Os Reais Heróis do Mundo
Junho de 1916
Embora minha carta esteja datada como primeiro dia do mês, é claro que foi escrita antes – de fato, na noite antes do dia “Decoration Day”[1], dia em que todos os americanos patriotas deveriam homenagear os heróis mortos que lutaram pela integridade da União.
Enquanto eu refletia sobre o assunto, me ocorreu que parece ser sempre necessária uma calamidade ou uma catástrofe para que o ser humano se esqueça de si mesmo e atenda ao apelo de uma causa ou à necessidade daquele momento, sem considerar as consequências. O ser humano sempre reage em resposta a esse apelo nas guerras, nos terremotos, incêndios ou naufrágios.
Contudo, por que haveria necessidade de tais eventos cataclísmicos para despertar a virtude do serviço desinteressado, quando tais serviços são necessários todos os dias, todas as horas, em todos os lares, lugarejos e cidades? O mundo seria bem melhor se nós praticássemos nossos atos nobres diariamente, ao invés de somente em ocasiões de excepcional estresse. Pode ser nobre morrer por uma grande causa, porém, certamente é mais nobre viver uma vida de sacrificando a si mesmo ou de seus interesses pelos dos outros, estendendo por muitos anos, sentindo e demonstrando afeto para com os outros e ajudando-os a ser melhores e mais nobres, do que morrer na tentativa de matar o seu próximo.
Há muitos pais que anos e anos fazem esforços extenuantes e desgastantes devido a dificuldades e adversidades para proporcionar a seus filhos o que eles denominam “uma oportunidade na vida”. Há milhares de mães que se esforçam laboriosamente durante uma vida toda em “árduos trabalhos” para fornecer o que é necessário para proporcionar “uma oportunidade na vida” para os jovens. Há milhões destes heróis de quem nunca se ouviu falar, porque eles ajudaram seus semelhantes a viver, ao invés de lhes causarem a morte.
Isso não é uma anomalia: que nós honremos um exército de homens por mais de meio século, pelo fato de terem matado, matado, matado…, enquanto aquele exército bem maior que fomentou tudo aquilo que há de melhor na Terra repousa esquecido em suas sepulturas?
Como seguidores de Cristo, vamos prestar homenagens aos heróis e heroínas que durante anos de sofrimento lutaram pelos outros, prestando cuidados carinhosos em tempos da infância desamparada, pelo serviço incansável em tempos de doença, pela paciente ajuda aos pobres e por todo e qualquer problema que pudesse ocorrer, especialmente devido a um destino.
Tampouco vamos esperar até que esses benfeitores passem para o além. E nem deveríamos estipular um dia no ano para o pagamento de tal tributo, mas nós deveríamos honrá-los todos os dias das nossas vidas, e deveríamos tentar aliviar seus fardos, imitando seus nobres atos.
Como vamos encontrá-los? Eles não usam uniformes; nem se exibem pelo que fazem. Eles estão em toda parte, e se buscarmos, os encontraremos. Quanto mais depressa nos juntarmos a eles, mais depressa nós os honraremos aliviando seus fardos, pois isso torna a nós todos servos do Mestre: “cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes’”[2].
(Do Livro: Carta nº 67 do Livro Cartas aos Estudantes – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
[1] N.T.: O Memorial Day é o feriado nacional nos Estados Unidos que acontece anualmente na última segunda-feira de maio. Anteriormente conhecido como Decoration Day (Dia da Condecoração), o feriado homenageia os militares americanos que morreram em combate.
[2] N.T.: Mt 25:40
Tolerância com a Crença dos Outros
Junho de 1918
Estamos aqui para viver nas condições como nós encontramos e para aprender as lições proporcionadas pelo nosso meio ambiente. Aqueles que estão constantemente vagando nas nuvens e buscando ideais espirituais e negligenciando os seus deveres cotidianos estão tão equivocados em seus esforços quanto aqueles que se maculam na lama do trabalho material, trabalhando duro e pesado em sua ganância pelo dinheiro. Ambos precisam de ajuda, mas em direções opostas. Uma classe precisa ser puxada para baixo até que seus pés estejam firmemente colocados na Terra; a outra classe precisa de uma elevação espiritual para que possam ver a luz do céu e comecem a pensar em adquirir tesouros lá.
