A peregrinação do Espírito – nossa – em evolução é uma longa travessia.
Travessia é, também, a vida, o dia, a circunstância.
Em períodos infinitamente grandes até aos mais fugazes, nós estamos sempre transitando, recolhendo meios para realização do nosso destino: a dinamização das faculdades latentes, que nos torna à estatura d’Aquele que nos emanou.
Em toda a literatura espiritualista, quer esotérica, quer exotérica, figuram sempre, como expressivo símbolo, as travessias: as viagens, o êxodo, atravessar rios e mares, etc. É sempre alegoria de transições de consciência, no processo de expansão do ser e de um povo.
O caminho a percorrer está sempre dentro de nós. Nunca é externo. O exterior é simples meio para atingirmos o fim, que é a realização interna. O caminho não é marcado por distância, senão por expansão de consciência. Por isso disse Cristo: “EU SOU O CAMINHO…”. Ninguém pode chegar à união com o Pai Universal, com o Criador, senão pelo encontro e expansão do “Eu interno”. Pelo semelhante atingimos o semelhante. Pelo dissemelhante nos isolamos e nos afastamos. Tal é o sentido de Religião e de queda: uma questão vibratória.
Deus, no céu (superior, elevado) é Luz, é Vida (em vibração mais alta). Satanás (o adversário, em nós, a natureza inferior), no inferno (inferior estado de consciência) é treva, é morte.
Na mitologia greco-romana temos o relato do mergulho do espírito na matéria e as transições pelas quais poderá alcançar as delícias de Eliseu – a ilha dos escolhidos e dos heróis – que se distinguiram na batalha da vida, nos desafios da evolução.
Quando Júpiter dividiu seu Reino, coube a Plutão o governo do Hades. Ele raptou Prosérpina (Perséfone) para sua esposa. Hermes (Mercúrio) levava para o Hades os mortos e os entregava, às margens do primeiro rio (rio Estige = tenebroso) ao barqueiro Caronte que os atravessava e, na margem oposta os deixava sob a vigilância do cão Cérbero (de três cabeças), para que de lá não fugissem. Os maus sofriam castigos de remorso e o suplício da Hidra, serpente de 50 cabeças.
O Hades tinha cinco rios: o Estige (tenebroso), Aqueronte (das penas), Flegeton (do fogo), Cocito (dos lamentos) e Lete (do esquecimento).
Mito não é fantasia, e sim uma alegoria. Aqui temos o relato de como a Centelha Divina mergulhou no Esquema de Evolução, envolvendo-se sucessivamente nos Corpos que formou, com auxílio das Hierarquias Criadoras (Prosérpina raptada às regiões inferiores), unindo-se à Morte (Plutão, regente de Escorpião, correspondente à oitava Raça, da morte), isto é, perdendo consciência de Si próprio identificando-se como um ser humano, aparentemente separado e à parte do Espírito.
Quem nos mantém nessa ilusão é o intelecto condicionado (Hermes), cada vez que renascemos (voltamos aos planos inferiores) e somos vinculados aos Átomos-sementes dos três Corpos (Cérbero, cão de três cabeças).
Pelo mau uso do sexo (suplício da Hidra, relativa à Câncer, que governa a vida geradora) e ignorantes transgressões (que provocam remorsos) vamos despertando a consciência pela dor inevitável (Lei de Consequência).
A maioria da humanidade vive mergulhada como num sono (irmão gêmeo da morte, que habitava o Hades), gerando os sonhos (vida irreal) e julgando-se o que não é (Morfeu, o criador das formas nos sonhos). Oportuno é lembrar que, no mito, o sono e seu filho Morfeu trazem na mão uma papoula, da qual se extrai o ópio, símbolo da inconsciência em que mergulhamos.
Para libertar-nos desse estado há cinco transições (cinco rios). Do ponto de vista comum, do ser humano em geral, significa transcender os cinco sentidos pela metanóia ou ligação com o Espírito de Verdade, o Consolador em nós (Mente abstrata), portal para uma vida mais ampla, dos escolhidos (Eliseu). Daí por diante, os cinco rios representam as cinco primeiras iniciações, para superarmos em definitivo todas as diferenças humanas e nos identificarmos em essência, com nossos semelhantes e com toda a Criação.
Os Evangelhos relatam que o Cristo e seus Apóstolos atravessaram muitas vezes o Mar da Galileia, sempre com missões diferentes. Essas passagens aludem à missão do Espírito (Cristo) nos corpos (apóstolos), aparentemente numa rotina diária, mas em verdade, sempre submetido a novos desafios, a oportunidades renovadas de elevação. A vida parece igual; os dias parecem repetir-se num monótono ritmo. Mas, o espiritualista, ao despertar, enxerga em tudo novas facetas e renovados convites de desdobramento de consciência. Cada vez que aceita esse desafio e aproveita essa oportunidade, ele faz uma transição.
Na tradição Cristã encontramos a vida de São Cristóvão, padroeiro dos viajantes e dos transportes em geral. É representado por um homem com uma criança ao ombro, atravessando o rio com auxílio de um cajado comprido. É uma maravilhosa alegoria! Representa o ser humano consciente de sua missão, que reconhece, ama e obedece ao Eu verdadeiro e superior, buscando ser um canal impessoal de Sua vontade.
São Cristóvão era um homem forte (internamente) e desejava servir alguém que lhe fosse superior em coragem e força. Conheceu um rei extraordinário e passou a servi-lo. Um dia falaram em “diabo” e o rei se persignou. Cristóvão estranhou e perguntou ao rei: “Por que fazes o sinal da cruz ao ouvires falar em diabo?”. O monarca lhe respondeu: “Por que é um poder temível”. Falou Cristóvão: “se ele é mais forte que ti, então servirei a ele”. Foi em busca de Satanás e passou a servi-lhe, até que um dia, vendo uma luz, o diabo tapou os olhos e fugiu. Cristóvão o abandonou e, indo ao encontro da luz, perguntou-lhe: “Que devo fazer para servi-la?”, E a Luz orientou-o: “Vai ajudar os viajantes na travessia daquele rio perigoso”. E o levou até lá, dizendo: “é uma tarefa difícil e ninguém a aceita”. Desde então, Cristóvão se tornou um servidor da Luz, para atravessar a vau os viajantes.
Um dia foi acordado, madrugada ainda, por um menininho que lhe pedia para ajudá-lo a atravessar o rio. Cristóvão, admirado por vê-lo só, não ousou fazer-lhe perguntas: sua tarefa era ajudar a travessia. Além disso, o menino era singularmente seguro de si.
Pô-lo no ombro e se meteu no rio. Quando chegou ao meio, inexplicavelmente as águas começaram a subir e a correnteza se tornava cada vez mais forte, ameaçando arrastá-lo. Para complicar a situação, o menino começou a tornar-se cada vez mais pesado. Cristóvão concentrou toda sua imensa força e coragem e a duras penas chegou à outra margem, exausto. Desceu docemente a criança dos ombros e, olhando- a profundamente, observou: “Meu Deus! Eu parecia estar carregando o mundo! E por que o rio se tornou inopinadamente cheio e impetuoso?”.
O menino sorriu e respondeu: “Agora te chamarás Cristóforo, ou aquele que conduz o Cristo, ajudando o Senhor a levar a cruz do mundo”. E desapareceu.
Todos nós podemos nos transformar em Cristóforos, quando assumirmos conscientemente nosso destino espiritual. Temos de reunir recursos internos, confiança própria e poder. Temos de passar a servir à Luz interna, depois de nos convencermos da inutilidade de servir ao poder ambicioso, à fama vaidosa, ao apego de bens e ao amor sensual. Temos que deixar de servir à natureza inferior e reconquistar nossa verdadeira identidade.
Então, começaremos a repartir com os outros nossa experiência dessa transição de consciência para a vida real, até que, inesperadamente, quando estivermos internamente maduros, sejamos provados para ser admitidos à iniciação.
A Igreja descanonizou S. Cristóvão, devolvendo à estória seu caráter alegórico. Os Cristãos esotéricos guardam carinhosamente a lenda, pela esplêndida mensagem que encerra.
