O Ecos de um Centro Rosacruz tem como objetivo informar as ATIVIDADES PÚBLICAS de um Centro, bem como fornecer material de estudo sobre os assuntos estudados durante o mês anterior.
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1.Para acessar a Edição digital, clique aqui: Ecos da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil – Dezembro de 2022
2. Para acessar somente os textos (sem a formatação e as figuras):
A Fraternidade Rosacruz é uma escola de Filosofia Cristã, que tem por finalidade divulgar a filosofia dos Rosacruzes, tal como ela foi transmitida ao mundo por Max Heindel. Exercitando nosso papel de Estudantes da Filosofia Rosacruz, o Centro Rosacruz de Campinas-SP-Brasil, edita o informativo: Ecos.
Informação
As atividades presenciais continuam suspensas em nossa sede em Campinas-SP por tempo indeterminado, devido a pandemia da COVID-19. Nossas reuniões semanais estão ocorrendo virtualmente.
Atividades gerais ocorridas em nosso Centro, no mês de dezembro/2022:
https://www.facebook.com/fraternidaderosacruz/
https://www.facebook.com/FraternidadeRosacruzCampinas
https://www.instagram.com/frc_max_heindel/
https://www.youtube.com/c/TutoriaisEstudosFraternidadeRosacruzCampinas
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Janeiro – Sol transitando pelo Signo de Aquário
A Hierarquia de Aquário é o lar dos Anjos.
O Anjo Jeová é o mais elevado Iniciado da Hierarquia de Aquário.
A nota-chave de Aquário é a lei.
Os Anjos, quando trabalham na Terra, utilizam os planos etéricos do Planeta como campo mais apropriado.
Os Corpos dos Anjos estão formados de Éteres, e por isso só são visíveis para os que desenvolveram a visão etérica.
Muitas crianças a possuem e, por isso, tem o conhecimento, de primeira mão, dos seres angélicos.
O padrão cósmico que Aquário mantém sobre a Terra é um modelo dos ideais de Paternidade de Deus e da irmandade do ser humano, o fundamento para um tipo de amizade destinado a se expandir até que abarque a todos.
Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVIII – A Constituição Da Terra E Erupções Vulcânicas – O Número da Besta – Parte 2
São chamadas Cristãs, as quatro Iniciações Maiores, que só puderam ser acessadas após a primeira vinda de Cristo.
São João tinha a capacidade de funcionar conscientemente nos Mundos suprafísicos e conviver com os seres que vivem em cada um desses Mundos.
São João viu e nos forneceu ensinamentos com elevada significância oculta, tais como:
Leão (Leão, Fogo, Região Etérica): os Anjos,
Boi (Touro, Terra, Região Química): Ser Humano,
Homem (Aquário, Ar, Mundo do Pensamento): Srs. da Mente
Águia (Escorpião, água, Mundo do Desejo): Arcanjos.
Depende do “tipo’ de Espírito;
Sem o Corpo Denso, um Espírito pode atravessar uma parede, ou uma montanha, mas nenhum Espírito pode ver o que está no interior da Terra, até que as portas da Iniciação despertem suas faculdades latentes.
Ninguém, a não ser um Iniciado, pode penetrar as profundezas da Terra, nem mesmo no seu 1º Estrato.
Tal penetração, é o caminho da Iniciação, e é preciso força de Alma, pureza e abnegação para alcançar o Cristo.
Tudo aquilo que perdeu vida, cristalizou-se.
Quando a vida abandona as formas, estas morrem.
A vida nunca penetra numa forma para despertá-la a vida.
Foi assim que surgiram as coisas mortas.
É um “Oito Deitado”, símbolo do infinito; sua forma tem um traço contínuo.
Há 2 círculos convergindo para um ponto central, representando o caminho da evolução do lado físico e espiritual.
O ponto central simboliza a porta do nascimento e da morte.
Conceito Rosacruz do Cosmos – A Constituição Da Terra E Erupções Vulcânicas – O Número da Besta – Parte 3
No Sétimo estrato: Refletor – que corresponde ao Mundo do Espírito Divino
Nesse estrato, as “Leis da Natureza” aparecem como forças morais ou imorais
Estas forças da Natureza, respondem a queda da moralidade, com devastações.
“As Leis de Consequência, mais a responsabilidade coletiva, atrai estes agentes de Justiça retribuidora.
Porque nessa época ocorreram muitos conflitos e guerras, sendo considerada uma época ruim. As ideias religiosas impediram o desenvolvimento da razão pelo mundo.
Atualmente os historiadores discordam, porque acredita-se que houve grandes avanços científicos e históricos nessa época.
Pois as ideias religiosas impediram o desenvolvimento da razão pelo mundo.
Quando Hiram Abiff, descendente dos Filhos de Caim, “Filho da Viúva”, estava perto de acabar a obra prima do Templo, que seria o Mar Fundido, os Filhos de Seth, “Filho do Homem”, tentaram apagar o fogo utilizado por Hiram Abiff, jogando água e por pouco não conseguiram. Com isso frustrou o plano divino de reconciliação entre essas duas classes.
Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XIX –Christian Rosenkreuz e a Ordem dos Rosacruzes – Antigas Verdades em Novas Roupagens – Parte 1
Importante:
O templo da Ordem Rosacruz é formado de material da Região Etérica– e, portanto, invisível para as pessoas que não possuem a visão etérica.
O local onde está o Templo da Ordem Rosacruz não pode ser revelado publicamente, para que curiosos não atrapalhem o trabalho realizado lá.
A ideia de ser negra, era para indicar o quanto estamos na escuridão, aqui na Região Química do Mundo físico. Mas como a cor preta, aqui no Mundo Físico, está associada a algo ruim, a morte e a magia negra, e para não haver essa associação, a sugestão foi transformar a cruz negra em cruz branca.
Hoje a Cruz Branca mostra o quanto precisamos evoluir e a necessidade de buscarmos a purificação do Corpo Denso tanto no uso, quanto naquilo que fazemos com ele (alimentação, bons hábitos) e principalmente eliminar todo o desejo inferior.
Resumindo: a Cruz Branca representa a necessidade da purificação dos nossos corpos.
Nos três braços superiores da cruz negra, havia pintado com letras douradas: C.R.C., as iniciais de Christian Rosenkreuz – (O) Cristão Rosa Cruz, que inclui um pensamento de beleza e vida superior.
Seu próprio nome é a Corporificação da maneira e dos meios pelos quais o ser humano atual é transformado em Divino “Super-homem”.
A cruz juntamente com uma trepadeira de rosa no chão, simbolizando a verdejante vida dos diferentes reinos, que se encaminham às esferas superiores pelo caminho em espiral de evolução.
Portanto, esse símbolo mostra o fim e o objetivo da evolução humana, o caminho a ser percorrido e os meios pelos quais alcançará essa meta.
A cruz negra, os galhos verdes da planta que a entrelaçam, os espinhos e as rosas vermelho-sangue ocultam a solução do Mistério do Mundo: a evolução passada do Ser Humano, sua constituição presente e, especialmente, o segredo do seu futuro desenvolvimento.
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Alguns Artigos Publicados nas nossas redes sociais no mês de dezembro:
Tomando a decisão certa
A sabedoria humana é finita e não pode conhecer todos os aspectos de um problema e, por isso, é incapaz de tomar uma decisão certa.
Mas quando estabelecemos contato com o reino interior de perfeita idealização – o Reino Crístico da Perfeição – isolamo-nos das interferências exteriores e, através da Mente Supraconsciente passamos a receber as ideias puras da Sabedoria.
Precisamos ter disciplina mental e harmonia interior, ouvir a “voz silenciosa” que nos conduzirá bem, sempre no caminho reto. Para que tudo dê certo, seria bom agirmos do seguinte modo, para que Deus nos ajude:
Toda transição não é fácil, mas temos que persistir, pois a vitória final é segura.
Quem persegue o Bom, Belo e Verdadeiro sempre será ajudado pelas forças invisíveis de Deus.
Os Ensinamentos de Cristo são muito simples e poderiam ser mais fáceis se nós não nos afastássemos da harmonia interna e não nos opuséssemos a esses belos Ensinamentos.
O caminho de Cristo é de paz e êxito real, e só depende de cada um de nós.
Aproveitemos essas vibrações de Cristo agora, nesse momento do ano, aqui na Terra, arregacemos as mangas e procuremos seguir Seus passos, tendo o Cristo como nosso único e mais perfeito Ideal.
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“A Madona e o Menino”
Temas sobre “A Madona e o Menino” não tem idade. Encontram-se acima de tempo e espaço. Simbolizam o ideal sublime da maternidade encarnado em Maria, a imaculada Mãe de Jesus de Nazaré.
Periodicamente surge um alto Iniciado, em forma de mulher, para ser a mãe de um grande Mestre.
Em cada caso, o nascimento foi imaculado (não milagroso).
A Iniciada do Egito chamava-se Isis, que deu à luz a Horus, no Solstício de Inverno.
Krishna, mencionado frequentemente como o Cristo da Índia, nasceu como Jesus, em um ambiente muito humilde.
Os escandinavos adoravam ao Deus-Sol Baldur, cuja mãe era a virgem Frigga ou Freya. Outro nascimento que coincidiu com o Solstício de Inverno.
No México e nas Américas, o Deus Quetzacoatl nasceu de uma virgem Imaculada chamada Rainha dos Céus. Menciona-se também nesta narrativa, a vinda dos Anjos anunciando o nascimento.
A Suprema Mãe, adorada por todo o Universo, é o mais insigne Ser que rege a Hierarquia de Virgem, os Senhores da Sabedoria.
Sob a regência desta Mãe Celestial, todas as Madonas Iniciadas recebem sua instrução e preparação.
A Palestina foi o berço da mais exaltada de todas, Maria de Belém, mãe do Mestre Jesus, que possuía a mais elevada pureza humana. Ela legou a seu filho as riquezas de sua mais profunda sabedoria.
O Natal é notável por sua interna e profunda quietude. É como se o mundo inteiro estivesse envolvido em uma luz branca. Ocorre que as correntes de desejos da Terra se aquietam, com predomínio das forças espirituais.
É significativo o fato de que este eterno tema, a Madona e o Menino, correlacione-se com a caminhada evolucionária da Onda de Vida humana, nós. Juntos formam a imagem arquetípica do futuro desenvolvimento espiritual da humanidade, pois simbolizam o nascimento da Consciência Crística no interior do ser humano. O feminino indica uma Alma desperta e iluminada, e a Consciência Crística só pode nascer de uma Alma dotada dessas qualidades.
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“Mente pura, Coração nobre, Corpo são”
A Fraternidade Rosacruz tem como lema: “Uma Mente pura, um Coração nobre e um Corpo são”. E isso não é difícil de entender.
A Cura se processa ao nível espiritual, segundo as Leis Universais que o ser humano, por ignorância ou fraqueza, persiste em transgredir. E o efeito na restauração do Corpo Denso é resultado da obediência do irmão ou da irmã doente ou enfermo em seguir as orientações de um irmão ou de uma irmã que dedica a sua vida ao estudo e prática da promoção da saúde aqui, na Região Química do Mundo Físico.
É esta resistência ao movimento natural e harmonioso que rege a vida de todos os seres humanos, que causa o sofrimento, a dor e a doença.
Para que a cura se realize completamente, é necessário eliminar as causas espirituais que se refletem em desarmonias no Corpo Denso, que são sempre sentimentos, desejos e emoções inferiores (ou seja, formado por nós mesmos por meio do uso dos materiais das três Regiões inferiores do Mundo do Desejo, que especializamos, carregamos e juntamos no nosso Corpo de Desejos), tais como o medo, o ressentimento, a mágoa, os ciúmes, a inveja, a cobiça, o rancor, a tristeza, a raiva, a presunção, o egoísmo, a soberba, e tantos outros.
Uma Mente pura, um Coração nobre e um Corpo são e serão, então, a manifestação harmoniosa de uma pessoa perfeitamente equilibrada, que se esforça e utiliza os Exercícios Esotéricos da Fraternidade Rosacruz, junto com o ofício dos Rituais e foco da sua vida cotidiana em servir amorosa e desinteressadamente a divina essência oculta em cada irmão e irmã. Ou seja, vivencia os Ensinamentos Rosacruzes no dia a dia.
Os Auxiliares Invisíveis proporcionam ajuda nos Planos Espirituais e, por isso, antes mesmo da Solicitação de Auxílio e Cura chegar ao Departamento de Cura de um dos Centros Rosacruzes, este auxílio, baseado no mandamento de Cristo “curai os enfermos” é atraído para a pessoa que o invoca sinceramente.
O irmão ou a irmã doente ou enfermo, ou seja, paciente, deve cooperar e ter sempre a convicção de que é ajudado, protegido, guiado e envolvido no Amor de Deus que o guia a seguir uma linha reta para frente e para cima, a fim de melhor compreender e remover as profundas causas e erros passados que agora se refletem na enfermidade, na doença ou na desarmonia presente. É fundamental que o irmão ou a irmã, agora paciente, esteja disposto a ajudar, dar a sua parte para os irmãos e as irmãs que estão sofrendo muito mais do que ele ou ela (e, acredite, existem muitos!) e é nesse sentido que ele também oficia os Rituais de Serviços Devocionais que lhe são fornecidos e do modo que lhe é ensinado. “Pedi e vos será dado”!
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Doutrina Cristã o Perdão dos Pecados
Para entendermos a razão de ser da doutrina Cristã o Perdão dos Pecados, vamos considerar o seguinte caso:
“As águas dos Grandes Lagos (de cinco lagos situados na América do Norte, entre o Canadá e os Estados Unidos) afluem ao rio Niágara. Este enorme volume de água corre rapidamente para as cataratas, sobre um leito coberto de rochas, numa extensão de uns 16 quilômetros. Se uma pessoa vai além de certo ponto e não perde a vida nos redemoinhos vertiginosos, perdê-la-á indubitavelmente ao cair na catarata.
Suponhamos que um ser humano, cheio de piedade pelas vítimas dessas águas, resolvesse colocar uma corda sobre as cataratas, ainda que soubesse serem tais as condições que não poderia depois escapar com vida. Apesar disso, de seu próprio gosto e livremente, sacrifica sua vida e coloca a corda, modificando o estado inicial. As vítimas abandonadas podem agarrar-se à corda e salvar-se.
Que pensaríamos de um ser humano que, tendo caído na água devido à sua falta de cuidado e estivesse lutando furiosamente contra a corrente, exclamasse: ‘Como? Salvar-me e procurar escapar ao castigo que a minha falta de cuidado merece? Amparar-me no sacrifício de quem sofreu sem culpa alguma e deu sua vida para que outros pudessem salvar-se? Não, nunca! Isso não seria digno de ‘um ser humano’! Assumirei as consequências dos meus erros!’.
Não concordaríamos que esse ser humano deveria estar louco?
Nem todas as pessoas necessitam de salvação. No Caminho da Evolução, as Leis do Renascimento e de Consequência são perfeitamente adequadas para conduzir à perfeição a maior parte da Onda de Vida humana, mas não são suficientes para os atrasados dos vários povos espalhados pelo mundo que têm ficado para trás. Durante o estado de individualização, o pináculo da separatividade ilusória, toda a humanidade necessita de ajuda extra, mas os atrasados necessitam ainda de um auxílio especial.
Cristo sabia que um grande número não necessitaria salvar-se dessa maneira. Porém, tão certo como noventa e nove por cento se deixa conduzir pelas leis do Renascimento e de Consequência e, por essa forma, alcança a perfeição, assim os “pecadores” se submergiram tanto na corrente do materialismo que não lhe poderiam fugir sem aquela ajuda. Cristo veio para trazer paz e boa vontade a todos, e para salvar esses pecadores elevando-os ao ponto necessário de espiritualidade, produzindo uma modificação em seus Corpos de Desejos que tornará mais forte a influência do Espírito de Vida em seus corações.”.
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Retrospecção
Max Heindel afirma que o exercício de Retrospecção é um dos ensinamentos mais importantes da Fraternidade Rosacruz. E não há nenhum exagero nessa afirmação, se considerarmos o poder autotransformador dessa prática diária.
A Filosofia Rosacruz tem como base o conhecimento e o seu objetivo é o aperfeiçoamento do ser humano em todos os sentidos. Ela oferece as ferramentas para essa melhoria interna, fato que pode ser constatado por quem se dedica diligentemente ao estudo, a meditação e reflexão sobre seus ensinamentos.
Max Heindel asseverou que a lógica, a coerência e a elevação desses ensinamentos conquistaram as Mentes e os corações de muitas pessoas no mundo todo. Ele, porém, não escondia sua preocupação em que lhes impressionassem apenas o intelecto com sua beleza filosófica, sem atingir o ideal mais elevado de torná-las melhores seres humanos, mais sensíveis, amorosos e solidários.
Esse exercício conduz ao autoconhecimento, passo inicial do processo de alquimia interna, sem o qual não há como aprimorar o caráter e desenvolver aquelas virtudes que iluminam a vida do Estudante Rosacruz.
Ninguém julgue, porém, tratar-se de um trabalho fácil. Deve ser realizado toda noite, antes de dormir, com o cuidado de, com a prática regular, não se tornar um automatismo. Deve ser feito conscientemente e esse processo de rememorar os fatos ocorridos e vividos deve revestir-se de sentimento, para que o praticante possa julgar o aspecto moral de sua conduta.
Se praticado com esse Espírito de sincera devoção, todos os registros das más ações praticadas durante o dia serão apagados do Átomo-semente, e aqueles referentes às atitudes nobres e amorosas servirão de estímulo para o aperfeiçoamento do caráter. Conduz também ao processo de purificação dos pensamentos e emoções.
Assim, reduzirá o seu tempo no Purgatório e no Primeiro Céu, podendo até a chegar ao ponto de passar direto para o Segundo Céu!
O Estudante Rosacruz, porém, deve manter-se atento para que durante o dia evite cometer atos indesejáveis, mesmo sabendo que à noite, durante o exame retrospectivo, terá a oportunidade de apagá-los, pois assim procedendo evitará também cair num círculo vicioso.
O ideal é justamente criar um círculo virtuoso, ou seja, a experiência noturna deve promover uma vivência cada vez mais aprimorada nos ideais Cristãos e o fortalecimento da consciência moral, de tal maneira que os desvios de conduta se tornem cada vez mais raros.
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Fraternidade Rosacruz – Algumas das perguntas que recebemos e que talvez possam serem dúvidas de mais Estudantes Rosacruzes
Resposta: Na realidade não há essa coisa de que “os Anjos permitem ou não permitem”. Há um panorama de vida escolhidos pelas duas partes envolvidas e uma tendência a se encontrarem enquanto renascidos aqui.
E há uma tentação do lado do irmão potencial estuprador de cometer esse delito para com a irmã vítima (fruto do mesmo ato, inverso – ela como ele, ele como ela –, em renascimentos anteriores). Se o irmão estuprador cair na tentação e querer “pagar com o mesmo preço” (“olho por olho, dente por dente”), vida haverá no futuro que a irmã virá com a mesma tentação.
Se cair, está aqui um ciclo vicioso alimentado por raiva, ódio, vingança que continuará até que um dos lados não caia em tentação e pratique o perdão, quebrando o ciclo vicioso e iniciando um ciclo virtuoso. Pois, é uma máxima oculta que “todo relacionamento só alcança o seu objetivo quando termina com amor”.
2.Pergunta: Qual é a opinião da Fraternidade Rosacruz sobre o aborto?
Resposta: A posição que os Ensinamentos Rosacruzes nos ensinam é muito clara: do ponto de vista do ocultismo, o aborto é um crime. É um exemplo gritante do mau uso do livre arbítrio da humanidade.
Os Ensinamentos Rosacruzes pregam que a vida é sagrada e santa e que ninguém tem o direito de destruir a forma sob a qual um Espírito vive. O Espírito que habita um embrião ou um feto tem tanto direito a sua forma densa, quanta um recém-nascido com o corpo mais desenvolvido.
Quem pratica o aborto é tão culpado quanto um assassino “convencional”. O aborto, em países civilizados, é tão repreensível e criminoso como a prática, entre povos primitivos, de matar as crianças fêmeas, por serem consideradas um peso, e não terem valor.
A conduta moderna em relação ao aborto, no que tange as razões mais frequentemente usadas em sua defesa, é, de fato, muito repreensível. Pessoas rudes e despreparadas que não têm noção alguma da imoralidade de tirar uma vida humana, podem até serem compreendidas e talvez desculpadas, por sua ignorância.
As chamadas pessoas “ilustradas”, que são as que mais defendem o aborto, defendem esta prática cruel, por conveniência. Querem ter os prazeres da vida, mas sem assumir as consequências. Elas estão, deliberadamente, tirando a vida de outros, para satisfazer os próprios desejos egoístas. Esta atitude vai trazer-lhes débitos severos, em vidas futuras.
Há aqueles que defendem o aborto, por razões médicas, isto é, esperam salvar a vida ou proteger a saúde da mãe, livrando-a do filho. Ou esperam evitar que uma criança retardada ou com outro defeito qualquer, chegue a nascer.
Embora os motivos dessas pessoas sejam mais compreensíveis, o aborto não pode ser perdoado, do ponto de vista espiritual. O estado de saúde de uma pessoa é o resultado do respeito e devoção às leis naturais nesta vida e na anterior.
Se for necessário que ela aprenda as lições através de um sofrimento, isto é, pela doença, por deficiências físicas e mentais, ela deverá passar por essas lições. A família de uma criança doente foi escolhida para cuidar dela e seus membros podem, desta maneira, tirar experiências valiosas.
Ao livrar-se de crianças, antes dela nascer, o indivíduo não elimina a necessidade de ter essas experiências e elas terão de ser vividas, de uma maneira ou de outra, pelos Egos afetados. Em tais exemplos, o aborto serve para intensificar a carga de destino, numa responsabilidade individual.
Se as pessoas compreendessem o processo maravilhoso do pré-nascimento que se desenvolve nos mundos invisíveis, quando um Ego está pronto a renascer e todas as causas e efeitos passados que envolvem este evento, certamente hesitariam em destruir a forma infantil, no princípio de sua formação.
Não sabemos, na verdade, se o aborto é atualmente ou não apresentado como inevitável, para um determinado Espírito prestes a alcançar o renascimento. Há sem dúvida, certas influências de destino que trabalham num Ego cuja vida, subsequente, será abortada. Este Ego parece precisar de um fim precoce de vida terrena.
Os ensinamentos do ocultismo nos dizem que as pessoas que morrem violentamente e, em consequência, não vivenciam pós-morte, o panorama de suas experiências, renascem logo em seguida e morrem ainda criança. Elas irão imediatamente para o Primeiro Céu e aí aprenderão as lições necessárias e serão capazes, então, de assimilar a essência das experiências do Purgatório e do Primeiro Céu, resultantes de suas vidas anteriores na Terra.
Sabemos, também, que as Forças Superiores que ajudam a nossa evolução estão constantemente tentando transformar o mal em bem, por nossa causa. É possível, então, que estes Seres Sábios, fazendo frente a atual popularidade e quantidade de abortos, estejam utilizando esses mesmos abortos, como um meio de permitir aos Egos que precisam morrer na infância, a deixar a vida física desta maneira.
Milhares de pessoas morreram violentamente durante a II Grande Guerra, em catástrofes e cataclismas e não há dúvida que muitos desses Egos estão esperando a oportunidade de renascer e morrer na infância. Nós só podemos especular, mas é possível que alguns desses Egos estejam tendo a chance desta maneira e assim irem diretamente para o Primeiro Céu, logo que seus estados embrionários ou fetais tenham terminado.
É possível, também que, Egos que em vidas passadas tenham sido responsáveis por mortes de outras pessoas, sejam agora forçados a pagar as dívidas do destino deste modo, isto é, o período de vida física desses Egos chega ao fim, ainda no estágio pré-natal. Nada disto, porém, isenta de culpa, aqueles que abortam ou praticam o aborto. Podemos estar certos de que eles terão que pagar um preço muito alto, em vidas futuras, por suas ações presentes.
Você pode perguntar: inclusive no caso de um estupro? Oras, você já sabe como acontece uma fecundação e como há todo um trabalho prévio do Ego que está para nascer se preparar…bem antes da fecundação ocorrer, Ou seja: a condição pelo qual esse Ego renascerá é a melhor para ele a fim de se cumprir o panorama que escolheu.
Tudo está perfeito na teia do destino, mesmo que não tenhamos, ainda, a condição de compreender o todo e ficamos olhando “como em um espelho, meio embaçado”. Agora…se estudarmos e praticarmos, podemos ver o todo e, aí sim, ficaremos satisfeitos (bastante-feitos).
3. Pergunta: No Purgatório, além do mal que fizemos a outros, também expurgamos o mal que fizemos a nós próprios?
Resposta: Sem dúvida alguma, mesmo porque quando fazemos “o mal a nós próprios” também fazemos aos outros, já que somos responsáveis pela evolução espiritual de todos que estão a nossa volta, saibamos ou não.
4. Pergunta: Gostaria de saber se, também expurgamos o seguinte: os pensamentos negativos que produzimos sobre nós próprios; os sentimentos negativos que podemos alimentar em relação a nós mesmos; e se expurgamos também o fato de nos termos desviado, por meio da dispersão e distração por exemplo, daquilo que, no Terceiro Céu, escolhemos vir fazer a este plano (neste caso não me estou a referir àquilo a que não temos mesmo hipótese de fugir, o chamado “destino maduro” se não estou errado)?
Resposta: Sobre os pensamentos negativos que produzimos sobre nós próprios e os sentimentos negativos que podemos alimentar em relação a nós mesmos: Sem dúvida alguma, já que o Éter de onde foi gravado quando do fato ocorrido, leva com ele todas as impressões, sejam elas de pensamentos, desejos, emoções, sentimentos, palavras, atos, obras e ações. Nada escapa a essa perfeita e completa gravação. Tanto é que quando vamos à Memória da Natureza e revivemos um fato, ele nos é sentido em toda as suas dimensões: pensamentos, desejos, emoções, sentimentos, palavras, atos, obras e ações.
Agora, se expurgamos também o fato de nos termos desviado, por meio da dispersão e distração por exemplo, daquilo que, no Terceiro Céu, escolhemos vir fazer a este plano: Como o Panorama da Vida que escolhemos no Terceiro Céu só está gravado os fatos principais (especialmente àqueles em que temos que aprender a lição pela dor e sofrimento, que conhecemos como destino maduro), então somente esses, se desviamos, procrastinamos ou nos dispersamos que será purgado. Os demais fatos não estão no Panorama da Vida, cabendo a nós escolhermos que caminho queremos tomar para aprender tais lições. Agora…se não a aprendemos, também será purgado, como lição não aprendida, o ensino não será suspenso.
5.Pergunta: A Era de Aquário começou com o advento da eletricidade?
Resposta: Não, não foi com a descoberta da eletricidade. A eletricidade e toda a onda de tecnologia que estamos vivenciando é apenas o efeito da órbita de influência do Sol, pelo movimento de Precessão de Equinócios, nos últimos 8 graus do Signo de Peixes. Então, temos a influência de Aquário fornecendo facilidades, novas dificuldades, novos ambientes, novas formas do pensar e de comportar, novos valores que serão totalmente disponíveis quando o Sol entrar em Aquário, ou seja na Era de Aquário, que AINDA não COMEÇOU.
O Sol entrou na órbita de influência aquariana em meados do século passado e se aproxima, um grau cada 72 anos, do Signo de Ar de Aquário, regido por Urano. Sua influência, cuja nota-chave é originalidade e renovação, começa a manifestar-se nas invenções e conquistas do ar, captação e transmissão da eletricidade, da energia solar, da energia atômica, forças essas que estão mudando a história do mundo e nos impulsionando para rumos imprevisíveis.
Quando começará? Depende. Para quem já atingiu, no mínimo, o grau de Adepto na Escola Ordem Rosacruz, já começou! Para o restante da humanidade há uma previsão, mas não há como cravar, pois dependerá muito do livre arbítrio de cada um conseguir se desenvolver para, de fato, entrar na Era de Aquário. Sempre é assim que acontece: quando o Sol, também pelo movimento de Precessão de Equinócios, estava nos últimos 8 graus do Signo de Áries, a influência de Peixes começou a estar presente entre nós. Foi quando aconteceu o maior evento de ajuda que recebemos: a primeira vinda do Cristo.
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SERVIÇO DE AUXÍLIO E CURA
Todas as semanas, quando a Lua se encontra num Signo Cardeal ou Cardinal (Áries, Câncer, Libra ou Capricórnio), reunimo-nos com o propósito de gerar a Força Curadora por meio de fervorosas preces e concentrações. Esta força pode depois ser utilizada pelos AUXILIARES INVISÍVEIS, que trabalham sob a direção dos IRMÃOS MAIORES com o propósito de curar os doentes e confortar os aflitos.
Nessas datas, as 18h30, os Estudantes podem contribuir com esse serviço de ajuda, conforto e cura, sentando-se e relaxando-se na quietude do seu lar ou onde quer que se encontre, fechando os olhos e fazendo uma imagem mental da Rosa Branca e Pura situada no centro do Símbolo Rosacruz. Em seguida leia o Serviço de Cura e concentre-se intensamente sobre AMOR DIVINO e CURA, pois só assim, você poderá fazer de si um canal vivo por onde flui o Poder Divino Curador que vem diretamente do Pai. Após o serviço de cura, emita os sentimentos mais profundos do amor e gratidão ao Grande Médico para as bênçãos passadas e futuras da cura
Datas de Cura:
Janeiro: 06, 13, 20, 26
“Tudo é possível ao que crê”.
São Marcos, 9:23
O Ecos de um Centro Rosacruz tem como objetivo informar as ATIVIDADES PÚBLICAS de um Centro, bem como fornecer material de estudo sobre os assuntos estudados durante o mês anterior.
Assim, nossas Atividades durante o mês de NOVEMBRO DE 2022:
>Dezembro – Sol transitando pelo Signo de Capricórnio (dezembro-janeiro)
>Reuniões Dominicais de Estudos de Filosofia Rosacruz:
-Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVII – Método Para Adquirir O Conhecimento Direto – Contemplação.
-Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVII – Método Para Adquirir O Conhecimento Direto – Adoração.
-Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVIII – A Constituição Da Terra e Erupções Vulcânicas.
-Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVIII – A Constituição Da Terra E Erupções Vulcânicas – O Número da Besta – Parte 1.
>Alguns Artigos Publicados nas redes sociais no mês de Novembro:
-Alma
-Nutrição e Desenvolvimento Físico.
-Perdão
-Cuide do “aqui e agora”
-As Tentações
>Fraternidade Rosacruz – Algumas das perguntas que recebemos e que talvez possam ser dúvidas de mais Estudantes Rosacruzes
1. Pergunta: Em algumas respostas sobre a Terra, vocês disseram que antes do Cristo Se tornar o seu Espírito Planetário, ela não tinha um. Mas em uma resposta recente foi dito que todos os planetas, quando criados, têm um Espírito. Afinal, antes do Cristo Se tornar o Espírito Planetário do nosso planeta, a Terra tinha ou não um Espírito? Se tinha, onde Ele está?
2. Pergunta: Podemos dizer que Jesus, pelo desenvolvimento que atingiu e pelos Seus méritos, foi o instrumento utilizado pelo Cristo para mostrar o novo regime/caminho para a Onda de Vida humana?
3. Pergunta: Aprendemos que Jesus era filho de Seth. Linhagem dos Filhos da Água”. Vimos que através do trabalho de Jesus, que cedeu seu Corpo Vital e Corpo Denso, foi possível para Cristo funcionar conscientemente em sete corpos. Vimos também que o Batismo marca o momento em que o Espírito de Cristo desceu dos Céus”. Mas a dúvida que gostaria de esclarecer no momento é com relação a uma pergunta que menciona a separação de Jesus do regime de Jeová. O que significa exatamente esta separação?
4. Pergunta: Eu tenho um questionamento que vem me intrigando desde ontem. Paralelamente ao meu estudo Rosacruz estou no terceiro ano de espiritismo. O que me ocorreu é que este ano temos o início de práticas mediúnicas, sei que não se pode ser médium para ter as lições rosacruzes, devo então me ausentar de tais aulas? O que o estudo prático muda em minha constituição espiritual? Não pode ser revertido? Já estudei sobre as energias negativas ao redor do médium, e que os clarividentes têm a energia positiva, mas ainda não entendi por que tais energias não podem ser alteradas.
5. Pergunta: Sempre se fala muito da conservação da energia sexual, mas geralmente focado no polo masculino, e a maneira que se sucede na mulher fica um tanto vago, teria como fazer um conteúdo focado nas mazelas dos seres que encarnam em corpos femininos e como restituir e preservar a energia sexual nas mulheres?
SERVIÇO DE AUXÍLIO E CURA. Datas de Cura
1.Para acessar a Edição digital, clique aqui: Ecos da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil – Novembro de 2022
2. Para acessar somente os textos (sem a formatação e as figuras):
A Fraternidade Rosacruz é uma escola de Filosofia Cristã, que tem por finalidade divulgar a filosofia dos Rosacruzes, tal como ela foi transmitida ao mundo por Max Heindel. Exercitando nosso papel de Estudantes da Filosofia Rosacruz, o Centro Rosacruz de Campinas-SP-Brasil, edita o informativo: Ecos.
Índice
Informação. 2
Atividades gerais ocorridas em nosso Centro, no mês de novembro/2022: 3
Dezembro – Sol transitando pelo Signo de Capricórnio (dezembro-janeiro) 3
Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVII – Método Para Adquirir O Conhecimento Direto – Contemplação. 4
Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVII – Método Para Adquirir O Conhecimento Direto – Adoração. 10
Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVIII – A Constituição Da Terra e Erupções Vulcânicas. 12
Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVIII – A Constituição Da Terra E Erupções Vulcânicas – O Número da Besta – Parte 1. 13
Alguns Artigos Publicados nas redes sociais no mês de Novembro: 15
Alma. 15
Nutrição e Desenvolvimento Físico. 17
Perdão. 19
Cuide do “aqui e agora”. 20
As Tentações. 22
Fraternidade Rosacruz – Algumas das perguntas que recebemos e que talvez possam ser dúvidas de mais Estudantes Rosacruzes. 26
1. Pergunta: Em algumas respostas sobre a Terra, vocês disseram que antes do Cristo Se tornar o seu Espírito Planetário, ela não tinha um. Mas em uma resposta recente foi dito que todos os planetas, quando criados, têm um Espírito. Afinal, antes do Cristo Se tornar o Espírito Planetário do nosso planeta, a Terra tinha ou não um Espírito? Se tinha, onde Ele está?. 26
2. Pergunta: Podemos dizer que Jesus, pelo desenvolvimento que atingiu e pelos Seus méritos, foi o instrumento utilizado pelo Cristo para mostrar o novo regime/caminho para a Onda de Vida humana?. 27
3. Pergunta: Aprendemos que Jesus era filho de Seth. Linhagem dos Filhos da Água”. Vimos que através do trabalho de Jesus, que cedeu seu Corpo Vital e Corpo Denso, foi possível para Cristo funcionar conscientemente em sete corpos. Vimos também que o Batismo marca o momento em que o Espírito de Cristo desceu dos Céus”. Mas a dúvida que gostaria de esclarecer no momento é com relação a uma pergunta que menciona a separação de Jesus do regime de Jeová. O que significa exatamente esta separação?. 27
4. Pergunta: Eu tenho um questionamento que vem me intrigando desde ontem. Paralelamente ao meu estudo Rosacruz estou no terceiro ano de espiritismo. O que me ocorreu é que este ano temos o início de práticas mediúnicas, sei que não se pode ser médium para ter as lições rosacruzes, devo então me ausentar de tais aulas? O que o estudo prático muda em minha constituição espiritual? Não pode ser revertido? Já estudei sobre as energias negativas ao redor do médium, e que os clarividentes têm a energia positiva, mas ainda não entendi por que tais energias não podem ser alteradas. 29
5. Pergunta: Sempre se fala muito da conservação da energia sexual, mas geralmente focado no polo masculino, e a maneira que se sucede na mulher fica um tanto vago, teria como fazer um conteúdo focado nas mazelas dos seres que encarnam em corpos femininos e como restituir e preservar a energia sexual nas mulheres?. 30
SERVIÇO DE AUXÍLIO E CURA.. 30
Datas de Cura: 31
As atividades presenciais continuam suspensas em nossa sede em Campinas-SP por tempo indeterminado, devido a pandemia da COVID-19. Nossas reuniões semanais estão ocorrendo virtualmente.
Atividades gerais ocorridas em nosso Centro, no mês de novembro/2022:
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Dezembro – Sol transitando pelo Signo de Capricórnio (dezembro-janeiro)
A Hierarquia de Capricórnio é o lar dos Arcanjos. Cristo é o mais elevado Iniciado da Hierarquia de Capricórnio, o lar dos Arcanjos. O padrão cósmico que a Hierarquia de Capricórnio mantém é o da vida em seu esplendor, quando o espírito de Cristo se manifeste em toda a humanidade. Então, nosso Planeta responderá a sua própria nota-chave musical, entoada primeiro pelos Anjos e Arcanjos, naquela Noite Santa, quando cantaram “Paz na Terra e boa Vontade entre os homens”. A nota-chave de Capricórnio é a consumação divina. A Terra está submersa na luz branca da consagração, quando as correntes de vida planetárias se invertem, e a força do Cristo Cósmico começa a subir para o Sol. Essas forças vão crescendo do dia 21 de dezembro até a meia-noite do dia 24, no qual adquirem sua máxima potência. O Corpo físico da Terra – que é a Região Química do Mundo Físico – alcança sua maior taxa vibratória quando o Sol entra em Capricórnio.
Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVII – Método Para Adquirir O Conhecimento Direto – Contemplação
Ex. fósforo – imagine o plantio e corte da árvore, a fabricação do fósforo, como ele foi embalado, etc.
É imaginar que somos parte de um único Deus, que somos todos parte dessa manifestação Divina. É abrir-se para a verdade desse objeto.
Resposta: Não, porque exige foco em estados de consciência que sozinho não se alcança.
Por isso é que para fazermos os Exercícios de Contemplação e de Adoração é necessária a ajuda de um Mestre (um ser humano que alcançou alguma Iniciação acima do Estudante Rosacruz que está começando a praticar cada um desses 2 Exercícios Esotéricos).
Resposta: O Aspirante não deve temer nunca que por falta do Mestre demore seu progresso, nem precisa se preocupar em procurá-lo.
Tudo o que se precisa é começar a melhorar a si mesmo e continuar de forma diligente e persistente nesse caminho.
Dessa maneira ele purificará seus veículos.
“Quando o Discípulo está pronto, o Mestre aparece”.
Resposta: Esses começam a brilhar nos Mundos Internos, o que não poderá deixar de atrair a atenção dos Irmãos e Irmãs que possuem Iniciações maiores que a do Estudante Rosacruz, que estão sempre vigilantes e de muito bom grado ajudam a todos aqueles que, por seus vigorosos esforços em purificar a si mesmos, têm adquirido o direito de serem ajudados.
Primeiro a luz “começa a brilhar” e depois reflete nos veículos
Resposta: “Buscai e encontrarás”, mas não vamos imaginar que por ir de um instrutor a outro estamos buscando. “Busca” nesse sentido, não significaria nada para esse mundo de trevas. Nós mesmos devemos acender a luz que invariavelmente irradia os veículos dos Aspirantes diligentes. Essa é a estrela que nos levará ao Mestre, ou melhor dizendo, a que conduzirá o Mestre até nós.
Devemos aprender e ser capaz de ascender a força sexual criadora pela espinha dorsal até alcançar a cabeça, iluminando a Glândula Pineal e o Corpo Pituitário
Resposta: O tempo requerido para ter resultados varia com cada pessoa e é dependente da aplicação, nível evolutivo, história no livro da vida, portanto nenhum tempo geral pode estabelecer-se.
Não devemos nos preocupar com o progresso rápido e sim com o tipo de progresso que estamos fazendo.
Os resultados que obtivermos determinarão a classe de Irmã Leiga ou de Irmão Leigo que nós, enquanto Estudante Rosacruz, seremos no futuro.
Resposta: Alguns, que estão preparados, obtém resultados em uns poucos dias, outros, em meses, e alguns, em anos, e outros no fim sem conseguir resultados visíveis.
Porém os resultados estão lá e o Aspirante que fielmente persiste os obterá algum dia;
Nesta ou em uma futura vida, terá sua paciência e fidelidade recompensadas e as palavras interiores abertas a seu olhar fixo (contemplação)
A partir daí, desperto ou dormindo, através do que muitas pessoas chamam “Vida e Morte”, sua consciência não será interrompida.
Levará uma existência contínua consciente, beneficiando-se de todas as condições que permitem um avanço mais rápido, até posições de maior responsabilidade, para ser em benefício da humanidade.
Estado em que se mantém um objeto ou tema ante a visão mental e se deixa que a alma daquele, nos abra figuradamente (imaginado, suposto; representado), ensinando-nos tudo o referente a seu aspecto vital, assim como a Meditação nos ensina o referente a uma forma.
Contemplação nos permite entrar em contato direto com Deus – Em quem realmente “vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”.
Unir-nos a Ele e a toda a Sua criação.
Sim. Nesse momento teremos conseguido a reconciliação do Coração e a Mente.
Isso significa que não mais compreenderemos as coisas pela razão e sim vivenciaremos e sentiremos a união com Deus
Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVII – Método Para Adquirir O Conhecimento Direto – Adoração
Quando, por meio da Contemplação, o Aspirante compreende que de fato ele contempla Deus na vida que tudo compenetra, então ele está preparado para o próximo passo, ainda mais elevado, que é a Adoração.
Adoração – estado elevado de disciplina por meio do qual pode unir-se espiritualmente com a Divindade ou Fonte de todas as coisas.
Não. Tanto para a Contemplação, quanto para Adoração necessitamos da ajuda de um Mestre.
Nenhum mestre cobra por seus ensinamentos, ele presta um serviço amoroso e desinteressado.
O verdadeiro mestre não se revela a todos e nem se intitula Mestre publicamente. No devido tempo ele se revela a quem está preparado para dar um novo passo no seu caminho evolutivo.
O tempo requerido para ter resultados varia de indivíduo para indivíduo e depende da nossa dedicação nessa vida; dos registros do livro da nossa vida – quais foram nossas obras; do nosso nível de desenvolvimento – o quanto nos dedicamos e evoluímos nas nossas vidas passadas; depende ainda da prática dos exercícios – não basta saber fazer, tem que exercitar diariamente.
Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVIII – A Constituição Da Terra e Erupções Vulcânicas
O exercício de Concentração.
O exercício de Retrospecção
O exercício de Observação
Para conseguir investigar plenamente é preciso haver passado pelos nove Mistérios Menores e pela primeira das Grandes Iniciações.
Pelo contrário, qualquer recanto e fenda são compenetrados pelo Espírito, o fermento que causa as mudanças tanto dentro como sobre o Planeta.
Sim, há uma camada da Terra (6° Estrato ou Estrato Ígneo) que reflete particularmente nossas paixões, sentimentos e emoções, fazendo-os retroagir sobre nós, na forma de tempestades, inundações e tremores de terra.
Sim, o materialismo é também a causa dos abalos sísmicos, tsunamis, tempestades, inundações, erupções vulcânicas, pandemias, etc., de forma que, quanto mais prevaleçam as condições espirituais, menos cataclismos deverão ocorrer no mundo.
Conceito Rosacruz do Cosmos – Capítulo XVIII – A Constituição Da Terra E Erupções Vulcânicas – O Número da Besta – Parte 1
Até ao 1º Estrato. Oficialmente, o maior buraco já perfurado pelo ser humano tem uma profundidade de 12,2 km (a Ciência estima que o que ela chama de crosta terrestre tenha 40 km de espessura).
Quando ele se torna um Estudante Preliminar.
Quando ele se torna um Irmão Leigo ou uma Irmã Leiga.
Somente com o Período Terrestre.
Toda a sua evolução passada, desde a Revolução de Saturno do Período Terrestre até o momento atual e depois o que acontecerá com a humanidade até o final do Período Terrestre.
Como Espírito Virginal manifestado
O Livro da Revelação ou o Livro das Revelações
Entre os vários motivos, podemos citar: não conhece o significado esotérico; mais uma vez é mais fácil colocar qualquer culpa no “exterior à pessoa”; a mania de muitos em demonizar qualquer coisa que parece complicado demais.
Toda a humanidade
Aplicando a redução esotérica: 12 = 1 +2 = 3, que simboliza “tudo que é necessário e suficiente”.
Alguns Artigos Publicados nas redes sociais no mês de Novembro:
Dentro da Filosofia Rosacruz, o conceito de “Alma” é definido como o extrato espiritualizado, ou a quintessência de cada um dos nós três Corpos: Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos.
Assim, podemos entender que faz parte do Plano Divino, nesse Esquema de Evolução em que estamos atualmente, tornar a matéria física, a matéria etérica e a de desejos espiritualizadas.
Esse trabalho gera as Almas correspondentes a cada Corpo, a saber: Alma Consciente resultante da espiritualização do Corpo Denso; Alma Intelectual constituindo-se no extrato espiritualizado do Corpo Vital e Alma Emocional, como sendo a quintessência do Corpo de Desejos.
Nós emanamos de Deus, nosso Criador, e, por isso possuímos também as três qualidades inerentes: ao Poder Divino assim expresso como Espírito Divino, ao Amor-Sabedoria que se manifesta como Espírito de Vida, ao Movimento ou Atividade, manifestando-se como Espírito Humano.
Essa Herança Divina de Deus para conosco, Seus filhos, manifesta-se de acordo com o grau de consciência espiritual de cada um de nós, de onde concluímos que, no nosso atual estado evolutivo essa manifestação opera ainda de maneira imperfeita. Há a necessidade de um esforço no sentido de dinamizar tais poderes para que a nossa real natureza se manifeste em toda sua plenitude.
Os preceitos Cristãos como são apresentados pela Fraternidade Rosacruz constituem meios seguros para se conseguir isso. Porém esse alvo deve ser atingido por etapas, onde determinam graus ou estados de consciência.
Esses estados de consciência foram desenvolvidos através de diversas etapas. Lá no Período de Saturno, no Período Solar e no Período Lunar. Na Metade Marciana do Período Terrestre houve uma Recapitulação dos Períodos anteriores, sendo que na Época Atlante houve a aquisição da Mente instintiva, e na presente Época Ária surgiu o estado de consciência apoiado na Razão e no Pensamento.
A presente etapa nos habilitará a alcançar a luminosidade e transparência da Sexta Época – a Nova Galileia.
Dentro do aspecto que nos caracteriza como um ser humano na Época Nova Galileia devemos ressaltar o fato de que a vigília tenderá a se prolongar, o que implicará numa redução das horas de repouso e, consequente, aumento de atividade. Então chegaremos ao ponto essencial no cumprimento da finalidade da existência humana: a atividade!
Dessa forma nos sincronizaremos com Deus, que é sempre ativo.
Como o ser humano não pode fugir a essa conjuntura, se tornará consciente de sua Filiação Divina, tornando-se luminoso, porque Deus é Luz!
