Pelas Veredas do Nosso Esquema de Evolução atual
Constitui incontestável verdade que “EM DEUS VIVEMOS, NOS MOVEMOS E TEMOS O NOSSO SER”. Somos espíritos, partes integrantes do Grande Corpo Divino.
Temos, em forma latente, embrionária, todas as possibilidades do nosso Pai Celestial. O desenvolvimento de nossas potencialidades divinas conduzir-nos-á a um estado de onisciência, inconcebível às nossas limitações atuais.
Segundo os Rosacruzes, no início de cada manifestação, Deus diferencia dentro de Si mesmo (não de Si mesmo) uma plêiade de espíritos virginais, como chispas de uma Chama. Esses espíritos virginais converter-se-ão também em Chamas, pela expansão de suas faculdades latentes. Esse processo se realiza através da EVOLUÇÃO. Esta, entretanto, representa apenas uma das partes do esquema. Na realidade, o progresso do espírito assenta-se sobre um tripé: involução, evolução e Epigênese.
Involução é o espaço de tempo dedicado à aquisição da consciência individual e à formação dos veículos, através dos quais o espírito se manifesta. Dá-se o nome de evolução à fase da existência durante a qual o ser desenvolve sua consciência até convertê-la em onisciência.
Involução e evolução, porém, são insuficientes para garantir o desenvolvimento do espirito ao nível de seu Divino Pai. Um terceiro fator surge como uma autêntica força motriz, empurrando, acelerando, despertando faculdades recônditas, rumo às alturas da perfeição: é a Epigênese. Ela faz a evolução de cada indivíduo diferir da dos demais, por fornecer-lhe a capacidade de criar sempre algo novo, original, inédito. Toda habilidade criadora provém da Epigênese.
Pelo que sabemos, somente a Filosofia Rosacruz tem a Epigênese como fator de progresso do espírito. Muitos estudiosos esoteristas tendem a admitir a evolução como sendo um mero desdobramento ou desenvolvimento de qualidades latentes. Para eles, todo progresso gira em torno do binômio causa-efeito. Numa linguagem que de simplista resvala até ao rudimentar pode-se dizer que a maioria das pessoas julga que “o que atualmente existe é o resultado de algo anteriormente existente”. Se assim fosse, não haveria margem para novos e originais esforços, capazes de promover novas causas. Tudo não passaria de repetição. É a Epigênese, portanto, o único fator suscetível de explicar satisfatória e convenientemente o sistema a que pertencemos.
Todo esse progresso se realiza através dos cinco Mundos, em sete grandes Períodos de Manifestação, durante os quais, da profunda inconsciência à onisciência, as vidas em evolução se convertem primeiramente em homens e depois em Deus. Esses sete Períodos, renascimentos sucessivos da Terra, são os seguintes:
Os Períodos de Saturno, Solar e Lunar pertencem ao passado. Encontramo-nos, agora, vivendo as condições da metade mercuriana do Período Terrestre. Findo esse último, passaremos, sucessivamente, aos Períodos de Júpiter, Vênus e Vulcano.
Através dos três e meio Períodos passados adquirimos nossos veículos e desenvolvemos nosso atual estado de consciência. Nos três e meio Períodos restantes aperfeiçoaremos ao máximo esses veículos. Concomitantemente nossa consciência se expandirá à onisciência.
No Período de Saturno, recebemos, dos Senhores da Chama, o germe do nosso atual Corpo Denso. Esse, portanto, é o nosso veículo mais antigo, o mais aprimorado atualmente, e o mais útil como meio de obtenção de consciência. A consciência da vida em evolução era semelhante à do mineral, transe profundo. Nesse longínquo Período, os Senhores da Chama tornaram-se novamente ativos na metade da sétima revolução, com o propósito de despertar o princípio do Espírito Divino nos Espíritos Virginais.
No Período Solar, recebemos o germe do Corpo Vital, graças ao trabalho de uma Hierarquia denominada Senhores da Sabedoria. Contudo, quem nos despertou o segundo princípio espiritual, ou seja, o Espírito de Vida, foram os Querubins. O estado de consciência predominante era o de “sono sem sonhos”, análogo aos dos atuais vegetais.
No Período Lunar, houve, uma vez mais, uma mudança nas condições ambientais. A característica marcante do Período de Saturno pode ser representada pelo termo “calor”. No Período Solar, pelo termo “luz”. Já no Período Lunar as condições prevalecentes resumem-se em uma palavra: “umidade”. Nesse Período, por intermédio do trabalho desenvolvido pelos Senhores da Individualidade, adquirimos o germe do Corpo de Desejos. Dá-se o nome de Serafins à Hierarquia responsável pelo despertamento do Espírito Humano nos seres humanos. A peregrinação através das condições do Período Lunar corresponde à fase de existência análoga à dos animais. O estado de consciência do homem era o de “sono com sonhos”, uma consciência pictórica.
Na Época Atlante, do Período Terrestre, recebemos, por obra dos Senhores da Mente — a Hierarquia de Sagitário — o germe da Mente. Foi o marco da nossa individualidade. Passamos, então, ao estado de consciência de vigília, conhecendo perfeitamente o mundo exterior.
O Período Terrestre é a atual fase do nosso desenvolvimento. Os Rosacruzes chamam-no de Marte-Mercúrio. Dos grandes Dias de Manifestação surgiram os nomes dos dias da semana:
Dia Correspondente ao Regido por
Sábado ………………. Período de Saturno ……………………… Saturno
Domingo ……………… Período Solar………………………………… Sol
Segunda-Feira. …………Período Lunar…………………………….. Lua
Terça-feira… ………..1ª metade do Período Terrestre ………. Marte
Quarta-feira …………2ª metade do Período Terrestre …….. Mercúrio
Quinta-feira. …………… Período de Júpiter. …………………….Júpiter
Sexta-feira. …………….. Período de Vênus ………………………. Vênus
O Período de Vulcano, não incluído no quadro acima, é o último do atual esquema de evolução. Nas seis primeiras Revoluções desse futuro Período, extrair-se-á, por recapitulação, espiral após espiral, a quintessência de todos os Períodos precedentes. O Período de Vulcano corresponde, portanto, à semana com todos os sete dias.
Os astrólogos afirmam, com fundamento, que os dias da semana são regidos pelo astro particular que indicam. Um estudo cuidadoso das mitologias mostra como os “deuses” eram associados aos dias da semana. Assim, o dia de Saturno é sábado (Saturday); o domingo (Sunday) relaciona-se com o sol, e a lua, com segunda-feira (Monday). A terça-feira está relacionada com Marte — o deus da guerra —, tanto que os romanos chamavam-na de “Dies Martis”. O nome Tuesday (terça-feira) deriva de “Tirsdag”, “Tir” ou “Tyr”, o deus escandinavo da guerra. Wednesday (quarta-feira) dizia respeito a Wotanstag de Wotan, entidade mitológica do norte da Europa. Os romanos denominavam-nos de “Dies Mercurii”, o dia de Mercúrio. Thursday ou Thorstag (quinta-feira) deriva de “Thor”, deus do trovão, chamado pelos latinos de “Jove” ou Júpiter, donde “Dies Jovis”. De “Freya”, divindade da beleza, temos Friday (sexta-feira). Era o “Dies Veneris”, o dia de Vênus, para os romanos.
