A Língua: tenha cuidado com ela
Lendo a tua monumental Epístola, de São Tiago, desejei muito ver-te de perto, conhecer-te pessoalmente, abraçar-te, dar-te meus parabéns por tão grandioso quão útil trabalho que tens realizado neste mundo, mediante a tua magnificente Carta. Certo de que nosso encontro ainda demora muito, peço-te permissão para escrever alguma coisa sobre a língua, baseado no teu ensino.
— A língua “é um pequeno membro”, não é, São Tiago? É sim, eu o sei. Pois bem; sobre ela muito já disseram grandes pensadores, escreveram eminentes escritores e poderão falar e escrever os que, sabendo manejar bem a pena, arranhem também o seu idioma.
Desejando escrever algumas linhas sobre esse “pequeno membro”, não lhe desconhecendo o poder de inflamar (“COM O FOGO DAS PAIXÕES”) “a roda do nosso viver”, faço-o à proteção dos bombeiros sagrados, entre os quais estás, na certeza de que não serei, afinal, consumido pelas chamas. Que achas?
— Muito bem. — Vou começar. Faze de conta que sou teu aluno e vou fazer uma prova. Corrige os erros.
Balanceando a vida da língua, estou em perigo de ser açoitado por ela mais uma vez, não o ignoro. Portanto, para continuar este pesado trabalho busco, uma vez que a língua é fogo dos grandes vultos, a luz que sobre a tela da sabedoria projetam, a fim de, aquecido por ela, poder neutralizar a sua ação ígnea e dizer sem medo de errar: João Crisóstomo — escreve Manuel Bernardes — “assenta que não tem o demônio órgão ou instrumento mais à feição e propósito do seu ofício que a nossa língua”. Todo cuidado com a língua é pouco.
“Nada menos convém ao homem que trata de servir a Deus e caminha para a perfeição”, — sentencia Lourenço Justiniano — “como a língua desenfreada e solta das ataduras da moderação, porque ela lhe destrói e mata o recolhimento e união de espírito”.
Se me perguntardes, caros leitores, como é que a língua “contamina todo o corpo”, dir-vos-ei: levando-o a pecar. Sobre o mesmo assunto, vede o que diz o filho de Mônica — Agostinho —, o bispo de Hipona: “Deve vigiar-se o homem de duas partezinhas que na sua carne nunca envelhecem e todas as mais levam consigo a rastros PARA O PECADO. São esses o coração e a LÍNGUA. O coração é incansável engenheiro de novos pensamentos: e a LÍNGUA, o oficial expedito para copiar as invenções do coração”. São meus os grifos.
De que a língua é realmente o que acabo de escrever ninguém pode duvidar. São Tiago é muito claro sobre o assunto. Lede aqui suas palavras: “Porque todas as espécies de alimárias, de aves, de répteis e de outros animais se domam; têm sido domados pela natureza humana; porém a língua, nenhum homem a pode domar…” (3:7 e 8, primeira parte).
Para que não digais que eu e o irmão Tiago somos demasiadamente ríspidos no que escrevemos sobre a língua, deixo-vos aqui algumas palavras de Pedro Damião, que deveis considerar: “Note-se de caminho que, se a língua é mais indomável que as aves, feras e serpentes, é porque em si contém essencialmente, das aves, a ligeireza; das feras, a braveza e das serpentes, a peçonha e malícia”.
“Como são despolidas estas palavras de Pedro Damião! Como são duras… BRAVEZA das feras, PEÇONHA e MALÍCIA das serpentes…”, dirá alguém, sem dúvida, caros leitores. O nosso Damião escreveu a pura verdade; a verdade é dura, mas VERITAS SUPER OMNIA [A verdade está acima de tudo]. Antes que escrevesse Pedro Damião, escrevera São Tiago: “… a língua… (ESTÁ) cheia de veneno mortífero” (3:8). Que diferença há entre “peçonha de serpente” e “veneno mortífero”? Tanto faz dizer que a língua tem PEÇONHA de serpente como dizer que está cheia de “veneno mortífero”. Já se vê logo que nenhum dos dois escritores foi desabrido.
De que a língua merece, com justiça, o que se tem dito dela não resta dúvida. Deve ter-se, portanto, todo cuidado com ela.
Para os grandes males da língua, diletos amigos, deixo-vos aqui uma cópia da receita do grande proverbialista dos tempos antigos: “É ao homem que pertence preparar a sua alma e ao Senhor, o governar-lhe a língua” (Pb 16:1). Se alguém, pois, tem a língua desenfreada, peça a Deus que a governe e não se esqueça de fazer a sua parte, segundo o ensino de São Pedro: “Porque o que quer amar a vida e ver dias felizes, refreie sua língua do mal e os seus lábios não profiram enganos” (IPe 3:10).