Nutrição e Desenvolvimento Físico
Nosso desenvolvimento físico – entendendo aqui desenvolvimento físico como o processo de ter um veículo físico mais perto do seu melhor estado para funcionarmos durante a nossa vida aqui, sendo esse “melhor estado” dependente de como o construímos, como Arquétipo, na fase em que estávamos nos preparando para renascer mais uma vez aqui – depende da nutrição do nosso organismo, do nosso Corpo Denso, do nosso corpo físico, consequentemente, da nossa alimentação!
O ser humano possuidor de inteligência, um ser pensante, que está consciente de estar evoluindo em um Esquema de Evolução criado, também por Deus – o mesmo Deus que o criou –, jamais deveria menosprezar a influência da alimentação sobre a preservação da saúde do seu Corpo Denso. Não deveria, portanto, prejudicar nenhuma das funções do Corpo Denso, seja ela qual for. Se o faz, sofre seguramente as consequências, pois está também consciente da aplicação da Lei de Consequência ou Lei de Causa e Efeito, uma das Leis de Deus.
Sabemos, inclusive pela Ciência, que a alimentação tem influência decisiva na formação física e mental do ser humano, portanto, se aplicado tal conhecimento pode-se ter uma vida cheia de saúde.
Infelizmente o que se vê hoje, apesar de todas as facilidades para se ter uma boa alimentação, são pessoas comendo e bebendo desordenadamente, sem se preocupar com as consequências futuras na saúde, que certamente virão. E qual é a causa-raiz disso? Mais uma vez o Corpo de Desejos da pessoa que a domina e a destrói, aos poucos e cada vez mais rápido. E pasmemos: o Corpo de Desejos que ela mesma criou, como Arquétipo, na fase em que estávamos nos preparando para renascer mais uma vez aqui.
E alguém pode perguntar: mas por que criou assim? Aprendemos na Fraternidade Rosacruz que ela o fez justamente porque, estando em um momento onde a sua consciência tinha um grau de expansão bem maior que tem aqui, construindo um Corpo de Desejos com essas “características” para que, aqui renascido, pudesse aprender ou resistindo a tentação e se ajustando à sua nutrição aos períodos setenários e as condições de saúde, ou aprender pelo sofrimento e pela dor resultante justamente de cair na tentação e não se ajustando à sua nutrição aos períodos setenários e nem as condições de saúde!
Por outro lado, se a pessoa resiste à tentação e se ajuda adotando uma boa alimentação – a melhor hoje, inclusive já sugerida por muitos cientistas e que está em franca expansão no mundo, a vegetariana – onde se preserva a vida de milhões de seres inocentes (os nossos irmãos menores, os animais (mamíferos, aves, peixes, crustáceos, répteis, anfíbios, frutos do mar e afins), facilita a ela, inclusive, manter ideais nobres e elevadas aspirações espirituais, pois o seus Corpos naturalmente se elevam em vibração e se sintonizam com as elevadas vibrações dos Mundos suprafísicos.
Definitivamente, para quem está renascido na parte ocidental do nosso Planeta, a carne animal não é indispensável para a manutenção da força e da saúde (mais uma vez: a própria Ciência já chegou a essa posição).
O regime vegetariano vem sendo considerado como capaz de proporcionar saúde e força física para qualquer pessoa.
Todos sabemos, quão importante é o consumo de frutas, verduras, legumes frescos, ovos de galinhas caipiras (criadas soltas), alimentação à base de soja, leite tanto de vacas, como os maravilhosos leites vegetais, muito em alta hoje, mel, folhas verde escuras, talos, arroz integral, sucos naturais, etc.
Há uma variedade muito grande de alimentos vegetarianos hoje, assim como grandes e ótimos restaurantes vegetarianos, com comidas saborosas.
Muitas pessoas quando doentes, se bem orientadas, conseguem a cura (sem deixar de seguir as orientações médicas) mais rápido com uma alimentação vegetariana, sucos frescos, banhos de sol, etc.
Hoje também vemos muitos atletas que estão muito bem de saúde e que adotaram esse regime vegetariano, e o divulgam.
Com a proximidade da Era de Aquário também podemos observar a grande quantidade de crianças que não aceitam carne animal na alimentação. Já nascem com essa manifestação!
O Corpo Denso é o nosso veículo mais evoluído e o que está mais próximo da perfeição. Na Fraternidade Rosacruz estudamos todas as razões sobre isso. Cuidemos bem dele enquanto renascidos aqui (que aliás é o único momento em que podemos cuidar dele, não é?). Afinal, como também aprendemos na Fraternidade Rosacruz: qualquer trabalho bem-feito em um Corpo ou veículo nosso reflete positiva e eficazmente em todos os outros Corpos ou veículos.
Perdão
Às vezes ouvimos: “Posso perdoar, mas não posso esquecer”.
Ora, o perdão quando é verdadeiro, completo, de coração, curas as feridas emocionais e elimina cicatrizes.
O perdão parcial ou tíbio não dá resultados.
Igualmente o perdão concedido como “dever” não é eficaz.
Devemos perdoar e depois esquecer o fato, andar para frente, se o outro não aceitar o seu pedido de perdão, paciência, a sua dívida acabou ali: “lição aprendida, ensino suspenso” para quem perdoou (para quem não perdoou: “lição não aprendida, ensino não suspenso”).
de novo a ferida que se pretendia cicatrizar.
Se você se sente orgulhoso do seu perdão, ou o relembra constantemente, é porque, com certeza, acha que a outra pessoa lhe deve alguma coisa por você a ter perdoado, e isso acarreta mais dívidas.
O perdão sincero, verdadeiro, extirpa, cancela, erradica a ofensa, como se essa jamais houvesse existido.
Extraia a essência de “bem” do passado, dos atos, dos acontecimentos, das dívidas quitadas, não guardando nenhum ressentimento.
A vida passa rápido aqui no Mundo Físico, então não vamos perder nosso tempo e ao longo do caminho perdermos a capacidade de apreciar a vida e as pessoas, afinal, somos todos irmãos, filhos de um mesmo Deus!
Ah! E o perdão é uma força curativa! Quer saber como? Leia esse texto aqui: https://fraternidaderosacruz.com/o-perdao-uma-forca-curativa/?fbclid=IwAR3CpZTGB4GRcf33gBEDoUsmdw9jnTt-2Yv37IU6_9s_8NHY4W2uf-LCtMU
Cuide do “aqui e agora”
Foi-nos dito: “A cada dia os seus cuidados”. Ou, como estudamos na Bíblia: “a cada dia basta seu fardo”.
Para compreendermos isso e colocar tal ensinamento na nossa vida devemos interpretar devidamente os Ensinamentos Cristãos, preconizados pelo Cristianismo Esotérico, conforme aprendemos na Fraternidade Rosacruz.
Se tais Ensinamentos não servissem para imediata aplicação na vida prática, seriam inúteis. Não é possível que os princípios Cristãos tenham podido subsistir através de mais de vinte séculos, se não portassem bom senso e sabedoria aplicáveis à vida de todos os dias.
Ninguém colhe antes de plantar. E plantando, ninguém pode abreviar a colheita, além das possibilidades naturais. E dentro dos recursos naturais a terra nos dará os frutos correspondentes à sementeira e aos cuidados no cultivo. Se houver geada, ou seca ou chuva demasiada, o será por circunstância imprevista e independente dos cuidados atuais, mas não injusta. Terá uma ligação com o passado.
Igualmente se passa na seara interna e social. Devemos cuidar do “aqui e agora”, o presente, a única eternidade. O ontem já passou. O amanhã ainda não chegou. Pensar no passado é perder o presente; pensar no futuro é querer vivê-lo duas vezes: uma, antecipada e hipoteticamente; outra, quando o vivermos realmente. A primeira vez foi inútil.
Se vivermos realmente bem o dia de hoje, estamos de acordo com a Bíblia e a vida prática. Seguramente virão os frutos correspondentemente bons. Mas não basta plantar; é preciso cultivar, cuidar, proteger, para que a semente atinja o objetivo. Isso se aplica a qualquer campo de atividades: moral, artístico, técnico, intelectual, sentimental e espiritual. A negligência do cultivo é que origina muitas das justificativas ou desculpas para não ser bem-sucedido!
Se, apesar de nossos esforços presentes, a adversidade nos fustiga e dificulta, há uma explicação lógica: ou representam consequências de ações erradas do passado, ou de erros presentes, por ignorância. Nesse caso deve o agricultor estudar, aqui e agora, como melhorar. Como consequência de causas passadas, pode a terra estar cansada; pode estar cheia de formigueiros que não foram erradicados; pode não servir para a planta que ali está e sim a outra, a menos que a preparemos quimicamente, havendo vantagem; pode haver falhas presentes ou então como a chuva, seca, de imprevistos fatores, pode ser o que chamamos “má sorte”, “azar”, “desgraça”, mas que realmente tem sua explicação: efeito inevitável de causas erradas, que devemos pagar sem murmúrio e nem desânimo quanto ao futuro. Aprendamos, persistamos pois “o único fracasso é deixar de lutar”!
As Tentações
As três tentações pelas quais Cristo Jesus passou sumarizam todas as tentações que um Aspirante à vida superior passa.
A primeira tentação é a “Tentação do Corpo”. Muitas vezes o Aspirante à vida superior fica tão arrebatado com a sua decisão e os frutos que começa a colher que as necessidades físicas são completamente esquecidas e, portanto, é natural que a sensação de fome seja sua primeira necessidade consciente ao retornar ao estado normal de consciência de vigília e, naturalmente, também chega à voz da tentação: “manda que estas pedras se transformem em pães”.
No Evangelho Segundo São Marcos estudamos que Cristo Jesus foi tentado pela aparição de bestas selvagens, significando, assim, os desejos, os quais não Lhe fizeram mal algum, porque Cristo, o Espírito Solar, já tinha transmutado o poder do desejo dentro de si mesmo, e porque o Corpo Denso de Jesus, que Cristo estava usando, era o mais puro que poderia ser reproduzido sobre a Terra.
Uma vez que a humanidade comum ainda não conseguiu tal grau de pureza e perfeição, muitos não poderão sentir o Cristo, pois ainda se encontram sujeitos às fragilidades da carne e devem suplantar a tentação, tal como Ele suplantou; Sua vitória representa as últimas das que os Aspirantes almejam, apesar das falhas que ocorrem.
Mas a persistência fará atingir o fim desejado, pois sabemos que “o único fracasso é deixar de lutar”.
O Reino Mineral, da mesma forma que outros Reinos de vida, têm uma nota básica. Quando determinadas forças são postas em movimento, por alguém que conheça a Lei que lhes é superior, torna-se possível mudar a substância e mesmo transformar pedras em pão. Tais poderes transcendentes se manifestam somente quando o ser é posto de parte, mantendo-se a possibilidade de aplicação, até que as suas forças superiores não sejam empregadas para a satisfação do ser inferior.
Cristo, porém, não necessitava contar com a substância física porque conhecia a fonte do pão vivente, daí a Sua réplica ao tentador: “Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. Situou, pois, Deus e a Sua Glória, primeiramente.
Desnudou o seu coração a todos os lançamentos de ódio, malícia e vingança; descobriu Sua cabeça, que deveria levar a coroa de espinhos; estendeu Suas mãos amorosas que pediam, que argumentavam: “Vinde a Mim que Eu vos darei descanso”, e que mais tarde seriam cravadas na Cruz.
Renunciou a Si mesmo, completa e inteiramente, para a salvação da Terra e da humanidade.
Sabemos que as tentações fazem parte das nossas provas.
Tenhamos sempre Cristo como exemplo, como nosso Ideal a ser seguido, e toda e qualquer prova saberemos passar e transmutar.
Repare na sua vida que a tentação, ao invés de trabalhar para sua queda, o leva a alturas cada vez mais elevadas. Afinal, o erro está em “cair em tentação” e não em ser tentado.
Afinal a “oração para o Corpo de Desejos é: ‘Não nos deixeis cair em tentação’. O desejo, o grande tentador da humanidade, é o grande incentivo para a ação. É bom quando cumpre os propósitos do espírito, mas quando se inclina para algo degradante, para algo que rebaixa a Natureza, certamente devemos rogar para não cair em tentação”.
Na segunda tentação passada por Cristo Jesus, podemos estudar na Bíblia: “O diabo levou-O à Cidade Santa”. Isso significa que Ele foi levado aos Planos Internos ou Mundos Celestes.
Os comentaristas bíblicos dizem que o diabo “transportou-O”.
A frase, aparentemente, demonstra que Ele, literalmente, foi transportado pelo ar. Realmente foi o que aconteceu.
Cristo Jesus saiu de Seu Corpo, porque com o Corpo Denso não poderia entrar na Cidade Santa, etérica (Jerusalém).
Neste lugar superior Cristo Jesus foi submetido à mais aguda de todas as tentações: a vaidade.
Todas as ondas mentais da ambição e do orgulho, que sempre dominaram o mundo, bateram contra Ele.
(*) Pintura: Second Temptations by Satan – William Blake
Com os recursos sem paralelos que possuía e podia comandar, Ele sabia que podia focalizar a atenção, a admiração e a subserviência do mundo inteiro sobre Si mesmo, dando uma demonstração de Sua habilidade no uso do poder supernatural.
Novamente, porém, Cristo Jesus, o Grande Espírito Solar, triunfou, reverberando ao diabo, dizendo: “Não tentarás o Senhor, teu Deus”.
Mais uma vez vimos a magnitude deste Grande Espírito, nosso Grande Ideal!!
Como as três tentações, pelas quais Cristo Jesus passou, sumarizam todas as tentações que um Aspirante à vida superior passa, note que elas envolvem: a Fortuna (sendo que, como aprendemos na Fraternidade Rosacruz: “a única Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes”); o Poder (sendo que, como aprendemos na Fraternidade Rosacruz: “o único Poder pelo qual se deve desejar é o que atua melhorando as pessoas ao seu redor, as que você encontra na sua vida aqui”) e a Fama (sendo que, como aprendemos na Fraternidade Rosacruz: “a única Fama pelo qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os irmãos e as irmãs sofredores possam encontrar o descanso para a dor do seu coração”).
Vamos detalhar esotericamente a terceira tentação: “Cristo, nosso Grande e admirável Arcanjo, foi tentado pela terceira vez.
A ‘Montanha sem precedentes’ à qual Cristo foi levado, deve ser interpretada como referindo-se ainda a um grau espiritual mais elevado do que as outras tentações, isto é, o Segundo Céu ou o Mundo Mental. Dali viu todos os Reinos da Terra e a Sua Glória.
Percebeu os Arquétipos Celestes de todas as coisas manifestadas no Céu e na Terra, vendo como as forças da vida externavam-se em formas. Leu na Memória da Natureza os registros do passado, do presente e do futuro. Aí então o diabo disse: ‘Todas essas coisas eu vos darei, se prostrado me adorares’.
Cristo contemplou de um lado a posição de supremacia que poderia atingir, caso escolhesse, e de outro lado, o caminho de tristeza, de dor e de ignomínia, e finalmente a morte sobre a Cruz se continuasse pelo caminho previamente assinalado.
Seu grande coração, abalado ante o terrível quadro, teve ao mesmo tempo a visão da dor e do sofrimento da humanidade, que sem a Sua intercessão não receberia o auxílio indispensável para a redenção dos pecados e da morte.
Foi então que o Compassivo, estendendo os braços, foi rodeado num halo de Glória, tornando-se para todos os tempos o ‘Homem das Dores’ ao, voluntariamente, aceitar as penas que Lhe seriam impostas, para que o Mundo fosse reconduzido pelo Caminho da Paz, essa Paz ainda por nós desconhecida e que ultrapassa todo o entendimento.
E Cristo, num tom triunfante, ordenou: ‘Vai-te, Satanás, porque está escrito: Somente ao Senhor, teu Deus, adorarás e unicamente a Ele servirás’.
Derrotado, o diabo O deixou.”
(*) Pintura: Third Temptation by Satan – William Blake
Pudemos concluir, pelas três tentações a que foi submetido o Cristo, que as provas são necessárias e sempre vêm para fortalecer a virtude e estabelecer a vitória da Natureza Superior sobre a natureza inferior, dentro de cada um de nós.
Fraternidade Rosacruz – Algumas das perguntas que recebemos e que talvez possam ser dúvidas de mais Estudantes Rosacruzes
Reposta: Antes do Cristo se tornar o Espírito Planetário da Terra, essa não tinha um Espírito Planetário que teria que fazer o trabalho de elevado sacrifício que Cristo fez e se mantém fazendo todos os anos: limpar o Mundo do Desejo, descristalizar a matéria física que estava rapidamente atingindo níveis de cristalização de baixíssima vibração (o suficiente para se continuasse, deixar de ser um Campo de Evolução para muitos seres que necessitam desse tipo). O Espírito Planetário que a Terra tinha antes da vinda de Cristo era do tipo do Espírito Planetário (um dos 7 Espíritos diante do Trono de Deus) que mantém o Campo de Evolução (o Planeta) em funcionamento perfeito até que os seres que estão evoluindo em seu “estágio de humanidade” sejam em número suficiente desenvolvidos para manter o Campo de Evolução, quando então o Espírito Planetário se retira, mas mantém o cuidado de longe (com os pais fazem com os filhos quando crescem). Lembrando: os 7 Espíritos diante do Trono ou os 7 Espíritos Planetários é uma classe de seres que também estão em evolução nesse Esquema de Evolução criados por Deus. São tão elevados (em relação a nós) que são chamados “ministros de Deus”.
Pergunta: Podemos dizer que Jesus, pelo desenvolvimento que atingiu e pelos Seus méritos, foi oinstrumento utilizado pelo Cristo para mostrar o novo regime/caminho para a Onda de Vida humana?
Resposta: Não. Jesus, como um ser humano, um Irmão Maior já no tempo de Cristo, trabalhou para conseguir construir um Corpo Denso e um Corpo Vital o mais perto da perfeição e que aguentasse as fortíssimas vibrações do mais elevado Arcanjo, que é Cristo. Todo o trabalho para mostrar “o novo regime/caminho” foi executado pelo Cristo, na Sua primeira vinda, como Cristo Jesus.
Pergunta: Aprendemos que Jesus era filho de Seth. Linhagem dos Filhos da Água”. Vimos que através do trabalho de Jesus, que cedeu seu Corpo Vital e Corpo Denso, foi possível para Cristo funcionar conscientemente em sete corpos. Vimos também que o Batismo marca o momento em que o Espírito de Cristo desceu dos Céus”. Mas a dúvida que gostaria de esclarecer no momento é com relação a uma pergunta que menciona a separação de Jesus do regime de Jeová. O que significa exatamente esta separação?
Resposta: O “regime de Jeová” era baseada na obediência da Lei. Se a pessoa desobedecesse a ela tinha que pagar por meio do sofrimento, da dor e até da morte. Era uma fase da nossa evolução onde tínhamos que dominar o nosso Corpo de Desejos, controlando os desejos inferiores, mas ainda nas questões espirituais éramos muito “infantis” e a política: “se obedecer a Deus, Ele me premia, mas se obedecer a Ele me castiga” era como a gente entendia a nossa relação com Deus. Isso foi feito por meio das Religiões de Raça, criadas por Jeová, o Espírito Santo, o terceiro aspecto de Deus, nosso criador. Na Fraternidade Rosacruz essa fase é classificada como primeira e segunda Dispensação (ou seja: como se relacionamos com Deus), aprendizagem de lições “de fora de nós para dentro de nós”. As Iniciações (a capacidade de nos adiantar muito mais rápido do que seguindo o Caminho da Evolução) eram abertas somente para os escolhidos e, ainda assim, somente as 9 Iniciações Menores. O tempo passou (o Esquema de Evolução avançou); muitos de nós aprendemos que o “caminho do transgressor é duro” e começamos a obedecer às Leis de Deus, se voltando mais para a parte espiritual e, com isso, aprendendo todas as lições que as Religiões de Raça podiam nos oferecer. Muitos de nós alcançaram o domínio do Corpo de Desejos e caminhavam obedientes à Deus. Assim, havia a necessidade de proporciona um ambiente e ensinamentos novos para continuarmos a aprender nesse Esquema de Evolução. Então, apareceu entre nós, o Cristo – o Filho, o segundo aspecto de Deus – e nos trouxe a Religião do Filho, o Cristianismo. Como é uma mudança “de dentro para fora”, Cristo nasceu entre nós (graças ao Irmão Maior Jesus que desenvolveu ao longo do Esquema de Evolução os 2 Corpos o suficientemente organizados, que eram necessário para o Arcanjo Cristo se manifestar no Mundo Físico, o Corpo Denso e o Corpo Vital, e um Corpo de Desejos que conseguia fazer as conexões com outros 2 Corpos de modo que o Arcanjo Cristo, quem tem um Corpo de Desejos – seu Corpo mais denso – pudesse “viver entre nós, como um de nós”) e nos mostrou o caminho para aprender a sua Religião, o Cristianismo, onde o Amor é a tônica, onde as Leis de Deus continuam tendo que serem cumpridas, mas com o Amor e abriu as Iniciações para todos os que quisessem, introduzindo as 4 Iniciações Maiores (ou Cristãs). No Cristianismo o foco é se desenvolver por meio do Corpo Vital e não do Corpo de Desejos (como era com as Religiões de Raça). Na Fraternidade Rosacruz essa fase é classificada como terceira (Cristianismo Exotérico ou popular) e quarta Dispensação (Cristianismo Esotérico). Além disso Cristo instituiu a Doutrina do Perdão dos Pecados, que utilizamos bastante no nosso Exercício Noturno de Retrospecção. Assim, essa foi a “separação”. Claro que há irmãos e irmãs ainda que não deixaram de seguir as Religiões de Raça (ou seja, ainda há lições que tem que aprender). Mas há muitos irmãos e irmãs que já vivem o Cristianismo e que estão caminhando para frente e para cima. O verdadeiro Estudante Rosacruz é um Cristão!
Pergunta: Eu tenho um questionamento que vem me intrigando desde ontem. Paralelamente ao meu estudo Rosacruz estou no terceiro ano de espiritismo. O que me ocorreu é que este ano temos o início de práticas mediúnicas, sei que não se pode ser médium para ter as lições rosacruzes, devo então me ausentar de tais aulas? O que o estudo prático muda em minha constituição espiritual? Não pode ser revertido? Já estudei sobre as energias negativas ao redor do médium, e que os clarividentes têm a energia positiva, mas ainda não entendi por que tais energias não podem ser alteradas.
Resposta: Cara irmã, inicialmente já vamos avisando que são dois métodos completamente diferentes (!) “O método Rosacruz difere de todos os outros num ponto especial: procura, desde o princípio, emancipar o Aspirante de todas as dependências externas e orienta-o a cultivar a confiança em si próprio ao máximo grau, a fim de que se torne num ponto de apoio e de ajuda aos demais — levando-os a alcançar a mesma desejável condição” (Max Heindel, em O Conceito Rosacruz do Cosmos).
Ou seja: não tem como se ter um instrutor, um guia, um líder ou qualquer outra denominação que seja responsável pelo seu desenvolvimento espiritual. Quando você chega no segundo grau, Estudante Regular, você começa a receber no seu campo egóico algumas sutis sugestões de como prestar atenção aqui ou ali no seu cotidiano, fornecida pelo Irmão Maior. Essa frequência vai aumentando conforme você vai subindo de grau até o grau de Discípulo, onde você se prepara para entrar na Ordem Rosacruz (na Região Etérica) e participar de reuniões lá, como Irmã Leiga.
A Fraternidade Rosacruz desaconselha totalmente um Aspirante à Vida Superior praticá-la. É muito perigosa e é um fator de atraso na evolução do Aspirante. Há métodos de conhecimento direto muito mais eficazes e seguros e que é ensinado ao Estudante Rosacruz, desde que ele desenvolva o seu veículo para isso.
A mediunidade já foi praticada por todos nós em um momento evolutivo que chamamos de Época Atlante, pois naquele momento era o único meio que tínhamos para entrar em contato com os Mundos espirituais. Só que naquele momento éramos orientados por ninguém mais do que uma Hierarquia Criadora, seres muito mais elevados do que nós e que sabiam o que estavam fazendo.
Pergunta: Sempre se fala muito da conservação da energia sexual, mas geralmente focado no polo masculino, e a maneira que se sucede na mulher fica um tanto vago, teria como fazer um conteúdo focado nas mazelas dos seres que encarnam em corpos femininos e como restituir e preservar a energia sexual nas mulheres?
Resposta: Na Fraternidade Rosacruz “fala NADA da conservação da energia sexual, geralmente focado no polo masculino”.
Ao contrário, tanto quando você renasce aqui manifestando o sexo masculino, como quando você renasce aqui manifestando o sexo feminino, a questão da conservação da força sexual segue as mesmas condições, facilidades e dificuldades. Inclusive pelo fato de quando você renasce aqui manifestando o sexo feminino o Corpo Vital ser positivo há até mais possibilidades de se compreender o porquê da conservação da força sexual (afinal todas as vezes que nos convencemos do porquê de uma coisa, fica mais convincente fazê-la ou não a fazer). A questão é que só a conservação da força sexual não adianta muita coisa (às vezes só ela até atrapalha e muito). O Estudante Rosacruz, ao longo do trilhar o Caminho de Preparação e Iniciação Rosacruz, é ensinado como se deve proceder via Exercícios Esotéricos e modo de vida.
SERVIÇO DE AUXÍLIO E CURA
Todas as semanas, quando a Lua se encontra num Signo Cardeal ou Cardinal (Áries, Câncer, Libra ou Capricórnio), reunimo-nos com o propósito de gerar a Força Curadora por meio de fervorosas preces e concentrações. Esta força pode depois ser utilizada pelos AUXILIARES INVISÍVEIS, que trabalham sob a direção dos IRMÃOS MAIORES com o propósito de curar os doentes e confortar os aflitos.
Datas de Cura:
Dezembro: 02, 10, 17, 24, 30
“Senhor meu Deus, a ti clamei por socorro,
e tu me curaste” Salmos 30:2.
TERCEIRA PARTE – FUTURO DESENVOLVIMENTO E INICIAÇÃO DO SER HUMANO 353
CAPÍTULO XV – Cristo e Sua Missão
Não a Paz, mas uma Espada
O Coração, uma Anomalia
O Mistério do Gólgota
CAPÍTULO XVI – Desenvolvimento Futuro e A Iniciação
Os Sete Dias da Criação
Espirais dentro de Espirais
Alquimia e Crescimento da Alma
A Palavra Criadora
Capítulo XVII – Método para Adquirir o Conhecimento Direto
Os Primeiros Passos
Métodos Ocidentais para os Ocidentais
A Ciência da Nutrição
A Lei da Assimilação
Vivei e Deixai viver
A Oração do Senhor
O Voto de Celibato
O Corpo Pituitário e a Glândula Pineal
Treinamento Esotérico
Como os Veículos Internos são construídos
CAPÍTULO XVIII – A Constituição da Terra e Erupções Vulcânicas
O Número da Besta
CAPÍTULO XIX – CHRISTIAN ROSENKREUZ E A ORDEM DOS ROSACRUZES
Antigas Verdades em Novas Roupagens
A Fraternidade Rosacruz
O Simbolismo da Rosacruz
Exercícios Noturno e Matinal Efetuados Pelo Aspirante Rosacruz
EPÍLOGO – O Poder de Cura Definitiva
CAPÍTULO XV – Cristo e Sua Missão
Diagrama – Os Sete Dias da Criação
As duas partes anteriores desta obra familiarizaram-nos com o plano pelo qual o atual mundo externo veio à existência e o ser humano desenvolveu o complicado organismo que o relaciona com as condições exteriores. Em parte, também estudamos a Religião da Raça Judaica.
Consideremos, agora, a maior e divina medida tomada para salvação da humanidade, o Cristianismo, a Religião Universal do futuro.
É um fato notável que o ser humano e suas religiões têm evoluído paralelamente, em estágios iguais. A religião mais primitiva de qualquer raça é tão selvagem como o povo por ela governado. Conforme o povo se civiliza, a religião torna-se mais humana, harmoniza-se com mais elevados ideais.
Disto, os materialistas deduziram que a religião nunca teve uma origem superior ao próprio ser humano. As investigações históricas das eras primitivas deram-lhes a convicção de que o progresso do ser humano “civiliza” seu Deus e o modela à própria imagem.
É um raciocínio defeituoso. Não considera que o ser humano não é um Corpo, mas um espírito interno, um Ego que utiliza o Corpo com crescente facilidade conforme evolui.
Não há dúvida alguma: a lei para o Corpo é a “sobrevivência do mais apto”. Contudo, para o Espírito a lei de evolução pede “Sacrifício”. Enquanto o ser humano acreditar que a “força é um direito”, a Forma prosperará, far-se-á forte, e derrubará todos os obstáculos sem a menor consideração pelos demais. Se o Corpo fosse tudo, tal maneira de viver seria a única possível. Além disso, incapaz de sentir a menor consideração pelos outros, resistiria pela força a qualquer tentativa de usurpação do que considerasse seus direitos: o direito do mais forte, o único tipo de justiça condizente com a lei da “sobrevivência dos mais aptos”. Para coisa alguma teria em conta os demais. Seria absolutamente insensível a qualquer força externa que tentasse levá-lo a executar um ato contrário à satisfação de um momentâneo prazer.
É claro e manifesto: quando o ser humano se inclina para uma diretriz de conduta mais elevada no trato com os demais, o impulso deve vir de dentro, de uma fonte não idêntica à do Corpo. Do contrário não lutaria contra este, para fazer prevalecer esse impulso sobre os interesses mais óbvios do Corpo. Além disso, essa força tem que ser mais forte que a do Corpo, para triunfar e sobrepor-se aos desejos, impelindo ao sacrifício em benefício dos fisicamente mais débeis.
Que tal força existe ninguém poderá negar. E chegou a tal estado de desenvolvimento que, em vez de considerarmos a debilidade física um meio de tornar a vítima presa fácil e proveitosa, reconhecemos nessa mesma debilidade uma boa razão para proteger o débil. O egoísmo vai sendo corroído lenta mais seguramente pelo Altruísmo.
A Natureza é muito segura na realização dos seus propósitos. O processo é lento, mas o progresso é ordenado e certo. Como um fermento, essa força Altruística está trabalhando no peito de todos os seres humanos. Transforma o selvagem em civilizado e, com o decorrer do tempo, o transformará num Deus.
Por meios materiais não se pode compreender perfeitamente o que é verdadeiramente espiritual, mas uma ilustração facilitará esse entendimento.
Quando fazemos vibrar um de dois diapasões afinados exatamente no mesmo tom, o som induzirá a mesma vibração no outro. Esse vibrará fracamente, a princípio, mas continuando a golpear o primeiro, o segundo diapasão emitirá um som cada vez mais alto, até atingir um volume de som igual ao primeiro. Isto ocorre mesmo com os diapasões a vários pés de distância. Ainda que um deles esteja encerrado numa caixa de cristal, o som penetra através do vidro e faz o instrumento emitir um som igual.
As invisíveis vibrações sonoras têm grande poder sobre a matéria concreta. Podem destruir ou criar. Se colocarmos uma pequena quantidade de pó finíssimo sobre a placa de cristal plana e passarmos um arco de violino pela borda da placa, as vibrações produzidas farão o pó assumir belas formas geométricas. A voz humana também é capaz de produzir tais figuras, e sempre a mesma figura para o mesmo som.
Toquemos uma nota depois de outra em um instrumento musical, um piano, por exemplo, ou preferivelmente, um violino, em que se obtêm mais gradações de sons. Encontra-se um som que produz no ouvinte uma vibração clara e distinta na parte inferior da cabeça. Toda vez que se toque a nota, sente-se nesse lugar a mesma vibração. Essa nota ou som é a “nota-chave” da pessoa a quem afeta. Se for tocada lenta e suavemente, descansa e repousa o Corpo, tonifica os nervos e restaura a saúde. Se, ao contrário, é tocada alto e longamente, matará a pessoa tão certamente quanto uma bala de uma pistola.
Recordemos o que acabamos de dizer sobre a música e o som, e relacionemo-lo com o problema do despertamento e fortalecimento da força interna do Altruísmo. Talvez possamos compreender melhor o assunto.
Em primeiro lugar, note: os dois diapasões estavam afinados no mesmo tom. Não fora assim, poderíamos golpear um deles até rompê-lo que o outro permaneceria mudo. Fixemos isto claramente: a vibração pode ser induzida em outro diapasão, mas só por um do mesmo tom. De modo semelhante, qualquer coisa ou ser só pode ser afetado, como foi dito, pela nota-chave que lhe é particular.
Sabemos que aquela força altruística existe; sabemos que tem menor expressão num povo pouco civilizado do que num de elevado padrão social; e que falta quase totalmente nas raças inferiores. Logicamente, conclui-se que em tempo recuado, faltava por completo. Desta conclusão surge a pergunta: que ou quem a induziu?
Sem dúvida, a personalidade material nada tem a ver com ela. Essa parte da natureza humana sente-se até mais à vontade sem a despertada força altruística. Logo, o ser humano devia possuir latente essa força do Altruísmo, dentro de si. De outra maneira não a poderia ter despertado. Ainda mais, deve ter sido despertada por uma força da mesma espécie – uma força similar que já estivesse ativa – tal como a do primeiro diapasão que, “depois” que foi tocado, induziu a vibração no segundo.
Além disso, as vibrações do segundo diapasão tornavam-se cada vez mais fortes sob os contínuos golpes dados no primeiro, e a caixa de cristal que encerrava o segundo não era obstáculo algum à indução do som. Assim também, sob a continuidade do impacto do amor de Deus, dentro do ser humano, se desperta e aumenta a potência da força de igual natureza, o Altruísmo.
Portanto, é razoável e lógico admitir que, primeiramente, foi necessário dar ao ser humano uma religião apropriada à sua ignorância. Teria sido inútil ter-lhe falado, nesse estado, de um Deus todo amor e ternura. Consideraria esses atributos uma debilidade. Não se poderia esperar que reverenciasse um Deus possuidor de qualidades para ele desprezíveis. O Deus a quem reverenciaria seria um Deus forte, um Deus temível, um Deus que tivesse o raio, o trovão e o poder para fulminar.
Primeiramente, o ser humano viu-se impelido a temer a Deus. Para seu próprio bem espiritual, foram-lhe dadas religiões que tinham como base o látego do temor.
Depois, em segundo grau, ele foi induzido a certa classe de desinteresse que o coagiu a dar parte dos seus melhores bens como sacrifício. Isto foi conseguido pelo Deus de Raça ou Tribo, um Deus zeloso que exigia a mais estrita reverência e obediência, além do sacrifício dos bens que o ser humano ciosamente apreciava. Contudo, esse Deus de Raça era um amigo todo poderoso, ajudava os seres humanos em suas batalhas, e devolvia-lhes multiplicados os carneiros e cereais que lhe eram sacrificados. O ser humano não chegara ainda ao estado de compreender que todas as criaturas são semelhantes, mas o Deus de Tribo ensinou-lhe a tratar benevolamente seus irmãos de tribo e a fazer leis equitativas e amplas para os seres humanos da mesma raça.
Não imaginemos que estes progressivos passos do ser humano primitivo foram dados facilmente, sem rebeliões ou desobediências. Deve ter havido muitos fracassos e retrocessos sabendo como, até nossos dias, o egoísmo está enraizado na natureza inferior.
Na Bíblia judaica podemos encontrar bons exemplos de como o ser humano se esqueceu dos seus deveres e de como o Espírito de Tribo o encaminhou, persistentemente, uma e outra vez. Só os extensos sofrimentos ditados pelo Espírito de Raça é que foram suficientemente capazes de encaminhá-lo dentro da lei, essa lei que tão poucas pessoas aprenderam a conhecer e a obedecer.
Avançados há que necessitam de algo mais elevado. Quando são suficientemente numerosos, a evolução dá um novo passo. A evolução apresenta gradações diversas. Em certo tempo dos últimos dois mil anos, os mais avançados da humanidade estavam aptos para mais um esforço e aprender a viver bem a vida, dentro de uma religião que assegurasse uma recompensa futura, um estado de existência em que deviam ter fé.
Foi um grande e trabalhoso passo. Era fácil levar uma ovelha ou novilho ao templo e oferecê-lo em sacrifício. Ao levar os primeiros frutos de suas colheitas, de suas vinhas, de suas hortas, sabia que teria ainda mais e que o Deus da Tribo voltaria a encher seus depósitos abundantemente. Agora, nesse novo passo, já não era questão de sacrificar os bens. Pediu-se que ele próprio se sacrificasse. Não num único supremo sacrifício, como o de um mártir, o que teria sido comparativamente fácil, mas que, dia a dia, de manhã à noite, agisse misericordiosamente com todos. Devia desprender-se do egoísmo e amar o próximo, como tinha amado a si mesmo. Outrossim, não lhe era prometida nenhuma recompensa visível e imediata, devia ter fé numa felicidade futura.
Será de admirar que o povo ache difícil realizar esse elevado ideal de agir bem continuamente? É coisa duplamente difícil porque exige que se relegue completamente o próprio interesse, e pede-se a ele sacrifício sem positiva garantia de recompensa. É gratificante constatarmos a prática do altruísmo e quanto este, para dignificação da humanidade, vem aumentando. A sabedoria dos Líderes, conhecendo a fragilidade do ser humano, a tendência a unir-se com os instintos egoístas do Corpo e os perigos do desânimo diante de tal norma de conduta, deram outro impulso edificante, ao incorporarem na nova religião a doutrina do perdão dos pecados.
Esta doutrina é desprezada por alguns filósofos muito avançados que têm a Lei de Consequência como suprema lei. Se acaso o leitor está de acordo com eles, rogamos que aguarde a explicação que adiante se dará, demonstrando que ambas formam parte do esquema de melhoramento e aperfeiçoamento. Por agora, basta dizer que esta doutrina de reconciliação fornece, às almas fervorosas, força necessária para lutar, apesar dos repetidos fracassos, e para conseguir a subjugação da natureza inferior. Recordemos que, pelas razões já indicadas, ao falarmos das leis de Renascimento e Consequência, a humanidade ocidental nada conhecia praticamente dessas leis. Tendo diante de si um ideal tão grande como o de Cristo, e crendo não ter mais do que curto número de anos de vida para realizar tão elevado grau de desenvolvimento, não teria sido a maior crueldade imaginável deixar a humanidade sem essa ajuda? O grande sacrifício do Calvário, se bem que tenha servido para outros propósitos que serão indicados, converteu-se na Luz de Esperança para todas as almas fervorosas que estão se esforçando por realizar o impossível: efetuar numa única e curta vida a perfeição exigida pela Religião Cristã.
Para obter ligeiro vislumbre do grande Mistério do Gólgota e compreender a Missão de Cristo como fundador da Religião Universal do futuro, é necessário conhecer primeiramente a natureza exata dessa missão. Incidentalmente, conheceremos a natureza de Jeová, a cabeça das Religiões de Raça, como o Taoísmo, Budismo, Hinduísmo, Judaísmo, etc., e a identidade do “Pai”, a quem Cristo, em tempo próprio, entregará o Reino.
No credo cristão encontra-se esta sentença: “Jesus-Cristo, o unigênito Filho de Deus”. Para a generalidade dos seres humanos, estas palavras reportam-se a certa pessoa, aparecida na Palestina há uns dois mil anos, de Quem se fala como Jesus-Cristo, um indivíduo somente, “o unigênito Filho de Deus”.
É um grande erro. Nessa sentença é caracterizado três Seres bem distintos e diferentes. É da maior importância que o Estudante compreenda claramente a natureza exata desses três Grandes e Exaltados Seres, enormemente diferentes em glória, mas que merecem nossa mais profunda e devotada adoração.
Rogamos ao Estudante que observe o Diagrama 6. Notará que “O Único Gerado” (o “Verbo” de que fala São João) é o segundo aspecto do Ser Supremo.
Unicamente esse “Verbo” foi “engendrado por Seu Pai (o primeiro aspecto) antes de todos os Mundos”. “Sem Ele nada do que foi feito se fez”[1], nem mesmo o terceiro aspecto do Ser Supremo, que procede dos dois aspectos anteriores. Portanto, o “único engendrado” é o exaltado Ser que está além de todo o Universo, salvo unicamente o aspecto-Poder d’Aquele que O criou.
O primeiro aspecto do Ser Supremo concebe ou imagina o Universo antes do começo da manifestação ativa, incluindo os milhões de Sistemas Solares e as grandes Hierarquias que habitam os seis planos cósmicos de existência além do sétimo, o campo da nossa evolução (veja-se o Diagrama 6). Esta Força também dissolve tudo o que se tem cristalizado sem mais possibilidade de ulterior crescimento. Quando chega o final da manifestação ativa, ela reabsorve em Si mesma tudo que existe, até o alvorecer de outro novo Período de Manifestação.
O segundo aspecto do Ser Supremo manifesta-se na matéria como forças de atração e coesão, dando-lhe a capacidade de combinar-se em várias classes de formas. Esse é o Verbo, o “Fiat Criador”. Modela a Substância-Raiz-Cósmica primordial de modo semelhante ao que produz as figuras geométricas por meio de vibrações musicais, como antes se indicou o mesmo som originando sempre as mesmas figuras. Assim, o grande e primordial “Verbo” trouxe a existência, em sutilíssima matéria todos os diferentes mundos e suas miríades de formas que, desde esse tempo, foram copiadas e trabalhadas em pormenores pelas inúmeras Hierarquias Criadoras.
Entretanto, o “Verbo” não podia fazer isso antes do terceiro aspecto do Ser Supremo preparar e despertar do seu estado normal de inércia a Substância-Raiz-Cósmica, pondo os inumeráveis átomos inseparáveis a girar em seus eixos, colocando esses eixos em diferentes ângulos uns em relação aos outros, e dando a cada estrutura atômica diferente “grau de vibração”.
Os diferentes ângulos de inclinação dos eixos e as intensidades vibratórias permitem à Substância-Raiz-Cósmica formar diferentes combinações. Tais combinações constituem a base dos sete grandes Planos Cósmicos. Havendo diferentes inclinações dos eixos e diferentes intensidades vibratórias em cada um desses planos, as condições e combinações de cada um dos planos são diferentes das de qualquer outro, em consequência da atividade do “Único Engendrado”.
Segundo o Diagrama 14:
Diagrama 14 – O Pai, o Filho e o Espírito Santo
O “Pai” é o mais elevado Iniciado da humanidade do Período de Saturno. À humanidade ordinária daquele Período pertenciam os que são agora os Senhores da Mente.
O “Filho” (Cristo) é o mais elevado Iniciado do Período Solar. A humanidade comum desse Período pertencia os que são agora os Arcanjos.
O “Espírito Santo” (Jeová) é o mais elevado Iniciado do Período Lunar. À humanidade comum desse Período pertenciam os que são agora os Anjos.
Esse Diagrama 14 mostra também quais eram os veículos dessas diferentes ordens de Seres. Comparando com o Diagrama 8, ver-se-á que seus Corpos ou veículos (indicados por retângulos em negro no Diagrama 14) correspondem aos Globos do Período em que foram humanos. É sempre assim, pelo menos no relativo às humanidades ordinárias. Ao fim do Período em que uma onda de vida se individualiza em seres humanos, esses seres retêm Corpos correspondentes aos Globos nos quais funcionaram.
Por outra parte, os Iniciados desenvolvem veículos superiores, para eles mesmos. Deixam de usar os veículos inferiores quando obtém a capacidade de empregar um veículo novo e superior. Ordinariamente, o veículo inferior de um Arcanjo é o Corpo de Desejos. Cristo, o mais alto Iniciado do Período Solar, emprega geralmente o Espírito de Vida como veículo inferior. Funciona tão conscientemente no Mundo do Espírito de Vida como nós no Mundo Físico. Rogamos ao Estudante que note de modo particular esse ponto porque o Mundo do Espírito de Vida é o primeiro Mundo Universal, conforme explicamos no primeiro capítulo, sobre os Mundos. Nesse mundo cessa a diferenciação e começa a manifestar-se a unidade, pelo menos quanto ao nosso Sistema Solar.
Cristo tem o poder de construir e funcionar num veículo tão inferior como o Corpo de Desejos, o veículo usado pelos Arcanjos, mas não pode descer mais. O significado disso será agora examinado.
Jesus pertence à nossa humanidade. Estudando o ser humano Jesus na Memória da Natureza, podemos segui-lo em suas vidas anteriores. Nelas viveu sob diversas circunstâncias, sob vários nomes, em diferentes encarnações, do mesmo modo que outro qualquer ser humano. Isto não sucede com o Ser Cristo. No Seu caso só pode encontrar-se uma única encarnação.
Todavia, não se imagine que Jesus tenha sido um indivíduo comum. Era de Mente singularmente pura, muito superior à grande maioria da nossa presente humanidade. Esteve percorrendo o Caminho da Santidade através de muitas vidas, preparando-se para a maior honra que poderia ter recebido um ser humano.
Sua mãe, a Virgem Maria, possuía, também, a mais elevada pureza humana, por isso foi escolhida para ser a mãe de Jesus. O pai, José, era um elevado Iniciado, capaz de realizar o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou paixão pessoal.
Em consequência, o formoso, puro e amoroso espírito conhecido pelo nome de Jesus de Nazaré veio ao mundo num Corpo puro e sem paixões. Esse Corpo era o melhor, o mais perfeito que se podia produzir na Terra. A tarefa de Jesus, nesta encarnação, era cuidar e desenvolver o seu Corpo até o maior grau de eficiência possível para o grande propósito a que devia servir.
Jesus de Nazaré nasceu mais ou menos no tempo indicado pela História, e não no ano 105 antes de Cristo, conforme indicam algumas obras ocultistas. O nome Jesus era comum no Oriente. Um iniciado chamado Jesus viveu no ano 105 A.C. e obteve a Iniciação egípcia. Não foi Jesus de Nazaré, com quem estamos a relacionar-nos.
O indivíduo que mais tarde se encarnou sob o nome de Christian Rosenkreuz, já estava em grau de evolução muito elevado quando nasceu Jesus de Nazaré. Está encarnado, atualmente. Seu testemunho, assim como o resultado das investigações diretas de outros Rosacruzes, concorda em que o nascimento de Jesus de Nazaré teve lugar no princípio da Era Cristã, na data que geralmente se atribui.
Jesus foi educado pelos Essênios e alcançou um elevado grau de desenvolvimento espiritual durante os trinta anos de uso do seu Corpo.
Podemos dizer, num parêntese, que os Essênios constituíam uma terceira seita na Palestina, além das duas mencionadas no Novo Testamento, os Fariseus e os Saduceus. Os Essênios formavam uma ordem extremamente devota, muito diferente da dos materialistas saduceus e completamente oposta aos hipócritas e vaidosos fariseus. Evitavam toda menção de si e de seus métodos de estudo e de adoração. Esse particular explica por que nada se sabe deles nem são mencionados no Novo Testamento.
É lei do Cosmos: por mais elevado que seja nenhum ser pode funcionar em qualquer mundo sem um veículo construído do material desse mundo (Ver os Diagramas 8 e 14). Por esse motivo, o Corpo de Desejos era o veículo mais baixo do grupo de espíritos que alcançaram o estado humano no Período Solar.
