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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O que é Ser um Aspirante a Vida Superior

O que é Ser um Aspirante a Vida Superior

O Aspirante à vida superior é aquele que tomou consciência da sua responsabilidade no plano de Deus e deseja participar dele. Para isso busca, por meio do estudo, alcançar a vida superior.

Chega um momento, porém, em que sente a necessidade de dedicar-se mais. Até aqui, por meio do estudo desperta o interesse e cumpre os mandamentos de Deus. Tal qual o jovem rico na parábola dada por Cristo Jesus: “Disse-lhe o jovem: ‘Tenho observado tudo isto desde a minha infância. Que me falta ainda? ’”. Respondeu Cristo Jesus: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dê aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me”. “Ouvindo estas palavras, o jovem foi embora muito triste, porque possuía muitos bens.” (Mt 19:20-22)

Muitos chegam até este ponto: obedecem aos mandamentos de Deus. Entretanto, o verdadeiro Aspirante à vida superior busca algo mais. Quer se livrar da escravidão que as posses terrestres lhe impõem. Quer que sua vida seja dedicada ao serviço amoroso e desinteressado aos outros.

A partir desse momento, passa a considerar tudo que possui no plano material como instrumento para o bem. Vive como propõe João na sua primeira Epístola: “não ameis o mundo, nem as casas do mundo, se alguém ama o mundo não está nele o amor do Pai.” (Jo 1:2-15).

Começa aprender a servir e compreende que a sua tarefa é aproveitar as oportunidades dadas por Deus, cultivá-las e transformá-las em poder anímico, poder da alma, que a cria e a alimenta. Aqui há um grande problema: a PRESSA. Quando decidimos caminhar em direção ao desenvolvimento espiritual estamos cheios de ânimo e não vemos a hora de alcançar a meta.

Tornamo-nos inquietos e chegamos até a agir precipitadamente. Só que não entendemos que é justamente essa atitude de inquietação e precipitação que frustra o que queremos alcançar. A natureza não dá saltos. O desenvolvimento é gradual, lento, mas seguro.

A falta de entusiasmo que sentimos e que faz parecer que em nada temos progredido é o resultado dessa discordância. O segredo está em compreender, ou tomar consciência da grande dificuldade que é mudar os nossos hábitos. É preciso muito esforço e muito tempo para formar novos e melhores hábitos no Corpo Vital.

Entretanto, uma vez formado um bom hábito, torna-se fácil praticá-lo. Contudo, para mantê-lo assim, devemos agir sempre com intensidade, firmeza e tranquilidade. Lembre-se que o que desenvolve o Corpo Vital é a repetição de coisas boas. As experiências repetidas nele criam a memória. E nesse sentido temos que ser persistentes e persistentes. “Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram” (Mt 7: 14).

Quando o Aspirante chega ao ponto de tomar a consciência da importância da consagração da sua vida ao serviço, ele compreende quão importante é isso, pois conhecer as leis de Deus e os mistérios da natureza é muito bom. Contudo, se não temos essa consciência de consagrar nossa vida ao serviço, nada vale o talento, a habilidade, a benevolência ou qualquer outra coisa. É isso que consegue por meio do domínio próprio. É assim que nos qualificamos para orientar os outros. Nesse ponto, o Aspirante que acha que não tem talento, não tem nenhuma habilidade para escrever ou para falar, mas que leva uma vida justa, consagrada ao serviço, cheia de ações de amor, vale mais do que o melhor orador que vive uma vida sem esforços, sem atos. Como lemos em IJo 3:18: “Não ameis de palavra nem de língua, mas por obras e em verdade”.

A persistência é fundamental nesse processo. Temos que ser persistentes em transformar nossos maus hábitos em bons hábitos. Transformar nossas habilidades em atos. Para isso precisamos fazer o que disse São Paulo: “Eu morro todos os dias”. Morrer diariamente para as coisas velhas – os maus hábitos, os vícios – de modo que as coisas novas possam ter espaço e disposição para crescer – os bons hábitos, as virtudes. Como disse Goethe, o poeta Iniciado: “Quem não experimenta morrer e nascer para vida, sem interrupção, sempre será um hóspede triste sobre essa terra infeliz”.

Nesse sentido muito nos ajuda o exercício de Retrospecção. É ele que nos faz morrer para as coisas que fizemos no dia anterior, deixando espaço e disposição para as coisas que faremos no dia seguinte. Ele é o nosso “Purgatório” e “Primeiro Céu” diários. É por meio dele que compreendemos os erros nos nossos hábitos e nos determinamos a eliminá-los ou a desfazer o mal feito. E, também, que aprovamos impessoalmente o bem praticado, determinando-nos a agir melhor. Com isso, fortificamos o bem pela aprovação e debilitamos o mal pela reprovação. Daqui notamos que o arrependimento e a reforma íntima são fatores poderosos na vida do verdadeiro Aspirante a vida superior. Praticando-os aprendemos a virtude da humildade e da esperança e, ainda, aprendemos o discernimento e a disposição em agir, pois ficamos desejosos em corrigir o mal feito.

A natureza jamais desperdiça esforços em processos inúteis. Uma vez aprendida a lição, o ensino será suspenso. Estaremos prontos para novas conquistas. Portanto, quem determina o compasso do nosso desenvolvimento somos nós mesmos. Tomemos cuidado com a impaciência e a ansiedade. Elas são manifestações da parte inferior do nosso Corpo de Desejos que sempre aspira por novidade, emoção, paixão… Porque queremos novos conhecimentos, se nem aquilo que aprendemos, praticamos?

Se, muitas vezes, não nos damos o trabalho nem de pesquisar, nem de meditar? Queremos tudo pronto e acabado. Queremos evoluir por meio de esquemas pré-estabelecidos ou formulas mágicas, como se existisse uma receita de bolo para o desenvolvimento oculto, para o conhecimento direto. Como disse Max Heindel (no livro O Conceito Rosacruz do Cosmos): “Nada realmente valioso obtém sem esforço. Nunca será demasiado repetir que não existem coisas como os ‘dons’ e a sorte. Tudo que possuímos é resultado de esforço. O que falta a um em comparação com outro está latente em si mesmo e pode ser desenvolvido quando se empregam os meios apropriados”. E todo o Aspirante ao conhecimento direto aos mistérios ocultos da natureza deve possuir um desejo intenso de adquirir esse conhecimento, lutar por ele e excluir de sua vida qualquer outro objetivo. Porém, deve ser acompanhado sempre por um desejo igualmente intenso de ajudar a humanidade, de um esquecimento de si próprio, e trabalhar para bem dos outros! Deve dar provas de desinteresse.

O conhecimento, por si só, resulta somente em intelectualidade. E intelectualidade compartilha a natureza da espiritualidade. Como diz um amigo nosso: “Há muitos intelectuais, ou que se julgam intelectuais, que nem começaram a soletrar o alfabeto divino”. Por outro lado, a experiência sem o conhecimento que a explique torna-se difícil de ser aproveitada.

A experiência ajuda-nos a melhorar, a aprimorar nossos veículos: o Corpo Denso, o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente. É por meio dela que desenvolvemos a vontade. E essa é a força com a qual aplicamos o resultado da experiência. E é a vontade que nos faz ser persistentes e que nos ajuda a entender que: não importa o quanto falhamos, o que importa é que nunca deixemos de tentar. Pois não são os resultados, mas a sinceridade e a intensidade do nosso esforço o que conta. Daqui tiramos que o importante é fazer.