“Um alimento para um ser humano pode ser um veneno para outro”, e isso se aplica tanto ao alimento espiritual como ao alimento físico. Há somente uma grande verdade – a Divindade – contudo, ela tem muitas facetas. O ângulo de apresentação que nos atrai pode não ter a mesma força para comover os outros; e, vice-versa, sua visão da verdade pode não atender às nossas necessidades. Portanto, há uma razão para todas as diferentes Religiões no mundo e as diferentes visões apresentadas pelos diversos cultos e seitas. Cada um tem sua missão a desempenhar junto as pessoas entre as quais se encontra, por isso devemos ser tolerantes com todos os cultos ou Religiões, quando aqueles que os professam e que nos atacam em nossos pontos de vista.
Devemos estar satisfeitos em sermos conhecidos por nossos frutos, pois esta é a única prova individual verdadeira e válida da Religião. Isso nos torna melhores homens e mulheres, melhores pais e mães, filhos e filhas, irmãos e irmãs, patrões e empregados? Isso nos faz sermos melhores cidadãos em todos os lugares, de maneira que possamos ser respeitados na comunidade onde vivemos? Esta é a prova da verdadeira Religião.
Não há grandes riscos de encontrar o materialista em nossas fileiras, mas, infelizmente, existe uma tendência entre as pessoas que abraçam ensinamentos avançados de voar nas nuvens, esquecendo das condições do cotidiano delas e dos deveres terrenos. Isso faz com que as pessoas comuns olhem com desconfiança para o ocultismo e classificam aqueles que o estudam como excêntricos, embora suas ações não tenham nada a ver com o ocultismo, como não é culpa de um bom alimento quando de um estômago fraco que não consegue digeri-lo.
Por essa razão, não só devemos ser tolerantes para com as crenças dos outros e manter o princípio de nunca criticar qualquer uma das crenças, como também devemos nos vigiar para VIVERMOS os Ensinamentos Rosacruzes, de forma a dar credibilidade a eles, onde quer que estejamos.
(Do Livro: Carta nº 91 do Livro Cartas aos Estudantes – de Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Os Espíritos de Raça e a Nova Raça
Outubro de 1915
Como há grande número de Estudantes que não assinam a Revista[1], e como há um artigo muito importante sendo publicado tratando sobre o lado oculto da guerra[2], creio que seja oportuno dedicar a carta mensal a um resumo dos fatos, e confio que isso também beneficiará a todos aqueles que possuem a Revista; por isso não pretendo fazer uma cópia da matéria, mas abordarei o assunto de improviso e, com certeza, novos pontos serão ressaltados.
Você se lembra de como cada um dos países envolvido nesse triste episódio se esforçou para se isentar de qualquer tipo de responsabilidade desde o princípio. Em certo sentido estão corretos, pois embora todos tenham culpa em decorrência do arrogância do coração, – e como Davi[3], quando contou a quantidade de pessoas que havia com ele em Israel, tendo pondo a sua confiança na enorme quantidade de seus homens, navios e armamentos – nenhuma guerra poderia ser declarada sem que fosse permitida pelos Espíritos de Raças. O Espírito de Raça guia os que estão sob a sua responsabilidade pelo caminho da evolução e, como Jeová, luta por eles ou permite que outras nações os conquistem, quando for necessário para que aprendam as lições necessárias para seu progresso.
Quando examinado pela visão espiritual, o Espírito de Raça aparece como uma nuvem cobrindo uma nação, e é insuflada no pulmão dessas pessoas a cada inspiração de ar que fazem. Nele, elas vivem, se movem e têm seu ser como um fato real. Por meio desse processo ficam imbuídos do sentimento nacionalista a que chamamos “patriotismo” o qual, em tempos de guerra, é tão poderosamente intenso e produtor de poderosas emoções que todos se sentem compromissados com tal questão e estão dispostos a sacrificar tudo por seu país.