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/1969)
Zaqueu, o Publicano
No Evangelho Segundo São Lucas, Capítulo 19, lemos:
“Entrando em Jericó, atravessava Jesus a cidade. Eis que um homem chamado Zaqueu, maioral dos publicanos e rico, procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por ser ele de baixa estatura. Então, correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-Lo, porque por ali havia de passar. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em sua casa. Ele desceu a toda pressa e o recebeu com alegria. Todos os que viram isto murmuravam, dizendo que Ele se hospedara com homem pecador. Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e se alguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então Jesus lhe disse: Hoje houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”.
Amigo leitor, alguém já escreveu a sua biografia? Alguém já escreveu uma peça teatral baseada na sua realidade quotidiana, tendo você como protagonista? Provavelmente você dirá que não. Entretanto, sua história é bem antiga e já foi escrita. Ela se encontra na Bíblia. Aliás, à Bíblia contém sua história desde os primórdios de sua manifestação aqui na Terra. E já vai tempo, muito tempo. É um relato sem ficção ou fantasia. É a pura realidade abrangendo tudo a seu respeito: suas quedas, lutas, alegrias, tristezas, enfermidades, frustrações e vitórias. Os símbolos e alegorias bíblicos falam sobre esses momentos de suas existências. Um símbolo é um sinal de uma ideia. Não é a coisa em si, porém representa-a.
Tudo na Bíblia é significativo. Todos os personagens ilustram e dramatizam certos estados de espírito que podem acontecer e acontecem às pessoas nos dias de hoje, em qualquer lugar do mundo.
Todos os personagens das Sagradas Escrituras simbolizam um estado de nossa alma: Maria, Herodes, Pedro, O Filho Pródigo, Lázaro, Zaqueu, etc. Veja como Herodes se manifesta por meio do egoísmo. O desprendimento de alguém nos faz lembrar a viúva pobre e sua oferenda humilde, mas altruísta.
Contudo, os fatos bíblicos também significam alguma coisa ou algo que pode nos ocorrer: a peregrinação pelo deserto, a tentação, o Getsemani, São Paulo na estrada de Damasco. Por exemplo, veja como você já foi tentado em sua vida. Você nunca derrotou o Golias? Sim, o Golias, representação de sua natureza inferior, que aos olhos do mundo parece invencível.
Os nomes da Bíblia não fogem dessa regra. Indicam certas faculdades ou condições da alma humana, Moisés, para exemplificar, significa “salvo das águas”. As águas esotericamente simbolizam o Mundo do Desejo, a natureza emocional. Quem consegue dominar suas paixões é um “salvo das águas” e por certo se fará merecedor de cumprir uma elevada missão, tal como Moisés.
Na Bíblia, os rios, as montanhas, lagos e desertos representam certos estados de consciência. Cristo-Jesus foi tentado no deserto. Moisés recebeu o decálogo na montanha.
Fixemo-nos agora em um personagem da Bíblia: Zaqueu, o publicano. Analise-o. Observe-o. Veja como você tem algo a ver com ele. Veja se você se encontra nele.
Zaqueu tinha consciência de sua baixa estatura, mas almejava ver o Cristo. Para tanto deveria subir, elevar-se ao nível daquele Ser Superior. Procurou um meio de atingir seu objetivo, empenhou-se a fundo e encontrou um sicômoro. O Mestre é sempre atraído pela luz que o discípulo irradia. O Cristo observou Zaqueu no sicômoro e correspondeu àquela procura: ”Zaqueu desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa”.
Casa, templo, tabernáculo, tudo isso simboliza o próprio ser humano. A partir daquele momento decididamente o Cristo foi despertado no íntimo de Zaqueu.
“Hoje houve salvação nesta casa”. Salvação esotericamente quer dizer evolução. O esforço de Zaqueu em elevar-se à altura do Cristo representa um grande passo no caminho da evolução. Às vezes o indivíduo está pronto. Basta apenas a sintonia com o ideal, o encontro. O mesmo ocorre com todo estudante sincero. Quando estiver pronto e resolver subir no sicômoro, seguramente viverá a maior experiência de sua vida: o encontro com Cristo, o Cristo no seu íntimo.
(De Gilberto A V Silos – Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – mar/abr./88 )
A Interpretação Esotérica da Parábola do Semeador
Nesta parábola, Cristo Jesus referiu-se não apenas às verdades espirituais que a humanidade em geral tinha tal necessidade no tempo de Seu ministério de três anos, mas também descreveu diferentes tipos de pessoas e suas reações a Seus ensinamentos. A atitude das três primeiras classes que Ele descreve explica o fato de que uma parte tão grande da humanidade estava no ponto de retrocesso quando o Raio de Cristo veio à Terra como seu Espírito planetário residente.