Tentar fazer o melhor que pudermos, mas fazer, não deixar de fazer. Não ter medo ou deixar de fazer algo por medo. Se quisermos aprender, temos que tentar. Mil vezes errar porque tentamos, do que por nossa omissão. O Aspirante a vida superior está sempre disposto em fazer algo, em ajudar, em servir. Ele não tem dias livres, nem de folga, nem feriados, nem férias, nem horário específico. E ainda, faz suas obras em segredo, sem propagandas ou pretensão de promoção. Contudo, sim, no completo anonimato, como disse São Mateus, no seu Evangelho, no cap. 6 vers. 1 a 3: “Guardai-nos de fazer vossas boas obras diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está no céu. Quando, pois, dá esmola, não toques a trombeta diante de ti (…) que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita”. Jesus Cristo disse que “o céu deve ser tornado de assalto”! Ou seja, que para alcançá-lo devemos ser determinados, decididos. Devemos estar sempre prontos a agir. Como diz São João no Apocalipse: “Não és frio nem quente, oxalá fosses frio ou quente, mas, como és morno, vou vomitar-te” (Apo 3:15-16). Não devemos ser mornos, mas sim quentes ou frios.

Do mesmo modo que a alma morre de fome se só a alimentamos com livros, com conhecimento, também morrerá se ficarmos sempre em cima do muro com medo de tomar partido por não querer magoar tal pessoa, ou correr o risco de perder tal amizade, ou por achar que não temos nada a ver com isso, ou por achar que não temos nada a dizer. Ficar de bem com todos não é ser “bonzinho” indiscriminadamente.

O Aspirante mostra coragem e exemplifica os ensinamentos nessas horas difíceis ou coloca em prova a sua determinação. Quanto maior é o pecador maior é o santo. Portanto, do ponto de vista espiritual, é preferível uma vida de erros, de atitudes erradas, mas cheia de obras, do que uma vida sem ações, enclausurada e restrita em obter conhecimentos só e em cima dos outros. O mundo necessita de seres de ação e não só de sonhadores. Quando decidimos ser Aspirante a vida superior, as pessoas ao nosso redor se voltam a nos observar! Não somos julgados pelos ensinamentos que pregamos, mas pela vida que levamos.

Exemplificaremos nossas vidas com obras do bem, intensificando nossa vigília sobre como vivemos, vivenciando os ensinamentos cristãos Rosacruzes (já que se estamos na Fraternidade Rosacruz, foi esse o método que escolhemos para se tornar um verdadeiro Aspirante à vida superior), obtendo experiências mais pela observação do que pela dor, praticando nossos exercícios – conforme fornecidos pela Fraternidade Rosacruz – sempre com mais intensidade e amor; esforçando-nos para sermos sempre maiores servidores e, assim, tornar mais conscientes nossas vidas do plano evolutivo que Deus, nosso Pai e criador elaborou para efetivarmos, de fato, a Sua imagem e semelhança.

QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Equilíbrio entre os Dois Polos

O Equilíbrio entre os Dois Polos

3 — Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem e o homem, o cabeça da mulher e Deus, o cabeça de Cristo.

4 — Todo homem que ora ou profetiza tendo a cabeça coberta desonra a sua própria cabeça.

5 — Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapado.

6 — Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso que raspe o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso tosquiar-se ou rapar-se, cumpre-lhe usar o véu.

7 — Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do varão.

8 — Pois o homem não foi feito da mulher e, sim, a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher e, sim, a mulher por causa do homem.

9 — Portanto, deve a mulher, por causa dos Anjos, trazer véu sobre a cabeça como sinal de autoridade.

10 — No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é independente da mulher.

11 — Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher e tudo vem de Deus.

12 — Julgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu?

13 — Ou não vos ensina a própria natureza ser desonroso para o homem usar o cabelo comprido?

14 — E que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo comprido lhe foi dado em lugar de mantilha.

(ICor 11:3-14)

A Bíblia foi escrita de modo a apresentar um significado para as massas e outro para o estudante esoterista. No capítulo acima, do ponto de vista esotérico, o homem e a mulher referem-se aos princípios masculino e feminino, não aos dois sexos em suas formas físicas. A “vontade” denota a qualidade masculina da alma e a “imaginação”, o princípio feminino.

Quando a vontade é o atributo mais forte, o Ego constrói um corpo masculino. Quando a imaginação predomina, o corpo é feminino. Contudo, seja o sexo masculino ou feminino, as qualidades opostas encontram-se presente em um estado rudimentar.

Mediante a Iniciação, ambos os polos são desenvolvidos equilibradamente (vide o versículo 2: Eu vos felicito, porque em tudo vos lem­brais de mim e guardais as minhas instruções tais como eu vo-las transmiti). Essa é a mensagem oferecida por São Paulo no presente capítulo. Os versículos 5 e 6 têm um belo significado espiritual, quando analisados à luz da compreensão interna; é impossível traduzir literalmente de um idioma para outro. Assim como “desnudo” significa esotericamente estar sem Corpo-Alma, a cabeça da mulher, coberta, significa o desenvolvimento espiritual do princípio do coração, que é feminino. Compreende o despertar da Glândula Pineal, do Corpo Pituitário e o funcionamento harmonioso do ventrículo cerebral, formando no neófito a coroa de espinhos e no espiritualmente desenvolvido, a coroa da eterna glória.

Ao homem aconselha-se permanecer descoberto porque esse desenvolvimento é a obra essencial do princípio feminino. Através de todas as operações da natureza, o princípio masculino é o que planta a semente, enquanto o propósito da mulher, ou princípio feminino, é nutrir e desenvolver o que foi plantado.

No versículo 7 lemos isto: “O homem é a imagem e a glória de Deus, mas a mulher é a glória do varão”. O “varão”, aqui, diz respeito ao equilíbrio de ambos os princípios, pois só o Adepto é feito realmente à imagem e semelhança de Deus. “A mulher é a glória do varão” significa que nenhum homem, nenhum humano possa chegar a tal estado de desenvolvimento até que o princípio feminino, o coração, seja despertado inteiramente, pois esse é o grande princípio de Cristo.

O versículo 9 não se refere à inferioridade ou submissão da mulher, como foi ensinado durante muito tempo. Significa que a parte mais importante do desenvolvimento é o despertamento do grande princípio feminino, o Cristo interno.

O desejo de explicar literalmente este capítulo deu lugar a muitos conceitos errôneos. O versículo 10, por exemplo, segundo alguns dos padres primitivos, significa que uma concepção santa poderia ter lugar através dos ouvidos: “Tu, que concebeste através dos ouvidos”, reza um antigo hino em latim e dedicado a Maria. Há também uma antiga superstição oriunda do Talmud, segundo a qual tanto os bons como os maus espíritos poderiam fecundar a mulher através dos ouvidos. E mesmo nos dias de hoje algumas dessas interpretações permanecem tão literais ao ponto de, em algumas igrejas, não se permitir a entrada de mulheres, a menos que estejam com a cabeça coberta. A formosa verdade espiritual ensinada por São Paulo no versículo 10 alude à elevação do fogo espinhal à cabeça por meio de uma vida pura e regenerada, despertando os órgãos espirituais ali situados. Então, a vida do homem torna-se como a dos Anjos: isenta da mácula passional. Vive e ama como os Anjos e as flores.

Os versículos 14 e 15 são os mais interessantes à luz do presente desenvolvimento. O cabelo é um produto do Corpo Vital e simboliza as qualidades femininas. A mulher tem usualmente os cabelos longos, porque evidencia preponderantemente as qualidades femininas. O cabelo do homem é curto, representando em maior escala as qualidades masculinas.

A aproximação da Era de Aquário, chamada de a Era da Mulher, marcará a realização do trabalho de elevação do, agora decaído, polo feminino, tanto no homem como na mulher; ou seja, um maior equilíbrio entre os dois princípios.

O fortalecimento do polo masculino na mulher é a causa de suas atitudes masculinas nos tempos atuais; isto é, o uso de cabelos curtos e a competição com o homem no trabalho do mundo. O homem, por sua vez, mediante um processo oposto, está expressando mais as qualidades femininas.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Faz sentido ter Temor às Provas quando no grau do Probacionismo?

Faz sentido ter Temor às Provas quando no grau do Probacionismo?

Há dias, encontrei-me com um amigo e perguntei-lhe: “Como vai você no caminho Rosacruz? ”. Respondeu-me: “Recusei o Probacionismo. Disseram-me que a vida da gente piora quando se entra nesse grau”.

Esclareci-o. Não o encontrei mais, depois daquele dia.