Cristo, um desses espíritos, era incapaz de construir para Si um Corpo Vital e um Corpo Denso. Podia ter trabalhado sobre a humanidade com um Corpo de Desejos, do modo que fizeram como Espíritos de Raça, seus irmãos mais jovens, os Arcanjos. Jeová Lhe teria aberto o caminho para entrar no Corpo Denso do ser humano. Todas as Religiões de Raça foram religiões de leis, originadoras do pecado como consequência da desobediência a essas leis. Tais religiões estavam sob a direção de Jeová que, tendo por veículo inferior o Espírito Humano, está correlacionado ao Mundo do Pensamento Abstrato, onde se origina o separatismo, conducente ao benefício próprio. A unidade era impossível. Precisamente por esta razão, foi necessária a intervenção de Cristo que possuía como veículo inferior o unificante Espírito de Vida. Por esse motivo, devia aparecer como um ser humano entre os seres humanos. Devia entrar num Corpo humano denso, porque unicamente de dentro é possível conquistar a Religião de Raça, que afeta o ser humano de fora.
Cristo não podia nascer num Corpo Denso. Não tendo nunca passado por uma evolução semelhante à do Período Terrestre, teria de adquirir, primeiramente, a capacidade de construir um Corpo Denso como o nosso. Porém, ainda que tivesse essa capacidade, seria inconveniente para um Ser tão elevado empregar energia na construção do Corpo durante a vida pré-natal, a infância, a juventude, e levá-lo até a maturidade indispensável.
Ele deixara de empregar ordinariamente o Espírito Humano, o Corpo Mental e o de Desejos, embora tivesse aprendido a construí-los no Período Solar e retivesse a capacidade de construí-los e de neles funcionar quando fosse necessário.
Cristo usou todos esses veículos próprios e só tomou de Jesus os Corpos Vital e Denso. Quando Jesus atingiu trinta anos de idade, Cristo penetrou nesses Corpos e empregou-os até o final de Sua Missão, no Gólgota. Depois da destruição do Corpo Denso, Cristo apareceu entre os discípulos em Corpo Vital, no qual funcionou ainda durante algum tempo. O Corpo Vital é o veículo que Ele empregará quando aparecer novamente. Nunca tomará outro Corpo Denso.
Com isto se relaciona o objetivo de todo treinamento esotérico, de que falaremos mais tarde, que é trabalhar sobre o Corpo Vital, para construir o Espírito de Vida e acelerar seu desenvolvimento. Quando tratarmos da Iniciação, será possível dar outros pormenores. Agora não é possível dizer mais sobre o assunto. Esse ponto já foi parcialmente tratado ao descrever os acontecimentos relativos à existência pós-morte. Rogamos ao Estudante tenha em conta o seguinte: supõe-se que o ser humano, antes de entrar no esoterismo, já deve ter conquistado em grande extensão o seu Corpo de Desejos. O treinamento esotérico e as primeiras Iniciações são destinados a preparar o Corpo Vital, a fim de ser organizado o Espírito de Vida. Jesus, quando Cristo tomou o seu Corpo, era um discípulo de grau elevado e, por conseguinte, seu Espírito de Vida estava em organizado. Vemos, portanto, que o veículo inferior em que funcionou Cristo e o melhor organizado dos veículos superiores de Jesus eram idênticos. Cristo, ao tomar os Corpo Vital e Denso de Jesus, encontrou-se com uma série completa de veículos, desde o Mundo do Espírito de Vida até o Mundo Físico.
Jesus já alcançara as mais elevadas vibrações do Espírito de Vida e passou por várias Iniciações para obter o necessário efeito sobre o Corpo Vital. O Corpo Vital de um ser humano comum ter-se-ia paralisado instantaneamente sob as intensíssimas vibrações do Grande Espírito que entrou no Corpo de Jesus. Até esse Corpo, puríssimo e ultrassensível como era, não podia suportar durante muitos anos os tremendos impactos vibratórios d’Aquele. Quando lemos que, em certa ocasião, Cristo se afastava dos seus discípulos, ou caminhava sobre o mar em sua procura, o esoterista sabe que Cristo tinha abandonado momentaneamente os veículos de Jesus para dar-lhes descanso, deixando-os ao cuidado dos Irmãos Essênios que, melhor que Cristo, sabia como deviam cuidar de tais veículos.
Esta cessão foi consumada com pleno e livre consentimento de Jesus. Ele soube que, durante a encarnação inteira, estava preparando um veículo para Cristo. Submeteu-se alegremente, para que o desenvolvimento da humanidade pudesse receber o gigantesco impulso que lhe foi dado pelo misterioso sacrifício do Gólgota.
Como se vê no Diagrama 14, Cristo Jesus possuía os doze veículos que formam uma ininterrupta cadeia desde o Mundo Físico até o próprio Trono de Deus. Portanto, Ele é o único Ser do Universo que está em contato, ao mesmo tempo, com Deus e com o ser humano. É capaz desta mediação porque experimentou, pessoal e individualmente, todas as condições e conhece todas as limitações incidentais à existência física.
Cristo é único entre todos os Seres dos sete Mundos. Unicamente Ele possui os doze veículos. Ninguém, a não ser Ele, é capaz de sentir tão elevada compaixão e compreender tão amplamente a situação e as carências da humanidade. Ninguém, só Ele, está qualificado para trazer o remédio que satisfaça todas as nossas necessidades.
Assim, ficamos conhecendo a natureza de Cristo, o Iniciado mais elevado do Período Solar, que tomou os Corpo Vital e Denso de Jesus para poder funcionar diretamente no Mundo Físico e aparecer como um ser humano entre os seres humanos. Se o seu aparecimento se desse de maneira milagrosa, estaria em desacordo com o plano evolutivo porque, ao final da Época Atlante, a humanidade obteve a liberdade de agir bem ou mal. Para aprender a dominar-se não podia ser empregada sobre ela nenhuma coação. Devia conhecer o bem e o mal por meio da experiência. Antes desse tempo, os seres humanos tinham sido conduzidos, voluntariamente ou não, mas, depois se deu a eles liberdade, sob diferentes Religiões de Raça, cada uma delas adaptada às necessidades de cada Tribo ou Nação.
Todas as Religiões de Raça são do Espírito Santo. Baseadas na lei são insuficientes, porque produzem o pecado e acarretam a morte, a dor e a tristeza.
Todos os Espíritos de Raça sabem disso e compreendem que suas religiões são, tão somente, passos necessários para atingir algo melhor. Todas as Religiões de Raça, sem exceção, indicam Alguém que virá, o que demonstra a assertiva anterior. A religião dos persas indica a Mithras; a dos Caldeus, a Tammuz. Os antigos deuses do norte previam a aproximação da “Luz dos Deuses”, quando Surt, o brilhante Sol-Espiritual viesse substituí-los e uma nova e mais formosa ordem se estabelecesse em “Gimle”, a Terra regenerada.
Os egípcios esperavam a Horus, o Sol recém-nascido. Mithras e Tammuz são também simbolizados como órbitas solares e todos os templos principais eram construídos com frente para Leste, para que os raios do Sol nascente pudessem brilhar diretamente através das portas abertas. O templo de São Pedro, em Roma, foi assim edificado. Todos estes fatos demonstram que, geralmente, era sabido que Aquele que viria seria um Sol Espiritual, para salvar a humanidade das influências separatistas das Religiões de Raça.
Essas religiões foram os passos necessários à humanidade a fim de prepará-la para a vinda de Cristo. O ser humano deve primeiramente cultivar um “eu”, antes de poder ser desinteressado e compreender o aspecto superior da Fraternidade Universal, que exprime unidade de propósitos e interesses. Cristo lançou as primeiras bases da Fraternidade Universal em sua primeira vinda. Tal Fraternidade será coisa verdadeiramente realizada quando Ele voltar.
Como o princípio fundamental de toda Religião de Raça é a separação, que indica o engrandecimento próprio a expensas de outros seres humanos e nações, é evidente que, levado às suas últimas consequências, esse princípio teria necessariamente uma tendência destrutiva e frustraria a evolução, a menos que a Religião de Raça fosse substituída por uma religião mais construtiva.
As religiões separatistas do Espírito Santo devem dar lugar à unificante religião do Filho, a Religião Cristã.
A lei deve ceder lugar ao Amor, e as raças e nações separadas devem unir-se numa Fraternidade Universal, tendo Cristo como Irmão Maior.
A Religião Cristã não teve ainda o tempo necessário para realizar esse grande objetivo. Até agora o ser humano está sob a influência do dominante Espírito de Raça. Os ideais do Cristianismo ainda são demasiado elevados para ele. O intelecto pode ver nesses ideais algumas belezas e facilmente admite que devemos amar os nossos inimigos, mas as paixões do Corpo de Desejos permanecem demasiado fortes. Sendo a lei do Espírito de Raça “olho por olho”, o sentimento afirma: “hei de me vingar”. O coração pede Amor, mas o Corpo de Desejos anseia por vingança. O intelecto vê, em abstrato, a beleza de amar os nossos inimigos, mas nos casos concretos, alia-se aos sentimentos vingativos do Corpo de Desejos com a desculpa de fazer justiça, porque “o organismo social deve ser protegido”.
É motivo de satisfação, não obstante, que a sociedade sinta desejo de criticar os métodos empregados. Os métodos corretivos e a misericórdia vão-se tornando cada vez mais preponderantes na administração das leis, como demonstrou a favorável acolhida feita a essa instituição moderna, os Tribunais para Menores. Podemos notar outras manifestações desta tendência na frequência com que são suspensas as sentenças e deixados à prova prisioneiros convictos, e no espírito da humanidade que nos tempos atuais se usa para com os prisioneiros de guerra. É a vanguarda do sentimento de Fraternidade Universal que está fazendo sentir sua lenta, mas segura influência.
Embora o mundo esteja progredindo e, por exemplo, tenha sido fácil ao autor assegurar boa assistência às conferências feitas em diversas cidades que visitou (havendo jornais que lhe dedicou páginas inteiras e até primeiras páginas) enquanto se limitou a falar dos mundos superiores e dos estados pós-morte, pôde comprovar que tão logo era abordado o tema da Fraternidade Universal, seus artigos passavam sempre para o cesto de papéis.
Em geral, o mundo não gosta de considerar coisas que julga “demasiado” altruísta. Deve haver uma razão para isso. Não considera norma de conduta natural a que não ofereça uma oportunidade de “conseguir alguma coisa dos seus semelhantes”. As empresas comerciais são planejadas e conduzidas segundo esse princípio. Ante a Mente desses que estão escravizados ao desejo de acumular riquezas inúteis, a ideia da Fraternidade Universal evoca as terríveis visões da abolição do capitalismo e sua inevitável consequência, a exploração dos demais, e enfim, o fatal naufrágio dos “interesses de negócios”. A palavra “escravizados” descreve exatamente a condição. De acordo com a Bíblia, o ser humano deveria ter domínio sobre o mundo, mas na grande maioria dos casos, o inverso é a verdade: o mundo é que tem domínio sobre o ser humano. Cada ser humano que tenha interesses próprios admitirá, em momentos de lucidez, que as posses constituem uma fonte inesgotável de aborrecimentos, que se vê constantemente obrigado a traçar planos para conservar seus bens, ou pelo menos cuidar deles para evitar perdê-los, pois sabe “por dura experiência” que os outros estão sempre procurando tomá-los. O ser humano é escravo de tudo aquilo que, por inconsciente ironia, chama de “minhas posses” quando, em realidade, são elas que o possuem. Bem disse o Sábio de Concord[2]: “São as coisas que vão montadas e cavalgam sobre a humanidade”.
Esse estado resulta das Religiões de Raça e seus sistemas de leis; por isso, todas elas assinalam “Aquele que deve vir”. A Religião Cristã é a única que não espera Aquele que deve vir, mas sim Aquele que deve voltar. Sua volta se fará quando a Igreja se liberte do Estado. A Igreja, especialmente na Europa, está atrelada ao carro do Estado. Os ministros de Igreja encontram-se coibidos por considerações econômicas, não se atrevem a proclamar as verdades que seus estudos lhes têm revelado.
Recentemente, um viajante assistiu, em uma igreja de Copenhague (Dinamarca), a uma cerimônia de confirmação. Naquele país, a Igreja está sob o domínio do Estado e todos os seus ministros estão sob o poder temporal. Os fiéis nada têm a dizer sobre o assunto. Podem frequentar a igreja ou não, como queiram, mas são obrigados a pagar as taxas que sustentam a instituição.
Além de efetuar os ofícios sob a direção do Estado, o pastor da igreja visitada era condecorado com várias ordens conferidas pelo rei. O brilho das faixas oficiais era um silencioso, mas eloquente testemunho da grande escravidão a que está submetida a Igreja pelo Estado. Durante a cerimônia, o pastor rogou pelo rei e pelos legisladores, para que estes pudessem reger o país sabiamente.
Enquanto existirem reis e legisladores, essa oração será muito apropriada, mas foi muito chocante ouvi-lo exclamar ao final: “…e, o Todo-Poderoso Deus protege e fortifica nosso exército e armada”.
Uma oração semelhante só demonstra claramente que o Deus adorado é o Deus da Tribo ou Nacional, o Espírito de Raça. O último ato de Cristo Jesus foi arrancar a espada das mãos do amigo que queria protegê-lo, todavia, Ele disse que não tinha vindo para trazer a paz, mas uma espada. Disse-o porque previa os mares de sangue que as nações “cristãs” militantes provocariam, em consequência da má interpretação dos seus ensinamentos. Seus elevados ideais não podiam ser imediatamente alcançados pela humanidade. São terríveis os assassínios nas guerras e outras atrocidades semelhantes, mas são também potentes ilustrações daquilo que o amor há de abolir.
É aparente a contradição entre as palavras de Cristo Jesus (“Eu não venho trazer a paz, mas uma espada”[3]) e as palavras do cântico celestial que anunciava o nascimento de Jesus: “Paz na Terra, e boa vontade entre os homens”[4].
É a mesma contradição aparente que existe entre as palavras e os atos de uma mulher que diz: “vou limpar toda a casa e arrumá-la”. E começa a tirar os tapetes, a empilhar as cadeiras, etc., produzindo uma desordem geral na casa anteriormente em ordem. Quem observasse unicamente esse aspecto, poderia exclamar justificadamente: “está pondo as coisas piores do que antes”. Contudo, quando compreender o propósito do trabalho, compreenderá também a momentânea desordem, sabendo que a casa ficará, depois, em melhores condições.
Analogamente, devemos ter presente que o tempo transcorrido desde a vinda de Cristo Jesus não é mais do que um momento, quando comparado com um só Dia de Manifestação. Aprendemos a conhecer, como Whitman[5], “a amplitude do tempo”, e a olhar além das passadas e presentes crueldades e dos zelos das seitas em guerra, a caminho da Fraternidade Universal. Essa marcará o grande novo passo do progresso humano em sua larga e gloriosa jornada desde o barro até Deus, desde o protoplasma até a consciente unidade com o Pai, esse
… distante e divino acontecimento,
para o qual se move a criação inteira.
O pastor anteriormente mencionado, ao receber os fiéis na igreja disse-lhes, durante a cerimônia, que Jesus-Cristo era um indivíduo composto: Jesus era a parte humana mortal, enquanto Cristo era o Espírito imortal e divino. Se o assunto fosse discutido, cremos, ele não sustentaria a afirmação, apesar de ter anunciado um fato oculto.
A unificante influência de Cristo foi simbolizada na formosa lenda da adoração dos três reis magos ou “sábios do Oriente”, tão maravilhosamente descrita pelo General Lew Wallace[6], em sua encantadora história “Ben Hur”.
Os três sábios, Gaspar, Melchior e Baltazar, representam as raças branca, amarela e negra, e simbolizam os povos da Europa, Ásia e África guiados pela Estrela ao Salvador do Mundo, diante de Quem “todo joelho se dobraria”[7] e a Quem “toda língua louvaria”[8]. Aquele que uniria todas as nações debaixo da bandeira da Paz e da boa vontade. Aquele que levaria os seres humanos a “converter suas lanças em arados e suas espadas em foices”.
Diz-se que a Estrela de Belém apareceu ao nascer Jesus e guiou os três sábios para o Salvador.
Muito se especulou acerca da natureza dessa estrela. A maioria dos seres humanos que estudam a ciência materialista tem declarado que ela não passa de um mito, enquanto para outros, se fosse algo mais do que um mito, seria a simples “coincidência” de dois sóis mortos que, ao chocarem-se teria produzido uma explosão. Não obstante, todo místico conhece a “Estrela”, sim, e a “Cruz” também, não somente como símbolos relacionados com a vida de Jesus e de Cristo Jesus, mas também por meio de suas experiências pessoais. São Paulo disse: “até que o Cristo nasça de vós”[9]; e o místico Angelus Silesius[10] escreveu:
“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma segue extraviada.
Olharás em vão a Cruz do Gólgota,
Enquanto ela não se erguer dentro de ti mesmo novamente.”
Richard Wagner mostrou seu conhecimento intuitivo de artista quando, à pergunta de Parsifal[11]: “Quem é o Graal? “ – Responde Gurnemanz:
Não podemos dizer-te;
porém, se foste guiado por Ele,
não te será oculta a verdade.
… Nenhum caminho conduz até Ele
e procurá-Lo é inútil,
salvo se Ele mesmo for o Guia.
Sob a “antiga dispensação” o caminho da Iniciação não estava aberto senão para poucos escolhidos. Alguns podiam procurar o caminho, mas só os guiados ao Templo pelos Hierofantes podiam encontrar a entrada. Antes da vinda de Cristo, não havia convite algum semelhante ao atual: “Todo aquele que queira pode vir”.
No momento em que o sangue fluiu no Gólgota “o véu do Templo rasgou-se”[12] (por razões que agora serão explicadas) e, daí para diante, quem procura sua admissão, encontra-a.
Nos Templos de Mistérios, os Hierofantes[13] ensinavam aos discípulos que no Sol há uma força espiritual além de energia física. Esta última, a dos raios solares, é o princípio fecundante da Natureza. Produz o crescimento das plantas, sustenta e conserva os Reinos animal e humano. É uma energia construtora, fonte de toda força física. Alcança mais elevada expressão em meados do verão, quando os dias são maiores e mais curtas as noites, porque os raios solares caem diretamente sobre o hemisfério norte, em junho. Nesse tempo, as forças espirituais são mais inativas.
Pelo contrário, em dezembro, durante as longas noites de inverno[14], a força física solar está adormecida e as forças espirituais alcançam seu grau máximo de intensidade[15].
A noite entre 24 e 25 de dezembro é, em todo o ano, a Noite Santa por excelência. O Signo zodiacal da imaculada Virgem Celestial está sobre o horizonte oriental à meia-noite, e o Sol do ano novo nasce e começa sua jornada do ponto mais austral, em direção ao hemisfério norte, para (fisicamente) salvar essa parte da humanidade da obscuridade e da fome inevitáveis, caso permanecesse sempre abaixo do Equador.
À meia-noite de 24 de dezembro, para os povos do hemisfério norte, onde nasceram todas as Religiões atuais, o Sol está diretamente abaixo da Terra e as influências espirituais são fortíssimas.
Em tal momento, nessa noite, aos que desejassem, pela primeira vez, dar um passo na Iniciação, seria muitíssimo mais fácil se porem em contato consciente com o Sol Espiritual.
Por esse motivo, nos antigos templos, os discípulos preparados para a Iniciação eram levados pelas mãos dos Hierofantes dos Mistérios e, por meio de cerimônias que se realizavam no Templo, eram elevados a um estado de exaltação, no qual transcendiam toda condição física. A Terra tornava-se transparente à sua visão espiritual e eles viam o Sol da meia-noite: a “Estrela”! Não era o Sol físico, seu salvador físico, o que viam com os seus olhos espirituais, mas o Espírito do Sol, o Cristo, seu Salvador Espiritual.
Essa Estrela que brilhou na Santa Noite ainda brilha para o místico na obscuridade da noite. Quando o ruído cessa e a confusão da atividade física se aquieta, então ele entra em seu interior e procura o caminho que conduz ao Reino da Paz. A brilhante Estrela está sempre ali para guiá-lo e sua alma ouve a canção profética: “Paz na terra e boa vontade entre os homens” [16].
Paz e boa vontade a todos, sem exceção, não excluindo nem os inimigos. É de admirar que custe muito a educar a humanidade para esse tão elevado tipo de moral? Há algum meio melhor para demonstrar a beleza e a necessidade da paz, da boa vontade e do amor do que compará-los com o estado atual de guerras, egoísmos e ódios?
Quanto mais forte é a luz, tanto mais profunda é a sombra que projeta. Quanto mais altos os ideais, mais claramente podemos ver nossos defeitos.
Lamentavelmente, em nosso atual estado de desenvolvimento, a humanidade só pode aprender por meio de duríssimas experiências. Apegada à raça, tem de sentir-se absolutamente egoísta, para que possa provar as amarguras que lhe produz o egoísmo alheio, assim como é preciso conhecer a enfermidade para reconhecer-se quanto vale a saúde.
A Religião impropriamente chamada Cristã tem sido a mais sangrenta que se conhece, sem excetuar o Maometismo[17] que, a esse respeito, é muito parecido com o nosso mal praticado Cristianismo. Nos campos de batalha e durante a Inquisição, cometeram-se atrocidades inqualificáveis em nome do doce e meigo Nazareno. A espada e o vinho, isto é, a cruz e o cálice da comunhão pervertidos, foram os meios de que se valeram as poderosas nações chamadas cristãs para dominar os povos pagãos e as nações mais débeis que professavam a mesma fé que os seus conquistadores. O mais ligeiro exame da história greco-latina ou das raças teuto-anglo-saxônicas corroborará amplamente essa afirmação.
Enquanto o ser humano esteve plenamente sob o governo das Religiões de Raça de cada nação, cada uma destas era um conjunto unido. Os interesses individuais subordinavam-se voluntariamente aos interesses da comunidade. Todos estavam “na lei”. Todos eram, em primeiro lugar, membros de suas respectivas tribos e, secundariamente indivíduos.
Nos tempos presentes, há tendência para ir ao outro extremo, exaltando-se o “eu” sobre tudo o mais. O resultado é evidente nos problemas econômicos e industriais, surgidos em todas as nações, cujos problemas clamam por pronta solução.
O estado de desenvolvimento em que o ser humano sinta-se uma unidade absolutamente separada, um Ego que segue seu caminho independentemente, é condição necessária. A unidade nacional, de tribo ou de família, precisa ser desfeita para que a Fraternidade Universal possa ser um fato. O regime do paternalismo foi já amplamente sucedido pelo reinado do Individualismo. Agora, conforme a civilização avança, estamos aprendendo o que esse último tem de mau. O desordenado método de distribuir os produtos do trabalho, a avidez de uns poucos e a exploração de muitos, todos esses crimes sociais produzem o enfraquecimento, as depressões econômicas e perturbações nas classes trabalhadoras, destruindo a paz interna. A guerra industrial dos nossos dias é muito pior e mais destrutiva do que as guerras militares entre as nações.
Nenhuma lição é de valor real como princípio ativo de vida se a sua verdade for aprendida superficialmente. Deverá ser assimilada através do coração, pela aspiração e pela amargura. A lição principal que, por esse modo, o ser humano deve aprender é: o que não beneficia a todos não beneficia realmente a ninguém.
Durante cerca de dois mil anos temos concordado, de boca apenas, em agir e dirigir a vida segundo a máxima: “respondei ao mal com o bem”. O coração pede benevolência e amor. Contudo, a razão pede beligerância e medidas punitivas, se não como vingança, pelo menos como meio de prevenir uma repetição de hostilidades. Esse divórcio entre o coração e a cabeça impede o crescimento do verdadeiro sentimento de Fraternidade Universal e a adoração dos ensinamentos de Cristo, o Senhor do Amor.
A Mente é o foco através do qual o Ego percebe o mundo material. Como instrumento para aquisição do conhecimento é inestimável nesse domínio. Porém, ao arrogar-se o papel de ditador da conduta do ser humano para com os semelhantes, a Mente está em caso análogo ao das lentes do telescópio que, focalizadas para o Sol, dissessem ao astrônomo: “estamos mal enfocadas, não estamos bem de frente ao Sol, não cremos que seja bom focalizar o Sol, preferimos que focalizeis a Júpiter. Os raios do Sol esquentam-nos demasiadamente e podem danificar-nos”.
Se o astrônomo, empregando sua vontade, focaliza o telescópio a seu talante, como que dizendo às lentes para se ocuparem na transmissão dos raios que recebem, deixando para ele os resultados, o trabalho efetuar-se-á devidamente. Porém, se o mecanismo do telescópio estivesse ligado às lentes e elas tivessem uma vontade mais forte, o astrônomo ver-se-ia seriamente coibido e, tendo de lutar para manter o instrumento em boa forma, inevitavelmente as imagens sairiam confusas, fracas, imprecisas ou sem valor.
Assim acontece com o Ego. Trabalha com um Tríplice Corpo que governa, ou deveria governar através da Mente, mas, triste é dizê-lo, esse Corpo, tem uma vontade própria, é ajudado quase sempre pela Mente, e frustra os propósitos do Ego.
Esta antagônica “vontade inferior” é expressão da parte superior do Corpo de Desejos. Quando se deu a divisão do Sol, na Época Lemúrica, e a Terra, que incluía a Lua, se separou, a parte mais avançada da humanidade nascente experimentou no Corpo de Desejos uma divisão em duas partes, a superior e a inferior. O resto da humanidade sofreu divisão semelhante na primeira parte da Época Atlante.
A parte superior do Corpo de Desejos converteu-se numa espécie de alma-animal. Construiu o Sistema Nervoso cérebro-espinhal e os músculos voluntários, dominando por esse meio a parte inferior do Tríplice Corpo, até que o elo de ligação, a Mente, foi agregado. Então, a Mente uniu-se a essa alma-animal fazendo-se co-regente.
Portanto, a Mente está limitada pelos desejos, submersa na egoísta natureza inferior, o que torna difícil ao Espírito o governo do Corpo. A Mente, o foco – que deveria aliar-se à natureza superior – está unida à natureza inferior, escrava do desejo.
As Religiões de Raça e suas leis foram dadas para emancipar o intelecto do desejo. O “temor a Deus” foi posto contra os “desejos da carne”, mas não bastava para conseguir o domínio do Corpo e garantir sua cooperação voluntária. Foi necessário que o espírito encontrasse no Corpo outro ponto de apoio, que não estivesse sob o domínio do Corpo de Desejos. Não nos músculos porque são expressões do Corpo de Desejos, e formam um caminho direto até o ponto principal onde a Mente traidora está unida ao desejo e reina suprema.
Se os Estados Unidos estivessem em guerra com a França não desembarcaria suas tropas na Inglaterra, esperando dominar a França, mas desembarcariam os soldados diretamente na França, para que lutassem ali.
Assim, o Ego, como sábio general, segue uma conduta semelhante. Não começa sua campanha adquirindo domínio sobre alguma das glândulas, porque estas são expressões do Corpo Vital. É-lhe impossível adquirir domínio sobre os músculos voluntários, muito bem defendidos pelo inimigo. A parte involuntária do sistema muscular, sob a direção do Sistema Nervoso simpático, seria também inútil para esse objetivo.
O Ego tem que conquistar um contato mais direto com o Sistema Nervoso cérebro-espinhal. Nesse sentido, para conseguir uma base de operações no próprio campo inimigo, deve dominar um músculo que seja involuntário e que, ao mesmo tempo, esteja relacionado com o Sistema Nervoso voluntário, mas não sob sua direção. Esse músculo é o coração.
Já falamos anteriormente das duas classes de músculos: voluntários e involuntários. Esses últimos têm suas fibras em sentido longitudinal, e são relacionados com as funções que estão fora do domínio da vontade, como a digestão, a respiração, a excreção, etc. Os músculos voluntários, como os das mãos e dos braços, são dominados pela vontade, por meio do Sistema Nervoso voluntário. Suas fibras estão dispostas longitudinalmente cruzando-se com estrias transversais.
Estas particularidades são exatas para todos os músculos menos para o coração, que é um músculo involuntário. Normalmente, nós não podemos controlar a circulação. Sob condições normais, a batida do coração é de uma quantidade constante, ainda que para confusão dos fisiólogos, o coração seja estriado, como se fosse um músculo voluntário. É o único órgão do Corpo que exibe essa peculiaridade, porém, como esfinge, recusará dar aos cientistas materialistas uma resposta que resolva o enigma.
O ocultista pode encontrar facilmente a resposta na Memória da Natureza. Nessa fonte vê que o coração, quando o Ego procurou, pela primeira vez, firmar-se aí, era estriado apenas longitudinalmente, tal como qualquer outro músculo involuntário. À medida que o Ego foi adquirindo domínio sobre o coração, foram-se desenvolvendo gradualmente as fibras transversais. Não são nem tão numerosas nem tão definidas como as dos músculos que estão debaixo do pleno domínio do Corpo de Desejos, mas, conforme os princípios altruísticos do amor e da fraternidade se vigorizem e gradualmente sobre passem a razão, baseada no desejo, essas estrias transversais serão mais numerosas e estruturadas.
Como indicamos anteriormente, o Átomo-semente do Corpo Denso está situado no coração e abandona-o quando a morte ocorre. A obra ativa do Ego está no sangue.
Com exceção dos pulmões, o coração é o único órgão do Corpo através do qual passa todo o sangue em cada ciclo.
O sangue é a expressão mais elevada do Corpo Vital, porque nutre todo o organismo físico. Em certo sentido, é também o veículo da memória subconsciente e está em contato com a Memória da Natureza, situada na divisão mais elevada da Região Etérica. O sangue leva as recordações da vida dos antecessores aos descendentes durante gerações, quando é um sangue comum, como acontece na endogamia.
Na cabeça há três pontos que são o assento particular de cada um dos três aspectos do espírito (veja-se o Diagrama 17). O segundo e terceiro aspectos têm outros pontos de sustentação secundários.
O Corpo de Desejos é expressão deturpada do Ego. Manifesta em “egoísmo” o que é a “individualidade” do Espírito. A individualidade não procura o seu em detrimento dos demais, enquanto o egoísta procura tudo possuir sem ter em conta os demais. O assento do Espírito Humano é, primariamente, a Glândula Pineal[18] e secundariamente, o cérebro, ou antes, o Sistema Nervoso cérebro-espinhal, que domina os músculos voluntários.
O amor e a unidade do Mundo do Espírito de Vida encontram sua contraparte ilusória na Região Etérica, com a qual estamos relacionados pelo Corpo Vital, o originador do amor sexual e da união sexual. O Espírito de Vida assenta, primariamente, no Corpo Pituitário[19] e, secundariamente, no coração, o regente do sangue que nutre os músculos.
O inativo Espírito Divino – o Observador Silencioso – encontra sua expressão material no passivo, inerte e insensível esqueleto do Corpo Denso, o obediente instrumento dos outros Corpos. Não tem o poder de atuar por iniciativa própria e tem sua fortaleza no impenetrável ponto da raiz do nariz.
Em pura realidade, o espírito é um só, porém, observado do Mundo Físico, o Ego refrata-se em três aspectos que se expressam da forma indicada.
O sangue, ao passar pelo coração, ciclo após ciclo, hora após hora, durante toda a vida, grava os acontecimentos nos Átomos-semente, enquanto permanecem frescos. Prepara um arquivo fidelíssimo da vida que, depois, na existência pós-morte, se imprimirá indelevelmente na alma. O coração está permanentemente em estreito contato com o Espírito de Vida, o espírito do amor e da unidade, o que o torna o foco do amor altruísta.
Após as imagens passarem ao Mundo do Espírito de Vida, em que se encontra a verdadeira Memória da Natureza, não voltam através dos lentos sentidos físicos, mas diretamente através do quarto Éter contido no ar que respiramos. No Mundo do Espírito de Vida o espírito pode ver muito mais claramente do que nos Mundos mais densos. Nesse elevado plano que lhe é próprio, está em contato com a Sabedoria Cósmica e, em qualquer situação, sabendo imediatamente o que há de fazer, envia sua mensagem de guia e de ação ao coração. Esse logo a retransmite ao cérebro por meio do nervo pneumogástrico. Assim se formam as “primeiras impressões”, os impulsos intuitivos, sempre bons, porque emanam diretamente da fonte cósmica de Sabedoria e Amor.
Isto é tão instantâneo que o coração tem tempo de efetuá-lo antes da razão, mais lenta, poder, por assim dizer, “considerar a situação”. Crê-se que o ser humano pensa em seu coração e é certo, porque “assim ele é”. O ser humano, inerentemente, em qualquer aspecto, é um Espírito Virginal, bom, nobre, verdadeiro. Tudo o que não é bom pertence à natureza inferior, o ilusório reflexo do Ego. O Espírito Virginal sempre está dando sábios conselhos. Se pudéssemos seguir os impulsos do coração, o primeiro pensamento, a Fraternidade Universal seria realizada agora mesmo.
No entanto, precisamente nesse ponto começam as complicações. Depois do bom conselho dado pela primeira impressão, começa o raciocínio e, na maioria dos casos, o cérebro domina o coração. O telescópio controla o próprio foco e aponta para onde quer, sem atender ao astrônomo. A Mente e o Corpo de Desejos frustram os desígnios do Espírito e tomam a direção, mas, como carecem da sabedoria do Espírito, tanto o Espírito como o Corpo sofrem as consequências.
Os fisiólogos notam que certas áreas do cérebro estão dedicadas a determinadas atividades mentais. Os frenólogos levaram esse ramo da ciência ainda mais além. Sabe-se também que o pensamento destrói o tecido nervoso e que esse desgaste do Corpo, como qualquer outro, é restaurado pelo sangue. Quando o coração se converter em músculo voluntário, a circulação do sangue ficará completamente sob o domínio do unificante Espírito de Vida, o Espírito do Amor. Então, terá o poder de impedir que o sangue flua a essas partes do cérebro dedicadas a propósitos egoístas. Esses centros mentais irão atrofiando-se gradualmente. Por outro lado, ser-lhe-á possível ativar o sangue quando as elaborações mentais foram altruístas, o que restaurará e vigorizará esses centros. A natureza passional será conquistada e, pelo Amor, a Mente será emancipada da escravidão do desejo. Só se emancipando completamente pelo Amor, o ser humano poderá elevar-se além da lei e converter-se, ele mesmo, numa lei. Tendo-se conquistado a si, conquistará então todo o mundo.
As estrias transversais do coração podem formar-se mediante certos exercícios de treinamento oculto. Alguns desses exercícios são perigosos e devem ser levados a cabo unicamente sob a direção de um instrutor competente. É nosso desejo que nenhum leitor desta obra se deixe enganar por impostores habilidosos e desejosos de atrair discípulos. Para evitar esse engano voltamos a repetir, mui seriamente: nenhum verdadeiro ocultista se gaba, anuncia seus poderes ocultos, nem vende lições a tanto cada uma ou a tanto o curso, ou consentirá jamais em fazer exibições. Realiza seu trabalho com a maior discrição possível e somente com o propósito de ajudar legitimamente os demais, sem pensar nunca em si mesmo.
Como dissemos no princípio desse capítulo, todas as pessoas desejosas de obter o conhecimento superior podem ter a mais absoluta confiança: se verdadeiramente o buscam, encontrarão aberto o caminho que a ele conduz. Cristo mesmo preparou o caminho para “quem o deseje”. Ele ajudará e abençoará a todo o verdadeiro investigador que deseje trabalhar pela Fraternidade Universal.
O Mistério do Gólgota
Durante os últimos 2.000 anos, muito se tem escrito sobre o “sangue purificador”. O sangue de Cristo tem sido exaltado nos púlpitos como o soberano remédio do pecado, como o único meio de salvação e redenção.
Se, de acordo com as leis do Renascimento e de Consequência, os seres evolucionados colhem do que têm semeado e, por outro lado, o impulso evolutivo está constantemente elevando a humanidade até alcançar a perfeição, onde está a necessidade de redenção ou de salvação? E, ainda que essa necessidade existisse como pode a morte de um indivíduo ajudar os outros? Não seria mais nobre cada um sofrer as consequências dos próprios atos do que escapar-se atrás do outro?
Eis algumas objeções à doutrina da redenção (ou perdão) dos pecados por meio da substituição e da redenção pelo sangue de Cristo Jesus. Iremos dar-lhes resposta antes de demonstrar a lógica e a harmonia existente na Lei de Consequência e na expiação de Cristo.
Em primeiro lugar, é absolutamente certo que o impulso evolutivo tem em vista levar todos os seres à suprema perfeição. Contudo, alguns estão ficando para trás. Atualmente, estamos ultrapassando o extremo ponto de materialidade e passando através das dezesseis raças. Ao percorrer os “dezesseis caminhos de destruição” estamos em grave perigo de atrasar-nos, muito mais do que em qualquer outro momento da jornada evolutiva.
Considerando em abstrato, o tempo nada é. Certo número de entidades pode ficar tão atrasado que tenha de ser abandonado. E prosseguirá sua evolução em outro plano evolutivo, onde possa continuar sua jornada para a perfeição. Todavia, originalmente, essa evolução não foi projetada para elas. É razoável supor que as exaltadas Inteligências encarregadas da nossa evolução empreguem todos os meios para vitoriosamente conduzir as entidades a seu cargo, tantas quantas lhes sejam possíveis.
Na evolução ordinária, as leis do Renascimento e de Consequência são perfeitamente adequadas para conduzir à perfeição a maior parte da onda de vida, mas não são suficientes para os atrasados das várias raças que têm ficado para trás. Durante o estado de individualização, o pináculo da separatividade ilusória, toda a humanidade necessita de ajuda extra, mas os atrasados necessitam ainda de um auxílio especial.
Para conferir esse auxílio especial, a fim de redimi-los, foi preparada a missão de Cristo. Ele disse que tinha vindo buscar e salvar os que estavam perdidos. Abriu o caminho da Iniciação para todos os que quisessem alcançá-lo.
Os que levantam objeções à doutrina da expiação dizem: é covardia esconder-se atrás de outrem; cada ser humano deve assumir as consequências dos próprios atos.
Consideremos o seguinte caso. As águas dos Grandes Lagos[20] afluem ao rio Niágara[21]. Esse enorme volume de água corre rapidamente para as cataratas, sobre um leito coberto de rochas, numa extensão de vinte milhas[22]. Se uma pessoa vai além de certo ponto e não perde a vida nos redemoinhos vertiginosos, perdê-la-á indubitavelmente ao cair na catarata.
Suponhamos que um ser humano, cheio de piedade pelas vítimas dessas águas, resolvesse colocar uma corda sobre as cataratas, ainda que soubesse serem tais as condições que não poderia depois escapar com vida. Apesar disso, de seu próprio gosto e livremente, sacrifica sua vida e coloca a corda, modificando o estado inicial. As vítimas abandonadas podem agarrar-se à corda e salvar-se.
Que pensaríamos de um ser humano que, tendo caído na água devido à sua falta de cuidado e estivesse lutando furiosamente contra a corrente, exclamasse: “Como? Salvar-me e procurar escapar ao castigo que a minha falta de cuidado merece? Amparar-me no sacrifício de quem sofreu sem culpa alguma e deu sua vida para que outros pudessem salvar-se? Não, nunca! Isso não seria digno de ‘um ser humano’! Assumirei as consequências dos meus erros! “.
Não concordaríamos que esse ser humano deveria estar louco?
Nem todos necessitam de salvação. Cristo sabia que um grande número não necessitaria salvar-se dessa maneira. Porém, tão certo como noventa e nove por cento se deixa conduzir pelas leis do Renascimento e de Consequência e, por essa forma, alcança a perfeição, assim os “pecadores” se submergiram tanto na corrente do materialismo que não lhe poderiam fugir sem aquela ajuda. Cristo veio para trazer paz e boa vontade a todos, e para salvar esses pecadores elevando-os ao ponto necessário de espiritualidade, produzindo uma modificação em seus Corpos de Desejos que tornará mais forte a influência do Espírito de Vida em seus corações.
Os irmãos menores de Cristo, ou Arcanjos, tinham trabalhado, como Espíritos de Raça, no Corpo de Desejos do ser humano. Sua obra foi efetuada de fora. Era uma força solar espiritual refletida através da Lua, tal como a luz lunar é o reflexo da luz solar. No entanto, Cristo, o Maior dos Iniciados dos espíritos solares, influenciou nossos Corpos de Desejos de dentro, ao entrar diretamente no Corpo Denso da Terra, trazendo consigo a força solar direta.
Se o ser humano encarasse o Sol durante muito tempo ficaria cego, porque as vibrações da luz solar são tão fortes que destruiriam a retina do olho. No entanto, pode olhar sem temor a Lua, porque tem vibrações muito mais fracas. A Lua absorve as vibrações fortes do Sol e reflete as restantes sobre nós.
O mesmo acontece com os impulsos espirituais que ajudam a evolução do ser humano. A Terra foi arrojada do Sol porque a humanidade não podia suportar seus tremendos impulsos físicos e espirituais. Apesar de encontrar-se a tão grande distância do Sol, o impulso espiritual seria ainda demasiado forte se não fosse enviado primeiramente à Lua para que Jeová, o Regente da Lua, o empregasse em benefício do ser humano. Certo número de Arcanjos (espíritos solares comuns) seguiu com Jeová, como auxiliares, para refletirem esses impulsos espirituais do Sol sobre a humanidade da Terra, em forma de religiões de Jeová ou de raça.
O veículo inferior dos Arcanjos é o Corpo de Desejos. Nosso Corpo de Desejos foi obtido no Período Lunar, que tinha Jeová como Iniciado mais elevado. Portanto, Jeová pode tratar do Corpo de Desejos do ser humano. O veículo inferior de Jeová é o Espírito Humano (veja-se o Diagrama 14) e sua contraparte é o Corpo de Desejos. Os Arcanjos são seus auxiliares e têm o poder de administrar as forças espirituais do Sol. Trabalham e preparam a humanidade até chegar o tempo em que receba os impulsos espirituais diretamente do Sol, sem intervenção da Lua. Cristo, o Iniciado mais elevado do Período Solar, tem a seu cargo a tarefa de enviar esse impulso. Jeová, ao refleti-lo, preparou a Terra e a humanidade para a admissão direta de Cristo.
A expressão “preparou a Terra” significa que toda evolução num Planeta é acompanhada pela evolução do próprio Planeta. Se algum observador, localizado em alguma estrela distante e dotado de visão espiritual, tivesse contemplado a evolução da Terra, teria notado uma mudança gradual em seu Corpo de Desejos.
Sob a Antiga Dispensação, o Corpo de Desejos humano era aperfeiçoado por meio da Lei. Ainda é desse modo que a maioria se prepara para a vida superior.
A Vida Superior (Iniciação) só tem início quando começa o trabalho no Corpo Vital. O meio empregado para pô-lo em atividade é o Amor ou, melhor dito, o Altruísmo. Tem-se abusado tanto da primeira palavra, amor, que já não sugere o significado aqui requerido.
Durante a Antiga Dispensação, o caminho da Iniciação não estava aberto para todos, e, sim para uns poucos. Os Hierofantes dos Mistérios escolhiam certo número de famílias. Eram levadas ao Templo, postas à parte das demais e guardavam rigorosamente certos ritos e cerimônias. Seus casamentos e relações sexuais eram regulados pelos Hierofantes.
Disso resultou uma raça que tinha o grau apropriado para separar o Corpo Vital do Denso e o poder de despertar o Corpo de Desejos, durante o sono, do seu estado de letargia. Desse modo, alguns foram postos em condições para a Iniciação, dando a eles oportunidades que não podiam ser concedidas a todos. Como exemplo, entre os judeus, encontramos a tribo de Levi, escolhida para prestar serviços no Templo. Entre os hindus, a única classe sacerdotal é a casta dos Brâmanes.
A missão de Cristo, além de salvar os que estavam perdidos, foi tornar possível a Iniciação para todos. Jesus surgiu do povo comum, não foi um levita, classe para quem era uma herança o sacerdócio. Ainda que não surgisse de uma classe de instrutores, seus ensinamentos foram superiores aos de Moisés.
Cristo Jesus não negou Moisés, nem a Lei, nem os profetas. Pelo contrário, confirmando-os, demonstrou ao povo que eles, ao indicarem Aquele que deveria vir, foram seus predecessores. Disse ao povo que tais coisas já tinham servido aos seus propósitos e que, para o futuro, o Amor deveria suceder à lei.
Cristo Jesus foi morto. Relativamente à sua morte, há uma diferença fundamental e suprema entre Ele e os antigos instrutores, em que se manifestaram os Espíritos de Raça. Tais instrutores morriam e deviam renascer uma e outra vez, para ajudar os seus povos no cumprimento de seu destino. Moisés, em quem se manifestou o Arcanjo Miguel (o Espírito de Raça dos judeus), foi conduzido ao Monte Nebo, onde deveria morrer. Moisés renasceu como Elias[23]; e Elias voltou como João Batista. Buda morreu e renasceu como Shankaracharya[24]. Shri Krishna[25] disse: “onde quer que decaia Dharma[26] (…) e (…) surge uma exaltação de Adharma[27], então Eu mesmo venho para proteger o bem e destruir os que fazem o mal, para salvaguardar o firme restabelecimento de Dharma. Eu nasço de tempos a tempos”.
Quando chegou a morte, o rosto de Moisés brilhou e o Corpo de Buda iluminou-se. Todos eles tinham chegado ao estado em que o espírito começa a brilhar de dentro e, então, morreram.
Cristo Jesus chegou a esse estado no Monte da Transfiguração. É sumamente significativo que Seu trabalho real teve lugar depois desse acontecimento. Ele sofreu, foi morto e ressuscitou.
Ser morto é mui diferente de morrer. O sangue, que tinha sido o veículo do Espírito de Raça, devia fluir e ser purificado de toda influência contaminadora. O amor ao pai e à mãe, com exclusão de todos os demais pais e mães, devia ser abandonado. De outra maneira, a Fraternidade Universal e o Amor altruísta que a todos abarca não poderiam jamais converter-se em fatos reais.
Quando o Salvador, Cristo Jesus, foi crucificado, seu Corpo foi ferido em cinco lugares, nos cinco centros por onde fluem as correntes do Corpo Vital. A pressão da coroa de espinhos produziu um fluxo no sexto centro também (isto é um vislumbre para os que já conhecem essas correntes. Uma explicação ampla não pode, por enquanto, ser dada publicamente).
Quando o sangue fluiu desses centros, o grande Espírito Solar, Cristo, libertou-se do veículo físico de Jesus. Encontrando-se na Terra com Seus veículos individuais, compenetrou os veículos planetários, já existentes e, num abrir e fechar de olhos difundiu Seu próprio Corpo de Desejos pelo Planeta, o que permitiu, daí para diante, trabalhar sobre a Terra e sobre a humanidade, de dentro.
Naquele momento, uma poderosa onda de luz espiritual solar inundou a Terra. O véu do Templo rompeu-se, o véu que o Espírito de Raça tinha colocado ante o Templo, para resguardá-lo de todos, menos dos poucos escolhidos. Desde aquele tempo, o caminho da Iniciação ficou aberto para quem nele queira entrar. Subitamente, como um relâmpago, essa onda transformou as condições da Terra no que diz respeito aos Mundos Espirituais. As condições densas e concretas, obviamente, são afetadas muitos mais lentamente.
