Arquivo de categoria Estudos Bíblicos

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Experiências Espirituais de Jacó

As Experiências Espirituais de Jacó

Vamos ver a razão de Jacó ser um mito solar. Temos inúmeras informações na Bíblia de que Jacó era um homem de Deus. Embora falhasse às vezes, seus esforços convergiam sempre para elevados ideais. Por causa de sua lealdade a tudo que era nobre e verdadeiro, foi bendito e sua história dá testemunho de que Jeová esteve “perto dele” em muitas ocasiões.

Quando era jovem, Jacó empreende uma viagem de sua terra Canaã até Padanarã, a pátria de seus ancestrais, para “tomar mulher”. Simbolicamente, isso se refere ao desenvolvimento do coração, do lado místico da natureza de Jacó. Jacó era um tipo positivo de homem e, como todo ocultista desenvolvido, precisava um dia de equilibrar-se, desenvolvendo também o outro lado, o místico. Jacó conquistou o desenvolvimento da natureza cardial, que o completaria e suavizaria.

Em sua viagem chegou a um lugar denominado Luz, que significa a própria Luz, e nele Jacó deita-se para repousar, apoiando sua cabeça sobre uma pedra. Na maioria dos versículos da Bíblia em que se usa a palavra pedra, aplica-se ela no sentido de conhecimento, compreensão, sabedoria ou poder espiritual. Exemplos disso são: Moisés ferindo a rocha com sua vara, a fim de obter águas vivas para dar de beber aos filhos de Israel; o peitoral do sumo sacerdote com as doze pedras que representam os doze Signos do Zodíaco; Davi matando o gigante Golias com uma pedra; a tentação de Cristo no deserto, para transformar pedras em pão; o encargo dado por Cristo a Pedro – “Tu és Pedro (pedra) e sobre esta pedra edificarei minha igreja” etc.

Na história de Jacó, a pedra de luz se refere à compreensão, à sabedoria, à iluminação espiritual de Jacó. E, quando usou seu conhecimento (recostou a cabeça na pedra), viu uma longa escada (a famosa escada de Jacó) que se apoiava na terra e se elevava até tocar o céu. Em outras palavras, ele havia desenvolvido o poder de atingir os diversos mundos espirituais (iniciações) e seus vários habitantes. Isto foi, certamente, uma experiência maravilhosa e Jacó põe outro nome a este lugar chamando-o Bether ou Betel, que significa “Casa de Deus”.

Verdadeiramente, quando o ser humano atinge esse estado, é transformado e seu corpo passa a ser de fato uma “casa de Deus” (“Não sabeis que sois templos do Altíssimo e o Espírito Santo habita dentro de Vós?”. “Sois o templo de Deus” – ICor3:16-17 e 19).

Jacó permaneceu vinte anos nessa Terra (a Luz) passando por sucessivas experiências espirituais. Seu contato consciente com Jeová (Jeová foi o regente das Religiões de Raça de que trata o Antigo Testamento) permitiu-lhe vencer muitos obstáculos que encontrou em seu caminho (debilidade de caráter). Recebeu instruções diretas e seguiu-as implicitamente, recebendo a recompensa de sua obediência, que foi justamente o de ser ele constituído a semente de uma nova raça. Um mais alto passo evolutivo estava sendo preparado e, através dele, de acordo com a história bíblica, nasceram as doze tribos de Judá. Ele estava destinado a cumprir elevada missão e sua habilidade provada para “caminhar com Deus” permitiu-lhe a formação de uma nova raça.

Em sua viagem de regresso de Padanarã, Jacó teve outra experiência espiritual única, desta feita em Peniel (a face de Deus): Jacó foi separado de sua gente e durante toda uma noite lutou contra um Ser espiritual; Jacó não o deixava ir enquanto este não o abençoasse. Tal Ser espiritual é chamado “Anjo” na Bíblia e está registrado em Gênesis 32:22-32 que o Anjo o abençoou porque ele (Jacó) havia lutado com Deus e com os homens e havia vencido. Desde esse momento o nome de Jacó foi mudado para Israel, que significa: “o que luta com Deus”. Na Iniciação antiga o candidato era mergulhado em catalepsia (noite de inconsciência) e tinha visão dos mundos espirituais; mas antes de conquistá-los tem de vencer o “fantasma do umbral”, a natureza espiritual formada pelos erros passados, representado pela própria figura do aspirante com face do sexo oposto. Só depois de vencer ser-lhe-ão franqueados os planos espirituais; Jacó havia conquistado o direito de ser um homem de Deus pelo desenvolvimento de suas faculdades espirituais e, como tal, tinha direitos superiores aos do homem comum. Tal fato está amplamente ilustrado quando ele abençoou os filhos de José e deu a profecia de seus próprios filhos, tal como se conta no capítulo 49 do Gênesis.

Essa passagem nos conta sobre a família de Jacó, com suas quatro esposas e seus doze filhos. É um mito solar em que Jacó representa o Sol, suas esposas, as quatro fases da Lua e seus filhos, os doze Signos do Zodíaco:

Aquário – Rubens, o princípio do vigor solar (época de Aquário. . .), o primogênito de sua fortaleza. Mas também lemos que não haverá fortaleza e proeminência enquanto não houver controle, o que está simbolizado pela corrente como as águas (versículo 4), isto é, o homem controlando a saída da água de seu jarro;

Peixes – Zabulão ou Zabulam, um porto de mar (versículo 13), o embarque, o início de religiosidade, da Religião Cristã;

Áries – Gad. Um exército o acometerá (versículo 19). O princípio de atividade, de dinamismo, confiança.

Touro – Issachar. É forte e chegou a ser um Servo como recompensa (versículo 14 e 15). Signo fixo, persistente, sentimental, que sempre alcança resultados em perseverança;

Gêmeos – Simeão e Levi. São Irmãos (versículo 5). Representação de humanidade infantil de meados da época atlante e futura fraternidade, pelo entendimento;

Câncer – Benjamim. Lobo (versículo 27) – Constelação do Cão, em Câncer, com a grande estrela Sirius;

Leão – Judá. Encurvou-se como Leão (versículo 9). Fartas referências em “Maçonaria e Catolicismo”;

Virgem – Diná, filha única de Jacó (Gênesis 30:21). Signo feminino e intuitivo;

Libra – Aser ou Asher. O pão de Aser será grande (versículo 20). A ocasião da colheita no hemisfério norte – a massa;

Escorpião – Dan “Serpente junto ao caminho” (versículo 17). Signo de espiritualidade, da serpente da sabedoria, do aspirante que busca o Caminho;

Sagitário – José “Seu arco ficou forte”, “Os arqueiros o aborreceram” (versículo 23 e 24), Signo do idealista que anela algo de natureza tão elevada (arco apontando as estrelas) que não sabe definir.