Se executamos cada vez mais eficientemente o Exercício Esotérico da Observação perceberemos que há sempre pessoas diferentes que ajudamos a atravessar e que atravessam em nossa experiência. Isso quer dizer que devemos tomar consciência da vida, aproveitando os ensinamentos que ela nos oferece continuamente. Cada circunstância tem sua razão de ser e se ela nos envolveu, é porque temos relação com ela: devemos encontrar essa relação dentro de nós. Cada lição, cada acontecimento, cada pessoa que acorre à nossa experiência é um barqueiro, é uma ajuda, para realizarmos com mais proveito a travessia. Ao mesmo tempo servimos de barqueiro aos outros. Cada qual tem sua contribuição a dar na travessia, de vez que a Individualidade, a Epigênese, nos concede faculdades pessoais, que os outros não possuem e que podem completar os recursos deles.
De modo especial, o barqueiro é o que reúne mais recursos e os oferece com amor aos demais. Segundo a necessidade interna, somos sempre atraídos para a pessoa ou circunstância que mais nos pode edificar, mesmo que sua aparência seja negativa.
Desse modo, a travessia de cada ato ou de cada dia, enriquece-se e se torna atraente, pela variedade de contribuições. Ajudamos os outros a atravessar e eles nos ajudam igualmente na transição. Queiramos ou não, a vida é uma Fraternidade, que tende a se tornar luminosa e valiosa, na medida em que tomamos consciência do servir. Cada encontro é um mistério e uma revelação quando nos dispomos a dialogar e permutar amorosamente os recursos anímicos.
Pena é que a travessia se faz inconscientemente. A maioria evolui com muita dor, envolvendo-se na correnteza do rio da vida (circunstâncias) e machucando-se nas pedras. Essa inconsciência e ilusão de separatividade ao espírito fazem com que a Personalidade se apegue ao exterior, identificando-se com tudo que o cerca, de modo negativo e egoísta. Se ajudarmos alguém na travessia, fazemos questão de que ele nos elogie, nos agradeça ou retribua de alguma forma. Só a essência serve pelo servir. Quando a pessoa é um instrumento consciente de seu Espírito, sabe que a tarefa é atravessar a si e aos demais. Sua missão termina aí.
O servir amoroso e desapegado é importante. Ele aproveita melhor os meios de evolução e faz a pessoa progredir mais depressa. É uma travessia mais rápida e mais agradável, porque não se apega aos meios evolutivos, mas os usa bem e enquanto são úteis. É como construir uma jangada, atravessar o rio e depois abandoná-la na outra margem. O apegado se sobrecarrega, retardando a jornada: leva a jangada e as tralhas nas costas. Ora, à medida que evoluímos no caminho, os meios se tornam diferentes. Novos níveis determinam novas necessidades. Os níveis ultrapassados devem ser abandonados.
A pessoa apegada se identifica com os meios. Está sempre vivendo no passado, negligenciando as oportunidades presentes e a renovação inevitável. Ainda mais: deixa-se contaminar pelos meios, devido ao errôneo relacionamento com eles. Há uma estória referente a esse ponto, conforme segue.
Dois monges, em meio à jornada, defrontaram um rio e já se dispunham a atravessá-lo quando veio uma jovem pedir-lhes que a ajudassem na travessia. Um deles se negou e o outro, de boa vontade, tomou-a nos braços e a carregou até à outra margem. Separaram-se dela e continuaram seu caminho. Depois de meia hora de mutismo, o outro monge disse ao companheiro que ajudou a moça: “Irmão, estou muito triste com você! Jamais pude supor que você agisse de tal modo!”. O outro, admirado, perguntou: “De que você está falando?”. “Da moça – respondeu ele – da jovem que você estreitou nos braços, na travessia do rio!”. “Como? – contestou o monge – eu a deixei na outra margem e você ainda está com ela?”
A mensagem é clara: a moça representa, para um monge, uma tentação. Tentações também são todas as coisas mundanas que, encontrando um ponto fraco em nosso íntimo, possam afetar-nos. As coisas não são, em si, nem boas nem más; nem pecaminosas nem virtuosas. Quem lhes confere qualidades é o ser humano, segundo seu íntimo. Uma pessoa especializada pode e deve viver no mundo, para servir de “sal da terra”. Se o sal não se misturar à comida, de que servirá? Em si, o sal é intragável e a comida insossa. Se soubermos nos relacionar, sem identificação nem apreciação viciosa, com o mundo, ele nos ajuda a evoluir. Tal é a lição do monge que não se negou a ajudar a moça na travessia do rio. O fato de tomá-la nos braços, de estreitá-la obrigatoriamente, ao segurá-la e transportá-la, não o contaminou nem lhe despertou paixões e cobiça. Já o outro monge, progredindo por outros meios e evitando tudo o que chama “pecaminoso”, está, em verdade, recalcando desejos e pode cair facilmente através da insatisfação, um dia. Por si, julga o outro.
Outro pormenor interessante se pode sacar da estória: não há virtude em evitar os desafios da vida e recluir-se numa vida contemplativa e de exclusiva prática devocional. A virtude decorre da experiência e da superação do errôneo relacionamento com os meios evolutivos. Não há nada mal. Até no aparente mal há o bem em gestação. Deus é Onipresente e Ele é Luz e Amor. Tudo, afinal, resulta proveitoso à evolução.
Os Senhores do Destino ou Anjos do Destino utilizam os meios mundanos como incentivo para promover a evolução. A fama, o poder, o dinheiro e o amor são as grandes molas da ação humana. É fazendo que se aprende. As atividades em si não são boas nem más. Quando obrigatoriamente nos metemos nelas, vamos aprendendo a transcendê-las, no que refere ao apego, aos abusos, etc.; não que isso sirva de pretexto para chafurdarmos no que é reconhecidamente prejudicial. Referimo-nos aos inevitáveis desafios e tentações da vida.
O monge que levou a moça ensina isso: ao servir, foi servido. O estímulo do amor, da fama, do poder, da fortuna, dinamiza nossas faculdades e nos ajudam a fazer grandes travessias – as transições para melhor. Aprendemos e deixamos as falhas que a prática vai revelando.
Ao contrário, quem se omite para não ser tentado, mais facilmente poder cair nas armadilhas de sua natureza inferior. Suas críticas, sua malícia, são reflexos de seus recalques.
Realmente, a evolução não se processa apenas no que chamam de “ocultismo”, referindo-se a fenômenos, a desenvolvimento de faculdades etc. A espiritualidade é cultivo interno; é regeneração de caráter. Ela abrange toda a Personalidade viciada e condicionada, devolvendo ao intelecto, as emoções, aos sentimentos e ao Corpo Denso, condições de servirem como instrumentos eficazes do Espírito, por meio da regeneração dos hábitos.
Certa vez um discípulo, exultante, correu ao Mestre e lhe disse: “Mestre, consegui! Consegui!”. O Mestre, calmamente lhe perguntou: “Conseguiste o que, meu filho?” “Consegui cruzar o rio, andando por cima das águas. Consegui a levitação! Levei trinta anos! Mas consegui!” – exclamou o discípulo, cheio de euforia. O Mestre ficou sério alguns minutos e depois lhe observou: “Que pena! Quanta coisa melhor poderias ter feito nesses trinta anos!”.
De fato, a evolução é global. Os meios estão na própria vida de todos os dias: nas coisinhas costumeiras. A evolução está no modo como fazemos, como encaramos, como utilizamos: e tudo isso depende de nosso íntimo, de nosso conhecimento da verdade, da vivência, do amor.
Os fenômenos são decorrências inevitáveis da espiritualização do ser, mas não o fim, em si mesmo. No fundo, a busca de fenômenos esconde a pretensão da Personalidade, de distinguir-se, de parecer melhor e maior que os demais, impressionando-os com algo incomum. Não é por isso que se mede a espiritualidade. Há muito paranormal com limitação e falhas gritantes.
