A parábola relativa à Leão é a do banquete de bodas do filho do rei.
A festa de bodas é, naturalmente, a Iniciação. Não há estação na qual os portais do céu se abram mais ou na qual a luz brilha com maior intensidade que durante o tempo em que as forças de Leão estão focadas sobre a Terra. O leão, símbolo do Signo de Leão, representa o fogo cósmico no interior do ser humano. Quando esse fogo é elevado à cabeça, esse órgão se converte no centro regenerador do Corpo-Templo. Esse é o significado mais elevado do leão rampante (ou seja, apoiado sobre as patas traseiras), que simboliza o mais elevado aspecto da Iniciação. Na magnífica cerimônia da loja maçônica, o leão, em pé, e com uma garra estendida, era o que elevava o herói maçônico Hiram Abiff (O construtor Mestre do Templo de Salomão, era Filho de uma Viúva, um artífice habilidoso. Uma das encarnações de Christian Rosenkreuz) das trevas da morte até a glória da vida imortal.
A Iniciação, tal e como existia antes da vinda de Cristo, era um processo bem diferente da atual. A Iniciação antiga era chamada de A Trilha dos Mistérios Iluminados e consistia em uma solene cerimônia que representava importantes acontecimentos na vida dos grandes Mestres do mundo, desde o nascimento até a sua Ressurreição. Com a vinda do Cristo, a Iniciação experimentou uma mudança e agora é chamada de A Trilha dos Mistérios Solares. A Iniciação Cristã ainda representa importantes acontecimentos da vida do Senhor: Nascimento, Batismo, Transfiguração, Ressurreição e Ascensão. Contudo, agora são experiências realizáveis e vitais no interior da consciência e do Corpo do Discípulo. Daí que agora, sob Cristo, seja muito mais difícil a Iniciação do que era antes da Sua vinda. Por isso São Paulo, um dos maiores expoentes dos Mistérios Cristãos, deu a seus Discípulos um tipo de mantra, aplicável a todos no tempo moderno, quando lhes disse: “Que Cristo seja formado em vós”. As diversas escolas de metafísicos como o Novo Pensamento, a Ciência Cristã e outras, que preconizam a manifestação do Cristo Interno, são etapas preparatórias que conduzem à realização suprema na vida do ser humano: a Iniciação nos Mistérios trazidos à Terra por Cristo.
Outra importante diferença entre os Mistérios pré-Cristãos e os ensinados por Cristo consiste em que nos tempos antigos cada cidade tinha seu próprio Templo de Iniciações onde se observavam os Mistérios. Durante a Idade de Ouro da Grécia não se permitia ocupar um cargo público a nenhum homem que não fosse iniciado nos Mistérios. Todos esses Templos terrenos foram fechados e os verdadeiros Templos de Mistérios estão, agora, situados na Região Etérica do Mundo Físico. Por isso, cada Aspirante há de tecer, antes, seu próprio “traje de bodas” para poder entrar, já que em seu Corpo Denso não é mais possível entrar lá.
Os Éteres estão divididos em quatro graus de densidade. Como já foi dito, enquanto o ser humano pertencer à terra, é terreno, e vive para comer, beber e ser feliz, seu Corpo Vital se compõe, principalmente, dos dois Éteres inferiores. Quando começa a renunciar ao caminho da carne e a aspirar às coisas do espírito, então, atrai cada dia em maior quantidade os dois Éteres superiores.
Em nossos dias, o elevado e sagrado significado da Iniciação foi perdido, para a maioria das pessoas. Consequentemente, o reconhecimento do profundo significado espiritual dos antigos Templos de Mistérios é muito pequeno ou completamente nulo. Não se tratava de cerimônias ao alcance de qualquer um, como irrefletidamente se crê. Eram acessíveis só aos que tinham se qualificado devidamente para participar neles. Essa é a verdade expressa na parábola do Banquete de Bodas do Filho do Rei. Só podiam entrar nele os revestidos com o “dourado vestido de bodas”. Esse traje não pode ser dado por ninguém. Há de ser tecido por si mesmo. E isso só se consegue fazer “vivendo a vida”, por meio da sublimação dos desejos inferiores em poderes do espírito e mediante à prestação de serviços amorosos e desinteressados a todos os demais seres humanos e a todos os seres viventes. Essa é a verdade destacada pela Cristandade esotérica. Enquanto que a ortodoxa põe todo o peso da salvação do ser humano sobre os ombros do Cristo, a Cristandade esotérica põe tal salvação onde deve estar: sobre os ombros do próprio ser humano.
É durante o tempo em que a Hierarquia de Leão está derramando suas forças sobre a Terra, que é mais fácil para o Aspirante se dedicar, novamente, a prosseguir na trilha para tecer a luminosa vestimenta que lhe há de abrir a essas correntes de luz e a essas radiações de amor. Quando esse traje for totalmente tecido, será considerado digno de participar do banquete do matrimônio místico e de ser contado entre os filhos do Rei. Quando a alguém é permitida essa assistência, pode estar em Sua presença, olhando-O face a face e o conhecendo tal qual Ele é.
Enquanto o Sol está em Leão, o Espírito de Cristo se regenera e renova graças às glórias do Reino do Pai.
Na vida de Cristo, Sua entrada Triunfal corresponde às régias radiações de Leão. Nesse momento, o Espírito de Cristo estava magneticamente carregado da fulgente glória do Pai, que tinha descido à Ele, enquanto o Sol transitava pelo Signo real nos céus. Isso produziu as populares e instintivas hosanas que acompanharam Sua entrada.
Aquela cena triunfante foi o início dos acontecimentos culminantes do ministério de Cristo na Terra, seguidos da Sua assunção da regência desse Planeta para a redenção do mundo. Simboliza, também, a festiva procissão de um Candidato que alcançou a entrada em um Templo de Luz. Por isso, se escutou um canto angélico dos céus: “Bendito o que vem em nome do Senhor.” (Mt 21:9) (a lei). Ou seja, o que caminha na luz espiritual e no amor.
A constelação de Leão pertence à Triplicidade de Fogo. Luz, amor, autoridade e controle estão entre as suas notas-chaves. O coração rege o Corpo-Templo humano e é o centro do amor. O coração do Discípulo aumenta sua luminosidade com sua espiritualização crescente até que, finalmente, caminha na luz como Cristo, que está na luz. Como consequência dessa irradiação, chama a atenção e ganha lealdade. A Hierarquia de Leão está implantando esse ideal no mais profundo de cada ser humano ao focar seu poder de amor sobre a Terra.
Quando o Sol atravessa o Signo de Leão, o iluminado que caminha na trilha da santidade ascende aos mais altos reinos desse Planeta e entra em uma mais profunda consciência de poder transcendente. Começa a compreender que o amor, em seu mais elevado aspecto, não é uma paixão ou um sentimento, mas uma fase da própria divindade. São Pedro foi imbuído de uma força amorosa dessa natureza. Ele mesmo se referiu a ela quando disse ao aleijado, às portas do formoso Templo: “Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareu, põe-te a caminhar!” (At 3:6) . E foi essa mesma força a que, de tal modo, animou a São Paulo que, apesar de todas as suas perseguições e encarceramentos, pode pronunciar aquelas palavras formosas: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos Anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine.” (ICor 13:1).
A nota-chave bíblica de Leão ressoa nas palavras: “O amor é o cumprimento da lei.” (Rm 13:10).
Abordaremos aqui novas dimensões dessa questão entre os relacionamentos e a afetividade neles.
A natureza intrínseca de Vênus pode se expressar nas ideias de harmonia e ritmo. Vênus com Aspectos benéficos (Sextil, Trígono e algumas Conjunções) traz à pessoa um caráter afetuoso, delicado e harmonioso. Vênus lhe confere a tendência de simpatia para com as coisas e de ordem. Irradia agradável magnetismo e tem facilidade para atrair e estabelecer amizade, formar grupos de cooperação, ensejar atividades grupais e tudo o mais que chamamos de amizade, amor, capacidade de entrosamento.
A forma peculiar de exprimir as virtudes venusianas num determinado departamento da vida depende da colocação do “Planeta do amor”, do Signo e da Casa em que se ache. Na 1ª Casa confere um Corpo Denso delicado, gracioso e belo e muito atraente. Na 3ª Casa – a dos irmãos, dos vizinhos e dos irmãos de ideal – Vênus, por meio dessas boas qualidades, nos proporcionará merecedores da atenção e amizade das pessoas de nossa intimidade, assegurando um convívio feliz. Assim será nas outras Casas, segundo a natureza de cada uma.
Vênus rege os Signos de Touro e Libra e as Casas correspondentes, isto é, a 2ª e 7ª Casa, em um horóscopo natural. Para sabermos o que a pessoa trouxe de outras vidas, no que se refere a essas qualidades venusianas, o modo e as épocas em que vai expressá-la, é mister examinarmos o horóscopo, buscando os Aspectos da 2ª e 7ª Casa e do 2º e 7º Signo. Na 7ª Casa Vênus pode nos proporcionar, se o merecemos, a atração de uma alma afim como companheiro (a) de matrimônio, tornando nossa vida na Terra um verdadeiro céu. De fato, o matrimônio deve ser elevado a uma oitava superior: como o termo sugere (fusão, combinação homogênea) é o matrimônio das almas, um êxtase, um hino de louvor entoado por dois Espíritos harmonizados. Este canto é ensinado pelos Anjos, nos céus, para o harmonioso acompanhamento da Música das Esferas. O Ego que traz em seu horóscopo uma parte, mínima que seja, desse Coro da Harmonia Celestial emanará de seu coração um canto de felicidade, um manancial de regozijos que nenhuma tristeza terrena poderá empanar.
Com Aspectos benéficos da 11ª Casa, Vênus nos proporcionará a atração de amigos afetuosos, cuja consideração conquistamos anteriormente, em vidas pregressas, pois o horóscopo do nascimento nos mostra a sementeira e a colheita de alegrias ou de penas. Nós mesmos edificamos nosso “destino”, sempre! Os Astros simplesmente marcam o tempo da segadura, como o Sol chama o lavrador para a colheita. A bondade e consideração de nossos atuais amigos, conquistados por nós em existências passadas, mercê de atos correspondentes, de serviço altruísta e amizade desinteresseira. Ninguém colhe sem primeiramente plantar. Não podemos conservar os amigos, sócios, parentes, esposo (ou esposa) unidos a nós, senão através da chama de Vênus, do sentimento e da afeição.