Capricórnio – Nephtalí ou Naftali, o cervo perdido (versículo 21), a cabra do Signo que inicia o ano, que foge em corrida, dando início a novo ano.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 03/1962)

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Uma Lenda Sobre a Fraternidade

Uma Lenda Sobre a Fraternidade

Três mendigos um surdo, um cego e um aleijado iam a caminho da Samaria, quando um deles disse: “Eu sou surdo, porque sou pecador”; e o segundo: “Eu sou cego, portanto, também sou pecador”; e o terceiro, da mesma maneira, dizendo-se pecador, exclamou: “Por isso eu sou aleijado”.

Então, vendo que andavam sempre juntos, um deles disse aos outros:

“Eu posso ouvir porque tenho vocês dois como meus ouvidos”.

E o outro:

“Eu posso ver porque tenho os olhos de vocês dois”.

E disse o último:

“E, certamente, vocês dois são as minhas pernas”.

Então os três louvaram a Deus e se regozijaram.

Quando eles se aproximavam de Samaria encontraram um outro mendigo, que sendo leproso, trazia a boca velada e um chocalho na mão.

Ele se manteve afastado e pediu esmola aos três, que responderam: “Nós somos mendigos, não temos nada; vamos a Samaria pedir esmolas porque os samaritanos são dadivosos”.

Então o leproso chorou e disse: “Embora não tenham nada, vocês são abençoados porque são três. Mas eu sou pecador e devo viver sem amigos”.

Quando os três amigos ouviram aquilo, um disse ao outro: “Nós também somos pecadores, mas temos companhia”.

Comovidos por esse fato, consentiram a companhia do leproso, dizendo: “Nós somos todos pecadores e tementes ao Senhor. Venha conosco”.

O leproso se alegrou muito ao ouvir isso e disse: “Vamos então para Belém, porque esta noite eu tive um sonho anunciando o nascimento do Messias”.

O caminho para Belém era pedregoso e difícil. A noite caiu. Mas o cego pôde guiá-los na escuridão.

Era noite quando alcançaram o estábulo, em Belém, e recearam em bater. Dentro, José dormia, mas Maria estava acordada, ao lado do menino. Ouvindo barulho de pés e de homens conversando, levantou-se e abriu o postigo.

Um ofuscante raio de luz brilhou na escuridão e, através do postigo, Maria perguntou quem eram e porque vieram, e eles responderam: “Nós somos todos pecadores e tementes ao Senhor, mas soubemos que o Messias nasceu e por isso viemos”. A Virgem perguntou: “Que presentes vocês trouxeram? Porque ninguém pode entrar sem ofertas.”

Os mendigos baixaram seus olhos e responderam que nada tinham para oferecer.

Maria então perguntou: “Quem é aquele homem ali ao lado”?

Então os três sentiram muito medo e se ajoelharam: “Nós somos pecadores porque trouxemos este homem conosco; ele é leproso e, além disso, um samaritano”. Então Maria abriu as portas, eles entraram e contemplaram o Salvador: o cego recobrou a visão; o surdo ouviu e o aleijado se levantou. E olharam para ver se o leproso também estava curado, mas ele desaparecera. Então perceberam que o leproso era um Anjo do Senhor.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro de 1975)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Transfiguração e o Exorcismo

Os importantes passos da vida de nosso Salvador, conforme narrados pelos Evangelhos, compõem o esquema geral de Iniciação para a humanidade, enquanto desenvolvem gradualmente o Espírito do Cristo em seu interior.

Os Evangelhos descrevem dramaticamente e em símbolos os incidentes que serão encontrados no caminho da santidade.

Havia três seres dentre os Discípulos mais íntimos do Cristo, que haviam alcançado o pináculo da Iniciação. E os Evangelhos contêm um maravilhoso relato de seu elevado contato com a Memória da Natureza. Os três Discípulos eram: João, o bem-amado, ou, em outras palavras, o mais avançado; Tiago, o primeiro a sacrificar sua vida pelos preceitos da nova religião instituída pelo seu Mestre, e Pedro, a Rocha, simbolizando o poder da fé e obras, sobre as quais a religião Cristã foi estabelecida. Diz o Evangelho que “Os levou para o Monte”, explica o Sr. Heindel que esse é um termo místico significando a Iniciação.

Max Heindel não foi um intérprete das Escrituras, segundo o seu próprio entendimento. As informações mencionadas foram colhidas através de visão espiritual e contato pessoal com a Região do Pensamento Concreto, na qual o Iniciado pode examinar as verdadeiras gravações feitas na Memória da Natureza.

Um dos mais importantes pontos desse relato é que os Discípulos averiguaram, durante a sua Iniciação, a realidade do Renascimento, uma vez que Moisés e Elias eram expressões de um mesmo espírito. Esse fato ilustrava o que o Cristo havia lhes dito a respeito de João Batista: “Esse é Elias, que devia vir”.

Dessa forma, fica mais e mais aparente que o Cristo ensinava reservadamente aos seus Discípulos o fato do Renascimento. Porém, essa doutrina deveria constituir um ensinamento esotérico por muito tempo, conhecido somente de alguns pioneiros. É da maior significação que o trabalho real de Cristo-Jesus começou após a Transfiguração, quando preparou 70 homens como mensageiros e os enviou em grupos de dois para cada lugar aonde Ele pretendia ir.

Nos lugares onde eram bem recebidos, deviam ficar, curar os enfermos e pregar as boas novas. Quando não os recebiam, deveriam sacudir o próprio pó das suas sandálias. O Evangelho de São Lucas relata que os homens retornaram contando com muita alegria: “Senhor, até os demônios se sujeitaram a nós por causa de Teu Nome”.
O poder de ordenar aos demônios constituía o ponto central do ministério de Cristo-Jesus. O Novo Testamento encontra-se repleto de narrativas alusivas ao demônio, a força do mal. Há frases nas quais são mencionados os termos: potestades e tronos, mensageiros de Satanás, o pai da mentira, o Anticristo, o iníquo, o adversário e o destruidor. Toda essa nomenclatura mostrando a existência cósmica do poder do mal. Podemos ter certeza, dessa forma, que o mal existe na realidade e que é de natureza pessoal, tendo, naturalmente, efeitos sobre nós como indivíduos.

