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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 5: A Astrologia dos Séculos V a I a.C.

O famoso Hipócrates (460-377 a.C.) especifica a ação dos Astros em relação às doenças e enfermidades e fundamenta sua doutrina dos dias críticos com base nas fases da Lua.

Ele escreve: “O melhor médico é aquele que sabe prever”.

Ainda hoje devemos aplicar mais e mais esse preceito…

Destaquemos um fato importante datado desse período: encontramos, na Mesopotâmia, em uma tabuleta datada de 419 a.C. um Zodíaco com 12 Signos de 30° cada.

No entanto, vimos que as constelações do Zodíaco não fazem exatamente 30° e a diferença é grande demais para que os astrólogos caldeus não a tenham notado.

É claro, portanto, que eles não confundiam os Signos e as constelações, embora a diferença entre os dois Zodíacos fosse menos importante do que hoje.

Voltaremos a esse assunto mais adiante.

Em 333 a.C., Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, que nasceu em 356 a.C., toma o Egito onde funda a cidade de Alexandria. Em seguida, cruzando o Tigre e o Eufrates, ele derrotou os persas em Arbeles em 331 a.C. e se estabeleceu na Babilônia (onde morreu em 323 a.C.).

Alexandre foi aluno de Aristóteles (384-322 a,C.) que afirmou: “Este mundo está necessariamente ligado aos movimentos do mundo superior. Todo o poder em nosso mundo é governado por esses movimentos.

Além disso, quando Alexandre descobriu as riquezas da civilização babilônica e, em particular, o grau de avanço da Astrologia, ele enviou um astrólogo babilônico, chamado Berossus, à Grécia para ensinar lá.

Berossus fundou uma escola de Astrologia em Cos, na ilha de Ala.

Plínio relata que os atenienses o recompensaram por suas realizações erguendo uma estátua dele cuja língua era de ouro. Um provérbio diz: “A fala é de prata, mas o silêncio é de ouro”. No caso de Berossus, os gregos consideravam sua “palavra de ouro”…

Ao mesmo tempo, no Egito, chegou um governador macedônio, chamado Ptolemais (360-283 a.C.) que se tornou rei sob o nome de Ptolomeu Soter I. Seus descendentes (11 outras gerações) terão todos o mesmo nome que deu a esse período o nome de Egito ptolomaico.

Esse período durou até a conquista do Egito em 27 a.C., pelo imperador romano Augusto, sobrinho-neto de Júlio César.

Foi Ptolomeu I quem criou a famosa Biblioteca de Alexandria, que tinha dezenas de milhares de livros, alguns dos quais continham conhecimentos muito valiosos. Foi destruída em 47 a.C. pelo incêndio que Júlio César iniciou para evitar que sua frota, abandonada no grande porto, fosse tomada pelos egípcios.

Mas, vamos voltar ao século IV a.C., quando uma hipótese prodigiosa foi apresentada por um sucessor de Aristóteles e Platão na Escola de Atenas, Héraclide du Pont (388-315 a.C.). Para explicar os movimentos dos Planetas, ele afirma que a Terra é uma esfera que gira em torno de seu eixo e que Mercúrio e Vênus giram em torno do Sol.

Essa hipótese é retomada na Escola de Alexandria, por Aristarco de Samos (310-230 a.C.), que adota o ponto de vista heliocêntrico também para os outros Planetas, incluindo a Terra. Estamos longe da Terra fixa e plana da Idade Média

Mas, como a humanidade provavelmente ainda não estava pronta, esse ponto de vista será rejeitado pelos estudiosos da época e será necessário esperar 17 séculos antes de ser aceito novamente (Copérnico).

Íamos então lançar as bases para uma primitiva Astrologia, ainda com a antiga mecânica celeste, como veremos adiante.

Voltemos ao Egito, durante o período ptolomaico, para constatar que o teto de uma das salas do famoso templo de Dendera, situado a 50 km a noroeste de Luxor, cujas origens remontam ao Império Antigo (2800 a.C.), foi decorado com representações Astronômicas e em particular por um Zodíaco.

Max Heindel nos fala sobre isso: “No famoso Zodíaco do Templo de Denderah[1], Câncer não está representado como agora, nos dias modernos. Lá, ele é um besouro, um escaravelho. Esse era o emblema da alma, e Câncer sempre foi conhecido, tanto nos tempos antigos quanto entre os místicos modernos, como sendo a esfera da alma, o portal da vida no Zodíaco, por onde os espíritos renascentes entravam em nossas condições sublunares. Ele é, portanto, regido apropriadamente pela Lua, o luminar da fecundação.” (Livro A Mensagem das Estrelas – Max Heindel e Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz).

Dissemos que, segundo os documentos de que dispomos, parece que os babilônios não praticaram a Astrologia individual até três séculos depois dos egípcios.

Vamos agora dar um exemplo de horóscopos de nascimento, encontrados em tabuletas de argila babilônicas, datadas de 235 a.C.:

“A posição de Júpiter significa que sua vida será regular e tranquila, você ficará rico, envelhecerá, viverá até uma idade avançada. Vênus estava a 4° de Touro; a posição de Vênus significa que onde quer que você vá, as coisas vão acabar bem para você; terá filhos e filhas. A posição do Sol e Mercúrio significa que será corajoso”.

Podemos notar a clara evolução da interpretação Astrológica em comparação com os presságios feitos 400 anos antes…

Por volta do século II a.C., os babilônios atribuem cada um dos 7 dias da semana a um Planeta, cujos nomes latinos davam os nomes dos dias da nossa semana: segunda-feira – Lua, terça-feira – Marte, quarta-feira – Mercúrio, quinta-feira – Júpiter, Sexta-feira – Vênus, sábado – Saturno. Quanto à palavra “domingo”, vem de “dominica dies” = “dia de Deus”, mas corresponde a “dia do Sol” em inglês, alemão, holandês, dinamarquês etc.

Deve-se notar que alguns nomes para os dias da semana nos países anglo-saxões e escandinavos têm sua origem nos deuses nórdicos e que a mitologia associada se aproxima da mitologia do sul em alguns desses aspectos.

Por exemplo:

• Quarta-feira = o deus Wotan = quarta-feira – cujo cavalo de 8 patas Sleipnir simboliza a velocidade do movimento = Mercúrio

• Quinta-feira = Donnerstag = quinta-feira – o Deus Thor = Donner (trovão) = Júpiter

• Sexta-feira = Freitag = sexta-feira – a deusa da juventude e do amor é Freya = Vênus.

Por outro lado, não parece que saibamos se esses deuses estavam associados aos Planetas correspondentes.

De fato, a escrita nos países nórdicos remonta apenas ao século II d.C. e, como nos países celtas, foi proibida como meio de transmissão de conhecimento; apenas a fala sendo considerada suficientemente viva para isso.

Mas, voltemos à Grécia, no século II a.C. onde uma descoberta fundamental seria feita. O astrônomo Hiparco (190-120 a.C.) que, segundo Plínio, acreditava firmemente “no parentesco das estrelas com o ser humano e que nossas almas fazem parte do céu”, procede a comparações de dados ao longo de 150 anos e constata que o ponto do Equinócio, hoje de março, rebaixou 2° em relação às constelações: é a descoberta da Precessão dos Equinócios.

A partir dessa descoberta da Precessão dos Equinócios, o Zodíaco sideral formado pelas constelações não será mais utilizado pela maioria dos astrólogos, exceto para a consideração das Eras zodiacais, se é que antes o era.

Vimos, de fato, que um Zodíaco de 12 Signos de 30° já era usado no século V a.C. e, talvez, até muito antes. Afinal, talvez Hiparco só tenha feito uma redescoberta, como Copérnico mais tarde com o sistema heliocêntrico?

É bem possível que os babilônios, entre o início do segundo milênio e meados do primeiro milênio a.C., perceberam esse fenômeno, pois houve nesse período um deslocamento da ordem de 20° do ponto do Equinócio, hoje de março, com a passagem da Era de Touro para a Era de Áries, por volta de 1660 a.C.

Chegamos ao primeiro século a. C. Naquela época, os astrólogos tinham tabelas que permitiam saber as posições dos Planetas.

Sob a influência da escola pitagórica que incluía, recordemos, os Iniciados, passa-se a considerar os Aspectos de Sextil, Quadratura, Trígono e Oposição entre os Planetas, enquanto antes apenas a Conjunção intervinha na interpretação de um tema.