É importante meditarmos sobre a travessia e o modo como utilizamos os meios, para realizá-la de modo mais eficaz, rápido e agradável. Seja pelas lições do rio da vida, seja pelas constantes tarefas diárias (travessias do Cristo com os apóstolos, no Mar da Galileia), seja pelo poder da vontade persistente e da coragem (Cristóforo), seja pelos meios que nos facilitam mais, através do apego e discernimento; seja, enfim, pelos estímulos comuns da existência (ajudar a moça) – importante é que façamos a travessia para níveis mais altos; importante é que sigamos o interno impulso que nos chama para frente e para cima. Todavia, mais feliz o que tem a coragem e a paciente perseverança de se regenerar diariamente a fim de que a ascese decorra com segurança.
(por Gilberto A. V. Silos – Editorial da Revista Rosacruz – novembro/1976 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Páscoa é sempre calculada da mesma forma[1], conforme é requerida pela tradição oculta, para apropriadamente simbolizar a significância cósmica do evento, e a esse respeito, ambos o Sol e a Lua são fatores necessários, já que a Páscoa não é, meramente, um festival solar. Não é somente a passagem do Sol pela linha do Equador, como ocorre todos os anos no Equinócio de Março que conta aqui, mas a Lua Cheia deve ter ocorrido após o Equinócio de Março. Então, o próximo domingo será a Páscoa, o dia da Ressurreição.
A luz do Sol de março deve ser refletida pela Lua Cheia, antes que o dia amanheça na Terra, e nisso há um profundo significado sobre esse método de determinar a Páscoa, como foi dito acima; e esse é o significado oculto: a humanidade não estava suficientemente evoluída para receber a Religião do Sol, a Religião Cristã de Fraternidade Universal, até que essa mesma humanidade fosse, completamente, preparada por meio das Religiões da Lua, as quais segregam e separam a humanidade em grupos, nações e raças. Isso tudo é simbolizado pela elevação anual do Espírito do Sol na Páscoa que vai sendo adiado até que a Lua Jeovística tenha trazido de volta e completamente refletido a luz do Sol da Páscoa.
Todos os fundadores das Religiões de Raça: Hermes, Buda, Moisés, etc. foram Iniciados nos Mistérios Jeovísticos. Eles eram Filhos de Seth. Nessas Iniciações eles se tornaram repletos de alma pelos seus respectivos Espíritos de Raça, e de cada um desses Espíritos de Raça falando através da boca de tais Iniciados forneceu as Leis ao seu povo, como por exemplo: o Decálogo de Moisés, as Leis de Manu, as verdades nobres de Buda, etc. Essas Leis manifestaram o pecado, porque o povo não as cumpria e não poderia guardá-las naquele estágio de evolução. Como consequência, esses povos produziram uma quantidade de Dívidas de Destino. O Iniciado e humano fundador da Religião de Raça tinha tomado para si mesmo essas Dívidas de Destino coletivo e, por isso, ele tinha que renascer de tempos em tempos para ajudar seu povo. Então Buda renasceu como Shankaracharya e teve outros inúmeros renascimentos. Moisés renasceu como Elias e, depois, como João Batista, mas Cristo, por outro lado, não precisou nascer, nem mesmo a primeira vez. Ele fez isso por Sua livre vontade para ajudar a humanidade, para revogar a lei, que traz o pecado, e emancipar a humanidade da Lei do pecado e da morte.
As Religiões de Raça do Deus lunar, Jeová, transmitem a vontade de Deus para a humanidade de um modo indireto por meio de videntes e profetas que foram instrumentos imperfeitos, assim como os raios lunares refletem a luz do Sol.
A missão dessas Religiões foi preparar a humanidade para a Religião universal do Espírito Solar, Cristo, que se manifestou entre nós sem um intermediário, como a luz que vem diretamente do Sol e “nós vimos Sua glória como o único primogênito do Pai”[2], quando Ele ensinou o Evangelho do amor. A Religião Cristã não fornece Leis, mas prega o amor como um complemento da Lei. Portanto, nenhuma Dívida de Destino é gerada sob ela, e Cristo – que de antemão não tinha a necessidade de nascer – não será levado ao renascimento sob a Lei de Consequência, como foram os fundadores das Religiões de Raça lunares, que devem suportar, de tempos em tempos, os pecados de seus seguidores. Quando Ele aparecer será em um Corpo formado dos dois Éteres Superiores: o de Luz e o Refletor, o Dourado Manto Nupcial ou Corpo-Alma, chamado de Soma Psuchicon, por São Paulo que era muito enfático em sua asserção quando disse: “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus”[3]. Ele afirma que nós devemos nos transformar e ser como Cristo, e se nós não podemos entrar no Reino em um corpo carnal, seria absurdo supor que o Rei da Glória usaria tal vestimenta, pesada e grosseira.
(retirado dos escritos de Max Heindel, Publicada na Revista Rays from the Rose Cross, de Março de 1978 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)
[1] N.T.: (Ref.: Inst. Inf. UFRS) Para calcular o dia da Páscoa (Domingo), usa-se a fórmula abaixo (Fórmula de Gauss em 1750), onde o ANO deve ser introduzido com 4 dígitos. O Operador MOD é o resto da divisão. A fórmula vale para anos entre 1901 e 2099. A fórmula pode ser estendida para outros anos, alterando X e Y conforme a tabela a seguir (criada por Gauss até 1999 e estendida pelo autor até 2299):
faixa de anos | X | Y | |
1582 | 1599 | 22 | 2 |
1600 | 1699 | 22 | 2 |
1700 | 1799 | 23 | 3 |
1800 | 1899 | 24 | 4 |
1900 | 2019 | 24 | 5 |
2020 | 2099 | 24 | 5 |
2100 | 2199 | 24 | 6 |
2200 | 2299 | 25 | 7 |
Para anos entre 1901 e 2099:
X=24
Y=5
a = ANO MOD 19
b= ANO MOD 4
c = ANO MOD 7
d = (19 * a + X) MOD 30
e = (2 * b + 4 * c + 6 * d + Y) MOD 7
Se (d + e) > 9 então DIA = (d + e – 9) e MES = Abril
senão DIA = (d + e + 22) e MES = Março
Há dois casos particulares que ocorrem duas vezes por século:
Neste século estes dois casos particulares só acontecerão em 2049 e 2076.
[2] N.T.: Jo 1:14
[3] N.T.: ICor 15; 50
[1] N.T.: Jo 1:14
[2] N.T.: ICor 15; 50
SIGNO: Gêmeos, os gêmeos
QUALIDADE: Comum ou flexível no uso da energia, isto é: a consciência dirigida assombrada e experimentalmente para o entendimento e para a integração com novas experiências e possibilidades.
ELEMENTO: Ar, ou a consciência relacionada com os assuntos sociais e intelectuais. Entre outras coisas, o elemento Ar corresponde aos gases, a Mente e ao Mundo do Pensamento.
NATUREZA ESSENCIAL: questionamento
ANALOGIA FÍSICA: respiração, secura e aridez
PLANETA REGENTE: Mercúrio. Devido a ser capaz de expressar as funções de Gêmeos mais facilmente e livremente, comunicá-las aos outros e esforçar-se para obter um maior entendimento intelectual.
CASA CORRESPONDENTE: a 3° Casa corresponde a Gêmeos e representa o desejo de expandir os horizontes: mental e interpessoal.
ANATOMIA ESOTÉRICA: representa a Mente consciente
ANATOMIA EXOTÉRICA: específica: ombros, braços, mãos, clavícula, costelas, traquéia, brônquios, pulmões, sistema circulatório pulmonar, pleura e Glândula Timo.
FISIOLOGIA: Mercúrio, Regente de Gêmeos, governa os processos fisiológicos da respiração, oxigenação do sangue, sensações em geral, mas especialmente a da visão, audição e paladar; funções da tireóide e das glândulas para-tireóides, funções dos órgãos da fala e assimilação dos alimentos no intestino delgado. Mercúrio também tem particular regência sobre as atividades do hemisfério direito do cérebro e da faculdade de equilíbrio e coordenação associados ao mecanismo do ouvido interno.