Devemos pensar, sentir e agir fraternalmente para conquistar e conservar os bons amigos. Essa ideia corresponde à do brocardo popular: “é até fácil conquistar uma amizade, difícil é conservá-la”. Aplica-se também a todas as esferas: amigos, parentes, cônjuge, companheiros de trabalho, de ideal, etc. A negligência nesse assunto vai, muitas vezes, debilitando a chama do amor. Então, quando sofremos a falta dessa luz podemos avaliar a falta que ela nos faz.
Portanto, os que tenham Aspectos adversos (Quadratura, Oposição e algumas Conjunções) de Vênus em seu tema natal, devem reconquistar sua harmonia, mediante o restabelecimento e afinação vibratória com o “Planeta do amor”.
Os que tenham Aspectos benéficos vigiem para merecer essa graça e jamais perdê-la por negligência. Mais uma vez queremos frisar a importância de nossa contribuição nessa conquista “os Astros impelem, mas não obrigam”.
Notem como as boas tendências que Vênus, com Aspectos benéficos, pode nos infundir. Mas, o inverso também é verdadeiro. Se desfiguramos a harmonia de nosso relacionamento, dificilmente iremos atrair felicidade na próxima vida. Depende de nós, por meio de um esforço consciente e perseverante, harmonizar as cordas de Vênus para que toque na lira de nossa alma, a mística e verdadeira amizade conducente à felicidade real.
(Publicado na Revista Rosacruz-Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP – maio/1968)
A Astrologia Espiritual, tal como é ensinada pela Fraternidade Rosacruz – a Astrologia Rosacruz – é um esquema tão singelo que permite a qualquer pessoa, com suficiente prática, a possibilidade de penetrar e conhecer os arcanos mais profundos da alma humana, desvelando seus temores, suas falsas esperanças, aspirações, seus vícios e defeitos mentais, morais e físicos, que nada mais são do que as causas das doenças e enfermidades dessa pessoa.
Moisés recebeu a ordem de descalçar as sandálias ante a sarça ardente, em reconhecimento ao fato de encontrar-se sobre um solo sagrado e iluminado por uma presença espiritual. Se toda luz do mundo fosse enfocada sobre um determinado artista, seu corpo refletiria essa claridade deslumbrante. Mas seria uma luz artificial, externa e, desse modo, os seus segredos, o seu íntimo, continuariam encobertos. Mas, quando o ator aparece no palco da vida e os raios astrais se concentram sobre ele, por meio do horóscopo natal, torna-se transparente. Podemos, então, penetrar-lhe nos mais íntimos recantos anímicos, pondo em evidência todas suas tendências. Qualquer pessoa que saiba ler as escrituras astrais, movida pelo amor desinteressado e desejo de ajudar, recebe a intuição para deduções surpreendentes, orientando o interessado na solução de problemas que nem ele próprio sabe definir claramente. Pode dar-lhe as mais acertadas diretrizes e contar-lhe as pulsações vitais, como se fosse as de sua própria alma.
Por tal motivo podemos ponderar, muito oportunamente, que o lugar em que se encontrava Moisés não era mais sagrado do aquele sobre o qual está o Astrólogo espiritual Rosacruz. O horóscopo que nos põem às mãos nos traz uma altíssima responsabilidade. Nunca será demasiado insistir nisso. Estamos com uma alma sobre a nossa palma da mão. Tudo o que dissermos e orientarmos e o modo como fazemos, influi poderosamente na pessoa interessada e na cura. E a par dessa responsabilidade carreamos, também, um maravilhoso privilégio: o de servir, o de contribuir para a regeneração de alguém, de orientá-lo corretamente a elevar-se no mundo em direção às altas finalidades a que Deus o consagrou, a partir da sua disposição para a cura das suas doenças e enfermidades. Por isso deve o Astrólogo Rosacruz, para realizar integralmente sua missão, levar uma vida extremamente pura, de modo a ser digno de permanecer na presença sublime de um Espírito Humano, tal como se revela no mapa astrológico.
O Astrólogo Rosacruz deve ter muito cuidado para não enganar a si mesmo, evitando transferir, inconscientemente, para o próximo, suas próprias limitações. É preciso absoluta imparcialidade para aproveitar o privilégio de ajudar espiritualmente alguém, através da interpretação da mensagem astral. Capacidades refinadas se juntam às intelectuais ou movidas por outros sentimentos inferiores jamais podem realizar essa missão: tanto se prejudicam, acumulando um destino maduro com a prostituição de uma ciência espiritual sagrada, como, por esse modo inconveniente, fecham os canais da intuição, indispensáveis para penetrar os aspectos mais sutis de um tema. Infelizmente, em todas as épocas tem havido pessoas que prostituem essa ciência sublime, pelo apego a uma utilidade sórdida, maculando-a no serviço de desígnios vis. Não é de admirar, pois, com tantos e tais charlatões, venha a Astrologia sendo deturpada e, com o tempo, considerada “crendice tola”, exercida por interesse do falso astrólogo para alimentar ilusões.
Deus não pode ser frustrado: “o que o ser humano semear, isso mesmo colherá”. Se traímos a causa que a oportunidade nos confia e abusamos do privilégio que nos é oferecido, veremos amanhecer, cedo ou tarde, o dia do ajuste de contas. Como consequência de nosso sacrilégio teremos, um dia, de provar o pão da amargura. Não nos esqueçamos: “Aquele à quem muito é dado, muito lhe será exigido”.
Rogamos a Deus que os queridos irmãos, queridas irmãs possam viver sempre à altura de merecer e de bem aproveitar as múltiplas oportunidades de desenvolvimento anímico que Deus lhes oferece, por meio do serviço ao próximo. Aqui está a súmula da Doutrina Cristã inteira. E que o conhecimento astrológico Rosacruz que, por ventura, você está adquirindo poderá ajudá-lo a penetrar na compreensão dessa missão e a realizá-la devidamente, valorizando sua ajuda e dignificando o privilégio maior que pode merecer um ser humano: o de ser partícipe da “Vinha do Senhor” e que é a Luz do Mundo.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – agosto/1968)
Quando uma pessoa, pela primeira vez, toma contato com o estudo da Astrologia Rosacruz defronta-se com o problema da aprendizagem das características dos diferentes Signos do Zodíaco. O processo comum, usual, é começar com o estudo do primeiro Signo, Áries, seguindo-se o estudo de Touro, Gêmeos, Câncer, etc., seguindo a ordem até o décimo segundo Signo, Peixes. O Estudante Rosacruz segue essa ordem porque esse é o método adotado pelos autores modernos. O Estudante Rosacruz aprende que Áries é um Signo entusiasta, enérgico e que a ele se segue Touro, um Signo tranquilo, fleumático. O Estudante Rosacruz poderia então perguntar a si mesmo: “Por que essa influência muda tão radicalmente? Que relação existe entre um Signo e outro?”.
O Estudante Rosacruz aprende, ainda, que os Signos são classificados em Signos de Fogo, Terra, Ar e Água, mas muito tempo se passará antes de compreender a diferença entre dois Signos de Fogo, por exemplo. Esse método pode, com o tempo, dar ao Estudante Rosacruz uma ideia clara da relação existente entre os Signos, mas até lá, quase sempre se faz grande confusão das influências, ficando na completa dependência da memória para aprender a natureza intrínseca dos Signos. Por essa razão vamos ver a relação entre os Signos. Para o cético, esse método dá uma razão satisfatória para se crer que os Signos exercem influência real, pois, mostra que as forças em ação nos Signos são as mesmas, em caráter, que observamos no nosso globo físico. Mostra a razão de muitos fatos inexplicáveis e conduz a uma compreensão apropriada da relação entre os Signos, bem como sobre a natureza da força que se expressa por seu intermédio. Uma das classificações que utilizamos na Astrologia Rosacruz são: Cardeais, Fixos, Comuns, Fogo, Terra, Ar e Água.
Compreendamos, primeiramente, a natureza da Divindade para chegarmos a uma correta compreensão do Deus do nosso Sistema Solar. Isso não é assunto novo, pois já estudamos isso no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Mas, vale a pena recapitular. Vamos começar com o que na terminologia Rosacruz é chamado de o Absoluto, a Raiz da Existência. O Absoluto é, de acordo com os Ensinamentos Rosacruzes, uma expressão do polo negativo do Espírito Universal. O que seja o polo positivo não pode ser conhecido do não Iniciado. Todavia, podemos concluir que se há um polo negativo do Espírito Universal, forçosamente haverá também um polo positivo, pois, em toda a natureza encontramos essa polaridade dupla. O Conceito Rosacruz do Cosmos nos ensina que no alvorecer ou no começo da Manifestação ativa, o Ser Supremo é emanado do Absoluto (Veja o Diagrama 6 do Conceito).
Essa grande inteligência espiritual possui três forças ou energias miraculosas que se manifestam como Poder, Verbo e Movimento. O primeiro aspecto, o Poder, contém em si a habilidade de criar algo original e inteiramente novo. O segundo aspecto, o Verbo, recebe o germe original criado pelo primeiro aspecto, imagina seu modo de desenvolvimento, desenvolve-o e alimenta-o ou o mantêm. O terceiro aspecto, o Movimento, lhe fornece o poder de crescimento. Com esse processo, Sete Grandes Logos vêm à existência e o sétimo desses Seres diferenciou em Si o Deus do nosso Sistema Solar. O Deus do nosso Sistema Solar tem, portanto, em Si, os três poderes primários correspondentes aos do Ser Supremo. Tais poderes são designados como: Vontade (correspondendo ao Poder), Sabedoria (correspondendo ao Verbo) e Atividade (correspondendo ao Movimento) e se manifestam exatamente da mesma maneira, embora em menor escala, que os três grandes poderes possuídos pelo Ser Supremo. Ora, o Espírito de cada ser humano, o Eu Real individual, foi diferenciado por esse grande Ser em Si mesmo e como Ele cada um de nós está imbuído, potencialmente, com Seus três grandes poderes primários, que são designados como Espírito Divino (correspondendo ao Poder, Vontade), Espírito de Vida (o Verbo, Sabedoria) e o Espírito Humano (Movimento, Atividade). Estes três poderes primários da Divindade são as forças que agem por meio dos 12 Signos do Zodíaco, expressando-se, cada uma, através de quatro Signos em estreita relação, como descrevemos a seguir.