Um dos aspectos mais impressionantes relativo ao enorme interesse por temas do pseudo-ocultismo é que pessoas que firmemente negam a existência de Deus, acreditam e parecem profundamente impressionadas com o demônio. Devemos completar essa ideia mencionando o fato de que o demônio não é, em absoluto, uma invenção da Religião Cristã. Uma das formas mais persistentemente em evidência, um ser portador de chifres, asas e garras – data pelo menos de épocas tão remotas como a antiga Mesopotâmia.

Pode-se observar, em nossos tempos, uma onda de fascinação exercida pelas forças invisíveis. O nosso mundo e a nossa arte sentem o impacto de cultos mais ou menos satânicos, sessões envolvendo bruxas e bruxaria e, como é de conhecimento de todos, drogas.

Parece de pouca consistência em nosso mundo supercientífico e supertecnológico, o exame, e reexame, tanto pelo público, como pelas elites intelectuais, das forças malignas invisíveis e suas manifestações.

Esse interesse também se reflete em nossos veículos de comunicação. A publicação de obras literárias e filmes como o EXORCISTA servem de indicadores seguros do grau de interesse pela atuação dos espíritos malignos.

Assim sendo, pode não ser coincidência o fato dos autores dos Evangelhos terem distinguido a obsessão dos outros tipos de moléstias curadas. Como se sabe, grande parte das curas efetuadas por Cristo-Jesus foram desse tipo. Entre as curas individuais realizadas, conforme o Novo Testamento, sete envolviam pessoas obsedadas por demônios: cinco homens, um menino e uma menina. Em cada um desses casos, o Cristo usava de métodos específicos e diferentes para a obtenção da cura, ponto merecedor de estudo detalhado do aspirante aplicado.

Em primeiro lugar, é de se notar que todas as entidades obsessoras reconheciam o Cristo, avaliavam seu poder sobre elas e se lhe declararam sujeitas sem opor resistência (Mc 1:23-26).

Esse primeiro relato de exorcismo refere-se a um incidente ocorrida num domingo em Cafarnaum, na Galileia, no interior da Sinagoga, enquanto o Cristo ensinava.

Relata o Evangelho: “E estava na sinagoga um homem com um espírito imundo, o qual exclamou dizendo: Ah! Que temos contigo Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és, o Santo de Deus. E repreendeu-o Jesus dizendo: Cala-te e sai dele. Então o espírito imundo convulsionando-o, e clamando, com grande voz, saiu dele.” Essa cura foi espontânea e, sem dúvida, surpreendente para a multidão da sinagoga. O demônio não suportou as altas vibrações de Santa Presença e foi obrigado a se revelar, encontrando assim o destino relatado.

Em Mat. 9:32-33 há o caso do endemoninhado surdo e mudo, cujos órgãos vocais e auditivos estavam sendo controlados por uma entidade. Imediatamente após o afastamento dela, o indivíduo recuperou a sua fala, voltando ao normal. Porém, isso agradava aos fariseus! Dizem eles: “Ele ordena aos demônios, pelo poder do Príncipe dos demônios”.

O livro e o subsequente filme O EXORCISTA mereceram primeiras páginas na imprensa por um longo tempo, e muitas pessoas ficaram horrorizadas por saber que se tratava de um caso autêntico de obsessão na vida real.

Existe, porém, uma narrativa de um ato de exorcismo extraordinário contido nos Evangelhos e é de se admirar que tal incidente não consiga horrorizar ninguém não havendo até hoje um escritor bastante interessado em tecer um amplo comentário a respeito, o que traria à realidade, para os seres humanos de hoje, o tremendo poder à disposição do Cristo.

E o mais impressionante ato de exorcismo relatado na Bíblia é o do homem de Gadera, cujos obsessores identificaram-se a si mesmos como “legião”. Essa cura deve ter particular importância, uma vez que três dos evangelistas, São Mateus, São Marcos e São Lucas escreveram a respeito.

O incidente ocorreu num dia em que o Cristo e os Discípulos decidiram atravessar para a costa Oeste do Lago de Tiberíades. A área se compunha, em sua maioria, de pedras calcárias dispostas em penhascos pontilhados de cavernas, lugar em que se costumava sepultar os mortos.

Quando o pobre homem obsedado avistou o Cristo, veio correndo e se prostrou diante d’Ele gritando “O que temos a haver contigo Filho do Altíssimo? Não nos atormente”. O Cristo reconheceu de imediato o grande mal que havia naquele homem e ordenou: “Saia desse homem espírito imundo”. Em seguida formulou uma pergunta que poderia parecer até irrelevante: “Qual é o seu nome?”. A resposta foi: “É legião, porque somos muitos”.

Há vários pontos a serem considerados nesse relato de exorcismo. O mais importante é que imediatamente após o afastamento das entidades obsessoras, o ser voltava de imediato à condição de ser humano normal. Do ser bestial, demente, cuja presença afastava a todos, surgia o ser humano absolutamente normal e comum, que só rogava aos santos homens que ficassem com ele. O Cristo disse, porém, que era mais útil levar o conhecimento dessa cura para o seu círculo de amigos como testemunho da dádiva recebida por ele de Deus. Tarefa não muito fácil, de fato, pois a família e os amigos representam, às vezes, a maior dificuldade a ser enfrentada por aquele que foi purificado pelo amor de Cristo, e quer segui-lo.

O Cristo instruía Seus Discípulos num método muito avançado de exorcismo. Mostrava-lhes que tão logo o exorcista estivesse de posse do nome da entidade, ela se encontrava debaixo de Seu poder. Nesse tipo de exorcismo os Discípulos recebiam instruções reservadas sobre o poder das vibrações contidas em nomes e como ele deveria ser usado nas curas comuns ou no exorcismo, bem como para finalidades superiores a outros.

O relato bíblico envolvendo o demônio chamado “Legião” acaba por evidenciar que as entidades receberam a permissão de Cristo para entrar numa manada de porcos levada a um abismo.

Com referência a esse ato de destruição, é interessante voltar à antiga simbologia egípcia. Naqueles tempos, os porcos eram simbolicamente identificados com o Planeta Marte, ou seja, a natureza inferior e passional do ser humano.