Como toda vibração rápida e intensíssima de luz, o brilho fulgurante dessa grande onda de claridade cegou o povo. Por isso se diz que “o Sol se obscureceu”. O acontecido foi precisamente o oposto: o Sol não se tornou obscuro. Ao contrário: brilhava com glorioso esplendor. Foi o excesso de luz que ofuscou o povo. Quando a Terra absorveu o Corpo de Desejos do brilhante Espírito Solar, a vibração baixou a uma intensidade mais normal.
A expressão “o sangue purificador de Cristo Jesus” significa que o sangue que fluiu no Calvário está ligado ao Grande Espírito Solar, Cristo. Por esse meio, assegurou Sua admissão na própria Terra e, desde aquele momento, é seu Regente. Difundiu seu próprio Corpo de Desejos por todo o Planeta, purificando-o de todas as baixas influências desenvolvidas sob o regime do Espírito de Raça.
Sob a Lei, todos pecavam e, mais ainda, não podiam ser ajudados. Não se tinham desenvolvido até o ponto de poderem agir com retidão, por Amor. Era tão forte a natureza de desejos que se tornava impossível dirigi-la. As dívidas contraídas sob a Lei de Consequência tinham tomado proporções colossais. A evolução ter-se-ia demorado terrivelmente e muitos perderiam nossa onda de vida se não fossem ajudados.
Por tais motivos, Cristo veio para “buscar e salvar os que estavam perdidos”[28]. Limpou os pecados do mundo com o seu sangue purificador, o que lhe permitiu entrar na Terra e na humanidade. A Ele, ao fazer essa purificação, devemos a possibilidade de atrair para os nossos Corpos de Desejos matéria emocional mais pura do que antes. Ele continua trabalhando para ajudar-nos, tornando o ambiente que nos rodeia cada vez mais puro.
Que isto se efetuou e continua realizando-se à custa de um grande sofrimento para Ele, é coisa que ninguém pode duvidar; isso se for capaz de formar a mínima ideia das limitações suportadas por esse Grande Espírito ao entrar nas restritivas condições da existência física. A sua atual limitação como Regente da Terra não é menos dolorosa. Certamente, Ele é também Regente do Sol, pelo que só parcialmente fica confinado à Terra. Contudo, as limitações produzidas pelas lentíssimas vibrações do nosso Planeta denso devem ser quase insuportáveis.
Se Cristo Jesus não ressurgisse ter-lhe-ia sido impossível executar Sua obra. Os cristãos têm um Salvador ressuscitado; Alguém que está sempre presente para ajudar os que invoquem o Seu Nome. Tendo sofrido em tudo como nós e conhecendo plenamente todas as nossas necessidades, é o lenitivo para todos os nossos erros e fracassos, enquanto continuarmos lutando e procurando viver uma boa vida. Devemos ter sempre presente que o único verdadeiro fracasso é deixar de lutar.
Depois da morte do Corpo Denso de Cristo Jesus, os Átomos-sementes foram devolvidos a seu primitivo dono, Jesus de Nazaré que, algum tempo depois, funcionando temporariamente em um Corpo Vital que construíra, instruiu o núcleo da nova fé formado por Cristo. Jesus de Nazaré, desde aquele tempo, tem conservado a direção dos ramos esotéricos, existentes em toda a Europa.
Em vários lugares, os Cavaleiros da Távola Redonda foram altos Iniciados dos Mistérios da Nova Dispensação. Os Cavaleiros do Graal, a quem foi confiado o Cálice de José de Arimatéia, que tinha sido empregado por Cristo Jesus na Última Ceia, foram também altos Iniciados desses Mistérios. A estes foram entregues também a Lança que feriu o peito do Salvador e o receptáculo que recolheu o sangue da ferida.
Os Druidas[29] da Irlanda e os Trottes do Norte da Rússia constituíram, também, escolas esotéricas, nas quais trabalhou Jesus na chamada “Idade Média”. Na Idade Média, ainda que bárbara, fluía o impulso espiritual. Do ponto de vista oculto, era, em realidade, uma “Idade Brilhante”, comparada com o crescente materialismo dos últimos trezentos anos que, se aumentou imensamente os conhecimentos físicos, por outro lado, quase extinguiu a Luz do Espírito.
Os relatos do Santo Graal, dos Cavaleiros da Távola Redonda, etc. são considerados como superstições, visto ser olhado como indigno de ser acreditado o que não pode ser demonstrado materialmente. Gloriosas como são, as descobertas da ciência moderna foram adquiridas ao elevado preço do aniquilamento da intuição espiritual. Do ponto de vista superior, nunca amanheceram dias tão tenebrosos como os atuais.
Os Irmãos Maiores, Jesus entre Eles, têm lutado e lutam por equilibrar essa poderosa influência que, semelhante aos olhos da serpente, obriga o passarinho a cair em suas fauces. Cada tentativa para iluminar o povo e para nele despertar o desejo de cultivar o lado espiritual da vida é uma evidência da atividade dos Irmãos Maiores.
Possam seus esforços ser coroados de êxito e apressar o dia em que a ciência moderna, espiritualizada, encaminhe as investigações sobre a matéria, do ponto de vista do espírito. Então, e não antes, compreenderemos e conheceremos, verdadeiramente, o mundo.
CAPÍTULO XVI – Desenvolvimento Futuro e A Iniciação
Ao Período Terrestre os Rosacruzes chamam Marte-Mercúrio. O grande Dia da Manifestação Criadora, pelos quais têm passado e passarão os Espíritos Virginais, em sua peregrinação através da matéria, deram nome aos dias da semana:
Dia | Correspondente ao | Regido por | Dia da criação |
Sábado | Período de Saturno | Saturno | 1 |
Domingo | Período Solar | Sol | 2 |
Segunda-feira | Período Lunar | Lua | 3 |
Terça-feira | Primeira metade do Período Terrestre | Marte | 4 |
Quarta-feira | Segunda metade do Período Terrestre | Mercúrio | |
Quinta-feira | Período de Júpiter | Júpiter | 5 |
Sexta-feira | Período de Vênus | Vênus | 6 |
O Período de Vulcano é o último Período do nosso plano evolutivo. A quintessência de todos os Períodos precedentes é extraída por recapitulação, espiral após espiral. Nenhum novo trabalho é feito até a última Revolução, do último Globo, na Sétima Época. Portanto, pode-se dizer, o Período de Vulcano corresponde à semana, que inclui todos os sete dias.
Está bem fundamentada a afirmação dos astrólogos de que os dias da semana são regidos pelo astro particular que indicam. Os antigos estavam familiarizados com esses conhecimentos ocultos, como demonstram suas mitologias, onde os nomes dos deuses eram associados aos dias da semana. Saturday (sábado) é, simplesmente, o dia de Saturno; Sunday (domingo) está relacionado com o Sol, e Monday (segunda-feira) relaciona-se com a Lua. Os latinos chamavam à terça-feira “Dies Martis”, o que mostra claramente sua relação com Marte, o deus da guerra. O nome Tuesday (terça-feira) deriva de “Tirsdag”, “Tir” ou “Tyr”, o nome do deus escandinavo da guerra. Wednesday (quarta-feira) era Wotanstag, de Wotan, também um deus do norte; os latinos denominavam-no “Dies Mercurii”, demonstrando assim sua relação com Mercúrio, conforme indicamos em nossa lista.
Thursday ou Thorsdag (quinta-feira) chamava-se assim porque “Thor” era o deus do trovão, e os latinos denominavam-no “Dies Jovis”, com o dia do deus do trovão “Jove” ou Júpiter.
Friday (sexta-feira) era assim chamado porque a deusa do norte que encarnava a beleza chamava-se “Freya”. Por análogas razões, os latinos chamavam-no “Dies Veneris”, o dia de Vênus.
Esses nomes dos Períodos nada têm a ver com os Planetas físicos. Referem-se às encarnações passadas, presente e futuras da Terra. Como no dizer do axioma hermético: “assim como é em cima, é em baixo”, o macrocosmo tem suas encarnações como as tem o ser humano, o microcosmo.
A ciência oculta diz que há 777 encarnações, o que não quer significar que a Terra sofra 777 metamorfoses. Significa que a vida que está evoluindo faz:
7 Revoluções em torno dos
7 Globos dos
7 Períodos Mundiais
Esta peregrinação involutiva e evolutiva e o caminho reto da Iniciação estão simbolizados no Caduceu ou “Cetro de Mercúrio” (veja o Diagrama 15). É assim chamado porque esse símbolo oculto indica o caminho da Iniciação, aberto unicamente desde o princípio da metade mercurial do Período Terrestre. Alguns Mistérios Menores foram dados aos primitivos lemurianos e atlantes, mas não as Quatro Grandes Iniciações.
Diagrama 15 – O Simbolismo do Caduceu
A serpente negra do Diagrama 15 indica o caminho cíclico e tortuoso da Involução, e compreende os Período de Saturno, Solar, Lunar e a metade marciana do Período Terrestre. Durante esse intervalo, a vida, que está evoluindo, construiu seus veículos, mas só adquiriu plena e clara consciência do mundo externo na última parte da Época Atlante.
A serpente branca representa o caminho que seguirá a humanidade através da metade mercurial do Período Terrestre e dos Períodos de Júpiter, de Vênus e de Vulcano. A consciência humana expandir-se-á durante esta peregrinação, até alcançar a onisciência, a Inteligência Criadora. Enquanto a grande maioria dos seres humanos segue o caminho serpenteante, o Cetro de Mercúrio em que se enrolam as serpentes mostra o “estreito e reto caminho”, o Caminho da Iniciação. Os que por ele viajam, realizam em poucas vidas o que requer milhões de anos para a maioria da humanidade.
Não é possível fazer qualquer descrição das cerimônias Iniciáticas. O primeiro voto do Iniciado é o do silêncio. Contudo, ainda que o relato fosse permitido, não teria maior importância. Para nós, basta indicar os resultados de tais cerimônias para ter uma visão geral do caminho evolutivo. Em síntese, a Iniciação fornece ao Aspirante espiritual uma oportunidade de desenvolver, em curto tempo e por meio de um treinamento mui severo, suas faculdades e poderes superiores. Por ela se alcança a expansão da consciência que toda a humanidade possuirá num futuro distante. A grande maioria só a conseguirá seguindo o lento processo da evolução comum. Podemos conhecer os estados de consciência e os poderes correspondentes alcançados pelo candidato que passa através das sucessivas Grandes Iniciações. Já demos alguns vislumbres. Outros mais podem ser deduzidos pela lei de correspondências de modo a poderem dar-nos uma visão de conjunto da evolução que nos aguarda e da magnitude dos grandes graus Iniciáticos. Nessa finalidade, talvez possa ajudar-nos a contemplação do passado e dos graus de consciência por que passou a humanidade nos períodos precedentes.
Recordemos que durante o Período de Saturno, o estado de inconsciência do ser humano era semelhante ao do Corpo Denso submerso em transe profundo. No Período Solar, esta consciência foi sucedida pela consciência do sono sem sonhos.
No Período Lunar obteve-se o primeiro vislumbre da atual consciência de vigília. Era uma consciência pictórica interna das coisas externas, uma representação interna dos objetos, das cores e dos sons externos. Por último, na segunda parte da Época Atlante, essa consciência imaginativa deu lugar à consciência plena de vigília atual, em que os objetos podem ser observados fora, distintos e definidos. Quando obteve essa consciência objetiva, o ser humano percebeu a realidade do mundo exterior e, pela primeira vez, vislumbrou a diferença entre si, o “eu” e os outros. O ser humano compreendeu que era separado e, desde então, a consciência do “eu”, o egoísmo, predomina. Anteriormente, não havia pensamentos nem ideias sobre esse mundo externo, pelo que não existia também memória dos acontecimentos.
A mudança da consciência pictórica interna para a consciência objetiva e do “eu”, foi efetuada muito lentamente, em gradação proporcional à sua magnitude, desde a permanência no Globo C, na terceira Revolução do Período Lunar, até a última parte da Época Atlante.
Durante esse tempo, antes de atingir o estado humano, a onda que está evoluindo passou através de quatro grandes estados de desenvolvimento, analogamente ao animal. Esses quatro graus passados correspondem aos quatro graus que ainda teremos de passar, bem como às quatro Grandes Iniciações.
Dentro desses quatro estados de consciência já passados há treze graus. Do estado atual do ser humano até a última das Grandes Iniciações há treze Iniciações: os nove graus dos Mistérios Menores e as quatro Grandes Iniciações.
Uma divisão similar existe na forma dos animais atuais. Como a forma é a expressão da vida, cada grau de desenvolvimento desta corresponde, necessariamente, a um desenvolvimento de consciência.
Primeiramente, Cuvier[30] dividiu o Reino Animal em quatro classes primárias, mas não soube dividir essas classes em subclasses. O embriologista Karl Ernst Von Baer[31], o Prof. Agassiz[32] e outros cientistas classificam o Reino Animal em quatro divisões primárias e treze subdivisões, como a seguir:
I – RADIADOS |
1. Pólipos (Anêmonas marinhas, Corais)
2. Acaléfios (Alforrecas[33]) 3. Asteroides (Estrelas Marinhas, Ouriços do mar) |
II – MOLUSCOS |
4. Acéfalos (Ostras, etc.)[34]
5. Gastrópodes (caracóis)[35] 6. Cefalópodes[36] |
III – ARTICULADOS |
7. Vermes
8. Crustáceos (lagostas, etc.) 9. Insetos |
IV – VERTEBRADOS |
10. Peixes
11. Répteis 12. Aves 13. Mamíferos |
As primeiras três divisões correspondem às três Revoluções da metade mercurial do Período Terrestre e suas nove subdivisões correspondem aos nove graus de Mistérios Menores, que serão alcançados pela humanidade quando tenha chegado à metade da última Revolução do Período Terrestre.
A quarta divisão na lista do Reino Animal mais avançado tem quatro subdivisões: peixes, répteis, aves e mamíferos. Os graus de consciência indicados correspondem a estados análogos de desenvolvimento que alcançará a humanidade respectivamente ao final dos Períodos: Terrestre, de Júpiter, de Vênus e de Vulcano, mas que o Aspirante pode obter atualmente por meio da Iniciação. A primeira das Grandes Iniciações produz o estado de consciência que alcançará a humanidade comum no final do Período Terrestre; a segunda, o estado que alcançará no final do Período de Júpiter; a terceira, a extensão de consciência que se alcançará ao finalizar o Período de Vênus; e a quarta fornece ao iniciado o poder e a onisciência que alcançará a humanidade no final do Período de Vulcano.
A consciência objetiva, com a qual obtemos conhecimento do mundo exterior, depende do que percebemos pelos sentidos. A isto chamamos “real”. Em contradição aos nossos pensamentos e ideias que nos chegam através da consciência interna, a realidade não se apresenta da mesma forma que se nos apresenta um livro, uma mesa, ou qualquer objeto visível ou tangível no espaço. Parecem nebulosos e irreais e, por isso, falamos deles como “meros” pensamentos, ou “simples” ideias. Todavia, as ideias e os pensamentos atuais têm pela frente uma evolução anterior: estão destinados a tornarem-se tão reais, claros e tangíveis como qualquer objeto do mundo externo que percebemos por meio dos sentidos físicos. Quando pensamos num objeto ou numa cor, o objeto ou cor apresentado pela memória à nossa consciência interna parecem-nos obscuros, sombrios, comparados com as próprias coisas sobre as quais pensamos.
No Período de Júpiter produzir-se-á uma mudança marcante. Voltarão as imagens internas, como de sonho, do Período Lunar, mas estarão sujeitas à vontade do pensador e não serão meras reproduções dos objetos exteriores. Será uma combinação das imagens internas do Período Lunar com os pensamentos e ideias desenvolvidas conscientemente durante o Período Terrestre, isto é, será uma Consciência pictórica consciente de si.
Quando um ser humano do Período de Júpiter disser “vermelho” ou expressar o nome de um objeto, apresentar-se-á à sua visão interna uma reprodução exata e clara do tom particular de vermelho em que esteja pensando ou do objeto de que esteja falando, reprodução essa que será também visível para o interlocutor. Não haverá mal-entendido quanto ao que pretende significar pelas palavras emitidas, porque os pensamentos e ideias serão visíveis e vivos. A hipocrisia e a adulação serão completamente eliminadas, os seres humanos ver-se-ão exatamente como serão. Haverá bons e maus, mas as duas qualidades não se encontrarão mescladas na mesma pessoa. Haverá seres humanos perfeitamente bons e seres humanos completamente malvados, e um dos problemas mais sérios daquele tempo será a maneira de agir com estes últimos. Os Maniqueus, uma Ordem de espiritualidade ainda superior à dos Rosacruzes, estão atualmente estudando esse problema. Pode-se obter uma ideia antecipada dessas condições num curto resumo da sua lenda (Todas as ordens místicas têm uma lenda simbólica enunciadora dos seus ideais e aspirações).
Na lenda dos Maniqueus há dois reinos: o dos Luminosos e o dos Sombrios. Esses últimos atacam os primeiros, são derrotados e devem ser castigados. Contudo, como os Luminosos são perfeitamente bons, como, do mesmo modo, os Sombrios completamente maus, eles não podem lhes infligir nenhum mal, pelo que os castigam fazendo-lhes o Bem. Para isso, uma parte do reino dos Luminosos se incorpora ao dos Sombrios e, desta maneira, com o tempo, o mal é transmutado. O ódio não será dominado pelo ódio; há de sucumbir ante o Amor.
Durante o Período Lunar, as imagens internas eram a expressão do ambiente externo ao ser humano. No Período de Júpiter, essas mesmas imagens serão expressas de dentro, como uma faculdade da vida interna. O ser humano possuirá também a faculdade, cultivada no Período Terrestre, de ver as coisas no espaço fora de si mesmo. Lembremos que no Período Lunar o ser humano não via as coisas concretas, mas as suas qualidades anímicas. No Período de Júpiter verá ambas; terá uma compreensão perfeita de tudo quanto o rodeia. Em um estado posterior, no mesmo Período, dita capacidade perceptiva atingirá uma fase superior. O poder de formar claras concepções mentais acerca de cores, de tonalidades, de objetos, permitir-lhe-á pôr-se em contato com seres suprassensíveis de diversas ordens e, empregando sua força de vontade, assegurar sua obediência. Poderá emitir as forças necessárias à execução dos seus desígnios, mas, sem dúvida, dependerá do auxílio desses seres suprafísicos a seu serviço.
Ao finalizar o Período de Vênus poderá empregar a própria força para dar vida a suas imaginações e para exteriorizá-las no espaço, como objetos. Possuirá, então, uma consciência objetiva, consciente e criadora.
Muito pouco se pode dizer sobre a elevada consciência espiritual que se alcançará ao finalizar o Período de Vulcano. Estaria muito além da nossa atual compreensão.
Diagrama – Como é em cima, é em baixo[37]
Não se deve supor que estes estados de consciência comecem no princípio dos Períodos a que pertencem, nem que durem até o final. Havendo sempre recapitulação, devem existir correspondentes estados de consciência em escala ascendente. A Revolução de Saturno de qualquer Período, a permanência no Globo A e a primeira Época de qualquer Globo são uma repetição dos estados de desenvolvimento do Período de Saturno. A Revolução Solar, a permanência no Globo B e a segunda Época de qualquer Globo são recapitulações dos estados de desenvolvimento do Período Solar, e assim sucessivamente, durante todo o caminho. Portanto, a consciência, que deve ser o resultado especial e peculiar de qualquer Período, não começa a desenvolver-se até que se tenham efetuado todas as Recapitulações. A consciência de vigília do Período Terrestre não começou até a quarta Revolução, quando a onda de vida havia chegado ao quarto Globo (D) e estava na quarta ou Época Atlante, nesse Globo.
A consciência no Período de Júpiter só começará a desenvolver-se na quinta Revolução, quando o quinto Globo (E) tenha sido alcançado e quando comece a quinta Época desse Globo.
Da mesma forma, a consciência de Vênus só começará na sexta Revolução, quando se tenha alcançado a Sexta Época e o sexto Globo. E a hora especial de Vulcano ficará limitada ao último Globo e Época, um pouco antes do fim do Dia de Manifestação.
O tempo de evolução através de cada um desses Períodos varia grandemente. Quanto mais submersos na matéria estão os Espíritos Virginais, tanto mais lentos são os progressos e mais numerosos são os graus e estados de desenvolvimento. Passado o nadir da existência material, conforme a onda de vida ascende para condições ou estados mais sutis, o progresso gradualmente se acelera. O Período Solar tem maior duração que o Período de Saturno e o Período Lunar maior duração que o Solar. A Metade Marciana (ou primeira metade) do Período Terrestre é a metade mais extensa de todos os Períodos. Depois o tempo encurta, de modo que a Metade Mercurial e as últimas três Revoluções e meia do Período Terrestre ocuparão menos tempo que a Metade Marciana; o Período de Júpiter será mais curto que o Lunar; o Período de Vênus mais curto que o Período Solar; e o Período de Vulcano será o menos extenso de todos.
Os estados de consciência dos diferentes Períodos são os seguintes:
Período | Consciência Correspondente |
Saturno | Inconsciência, correspondente ao transe profundo |
Solar | Inconsciência, correspondente ao sono sem sonhos |
Lunar | Consciência pictórica, correspondente ao sono com sonhos |
Terrestre | Consciência de vigília, objetiva |
Júpiter | Consciência própria e de imagens conscientes |
Vênus | Consciência objetiva, autoconsciente, criadora |
Vulcano | A mais elevada Consciência Espiritual |
Tendo examinado de modo geral os estados de consciência que se desenvolverão nos três Períodos e meio restantes, estudaremos, agora, os meios de consegui-los.
Alquimia e Crescimento da Alma
O Corpo Denso começou a desenvolver-se no Período de Saturno; passou através de várias transformações no Período Solar e Lunar e alcançará seu maior grau de desenvolvimento no Período Terrestre.
O Corpo Vital germinou na segunda Revolução do Período Solar; foi reconstruído nos Períodos Lunar e Terrestre e alcançará a perfeição no Período de Júpiter, o seu quarto grau, assim como o Período Terrestre é o quarto estado para o Corpo Denso.
O Corpo de Desejos teve início no Período Lunar; foi reconstruído no Período Terrestre; será novamente modificado no Período de Júpiter e alcançará a perfeição no Período de Vênus.
A Mente nasceu no Período Terrestre; será modificada nos Período de Júpiter e Vênus e alcançará a perfeição no Período de Vulcano.
Examinando-se o Diagrama 8, vê-se que o Globo inferior do Período de Júpiter está situado na Região Etérica. Seria impossível empregar um veículo denso-físico ali, porque o Corpo Vital pode ser usado na Região Etérica. No entanto, não se imagine que, transcorrido tanto tempo para completar e aperfeiçoar o Corpo Denso, desde o começo do Período de Saturno até o final do Período Terrestre, o ser humano abandone completamente esse veículo para funcionar em veículo “mais elevado”.
A Natureza nada desperdiça. No Período de Júpiter, as forças do Corpo Denso, por adição, completarão as do Corpo Vital. Esse veículo possuirá, além das próprias faculdades, os poderes do Corpo Denso. Será um instrumento muito mais útil para expressão do Tríplice Espírito do que limitado somente às próprias forças do veículo.
O Globo D do Período de Vênus está situado no Mundo do Desejo (veja o Diagrama 8). Lá, nem o Corpo Vital nem o Denso podem ser empregados como instrumentos de consciência. As essências dos Corpo Vital e Denso aperfeiçoados serão incorporados e completarão o Corpo de Desejos, o que o converterá num veículo de qualidades transcendentais, maravilhosamente adaptado, sensibilíssimo ao menor impulso do espírito interno, tão superior às nossas presentes limitações que escapa à nossa mais elevada concepção.
Todavia, a eficiência desse esplêndido veículo será transcendida no Período de Vulcano, quando a essência do Corpo de Desejos aperfeiçoada e a dos veículos Vital e Denso se agregarem ao Corpo Mental. Esse se converterá na mais elevada expressão dos veículos humanos, contendo em si a quintessência do melhor que neles havia. Se o veículo do Período de Vênus está tão além da nossa compreensão atual, quanto mais estará o veículo posto ao serviço dos divinos seres do Período de Vulcano!
Durante a Involução, as Hierarquias Criadoras ajudaram o ser humano a despertar à atividade o Tríplice Espírito, o Ego, para construir o Tríplice Corpo e adquirir a ligação da Mente. No sétimo dia, empregando a linguagem da Bíblia, Deus descansa. Agora, o ser humano deve trabalhar por sua própria salvação. O Tríplice Espírito deve completar a obra do plano iniciado pelos Deuses.
O Espírito-Humano, despertado durante a Involução no Período Lunar, será o mais proeminente dos três aspectos do espírito na evolução do Período de Júpiter, o Período correspondente ao Lunar no arco ascendente da espiral. O Espírito de Vida, cuja atividade começou no Período Solar, manifestará sua atividade principalmente no correspondente Período de Vênus. As influências particulares do Espírito Divino serão as mais fortes no Período de Vulcano, porque foi vivificado no correspondente Período de Saturno.
Os três aspectos do Espírito estão em atividade durante a evolução, mas a atividade principal de cada aspecto será desenvolvida nesses períodos particulares. A obra que ali executarão será seu trabalho especial.
Quando o Tríplice Espírito tenha desenvolvido o Tríplice Corpo e obtenha o domínio deles por meio do foco mental, começa a desenvolver a Tríplice Alma, trabalhando dentro. A maior ou menor alma que o ser humano tenha depende da quantidade de trabalho feito pelo espírito em seus Corpos. Isto foi explicado no capítulo que descreve a experiência pós-morte.
A parte do Corpo de Desejos trabalhada pelo Ego fica transmutada em Alma Emocional e, por fim, é assimilada pelo Espírito Humano, cujo veículo especial é o Corpo de Desejos.
A parte do Corpo Vital trabalhada pelo Espírito de Vida converte-se em Alma Intelectual que edifica o Espírito de Vida, porque esse aspecto do Tríplice Espírito tem sua contraparte no Corpo Vital.
A parte do Corpo Denso que tenha sido trabalhada pelo Espírito Divino chama-se Alma Consciente e, por fim, submerge-se no Espírito Divino, porque o Corpo Denso é a sua emanação material.
A Alma Consciente cresce pela ação, pelos impactos externos e pela experiência.
A Alma Emocional cresce pelos sentimentos e emoções gerados pelas ações e pela experiência.
A Alma Intelectual é um mediador entre as outras duas e cresce pelo exercício da memória, que liga as experiências passadas às experiências presentes e os sentimentos por elas engendrados. Origina a simpatia e a antipatia, que não têm existência independente da memória. Sentimentos que resultassem somente das experiências seriam evanescentes.
Durante a Involução o espírito progrediu através da formação e aperfeiçoamento dos Corpos, mas a Evolução depende do crescimento da alma, isto é, da transformação dos Corpos em alma. A alma é, por assim dizer, a quintessência, o poder ou força dos Corpos. Quando um Corpo foi completamente construído e alcançou a perfeição através dos diversos estados e Períodos, na forma já descrita, a alma é extraída dele e absorvida pelo aspecto do Espírito que gerou o Corpo. Assim:
A Alma Consciente será absorvida pelo Espírito Divino na sétima Revolução do Período de Júpiter.
A Alma Intelectual será absorvida pelo Espírito de Vida na sexta Revolução do Período de Vênus.
A Alma Emocional será absorvida pelo Espírito Humano na quinta Revolução do Período de Vulcano.
A Mente é o instrumento mais importante que o espírito possui, um instrumento especial na obra da criação. A laringe espiritualizada e perfeita falará a Palavra Criadora, mas a Mente aperfeiçoada decidirá quanto à forma particular e volume de vibração. A Imaginação será a faculdade espiritualizada que dirigirá a criação.
Atualmente, existe forte tendência para considerar a faculdade da imaginação de modo superficial, quando, em realidade, é um dos fatores mais importantes da nossa civilização. Sem a Imaginação seríamos ainda selvagens. Pela imaginação desenhamos as casas, modelamos as roupas e meios de transporte. Se os inventores desses melhoramentos não tivessem possuído Mente nem imaginação capaz de formar imagens mentais, ditos melhoramentos nunca se teriam convertido em realidades concretas. No atual tempo de materialismo quase não se faz esforço algum para apreciar a Imaginação, e ninguém sente mais os efeitos desta atitude do que os inventores. Geralmente, são considerados “malucos”, eles que têm sido os agentes fundamentais da subjugação do Mundo Físico e da transformação do meio social no que ele é hoje em dia. Qualquer aperfeiçoamento, tanto no físico como o espiritual, deve ser, primeiramente, imaginado como uma possibilidade de converter-se em coisa real.
Se o Estudante examina o Diagrama 1, compreenderá isto claramente. O desenho exprime a comparação entre as funções dos diferentes veículos humanos e as partes de um estereoscópio. A Mente corresponde à lente, o foco. Por meio dela as ideias produzidas pela Imaginação do Espírito projetam-se no mundo material. Primeiramente são pensamentos-forma, mas quando o desejo de realizar as possibilidades imaginadas põe o ser humano em ação no Mundo Físico, convertem-se no que chamamos “realidades” concretas.
Atualmente, a Mente não está enfocada de maneira a dar uma imagem certa e clara daquilo que o Espírito imagina. Está mesmo desfocada, o que produz quadros confusos e imprecisos. Daí a necessidade da experimentação, que demonstra os defeitos da primeira concepção e produz novas imaginações e ideias, até que a imagem produzida pelo Espírito em substância mental seja reproduzida em substância física.
Atualmente só podemos formar imagens mentais que tenham relação com a Forma, porque a Mente humana começou seu desenvolvimento nesse Período Terrestre, e está no estado ou forma “mineral”. Por esse motivo, nossos labores estão limitados às formas, aos minerais. Podemos imaginar maneiras ou meios de trabalhar com as formas minerais dos três Reinos inferiores, mas nada, ou muito pouco, podemos fazer com os Corpos viventes. Somos capazes de enxertar um ramo numa árvore, ou uma parte viva de um animal ou ser humano em outras partes vivas, mas isto não é trabalhar com a vida; é com a forma. Modificaremos as condições da forma, mas a vida que a habita permanece. Criar vida está além do poder do ser humano. Esta impossibilidade será mantida até que a Mente se torne uma coisa viva.
No Período de Júpiter, a Mente será até certo ponto vivificada. O ser humano poderá imaginar formas que viverão e crescerão como as plantas.
No Período de Vênus, quando a Mente tenha adquirido “Sentimento”, poderá criar coisas com vida, sensíveis e com capacidade de crescer.
Quando alcance a perfeição, ao final do Período de Vulcano, poderá imaginar a criação de seres que viverão, crescerão, sentirão e pensarão. A evolução da onda de vida que atualmente forma a humanidade começou no Período de Saturno. Os Senhores da Mente eram, então, humanos. Trabalharam sobre o ser humano que, nesse Período, era mineral. Agora, nada tem a fazer com os Reinos inferiores, estão relacionados somente com o desenvolvimento humano.
A existência mineral dos animais atuais começou no Período Solar. Nesse tempo, os Arcanjos eram humanos. Agora, os Arcanjos são os dirigentes e guias da evolução animal. Não têm nada a fazer com os minerais nem com as plantas.
A existência dos atuais vegetais começou no Período Lunar. Os Anjos eram humanos, pelo que no presente, estão relacionados especialmente com a vida que ocupa o Reino Vegetal. Guiam-na para atingir o estado humano, mas não têm jurisdição alguma sobre os minerais.
A humanidade atual terá a seu cargo a evolução da onda de vida que começou no Período Terrestre e que, agora, anima os minerais. Atualmente estamos trabalhando com eles por meio da imaginação, dando-lhes formas, fazendo com eles barcos, pontes, trilhos, máquinas, casas, etc.
No Período de Júpiter guiaremos a evolução do Reino Vegetal. O que atualmente é mineral terá, então, uma existência análoga à das plantas. Deveremos trabalhar neles assim como, no presente, os Anjos estão fazendo com as plantas. Nossa faculdade imaginativa estará tão desenvolvida que, por seu intermédio, teremos a capacidade não só de criar formas como também de insuflar-lhes vitalidade.
A atual onda de vida mineral alcançará, no Período de Vênus, um novo grau. Dirigiremos os animais desse Período, como fazem atualmente os Arcanjos com os presentes animais, dando-lhes vitalidade e formas sensíveis; por último, no Período de Vulcano, será nosso privilégio dar-lhes uma Mente germinal, como os Senhores da Mente fizeram conosco. Os minerais de hoje serão a humanidade do Período de Vulcano, e o ser humano terá passado através de estados análogos aos percorridos pelos Anjos e Arcanjos. Será alcançado um ponto evolutivo um pouco superior ao dos atuais Senhores da Mente. Recorde-se, que em nenhuma parte se repete uma condição igual. Na espiral evolutiva há sempre aperfeiçoamento progressivo.
O Espírito Divino absorverá o Espírito Humano ao finalizar o Período de Júpiter e o Espírito de Vida, ao finalizar o Período de Vênus. A Mente aperfeiçoada, encerrando tudo quanto foi adquirido nos sete Períodos, será absorvida pelo Espírito Divino ao finalizar o Período de Vulcano. (Não há contradição alguma nesta afirmação, com referência à afirmação feita em outro lugar, de que a Alma Emocional será absorvida pelo Espírito Humano na quinta Revolução do Período de Vulcano, porque esse último estará, então, dentro do Espírito Divino).
Seguir-se-á um largo intervalo de atividade subjetiva durante o qual os Espíritos Virginais absorverão todos os frutos do Período setenário de Manifestação. Passado esse intervalo, submergir-se-ão em Deus, de Quem vieram, para, ao alvorecer de outro Grande Dia, reemergirem como seus Gloriosos Colaboradores. Durante a passada evolução as possibilidades latentes foram transmutadas em poderes dinâmicos. Tendo adquirido Poder de Alma e Mente Criadora, frutos de sua peregrinação através da matéria, terão avançado da impotência à Onipotência, da ignorância à Onisciência.
Capítulo XVII – Método para Adquirir o Conhecimento Direto
Chegou o momento de indicarmos os meios de cada indivíduo poder investigar, por si, todos os fatos estudados anteriormente. Como se disse ao princípio, a ninguém é concedido “dons” especiais. Todos podem adquirir as verdades relacionadas com a peregrinação da alma, a evolução passada e o destino futuro do mundo, sem depender da veracidade de outrem. Há um método de adquirir essa faculdade inestimável, capacitando o investigador para perscrutar esses domínios suprafísicos. Se tal método for seguido persistentemente, pode desenvolver os poderes de um Deus.
Uma simples ilustração indicará os primeiros passos do conhecimento. O melhor mecânico nada poderia fazer sem as ferramentas de seu ofício. Além disso, todo bom trabalhador caracteriza-se por ser muito cuidadoso com as ferramentas que usa, pois sabe que o trabalho depende tanto do conhecimento do ofício como das ferramentas que emprega.
O Ego tem vários instrumentos: um Corpo Denso, um Corpo Vital, um Corpo de Desejos e uma Mente. Estes são as suas ferramentas. De sua qualidade e estado depende o trabalho que possa realizar na aquisição da experiência. Se os instrumentos forem débeis e sem flexibilidade, haverá muito pouco crescimento espiritual e a vida será quase perdida pelo menos no que diz respeito ao espírito.
Geralmente, considera-se o “êxito” de uma vida pela conta corrente do banco, pela posição social adquirida ou pela felicidade resultante de um bom ambiente ou de uma vida sem cuidados.
Quando se encara a vida dessa maneira, ficam esquecidas as coisas principais, as de existência permanente. A pessoa está cega pelo fugaz e ilusório. A conta do banco parece-lhe um êxito real, esquecendo que para o Ego, ao abandonar o Corpo, nada vale o ouro ou qualquer tesouro terrestre, podendo ainda acontecer que tenha de responder pelos meios que empregou para acumular seu tesouro, sofrendo terrivelmente ao ver os demais gastá-lo. Esquece também que toda posição social se perde desde o momento que é cortado o Cordão Prateado, podendo ser que os adulados sejam depois escarnecidos.
Quem tenha fé na vida pode sentir-se estremecer ante o pensamento de dedicar uma única hora em refletir sobre a morte. Todavia, o que só pertença a esta vida é vaidade. De valor real é tão-só o que podemos levar para além do umbral da morte, como tesouro do espírito.
Poderão parecer preciosas as plantas e suas flores protegidas pela caixa de vidro de uma estufa. Contudo, se forem retiradas da estufa que as conserva em boa temperatura, gelar-se-ão e morrerão, enquanto as plantas que crescem sob a chuva e o sol, sob a calma e a tormenta, sobreviverão mesmo no inverno e florescerão cada ano.
Do ponto de vista da alma, a felicidade e o ambiente confortável são, de modo geral, circunstâncias desfavoráveis. O mimado cãozinho de luxo está sujeito a enfermidades que o cão sem casa e sem dono não conhece. A vida do segundo é muito dura, porém obtém experiências que o mantém alerta e cheio de recursos. Sua vida é rica em experiências e recolhe uma grande colheita, enquanto que o cão mimado perde seu tempo numa espantosa monotonia.
Com o ser humano acontece algo semelhante. Será muito duro lutar com a pobreza e com a fome, porém, do ponto de vista da alma, é infinitamente preferível a uma vida de grande luxo. Quando a fortuna é um meio para pensar filantropicamente, para ajudar os demais seres humanos a aperfeiçoar-se, pode constituir uma grande bênção para o seu possuidor. No entanto, quando é utilizada com propósitos egoístas e opressivos não pode ser considerada senão como terrível desgraça.
O Ego está aqui para adquirir experiência por intermédio de seus instrumentos. Essas ferramentas, que recebe em cada nascimento são boas, más ou de pouco proveito, de acordo com o que, para a sua construção, aprendeu nas experiências passadas. Se desejarmos fazer algo vantajoso, temos de trabalhar com elas tais como são.
Quando despertamos da letargia corrente e desejamos progredir, surge, naturalmente, a pergunta: Que devo fazer?
Sem boas ferramentas o mecânico não pode executar nenhum trabalho perfeito. Semelhantemente, os instrumentos do Ego devem ser purificados e afinados. Uma vez isto feito, podemos começar a trabalhar para realizar nosso propósito. À medida que esses maravilhosos instrumentos são usados no trabalho, eles mesmos melhoram com o uso apropriado, e tornam-se mais e mais eficientes na obra em que nos ajudam. O objetivo desse trabalho é a união com o Eu superior.
Há três graus no trabalho da conquista da natureza inferior. Sucedem-se uns aos outros, mas, em certo sentido, vão juntos. No estado atual, o primeiro recebe maior atenção, menos o segundo e menos ainda o terceiro. Quando o primeiro passo tenha sido dado completamente prestar-se-á maior atenção, obviamente aos outros dois.
Há três ajudas fornecidas para alcançar cada um dos três graus. Elas podem ser vistas no Mundo externo, onde os grandes Líderes da humanidade as colocaram.
A primeira ajuda é a Religião de Raça, com a qual a humanidade pôde dominar seu Corpo de Desejos, preparando-o para a união com o Espírito Santo.
A plena operação dessa ajuda pode ser vista no Dia de Pentecostes[38]. O Espírito Santo é o Deus de Raça e todos os idiomas são expressões dele. Esta é a razão por que os Apóstolos, quando estavam plenamente unidos e submergidos no Espírito Santo, falavam diferentes línguas e podiam convencer os seus ouvintes. Seus Corpos de Desejos tinham sido purificados de modo a produzir a desejada união. Isto é um vislumbre daquilo que o discípulo alcançará algum dia: poder falar todos os idiomas. Como exemplo histórico moderno podemos citar o Conde de Saint Germain (uma das últimas encarnações de Christian Rosenkreuz, o fundador da nossa sagrada Ordem) que falava todos os idiomas. Todos aqueles a quem dirige a palavra acreditavam que ele fosse de sua própria nacionalidade. Ele também realizou a união com o Espírito Santo.
Na Época Hiperbórea, antes do ser humano possuir o Corpo de Desejos, havia um único modo de comunicação. Quando os Corpos de Desejos se purificarem suficientemente, todos os seres humanos poderão compreender-se uns aos outros. Então a diferenciação separatista das raças terá desaparecido.
A segunda ajuda, que a humanidade tem atualmente, é a Religião do Filho: a Religião Cristã, cuja finalidade é a união com Cristo, pela purificação e governo do Corpo Vital.
São Paulo refere-se a esses estados quando diz: “até que o Cristo nasça dentro de vós” [39] e exorta seus seguidores a desembaraçarem-se de todos os empecilhos, como os atletas numa corrida.
O princípio fundamental para construir o Corpo Vital é a repetição. As experiências repetidas agindo nele criam a memória. Os Líderes da humanidade, desejando nos prestar uma ajuda inconsciente por meio de certos exercícios, instituíram a oração, como um meio de produzir pensamentos delicados e puros que agem sobre o Corpo Vital. Por isso eles nos recomendaram que “orássemos sem cessar”. Os críticos têm perguntado ironicamente e com frequência porque será necessário estar sempre a orar. Se Deus é Onisciente, dizem, deve conhecer todas as nossas necessidades e, se não é, as orações provavelmente, não chegarão até Ele. Aliás, se não for Onipotente também não poderá, sequer, responder às orações. Pensando de modo análogo, até muitos cristãos têm acreditado que será mal-estar importunando a Deus continuamente com orações.
Tais ideias estão baseadas numa má compreensão. Deus, verdadeiramente é Onisciente, não necessita que ninguém lhe recorde nossas necessidades. No entanto, se, como devemos, Lhe dirigimos orações, somos nós mesmos que nos elevamos para Ele ao prepararmos e purificarmos os nossos Corpos Vitais. Se orarmos como devemos, aí está a grande questão. Geralmente, interessam-nos muito mais as coisas temporais do que elevarmo-nos espiritualmente. As igrejas celebram reuniões especiais para pedir chuva ou para pedir o triunfo do exército ou armada sobre o inimigo.
Essas são orações ao Deus de Raça, o Deus que participa das batalhas do seu povo, que aumenta seus rebanhos, enche os seus depósitos, cuida, enfim, de suas necessidades materiais. Tais orações nem sempre purificam. Surgem do Corpo de Desejos, e podem resumir-se assim: “Senhor, agora estou guardando todos os teus mandamentos da melhor maneira que posso; espero que, em troca, tu farás a tua parte”.
Cristo deu à humanidade uma oração que, tal como Ele mesmo, é a única e universal. Há nela sete orações distintas e separadas, uma para cada um dos sete princípios do ser humano: o Tríplice Corpo, o Tríplice Espírito e, o elo de ligação, a Mente. Cada oração está particularmente adaptada para promover no ser humano o progresso da parte a que é dirigida.
As orações relativas ao Tríplice Corpo têm o propósito de espiritualizar aqueles veículos e deles extrair a Tríplice Alma.
As orações relativas ao Tríplice Espírito preparam-no para receber a essência extraída: a Tríplice Alma.
A oração pela Mente tem por fim conservá-la do modo melhor como laço de união entre a natureza superior e a inferior.
A terceira ajuda a ser dada à humanidade será a Religião do Pai. Vagamente podemos compreender o que será. Somente podemos dizer que seu Ideal será superior à Fraternidade e que, por seu intermédio, o Corpo Denso será espiritualizado.
As Religiões do Espírito Santo, ou seja, as Religiões de Raça, tiveram por objetivo a elevação da raça humana por meio do sentimento de união limitado a um grupo: família, tribo ou nação.
O propósito da Religião do Filho, o Cristo, é elevar ainda mais a humanidade, para formar uma Fraternidade Universal, composta de indivíduos separados.
O ideal da Religião do Pai será a eliminação de toda separatividade, submergindo-se todos no Uno, de modo a não haver mais nem “eu” nem “tu” e a serem todos unos em realidade. Isto não acontecerá enquanto habitamos a Terra física, mas sim num futuro estado em que compreenderemos a nossa unidade com tudo, tendo cada um acesso a todos os conhecimentos adquiridos por todos os indivíduos separados. Assim como, num diamante, uma só faceta tem acesso a toda luz que se filtra por todas as demais facetas, sendo una com elas, ainda que limitada por linhas que lhe dão certa individualidade, sem separatividade, assim também o espírito individual reterá a memória de suas experiências particulares, dando também aos demais os frutos de sua existência individual.
Por meio destes passos e estados a humanidade é guiada inconscientemente.
Nas idades passadas, o Espírito de Raça reinava exclusivamente. O ser humano era limitado por um governo patriarcal e paternal, e nele não tomava parte alguma. Agora, em todo o mundo, vemos inequívocos sinais da queda desses antigos governos. O sistema de castas, que constitui o poder da Inglaterra na Índia, está sendo posto abaixo. Ali, em vez de continuar separado em pequenos grupos, o povo está se unindo e pede ao opressor que se retire e que o deixe viver livremente sob um governo do povo, para o povo e pelo povo. A Rússia, transtornada por lutas internas, pretende derrubar o governo autocrático ditador. A Turquia despertou e já deu um grande passo para a liberdade. Aqui, em nosso país, onde supõem que gozamos plena liberdade, estamos como os demais lutando por ela e não estamos ainda satisfeitos. Vamos aprendendo que há outras opressões, além das monarquias autocráticas. Vemos que ainda nos resta alcançar a liberdade industrial. Encontramo-nos esmagados sob os monopólios e o insano sistema de competição. Encaminhamo-nos para a cooperação que, atualmente, está sendo posta em prática pelos próprios monopólios, dentro dos próprios limites, para seu benefício exclusivo. Desejamos ardentemente uma sociedade na qual “todo ser humano se sentará debaixo da sua parreira e sob a sua figueira, e nada o amedrontará”[40].
Portanto, todos os sistemas paternais de governo estão mudando no mundo inteiro. As nações, como tais, já tiveram a sua vida. Estão agora trabalhando pela Fraternidade Universal, de acordo com os desígnios dos Líderes invisíveis. Certamente, estes não são os menos poderosos na precipitação dos acontecimentos, ainda que não se assentem oficialmente nos conselhos das nações.
Os meios descritos são meios lentos de purificação dos diferentes Corpos da humanidade. O Aspirante ao conhecimento superior, para alcançar esses fins, trabalha conscientemente e emprega métodos bem definidos, de acordo com sua constituição.
Métodos Ocidentais para os Ocidentais
Na Índia empregam-se diversos métodos, sob diferentes sistemas de Ioga. Ioga significa União, e, como no Ocidente, o objetivo do Aspirante é a união com o Eu Superior. Porém, para serem eficazes os métodos de alcançar essa união, devem ser diferentes para um hindu e para um caucásico, tendo em vista que os veículos de um hindu estão diferentemente constituídos dos de um caucásico. Os hindus, durante muitos milhares de anos, viveram em ambiente e clima totalmente diferentes dos nossos e seguiram diferentes métodos de pensamento. Sua civilização, embora de ordem muito elevada, produz efeitos diferentes. Portanto, seria inútil adotarmos seus métodos, aliás, produto dos mais elevados conhecimentos ocultos. São perfeitamente convenientes para eles, mas, sob todos os aspectos, tão inadaptáveis aos ocidentais como um prato de aveia é impróprio para um leão.