A conversa que tivemos e as meditações que ela suscitou, me fizeram pensar neste artigo. Creio ser útil a muita gente.

O Probacionismo, ou melhor, o PROBATÓRIO – como registra o dicionário – de fato concerne à prova: “é o grau que serve de prova; que contém prova”. Notem bem: Ele NÃO leva à prova; NÃO conduz à prova exterior; ele SERVE de prova; CONTÉM prova – porque traz à tona da consciência as falhas internas; porque convida à purificação dos próprios defeitos. Não se trata de nos expormos a uma série de provas que os Mestres programam e às quais nos submetemos. Não! É a nossa própria prova; é nos convidar a remover, a pouco e pouco, aquelas limitações de caráter que nos retardam a caminhada.

Assim como ajudamos o Corpo, com uma pomada especial, a amadurecer e soltar o carnegão de um furúnculo que nos incomoda; assim também temos de tomar consciência de nossas limitações, para não mais repeti-las. O alimento dos hábitos errôneos é a ignorância. Quando compreendemos que eles são prejudiciais à nossa caminhada e ficamos alertas para não cair na repetição mecânica a que o hábito induz – eles vão perdendo força e se dissipam. Por isso diz Max Heindel: “Todo esforço Iniciático começa pelo Corpo Vital”.

Mas é preciso ter cuidado. O Corpo Vital é um veículo de hábitos, formados pela repetição. Por falta de esclarecimento ou por fraqueza (condescendência ao vício dominador) podemos repetir hábitos inconvenientes e fortalecê-los desse modo – reforçando os grilhões que nos condicionam.

São Paulo apóstolo disse: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém; examinai de tudo e escolhei o melhor”.  Temos livre arbítrio.  Somos livres para morrer ou para viver; para descer ou para subir pela escada evolutiva. Mas um aspirante à espiritualidade tem um só propósito: SUBIR.

Pensar em espiritualidade é admitir, de início, a TRANSFORMAÇÃO, sem a qual é impossível atingi-la. Alcançar a Iniciação, continuando a ser o mesmo ser vicioso de hoje, é um absurdo. A “queda do homem” não foi geográfica: foi de consciência. Embrutecemo-nos; caímos de sensibilidade, de vibração, de sintonia com o Divino. Evoluir é conscientemente conquistar maior sensibilidade, pela remoção das escórias que nos pesam.

Para descer ao fundo do mar e vencer a resistência da água, o mergulhador leva pesado escafandro. Qualquer um de nós sabe que ao mergulharmos a certa profundidade para alcançar o fundo temos de vencer a pressão da água. Mas para voltar à superfície é muito fácil: a própria pressão da água nos impele de volta à superfície.

Assim também com nossa natureza espiritual. A tendência natural da Essência divina é buscar o alto. O que nos mantém nos baixos estados de consciência é a ignorância, a crença falsa de que não podemos viver sem certos vícios, vícios esses que podemos reunir em um único: o tirano apego! Como o macaco preso à cumbuca, de punhos fechados, agarrados às ilusões e hábitos daninhos, não podemos desprender-nos!

Além desse apego ignorante, há outro fator retardante: a COVARDIA. O ser humano de nível comum é medroso, é covarde, é comodista. Quer alcançar as coisas sem esforço e a curto prazo. Quer alcançar certas coisas sem pagar o preço correspondente – como os alunos que procuram escolas desonestas e pagam bem para obter um diploma que envergonha a classe, a profissão. De onde vem essa pretensão idiota? Da personalidade. Ela quer pegar sem pagar. Já viram um PEGUE sem PAGUE? Tudo, no mundo, é um balanceamento de direito e de dever. A cada direito há um dever.

Ainda mais: no desenvolvimento das faculdades, há sempre o sacrifício de uma para dar nascimento a outra. Por exemplo: sacrificou-se metade (ou um polo) da força criadora unitiva do ser hermafrodita de antanho, para com ela formar-se a laringe e o cérebro, que nos atendessem as funções superiores e criadoras da palavra e do pensamento.

Tal é o preço na transformação do ser interior. Os olhos estão se transformando para alcançar a visão etérica; o Corpo Denso está se eterizando, aos poucos, nos espiritualistas sinceros que seguem as normas do Probacionismo de: “uma Mente pura, um Coração amoroso e um Corpo são”.

Para a Mente ficar pura; para o Coração tornar-se nobre e amoroso; para o Corpo se tornar são é indispensável uma transformação de hábitos, uma purificação gradual e decidida.

Que pensaríamos de uma pessoa que se recusasse a entrar na escola e submeter-se à sua disciplina – para não ter o trabalho de estudar; para ficar livre de horários? É claro: permanece ignorante.

O mesmo se dá em relação ao probatório: por que vou recusá-lo?

Para não me livrar dos vícios e limitações ignorantes? Seria o mesmo que permanecer no fundo d’água; não querer sair dali – e ao mesmo desejar o ar e o céu. Para alcançar uma coisa é preciso deixar outra. TRANSFORMAÇÃO pressupõe movimento: transitar para além da forma atual de ser. Tirar o pé do degrau de baixo para pô-lo no degrau de cima. Do contrário, não posso subir a escada; fico onde estou. Querer subir, sem “desgrudar o pé de baixo”, é impossível.

É uma triste pretensão querer brilhar como um brilhante e ao mesmo tempo negar-se ao despojamento das escórias que enfeiam o diamante bruto. É uma má compreensão querer que a árvore dê belos e abundantes frutos, sem submetê-la à poda. Ora, a poda existe igualmente na espiritualidade. Temos energia potencial; se a utilizamos egoisticamente, apenas na promoção da personalidade, ficaremos uma árvore folhuda, bonita por fora, mas completamente inútil, estéril. Lá, diz o Evangelho: “a árvore que não dá frutos, será cortada e lançada ao fogo”. Mas se podamos, isto é, se reservamos uma parte da energia potencial aos propósitos fisiológicos do corpo e dirigimos a parte sobrante aos propósitos espirituais, seremos aquele ser equilibrado e produtivo; aquele que, na definição de Max Heindel: “Assume perante si mesmo a obrigação de servir, obedecer e amar ao Eu verdadeiro e superior. ”

Só há um Eu verdadeiro – que chamamos de EU real. Mas o dizemos verdadeiro e superior, para destacá-lo claramente de outro eu falso e inferior – formado pela ignorância. Esse “eu” falso, inferior, o ladrão de nossas energias – a grande prostituta referida na Bíblia, que prostitui ou desvirtua a pureza dos intentos espirituais.

Atualmente estamos decaídos e divididos. Pensamos no “eu” pessoal e no Eu espiritual – como se fôssemos dois. O Cristo interno, à parte e separado do “eu” humano – a natureza inferior. Mas não há essa divisão. Há um só EU – que é o VERDADEIRO E SUPERIOR…

Enquanto houver a dualidade ilusória, é sinal de que “a casa estará dividida contra si mesma, sem possibilidade de subsistir”. Enquanto houver a identificação com um “eu” inferior e falso – haverá uma válvula de escape – que desviará as energias do EU REAL para propósitos egoístas.

Ora, o que se propõe no probatório é o despojamento do “eu” inferior e falso – até certa medida que nos permita alcançar o portal da iniciação, onde contaremos com mais recursos para uma purificação mais intensa e esclarecida, mercê dos recursos extrassensoriais.

No probatório contamos com uma ajuda preciosa durante o sono, que nos esclarecerá, na medida de nossa consciência, sobre os pontos falhos e o despojamento deles. No probatório se amplia nossa possibilidade de servir, porque somos aproveitados para constituir equipes de auxílio e de cura no trabalho inconsciente durante o sono, após a restauração do corpo. E, com o tempo, segundo a sinceridade e esforço de cada Probacionista, ocorrem vislumbres para mostrar-lhe a seriedade do trabalho.

Sim: o probatório é um grau que serve de prova; que contém prova para aqueles que desejam entrar pela porta da escola, enfrentando lealmente as próprias limitações – não para os covardes, os desonestos, os comodistas que tiram os diplomas pelos fundos, a um preço “X”, iludindo-se a si mesmos e conservando-se na ignorância estagnadora.