Há, aqui, indicação simbólica do poder de Cristo em purificar os seres, enviando as entidades inferiores para o seu próprio elemento inferior, simbolizado na narrativa pela manada de porcos.

Parece quase certo que a cura de obsessões por intermédio de entidades desencarnadas será o ministério de maior importância no setor de cura durante a Nova Era.

São Paulo aconselha que oremos sem cessar, cobrindo-nos assim da aura protetora da oração. Isso é assaz importante para o aspirante à vida espiritual, uma vez que a legião de pensamentos, palavras e atos negativos, constantemente gerados em nosso Planeta, fica incorporada no plano mais inferior do Mundo do Desejo, podendo perfeitamente obsedar qualquer indivíduo que não foi treinado a controlar ou destruir o seu impacto. Assim, “legião” passa a ser um espelho da luta que se trava no interior de cada ser humano e que só pode ser acalmada pelo poder do espírito unificador e purificador de Cristo-Jesus. A abordagem intelectual dessa situação só poderá frustrar os esforços de melhorar o estado do paciente.

A Filosofia Rosacruz foi dedicada ao mundo ocidental por causa do monopólio exercido pelo intelectualismo sobre os indivíduos dessa parte do globo. O sr. Heindel afirmou que é uma dura tarefa para intelectuais cultivar a COMPAIXÃO, que deve temperar o seu conhecimento e ser o guia, realmente, no uso desse conhecimento.
É isso que o Método Rosacruz de desenvolvimento almeja por realizar, levando o candidato à COMPAIXÃO, por meio do conhecimento. Esse método procura cultivar dentro do aspirante as faculdades latentes de visão e audição espirituais, já desde o começo de sua carreira como aspirante a uma vida superior. Ensina-o a conhecer os mistérios ocultos do ser e da natureza e a perceber intelectualmente a unidade de cada um com todos, para que, finalmente, mediante o conhecimento, possa desabrochar dentro dele o sentimento que o que faz um com o Infinito.
Há três passos importantes nesse caminho: o primeiro, quando o Estudante dá o primeiro passo, atraindo a atenção do Mestre; o segundo, quando é admitido para o Probacionismo e assume a solene obrigação de servir a humanidade por meio do sacrifício de sua natureza inferior ao Eu superior, ocasião em que a sua aura se mescla com a do Mestre. O próximo passo é o Discipulado: não poderá mais voltar atrás. O caminho do Discipulado foi comparado com a torre de uma igreja – estreita-se gradativamente até o topo, encontrando a solitária cruz.

Aí é o ponto máximo de provação do aspirante e os grandes problemas de disciplina espiritual são dificílimos. No entanto ele deve continuar a trabalhar consciente e inconscientemente PARA CIMA, para o grande clímax que na história do mais nobre de todos que tenham percorrido o Caminho do Místico Cristão foi chamado de Transfiguração.

A Transfiguração representa uma ocorrência, durante a qual um processo de transfiguração se efetua no corpo do Iniciado. A essência das experiências vividas e a união com o coração, produzem uma luz radiante que penetra todo o seu corpo.

Temos agora uma melhor compreensão a respeito da Transfiguração, conforme narrada nos Evangelhos. Devemos lembrar que foram os veículos de Jesus que ficaram temporariamente afetados pelo Espírito de Cristo na Transfiguração. Escreve Max Heindel: “A Transfiguração, de acordo como é revelada na Memória da Natureza, mostra o corpo do Cristo de um branco deslumbrante, assim evidenciando Sua ligação com o Pai, o Espírito Universal. Não há nada no mundo tão raro e precioso como aquele extrato do ser humano: o Cristo interno. E quando cresce ele brilha através do corpo transparente como a Luz do Mundo”.

O estudo cuidadoso da vida de Cristo-Jesus, conforme relatada pelos Seus Discípulos, São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João, mostrará que Ele deixou a Sua orientação para qualquer tipo de problema que nós, como aspirantes, eventualmente encontraremos no Caminho. Derramando a Sua enorme força espiritual sobre nós, Ele acalma as tempestades do excesso emocional, cura a grande enfermidade que é a ignorância, devolve a visão aos cegos pelo materialismo, expulsa os demônios do ódio e do egoísmo, derrotando o último grande adversário: o medo da morte. Aqui temos o verdadeiro sentido da redenção: a vitória sobre a alienação do ser humano dele mesmo, dos outros e de Deus.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ de 10/75 – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Ilha de Patmos

O último livro da Bíblia nos fala que o Apóstolo São João escreveu o Apocalipse (Revelação) na Ilha de Patmos.

Ao dizer, São João, que “se encontrava na Ilha de Patmos”, há uma grande significação. A palavra “Patmos” significa iluminação, e nos tempos anteriores a Cristo, a expressão “Ilha de Patmos” era usada para referir-se à Iniciação. Por meio de seu progresso no caminho iniciático, “o Discípulo – Amado” foi capaz de estar em Espírito, em estado de consciência necessária para ver nos reinos superiores e funcionar ali em seus veículos invisíveis.

Quando estudamos a Revelação, encontramos como uma de suas características mais notáveis que está baseada no místico número sete. São João teve sete visões nas quais recebeu mensagens para as sete igrejas; há sete Anjos ante o trono, há sete lâmpadas de fogo e sete trombetas; há sete candelabros, os sete selos do “livro”.

O significado do uso do número sete é explicado pelos Ensinamentos Rosacruzes, a qual ensina que o ser humano é sétuplo, sendo um Tríplice Espírito que possui um Tríplice Corpo e a Mente.

No Corpo do ser humano há sete centros espirituais, os quais, quando são despertados e desenvolvidos, expressam os poderes espirituais do Espírito interno. Posto que o ser humano é sétuplo, e dado que ele é a unidade deste particular campo de evolução, a quem São João se refere em sua mensagem, logicamente, é de supor-se que a mensagem que foi escrita por São João e enviada às “sete igrejas”, encerra informação referente ao ser humano mesmo.

Em outras palavras, as sete igrejas são usadas em um sentido simbólico para referir-se aos sete centros espirituais do ser humano, os quais têm que ser desenvolvidos no processo evolutivo espiritual. Cada ser humano é um Deus em formação e eventualmente logrará seu divino destino.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – setembro/1988 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Significado Oculto da Sexta-feira, conhecida como “da Paixão”

O Significado Oculto da Sexta-feira, conhecida como “da Paixão”

Disse São João da Cruz, em um dos seus poemas:
“Oh Deus! Oh Deus meu! Quando será o dia
Que poderei dizer com toda a certeza
Que estou vivendo e vivo, deixando de morrer.”

