar completamente a finalidade da nossa caminhada para alcançar a sublimação e o aperfeiçoamento da nossa divinificação na transformação do vil metal em ouro do espírito.
Para chegar à perfeição, a caminhada é longa, acidentada. Achar que não contrariando as leis humanas seremos virtuosos é uma ilusão. Quanto mais a luz brilha, mais nítidas são as sombras e cada vez podemos descobrir mais faltas, das quais, antes, nem tínhamos conhecimento. Quando nos conscientizamos desse fato, nossa reação não deve ser de desânimo. Devemos agradecer ao Senhor pela oportunidade de poder sublimá-las, porque, como tudo é eterno, como nada se perde, como tudo se transforma, a sublimação é o único caminho que podemos tomar para efetuar o trabalho humildemente.
Os acertos não devem dar oportunidade para o orgulho, já que, num piscar de olhos, podemos tropeçar e todo nosso orgulho pode afundar, uma vez que a saúde corporal ou mental pode ser tirada, a lucidez de espírito pode se desvanecer.
O reconhecimento, o elogio dos outros são outras pedras de tropeço no caminho, dificultando mais do que ajudando o progresso. Quando perguntamos: será que reconhecem meu trabalho? Será que observam meu progresso e dedicação? Será que me consideram? São sugestões de vaidade do Eu inferior. Se quisermos realmente alcançar o reto e estreito caminho é bom nos abster dessas sugestões. Se formos sinceros conosco, não adiantam os reconhecimentos, bem sabemos quanto temos de melhorar, lutar, purificar nossas rejeições e antipatias e aprender a amar.
A verdadeira paz e harmonia só podemos alcançar com humilde aceitação e consciência de que tudo que é bom, verdadeiro e belo vem do nosso Divino Pai interior que quer nos salvar, dignificar, iluminar para alcançarmos a nossa meta, a união total.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Deus e o Ser Humano: em que nível de relação você está?
Tudo que o ser humano faz ou pensa associa-se à satisfação de suas necessidades primárias: saciar a fome, abrigar-se, vestir-se, defender-se, constituir família, etc. O sentimento e o desejo são as molas propulsoras de todas essas realizações.
Mas, por óbvio que isso pareça, surge ainda uma questão: quais os sentimentos e necessidades que levaram a humanidade ao pensamento religioso e a fé?
Os Ensinamentos Rosacruzes indicam o temor, o interesse, o amor e o dever como sendo quatro formas básicas de relacionamento do ser humano com Deus. Nos povos primitivos, o fator que desperta ideias religiosas é o medo – medo da fome, de animais bravios, das enfermidades, da morte. Como o nível de consciência desse ser humano primitivo é incipientíssimo, forja um ser que a ele se assemelha, ser mais poderoso, capaz de submetê-lo e destruí-lo.
A segunda etapa desse relacionamento, a do interesse, está muito ligada ao atendimento das necessidades coletivas. É típica dos povos onde se nota certa organização social. O desejo de orientação diante das dificuldades, as satisfações das necessidades do grupo estimulam uma concepção social de Deus. A divindade rege os passos daquele povo em particular, protegendo-o, decidindo seus problemas, recompensando-o ou punindo-o. Para conquistar as boas graças desse deus, oferecem-lhe sacrifícios ou agem conforme os princípios ou tradições da raça. Aspira em troca, ver sua colheita mais abundante, o rebanho mais numeroso, a prole sadia, os inimigos prostrados a seus pés. É uma relação de barganha.
Essa forma de religião consolida-se pelo surgimento de uma casta sacerdotal, mediadora entre o povo e a divindade. Essa casta, obviamente privilegiada, logra uma posição de poder, muitas vezes superior ao poder temporal. Trata-se de uma religião do medo, porém, é possível dialogar com Deus e obter-lhe compensações.