A vida é um convite de subida, para descortinar horizontes mais largos, visões mais amplas. Mas cobra o preço do esforço da subida.

Quem não quer pagá-lo tem o direito de permanecer nas fraldas escuras da montanha, de mãos estendidas, a pedir luz, que ninguém lhe pode dar.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1976)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Descanso: o que é e o que não é

Descanso: o que é e o que não é

Muitas definições da palavra descanso se encontram nos dicionários. As duas mais comuns são: repouso ou refrigério do corpo devido ao sono, e parada ou interrupção do movimento do labor, quietude, tranquilidade. Outra definição que à primeira vista engloba as outras duas, mas que também pode ser entendido em um sentido de atividade é: liberdade de qualquer coisa que disturbe ou moleste a paz da mente ou do espírito.

O sono é essencial para todos, já que somente por meio do sono é que as substâncias do Corpo Denso são reconstituídas e recobram o ritmo. O sono, contrariamente à ciência popular, é um momento de intensa atividade. O Ego leva o veículo mental e o Corpo de Desejos ao Mundo do Desejo, deixando o Corpo Denso e Vital para trás. Como as vibrações harmoniosas do Mundo do Desejo fluem através da Mente e do Corpo de Desejos, o ritmo e a harmonia desses veículos são gradualmente restabelecidas. Os veículos superiores banham-se na essência de desejo e quando estão completamente fortalecidos começa o trabalho no Corpo Vital. Depois o Corpo Vital, usando a energia solar, remove todos os resíduos acumulados durante o dia no Corpo Denso e o reconstrói: como resultado, teremos um corpo fresco e vigoroso pela manhã quando o   Ego entra nele no momento de despertar. Se essa atividade não tivesse acontecido, nos sentiríamos fatigados quando despertássemos, como quando no momento em que adormecemos, e nossos corpos físicos logo se inutilizariam.

Uma distinção entre descanso e sono é feita no Conceito Rosacruz do Cosmos, onde lemos: o descanso não é nada em comparação com o sono. É somente quando os veículos superiores estão no Mundo do Desejo que há uma total suspensão de desgaste e influxo de força regenerativa. É verdade que durante o descanso o Corpo Vital é obstruído em seu trabalho pelos tecidos que estão sendo danificados pelo movimento e os músculos tensos, mas, no entanto, deve lutar com o gasto de energia do pensamento e por isso recebe a energia recuperadora do exterior do Mundo do Desejo durante o sono.

Por isso vemos que o sono é absolutamente essencial para a supervivência de nossos Corpos Densos e que nenhuma quantidade de atividade calma, leitura ociosa é substituto adequado.

A atividade restabelecedora do sono tem lugar de uma maneira fácil e com êxito quando o Ego se comportou de uma maneira limpa e consciente durante o dia. Se obedeceu a lei natural e os ditados do sentido comum para cuidar de seu corpo físico, se seus pensamentos foram bons e amorosos e seus comportamentos altruístas, os veículos superiores, rapidamente restabelecidos, serão capazes de fazer seu trabalho sobre o Corpo Vital. Dessa maneira tampouco haverá problema em revitalizar o corpo físico.

Se, pelo contrário, o Ego caiu em comportamentos viciosos, ou excesso de alimento ou bebida, se teve sentimentos como o medo, ressentimentos e repugnância, a desarmonia em todos os veículos é tão grande que o restabelecimento, às vezes, não pode ser completo. Se caiu em emoções baixas, leva muito mais tempo retomar os veículos mentais e de desejo a um estado no qual possa trabalhar sobre o Corpo Vital. Dessa maneira, o trabalho no corpo físico também se atrasa e pode não estar terminado pela manhã.

Até se as aberrações fossem puramente físicas, os 4 veículos estariam em relação entre si, o que afeta a um, afeta a todos, e o restabelecimento não se faz.

É por isso que muitas vezes despertamos com certo mal-estar, envenenamos de tal forma todo o sistema que não é possível fazer o ajuste necessário.

Por razões puramente físicas, tanto como por razões espirituais, vemos quão importante é levar uma boa vida, moderada, dedicada aos demais. Com referência à segunda definição que tem a conotação de paralisação de movimento e o restabelecimento de tranquilidade e quietude, concluímos que certamente tem seu lugar em nossa rotina diária. O labor físico pode ser sustentado somente por um certo período, depois do qual o corpo deve ter um período de inatividade.

A quietude e a tranquilidade, entretanto, não são sinônimos. Todos conhecemos pessoas que desejam servir aos demais por causa da fadiga. Ao tratar de curar essa fadiga, no entanto, não tratam de dormir, o que lhes daria o restabelecimento que necessitam, mas gastam seu tempo em tarefas sem importância como assistir TV, beber coquetéis porque se estão relaxando ou a leitura de alguma publicação de mérito duvidoso, já que a cabeça não lhes dá para ler nada mais.

Essas atividades, no entanto, não lhes confere a tranquilidade desejada ainda que a pessoa possa pensar que o está fazendo.

Se a dor de cabeça resultante, a irritabilidade ou qualquer outra reação não agradável ao seu comportamento improdutivo servem ultimamente somente para fazer a pessoa se sentir pior do que estava antes geralmente a vemos no dilema de “Estou tão cansada, mas não fiz nada”.

Enquanto o corpo físico descansa, os demais veículos podem utilizar-se de algo produtivo. Às vezes, o pensamento é mais produtivo quando o corpo está inativo, depois de um período de movimento intenso.

Muitas espécies de serviços podem ser prestadas em uma posição sedentária. A boa literatura e a música clássica são boas alternativas para abandonar as revistas e a chamada “música popular”, pois têm um efeito mais desejável sobre o Ego e os veículos superiores.

Também a atividade mental intensa deve ser seguida por um período de relativa quietude para a Mente. Esse período também não necessita ser improdutivo. A Mente pode descansar enquanto o corpo se exercita nas tarefas da casa, no jardim, esportes ao ar livre. O que é descanso para um veículo geralmente significa necessidade de estimulação para outro.

Por isso, o pior que podemos fazer, depois de um dia sedentário de trabalho, é nos pormos a fazer algo similar ao chegarmos em casa.

Nossos veículos requerem uma mudança de ritmo periódica de modo que possam manter uma interação harmônica entre eles.

Para manter essa harmonia, a essência da terceira definição deve encontrar-se em tudo o que fazemos.

A paz mental é o ingrediente principal que deve encontrar-se como base de todas as atividades que fazemos se formos fazê-las o melhor possível. Esse estado do ser pode ser comparado com o equilíbrio que o estudante deve ter e cultivar. Se carecemos dessa quietude, a tranquilidade não pode penetrar totalmente em nenhum dos veículos.

Muitas pessoas se dedicam a atividades que ao contrário do que elas esperam, não as relaxam.

Uma tarde em um restaurante com amigos comendo alimentos saudáveis pode ser um momento de distração e um bom descanso depois de um dia de trabalho.

Uma tarde bebendo e dedicada a entretenimentos duvidosos que se continua até altas horas, com ideia que se trabalhamos muito, devemos nos divertir muito, leva a uma eficiência reduzida no dia seguinte e não a uma paz interior, não importa o quanto a pessoa esteja se divertindo. Essa espécie de relaxamento leva-o a uma desarmonia completa.

Paz mental não se consegue com a inatividade, na realidade essa produz o efeito contrário. Essa paz se consegue realizando atividades que estejam de acordo com a lei natural, benéfica aos demais e que desenvolvam nossas qualidades espirituais.

Se vivemos a vida recomendada na Filosofia Rosacruz, teremos paz mental, não importa o quão ocupado que estejamos.

O descanso será necessário, mas será de natureza produtiva e nunca deixaremos de crescer e aprender. Ademais, desenvolveremos uma força interior não conhecida até agora, que nos possibilita fazer uma obra maior sem a necessidade de descanso.