Havia então, como agora, muitas pessoas que fizeram tão pouco esforço e progresso ao longo das linhas espirituais que não entendem quando alguém fala com elas sobre as leis espirituais subjacentes à existência. Desde o tempo, Éons e Éons atrás, que os Espíritos Virginais foram diferenciados dentro de Deus e começaram a mergulhar na matéria, muitos exerceram seus poderes divinos tão ligeiramente e se tornaram tão emaranhados na materialidade que perderam a percepção de serem seres espirituais e responde pouco à voz do Eu Superior. As forças subversivas estão em ação constante para liderar essa classe, que constitui aqueles que “receberam semente no esquecimento”, longe das influências edificantes que poderiam colocá-los entre os mais avançados.
Há outro tipo de pessoas que são instáveis, não tendo a fixidez de propósito ou força de caráter para manter os ensinamentos espirituais e padronizar suas vidas por eles, mesmo que possam aceitar as verdades quando ouvidas. Eles ouvem livremente todos os ensinamentos que podem ser promulgados, mas não discriminam e fazem de suas concepções intelectuais uma parte de sua base para a vida diária. Eles não permitem que a “palavra” forme “raiz” em seus seres e, portanto, constituem um “terreno pedregoso”, onde a “semente” desaparece.
Uma terceira classe de pessoas tornou-se tão absorta em suas buscas materiais e desejos egoístas que eles não permitem que um conhecimento das verdades espirituais interfira em sua maneira sensual de existir. Eles vivem em suas emoções e desejos: comendo, bebendo e se divertindo. Suas casas e terras, seus “gastos e gastos”, suas vaidades pessoais, etc., ocupam seu tempo e seus pensamentos. Os “espinhos”, ou natureza inferior, sufocam a “semente” e impedem seu crescimento. Felizmente, há ainda outro tipo de ser humano, como referido na parábola: aqueles que “ouvem a palavra”. Estes são aqueles que ouvem a voz do Eu Superior, o Cristo interior, e se esforçam para viver de acordo com a parábola, ou seja, de acordo com as verdades espirituais dadas à humanidade, como um padrão para o progresso pelos nossos Irmãos Maiores. Suas vidas diárias estão cheias de pensamentos e atos de amor e serviço para com os outros, em emulação de Cristo Jesus, o ideal para a humanidade presente. Assim, eles se preparam para a Nova Era alimentando a “semente” até que ela cresça e floresça em um glorioso e luminoso fruto: a vestimenta do Casamento de Ouro, ou Corpo-Alma, a evidência do Cristo interior.
(Publicado na Rays from the Rose Cross Magazine, February, 1975 e traduzido pelo Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil)
A Origem do Tabernáculo: a primeira Igreja da humanidade
Lemos na Bíblia a história de como Noé e a sua família foram salvos do Dilúvio e formaram o núcleo da humanidade da Época do Arco-Íris, aquela em que vivemos agora. Também se diz que Moisés guiou seu povo fora do Egito, a terra do touro (do Signo de Touro) através das águas e o estabeleceu como o povo escolhido para adorar o Carneiro, o Signo de Áries, em cujo Signo havia já entrado o Sol pelo movimento de Precessão dos Equinócios. Esses dois relatos se referem ao mesmo incidente, a saber, a aparição da infante humanidade do continente submerso da Atlântida (na Época Atlante), nesta época de ciclos alternados: verão e inverno, dia e noite, fluxo e refluxo.
Como a humanidade acabara de receber a Mente, ela começou a dar conta da perda da visão espiritual que até então possuía. Sentiu um anelo pelo mundo do espírito e seus guias divinos, que persiste, todavia, pois ainda não cessou de lamentar essa perda. Por essa razão foi-lhe dado o Tabernáculo no Deserto, antigo Templo de Mistérios Atlante, para que pudesse encontrar o Senhor quando estivesse qualificada por meio do serviço e domínio da natureza inferior pelo Eu Superior. Tendo sido delineado por Jeová, foi a incorporação de grandes verdades cósmicas, ocultas por um véu de simbolismo que falava ao Eu interno ou Eu Superior.
Em primeiro lugar, é importante saber: esse plano divino do Tabernáculo foi dado a um povo escolhido, que devia construí-lo por meio de sacrifícios. E aqui há uma lição particular consistindo em nunca se dar à pessoa alguma a norma do caminho do progresso se primeiramente não se fez um convênio com Deus para servi-lo e estar disposto a oferecer o sangue do seu coração numa vida de serviço totalmente desinteressado. A palavra “phree messen” é um termo egípcio significando “filho da luz”. Na literatura iniciática fala-se de Deus como o Grande Arquiteto. Arche é uma palavra grega significando “substância primordial”.