É mister esclarecer que os nomes dos Períodos nada têm a ver com os Planetas ou Astros físicos. Referem-se a encarnações passadas, presentes e futuras da Terra. O macrocosmo, tal como o microcosmo, também tem as suas encarnações. Segundo a ciência esotérica há 777 encarnações. Isto não significa que a Terra sofra 777 metamorfoses. Significa que a vida evolucionante faz 7 Revoluções em torno dos 7 Globos dos 7 Períodos. Vários diagramas do CONCEITO elucidam esse assunto, não obstante reconheçamos tratar-se de um tema bem abstrato, capaz de oferecer alguma dificuldade na compreensão de alguns pontos. Apesar de tudo, estudá-lo constitui algo fascinante, capaz de orientar o estudante pelos meandros da nossa longa jornada evolutiva.
(de Gilberto A V Silos – Publicado na Revista Serviço Rosacruz de Janeiro/1978)
A relação entre a Água e as Emoções
No Evangelho Segundo São Mateus 8:23-27 lemos:
“Então, entrando Ele no barco seus Discípulos o seguiram. E eis que sobreveio no mar uma grande tempestade, de sorte que o barco era varrido pelas ondas. Entretanto Cristo Jesus dormia. Mas os Discípulos vieram acordá-Lo clamando: ‘Salva-nos, pereceremos’. Acudiu-lhes então Cristo Jesus: ‘Por que sois tímidos, homens de pequena fé?’. E levantando-se repreendeu os ventos e o mar e fez-se grande bonança. E maravilharam-se os homens dizendo: ‘Quem é Este que até o vento e o mar Lhe obedecem?’”
No Evangelho Segundo São Mateus 14:22-33:
“Logo a seguir compeliu Jesus os Discípulos a embarcar e passar adiante dele para o outro lado, enquanto Ele despedia as multidões. E, despedidas as multidões, subiu ao monte a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde lá estava Ele, só. Entretanto, o barco já estava longe, a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas porque o vento era contrário. Na quarta vigília da noite foi Jesus ter com eles, andando por sobre o mar. E os Discípulos ao verem-no andando por sobre as águas ficaram aterrados e exclamaram: É um fantasma. E tomados de medo gritaram, mas Cristo Jesus imediatamente lhes falou: ‘Tende bom ânimo. Sou eu. Não temais’. Respondendo-lhe Pedro disse: ‘Se és tu Senhor, manda-me ir ter contigo por sobre as águas’. E Ele disse: ‘Vem’. E Pedro descendo do barco andou sobre as águas e foi ter com Cristo Jesus. Reparando, porém, na força do vento, teve medo e começando a submergir, gritou: ‘Salva-me Senhor’. E, prontamente Cristo Jesus estendendo a mão tomou-o e lhe disse: ‘Homem de pequena fé, porque duvidastes?’. Subindo ambos para o barco, cessou o vento. E os que estavam no barco o adoraram dizendo: ‘Verdadeiramente és Filho de Deus’”.
Nessas passagens desse Evangelho observamos algo muito mais transcendente do que Cristo Jesus produzindo uma de suas maravilhas. Ele não estava literalmente dominando os elementos próprios do Mundo Físico, tais como a tempestade, ventos e ondas fortíssimas. Na realidade, estas passagens do Novo Testamento relatam experiências ocorridas em outra dimensão. Na literatura ocultista a água simboliza as emoções e o Mundo do Desejo.
À natureza da água lembra muito o Mundo do Desejo cuja substância encontra-se em constante movimento. Max Heindel afirma em suas obras que a permanência no Mundo do Desejo requer muito equilíbrio e discernimento. Quando faltam essas qualidades ocorre justamente o pânico que sobressaltou Pedro no capítulo 14 de São Mateus.
Pedro deixou o barco (o corpo) e aventurou-se na região das emoções. Porém, ainda não conseguia manter-se sereno para lá permanecer, tendo assim que receber a ajuda do Cristo. Caminhar sobre as águas é dominar os elementos do Mundo do Desejo.
Max Heindel diz no Conceito Rosacruz do Cosmos: “A lei que rege a matéria da Região Química é a inércia, a tendência a permanecer em status quo. É necessária certa soma de energia para vencer essa inércia, para fazer com que se mova um corpo em repouso ou para deter um que esteja em movimento. Tal não acontece com a matéria componente do Mundo do Desejo. Em si própria é quase vivente, está em movimento incessante, fluídico. Pode tomar formas inimagináveis com inconcebível facilidade e rapidez brilhando ao mesmo tempo com milhares de cores coruscantes sem termos de comparação com qualquer coisa que conhecemos neste estado físico de consciência. Desta ligeira descrição pode-se deduzir quão difícil será para o neófito que acaba de abrir os olhos internos, encontrar o equilíbrio no Mundo do Desejo. É um manancial de toda espécie de perturbações e perplexidades”.
No Conceito Rosacruz do Cosmos lemos: “A característica principal dos globos lunares pode-se descrever como ‘umidade’. Os ocultistas-cientistas chamam ‘água’ aos globos do Período Lunar e descrevem sua atmosfera como se fosse névoa ígnea”.
No mesmo livro dessa obra básica dos Ensinamentos Rosacruzes, Max Heindel afirma que cada dia da semana corresponde a um dos Períodos e é regido por um Astro em particular. À segunda-feira corresponde ao Período Lunar e é regida pela Lua que exerce decisiva influência sobre as águas, os fluídos, as marés, etc.
O domínio das emoções representa uma transição de um estado de consciência para outro. Os israelitas para entrar na Terra Prometida, primeiro tiveram de atravessar o Mar Vermelho e depois o Rio Jordão.
Cruzar as águas é uma vitória sobre as emoções, sobre si próprio. Se você supera alguma dificuldade, você cruzou o Jordão.
A arca de Noé, esotericamente interpretada representa um estado de consciência mais elevado, uma vitória sobre a comoção e insegurança causadas por grandes transformações. O dilúvio é uma alegoria do desaparecimento da Atlântida. Os sobreviventes simbolizam um tipo superior de humanidade, capaz de responder positivamente às necessidades evolutivas da Época Ária.