Já não consideramos apenas o nascer e o pôr dos Planetas (eixo Ascendente-Descendente), mas também as culminâncias superiores e inferiores (eixo Meio do Céu – Fundo do Céu).

Esses dois eixos raramente são perpendiculares (Isso só acontece quando o ponto do Equinócio, hoje de março, coincide com o Ascendente ou Descendente – horário sideral: 6h ou 18h).

Obtemos, assim, quatro setores, dois a dois opostos. Cada um deles é dividido em três partes iguais, ou seja, doze setores chamados de doze “lugares” ou Casas que fornecem informações sobre a experiência do sujeito cujo tema está sendo criado, nas diferentes áreas de sua vida.

Seus nomes latinos são:

• Horoscopus ou Vita (local de nascimento – Casa I)

• Porta Inferna (portão inferior – Casa II)

• Frates (fraternidade – Casa III), Genitor (parentes – Casa IV)

• Bona Fortuna (boa sorte – Casa V), Valetudo (servidão – Casa VI)

• Uxor (Casamento – Casa VII), Porta Superna (portão superior – Casa VIII)

• Pietas (piedade – Casa IX), Medium Coeli (meio do céu – Casa X)

• Agathos Daïmon (gênio – Casa XI), Carcer (prisão – Casa XII).

Na Antiguidade, também se usava outro sistema de Casas mais simples: todas as Casas têm 30° e o Ascendente é colocado no centro da Casa I e não na ponta. Veremos mais adiante que outros sistemas de Casas foram desenvolvidos ao longo da história.

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)


[1] N.T.: ou Dendera, foi um antigo templo na pequena cidade de Dendera no Egito.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Nove Sinfonias de Beethoven – Correlacionadas com as Nove Iniciações Menores – Terceira Sinfonia

AS NOVE SINFONIAS DE BEETHOVEN – Correlacionadas com as Nove Iniciações Menores – Terceira Sinfonia

Por Corinne Heline

CAPÍTULO IIITERCEIRA SINFONIA – MI BEMOL MAIOR – OPUS 55 – EROICA

“O coração de Beethoven estava cheio de fogo divino e ele não conhecia a fronteira; todo o Céu e toda a Terra eram seus campos de exploração onde ele amava, sonhava, sofria imensamente e despejava seus sentimentos dentro de sua arte. Transformava tudo o que tocava, tornando luminoso com fogo divino. Em Viena, ouvi pela primeira vez uma de suas sinfonias, a “Eroica”. A partir daí, tive só um pensamento: estar em contato com este grande gênio e vê-lo pelo menos uma vez.”

Rossini[1]

“Seus gloriosos temas e a majestosa beleza de seu pensamento musical permitem que ela permaneça mais de cem anos após sua composição como uma das principais obras da criatividade musical.”

E. Markham Lee

“A música da ‘Eroica’ é profunda, magnificamente ilustrativa de um heroísmo idealístico. Tipifica o puro espírito do heroísmo idealizado e universalizado. O Primeiro Movimento expressa o heroísmo da intrepidez dentro da qual a fé se torna o grande poder transformador que purifica e exalta. A Marcha Fúnebre não contém a representação da morte como tal, mas eleva, exalta e proclama os poderes da Vida Eterna, pois o amplo perfil do conceito de Beethoven não contém nenhuma sombra da morte.

O Scherzo expressa e mantém esta confiança e serenidade enquanto o Finale é ansioso e alegre com todo o conhecimento consciente do grande profeta musical, um brilhante prenúncio das forças do nascer do Sol mais tarde realizadas nos inspiradores compassos da Nona Sinfonia.”

John N. Burk em “Life and Works of Beethoven”

A Terceira das Nove Sinfonias, conhecida como Eroica[2], foi iniciada em 1803 e finalizada no ano seguinte. Foi apresentada pela primeira vez em Viena em 1805.

A nota-chave espiritual da Terceira Sinfonia é “Força”.O número três é formado pela união do “um” (poder) com o “dois” (amor). Nasce, dessa união, o terceiro atributo, a “força”. É esse poder anímico da força que se torna o tema básico da Terceira Sinfonia de Beethoven.

A verdadeira grandeza de Beethoven começou a se manifestar nesse estupendo trabalho. Aqui está a música de força concentrada e dinâmica. Sua concepção é tão vasta que a caneta era incapaz de acompanhar o esquema cósmico que foi revelado a ele em todas as suas proporções colossais. Cada compasso traz um heroico timbre. Essa não é uma música convencional, mas uma transcrição de celestiais melodias que, como uma melodia não interrompida, move-se em longas correntes de altos e baixos, uma poderosa sinfonia na qual as correntes da vida e da morte, ou vida transcendente, competem entre si em glória celestial.

Todos os críticos concordam com o espírito de universalidade que permeia essa Sinfonia. A magia tonal sobe aos picos das montanhas e desce aos vales subterrâneos, banhando toda a Terra com luz fulgurante. A recapitulação reafirma os temas num ritmo de crescente força e beleza.

A Terceira Sinfonia foi especialmente querida ao coração de Beethoven. Muitos dos que o conheceram intimamente disseram que essa Sinfonia, a Eroica, era sua favorita. A maioria dos comentaristas associaram essa Sinfonia a um significado político especial. No entanto, são os mais profundos e esotéricos aspectos nos quais estamos primeiramente interessados.

Essa sinfonia, como todas as Nove Sinfonias de Beethoven, está dividida em quatro partes designadas de Allegro, Marcha Fúnebre, Scherzo e Finale.

A natureza e sequência das quatro partes ocasionaram muitas e variadas especulações sobre o que o compositor tinha em mente quando criou a sinfonia. O alegre Scherzo que segue a Marcha Fúnebre tem deixado os comentaristas perplexos, mas, nas palavras de Robert Bagar e Louis Biancolli no livro “Concert Companion”, “ao musicólogo, ao historiador e ao romancista podem ser permitidas interpretações, mas a música permanece como um monumento à uma Mente grande e poderosamente expressiva cujos pensamentos e imaginações, quaisquer que tenham sido, se cristalizaram no brilhante e irresistível modelo de uma criação eterna”.

Com relação à impropriedade do alegre Scherzo vir imediatamente depois da Marcha Fúnebre que alguns sentiram, isso não apresenta dificuldade de interpretação à luz da profunda experiência anímica. Quando um Aspirante à vida superior entra sinceramente no Caminho da Transmutação da natureza inferior em superior, as experiências adquiridas são frequentemente cheias de falhas e frustrações, com dor e tristeza. Muitas vezes, os sons no coração do buscador, os solenes e enlutados tons da marcha fúnebre, retratam a renúncia do “Eu inferior”. Com o alcance dessa recém encontrada força anímica, no entanto, o Espírito renovado canta sua alegria e seu deleite, como expressado no Scherzo. Nas palavras de Davi, o doce cantor de Israel, “A tristeza permanece à noite, mas a alegria vem de manhã[3].

O Iniciado músico Richard Wagner expressou-se sobre os valores internos e profundos incorporados nessa Sinfonia com tal inspiração espiritual que nós transcrevemos aqui. Em suas palavras inspiradas, o primeiro movimento “é para ser considerado em seu sentido amplo e nunca é para ser entendido, de forma alguma, como relacionado meramente a um herói militar. Se nós entendemos, no sentido amplo, por ‘herói’, o ser humano total e completo no qual estão presentes todos os sentimentos de amor puramente humanos, de dor, de força em sua mais alta suficiência, então nós iremos corretamente entender o que o artista desperta em nós nas acentuações de seu trabalho tonal. O espaço artístico desse trabalho está cheio de variados e crescentes sentimentos de uma individualidade forte e consumada, para a qual nenhum humano é um estranho, e inclui verdadeiramente dentro de si todo o sentimento humano, exprimindo isso de tal maneira que, depois de manifestar francamente toda a paixão nobre, termina dentro de uma enorme suavidade de sentimento, apegado à mais energética força. A tendência heroica desse trabalho artístico é o progresso em direção à conquista final”.

Para Wagner, o primeiro movimento “abraça, como num forno brilhante, todas as emoções de uma natureza ricamente abençoada no auge de uma juventude inquieta, contudo, todos esses sentimentos brotam de uma principal faculdade e esta é a ‘força’… Vemos um Titã lutando com os deuses”.