Diz-se que José, pai de Jesus, foi um “carpinteiro”, porém a palavra grega é “tekton” — construtor. Também se diz que Jesus foi um “tekton”, um “construtor”.
Por conseguinte, cada verdadeiro Iniciado é um filho da luz, um construtor que se esforça em edificar o templo místico de acordo com o plano divino dado por nosso Pai nos Céus. A esse fim dedica todo o seu Coração, Alma e Mente. Ele deve aspirar a ser “o maior no Reino de Deus”, e, portanto, há de ser o servo de todos.
(Publicada na Revista Serviço Rosacruz – 02/1978)
A Divina presença que existe dentro de você e o que fazer com ela
Na Primeira Epístola aos Coríntios, Capítulo 3, Versículos 16 e 17 lemos: “Não sabeis que sois o santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, porque o santuário de Deus que sois vós é sagrado”.
Parece incrível, mas essas palavras tão coerentemente claras produzem confusão e dúvida no espírito das pessoas. Para um cristão afeito à ortodoxia religiosa tentar entender o que São Paulo quis dizer nesses versículos constitui um exercício perigoso, uma aventura capaz de abalar-lhe a fé. Aprofundar-se na ideia de que o “Espírito de Deus habita em nós” é algo temerário. Afinal, o Espírito de Deus só pode ser o próprio Deus. Deus no ser humano, dando vida ao seu santuário? Por que ir além? Mas, para o próprio estudante esoterista sobrevém, a princípio, grande dificuldade em aceitar a realidade do Deus Interno. Ora, durante toda sua vida habituou-se a venerar e recorrer a uma Inteligência Superior, abstrata, permeando o espaço cósmico. A certeza da existência de um Deus externo trouxe-lhe, sempre, uma certa segurança, ainda mais que esta Divindade lhe oferece seu Filho Unigênito — o Cristo — para redimi-lo de suas transgressões.
A ideia de que Cristo é um ser interno, um princípio inerente à nossa condição de espíritos, que desabrocha e evolui através de várias existências de pureza e serviço não é fácil de se aceitar. A ideia de que é esse Cristo interno que salva e não o Cristo exterior pode ser assustadora, pois revela, e como isso é duro, que a salvação é um problema individual, interno e intransferível.
É responsabilidade exclusiva de cada um. Logicamente ninguém está só, no desenvolvimento desse processo. Pode-se recorrer à oração científica que, quando acompanhada de esforços sinceros e serviço altruísta atrairá a ajuda dos Seres Iluminados.
A centelha divina tem em si as mesmas sementes de perfeição do Deus Macrocósmico. Quanto mais ampla for a nossa consciência de que esta Divindade habita em nós, maiores serão seus canais de manifestação.
O ser humano comum, aquele que alardeia seu agnosticismo ou vive condicionado a uma crença num ente exterior, pode se abalar com as crises desta época. Pode padecer de todas as desesperanças, apavorar-se com todas as mudanças, porque falta-lhe a energia positiva de quem admite a presença de Deus dentro de si mesmo.
O esoterista cristão sobrepõe-se espiritual, mental, emocional, fisicamente e a todas as condições transitórias desse mundo. Nada teme, porque está convencido de que a única realidade possível é o Deus Interno.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – mar./abr./1988)
O Reino dos Céus: de que lado você está?
“O Reino dos Céus é semelhante a um mercador que buscava pérolas, e que uma vez achou uma pérola de grande valor. Foi e vendeu tudo o que possuía e a comprou” (Mt 13:45-46).
Homem extraordinário esse! Encontrando uma pérola de grande valor, VENDEU TUDO O QUE POSSUÍA para adquiri-la. Talvez seja essa a mais bela parábola contida nos Evangelhos. Muitos hão que passam os olhos sobre essas palavras e não se importam com o seu significado interior.
O Reino dos Céus! Quem, em nossos dias, venderia tudo o que tem para possuí-lo? Acreditamos que bem poucos. Tesouro menosprezado, esse Reino dos Céus. Por ele se trocam as ninharias do mundo. Arrefeceu-se o ardor dos trovadores do Eterno; extingue-se, quase que totalmente, a pequena chama do Santuário, pois não há mais ninguém, exceto uma minoria a protegê-la contra os ventos borrascosos do cego materialismo. Encontram-se espalhados, por esse mundo de Deus, milhares de sociedades, mestres e guias(?) oferecendo a seus candidatos, o Reino dos Céus, extorquindo, mercadejando falsas pérolas; ludibriando; esquecidos, ou fazendo-se de esquecidos, que tal Reino não se alcança a peso de ouro. As ovelhas incautas, de olhos vendados pelos seus pseudomestres não entenderam ainda que TÊM QUE VENDER TUDO (vaidade, egoísmo, apego, personalismo), esvaziarem-se de si mesmas, fazer uma revolução interna, para receber as chaves do REINO (INICIAÇÃO).