A América não tem Espírito de Raça, até agora. É o cadinho onde diferentes nações estão sendo amalgamadas para extrair a semente para uma nova raça, portanto, é impossível despertar um sentimento universal que fará com que todos se movam como um só em qualquer assunto. No entanto, essa nova raça está começando a aparecer. Você pode reconhecê-la nas pessoas com seus braços longos e pernas longas, seu corpo jovial, saudável, atraente e capaz de se mover e se curva com extrema agilidade, sua cabeça longa e um tanto estreita, a parte superior do seu crânio ou da sua cabeça alta e sua testa quase retangular. Dentro de poucas gerações, imagino que sejam entregues a responsabilidade de um Arcanjo, que começará a unificá-los. Isso por si só levará algumas gerações, pois, embora as imagens originalmente estampadas nos corpos da velha raça tenham desaparecido atualmente, devido o advento dos casamentos entre nações, povos e raças, elas ainda influenciam a ponto de produzirem resultados, e as conexões familiares da América com a Europa podem ser rastreadas na Memória da Natureza, cujo reflexo temos no Éter Refletor. Até que esse registro não seja apagado, o vínculo com o país ancestral não está totalmente rompido, e as colônias de italianos, escoceses, alemães, ingleses etc., existentes em diversas partes desse país, retardam a evolução da nova raça. É provável que a Era de Aquário chegue antes que essa condição seja totalmente superada e a raça americana totalmente estabelecida.
Se você olhar para os acontecimentos durante os últimos 60 ou 70 anos, ficará evidente que essa foi uma época de ceticismo, dúvida e crítica aos assuntos religiosos.
As igrejas têm ficado cada vez mais vazias e as pessoas, muitas vezes, abandonam a adoração a Deus e se voltam para a busca do prazer. Essa tendência estava aumentando na Europa até o início dessa guerra, e ainda continua sendo uma vergonha para muitas cidades e centros do pensamento científico da América. Como um resultado dessa atitude mental mundial, promovida pelos Irmãos da Sombra com a permissão dos Espíritos de Raça, assim, como Jó[4] foi tentado por Satanás na lenda, uma catarata espiritual vedou os olhos do mundo ocidental e deve ser removida antes que a evolução possa prosseguir. Como isso está sendo feito será o assunto da próxima carta.
(Do Livro: Carta nº 59 do Livro Cartas aos Estudantes)
[1] N.T.: Na época se refere à Revista Rays from the Rose Cross.
[2] N.T.: refere-se à Primeira Guerra Mundial
[3] N.T.: Cr 21:1-17
[4] N.T.: Veja o Livro de Jó na Bíblia para ter um panorama completo.
Aumentando a Vida do Arquétipo
Dezembro de 1918
Esta é a última carta aos Estudantes deste ano[1], e o pensamento no final de cada ciclo, naturalmente, se volta para a capacidade do tempo em passar rapidamente e para a evanescência da existência no mundo fenomenal. Também nos recordamos da preciosidade do tempo e da nossa responsabilidade em usá-lo da melhor forma para o crescimento anímico, pois “que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”[2] . Agora é o tempo de semear, e foi nos dito que “a quem muito é dado, muito será exigido”[3]. Portanto, somos responsáveis pelos efeitos das nossas ações e pelo que temos feito ou que deixamos de fazer, numa extensão muito maior do que aqueles que não tiveram o conhecimento interno do propósito de Deus, o qual nos foi oferecido por meio dos Irmãos Maiores.
Nessa conexão, nós devemos perceber que cada ato de cada ser humano tem um efeito direto no arquétipo do seu corpo. Se o ato está em harmonia com a lei da vida e da evolução, fortalece o arquétipo e possibilita um prolongamento da vida, na qual o indivíduo alcançará o máximo de experiência e obterá um crescimento anímico compatível com seu estado evolutivo e com a sua capacidade de aprendizagem. Desse modo, menos renascimentos serão necessários para ele chegar à perfeição, comparado com um outro que, deliberadamente, evita viver vida como se deve e faz de tudo para escapar do seu fardo, ou com outro, ainda, que aplica suas forças destrutivamente. Nesse último caso, o arquétipo se esgota e se rompe cedo. Assim, aqueles, cujos atos são contrários à lei, encurtam as suas vidas e têm que renascer mais vezes do que aqueles que vivem em harmonia com a lei. Esse é outro exemplo de que a Bíblia é correta quando nos exorta a fazer o bem para que possamos ter uma vida mais longa aqui na Terra.
Essa lei é aplicada a todos sem exceção, mas tem maior significado nas vidas daqueles que estão trabalhando, conscientemente, com a lei da evolução do que daqueles que não estão. O conhecimento desses fatos deveria aumentar dez ou cem vezes o nosso prazer, entusiasmo, disposição, energia e interesse pelo bem. Mesmo se tenhamos começado, como se costuma dizer, “tarde na vida” podemos facilmente acumular um “tesouro” maior nos últimos anos do que o obtivemos em algumas vidas anteriores. E, acima de tudo, nós conquistaremos a possibilidade para um começo mais cedo nas próximas vidas.