O primeiro aspecto ou aspecto Poder da Divindade, se expressa nos quatro Signos Fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário). O segundo aspecto, Sabedoria, se expressa no plano mental por meio dos quatro Signos Comuns (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes) e o terceiro aspecto, Atividade, se expressa no plano físico por meio dos Signos Cardeais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio). Portanto, cada um dos aspectos, se expressa através de quatro Signos que, no Zodíaco, estão colocados em cruz. Essa cruz Zodiacal, na Astrologia Rosacruz, se chama “quadruplicidade”.
Estudaremos separadamente cada quadruplicidade focando, cuidadosamente, o caráter das forças que agem nos Signos, para mostrar que as forças que agem em cada quadruplicidade são idênticas as que observamos nos fenômenos elétricos. Cada quadruplicidade é uma unidade eletromagnética e é para as leis de manifestação eletromagnéticos nessas quadruplicidades que vamos considerar. Primeiramente, vamos ver o que é “unidade eletromagnética”. Para quem está afeito às coisas da eletricidade, isso não é novidade. Se uma corrente passar por um fio condutor, a resistência oferecida pelo metal do fio à passagem da corrente dá nascimento a linhas de força magnética que fluem em ângulo reto com a direção seguida pela corrente elétrica. Essas linhas de força magnética, de modo idêntico à força elétrica de que a originaram, manifestam dois polos: um positivo e outro negativo, ou melhor, um polo de atração e um polo de repulsão. Os dois polos da corrente elétrica e os dois polos da corrente magnética constituem o que chamamos de “unidade eletromagnética”. Verificaremos que os Signos de cada quadruplicidade manifestam forças que podem ser comparadas às de uma unidade eletromagnética. Se os Astrólogos Rosacruzes estivessem familiarizados com esta maneira de considerar os Signo muito os ajudariam na interpretação astrológica. Considerando isso veremos, primeiramente, a quadruplicidade dos Signos Fixos que é uma expressão do aspecto Poder ou Vontade da divindade, pois aqui, a analogia entre as forças em jogo numa unidade eletromagnética e as da quadruplicidade, podem ser vista mais plenamente, especialmente se considerarmos os Astros Regentes dos Signos.
Depois de estudarmos os Signos Fixos, voltaremos nossa atenção para os Signos Comuns e para os Signos Cardeais. Max Heindel nos ensinou que os Astros são as forças impulsoras do tema ou horóscopo e que o Signo dá cor ou modifica a influência dos Astros. Todavia, temos três Signos que manifestam o que chamamos de força impulsora ou força criadora. Tais Signos são os Signos de Fogo e a força ou poder desses três Signos é análogo à da corrente elétrica, que é uma força impulsora, fluente. Leão é o Signo de Fogo da quadruplicidade dos Signos Fixos e representa a fonte ou o gerador da nossa corrente elétrica. É regido pelo Sol, cuja tônica é: vida. Leão é, portanto, a usina, a casa de força da nossa analogia. Ele fornece uma força fluente ou impulsora. O Signo ou polo oposto a Leão é Aquário e aqui ele representa o canal, o condutor, as condições ou os meios necessários para a expressão, condução ou manifestação da corrente elétrica. Do material que ele tem à mão Aquário seleciona e determina o caminho de menor resistência, o caminho por onde vai fluir à força de Leão. A força de Aquário é, portanto, uma força seletiva. Os Regentes de Aquário são Urano e Saturno. A palavra-chave de Saturno é “obstrução” e a de Urano “intuição”. Intuição é uma faculdade seletiva, discriminadora e exprime, perfeitamente, o caráter da força em ação. Sabemos que a “obstrução”, ou melhor, a resistência do fio condutor seleciona ou “impede” certas vibrações da corrente elétrica e são essas vibrações impedidas de circular que vão formar as linhas de força magnética que sempre fluem em ângulo reto com a direção da corrente elétrica. Examinando os Signos que estão em ângulo reto com a linha Leão-Aquário encontramos: num lado Touro e no ponto oposto Escorpião. Touro, o Signo da Terra da quadruplicidade dos Signos Fixos, é regido por Vênus, um Planeta de “atração”. No polo oposto, Escorpião, um Signo da Água da quadruplicidade dos Signos Fixos, é regido por Marte, um Planeta de “repulsão”. Estes dois últimos Signos representam os dois polos opostos das linhas de força magnética. Os quatro Signos, tomados em conjunto, representam aquilo que denominamos unidade eletromagnética. Pelos dois, Leão e Aquário, passa a corrente elétrica que vai gerar entre os outros dois, Touro e Escorpião, o campo magnético. A quadruplicidade dos Signos Fixos é, portanto, uma expressão do aspecto Poder e se manifesta, principalmente, no plano de vida emocional.
O Signo de Fogo da quadruplicidade dos Signos Fixos é Leão; podemos, portanto, esperar que essa força elétrica, criadora, se manifeste como força impulsora no plano emocional. O plano emocional é o reino dos motivos, das causas, é o reino da vital causa primeira doadora da vida. O resultado disso é que qualquer que seja a característica demonstrada por um nativo de Leão, ela será devida, em grande parte, a essa força diretora, quer ele a mostre em seu verdadeiro caráter ou de maneira pervertida.
Uma breve descrição de cada Signo mostrará como se manifesta a força impulsora. O verdadeiro Leão mostra uma natureza amorosa ou emocional forte; seus motivos são elevados e sente abundante fé em Deus. Sente-se naturalmente impelido a comunicar essa fé aos outros e emprega muito do seu tempo com esse propósito. Sente-se capaz de conduzir outros e tem grande confiança em sua própria força. Estende esta fé e confiança à humanidade e está convencido de que aqueles que trabalham por si sempre fazem o melhor que podem. Sua fé na natureza humana, geralmente, redunda em afeições mal empregadas e em ingratidões. Suas falhas são todas devidas a essa fé em si mesmo que o conduz a assumir ares de grande importância, de domínio sobre os que lhe são inferiores ou a procurar posições de mando que não é capaz de desempenhar com sucesso. Há uma força de soerguimento em sua comunidade, cheio de vitalidade e de força de vontade. Como sua força se expressa no plano emocional; seu grande amor por Deus e pela humanidade leva-o, em geral, a ser um curador ou um pregador, ou então a expressar suas emoções como ator ou comediante. Encontra sucesso em qualquer esfera, onde brilha aos olhos dos outros. Muitos destes traços de caráter são comuns aos outros Signos de Fogo, porque todos eles têm em si essa força impulsora. Todos a manifestam, mas como cada Signo de Fogo pertence a uma unidade diferente, cada um se manifesta em plano diferente, seja mental, emocional ou físico. Mas a coragem, a confiança em si, a generosidade, a agressividade, o otimismo, o entusiasmo, a previdência, idealismo, etc. são comuns a todos. Tem muita dignidade, todos são francos, falam bem, porém em demasia. Em Aquário, o Signo ou polo oposto, temos uma força que também se manifesta no plano emocional, mas em vez de ser uma força impulsora, agora vemos uma força seletiva, discriminadora. Enquanto que o nativo de Leão é dirigido pelos motivos, o de Aquário dirige, observa, compara, julga e controla esses mesmos motivos.
O aquariano adiantado é, de todos os Signos, o mais apurado juiz da natureza humana. Tem sede de luz e de conhecer as “causas primeiras” ou os princípios fundamentais do mistério da manifestação que, no tipo avançado, em geral conduz ao campo do ocultismo e da astrologia. É severo juiz da verdade ou da falsidade; de uma doutrina religiosa sente intuitivamente o que é fato e o que é imaginação. Em todos os casos, a religiosidade dos aquarianos mostra suas tendências discriminadoras. Seu interesse pelo ritual e pelas cerimônias é para examiná-los e compará-los com os outros. As escrituras e os ensinos dos grandes fundadores de correntes religiosas são tratados da mesma maneira: não aceita nada que não tenha sido submetido ao seu julgamento discriminador. Vê ambos os lados de qualquer controvérsia; sente a unidade de toda humanidade e compreende o coração de todos. É um verdadeiro pesquisador. A comparação entre os nativos de Aquário e de Leão mostra algo do caráter das forças em ação. O de Leão é eloquente, fala bem, ao passo que o de Aquário é de poucas palavras. O de Leão tem confiança nos seus companheiros; o de Aquário pesquisa suas ações, palavras e pensamentos, inquire os motivos determinantes das suas ações. Ambos são afetivos e bondosos e sua vida no lar é quase ideal, mas embora os de Leão vivam harmoniosamente com sua família, devido à bondade de seu coração, é não obstante, o chefe, o cabeça da família; já os de Aquário tendem mais a acatar a opinião da pessoa amada e abre mão da sua opinião para o bem da harmonia. Leão é destemido e confiante; Aquário é reservado e modesto. Estes dois Signos, juntamente com Touro e Escorpião, são a fonte das forças das causas que se ocultam em todos os esforços humanos; constituem a força principal da ação na humanidade: o amor e afeição de Leão, o desejo de conhecimento e de amizade de Aquário, o desejo físico ardente de Touro e a excitação sexual de Escorpião. Os filósofos gastaram muita tinta no exame dessas forças, tão básicas no comportamento humano. Os antigos egípcios tentavam mostrar as forças da quadruplicidade por meio da esfinge que tinha o corpo de um touro (Touro), asas de uma águia (Escorpião), patas de um leão (Leão) e cabeça de homem (Aquário).
O Querubim visto por Ezequiel e por ele descrito no capítulo I, versículos 5 a 10 do seu livro, é o símbolo desses quatro Signos. Disse Ezequiel: “E a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem, e do lado direito todos quatro tinham rostos de Leão, e do lado esquerdo todos os quatro tinham rostos de boi; e também rostos de águia todos os quatro“. A visão de São João do Trono de Deus, dada no Livro do Apocalipse 4:7, também, os descreve: “E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando“.