Muitos cobiçaram essa pérola de grande valor. Tentaram obtê-la, mas ao se aperceberem de que deveriam vender tudo, o mundo lhes falou mais alto. Suas posses, suas ânsias de glória e honra, suas afeições desordenadas, colocaram-nos na situação do moço, que, tendo muitos bens, não quis se desfazer deles, e contrariado não seguiu o Mestre (Mc 10:22).
O Reino dos Céus! Com que singeleza e facilidade nos dá o Mestre a conhecê-lo, fazendo-o semelhante a uma pérola de grande valor. Porém, existe um problema. Consiste na distinção entre a pérola verdadeira e a falsa. Mas, atentemos bem para o seguinte: a pérola falsa é adquirível facilmente com dinheiro sonante. Custa pouco. Dela faz-se muito alarde, muitas ofertas. A verdadeira, só pode ser obtida mediante muita busca, esforço, sofrimentos. Só a recebe quem vende tudo o que tem de inferior. Ninguém pode servir a dois senhores simultaneamente. De que lado você está amigo leitor?
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1970)
“Vós Sois Meus Amigos”: fomos ensinados a praticar essa frase no nosso cotidiano
“Vós sois meus amigos”. Frase simples, que se dilui no contexto grandioso dos Evangelhos. Não raro, passa despercebida a profundidade de seu significado.
O fato de o Cristo nos considerar amigos transcende qualquer possibilidade do conhecimento humano. Mas, a transcendentalidade do fato não nos impede de meditar e de lhe extrair lições.
O Cristo, quanto à evolução, encontra-se muito acima da nossa onda de vida. Não obstante a distância evolutiva que nos separa, Ele desceu ao nosso plano, isto é, o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nos considera amigos. Se esse glorioso Ser pode assim considerar-nos, seguramente não poderemos ser menos que amigos entre nós mesmos.
Na Bíblia, à frase “Vós sois meus amigos” segue-se: “se fizerdes as coisas que Eu mando”. O que Ele mandou fazer, por suposto, é praticar Seus ensinamentos na vida diária, para o despertamento do Cristo Interno. É a única maneira de chegarmos a ser como Ele, fazendo o que Ele fez e coisas maiores ainda. Se nos empenharmos em assim proceder, seremos Seus discípulos e mais do que isso, Seus amigos.
Nesse particular, o conceito de amizade transcende a ideia geralmente aceita de estima e afeto entre um grupo de indivíduos intimamente relacionados e ascende a um nível indiscutivelmente superior, ao plano da amizade universal, na qual todos se incluem.
Se fizermos o que Ele nos mandou seremos Seus amigos no sentido mais elevado do termo. Também alcançaremos o nível de amizade ideal com nossos semelhantes, não só com aqueles que estão buscando a iluminação espiritual ao longo do caminho que estamos trilhando, mas com todos os viajores de outras rotas.
A definição de amizade varia de acordo com a época. Aristóteles a definiu como um “caminho”, enquanto Coleridge a ela se referiu como “uma árvore de refúgio”. Emerson falou em “ordem de nobreza”; seu incomparável ensaio sobre a amizade não encontrou paralelos em quaisquer outras literaturas. Em Thoreau, encontramos, talvez, a mais perfeita compreensão do que seja esse sentimento, nestas palavras: “Inspiramos amizade aos homens quando já a temos com os deuses”. Quando chegamos a ser amigos de Cristo, certamente inspiraremos amizade aos indivíduos por força de nossa conduta profundamente compassiva.
O melhor que pudermos fazer pela humanidade, seja individual seja coletivamente, como membros da Fraternidade Rosacruz, será realizado por meio da amizade. Podemos ajudar uma pessoa porque a consciência nos obriga a fazê-lo; ou porque nos apiedarmos dele; ou porque isso pode nos trazer alguma vantagem pessoal. Sob quaisquer dessas circunstâncias poderemos ser úteis. Porém, somente quando nos consideramos seus amigos, ligados por sentimentos de estima e compreensão, sobrepondo-nos aos nossos interesses pessoais, é que lhe seremos verdadeiramente úteis.
Quando trabalharem juntos, unidos e inspirados pelos laços de amizade, os seres humanos podem realizar algo realmente duradouro. A esse respeito Thomaz Carlyle assim se manifestou: “Como é possível a amizade? Por meio da mútua devoção ao bom e verdadeiro… um homem é suficiente para si mesmo: dez homens unidos pelo amor são capazes de fazer o que dez mil individualmente não poderiam. Infinita é a ajuda que o homem pode proporcionar ao homem”.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – nov/dez/87)
Análise do Pai Nosso, a Oração do Senhor
O Amor pelo qual se deve aspirar é unicamente o da alma; que abarca todos os seres, elevados e inferiores e que aumenta em proporção direta às necessidades daquele que recebe.