Esperemos, portanto, que tenhamos aproveitado da melhor maneira o ano que está terminando e nos preparemos para aumentar nossos esforços durante o próximo ano.
(Do Livro: Carta nº 96 do “Livro Cartas aos Estudantes”)
[1] N.T.: dezembro de 1918
[2] N.T.: Mc 8:36
[3] N.T.: Lc 12:48
A Amizade como um Ideal
Dezembro de 1910
Em um movimento religioso é costume se dirigir um ao outro como “Irmã” e “Irmão”, em reconhecimento de que todos, de fato, somos filhos de Deus, que é o nosso Pai comum. Entretanto, irmãos e irmãs nem sempre estão em harmonia. Algumas vezes chegam ao extremo de se odiar, mas, entre amigos não pode haver outro sentimento que não seja o amor.
Foi o reconhecimento desse fato que levou Cristo, nosso grande e glorioso Ideal, a dizer a Seus Discípulos: “De agora em diante já não vos chamarei de servos… mas de amigos” (Jo 15:15). Nada melhor podemos fazer do que seguir o nosso grande Líder, tanto nesse como em todos os outros acontecimentos da Sua vida. Não devemos nos contentar com simples relacionamentos fraternais, mas vamos nos esforçar por sermos amigos no mais santo, puro e amplo sentido da palavra.
Os Irmãos Maiores, cujos belos ensinamentos nos uniram no Caminho da Realização, honram os seus Discípulos do mesmo modo que Cristo honrou os Seus Apóstolos chamando-os de “Amigos”. Se você persistir no caminho que você começou a percorrer, algum dia, estará na presença deles e ouvirá a palavra “Amigo” pronunciada em voz tão suave, carinhosa e dócil que ultrapassa qualquer descrição ou até a própria imaginação. A partir deste dia, não haverá trabalho que você não efetuará para merecer tal amizade. Servi-los será o seu único desejo, sua única aspiração, e nenhuma distinção terrena será comparável a esta amizade.
Sobre os meus indignos ombros caiu o grande privilégio de transmitir os Ensinamentos dos Irmãos Maiores ao público em geral e, em particular, aos Estudantes, Probacionistas e Discípulos da Fraternidade Rosacruz. Você que solicitou que seu o seu nome figurasse na minha lista de correspondentes, saiba que eu, alegremente, lhe estendo a minha mão direita em fraternidade, cumprimentando-o pelo nome de amigo. Aprecio a confiança que depositou em mim, e lhe asseguro que me esforçarei para ajudá-lo em tudo que estiver ao meu alcance e ser merecedor de sua confiança. Espero que também me auxilie no trabalho que me proponho a fazer em benefício de todos, e peço que me desculpe no caso de descobrir alguma falhar em mim ou em meus escritos. Ninguém necessita mais de orações de seus semelhantes do que aquele que tem por missão ser um líder.
Por favor, lembre-se de mim em suas preces e tenha certeza que o terei nas minhas. Incluo a primeira lição com a esperança que o que foi exposto nessa carta estabeleça as nossas relações e firme, entre nós, uma amizade sincera.
(Do Livro: Carta nº 1 dos Estudantes)
A Pureza Geradora, o Ideal para você que nasceu no Ocidente
Dezembro de 1911
Vocês compreenderam o ponto principal da lição do mês passado sobre o simbolismo da Rosacruz, o ponto crucial dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental? É a Pureza Geradora.
Os grandes Líderes da humanidade sempre prescrevem as condições mais condutivas ao desenvolvimento de cada raça, as religiões diferentes para as massas e os métodos diversos de realização para uns poucos. A populosa condição do extremo Oriente prova uma indulgência universal e irrestrita das paixões por parte dos nossos irmãos e irmãs chineses e indianos mais jovens. Portanto, os Mestres da Sabedoria Oriental prescrevem o celibato aos seus discípulos como meio para controlar essas paixões.
No Ocidente, as condições são mais complicadas e perigosas. Aqui as comportas da paixão estão, em grande parte, represadas; não pela percepção da santidade do ato gerador, mas por causa do egoísmo e da prioridade dada à necessidade econômica. Muitas vezes, esse método conduz à perversão insidiosa e a práticas dissolutas. Se a paixão não fosse tão forte, esse método poderia, de fato, resultar em suicídio da raça. Exigir que um Aspirante nascido nessas condições viva uma vida celibatária, apenas daria a ele mais incentivo ao egoísmo e à autossuficiência; portanto, é considerado meritório quando um aluno da Escola de Mistério Ocidental se casa e continua a viver uma vida de castidade.