As Épocas contêm em si mesmas espirais evolutivas menores. As Eras são algumas dessas espirais. O ser humano da Era de Peixes é emotivo por excelência. Eis porque esta Era está intimamente ligada ao elemento água: o batismo com água nas igrejas cristãs, a água benta, a emotividade que envolve a devoção.
Na próxima Era — Aquário — essas características serão modificadas. O ser humano aquariano será mais racional. A atmosfera mais seca e elétrica que predominará ensejará o fortalecimento da atividade intelectual. A representação astrológica de Aquário consiste em um homem, o aguador, despejando a água do seu cântaro.
Num futuro mais distante ainda, às emoções serão totalmente sublimadas e amalgamadas à constituição espiritual do ser humano. Isso foi anunciado no Capítulo 21 do Apocalipse: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeiro terra passaram e o mar já não existe”. Temos, portanto, uma árdua tarefa pela frente.
(Publicada na revista ‘Serviço Rosacruz’ – mar/abr – 88)
Os Mundos: formação de um “Cosmos”
Comparemos a escolha da porção do espaço para a criação de um Sistema Solar com a construção de uma casa.
Escolhe-se o terreno, faz-se o projeto adequado para os espaços, colocam-se móveis e objetos necessários aos que nela habitarão.
Assim também, Deus escolhe um lugar no espaço, preenche-o com sua “Aura” e compenetra cada Átomo da “Substância Raiz Cósmica” desse espaço com Sua vida.
O Espírito Universal Absoluto cria através de dois Polos: do Polo Negativo (expresso pela Substância Raiz Cósmica) ; e do Polo Positivo (que faz parte Dele mesmo).
Portanto, tudo no Mundo é espaço cristalizado através desses dois Polos.
As formas são, assim, cristalizações em torno do Polo Negativo (Substância Raiz Cósmica).
Sobre a matéria que será constituída, Deus atrai sua esfera imediata, tornando-a mais densa que o espaço exterior (entre os Sistemas Solares). A seguir, organiza essa esfera com Sua Consciência, diversificando cada parte dessa esfera, na qual a Substância Raiz Cósmica é posta em vibração a diversos graus, e assim fica diferenciado cada setor da esfera.
Da mesma forma que dividimos os ambientes de uma casa, para cada função da vida dos moradores, assim os diversos Mundos são projetados e adaptados para cada propósito do esquema evolutivo.
Existem sete Mundos, cada qual com um grau diferente de vibração. Como exemplo, podemos citar a extrema rapidez do Mundo do Desejo (o mais próximo do Mundo Físico).
Esses Mundos não estão como os Planetas, separados no Espaço; eles são estados de matéria, com variadas densidades e vibrações.
Também não são criados ou aniquilados em um único Dia de Manifestação. Deus vai diferenciando em Si mesmo, um Mundo após o outro, conforme as necessidades da evolução.
Portanto, todos os sete Mundos vão se diferenciando gradualmente uns dos outros.
Os Mundos Superiores são criados em primeiro lugar, e durante a Involução – quando a Vida que evoluciona habitando esses Mundos e aprendendo as lições que necessitam em um processo de evolução – vão se condensando gradualmente; então Deus vai diferenciando novos Mundos (O elo entre Ele e os Mundos que se consolidam). No tempo adequado, esses Mundos chegam ao mais denso em materialidade, e a vida, que está evoluindo usando esses Mundos como campos de evolução, começa então a ascender para os Mundos mais sutis.
Os Mundos mais densos vão se despovoando, e, quando não têm mais serventia, Deus retira deles a atividade que os trouxeram à existência.
Assim, os Mundos Superiores são os primeiros a serem criados, e os últimos a serem aniquilados.
De onde se conclui que os três Mundos mais densos em que, atualmente, nós, onda de vida humana dos Espíritos Virginais, estamos evoluindo, quais sejam, o Mundo Físico, o Mundo do Desejo e o Mundo do Pensamento, são, na verdade, extremamente fugazes no processo evolutivo.
QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ!
Uma Renovada Disposição sempre Planejando para o Próximo Ano
Já sopram já mais da metade dos ventos desse ano terrestre. A parte do ano que já passou, com tudo que pôde oferecer de positivo ou negativo, considerando-se a relatividade desses dois termos, faz parte do passado. Deixou, dependendo da maneira como esse problema é encarado individualmente, um saldo determinado.
Passados mais da metade, para alguns restaram indeléveis traços de sofrimentos e decepções, amarguras e contrariedades. Outros não conseguiram apagar o estigma de tragédias que os envolveram e atingiram. Há aqueles perseguidos pela frustração de aspirações irrealizadas, de metas inatingidas. Mas alguns, talvez poucos, sentiram-se bafejados pelo êxito em suas vidas profissionais e particulares. Afinal, dizem, das crises, por crônicas que sejam, sempre alguém escapa ileso.
Uns e outros tendem a encarar o ano que virá (novo) sob uma ótica oriunda, nascida, dos percalços e sucessos de desse ano aqui. Não atinam quão irreais e enganadoras são as chamadas “vitórias” e “derrotas”. Os “derrotados desse ano” observam a quadra atual com certa dose de pessimismo. Na melhor das hipóteses, animam-se com tênues esperanças de que o presente seja menos malfazejo que o pretérito. Imaturos espiritualmente, não se libertaram de traumas passados. Tudo se lhes afigura difícil, impossível e sombrio.
Para aqueles a quem a “sorte sorriu”, as coisas, nesta nova fase, na pior das hipóteses, fluirão num mesmo nível. Permitem-se até dormir sobre os louros de suas realizações, como se o amanhã não fosse outro dia.
Observa-se, aí, como o ser humano comum é dominado por uma preocupação obsessiva de tudo rotular — bem/mal, bom/mau, triunfo/fracasso — à luz de seus superficiais conhecimentos.
Tanto para os “deserdados” como para os “afortunados” dessa parte do ano para trás houve apenas sepultamento. O corpo encontra-se enterrado, mas o defunto permanece fresco, podendo ser exumado a qualquer hora. Sua lembrança persegue-o tenazmente, com sua carga desestimulante ou ilusória.
Felizmente, há quem logre sobrepor-se a esse estado de espírito. São as chamadas “almas velhas”, espíritos mais evoluídos, têmperas forjadas na crueza e experiências de vidas passadas. Dotados de natureza intimorata, hoje, imperturbáveis, sabem como enfrentar os desafios do mundo.
Não se amedrontam, desconhecem a inibição diante de circunstâncias adversas, mas ninguém os vê exibir arrogante autossuficiência. A modéstia é seu apanágio. São equilibrados, justos e sensatos.
Cônscios de seu progresso, nem por isso deixam de reconhecer que o caminho da perfeição é infinito. Conservam a mente aberta e o coração radiante, dispostos a haurir os mais valiosos ensinamentos do cotidiano. Sabem que ainda muito têm a aprender e crescer, num futuro suscetível de desdobrar-se em mil caminhos diferentes.