Se vivemos uma vida indulgente e egoísta, concentrando nossos esforços só no que nos agrada e depreciando a ética espiritual, nos encontraremos permanentemente em uma situação de discórdia interna na qual teremos altos e baixos de humor. Nenhuma quantidade de descanso concentrado em tarefas improdutivas nos curará disto.

O tipo de descanso que assegura a tranquilidade espiritual deve ser de natureza tão positiva como o trabalho que nos conduz a essa meta. Não podemos dividir nossas vidas de maneira que nosso trabalho e descanso não tenham nenhuma relação um com o outro. Tampouco podemos pretender que o que fazemos em nossos momentos de descanso não tenha nada a ver com nossa natureza total.

(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – jul/ago/87)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Auxiliares Invisíveis e Médiuns

Auxiliares Invisíveis e Médiuns

Há duas classes de pessoas no mundo. Uma delas possui os Corpos Denso e Vital tão for­temente conectados que seus Éteres não podem ser extraídos em nenhuma circunstância, permanecendo sem­pre com o Corpo Denso, em todas as condições, desde o nascimento até a morte. Tais pessoas são in­sensíveis a qualquer manifestação supersensitiva da visão ou audi­ção e, por isso, geralmente são ex­cessivamente céticas, não acredi­tando que exista algo além daqui­lo que possam ver.

Há outra classe de pessoas, nas quais a conexão entre os Corpos Denso e Vital é frouxa, em menor ou maior intensidade, de forma que o Éter dos seus Corpos Vitais vibra a uma velocidade maior do que no primeiro grupo mencionado. Essas pessoas, portan­to, são sensitivas em maior ou me­nor grau para o mundo espiritual.

Podemos dividir novamente essa classe de sensitivos. Alguns são caracteres débeis, dominados pela vontade dos outros de forma passiva, tais como os médiuns que são presas de espíritos desen­carnados e desejosos de obter um Corpo Denso, depois que perderam seus próprios Corpos pela morte.

A outra classe de sensitivos são caracteres fortes, ativos, que agem unicamente por seu foro ín­timo, de acordo com sua própria vontade. Eles podem se desenvolver e tornar-se clarividen­tes práticos, sendo seus próprios senhores, em vez de escravos de um espírito desencarnado. De al­guns sensitivos de ambas as classes é possível extrair uma parte do Éter que forma o Corpo Vital. Quando um espírito sem Corpo Denso obtém um paciente dessa natureza, desenvol­ve-o como “médium de materializa­ção”. O ser humano capaz de sair com o seu próprio Corpo Vital por um ato de vontade converte-se em um ci­dadão de dois mundos, independen­te e livre. Esse é conhecido frequentemente como “Auxiliar Invisível”. Há outras condições anormais nas quais o Corpo Vital é separado, total ou parcialmente, do Corpo Denso, como por exemplo quando coloca­mos uma perna em posição incômo­da, de maneira a obstar a circula­ção do sangue. Nesse caso, podemos ver a perna etérica pendurada embaixo do membro visível, como uma meia. Quando a circulação se restabelece e o membro etérico procura voltar à sua posição, notamos uma intensa sensação de formigamento; isso ocorre de­vido ao fato de as pequenas correntes de força, que todos os áto­mos irradiam através do Éter, ten­tarem interpenetrar as moléculas da perna e estimulá-las novamente à vibração. Quando uma pessoa está se afogando, o Corpo Vital também se separa do Denso e a do­lorosa, a intensa sensação do formi­gamento causada pelo reavivamento também é devida à causa antes men­cionada.

Enquanto estamos em estado de vigília, continuando nosso trabalho no Mundo Físico, o Corpo de Desejos e a Mente interpenetram am­bos: o Corpo Denso e o Corpo Vital, estabelecendo-se uma luta constan­te entre a natureza de desejos e o Corpo Vital. O Corpo Vital está continuamente ocupado na construção do organismo humano, enquanto os impulsos do Corpo de Desejos tendem a cansar e desgastar os tecidos físicos. Gradualmente, no decorrer do dia, o Corpo Vital perde terreno diante dos ataques do Corpo de Desejos. Pouco a pouco, acumulam-se os venenos da deterioração e o fluxo da força Vital se torna cada vez mais vagaroso, até que, por fim, somos incapazes de mover os músculos. Então o Corpo sente-se pesado e exausto. Afinal, o Corpo Vital sofre um colapso, por assim dizer: as diminutas correntes de força que penetram cada átomo parecem se encolher e o Ego é for­çado a abandonar seu Corpo às for­ças restauradoras do sono.

Quando um edifício foi mal con­servado, tendo que sofrer uma se­vera reparação, os inquilinos devem mudar-se para permitir que os operários tenham o campo livre. O mesmo ocorre quando o edifício de um espírito se tornou impróprio para seu uso ulterior: deve-se sair dele. Como foi o Corpo de Desejos que produziu os danos, é lógico concluir que ele também deva se retirar. Todas as noites, depois que nosso Corpo ficou cansado, os veículos supe­riores se retiram, ficando sobre o leito unicamente o Corpo Denso e o Corpo Vital. Começa então o pro­cesso de restauração, que dura mais tempo ou menos, de acordo com as circunstâncias.

Há ocasiões, não obstante, nas quais o predomínio do Corpo de De­sejos sobre nossos veículos mais densos é tão forte que ele se recusa a abandoná-los. Ficou tão interes­sado nos acontecimentos do dia que continua ruminando sobre eles de­pois do colapso do Corpo Denso, re­tirando-se apenas parcialmente. Nesse caso, pode transmitir visões e sons do Mundo do Desejo ao cérebro; contudo, como as ligações nessas condições estão naturalmente desa­justadas, disso resultam os sonhos mais confusos. Além disso, como o Corpo de Desejos impele à ação, o Corpo Denso é muito possivelmente sacudido quando o Corpo de Dese­jos não se retira por completo. Daí os sonos sobressaltados que geral­mente acompanham os sonhos de natureza confusa.

Existem realmente ocasiões nas quais os sonhos são proféticos e se realizam; mas surgem apenas de­pois de uma completa retirada do Corpo de Desejos, sob circunstân­cias especiais em que o espírito tenha, por exemplo, notado algum perigo em vias de se manifestar e, então, impri­me o fato no cérebro, “no momento do despertar”.

Pode também acontecer que o espírito se afaste num voo anímico e se esqueça de realizar o trabalho de restauração que lhe compete. Então o Corpo não estará em condições de ser ocupado pela manhã, continuando assim adormecido. O espírito pode ficar ao seu redor du­rante vários dias, ou até semanas, antes de penetrá-lo novamente e assumir a rotina nor­mal entre a vigília e o sono. Essa condição é chamada de transe e o espírito, ao regressar, pode se lembrar do que viu e ouviu nos Pla­nos suprafísicos, podendo também esquecê-lo, conforme o seu estado de desenvolvimento e a profundidade do estado de transe. Quando o tran­se é muito leve, o espírito geralmente permanece durante todo o tempo no quarto onde seu Corpo descansa e, ao voltar, pode contar aos seus familiares tudo o que disseram ou fizeram enquanto seu Corpo permanecia inconsciente. Quando é mais profundo, ao voltar o espírito geralmente está incons­ciente do que ocorreu ao redor do seu Corpo, mas pode relatar ex­periências obtidas no Mundo invisí­vel.

Há alguns anos, uma menina cha­mada Florence Bennett, de Kankakee, Estado de Ilinois, caiu num transe dessa espécie. Voltava ao seu Corpo depois de alguns dias, mas permanecia somente por poucas horas. O fenômeno durou aproximadamente três semanas. Du­rante as voltas ao Corpo, ela dizia aos seus parentes que em sua ausência ela parecia estar em um lugar ha­bitado por todas as pessoas que morreram. No entanto, afirmava que ne­nhuma delas falava sobre ter morrido e nenhuma parecia estar ciente de estar morta. Entre as pessoas que via estava um maquinista de trem, morto em um acidente. Seu Corpo ha­via sido mutilado no acidente. A menina o via lá, andando sem os braços e com lesões na cabeça. Tudo isso está de acordo com os fatos obser­vados pelos investigadores místicos. Pessoas feridas em acidentes con­tinuam aparentemente na mesma si­tuação até aprenderem que com um simples desejo de voltar a ter seu Corpo completo poderão obter um novo braço ou perna, pois a substância de desejos é rapidamente modelada pelo pensamento.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Procurando a verdade: o risco de usar métodos errados e como esse conceito muda durante a nossa vida

Procurando a verdade: o risco de usar métodos errados e como esse conceito muda durante a nossa vida

Há 2.000 anos Pilatos indagou: “O que é a verdade?”.