Tem sido um detrimento para o Mundo Ocidental as várias sociedades que promulgam aqui doutrinas Orientais – celibato, entre outras – e foi um grande impacto para mim quando um dos diretores de uma dessas sociedades lamentou o casamento de um de seus conferencistas e disse o quanto isso os embaraçava, pelo fato de sua esposa estar prestes a entrar em trabalho de parto. À medida que a família foi aumentando com o passar dos anos, a sociedade o relegou à vida privada.
Exatamente o contrário aconteceria com os Estudantes da Escola Ocidental. Eles são altamente respeitados se estão aptos e dispostos a prover um corpo e um lar para um ou mais espíritos aguardando por renascer, desde que, naturalmente, vivam uma vida de casto amor conjugal durante os intervalos de um nascimento e outro.
Enquanto a alma mais jovem e mais vulnerável do Oriente é dirigida pelos Instrutores Compassivos, que trata os mais fracos com uma maior bondade do que aos que são mais capazes de cuidar de si, para ser celibatário e fugir da tentação o mais rápido possível, para escapar do perigo de cair nela, ao mais velho espírito do Ocidente é permitido avaliar sua força vivendo em relações conjugais , de modo que um dia alcance uma concepção imaculada, como é simbolizado pela casta e bela rosa que espalha a sua semente sem paixão e sem se envergonhar.
Uma Nova Raça de seres humanos está surgindo agora. Homens e mulheres cristãos de Mente pura estão despertando cada vez mais para as reivindicações dos que estão por nascer. Celebremos o aniversário do nascimento de Nosso Salvador orando para que, em breve, as condições mais puras se tornem globais e que todas as crianças sejam bem-nascidas. Por fim, mas não menos importante, que cada um de nós ensine, pregue e viva essa doutrina.
(Cartas aos Estudantes – nº 13 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel)
Novembro de 1913
Frequentemente, recebemos solicitações de auxílio de pessoas que, infelizmente, pertenciam a sociedades onde elas se submetiam ao domínio dos espíritos de controle que, no momento, os assombram e os perseguem chegando ao ponto de se tornarem um fardo na vida delas. Também recebemos solicitações de auxílio de pessoas que frequentaram sociedades onde ensinavam exercícios de respiração hindus. A impaciência de ingressar nos Mundos invisíveis leva muitas pessoas a praticar estes exercícios, cuja natureza perigosa desconhecem, quando percebem é tarde demais e aí experimentam problemas tano na saúde física como na espiritual. Então, vem até nós a procura de alívio que, felizmente, conseguimos fornecer a todos que se aplicaram, até mesmo aqueles que estavam à beira da insanidade.
E é por isso que a literatura da Fraternidade Rosacruz está repleta de advertências sobre o evitar todos os exercícios respiratórios tais como preconizados pelas escolas orientais, os quais são impróprios às pessoas que vivem no lado ocidental do Planeta. É com muita e profunda tristeza que ouvimos falar de um Estudante que está, agora, doente como consequência desses tipos de exercícios respiratórios. Portanto, cremos que será conveniente afirmarmos, mais uma vez, a diferença entre os métodos oriental e ocidental, para que fique bem claro o por que é sensato evitar tais exercícios.
Em primeiro lugar, é necessário ter a percepção clara de que a evolução do espírito e a evolução da matéria andam de mãos dadas. O espírito evolui renascido em veículos densos de matéria e trabalhando com o material encontrado no Mundo Físico. Assim, o espírito progride e, também, a matéria está sendo aprimorada porque o espírito trabalha sobre ela. Naturalmente, os espíritos mais avançados atraem para si material mais refinado do que aqueles que estão atrasados no caminho da evolução, e os átomos nos corpos de pessoas mais altamente evoluídas são mais sensíveis do que as daquelas que existentes em povos primitivos.