TABERNÁCULO NO DESERTO: simboliza a consciência desenvolvida no estágio alcançado na Sala Oeste do Tabernáculo. Essa é a consciência da realização de Deus interno e do único objetivo e propósito da vida.
MITOLOGIA GREGA: Hermes, o mensageiro com asas dos deuses e brincalhão cósmico.
CRISTIANIDADE CÓSMICA: A jornada de Cristo em direção ao céu leva-O através do Mundo do Pensamento. Sua influência nesse Mundo revitaliza e purifica essa matéria. Assim, Ele possibilita o ser humano a ter matéria mais pura para construir sua Mente. Nesse tempo de cada ano, Ele ajuda o ser humano perceber e entender o drama cósmico da vida mais claramente e a apreciar mais complementa o papel que cada um desempenha nisso.
LIÇÕES: para um desenvolvimento balanceado, sentimento deve ser casado com uma certa quantidade de seriedade e sinceridade; atividade mental deve ser balanceada com atividade física, e a mente investigadora deve ser guiada por um idealismo elevado e reverenciado por todas as coisas criadas.
INFLUÊNCIA BÁSICA: curiosidade, investigação, capricho e adaptabilidade.
INFLUÊNCIA POSITIVA: as forças manifestam como versatilidade, habilitando-o a entender e idealizar qualquer coisa que pode estar à mão ou que pode ser necessário a ele. A pessoa tende a ser perceptiva e bem-informada em todos os assuntos.
INFLUÊNCIA NEGATIVA: as forças tendem a mudar a versatilidade em superficialidade e desnorteio. Torna-se frívolo e irritado. Difícil ser consistente ou focar sua atenção em um única direção.
(Publicado na Revista: Rays from the Rose Cross – janeiro/1976 e janeiro/1978 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)
As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco
A Terra do Escorpião
Depois que os portões da terra do Arqueiro se fecharam completamente, Rex e Zendah procuravam a entrada da próxima Terra, mas não viram nenhum vestígio dela.
– “Como podemos tentar abrir um portão que não parece existir?” – disse Rex. “Talvez Hermes venha nos ajudar”.
Para passar tempo, eles sentaram-se no chão e começaram a olhar para a lista da senha que Hermes lhes dera. Enquanto eles abriam a lista, Zendah percebeu pequenos pedaços de pedras brilhantes, que pareciam ir um em direção dos outros, quando ele os remexia com os pés.
Ela sentou-se quietinha e observou. Não eles não se moviam: deve ter sido sua imaginação. Nesse momento, Rex deixou cair o canivete que havia tirado do seu bolso; como isso acontecera ele nunca soube, mas, para seu espanto, os estranhos pedaços de pedra moveram-se para o canivete e arrumaram-se em volta dele.
– “Por que será – disse Rex – “que parecem partes de um quebra-cabeças?”.
Apanharam algumas pedrinhas.
– “Você acha que pode ser um quebra-cabeça?” – perguntou Zendah – “Vamos tentar fazer uma palavra juntando algumas”.
Juntaram uma quantidade dessas pedrinhas esquisitas, escuras e brilhantes e viram que podiam fazer várias palavras com elas. Afinal fizeram a palavra “SEGREDO”.
Imediatamente um ruído curioso por trás deles fez que eles se voltassem. Era um ruído semelhante ao ruge-ruge das sedas e eles viram algo que parecia água correndo ligeira sobre pedras num leito de rio, depois de muitas chuvas.
Viram então um movimento, onde antes parecia nada haver. No fundo do leito do rio havia inúmeras linhas movendo-se em espiral, elevando-se aos poucos, indo de um lugar para o outro, ligeiras, para cima e para baixo até formarem um funil, uma tromba d’água, tão alta, quanto uma casa e com cerca de oito pés de largura no alto.
No fundo, sua cor era púrpura escura quase preta; mas as linhas móveis tornaram-se mais claras, mais avermelhadas, até parecerem de uma linda cor carmesim. Então formou-se no fundo do funil uma bolha que aos poucos foi subindo até em cima, para rebentar sem ruído.
Mais sete bolhas, cada uma maior do que a outra, subiram, e quando a última, a oitava, rebentou, toda a água desapareceu e eles viram o portão que dava acesso àquela Terra. Era feito de ferro primorosamente trabalhado, com a figura de uma enorme águia bem por cima.
Nenhuma voz pediu a senha; o portão abriu-se subitamente com um plangor, e também subitamente fechou-se logo que os meninos o transpuseram.
Na sua frente o caminho estava bloqueado por grandes pedras sobrepostas que fechavam também os lados, até onde estava o portão que agora desaparecera.
Não era possível avançar nem retroceder, mas parecia haver uma entrada, pois uma corrente de água escura passava sob a pedra próxima dos meninos.
“Vamos tentar dando a senha” – disse Zendah – “Pode ser que aqui seja como a caverna de Ali-Babá”.
E eles murmuraram: “PODER”.
Oito vezes essa palavra ecoou pelas pedras, como se fora um coro de pessoas invisíveis zombando deles. Mas súbito apareceu uma passagem à sua frente. Do outro lado, havia um bote.
Os meninos entraram no bote, e sem qualquer aviso o bote partiu em grande velocidade, como se o rio descesse pela montanha. Passaram por cavernas tão negras como azeviche; atravessaram torrentes tão rápidas que o bote estremecia tanto ao ponto de pensarem que seria lançado fora dele! Por vezes as águas eram geladas e eles viam blocos de gelo, de todas as formas e tamanhos, espichando-se para cima, de ambos os lados como se fossem os pilares de uma catedral. Depois passaram por um lugar que era tão quente quanto era frio o lugar que haviam deixado. Fontes de água fervente lançavam-se para o teto da caverna e os meninos mal podiam respirar naquela atmosfera abrasadora.
Quiseram parar o bote, mas não puderam porque as paredes da caverna eram revestidas de vidros coloridos que pareciam as joias que sua mamãe usava no pescoço.
Afinal o bote foi lançado em terra aberta e parou ao lado de um outeiro onde cresciam sabugueiros e amieiro. No outeiro estava de pé um personagem que eles reconheceram. Era Marte. Pularam do bote e correram para ele.
– “Vocês não demoraram a encontrar o segredo da entrada da caverna, disse ele, “e estou muito satisfeito porque a viagem subterrânea não amedrontou vocês. Na terra do Escorpião-Águia vocês terão de descobrir muitas coisas por vocês mesmos. Agora escolham: querem ir para leste ou para oeste?”.
– “Oeste” – disse Zendah, falando primeiro, antes que Rex pudesse decidir. Logo que ela falou, desceu uma carruagem voadora puxada por quatro águias.
Subiram na carruagem e voaram sobre campos gelados, sobre quedas d’água; subiram até muitas milhas de altura, até que o ar se tornou mais quente e chegou até eles um perfume parecido com o de um jardim.
Desceram da carruagem. Estavam num terreno extenso e plano, cheio de canteiros com plantas. Algumas eram conhecidas porque no jardim de sua casa havia delas, mas a grande maioria, eles jamais haviam visto antes.
– “Como cheiram bem” – disse Rex indo de um canteiro para outro, apanhando aqui e ali uma folha enquanto iam e vinham pelas aleias – “Mas porque são precisas tantas?
– “Elas têm muitos usos como você verá” – respondeu Marte, levando-o mais longe. No meio do jardim das plantas havia uma casa comprida e baixa; dentro dela viram muitas mulheres pondo as plantas em bandejas para secar, e depois passando-as por peneiras e por fim colocando-as em garrafas. Viram as plantas, em outra parte da casa, sendo fervidas em grandes vasilhas para servirem de remédios que os médicos usam para curar pessoas doentes.
– “Existe uma planta para cada doença; basta que o povo se dê ao trabalho de descobri-la” – disse Marte.