O terceiro passo evidencia-se quando a religião do medo transforma-se na religião moral. A divindade conforta a tristeza, o desejo insatisfeito, protege as almas dos mortos. A moral e o apreço para com o semelhante constituem a tônica desse pensamento religioso. O Cristianismo popular e outros credos são um exemplo típico dessa fase do relacionamento do ser humano com Deus. Não se deve, entretanto, considerar as formas religiosas primitivas como exclusivamente religiões do medo, nem as dos povos civilizados como estritamente morais. Há pontos comuns a ambas, principalmente o caráter antropomórfico da ideia de Deus.
Pouquíssimos indivíduos encontram-se no quarto nível de experiência religiosa. Não é fácil conceituá-lo de uma forma clara, por não estar associado a uma ideia antropomórfica de Deus, nem a um dogma. Daí, o indivíduo experimenta a totalidade da existência como uma unidade, guiado pelo conhecimento esotérico, pela arte, pela ciência e pela intuição. Para ele a religião tem, ao mesmo tempo, um sentido cósmico e interior. O universo é o templo onde se cultua o Ser Absoluto como também o íntimo do ser humano. Esse sentido cósmico da religião é percebido por uns poucos iluminados, cujas vidas servem de estímulo a que outros, por seus próprios meios, busquem a Senda da Luz.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Peculiaridades do Éter
O investigador ocultista verifica que o ÉTER apresenta graus de densidade, a saber: Éter Químico, Éter de Vida, Éter Luminoso e Éter Refletor.
O Éter Químico é o meio de expressão das forças que promovem a ASSIMILAÇÃO, o crescimento e a manutenção da forma (e a excreção).
O Éter de Vida é o plano de manifestação das forças que são ativas na PROPAGAÇÃO, ou seja, na construção de novas formas.
O Éter Luminoso transmite poder motriz do Sol ao longo dos vários nervos dos corpos “vivos”, e torna possível o movimento.
O Éter Refletor recebe a impressão das imagens de tudo o que existe, vive e se move. Grava, também, todas as variações, de modo semelhante ao filme de uma câmara cinematográfica. Nesse “registro” os médiuns e psicômetras podem ler o passado, baseados no mesmo princípio em que, sob condições adequadas, os filmes são reproduzidos uma e outra vez.
Temos falado do Éter como um meio, ou caminho, de forças, palavras que não transmitem um significado exato para as Mentes em geral. Mas, para um investigador ocultista as forças não são apenas nomes, tais como: vapor, eletricidade, etc. Ele os percebe como seres inteligentes, de diferentes graus, sejam sub ou supra-humanos. O que nós chamamos “Leis da Natureza” são Grandes Inteligências que guiam seres menos evoluídos, de acordo com certas regras destinadas a adiantar evolução deles.
Na Idade Média, quando ainda havia muitas pessoas dotadas de clarividência “negativa”, falava-se de Gnomos, Duendes e Fadas, que vagavam pelas montanhas e pelos bosques. Esses seres são os “espíritos da terra”. Também se falava das Ondinas, ou espíritos da água, que habitavam os rios e os arroios; dos Silfos que habitavam as névoas dos vales e pântanos, como espíritos do ar; mas pouco se falava das Salamandras, pois são espírito do fogo, não sendo, portanto, tão facilmente descobertas ou acessíveis à maioria das pessoas. As antigas lendas são agora consideradas como superstições, mas, não obstante, uma pessoa dotada de visão Etérica pode mesmo perceber os pequenos Gnomos depositando a verde clorofila nas folhas das plantas, e dando às flores as múltiplas e delicadas tonalidades de cores. Os cientistas tentaram uma vez ou outra dar-nos uma explicação adequada do fenômeno do vento e da tormenta. Mas falharam, e não o conseguirão enquanto procurarem uma explicação mecânica para aquilo que realmente é uma manifestação da Vida. Se fossem capazes de perceber as hostes de Silfos voando de um lado para o outro, “saberiam” quem e quais são os