Esses não sepultaram a parte do ano que já passou. Cremaram-no. Não buscam desenterrá-lo constantemente, reabrindo velhas feridas. Não. Reduziram-no a cinzas. Basta-lhes apenas ter assimilado o valor educativo das experiências pelas quais passaram. É o suficiente para servi-lhes de orientação e inspiração no ano recém-iniciado.
Aos acontecimentos passados, só lhes atribuem valor como lições de vida. O novo ano, afirmam, deve ser bem recebido. Merece ser visto com bons olhos. Afinal, quantas oportunidades de crescimento anímico e mesmo de progresso material ele poderá nos oferecer!
Nessa abençoada seara que é o mundo, a cada momento se nos surgem valiosas ocasiões de empregarmos nossas faculdades epigenéticas. Assim, cabe-nos tentar, sempre que possível, criar algo novo ou melhorar o já existente. Todas as coisas clamam por um toque de aperfeiçoamento, de inovação, de originalidade. Em tudo há sempre uma beleza recôndita, esperando por ser desvelada.
No limiar de um novo ciclo, o melhor que cada um pode fazer é arregaçar as mangas e renovar sua disposição para o trabalho. Há muito por construir. Nada de lamentar o mal acontecido, nem de deslumbramentos com conquistas já ultrapassadas. Não se pode viver do passado. O que “está feito está feito”. As lições, sim, servem para alguma coisa.
Estimado amigo, o que você fez até aqui, nesse ano? Enterrou? Cremou?
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – 01/1978)
Conforme a Necessidade do Tempo e do Lugar, nós renascemos
Os Rosacruzes ensinam que, segundo o desenvolvimento de cada indivíduo ou agrupamento humano e as necessidades de cada estágio evolutivo, as Inteligências Superiores têm dado, por intermédio de seus Profetas, os meios adequados de evolução religiosa. Renascemos sempre no tempo e no lugar requeridos por nossas necessidades internas. E assim ocorre a evolução do sentimento religioso.
O Supremo Arquiteto é Onisciente. Ele não daria a um povo uma religião cujos ideais esse povo não pudesse compreender e os meios que não pudesse executar. Segundo eles, Deus nos provê, dentro da Lei de Consequência, conforme as novas necessidades suscitadas por nossa evolução.
Nos primeiros passos da consciência humana (e que ainda ocorre com as tribos selvagens atuais) foi ensinado que Deus era um Ser terrível, vingativo e mau, que retribuía com pragas, fome e terremotos às transgressões dos seres humanos. Só uma tal Divindade poderia ser respeitada.
Num segundo estágio, Deus já amenizou sua ira. Embora continuasse a castigar o “olho por olho dente por dente”, já recompensava os bons atos, pela multiplicação dos rebanhos e abundância nas colheitas. Os seres humanos sacrificavam cordeiros e bezerros por seus pecados, porque não estavam preparados para fazer de si um sacrifício a Deus, pelo domínio de sua natureza inferior.
Num terceiro estágio (o do Cristianismo popular, até agora vigente, com pequenas atualizações), foi o Cristo sacrificado pelo mundo e nunca mais se sacrificaram animais. Cada ser humano deve buscar sua salvação, ou melhor, sua redenção e, embora Deus ainda “castigue” (a Lei de Consequência) já se oferece a recompensa futura de um céu aos que ajam bem.
A natureza humana é ainda muito egoísta. Age por interesse de alcançar o céu e, quando faz a promessa de um sacrifício, ela está geralmente subordinada à condição de receber a graça, o pedido desejado.
O quarto estágio está sendo pregado e realizado pelos Aspirantes Rosacruzes, pelos seguidores do Cristianismo Esotérico, a Religião do futuro. Nela o indivíduo evolui pelo entendimento e pelo amor, pelo estudo e pelo trabalho, fazendo de si um sacrifício vivo no altar da humanidade.
Em verdade, quando o ser humano chega a compreender a mensagem interna da religião, sobretudo do Cristianismo, ele renuncia à sua natureza inferior, não por medo de castigo, ou por ameaça de inferno. Age bem, não para ganhar o céu, mas porque reconhece que nisso está uma lei natural. É virtuoso porque conhece o bem e o mal e segue, voluntária e espontaneamente, o bem, como sinônimo de Deus, ao qual segue, e que é a expressão do Criador em Si.
Os Rosacruzes sabem que existem essas etapas todas ainda nos dias atuais. Por isso, ensinam o respeito a todas as crenças e convicções religiosas, pois todas são caminhos de aperfeiçoamento religioso, segundo o estágio de cada indivíduo.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – 02/1978)
A Perfeita Paz do Eterno…para isso você deve saber quem é o seu mediador
Pelo endereçamento de nossos pensamentos a Deus — que é, ao mesmo tempo, o Centro do universo e de cada indivíduo – contatamos e vivenciamos a paz, harmonia, ordem e beleza perpétua; encontramos perfeito repouso e segurança. Nessa quietude mora o infinito poder. Nesse divino Centro habitam a Vida Eterna, a Integralidade, a Beleza, a Perfeição e a Saúde. Em tal estado, o nosso poder de realização e de felicidade ultrapassa o entendimento. Mas, Deus é sábio. Pela mesma lei que amadurece gradativamente o fruto, assim Ele nos amadurece internamente para admitir mais e mais luz, à medida que nos aproximamos de Sua Presença. O impacto de toda a plenitude luminosa, num contato pleno com nosso Centro, ser-nos-ia desastroso. Por isso, existem os degraus da escada de Jacó, as etapas, na medida em que nos preparamos, sem recalques, para exprimir mais Deus. Daí que todas as religiões e filosofias procurem conduzir nossas aspirações, vontade, desejos e pensamentos, ao Divino Centro, que Cristo Jesus despertou dentro de nós.
Segundo o esforço que façamos no sentido de uma vida mais pura e altruísta, segundo o que o Mestre dos Mestres nos ensinou, assim também será nosso progresso ascensional em direção a um vislumbre dessa vivência suprema. Por certo que nossa vontade se agigantaria, levando-nos resolutamente a concentrar todos os esforços para alcançar a meta. Mas nem é preciso isso. A promessa de Cristo é muito clara: “Buscai e achareis”; “Batei e ser-vos-á aberta a porta”; “Pedi e recebereis”. Contudo, impôs a condição: “Buscai primeiramente o Reino de Deus e Sua Justiça e todas as demais coisas vos serão acrescentadas”… Vigiemos e oremos, pois, buscando metodicamente, sem preocupações, o reino de Deus em nós. Os que buscam sempre encontram; os que batem à sua porta serão admitidos… Não há outro caminho para Deus. Aqueles que buscam o desenvolvimento interno por métodos ocultos e metafísicos, que deixam o Cristo de fora, correm graves perigos.