Por exemplo, em alguns sistemas pede-se ao iogue para sentar-se em determinadas posições a fim de certas correntes cósmicas poderem fluir de certo modo através do seu Corpo, o que produzirá definidos resultados. Eis uma instrução completamente inútil para um caucásico, cuja maneira de viver torna-o inteiramente insensível a essas correntes. Para obter algum resultado prático deve trabalhar em harmonia com a constituição dos próprios veículos. Por esta razão os “Mistérios” foram estabelecidos em diversas partes da Europa na Idade Média. Os alquimistas eram profundos Estudantes da ciência oculta superior. É crença popular que o objetivo dos seus estudos e experiências era transmutar os metais inferiores em ouro. Essa representação simbólica foi escolhida para encobrir seu verdadeiro trabalho, a transmutação da natureza inferior em espírito. Foi descrita desse modo para evitar as suspeitas dos zelosos sacerdotes, e para não caírem em mentira. É certa a afirmação de que os Rosacruzes formavam uma sociedade dedicada à descoberta e ao uso da fórmula para fazer a “Pedra Filosofal”. Muitas pessoas tiveram em suas mãos, e ainda tem frequentemente, essa maravilhosa pedra. É muito comum, mas não têm nenhum valor a não ser para o indivíduo que a prepara por si mesmo. A fórmula obtém-se do treinamento oculto, não sendo os Rosacruzes, a tal respeito, diferentes dos ocultistas de qualquer outra escola. Todos estão dedicados à construção da cobiçada pedra. Cada um emprega seus próprios métodos. Não havendo dois indivíduos iguais, o trabalho eficaz, na esfera de ação de cada um, é sempre individual.
Há sete escolas de ocultismo, como são os “Raios” de Vida, os Espíritos Virginais. Cada escola, ou ordem, pertence a um desses sete Raios; assim também cada indivíduo da humanidade. Portanto, qualquer indivíduo que procure unir-se a um desses grupos ocultos cujos Irmãos não pertençam a seu Raio, não poderá alcançar qualquer benefício. Os membros desses grupos são irmãos em mais íntimo sentido que a restante humanidade.
Talvez se compreenda melhor a relação de cada um desses raios com os demais comparando-os com as cores do espectro. Por exemplo, juntando um raio vermelho a um verde, produz-se uma desarmonia. O mesmo princípio se aplica aos espíritos. Se bem que todos sejam unos, cada um deve cooperar com os do grupo a que pertence durante a manifestação. Assim como todas as cores estão contidas na luz branca, sendo a capacidade refratora da atmosfera que aparentemente a divide em sete cores, assim também as ilusórias condições da existência concreta fazem que os Espíritos Virginais, unos em essência, se dividam em grupos, aparentemente muito diferentes enquanto permanecerem divididos.
A Ordem Rosacruz foi fundada, especialmente, para aqueles cujo elevado grau de desenvolvimento intelectual lhes obriga a esquecer do coração. O intelecto pede imperiosamente uma explicação lógica de todas as coisas, do mistério do mundo, do problema da vida e da morte. O preceito sacerdotal “não procureis conhecer os mistérios de Deus” não explicou as razões e o modus operandi da existência.
É de suprema importância para todo homem ou mulher que tem a fortuna, ou o que seja, de possuir uma Mente esquadrinhadora, receber todas as informações que deseje, a fim de que o coração possa falar quando a cabeça esteja satisfeita. O conhecimento intelectual é um meio para chegar ao fim, não é a própria finalidade. Portanto, o propósito dos Rosacruzes é primeiramente satisfazer o Aspirante, provar-lhe que, no universo, tudo é razoável, para que triunfe sobre o rebelde intelecto. Quando deixar de criticar e se dispuser a aceitar provisoriamente, como verdade provável, afirmações que, de imediato, não pode constatar, então, e somente então, desenvolverá as faculdades superiores, pelo treinamento esotérico. Deixando de ser um simples ser humano de fé, passará ao conhecimento direto. Apesar disso, conforme progride no conhecimento direto e se habilita a investigar por si próprio, o discípulo verá que há sempre outras verdades além do seu alcance. Sabe serem verdades, mas seu insuficiente avanço não lhe permite investigar.
Seria bom que o discípulo sempre recordasse que a lógica é o guia mais seguro em todos os Mundos. Portanto, o que não seja lógico não pode existir no Universo. Também não deve esquecer as limitações das próprias faculdades, nem que, às vezes, seriam necessários poderes raciocinadores mais poderosos do que os seus para poder resolver alguns problemas. Com efeito, há problemas que só podem ter ampla explicação quando examinados à luz de raciocínios muito além do presente estado de desenvolvimento da capacidade do discípulo. Outro ponto que deve ter sempre presente: é inteiramente necessária a confiança mais absoluta no mestre.
O que acaba de ser exposto recomenda-se muito especialmente a todas as pessoas que tenham em mira dar seus primeiros passos no ocultismo superior. Quem pretende seguir as regras apresentadas, deve depositar toda a confiança nos meios de realização indicados. Não se alcançaria o menor resultado em segui-los parcialmente. A dúvida mataria a mais formosa flor que o espírito pudesse produzir.
O treinamento dos diferentes veículos do ser humano faz-se sincronicamente. Não pode um Corpo ser influenciado sem que os outros sejam afetados, porém, o trabalho principal ou definido pode fazer-se em qualquer deles.
O Corpo Denso é predominantemente afetado quando se presta estrita atenção à higiene e à dieta, contudo, ao mesmo tempo, há também um efeito no Corpo Vital e no de Desejos. Os mais puros e melhores alimentos têm suas partículas envolvidas por mais puro Éter planetário e mais pura matéria de desejos. Se eles forem empregados na construção do Corpo Denso, purificam e melhoram todos aqueles Corpos. Quando o cuidado é dirigido unicamente à higiene e ao alimento, o Corpo Vital e Corpo de Desejos poderão permanecer tão impuros como antes, mas, tal cuidado facilita um pouco o contato com o bem, mais do que o uso dos alimentos grosseiros.
Por outro lado, se a despeito das descomodidades, cultivamos um temperamento equânime e gostos literários e artísticos, o Corpo Vital produzirá aversão aos assuntos materiais e promoverá sentimentos e emoções nobres no Corpo de Desejos.
O cultivo das emoções também reage sobre os outros veículos, melhorando-os.
Se, começando pelo veículo denso, examinarmos os meios físicos para melhorá-lo e convertê-lo no melhor instrumento possível do espírito e, depois, estudarmos os meios espirituais conducentes ao mesmo fim, os demais veículos ficarão incluídos nesse estudo. Esse é o método que seguiremos.
O primeiro estado visível do embrião humano é uma pouca substância gelatinosa, parecida com a albumina ou clara de ovo. Nesse glóbulo gelatinoso aparecem partículas de matéria mais sólida. Estas partículas, gradualmente, aumentam em quantidade, tamanho e densidade, pondo-se em contato umas com as outras. Os diferentes pontos de contato convertem-se no decorrer do desenvolvimento em articulações ou juntas até formar-se gradualmente uma estrutura sólida: o esqueleto.
Durante a formação dessa estrutura, a matéria gelatinosa que o rodeia acumula-se e muda muito a forma, desenvolvendo por último, um organismo conhecido pelo nome de feto. Esse cresce cada vez mais, torna-se firme e organizado, até que chega o nascimento.
Começa a infância; mas o processo de solidificação surgido no primeiro grau visível de existência, continua. O ser passa através dos diferentes estágios da vida: infância, adolescência, juventude, virilidade e velhice, até chegar a mudança denominada morte. Pois bem, esses sucessivos estados são caracterizados por um crescente grau de dureza e solidificação.
Ossos, tendões, cartilagens, ligamentos, tecidos, membranas, pele e, até o estômago, os pulmões e outros órgãos internos sofrem uma gradual densidade e firmeza. As juntas, tornando-se rígidas e secas, começam a ranger com o movimento. O fluído sinovial que as lubrifica e abranda diminui, transforma-se em viscoso e gelatinoso e não pode mais servir bem aos seus fins.
O coração, o cérebro, todo o sistema muscular, a medula espinhal, nervos, olhos, etc., participam do mesmo processo de solidificação, tornando-se cada vez mais duros. Milhões e milhões dos diminutos vasos capilares, que se ramificam como os ramos de uma árvore através do Corpo inteiro, cerram-se gradualmente e transformam-se em fibras sólidas, por onde o sangue já não pode passar.
Os vasos sanguíneos maiores, artérias e veias, também endurecem, perdem a elasticidade, estreitam-se, incapazes de levar a quantidade necessária de sangue. Os fluídos do Corpo tornam-se viscosos e impuros, carregados de matéria terrosa. A pele fica amarelada, seca e áspera. O cabelo cai por falta de gordura. Os dentes cariam-se e desprendem-se por falta de gelatina. Os nervos motores começam a secar, os sentidos debilitam-se e os movimentos tornam-se pesados e lentos. A circulação do sangue retarda-se, paralisa-se e se coagula nos vasos. Os Corpos depois de serem elásticos, cheios de saúde, flexíveis, ativos, sensitivos, ficam tardos, rígidos, insensíveis, e, finalmente, morre-se de velhice.
Surge, logicamente, a pergunta: “o que ocasionou essa solidificação lenta do copo que produz a rigidez, a decrepitude e a morte? “.
Do ponto de vista físico, a opinião dos químicos é unânime: é principalmente um crescente depósito de fosfato de cálcio (substância dos ossos), de carbonato de cálcio (giz comum), de sulfato de cálcio (gesso), ocasionalmente, de um pouco de magnésio e de uma quantidade insignificante de outras matérias terrosas.
A única diferença entre o Corpo infantil e o decrépito é a maior densidade, dureza e rigidez do último, causadas pela quantidade de matérias terrosas, calcárias, depositadas no seu organismo. Os ossos da criança são compostos de três partes de gelatina para uma parte de matéria terrosa. No velho a proporção é inversa.
Qual é a fonte desse acúmulo de matérias que produz a morte? Como o Corpo é nutrido pelo sangue, qualquer substância nele existente deve ter estado primeiramente no sangue. A análise mostra que o sangue tem substâncias terrosas da mesma classe dos agentes da solidificação. Devemos notar que o sangue arterial contém mais substâncias terrosas do que o sangue venoso.
Isto é sumamente importante, porque demonstra que em cada ciclo o sangue deposita substâncias terrosas. Por consequência, o sangue é o veículo das substâncias que destroem o sistema. A quantidade de matérias terrosas nele contida renova-se, pois, do contrário o trabalho de solidificação não continuaria. Como se renova essa mortífera carga? Só pode haver uma resposta: pelo alimento e pela bebida. Não pode tomá-la de outra fonte.
O alimento e a bebida são, portanto, a fonte primária das matérias terrosas, calcárias, logo depositadas pelo sangue em todo o sistema, e que produzirão primeiramente a decrepitude e depois a morte. Dependendo a sustentação da vida de muitas classes de alimentos e bebidas, é conveniente conhecer as espécies de alimentos que contém menor quantidade de substâncias destrutivas. Se usarmos tais alimentos prolongaremos a vida. Aliás, do ponto de vista oculto, é desejável viver o maior tempo possível em cada Corpo Denso, especialmente depois de havermos iniciado o “Caminho”. São precisos bastantes anos para educar cada Corpo que habitamos, até o espírito obter algum domínio sobre ele. É bem claro que vivendo o maior tempo possível num Corpo já dirigido pelo espírito, tanto melhor será para o nosso progresso. Torna-se por consequência, da maior importância que o discípulo tome alimentos e bebidas com a menor quantidade de substâncias destrutivas, devendo, ao mesmo tempo, manter sempre ativos os órgãos de excreção.
A pele e o sistema urinário salvam o ser humano de uma morte prematura. Sem eles, que eliminam a maior parte das substâncias terrosas que absorvemos nos alimentos, não viveríamos nem dez anos.
A água ordinária, não destilada, contém tanto carbonato e outros compostos de cálcio que a quantidade por uma pessoa absorvida, correntemente, em forma de chá, café, sopa, etc., seria suficiente, em quarenta anos, para formar um bloco calcário ou de mármore do tamanho de um ser humano. Em circunstâncias ordinárias, a substância calcária é muito evidente na urina dos adultos. A essa eliminação deve-se o poder viver tanto como vivemos. É significativo encontrar fosfato de cálcio na urina dos adultos e não na urina das crianças. Nestas, a retenção deve-se à necessidade da rápida formação dos ossos. O mesmo acontece durante o período de gestação. Há muito pouca substância calcária na urina da mulher porque é empregada na construção do feto.
A água não destilada usada como bebida é o pior inimigo do ser humano. Quando se usa externamente é o seu melhor amigo, porque mantém os poros da pele abertos e estimula a circulação do sangue. Além disso, evita estancamentos que, originando depósitos das substâncias calcárias (fosfatos, etc.) muitas vezes causam a morte.
Harvey, o descobridor da circulação do sangue, disse que a circulação livre do sangue se traduz em saúde e que a enfermidade é o resultado de obstrução da mesma circulação.
O banho geral é de grande valor como meio de conservar a saúde do Corpo. Deve ser tomado, frequentemente, pelo Aspirante à vida superior. A transpiração, sensível ou insensível, expulsa muito mais substâncias terrosas do que qualquer outra função.
Um fogo a que se lance combustível e se mantenha livre de cinzas, continuará queimando. Os rins são muito importantes: expulsam as cinzas, mas apesar da grande quantidade de matérias calcárias que saem na urina, muitas pessoas retém o bastante para formar cálculos ou pedras nas vias urinárias – causa de dores indescritíveis e até da morte.
Não se deve crer que a água contenha menor quantidade de calcário por ter sido fervida. A crosta que se deposita no fundo da chaleira é deixada pela água evaporada, que sai como vapor.
A água destilada é importantíssima para manter o Corpo jovem. Nesta água destilada, que se obtém pela condensação do vapor, não há absolutamente substância terrosa de nenhuma espécie, nem também, na água da chuva, da neve ou do granizo (salvo a que possa apanhar no contato com o solo, telhado, etc.). O café, o chá ou a sopa, não estão livres de substâncias terrosas quando feitos com água ordinária, por mais que seja fervida. Pelo contrário, quanto mais se ferva, tanto mais carregada fica. Quem sofre de enfermidades urinárias só deveria beber água destilada.
Em termos gerais, dentre os alimentos sólidos, os vegetais frescos e as frutas maduras contêm a maior proporção de substâncias nutritivas e a menor quantidade de substâncias terrosas.
Como estamos escrevendo estas linhas para o Aspirante à vida superior e não para o público em geral, podemos dizer também que os alimentos animais, se for possível, devem ser abolidos completamente.
Nenhum indivíduo que mate pode chegar muito acima no caminho da santidade. Notemos, todavia que, comendo a carne, agimos pior do que se realmente matássemos. Com efeito, para evitar cometer pessoalmente essas matanças, obrigamos um semelhante[41], forçado por necessidades econômicas, a dedicar sua vida inteira ao assassínio. Isso o brutaliza em tal extensão que a lei não lhe permite atuar como jurado nos julgamentos por crimes capitais, porque o seu trabalho o tem familiarizado demasiadamente com a matança.
Os iluminados sabem que os animais são nossos irmãos mais jovens e que serão humanos no Período de Júpiter. Nesse tempo, ajudá-los-emos, tal como os Anjos, que eram seres humanos no Período Lunar, estão a ajudar-nos agora. Matar, para um Aspirante aos ideais elevados, seja pessoalmente ou por delegação, é coisa completamente fora de toda cogitação.
Contudo, podem ser usados vários produtos animais muito importantes, como o leite, o queijo e a manteiga. Tais produtos são o resultado de processo de vida. Transformá-los em alimento não causa nenhum sofrimento. O leite, fator importantíssimo para o Estudante ocultista, não contém substâncias terrosas e, por conseguinte, exerce influência como nenhum outro alimento.
Durante o Período Lunar, o ser humano foi alimentado com o leite da Natureza, alimento universal. O emprego do leite tem certa tendência a pôr-nos em contato com as forças cósmicas, que capacitarão para curar os outros.
Crê-se, geralmente, que o açúcar e outras substâncias sacarinas são prejudiciais à saúde, especialmente para os dentes, onde produzem dores e cárie. Isto é certo, mas sob certas circunstâncias. Podem ser prejudiciais em certas enfermidades como a biliosa ou a dispepsia, ou se é mantido muito tempo na boca, como o açúcar cande. Se for empregado discretamente durante a saúde, aumentando-se gradualmente a dose na medida em que o estômago se vá acostumando, ver-se-á que é muito nutritivo. A saúde dos trabalhadores melhora enormemente durante a safra, apesar de ser a época em que maus trabalham. Isto se atribui à alimentação com o suco doce da cana. O mesmo se pode dizer dos cavalos, vacas e outros animais dessas localidades, que gostam extraordinariamente do melado e dos resíduos da cana. Tornam-se gordos em pouco tempo e o pelo fica suave e brilhante. Os sucos sacarinos das cenouras tornam fino como seda o pelo dos cavalos alimentados durante algumas semanas como cenouras fervidas. O açúcar é um artigo nutritivo e benéfico à alimentação; não contém resíduos de nenhuma espécie.
As frutas são uma dieta ideal. As árvores produzem-nas para induzir o ser humano e os animais a comê-las, de maneira que as sementes se espalhem. As flores atraem as abelhas com análogos propósitos.
A fruta fresca contém água da classe mais pura e melhor, capaz de penetrar no sistema de uma maneira maravilhosa. O suco de uvas é particularmente um dissolvente admirável. Purifica e estimula o sangue e abre-lhe caminho nos capilares já secos e endurecidos, sempre que o processo de endurecimento não tenha ido demasiado longe. O tratamento pelo suco de uvas sem fermentar, torna fortes, vigorosas e cheias de vida as pessoas de olhos cansados, pálidas e de compleição pobre. A crescente permeabilidade permite ao espírito manifestar-se com mais liberdade e com renovada energia. A Tabela seguinte, com exceção da última coluna, foi copiada das publicações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e dará ao Aspirante alguma ideia da quantidade de alimento que deve comer, conforme os diferentes graus de atividade, assim como mostra os constituintes dos diversos alimentos indicados.
O Corpo, considerando do ponto de vista puramente físico, assemelha-se ao que poderíamos chamar um forno químico, sendo o alimento o combustível. Quanto mais exercício faz tanto mais combustível necessita. Seria loucura alguém mudar seu método ordinário de alimentação, usado durante anos, para seguir outro método, sem observação prévia e cuidadosa do melhor que possa servir aos seus propósitos. A mera alimentação da carne da alimentação ordinária das pessoas carnívoras, com toda a certeza produziria desarranjos na saúde da maioria. A única maneira segura é, primeiramente, experimentar e estudar o assunto com discernimento. A alimentação é uma coisa tão individual que não é possível estabelecer regras fixas. Podemos dar uma Tabela de valores alimentícios e descrever a influência geral de cada elemento químico, mas cada Aspirante deve organizar seu próprio regime.
Não devemos permitir, tampouco, que a aparência de uma pessoa afete o nosso juízo a respeito da sua condição ou estado de saúde. São aceitas certas ideias gerais como determinantes do estado de saúde, mas não há razões de peso para esse juízo. As faces rosadas, num indivíduo, podem ser uma indicação de saúde e, noutro de enfermidade. Não há nenhuma regra particular que permita conhecer a saúde. Não consideremos somente as aparências. Só o sentimento de conforto e de bem-estar que goza o próprio indivíduo.
A Tabela de valores que se fornece mostra os cinco componentes químicos dos alimentos e outras particularidades de interesse.
A água é o grande dissolvente.
O nitrogênio ou proteína é fator essencial na formação da carne, mas contém algumas substâncias terrosas.
Os hidratos de carbono ou açucares são os principais portadores de energia.
As gorduras produzem calor e conservam forças de reserva.
As cinzas são minerais, calcários, terrosos, que endurecem todo o sistema. Não devemos temer a influência desses elementos na formação dos ossos; pelo contrário, devemos ser sumamente cautelosos e absorver somente o mínimo possível.
A caloria é unidade de calor. A Tabela mostra a quantidade contida em cada substância alimentar, no estado em que se encontra nos mercados. Há em uma libra de castanha do Pará, por exemplo, 49,6% de resíduo (cascas). Os 50,4% restantes contém 1.485 calorias. Isto significa que cerca da metade do que se compra é inútil, mas a parte restante contém o número de calorias indicado. Para conseguir a maior soma de energia dos alimentos, devemos prestar atenção ao número de calorias para obtermos a energia precisa para o trabalho cotidiano.
O número de calorias (por dia) necessário para sustentar o Corpo sob diferentes condições, mostra-se na Tabela seguinte:
Ser humano com trabalho muscular muito forte: | 5.500 calorias |
Ser humano com trabalho muscular moderadamente forte: | 4.150 calorias |
Ser humano com trabalho muscular moderadamente ativo: | 3.500 calorias |
Ser humano com trabalho moderadamente leve: | 3.050 calorias |
Ser humano com trabalho sedentário: | 2.700 calorias |
Ser humano que não faz exercício muscular: | 2.450 calorias |
Mulher com trabalho manual leve ou moderado: | 2.450 calorias |
Segundo a Tabela de valores nutricionais dos alimentos, é evidente que o chocolate é o alimento mais nutritivo e o cacau em pó é o mais perigoso de todos os alimentos porque contém três vezes mais cinzas do que qualquer outro e dez vezes mais do que muitos deles. É um alimento poderoso, mas também um veneno poderoso porque endurece o sistema muito mais rapidamente do que qualquer outra substância.
Para elaborarmos um bom regime alimentar é necessário fazer algum estudo. Esse trabalho é amplamente compensado pela saúde e longevidade que, assegurando-nos o livre emprego do Corpo, tornarão possível o estudo e a dedicação a coisas superiores. Depois de algum tempo, o Aspirante ficará tão familiarizado com o assunto que não precisará mais dedicar-lhe muito atenção.
A Tabela anterior mostra as proporções das substâncias químicas contidas em cada substância alimentar nomeada, mas, cabe recordar, nem todas são aproveitáveis pelo sistema. O Corpo recusa-se a assimilar algumas.
Dos vegetais digerimos somente 83% das proteínas, 90 % das gorduras e 95% dos hidratos de carbono.
Das frutas assimilamos 85% das proteínas, 90% das gorduras e 90% dos hidratos de carbono.
O cérebro, órgão coordenador que domina os movimentos do Corpo e expressa as ideias, é constituído pelas mesmas substâncias que as demais partes do Corpo, mas, além delas, tem o fósforo, peculiar somente ao cérebro.
Conclusão lógica a tirar: o fósforo é o alimento particular mediante o qual o Ego pode expressar pensamentos e influenciar o Corpo Denso. A quantidade desta substância é proporcional ao estado de consciência e ao grau de inteligência do indivíduo. Os idiotas têm muito pouco fósforo. Os profundos pensadores têm muito. No Reino Animal o grau de consciência e de inteligência está em proporção direta à quantidade de fósforo contida no cérebro.
Portanto, é de suma importância que o Aspirante ansioso de se empregar em trabalhos mentais e espirituais dê ao cérebro esta necessária substância. A maioria dos vegetais e das frutas contém certa quantidade de fósforo. A maior quantidade encontra-se sempre nas folhas, geralmente desprezadas. O fósforo encontra-se em quantidades consideráveis nas uvas, cebolas, sálvia, feijões, ananás, alhos, e nas folhas e talos de muitos vegetais. Também no suco da cana de açúcar, mas não no açúcar refinado.
A seguinte Tabela mostra a proporção de ácido fosfórico em alguns produtos alimentares:
Em 100.000 partes de:
Cevada seca | 210 partes |
Feijões, favas, ervilhas | 292 partes |
Beterrabas | 167 partes |
Folhas de beterraba | 690 partes |
Trigo mourisco | 170 partes |
Cenouras secas | 395 partes |
Folhas de cenoura | 963 partes |
Linhaça | 880 partes |
Talos de linho | 118 partes |
Chirívia (Pastinaga) | 111 partes |
Folhas de chirívia (Pastinaga) | 1784 partes |
Ervilhas frescas | 190 partes |
Todas as considerações precedentes podem ser assim resumidas:
O primeiro cuidado médico é comprovar se as excreções se efetuam devidamente. É o meio principal que a Natureza emprega para desembaraçar o Corpo dos venenos contidos nos alimentos.
Em conclusão, o Aspirante deve escolher os alimentos que melhor possa digerir porque, facilmente realizada essa função, maior a energia extraída do alimento e por mais tempo será o sistema nutrido antes de ser necessário comer de novo. Não se deve beber o leite como se bebe um copo de água. Ingerindo aos goles, como o chá ou o café, formará no estômago pequenos coágulos, facilmente assimiláveis. Criteriosamente tomado, é um dos melhores elementos da dieta. As frutas cítricas (limões, laranjas, etc.) são poderosos antissépticos. Os cereais especialmente o arroz, são antitóxicos de grande eficiência.
Explicando o que é necessário ao Corpo Denso, do ponto de vista material, puramente físico, consideraremos agora o assunto sob o ponto de vista oculto, relativamente ao efeito que o alimento produz sobre os dois Corpos invisíveis que interpenetram o Corpo Denso.
Como dissemos anteriormente, o ponto de apoio especial do Corpo de Desejos são os músculos e o Sistema Nervoso cérebro-espinhal. A energia desprendida por alguém que se movimenta sob excitação ou ódio é um bom exemplo. Em tais ocasiões, todo o sistema muscular está em tensão e nenhum trabalho, por duro que seja, é tão extenuante como um “acesso de ira”. Às vezes pode deixar o Corpo extenuado durante semanas inteiras. Portanto, é imprescindível melhorar o Corpo de Desejos e controlar o temperamento, evitando ao Corpo Denso sofrimentos que resultam da ação desordenada do Corpo de Desejos.
Sob o ponto de vista oculto, toda consciência do Mundo Físico resulta da luta constante entre os Corpos de Desejos e Vital.
A tendência do Corpo Vital é amolecer e construir. Sua expressão principal encontra-se no sangue, nas glândulas e no Sistema Nervoso simpático. Iniciou o ingresso na praça forte do Corpo de Desejos (o sistema muscular e o nervoso voluntário), quando começou a converter o coração em músculo voluntário.
A tendência do Corpo de Desejos é endurecer e invadir os domínios do Corpo Vital, tomando posse do baço. Produz os corpúsculos brancos do sangue, que não são “policiais” do sistema, como crê atualmente a ciência, mas destruidores de todo o Corpo. Ditos corpúsculos filtram-se pelas paredes das veias e artérias, onde quer que apareça a menor enfermidade. O torvelinho de forças do Corpo de Desejos permeabiliza as veias e artérias, especialmente em momento de cólera, abrindo caminho a esses corpúsculos brancos para os tecidos do Corpo, onde formam as bases para a agrupação das matérias terrosas que matam o Corpo.
Com a mesma classe de alimentos, a pessoa serena e jovial viverá muito mais, gozará de melhor saúde e será mais ativa do que a pessoa melancólica que perde o domínio próprio. A última produzirá e lançará por todo o organismo mais corpúsculos brancos destruidores do que a primeira. Se as pessoas que se dedicam à ciência analisassem os Corpos dessas duas pessoas, notariam que existe uma quantidade muito menor de substâncias terrosas no Corpo da pessoa jovial do que no Corpo do irascível.
Essa destruição é constante porque não é possível evitar totalmente os destruidores, nem essa é, tampouco, a intenção. Se o Corpo Vital pudesse ininterruptamente construir, continuaria empregando todas as energias com esse propósito, mas não haveria consciência ou pensamento algum. A obstrução produzida pelo Corpo de Desejos e pelo endurecimento das partes internas é que desenvolve a consciência.
Em tempo muito recuado, anterior àquele em que criamos as primeiras concreções, tínhamos, como os atuais moluscos, Corpos moles, flexíveis e sem ossos. Porém, a consciência era, como a deles, obscuríssima, vaga e tenuíssima. Para que pudéssemos avançar era necessário retermos as concreções.
O estado de consciência de qualquer espécie está em proporção direta ao desenvolvimento do esqueleto interno. O Ego, para sua expressão, deve possuir sólidos ossos, com medula semifluídica e vermelha, a fim de poder formar corpúsculos sanguíneos vermelhos.
Esse é o maior desenvolvimento do Corpo Denso. Isto não significa que os animais com esqueleto semelhante ao do ser humano, quanto à perfeição, possuam espírito interno. Não têm porque pertencem a uma corrente diferente de evolução.
Segundo a lei da assimilação uma partícula forma parte do nosso Corpo quando, como espíritos, a dominamos e sujeitamos a nós mesmos. Nesse caso, recordemos que as forças ativas são principalmente os nossos “mortos”, que entraram no “céu”. Ali aprendem a construir Corpos para usá-los aqui, porém trabalham de acordo com certas leis que não está em seu poder modificar. Em toda partícula de alimento há vida. Antes de podermos incorporá-la pela assimilação, é necessário que a dominemos e a sujeitemos. Em caso contrário, não poderia haver harmonia no Corpo, cada parte agiria independentemente, como acontece quando, pela morte, a vida coordenadora se retira do Corpo. Esse é o processo de desintegração, precisamente o oposto da assimilação. Quanto mais individualizada está a partícula que se há de assimilar, tanto maior energia é necessária para digeri-la e tanto menos tempo permanecerá, procurando logo alguma saída para libertar-se.
Os seres humanos não estão organizados de maneira a viver de minerais sólidos. Ao ingerirmos uma substância puramente mineral, o sal, por exemplo, passa através do Corpo deixando muito pouco atrás. Porém, o pouco que deixa é de natureza perigosa. Se os minerais pudessem ser empregados pelo ser humano como alimento seriam ideais por terem pouca estabilidade e ser necessária pouca energia para dominá-los e subjugá-los à vida do Corpo. Comeríamos muito menos e menor número de vezes do que agora fazemos. Algum dia, os laboratórios fornecerão alimentos químicos de tal qualidade que sobre passarão quaisquer outros, além da vantagem de estarem sempre frescos. Os alimentos obtidos de plantas superiores e, sobretudo dos animais, Reino superior ao vegetal, é positivamente nauseabundo, por causa da rapidez da desintegração. Esse processo resulta dos esforços das partículas para livrarem-se do conjunto.
O Reino Vegetal, o próximo superior ao mineral, tem organização capaz de assimilar os compostos dos minerais da Terra. O ser humano e os animais podem decompor as plantas e assimilar e nutrir-se dos seus compostos químicos, tendo em vista que o Reino Vegetal, que tem consciência de sono sem sonhos, não oferece resistência alguma à assimilação. É necessária pouca energia para assimilar suas partículas, e como tem muito pouca individualidade própria, a vida que se anima não procura escapar-se de nosso Corpo tão rapidamente como as dos alimentos derivados de formas mais desenvolvidas.
A força obtida de uma dieta de vegetais ou de frutos permanece mais do que a derivada de uma dieta de carne. Não é necessário ingerir com tanta frequência quantidades de alimento vegetal. Proporcionalmente, esse alimento fornece mais energia porque, para assimilá-lo, é necessária menor energia.
O alimento obtido de Corpos animais compõe-se de particular trabalhadas e interpenetradas por um Corpo de Desejos individual, e individualizadas. Esta individualização é muito maior que a das partículas vegetais. No animal, cada célula constitui-se numa alma celular individual compenetrada pelas paixões, e desejos do animal. É necessária uma energia considerável, primeiramente para dominá-la e, depois, para poder ser assimilada. No entanto, nunca fica completamente incorporada ao Corpo como os constituintes duma planta, que não tem tendências individuais tão fortes. Resultado: o carnívoro necessita de quantidade maior de alimento que o frugívoro e tem de comer mais frequentemente. Ainda mais: a luta interna das partículas da carne provoca desgaste e destruição maior do Corpo, o que torna o carnívoro menos ativo e menos paciente do que o vegetariano, como tem sido demonstrado em provas realizadas pelos partidários de um e do outro regime.
Portanto, se a carne obtida dos herbívoros é um alimento tão instável, é evidente que seríamos obrigados a consumir quantidades enormes de alimento caso ingeríssemos a carne dos animais carnívoros, que têm as células ainda mais individualizadas. Ocuparíamos a maior parte do nosso tempo comendo e, todavia, estaríamos sempre extenuados e famintos. É o que se pode ver no lobo e no abutre, cuja magreza e fome são proverbiais. Os canibais comem carne humana, mas só em largos intervalos e como guloseima. O ser humano não faz alimentação exclusivamente de carne. Por isso, sua carne não é completamente igual à de um animal carnívoro. Não obstante, a fome dos canibais é também proverbial.
Se a carne de herbívoro fosse a essência do melhor que há nas plantas, a carne dos carnívoros, logicamente, seria a quintessência. A carne dos lobos e dos abutres, muito mais desejável, seria o creme dos cremes. Como sabemos não é assim. Pelo contrário, quanto mais nos aproximarmos do Reino Vegetal tanto mais energia obteremos do nosso alimento. Se a carne dos animais carnívoros fosse aquele creme, seria muito procurada pelos outros animais de presa, mas exemplos tais como “cão comer cão” é raríssimo na Natureza.
A primeira lei da ciência oculta é “não matarás”. O Aspirante à vida superior deve ter isto muito em conta. Não podendo criar sequer uma partícula de barro, não temos o direito de destruir nem a forma mais insignificante. Todas as formas são expressões da Vida Una, da Vida de Deus. Não temos o direito de destruir a Forma, pela qual a Vida está adquirindo experiência, e obrigá-la a construir um novo veículo.
Ella Eheeler Wilcox[42], com a verdadeira compaixão de todas as almas avançadas, defende esta máxima ocultista, nas seguintes e formosíssimas palavras:
Eu sou a voz dos que não falam.
Por mim falarão os que são mudos.
Minha voz ressoará nos ouvidos do mundo
até o cansaço; até que escutem e saibam
os erros que cometem com os débeis
que não podem falar.
O mesmo poder formou o pardal,
o ser humano e o rei.
O Deus do Todo deu uma
Chispa anímica a todos
os seres de pelo e pluma.
Eu sou o guardião dos meus irmãos.
Lutarei sua batalha e farei
a defesa do animal e da ave.
Até que o mundo faça
as coisas como se deve.
Objeta-se algumas vezes que também arrebatamos a vida dos vegetais e frutas que comemos. Objeção baseada numa imperfeita compreensão dos fatos. Quando a fruta está madura, já realizou o seu propósito: agir como matriz da semente. Se não é aproveitada, apodrece e perde-se. Além disso, destinada a servir de alimento ao animal e ao ser humano, ao cair no solo fértil proporciona à semente oportunidade de germinar. O óvulo e o sêmen dos seres humanos são estéreis sem o Átomo-semente do Ego reencarnante e sem a matriz do Corpo Vital. Assim também, qualquer ovo ou semente, se isolados, são desprovidos de vida. No entanto, se lhe são proporcionadas as condições necessárias de incubação, a vida do Espírito-Grupo neles penetra aproveitando a oportunidade para garantir a produção de um Corpo Denso. Se esmagarmos ou cozinhamos o ovo ou a semente, ou não lhe são proporcionadas as condições necessárias para a vida, a oportunidade se perde. Isto é tudo.
Já sabemos que, no estado atual da nossa jornada evolutiva, matar é um mal. O ser humano protege e ama aos animais conforme seus gostos e interesses egoístas (desde que não interfiram em seus direitos). A lei protege até os gatos e cães contra a crueldade desenfreada. Salvo no esporte, a mais desenfreada e covarde de todas as nossas crueldades contra o Reino Animal, sempre se matam os animais para ganhar dinheiro. Porém os devotos do esporte matam as indefesas criaturas só com o objetivo de obter prestígio, falso prestígio, de suas proezas sinergéticas. É muito difícil compreender como certas pessoas que parecem sãs e carinhosas possam, durante um momento, abandonar seus sentimentos humanitários e saciar uma selvagem sede de sangue, matando para satisfazer sua luxúria sanguinária e gozar da destruição. Certamente, isto é um retrocesso aos instintos mais inferiores e selvagens. Não pode nunca dignificar um ser humano e muito menos dar-lhe foros de “superior”, ainda que tal prática seja defendida pelas nações mais poderosas e, em outros sentidos, humanas.
Não seria mais belo o ser humano assumir seu papel de amigo e protetor do fraco? A quem não agrada visitar o Central Park de Nova York, acariciar e dar de comer às centenas de esquilos que correm de um a outro lado, na certeza de que não serão molestados? Quem não se alegra ao ver o letreiro que diz: “Serão mortos os cães que forem apanhados caçando esquilos”? Isto é duro para os cães, sem dúvida, mas evidencia o crescente sentimento favorecedor e protetor do débil contra a força irracional e egoísta do forte. Nada diz o letreiro dos prejuízos que os seres humanos pudessem causar aos esquilos, o que seria inadmissível. Tão grande é a confiança dos pequeninos e alegres animaizinhos na bondade do ser humano que esse não a violaria.
Voltamos a considerar as ajudas espirituais no progresso humano, podemos comparar a Oração do Senhor (Pai Nosso[43]) como uma fórmula abstrata ao melhoramento e purificação de todos os veículos do ser humano. O cuidado a prestar ao Corpo Denso está expresso nas palavras: “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”.
A oração que se refere às necessidades do Corpo Vital é: “perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O Corpo Vital é a sede da memória. Nele estão arquivadas subconscientemente as lembranças de todos os acontecimentos passados, bons ou maus, isto é, tanto a injúria como os benefícios feitos ou recebidos. Lembremos que, ao morrer, as recordações da vida são tomadas desses arquivos imediatamente depois de abandonar-se o Corpo Denso e que todos os sofrimentos da existência pós-morte são resultado dos acontecimentos aí registrados como imagens.
Se pela oração contínua obtemos o perdão ou esquecimento das injúrias que tenhamos praticado e procuramos prestar toda compensação possível, purificamos nossos Corpos Vitais. Esquecer e perdoar àqueles que agiram mal contra nós elimina todos os maus sentimentos e nos salva dos sofrimentos pós-morte. Além disso, prepara o caminho para a Fraternidade Universal, que depende mui especialmente da vitória do Corpo Vital sobre o Corpo de Desejos. As ideias de vingança são impressas pelo Corpo de Desejos, em forma de memória, sobre o Corpo Vital. A vitória sobre isso é indicada por um temperamento equânime em meio dos incômodos e sofrimentos da vida. O Aspirante deve cultivar o domínio próprio, porque tem ação benéfica sobre os dois Corpos. A Oração do Senhor exerce o mesmo efeito porque ao fazer-nos ver que estamos injuriando os outros voltamo-nos para nós mesmos e resolvemo-nos a descobrir as causas. Uma dessas causas é a perda do domínio próprio, originada no Corpo de Desejos.
Ao desencarnar, a maioria dos seres humanos deixa a vida física com o mesmo temperamento que trouxe ao nascer. O Aspirante deve conquistar, sistematicamente, todos os arrebatamentos do Corpo de Desejos e assumir o próprio domínio. Isto se efetua pela concentração sobre elevados ideais, que vigoriza o Corpo Vital. É um meio muito mais eficaz do que as orações da igreja. O ocultista cientista prefere empregar a concentração à oração porque a primeira realiza-se com o auxílio da Mente, que é fria e insensível, enquanto a oração, geralmente, é ditada pela emoção. Feita com devoção pura e impessoal, dirigida a elevados ideais, a oração é muito superior à fria concentração. Aliás, nunca poderá ser fria, porque voa para Divindade sobre as asas do Amor, a exaltação do místico.
A oração para o Corpo de Desejos é: “Não nos deixeis cair em tentação”. O desejo, o grande tentador da humanidade, é o grande incentivo para a ação. É bom quando cumpre os propósitos do espírito, mas quando se inclina para algo degradante, para algo que rebaixa a Natureza, certamente devemos rogar para não cair em tentação.
O Amor, a Fortuna, o Poder, a Fama! Eis os quatro grandes motivos de toda ação humana. O desejo de alguma ou várias destas coisas é o motivo por que o ser humano faz ou deixa de fazer algo. Os grandes Líderes da humanidade agiram sabiamente quando lhe deram tais incentivos para a ação, a fim de obter experiências e aprender. O Aspirante deve continuar usando-os como motivos de ação, firmemente, mas deve transmutá-los em algo superior. Por meio de nobres aspirações, deve saber transcender o amor egoísta que busca a posse de outro Corpo, e todos os desejos de fortuna, poder e fama fundamentados em razões pessoais egoísticas.
O Amor pelo qual se deve aspirar é unicamente o da alma; que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe.
A Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes.
O Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a humanidade.
A Fama pela qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração.
A oração para a Mente é: “Livrai-nos do mal”. Como vimos, a Mente é a ligação entre as naturezas superiores e inferiores. Admite-se que os animais sigam os seus desejos sem nenhuma restrição. Nisso nada há de bom nem de mau porque lhes falta a Mente, a faculdade de discernir. Os meios de proteção empregados para com os animais que roubam e matam são muito diferentes do empregado em relação aos seres humanos que fazem tais coisas. Mesmo quando um ser humano de Mente anormal faz isso não se considera da mesma forma que ao animal. Agiu mal, mas porque não sabia o que fazia é isolado.
O ser humano conheceu o bem e o mal quando seus olhos mentais se abriram. Aquele que realiza a ligação da Mente ao Eu superior permanentemente, é uma pessoa de elevado entendimento. Se, pelo contrário, a Mente está ligada à natureza emocional inferior, a pessoa tem mentalidade inferior.
Por tais razões, a oração para a Mente traduz a aspiração de nos libertarmos das experiências resultantes da aliança da Mente com o Corpo de Desejos e de tudo quanto tal aliança origina.
No Aspirante à vida superior, a união entre as naturezas superior e inferior é realizada pela Meditação sobre assuntos elevados, pela Contemplação que consolida essa união e, depois, pela Adoração que, transcendendo os estados anteriores, eleva o espírito ao Trono.
No “Pai Nosso” geralmente usado na igreja, a adoração está colocada em primeiro lugar, o que tem por fim alcançar a exaltação espiritual necessária para proferir uma petição que represente as necessidades dos veículos inferiores.
Cada aspecto do Tríplice Espírito, começando pelo inferior, expressa adoração ao aspecto correspondente da Divindade. Quando os três aspectos do espírito estão colocados ante o Trono da Graça, cada um emite uma oração apropriada às necessidades da sua contraparte material. No fim os três unem-se para proferir a oração da Mente.
O Espírito Humano se eleva à sua contraparte, o Espírito Santo (Jeová), dizendo: “Santificado seja o Vosso Nome”. O Espírito de Vida reverencia-se ante sua contraparte, o Filho (Cristo), dizendo: “Venha a nós o Vosso Reino”.
O Espírito Divino ajoelha-se ante sua contraparte, o Pai, e diz: “Seja feita a Vossa Vontade…”.
Então, o mais elevado, o Espírito Divino, pede ao mais elevado aspecto da Divindade, o Pai, para a sua contraparte, o Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje”.
O próximo aspecto, em elevação, o Espírito de Vida, roga ao Filho, pela sua contraparte em natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O aspecto inferior do espírito, o Espírito-Humano, dirige o seu pedido ao aspecto mais inferior da Divindade para o mais elevado do tríplice Corpo, o de Desejos: “Não nos deixeis cair em tentação”.
Por último, os três aspectos do Tríplice Espírito juntam-se para a mais importante das orações, o pedido pela Mente, dizendo em uníssono: “Livrai-nos do mal”.
A introdução, “Pai nosso que estais no Céu” é somente um indicativo de direção. A adição: “Porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, Amém” não foi dada por Cristo, mas é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito por encerrar a diretriz correta para a Divindade.
O Diagrama 16 ilustra a explicação antecedente de forma fácil e simples, mostrando a relação entre as diferentes orações, em suas respectivas cores e os veículos correspondentes.
Diagrama 16 – O Pai Nosso
O (a) pervertido (a) sexual, ou o (a) maníaco (a) sexual, comprova a afirmação dos ocultistas de que uma parte da força sexual constrói o cérebro. Ele (ela) se converte em um (a) idiota, incapaz de pensar, porque exterioriza não somente a parte negativa ou positiva da força sexual (seja homem ou mulher), empregada normalmente pelos órgãos sexuais para a propagação, mas exterioriza também parte da força que, dirigida ao cérebro, o organizaria e tornaria apto a pensar. Daí as deficiências mentais que apresenta.
Se a pessoa se dedica a pensamentos espirituais, a tendência para empregar a força sexual na propagação é muito pequena. Qualquer parte dela que não use pode ser transformada em força espiritual. Por esta razão, em certo grau de desenvolvimento, o Iniciado faz o voto de celibato. Não é uma resolução fácil de tomar nem pode ser feita à ligeira por qualquer pessoa que deseje desenvolver-se espiritualmente. Muitos seres humanos imaturos para a vida superior encadearam-se quando se sujeitaram a uma vida ascética. Tais pessoas são tão perigosas para a comunidade como os erotomaníacos imbecis.
No estado atual da evolução humana, a função sexual é o meio pelo qual são formados os Corpos usados pelo espírito para obter experiência. Geralmente, as pessoas mais prolíficas e que seguem os impulsos geradores sem reserva, são de categoria inferior. As entidades em via de renascimento dificilmente encontram ambientes que permitam desenvolver suas faculdades de forma a beneficiarem-se e a beneficiarem a humanidade. Muitas pessoas das classes ricas poderiam oferecer condições mais favoráveis, mas em geral têm poucos filhos ou nenhum. Não porque vivam uma vida sexualmente de abstinência, mas por razões completamente egoístas, para maior comodidade e para poderem entregar-se à paixão sexual ilimitadamente, sem arcar com as dificuldades da família. Entre as classes médias, as famílias também são limitadas, mas nestas as razões são predominantemente econômicas. Procuram educar um ou dois filhos, dando-lhes vantagens que não poderiam proporcionar-lhes se tivessem quatro ou cinco.
Dessa maneira anormal, o ser humano exercita a prerrogativa divina de produzir a desordem na Natureza. Os Egos a ponto de renascer têm de aproveitar-se das oportunidades que se apresentam, às vezes sob condições desfavoráveis. Outros que não podem renascer nessas circunstâncias, esperam até apresentar-se ocasião mais favorável. Através dos nossos atos afetamo-nos uns aos outros e, desse modo, os pecados dos pais caem sobre os filhos, porque assim como o Espírito Santo é a energia criadora da Natureza, a energia sexual é seu reflexo no ser humano. O mau uso ou abuso desse poder é um pecado que não se pode perdoar; deve expiar-se, com prejuízo da eficiência dos veículos, a fim de aprendermos que a força criadora é santa.
Os Aspirantes à vida superior, ansiosos por viver uma nobre vida espiritual, muitas vezes olham a função sexual com horror, por causa das misérias que o seu abuso tem trazido à humanidade. Nem querem ver o que consideram uma impureza, esquecendo-se de que seres humanos como eles (os quais deram boas condições aos seus veículos por meio de alimentação apropriada e saudável, de elevados e bondosos pensamentos e de vida espiritual) são, precisamente, os que estão em melhores condições para gerar Corpos Densos apropriados às necessidades de desenvolvimento das entidades que os esperam para renascer. Todos os ocultistas sabem que, atualmente, muitos Egos elevados não podem renascer, em prejuízo da raça humana, por não encontrarem pais suficientemente puros para proporcionar-lhes os veículos físicos convenientes.