A resposta a esse poema foi dada por Cristo Jesus, na hora de sua crucificação, há quase dois mil anos. Seguindo os Seus passos, no caminho do Gólgota, encontramos o Caminho da Vida, apesar que, aos nossos olhos, a morte ainda parece o fim de tudo. Mesmo se aparentemente isso é verdade, a morte é o fim, porém verdadeiramente se trata da morte para as ilusões do mundo, que consistem somente na casca, no invólucro de verdades reais. Esse é, realmente, o ponto de libertação almejado por todos os cristãos.

“Ninguém tem maior amor do que este dar a vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos” (Jo 15:13-14). Não há exemplo maior de como vivenciar essas palavras do que a própria vida do Cristo quando habitava o corpo de Jesus. O seu amor era tão forte e tão puro a ponto de permitir que fosse crucificado, provando, assim, em atos, o que pregava. Verdadeiramente, o Cristo é o Senhor do Amor. Esse fogo que queimava em seu interior era tão potente, o Seu amor tão divino, que na hora da Sua libertação do corpo físico, o mundo julgou que o Sol estivesse obscurecido.

Dois mil anos passados desse evento, os nossos corações estão sentindo, em vez de júbilo, os pesares deste mundo efêmero. Isso evoca desespero dentro de algumas pessoas, em vez de Luz. Porque nessas dores há intenso júbilo, gritando para ser libertado, e intenso amor, esperando a sua realização final.

Mostra claramente que o Cristo interno está crescendo e que o evento passado, ainda pode acontecer hoje em cada coração aspirante. Quando reverenciamos a Sua morte, estamos nos preparando para a Sua promessa: Vida.
Quando observamos a natureza, o paradoxo do binômio beleza e dor é evidente. A beleza pertence à natureza, enquanto a dor foi produzida por nós. Chamamos essa Sexta-Feira, a Sexta-Feira da PAIXÃO. Consultando o dicionário, veremos que essa palavra tem dois sentidos: primeiro, de intensa emoção e segundo, de intenso sofrimento. Um sentido é ligado ao outro. O amor que inunda o coração do cristão devoto em relação às dores da humanidade produz grande dor. Não é, porém, o mesmo tipo de sofrimento, como o sofrimento egoísta e carregado de sentimento inferior da humanidade em geral.

Foi dito que quanto mais acentuado o sentimento, tanto a pessoa sente também a realidade do oposto. Isso pode ser dito também sobre a Paixão, porque há, ao mesmo tempo, a realização do júbilo, um júbilo que transcende todo o entendimento, sentimento para o qual não há palavras. É o júbilo da Verdade, a Verdade que liberta o ser humano. É por isso que na Sexta-Feira Santa a natureza veste as suas melhores roupagens e toda a dor do mundo se condensa em imenso regozijo que parte do espírito e farta os nossos corações. O espírito das dores do mundo foi transmutado e liberado como o júbilo do Céu. Nesse ponto a natureza inferior foi vencida e purificada pela dor, e a Verdade afasta o véu de ilusões do mundo, mostrando ao espírito o Caminho de volta a seu lar. Nesse Caminho estamos andando todos nós, procurando observar o mandamento do Cristo, de amar a Deus com todo o nosso coração, com toda a alma e com toda a Mente. Nós, pela virtude de Cristo, temos a oportunidade de continuar com os nossos passos na evolução, deixando para traz os assuntos mundanos, aproximando-nos das regiões espirituais. Como sabemos, os nossos esforços elevam o resto da humanidade e como um balão de hélio levanta uma carga pesada, também podemos erguer o mundo, trazendo, ao mesmo tempo, a sua consciência para pensamentos mais elevados. É uma grande responsabilidade, como bem o sabemos, e não deve haver lentidão em nosso passo evolutivo. Não deve haver paradas quando as frivolidades do mundo nos acenam. Devemos tratar dos negócios de nosso Pai.

Enquanto progredimos, trabalhando e orando sem cessar, sem que o sintamos, sem que nisso pensemos, o dia da libertação se aproxima. Há três dias de manifestação nos esperando, se nos provarmos dignos. Caso contrário, fazemos o papel de Judas, em relação a nós mesmos e a todo o mundo. AGORA é o tempo certo. Amanhã será tarde demais. Esforcemo-nos em VIVER o amor.

Guardemos o Cristo dentro dos nossos corações, empenhando-nos em não magoar ninguém, e cumprir o nosso dever, para o bem da humanidade.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/76 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Qual a atitude Rosacruz para com a oração, à luz das recomendações bíblicas?

Pergunta: Qual a atitude Rosacruz para com a oração, à luz das recomendações bíblicas?

Resposta: Num certo trecho, a Bíblia nos manda orar constantemente. Em outro, Cristo repudia a prática, dizendo que não deveríamos imitar aqueles que acreditam ser ouvidos pela quantidade de palavras proferidas. É evidente que não pode haver qualquer contradição entre as palavras de, Cristo e as de Seus Discípulos, portanto, devemos reconstruir as nossas ideias sobre a oração, de tal forma que estejamos sempre orando, sem empregarmos vastas quantidades de expressões verbais ou mentais. Emerson disse:

“Embora teus joelhos nunca se dobrem,
De hora em hora ao céu tuas preces sobem,
E sejam elas para o bem ou para o mal formuladas,
Ainda assim são respondidas e gravadas”.

Em outras palavras, cada ato nosso é uma oração que, sob a Lei de Causa e Efeito, nos traz os resultados adequados. Obtemos exatamente o que queremos. A expressão oral, sob forma de palavras, é desnecessária, mas uma ação sustentada num certo sentido indica o que desejamos, mesmo que nós mesmo não o realizemos e, com o tempo, mais cedo ou mais tarde, de acordo com a intensidade do nosso desejo, realiza-se aquilo pelo qual rezamos.

As coisas assim adquiridas ou atingidas podem não ser o que real e conscientemente desejamos. De fato, às vezes conseguimos algo que teríamos sem dúvida dispensado, algo que consideramos uma desgraça, um tormento, mas o ato-oração nos trouxe isso e teremos que conservá-lo até que consigamos nos livrar dele de forma legítima.

Quando lançamos uma pedra para o ar, o ato só se completará quando a reação trouxer a pedra de volta ao solo. Nesse caso, o efeito segue a causa tão rapidamente que não é difícil relacionar os dois.