No centro da construção havia um quarto com janelas de vidros pelas quais as crianças viram oito homens idosos em torno de uma mesa sobre a qual havia um vaso de vidro arrolhado. Para seu espanto, viram que o vaso estava cheio de um líquido de cor linda que se movia e pulava como se quisesse sair do vaso. Era de linda cor carmesim, semelhante a vinho com centenas de bolhas douradas. Era tão bonito que pediram para levar um pouco para casa, mas disseram-lhes que ainda não estava pronto e que quando ficasse pronto curaria qualquer doença.
– “É o Elixir da Vida que os antigos alquimistas sempre tentaram fazer, e eles vieram da Terra para esta terra para descobrirem como fazê-lo” – disse Marte.
Outra coisa interessante que eles viram foi uma porção de pessoas fazendo óculos. O interessante é que não havia dois pares de formato semelhante e cada um tinha vidros de uma cor diferente.
Pediram para olhar um desses óculos. Todas as pessoas puseram-se a rir e disseram em coro:
– “Vocês já têm um par”.
De onde vieram os óculos subitamente, eles não tinham ideias, mas Rex estava com óculos cor de rosa e Zendah com óculos azuis.
Que maravilha viram por esses óculos! Podiam ver dentro da terra, como se esta fosse transparente, ver onde estavam os poços de petróleo e ver correntes d’água subterrâneas. Olhando para os rios, viram que estavam cheios de ondinas brincando uma com as outras. No ar, viram milhares de figuras pequeninas que antes não haviam visto e perceberam algumas delas em torno das flores com pincéis e paletas de tinta, colocando as cores nos bastões que se abriam e nos frutos. Aqueles óculos eram mágicos; “Todo o mundo tem um par”, disse Marte, “mas muito poucas pessoas sabem como usá-los e a maioria nem sabe que os possui”.
Saindo da fábrica de óculos, viram, num pátio próximo, um poço profundo coberto com uma grande pedra mármore.
Marte retirou a pedra e eles viram que o poço estava seco. Na areia do fundo do poço rastejavam alguns bichos escamosos que tinham um ferrão na extremidade das caudas que mantinham curvadas por cima de suas costas.
– “Estes não deviam estar aqui!”, disse Marte. “Já foram todas bonitas águias, mas toda vez que uma criança da terra diz uma palavra má ou grosseira, uma das nossas águias vira escorpião”.
– “E nunca mais voltam a ser águias?” – perguntou Zendah, sentindo muita pena das pobres águias condenadas a rastejar em vez de voar.
– “Oh, sim, mas as crianças devem fazer três boas ações antes que eles possam virar águias de novo”.
Os meninos viram muitas outras coisas curiosas; todas estavam ocultas, e, para se tornarem visíveis, tinham de pronunciar uma palavra mágica. Afinal chegaram às escadas de um palácio.
Este palácio estava sobre oito pilares e tinha um fosso em toda a volta, de modo que todo o palácio se refletia na água do fosso; a ponte de acesso parecia feita de nuvens e cada passo que Rex e Zendah davam era como se andassem em flocos de algodão. Mulheres vestindo capas vermelho-escuro e com véus em suas cabeças, presos por um ornamento em forma de serpente, estavam em pé nas passagens e corredores para saudar a Marte e aos meninos levantando a mão. Meninos-pajens de olhos negros penetrantes e com cachos de cabelos escuros ondulados, afastaram as cortinas do salão central.
A parte superior do salão era feita de mármore preto e branco e o trono era uma grande pedra verde salpicada de pequenos pontos vermelhos. De cada lado havia grandes vasos de ferro nos quais cresciam brancas papoulas.
Uma lâmpada de luz vermelha pendia do teto defronte ao trono e braseiros de cada lado desprendiam nuvens de fumaça aromática. Havia alguém sentado no trono, vestindo roupa de cor carmesim róseo debruada com bordados de várias cores e ricamente cravejada de joias. Os meninos não puderam ver o rosto do rei porque estava coberto por oito véus, mas viram que usava uma coroa cravejada de joias cintilantes.
Uma voz profunda apresentou-lhes as boas-vindas e ordenou que seu assistente enchesse a taça e desse às crianças a bebida da lembrança. “Pois sem ela não seriam capazes de evocar o que haviam visto na Terra do Escorpião-Águia.” Uma mulher alta estendeu-lhes uma taça lindamente lapidada, cheia com líquido vermelho, ao mesmo tempo que passava a mão sobre os olhos dos meninos. Era uma beberagem estranha, muito doce enquanto bebiam, mas deixando um gosto amargo na boca depois de bebida.
Devolvendo a taça, olharam para o trono e viram atrás dele uma pessoa com asas – um grande Ser que atingia quase o teto do salão, tendo uma estrela cintilante na cabeça.
Era um dos quatro Guardiães dos Ventos, disseram-lhe, e a Quarta parte do mundo estava a seu cargo. Outro robusto Guardião vivia na Terra do Homem do jarro, mas como os meninos ainda não haviam bebido da água da lembrança, eles não tinham podido ver nenhum dos quatro Guardiães.
Estavam embevecidos olhando para as lindas asas e para a estrela cintilante do anjo até que a voz do rei os despertou.
– “Tragam o Capacete de Invisibilidade”, ordenou o rei.
Um pajem entrou trazendo uma almofada de cetim, mas eles não viram nada nela. Este “nada” foi posto na cabeça de Zendah. Ela sentiu como se tivesse pondo um chapéu na sua cabeça, só que não via o que era e quando o chapéu foi colocado nela, Rex não mais a viu; ela tornara-se invisível.
Em torno do pescoço de Rex foi pendurado um cordão vermelho com um pendente feito de um topázio em formato de águia.
– “O capacete invisível ajudará vocês a verem as coisas ocultas, e também servirá para torná-los invisíveis na terra, como ficaram aqui.
– “Vocês já ficaram muito tempo nesta terra, mas ainda tem muito o que ver”, disse o Rei, “e eu mandarei vocês rapidamente para a próxima Terra”.
O Rei levantou-se e elevando as mãos para cima da cabeça falou uma palavra estranha que os meninos jamais se lembraram qual foi.
O assoalho pareceu levantar-se, tudo ficou escuro, e a primeira coisa que eles perceberam é que estavam ao lado de fora do portão, e, como tinha acontecido antes de entrarem não viram nenhum sinal dele.
“Este é o segundo terremoto”, disse Zendah.
(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)
As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco
A Terra do Carneiro
Porque o calor aumentasse muito, Rex e Zendah perceberam estar próximos do último portão, o do carneiro.
Pela primeira vez em todas as suas aventuras, Rex e Zendah estavam realmente assustados. Por um momento, chegaram a ter medo. Onde esperavam encontrar um portão, havia uma muralha de chamas cintilantes, impetuosas, crepitantes, tão alta que parecia tocar o céu. Pararam para olhar e viram todas as tonalidades do verde, do azul, do vermelho e do lilás, onde, antes viam somente amarelo. Cada cor parecia emitir uma nota musical, sendo agradável vê-las e ouvi-las.
– “O último portão!” disse Rex após alguns minutos. “E parece difícil transpô-lo. Veja, entre as chamas há uma buzina, mas como faremos para atingi-la e fazer soar o alarme?”
– “Bem”, replicou Zendah, “a senha desta terra é CORAGEM. Será melhor vermos se podemos chegar perto dela”.
De mãos dadas, pouco a pouco eles foram se aproximando. Estranho como possa parecer, o calor não aumentava à medida que eles se aproximavam do portão. Afinal chegaram bem perto das chamas. Rex, ousadamente esticou seu braço e verificou que podia pôr a mão na buzina sem se queimar. Tocou-a; houve um outro som sem resposta, do outro lado do portão. As chamas dividiam-se, formando dois pilares recurvados e enrolados na parte superior, como chifres.
Unia-os uma espécie de corrente de fogo vermelho, da qual pendia uma cortina de chamas de cor rosada. Os pilares eram dourados e muito brilhantes. A buzina de dentro tornou a soar, vindo após, a pergunta: – “Quem ousa chegar a este portão?”
Os meninos responderam conforme estava nas instruções:
– “Rex e Zendah, com coragem, ousam penetrar na Terra do Carneiro”.