Entretanto, os átomos das pessoas que vivem no ocidente respondem às ondas vibratórias que ainda não foram contatadas por aquelas pessoas que habitam em corpos orientais. Os exercícios respiratórios são usados para despertar os átomos adormecidos do aspirante oriental, e o trajeto enérgico desse tratamento se faz necessário para aumentar o tom de vibração. O índio americano ou o bosquímano[1] podem executar esses exercícios impunemente durante vários anos, contudo, é uma questão totalmente diferente quando uma pessoa, com um corpo altamente sensibilizado como o ocidental, segue tal tratamento. Os átomos de seu corpo já foram sensibilizados pela evolução natural; e quando esta pessoa recebe um ímpeto adicionado de exercícios respiratórios, os átomos simplesmente se rebelam, e se torna extremamente difícil trazê-los ao devido repouso novamente.
Aqui pode ser útil mencionar que o autor teve uma experiência pessoal nesse assunto. Anos atrás, quando ele começou a trilhar o Caminho espiritual e estava imbuído da impaciência que é a característica comum a todos os buscadores sedentos pelo conhecimento, ele leu sobre os exercícios respiratórios publicados por Swami Vivekananda[2] e começou a seguir as suas instruções, na esperança de que, após dois dias, o Corpo Vital se separaria do Corpo Denso. Isso produziu uma sensação como deslizar no ar, não sendo possível manter os pés em terreno sólido e todo o Corpo parecia vibrar num tom altíssimo. O bom senso o resgatou. Os exercícios foram interrompidos, porém, foram duas semanas para que recuperasse a condição normal de andar firmemente no chão e cessassem as vibrações anormais.
Na parábola, foi dito que alguns foram rejeitados porque não tinham o traje nupcial. A menos que nós desenvolvamos, primeiramente, o Corpo-Alma, qualquer outra tentativa de entrar nos Mundos invisíveis resultará em um desastre; e qualquer instrutor que diz ter a capacidade para conduzir as pessoas aos reinos invisíveis não é confiável. Existe apenas um caminho – paciente persistência em fazer o bem.
(Cartas aos Estudantes – nº 36 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel)
[1] N.T.: Khoisan ou Khoi-San é a designação unificadora de dois grupos étnicos do sudoeste de África que partilham algumas características físicas e linguísticas distintas da maioria Bantu da África. Esses dois grupos são os san, também conhecidos por bosquímanos ou boximanes e que são caçadores-coletores, e os khoikhoi, que são pastores e que foram chamados hotentotes pelos colonizadores europeus. Aparentemente, estes povos têm uma longa história, estimada em vários milhares (talvez dezenas de milhares) de anos, mas agora estão reduzidos a pequenas populações, localizadas principalmente no deserto do Kalahari, na Namíbia, mas também no Botsuana e em Angola.
[2] N.T.: Swami Vivekananda (1863-1902), nascido Narendranath Dutta foi o principal discípulo do místico do século XIX Sri Ramakrishna Paramahamsa e fundador da Ordem Ramakrishna. É considerado uma figura chave na introdução do Vedanta e do Yoga no Ocidente, sobretudo na Europa e América.
Preparativos para a Mudança para Mount Ecclesia
No sábado, 28 de outubro[1], às 12h40 P.M. pontualmente, horário do Pacífico, iniciamos as atividades para a abertura do terreno com o objetivo de construir o primeiro edifício em Mount Ecclesia[2], a sede da The Rosicrucian Fellowship. A casa será relativamente pequena, e estamos nos esforçando para gastar o mínimo possível, ou não seremos capazes de construí-la totalmente. Estou fazendo o trabalho de arquiteto e empreiteiro para economizarmos nessas atividades. Entretanto, consideramos esse primeiro ponto de partida como um momento da maior importância para a vida jovem da nossa sociedade, pois, embora nossos aposentos privados sejam apertados, teremos uma grande sala de trabalho e acomodações para vários assistentes, até que hajam recursos financeiros para a construção da Ecclesia[3] e das outras estruturas que pretendemos construir e que serão mais dignas para a nossa missão no mundo.
Reconhecemos perfeitamente que a magnitude do nosso trabalho no mundo depende, em grande parte, do apoio e da cooperação dos nossos colaboradores e, portanto, solicitamos sinceramente o seu auxílio para participar das atividades que necessitam da força física e da sua presença nesse momento importante, a fim de que a nossa associação possa se tornar um poder bem maior para o bem do que qualquer outro que já existiu.