No entanto, se dermos corda a um despertador, a força fica armazenada na mola até que um certo mecanismo a liberte. Então, se produz o efeito – o som da campainha – e, embora tenhamos mergulhado no sono mais profundo, a reação ou o desenrolar da mola ocorreu da mesma forma. Similarmente, atos que há muito esquecemos em algum momento irão produzir os resultados consequentes, e assim obteremos uma resposta aos nossos atos-orações.

Contudo, há a verdadeira oração mística – a oração em que encontramos Deus, face a face, como Elias o encontrou. Não é no tumulto do mundo, no vento, no terremoto, ou no incêndio que O encontramos, e sim quando tudo se aquieta, e uma voz silenciosa nos fala vinda de dentro. O silêncio requerido para esta experiência não é um mero silêncio de palavras. Nem há as imagens interiores que passam geralmente diante de nós na meditação.

Tampouco há necessidade de pensamentos, mas todo o nosso ser assemelha-se a um calmo lago tão límpido quanto um cristal. Nele, Deus Se espelha, e experimentamos a unidade que torna a comunicação desnecessária, seja por palavras seja por qualquer outro meio. Sentimos tudo aquilo que Deus sente. Ele está mais próximo de nós do que nossas mãos e nossos pés.

Cristo nos ensinou a dizer: “Pai nosso que estais no céu”, etc. Esta oração encerra a mais sublime forma de expressão encontrada sob forma de palavras, mas a oração da qual me refiro pode, no instante da união suprema, ser expressa numa única palavra não pronunciada: “Pai”. O devoto, quando está realmente submerso em oração, nunca vai mais longe. Ele não faz pedidos, para que? Não tem ele a promessa: “O Senhor é meu Pastor, não me faltará?”. Não lhe foi dito para buscar primeiro o Reino do Céu, e que tudo o mais lhe será acrescentado? Talvez sua atitude possa ser melhor entendida se fizermos a comparação com um cão fiel olhando para a face do seu dono com uma devoção muda, com toda a sua alma transparecendo através de seus olhos cheios de amor. De forma semelhante, naturalmente com intensidade muito maior, o verdadeiro místico olha para o Deus interno e se derrama todo em muda adoração. Desse modo, podemos orar sem cessar, internamente, enquanto trabalhamos como servos diligentes no mundo externo; pois nunca esqueçamos que o objetivo não é desperdiçar nossas vidas sonhando. Enquanto rezamos a Deus internamente, devemos também trabalhar para Deus externamente.

(Perg. 166 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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Os Três Graus do Discipulado – Parte II – Grau Fraternidade – São Tomé ou Tomás

Os Três Graus do Discipulado

Parte II – Grau Fraternidade

São Tomé ou Tomás

Diophanes e Rhea eram proprietários prósperos na Síria, cidade de Antioquia. Depois de dez anos, Tiberias se tornou Imperador e tiveram um casal de gêmeos – um menino chamado Tomé e uma menina Lysias. Quando Tomé estava com quatorze anos, ocorreu um incidente que, segundo ele, foi o que determinou em grande parte seu destino. Três Magos, voltando para casa após uma visita a Jerusalém, ficaram dois dias numa pousada. O rapaz ficou profundamente impressionado com a história que contaram sobre a grande Estrela e o Bebê nascido em uma manjedoura. O sábio declarou a Tomé que esse bebê se tornaria o Rei da Luz.

Perplexo na fé, mas puro nas obras,

Enfim, ele tocou sua música.
Lá vive com mais fé nas dúvidas sinceras,
Acredite-me, do que na metade dos credos.

Essas linhas de Tennyson1 são apropriadas para Tomé, o Discípulo duvidoso, de quem foi dito: “Dúvidas eram simplesmente acordes menores em uma vida que produzia emocionante música de órgãos”. Tomé era pessimista e desanimado; mas, também era destemido, leal e constante, tão logo suas dúvidas fossem dissipadas. Ele foi um literalista nos primeiros dias de seu Discipulado. Mais tarde, depois das maravilhosas experiências que chegaram ao Grupo, no interim entre a Ressurreição e a Ascensão, todos os seus questionamentos sombrios foram varridos. Sua dúvida foi transformada em uma realização gloriosa – uma certeza, de primeira mão, nascida do conhecimento que o elevou ao nível espiritual, colocando-o ao lado de Pedro e João.

No oitavo domingo de Páscoa, quando Tomé, adorando ao Cristo ressuscitado, exclamou: “Meu Senhor e meu Deus2 , sua dedicação foi completa. Depois de Pentecostes, Tomé foi para a Índia carregando a mensagem de Cristo. Ainda existe, nos tempos modernos, na costa de Malabar3, uma seita que se chama Os Seguidores de São Tomé. Esse Discípulo era conhecido como um verdadeiro mestre e foi, portanto, denominado o santo padroeiro dos arquitetos. Seu símbolo é o Esquadro do Pedreiro. A Loja Maçônica de Kilwinning, na Escócia, foi dedicada a ele. Como João, Tomé foi um Apóstolo da Gnose, pois ele tipifica o intelectualista tão frequentemente encontrado na sociedade Helenística.

A lenda seguinte está em harmonia com a investigação ocultista. Quando Tomé estava na Índia, o Rei Gundaphorus descobriu que ele era um construtor e lhe deu uma grande soma em dinheiro para usar na construção de um palácio de inverno. Naquele momento, a fome entre os pobres era muito dolorosa, então Tomé empregou todo o dinheiro do rei para aliviar as condições dos pobres. Quando o rei retornou à sua província e descobriu que nenhum prédio havia sido construído, mesmo sabendo que todo o dinheiro havia sido gasto, mandou colocar Tomé na prisão com a ameaça de que ele seria esfolado vivo. Antes que essa sentença pudesse ser realizada, o único irmão do rei veio a falecer subitamente, e reaparecendo diante do rei Gundaphorus, dizendo que os Anjos lhe haviam mostrado um palácio glorioso no céu, construído por Tomé, devido às suas ações de amor e serviço aos seus semelhantes na terra. O rei, dando atenção à mensagem de seu irmão, liberou Tomé da prisão e depois disso se inscreveu para suas boas obras.