Cuidado com eles. Cristo Jesus é único mediador “entre Deus e o Homem”. Basta que sigamos os Seus ensinamentos.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – 01/1978)
Desenvolvimento Equilibrado: como está o seu?
No Livro “Ensinamentos de um Iniciado”, Max Heindel afirma que os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz concluíram que o orgulho intelectual, a intolerância e a impaciência ante as restrições seriam os “pecados” mais comuns nos tempos modernos.
Uma visão crítica do mundo atual confirma com exatidão essas palavras proféticas. O intelecto tornou-se uma faca de dois gumes. É, sem dúvida, o instrumento mais útil à disposição do ser humano para conquistar e exercer domínio sobre a matéria. Por outro lado, tem sido a causa de muita miséria individual e social. Frio como é, e não raro impermeável ao calor dos sentimentos, o intelecto induz decisões sem o respaldo do amor.
A intolerância e a impaciência ante as restrições são também filhas do intelecto, desse dominador, pronto a se rebelar quando algum obstáculo parece se interpor em seu caminho.
A Mente é o veículo mais recente adquirido pelo ser humano, encontrando-se ainda no primeiro estágio de seu desenvolvimento. Não estando a cargo de outras Hierarquias, deve ser dominada e desenvolvida pelo próprio indivíduo, sem qualquer ajuda externa.
O intelecto gera o egoísmo e o egocentrismo. Fomenta um espírito de superioridade conducente à intolerância em relação a algo de que discordamos ou consideramos intelectualmente indigno de nós mesmos.
Existindo para si mesmo, o intelecto é frio e calculista, procurando reforçar o conhecimento com adicional conhecimento para promover os interesses pessoais do Ego.
Dessa forma chega a ser tanto um instrumento como fonte de incentivo ao egoísmo. O desenvolvimento equilibrado do Coração e da Mente constitui o único meio para neutralizar esse risco. É mister que o amor inerente ao primeiro dirija por canais universalmente construtivos o conhecimento adquirido pelo último. Nossas capacidades mentais e devocionais devem se unir e esse equilíbrio só atinge a perfeição quando o indivíduo atinge o nível evolutivo de um Adepto, conforme nos ensina o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz.
Importante, também, que se faça este esclarecimento: não fazemos nenhuma objeção ao conhecimento em si mesmo. Particularmente nesta época de grande avanço científico é essencial uma diversidade de conhecimentos para que as inovações beneficiem efetivamente a humanidade. O uso que o ser humano faz de seu intelecto é que determina se está seguindo linhas materiais ou espirituais de desenvolvimento.
Dessa maneira, percebe-se quão importante é desenvolver o aspecto devocional da nossa natureza, a caridade e a simpatia, à medida que as faculdades intelectuais são robustecidas.
(Publicada na revista ‘Serviço Rosacruz’ – set/out/87)
O Batismo da Consciência e a Iniciação
“Há um Natal humano, esse momento marcado pelo nosso aparecimento num corpo, vindos à luz deste mundo e que consta oficialmente nos registros de nascimento. Há outro Natal, macrocósmico, quando a consciência recebe o seu ‘BATISMO DE FOGO’, ou Iniciação…”
Então todo o ser se transforma, transmutando-se numa Luz humana, viva e transcendente. É uma “inundação” de consciência em que o Neófito ou Iniciante fica impregnado das radiosas energias Crísticas e ingressa no mundo suprafísico, como novo nascido, em amplas esferas espirituais. Torna-se por assim dizer, um auxiliar invisível, um pequeno redentor.
São nove os passos para a Libertação. São também nove os estratos ou camadas da Terra para se chegar ao núcleo central, o Espírito da Terra ou o Raio Redentor do Cristo Cósmico, que vive aprisionado até o dia da manifestação dos Filhos de Deus (INICIADOS). É também nove o número da humanidade, ADM, o Adam-Kadmon, seres bissexuais, hermafroditas, das antigas Épocas Atlante e Lemúrica. São nove também os mundos ou dimensões em que o ser humano evolui, desde que se diferenciou do Grande Ser Cósmico, até ao presente DIA DE MANIFESTAÇÃO.
“Tal como é em cima, é embaixo”, diz o axioma hermético, “para se fazer a unidade entre as coisas”. A lei de analogia que é a mesma tanto para o Macrocosmos, como para o Microcosmo, revela-nos que tudo o que sucede aos humanos sob certas condições, deve também suceder aos seres sub-humanos em condições análogas.
Quando nos aproximamos do Solstício de Dezembro os dias são os mais sombrios do ano, a luz solar incide indiretamente no solo, dado que o sol, o dador da vida, encontra-se nesta época do ano, no hemisfério meridional celeste, no lado sul do céu. O hemisfério norte, frio e lúgubre, espera o dia da manifestação física do sol do novo ano, é então que, na noite mais escura do ano, o sol ascende às regiões do Norte.
A Luz Crística renasce então na terra, alegrando tudo e todos. Por outro lado, em virtude dessa mesma lei, quando o Cristo Cósmico nasce na Terra, ele morre nos céus, nos planos internos…
Desde o nascimento, o espírito do ser humano fica sólida e temporariamente preso num envoltório de carne que o manterá cativo toda a sua vida; assim também o Espírito de Cristo fica ligado à Terra, cada vez que nasce no nosso planeta. Esse divino sacrifício tem início todos os anos, quando soam gloriosos os sinos natalícios e quando os nossos cânticos e atos internos mantêm-se com júbilo, ascendendo em direção aos mundos elevados. No sentido mais literal, o Cristo Cósmico está aprisionado desde a época natalícia até a Páscoa.
“Deus é Luz”, exclama maravilhado, o inspirado discípulo. Quando andamos na luz, o divino acompanha-nos. A Iniciação tem um profundo significado para o discípulo que caminha em direção à Luz do íntimo, à Luz deslumbrante do Verbo, o segundo Aspecto do Ser Supremo, criador e conservador do nosso mundo. Dotado de duas divinas características: AMOR-SABEDORIA, o Verbo torna-se um com o Novo Iniciado.
Nos antigos Templos de Mistérios do Egito e da antiga Grécia ensinava-se aos candidatos à Iniciação a Ciência do autêntico saber, que englobava a Ciência, Filosofia e a Arte. E desde o século XI, esses são os três pilares em que assenta a civilização ocidental moderna.
Durante a Idade Média, assistiu-se a um recrudescimento gradual do dogmatismo religioso, tendo, como consequência imediata, o surgimento do obscurantismo. Foi a época gloriosa em que dominou a religião cega e sectária, inquisicional, cujo apogeu chegou em fins do século XV, época de transição entre a “doentia” Idade Média, várias vezes denominada por alguns autores como a idade negra da História, e o intelectual século do Renascimento e da Arte, período em que floresceu todos aqueles cambiantes de cores, sons e formas que é a Arte, a Estética e o Belo.