Antes de considerarmos os Signos que representam as linhas de força magnética da quadruplicidade dos Signos Fixos, examinemos a corrente elétrica nos Signos de Fogo e de Ar e das outras quadruplicidades. Na quadruplicidade dos Signos Comuns o Signo de Fogo é Sagitário, que nos fornece as mesmas forças diretoras que encontramos em Leão, mas sendo os Signos Comuns expressões do segundo aspecto da Divindade, a Sabedoria que, como dissemos, visualiza, extrai e desenvolve a ideia original, as forças de Sagitário se manifestam no plano mental. Essa é a região da lei da vida e do desenvolvimento; é a região para o desenvolvimento das ideias. Sagitário é regido por Júpiter que representa a Mente superior, e sua influência é expansiva, desenvolvedora. Conhecendo o plano no qual essa força dirigente está em ação, podemos, com segurança, dizer que a característica principal do verdadeiro sagitariano adiantado é seu extraordinário poder de atividade mental. Ele é sempre uma fonte de auxilio e de iluminação para os outros. Ele se interessa na relação entre a causa e o efeito e sabe como desenvolver uma ideia a exercer o poder de concentração. Comparando-o com Leão, vemos que é um vidente, um profeta, um filósofo, um idealista, legislador, porém, melhor orador do que curador, acredita mais na justiça do que no perdão, tem mais amor à lei e à ordem do que à humanidade. Ele não sente tão profundamente como o de Leão, mas tem sede de sabedoria e possui determinação para procurá-la por meio da razão e para dá-la aos outros. Naturalmente essa tendência faz do ensino da filosofia ou da religião a ocupação ideal para o sagitariano, embora a profissão da advocacia seja também um campo de atividade conveniente. A literatura e o jornalismo também são atração para o sagitariano, já o estudo da medicina raramente é procurado por ele, mas quando o faz especializa-se no que diz respeito ao cérebro. Se a nossa analogia for correta, devemos encontrar uma força seletiva ou discriminadora em ação no polo ou Signo oposto a Sagitário, como meio de expressão ou de condução, julgando ou criticando nesse plano. Gêmeos é o Signo oposto e Mercúrio, o seu Regente. De acordo com a mitologia, Mercúrio é o mensageiro de Júpiter, regente de Sagitário, Signo que acabamos de analisar. O mensageiro é um meio de expressão ou de manifestação. As histórias mitológicas ligadas a Mercúrio são cheias de exemplos de sua habilidade em adaptar os meios para a obtenção dos fins e, também, da sua capacidade de adaptar as faculdades (meios) de outras pessoas aos seus próprios fins. Sendo essa a região das ideias e das leis, os meios de expressão são as palavras e os escritos. Pode-se ver prontamente que o nativo desse Signo terá habilidade de expressar-se bem por palavras ou por correspondência. Aprende com facilidade e está, normalmente, bem informado em vários assuntos. Suas principais características são a: versatilidade e adaptabilidade, agilidade intelectual e destreza física. Notamos como a força discriminadora agindo no plano mental nos fornece aquele que pesquisa e que separa os fatos e as notícias, o lexicógrafo, o crítico literário, o inventor.
Na quadruplicidade dos Signos Cardeais o Signo de Fogo nos fornece o Signo de Áries como força impulsora. Como essa quadruplicidade pertence ao aspecto Atividade da Divindade, expressando-se no plano físico da vida, encontramos, antes, o que executa do que o que fica vendo, o trabalhador de vontade, o pioneiro e o indivíduo de ação. O ariano conhece apenas sua própria força; por isso é cheio de si. Raramente descansa. Tem orgulho de ser tão ativo e, geralmente, superestima sua própria fortaleza. A força impulsora desse Signo lhe fornece muita confiança em si e ele está sempre fazendo algo ou começando alguma coisa que é incapaz de terminar. O polo oposto dessa corrente elétrica é o Signo de Ar de Libra. Este nos fornece aquele que pesquisa e separa as coisas físicas mais do que as causas, como encontramos em Aquário e Gêmeos. O senso discriminador dos de Libra faz com que dê grande importância ao ambiente harmonioso. Seus esforços são dirigidos para o ajustamento do seu ambiente e para o aformoseamento da vida por meio de uma das artes criadoras. É, particularmente, sensível as mais elevadas vibrações da música. Mostra grande tato e gosto na escolha das vestes e da linguagem. É o juiz das formas, sons e cores, o artista, o músico, o pintor, o urbanista, o juiz de qualquer competição de beleza, seja de flores, cães ou cavalos. É o avalista, o cambista, etc., o negociante de objetos de fantasia e de enfeite, o livreiro, o lexicógrafo, o perito em eficiência comercial. São traços de caráter comuns a todos os Signos de Ar, devido a essa força discriminadora: o desejo de conhecimento, de requinte, interesse na cultura intelectual, prazer na troca de ideias. Todos são bons na comparação, veem os lados de qualquer problema e estão sempre imaginando novos esquemas e novas ideias. São dados à pesquisa e investigação. Tem discernimento na escolha entre o que presta e o que não presta. São menos precipitados na ação e, portanto, menos sujeitos aos acidentes do que os Signos de Fogo. Fornece, também, aos seus nativos, o mais elevado tipo de beleza, mas há o mesmo vigor no caráter dos Signos de Ar como nos Signos de Fogo. Quando há muitos Astros nos Signos de Ar, especialmente se estão afligidos, há o perigo de estagnação, de ter atitude de “paz a qualquer preço”, de submissão àquilo que deveria ser combatido. São “mornos”, via de regra. Assim como o aquariano pouco desenvolvido fornece vazão às suas emoções, não as conduzindo pelos canais apropriados, também o geminiano pouco desenvolvido mostra seus esquemas e artifícios, mente e rouba e vive de suas habilidades. Não é difícil para o Estudante Rosacruz ver que os pouco desenvolvidos de Libra não terão a força necessária para dominar as circunstâncias adversas e podem se tornar vítimas delas.
Até agora só estudamos seis Signos: os que representam os dois polos da nossa “corrente elétrica” nos três grupos de Signos ou quadruplicidades. Se, por um momento, observarmos as Casas que correspondem a esses Signos, podemos ainda ver o caráter das forças em ação. A 5ª Casa, que corresponde a Leão, está relacionada com a irradiação e distribuição do poder vital criador do Amor. Fornece o entusiasmo ou a incitação que impele à expressão. É conhecida como sendo a Casa dos assuntos amorosos, dos filhos, dos prazeres, etc. A 11ª casa, correspondente a Aquário, mostra os meios de expressão. É conhecida pelos Astrólogos Rosacruzes como a casa dos amigos, das ambições, dos desejos e das esperanças. Sabemos que problemas com filhos podem ser resolvidos considerando a 5ª e 11ª Casas. A 11ª Casa é a 5ª Casa do companheiro do matrimônio, o que é o outro modo de dizer que o companheiro de matrimônio é um fator ou meio de expressão necessário. Estamos, com isso, declarando aos Estudantes Rosacruzes que o poder vital para criar filhos é mostrado pela 5ª Casa, mas que os filhos, em si, devem ser julgados pela 11ª Casa, pois eles são como os nossos amigos, o caminho para a expressão da nossa natureza amorosa. A 9ª Casa, que corresponde a Sagitário, é a Casa da Mente superior e está relacionada com o desenvolvimento do poder do pensamento, por meio de influências tais como as viagens que estimulam o pensamento, as filosofias, etc. A 3ª Casa é seu meio de expressão, isto é, é a Mente inferior; é a casa dos escritos e dos outros meios de comunicação. A 1ª Casa, correspondente a Áries, rege a Personalidade que encontra seu meio de expressão na 7ª Casa. Isto explica porque a 7ª Casa rege assuntos tão diferentes como o público, associações e inimigos, pois, todos os fatores necessários à expressão da Personalidade.
Gostaríamos, agora, de chamar a atenção dos amigos para a influência sutil dos órgãos do corpo regidos por esses Signos. O coração, junto com o sangue, impede que os fluídos do corpo fiquem estagnados; os pulmões purificam pela oxigenação e eliminação do óxido de carbono; os rins purificam pela eliminação dos ácidos, etc.; o cérebro sutiliza o indivíduo como um todo. Outro fato interessante é que parece que esses Signos formam os órgãos em duplicata: há duas câmaras no coração; dois pulmões, dois rins, dois hemisférios cerebrais. Os Signos de Terra e de Água regem os órgãos de função vegetativa, desde Touro (boca, garganta), o ponto de entrada, até Escorpião (reto) o ponto de saída. Alguns costumam dizer que no processo da refinação o fogo e o ar são os que produzem o fogo purificador, ao passo que no processo de cultivação a terra e a água fazem fértil o solo. A influência refinadora dos Signos de Fogo e de Ar é claramente vista em temas como o de Max Heindel, no qual muitos Astros se encontram nesses Signos, havendo poucos nos Signos de Terra e de Água. Embora isso não seja evidência conclusiva, quando considerado sem levar em conta os Aspectos dos Astros, etc., a influência pode, não obstante, ser vista. Os quatro Signos Comuns e os quatro Signos Cardeais podem ser considerados de maneira semelhante. Em cada quadruplicidade o Signo de Fogo representa a força ou a fonte da corrente elétrica. O Signo de Ar, que lhe é oposto, é o canal ou meio de expressão (fio ou condutor) ou fator necessário para a manifestação da força do Signo de Fogo (corrente elétrica). A energia criadora dos Signos Leão e Aquário está relacionada com o primeiro aspecto da Divindade, fornecendo a possibilidade de criação de algo novo e original: a Epigênese, em última análise. Leão fornece a força, e a intuição de Aquário possibilita os meios de criação de ideias originais. Assim verificamos que a principal característica dos Signos de Fogo é a força impulsora e que a força seletiva ou discriminadora é a que age por meio dos Signos de Ar. Sua ação combinada constitui o campo elétrico. Os Signos de Terra e dos de Água representam o campo magnético, em cada caso. Essa analogia entre as forças dos Signos e as leis dos fenômenos elétricos são muito importantes para o aprendizado do Estudante Rosacruz. Assim, se usarmos essa analogia no nosso estudo dos Signos e conhecendo a unidade eletromagnética a que ele pertence, bem como o lugar que ocupa nessa unidade, verificamos que, com facilidade, podemos predizer algo das características do Signo. Cada quadruplicidade se manifesta, é claro, no plano do ser ao qual está relacionada.
Assim é que o primeiro aspecto, o aspecto Poder, agindo por intermédio dos Signos Fixos, se manifesta no plano emocional. O segundo aspecto, o Verbo, agindo nos Signos Comuns, se manifesta no plano mental e o terceiro aspecto, o Movimento, agindo pelos Signos Cardeais, se manifesta no plano físico.