Os incidentes descritos nessa lenda são baseados em conhecimentos de primeira mão. Todos estão construindo, nos reinos internos, com precisão, as condições e o ambiente que conhecerão após a morte; o céu reflete a vida que foi vivida na Terra. “Eu mesmo sou o céu e o inferno”. O amor e o serviço derramados na Terra se tornam beleza e fecundidade no céu. O egoísmo e o egotismo são reproduzidos aqui como deficiência e sofrimento. Exato e justo é o funcionamento da Lei de Causa e Efeito em todos os planos do ser.

Nessa história apócrifa de Tomé, possivelmente, tenha sido encontrado a primeira referência ao tema do Palácio Interior, celebrado nos tempos medievais como o Castelo do Santo Graal. Mesmo que tardio, é importante que esta lenda alemã relate que, quando o Graal desapareceu na Europa, foi levado para a Índia e escondido dos olhos dos seres humanos no alto dos Himalaias. Mais uma vez, está registrado que Parsifal tinha um irmão gêmeo, Feirfeis, “no Oriente”, e que aquele que finalmente levou o Graal, partiu para encontrar esse irmão – uma referência às comunidades cristãs orientais do Oriente Médio e Extremo Oriente; toda esta área, nos tempos antigos, pertencia à Índia. O ministério de Tomé incluiu a Pérsia e a região do Bósforo, bem como a Índia propriamente dita. Foi na Índia que Tomé morreu como um mártir.

No decorrer de seu ministério, Tomé realizou muitas obras milagrosas, tratadas como feitiçarias por seus inimigos. Ele foi preso sob pena de morte, mas era tão popular entre as pessoas que as autoridades temiam que pudessem tentar resgatá-lo, então enviou-o para as montanhas sob uma guarda de cinco soldados. Dois caminharam de cada lado e um seguiu em frente. Tomando ciência de sua posição, Tomé exclamou: “Oh, mistérios ocultos da vida! Eis que quatro lideram por guardar-me porque eu harmonizo com os quatro elementos, e um me conduz Àquele a quem pertenço e que sempre vou”.

Enquanto Tomé rezava, os quatro o atingiram imediatamente. O simbolismo numérico aqui é muito bonito. Quatro representa a personalidade e o Espírito. Os quatro o atacam, pois apenas a personalidade é destrutível. O Espírito, Único, é imortal. Os Discípulos de Tomé envolveram seu corpo em xales de linho fino e colocaram-no em um túmulo. Enquanto os guardas o observava no túmulo, ele reapareceu diante deles em seu corpo espiritual e disse: “Eu não estou lá. Por que vocês estão aí sentados? Eu fui elevado para receber as coisas que, eu espero que, depois de algum tempo, vocês também serão conduzidos para o meu lado”.

É um comentário impressionante sobre São Tomé, que na história apócrifa ele é descrito como tendo se tornado a própria imagem de Cristo. Tanto que, quando o Mestre Jesus, no corpo da Ressurreição, apareceu na Índia (uma lenda que não teve a atenção que merecia), os dois não podiam ser separados. Que Tiago, o parente do Mestre, deveria tê-Lo levado a uma semelhança tão estreita que não é de modo algum notável. Mas Tomé parece ter crescido em Sua semelhança através do desenvolvimento do Espírito Cristão.

Os indivíduos verdadeiramente iluminados, ao longo dos tempos, reconheceram a unidade fundamental subjacente aos conceitos espirituais do Oriente e do Ocidente. Essa unidade de doutrina foi expressa por Sábios em muitos aspectos, tanto em parábolas quanto em lendas, durante cada século. O método de abordagem varia de acordo com as diferenças raciais e ambientais, mas a Verdade é Única.

O Supremo Mestre demonstrou esse fato quando foi para o Oriente, levando uma mensagem que tem sido primordial no Ocidente. No Oriente começou, mas no Ocidente, presentemente, encontra seu centro de ação. O curso da sabedoria é uma troca equitativa de valores entre os dois. O Ocidente deve aprender a espiritualizar suas atividades, e o Oriente deve ativar seu poder espiritual latente.

O autor oculto, Dr. Rudolf Steiner, enfatiza a importância dessa amalgamação em seu livro, ‘O Oriente à Luz do Ocidente’. Ele ressalta que esses “dois mundos devem se unir em amor”, e acrescenta que “devemos eventualmente reconhecer que há uma luz do Ocidente, que brilha para tornar tudo o que originou no Oriente mais luminoso do que é, através de seu próprio poder”. Ele conclui que, quando o ser humano chegar ao ponto de conhecer ambos os caminhos, sua unidade fundamental será claramente reconhecível.

O bem conhecido divino, o Dr. E. Stanley Jones, em seu livro, ‘O Cristo da Estrada Indiana’ – que é quase um clássico religioso – também aponta para a mesma Unidade do Espírito entre o Oriente e o Ocidente. E Nicholas Roerich, inspirador, pintor, poeta, filósofo, cujo universalismo de espírito o levou a ser chamado de Walt Whitman da pintura, dedica seu gênio artístico e cultural à serviço dessa unidade. Ele previu que a influência feminina divina, a Madona, criará uma ponte entre os dois mundos, e que sua fusão espiritual dará ao mundo um poder espiritual, e uma cultura estética mais transcendentemente bela do que qualquer coisa anteriormente conhecida.

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[1] N.T.: parte da estrofe XCVI do poema In Memoriam, de Alfred Tennyson, (1809-1892) um poeta inglês.

[2] N.T.: Jo 20:28

[3] N.T.: A costa do Malabar é um trecho de litoral no sudoeste do subcontinente indiano.

(do Livro: New Age Bible Interpretation, Vol VI, Corinne Heline – Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – 11-12-2002)

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Os Três Graus do Discipulado – Parte II – Grau Fraternidade – Santo André

Os Três Graus do Discipulado

Parte II – Grau Fraternidade

Santo André

O mar da Galileia tem uma localização muito interessante e está sempre associado e intimamente ligado ao Mistério de Cristo. Sua forma quase circular era cercada por doze cidades nos tempos cristãos primitivos e todas proeminentemente ativas na vida do Mestre. O tamanho dessas cidades era de tal maneira que os arredores de uma cidade se fundiam nas divisas com a outra. Ao Norte onde o rio Jordão encontra o mar da Galileia, localizam-se Cafarnaum, Betsaida e Magdala. Da cidade de Cafarnaum saíram quatro dos mais ilustres Discípulos. Desses, André e Pedro foram os primeiros a dedicar lealdade ao Mestre.