A Fortuna pela qual se deve lutar é somente a abundância de oportunidades para servir os semelhantes.
O Poder que se deve desejar é o que atua melhorando a humanidade.
A Fama pela qual se deve aspirar é a que possa aumentar nossa capacidade de transmitir a boa nova, a fim de os sofredores poderem encontrar o descanso para a dor do seu coração.
Podemos comparar a Oração do Senhor (Pai Nosso[1]) como uma fórmula abstrata ao melhoramento e purificação de todos os veículos do ser humano. O cuidado a prestar ao Corpo Denso está expresso nas palavras: “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”.
A oração que se refere às necessidades do Corpo Vital é: “perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
A oração para o Corpo de Desejos é: “Não nos deixeis cair em tentação”. O desejo, o grande tentador da humanidade, é o grande incentivo para a ação. É bom quando cumpre os propósitos do espírito, mas quando se inclina para algo degradante, para algo que rebaixa a Natureza, certamente devemos rogar para não cair em tentação.
A oração para a Mente é: “Livrai-nos do mal”. Como vimos, a Mente é a ligação entre as naturezas superiores e inferiores. Admite-se que os animais sigam os seus desejos sem nenhuma restrição. Nisso nada há de bom nem de mau porque lhes falta a Mente, a faculdade de discernir. Os meios de proteção empregados para com os animais que roubam e matam são muito diferentes do empregado em relação aos seres humanos que fazem tais coisas. Mesmo quando um ser humano de Mente anormal faz isso não se considera da mesma forma que ao animal. Agiu mal, mas porque não sabia o que fazia é isolado.
No “Pai Nosso” geralmente usado na igreja, a adoração está colocada em primeiro lugar, o que tem por fim alcançar a exaltação espiritual necessária para proferir uma petição que represente as necessidades dos veículos inferiores.
O Espírito Humano se eleva à sua contraparte, o Espírito Santo (Jeová), dizendo: “Santificado seja o Vosso Nome”. O Espírito de Vida reverencia-se ante sua contraparte, o Filho (Cristo), dizendo: “Venha a nós o Vosso Reino”.
O Espírito Divino ajoelha-se ante sua contraparte, o Pai, e diz: “Seja feita a Vossa Vontade…”.
Então, o mais elevado, o Espírito Divino, pede ao mais elevado aspecto da Divindade, o Pai, para a sua contraparte, o Corpo Denso: “O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje”.
O próximo aspecto, em elevação, o Espírito de Vida, roga ao Filho, pela sua contraparte em natureza inferior, o Corpo Vital: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”.
O aspecto inferior do espírito, o Espírito-Humano, dirige o seu pedido ao aspecto mais inferior da Divindade para o mais elevado do tríplice Corpo, o de Desejos: “Não nos deixeis cair em tentação”.
Por último, os três aspectos do Tríplice Espírito juntam-se para a mais importante das orações, o pedido pela Mente, dizendo em uníssono: “Livrai-nos do mal”.
A introdução, “Pai nosso que estais no Céu” é somente um indicativo de direção. A adição: “Porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre, Amém” não foi dada por Cristo, mas é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito por encerrar a diretriz correta para a Divindade.
[1] N.R.: Mt 6: 9-13
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/86)
O Ser Humano, o Lírio, a Páscoa
“A Páscoa simboliza a vitória da vida sobre a morte”. Essa frase pôde ser ouvida — lugar-comum em que se tornou — em praticamente todas as celebrações pascais. O termo lugar-comum, entretanto, não assume aqui um sentido pejorativo, um significado menor. A frase expressa uma verdade cósmica.
A história da Páscoa é a história da própria vida. É a história da ressurreição, da permanência e invencibilidade da VIDA ÚNICA emanada de Deus, da qual todas as coisas viventes são participantes.
Reparemos nos lírios do campo. Como crescem, como encantam nossos olhos. Não trabalham, nem tecem, mas vestem-se gloriosamente. Recebem cuidados permanentes sob a compassiva proteção do Pai.
Observemos, também, a persistência da vida dentro dos lírios do campo. A cada ano o bulbo plantado na terra faz brotar pequenos ramos. Cada ano a planta culmina com sua gloriosa expressão: as flores, universalmente admiradas. Cada ano renova-se a energia armazenada no bulbo para que o vegetal, uma vez mais, experimente seu ciclo de crescimento e descanso. Mais uma vez cumpre sua missão de oferecer beleza ao mundo.
Vejamos, agora, o que acontece com a humanidade. O ser humano trabalha, luta, agoniza e se desespera, regozija-se e triunfa, progride ou retarda sua evolução conforme suas ações e pensamentos.