A função sexual tem seu lugar na economia do mundo. Quando empregada devidamente, fornece Corpos, fortes e cheios de saúde que o ser humano necessita para o seu desenvolvimento. Não há maior bênção para o Ego. Quando, inversamente, dela se abusa, não há maior desgraça, converte-se num manancial de todos os males, a verdadeira herança da carne.
É uma grande verdade que “nenhum ser humano vive somente para si”. As nossas palavras e ações afetam constantemente os outros. Se agirmos retamente, podemos ajudar ou prejudicar vidas, mas se descuidamos nossos deveres podemos frustrá-las, primeiramente, dos que estão em imediato contato conosco e depois de todos os habitantes da Terra e, talvez ainda, outras além.
Ninguém tem o direito de procurar a vida superior sem ter cumprido antes seus deveres para com a família, o país e a raça humana. Deixar tudo de lado, egoisticamente, e viver unicamente para o próprio desenvolvimento espiritual é tão repreensível como desinteressar-se absolutamente pela vida espiritual. Antes, é ainda pior. Quem cumpre seus deveres na vida ordinária da melhor maneira que pode, dedicando-se ao bem-estar dos que de si dependem, estão cultivando a faculdade fundamental, o dever. E, certamente, avançará tanto que despertará à chamada da vida superior. Apoiado no dever anteriormente cumprido encontrará grande auxílio nesse trabalho. O ser humano que deliberadamente volta as costas aos deveres atuais para dedicar-se à vida espiritual, com certeza será coagido a voltar ao caminho do dever, do qual se afastou equivocadamente. Não poderá escapar sem que tenha aprendido a lição.
Certas tribos da Índia fazem muito boa divisão de sua vida: os primeiros 20 anos são dedicados à educação; dos 20 aos 40 dedicam-se à criação da família, o resto do tempo é aplicado no desenvolvimento espiritual, sem nenhum cuidado físico que incomode ou distraia a Mente. Durante o primeiro período a criança é mantida por seus pais. No segundo, o ser humano, além de sustentar a família, cuida dos pais, enquanto eles estão dedicando sua atenção às coisas elevadas e, durante o resto da vida, é mantido por seus filhos.
É um método muito bom, completamente satisfatório para um povo que, totalmente, do berço ao túmulo, sente necessidades espirituais. Aliás, em tal extensão que equivocadamente descuidam o desenvolvimento material, salvo quando se veem impelidos pelo látego da necessidade. Os filhos sustentam carinhosamente os pais, seguros de que, por sua vez, serão sustentados pelos seus filhos e poderão dedicar-se por completo à vida superior, depois de terem cumprido seus deveres para com o seu país e a humanidade. No mundo ocidental, onde as necessidades espirituais não são sentidas e o ser humano corrente se desenvolve só materialmente, tal norma de vida seria impossível de realizar-se.
A aspiração espiritual precisa ser amadurecida pelo tempo e só chega quando se obtém as condições particulares sob as quais devemos procurar satisfazê-la. É preciso suportar qualquer dever que pareça uma restrição. Se o cuidado da família impede alguém de consagrar-se inteiramente àquilo que deseja, não seria justificado que o Aspirante descuidasse seus deveres, dedicando todo seu tempo e energia a propósitos espirituais.
Devem-se fazer esforços para satisfazer tais aspirações, mas de modo a não interferirem com os deveres da família.
Se o desejo de castidade nasce numa pessoa que mantém relações matrimoniais com outra, as obrigações de tais relações não podem ser esquecidas. Seria um grave erro viver castamente debaixo de tais circunstâncias, procurando fugir do apropriado cumprimento do dever. A respeito desse dever há uma linha de conduta para os Aspirantes à vida superior, diferente da do ser humano comum.
Para a maioria da humanidade, o matrimônio é como que a aprovação de uma licença para a gratificação dos seus desejos sexuais. Talvez seja assim aos olhos das leis humanas, mas à luz da verdadeira lei não, porque nenhuma lei feita pelos seres humanos pode reger esse assunto. A ciência oculta afirma que a função sexual nunca deve ser exercida para gratificar os sentidos, mas somente para a propagação. Portanto, é justo que o Aspirante à vida superior se negue ao ato com seu cônjuge, a menos que seu objetivo seja conseguir um filho. Mesmo assim, devem, ambos, gozarem perfeita saúde física, moral e mental. Em caso contrário, a união produziria um Corpo débil ou degenerado.
Sendo cada pessoa dona do próprio Corpo, é responsável, ante a Lei de Consequência, por qualquer mau uso resultante do abandono do Corpo a outrem, por fraqueza da vontade.
Contemplando o assunto à luz do precedente, do ponto de vista da ciência oculta, as pessoas de Corpo e Mentes saudáveis têm o dever, e ao mesmo tempo o privilégio (que deve ser exercitado com gratidão pela oportunidade) de criar veículos para as entidades, tanto quanto seja compatível com a saúde e com a capacidade de assistência. Com indicamos, os Aspirantes à vida superior têm especialmente essa obrigação, porque a purificação produzida em seus Corpos qualifica-os, mais do que a humanidade comum, para gerar veículos puros. Assim procedendo concedem veículos apropriados a entidades elevadas. Ao facilitarem a esses Egos oportunidades de renascerem e exercerem suas necessárias influências, eles ajudam à humanidade.
Empregando a força sexual do modo indicado, a função terá lugar muito poucas vezes na vida e, praticamente, toda a força sexual poderá ser empregada para fins espirituais. Não é o uso, mas o abuso que produz todas as perturbações e que interfere com a vida espiritual. Não há necessidade alguma de abandonar a vida superior quando não se possa ser casto, nem é necessário ser estritamente casto para passar pelas Iniciações Menores.
O voto de absoluta castidade relaciona-se unicamente com as Grandes Iniciações. Mesmo nestas, um só ato de fecundação pode ser necessário alguma vez, como um sacrifício, como aconteceu quando se preparou o Corpo para Cristo.
Pode-se acrescentar, também, que é pior estar sofrendo o abrasador desejo e pensando constante e vividamente na gratificação dos sentidos do que viver a vida matrimonial com moderação. Cristo ensinou que os pensamentos impuros são maus e talvez piores do que os atos impuros, porque os pensamentos podem ser repetidos indefinidamente, enquanto os atos têm sempre algum limite.
O Aspirante à vida superior só pode triunfar na medida da subjugação da natureza inferior. Contudo, deve guardar-se muito bem para não ir de um extremo ao outro.
O Corpo Pituitário e a Glândula Pineal
No cérebro, aproximadamente na posição indicada pelo Diagrama 17, há dois pequenos órgãos chamados Corpo Pituitário[44] e Glândula Pineal[45]. A ciência médica não sabe quase nada a seu respeito nem de outras glândulas do Corpo.
Diagrama 17 – Caminho das Forças Sexuais não empregada
A ciência chama à Glândula Pineal[46] “terceiro olho atrofiado”. Nenhum daqueles órgãos está se atrofiando. Isto é um manancial de perplexidades para os cientistas. A Natureza nada conserva inútil. Em todo o Corpo encontramos órgãos em desenvolvimento ou em atrofia. Sendo estes assim como marcos milenários no caminho seguido pelo ser humano até o seu estado atual de desenvolvimento, indicando futuros aperfeiçoamentos e desenvolvimentos. Por exemplo, os músculos que os animais empregam para mover a orelha existem também no ser humano. Muitas poucas pessoas podem movê-los, estão atrofiando. O coração pertence à classe dos que indicam desenvolvimento futuro. Como já indicamos, está a converter-se num músculo voluntário.
O Corpo Pituitário[47] e a Glândula Pineal pertencem a outra classe de órgãos, que atualmente não degeneram nem se desenvolvem: estão adormecidos.
Num passado remoto, o ser humano estava em contato com os mundos internos, e esses órgãos eram o meio de ingresso. Estavam relacionados com o Sistema Nervoso simpático ou involuntário. No Período Lunar, última parte da Época Lemúrica e primeira da Atlante, o ser humano via os mundos internos. As imagens se apresentavam a ele completamente independentes da sua vontade. Os centros dos sentidos do Corpo de Desejos giravam em direção contrária à dos ponteiros de um relógio (seguindo negativamente o movimento da Terra, que gira em torno do eixo, nessa direção) como atualmente os dos médiuns. Na maioria dos seres humanos esses centros são inativos, mas o desenvolvimento apropriado pô-los-á em movimento, na mesma direção em que giram os ponteiros de um relógio, com se explicou anteriormente. Essa é a parte difícil no desenvolvimento da clarividência positiva.
O desenvolvimento da mediunidade é muito mais fácil; é simples revivificação da função negativa que possuía o ser humano no antiquíssimo passado, pela qual o mundo externo refletia-se nele e cuja função era retida pela endogamia. Nos atuais médiuns essa faculdade é intermitente. Sem razão alguma aparente, podem “ver” umas vezes e outras não. Ocasionalmente, o intenso desejo do interessado permite ao médium pôr-se em contato com a fonte de informação que procura e nessas ocasiões vê corretamente. Contudo, nem sempre se porta honestamente. Tendo de pagar despesas de aluguel e outras, quando lhe falta o poder (sobre o qual não tem o menor domínio consciente) recorre à fraude e diz qualquer absurdo que lhe ocorra para satisfazer o cliente e não perder o dinheiro, desacreditando aquilo que noutras ocasiões realmente viu.
O Aspirante à verdadeira visão e discernimento espiritual deve, antes de tudo, dar provas de desinteresse. O clarividente idôneo não tem “dias livres” nem, de nenhum modo, é como um espelho negativo, dependente dos reflexos que de qualquer forma o possam atingir. Em qualquer momento, pode olhar e ver os pensamentos e planos dos demais, sempre que dirija sua atenção especialmente para isso.
É fácil de compreender o grande perigo que traria à sociedade o uso indiscriminado desse poder, se estivesse em mãos de qualquer indivíduo, visto que por meio dele, podem ser lidos os mais secretos pensamentos. O Iniciado, pelo voto mais solene, obriga-se a não empregar jamais esse poder para servir seus interesses individuais, sequer em grau mínimo, nem para salvar-se de qualquer dor ou tormento. Pode dar de comer a cinco mil pessoas, se o deseja, mas não pode converter uma pedra em pão para aplacar a própria fome. Pode curar os outros da paralisia ou da lepra, mas não pode usar a Lei do Universo para curar suas próprias feridas mortais. Está ligado a um voto de absoluto desinteresse e, por isso, é sempre certo que o Iniciado, ainda que possa salvar os outros, não pode salvar-se.
O clarividente educado, o que realmente tem algo a dar, não aceitará jamais nenhum donativo ou qualquer compensação para exercer sua faculdade. Contudo, dará e dará desinteressadamente, tudo o que considere necessário ou compatível com o destino gerado ante a Lei de Consequência pela pessoa a quem vá ajudar.
Usa-se a clarividência desenvolvida para investigar os fatos ocultos. É a única que serve realmente para esse objetivo. Portanto, o Estudante deve sentir um desejo santo e desinteressado de ajudar a humanidade e não um desejo de satisfazer uma tola curiosidade. Enquanto esse desejo superior não exista, não se pode fazer progresso algum em direção à clarividência positiva.
Nas idades transcorridas desde a Época Lemúrica, a humanidade construiu, gradualmente, o Sistema Nervoso cérebro-espinhal, o qual está sob o controle da vontade. Na última parte da Época Atlante, o sistema já estava tão desenvolvido que foi possível ao Ego tomar posse plena do Corpo Denso. Isto, como já foi descrito, efetuou-se quando o ponto do Corpo Vital se pôs em correspondência com o ponto da raiz do nariz do Corpo Denso. O espírito interno despertou para o Mundo Físico, e a maior parte da humanidade perdeu a consciência dos mundos internos.
Desde esse tempo, a conexão entre a Glândula Pineal, o Corpo Pituitário e o Sistema Nervoso cérebro-espinhal foi se realizando lentamente e já quase está completa.
Para voltar a obter o contato com os mundos internos tudo se resume em despertar de novo o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal. Quando isto se realizar o ser humano possuirá novamente a faculdade de perceber os mundos superiores, porém em mais alto grau do que antes, porque estará em conexão com o Sistema Nervoso Voluntário e, portanto, sob o domínio da vontade. Essa faculdade de percepção abrir-lhe-á todas as fontes do conhecimento. Comparados com estes meios de adquirir conhecimento, todos os demais métodos de investigação não são mais do que brinquedos de crianças.
O despertar desses órgãos efetua-se por meio da educação ou treinamento esotérico, que agora descreveremos, tanto quanto se possa fazer publicamente.
Treinamento Esotérico
Na maioria dos seres humanos, a maior parte da força sexual que, de modo legítimo, deve ser usada pelos órgãos da geração, emprega-se na gratificação dos sentidos. Nesses seres humanos há muito pouca corrente ascendente (Diagrama 17).
Quando o Aspirante à vida domina cada vez mais esses excessos e dedica sua atenção a pensamentos e esforços espirituais, o clarividente educado pode verificar que a força sexual não utilizada começa a subir. Ao subir, em volume cada vez maior, segue o caminho indicado pelas flechas no Diagrama 17, atravessa o coração e a laringe, ou a medula espinhal e a laringe, ou a ambos ao mesmo tempo, passando diretamente entre o Corpo Pituitário e a Glândula Pineal para o ponto obscuro da raiz do nariz, onde o “Vigilante Silencioso”, o mais elevado espírito, tem Seu templo.
Essas correntes não seguem um dos caminhos com exclusão do outro. Geralmente, seguem pelos dois, passando um volume maior de corrente sexual por um deles, de acordo com o temperamento do Aspirante. Nos que procuram a iluminação seguindo linhas puramente intelectuais, a corrente sexual passa especialmente sobre a medula espinhal e a parte menor segue o caminho que passa pelo coração. No místico, que antes “sente” do que conhece, essas correntes seguem preferivelmente o caminho que passa pelo coração.
Seguindo essas vias, o intelectual e o místico desenvolvem-se anormalmente. Para completar-se plenamente, cada um terá que dedicar sua atenção ao desenvolvimento daquilo que antes descuidou. O objetivo dos Rosacruzes é dar ensinamentos que satisfaçam a ambas as classes, se bem que os seus esforços principais se dirijam às Mentes muito desenvolvidas, de maior necessidade.
Essas correntes, em si mesmas, ainda que assumissem as proporções de um Niágara, e fluíssem até o sinal do dia de juízo, seriam inúteis se fossem tão só um complemento. Elas são prévio requisito para o trabalho consciente nos mundos internos e, por isso, dever ser cultivadas em alguma extensão antes de começar o verdadeiro treinamento esotérico. Durante certo tempo, é indispensável ao Aspirante uma vida moral, dedicada a pensamentos espirituais, antes de ser possível começar o trabalho que proporcionará o conhecimento direto dos domínios suprafísicos e o habilitará a converter-se, no sentido mais elevado, num auxiliar da humanidade.
Quando o candidato tenha vivido desse modo o tempo suficiente para estabelecer a corrente de força espiritual, está apto e capacitado para receber instruções esotéricas. São fornecidos a ele, então, alguns exercícios para pôr em vibração a glândula pituitária. Essa vibração faz a glândula pituitária chocar e desviar ligeiramente a linha de força mais próxima (Diagrama 17). Esta se choca com a próxima, e o processo continua até que a força da vibração se esgota. Isto se efetua de maneira parecida ao tocar-se uma nota num piano: ela produzirá certo número de sons harmônicos, a intervalos apropriados, os quais, por sua vez, farão vibrar as cordas correspondentes do piano.
Quando a vibração crescente do Corpo Pituitário desvia suficientemente as linhas de força e estas alcançam a Glândula Pineal, realiza-se o objetivo procurado: estabelece-se uma ponte entre ambos os órgãos. É a ponte entre o Mundo dos Sentidos e o Mundo do Desejo. Construída essa ponte, o ser humano torna-se clarividente e pode dirigir seu olhar à vontade. Os objetos sólidos podem ser vistos por dentro e por fora porque o espaço e a densidade deixaram de serem para ele obstáculos para a observação.
Não é ainda um clarividente exercitado, ou educado, mas é clarividente à vontade, um clarividente voluntário. É uma faculdade muito diferente da do médium, geralmente um clarividente involuntário, isto é, que só pode ver o que se lhe apresenta e que, no melhor dos casos, pouco mais tem além da mera faculdade negativa. Construída essa ponte, a pessoa estará sempre certa de poder pôr-se em contato com os mundos internos, estabelecendo ou rompendo à vontade a conexão com eles. Gradualmente, o observador aprende a dirigir a vibração do Corpo Pituitário, de maneira a poder pôr-se em contato com qualquer das regiões dos mundos internos que deseje examinar. A faculdade está sob completo domínio da sua vontade. Não é necessário pôr-se em transe, ou fazer algo anormal para elevar sua consciência até o Mundo do Desejo. Basta-lhe somente querer ver, e vê.
Como já indicamos no começo desta obra, o neófito deve aprender a ver no Mundo do Desejo ou, melhor dito, deve aprender a interpretar ou compreender o que vê ali. No Mundo Físico os objetos são densos, sólidos e sua forma não muda instantaneamente. No Mundo do Desejo, as formas mudam da maneira mais fugaz e instável. Isto é manancial de confusões sem conta para o clarividente involuntário e negativo e até mesmo para o neófito que nele penetra sob a direção de um instrutor. Porém, os ensinamentos do instrutor cedo colocam o discípulo em condições de perceber a Vida que produz a mudança nas formas e, assim, o discípulo, conhecendo a razão da instabilidade não dá atenção a isso.
Há também outra distinção importantíssima a fazer. O poder de perceber os objetos de um mundo não é idêntico ao poder de agir dentro dele. O clarividente voluntário pode ter recebido algum treinamento e distinguir o verdadeiro do falso no Mundo do Desejo. No entanto, é uma condição parecida à de um prisioneiro atrás da janela gradeada que o separa do mundo externo: pode vê-lo, mas não pode funcionar nele.
Portanto, a educação ou treinamento esotérico abre a visão interna do Aspirante. Há seu tempo, receberá exercícios que organizarão um veículo capaz de funcionar nos mundos internos de maneira perfeitamente consciente.
Como os Veículos Internos são construídos
Na vida comum a maioria das pessoas vive para comer, beber e satisfazer sua paixão sexual da maneira mais desenfreada, perdendo a cabeça à menor provocação. Ainda que na aparência tais pessoas possam ser bastantes “respeitáveis”, quase todos os dias produzem a maior confusão em seu organismo. O período do sono é totalmente utilizado pelos Corpos Vital e de Desejos para repararem os estragos produzidos durante o dia, não sobrando nenhum tempo para trabalho externo de qualquer natureza. Porém, conforme o indivíduo comece a sentir necessidade da vida superior, de controlar a força sexual e o temperamento, e de cultivar uma disposição serena, produzem-se menos perturbações nos veículos durante as horas de vigília, tornando-se menor o tempo de sono necessário para reparar os desgastes. Assim, torna-se possível abandonar o Corpo Denso por longos períodos nas horas dedicadas a dormir, e funcionar nos mundos internos nos veículos superiores. Como o Corpo de Desejos e a Mente não estão ainda organizados, eles são inúteis como veículos separados de consciência. Nem o Corpo Vital pode abandonar o Corpo Denso, pois isto produziria a morte. Portanto, é evidente que deve haver algum meio de prover-se um veículo organizado que seja fluídico, e construído de tal modo que satisfaça às necessidades do Ego nos mundos internos, assim como o Corpo Denso as satisfaz no Mundo Físico.
O Corpo Vital é um veículo organizado para isso, de modo que se encontrássemos um meio de poder separá-lo do Corpo Denso sem causar a morte, o problema estaria resolvido. Além disso, o Corpo Vital é a sede da memória, sem a qual seria impossível trazer de volta, à nossa consciência física, as lembranças das experiências suprafísicas e delas obtermos todo o benefício.
Recordemos que os Hierofantes dos antigos Templos dos Mistérios segregavam das castas e tribos alguns indivíduos, tais como os Brâmanes e os Levitas, com o objetivo de proporcionar Corpos para os Egos suficientemente avançados, prontos para a Iniciação. Isto se efetuava de tal maneira que o Corpo Vital se separava em duas partes, conforme era o Corpo de Desejos de toda a humanidade no começo do Período Terrestre. Quando o Hierofante retirava os discípulos dos seus Corpos, deixava uma parte do Corpo Vital, compreendendo o primeiro e o segundo Éteres, para realizar as funções, puramente, animais (as únicas ativas durante o sono). O discípulo levava então consigo um veículo capaz de percepção, dada a sua conexão com os centros sensoriais do Corpo Denso, e também de recordar. Possuía tais capacidades porque se compunha dos terceiro e quarto Éteres, os meios da percepção sensorial e da memória.
Essa é, pois, de fato, a parte do Corpo Vital que o Aspirante retém vida após vida, e que imortaliza como Alma Intelectual.
Desde que Cristo veio e “limpou os pecados do mundo”[48] (não os do indivíduo), purificando o Corpo de Desejos do nosso Planeta, a conexão entre os Corpos Denso e Vital de todos os seres humanos foram afrouxados, e a tal ponto que, pelo exercício, são capazes de separar-se na forma acima descrita. Portanto, a Iniciação está aberta para todos.
A parte mais sutil do Corpo de Desejos, que constitui a Alma Emocional, é capaz de separação na maioria das pessoas (em realidade ela já possuía essa capacidade antes da vinda de Cristo). Assim, por meio da concentração e do emprego de fórmula apropriada, as partes mais sutis dos veículos foram isoladas para serem empregadas durante o sono ou em qualquer outra hora, deixando as partes inferiores dos Corpos Vital e de Desejos encarregadas dos processos de restauração do veículo denso, a parte simplesmente animal.
Essa parte do Corpo Vital que sai está altamente organizada, como vimos. É a exata contraparte do Corpo Denso. O Corpo de Desejos e a Mente não estão organizados, são úteis unicamente porque estão ligados ao altamente organizado Corpo Denso. Quando separados desse são instrumentos muito pobres. Por isso, antes que possa separar-se do Corpo Denso, o ser humano precisa despertar os centros sensoriais do Corpo de Desejos.
Na vida corrente o Ego está dentro de seus Corpos, dirigindo suas forças para o exterior. Toda a vontade e energia humanas estão empenhadas na tarefa de dominar o mundo externo. Em nenhum momento ele é capaz de livrar-se das impressões do ambiente externo e trabalhar livremente sobre si mesmo nas horas de vigília. Porém durante o sono, quando se apresenta essa oportunidade, porque o Corpo Denso perde a consciência do mundo, o Ego fica fora dos seus Corpos. Se o ser humano tiver que agir sobre os seus veículos, há de ser quando esteja alheio ao mundo externo, como no sono, contanto que o espírito permaneça dentro e no pleno controle de suas faculdades, como sucede nas horas da vigília. Enquanto não obtiver esse estado é impossível ao Espírito atuar internamente e sensibilizar devidamente os seus veículos.
Tal estado é a concentração. Quando a pessoa nela se submerge, seus sentidos ficam inativos, aparentemente na mesma condição que no sono profundo, se bem que o espírito permanece dentro, plenamente consciente. A maioria das pessoas já experimentou esse estado, pelo menos em certo grau, quando absorvidas na leitura de algum livro. Em tais ocasiões vivem as cenas descritas pelo autor, e perdem toda noção do seu ambiente. São insensíveis a todo som, às palavras que lhes dirigem e a tudo que as rodeia. Contudo, estão plenamente conscientes do que leem do mundo invisível criado pelo autor, vivendo neles e sentindo o bater dos corações dos diferentes personagens da narrativa. Não estão independentes, mas sim ligados à vida que alguém criou para elas no livro.
O Aspirante à vida superior cultiva a faculdade de absorver-se à vontade em qualquer assunto que escolha, ou melhor, geralmente não num assunto, mas num simples objeto que ele mesmo imagine. Desta maneira, quando alcança a condição apropriada ou ponto de absorção, quando seus sentidos ficam completamente cerrados, ele concentra seus pensamentos sobre os diferentes centros sensoriais do Corpo de Desejos e estes começam a girar.
A princípio o movimento é lento e laborioso, mas gradualmente esses centros sensoriais do Corpo de Desejos preparam seus próprios lugares dentro dos Corpos Denso e Vital, e estes por si aprendem essa nova atividade. Então algum dia, quando uma vida apropriada tenha produzido a desejada separação entre as partes superior e inferior do Corpo Vital, por um supremo esforço de vontade num movimento espiral de várias direções, o Aspirante vê-se fora do seu Corpo Denso. Nesse momento ele o olha como se olhasse outra pessoa. Está, pois, aberta a porta da sua casa-prisão. É livre para ir e vir, tanto nos mundos internos como no Mundo Físico, funcionando à vontade em ambos, para ajudar a quem precise em quaisquer deles.
Antes de aprender a deixar o Corpo voluntariamente, o Aspirante deve preparar o Corpo de Desejos durante o sono, posto que em algumas pessoas esse Corpo se organiza antes que a separação do Corpo Vital possa ser efetuada. Sob tais circunstâncias é impossível trazer de volta à consciência de vigília essas experiências subjetivas. Contudo, em casos tais, e como primeiro sinal de desenvolvimento, geralmente se nota que todos os sonhos confusos cessam. Então, após algum tempo, os sonhos tornar-se-ão mais vívidos e perfeitamente lógicos. O Aspirante sonhará com lugares e pessoas (conhecidas ou não, nas horas de vigília, pouco importa), conduzindo-se de forma razoável como se estivesse desperto. Se o lugar com que sonhou lhe for acessível, quando desperto, da realidade do sonho, poderá obter provas no dia seguinte se tiver anotado algum detalhe físico da cena.
A seguir descobrirá que pode, durante o sono, visitar qualquer lugar sobre a superfície da Terra e estudá-lo muito melhor do que se lá tivesse ido em seu Corpo Denso, pois em seu Corpo de Desejos ele pode entrar em todos os lugares, a despeito de portas e fechaduras. Se persistir, dia chegará finalmente em que não precisará esperar o sono para desfazer a ligação entre os seus veículos, mas poderá libertar-se deles conscientemente.
Instruções específicas para libertar os veículos superiores não podem ser dadas indiscriminadamente. A separação não se efetua por uma fórmula de palavras, mas sim por um ato de vontade, se bem que a maneira como se há de dirigir a vontade seja individual e só possa ser indicada por um instrutor competente. Como qualquer outra informação esotérica esta jamais se vende, mas alcança o discípulo como resultado de sua qualificação para recebê-la. Tudo que podemos fazer é dar algumas indicações sobre os primeiros passos que conduzem à aquisição da faculdade da clarividência voluntária.
O tempo mais favorável para exercitá-la é imediatamente ao despertar, pela manhã, antes que as preocupações e os cuidados da vida diária se apoderam da Mente. Tendo nesse momento acabado de deixar os mundos internos, a facilidade de voltar a pôr-nos em contato com eles é maior do que em qualquer outra hora do dia. Não precisamos nos vestir ou sentar na cama, mas relaxar o Corpo perfeitamente, permitindo ao exercício ser o primeiro pensamento do dia. Relaxamento não significa apenas uma posição confortável. Se os músculos se mantiverem tensos, em expectativa, isso por si frustra o objetivo, porque nestas condições o Corpo de Desejos está pressionando os músculos. E não pode ser de outra maneira, até que acalmemos a Mente.
A primeira prática a efetuar-se é a fixação do pensamento em um ideal e assim mantê-lo, sem permitir que se desvie. Tarefa sumamente difícil, ela deve ser realizada regularmente pelo menos até que se possa alcançar algum progresso. O pensamento é o poder que empregamos na formação de imagens, cenas, pensamentos-formas, de acordo com as ideias internas. É o nosso poder principal, e temos de aprender a mantê-lo sob nosso absoluto controle de modo a produzirmos não absurdas ilusões induzidas pelas circunstâncias exteriores, mas sim imaginações verdadeiras geradas pelo espírito, internamente. (Veja o Diagrama 1).
Os céticos dirão que tudo é imaginação, mas, como já vimos antes, se o inventor não imaginasse o telefone, etc., não possuiríamos tais coisas. De modo geral suas imaginações não foram corretas ou certas no início. Se o tivessem sido, os inventos teriam funcionado com todo o êxito desde o princípio, sem aqueles muitos fracassos e experiências aparentemente inúteis que quase sempre precedem o aparecimento de um instrumento ou máquina utilitária e prática. Tampouco é correta a princípio a imaginação do ocultista novato. A única maneira de imaginar-se corretamente é conseguida pela prática ininterrupta, dia após dia, exercitando-se o pensamento, pela vontade, a manter-se enfocado sobre um assunto, objeto ou ideia, excluindo tudo o mais. O pensamento é um grande poder que costumamos desperdiçar. Permitimo-lo fluir sem qualquer objetivo, do mesmo modo que a água se despeja no precipício sem aproveitamento na movimentação de uma turbina.
Os raios do Sol difundidos sobre a superfície da Terra produzem apenas um calor moderado. Contudo, se alguns poucos forem concentrados através de uma lente, serão capazes de produzir fogo no ponto focal.
A força do pensamento é o meio mais poderoso para obter-se conhecimento. Se for concentrada sobre um assunto, abrirá caminho através de qualquer obstáculo e resolverá o problema. Possuindo-se quantidade necessária de energia mental, nada existe que esteja além do poder da compreensão humana. Enquanto a desperdiçamos, é uma força de pouca utilidade, mas tão logo estejamos prontos a enfrentar as dificuldades para dominá-la, todo conhecimento poderá ser nosso.
Ouvimos com frequência pessoas exclamarem petulantemente: “Oh! Não posso pensar em cem coisas ao mesmo tempo! “. Na realidade era exatamente isso o que estavam fazendo e que lhes causou o aborrecimento de que se queixam. As pessoas vivem pensando constantemente em cem coisas diferentes daquela que têm em mãos. Todo êxito é alcançado através da concentração persistente no objetivo desejado.
Isto é algo que o Aspirante à vida superior deve aprender positivamente. Não há outro caminho. A princípio se achará pensando em tudo quanto há debaixo do Sol, ao invés de pensar no Ideal sobre o qual tenha decidido concentrar-se, mas isso não deve desanimá-lo. Com o tempo verá que já é mais fácil cerrar os sentidos e manter firmemente os pensamentos. Persistência, persistência, sempre PERSISTÊNCIA e vencerá por fim. Sem ela, entretanto, não pode esperar resultado algum. Não será de nenhuma utilidade fazer os exercícios duas ou três manhãs ou semanas, e deixar de fazê-los por outro tanto tempo. Para serem eficazes devem ser praticados fiel e ininterruptamente todas as manhãs.
Escolha-se qualquer assunto, de acordo com o temperamento e convicções do Aspirante, contanto que seja puro e consiga elevar a Mente em sua tendência. Uns concentram-se em Cristo; outros, que tenham predileção por flores, encontrarão mais facilidade tomando-as como assunto da concentração. O objeto em si pouco importa, mas qualquer que seja, precisa ser imaginado vivente em todos os pormenores. Se for o Cristo, devemos imaginar um Cristo real, movendo-se: vida em Seus olhos, e uma expressão não petrificada ou morta. Devemos, enfim, construir um ideal vivente, não uma estátua. Se for uma flor, imaginemos que plantamos a semente no solo, fixando bem nossa Mente sobre ela. Observemos a seguir o seu desenvolvimento, ao deitar raízes que penetram na Terra em forma espiral. Das raízes principais vejamos sair miríades de pequenas raízes ramificando-se em todas as direções. Então o caule começa a surgir, rompendo a superfície da terra, aparecendo como uma pequenina haste verde. Cresce mais: surge um botão, e dois pequenos raminhos brotam do talo. Continua crescendo, outro jogo de raminhos aparece, e desse brotam pedúnculos com folhinhas. Surge um botão na ponta que cresce até abrir-se, dele surgindo uma formosa rosa vermelha por entre o verde das folhas. Esta continua a desabrochar, exalando delicioso perfume que sentimos perfeitamente como se chegasse até nós, trazido pela balsâmica brisa estival que balança suavemente a bela criação ante nossos olhos mentais.
Só quando “imaginamos” do modo acima, sem sombras ou aparência vaga, mas clara e distintamente, é que penetramos no espírito da concentração.
Os que têm viajado pela Índia falam-nos de faquires que mostram uma semente, plantam-na e a planta cresce rapidamente ante os olhos atônitos das testemunhas, produzindo frutos que o viajante pode provar. Isto resulta de uma concentração tão intensa que o quadro se torna visível, não somente para o próprio faquir, mas também para os espectadores. Recordamo-nos do caso em que os membros de uma comissão científica viram essas coisas maravilhosas com seus próprios olhos, e sob condições tais que toda prestidigitação era impossível, mas as fotografias obtidas enquanto se efetuavam as experiências nada mostraram de extraordinário. Nem havia a menor impressão nas chapas sensíveis, pois não existiam objetos materiais concretos.
As imagens produzidas pelo Aspirante serão a princípio obscuras e de fraca semelhança, mas depois, pela concentração, poderá evocar imagens mais reais e viventes do que as coisas do Mundo Físico.
Quando o Aspirante estiver apto a formar tais imagens, e já conseguindo manter a Mente sobre as imagens assim criadas, poderá tentar o desaparecimento súbito da imagem, mantendo a Mente firme, sem pensamento algum, esperando o que possa surgir nesse vazio.
Talvez nada apareça durante muito tempo, mas o Aspirante deve ter o cuidado de não criar visões por si mesmo. Se a prática for seguida fiel e pacientemente todas as manhãs, chegará o dia em que no momento que faça desaparecer a imagem, o Mundo do Desejo que o rodeia abrir-se-á aos seus olhos internos como num relâmpago. A princípio pode não ser mais do que um mero vislumbre, contudo não deixa de ser um sinal daquilo que virá mais tarde, sempre que o deseje.
Tendo praticado a Concentração durante algum tempo, enfocando a Mente sobre um objeto simples, construindo um pensamento-forma vivente por meio da faculdade imaginativa, o Aspirante pode aprender pela Meditação tudo o que se refere ao objeto assim criado.
Suponhamos que o Aspirante evocou, na Concentração, a imagem do Cristo. É muito mais fácil reproduzir em meditação os incidentes de Sua vida, Seus sofrimentos e Sua ressurreição, porém muito mais pode ser aprendido pela Meditação. Um conhecimento jamais sonhado inundará a alma com uma luz gloriosa. É melhor praticar com algo que não desperte tanto interesse e não sugira nada de maravilhoso. Procure descobrir tudo o que se refere, digamos, a um fósforo ou a uma mesa comum.
Quando a imagem da mesa se formar com precisão na Mente, pense na espécie de madeira de que é feita e de onde veio. Volte até ao tempo em que, como delicada semente, caiu na terra do bosque, desenvolvendo-se depois na árvore da qual a madeira foi cortada. Observe-a crescer, ano após ano, coberta pelas neves do inverno e acalentada pelo Sol estival, crescendo continuamente enquanto as raízes penetram incessantemente na terra. A princípio é um tenro broto, balançado pela brisa. Depois, um arbusto que gradualmente cresce e se torna cada vez mais alto, buscando o ar e os raios do Sol. Com o passar dos anos a copa e o tronco tornam-se cada vez maiores. Por fim chega o lenhador, com seu machado e serra brilhando aos raios do Sol invernal. A árvore é derrubada e despojada da ramagem, ficando só o tronco que logo é cortado em toras e arrastado pelos caminhos gelados para a margem do rio. Ali tem que esperar a primavera, quando a neve derretida aumenta a correnteza. Faz-se um grande amarrado de toras, entre as quais estão os pedaços da nossa árvore. Conhecendo todas as suas pequenas peculiaridades, reconhecemo-la imediatamente entre milhares de outras, tão claramente temo-la gravado em nossa Mente! Seguimos o curso da balsa pela correnteza, observando as paisagens e familiarizando-nos com os homens que cuidam da balsa e dormem em pequenas barracas sobre a carga flutuante. Por fim, vemo-la chegar a uma serraria. Então, uma a uma as toras são presas a uma cadeia sem fim e içadas da água. Aqui vem uma das nossas toras, de cuja parte mais larga será feito o tampo da nossa mesa. É erguida com alavancas pelos homens e arrastada para o galpão. Ouvimos o ávido chiado das grandes serras circulares. Giram tão rapidamente que parecem torvelinhos aos nossos olhos. A tora, posta sobre um carro, é conduzida a uma dessas serras, e num momento os dentes penetram na madeira, dividindo-a em tábuas e pranchas. Algumas madeiras são separadas para formar parte de algum edifício, mas as melhores são levadas às fábricas de móveis. Metidas em estufas, são secadas pelo vapor para não empenarem depois de feito o móvel. Depois são alisadas por uma grande plaina, provida de muitas lâminas afiadas. Finalmente são cortadas em diversos tamanhos e coladas, para formar os tabuleiros das mesas. As pernas são torneadas das peças mais grossas e encaixadas na armação que suporta o tabuleiro. A seguir todo o móvel é alisado novamente com papel-lixa, envernizado e polido, ficando assim acabada, em todos os seus pormenores. Por último é enviada à loja junto com outros móveis, onde a compramos. Transportada para nossa casa, deixamo-la na sala de jantar.
Dessa maneira, por meio da meditação, familiarizamo-nos com os vários ramos da indústria, necessários para converter uma árvore da floresta numa peça de mobiliário. Observamos todas as máquinas, os homens e as peculiaridades dos diferentes lugares. Até seguimos o processo da vida que fez surgir a árvore da delicada semente, e aprendemos que atrás de toda aparência, por simples que seja, há uma grande e absorvente história interessante. Um alfinete; o fósforo com que ascendemos o gás; o próprio gás; e o aposento em que acendemos o gás; tudo tem histórias muito interessantes que vale a pena aprender.
Um dos mais importantes auxílios ao Aspirante que se esforça é a observação. A maioria das pessoas atravessa a vida quase às cegas. É, literalmente, certo dizer delas: “têm olhos e não veem… têm ouvidos e não ouvem”[49]. Na maior parte da humanidade há uma deplorável falta de observação.
Até certo ponto, muitas pessoas podem desculpar-se pela sua falta de visão normal. A vida urbana tem causado inúmeros danos aos olhos. No campo a criança aprende a usar os músculos dos olhos em toda a extensão, relaxando-os ou contraindo-os, conforme seja necessário para ver objetos a distâncias consideráveis ao ar livre ou ao alcance da mão, dentro e fora de casa. Contudo, o filho das cidades vê praticamente todas as coisas de perto, e os músculos dos seus olhos raramente são empregados para observar objetos a grandes distâncias. Por conseguinte, essa faculdade se perde em grande parte, resultando disso a miopia e outros problemas da visão.
É muito importante que o Aspirante à vida superior possa ver todas as coisas ao redor de si de maneira clara, nítida, distinta, em todos os pormenores. Para os que sofrem da vista, o uso de lentes é como o abrir-se um mundo novo à sua frente. Em vez da anterior nebulosidade, tudo é visto clara e definidamente. Se a condição da visão requer o emprego de dois focos, não deve a pessoa contentar-se com dois pares de óculos, um para as coisas próximas e outro para as distantes, que obrigam a mudanças frequentes. Não somente porque as mudanças são incômodas, mas também porque se pode esquecer um dos pares ao sair de casa. Podem-se ter os dois focos num só par de lentes bifocais, e esses são os que devem ser usados para facilitar a observação dos pormenores.
Quando o Aspirante tiver cuidado de sua visão, deve observar sistematicamente todas as coisas e todas as pessoas, e tirar conclusões dos fatos a elas relacionadas, a fim de cultivar a faculdade do raciocínio lógico. A lógica é o melhor instrutor no Mundo Físico, assim como é o guia mais seguro em qualquer Mundo.
Quando se pratica esse método de observação, é necessário ter bem presente que deve ser empregado exclusivamente para agrupar fatos, não com o propósito de criticar, nem que seja por brincadeira. A crítica construtiva, que assinala os defeitos e o modo de remediá-los, é à base do progresso. Contudo, a crítica destrutiva, sem nenhuma finalidade superior, que destrói de modo vandálico tudo quanto toca de bom ou de mau, é uma úlcera do caráter que deve ser extirpada. As conversações frívolas e os mexericos são estorvos, obstáculos. Se bem que não é necessário dizer que o branco é negro, e dissimular que não se vê a má conduta alheia. A crítica sempre deve ser feita com propósitos de ajudar, não com o de manchar, irresponsavelmente, o caráter do nosso próximo quando nele encontramos alguma pequena nódoa. Relembrando a parábola do argueiro e da trave, voltemos nossa impiedosa crítica contra nós mesmos. Ninguém é tão perfeito que não necessite melhorar. Quanto mais impecável é o ser humano menos se inclina a encontrar faltas nos demais e atirar a primeira pedra nos outros. Ao assinalarmos alguma falta e indicarmos o meio de corrigi-la, devemos fazer isso impessoalmente. Procuremos sempre o bem que se acha oculto em tudo. O cultivo desta atitude de discernimento é especialmente importante.
Quando o Aspirante ao conhecimento direto, tendo praticado os exercícios de concentração e de meditação durante algum tempo, neles se torna razoavelmente proficiente, deve dar um passo mais elevado.
Vimos que a concentração consiste em enfocar o pensamento num só objeto. É o meio pelo qual construímos uma imagem clara, objetiva e vivente da forma, acerca da qual desejamos adquirir conhecimento.
Meditação é o exercício pelo qual seguimos a história desse objeto, pondo-nos em relação com todos os pormenores a ele relativos e ao mundo em geral.
Esses dois exercícios mentais relacionam-se, da maneira mais profundamente imaginável, com as coisas. Conduzem a um estado mais elevado, penetrante e sutil de desenvolvimento mental, que se refere à alma das coisas.
O nome desse estado é Contemplação.
Diferentemente da Meditação, na Contemplação não é necessário esforço de pensamento ou de imaginação para conseguir-se a informação desejada. Esse exercício consiste simplesmente em mantermos o objeto ante a visão mental e deixar que a alma dele nos fale. Repousando tranquilamente num divã ou na cama – não de modo negativo, mas completamente alerta – esperamos a informação que virá com certeza, se já alcançamos o devido grau de desenvolvimento. Então a Forma do objeto parece desvanecer-se, passamos a ver unicamente a Vida em atividade. A Contemplação ensinar-nos-á tudo relativamente ao aspecto da Vida, assim como a Meditação nos ensinou tudo sobre a Forma.
Quando alcançamos esse estado, e pomos diante de nós, por exemplo, uma árvore na floresta, nós perdemos de vista a forma por completo e só veremos a Vida, que nesse caso é o Espírito-Grupo. Descobrimos então, para nosso assombro, que o Espírito-Grupo da árvore inclui os diversos insetos que dela se alimentam. Assim, tanto o parasita quanto o tronco em que ele se prende são emanações do mesmo Espírito-Grupo, pois quanto mais subimos nos domínios do invisível menos formas separadas e distintas encontramos, e mais completamente a Vida Una predomina, e imprime no investigador a noção suprema de que não há senão Uma Vida – a Vida Universal de Deus, em Quem realmente “vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. Os minerais, as plantas, os animais e o ser humano – todos sem exceção – são manifestações de Deus, e esse fato fornece a verdadeira base da fraternidade, uma fraternidade que inclui tudo, desde o átomo até o Sol, porque todos são emanações de Deus. Fracassaria o conceito de fraternidade que se baseasse em outro princípio qualquer, como o: das distinções de classes, das afinidades de raça ou de ofício, etc. O ocultista compreende claramente que a Vida Universal flui em tudo que existe.
Quando, por meio da Contemplação, se alcança esta altura, isto é, quando o Aspirante compreende que de fato ele contempla Deus na vida que tudo compenetra, deve dar um passo ainda mais elevado e atingir a Adoração. Através desse exercício ele se une à fonte de todas as coisas, alcançando assim a maior altura possível de realização pelo ser humano, até que chegue o tempo em que essa união se torna permanente, ao fim do Grande Dia de Manifestação.
É opinião do autor que nem as alturas da Contemplação nem o passo final da Adoração podem ser alcançados sem a ajuda de um Mestre. O Aspirante nunca deve temer que, por falta de um Mestre, seu progresso seja retardado. Nem necessita preocupar-se em procurar um Mestre. Tudo o que precisa fazer é começar a aperfeiçoar-se, e continuar nesse trabalho diligente e persistentemente. Desse modo purificará seus veículos, que começarão a brilhar nos Mundos internos. Esse brilho não pode deixar de atrair a atenção dos Mestres, os quais, sempre atentos a tais casos, estão ansiosos e contentes por ajudar aqueles que, por seus sinceros esforços de purificação, adquiriram o direito de receber ajuda. A humanidade está duramente necessitada de auxiliares que possam trabalhar nos mundos internos. Portanto, “buscai e achareis”[50]. Contudo, não se imagine que a procura consiste em andar passando de um Mestre para outro. “Procurar”, no sentido da palavra, nada significa para esse mundo tenebroso. Nós mesmos é que temos de acender a luz – a luz que seguramente irradia dos veículos do Aspirante diligente. Essa é a estrela que nos conduzirá ao Mestre, ou melhor, que conduzirá o Mestre até nós.
O tempo necessário para se alcançar resultados por meio dos diversos exercícios varia de indivíduo para indivíduo, e depende da sua aplicação, grau de desenvolvimento e dos seus registros no Livro do Destino, pelo que não se pode estabelecer um tempo-padrão. Alguns, que já estão quase prontos, obtêm resultados em poucos dias ou semanas. Outros têm que trabalhar durante meses, anos e talvez durante uma vida inteira, sem obter resultados visíveis. Não obstante, os resultados são uma realidade, de modo que se o Aspirante persistir fielmente obterá algum dia, nesta ou em futura vida, a recompensa de sua paciência e fidelidade: os Mundos internos abrir-se-ão aos seus olhos, tornando-se cidadão de Reinos onde as oportunidades são imensamente maiores do que no Mundo Físico somente.
Daí em diante – desperto ou adormecido, através de tudo que o ser humano chama vida e de tudo o que chama morte – sua consciência será ininterrupta. Levará uma vida de consciência contínua, beneficiando-se de todas as condições que permitem um avanço mais rápido para posições cada vez mais elevadas, e a empregará na elevação da humanidade.
CAPÍTULO XVIII – A Constituição da Terra e Erupções Vulcânicas
Mesmo entre os cientistas ocultistas, a investigação da misteriosa constituição da Terra é considerada um problema dos mais difíceis. Todo cientista ocultista sabe que é muito mais fácil investigar detalhada e profundamente o Mundo do Desejo e a Região do Pensamento Concreto e trazer os resultados de tais investigações ao Mundo Físico, do que investigar completamente os segredos do nosso Planeta físico. Para consegui-lo plenamente é preciso haver passado pelos nove Mistérios Menores e pela primeira das Grandes Iniciações.
Os cientistas modernos sabem muito pouco sobre esse assunto. No que se referem aos fenômenos sísmicos, muitas vezes modificam suas teorias porque descobrem, constantemente, razões que tornam insustentáveis as hipóteses anteriores. Investigaram com minucioso e admirável cuidado a crosta externa, mas só até uma insignificante profundidade. Quanto às erupções vulcânicas, eles tentam compreendê-las do mesmo modo que procuram compreender qualquer outra coisa, isto é, de maneira puramente mecânica, descrevendo o centro da Terra como uma fornalha em ignição e concluindo que as erupções vulcânicas são causadas pela entrada acidental de água e outras explicações semelhantes.