As distintas formas de fé religio­sa existentes são tentativas huma­nas de materializar seus concei­tos internos sobre a verdade. A religião avança à medida que a visão hu­mana se expande. O espírito inter­no clama por uma revelação mais completa. Uma nova Revelação surge em resposta a esse clamor e um conceito mais elevado de Deus começa a desabrochar na Mente do ser humano. Até hoje a religião não logrou alcançar uma oitava su­perior, mas nossas ideias relativas a ela são mais profundas. Cristo afirmou: “A verdade vos libertará”. A verdade é eterna e nossa busca por ela deve ser perdurável também. O Ocultismo não conhece “a fé de uma vez para sempre e relativa a to­das as coisas”. Todas as Escolas de Ocultismo baseiam-se nas mes­mas verdades fundamentais, passí­veis de serem apreciadas sob dife­rentes ângulos, dando a cada um uma vi­são diferente. Assim, elas se com­pletam.

Portanto, com o que atingimos por ora não é possível alcançar a verdade essencial. Em resposta à pergunta de Pila­tos, devemos primeiro notar que a verdade seja um princípio subjetivo. Não pode ser encontra­da no objetivo, se bem que esse conte­nha manifestações dela.

O erro consiste em pretender­mos descobri-la totalmente nas coisas externas ou em alguma par­te fora de nós mesmos. Nossa ideia sobre o que é verdade modifica-se à medida que progredimos, porque, à proporção que ascen­demos, novas fases dela nos são apresentadas, etapas que não foram percebidas anteriormente.

Onde, pois, encontraremos a ver­dade? Não podemos encontrá-la neste mundo fenomenal, pontilha­do de ilusões, no qual temos de proceder a constantes correções e mudanças, consciente ou incons­cientemente. Sabemos que nossa visão nos engana, quando faz as coisas parecerem unidas no final de uma rua, por exemplo.

Com referência à indagação so­bre onde encontraremos a verdade, a resposta só pode ser uma: dentro de nós mesmos.

É um assunto relativo ao próprio desenvolvimento interno, excluin­do-se de qualquer outra fonte. A promessa de Cristo, “se vivermos a vida, conheceremos a doutrina”, é verdadeira no senti­do mais literal. Os livros e os mes­tres podem despertar nosso inte­resse e nos incentivar a viver a vi­da. Contudo, só na medida em que julgarmos cuidadosamente suas ideias, antes dos preceitos constituírem parte de nossa vida interna, caminharemos na direção correta.

Conforme Max Heindel nos rela­tou, os Irmãos Maiores não lhe en­sinaram tudo diretamente desde o primeiro curto período em que lhe proporcionaram o material para es­crever O Conceito Rosacruz do Cosmos. A cada pergunta formu­lada, o Mestre indicava-lhe a dire­ção em que poderia encontrar a informação necessária. Pelo uso de nossas próprias faculdades conseguiremos sempre os melhores dados ou informações.

A aspiração é o primeiro passo a ser dado para sairmos da escravidão para a liberdade, porquanto à medida que um ser humano deseje ascender, será libertado.

Somente por nossa aspiração à virtude dominamos os vícios. A fi­delidade aos mandatos espirituais nos livra da sensualidade. A indi­ferença, entretanto, fará estiolar a mais bela flor do espírito.

Todo desenvolvimento oculto começa no Corpo Vital com o cultivo de faculdades objetivas e comuns tais como a observação, o discernimento, a razão, a justiça, o senso comum e o cultivo do inte­lecto. Todas essas qualidades, quando combinadas com oração e devoção, conduzem a estágios mais avançados, na jornada evolu­tiva. Essa preparação interna do Estudante deve ser realizada sem considerar as circuns­tâncias externas.

Os dois Éteres inferiores do Cor­po Vital, o Químico e o de Vida, decrescem em quantidade e densi­dade à proporção que os dois su­periores formam o Corpo Denso. Então um poder maior flui através nosso ser. Isso, às vezes, causa dis­túrbios no corpo denso, pois os Éteres inferiores mantêm a saúde física. Essa condição, não obstan­te, é transitória e tende a desapa­recer. Observe-se, portanto, como é de máxima importância para os Estudantes de Ocultismo persistir em suas aspirações.

Se alguém tentar adquirir pode­res ocultos sem ideais elevados ou objetivos altruístas, o resultado fí­sico será deplorável. Um grande número de males físicos entre os Estudantes de Ocultismo deve-se a esse fato.

Todo pensamento egoísta ou de ódio imprime-se no sangue e nos pulmões, retardando o processo regenerativo. Por outro lado, os pensamentos de amor, jus­tiça e harmonia constroem o Cor­po Vital e aumentam a vitalidade do Corpo Físico. A regeneração, na maior parte dos indivíduos, ocorre em um grau vibratório muito baixo, porque, por via de regra, o homem comum injeta continuamente os mesmos pensamentos negativos em sua corrente sanguínea. Daí estar sempre acompanhado de do­res e enfermidades.

No Estudante de Ocultismo, esse processo regenerativo se efetua muito mais rapidamente. E em mui­tos casos, a corrente sanguínea po­de ser praticamente regenerada em curto tempo. Alguns dos velhos pensamentos, não obstante, estão sujeitos a reintroduzirem-se na corrente. Por isso, o processo segue repetindo-se até que esteja­mos completamente purificados de toda escória.

Temos de trocar a roupagem de nossos corpos impuros pela bri­lhante veste que estamos tecendo dia-a-dia. Esse é o processo alquímico do qual resulta a saúde perfeita. Quando formos “ouro pu­ro”, quando a corrente sanguínea carregar só o puro, como os pen­samentos de Cristo, então aparen­temente operaremos milagres. Com a energia restante curaremos os demais, dissiparemos a desarmo­nia, a tristeza e o sofrimento, irradiaremos amor, paz e bons pensa­mentos. Então, transcenderemos os la­ços familiares e raciais sem deixar de cumprir todos os nossos deveres, porque nos teremos puri­ficado desses sanguíneos. Nós nos sentiremos, então, universais.

O coração, grande distribuidor de sangue, não alimentará prefe­rências, mas amará a tudo e to­dos sem considerar religião, cor ou casta.

Cristo disse: “Deveis nascer de novo”. Esse renascimento esten­de-se ao físico, conforme o axioma hermético “como é em ci­ma, assim é embaixo”.

Depende apenas de cada um de nós a formação do veículo que nos capacitará a perceber a verda­de nos Planos internos. Harmoni­zando nossas vidas com os princí­pios divinos, de acordo com a ver­dadeira religião, estaremos cons­truindo o Corpo-Alma, o Dourado Traje de Bodas.

Uma vida de amor e serviço aos demais constrói o Corpo-Alma. Esta vivência não só atrai e elabora os dois Éteres superiores, o Refle­tor e o Luminoso, como a seu tempo produzirá uma separação que os diferenciará dos dois Éteres inferiores. Depois de completada essa separa­ção, o Corpo-Alma encontra-se pronto para os voos da Alma. Isso constitui a cor azul-dourada do amor, que distingue o santo do ser humano comum.