Do segundo movimento, com sua “força destruidora que alcança a crise trágica, o poeta musical reveste sua proclamação na forma musical de uma Marcha Fúnebre. A emoção subjugada por profunda aflição, movendo-se em tristeza solene, conta-nos sua história em tons agitados”.

Romaine Rolland[4] considerou a Marcha Fúnebre “uma das mais grandiosas coisas em música. É um cortejo”, ele observa, “das atribulações mundanas mais do que uma elegia para Napoleão”, e Pitts Sanborn[5] denominou-a “uma das mais tremendas lamentações concebidas em qualquer arte”.

Do terceiro movimento, Wagner diz: “força roubada de sua arrogância destrutiva – pela castidade de seu profundo pesar – o terceiro movimento mostra em si toda a sua flutuante alegria. Sua indisciplina selvagem modelou-se em fresca e alegre atividade; temos diante de nós agora esse adorável homem feliz que passa cordial pelos campos da Natureza”. Esse é o primeiro Scherzo de Beethoven e é considerado por muitos como sendo um entre os melhores.

No Finale, tremendas doses de força exultante são libertadas proclamando o alcance do autodomínio. É música dentro da qual cada átomo físico se afina com a música das esferas.

Como entendido por Wagner, o Finale representa o ser humano todo, isto é, “o ser humano profundamente sofredor e o ser humano feliz e alegre, os dois vivendo harmoniosamente nessas emoções em que a memória do sofrimento se torna a força formadora de nobres feitos”.

As citações wagnerianas nós devemos a Laurence Gilman em seu livro “Stories of Symphonic Music”.

A linguagem humana pode, no máximo, transmitir muito deficientemente a essência espiritual e o significado de trabalhos artísticos que brotam de uma consciência capaz de afinar com os mais altos planos espirituais através de uma Personalidade que possui a rara habilidade de transcrevê-las para uma clara audição humana. Que Wagner tenha a percepção de reconhecer valores internos na Terceira Sinfonia de Beethoven, mais completa e claramente que outros mortais, está amplamente demonstrado no esoterismo que forma a estrutura interna de todos os seus trabalhos imortais. Então, o que ele tem a dizer sobre a Terceira Sinfonia de Beethoven é mais do que uma coisa superficial, mais do que alcançar seu significado por uma mera audição.

Por exemplo, quando Wagner fala do Finale como sendo um resumo das tristezas e lutas do ser humano finalmente combinadas harmoniosamente em suas experiências criativas e alegres, das quais brota uma forma de arte que possui “força para nobres realizações”, ele está concordando com Pitágoras, que deu ao “três” o atributo da harmonia e também afirmou a verdade de que as experiências adquiridas estão sempre repletas de falhas, e o simbolismo do número “três” da Maçonaria que suporta os pilares da sabedoria, da força e da beleza.

Mais do que isto, Wagner fala do Finale como representativo do “ser humano total”, o “ser humano total que grita para nós a declaração de sua Divindade”.

Considerem essa afirmativa em relação ao campo vibratório do “três” dentro do qual a Terceira Sinfonia toma forma. Em toda parte, entre os antigos, o número “três” era considerado o mais sagrado dos números. Não há símbolo mais importante do que o triângulo equilátero usado como símbolo da Divindade. Platão viu nele a imagem do Ser Supremo e, de acordo com Aristóteles, o número “três” contém dentro de si o princípio e o fim. Era na Trindade que Platão se identificava com o Ser Supremo que criou o ser humano ou, nas palavras de Wagner, “o todo, o ser humano total, o ser humano que grita para nós a declaração de sua Divindade”. Nesse breve comentário de Wagner, nós temos uma declaração de um Iniciado interpretando o que um ser de eminente criatividade compôs para a audição de ouvidos que percebem menos.

Da Terceira Sinfonia, Pitts Sanborn tem para dizer: “O ‘três’ incorpora os desenvolvimentos com os quais Beethoven revolucionou a Sinfonia. Em amplitude e opulência, nenhum movimento sinfônico igualou ou mesmo se aproximou do inicial Allegro con brio, e podemos duvidar se algum o exceder subsequentemente. Ouvintes sensíveis, ouvindo-o pela primeira vez, poderiam bem ter gritado como Miranda: ‘Ó bravo novo mundo!’”.

A luta suprema que confronta todo ser humano é a conquista da Personalidade pelos poderes do espírito. Essa é a batalha na qual todo Ego está engajado muitas vezes em todo ciclo de vida e, quando a vitória é finalmente consumada, o Espírito se levanta livre, emancipado, vitorioso. É esse conflito e vitória que Beethoven descreveu tão magnificamente em sua “Eroica”. É sem dúvida por essa razão que Beethoven afirmou que essa composição era a sua Sinfonia favorita.

TERCEIRA INICIAÇÃO

A Terceira Iniciação Menor está conectada com o terceiro Estrato da Terra conhecido como Estrato Vaporoso. Nesse Estrato está refletido o Mundo do Desejo. Aqui, compreendemos como nunca a relação entre nós e o Planeta em que vivemos. Aqui entendemos como a nossa indomável natureza de desejo influencia e libera certas forças sinistras dentro da correspondente camada na Terra. Também compreendemos como o controle dos desejos dentro de nós tende a impedir a operação das forças destrutivas dentro do corpo da Terra. Por exemplo: se a totalidade da humanidade tivesse um completo domínio sobre a sua natureza de desejos, haveria menos devastação pelo fogo, pela água, ciclones, erupções vulcânicas e outros violentos transtornos da natureza. Isso pode, à primeira vista, parecer estranho e inacreditável para aquele que não penetrou nos segredos internos da natureza e do ser humano. Foi o completo controle da natureza inferior nos três homens sagrados descritos no Livro de Daniel que os capacitou a se manterem vivos na “fornalha de fogo”[6]. Pela mesma razão, homens sagrados na Índia e em outros lugares atravessam florestas sem serem molestados por animais ferozes e répteis venenosos. Ao meditar sobre estes fatos, compreendemos mais profundamente o significado das palavras de Salomão: “Aquele que controla a si mesmo é maior do que o que toma uma cidade[7]. Richard Wagner expressou essa mesma verdade em Parsifal[8] dando como sua nota-chave “Grande é a força do desejo, mas maior é a força da superação”. Esse é o poder que forma o tema da Terceira Sinfonia de Beethoven.

Somente aquele que atingiu o completo domínio de si mesmo, tal como Beethoven descreve na “Eroica”, pode entrar com segurança e investigar os reinos do Mundo do Desejo da Terra.

Na Terceira Iniciação as magníficas cores do Mundo do Desejo se refletem no terceiro ou Estrato Vaporoso da Terra e se transformam em um verdadeiro arco-íris de beleza translúcida. Muitas das cores ali refletidas nunca foram vistas no plano físico, pois suas frequências vibratórias são altas demais para serem captadas pela visão física. Ali, o candidato aprende a controlar os ritmos do desejo dentro de seu corpo e a transformá-los em poder espiritual. Nas Iniciações Maiores ele também aprende como controlar as correntes de desejo no Mundo externo como, por exemplo, em certos ajuntamentos de pessoas onde as emoções tendem a disparar como numa corrida; essa pessoa evoluída possui o poder de dominar essas emoções e, assim, evitar o desastre ou a tragédia.


[1] N.T.: Gioachino Antonio Rossini (1792-1868) foi um compositor erudito italiano, muito popular em seu tempo, que criou 39 óperas, assim como diversos trabalhos para música sacra e música de câmara. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão Il barbiere di Siviglia (“O Barbeiro de Sevilha”), La Cenerentola (“A Cinderela”) e Guillaume Tell (“Guilherme Tell”).

[2] N.T.: em italiano significa “heroica”.

[3] N.T.: Sl 30:5

[4] N.T.: Romain Rolland (1866-1944) foi um novelista, biógrafo e músico francês.

[5] N.T.: John Pitts Sanborn (1879–1941) foi um crítico musical, poeta, romancista estadunidense.