Em certo sentido suas teorias têm algum fundamento, mas, como sempre, negligenciam as causas espirituais, que para o ocultista são as únicas reais. Para este, o mundo está longe de ser uma coisa “morta”. Pelo contrário, qualquer recanto e fenda são compenetrados pelo Espírito, o fermento que causa as mudanças tanto dentro como sobre o Planeta.
As diferentes espécies de quartzos, os metais, a disposição das várias camadas, tudo tem um significado muito maior do que aquilo que o investigador materialista jamais foi capaz de compreender. Para o cientista ocultista, o modo em que estes materiais estão dispostos é sumamente significativo. Nesse assunto, como em outro qualquer, a ciência oculta está para a ciência moderna assim como a fisiologia está para a anatomia.
A anatomia indica minuciosamente a posição de cada osso, músculo, ligamento, nervo etc.; suas posições relativas uns aos outros; e assim por diante; porém, não dá indicação alguma sobre o funcionamento das diferentes partes que compõem o Corpo. A fisiologia, por sua vez, indica não somente a posição e estrutura de todas as partes do Corpo, mas também sua função no Corpo.
Conhecer os diversos estratos da Terra e as posições relativas dos Planetas no firmamento, e não conhecer seu emprego e significado na vida e sua finalidade no Cosmos são tão inúteis quanto apenas conhecer as posições dos ossos, músculos, nervos etc., e não compreender as funções que desempenham na economia do Corpo.
Ante a visão do clarividente treinado, do Iniciado nos vários graus dos Mistérios, a Terra apresenta-se composta de camadas, à semelhança de uma cebola, cada camada ou estrato cobrindo outra. Há nove estratos e um núcleo central, dez no total. Tais estratos são revelados ao Iniciado gradualmente, um estrato em cada Iniciação, de modo que, ao final das nove Iniciações Menores domina todas as camadas, mas ainda não tem acesso aos segredos do núcleo central.
Em termos antigos esses nove passos são chamados “Mistérios Menores”. Levam o neófito, conscientemente, através de toda a sua evolução passada, ou seja, por meio de todas as atividades de sua existência involuntária, de modo que ele se torna capaz de compreender os meios e o significado da obra que efetuou, inconscientemente. A ele é mostrado como se constituíram as nove partes atuais (o Tríplice Corpo, a Tríplice Alma e o Tríplice Espírito); como as grandes Hierarquias Criadoras trabalharam sobre o Espírito Virginal, despertando nele o Ego e ajudando-o a formar o Corpo; também o trabalho que ele mesmo efetuou para, do Tríplice Corpo, extrair tanto da Tríplice Alma, como a que atualmente possui. Seguindo os nove estratos, é conduzido através dos nove graus que constituem os Mistérios Menores, um grau por vez.
O número nove é o número raiz do nosso presente estágio de evolução. Em nosso sistema tem um significado que nenhum outro número possui. É o número de Adão, a vida que começou sua evolução como ser humano e que alcançou o estado humano durante o Período Terrestre. Em hebraico, assim como em grego não há algarismos, porque cada letra exprime um valor numérico. Em hebraico, “Adão” é proferido “ADM”. O valor de “A” é 1; o de “D”, 4; e o de “M”, 40. Se somarmos esses algarismos 1+4+4+0=9, teremos o número de Adão, ou humanidade.
Se saltarmos do livro Gênesis, que trata da criação do ser humano em remotíssimo passado, para o Livro da Revelação[51], que trata de sua futura realização, veremos que o número da Besta que o oculta é 666. Somando esses algarismos 6+6+6 = 18, e 1+8 = 9, teremos novamente o número da humanidade, em si mesma a causa de todo mal que obstrui seu próprio progresso. Mais ainda: o número dos que se salvarão se diz que é de 144.000. Somando-se como antes 1+4+4+000 = 9, temos outra vez o número da humanidade, mostrando, praticamente, que ela será salva em sua totalidade, já que é insignificante a quantidade dos incapazes de progredir em nossa evolução atual. Mesmo os poucos que fracassam não estarão perdidos, mas progredirão num esquema evolutivo futuro.
A consciência do mineral e do vegetal é realmente inconsciência. O primeiro vislumbre de consciência começa no Reino Animal. Vimos, também, que, consoante a mais moderna classificação, há treze graus no Reino Animal: três classes de radiados; três classes de moluscos; três classes de articulados; e quatro classes de vertebrados.
Se considerarmos o ser humano comum como um grau em si mesmo, e recordarmos que há treze Iniciações desde o ser humano até Deus, ou desde o tempo em que começou a capacitar-se para se converter em uma Inteligência Criadora Consciente de Si, teremos de novo o mesmo número nove: 13 + 1 + 13 = 27 e 2 + 7 = 9.
O número 9 está também oculto na idade de Cristo Jesus, 33: 3 x 3=9, e de maneira análoga nos 33 graus da Maçonaria. Nos tempos antigos a Maçonaria era um sistema de Iniciação dos Mistérios Menores, os quais, como vimos, têm nove graus, ainda que os iniciados frequentemente os escrevessem 33. Por análogas razões existe o 18º grau dos Rosacruzes, o qual não é mais que um “véu” para o não iniciado, porque nunca há mais do que nove graus nos Mistérios Menores. Os Maçons de hoje conservam muito pouco dos rituais ocultos contidos em seus graus.
Temos também os nove meses da gestação, durante os quais é construído o eficiente Corpo atual. Há também nove perfurações no Corpo: dois olhos, duas narinas, dois ouvidos, uma boca e dois orifícios inferiores.
Quando em seu avanço o ser humano passa pelas nove Iniciações Menores conseguindo, assim, penetrar em todos os estratos da Terra, precisa ainda ter acesso ao núcleo central. Esse se abre para ele mediante a primeira das quatro Grandes Iniciações, na qual aprende a conhecer o mistério da Mente, essa parte do seu ser iniciada na Terra. Quando ele está pronto para a primeira grande Iniciação, sua Mente já foi desenvolvida a um grau que todos os seres humanos alcançarão no final do Período Terrestre. Nessa Iniciação é fornecido a ele a chave do próximo estágio, e todo o trabalho que depois disso ele efetua, será o mesmo que a humanidade em geral efetuará no Período de Júpiter. Isto não nos diz respeito atualmente.
Depois de sua primeira Grande Iniciação ele é um Adepto. A segunda, terceira e quarta das Iniciações pertencem a estágios de desenvolvimento que a humanidade comum alcançará nos Períodos de Júpiter, Vênus e Vulcano.
Essas treze Iniciações são representadas, simbolicamente, por Cristo e seus doze Apóstolos. Judas Iscariotes representa as traidoras tendências da natureza inferior do neófito. O amado João é a Iniciação de Vênus, e Cristo, em Si mesmo, simboliza o Divino Iniciado do Período de Vulcano.
Nas diversas escolas de ciência oculta diferem os ritos Iniciáticos, como também o que dizem sobre o número de Iniciações, mas isto é apenas uma questão de classificação. Observe-se que as vagas descrições que podem ser dadas se tornam ainda mais vagas à medida que se sobe mais. Ainda que se fale de sete ou mais graus, já da sexta Iniciação quase nada é dito, e absolutamente nada das que estão para além. A razão disto advém de outra divisão: os seis graus de “Preparação” e as quatro Iniciações, que ao final do Período Terrestre conduzem o candidato ao grau de Adepto. Portanto, sempre deverá haver mais três, caso a filosofia da escola ou sociedade vá tão longe. O autor, porém, não conhece ninguém, além dos Rosacruzes, que tenha algo a dizer sobre os três Períodos que precederam o Período Terrestre, a não ser a simples afirmação de que esses períodos existiram. Contudo, nem são postos em relação muito definida com a nossa atual fase de existência. De maneira análoga, outros ensinamentos ocultos afirmam, simplesmente, que haverá mais três esquemas evolutivos, porém não fornecem pormenores. Claro, nessas circunstâncias, as três últimas Iniciações não são mencionadas.
O Diagrama 18 dá uma ideia da disposição dos estratos terrestres, omitindo informações sobre o núcleo central para mostrar mais claramente a formação de correntes em forma de lemniscata no nono estrato.
Diagrama 18 – A Constituição da Terra
No Diagrama 18 os estratos são representados como se tivessem igual espessura, mas em realidade uns são muito mais delgados do que outros. Começando pelo mais externo, aparecem na seguinte ordem:
Na realidade, e de acordo com a explicação oculta da evolução, a questão deveria ser como se originaram as coisas “mortas”. A vida existia antes das formas mortas. Ela construiu seus Corpos de substância vaporosa e sutil, muito antes de se condensar na crosta sólida da Terra. Só quando a Vida abandona as formas, podem estas se cristalizar, tornando-se duras e mortas.
O carvão nada mais é do que Corpo vegetal cristalizado. Os corais são também produtos da cristalização de formas animais. A vida abandona as formas e as formas morrem. A vida nunca penetra numa forma para despertá-la à vida. A vida sai das formas e as formas morrem. Foi assim que surgiram as “coisas mortas”.
Nesse quinto estrato existe a fonte primordial da vida, da qual brotou o impulso que construiu todas as formas da Terra. Corresponde à Região do Pensamento Abstrato.
Por outro lado, quando se arrancam as plantas pela raiz, fica patente ao cientista-ocultista que a Terra sente dor. Por essa razão, ele não come alimentos vegetais que cresçam debaixo da Terra. Em primeiro lugar, porque esses vegetais são plenos de força terrestre e carentes de força solar; segundo, por terem sido extraídos com as raízes, são venenosos. A única exceção a esta regra é a batata, porque em seus primórdios crescia na superfície da terra, e só em tempos relativamente recentes começou a crescer debaixo do solo. Os ocultistas fazem o possível para alimentar seus Corpos com os frutos que crescem ao Sol, pois estes contêm mais força solar, e sua colheita não causa sofrimento algum à Terra.
Poder-se-ia supor que os trabalhos nas minas produzem dor à Terra. Pelo contrário, toda desintegração da crosta dura produz uma sensação de alívio, e toda solidificação é fonte de dor. Quando uma torrente de chuva lava a encosta da montanha, arrastando a terra para os vales, a terra sente-se mais aliviada. Aonde a matéria desintegrada se deposita de novo, como no baixio que se forma na foz de um grande rio, produz-se uma correspondente sensação de opressão.
Assim como a sensação, nos animais e no ser humano, é devida a seus Corpos Vitais separados, assim as sensações da Terra são especialmente ativas no sexto estrato, que corresponde ao Mundo do Espírito de Vida. Para compreender-se o prazer que ela experimenta quando se quebra uma rocha e a dor que lhe produzem as solidificações, devemos recordar que a Terra é o Corpo Denso de um Grande Espírito, o qual, para fornecer-nos um meio em que pudéssemos viver e obter experiência teve de cristalizar seu Corpo até à condição de solidez atual.
Contudo, na medida em que a evolução prossiga e o ser humano aprenda as lições correspondentes aos extremos de concretização, a Terra tornar-se-á mais branda e seu espírito libertar-se-á cada vez mais. Foi isto o que São Paulo quis significar quando disse que toda a criação geme e sofre, esperando o dia da libertação.
Por conseguinte, as forças desse estrato são, em qualquer época, um reflexo exato do estado moral da humanidade. Do ponto de vista oculto, a “mão de Deus” que se abateu sobre Sodoma e Gomorra[52] não é uma tola superstição, pois, tão certo como há uma responsabilidade individual ante a Lei de Consequência que traz a cada pessoa o justo resultado de suas ações, sejam boas ou más, assim também existe uma responsabilidade coletiva ou nacional, que atrai sobre os grupos humanos resultados equivalentes aos atos efetuados em conjunto. As forças da natureza são, em geral, os agentes de tal justiça retribuidora, causando inundações ou terremotos a um grupo, ou a benéfica formação de óleos ou carvões a outro, de acordo com os seus merecimentos.
Do sexto estrato, o ígneo, até a superfície da Terra, há certo número de orifícios em diferentes lugares. Seus terminais na superfície são chamados “crateras vulcânicas”. Quando as forças da Natureza do sétimo estrato são desencadeadas de modo a poderem se expressar por meio de uma erupção vulcânica, elas ativam o estrato ígneo (o sexto), e então a agitação se exterioriza através da cratera. A maior parte do material é tomada da substância do segundo estrato, por ser esse estrato a contraparte mais densa do sexto estrato, assim como o Corpo Vital, o segundo veículo do ser humano, é a contraparte mais densa do Espírito de Vida, o sexto princípio. Esse estrato fluídico, com sua qualidade expansiva e sumamente explosiva, assegura um suprimento ilimitado de material no local da erupção. O contato com a atmosfera exterior endurece a parte que não se volatiliza no espaço, formando a lava e a poeira vulcânicas. E da mesma maneira que o sangue ao fluir de uma ferida coagula-se e estanca, assim também a lava, ao final da erupção, cerra o caminho às partes internas da Terra.
Como é fácil deduzir-se do fato, a imoralidade refletida e as tendências ante espirituais da humanidade é que despertam a atividade destruidora das forças da Natureza no sétimo estrato. Portanto, geralmente são as pessoas dissolutas e degeneradas que sucumbem nessas catástrofes. Essas pessoas, juntamente com outras cujo destino autogerado sob a Lei da Consequência, por várias razões, implica em morte violenta, são conduzidas desde os mais diversos recantos por forças sobre-humanas até o lugar onde deve ocorrer a erupção. Para aquele que pensa seriamente, as erupções vulcânicas do Vesúvio, por exemplo, servem para corroborar a afirmação acima.
A lista dessas erupções durante os últimos 2.000 anos mostra que sua frequência tem aumentado em proporção direta ao crescimento do materialismo. Especialmente nos últimos sessenta anos, na razão em que a ciência materialista cresceu em sua arrogância na absoluta e ampla negação das coisas espirituais, aumentaram a frequência das erupções vulcânicas. Enquanto nos primeiros mil anos depois de Cristo houve apenas seis erupções, as últimas cinco erupções tiveram lugar num período de 51 anos, como veremos.
A primeira erupção da Era Cristã, no ano 79 D.C., destruiu as cidades de Herculano e Pompéia, em que pereceu Plínio, o Velho. As outras erupções tiveram lugar nos anos de: 203, 472, 512, 652, 982, 1036, 1158, 1500, 1631, 1737, 1794, 1822, 1855, 1872, 1885, 1891 e 1906.
Nos primeiros mil anos ocorreram seis erupções; nos seguintes mil anos aconteceram doze, ocorrendo as últimas cinco num período de 51 anos, como dissemos anteriormente.
Do número total de 18 erupções, as nove primeiras ocorreram na assim chamada “Idade das Trevas”[53], isto é, nos 1.600 anos durante o qual o Mundo Ocidental foi dominado pelos comumente chamados “Bárbaros” pela Igreja Romana. As restantes sucederam-se nos últimos trezentos anos, durante os quais o advento e desenvolvimento da ciência moderna, com suas tendências materialistas, quase apagaram os últimos vestígios de espiritualidade, de modo particular na última metade do Século XIX. Portanto, as erupções desse período compreendem quase um terço do número total das ocorridas em nossa Era.
Para contrabalançar essa influência desmoralizadora, uma grande quantidade de informação oculta foi fornecida, durante todo esse tempo, pelos Irmãos Maiores, que estão sempre trabalhando pelo bem da humanidade. Pensou-se que oferecendo esses conhecimentos e educando os poucos que ainda queriam recebê-los, seria possível deter a maré de materialismo a qual, caso contrário, poderia produzir consequências muito sérias aos seus partidários. Com efeito, tendo negado durante tanto tempo a existência espiritual, poderão não serem capazes de manter seu equilíbrio ao perceberem que, embora tendo sido privados do Corpo Denso pela morte, eles continuam mais vivos do que nunca. Tais pessoas podem ter de suportar um destino demasiado triste para ser contemplado com serenidade. Uma das causas da terrível “peste branca”[54] é esse materialismo, talvez não reconhecível na encarnação atual, mas resultado de crenças e afirmações materialistas anteriores.
Falávamos da morte de Plínio, o Velho, quando da destruição de Pompéia. É interessante seguir o destino de tal cientista, não tanto pelo indivíduo em si, mas para compreendermos como o cientista ocultista lê a Memória da Natureza, de como as coisas nela se imprimem e os efeitos das características passadas sobre nossas tendências atuais.
Quando um ser humano morre, seu Corpo Denso desintegra-se, mas a soma total de suas forças pode ser encontrada no sétimo Estrato da Terra – o Estrato Refletor – o qual se constitui num repositório em que, como forças, as formas passadas são armazenadas. Assim, conhecendo-se o tempo em que ocorreu a morte de um ser humano, é possível encontrar sua forma nesse repositório, se ali o procurarmos. E não somente está ali armazenada, mas é também multiplicada pelo oitavo, ou Estrato Atômico, de modo que qualquer tipo pode ser reproduzido e modificado por outros e empregado repetidas vezes para a formação de outros Corpos. Por conseguinte, as tendências cerebrais de um ser humano tal como Plínio, o Velho, podem ter-se reproduzido milhares de anos depois, e ser, em parte, a causa da atual colheita de cientistas materialistas.
Resta ainda muito a aprender e desaprender, para os atuais cientistas materialistas. Ainda que lutem até o último limite contra o que, escarnecendo, qualificam de “ideias ilusórias” dos cientistas ocultistas, estão sendo obrigados a reconhecer suas verdades, a admiti-las uma a uma. É só uma questão de tempo o serem forçados a aceitá-las.
Mesmer, enviado pelos Irmãos Maiores, foi mais do que ridicularizado. Contudo, quando os materialistas, trocando o nome da força por ele descoberta, chamaram-na de “hipnotismo” ao invés de “mesmerismo”, tornou-se “científica”, imediatamente.
Há vinte anos a senhora Blavatsky, fidelíssima discípula dos Mestres Orientais, disse que a Terra tinha um terceiro movimento além dos dois que produzem o dia, a noite e as estações. Indicou também que a inclinação do eixo da Terra é causada por um movimento que, há seu tempo, levará o polo norte para onde atualmente está o equador, e mais tarde ainda o levará ao lugar ocupado agora pelo polo sul. Isto, afirmou ela, era conhecido pelos antigos egípcios, e referiu-se ao famoso planisfério de Dendera[55], onde se encontram registradas essas três Revoluções. Tais afirmações, juntamente com toda a sua insuperável obra “A Doutrina Secreta”, foram escarnecidas.
Há poucos anos atrás um astrônomo, Sr. G. E. Sutcliffe[56], de Bombaim, descobriu e demonstrou, matematicamente, que Laplace[57] havia se equivocado em seus cálculos. Seu descobrimento e a retificação do dito erro confirmaram por demonstrações matemáticas a existência do terceiro movimento da Terra, conforme revelado pela senhora Blavatsky. Isto explica o fato estranho de se encontrarem plantas tropicais e fósseis nas regiões polares, pois tal movimento produziria necessariamente, há seu tempo, períodos tropicais e glaciais em todas as partes da Terra, correspondentes às mudanças de posição em relação ao Sol. O Sr. Sutcliffe enviou sua carta e as demonstrações a “Nature”[58], mas essa revista recusou-se a publicá-las. Quando o autor tornou pública sua descoberta por meio de um folheto, levantou-se contra ele uma tremenda onda de protestos. Acontece que o Sr. Sutcliffe era um profundo e reconhecido Estudante de “A Doutrina Secreta”. Isto explica a recepção hostil e as consequências inevitáveis que teve a sua descoberta.
Mais tarde, todavia, um francês que não era astrônomo, mas sim mecânico, construiu um aparelho que demonstrava ampla possibilidade da existência de tal movimento. O aparelho foi exibido na “Louisiana Purchase Exhibition”, de Saint Louis[59], e foi aprovado calorosamente por M. Camille Flammarion[60] como digno de investigação. Aqui já se via algo “concreto”, algo mecânico, e o editor do “The Monist[61]“, ainda que descrevesse o inventor como um ser humano que trabalhava sob “místicas ilusões” (por acreditar que os antigos egípcios conheciam esse terceiro movimento), esqueceu magnanimamente o fato e disse que isso não lhe tinha feito perder a fé na teoria de M. Beziau[62]. Publicou então um esclarecimento e um ensaio de M. Beziau, em que descrevia o movimento e seus efeitos sobre a superfície da Terra, em termos análogos aos empregados pela senhora Blavatsky e o Sr. Sutcliffe. Como M. Beziau não estava incluído categoricamente no rol dos ocultistas, sua descoberta pôde ser aceita.
Podemos citar muitos exemplos de ensinamentos ocultos que mais tarde foram corroborados pela ciência. Um deles é a teoria atômica, defendida nas filosofias gregas e depois em “A Doutrina Secreta”, mas só “descoberta” em 1897, pelo professor Thompson[63].
Na inestimável obra de A. P. Sinnett [64]– “The Growth of the Soul”[65] publicada em 1896, o autor afirmava que há dois Planetas além da órbita de Netuno, dos quais, ele acreditava que só um seria descoberto pelos astrônomos modernos. Em “Nature” de agosto de 1906, Professor Barnard[66] afirmava que, por meio de um refrator Lick de 36 polegadas, havia descoberto dito Planeta em 1892. Nada de mais nisso, entretanto ele esperou catorze anos para anunciar sua descoberta! Não pretendemos levantar nenhuma questão sobre o assunto. O importante é que o Planeta existe, e que o livro do Sr. Sinnett o anunciava dez anos antes de o Professor Barnard reivindicar a prioridade da sua descoberta. É provável que anunciar a descoberta de um novo Planeta antes de 1906 pudesse ter perturbado alguma teoria popularmente aceita!
Há muitas teorias semelhantes. A teoria de Copérnico[67] não é de todo exata, assim como há muitos fatos que a elogiada Teoria Nebular por si só não explica. Tycho Brahe[68], o famoso astrônomo dinamarquês, recusou-se a aceitar a teoria de Copérnico. Tinha muito boas razões para ser fiel à teoria de Ptolomeu[69], pois, como dizia, através desta os movimentos dos Planetas são vistos corretamente, enquanto que pela teoria de Copérnico é necessário empregar-se uma Tabela de correções. O sistema de Ptolomeu é correto do ponto de vista do Mundo do Desejo e tem aspectos que são necessários no Mundo Físico.
Para muitos, as afirmações feitas nas páginas anteriores podem ser consideradas fantásticas. Que seja assim. Tempo virá em que todos os seres humanos possuirão os conhecimentos aqui oferecidos. Esse livro destina-se aos poucos que, tendo libertado suas Mentes dos grilhões da ciência e da religião ortodoxa, estão prontos a aceitá-lo, até que provem estar ele errado.
CAPÍTULO XIX – CHRISTIAN ROSENKREUZ E A ORDEM DOS ROSACRUZES
Antigas Verdades em Novas Roupagens
Nota-se entre o público um grande desejo de descobrir algo sobre a Ordem dos Rosacruzes. Como em nossa civilização ocidental, e até entre os nossos Estudantes, não se compreenda bem o importante lugar ocupado pelos Irmãos da Rosacruz, é conveniente dar algumas informações autênticas sobre o assunto.
Tudo no mundo está sujeito à lei, inclusive nossa evolução, de modo que os progressos espiritual e físico caminham de mãos dadas. O Sol é o dador de luz física e, como sabemos, caminha aparentemente de Lesse para Oeste trazendo luz e vida a todas as partes da terra. Contudo, o Sol visível é apenas uma parte do Sol, assim como o Corpo visível é apenas uma pequena parte do ser humano composto. Há um Sol invisível e espiritual cujos raios estimulam o crescimento anímico em todas as partes da terra, assim como o Sol visível promove o crescimento da forma. Esse impulso espiritual também caminha na mesma direção do Sol físico, de lesse para oeste.
Seiscentos ou setecentos anos A.C. uma nova onda de espiritualidade iniciou-se nas margens ocidentais do Oceano Pacífico, para iluminar a nação chinesa. Hoje em dia, milhões de habitantes do Celeste Império professam a religião de Confúcio. Notamos o efeito posterior dessa onda na religião de Buda, um ensinamento destinado a despertar as aspirações de milhões de hindus e chineses ocidentais. Em seu curso para Oeste, surge entre os gregos mais intelectuais, nas filosofias elevadas de Pitágoras e Platão, e por último, invade o mundo ocidental e alcança os precursores da raça humana, onde assume a elevada forma da Religião Cristã.
O Cristianismo abriu gradualmente seu caminho para Oeste até a costa do Oceano Pacífico, aonde vem reunindo e concentrando as aspirações espirituais. Ali alcançará um ponto culminante, antes de prosseguir através do Oceano para inaugurar no Oriente um despertar mais elevado e mais nobre, muito mais do que existente até agora nessa parte da Terra.
Assim como o dia e a noite, o verão e o inverno, o fluxo e refluxo, seguem-se uns aos outros em ininterrupta sucessão, de acordo com a lei dos ciclos alternantes, assim também a aparição de uma onda de despertar espiritual em qualquer parte do mundo é seguida por um período de reação material, a fim de que o desenvolvimento não se torne unilateral.
Religião, Arte e Ciência são os três meios mais importantes da educação humana e constituem uma trindade na unidade, não podendo ser separada sem que se altere o nosso ponto de vista sobre qualquer coisa que investiguemos. A verdadeira Religião inclui, por sua vez, a Ciência e a Arte, porque ensina a viver uma vida preciosa em harmonia com as leis da Natureza.
A verdadeira Ciência é artística e religiosa no mais elevado sentido, porque nos ensina a reverenciar e a nos conformar com as leis que governam nosso bem-estar, e explica por que a vida religiosa conduz à saúde e à beleza.
A verdadeira Arte é tão educativa quanto à ciência e tão elevada em sua influência quanto à religião. Na arquitetura encontramos a mais sublime representação das linhas de força cósmica do universo. Imbui o observador espiritual de uma poderosa devoção e adoração, nascida da respeitosa e inspirada concepção da esmagadora grandeza e majestade de Deus. A escultura e a pintura, bem como a música e a literatura, inspiram-nos com um transcendental encanto de Deus, o imutável manancial e meta de todo esse formoso mundo.
Nenhuma outra coisa, a não ser tal ensinamento integral, pode corresponder permanentemente às necessidades humanas. Houve um tempo, na Grécia, em que a Religião, a Arte e a Ciência eram ensinadas conjuntamente nos Templos de Mistérios. Contudo, para o melhor desenvolvimento de cada uma, tornou-se necessário separá-las durante algum tempo.
A Religião reinou suprema nas chamadas “idades das trevas”. Durante esse tempo ela escravizou a Ciência e a Arte, atando-as de mãos e pés. Depois veio o período da renascença, quando a Arte floresceu em todos os seus domínios. Contudo, a Religião era ainda muito forte, pelo que a Arte era frequentemente prostituída a seu serviço. Por último, chegou a vez da Ciência moderna, que com mão de ferro subjugou a Religião.
Foi em detrimento do mundo que a Religião oprimiu a Ciência. A Ignorância e a Superstição produziram males sem conta, mas o ser humano, não obstante, abrigava, então, elevados ideais espirituais, e esperava uma vida superior melhor. É infinitamente mais desastroso que a Ciência esteja sufocando a Religião, porque agora até a Esperança, o último dom deixado pelos deuses na Caixa de Pandora, pode desvanecer-se ante o Materialismo e o Agnosticismo.
Tal estado de coisas não pode continuar. Precisa haver uma reação. Se não a Anarquia dominará o Cosmos. Para evitar tal calamidade a Religião, a Ciência e a Arte devem reunir-se numa expressão do Bem, do Verdadeiro e do Belo, mais elevada ainda do que fora antes da separação.
Os acontecimentos futuros projetam antecipadamente suas sombras. Quando os Grandes Líderes da humanidade viram a tendência para o ultra materialismo, que agora grassa no mundo ocidental, tomaram certas medidas para enfrentá-lo e transmutá-lo. Não desejaram destruir a Ciência florescente, conforme esta última vinha sufocando a Religião, pois divisavam o resultado final que será o bem, quando uma Ciência avançada tornar-se-á novamente colaboradora da Religião.
Uma Religião espiritual, porém, não pode unir-se com uma Ciência materialista, assim como o azeite não pode misturar-se com a água. Portanto, medidas foram adotadas para espiritualizar a Ciência e tornar científica a Religião.
No século XIII um elevado instrutor espiritual, usando o simbólico nome Christian Rosenkreuz – Cristão Rosacruz – apareceu na Europa para iniciar esse trabalho. Fundou a misteriosa Ordem dos Rosacruzes objetivando lançar uma luz oculta sobre a mal-entendida Religião Cristã, e para explicar o mistério da Vida e do Ser do ponto de vista científico, em harmonia com a Religião.
Muitos séculos decorreram desde o seu nascimento como Christian Rosenkreuz, o Fundador da Escola de Mistérios Rosacruzes, cuja existência é, por muitos, considerada um mito. Todavia, seu nascimento como Christian Rosenkreuz marcou o princípio de uma nova era na vida espiritual do mundo ocidental. Esse Ego excepcional tem estado, desde então, em contínuas existências físicas, num ou noutro dos países europeus. Toda vez que seus sucessivos veículos perdem sua utilidade, ou as circunstâncias tornam necessária uma mudança de campo em suas atividades, toma um novo Corpo. Ainda mais, hoje em dia está encarnado. É um Iniciado de grau superior, ativo e potente fator em todos os assuntos do Ocidente, se bem que desconhecido para o mundo.
Trabalhou com os alquimistas séculos antes do advento da ciência moderna. Foi ele que, por um intermediário, inspiraram as, agora mutiladas, obras de Bacon[70]. Jacob Boehme[71] e outros receberam dele a inspiração que tão espiritualmente iluminou suas obras. Nos trabalhos do imortal Goethe[72] e nas obras-primas de Wagner[73] encontramos a mesma influência. Todos os espíritos intrépidos, que se recusam subordinar-se a qualquer ciência ou religião ortodoxa, que fogem das escravidões e procuram penetrar nos domínios espirituais sem pretensões de glória ou de vaidade, tiram sua inspiração da mesma fonte, como fez e faz o grande espírito que animou Christian Rosenkreuz.
Seu próprio nome é a Corporificação da maneira e dos meios pelos quais o ser humano atual é transformado em Divino “Super-homem”. Esse símbolo,
“Christian Rosen Kreuz”
… mostra o fim e o objetivo da evolução humana, o caminho a ser percorrido e os meios pelos quais alcançará essa meta. A cruz negra, os galhos verdes da planta que a entrelaçam, os espinhos e as rosas vermelho-sangue ocultam a solução do Mistério do Mundo: a evolução passada do Ser Humano, sua constituição presente e, especialmente, o segredo do seu futuro desenvolvimento.
Esse segredo, que se oculta ao profano, é revelado ao Iniciado tanto mais claramente quanto mais esse se esforce, dia a dia, em construir para si mesmo a mais valiosa de todas as gemas, a Pedra Filosofal – mais preciosa que o “Velocino de Ouro”[74] mais preciosa ainda do que todas as riquezas terrestres! O símbolo recorda-lhe como a humanidade, em sua ignorância, está malgastando, a todo instante, o autêntico material concreto que poderia usar na formação desse tesouro inestimável.
Para mantê-lo firme e verdadeiro por meio de todas as adversidades, a Rosacruz se ergue ante ele como uma inspiração, como a gloriosa realização que espera aquele que suplanta, e aponta Cristo como a Estrela da Esperança, “os primeiros frutos”, que lavrou essa maravilhosa Pedra enquanto habitava o Corpo de Jesus.
As investigações mostram que em todos os sistemas religiosos sempre houve um ensinamento reservado ao clero, não acessível à multidão. Cristo também falou ao povo em parábolas, mas só aos discípulos explicou o significado que ocultavam, proporcionando-lhes, assim, uma compreensão mais profunda e adequada às suas Mentes desenvolvidas.
São Paulo dava “leite” às criancinhas, ou membros mais novos da comunidade, mas “carne”[75] para os fortes, os que tinham estudado mais profundamente. Assim, sempre tem havido um ensinamento interno e um ensinamento externo. Os ensinamentos internos foram dados nas, assim chamadas, Escolas de Mistérios, as quais se modificam de tempos em tempos a fim de adaptarem-se às necessidades dos povos entre os quais se destinam a operar.
A Ordem dos Rosacruzes não é meramente uma sociedade secreta: é uma das Escolas de Mistérios. Os Irmãos são Hierofantes dos Mistérios Menores, guardiões dos Sagrados Ensinamentos. Constituem um poder espiritual muito mais potente na vida do Mundo Ocidental do que qualquer governo visível, se bem que não interferem com a humanidade a ponto de privá-la de seu livre arbítrio.
Como a senda do desenvolvimento depende em todos os casos do temperamento do Aspirante, há sempre dois caminhos a seguir: o místico e o intelectual. O místico geralmente carece de conhecimentos intelectuais. Ele segue os ditames do seu coração e esforça-se por fazer a vontade de Deus tal como a sente, elevando-se sem estar consciente de qualquer meta definida, e por fim alcança o conhecimento. Na Idade Média as pessoas não eram tão intelectuais como são hoje em dia. Assim, os que sentiam o chamado para a vida superior seguiam, geralmente, o caminho místico. Nos últimos séculos, contudo, desde o advento da ciência moderna, uma humanidade mais intelectual povoou a Terra. A cabeça venceu completamente o coração, o materialismo dominou todo o impulso espiritual e a maioria das pessoas que pensam, não creem em nada que não possam tocar, provar ou manejar. Portanto, é necessário apelar para o seu intelecto, a fim de que o coração possa crer naquilo que o intelecto haja sancionado. Respondendo a esse anseio, os Ensinamentos de Mistérios Rosacruzes visam correlacionar fatos científicos com verdades espirituais.
No passado esses ensinamentos eram mantidos em segredo para todos, exceto para uns poucos Iniciados, e ainda hoje estão entre os mais misteriosos e secretos do mundo ocidental. Todos os chamados “descobrimentos” do passado, que pretendiam revelar os segredos dos Rosacruzes, não foram mais do que fraude ou resultado de traição de algum profano, que acidentalmente ou de outra maneira conseguiu captar fragmentos de conversações, incompreensíveis para todos, menos para os possuidores da chave. É possível viver sob o mesmo teto, em estreita intimidade, com um Iniciado de qualquer escola, e ainda assim seu segredo permanecer oculto em seu peito, até o amigo alcançar o ponto de poder converter-se num Irmão Iniciado. A revelação dos segredos não depende da vontade do Iniciado, mas da qualificação do Aspirante.
Como as demais Ordens de Mistérios, a Ordem dos Rosacruzes é formada segundo linhas cósmicas: se, com esferas do mesmo tamanho, procurarmos saber quantas são necessárias para cobrir e ocultar da vista uma delas, veremos que são necessárias 12 para cobrir uma décima terceira. A última divisão da matéria física, o átomo verdadeiro que se encontra no espaço interplanetário, está agrupado assim: doze em torno de um. Os doze Signos do Zodíaco que envolve nosso Sistema Solar; os doze semitons da escala musical que contém a oitava; os doze Apóstolos que se agrupavam em torno de Cristo, etc., são outros tantos exemplos desse agrupamento de doze e um. Por essa razão a Ordem dos Rosacruzes é também composta de 12 Irmãos e mais um décimo terceiro.
No entanto, há outras divisões que devem ser notadas. Como vimos da Hoste Celestial de Doze Hierarquias Criadoras que estiveram em atividade em nosso sistema evolutivo, cinco se retiraram à liberação, ficando sete ocupadas com o nosso progresso ulterior. Harmoniza-se com isso o fato de que o ser humano de hoje, o Ego Interno, o microcosmo, atuar externamente por meio de sete orifícios visíveis do seu Corpo: dois olhos, dois ouvidos, duas fossas nasais e a boca, estando os cinco orifícios restantes total ou parcialmente fechados: as glândulas mamárias, o umbigo e os dois órgãos de excreção.
As sete rosas que adornam o nosso formoso emblema e as cinco pontas da radiante estrela, que lhes ficam atrás, simbolizam as doze Grandes Hierarquias Criadoras que têm ajudado o espírito humano que está evoluindo através dos anteriores estados: mineral, vegetal e animal, quando ainda carecia de consciência própria e era incapaz de cuidar de si mesmo no mínimo grau. Destas doze Hostes de Grandes Seres, três classes trabalharam sobre e com o ser humano por sua livre vontade e sem nenhuma obrigação de fazê-lo.
Essas classes estão simbolizadas pelas três pontas da estrela do nosso emblema, que apontam para cima. Mais duas dessas Grandes Hierarquias estão a ponto de retirar-se, sendo simbolizadas pelas duas pontas da estrela que se irradiam do centro para baixo. As sete rosas indicam que ainda existem sete Grandes Hierarquias Criadoras em atividade no desenvolvimento dos seres da Terra. Como todas essas várias classes, da menor à maior, não são mais do que partes de Um Grande Todo, a quem chamamos Deus, todo o emblema é um símbolo de Deus em manifestação.
O axioma hermético diz: “Como em cima, assim é embaixo”. Os instrutores menores da humanidade estão também agrupados segundo as mesmas linhas cósmicas de: 7, 5, e 1. Há sobre a Terra: sete escolas de Mistérios Menores, cinco de Mistérios Maiores e o total está agrupado em torno de um Cabeça Central, que é chamado o Libertador.
Na Ordem dos Rosacruzes, sete Irmãos vêm ao Mundo toda vez que as circunstâncias o requerem. Aparecem como seres humanos entre os seres humanos, ou trabalham em seus veículos invisíveis com ou sobre os demais, conforme seja necessário. Entretanto, deve-se ter bem presente que jamais influenciam qualquer pessoa contra sua vontade ou contra seus desejos. Apenas reforçam o bem aonde quer que o encontrem.
Os cinco Irmãos restantes nunca abandonam o Templo e, ainda que possuam Corpos físicos, executam todo o seu trabalho nos mundos internos.
O Décimo Terceiro é o Chefe da Ordem, o elo com o Conselho Central Superior, composto dos Hierofantes dos Mistérios Maiores, que não tratam absolutamente com a humanidade comum, mas somente com os graduados nos Mistérios Menores.
O Cabeça da Ordem está oculto do mundo externo pelos Doze Irmãos, tal como a esfera central do nosso exemplo anterior. Nem mesmo os discípulos da Escola o veem, porém, nos serviços noturnos do Templo, sua presença é sentida por todos a qualquer momento em que entre, sendo esse o sinal para começarem a cerimônia.
Reunidos em volta dos Irmãos da Rosacruz, como seus alunos, há certo número de “Irmãos Leigos”, pessoas que vivem em diversas partes do mundo ocidental e que são capazes de sair dos seus Corpos conscientemente, comparecerem aos serviços e participar da obra espiritual no Templo. Foram “iniciados” todos e cada um, no método de assim atuar, por um dos Irmãos Maiores, sendo que a maioria é capaz de recordar tudo o que lhe acontece. Todavia, alguns que adquiriram, em vida anterior dedicada ao bem, a faculdade de deixar o Corpo, têm o cérebro incapacitado a receber impressões do trabalho executado pelo Ego fora do Corpo em razão de alguma enfermidade adquirida na presente existência, ou pelo hábito de tomarem drogas.
Sobre a Iniciação tem-se geralmente a ideia de que é apenas uma cerimônia pela qual alguém se converte em membro de uma sociedade secreta e que, na maioria dos casos, pode ser conferida a qualquer um disposto a pagar certo preço ou soma em dinheiro.
Se for verdade que seja assim a chamada Iniciação em ordens fraternais e também na maioria das ordens pseudo-ocultistas, a opinião é completamente errônea quando aplicada às Iniciações nos vários graus das verdadeiras Fraternidades Ocultas, conforme logo esclarecerá uma rápida compreensão dos verdadeiros requisitos exigidos e de sua razoabilidade.
Em primeiro lugar, o ouro não serve como chave para o Templo. Toma-se em conta o mérito, não o dinheiro, pois o mérito não se adquire num dia: é o produto acumulado das boas ações passadas. De modo geral, o candidato à Iniciação é totalmente inconsciente de que é candidato. Quase sempre vive sua vida na comunidade, servindo ao seu próximo durante dias e anos, sem outro pensamento para o futuro, até que um dia aparece em sua vida o instrutor, um Hierofante dos Mistérios Menores, apropriado ao país em que ele reside. Até esse momento o candidato esteve cultivando internamente certas faculdades, acumulando certos poderes para servir e ajudar, dos quais é quase sempre inconsciente ou não sabe como usar corretamente. A tarefa do iniciador é, então, muito simples: mostra ao candidato as faculdades latentes, os poderes adormecidos, e inicia-o no seu uso, explicando-lhe ou demonstrando-lhe, pela primeira vez, como o candidato pode despertar essa energia estática, convertendo-a em poder dinâmico.
A Iniciação pode efetuar-se por meio de uma cerimônia ou não. No entanto, observe-se particularmente que ela é a culminação inevitável de prolongados esforços espirituais do candidato, sejam conscientes ou não, e positivamente nunca pode realizar-se até que, no requerido desenvolvimento interno, tenham sido acumulados os poderes latentes que a Iniciação ensina a empregar dinamicamente, assim como apertar o gatilho de uma arma descarregada não produz nenhuma explosão.
Não se deve temer tampouco que o instrutor deixe de reparar em alguém que alcançou o desenvolvimento requerido. Toda ação boa e desinteressada aumenta enormemente a luminosidade e o poder vibratório da aura do candidato, de modo que, tão seguramente como o ímã atrai a agulha, assim também o brilho da aura luminosa atrairá o instrutor.
Naturalmente é impossível descrever num livro dado ao público em geral os estágios de Iniciação Rosacruz. Fazer isso seria um abuso de confiança, o que, ademais, seria impossível por falta de palavras adequadas para expressar os fatos. Não obstante, é permitido fazer um esboço geral e mostrar o propósito da Iniciação.
Os Mistérios Menores dizem respeito somente à evolução da humanidade durante o Período Terrestre. Nas primeiras três e meia Revoluções da onda de vida em torno dos sete Globos, os Espíritos Virginais não haviam ainda adquirido consciência. Por isso ignoramos como chegamos a ser o que somos hoje. O candidato precisa, pois, ser esclarecido pelos Hierofantes sobre o assunto durante o período de Iniciação. No primeiro grau, sua consciência é dirigida à página da Memória da Natureza que contém os registros da primeira Revolução, na qual se recapitula o desenvolvimento do Período de Saturno. Aí ele permanece em plena posse da sua consciência diária, sabe e recorda os fatos da vida do século XX, mas está agora observando conscientemente os progressos da evolucionante hoste de Espíritos Virginais, da qual era uma unidade na denominada Revolução de Saturno. Desse modo aprende como no Período Terrestre foram dados os primeiros passos para a meta da realização; realização esta que lhe será revelada num grau posterior.
Tendo aprendido a lição praticamente, tal como descrita no Capitulo X, o candidato adquiriu conhecimento direto sobre esse assunto, e pôs-se em contato direto com as Hierarquias Criadoras em sua atividade com e sobre o ser humano. Tornou-se assim capaz de apreciar seus esforços benéficos no Mundo e, até certo ponto, de pôr-se em linha com eles, convertendo-se, de fato, num colaborador.
Quando chega o tempo de passar ao segundo grau, a ele é solicitado dirigir sua atenção às condições da segunda Revolução do Período Terrestre, conforme registradas na Memória da Natureza. Então, em plena consciência, observa os progressos alcançados nesse tempo pelos Espíritos Virginais, tal como Peter Ibbetson (o herói da obra “Peter Ibbetson”, de George du Maurier[76], cuja leitura recomendamos por ser uma descrição gráfica de certas fases de subconsciência) observava sua vida infantil durante as noites em que “sonhava de verdade”.
No terceiro grau o discípulo segue a evolução da terceira Revolução – ou Lunar – e no quarto grau vê os progressos feitos na metade da quarta Revolução, metade acabada de passar.
Há, porém, outro passo a mais em cada grau: o discípulo vê também, além do trabalho executado em cada Revolução, a obra realizada na época correspondente durante a nossa estada no Globo D, a Terra.
Durante o primeiro grau ele segue a obra da Revolução de Saturno e sua última consumação na Época Polar.
No segundo grau ele acompanha o trabalho da Revolução Solar e sua réplica, a Época Hiperbórea.
Durante o terceiro grau, ele observa a obra realizada na Revolução Lunar e vê como esta foi a base da vida na Época Lemúrica.
Durante o quarto grau, ele vê a evolução da última meia Revolução com seu correspondente período de tempo em nossa estada sobre a Terra, a primeira metade da Época Atlante, que terminou quando a atmosfera densa e nebulosa se precipitou e o Sol começou a brilhar, pela primeira vez, sobre a terra e o mar. Então terminou a noite de inconsciência, os olhos do Ego interno abriram-se por completo e pôde dirigir a Luz da razão para o problema da conquista do Mundo. Foi aí que nasceu o ser humano tal como hoje o conhecemos.
Quando, nos antigos sistemas de Iniciação, dizia-se que o candidato era mergulhado em transe durante um período de três dias e meio, isso era apenas uma referência a essa parte da Iniciação que acabamos de descrever: os três dias e meio referem-se a estágios passados, não sendo absolutamente dias de vinte e quatro horas. O tempo empregado varia de um para outro candidato, mas em todos os casos ele é sempre conduzido através do desenvolvimento inconsciente da humanidade durante as Revoluções passadas. Quando se diz que ele é despertado ao nascer do Sol do quarto dia, usa-se a forma mística de expressar que sua Iniciação, na obra da carreira involucionária do ser humano, cessou quando o Sol se elevou sobre a clara atmosfera da Atlântida. Então o candidato é saudado como “primogênito”.
Tendo-se familiarizado com o caminho percorrido no passado, o quinto grau leva o candidato ao final do Período Terrestre, no qual uma humanidade gloriosa estará recolhendo os frutos desse Período, levando-os consigo, dos sete Globos sobre os quais evoluiu em cada Dia de Manifestação, ao primeiro dos cinco Globos obscuros que são a sua habitação durante as Noites Cósmicas. O mais denso deles está situado na Região do Pensamento Abstrato, e é em realidade o “Caos” de que se fala nas páginas anteriores. Esse Globo é, também, o Terceiro Céu. Quando São Paulo fala de ter sido levado ao Terceiro Céu, onde viu coisas que não podia revelar, referia-se a experiências equivalentes às do quinto grau dos Mistérios Rosacruzes atuais.
Uma vez mostrada a finalidade do quinto grau, em que o candidato se familiariza com os meios pelos quais essa finalidade há de ser atingida durante as três e meia Revoluções restantes do Período Terrestre, os quatro graus restantes são dedicados a seu esclarecimento sobre o assunto.
Por meio da percepção, assim adquirida, ele é capaz de cooperar, inteligentemente, com os Poderes que trabalham para o Bem, tornando-se apto para apressar o dia da nossa emancipação.
Para evitar más interpretações desejamos esclarecer aos Estudantes que não somos Rosacruzes pelo fato de estudarmos seus ensinamentos, nem tampouco nossa admissão ao Templo qualifica-nos a adotarmos esse título. O autor, por exemplo, é somente um Irmão Leigo, um aluno, e sob nenhuma circunstância denominar-se-ia a si próprio Rosacruz.