Atualmente, com o advento da Revolução Industrial, nos fins do século XIX, assiste-se a um acentuado domínio da ciência, cujo auge está muito próximo. No dealbar de um novo Período de Manifestação, surgirá a luminosa Era de Aquário, com todas as suas características, entre as quais o Altruísmo, a Fraternidade e o Amor Cósmico.
No mundo ocidental, a palavra ‘Iniciação’ geralmente está associada ao ocultismo ensinado nas religiões orientais e considera-se que é exclusivo privilégio dos seguidores das religiões budista, hinduísta e outras, não tendo, porém, relação alguma com as religiões do Ocidente, nomeadamente com a Cristianismo.
Essa ideia, prova-se, não tem o mínimo fundamento. Na antiguidade, o Tabernáculo do Deserto (símbolo do nosso Templo Interno) representava, no seu simbolismo, o caminho do progresso, partindo da nata ignorância ao Supremo Conhecimento. Os “Vedas” foram o veículo que levou a luz aos ferventes fiéis das margens do Ganges; os “Edas” foram a estrela que conduziu o povo das montanhas da Escandinávia que procuravam a luz na antiga Islândia, através dos mares gelados, onde vogavam as naus dos bravos Vikings. “Arjuna” comprometida na nobre luta do “Mahabharata” ou Grande Guerra, permanentemente sustentada entre o Eu Superior, o Espírito Interno, e o eu inferior, a natureza viciosa, não difere um único ponto do mito nórdico da alma “Siegfried”, cujo sentido é “que atingiu a Paz, após longas lutas e privações”. Ambos representam o Candidato à Luz suprema, passando pelas provas da Iniciação; não obstante as suas experiências nesta grande aventura interna variarem em certos aspectos, tomando em conta a diferença de temperamentos entre os povos setentrionais e os meridionais e respectivos Ensinamentos, os principais traços são semelhantes e o objetivo comum é o de atingir a luz do Conhecimento Macrocósmico. Espíritos de eleição têm caminhado através da Luz, no interior dos Templos deslumbrantemente iluminados da Pérsia antiga, onde o DEUS-SOL, no seu Trono de Fogo, era o símbolo da Luz e do Conhecimento, tal como a presença mística fortemente iluminada, difundida pela aurora boreal, nos mares gelados do Norte. Na realidade, a verdadeira Luz do Conhecimento Esotérico mais profundo, tem existido através de todas as épocas e mesmo nos séculos mais obscurantistas, no âmbito moral e intelectual.
No antigo Egito, os Sacerdotes eram Altos Iniciados e Hierofantes dos Mistérios Menores. Os Candidatos eram iniciados separadamente do povo comum; era-lhes dado um novo nome, aliás como tem sucedido em outras épocas, e em diversas outras Escolas de Iniciação e modelo da Iniciação, os passos para a Realização integral era o que hoje denominamos de Pirâmide de Quéops, a grande Pirâmide. Erradamente se tem dito que o colosso servia de simples túmulo a um Rei Sacerdote, o Faraó Quéops. Investigações recentes demonstram que de fato havia demasiada coincidência para que a Pirâmide de Quéops tenha sido utilizada unicamente como receptáculo dos restos mortais de Quéops. Provou-se, então, que esse imponente edifício de pedra era um autêntico Centro de Iniciação dos antigos herdeiros do povo Atlante — o povo egípcio.
Os verdadeiros Aspirantes ao Conhecimento Divino vivem num constante aperfeiçoamento de si próprios até uma absoluta maturação interna em que o Cristo Interior manifesta-se pela primeira vez. Tal como a criança nascente tem necessidade do alimento físico, o Cristo interior que nasceu em nós — Batismo de Fogo — necessita do alimento espiritual até o momento em que atinge a estatura adulta. Assim como o corpo físico desenvolve-se através de uma contínua assimilação de materiais provenientes da Região Química (Sólidos, Líquidos e Gases), o Cristo em crescimento faz aumentar os dois Éteres Superiores (o CORPO-ALMA), que formam uma nuvem luminosa (a Aura) à volta daqueles que são suficientemente elevados para se dirigirem aos Mundos Suprafísicos. Notada pelos clarividentes exercitados, essa aura luminosa reveste o Aspirante de uma luz transcendente. É assim que ele “caminha na Luz”, em toda a sua acepção do termo.
Existem vários graus de clarividência, ou visão espiritual (adquirida com a Iniciação). O primeiro grau outorga ao Iniciado a possibilidade de perceber o Éter, vulgarmente invisível aos olhos físicos. Outros graus, mais elevados, tornam o Iniciado apto a “ver” o Mundo do Desejo e o Mundo do Pensamento, a partir do Mundo Físico.
A Iniciação, sendo o pleno despertar da consciência às realidades internas circundantes, eleva o Candidato aos mais elevados Mundos Internos, Pátria do Altruísmo e sede dos Arquétipos modeladores e conservadores de tudo quanto existe na Terra.
O novo Iniciado renasce “nos Céus”, após um período de busca, de sacrifícios e privações, como Siegfried, o Herói Místico da doutrina escandinava.
“Quando o discípulo está preparado, o Mestre aparece” é um axioma infalível. Quando o Espírito tiver formado, com o auxílio de bons atos, dos sacrifícios (sacro-ofícios) e do serviço diário, a CATEDRAL MÍSTICA e Interna, unindo a sua mente à intuição (o coração puro), então a Luz manifesta-se (Mestre) e nascerá um filho (o Cristo Interno) ou seja. A INICIAÇÃO ou BATISMO DE FOGO; essa é a verdadeira intuição, o Guia Interno. A partir desse momento, o Iniciado sabe guiar-se, sem ajuda de meios exteriores, até os Mundos Internos, pois é o Mestre interior, o Cristo Interno, o Cristo Cósmico do Ser Humano-Iniciado que o guia.
(Publicado na revista “Serviço Rosacruz” – jul-ago/87)
A Economia da Nova Era
Consta como definição no dicionário que economia “é a ciência que investiga as condições e leis relacionadas com a produção, distribuição e consumo da riqueza”, i.e. de bens e serviços.
A economia, porém, é mais do que, simplesmente, um estudo da produção, distribuição e consumo de bens e serviços. A economia tem uma relação simbiótica com a religião e a filosofia.
A economia pode ser melhor definida como aquela área do pensamento filosófico na qual se baseia a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. A ideia de que a economia possa existir, divorciada quer da filosofia, quer da religião é um engano. As ideias filosóficas e religiosas moldam o pensamento econômico. A filosofia econômica duma pessoa não é mais do que o reflexo de sua filosofia de vida, quer seja política, religiosa ou materialista.