[6] N.T.: Dn 3:16-18

[7] N.T.: Pb 16:32

[8] N.T.: Parsifal é uma ópera de três atos com música e libreto do compositor alemão Richard Wagner. A ópera se passa nas legendárias colinas do Monte Salvat, na Espanha, onde vive uma fraternidade de cavaleiros do Santo Graal. O mago negro Klingsor teria construído um jardim mágico povoado com mulheres que, com seus perfumes e trejeitos, seduziriam os cavaleiros e fariam com que eles quebrassem seus votos de castidade, e teria ferido Amfortas, rei do Graal, com a lança que perfurou o flanco de Cristo, e todas as vezes em que Amfortas olha em direção ao Graal sente a ferida arder. Tal redenção só poderia ser realizada por um “inocente casto” (significado da palavra “Parsifal”). Este, em sua primeira aparição na ópera, surge ferindo um dos cisnes que purificavam a água do banho de Amfortas, e a todas as perguntas que os cavaleiros lhe fazem responde dizendo que não sabe de nada, nem ao menos seu nome. Parsifal atravessa o jardim mágico de Klingsor e é seduzido pela amazona Kundry, que ora é uma fiel serva do Graal, ora é escrava de Klingsor. Ao beijá-la, sente os estigmas das feridas que afligiam Amfortas e, quando Klingsor atira a lança contra ele, a lança dá a volta em seu corpo, e todo o castelo mágico é destruído. Tempos depois, tendo os cavaleiros se convencido de que ele é o “inocente casto” que faria a salvação, Parsifal cura as feridas de Amfortas e o destrona, assumindo a nova condição de rei do Graal.

*****

Aqui a Terceira Sinfonia em MP3:

Beethoven- Symphony #3 In E Flat, Op. 55, ‘Eroica’ – 1. Allegro Con Brio
Beethoven- Symphony #3 In E Flat, Op. 55, ‘Eroica’ – 2. Marcia Funebre- Adagio Assai
Beethoven- Symphony #3 In E Flat, Op. 55, ‘Eroica’ – 3. Scherzo- Allegro Vivace
Beethoven- Symphony #3 In E Flat, Op. 55, ‘Eroica’ – 4. Finale- Allegro Molto
PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Garoto que provou que Seus Professores estavam Errados

Você sabia que, quando os Estados Unidos da América eram um jovem país, acreditava-se que os tomates fossem venenosos? Que, se as pessoas viajassem em trens com velocidade superior a 38 quilômetros por hora, teriam ataques cardíacos e morreriam? E que ninguém seria capaz de voar? É uma pena, porque a vida sempre fica melhor quando a verdade é revelada. É por isso que algumas das maiores pessoas de todos os tempos dedicaram suas vidas ao estudo da verdade.

Um dos mais famosos deles nasceu em 1564, em Florença, uma bela cidade da Itália. Seu nome era Galileu. Mesmo quando menino, ele se interessava por muitas coisas e pelo modo como elas funcionavam. Acima de tudo, ele acreditava que tudo devesse fazer sentido. Não se deve acreditar em algo só porque alguém disse — nem mesmo se foi um homem chamado Aristóteles. Aristóteles foi um estudioso famoso que viveu cerca de dois mil anos antes de Galileu. Por ter descoberto muitas coisas maravilhosas, as pessoas passaram a acreditar que tudo o que ele havia dito e escrito era verdade. Na verdade, nos dias de Galileu, quando alguém declarava que Aristóteles tivesse dito algo, essa era a última palavra; ninguém deveria discutir.

Mas, Galileu achou que isso estivesse errado. Ele sabia que as pessoas cometem erros; provavelmente isso incluía Aristóteles. Ele disse isso ao seu professor na escola, que ficou muito zangado com o que ouviu; por isso ele repreendeu Galileu: “Como você ousa duvidar de Aristóteles!”, gritou com o garoto um dia.

Você não consegue imaginar como Galileu deve ter se sentido? Afinal, ele era apenas um menino. Quem era ele para desafiar aquilo em que os estudiosos acreditavam por quase dois mil anos? Mas ele tinha que provar que Aristóteles cometeu erros. Essa era a única maneira de convencer os outros. Então ele teve que manter os olhos bem abertos para encontrar algo, em algum lugar, que mostrasse que Aristóteles realmente houvesse cometido um erro. Eventualmente, sua oportunidade apareceu.

Como você sabe, naquela época não havia luz elétrica. As pessoas usavam velas ou tochas que tinham que ser acesas; às vezes, elas pendiam do teto. Ocasionalmente, no processo de acender, elas começavam a balançar um pouco. Galileu uma vez assistiu a isso. Ele imediatamente se lembrou do que Aristóteles havia escrito — coisas grandes e pesadas caem mais rápido do que as pequenas e leves. Galileu agora acreditava, depois de ver tochas e velas de vários tamanhos balançando da mesma maneira, que Aristóteles estivesse errado.

Sua grande chance de provar isso veio quando era professor na Universidade de Pisa. Talvez você já tenha ouvido falar dessa cidade; é famosa porque tem uma torre inclinada. Qual a melhor maneira de provar que coisas com pesos diferentes caem igualmente rápido do que derrubar dois desses objetos do topo da torre?

Naturalmente, Galileu não poderia simplesmente subir até lá e deixá-los cair. Ele precisava obter permissão e definir um horário para o que havia planejado — alguém, em baixo, poderia se machucar, caso estivesse lá na hora errada!

Não foi fácil para Galileu obter a permissão. Afinal, a própria ideia de questionar Aristóteles era algo inédito. Ele não deveria estar sempre certo? Contudo, finalmente Galileu obteve permissão. A hora foi definida, e as pessoas iriam para assistir.

Dois objetos deveriam ser soltos simultaneamente, um pesando cerca de cinco quilos e o outro de apenas meio quilo. Os dois alcançaram o solo exatamente ao mesmo tempo. Galileu provou que estava certo! Mas você pensa que as pessoas o aplaudiram? Apenas algumas ficaram para apertar sua mão; a maioria simplesmente foi embora. Elas não sabiam o que fazer com isso. Deveriam manter o que aprenderam durante toda a vida ou acreditar no que viram?

Os dirigentes da Universidade sabiam o que fazer: mandaram Galileu sair. Eles não deveriam tê-lo recompensado? Não, eles disseram que ele tinha sido contratado para ensinar conhecimentos antigos, não para desafiá-los. Disseram ainda que ele tinha perturbado a mente de seus alunos e isso não era uma coisa muito legal de se fazer.

Então, Galileu teve que procurar outros lugares para ensinar, como Pádua e Florença. Mais importante, ele agora tinha mais certeza do que nunca de que Aristóteles nem sempre estivera certo. Isso despertou nele o interesse por um livro que encontrou, escrito por um homem chamado Nicolau Copérnico, ex-aluno de Pádua, onde, por acaso, ele ministrava as aulas dele, na época.

Nesse livro, leu que Aristóteles errou ao acreditar que o Sol se movia ao redor da Terra; o contrário era verdade, mas não podia ser provado. Fazia todo sentido para Galileu e o ajudou a compreender muitas outras coisas. Entretanto, ele não podia provar.

Isto é, não até 1609, quando ouviu o viajante de um país distante contar uma história incrível. Alguém nos Países Baixos (atualmente conhecidos como Bélgica e Holanda) inventara algo para fazer objetos distantes parecerem se aproximar e ficarem muito maiores, aparentemente. Isso, é claro, você conhece como telescópio.

Contudo, havia algo de errado com o telescópio inventado: quando se olhava por ele, as coisas pareciam de cabeça para baixo. Isso era confuso. Galileu começou a corrigir esse defeito. Agora, quando alguém olhava através dele, objetos distantes podiam ser ampliados quase mil vezes e estavam com o lado certo para cima. Galileu recebeu muita honra e fama por fazer seu progresso; mas é claro que seu verdadeiro interesse ainda era descobrir se o Sol se movia ao redor da Terra ou se o contrário era correto.

Ele foi muito encorajado por um fato: pouco antes, uma bela e brilhante nova estrela apareceu no céu. Mas, Aristóteles, 2.000 anos antes, havia dito que nenhuma nova estrela apareceria. Visto que ele se enganou quanto a esse fato sobre os céus, não poderia ele também estar errado ao afirmar que o Sol se movia em torno da Terra? Não poderia ser o inverso, a Terra se movendo em redor do Sol?

Galileu agora passava praticamente todo o tempo olhando pelo telescópio. Às vezes, ele se esquecia de comer e dormir. Porém, mesmo que sua saúde não fosse das melhores, ele continuou se esforçando, com medo de não viver o suficiente para aprender a verdade sobre o que está no centro, o Sol ou a Terra.