– “Atravessem o fogo”, mandou a voz. Isso parecia difícil. Os meninos entreolharam-se por um ou dois minutos, mas nenhum deles disse que o outro estava com medo. Aproximaram-se mais do portão e viram que a cortina de chamas abriu-se pelo meio, possibilitando a entrada sem que eles se queimassem, embora as chamas fossem ameaçadoras. Atravessando a cortina de chamas, chegaram a uma terra de sol ardente. Era tão brilhante que eles sentiram vontade de pular e cantar.
Ninguém os esperava como acontecera em outras terras. À sua frente estendia-se grande campo silvestre com florestas enormes, selvagens, mas bonitas. Não se via nenhuma estrada. Perto, encontraram duas machadinhas que, evidentemente, eles deviam apanhar, pois havia um cartaz no qual se lia:
“Usem-me; servirei para desbravar caminhos difíceis”.
– “Não parece haver nenhum caminho”, disse Rex, apanhando as machadinhas e dando uma a Zendah. “Gostaria de saber que direção devemos tomar”.
– “Sigamos o Sol”, propôs Zendah. “Devemos chegar a algum lugar”.
Partiram por aquela terra selvagem, trepando pedras, atravessando bosques onde tiveram de abrir caminho usando as machadinhas. Isso era mais divertido do que enfadonho. Afinal, depois de algum tempo, chegaram a campos cultivados e viram algumas casas. Ao saírem do bosque, depararam com enorme carneiro branco. Dos chifres enfeitados do carneiro pendiam campainhas. Os campos estavam cheios de ovelhas, mas o carneiro, de alguma maneira, fez Rex e Zendah compreenderem que o deviam seguir. Era por certo, um carneiro sábio!
Lá se foram eles atrás do carneiro.
O sol estava muito quente e a brisa era forte, mas eles sentiam-se vigorosos e podiam caminhar sem cansaço.
Afinal chegaram a uma estrada cheia de casas. Da maior delas saía barulho de máquinas e de pancadas de martelo. Pararam para olhar, pois todas as portas e janelas estavam abertas. Dentro, vários homens trabalhavam com ferramentas, máquinas e forjas, alguns malhando o ferro aquecido ao rubro.
– “Que estão fazendo?” perguntaram a um homem que saía da casa.
– “Tudo o que se pode fazer com o ferro”, respondeu o homem. “Todas as ferramentas que se usam no campo para arar e colher, e agora, triste é dizê-lo, fazem também espadas e canhões e todas as coisas que os homens precisam na guerra. Teremos de fazer essas coisas até que os homens acabem de combater. Então, a energia do carneiro será utilizada somente para fazer ferramentas úteis”.
Durante alguns minutos ficaram observando aquela afanosa colmeia humana, vendo as centelhas pular do ferro, de quando em quando. Por fim, recomeçaram a seguir o carneiro. Pela estrada vinha ruidoso grupo de cavaleiros que resplandeciam ao sol. Parando seus cavalos perto dos meninos, estes verificaram que eram cavaleiros vestidos com armadura real. O chefe saudou-os com sua espada.
– “O Rei quer vê-los imediatamente”, disse ele, “e mandou buscá-los. Montem ligeiro e sigam-nos”.
Deram um cavalo a cada um. Os meninos radiantes reconhecendo que aqueles eram os mesmos cavalos que montaram na Terra do Arqueiro. Também já haviam-se encontrado com o chefe dos cavaleiros antes, na Terra do Leão e assim os meninos sentiram-se à vontade.
Rex foi convidado a encabeçar a tropa por ser uma visita especial, já que estava visitando sua própria terra. Cavalgaram depressa. O vento revolvia seus cabelos, tal a velocidade com que iam. Atravessaram clareiras onde havia cabanas; passaram por cidades que pareciam ter sido acabadas de edificar, até que por fim chegaram à Cidade de Marte.
O palácio estava numa elevação. Era todo construído de mármore vermelho polido. Era esplendoroso e brilhava como fogo sob os raios do sol. Os meninos não pararam para observá-los. Subiram logo as escadas que conduziam à entrada do palácio, onde os outros cavaleiros vieram ao seu encontro. Estes últimos traziam túnicas brancas sobre suas armaduras, com o emblema da cruz e do carneiro bordado a ouro vermelho. Alguns deles – não muitos – tinham túnicas vermelhas e cruzes brancas. Cada cavaleiro tinha um pagem, um rapazinho de cabelos ruivos que tinha a frente, carregando a espada e o elmo do cavaleiro, feito também de aço forjado.
Rex e Zendah foram escoltados através das passagens e da longa escadaria de degraus de pedra verde-escuro até em cima, onde encontraram um homem idoso vestindo hábito de monge.
– “Vocês têm algo muito importante a fazer”, disse ele. “Nesta sua visita, que é a última, recebemos ordens de sagrá-los Cavaleiros do Sol, se prestarem juramento. O fogo pelo qual passaram no portão de entrada foi a primeira prova. Vocês prometem, Rex e Zendah, falar sempre a verdade, não terem medo, combater pelos fracos e serem leais ao nosso Rei?”
Os meninos responderam: – “Sim”.
O senhor idoso colocou-lhes então sobre os ombros uma longa capa com uma cruz vermelha na parte posterior e mandou que eles o seguissem até a sala e que não falassem até receber ordem para isso. Era uma sala muito bonita, tão alta que não se via o teto. As paredes eram de cor-de-rosa pálido; os pilares de magnífico vermelho, como uma papoula. Cavaleiros, em suas armaduras brilhantes, permaneciam em “sentido” ao longo das paredes que tinham bandeiras de todos os países espalhadas, algumas novas, outras gastas ou rasgadas. O trono não estava no lugar habitual, mas no centro da sala. Frente a ele, no fundo da sala, havia um altar. A janela por trás do altar tinha a forma curiosa de uma espada, indo do chão ao teto. O punho da espada formava o diâmetro de uma estreita janela circular com doze divisões, cada uma com vidro de cor diferente.
Devagar, os meninos seguiram o senhor idoso até o trono onde estava o Rei Marte sentado, vestido com maravilhosa roupagem vermelha e ouro, tendo à cabeça uma coroa de aço polido. Marte cumprimentou-os e disse-lhes:
– “Fui comissionado por nosso Senhor, o Sol, para sagrá-los seus cavaleiros, esta é grande honra. Vocês prometeram obedecer as leis dos cavaleiros e assim, quando chegar o momento oportuno, vocês me seguirão até as almofadas que estão diante do altar. Vejam que o fogo do altar não está aceso; somente uma vez por ano o sol acende o Fogo Sagrado para mostrar que a Terra despertou para seu trabalho anual com seu auxílio. É nessa ocasião que são admitidos aqueles que se qualificam para serem sagrados Cavaleiros do Sol”.
Defronte do altar, do lado direito, estava em pé um arauto com uma trombeta. De cada lado, sentados, seis tambores. Os tambores rufaram. Marte deixou seu trono e caminhou até defronte do altar. Rex e Zendah seguiram-no e ajoelharam-se nas almofadas. Ouviu-se uma nota clara, tocada na trombeta e nesse momento um grande facho de luz solar brilhou através da janela em forma de espada, atingiu o altar em seu percurso, brilhando sobre Marte e os meninos ajoelhados aos seus pés.
A madeira aromática incendiou-se e nuvens de fumaça ergueram-se no ar. Nas nuvens de fumaça viram o rosto do senhor sol sorrindo para eles, desaparecendo a seguir. Enquanto eles estavam banhados pela luz do sol, Marte retirou sua espada e batendo com ela levemente no ombro de cada um dos meninos, exclamou:
– “Levanta-te, Cavaleiro do Sol, toma tua Espada de Luz semelhante à do Rei Artur e, com coragem e destemor, combate o Dragão do Egoísmo no mundo, sem jamais desesperar, seja qual for a dificuldade da tarefa”.
Os meninos levantaram-se. Os pagens cingiram-nos com cintos vermelhos e entregaram-lhes espadas luzidias em cujas copas seus nomes apareciam feito brilhantes. Todos os cavaleiros que estavam na sala desembainharam as espadas e saudaram-nos. Foi um lindo espetáculo ver tantas espadas brilhando no ar.