Ao concluir o curso primário um rapaz não está, por isso, capacitado para ministrar esse curso. Deve primeiro frequentar o curso ginasial e a universidade, podendo ainda acontecer que não se sinta inclinado a ser um professor. De modo semelhante, na escola da vida, o fato de um ser humano ter-se graduado na Escola de Mistérios Rosacruzes não significa necessariamente que ele já seja um Rosacruz. Os graduados nas várias escolas de Mistérios Menores escalam as cinco escolas de Mistérios Maiores onde, nas quatro primeiras passam pelas Quatro Grandes Iniciações. Por último alcançam o Libertador, recebendo conhecimentos relativos a outras evoluções. Então, é-lhes dado escolher entre ficar aqui para ajudar seus irmãos ou entrar noutra evolução como Auxiliares. Aos que escolhem ficar aqui como Auxiliares são dadas diversas tarefas, de acordo com seus gostos e inclinações naturais. Os Irmãos da Rosacruz estão entre estes compassivos seres, de modo que é um sacrilégio arrastar o nome Rosacruz no lodo, usando-o como título próprio, quando nada mais somos do que Estudantes de suas elevadas doutrinas.
Durante os últimos séculos os Irmãos têm trabalhado pela humanidade ocultamente. Cada noite, à meia-noite, há um serviço no Templo. Os Irmãos Maiores, assistidos pelos Irmãos Leigos que podem deixar seu trabalho no mundo (pois muitos deles moram em lugares em que ainda é dia quando no local do Templo Rosacruz é meia-noite), colhem de todas as partes do Mundo Ocidental os pensamentos de sensualidade, avareza, egoísmo e materialismo. Então procuram transmutá-los em puro amor, benevolência, altruísmo e aspirações espirituais, enviando-os de volta ao mundo para elevação e fortalecimento do Bem. Não fora esse potente manancial de vibrações espirituais, o materialismo já teria esmagado totalmente todo esforço espiritual, pois nunca houve idade mais obscura, do ponto de vista espiritual, do que os últimos trezentos anos de materialismo.
Agora, entretanto, chegado o tempo dos esforços secretos serem suplementados por um esforço mais direto, promulga-se um ensinamento definido, lógico e consequente, relativo à origem, à evolução e ao desenvolvimento futuro do mundo e do ser humano, apresentando-se, ao mesmo tempo, os aspectos espiritual e científico: um ensino que não faz afirmação alguma irreconciliável com a razão ou a lógica; que satisfaz à Mente, pois apresenta uma solução razoável a todos os mistérios; que não pede nem evita perguntas, oferecendo explicações lúcidas e profundas ao mesmo tempo.
Mas, e esse é um “Mas” muito importante: os Rosacruzes não consideram a compreensão intelectual de Deus e do Universo como um fim em si mesma. Longe disso! Quanto maior o intelecto tanto maior o perigo de empregá-lo mal. Portanto, esse ensino científico, lógico e completo é dado para que o ser humano possa crer em seu coração naquilo que sua cabeça tenha sancionado, e para que comece a viver uma vida religiosa.
Com o objetivo de promulgar esse ensinamento, foi organizada a Fraternidade Rosacruz. Qualquer pessoa, desde que não seja hipnotizador, ou que seja por profissão: médium, vidente, quiromante ou astrólogo, pode inscrever-se como Estudante do Curso Preliminar dirigindo-se à Secretaria Geral. Para a Iniciação não há taxas ou outras obrigações. O dinheiro não pode comprar ensinamentos: o avanço depende do mérito.
Depois de completar o Curso Preliminar, o Estudante é matriculado como Estudante Regular por um período de dois anos. Findo esse, caso haja se compenetrado da verdade dos Ensinamentos Rosacruzes, e se preparado para cortar todos os laços com qualquer outra ordem oculta ou religiosa – excetuando-se as Igrejas Cristãs e Ordens Fraternais – pode assumir o Compromisso, que o admite no grau de Probacionista.
Não pretendemos insinuar, no parágrafo anterior, que as demais escolas de ocultismo não contam. Longe disso. Muitos caminhos conduzem a Roma, mas chegaremos com menos esforço seguindo por um só deles do que ziguezagueando de um para outro. Primeiramente porque nosso tempo e energias são limitados e, além disso, reduzidos por deveres familiares e sociais que não devemos descuidar para atender ao próprio desenvolvimento. A fim de economizar o mínimo de energia de que legitimamente gastaríamos para nós mesmos, e evitar a perda dos poucos momentos vagos que temos à nossa disposição, é que os líderes insistem para renunciarmos a todas as demais ordens.
O mundo é um agregado de oportunidades, mas para aproveitá-las é necessário possuirmos eficiência em certa linha de esforços. O desenvolvimento dos poderes espirituais pode nos capacitar a ajudar ou prejudicar aos nossos irmãos mais fracos. E esses poderes só se justificam quando o objetivo é Servir à Humanidade.
O método de realização Rosacruz difere dos outros sistemas por um pormenor especial: procura desde o princípio emancipar o discípulo de toda dependência dos outros, tornando-o autoconfiante no mais alto grau, de maneira a poder permanecer só em todas as circunstâncias e enfrentar todas as condições. Somente aquele que for tão bem equilibrado pode ajudar ao débil.
Quando certo número de pessoas se reúne em classe ou círculo objetivando o autodesenvolvimento, mas por meio de métodos negativos, geralmente os resultados são conseguidos em pouco tempo, seguindo o princípio de que é mais fácil deixar-se levar pela corrente, do que lutar contra ela. O médium, contudo, não é senhor dos seus atos, mas escravo do espírito que o domina. Por isso tais reuniões devem ser evitadas pelos Probacionistas.
Mesmo as reuniões em que se mantenha uma atitude mental positiva não são aconselhadas pelos Irmãos Maiores, porque os poderes latentes de todos os membros são amalgamados. Então as visões dos mundos internos obtidas por quaisquer deles apenas resultam parcialmente da influência das faculdades dos demais. O calor de um carvão no centro de uma fogueira fica aumentado pelo dos carvões que o rodeiam. O clarividente originado num círculo, mesmo que esse seja positivo, é como uma planta na estufa – demasiado dependente para que se lhe possa confiar os cuidados dos demais.
Portanto, todo Probacionista da Fraternidade Rosacruz efetua seus exercícios sozinho, no isolamento do seu lar. Seguindo esse método, obtêm-se resultados mais lentamente. Porém, quando tais resultados aparecerem, manifestar-se-ão como poderes cultivados por ele mesmo, e poderão ser empregados independentemente dos demais. Além disso, os métodos Rosacruzes constroem o caráter, ao mesmo tempo em que desenvolvem as faculdades espirituais, resguardando assim o discípulo da tentação de perverter seus poderes divinos em busca de prestígio mundano.
Quando o Probacionista tenha cumprido os requisitos exigidos e completado o prazo de provação, pode enviar um pedido de instrução individual aos Irmãos Maiores, por meio do Secretário Geral.
Quando esse pedido foi concedido o Probacionista se torna um Discípulo e está gradualmente habilitado para o trabalho como um Auxiliar Invisível.
Quando investigamos o significado de qualquer mito, lenda ou símbolo de valor oculto é absolutamente necessário entendermos que, assim como todo objeto do mundo tridimensional deve ser examinado de todos os ângulos para dele obtermos uma compreensão completa, igualmente todos os símbolos têm também certo número de aspectos. Cada ponto de vista revela uma fase diferente das demais, e todas merecem igual consideração.
Visto em toda sua plenitude, esse maravilhoso símbolo contém a chave da evolução passada do ser humano, sua presente constituição e desenvolvimento futuro, mais o método de sua obtenção. Quando ele se apresenta com uma só rosa no centro simboliza o espírito irradiando de si mesmo os quatro veículos: os Corpos Denso, Vital, de Desejos e a Mente significando que o espírito entrou em seus instrumentos, convertendo-se em Espírito Humano interno. No entanto, houve um tempo em que essa condição ainda não havia sido alcançada, um tempo em que o Tríplice Espírito pairava acima dos seus veículos, incapaz de neles entrar. Então a cruz erguia-se sem a rosa, simbolizando as condições prevalecentes no começo da terça parte da Época Atlante. Houve também um tempo em que faltava o madeiro superior da cruz. A constituição humana era, pois, representada pela Tau (T), isto na Época Lemúrica, quando o ser humano só dispunha dos Corpos Denso, Vital e de Desejos e carecia da Mente. O que predominava, então, era a natureza animal. O ser humano seguia os seus desejos sem reserva. Anteriormente ainda, na Época Hiperbórea, só possuía os Corpos Denso e Vital, faltando o de Desejos. Então o ser humano, em formação, era análogo às plantas: casto e sem desejos. Nesse tempo sua constituição não podia ser representada por uma cruz; era simbolizada por uma coluna reta, um pilar (I).
Esse símbolo foi considerado fálico, indicando a libertinagem do povo que o venerava. Por certo é um emblema de geração, mas geração não é absolutamente sinônimo de degradação. Longe disso. O pilar é o madeiro inferior da cruz, símbolo do ser humano em formação, quando era análogo às plantas. A planta é inconsciente de toda paixão ou desejo e inocente do mal. Gera e perpetua sua espécie de modo tão puro, tão casto, que propriamente compreendida é um exemplo para a decaída e luxuriosa humanidade, a qual deveria venerá-la como um ideal. Aliás, o símbolo foi dado às raças primitivas com esse objetivo. O Falo e o Yona, empregados nos Templos de Mistério da Grécia, foram dados pelos Hierofantes com esse espírito. No frontispício do templo colocavam-se as enigmáticas palavras: “Ser humano, conhece a ti mesmo”. Esse lema, bem compreendido, é análogo ao da Rosacruz, pois mostra as razões da queda do ser humano no desejo, na paixão e no pecado, e dá a chave de sua liberação do mesmo modo que as rosas sobre a cruz indicam o caminho da libertação.
A planta é inocente, porém, não virtuosa. Não tem desejos nem livre escolha. O ser humano tem ambas as coisas. Pode seguir seus desejos ou não, conforme queira, para aprender a dominar-se.
Enquanto foi como as plantas, um hermafrodita, ele podia gerar por si, sem cooperação de outrem; mas ainda que fosse tão inocente e tão casto como as plantas, ele era também como elas: inconsciente e inerte. Para poder avançar, necessitava que os desejos o estimulassem e uma Mente o guiasse. Por isso, a metade de sua força criadora foi retida com o propósito de construir um cérebro e uma laringe. Naquele tempo o ser humano tinha a forma arredondada. Era curvado para dentro, semelhante a um embrião, e a laringe atual era então uma parte do órgão criador, aderindo à cabeça quando o Corpo tomou a forma ereta. A relação entre as duas metades pode-se ver ainda hoje na mudança de voz do rapaz, expressão do polo positivo da força geradora, ao alcançar a puberdade. A mesma força que constrói outro Corpo, quando se exterioriza, constrói o cérebro quando retida. Compreende-se isso claramente ao sabermos que o excesso sexual conduz à loucura. O pensador profundo sente pouquíssima inclinação para as práticas amorosas, de modo que emprega toda sua força geradora na criação de pensamentos, ao invés de desperdiçá-la na gratificação dos sentidos.
Quando o ser humano começou a reter a metade de sua força criadora para o fim já mencionado, sua consciência foi dirigida para dentro, para construir órgãos. Ele podia ver esses órgãos, e empregou a mesma força criadora, então sob a direção das Hierarquias Criadoras, para planejar e executar os projetos dos órgãos, assim como agora a emprega no mundo externo para construir aeroplanos, casas, automóveis, telefones, etc. Naquele tempo o ser humano era inconsciente de como a metade daquela força criadora se exteriorizava na geração de outro Corpo.
A geração efetuava-se sob a direção dos Anjos, que em certas épocas do ano, agrupavam os humanos aptos em grandes templos, onde se realizava o ato criador. O ser humano era inconsciente desse fato. Seus olhos ainda não tinham sido abertos, e embora fosse necessária a colaboração de uma parceira, que tivesse a outra metade ou o outro polo da força criadora indispensável à geração, cuja metade ele retinha para construir órgãos internos, em princípio não conhecia sua esposa. Na vida ordinária o ser humano estava encerrado dentro de si, pelo menos no que tangia ao Mundo Físico. Isto, porém, começou a mudar quando foi posto em íntimo contato, como acontece no ato gerador. Então, por um momento, o espírito rasgou o véu da carne e Adão conheceu sua esposa. Deixou de conhecer-se a si mesmo, quando sua consciência se concentrou mais e mais no mundo externo, perdendo ele sua percepção interna, a qual não poderá ser readquirida plenamente enquanto necessitar da cooperação de outro ser para criar, e não tenha alcançado o desenvolvimento que lhe permita utilizar, de novo e voluntariamente, toda sua força criadora. Então voltará a conhecer-se a si mesmo, como no tempo em que atravessava o estágio análogo ao vegetal, mas com esta importantíssima diferença: usará sua faculdade criadora conscientemente, e não será restringido a empregá-la só na procriação de sua espécie, mas poderá criar o que quiser. Outrossim, não usará os seus atuais órgãos de geração: a laringe, dirigida pelo espírito, falará a palavra criadora através do mecanismo coordenador do cérebro. Assim, os dois órgãos, formados pela metade da força criadora, serão os meios pelos quais o ser humano se converterá finalmente em um criador independente e autoconsciente.
Mesmo presentemente o ser humano já modela a matéria pela voz e pelo pensamento ao mesmo tempo, como vimos nas experiências científicas em que os pensamentos criaram imagens em placas fotográficas, e noutras em que a voz humana criou figuras geométricas na areia, etc. Em proporção direta ao altruísmo que demonstre, o ser humano poderá exteriorizar a força criadora que retiver. Isto lhe dará maior poder mental e o capacitará a utilizar-se de tal poder na elevação dos demais, ao invés de tentar degradá-los e sujeitá-los à sua vontade. Aprendendo a dominar-se, cessará de tentar dominar aos outros, salvo quando o fizer temporariamente para o bem deles, jamais para fins egoísticos. Somente aquele que se domina está qualificado para orientar aos demais e, quando necessário, é competente para julgá-los no modo que melhor lhes convenha.
Vemos, portanto, que, a seu devido tempo, o atual modo passional de geração será substituído por um método mais puro e mais eficiente que o atual. Isto também está simbolizado pela Rosacruz, em que a rosa se situa no centro, entre os quatro braços. O madeiro mais comprido representa o Corpo; os dois horizontais, os dois braços; e o madeiro curto superior representa a cabeça. A rosa está colocada no lugar da laringe.
Como qualquer outra flor, a rosa é o órgão gerador da planta. Seu caule verde leva o sangue vegetal, incolor e sem paixão. A rosa de cor vermelho-sangue mostra a paixão que inunda o sangue da raça humana, embora na rosa propriamente dita o fluido vital não seja sensual, mas sim casto e puro. Ela é, por conseguinte, excelente símbolo dos órgãos geradores em seu estado puríssimo e santo, estado que o ser humano alcançará quando haja purificado e limpo seu sangue de todo desejo, quando se tenha tornado casto e puro, análogo a Cristo.
Por isso os Rosacruzes esperam, ardentemente, o dia em que as rosas floresçam na cruz da humanidade; por isso os Irmãos Maiores saúdam a alma Aspirante com as palavras de saudação Rosacruz: “Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz”; e é por esse motivo que essa saudação é usada nas reuniões dos Núcleos da Fraternidade pelo dirigente, ocasião em que os Estudantes, Probacionistas e Discípulos presentes respondem à saudação dizendo: “E na vossa também”.
Ao falar de sua purificação, São João (IJo 3: 9) diz que aquele que nasce de Deus não pode pecar, porque guarda dentro de si a sua semente. Para progredir é absolutamente necessário que o Aspirante seja casto. Todavia, deve-se ter bem presente que a castidade absoluta não é exigida enquanto o ser humano não tenha alcançado o ponto em que esteja apto para as Grandes Iniciações, e que a perpetuação da raça é um dever que temos para com o todo. Se estivermos aptos: mental, moral, financeira e fisicamente, podemos executar o ato da geração, não para gratificar a sensualidade, mas como um santo sacrifício oferecido no altar da humanidade. Tampouco deve ser realizado austeramente, em repulsiva disposição mental, mas sim numa feliz entrega de si mesmo, pelo privilégio de oferecer a algum amigo que esteja desejando renascer, um Corpo e ambiente apropriados ao seu desenvolvimento. Desse modo estaremos também o ajudando a cultivar o florescimento das rosas em sua cruz.
Incluído em edições posteriores inglesas e brasileiras:
A Sede Internacional da Fraternidade Rosacruz
Tendo a Fraternidade Rosacruz sido fundada para promulgar os ensinamentos dados nesse livro, e para auxiliar os Aspirantes no caminho do progresso, tornou-se necessário sediá-la num lugar permanente que facilitasse o trabalho requerido. Com esse objetivo comprou-se uma gleba de terra na cidade de Oceanside, Califórnia, 90 milhas ao Sul de Los Angeles e 40 milhas ao norte de San Diego, a cidade mais ao sudoeste dos Estados Unidos.
Essa gleba, situada numa elevação, descortina a oeste, maravilhosa paisagem do grande Oceano Pacifico, e a lesse lindas montanhas cobertas de neve.
O sul da Califórnia oferece excepcionais oportunidades para crescimento espiritual porque o Éter contido em sua atmosfera é mais concentrado do que em qualquer outra parte do mundo. A esse respeito Mount Ecclesia, como se chama a Sede da Fraternidade Rosacruz, é particularmente favorecida.
Os Edifícios
O trabalho começou no fim de 1911. Até aqui (1978), numerosas construções foram erguidas, algumas das quais não mais existem. A Pro-Ecclesia, ou Capela, na qual são levados a efeito diariamente dois serviços de 15 minutos desde a sua consagração, em dezembro de 1913, foi totalmente reformada em 1962. Um serviço devocional com conferências continua a ser efetuado aos domingos. Um Edifício de Administração com dois andares foi terminado em 1917, e reformado em 1962. No segundo andar estão as Secretarias de vários departamentos: Esotérico, dos Cursos por Correspondência, Editorial, de Línguas Estrangeiras e Contábil. No primeiro andar situam-se os Departamentos de Expedição e a Oficina Impressora, onde as Lições, a Revista “Rays from the Rose Cross”, os panfletos, etc., são impressos. Em 1972 foi instalada uma impressora “off-set”.
No Refeitório, construído em 1914, ampliado nos anos 30 e renovado em 1962, são servidos pratos vegetarianos. O Templo de Cura, onde um serviço de cura é efetuado todas as noites, foi concluído em 1920. A Hospedaria Rosacruz, reservada aos visitantes e certos funcionários, foi construída em 1924. Presentemente vem sendo muito utilizada na estocagem de livros. O Prédio da Enfermaria foi levantado em 1939 e usado por alguns anos para o tratamento de enfermos portadores de doenças não contagiosas. Agora é a Casa do Visitante. Numerosas habitações individuais, construídas a partir de 1962, algumas já reformadas, são ocupadas por funcionários. A Sede do Departamento de Cura foi construída em 1940. Aqui os trabalhos de cura são conduzidos pelos secretários.
Cursos Por Correspondência
Além de suas publicações constantes da Biblioteca Rosacruz, a Fraternidade proporciona, gratuitamente, cursos por correspondência, para aqueles que aspiram crescimento espiritual e a iluminação pelos estudos, na compreensão de matérias mais avançadas, que capacitarão o Estudante a penetrar mais profundamente nos mistérios da Vida e do Ser.
Curso Preliminar de Filosofia
Composto de 12 lições. Prepara o Estudante ao caminho da espiritualidade. Recebidas as respostas das lições, são estas examinadas, corrigidas e devolvidas ao Estudante com respostas impressas para sua comparação. Para esse curso faz-se necessário o livro básico “Conceito Rosacruz do Cosmos”.
Curso Suplementar de Filosofia
Composto de 40 lições. São estas enviadas após a conclusão do Curso Preliminar, ocasião em que o Estudante se converte em Estudante Regular da Fraternidade Rosacruz. As lições têm também suas respostas devolvidas, depois de examinadas e corrigidas. Com esse curso, o Estudante ainda é inscrito na Sede Mundial – The Rosicrucian Fellowship – de onde também passa a receber correspondência. Depois de decorridos dois anos, o Estudante pode solicitar à Sede Mundial, o ingresso no Probacionismo, um caminho que proporciona estudos mais profundos.
Curso de Estudos Bíblicos
Composto de 28 lições, que serão devolvidas ao Estudante depois de examinadas e corrigidas.
Curso de Astrologia Espiritual Educativa
Elementar – composto de 26 lições
Superior – composto de 12 lições
Superior Suplementar composto de 13 lições.
Todas as lições também são devolvidas ao Estudante depois de examinadas e corrigidas.
Nota – Só depois de terminado o Curso Preliminar pode o Estudante, simultaneamente ou não, inscrever-se nos demais cursos.
Os cursos são ministrados nos idiomas: inglês, francês, alemão, italiano e espanhol, desde que solicitados a:
The Rosicrucian Fellowship
2222 Mission Avenue
Oceanside, CA -92054 – U.S.A.
Os mesmos cursos em português podem ser solicitados, no Brasil:
Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP
Av. Francisco Glicério, 1326 – 8° andar – conj. 82
Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil
E-mail: contato@fraternidaderosacruz.com – Tel.: 19 3886-3943
ou
Fraternidade Rosacruz em São Paulo – SP
Rua Asdrúbal do Nascimento, 196
01316-030 – São Paulo – SP – Brasil
E-mail: esoteric@fraternidaderosacruz.com.br –Tel.: 11 3107-4740
Todos os cursos são inteiramente gratuitos, visto que os gastos são cobertos pelas contribuições voluntárias, conforme os ditames do coração e as posses de cada um, cumprindo-se, assim, a lei de DAR e RECEBER.
Exercícios Noturno e Matinal Efetuados Pelo Aspirante Rosacruz
O exercício noturno, Retrospecção, é mais valioso do que qualquer outro método para adiantar o Aspirante no caminho da realização. Seu efeito é tão profundo que capacita a quem o pratica a aprender presentemente, não apenas as lições desta vida, mas também lições que normalmente estar-lhe-iam reservadas para vidas futuras.
Após deitar-se, à noite, relaxe o Corpo. Em seguida comece a rever as cenas do dia em ordem inversa, iniciando com os acontecimentos da noite, passando às ocorrências da tarde, e depois às da manhã. Procure rever as cenas com a maior fidelidade possível: reproduza diante do seu olhar mental tudo o que aconteceu em cada cena, sob revisão, com o propósito de julgar suas ações, de certificar-se se suas palavras transmitiram o significado pretendido ou se deram uma falsa impressão, ou se exagerou ou atenuou as experiências relatadas aos outros. Reveja sua atitude moral em relação a cada cena. Durante as refeições, comeu para viver, ou viveu para comer, para agradar ao paladar? Julgue-se a si mesmo, censure-se onde houver culpa, e louve-se onde houver mérito.
Algumas pessoas não conseguem permanecerem acordadas até o fim do exercício. Em tais casos é permitido sentar-se no leito, até ser possível seguir-se o método regular.
O valor da Retrospecção é enorme – ultrapassa a imaginação. Em primeiro lugar, efetuamos o trabalho de restauração da harmonia conscientemente, e em menor tempo do que é necessário ao Corpo de Desejos para realizá-lo durante o sono. Fica, assim, uma maior parte da noite disponível para o trabalho externo, o que não seria possível de outra maneira. Em segundo lugar, vivemos o nosso Purgatório e o Primeiro Céu todas as noites, introduzindo assim no Espírito, como sentimento correto, a essência das experiências diárias. Por conseguinte, escapamos do Purgatório após a morte e também economizamos o tempo de permanência no Primeiro Céu. Por último, mas não menos importante, tendo extraído diariamente a essência das experiências que dão crescimento anímico, e tendo-as amalgamado ao espírito, passamos a vivenciar realmente uma atitude mental e a nos desenvolver por linhas que ordinariamente nos estariam reservadas para vidas futuras. Pela fiel execução desse exercício apagamos, dia após dia, as ocorrências indesejáveis da nossa memória subconsciente, de modo que nossos pecados são apagados, nossas auras começam a brilhar com o ouro espiritual extraído por Retrospecção das experiências diárias, e desse modo atraímos a atenção do Mestre.
Os puros verão a Deus, disse Cristo, e o Mestre abrirá prontamente os nossos olhos quando estivermos prontos para entrar no “Saguão do Saber”, o Mundo do Desejo, onde adquirimos nossas primeiras experiências de vida consciente sem o Corpo Denso.
Concentração, o segundo exercício, deve ser realizado pela manhã, imediatamente depois que o Aspirante desperta. Não se deve levantar para abrir janelas nem fazer nenhum ato desnecessário. Se a posição do Corpo é confortável, deve relaxar imediatamente e começar a concentrar-se. Isto é muito importante, pois no momento de despertar, o espírito acaba de retornar do Mundo do Desejo, e nessa ocasião é mais fácil retomar o contato consciente com esse Mundo do que em qualquer outro momento do dia.
Lembremos que durante o sono as correntes do Corpo de Desejos fluem, e que seus vórtices giram e se movimentam com enorme velocidade. No entanto, logo que penetra no Corpo Denso, suas correntes e vórtices são quase paralisados pela matéria densa e pelas correntes nervosas do Corpo Vital que transmitem as mensagens do e para o cérebro. O objetivo desse exercício é manter o Corpo Denso no mesmo grau de inércia e insensibilidade que experimenta durante o sono, embora o espírito no interior esteja perfeitamente desperto, alerta e consciente. Estabelecemos desse modo a condição necessária para os centros de percepção do Corpo de Desejos poderem começar a girar dentro do Corpo Denso.
Concentração é uma palavra que confunde a muitos, e que só tem significado para poucos. Por isso tentaremos esclarecer o seu significado. O dicionário dá várias definições, todas aplicáveis à nossa ideia. Uma delas é: “fazer convergir para um centro”. Outra definição, esta aplicável à química, é: “reduzir à máxima pureza e intensidade, removendo os constituintes sem valor”. Aplicadas ao nosso problema, uma das definições acima nos diz que se fizermos convergir os nossos pensamentos para um centro, para um ponto, aumentamos o seu vigor, sob o mesmo princípio pelo qual o poder dos raios solares aumenta quando focalizados num ponto através de uma lente de aumento. Eliminando na ocasião todos os outros assuntos de nossa Mente, a força total do nosso pensamento fica disponível para ser usada em atingir o objetivo, ou para resolver o problema sobre o qual nos concentramos. Podemos, pois, ficar tão absorvidos em nosso tema que se um canhão fosse disparado acima de nossa cabeça não o ouviríamos. Há pessoas que ficam tão perdidas na leitura de um livro que se esquecem de tudo o mais. O Aspirante à visão espiritual deve adquirir a faculdade de se tornar igualmente tão absorvido na ideia sobre a qual se concentra que possa excluir o mundo dos sentidos da sua consciência, e assim dar toda a sua atenção ao mundo espiritual. Quando aprender a fazer isso, verá o lado espiritual de um objeto ou de uma ideia, iluminado pela luz espiritual, e assim obterá um conhecimento da natureza interna das coisas como jamais foi sonhado por um ser humano mundano.
Atingido esse ponto de abstração, os centros de percepção do Corpo de Desejos começam a girar lentamente dentro do Corpo Denso, tomando, portanto, seus próprios lugares. Com o tempo isto se tornará cada vez mais definido, necessitando cada vez menos esforço para pô-los em movimento.
O assunto da concentração pode ser qualquer ideal sublime e elevado, mas deve ser preferentemente de tal natureza que faça com que o Aspirante se afaste das coisas comuns dos sentidos, além do tempo e do espaço, e para isso não há melhor fórmula do que os cinco primeiros versículos do primeiro Capítulo do Evangelho de São João. Tomando-os como assunto de concentração, sentença por sentença, todas as manhãs, com o tempo proporcionará ao Aspirante uma maravilhosa percepção do princípio do nosso Universo e do método da criação – uma compreensão muito além da que se poderia obter através dos livros.
Depois de algum tempo, quando o Aspirante tenha aprendido a manter diante de si por uns cinco minutos ininterruptos o assunto em que se concentra, deve tentar abandonar abruptamente esse assunto, deixando a Mente em branco. Não deve pensar em nada mais, esperando simplesmente que alguma coisa preencha o vazio. No devido tempo, a visão de cenas do Mundo do Desejo preencherá o espaço vazio. Depois que o Aspirante tenha se acostumado a tal, poderá mandar que isto ou aquilo apareça diante de si. O que for, aparecerá, e então ele poderá investigá-lo à sua vontade.
O importante, contudo, é que seguindo estas instruções, o Aspirante está se purificando; sua aura começará a brilhar e inevitavelmente atrairá a atenção do Mestre, o qual enviará alguém para ajudá-lo, onde necessário, a dar outro passo no caminho do progresso. Ainda que passem meses ou anos sem que apareçam resultados visíveis, estejamos certos de que nenhum esforço é feito em vão. Os Grandes Mestres veem e apreciam os nossos esforços. Eles estão exatamente tão ansiosos para terem a nossa ajuda quanto nós o estamos para servir. Podem também ver as razões da inconveniência de servirmos à humanidade nesta vida. No entanto, algum dia as condições inibidoras terão passado e seremos admitidos à luz, onde poderemos ver por nós mesmos.
Diz uma antiga lenda que a procura de um tesouro deve ser feita no sossego da noite e em perfeito silêncio. Pronunciar uma só palavra enquanto o tesouro não estiver completamente escavado causaria, inevitavelmente, o seu desaparecimento. É uma parábola mística que se refere à procura da iluminação espiritual. Se bisbilhotarmos ou contarmos aos outros as experiências de nossas horas de concentração perdê-las-emos. Elas não podem suportar a transmissão oral, por isso dissolver-se-ão em nada. Precisamos, pela meditação, extrair delas o pleno conhecimento das leis cósmicas ocultas. Portanto, a experiência própria não deve ser comentada, haja vista que ela é apenas o invólucro que esconde a semente que contém. A lei é de valor universal, como vai ficar evidente, porque pode explicar os fatos e ensinar-nos como aproveitar oportunidades de determinadas condições e a evitar outras. A critério do seu descobridor, e para benefício da humanidade, ela pode ser revelada livremente. A experiência que revelou a lei aparece, então, em sua verdadeira luz como sendo apenas de interesse passageiro, não mais digna de nota. Por isso o Aspirante precisa considerar tudo o que acontece durante a concentração como sagrado, e deve conservá-lo rigorosamente para si.
Finalmente, evite considerar os exercícios como uma tarefa enfadonha. Repute-os em seu verdadeiro valor: eles são os nossos mais elevados privilégios. Somente quando assim considerados podemos fazer-lhes justiça, e deles colher os mais amplos benefícios.
Conforme publicação na 3ª edição em 1912
EPÍLOGO – O Poder de Cura Definitiva
É uma inegável verdade que “o ser humano tem vida curta e atribulada”[77], e entre todas as vicissitudes da vida nenhuma tem o maior poder de fazer se voltar para Deus do que o sofrimento no Corpo. Podemos perder a nossa posição econômica ou os amigos com relativa equanimidade, mas quando nos falta a saúde e a morte nos ameaça, até os mais fortes vacilam. Compreendendo a impotência humana, e poderosamente movido por uma necessidade premente, sentimos necessidade de apelar para o socorro Divino, e quanto mais severamente a dor física nos aflige, mais insistentemente vamos pedir ajuda à Deus. Nada pode nos fazer orar tão fervorosamente como a dor no Corpo.
Por isso, o ofício sacerdotal sempre esteve intimamente ligado à cura. Entre os selvagens, o sacerdote era também o “homem da medicina”; na Grécia antiga o templo de Esculápio[78] era famoso pelas curas que eram operadas lá; Cristo, em Seus dias, curava totalmente o doente. A igreja primitiva seguiu essa prática, como é evidente nas Epístolas; e certas ordens católicas continuaram no esforço de amenizar a dor, através dos séculos, desde aqueles tempos até os dias atuais.
Nos tempos modernos, a tendência é de se dissociar o consolador espiritual do sacerdote, quando de um Corpo doente. Por isso, o estreito contato e a calorosa simpatia entre o sacerdote e os paroquianos foram perdidos, e, em consequência, ambos empobreceram, nesse sentido. Antigamente, nos momentos de doença, o “bom pai” era tido como um representante de nosso Pai Celeste. Provavelmente ele era não especializado em comparação com nossos médicos modernos, mas, se ele fosse um verdadeiro e santo sacerdote, seu coração seria caloroso e amoroso e suas orientações mais potentes, devido à fé do paciente em seu ofício sacerdotal, e, após a recuperação, seu paciente também seria seu amigo e se aconselharia com ele a respeito das coisas espirituais, coisa que ele nunca faz, onde os “consultórios” do sacerdote e do médico estão dissociados.
Não se pode negar que aquele consultório com essa dupla função deu aos titulares um poder e tanto sobre as pessoas, e que esse poder foi, por vezes, abusado. Também é patente que a arte da medicina atingiu um estágio de eficiência, o qual não poderia ter sido atingido, salvo pela devoção a um determinado fim e objetivo. As leis sanitárias, a extinção de insetos portadores de doenças, e consequente imunidade, são testemunhos monumentais do valor dos métodos científicos modernos. Portanto, pode parecer que tudo esteja bem e que não haveria necessidade de escrever sobre o assunto, mas, na realidade, até que a humanidade, como um todo, desfrute de uma perfeita saúde, não existe nenhum problema mais importante do que a questão: como podemos conseguir e manter a saúde?
Além da escola regular de cirurgia e medicina, que depende exclusivamente de meios físicos para a cura da doença, outros sistemas surgiram que dependem inteiramente da cura total mental. Já se tornou costume corrente nas organizações que advogam a “cura mental”, a “cura natural” e outros a realização das “reuniões de troca de experiências” e a publicação em revistas especializadas com testemunhos de milhares de pessoas agradecidas que foram beneficiadas por tais “tratamentos”, e se os médicos da escola regular fizessem o mesmo não lhes faltariam testemunhos similares acerca das suas eficácias.
A opinião de milhares de pessoas é de grande valor, mas nada prova porque outros tantos milhares de pessoas podem sustentar exatamente o ponto de vista oposto. Ocasionalmente uma só pessoa pode ter razão, enquanto o resto do mundo está errado, como aconteceu quando Galileu[79] afirmou que a Terra se movia. Hoje em dia, todo o mundo converteu-se à opinião pela qual Galileu foi perseguido como herege. Sustentamos que, sendo o ser humano um ser composto, a cura tem êxito na proporção em que se remedeiem os defeitos nos planos: físico, moral e mental do ser, e nós, também, afirmamos que resultados podem ser obtidos mais facilmente nos períodos quando os raios dos Astros são propícios para a cura definitiva de uma doença específica que faz uma pessoa sofrer. Ou doenças podem ser tratadas com mais sucesso por remédios previamente preparados sob condições propícias (ou favoráveis) do que quando o remédio é preparado sob condições astrais desfavoráveis.
É fato bem conhecido do médico moderno que o estado do sangue, e, por conseguinte, de todo o Corpo, muda de acordo com o estado mental do paciente, e quanto mais o médico empregar a sugestão como auxiliar dos remédios, tanto mais êxito obterá. Todavia, são poucos os que aceitariam o fato de que tanto nosso estado mental como o físico são influenciados pelos raios astrais, que mudam com o movimento dos respectivos Astros e, ainda, desde que foi reconhecida a existência da radioatividade, nós sabemos que todos os Corpos celestes lançam partículas radioativas no espaço. Na telegrafia sem fio nos demonstra que as ondas etéreas viajam segura e rapidamente através do espaço, atuando por meio de uma chave, de acordo com a nossa vontade. Sabemos, também, que os raios do Sol nos afetam de modo diferente pela manhã, quando nos atingem horizontalmente, do que ao meio-dia, quando caem sobre nós perpendicularmente. Se os raios luminosos do Sol, que se movem rapidamente, produzem mudanças físicas e mentais, por que não teriam efeito correspondente os raios persistentes dos Astros mais lentos? Se eles têm, então eles são fatores na saúde que não devem ser negligenciados por um verdadeiro curador científico.
A enfermidade é uma manifestação da ignorância, o único pecado, e a cura definitiva é uma demonstração do conhecimento aplicado, que é a única salvação. Cristo é a manifestação do Princípio de Sabedoria e, na mesma proporção em que o Cristo se forme em nós, alcançaremos a saúde. Por conseguinte, a pessoa que cura deve ser espiritualizada e deve procurar infundir em seu paciente elevados ideais, para que gradualmente aprenda a se conformar com as leis de Deus, que governam o Universo, alcançando, assim, saúde permanente na vida atual bem como nas futuras.
No entanto, “a fé sem obras é morta”. Se nós persistimos em viver sob condições não sanitárias a fé não nos salvará da febre tifoide, mas quando nós aplicamos medidas preventivas apropriadas e remédios para os doentes, nós estamos realmente mostrando nossa fé por obras.
Está escrito em várias obras que os membros da Ordem dos Rosacruzes têm o objetivo de ajudar a humanidade em obter a saúde do Corpo, e fazem o voto de curar definitivamente os outros gratuitamente. No entanto, como se vê em muitas das chamadas “revelações”, esta afirmação é inexata. Os Irmãos Leigos fazem o voto de assistir a todos com o melhor de sua capacidade gratuitamente. Esse voto inclui o trabalho de curar definitivamente, para os possuidores dessa aptidão, como foi o caso de Paracelso[80]. Ele tinha uma grande capacidade curadora e procurava combinar a eficiência dos remédios físicos, aplicados em fases astrológicas favoráveis, com a orientação espiritual conveniente. Os que não possuem a faculdade sanadora trabalham em outros setores, mas todos têm uma característica em comum: nunca cobram pelos seus serviços e sempre trabalham em segredo, sem clarinadas e rufos de tambores.
Durante os últimos três anos nós trabalhamos assiduamente para escrever, publicar e disseminar oralmente os Ensinamentos Rosacruzes. Eles alcançaram, rapidamente, os mais remotos lugares da Terra em um ano e meio e agora são estudados desde a África do Sul até o Círculo Ártico e ainda além. Nós temos, também, seguida a prescrição de “não cobrar pelos ensinamentos” e, tendo encontrado “fidelidade em algumas coisas”, o Irmão Maior, que é a nossa inspiração no trabalho, confiou aos nossos cuidados a fórmula pela qual uma panaceia de cura definitiva espiritual pode ser feita, para aliviar o sofrimento e curar a doença – sempre gratuitamente.
Para executar esse serviço para a humanidade será necessário estabelecer a sede e uma escola para educar os Auxiliares qualificados no uso da panaceia espiritual, Astrologia médica e higiene. Eles, então, levarão o auxílio e a cura definitiva para todos os lugares. Um número considerável de médicos já é afiliado à Fraternidade Rosacruz e talvez um número maior sentirá o chamado para praticar o método espiritual em combinação com seus procedimentos médicos tradicionais. Não é preciso que eles propagandeiem suas afiliações à Fraternidade Rosacruz ou as curas conseguidas.
Até o presente momento, estamos prestes a garantir um pedaço de terra no sul da Califórnia, e assim que os fundos se tornarem disponíveis e adequados, a sede será erguida, com uma escola e um lugar para as orações. Enquanto isso, vamos buscar voluntários no trabalho que possam dar seu tempo e seus talentos.
FIM
[1] N.R.: Jo 1:3
[2] N.R.: Ralph Waldo Emerson (1803-1882) – escritor, filósofo e poeta estadunidense
[3] N.R.: Mt 10:34
[4] N.R.: Lc 2:14
[5] N.R.: do poema Song of Myself, part 20 de Walt Whitman (1819-1892) – poeta, ensaísta e jornalista americano
[6] N.R.: Lewis “Lew” Wallace (1827-1905) – escritor, militar, advogado e diplomata dos Estados Unidos da América, autor do romance Ben-Hur.
[7] N.R: Fp 2: 10
[8] N.R: Fp 2: 11
[9] N.R.: Gl 4: 19
[10] N.R.: Pseudônimo de Johannes Scheffler (1624-1667) – Místico cristão, filósofo, médico, poeta, jurista alemão.
[11] N.R.: ópera de três atos do com a música e libreto do compositor alemão Richard Wagner.
[12] N.R.: Mt 27:51
[13] N.R.: os sacerdotes da alta hierarquia dos mistérios
[14] N.R.: o autor se refere ao Hemisfério Norte.
[15] N.R.: isso vale para todo o Planeta Terra, pois tem a haver com a distância entre a Terra e o Sol.
[16] N.R.: Lc 2:14
[17] N.R.: Religião fundada por Maomé. O mesmo que chamar de Islamismo ou Muçulmanismo.
[18] N.R.: também chamada de Epífise Neural
[19] N.R.: também chamada de Hipófise
[20] N.R.: são um conjunto de cinco lagos situados na América do Norte, entre o Canadá e os Estados Unidos.
[21] N.R.: rio no leste da América do Norte, na região dos Grandes Lagos
[22] N.R.: em torno de 16 quilômetros
[23] N.R.: Elias (“Meu Deus é Javé”) foi um profeta e taumaturgo que viveu no reino de Israel durante o reinado de Acab (século IX a.C.).
[24] N.R.: Também grafado como: Sancara, Sankaracharya, Sancaracarya, Shankaracharya, Sankara, Adi Sankara, Adi Shankaracharya e Adi Shankara, sendo também chamado de Bhagavatpada Acharya (788-820) foi um monge errante indiano. Sua vida encontra-se envolta em mistérios e prodígios que a tornam semelhante às de outros insignes mestres espirituais da humanidade.
[25] N.R.: no Hinduísmo, é uma manifestação de Brahma, Vishnu e Shiva.
[26] N.R.: Palavra em sânscrito que quer dizer: significa “Lei Natural”, “Realidade”, “Presente de Deus” ou “vida” no modo geral. Com respeito ao seu significado espiritual, pode ser considerado como o “Caminho para a Verdade Superior”.
[27] N.R.: Antônimo em sânscrito de dharma, e significa vício ou pecado.
[28] N.R.: Mt 18:11
[29] N.R.: povos de origem indo-europeia que habitava extensas áreas da Europa pré-romana, eram sacerdotes do lendário povo celta.
[30] N.R.: Jean Léopold Nicolas Frédéric Cuvier (1769-1832) – naturalista e zoologista francês
[31] N.R.: Karl Maksimovich Baer (1792-1876) – biólogo, geólogo, meteorologista e médico prussio-estoniano
[32] N.R.: Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873) – naturalista, geologista e professor suíço
[33] N.R.: ou Acalefos; exe. Celenterados, Águas-vivas
[34] N.R. – “sem cabeça”
[35] N.R. – “pés nos intestinos”
[36] N.R. – “pés na cabeça”; exe. Polvo
[37] N.R.: Grupos – se refere à linha horizontal, na verdade Período, da Tabela Periódica de Química; Capacidade de combinação – nível de energia
[38] N.R.: a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos de Jesus Cristo
[39] N.R.: Gl 4: 19
[40] N.R.: Mq 4: 4
[41] N.R.: um ser humano, um irmão ou irmã
[42] N.R.: 1850-1919: escritora e poeta estadunidense
[43] N.R.: Mt 6: 9-13
[44] N.R.: também chamada de Hipófise
[45] N.R.: também chamada de Epífise Neural
[47] N.R.: também chamada de Hipófise
[48] N.R.: Jo 1:29
[49] N.R.: Mt 13: 13-14
[50] N.R.: Lc 11:9
[51] N.R.: Livro do Apocalipse
[52] N.R.: duas cidades que foram destruídas por Deus com fogo e enxofre descido do céu, devido à prática de atos imorais
[53] N.R.: A “idade das trevas” é uma periodização histórica que enfatiza as deteriorações demográfica, cultural e econômica que ocorreram na Europa consequentes do declínio do Império Romano do Ocidente. O rótulo emprega o tradicional embate visual luz-versus-escuridão para contrastar a “escuridão” deste período com os períodos anteriores e posteriores de “luz”. É caracterizado por uma relativa escassez de registros históricos e outros escritos, pelo menos para algumas áreas da Europa, tornando-o, assim, obscuro para os historiadores. O termo “Era das Trevas” deriva do Latim saeculum obscurum, originalmente aplicado por Caesar Baronius em 1602 a uma época tumultuada entre os séculos V e IX
[54] N.R.: Também chamada de tísica pulmonar ou ‘doença do peito’ ou tuberculose
[55] Baixo Relevo do Antigo Egito esculpido no teto do pórtico de uma câmara dedicada à Osíris no templo de Hathor de Dendera, no Egito
[56] G. E. Sutcliffe – astrônomo indiano
[57] Pierre Simon Laplace (1749-1827) – matemático, astrônomo e físico francês
[58] Nature: Revista mensal que ilustrava artigos populares sobre a natureza
[59] N.R.: Exposição Universal de 1904 em Saint Louis, Lousiana, EUA
[60] N.R.: Nicolas Camille Flammarion (1842-1925) – astrônomo, pesquisador psíquico e divulgador científico francês
[61] N.R.: Fundado em 1888, por Edward C. Hegeler, é um dos mais antigos e importantes jornais de filosofia
[62] N.R.: M. Pierre Bizeau – artigo publicado no The Monist: The Third Movement of the Earth – 1908
[63] N.R.: John “J. J.” Thomson (1856-1940) – físico inglês
[64] N.R.: Alfred Percy Sinnett (1840-1921) – escrito e teósofo inglês
[65] N.R.: O Crescimento da Alma
[66] N.R.: Edward Emerson Barnard (1857-1923) – astrônomo americano
[67] N.R.: Nicolau Copérnico (1473-1543) – astrônomo e matemático polonês
[68] N.R.: Tycho Brahe (1546-1601) – astrônomo dinamarquês
[69] N.R.: Ptolomeu (90-?) – Cláudio Ptolemeu ou apenas Ptolemeu ou Ptolomeu, cientista grego: trabalhos em matemática, astrologia, astronomia, geografia e cartografia
[70] N.R.: Francis Bacon (1561-1626) – político, filósofo e ensaísta inglês
[71] N.R.: por vezes grafado como Jacob Boëhme (1575-1624) – filósofo e místico luterano alemão
[72] N.R.: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) – autor e estadista alemão que também fez incursões pelo campo da ciência natural
[73] N.R.: Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) – maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão
[74] N.R.: na mitologia grega é a lã de ouro do carneiro alado Crisómalo; ele é Áries, o primeiro Signo astrológico do Zodíaco; segundo Higino – autor romano da época de Augusto – acreditava-se que a constelação era o carneiro que carregou Frixo e Hele através do Helesponto. Este carneiro tinha pelo de ouro, e foi sacrificado a Júpiter quando Frixo chegou à corte do rei Eetes
[75] N.R.: ICor 3:2
[76] N.R.: George du Maurier (1834-1896) – cartunista e autor franco-britânico
[77] N.R.: Jo 14:1
[78] N.R.: o deus da Medicina e da cura da mitologia greco-romana
[79] N.R.: Galileu Galilei (1564-1542) – físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano.
[80] N.R.: ou Paracelsus – Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1521) – físico, botânico, alquimista, astrólogo e ocultista suíço-germânico.