Ele fez isso. Como? Ele sabia que, se Vênus e Marte se moviam em torno do Sol, a Terra também o fazia. Ele também sabia que, se o fizessem, pareceriam ficar menores, algumas vezes, e, outras, maiores, como a Lua fica quando se torna Lua Nova e, depois, Lua Cheia. E foi isso exatamente o que ele viu Vênus e Marte fazer. Eles pareciam mudar de tamanho.

Galileu também descobriu “manchas” no Sol, embora não devesse haver nenhuma. Quanto mais ele estudava os céus com seu telescópio, mais ele percebia que boatos muitas vezes são apenas isso — boatos.

Galileu escreveu tudo em um livro para que o maior número possível de pessoas pudesse ler sobre o assunto. Hoje em dia, algumas pessoas ficam ricas e famosas após escreverem livros. Não Galileu. Ele foi jogado na prisão. As autoridades tentaram fazer com que ele “se retratasse”; isto é, que anulasse o que havia dito e escrito, prometendo que não acreditasse mais nisso.

Mas como ele poderia? Só porque a maioria das pessoas havia acreditado por muito tempo no conhecimento antigo, isso não o tornava certo. E, se as pessoas algum dia lhe disserem para acreditar em algo só porque muitos acreditaram por muito tempo, você saberá o que dizer a eles, não é? Você vai apenas contar a eles sobre Galileu: e nada mais!

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de setembro-outubro/1995 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Cérebro e a Mente

O Cérebro e a Mente

Como todos os outros corpos ou órgãos por meio dos quais os veículos superiores e nós, o Ego, trabalhamos, o cérebro teve início antes que o germe da Mente fosse dado ao ser humano. Na Primeira Revolução do Período Terrestre, recapitulação do Período de Saturno, antes que o ser humano tivesse um Corpo Denso químico, quando ainda era um pensamento-forma e não havia se cristalizado o suficiente para ser chamado de químico, o primeiro impulso foi dado para construir a parte frontal do cérebro.

Portanto, nosso cérebro remonta ao início do Período Terrestre; naquele tempo distante, a substância da qual o cérebro foi construído era material de desejo, matéria da finura e plasticidade do Mundo do Desejo. Havia, entretanto, apenas um impulso, um cérebro germinativo, por assim dizer, e foi somente na quarta Revolução e na terceira Época, a Lemúrica, que realmente construímos um cérebro físico, composto de matéria mineral. Isso foi feito por meio da separação dos sexos, conforme estudamos no Conceito Rosacruz do Cosmos e na Bíblia. Metade da força criadora foi canalizada para cima, construindo o cérebro e a laringe.

O objetivo desse cérebro era funcionar como um veículo para a Mente. Há uma distância muito longa entre os primórdios do cérebro, na Primeira Revolução do Período Terrestre, e o seu desenvolvimento atual. Mesmo assim, hoje, apesar do nosso maravilhoso progresso, estamos apenas tocando a orla daquilo que ele deve ser. Provavelmente, nenhuma pessoa que vive entre a humanidade comum de hoje está usando mais da metade da massa cinzenta do cérebro.

Os antigos, não considerando os Iniciados, não tinham conhecimento das funções do cérebro. A palavra cérebro não ocorre em uma única parte da Bíblia. Os hebreus, em comum com outras raças antigas, aparentemente não tinham ideia de que o cérebro fosse o órgão de expressão da Mente. Eles pensavam que a Mente estivesse nos rins. Davi, em um de seus Salmos, disse: “o Senhor prova o coração e os rins”. Substitua a palavra “Mente” por “rins” e ela se torna inteligível. Jeremias, ao falar dos hipócritas daquela época, disse (Jr 12:2) que eles tinham o Senhor em suas bocas, mas não em seus rins (Mentes). No entanto, mesmo antes que os hebreus localizassem a Mente nos rins, os antigos babilônios a colocaram no fígado. Tanto quanto pode ser verificado, eles foram os primeiros a entender a Mente como um órgão corporal.

Alcemon, o pitagórico de Crotona, que viveu por volta de 500 a. C., foi o primeiro a mencionar o cérebro como o veículo do pensamento; porém ninguém deu atenção às suas afirmações, embora Platão, que viveu cerca de 200 anos depois, tenha desenvolvido a mesma teoria, mas de uma forma puramente especulativa, sem dar nenhuma razão para sua crença como Alcemon fizera. Aristóteles afirmava que o cérebro era um órgão de resfriamento que gelava o sangue para o coração e descobrimos, assim, que ao longo dos séculos, a Mente, como órgão do pensamento, foi atribuída primeiro a uma parte do corpo, depois a outra…

Em tempos bem modernos, sustentava-se a teoria de que “o cérebro fosse uma glândula que segregava pensamento como o fígado segrega a bile”. E hoje ainda existem muitos que, embora não o expressem de forma tão direta como visto na frase que acabamos de citar, pensam realmente assim, pois afirmam que não é uma presença animadora no Corpo Denso que tem o poder de pensar, mas que a capacidade de pensar é inerente ao próprio cérebro, estando tal ideia, em última análise, apenas um pouco afastada da “secreção de pensamento”.

O cérebro é dividido em dois hemisférios e os dois, no que diz respeito à matéria cinzenta, são exatamente iguais em todas as aparências, porém há uma diferença: o centro da fala (a Área de Broca) se desenvolve apenas em um hemisfério. O outro fato curioso foi trazido à tona: todas as pessoas destras têm o centro da fala desenvolvido no hemisfério esquerdo e as pessoas canhotas, no hemisfério direito: no entanto, nas pessoas ambidestras o centro da fala está presente em ambos os hemisférios.

Outro fato interessante é que ninguém nasce com o centro da fala já desenvolvido. Em geral, todos os bebês ouvem e enxergam ao nascer, embora não focalizem bem a visão, mostrando que nascem com os centros de visão e audição já construídos no cérebro; contudo, a criança precisa esperar um tempo que varia de dez meses a vários anos, em casos extremos, antes que a faculdade da fala seja adquirida.

A Ciência Material não nos dá qualquer explicação sobre essa variação no uso dos sentidos; mas, se olharmos para o nosso Conceito Rosacruz do Cosmos, encontraremos o motivo. Lá, aprendemos que o ouvido é o órgão sensorial mais antigo e mais desenvolvido que temos. Em seguida, descobrimos que, na Época Polar, o tato era um sentido localizado. A Ciência Material não conseguiu encontrar no cérebro o centro do tato (apesar de sempre haver algumas hipóteses); ela se pergunta sobre sua ausência e diz que ainda não está localizado com certeza ; porém os Estudantes Rosacruzes da Fraternidade Rosacruz sabem que durante a Época Polar o tato estava localizado na Glândula Pineal e, desde então, foi distribuído por todo o corpo e a sensação do tato nunca mais estará localizada no cérebro, pois atingiu um estágio de relativa perfeição.

Nenhuma menção especial é feita no Conceito Rosacruz do Cosmos ao sentido do paladar, mas por um processo de raciocínio podemos chegar à conclusão de que foi um dos sentidos desenvolvidos em um estágio inicial da nossa evolução, pois o bebê demonstra muito rapidamente sua capacidade para reconhecer doces, quando colocados em sua boca.

A capacidade de nos expressar pela fala pertence apenas ao ser humano. Nenhum dos Reinos inferiores, em desenvolvimento da consciência, pode se expressar dessa forma. Ela foi adquirida na Época Lemúrica, mas devemos lembrar que nessa Época não usávamos palavras como fazemos hoje. Naquela Época, “sua linguagem consistia em sons parecidos com os da natureza”, diz o Conceito Rosacruz do Cosmos. A habilidade de usar palavras para expressar os sentimentos veio depois.

O Lemuriano era capaz de perceber a Luz através dos pontos sensibilizados que mais tarde se desenvolveram nos nossos olhos atuais. O Conceito Rosacruz do Cosmos não afirma qual sentido foi aperfeiçoado primeiro, mas podemos razoavelmente concluir que o olho foi construído antes que a faculdade da fala fosse aperfeiçoada, pois sabemos que a prática gera perfeição e a longa prática no uso do ouvido e do paladar, também ao construir esses centros em cada novo Corpo Denso que ocupamos, nos permitiu construí-los em um período mais curto do que os centros de faculdades adquiridos posteriormente.