Logo depois, os dois tomaram seus lugares, já como cavaleiros, ao lado de Marte e esperaram que estes assinassem os passaportes, para que os cavaleiros pudessem, durante o próximo ano, seguir para terras estrangeiras onde combateriam a favor dos oprimidos.
Marte disse a cada um deles, enquanto apunha seu selo vermelho sobre o passaporte:
– “Segue com coragem, irmão, e vence todas as dificuldades”.
Aos poucos o facho de luz solar foi-se extinguindo. Marte virou para os meninos e disse-lhes que era hora de partirem. Saudando-o com suas espadas novas, os meninos fizeram meia volta e saíram do palácio, tomando de novo seus cavalos que os esperavam na entrada.
Os cavaleiros os seguiram até o portão de entrada e depois de saudá-los com suas espadas, os meninos logo estavam do lado de fora do portão.
– “Nossas aventuras terminaram, Zendah”, suspirou Rex; “agora voltemos para casa”.
– “E vocês verão que isso não é fácil sem mim”, gritou uma voz. Voltando-se os meninos viram Hermes.
– “Bem, vamos rápido. Quando chegarem em casa, ajudarei vocês para se lembrarem de tudo o que viram e ouviram. Estão ansiosos para usar os talismãs? Então, cada mês, pensem na palavra senha corresponde e logo verão que poderão usar o talismã durante todo o mês. O uso que vocês poderão fazer deles, depende da prática.
Vejam: aqui estão as outras chaves para abrir o Livro da Sabedoria; estas chaves vocês poderão usar quando forem mais velhos”.
Hermes segurou os meninos pelas mãos e voou de volta para a terra, tão depressa que não tiveram tempo de contar até dois e já estavam no seu quarto.
– “Agora”, disse Hermes, “saiam bem devagar dos seus trajes estelares para se lembrarem de tudo pela manhã”. Tocou-os com seu báculo e … a primeira coisa que eles lembraram é que estavam sentados na cama, o sol alto, brilhando pela janela e sua mãe dizendo:
– “Vocês demoraram a levantar hoje”.
– “Oh! Mamãe, passamos momentos deliciosos. Estivemos na Terra das Estrelas com Hermes. Você se lembra de nos ter encontrado na Terra do caranguejo?”
Mamãe sorriu – ‘Então vocês também se lembraram? Vocês estão de parabéns, pois não são todas as crianças que Hermes leva às Terras do Zodíaco”.
EPÍLOGO
AS AVENTURAS CHEGARAM AO FIM. Mas vocês poderão encontrar as portas da entrada das Terras do Zodíaco se por elas procurarem. Vocês verão que será mais fácil visitar umas terras do que outras. De certo isso depende de qual fada haja sorrindo sobre o berço de cada um, quando nasceu, dando-lhe o talismã e a senha do seu signo natalício. Se foi o Rei Netuno quem sorriu para você ou se foi a Senhora Lua, você terá para contar, quando acordar, aventura ainda mais excitantes do que as de Rex e Zendah. E então você poderá escrevê-las para outras crianças lerem.
Melhor que tudo, se você conseguir persuadir Hermes, o mensageiro dos Deuses, a tocá-lo com seu báculo mágico e a dar-lhes seus sapatos alados, eles serão seu passaporte para todas as Terras das Estrelas.
(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)
As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco
Introdução
O Carneiro vem correndo na primavera,
Sua saída é uma coisa mais calma,
Em seguida vem o Touro com passo pesado;
A terra vem ele que se lança com a cabeça.
Os Gêmeos celestiais dançam pelo ar
A alegria ou tristeza deles fixam o olhar.
O Caranguejo rasteja fora do largo oceano
Atrás de sua rocha, ele se esconde muitas vezes.
Com dignidade o Leão se estabelece;
Tão justo e verdadeiro ele governa suas terras.
A Virgem segura um feixe de milho;
Olha para o seu trabalho quando ela nasce,
Para o próximo, a Balança provada e verdadeira
Pesará as coisas que você deveria fazer.
O que se segue é uma coisa curiosa:
Escorpião com sua picada cruel.
O Arqueiro seguinte, tão sábio e selvagem,
Parece um homem velho e uma criança.
A Cabra do Mar sobe a montanha alta.
Seu lema, “alcançar ou morrer”.
O Homem com o Jarro de água no alto
Derrama sua sabedoria do céu.
Por fim, dois Peixes nadam no mar;
Devem trazer Paz e Unidade.
Você já ouviu falar dos doze Signos do Zodíaco, aqueles grupos de estrelas que formam uma faixa ao redor da Terra, através da qual o Sol parece passar, durante o ano, e a Lua em sua jornada, a cada vinte e oito dias.
Contos e lendas sobre os Signos do Zodíaco foram contados por milhares de anos, pois eles são muito, muito velhos, talvez mais velhos do que a nossa Terra. As crianças na China, no Egito, na Babilônia, Pérsia e Arábia sabiam muito sobre eles, e olharam para cima e os encontraram no céu, como você pode fazer agora.
Os nomes que os povos antigos lhes davam não eram sempre os mesmos que os nossos, mas as histórias que contaram sobre eles eram semelhantes.
Na Babilônia, o Signo que chamamos de Leão era o Grande Cão, e os Gêmeos tinham um pastor para cuidar deles, para que eles não entrassem em trapaças, suponho, como os gêmeos costumam fazer!
Os chineses representam o Zodíaco tanto quanto nós, mas eles têm duas Virgens sentadas com as mãos dobradas, em vez de uma, e um Dragão, em vez de uma cabra do mar, e às vezes, todos os Signos são bem assentados em pequenos estandes, como aqueles que você vê nas lojas em vasos chineses antigos.
Você pode reconhecer os mesmos Signos, também, nos quadros egípcios, onde a cabra do mar é, muitas vezes, retratada como um crocodilo, enquanto na Arábia antiga o Carneiro, Touro e a Cabra têm um deus montado em suas costas, e os Peixes têm um deus sentado entre eles.
O Ano Novo zodiacal não começa quando o nosso começa e talvez você quer saber porque o Carneiro não “se apressa dentro” de janeiro, em primeiro lugar.
O Ano Novo não começa em primeiro de janeiro para cada nação, e muitas centenas de anos atrás era o costume celebrar isso com o próprio tempo solar, ou seja, no dia vinte e um de março, pois o Sol sempre dizia qual era o começo do novo ano, apesar das leis que os seres humanos fazem. Os velhos romanos reconheceram isso por um longo tempo, até que um dos imperadores decidiu que iria alterar o calendário.
O Sol, a Lua e as Estrelas formam um relógio gigante e calculam seu tempo da mesma forma que fazemos, e não faz muito tempo que os seres humanos, na Inglaterra, contavam seu dia, mês e ano de um modo tão atabalhoado que não concordava com o tempo medido pelo Sol, e quando tentaram acertar, tiveram quer perder onze dias para endireitar as coisas.
O que aconteceu com as crianças que tiveram aniversários naquela época eu não sei; foi ruim o suficiente, como algo parecido em dizer que temos um mês de fevereiro com vinte nove dias em um ano bissexto! No entanto, apenas para mostrar que o Sol sabe melhor do que adultos; ele lhe dá um aniversário exatamente o mesmo todos os anos, mesmo se você nasce no dia vinte e nove; só que nem sempre é no mesmo dia.
As estrelas que compõem os grupos que são chamadas de os Signos do Zodíaco podem ser observadas em uma noite clara; você os verá melhor antes que a Lua se levante, e talvez os mais fáceis de encontrar sejam os Gêmeos, pois as duas grandes estrelas, que devem estar sobre sua cabeça são facilmente vistas, uma abaixo da outra. Não muito longe, você encontrará um conjunto de sete pequenas estrelas chamadas Plêiades e estas estão no Signo do Touro. Elas são, às vezes, chamadas as sete irmãs e se supunha que elas teriam feito algo errado e por isso eram tímidas e se escondiam atrás dos outros. A menos que seus olhos sejam muito afiados você não poderá vê-las.