André

André foi o primeiro a ser chamado, mas ele nunca foi o primeiro a chegar à liderança. Profundamente humilde e de uma natureza silenciosa e comedida, André revelou sua verdadeira grandeza quando cedeu o primeiro lugar ao seu prestigiado irmão, dando-se por feliz em brilhar na glória de Pedro. André e João parecem ter trabalhado juntos de maneira bem próxima. Um fragmento canônico muito antigo do Novo Testamento indica que André ajudou João a escrever seu Evangelho. Ele foi chamado de santo padroeiro dos objetos pessoais.

Eusébio relata que André foi morto na Grécia, ao comando do governo de Egeas, que reclamou que todas as pessoas estavam abandonando a adoração ao templo para seguir os milagres do novo caminho anunciado por este Discípulo. Foi feito uma exigência para que André fizesse um apelo às pessoas que voltassem a adorar a antiga religião, dedicando aos seus deuses. André, porém, se recusou a fazê-lo. Então, foi ordenado que o Discípulo André deveria transmitir ao povo os segredos de sua magia, do contrário, ele seria pendurado em uma cruz simbolizando a sua fé. André respondeu: “Se você conhecesse as verdades do discipulado, então, você viveria a vida e compreenderia o que está perguntando. A tortura não pode tirar de mim o que é sagrado”.

Quando André foi crucificado, ele disse, com sorriso bonito que irradiava seu rosto: “Eu me alegro de ser pendurado na cruz de Cristo, sendo adornada com os Seus membros como se estivesse com pérolas”. Ao orar, ele se tornou alegre e exultante. Uma grande luz brilhante descia do céu como relâmpago sobre ele, cercando-o com tanto esplendor que os olhos físicos não podiam fixá-lo. Quando ele foi tirado da cruz Maximilia, a esposa do governante, ungiu o corpo de André com especiarias caras e colocou-o em seu próprio túmulo. Essa santa mulher, iluminada pelo amor de Cristo, viveu silenciosamente junto aos cristãos.

(do Livro: New Age Bible Interpretation, Vol VI, Corinne Heline – Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – 11-12-2002)

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Os Três Graus do Discipulado – Parte II – Grau Fraternidade – São Natanael ou Bartolomeu

Os Três Graus do Discipulado

Parte II – Grau Fraternidade

São Natanael (ou São Bartolomeu)

A lenda diz que Natanael, cujo último nome era Bartolomeu, era um filho do Príncipe de Talmai, uma família conhecida por Josefo1. O Cristo descreveu Natanael para nós quando o declarou ser sem malícia. Natanael era um místico cuja nota-chave era a pureza. Quando Filipe trouxe-o para se encontrar com o Grande Mestre, as primeiras palavras do Mestre para o Seu novo Discípulo foram: “Quando você estava sob a figueira, eu vi você”.

A figueira simboliza a regeneração. Essa saudação significava que Ele conhecia o trabalho de Natanael na sua preparação para o discipulado por meio do processo de regeneração.

A amizade entre Natanael e Filipe pode ser comparada àquela que existia entre David e Jonathan2.

Natanael Bartolomeu foi descrito como “tendo cabelos pretos, pele clara e grandes olhos bonitos”. Ele era de altura média, nem alta nem muito baixa, mas mediana. Ele usava um manto branco bordado de roxo e sobre seus ombros uma capa branca. Sua voz era como o som de uma forte trombeta.

Ele foi acompanhado pelos Anjos de Deus, que nunca permitiram que ele se cansasse, ficasse com fome ou com sede. Seu rosto, sua alma e seu coração estavam sempre felizes e alegres. Ele previu todas as coisas. Ele conhecia e falava as línguas de todas as nações.

Quando os Discípulos se dispersaram após a Ascensão, ele e Filipe viajaram por muitas terras juntos.

Depois da morte de Filipe, Natanael foi para a Etiópia, onde fundou a primeira Igreja cristã. Lá, ele soltou a filha do rei que estava sob o poder de demônios obsessivos. A menina, a qual se tornou uma de suas alunas, disse a seu pai: “Ele conhece todas as coisas, fala todas as línguas e é atendido pelos Anjos de Deus”.

O rei enviou imediatamente até Natanael camelos carregados com presentes de ouro, prata e pedras preciosas.

Naquela noite, ele apareceu no quarto do rei e perguntou: “Por que você me enviou essas coisas terrenas? Meus desejos não são mais carnais, mas, eles estão centrados nas coisas do céu”.

Após a partida de Natanael, o rei e sua filha se tornaram líderes da comunidade cristã na Etiópia, onde conseguiram muitas coisas boas para seu povo.

Conta-se que Natanael sofreu martírio na Armênia sendo esfolado vivo.

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[1] N.T.: Flávio Josefo, ou apenas Josefo (em latim: Flavius Josephus; 37 ou 38-ca. 100 e, após se tornar um cidadão romano, como Tito Flávio Josefo em latim: Titus Flavius Josephus), foi um historiador e apologista judaico-romano, descendente de uma linhagem de importantes sacerdotes e reis.

[2]N.T.: David e Jonathan foram figuras heroicas do Reino de Israel, que formaram uma aliança de amizade registrada nos livros de Samuel.

(do Livro: New Age Bible Interpretation, Vol VI, Corinne Heline – Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – 11-12-2002)

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Pergunta: Diz-se que quando o Novo Testamento menciona o “Filho do Homem” quer se referir ao Espírito Solar. Os adoradores do Sol foram considerados idólatras. Nós também seríamos considerados como tais?

Pergunta: Diz-se que quando o Novo Testamento menciona o “Filho do Homem” quer se referir ao Espírito Solar. Os adoradores do Sol foram considerados idólatras. Nós também seríamos considerados como tais?

Resposta: Todo aquele que não segue os padrões de seu tempo é um idólatra. Quando o Sol, por precessão, a deixou constelação de Touro e entrou em Áries foi emitida a ordem “Não adoreis o bezerro de ouro; isso é idolatria”. 

Posteriormente, quando chegou a era Cristã, houve uma nova aliança e não se devia mais praticar o Judaísmo com suas oferendas, pois Cristo chegara e houve um único sacrifício por todos. Tornou-se idolatria executar o antigo sacrifício. Não há nenhum outro nome dado sob o céu pelo qual nós devemos ser salvos, a não ser o nome de Jesus Cristo. Mais tarde, quando Cristo entregar tudo nas mãos do Pai, haverá um novo padrão e será idolatria voltar aos nossos ideais de hoje.

(Revista Serviço Rosacruz – 12/73 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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