Assim, durante a vida pré-natal, fazemos o trabalho das primeiras Revoluções e Épocas iniciais e continua até nossos dias atuais, no que diz respeito aos centros de audição e paladar; assim, a criança nasce com a capacidade de ouvir e o paladar totalmente desenvolvido, porque os centros desses sentidos estão, aparentemente, embutidos no cérebro. O sentido da visão, sendo um desenvolvimento posterior, não é perfeito: embora o centro esteja embutido no cérebro e a criança possa ver ao nascer, é necessário um tempo mais longo do que a duração da vida pré-natal para aprender a usar os olhos físicos e focá-los corretamente.

Embora a fala aperfeiçoada possa não ser uma aquisição posterior à visão, é o único dos sentidos que não compartilhamos com o Reino animal e é necessário mais tempo para aperfeiçoá-lo. Carecemos da prática que nos capacita a construir o centro para a fala, na vida pré-natal, e a criança nasce enquanto ainda está no estágio Lemuriano de seu desenvolvimento. Como o antigo Lemuriano, ela enuncia os sons e continua a fazê-lo até que, com o tempo, tenha terminado o trabalho sobre aquele centro e, gradualmente, de maneira gaguejante e hesitante, aprenda a se fazer compreender por meio da palavra falada.

Também pode ser que as variações observadas no período necessário para o desenvolvimento do centro da fala dependam da evolução dessa espiral particular. Talvez isso nos dê uma pequena iluminação sobre a maneira pela qual os antigos Lemurianos eram capazes de se comunicar uns com os outros, usando apenas sons ululantes, quando nos lembramos da rapidez com que as mães podem interpretar os desejos do seu bebê a partir do caráter do choro.

O centro da fala é frequentemente destruído por acidente, doença, etc. Quando o acidente ocorre na infância, foi notado que, depois de um período variável (dependendo um pouco da idade da criança), a faculdade da fala é recuperada. O Ego constrói um novo centro na Área de Broca, no hemisfério oposto. Em todos os casos, na investigação por exame post mortem (o único meio de investigação aberto ao cientista material), o novo centro é aparente, porque o antigo pode ser visto em sua condição destruída.

O cérebro da criança é plástico, como o resto do corpo, e pode ser facilmente moldado para atender às necessidades do Ego; no entanto, nos adultos essa capacidade parece não existir. Em todos os casos de adultos em que foi possível investigar, após a morte, demonstrou-se que a recuperação parcial da faculdade da fala ocorreu por uma reconstrução daquele centro ferido e não pela instalação de um novo centro.

Todos nós conhecemos esta frase: “O pensamento sulca o cérebro”. Isso é literalmente verdade: a matéria cinzenta dobra-se repetidamente sobre si mesma e novas áreas do cérebro são formadas, como prateleiras em uma biblioteca, uma acima da outra. Se você deseja estudar um novo idioma, por exemplo, deve fazer uma nova prateleira e nós podemos, assim, organizar novas áreas do cérebro para realizar novas funções; contudo, a dificuldade com que isso é feito aumenta com o avanço da idade. Existem grandes áreas no cérebro que são lisas e sem sulcos; a dedução lógica é que não estamos usando essas partes. Isso nos dá uma ideia de como nossos cérebros podem desenvolver uma capacidade mental aumentada, no futuro, viabilizando que essas áreas lisas sejam cultivadas.

Vamos deixar o cérebro de lado, por enquanto, e dar uma olhada rápida na Mente. Na terceira Época ou Época Lemúrica, os pioneiros que se prepararam para a recepção da Mente receberam o seu núcleo dos Senhores da Mente, que irradiaram de si mesmos a substância que ajudou o ser humano a construir a Mente germinativa; mas a maioria da humanidade não estava pronta, naquela época, para esse novo passo e teve que esperar até a Época Atlante. A Mente é o nosso último veículo adquirido e o mais importante. Na grande maioria das pessoas, ela é informe e desorganizada: está em seu estágio mineral e tem poder apenas sobre os minerais. Poucos são capazes de ter pensamentos originais; tudo o que muitos de nós fazem é refletir os pensamentos de outras pessoas, estejam elas nos Mundos visível ou invisíveis.

“A Mente foi dada ao ser humano para que, pela obra do Ego através dela, o Pensamento e a Razão pudessem ser desenvolvidos, de modo que o desejo possa ser conduzido por canais que levem à obtenção da perfeição espiritual”. A Mente é composta da substância da Região do Pensamento Concreto e é, atualmente, uma essência semelhante a uma nuvem. Sendo o veículo mais jovem, ele tem um período de desenvolvimento mais curto do que nossos outros veículos e leva vinte e um anos, após o nascimento do Corpo Denso, para trazê-la à luz. É nosso desejo de conhecimento que nos impele a pensar; portanto, o egoísmo está na base de nossa capacidade de refletir.

A Mente é, temporariamente, extraída do Corpo Denso durante o sono, mas quando a morte acontece, ela é retirada permanentemente e permanece com o Ego, até que ele deixe o Segundo Céu e vá para o Terceiro, quando ela é dissolvida e sua a substância é deixada na Região do Pensamento Concreto.

Vamos olhar para frente e ver como será a Mente nos Períodos futuros. Como agora, durante o Período Terrestre, ela está em seu estágio mineral, atingirá o estágio de planta no Período de Júpiter; então se tornará viva e seremos capazes de trabalhar com vida, com plantas vivas, como os Anjos estão fazendo agora. Seremos capazes de criar vida pela imaginação e dar existência pelo pensamento a formas que viverão e crescerão como plantas; teremos a orientação do Reino vegetal nesse Período (nossos minerais atuais). No Período de Vênus, o Reino vegetal terá avançado para o Reino animal e nós daremos a eles formas vivas, com sentimento. No Período de Vulcano, nossas Mentes terão alcançado o estágio em que poderão criar ou propagar outras Mentes e nós daremos para a humanidade daquele Período a Mente germinativa.

Tendo visto uma breve revisão de várias fontes, da origem e do desenvolvimento do cérebro e da Mente, vejamos se podemos descobrir de que modo a Mente usa o cérebro como um veículo físico de expressão. Talvez devamos nos perguntar como nós combinamos os dois, porque nós, o Ego, estamos na base da Mente. Somos informados no Conceito Rosacruz do Cosmos de que o Éter Refletor é o meio pelo qual o pensamento é impresso no cérebro. Existem vários métodos pelos quais um pensamento pode atingir o cérebro. O primeiro, e mais geralmente usado, é o descrito no Conceito Rosacruz do Cosmos, em que estudamos os Éteres. Estamos todos perfeitamente familiarizados com este método — como o pensamento é lançado, já como forma de desejos, no Corpo de Desejos e, se a Força de Atração é despertada, então esse pensamento entra em espiral no Corpo de Desejos, é estimulada a forma de desejos, como se fosse acrescentada energia ao pensamento-forma e ela é revestida de matéria de desejo: então pode atuar no cérebro etérico e, por meio desse, no cérebro físico, para compelir a ação.

Se a Força de Repulsão for despertada no Corpo de Desejos, ocorrerá uma luta entre a força espiritual, na forma de pensamento, e o Corpo de Desejos; sabendo desse fato, devemos ser cuidadosos para que, quando nós, como Egos, desejamos despertar uma boa ação, a forma de pensamento que enviamos tenha por trás dela, e dentro dela, suficiente vontade e energia espiritual para que possa lutar por seu caminho, apesar da Força de Repulsão, assegurando o material de desejo necessário para se incorporar, em vez de ser expulsa do Corpo de Desejos. Se houver pouca vontade, poucas das nossas boas disposições se tornarão mais do que impulsos, pois a força espiritual está ausente.

Outro método pelo qual o Ego pode imprimir pensamentos no cérebro é por meio do sangue. O sangue é o veículo do Ego e carrega nossos sentimentos e emoções. É, em certo sentido, o veículo da memória subconsciente (ou Mente subconsciente) e está em contato com a Memória da Natureza, que é muito mais precisa do que a memória consciente (ou Mente consciente). As imagens do Éter Refletor são transportadas para os pulmões pelo ar que respiramos e a partir daí, transmitidas ao sangue; à medida que o sangue flui para todas as partes do corpo, incluindo o cérebro, uma impressão mais ou menos distinta daquilo que ele contém em seu depósito, incluindo o pensamento subconsciente, pode ser impressa no cérebro pelo Ego, caso se tornar necessário.