Qual, pois, a diferença entre o ser humano e o lírio? O ser humano tem à liberdade de afastar-se, mesmo que temporariamente, do Divino Plano traçado pelo Criador. Mas, à semelhança do lírio, encontra-se permanentemente debaixo da proteção de Deus.
Assim como as necessidades dos lírios são conhecidas e providas, assim como são alimentados e formosamente vestidos, também são conhecidas as necessidades do ser humano.
Tal como os lírios cumprem uma missão evolutiva, o ser humano cumpre a sua. Os lírios devem crescer, florescer e desenvolver o Corpo Vital, para eles um novo veículo. A missão do ser humano, por suposto, é muito mais abrangente. Ao ser humano cabe a tarefa de dominar sua impulsiva natureza de desejos e desenvolver a Mente, seu mais novo veículo. Faz parte de sua evolução aprender todas as lições que o plano físico lhe oferece e partir para a conquista do mundo do espírito.
É nesse ponto que a permanência e invencibilidade da vida de Cristo tornam-se importantes para nós. A Vida do Raio do Cristo Cósmico consumida anualmente na Terra enseja possibilidade de crescimento ao ser humano e ao lírio.
A força vital infundida no bulbo pelo Espírito-Grupo é suficientemente forte e persistente para ajudar a primeira manifestação do lírio a romper os obstáculos da terra até irromper na superfície com toda sua beleza.
A energia vital do Cristo em nós, individualmente, é suficientemente forte e persistente para ajudar-nos a vencer todos os obstáculos ao progresso espiritual.
Ao lírio não cabe escolha. A força vital opera através dele sem que lhe caiba expressar-se se concorda ou não. Deve responder ao estímulo dessa energia. Deve trabalhar com essa força. Trabalha automaticamente.
A humanidade pode optar. Eis onde se encontra a grande diferença, ao mesmo tempo fonte de dificuldades. Devemos conscientemente trabalhar pelo despertamento do Cristo Interno, abrindo-nos ao fluxo dessa força poderosíssima. Podemos assentir ou relutar e frequentemente relutamos, dizendo não ao Cristo. Obstinados e cegos que somos, ignoramos a força crística interna, impedindo assim o fluxo da VIDA UNA em e através de nós. Dessa obstinação ignorante, desse estado de morte é que devemos ressuscitar, preparando-nos para uma mais elevada expressão do Deus Interno.
Somente quando procedermos assim, a Páscoa se converterá numa experiência vivente para nós. Somente quando trabalharmos conscientemente com Sua Vida dentro de nós, poderemos avaliar a vitória que a Páscoa simboliza.
O significado da Páscoa é transcendente, abrangendo o físico e o espiritual, presente e futuro. Na medida em que o Cristo cresça em nós, poderemos perceber e apreciar o seu verdadeiro significado.
(Publicado na revista Serviço Rosacruz de março e abril/87)
1 Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram magos do Oriente a Jerusalém, 2perguntando: “Onde está o rei dos judeus recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no céu surgir e viemos homenageá-lo”.
(…) 7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e procurou certificar-se com eles a respeito do tempo em que a estrela tinha aparecido. 8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: “Ide e procurai obter informações exatas a respeito do menino e, ao encontrá-lo, avisai-me, para que também eu vá homenageá-lo”. 9A essas palavras do rei, eles partiram.
E eis que a estrela que tinham visto no céu surgir ia à frente deles até que parou sobre o lugar onde se encontrava o menino. 10Eles, revendo a estrela, alegraram- se imensamente. 11Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o homenagearam. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. (Mt 2:1-2; 7-11)
O Evangelho de Mateus é denominado com muita propriedade de “Evangelho da Dedicação”, porque contém a relato da vinda dos três homens sábios desde o oriente.
Antigo comentário a respeito de Mateus diz que a Estrela na sua primeira aparição tinha a forma radiante de uma criança levando a cruz.
Os três Iniciados ou Homens Sábios, contemplando a Estrela, levantaram-se e jubilosos iniciaram a longa e perigosa jornada através do deserto, rumo a Jerusalém. Ao chegarem, indagaram ansiosamente: “Onde está Aquele que nasceu Rei dos Judeus?”.
Essa pergunta interessou a Herodes e a toda comunidade judaica. Perguntaram ao Superior dos Sacerdotes: “Onde está o jovem Rei que acaba de nascer?”. Os sacerdotes responderam: “Em Belém da Judeia”.
Primeiramente, seguindo a direção da Estrela, os três Homens Sábios atingiram a pequena cidade de Belém e lá encontraram não um principezinho real nascido num palácio, rodeado por um corpo de servidores, mas apenas uma graciosa criança, deitada na humilde manjedoura, onde o gado e outros animais se alimentavam.