Chegamos, agora, à vez da descrição dos demais Signos, também de força magnética. Note-se que tais Signos são os de Água e de Terra. Os cientistas não sabem ainda o que seja o magnetismo, como também não sabem o que seja a eletricidade; sabem apenas como essas forças se comportam. As linhas de força magnética são o resultado do movimento da eletricidade, dizem os cientistas, e nós podemos dizer que os Signos, analogamente a essas linhas, estão relacionados com resultados e recompensas, devido à atividade dos Signos elétricos. Os Signos elétricos mostram o que semeamos; os Signos magnéticos mostram o que colhemos. Emocionalmente será harmonia (Touro) ou discórdia (Escorpião); mentalmente serão oportunidades para servir e trabalhar (Virgem) ou prisões, limitações (Peixes). Fisicamente, colheremos honra e adiantamento (Capricórnio) ou restrições nas condições do lar, rasgos hereditários, etc., (Câncer).
Se pudermos dizer que as linhas de força magnética são derivadas do fluxo de uma corrente elétrica também podemos afirmar que as forças dos Signos de Terra e de Água podem ser consideradas como derivadas dos Signos de Fogo e de Ar, isso explicará por que os Signos de Fogo e de Ar são considerados mais espirituais do que os de Terra e de Água; eles representam mais a fonte da vida e do ser, enquanto que os Signos da Terra e de Água representam as formas ou manifestações materiais.
O magnetismo apresenta um polo positivo e um polo negativo. Um desses polos pode ser descrito em linguagem simples como uma força não satisfeita, que tende a buscar seu equilíbrio no seu oposto polar. Os Signos de Água representam essa força insatisfeita; os Signos de Terra representam os polos opostos, que satisfazem e completam o circuito.
Os Signos de Água têm sido chamados de emocionais, mas esse não é o termo apropriado para usar, porque causa confusão. Os únicos Signos emocionais são os Fixos. Mas se por emocional queremos significar impressionável, que muda ou é afetado facilmente, podemos designá-los assim. O que devemos compreender é que com pessoas impressionáveis, as ideias e as sensações são prontamente transmutadas em emoções. Mas, em honra à clareza, digamos que apenas os Signos Fixos são emocionais. Os Signos de Água são instáveis, sem equilíbrio, insatisfeitos; são sujeitos as impressões e, como um magneto, tudo aquilo com que entram em contato, muda a sua polaridade.
Se as linhas de força magnéticas derivam da corrente elétrica, assim o amor filial de Touro deriva do amor universal de Urano. A vontade de Leão se expressa como desejo. Touro representa o polo de atração do nosso grupo de Signos Fixos. Os amigos podem ver, facilmente, estabilidade de propósito e de caráter, paciência e perseverança. Devemos lembrar, todavia, que a força é antes objetiva e concreta do que subjetiva e ideal. Disposição para adquirir é sua principal característica. A pessoa de Touro é muito material em seus propósitos e pode estimar, demasiadamente, as posses concretas. Seu hábito mental é contemplativo e introspectivo. Examina tudo o que vem a ele, mas nunca vai. Nunca se eleva aos planos superiores. Liga a si cada pensamento ou experiência e tem inclinação a sofrer de qualquer doença que sua Mente imaginar. Está limitado à família, é muito poupado e tem inclinação a ser avarento e ensimesmado. Geralmente é incapaz de aceitar outro ponto de vista que não o seu. É muito leal nas amizades e no amor; nunca se apaixona por heróis nem por ideais abstratos, estes devem ser sempre realidades materiais. Às vezes, as tendências religiosas estão completamente ausentes. A sensualidade é quase sempre bem desenvolvida. O taurino é um construtor, um produtor, agricultor e, às vezes, banqueiro. Seus rasgos de caráter são o resultado de uma força atrativa, de uma força magnética.
Todos os Signos da Terra representam aquilo que fornece satisfação; aquilo que equilibra e estabiliza. Os nativos desses Signos não são dados a entusiasmos, nem aos extremos; são práticos e submissos quando se trata de suprir uma necessidade. No agrupamento dos Signos Fixos, o polo oposto das linhas de força magnéticas é Escorpião e representa um estado emocional insatisfeito. Se soubéssemos mais sobre magnetismo talvez conhecêssemos mais sobre as forças em ação nesses Signos. Em certos aspectos, este polo das linhas de força magnética age como uma sobrecarga de energia.
O nativo de Escorpião parece cheio de uma força que tem de ter uma saída de qualquer forma e em qualquer lugar. Parece estar sempre lutando para conquistar e tudo o que necessitar de esforço vigoroso, “está para ele”, como se diz na gíria. Está sempre pronto para argumentar ou para combater; o fracasso da oposição lhe fornece muita satisfação. A palavra-chave deste Signo é “discórdia” e, muitas vezes, a força vital de Leão é consumida em excessos de sensualismo. O que é vontade e desejo latente em Touro se torna energia manifestada em Escorpião. Esse polo das linhas de força magnética sempre procura igualar tudo que está em sua constituição. Os nativos mais altamente desenvolvidos têm paixão pela investigação e pela experiência e possuem grande força para abrir e explorar as regiões superiores. Escorpião expressa um estado emocional insatisfeito, sempre procurando seu equilíbrio. Fornece incentivo para o nativo entrar em contato com os planos emocionais superiores. Sua meta é um estado emocional equilibrado, um estado emocional perfeito, o domínio da paixão ou sua satisfação, dependendo isto de desenvolvimento do nativo. Está relacionado com a geração e a regeneração. O desinteresse, a natureza flexível, a disposição distraída, são rasgos de caráter comuns a todos os Signos de Água. São dados à mediunidade, são impressionáveis, compassivos. Diferentes dos Signos de Terra, são extremistas. Na quadruplicidade de Signos Comuns, o polo de atração é Virgem. Desde que sua força se exprime no plano mental, o nativo desse Signo tem sucesso como compilador de fatos, mas tem pouco poder de criação. Ele é o ceifeiro do saber, equilibrando e pondo em ordem, absorvendo o conhecimento com tranquilidade. O temperamento é passivo e conservador, amante do conforto material. Seu horizonte é limitado pelo círculo dos seus deveres. Em alguns casos, suas vistas não são apenas limitadas; são, antes, microscópicas, podendo ver em um grão de areia em uma montanha. Como polo atrativo do grupo anterior, Touro tem possibilidade de ser egoísta e sensível à opinião pública. É sigiloso acerca dos seus negócios e fastidioso no vestir. É bom nos detalhes, mas inclinado a conservar para si suas descobertas. Não tem a força criadora necessária ao sucesso geral. A relação desse Signo com o segundo aspecto da Divindade está evidente no seu interesse pela alimentação e saúde.
Diz-se que não há Signo que produza tanto nativo que se eleva a fama por habilidade intelectual do que Virgem. Em geral, o nativo de Virgem escolhe carreiras em que se dedica como pesquisador, como a química, farmácia ou outros assuntos ligados à saúde. Quando trabalhando nessa direção, destaca-se como humanista e encontra muito interesse em seu próprio trabalho o que redundará em forma e sucesso material. Peixes, o polo oposto, representa o campo pelo qual a Mente atinge o desenvolvimento mental e espiritual, a unidade com os poderes espirituais, a consciência cósmica, a satisfação intelectual. Peixes exprime suas forças em seu desprendimento; o nativo é generoso, dando até o que lhe é necessário para viver aos parentes e amigos, nada pedindo em troca. Gosta de falar e, como escritor, é fluente, embora prolixo. A força desse Signo está, antes, nos seus ideais e aspirações do que nas suas ações. Tem pouca ambição mundana, não cuidando de obter dignidades nem poderes. Raramente consegue enriquecer. Seu poder de atingir os mais elevados planos mentais o conduz à aspiração e sua capacidade de trazer de lá as mensagens, fazem-no clarividente e místico. O tipo menos avançado pode lançar mão de drogas e artifícios para atingir esses planos elevados.
Capricórnio, como os outros Signos de Terra, é também muito consciente de si e apresenta o mesmo perigo de perder-se nos detalhes; o objetivo torna-se muito limitado. Como sua força se manifesta no plano físico, o nativo é muito poupado; poupa tudo o que pode ser de utilidade, desde pregos usados até sacos de papel. Fornece, também, muita importância à exterioridade, à forma exterior e ao vestuário. É hábil e aproveita as oportunidades quando elas se apresentam. A capacidade de embaraçar-se com trabalho físico pesado é característica. O nativo de Câncer tem também seu interesse centralizado no físico. O estimulo é para o perfeito ambiente físico; é o construtor do lar, gosta de fazer seu ninho. É muito influenciado pelo seu ambiente. Suas sensações são vividas e facilmente é presa das emoções. É um extremista, inclinado a afastar seus amigos dos sentimentos mórbidos de depressão. O tipo menos evoluído é inclinado a vagar sem desígnio, fugindo das responsabilidades, provando ser incapaz de construir um lar. Suas sensações vividas deixam imagens claras do passado, da infância e dos velhos laços de amizade. Essas sensações são devidas à constituição física instável, impressionável.
Vejamos, agora, as casas que correspondem aos Signos que compõem as chamadas linhas de força magnéticas. A 2ª Casa, correspondente a Touro, é a Casa das posses, das finanças relacionadas com o poder de aquisição; a 8ª Casa correspondente a Escorpião é a Casa do progresso e evolução, o campo da regeneração e da liberação ou da degeneração e morte. Estas Casas são relacionadas com o Poder criador do primeiro aspecto da Divindade. A 2ª Casa mostra o que vem ao nativo como resultado compensador dos seus esforços criadores; a 8ª Casa mostra o fim das coisas, vitalmente. A 6ª Casa, correspondente a Virgem, e a 12ª Casa, correspondente a Peixes, estão relacionadas com a Sabedoria, ou seja, com o segundo aspecto da Divindade. A 6ª Casa diz respeito à saúde do nativo, à alimentação, ao conforto pessoal, vestes, etc. Mostra o trabalho que o nativo está destinado a fazer ou a que é compelido pela lei de consequência; rege, também, os que estão ligados ao nativo como servidores ou empregados. A 12ª Casa mostra o fim das coisas, mental e legitimamente; a aquisição da consciência cósmica, a obtenção espiritual da limitação cósmica. A 10ª Casa, correspondente a Capricórnio, e a 4ª Casa, correspondente a Câncer, estão relacionadas com o Movimento, terceiro aspecto da Divindade, e com o plano físico. A 10ª Casa mostra nossa posição social e as honras recebidas, ao passo que a 4ª Casa mostra o fim das coisas, fisicamente. As Casas 8ª, 12ª e 4ª constituem as Casas chamadas “finais”. A morte pode ser mostrada por qualquer delas.