Para entender melhor a economia, devemos primeiro adquirir a compreensão das três filosofias de vida básicas, das quais a economia é dependente.
A Teoria Materialista sustenta que a vida é uma viagem do ventre à tumba; que a Mente é um produto da matéria; que o ser humano é a mais elevada inteligência no Cosmos; e que essa inteligência morre quando o corpo se dissolve, na morte.
A Teoria Teológica afirma que em cada nascimento, uma alma recém-criada por Deus, entra na arena da vida; que no fim do breve espaço de tempo de uma vida material passa pelo portão da morte para o além invisível, para lá ficar; e que sua felicidade ou desdita no além é determinada para toda a eternidade, em função das crenças que mantinha enquanto vivo.
A Teoria do Renascimento ensina que cada alma é uma parte integrante de Deus, que abriga todas as potencialidades divinas, assim como a semente tem em si a planta; que, por meio de repetidas existências num corpo terreno, gradualmente aperfeiçoável, desenvolve lentamente aqueles poderes latentes, em energia dinâmica; que ninguém se perde, mas que todos os Egos atingirão, por fim, o objetivo da perfeição e reunião com Deus.
Algumas teorias econômicas diferentes foram produzidas em consequência dessas filosofias de vida. A teoria de vida materialista gerou o capitalismo, o comunismo, o socialismo e o fascismo. Um grande número de pessoas que mantém a Teoria da Teologia na base de sua filosofia de vida, também se sentiram inclinadas a adaptar uma das acima mencionadas teorias econômicas.
Voltemos à ideia de que a filosofia econômica duma pessoa não é mais do que o reflexo de sua filosofia de vida. Infelizmente, poucas pessoas têm uma ideia clara do que seja a sua filosofia de vida e muito menos do que deva ser sua filosofia econômica. Muitos de nós aceitam cegamente, como Verdade, aquilo que nos foi ensinado na infância. A aceitação do que nos foi ensinado significa que também aceitamos a filosofia de vida na qual esses ensinamentos foram baseados. Se, por exemplo, nos ensinaram coisas dum ponto de vista materialista, aceitamo-las inconscientemente, e vivemos o nosso dia a dia usando um dos sistemas econômicos nutridos por aquele sistema filosófico. Apesar de tudo, sentimo-nos frustrados e inquietos. Só quando descobrimos que há outras filosofias de vida, encontramos esperança no futuro, mas, muito frequentemente, esta esperança desvanece-se. Concluímos que mesmo que mudemos nossa filosofia de vida, continuamos sentindo inquietude e frustração. Isso é devido ao fato de que, embora tenhamos mudado a nossa filosofia de vida, digamos, de materialista para espiritualista, ainda continuamos a seguir a filosofia econômica materialista no nosso viver e pensar quotidianos. Fazendo assim, realmente continuamos sendo materialistas, embora tentemos seguir a senda espiritual. Não admira que nos sintamos inquietos e frustrados.
Devemos desenvolver uma filosofia econômica espiritual que se ajuste com a nossa filosofia de vida espiritual. Somente então nos sentiremos mais à vontade e venceremos os nossos sentimentos de frustração.
Achamos que é possível para alguém mudar de uma filosofia materialista de vida para, digamos, uma visão teológica de vida, ao mesmo tempo que conserva as suas velhas ideias sobre economia, sem, no início notar qualquer conflito. Mesmo aqueles que adaptaram a Teoria do Renascimento como sua filosofia de vida, em muitos casos conservaram suas velhas ideias materialistas no que se refere à economia. Todavia, se se é sincero quer no ideal teológico, quer no ideal espiritual adaptados, tem que surgir uma situação de constrangimento, porque não podemos servir a Deus e a Mamon simultaneamente.
Tanto o materialista como a teológica são capazes de viver com suas filosofias econômicas, até certo ponto. Quanto mais conscientes forem de suas filosofias de vida e econômica, mais susceptíveis estarão de se se sentir frustrados, ter uma sensação de inquietação e um sentimento de insatisfação. O materialista sente-se frustrado, porque cedo aprende que o dinheiro não se constitui na solução de seus problemas.
O dinheiro não compra felicidade. Alguns que seguem a filosofia de vida teológica chegam à conclusão de que não podem confinar os seus sentimentos religiosos às práticas dominicais. Descobrem que uma vida espiritual tem que ser vivida vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana. Muitos sentem-se frustrados quando intentam reconciliar seus ideais religiosos com o viver diário. São confrontados com o antigo conflito de servir a Deus ou a Mamon. Esse conflito e sua consequente frustração resultam do fato de que sua filosofia econômica está baseada numa filosofia de vida materialista. A desarmonia dessas filosofias conflitantes produz frustração.
Esses sentimentos são também compartilhados por aqueles que adaptam, ao mesmo tempo, a Teoria do Renascimento e uma das acima mencionadas Filosofias econômicas materialistas.
Os sentimentos de frustração, inquietude e insatisfação do materialista e do teólogo resultam do fato de que suas teorias econômicas são baseadas em teorias de vida falsas. Portanto as suas ideias sobre economia são também falsas. Podemos ver agora por que muitas pessoas que adaptaram simultaneamente as ideias do renascimento e uma das filosofias econômicas materialistas sentem-se frustradas, inquietas e insatisfeitas: elas estão tentando viver com duas filosofias ao mesmo tempo. Estão tentando seguir uma vida espiritual e ao mesmo tempo trilhar um caminho materialista.
Os sistemas econômicos correntes, criam, alimentam e encorajam a cupidez. Os estudos espirituais têm a finalidade de desenvolver o altruísmo. Em qualquer época de sua vida terão que escolher um ou outro.
Por que é que aquelas teorias econômicas correntes são incapazes de resolver os nossos problemas do dia a dia, para não falar nos nossos problemas mundiais? A razão é simples. O pensamento econômico corrente é baseado na teoria materialista que criou as seguintes ilusões; a prosperidade universal é possível; sua consecução é possível na base da teoria materialista de “Enriquecei-vos”; este é o caminho para a paz… A ênfase da teoria econômica corrente repousa em bens materiais e prosperidade material.
Como E. F. Schumacher no seu livro “Small is Beautiful” diz: Qual o significado de democracia, liberdade, dignidade humana padrão de vida, autoafirmação, realização? É uma questão de bens ou de pessoas? É claro que é uma questão de pessoas…, mas as pessoas só podem ser elas próprias em pequenos grupos abrangentes. Portanto temos que aprender a pensar em termos de uma estrutura articulada que possa abrigar uma multiplicidade de unidades de pequena escala. Se o pensamento econômico não pode compreender o significado disso, é inútil. Se não pode ir além de suas vastas abstrações, a receita nacional, a taxa de crescimento, a taxa de rendimento de capital, análise de absorção de capital e rendimento, rotatividade de mão de obra, tome contato com as realidades humanas de pobreza, frustração, alienação, desespero, ruína, crime, escapismo, fadiga, fealdade e morte espiritual, e então joguemos fora a economia e recomecemos de novo.