Sabemos que os pensamentos são coisas; que são forças de uma grandeza proporcional à intensidade do propósito neles ocultos. Não há um método mais fácil nem mais eficaz para harmonizar todo o nosso ser com certos desígnios e lançar um poderoso pensamento na direção desejada do que a oração cristã séria e sincera.
Portanto, tenho dois pedidos distintos para vocês nos ajudarem por meio das orações, e espero e confio que vocês darão os seus mais calorosos e intensos auxílios. Em primeiro lugar, apesar de totalmente indigno, será meu dever, como líder, preparar o terreno para a nossa futura Sede no tempo estabelecido e, se for possível, quando vocês se recolherem para os seus aposentos, por favor, dedique-se à oração séria e sincera para que a Sede, então iniciada, possa crescer e prosperar em todos os sentidos; pois as orações conjuntas dos nossos Estudantes ao redor do mundo nos darão uma imensa força nesta direção.
Contudo, vocês podem fazer mais; dia após dia, o acúmulo de pensamentos de muitos amigos em direção a um lugar comum proporcionará um trabalho maravilhoso. Vocês poderiam nos enviar uma oração todas as noites para fortalecer a Sra. Heindel, os trabalhadores da Sede e a mim mesmo, para que nós possamos crescer na pureza, na eficácia e na eficiência em sermos melhores trabalhadores no serviço à humanidade e, assim, podermos nos tornar mais fortes para aliviar o sentimento de profunda tristeza, o sofrimento e a angústia de todos que procuram nossa ajuda?
Além disso, vocês poderão me escrever, de vez em quando, me fortalecendo com a certeza da simpatia e cooperação que tenham para comigo? Talvez eu não consiga responder e agradecer individualmente, mas podem estar certos de que apreciarei suas expressões de boa vontade.
(Por Max Heindel – Livro: Cartas aos Estudantes – nº 11)
[1] N.T.: de 1911
[2] N.T.: Localizada na cidade de Oceanside, Califórnia, EUA.
[3] N.T.: O Healing Temple, o Templo de Cura.
O Valor em se rever as Lições Passadas
Há na seguinte Carta uma sugestão valiosa de um Estudante dos Ensinamentos Rosacruzes que eu considero no dever de transmiti-la:
A noite passada, enquanto examinava uma grande quantidade de correspondência que tive a felicidade de receber da Fraternidade Rosacruz por quase cinco anos, me veio a pergunta sobre o que os outros Estudantes e Probacionistas fazem com suas Cartas mensais recebidas da Fraternidade. E daí me veio a ideia de que isso deveria ser mencionado em uma das Cartas mensais. Não é meu desejo criticar as ações de outros Estudantes ou Probacionistas, porém, é muito provável que poucos Estudantes e Probacionistas percebam plenamente “a mina de ouro” de informações que realmente há nessas Cartas, e que podem ser transformadas em tesouro celestial pela ação correta que resulta no uso dessas preciosíssimas informações.
Quantas vezes, olhando para trás, me recordo que muitas dessas Cartas tinham sugeridas novas ideias e realizações, das quais eu não tinha a mínima consciência antes, e que maravilhosos auxílios essas sugestões têm sido para mim em muitas lutas internas!
Na verdade, pode-se dizer que nessas lições anteriores temos uma “mina de ouro” da qual poderemos extrair muitos tesouros, que nos ajudarão a “viver a vida” na plenitude que devemos. Aqui, de fato, temos um segundo “Conceito Rosacruz do Cosmo”. Portanto, compete aos Estudantes e Probacionistas arquivar e cuidar corretamente de todos os detalhes de sua correspondência com a Fraternidade Rosacruz, para que ela possa ser utilizada, da melhor maneira possível, na propagação da luz dos Irmãos Maiores. Quem sabe se uma dessas lições é necessária para achar uma informação precisa para ajudar um amigo. Muitos benefícios podemos obter com a classificação ordenada dessas Cartas por assunto.
Penso que é pouco provável que a maioria dos Estudantes e Probacionistas compreendam totalmente a força que existe por trás dessas lições. Para aqueles entre nós que foram acostumados a base escrita e métodos científicos de pesquisa, essas lições anteriores são eficazes para ajudar na união da Mente com o Coração. Contêm grande quantidade de pensamentos que contribuirá para a ação correta e perseverança no bem-estar. Se os Estudante e Probacionistas conseguirem utilizar da melhor maneira retirando o melhor dessas Cartas recebidas, então será muito útil e contribuirá para o crescimento da alma. Certamente são as pequenas coisas que tornam possíveis as grandes coisas, e talvez isso levasse alguns Estudantes e Probacionistas a servirem melhor e mais.