Assim, acabamos de completar o estudo dos 12 Signos e suas correlações com a Divindade e com as Casas astrológicas. Agora é só colocar em prática, se exercitar e chegar a conclusões mais profundas do que essas. Bons estudos!
(Artigo publicado na Revista Serviço Rosacruz da Fraternidade Rosacruz, de São Paulo-SP de janeiro/1979)
De acordo com a Astrologia Esotérica todas as almas que renascem passam pelas portas de Câncer. Nas águas de Câncer se formam os germens da vida que animam a cada indivíduo dos reinos mineral, vegetal, animal e humano. Esse impulso vital eleva, progressivamente, do mineral para o vegetal, do vegetal para o animal, do animal para o ser humano e do ser humano para o Anjo, já que toda a evolução está sob a supervisão da Hierarquia.
A Parábola do Filho Pródigo se refere à Câncer.
É uma história sobre a evolução. Apresenta-nos dois irmãos, um mais velho, que jamais abandonou a casa paterna e outro mais novo, que vai para um país longínquo. Inicialmente o pai lhe diz: “tudo o que eu tenho é teu”. Esse irmão representa a natureza superior do ser humano, que está sempre sintonizada com tudo o que é bom, nobre, formoso, puro e verdadeiro. O outro irmão abandona a casa paterna e gasta mal tudo o que tem em uma vida desenfreada, terminando por disputar a comida dos porcos que ele cuidava. Esse representa a natureza inferior do ser humano que sucumbe às tentações sensuais e aos caprichos do mundo.
Como é de aplicação universal, essa parábola se encontra em todo ensinamento espiritual fornecido ao mundo. Nele o candidato, pobre, nu e cego, depois de gastar mal e inutilmente tudo que tinha, eleva seus olhos para a casa do Pai e começa sua viagem para o leste, em busca da luz. Ali está sentado o Mestre excelso que, quando o candidato se revela digno disso, lhe é instruído como alcançar, também, a maestria.
A humanidade, em geral, está representando o papel do Filho Pródigo, pois a raça humana deu as costas à verdadeira luz e, em sua perseguição por objetivos materiais, vive literalmente na casca da existência. Isso provocou o nascimento do medo, do caos, da incerteza, dos conflitos e das revoltas sociais que enchem a Terra. E que aumentarão até que a humanidade comece a voltar atrás e se dirigir para a luz que brilha nele.
Quando o Filho Pródigo retornou, o Pai lhe recebeu entusiasticamente. O filho disse: “Pequei e já não sou digno de me chamar de filho novamente. Trata-me como um dos seus servos”. No entanto, o Pai o recebeu com um forte abraço, o vestiu com o melhor traje e pôs em seu dedo um anel de ouro.
A maior tranquilidade para o ser humano, em meio ao caos da vida, é saber que nunca lhe faltará o cuidado amoroso e a proteção do seu Pai. “O assédio dos céus” sempre o seguirá. Nas palavras do salmista: “Se subo aos céus, tu lá estás; se me deito em um tumba, aí te encontro” (Sl 139:8). Nenhum ser humano pode cometer tantos crimes ou se degradar de tal maneira que não possa contar com a amorosa recepção do Pai, quando eleve seus olhos e começa sua caminhada em direção a Ele. O pródigo regenerado se vestirá com a roupa da nova vida e lhe será dado o anel de ouro, o amor e a proteção.
A proximidade do Pai foi, magnificamente, expressada por Elizabeth Barret Browning[1]:
E eu sorri para agradecer a grandeza de Deus fluindo
em torno de nossa imperfeição
E a nossa ansiedade, o seu descanso.
As duas naturezas do Filho Pródigo foram bem descritas por Emerson: “Só o finito trabalhou e sofreu; o infinito se esticou em um descanso sorridente”. E São Paulo ilustrava a trilha que leva o ser humano da irrealidade para a próxima afirmação: “as coisas que são vistas são temporais, mas as que não são vistas são eternas”.
[1] N.T.: foi uma poetisa inglesa (1806-1861)
À medida que o Sol atinge o ponto mais alto de sua ascensão norte, o Cristo também sobe para o reino espiritual descrito na Bíblia como o Trono do Pai. Isso é conhecido na terminologia Rosacruz como o Mundo do Espírito Divino, a morada do Deus desse Sistema Solar.
Enquanto o Sol transita pelo Signo de Câncer, Cristo ascende ao Trono do Pai, onde se banha em Sua transcendente glória. Ali se renova e se revitaliza, atraindo mais e mais forças espiritualizadas para prosseguir o Seu ministério terreno quando volte a penetrar nos reinos da humanidade, no Equinócio de Setembro. Durante Sua permanência nos céus, o Planeta Terra, clarividentemente observado, aparece luminoso por Suas radiações; e o observador comprova, no mais profundo do seu ser, o significado de Sua afirmação: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue.” (Mt 28:18).
Câncer é o Signo mais profundamente místico, o principal Signo feminino. Em harmonia com esse fato, o Signo contém um pequeno aglomerado de estrelas dispostas que se assemelha a uma manjedoura. Do coração de Câncer surgem as águas da vida eterna, em que são germinadas formas-sementes que animam todos os reinos da Terra. O Solstício de Junho ocorre quando o Sol entra em Câncer (em torno de 21 de Junho) e também está em sintonia com o princípio da fecundidade.
Como Signo mãe cósmica, Câncer é o portal por meio do qual os Egos humanos veem ao renascimento.
Os antigos representavam Câncer como uma mulher com a Lua a seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. Esse símbolo foi empregado por São João na Revelação (Livro do Apocalipse) para representar o triunfante regresso do feminino caído, a Eva do Gênesis, a seu estado divino original. Essa figura exaltada feminina representa os Grandes Iniciados da Hierarquia de Câncer conhecidos como Querubins. Um dos mais altos Iniciados dessa Hierarquia é a Mãe Cósmica do universo a que esse Planeta Terra pertence.
Resposta: Segundo a Astrologia Rosacruz, eis o motivo espiritual da órbita de influência: além do corpo visível, o Corpo Denso, percebido por nossos sentidos, o ser humano também possui veículos invisíveis (Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente) chamados por São Paulo de corpos espirituais, sendo que o ser humano em si é Espírito. Quando houvermos desenvolvido a visão espiritual, uma faculdade latente em todos, poderemos ver esses veículos mais sutis sobressaindo do Corpo Denso e este situando-se no centro do Corpo Vital e do Corpo de Desejos, do mesmo modo que a gema se situa no centro do ovo, rodeada de clara por todos os lados. Antes que dois seres humanos entrem em contato físico, suas auras (também compostas do Corpo Vital e do Corpo de Desejos) se interpenetram. É a razão de “sentirmos a presença do outro”, às vezes, antes de o percebermos por meio de nossos sentidos comuns. Como é em cima, assim é embaixo. O ser humano é feito à imagem de Deus e de Seus Ministros: os Astros. Todo Astro tem um corpo invisível que sobressai no espaço, além da esfera densa visível e perceptível pelo olho humano. Quando essas auras astrais entram em Aspecto, uma influência é sentida, mesmo que ainda faltem alguns graus para os Astros visíveis formarem o Aspecto exato, ou mesmo que já tenham ultrapassado esses graus do Aspecto.
Também, segundo a Astrologia Rosacruz, o Sol e a Lua possuem uma órbita de influência de 8 graus devido a excentricidade da órbita do Sol “em torno” da Terra (lembrando que na Astrologia utilizamos o sistema geocêntrico), e da Lua em torno da Terra. Tal excentricidade é menor do que as órbitas dos outros Planetas, o que cria uma órbita de influência maior. Soma-se a isso a questão da proximidade desses dois Luminares em relação à Terra: são bem mais próximos do que os outros Astros. Faça um teste: coloque uma linha no chão e ponha um farolete a 1 metro de altura, com o foco de luz sobre a linha divisória, você terá uma ideia aproximada do que ocorre. A Luz irradia para os dois lados da linha divisória, e você nunca mais vai esquecer disso. Quanto mais próxima da linha divisória, maior a “órbita de influência”. Cálculos astronômicos, demonstram, 8 graus e 6 graus, respectivamente, para cada lado.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
Max Heindel
É surpreendente a quantidade de pessoas que zombam daquilo que não entendem. Há muito tempo atrás, o próprio escritor não foi exceção a essa regra, em relação à Astrologia, quando o assunto foi apresentado a ele pela primeira vez, há alguns anos, quando ainda tinha uma crença ortodoxa e não possuía nenhum conhecimento de ocultismo.
Um amigo que morava na mesma casa do escritor leu o anúncio de um suposto astrólogo (?) que se ofereceu para ler a sorte de qualquer um pela magnífica soma de dez centavos. Ninguém foi mais veemente em sua denúncia dessa fraude, superstição e tolice chamada Astrologia do que este escritor. Ora, era absurdo pensar que as estrelas tivessem relação conosco! No entanto, nosso amigo enviou um dólar e dez nomes de pessoas que estavam presentes; no devido tempo, os chamados horóscopos chegaram.
Ainda nos lembramos da curiosa sensação com que abrimos o pacote e começamos a ler o suposto pergaminho místico (?). Meio desafiador, meio amedrontado; mas certo, muito certo, de que fosse tudo uma farsa, de que ler o horóscopo justificaria nossas afirmações presunçosas. Mas então, afirmação após afirmação no esboço parecia verdadeira e, gradualmente, todo o sangue em nosso corpo pareceu jorrar em direção à cabeça. Poderia realmente haver algo de verdadeiro nessa tolice? Ficamos perplexos, estupefatos e um tanto assustados com o pensamento.
Mais tarde, o resto dos amigos chegaram e cada um pegou seu horóscopo. Alguns admitiram que fosse verdade até certo ponto; outros disseram que não, mas ninguém parecia profundamente impressionado.
Então alguém perguntou ao escritor: “Bem, e o seu?”. Essa foi a parte mais difícil; ter que admitir que, depois de todas as nossas zombarias, tudo se encaixava. Todos eles estavam curiosos e queriam ver o horóscopo, então mostrei com relutância.
Então alguém disse que não era o meu e que esse horóscopo pertencia a outro, que ainda não tinha chegado. O quê? Nossa sensação de alívio foi quase indescritível. O outro, suposto, horóscopo, destinado a nós, foi produzido e era totalmente incompatível. Naturalmente, censuramos com mais força, do que antes, a falácia, a superstição e a tolice dessa, assim chamada, ciência — a Astrologia.