A humildade, a fé e a reverência foram proclamadas realmente pelos Sábios Homens, os quais se prostraram diante da bela Criança, dedicando-se a si mesmos ao novo Rei do Mundo.
Os três Homens Sábios representam a dedicação integral do Espírito (ouro), da Alma (mirra) e do Corpo (incenso). Depois de o Cristo ter nascido internamente, o passo seguinte no processo de desenvolvimento espiritual deverá ser essa dedicação ao Mestre e ao Seu trabalho, para que o Cristo recém-nato deva crescer à estatura do adulto.
O Espírito é simbolizado pelo ouro, que é portador do mais elevado poder vibratório entre todos os metais.
O Corpo, representado pelo incenso, é um símbolo bem adequado ao menos duradouro veículo do Espírito.
A Alma, representada pela mirra (planta natural da Arábia, difícil de ser encontrada, apresentando um gosto extremamente amargo, possuindo porém uma fragrância primorosa e incomum) simboliza o extrato anímico das experiências que o Espírito entesoura no corpo, e que constitui o propósito integral da vida no plano físico, sendo na verdade o sinônimo do caminho do discipulado, porque de fato o Corpo-Alma de um santo emite uma fragrância delicada que tem dado origem a belíssimas lendas da Igreja.
A tradição afirma que Gaspar era muito idoso, usava uma barba branca, era rei de Tarsus, a terra dos mercadores e sua dádiva à Criança foi ouro. Melchior, de meia idade, rei da Arábia, deu incenso; ao passo que Baltazar, o rei negro e o mais moço, nascido em Seba ou Sheba, a terra das especiarias e da rezina, apresentou como dádiva a mirra.
O Caminho da Transmutação do neófito algumas vezes é chamado de Transfiguração, e ocorre sempre na jornada dos Homens Sábios, pois por esse processo todos se tornam Homens Sábios.
Na catedral de Colônia existe um altar onde estão três crânios com os nomes dos três Homens Sábios, nomes esses formados por rubis. O rubi designa-se como a pedra do Cristianismo, porque simboliza a purificação da natureza de desejos e a espiritualização da mente, o trabalho primordial da Dispensação Cristã.
Segundo a lenda, Maria entregou as faixas de linho que envolviam o puro corpo da sublime Criança aos Homens Sábios, os quais agradeceram com humildade e alegria, colocando a preciosa dádiva entre os seus maiores tesouros. Após regressarem às suas pátrias, imitaram a pobreza e humildade d’Aquele que reverenciaram em Belém, distribuindo seus bens entre os necessitados e pregando o novo ideal recém-inaugurado.
A lenda ainda nos diz que os Homens Sábios, quando morreram, receberam a coroa da vida imortal, em troca dos bens terrenos que renunciaram. Seus despojos foram encontrados muito tempo depois pela Imperatriz Helena, mãe de Constantino, que os trasladou para Constantinopla, donde posteriormente foram levados para Milão e ulteriormente depositados na catedral de Colônia.
Retribuindo as dádivas que Lhes foram ofertadas, o Mestre outorgou-Lhes posses de valor transcendental a qualquer bem material: pela taça de ouro deu a caridade e os bens espirituais; pelo incenso, a fé perfeita; e pela mirra, a verdade e a brandura, qualidades que representam as virtudes indispensáveis para aqueles que aspiram à iniciação. Ele também poderá nos conceder essas dádivas, desde que nos dediquemos de Corpo, de Alma e de Espírito à missão de preparar a vinda futura de Seu Reino sobre a Terra.
Analisando-se profundamente os fatos mencionados, relatados através de várias lendas, evidencia-se que os Magos eram Iniciados. A palavra Mago significa aquele que se dedica à Magia, que possui a consciência da vida noturna ou de sonho. Foi durante esse período noturno que os Homens Sábios receberam esclarecimentos referentes à vinda do Salvador. O Santo Nascimento foi saudado em muitos lugares com profundo regozijo, porquanto os Homens Sábios de todas as nações já vinham sendo preparados há muito tempo para esse extraordinário acontecimento, o que por sua vez incitou a animosidade de Herodes, advindo então o decreto alusivo à matança dos inocentes.
Os Homens Sábios viajavam tanto de dia como à noite sob a Luz da Estrela Misteriosa, guardados pelo glorioso Arcanjo, o Cristo. É dito que durante a jornada, os Homens Sábios observaram as maravilhas da Virgem e da Criança. Isto é, leram o sublime acontecimento na Memória da Natureza, e depois, ao entrarem no estábulo, obtiveram a confirmação material do fato, contemplando a beleza celestial da Divina Mãe e da Criança, rodeados por uma luz deslumbrante, de maneira idêntica aos que haviam observado nos Eternos Registros da Natureza.
(de Corinne Heline – Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/1967)