Outra maneira é pela memória superconsciente (ou Mente superconsciente) – também chamada de memória Supraconsciente -, inata ao Espírito de Vida, que é capaz de se imprimir diretamente no Éter Refletor do Corpo Vital sem a necessidade de se revestir de matéria de desejo: isso é a intuição ou a consciência que fala conosco. De uma quarta forma, o Espírito de Vida pode transmitir sua mensagem de sabedoria diretamente ao coração, que instantaneamente a transmite ao cérebro por meio do nervo pneumogástrico, resultando as primeiras impressões, os impulsos intuitivos do Espírito de Vida.

Tendo rastreado a origem e o desenvolvimento da Mente e do cérebro, olhado para o futuro e tido um vislumbre da evolução da Mente durante os três Períodos que virão e compreendido amplamente o quanto as nossas Mentes atuais permitirão a imensidão desse plano final, consideremos agora alguns dos métodos pelos quais o desenvolvimento da Mente e do cérebro pode ser realizado, ambos tendo como objetivo do desenvolvimento a evolução espiritual do Ego.

Vamos começar com o cérebro: todos nós conhecemos a conexão íntima que existe entre o cérebro, o sistema nervoso e o sangue. O sangue é o meio pelo qual o alimento é levado às várias partes do corpo e o tipo de alimento que comemos deve ter grande influência sobre o cérebro. O Conceito Rosacruz do Cosmos nos informa que “o fósforo é o elemento particular por meio do qual o Ego é capaz de expressar o pensamento e influenciar o Corpo Denso”.

O fósforo se encontra em maior concentração no cérebro e “a proporção e variação desta substância corresponde ao estado e estágio de inteligência do indivíduo… Portanto, é de grande importância ao Aspirante à vida superior que vai usar seu corpo, pois o trabalho mental e espiritual deve suprir seu cérebro com a substância necessária para esse propósito”. Mais uma vez, Max Heindel diz: “Além disso, devem ser selecionados os alimentos que são mais facilmente digeridos, porque quanto mais facilmente a energia dos alimentos é extraída, mais tempo o organismo tem para se recuperar, antes de ser necessário repor o fornecimento”.

É importante que os vários órgãos fornecidos com a finalidade de livrar o corpo dos resíduos devem ser mantidos em perfeito funcionamento (e isso inclui a pele), ou o sangue ficará envenenado e transportará esse veneno para o cérebro, produzindo lentidão mental e, às vezes, até estupor.

Sabemos, por nossos Ensinamentos Rosacruzes, que a força criadora construiu o cérebro em primeiro lugar e é razoável concluir que a mesma força melhorará o cérebro, se for direcionada para cima e não desperdiçada por ordem do Corpo de Desejos.

Para entender o próximo método de melhora do cérebro, vamos recordar o que foi dito no início deste artigo a respeito de diferentes áreas do cérebro serem dedicadas a diferentes linhas de pensamento. Todos nós temos, dentro de nossos cérebros, certas áreas dedicadas ao pensamento egoísta. O pensamento destrói o tecido e, como nos diz o Conceito Rosacruz do Cosmos, o tecido destruído, assim como todos os outros resíduos do corpo, é substituído por novo tecido pelo sangue.

O coração era um músculo involuntário, mas aos poucos está se tornando um músculo voluntário, desenvolvendo listras ou estrias cruzadas como os outros músculos voluntários. Essas listras cruzadas podem ser incrementadas por certos exercícios ocultos, de modo que o tempo necessário para desenvolver o coração e torná-lo um músculo voluntário pode ser bastante reduzido pelo treinamento oculto; quando o coração se tornar um músculo voluntário totalmente desenvolvido, a circulação do sangue passará do controle do Corpo de Desejos para o influência absoluta do Espírito de Vida; esse veículo poderá então cancelar o suprimento de sangue para as áreas do cérebro dedicadas a propósitos egoístas: já que os pensamentos egoístas destruirão os tecidos e nenhum suprimento novo de sangue será enviado para aquele lugar, eles irão se atrofiar, gradualmente. Ao mesmo tempo, as áreas dedicadas ao pensamento altruísta serão aumentadas pelo maior suprimento de sangue e, dessa forma, o cérebro se tornará um fator poderoso no desenvolvimento espiritual.

Resta ver como a Mente pode ser melhorada. A concentração é um dos grandes auxílios, já que, por meio dela, a Mente torna-se direcionada; também pelos estudos do pensamento abstrato, preservando o estado fluídico de adaptabilidade, ou seja, mantendo a Mente aberta para que não se cristalize em uma linha de pensamento, mas esteja sempre pronta a assimilar novas verdades. A Religião é uma forma de ajudar a melhorar a Mente. Quando nossa Mente era nova, ela se fundiu com o Corpo de Desejos e, assim, as Religiões de Raça foram dadas para emancipar a Mente do desejo. A Mente deve ser mantida em seu devido lugar, como um elo entre o “Eu superior” e a Personalidade; deve, assim, procurar dar as mãos para o “Eu superior”; dessa forma seremos salvos das experiências que surgem quando a Mente fornece uma aliança ao Corpo de Desejos.

O Conceito Rosacruz do Cosmos afirma que a oração pela Mente é a parte mais importante da Oração do Senhor, o Pai-Nosso. Afirma ainda: “o espelho da Mente contribui cada vez mais para o crescimento espiritual, à medida que os pensamentos que ele transmite para o Ego, e a partir dele, aperfeiçoam-no para um brilho máximo, aguçando e intensificando seu foco cada vez mais para um único ponto, perfeitamente flexível e sob o controle do Ego”. É de grande importância que tenhamos apenas o tipo certo de pensamentos em nossa Mente, porque pensamentos de caráter semelhante serão atraídos a nós pelos pensamentos que já estão em nossa Mente. Se tivermos pensamentos espirituais, eles crescerão e aumentarão, porque “semelhante atrai semelhante”. A Mente, assim como todos os outros veículos, pode ser espiritualizada pelo cultivo das faculdades da observação, discriminação e memória, devoção a ideais elevados, oração, concentração e do uso correto das forças vitais.

Por último, todo trabalho que fizermos em nosso Corpo de Desejos, purificando os desejos e emoções, será extraído do Corpo de Desejos em forma da Alma Emocional e nos Mundos celestes ela será amalgamada ao Espírito Humano, o que resultará em Mentes melhores em vidas futuras.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de jul/1918 e traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Natureza e o Simbolismo da Alma — de acordo com Ideias Antigas

A Natureza e o Simbolismo da Alma — de acordo com Ideias Antigas

Era um ditado de Aristóteles que, na infância, a alma do ser humano não difere em qualquer coisa da alma dos brutos; mas então ele admite que apenas um animal, o ser humano, possa refletir e deliberar; a última afirmação encontrou grande apoio entre os filósofos modernos. Assim, agora somos informados de que o bruto seja sensível, mas não autoconsciente, e poderes e faculdades são continuamente apontados no ser humano, os quais, afirma-se positivamente, não podem ser encontrados em alguém inferior a ele. As pessoas que fazem tais declarações já visitaram a câmara de pensamento dos animais inferiores, nós nos perguntamos, e, se não, como podem falar do mistério da mente com tanta certeza?

Platão usou esta classificação:  alma das paixões e alma das faculdades cognitivas; cada uma tendo sua própria sede no corpo e movimentos peculiares; até mesmo Aristóteles, seu oponente materialista, tem suas almas vegetais, almas sensíveis e almas racionais. Em toda a fisiologia e psicologia gregas estava o pressuposto de que tudo o que se movia sozinho tinha vida ou alma. A matéria foi admitida como essencialmente inativa e, portanto, tornou-se necessário supor um agente vital no qual (ou através do qual) a atividade se manifestasse; o mesmo era válido no caso da função física, da senciência e do intelecto, sendo essa a suposição sobre a qual repousava também os três tipos de alma de Platão e as três almas de Aristóteles, pois inclusive a teoria deste parece estar, e talvez literalmente, quase no mesmo nível.

Galeno limitou o termo alma ao agente das funções sencientes e inteligentes, fazendo da Natureza um simples operador físico; contudo, Aristóteles reinou sobre as escolas e sua doutrina das almas vegetais, almas sencientes e almas racionais, modificada de várias maneiras, pode ser localizada em muitas teorias fisiológicas e médicas até mesmo em nossos tempos. Era substancialmente um com o Archaeus, o princípio governante da filosofia de Paracelso, e o princípio animador, organizador de Harvey. Ainda mais tarde, Muller transformou a concepção em uma força orgânica que existe até mesmo no germe e cria nele a parte essencial do futuro animal, enquanto Haeckel e outros que tentam se afastar inteiramente do princípio das almas são ainda forçados a reconhecer, com ele, um princípio vital que subjaz a todas as manifestações físicas.