Tendo passado por essa experiência nós mesmos, não nos admiramos de que os outros estejam céticos, quando confrontados com a ideia da influência astral; além disso, há tantos charlatães que profanam essa ciência sagrada por um mesquinho centavo que não é de admirar que a Astrologia tenha má fama.
A Astrologia genética, a ciência de examinar os eventos da vida de uma pessoa a partir de um desenho do céu feita para a hora do nascimento, é frequentemente degradada, por ser a base da leitura da sorte. A Astrologia horária, que julga o resultado de um determinado assunto a partir de um desenho feito para o momento em que o evento ocorreu, ou quando uma pergunta definitiva foi feita sobre o resultado, é quase sempre uma degradação da ciência sagrada e aquele que estuda e orienta sua vida de acordo com as horas “planetárias”, como alguns fazem, certamente está arrastando as estrelas para a sarjeta. Não é menos que um crime contra a individualidade consultar o horóscopo todos os dias, fazer um desenho horário para cada movimento que fazemos ou procurar, na hora “planetária”, alguma influência favorável, em cada mínima ocasião.
Há momentos, entretanto, em que é certo usar a “lógica das estrelas” para determinar o resultado de um evento. Cada um deve usar seu julgamento nesse assunto, pois o abuso da ciência sagrada da Astrologia trará retribuição tão certa quanto a violação de qualquer outra Lei da Natureza. Nos seguintes casos em que o escritor a usou, ele teve e tem dúvidas e, portanto, deseja alertar os outros para não fazê-lo apenas porque “o Sr. H. fez isso”.
Certa vez, antes de conhecer a Ordem Rosacruz, fomos convidados para um piquenique onde houve uma considerável discussão sobre assuntos ocultos e a Astrologia também veio para participar como um dos assuntos. Um certo Sr. X, presidente de uma sociedade de ocultismo, foi particularmente veemente em sua denúncia sobre a Astrologia, embora admitisse que nada soubesse sobre ela, nunca tendo estudado o assunto. Ficamos muito surpresos com essa atitude mental por parte de um homem que, em virtude da sua posição, deveria ter a Mente aberta; procuramos, então, na presença de vários outros, mostrar-lhe que sua posição era totalmente insustentável; mas isso não teve efeito e ele continuou a zombar.
Poucas semanas depois, o escritor entrou por acaso no local de trabalho do Sr. X e foi imediatamente recebido com um pedido sarcástico de informações sobre algumas ações de mineração nas quais o Sr. X acabara de investir. Ele ganharia ou perderia? Várias pessoas estavam presentes e ficamos muito irritados com essa forma de interrogatório, então respondemos: “Bem, Sr. X., é arrastar as estrelas para a sarjeta consultá-las sobre esses assuntos, mas há ocasiões em que ‘o fim justifica os meios’”. Sua posição era tão injustificada e poderia contribuir muito para influenciar adversamente um número considerável de pessoas; portanto, talvez fosse bom que ele soubesse o que as estrelas podem fazer. Olhamos, no relógio, a hora exata em que a pergunta foi feita; depois afirmamos que lhe daríamos o resultado da nossa investigação em alguns dias.
Tendo feito o horóscopo, descobrimos que o dinheiro estava passando pelas mãos dos diretores a uma taxa excessivamente baixa; ficou claro, também, que não haveria retorno. Portanto, declaramos isso em um pequeno pedaço de papel que entregamos ao Sr. X, cerca de uma semana depois. Quando ele leu nossa mensagem, riu e zombou: “Ha! Ha! Ha! Sr. Heindel, você não sabe nada sobre isso, nem as estrelas. Eu tenho outro oráculo e ele me diz que esse estoque é extremamente bom, que vai ser um bom investimento e posso vendê-lo agora por muito mais do que paguei”. Em relação a isso, observamos que seria do seu interesse fazê-lo imediatamente, pois não demoraria muito até que os eventos provassem a verdade das estrelas.
Havia outros presentes na ocasião que também fizeram o mesmo investimento; uma senhora investiu tudo o que tinha. Ela ficou com medo e vendeu suas ações, obtendo um bom lucro com isso, mas o Sr. X manteve as suas; ele não se deixaria enganar por tolices como as estrelas.
Aproximadamente uma ou duas semanas depois, o escritor teve a oportunidade de visitar o local de trabalho do Sr. X novamente e o encontrou com a cara um pouco mais séria, afirmando que “há indícios de que você possa estar certo, Sr. Heindel”. Dissemos a ele que sabíamos que as estrelas eram verdadeiras e que, eventualmente, nosso julgamento seria justificado. Algumas semanas depois, a “bolha (a situação instável) estourou” e o Sr. X admitiu que “parece que as estrelas estevam certas, mas provavelmente foi uma coincidência”. Essa é sempre a fortaleza inexpugnável do escarnecedor e do cético. Quando acontece alguma coisa que ele não pode explicar, é útil ter a palavra “coincidência” para fazer malabarismos.
Algum tempo depois tivemos novamente a oportunidade de visitar o Sr. X em seu local de trabalho. Ele então disse: “Sr. Heindel, estou muito preocupado com um determinado assunto. Sou executor de um grande patrimônio e administrador há oito anos. Durante esse tempo, vendi vários terrenos valiosos a particulares, bancos e instituições. Agora há um reclamante e eu quero saber o que está por trás dele, que entrou na ação. Qual será o resultado?”.
Embora relutantes em manchar novamente a ciência sagrada das estrelas, sentimos que, se esse cavalheiro pudesse ser convertido, isso poderia fazer um grande bem para a Astrologia, por causa de sua posição; portanto, puxamos nosso relógio de bolso, olhamos para as horas e lhe dissemos que o avisaríamos. Após uma semana, aproximadamente, descemos à loja dele mais uma vez, junto de uma carta, afirmando que não havia qualquer coisa em resposta ao reclamante no momento, que o caso seria imediatamente retirado do tribunal, mas que seria de seu interesse arbitrar, pois, de fato, havia fundamentos para a reclamação. Mais tarde, isso surgiria de novo e causaria problemas: o julgamento seria revertido em outro tribunal.
Em nossa chegada ao local de trabalho do Sr. X, encontramos este fechado; porém, como sabíamos que ele raramente ficava muito tempo longe, esperamos; ele veio depois de um tempo. Em seguida, entregamos a ele a carta, que ele leu, e então disse: “Sr. Heindel, você acertou precisamente, pelo que eu sei. Fui chamado agora mesmo, por ordem do tribunal, para ir até lá porque essa reivindicação bloqueia cerca de cinquenta títulos valiosos e o juiz queria que ela fosse resolvida imediatamente. Quando cheguei ao tribunal, descobrimos que os advogados do reclamante não tinham autoridade adequada e o tribunal, imediatamente, ignorou o caso”.
Alguns meses depois, por acaso, entramos na loja do Sr. X, em um sábado à noite, e fomos recebidos com as palavras: “Telefonei para você a tarde toda, aquele reclamante voltou e quero saber qual será o resultado”. Imediatamente, sacamos nosso relógio e lhe dissemos que mais tarde o avisaríamos, porque vimos que agora a coisa estava esquentando e aqui havia uma chance de converter o cético por completo.
Ao levantar o horóscopo, descobriu-se que se o escritor tivesse entrado na loja uma hora mais cedo, certa predição que ele fez da posição da Lua não poderia ter sido feita. É um dos fatos mais notáveis sobre a Astrologia horária, esse método de prognóstico que considera a hora que uma pergunta é feita, pois a pergunta sempre chega ao seu destino, o Astrólogo, no momento em que as estrelas estão prontas para responder.
Recebemos cartas com atraso de semanas e marcadas por manchas de água, que foram submersas ou sofreram um acidente ferroviário… Às vezes, não foram enviadas ou, depois, foram após o escritor deixar seu endereço anterior; contudo, este escritor nunca falhou em dedicar um tempo ao ler a pergunta para dar a resposta correta, mostrando que qualquer atraso que tenha ocorrido certamente foi o resultado de um plano. Portanto, também neste caso, a hora de contar a história foi quando entramos na loja do Sr. X e o fato revelado pela posição da Lua, no momento, foi que a parte oposta tinha feito aberturas para um acordo com o Sr. X e seus conselheiros, que eles recusaram. Isso ele admitiu, e então lhe dissemos que as estrelas do reclamante estavam em ascensão, que suas estrelas estavam na descendência, que o caso passaria de um juiz, que agora o tinha em mãos e lhe era favorável, para outro, que reverteria o julgamento e tiraria o espólio dele, dando-o ao reclamante.
Vários anos se passaram e tínhamos esquecido completamente o caso, tendo viajado para a Alemanha, escrito o livro Conceito Rosacruz do Cosmos, etc. No entanto, quando voltamos para a cidade onde o Sr. X vivia, fomos informados por amigos em comum que ele agora aceitava a Astrologia, que ele sabia ser uma verdade absoluta, se corretamente interpretada. Ele sabia também que o Sr. Heindel poderia dizer a verdade e afirmou que, se o Sr. Heindel lhe dissesse que a sua casa seria destruída por um terremoto no dia seguinte, ele se esforçaria para vendê-la, se pudesse obter apenas dez dólares, porque sabia que o evento aconteceria.
Mais tarde, ao falar com o Sr. X sobre o caso, ele disse que só lamentava que as declarações não tivessem sido feitas na época em que as previsões foram dadas, pois eram absolutamente verdadeiras, nos mínimos detalhes. “Ora!”, ele disse, “Sr. Heindel, o primeiro juiz foi muito amigável, como você disse; o segundo juiz, porém, foi exatamente o contrário; ele era antagônico ao extremo e não tivemos absolutamente nenhuma representação. Tentei fazer com que meus advogados arbitrassem o caso, porque acreditava em sua previsão, mas eles se recusaram totalmente, desprezando a ideia de que poderíamos perder”.
Assim, o cínico zombeteiro se tornou um defensor sincero e, agora, está tão ansioso para que as pessoas se convertessem à verdade da Astrologia como antes estava para destruir o que não sabia como apreciar.
Algumas vezes, a Astrologia atrai as pessoas mais estranhas e é usada para os propósitos mais extraordinários. Uma vez, quando fomos apresentados a um cavalheiro que parecia muito austero, para usar a expressão mais branda possível, fomos informados de que ele era um astrólogo competente e estávamos interessados em descobrir como a aparência externa daquele homem poderia se harmonizar com o estudo da ciência divina.