elementos responsáveis pela inconstância do vento; se pudessem observar uma tempestade marítima por meio da Visão etérica perceberiam que a frase: “luta dos elementos” não é uma frase vazia, porque o mar é verdadeiramente um campo de batalha dos Silfos e Ondinas. O ulular da tempestade é o “grito de guerra” dos espíritos do ar. Também as Salamandras se encontram por toda a parte e não há nenhum fogo que possa ser aceso independentemente de seu auxílio. São mais ativas ocultamente, no interior da Terra, tornando-se responsáveis pelas explosões e erupções vulcânicas. As classes de seres que acabamos de mencionar ainda são “sub-humanas”, mas dentro de algum tempo alcançarão um estado evolutivo correspondente ao humano, embora sob circunstancias diferentes das que agora servem para o nosso desenvolvimento. Mas, presentemente, essas maravilhosas inteligências, que nós chamamos “leis da Natureza”, dirigem os exércitos das entidades menos desenvolvidas. Para chegar a melhor compreensão do que são esses diferentes seres, e sua relação conosco, exemplifiquemos: suponhamos que um mecânico esteja construindo uma máquina, e a seu lado um cão o observa. O cão vê o ser humano em seu trabalho e o modo como usa suas diversas ferramentas para dar forma a matéria, e também como a máquina vai lentamente tomando forma, com o emprego dos rudes metais: ferro e aço, latão e outros. O cão é um ser de uma evolução inferior, e não compreende a intenção do mecânico, mas não obstante vê tanto o trabalhador como seu trabalho e o resultado que se apresenta como a máquina. Suponhamos agora que o cão fosse capaz de ver os materiais que lentamente vão mudando de forma, juntar-se e converterem-se numa máquina, mas não pudesse perceber o trabalhador, nem a atividade por ele desenvolvida. Nesse caso, o cão estaria, em relação ao mecânico, em situação idêntica à nossa em relação às grandes inteligências que chamamos “Leis da Natureza” e seus auxiliares, os “espíritos da natureza”.
Nós vemos as manifestações dos seus trabalhos como FORÇA que move matéria de distintas maneiras, mas sempre sob Condições Imutáveis.
No Éter também podemos observar os “Anjos”, cujos corpos mais densos são feitos desse material, assim como o nosso corpo físico é formado de gases, líquidos e sólidos. Esses Seres estão um passo além do estado humano, assim como nós estamos um grau mais avançados sobre a evolução animal. Todavia, nós nunca fomos animais semelhantes aos da atual fauna, mas, em um estado anterior no desenvolvimento do nosso planeta, tivemos uma constituição semelhante à do animal. Naquela ocasião os Anjos passaram pelo estágio “humano”, se bem nunca possuíssem um Corpo Denso como o nosso, nem funcionaram em matéria mais densa do que a Etérica. Algum dia, numa condição futura, a Terra tornar-se-á novamente Etérica; então o ser humano será “semelhante” aos Anjos. Por isso a Bíblia nos diz que o ser humano foi feito “um pouco inferior aos Anjos” (Hb 2:7).
Como o Éter é a passagem das forças vitais e criadoras, e os Anjos são peritos construtores utilizando esse elemento, podemos facilmente compreender que estão exatamente capacitados para ser os protetores das forças propagadoras nos vegetais, no animal e no ser humano. Em toda a Bíblia encontramos os Anjos sendo encarregados desse serviço: dois Anjos se aproximaram de Abraão e lhe anunciaram o nascimento de Isaac; “prometeram” um filho ao homem obediente a Deus. Depois, esses mesmos Anjos destruíram Sodoma “pelo abuso da força criadora” que ali se incorria. Anjos também anunciaram aos Pais de Samuel e de Sansão o nascimento daqueles gigantes do cérebro e dos músculos. À Isabel apareceu o Anjo (não Arcanjo) Gabriel e anunciou-lhe o nascimento de João, e depois apareceu também a Maria com a mensagem de que ela havia sido eleita para conceber a Jesus.
(Revista Serviço Rosacruz – 03/78 – Fraternidade Rosacruz – SP)