A alma cristã e imortal foi representada tanto pelo pavão quanto pela pomba e, mais frequentemente, pela última. Podemos ver os Discípulos de nosso Senhor representados como pombas na cruz absidal em São Clemente. As almas cristãs das pombas são encontradas em tabuletas murais tanto em fontes batismais quanto sarcófagos. Com menos frequência, elas aparecem como pavões e raramente em sarcófagos; no entanto, mesmo em tempos pré-cristãos, elas eram assim representadas nas paredes de câmaras sepulcrais e cenas do Paraíso de Osíris, em alguns sarcófagos. No museu do Vaticano estão duas pombas em uma cruz, rodeadas pelo monograma de Cristo em uma coroa de flores. Esse objeto pode ser visto com frequência.

No único tabernáculo de marfim preservado na sacristia da Catedral de Sens, vemos uma pinha tomando o lugar da cruz ou do diagrama de Cristo e, de cada lado dela, um pavão, representando não apenas as almas dos cristãos, mas as dos mártires, pois cada pavão tem um pequeno ramo de palmeira preso no pescoço.

O símbolo egípcio convencional para a alma era, como todo arqueólogo sabe, um gavião com cabeça humana. Nos últimos tempos e entre os romanos, as almas dos que partiram para o Paraíso de Osíris eram representadas como pombas e pavões. Em uma pintura afresco que existiu em Pompéia, uma cópia da qual foi gravada em Nápoles em 1833, almas simbolizadas como pombas e pavões são representadas empoleiradas em árvores sagradas — a palmeira e o pessegueiro, no Paraíso de Osíris e Isis. Nesse afresco estava também representada a garça, símbolo, segundo o Visconde de Ronge, da primeira transformação da alma neste misterioso Paraíso.

Havia, então, para esse propósito, certo significado idêntico e ligado ao símbolo do pavão e da pomba. A pomba de Vênus foi crucificada em uma roda de quatro raios ou cruz solar; a pomba, também chamada de Inyx, apresenta relação com esses símbolos e ocorre na história de Semiramis, sendo descrita como tendo fugido e transformando-se em pomba, quando foi conquistada por Esturobates, que havia ameaçado pregá-la na cruz, que é identificada com a roda de quatro raios na crucificação eterna de Ixion, ou a roda da execução descrita por Píndaro.

A pomba crucificada em uma cruz-de-roda ou cruz solar; basicamente, uma cruz dentro de uma circunferência é curiosa como um antigo símbolo pré-cristão, mas nos símbolos cristãos duas pombas na cruz são frequentemente vistas. No entanto, é mais do que provável que haja outro significado para o símbolo da pomba e não apenas o de representar a alma. O batismo de Jesus no Jordão foi um batismo da água e do espírito, porque, quando Jesus saiu da água, o Cristo Universal desceu sobre ele como uma pomba, mas não em forma de pomba e, a partir de então, foi animado por um espírito diferente, imbuído de sabedoria cósmica. Da mesma forma, quando o espírito desceu sobre os Discípulos na Celebração Pentecostal, eles também foram dotados de poderes espirituais não anteriormente possuídos por eles e apenas aqueles que têm tais faculdades evoluídas podem realmente entrar na classificação que lhes dá o direito ao símbolo da pomba, tal como foi depois dado aos Discípulos de Cristo. Portanto, é razoável supor que esse símbolo só tenha sido oferecido a iniciados cujos poderes espirituais foram desenvolvidos para serem usados a Serviço da Humanidade.

Porém, se pudermos aplicar o Mito de Argus como um índice para o significado do símbolo do pavão, isso nos mostrará a alma desperta que usa seus poderes para um propósito mais básico. Argus, de acordo com a mitologia, tinha cem olhos, era dotado de um poder de observação maravilhoso e penetrante; clarividência, na verdade. Mas ao invés de usar este poder da alma para o benéfico Serviço à Humanidade, ele prostituiu sua visão espiritual para aprisionar um semelhante e, por isso, Mercúrio, o deus da sabedoria, decapitou-o e colocou seus olhos nas plumas do pavão. Em outras palavras, o uso indevido de seus poderes espirituais para um propósito vil fez com que ele fosse privado deles e se tornasse uma criatura indefesa, arrogante e vaidosa como um pavão, algo lamentável, apesar de toda sua linda plumagem.

Conhecimento é bom, se for do tipo certo e usado corretamente para propósitos altruístas e úteis; contudo, é extremamente perigoso ser sábio como uma serpente, se não for inofensivo como uma pomba.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de janeiro de 1918 e traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

“Vós Sois Meus Amigos”: fomos ensinados a praticar essa frase no nosso cotidiano

“Vós Sois Meus Amigos”: fomos ensinados a praticar essa frase no nosso cotidiano

“Vós sois meus amigos”. Frase simples, que se dilui no contexto grandioso dos Evangelhos. Não raro, passa despercebida a profundidade de seu significado.

O fato de o Cristo nos considerar amigos transcende qualquer possibilidade do conhecimento humano. Mas, a transcendentalidade do fato não nos impede de meditar e de lhe extrair lições.

O Cristo, quanto à evolução, encontra-se muito acima da nossa onda de vida. Não obstante a distância evolutiva que nos separa, Ele desceu ao nosso plano, isto é, o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nos considera amigos. Se esse glorioso Ser pode assim considerar-nos, seguramente não poderemos ser menos que amigos entre nós mesmos.

Na Bíblia, à frase “Vós sois meus amigos” segue-se: “se fizerdes as coisas que Eu mando”. O que Ele mandou fazer, por suposto, é praticar Seus ensinamentos na vida diária, para o despertamento do Cristo Interno. É a única maneira de chegarmos a ser como Ele, fazendo o que Ele fez e coisas maiores ainda. Se nos empenharmos em assim proceder, seremos Seus discípulos e mais do que isso, Seus amigos.

Nesse particular, o conceito de amizade transcende a ideia geralmente aceita de estima e afeto entre um grupo de indivíduos intimamente relacionados e ascende a um nível indiscutivelmente superior, ao plano da amizade universal, na qual todos se incluem.

Se fizermos o que Ele nos mandou seremos Seus amigos no sentido mais elevado do termo. Também alcançaremos o nível de amizade ideal com nossos semelhantes, não só com aqueles que estão buscando a iluminação espiritual ao longo do caminho que estamos trilhando, mas com todos os viajores de outras rotas.

A definição de amizade varia de acordo com a época. Aristóteles a definiu como um “caminho”, enquanto Coleridge a ela se referiu como “uma árvore de refúgio”. Emerson falou em “ordem de nobreza”; seu incomparável ensaio sobre a amizade não encontrou paralelos em quaisquer outras literaturas. Em Thoreau, encontramos, talvez, a mais perfeita compreensão do que seja esse sentimento, nestas palavras: “Inspiramos amizade aos homens quando já a temos com os deuses”. Quando chegamos a ser amigos de Cristo, certamente inspiraremos amizade aos indivíduos por força de nossa conduta profundamente compassiva.

O melhor que pudermos fazer pela humanidade, seja individual seja coletivamente, como membros da Fraternidade Rosacruz, será realizado por meio da amizade. Podemos ajudar uma pessoa porque a consciência nos obriga a fazê-lo; ou porque nos apiedarmos dele; ou porque isso pode nos trazer alguma vantagem pessoal. Sob quaisquer dessas circunstâncias poderemos ser úteis. Porém, somente quando nos consideramos seus amigos, ligados por sentimentos de estima e compreensão, sobrepondo-nos aos nossos interesses pessoais, é que lhe seremos verdadeiramente úteis.

Quando trabalharem juntos, unidos e inspirados pelos laços de amizade, os seres humanos podem realizar algo realmente duradouro. A esse respeito Thomaz Carlyle assim se manifestou: “Como é possível a amizade? Por meio da mútua devoção ao bom e verdadeiro… um homem é suficiente para si mesmo: dez homens unidos pelo amor são capazes de fazer o que dez mil individualmente não poderiam. Infinita é a ajuda que o homem pode proporcionar ao homem”.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – nov/dez/87)

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