Estamos recebendo ajuda para cons­truir este Corpo-Alma, ajuda do Cristo, o Espírito Interno da Terra, por meio de suas emanações etéricas que, brotando do centro do globo, atra­vessam nossos Corpos Vitais. Mes­mo depois de separados os Éteres superiores e inferiores, o Corpo-Alma prossegue crescendo, con­tanto que seja alimentado. Tal qual outro corpo, necessita de alimen­tação para crescer e permanecer em condições saudáveis. Porém se deixamos de alimentar o Cristo Interno, experimentaremos uma grande fome espiritual, muito mais intensa e dolorosa que a fome fí­sica. Conforme se ampliam nossos conceitos sobre a verdade, o Corpo Vi­tal demanda uma classe de alimen­to mais elevado, em forma de boa literatura, arte, música e uma vida de compaixão e serviço ao próxi­mo. Um conceito puramente inte­lectual da verdade não é suficiente, devendo-se consistir em um sentimento interno e espiritual. A razão e o discernimento são faculdades intelectuais; no entanto, o intelecto mais desenvolvido falharia sem assimilação espiri­tual: o coração e a Mente têm que cooperar entre si. Nem todos te­mos a mesma acuidade mental, donde a verdade concebida pela Mente não pode ser idêntica para todos. Contudo, o espírito é uno e quem é espiritualmente cons­ciente conhecerá a verdade. Evi­dentemente, existe uma grande di­ferença entre o conhecimento da verdade e a posse de um mero co­nhecimento mental dela.

O caminho da preparação pes­soal é o preço que pagamos pela verdade. A obtenção consciente dela é o resultado de viver a vida estri­tamente moral, consoante às normas espirituais. Não há outro meio.

Emerson disse: “O homem deve aprender a descobrir e observar esse facho de luz que resplandece através de sua Mente, oriundo de um lugar muito mais iluminador que o firmamento dos poetas e sá­bios”.

O dilema naturalmente surge na Mente do Estudante: quantos co­nhecem a verdade, quando a en­contram?

Em Cartas aos Estudantes, Max Heindel nos dá a resposta quando trata do exercício de Retrospecção. Segundo o Mestre, se for possível que esse exercício seja pra­ticado sinceramente pelas pessoas mais depravadas, durante seis me­ses e ininterruptamente, elas serão regeneradas. Os mais zelosos tes­temunham os benefícios dessa prá­tica, particularmente em relação às faculdades mentais e à memória.

Ademais, por esse juízo impar­cial de si mesmo, noite após noite, o Estudante aprende a distinguir o verdadeiro do falso em um grau im­possível de se obter por outros meios. Dentro de nós encontra-se o único tribunal da verdade. Se nos habituarmos a colocar nossos problemas diante desse tribunal, per­sistentemente, com o tempo desen­volveremos um sentido superior da verdade, facultando-nos a perceber se uma ideia avançada é falsa ou verdadeira. A menos que estabele­çamos esse tribunal interno da ver­dade, vagaremos de um lugar a outro falando mentalmente durante toda nossa vida, conhecendo um pouco mais no final do que no princípio ou, talvez, menos. Portanto, o Estudante nunca deve rejeitar ou aceitar, nem seguir às cegas qualquer pes­soa, mas procurar estabelecer o tribunal dentro de si mesmo.

Temos outro método pelo qual podemos diferenciar a verdade da imitação. Há pessoas, exímias fa­bricantes de imitações de artigos legítimos, tentando enganar compradores incautos. Esses, a menos que disponham dos meios para conhe­cer o artigo genuíno, correm o ris­co de serem ludibriados. Nesse as­pecto o buscador da verdade corre o mesmo risco. O colecionador amiúde guarda seu tesouro em um lugar especial, deleitando-se com ele a sós. Frequentemente, anos mais tarde ou após sua morte, descobre-se que algumas das peças guar­dadas e muito apreciadas eram grosseiras imitações sem valor algum; assim também, aquele que encontra algo que entende por verdade pode enterrá-lo em seu próprio peito, percebendo depois de muitos anos que houvesse sido en­ganado por uma imitação. Por isso, torna-se necessária uma prova fi­nal para eliminar toda possibilida­de de decepção. A questão é: como descobri-la e aplicá-la? A resposta é tão simples como efi­ciente: pelo método.

Os colecionadores descobrem que uma peça seja pura imitação por­que a exibem para quem conhece a original. Se expõem seus acervos ao público, ao invés de mantê-los em segredo, prontamente saberão se têm peças falsas ou legíti­mas. Assim como a preocupação em ocultar os objetos colecionados favorece e estimula a fraude por parte dos comerciantes de rarida­des, inescrupulosos, da mesma for­ma o desejo de guardar para si os conhecimentos pode facilitar o trabalho dos traficantes das imita­ções ocultas do saber. Como po­deríamos comprovar o valor de uma ferramenta, senão pelo uso? Nós a compraríamos, se o vendedor exigisse que a mantivés­semos guardada, em vez de utilizá-la? Seguramente que não!

Insistiríamos em empregá-la em nosso trabalho para constatar se serviria ao fim que lhe destina­mos. Uma vez comprovada sua utilidade, nós nos sentiríamos satisfei­tos em tê-la adquirido.

Considerando esse princípio, por que comprar certos artigos, se os comerciantes fazem questão de ocultá-los? Se fossem legítimos, não haveria necessidade de man­tê-los em segredo. E, a menos que possamos utilizá-los em nossas vi­das diárias, não terão valor algum.

Todo aquele que encontra a ver­dade deve empregá-la no trabalho do mundo para assegurar que sua legitimidade resista à prova e dar aos outros a oportunidade de compartilhar o tesouro encontrado.

Portanto, é mister observarmos a exortação do Cristo: “DEIXAI QUE BRILHE VOSSA LUZ”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Trabalho Individual do Espírito: você, de fato!

Não nos foi possível desenvolver nossos poderes, enquanto não construímos os nossos três veículos inferiores os Corpos: Denso, Vital e de Desejos. É deles que nós obtemos o alimento com o qual nutrimos e desenvolvemos nossos poderes potenciais.

Esse alimento-essência é chamado de Alma. Do Corpo Denso nós extraímos, automaticamente, a Alma Consciente, mediante a prática da ação reta em relação aos impactos externos, pelas experiências e observações. Esse pábulo ou alimento transmuta os poderes latentes do Espírito Divino (o veículo espiritual mais elevado em que nós nos manifestamos) em forças dinâmicas que se manifestam como vontade, inteligência, sabedoria, o princípio “Pai”, o poder de “fazer”, a força positiva do ser.

Do Corpo Vital extraímos o alimento-essência que chamamos de Alma Intelectual, também automaticamente, por meio do discernimento entre as coisas importantes, essenciais, reais da vida e as irreais, sem importância, não essenciais.

O que se chama de Alma Intelectual alimenta e transmuta em poderes dinâmicos as forças do Espírito de Vida (o segundo mais elevado veículo espiritual em que nós nos manifestamos), que são a imaginação, a intuição, o poder receptor, o poder de assimilar a natureza amorosa, o princípio “Mãe”.

Finalmente, pelo refreamento dos instintos animais, pela devoção aos sentimentos e desejos elevados e sublimes, pelas emoções geradas através da ação reta e por experiências purificadoras, nós, automaticamente, extraímos do Corpo de Desejos o alimento-essência conhecido como Alma Emocional. Com ele alimentamos e desenvolvemos as potencialidades do Espírito Humano (o terceiro mais elevado veículo espiritual em que nós nos manifestamos; note: manifestação tríplice, como Deus que nos criou): o poder criador (físico e mental), a fecundação, a expansão, a germinação e o crescimento; transformando-os em forças dinâmicas sob o domínio da nossa vontade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Comunicação e Comunicação: a televisão, o rádio, os jornais, as revistas, o cinema ou as artes

Comunicação e Comunicação: a televisão, o rádio, os jornais, as revistas, o cinema ou as artes

Na década da comunicação, quando as teorias de Marshall McLuhan são quase elevadas a axiomas, uma frase é citada com relativa frequência: “Em todos os conflitos humanos há uma falha de comunicação”. Tal assertiva pode parecer um tanto quanto radical ou constituir-se em uma generalização perigosa; porém “onde há fumaça, há fogo”. A não-fixação em extremos exige uma análise da afirmativa em seus múltiplos aspectos. Na atualidade, a vida e seus componentes formam um emaranhado tão complexo ao ponto de demandarem análises e ponderações sob todos os ângulos imagináveis. É a única maneira de situar-se e definir um problema sem que se incorra em erros ou injustiças.