Além disso, descobriu-se que esse cavalheiro era um prodígio em matemática, que desprezava a configuração de um desenho astrológico feito de maneira comum. Ele usava trigonometria para cada Ascendente, o sistema Placidiano para as Direções e os logaritmos para os ínfimos detalhes. Ele conversou sobre senos, cossenos, tangentes e co-tangentes com a mesma familiaridade de que quando pedimos uvas e castanhas para o café da manhã. Logo fomos informados de que a biblioteca dele continha de tudo, desde Ptolomeu ou Plácido até as últimas revistas de Astrologia Moderna, e ficamos muito curiosos para descobrir que uso ele fazia de todo esse conhecimento profundo. Portanto, aceitamos ansiosamente o convite para acompanhá-lo até o quarto dele e lá contemplar seus tesouros.
Ele morava em uma pensão muito barata na parte baixa da cidade e o quarto dele continha apenas uma cama, uma cadeira e uma mesa, além da estante de livros; no entanto, naquela estante havia, como ele se gabava de dizer, uma das melhores bibliotecas astrológicas que se tinha o prazer em ver. Era muito evidente que ele não era um astrólogo profissional que levantava horóscopos para outras pessoas e, embora suas roupas fossem rudes, suas mãos eram macias, mostrando que ele não lidava com trabalhos físicos. Era evidente que ele bebia e, a intervalos de algumas frases, expectorava uma enorme quantidade de sumo de tabaco. Qual poderia ser a utilidade da ciência sagrada para um homem dessa categoria? Pois ele parecia falar sobre isso como se tivesse um valor definitivo para ele, não sendo apenas um passatempo.
Esperamos pacientemente pela explicação e logo ela veio: uma série de artigos publicados na revista “Astrologia Moderna”, sobre corridas de cavalos e como era possível escolher o vencedor. Ele trouxe essa revista e perguntou se havíamos estudado o assunto.
Quando respondemos negativamente, mas ao mesmo tempo admitindo que havíamos estudado outro sistema que pretendia escolher os vencedores em uma corrida de cavalos, ele foi mais insistente em suas indagações sobre o sistema; nada o satisfaria, a não ser que nos acompanhasse ao nosso apartamento, onde devorou o panfleto que tratava desse assunto. Quando perguntamos, brincando, se ele pretendia colocar o sistema em um teste prático, ele admitiu descaradamente que essa era sua intenção e, quando tentamos mostrar a ele o quão contrário isso era para o lado superior da Astrologia, ele nos olhou com um espanto vazio, como se estivéssemos falando em uma língua estrangeira da qual ele não conseguia entender uma única palavra.
Embora nossos ideais estivessem tão distantes, quanto os polos, dos padrões desse homem, cultivamos seu conhecimento por um tempo para entender seu ponto de vista. Ele era um jogador, como admitia francamente, e costumava ir às várias casas de jogo para tentar averiguar a data em que elas tinham começado e a hora, se possível. Ele, então, levanta o horóscopo para esses lugares de jogo e observava o momento em que cada um deles estivesse sob condições ruins. Então ele saberia que estariam fadados a perder, pensando que esta fosse sua chance de ganhar, sem perceber que, embora a casa pudesse perder, ele não seria necessariamente o vencedor, visto que os ganhos poderiam ir para outra pessoa.
Parecia também que nenhuma quantidade de experiência poderia convencê-lo do seu erro, nesse assunto. Sempre havia alguma coisinha, um obstáculo ou outro que explicava por que ele não tinha vencido; porém ele tinha certeza de que seu sistema era o certo. Ele também tinha outro sistema, suplementar, que usava para ganhar nas casas de jogo. Isso, descobrimos quando, um dia, ele apareceu em nosso apartamento pedindo, sim, implorando, implorando, que o acompanhássemos a certa casa de jogo. Quando recusamos, ele se ofereceu para pagar as apostas e nos dar metade dos ganhos; quando foi informado de que haveria mais chances de perda do que de vitória, ele disse com desdém: “Não, você não pode perder hoje, especialmente naquele lugar”.
Ficamos naturalmente surpresos com essa resposta e o pressionamos por uma explicação. Ele sempre foi muito lento para dar explicações, mas finalmente admitiu que, ao examinar nosso horóscopo, viu nossos próprios dados de nascimento e fez uma anotação mental deles. Ele então levantou nosso horóscopo — tinha horóscopos de todos os seus amigos (não é preciso dizer que ficamos lisonjeados por estarmos entre eles).
Isso fazia parte do seu sistema: ele não apenas observava as casas de jogo em busca de tendências ruins, mas também observava os horóscopos de seus amigos, buscando boas tendências. Então, ele faria com que amigos que tivessem boas tendências o acompanhassem até uma casa de jogo com tendência ruim e, observando seu jogo, seguiria o exemplo, esforçando-se, assim, para vencer.
Ele ficou tão desapontado com a nossa recusa educada, mas inabalável, em acompanhá-lo, que nunca mais se aproximou de nós; também não lamentamos que o relacionamento tenha sido encerrado, porque descobrimos que era absolutamente impossível influenciá-lo para algo mais elevado do que apenas o nível em que ele já estava.
Uma faca afiada é um instrumento muito útil nas mãos de uma pessoa competente; contudo, se dada a uma criança ou alguém que é louco, pode se tornar um instrumento de prejuízo e destruição. O automóvel é uma máquina eminentemente útil, mas existem milhares de pessoas que, por causa do seu temperamento, são totalmente incapazes de dirigi-lo com segurança para si mesmas e para os outros. Da mesma forma, a Astrologia, embora seja uma dádiva e uma bênção para milhares de pessoas, é usada por muitos que, por causa do seu temperamento, tornam-na uma maldição para si mesmos e para os outros.
Não é raro ouvir essas pessoas dizerem: “Oh! Tenho o horóscopo mais difícil do mundo e não adianta tentar fugir dele”. Essa visão é totalmente gratuita, pois em primeiro lugar o horóscopo mostra apenas as tendências da vida e nós mesmos temos a vontade pela qual podemos superá-las, pelo menos até certo ponto.
Em segundo lugar, é uma verdade, que já foi muitas vezes enfatizada pelo presente escritor, que as Quadraturas e Oposições indicam obstáculos úteis para o crescimento da alma, por causa de nossos esforços para superá-las, enquanto os Aspectos benéficos são os caminhos agradáveis da vida que, geralmente, fomentam a indolência e a estagnação.
É muito melhor para a alma ter um horóscopo cheio de Quadraturas e Oposições, em que cada Astro possui muitos Aspectos, do que ter um horóscopo em que os Sextis e Trígonos predominam e que, talvez, alguns dos Astros não possuam nenhum Aspecto. Apresentamos dois horóscopos dessa natureza e um estudo sobre eles revelará o fato de que nossas afirmações são bem fundamentadas. Chamemos essas duas pessoas de João e Jorge.
À primeira vista, diríamos que esses são certamente bons horóscopos; no horóscopo de João a grande maioria dos Astros estão acima do horizonte do horóscopo, somente dois, abaixo desse horizonte; com o Sol, Mercúrio, Marte e Vênus altamente elevados na 9ª e 10ª Casas. No horóscopo de Jorge, Júpiter, o grande benéfico, está perto do Meio-Céu, em Trígono com Marte, e há apenas um Aspecto adverso em todo o horóscopo: a saber, a Quadratura entre Netuno e Urano.
No entanto, os Aspectos são poucos para Jorge: Sextil de Netuno com a Lua e Sextil de Saturno com Vênus; tanto o Sol quanto a Lua praticamente não têm Aspectos, pois o Sextil do Sol com Saturno é muito fraco, tendo mais de seis graus de órbita de influência, e o Sextil da Lua com Netuno não é aquele ao qual uma pessoa dessa categoria responderia. Mercúrio, o principal representante da Mente, também só tem uma Conjunção com o Sol, praticamente em combustão; a Lua, no Signo de Ar de Gêmeos, no Ascendente, também mostra que a Mente é muito fraca; na verdade, Jorge tem sérias dificuldades para raciocinar.
João é diferente. Na hora do seu nascimento, Mercúrio nascia antes do Sol; é o Astro mais elevado do horóscopo e faz Sextil com Urano, o Planeta da intuição; embora esteja afligido pela Oposição com Netuno, sua oitava superior, duvidamos que essa Oposição tenha algum efeito, porque tem mais de seis graus de órbita de influência. Portanto, de acordo com todos os cânones da Astrologia, esse homem deve ter facilidade em raciocinar e, até obter bons resultados sem raciocinar, por intuição.
A Quadratura entre Júpiter e Saturno e a Quadratura da Lua com Vênus são realmente os únicos Aspectos adversos no horóscopo. E há vários que são Aspectos benéficos: Netuno em Sextil com a Lua e Saturno; a Lua em Trígono com Saturno, o que ajuda a manter a Mente estável e concentrada para proporcionar mais propósito ao pensamento; Vênus faz Sextil com Júpiter e Mercúrio, com Urano.
No entanto — agora vem o problema. Marte e Sol não possuem Aspectos; o Sol é o doador da vida e Marte fornece a energia dinâmica, a vitalidade física borbulhante que faz as pessoas quererem trabalhar. Você notará que Jorge tem Marte em Trígono com Júpiter; portanto, ele é um trabalhador e não há um único osso preguiçoso em seu corpo. Mas, João, não tendo Aspectos entre o Sol e Marte, está sempre cansado, apático, sem ambição. Jorge tem mais Astros abaixo da Terra: algo o puxa para baixo e ele não parece ser capaz de superar isso, porque lhe falta a capacidade mental, apesar de haver apenas um Aspecto adverso no horóscopo.
No caso de João, as coisas estão invertidas. Ele tem uma capacidade mental que é latente e cuja habilidade está acima da média, mas carece totalmente da energia física que Jorge possui. Esse pode, pelo menos, ganhar a vida com as mãos, embora seja incapaz de usar a cabeça; mas aquele, aparentemente com o melhor horóscopo, é muito mais infeliz, pois lhe falta energia para usar a cabeça e as mãos; se não despertar, poderá ser um estorvo público por toda a vida.
Reflita sobre esta lição profundamente e, se alguma vez você se sentir desanimado por causa dos problemas trazidos por suas Quadraturas, lembre-se de João e Jorge e siga o exemplo do fariseu. Graças a Deus você não está amaldiçoado com um BOM horóscopo como esse!
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de dezembro de 1915 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)