Voltemos à ideia de que a filosofia econômica é o produto da filosofia de vida. Verificando que tanto o conceito de vida materialista como o teológico, em virtude de seus ensinamentos errados no que concerne à vida e à morte, produziram filosofias econômicas incapazes de resolver os nossos problemas pessoais ou mundiais, voltamo-nos para o renascimento na esperança de encontrar uma filosofia econômica sólida. A Teoria do Renascimento, como é ensinada pela Fraternidade Rosacruz, é uma filosofia de vida espiritual, baseada em ensinamentos cristãos. Mediante essa filosofia de vida, encontraremos uma política econômica pela qual possamos guiar as nossas vidas.
Se, na verdade, o pensamento econômico é o resultado do pensamento filosófico, então para mudar as políticas econômicas do mundo, teremos que mudar os pensamentos filosóficos dominantes no mundo atual.
Teremos que nos voltar para uma filosofia fundamentada não no materialismo ou no objetivo limitado da dialética teológica, mas para uma filosofia que ofereça uma esperança de solução para todas as angústias da humanidade.
Todas as correntes econômicas atuais fazem convergir a atenção do ser humano para o mundo material. A tudo se confere um preço. Pensamos em termos de propriedade, de compra e de venda. Andamos em busca de empregos com melhores salários, de carros mais caros, e de lazer mais sofisticado e dispendioso. Nossa atenção está concentrada no mundo material.
Para que sobrevivamos, temos que compreender que a existência material é somente uma pequena parte de nossa peregrinação evolutiva. Temos que equilibrar a nossa atenção entre as nossas necessidades espirituais e materiais. Temos que refrear os nossos Corpos de Desejos, mantendo-os sob controle; devemos concentrar-nos nas reais necessidades da vida e não em todos os nossos desejos caprichosos. Devemos encarar o trabalho como um meio de desenvolver as nossas faculdades. A tecnologia deve servir ao ser humano — não o indivíduo a tecnologia. Devemos encarar as oito horas de trabalho como oito horas de vida e saber que a vida de um homem é tão valiosa como a de seu semelhante.
Os nossos novos programas de economia devem brotar de meditações sobre o renascimento e a Vida de Nosso Mestre e Senhor, Cristo Jesus.
Somente encarando a humanidade através do alcance do progresso espiritual sem limites e usando a Vida de Cristo como nosso ideal, teremos alguma esperança de encontrar, algum dia, uma solução para todos os problemas de frustração, alienação, desespero e aniquilamento espiritual.
“Procura primeiro o Reino de Deus e todas as coisas te serão dadas, por acréscimo”.
(Traduzido da Revista Rays from The Rose Cross e Publicado na revista Serviço Rosacruz –9/49)
A Paciência e o que ela tem a haver com a Sabedoria
Há muitos e muitos anos vivia em uma cidade, cujo nome não me lembro, um jovem que, apesar de sua grande instrução, não estava satisfeito com os conhecimentos que possuía e queria aumentá-los ainda mais.
Um dia, falando com um viajante que chegara de outras terras, este lhe dizia que em uma aldeia muito longe vivia um sábio que era a pessoa mais virtuosa do mundo e que, apesar da fama que possuía, trabalhava humildemente como ferreiro, ofício que também havia sido o do pai e o do avô.
Ahmed, assim se chamava o jovem, quis logo colocar-se sob a proteção daquele homem virtuoso, imitá-lo, escutar-lhe os conselhos. Num belo dia, tomou as sandálias, o alforje, o bordão e se encaminhou para o país, rapidamente, ansioso por adquirir a sabedoria do humilde ferreiro que, segundo o viajante, era o assombro das gentes, que o consideravam como a um ser superior devido às virtudes que possuía.
Depois de andar muitos dias, chegou, enfim, à cidade e perguntou onde ficava a casa do sábio ferreiro. Indicaram-na e lá se foi Ahmed.
Chegando à presença do ancião, beijou-lhe a fímbria do manto, como prova de respeito.
— “Que desejais, filho meu?” — Perguntou, com afabilidade o ferreiro.
— “Aprender, mestre…” respondeu o jovem, inclinando-se novamente. “Disseram-me que sois sábio e quero que me guies”.
O ferreiro, como resposta, fez o rapaz entrar na ferraria, pôs-lhe a corda da forja nas mãos e lhe disse que a pusesse em função.
Ahmed, obediente e sem protestar, pôs mãos à obra. Nela persistiu dias, semanas, meses sem que o mestre ferreiro e seus discípulos — que também desempenhavam rudes tarefas — se queixassem delas e, o que é mais estranho, sem que ninguém lhe dirigisse a palavra, como se o ignorassem inteiramente.
Assim transcorreram cinco anos. Ahmed ia todos os dias à ferraria e, terminadas as horas de trabalho, se recolhia ao albergue, sem ter nenhuma distração.
Uma tarde, por fim, encorajou-se a falar:
— “Mestre! ”
O ferreiro, suspendeu o trabalho e seus discípulos, ansiosos o imitaram.
– “Que queres? ” – Perguntou o sábio.
— “Ciência! ” — Pediu Ahmed.
“Continua puxando a corda da forja” — retrucou o ferreiro, voltando à tarefa.
Assim transcorreram outros cinco anos, durante os quais, da manhã à noite e sem que nada falasse, Ahmed continuou puxando a corda grossa da forja, sem queixar-se, com a maior resignação. Dava exemplo de laboriosidade incansável e de interesse por aquele trabalho monótono que a outro aborreceria.
Um dia, finalmente, o velho ferreiro, que durante todo aquele tempo parecia não notar sua presença, acercou-se dele e tocou-lhe o ombro.
— O jovem sentindo uma agradável emoção, soltou a corda e o Mestre lhe disse:
— “Filho meu, já podes voltar à tua Pátria com a certeza de levar em teu cérebro e em teu coração a ciência do mundo e da vida”.
— “Oh Mestre! ” — Retrucou Ahmed, cheio de assombro. “Será possível que eu possua a ciência da vida? Não posso crer, não posso ser a pessoa de admiração que me inspiram vossas sábias palavras!”
— “Sim, filho meu, não duvides nem te admires” — insistiu o sábio ferreiro – “Conseguiste toda a ciência do mundo e da vida ao adquirir a virtude da paciência”.
E, dando-lhe um beijo na testa, como em um filho, o despediu atenciosamente.
E Ahmed voltou para seu país levando em sua alma uma grande serenidade, uma paz incomparável e viveu feliz, pensando que o velho ferreiro tinha razão, pois a paciência é a suprema sabedoria.
(Publicado na revista Serviço Rosacruz em junho/1967)