Considerando detidamente o tema em pauta, admitimos encontrar a falha originadora dos conflitos radicada mais no que se deseja comunicar do que propriamente nos meios de comunicação. É como dizem: com tijolos tanto podemos erigir um templo como um cabaré. Os tijolos em si mesmos não poderiam ser incriminados por formarem um recinto de degradação e vícios nem se revestiriam de quaisquer méritos por serem utilizados na construção de uma casa de louvor a Deus.

De maneira análoga, a televisão, o rádio, os jornais, as revistas, o cinema ou as artes, como veículos de comunicação e expressão, tanto podem elevar como degradar. São malévolos? Sim, se os empregamos com tal finalidade. Se utilizados construtivamente, ajudarão a edificar uma sociedade cada vez melhor.

Alguém poderia indagar: por que os veículos de comunicação, como por exemplo os jornais, a televisão e o cinema, não se prestam a finalidades mais elogiáveis? A resposta é simples: são movidos quase exclusivamente por fatores utilitaristas que visam a fins lucrativos. Exploram as mazelas e debilidades humanas, envolvendo o povo em uma série de artifícios. Muitos jornais são promovidos e vendidos às custas de manchetes sensacionalistas, veiculando notícias às vezes inverídicas. Afinal, uma tiragem considerável constitui um chamariz da publicidade.

A televisão, em matéria de comunicabilidade, desponta como força extraordinária pela sua capacidade de penetração. No entanto, ela tem sido malbaratada através de programas antiestéticos, antiéticos e pouco educativos. Há exceções, é bom que se frise. Poucas são as emissoras preocupadas em difundir cultura.

“É preciso ir ao encontro do gosto popular”, afirmam alguns diretores de TV, pois “caso contrário não haverá audiência”. “Programa que não dá IBOPE” não tem patrocinador de renome; isso é, não fornece lucro. Então, o negócio é despejar “chanchadas” ou “vales de lágrimas” em cima do telespectador, deixando-o mal habituado, condicionando-o ao que, efetivamente, seja ruim.

Esporadicamente, algum programa aborda temas espiritualistas. Uma parcela mínima — quando muito, 20% — da programação de TV é benfazeja. O que existe realmente é um desserviço à coletividade!

Se o povo tem mau gosto, eis aí outro motivo para nossos indivíduos de televisão modificarem essa condição, procurando levar às massas uma mensagem de arte no sentido mais amplo e espiritual da palavra. Tudo é questão de hábito! Um programa educativo, estruturado em linhas modernas, versátil, sugestivo, abordando de forma criteriosa temas da atualidade, depois de certo tempo acabará produzindo IBOBE. Basta o público sentir-se motivado para se habituar a assistir a ele. Isso não será difícil, pois todos temos um Corpo Vital, o veículo criador de hábitos. E não faltarão os bons patrocinadores: são os que vêm por acréscimo.

Quanto ao cinema, o panorama não é mais alentador. De modo geral, sua temática tem servido mais para acelerar o processo de formação de neuroses, fobias e quejandos. Em matéria de crescimento anímico, pouco se aproveita. E, não podendo ser de outra forma, há muitos apelos ao sexo e à violência.

O poder da imagem e do som é fantástico. Sua capacidade de penetração no subconsciente é incontestável. Aí reside o grande perigo, quando empregado de maneira distorcida.

Muitos podem pretender objetar nossas considerações sob a alegação de estarmos vivendo numa era onde o realismo e o surrealismo são evidenciados em todos os ramos artísticos. Defendem a tese segundo a qual os problemas humanos devem ser encarados e apresentados como realmente são. Admitimos verdadeiramente o anacronismo da fantasia e do romantismo piegas; mas a exibição de películas cinematográficas em que a apologia ao crime e ao erotismo chega às raias do absurdo não merece o nosso apoio. Mesmo a apresentação de problemas humanos dentro de um realismo chocante só é válida quando se propõe no final a entregar uma solução dignificante e harmonizadora. Concordamos com a exposição do conflito, contanto que se tenha o bom senso de sugerir medidas saneadoras. Do contrário, os problemas só tenderão a se agravar. Vivemos na época da música, da literatura, do teatro e do cinema de protesto. Contestar é um direito de todo humano; no entanto, é necessário definir o que contestamos, porque fazemos e qual é a solução proposta.

A Filosofia Rosacruz harmoniza uma explicação lógica e racional sobre todos os problemas que afligem os seres humanos. Mediante a Astrologia revela o arcabouço anímico do ser humano, suas virtudes, falhas e conflitos. E não para por aí! Procura estimular, em cada estudante, uma reforma de caráter, promovendo a erradicação de conflitos por meio da compreensão das Leis Cósmicas. Oferece por intermédio de seus ensinamentos a oportunidade de cada um perscrutar-se interiormente, ensejando descobrir a origem de seus sofrimentos. Contudo, ressalta taxativamente a necessidade de um esforço próprio no sentido de eliminar as causas, criando assim um destino melhor. A Escola Filosófica fundada por Max Heindel não se vale da ciência da comunicação para alardear sua força ou oferecer aquisição de poderes a curto prazo. Não procura sensacionalismo. Não dá “iniciações” mediante o pagamento de uma taxa qualquer. Mantém uma linha de conduta tão séria e honesta ao ponto de afirmar e configurar o processo Iniciático como uma experiência interna, só atingível após um empenho perseverante e sincero em servir desinteressadamente ao próximo coadjuvado por uma reformulação interior. Vemos então como a Filosofia Rosacruz é realista, porque edifica um novo ser humano, ao invés de destruí-lo. Isto é realismo. É utilizar legitimamente os meios de comunicação, empregando-os no aprimoramento dos valores morais!

(Pulicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1970)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Epigênese: aprendamos a utilizar para alavancar nosso desenvolvimento espiritual

Epigênese: aprendamos a utilizar para alavancar nosso desenvolvimento espiritual

O próprio Ego que renasce incorpora em si a quintessência de seus primitivos Corpos Vitais; além disso, faz um pequeno trabalho original. Isso acontece para que na vida futura possa haver lugar para a expressão individual original, expressão que não esteja determinada por ações passadas.

Existe uma grande tendência para se pensar que tudo o que existe agora é o resultado de algo que existiu previamente; mas, se esse fosse o caso, não haveria margem para esforços novos e originais que exigem novas causas. A cadeia de causas e efeitos não é uma repetição monótona. Há um influxo contínuo de causas novas, originais. Essa é a base real da evolução, a única coisa que lhe dá significado e que a converte em algo mais do que um simples desdobramento ou desenvolvimento de qualidades latentes. Isto é EPIGÊNESE, o livre-arbítrio que supõe a eleição entre dois cursos de ação. Esse é o fator importante que sozinho pode explicar de maneira satisfatória o sistema ao qual pertencemos.

A forma foi construída pela Evolução; o Espírito a construiu e entrou nela pela Involução; porém o meio para inventar os melhoramentos é a Epigênese.

O pai e mãe dão a substância de seus corpos para construir o corpo do filho; no entanto, especialmente nas pessoas que renascem no ocidente do Planeta Terra, a Epigênese faz possível que se agregue algo, o que torna o filho diferente dos seus pais.

Quando a Epigênese não atua ou torna-se inativa no indivíduo, na família, na nação ou na raça, a evolução cessa e começa a degeneração.

Durante toda a vida a qualidade que os Rosacruzes chamam de Epigênese está em atividade; essa qualidade é o poder de pôr em ação um número limitado de causas novas que não são determinadas nem impostas a nós por atos do passado. Se estivéssemos totalmente sujeitos ao passado e incapazes de gerar novas causas, seria impossível desenvolver um poder criador e original, nem haveria livre-arbítrio. Vem aqui nos ajudar a faculdade espiritual da Epigênese, portanto; capacitando-nos, se for essa a nossa vontade, a abrir caminho para esferas ainda maiores de poder e atividade proveitosa.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de julho/1970)

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