– Algum desses contos são verdadeiros? Você pode perguntar. Bem, parte deles é, mas outras partes você deve descobrir por si mesmo. Se você faz aniversário no mesmo dia como Rex ou Zendah você encontrará que algumas de suas aventuras acontecerão a você, durante o sono ou acordado, ou você quererá fazer muitas das coisas que eles gostaram muito de fazer.
Agora nós devemos começar a aventura.
Prólogo
Rex e Zendah viviam no campo, numa casa ao lado de um morro coberto de pinheiros que, como Zendah costumava dizer, cantavam para o sol adormecer à noite. Rex pensava que eles fossem as antenas que transmitiam as mensagens das fadas para os habitantes das estrelas.
Todas as manhãs, do seu quartinho viam o Sol erguer-se sobre os montes do lado oposto, e à noite, geralmente observavam as estrelas acenderem seus luzeiros a pouco e pouco – isto é, quando acontecia eles estarem acordados.
Durante o inverno, por vezes, esticavam-se na cama para conversar com a cintilante estrela do Cão que então estava alta nos céus para tomar conta da terra depois que Orion guardava sua espada e acendia as luzes do seu cinturão para que todos vissem.
O aniversário de Rex era em 27 de março, pouco depois de o Sol ter entrado no Signo do Cordeiro (Áries). Rex era ligeiro e alegre; tinha olhos castanhos e cabelo ondulado, também castanhos. Alguns dos seus amigos diziam que seus cabelos eram tão quentes quanto seu gênio, mas ele nunca ficava zangado por muito tempo.
O aniversário de Zendah era em 26 de novembro, ocasião em que o Sol está no Signo do Arqueiro (Sagitário).
Tinha lindos cabelos louros, grandes olhos azuis e tinha pena de que seus cabelos fossem apenas ligeiramente ondulados e não tanto quanto os de Rex! Seu maior prazer era montar o pequeno “poney” que seu pai lhe dera quando fez 12 anos.
Nenhum dos dois gostava de ficar dentro de casa, e passavam quase todo o tempo correndo no campo à procura de aventuras de qualquer espécie.
No inverno gostavam de sentar-se perto da lareira, enquanto o vento uivava na copa dos pinheiros, ouvindo as histórias que sua mãe contava sobre pássaros e animais, ou então olhavam pelo telescópio do papai e procuravam descobrir onde estavam as estrelas cujos nomes conheciam. Foi então que aconteceu a Grande Aventura – mas – é bom que vocês a leiam.
A Aventura
Nesta noite particular, em 21 de março, Rex e Zendah haviam conversado muito tempo sobre estrelas antes de irem dormir, e por isso Zendah não se surpreendeu quando deparou com uma figura amarelo-brilhante em pé ao lado de sua cama.
– “Rex”, gritou, “acorda! Hermes, o mensageiro dos deuses, está aqui no quarto! Acorda, antes que ele se vá!”.
Ambos se sentaram na cama e ficaram observando a figura do mensageiro.
Viram que tinha asas nos pés e também que ele trazia seu báculo com as duas serpentes enroladas tal como seu pai lhes havia contado.
Hermes sorriu e disse:
– “Vocês querem, realmente, saber tudo sobre o Zodíaco? O Pai Tempo disse que vocês poderão vir comigo e viajar pelas terras do Zodíaco esta noite se quiserem”.
– “Mas não levará muito tempo? “, perguntou Zendah, “que dirá mamãe se não nos encontrar aqui? “.
– “Aqueles que atravessam os portões dourados da entrada dos doze Signos, um segundo antes da meia-noite, poderão ter todas as aventuras antes do relógio bater as doze badaladas – todo mundo sabe que nesse preciso momento o tempo não existe”.
– “Oh! Que maravilhoso! “, disseram ambas as crianças, pulando da cama e dançando alegremente, “vamos partir logo”.
– “Um momento”, disse Hermes sorrindo, “vocês têm de usar seu corpo estelar; o corpo físico de vocês é muito pesado; vocês não podem ir com ele às estrelas”.
Levou-os até a janela e disse-lhes para olharem para Sirius, a estrela mais brilhante da Constelação do Cão, e manifestarem o ardente desejo de visitá-la.
Quando eles o fizeram, sentiram uma curiosa sensação de estarem afundando, ficando cada vez menores e mais compactos até que, de repente, – zás – parecia que havia dois Rex e duas Zendah, um adormecido sobre a cama e outro muito bem acordado, com um corpo brilhante circundado por interessante nuvem de várias cores.
– “Agora vocês estão usando seu corpo estelar”, disse Hermes, “e podem voar comigo até os Portões Dourados”.
Imediatamente partiram pelo espaço, – deixando no trajeto a lua e outras coisas estranhas – até que chegaram à entrada das terras do Zodíaco. Os portões ficam exatamente entre os Peixes e o Cordeiro (Peixes e Áries).
Como eram bonitos esses portões! (*) brancos, com reflexos de inúmeras cores! Por vezes pareciam feitos de fogo dourado, outras vezes de fogo prateado; olhando-os de novo, pareciam diferentes. Algo de sua cor vocês podem perceber em noite fria quando na lareira há lenha acesa; às vezes, podem também observar um lampejo de seu brilho quando o Sol está a ponto de desaparecer para seu descanso noturno.
A uma palavra de Hermes, os portões se abriram, e as felizes crianças entraram. Milhares de lindas formas vieram ao seu encontro.
– “Os Anjos! “, murmurou Zendah. Hermes conduziu-os a um templo de mármore branco, que tinha sete degraus maciços que conduziam ao pórtico da entrada. Dentro havia um hall circular com doze cômodos, havendo um Anjo em cada um. Os Anjos vestiam lindos mantos de cores diferentes, tendo uma brilhante estrela na fronte.
Pouco eles puderam ver do que havia lá dentro porque havia muita luz e esta era muito forte; parecia que a luz era rosada; mostrava primeiro uma cor, depois outra. Subitamente a luz tornou-se cintilante e do branco mais puro e nesta ocasião ouviu-se uma voz dizer;
– “Que desejam estas crianças mortais? “.
– “Oh, grande Ser, permite-nos visitar as terras dos doze Signos”, falou Hermes, “a fim de que estas crianças, ao voltar à terra, possam contar aos outros a obra do Zodíaco, como o fizeram os Sábios de antigamente”.
– “Bem pensado”, disse a voz.
– “Vão, crianças, e não percam os talismãs mágicos que os Guardiães de cada Signo lhes darão”.
Conservando seus rostos voltados para a luz até atingirem a entrada do Hall, foram conduzidos por Hermes, fora do templo até o primeiro portão.
Ao passarem por esse portão, viram portas de espaço, nas paredes de nuvens que circundavam toda aquela terra; foi para uma dessas portas no lado esquerdo, que Hermes os conduziu.
– “Eis a entrada para o Signo dos Peixes”, disse ele.
– “Mas por que”, perguntaram Rex e Zendah, “não começamos pelo Signo do Cordeiro, já que nos ensinaram que Áries é o primeiro da lista? “.
– “Porque na Terra dos Astros tudo é ao contrário. Na terra, se vocês quiserem ter uma boa vista do campo, têm que começar a subir a montanha desde a parte inferior até atingirem o cimo, e tendo visto tudo, vocês descem outra vez ao vale e contam aos seus amigos tudo o que viram no seu passeio. A terra é como um espelho e nela se reflete tudo o que acontece nas estrelas, e como vocês sabem, em um espelho tudo é invertido.
Quando vocês voltarem para casa e quiserem usar os talismãs que os guardiães dos Signos lhes derem, vocês começarão com o talismã de Áries, o cordeiro. Tomem este rolo e não o percam, pois nele estão escritas as palavras de “passe” para todos os Signos; o Guardião de cada portão pedirá esse “passe” antes de vocês poderem entrar”.
Hermes despediu-se e deixou-os para continuarem a jornada, mas lhes disse, com seu alegre sorriso, que eles o veriam de novo quando menos esperassem.
(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)