Se os Estudantes focarem na lição de que a repetição é a nota-chave do Corpo Vital e que “todo o desenvolvimento oculto começa com o Corpo Vital”, compreenderão a causa de ser tão proveitoso rever as lições e as Cartas passadas.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 81)
A Necessidade de Difundir os Ensinamentos Rosacruzes
Ao reler a lição mensal que acompanha essa carta, incorporando o resultado das investigações feitas há algum tempo atrás, eu estava extremamente impressionado de novo pelo fato da existência das tais condições muito assustadoras que pairam sobre nós. Atualmente, quando os horrores da Primeira Guerra Mundial apontam números sem precedentes daqueles que passam do mundo visível para os reinos invisíveis sob condições angustiantes, parece que um esforço extraordinário deve ser feito para compensar e minimizar o mal. A Fraternidade Rosacruz é somente uma gota de água no oceano da humanidade, mas se fizermos a nossa parte, devemos receber maior oportunidade para servir.
Não há melhor remédio para as presentes condições do que o conhecimento da continuidade da vida e, do fato de renascermos de tempos em tempos, sob a imutável Lei de Consequência. Se esses grandes fatos com tudo o que eles implicam pudessem ser levados aos lares de um grande número de pessoas, esse fermento deveria, no final das contas, agir de tal maneira que alteraria as condições em todo o mundo. Um homem, chamado Galileu, mudou a visão do mudo em relação ao Sistema Solar e, embora sejamos apenas alguns poucos milhares, não será possível exercer alguma influência sobre a opinião do mundo, quando sabemos que isso é a verdade?
É normal dizer que as pessoas não se interessam pelos assuntos espirituais e que não conseguimos que nos ouçam, mas, na realidade, não é isso que acontece. Notem o caso de centenas de milhares de pessoas que foram ouvir Billy Sunday[1], o notável evangelista: muitos sim foram lá por curiosidade ou para zombar e desdenhar, mas outros milhares sentiram um forte desejo de algo que, talvez, nem eles mesmos pudessem definir, e nem mesmo explicar o motivo porque estavam lá. Recentemente houve um debate entre um evangelista nova-iorquino e um advogado sobre o assunto: “Onde estão os mortos?”. Esse debate aconteceu num grande auditório que comportava milhares de pessoas e que prolongou por três dias. Todos os lugares do auditório estavam ocupados e, se bem me lembro, muitos permaneceram em pé por falta de cadeiras.
Não, o mundo está buscando alguma coisa; procurando isso com o coração faminto, e só depende unicamente de nós se vamos fazer a nossa parte; apresentando ao mundo a explicação racional de vida que os Irmãos Maiores nos transmitiram. É um grande privilégio e certamente, devemos tirar aproveitar tudo isso.
Contudo, a questão é: Como? Eu pergunto a você: seu jornal não publicaria, ocasionalmente, um artigo sobre esse assunto? Certamente, existem várias pessoas dentro da Fraternidade Rosacruz com capacidade para escrever tais artigos. Poderia ser formado um comitê para receber os artigos e fornecê-los aos Estudantes que solicitassem E, também, poderiam ser entregues aos editores dos jornais das suas respectivas cidades, e se esforçando, por meio desse veículo, a divulgar os Ensinamentos da Fraternidade Rosacruz. Se um artigo é bem escrito, raramente é recusado quando há espaço disponível, pois, os editores ficam satisfeitos em receber algo que eles acham que possa interessar ao público leitor, mesmo que eles mesmos não simpatizem com o assunto.
Alguns estudantes que têm facilidades em escrever, envie pequenos artigos sobre “A Continuidade da Vida”, e aqueles que estão dispostos a se comprometerem na publicação de tais artigos nos jornais da sua localidade, podem nos escrever e deixar seus dados para que possamos entrar em contato? Enviem seus artigos sobre esse assunto ao Departamento de Publicidade, Mt. Ecclesia.
Espero que esse apelo tenha uma calorosa resposta.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 56)
[1] N.T.: William Ashley Sunday (1862-1935) era um atleta americano que, depois de ser um popular defensor da Liga Nacional de beisebol durante a década de 1880, se tornou o evangelista americano mais célebre e influente durante as duas primeiras décadas do século XX.